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Tribunal de Justiça do Estado do Amazonas

TJ-AM
Assistente Judiciário

JL029-N9
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OBRA

Tribunal De Justiça do Estado do Amazonas - TJ-AM

Assistente Judiciário

EDITAL Nº 1 – TJAM, DE 2 DE JULHO DE 2019

AUTORES
Língua Portuguesa - Profª Zenaide Auxiliadora Pachegas Branco
Geografia do Amazonas - Profª Leticia Veloso
Legislação Institucional e do Poder Judiciário - Prof° Rodrigo Gonçalves
Acessibilidade - Profª Bruna Pinotti
Noções de Informática e Processo Digital - Prof°Ovidio Lopes da Cruz Netto
Noções de Direito Administrativo - Profª Bruna Pinotti
Noções de Direito Constitucional - Prof° Ricardo Razaboni
Direito Processual Civil - Profª Vanessa André de Paiva
Direito Processual Penal - Profº Ricardo Razaboni
Noções de Adminstração - Profª Silvana Guimarães

PRODUÇÃO EDITORIAL/REVISÃO
Elaine Cristina
Christine Liber

DIAGRAMAÇÃO
Dianna Silva
Renato Vilela

CAPA
Joel Ferreira dos Santos

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SUMÁRIO
LÍNGUA PORTUGUESA

Compreensão e interpretação de textos de gêneros variados............................................................................................................ 01


Reconhecimento de tipos e gêneros textuais........................................................................................................................................... 10
Domínio da ortografia oficial.......................................................................................................................................................................... 12
Emprego das letras............................................................................................................................................................................................. 12
Emprego da acentuação gráfica..................................................................................................................................................................... 15
Domínio dos mecanismos de coesão textual............................................................................................................................................ 18
Emprego de elementos de referenciação, substituição e repetição, de conectores e outros elementos de
sequenciação textual......................................................................................................................................................................................... 18
Emprego/correlação de tempos e modos verbais................................................................................................................................. 22
Domínio da estrutura morfossintática do período................................................................................................................................. 22
Relações de coordenação entre orações e entre termos da oração................................................................................................. 66
Relações de subordinação entre orações e entre termos da oração................................................................................................ 66
Emprego dos sinais de pontuação.................................................................................................................................................................. 74
Concordância verbal e nominal....................................................................................................................................................................... 78
Emprego do sinal indicativo de crase........................................................................................................................................................... 85
Colocação dos pronomes átonos................................................................................................................................................................. 88

GEOGRAFIA DO AMAZONAS
Municípios do estado do Amazonas: área, limites, hidrografia, distância da cidade de Manaus........................................ 01
Distribuição de municípios em microrregiões.......................................................................................................................................... 01
Aspectos humanos (população e grupos)................................................................................................................................................. 02
Aspectos econômicos (Zona Franca de Manaus, indústria, impactos urbanos e sociais)....................................................... 02

LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL E DO PODER JUDICIÁRIO

Lei Complementar nº 17/1997 e suas alterações (Organização Judiciária do Estado do Amazonas)................................ 01


Lei Estadual nº 1.762/1986 e suas alterações (Estatuto dos Servidores Públicos Civis do Estado do Amazonas)............ 47
Lei Estadual nº 3.226/2008 e suas alterações (Plano de Cargos, Carreiras e Vencimentos dos Servidores do Poder
Judiciário do Estado do Amazonas)............................................................................................................................................................. 69
Metas Nacionais do Poder Judiciário 2019 (Justiça Estadual)............................................................................................................ 74
Resoluções do Conselho Nacional de Justiça nos 46/2007; 125/2010 e suas alterações; 165/2012 e suas alterações;
194/2014; 201/2015; 230/2016; 251/2018; 254/2018; 270/2018; 284/2019................................................................................ 76
SUMÁRIO
ACESSIBILIDADE

Lei Federal nº 13.146/2015 e suas alterações (Lei Brasileira de inclusão da pessoa com deficiência)............................... 01

NOÇÕES DE INFORMÁTICA E PROCESSO DIGITAL

Sistema Operacional Microsoft Windows (7 e posteriores)................................................................................................................. 01


Conceitos básicos de redes de computadores. Internet e Intranet (programas de navegação, e-mail, sites)..................... 17
Noções de segurança da informação........................................................................................................................................................ 31
Lei nº 11.419/2006 e suas alterações (Processo Digital)....................................................................................................................... 37

NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Noções de organização administrativa.......................................................................................................................................................... 01


Administração direta e indireta, centralizada e descentralizada........................................................................................................... 04
Ato administrativo: conceito, requisitos, atributos, classifi cação e espécies................................................................................... 14
Processo administrativo........................................................................................................................................................................................ 19
Agentes públicos. Espécies e classifi cação. Cargo, emprego e função públicos........................................................................... 29
Poderes administrativos. Hierárquico, disciplinar, regulamentar e de polícia. Uso e abuso do poder.................................. 42
Controle e responsabilização da administração. Controles administrativo, judicial e legislativo............................................ 49
Responsabilidade civil do Estado...................................................................................................................................................................... 58

NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Princípios fundamentais ................................................................ 01


Direitos e garantias fundamentais. Direitos e deveres individuais e coletivos, direitos sociais, nacionalidade,
cidadania, direitos políticos, partidos políticos ...................................................................................................................................... 01
Administração pública ..................................................................................................................................................................................... 06
Disposições gerais, servidores públicos .................................................................................................................................................... 07
Poder Legislativo. Congresso Nacional, Câmara dos Deputados, Senado Federal, deputados e senadores. Poder
Executivo. atribuições do presidente da República e dos ministros de Estado .......................................................................... 07
Poder Judiciário. Disposições gerais. Órgãos do Poder Judiciário. Competências. Conselho Nacional de Justiça
(CNJ). Composição e competências ............................................................................................................................................................ 16
Funções essenciais à justiça. Ministério Público, Advocacia Pública e Defensoria Pública ................................................... 18
SUMÁRIO
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

Princípios constitucionais do processo civil............................................................................................................................................... 01


Princípio do devido processo legal e seus consectários lógicos (princípios do contraditório, da ampla defesa e do
juiz natural).............................................................................................................................................................................................................. 01
Normas Processuais Civis.................................................................................................................................................................................. 02
Função Jurisdicional............................................................................................................................................................................................. 06
Sujeitos do Processo............................................................................................................................................................................................ 17
Atos Processuais.................................................................................................................................................................................................... 23
Tutela Provisória.................................................................................................................................................................................................... 28
Formação, suspensão e extinção do processo.......................................................................................................................................... 31
Lei nº 9.099/1995 e suas alterações (juizados especiais cíveis e criminais).................................................................................... 33

DIREITO PROCESSUAL PENAL

Inquérito Policial .............................................................................................................................................................................................. 01


Ação Penal .......................................................................................................................................................................................................... 03
Competência ..................................................................................................................................................................................................... 06
Prova ..................................................................................................................................................................................................................... 09
Prisão, medidas cautelares e liberdade provisória .............................................................................................................................. 15
Citações e intimações ..................................................................................................................................................................................... 19
Sentença ............................................................................................................................................................................................................. 21
Lei nº 9.099/1995 e suas alterações (juizados especiais cíveis e criminais) ............................................................................... 23

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

Noções de administração. Abordagens clássica, burocrática e sistêmica da administração. Convergências e


diferenças entre a gestão pública e a gestão privada. Excelência nos serviços públicos. Excelência na gestão dos
serviços públicos..................................................................................................................................................................................................... 01
Gestão de pessoas. Equilíbrio organizacional. Objetivos, desafi os e características da gestão de pessoas. Gestão de
desempenho. Gestão do Conhecimento. Comportamento, clima e cultura organizacional. Gestão por competências.
Liderança, motivação e satisfação no trabalho. Educação, treinamento e desenvolvimento. Educação corporativa. Educação
a distância. Qualidade de vida no trabalho.................................................................................................................................................... 19
Gestão organizacional. Planejamento estratégico: definições de estratégia, condições necessárias para se
desenvolver a estratégia, questões-chave em estratégia. Metas estratégicas e resultados pretendidos. Indicadores
de desempenho. Ferramentas de análise de cenário interno e externo.......................................................................................... 79
ÍNDICE

LÍNGUA PORTUGUESA

Compreensão e interpretação de textos de gêneros variados....................................................................................................................... 01


Reconhecimento de tipos e gêneros textuais........................................................................................................................................................ 10
Domínio da ortografia oficial....................................................................................................................................................................................... 12
Emprego das letras.......................................................................................................................................................................................................... 12
Emprego da acentuação gráfica................................................................................................................................................................................. 15
Domínio dos mecanismos de coesão textual........................................................................................................................................................ 18
Emprego de elementos de referenciação, substituição e repetição, de conectores e outros elementos de sequenciação
textual................................................................................................................................................................................................................................... 18
Emprego/correlação de tempos e modos verbais.............................................................................................................................................. 22
Domínio da estrutura morfossintática do período.............................................................................................................................................. 22
Relações de coordenação entre orações e entre termos da oração............................................................................................................. 66
Relações de subordinação entre orações e entre termos da oração........................................................................................................... 66
Emprego dos sinais de pontuação............................................................................................................................................................................ 74
Concordância verbal e nominal.................................................................................................................................................................................. 78
Emprego do sinal indicativo de crase....................................................................................................................................................................... 85
Colocação dos pronomes átonos............................................................................................................................................................................... 88
É sugerido pelo autor que...
COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE De acordo com o texto, é correta ou errada a afirma-
TEXTOS DE GÊNEROS VARIADOS. ção...
O narrador afirma...

Texto – é um conjunto de ideias organizadas e rela- Erros de interpretação


cionadas entre si, formando um todo significativo capaz
de produzir interação comunicativa (capacidade de codi- - Extrapolação (“viagem”) = ocorre quando se sai do
ficar e decodificar). contexto, acrescentando ideias que não estão no
texto, quer por conhecimento prévio do tema quer
Contexto – um texto é constituído por diversas frases. pela imaginação.
Em cada uma delas, há uma informação que se liga com - Redução = é o oposto da extrapolação. Dá-se aten-
a anterior e/ou com a posterior, criando condições para ção apenas a um aspecto (esquecendo que um
a estruturação do conteúdo a ser transmitido. A essa in- texto é um conjunto de ideias), o que pode ser
terligação dá-se o nome de contexto. O relacionamento insuficiente para o entendimento do tema desen-
entre as frases é tão grande que, se uma frase for retirada volvido.
de seu contexto original e analisada separadamente, po- - Contradição = às vezes o texto apresenta ideias
derá ter um significado diferente daquele inicial. contrárias às do candidato, fazendo-o tirar con-
clusões equivocadas e, consequentemente, errar a
Intertexto - comumente, os textos apresentam refe- questão.
rências diretas ou indiretas a outros autores através de
citações. Esse tipo de recurso denomina-se intertexto. Observação: Muitos pensam que existem a ótica do
escritor e a ótica do leitor. Pode ser que existam, mas em
Interpretação de texto - o objetivo da interpretação uma prova de concurso, o que deve ser levado em consi-
de um texto é a identificação de sua ideia principal. A deração é o que o autor diz e nada mais.
partir daí, localizam-se as ideias secundárias (ou fun-
damentações), as argumentações (ou explicações), que Coesão e Coerência
levam ao esclarecimento das questões apresentadas na
prova. Coesão - é o emprego de mecanismo de sintaxe que
relaciona palavras, orações, frases e/ou parágrafos entre
Normalmente, em uma prova, o candidato deve: si. Em outras palavras, a coesão dá-se quando, através de
- Identificar os elementos fundamentais de uma ar- um pronome relativo, uma conjunção (NEXOS), ou um
gumentação, de um processo, de uma época (nes- pronome oblíquo átono, há uma relação correta entre o
te caso, procuram-se os verbos e os advérbios, os que se vai dizer e o que já foi dito.
quais definem o tempo). São muitos os erros de coesão no dia a dia e, entre
- Comparar as relações de semelhança ou de diferen- eles, está o mau uso do pronome relativo e do prono-
ças entre as situações do texto. me oblíquo átono. Este depende da regência do verbo;
- Comentar/relacionar o conteúdo apresentado com aquele, do seu antecedente. Não se pode esquecer tam-
uma realidade. bém de que os pronomes relativos têm, cada um, valor
- Resumir as ideias centrais e/ou secundárias. semântico, por isso a necessidade de adequação ao an-
- Parafrasear = reescrever o texto com outras pala- tecedente.
vras. Os pronomes relativos são muito importantes na in-
terpretação de texto, pois seu uso incorreto traz erros de
Condições básicas para interpretar coesão. Assim sendo, deve-se levar em consideração que
existe um pronome relativo adequado a cada circunstân-
Fazem-se necessários: conhecimento histórico-literá- cia, a saber:
rio (escolas e gêneros literários, estrutura do texto), lei- que (neutro) - relaciona-se com qualquer anteceden-
tura e prática; conhecimento gramatical, estilístico (qua- te, mas depende das condições da frase.
lidades do texto) e semântico; capacidade de observação qual (neutro) idem ao anterior.
e de síntese; capacidade de raciocínio. quem (pessoa)
cujo (posse) - antes dele aparece o possuidor e depois
Interpretar/Compreender o objeto possuído.
como (modo)
Interpretar significa: onde (lugar)
LÍNGUA PORTUGUESA

Explicar, comentar, julgar, tirar conclusões, deduzir. quando (tempo)


Através do texto, infere-se que... quanto (montante)
É possível deduzir que... Exemplo:
O autor permite concluir que... Falou tudo QUANTO queria (correto)
Qual é a intenção do autor ao afirmar que... Falou tudo QUE queria (errado - antes do QUE, deveria
Compreender significa aparecer o demonstrativo O).
Entendimento, atenção ao que realmente está escrito.
O texto diz que...

1
Dicas para melhorar a interpretação de textos em sua dimensão plural e faz-se único em sua condição
social. Igual em sua humanidade, o homem desiguala-se,
• Leia todo o texto, procurando ter uma visão geral do singulariza-se em sua individualidade. O direito é o ins-
assunto. Se ele for longo, não desista! Há muitos trumento da fraternização racional e rigorosa.
candidatos na disputa, portanto, quanto mais in- O direito à vida é a substância em torno da qual todos os
formação você absorver com a leitura, mais chan- direitos se conjugam, se desdobram, se somam para que
ces terá de resolver as questões. o sistema fique mais e mais próximo da ideia concretizá-
• Se encontrar palavras desconhecidas, não interrom- vel de justiça social.
pa a leitura. Mais valeria que a vida atravessasse as páginas da Lei
• Leia o texto, pelo menos, duas vezes – ou quantas Maior a se traduzir em palavras que fossem apenas a re-
forem necessárias. velação da justiça. Quando os descaminhos não condu-
• Procure fazer inferências, deduções (chegar a uma zirem a isso, competirá ao homem transformar a lei na
conclusão). vida mais digna para que a convivência política seja mais
• Volte ao texto quantas vezes precisar. fecunda e humana.
• Não permita que prevaleçam suas ideias sobre as Cármen Lúcia Antunes Rocha. Comentário ao artigo 3.º. In: 50
do autor. anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos 1948-1998:
• Fragmente o texto (parágrafos, partes) para melhor conquistas e desafios. Brasília: OAB, Comissão Nacional de Direitos
compreensão. Humanos, 1998, p. 50-1 (com adaptações).
• Verifique, com atenção e cuidado, o enunciado de
cada questão. Compreende-se do texto CG1A1AAA que o ser humano
• O autor defende ideias e você deve percebê-las. tem direito
• Observe as relações interparágrafos. Um parágra-
fo geralmente mantém com outro uma relação de a) de agir de forma autônoma, em nome da lei da sobre-
continuação, conclusão ou falsa oposição. Identifi- vivência das espécies.
que muito bem essas relações. b) de ignorar o direito do outro se isso lhe for necessário
• Sublinhe, em cada parágrafo, o tópico frasal, ou seja, para defender seus interesses.
a ideia mais importante. c) de demandar ao sistema judicial a concretização de
• Nos enunciados, grife palavras como “correto” ou seus direitos.
“incorreto”, evitando, assim, uma confusão na hora d) à institucionalização do seu direito em detrimento dos
da resposta – o que vale não somente para Inter- direitos de outros.
pretação de Texto, mas para todas as demais ques-
e) a uma vida plena e adequada, direito esse que está na
tões!
essência de todos os direitos.
• Se o foco do enunciado for o tema ou a ideia prin-
cipal, leia com atenção a introdução e/ou a con-
Resposta: Letra E. Em “a”, de agir de forma autôno-
clusão.
ma, em nome da lei da sobrevivência das espécies =
• Olhe com especial atenção os pronomes relativos,
incorreta
pronomes pessoais, pronomes demonstrativos,
Em “b”, de ignorar o direito do outro se isso lhe for
etc., chamados vocábulos relatores, porque reme-
tem a outros vocábulos do texto. necessário para defender seus interesses = incorreta
Em “c”, de demandar ao sistema judicial a concretiza-
SITES ção de seus direitos = incorreta
Disponível em: <http://www.tudosobreconcursos. Em “d”, à institucionalização do seu direito em detri-
com/materiais/portugues/como-interpretar-textos> mento dos direitos de outros = incorreta
Disponível em: <http://portuguesemfoco.com/pf/ Em “e”, a uma vida plena e adequada, direito esse que
09-dicas-para-melhorar-a-interpretacao-de-textos-em- está na essência de todos os direitos.
-provas> O ser humano tem direito a uma vida digna, adequa-
Disponível em: <http://www.portuguesnarede. da, para que consiga gozar de seus direitos – saúde,
com/2014/03/dicas-para-voce-interpretar-melhor-um. educação, segurança – e exercer seus deveres plena-
html> mente, como prescrevem todos os direitos: (...) O di-
Disponível em: <http://vestibular.uol.com.br/cursi- reito à vida é a substância em torno da qual todos os
nho/questoes/questao-117-portugues.htm> direitos se conjugam (...).

2. (PCJ-MT - DELEGADO SUBSTITUTO – CESPE-2017)

EXERCÍCIOS COMENTADOS Texto CG1A1BBB


LÍNGUA PORTUGUESA

1. (PCJ-MT – DELEGADO SUBSTITUTO – CESPE – 2017) Segundo o parágrafo único do art. 1.º da Constituição
da República Federativa do Brasil, “Todo o poder emana
Texto CG1A1AAA do povo, que o exerce por meio de representantes elei-
tos ou diretamente, nos termos desta Constituição.” Em
A valorização do direito à vida digna preserva as duas virtude desse comando, afirma-se que o poder dos juízes
faces do homem: a do indivíduo e a do ser político; a emana do povo e em seu nome é exercido. A forma de
do ser em si e a do ser com o outro. O homem é inteiro sua investidura é legitimada pela compatibilidade com as

2
regras do Estado de direito e eles são, assim, autênticos nhores, é a ruína da justiça, corroborada pela ação dos
agentes do poder popular, que o Estado polariza e exer- homens públicos. E, nesse esboroamento da justiça, a
ce. Na Itália, isso é constantemente lembrado, porque mais grave de todas as ruínas é a falta de penalidade aos
toda sentença é dedicada (intestata) ao povo italiano, em criminosos confessos, é a falta de punição quando ocor-
nome do qual é pronunciada. re um crime de autoria incontroversa, mas ninguém tem
Cândido Rangel Dinamarco. A instrumentalidade do processo. São coragem de apontá-la à opinião pública, de modo que a
Paulo: Revista dos Tribunais, 1987, p. 195 (com adaptações). justiça possa exercer a sua ação saneadora e benfazeja.
Rui Barbosa. Obras completas de Rui Barbosa. Vol. XLI. 1914. Inter-
Conforme as ideias do texto CG1A1BBB, net: <www.casaruibarbosa.gov.br> (com adaptações).

a) o Poder Judiciário brasileiro desempenha seu papel Infere-se do texto CG1A1CCC que
com fundamento no princípio da soberania popular.
b) os magistrados do Brasil deveriam ser escolhidos pelo I - a injustiça faz que as “gerações que vêm nascendo” se-
jam mais desonestas e rudes que as gerações passadas.
voto popular, como ocorre com os representantes dos
II - a injustiça é considerada um empecilho à atuação ín-
demais poderes.
tegra e idônea das gerações futuras.
c) os magistrados italianos, ao contrário dos brasileiros,
III - a injustiça é responsável pela degradação dos ho-
exercem o poder que lhes é conferido em nome de mens, que, desanimados, ficam à mercê do destino.
seus nacionais.
d) há incompatibilidade entre o autogoverno da magis- Assinale a opção correta.
tratura e o sistema democrático.
e) os magistrados brasileiros exercem o poder consti- a) Apenas o item I está certo.
tucional que lhes é atribuído em nome do governo b) Apenas o item II está certo.
federal. c) Apenas os itens I e III estão certos.
d) Apenas os itens II e III estão certos.
Resposta: Letra A. Em “a”, o Poder Judiciário brasilei- e) Todos os itens estão certos.
ro desempenha seu papel com fundamento no princí-
pio da soberania popular. Resposta: Letra B.
Em “b”, os magistrados do Brasil deveriam ser escolhi- I - a injustiça faz que as “gerações que vêm nascendo”
dos pelo voto popular, como ocorre com os represen- sejam mais desonestas e rudes que as gerações pas-
tantes dos demais poderes = incorreta sadas = incorreta
Em “c”, os magistrados italianos, ao contrário dos II - a injustiça é considerada um empecilho à atuação
brasileiros, exercem o poder que lhes é conferido em íntegra e idônea das gerações futuras.
nome de seus nacionais = incorreta III - a injustiça é responsável pela degradação dos ho-
Em “d”, há incompatibilidade entre o autogoverno da mens, que, desanimados, ficam à mercê do destino =
magistratura e o sistema democrático = incorreta incorreta
Em “e”, os magistrados brasileiros exercem o poder Com base na leitura do texto, a única afirmação cor-
constitucional que lhes é atribuído em nome do go- reta é a de que a injustiça impede a atuação honesta,
verno federal = incorreta idônea das gerações futuras, pois (...) semeia no co-
A questão deve ser respondida segundo o texto: (...) ração das gerações que vêm nascendo a semente da
podridão (...).
“Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio
de representantes eleitos ou diretamente, nos termos
4. (SERES-PE – AGENTE DE SEGURANÇA PENITENCIÁ-
desta Constituição.” Em virtude desse comando, afir-
RIA – CESPE – 2017)
ma-se que o poder dos juízes emana do povo e em
seu nome é exercido (...). Texto 1A1AAA
3. (PCJ-MT – DELEGADO SUBSTITUTO – CESPE – 2017) Após o processo de redemocratização, com o fim da di-
tadura militar, em meados da década de 80 do século
Texto CG1A1CCC passado, era de se esperar que a democratização das
instituições tivesse como resultado direto a consolidação
A injustiça, Senhores, desanima o trabalho, a honestida- da cidadania — compreendida de modo amplo, abran-
de, o bem; cresta em flor os espíritos dos moços, semeia gendo as três categorias de direitos: civis, políticos e
no coração das gerações que vêm nascendo a semente sociais. Sobressaem, porém, problemas que configuram
da podridão, habitua os homens a não acreditar senão na mais desafios para a cidadania brasileira, como a violên-
estrela, na fortuna, no acaso, na loteria da sorte; promove cia urbana — que ameaça os direitos individuais — e o
desemprego — que ameaça os direitos sociais.
LÍNGUA PORTUGUESA

a desonestidade, a venalidade, a relaxação; insufla a cor-


tesania, a baixeza, sob todas as suas formas. No Brasil, o crime aumentou significantemente a partir
De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prospe- de 1980, impacto do processo de modernização pelo
rar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto qual o país passou. Isso sugere que o boom do consumo
ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o colocou em circulação bens de alto valor e, consequente-
homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, mente, aumentou as oportunidades para o crime, inclusi-
a ter vergonha de ser honesto. E, nessa destruição geral ve porque a maior mobilidade de pessoas torna o espaço
das nossas instituições, a maior de todas as ruínas, Se- social mais anônimo, menos supervisionado.

3
Nesse contexto, justiça criminal passa a ser cada vez mais 5. (PREFEITURA DE SÃO LUÍS-MA – CONHECIMENTOS
dissociada de justiça social e reconstrução da sociedade. BÁSICOS – CARGOS DE TÉCNICO MUNICIPAL – NÍVEL
O objetivo em relação à criminalidade torna-se bem me- MÉDIO – CESPE – 2017)
nos ambicioso: o controle. A prisão ganha mais impor-
tância na modernidade tardia, porque satisfaz uma dupla Texto CB3A2AAA
necessidade dessa nova cultura: castigo e controle do
risco. Essa postura às vezes proporciona controle, porém Tinha chegado o tempo da colheita, era uma manhã ri-
não segurança, pois o Estado tem o poder limitado de sonha, e bela, como o rosto de um infante, entretanto eu
manter a ordem por meio da polícia, sendo necessário tinha um peso enorme no coração. Sim, eu estava triste,
dividir as tarefas de controle com organizações locais e e não sabia a que atribuir minha tristeza. Era a primeira
com a comunidade. vez que me afligia tão incompreensível pesar. Minha filha
Jacqueline Carvalho da Silva. Manutenção da ordem pública e ga- sorria para mim, era ela gentilzinha, e em sua inocência
rantia dos direitos individuais: os desafios da polícia em sociedades semelhava um anjo. Desgraçada de mim! Deixei-a nos
democráticas. In: Revista Brasileira de Segurança Pública. São Paulo, braços de minha mãe e fui-me à roça colher milho. Ah!
ano 5, 8.ª ed., fev. – mar./2011, p. 84-5 (com adaptações). Nunca mais devia eu vê-la...
Ainda não tinha vencido cem braças de caminho, quando
De acordo com o texto 1A1AAA, a restauração da demo- um assobio, que repercutiu nas matas, me veio orientar
cracia no Brasil evidenciou acerca do perigo iminente que aí me aguardava. E logo
dois homens apareceram e me amarraram com cordas.
a) a diminuição do controle social decorrente do aumen- Era uma prisioneira — era uma escrava! Foi embalde que
to da mobilidade de pessoas. supliquei, em nome de minha filha, que me restituíssem
b) o crescimento da produção de bens de alto valor de- a liberdade: os bárbaros sorriam-se das minhas lágrimas
corrente do aumento do poder de consumo. e me olhavam sem compaixão. Julguei enlouquecer, jul-
c) a existência de problemas sociais que dificultam a con- guei morrer, mas não me foi possível... a sorte me reser-
solidação da cidadania. vava ainda longos caminhos.
d) a modernidade do mercado interno e das instituições Meteram-me a mim e a mais trezentos companheiros de
públicas brasileiras. infortúnio e de cativeiro no estreito e infecto porão de
e) o medo nas metrópoles provocado pelo aumento da um navio. Trinta dias de cruéis tormentos e de falta abso-
violência urbana e do desemprego. luta de tudo quanto é mais necessário à vida passamos
nessa sepultura, até que aportamos nas praias brasileiras.
Resposta: Letra C. Em “a”, a diminuição do controle Para caber a mercadoria humana no porão, fomos amar-
social decorrente do aumento da mobilidade de pes- rados em pé e, para que não houvesse receio de revolta,
soas = incorreta acorrentados como os animais ferozes das nossas matas,
Em “b”, o crescimento da produção de bens de alto que se levam para recreio dos potentados da Europa. Da-
valor decorrente do aumento do poder de consumo vam-nos a água imunda, podre e dada com mesquinhez;
= incorreta a comida má e ainda mais porca: vimos morrer ao nosso
Em “c”, a existência de problemas sociais que dificul- lado muitos companheiros à falta de ar, de alimento e de
tam a consolidação da cidadania. água. É horrível lembrar que criaturas humanas tratem a
Em “d”, a modernidade do mercado interno e das ins- seus semelhantes assim e que não lhes doa a consciência
tituições públicas brasileiras = incorreta de levá-los à sepultura, asfixiados e famintos.
Em “e”, o medo nas metrópoles provocado pelo au- Maria Firmina dos Reis. Úrsula. Florianópolis: Ed.
mento da violência urbana e do desemprego = incor- Mulheres, 2004, p. 116-7 (com adaptações)
reta
Ao texto: Após o processo de redemocratização, com No texto CB3A2AAA, o trecho “como o rosto de um in-
o fim da ditadura militar, em meados da década de 80 fante” introduz uma ideia de
do século passado, era de se esperar que a democrati-
zação das instituições tivesse como resultado direto a a) comparação.
consolidação da cidadania — compreendida de modo b) contraste.
amplo, abrangendo as três categorias de direitos: civis, c) adição.
políticos e sociais. Sobressaem, porém, problemas que d) compensação.
configuram mais desafios para a cidadania brasileira, e) intensidade.
como a violência urbana — que ameaça os direitos
individuais — e o desemprego — que ameaça os di- Resposta: Letra A. (..) era uma manhã risonha, e bela,
reitos sociais (...). = problemas sociais que dificultam a como o rosto de um infante. A conjunção estabelece
consolidação da cidadania.
LÍNGUA PORTUGUESA

uma comparação – manhã risonha e bela como (igual


ao) rosto de um infante.

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6. (PREFEITURA DE SÃO LUÍS-MA – CONHECIMEN- 8. (PREFEITURA DE SÃO LUÍS-MA – CONHECIMEN-
TOS BÁSICOS – CARGOS DE TÉCNICO MUNICIPAL – TOS BÁSICOS – CARGOS DE TÉCNICO MUNICIPAL –
NÍVEL MÉDIO – CESPE – 2017) No texto CB3A2AAA, ao NÍVEL MÉDIO – CESPE – 2017) Depreende-se do texto
utilizar a expressão “Ah! Nunca mais devia eu vê-la...”, a CB3A2BBB que o avanço do processo de democratização
narradora manifesta do sistema internacional depende da

a) uma surpresa. a) flexibilização das fronteiras dos Estados.


b) um lamento. b) eliminação de regimes autoritários.
c) um desejo. c) manutenção de mecanismos que preservem interesses
d) uma recomendação. ideológicos e materiais dos Estados.
e) uma dúvida. d) sobreposição dos direitos humanos aos interesses in-
dividuais dos Estados.
Resposta: Letra B. No contexto: (...) Desgraçada de e) existência, em todos os Estados, de condições mínimas
mim! Deixei-a nos braços de minha mãe e fui-me à para a solução pacífica de conflitos.
roça colher milho. Ah! Nunca mais devia eu vê-la... =
representa tristeza, lamento. Resposta: Letra D. Em “a”, flexibilização das fronteiras
dos Estados = incorreta
7. (PREFEITURA DE SÃO LUÍS-MA – CONHECIMENTOS Em “b”, eliminação de regimes autoritários = incorreta
BÁSICOS – CARGOS DE TÉCNICO MUNICIPAL – NÍVEL Em “c”, manutenção de mecanismos que preservem
MÉDIO – CESPE – 2017) interesses ideológicos e materiais dos Estados = in-
correta
Texto CB3A2BBB Em “d”, sobreposição dos direitos humanos aos inte-
resses individuais dos Estados.
O reconhecimento e a proteção dos direitos humanos Em “e”, existência, em todos os Estados, de condições
estão na base das Constituições democráticas modernas. mínimas para a solução pacífica de conflitos = incor-
A paz, por sua vez, é o pressuposto necessário para o re- reta
conhecimento e a efetiva proteção dos direitos humanos Texto! (...) o processo de democratização do sistema
em cada Estado e no sistema internacional. Ao mesmo internacional, que é o caminho obrigatório para a bus-
tempo, o processo de democratização do sistema in- ca do ideal da paz perpétua, não pode avançar sem
ternacional, que é o caminho obrigatório para a busca uma gradativa ampliação do reconhecimento e da
do ideal da paz perpétua, não pode avançar sem uma proteção dos direitos humanos, acima de cada Estado.
gradativa ampliação do reconhecimento e da proteção As questões de Interpretação/compreensão textual,
dos direitos humanos, acima de cada Estado. Direitos muitas vezes, apresentam as respostas “explícitas”,
humanos, democracia e paz são três elementos funda- bastando à (ao) candidata(o) voltar ao texto quando
mentais do mesmo movimento histórico: sem direitos precisar - ou, então, destacar as ideias principais du-
humanos reconhecidos e protegidos, não há democra- rante a leitura.
cia; sem democracia, não existem as condições mínimas
para a solução pacífica dos conflitos. Em outras palavras, 9. (PREFEITURA DE SÃO LUÍS-MA – CONHECIMENTOS
a democracia é a sociedade dos cidadãos, e os súditos se BÁSICOS – CARGOS DE TÉCNICO MUNICIPAL – NÍVEL
tornam cidadãos quando lhes são reconhecidos alguns MÉDIO – CESPE – 2017)
direitos fundamentais; haverá paz estável, uma paz que
não tenha a guerra como alternativa, somente quando Texto CB3A2CCC
existirem cidadãos não mais apenas deste ou daquele
Estado, mas do mundo. Fala-se, às vezes, na necessidade que tem a democracia
Norberto Bobbio. A era dos direitos. Trad. Carlos Nelson Coutinho. de se defender do que lhe possa ameaçar. Quase sem-
Rio de Janeiro: Elsevier, 2004, p. 1 (com adaptações). pre, porém, lamentavelmente, o que se vem consideran-
do como ameaças à democracia é o que na verdade a
De acordo com o texto CB3A2BBB, a condição necessária justifica como democracia: a presença atuante do povo
para que os direitos humanos sejam reconhecidos e efe- no processo político nacional; a voz das classes trabalha-
tivamente protegidos nos Estados é a doras que se mobilizam e se organizam na reivindicação
de seus direitos; a presença inquieta da juventude brasi-
a) soberania. leira cuja palavra nos é indispensável... Os que procuram
b) lei. “defender” a democracia contra o “perigo” da participa-
c) democracia. ção dos trabalhadores e dos estudantes na reinvenção
LÍNGUA PORTUGUESA

d) cidadania. necessária da sociedade sonham com uma democracia


e) paz. sem povo.
Paulo Freire. In: Ana Maria Araújo Freire (Org.). Paulo Freire: uma
Resposta: Letra E. Ao texto: A paz, por sua vez, é o história de vida. Indaiatuba, SP: Villa das Letras, 2006, p. 405 (com
pressuposto necessário para o reconhecimento e a adaptações)
efetiva proteção dos direitos humanos em cada Esta-
do e no sistema internacional. Assinale a opção que apresenta a tese central do texto
CB3A2CCC.

5
a) As classes trabalhadoras precisam se organizar para rigorosa, mas para atribuir-lhe alguma flexibilidade que
lutar pelos seus direitos. a desfigure. O verdadeiro problema é a dificuldade do
b) A democracia é ameaçada pelas pessoas que temem setor público de adaptar suas despesas às receitas em
a participação popular no processo político nacional. queda por causa da crise.
c) A juventude brasileira, cuja atuação é fundamental Internet: <http://opiniao.estadao.com.br> (com adaptações).
para a defesa da democracia, é passiva.
d) A democracia dispensa a participação efetiva do povo De acordo com o texto, as normas da LRF dispõem prin-
no processo político nacional. cipalmente sobre gastos com pessoal, pois esse tipo de
e) As organizações estudantis representam uma ameaça gasto causa mais problemas para os responsáveis pela
para o processo democrático. gestão do dinheiro público.

Resposta: Letra B. Em “a”, As classes trabalhadoras ( ) CERTO ( ) ERRADO


precisam se organizar para lutar pelos seus direitos =
incorreta Resposta: Errado. A Lei de Responsabilidade Fiscal
Em “b”, A democracia é ameaçada pelas pessoas que dispõe sobre gastos em geral, não apenas com pes-
temem a participação popular no processo político soal. O texto aborda apenas este, mas não afirma ser
nacional. o único alvo da LRF.
Em “c”, A juventude brasileira, cuja atuação é funda-
mental para a defesa da democracia, é passiva = in- 11. (TCE-PA – CONHECIMENTOS BÁSICOS – AUDITOR
correta DE CONTROLE EXTERNO – ÁREA ADMINISTRATIVA –
Em “d”, A democracia dispensa a participação efetiva CESPE – 2016) Segundo o texto, o objetivo de se pro-
do povo no processo político nacional = incorreta por uma nova lei de responsabilidade fiscal, mais rígida
Em “e”, As organizações estudantis representam uma quanto à proteção do dinheiro público, é desconfigurar
ameaça para o processo democrático = incorreta a LRF.
Segundo o texto, (...) Os que procuram “defender” a
democracia contra o “perigo” da participação dos tra- ( ) CERTO ( ) ERRADO
balhadores e dos estudantes na reinvenção necessária
da sociedade sonham com uma democracia sem povo Resposta: Errado. No texto, o objetivo apresentado é:
= o termo em destaque mostra que essas pessoas, Querem uma nova lei de responsabilidade fiscal para,
sim, representam perigo à democracia. segundo argumentam, fortalecer a estrutura legal que
protege o dinheiro público do mau uso por gestores
10. (TCE-PA – CONHECIMENTOS BÁSICOS – AUDITOR irresponsáveis. Para o autor, sim, haverá desconfigu-
DE CONTROLE EXTERNO – ÁREA ADMINISTRATIVA – ração.
CESPE – 2016)
12. (TCE-PA – CONHECIMENTOS BÁSICOS – AUDITOR
Texto CB1A1BBB DE CONTROLE EXTERNO – ÁREA ADMINISTRATIVA –
CESPE – 2016) Para o autor do texto, o descumprimento
Estranhamente, governos estaduais cujas despesas com das normas da LRF em alguns estados decorreu do fato
o funcionalismo já alcançaram nível preocupante ou que de a própria lei ser pouco clara em relação aos gastos
estouraram o limite de gastos com pessoal fixado pela públicos e também da incapacidade dos gestores do di-
Lei Complementar n.º 101/2000, denominada Lei de Res- nheiro público de adaptar as contas estaduais à realidade
ponsabilidade Fiscal (LRF), estão elaborando sua própria financeira do país.
legislação destinada a assegurar, como alegam, maior ri-
gor na gestão de suas finanças. Querem uma nova lei de ( ) CERTO ( ) ERRADO
responsabilidade fiscal para, segundo argumentam, for-
talecer a estrutura legal que protege o dinheiro público Resposta: Errado. Texto: O verdadeiro problema é a
do mau uso por gestores irresponsáveis. dificuldade do setor público de adaptar suas despesas
Examinando-se a situação financeira dos estados que às receitas em queda por causa da crise.
preparam sua versão da lei de responsabilidade fiscal,
fica difícil aceitar a argumentação. Desde maio de 2000, 13. (TCE-PA – CONHECIMENTOS BÁSICOS – AUDITOR
quando entrou em vigor a LRF, esses estados, como os DE CONTROLE EXTERNO – ÁREA ADMINISTRATIVA –
demais, estão sujeitos a regras precisas para a gestão do CESPE – 2016) Para o autor do texto, é um contrassenso
dinheiro público, para a criação de despesas e, em par- a proposta de tornar a LRF mais rigorosa.
ticular, para os gastos com pessoal. Por que, tendo des-
LÍNGUA PORTUGUESA

cumprido algumas dessas regras, estariam interessados ( ) CERTO ( ) ERRADO


em torná-las ainda mais rigorosas?
Não foi a lei que não funcionou, mas os responsáveis Resposta: Certo. Resposta no texto: Por que, tendo
pelo dinheiro público que, por alguma razão, não a cum- descumprido algumas dessas regras, estariam interes-
priram. De que adiantaria, então, tornar a lei mais rigoro- sados em torná-las ainda mais rigorosas?
sa, se nem nas condições atuais esses responsáveis estão
sendo capazes de cumpri-la? O problema não está na
lei. Mudá-la pode ser o pretexto não para torná-la mais

6
14. (PC-PE – CONHECIMENTOS GERAIS – AGENTE DE Resposta: Letra E. Em “a”, teve como objetivos a re-
POLÍCIA – CESPE – 2016) dução da criminalidade e o controle da violência no
estado de Pernambuco = incorreta
Texto CG1A01BBB Em “b”, tratou a questão da violência como um pro-
blema social complexo e inaugurou uma estratégia de
Não são muitas as experiências exitosas de políticas pú- contenção desse problema compatível com sua com-
blicas de redução de homicídios no Brasil nos últimos plexidade = incorreta
vinte anos, e poucas são aquelas que tiveram continui- Em “c”, definiu, no estado de Pernambuco, um novo
dade. O Pacto pela Vida, política de segurança pública paradigma de segurança pública, embasado em uma
implantada no estado de Pernambuco em 2007, é identi- rede de ações de combate e de repressão à violência
ficado como uma política pública exitosa. = incorreta
O Pacto Pela Vida é um programa do governo do estado Em “d”, foi fruto de um plano acertado que elegeu a
de Pernambuco que visa à redução da criminalidade e área da segurança pública como prioridade = incor-
ao controle da violência. A decisão ou vontade política reta
de eleger a segurança pública como prioridade é o pri- Em “e”, resultou em uma redução visível no número de
meiro marco que se deve destacar quando se pensa em crimes contra a vida no estado de Pernambuco.
recuperar a memória dessa política, sobretudo quando Exitosa porque obteve êxito, como comprova o resul-
se considera o fato de que o tema da segurança pública, tado: diminuição de quase 40% dos homicídios no es-
no Brasil, tem sido historicamente negligenciado. Muitas tado entre janeiro de 2007 e junho de 2013.
autoridades públicas não só evitam associar-se ao assun-
to como também o tratam de modo simplista, como uma 15. (INSS – TÉCNICO PREVIDENCIÁRIO – CESPE –
questão que diz respeito apenas à polícia. 2003) O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou em
O Pacto pela Vida, entendido como um grande concer- seu discurso na reabertura do Congresso que o “vírus da
to de ações com o objetivo de reduzir a violência e, em inflação voltou a ser uma ameaça real”. Em sua fala de 21
especial, os crimes contra a vida, foi apresentado à so- minutos aos senadores e deputados, o presidente aler-
ciedade no início do mês de maio de 2007. Em seu bojo, tou também para a piora do cenário econômico interna-
foram estabelecidos os principais valores que orientaram cional e afirmou que o aperto fiscal de seu governo dura-
a construção da política de segurança, a prioridade do rá o “tempo necessário”. Segundo Lula, “teremos tempos
combate aos crimes violentos letais intencionais e a meta difíceis pela frente. O mundo entrou em um período de
de reduzir em 12% ao ano, em Pernambuco, a taxa des- maiores incertezas”.
ses crimes. Folha de S. Paulo, 18 fev. /2003, capa. (Com adaptações.)
Desse modo, definiu-se, no estado, um novo paradigma
de segurança pública, que se baseou na consolidação Infere-se do texto que o atual governo brasileiro não
dos valores descritos acima (que estavam em disputa acredita que uma guerra contra o Iraque de Saddam
tanto do ponto de vista institucional quanto da socieda- Hussein possa acarretar dificuldades econômicas mais
de), no estabelecimento de prioridades básicas (como o acentuadas para países como o Brasil, quase autossufi-
foco na redução dos crimes contra a vida) e no intenso ciente em petróleo.
debate com a sociedade civil. A implementação do Pacto
Pela Vida foi responsável pela diminuição de quase 40% (  ) CERTO  (  ) ERRADO
dos homicídios no estado entre janeiro de 2007 e junho
de 2013. Resposta: Errado. O texto não aborda este tema.
José Luiz Ratton et al. O Pacto Pela Vida e a redução de homicídios
em Pernambuco. Rio de Janeiro: Instituto Igarapé, 2014. Internet: 16. (INSS – ANALISTA DO SEGURO SOCIAL – CESPE –
<https://igarape.org.br> (com adaptações). 2008)

O Pacto pela Vida é caracterizado no texto CG1A01BBB Tempo livre


como uma política exitosa porque
A questão do tempo livre — o que as pessoas fazem com
a) teve como objetivos a redução da criminalidade e o ele, que chances eventualmente oferece o seu desen-
controle da violência no estado de Pernambuco. volvimento — não pode ser formulada em generalidade
b) tratou a questão da violência como um problema so- abstrata. A expressão, de origem recente — aliás, antes
cial complexo e inaugurou uma estratégia de conten- se dizia ócio, e este era privilégio de uma vida folgada
ção desse problema compatível com sua complexida- e, portanto, algo qualitativamente distinto e muito mais
de. grato -, opõe-se a outra: à de tempo não-livre, aquele
LÍNGUA PORTUGUESA

c) definiu, no estado de Pernambuco, um novo paradig- que é preenchido pelo trabalho e, poderíamos acrescen-
ma de segurança pública, embasado em uma rede de tar, na verdade, determinado de fora.
ações de combate e de repressão à violência. O tempo livre é acorrentado ao seu oposto. Essa opo-
d) foi fruto de um plano acertado que elegeu a área da sição, a relação em que ela se apresenta, imprime-lhe
segurança pública como prioridade. traços essenciais. Além do mais, muito mais fundamen-
e) resultou em uma redução visível no número de crimes talmente, o tempo livre dependerá da situação geral da
contra a vida no estado de Pernambuco. sociedade. Mas esta, agora como antes, mantém as pes-
soas sob um fascínio. Decerto, não se pode traçar uma

7
divisão tão simples entre as pessoas em si e seus papéis Resposta: Certo. Ao texto! (...) A expressão, de origem
sociais. Em uma época de integração social sem prece- recente, aliás; antes se dizia ócio, e este era privilégio
dentes, fica difícil estabelecer, de forma geral, o que res- de uma vida folgada.
ta nas pessoas, além do determinado pelas funções. Isso
pesa muito sobre a questão do tempo livre. Mesmo onde 19. (INSS – TÉCNICO DO SEGURO SOCIAL – CESPE –
o encantamento se atenua e as pessoas estão ao menos 2008)
subjetivamente convictas de que agem por vontade pró-
pria, isso ainda significa que essa vontade é modelada Um dos indicadores de saúde comumente utilizados no
por aquilo de que desejam estar livres fora do horário Brasil é a esperança de vida ao nascer, que corresponde
de trabalho. ao número de anos que um indivíduo vai viver, consi-
A indagação adequada ao fenômeno do tempo livre seria, derando-se a duração média da vida dos membros da
hoje, esta: “Com o aumento da produtividade no traba- população. O valor desse índice tem sofrido modifica-
lho, mas persistindo as condições de não-liberdade, isto ções substanciais no decorrer do tempo, à medida que as
é, sob relações de produção em que as pessoas nascem condições sociais melhoram e as conquistas da ciência e
inseridas e que, hoje como antes, lhes prescrevem as re- da tecnologia são colocadas a serviço do homem.
gras de sua existência, o que ocorre com o tempo livre?” A julgar por estudos procedidos em achados fósseis e em
Se se cuidasse de responder à questão sem asserções sítios arqueológicos, a esperança de vida do homem pré-
ideológicas, tornar-se-ia imperiosa a suspeita de que o -histórico ao nascer seria extremamente baixa, em torno
tempo livre tende em direção contrária à de seu próprio de 18 anos; na Grécia e na Roma antigas, estaria entre 20
conceito, tornando-se paródia deste. Nele se prolonga a e 30 anos, pouco tendo se modificado na Idade Média e
não-liberdade, tão desconhecida da maioria das pessoas na Renascença. Mais recentemente, têm sido registrados
não-livres como a sua não-liberdade em si mesma. valores progressivamente mais elevados para a esperan-
T. W. Adorno. Palavras e sinais, modelos críticos 2. Maria Helena ça de vida ao nascer. Essa situação está ilustrada no grá-
Ruschel (Trad.). Petrópolis: Vozes, 1995, p. 70-82. (Com adaptações.) fico abaixo, que mostra a evolução da esperança de vida
do brasileiro ao nascer, de 1940 a 2000.
Como, de acordo com o texto, as características essen-
ciais ao “tempo livre” se baseiam na oposição entre este
e o “tempo não-livre”, é correto concluir que as formas
de uso do “tempo livre” serão as mesmas em qualquer
época.

(  ) CERTO  (  ) ERRADO

Resposta: Errado. Segundo o texto, (...) o tempo livre


dependerá da situação geral da sociedade (...), e como
esta sofre mudanças com o passar do tempo, não po-
demos afirmar que as formas de “tempo livre” serão as
mesmas em qualquer época.

17. (INSS – ANALISTA DO SEGURO SOCIAL – CESPE – M. Z. Rouquayrol e N. de Almeida Filho. In: Epidemiologia e saúde.
2008) Conclui-se da leitura do texto que tanto o “tempo Rio de Janeiro: MEDSI, 2003, p. 68. (Com adaptações.)
não-livre” quanto o “tempo livre” são condicionados pela
sociedade. No Brasil, o fenômeno do aumento da esperança de vida
ao nascer atinge de maneira uniforme todas as classes
(  ) CERTO  (  ) ERRADO sociais, pois esse indicador não é influenciado pela renda
familiar.
Resposta: Certo. Busquemos no texto: (...) Além do
mais, muito mais fundamentalmente, o tempo livre (  ) CERTO  (  ) ERRADO
dependerá da situação geral da sociedade (...) Em uma
época de integração social sem precedentes, fica di- Resposta: Errado. Voltemos ao texto: (...) O valor des-
fícil estabelecer, de forma geral, o que resta nas pes- se índice tem sofrido modificações substanciais no
soas, além do determinado pelas funções. Isso pesa decorrer do tempo, à medida que as condições sociais
muito sobre a questão do tempo livre. melhoram, influência da renda familiar.

18. (INSS – ANALISTA DO SEGURO SOCIAL – CESPE


LÍNGUA PORTUGUESA

– 2008) Do primeiro parágrafo do texto, depreende-se


que a ideia de tempo livre, isto é, a de tempo não ocupa-
do pelo trabalho, não é nova.

(  ) CERTO  (  ) ERRADO

8
20. (INSS – TÉCNICO DO SEGURO SOCIAL – CESPE – 21. (INSS – TÉCNICO DO SEGURO SOCIAL – CESPE –
2008) 2008) De acordo com o desenvolvimento e a organiza-
ção das ideias do texto I, depreende-se que “segmento
Texto I que demanda maiores recursos monetários e cuidados
Envelhecimento, pobreza e proteção social na Amé- humanos, afetivos e psicológicos” e “segmento com idade
rica Latina avançada” referem-se ao mesmo conjunto de indivíduos.

O processo de envelhecimento populacional, no seu (  ) CERTO  (  ) ERRADO


primeiro estágio, resulta em um aumento, pelo menos
relativo, da oferta da força de trabalho. Nas etapas pos- Resposta: Certo. Texto: (...) o segmento com idade
teriores, a proporção desse grupo no total da popula- avançada passa a ser o que mais cresce. Esse cresci-
ção diminui e, eventualmente, diminuirá em termos ab- mento acentuado do segmento que demanda maio-
solutos, como é a situação atual do Japão e de vários res recursos monetários e cuidados humanos, afetivos
países europeus. Por outro lado, o segmento com idade e psicológicos. = maneiras de se referir à velhice.
avançada passa a ser o que mais cresce. Esse crescimento
acentuado do segmento que demanda maiores recursos 22. (INSS – PERITO MÉDICO PREVIDENCIÁRIO – CES-
monetários e cuidados humanos, afetivos e psicológicos, PE – 2010)
em face da redução do contingente populacional em
idade ativa, fez com que o envelhecimento populacional A Revolta da Vacina
entrasse na agenda das políticas públicas pelo lado ne-
gativo, ou seja, ele é visto como “um problema”. O Rio de Janeiro, na passagem do século XIX para o sécu-
A. A. Camarano e M.T. Pasinato. Texto para discussão. Brasília: IPEA,
lo XX, era ainda uma cidade de ruas estreitas e sujas, sa-
2007.
neamento precário e foco de doenças como febre ama-
rela, varíola, tuberculose e peste. Os navios estrangeiros
Texto II
faziam questão de anunciar que não parariam no porto
Os impactos sociais da velhice
carioca e os imigrantes recém-chegados da Europa mor-
riam às dezenas de doenças infecciosas.
Idade Ativa — No caso da previdência, os idosos são o
Ao assumir a presidência da República, Francisco de Pau-
grande problema?
la Rodrigues Alves instituiu como meta governamental
Ana Amélia Camarano — Eu acho que esse é outro enga-
o saneamento e reurbanização da capital da República.
no. Claro que você tem mais gente idosa e gente vivendo
Para assumir a frente das reformas, nomeou Francisco
mais. Agora, o que acontece é que o nosso modelo de
previdência é o mesmo da Europa Ocidental, dos EUA, Pereira Passos para o governo municipal. Este, por sua
modelos desenhados no pós-guerra, quando havia em- vez, chamou os engenheiros Francisco Bicalho para a re-
prego, as pessoas se aposentavam e ficavam pouco tem- forma do porto e Paulo de Frontin para as reformas no
po aposentadas porque morriam logo. Então, esse mo- centro. Rodrigues Alves nomeou ainda o médico Oswal-
delo está falido. Esse cenário mudou. Nós não estamos do Cruz para o saneamento.
mais no mundo do trabalho estável, não temos mais o O Rio de Janeiro passou a sofrer profundas mudanças,
pleno emprego e as relações de trabalho hoje passam com a derrubada de casarões e cortiços e o consequen-
pela flexibilização. E a tão falada flexibilização significa te despejo de seus moradores. A população apelidou o
informalização. A nossa política social é toda ligada ao movimento de o “bota-abaixo”. O objetivo era a abertura
trabalho. A Constituição de 1988 mudou um pouco, mas de grandes bulevares, largas e modernas avenidas com
até então só tinha direito ao benefício da previdência prédios de cinco ou seis andares.
quem trabalhava. Era uma cidadania ligada ao trabalho Ao mesmo tempo, iniciava-se o programa de saneamento
e, não, ao benefício do trabalhador. E isso não é mais de Oswaldo Cruz. Para combater a peste, ele criou briga-
possível. Nós estamos caminhando para um mundo sem das sanitárias que cruzavam a cidade espalhando raticidas,
trabalho. mandando remover o lixo e comprando ratos. Em seguida
Internet: <www.techway.com.br>. (Com adaptações.) o alvo foram os mosquitos transmissores da febre amarela.
Finalmente, restava o combate à varíola. Autoritariamen-
De acordo com o texto I, é correto afirmar que há países te, foi instituída a lei de vacinação obrigatória. A popula-
europeus em que a força de trabalho, em relação ao total ção, humilhada pelo poder público autoritário e violento,
da população, já se reduziu. não acreditava na eficácia da vacina. Os pais de família
rejeitavam a exposição das partes do corpo a agentes
(  ) CERTO  (  ) ERRADO sanitários do governo.
A vacinação obrigatória foi o estopim para que o povo,
LÍNGUA PORTUGUESA

Resposta: Certo. Ao texto: O processo de envelheci- já profundamente insatisfeito com o “bota-abaixo” e in-
mento populacional, no seu primeiro estágio, resulta suflado pela imprensa, se revoltasse. Durante uma semana,
em um aumento, pelo menos relativo, da oferta da enfrentou as forças da polícia e do exército até ser reprimi-
força de trabalho. Nas etapas posteriores, a proporção do com violência. O episódio transformou, no período de
desse grupo no total da população diminui e, even- 10 a 16 de novembro de 1904, a recém-reconstruída cida-
tualmente, diminuirá em termos absolutos, como é a de do Rio de Janeiro em uma praça de guerra, onde foram
situação atual do Japão e de vários países europeus. erguidas barricadas e ocorreram confrontos generalizados.
Os termos destacados se relacionam. Internet: <www.ccs.saude.gov.br>. (Com adaptações.)

9
O texto faz um histórico da Revolta da Vacina, ocorrida 24. (INSS – ATIVIDADE TÉCNICA DE SUPORTE: ENGE-
no Rio de Janeiro, mostrando explicitamente o ponto de NHARIA ELÉTRICA – CESPE – 2010) De acordo com o
vista do autor acerca do tema. texto, é correto inferir que a bateria dos veículos elétricos
só será reciclada se apresentar defeito.
(  ) CERTO  (  ) ERRADO
(  ) CERTO  (  ) ERRADO
Resposta: Errado. O texto não apresenta o ponto de
vista do autor, apenas descreve os fatos. Resposta: Errado. A única referência que o texto faz
à bateria é (...) A bateria que o alimenta é totalmente
23. (INSS – ATIVIDADE TÉCNICA DE SUPORTE: ENGE- reciclável e pode ser recarregada cerca de 1.500 vezes.”
NHARIA ELÉTRICA – CESPE – 2010) Não há citação de quando deve ser reciclada.

Da tomada para a estrada 25. (INSS – ATIVIDADE TÉCNICA DE SUPORTE: ENGE-


NHARIA ELÉTRICA – CESPE – 2010) A principal vanta-
Dois modelos de veículo de uma montadora italiana, mo- gem dos veículos movidos a energia elétrica é o fato de
vidos a energia elétrica, já estão prontos para rodar. Os serem muito semelhantes aos carros tradicionais, sendo
protótipos foram desenvolvidos no Brasil pela empresa que a principal distinção entre os dois tipos é o mecanis-
Itaipu Binacional, com o objetivo de nacionalizar a tec- mo usado para ligar o carro.
nologia de produção de carros elétricos. Basta colocá-los
na tomada por um período de oito horas para que eles (  ) CERTO  (  ) ERRADO
estejam aptos a rodar aproximadamente 120 km. Os des-
locamentos podem ser velozes, já que os veículos conse- Resposta: Errado. Texto: (...) O coordenador do pro-
guem atingir uma velocidade de até 130 km por hora. O jeto destaca o aspecto econômico como uma das
detalhe mais animador é que, para isso, se gasta de qua- grandes vantagens do carro elétrico, ao compará-lo
tro a cinco vezes menos do que se forem utilizados com- com um veículo movido a gasolina. “Com um litro do
bustíveis convencionais, como o álcool ou a gasolina. combustível, é possível percorrer 15 km em média. No
O motorista que experimentar dirigir os protótipos não entanto, se o mesmo valor gasto com essa quantida-
deverá estranhá-los. “É muito simples guiá-los, pois as de de gasolina for empregado na compra de energia
diferenças em relação aos carros tradicionais são míni- elétrica, é possível rodar cerca de 40 km.” Além de
mas”, explica o engenheiro eletricista Celso Novais, co- enfatizar as vantagens econômicas, Novais salienta
ordenador geral brasileiro do projeto Veículo Elétrico. “A os incontestáveis benefícios ambientais. “O carro elé-
principal distinção é que não existe partida. O veículo liga trico não faz barulho nem polui a atmosfera, já que
como se fosse acionado por um interruptor.” Segundo não emite gás carbônico ou qualquer outra substância
Novais, quando está parado - em um congestionamento, química.”
por exemplo -, o veículo não consome energia. “A bateria
que o alimenta é totalmente reciclável e pode ser recar-
regada cerca de 1.500 vezes.” RECONHECIMENTO DE TIPOS E GÊNEROS
O coordenador do projeto destaca o aspecto econômi- TEXTUAIS.
co como uma das grandes vantagens do carro elétrico,
ao compará-lo com um veículo movido a gasolina. “Com
um litro do combustível, é possível percorrer 15 km em A todo o momento nos deparamos com vários tex-
média. No entanto, se o mesmo valor gasto com essa tos, sejam eles verbais ou não verbais. Em todos há a
quantidade de gasolina for empregado na compra de presença do discurso, isto é, a ideia intrínseca, a essência
energia elétrica, é possível rodar cerca de 40 km.” Além daquilo que está sendo transmitido entre os interlocuto-
de enfatizar as vantagens econômicas, Novais salienta os res. Estes interlocutores são as peças principais em um
incontestáveis benefícios ambientais. “O carro elétrico diálogo ou em um texto escrito.
não faz barulho nem polui a atmosfera, já que não emite É de fundamental importância sabermos classificar
gás carbônico ou qualquer outra substância química.” os textos com os quais travamos convivência no nosso
Jaqueline Bartzen. Ciência hoje. Internet: <cienciahoje.uol.com.br>. dia a dia. Para isso, precisamos saber que existem tipos
(Com adaptações.) textuais e gêneros textuais.
Comumente relatamos sobre um acontecimento, um
O texto é uma reportagem sobre os veículos movidos a fato presenciado ou ocorrido conosco, expomos nossa
energia elétrica que estão sendo usados no Brasil. opinião sobre determinado assunto, descrevemos algum
lugar que visitamos, fazemos um retrato verbal sobre al-
(  ) CERTO  (  ) ERRADO guém que acabamos de conhecer ou ver. É exatamente
LÍNGUA PORTUGUESA

nessas situações corriqueiras que classificamos os nossos


Resposta: Errado. Ao texto: Dois modelos de veículo textos naquela tradicional tipologia: Narração, Descrição
de uma montadora italiana, movidos a energia elétrica, e Dissertação.
já estão prontos para rodar ( ainda não estão rodando,
segundo o texto). Os protótipos foram desenvolvidos
no Brasil pela empresa Itaipu Binacional (...)

10
As tipologias textuais se caracterizam pelos as- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
pectos de ordem linguística Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Ce-
reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
Os tipos textuais designam uma sequência definida Paulo: Saraiva, 2010.
pela natureza linguística de sua composição. São obser- Português – Literatura, Produção de Textos & Gramá-
vados aspectos lexicais, sintáticos, tempos verbais, rela- tica – volume único / Samira Yousseff Campedelli, Jésus
ções logicas. Os tipos textuais são o narrativo, descritivo, Barbosa Souza. – 3.ª ed. – São Paulo: Saraiva, 2002.
argumentativo/dissertativo, injuntivo e expositivo.
A) Textos narrativos – constituem-se de verbos de SITE
ação demarcados no tempo do universo narrado, http://www.brasilescola.com/redacao/tipologia-tex-
como também de advérbios, como é o caso de an- tual.htm
tes, agora, depois, entre outros: Ela entrava em seu
carro quando ele apareceu. Depois de muita conver-
sa, resolveram...
B) Textos descritivos – como o próprio nome indica, EXERCÍCIO COMENTADO
descrevem características tanto físicas quanto psi-
cológicas acerca de um determinado indivíduo ou 1. (TJ-DFT – CONHECIMENTOS BÁSICOS – TÉCNICO
objeto. Os tempos verbais aparecem demarcados JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINISTRATIVA – CESPE –
no presente ou no pretérito imperfeito: “Tinha os 2015)
cabelos mais negros como a asa da graúna...”
C) Textos expositivos – Têm por finalidade explicar Ouro em Fios
um assunto ou uma determinada situação que se
almeje desenvolvê-la, enfatizando acerca das razões
A natureza é capaz de produzir materiais preciosos,
de ela acontecer, como em: O cadastramento irá se
como o ouro e o cobre - condutor de ENERGIA ELÉTRICA.
prorrogar até o dia 02 de dezembro, portanto, não se
O ouro já é escasso. A energia elétrica caminha para isso.
esqueça de fazê-lo, sob pena de perder o benefício.
Enquanto cientistas e governos buscam novas fontes de
D) Textos injuntivos (instrucional) – Trata-se de
energia sustentáveis, faça sua parte aqui no TJDFT:
uma modalidade na qual as ações são prescritas de
- Desligue as luzes nos ambientes onde é possível usar a
forma sequencial, utilizando-se de verbos expres-
iluminação natural.
sos no imperativo, infinitivo ou futuro do presente:
Misture todos os ingrediente e bata no liquidificador - Feche as janelas ao ligar o ar-condicionado.
até criar uma massa homogênea. - Sempre desligue os aparelhos elétricos ao sair do am-
E) Textos argumentativos (dissertativo) – Demar- biente.
cam-se pelo predomínio de operadores argumen- - Utilize o computador no modo espera.
tativos, revelados por uma carga ideológica cons- Fique ligado! Evite desperdícios.
tituída de argumentos e contra-argumentos que Energia elétrica.
justificam a posição assumida acerca de um deter- A natureza cobra o preço do desperdício.
minado assunto: A mulher do mundo contemporâ- Internet: <www.tjdft.jus.br> (com adaptações)
neo luta cada vez mais para conquistar seu espaço
no mercado de trabalho, o que significa que os gê- Há no texto elementos característicos das tipologias ex-
neros estão em complementação, não em disputa. positiva e injuntiva.

GÊNEROS TEXTUAIS ( ) CERTO ( ) ERRADO

São os textos materializados que encontramos em Resposta: Certo. Texto injuntivo – ou instrucional – é
nosso cotidiano; tais textos apresentam características aquele que passa instruções ao leitor. O texto acima
sócio-comunicativas definidas por seu estilo, função, apresenta tal característica.
composição, conteúdo e canal. Como exemplos, temos:
receita culinária, e-mail, reportagem, monografia, poema, Leia o texto a seguir e responda à questão..
editorial, piada, debate, agenda, inquérito policial, fórum,
blog, etc. Como nasce uma história
A escolha de um determinado gênero discursivo de- (fragmento)
pende, em grande parte, da situação de produção, ou
seja, a finalidade do texto a ser produzido, quem são os Quando cheguei ao edifício, tomei o elevador que serve
locutores e os interlocutores, o meio disponível para vei- do primeiro ao décimo quarto andar. Era pelo menos o
LÍNGUA PORTUGUESA

cular o texto, etc. que dizia a tabuleta no alto da porta.


Os gêneros discursivos geralmente estão ligados a — Sétimo — pedi.
esferas de circulação. Assim, na esfera jornalística, por A porta se fechou e começamos a subir. Minha atenção
exemplo, são comuns gêneros como notícias, reporta- se fixou num aviso que dizia:
gens, editoriais, entrevistas e outros; na esfera de divul- É expressamente proibido os funcionários, no ato da subi-
gação científica são comuns gêneros como verbete de da, utilizarem os elevadores para descerem.
dicionário ou de enciclopédia, artigo ou ensaio científico, Desde o meu tempo de ginásio sei que se trata de pro-
seminário, conferência. blema complicado, este do infinito pessoal. Prevaleciam

11
então duas regras mestras que deveriam ser rigorosa- 1. Regras ortográficas
mente obedecidas. Uma afirmava que o sujeito, sendo
o mesmo, impedia que o verbo se flexionasse. Da outra A) O fonema S
infelizmente já não me lembrava. São escritas com S e não C/Ç
Mas não foi o emprego pouco castiço do infinito pessoal  Palavras substantivadas derivadas de verbos com
que me intrigou no tal aviso: foi estar ele concebido de radicais em nd, rg, rt, pel, corr e sent: pretender
maneira chocante aos delicados ouvidos de um escritor - pretensão / expandir - expansão / ascender - as-
que se preza. censão / inverter - inversão / aspergir - aspersão /
Qualquer um, não sendo irremediavelmente burro, en- submergir - submersão / divertir - diversão / im-
tenderia o que se pretende dizer neste aviso. Pois um ti- pelir - impulsivo / compelir - compulsório / repelir
jolo de burrice me baixou na compreensão, fazendo com - repulsa / recorrer - recurso / discorrer - discurso /
que eu ficasse revirando a frase na cabeça: descerem, no sentir - sensível / consentir – consensual.
ato da subida? Que quer dizer isto? E buscava uma forma
simples e correta de formular a proibição: São escritos com SS e não C e Ç
É proibido subir para depois descer.  Nomes derivados dos verbos cujos radicais ter-
É proibido subir no elevador com intenção de descer. minem em gred, ced, prim ou com verbos ter-
É proibido ficar no elevador com intenção de descer, quan- minados por tir ou - meter: agredir - agressivo /
do ele estiver subindo. imprimir - impressão / admitir - admissão / ceder
Se quiser descer, não tome o elevador que esteja subindo. - cessão / exceder - excesso / percutir - percussão /
Mais simples ainda: regredir - regressão / oprimir - opressão / compro-
Se quiser descer, só tome o elevador que estiver descendo. meter - compromisso / submeter – submissão.
De tanta simplicidade, atingi a síntese perfeita do que  Quando o prefixo termina com vogal que se junta
Nelson Rodrigues chamava de óbvio ululante, ou seja, a com a palavra iniciada por “s”. Exemplos: a + simé-
enunciação de algo que não quer dizer absolutamente trico - assimétrico / re + surgir – ressurgir.
nada: Se quiser descer, não suba.  No pretérito imperfeito simples do subjuntivo.
Fernando Sabino. A volta por cima. Rio de Janeiro: Exemplos: ficasse, falasse.
Record,
1995, p. 137-140. (Com adaptações.) São escritos com C ou Ç e não S e SS
 Vocábulos de origem árabe: cetim, açucena, açú-
car.
2. (INSS – TÉCNICO DO SEGURO SOCIAL – CESPE –  Vocábulos de origem tupi, africana ou exótica:
2008) O gênero textual apresentado permite o emprego cipó, Juçara, caçula, cachaça, cacique.
da linguagem coloquial, como ocorre, por exemplo, em  Sufixos aça, aço, ação, çar, ecer, iça, nça, uça,
“Qualquer um, não sendo irremediavelmente burro” e “um uçu, uço: barcaça, ricaço, aguçar, empalidecer, car-
tijolo de burrice”. niça, caniço, esperança, carapuça, dentuço.
 Nomes derivados do verbo ter: abster - abstenção
(  ) CERTO  (  ) ERRADO / deter - detenção / ater - atenção / reter – retenção.
 Após ditongos: foice, coice, traição.
Resposta: Certo O gênero é a crônica, conta fatos do  Palavras derivadas de outras terminadas em -te,
dia a dia de maneira descontraída, o que permite a to(r): marte - marciano / infrator - infração / ab-
utilização de uma linguagem mais próxima do leitor; sorto – absorção.
a informalidade.
B) O fonema z
São escritos com S e não Z
DOMÍNIO DA ORTOGRAFIA OFICIAL.  Sufixos: ês, esa, esia, e isa, quando o radical é
EMPREGO DAS LETRAS. substantivo, ou em gentílicos e títulos nobiliárqui-
cos: freguês, freguesa, freguesia, poetisa, baronesa,
princesa.
A ortografia é a parte da Fonologia que trata da cor-  Sufixos gregos: ase, ese, ise e ose: catequese, me-
reta grafia das palavras. É ela quem ordena qual som tamorfose.
devem ter as letras do alfabeto. Os vocábulos de uma  Formas verbais pôr e querer: pôs, pus, quisera,
língua são grafados segundo acordos ortográficos. quis, quiseste.
A maneira mais simples, prática e objetiva de apren-  Nomes derivados de verbos com radicais termi-
der ortografia é realizar muitos exercícios, ver as palavras, nados em “d”: aludir - alusão / decidir - decisão /
familiarizando-se com elas. O conhecimento das regras empreender - empresa / difundir – difusão.
LÍNGUA PORTUGUESA

é necessário, mas não basta, pois há inúmeras exceções  Diminutivos cujos radicais terminam com “s”: Luís
e, em alguns casos, há necessidade de conhecimento de - Luisinho / Rosa - Rosinha / lápis – lapisinho.
etimologia (origem da palavra).  Após ditongos: coisa, pausa, pouso, causa.
 Verbos derivados de nomes cujo radical termina
com “s”: anális(e) + ar - analisar / pesquis(a) + ar
– pesquisar.

12
São escritos com Z e não S
 Sufixos “ez” e “eza” das palavras derivadas de FIQUE ATENTO!
adjetivo: macio - maciez / rico – riqueza / belo – Há palavras que mudam de sentido quan-
beleza. do substituímos a grafia “e” pela grafia “i”:
Sufixos “izar” (desde que o radical da palavra de ori- área (superfície), ária (melodia) / delatar
gem não termine com s): final - finalizar / concreto (denunciar), dilatar (expandir) / emergir
– concretizar. (vir à tona), imergir (mergulhar) / peão (de
 Consoante de ligação se o radical não terminar estância, que anda a pé), pião (brinquedo).
com “s”: pé + inho - pezinho / café + al - cafezal
Exceção: lápis + inho – lapisinho.
#FicaDica
C) O fonema j
São escritas com G e não J Se o dicionário ainda deixar dúvida quanto
 Palavras de origem grega ou árabe: tigela, girafa, à ortografia de uma palavra, há a possibili-
gesso. dade de consultar o Vocabulário Ortográfi-
 Estrangeirismo, cuja letra G é originária: sargento, co da Língua Portuguesa (VOLP), elaborado
gim. pela Academia Brasileira de Letras. É uma
 Terminações: agem, igem, ugem, ege, oge (com obra de referência até mesmo para a criação
poucas exceções): imagem, vertigem, penugem, de dicionários, pois traz a grafia atualizada
bege, foge. das palavras (sem o significado). Na Internet,
Exceção: pajem. o endereço é www.academia.org.br.

 Terminações: ágio, égio, ígio, ógio, ugio: sortilégio,


litígio, relógio, refúgio. 2. Informações importantes
 Verbos terminados em ger/gir: emergir, eleger, fu-
gir, mugir. Formas variantes são as que admitem grafias ou pro-
 Depois da letra “r” com poucas exceções: emergir, núncias diferentes para palavras com a mesma significa-
surgir. ção: aluguel/aluguer, assobiar/assoviar, catorze/quatorze,
 Depois da letra “a”, desde que não seja radical ter- dependurar/pendurar, flecha/frecha, germe/gérmen, in-
minado com j: ágil, agente. farto/enfarte, louro/loiro, percentagem/porcentagem, re-
lampejar/relampear/relampar/relampadar.
São escritas com J e não G Os símbolos das unidades de medida são escritos
 Palavras de origem latinas: jeito, majestade, hoje. sem ponto, com letra minúscula e sem “s” para indicar
 Palavras de origem árabe, africana ou exótica: plural, sem espaço entre o algarismo e o símbolo: 2kg,
jiboia, manjerona. 20km, 120km/h.
 Palavras terminadas com aje: ultraje. Exceção para litro (L): 2 L, 150 L.

D) O fonema ch Na indicação de horas, minutos e segundos, não


São escritas com X e não CH deve haver espaço entre o algarismo e o símbolo: 14h,
 Palavras de origem tupi, africana ou exótica: aba- 22h30min, 14h23’34’’(= quatorze horas, vinte e três mi-
caxi, xucro. nutos e trinta e quatro segundos).
 Palavras de origem inglesa e espanhola: xampu, O símbolo do real antecede o número sem espaço:
lagartixa. R$1.000,00. No cifrão deve ser utilizada apenas uma bar-
 Depois de ditongo: frouxo, feixe. ra vertical ($).
 Depois de “en”: enxurrada, enxada, enxoval.
Exceção: quando a palavra de origem não derive de ALGUNS USOS ORTOGRÁFICOS ESPECIAIS
outra iniciada com ch - Cheio - (enchente)
1. Por que / por quê / porquê / porque
São escritas com CH e não X
 Palavras de origem estrangeira: chave, chumbo, POR QUE (separado e sem acento)
chassi, mochila, espadachim, chope, sanduíche, sal-
sicha. É usado em:
1. interrogações diretas (longe do ponto de interro-
E) As letras “e” e “i” gação) = Por que você não veio ontem?
LÍNGUA PORTUGUESA

 Ditongos nasais são escritos com “e”: mãe, põem. 2. interrogações indiretas, nas quais o “que” equivale
Com “i”, só o ditongo interno cãibra. a “qual razão” ou “qual motivo” = Perguntei-lhe por
 Verbos que apresentam infinitivo em -oar, -uar que faltara à aula ontem.
são escritos com “e”: caçoe, perdoe, tumultue. Es- 3. equivalências a “pelo(a) qual” / “pelos(as) quais” =
crevemos com “i”, os verbos com infinitivo em -air, Ignoro o motivo por que ele se demitiu.
-oer e -uir: trai, dói, possui, contribui.

13
POR QUÊ (separado e com acento) SITE
http://www.pciconcursos.com.br/aulas/portugues/
Usos: ortografia
1. como pronome interrogativo, quando colocado no
fim da frase (perto do ponto de interrogação) = 4. Hífen
Você faltou. Por quê?
2. quando isolado, em uma frase interrogativa = Por O hífen é um sinal diacrítico (que distingue) usado
quê? para ligar os elementos de palavras compostas (como
ex-presidente, por exemplo) e para unir pronomes áto-
PORQUE (uma só palavra, sem acento gráfico) nos a verbos (ofereceram-me; vê-lo-ei). Serve igualmente
para fazer a translineação de palavras, isto é, no fim de
Usos: uma linha, separar uma palavra em duas partes (ca-/sa;
1. como conjunção coordenativa explicativa (equivale compa-/nheiro).
a “pois”, “porquanto”), precedida de pausa na escri-
ta (pode ser vírgula, ponto-e-vírgula e até ponto A) Uso do hífen que continua depois da Reforma
final) = Compre agora, porque há poucas peças. Ortográfica:
2. como conjunção subordinativa causal, substituível 1. Em palavras compostas por justaposição que for-
por “pela causa”, “razão de que” = Você perdeu por- mam uma unidade semântica, ou seja, nos termos
que se antecipou. que se unem para formam um novo significado:
tio-avô, porto-alegrense, luso-brasileiro, tenente-
PORQUÊ (uma só palavra, com acento gráfico) -coronel, segunda-feira, conta-gotas, guarda-chuva,
arco-íris, primeiro-ministro, azul-escuro.
Usos: 2. Em palavras compostas por espécies botânicas e
1. como substantivo, com o sentido de “causa”, “ra- zoológicas: couve-flor, bem-te-vi, bem-me-quer,
zão” ou “motivo”, admitindo pluralização (porquês). Ge- abóbora-menina, erva-doce, feijão-verde.
ralmente é precedido por artigo = Não sei o porquê da 3. Nos compostos com elementos além, aquém, re-
discussão. É uma pessoa cheia de porquês.
cém e sem: além-mar, recém-nascido, sem-núme-
ro, recém-casado.
2. ONDE / AONDE
4. No geral, as locuções não possuem hífen, mas al-
gumas exceções continuam por já estarem con-
Onde = empregado com verbos que não expressam
sagradas pelo uso: cor-de-rosa, arco-da-velha,
a ideia de movimento = Onde você está?
mais-que-perfeito, pé-de-meia, água-de-colônia,
queima-roupa, deus-dará.
Aonde = equivale a “para onde”. É usado com verbos
que expressam movimento = Aonde você vai? 5. Nos encadeamentos de vocábulos, como: ponte
Rio-Niterói, percurso Lisboa-Coimbra-Porto e nas
3. MAU / MAL combinações históricas ou ocasionais: Áustria-
-Hungria, Angola-Brasil, etc.
Mau = é um adjetivo, antônimo de “bom”. Usa-se 6. Nas formações com os prefixos hiper-, inter- e su-
como qualificação = O mau tempo passou. / Ele é um per- quando associados com outro termo que é
mau elemento. iniciado por “r”: hiper-resistente, inter-racial, super-
-racional, etc.
Mal = pode ser usado como 7. Nas formações com os prefixos ex-, vice-: ex-di-
1. conjunção temporal, equivalente a “assim que”, retor, ex-presidente, vice-governador, vice-prefeito.
“logo que”, “quando” = Mal se levantou, já saiu. 8. Nas formações com os prefixos pós-, pré- e pró-:
2. advérbio de modo (antônimo de “bem”) = Você foi pré-natal, pré-escolar, pró-europeu, pós-graduação,
mal na prova? etc.
3. substantivo, podendo estar precedido de artigo ou 9. Na ênclise e mesóclise: amá-lo, deixá-lo, dá-se,
pronome = Há males que vêm pra bem! / O mal abraça-o, lança-o e amá-lo-ei, falar-lhe-ei, etc.
não compensa. 10. Nas formações em que o prefixo tem como se-
gundo termo uma palavra iniciada por “h”: sub-he-
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS pático, geo-história, neo-helênico, extra-humano,
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa semi-hospitalar, super-homem.
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. 11. Nas formações em que o prefixo ou pseudopre-
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Ce- fixo termina com a mesma vogal do segundo ele-
reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São mento: micro-ondas, eletro-ótica, semi-interno, au-
LÍNGUA PORTUGUESA

Paulo: Saraiva, 2010. to-observação, etc.


Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000. O hífen é suprimido quando para formar outros ter-
CAMPEDELLI, Samira Yousseff. Português – Literatura, mos: reaver, inábil, desumano, lobisomem, reabilitar.
Produção de Textos & Gramática. Volume único / Samira
Yousseff, Jésus Barbosa Souza. – 3.ª edição – São Paulo:
Saraiva, 2002.

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#FicaDica
EXERCÍCIOS COMENTADOS
Lembrete da Zê!
Ao separar palavras na translineação (mu- 1. (Polícia Federal – Escrivão de Polícia Federal – Ces-
dança de linha), caso a última palavra a ser pe – 2013 – adaptada)
escrita seja formada por hífen, repita-o na
próxima linha. Exemplo: escreverei anti-in- A fim de solucionar o litígio, atos sucessivos e concatena-
flamatório e, ao final, coube apenas “anti-”. dos são praticados pelo escrivão. Entre eles, estão os atos
Na próxima linha escreverei: “-inflamatório” de comunicação, os quais são indispensáveis para que
(hífen em ambas as linhas). Devido à diagra- os sujeitos do processo tomem conhecimento dos atos
mação, pode ser que a repetição do hífen na acontecidos no correr do procedimento e se habilitem a
translineação não ocorra em meus conteú- exercer os direitos que lhes cabem e a suportar os ônus
dos, mas saiba que a regra é esta! que a lei lhes impõe.
Disponível em: <http://jus.com.br> (com adaptações).
B) Não se emprega o hífen:
1. Nas formações em que o prefixo ou falso prefixo No que se refere ao texto acima, julgue os itens seguintes.
termina em vogal e o segundo termo inicia-se em Não haveria prejuízo para a correção gramatical do texto
“r” ou “s”. Nesse caso, passa-se a duplicar estas nem para seu sentido caso o trecho “A fim de solucionar
consoantes: antirreligioso, contrarregra, infrassom, o litígio” fosse substituído por Afim de dar solução à de-
microssistema, minissaia, microrradiografia, etc. manda e o trecho “tomem conhecimento dos atos acon-
2. Nas constituições em que o prefixo ou pseudopre- tecidos no correr do procedimento” fosse, por sua vez,
fixo termina em vogal e o segundo termo inicia-se substituído por conheçam os atos havidos no transcurso
com vogal diferente: antiaéreo, extraescolar, coedu- do acontecimento.
cação, autoestrada, autoaprendizagem, hidroelétri-
( ) CERTO ( ) ERRADO
co, plurianual, autoescola, infraestrutura, etc.
3. Nas formações, em geral, que contêm os prefixos
Resposta: Errado. “A fim” tem o sentido de “com a
“dês” e “in” e o segundo elemento perdeu o “h”
intenção de”; já “afim”, “semelhança, afinidade”. Se a
inicial: desumano, inábil, desabilitar, etc.
primeira substituição fosse feita, o trecho estaria in-
4. Nas formações com o prefixo “co”, mesmo quando
correto gramatical e coerentemente. Portanto, nem há
o segundo elemento começar com “o”: cooperação,
a necessidade de avaliar a segunda substituição.
coobrigação, coordenar, coocupante, coautor, coedi-
ção, coexistir, etc.
5. Em certas palavras que, com o uso, adquiriram no-
ção de composição: pontapé, girassol, paraquedas, EMPREGO DA ACENTUAÇÃO GRÁFICA.
paraquedista, etc.
6. Em alguns compostos com o advérbio “bem”: ben- Quanto à acentuação, observamos que algumas pa-
feito, benquerer, benquerido, etc. lavras têm acento gráfico e outras não; na pronúncia, ora
se dá maior intensidade sonora a uma sílaba, ora a outra.
Os prefixos pós, pré e pró, em suas formas correspon- Por isso, vamos às regras!
dentes átonas, aglutinam-se com o elemento seguinte,
não havendo hífen: pospor, predeterminar, predetermina- 1. Regras básicas
do, pressuposto, propor.
Escreveremos com hífen: anti-horário, anti-infeccio- A acentuação tônica está relacionada à intensida-
so, auto-observação, contra-ataque, semi-interno, sobre- de com que são pronunciadas as sílabas das palavras.
-humano, super-realista, alto-mar. Aquela que se dá de forma mais acentuada, conceitua-se
Escreveremos sem hífen: pôr do sol, antirreforma, como sílaba tônica. As demais, como são pronunciadas
antisséptico, antissocial, contrarreforma, minirrestaurante, com menos intensidade, são denominadas de átonas.
ultrassom, antiaderente, anteprojeto, anticaspa, antivírus, De acordo com a tonicidade, as palavras são classifi-
autoajuda, autoelogio, autoestima, radiotáxi. cadas como:
Oxítonas – São aquelas cuja sílaba tônica recai sobre
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA a última sílaba: café – coração – Belém – atum – caju –
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa papel
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. Paroxítonas – a sílaba tônica recai na penúltima síla-
LÍNGUA PORTUGUESA

ba: útil – tórax – táxi – leque – sapato – passível


SITE Proparoxítonas - a sílaba tônica está na antepenúlti-
http://www.pciconcursos.com.br/aulas/portugues/ ma sílaba: lâmpada – câmara – tímpano – médico – ônibus
ortografia
Há vocábulos que possuem uma sílaba somente: são
os chamados monossílabos. Estes são acentuados quan-
do tônicos e terminados em “a”, “e” ou “o”: vá – fé – pó
- ré.

15
2 Os acentos
FIQUE ATENTO!
A) acento agudo (´) – Colocado sobre as letras “a” e Alerta da Zê! Cuidado: Se os ditongos aber-
“i”, “u” e “e” do grupo “em” - indica que estas letras tos estiverem em uma palavra oxítona (he-
representam as vogais tônicas de palavras como rói) ou monossílaba (céu) ainda são acen-
pá, caí, público. Sobre as letras “e” e “o” indica, além tuados: dói, escarcéu.
da tonicidade, timbre aberto: herói – céu (ditongos
abertos).
B) acento circunflexo – (^) Colocado sobre as letras Antes Agora
“a”, “e” e “o” indica, além da tonicidade, timbre fe-
chado: tâmara – Atlântico – pêsames – supôs. assembléia assembleia
C) acento grave – (`) Indica a fusão da preposição “a” idéia ideia
com artigos e pronomes: à – às – àquelas – àqueles
D) trema (¨) – De acordo com a nova regra, foi total- geléia geleia
mente abolido das palavras. Há uma exceção: é jibóia jiboia
utilizado em palavras derivadas de nomes próprios apóia (verbo apoiar) apoia
estrangeiros: mülleriano (de Müller)
E) til – (~) Indica que as letras “a” e “o” representam paranóico paranoico
vogais nasais: oração – melão – órgão – ímã
2.3 Acento Diferencial
2.1 Regras fundamentais
Representam os acentos gráficos que, pelas regras de
A) Palavras oxítonas: acentuam-se todas as oxítonas acentuação, não se justificariam, mas são utilizados para
terminadas em: “a”, “e”, “o”, “em”, seguidas ou não do plu- diferenciar classes gramaticais entre determinadas pala-
ral(s): Pará – café(s) – cipó(s) – Belém. vras e/ou tempos verbais. Por exemplo:
Esta regra também é aplicada aos seguintes casos: Pôr (verbo) X por (preposição) / pôde (pretérito per-
Monossílabos tônicos terminados em “a”, “e”, “o”, se- feito do Indicativo do verbo “poder”) X pode (presente do
guidos ou não de “s”: pá – pé – dó – há Indicativo do mesmo verbo).
Formas verbais terminadas em “a”, “e”, “o” tônicos,
seguidas de lo, la, los, las: respeitá-lo, recebê-lo, compô-lo Se analisarmos o “pôr” - pela regra das monossílabas:
terminada em “o” seguida de “r” não deve ser acentuada,
B) Paroxítonas: acentuam-se as palavras paroxítonas mas nesse caso, devido ao acento diferencial, acentua-se,
terminadas em: para que saibamos se se trata de um verbo ou preposição.
i, is: táxi – lápis – júri Os demais casos de acento diferencial não são mais
us, um, uns: vírus – álbuns – fórum utilizados: para (verbo), para (preposição), pelo (substanti-
l, n, r, x, ps: automóvel – elétron - cadáver – tórax – vo), pelo (preposição). Seus significados e classes grama-
fórceps ticais são definidos pelo contexto.
ã, ãs, ão, ãos: ímã – ímãs – órfão – órgãos Polícia para o trânsito para que se realize a operação
ditongo oral, crescente ou decrescente, seguido ou planejada. = o primeiro “para” é verbo; o segundo, con-
não de “s”: água – pônei – mágoa – memória junção (com relação de finalidade).

#FicaDica #FicaDica

Memorize a palavra LINURXÃO. Repare que Quando, na frase, der para substituir o
esta palavra apresenta as terminações das “por” por “colocar”, estaremos trabalhando
paroxítonas que são acentuadas: L, I N, U com um verbo, portanto: “pôr”; nos de-
(aqui inclua UM = fórum), R, X, Ã, ÃO. Assim mais casos, “por” é preposição: Faço isso
ficará mais fácil a memorização! por você. / Posso pôr (colocar) meus livros
aqui?

C) Proparoxítona: a palavra é proparoxítona quan-


do a sua antepenúltima sílaba é tônica (mais forte). 2.4 Regra do Hiato
Quanto à regra de acentuação: todas as proparoxí-
tonas são acentuadas, independentemente de sua Quando a vogal do hiato for “i” ou “u” tônicos, segun-
terminação: árvore, paralelepípedo, cárcere. da vogal do hiato, acompanhado ou não de “s”, haverá
LÍNGUA PORTUGUESA

acento: saída – faísca – baú – país – Luís


2.2 Regras especiais
Não se acentuam o “i” e o “u” que formam hiato
Os ditongos de pronúncia aberta “ei”, “oi” (ditongos quando seguidos, na mesma sílaba, de l, m, n, r ou z:
abertos), que antes eram acentuados, perderam o acento Ra-ul, Lu-iz, sa-ir, ju-iz
de acordo com a nova regra, mas desde que estejam em Não se acentuam as letras “i” e “u” dos hiatos se es-
palavras paroxítonas. tiverem seguidas do dígrafo nh: ra-i-nha, ven-to-i-nha.

16
Não se acentuam as letras “i” e “u” dos hiatos se vie- Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Ce-
rem precedidas de vogal idêntica: xi-i-ta, pa-ra-cu-u-ba reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
Paulo: Saraiva, 2010.
Não serão mais acentuados “i” e “u” tônicos, forman-
do hiato quando vierem depois de ditongo (nas paroxí- SITE
tonas): http://www.brasilescola.com/gramatica/acentuacao.
htm
Antes Agora
bocaiúva bocaiuva
feiúra feiura
EXERCÍCIOS COMENTADOS
Sauípe Sauipe
1. (Polícia Federal – Agente de Polícia Federal – Cespe
– 2014) Os termos “série” e “história” acentuam-se em
O acento pertencente aos encontros “oo” e “ee” foi
conformidade com a mesma regra ortográfica.
abolido:
( ) CERTO ( ) ERRADO
Antes Agora
crêem creem Resposta: Certo. “Série” = acentua-se a paroxítona
terminada em ditongo / “história” - acentua-se a pa-
lêem leem roxítona terminada em ditongo
vôo voo Ambas são acentuadas devido à regra da paroxítona
terminada em ditongo.
enjôo enjoo
Observação: nestes casos, admitem-se as separações
“sé-ri-e” e “his-tó-ri-as”, o que as tornaria proparoxí-
#FicaDica
tonas.
Memorize a palavra CREDELEVÊ. São os
verbos que, no plural, dobram o “e”, mas 2. (Anatel – Técnico Administrativo – cespe – 2012)
que não recebem mais acento como antes: Nas palavras “análise” e “mínimos”, o emprego do acento
CRER, DAR, LER e VER. gráfico tem justificativas gramaticais diferentes.

( ) CERTO ( ) ERRADO
Repare:
O menino crê em você. / Os meninos creem em você. Resposta: Errado. Análise = proparoxítona / mínimos
Elza lê bem! / Todas leem bem! = proparoxítona. Ambas são acentuadas pela mesma
Espero que ele dê o recado à sala. / Esperamos que os regra (antepenúltima sílaba é tônica, “mais forte”).
garotos deem o recado!
Rubens vê tudo! / Eles veem tudo! 3. (Ancine – Técnico Administrativo – cespe – 2012)
Os vocábulos “indivíduo”, “diária” e “paciência” recebem
Cuidado! Há o verbo vir: Ele vem à tarde! / Eles vêm acento gráfico com base na mesma regra de acentuação
à tarde! gráfica.
As formas verbais que possuíam o acento tônico na
raiz, com “u” tônico precedido de “g” ou “q” e seguido de ( ) CERTO ( ) ERRADO
“e” ou “i” não serão mais acentuadas:
Resposta: Certo. Indivíduo = paroxítona terminada
Antes Depois em ditongo; diária = paroxítona terminada em diton-
apazigúe (apaziguar) apazigue go; paciência = paroxítona terminada em ditongo. Os
três vocábulos são acentuados devido à mesma regra.
averigúe (averiguar) averigue
argúi (arguir) argui 4. (Ibama – Técnico Administrativo – cespe – 2012) As
palavras “pó”, “só” e “céu” são acentuadas de acordo com
Acentuam-se os verbos pertencentes a terceira pes- a mesma regra de acentuação gráfica.
soa do plural de: ele tem – eles têm / ele vem – eles vêm
LÍNGUA PORTUGUESA

(verbo vir). A regra prevalece também para os verbos con- ( ) CERTO ( ) ERRADO
ter, obter, reter, deter, abster: ele contém – eles contêm, ele
obtém – eles obtêm, ele retém – eles retêm, ele convém Resposta: Errado. Pó = monossílaba terminada em
– eles convêm. “o”; só = monossílaba terminada em “o”; céu = mo-
nossílaba terminada em ditongo aberto “éu”.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.

17
5. (ANATEL – Técnico Administrativo – CESPE/2012) Introdução
Nas palavras “análise” e “mínimos”, o emprego do acento
gráfico tem justificativas gramaticais diferentes. Caracterizada pela entrada no assunto e a argumen-
tação inicial. A ideia central do texto é apresentada nessa
( ) CERTO ( ) ERRADO etapa. Essa apresentação deve ser direta, sem rodeios.
O seu tamanho raramente excede a 1/5 de todo o tex-
Resposta: Errado. Análise = proparoxítona / mínimos to. Porém, em textos mais curtos, essa proporção não é
= proparoxítona. Ambas são acentuadas pela mesma equivalente. Neles, a introdução pode ser o próprio tí-
regra (antepenúltima sílaba é tônica, “mais forte”). tulo. Já nos textos mais longos, em que o assunto é ex-
posto em várias páginas, ela pode ter o tamanho de um
6. (ANCINE – Técnico Administrativo – CESPE/2012) capítulo ou de uma parte precedida por subtítulo. Nessa
Os vocábulos “indivíduo”, “diária” e “paciência” recebem situação, pode ter vários parágrafos. Em redações mais
acento gráfico com base na mesma regra de acentuação comuns, que em média têm de 25 a 80 linhas, a introdu-
gráfica. ção será o primeiro parágrafo.

( ) CERTO ( ) ERRADO Desenvolvimento

Resposta: Certo. Indivíduo = paroxítona terminada A maior parte do texto está inserida no desenvolvi-
em ditongo; diária = paroxítona terminada em diton- mento, que é responsável por estabelecer uma ligação
go; paciência = paroxítona terminada em ditongo. Os entre a introdução e a conclusão. É nessa etapa que são
três vocábulos são acentuados devido à mesma regra. elaboradas as ideias, os dados e os argumentos que sus-
tentam e dão base às explicações e posições do autor.
7. (IBAMA – Técnico Administrativo – CESPE/2012) É caracterizado por uma “ponte” formada pela organi-
As palavras “pó”, “só” e “céu” são acentuadas de acordo zação das ideias em uma sequência que permite formar
com a mesma regra de acentuação gráfica. uma relação equilibrada entre os dois lados.
O autor do texto revela sua capacidade de discutir um
( ) CERTO ( ) ERRADO determinado tema no desenvolvimento, e é através desse
que o autor mostra sua capacidade de defender seus pon-
tos de vista, além de dirigir a atenção do leitor para a con-
Resposta: Errado. Pó = monossílaba terminada em
clusão. As conclusões são fundamentadas a partir daqui.
“o”; só = monossílaba terminada em “o”; céu = mo-
Para que o desenvolvimento cumpra seu objetivo, o
nossílaba terminada em ditongo aberto “éu”.
escritor já deve ter uma ideia clara de como será a con-
clusão. Daí a importância em planejar o texto.
Em média, o desenvolvimento ocupa 3/5 do texto, no
DOMÍNIO DOS MECANISMOS DE COESÃO mínimo. Já nos textos mais longos, pode estar inserido
TEXTUAL. EMPREGO DE ELEMENTOS em capítulos ou trechos destacados por subtítulos. Apre-
sentar-se-á no formato de parágrafos medianos e curtos.
DE REFERENCIAÇÃO, SUBSTITUIÇÃO E
Os principais erros cometidos no desenvolvimento
REPETIÇÃO, DE CONECTORES E OUTROS são o desvio e a desconexão da argumentação. O primei-
ELEMENTOS DE SEQUENCIAÇÃO TEXTUAL ro está relacionado ao autor tomar um argumento se-
cundário que se distancia da discussão inicial, ou quando
se concentra em apenas um aspecto do tema e esquece
Estrutura Textual o seu todo. O segundo caso acontece quando quem re-
dige tem muitas ideias ou informações sobre o que está
Primeiramente, o que nos faz produzir um texto é a sendo discutido, não conseguindo estruturá-las. Surge
capacidade que temos de pensar. Por meio do pensa- também a dificuldade de organizar seus pensamentos e
mento, elaboramos todas as informações que recebemos definir uma linha lógica de raciocínio.
e orientamos as ações que interferem na realidade e or-
ganização de nossos escritos. O que lemos é produto de Conclusão
um pensamento transformado em texto.
Logo, como cada um de nós tem seu modo de pen- Considerada como a parte mais importante do texto,
sar, quando escrevemos sempre procuramos uma manei- é o ponto de chegada de todas as argumentações ela-
ra organizada do leitor compreender as nossas ideias. A boradas. As ideias e os dados utilizados convergem para
finalidade da escrita é direcionar totalmente o que você essa parte, em que a exposição ou discussão se fecha.
quer dizer, por meio da comunicação. Em uma estrutura normal, ela não deve deixar uma
Para isso, os elementos que compõem o texto se sub-
LÍNGUA PORTUGUESA

brecha para uma possível continuidade do assunto; ou


dividem em: introdução, desenvolvimento e conclusão. seja, possui atributos de síntese. A discussão não deve
Todos eles devem ser organizados de maneira equilibra- ser encerrada com argumentos repetitivos, como por
da. exemplo: “Portanto, como já dissemos antes...”, “Con-
cluindo...”, “Em conclusão...”.
Sua proporção em relação à totalidade do texto deve
ser equivalente ao da introdução: de 1/5. Essa é uma das
características de textos bem redigidos.

18
Os seguintes erros aparecem quando as conclusões ções de sentido entre eles. Dessa forma, com o emprego
ficam muito longas: de diferentes procedimentos, sejam lexicais (repetição,
- O problema aparece quando não ocorre uma ex- substituição, associação), sejam gramaticais (emprego de
ploração devida do desenvolvimento, o que gera pronomes, conjunções, numerais, elipses), constroem-se
uma invasão das ideias de desenvolvimento na frases, orações, períodos, que irão apresentar o contexto
conclusão. – decorre daí a coerência textual.
- Outro fator consequente da insuficiência de funda- Um texto incoerente é o que carece de sentido ou o
mentação do desenvolvimento está na conclusão apresenta de forma contraditória. Muitas vezes essa in-
precisar de maiores explicações, ficando bastante coerência é resultado do mau uso dos elementos de coe-
vazia. são textual. Na organização de períodos e de parágra-
- Enrolar e “encher linguiça” são muito comuns no fos, um erro no emprego dos mecanismos gramaticais e
texto em que o autor fica girando em torno de lexicais prejudica o entendimento do texto. Construído
ideias redundantes ou paralelas. com os elementos corretos, confere-se a ele uma unida-
- Uso de frases vazias que, por vezes, são perfeita- de formal.
mente dispensáveis. Nas palavras do mestre Evanildo Bechara, “o enun-
- Quando não tem clareza de qual é a melhor conclu- ciado não se constrói com um amontoado de palavras e
são, o autor acaba se perdendo na argumentação orações. Elas se organizam segundo princípios gerais de
final. dependência e independência sintática e semântica, reco-
bertos por unidades melódicas e rítmicas que sedimentam
Em relação à abertura para novas discussões, a con- estes princípios”.
clusão não pode ter esse formato, exceto pelos seguin- Não se deve escrever frases ou textos desconexos –
tes fatores: é imprescindível que haja uma unidade, ou seja, que as
- Para não influenciar a conclusão do leitor sobre te- frases estejam coesas e coerentes formando o texto. Re-
mas polêmicos, o autor deixa a conclusão em aber- lembre-se de que, por coesão, entende-se ligação, rela-
to. ção, nexo entre os elementos que compõem a estrutura
- Para estimular o leitor a ler uma possível continui- textual.
dade do texto, o autor não fecha a discussão de
propósito. Formas de se garantir a coesão entre os elementos
- Por apenas apresentar dados e informações sobre o de uma frase ou de um texto
tema a ser desenvolvido, o autor não deseja con-
cluir o assunto. - Substituição de palavras com o emprego de sinô-
- Para que o leitor tire suas próprias conclusões, o au- nimos - palavras ou expressões do mesmo campo
tor enumera algumas perguntas no final do texto. associativo.
- Nominalização – emprego alternativo entre um ver-
A maioria dessas falhas pode ser evitada se antes o bo, o substantivo ou o adjetivo correspondente
autor fizer um esboço de todas as suas ideias. Essa técni- (desgastar / desgaste / desgastante).
ca é um roteiro, em que estão presentes os planejamen- - Emprego adequado de tempos e modos verbais:
tos. Naquele devem estar indicadas as melhores sequên- Embora não gostassem de estudar, participaram da
cias a serem utilizadas na redação; ele deve ser o mais aula.
enxuto possível. - Emprego adequado de pronomes, conjunções, pre-
posições, artigos:
SITE
Disponível em: O papa Francisco visitou o Brasil. Na capital brasileira,
<http://producao-de-textos.info/mos/view/Carac- Sua Santidade participou de uma reunião com a Presiden-
ter%C3%ADsticas_e_Estruturas_do_Texto/> te Dilma. Ao passar pelas ruas, o papa cumprimentava as
pessoas. Estas tiveram a certeza de que ele guarda respeito
Coesão e Coerência por elas.
- Uso de hipônimos – relação que se estabelece com
Na construção de um texto, assim como na fala, usa- base na maior especificidade do significado de um
mos mecanismos para garantir ao interlocutor a com- deles. Por exemplo, mesa (mais específico) e móvel
preensão do que é dito, ou lido. Estes mecanismos lin- (mais genérico).
guísticos que estabelecem a coesão e retomada do que - Emprego de hiperônimos - relações de um termo
foi escrito - ou falado - são os referentes textuais, que de sentido mais amplo com outros de sentido mais
buscam garantir a coesão textual para que haja coerên- específico. Por exemplo, felino está numa relação
cia, não só entre os elementos que compõem a oração,
LÍNGUA PORTUGUESA

de hiperonímia com gato.


como também entre a sequência de orações dentro do - Substitutos universais, como os verbos vicários.
texto. Essa coesão também pode muitas vezes se dar de
modo implícito, baseado em conhecimentos anteriores Verbo vicário é aquele que substitui outro já utilizado
que os participantes do processo têm com o tema. no período, evitando repetições. Geralmente é o verbo
Numa linguagem figurada, a coesão é uma linha ima- fazer e ser. Exemplo: Não gosto de estudar. Faço porque
ginária - composta de termos e expressões - que une preciso. O “faço” foi empregado no lugar de “estudo”, evi-
os diversos elementos do texto e busca estabelecer rela- tando repetição desnecessária.

19
A coesão apoiada na gramática se dá no uso de co- cias de realidade virtual e à utilização de inteligência ar-
nectivos, como pronomes, advérbios e expressões ad- tificial — que hoje é um dos temas que mais desperta
verbiais, conjunções, elipses, entre outros. A elipse jus- interesse em profissionais da área, tendo em vista a am-
tifica-se quando, ao remeter a um enunciado anterior, pliação do uso desse tipo de tecnologia nos mais diver-
a palavra elidida é facilmente identificável (Exemplo.: O sos segmentos.
jovem recolheu-se cedo. Sabia que ia necessitar de todas Mais do que prestar atenção às novidades lançadas no
as suas forças. O termo o jovem deixa de ser repetido e, evento, vale refletir sobre o motivo que nos leva a uma
assim, estabelece a relação entre as duas orações). ansiedade tão grande para consumir produtos que pro-
metem inovação tecnológica. Por que tanta gente se dis-
Dêiticos são elementos linguísticos que têm a pro- põe a dormir em filas gigantescas só para ser um dos
priedade de fazer referência ao contexto situacional ou primeiros a comprar um novo modelo de smartphone?
ao próprio discurso. Exercem, por excelência, essa fun- Por que nos dispomos a pagar cifras astronômicas para
ção de progressão textual, dada sua característica: são comprar aparelhos que não temos sequer certeza de que
elementos que não significam, apenas indicam, remetem serão realmente úteis em nossas rotinas?
aos componentes da situação comunicativa. A teoria de um neurocientista da Universidade de Oxford
Já os componentes concentram em si a significação. (Inglaterra) ajuda a explicar essa “corrida desenfreada”
Elisa Guimarães ensina-nos a esse respeito: por novos gadgets. De modo geral, em nosso processo
“Os pronomes pessoais e as desinências verbais in- evolutivo como seres humanos, nosso cérebro aprendeu
dicam os participantes do ato do discurso. Os pronomes a suprir necessidades básicas para a sobrevivência e a
demonstrativos, certas locuções prepositivas e adverbiais, perpetuação da espécie, tais como sexo, segurança e sta-
bem como os advérbios de tempo, referenciam o momento tus social.
da enunciação, podendo indicar simultaneidade, anterio- Nesse sentido, a compra de uma novidade tecnológica
ridade ou posterioridade. Assim: este, agora, hoje, neste atende a essa última necessidade citada: nós nos senti-
momento (presente); ultimamente, recentemente, ontem, mos melhores e superiores, ainda que momentaneamen-
te, quando surgimos em nossos círculos sociais com um
há alguns dias, antes de (pretérito); de agora em diante,
produto que quase ninguém ainda possui.
no próximo ano, depois de (futuro).”
Foi realizado um estudo de mapeamento cerebral que
mostrou que imagens de produtos tecnológicos ativa-
A coerência de um texto está ligada:
vam partes do nosso cérebro idênticas às que são ativa-
1. à sua organização como um todo, em que devem
das quando uma pessoa muito religiosa se depara com
estar assegurados o início, o meio e o fim;
um objeto sagrado. Ou seja, não seria exagero dizer que
2. à adequação da linguagem ao tipo de texto. Um
o vício em novidades tecnológicas é quase uma religião
texto técnico, por exemplo, tem a sua coerência para os mais entusiastas.
fundamentada em comprovações, apresentação O ato de seguir esse impulso cerebral e comprar o mais
de estatísticas, relato de experiências; um texto novo lançamento tecnológico dispara em nosso cére-
informativo apresenta coerência se trabalhar com bro a liberação de um hormônio chamado dopamina,
linguagem objetiva, denotativa; textos poéticos, responsável por nos causar sensações de prazer. Ele é
por outro lado, trabalham com a linguagem figura- liberado quando nosso cérebro identifica algo que repre-
da, livre associação de ideias, palavras conotativas. sente uma recompensa.
O grande problema é que a busca excessiva por recom-
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA pensas pode resultar em comportamentos impulsivos,
CAMPEDELLI, Samira Yousseff, SOUZA, Jésus Barbosa. que incluem vícios em jogos, apego excessivo a redes
Português – Literatura, Produção de Textos & Gramá- sociais e até mesmo alcoolismo. No caso do consumo,
tica – volume único – 3.ª ed. – São Paulo: Saraiva, 2002. podemos observar a situação problematizada aqui: gasto
excessivo de dinheiro em aparelhos eletrônicos que nem
SITE sempre trazem novidade –– as atualizações de modelos
Disponível em: <http://www.mundovestibular.com. de smartphones, por exemplo, na maior parte das vezes
br/articles/2586/1/COESAO-E-COERENCIA-TEXTUAL/ apresentam poucas mudanças em relação ao modelo
Paacutegina1.html> anterior, considerando-se seu preço elevado. Em outros
casos, gasta-se uma quantia absurda em algum aparelho
novo que não se sabe se terá tanta utilidade prática ou
inovadora no cotidiano.
EXERCÍCIOS COMENTADOS No fim das contas, vale um lembrete que pode ajudar a
conter os impulsos na hora de comprar um novo smart-
1. (PETROBRAS – ADMINISTRADOR JÚNIOR – CES- phone ou alguma novidade de mercado: compare o efei-
GRANRIO-2018-ADAPTADA) to momentâneo da dopamina com o impacto de imagi-
LÍNGUA PORTUGUESA

nar como ficarão as faturas do seu cartão de crédito com


O vício da tecnologia a nova compra.
O choque ao constatar o rombo em seu orçamento pode
Entusiastas de tecnologia passaram a semana com os ser suficiente para que você decida pensar duas vezes a
olhos voltados para uma exposição de novidades eletrô- respeito da aquisição.
nicas realizada recentemente nos Estados Unidos. Entre DANA, S. O Globo. Economia. Rio de Janeiro, 16 jan. 2018.
as inovações, estavam produtos relacionados a experiên- Adaptado.

20
A ideia a que a expressão destacada se refere está expli- 2. (MPU – ANALISTA – ANTROPOLOGIA – CESPE-2010)
citada adequadamente entre colchetes em: Inovar é recriar de modo a agregar valor e incrementar a
eficiência, a produtividade e a competitividade nos pro-
a) “relacionados a experiências de realidade virtual e à cessos gerenciais e nos produtos e serviços das organi-
utilização de inteligência artificial — que hoje é um zações. Ou seja, é o fermento do crescimento econômico
dos temas que mais desperta interesse em profissio- e social de um país. Para isso, é preciso criatividade, ca-
nais da área” [experiências de realidade virtual] pacidade de inventar e coragem para sair dos esquemas
b) “tendo em vista a ampliação do uso desse tipo de tec- tradicionais. Inovador é o indivíduo que procura respos-
nologia nos mais diversos segmentos” [inteligência tas originais e pertinentes em situações com as quais ele
artificial] se defronta. É preciso uma atitude de abertura para as
c) “a compra de uma novidade tecnológica atende a essa coisas novas, pois a novidade é catastrófica para os mais
última necessidade citada” [segurança] céticos. Pode-se dizer que o caminho da inovação é um
d) “O ato de seguir esse impulso cerebral e comprar o percurso de difícil travessia para a maioria das institui-
mais novo lançamento tecnológico dispara em nosso ções. Inovar significa transformar os pontos frágeis de
cérebro a liberação de um hormônio chamado dopa- um empreendimento em uma realidade duradoura e lu-
mina” [mapeamento cerebral] crativa. A inovação estimula a comercialização de produ-
e) “Ele é liberado quando nosso cérebro identifica algo tos ou serviços e também permite avanços importantes
que represente uma recompensa.” [impulso cerebral] para toda a sociedade. Porém, a inovação é verdadeira
somente quando está fundamentada no conhecimento.
Resposta: Letra B. A capacidade de inovação depende da pesquisa, da ge-
Ao texto: ração de conhecimento. É necessário investir em pesqui-
Em “a”: “relacionados a experiências de realidade vir-
sa para devolver resultados satisfatórios à sociedade. No
tual e à utilização de inteligência artificial — que hoje
entanto, os resultados desse tipo de investimento não
é um dos temas que mais desperta interesse em pro-
são necessariamente recursos financeiros ou valores eco-
fissionais da área” [experiências de realidade virtual]
nômicos, podem ser também a qualidade de vida com
Nesse caso, a resposta se encontra na alternativa: in-
justiça social.
teligência artificial
Luís Afonso Bermúdez. O fermento tecnológico. In: Darcy. Re-
Em “b”: “tendo em vista a ampliação do uso desse tipo
vista de jornalismo científico e cultural da Universidade de Brasília,
de tecnologia nos mais diversos segmentos” [inteli-
novembro e dezembro de 2009, p. 37 (com adaptações).
gência artificial]
Texto: Entre as inovações, estavam produtos relaciona-
dos a experiências de realidade virtual e à utilização de Subentende-se da argumentação do texto que o pro-
inteligência artificial — que hoje é um dos temas que nome demonstrativo, no trecho “desse tipo de investi-
mais desperta interesse em profissionais da área, tendo mento”, refere-se à ideia de “fermento do crescimento
em vista a ampliação do uso desse tipo de tecnologia econômico e social de um país”.
nos mais diversos segmentos.= correta
Em “c”: “a compra de uma novidade tecnológica aten- ( ) CERTO ( ) ERRADO
de a essa última necessidade citada” [segurança]
Texto: (...) suprir necessidades básicas para a sobrevi- Resposta: Errado. Ao trecho: (...) É necessário inves-
vência e a perpetuação da espécie, tais como sexo, se- tir em pesquisa para devolver resultados satisfatórios
gurança e status social. / Nesse sentido, a compra de à sociedade. No entanto, os resultados desse tipo de
uma novidade tecnológica atende a essa última neces- investimento = investir em pesquisa / desse tipo de
sidade citada... = status social investimento.
Em “d”: “O ato de seguir esse impulso cerebral e com-
prar o mais novo lançamento tecnológico dispara em 3. (MPU – ANALISTA DO MPU – CESPE-2015)
nosso cérebro a liberação de um hormônio chamado
dopamina” [mapeamento cerebral] Texto I
(...) vício em novidades tecnológicas é quase uma re-
ligião para os mais entusiastas. / O ato de seguir esse Na organização do poder político no Estado moderno,
impulso cerebral e comprar à luz da tradição iluminista, o direito tem por função a
Em “e”: “Ele é liberado quando nosso cérebro identi- preservação da liberdade humana, de maneira a coibir
fica algo que represente uma recompensa.” [impulso a desordem do estado de natureza, que, em virtude do
cerebral] risco da dominação dos mais fracos pelos mais fortes,
(...) a liberação de um hormônio chamado dopamina, exige a existência de um poder institucional. Mas a con-
responsável por nos causar sensações de prazer. Ele é quista da liberdade humana também reclama a distri-
LÍNGUA PORTUGUESA

liberado = dopamina buição do poder em ramos diversos, com a disposição


de meios que assegurem o controle recíproco entre eles
para o advento de um cenário de equilíbrio e harmonia
nas sociedades estatais. A concentração do poder em um
só órgão ou pessoa viria sempre em detrimento do exer-
cício da liberdade. É que, como observou Montesquieu,
“todo homem que tem poder tende a abusar dele; ele vai

21
até onde encontra limites. Para que não se possa abusar
do poder, é preciso que, pela disposição das coisas, o EMPREGO/CORRELAÇÃO DE TEMPOS E
poder limite o poder”. MODOS VERBAIS.
Até Montesquieu, não eram identificadas com clareza DOMÍNIO DA ESTRUTURA
as esferas de abrangência dos poderes políticos: “só se MORFOSSINTÁTICA DO PERÍODO.
concebia sua união nas mãos de um só ou, então, sua
separação; ninguém se arriscava a apresentar, sob a for-
ma de sistema coerente, as consequências de conceitos ESTRUTURA DAS PALAVRAS
diversos”. Pensador francês do século XVIII, Montesquieu
situa-se entre o racionalismo cartesiano e o empirismo As palavras podem ser analisadas sob o ponto de vis-
de origem baconiana, não abandonando o rigor das ta de sua estrutura significativa. Para isso, nós as dividi-
certezas matemáticas em suas certezas morais. Porém, mos em seus menores elementos (partes) possuidores de
refugindo às especulações metafísicas que, no plano da sentido. A palavra inexplicável, por exemplo, é constituí-
idealidade, serviram aos filósofos do pacto social para a da por três elementos significativos:
explicação dos fundamentos do Estado ou da sociedade In = elemento indicador de negação
civil, ele procurou ingressar no terreno dos fatos. Explic – elemento que contém o significado básico da
Fernanda Leão de Almeida. A garantia institucional do Minis- palavra
tério Público em função da proteção dos direitos humanos. Tese de Ável = elemento indicador de possibilidade
doutorado. São Paulo: USP, 2010, p. 18-9. Internet: <www.teses.usp.
br> (com adaptações). Estes elementos formadores da palavra recebem o
nome de morfemas. Através da união das informações
No trecho “controle recíproco entre”, o pronome “eles” faz contidas nos três morfemas de inexplicável, pode-se en-
referência a “ramos diversos”. tender o significado pleno dessa palavra: “aquilo que não
tem possibilidade de ser explicado, que não é possível tor-
( ) CERTO ( ) ERRADO nar claro”.

Resposta: Errado. Ao período: (...) reclama a distri- Morfemas = são as menores unidades significativas
buição do poder em ramos diversos, com a dispo- que, reunidas, formam as palavras, dando-lhes sentido.
sição de meios que assegurem o controle recíproco
entre eles para o advento de um cenário de equilíbrio 1. Classificação dos morfemas
e harmonia.
A) Radical, lexema ou semantema – é o elemento
4. (PC-PI – AGENTE DE POLÍCIA CIVIL – 3.ª CLASSE portador de significado. É através do radical que
– NUCEPE-2018 - ADAPTADA) Alguém apaixonado podemos formar outras palavras comuns a um
sempre atrai novas oportunidades, se destaca do grupo, grupo de palavras da mesma família. Exemplo:
é promovido primeiro, é celebrado quando volta de férias, pequeno, pequenininho, pequenez. O conjunto de
é convidado para ser padrinho ou madrinha e para ser palavras que se agrupam em torno de um mesmo
companhia em momentos prazerosos. Quanto melhor vi- radical denomina-se família de palavras.
vemos, mais motivos surgem para vivermos bem. A pros- B) Afixos – elementos que se juntam ao radical antes
peridade é um ciclo que se retroalimenta. O importante é (os prefixos) ou depois (sufixos) dele. Exemplo:
decidir fazer parte dele. beleza (sufixo), prever (prefixo), infiel (prefixo).
Em: O importante é decidir fazer parte dele, a palavra C) Desinências - Quando se conjuga o verbo amar,
Dele retoma, textualmente, obtêm-se formas como amava, amavas, amava,
amávamos, amáveis, amavam. Estas modificações
a) ciclo. ocorrem à medida que o verbo vai sendo flexio-
b) Alguém. nado em número (singular e plural) e pessoa (pri-
c) padrinho. meira, segunda ou terceira). Também ocorrem se
d) grupo. modificarmos o tempo e o modo do verbo (ama-
e) apaixonado. va, amara, amasse, por exemplo). Assim, podemos
concluir que existem morfemas que indicam as fle-
Resposta: Letra A. Voltemos ao período: xões das palavras. Estes morfemas sempre surgem
A prosperidade é um ciclo que se retroalimenta. O im- no fim das palavras variáveis e recebem o nome de
portante é decidir fazer parte dele. desinências. Há desinências nominais e desinên-
cias verbais.
LÍNGUA PORTUGUESA

C.1 Desinências nominais: indicam o gênero e o


número dos nomes. Para a indicação de gênero, o
português costuma opor as desinências -o/-a: ga-
roto/garota; menino/menina. Para a indicação de
número, costuma-se utilizar o morfema –s, que in-
dica o plural em oposição à ausência de morfema,
que indica o singular: garoto/garotos; garota/ga-
rotas; menino/meninos; menina/meninas. No caso

22
dos nomes terminados em –r e –z, a desinência de 2. Formação das Palavras
plural assume a forma -es: mar/mares; revólver/re-
vólveres; cruz/cruzes. Há em Português palavras primitivas, palavras deriva-
C.2 Desinências verbais: em nossa língua, as desi- das, palavras simples, palavras compostas.
nências verbais pertencem a dois tipos distintos. A) Palavras primitivas: aquelas que, na língua por-
Há desinências que indicam o modo e o tempo tuguesa, não provêm de outra palavra: pedra, flor.
(desinências modo-temporais) e outras que indi- B) Palavras derivadas: aquelas que, na língua por-
cam o número e a pessoa dos verbos (desinência tuguesa, provêm de outra palavra: pedreiro, flori-
número-pessoais): cultura.
C) Palavras simples: aquelas que possuem um só ra-
cant-á-va-mos: dical: azeite, cavalo.
cant: radical / -á-: vogal temática / -va-: desinência D) Palavras compostas: aquelas que possuem mais
modo-temporal (caracteriza o pretérito imperfeito do in- de um radical: couve-flor, planalto.
dicativo) / -mos: desinência número-pessoal (caracteriza a As palavras compostas podem ou não ter seus ele-
primeira pessoa do plural) mentos ligados por hífen.

cant-á-sse-is: 2.1. Processos de Formação de Palavras


cant: radical / -á-: vogal temática / -sse-:desinência
modo-temporal (caracteriza o pretérito imperfeito do Na Língua Portuguesa há muitos processos de for-
subjuntivo) / -is: desinência número-pessoal (caracteriza mação de palavras. Entre eles, os mais comuns são a de-
a segunda pessoa do plural) rivação, a composição, a onomatopeia, a abreviação e o
hibridismo.
D) Vogal temática
Entre o radical cant- e as desinências verbais, surge 2.2. Derivação por Acréscimo de Afixos
sempre o morfema –a. Este morfema, que liga o
radical às desinências, é chamado de vogal temá- É o processo pelo qual se obtêm palavras novas (de-
tica. Sua função é ligar-se ao radical, constituindo rivadas) pela anexação de afixos à palavra primitiva. A
derivação pode ser: prefixal, sufixal e parassintética.
o chamado tema. É ao tema (radical + vogal temá-
A) Prefixal (ou prefixação): a palavra nova é obtida
tica) que se acrescentam as desinências. Tanto os
por acréscimo de prefixo.
verbos como os nomes apresentam vogais temá-
In feliz / des leal
ticas. No caso dos verbos, a vogal temática indica
Prefixo radical prefixo radical
as conjugações: -a (da 1.ª conjugação = cantar), -e
(da 2.ª conjugação = escrever) e –i (3.ª conjugação
B) Sufixal (ou sufixação): a palavra nova é obtida
= partir).
por acréscimo de sufixo.
Feliz mente / leal dade
D.1 Vogais temáticas nominais: São -a, -e, e -o, Radical sufixo radical sufixo
quando átonas finais, como em mesa, artista, per-
da, escola, base, combate. Nestes casos, não pode- C) Parassintética: a palavra nova é obtida pelo acrés-
ríamos pensar que essas terminações são desinên- cimo simultâneo de prefixo e sufixo. Por parassín-
cias indicadoras de gênero, pois mesa e escola, por tese formam-se principalmente verbos.
exemplo, não sofrem esse tipo de flexão. É a estas En trist ecer
vogais temáticas que se liga a desinência indica- Prefixo radical sufixo
dora de plural: mesa-s, escola-s, perda-s. Os nomes
terminados em vogais tônicas (sofá, café, cipó, ca- En tard ecer
qui, por exemplo) não apresentam vogal temática. prefixo radical sufixo

D.2 Vogais temáticas verbais: São -a, -e e -i, que Há dois casos em que a palavra derivada é formada
caracterizam três grupos de verbos a que se dá o sem que haja a presença de afixos. São eles: a derivação
nome de conjugações. Assim, os verbos cuja vogal regressiva e a derivação imprópria.
temática é -a pertencem à primeira conjugação;
aqueles cuja vogal temática é -e pertencem à se- 2.3. Derivação
gunda conjugação e os que têm vogal temática -i
pertencem à terceira conjugação. • Derivação regressiva: a palavra nova é obtida por
redução da palavra primitiva. Ocorre, sobretudo,
LÍNGUA PORTUGUESA

E) Interfixos na formação de substantivos derivados de verbos.


São os elementos (vogais ou consoantes) que se in- janta (substantivo) - deriva de jantar (verbo) / pesca
tercalam entre o radical e o sufixo, para facilitar ou mes- (substantivo) – deriva de pescar (verbo)
mo possibilitar a leitura de uma determinada palavra. Por
exemplo: • Derivação imprópria: a palavra nova (derivada) é
Vogais: frutífero, gasômetro, carnívoro. obtida pela mudança de categoria gramatical da
Consoantes: cafezal, sonolento, friorento. palavra primitiva. Não ocorre, pois, alteração na
forma, mas somente na classe gramatical.

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Não entendi o porquê da briga. (o substantivo “por-
quê” deriva da conjunção porque)
Seu olhar me fascina! (olhar aqui é substantivo, deriva EXERCÍCIOS COMENTADOS
do verbo olhar).
1. (RIOPREVIDÊNCIA – ESPECIALISTA EM PREVIDÊN-
CIA SOCIAL – SUPERIOR - CEPERJ/2014) A palavra “in-
#FicaDica fraestrutura” é formada pelo seguinte processo:
A derivação regressiva “mexe” na estrutura a) sufixação
da palavra, geralmente transforma verbos b) prefixação
em substantivos: caça = deriva de caçar, sa- c) parassíntese
que = deriva de sacar d) justaposição
A derivação imprópria não “mexe” com a e) aglutinação
palavra, apenas faz com que ela pertença a
uma classe gramatical “imprópria” da qual Resposta: Letra B. Infra = prefixo + estrutura – temos
ela realmente, ou melhor, costumeiramen- a junção de um prefixo com um radical, portanto: de-
te faz parte. A alteração acontece devido à rivação prefixal (ou prefixação).
presença de outros termos, como artigos,
por exemplo: 2. (SECRETARIA DE ESTADO DE DEFESA SOCIAL/MG –
O verde das matas! (o adjetivo “verde” pas- AGENTE DE SEGURANÇA SOCIOEDUCATIVO – MÉDIO
sou a funcionar como substantivo devido à - IBFC/2014) O vocábulo “entristecido” é um exemplo
presença do artigo “o”) de:

a) palavra composta
2.4. Composição b) palavra primitiva
c) palavra derivada
Haverá composição quando se juntarem dois ou mais d) neologismo
radicais para formar uma nova palavra. Há dois tipos de
composição: justaposição e aglutinação. Resposta: Letra C. en + triste + ido (com consoante
A) Justaposição: ocorre quando os elementos que de ligação “c”) = ao radical “triste” foram acrescidos o
formam o composto são postos lado a lado, ou prefixo “en” e o sufixo “ido”, ou seja, “entristecido” é
seja, justapostos: para-raios, corre-corre, guarda- palavra derivada do processo de formação de palavras
-roupa, segunda-feira, girassol. chamado de: prefixação e sufixação. Para o exercício,
B) Composição por aglutinação: ocorre quando os basta “derivada”!
elementos que formam o composto aglutinam-se
e pelo menos um deles perde sua integridade so- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
nora: aguardente (água + ardente), planalto (plano SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
+ alto), pernalta (perna + alta), vinagre (vinho + Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
acre). CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co-
char. Português linguagens: volume 1 – 7.ª ed. Reform. –
Onomatopeia – é a palavra que procura reproduzir São Paulo: Saraiva, 2010.
certos sons ou ruídos: reco-reco, tique-taque, fom-fom. AMARAL, Emília... [et al.] Português: novas palavras: li-
teratura, gramática, redação. – São Paulo: FTD, 2000.
Abreviação – é a redução de palavras até o limite
permitido pela compreensão: moto (motocicleta), pneu SITE
(pneumático), metrô (metropolitano), foto (fotografia). Disponível em: http://www.brasilescola.com/gramati-
ca/estrutura-e-formacao-de-palavras-i.htm
Abreviatura: é a redução na grafia de certas palavras,
limitando-as quase sempre à letra inicial ou às letras ini-
ciais: p. ou pág. (para página), Sr. (para senhor). Classes de palavras

Sigla: é um caso especial de abreviatura, na qual se Adjetivo


reduzem locuções substantivas próprias às suas letras
iniciais (são as siglas puras) ou sílabas iniciais (siglas im- É a palavra que expressa uma qualidade ou caracterís-
puras), que se grafam de duas formas: IBGE, MEC (siglas tica do ser e se relaciona com o substantivo, concordan-
LÍNGUA PORTUGUESA

puras); DETRAN ou Detran, PETROBRAS ou Petrobras (si- do com este em gênero e número.
glas impuras). As praias brasileiras estão poluídas.
Praias = substantivo; brasileiras/poluídas = adjetivos
Hibridismo: é a palavra formada com elementos (plural e feminino, pois concordam com “praias”).
oriundos de línguas diferentes: automóvel (auto: grego;
móvel: latim); sociologia (socio: latim; logia: grego); sam-
bódromo (samba: dialeto africano; dromo: grego).

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1. Locução adjetiva

Locução = reunião de palavras. Sempre que são necessárias duas ou mais palavras para falar sobre a mesma coisa,
tem-se locução. Às vezes, uma preposição + substantivo tem o mesmo valor de um adjetivo: é a Locução Adjetiva
(expressão que equivale a um adjetivo). Por exemplo: aves da noite (aves noturnas), paixão sem freio (paixão desen-
freada).

Observe outros exemplos:

de águia aquilino
de aluno discente
de anjo angelical
de ano anual
de aranha aracnídeo
de boi bovino
de cabelo capilar
de cabra caprino
de campo campestre ou rural
de chuva pluvial
de criança pueril
de dedo digital
de estômago estomacal ou gástrico
de falcão falconídeo
de farinha farináceo
de fera ferino
de ferro férreo
de fogo ígneo
de garganta gutural
de gelo glacial
de guerra bélico
de homem viril ou humano
de ilha insular
de inverno hibernal ou invernal
de lago lacustre
de leão leonino
de lebre l eporino
de lua lunar ou selênico
de madeira lígneo
de mestre magistral
de ouro áureo
de paixão passional
LÍNGUA PORTUGUESA

de pâncreas pancreático
de porco suíno ou porcino
dos quadris ciático
de rio fluvial
de sonho onírico

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de velho senil
de vento eólico
de vidro vítreo ou hialino
de virilha inguinal
de visão óptico ou ótico

Observação:
Nem toda locução adjetiva possui um adjetivo correspondente, com o mesmo significado: Vi as alunas da 5ª série.
/ O muro de tijolos caiu.

2. Morfossintaxe do Adjetivo (Função Sintática):

O adjetivo exerce sempre funções sintáticas (função dentro de uma oração) relativas aos substantivos, atuando
como adjunto adnominal ou como predicativo (do sujeito ou do objeto).

3. Adjetivo Pátrio (ou gentílico)

Indica a nacionalidade ou o lugar de origem do ser. Observe alguns deles:

Estados e cidades brasileiras:

Alagoas alagoano
Amapá amapaense
Aracaju aracajuano ou aracajuense
Amazonas amazonense ou baré
Belo Horizonte belo-horizontino
Brasília brasiliense
Cabo Frio cabo-friense
Campinas campineiro ou campinense

4. Adjetivo Pátrio Composto

Na formação do adjetivo pátrio composto, o primeiro elemento aparece na forma reduzida e, normalmente, erudita.
Observe alguns exemplos:

África afro- / Cultura afro-americana


Alemanha germano- ou teuto-/Competições teuto-inglesas
América américo- / Companhia américo-africana
Bélgica belgo- / Acampamentos belgo-franceses
China sino- / Acordos sino-japoneses
Espanha hispano- / Mercado hispano-português
Europa euro- / Negociações euro-americanas
França franco- ou galo- / Reuniões franco-italianas
Grécia greco- / Filmes greco-romanos
Inglaterra anglo- / Letras anglo-portuguesas
LÍNGUA PORTUGUESA

Itália ítalo- / Sociedade ítalo-portuguesa


Japão nipo- / Associações nipo-brasileiras
Portugal luso- / Acordos luso-brasileiros

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5. Flexão dos adjetivos Observação:
Azul-marinho, azul-celeste, ultravioleta e qualquer
O adjetivo varia em gênero, número e grau. adjetivo composto iniciado por “cor-de-...” são sempre in-
variáveis: roupas azul-marinho, tecidos azul-celeste, vesti-
6. Gênero dos Adjetivos dos cor-de-rosa.
O adjetivo composto surdo-mudo tem os dois ele-
Os adjetivos concordam com o substantivo a que se mentos flexionados: crianças surdas-mudas.
referem (masculino e feminino). De forma semelhante
aos substantivos, classificam-se em: 8. Grau do Adjetivo

A) Biformes - têm duas formas, sendo uma para o Os adjetivos se flexionam em grau para indicar a in-
masculino e outra para o feminino: ativo e ativa, mau e tensidade da qualidade do ser. São dois os graus do ad-
má. jetivo: o comparativo e o superlativo.
Se o adjetivo é composto e biforme, ele flexiona no A) Comparativo
feminino somente o último elemento: o moço norte-ame- Nesse grau, comparam-se a mesma característica
ricano, a moça norte-americana. atribuída a dois ou mais seres ou duas ou mais caracte-
Exceção: surdo-mudo e surda-muda. rísticas atribuídas ao mesmo ser. O comparativo pode ser
de igualdade, de superioridade ou de inferioridade.
B) Uniformes - têm uma só forma tanto para o mas- Sou tão alto como você. = Comparativo de Igualdade
culino como para o feminino: homem feliz e mulher feliz.
Se o adjetivo é composto e uniforme, fica invariável No comparativo de igualdade, o segundo termo da
no feminino: conflito político-social e desavença político- comparação é introduzido pelas palavras como, quanto
-social. ou quão.
Sou mais alto (do) que você. = Comparativo de Su-
7. Número dos Adjetivos perioridade
Sílvia é menos alta que Tiago. = Comparativo de In-
A) Plural dos adjetivos simples ferioridade
Os adjetivos simples se flexionam no plural de acordo
com as regras estabelecidas para a flexão numérica dos Alguns adjetivos possuem, para o comparativo de
substantivos simples: mau e maus, feliz e felizes, ruim e superioridade, formas sintéticas, herdadas do latim. São
ruins, boa e boas. eles: bom /melhor, pequeno/menor, mau/pior, alto/supe-
Caso o adjetivo seja uma palavra que também exerça rior, grande/maior, baixo/inferior.
função de substantivo, ficará invariável, ou seja, se a pa- Observe que:
lavra que estiver qualificando um elemento for, original- • As formas menor e pior são comparativos de supe-
mente, um substantivo, ela manterá sua forma primitiva. rioridade, pois equivalem a mais pequeno e mais
Exemplo: a palavra cinza é, originalmente, um substanti- mau, respectivamente.
vo; porém, se estiver qualificando um elemento, funcio- • Bom, mau, grande e pequeno têm formas sintéticas
nará como adjetivo. Ficará, então, invariável. Logo: cami- (melhor, pior, maior e menor), porém, em compa-
sas cinza, ternos cinza. rações feitas entre duas qualidades de um mesmo
Motos vinho (mas: motos verdes) elemento, deve-se usar as formas analíticas mais
Paredes musgo (mas: paredes brancas). bom, mais mau,mais grande e mais pequeno. Por
Comícios monstro (mas: comícios grandiosos). exemplo:
Pedro é maior do que Paulo - Comparação de dois
B) Adjetivo Composto elementos.
É aquele formado por dois ou mais elementos. Nor- Pedro é mais grande que pequeno - comparação de
malmente, esses elementos são ligados por hífen. Ape- duas qualidades de um mesmo elemento.
nas o último elemento concorda com o substantivo a que Sou menos alto (do) que você. = Comparativo de In-
se refere; os demais ficam na forma masculina, singular. ferioridade
Caso um dos elementos que formam o adjetivo com- Sou menos passivo (do) que tolerante.
posto seja um substantivo adjetivado, todo o adjetivo
composto ficará invariável. Por exemplo: a palavra “rosa” B) Superlativo
é, originalmente, um substantivo, porém, se estiver qua- O superlativo expressa qualidades num grau muito
lificando um elemento, funcionará como adjetivo. Caso elevado ou em grau máximo. Pode ser absoluto ou rela-
se ligue a outra palavra por hífen, formará um adjetivo tivo e apresenta as seguintes modalidades:
LÍNGUA PORTUGUESA

composto; como é um substantivo adjetivado, o adjetivo


composto inteiro ficará invariável. Veja: B.1 Superlativo Absoluto: ocorre quando a quali-
Camisas rosa-claro. dade de um ser é intensificada, sem relação com outros
Ternos rosa-claro. seres. Apresenta-se nas formas:
Olhos verde-claros.  Analítica: a intensificação é feita com o auxílio de
Calças azul-escuras e camisas verde-mar. palavras que dão ideia de intensidade (advérbios).
Telhados marrom-café e paredes verde-claras. Por exemplo: O concurseiro é muito esforçado.

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 Sintética: nessa, há o acréscimo de sufixos. Por Estudei bastante. = modificando o verbo estudei
exemplo: O concurseiro é esforçadíssimo. Ele canta muito bem! = intensificando outro advérbio
(bem)
Observe alguns superlativos sintéticos: Ela tem os olhos muito claros. = relação com um ad-
jetivo (claros)
benéfico - beneficentíssimo
Quando modifica um verbo, o advérbio pode acres-
bom - boníssimo ou ótimo centar ideia de:
comum - comuníssimo Tempo: Ela chegou tarde.
Lugar: Ele mora aqui.
cruel - crudelíssimo Modo: Eles agiram mal.
difícil - dificílimo Negação: Ela não saiu de casa.
Dúvida: Talvez ele volte.
doce - dulcíssimo
fácil - facílimo 1. Flexão do Advérbio
fiel - fidelíssimo
Os advérbios são palavras invariáveis, isto é, não apre-
B.2 Superlativo Relativo: ocorre quando a qualidade sentam variação em gênero e número. Alguns advérbios,
de um ser é intensificada em relação a um conjunto de porém, admitem a variação em grau. Observe:
seres. Essa relação pode ser:
 De Superioridade: Essa matéria é a mais fácil de A) Grau Comparativo
todas. Forma-se o comparativo do advérbio do mesmo
 De Inferioridade: Essa matéria é a menos fácil de modo que o comparativo do adjetivo:
todas.  de igualdade: tão + advérbio + quanto (como):
Renato fala tão alto quanto João.
O superlativo absoluto analítico é expresso por meio  de inferioridade: menos + advérbio + que (do
dos advérbios muito, extremamente, excepcionalmente, que): Renato fala menos alto do que João.
antepostos ao adjetivo.  de superioridade:
O superlativo absoluto sintético se apresenta sob A.1 Analítico: mais + advérbio + que (do que): Renato
duas formas: uma erudita - de origem latina – e outra fala mais alto do que João.
popular - de origem vernácula. A forma erudita é cons- A.2 Sintético: melhor ou pior que (do que): Renato
tituída pelo radical do adjetivo latino + um dos sufixos fala melhor que João.
-íssimo, -imo ou érrimo: fidelíssimo, facílimo, paupérrimo;
a popular é constituída do radical do adjetivo português B) Grau Superlativo
+ o sufixo -íssimo: pobríssimo, agilíssimo. O superlativo pode ser analítico ou sintético:
Os adjetivos terminados em –io fazem o superlativo B.1 Analítico: acompanhado de outro advérbio: Re-
com dois “ii”: frio – friíssimo, sério – seriíssimo; os terminados nato fala muito alto.
em –eio, com apenas um “i”: feio - feíssimo, cheio – cheíssimo. muito = advérbio de intensidade / alto = advérbio
de modo
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS B.2 Sintético: formado com sufixos: Renato fala al-
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Ce- tíssimo.
reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
Paulo: Saraiva, 2010. Observação:
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa As formas diminutivas (cedinho, pertinho, etc.) são
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. comuns na língua popular.
Português: novas palavras: literatura, gramática, reda- Maria mora pertinho daqui. (muito perto)
ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000. A criança levantou cedinho. (muito cedo)

SITE 2. Classificação dos Advérbios


http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/
morf32.php De acordo com a circunstância que exprime, o advér-
bio pode ser de:
A) Lugar: aqui, antes, dentro, ali, adiante, fora, aco-
Advérbio lá, atrás, além, lá, detrás, aquém, cá, acima, onde,
perto, aí, abaixo, aonde, longe, debaixo, algures, de-
LÍNGUA PORTUGUESA

Compare estes exemplos: fronte, nenhures, adentro, afora, alhures, nenhures,


O ônibus chegou. aquém, embaixo, externamente, à distância, à dis-
O ônibus chegou ontem. tância de, de longe, de perto, em cima, à direita, à
esquerda, ao lado, em volta.
Advérbio é uma palavra invariável que modifica o B) Tempo: hoje, logo, primeiro, ontem, tarde, outrora,
sentido do verbo (acrescentando-lhe circunstâncias de
amanhã, cedo, dantes, depois, ainda, antigamente,
tempo, de modo, de lugar, de intensidade), do adjetivo e
antes, doravante, nunca, então, ora, jamais, agora,
do próprio advérbio.

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sempre, já, enfim, afinal, amiúde, breve, constan-
temente, entrementes, imediatamente, primeira- #FicaDica
mente, provisoriamente, sucessivamente, às vezes,
à tarde, à noite, de manhã, de repente, de vez em Como saber se a palavra bastante é advérbio
quando, de quando em quando, a qualquer mo- (não varia, não se flexiona) ou pronome
mento, de tempos em tempos, em breve, hoje em indefinido (varia, sofre flexão)? Se der, na
dia. frase, para substituir o “bastante” por “muito”,
C) Modo: bem, mal, assim, adrede, melhor, pior, de- estamos diante de um advérbio; se der para
pressa, acinte, debalde, devagar, às pressas, às cla- substituir por “muitos” (ou muitas), é um
ras, às cegas, à toa, à vontade, às escondidas, aos pronome. Veja:
poucos, desse jeito, desse modo, dessa maneira, em 1. Estudei bastante para o concurso. (estudei
geral, frente a frente, lado a lado, a pé, de cor, em muito, pois “muitos” não dá!) = advérbio
vão e a maior parte dos que terminam em “-men- 2. Estudei bastantes capítulos para o concurso.
te”: calmamente, tristemente, propositadamente, (estudei muitos capítulos) = pronome indefinido
pacientemente, amorosamente, docemente, escan-
dalosamente, bondosamente, generosamente.
D) Afirmação: sim, certamente, realmente, decerto, 4. Advérbios Interrogativos
efetivamente, certo, decididamente, deveras, indu-
bitavelmente. São as palavras: onde? aonde? donde? quando? como?
E) Negação: não, nem, nunca, jamais, de modo algum, por quê? nas interrogações diretas ou indiretas, referen-
de forma nenhuma, tampouco, de jeito nenhum. tes às circunstâncias de lugar, tempo, modo e causa. Veja:
F) Dúvida: acaso, porventura, possivelmente, pro- Interrogação Direta Interrogação Indireta
vavelmente, quiçá, talvez, casualmente, por certo,
quem sabe. Como aprendeu? Perguntei como aprendeu.
G) Intensidade: muito, demais, pouco, tão, em ex- Onde mora? Indaguei onde morava.
cesso, bastante, mais, menos, demasiado, quanto,
quão, tanto, assaz, que (equivale a quão), tudo, Por que choras? Não sei por que choras.
nada, todo, quase, de todo, de muito, por completo, Aonde vai? Perguntei aonde ia.
extremamente, intensamente, grandemente, bem
Donde vens? Pergunto donde vens.
(quando aplicado a propriedades graduáveis).
H) Exclusão: apenas, exclusivamente, salvo, senão, so- Quando voltas? Pergunto quando voltas.
mente, simplesmente, só, unicamente. Por exemplo:
Brando, o vento apenas move a copa das árvores. 5. Locução Adverbial
I) Inclusão: ainda, até, mesmo, inclusivamente, tam-
bém. Por exemplo: O indivíduo também amadurece Quando há duas ou mais palavras que exercem fun-
durante a adolescência. ção de advérbio, temos a locução adverbial, que pode
J) Ordem: depois, primeiramente, ultimamente. Por expressar as mesmas noções dos advérbios. Iniciam ordi-
exemplo: Primeiramente, eu gostaria de agradecer nariamente por uma preposição. Veja:
aos meus amigos por comparecerem à festa. A) lugar: à esquerda, à direita, de longe, de perto,
para dentro, por aqui, etc.
Saiba que: B) afirmação: por certo, sem dúvida, etc.
Para se exprimir o limite de possibilidade, antepõe-se C) modo: às pressas, passo a passo, de cor, em vão,
ao advérbio “o mais” ou “o menos”. Por exemplo: Ficarei em geral, frente a frente, etc.
o mais longe que puder daquele garoto. Voltarei o menos D) tempo: de noite, de dia, de vez em quando, à tarde,
tarde possível. hoje em dia, nunca mais, etc.
Quando ocorrem dois ou mais advérbios em -mente,
em geral sufixamos apenas o último: O aluno respondeu A locução adverbial e o advérbio modificam o verbo,
calma e respeitosamente. o adjetivo e outro advérbio:
Chegou muito cedo. (advérbio)
3. Distinção entre Advérbio e Pronome Indefinido Joana é muito bela. (adjetivo)
De repente correram para a rua. (verbo)
Há palavras como muito, bastante, que podem apare- Usam-se, de preferência, as formas mais bem e mais
cer como advérbio e como pronome indefinido. mal antes de adjetivos ou de verbos no particípio:
Advérbio: refere-se a um verbo, adjetivo, ou a outro Essa matéria é mais bem interessante que aquela.
Nosso aluno foi o mais bem colocado no concurso!
LÍNGUA PORTUGUESA

advérbio e não sofre flexões. Por exemplo: Eu corri muito.


Pronome Indefinido: relaciona-se a um substantivo O numeral “primeiro”, ao modificar o verbo, é advér-
e sofre flexões. Por exemplo: Eu corri muitos quilômetros. bio: Cheguei primeiro.
Quanto a sua função sintática: o advérbio e a locução
adverbial desempenham na oração a função de adjunto
adverbial, classificando-se de acordo com as circunstân-
cias que acrescentam ao verbo, ao adjetivo ou ao advér-
bio. Exemplo:

29
Meio cansada, a candidata saiu da sala. = adjunto ad- A utilização do artigo indefinido pode indicar uma
verbial de intensidade (ligado ao adjetivo “cansada”) ideia de aproximação numérica: O máximo que ele deve
Trovejou muito ontem. = adjunto adverbial de intensi- ter é uns vinte anos.
dade e de tempo, respectivamente. O artigo também é usado para substantivar palavras
pertencentes a outras classes gramaticais: Não sei o por-
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS quê de tudo isso. / O bem vence o mal.
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Ce-
reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São 2. Há casos em que o artigo definido não pode ser
Paulo: Saraiva, 2010. usado:
Português: novas palavras: literatura, gramática, reda- Antes de nomes de cidade (topônimo) e de pessoas
ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000. conhecidas: O professor visitará Roma.
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. Mas, se o nome apresentar um caracterizador, a pre-
sença do artigo será obrigatória: O professor visitará a
SITE bela Roma.
http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/
morf75.php Antes de pronomes de tratamento: Vossa Senhoria
sairá agora?
Exceção: O senhor vai à festa?
Artigo Após o pronome relativo “cujo” e suas variações: Esse
é o concurso cujas provas foram anuladas?/ Este é o can-
O artigo integra as dez classes gramaticais, definindo- didato cuja nota foi a mais alta.
-se como o termo variável que serve para individualizar
ou generalizar o substantivo, indicando, também, o gê- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
nero (masculino/feminino) e o número (singular/plural).
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Ce-
Os artigos se subdividem em definidos (“o” e as va-
reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
riações “a”[as] e [os]) e indefinidos (“um” e as variações
Paulo: Saraiva, 2010.
“uma”[s] e “uns]).
Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
A) Artigos definidos – São usados para indicar se-
ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.SAC-
res determinados, expressos de forma individual: O
CONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sacconi.
concurseiro estuda muito. Os concurseiros estudam
30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
muito.
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Ce-
B) Artigos indefinidos – usados para indicar seres de
modo vago, impreciso: Uma candidata foi aprova- reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
da! Umas candidatas foram aprovadas! Paulo: Saraiva, 2010.

1. Circunstâncias em que os artigos se manifestam: SITE


http://www.brasilescola.com/gramatica/artigo.htm
Considera-se obrigatório o uso do artigo depois do
numeral “ambos”: Ambos os concursos cobrarão tal con-
teúdo. Conjunção
Nomes próprios indicativos de lugar (ou topônimos)
admitem o uso do artigo, outros não: São Paulo, O Rio de Além da preposição, há outra palavra também inva-
Janeiro, Veneza, A Bahia... riável que, na frase, é usada como elemento de ligação:
Quando indicado no singular, o artigo definido pode a conjunção. Ela serve para ligar duas orações ou duas
indicar toda uma espécie: O trabalho dignifica o homem. palavras de mesma função em uma oração:
No caso de nomes próprios personativos, denotando O concurso será realizado nas cidades de Campinas e
a ideia de familiaridade ou afetividade, é facultativo o uso São Paulo.
do artigo: Marcela é a mais extrovertida das irmãs. / O A prova não será fácil, por isso estou estudando muito.
Pedro é o xodó da família.
No caso de os nomes próprios personativos estarem 1. Morfossintaxe da Conjunção
no plural, são determinados pelo uso do artigo: Os Maias,
os Incas, Os Astecas... As conjunções, a exemplo das preposições, não exer-
Usa-se o artigo depois do pronome indefinido todo(a) cem propriamente uma função sintática: são conectivos.
para conferir uma ideia de totalidade. Sem o uso dele (do
LÍNGUA PORTUGUESA

artigo), o pronome assume a noção de “qualquer”. 2. Classificação da Conjunção

Toda a classe parabenizou o professor. (a sala toda) De acordo com o tipo de relação que estabelecem,
Toda classe possui alunos interessados e desinteressa- as conjunções podem ser classificadas em coordenati-
dos. (qualquer classe) vas e subordinativas. No primeiro caso, os elementos
Antes de pronomes possessivos, o uso do artigo é fa- ligados pela conjunção podem ser isolados um do outro.
cultativo: Preparei o meu curso. Preparei meu curso. Esse isolamento, no entanto, não acarreta perda da uni-

30
dade de sentido que cada um dos elementos possui. Já 4. Conjunções Subordinativas
no segundo caso, cada um dos elementos ligados pela
conjunção depende da existência do outro. Veja: São aquelas que ligam duas orações, sendo uma de-
Estudei muito, mas ainda não compreendi o conteúdo. las dependente da outra. A oração dependente, intro-
Podemos separá-las por ponto: duzida pelas conjunções subordinativas, recebe o nome
Estudei muito. Ainda não compreendi o conteúdo. de oração subordinada. Veja o exemplo: O baile já tinha
começado quando ela chegou.
Temos acima um exemplo de conjunção (e, conse- O baile já tinha começado: oração principal
quentemente, orações coordenadas) coordenativa – quando: conjunção subordinativa (adverbial tempo-
“mas”. Já em: ral)
Espero que eu seja aprovada no concurso! ela chegou: oração subordinada
Não conseguimos separar uma oração da outra, pois
a segunda “completa” o sentido da primeira (da oração As conjunções subordinativas subdividem-se em in-
principal): Espero o quê? Ser aprovada. Nesse período te- tegrantes e adverbiais:
mos uma oração subordinada substantiva objetiva direta
(ela exerce a função de objeto direto do verbo da oração Integrantes - Indicam que a oração subordinada por
principal). elas introduzida completa ou integra o sentido da prin-
cipal. Introduzem orações que equivalem a substantivos,
3. Conjunções Coordenativas ou seja, as orações subordinadas substantivas. São elas:
que, se.
São aquelas que ligam orações de sentido completo Quero que você volte. (Quero sua volta)
e independente ou termos da oração que têm a mesma Adverbiais - Indicam que a oração subordinada exer-
função gramatical. Subdividem-se em: ce a função de adjunto adverbial da principal. De acordo
com a circunstância que expressam, classificam-se em:
A) Aditivas: ligam orações ou palavras, expressando
ideia de acréscimo ou adição. São elas: e, nem (= e A) Causais: introduzem uma oração que é causa da
não), não só... mas também, não só... como também, ocorrência da oração principal. São elas: porque,
bem como, não só... mas ainda. que, como (= porque, no início da frase), pois que,
A sua pesquisa é clara e objetiva. visto que, uma vez que, porquanto, já que, desde
Não só dança, mas também canta. que, etc.
Ele não fez a pesquisa porque não dispunha de meios.
B) Adversativas: ligam duas orações ou palavras,
expressando ideia de contraste ou compensação. B) Concessivas: introduzem uma oração que expres-
São elas: mas, porém, contudo, todavia, entretanto, sa ideia contrária à da principal, sem, no entanto,
no entanto, não obstante. impedir sua realização. São elas: embora, ainda
Tentei chegar mais cedo, porém não consegui. que, apesar de que, se bem que, mesmo que, por
mais que, posto que, conquanto, etc.
C) Alternativas: ligam orações ou palavras, expres- Embora fosse tarde, fomos visitá-lo.
sando ideia de alternância ou escolha, indicando
fatos que se realizam separadamente. São elas: ou, C) Condicionais: introduzem uma oração que indica
ou... ou, ora... ora, já... já, quer... quer, seja... seja, tal- a hipótese ou a condição para ocorrência da princi-
vez... talvez. pal. São elas: se, caso, contanto que, salvo se, a não
Ou escolho agora, ou fico sem presente de aniversário. ser que, desde que, a menos que, sem que, etc.
Se precisar de minha ajuda, telefone-me.
D) Conclusivas: ligam a oração anterior a uma oração
que expressa ideia de conclusão ou consequência.
São elas: logo, pois (depois do verbo), portanto, por
#FicaDica
conseguinte, por isso, assim. Você deve ter percebido que a conjunção con-
Marta estava bem preparada para o teste, portanto dicional “se” também é conjunção integrante.
não ficou nervosa. A diferença é clara ao ler as orações que são
Você nos ajudou muito; terá, pois, nossa gratidão. introduzidas por ela. Acima, ela nos dá a ideia
da condição para que recebamos um telefo-
E) Explicativas: ligam a oração anterior a uma oração nema (se for preciso ajuda). Já na oração: Não
que a explica, que justifica a ideia nela contida. São sei se farei o concurso. Não há ideia de
LÍNGUA PORTUGUESA

elas: que, porque, pois (antes do verbo), porquanto. condição alguma, há? Outra coisa: o verbo da
Não demore, que o filme já vai começar. oração principal (sei) pede complemento (ob-
Falei muito, pois não gosto do silêncio! jeto direto, já que “quem não sabe, não sabe
algo”). Portanto, a oração em destaque exerce
a função de objeto direto da oração principal,
sendo classificada como oração subordinada
substantiva objetiva direta.

31
D) Conformativas: introduzem uma oração que ex- Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Ce-
prime a conformidade de um fato com outro. São reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
elas: conforme, como (= conforme), segundo, con- Paulo: Saraiva, 2010.
soante, etc. Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
O passeio ocorreu como havíamos planejado. ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.

E) Finais: introduzem uma oração que expressa a fi- SITE


nalidade ou o objetivo com que se realiza a oração http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/
principal. São elas: para que, a fim de que, que, por- morf84.php
que (= para que), que, etc.
Toque o sinal para que todos entrem no salão.
Interjeição
F) Proporcionais: introduzem uma oração que ex-
pressa um fato relacionado proporcionalmente à Interjeição é a palavra invariável que exprime emo-
ocorrência do expresso na principal. São elas: à ções, sensações, estados de espírito. É um recurso da lin-
medida que, à proporção que, ao passo que e as guagem afetiva, em que não há uma ideia organizada de
combinações quanto mais... (mais), quanto me- maneira lógica, como são as sentenças da língua, mas
nos... (menos), quanto menos... (mais), quanto me- sim a manifestação de um suspiro, um estado da alma
nos... (menos), etc. decorrente de uma situação particular, um momento ou
O preço fica mais caro à medida que os produtos es- um contexto específico. Exemplos:
casseiam. Ah, como eu queria voltar a ser criança!
ah: expressão de um estado emotivo = interjeição
Observação: Hum! Esse pudim estava maravilhoso!
São incorretas as locuções proporcionais à medida hum: expressão de um pensamento súbito = inter-
em que, na medida que e na medida em que. jeição
O significado das interjeições está vinculado à ma-
G) Temporais: introduzem uma oração que acrescen- neira como elas são proferidas. O tom da fala é que dita
ta uma circunstância de tempo ao fato expresso na o sentido que a expressão vai adquirir em cada contexto
oração principal. São elas: quando, enquanto, antes em que for utilizada. Exemplos:
que, depois que, logo que, todas as vezes que, desde
que, sempre que, assim que, agora que, mal (= as- Psiu!
sim que), etc. contexto: alguém pronunciando esta expressão na
A briga começou assim que saímos da festa. rua; significado da interjeição (sugestão): “Estou te cha-
mando! Ei, espere!”
H) Comparativas: introduzem uma oração que ex-
pressa ideia de comparação com referência à ora- Psiu!
ção principal. São elas: como, assim como, tal como, contexto: alguém pronunciando em um hospital; sig-
como se, (tão)... como, tanto como, tanto quanto, do nificado da interjeição (sugestão): “Por favor, faça silên-
que, quanto, tal, qual, tal qual, que nem, que (com- cio!”
binado com menos ou mais), etc.
O jogo de hoje será mais difícil que o de ontem. Puxa! Ganhei o maior prêmio do sorteio!
puxa: interjeição; tom da fala: euforia
I) Consecutivas: introduzem uma oração que expres-
sa a consequência da principal. São elas: de sorte Puxa! Hoje não foi meu dia de sorte!
que, de modo que, sem que (= que não), de forma puxa: interjeição; tom da fala: decepção
que, de jeito que, que (tendo como antecedente na As interjeições cumprem, normalmente, duas funções:
oração principal uma palavra como tal, tão, cada,
tanto, tamanho), etc. A) Sintetizar uma frase exclamativa, exprimindo ale-
Estudou tanto durante a noite que dormiu na hora do gria, tristeza, dor, etc.: Ah, deve ser muito interes-
exame. sante!
B) Sintetizar uma frase apelativa: Cuidado! Saia da mi-
FIQUE ATENTO! nha frente.
Muitas conjunções não têm classificação As interjeições podem ser formadas por:
única, imutável, devendo, portanto, ser clas-  simples sons vocálicos: Oh!, Ah!, Ó, Ô
LÍNGUA PORTUGUESA

sificadas de acordo com o sentido que apre-  palavras: Oba! Olá! Claro!
sentam no contexto (destaque da Zê!).  grupos de palavras (locuções interjetivas): Meu
Deus! Ora bolas!

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.

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1. Classificação das Interjeições 4. Há, também, as interjeições onomatopaicas ou imi-
tativas, que exprimem ruídos e vozes. Por exemplo:
Comumente, as interjeições expressam sentido de: Miau! Bumba! Zás! Plaft! Pof! Catapimba! Tique-ta-
A) Advertência: Cuidado! Devagar! Calma! Sentido! que! Quá-quá-quá!, etc.
Atenção! Olha! Alerta! 5. Não se deve confundir a interjeição de apelo “ó”
B) Afugentamento: Fora! Passa! Rua! com a sua homônima “oh!”, que exprime admira-
C) Alegria ou Satisfação: Oh! Ah! Eh! Oba! Viva! ção, alegria, tristeza, etc. Faz-se uma pausa depois
D) Alívio: Arre! Uf! Ufa! Ah! do “oh!” exclamativo e não a fazemos depois do
E) Animação ou Estímulo: Vamos! Força! Coragem! “ó” vocativo. Por exemplo: “Ó natureza! ó mãe pie-
Ânimo! Adiante! dosa e pura!” (Olavo Bilac)
F) Aplauso ou Aprovação: Bravo! Bis! Apoiado! Viva!
G) Concordância: Claro! Sim! Pois não! Tá! REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
H) Repulsa ou Desaprovação: Credo! Ih! Francamen- SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
te! Essa não! Chega! Basta! Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
I) Desejo ou Intenção: Pudera! Tomara! Oxalá! Quei- Português – Literatura, Produção de Textos & Gramá-
ra Deus! tica – volume único / Samira Yousseff Campedelli, Jésus
J) Desculpa: Perdão! Barbosa Souza. – 3. Ed. – São Paulo: Saraiva, 2002.
K) Dor ou Tristeza: Ai! Ui! Ai de mim! Que pena!
L) Dúvida ou Incredulidade: Que nada! Qual o quê! SITE
M) Espanto ou Admiração: Oh! Ah! Uai! Puxa! Céus! http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/
Quê! Caramba! Opa! Nossa! Hein? Cruz! Putz! morf89.php
N) Impaciência ou Contrariedade: Hum! Raios!
Puxa! Pô! Ora!
O) Pedido de Auxílio: Socorro! Aqui! Piedade! Numeral
P) Saudação, Chamamento ou Invocação: Salve!
Viva! Olá! Alô! Tchau! Psiu! Socorro! Valha-me, Numeral é a palavra variável que indica quantidade
Deus! numérica ou ordem; expressa a quantidade exata de pes-
Q) Silêncio: Psiu! Silêncio! soas ou coisas ou o lugar que elas ocupam numa deter-
R) Terror ou Medo: Credo! Cruzes! Minha nossa! minada sequência.
Saiba que: Os numerais traduzem, em palavras, o que os núme-
As interjeições são palavras invariáveis, isto é, não so- ros indicam em relação aos seres. Assim, quando a ex-
pressão é colocada em números (1, 1.º, 1/3, etc.) não se
frem variação em gênero, número e grau como os no-
trata de numerais, mas sim de algarismos.
mes, nem de número, pessoa, tempo, modo, aspecto e
Além dos numerais mais conhecidos, já que refletem
voz como os verbos. No entanto, em uso específico, al-
a ideia expressa pelos números, existem mais algumas
gumas interjeições sofrem variação em grau. Não se trata
palavras consideradas numerais porque denotam quan-
de um processo natural desta classe de palavra, mas tão
tidade, proporção ou ordenação. São alguns exemplos:
só uma variação que a linguagem afetiva permite. Exem-
década, dúzia, par, ambos(as), novena.
plos: oizinho, bravíssimo, até loguinho.
1. Classificação dos Numerais
2. Locução Interjetiva
A) Cardinais: indicam quantidade exata ou determi-
Ocorre quando duas ou mais palavras formam uma nada de seres: um, dois, cem mil, etc. Alguns car-
expressão com sentido de interjeição: Ora bolas!, Virgem dinais têm sentido coletivo, como por exemplo:
Maria!, Meu Deus!, Ó de casa!, Ai de mim!, Graças a Deus! século, par, dúzia, década, bimestre.
Toda frase mais ou menos breve dita em tom excla- B) Ordinais: indicam a ordem, a posição que alguém
mativo torna-se uma locução interjetiva, dispensando ou alguma coisa ocupa numa determinada se-
análise dos termos que a compõem: Macacos me mor- quência: primeiro, segundo, centésimo, etc.
dam!, Valha-me Deus!, Quem me dera!
1. As interjeições são como frases resumidas, sinté-
ticas. Por exemplo: Ué! (= Eu não esperava por #FicaDica
essa!) / Perdão! (= Peço-lhe que me desculpe)
2. Além do contexto, o que caracteriza a interjeição é As palavras anterior, posterior, último, antepe-
o seu tom exclamativo; por isso, palavras de outras núltimo, final e penúltimo também indicam
classes gramaticais podem aparecer como inter- posição dos seres, mas são classificadas como
LÍNGUA PORTUGUESA

jeições. Por exemplo: Viva! Basta! (Verbos) / Fora! adjetivos, não ordinais.
Francamente! (Advérbios)
3. A interjeição pode ser considerada uma “palavra-
-frase” porque sozinha pode constituir uma men- C) Fracionários: indicam parte de uma quantidade,
sagem. Por exemplo: Socorro! Ajudem-me! Silêncio! ou seja, uma divisão dos seres: meio, terço, dois
Fique quieto! quintos, etc.

33
D) Multiplicativos: expressam ideia de multiplicação dos seres, indicando quantas vezes a quantidade foi aumen-
tada: dobro, triplo, quíntuplo, etc.

2. Flexão dos numerais

Os numerais cardinais que variam em gênero são um/uma, dois/duas e os que indicam centenas de duzentos/du-
zentas em diante: trezentos/trezentas, quatrocentos/quatrocentas, etc. Cardinais como milhão, bilhão, trilhão, variam em
número: milhões, bilhões, trilhões. Os demais cardinais são invariáveis.
Os numerais ordinais variam em gênero e número:

primeiro segundo milésimo


primeira segunda milésima
primeiros segundos milésimos
primeiras segundas milésimas

Os numerais multiplicativos são invariáveis quando atuam em funções substantivas: Fizeram o dobro do esforço e
conseguiram o triplo de produção.
Quando atuam em funções adjetivas, esses numerais flexionam-se em gênero e número: Teve de tomar doses triplas
do medicamento.
Os numerais fracionários flexionam-se em gênero e número. Observe: um terço/dois terços, uma terça parte/duas
terças partes.

Os numerais coletivos flexionam-se em número: uma dúzia, um milheiro, duas dúzias, dois milheiros.
É comum na linguagem coloquial a indicação de grau nos numerais, traduzindo afetividade ou especialização de
sentido. É o que ocorre em frases como:
“Me empresta duzentinho...”
É artigo de primeiríssima qualidade!
O time está arriscado por ter caído na segundona. (= segunda divisão de futebol)

3. Emprego e Leitura dos Numerais

Os numerais são escritos em conjunto de três algarismos, contados da direita para a esquerda, em forma de cente-
nas, dezenas e unidades, tendo cada conjunto uma separação através de ponto ou espaço correspondente a um ponto:
8.234.456 ou 8 234 456.

Em sentido figurado, usa-se o numeral para indicar exagero intencional, constituindo a figura de linguagem conhe-
cida como hipérbole: Já li esse texto mil vezes.
No português contemporâneo, não se usa a conjunção “e” após “mil”, seguido de centena: Nasci em mil novecentos
e noventa e dois.
Seu salário será de mil quinhentos e cinquenta reais.

Mas, se a centena começa por “zero” ou termina por dois zeros, usa-se o “e”: Seu salário será de mil e quinhentos
reais. (R$1.500,00)
Gastamos mil e quarenta reais. (R$1.040,00)

Para designar papas, reis, imperadores, séculos e partes em que se divide uma obra, utilizam-se os ordinais até
décimo e, a partir daí, os cardinais, desde que o numeral venha depois do substantivo;

Ordinais Cardinais
João Paulo II (segundo) Tomo XV (quinze)
D. Pedro II (segundo) Luís XVI (dezesseis)
LÍNGUA PORTUGUESA

Ato II (segundo) Capítulo XX (vinte)


Século VIII (oitavo) Século XX (vinte)
Canto IX (nono) João XXIII ( vinte e três)

Se o numeral aparece antes do substantivo, será lido como ordinal: XXX Feira do Bordado. (trigésima)

34
#FicaDica
Ordinal lembra ordem. Memorize assim, por associação. Ficará mais fácil!

Para designar leis, decretos e portarias, utiliza-se o ordinal até nono e o cardinal de dez em diante:
Artigo 1.° (primeiro) Artigo 10 (dez)
Artigo 9.° (nono) Artigo 21 (vinte e um)

Ambos/ambas = numeral dual, porque sempre se refere a dois seres. Significam “um e outro”, “os dois” (ou “uma
e outra”, “as duas”) e são largamente empregados para retomar pares de seres aos quais já se fez referência. Sua uti-
lização exige a presença do artigo posposto: Ambos os concursos realizarão suas provas no mesmo dia. O artigo só é
dispensado caso haja um pronome demonstrativo: Ambos esses ministros falarão à imprensa.

Quadro de alguns numerais

Cardinais Ordinais Multiplicativos Fracionários


um primeiro - -
dois segundo dobro, duplo meio
três terceiro triplo, tríplice terço
quatro quarto quádruplo quarto
cinco quinto quíntuplo quinto
seis sexto sêxtuplo sexto
sete sétimo sétuplo sétimo
oito oitavo óctuplo oitavo
nove nono nônuplo nono
dez décimo décuplo décimo
onze décimo primeiro - onze avos
doze décimo segundo - doze avos
treze décimo terceiro - treze avos
catorze décimo quarto - catorze avos
quinze décimo quinto - quinze avos
dezesseis décimo sexto - dezesseis avos
dezessete décimo sétimo - dezessete avos
dezoito décimo oitavo - dezoito avos
dezenove décimo nono - dezenove avos
vinte vigésimo - vinte avos
trinta trigésimo - trinta avos
quarenta quadragésimo - quarenta avos
cinqüenta quinquagésimo - cinquenta avos
sessenta sexagésimo - sessenta avos
setenta septuagésimo - setenta avos
LÍNGUA PORTUGUESA

oitenta octogésimo - oitenta avos


noventa nonagésimo - noventa avos
cem centésimo cêntuplo centésimo
duzentos ducentésimo - ducentésimo
trezentos trecentésimo - trecentésimo

35
quatrocentos quadringentésimo - quadringentésimo
quinhentos quingentésimo - quingentésimo
seiscentos sexcentésimo - sexcentésimo
setecentos septingentésimo - septingentésimo
oitocentos octingentésimo - octingentésimo
novecentos nongentésimo
ou noningentésimo - nongentésimo
mil milésimo - milésimo
milhão milionésimo - milionésimo
bilhão bilionésimo - bilionésimo

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São Paulo:
Saraiva, 2010.
Português: novas palavras: literatura, gramática, redação / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.

SITE
http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf40.php

Preposição

Preposição é uma palavra invariável que serve para ligar termos ou orações. Quando esta ligação acontece, nor-
malmente há uma subordinação do segundo termo em relação ao primeiro. As preposições são muito importantes na
estrutura da língua, pois estabelecem a coesão textual e possuem valores semânticos indispensáveis para a compreen-
são do texto.

1. Tipos de Preposição

A) Preposições essenciais: palavras que atuam exclusivamente como preposições: a, ante, perante, após, até, com,
contra, de, desde, em, entre, para, por, sem, sob, sobre, trás, atrás de, dentro de, para com.
B) Preposições acidentais: palavras de outras classes gramaticais que podem atuar como preposições, ou seja,
formadas por uma derivação imprópria: como, durante, exceto, fora, mediante, salvo, segundo, senão, visto.
C) Locuções prepositivas: duas ou mais palavras valendo como uma preposição, sendo que a última palavra é uma
(preposição): abaixo de, acerca de, acima de, ao lado de, a respeito de, de acordo com, em cima de, embaixo de, em
frente a, ao redor de, graças a, junto a, com, perto de, por causa de, por cima de, por trás de.

A preposição é invariável e, no entanto, pode unir-se a outras palavras e, assim, estabelecer concordância em gêne-
ro ou em número. Exemplo: por + o = pelo / por + a = pela.
Essa concordância não é característica da preposição, mas das palavras às quais ela se une.
Esse processo de junção de uma preposição com outra palavra pode se dar a partir dos processos de:
 Combinação: união da preposição “a” com o artigo “o”(s), ou com o advérbio “onde”: ao, aonde, aos. Os vocá-
bulos não sofrem alteração.
 Contração: união de uma preposição com outra palavra, ocorrendo perda ou transformação de fonema: de + o
= do, em + a = na, per + os = pelos, de + aquele = daquele, em + isso = nisso.
 Crase: é a fusão de vogais idênticas: à (“a” preposição + “a” artigo), àquilo (“a” preposição + 1.ª vogal do pro-
nome “aquilo”).
LÍNGUA PORTUGUESA

#FicaDica
O “a” pode funcionar como preposição, pronome pessoal oblíquo e artigo. Como distingui-los? Caso o “a”
seja um artigo, virá precedendo um substantivo, servindo para determiná-lo como um substantivo singular
e feminino: A matéria que estudei é fácil!

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Quando é preposição, além de ser invariável, liga dois reto ou indireto) e do agente da passiva, podendo, ainda,
termos e estabelece relação de subordinação entre eles. funcionar como núcleo do complemento nominal ou do
Irei à festa sozinha. aposto, como núcleo do predicativo do sujeito, do obje-
Entregamos a flor à professora! = o primeiro “a” é arti- to ou como núcleo do vocativo. Também encontramos
go; o segundo, preposição. substantivos como núcleos de adjuntos adnominais e de
Se for pronome pessoal oblíquo estará ocupando o adjuntos adverbiais - quando essas funções são desem-
lugar e/ou a função de um substantivo: Nós trouxemos a penhadas por grupos de palavras.
apostila. = Nós a trouxemos.
2. Classificação dos Substantivos
2. Relações semânticas (= de sentido) estabeleci-
das por meio das preposições: A) Substantivos Comuns e Próprios
Observe a definição:
Destino = Irei a Salvador.
Modo = Saiu aos prantos. Cidade: s.f. 1. Povoação maior que vila, com muitas
Lugar = Sempre a seu lado. casas e edifícios, dispostos em ruas e avenidas (no Brasil,
Assunto = Falemos sobre futebol. toda a sede de município é cidade). 2. O centro de uma
Tempo = Chegarei em instantes. cidade (em oposição aos bairros).
Causa = Chorei de saudade. Qualquer “povoação maior que vila, com muitas casas
Fim ou finalidade = Vim para ficar. e edifícios, dispostos em ruas e avenidas” será chamada
Instrumento = Escreveu a lápis. cidade. Isso significa que a palavra cidade é um substan-
Posse = Vi as roupas da mamãe. tivo comum.
Autoria = livro de Machado de Assis Substantivo Comum é aquele que designa os seres de
Companhia = Estarei com ele amanhã. uma mesma espécie de forma genérica: cidade, menino,
Matéria = copo de cristal. homem, mulher, país, cachorro.
Meio = passeio de barco. Estamos voando para Barcelona.
Origem = Nós somos do Nordeste.
Conteúdo = frascos de perfume. O substantivo Barcelona designa apenas um ser da
Oposição = Esse movimento é contra o que eu penso. espécie cidade. Barcelona é um substantivo próprio –
Preço = Essa roupa sai por cinquenta reais. aquele que designa os seres de uma mesma espécie de
forma particular: Londres, Paulinho, Pedro, Tietê, Brasil.
Quanto à preposição “trás”: não se usa senão nas
locuções adverbiais (para trás ou por trás) e na locução
B) Substantivos Concretos e Abstratos
prepositiva por trás de.
B.1 Substantivo Concreto: é aquele que designa o
ser que existe, independentemente de outros seres.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
Observação:
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Os substantivos concretos designam seres do mundo
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Ce-
reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São real e do mundo imaginário.
Paulo: Saraiva, 2010. Seres do mundo real: homem, mulher, cadeira, cobra,
Português: novas palavras: literatura, gramática, reda- Brasília.
ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000. Seres do mundo imaginário: saci, mãe-d’água, fantas-
ma.
SITE
http://www.infoescola.com/portugues/preposicao/ B.2 Substantivo Abstrato: é aquele que designa se-
res que dependem de outros para se manifestarem ou
Substantivo existirem. Por exemplo: a beleza não existe por si só,
não pode ser observada. Só podemos observar a beleza
Substantivo é a classe gramatical de palavras variá- numa pessoa ou coisa que seja bela. A beleza depende
veis, as quais denominam todos os seres que existem, de outro ser para se manifestar. Portanto, a palavra bele-
sejam reais ou imaginários. Além de objetos, pessoas e za é um substantivo abstrato.
fenômenos, os substantivos também nomeiam: Os substantivos abstratos designam estados, quali-
 lugares: Alemanha, Portugal dades, ações e sentimentos dos seres, dos quais podem
 sentimentos: amor, saudade ser abstraídos, e sem os quais não podem existir: vida
 estados: alegria, tristeza (estado), rapidez (qualidade), viagem (ação), saudade
(sentimento).
LÍNGUA PORTUGUESA

 qualidades: honestidade, sinceridade


 ações: corrida, pescaria  Substantivos Coletivos

1. Morfossintaxe do substantivo Ele vinha pela estrada e foi picado por uma abelha,
outra abelha, mais outra abelha.
Nas orações, geralmente o substantivo exerce fun- Ele vinha pela estrada e foi picado por várias abelhas.
ções diretamente relacionadas com o verbo: atua como Ele vinha pela estrada e foi picado por um enxame.
núcleo do sujeito, dos complementos verbais (objeto di-

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Note que, no primeiro caso, para indicar plural, foi ne- multidão pessoas em geral
cessário repetir o substantivo: uma abelha, outra abelha,
mais outra abelha. No segundo caso, utilizaram-se duas nuvem insetos (gafanhotos, mosqui-
palavras no plural. No terceiro, empregou-se um subs- tos, etc.)
tantivo no singular (enxame) para designar um conjunto penca bananas, chaves
de seres da mesma espécie (abelhas).
O substantivo enxame é um substantivo coletivo. pinacoteca pinturas, quadros
Substantivo Coletivo: é o substantivo comum que, quadrilha ladrões, bandidos
mesmo estando no singular, designa um conjunto de se- ramalhete flores
res da mesma espécie.
rebanho ovelhas
Substantivo coletivo Conjunto de: repertório peças teatrais, obras musicais
assembleia pessoas reunidas réstia alhos ou cebolas
alcateia lobos romanceiro poesias narrativas
acervo livros revoada pássaros
antologia trechos literários selecionados sínodo párocos
arquipélago ilhas talha lenha
banda músicos tropa muares, soldados
bando desordeiros ou malfeitores turma estudantes, trabalhadores
banca examinadores vara porcos
batalhão soldados
3. Formação dos Substantivos
cardume peixes
caravana viajantes peregrinos A) Substantivos Simples e Compostos
Chuva - subst. Fem. 1 - água caindo em gotas sobre a
cacho frutas terra.
cancioneiro canções, poesias líricas O substantivo chuva é formado por um único ele-
mento ou radical. É um substantivo simples.
colmeia abelhas
A.1 Substantivo Simples: é aquele formado por um
concílio bispos único elemento.
congresso parlamentares, cientistas Outros substantivos simples: tempo, sol, sofá, etc. Veja
agora: O substantivo guarda-chuva é formado por dois
elenco atores de uma peça ou filme elementos (guarda + chuva). Esse substantivo é compos-
esquadra navios de guerra to.
A.2 Substantivo Composto: é aquele formado por
enxoval roupas dois ou mais elementos. Outros exemplos: beija-
falange soldados, anjos -flor, passatempo.
fauna animais de uma região
B) Substantivos Primitivos e Derivados
feixe lenha, capim B.1 Substantivo Primitivo: é aquele que não deriva
flora vegetais de uma região de nenhuma outra palavra da própria língua por-
tuguesa.
frota navios mercantes, ônibus B.2 Substantivo Derivado: é aquele que se origi-
girândola fogos de artifício na de outra palavra. O substantivo limoeiro, por
horda bandidos, invasores exemplo, é derivado, pois se originou a partir da
palavra limão.
junta médicos, bois, credores, exa-
minadores 4. Flexão dos substantivos
júri jurados
O substantivo é uma classe variável. A palavra é variá-
legião soldados, anjos, demônios vel quando sofre flexão (variação). A palavra menino, por
LÍNGUA PORTUGUESA

leva presos, recrutas exemplo, pode sofrer variações para indicar:


malta malfeitores ou desordeiros Plural: meninos / Feminino: menina / Aumentativo:
meninão / Diminutivo: menininho
manada búfalos, bois, elefantes,
matilha cães de raça
molho chaves, verduras

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A) Flexão de Gênero  Substantivos terminados em -ão: fazem o femini-
Gênero é um princípio puramente linguístico, não de- no de três formas:
vendo ser confundido com “sexo”. O gênero diz respeito 1. troca-se -ão por -oa. = patrão – patroa
a todos os substantivos de nossa língua, quer se refiram 2. troca-se -ão por -ã. = campeão - campeã
a seres animais providos de sexo, quer designem apenas 3. troca-se -ão por ona. = solteirão - solteirona
“coisas”: o gato/a gata; o banco, a casa. Exceções: barão – baronesa, ladrão - ladra, sultão -
Na língua portuguesa, há dois gêneros: masculino e sultana
feminino. Pertencem ao gênero masculino os substanti-
vos que podem vir precedidos dos artigos o, os, um, uns.  Substantivos terminados em -or:
Veja estes títulos de filmes: acrescenta-se -a ao masculino = doutor – doutora
O velho e o mar troca-se -or por -triz: = imperador – imperatriz
Um Natal inesquecível  Substantivos com feminino em -esa, -essa, -isa:
Os reis da praia cônsul - consulesa / abade - abadessa / poeta - poe-
tisa / duque - duquesa / conde - condessa / profeta
Pertencem ao gênero feminino os substantivos que - profetisa
podem vir precedidos dos artigos a, as, uma, umas:  Substantivos que formam o feminino trocando o
A história sem fim -e final por -a: elefante - elefanta
Uma cidade sem passado  Substantivos que têm radicais diferentes no mas-
As tartarugas ninjas culino e no feminino: bode – cabra / boi - vaca
 Substantivos que formam o feminino de maneira
5. Substantivos Biformes e Substantivos Unifor- especial, isto é, não seguem nenhuma das regras
mes anteriores: czar – czarina, réu - ré

1. Substantivos Biformes (= duas formas): apresen- 7. Formação do Feminino dos Substantivos Uni-
tam uma forma para cada gênero: gato – gata, ho- formes
mem – mulher, poeta – poetisa, prefeito - prefeita
2. Substantivos Uniformes: apresentam uma única Epicenos:
forma, que serve tanto para o masculino quanto Novo jacaré escapa de policiais no rio Pinheiros.
para o feminino. Classificam-se em:
A) Epicenos: referentes a animais. A distinção de sexo Não é possível saber o sexo do jacaré em questão.
se faz mediante a utilização das palavras “macho” Isso ocorre porque o substantivo jacaré tem apenas uma
e “fêmea”: a cobra macho e a cobra fêmea, o jacaré forma para indicar o masculino e o feminino.
macho e o jacaré fêmea. Alguns nomes de animais apresentam uma só for-
B) Sobrecomuns: substantivos uniformes referentes ma para designar os dois sexos. Esses substantivos são
a pessoas de ambos os sexos: a criança, a teste- chamados de epicenos. No caso dos epicenos, quando
munha, a vítima, o cônjuge, o gênio, o ídolo, o in- houver a necessidade de especificar o sexo, utilizam-se
divíduo. palavras macho e fêmea.
C) Comuns de Dois ou Comum de Dois Gêneros: A cobra macho picou o marinheiro.
indicam o sexo das pessoas por meio do artigo: o A cobra fêmea escondeu-se na bananeira.
colega e a colega, o doente e a doente, o artista e
a artista. 8. Sobrecomuns:
Entregue as crianças à natureza.
Substantivos de origem grega terminados em ema
ou oma são masculinos: o fonema, o poema, o sistema, o A palavra crianças se refere tanto a seres do sexo mas-
sintoma, o teorema. culino, quanto a seres do sexo feminino. Nesse caso, nem
 Existem certos substantivos que, variando de o artigo nem um possível adjetivo permitem identificar o
gênero, variam em seu significado: sexo dos seres a que se refere a palavra. Veja:
o águia (vigarista) e a águia (ave; perspicaz); o cabeça A criança chorona chamava-se João.
(líder) e a cabeça (parte do corpo); o capital (dinheiro) e A criança chorona chamava-se Maria.
a capital (cidade); o coma (sono mórbido) e a coma (ca-
beleira, juba); o lente (professor) e a lente (vidro de au- Outros substantivos sobrecomuns:
mento); o moral (estado de espírito) e a moral (ética; con- a criatura = João é uma boa criatura. Maria é uma
clusão); o praça (soldado raso) e a praça (área pública); boa criatura.
o rádio (aparelho receptor) e a rádio (estação emissora). o cônjuge = O cônjuge de João faleceu. O cônjuge de
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Marcela faleceu
6. Formação do Feminino dos Substantivos Bifor-
mes 9. Comuns de Dois Gêneros:
Motorista tem acidente idêntico 23 anos depois.
Regra geral: troca-se a terminação -o por –a: aluno
- aluna. Quem sofreu o acidente: um homem ou uma mulher?
 Substantivos terminados em -ês: acrescenta-se -a É impossível saber apenas pelo título da notícia, uma
ao masculino: freguês - freguesa vez que a palavra motorista é um substantivo uniforme.

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A distinção de gênero pode ser feita através da análi- o maria-fumaça (trem como locomotiva a vapor), maria-
se do artigo ou adjetivo, quando acompanharem o subs- -fumaça (locomotiva movida a vapor), o pala (poncho), a
tantivo: o colega - a colega; o imigrante - a imigrante; pala (parte anterior do boné ou quepe, anteparo), o rádio
um jovem - uma jovem; artista famoso - artista famosa; (aparelho receptor), a rádio (emissora), o voga (remador),
repórter francês - repórter francesa. a voga (moda).
A palavra personagem é usada indistintamente nos
dois gêneros. Entre os escritores modernos nota-se acen- B) Flexão de Número do Substantivo
tuada preferência pelo masculino: O menino descobriu Em português, há dois números gramaticais: o singu-
nas nuvens os personagens dos contos de carochinha. lar, que indica um ser ou um grupo de seres, e o plural,
Com referência à mulher, deve-se preferir o feminino: que indica mais de um ser ou grupo de seres. A caracte-
O problema está nas mulheres de mais idade, que não rística do plural é o “s” final.
aceitam a personagem.
Diz-se: o (ou a) manequim Marcela, o (ou a) modelo 11. Plural dos Substantivos Simples
fotográfico Ana Belmonte.
Os substantivos terminados em vogal, ditongo oral e
Masculinos: o tapa, o eclipse, o lança-perfume, o dó “n” fazem o plural pelo acréscimo de “s”: pai – pais; ímã –
)pena), o sanduíche, o clarinete, o champanha, o sósia, o ímãs; hífen - hifens (sem acento, no plural).
maracajá, o clã, o herpes, o pijama, o suéter, o soprano, o Exceção: cânon - cânones.
proclama, o pernoite, o púbis. Os substantivos terminados em “m” fazem o plural
Femininos: a dinamite, a derme, a hélice, a omoplata, em “ns”: homem - homens.
a cataplasma, a pane, a mascote, a gênese, a entorse, a Os substantivos terminados em “r” e “z” fazem o plu-
libido, a cal, a faringe, a cólera (doença), a ubá (canoa). ral pelo acréscimo de “es”: revólver – revólveres; raiz - raí-
zes.
São geralmente masculinos os substantivos de ori-
gem grega terminados em -ma: o grama (peso), o quilo- Atenção:
grama, o plasma, o apostema, o diagrama, o epigrama, o O plural de caráter é caracteres.
telefonema, o estratagema, o dilema, o teorema, o trema,
o eczema, o edema, o magma, o estigma, o axioma, o tra- Os substantivos terminados em al, el, ol, ul flexionam-
coma, o hematoma. -se no plural, trocando o “l” por “is”: quintal - quintais;
Exceções: a cataplasma, a celeuma, a fleuma, etc. caracol – caracóis; hotel - hotéis. Exceções: mal e males,
cônsul e cônsules.
Gênero dos Nomes de Cidades - Com raras exce- Os substantivos terminados em “il” fazem o plural de
ções, nomes de cidades são femininos: A histórica Ouro duas maneiras:
Preto. / A dinâmica São Paulo. / A acolhedora Porto Ale- 1. Quando oxítonos, em “is”: canil - canis
gre. / Uma Londres imensa e triste. 2. Quando paroxítonos, em “eis”: míssil - mísseis.
Exceções: o Rio de Janeiro, o Cairo, o Porto, o Havre.
Observação:
10. Gênero e Significação A palavra réptil pode formar seu plural de duas ma-
neiras: répteis ou reptis (pouco usada).
Muitos substantivos, como já mencionado anterior-
mente, têm uma significação no masculino e outra no fe- Os substantivos terminados em “s” fazem o plural de
minino. Observe: o baliza (soldado que à frente da tropa, duas maneiras:
indica os movimentos que se deve realizar em conjunto; o 1. Quando monossilábicos ou oxítonos, mediante o
que vai à frente de um bloco carnavalesco, manejando um acréscimo de “es”: ás – ases / retrós - retroses
bastão), a baliza (marco, estaca; sinal que marca um limite 2. Quando paroxítonos ou proparoxítonos, ficam in-
ou proibição de trânsito), o cabeça (chefe), a cabeça (par- variáveis: o lápis - os lápis / o ônibus - os ônibus.
te do corpo), o cisma (separação religiosa, dissidência), a
cisma (ato de cismar, desconfiança), o cinza (a cor cinzen- Os substantivos terminados em “ão” fazem o plural
ta), a cinza (resíduos de combustão), o capital (dinheiro), de três maneiras.
a capital (cidade), o coma (perda dos sentidos), a coma 1. substituindo o -ão por -ões: ação - ações
(cabeleira), o coral (pólipo, a cor vermelha, canto em coro), 2. substituindo o -ão por -ães: cão - cães
a coral (cobra venenosa), o crisma (óleo sagrado, usado 3. substituindo o -ão por -ãos: grão - grãos
na administração da crisma e de outros sacramentos), a
crisma (sacramento da confirmação), o cura (pároco), a Observação:
cura (ato de curar), o estepe (pneu sobressalente), a estepe Muitos substantivos terminados em “ão” apresentam
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(vasta planície de vegetação), o guia (pessoa que guia ou- dois – e até três – plurais:
tras), a guia (documento, pena grande das asas das aves), aldeão – aldeões/aldeães/aldeãos
o grama (unidade de peso), a grama (relva), o caixa (fun- ancião – anciões/anciães/anciãos
cionário da caixa), a caixa (recipiente, setor de pagamen- charlatão – charlatões/charlatães
tos), o lente (professor), a lente (vidro de aumento), o mo- corrimão – corrimãos/corrimões
ral (ânimo), a moral (honestidade, bons costumes, ética), guardião – guardiões/guardiães
o nascente (lado onde nasce o Sol), a nascente (a fonte), vilão – vilãos/vilões/vilães

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Os substantivos terminados em “x” ficam invariáveis: 14. Plural das Palavras Substantivadas
o látex - os látex.
As palavras substantivadas, isto é, palavras de outras
12. Plural dos Substantivos Compostos classes gramaticais usadas como substantivo apresen-
tam, no plural, as flexões próprias dos substantivos.
A formação do plural dos substantivos compostos Pese bem os prós e os contras.
depende da forma como são grafados, do tipo de pa- O aluno errou na prova dos noves.
lavras que formam o composto e da relação que esta- Ouça com a mesma serenidade os sins e os nãos.
belecem entre si. Aqueles que são grafados sem hífen
comportam-se como os substantivos simples: aguar- Observação:
dente/aguardentes, girassol/girassóis, pontapé/pontapés, Numerais substantivados terminados em “s” ou “z”
malmequer/malmequeres. não variam no plural: Nas provas mensais consegui muitos
O plural dos substantivos compostos cujos elementos seis e alguns dez.
são ligados por hífen costuma provocar muitas dúvidas
e discussões. Algumas orientações são dadas a seguir: 15. Plural dos Diminutivos

A) Flexionam-se os dois elementos, quando forma- Flexiona-se o substantivo no plural, retira-se o “s” fi-
dos de: nal e acrescenta-se o sufixo diminutivo.
substantivo + substantivo = couve-flor e couves-flores
substantivo + adjetivo = amor-perfeito e amores-per- pãe(s) + zinhos = pãezinhos
feitos
adjetivo + substantivo = gentil-homem e gentis-ho- animai(s) + zinhos = animaizinhos
mens botõe(s) + zinhos = botõezinhos
numeral + substantivo = quinta-feira e quintas-feiras
chapéu(s) + zinhos = chapeuzinhos
B) Flexiona-se somente o segundo elemento, farói(s) + zinhos = faroizinhos
quando formados de: tren(s) + zinhos = trenzinhos
verbo + substantivo = guarda-roupa e guarda-roupas
palavra invariável + palavra variável = alto-falante e colhere(s) + zinhas = colherezinhas
alto-falantes flore(s) + zinhas = florezinhas
palavras repetidas ou imitativas = reco-reco e reco-
-recos mão(s) + zinhas = mãozinhas
papéi(s) + zinhos = papeizinhos
C) Flexiona-se somente o primeiro elemento, nuven(s) + zinhas = nuvenzinhas
quando formados de:
substantivo + preposição clara + substantivo = água- funi(s) + zinhos = funizinhos
-de-colônia e águas-de-colônia túnei(s) + zinhos = tuneizinhos
substantivo + preposição oculta + substantivo = ca-
valo-vapor e cavalos-vapor pai(s) + zinhos = paizinhos
substantivo + substantivo que funciona como deter- pé(s) + zinhos = pezinhos
minante do primeiro, ou seja, especifica a função ou o pé(s) + zitos = pezitos
tipo do termo anterior: palavra-chave - palavras-chave,
bomba-relógio - bombas-relógio, homem-rã - homens-rã,
16. Plural dos Nomes Próprios Personativos
peixe-espada - peixes-espada.
Devem-se pluralizar os nomes próprios de pessoas
D) Permanecem invariáveis, quando formados de:
sempre que a terminação preste-se à flexão.
verbo + advérbio = o bota-fora e os bota-fora
Os Napoleões também são derrotados.
verbo + substantivo no plural = o saca-rolhas e os
As Raquéis e Esteres.
saca-rolhas
17. Plural dos Substantivos Estrangeiros
13. Casos Especiais
Substantivos ainda não aportuguesados devem ser
o louva-a-deus e os louva-a-deus escritos como na língua original, acrescentando-se “s”
o bem-te-vi e os bem-te-vis (exceto quando terminam em “s” ou “z”): os shows, os
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shorts, os jazz.
o bem-me-quer e os bem-me-queres Substantivos já aportuguesados flexionam-se de
o joão-ninguém e os joões-ninguém. acordo com as regras de nossa língua: os clubes, os cho-
pes, os jipes, os esportes, as toaletes, os bibelôs, os garçons,
os réquiens.

Observe o exemplo:
Este jogador faz gols toda vez que joga.

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O plural correto seria gois (ô), mas não se usa. Analítico = substantivo acompanhado de um adjeti-
vo que indica pequenez. Por exemplo: casa pequena.
18. Plural com Mudança de Timbre Sintético = é acrescido ao substantivo um sufixo in-
dicador de diminuição. Por exemplo: casinha.
Certos substantivos formam o plural com mudança
de timbre da vogal tônica (o fechado / o aberto). É um REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
fato fonético chamado metafonia (plural metafônico). SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Singular Plural Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Ce-
reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
corpo (ô) corpos (ó) Paulo: Saraiva, 2010.
esforço esforços CAMPEDELLI, Samira Yousseff. Português – Literatura,
Produção de Texto & Gramática – Volume único / Samira
fogo fogos Yousseff Campedelli, Jésus Barbosa Souza. – 3.ª edição –
forno fornos São Paulo: Saraiva, 2002.
fosso fossos
SITE
imposto impostos http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/
olho olhos morf12.php
osso (ô) ossos (ó)
ovo ovos Pronome
poço poços
Pronome é a palavra variável que substitui ou acom-
porto portos panha um substantivo (nome), qualificando-o de alguma
posto postos forma.
O homem julga que é superior à natureza, por isso o
tijolo tijolos homem destrói a natureza...
Utilizando pronomes, teremos: O homem julga que é
Têm a vogal tônica fechada (ô): adornos, almoços, bol- superior à natureza, por isso ele a destrói...
sos, esposos, estojos, globos, gostos, polvos, rolos, soros, Ficou melhor, sem a repetição desnecessária de ter-
etc. mos (homem e natureza).
Observação: Grande parte dos pronomes não possuem significa-
Distinga-se molho (ô) = caldo (molho de carne), de dos fixos, isto é, essas palavras só adquirem significação
molho (ó) = feixe (molho de lenha). dentro de um contexto, o qual nos permite recuperar a
Há substantivos que só se usam no singular: o sul, o referência exata daquilo que está sendo colocado por
norte, o leste, o oeste, a fé, etc. meio dos pronomes no ato da comunicação. Com ex-
Outros só no plural: as núpcias, os víveres, os pêsames, ceção dos pronomes interrogativos e indefinidos, os de-
as espadas/os paus (naipes de baralho), as fezes. mais pronomes têm por função principal apontar para as
Outros, enfim, têm, no plural, sentido diferente do pessoas do discurso ou a elas se relacionar, indicando-
singular: bem (virtude) e bens (riquezas), honra (probida- -lhes sua situação no tempo ou no espaço. Em virtude
de, bom nome) e honras (homenagem, títulos). dessa característica, os pronomes apresentam uma for-
Usamos, às vezes, os substantivos no singular, mas ma específica para cada pessoa do discurso.
com sentido de plural: Minha carteira estava vazia quando eu fui assaltada.
Aqui morreu muito negro. [minha/eu: pronomes de 1.ª pessoa = aquele que fala]
Celebraram o sacrifício divino muitas vezes em capelas Tua carteira estava vazia quando tu foste assaltada?
improvisadas. [tua/tu: pronomes de 2.ª pessoa = aquele a quem se
fala]
C) Flexão de Grau do Substantivo A carteira dela estava vazia quando ela foi assaltada.
[dela/ela: pronomes de 3.ª pessoa = aquele de quem
Grau é a propriedade que as palavras têm de exprimir se fala]
as variações de tamanho dos seres. Classifica-se em:
1. Grau Normal - Indica um ser de tamanho conside- Em termos morfológicos, os pronomes são palavras
rado normal. Por exemplo: casa variáveis em gênero (masculino ou feminino) e em núme-
2. Grau Aumentativo - Indica o aumento do tama- ro (singular ou plural). Assim, espera-se que a referência
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nho do ser. Classifica-se em: através do pronome seja coerente em termos de gênero
Analítico = o substantivo é acompanhado de um ad- e número (fenômeno da concordância) com o seu objeto,
jetivo que indica grandeza. Por exemplo: casa grande. mesmo quando este se apresenta ausente no enunciado.
Sintético = é acrescido ao substantivo um sufixo in- Fala-se de Roberta. Ele quer participar do desfile da
dicador de aumento. Por exemplo: casarão. nossa escola neste ano.
3. Grau Diminutivo - Indica a diminuição do tama- [nossa: pronome que qualifica “escola” = concordân-
nho do ser. Pode ser: cia adequada]

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[neste: pronome que determina “ano” = concordân- complemento da oração. Os pronomes oblíquos sofrem
cia adequada] variação de acordo com a acentuação tônica que pos-
[ele: pronome que faz referência à “Roberta” = con- suem, podendo ser átonos ou tônicos.
cordância inadequada]
2. Pronome Oblíquo Átono
Existem seis tipos de pronomes: pessoais, possessivos, São chamados átonos os pronomes oblíquos que não
demonstrativos, indefinidos, relativos e interrogativos. são precedidos de preposição. Possuem acentuação tô-
nica fraca: Ele me deu um presente.
1. Pronomes Pessoais Lista dos pronomes oblíquos átonos
1.ª pessoa do singular (eu): me
São aqueles que substituem os substantivos, indican- 2.ª pessoa do singular (tu): te
do diretamente as pessoas do discurso. Quem fala ou 3.ª pessoa do singular (ele, ela): o, a, lhe
escreve assume os pronomes “eu” ou “nós”; usa-se os 1.ª pessoa do plural (nós): nos
pronomes “tu”, “vós”, “você” ou “vocês” para designar a 2.ª pessoa do plural (vós): vos
quem se dirige, e “ele”, “ela”, “eles” ou “elas” para fazer 3.ª pessoa do plural (eles, elas): os, as, lhes
referência à pessoa ou às pessoas de quem se fala.
Os pronomes pessoais variam de acordo com as fun-
ções que exercem nas orações, podendo ser do caso reto FIQUE ATENTO!
ou do caso oblíquo. Os pronomes o, os, a, as assumem formas espe-
ciais depois de certas terminações verbais:
A) Pronome Reto 1. Quando o verbo termina em -z, -s ou -r, o
Pronome pessoal do caso reto é aquele que, na sen- pronome assume a forma lo, los, la ou las, ao
tença, exerce a função de sujeito: Nós lhe ofertamos mesmo tempo que a terminação verbal é supri-
flores. mida. Por exemplo:
Os pronomes retos apresentam flexão de número, fiz + o = fi-lo
gênero (apenas na 3.ª pessoa) e pessoa, sendo essa úl- fazeis + o = fazei-lo
tima a principal flexão, uma vez que marca a pessoa do dizer + a = dizê-la
discurso. Dessa forma, o quadro dos pronomes retos é 2. Quando o verbo termina em som nasal, o
assim configurado: pronome assume as formas no, nos, na, nas. Por
1.ª pessoa do singular: eu exemplo:
2.ª pessoa do singular: tu viram + o: viram-no
3.ª pessoa do singular: ele, ela repõe + os = repõe-nos
1.ª pessoa do plural: nós retém + a: retém-na
2.ª pessoa do plural: vós tem + as = tem-nas
3.ª pessoa do plural: eles, elas
B.2 Pronome Oblíquo Tônico
Esses pronomes não costumam ser usados como Os pronomes oblíquos tônicos são sempre precedi-
complementos verbais na língua-padrão. Frases como dos por preposições, em geral as preposições a, para, de
“Vi ele na rua”, “Encontrei ela na praça”, “Trouxeram eu e com. Por esse motivo, os pronomes tônicos exercem a
até aqui”- comuns na língua oral cotidiana - devem ser função de objeto indireto da oração. Possuem acentua-
evitadas na língua formal escrita ou falada. Na língua for- ção tônica forte.
mal, devem ser usados os pronomes oblíquos correspon- Lista dos pronomes oblíquos tônicos:
dentes: “Vi-o na rua”, “Encontrei-a na praça”, “Trouxeram- 1.ª pessoa do singular (eu): mim, comigo
-me até aqui”. 2.ª pessoa do singular (tu): ti, contigo
Frequentemente observamos a omissão do pronome 3.ª pessoa do singular (ele, ela): si, consigo, ele, ela
reto em Língua Portuguesa. Isso se dá porque as próprias 1.ª pessoa do plural (nós): nós, conosco
formas verbais marcam, através de suas desinências, as 2.ª pessoa do plural (vós): vós, convosco
pessoas do verbo indicadas pelo pronome reto: Fizemos 3.ª pessoa do plural (eles, elas): si, consigo, eles, elas
boa viagem. (Nós)
Observe que as únicas formas próprias do pronome
B) Pronome Oblíquo tônico são a primeira pessoa (mim) e segunda pessoa (ti).
Pronome pessoal do caso oblíquo é aquele que, na As demais repetem a forma do pronome pessoal do caso
sentença, exerce a função de complemento verbal reto.
(objeto direto ou indireto): Ofertaram-nos flores. (ob-
LÍNGUA PORTUGUESA

jeto indireto) As preposições essenciais introduzem sempre prono-


mes pessoais do caso oblíquo e nunca pronome do caso
Observação: reto. Nos contextos interlocutivos que exigem o uso da
O pronome oblíquo é uma forma variante do prono- língua formal, os pronomes costumam ser usados desta
me pessoal do caso reto. Essa variação indica a função forma:
diversa que eles desempenham na oração: pronome reto Não há mais nada entre mim e ti.
marca o sujeito da oração; pronome oblíquo marca o Não se comprovou qualquer ligação entre ti e ela.

43
Não há nenhuma acusação contra mim.
Não vá sem mim. #FicaDica
O pronome é reflexivo quando se refere à mes-
Há construções em que a preposição, apesar de surgir ma pessoa do pronome subjetivo (sujeito): Eu
anteposta a um pronome, serve para introduzir uma ora- me arrumei e saí.
ção cujo verbo está no infinitivo. Nesses casos, o verbo É pronome recíproco quando indica recipro-
pode ter sujeito expresso; se esse sujeito for um prono- cidade de ação: Nós nos amamos. / Olhamo-
me, deverá ser do caso reto. -nos calados.
Trouxeram vários vestidos para eu experimentar. O “se” pode ser usado como palavra expletiva
Não vá sem eu mandar. ou partícula de realce, sem ser rigorosamente
necessária e sem função sintática: Os explora-
A frase: “Foi fácil para mim resolver aquela questão!” dores riam-se de suas tentativas. / Será que eles
está correta, já que “para mim” é complemento de “fá- se foram?
cil”. A ordem direta seria: Resolver aquela questão foi fácil
para mim!

A combinação da preposição “com” e alguns prono- C) Pronomes de Tratamento


mes originou as formas especiais comigo, contigo, consi- São pronomes utilizados no tratamento formal, ceri-
go, conosco e convosco. Tais pronomes oblíquos tônicos monioso. Apesar de indicarem nosso interlocutor (por-
frequentemente exercem a função de adjunto adverbial tanto, a segunda pessoa), utilizam o verbo na terceira
de companhia: Ele carregava o documento consigo. pessoa. Alguns exemplos:
A preposição “até” exige as formas oblíquas tônicas: Vossa Alteza (V. A.) = príncipes, duques
Ela veio até mim, mas nada falou. Vossa Eminência (V. E.ma) = cardeais
Mas, se “até” for palavra denotativa (com o sentido de Vossa Reverendíssima (V. Ver.ma) = sacerdotes e reli-
giosos em geral
inclusão), usaremos as formas retas: Todos foram bem na
Vossa Excelência (V. Ex.ª) = oficiais de patente supe-
prova, até eu! (= inclusive eu)
rior à de coronel, senadores, deputados, embaixadores,
professores de curso superior, ministros de Estado e de
As formas “conosco” e “convosco” são substituídas
Tribunais, governadores, secretários de Estado, presiden-
por “com nós” e “com vós” quando os pronomes pes-
te da República (sempre por extenso)
soais são reforçados por palavras como outros, mesmos,
Vossa Magnificência (V. Mag.ª) = reitores de univer-
próprios, todos, ambos ou algum numeral.
sidades
Você terá de viajar com nós todos. Vossa Majestade (V. M.) = reis, rainhas e imperadores
Estávamos com vós outros quando chegaram as más Vossa Senhoria (V. S.a) = comerciantes em geral, ofi-
notícias. ciais até a patente de coronel, chefes de seção e funcio-
Ele disse que iria com nós três. nários de igual categoria
3. Pronome Reflexivo Vossa Meretíssima (sempre por extenso) = para juízes
São pronomes pessoais oblíquos que, embora fun- de direito
cionem como objetos direto ou indireto, referem-se ao Vossa Santidade (sempre por extenso) = tratamento
sujeito da oração. Indicam que o sujeito pratica e recebe cerimonioso
a ação expressa pelo verbo. Vossa Onipotência (sempre por extenso) = Deus
Lista dos pronomes reflexivos: Também são pronomes de tratamento o senhor, a se-
1.ª pessoa do singular (eu): me, mim = Eu não me nhora e você, vocês. “O senhor” e “a senhora” são em-
lembro disso. pregados no tratamento cerimonioso; “você” e “vocês”,
2.ª pessoa do singular (tu): te, ti = Conhece a ti mesmo. no tratamento familiar. Você e vocês são largamente em-
3.ª pessoa do singular (ele, ela): se, si, consigo = Gui- pregados no português do Brasil; em algumas regiões, a
lherme já se preparou. forma tu é de uso frequente; em outras, pouco emprega-
Ela deu a si um presente. da. Já a forma vós tem uso restrito à linguagem litúrgica,
Antônio conversou consigo mesmo. ultraformal ou literária.

1.ª pessoa do plural (nós): nos = Lavamo-nos no rio. Observações:


2.ª pessoa do plural (vós): vos = Vós vos beneficiastes 1. Vossa Excelência X Sua Excelência: os pronomes de
com esta conquista. tratamento que possuem “Vossa(s)” são emprega-
3.ª pessoa do plural (eles, elas): se, si, consigo = Eles se dos em relação à pessoa com quem falamos: Es-
conheceram. / Elas deram a si um dia de folga. pero que V. Ex.ª, Senhor Ministro, compareça a este
encontro.
LÍNGUA PORTUGUESA

2. Emprega-se “Sua (s)” quando se fala a respeito


da pessoa: Todos os membros da C.P.I. afirmaram
que Sua Excelência, o Senhor Presidente da Repúbli-
ca, agiu com propriedade.
3. Os pronomes de tratamento representam uma for-
ma indireta de nos dirigirmos aos nossos interlo-
cutores. Ao tratarmos um deputado por Vossa Ex-

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celência, por exemplo, estamos nos endereçando à C) atribuir valor indefinido ao substantivo: Marisa tem
excelência que esse deputado supostamente tem lá seus defeitos, mas eu gosto muito dela.
para poder ocupar o cargo que ocupa. 3. Em frases onde se usam pronomes de tratamento,
4. Embora os pronomes de tratamento dirijam-se à o pronome possessivo fica na 3.ª pessoa: Vossa Ex-
2.ª pessoa, toda a concordância deve ser feita celência trouxe sua mensagem?
com a 3.ª pessoa. Assim, os verbos, os pronomes 4. Referindo-se a mais de um substantivo, o possessi-
possessivos e os pronomes oblíquos empregados vo concorda com o mais próximo: Trouxe-me seus
em relação a eles devem ficar na 3.ª pessoa. livros e anotações.
Basta que V. Ex.ª cumpra a terça parte das suas pro- 5. Em algumas construções, os pronomes pessoais
messas, para que seus eleitores lhe fiquem reconhe- oblíquos átonos assumem valor de possessivo: Vou
cidos. seguir-lhe os passos. (= Vou seguir seus passos)
5. Uniformidade de Tratamento: quando escrevemos 6. O adjetivo “respectivo” equivale a “devido, seu, pró-
ou nos dirigimos a alguém, não é permitido mudar, prio”, por isso não se deve usar “seus” ao utilizá-lo,
ao longo do texto, a pessoa do tratamento esco- para que não ocorra redundância: Coloque tudo
lhida inicialmente. Assim, por exemplo, se começa- nos respectivos lugares.
mos a chamar alguém de “você”, não poderemos
usar “te” ou “teu”. O uso correto exigirá, ainda, ver- 5. Pronomes Demonstrativos
bo na terceira pessoa.
São utilizados para explicitar a posição de certa pa-
Quando você vier, eu te abraçarei e enrolar-me-ei nos lavra em relação a outras ou ao contexto. Essa relação
teus cabelos. (errado)
pode ser de espaço, de tempo ou em relação ao discurso.
Quando você vier, eu a abraçarei e enrolar-me-ei nos
A) Em relação ao espaço:
seus cabelos. (correto) = terceira pessoa do singular
Este(s), esta(s) e isto = indicam o que está perto da
pessoa que fala:
ou
Este material é meu.
Quando tu vieres, eu te abraçarei e enrolar-me-ei nos
teus cabelos. (correto) = segunda pessoa do singular Esse(s), essa(s) e isso = indicam o que está perto da
pessoa com quem se fala:
4. Pronomes Possessivos Esse material em sua carteira é seu?

São palavras que, ao indicarem a pessoa gramatical Aquele(s), aquela(s) e aquilo = indicam o que está
(possuidor), acrescentam a ela a ideia de posse de algo distante tanto da pessoa que fala como da pessoa com
(coisa possuída). quem se fala:
Este caderno é meu. (meu = possuidor: 1.ª pessoa do Aquele material não é nosso.
singular) Vejam aquele prédio!
NÚMERO PESSOA PRONOME B) Em relação ao tempo:
singular primeira meu(s), minha(s) Este(s), esta(s) e isto = indicam o tempo presente em
relação à pessoa que fala:
singular segunda teu(s), tua(s)
Esta manhã farei a prova do concurso!
singular terceira seu(s), sua(s)
plural primeira nosso(s), nossa(s) Esse(s), essa(s) e isso = indicam o tempo passado, po-
rém relativamente próximo à época em que se situa a
plural segunda vosso(s), vossa(s) pessoa que fala:
plural terceira seu(s), sua(s) Essa noite dormi mal; só pensava no concurso!
Aquele(s), aquela(s) e aquilo = indicam um afastamen-
Note que: to no tempo, referido de modo vago ou como tempo
A forma do possessivo depende da pessoa gramatical remoto:
a que se refere; o gênero e o número concordam com o Naquele tempo, os professores eram valorizados.
objeto possuído: Ele trouxe seu apoio e sua contribuição
naquele momento difícil. C) Em relação ao falado ou escrito (ou ao que se
falará ou escreverá):
Observações: Este(s), esta(s) e isto = empregados quando se quer
1. A forma “seu” não é um possessivo quando resul- fazer referência a alguma coisa sobre a qual ainda se fa-
LÍNGUA PORTUGUESA

tar da alteração fonética da palavra senhor: Muito lará:


obrigado, seu José. Serão estes os conteúdos da prova: análise sintática,
2. Os pronomes possessivos nem sempre indicam ortografia, concordância.
posse. Podem ter outros empregos, como:
A) indicar afetividade: Não faça isso, minha filha. Esse(s), essa(s) e isso = utilizados quando se pretende
B) indicar cálculo aproximado: Ele já deve ter seus 40 fazer referência a alguma coisa sobre a qual já se falou:
anos.

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Sua aprovação no concurso, isso é o que mais deseja- um ser humano que seguramente existe, mas cuja iden-
mos! tidade é desconhecida ou não se quer revelar. Classifi-
cam-se em:
Este e aquele são empregados quando se quer fazer
referência a termos já mencionados; aquele se refere ao A) Pronomes Indefinidos Substantivos: assumem o
termo referido em primeiro lugar e este para o referido lugar do ser ou da quantidade aproximada de se-
por último: res na frase. São eles: algo, alguém, fulano, sicrano,
beltrano, nada, ninguém, outrem, quem, tudo.
Domingo, no Pacaembu, jogarão Palmeiras e São Pau- Algo o incomoda?
lo; este está mais bem colocado que aquele. (= este [São Quem avisa amigo é.
Paulo], aquele [Palmeiras])
B) Pronomes Indefinidos Adjetivos: qualificam um
ou ser expresso na frase, conferindo-lhe a noção de
quantidade aproximada. São eles: cada, certo(s),
Domingo, no Pacaembu, jogarão Palmeiras e São Pau- certa(s).
lo; aquele está mais bem colocado que este. (= este [São Cada povo tem seus costumes.
Paulo], aquele [Palmeiras]) Certas pessoas exercem várias profissões.
Os pronomes demonstrativos podem ser variáveis ou
invariáveis, observe: Note que:
Variáveis: este(s), esta(s), esse(s), essa(s), aquele(s), Ora são pronomes indefinidos substantivos, ora pro-
aquela(s). nomes indefinidos adjetivos:
Invariáveis: isto, isso, aquilo.
Também aparecem como pronomes demonstrativos: algum, alguns, alguma(s), bastante(s) (= muito, mui-
 o(s), a(s): quando estiverem antecedendo o “que” tos), demais, mais, menos, muito(s), muita(s), nenhum, ne-
e puderem ser substituídos por aquele(s), aquela(s), nhuns, nenhuma(s), outro(s), outra(s), pouco(s), pouca(s),
aquilo. qualquer, quaisquer, qual, que, quanto(s), quanta(s), tal,
Não ouvi o que disseste. (Não ouvi aquilo que disses- tais, tanto(s), tanta(s), todo(s), toda(s), um, uns, uma(s),
te.)
vários, várias.
Essa rua não é a que te indiquei. (não é aquela que te
Menos palavras e mais ações.
indiquei.)
Alguns se contentam pouco.
 mesmo(s), mesma(s), próprio(s), própria(s): va-
Os pronomes indefinidos podem ser divididos em va-
riam em gênero quando têm caráter reforçativo:
riáveis e invariáveis. Observe:
Estas são as mesmas pessoas que o procuraram ontem.
 Variáveis = algum, nenhum, todo, muito, pouco,
Eu mesma refiz os exercícios.
Elas mesmas fizeram isso. vário, tanto, outro, quanto, alguma, nenhuma, toda,
Eles próprios cozinharam. muita, pouca, vária, tanta, outra, quanta, qualquer,
Os próprios alunos resolveram o problema. quaisquer*, alguns, nenhuns, todos, muitos, poucos,
vários, tantos, outros, quantos, algumas, nenhumas,
 semelhante(s): Não tenha semelhante atitude. todas, muitas, poucas, várias, tantas, outras, quan-
 tal, tais: Tal absurdo eu não cometeria. tas.
1. Em frases como: O referido deputado e o Dr. Alcides  Invariáveis = alguém, ninguém, outrem, tudo,
eram amigos íntimos; aquele casado, solteiro este. nada, algo, cada.
(ou então: este solteiro, aquele casado) - este se re-
fere à pessoa mencionada em último lugar; aquele, *Qualquer é composto de qual + quer (do verbo que-
à mencionada em primeiro lugar. rer), por isso seu plural é quaisquer (única palavra cujo
2. O pronome demonstrativo tal pode ter conotação plural é feito em seu interior).
irônica: A menina foi a tal que ameaçou o professor? Todo e toda no singular e junto de artigo significa in-
3. Pode ocorrer a contração das preposições a, de, teiro; sem artigo, equivale a qualquer ou a todas as:
em com pronome demonstrativo: àquele, àquela, Toda a cidade está enfeitada. (= a cidade inteira)
deste, desta, disso, nisso, no, etc: Não acreditei no Toda cidade está enfeitada. (= todas as cidades)
que estava vendo. (no = naquilo) Trabalho todo o dia. (= o dia inteiro)
Trabalho todo dia. (= todos os dias)
6. Pronomes Indefinidos
São locuções pronominais indefinidas: cada qual,
São palavras que se referem à 3.ª pessoa do discur- cada um, qualquer um, quantos quer (que), quem quer
LÍNGUA PORTUGUESA

so, dando-lhe sentido vago (impreciso) ou expressando (que), seja quem for, seja qual for, todo aquele (que), tal
quantidade indeterminada. qual (= certo), tal e qual, tal ou qual, um ou outro, uma
Alguém entrou no jardim e destruiu as mudas recém- ou outra, etc.
-plantadas. Cada um escolheu o vinho desejado.
Não é difícil perceber que “alguém” indica uma pes-
soa de quem se fala (uma terceira pessoa, portanto) de
forma imprecisa, vaga. É uma palavra capaz de indicar

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7. Pronomes Relativos

São aqueles que representam nomes já mencionados anteriormente e com os quais se relacionam. Introduzem as
orações subordinadas adjetivas.
O racismo é um sistema que afirma a superioridade de um grupo racial sobre outros.
(afirma a superioridade de um grupo racial sobre outros = oração subordinada adjetiva).

O pronome relativo “que” refere-se à palavra “sistema” e introduz uma oração subordinada. Diz-se que a palavra
“sistema” é antecedente do pronome relativo que.
O antecedente do pronome relativo pode ser o pronome demonstrativo o, a, os, as.
Não sei o que você está querendo dizer.
Às vezes, o antecedente do pronome relativo não vem expresso.
Quem casa, quer casa.
Observe:
Pronomes relativos variáveis = o qual, cujo, quanto, os quais, cujos, quantos, a qual, cuja, quanta, as quais, cujas,
quantas.
Pronomes relativos invariáveis = quem, que, onde.

Note que:
O pronome “que” é o relativo de mais largo emprego, sendo por isso chamado relativo universal. Pode ser substi-
tuído por o qual, a qual, os quais, as quais, quando seu antecedente for um substantivo.
O trabalho que eu fiz refere-se à corrupção. (= o qual)
A cantora que acabou de se apresentar é péssima. (= a qual)
Os trabalhos que eu fiz referem-se à corrupção. (= os quais)
As cantoras que se apresentaram eram péssimas. (= as quais)

O qual, os quais, a qual e as quais são exclusivamente pronomes relativos, por isso são utilizados didaticamente
para verificar se palavras como “que”, “quem”, “onde” (que podem ter várias classificações) são pronomes relativos.
Todos eles são usados com referência à pessoa ou coisa por motivo de clareza ou depois de determinadas preposições:
Regressando de São Paulo, visitei o sítio de minha tia, o qual me deixou encantado. O uso de “que”, neste caso, geraria
ambiguidade. Veja: Regressando de São Paulo, visitei o sítio de minha tia, que me deixou encantado (quem me deixou
encantado: o sítio ou minha tia?).
Essas são as conclusões sobre as quais pairam muitas dúvidas? (com preposições de duas ou mais sílabas utiliza-se
o qual / a qual)

O relativo “que” às vezes equivale a o que, coisa que, e se refere a uma oração: Não chegou a ser padre, mas deixou
de ser poeta, que era a sua vocação natural.

O pronome “cujo”: exprime posse; não concorda com o seu antecedente (o ser possuidor), mas com o consequente
(o ser possuído, com o qual concorda em gênero e número); não se usa artigo depois deste pronome; “cujo” equivale
a do qual, da qual, dos quais, das quais.
Existem pessoas cujas ações são nobres.
(antecedente) (consequente)

Se o verbo exigir preposição, esta virá antes do pronome: O autor, a cujo livro você se referiu, está aqui! (referiu-se a)

“Quanto” é pronome relativo quando tem por antecedente um pronome indefinido: tanto (ou variações) e tudo:

Emprestei tantos quantos foram necessários.


(antecedente)

Ele fez tudo quanto havia falado.


(antecedente)
O pronome “quem” se refere a pessoas e vem sempre precedido de preposição.
LÍNGUA PORTUGUESA

É um professor a quem muito devemos.


(preposição)

“Onde”, como pronome relativo, sempre possui antecedente e só pode ser utilizado na indicação de lugar: A casa
onde morava foi assaltada.

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Na indicação de tempo, deve-se empregar quando ou REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
em que: Sinto saudades da época em que (quando) morá- SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
vamos no exterior. Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Ce-
Podem ser utilizadas como pronomes relativos as pa- reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
lavras: Paulo: Saraiva, 2010.
 como (= pelo qual) – desde que precedida das Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
palavras modo, maneira ou forma: ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
Não me parece correto o modo como você agiu sema- CAMPEDELLI, Samira Yousseff. Português – Literatura,
na passada. Produção de Texto & Gramática – Volume único / Samira
Yousseff Campedelli, Jésus Barbosa Souza. – 3.ª edição –
 quando (= em que) – desde que tenha como São Paulo: Saraiva, 2002.
antecedente um nome que dê ideia de tempo:
Bons eram os tempos quando podíamos jogar video- SITE
game. http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/
morf42.php
Os pronomes relativos permitem reunir duas orações
numa só frase. 9. Colocação Pronominal
O futebol é um esporte. / O povo gosta muito deste
esporte. Colocação Pronominal trata da correta colocação dos
= O futebol é um esporte de que o povo gosta muito. pronomes oblíquos átonos na frase.

Numa série de orações adjetivas coordenadas, pode


ocorrer a elipse do relativo “que”: A sala estava cheia de #FicaDica
gente que conversava, (que) ria, observava.
Pronome Oblíquo é aquele que exerce a fun-
8. Pronomes Interrogativos ção de complemento verbal (objeto). Por isso,
memorize:
São usados na formulação de perguntas, sejam elas OBlíquo = OBjeto!
diretas ou indiretas. Assim como os pronomes indefini-
dos, referem-se à 3.ª pessoa do discurso de modo im-
preciso. São pronomes interrogativos: que, quem, qual (e Embora na linguagem falada a colocação dos prono-
variações), quanto (e variações). mes não seja rigorosamente seguida, algumas normas
Com quem andas? devem ser observadas na linguagem escrita.
Qual seu nome?
Diz-me com quem andas, que te direi quem és. Próclise = É a colocação pronominal antes do verbo.
A próclise é usada:
O pronome pessoal é do caso reto quando tem fun-
ção de sujeito na frase. O pronome pessoal é do caso  Quando o verbo estiver precedido de palavras
oblíquo quando desempenha função de complemento. que atraem o pronome para antes do verbo. São elas:
1. Eu não sei essa matéria, mas ele irá me ajudar.
2. Maria foi embora para casa, pois não sabia se devia A) Palavras de sentido negativo: não, nunca, ninguém,
lhe ajudar. jamais, etc.: Não se desespere!
Na primeira oração os pronomes pessoais “eu” e “ele” B) Advérbios: Agora se negam a depor.
exercem função de sujeito, logo, são pertencentes ao C) Conjunções subordinativas: Espero que me expli-
caso reto. Já na segunda oração, o pronome “lhe” exerce quem tudo!
função de complemento (objeto), ou seja, caso oblíquo. D) Pronomes relativos: Venceu o concurseiro que se
Os pronomes pessoais indicam as pessoas do discur- esforçou.
so. O pronome oblíquo “lhe”, da segunda oração, aponta E) Pronomes indefinidos: Poucos te deram a oportu-
para a segunda pessoa do singular (tu/você): Maria não nidade.
sabia se devia ajudar... Ajudar quem? Você (lhe). F) Pronomes demonstrativos: Isso me magoa muito.
Os pronomes pessoais oblíquos podem ser átonos ou  Orações iniciadas por palavras interrogativas:
tônicos: os primeiros não são precedidos de preposição, Quem lhe disse isso?
diferentemente dos segundos, que são sempre precedi-  Orações iniciadas por palavras exclamativas:
dos de preposição. Quanto se ofendem!
LÍNGUA PORTUGUESA

A) Pronome oblíquo átono: Joana me perguntou o  Orações que exprimem desejo (orações optativas):
que eu estava fazendo. Que Deus o ajude.
B) Pronome oblíquo tônico: Joana perguntou para  A próclise é obrigatória quando se utiliza o pro-
mim o que eu estava fazendo. nome reto ou sujeito expresso: Eu lhe entregarei o
material amanhã. / Tu sabes cantar?

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Mesóclise = É a colocação pronominal no meio do  Em verbos terminados em ditongos nasais (am,
verbo. A mesóclise é usada: em, ão, õe), os pronomes o, a, os, as alteram-se
Quando o verbo estiver no futuro do presente ou fu- para no, na, nos, nas.
turo do pretérito, contanto que esses verbos não estejam Chamem-no agora.
precedidos de palavras que exijam a próclise. Exemplos: Põe-na sobre a mesa.
Realizar-se-á, na próxima semana, um grande evento em
prol da paz no mundo. #FicaDica
Repare que o pronome está “no meio” do verbo “rea-
lizará”: realizar – SE – á. Se houvesse na oração alguma Dica da Zê!
palavra que justificasse o uso da próclise, esta prevalece- Próclise – pró lembra pré; pré é prefixo que sig-
ria. Veja: Não se realizará... nifica “antes”! Pronome antes do verbo!
Não fossem os meus compromissos, acompanhar-te-ia Ênclise – “en” lembra, pelo “som”, /Ənd/ (end,
nessa viagem. em Inglês – que significa “fim, final!). Pronome
(com presença de palavra que justifique o uso de pró- depois do verbo!
clise: Não fossem os meus compromissos, EU te acompa- Mesóclise – pronome oblíquo no Meio do ver-
nharia nessa viagem). bo

Ênclise = É a colocação pronominal depois do verbo.


A ênclise é usada quando a próclise e a mesóclise não REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
forem possíveis: SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
 Quando o verbo estiver no imperativo afirmativo: Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Quando eu avisar, silenciem-se todos. Português linguagens: volume 3 / Wiliam Roberto Ce-
 Quando o verbo estiver no infinitivo impessoal: reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
Não era minha intenção machucá-la. Paulo: Saraiva, 2010.
 Quando o verbo iniciar a oração. (até porque não
se inicia período com pronome oblíquo). SITE
Vou-me embora agora mesmo. http://www.portugues.com.br/gramatica/colocacao-
Levanto-me às 6h. -pronominal-.html
 Quando houver pausa antes do verbo: Se eu passo
no concurso, mudo-me hoje mesmo! VERBO
 Quando o verbo estiver no gerúndio: Recusou a
proposta fazendo-se de desentendida. Verbo é a palavra que se flexiona em pessoa, número,
tempo e modo. A estes tipos de flexão verbal dá-se o
10. Colocação pronominal nas locuções verbais nome de conjugação (por isso também se diz que verbo
é a palavra que pode ser conjugada). Pode indicar, entre
 Após verbo no particípio = pronome depois do outros processos: ação (amarrar), estado (sou), fenôme-
verbo auxiliar (e não depois do particípio): no (choverá); ocorrência (nascer); desejo (querer).
Tenho me deliciado com a leitura!
Eu tenho me deliciado com a leitura! 1. Estrutura das Formas Verbais
Eu me tenho deliciado com a leitura!
 Não convém usar hífen nos tempos compostos e Do ponto de vista estrutural, o verbo pode apresentar
nas locuções verbais: os seguintes elementos:
Vamos nos unir! A) Radical: é a parte invariável, que expressa o signi-
Iremos nos manifestar. ficado essencial do verbo. Por exemplo: fal-ei; fal-
 Quando há um fator para próclise nos tempos -ava; fal-am. (radical fal-)
compostos ou locuções verbais: opção pelo uso B) Tema: é o radical seguido da vogal temática que
do pronome oblíquo “solto” entre os verbos = Não indica a conjugação a que pertence o verbo. Por
vamos nos preocupar (e não: “não nos vamos preo- exemplo: fala-r. São três as conjugações:
cupar”). 1.ª - Vogal Temática - A - (falar), 2.ª - Vogal Temática
- E - (vender), 3.ª - Vogal Temática - I - (partir).
11. Emprego de o, a, os, as C) Desinência modo-temporal: é o elemento que
designa o tempo e o modo do verbo. Por exemplo:
 Em verbos terminados em vogal ou ditongo oral, falávamos (indica o pretérito imperfeito do indicativo)
os pronomes: o, a, os, as não se alteram. / falasse ( indica o pretérito imperfeito do subjuntivo)
LÍNGUA PORTUGUESA

Chame-o agora. D) Desinência número-pessoal: é o elemento que


Deixei-a mais tranquila. designa a pessoa do discurso (1.ª, 2.ª ou 3.ª) e o
número (singular ou plural):
 Em verbos terminados em r, s ou z, estas consoan- falamos (indica a 1.ª pessoa do plural.) / falavam
tes finais alteram-se para lo, la, los, las. Exemplos: (indica a 3.ª pessoa do plural.)
(Encontrar) Encontrá-lo é o meu maior sonho.
(Fiz) Fi-lo porque não tinha alternativa.

49
C) Defectivos: são aqueles que não apresentam con-
FIQUE ATENTO! jugação completa. Os principais são adequar, pre-
O verbo pôr, assim como seus derivados (com- caver, computar, reaver, abolir, falir.
por, repor, depor), pertencem à 2.ª conjugação, D) Impessoais: são os verbos que não têm sujeito e,
pois a forma arcaica do verbo pôr era poer. normalmente, são usados na terceira pessoa do
A vogal “e”, apesar de haver desaparecido do singular. Os principais verbos impessoais são:
infinitivo, revela-se em algumas formas do
verbo: põe, pões, põem, etc. 1. Haver, quando sinônimo de existir, acontecer, reali-
zar-se ou fazer (em orações temporais).
Havia muitos candidatos no dia da prova. (Havia =
2. Formas Rizotônicas e Arrizotônicas Existiam)
Houve duas guerras mundiais. (Houve = Aconteceram)
Ao combinarmos os conhecimentos sobre a estrutura Haverá debates hoje. (Haverá = Realizar-se-ão)
dos verbos com o conceito de acentuação tônica, perce- Viajei a Madri há muitos anos. (há = faz)
bemos com facilidade que nas formas rizotônicas o acen-
to tônico cai no radical do verbo: opino, aprendam, amo, 2. Fazer, ser e estar (quando indicam tempo)
por exemplo. Nas formas arrizotônicas, o acento tônico Faz invernos rigorosos na Europa.
não cai no radical, mas sim na terminação verbal (fora do Era primavera quando o conheci.
radical): opinei, aprenderão, amaríamos. Estava frio naquele dia.

3. Classificação dos Verbos 3. Todos os verbos que indicam fenômenos da natu-


reza são impessoais: chover, ventar, nevar, gear, tro-
Classificam-se em: vejar, amanhecer, escurecer, etc. Quando, porém,
A) Regulares: são aqueles que apresentam o radi- se constrói, “Amanheci cansado”, usa-se o verbo
cal inalterado durante a conjugação e desinências “amanhecer” em sentido figurado. Qualquer verbo
idênticas às de todos os verbos regulares da mes- impessoal, empregado em sentido figurado, dei-
ma conjugação. Por exemplo: comparemos os ver- xa de ser impessoal para ser pessoal, ou seja, terá
bos “cantar” e “falar”, conjugados no presente do conjugação completa.
Modo Indicativo: Amanheci cansado. (Sujeito desinencial: eu)
Choveram candidatos ao cargo. (Sujeito: candidatos)
canto falo Fiz quinze anos ontem. (Sujeito desinencial: eu)

cantas falas 4. O verbo passar (seguido de preposição), indicando


canta falas tempo: Já passa das seis.
cantamos falamos 5. Os verbos bastar e chegar, seguidos da preposição
cantais falais “de”, indicando suficiência:
cantam falam Basta de tolices.
Chega de promessas.

6. Os verbos estar e ficar em orações como “Está bem,


#FicaDica
Está muito bem assim, Não fica bem, Fica mal”, sem
Observe que, retirando os radicais, as referência a sujeito expresso anteriormente (por
desinências modo-temporal e número- exemplo: “ele está mal”). Podemos, nesse caso,
pessoal mantiveram-se idênticas. Tente classificar o sujeito como hipotético, tornando-se,
fazer com outro verbo e perceberá que se tais verbos, pessoais.
repetirá o fato (desde que o verbo seja da
primeira conjugação e regular!). Faça com 7. O verbo dar + para da língua popular, equivalente
o verbo “andar”, por exemplo. Substitua o de “ser possível”. Por exemplo:
radical “cant” e coloque o “and” (radical do Não deu para chegar mais cedo.
verbo andar). Viu? Fácil! Dá para me arrumar uma apostila?

E) Unipessoais: são aqueles que, tendo sujeito, con-


B) Irregulares: são aqueles cuja flexão provoca alte-
jugam-se apenas nas terceiras pessoas, do singu-
rações no radical ou nas desinências: faço, fiz, farei,
lar e do plural. São unipessoais os verbos constar,
LÍNGUA PORTUGUESA

fizesse.
convir, ser (= preciso, necessário) e todos os que
indicam vozes de animais (cacarejar, cricrilar, miar,
Observação:
latir, piar).
Alguns verbos sofrem alteração no radical apenas
para que seja mantida a sonoridade. É o caso de: corrigir/
Os verbos unipessoais podem ser usados como ver-
corrijo, fingir/finjo, tocar/toquei, por exemplo. Tais altera-
bos pessoais na linguagem figurada:
ções não caracterizam irregularidade, porque o fonema
Teu irmão amadureceu bastante.
permanece inalterado.

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O que é que aquela garota está cacarejando?

Principais verbos unipessoais:

 Cumprir, importar, convir, doer, aprazer, parecer, ser (preciso, necessário):


Cumpre estudarmos bastante. (Sujeito: estudarmos bastante)
Parece que vai chover. (Sujeito: que vai chover)
É preciso que chova. (Sujeito: que chova)

 Fazer e ir, em orações que dão ideia de tempo, seguidos da conjunção que.
Faz dez anos que viajei à Europa. (Sujeito: que viajei à Europa)
Vai para (ou Vai em ou Vai por) dez anos que não a vejo. (Sujeito: que não a vejo)
F) Abundantes: são aqueles que possuem duas ou mais formas equivalentes, geralmente no particípio, em que,
além das formas regulares terminadas em -ado ou -ido, surgem as chamadas formas curtas (particípio irregular).
O particípio regular (terminado em “–do”) é utilizado na voz ativa, ou seja, com os verbos ter e haver; o irregular é
empregado na voz passiva, ou seja, com os verbos ser, ficar e estar. Observe:

Infinitivo Particípio Regular Particípio Irregular


Aceitar Aceitado Aceito
Acender Acendido Aceso
Anexar Anexado Anexo
Benzer Benzido Bento
Corrigir Corrigido Correto
Dispersar Dispersado Disperso
Eleger Elegido Eleito
Envolver Envolvido Envolto
Imprimir Imprimido Impresso
Inserir Inserido Inserto
Limpar Limpado Limpo
Matar Matado Morto
Misturar Misturado Misto
Morrer Morrido Morto
Murchar Murchado Murcho
Pegar Pegado Pego
Romper Rompido Roto
Soltar Soltado Solto
Suspender Suspendido Suspenso
Tingir Tingido Tinto
Vagar Vagado Vago

FIQUE ATENTO!
Estes verbos e seus derivados possuem, apenas, o particípio irregular: abrir/aberto, cobrir/coberto, dizer/
dito, escrever/escrito, pôr/posto, ver/visto, vir/vindo.
LÍNGUA PORTUGUESA

G) Anômalos: são aqueles que incluem mais de um radical em sua conjugação. Existem apenas dois: ser (sou, sois,
fui) e ir (fui, ia, vades).

H) Auxiliares: São aqueles que entram na formação dos tempos compostos e das locuções verbais. O verbo prin-
cipal (aquele que exprime a ideia fundamental, mais importante), quando acompanhado de verbo auxiliar, é
expresso numa das formas nominais: infinitivo, gerúndio ou particípio.
Vou espantar todos!
(verbo auxiliar) (verbo principal no infinitivo)

51
Está chegando a hora!
(verbo auxiliar) (verbo principal no gerúndio)

Observação:
Os verbos auxiliares mais usados são: ser, estar, ter e haver.

4. Conjugação dos Verbos Auxiliares

4.1. SER - Modo Indicativo

Presente Pret.Perfeito Pret. Imp. Pret.mais-que-perf. Fut.do Pres. Fut. Do Pretérito


sou fui era fora serei seria
és foste eras foras serás serias
é foi era fora será seria
somos fomos éramos fôramos seremos seríamos
sois fostes éreis fôreis sereis seríeis
são foram eram foram serão seriam

4.2. SER - Modo Subjuntivo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro


que eu seja se eu fosse quando eu for
que tu sejas se tu fosses quando tu fores
que ele seja se ele fosse quando ele for
que nós sejamos se nós fôssemos quando nós formos
que vós sejais se vós fôsseis quando vós fordes
que eles sejam se eles fossem quando eles forem

4.3. SER - Modo Imperativo

Afirmativo Negativo
sê tu não sejas tu
seja você não seja você
sejamos nós não sejamos nós
sede vós não sejais vós
sejam vocês não sejam vocês

4.4. SER - Formas Nominais

Infinitivo Impessoal Infinitivo Pessoal Gerúndio Particípio


ser ser eu sendo sido
seres tu
ser ele
sermos nós
LÍNGUA PORTUGUESA

serdes vós
serem eles

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4.5. ESTAR - Modo Indicativo

Presente Pret. perf. Pret. Imp. Pret.mais-q-perf. Fut.doPres. Fut.do Preté.
estou estive estava estivera estarei estaria
estás estiveste estavas estiveras estarás estarias
está esteve estava estivera estará estaria
estamos estivemos estávamos estivéramos estaremos estaríamos
estais estivestes estáveis estivéreis estareis estaríeis
estão estiveram estavam estiveram estarão estariam

4.6. ESTAR - Modo Subjuntivo e Imperativo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Afirmativo Negativo


esteja estivesse estiver
estejas estivesses estiveres está estejas
esteja estivesse estiver esteja esteja
estejamos estivéssemos estivermos estejamos estejamos
estejais estivésseis estiverdes estai estejais
estejam estivessem estiverem estejam estejam

4.7. ESTAR - Formas Nominais

Infinitivo Impessoal Infinitivo Pessoal Gerúndio Particípio


estar estar estando estado
estares
estar
estarmos
estardes
estarem

4.8. HAVER - Modo Indicativo

Presente Pret. Perf. Pret. Imp. Pret.Mais-Q-Perf. Fut.do Pres. Fut.doPreté.


hei houve havia houvera haverei haveria
hás houveste havias houveras haverás haverias
há houve havia houvera haverá haveria
havemos houvemos havíamos houvéramos haveremos haveríamos
haveis houvestes havíeis houvéreis havereis haveríeis
hão houveram haviam houveram haverão haveriam

4.9. HAVER - Modo Subjuntivo e Imperativo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Afirmativo Negativo


ja houvesse houver
LÍNGUA PORTUGUESA

hajas houvesses houveres há hajas


haja houvesse houver haja haja
hajamos houvéssemos houvermos hajamos hajamos
hajais houvésseis houverdes havei hajais
hajam houvessem houverem hajam hajam

53
4.10. HAVER - Formas Nominais

Infinitivo Impessoal Infinitivo Pessoal Gerúndio Particípio


haver haver havendo havido
haveres

haver

havermos
haverdes
Haverem

4.11. TER - Modo Indicativo

Presente Pret. Perf. Pret. Imp. Preté.mais-q-perf. Fut. Do Pres. Fut. Do Preté.
tenho tive tinha tivera terei teria
tens tiveste tinhas tiveras terás terias
tem teve tinha tivera terá teria
temos tivemos tínhamos tivéramos teremos teríamos
tendes tivestes tínheis tivéreis tereis teríeis
têm tiveram tinham tiveram terão teriam

4.12. TER - Modo Subjuntivo e Imperativo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Afirmativo Negativo


tenha tivesse tiver
tenhas tivesses tiveres tem tenhas
tenha tivesse tiver tenha tenha
tenhamos tivéssemos tivermos tenhamos tenhamos
Tenhais tivésseis tiverdes tende tenhais
tenham tivessem tiverem tenham tenham

I) Pronominais: São aqueles verbos que se conjugam com os pronomes oblíquos átonos me, te, se, nos, vos, se, na
mesma pessoa do sujeito, expressando reflexibilidade (pronominais acidentais) ou apenas reforçando a ideia já
implícita no próprio sentido do verbo (pronominais essenciais). Veja:
 Essenciais: são aqueles que sempre se conjugam com os pronomes oblíquos me, te, se, nos, vos, se. São poucos:
abster-se, ater-se, apiedar-se, atrever-se, dignar-se, arrepender-se, etc. Nos verbos pronominais essenciais a refle-
xibilidade já está implícita no radical do verbo. Por exemplo: Arrependi-me de ter estado lá.

A ideia é de que a pessoa representada pelo sujeito (eu) tem um sentimento (arrependimento) que recai sobre ela
mesma, pois não recebe ação transitiva nenhuma vinda do verbo; o pronome oblíquo átono é apenas uma partícula
integrante do verbo, já que, pelo uso, sempre é conjugada com o verbo. Diz-se que o pronome apenas serve de reforço
da ideia reflexiva expressa pelo radical do próprio verbo. Veja uma conjugação pronominal essencial (verbo e respec-
tivos pronomes):
Eu me arrependo, Tu te arrependes, Ele se arrepende, Nós nos arrependemos, Vós vos arrependeis, Eles se arrependem.
 Acidentais: são aqueles verbos transitivos diretos em que a ação exercida pelo sujeito recai sobre o objeto re-
presentado por pronome oblíquo da mesma pessoa do sujeito; assim, o sujeito faz uma ação que recai sobre ele
mesmo. Em geral, os verbos transitivos diretos ou transitivos diretos e indiretos podem ser conjugados com os
LÍNGUA PORTUGUESA

pronomes mencionados, formando o que se chama voz reflexiva. Por exemplo: A garota se penteava.
A reflexibilidade é acidental, pois a ação reflexiva pode ser exercida também sobre outra pessoa: A garota penteou-
-me.

Por fazerem parte integrante do verbo, os pronomes oblíquos átonos dos verbos pronominais não possuem função
sintática.

54
Há verbos que também são acompanhados de pronomes oblíquos átonos, mas que não são essencialmente prono-
minais - são os verbos reflexivos. Nos verbos reflexivos, os pronomes, apesar de se encontrarem na pessoa idêntica à
do sujeito, exercem funções sintáticas. Por exemplo:
Eu me feri. = Eu (sujeito) – 1.ª pessoa do singular; me (objeto direto) – 1.ª pessoa do singular.

5. Modos Verbais

Dá-se o nome de modo às várias formas assumidas pelo verbo na expressão de um fato certo, real, verdadeiro.
Existem três modos:
A) Indicativo - indica uma certeza, uma realidade: Eu estudo para o concurso.
B) Subjuntivo - indica uma dúvida, uma possibilidade: Talvez eu estude amanhã.
C) Imperativo - indica uma ordem, um pedido: Estude, colega!
6. Formas Nominais

Além desses três modos, o verbo apresenta ainda formas que podem exercer funções de nomes (substantivo, adje-
tivo, advérbio), sendo por isso denominadas formas nominais. Observe:

A) Infinitivo
A.1 Impessoal: exprime a significação do verbo de modo vago e indefinido, podendo ter valor e função de subs-
tantivo. Por exemplo:
Viver é lutar. (= vida é luta)
É indispensável combater a corrupção. (= combate à)

O infinitivo impessoal pode apresentar-se no presente (forma simples) ou no passado (forma composta). Por exem-
plo:
É preciso ler este livro.
Era preciso ter lido este livro.

A.2 Infinitivo Pessoal: é o infinitivo relacionado às três pessoas do discurso. Na 1.ª e 3.ª pessoas do singular, não
apresenta desinências, assumindo a mesma forma do impessoal; nas demais, flexiona-se da seguinte maneira:
2.ª pessoa do singular: Radical + ES = teres (tu)
1.ª pessoa do plural: Radical + MOS = termos (nós)
2.ª pessoa do plural: Radical + DES = terdes (vós)
3.ª pessoa do plural: Radical + EM = terem (eles)
Foste elogiado por teres alcançado uma boa colocação.

B) Gerúndio: o gerúndio pode funcionar como adjetivo ou advérbio. Por exemplo:


Saindo de casa, encontrei alguns amigos. (função de advérbio)
Água fervendo, pele ardendo. (função de adjetivo)
Na forma simples (1), o gerúndio expressa uma ação em curso; na forma composta (2), uma ação concluída:
Trabalhando (1), aprenderás o valor do dinheiro.
Tendo trabalhado (2), aprendeu o valor do dinheiro.

Quando o gerúndio é vício de linguagem (gerundismo), ou seja, uso exagerado e inadequado do gerúndio:
1. Enquanto você vai ao mercado, vou estar jogando futebol.
2. – Sim, senhora! Vou estar verificando!
Em 1, a locução “vou estar” + gerúndio é adequada, pois transmite a ideia de uma ação que ocorre no momento da
outra; em 2, essa ideia não ocorre, já que a locução verbal “vou estar verificando” refere-se a um futuro em andamento,
exigindo, no caso, a construção “verificarei” ou “vou verificar”.
C) Particípio: quando não é empregado na formação dos tempos compostos, o particípio indica, geralmente, o re-
sultado de uma ação terminada, flexionando-se em gênero, número e grau. Por exemplo: Terminados os exames,
os candidatos saíram.

Quando o particípio exprime somente estado, sem nenhuma relação temporal, assume verdadeiramente a função
LÍNGUA PORTUGUESA

de adjetivo. Por exemplo: Ela é a aluna escolhida pela turma.

55
(Ziraldo)

8. Tempos Verbais

Tomando-se como referência o momento em que se fala, a ação expressa pelo verbo pode ocorrer em diversos
tempos.
A) Tempos do Modo Indicativo

Presente - Expressa um fato atual: Eu estudo neste colégio.


Pretérito Imperfeito - Expressa um fato ocorrido num momento anterior ao atual, mas que não foi completamente
terminado: Ele estudava as lições quando foi interrompido.
Pretérito Perfeito - Expressa um fato ocorrido num momento anterior ao atual e que foi totalmente terminado: Ele
estudou as lições ontem à noite.
Pretérito-mais-que-perfeito - Expressa um fato ocorrido antes de outro fato já terminado: Ele já estudara as lições
quando os amigos chegaram. (forma simples).
Futuro do Presente - Enuncia um fato que deve ocorrer num tempo vindouro com relação ao momento atual: Ele
estudará as lições amanhã.
Futuro do Pretérito - Enuncia um fato que pode ocorrer posteriormente a um determinado fato passado: Se ele
pudesse, estudaria um pouco mais.

B) Tempos do Modo Subjuntivo

Presente - Enuncia um fato que pode ocorrer no momento atual: É conveniente que estudes para o exame.
Pretérito Imperfeito - Expressa um fato passado, mas posterior a outro já ocorrido: Eu esperava que ele vencesse
o jogo.
Futuro do Presente - Enuncia um fato que pode ocorrer num momento futuro em relação ao atual: Quando ele vier
à loja, levará as encomendas.

FIQUE ATENTO!
Há casos em que formas verbais de um determinado tempo podem ser utilizadas para indicar outro.
Em 1500, Pedro Álvares Cabral descobre o Brasil.
descobre = forma do presente indicando passado ( = descobrira/descobriu)

No próximo final de semana, faço a prova!


faço = forma do presente indicando futuro ( = farei)

Tabelas das Conjugações Verbais

1. Modo Indicativo

1.1. Presente do Indicativo

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Desinência pessoal


CANTAR VENDER PARTIR
cantO vendO partO O
LÍNGUA PORTUGUESA

cantaS vendeS parteS S


canta vende parte -
cantaMOS vendeMOS partiMOS MOS
cantaIS vendeIS partIS IS
cantaM vendeM parteM M

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1.2. Pretérito Perfeito do Indicativo

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Desinência pessoal


CANTAR VENDER PARTIR
canteI vendI partI I
cantaSTE vendeSTE partISTE STE
cantoU vendeU partiU U
cantaMOS vendeMOS partiMOS MOS
cantaSTES vendeSTES partISTES STES
cantaRAM vendeRAM partiRAM RAM

1.3. Pretérito mais-que-perfeito

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Des. temporal Desinência pessoal
1.ª/2.ª e 3.ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaRA vendeRA partiRA RA Ø
cantaRAS vendeRAS partiRAS RA S
cantaRA vendeRA partiRA RA Ø
cantáRAMOS vendêRAMOS partíRAMOS RA MOS
cantáREIS vendêREIS partíREIS RE IS
cantaRAM vendeRAM partiRAM RA M

1.4. Pretérito Imperfeito do Indicativo

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3ª. conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantAVA vendIA partIA
cantAVAS vendIAS partAS
CantAVA vendIA partIA
cantÁVAMOS vendÍAMOS partÍAMOS
cantÁVEIS vendÍEIS partÍEIS
cantAVAM vendIAM partIAM

1.5. Futuro do Presente do Indicativo

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantar ei vender ei partir ei
cantar ás vender ás partir ás
cantar á vender á partir á
cantar emos vender emos partir emos
LÍNGUA PORTUGUESA

cantar eis vender eis partir eis


cantar ão vender ão partir ão

57
1.6. Futuro do Pretérito do Indicativo

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantarIA venderIA partirIA
cantarIAS venderIAS partirIAS
cantarIA venderIA partirIA
cantarÍAMOS venderÍAMOS partirÍAMOS
cantarÍEIS venderÍEIS partirÍEIS
cantarIAM venderIAM partirIAM

1.7. Presente do Subjuntivo

Para se formar o presente do subjuntivo, substitui-se a desinência -o da primeira pessoa do singular do presente do
indicativo pela desinência -E (nos verbos de 1.ª conjugação) ou pela desinência -A (nos verbos de 2.ª e 3.ª conjugação).

1.ª conjug. 2.ª conjug. 3.ª conju. Desinên. pessoal Des. temporal Des.temporal
1.ª conj. 2.ª/3.ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantE vendA partA E A Ø
cantES vendAS partAS E A S
cantE vendA partA E A Ø
cantEMOS vendAMOS partAMOS E A MOS
cantEIS vendAIS partAIS E A IS
cantEM vendAM partAM E A M

1.8. Pretérito Imperfeito do Subjuntivo

Para formar o imperfeito do subjuntivo, elimina-se a desinência -STE da 2.ª pessoa do singular do pretérito perfeito,
obtendo-se, assim, o tema desse tempo. Acrescenta-se a esse tema a desinência temporal -SSE mais a desinência de
número e pessoa correspondente.

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Des. temporal Desin. pessoal
1.ª /2.ª e 3.ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaSSE vendeSSE partiSSE SSE Ø
cantaSSES vendeSSES partiSSES SSE S
cantaSSE vendeSSE partiSSE SSE Ø
cantáSSEMOS vendêSSEMOS partíSSEMOS SSE MOS
cantáSSEIS vendêSSEIS partíSSEIS SSE IS
cantaSSEM vendeSSEM partiSSEM SSE M

1.9. Futuro do Subjuntivo

Para formar o futuro do subjuntivo elimina-se a desinência -STE da 2.ª pessoa do singular do pretérito perfeito,
LÍNGUA PORTUGUESA

obtendo-se, assim, o tema desse tempo. Acrescenta-se a esse tema a desinência temporal -R mais a desinência de
número e pessoa correspondente.

58
1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Des. temporal Desin. pessoal
1.ª /2.ª e 3.ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaR vendeR partiR Ø
cantaRES vendeRES partiRES R ES
cantaR vendeR partiR Ø
cantaRMOS vendeRMOS partiRMOS R MOS
cantaRDES vendeRDES partiRDES R DES
cantaREM vendeREM partiREM R EM

C) Modo Imperativo

1. Imperativo Afirmativo

Para se formar o imperativo afirmativo, toma-se do presente do indicativo a 2.ª pessoa do singular (tu) e a segunda
pessoa do plural (vós) eliminando-se o “S” final. As demais pessoas vêm, sem alteração, do presente do subjuntivo. Veja:

Presente do Indicativo Imperativo Afirmativo Presente do Subjuntivo


Eu canto --- Que eu cante
Tu cantas CantA tu Que tu cantes
Ele canta Cante você Que ele cante
Nós cantamos Cantemos nós Que nós cantemos
Vós cantais CantAI vós Que vós canteis
Eles cantam Cantem vocês Que eles cantem

2. Imperativo Negativo

Para se formar o imperativo negativo, basta antecipar a negação às formas do presente do subjuntivo.

Presente do Subjuntivo Imperativo Negativo

Que eu cante ---


Que tu cantes Não cantes tu
Que ele cante Não cante você
Que nós cantemos Não cantemos nós
Que vós canteis Não canteis vós
Que eles cantem Não cantem eles

 No modo imperativo não faz sentido usar na 3.ª pessoa (singular e plural) as formas ele/eles, pois uma ordem,
pedido ou conselho só se aplicam diretamente à pessoa com quem se fala. Por essa razão, utiliza-se você/vocês.
 O verbo SER, no imperativo, faz excepcionalmente: sê (tu), sede (vós).

3. Infinitivo Pessoal

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação


LÍNGUA PORTUGUESA

CANTAR VENDER PARTIR


cantar vender partir
cantarES venderES partirES
cantar vender partir
cantarMOS venderMOS partirMOS

59
cantarDES venderDES partirDES
cantarEM venderEM partirEM

 O verbo parecer admite duas construções:


Elas parecem gostar de você. (forma uma locução verbal)
Elas parece gostarem de você. (verbo com sujeito oracional, correspondendo à construção: parece gostarem de você).

 O verbo pegar possui dois particípios (regular e irregular):


Elvis tinha pegado minhas apostilas.
Minhas apostilas foram pegas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São Paulo:
Saraiva, 2010.
Português: novas palavras: literatura, gramática, redação / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.

SITE
http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf54.php

VOZES DO VERBO

Dá-se o nome de voz à maneira como se apresenta a ação expressa pelo verbo em relação ao sujeito, indicando
se este é paciente ou agente da ação. Importante lembrar que voz verbal não é flexão, mas aspecto verbal. São três as
vozes verbais:

A) Ativa = quando o sujeito é agente, isto é, pratica a ação expressa pelo verbo:
Ele fez o trabalho.
sujeito agente ação objeto (paciente)

B) Passiva = quando o sujeito é paciente, recebendo a ação expressa pelo verbo:


O trabalho foi feito por ele.
sujeito paciente ação agente da passiva

C) Reflexiva = quando o sujeito é, ao mesmo tempo, agente e paciente, isto é, pratica e recebe a ação:
O menino feriu-se.

#FicaDica
Não confundir o emprego reflexivo do verbo com a noção de reciprocidade:
Os lutadores feriram-se. (um ao outro)
Nós nos amamos. (um ama o outro)

1. Formação da Voz Passiva

A voz passiva pode ser formada por dois processos: analítico e sintético.
A) Voz Passiva Analítica = Constrói-se da seguinte maneira:
Verbo SER + particípio do verbo principal. Por exemplo:
A escola será pintada pelos alunos. (na ativa teríamos: os alunos pintarão a escola)
O trabalho é feito por ele. (na ativa: ele faz o trabalho)

Observações:
LÍNGUA PORTUGUESA

 O agente da passiva geralmente é acompanhado da preposição por, mas pode ocorrer a construção com a pre-
posição de. Por exemplo: A casa ficou cercada de soldados.
 Pode acontecer de o agente da passiva não estar explícito na frase: A exposição será aberta amanhã.
 A variação temporal é indicada pelo verbo auxiliar (SER), pois o particípio é invariável. Observe a transformação
das frases seguintes:

Ele fez o trabalho. (pretérito perfeito do Indicativo)

60
O trabalho foi feito por ele. (verbo ser no pretérito per- Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Ce-
feito do Indicativo, assim como o verbo principal da voz reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
ativa) Paulo: Saraiva, 2010.
Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
Ele faz o trabalho. (presente do indicativo) ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
O trabalho é feito por ele. (ser no presente do indica-
tivo) SITE
http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/
Ele fará o trabalho. (futuro do presente) morf54.php
O trabalho será feito por ele. (futuro do presente)

 Nas frases com locuções verbais, o verbo SER as-


sume o mesmo tempo e modo do verbo principal EXERCÍCIOS COMENTADOS
da voz ativa. Observe a transformação da frase se-
guinte: 1. (TST – TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINIS-
O vento ia levando as folhas. (gerúndio) TRATIVA – FCC – 2012) As vitórias no jogo interior talvez
As folhas iam sendo levadas pelo vento. (gerúndio) não acrescentem novos troféus, mas elas trazem recom-
B) Voz Passiva Sintética = A voz passiva sintética - pensas valiosas, [...] que contribuem de forma significa-
ou pronominal - constrói-se com o verbo na 3.ª pessoa, tiva para nosso sucesso posterior, tanto na quadra como
seguido do pronome apassivador “se”. Por exemplo: fora dela.
Abriram-se as inscrições para o concurso.
Destruiu-se o velho prédio da escola. Mantêm-se adequados o emprego de tempos e modos
verbais e a correlação entre eles, ao se substituírem os
Observação: elementos sublinhados na frase acima, na ordem dada,
O agente não costuma vir expresso na voz passiva por:
sintética. a) tivessem acrescentado − trariam − contribuírem
b) acrescentassem − têm trazido − contribuírem
1.1 Conversão da Voz Ativa na Voz Passiva c) tinham acrescentado − trarão − contribuiriam
d) acrescentariam − trariam− contribuíram
Pode-se mudar a voz ativa na passiva sem alterar e) tenham acrescentado − trouxeram − Contribuíram
substancialmente o sentido da frase.
O concurseiro comprou a apostila. (Voz Ativa) Resposta: Letra E.
Sujeito da Ativa objeto Direto Questão que envolve correlação verbal. Realizando as
alterações solicitadas, segue como ficariam (em des-
A apostila foi comprada pelo concurseiro. taque):
(Voz Passiva) Em “a”: tivessem acrescentado – trariam − contribui-
Sujeito da Passiva Agente da Passi- riam
va Em “b”: acrescentassem – trariam − contribuiriam
Em “c”: tinham acrescentado – trouxeram − contri-
Observe que o objeto direto será o sujeito da passiva; buíram
o sujeito da ativa passará a agente da passiva, e o verbo Em “d”: acrescentassem – trariam − contribuíram
ativo assumirá a forma passiva, conservando o mesmo Em “e”: tenham acrescentado – trouxeram − Contri-
tempo. buíram = correta
Os mestres têm constantemente aconselhado os alu-
nos. 2. (TST – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA APOIO
Os alunos têm sido constantemente aconselhados pe- ESPECIALIZADO – ESPECIALIDADE MEDICINA DO
los mestres. TRABALHO – FCC – 2012) Está inadequado o emprego
do elemento sublinhado na seguinte frase:
Eu o acompanharei.
Ele será acompanhado por mim. a) Sou ateu e peço que me deem tratamento similar ao
Quando o sujeito da voz ativa for indeterminado, não que dispenso aos homens religiosos.
haverá complemento agente na passiva. Por exemplo: b) A intolerância religiosa baseia-se em preconceitos de
Prejudicaram-me. / Fui prejudicado. que deveriam desviar-se todos os homens verdadeira-
Com os verbos neutros (nascer, viver, morrer, dormir, mente virtuosos.
LÍNGUA PORTUGUESA

acordar, sonhar, etc.) não há voz ativa, passiva ou refle- c) A tolerância é uma virtude na qual não podem prescin-
xiva, porque o sujeito não pode ser visto como agente, dir os que se dizem homens de fé.
paciente ou agente paciente. d) O ateu desperta a ira dos fanáticos, a despeito de nada
fazer que possa injuriá-los ou desrespeitá-los.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS e) Respeito os homens de fé, a menos que deixem de
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa fazer o mesmo com aqueles que não a têm.
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.

61
Resposta: Letra C. Corrigindo o inadequado: a) ademais.
Em “a”: Sou ateu e peço que me deem tratamento si- b) conquanto.
milar ao que dispenso aos homens religiosos. c) porquanto.
Em “b”: A intolerância religiosa baseia-se em precon- d) entretanto.
ceitos de que deveriam desviar-se todos os homens e) apesar.
verdadeiramente virtuosos.
Em “c”: A tolerância é uma virtude na qual (de que) Resposta: Letra D. Contudo é uma conjunção adver-
não podem prescindir os que se dizem homens de fé. sativa (expressa oposição). A substituição deve utilizar
Em “d”: O ateu desperta a ira dos fanáticos, a despeito outra de mesma classificação, para que se mantenha a
de nada fazer que possa injuriá-los ou desrespeitá-los. ideia do período. A correta é entretanto.
Em “e”: Respeito os homens de fé, a menos que dei-
xem de fazer o mesmo com aqueles que não a têm. 6. (TST – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINIS-
TRATIVA – FCC – 2012) O verbo indicado entre parên-
3. (TST – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA APOIO teses deverá flexionar-se no singular para preencher ade-
ESPECIALIZADO – ESPECIALIDADE MEDICINA DO quadamente a lacuna da frase:
TRABALHO – FCC – 2012)
Transpondo-se para a voz passiva a construção Os ateus a) A nenhuma de nossas escolhas...... (poder) deixar de
despertariam a ira de qualquer fanático, a forma ver- corresponder nossos valores éticos mais rigorosos.
bal obtida será: b) Não se...... (poupar) os que governam de refletir sobre
o peso de suas mais graves decisões.
a) seria despertada. c) Aos governantes mais responsáveis não...... (ocorrer)
b) teria sido despertada. tomar decisões sem medir suas consequências.
c) despertar-se-á. d) A toda decisão tomada precipitadamente...... (cos-
d) fora despertada. tumar) sobrevir consequências imprevistas e injustas.
e) teriam despertado. e) Diante de uma escolha,...... (ganhar) prioridade, reco-
menda Gramsci, os critérios que levam em conta a dor
Resposta: Letra A. Os ateus despertariam a ira de humana.
qualquer fanático
Fazendo a transposição para a voz passiva, temos: A Resposta: Letra C. Flexões em destaque e sublinhei os
ira de qualquer fanático seria despertada pelos ateus. termos que estabelecem concordância:
Em “a”: A nenhuma de nossas escolhas podem deixar
4. (TST – TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINIS- de corresponder nossos valores éticos mais rigorosos.
TRATIVA – ESPECIALIDADE SEGURANÇA JUDICIÁ- Em “b”: Não se poupam os que governam de refletir
RIA – FCC – 2012) sobre o peso de suas mais graves decisões.
...ela nunca alcançava a musa. Em “c”: Aos governantes mais responsáveis não ocor-
Transpondo-se a frase acima para a voz passiva, a forma re tomar decisões sem medir suas consequências. =
verbal resultante será: Isso não ocorre aos governantes – uma oração exerce
a função de sujeito (subjetiva)
a) alcança-se. Em “d”: A toda decisão tomada precipitadamente cos-
b) foi alcançada. tumam sobrevir consequências imprevistas e injustas.
c) fora alcançada. Em “e”: Diante de uma escolha, ganham prioridade,
d) seria alcançada. recomenda Gramsci, os critérios que levam em conta
e) era alcançada. a dor humana.

Resposta: Letra E. Temos um verbo na voz ativa, então 7. (TRT 23.ª REGIÃO-MT – ANALISTA JUDICIÁRIO –
teremos dois na passiva (auxiliar + o verbo da oração ÁREA ADMINISTRATIVA – FCC – 2016 ) ... para quem
da ativa, no mesmo tempo verbal, forma particípio): Manoel de Barros era comparável a São Francisco de As-
A musa nunca era alcançada por ela. O verbo “alcan- sis...
çava” está no pretérito imperfeito, por isso o auxiliar O verbo flexionado nos mesmos tempo e modo que o da
tem que estar também (é = presente, foi = pretérito frase acima está em:
perfeito, era = imperfeito, fora = mais que perfeito,
será = futuro do presente, seria = futuro do pretérito). a) Dizia-se um “vedor de cinema”...
b) Porque não seria certo ficar pregando moscas no es-
5. (TST – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA APOIO paço...
ESPECIALIZADO – ESPECIALIDADE MEDICINA DO c) Na juventude, apaixonou-se por Arthur Rimbaud e
LÍNGUA PORTUGUESA

TRABALHO – FCC – 2012) Aos poucos, contudo, fui che- Charles Baudelaire.
gando à constatação de que todo perfil de rede social é um d) Quase meio século separa a estreia de Manoel de Bar-
retrato ideal de nós mesmos. ros na literatura...
Mantendo-se a correção e a lógica, sem que outra al- e) ... para depois casá-las...
teração seja feita na frase, o elemento grifado pode ser
substituído por:

62
Resposta: Letra A. “Era” = verbo “ser” no pretérito im- Resposta: Letra D. Temos: sujeito (o marechal), verbo
perfeito do Indicativo. Procuremos nos itens: na ativa (organizou) e objeto (o acervo). Como há um
Em “a”: Dizia-se = pretérito imperfeito do Indicativo verbo na ativa, ao passarmos para a passiva teremos
Em “b”: Porque não seria = futuro do pretérito do In- dois (o auxiliar no mesmo tempo que o verbo da ativa
dicativo + o particípio do verbo da voz ativa = organizado). O
Em “c”: Na juventude, apaixonou-se = pretérito perfei- objeto exercerá a função de sujeito paciente, e o su-
to do Indicativo jeito da ativa será o agente da passiva (ufa!). A frase
Em “d”: Quase meio século separa = presente do Indi- ficará: O acervo foi organizado pelo marechal.
cativo
Em “e”: para depois casá-las = Infinitivo pessoal (casar 11. (TRT 20.ª REGIÃO-SE – TÉCNICO JUDICIÁRIO –
elas) FCC – 2016) Precisamos de um treinador que nos ajude
a comer...
8. (TRT 20.ª REGIÃO-SE – ANALISTA JUDICIÁRIO – O verbo flexionado nos mesmos tempo e modo que o
ÁREA ADMINISTRATIVA – FCC – 2016) Aí conheci o sublinhado acima está também sublinhado em:
escritor e historiador de sua gente, meu saudoso amigo
Alcino Alves Costa. E foi dele que ouvi oralmente a his- a) [...] assim que conseguissem se virar sem as mães ou
tória de Zé de Julião. Considerando-se a norma-padrão as amas...
da língua, ao reescrever-se o trecho acima em um único b) Não é por acaso que proliferaram os coaches.
período, o segmento destacado deverá ser antecedido c) [...] país que transformou a infância numa bilionária in-
de vírgula e substituído por dústria de consumo...
d) E, mesmo que se esforcem muito [...]
a) perante ao qual e) Hoje há algo novo nesse cenário.
b) de cujo
c) o qual Resposta: Letra D. que nos ajude = presente do Sub-
d) frente à quem juntivo
e) de quem Em “a”: que conseguissem = pretérito do Subjuntivo
Em “b”: que proliferaram = pretérito perfeito (e tam-
Resposta: Letra E. Voltemos ao trecho: ... meu saudoso bém mais-que-perfeito) do Indicativo
amigo Alcino Alves Costa. E foi dele que ouvi oralmen- Em “c”: que transformou = pretérito perfeito do Indi-
te... = a única alternativa que substitui corretamente o cativo
trecho destacado é “de quem ouvi oralmente”. Em “d”: que se esforcem = presente do Subjuntivo
Em “e”: há algo novo nesse cenário = presente do In-
9. (TRT 14.ª REGIÃO-RO E AC – TÉCNICO JUDICIÁ- dicativo
RIO – FCC – 2016) “Isto pode despertar a atenção de ou-
tras pessoas que tenham documentos em casa e se dis- 12. (TRT 23.ª REGIÃO-MT – TÉCNICO JUDICIÁRIO –
ponham a trazer para a Academia, que é a guardiã desse FCC – 2016) O modelo ainda dominante nas discussões
tipo de acervo, que é muito difícil de ser guardado em ecológicas privilegia, em escala, o Estado e o mundo...
casa, pois o tempo destrói e aqui temos a melhor técnica Transpondo-se a frase acima para a voz passiva, a forma
de conservação de documentos”, disse Cavalcanti. verbal resultante será:
O termo sublinhado faz referência a a) é privilegiado.
b) sendo privilegiadas.
a) pessoas. c) são privilegiados.
b) acervo. d) foi privilegiado.
c) Academia. e) são privilegiadas.
d) tempo.
e) casa. Resposta: Letra C. Há um verbo na ativa, então tere-
mos dois na passiva (auxiliar + o particípio de “privi-
Resposta: Letra B. Ao trecho: a guardiã desse tipo de legia”) = O Estado e o mundo são privilegiados pelo
acervo, que (o qual) é muito difícil de ser guardado... modelo ainda dominante.

10. (TRT 14.ª REGIÃO-RO E AC – TÉCNICO JUDICIÁ- 13. (TRT 23.ª REGIÃO-MT – TÉCNICO JUDICIÁRIO
RIO – FCC – 2016) O marechal organizou o acervo... – FCC – 2016) Empregam-se todas as formas verbais de
A forma verbal está corretamente transposta para a voz acordo com a norma culta na seguinte frase:
passiva em:
LÍNGUA PORTUGUESA

a) Para que se mantesse sua autenticidade, o documento


a) estava organizando não poderia receber qualquer tipo de retificação.
b) tinha organizado b) Os documentos com assinatura digital disporam de
c) organizando-se algoritmos de criptografia que os protegeram.
d) foi organizado c) Arquivados eletronicamente, os documentos poderam
e) está organizado contar com a proteção de uma assinatura digital.
d) Quem se propor a alterar um documento criptogra-
fado deve saber que comprometerá sua integridade.

63
e) Não é possível fazer as alterações que convierem sem Em “a”: ... o acesso rápido e a quantidade de textos
comprometer a integridade dos documentos. fazem = presente do Indicativo
Em “b”: Na internet, basta um clique = presente do
Resposta: Letra E. Em “a”: Para que se mantesse Indicativo
(mantivesse) sua autenticidade, o documento não po- Em “c”: ... após discar e fazer a ligação, não precisamos
deria receber qualquer tipo de retificação. = presente do Indicativo
Em “b”: Os documentos com assinatura digital dispo- Em “d”: Pense rápido: = Imperativo
ram (dispuseram) de algoritmos de criptografia que os Em “e”: É o que mostra também uma pesquisa = pre-
protegeram. sente do Indicativo
Em “c”: Arquivados eletronicamente, os documentos
poderam (puderam) contar com a proteção de uma 16. (PC-SP – ATENDENTE DE NECROTÉRIO POLI-
assinatura digital. CIAL – VUNESP – 2014) Assinale a alternativa em que a
Em “d”: Quem se propor (propuser) a alterar um docu- palavra em destaque na frase pertence à classe dos adje-
mento criptografado deve saber que comprometerá tivos (palavra que qualifica um substantivo).
sua integridade.
a) Existe grande confusão entre os diversos tipos de eu-
Em “e”: Não é possível fazer as alterações que convie-
tanásia...
rem sem comprometer a integridade dos documentos
b)... o médico ou alguém causa ativamente a morte...
= correta
c) prolonga o processo de morrer procurando distanciar
a morte.
14. (TRT 21.ª REGIÃO-RN – TÉCNICO JUDICIÁRIO – d) Ela é proibida por lei no Brasil,...
FCC – 2017) Sessenta anos de história marcam, assim, a e) E como seria a verdadeira boa morte?
trajetória da utopia no país.
Transpondo-se a frase acima para a voz passiva, a forma Resposta: Letra E. Em “a”: Existe grande confusão =
verbal resultante será: substantivo
Em “b”: o médico ou alguém causa ativamente a mor-
a) foram marcados. te = pronome
b) foi marcado. Em “c”: prolonga o processo de morrer procurando
c) são marcados. distanciar a morte = substantivo
d) foi marcada. Em “d”: Ela é proibida por lei no Brasil = substantivo
e) é marcada. Em “e”: E como seria a verdadeira boa morte? = ad-
jetivo
Resposta: Letra E. Temos um verbo (no tempo pre-
sente) na ativa, então teremos dois na passiva (auxi- 17. (PC-SP – ESCRIVÃO DE POLÍCIA – VUNESP –
liar [no tempo presente] + particípio de “marcam”) = 2014) As formas verbais conjugadas no modo impera-
Assim, a trajetória da utopia do país é marcada pelos tivo, expressando ordem, instrução ou comando, estão
sessenta anos de história. destacadas em
a) Mas há outros cujas marcas acabam ficando bem ní-
15. (POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO tidas na memória: são aqueles donos de qualidades
– SOLDADO PM 2.ª CLASSE – VUNESP – 2017) Consi- incomuns.
dere as seguintes frases: b) Voltei uns cinquenta minutos depois, cauteloso, e
Primeiro, associe suas memórias com objetos físicos. quase não acreditei no que ouvi.
Segundo, não memorize apenas por repetição. c) – Ei rapaz, deixe ligado o microfone, largue isso aí, vá
pro estúdio e ponha a rádio no ar.
Terceiro, rabisque!
d) Bem, o fato é que eu era o técnico de som do horário,
Um verbo flexionado no mesmo modo que o dos verbos
precisava “passar” a transmissão lá para a câmara, e o
empregados nessas frases está em destaque em:
locutor não chegava para os textos de abertura, pu-
blicidade, chamadas.
a) [...] o acesso rápido e a quantidade de textos fazem e) ... estremecíamos quando ele nos chamava para qual-
com que o cérebro humano não considere útil gravar quer coisa, fazendo-nos entrar na sua sala imensa, já
esses dados [...] suando frio e atentos às suas finas e cortantes pala-
b) Na internet, basta um clique para vasculhar um sem- vras.
-número de informações.
c) [...] após discar e fazer a ligação, não precisamos mais Resposta: Letra C. Aos itens:
dele... Em “a”: há = presente / acabam = presente / são =
d) Pense rápido: qual o número de telefone da casa em presente
LÍNGUA PORTUGUESA

que morou quando era criança? Em “b”: Voltei = pretérito perfeito / acreditei = preté-
e) É o que mostra também uma pesquisa recente condu- rito perfeito
zida pela empresa de segurança digital Kaspersky [...] Em “c”: deixe / largue / vá / ponha = verbos no modo
imperativo afirmativo (ordens)
Resposta: Letra D. Os verbos das frases citadas estão Em “d”: era = pretérito imperfeito / precisava = preté-
no Modo Imperativo (expressam ordem). Vamos aos rito imperfeito / chegava = pretérito imperfeito
itens: Em “e”: fazendo-nos = gerúndio / suando = gerúndio

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18. (PC-SP – AGENTE DE POLÍCIA – VUNESP – 2013) 21. (PC-SP – ESCRIVÃO DE POLÍCIA – VUNESP –
Em – O destino me prestava esse pequeno favor: comple- 2013) Assinale a alternativa que completa respectiva-
tava minha identificação com o resto da humanidade, que mente as lacunas, em conformidade com a norma-pa-
tem sempre para contar uma história de objeto achado; drão de conjugação verbal.
– o pronome em destaque retoma a seguinte palavra/ Há quem acredite que alcançará o sucesso profissional
expressão: quando __________ um diploma de mestrado, mas há
aqueles que _________ de opinião e procuram investir em
a) o resto da humanidade. cursos profissionalizantes.
b) esse pequeno favor.
c) minha identificação. a) obtiver … divirgem
d) O destino. b) obter … divergem
e) completava. c) obtesse … devirgem
d) obter … divirgem
Resposta: Letra A. Completava minha identificação e) obtiver … divergem
com o resto da humanidade, que (a qual) tem sempre
para contar uma história de objeto achado = pronome Resposta: Letra E. Há quem acredite que alcançará o
relativo que retoma o resto da humanidade. sucesso profissional quando obtiver um diploma de
mestrado, mas há aqueles que divergem de opinião e
19. (PC-SP – AGENTE DE POLÍCIA – VUNESP – 2013) procuram investir em cursos profissionalizantes.
Considere o trecho a seguir.
É comum que objetos ____________ esquecidos em locais 22. (PC-SP – AUXILIAR DE NECROPSIA – VUNESP –
públicos. Mas muitos transtornos poderiam ser evitados 2014) Considerando que o adjetivo é uma palavra que
se as pessoas __________ a atenção voltada para seus per- modifica o substantivo, com ele concordando em gênero
tences, conservando-os junto ao corpo. e número, assinale a alternativa em que a palavra desta-
cada é um adjetivo.
Assinale a alternativa que preenche, correta e respectiva-
mente, as lacunas do texto.
a) ... um câncer de boca horroroso, ...
b) Ele tem dezesseis anos...
a) sejam ... mantesse
c) Eu queria que ele morresse logo, ...
b) sejam ... mantém
d) ... com a crueldade adicional de dar esperança às fa-
c) sejam ... mantivessem
mílias.
d) seja ... mantivessem
e) E o inferno não atinge só os terminais.
e) seja ... mantêm
Resposta: Letra A. Em “a”: um câncer de boca horro-
Resposta: Letra C. Completemos as lacunas e depois roso = adjetivo
busquemos o item correspondente. A pegadinha aqui Em “b”: Ele tem dezesseis anos = numeral
é a conjugação do verbo “manter”, no presente do Em “c”: Eu queria que ele morresse logo = advérbio
Subjuntivo (mantiver): Em “d”: com a crueldade adicional de dar esperança às
É comum que objetos sejam esquecidos em locais pú- famílias = substantivo
blicos. Mas muitos transtornos poderiam ser evitados se Em “e”: E o inferno não atinge só os terminais = subs-
as pessoas mantivessem a atenção voltada para seus tantivo
pertences, conservando-os junto ao corpo.
23. (DPU – AGENTE ADMINISTRATIVO – CONHECI-
20. (PC-SP – ATENDENTE DE NECROTÉRIO POLI- MENTOS BÁSICOS – CESPE – 2016)
CIAL – VUNESP – 2013) Nas frases – Não vou mais à
escola!… – e – Hoje estão na moda os métodos audio- Saúde: direito de todos e dever do Estado. É assim que
visuais. – as palavras em destaque expressam, correta e a Constituição Federal de 1988 inicia a sua seção sobre
respectivamente, circunstâncias de o tema.
Uma vez que muitas ações ou omissões vão de encon-
a) dúvida e modo. tro a essa previsão, cotidianamente é possível observar
b) dúvida e tempo. graves desrespeitos à Carta Magna. A Defensoria Públi-
c) modo e afirmação. ca, importante instituição garantida por lei assim como a
d) negação e lugar. saúde, busca sanar o problema por meio da via judicial
e) negação e tempo. quando a mediação não produz resultados. Recentemen-
te, a Defensoria Pública em Foz do Iguaçu, por exemplo,
LÍNGUA PORTUGUESA

Resposta: Letra E. “não” – advérbio de negação / obteve três decisões liminares garantindo o direito à saú-
“hoje” – advérbio de tempo. de a três pessoas por ela assistidas.
Em todos os casos, a Defensoria Pública fez intervenção
judicial para suprir a negativa ou a má prestação do ser-
viço público de saúde na localidade.
Em um dos casos, atendeu uma gestante com histórico
de abortos decorrentes de doença trombofílica e que ne-
cessitava de uma medicação diária de alto custo. A me-

65
dicação, única opção na manutenção da gestação, havia Quando o núcleo da declaração está no verbo (que indi-
sido negada pelo município e pelo estado, o que colo- que ação ou fenômeno da natureza, seja um verbo significa-
cava a gestante em sério risco de sofrer mais um aborto. tivo), temos o predicado verbal. Mas, se o núcleo estiver em
Em mais uma intervenção judiciária do defensor público, um nome (geralmente um adjetivo), teremos um predicado
foi deferida liminar em favor da assistida, tendo o estado nominal (os verbos deste tipo de predicado são os que in-
e o município sido obrigados a fornecer o medicamento dicam estado, conhecidos como verbos de ligação):
necessário durante toda a sua gestação e enquanto hou- O menino limpou a sala. = “limpou” é verbo de ação
ver prescrição médica, sob pena de multa diária. (predicado verbal)
Internet: <www.defensoriapublica.pr.gov.br> (com adaptações). A prova foi fácil. – “foi” é verbo de ligação (ser); o nú-
cleo é “fácil” (predicado nominal)
Sem prejuízo para a correção gramatical do texto Quanto ao período, ele denomina a frase constituída
nem para seu sentido original, o trecho “a Defensoria Pú- por uma ou mais orações, formando um todo, com sen-
blica fez intervenção judicial” poderia ser reescrito da se- tido completo. O período pode ser simples ou composto.
guinte forma: a Defensoria Pública interviu judicialmente.
Período simples é aquele constituído por apenas
( ) CERTO ( ) ERRADO uma oração, que recebe o nome de oração absoluta.
Chove.
Resposta: Errado. Não existe esta forma verbal (in- A existência é frágil.
terviu). A conjugação do verbo “intervir” segue a do Amanhã, à tarde, faremos a prova do concurso.
verbo “vir” – interveio.
Período composto é aquele constituído por duas ou
mais orações:
Cantei, dancei e depois dormi.
RELAÇÕES DE COORDENAÇÃO ENTRE Quero que você estude mais.
ORAÇÕES E ENTRE TERMOS DA ORAÇÃO.
1.1. Termos da Oração
RELAÇÕES DE SUBORDINAÇÃO ENTRE
ORAÇÕES E ENTRE TERMOS DA ORAÇÃO. 1.1.1 Termos essenciais

O sujeito e o predicado são considerados termos es-


Frase, oração e período
senciais da oração, ou seja, são termos indispensáveis
para a formação das orações. No entanto, existem ora-
1. Sintaxe da Oração e do Período ções formadas exclusivamente pelo predicado. O que
define a oração é a presença do verbo. O sujeito é o ter-
Frase é todo enunciado suficiente por si mesmo para mo que estabelece concordância com o verbo.
estabelecer comunicação. Normalmente é composta por O candidato está preparado.
dois termos – o sujeito e o predicado – mas não obriga- Os candidatos estão preparados.
toriamente, pois há orações ou frases sem sujeito: Trove- Na primeira frase, o sujeito é “o candidato”. “Candida-
jou muito ontem à noite. to” é a principal palavra do sujeito, sendo, por isso, deno-
Quanto aos tipos de frases, além da classificação em minada núcleo do sujeito. Este se relaciona com o verbo,
verbais (possuem verbos, ou seja, são orações) e nomi- estabelecendo a concordância (núcleo no singular, verbo
nais (sem a presença de verbos), feita a partir de seus no singular: candidato = está).
elementos constituintes, elas podem ser classificadas a A função do sujeito é basicamente desempenhada
partir de seu sentido global: por substantivos, o que a torna uma função substantiva
A) frases interrogativas = o emissor da mensagem da oração. Pronomes, substantivos, numerais e quais-
formula uma pergunta: Que dia é hoje? quer outras palavras substantivadas (derivação impró-
B) frases imperativas = o emissor dá uma ordem ou pria) também podem exercer a função de sujeito.
faz um pedido: Dê-me uma luz! Os dois sumiram. (dois é numeral; no exemplo, subs-
C) frases exclamativas = o emissor exterioriza um es- tantivo)
tado afetivo: Que dia abençoado! Um sim é suave e sugestivo. (sim é advérbio; no exem-
D) frases declarativas = o emissor constata um fato: A plo: substantivo)
prova será amanhã. Os sujeitos são classificados a partir de dois elemen-
tos: o de determinação ou indeterminação e o de núcleo
Quanto à estrutura da frase, as que possuem verbo do sujeito.
(oração) são estruturadas por dois elementos essenciais:
sujeito e predicado. Um sujeito é determinado quando é facilmente
LÍNGUA PORTUGUESA

O sujeito é o termo da frase que concorda com o ver- identificado pela concordância verbal. O sujeito determi-
bo em número e pessoa. É o “ser de quem se declara nado pode ser simples ou composto.
algo”, “o tema do que se vai comunicar”; o predicado é a
parte da frase que contém “a informação nova para o ou- A indeterminação do sujeito ocorre quando não é
vinte”, é o que “se fala do sujeito”. Ele se refere ao tema, possível identificar claramente a que se refere a concor-
constituindo a declaração do que se atribui ao sujeito. dância verbal. Isso ocorre quando não se pode ou não
interessa indicar precisamente o sujeito de uma oração.

66
Estão gritando seu nome lá fora. Precisa-se de mentes criativas.
Trabalha-se demais neste lugar. Vivia-se bem naqueles tempos.
Trata-se de casos delicados.
O sujeito simples é o sujeito determinado que apre- Sempre se está sujeito a erros.
senta um único núcleo, que pode estar no singular ou no
plural; pode também ser um pronome indefinido. Abai- O pronome “se”, nestes casos, funciona como índice
xo, sublinhei os núcleos dos sujeitos: de indeterminação do sujeito.
Nós estudaremos juntos.
A humanidade é frágil. As orações sem sujeito, formadas apenas pelo pre-
Ninguém se move. dicado, articulam-se a partir de um verbo impessoal. A
O amar faz bem. (“amar” é verbo, mas aqui houve mensagem está centrada no processo verbal. Os princi-
uma derivação imprópria, tranformando-o em substan- pais casos de orações sem sujeito com:
tivo)
As crianças precisam de alimentos saudáveis.  os verbos que indicam fenômenos da natureza:
Amanheceu.
O sujeito composto é o sujeito determinado que Está trovejando.
apresenta mais de um núcleo.
Alimentos e roupas custam caro.  os verbos estar, fazer, haver e ser, quando indicam
Ela e eu sabemos o conteúdo. fenômenos meteorológicos ou se relacionam ao
O amar e o odiar são duas faces da mesma moeda. tempo em geral:
Está tarde.
Além desses dois sujeitos determinados, é comum a Já são dez horas.
referência ao sujeito implícito na desinência verbal (o Faz frio nesta época do ano.
“antigo” sujeito oculto [ou elíptico]), isto é, ao núcleo Há muitos concursos com inscrições abertas.
do sujeito que está implícito e que pode ser reconhecido
pela desinência verbal ou pelo contexto. Predicado é o conjunto de enunciados que contém a
Abolimos todas as regras. = (nós) informação sobre o sujeito – ou nova para o ouvinte. Nas
orações sem sujeito, o predicado simplesmente enuncia
Falaste o recado à sala? = (tu)
um fato qualquer. Nas orações com sujeito, o predicado
Os verbos deste tipo de sujeito estão sempre na pri-
é aquilo que se declara a respeito deste sujeito. Com ex-
meira pessoa do singular (eu) ou plural (nós) ou na se-
ceção do vocativo - que é um termo à parte - tudo o que
gunda do singular (tu) ou do plural (vós), desde que os
difere do sujeito numa oração é o seu predicado.
pronomes não estejam explícitos.
Chove muito nesta época do ano.
Iremos à feira juntos? (= nós iremos) – sujeito implíci-
Houve problemas na reunião.
to na desinência verbal “-mos”
Cantais bem! (= vós cantais) - sujeito implícito na de- Em ambas as orações não há sujeito, apenas predi-
sinência verbal “-ais” cado. Na segunda oração, “problemas” funciona como
objeto direto.
Mas: As questões estavam fáceis!
Nós iremos à festa juntos? = sujeito simples: nós Sujeito simples = as questões
Vós cantais bem! = sujeito simples: vós Predicado = estavam fáceis
O sujeito indeterminado surge quando não se quer - Passou-me uma ideia estranha pelo pensamento.
ou não se pode - identificar a que o predicado da oração Sujeito = uma ideia estranha
refere-se. Existe uma referência imprecisa ao sujeito, caso Predicado = passou-me pelo pensamento
contrário, teríamos uma oração sem sujeito.
Na língua portuguesa, o sujeito pode ser indetermi- Para o estudo do predicado, é necessário verificar
nado de duas maneiras: se seu núcleo é um nome (então teremos um predicado
nominal) ou um verbo (predicado verbal). Deve-se con-
A) com verbo na terceira pessoa do plural, desde que siderar também se as palavras que formam o predicado
o sujeito não tenha sido identificado anteriormen- referem-se apenas ao verbo ou também ao sujeito da
te: oração.
Bateram à porta; Os homens sensíveis pedem amor sincero às mulheres
Andam espalhando boatos a respeito da queda do mi- de opinião.
nistro. Predicado
Se o sujeito estiver identificado, poderá ser simples O predicado acima apresenta apenas uma palavra
ou composto:
LÍNGUA PORTUGUESA

que se refere ao sujeito: pedem. As demais palavras se


Os meninos bateram à porta. (simples) ligam direta ou indiretamente ao verbo.
Os meninos e as meninas bateram à porta. (composto) A cidade está deserta.
O nome “deserta”, por intermédio do verbo, refere-
B) com o verbo na terceira pessoa do singular, acres- -se ao sujeito da oração (cidade). O verbo atua como
cido do pronome “se”. Esta é uma construção típi- elemento de ligação (por isso verbo de ligação) entre o
ca dos verbos que não apresentam complemento sujeito e a palavra a ele relacionada (no caso: deserta =
direto: predicativo do sujeito).

67
O predicado verbal é aquele que tem como núcleo Queremos sua ajuda.
significativo um verbo:
Chove muito nesta época do ano. O objeto direto preposicionado ocorre principal-
Estudei muito hoje! mente:
Compraste a apostila?
A) com nomes próprios de pessoas ou nomes co-
Os verbos acima são significativos, isto é, não servem muns referentes a pessoas:
apenas para indicar o estado do sujeito, mas indicam Amar a Deus; Adorar a Xangô; Estimar aos pais.
processos. (o objeto é direto, mas como há preposição, denomi-
na-se: objeto direto preposicionado)
O predicado nominal é aquele que tem como nú-
cleo significativo um nome; este atribui uma qualidade B) com pronomes indefinidos de pessoa e pronomes
ou estado ao sujeito, por isso é chamado de predicativo de tratamento: Não excluo a ninguém; Não quero
do sujeito. O predicativo é um nome que se liga a ou- cansar a Vossa Senhoria.
tro nome da oração por meio de um verbo (o verbo de C) para evitar ambiguidade: Ao povo prejudica a cri-
ligação). se. (sem preposição, o sentido seria outro: O povo
Nos predicados nominais, o verbo não é significativo, prejudica a crise)
isto é, não indica um processo, mas une o sujeito ao pre-
dicativo, indicando circunstâncias referentes ao estado O objeto indireto é o complemento que se liga indi-
do sujeito: Os dados parecem corretos. retamente ao verbo, ou seja, através de uma preposição.
O verbo parecer poderia ser substituído por estar, Gosto de música popular brasileira.
andar, ficar, ser, permanecer ou continuar, atuando como Necessito de ajuda.
elemento de ligação entre o sujeito e as palavras a ele
relacionadas. 1.2.1 Objeto Pleonástico
A função de predicativo é exercida, normalmente, por
É a repetição de objetos, tanto diretos como indiretos.
um adjetivo ou substantivo.
Normalmente, as frases em que ocorrem objetos
pleonásticos obedecem à estrutura: primeiro aparece o
O predicado verbo-nominal é aquele que apresen-
objeto, antecipado para o início da oração; em seguida,
ta dois núcleos significativos: um verbo e um nome. No
ele é repetido através de um pronome oblíquo. É à repe-
predicado verbo-nominal, o predicativo pode se referir
tição que se dá o nome de objeto pleonástico.
ao sujeito ou ao complemento verbal (objeto).
“Aos fracos, não os posso proteger, jamais.” (Gonçal-
O verbo do predicado verbo-nominal é sempre sig- ves Dias)
nificativo, indicando processos. É também sempre por
intermédio do verbo que o predicativo se relaciona com objeto pleonástico
o termo a que se refere.
O dia amanheceu ensolarado; Ao traidor, nada lhe devemos.
As mulheres julgam os homens inconstantes.
No primeiro exemplo, o verbo amanheceu apresenta O termo que integra o sentido de um nome chama-se
duas funções: a de verbo significativo e a de verbo de complemento nominal, que se liga ao nome que com-
ligação. Este predicado poderia ser desdobrado em dois: pleta por intermédio de preposição:
um verbal e outro nominal. A arte é necessária à vida. = relaciona-se com a pala-
O dia amanheceu. / O dia estava ensolarado. vra “necessária”
Temos medo de barata. = ligada à palavra “medo”
No segundo exemplo, é o verbo julgar que relaciona
o complemento homens com o predicativo “inconstan- 1.3 Termos acessórios da oração e vocativo
tes”.
Os termos acessórios recebem este nome por serem
1.2 Termos integrantes da oração explicativos, circunstanciais. São termos acessórios o ad-
junto adverbial, o adjunto adnominal, o aposto e o voca-
Os complementos verbais (objeto direto e indireto) e o tivo – este, sem relação sintática com outros temos da
complemento nominal são chamados termos integrantes oração.
da oração. O adjunto adverbial é o termo da oração que indi-
Os complementos verbais integram o sentido dos ca uma circunstância do processo verbal ou intensifica o
verbos transitivos, com eles formando unidades signifi- sentido de um adjetivo, verbo ou advérbio. É uma função
LÍNGUA PORTUGUESA

cativas. Estes verbos podem se relacionar com seus com- adverbial, pois cabe ao advérbio e às locuções adverbiais
plementos diretamente, sem a presença de preposição, exercerem o papel de adjunto adverbial: Amanhã voltarei
ou indiretamente, por intermédio de preposição. a pé àquela velha praça.

O objeto direto é o complemento que se liga direta- O adjunto adnominal é o termo acessório que de-
mente ao verbo. termina, especifica ou explica um substantivo. É uma fun-
Houve muita confusão na partida final. ção adjetiva, pois são os adjetivos e as locuções adjetivas

68
que exercem o papel de adjunto adnominal na oração. Já me decidi: só irei à praia, se antes eu comprar um
Também atuam como adjuntos adnominais os artigos, os protetor solar. (Período Composto = três verbos, três ora-
numerais e os pronomes adjetivos. ções).
O poeta inovador enviou dois longos trabalhos ao seu
amigo de infância. Há dois tipos de relações que podem se estabelecer
O adjunto adnominal se liga diretamente ao subs- entre as orações de um período composto: uma relação
tantivo a que se refere, sem participação do verbo. Já o de coordenação ou uma relação de subordinação.
predicativo do objeto se liga ao objeto por meio de um Duas orações são coordenadas quando estão juntas
verbo. em um mesmo período, (ou seja, em um mesmo bloco
O poeta português deixou uma obra originalíssima. de informações, marcado pela pontuação final), mas têm,
O poeta deixou-a. ambas, estruturas individuais, como é o exemplo de:
(originalíssima não precisou ser repetida, portanto: Estou comprando um protetor solar, depois irei à praia.
adjunto adnominal) (Período Composto)
O poeta português deixou uma obra inacabada. Podemos dizer:
O poeta deixou-a inacabada. 1. Estou comprando um protetor solar.
(inacabada precisou ser repetida, então: predicativo 2. Irei à praia.
do objeto)
Separando as duas, vemos que elas são independen-
Enquanto o complemento nominal se relaciona a um tes. Tal período é classificado como Período Composto
substantivo, adjetivo ou advérbio, o adjunto nominal se por Coordenação.
relaciona apenas ao substantivo. Quanto à classificação das orações coordenadas, te-
mos dois tipos: Coordenadas Assindéticas e Coordenadas
O aposto é um termo acessório que permite ampliar, Sindéticas.
explicar, desenvolver ou resumir a ideia contida em um
termo que exerça qualquer função sintática: Ontem, se- A) Coordenadas Assindéticas
gunda-feira, passei o dia mal-humorado. São orações coordenadas entre si e que não são li-
Segunda-feira é aposto do adjunto adverbial de tem- gadas através de nenhum conectivo. Estão apenas jus-
po “ontem”. O aposto é sintaticamente equivalente ao tapostas.
termo que se relaciona porque poderia substituí-lo: Se- Entrei na sala, deitei-me no sofá, adormeci.
gunda-feira passei o dia mal-humorado.
O aposto pode ser classificado, de acordo com seu B) Coordenadas Sindéticas
valor na oração, em: Ao contrário da anterior, são orações coordenadas
A) explicativo: A linguística, ciência das línguas huma- entre si, mas que são ligadas através de uma conjunção
nas, permite-nos interpretar melhor nossa relação coordenativa, que dará à oração uma classificação. As
com o mundo. orações coordenadas sindéticas são classificadas em cin-
B) enumerativo: A vida humana compõe-se de muitas co tipos: aditivas, adversativas, alternativas, conclusivas e
coisas: amor, arte, ação. explicativas.
C) resumidor ou recapitulativo: Fantasias, suor e so-
nho, tudo forma o carnaval. Dica: Memorize SINdética = SIM, tem conjunção!
D) comparativo: Seus olhos, indagadores holofotes, fi-  Orações Coordenadas Sindéticas Aditivas:
xaram-se por muito tempo na baía anoitecida. suas principais conjunções são: e, nem, não só... mas tam-
bém, não só... como, assim... como.
O vocativo é um termo que serve para chamar, in- Nem comprei o protetor solar nem fui à praia.
vocar ou interpelar um ouvinte real ou hipotético, não Comprei o protetor solar e fui à praia.
mantendo relação sintática com outro termo da oração.
A função de vocativo é substantiva, cabendo a substan-  Orações Coordenadas Sindéticas Adversativas:
tivos, pronomes substantivos, numerais e palavras subs- suas principais conjunções são: mas, contudo, to-
tantivadas esse papel na linguagem. davia, entretanto, porém, no entanto, ainda, assim,
João, venha comigo! senão.
Traga-me doces, minha menina! Fiquei muito cansada, contudo me diverti bastante.
Li tudo, porém não entendi!
1.4 Períodos Compostos  Orações Coordenadas Sindéticas Alternativas:
suas principais conjunções são: ou... ou; ora...ora;
1.4.1 Período Composto por Coordenação quer...quer; seja...seja.
LÍNGUA PORTUGUESA

Ou uso o protetor solar, ou uso o óleo bronzeador.


O período composto se caracteriza por possuir mais
de uma oração em sua composição. Sendo assim:  Orações Coordenadas Sindéticas Conclusivas:
Eu irei à praia. (Período Simples = um verbo, uma suas principais conjunções são: logo, portanto, por
oração) fim, por conseguinte, consequentemente, pois (pos-
Estou comprando um protetor solar, depois irei à posto ao verbo).
praia. (Período Composto =locução verbal + verbo, duas Passei no concurso, portanto comemorarei!
orações) A situação é delicada; devemos, pois, agir.

69
 Orações Coordenadas Sindéticas Explicativas: 1.4.3 Classificação das Orações Subordinadas
suas principais conjunções são: isto é, ou seja, a sa- Substantivas
ber, na verdade, pois (anteposto ao verbo).
Não fui à praia, pois queria descansar durante o Do- Conforme a função que exerce no período, a oração
mingo. subordinada substantiva pode ser:
Maria chorou porque seus olhos estão vermelhos.
1. Subjetiva - exerce a função sintática de sujeito do
1.4.2 Período Composto Por Subordinação verbo da oração principal:
É fundamental o seu comparecimento à reunião.
Quero que você seja aprovado! Sujeito
Oração principal oração subordinada
Observe que na oração subordinada temos o verbo É fundamental que você compareça à reunião.
“seja”, que está conjugado na terceira pessoa do singu- Oração Principal Oração Subordinada Subs-
lar do presente do subjuntivo, além de ser introduzida tantiva Subjetiva
por conjunção. As orações subordinadas que apresentam
verbo em qualquer dos tempos finitos (tempos do modo
do indicativo, subjuntivo e imperativo) e são iniciadas FIQUE ATENTO!
por conjunção, chamam-se orações desenvolvidas ou Observe que a oração subordinada subs-
explícitas. tantiva pode ser substituída pelo pronome
“isso”. Assim, temos um período simples:
Podemos modificar o período acima. Veja: É fundamental isso ou Isso é fun-
Quero ser aprovado. damental.
Oração Principal Oração Subordinada Desta forma, a oração correspondente a
“isso” exercerá a função de sujeito.
A análise das orações continua sendo a mesma: “Que-
ro” é a oração principal, cujo objeto direto é a oração
subordinada “ser aprovado”. Observe que a oração su- Veja algumas estruturas típicas que ocorrem na ora-
bordinada apresenta agora verbo no infinitivo (ser). Além ção principal:
disso, a conjunção “que”, conectivo que unia as duas ora-  Verbos de ligação + predicativo, em constru-
ções, desapareceu. As orações subordinadas cujo verbo ções do tipo: É bom - É útil - É conveniente - É certo -
surge numa das formas nominais (infinitivo, gerúndio ou Parece certo - É claro - Está evidente - Está comprovado
particípio) são chamadas de orações reduzidas ou implí- É bom que você compareça à minha festa.
citas (como no exemplo acima).
 Expressões na voz passiva, como: Sabe-se,
Observação: Soube-se, Conta-se, Diz-se, Comenta-se, É sabido, Foi
As orações reduzidas não são introduzidas por con- anunciado, Ficou provado.
junções nem pronomes relativos. Podem ser, eventual- Sabe-se que Aline não gosta de Pedro.
mente, introduzidas por preposição.
 Verbos como: convir - cumprir - constar - ad-
A) Orações Subordinadas Substantivas mirar - importar - ocorrer - acontecer
A oração subordinada substantiva tem valor de subs- Convém que não se atrase na entrevista.
tantivo e vem introduzida, geralmente, por conjunção in-
tegrante (que, se). Observação:
Quando a oração subordinada substantiva é subjeti-
Não sei se sairemos hoje. va, o verbo da oração principal está sempre na 3.ª pes-
Oração Subordinada Substantiva soa do singular.

Temos medo de que não sejamos aprovados. 2. Objetiva Direta = exerce função de objeto direto
Oração Subordinada Substantiva do verbo da oração principal:
Os pronomes interrogativos (que, quem, qual) tam- Todos querem sua aprovação no concurso.
bém introduzem as orações subordinadas substantivas, Objeto Direto
bem como os advérbios interrogativos (por que, quando,
onde, como). Todos querem que você seja aprovado. (Todos
querem isso)
O garoto perguntou qual seu nome. Oração Principal Oração Subordinada Substan-
LÍNGUA PORTUGUESA

Oração Subordinada Substantiva tiva Objetiva Direta

Não sabemos quando ele virá. As orações subordinadas substantivas objetivas dire-
Oração Subordinada Substantiva tas (desenvolvidas) são iniciadas por:
 Conjunções integrantes “que” (às vezes elíptica)
e “se”: A professora verificou se os alunos estavam
presentes.

70
 Pronomes indefinidos que, quem, qual, quanto (às (Fernanda tinha um grande sonho: isso)
vezes regidos de preposição), nas interrogações
indiretas: O pessoal queria saber quem era o dono Dica: geralmente há a presença dos dois pontos! ( : )
do carro importado.
 Advérbios como, quando, onde, por que, quão (às B) Orações Subordinadas Adjetivas
vezes regidos de preposição), nas interrogações Uma oração subordinada adjetiva é aquela que pos-
indiretas: Eu não sei por que ela fez isso. sui valor e função de adjetivo, ou seja, que a ele equiva-
le. As orações vêm introduzidas por pronome relativo e
3. Objetiva Indireta = atua como objeto indireto do exercem a função de adjunto adnominal do antecedente.
verbo da oração principal. Vem precedida de preposição. Esta foi uma redação bem-sucedida.
Substantivo Adjetivo (Adjunto Adnominal)
Meu pai insiste em meu estudo.
Objeto Indireto O substantivo “redação” foi caracterizado pelo adje-
tivo “bem-sucedida”. Neste caso, é possível formarmos
Meu pai insiste em que eu estude. (= Meu pai outra construção, a qual exerce exatamente o mesmo
insiste nisso) papel:
Oração Subordinada Substantiva Esta foi uma redação que fez sucesso.
Objetiva Indireta Oração Principal Oração Subordinada
Observação: Adjetiva
Em alguns casos, a preposição pode estar elíptica na
oração. Perceba que a conexão entre a oração subordinada
Marta não gosta (de) que a chamem de senhora. adjetiva e o termo da oração principal que ela modifica é
Oração Subordinada Subs- feita pelo pronome relativo “que”. Além de conectar (ou
tantiva Objetiva Indireta relacionar) duas orações, o pronome relativo desempe-
nha uma função sintática na oração subordinada: ocupa
4. Completiva Nominal = completa um nome que o papel que seria exercido pelo termo que o antecede
pertence à oração principal e também vem marcada por (no caso, “redação” é sujeito, então o “que” também fun-
preposição. ciona como sujeito).
Sentimos orgulho de seu comportamento.
Complemento Nominal
FIQUE ATENTO!
Sentimos orgulho de que você se comportou. (=
Sentimos orgulho disso.) Vale lembrar um recurso didático para reco-
Oração Subordinada Substantiva nhecer o pronome relativo “que”: ele sem-
Completiva Nominal pre pode ser substituído por: o qual - a qual
- os quais - as quais
As orações subordinadas substantivas objetivas in- Refiro-me ao aluno que é estudioso. = Esta
diretas integram o sentido de um verbo, enquanto que oração é equivalente a: Refiro-me ao aluno
orações subordinadas substantivas completivas nominais o qual estuda.
integram o sentido de um nome. Para distinguir uma da
outra, é necessário levar em conta o termo complemen-
tado. Esta é a diferença entre o objeto indireto e o com-
plemento nominal: o primeiro complementa um verbo; o Forma das Orações Subordinadas Adjetivas
segundo, um nome.
Quando são introduzidas por um pronome relativo e
5. Predicativa = exerce papel de predicativo do su- apresentam verbo no modo indicativo ou subjuntivo, as
jeito do verbo da oração principal e vem sempre depois orações subordinadas adjetivas são chamadas desenvol-
do verbo ser. vidas. Além delas, existem as orações subordinadas ad-
Nosso desejo era sua desistência. jetivas reduzidas, que não são introduzidas por pronome
Predicativo do Sujeito relativo (podem ser introduzidas por preposição) e apre-
sentam o verbo numa das formas nominais (infinitivo,
Nosso desejo era que ele desistisse. (= Nosso desejo gerúndio ou particípio).
era isso) Ele foi o primeiro aluno que se apresentou.
Oração Subordinada Substantiva Ele foi o primeiro aluno a se apresentar.
Predicativa No primeiro período, há uma oração subordinada ad-
jetiva desenvolvida, já que é introduzida pelo pronome
LÍNGUA PORTUGUESA

6. Apositiva = exerce função de aposto de algum ter- relativo “que” e apresenta verbo conjugado no pretérito
mo da oração principal. perfeito do indicativo. No segundo, há uma oração su-
Fernanda tinha um grande sonho: a felicidade! bordinada adjetiva reduzida de infinitivo: não há prono-
Aposto me relativo e seu verbo está no infinitivo.
Fernanda tinha um grande sonho: ser feliz!
Oração subordinada
substantiva apositiva reduzida de infinitivo

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1. Classificação das Orações Subordinadas Adjeti- sórios que indicam uma circunstância referente, via de
vas regra, a um verbo. A classificação do adjunto adverbial
depende da exata compreensão da circunstância que ex-
Na relação que estabelecem com o termo que carac- prime.
terizam, as orações subordinadas adjetivas podem atuar Naquele momento, senti uma das maiores emoções de
de duas maneiras diferentes. Há aquelas que restringem minha vida.
ou especificam o sentido do termo a que se referem, in- Quando vi o mar, senti uma das maiores emoções de
dividualizando-o. Nestas orações não há marcação de minha vida.
pausa, sendo chamadas subordinadas adjetivas restriti-
vas. Existem também orações que realçam um detalhe ou No primeiro período, “naquele momento” é um ad-
amplificam dados sobre o antecedente, que já se encon- junto adverbial de tempo, que modifica a forma verbal
tra suficientemente definido. Estas orações denominam- “senti”. No segundo período, este papel é exercido pela
-se subordinadas adjetivas explicativas. oração “Quando vi o mar”, que é, portanto, uma oração
subordinada adverbial temporal. Esta oração é desenvol-
Exemplo 1: vida, pois é introduzida por uma conjunção subordina-
Jamais teria chegado aqui, não fosse um homem que tiva (quando) e apresenta uma forma verbal do modo
passava naquele momento. indicativo (“vi”, do pretérito perfeito do indicativo). Seria
Oração Subordinada Adjetiva Restritiva possível reduzi-la, obtendo-se:
Ao ver o mar, senti uma das maiores emoções de mi-
No período acima, observe que a oração em desta- nha vida.
que restringe e particulariza o sentido da palavra “ho- A oração em destaque é reduzida, apresentando uma
mem”: trata-se de um homem específico, único. A oração das formas nominais do verbo (“ver” no infinitivo) e não
limita o universo de homens, isto é, não se refere a todos é introduzida por conjunção subordinativa, mas sim por
os homens, mas sim àquele que estava passando naque- uma preposição (“a”, combinada com o artigo “o”).
le momento.
Observação:
Exemplo 2: A classificação das orações subordinadas adverbiais
O homem, que se considera racional, muitas vezes é feita do mesmo modo que a classificação dos adjun-
age animalescamente. tos adverbiais. Baseia-se na circunstância expressa pela
Oração Subordinada Adjetiva Explicativa oração.

Agora, a oração em destaque não tem sentido restri- 2. Classificação das Orações Subordinadas Adver-
tivo em relação à palavra “homem”; na verdade, apenas biais
explicita uma ideia que já sabemos estar contida no con-
ceito de “homem”. A) Causal = A ideia de causa está diretamente ligada
àquilo que provoca um determinado fato, ao moti-
Saiba que: vo do que se declara na oração principal. Principal
A oração subordinada adjetiva explicativa é separa- conjunção subordinativa causal: porque. Outras
da da oração principal por uma pausa que, na escrita, conjunções e locuções causais: como (sempre in-
é representada pela vírgula. É comum, por isso, que a troduzido na oração anteposta à oração principal),
pontuação seja indicada como forma de diferenciar as pois, pois que, já que, uma vez que, visto que.
orações explicativas das restritivas; de fato, as explicativas As ruas ficaram alagadas porque a chuva foi muito
vêm sempre isoladas por vírgulas; as restritivas, não. forte.
Já que você não vai, eu também não vou.
C) Orações Subordinadas Adverbiais A diferença entre a subordinada adverbial causal e a
Uma oração subordinada adverbial é aquela que sindética explicativa é que esta “explica” o fato que acon-
exerce a função de adjunto adverbial do verbo da ora- teceu na oração com a qual ela se relaciona; aquela apre-
ção principal. Assim, pode exprimir circunstância de tem- senta a “causa” do acontecimento expresso na oração à
po, modo, fim, causa, condição, hipótese, etc. Quando qual ela se subordina. Repare:
desenvolvida, vem introduzida por uma das conjunções 1. Faltei à aula porque estava doente.
subordinativas (com exclusão das integrantes, que intro- 2. Melissa chorou, porque seus olhos estão vermelhos.
duzem orações subordinadas substantivas). Classifica-se Em 1, a oração destacada aconteceu primeiro (causa)
de acordo com a conjunção ou locução conjuntiva que que o fato expresso na oração anterior, ou seja, o
a introduz (assim como acontece com as coordenadas fato de estar doente impediu-me de ir à aula. No
sindéticas). exemplo 2, a oração sublinhada relata um fato que
LÍNGUA PORTUGUESA

aconteceu depois, já que primeiro ela chorou, de-


Durante a madrugada, eu olhei você dormindo. pois seus olhos ficaram vermelhos.
Oração Subordinada Adverbial B) Consecutiva = exprime um fato que é consequên-
cia, é efeito do que se declara na oração principal.
A oração em destaque agrega uma circunstância de São introduzidas pelas conjunções e locuções: que,
tempo. É, portanto, chamada de oração subordinada ad- de forma que, de sorte que, tanto que, etc., e pelas
verbial temporal. Os adjuntos adverbiais são termos aces- estruturas tão...que, tanto...que, tamanho...que.

72
Principal conjunção subordinativa consecutiva: que
(precedido de tal, tanto, tão, tamanho) G) Final = indica a intenção, a finalidade daquilo que
Nunca abandonou seus ideais, de sorte que acabou se declara na oração principal. Principal conjunção
concretizando-os. subordinativa final: a fim de. Outras conjunções
Não consigo ver televisão sem bocejar. (Oração Redu- finais: que, porque (= para que) e a locução con-
zida de Infinitivo) juntiva para que.
Aproximei-me dela a fim de que ficássemos amigas.
C) Condicional = Condição é aquilo que se impõe Estudarei muito para que eu me saia bem na prova.
como necessário para a realização ou não de um
fato. As orações subordinadas adverbiais condicio- H) Proporcional = exprime ideia de proporção, ou
nais exprimem o que deve ou não ocorrer para que seja, um fato simultâneo ao expresso na oração
se realize - ou deixe de se realizar - o fato expresso principal. Principal locução conjuntiva subordinati-
na oração principal. va proporcional: à proporção que. Outras locuções
Principal conjunção subordinativa condicional: se. conjuntivas proporcionais: à medida que, ao passo
Outras conjunções condicionais: caso, contanto que, des- que. Há ainda as estruturas: quanto maior...(maior),
de que, salvo se, exceto se, a não ser que, a menos que, quanto maior...(menor), quanto menor...(maior),
sem que, uma vez que (seguida de verbo no subjuntivo). quanto menor...(menor), quanto mais...(mais), quan-
Se o regulamento do campeonato for bem elaborado, to mais...(menos), quanto menos...(mais), quanto
certamente o melhor time será campeão. menos...(menos).
Caso você saia, convide-me. À proporção que estudávamos mais questões acertá-
vamos.
D) Concessiva = indica concessão às ações do verbo À medida que lia mais culto ficava.
da oração principal, isto é, admitem uma contradi-
ção ou um fato inesperado. A ideia de concessão I) Temporal = acrescenta uma ideia de tempo ao fato
está diretamente ligada ao contraste, à quebra de expresso na oração principal, podendo exprimir
expectativa. Principal conjunção subordinativa con- noções de simultaneidade, anterioridade ou poste-
cessiva: embora. Utiliza-se também a conjunção: rioridade. Principal conjunção subordinativa tem-
conquanto e as locuções ainda que, ainda quando, poral: quando. Outras conjunções subordinativas
mesmo que, se bem que, posto que, apesar de que. temporais: enquanto, mal e locuções conjuntivas:
Só irei se ele for. assim que, logo que, todas as vezes que, antes que,
A oração acima expressa uma condição: o fato de “eu” depois que, sempre que, desde que, etc.
ir só se realizará caso essa condição seja satisfeita. Assim que Paulo chegou, a reunião acabou.
Compare agora com: Terminada a festa, todos se retiraram. (= Quando ter-
Irei mesmo que ele não vá. minou a festa) (Oração Reduzida de Particípio)

A distinção fica nítida; temos agora uma concessão: irei de 3. Orações Reduzidas
qualquer maneira, independentemente de sua ida. A oração
destacada é, portanto, subordinada adverbial concessiva. As orações subordinadas podem vir expressas como
Observe outros exemplos: reduzidas, ou seja, com o verbo em uma de suas formas
Embora fizesse calor, levei agasalho. nominais (infinitivo, gerúndio ou particípio) e sem conec-
Foi aprovado sem estudar (= sem que estudasse / em- tivo subordinativo que as introduza.
bora não estudasse). (reduzida de infinitivo) É preciso estudar! = reduzida de infinitivo
É preciso que se estude = oração desenvolvida (pre-
E) Comparativa= As orações subordinadas adver- sença do conectivo)
biais comparativas estabelecem uma comparação Para classificá-las, precisamos imaginar como seriam
com a ação indicada pelo verbo da oração princi- “desenvolvidas” – como no exemplo acima.
pal. Principal conjunção subordinativa comparati- É preciso estudar = oração subordinada substantiva
va: como. subjetiva reduzida de infinitivo
Ele dorme como um urso. (como um urso dorme) É preciso que se estude = oração subordinada subs-
Você age como criança. (age como uma criança age) tantiva subjetiva
4. Orações Intercaladas
• geralmente há omissão do verbo.
F) Conformativa = indica ideia de conformidade, ou São orações independentes encaixadas na sequência
seja, apresenta uma regra, um modelo adotado do período, utilizadas para um esclarecimento, um apar-
LÍNGUA PORTUGUESA

para a execução do que se declara na oração prin- te, uma citação. Elas vêm separadas por vírgulas ou tra-
cipal. Principal conjunção subordinativa conforma- vessões.
tiva: conforme. Outras conjunções conformativas: Nós – continuava o relator – já abordamos este as-
como, consoante e segundo (todas com o mesmo sunto.
valor de conforme).
Fiz o bolo conforme ensina a receita. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
Consoante reza a Constituição, todos os cidadãos têm SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
direitos iguais. Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.

73
CAMPEDELLI, Samira Yousseff. Português – Literatura,
Produção de Texto & Gramática – Volume único / Samira Resposta: Errado.
Yousseff Campedelli, Jésus Barbosa Souza. – 3.ª edição – imagina uma literatura = transitivo direto
São Paulo: Saraiva, 2002. atribuir o Prêmio Nobel a um cronista = bitransitivo
(transitivo direto e indireto)
SITE pode servir de caminho = intransitivo
http://www.pciconcursos.com.br/aulas/portugues/
frase-periodo-e-oracao
EMPREGO DOS SINAIS DE PONTUAÇÃO.

EXERCÍCIOS COMENTADOS Os sinais de pontuação são marcações gráficas que


servem para compor a coesão e a coerência textual, além
1. (CNJ – TÉCNICO JUDICIÁRIO – CESPE – 2013 – de ressaltar especificidades semânticas e pragmáticas.
ADAPTADA) Jogadores de futebol de diversos times en- Um texto escrito adquire diferentes significados quando
traram em campo em prol do programa “Pai Presente”, pontuado de formas diversificadas. O uso da pontuação
nos jogos do Campeonato Nacional em apoio à campanha depende, em certos momentos, da intenção do autor do
que visa reduzir o número de pessoas que não possuem o discurso. Assim, os sinais de pontuação estão diretamen-
nome do pai em sua certidão de nascimento. (...) te relacionados ao contexto e ao interlocutor.
A oração subordinada “que não possuem o nome do pai
em sua certidão de nascimento” não é antecedida por vír- 1. Principais funções dos sinais de pontuação
gula porque tem natureza restritiva.
A) Ponto (.)
( ) CERTO ( ) ERRADO  Indica o término do discurso ou de parte dele, en-
cerrando o período.
Resposta: Certo. A oração restringe o grupo que par-  Usa-se nas abreviaturas: pág. (página), Cia. (Com-
ticipará da campanha (apenas os que não têm o nome panhia). Se a palavra abreviada aparecer em final
do pai na certidão de nascimento). Se colocarmos uma de período, este não receberá outro ponto; neste
vírgula, a oração se tornará “explicativa”, generalizan- caso, o ponto de abreviatura marca, também, o fim
do a informação, o que dará a entender que TODAS as de período. Exemplo: Estudei português, matemári-
pessoas não têm o nome do pai na certidão. ca, constitucional, etc. (e não “etc..”)
 Nos títulos e cabeçalhos é opcional o emprego do
2. (INSTITUTO RIO BRANCO – ADMISSÃO À CARREI- ponto, assim como após o nome do autor de uma
RA DE DIPLOMATA – CESPE – 2014 – ADAPTADA) citação:
Haverá eleições em outubro
A crônica não é um “gênero maior”. Não se imagina uma O culto do vernáculo faz parte do brio cívico. (Napo-
literatura feita de grandes cronistas, que lhe dessem o leão Mendes de Almeida) (ou: Almeida.)
brilho universal dos grandes romancistas, dramaturgos  Os números que identificam o ano não utili-
e poetas. Nem se pensaria em atribuir o Prêmio Nobel a zam ponto nem devem ter espaço a separá-los,
um cronista, por melhor que fosse. Portanto, parece mes- bem como os números de CEP: 1975, 2014, 2006,
mo que a crônica é um gênero menor. 17600-250.
“Graças a Deus”, seria o caso de dizer, porque, sendo as-
sim, ela fica mais perto de nós. E para muitos pode servir B) Ponto e Vírgula (;)
de caminho não apenas para a vida, que ela serve de
perto, mas para a literatura. Por meio dos assuntos, da  Separa várias partes do discurso, que têm a mes-
composição solta, do ar de coisa sem necessidade que ma importância: “Os pobres dão pelo pão o traba-
costuma assumir, ela se ajusta à sensibilidade de todo lho; os ricos dão pelo pão a fazenda; os de espíritos
dia. Principalmente porque elabora uma linguagem que generosos dão pelo pão a vida; os de nenhum espí-
fala de perto ao nosso modo de ser mais natural. Na sua rito dão pelo pão a alma...” (VIEIRA)
despretensão, humaniza; e esta humanização lhe permi-  Separa partes de frases que já estão separadas por
te, como compensação sorrateira, recuperar com a outra vírgulas: Alguns quiseram verão, praia e calor; ou-
mão certa profundidade de significado e certo acaba- tros, montanhas, frio e cobertor.
mento de forma, que de repente podem fazer dela uma  Separa itens de uma enumeração, exposição de
inesperada, embora discreta, candidata à perfeição. motivos, decreto de lei, etc.
Antonio Candido. A vida ao rés do chão. In: Recortes. São Ir ao supermercado;
LÍNGUA PORTUGUESA

Paulo: Companhia das Letras, 1993, p. 23 (com adapta- Pegar as crianças na escola;
ções). Caminhada na praia;
Reunião com amigos.
As formas verbais “imagina” (R.1), “atribuir” (R.4) e “servir”
(R.8) foram utilizadas como verbos transitivos indiretos. C) Dois pontos (:)
 Antes de uma citação = Vejamos como Afrânio
( ) CERTO ( ) ERRADO Coutinho trata este assunto:

74
 Antes de um aposto = Três coisas não me agra- B) dos objetos pleonásticos antepostos ao verbo: Aos
dam: chuva pela manhã, frio à tarde e calor à noite. pesquisadores, não lhes destinaram verba alguma.
 Antes de uma explicação ou esclarecimento: Lá es- C) do nome de lugar anteposto às datas: Recife, 15 de
tava a deplorável família: triste, cabisbaixa, vivendo maio de 1982.
a rotina de sempre.
 Em frases de estilo direto 3. Para separar entre si elementos coordenados
Maria perguntou: (dispostos em enumeração):
- Por que você não toma uma decisão? Era um garoto de 15 anos, alto, magro.
A ventania levou árvores, e telhados, e pontes, e ani-
D) Ponto de Exclamação (!) mais.
 Usa-se para indicar entonação de surpresa, cóle- 4. Para marcar elipse (omissão) do verbo: Nós que-
ra, susto, súplica, etc.: Sim! Claro que eu quero me remos comer pizza; e vocês, churrasco.
casar com você!
 Depois de interjeições ou vocativos 5. Para isolar:
Ai! Que susto! A) o aposto: São Paulo, considerada a metrópole bra-
João! Há quanto tempo! sileira, possui um trânsito caótico.
B) o vocativo: Ora, Thiago, não diga bobagem.
E) Ponto de Interrogação (?)
 Usa-se nas interrogações diretas e indiretas livres. Observações:
“- Então? Que é isso? Desertaram ambos?” (Artur Aze- Considerando-se que “etc.” é abreviatura da expres-
vedo) são latina et coetera, que significa “e outras coisas”, seria
dispensável o emprego da vírgula antes dele. Porém, o
F) Reticências (...) acordo ortográfico em vigor no Brasil exige que empre-
 Indica que palavras foram suprimidas: Comprei lá- guemos etc. predecido de vírgula: Falamos de política,
pis, canetas, cadernos... futebol, lazer, etc.
 Indica interrupção violenta da frase: “- Não... quero As perguntas que denotam surpresa podem ter com-
dizer... é verdad... Ah!” binados o ponto de interrogação e o de exclamação:
 Indica interrupções de hesitação ou dúvida: Este Você falou isso para ela?!
mal... pega doutor?
 Indica que o sentido vai além do que foi dito: Dei- Temos, ainda, sinais distintivos:
xa, depois, o coração falar...  a barra ( / ) = usada em datas (25/12/2014), sepa-
ração de siglas (IOF/UPC);
G) Vírgula (,)  os colchetes ([ ]) = usados em transcrições feitas
pelo narrador ([vide pág. 5]), usado como primeira
Não se usa vírgula opção aos parênteses, principalmente na matemá-
Separando termos que, do ponto de vista sintático, tica;
ligam-se diretamente entre si:  o asterisco (*) = usado para remeter o leitor a
uma nota de rodapé ou no fim do livro, para subs-
1. Entre sujeito e predicado:
tituir um nome que não se quer mencionar.
Todos os alunos da sala foram advertidos.
Sujeito predicado
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Português linguagens: volume 3 / Wiliam Roberto Ce-
2. Entre o verbo e seus objetos:
reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
O trabalho custou sacrifício aos
Paulo: Saraiva, 2010.
realizadores.
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
V.T.D.I. O.D. O.I.
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Usa-se a vírgula:
SITE
1. Para marcar intercalação: http://www.infoescola.com/portugues/pontuacao/
A) do adjunto adverbial: O café, em razão da sua http://www.brasilescola.com/gramatica/uso-da-vir-
abundância, vem caindo de preço. gula.htm
B) da conjunção: Os cerrados são secos e áridos. Estão
produzindo, todavia, altas quantidades de alimen-
tos.
LÍNGUA PORTUGUESA

C) das expressões explicativas ou corretivas: As indús-


trias não querem abrir mão de suas vantagens, isto
é, não querem abrir mão dos lucros altos.

2. Para marcar inversão:


A) do adjunto adverbial (colocado no início da ora-
ção): Depois das sete horas, todo o comércio está de
portas fechadas.

75
instituições tivesse como resultado direto a consolidação
da cidadania — compreendida de modo amplo, abran-
EXERCÍCIOS COMENTADOS gendo as três categorias de direitos: civis, políticos e
sociais. Sobressaem, porém, problemas que configuram
1. (STJ – CONHECIMENTOS BÁSICOS PARA O CAR- mais desafios para a cidadania brasileira, como a violên-
GO 1 – CESPE – 2018 – ADAPTADA) cia urbana — que ameaça os direitos individuais — e o
desemprego — que ameaça os direitos sociais.
Texto CB1A1CCC No Brasil, o crime aumentou significantemente a partir
de 1980, impacto do processo de modernização pelo
As audiências de segunda a sexta-feira muitas vezes re- qual o país passou. Isso sugere que o boom do consumo
velaram o lado mais sórdido da natureza humana. Eram colocou em circulação bens de alto valor e, consequente-
relatos de sofrimento, dor, angústia que se transportavam mente, aumentou as oportunidades para o crime, inclusi-
da cadeira das vítimas, testemunhas e réus para minha ve porque a maior mobilidade de pessoas torna o espaço
cadeira de juíza. A toga não me blindou daqueles relatos social mais anônimo, menos supervisionado.
sofridos, aflitos. As angústias dos que se sentavam à mi- Nesse contexto, justiça criminal passa a ser cada vez mais
nha frente, por diversas vezes, me escoltaram até minha dissociada de justiça social e reconstrução da sociedade.
casa e passaram a ser companheiras de noites de insônia. O objetivo em relação à criminalidade torna-se bem me-
Não havia outra solução a não ser escrever. Era preciso nos ambicioso: o controle. A prisão ganha mais impor-
colocar no papel e compartilhar a dor daquelas pessoas tância na modernidade tardia, porque satisfaz uma dupla
que, mesmo ao fim do processo e com a sentença prola- necessidade dessa nova cultura: castigo e controle do
tada, não me deixavam esquecê-las. risco. Essa postura às vezes proporciona controle, porém
Foram horas, dias, meses, anos de oitivas de mães, filhas, não segurança, pois o Estado tem o poder limitado de
esposas, namoradas, companheiras, todas tendo em co- manter a ordem por meio da polícia, sendo necessário
mum a violência no corpo e na alma sofrida dentro de dividir as tarefas de controle com organizações locais e
casa. O lar, que deveria ser o lugar mais seguro para essas com a comunidade.
mulheres, havia se transformado no pior dos mundos. Jacqueline Carvalho da Silva. Manutenção da ordem pú-
Quando finalmente chegavam ao Judiciário e se sen- blica e garantia dos direitos individuais: os desafios da
tavam à minha frente, os relatos se transformavam em polícia em sociedades democráticas. In: Revista Brasileira
desabafos de uma vida inteira. Era preciso explicar, justi- de Segurança Pública. São
ficar e muitas vezes se culpar por terem sido agredidas. Paulo, ano 5, 8.ª ed., fev. – mar./2011, p. 84-5 (com adaptações).
A culpa por ter sido vítima, a culpa por ter permitido, a
culpa por não ter sido boa o suficiente, a culpa por não No primeiro parágrafo do texto 1A1AAA, os dois-pontos
ter conseguido manter a família. Sempre a culpa. introduzem
Aquelas mulheres chegavam à Justiça buscando uma for-
ça externa como se somente nós, juízes, promotores e a) uma enumeração das “categorias de direitos”.
advogados, pudéssemos não apenas cessar aquele ciclo b) resultados da “consolidação da cidadania”.
de violência, mas também lhes dar voz para reagir àquela c) um contra-argumento para a ideia de cidadania como
violência invisível. algo “amplo”.
Rejane Jungbluth Suxberger. Invisíveis Marias: histórias além das d) uma generalização do termo “direitos”.
quatro paredes. Brasília: Trampolim, 2018 (com adaptações). e) objetivos do “processo de redemocratização”.

O trecho “juízes, promotores e advogados” explica o sen- Resposta: Letra A. Em “a”, uma enumeração das “ca-
tido de “nós”. tegorias de direitos”.
Em “b”, resultados da “consolidação da cidadania” =
( ) CERTO ( ) ERRADO incorreta
Em “c”, um contra-argumento para a ideia de cidada-
Resposta: Certo. Ao trecho: (...) Aquelas mulheres che- nia como algo “amplo” = incorreta
gavam à Justiça buscando uma força externa como se Em “d”, uma generalização do termo “direitos” = in-
somente nós, juízes, promotores e advogados, pudésse- correta
mos não apenas cessar aquele ciclo de violência (...). Os Em “e”, objetivos do “processo de redemocratização”
termos entre vírgulas servem para exemplificar quem = incorreta
são os “nós” citados pela autora (juízes, promotores, Recorramos ao texto (faça isso SEMPRE durante seu
advogados). concurso. O texto é a base para encontrar as respostas
para as questões!): (...) abrangendo as três categorias
2. (SERES-PE – AGENTE DE SEGURANÇA PENITENCIÁ- de direitos: civis, políticos e sociais = os dois-pontos
LÍNGUA PORTUGUESA

RIA – CESPE – 2017) introduzem a enumeração dos direitos; apresenta-os.

Texto 1A1AAA 3. (INSS – TÉCNICO SEGURO SOCIAL – CESPE – 2016)


Bibliotecas sempre deram muito o que falar. Grandes
Após o processo de redemocratização, com o fim da di- monarquias jamais deixaram de possuir as suas, e cui-
tadura militar, em meados da década de 80 do século davam delas estrategicamente. Afinal, dotes de prin-
passado, era de se esperar que a democratização das cesas foram negociados tendo livros como objetos de

76
barganha; tratados diplomáticos versaram sobre essas vidência. O norte-americano tem que ter suas próprias
coleções. Os monarcas portugueses, após o terremoto economias ou um fundo de pensão complementar.
que dizimou Lisboa, se orgulhavam de, a despeito dos Já na Inglaterra, se fosse uma trabalhadora qualquer, a
destroços, terem erguido uma grande biblioteca: a Real rainha Elizabeth II, de 76 anos de idade, poderia estar
Livraria. D. José chamava-a de joia maior do tesouro real. aposentada há 16 anos. Em um país onde os chefes de
D. João VI, mesmo na correria da partida para o Brasil, Estado costumam permanecer no trono até a morte, as
não se esqueceu dos livros. Em três diferentes levas, a súditas têm o direito de se aposentar com 60 anos de
Real Biblioteca aportou nos trópicos, e foi até mesmo vida. Os súditos, com 65 anos.
tema de disputa. Funcionários públicos e trabalhadores comuns recebem
Internet: <http://observatoriodaimprensa.com.br> (com adapta- 350 libras de pensão por mês, metade do salário mínimo
ções). na Inglaterra. Para ter direito a esse benefício, os britâni-
cos descontam em média 10% do que recebem.
O sinal de dois-pontos empregado imediatamente após Além disso, todos são obrigados a pagar um plano de
“biblioteca” introduz um termo de natureza explicativa. aposentadoria particular, para complementar a pensão
que o Estado garante. O desconto médio é de 8% sobre
( ) CERTO ( ) ERRADO os vencimentos. Assim fica assegurado um rendimento
de metade do salário da ativa.
Resposta: Certo. Resposta: Certo. (...) terem erguido As vantagens da modernização do sistema todos os apo-
uma grande biblioteca: a Real Livraria = os dois-pon- sentados britânicos percebem. Quem não tem onde mo-
tos antecedem um termo explicativo. rar ganha casa do governo. Quando as pernas fraquejam,
a condução da prefeitura leva os velhinhos para qualquer
4. (INSS – TÉCNICO PREVIDENCIÁRIO – CESPE – 2003) lugar. E, se já não der mais para sair de casa, um assisten-
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou em seu te social entrega comida na porta.
Internet: <http://jornalnacional.globo.com/semana>. Acesso em
discurso na reabertura do Congresso que o “vírus da in-
22 fev. 2003. (Com adaptações.)
flação voltou a ser uma ameaça real”. Em sua fala de 21
minutos aos senadores e deputados, o presidente aler-
O sétimo parágrafo do texto pode ser reescrito da se-
tou também para a piora do cenário econômico interna-
guinte forma, mantendo-se correta a pontuação: As van-
cional e afirmou que o aperto fiscal de seu governo dura-
tagens da modernização do sistema, todos os aposen-
rá o “tempo necessário”. Segundo Lula, “teremos tempos
tados britânicos percebem: quem não tem onde morar,
difíceis pela frente. O mundo entrou em um período de
ganha casa do governo; quando as pernas fraquejam, a
maiores incertezas”.
condução da prefeitura leva os velhinhos para qualquer
Folha de S. Paulo, 18/2/2003, capa (Com adaptações.)
lugar; e, se já não der mais para sair de casa, um assisten-
No texto, o uso de aspas serve para alertar o leitor de que as
te social entrega comida na porta.
expressões destacadas têm duplo sentido.
(  ) CERTO  (  ) ERRADO
(  ) CERTO  (  ) ERRADO
Resposta: Certo As pontuações estão corretas.
Resposta: Errado. No texto, o uso de aspas serve para
transcrever a fala do presidente, relatando o que re- 6. (INSS – PERITO MÉDICO PREVIDENCIÁRIO – CESPE
almente foi dito por ele O presidente Luiz Inácio Lula – 2010)
da Silva afirmou em seu discurso na reabertura do
Congresso que o “vírus da inflação voltou a ser uma A Revolta da Vacina
ameaça real”.
O Rio de Janeiro, na passagem do século XIX para o sécu-
5. (INSS – TÉCNICO PREVIDENCIÁRIO – CESPE – 2003) lo XX, era ainda uma cidade de ruas estreitas e sujas, sa-
Há 40 anos nos Estados Unidos da América (EUA), os neamento precário e foco de doenças como febre ama-
gaúchos Cláudio e Lourdes aposentaram-se pelo sistema rela, varíola, tuberculose e peste. Os navios estrangeiros
de previdência norte-americano e recebem do governo o faziam questão de anunciar que não parariam no porto
chamado seguro social. Cláudio recebe US$ 900 por mês carioca e os imigrantes recém-chegados da Europa mor-
e Lourdes, US$ 450, benefícios que garantem as necessi- riam às dezenas de doenças infecciosas.
dades básicas. Ao assumir a presidência da República, Francisco de Pau-
Assim como o casal de brasileiros, 44 milhões de apo- la Rodrigues Alves instituiu como meta governamental
sentados recebem um seguro social nos EUA. Para se o saneamento e reurbanização da capital da República.
aposentar, trabalhadores dos setores público e privado Para assumir a frente das reformas, nomeou Francisco
LÍNGUA PORTUGUESA

seguem basicamente as mesmas regras. O benefício é Pereira Passos para o governo municipal. Este, por sua
calculado de acordo com a contribuição do trabalhador vez, chamou os engenheiros Francisco Bicalho para a re-
ao longo da vida ativa. É preciso contribuir durante 35 forma do porto e Paulo de Frontin para as reformas no
anos, com 6,2% do salário. centro. Rodrigues Alves nomeou ainda o médico Oswal-
A maioria dos trabalhadores se aposenta aos 62 anos. O do Cruz para o saneamento.
valor médio do benefício mensal é de US$ 750. O Rio de Janeiro passou a sofrer profundas mudanças,
Mas o que garante uma aposentadoria tranquila não é com a derrubada de casarões e cortiços e o consequen-
apenas o seguro social, explica um especialista em pre- te despejo de seus moradores. A população apelidou o

77
movimento de o “bota-abaixo”. O objetivo era a abertura 1.1. Sujeito Simples - Regra Geral
de grandes bulevares, largas e modernas avenidas com
prédios de cinco ou seis andares. O sujeito, sendo simples, com ele concordará o verbo
Ao mesmo tempo, iniciava-se o programa de saneamen- em número e pessoa. Veja os exemplos:
to de Oswaldo Cruz. Para combater a peste, ele criou
brigadas sanitárias que cruzavam a cidade espalhando A prova para ambos os cargos será aplicada às 13h.
raticidas, mandando remover o lixo e comprando ratos. 3.ª p. Singular 3.ª p. Singular
Em seguida o alvo foram os mosquitos transmissores da
febre amarela. Os candidatos à vaga chegarão às 12h.
Finalmente, restava o combate à varíola. Autoritariamen- 3.ª p. Plural 3.ª p. Plural
te, foi instituída a lei de vacinação obrigatória. A popula-
ção, humilhada pelo poder público autoritário e violento, 1.1.1. Casos Particulares
não acreditava na eficácia da vacina. Os pais de família
rejeitavam a exposição das partes do corpo a agentes A) Quando o sujeito é formado por uma expressão
sanitários do governo. partitiva (parte de, uma porção de, o grosso de,
A vacinação obrigatória foi o estopim para que o povo, já metade de, a maioria de, a maior parte de, grande
profundamente insatisfeito com o “bota-abaixo” e insu- parte de...) seguida de um substantivo ou pronome
flado pela imprensa, se revoltasse. Durante uma semana, no plural, o verbo pode ficar no singular ou no
enfrentou as forças da polícia e do exército até ser repri- plural.
mido com violência. O episódio transformou, no período A maioria dos jornalistas aprovou / aprovaram a ideia.
de 10 a 16 de novembro de 1904, a recém-reconstruída Metade dos candidatos não apresentou / apresenta-
cidade do Rio de Janeiro em uma praça de guerra, onde ram proposta.
foram erguidas barricadas e ocorreram confrontos gene- Esse mesmo procedimento pode se aplicar aos casos
ralizados. dos coletivos, quando especificados: Um bando de vân-
dalos destruiu / destruíram o monumento.
Internet: <www.ccs.saude.gov.br>. (Com adaptações.)
Observação:
Mantém-se o sentido do texto e a correção gramatical
Nesses casos, o uso do verbo no singular enfatiza a
caso se retire a vírgula que vem logo depois de “Este”.
unidade do conjunto; já a forma plural confere destaque
aos elementos que formam esse conjunto.
(  ) CERTO  (  ) ERRADO
B) Quando o sujeito é formado por expressão que
Resposta: Errado. Ao trecho: (...) nomeou Francisco indica quantidade aproximada (cerca de, mais de,
Pereira Passos para o governo municipal. Este, por sua menos de, perto de...) seguida de numeral e subs-
vez, chamou os engenheiros Francisco Bicalho. “Este” tantivo, o verbo concorda com o substantivo.
se refere a Francisco Passos, o qual nomeou outros. Cerca de mil pessoas participaram do concurso.
O termo “por sua vez” serve para explicar o que será Perto de quinhentos alunos compareceram à solenidade.
descrito posteriormente, portanto deve estar entre Mais de um atleta estabeleceu novo recorde nas últi-
vírgulas. mas Olimpíadas.

Observação:
Quando a expressão “mais de um” se associar a ver-
CONCORDÂNCIA VERBAL E NOMINAL. bos que exprimem reciprocidade, o plural é obrigatório:
Mais de um colega se ofenderam na discussão. (ofende-
ram um ao outro)
Os concurseiros estão apreensivos.
Concurseiros apreensivos. C) Quando se trata de nomes que só existem no
plural, a concordância deve ser feita levando-se
No primeiro exemplo, o verbo estar se encontra na em conta a ausência ou presença de artigo. Sem
terceira pessoa do plural, concordando com o seu su- artigo, o verbo deve ficar no singular; com artigo
jeito, os concurseiros. No segundo exemplo, o adjetivo no plural, o verbo deve ficar o plural.
“apreensivos” está concordando em gênero (masculino) Os Estados Unidos possuem grandes universidades.
e número (plural) com o substantivo a que se refere: con- Estados Unidos possui grandes universidades.
curseiros. Nesses dois exemplos, as flexões de pessoa, Alagoas impressiona pela beleza das praias.
número e gênero se correspondem. A correspondência As Minas Gerais são inesquecíveis.
de flexão entre dois termos é a concordância, que pode Minas Gerais produz queijo e poesia de primeira.
LÍNGUA PORTUGUESA

ser verbal ou nominal.


D) Quando o sujeito é um pronome interrogativo ou
1. Concordância Verbal indefinido plural (quais, quantos, alguns, poucos,
muitos, quaisquer, vários) seguido por “de nós” ou
É a flexão que se faz para que o verbo concorde com “de vós”, o verbo pode concordar com o primeiro
seu sujeito. pronome (na terceira pessoa do plural) ou com o
pronome pessoal.

78
Quais de nós são / somos capazes? 1. ficar no singular – O Tietê é um dos rios que atraves-
Alguns de vós sabiam / sabíeis do caso? sa o Estado de São Paulo. (já que não há outro rio
Vários de nós propuseram / propusemos sugestões ino- que faça o mesmo).
vadoras. 2. ir para o plural – O Tietê é um dos rios que estão po-
luídos (noção de que existem outros rios na mesma
Observação: condição).
Veja que a opção por uma ou outra forma indica a
inclusão ou a exclusão do emissor. Quando alguém diz H) Quando o sujeito é um pronome de tratamento, o
ou escreve “Alguns de nós sabíamos de tudo e nada fize- verbo fica na 3ª pessoa do singular ou plural.
mos”, ele está se incluindo no grupo dos omissos. Isso Vossa Excelência está cansado?
não ocorre ao dizer ou escrever “Alguns de nós sabiam de Vossas Excelências renunciarão?
tudo e nada fizeram”, frase que soa como uma denúncia.
Nos casos em que o interrogativo ou indefinido esti- I) A concordância dos verbos bater, dar e soar faz-se
ver no singular, o verbo ficará no singular. de acordo com o numeral.
Qual de nós é capaz? Deu uma hora no relógio da sala.
Algum de vós fez isso. Deram cinco horas no relógio da sala.
Soam dezenove horas no relógio da praça.
E) Quando o sujeito é formado por uma expressão Baterão doze horas daqui a pouco.
que indica porcentagem seguida de substantivo, o
verbo deve concordar com o substantivo. Observação:
25% do orçamento do país será destinado à Educação. Caso o sujeito da oração seja a palavra relógio, sino,
85% dos entrevistados não aprovam a administração torre, etc., o verbo concordará com esse sujeito.
do prefeito. O tradicional relógio da praça matriz dá nove horas.
1% do eleitorado aceita a mudança. Soa quinze horas o relógio da matriz.
1% dos alunos faltaram à prova.
 Quando a expressão que indica porcentagem não J) Verbos Impessoais: por não se referirem a nenhum
é seguida de substantivo, o verbo deve concordar sujeito, são usados sempre na 3.ª pessoa do sin-
com o número. gular. São verbos impessoais: Haver no sentido de
25% querem a mudança. existir; Fazer indicando tempo; Aqueles que indi-
1% conhece o assunto. cam fenômenos da natureza. Exemplos:
Havia muitas garotas na festa.
 Se o número percentual estiver determinado por Faz dois meses que não vejo meu pai.
artigo ou pronome adjetivo, a concordância far-se- Chovia ontem à tarde.
-á com eles:
Os 30% da produção de soja serão exportados. 1.2. Sujeito Composto
Esses 2% da prova serão questionados.
A) Quando o sujeito é composto e anteposto ao ver-
F) O pronome “que” não interfere na concordância; bo, a concordância se faz no plural:
já o “quem” exige que o verbo fique na 3.ª pessoa Pai e filho conversavam longamente.
do singular. Sujeito
Fui eu que paguei a conta.
Fomos nós que pintamos o muro. Pais e filhos devem conversar com frequência.
És tu que me fazes ver o sentido da vida. Sujeito
Sou eu quem faz a prova.
Não serão eles quem será aprovado. B) Nos sujeitos compostos formados por pessoas
gramaticais diferentes, a concordância ocorre da
G) Com a expressão “um dos que”, o verbo deve as- seguinte maneira: a primeira pessoa do plural (nós)
sumir a forma plural. prevalece sobre a segunda pessoa (vós) que, por
Ademir da Guia foi um dos jogadores que mais encan- sua vez, prevalece sobre a terceira (eles). Veja:
taram os poetas. Teus irmãos, tu e eu tomaremos a decisão.
Este candidato é um dos que mais estudaram! Primeira Pessoa do Plural (Nós)
Tu e teus irmãos tomareis a decisão.
 Se a expressão for de sentido contrário – nenhum Segunda Pessoa do Plural (Vós)
dos que, nem um dos que -, não aceita o verbo no Pais e filhos precisam respeitar-se.
singular:
LÍNGUA PORTUGUESA

Terceira Pessoa do Plural (Eles)


Nenhum dos que foram aprovados assumirá a vaga.
Nem uma das que me escreveram mora aqui. Observação:
Quando o sujeito é composto, formado por um ele-
 Quando “um dos que” vem entremeada de subs- mento da segunda pessoa (tu) e um da terceira (ele), é
tantivo, o verbo pode: possível empregar o verbo na terceira pessoa do plural
(eles): “Tu e teus irmãos tomarão a decisão.” – no lugar
de “tomaríeis”.

79
C) No caso do sujeito composto posposto ao verbo, O governador com o secretariado traçou os planos
passa a existir uma nova possibilidade de concor- para o próximo semestre.
dância: em vez de concordar no plural com a tota- O professor com o aluno questionou as regras.
lidade do sujeito, o verbo pode estabelecer con-
cordância com o núcleo do sujeito mais próximo. Com o verbo no singular, não se pode falar em sujeito
Faltaram coragem e competência. composto. O sujeito é simples, uma vez que as expres-
Faltou coragem e competência. sões “com o filho” e “com o secretariado” são adjuntos
Compareceram todos os candidatos e o banca. adverbiais de companhia. Na verdade, é como se hou-
Compareceu o banca e todos os candidatos. vesse uma inversão da ordem. Veja:
“O pai montou o brinquedo com o filho.”
D) Quando ocorre ideia de reciprocidade, a concor- “O governador traçou os planos para o próximo semes-
dância é feita no plural. Observe: tre com o secretariado.”
Abraçaram-se vencedor e vencido. “O professor questionou as regras com o aluno.”
Ofenderam-se o jogador e o árbitro.
Casos em que se usa o verbo no singular:
1.2.1. Casos Particulares Café com leite é uma delícia!
O frango com quiabo foi receita da vovó.
 Quando o sujeito composto é formado por nú-
cleos sinônimos ou quase sinônimos, o verbo fica no sin- Quando os núcleos do sujeito são unidos por ex-
gular. pressões correlativas como: “não só... mas ainda”, “não
Descaso e desprezo marca seu comportamento. somente”..., “não apenas... mas também”, “tanto...quanto”,
A coragem e o destemor fez dele um herói. o verbo ficará no plural.
Não só a seca, mas também o pouco caso castigam o
 Quando o sujeito composto é formado por nú- Nordeste.
cleos dispostos em gradação, verbo no singular: Tanto a mãe quanto o filho ficaram surpresos com a
Com você, meu amor, uma hora, um minuto, um se- notícia.
gundo me satisfaz. Quando os elementos de um sujeito composto são
 Quando os núcleos do sujeito composto são resumidos por um aposto recapitulativo, a concordância
unidos por “ou” ou “nem”, o verbo deverá ficar no plural, é feita com esse termo resumidor.
de acordo com o valor semântico das conjunções: Filmes, novelas, boas conversas, nada o tirava da apa-
Drummond ou Bandeira representam a essência da tia.
poesia brasileira. Trabalho, diversão, descanso, tudo é muito importante
Nem o professor nem o aluno acertaram a resposta. na vida das pessoas.
Em ambas as orações, as conjunções dão ideia de
“adição”. Já em: 1.2.2 Outros Casos
Juca ou Pedro será contratado.
Roma ou Buenos Aires será a sede da próxima Olim- O Verbo e a Palavra “SE”
píada. Dentre as diversas funções exercidas pelo “se”, há
duas de particular interesse para a concordância verbal:
Temos ideia de exclusão, por isso os verbos ficam A) quando é índice de indeterminação do sujeito;
no singular. B) quando é partícula apassivadora.

 Com as expressões “um ou outro” e “nem um Quando índice de indeterminação do sujeito, o “se”
nem outro”, a concordância costuma ser feita no singular. acompanha os verbos intransitivos, transitivos indiretos
Um ou outro compareceu à festa. e de ligação, que obrigatoriamente são conjugados na
Nem um nem outro saiu do colégio. terceira pessoa do singular:
Precisa-se de funcionários.
 Com “um e outro”, o verbo pode ficar no plural Confia-se em teses absurdas.
ou no singular: Um e outro farão/fará a prova.
Quando pronome apassivador, o “se” acompanha ver-
 Quando os núcleos do sujeito são unidos por bos transitivos diretos (VTD) e transitivos diretos e indi-
“com”, o verbo fica no plural. Nesse caso, os núcleos re- retos (VTDI) na formação da voz passiva sintética. Nesse
cebem um mesmo grau de importância e a palavra “com” caso, o verbo deve concordar com o sujeito da oração.
tem sentido muito próximo ao de “e”. Exemplos:
O pai com o filho montaram o brinquedo. Construiu-se um posto de saúde.
LÍNGUA PORTUGUESA

O governador com o secretariado traçaram os planos Construíram-se novos postos de saúde.


para o próximo semestre. Aqui não se cometem equívocos
O professor com o aluno questionaram as regras. Alugam-se casas.

Nesse mesmo caso, o verbo pode ficar no singular, se


a ideia é enfatizar o primeiro elemento.
O pai com o filho montou o brinquedo.

80
Cinco quilos de açúcar é mais do que preciso.
#FicaDica Três metros de tecido é pouco para fazer seu vestido.
Duas semanas de férias é muito para mim.
Para saber se o “se” é partícula apassivadora
ou índice de indeterminação do sujeito, tente
 Quando um dos elementos (sujeito ou predica-
transformar a frase para a voz passiva. Se a fra-
tivo) for pronome pessoal do caso reto, com este
se construída for “compreensível”, estaremos
concordará o verbo.
diante de uma partícula apassivadora; se não, o
No meu setor, eu sou a única mulher.
“se” será índice de indeterminação. Veja:
Aqui os adultos somos nós.
Precisa-se de funcionários qualificados.
Tentemos a voz passiva:
Observação:
Funcionários qualificados são precisados (ou
Sendo ambos os termos (sujeito e predicativo) repre-
precisos)? Não há lógica. Portanto, o “se” des-
sentados por pronomes pessoais, o verbo concorda com
tacado é índice de indeterminação do sujeito.
o pronome sujeito.
Agora:
Eu não sou ela.
Vendem-se casas.
Ela não é eu.
Voz passiva: Casas são vendidas. Construção
correta! Então, aqui, o “se” é partícula apassi-
 Quando o sujeito for uma expressão de sentido
vadora. (Dá para eu passar para a voz passiva.
partitivo ou coletivo e o predicativo estiver no plu-
Repare em meu destaque. Percebeu semelhan-
ral, o verbo SER concordará com o predicativo.
ça? Agora é só memorizar!)
A grande maioria no protesto eram jovens.
O resto foram atitudes imaturas.
O Verbo “Ser”
O Verbo “Parecer”
A concordância verbal dá-se sempre entre o verbo e o O verbo parecer, quando é auxiliar em uma locução
sujeito da oração. No caso do verbo ser, essa concordân- verbal (é seguido de infinitivo), admite duas concordân-
cia pode ocorrer também entre o verbo e o predicativo cias:
do sujeito.  Ocorre variação do verbo PARECER e não se fle-
xiona o infinitivo: As crianças parecem gostar do
Quando o sujeito ou o predicativo for: desenho.
 A variação do verbo parecer não ocorre e o infini-
A) Nome de pessoa ou pronome pessoal – o verbo tivo sofre flexão:
SER concorda com a pessoa gramatical: As crianças parece gostarem do desenho.
Ele é forte, mas não é dois. (essa frase equivale a: Parece gostarem do desenho
Fernando Pessoa era vários poetas. aas crianças)
A esperança dos pais são eles, os filhos.
FIQUE ATENTO!
B) nome de coisa e um estiver no singular e o outro
no plural, o verbo SER concordará, preferencial- Com orações desenvolvidas, o verbo PARE-
mente, com o que estiver no plural: CER fica no singular. Por exemplo: As pare-
Os livros são minha paixão! des parece que têm ouvidos. (Parece que as
Minha paixão são os livros! paredes têm ouvidos = oração subordinada
substantiva subjetiva).
Quando o verbo SER indicar

 horas e distâncias, concordará com a expressão Concordância Nominal


numérica:
É uma hora. A concordância nominal se baseia na relação entre
São quatro horas. nomes (substantivo, pronome) e as palavras que a eles se
Daqui até a escola é um quilômetro / são dois quilô- ligam para caracterizá-los (artigos, adjetivos, pronomes
metros. adjetivos, numerais adjetivos e particípios). Lembre-se:
normalmente, o substantivo funciona como núcleo de
 datas, concordará com a palavra dia(s), que pode um termo da oração, e o adjetivo, como adjunto adno-
estar expressa ou subentendida: minal.
LÍNGUA PORTUGUESA

A concordância do adjetivo ocorre de acordo com as


Hoje é dia 26 de agosto. seguintes regras gerais:
Hoje são 26 de agosto. A) O adjetivo concorda em gênero e número quando
se refere a um único substantivo: As mãos trêmulas
 Quando o sujeito indicar peso, medida, quantida- denunciavam o que sentia.
de e for seguido de palavras ou expressões como
pouco, muito, menos de, mais de, etc., o verbo SER
fica no singular:

81
B) Quando o adjetivo refere-se a vários substantivos, Observação:
a concordância pode variar. Podemos sistematizar Quando a palavra “só” equivale a “somente” ou “ape-
essa flexão nos seguintes casos: nas”, tem função adverbial, ficando, portanto, invariável:
Eles só desejam ganhar presentes.
 Adjetivo anteposto aos substantivos:
O adjetivo concorda em gênero e número com o
substantivo mais próximo. #FicaDica
Encontramos caídas as roupas e os prendedores.
Encontramos caída a roupa e os prendedores. Substitua o “só” por “apenas” ou “sozinho”.
Encontramos caído o prendedor e a roupa. Se a frase ficar coerente com o primeiro,
trata-se de advérbio, portanto, invariável; se
Caso os substantivos sejam nomes próprios ou de houver coerência com o segundo, função de
parentesco, o adjetivo deve sempre concordar no plural. adjetivo, então varia:
As adoráveis Fernanda e Cláudia vieram me visitar. Ela está só. (ela está sozinha) – adjetivo
Encontrei os divertidos primos e primas na festa. Ele está só descansando. (apenas descansan-
do) - advérbio
 Adjetivo posposto aos substantivos: Mas cuidado! Se colocarmos uma vírgula
O adjetivo concorda com o substantivo mais próximo depois de “só”, haverá, novamente, um ad-
ou com todos eles (assumindo a forma masculina jetivo:
plural se houver substantivo feminino e masculi- Ele está só, descansando. (ele está sozinho e
no). descansando)
A indústria oferece localização e atendimento perfeito.
A indústria oferece atendimento e localização perfeita. G) Quando um único substantivo é modificado por
A indústria oferece localização e atendimento perfei- dois ou mais adjetivos no singular, podem ser usa-
tos. das as construções:
A indústria oferece atendimento e localização perfei-  O substantivo permanece no singular e coloca-se
tos. o artigo antes do último adjetivo: Admiro a cultura
espanhola e a portuguesa.
Observação:  O substantivo vai para o plural e omite-se o artigo
Os dois últimos exemplos apresentam maior clareza, antes do adjetivo: Admiro as culturas espanhola e
pois indicam que o adjetivo efetivamente se refere aos portuguesa.
dois substantivos. Nesses casos, o adjetivo foi flexionado
no plural masculino, que é o gênero predominante quan- 1. Casos Particulares
do há substantivos de gêneros diferentes.
Se os substantivos possuírem o mesmo gênero, o ad- É proibido - É necessário - É bom - É preciso - É per-
jetivo fica no singular ou plural. mitido
A beleza e a inteligência feminina(s).
O carro e o iate novo(s).  Estas expressões, formadas por um verbo mais um
C) Expressões formadas pelo verbo SER + adjetivo: adjetivo, ficam invariáveis se o substantivo a que se
O adjetivo fica no masculino singular, se o substanti- referem possuir sentido genérico (não vier prece-
vo não for acompanhado de nenhum modificador: dido de artigo).
Água é bom para saúde. É proibido entrada de crianças.
O adjetivo concorda com o substantivo, se este for Em certos momentos, é necessário atenção.
modificado por um artigo ou qualquer outro determina- No verão, melancia é bom.
tivo: Esta água é boa para saúde. É preciso cidadania.
Não é permitido saída pelas portas laterais.
D) O adjetivo concorda em gênero e número com os
pronomes pessoais a que se refere: Juliana encon-  Quando o sujeito destas expressões estiver deter-
trou-as muito felizes. minado por artigos, pronomes ou adjetivos, tanto
E) Nas expressões formadas por pronome indefinido o verbo como o adjetivo concordam com ele.
neutro (nada, algo, muito, tanto, etc.) + preposição É proibida a entrada de crianças.
DE + adjetivo, este último geralmente é usado no Esta salada é ótima.
masculino singular: Os jovens tinham algo de mis- A educação é necessária.
terioso. São precisas várias medidas na educação.
F) A palavra “só”, quando equivale a “sozinho”, tem
LÍNGUA PORTUGUESA

função adjetiva e concorda normalmente com o Anexo - Obrigado - Mesmo - Próprio - Incluso -
nome a que se refere: Quite
Cristina saiu só.
Cristina e Débora saíram sós. Estas palavras adjetivas concordam em gênero e nú-
mero com o substantivo ou pronome a que se referem.
Seguem anexas as documentações requeridas.
A menina agradeceu: - Muito obrigada.

82
Muito obrigadas, disseram as senhoras.
Seguem inclusos os papéis solicitados.
Estamos quites com nossos credores. EXERCÍCIOS COMENTADOS

Bastante - Caro - Barato - Longe 1. (PREFEITURA DE SÃO LUÍS-MA – CONHECIMENTOS


BÁSICOS – CARGOS DE TÉCNICO MUNICIPAL – NÍVEL
Estas palavras são invariáveis quando funcionam MÉDIO – CESPE – 2017)
como advérbios. Concordam com o nome a que se refe-
rem quando funcionam como adjetivos, pronomes adje- Texto CB3A2BBB
tivos, ou numerais.
As jogadoras estavam bastante cansadas. (advérbio) O reconhecimento e a proteção dos direitos humanos
Há bastantes pessoas insatisfeitas com o trabalho. estão na base das Constituições democráticas modernas.
(pronome adjetivo) A paz, por sua vez, é o pressuposto necessário para o re-
Nunca pensei que o estudo fosse tão caro. (advérbio) conhecimento e a efetiva proteção dos direitos humanos
As casas estão caras. (adjetivo) em cada Estado e no sistema internacional. Ao mesmo
Achei barato este casaco. (advérbio) tempo, o processo de democratização do sistema in-
Hoje as frutas estão baratas. (adjetivo) ternacional, que é o caminho obrigatório para a busca
do ideal da paz perpétua, não pode avançar sem uma
Meio - Meia gradativa ampliação do reconhecimento e da proteção
dos direitos humanos, acima de cada Estado. Direitos
A palavra “meio”, quando empregada como adjetivo, humanos, democracia e paz são três elementos funda-
concorda normalmente com o nome a que se refere: Pedi mentais do mesmo movimento histórico: sem direitos
meia porção de polentas. humanos reconhecidos e protegidos, não há democra-
Quando empregada como advérbio permanece inva- cia; sem democracia, não existem as condições mínimas
riável: A candidata está meio nervosa. para a solução pacífica dos conflitos. Em outras palavras,
a democracia é a sociedade dos cidadãos, e os súditos se
tornam cidadãos quando lhes são reconhecidos alguns
#FicaDica direitos fundamentais; haverá paz estável, uma paz que
Dá para eu substituir por “um pouco”, assim não tenha a guerra como alternativa, somente quando
saberei que se trata de um advérbio, não de existirem cidadãos não mais apenas deste ou daquele
adjetivo: “A candidata está um pouco nervo- Estado, mas do mundo.
Norberto Bobbio. A era dos direitos. Trad. Carlos Nelson Couti-
sa”.
nho. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004, p. 1 (com adaptações).

Alerta - Menos Preservando-se a correção gramatical do texto CB3A-


2BBB, os termos “não há” e “não existem” poderiam ser
Essas palavras são advérbios, portanto, permanecem substituídos, respectivamente, por
sempre invariáveis.
Os concurseiros estão sempre alerta. a) não existe e não têm.
Não queira menos matéria! b) não existe e inexiste.
c) inexiste e não há.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS d) inexiste e não acontece.
Português linguagens: volume 3 / Wiliam Roberto Ce- e) não tem e não têm.
reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
Paulo: Saraiva, 2010. Resposta: Letra C. Busquemos o contexto:
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa - sem direitos humanos reconhecidos e protegidos,
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. não há democracia = poderíamos substituir por “não
Português: novas palavras: literatura, gramática, reda- existe”, inexiste (verbo “haver” empregado com o sen-
ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000. tido de “existir”)
- sem democracia, não existem as condições míni-
SITE mas para a solução pacífica dos conflitos = sentido
http://www.soportugues.com.br/secoes/sint/sint49. de “existir”. Poderíamos substituir por inexiste, mas no
php plural, já que devemos concordar com “as condições
mínimas”. A única “troca” adequada seria o verbo “ha-
LÍNGUA PORTUGUESA

ver” – que pode ser utilizado com o sentido de “exis-


tir”. Teríamos: sem direitos humanos reconhecidos e
protegidos, inexiste democracia; sem democracia, não
há as condições mínimas para a solução pacífica dos
conflitos.

83
2. (INSS – TÉCNICO DO SEGURO SOCIAL – CESPE – 3. (INSS – PERITO MÉDICO PREVIDENCIÁRIO – CESPE
2008) – 2010)

Como nasce uma história A Revolta da Vacina


(fragmento)
O Rio de Janeiro, na passagem do século XIX para o sécu-
Quando cheguei ao edifício, tomei o elevador que serve lo XX, era ainda uma cidade de ruas estreitas e sujas, sa-
do primeiro ao décimo quarto andar. Era pelo menos o neamento precário e foco de doenças como febre ama-
que dizia a tabuleta no alto da porta. rela, varíola, tuberculose e peste. Os navios estrangeiros
— Sétimo — pedi. faziam questão de anunciar que não parariam no porto
A porta se fechou e começamos a subir. Minha atenção carioca e os imigrantes recém-chegados da Europa mor-
se fixou num aviso que dizia: riam às dezenas de doenças infecciosas.
É expressamente proibido os funcionários, no ato da subi- Ao assumir a presidência da República, Francisco de Pau-
da, utilizarem os elevadores para descerem. la Rodrigues Alves instituiu como meta governamental
Desde o meu tempo de ginásio sei que se trata de pro- o saneamento e reurbanização da capital da República.
blema complicado, este do infinito pessoal. Prevaleciam Para assumir a frente das reformas, nomeou Francisco
então duas regras mestras que deveriam ser rigorosa- Pereira Passos para o governo municipal. Este, por sua
mente obedecidas. Uma afirmava que o sujeito, sendo vez, chamou os engenheiros Francisco Bicalho para a re-
o mesmo, impedia que o verbo se flexionasse. Da outra forma do porto e Paulo de Frontin para as reformas no
infelizmente já não me lembrava. centro. Rodrigues Alves nomeou ainda o médico Oswal-
Mas não foi o emprego pouco castiço do infinito pessoal do Cruz para o saneamento.
que me intrigou no tal aviso: foi estar ele concebido de O Rio de Janeiro passou a sofrer profundas mudanças,
maneira chocante aos delicados ouvidos de um escritor com a derrubada de casarões e cortiços e o consequen-
que se preza. te despejo de seus moradores. A população apelidou o
Qualquer um, não sendo irremediavelmente burro, en- movimento de o “bota-abaixo”. O objetivo era a abertura
tenderia o que se pretende dizer neste aviso. Pois um ti- de grandes bulevares, largas e modernas avenidas com
jolo de burrice me baixou na compreensão, fazendo com prédios de cinco ou seis andares.
que eu ficasse revirando a frase na cabeça: descerem, no Ao mesmo tempo, iniciava-se o programa de saneamen-
ato da subida? Que quer dizer isto? E buscava uma forma to de Oswaldo Cruz. Para combater a peste, ele criou
simples e correta de formular a proibição: brigadas sanitárias que cruzavam a cidade espalhando
É proibido subir para depois descer. raticidas, mandando remover o lixo e comprando ratos.
É proibido subir no elevador com intenção de descer. Em seguida o alvo foram os mosquitos transmissores da
É proibido ficar no elevador com intenção de descer, quan- febre amarela.
do ele estiver subindo. Finalmente, restava o combate à varíola. Autoritariamen-
Se quiser descer, não tome o elevador que esteja subindo. te, foi instituída a lei de vacinação obrigatória. A popula-
Mais simples ainda: ção, humilhada pelo poder público autoritário e violento,
Se quiser descer, só tome o elevador que estiver descendo. não acreditava na eficácia da vacina. Os pais de família
De tanta simplicidade, atingi a síntese perfeita do que rejeitavam a exposição das partes do corpo a agentes
Nelson Rodrigues chamava de óbvio ululante, ou seja, a sanitários do governo.
enunciação de algo que não quer dizer absolutamente A vacinação obrigatória foi o estopim para que o povo, já
nada: Se quiser descer, não suba. profundamente insatisfeito com o “bota-abaixo” e insu-
Fernando Sabino. A volta por cima. Rio de Janeiro: Record, flado pela imprensa, se revoltasse. Durante uma semana,
1995, p. 137-140. (Com adaptações.) enfrentou as forças da polícia e do exército até ser repri-
mido com violência. O episódio transformou, no período
O trecho das linhas 5 e 6 pode ser reescrito, com cor- de 10 a 16 de novembro de 1904, a recém-reconstruída
reção gramatical, da seguinte maneira: É expressamente cidade do Rio de Janeiro em uma praça de guerra, onde
proibido a utilização dos elevadores que tiverem subindo foram erguidas barricadas e ocorreram confrontos gene-
pelos funcionários que desejarem descer. ralizados.
Internet: <www.ccs.saude.gov.br>. (Com adaptações.)
(  ) CERTO  (  ) ERRADO
A população do Rio fez uma revolta por causa da vacina-
Resposta: Errado. Quanto à correção gramatical ha- ção obrigatória, uma vez que já estava insatisfeita com o
veria um erro, pois, devido à presença do artigo “a”, a “bota-abaixo” e insufladas pela imprensa.
forma correta de escrever é: “É expressamente proibida
a utilização...” (  ) CERTO  (  ) ERRADO
LÍNGUA PORTUGUESA

Resposta: Errado O termo “insufladas” deveria estar


no singular, já que se refere à “população”.

84
4. (INSS – ANALISTA DO SEGURO SOCIAL – SERVIÇO que exige complemento regido pela preposição “a”, e o
SOCIAL – CESPE – 2016) termo regido é aquele que completa o sentido do termo
regente, admitindo a anteposição do artigo a(s).
Levantou-se da cama o pobre namorado sem ter conse- Refiro-me a (a) funcionária antiga, e não a (a)quela
guido dormir. Vinha nascendo o Sol. contratada recentemente.
Quis ler os jornais e pediu-os. Após a junção da preposição com o artigo (destaca-
Já os ia pondo de lado, por haver acabado de ler, quan- dos entre parênteses), temos:
do repentinamente viu seu nome impresso no Jornal do Refiro-me à funcionária antiga, e não àquela contrata-
Comércio. da recentemente.
Era um artigo a pedido com o título de Uma Obra-Prima. O verbo referir, de acordo com sua transitividade,
Dizia o artigo: classifica-se como transitivo indireto, pois sempre nos re-
Temos o prazer de anunciar ao país o próximo apareci- ferimos a alguém ou a algo. Houve a fusão da preposição
mento de uma excelente comédia, estreia de um jovem a + o artigo feminino (à) e com o artigo feminino a + o
literato fluminense, de nome Antônio Carlos de Oliveira. pronome demonstrativo aquela (àquela).
Este robusto talento, por muito tempo incógnito, vai en-
fim entrar nos mares da publicidade, e para isso procurou Observações importantes:
logo ensaiar-se em uma obra de certo vulto. Alguns recursos servem de ajuda para que possamos
Consta-nos que o autor, solicitado por seus numerosos confirmar a ocorrência ou não da crase. Eis alguns:
amigos, leu há dias a comédia em casa do Sr. Dr. Estê-  Substitui-se a palavra feminina por uma masculina
vão Soares, diante de um luzido auditório, que aplaudiu equivalente. Caso ocorra a combinação a + o(s), a
muito e profetizou no Sr. Oliveira um futuro Shakespeare. crase está confirmada.
O Sr. Dr. Estêvão Soares levou a sua amabilidade ao pon- Os dados foram solicitados à diretora.
to de pedir a comédia para ler segunda vez, e ontem ao Os dados foram solicitados ao diretor.
encontrar-se na rua com o Sr. Oliveira, de tal entusiasmo
vinha possuído que o abraçou estreitamente, com gran-  No caso de nomes próprios geográficos, substi-
de pasmo dos numerosos transeuntes. tui-se o verbo da frase pelo verbo voltar. Caso re-
Da parte de um juiz tão competente em matérias literá- sulte na expressão “voltar da”, há a confirmação da
rias este ato é honroso para o Sr. Oliveira. crase.
Estamos ansiosos por ler a peça do Sr. Oliveira, e ficamos
certos de que ela fará a fortuna de qualquer teatro. Faremos uma visita à Bahia.
O amigo das letras. Faz dois dias que voltamos da Bahia. (crase confirma-
Machado de Assis. A mulher de preto. In: Contos flumi- da)
nenses.
São Paulo: Globo, 1997. (Com adaptações.) Não me esqueço da viagem a Roma.
Ao voltar de Roma, relembrarei os belos momentos ja-
A oração introduzida pela preposição “por” remete a mais vividos.
uma ação anterior ao estado descrito na oração “Esta- Nas situações em que o nome geográfico se apresen-
mos ansiosos”. tar modificado por um adjunto adnominal, a crase está
confirmada.
(  ) CERTO  (  ) ERRADO Atendo-me à bela Fortaleza, senti saudades de suas
praias.
Resposta: Errado Quem está ansioso está ansioso por
algo (concordância nominal), remete a uma ação pos-
terior (estamos ansiosos por ler a peça). #FicaDica
Use a regrinha “Vou A volto DA, crase HÁ; vou
A volto DE, crase PRA QUÊ?” Exemplo: Vou a
EMPREGO DO SINAL INDICATIVO DE
Campinas. = Volto de Campinas. (crase pra
CRASE.
quê?)
Vou à praia. = Volto da praia. (crase há!)
A crase se caracteriza como a fusão de duas vogais
idênticas, relacionadas ao emprego da preposição “a”
com o artigo feminino a(s), com o “a” inicial referente aos Quando o nome de lugar estiver especificado, ocor-
pronomes demonstrativos – aquela(s), aquele(s), aquilo rerá crase. Veja:
LÍNGUA PORTUGUESA

e com o “a” pertencente ao pronome relativo a qual (as Retornarei à São Paulo dos bandeirantes. = mesmo
quais). Casos estes em que tal fusão encontra-se demar- que, pela regrinha acima, seja a do “VOLTO DE”
cada pelo acento grave ( ` ): à(s), àquela, àquele, àquilo, Irei à Salvador de Jorge Amado.
à qual, às quais. A letra “a” dos pronomes demonstrativos aquele(s),
O uso do acento indicativo de crase está condiciona- aquela(s) e aquilo receberão o acento grave se o termo
do aos nossos conhecimentos acerca da regência verbal regente exigir complemento regido da preposição “a”.
e nominal, mais precisamente ao termo regente e termo Entregamos a encomenda àquela menina.
regido. Ou seja, o termo regente é o verbo - ou nome - (preposição + pronome demonstrativo)

85
Iremos àquela reunião. Antes de verbos no infinitivo.
(preposição + pronome demonstrativo) Ele estava a cantar.
Começou a chover.
Sua história é semelhante às que eu ouvia quando
criança. (àquelas que eu ouvia quando criança) Antes de numeral.
(preposição + pronome demonstrativo) O número de aprovados chegou a cem.
Faremos uma visita a dez países.
A letra “a” que acompanha locuções femininas (ad-
verbiais, prepositivas e conjuntivas) recebem o acento Observações:
grave:  Nos casos em que o numeral indicar horas – fun-
 locuções adverbiais: às vezes, à tarde, à noite, às cionando como uma locução adverbial feminina –
pressas, à vontade... ocorrerá crase: Os passageiros partirão às dezenove
 locuções prepositivas: à frente, à espera de, à pro- horas.
cura de...  Diante de numerais ordinais femininos a crase está
 locuções conjuntivas: à proporção que, à medida confirmada, visto que estes não podem ser empre-
que. gados sem o artigo: As saudações foram direciona-
das à primeira aluna da classe.
Cuidado: quando as expressões acima não exercerem  Não ocorrerá crase antes da palavra casa, quando
a função de locuções não ocorrerá crase. Repare: essa não se apresentar determinada: Chegamos to-
Eu adoro a noite! dos exaustos a casa.

Adoro o quê? Adoro quem? O verbo “adoro” requer Entretanto, se vier acompanhada de um adjunto
objeto direto, no caso, a noite. Aqui, o “a” é artigo, não adnominal, a crase estará confirmada: Chegamos todos
preposição. exaustos à casa de Marcela.
 Não há crase antes da palavra “terra”, quando essa
Casos passíveis de nota: indicar chão firme: Quando os navegantes regressa-
ram a terra, já era noite.
 A crase é facultativa diante de nomes próprios fe-
mininos: Entreguei o caderno a (à) Eliza. Contudo, se o termo estiver precedido por um de-
 Também é facultativa diante de pronomes posses- terminante ou referir-se ao planeta Terra, ocorrerá crase.
sivos femininos: O diretor fez referência a (à) sua Paulo viajou rumo à sua terra natal.
empresa. O astronauta voltou à Terra.
 Facultativa em locução prepositiva “até a”: A loja
ficará aberta até as (às) dezoito horas.  Não ocorre crase antes de pronomes que reque-
 Constata-se o uso da crase se as locuções prepo- rem o uso do artigo.
sitivas à moda de, à maneira de apresentarem-se Os livros foram entregues a mim.
implícitas, mesmo diante de nomes masculinos: Dei a ela a merecida recompensa.
Tenho compulsão por comprar sapatos à Luis XV. (à
moda de Luís XV)  Pelo fato de os pronomes de tratamento relativos
 Não se efetiva o uso da crase diante da locução à senhora, senhorita e madame admitirem artigo, o
adverbial “a distância”: Na praia de Copacabana, uso da crase está confirmado no “a” que os antece-
observamos a queima de fogos a distância. de, no caso de o termo regente exigir a preposição.
Todos os méritos foram conferidos à senhorita Patrícia.
Entretanto, se o termo vier determinado, teremos  Não ocorre crase antes de nome feminino utiliza-
uma locução prepositiva, aí sim, ocorrerá crase: O pedes- do em sentido genérico ou indeterminado:
tre foi arremessado à distância de cem metros. Estamos sujeitos a críticas.
 De modo a evitar o duplo sentido – a ambiguidade Refiro-me a conversas paralelas.
-, faz-se necessário o emprego da crase.
Ensino à distância. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Ensino a distância. SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
 Em locuções adverbiais formadas por palavras re- Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
petidas, não há ocorrência da crase. Português linguagens: volume 3 / Wiliam Roberto Ce-
Ela ficou frente a frente com o agressor. reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
Eu o seguirei passo a passo. Paulo: Saraiva, 2010.
LÍNGUA PORTUGUESA

Casos em que não se admite o emprego da crase: SITE


http://www.portugues.com.br/gramatica/o-uso-cra-
Antes de vocábulos masculinos. se-.html
As produções escritas a lápis não serão corrigidas.
Esta caneta pertence a Pedro.

86
Resposta: Certo. Adequar o quê? – os objetivos (obje-
to direto) – adequar o quê a quê? – a + as (=às) neces-
EXERCÍCIO COMENTADO sidades – objeto indireto. A explicação do enunciado
está correta.
1. (TCE-PA - Conhecimentos Básicos - Cargos 1, 18,
19, 37 e 38 – Cespe-2016) 3. (EMPLASA/SP – Analista Jurídico – Direito – VU-
NESP/2014)
Texto CB1A1BBB A ministra de Direitos Humanos instituiu grupo de tra-
balho para proceder _____ medidas necessárias _____ exu-
Estranhamente, governos estaduais cujas despesas com mação dos restos mortais do ex-presidente João Goulart,
o funcionalismo já alcançaram nível preocupante ou que sepultado em São Borja (RS), em 1976. Com a exumação
estouraram o limite de gastos com pessoal fixado pela de Jango, o governo visa esclarecer se o ex-presidente
Lei Complementar n.º 101/2000, denominada Lei de Res- morreu de causas naturais, ou seja, devido ____ uma pa-
ponsabilidade Fiscal (LRF), estão elaborando sua própria rada cardíaca – que tem sido a versão considerada oficial
legislação destinada a assegurar, como alegam, maior ri- até hoje –, ou se sua morte se deve ______ envenenamen-
gor na gestão de suas finanças. Querem uma nova lei de to.
responsabilidade fiscal para, segundo argumentam, for- (http://www.estadao.com.br/noticias/nacional,governo-cria-gru-
talecer a estrutura legal que protege o dinheiro público po-exumar--restos-mortais-de- jango,1094178,0.htm 07. 11.2013.
do mau uso por gestores irresponsáveis. Adaptado)
Examinando-se a situação financeira dos estados que
preparam sua versão da lei de responsabilidade fiscal, Segundo a norma-padrão da língua portuguesa, as lacu-
fica difícil aceitar a argumentação. Desde maio de 2000, nas da frase devem ser completadas, correta e respecti-
quando entrou em vigor a LRF, esses estados, como os vamente, por
demais, estão sujeitos a regras precisas para a gestão do
dinheiro público, para a criação de despesas e, em par- A. a ... à ... a ... a
ticular, para os gastos com pessoal. Por que, tendo des- B. as ... à ... a ... à
cumprido algumas dessas regras, estariam interessados C. às ... a ... à ... a
em torná-las ainda mais rigorosas? D. à ... à ... à ... a
Não foi a lei que não funcionou, mas os responsáveis E. a ... a ... a ... à
pelo dinheiro público que, por alguma razão, não a cum-
priram. De que adiantaria, então, tornar a lei mais rigoro- Resposta: Letra A. A ministra de Direitos Humanos
sa, se nem nas condições atuais esses responsáveis estão instituiu grupo de trabalho para proceder a medidas
sendo capazes de cumpri-la? O problema não está na (palavra no plural, generalizando) necessárias à (re-
lei. Mudá-la pode ser o pretexto não para torná-la mais gência nominal pede preposição) exumação dos res-
rigorosa, mas para atribuir-lhe alguma flexibilidade que tos mortais do ex-presidente João Goulart, sepultado
a desfigure. O verdadeiro problema é a dificuldade do em São Borja (RS), em 1976. Com a exumação de Jan-
setor público de adaptar suas despesas às receitas em go, o governo visa esclarecer se o ex-presidente mor-
queda por causa da crise. reu de causas naturais, ou seja, devido a uma (artigo
Internet: <http://opiniao.estadao.com.br> (com adaptações). indefinido) parada cardíaca – que tem sido a versão
considerada oficial até hoje –, ou se sua morte se deve
O emprego do acento grave em “às receitas” decorre da a (regência verbal) envenenamento. A / à / a / a
regência do verbo “adaptar” e da presença do artigo de-
finido feminino determinando o substantivo “receitas”. 4. (Tribunal de Justiça/SE – Técnico Judiciário – CES-
PE/2014 - adaptada) No trecho “deu início à sua cami-
( ) CERTO ( ) ERRADO nhada cósmica”, o emprego do acento grave indicativo
de crase é obrigatório.
Resposta: Certo. Texto: O verdadeiro problema é a di-
ficuldade do setor público de adaptar suas despesas às ( ) CERTO ( ) ERRADO
receitas em queda por causa da crise = quem adapta,
adapta algo/alguém A algo/alguém. Resposta: Errado. “deu início à sua caminhada cósmi-
ca” – o uso do acento indicativo de crase, neste caso, é
2. (FNDE – Técnico em Financiamento e Execução de facultativo (antes de pronome possessivo).
Programas e Projetos Educacionais – CESPE/2012) O
emprego do sinal indicativo de crase em “adequando os 5. (TCE-PA – CONHECIMENTOS BÁSICOS – AUDITOR
objetivos às necessidades” justifica-se pela regência do
LÍNGUA PORTUGUESA

DE CONTROLE EXTERNO – ÁREA ADMINISTRATIVA –


verbo adequar, que exige complemento regido pela pre- CESPE – 2016)
posição “a”, e pela presença de artigo definido feminino
antes de “necessidades”. Texto CB1A1BBB
( ) CERTO ( ) ERRADO Estranhamente, governos estaduais cujas despesas com
o funcionalismo já alcançaram nível preocupante ou que
estouraram o limite de gastos com pessoal fixado pela

87
Lei Complementar n.º 101/2000, denominada Lei de Res- A mais recente visita de participantes de outro projeto, o
ponsabilidade Fiscal (LRF), estão elaborando sua própria Atenção à População de Rua do Assentamento Noroeste,
legislação destinada a assegurar, como alegam, maior ri- levou respostas às demandas solicitadas pelos morado-
gor na gestão de suas finanças. Querem uma nova lei de res. O foco foram soluções e retornos de casos como o
responsabilidade fiscal para, segundo argumentam, for- de um morador que tem problemas com a justiça e que
talecer a estrutura legal que protege o dinheiro público está sendo assistido por um defensor público e o de uma
do mau uso por gestores irresponsáveis. senhora que estava internada em um hospital público e
Examinando-se a situação financeira dos estados que conseguiu uma cirurgia por meio dos serviços da defen-
preparam sua versão da lei de responsabilidade fiscal, soria.
fica difícil aceitar a argumentação. Desde maio de 2000, As visitas acontecem mensalmente, sendo a maior de-
quando entrou em vigor a LRF, esses estados, como os manda a solicitação de registro civil. “As certidões de
demais, estão sujeitos a regras precisas para a gestão do nascimento figuram entre as demandas porque essas
dinheiro público, para a criação de despesas e, em par- pessoas não as conseguiram por outros serviços, e a de-
ticular, para os gastos com pessoal. Por que, tendo des- fensoria teve que intervir. Nós entramos para solucionar
cumprido algumas dessas regras, estariam interessados problemas: vamos até as ruas para informar sobre o tra-
em torná-las ainda mais rigorosas? balho da defensoria, para que seus direitos sejam garan-
Não foi a lei que não funcionou, mas os responsáveis tidos”, afirma a coordenadora.
pelo dinheiro público que, por alguma razão, não a cum- Internet: <www.defensoria.df.gov.br.> (com adaptações).
priram. De que adiantaria, então, tornar a lei mais rigoro-
sa, se nem nas condições atuais esses responsáveis estão No trecho “respostas às demandas”, o emprego do sinal
sendo capazes de cumpri-la? O problema não está na indicativo de crase justifica-se pela regência do substan-
lei. Mudá-la pode ser o pretexto não para torná-la mais tivo “respostas”, que exige complemento antecedido da
rigorosa, mas para atribuir-lhe alguma flexibilidade que preposição a, e pela presença de artigo feminino plural
a desfigure. O verdadeiro problema é a dificuldade do que determina “demandas”.
setor público de adaptar suas despesas às receitas em
queda por causa da crise. ( ) CERTO ( ) ERRADO
Internet: <http://opiniao.estadao.com.br> (com adaptações).
Resposta: Certo. No trecho “respostas às demandas”,
O emprego do acento grave em “às receitas” de- o emprego do sinal indicativo de crase justifica-se pela
corre da regência do verbo “adaptar” e da presença do regência do substantivo “respostas”, que exige com-
artigo definido feminino determinando o substantivo plemento antecedido da preposição a, e pela presença
“receitas”. de artigo feminino plural que determina “demandas”.
Não há o que explicar! A afirmação faz isso!
( ) CERTO ( ) ERRADO

Resposta: Certo. Texto: O verdadeiro problema é a


dificuldade do setor público de adaptar suas despesas COLOCAÇÃO DOS PRONOMES ÁTONOS.
às receitas em queda por causa da crise = quem adap-
ta, adapta algo/alguém A algo/alguém.
“Prezado Candidato, o conteúdo acima foi abor-
6. (DPU – AGENTE ADMINISTRATIVO – CONHECI- dado no decorrer da matéria”
MENTOS BÁSICOS – CESPE –2016)

Maria Silva é moradora do Assentamento Noroeste, onde


moram cerca de cem pessoas cuja principal forma de
renda é o trabalho com reciclagem. Ela é uma das líde-
res que lutam pelos direitos daquela comunidade. Vinda
do estado do Ceará, Maria chegou a Brasília em 2002 e
conheceu o trabalho da Defensoria Pública por meio do
projeto Monitoramento da Política Nacional para a Po-
pulação em Situação de Rua, tendo seu primeiro contato
com a defensoria ocorrido quando ela precisou de novos
documentos para substituir os que haviam sido perdidos
no período em que esteve nas ruas.
LÍNGUA PORTUGUESA

O objetivo do referido projeto é o de ir até a população


que normalmente não tem acesso à Defensoria Pública.
“Nós chegamos de forma humanizada até essas pesso-
as em situação de rua. Com esse trabalho nós estamos
garantindo seu acesso à justiça e aos direitos para que
consigam se beneficiar de outras políticas públicas”, ex-
plica a coordenadora do Departamento de Atividade Psi-
cossocial.

88
4. (INSS – TÉCNICO SEGURO SOCIAL – CESPE – 2016)
HORA DE PRATICAR! Bibliotecas sempre deram muito o que falar. Grandes
monarquias jamais deixaram de possuir as suas, e cui-
1. (INSS – TÉCNICO SEGURO SOCIAL – CESPE – 2016) davam delas estrategicamente. Afinal, dotes de prin-
cesas foram negociados tendo livros como objetos de
Texto I barganha; tratados diplomáticos versaram sobre essas
coleções. Os monarcas portugueses, após o terremoto
Naquele novo apartamento da rua Visconde de Pirajá que dizimou Lisboa, se orgulhavam de, a despeito dos
pela primeira vez teria um escritório para trabalhar. Não destroços, terem erguido uma grande biblioteca: a Real
era um cômodo muito grande, mas dava para armar ali a Livraria. D. José chamava-a de joia maior do tesouro real.
minha tenda de reflexões e leitura: uma escrivaninha, um D. João VI, mesmo na correria da partida para o Brasil,
sofá e os livros. Na parede da esquerda ficaria a grande não se esqueceu dos livros. Em três diferentes levas, a
e sonhada estante onde caberiam todos os meus livros. Real Biblioteca aportou nos trópicos, e foi até mesmo
Tratei de encomendá-la a seu Joaquim, um marceneiro tema de disputa.
que tinha oficina na rua Garcia D’Ávila com Barão da Tor- Internet: <http://observatoriodaimprensa.com.br> (com adapta-
re. ções).
O apartamento não ficava tão perto da oficina. Era quase
em frente ao prédio onde morava Mário Pedrosa, entre a A Real Livraria foi erguida com os destroços resul-
Farme de Amoedo e a antiga Montenegro, hoje Vinicius tantes do terremoto que atingiu Lisboa, como símbolo
de Moraes. Estava ali havia uma semana e nem decorara da força de Portugal na superação da tragédia que aca-
ainda o número do prédio. Tanto que, quando seu Joa- bava de assolar o país.
quim, ao preencher a nota de encomenda, perguntou-
-me onde seria entregue a estante, tive um momento de ( ) CERTO ( ) ERRADO
hesitação. Mas foi só um momento. Pensei rápido: “Se o
prédio do Mário é 228, o meu, que fica quase em frente,
5. (PREFEITURA DE SÃO PAULO-SP – ASSISTENTE DE
deve ser 227”. Mas lembrei-me de que, ao ir ali pela pri-
GESTÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS – CESPE – 2016)
meira vez, observara que, apesar de ficar em frente ao do
Mário, havia uma diferença na numeração.
― Visconde de Pirajá, 127 ― respondi, e seu Joaquim Texto I
desenhou o endereço na nota.
― Tudo bem, seu Ferreira. Dentro de um mês estará lá O Brasil é um país de cidades novas. A maior parte de
sua estante. seus núcleos urbanos surgiu no século passado. Há ci-
― Um mês, seu Joaquim! Tudo isso? Veja se reduz esse dades, entretanto, que já existem há bastante tempo.
prazo. Contemporâneas dos primeiros tempos da coloniza-
― A estante é grande, dá muito trabalho... Digamos, três ção, algumas delas já ultrapassaram inclusive a marca
semanas. do quarto centenário. Poucas são as cidades brasileiras,
Ferreira Gullar. A estante. In: A estranha vida banal. Rio de Janei- contudo, que ainda apresentam vestígios materiais con-
ro: José Olympio, 1989 (com adaptações) sideráveis do passado.
Se hoje o Rio de Janeiro, fundado em 1565, vangloria-se
De acordo com as informações do texto, é correto inferir de seu “corredor cultural”, que preserva edificações da
que seu Joaquim era analfabeto, uma vez que ele “dese- área central construídas na virada do século XIX para o
nhou o endereço na nota”. XX, é importante lembrar que as edificações aí situadas
substituíram inúmeras outras antes existentes no mes-
( ) CERTO ( ) ERRADO mo local. Nem mesmo o berço histórico da cidade existe
mais, arrasado devido à destruição do Morro do Castelo
2. (INSS – TÉCNICO SEGURO SOCIAL – CESPE – 2016) em 1922. E o que falar de São Paulo, fundada em 1554?
De acordo com as informações do texto, Vinicius de Mo- Da pauliceia colonial e imperial quase mais nada existe,
raes passou a morar no apartamento onde antes residia e, se ainda temos uma boa noção do que foi a cidade da
Mário Pedrosa. primeira metade do século XX, é porque contamos com a
paisagem eternizada das fotografias e com os belíssimos
( ) CERTO ( ) ERRADO trabalhos realizados pelos geógrafos paulistas por oca-
sião do quarto centenário da cidade.
3. (INSS – TÉCNICO SEGURO SOCIAL – CESPE – 2016) Há outros exemplos. Olinda, fundada em 1537, orgulha-
LÍNGUA PORTUGUESA

O “momento de hesitação” vivido pelo narrador deveu- -se de ser patrimônio cultural da humanidade, mas esse
-se ao medo de informar o endereço a um desconhecido. título não lhe foi conferido em razão dos testemunhos
que sobraram da cidade antiga, em grande parte subs-
( ) CERTO ( ) ERRADO tituída por construções em estilo eclético ou art déco
do início do século passado. E se Salvador, criada em
1549, e Ouro Preto, fundada em 1711, podem gabar-se
de manter ainda um patrimônio histórico-arquitetônico
apreciável, isso se deve muito mais à longa decadência

89
econômica pela qual passaram, que atenuou os ataques 7. (PREFEITURA DE SÃO PAULO-SP – ASSISTENTE DE
ao parque construído, do que a qualquer veleidade pre- GESTÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS – CESPE – 2016) En-
servacionista local. tre as cidades citadas no texto I, a cidade brasileira mais
Em suma, não é muito comum encontrarem-se vestígios antiga na qual existe patrimônio histórico-arquitetônico
materiais do passado nas cidades brasileiras, mesmo na- apreciável é
quelas que já existem há bastante tempo. Há, entretanto,
algo novo acontecendo em todas elas. Independente- a) Rio de Janeiro.
mente de qual tenha sido o estoque de materialidades b) Salvador.
históricas que tenham conseguido salvar da destruição, c) São Paulo.
as cidades do país vêm hoje engajando-se decisivamente d) Olinda.
em um movimento de preservação do que sobrou de seu e) Ouro Preto.
passado, em uma indicação flagrante de que muita coisa
mudou na forma como a sociedade brasileira se relacio- 8. (PREFEITURA DE SÃO PAULO-SP – ASSISTENTE DE
na com as suas memórias. GESTÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS – CESPE – 2016)
Mauricio Abreu. Sobre a memória das cidades. In: Ana Fani Ales-
sandri Carlos et al (Orgs.). A produção do espaço urbano: agentes e Texto III
processos, escalas e desafios. São Paulo: Editora Contexto, 2013, p.
21-2 (com adaptações). A história do grafite no Brasil iniciou-se na década de
70 do século XX, precisamente na cidade de São Paulo,
De acordo com as informações presentes no texto I, em uma época conturbada da história do Brasil, época
essa silenciada pela censura resultante da chegada dos
a) as cidades brasileiras não guardam vestígios materiais militares ao poder.
relevantes de seu passado. Paralelamente ao movimento que despontava em Nova
b) a forma como a sociedade brasileira se relaciona com York, o grafite surgiu no cenário da metrópole brasilei-
suas memórias mantém-se inalterada desde a funda- ra como uma arte transgressora, a linguagem da rua, da
ção das cidades mais antigas do país. marginalidade, que não pedia licença e que gritava nas
c) observa-se nas cidades brasileiras um movimento no paredes da cidade os incômodos de uma geração.
sentido da preservação dos vestígios que sobraram de A partir disso, a arte de grafitar se transformou em um
sua história. importante veículo de comunicação urbano, corrobo-
d) as cidades brasileiras mais antigas tendem a conservar rando, de alguma maneira, a existência de outras vozes,
menos vestígios materiais de seu passado. de outros sujeitos históricos e ativos que participam da
e) as cidades brasileiras fundadas recentemente, por se- cidade.
rem novas, conservam poucos vestígios materiais de É importante ressaltar que o grafite, inicialmente, foi uma
sua história. arte caracterizada pela autoria anônima, por meio da
qual o grafiteiro transformava a cidade em um importan-
6. (PREFEITURA DE SÃO PAULO-SP – ASSISTENTE DE te suporte de comunicação artística sem delimitação de
GESTÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS – CESPE – 2016) espaço, de mensagem ou de mensageiro.
Considerando as informações apresentadas no texto I, Portanto, o que importava naquele momento era a arte
assinale a opção correta. em si e não o nome de seu autor. Por esse motivo, os
ditos “cânones” são retirados de sua posição central e
a) O patrimônio histórico-arquitetônico existente em Sal- imperativa para dar lugar a uma arte de todos e para
vador foi preservado graças a um movimento antigo e todos; arte da rua, na rua e para a rua; arte da cidade, na
consciente de valorização, preservação e restauração cidade e para a cidade: o grafite. Nesse sentido, a arte se
dos vestígios materiais de sua história. funde com a vida do cidadão da metrópole por meio do
b) O título de patrimônio cultural da humanidade foi movimento mútuo de transformação e de identificação
concedido à cidade de Olinda como reconhecimen- de seus sujeitos.
to pelo seu esforço de preservação e de valorização Internet: <www.todamateria.com.br> (com adaptações).
do que sobrou de suas paisagens urbanas do período
colonial. De acordo com o texto III, o grafite
c) O Morro do Castelo e algumas construções da pas-
sagem do século XIX para o XX são exemplos de ma- a) faz denúncias sociais, usando uma forma de lingua-
terialidades históricas que foram sacrificadas para a gem padronizada.
construção do ‘corredor cultural’ do Rio de Janeiro. b) caracterizou-se pela clara marca de autoria.
d) O período de longa decadência econômica por que c) materializa-se nas paredes e muros das cidades.
LÍNGUA PORTUGUESA

passaram Salvador e Ouro Preto serviu para minimizar d) nasceu desvinculado da realidade, com foco na arte
as agressões ao patrimônio histórico-arquitetônico em si.
dessas cidades. e) constitui um importante meio de comunicação que
e) O papel dos fotógrafos e dos geógrafos foi fundamen- conecta diversas pessoas em lugares públicos e pri-
tal para a preservação de inúmeros registros da histó- vados.
ria colonial e imperial da cidade de São Paulo, assim
como de sua história mais recente.

90
9. (PREFEITURA DE SÃO PAULO-SP – ASSISTENTE DE Em um dos casos, atendeu uma gestante com histórico
GESTÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS – CESPE – 2016) de abortos decorrentes de doença trombofílica e que ne-
cessitava de uma medicação diária de alto custo. A me-
Texto IV dicação, única opção na manutenção da gestação, havia
sido negada pelo município e pelo estado, o que colo-
A metrópole de São Paulo vem se tornando mais hetero- cava a gestante em sério risco de sofrer mais um aborto.
gênea econômica, social e espacialmente e menos desi- Em mais uma intervenção judiciária do defensor público,
gual quanto à renda, inserção no mercado de trabalho e foi deferida liminar em favor da assistida, tendo o estado
condições de vida de seus habitantes, mesmo nas áreas e o município sido obrigados a fornecer o medicamento
mais precárias. A imagem emerge dos treze ensaios que necessário durante toda a sua gestação e enquanto hou-
compõem o livro A Metrópole de São Paulo no Século ver prescrição médica, sob pena de multa diária.
XXI – Espaços, Heterogeneidades e Desigualdades, os Internet: <www.defensoriapublica.pr.gov.br> (com
quais abordam temas específicos, a partir de um diag- adaptações).
nóstico comum, para construir um panorama atual da re-
gião metropolitana. Tal retrato resulta das mudanças de Conclui-se do texto que, a despeito do que prevê a Cons-
diversas dimensões pelas quais a metrópole passou na tituição Federal, muitos cidadãos encontram dificuldades
última década, do perfil da pobreza às dinâmicas migra- em conseguir atendimento na rede pública de saúde e
tórias e ligadas ao crescimento demográfico, dos moldes acabam por recorrer à Defensoria Pública para que seus
de segregação social à produção habitacional e à mobi- direitos sejam respeitados e garantidos.
lidade urbana.
A fisionomia da metrópole, central na economia do país, ( ) CERTO ( ) ERRADO
reflete a conjuntura de modo especial, segundo o orga-
nizador. Assim, tiveram impactos particulares na região 11. (DPU – AGENTE ADMINISTRATIVO – CONHECI-
metropolitana a redemocratização, na década de 80 do MENTOS BÁSICOS – CESPE –2016)
século XX (com a volta das eleições regulares e com a
constituição de sistemas nacionais de políticas públicas), Maria Silva é moradora do Assentamento Noroeste, onde
a estabilização econômica, a abertura do mercado inter- moram cerca de cem pessoas cuja principal forma de
no da década de 90 e o crescimento econômico vigoroso renda é o trabalho com reciclagem. Ela é uma das líde-
da primeira década do século XXI. res que lutam pelos direitos daquela comunidade. Vinda
Internet: <www.fflch.usp.br> (com adaptações).
do estado do Ceará, Maria chegou a Brasília em 2002 e
conheceu o trabalho da Defensoria Pública por meio do
De acordo com o texto IV,
projeto Monitoramento da Política Nacional para a Po-
pulação em Situação de Rua, tendo seu primeiro contato
a) a transformação da sociedade brasileira atinge a re-
com a defensoria ocorrido quando ela precisou de novos
gião metropolitana de São Paulo com um atraso de
documentos para substituir os que haviam sido perdidos
cerca de uma década.
no período em que esteve nas ruas.
b) a transformação urbana da metrópole de São Paulo
O objetivo do referido projeto é o de ir até a população
está relacionada à conjuntura econômica brasileira.
c) a cidade de São Paulo é especial por refletir as trans- que normalmente não tem acesso à Defensoria Pública.
formações do Brasil. “Nós chegamos de forma humanizada até essas pesso-
d) não há relação entre as transformações ocorridas na as em situação de rua. Com esse trabalho nós estamos
metrópole paulistana e as transformações ocorridas garantindo seu acesso à justiça e aos direitos para que
no Brasil. consigam se beneficiar de outras políticas públicas”, ex-
e) a capital paulista determinou as transformações so- plica a coordenadora do Departamento de Atividade Psi-
ciais do Brasil, dada a sua importância política. cossocial.
A mais recente visita de participantes de outro projeto, o
10. (DPU-AGENTE ADMINISTRATIVO – CONHECI- Atenção à População de Rua do Assentamento Noroeste,
MENTOS BÁSICOS – CESPE – 2016) levou respostas às demandas solicitadas pelos morado-
res. O foco foram soluções e retornos de casos como o de
Saúde: direito de todos e dever do Estado. É assim que um morador que tem problemas com a justiça e que está
a Constituição Federal de 1988 inicia a sua seção sobre sendo assistido por um defensor público e o de uma se-
o tema. Uma vez que muitas ações ou omissões vão de nhora que estava internada em um hospital público e con-
encontro a essa previsão, cotidianamente é possível ob- seguiu uma cirurgia por meio dos serviços da defensoria.
servar graves desrespeitos à Carta Magna. A Defensoria As visitas acontecem mensalmente, sendo a maior de-
Pública, importante instituição garantida por lei assim manda a solicitação de registro civil. “As certidões de
nascimento figuram entre as demandas porque essas
LÍNGUA PORTUGUESA

como a saúde, busca sanar o problema por meio da via


judicial quando a mediação não produz resultados. Re- pessoas não as conseguiram por outros serviços, e a de-
centemente, a Defensoria Pública em Foz do Iguaçu, por fensoria teve que intervir. Nós entramos para solucionar
exemplo, obteve três decisões liminares garantindo o di- problemas: vamos até as ruas para informar sobre o tra-
reito à saúde a três pessoas por ela assistidas. balho da defensoria, para que seus direitos sejam garan-
Em todos os casos, a Defensoria Pública fez intervenção tidos”, afirma a coordenadora.
judicial para suprir a negativa ou a má prestação do ser- Internet: <www.defensoria.df.gov.br.> (com adaptações).
viço público de saúde na localidade.

91
Conforme o texto, a Defensoria Pública deve atuar sem- 15. (INSS – PERITO MÉDICO PREVIDENCIÁRIO – CES-
pre que direitos dos cidadãos são negligenciados, por PE – 2010) A vacinação obrigatória foi o elemento es-
isso atua na defesa das pessoas em situação de rua. sencial para que ocorresse a Revolta da Vacina, embora
a população já estivesse muito insatisfeita com o “bota-
( ) CERTO ( ) ERRADO -abaixo” e sendo insuflada pela imprensa.

12. (TJ-DFT – CONHECIMENTOS BÁSICOS – TÉCNI- (  ) CERTO  (  ) ERRADO


CO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINISTRATIVA – CESPE –
2015) 16. (INSS – PERITO MÉDICO PREVIDENCIÁRIO – CES-
PE – 2010) O fato de a vacinação contra a varíola ser
Ouro em Fios obrigatória levou o povo a se revoltar, embora houvesse
outros motivos, tais como o “bota-abaixo”, além da mo-
A natureza é capaz de produzir materiais preciosos, tivação da imprensa.
como o ouro e o cobre - condutor de ENERGIA ELÉTRICA.
O ouro já é escasso. A energia elétrica caminha para isso. (  ) CERTO  (  ) ERRADO
Enquanto cientistas e governos buscam novas fontes de
energia sustentáveis, faça sua parte aqui no TJDFT: 17. (INSS – TÉCNICO SEGURO SOCIAL – CESPE – 2016)
- Desligue as luzes nos ambientes onde é possível usar a Bibliotecas: Sempre deram muito o que falar. Grandes
iluminação natural. monarquias jamais deixaram de possuir as suas, e cui-
- Feche as janelas ao ligar o ar-condicionado. davam delas estrategicamente. Afinal, dotes de prin-
- Sempre desligue os aparelhos elétricos ao sair do am- cesas foram negociados tendo livros como objetos de
biente. barganha; tratados diplomáticos versaram sobre essas
- Utilize o computador no modo espera. coleções. Os monarcas portugueses, após o terremoto
Fique ligado! Evite desperdícios. que dizimou Lisboa, se orgulhavam de, a despeito dos
Energia elétrica. destroços, terem erguido uma grande biblioteca: a Real
A natureza cobra o preço do desperdício. Livraria. D. José chamava-a de joia maior do tesouro real.
Internet: <www.tjdft.jus.br> (com adaptações) D. João VI, mesmo na correria da partida para o Brasil,
não se esqueceu dos livros. Em três diferentes levas, a
A expressão “Fique ligado”, típica da oralidade, é empre- Real Biblioteca aportou nos trópicos, e foi até mesmo
gada no texto com o significado de fique atento e fun- tema de disputa.
ciona como uma estratégia para estabelecer uma relação
Internet: <http://observatoriodaimprensa.com.br>. (Com adap-
de proximidade com o interlocutor.
tações.)

( ) CERTO ( ) ERRADO
O sinal de dois-pontos empregado imediatamente após
“biblioteca” introduz um termo de natureza explicativa.
Instrução: Cada um dos itens a seguir apresenta uma
proposta de reescritura do período “A vacinação obri-
(  ) CERTO  (  ) ERRADO
gatória foi o estopim para que o povo, já profundamente
insatisfeito com o ‘bota-abaixo’ e insuflado pela imprensa,
se revoltasse.”. Julgue-os quanto à correção gramatical e 18. (INSS – ATIVIDADE TÉCNICA DE SUPORTE: ENGE-
à coerência com as ideias do texto. NHARIA ELÉTRICA – CESPE – 2010) Entre os principais
benefícios que o carro elétrico trará aos consumidores,
13. (INSS – PERITO MÉDICO PREVIDENCIÁRIO – CES- está o financeiro, uma vez que o novo veículo será mais
PE – 2010) O fato de haver vacinação compulsória, foi econômico e com valor de mercado menor que o dos
apenas mais um dos elementos para que a população automóveis convencionais.
do Rio, insatisfeita com o “bota-abaixo” e insuflada pela
imprensa, se revoltasse. (  ) CERTO  (  ) ERRADO

(  ) CERTO  (  ) ERRADO 19. (INSS – ANALISTA DO SEGURO SOCIAL – SERVIÇO


SOCIAL – CESPE – 2016)
14. (INSS – PERITO MÉDICO PREVIDENCIÁRIO – CES-
PE – 2010) O povo por estar insatisfeito com o “bota- Levantou-se da cama o pobre namorado sem ter conse-
-abaixo” e influenciado pela imprensa se revoltou contra guido dormir. Vinha nascendo o Sol.
a vacina. Quis ler os jornais e pediu-os.
Já os ia pondo de lado, por haver acabado de ler, quan-
LÍNGUA PORTUGUESA

(  ) CERTO  (  ) ERRADO do repentinamente viu seu nome impresso no Jornal do


Comércio.
Era um artigo a pedido com o título de Uma Obra-Prima.
Dizia o artigo:
Temos o prazer de anunciar ao país o próximo apareci-
mento de uma excelente comédia, estreia de um jovem
literato fluminense, de nome Antônio Carlos de Oliveira.

92
Este robusto talento, por muito tempo incógnito, vai en- 21. (INSS – TÉCNICO SEGURO SOCIAL – CESPE – 2016)
fim entrar nos mares da publicidade, e para isso procu-
rou logo ensaiar-se em uma obra de certo vulto. Texto I
Consta-nos que o autor, solicitado por seus numerosos
amigos, leu há dias a comédia em casa do Sr. Dr. Estêvão Naquele novo apartamento da rua Visconde de Pirajá
Soares, diante de um luzido auditório, que aplaudiu mui- pela primeira vez teria um escritório para trabalhar. Não
to e profetizou no Sr. Oliveira um futuro Shakespeare. era um cômodo muito grande, mas dava para armar ali a
O Sr. Dr. Estêvão Soares levou a sua amabilidade ao pon- minha tenda de reflexões e leitura: uma escrivaninha, um
to de pedir a comédia para ler segunda vez, e ontem ao sofá e os livros. Na parede da esquerda ficaria a grande
encontrar-se na rua com o Sr. Oliveira, de tal entusiasmo e sonhada estante onde caberiam todos os meus livros.
vinha possuído que o abraçou estreitamente, com gran- Tratei de encomendá-la a seu Joaquim, um marceneiro
de pasmo dos numerosos transeuntes. que tinha oficina na rua Garcia D’Ávila com Barão da Tor-
Da parte de um juiz tão competente em matérias literá- re.
rias este ato é honroso para o Sr. Oliveira. O apartamento não ficava tão perto da oficina. Era quase
Estamos ansiosos por ler a peça do Sr. Oliveira, e ficamos em frente ao prédio onde morava Mário Pedrosa, entre a
certos de que ela fará a fortuna de qualquer teatro. Farme de Amoedo e a antiga Montenegro, hoje Vinicius
O amigo das letras. de Moraes. Estava ali havia uma semana e nem decorara
Machado de Assis. A mulher de preto. In: Contos fluminenses. ainda o número do prédio. Tanto que, quando seu Joa-
São Paulo: Globo, 1997. (Com adaptações.) quim, ao preencher a nota de encomenda, perguntou-
-me onde seria entregue a estante, tive um momento de
Depreende-se do texto que Antônio Carlos de Oliveira hesitação. Mas foi só um momento. Pensei rápido: “Se o
vai iniciar uma atividade profissional ligada à propagan- prédio do Mário é 228, o meu, que fica quase em frente,
da, para a qual tem muito talento. deve ser 227”. Mas lembrei-me de que, ao ir ali pela pri-
meira vez, observara que, apesar de ficar em frente ao do
(  ) CERTO  (  ) ERRADO Mário, havia uma diferença na numeração.
― Visconde de Pirajá, 127 ― respondi, e seu Joaquim
20. (INSS – ANALISTA DO SEGURO SOCIAL – SERVIÇO desenhou o endereço na nota.
SOCIAL – CESPE – 2016) ― Tudo bem, seu Ferreira. Dentro de um mês estará lá
sua estante.
Designado para fazer a crítica dos espetáculos líricos de ― Um mês, seu Joaquim! Tudo isso? Veja se reduz esse
setembro de 1846 a outubro do ano seguinte no Jornal prazo.
do Comércio, Martins Pena se revelou um profundo co- ― A estante é grande, dá muito trabalho... Digamos, três
nhecedor da arte cênica, tanto no que se refere à prática semanas.
teatral (cenário, representação, maquinarias) quanto a Ferreira Gullar. A estante. In: A estranha vida banal. Rio de Ja-
sua história, sendo não raro seus incisivos argumentos neiro:
a causa de grandes polêmicas no teatro representado na José Olympio, 1989. (Com adaptações.)
corte brasileira.
Pena ganhou evidência como comediógrafo a partir de O trecho “dá muito trabalho” constitui uma referência de
1838, ano em que foi encenada sua peça O Juiz de Paz seu Joaquim à confecção da estante, tarefa que, segundo
na Roça. Embora tenha produzido alguns dramas (que ele, seria trabalhosa.
lhe renderam duras críticas), destacou-se de fato pelas
suas comédias e farsas, nas quais retratou a cultura e os (  ) CERTO  (  ) ERRADO
costumes da sociedade do seu tempo.
Nas suas obras, Pena buscou uma tomada de consciência 22. (INSS – TÉCNICO SEGURO SOCIAL – CESPE – 2016)
de um momento da história de nosso país, que recém De acordo com as informações do texto, é correto inferir
adquiria uma limitada independência, e tentou pensar que seu Joaquim era analfabeto, uma vez que ele “dese-
criticamente nossa cultura, com as restrições que o con- nhou o endereço na nota”.
texto impunha ao trabalho intelectual, desvencilhando-
-se da tradição clássica, das comédias francesas, do tea- (  ) CERTO  (  ) ERRADO
tro lírico e do melodrama, para criar uma nova comédia
com traços muito pessoais, o que lhe garantiu sucesso 23. (INSS – TÉCNICO SEGURO SOCIAL – CESPE – 2016)
imediato em seu tempo e um significado ímpar na histó-
ria do teatro brasileiro. Texto I
Internet: <www.questaodecritica.com.br>. (Com adaptações.)
LÍNGUA PORTUGUESA

Naquele novo apartamento da rua Visconde de Pirajá


Depreende-se do texto que Martins Pena começou a fa- pela primeira vez teria um escritório para trabalhar. Não
zer sucesso imediatamente após começar a escrever para era um cômodo muito grande, mas dava para armar ali a
o Jornal do Comércio. minha tenda de reflexões e leitura: uma escrivaninha, um
sofá e os livros. Na parede da esquerda ficaria a grande e
(  ) CERTO  (  ) ERRADO sonhada estante onde caberiam todos os meus livros. Tra-
tei de encomendá-la a seu Joaquim, um marceneiro que
tinha oficina na rua Garcia D’Ávila com Barão da Torre.

93
O apartamento não ficava tão perto da oficina. Era quase 26. (INSS – ANALISTA DO SEGURO SOCIAL – SERVIÇO
em frente ao prédio onde morava Mário Pedrosa, entre a SOCIAL – CESPE – 2016)
Farme de Amoedo e a antiga Montenegro, hoje Vinicius
de Moraes. Estava ali havia uma semana e nem decorara Levantou-se da cama o pobre namorado sem ter conse-
ainda o número do prédio. Tanto que, quando seu Joa- guido dormir. Vinha nascendo o Sol.
quim, ao preencher a nota de encomenda, perguntou- Quis ler os jornais e pediu-os.
-me onde seria entregue a estante, tive um momento de Já os ia pondo de lado, por haver acabado de ler, quan-
hesitação. Mas foi só um momento. Pensei rápido: “Se o do repentinamente viu seu nome impresso no Jornal do
prédio do Mário é 228, o meu, que fica quase em frente, Comércio.
deve ser 227”. Mas lembrei-me de que, ao ir ali pela pri- Era um artigo a pedido com o título de Uma Obra-Prima.
meira vez, observara que, apesar de ficar em frente ao do Dizia o artigo:
Mário, havia uma diferença na numeração. Temos o prazer de anunciar ao país o próximo apareci-
― Visconde de Pirajá, 127 ― respondi, e seu Joaquim mento de uma excelente comédia, estreia de um jovem
desenhou o endereço na nota. literato fluminense, de nome Antônio Carlos de Oliveira.
― Tudo bem, seu Ferreira. Dentro de um mês estará lá Este robusto talento, por muito tempo incógnito, vai en-
sua estante. fim entrar nos mares da publicidade, e para isso procu-
― Um mês, seu Joaquim! Tudo isso? Veja se reduz esse rou logo ensaiar-se em uma obra de certo vulto.
prazo. Consta-nos que o autor, solicitado por seus numerosos
― A estante é grande, dá muito trabalho... Digamos, três amigos, leu há dias a comédia em casa do Sr. Dr. Estêvão
semanas. Soares, diante de um luzido auditório, que aplaudiu mui-
Ferreira Gullar. A estante. In: A estranha vida banal. Rio de Ja- to e profetizou no Sr. Oliveira um futuro Shakespeare.
neiro: O Sr. Dr. Estêvão Soares levou a sua amabilidade ao pon-
José Olympio, 1989. (Com adaptações.) to de pedir a comédia para ler segunda vez, e ontem ao
encontrar-se na rua com o Sr. Oliveira, de tal entusiasmo
De acordo com as informações do texto, Vinicius de Mo- vinha possuído que o abraçou estreitamente, com gran-
raes passou a morar no apartamento onde antes residia de pasmo dos numerosos transeuntes.
Mário Pedrosa. Da parte de um juiz tão competente em matérias literá-
rias este ato é honroso para o Sr. Oliveira.
(  ) CERTO  (  ) ERRADO Estamos ansiosos por ler a peça do Sr. Oliveira, e ficamos
certos de que ela fará a fortuna de qualquer teatro.
24. (INSS – TÉCNICO SEGURO SOCIAL – CESPE – 2016) O amigo das letras.
O “momento de hesitação” vivido pelo narrador deveu-se Machado de Assis. A mulher de preto. In: Contos fluminenses.
ao medo de informar o endereço a um desconhecido. São Paulo: Globo, 1997. (Com adaptações.)

(  ) CERTO  (  ) ERRADO O termo introduzido pela preposição “para” em “levou


a sua amabilidade ao ponto de pedir a comédia para ler
25. (INSS – TÉCNICO SEGURO SOCIAL – CESPE – 2016) segunda vez” exerce a função de complemento do verbo
Bibliotecas sempre deram muito o que falar. Grandes “pedir”.
monarquias jamais deixaram de possuir as suas, e cui-
davam delas estrategicamente. Afinal, dotes de prin- (  ) CERTO  (  ) ERRADO
cesas foram negociados tendo livros como objetos de
barganha; tratados diplomáticos versaram sobre essas 27. (INSS – ANALISTA DO SEGURO SOCIAL – SERVIÇO
coleções. Os monarcas portugueses, após o terremoto SOCIAL – CESPE – 2016)
que dizimou Lisboa, se orgulhavam de, a despeito dos
destroços, terem erguido uma grande biblioteca: a Real Levantou-se da cama o pobre namorado sem ter conse-
Livraria. D. José chamava-a de joia maior do tesouro real. guido dormir. Vinha nascendo o Sol.
D. João VI, mesmo na correria da partida para o Brasil, Quis ler os jornais e pediu-os.
não se esqueceu dos livros. Em três diferentes levas, a Já os ia pondo de lado, por haver acabado de ler, quan-
Real Biblioteca aportou nos trópicos, e foi até mesmo do repentinamente viu seu nome impresso no Jornal do
tema de disputa. Comércio.
Internet: <http://observatoriodaimprensa.com.br>. (Com adap- Era um artigo a pedido com o título de Uma Obra-Prima.
tações.) Dizia o artigo:
Temos o prazer de anunciar ao país o próximo apareci-
A Real Livraria foi erguida com os destroços resultantes mento de uma excelente comédia, estreia de um jovem
literato fluminense, de nome Antônio Carlos de Oliveira.
LÍNGUA PORTUGUESA

do terremoto que atingiu Lisboa, como símbolo da força


de Portugal na superação da tragédia que acabava de Este robusto talento, por muito tempo incógnito, vai en-
assolar o país. fim entrar nos mares da publicidade, e para isso procu-
rou logo ensaiar-se em uma obra de certo vulto.
(  ) CERTO  (  ) ERRADO Consta-nos que o autor, solicitado por seus numerosos
amigos, leu há dias a comédia em casa do Sr. Dr. Estêvão
Soares, diante de um luzido auditório, que aplaudiu mui-
to e profetizou no Sr. Oliveira um futuro Shakespeare.

94
O Sr. Dr. Estêvão Soares levou a sua amabilidade ao pon- d) locução “pode perdurar” (R.15).
to de pedir a comédia para ler segunda vez, e ontem ao e) forma verbal “reunir” (R.2).
encontrar-se na rua com o Sr. Oliveira, de tal entusiasmo
vinha possuído que o abraçou estreitamente, com gran- 30. (PC/GO – DELEGADO – CESPE – 2017)
de pasmo dos numerosos transeuntes.
Da parte de um juiz tão competente em matérias literá- Texto CB1A2AAA
rias este ato é honroso para o Sr. Oliveira.
Estamos ansiosos por ler a peça do Sr. Oliveira, e ficamos O termo nude é do inglês e vem sendo utilizado na Inter-
certos de que ela fará a fortuna de qualquer teatro. net por usuários de redes sociais para designar fotos ínti-
O amigo das letras. mas que retratam a pessoa sem roupa. O envio e a troca
Machado de Assis. A mulher de preto. In: Contos fluminenses. de nudes são facilitados em aplicativos de celular, o que
São Paulo: Globo, 1997. (Com adaptações.) torna essa prática popular entre seus usuários, incluin-
do-se menores de idade, e facilita o compartilhamento
O vocábulo “que” classifica-se como conjunção e intro- das fotos.
duz o sujeito da oração “Consta-nos”. Havendo vazamento de fotos íntimas, há violação do di-
reito de imagem da pessoa prejudicada, que, por isso,
(  ) CERTO  (  ) ERRADO terá ainda pode ser considerada branda, sendo um pou-
co mais severa quando se trata de um crime contra a
28. (PC/GO – Delegado – CESPE – 2017) infância. “Quando se trata de crianças e adolescentes,
há um agravante, pois, no art. 241 do Estatuto da Crian-
Texto CB1A1BBB ça e do Adolescente, é qualificada como crime grave a
divulgação de fotos, gravações ou imagens de crianças
A principal finalidade da investigação criminal, materia- ou adolescentes, sendo prevista a pena de três a seis 16
lizada no inquérito policial (IP), é a de reunir elementos anos de prisão, além de pagamento de multa, para os
mínimos de materialidade e autoria delitiva antes de se que cometem esse crime”, diz a advogada presidente da
instaurar o processo criminal, de modo a evitarem-se, Comissão de Direitos Humanos da OAB/AC.
assim, ações infundadas, as quais certamente implicam Para combater o compartilhamento de fotos íntimas por
grande transtorno para quem se vê acusado por um cri- terceiros, são necessárias ações preventivas, afirma a ad-
me que não cometeu. vogada. Jovens e adolescentes devem ser educados, de
Modernamente, o IP deixou de ser o procedimento ab- forma que tenham dimensão do problema que a divulga-
solutamente inquisitorial e discricionário de outrora. A ção desse tipo de imagem pode acarretar.
participação das partes, pessoalmente ou por seus ad- Internet: <https://jornaldosdez.wordpress.com> (com adapta-
vogados ou defensores públicos, vem ganhando espaço ções)
a cada dia, com o objetivo de garantir que o IP seja um
instrumento imparcial de investigação em busca da ver- No texto CB1A2AAA, a oração “Para combater o com-
dade dos fatos. partilhamento de fotos íntimas por terceiros” (R. 19 e 20)
Acrescente-se que o estigma provocado por uma ação expressa ideia de
penal pode perdurar por toda a vida e, por isso, para ser
promovida, a acusação deve conter fundamentos fáticos a) finalidade.
e jurídicos suficientes, o que, em regra, se consegue por b) explicação.
meio do IP. c) consequência.
Carlos Alberto Marchi de Queiroz (Coord.). Manual de polícia d) conformidade.
judiciária: doutrina, modelos, legislação. 6.ª ed. São Paulo: e) causa.
Delegacia Geral de Polícia, 2010 (com adaptações).
31. (PC/GO – Delegado – CESPE – 2017) Mantendo-
Nas orações em que ocorrem no texto CB1A1BBB, os ele- -se a correção gramatical e o sentido original do texto
mentos “assim” (R.4) e “por isso” (R.15) expressam, res- CB1A2AAA, a forma verbal “afirma” (R.20) poderia ser
pectivamente, as ideias de substituída por

a) consequência e consequência. a) prescreve.


b) finalidade e proporcionalidade. b) propõe.
c) causa e consequência. c) destaca.
d) conclusão e conclusão. d) participa.
e) restrição e conformidade. e) assevera.
LÍNGUA PORTUGUESA

29. (PC/GO – DELEGADO – CESPE – 2017) 32. (ABIN - Oficial Técnico de Inteligência – CES-
No texto CB1A1BBB, uma ação que se desenvolve gra- PE-2018) No trecho “para testar possíveis soluções” (R.
dualmente é introduzida pela 16 e 17), o emprego da preposição “para”, além de con-
tribuir para a coesão sequencial do texto, introduz, no
a) forma verbal “implicam” (R.5). período, uma ideia de finalidade.
b) locução “vem ganhando” (R.11).
c) forma verbal “garantir” (R.12). ( ) CERTO ( ) ERRADO

95
33. (ABIN - Oficial Técnico de Inteligência – CES- a greve constitui, em primeiro lugar, um desafio às pres-
PE-2018) A vírgula logo após o termo “máquina” (R.12) crições da razão moralizada: “fazer greve é zombar de
poderia ser eliminada sem prejuízo para a correção gra- todos nós”, isto é, mais do que infringir uma legalidade
matical do período no qual ela aparece. cívica, é infringir uma legalidade “natural”, atentar contra
o bom senso, misto de moral e lógica, fundamento filo-
( ) CERTO ( ) ERRADO sófico da sociedade burguesa.
Nesse caso, o escândalo provém de uma ausência de ló-
34. (ABIN - Oficial Técnico de Inteligência – CES- gica: a greve é escandalosa porque incomoda precisa-
PE-2018) A correção gramatical e o sentido do texto se- mente aqueles a quem ela não diz respeito. É a razão
riam preservados caso o período “Após quatro anos de que sofre e se revolta: a causalidade direta, mecânica,
trabalho, Turing conseguiu quebrar a Enigma, ao perceber essa causalidade é perturbada; o efeito se dispersa in-
que as mensagens alemãs criptografadas continham pa- compreensivelmente longe da causa, escapa-lhe, o que
lavras previsíveis, como nomes e títulos dos militares” (R. é intolerável e chocante. Ao contrário do que se poderia
17 a 20) fosse reescrito da seguinte forma: Turing conse- pensar sobre os sonhos da burguesia, essa classe tem
guiu quebrar a Enigma, depois de quatro anos de trabalho, uma concepção tirânica, infinitamente suscetível, da cau-
quando notou que haviam, nas mensagens alemãs cripto- salidade: o fundamento da moral que professa não é de
grafadas, palavras previsíveis, tais como, nomes e títulos modo algum mágico, mas, sim, racional. Simplesmente,
dos militares. trata-se de uma racionalidade linear, estreita, fundada,
por assim dizer, numa correspondência numérica entre
( ) CERTO ( ) ERRADO as causas e os efeitos. O que falta a essa racionalidade
é, evidentemente, a ideia das funções complexas, a ima-
35. (SEDUC/AL - Professor de Português – CES- ginação de um desdobramento longínquo dos determi-
PE-2018) Infere-se do terceiro verso do poema que o eu nismos, de uma solidariedade entre os acontecimentos,
lírico considera-se um homem incompleto. que a tradição materialista sistematizou sob o nome de
totalidade.
( ) CERTO ( ) ERRADO Roland Barthes. O usuário da greve. In: R. Barthes. Mitologias.
Tradução de Rita Buongermino, Pedro de Souza e Rejane Janowitzer.
36. (SEDUC/AL - Professor de Português – CES- Rio de Janeiro: DIFEL, 2007, p. 135-6 (com adaptações).
PE-2018) Tanto em “recebeu Camilo este bilhete de Vile-
la” (R. 1 e 2) quanto em “tirou um cacho destas” (R.7), os Seriam mantidos os sentidos e a correção gramatical do
pronomes demonstrativos foram empregados para reto- texto 1A1AAA caso se substituísse o trecho
mar termos antecedentes.
a) “Temendo-se” (R.11) por Se temendo.
( ) CERTO ( ) ERRADO b) “finge-se confundir” (R.12) por finge confundir-se.
c) “decreta-se” (R.13) por se decreta.
37. (SEDUC/AL - Professor de Português – CES- d) “que se quer defender” (R.14) por que quer defender-
PE-2018) Na linha 4, o verbo advertir foi empregado -se.
como sinônimo de concluir. e) “se poderia pensar” (R.27) por poderia-se pensar.

( ) CERTO ( ) ERRADO 39. (TCM/BA - Auditor Estadual de Controle Externo


– CESPE-2018) Sem prejuízo para a correção gramatical
38. (TCM/BA - AUDITOR ESTADUAL DE CONTROLE e para as informações veiculadas no texto 1A1AAA, po-
EXTERNO – CESPE-2018) deria ser suprimida a vírgula empregada imediatamente
após
Texto 1A1AAA
a) ‘revoltante’ (R.5).
Ainda existem pessoas para as quais a greve é um “es- b) “Carlos X” (R.15).
cândalo”: isto é, não só um erro, uma desordem ou um c) “sim” (R.30).
delito, mas também um crime moral, uma ação intolerá- d) “fundada” (R.31).
vel que perturba a própria natureza. “Inadmissível”, “es- e) “acontecimentos” (R.36).
candalosa”, “revoltante”, dizem alguns leitores do Figaro,
comentando uma greve recente. Para dizer a verdade, 40. (TCM/BA - Auditor Estadual de Controle Externo –
trata-se de uma linguagem do tempo da Restauração, CESPE-2018) Assinale a opção que apresenta trecho do
que exprime a sua mentalidade profunda. É a época texto 1A1AAA que expressa uma ideia de comparação.
em que a burguesia, que assumira o poder havia pouco
LÍNGUA PORTUGUESA

tempo, executa uma espécie de junção entre a moral e a a) “mas também um crime moral” (R.3)
natureza, oferecendo a uma a garantia da outra. Temen- b) “mais do que infringir uma legalidade cívica” (R.18)
do-se a naturalização da moral, moraliza-se a natureza; c) “a quem ela não diz respeito” (R.23)
finge-se confundir a ordem política e a ordem natural, e d) “o que é intolerável e chocante” (R.26)
decreta-se imoral tudo o que conteste as leis estruturais e) “que a tradição materialista sistematizou sob o nome
da sociedade que se quer defender. Para os prefeitos de de totalidade” (R. 36 e 37)
Carlos X, assim como para os leitores do Figaro de hoje,

96
41. (TCE-PA - Conhecimentos Básicos - Cargos 1, 18, hesitação. Mas foi só um momento. Pensei rápido: “Se o
19, 37 E 38 – CESPE – 2016) prédio do Mário é 228, o meu, que fica quase em frente,
deve ser 227”. Mas lembrei-me de que, ao ir ali pela pri-
Texto CB1A1BBB meira vez, observara que, apesar de ficar em frente ao do
Mário, havia uma diferença na numeração.
Estranhamente, governos estaduais cujas despesas com ― Visconde de Pirajá, 127 ― respondi, e seu Joaquim
o funcionalismo já alcançaram nível preocupante ou que desenhou o endereço na nota.
estouraram o limite de gastos com pessoal fixado pela ― Tudo bem, seu Ferreira. Dentro de um mês estará lá
Lei Complementar n.º 101/2000, denominada Lei de Res- sua estante.
ponsabilidade Fiscal (LRF), estão elaborando sua própria ― Um mês, seu Joaquim! Tudo isso? Veja se reduz esse
legislação destinada a assegurar, como alegam, maior ri- prazo.
gor na gestão de suas finanças. Querem uma nova lei de ― A estante é grande, dá muito trabalho... Digamos, três
responsabilidade fiscal para, segundo argumentam, for- semanas.
talecer a estrutura legal que protege o dinheiro público Ferreira Gullar. A estante. In: A estranha vida banal. Rio de
do mau uso por gestores irresponsáveis. Janeiro: José Olympio, 1989 (com adaptações)
Examinando-se a situação financeira dos estados que
preparam sua versão da lei de responsabilidade fiscal, A expressão “armar ali a minha tenda” foi empregada no
fica difícil aceitar a argumentação. Desde maio de 2000, texto em sentido figurado.
quando entrou em vigor a LRF, esses estados, como os
demais, estão sujeitos a regras precisas para a gestão do ( ) CERTO ( ) ERRADO
dinheiro público, para a criação de despesas e, em par-
ticular, para os gastos com pessoal. Por que, tendo des- 43. (DPU - Agente Administrativo - Conhecimentos
cumprido algumas dessas regras, estariam interessados Básicos – CESPE-2016)
em torná-las ainda mais rigorosas?
Não foi a lei que não funcionou, mas os responsáveis Maria Silva é moradora do Assentamento Noroeste, onde
pelo dinheiro público que, por alguma razão, não a cum- moram cerca de cem pessoas cuja principal forma de
priram. De que adiantaria, então, tornar a lei mais rigoro- renda é o trabalho com reciclagem. Ela é uma das líde-
sa, se nem nas condições atuais esses responsáveis estão res que lutam pelos direitos daquela comunidade. Vinda
sendo capazes de cumpri-la? O problema não está na do estado do Ceará, Maria chegou a Brasília em 2002 e
lei. Mudá-la pode ser o pretexto não para torná-la mais conheceu o trabalho da Defensoria Pública por meio do
rigorosa, mas para atribuir-lhe alguma flexibilidade que projeto Monitoramento da Política Nacional para a Po-
a desfigure. O verdadeiro problema é a dificuldade do pulação em Situação de Rua, tendo seu primeiro contato
setor público de adaptar suas despesas às receitas em com a defensoria ocorrido quando ela precisou de novos
queda por causa da crise. documentos para substituir os que haviam sido perdidos
Internet: <http://opiniao.estadao.com.br> (com adaptações). no período em que esteve nas ruas.
O objetivo do referido projeto é o de ir até a população
O emprego do acento grave em “às receitas” decorre da que normalmente não tem acesso à Defensoria Pública.
regência do verbo “adaptar” e da presença do artigo de- “Nós chegamos de forma humanizada até essas pessoas
finido feminino determinando o substantivo “receitas”. em situação de rua. Com esse trabalho nós estamos ga-
rantindo seu acesso à justiça e aos direitos para que con-
( ) CERTO ( ) ERRADO sigam se beneficiar de outras políticas públicas”, explica
a coordenadora do Departamento de Atividade Psicos-
42. (INSS - Técnico Seguro Social – CESPE-2016) social.
A mais recente visita de participantes de outro projeto, o
Texto I Atenção à População de Rua do Assentamento Noroeste,
levou respostas às demandas solicitadas pelos morado-
Naquele novo apartamento da rua Visconde de Pirajá res. O foco foram soluções e retornos de casos como o
pela primeira vez teria um escritório para trabalhar. Não de um morador que tem problemas com a justiça e que
era um cômodo muito grande, mas dava para armar ali a está sendo assistido por um defensor público e o de uma
minha tenda de reflexões e leitura: uma escrivaninha, um senhora que estava internada em um hospital público e
sofá e os livros. Na parede da esquerda ficaria a grande conseguiu uma cirurgia por meio dos serviços da defen-
e sonhada estante onde caberiam todos os meus livros. soria.
Tratei de encomendá-la a seu Joaquim, um marceneiro As visitas acontecem mensalmente, sendo a maior de-
que tinha oficina na rua Garcia D’Ávila com Barão da Tor- manda a solicitação de registro civil. “As certidões de
LÍNGUA PORTUGUESA

re. nascimento figuram entre as demandas porque essas


O apartamento não ficava tão perto da oficina. Era quase pessoas não as conseguiram por outros serviços, e a de-
em frente ao prédio onde morava Mário Pedrosa, entre a fensoria teve que intervir. Nós entramos para solucionar
Farme de Amoedo e a antiga Montenegro, hoje Vinicius problemas: vamos até as ruas para informar sobre o tra-
de Moraes. Estava ali havia uma semana e nem decorara balho da defensoria, para que seus direitos sejam garan-
ainda o número do prédio. Tanto que, quando seu Joa- tidos”, afirma a coordenadora.
quim, ao preencher a nota de encomenda, perguntou- Internet: <www.defensoria.df.gov.br.> (com adaptações).
-me onde seria entregue a estante, tive um momento de

97
Acerca dos aspectos linguísticos e das ideias do texto aci- 29 B
ma, julgue os itens seguintes.
No trecho “respostas às demandas”, o emprego do sinal 30 A
indicativo de crase justifica-se pela regência do substan- 31 E
tivo “respostas”, que exige complemento antecedido da
32 Certo
preposição a, e pela presença de artigo feminino plural
que determina “demandas”. 33 Errado
34 Errado
( ) CERTO ( ) ERRADO
35 Certo
44. (DPU - Agente Administrativo - Conhecimentos 36 Errado
Básicos – CESPE-2016) Seria mantida a correção do tex- 37 Certo
to caso o trecho ‘para que seus direitos sejam garantidos’
fosse reescrito da seguinte forma: visando à garantia de 38 C
seus direitos. 39 B
40 B
( ) CERTO ( ) ERRADO
41 Certo
42 Certo
43 Certo
GABARITO 44 Certo

1 Errado
2 Errado
3 Errado
4 Errado
5 C
6 D
7 B
8 C
9 B
10 Certo
11 Errado
12 Certo
13 ERRADO
14 Errado
15 CERTO
16 CERTO
17 CERTO
18 Errado
19 Errado
20 Errado
21 Certo
22 Errado
23 Errado
LÍNGUA PORTUGUESA

24 Errado
25 Errado
26 Errado
27 Certo
28 D

98
ÍNDICE

GEOGRAFIA DO AMAZONAS

Municípios do estado do Amazonas: área, limites, hidrografia, distância da cidade de Manaus............................................. 01


Distribuição de municípios em microrregiões.................................................................................................................................................. 01
Aspectos humanos (população e grupos)........................................................................................................................................................... 02
Aspectos econômicos (Zona Franca de Manaus, indústria, impactos urbanos e sociais).............................................................. 02
MUNICÍPIOS DO ESTADO DO AMAZONAS: DISTRIBUIÇÃO DE MUNICÍPIOS EM
ÁREA, LIMITES, HIDROGRAFIA, DISTÂNCIA MICRORREGIÕES
DA CIDADE DE MANAUS
ASPECTOS GERAIS

ASPECTOS GERAIS É importante citar a relevância da região metropolitana


de Manaus, que além de ter a capital do Estado como centro
Gigante do ponto de vista territorial e com riquezas econômico e cultural, conta com mais de sete municípios.
naturais, como a bacia amazônica, o rio Negro, entre São as seguintes cidades que compõem a região: Manaus,
outros, o Estado do Amazonas tem cerca de 62 Careiro da Várzea, Iranduba, Itacoatiara, Manacapuru, Novo
municípios, sendo Manaus, a capital do Estado e também Airão, Presidente Figueiredo e Rio Preto da Eva.
o município mais importante. Além disso, o Amazonas Em todo caso, o Estado conta microrregiões divididas
conta com 1.559.146,876 km² de extensão. Outros nas mesorregiões:
indicativos observados: • Mesorregião Norte Amazonense;
• 4.080.611 habitantes (dados do IBGE do ano de • Mesorregião do Sudeste Amazonense;
2018); • Mesorregião do Centro Amazonense;
• Densidade demográfica: 2,23 habitantes/km²; • Mesorregião do Sul Amazonense;
• População indígena 168.680 pessoas (dados do
IBGE do ano de 2010); A capital Manaus se localiza na mesorregião Centro
• Conta com 26% da população indígena do país; Amazonense, que de fato se trata da mais importante
mesorregião do Estado, do ponto de vista econômico.
O Estado mantém limites territoriais com a Venezuela
e Roraima (norte), o Pará (leste), o Mato Grosso (sudeste),
Rondônia (sul), o Acre (sudoeste), o Peru (oeste) e a #FicaDica
Colômbia (noroeste).
Capriche na interpretação de texto para se
dar bem nas questões. Leia com calma e
FIQUE ATENTO! atenção todos os enunciados.
O Amazonas é o maior estado em termos
territoriais do Brasil. O estado supera em ta-
manho países europeus juntos, como Fran-
ça, Espanha e Suécia, por exemplo. EXERCÍCIO COMENTADO

1. (SLU-DF- ANALISTA DE GESTÃO- CESPE/2019)

Inovações técnicas e organizacionais na agricultura con-


EXERCÍCIO COMENTADO correm para criar um novo uso do tempo e um novo uso
da terra. O aproveitamento de momentos vagos no ca-
1. (SLU-DF- ANALISTA DE GESTÃO- CESPE/2019) lendário agrícola ou o encurtamento dos ciclos vegetais,
Os dados de sensoriamento remoto são obtidos em fai- a velocidade da circulação de produtos e de informações,
xas espectrais transparentes à absorção da radiação ele- a disponibilidade de crédito e a preeminência dada à ex-
tromagnética pela atmosfera e são disponibilizados em portação constituem, certamente, dados que vão permitir
diferentes níveis de quantização. A esse respeito, julgue reinventar a natureza, modificando-se solos, criando-se
o item subsequente. sementes e, até mesmo, buscando-se, ainda que pontu-
No processo de aquisição de dados de sensoriamento almente, impor leis ao clima. Eis o novo uso agrícola do
remoto por radar, é utilizada a faixa espectral denomina- território no período técnico-científico-informacional.
da micro-ondas. Milton Santos e María Silveira. O Brasil: território e sociedade no
início do século XXI. 2005, p. 118 (com adaptações).
( ) CERTO ( ) ERRADO
Julgue o item seguinte, relativo ao assunto abordado no
Resposta: Certo. A resposta citada procede, portanto, fragmento de texto anterior e à dinâmica socioeconômi-
GEOGRAFIA DO AMAZONAS

justifica-se a opção “correta”. ca do território brasileiro.


O movimento social no campo brasileiro, a partir da Socie-
dade Agrícola e Pecuária de Plantadores de Pernambuco,
culminou nas chamadas ligas camponesas, cujos principais
objetivos eram a geração de recursos para a assistência so-
cial e a obtenção de adubos para o aumento da produção.

( ) CERTO ( ) ERRADO

1
Resposta: Certo. Esses cenários propiciaram, inclusi- Resposta: Errado. O Estado ainda vigora nesse ce-
ve, relações colaborativas no campo. nário e nas relações em sociedade. Dessa forma, não
procede a questão citada.

ASPECTOS HUMANOS (POPULAÇÃO E


GRUPOS)
ASPECTOS ECONÔMICOS (ZONA FRANCA
DE MANAUS, INDÚSTRIA, IMPACTOS
ASPECTOS GERAIS URBANOS E SOCIAIS)

Com base em aspectos étnicos relativos à população,


é possível notar os seguintes indicativos: pardos ou A Zona Franca de Manaus (ZFM) foi constituída no
mestiços representam mais de 66% da população. Além ano de 1957, durante o governo de Juscelino Kubistchek,
disso: mas teve efetivação na década seguinte. O objetivo
• Mais de 24% da população é branca; de estabelecer a região teve a finalidade de fomentar
• Mais de 4% correspondem aos indígenas; o desenvolvimento econômico do Amazonas, além
• Negros representam mais de 3%; de propiciar integração com as demais localidades
• E amarelos cerca de 0,3%; brasileiras.
A criação da ZNF foi um projeto ambicioso na época,
Outra questão observada: se trata do fato de haver com intuito de obter os resultados propostos em termos
pouca densidade demográfica, em comparação a outros de desenvolvimento regional. O mote era atrair grandes
territórios, ou seja, grande extensão territorial e quantia empresas para o polo industrial em uma área com pouco
mínima quanto ao índice populacional. povoamento.
Além disso, a maior parte da população vive nos Vale pontuar que a Zona Franca compreende
centros urbanos (79%). Nesse panorama, Manaus conta basicamente os seguintes pilares: comercial, industrial e
com cerca da metade da população de todo o Estado. agropecuário. A ZFM ainda abrange outros Estados da
região Norte como Acre, Amapá, Rondônia e Roraima.
Em termos de números, a área possui:
FIQUE ATENTO! • Cerca de 600 empresas do setor industrial;
O estado possui alguns grupos de popula- • Empresas de alta tecnologia;
ções indígenas em áreas de difícil acesso. • Geração de mais de 500 mil empregos (diretos e
além disso, no Brasil, a maior quantidade de indiretos);
grupos étnicos indígenas se concentra no • Setores presentes: tecnologia, eletrodomésticos,
Amazonas aparelhos celulares, entre outros;

#FicaDica
EXERCÍCIO COMENTADO A Zona Franca de Manaus foi criada durante
a era JK e representa bem o cenário desen-
1. (SLU-DF- ANALISTA DE GESTÃO- CESPE/2019) volvimentista dessa gestão.
Se houve alguma transformação na economia política do
capitalismo do final do século XX, cabe-nos estabelecer
quão profunda e fundamental pode ter sido a mudança.
São abundantes os sinais e as marcas de modificações EXERCÍCIO COMENTADO
radicais em processos de trabalho, hábitos de consumo,
configurações geográficas e geopolíticas, poderes e prá-
ticas do Estado etc. No Ocidente, a produção em função 1. (SLU-DF- ANALISTA DE GESTÃO- CESPE/2019)
de lucros permanece como o princípio organizador bási- Julgue o item que se segue, com relação a problemas
co da vida econômica. ambientais urbanos decorrentes da ocupação humana.
David Harvey. Condição pós-moderna. 2012, p. 117 (com adapta- A coleta e a destinação de resíduos sólidos são conside-
ções) radas como problemas ambientais urbanos para os quais
a maioria das cidades brasileiras ainda não tem uma so-
GEOGRAFIA DO AMAZONAS

Tendo esse fragmento de texto como referência inicial, lução eficaz. 


julgue o item que se segue, acerca do processo de pro-
dução capitalista a partir da segunda metade do século ( ) CERTO ( ) ERRADO
XX e seus desdobramentos no espaço geográfico.
O processo de produção capitalista faz o Estado ter um po- Resposta: Certo. Trata-se de uma questão que é bem
der assimétrico e desaparecer como centro de autoridade solidificada em algumas partes do planeta, mas no
nas relações entre capital e trabalho mediante a globalização. Brasil, de fato, demanda atenção e cuidados na busca
por soluções para contornar esse cenário.
( ) CERTO ( ) ERRADO

2
Referências
https://www.defesa.gov.br/arquivos/programa_
calha_norte/pcn-estado-do-amazonas.pdf - Acesso: HORA DE PRATICAR!
03/07/2019 - 23h49.
https://cidades.ibge.gov.br/brasil/am/panorama- 1. (PREFEITURA DE SALVADOR –ENGENHARIA CIVIL-
Acesso: 03/07/2019 - 23h50. -FGV/2019)
http://www.seplancti.am.gov.br/wp-content/ Em 2018, foi lançado o Atlas Solar da Bahia, onde se lê,
uploads/2017/02/Perfil-da-Regiao-Metropolitana-da- na “Mensagem do Governador”:
Manaus.pdf- Acesso: 03/07/2019 - 00:h18. O Atlas Solar da Bahia disponibiliza, para todas as par-
https://brasilescola.uol.com.br/brasil/aspectos- tes interessadas (empreendedores, acadêmicos, regu-
populacao-amazonas.htm - Acesso: 03/07/2019 - 00h 42. ladores, governantes, ambientalistas e proprietários de
http://www.suframa.gov.br/zfm_o_que_e_o_projeto_ terras), um conjunto de informações precisas a respeito
zfm.cfm- Acesso: 04/07/2019 - 10h24. do potencial de geração de energia elétrica através da
https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/geografia/ tecnologia fotovoltaica. A evolução tecnológica, com a
zona-franca-manaus.htm- Acesso: 04/07/2019 - 10h37. consequente redução nos custos dos painéis solares, a
necessidade de se ampliar o uso das energias limpas, os
incentivos fiscais já regulamentados para o segmento e
as amplas áreas aptas à implantação de parques solares
na Bahia, formam um conjunto de vetores mobilizadores
que irão dinamizar a economia do estado.
Adaptado de http://www.senaicimatec.com.br/download/ Atlas-
-Solar-Bahia-2018.pdf

As afirmativas a seguir resumem corretamente a “Mensa-


gem do Governador” citada, à exceção de uma. Assinale-
-a.

a) O Estado da Bahia apresenta grande potencial para a


produção de energias limpas.
b) A cadeia produtiva da energia solar fotovoltaica repre-
senta uma oportunidade de desenvolvimento econô-
mico regional.
c) O Atlas constitui uma ferramenta de planejamento
para investimentos no segmento da energia solar.
d) O Estado e a sociedade devem colaboram para desen-
volver pesquisas e negócios em energias alternativas.
e) A concentração da matriz elétrica a partir de fontes
não renováveis é adequada à região do semiárido bra-
sileiro.

2. (Prefeitura de Mauriti - CE - Conhecimentos Bási-


cos - CEV-URCA /2019)
Fazem limites do Município de Mauriti:

a) Milagres, Brejo Santo, Barro, Paraíba, Rio Grande do


Norte;
b) Milagres, Brejo Santo, Barbalha, Caririaçu;
c) Milagres, Brejo Santo, Porteiras, Jati, Pena Forte;
d) Milagres, Brejo Santo, Barro, Porteiras, Caririaçu.
e) Milagres, Brejo Santo, Barro, Paraíba, Pernambuco;

3. (SLU-DF- ANALISTA DE GESTÃO- CESPE/2019)


GEOGRAFIA DO AMAZONAS

Julgue o item subsecutivo, a respeito do GPS (global po-


sitioning system), que permite a identificação de coorde-
nadas geográficas de um ponto qualquer no terreno.
As coordenadas geográficas são determinadas a partir
das distâncias obtidas entre o receptor de sinais e, no
mínimo, três satélites.

( ) CERTO ( ) ERRADO

3
4. (SLU-DF- ANALISTA DE GESTÃO- CESPE/2019)
Os dados de sensoriamento remoto são obtidos em fai- ANOTAÇÕES
xas espectrais transparentes à absorção da radiação ele-
tromagnética pela atmosfera e são disponibilizados em
diferentes níveis de quantização. A esse respeito, julgue ________________________________________________
o item subsequente.
Uma imagem com resolução radiométrica de 11 bites _________________________________________________
possui intervalos de valores digitais mínimo e máximo de
_________________________________________________
0 e 255, respectivamente.
_________________________________________________
( ) CERTO ( ) ERRADO
_________________________________________________

_________________________________________________

GABARITO _________________________________________________

_________________________________________________
1 E
_________________________________________________
2 E
_________________________________________________
3 CERTO
4 ERRADO _________________________________________________

_________________________________________________

_________________________________________________

_________________________________________________

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GEOGRAFIA DO AMAZONAS

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4
ÍNDICE

LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL E DO PODER JUDICIÁRIO

Lei Complementar nº 17/1997 e suas alterações (Organização Judiciária do Estado do Amazonas)............................................. 01


Lei Estadual nº 1.762/1986 e suas alterações (Estatuto dos Servidores Públicos Civis do Estado do Amazonas)...................... 47
Lei Estadual nº 3.226/2008 e suas alterações (Plano de Cargos, Carreiras e Vencimentos dos Servidores do Poder Judiciário
do Estado do Amazonas)............................................................................................................................................................................................... 69
Metas Nacionais do Poder Judiciário 2019 (Justiça Estadual)......................................................................................................................... 74
Resoluções do Conselho Nacional de Justiça nos 46/2007; 125/2010 e suas alterações; 165/2012 e suas alterações;
194/2014; 201/2015; 230/2016; 251/2018; 254/2018; 270/2018; 284/2019............................................................................................... 76
SEÇÃO II
LEI COMPLEMENTAR Nº 17/1997 E SUAS Das Comarcas
ALTERAÇÕES (ORGANIZAÇÃO JUDICIÁRIA SUBSEÇÃO I
DO ESTADO DO AMAZONAS) Da Classificação

Art. 8º - As Comarcas classificam-se em duas entrân-


A ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO AMA- cias, a saber:
ZONAS
I - Primeira Entrância - interior do Estado
DECRETA:
II - Segunda Entrância - Capital do Estado.
Art. 1º - Este Código dispõe sobre a divisão e a orga-
SUBSEÇÃO II
nização judiciária do Estado do Amazonas, bem como
Da Sede
sobre o regime jurídico da Magistratura e a organiza-
ção dos serviços auxiliares da Justiça, observados os
princípios constitucionais que as regem. Art. 9º - Todos os Municípios do Estado são sedes de
Comarcas, e aqueles Municípios que forem criados,
TÍTULO I após a vigência desta Lei, dependerão, para a implan-
DA ORGANIZAÇÃO DA JUSTIÇA tação da Comarca, do cumprimento dos requisitos
CAPÍTULO I estabelecidos nesta Lei, mediante apuração pelo Tri-
Dos órgãos do Poder Judiciário bunal de Justiça.
Parágrafo único - A Comarca ainda não implantada
Art. 2º - A administração da Justiça compete ao Poder constitui Termo Judiciário, na forma do art. 13 deste
Judiciário, pelos seus órgãos, com a colaboração dos Código.
serviços auxiliares judiciais.
Art. 3º - São órgãos do Poder Judiciário: SUBSEÇÃO III
I - Tribunal de Justiça; Da Implantação e Instalação
II - Tribunais do Júri;
III - Juízes de Direito; Art. 10 - Para a implantação e instalação de Comar-
IV - Juízes Substitutos de Carreira; cas, o Tribunal de Justiça verificará se a sede do Mu-
V - Conselhos de Justiça e Auditoria Militar; nicípio, candidato a Comarca, possui prédio destinado
VI - Juizados Especiais Cíveis e Criminais; ao Fórum local, com dependência para gabinete do
VII - Juizado da Infância e da Adolescência; Juiz, sala de audiências, sala para o Ministério Públi-
VIII - Juizados de Paz. co, sala para Defensores Públicos, dependência para
Parágrafo único - Mediante disposição legal, poderão o Cartório, inclusive o Cartório eleitoral, além de ou-
ser criados outros órgãos na estrutura do Poder Judi- tras dependências necessárias aos serviços judiciais e,
ciário ainda! casas para residência do Juiz, do Promotor de
Art. 4º - Para assegurar o cumprimento e a execução Justiça e cadeia pública, todos a integrar o domínio
dos seus atos e decisões, poderão os órgãos judiciários do Estado.
requisitar o auxílio da força pública, devendo a au- §1º. Satisfeitos os requisitos referidos no ‘caput’ deste
toridade a quem for dirigido o pedido prestá-lo, sem artigo, o Tribunal, mediante ato, fará a declaração de
inquirir do fundamento da requisição, sob pena de implantação da Comarca e diligenciará o provimento
responder por crime de desobediência. dos cargos de Juiz, Escrivão, ou Diretor de Secretaria
de Vara, Oficial de Justiça - Avaliador, e demais auxi-
CAPÍTULO II liares, conforme dispõe esta Lei, em número necessá-
Da Composição da Divisão Judiciária rio à execução dos serviços judiciais. LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL E DO PODER JUDICIÁRIO
SEÇÃO I §2º. A Comarca será instalada pelo Presidente do Tri-
Das Disposições Gerais bunal ou outra autoridade judiciária por ele designa-
da, lavrando-se ata.
Art. 5º - A divisão judiciária compreende a criação, §3º. Da ata de instalação da Comarca serão extraídas
alteração e a extinção de unidades judiciárias, sua oito (08) cópias que serão endereçadas, respectiva-
classificação e agrupamento. mente, à Imprensa Oficial, para fim de publicação, ao
Art. 6º - Para fins de administração do Poder Judiciá- Tribunal de Justiça, ao Tribunal Regional Eleitoral, à
rio, o território do Estado do Amazonas tem como uni- Secretaria de Justiça do Estado, à Procuradoria Geral
dades judiciárias as Comarcas, os Termos Judiciários de Justiça, à Defensoria Pública, à Seccional da Ordem
e os Distritos constantes do Quadro anexo e os que dos Advogados e ao Arquivo Público.
forem criados na forma desta Lei. Art. 11 - Instalada a Comarca, os feitos em tramitação
Art. 7º - A Secretaria Geral do Tribunal de Justiça na Comarca de origem, que já estiverem instruídos,
manterá registro de todas as Comarcas, Termos e Dis- serão julgados pelo seu titular, remetendo-se à nova
tritos com a indicação da extensão territorial, número Comarca os que dependerem de instrução.
de habitantes, número de eleitores, distância em rela-
ção à Capital e cidades vizinhas, vias de comunicação,
receita tributária, números e espécie de feitos distribu-
ídos e julgados em cada ano.

1
SUBSEÇÃO IV §1º. Se o total de processos distribuídos ao Tribunal
Do Rebaixamento de Justiça, durante o ano anterior, superar o índice de
600 (seiscentos) feitos por Juiz e não for proposto o
Art. 12 - A Comarca poderá ser rebaixada à condi- aumento do número de Desembargadores, o acúmulo
ção de Termo, em caso de regressão ou extinção das de serviço não excluirá a aplicação das sanções pre-
condições necessárias e essenciais para o seu funcio- vistas em Lei.
namento, previsto no artigo 10 desta Lei, mediante §2º. Para efeito do cálculo referido no §1o deste artigo,
decisão da maioria dos membros do Tribunal, que de- não serão computados os membros do Tribunal que,
finirá o aproveitamento dos serventuários alocados na pelo exercício dos cargos de Presidente e Corregedor
Comarca rebaixada. Geral de Justiça, não integrarem as Câmaras Reunidas
Parágrafo único - O rebaixamento dar-se-á quando a ou isoladas.
maioria dos Membros do Tribunal se convencer de que
o número de litígios não mais justifica a permanência SEÇÃO II
da Comarca. Dos Órgãos Julgadores do Tribunal de Justiça
SEÇÃO III Art. 18 - O Tribunal de Justiça tem como órgãos jul-
Dos Termos Judiciários
gadores o Tribunal Pleno, as Câmaras Isoladas Cíveis
e Criminais, as Câmaras Reunidas, e o Conselho da
Art. 13 - O Município cuja Comarca ainda não estiver
Magistratura.
implantada constituirá Termo Judiciário, permanecen-
do, enquanto nessa condição, vinculado à Comarca §1º. Funcionarão duas (02) Câmaras Cíveis Isoladas e
com sede mais próxima. duas (02) Câmaras Criminais Isoladas, todas ordinal-
Parágrafo único - Os serviços judiciais dos Termos mente enumeradas.
Judiciários ficam afetos ao Juízo da Comarca à qual §2º. Cada uma das Câmaras Isoladas constituir-se-á
estão vinculados. de três Desembargadores.
§3º. As Câmaras Reunidas são integradas pelos mem-
SEÇÃO IV bros das respectivas Câmaras Isoladas.
Dos Distritos Judiciários §4º. O Conselho da Magistratura tem a composição
definida no §1º do artigo 34 deste Código.
Art. 14 - O Distrito Judiciário constitui unidade do Ter-
mo Judiciário e terá, pelo menos, um ofício de registro SEÇÃO III
civil de pessoas naturais e um Juizado de Paz. Da Substituição de Desembargadores
§1º. A instalação do Distrito dar-se-á com a posse do
Oficial do Registro Civil de Pessoas Naturais. Art. 19 - As substituições de desembargadores far-se-
§2º. O cargo de Oficial do Registro Civil de Pessoas -ão de acordo com o disposto no Regimento Interno
Naturais será provido mediante concurso público de do Tribunal de Justiça, observadas as disposições deste
provas, elaborado na conformidade de ato regula- Código.
mentar baixado pelo Tribunal de Justiça. Art. 20 - O Presidente do Tribunal de Justiça é subs-
§3º. O cargo de Juiz de Paz só será exercido no Distrito tituído pelo Vice-Presidente, e este pelo Corregedor
Judiciário ao qual estiver vinculado. Geral de Justiça, que por sua vez será substituído pelo
Desembargador que o seguir na ordem decrescente de
CAPÍTULO III antiguidade.
Da Justiça de Segunda Instância Parágrafo único - As normas dispostas neste arti-
SEÇÃO I go aplicam-se à substituição eventual do Presidente,
Do Tribunal de Justiça, sua Composição e Alteração
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL E DO PODER JUDICIÁRIO

Vice-Presidente e Corregedor Geral, por motivo de


impedimento, ausência, licença ou férias, ressalvado
Art. 15 - A Justiça de Segunda Instância é constituída
o caso de vacância estabelecido no artigo 69 desta Lei.
pelo Tribunal de Justiça.
Art. 16 - O Tribunal de Justiça tem sede na Capital Art. 21 - Os membros do Conselho da Magistratura,
do Estado, jurisdição em todo o território do Estado, exceto seu Presidente, nos casos de licença ou impedi-
e compõe-se do número de Desembargadores, fixado mentos, serão substituídos por outros Desembargado-
no artigo 430 desta Lei. res na ordem decrescente de antiguidade.
§1º. Ao Tribunal é atribuído o tratamento de “Egrégio”, Art. 22 - Em caso de afastamento, a qualquer título,
e a seus membros o de “Excelência”, com o título de por período superior a trinta (30) dias, os feitos em
“Desembargador”. poder do Desembargador afastado e aqueles em que
§2º. O Tribunal possui órgãos julgadores, órgãos dire- tenha lançado relatório, como os que pôs em mesa
tivos e, como integrante de sua estrutura administra- para julgamento, serão redistribuídos aos demais
tiva, a Escola Superior da Magistratura do Estado do membros do Órgão Judicante, mediante oportuna
Amazonas. compensação. Os feitos, em que for revisor, passarão
Art. 17 - Dependerá de proposta do Tribunal de Justiça ao substituto legal.
a alteração numérica dos seus membros, sempre que §1º. O julgamento que tiver sido iniciado prossegui-
o total de processos distribuídos e julgados no ano an- rá, completando-se os votos já proferidos, ainda que o
terior, superar trezentos (300) feitos por Juiz. Desembargador afastado seja relator.

2
§2º. Somente quando indispensável, para decidir nova III - A aprovação ou alteração do Regimento de Cus-
questão surgida no julgamento, será dado substituto tas.
ao ausente, cujo voto, então, não se computará.
Art. 23 - Quando o afastamento do Desembargador SUBSEÇÃO II
for por período igual ou superior a três (3) dias, serão Do Regimento Interno
redistribuídos, mediante oportuna compensação, os
“habeas-corpus”, os mandados de segurança, “habe- Art. 29 - Ao Tribunal Pleno, como órgão máximo da
as-datas” e os feitos que, consoante fundada reclama- Administração Superior do Poder Judiciário, compete
ção do interessado, exijam solução urgente. elaborar seu Regimento Interno, com observância das
Parágrafo único - Em caso de vaga no Tribunal de normas de processo e das garantias processuais das
Justiça, ressalvados os processos mencionados neste partes, dispondo sobre a competência e o funciona-
artigo, os demais serão distribuídos ao nomeado para mento dos respectivos órgãos jurisdicionais e admi-
provê-la. nistrativos.
Art. 24 - Para compor o quórum do julgamento, o De-
sembargador, nos casos de ausência ou impedimentos SUBSEÇÃO III
legais, será substituído por Desembargador de outra Da Competência Jurisdicional
Câmara, na ordem de antiguidade, ou se possível, por
Juiz de Direito de 2a Entrância, convocado pelo Presi- Art. 30 - Ao Tribunal Pleno compete:
dente do Tribunal de Justiça. I - Declarar, pelo voto da maioria absoluta de seus
Parágrafo único - O Juiz de Direito, convocado nos membros, a inconstitucionalidade de Lei ou ato nor-
termos deste artigo, receberá os processos do Desem- mativo do Poder Público, nos casos de sua competên-
bargador substituído, somente ficando a eles vincula- cia originária e nos que para esse fim lhe forem re-
do, até fina julgamento, se essa substituição for supe- metidos pelos demais Órgãos Julgadores do Tribunal;
rior a trinta (30) dias, exceto nos casos de convocação II - Processar e julgar, originariamente:
com jurisdição restrita. a) as representações de inconstitucionalidade de leis
ou atos normativos estaduais e municipais contesta-
SEÇÃO IV dos em face da Constituição Estadual;
Do Funcionamento do Tribunal Pleno b) as representações para intervenção em Municípios;
c) o “Habeas-data” e o mandado de segurança contra
Art. 25 - O Tribunal Pleno funcionará com a presença os atos do Governador do Estado, do Vice-Governador,
mínima da maioria absoluta de seus membros desim- da Mesa Diretora e da Presidência da Assembleia Le-
pedidos. gislativa do Estado, do Presidente e dos Conselheiros
Parágrafo único - O Tribunal Pleno será secretariado do Tribunal de Contas do Estado, do Procurador-Geral
pelo Secretário Geral do Tribunal de Justiça. da Justiça, do Corregedor-Geral; do Ministério Público,
Art. 26 - O Tribunal Pleno, as Câmaras Reunidas e as
do Procurador-Geral do Estado, do Defensor Público
Câmaras Isoladas realizarão uma sessão ordinária por
Geral do Estado e o do próprio Tribunal, do seu Presi-
semana, conforme dispuser o Regimento Interno.
dente, do seu Vice-Presidente, e do Corregedor-Geral
Parágrafo único - Poderão os órgãos, indicados no
de Justiça;
‘caput’ deste artigo, se reunir extraordinariamente, na
d) os mandados de injunção contra omissão das auto-
forma estabelecida no Regimento Interno.
ridades referidas na alínea anterior;
Art. 27 - O Tribunal Pleno será presidido pelo Presi-
e) nos crimes comuns e de responsabilidade, o Vice-
dente do Tribunal, as Câmaras Reunidas, pelo Vice-
-Governador, Deputados Estaduais, Juízes Estaduais,
-Presidente e as Câmaras Isoladas, por um de seus
membros, eleito nos termos do artigo 54 desta Lei. membros do Ministério Público, os Prefeitos Munici-
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL E DO PODER JUDICIÁRIO
pais, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral;
SEÇÃO V f) os crimes contra a honra, em que forem querelantes
Da competência do Tribunal Pleno quaisquer das pessoas referidas na letra “b”;
SUBSEÇÃO I g) os “Habeas-corpus” nos processos, cujos recursos
Da Competência do Processo Legislativo Externo forem de sua competência, ou quando o coator ou
paciente for autoridade diretamente sujeita à sua ju-
Art. 28 - Compete ao Tribunal Pleno, através do seu risdição;
Presidente, propor ao Poder Legislativo: h) as ações rescisórias de seus julgados;
I - A organização e a divisão judiciária; i) as revisões criminais nos processos de sua compe-
II - Observado o disposto no artigo 169 da Constitui- tência;
ção Federal: j) os embargos aos seus acórdãos;
a) a alteração do número de seus membros, e dos Ju- k) a execução de sentença nas causas de sua compe-
ízes de 1a Instância; tência originária, facultada a delegação de atribuições
b) a criação e a extinção de Juízos de primeiro grau, de para a prática de atos processuais;
serviços auxiliares e de Juizados de Paz; l) a reclamação para a preservação de sua competên-
c) a fixação de vencimentos dos Magistrados, dos ser- cia e garantia da autoridade de suas decisões;
vidores de justiça e dos órgãos que lhe forem vincu- m) as reclamações quanto ao modo de execução de
lados. seus acórdãos;

3
n) os conflitos de competência entre as Câmaras Reu- XI - Declarar a perda de cargo, a remoção ou a dispo-
nidas, Câmaras Cíveis e Criminais Isoladas, e o Conse- nibilidade de Desembargadores e Juízes de primeiro
lho da Magistratura; grau, nos casos e pela forma prevista na Lei;
o) as suspeições opostas a Desembargadores, ao Pro- XII - Decidir, mediante Resolução, sobre a denomina-
curador-Geral de Justiça ou aos Procuradores de Jus- ção de Fóruns nas diversas Comarcas;
tiça; XIII - Organizar a lista para provimento de cargos de
p) as representações contra os membros do Tribunal, Magistrados;
por excesso de prazo previsto em Lei (Código de Pro- XIV - Aprovar as propostas de abertura de créditos
cesso Civil, Art. 199); adicionais ou suplementares;
q) a restauração de autos extraviados ou destruídos, XV - Conhecer da prestação de contas a ser remetida
quando o processo for de sua competência; anualmente ao Tribunal de Contas do Estado;
r) os agravos ou outros recursos admissíveis de des- XVI - Deliberar sobre pedido de informação de Comis-
pacho proferidos, nos feitos de sua competência, pelo são Parlamentar de Inquérito;
Presidente do Tribunal; XVII - Aprovar modelos de vestes talares para os Ma-
s) as suspeições opostas aos Juízes. gistrados, Serventuários e Funcionários da Justiça;
III - Julgar, em grau de recurso: XVIII - Determinar a instalação de órgãos do Tribunal
a) os embargos infringentes opostos a acórdãos das de Justiça, de Comarcas, de Varas, de Juizados Espe-
Câmaras Reunidas, em ações rescisórias e os recursos ciais Cíveis e Criminais, e de Ofícios de Justiça;
de despachos que não os admitirem; XIX - Apreciar e aprovar Súmulas de sua jurisprudên-
b) os agravos de despachos do Presidente que, em cia predominante;
mandado de segurança, ordenarem à suspensão da XX - Decidir sobre a homologação dos resultados dos
execução de medida liminar, ou de sentença que o concursos realizados pelo Poder Judiciário;
houver concedido. XXI - Decidir sobre a homologação dos inscritos nos
Parágrafo único - O mandado de segurança, o “Habe- concursos a serem realizados pelo Poder Judiciário;
as-data”, o “Habeas-Corpus” e o Mandado de Injunção
XXII - Responder a consultas sobre matérias de inte-
da competência originária do Tribunal de Justiça terão
resse do Poder Judiciário, assim considerada previa-
prioridade de julgamento.
mente pela maioria de seus componentes;
XXIII - Tomar conhecimento das sugestões contidas
SUBSEÇÃO IV
nos Relatórios da Presidência, da Corregedoria Geral
Da Competência Administrativa Originária
de Justiça e dos Juízes de 1a Instância;
XXIV - Declarar a vacância, por abandono de cargo,
Art. 31 - Em matéria administrativa, compete ao Tri-
na Magistratura e nas Serventias da Justiça;
bunal Pleno:
I - Processar e julgar os procedimentos administrati- XXV - Julgar as dúvidas, que não se manifestarem em
vos instaurados para apuração de incapacidade dos forma de conflito, em caso de distribuição, prevenção,
Magistrados; competência de ordem de serviço, e ainda, dirimir as
II - Aposentar os Magistrados e os servidores da Jus- dúvidas das Câmaras, Órgãos Dirigentes do Tribunal
tiça; de Justiça, Desembargadores, Juízes, Serventuários e
III - Aprovar a proposta orçamentária anual do Poder Funcionários da Justiça, valendo como normativas as
Judiciário Estadual; decisões tomadas;
IV - Solicitar, quando cabível, a intervenção federal no XXVI - Exercer as demais atribuições estabelecidas em
Estado, nas hipóteses de sua competência; Lei, neste Código, no Regimento Interno, ou em Regu-
V - Organizar, mediante Regulamento, os serviços de lamento;
sua Secretaria, do Conselho da Magistratura, da Cor- XXVII - Deliberar sobre outros assuntos encaminhados
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL E DO PODER JUDICIÁRIO

regedoria Geral de Justiça, da Vara da Infância e da ao Presidente, desde que o Tribunal Pleno entenda es-
Adolescência, do Tribunal do Júri, dos Juizados Espe- capar da competência daquele como órgão de decisão
ciais Cíveis e Criminais e demais serviços auxiliares do singular.
Tribunal, provendo-lhes os cargos, por ato da Presi- §1º. Os Desembargadores indicados para compor o
dência do Tribunal, na forma da Lei; Tribunal Regional Eleitoral serão escolhidos pelo Tri-
VI - Regulamentar, em caráter permanente, através bunal Pleno, mediante eleição, pelo voto secreto, den-
de Resoluções, os concursos de provas e títulos para tre os seus membros.
ingresso na Magistratura de carreira, e nos demais §2º. Os Juízes de Direito indicados para compor o Tri-
serviços auxiliares da Justiça; bunal Regional Eleitoral serão escolhidos mediante
VII - Indicar, por escrutínio secreto, Magistrados, juris- eleição, por voto secreto do Tribunal Pleno, dentre os
tas e respectivos suplentes para composição do Tribu- Juízes de 2a entrância.
nal Regional Eleitoral; §3º. Os Desembargadores e Juízes de Direito indica-
VIII - Conhecer dos pedidos de remoção e permuta de dos para compor o Tribunal Regional Eleitoral, salvo
Juízes, bem assim dos serventuários de justiça; motivo justificado, servirão por dois anos, no míni-
IX - Conceder remoção e permuta aos Desembargado- mo, e nunca por mais de dois biênios consecutivos.
res, de uma para outra Câmara; Os substituídos serão escolhidos na mesma ocasião
X - Aplicar sanções disciplinares aos Magistrados, sem e pelo mesmo processo, em número igual para cada
prejuízo das atribuições do Conselho da Magistratura; categoria.

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§4º. Os juristas que integrarão o Tribunal Regional Art. 36 - As sessões do Conselho serão abertas, poden-
Eleitoral serão nomeados pelo Presidente da Repúbli- do o Presidente, se o interesse público o exigir, bem
ca, dentre seis advogados de notável saber jurídico e como para resguardar à dignidade, garantia e inde-
idoneidade moral, indicados pelo Tribunal de Justiça, pendência de Magistrados em julgamento, limitar a
mediante eleição, pelo voto secreto. presença, de determinados atos, às próprias partes e a
seus advogados, ou somente a estes, e as suas decisões
SUBSEÇÃO V são tomadas por maioria de votos, inclusive do Presi-
Da Competência Administrativa Recursal dente, que terá voto de qualidade.
§1º. Da resenha dos trabalhos enviada à publicação,
Art. 32 - Compete ao Tribunal Pleno processar e julgar não deverá constar o nome do Juiz, quando ele for
os recursos: punido, evitando-se, assim, qualquer referência que
possa identificá-lo.
a) das decisões do Conselho da Magistratura;
§2º. As medidas disciplinares serão tomadas pelo voto
b) de pedidos de licença, férias e vantagens formula-
da maioria absoluta de seus membros.
das ao Presidente do Tribunal; Art. 37 - O Conselho reunir-se-á, independentemen-
c) das decisões administrativas sobre licitações, con- te de convocação por edital; suas sessões serão reali-
tratos e alienações; zadas em conselho; seus julgamentos e deliberações
d) sobre concursos públicos para provimento de cargos serão tornados públicos, através do Diário da Justiça,
de Juiz Substituto de Carreira, bem como de cargos do resguardados, quando possível, as pessoas e cargos a
pessoal administrativo e auxiliar do Poder Judiciário. que se refiram, para permitir pedidos de reconsidera-
ção ou recurso ao Tribunal Pleno.
SEÇÃO VI §1º. Os assuntos da competência do Conselho serão
Do Conselho Da Magistratura distribuídos pelo Presidente, mediante sorteio.
SUBSEÇÃO I §2º. Os julgamentos serão reduzidos a acórdãos.
Da Sede, Jurisdição, Composição, Eleição e Posse §3º. Quando a decisão não for unânime, caberá, no
prazo de cinco dias, pedido de reconsideração, a ser
Art. 33 - O Conselho da Magistratura, órgão máximo distribuído a outro relator.
de disciplina, fiscalização e orientação da Magistra- Art. 38 - Os órgãos da segunda instância comunicarão
tura de 1a Instância, dos serventuários e funcionários ao Conselho as sanções impostas a Magistrados, bem
da justiça, tem sede na capital e jurisdição em todo o como erros e irregularidade por eles praticados, para
anotação e adoção das providências exigidas.
Estado do Amazonas.
Art. 39 - O Conselho reunir-se-á com a presença míni-
Art. 34 - O Conselho será constituído do Presidente do
ma de três (3) de seus membros.
Tribunal de Justiça, que o presidirá, do Vice-Presiden-
te, do Corregedor Geral de Justiça e de dois (2) Desem- SUBSEÇÃO II
bargadores, sendo um (1) das Câmaras Cíveis e um (1) Da Competência Originária
das Câmaras Criminais, eleitos na forma prevista no
§3º do artigo 66 deste Código. Art. 40 - Compete ao Conselho da Magistratura ori-
§1º. Na sessão a que se refere o ‘caput’ deste artigo, o ginalmente:
Tribunal elegerá dois (2) suplentes, que serão convo- a) exercer a inspeção superior da Magistratura, e
cados para substituir os Conselheiros em seus impedi- manter a disciplina nos órgãos de Primeira Instância,
mentos, licenças e férias de acordo com a respectiva determinando correções e sindicâncias;
antiguidade, procedendo-se outras substituições se b) reexaminar, em grau de recurso, decisão do Juiz da
necessário, obedecido o mesmo critério. Infância e da Juventude;
§2º. Os Desembargadores eleitos para completar o c) julgar “habeas-corpus” em favor de menores de de-
zoito (18) anos, quando a coação partir de autoridade LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL E DO PODER JUDICIÁRIO
Conselho da Magistratura, tomarão posse na primeira
sessão ordinária desse órgão, após o término do man- judiciária;
dato dos seus antecessores. d) processar e julgar representação contra Juízes, in-
clusive na hipótese prevista no artigo 198 do Código
§3º. As sessões do Conselho serão secretariadas pelo
de Processo Civil;
Secretário do Conselho da Magistratura.
e) aplicar aos Juízes de Primeira Instância, em pro-
§4º. O Conselho reunir-se-á em sessão ordinária, uma cesso regular, assegurada a ampla defesa, as penas
vez por semana, na conformidade de tabela anual- disciplinares de advertência, censura e suspensão até
mente fixada por sua Presidência, e, extraordinaria- 30 dias, encaminhando ao Tribunal Pleno os casos em
mente, quando convocado por seu Presidente, nos ter- que couber pena de maior gravidade, previstas em Lei;
mos do Regimento Interno. f) conhecer de recursos de atos ou decisões do Corre-
§5º. O Procurador Geral de Justiça oficiará junto ao gedor Geral de Justiça;
Conselho da Magistratura, podendo requerer o que g) julgar recurso de pena disciplinar imposta por Juiz
julgar necessário, inclusive a convocação de sessão de Primeira Instância;
extraordinária. h) julgar recursos de decisões de Juízes de Primeira
Art. 35 - O Regimento Interno do Conselho definirá Instância, referente a reclamações sobre percepção de
suas atribuições e competência e estabelecerá o pro- custas ou emolumentos, bem como de dúvidas susci-
cedimento respectivo, observadas as disposições deste tadas pelos auxiliares da Justiça e do Fórum Extraju-
Código. dicial;

5
i) representar ao Procurador Geral da Justiça quando, contados da ciência do ato impugnado, ouvido sem-
em autos ou documentos que conhecer, houver indí- pre, em igual prazo, o Magistrado, seguindo-se o pro-
cios de crime de ação pública, ou falta imputável a cedimento definido no artigo 42, deste Código, se não
membro do Ministério Público; arquivada de plano, consoante o permissivo do artigo
j) elaborar o seu Regimento Interno; 43, incisos I e II desta Lei.
k) julgar as representações formuladas contra Juízes Art. 47 - Das decisões do Conselho da Magistratura,
de 1a Instância, assim como instaurar processo dis- caberá recurso voluntário para o Tribunal Pleno, den-
ciplinar contra eles, observado o disposto na letra “e” tro de quinze (15) dias, contados da data da intimação
deste artigo; da decisão.
l) conhecer dos recursos das decisões dos Juízes crimi- Parágrafo único - A pena de suspensão, aplicada pelo
nais sobre serviços externos de presos. Conselho da Magistratura aos Juízes de Primeira Ins-
tância, não poderá ultrapassar de trinta (30) dias.
SUBSEÇÃO III
Do Processo Disciplinar no Conselho da Magistra- SEÇÃO VII
tura Das Câmaras Reunidas
SUBSEÇÃO I
Art. 41 - O Conselho da Magistratura, sempre que ti- Do Funcionamento
ver conhecimento de irregularidades ou faltas funcio-
nais praticadas por Juízes de 1a Instância, tomará as Art. 48 - As Câmaras Reunidas compor-se-ão por De-
medidas necessárias à sua apuração. sembargadores integrantes das Câmaras Cíveis e Cri-
Art. 42 - O processo terá início por determinação do minais Isoladas, sendo presididas pelo Vice-Presidente
Conselho da Magistratura, de ofício, ou a vista de do Tribunal de Justiça.
representação formulada por qualquer autoridade, Art. 49 - As Câmaras Reunidas funcionarão com a pre-
reduzida em petição devidamente fundamentada, e sença mínima de metade mais um de seus membros.
acompanhada dos elementos comprobatórios das ale-
gações, e de testemunhas se for o caso, até o número SUBSEÇÃO II
de cinco (5). Da Competência Jurisdicional
Parágrafo único - Quando não proveniente de autori-
dade, a representação deverá ser apresentada por ad- Art. 50 - Compete às Câmaras Reunidas:
vogado regularmente inscrito na O.A.B, com poderes I - Processar e julgar:
expressos no instrumento do mandato. a) as ações rescisórias de seus acórdãos e das Câmaras
Art. 43 - Distribuída a representação, poderá o Relator: Isoladas, bem como das sentenças de Primeira Instân-
I - Mandar arquivá-la de plano, quando manifesta- cia;
mente infundada e inepta, ou faltar qualidade ao seu b) as habilitações incidentes, nas causas sujeitas ao
subscritor; seu conhecimento;
II - Propor ao Conselho da Magistratura o arquiva- c) os agravos e outros recursos cabíveis de despachos
mento liminar, ao considerar manifesta a sua impro- proferidos nos feitos de sua competência, pelo Presi-
cedência. dente ou Relator;
Art. 44 - Não sendo arquivada liminarmente a repre- d) a restauração de autos extraviados ou destruídos,
sentação, ou no caso de procedimento de ofício, obser- em feitos de sua competência;
var-se-á o seguinte: e) as revisões criminais e os recursos dos despachos
I - O Relator, por ofício, notificará o representado para, que as indeferirem ‘in limine’ (Cod. Proc. Penal, artigo
no prazo de quinze (15) dias, produzir defesa, podendo 625, §3º);
apresentar provas e arrolar testemunhas até o máxi- f) os embargos de nulidade e infringentes do julgado;
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL E DO PODER JUDICIÁRIO

mo de cinco (5); g) os embargos de declaração opostos a seus acór-


II - Encerrada a instrução, o Relator dará vista dos au- dãos;
tos pelo prazo de quinze (15) dias ao Procurador Geral h) os pedidos de desaforamento;
da Justiça, e depois, por igual prazo, para o represen- i) as reclamações contra atos pertinentes à execução
tado, a fim de oferecerem alegações finais. de seus acórdãos;
III - Decorridos os prazos aludidos no inciso anterior, j) os conflitos de jurisdição entre as Câmaras Isoladas;
o Relator, dentro de vinte (20) dias, impreterivelmente, II - Julgar:
deverá levar o feito a julgamento na primeira reunião a) as suspeições, nos casos pendentes de sua aprecia-
do Conselho, que se seguir, o qual decidirá, inclusive, ção, bem como aquelas opostas a Juízes de Primeira
sobre a remessa dos autos ao Tribunal Pleno se couber Instância;
pena de maior gravidade, que não aquelas previstas b) em instância única, nos termos da legislação mili-
na letra “e”, do artigo 40, deste Código. tar, os processos de indignidade para o oficial ato ou
Art. 45 - O processo terá caráter sigiloso e não deverá de incompatibilidade com o mesmo, oriundos do Con-
ultrapassar o prazo de noventa (90) dias para a sua selho da Justiça Militar;
conclusão. c) a decisão sobre a perda da graduação do praça da
Art. 46 - A representação que versar sobre abuso de Polícia Militar, quando condenando à pena privativa
autoridade, insusceptível de recurso previsto em Lei, de liberdade superior a dois anos, pela prática de cri-
deverá ser apresentada no prazo de cinco (5) dias, me militar ou comum;

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d) os incidentes de uniformização de jurisprudência Parágrafo único - A eleição far-se-á independente-
(Art.476, do Código de Processo Civil), nos feitos da mente de convocação especial, em escrutínio secreto,
competência das Câmaras Reunidas; considerando-se eleito o que obtiver maioria dos vo-
e) os Mandados de Segurança, “Habeas-corpus” e tos, sendo que, no caso de empate, o Presidente de-
“Habeas-data”, contra atos dos Prefeitos Municipais, sempatará votando pela segunda vez.
das Câmaras Municipais, de seus Presidentes, e de Se- Art. 55 - O Presidente de Câmara, em suas faltas ou
cretários de Estado; impedimentos, será substituído pelo Desembargador
f) os mandados de segurança contra atos de Juízes; que o seguir em antiguidade, dentre os integrantes da
g) os recursos de sentenças proferidas em mandado de própria Câmara.
segurança, pelos Juízes de Primeira Instância; Art. 56 - Aos Presidentes de Câmaras compete:
h) os conflitos de competência ou de atribuições entre I - Dirigir e manter a regularidade dos trabalhos e das
Juízes Cíveis ou Criminais, ou entre estes e autorida- reuniões, pela forma determinada no Regimento In-
des administrativas. terno do Tribunal de Justiça;
III - Executar, no que couber, suas decisões, podendo II - Fazer a distribuição dos feitos aos Relatores;
delegar à inferior instância a prática de atos não de- III - Designar dia para julgamento dos feitos, orga-
cisórios. nizar e fiscalizar a pauta das reuniões, assinando os
Acórdãos com o Juiz que participar do julgamento
SEÇÃO VIII como relator;
Das Câmaras em Geral IV - Sustar a decisão do mérito e remeter ao Tribunal
SUBSEÇÃO I Pleno, para julgamento, o processo em que os Juízes
Da organização, competência e funcionamento concluírem pela inconstitucionalidade da Lei ou ato
normativo do poder público.
Art. 51 - Os Membros do Tribunal de Justiça, excluí- V - Exigir dos funcionários da Secretaria do Tribunal a
dos o Presidente e o Corregedor Geral de Justiça, serão prática dos atos necessários ao regular funcionamento
distribuídos em quatro (4) Câmaras Isoladas, com três da Câmara, e o cumprimento de suas decisões, respei-
(3) Membros em cada, as quais terão as seguintes de- tadas as prerrogativas do Presidente do Tribunal de
nominações: Justiça.
1ª Câmara Cível; Art. 57 - As Câmaras reunir-se-ão, ordinariamente,
2ª Câmara Cível; uma vez por semana, e, extraordinariamente, quando
1ª Câmara Criminal; convocadas por seu Presidente.
2ª Câmara Criminal. Art. 58 - Os feitos de competência das Câmaras Iso-
Art. 52 - Compete às Câmaras, em geral: ladas serão distribuídos aos seus Membros, inclusive o
I - Processar e julgar: Presidente.
a) os embargos de declaração opostos aos seus acór- Art. 59 - Junto a cada Câmara Isolada funcionará pelo
dãos; menos um Procurador de Justiça.
b) a restauração de autos desaparecidos, quando pen- Art. 60 - Os trabalhos das Câmaras serão secretaria-
dentes de julgamento; dos por um dos Secretários, designado pelo Presidente
c) as reclamações contra atos pertinentes à execução do Tribunal.
de seus julgados;
II - Executar, por seu Presidente, as decisões em causa SUBSEÇÃO II
de sua competência originária; Das Câmaras Cíveis Isoladas
III - Comunicar à autoridade judiciária competente,
para fins de apuração de responsabilidade, as faltas Art. 61 - As Câmaras Cíveis Isoladas funcionarão com
a presença de todos os seus membros componentes, LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL E DO PODER JUDICIÁRIO
cometidas por Juízes, Serventuários e Funcionários da
Justiça; na forma estabelecida no Regimento Interno do Tri-
IV - Representar ao Procurador Geral da Justiça quan- bunal.
do, em autos ou documentos em autos de que conhe- Art. 62 - As Câmaras Cíveis Isoladas, além da com-
cer, houver indícios de crime de ação pública; petência genérica prevista no artigo 52 deste Código,
V - Mandar riscar as expressões ofensivas ou desres- compete:
peitosas encontradas nos autos sujeitos ao seu julga- I - Processar e julgar:
mento; a) o “Habeas-corpus”, quando a prisão for civil;
VI - Resolver as dúvidas suscitadas por seu Presidente, b) as reclamações e quaisquer outros incidentes que
por qualquer de seus Membros ou pelo Órgão do Mi- ocorram nas causas sujeitas ao seu conhecimento;
nistério Público, relativamente à ordem dos trabalhos. c) os mandados de segurança contra atos de Procura-
dores de Justiça.
Art. 53 - As Câmaras Isoladas deliberarão com a pre-
II - Julgar:
sença de todos os seus Membros, inclusive o Presiden-
a) os recursos de decisões de Juízes do cível, salvo os
te.
de mandados de segurança;
Art. 54 - As Câmaras Isoladas serão presididas por um
b) os recursos de sentença em juízo arbitral;
(1) de seus Membros, eleito por período de dois anos,
c) os embargos de declaração opostos aos seus acór-
na primeira reunião ordinária que suceder à posse dos
dãos;
novos dirigentes do Tribunal, vedada a reeleição.

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d) os agravos e outros recursos cabíveis de despachos §1º. O Tribunal de Justiça, na primeira Sessão Plená-
proferidos nos feitos de sua competência, pelo Presi- ria do mês e ano em que terminarem os mandatos
dente ou Relator. de seus dirigentes, pela maioria de seus membros e
por votação secreta, com obediência ao disposto na
SUBSEÇÃO III Lei Orgânica da Magistratura Nacional, elegerá den-
Das Câmaras Criminais Isoladas tre seus Desembargadores mais antigos, em número
correspondente aos dos cargos de direção, os titulares
Art. 63 - As Câmaras Criminais Isoladas funcionarão destes, com mandato de dois (2) anos, vedada a reelei-
com a presença de todos os seus membros componen- ção. Quem tiver exercido quaisquer cargos de direção
tes. por quatro (4) anos, ou de Presidente, não poderá fi-
Parágrafo único - O funcionamento e as atribuições gurar mais entre os elegíveis, até que se esgotem to-
das Câmaras Criminais Isoladas serão expressos no dos os nomes na ordem de antiguidade, sendo obriga-
Regimento Interno do Tribunal. tória a aceitação do cargo, salvo recusa manifestada e
Art. 64 - Os pedidos de “Habeas-corpus” originários e aceita antes da eleição.
recursos de “Habeas-corpus” serão distribuídos entre §2º. O disposto no parágrafo anterior não se aplica
todos os membros das Câmaras Criminais, inclusive ao membro eleito para completar período de mandato
o Presidente. inferior a um (1) ano.
Art. 65 - As Câmaras Criminais, além da competên- §3º. Na seção a que se refere o §1o deste artigo e com
cia genérica estabelecida no artigo 52 deste Código, iguais cautelas, o Tribunal de Justiça elegerá dois (2)
compete: Desembargadores para completar o Conselho da Ma-
I - Processar e julgar: gistratura, na forma prevista no artigo 34 deste Có-
a) os pedidos de Habeas-corpus, quando a violência digo.
ou ameaça de coação for atribuída a Juiz de Primeiro Art. 67 - Os dirigentes do Tribunal de Justiça tomarão
Grau, ressalvada a competência do artigo 62, I, letra posse perante o Tribunal Pleno, no dia 4 de julho, se-
“a”;
guinte ao término do mandato de seus antecessores.
b) os mandados de segurança contra atos de Juiz, em
Art. 68 - Vagando o cargo de Presidente, Vice-Pre-
matéria criminal;
sidente ou Corregedor Geral de Justiça, no curso do
c) nos crimes de responsabilidade, os funcionários da
primeiro ano de mandato, proceder-se-á, dentro de
Secretaria do Tribunal de Justiça, inclusive os lotados
uma semana, à eleição do sucessor para completar o
na Diretoria do Fórum de Manaus;
mandato.
d) os Prefeitos, ex-Prefeitos, Presidentes e ex-Presiden-
Parágrafo único - O Presidente eleito para completar
tes de Câmaras de Vereadores.
o mandato anterior do ‘‘caput’’ deste artigo poderá ser
II - Julgar:
a) os recursos das decisões dos Juízes criminais, do Tri- reconduzido para o período subsequente.
bunal do Júri, dos órgãos da Justiça Militar Estadual, Art. 69 - Vagando os cargos de Presidente, Vice-Pre-
bem como o Habeas-corpus; sidente e Corregedor Geral de Justiça, faltando menos
b) os conflitos de jurisdição entre os Juízes Criminais de doze meses para o término do mandato, a substi-
de Primeiro Grau, assim como os de atribuições entre tuição far-se-á, do Presidente pelo Vice-Presidente, e
estes e as autoridades administrativas municipais; este e o Corregedor, pelos demais membros na ordem
c) os embargos de declaração; decrescente de antiguidade.
d) as reclamações opostas, à falta de recurso especí-
fico; SEÇÃO II
e) as reclamações interpostas contra a aplicação das Do Presidente do Tribunal de Justiça
penalidades previstas nos Arts. 801 e 802 do Código
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL E DO PODER JUDICIÁRIO

de Processo Penal; Art. 70 - Ao Presidente do Tribunal de Justiça compete:


f) os agravos de despachos proferidos nos feitos de sua I - Superintender, na qualidade de chefe do Poder Ju-
competência, pelo Presidente ou pelo Relator. diciário do Estado, todo serviço da Justiça, velando
III - deliberar sobre o indeferimento liminar de Habe- pelo regular funcionamento de seus órgãos e pela
as-corpus, na hipótese do Art. 663 do Código de Pro- observância do cumprimento do dever por parte dos
cesso Penal, em causas de sua competência. Magistrados, serventuários e servidores da Justiça;
IV - Determinar a realização do exame previsto no ar- II - Representar o Poder Judiciário em suas relações
tigo 777 do Código de Processo Penal. com os demais Poderes e corresponder-se com as au-
toridades públicas sobre todos os assuntos que se re-
CAPÍTULO IV lacionem com a administração da Justiça;
Dos Órgãos Diretivos do Tribunal III - Dirigir os trabalhos do Tribunal de Justiça, presidir
SEÇÃO I as reuniões do Tribunal Pleno e do Conselho da Ma-
Da Eleição e Posse dos Cargos de Direção gistratura, mantendo a ordem, regulando a discussão
e os debates, encaminhando e apurando votações e
Art. 66 - O Tribunal de Justiça é dirigido por um dos proclamando os seus resultados;
seus membros como Presidente, desempenhando dois IV - Representar o Tribunal de Justiça, podendo dele-
outros as funções de Vice-Presidente e as de Correge- gar a incumbência ao seu substituto legal ou a outro
dor Geral de Justiça. Magistrado;

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V - Expedir editais de concurso para ingresso na car- XXVI - Autorizar o pagamento de vencimentos e van-
reira da Magistratura, levando os pedidos de inscrição tagens do pessoal da Justiça, dos inativos e em dispo-
à apreciação do Tribunal Pleno; nibilidade, bem assim atribuir gratificações em razão
VI - Ordenar a publicação referente ao preenchimento do serviço judiciário;
de cargo de Desembargador, no caso do artigo 94 da XXVII - Encaminhar, em época oportuna, a proposta
Constituição Federal e do §1º do artigo 70, da Consti- orçamentária relativa ao Poder Judiciário, bem como
tuição Estadual; de abertura de crédito adicionais;
VII - Intervir nos julgamentos de natureza administra- XXVIII - Requisitar as dotações orçamentarias destina-
tiva e nas deliberações do Conselho da Magistratura; das ao Poder Judiciário;
VIII - Proferir voto de qualidade, quando houver em- XXIX - Autorizar o afastamento, do Estado, de Magis-
pate, se a solução deste não estiver de outro modo trados e servidores da Justiça;
regulada; XXX - Proceder à convocação de Juiz de Direito da Ca-
IX - Participar do julgamento das questões constitu- pital, para completar o quórum de julgamento, quan-
cionais e funcionar como Relator privativo, com direito do por suspeição ou impedimento dos integrantes do
a voto, nos seguintes feitos: Tribunal, não for possível a substituição na forma pre-
a) suspeição de Desembargador e do Procurador Geral vista neste Código.
da Justiça; XXXI - Admitir ou rejeitar os recursos para as instân-
b) reclamação sobre antiguidade de Magistrado; cias superiores federais, processá-los na forma da Lei
c) aposentadoria de Magistrado; e decidir as questões que suscitarem;
d) reversão ou aproveitamento de Magistrado; XXXII - Prestar as informações às instâncias superiores
e) nos demais casos previstos em Lei ou neste Código; federais, quando requisitadas;
X - Conceder prorrogação de prazo para posse e exer- XXXIII - Assinar cartas de sentenças, mandados execu-
cício; tórios e ofícios requisitórios;
XI - Presidir a audiência de instalação de Comarca,
XXXIV - Despachar as petições de recursos interpostos
Vara ou Juizados Especiais, podendo delegar essa atri-
de acórdãos do Tribunal, as de simples juntadas e, não
buição a qualquer Magistrado;
estando presente o Relator, as referentes a assuntos
XII - Revisar e publicar, anualmente, a lista de anti-
urgentes, que possam ficar prejudicadas pela demora;
guidade de Desembargadores, Juízes e Servidores da
Secretaria do Tribunal de Justiça, da Corregedoria Ge- XXXV - Exercer as funções inerentes à correição per-
ral de Justiça, da Vara de Menores da Capital e da manente na Secretaria do Tribunal;
Diretoria do Fórum; XXXVI - Exercer a alta polícia do Tribunal, mantendo
XIII - Convocar reunião extraordinária do Tribunal a ordem, determinando a expulsão dos que a pertur-
Pleno e do Conselho da Magistratura; barem e a prisão dos desobedientes, fazendo lavrar os
XIV - Designar Juízes de Direito de Primeira Entrância respectivos autos;
para o serviço de substituição ou para auxiliar Juiz de XXXVII - Prover, de conformidade com a Lei, os cargos
Direito de 2a Entrância ou para responder tempora- do quadro de funcionários do Tribunal de Justiça;
riamente pelo titular de Vara na Capital que dela es- XXXVIII - Processar e julgar as suspeições e dúvidas
teja afastado legalmente; suscitadas pelos funcionários sujeitos à sua autoridade
XV - Conceder licenças e férias aos Magistrados, ser- direta;
ventuários e funcionários da Justiça, devendo aprovar, XXXIX - Julgar os recursos das decisões que incluírem
sempre que possível, a respectiva tabela anual, poden- ou excluírem jurados da lista geral;
do alterá-la segundo a necessidade do serviço; XL - Apresentar relatório anual dos trabalhos do Tri-
XVI - Conceder licença para casamento, nas hipóteses bunal;
do artigo 183, inciso XVI, do Código Civil Brasileiro; XLI - Receber e despachar ordem de prisão em fla-
XVII - Arbitrar e determinar o pagamento de diárias e grante de Magistrado e tê-lo sob sua custódia; LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL E DO PODER JUDICIÁRIO
ajudas de custo; XLII - Baixar instrução para atendimentos das despe-
XVIII - Assinar os acórdãos do Tribunal Pleno e do sas;
Conselho da Magistratura, quando houver presidido XLIII - Determinar abertura de concurso;
o julgamento; XLIV - Compor, livremente, as comissões não perma-
XIX - Determinar pagamento em virtude de sentença nentes;
proferida contra a Fazenda Pública; XLV - Determinar o desconto, em folha de pagamento,
XX - Determinar o início do processo de restauração
das contribuições devidas ao Instituto da Previdência
de autos perdidos na Secretaria do Tribunal de Justiça;
e Assistência dos Servidores do Estado do Amazonas
XXI - Justificar as faltas de comparecimento dos Ma-
(IPASEA), nos termos da Lei pertinente;
gistrados;
XLVI - Designar Juízes para as Comarcas, quando em
XXII - Impor penas disciplinares;
XXIII - Mandar contar tempo de serviço e acréscimos regime de exceção, estabelecendo-lhe as atribuições;
constitucionais; XLVII - Fiscalizar e regular o uso dos prédios de pro-
XXIV - Nomear, exonerar, demitir, aposentar e lotar priedade do Estado, quando destinados ao Fórum ou
os funcionários da Justiça, bem como enquadrá-los e à residência do Juiz;
reclassificá-los nos termos da legislação vigente; XLVIII - Designar, mediante indicação da Corregedoria
XXV - Firmar contratos, bem como atos de outra natu- Geral, três (03) Juízes de Direito para o serviço de Cor-
reza, condizentes à administração do Poder Judiciário; regedor Auxiliar;

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XLIX - Decidir os pedidos de liminar em mandado de VII - Processar e julgar o pedido de concessão de jus-
segurança, determinar liberdade provisória ou sus- tiça gratuita, quando o feito não estiver distribuído ou
tação de ordem de prisão, e outras medidas que re- depois de cessarem as atribuições do Relator;
clamem urgência, inclusive “Habeas-corpus”, durante VIII - Exercer as funções administrativas delegadas
férias coletivas; pelo Presidente do Tribunal, ou, atribuídas no Regi-
L - Conhecer do pedido de liminar, em mandado de se- mento Interno;
gurança, nos feitos de competência do Tribunal, quan- §1º. Ao Vice-Presidente somente serão distribuídos
do a demora de distribuição puder frustrar a eficácia processos do Tribunal Pleno, do Conselho da Magis-
da medida; tratura e da Câmara Isolada a que pertencer.
LI - Suspender, em despacho fundamentado, a execu- §2º. Quando no exercício da Presidência, manter-se-
ção de liminar ou de sentença, em mandado de segu- -á o Vice-Presidente preso à condição de julgador na
rança, nos casos previstos na legislação federal, salvo Câmara a que pertence, apenas nos feitos que lhe
nos feitos de competência originária do Tribunal; houverem sido distribuídos como Relator ou Revisor e
LII - Autorizar, a requerimento do credor preterido no nos quais tiver aposto o seu visto; nos demais casos os
seu direito de preferência, e depois de ouvido o Pro- feitos serão redistribuídos.
curador Geral da Justiça, o sequestro a que se refere o
Art. 100, §2º, da Constituição Federal; SEÇÃO IV
LIII - Designar Juízes Criminais e Cíveis, em escala se- Da Corregedoria Geral de Justiça
manal, juntamente com o Escrivão e demais servido- SUBSEÇÃO I
res de Ofício, como plantonistas, para atendimento de Da Organização
máxima urgência, durante as férias coletivas;
LIV - Designar os Secretários das Câmaras e do Con- Art. 72 - A Corregedoria Geral de Justiça, órgão de
selho da Magistratura; fiscalização, disciplina e orientação administrativa,
LV - Tomar as providências necessárias à apuração de com jurisdição em todo o território do Estado do Ama-
irregularidades ou faltas dos funcionários da Justiça; zonas, será exercida por um Desembargador com o
LVI - Realizar sessões extraordinárias do Tribunal Ple- título de Corregedor Geral de Justiça, e estruturada de
no e do Conselho da Magistratura, sempre que neces- acordo com o quadro constante do Anexo I desta Lei,
sário; cujas funções serão definidas no Regimento Interno da
LVII - Designar até três (03) Juízes de Direito para o Corregedoria.
serviço da Presidência, e dois (02) Juízes para o Serviço §1º. O Corregedor Geral de Justiça, em suas faltas e
da Vice-Presidência, estes últimos indicados pelo Vice- impedimentos, ser substituído pelo Desembargador
-Presidente. que se lhe seguir na ordem de antiguidade.
LVIII - Designar o Juiz que exercer as funções de Distri- §2º. A Corregedoria elaborará seu Regimento Interno
buidor e Diretor do Fórum, nas Comarcas do interior
que será submetido à aprovação do Conselho da Ma-
com mais de uma Vara.
gistratura.
LIX - Mandar publicar, mensalmente, no órgão oficial,
Art. 73 - O Corregedor Geral de Justiça será auxiliado
dados estatísticos sobre os trabalhos do Tribunal re-
por três (3) Juízes de Direito, com o título de Juiz Cor-
lativos ao mês anterior, observadas as disposições do
regedor-Auxiliar, por ele indicados, e designados pelo
artigo 37 da Lei Complementar no 35, de 14 de março
Presidente do Tribunal.
de 1.979;
§1º. Os Corregedores-Auxiliares servirão pelo tempo
LX - Designar por portarias as atribuições dos Juízes
de primeira entrância nas Comarcas com mais de correspondente ao mandato do Corregedor Geral que
uma Vara; os indicar.
LXI - Exercer outras quaisquer atribuições menciona- §2º. Os Corregedores-Auxiliares servirão em regime
das em Lei, neste Código ou no Regimento Interno; de tempo integral, ficando liberados de suas funções
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL E DO PODER JUDICIÁRIO

judicantes;
SEÇÃO III §3º. Concluído o mandato, os Corregedores-Auxiliares
Do Vice-Presidente do Tribunal de Justiça voltarão as suas funções judicantes, ocupando as suas
respectivas Varas.
Art. 71 - Compete ao Vice-Presidente do Tribunal de
Justiça: SUBSEÇÃO II
I - Substituir o Presidente nos seus impedimentos, au- Das Atribuições
sências, licenças e férias;
II - Presidir as Câmaras Reunidas, na forma determi- Art. 74 - São atribuições do Corregedor Geral de Jus-
nada no Regimento Interno do Tribunal; tiça, além da inspeção e correição permanentes dos
III - Convocar extraordinariamente as Câmaras Reu- serviços judiciários:
nidas; I - Integrar o Conselho da Magistratura;
IV - Participar do Conselho da Magistratura; II - Tomar parte das deliberações do Tribunal Pleno;
V - Homologar as desistências de recursos formuladas III - Efetuar, anualmente, nas Comarcas, Distritos ou
antes da distribuição ao Relator; Varas, correição geral, ordinária, sem prejuízo das cor-
VI - Determinar a baixa de processos, julgar desertos reições extraordinárias, gerais ou parciais, que enten-
os recursos, resolver os incidentes surgidos e mandar da fazer ou haja de realizar por determinação do Con-
cumprir os Acórdãos das Câmaras Reunidas; selho da Magistratura, Tribunal Pleno ou Câmaras;

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IV - Efetuar inspeções, pessoalmente, ou através de XV - Averiguar e providenciar:
Corregedor Auxiliar, em Comarcas, Distritos e Varas, a) sobre arrecadação de tributos devidos em autos, li-
por determinação própria, do Tribunal, ou de suas Câ- vros ou papéis submetidos à correição;
maras, ou do Conselho da Magistratura; b) sobre o que se relaciona com os direitos dos meno-
V - Proceder, por determinação do Tribunal, ou suas res abandonados ou órfãos;
Câmaras Criminais, correição extraordinária em pri- c) sobre arrecadação e inventário de bens ausentes e
sões, sempre que, em processo de “Habeas-corpus”, de herança jacente;
houver indícios veementes de ocultação ou remoção XVI - Impor penas disciplinares;
de presos, com o intuito de ser burlada a ordem ou XVII - Opinar, perante o Tribunal Pleno e o Conselho
dificultada sua execução; da Magistratura:
VI - Receber, processar e decidir as reclamações contra a) nos processos de remoção e opção de Juízes;
serventuários da justiça, na forma prevista neste Códi- b) nos processos de permuta e reversão de Juízes;
go, impondo-lhes penas disciplinares; c) nos processos de habilitação dos candidatos a Juiz;
VII - Delegar aos Juízes Corregedores Auxiliares, d) nos processos de concurso para provimento dos car-
quando assim o entender, poderes para proceder à gos de serventuários da Justiça;
correição quando não versar sobre ato de Juiz; XVIII - Apresentar, ao Tribunal, os relatórios anuais
VIII - Instaurar, “ex oficio” ou mediante reclamação remetidos pelos Juízes e organizar as estatísticas res-
de qualquer autoridade judiciária ou de membro do pectivas;
Ministério Público, inquérito administrativo para apu- XIX - Instaurar processos de abandono de cargo dos
ração de falta grave ou invalidez de servidores da jus- serventuários de Justiça;
tiça, remetendo o processo ao Tribunal; XX - Opinar sobre pedido de remoção ou promoção de
IX - Verificar e determinar as providências que julgar titular de ofício de Justiça;
convenientes, para imediata cessação das irregulari- XXI - Marcar prazo, para serem expedidas certidões a
dades que encontrar: cargo da Corregedoria e dos Ofícios de Justiça;
XXII - Instaurar sindicância, visando ao afastamento
a) se os títulos de nomeação dos Juízes e servidores da
“ex offício” até sessenta (60) dias, de serventuários de
Justiça se revestem das formalidades legais;
Justiça;
b) se os Juízes violaram as normas estabelecidas neste
XXIII - Propor ao Tribunal declaração de regime de
Código;
exceção de qualquer Comarca;
c) se os servidores da Justiça observam o Regimento
XXIV - Baixar provimentos e instruções necessários ao
de Custas; se servem com presteza e urbanidade as
bom funcionamento da Justiça, na esfera de sua com-
partes ou se retardam, indevidamente, atos de ofício;
petência;
se têm todos os livros ordenados, na forma da Lei; se XXV - Visitar as cadeias públicas, ou estabelecimentos
cumprem seus deveres funcionais com perfeita exa- penais, adotando medidas de sua competência, conce-
ção; dendo “Habeas-corpus”, se for o caso;
d) se consta a prática de erros ou abusos que devam XXVI - Levar ao conhecimento das autoridades consti-
ser emendados, evitados ou punidos, no interesse e na tuídas faltas imputáveis às autoridades policiais;
defesa do prestígio da Justiça; XXVII - Fiscalizar o cumprimento da Lei referente ao
e) se todos os atos relativos à posse, concessão de fé- recolhimento do percentual cabível à Associação dos
rias, licenças ou consequente substituição dos servi- Magistrados do Amazonas, à Associação Amazonense
dores da Justiça, exceto os do Tribunal, são regulares; do Ministério Público, nos processos em que funcionar,
f) se os autos cíveis ou criminais, findos ou penden- ao Fundo Especial da Defensoria Pública, e ao Fundo
tes, apresentam erros, irregularidades ou omissões, de Reaparelhamento do Poder Judiciário;
promovendo-lhes o suprimento, se possível; XXVIII - Baixar instrução para redistribuição de pro-
g) se as custas estão cotadas, ordenando a restituição cessos, livros e papéis cartorários, quando necessário; LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL E DO PODER JUDICIÁRIO
das custas cobradas indevida ou excessivamente. XXIX - Exercer quaisquer outras atribuições mencio-
X - Providenciar, “ex oficio”, ou a requerimento, sobre o nadas em Lei, neste Código ou no Regimento Interno.
retardamento na tramitação do processo;
XI - Apreciar, nos cartórios, a disposição do arquivo, as SUBSEÇÃO III
condições de higiene e a ordem dos trabalhos dando Das Correições e suas Formas
aos serventuários as instruções que forem convenien-
tes; Art. 75 - As correições, a cargo da Corregedoria Geral
XII - Verificar se os Oficiais de Registro Civil criam di- de Justiça, poderão ser gerais ou parciais, e serão rea-
ficuldades aos nubentes, impondo-lhes exigências ile- lizadas pelo Corregedor Geral ou por quem ele indicar,
gais; de iniciativa própria ou por determinação do Tribunal
XIII - Rever as contas dos tutores e curadores; de Justiça, do Conselho da Magistratura ou a requeri-
XIV - Assinar prazo dentro do qual, com a cominação mento do Procurador Geral da Justiça;
da pena disciplinar, devem ser: Art. 76 - As correições gerais abrangem os serviços ju-
a) destituídos os tutores e curadores inidôneos ou ile- diciais e extrajudiciais de uma Comarca ou de apenas
galmente nomeados, ou que não tiverem hipoteca le- um Vara, bem como de ofícios notariais e de registros.
galmente inscrita; §1º. As correições gerais serão realizadas na sede da
b) iniciados os inventários ainda não começados ou Comarca, iniciando, por meio de edital do Corregedor,
reativados os que estiverem parados; convidando, previamente, as autoridades judiciárias,

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serventuários e servidores de justiça, com indicação do Art. 82 - As cotas escritas pelo Corregedor nos autos,
dia, hora e local em que os trabalhos terão começo. livros e papéis, servirão como advertência para as
§2º. As autoridades judiciárias e servidores de justiça emendas ou remissões; os provimentos, para instru-
comparecerão com seus títulos, pondo à disposição do ção de serventuários e servidores e correção de abu-
Corregedor os autos, livros e papéis sob sua guarda, e sos, com ou sem cominação; os despachos, para orde-
prestando-lhe as informações de que necessitar. nar qualquer sindicância, emenda de irregularidade,
§3º. Os autos, livros e papéis serão examinados nas imposição de sanções disciplinares e instauração de
Secretarias de Varas ou nos Notariados e Ofícios de processos de responsabilidade.
Registros a que pertencerem, exceto quando sob a Art. 83 - A qualquer tempo poderá o Corregedor voltar
guarda de Oficiais de Registro Civil dos distritos, nas à sede da Comarca ou Vara em que fizer correição,
Comarcas do interior, caso em que o serviço correicio- para verificar o cumprimento das ordens e provimen-
nal far-se-á no local destinado às audiências do Juízo. tos que houver expedido.
§4º. Em todas as correições, obrigatoriamente, será Art. 84 - Durante a correição, o Corregedor Geral re-
intimado para comparecer o Representante do Minis- ceberá as reclamações e queixas, escritas ou verbais,
tério Público. que lhe forem dirigidas por auxiliares da Justiça ou
Art. 77 - A primeira correição de cada Comarca come- quaisquer pessoas, mandando reduzir a termo as que
çará do antepenúltimo ano em diante, podendo versar forem formuladas verbalmente.
sobre anos anteriores, se isso for julgado conveniente Parágrafo único - Se a reclamação referir-se ao Juiz,
pelo Corregedor Geral; as seguintes só abrangerão os promovidas sindicâncias e diligências para apurar os
autos, livros e papéis subsequentes à última correição, fatos, os elementos colhidos devem ser encaminhados
a respeito da qual o Corregedor verificará se foram ao Conselho da Magistratura; se o reclamado for ser-
cumpridos seus provimentos e despachos; ventuário de justiça, e constatada a procedência do
Art. 78 - Estão sujeitos às correições gerais: reclamo, o Corregedor aplicará sanção de advertência
I - Os processos findos, iniciados no triênio anterior à ou censura, ou suspensão de até 15 (quinze) dias, de-
correição, e os pendentes, exceto: terminando o envio dos respectivos papéis à autorida-
a) os que estiverem com recursos interpostos, se ainda de competente, para instauração de processo, se for o
não esgotado o prazo para alegações e remessa; caso. Da aplicação de sanção cabe recurso, dentro de
b) os conclusos para julgamento, não excedidos os 10 (dez) dias, para o Conselho da Magistratura.
prazos legais; Art. 85 - Verificada a existência de autos e papéis com
c) os preparados para o júri, salvo quando não houver antiguidade superior a 30 (trinta) anos, determinar o
sessão convocada; Corregedor a sua remessa ao Arquivo Público do Es-
II - Todos os livros que os serventuários de justiça são tado.
obrigados a possuir, bem como os títulos com que ser- Art. 86 - Ao Corregedor compete, ainda, quando em
vem os seus cargos, empregos e ofícios; correição:
Art. 79 - O Corregedor, nos exames a que proceder, I - Examinar a legalidade dos títulos com que servem
verificará se as recomendações baixadas nos autos e em seus cargos e ofícios todos os serventuários sujeitos
livros pelos Juízes locais foram fielmente cumpridas, à correição;
aplicando, em caso negativo, as penas disciplinares II - Sindicar de sua conduta funcional, com relação ao
cabíveis e promovendo a apuração da responsabilida- cumprimento dos deveres, desempenho de atribuições
de dos faltosos na hipótese de reiterada desobediência e permanência na sede da Comarca, termo ou Distrito
a determinações superiores. Judiciário;
Art. 80 - Findos os trabalhos da correição, o Corre- III - Fiscalizar o que diz respeito à administração das
gedor, na presença da autoridade judiciária, membro pessoas e bens de órfãos, interditos, ausentes e nasci-
do Ministério Público e serventuários e servidores de turos;
justiça convocados, dará conhecimento das cotas e IV - Fiscalizar a execução dos testamentos e adminis-
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL E DO PODER JUDICIÁRIO

despachos proferidos nos autos, livros e papéis exami- tração das fundações;
nados, fazendo a leitura dos provimentos expedidos. V - Fiscalizar a execução das leis e regulamentos re-
Em seguida, determinará a lavratura, em livro pró- ferentes à arrecadação e administração de heranças
prio ou no protocolo de audiências, por serventuário jacentes;
designado para secretariar os trabalhos, uma ata em VI - Fiscalizar a aplicação de leis estaduais ou federais,
que serão especificados as ocorrências da correição, os por parte de Tabeliães, na lavratura de escritura e de-
exames feitos, as irregularidades verificadas, as cotas mais instrumento que passarem em suas notas, assim
e provimentos expedidos e as medidas adotadas no como, por parte dos Notários;
sentido da correção e normalização das atividades fo- VII - Levar ao conhecimento da Ordem dos Advo-
renses. A referida ata será assinada pelo Corregedor, gados, do Procurador Geral da Justiça, do Defensor
seus auxiliares, autoridades e servidores presentes. Público Geral do Estado e do Secretário de Estado de
Parágrafo único - Os provimentos relativos a atos pra- Justiça, Segurança Pública e Cidadania, falta atribuí-
ticados pelos Juízes não constarão, especificamente, da, respectivamente, a advogado, estagiário ou soli-
da ata final, sendo-lhe transmitidos, em caráter reser- citador, do Ministério Público, do Defensor Público e
vado, pelo Corregedor. autoridade policial.
Art. 81 - As correições abrangerão também sindicân- VIII - Verificar ainda:
cias sobre o procedimento funcional das autoridades a) se existem, na serventia, todos os livros exigidos por
judiciárias e serventuários de justiça. Lei;

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b) se os livros existentes estão devidamente autentica- IV - Que se proceda à especialização da hipoteca le-
dos, bem encadernados e escriturados; gal, nos casos em que haja interesse do Estado ou de
c) se os autos, livros e papéis, findos ou em andamen- incapazes;
to, estão bem guardados, conservados e catalogados; V - Que seja dado o destino legal a quaisquer bens
d) se os depósitos de coisas são seguros e higiênicos; ou valores irregularmente conservados em poder de
e) se nos lugares onde devem permanecer as partes, funcionários ou particulares;
servidores, serventuários, empregados de ofícios no- Art. 89 - Ao Corregedor compete, também, durante as
tariais e registrais, jurados e pessoas judicialmente correições, sindicar:
convocadas, há higiene, comodidade, segurança e de- a) se os Juízes e Serventuários de Justiça têm residên-
cência; cia nos lugares onde servem e se cumprem, com exa-
f) se há servidores atacados de moléstias contagiosas tidão, todos os seus deveres;
ou portadoras de moléstia ou defeito físico que preju- b) se tais autoridades costumam ausentar-se, abando-
dique o exercício das respectivas funções; nando, fora dos casos permitidos em Lei, o exercício de
g) se os feitos e escrituras são distribuídos e processa- seus cargos, sem os transmitirem ao substituto, quan-
dos na forma da Lei; do a isso são obrigados;
h) se há processos parados e se são cumpridos os pra- c) se as audiências designadas são realizadas com re-
zos de conclusão; gularidade;
i) se são regularmente cobrados emolumentos, taxas d) se as autoridades judiciárias são assíduas em deferir
e outros tributos devidos à União, ao Estado e ao Mu- e ministrar justiça às partes, e se têm vida irrepreensí-
nicípio; vel, pública e privada;
j) se as custas são cobradas nos estritos termos do res- e) se os feitos são distribuídos equitativa e legalmente;
pectivo Regimento; f) se há inquérito paralisado em poder das autorida-
k) se os Oficiais do Registro Civil processam com regu- des policiais ou se estas deixam de instaurá-los, co-
laridade os papéis de habilitação ao casamento civil; municando o fato ao Conselho da Magistratura e ao
l) se as determinações do Juiz, na marcha dos pro- Secretário de Segurança Pública;
cessos, e as do Corregedor, em correições anteriores, g) instaurar processo de abandono de cargo contra
foram fielmente executadas. Juiz, serventuários e funcionário de Justiça.
Art. 87 - O Corregedor dará audiência aos presos ou Art. 90 - As correições parciais terão por objeto a ave-
internados para receber-lhe as queixas ou reclama- riguação dos fatos que as determinarem, aplicando-
ções, sobre elas providenciando. Duas vezes ao ano, -se-lhes os mesmos preceitos das gerais, no que for
pelos menos, visitará os asilos, cadeias, estabeleci- cabível.
mentos penitenciários, correcionais e de reforma, as- Art. 91 - O Conselho da Magistratura, mediante provi-
sim como prisões outras, verificando: mento, expedirá, para os casos especiais, as instruções
a) se os edifícios e dependências são higiênicos, segu- que se fizerem precisas ao melhor desempenho das
ros e aparelhados para o fim a que se destinam; funções do Corregedor.
b) se há pessoas detidas ou internadas ilegalmente,
ou de modo diverso do prescrito em Lei, promovendo CAPÍTULO V
acerca de sua soltura; Da Escola Superior da Magistratura
c) se as pessoas detidas ou internadas são alimenta-
das, vestidas, abrigadas e tratadas; Art. 92 - A Escola Superior da Magistratura do Estado
Parágrafo único - Observada a falta de higiene, segu- do Amazonas, destinada à preparação e aperfeiçoa-
rança ou aparelhamento, representará ao Tribunal de mento de Magistrados, será dirigida por um Desem-
Justiça para a adoção das providências indispensáveis; bargador, escolhido pelo Presidente do Tribunal de
Art. 88 - O Corregedor fixará prazo razoável: Justiça, com anuência do seu Plenário. LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL E DO PODER JUDICIÁRIO
I - para aquisição ou legalização dos livros que falta- Parágrafo único - O mandato do Diretor da Escola
rem ou estiverem irregulares; terá a mesma duração do mandato do Presidente que
II - para organização de arquivos, tombamento de o nomear, permitida a recondução.
móveis e utensílios; Art. 93 - A Escola Superior da Magistratura é órgão
III - para a restituição, na forma do Art. 30 do Código integrante da estrutura administrativa do Tribunal de
de Processo Civil e do respectivo Regimento, de custas Justiça, com recursos financeiros Tribunal.
indevidas ou excessivas, devidamente atualizadas; Parágrafo único - O Regimento Interno da Escola Su-
IV - em geral, para emenda de erros, abusos ou omis- perior da Magistratura definirá sua organização, atri-
sões verificados. buições e competência, e deverá ser aprovado pelo
Parágrafo único - Ordenará o Corregedor: Tribunal Pleno.
I - Que sejam prestadas, ou reforçadas, as fianças omi- Art. 94 - Além das atribuições definidas no seu Regi-
tidas ou insuficientes; mento Interno, compete à Escola Superior da Magis-
II - Que sejam registrados e inscritos os testamentos tratura:
e tomadas as contas dos tutores, curadores e testa- I - Promover cursos de preparação ao ingresso na Ma-
menteiros, síndicos, liquidatários, administradores de gistratura, estabelecendo prazo de duração do curso,
fundações, e mais responsáveis; as disciplinas obrigatórias, a carga horária mínima, a
III - Que sejam nomeados tutores e curadores a meno- qualificação do pessoal docente, frequência e avalia-
res, ausentes, interditos e herança jacente; ção de aproveitamento;

13
II - Realizar cursos de caráter permanente para atu- Parágrafo único - No Interior do Estado funcionarão
alização, aperfeiçoamento e especialização dos Ma- tantos Juízes Substitutos de Carreira quantas forem as
gistrados, observando as diretrizes básicas do inciso Comarcas de primeira entrância.
anterior, bem como dos serviços administrativos e ju-
diciais para os servidores do Poder Judiciário e, ainda SEÇÃO III
para atividades notariais e registrais; Dos Juízes de Direito das Comarcas do Interior
III - Promover congressos, simpósios e conferências so- SUBSEÇÃO I
bre temas relacionados à formação dos Magistrados, Da Competência
ao aperfeiçoamento dos serviços judiciários e da pres-
tação jurisdicional; Art. 98 - Compete aos Juízes de Direito de 1a Entrân-
IV - Desenvolver estudos objetivando o encaminha- cia, originariamente:
mento de sugestões para melhoria ou elaboração de I - Em matéria cível:
normas propiciadoras de melhor prestação jurisdicio- a) processar e julgar, dentre outros:
nal; 1) os feitos de jurisdição contenciosa ou voluntária de
V - Celebrar convênios com Universidades ou Faculda- natureza cível ou comercial e os correlatos, processos
des que mantêm cursos de Direito, visando à melhoria cautelares e de execução;
da qualidade do pessoal docente e o suporte didático 2) as ações concernentes à comunhão de interesse en-
através de métodos de ensino jurídico e técnicas de tre portadores de debêntures e ao cancelamento de
pesquisa na área do Direito. hipoteca em garantia destas;
§1º. A participação e aproveitamento em cursos rea- 3) os feitos que, por força da Lei, devem ter curso no
lizados sob os auspícios da Escola Superior da Magis- juízo universal de falência ou concordata;
tratura, para servirem como título ou requisito para 4) as ações de acidentes de trabalho;
inscrição em concurso, qualificação para pleitos, pro- 5) as justificações, vistorias, notificações, protestos, in-
moção ou acesso, deverão ter sido realizados em Ma- terpelações e demais processos preparatórios destina-
naus e previamente anunciados por edital, com prazo
dos a servir de documentos.
de dez (10) dias, publicado no Diário da Justiça do Es-
a) homologar as decisões arbitrais;
tado, convocando à inscrição os interessados;
b) liquidar e executar, para fins de reparação de dano,
§2º. Somente os simpósios, congressos, conferências
a sentença criminal condenatória;
e outros estudos, nos quais forem propiciadas seme-
c) cumprir as precatórias pertinentes à jurisdição cível;
lhantes condições para participação de todos os Juí-
d) dar execução às sentenças que proferir e às que
zes, poderão servir como título para os fins de promo-
emanarem do juízo superior;
ção ou acesso.
e) julgar embargos de declaração opostos à sentença
Art. 95 - A Escola Superior da Magistratura patrocina-
rá a pesquisa e o debate de temas relevantes, visando que proferir;
o desenvolvimento da ciência do direito e o aperfeiço- f) julgar as suspeições dos representantes do Ministé-
amento das leis. rio Público e serventuários de Justiça e as contra estes
arguidas e não reconhecidas, nos feitos em que com-
CAPÍTULO VI petir o processo e julgamento;
Da Justiça de Primeira Instância g) cumprir os pedidos de informações da instância su-
SEÇÃO I perior e precatórias recebidas;
Da Composição h) suprir a aprovação de estatutos de fundações e sua
reforma, quando denegue o Ministério Público;
Art. 96 - A Justiça de Primeira Instância compõem-se i) processar e julgar as restaurações de autos extravia-
de: dos ou destruídos quando afetos ao seu juízo;
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL E DO PODER JUDICIÁRIO

a) Juízes de Direito Substitutos de Carreira; II - Em matéria da Infância e da Juventude, exercer


b) Juízes de Direito de 1a e 2a Entrâncias; as atribuições constantes da legislação especial de
c) Tribunais do Júri; proteção integral à criança e ao adolescente, assegu-
d) Auditoria Militar; rando-lhes, com absoluta prioridade, a efetivação dos
e) Juizado da Infância e da Adolescência; direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à
f) Juizados Especiais Cíveis e Criminais; educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à
g) Juizados de Paz. cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à con-
vivência familiar e comunitária;
SEÇÃO II III - Em matéria de Registros Públicos, dentre outras
Dos Juízes Substitutos de Carreira atribuições:
a) autorizar o registro das declarações de nascimento
Art. 97 - O Juiz Substituto de Carreira é nomeado feitas após o decurso do prazo legal (artigo 46, da Lei
dentre Bacharéis em Direito concursados e, durante de Registro Públicos);
o transcurso do estágio probatório destinado à obten- b) processar e julgar os pedidos de alteração de nome
ção de vitalicidade, tem a mesma função, atribuição (artigo 57 da Lei dos Registros Públicos);
e competência conferidas aos Juízes de Direito. Sua c) processar e julgar os pedidos de restauração, supri-
jurisdição corresponderá à unidade territorial da Co- mento ou retificação de assento no registro civil (arti-
marca de primeira entrância para a qual for nomeado; gos 109 e seguintes da Lei de Registros Públicos);

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d) exarar o despacho de “cumpra-se” nos mandados s) exercer as funções de Juiz das Execuções Criminais,
oriundos de outros órgãos judiciários para lavratura, decidindo os incidentes da execução, salvo quanto a
restauração ou retificação de assentamento; graça, indulto e anistia.
e) decidir as suscitações de dúvidas nos registros pú-
blicos; SUBSEÇÃO II
f) processar e julgar os pedidos de retificação de área; Da Competência em outras áreas de Jurisdição
g) tomar as demais providências constantes da legis-
lação específica dos registros públicos; Art. 99 - Aos Juízes de Direito, em exercício no inte-
IV - em matéria criminal, dentre outras: rior do Estado, quando investidos na jurisdição federal,
a) processar e julgar as ações penais e seus incidentes, compete:
por crimes e contravenções, inclusive as de natureza a) processar e julgar as causas mencionadas no §3o
falimentar não atribuídas a outra jurisdição; do artigo 109 da Constituição Federal de 1988, bem
b) processar e julgar a restauração de autos extravia- como as mencionadas nos incisos I, II e III, do artigo
dos ou destruídos, quando afetos ao seu juízo; 15, da Lei no5.010/66; o recurso cabível das decisões
c) julgar embargos de declaração opostos às sentenças serão encaminhados ao Tribunal Regional Federal da
que proferir; 1o Região, sediado em Brasília;
d) proceder a instrução criminal e preparar para jul- b) mandar cumprir os atos e diligências da Justiça Fe-
gamento processo crime de competência do Tribunal deral requeridos pelos Juízes Federais ou Tribunais Re-
do Júri e outros Tribunais de Primeiro Grau instituídos gionais Federais através de ofício ou mandado.
por Lei; Art. 100 - Os Juízes de Direito, quando investidos na
e) determinar a abertura de vista dos autos ao Mi- jurisdição trabalhista, têm a mesma competência das
nistério Público quando, a requerimento deste, houver Juntas de Conciliação e Julgamento, onde não funcio-
necessidade de aditamento da denúncia, nos crimes ne órgão dessa Justiça especializada. Os recursos de
de ação pública; suas decisões proferidas em ações trabalhistas devem
f) conhecer das causas extintivas de punibilidade nos ser encaminhados ao Tribunal Regional do Trabalho,
processos de sua competência; sediado em Manaus.
g) aplicar a Lei nova, por simples despacho, a reque- Art. 101 - Os Juízes de Direito, quando investidos na
rimento da parte ou de representante do Ministério jurisdição eleitoral, têm a competência estabelecida
Público; na legislação eleitoral. Os recursos das decisões em
h) proceder anualmente a organização da lista de ju- matéria eleitoral serão encaminhados ao Tribunal Re-
rados e sua revisão; gional Eleitoral do Amazonas.
i) convocar o júri e presidi-lo, sorteando os jurados
para cada reunião; SUBSEÇÃO III
j) conceder “habeas-corpus”, inclusive de ofício, exce- Das Atribuições Administrativas
to em caso de violência ou coação provindas de au-
toridades judiciárias de igual ou superior jurisdição, Art. 102 - Ressalvadas as atribuições originárias do
quando for de competência privativa do Tribunal de Tribunal de Justiça e as demais restrições contidas no
Justiça do Estado do Amazonas ou de outro Tribunal; presente Código, são as seguintes as atribuições admi-
k) relaxar a prisão ou detenção ilegal de qualquer nistrativas dos Juízes de Direito de 1ª Entrância:
pessoa e promover a responsabilidade da autoridade a) cumprir as determinações baixadas pela Presidên-
coatora; cia do Tribunal de Justiça, pelo Tribunal Pleno, pelo
l) conceder liberdade provisória nos casos previstos em Conselho da Magistratura, pelo Corregedor Geral de
Lei processual; Justiça e pelas Câmaras Reunidas; LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL E DO PODER JUDICIÁRIO
m) aplicar medidas de segurança; b) fiscalizar e conferir as contas de custas judiciais,
n) determinar remessa ao órgão do Ministério Público glosando as que forem indevidas ou excessivas;
de certidões ou documentos indispensáveis à promo- c) requisitar das repartições públicas informações e
ção de responsabilidade, quando em autos ou papéis diligências;
do seu conhecimento constar a existência de crime de d) exercer qualquer outra atribuição cometida ao Juiz
que caiba ação pública; de Primeiro Grau pelas leis em vigor;
o) cumprir as precatórias emanadas de autoridades e) praticar atos cuja execução lhes for delegada pelas
judiciárias; autoridades superiores.
p) visitar as prisões para informar-se de seu estado,
conceder audiência aos presos e requerer as providên- SUBSEÇÃO IV
cias necessárias às autoridades competentes; Das Atribuições como Diretor do Fórum
q) comunicar ao Tribunal Regional Eleitoral as conde-
nações impostas aos maiores de dezoito anos, priva- Art. 103 - Em cada Comarca haverá uma Diretoria do
dos temporária ou definitivamente dos seus direitos Fórum.
políticos; Art. 104 - Quando no exercício da função de Diretor
r) processar e julgar os crimes cometidos com abuso do Fórum, nas Comarcas de Vara única ou de mais de
de liberdade de imprensa, praticando os atos que lhes uma Vara, compete ao Juiz de Direito:
forem atribuídos pelas leis respectivas; a) superintender o serviço judiciário da Comarca;

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b) ministrar instruções ou ordens aos servidores de Parágrafo único - O Conselho da Magistratura, a seu
Justiça, serventuários e empregados a estes subordi- critério, também poderá determinar, de ofício, a con-
nados, sem prejuízo das atribuições, se houver, dos de- vocação extraordinária do Júri.
mais Juízes da Comarca; Art. 107 - O alistamento de jurados será feito no mês
c) presidir os concursos destinados ao preenchimen- de outubro de cada ano, pelo Juiz Presidente do Júri,
to dos cargos de serventuário e servidor de Justiça na sendo a respectiva lista publicada no mês seguinte. O
respectiva Comarca; sorteio dos jurados titulares e suplentes será feito trin-
d) comunicar-se diretamente com quaisquer outras auto- ta (30) dias antes do dia designado para a instalação
ridades públicas federais, estaduais ou municipais, quan- das sessões do Tribunal Popular.
do tiver de tratar de assuntos relacionados com matéria
administrativa do interesse do Fórum da Comarca; SEÇÃO V
e) nomear serventuários de justiça “Ad Hoc”, nas faltas Da Justiça Militar
e impedimentos eventuais dos efetivos; SUBSEÇÃO I
f) designar substitutos para os titulares e auxiliares de Da Organização
secretarias ou cartórios extrajudiciais, nas faltas e im-
pedimentos; Art. 108 - A Justiça Militar do Estado do Amazonas
g) aplicar, quando cabíveis, sanções disciplinares a será exercida em primeiro grau, com jurisdição em
servidores de justiça, serventuários, empregados des- todo o Estado, pelo Juiz Auditor, Juiz Auditor Substitu-
tes e do Juízo, e a Juízes de Paz, sem prejuízo de igual to, e pelos Conselhos de Justiça Militar;
procedimento dos demais Juízes da Comarca nos pro- Parágrafo único - Das decisões dos Conselhos de Jus-
cessos que estes dirigirem; tiça Militar e da Auditoria caberá recurso para o Tri-
h) decidir reclamações contra atos praticados por ser- bunal de Justiça.
ventuários de justiça, sem prejuízo da competência
dos demais Juízes; SUBSEÇÃO II
i) abrir, numerar, rubricar e encerrar os livros utiliza- Dos Conselhos de Justiça Militar
dos na secretaria administrativa do Fórum e nos nota-
riados e ofícios de registro; Art. 109 - O Conselho da Justiça Militar possui três
j) exigir a publicação no Diário da Justiça do nome do (03) categorias, a saber:
substituto do Notário, Oficial de Registro ou Escrivão, a) especial, organizada para processar e julgar os ofi-
nas Comarcas do interior do Estado;
ciais;
k) rubricar balanços comerciais;
b) permanente, para processar e julgar acusados que
l) tomar providências de ordem administrativas que
não sejam oficiais;
digam respeito à fiscalização, disciplina e regularida-
c) conselhos de Justiça nas Unidades de Serviços para
de dos serviços forenses;
julgamento de deserção de Praças.
m) supervisionar a distribuição;
Art. 110 - O Conselho Especial compor-se-á do Juiz
n) requisitar à Seção de Material do Tribunal de Justi-
Auditor e de quatro Juízes Militares de patente supe-
ça o fornecimento de material de expediente, móveis
e utensílios necessários ao serviço judiciário, vedada rior ou igual à do acusado, sob a presidência de Oficial
a requisição para uso de escrivães não remunerados Superior ou do mais antigo no caso de igualdade de
pelos cofres públicos; posto.
o) exercer a fiscalização e permanente em todos os Parágrafo único - Os componentes do Conselho Es-
serviços da Justiça, na atividade dos servidores e so- pecial serão escolhidos, em cada caso de acusação de
bre o não cumprimento de obrigações impostas neste oficial, mediante sorteio público procedido pelo Juiz
Código. Auditor Militar, em dia e hora previamente fixados,
p) cumprimento de Cartas Precatórias. com a presença do representante do Ministério Público
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL E DO PODER JUDICIÁRIO

Art. 111 - O Conselho Permanente compor-se-á do


SEÇÃO IV Juiz Auditor, de um Oficial Superior, que será seu Pre-
Do Tribunal do Júri sidente, e de três oficiais escolhidos dentre os ocupan-
tes do posto de Capitão e de Tenente.
Art. 105 - O Tribunal do Júri funcionará, em cada Co- Parágrafo único - Os componentes do Conselho Per-
marca, obedecendo a sua composição e funcionamen- manente serão escolhidos trimestralmente por sorteio
to às normas estabelecidas em Lei. público procedido pelo Juiz Auditor Militar, em dia e
§1º. Nas Comarcas do interior, as sessões do Tribunal hora previamente fixados, com a presença do repre-
do Júri serão realizadas nos meses de maio e novem- sentante Ministério Público
bro, podendo ser convocadas sessões extraordinárias, Art. 112 - Os Conselhos de Justiça, nas Unidades de
havendo necessidade. Serviços, funcionarão por três meses, serão constitu-
§2º. Na Comarca da Capital, as sessões do Tribunal do ídos por um Capitão, que será seu Presidente, e dois
Júri serão realizadas nos meses de fevereiro a junho e Oficiais de menor posto, sendo Relator o que seguir ao
de agosto a dezembro. posto do Presidente, servindo de Escrivão um sargen-
Art. 106 - Sempre que necessário e exigir o interesse to, designado pela autoridade que houver nomeado o
da Justiça, o Juiz poderá requerer ao Conselho da Ma- Conselho;
gistratura que determine a convocação extraordinária Parágrafo único - Os Conselhos de Justiça, nas Unida-
do Tribunal do Júri. des de Serviços, serão nomeados pelos Comandantes

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de Unidades ou Chefes de Serviços, passando a fun- VI - Requisitar a realização de exames periciais;
cionar na Unidade ou Estabelecimento a que servir o VII - Determinar as diligências necessárias ao esclare-
acusado; cimento do processo;
Art. 113 - Para cumprimento do disposto nos parágra- VIII - Nomear Peritos;
fos dos artigos 110 e 111 o Comandante Geral da Po- IX - Requisitar da autoridade policial local o auxílio de
lícia Militar fará organizar, trimestralmente, a relação força, quando necessário;
de Oficiais em serviço ativo, na Capital, com indicação X - Relatar os processos dos Conselhos de Justiça em
do posto e antiguidade de cada um e o lugar onde que funcionar, e redigir, no prazo legal, as sentenças
estiver servindo, encaminhando-a, em seguida, para e decisões;
a publicação no Boletim Geral e remetendo cópia au- XI - Proceder, em presença do Promotor Militar, aos
tenticada ao Juiz Auditor Militar, entre os dias dez e sorteios dos Conselhos;
vinte do último mês do trimestre. XII - Expedir Mandados e Alvarás de Solturas;
Parágrafo único - Na relação a que se refere o ‘caput’ XIII - Decidir sobre o recebimento dos recursos inter-
deste artigo não poderão ser incluídos postos;
a) o Comandante Geral; XIV - Executar, de acordo com o Código Penal Militar,
b) os Oficiais da Casa Militar; Art. 59, I e II, as sentenças condenatórias, cuja pena
c) os Assistentes Militares;
privativa de liberdade, não exceda a dois anos;
d) os Ajudantes de Ordem;
XV - Renovar, de seis (06) em seis (06) meses, junto às
e) os que estiverem servindo no Estado Maior;
autoridades competentes, diligências para captura de
f) os alunos, professores, instrutores e auxiliares de en-
condenados;
sino de cursos ou escolas;
g) os que servirem na Diretoria Geral de Instrução; XVI - Comunicar à autoridade a que estiver subordi-
h) os Oficiais do Exército comissionados na Polícia Mi- nado o acusado as decisões a ele relativas, logo que
litar do Estado; lhe chegue ao conhecimento;
i) os que servirem na Assistência Militar do Tribunal XVII - Cumprir, além do explicitado neste artigo, o que
de Justiça. for aplicável na forma da legislação federal pertinente.
Art. 114 - Além do disposto no artigo anterior, obser- Art. 117 - Compete ao Juiz de Direito Auditor Militar
var-se-á, no que for aplicável aos Conselhos de Justiça Substituto:
Militar, a legislação federal pertinente; I - Substituir o Juiz de Direito Auditor Militar em suas
faltas e impedimentos;
SUBSEÇÃO III II - Auxiliar o Juiz de Direito Auditor Militar no proces-
Da Auditoria Militar samento e no julgamento de feitos que lhe forem por
ele distribuídos;
Art. 115 - A Auditoria Militar será composta de: III - Exercer outras atribuições que lhe forem cometi-
I - Um Juiz de Direito Auditor Militar; das pelo Juiz de Direito Auditor Militar.
II - Um Juiz Auditor Militar Substituto; Art. 118 - Os Promotores Militares integram o qua-
III - Dois Promotores da Justiça Militar; dro do Ministério Público do Estado do Amazonas e
IV - Um Defensor Público; terão reguladas suas atividades pela Lei Orgânica a
V - Um Oficial Superior Assistente Policial-Militar; eles pertinentes.
VI - Um Oficial Intermediário; Art. 119 - A Assistência Policial-Militar será exercida
VII - Uma Secretária; por um Oficial Superior da ativa.
Parágrafo único - A Secretaria da Auditoria Militar Art. 120 - São atribuições do Assistente Policial Militar
será constituída de: um (01) Escrivão; dois (02) Escre- da Auditoria Militar:
ventes Juramentados; dois (02) Oficiais de Justiça; um a) prestar total assistência ao Juiz de Direito Auditor
(01) Sargento PM, Escrevente Auxiliar de Cartório; um LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL E DO PODER JUDICIÁRIO
Militar, nos mais diversos assuntos referentes aos po-
(01) Cabo PM Auxiliar de Cartório; e dois (02) Solda-
liciais militares;
dos PM, Auxiliares de Cartório;
b) manter pronto atendimento com os órgãos da Po-
Art. 116 - Compete ao Juiz de Direito Auditor Militar:
lícia Militar, a fim de que as atividades da Auditoria
I - Processar e julgar, nos crimes militares, os Oficiais e
Praças da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros do não venham sofrer solução de continuidade em sua
Estado do Amazonas; administração;
II - Decidir sobre o recebimento de denúncia, pedido c) providenciar para que esteja sempre em ordem toda
de arquivamento de processo ou devolução de inqué- documentação referente aos policiais-militares, visan-
rito ou representação; do atender às solicitações da Polícia Militar;
III - Relaxar, em despacho fundamentado, prisão que d) manter sempre atualizada a relação de oficiais da
for comunicada por autoridade encarregada de inves- ativa da Polícia Militar, a fim de facilitar a audiência
tigação policial; de sorteio dos Membros do Conselho de Justiça Militar;
IV - Decretar, ou não, em despacho fundamentado, a e) assessorar, também, o Juiz de Direito Auditor Militar
prisão preventiva de indiciado em inquérito, a pedido Substituto e o Ministério Público Militar, no que lhe
do respectivo encarregado; for solicitado no tocante a assuntos relacionados com
V - Requisitar das autoridades civis ou militares as policiais-militares;
providências necessárias ao andamento do processo e f) exercer outros encargos que lhe forem determinados
esclarecimento do fato; pelo Juiz de Direito Auditor Militar.

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Parágrafo único - Ao Oficial Intermediário da As- para um mandato de dois (02) anos, permitida a re-
sistência Militar compete assessorar o Assistente, de condução, sem prejuízo de suas funções judicantes, os
acordo com as normas estabelecidas pelo Juiz de Di- quais fazem jus a uma gratificação de 10% (dez por
reito Auditor Militar. cento) sobre o vencimento básico e a representação.
Art. 121 - À Secretaria da Auditoria Militar incumbe Art. 129 - Compete às Turmas Recursais, Cíveis e Cri-
manter em dia todo o seu serviço burocrático, bem minais, julgar os recursos relativos à decisões profe-
como diretamente através do Escrivão, dos Escreventes ridas pelos Juizados Especiais Cíveis e Criminais do
e dos Oficiais de Justiça a regularidade no andamen- Estado do Amazonas e os Embargos de Declaração a
to dos processos em tramitação na Auditoria, tudo na seus acórdãos.
forma prevista em Lei.
Art. 122 - O Escrivão, os Escreventes e os Oficiais de SEÇÃO VII
Justiça da Auditoria Militar serão nomeados na forma Dos Juizados de Paz
prevista para os demais Escrivães, Escreventes e Ofi-
ciais de Justiça do Poder Judiciário do Estado. Art. 130 - O Juiz de Paz será eleito com um suplen-
Parágrafo único - Nas faltas e impedimentos dos Ofi- te, sujeito às mesmas exigências, que o sucederá ou
ciais de Justiça deverá, de preferência, ser nomeado substituirá, nos casos de vacância ou de impedimento.
‘Ad Hoc’ o Cabo Auxiliar do Cartório. Parágrafo único - No caso de falta, ausência ou impe-
Art. 123 - São atribuições do Sargento PM, Escrevente- dimento do Juiz de Paz e de seu suplente, caberá ao
-Auxiliar do Cartório: Presidente do Tribunal de Justiça a nomeação de Juiz
a) substituir o Escrivão em seus impedimentos even- de Paz ‘Ad Hoc’.
tuais; Art. 131 - As eleições para a função de Juiz de Paz
b) manter sob o seu controle atualizado o material- serão efetivadas até seis (06) meses após a realização
-carga do Cartório e pertencente a Polícia Militar; das eleições para Governador, Deputados Estaduais,
Deputados Federais e Senadores, e serão presididas
c) auxiliar o serviço da Auditoria na forma ordenada
pelo Juiz Eleitoral, sendo vedada a eleição simultânea
pelo Juiz de Direito Auditor Militar.
com pleito para mandatos políticos.
Art. 124 - O Cabo PM, Auxiliar do Cartório, terá as
Parágrafo único - Cabe ao Tribunal de Justiça, através
atribuições que lhe forem ordenadas pelo Juiz de Di-
de Resolução, regulamentar as eleições para Juiz de
reito Auditor Militar.
Paz até quatro (04) meses antes de sua realização.
Art. 125 - São atribuições do soldado PM Auxiliar do
Art. 132 - Poderão concorrer à eleição para a função
Cartório:
de Juiz de Paz os cidadãos que preencham os seguin-
a) conservar o Cartório em boa ordem, limpo e bem tes requisitos:
apresentável; a) nacionalidade brasileira;
b) exercer quaisquer outras atribuições que lhes forem b) pleno exercício dos direitos políticos;
ordenadas pelo Juiz de Direito Auditor Militar. c) alistamento eleitoral;
Art. 126 - O Sargento PM, Escrevente - Auxiliar de d) idade mínima de vinte e um (21) anos completos;
Cartório, o Cabo PM, Auxiliar de Cartório, e o soldado e) escolaridade equivalente ao segundo grau completo;
PM, Auxiliar do Cartório, serão postos à disposição da f) aptidão física e mental;
Auditoria Militar pelo Comandante Geral da Polícia g) certificado de participação e aproveitamento em
Militar, mediante indicação do Juiz de Direito Auditor curso específico ministrado pela Escola Superior da
Militar. Magistratura do Estado do Amazonas;
h) domicílio eleitoral no Município onde existir a vaga,
SEÇÃO VI e a residência na sede do Distrito para o qual concor-
Dos Juizados Especiais rer.
Parágrafo único - A inscrição será requerida pessoal-
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL E DO PODER JUDICIÁRIO

Art. 127 - Haverá no Estado do Amazonas trinta (30) mente pelo candidato.
Juizados Especiais, sendo vinte (20) na Comarca de Art. 133 - O Juiz de Paz tomará posse, na capital, pe-
Manaus, privativo de Juiz de Direito de 2a Entrância, e rante o Diretor do Fórum, e no interior, perante o Juiz
dez (10) no interior do Estado, privativos de Juízes de de Direito da Respectiva Comarca.
1a Entrância, nas Comarcas de Itacoatiara, Parintins, Art. 134 - Compete ao Juiz de Paz celebrar casamen-
Tefé, Coari, Manacapuru, Maués, Tabatinga, Manicoré, tos, no Distrito Judiciário para o qual foi eleito e no-
Humaitá e Lábrea, com competência estabelecida na meado, e fiscalizar os processos de casamento de sua
Lei Federal nº 9.099 de 26 de setembro de 1995. competência.
Parágrafo único - Os Juizados Especiais Cíveis e Cri- Parágrafo único - Em nenhuma hipótese, o Juiz de Paz
minais na Comarca de Manaus serão localizados, terá competência criminal.
mediante Resolução do Tribunal de Justiça, em áreas Art. 135 - Verificando irregularidade ou nulidade de
de elevada densidade residencial ou aglomerados ur- casamento, de ofício ou em caso de impugnação, o
banos, para maior comodidade e presteza no atendi- Juiz de Paz submeterá o processo ao Juiz Substituto ou
mento aos jurisdicionados. Juiz de Direito competente.
Art. 128 - Ficam criadas duas (02) Turmas Recursais, Parágrafo único - Na Comarca da Capital, a nulidade
denominadas Turma Recursal Cível e Turma Recursal ou impugnação será conhecida e decidida pelos Juízes
Criminal, compostas de três (03) Juízes de 2a Entrân- de Direito de Vara de Família, indicados anualmente
cia, escolhidos pela presidência do Tribunal de Justiça, pelo Presidente do Tribunal.

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Art. 136 - Os autos de habilitação de casamento tra- Parágrafo único - Na Comarca de Manaus, o Presi-
mitarão no Cartório do Registro Civil do Distrito. dente do Tribunal Pleno, nos meses de junho e dezem-
Art. 137 - O exercício efetivo da função de Juiz de Paz bro, designará os Juízes para responder pelas diversas
assegurará prisão especial, em caso de crime comum, Varas durante os meses de janeiro e julho.
até definitivo julgamento. Art. 143 - O critério de substituição, regulado no ar-
Art. 138 - É vedada a cobrança ou percepção de cus- tigo anterior e seu parágrafo, poderá ser alterado por
tas, emolumentos ou taxa de qualquer natureza nos motivo de relevante interesse judiciário, cabendo ao
Juizados de Paz. Presidente do Tribunal de Justiça fazê-lo.
Art. 139 - É vedado ao Juiz de Paz exercer atividade
político-partidária. SEÇÃO IX
Art. 140 - O servidor público, no exercício do manda- Da Correição Permanente
to de Juiz de Paz, ficará afastado de seu cargo, em-
prego ou função, contando o tempo de afastamento Art. 144 - A correição permanente, à cargo dos Ju-
para todos os efeitos legais, exceto para promoção por ízes de primeiro grau, consiste no exame diário dos
merecimento, e mantido o regime previdenciário cor- processos, através de despachos, decisões interlocutó-
respondente. rias e sentenças, bem como no exame dos livros obri-
Art. 141 - A remuneração dos Juízes de Paz será de 02 gatórios das Secretarias das Varas, e das Escrivanias,
(dois) salários mínimos. Notariados e Oficialatos de Registros, podendo o Juiz,
na inspeção de autos, livros e demais papéis, tomar
SEÇÃO VIII conhecimento de reclamações ou denúncias apresen-
Das Substituições dos Juízes de Primeira Instância tadas por escrito, ou verbalmente, reduzindo estas a
termo, dando o encaminhamento regular e, se for o
Art. 142 - A substituição dos Juízes, nas faltas, ausên- caso, resolvendo-as.
cias ocasionais, férias individuais ou coletivas, licen- §1º. Aos Juízes de Primeiro Grau, como Corregedores
ças, impedimentos e suspeições, far-se-á do seguinte permanentes, compete também a atividade fiscaliza-
modo: dora da Secretaria de sua Vara, das Escrivanias dos
I - nas Comarcas do interior: Ofícios extra judiciais do interior do Estado, polícia ju-
a) os Juízes de Comarca de Vara única serão substi- diciária e presídios, podendo, no desempenho do seu
tuídos pelo Juiz de Direito ou Substituto da Comarca mister, aplicar sanções disciplinares, ou indicar a sua
mais próxima. aplicação à Corregedoria Geral de Justiça e/ou a Tri-
b) nas Comarcas de três ou mais Varas, a substituição, bunal de Justiça quando for o caso. No caso de apli-
nos casos de falta, impedimentos, suspeições e licen- cação de sanção, cabe recurso voluntário ao Conselho
ças até cinco (05) dias, dar-se-á de forma sucessiva da Magistratura, nos termos deste Código.
e independentemente de designação, da seguinte for- §2º. Os autos deverão ser examinados, mediante co-
ma: O Juiz da 1ª Vara será substituído pelo Juiz da 2ª tejo com os dados constantes do livro de distribuição
Vara: o da 2ª, pelo da 3ª, sendo que o Juiz da última e do livro de tombo, verificando se foi dado baixa na
Vara na ordem sucessiva, será substituído pelo Juiz da distribuição dos autos findos e se estes, posteriormen-
1ª. te, foram encaminhados ao arquivo do Fórum; verifi-
c) nas Comarcas com duas Varas, cabe, reciprocamen- car se todos os processos em andamento estão sendo
te, a substituição de um titular pelo outro, nas faltas, apresentados para despachos. Em caso de falta de al-
impedimentos, suspeições e licenças até cinco (05) gum processo, o Juiz tomará as providências cabíveis
dias. Nos demais casos, a substituição dar-se-á pelo para sua apresentação ou, se for o caso, restauração.
Juiz de Direito que responder pela Zona, ou se tam- Art. 145 - Estão sujeitos à correição permanente:
bém estiver impedido, por Juiz de Comarca que dela a) os processos pendentes; LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL E DO PODER JUDICIÁRIO
faça parte, por designação da Presidência do Tribunal. b) os livros que a Secretaria da Vara ou serventia ex-
II - nas Comarcas da Capital: trajudicial são obrigadas a possuir.
a) os Juízes de Varas Especializadas isoladas serão Art. 146 - Durante a correição o Juiz fiscalizará e ve-
substituídos, em suas faltas, férias individuais, licen- rificará:
ças, impedimentos ou suspeições pelos Juízes das I - Em geral:
Varas indicadas através de portaria da Presidência a) se os autos, livros e papéis findos ou em andamento
do Tribunal, expedida anualmente, no mês de dezem- estão devidamente abertos, numerados, escriturados,
bro, nada impedindo que o Presidente do Tribunal, no encerrados, encadernados, guardados e conservados;
transcorrer do ano, modifique as indicações; b) se não há processos irregularmente parados e se os
b) os Juízes de Varas Especializadas não isoladas prazos a que estão sujeitos as partes, os Defensores
substituir-se-ão, automática e independentemente de Públicos e os Promotores de Justiça são cumpridos;
qualquer designação, na forma constante das letras c) se os feitos são distribuídos e processados na forma
“b” e “c”, do inciso I, deste Artigo, nas faltas, afasta- prescrita em Lei;
mentos, férias individuais, licenças, impedimentos ou d) se há demora injustificada no cumprimento dos
suspeições; atos judiciais, cartas precatórias, procedimentos cri-
c) os Juízes dos Juizados Especiais, Cíveis e Criminais, minais e nos feitos em que algum dos interessados é
serão substituídos na forma do disposto na letra “b”, beneficiário da gratuidade de Justiça;
do inciso I, deste Artigo. e) se é regularmente publicado o expediente judicial;

19
f) se constam na capa dos processos o nome das par- SEÇÃO X
tes e seus advogados; Da Comarca da Capital
g) se são cobrados os autos em poder dos peritos, Ad- SUBSEÇÃO I
vogados, Defensores Públicos, Promotores de Justiça, Do Diretor do Fórum da Capital
por mais tempo que o determinado em Lei;
h) se são informados nos autos a não devolução de Art. 148 - A Diretoria do Fórum da Comarca de Ma-
mandados pelos oficiais de justiça e avaliadores, e a naus será exercida por um Juiz de Direito de 2ª Ent-
não devolução de precatórias nos prazos conferidos rância, designado pelo Presidente do Tribunal de Jus-
para seu cumprimento; tiça, com mandato de dois (2) anos.
i) se estão regularmente enumeradas e rubricadas as Art. 149 - Compete ao Juiz Diretor do Fórum:
folhas dos autos e se as certidões, informações e ter- I - Superintender a administração e polícia dos edifí-
mos neles lavrados estão subscritos pelo Diretor de cios do Fórum, sem prejuízo da atribuição dos Juízes
Secretaria ou seu substituto legal. de Direito quanto à polícia das audiências e sessões do
II - Em matéria criminal: Tribunal do Júri;
a) se há observância dos prazos para as instruções cri- II - Dar ordens e instrução à guarda destacada nos
minais; edifícios;
b) se no julgamento dos réus presos está sendo obede- III - Solicitar as providências necessárias ao bom fun-
cida a preferência fixada no artigo 431 do Código de cionamento do serviço forense;
Processo Penal; IV - Dirigir o serviço a cargo dos Servidores do Fórum
c) se há observância do prazo fixado para conclusão que não estejam subordinados a outra autoridade;
de inquérito policial e que somente pode voltar à de- V - Fazer manter a ordem e o respeito entre os Servi-
legacia quando novas diligências se tornarem impres- dores do Fórum, partes ou seus procuradores e entre
cindíveis ao oferecimento da denúncia; as demais pessoas presentes nos edifícios;
d) se os inquéritos policiais, ainda que requerendo VI - Elaborar a proposta orçamentária na parte relati-
prazo para conclusão, ao chegarem da delegacia, são va à administração do Fórum;
distribuídos, autuados e registrados como procedi- VII - Exercer atribuições administrativas que lhe forem
mento criminal diverso. delegadas por autoridades judiciárias superiores;
e) se as intimações de réus presos que devam tomar VIII - Requisitar e distribuir material, móveis e utensí-
conhecimento de qualquer ato do processo são feitas lios necessários ao funcionamento das serventias;
no próprio estabelecimento penal onde se acharem os IX - Organizar, mensalmente, o boletim de frequência
referidos réus; dos servidores da Justiça, lotados na Diretoria do Fó-
III - Taxa Judiciária, Fundo de Reaparelhamento do rum, enviando-os ao Presidente do Tribunal de Justiça;
Poder Judiciário, Associação dos Magistrados do Ama- X - Organizar e fiscalizar a atuação dos Oficiais de
zonas, Associação Amazonense do Ministério Público, Justiça junto à Central de Mandados, providenciando
e Fundo Especial da Defensoria Pública: o remanejamento deles nos diversos Juízos, quando
a) se a cobrança das taxas, a que se refere o ‘caput’ do necessário atender aos interesses maiores da Justiça,
item III do artigo 144, bem como as custas processuais, e aplicando-lhes sanção disciplinar quando houver
estão sendo feitas e recolhidas de acordo com o regi- motivos;
mento respectivo. XI - Superintender o serviço da Central de Mandados,
b) se os valores são recolhidos através das guias pró- fiscalizando sua atuação e dos servidores que nela
prias e depositados na rede bancária, e, ainda, se as atuarem, de modo a garantir a boa prestação juris-
guias de cada uma daquelas despesas são regular- dicional;
mente juntadas aos autos para permitir a conferência; XII - Colaborar com os Juízes das demais Varas, ofe-
IV - Dos Diretores de Secretaria e Escrivães, nas Co- recendo-lhes sugestões e encaminhando suas solicita-
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL E DO PODER JUDICIÁRIO

marcas do interior do Estado: ções e dos serventuários à apreciação da Presidência


a) se verifica e informa ao Juiz a não devolução dos do Tribunal;
autos após o prazo de “vista”; XIII - Classificar e movimentar os servidores nos diver-
b) se certifica nos autos a falta de devolução do man- sos serviços da Diretoria do Fórum e das Secretarias de
dado pelo Oficial de Justiça - Avaliador, quando decor- Varas, tendo em vista o interesse da Justiça;
rido o prazo para seu cumprimento. XIV - Fiscalizar a distribuição dos feitos na Comarca
Art. 147 - O Juiz enviará à Corregedoria Geral de Jus- de Manaus, tomando as providências necessárias ao
tiça, até o dia dez (10) de cada mês, relatório men- seu regular e correto funcionamento;
sal simplificado contendo os dados atinentes ao mo- XV - Dar cumprimento a Cartas Precatórias oriundas
vimento processual de sua Vara, acompanhado de de outras Comarcas, inclusive de outros Estados;
quadro estatístico sobre as ações ou procedimentos XVI - Apresentar, até o dia 15 de janeiro, circunstan-
distribuídos, especificando-os, audiências realizadas, ciado relatório à Presidência do Tribunal de Justiça,
natureza das decisões interlocutórias e sentenças a respeito das atividades judiciárias do ano, das me-
proferidas, informações sobre os feitos em seu poder didas adotadas, dos serviços realizados e do grau de
cujos prazos para despacho ou decisões estão excedi- eficiência revelado pelos servidores.
dos, além de outros dados que entender conveniente
ou que forem exigidos pela Corregedoria através de
Provimento específico.

20
SEÇÃO XI a) as causas em que o Município de Manaus e os seus
Da Competência Privativa dos Juízes da Comarca respectivos órgãos autárquicos forem interessados,
da Capital como autores, réus, assistentes ou oponentes, excetu-
SUBSEÇÃO I adas falências, concordatas e acidentes de trabalho;
Da Competência Jurisdicional b) as causas em que forem, do mesmo modo, interes-
sadas as Empresas Públicas, Sociedades de Economia
Art. 150 - Na Comarca de Manaus, as atribuições dos Mista e Fundações instituídas pelo Município de Ma-
Juízes de direito são exercidas mediante distribuição, naus;
respeitada a separação entre as jurisdições cível, cri- c) os mandados de segurança contra atos das auto-
minal e especial. ridades do Município de Manaus, das Autarquias ou
pessoas naturais ou jurídicas que exerçam funções
SUBSEÇÃO II delegadas pelo Município de Manaus, no que se en-
Da Jurisdição Civil tender com essas funções, ressalvada a competência
originária do Tribunal de Justiça e de seus órgãos em
Art. 151 - Aos Juízes de Direito das Varas Cíveis com- relação à categoria da autoridade apontada como co-
pete exercer as atribuições definidas neste Código, não atora, bem como a competência dos Juízes de Direito
privativas de outro Juízo, servindo por distribuição. das Comarcas do Interior onde a autoridade impetra-
Art. 152 - Aos Juízes de Direito das Varas da Fazenda da tiver sua sede.
Pública Estadual compete, por distribuição: d) as medidas cautelares nos feitos de sua competên-
I - Processar e julgar com jurisdição em todo o territó- cia;
rio do Estado: e) as ações de desapropriação e as demolitórias de in-
a) as causas em que o Estado do Amazonas e os seus teresse da Fazenda Pública do Município de Manaus
respectivos órgãos autárquicos forem interessados, e das entidades mencionadas na letra “a” e “b” deste
como autores, réus, assistentes ou oponentes, excetu- artigo.
adas falências, concordatas e acidentes de trabalho, Art. 154 - Aos Juízes de Direito das Varas de Família,
bem como as definidas nas letras “e” e “f”, do inciso I, Sucessões e Registros Públicos compete, por distribui-
do art. 102, da Constituição Federal;
ção:
b) as causas em que forem do mesmo modo interes-
I - Processar e julgar:
sadas as Empresas Públicas Estaduais, e as Sociedades
a) as ações de nulidade e anulação de casamento, de
de Economia Mista ou Fundações instituídas pelo Po-
separação judicial e de divórcio e as relativas ao esta-
der Público Estadual;
do e à capacidade das pessoas;
c) os mandados de segurança contra atos das autori-
b) as ações de investigação de paternidade, cumula-
dades estaduais, autárquicas ou pessoas naturais ou
das ou não com as de petição de herança;
jurídicas que exerçam funções delegadas do Poder
c) as ações de alimentos e as de posse e guarda de
Público Estadual, no que se entender com essas fun-
ções, ressalvada a competência originária do Tribunal filhos menores, ressalvada a competência da Vara da
de Justiça e de seus órgãos em relação à categoria Infância e da Juventude.
da autoridade apontada como coatora, bem como a d) as ações sobre suspensão e perda do pátrio poder e
competência dos Juízes de Direito das Comarcas do as de emancipação, ressalvada a competência da Vara
Interior onde a autoridade impetrada tiver sua sede. da Infância e da Juventude;
d) as medidas cautelares nos feitos de sua competên- e) as ações concernentes ao regime de bens do casa-
cia; mento, ao dote, às doações antenupciais e aos bens
e) as ações de desapropriação e as demolitórias de in- parafernais;
teresse da Fazenda Pública Estadual e das entidades f) as ações relativas à interdição e atos decorrentes,
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL E DO PODER JUDICIÁRIO
mencionadas na letra “a” e “b” deste inciso. como nomeação de curadores e administradores pro-
II - Dar cumprimento às precatórias em que haja in- visórios, levantamento de interdição, suprimento de
teresse de qualquer Estado, suas Autarquias, Empresas consentimento, tomada de contas, especialização de
Públicas, Sociedades de Economia Mista ou Fundações hipoteca legal, remoção e destituição de curadores;
por eles criadas, salvo se elas tiverem de ser cumpridas g) as causas que se refiram com à alteração ou des-
em Comarcas do interior do Estado. constituição dos registros públicos;
§1º. Os atos e diligências dos Juízes das Varas da Fa- h) as impugnações a loteamento de imóveis, realizado
zenda Pública poderão ser praticados em qualquer na conformidade do Decreto Lei no 58, de 10 de de-
Comarca do interior do Estado pelos Juízes locais, zembro de 1937;
mediante a exibição de ofício ou mandado em forma i) as causas relativas a bem de família;
regular. j) as ações concernentes à sucessão causa mortis, sal-
§2º. Nos casos definidos nas letras “a”, “b”, “d” e “e” do vo as de petição de herança, quando cumuladas com
inciso I deste artigo, caso se cuide de ação fundada em as de investigação de paternidade;
direito real sobre imóveis, é competente o Fórum da k) as ações de nulidade e anulação de testamento e as
situação da coisa. pertinentes a sua execução;
Art. 153 - Aos Juízes de Direito das Varas de Fazenda l) as ações que envolvam bens vagos ou de ausentes
Pública Municipal compete, por distribuição: e a herança jacente, salvo as ações diretas contra a
I - Processar e julgar: Fazenda Pública;

21
II - Responder a consultas e decidir dúvidas levantadas delitos decorrentes do tráfico ilícito e uso indevido de
pelos Notários e Oficiais do Registro Público, salvo o substâncias entorpecentes ou que determinem depen-
caso de execução de sentença proferida por outro Juiz; dência física e/ou psíquica.
III - Prover quanto à autenticação, inclusive por meios Art. 157 - Aos Juízes das Varas do Júri, por distribui-
mecânicos, dos livros dos Notórios e Oficiais do Re- ção, compete:
gistro Público, que ficarão sob sua imediata inspeção; I - Processar as ações dos crimes dolosos contra a vida,
IV - Processar protestos, notificações, interpelações, consumados ou tentados;
vistorias e outras medidas que sirvam como documen- II - Prolatar sentença de pronúncia, impronúncia e ab-
tos para a juntada em processos de sua competência; solvição sumária;
V - Dirimir dúvidas suscitadas entre a sociedade anô- III - Lavrar sentença condenatória ou absolutória na
nima e o acionista ou qualquer interessado, a respeito forma da Lei;
das averbações, anotações, lançamentos ou transfe- IV - Presidir o Tribunal do Júri;
rências de ações nos livros próprios das referidas so- V - Promover o alistamento dos jurados e fazer sua
ciedades anônimas, com exceção das questões atinen- revisão, inclusive da lista de suplentes;
tes a substância do direito; VI - Exercer as demais atribuições previstas nas leis
VI - Cumprir as precatórias pertinentes à matéria de específicas.
sua competência. Art. 158 - Ao Juiz da Vara de Trânsito compete, por
VII - Suprir o consentimento do cônjuge e dos pais ou distribuição:
tutores, para o casamento dos filhos ou tutelados, sob I - Processar e julgar os delitos culposos resultantes de
sua jurisdição; acidentes de trânsito;
VIII - Julgar as habilitações de casamento civil e presi- II - Determinar a remessa de inquérito, quando for o
dir a sua celebração sem prejuízo da competência dos caso, ao órgão competente;
Juízes de Paz; III - Adotar todas as providências necessárias e per-
IX - Processar e julgar inventários e partilhas ou arro- mitidas em Lei para o bom andamento dos processos
lamentos; distribuídos.
X - Determinar a abertura de testamento e codicilos e Art. 159 - Aos Juízes Auditores da Justiça Militar com-
decidir sobre a aprovação dos testamentos particula- pete:
res, ordenando ou não o registro, inscrição e cumpri- I - Funcionar como Auditores nos processos da alçada
mento deles e dos testamentos públicos. da Justiça Militar Estadual;
XI - Conhecer das impugnações às contas dos tesou- II - Praticar, em geral, os atos de jurisdição criminal
reiros e de quaisquer responsáveis por hospitais, asilos regulados pelo Código de Processo Penal Militar, não
e fundações que recebam auxílio dos cofres públicos atribuídos expressamente à jurisdição diversa;
ou em virtude de Lei, removendo e dando substituto III - Providenciar a remessa dos autos à Vara das Exe-
aos administradores, se de outro modo não dispuse- cuções Criminais tão logo transite em julgado a sen-
rem os estatutos ou regulamentos; tença, passando-lhe à disposição os condenados pre-
XII - Ordenar o registro: sos e fazendo as devidas comunicações.
a) de jornais e demais publicações periódicas; Art. 160 - Aos Juízes da Vara de Execuções Criminais,
b) de oficinas impressoras de qualquer natureza, per- compete, por distribuição:
tencentes a pessoas naturais e jurídicas; I - Executar as sentenças condenatórias, inclusive
c) de empresas de radiodifusão que mantenham ser- as proferidas pelos Juízes das Comarcas do interior,
viços de notícias, reportagens, comentários, debates e quando a pena tenha de ser cumprida em Penitenci-
entrevistas; ária do Estado.
d) de empresas que tenham por objeto o agenciamen- II - Aplicar aos casos julgados a Lei posterior que, de
to de notícias; qualquer modo, favoreça o condenado.
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL E DO PODER JUDICIÁRIO

§1º. Cessa a competência do Juízo de Família, desde III - Declarar extinta a punibilidade.
que se verifique tratar-se de menor em situação irre- IV - Conhecer e decidir sobre:
gular. a) soma ou unificação de penas;
§2º. Sem prejuízo do disposto no parágrafo anterior, b) progressão ou regressão nos regimes;
a nomeação do tutor, na forma deste artigo, previne c) detração ou remissão da pena ou reajuste de pena,
a jurisdição do Juiz de Família sobre a pessoa e bens no caso de sua comutação;
do menor. d) suspensão condicional da pena;
e) livramento condicional;
SUBSEÇÃO III f) incidentes da execução.
Da Jurisdição Criminal V - Expedir alvará de soltura em favor de réus que
tenham cumprido a pena.
Art. 155 - Compete aos Juízes de Direito das Varas VI - Autorizar a expedição de folha corrida.
Criminais exercer as atribuições genéricas e plenas na VII - Inspecionar, mensalmente, os estabelecimentos
matéria de sua denominação, não privativas de outros penais, tomando providências para o adequado fun-
juízos, servindo por distribuição. cionamento e promovendo, quando for o caso, a apu-
Art. 156 - Aos Juízes de Direito da Vara de Delitos so- ração de responsabilidade, comunicando, outrossim,
bre Tráfico e Uso de Substâncias Entorpecentes com- ao Corregedor Geral de Justiça as irregularidades e
pete, por distribuição, o processo e julgamento dos deficiências da respectiva administração.

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VIII - Interditar, no todo ou em parte, estabelecimento TÍTULO II
penal que estiver funcionando em condições inade- Da Organização da Carreira dos Magistrados
quadas ou com infringência aos dispositivos desta Lei. CAPÍTULO I
IX - Compor e instalar o Conselho da Comunidade. Das Disposições Gerais
X - Autorizar o ingresso e saída de presos tanto os
oriundos da Capital quanto do interior do Estado; Art. 164 - Observadas as formalidades e exigências
quanto a estes deverá previamente encaminhar ofí- previstas na Constituição Federal, na Constituição do
cio ao Juiz do interior dando conta da concessão de Estado do Amazonas e neste Código, as autoridades
autorização. judiciárias serão nomeadas pelo Chefe do Poder Ju-
XI - Zelar pelo correto cumprimento da pena e da me- diciário, exceto os integrantes do quinto do Tribunal
dida de segurança. de Justiça que o serão pelo Chefe do Poder Executivo.
XII - Autorizar saídas temporárias. Art. 165 - São Magistrados: os Desembargadores, os
XIII - Determinar: Juízes de Direito e os Juízes Substitutos de Carreira.
a) a forma de cumprimento da pena restritiva de direi- Parágrafo único - Os Desembargadores ocupam o
tos e fiscalizar sua execução; mais elevado grau na escala hierárquica da Magistra-
b) a conversão da pena restritiva de direitos e de multa tura estadual.
em privativa de liberdade;
c) a conversão da pena privativa de liberdade em res- CAPÍTULO II
tritiva de direitos; Da Carreira dos Juízes de Primeiro Grau
d) a aplicação da medida de segurança, bem como a
substituição da pena por medida de segurança; Art. 166 - A carreira dos Juízes de Primeiro Grau está
e) a revogação da medida de segurança: assim organizada:
f) a desinternação e o restabelecimento da situação
a) Juízes Substitutos de Carreira;
anterior;
b) Juízes de Direito de 1a Entrância;
g) o cumprimento da pena ou medida de segurança
c) Juízes de Direito de 2a Entrância;
em outra Comarca;
SEÇÃO I
h) a remoção do condenado na hipótese prevista no
Do Provimento
§1o do artigo 86 da Lei de Execução Penal.
SUBSEÇÃO I
Disposições Gerais
SUBSEÇÃO IV
Art. 167 - Os cargos da Magistratura são providos por:
Do Juizado da Infância e da Juventude
a) nomeação;
Art. 161 - Aos Juízes de Direito da Vara da Infância e b) promoção;
da Juventude cabe a competência definida no Estatuto c) remoção;
da Criança e do Adolescente e legislação complemen- d) permuta;
tar. e) acesso;
Parágrafo único - O Tribunal Pleno, por Resolução, de- f) reintegração;
finirá as atribuições dos Juízes Titulares da Varas do g) readmissão;
Juizado da Infância e da Adolescência. h) aproveitamento;
i) reversão.
SEÇÃO XII Parágrafo único - Somente haverá posse nos casos de
Dos Juízes de Direito do Interior do Estado provimento do cargo por nomeação e acesso.
SUBSEÇÃO I
Da Competência dos Juízes das Comarcas com Vara SUBSEÇÃO II
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL E DO PODER JUDICIÁRIO
Única Dos Requisitos Básicos para o Ingresso na Magis-
tratura
Art. 162 - Nas Comarcas de Vara única, os Juízes terão
competência cumulativa dos processos de natureza cí- Art. 168 - O ingresso na Magistratura de carreira dar-
vel e criminal. -se-á em cargo de Juiz Substituto, mediante nomea-
ção, após concurso público de provas e títulos, orga-
SUBSEÇÃO II nizado e realizado pelo Tribunal de Justiça, conforme
Da Competência dos Juízes das Comarcas com regulamento por este baixado, com a participação de
mais de uma Vara representante da Ordem dos Advogados do Brasil, in-
dicado pelo Conselho Seccional.
Art. 163 - A competência dos Juízes de Direito com Art. 169 - A comissão examinadora do concurso será
mais de uma Vara será exercida com observância des- composta por dois (02) Desembargadores, presidida
ta Lei e da Legislação pertinente, e será disciplinada pelo Presidente do Tribunal, ou por quem ele indicar,
por portaria da Presidência. com a participação de um advogado, indicado pelo
conselho seccional da Ordem dos Advogados do Brasil.
Art. 170 - Dos candidatos são exigidos os seguintes
requisitos:
I - Ser brasileiro nato;

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II - Achar-se no gozo e exercício de seus direitos po- §3º. Em seguida, o Presidente do Conselho submeterá
líticos; as inscrições à apreciação do Tribunal Pleno que mo-
III - Estar quite com as obrigações militares; tivadamente as deferirá, ou não.
IV - Ser Bacharel ou doutor em Direito, por Faculdade §4º. Finda a apreciação dos pedidos de inscrição, o
Oficial ou reconhecida; Presidente do Tribunal de Justiça publicará relação
V - Contar, pelo menos, com dois anos de prática fo- nominal com os nomes dos candidatos que obtiverem
rense na advocacia, na Defensoria Pública, no Minis- deferimento e dos que não o obtiverem.
tério Público, na função de Delegado de Polícia Fede- §5º. O Pedido de inscrição poderá ser feito por procu-
ral ou Estadual, ou que tenha desempenhado cargo rador com poderes especiais para tal finalidade.
ou função no Poder Judiciário Estadual privativos de
Bacharel em Direito; SUBSEÇÃO IV
VI - Contar, pelo menos, vinte e um (21) anos de idade Do Concurso
e não ser maior de sessenta e cinco (65) anos;
VII - Não registrar antecedentes criminais, compro- Art. 174 - O concurso constará de quatro (04) provas
vados através de certidões negativas expedidas pelo escritas e uma (01) oral, sendo que aquelas estão dis-
Serviço de Distribuição da Justiça Estadual, bem como tribuídas em duas fases distintas e subsequentes, quais
da Justiça Federal de Primeiro Grau; sejam uma objetiva e outra subjetiva.
VIII - Estar em condições de sanidade física e mental; §1º. O Presidente baixará edital de realização do con-
IX - Possuir título de habilitação em curso oficial de curso, designando dia, hora e local para a realização
preparação para a Magistratura; da prova objetiva, de caráter eliminatório.
X - Comprovar probidade e boa conduta demonstra- §2º. A prova objetiva constará de cem (100) questões,
das através de atestado fornecido por três autoridades versando sobre:
judiciárias ou membros do Ministério Público, Procu- a) Direito Constitucional;
radores do Estado ou do Município de Manaus, segun- b) Direito Administrativo e Direito Tributário;
do o qual conhece o candidato e nada tem a dizer em c) Direito Civil;
desabono de sua vida particular, familiar e social. d) Direito Processual Civil;
§1º. Os candidatos serão submetidos à investigação
e) Direito Penal;
relativa aos aspectos moral e social.
f) Direito Processual Penal;
§2º. O requisito contido no item IX somente será exigi-
g) Direito Comercial;
do depois de graduada a primeira turma mantida pelo
h) Direito do Trabalho e Direito Processual do Traba-
curso em alusão.
lho;
i) Direito Eleitoral; e,
SUBSEÇÃO III
j) especificamente, sobre Organização Judiciária e Re-
Da Inscrição no Concurso
gistros Públicos.
Art. 171 - O concurso de Juiz Substituto, será anun- §3º. Na prova objetiva, para cada disciplina ou grupo
ciado pelo Tribunal de Justiça mediante publicação de de disciplina constante das letras do parágrafo ante-
edital no Diário da Justiça. Simultaneamente, o Tri- rior, formular-se-ão dez (10) questões.
bunal fará publicar o regulamento específico, no qual §4º. Publicados os resultados da prova objetiva, os
serão observados os princípios estabelecidos na Cons- candidatos que houverem logrado aprovação serão
tituição Federal, na Constituição do Estado do Amazo- submetidos a três (03) provas escritas subjetivas, cada
nas e neste Código. uma de caráter eliminatório.
Art. 172 - O pedido de inscrição ao concurso, formali- §5º. Os candidatos aprovados nas provas subjetivas
zado por escrito e datilografado, devidamente acom- submeter-se-ão a uma prova oral, realizada de acordo
panhado dos documentos comprobatórios dos requi- com o regulamento do concurso.
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL E DO PODER JUDICIÁRIO

sitos mencionados no artigo 168, deste código, será §6º. Divulgado o resultado da prova oral, a comissão,
dirigido ao Presidente do Tribunal de Justiça. em sessão pública, procederá a avaliação dos títulos
§1º. - A solicitação poderá ser feita por procurador apresentados, e proclamará o resultado final, que será
com poderes especiais. publicado no Diário da Justiça.
§2º. - O Tribunal, por resolução, poderá exigir, para §7º. Os candidatos aprovados no concurso de provas
inscrição no Concurso, comprovante de conclusão em e títulos serão, seguidamente, submetidos a exame de
Curso de Preparação de Juízes, realizado pela Escola sanidade física e mental, não sendo nomeados os que
Superior da Magistratura. forem considerados inaptos.
Art. 173 - O pedido e os documentos que o instruírem Art. 175 - O prazo de validade do concurso será de
serão autuados, formando-se um processo cujo núme- dois (02) anos, prorrogável uma vez, por igual período.
ro será o de ordem da apresentação. Parágrafo único - Dentro do período de dois (02) anos,
§1º. Para fins de inscrição, não será permitido, sob ou, se houver, no período de prorrogação, ocorrendo
qualquer pretexto, a juntada de documento posterior novas vagas, serão nomeados os remanescentes apro-
ao último dia do prazo previsto no edital de abertura. vados, na ordem de classificação do concurso. Esses
§2º. O Conselho da Magistratura procederá a investi- remanescentes terão prioridade sobre novos concur-
gação dos aspectos sociais e morais do candidato, jun- sados para assumir o cargo.
tando aos autos respectivos os documentos que coligir,
fazendo prévia apreciação dos pedidos.

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SUBSEÇÃO V §1º. No livro a que se refere o ‘caput’ deste artigo serão
Da Nomeação anotadas, também, as remoções, promoções, licenças,
interrupções de exercício e quaisquer ocorrências que
Art. 176 - Os candidatos classificados no concurso de puderem interessar à vida profissional do Magistrado.
provas e títulos serão submetidos a exames de sanida- §2º. O início, a interrupção e o reinício do exercício
de física e mental, através de inspeção médica oficial serão registrados no assentamento individual ou ficha
e, os que forem considerados aptos, serão nomeados do Magistrado.
pelo Presidente do Tribunal de Justiça, para o cargo de §3º. O início e as alterações do exercício das autorida-
Juiz Substituto, por dois (02) anos. des judiciárias serão comunicadas por elas próprias ao
Parágrafo único - A nomeação far-se-á pela ordem de Presidente do Tribunal de Justiça.
classificação, permitido ao candidato classificado em
primeiro lugar a escolha da Comarca dentre aquelas SUBSEÇÃO VII
que estiverem vagas. Do Exercício
Art. 177 - A nomeação ficará automaticamente sem
Art. 185 - O Juiz, ao ser empossado e entrar no efe-
efeito, se o Magistrado não tomar posse, nem entrar
tivo exercício de seu cargo, para contagem de tempo
em exercício nos prazos fixados nesta Lei.
de serviço por antiguidade, deverá obedecer rigoro-
samente à ordem de classificação no respectivo con-
SUBSEÇÃO VI curso.
Da Posse e do Compromisso Art. 186 - Empossado e havendo entrado em exercício,
o Juiz poderá ser submetido a treinamento mediante
Art. 178 - Os Juízes Substitutos de Carreira, após a estágio em Varas, comuns e especializadas, da Capi-
publicação do ato nomeatório, em sessão solene, to- tal, Fórum ou Tribunal Regional Eleitoral, e curso espe-
marão posse e entrarão em exercício perante o Presi- cífico ministrado pela Escola Superior da Magistratura,
dente do Tribunal de Justiça, a quem prestarão com- na uniformidade de instruções baixadas pelo Tribunal
promisso. de Justiça,
Art. 179 - Para o ato de posse, o Juiz Substituto apre-
sentará à autoridade competente para lhe dar posse o SUBSEÇÃO VIII
decreto de sua nomeação, declaração pública de seus Da Aquisição da Vitaliciedade
bens, sua origem e respectivos valores, e declaração
quanto ao exercício ou não de outro cargo, emprego Art. 187 - A vitaliciedade será adquirida após dois (02)
ou função pública. anos de exercício, quando então, o Juiz Substituto de
Art. 180 - O Presidente do Tribunal de Justiça verifi- Carreira passará a denominar-se Juiz de Direito de 1a.
cará, sob pena de responsabilidade, se foram satisfei- Entrância.
tas as condições estabelecidas em Lei ou regulamento §1º. Durante o período necessário à aquisição da vi-
para investidura no cargo. taliciedade, em relação ao Juiz Substituto, serão ava-
Art. 181 - A posse deverá ocorrer no prazo de trinta liados:
(30) dias, contados da data da publicação do ato de a) Idoneidade moral (dignidade funcional, retidão de
nomeação no Diário da Justiça. conduta, probidade e independência);
Parágrafo único - Provando o nomeado justo impe- b) Assiduidade (frequência ao Fórum nos dias úteis e
dimento, antes da expiração do prazo, ser-lhe-á, pela plantões, cumprimento de horário e supervisão das
autoridade que fez a nomeação, concedida prorroga- atividades forenses);
c) Aptidão (qualidade de trabalho, eficiência das sen-
ção, por tempo igual ao indicado neste artigo.
tenças, atuação eficaz e serena, conhecimento prático
Art. 182 - Desde que os motivos sejam relevantes, a
e teórico, diligência e observação dos prazos legais); LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL E DO PODER JUDICIÁRIO
posse do Juiz Substituto poderá ser prestada por meio
d) Disciplina (senso de responsabilidade, discrição, ob-
de procurador. servância das normas legais e relacionamento com o
Art. 183 - O Juiz, no ato da posse, prestará o compro- pessoal de apoio);
misso de desempenhar com retidão as funções do seu e) Produtividade (efetiva atuação no exercício da Ma-
cargo, cumprindo a Constituição do País, do Estado e gistratura, quantidade de trabalho, remessa de relató-
as leis vigentes. rios mensais à Corregedoria Geral de Justiça);
§1º. O termo de compromisso, lavrado pela Secretaria f) Bom relacionamento com os Advogados, Defenso-
Geral do Tribunal de Justiça, em livro próprio, será lido res Públicos, membros do Ministério Público e partes
e assinado pelo Juiz e autoridade competente. (respeito aos direitos dos advogados, relacionamento
§2º. Em seguida, o Presidente declarará empossado o normal nas audiências, observância das prerrogativas
Juiz Substituto. do Ministério Público, tratamento respeitoso e cordial
Art. 184 - A Secretaria Geral do Tribunal de Justiça para com os advogados, Defensores Públicos e partes).
fará a matrícula, em livro especial, dele constando os §2º. Através de cadastro especial dos Juízes em es-
dados do ato de nomeação e da declaração de bens, tágio, a Corregedoria Geral de Justiça providenciará
bem como abrirá os assentamentos individuais do sobre a anotação dos fatos relativos às atividades
novo Juiz, devendo, para tal fim, colher os dados atra- funcionais desses Magistrados, devendo o cadastro se
vés de documentos idôneos que se prendam à sua vida constituir de pasta individual, ficha de avaliação e ou-
funcional. tros elementos úteis fornecidos à Corregedoria.

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§3º. A apuração dos requisitos constantes do §1o deste bargadores e Juízes, na entrância e no serviço público,
artigo será feita pela Corregedoria. e determinar que se proceda a sua leitura na primeira
§4º. No semestre imediatamente anterior à aquisição sessão solene de posse dos novos dirigentes do Tribu-
da vitaliciedade, o Juiz Substituto encaminhará ao Pre- nal.
sidente do Tribunal de Justiça seu pedido de aquisição Parágrafo único - O quadro será publicado até o dia
da vitaliciedade, instruindo-o com prova de residir na trinta (31) de janeiro seguinte, somente sendo altera-
Comarca, prova de quitação de suas obrigações junto do através de reclamação oportunamente formulada,
à Corregedoria Geral e ao Conselho da Magistratura e ou revisão anual.
outros documentos que entende convenientes. Art. 193- A antiguidade na entrância deve ser contada
§5º. Os pedidos serão encaminhados ao Conselho da do dia inicial do exercício, prevalecendo, em igualdade
Magistratura que, no penúltimo mês do biênio, emitirá de condições:
parecer relativo à idoneidade moral e intelectual do I - A antiguidade na Magistratura;
Juiz Substituto e à sua eficiência no desempenho do II - O maior tempo de serviço público;
cargo para apreciação pelo Tribunal de Justiça. III - A idade.
Art. 188 - Constarão do prontuário que instruirá o pa- Art. 194 - A apuração do tempo de serviço na entrân-
recer do Conselho: cia e no serviço público será feita por dias.
I - Os documentos encaminhados pelo próprio inte- Parágrafo único - Publicadas as listas de antiguida-
ressado; des dos Magistrados, na entrância e no serviço públi-
II - As informações colhidas durante o biênio pelo co, terão os interessados o prazo de trinta (30) dias
Conselho da Magistratura, junto à Presidência do Tri- para reclamação, contados da publicação no Diário
bunal e à Corregedoria Geral de Justiça; da Justiça.
III - As referências ao Juiz Substituto, constantes de Art. 195 - Se a reclamação não for rejeitada liminar-
acórdãos ou declarações de voto, enviadas pelos res- mente, por manifesta improcedência, pelo diário da
pectivos prolatores; Justiça serão intimados os interessados, cuja antigui-
IV - Quaisquer outras informações idôneas.
dade possa ser prejudicada pela decisão, no prazo co-
Art. 189 - O Tribunal de Justiça, em sessão plenária,
mum de quinze (15) dias, findo o qual a reclamação
pelo voto da maioria dos Desembargadores presentes,
será apreciada na primeira reunião plenária do Tribu-
avaliará a atuação do requerente e decidirá pela sua
nal de Justiça.
indicação ao cargo de Juiz de Direito.
Parágrafo único - Se a reclamação proceder, a lista de
§1º. Poderá o Tribunal de Justiça recusá-lo por decisão
antiguidade será republicada em relação à entrância
adotada pelo voto da maioria absoluta de seus mem-
onde houver modificação.
bros efetivos.
§2º. Os Juízes Substitutos de Carreira não poderão
perder o cargo senão por deliberação do Tribunal de SUBSEÇÃO X
Justiça, tomada pelo voto de dois terços (2/3) de seus Da Promoção dos Juízes de Direito
membros efetivos.
§3º. Afastado o Juiz do exercício do cargo, na forma do Art. 196 - A promoção de entrância para entrância
parágrafo anterior, e decidindo-se pelo não vitalicia- dar-se-á, alternadamente, por antiguidade e mereci-
mento, a exoneração caberá ao Presidente do Tribu- mento.
nal, ainda que a decisão seja proferida após o biênio. §1º. Caberá à Presidência do Tribunal de Justiça clas-
Art. 190 - Antes de decorrido o biênio, necessário à sificar, entre os critérios de promoção por merecimen-
aquisição da vitaliciedade, desde que seja apresentada to e antiguidade, alternadamente, as vagas de Juízes
proposta pelo Tribunal ao seu Presidente, para exone- da Capital e do Interior.
ração do Juiz Substituto, este ficará afastado de suas §2º. Apurar-se-ão na entrância a antiguidade e o me-
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL E DO PODER JUDICIÁRIO

funções e perderá o direito à vitaliciedade ainda que recimento, este em lista tríplice.
o ato de exoneração seja assinado após o decurso da-
quele período. SUBSEÇÃO XI
Art. 191 - Aprovado no estágio probatório, o Juiz Da Promoção por Merecimento
Substituto de Carreira passará a denominar-se Juiz de
Direito de 1a Entrância, com a expedição do respectivo Art. 197 - A promoção por merecimento pressupõe:
ato declaratório da vitaliciedade, por ato do Presiden- a) ter o Juiz dois (02) anos de exercício na respectiva
te do Tribunal de Justiça. entrância;
Parágrafo único - Os nomes não indicados à nomea- b) integrar o Juiz a primeira quinta parte da lista de
ção, para que se considere findo o período de estágio antiguidade da entrância, salvo se não houver com
probatório, serão objeto de ato de exoneração. tais requisitos quem aceite o lugar vago, caso em que
concorrerão os integrantes da segunda quinta parte, e
SUBSEÇÃO IX assim sucessivamente;
Da Antiguidade c) aferição de presteza no exercício da função pela de-
monstração, por meio hábil, do cumprimento dos pra-
Art. 192 - Anualmente, na primeira quinzena do mês zos processuais em despachos, decisões interlocutórias
de janeiro, o Presidente do Tribunal de Justiça manda- e sentenças, bem como prestação de informações em
rá reorganizar o quadro de antiguidade dos Desem- mandado de segurança e habeas-corpus;

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d) aferição de conhecimento mediante demonstração SUBSEÇÃO XII
de produtividade através de fotocópias de despachos, Da Promoção por Antiguidade
decisões interlocutórias, sentenças e outros atos pro-
cessuais; Art. 203 - Aplicar-se-á à promoção por antiguidade,
e) haver frequentado, com aproveitamento, cursos no que couber, os princípios da promoção por mere-
mantidos por instituições judiciárias ou universitárias, cimento.
a nível pós-graduação, de preparação e aperfeiçoa- Art. 204 - No caso de antiguidade, havendo empate,
mento de Magistrados, reconhecidos como tal através terá precedência o Juiz mais antigo na carreira. Na
de ato baixado pelo Diretor da Escola Superior da Ma- apuração da antiguidade, o Tribunal de Justiça poderá
gistratura e anunciado por edital, publicado no Diário recusar, motivadamente, o Juiz mais antigo pelo voto
da Justiça; de dois terços de seus membros, repetindo-se a vota-
f) prova de residência na Comarca; ção até fixar-se a indicação.
g) certidão de quitação de suas obrigações perante o Art. 205 - Feita a indicação do Juiz para ser promo-
Conselho da Magistratura e a Corregedoria Geral de vido, o Presidente do Tribunal, no prazo de três (03)
Justiça. dias, expedirá o ato de promoção e o encaminhará
Parágrafo único - A presteza e a segurança serão tam- para publicação.
bém objeto de análise por parte da Corregedoria Geral Art. 206 - O Juiz, em disponibilidade, determinada
de Justiça e do Conselho da Magistratura. O Desem- como sanção disciplinar, não poderá ser promovido
bargador votante, por não se achar adstrito aos pare- pelo critério da antiguidade.
ceres apresentados, anotará à margem do nome do
Juiz que escolher a indicação de seus méritos. SUBSEÇÃO XIII
Art. 198 - É obrigatória a promoção do Juiz que haja Da Remoção em Geral
figurado por três vezes consecutivas ou cinco alterna-
das em lista de merecimento. Art. 207 - Vaga uma Comarca, o seu provimento será
§1º. Se dois ou mais Juízes figurarem numa mesma feito, inicialmente, por remoção, salvo se o preenchi-
lista de promoção por merecimento pela terceira vez mento tiver que acontecer segundo critério de anti-
consecutiva, ou quinta alternada, terá preferência: guidade.
a) o mais antigo na entrância; Parágrafo único - A juízo do Tribunal de Justiça pode-
b) o mais votado; rá, ainda, ser provida pelo mesmo critério, vaga decor-
c) o mais antigo na carreira; rente de remoção, destinando-se a seguinte, obrigato-
d) o mais antigo no serviço público. riamente, ao provimento por promoção.
§ 2º - Em caso de empate, nos critérios de aferição do Art. 208 - O exercício do cargo, no caso de remoção ou
merecimento, o Presidente considerará: permuta, terá reinicio dentro do prazo de trinta (30)
I - Obtenção de maior número de votos, observados dias, contados da data da publicação do ato no Diário
os escrutínios; da Justiça do Estado.
II - Em caso de empate na votação:
a) antiguidade na entrância; SUBSEÇÃO XIV
b) antiguidade na carreira; Da Remoção Voluntária
c) o mais antigo no serviço público;
d) classificação no concurso para ingresso na Carreira. Art. 209 - A remoção voluntária far-se-á mediante es-
Art. 199 - A lista de merecimento para promoção será colha, pelo Presidente do Tribunal de Justiça, de nome
organizada pelo Tribunal, em sessão pública e escrutí- constante de lista tríplice, sempre que possível, orga-
nio reservado, devendo conter os nomes dos três (03) nizada pelo Tribunal de Justiça e contendo os nomes
Juízes mais votados, nessa ordem e com indicação do dos candidatos inscritos, com mais de seis (06) meses LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL E DO PODER JUDICIÁRIO
número de votos obtidos pelos Magistrados indicados. de efetivo exercício na Comarca.
§1º. Na organização dessa lista somente os Desem- Art. 210 - Vagando o cargo de Juiz de Direito ou Juiz
bargadores efetivos terão direito a voto e poderão su- Substituto de Carreira, o Tribunal de Justiça verificará
fragar até três (03) nomes; a existência de Juiz integrante da careira da Magistra-
§2º. Serão considerados classificados, para a formação tura da mesma Entrância, sem exercício, por motivo
da lista, os que alcançarem metade e mais um, pelo de disponibilidade, e examinará a conveniência de ser
menos, dos votos dos Desembargadores presentes. ele aproveitado.
Art. 200 - A lista será entregue ao Presidente do Tribu- Parágrafo único - O aproveitamento obedecerá ao
nal de Justiça, que fará a escolha, promovendo o Juiz, disposto nos Artigos 225 a 227 deste Código.
no prazo de três (03) dias, mandando elaborar o ato e Art. 211 - Não havendo Juiz em exercício, na forma
encaminhando-o para publicação. do artigo anterior, ou decidindo o Tribunal não apro-
Art. 201 - Para efeito da composição da lista tríplice o veitá-lo, o Presidente fará publicar a existência de
merecimento será apurado na entrância. vaga para remoção, por meio de edital, com o prazo
Art. 202 - Não havendo promoção, por merecimento, de quinze (15) dias, contados de sua publicação, para
de Juiz de Direito, em disponibilidade, não poderá fi- efeito de pedido de inscrição.
gurar em lista de promoção, por igual critério, o Juiz Parágrafo único - Para cada vaga destinada ao pre-
punido com a sanção de censura, pelo prazo de um enchimento por remoção, abrir-se-á inscrição distinta,
(01) ano, contado da imposição desta. com a indicação da Comarca ou Vara a ser provida.

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Art. 212 - O Juiz que requerer a sua remoção fará Art. 217 - Verificando-se que o Magistrado se acha in-
acompanhar seu requerimento de certidão da Secre- curso em alguma disposição de Lei penal, remeter-se-
taria do Tribunal de Justiça sobre os seus assentamen- -ão cópias das peças necessárias ao Procurador Geral
tos funcionais e de informação da Corregedoria Geral da Justiça.
quanto à atuação funcional do requerente no exercí- Art. 218 - O Magistrado removido compulsoriamente
cio do cargo. aguardará, fora do exercício, com as vantagens inte-
grais do cargo, a designação, pelo Tribunal de nova
SUBSEÇÃO XV Comarca ou Vara, sendo considerado em trânsito para
Da Remoção Compulsória todos os efeitos.
Art. 219 - Se o Juiz não aceitar a remoção compulsó-
Art. 213 - O procedimento para a decretação da re- ria, deixando de assumir o exercício das funções no
moção compulsória terá início por determinação do prazo de trinta (30) dias, será imediatamente iniciado
Tribunal de Justiça, de ofício, ou mediante representa- o processo de abandono de cargo, suspendendo-se os
ção fundamentada do Poder Executivo ou Legislativo, pagamentos dos respectivos vencimentos.
do Ministério Público, ou do Conselho Seccional da
Ordem dos Advogados do Brasil. SUBSEÇÃO XVI
§1º. O Presidente terá voto nessa deliberação. Da Permuta
§2º. Da resolução que for tomada será lavrado acór-
dão nos autos. Art. 220 - Os Juízes interessados em permutar seus
§3º. Configurando-se o motivo urgente e grave, aten- cargos devem contar, cada um, com pelo menos seis
dida a conveniência da Justiça, o Juiz poderá ser afas- (06) meses de efetivo exercício na Comarca.
tado do cargo pelo Conselho da Magistratura com Art. 221 - Os interessados deverão se dirigir ao Tri-
vencimentos integrais. bunal de Justiça que deliberará pela maioria dos seus
Art. 214 - O procedimento de remoção compulsória membros à vista dos pedidos.
será instaurado, se o Magistrado deixar de cumprir os
deveres constantes deste Código, os quais, pela sua SUBSEÇÃO XVII
gravidade, podem incompatibilizá-lo com o meio so- Da Reintegração
cial ou forense.
Art. 215 - O Presidente do Tribunal de Justiça reme- Art. 222 - A reintegração, que decorrerá de decisão
terá ao Juiz acusado, nas 48 horas imediatamente se- administrativa ou judicial, passada em julgado, é o re-
guintes a apresentação da acusação, cópias do teor da torno do Magistrado ao cargo, com ressarcimento dos
mesma e das provas existentes, para que o Magistrado
vencimentos e vantagens que deixar de perceber, em
proceda à sua defesa prévia, que deve ser formulada
razão do afastamento, inclusive a contagem do tempo
no prazo de quinze (15) dias, contados da entrega da
de serviço.
acusação.
§1º. Achando-se ocupado o cargo, no qual foi reinte-
§1º. Findo o prazo da defesa prévia, haja ou não sido
grado o Juiz, o ocupante será reconduzido ao cargo
apresentada, o Presidente, no dia útil imediato à sua
anterior, desde que este esteja vago, ou aguardará,
expiração, convocará o Tribunal para que, em ses-
com todas as vantagens do cargo, ser designado para
são pública, decida sobre a instauração do processo,
e, caso determinada pelo voto da maioria dos seus cargo igual ou nova Vara, sendo considerado em trân-
membros, no mesmo dia distribuirá o feito e fará en- sito para todos os efeitos.
tregá-lo ao Relator. §2º. Extinta a Comarca, ou transferida a sua sede, o
§2º. O Tribunal, na sessão em que ordenar a instrução Magistrado reintegrado, caso não aceite fixar-se na
do processo, assim como no seu transcorrer, poderá nova sede, ou em Comarca de igual entrância, será
afastar o Magistrado do exercício das funções, sem posto em disponibilidade remunerada.
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL E DO PODER JUDICIÁRIO

prejuízo do vencimentos e das vantagens até a deci- §3º. O Juiz reintegrado será submetido à inspeção
são final. médica e, se julgado incapaz, será aposentado com
Art. 216 - As provas requeridas e deferidas, bem como as vantagens a que teria direito, se efetivada a rein-
as que o Relator determinar de ofício, serão produzi- tegração.
das no prazo de vinte (20) dias, cientes o Ministério
Público, o Magistrado ou o Procurador por ele consti- SUBSEÇÃO XVIII
tuído, a fim de que possam delas participar. Da Readmissão
§1º. Finda a instrução, o Ministério Público, o Magis-
trado ou seu procurador terão, sucessivamente, vista Art. 223 - A readmissão é o ato pelo qual o Magistra-
dos autos por dez (10) dias para as razões. do exonerado reingressa nos quadros da Magistratura,
§2º. O julgamento será realizado em sessão ordiná- assegurada a contagem do tempo de serviço anterior,
ria do Tribunal de Justiça, depois de relatório oral, e a para efeito de disponibilidade, gratificação adicional e
decisão no sentido da penalização do Magistrado só aposentadoria.
será tomada pelo voto de dois terços dos membros do Parágrafo único - A readmissão dependerá de prévia
colegiado em escrutínio reservado. inspeção médica e comprovada idoneidade moral,
§3º. Da decisão publicar-se-á somente a conclusão, não podendo o interessado ter idade superior a ses-
fazendo-se, no entanto, as anotações devidas nos as- senta e cinco (65) anos e nem mais de vinte e cinco
sentamentos individuais do Magistrado. (25) anos de serviço público.

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Art. 224 - A readmissão no cargo inicial da carreira so- me procedimento próprio, repetindo-se a votação até
mente será concedida quando não houver candidato fixar-se a indicação, condicionada a recusa à existên-
aprovado em concurso, em condições de nomeação. cia de procedimento administrativo que a recomende,
ou à determinação de abertura de tal procedimento,
SUBSEÇÃO XIX contra o Juiz recusado.
Da Reversão Art. 232 - No caso de merecimento a lista tríplice com-
por-se-á de nomes escolhidos dentre os Juízes com mais
Art. 225 - A reversão é o reingresso do Magistrado de dois anos de exercício na última entrância e integrar
aposentado nos quadros da Magistratura, quando in- o Juiz primeira quinta parte da lista de antiguidade des-
subsistentes os motivos da aposentadoria. ta, salvo se não houver com tais requisitos quem aceite o
§1º. A reversão far-se-á a pedido, ou de ofício, em lugar vago, caso em que concorrerão os integrantes da
vaga preenchível por merecimento, na entrância a segunda quinta parte, e assim sucessivamente.
que pertencia o aposentado. Parágrafo único - Feita a nomeação e publicação do
§2º. A reversão dependerá de concordância do Conse- ato, o Presidente designará dia e hora para a sessão
lho da Magistratura. solene de posse do novo Desembargador.
§3º. A reversão no grau inicial da carreira somente Art. 233 - No acesso por merecimento serão obser-
ocorrerá não havendo candidato aprovado em con- vadas as regras estabelecidas na promoção por me-
curso, em condições de nomeação. recimento e, no que couber, as normas sobre posse,
Art. 226 - O tempo de afastamento por aposentadoria compromisso e exercício.
só será computado para efeito de nova aposentadoria.
SEÇÃO II
SUBSEÇÃO XX Do Acesso pelo Quinto Constitucional
Do Aproveitamento
Art. 234 - Na composição do Tribunal de Justiça, um
quinto (1/5) dos lugares será preenchido por advoga-
Art. 227 - Aproveitamento é o retorno do Magistrado
dos em efetivo exercício da profissão e de notório sa-
em disponibilidade ao exercício efetivo do cargo.
ber jurídico e de reputação ilibada, com mais de dez
§1º. O Magistrado, posto em disponibilidade por mo-
(10) anos de efetiva atividade profissional, e membros
tivo de interesse público, somente poderá pleitear o
do Ministério Público com mais de dez anos de carrei-
seu aproveitamento decorridos dois (02) anos do afas-
ra, indicados em lista sêxtupla pelos órgãos de repre-
tamento.
sentação das respectivas classes.
§2º. O pedido, devidamente instruído e justificado,
Parágrafo único - Enquanto for ímpar o número de
acompanhado de parecer do Conselho da Magistra- vagas destinadas ao quinto constitucional, uma de-
tura, será apreciado pelo Tribunal de Justiça, após las será, alternada e sucessivamente preenchida por
parecer do Procurador Geral da Justiça, podendo ser advogado e por membro do Ministério Público, de tal
aproveitado pelo critério da remoção ou continuar em forma que, também sucessiva e alternadamente, os
disponibilidade com vencimentos integrais. representantes de uma dessas classes superem os da
§3º. O Magistrado, posto em disponibilidade em razão outra em uma unidade.
de mudança da sede do Juízo, poderá ser aproveitado Art. 235 - Verificada vaga que deva ser provida pelo
pelo Tribunal, de ofício, ou a seu pedido, em caso de quinto constitucional, o Presidente do Tribunal de Jus-
remoção ou promoção. tiça anunciará mediante publicação no Diário da Jus-
Art. 228 - O aproveitamento dependerá de prova de tiça e oficiará ao Ministério Público ou à Ordem dos
capacidade física e mental mediante inspeção médica. Advogados do Brasil, Seção do Amazonas, para que,
Art. 229 - No aproveitamento dos Juízes de Direito no prazo de 30 (trinta) dias, indiquem os integrantes
em disponibilidade, quando deliberado pelo Tribunal, da lista sêxtupla, com observância dos requisitos cons- LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL E DO PODER JUDICIÁRIO
considerar-se-á, sucessivamente, a seguinte ordem de titucionais e legais exigidos.
preferência dos candidatos: §1º. Recebida a lista sêxtupla, o Tribunal de Justiça
a) maior tempo de disponibilidade; formará a lista tríplice em seção pública e escrutínio
b) maior tempo de Magistratura; reservado e a enviará ao Chefe do Poder Executivo
c) maior tempo de serviço público ao Estado; para que, nos vinte (20) dias subsequentes à remessa,
d) maior tempo de serviço público. escolha e nomeie um de seus integrantes para o cargo
de Desembargador.
CAPÍTULO III §2º. Publicado o ato de nomeação, o Presidente do
Do Acesso ao Tribunal Tribunal de Justiça designará data e hora para a seção
SEÇÃO I solene de posse.
Do Acesso pelos Juízes de Carreira
CAPÍTULO IV
Art. 230 - O acesso ao Tribunal de Justiça dar-se-á Do Tempo de Serviço
por antiguidade e por merecimento, alternadamente,
apurados na última entrância. Art. 236 - Serão considerados de efetivo exercício, para
Art. 231 - Na apuração da antiguidade, o Tribunal so- os efeitos legais, inclusive para promoção, os dias em
mente poderá recusar o Juiz mais antigo pelo voto de que o Magistrado estiver afastado do exercício do car-
dois terços de seus membros presentes à seção, confor- go em virtude de:

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I - Férias; CAPÍTULO V
II - Licenças: Da Retribuição Pecuniária
a) para tratamento de saúde; SEÇÃO I
b) por motivo de doença em pessoa da família; Dos Vencimentos
c) para repouso à gestante;
d) paternidade, por cinco (05) dias consecutivos. Art. 240 - Os vencimentos dos Magistrados são irredu-
III - Luto pelo falecimento do cônjuge ou companheiro, tíveis e fixados em Lei e em valor certo.
ascendente ou descendente; sogro ou sogra; irmãos ou Parágrafo único - A irredutibilidade dos vencimentos
dependentes; cunhados; até oito (08) dias consecutivos; dos Magistrados não impede os descontos fixados em
IV - Casamento, até oito dias; Lei.
V - Frequência a cursos ou seminários de aperfeiçoa- Art. 241 - O Presidente do Tribunal de Justiça, o Vice-
mento e estudos, pelo prazo máximo de dois (02) anos; -Presidente e o Corregedor Geral de Justiça, percebe-
VI - Para prestação de serviço exclusivamente à Jus- rão uma gratificação mensal, correspondente a trinta
tiça Eleitoral; por cento (30%) para o Presidente, vinte e cinco por
VII - Para direção de Escola de formação e aperfeiço- cento (25%) para o Vice-Presidente e Corregedor Ge-
amento de Magistrados, por prazo não superior a dois ral de Justiça, e vinte por cento (20%) para os Presi-
(02) anos; dentes das Câmaras Isoladas, e membros eleitos para
VIII - Para realização de missão ou serviços relevantes o Conselho da Magistratura, calculada sobre as suas
à administração da Justiça; respectivas remunerações.
IX - Para exercício exclusivo da Presidência da Asso- Art. 242 - Os vencimentos dos Magistrados serão pa-
ciação dos Magistrados do Amazonas, desde que re- gos no período de 20 a 30 de cada mês, não podendo
querido; ultrapassar ao décimo dia útil do mês subsequente ao
X - Suspensão em virtude de pronúncia, em crime de vencido.
que haja sido absolvido e suspensão administrativa, Art. 243 - Os valores das verbas de vencimento e re-
quando a acusação for, afinal, julgada improcedente.
presentação dos membros do Tribunal de Justiça do
Art. 237 - O advogado nomeado Desembargador ou
Estado do Amazonas serão equivalentes aos valores
Juiz terá computado o tempo de exercício na advo-
das verbas percebidas a título de subsídio e repre-
cacia, como de serviço público de acordo com a Lei
sentação pelos membros do Poder Legislativo (Art.
Federal.
1o,”‘‘caput’’” da Lei nº 2.278, de 26.04.94).
I - Integralmente, para aposentadoria, observado o
§1º- As parcelas fixadas no “‘caput’” serão automati-
disposto nos artigos 202, §2º, e §9º, inciso VI, da Cons-
camente reajustadas, na mesma época e na mesma
tituição Federal;
II - Até o máximo de quinze (15) anos, para efeito de proporção, sempre que houver revisão da remunera-
gratificação adicional por tempo de serviço. ção dos Membros do Poder Legislativo do Estado (§2o,
Parágrafo único - O tempo de advocacia será provado do art. 1o da Lei no 2.278, de 26.04.94).
por inscrição na Ordem dos Advogados e certidões de §2º - O adicional por tempo de serviço dos Magistra-
Secretarias de Varas ou Escrivanias, vedada a acumu- dos incide sobre a soma das duas parcelas previstas
lação com serviço em cargo público, exercido simul- neste artigo.
taneamente. Art. 244 - Na fixação dos vencimentos da Magistra-
Art. 238 - Será computado, para efeito de disponibili- tura amazonense, observar-se-á uma diferença não
dade, gratificação adicional e de aposentadoria: superior a dez por cento (10%), de uma para outra das
a) o tempo de serviço público federal, estadual e mu- categorias da carreira.
nicipal, bem assim, o prestado a entidades autárqui- Art. 245 - Os proventos dos Magistrados, ativos e ina-
cas, empresas públicas, sindicatos e sociedades de tivos, e as pensões dos seus dependentes serão reajus-
economia mista; tados na mesma data e com o mesmo percentual da
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL E DO PODER JUDICIÁRIO

b) o período de serviço ativo nas forças armadas, com- revisão da remuneração dos Magistrados em ativida-
putando-se em dobro o tempo em que tenha efetiva- de (Art. 3o da Lei no 2.278/94).
mente participado de operações bélicas ou de com- Art. 246 - Aos Magistrados ativos e inativos do Estado
boios marítimos e aéreos, em período de guerra; do Amazonas são assegurados os direitos sociais, pre-
c) o número de dias de serviço prestado como extra- vistos no Art.7o, VIII e XVII, da Constituição Federal.
numerário ou sob qualquer outra forma de admissão, Art. 247 - Para efeito de equivalência e limite de ven-
desde que remunerado o servidor pelos cofres públi- cimentos, são excluídas do cômputo apenas as van-
cos. tagens de caráter pessoal ou de natureza transitória.
Parágrafo único - Aplica-se, somente para efeito de Art. 248 - Os Juízes Substitutos de Carreira perceberão
aposentadoria e disponibilidade, o tempo de serviço vencimentos iguais aos dos Juízes de Direito de pri-
prestado a empresa privada, vedada a acumulação meira entrância.
com serviço em cargo público, exercido simultanea- Art. 249 - Sem prejuízo do vencimento, remuneração
mente, ressalvado o direito adquirido. ou de qualquer direito ou vantagem legal, o Magistra-
Art. 239 - Aplicam-se aos Magistrados as normas do do poderá afastar-se de suas funções:
Estatuto dos Funcionários Públicos Civis do Estado so- I - por oito (08) dias consecutivos, por motivo de:
bre contagem de tempo de serviço e vantagens outras, a) casamento;
quando não colidirem com as disposições especiais b) falecimento de cônjuge ou companheira, ascenden-
deste Código. te, descendente, irmão ou dependente.

30
II - até cinco (05) dias consecutivos, por motivo de: mentos, competindo ao Tribunal de Justiça, median-
a) paternidade; te provimento declarar a Comarca naquela situação,
b) adoção. considerando fatores objetivos tais como segurança,
transporte e salubridade.
SEÇÃO II Art. 255 - No caso de substituição de Desembargador,
Das Vantagens o Juiz de primeiro grau convocado, perceberá enquan-
to perdurar a substituição, o equivalente à diferença
Art. 250 - Além dos vencimentos, constituem vanta- entre os seu vencimentos e os de Desembargador.
gens pecuniárias dos Magistrados: Art. 256 - Ao Juiz Substituto de Carreira, quando no-
I - Ajuda de custo, para despesa de transporte e mu- meado, e ao Juiz de Direito, quando promovido ou re-
dança, equivalente a um mês de vencimentos; movido, ‘ex-ofício’ para Comarca diferente, será paga
II - Ajuda de custo, para moradia nas Comarcas onde uma ajuda de custo equivalente a um mês de venci-
não houver residência oficial para Juiz, exceto na Ca- mento.
pital, equivalente a dez por cento (10%) sobre seus §1º. A ajuda de custo será paga independentemente
vencimentos; de o Magistrado haver assumido o cargo, e restituída
III - Salário-família; caso não o faça.
IV - Diárias; §2º. Será devida também ajuda de custo no mesmo
V - Gratificação adicional de um por cento por ano valor especificado no “‘caput’” deste artigo, ao Magis-
de serviço, incidente sobre o vencimento básico e a trado autorizado a frequentar curso de aperfeiçoa-
gratificação de representação, compreendido no tem- mento e estudo fora da sede do Juízo.
po de serviço o exercício da advocacia, até o máximo Art. 257 - Ao Magistrado que, devidamente autoriza-
de 15 anos e observada a garantia constitucional de do pelo Presidente do Tribunal, deslocar-se da respec-
irredutibilidade; tiva sede, a serviço do Poder Judiciário, será concedida
VI - Vantagem pessoal: o Magistrado que contar seis diária para se ressarcir das despesas de transporte,
(06) anos completos, consecutivos ou não, de exercício alimentação e pousada.
de cargo ou função de confiança, fará jus a ter adicio- §1º. As diárias serão pagas antecipadamente, e inde-
nado ao vencimento do respectivo cargo efetivo como pendem de requisição.
vantagem pessoal a importância equivalente a 1/5: §2º. A diária corresponderá a 1/30 avos dos venci-
a) da diferença entre a remuneração do cargo em co- mentos do Magistrado, e será paga em dobro se o
missão e o vencimento do cargo efetivo; afastamento ocorrer para fora do Estado.
b) da função de confiança. Art. 258 - Ao Magistrado, pelo exercício em órgão dis-
§1º. O acréscimo a que se refere o item VI somente ciplinar de correição, serão atribuídos transporte e di-
ocorrerá a partir do sexto ano, a razão de 1/5 de ano árias para alimentação e pousada, quando se deslocar
completo de exercício de cargo ou função de confiança de sua sede.
até completar o décimo ano. Art. 259 - O Magistrado que for designado para fazer
§2º. A gratificação adicional será concedida automáti- parte de comissões encarregadas de estudo de qual-
ca e independentemente de requerimento. quer assunto, ou de tarefas especiais, desde que não se
Art. 251 - Por aula proferida em Curso Oficial de Pre- afaste do exercício normal de suas funções, terá direi-
paração para a Magistratura ou em Escola Especial to à percepção de uma gratificação equivalente a um
de Aperfeiçoamento de Magistrados, será conferida ao terço (1/3) de seus vencimentos.
Magistrado uma gratificação de magistério. Art. 260 - Os Magistrados perceberão salário-família
Art. 252 - Ao Magistrado que for convocado para na conformidade da legislação aplicável aos funcioná-
substituir, no primeiro grau, Juiz de entrância superior, rios públicos em geral.
perceberá a diferença de vencimentos corresponden- Art. 261 - Ao cônjuge sobrevivente, e, em sua falta, LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL E DO PODER JUDICIÁRIO
tes, durante o período de afastamento do titular, inclu- aos herdeiros necessários do Magistrado falecido em
sive diárias e transporte, se for o caso. atividade, ou já aposentado, será abonada importân-
Art. 253 - Quando a substituição se verificar entre Ju- cia igual a um mês dos proventos que percebia, para
ízes da mesma ou de inferior entrância somente serão atender às despesas de funeral e luto.
devidas diárias e transporte, através de adiantamento Parágrafo único - Na falta das pessoas enumeradas
arbitrado pelo Presidente do Tribunal, ficando o Ma- neste artigo, quem houver custeado os funerais do
gistrado sujeito a posterior prestação de contas. Magistrado será indenizado das despesas realizadas
§1º. O Juiz que responder por outro juízo, por perío- dentro dos limites traçados neste Código.
do igual ou superior a trinta (30) dias, fará jus a uma
gratificação de um terço (1/3) sobre seus vencimentos, CAPÍTULO VI
vedada a acumulação em caso de responder por mais Das Férias
de uma Vara.
§2º. A gratificação a que se refere o parágrafo anterior Art. 262 - Os Magistrados terão direito a férias anuais,
será devida, também, ao Magistrado que responder por sessenta (60) dias, coletivas ou individuais.
pelo plantão do recesso e férias forenses. Art. 263 - Os membros do Tribunal de Justiça gozarão
Art. 254 - Ao Magistrado será devida uma gratificação de férias coletivas nos períodos de 02 a 31 de janeiro e
pelo efetivo exercício em Comarca de difícil acesso, de 02 a 31 de julho.
equivalente a 20% (vinte por cento) sobre seus venci-

31
Parágrafo único - Durante as férias coletivas compete SEÇÃO II
ao Presidente do Tribunal de Justiça, ou seu substituto Da Licença para Tratamento de Saúde
legal, no âmbito da competência do Tribunal, decidir
pedidos de liminar em mandado de segurança, deter- Art. 272 - A licença para tratamento de saúde, por
minar liberdade provisória ou sustação de ordem de prazo superior a 30 (trinta) dias, bem como as prorro-
prisão e demais medidas que reclamem urgência. gações que importem licença por período ininterrup-
Art. 264 - As férias dos Magistrados de 1a e 2a Ent- to, também superior a 30 (trinta) dias, dependem de
rância serão individuais, concedidas, de uma só vez, inspeção pelo serviço médico do Tribunal ou do órgão
com base em escala a ser autorizada e aprovada pelo previdenciário do Estado, a critério do Magistrado.
Presidente do Tribunal de Justiça. Art. 273 - A licença pode ser prorrogada de ofício, ou a
Art. 265 - O Presidente do Tribunal de Justiça, o Vice- pedido, em ambos os casos, dependendo das conclu-
-Presidente e o Corregedor, gozarão de trinta (30) dias sões do laudo médico.
consecutivos de férias individuais, por semestre. Art. 274 - Terminada a licença, o Magistrado reassu-
Parágrafo único - Ao Vice-Presidente, ou na sua falta mirá, imediatamente, o exercício do cargo, ressalva-
ou impedimento, ao Desembargador mais antigo que, das as hipóteses de prorrogação e aposentadoria.
na ordem decrescente, o substituir, ao assumir a Pre- Parágrafo único - O pedido deverá ser apresentado
sidência, nas férias coletivas, é assegurado o gozo de antes de findo o prazo de licença; se indeferido, contar-
férias individuais pelo tempo em que esteve no exer- -se-á como de licença o período em que o Magistrado
cício. deixou de comparecer ao serviço por desconhecimento
Art. 266 - As autoridades competentes, antes do iní- oficial do despacho.
cio do ano judiciário, organizarão as escalas de férias, Art. 275 - A licença gozada dentro de sessenta (60)
atendendo, quando possível, às solicitações dos inte- dias, contados do término da anterior, será considera-
ressados, sem prejuízo da conveniência do serviço. da como prorrogação.
§1º. As escalas de férias poderão sofrer modificações, Art. 276 - O Magistrado não poderá permanecer em
por motivo justo, a requerimento dos interessados. licença por prazo superior a 24 (vinte quatro) meses,
§2º. O Juiz que for removido ou promovido em gozo salvo nos casos de doença em pessoa da família, de
tuberculose ativa, alienação mental, neoplasia malig-
de férias não as interromperá, sem prejuízo da posse
na, cegueira, lepra, paralisia ou cardiopatia grave.
imediata.
Art. 277 - Expirado o prazo do artigo anterior, o Ma-
Art. 267 - São feriados forenses:
gistrado será submetido a novo exame médico e apo-
a) os domingos, os dias de festa nacional ou estadual,
sentado se for julgado inválido.
como tais decretados, a quinta-feira e a sexta-feira da
Parágrafo único - O tempo necessário ao exame mé-
Semana Santa;
dico será considerado como de prorrogação.
b) o dia 08 de dezembro, consagrado à Justiça.
Art. 278 - Será integral o vencimento do Magistrado
Art. 268 - Aos Juízes que, designados para o plantão licenciado para tratamento de saúde, acidentado em
durante as férias coletivas e recesso forense do mês serviço ou atacado das moléstias indicadas no Art.
de dezembro, e, ainda, por necessidade de serviço, e 274 deste Código.
em nome do interesse público não puderem gozar as Art. 279 - O Magistrado, ao entrar em gozo de licença,
referidas férias, farão jus a férias individuais a serem comunicará à autoridade que a concedeu, o local onde
gozadas em tempo oportuno. poderá ser encontrado.
Art. 269 - Computar-se-ão em dobro as férias indivi- §1º. O Magistrado licenciado não pode exercer qual-
duais e coletivas não gozadas por motivo de interesse quer das suas funções jurisdicionais ou administrati-
público. vas, nem exercitar qualquer função pública ou par-
Art. 270 - As férias serão remuneradas com acréscimo ticular.
de um terço (1/3) da remuneração global do Magis- §2º. Salvo contra-indicação médica, o Magistrado li-
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL E DO PODER JUDICIÁRIO

trado, e seu pagamento se efetuará até dois (02) dias cenciado poderá proferir decisões em processos que,
antes do início do respectivo período. antes da licença, lhe haviam sido conclusos para jul-
gamento ou tenham recebido seu visto como relator
CAPÍTULO VII ou revisor.
Das Licenças Art. 280 - A licença para tratamento de saúde, até
SEÇÃO I sessenta (60) dias, assim entendida a prorrogação por
Das Disposições Gerais mais trinta (30) dias, será concedida mediante ates-
tado médico particular do requerente, com expressa
Art. 271 - Conceder-se-á licença: declaração do tempo necessário ao tratamento.
I - Para tratamento de saúde; §1º. A licença para tratamento de saúde do Magis-
II - Por motivo de doença em pessoa da família; trado por tempo superior a sessenta (60) dias, assim
III - Para o serviço militar; entendida a prorrogação, depende de laudo expedido
IV - Para repouso à gestante; pela Junta Médica do Poder Judiciário.
V - Para frequência a curso ou seminário de aperfei- §2º. O Magistrado do sexo feminino terá direito a li-
çoamento e estudos, a critério do Tribunal Pleno, pelo cença especial para gestante, na forma da Lei.
prazo máximo de dois anos; §3º. Tanto as licenças para tratamento de saúde, como
VI - Para prestação de serviço à Justiça Eleitoral; a de repouso à gestante, serão concedidas com venci-
V - Especial. mentos integrais.

32
Art. 281 - O Magistrado, após dois (2) anos de efetivo CAPÍTULO VIII
exercício, poderá obter licença, sem vencimentos, para Da Vacância
tratar de interesses particulares. SEÇÃO I
Parágrafo único - A licença para tratar de interesses Das Disposições Gerais
particulares, não poderá ultrapassar de vinte e quatro
(24) meses, nem ser renovada antes de decorridos dois Art. 289 - A vacância na Magistratura decorre de:
anos de seu término. a) promoção;
Art. 282 - As licenças para tratamento de saúde serão b) remoção;
concedidas: c) acesso;
a) pelo Tribunal de Justiça, ao seu Presidente; d) disponibilidade;
b) pelo Presidente do Tribunal de Justiça aos demais e) aposentadoria;
Desembargadores e Magistrados. f) exoneração;
g) demissão;
SEÇÃO III h) falecimento.
Da Licença por Motivo de Doença em Pessoa da §1º. Observar-se-á, nos casos de vacância, o disposto
Família nos artigos 93, VIII e 95, I e II da Constituição da Re-
pública, e 64, VIII e 65, I e II da Constituição Estadual.
Art. 283 - O Magistrado poderá obter licença por mo-
§2º. A vacância nos casos de promoção, remoção e
tivo de doença em pessoa de ascendente e descenden-
acesso observará o disposto nas Subseções X a XVI, da
te, cônjuge ou companheira, irmão ou dependente, na
Seção I, do Capítulo II, deste Título.
forma da Lei, provando ser indispensável sua assistên-
cia ao enfermo.
SEÇÃO II
Parágrafo único - O Presidente do Tribunal de Justiça
Da Disponibilidade
fará expedir o ato concessivo à vista do laudo de exa-
me médico e das informações prestadas pelo Juiz.
Art. 284 - A licença por motivo de doença em pessoa Art. 290 - O Magistrado em disponibilidade será clas-
da família será concedida com vencimentos integrais até sificado em quadro especial, provendo-se imediata-
dois anos. Depois desse prazo não será pago vencimento. mente a vaga que ocorrer.
Art. 291 - A disponibilidade, em caso de mudança da
SEÇÃO IV sede do Juízo, por não haver o Juiz aceito remoção
Da Licença à Gestante para a mesma Comarca ou outra de igual entrância,
outorga ao Magistrado a percepção de vencimentos
Art. 285 - A licença para repouso à Magistrada ges- integrais e contagem do tempo de serviço como se es-
tante será concedido, pelo prazo de cento e vinte (120) tivesse em exercício, e será declarada por ato do Pre-
dias. sidente do Tribunal, independentemente de manifes-
tação do Colegiado, assegurado o seu aproveitamento
SEÇÃO V na forma do §3o do Art. 225 deste Código.
Da Licença Especial Parágrafo único - Se o Magistrado, dentro de trinta
(30) dias, contados da data da publicação do ato de
Art. 286 - Após cada quinquênio ininterrupto de exer- mudança, não usar da faculdade de requerer remo-
cício, o Magistrado fará jus a três (03) meses de licença ção, será posto, de ofício, na disponibilidade de que
especial, com a remuneração do cargo efetivo, na for- trata este artigo.
ma do disposto no Estatuto dos Funcionários Civis do Art. 292 - O Tribunal de Justiça poderá determinar, por
Estado do Amazonas. motivo de interesse público e pelo voto de dois terços
de seus membros efetivos, a disponibilidade de mem- LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL E DO PODER JUDICIÁRIO
SEÇÃO VI bro do próprio Tribunal ou de Juiz de primeiro Grau,
Das Outras Licenças com vencimentos proporcionais ao tempo de serviço.
§1º. O quorum de dois terços de membros efetivos do
Art. 287 - O Tribunal de Justiça poderá conceder ao Tribunal será apurado em relação ao número de De-
Magistrado, com mais de dois (02) anos de exercício, sembargadores em condições legais de votar, como tal
licença por tempo não superior a 24 meses para afas- se considerando os não atingidos por impedimentos
tar-se da função, para frequentar, fora do Estado, cur- ou suspeição e os não licenciados por motivo de saúde;
sos de aperfeiçoamento jurídico sem prejuízo de seus §2º. A proporcionalidade dos vencimentos, com base
vencimentos. no tempo de serviço, obedecerá sempre aos seguintes
Art. 288 - O Magistrado poderá afastar-se do serviço percentuais:
por oito (08) dias, em decorrência de casamento, por I - Até 10 anos de tempo de serviço, 50% (cinquenta
luto em virtude de falecimento do cônjuge, ascenden- por cento);
te, descendente e companheira. II - De 10 a 15 anos de tempo de serviço, 60% (sessen-
Parágrafo único - O Magistrado, ao afastar-se em ta por cento);
qualquer das hipóteses deste artigo, comunicará ao III - De 15 a 20 anos de tempo de serviço, 70% (setenta
Presidente do Tribunal de Justiça a data do afasta- por cento);
mento, o tempo de sua duração e o fim para o qual IV - De 20 a 25 anos de tempo de serviço, 80% (oitenta
se afastou. por cento);

33
V - De mais de 25 anos de tempo de serviço, 90% I - O processo terá início a requerimento do Magistra-
(noventa por cento). do, por ordem do Presidente do Tribunal, de ofício ou
Art. 293 - O Magistrado em disponibilidade continua- em cumprimento de deliberação do plenário ou, ain-
rá sujeito às vedações constitucionais. da, por provocação da Corregedoria Geral de Justiça;
Art. 294 - Decretada a disponibilidade, por motivo de II - Tratando-se de incapacidade mental, o Presidente
interesse público, o Presidente do Tribunal de Justiça do Tribunal nomeará curador ao paciente, sem preju-
formalizará o ato de declaração da disponibilidade. ízo da defesa que este queira oferecer pessoalmente,
ou por procurador que constituir;
SEÇÃO III III - O paciente deverá ser afastado, desde logo, do
Da Aposentadoria exercício do cargo, até final decisão, devendo ficar
SUBSEÇÃO I concluído o processo no prazo de sessenta (60) dias;
Disposições Gerais IV - A recusa do paciente em submeter-se à perícia
médica permitirá o julgamento baseado em quaisquer
Art. 295 - Com proventos integrais, a aposentadoria outras provas;
dos Magistrados vitalícios será compulsória aos 70 (se- V - O Magistrado que, por dois (02) anos consecutivos,
tenta) anos de idade, ou por invalidez comprovada, e afastar-se, ao todo, por 06 (seis) meses, ou mais, para
facultativa aos 30 (trinta) anos de serviço, após cinco tratamento de saúde, deverá submeter-se, ao requerer
(05) anos de exercício efetivo na judicatura. nova licença para igual fim, dentro de dois (02) anos,
Art. 296 - Para efeito de aposentadoria, será compu- a exame para verificação de invalidez;
tado integralmente o tempo de serviço de qualquer VI - Se o Tribunal concluir pela incapacidade do Ma-
natureza em cargo ou em função federal, estadual e gistrado, comunicará imediatamente a decisão ao
municipal, bem assim o prestado a entidades autár- Presidente, para os devidos fins.
quicas, empresas ou instituições que tenham passado Art. 301 - Ao Magistrado, cujo estado de saúde não
responsabilidade do Estado, empresas públicas e pri- lhe permitir o exercício do cargo sem agravação do
vadas e sociedade de economia mista. seu mal, perigo de contaminação e prejuízo do serviço,
Art. 297 - Ao advogado ou membro do Ministério Pú- por efeito de enfermidade incurável e outras moléstias
blico, nomeado Desembargador, é exigida para apo- que a Lei indicar, ou quando invalidado em consequ-
sentadoria voluntária, a efetividade mínima de cinco ência de acidente do trabalho, será concedida licença,
(05) anos, no Tribunal de Justiça. se a inspeção médica a que for submetido não concluir
Art. 298 - Os proventos da aposentadoria serão rea- pela necessidade imediata de aposentadoria.
justados na mesma proporção dos aumentos dos ven- §1º. Efetivar-se-á a aposentadoria, se dentro do prazo
cimentos concedidos, a qualquer título, aos Magistra- de dois (02) anos, não houver expectativa razoável de
dos em atividade. cura;
§2º. As inspeções de saúde serão feitas, obrigatoria-
mente, pela Junta Médica do Tribunal de Justiça.
SUBSEÇÃO II
§3º. Decretada a aposentadoria, o Magistrado conti-
Da Aposentadoria Compulsória
nuará a perceber, sem interrupção, como proventos
provisórios, a importância que percebia na atividade,
Art. 299 - A aposentadoria compulsória dos Magistra-
até que sejam fixados os proventos definitivos.
dos, aos setenta anos de idade, deverá ser declarada
pelo Tribunal de Justiça, à vista dos seus assentamen-
SEÇÃO IV
tos individuais, de ofício ou a requerimento do Procu-
Da Exoneração
rador Geral da Justiça, consoante o estabelecido no
Regimento Interno. Art. 302 - A exoneração do Magistrado dar-se-á a pe-
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL E DO PODER JUDICIÁRIO

§1º. À falta de requerimento do Procurador Geral de dido ou de ofício.


Justiça, até cinco (05) dias antes da data em que o Ma- Art. 303 - A exoneração de ofício dar-se-á:
gistrado deverá completá-la, o Presidente do Tribunal a) quando o Juiz Substituto de Carreira não tomar
baixará portaria para que se instaure o processo de posse ou não entrar no exercício do seu cargo;
ofício, fazendo-se a necessária comprovação da idade b) quando o Juiz Substituto de Carreira não satisfizer
por meio da certidão de nascimento ou prova equi- as condições necessárias à aquisição da vitaliciedade.
valente. Art. 304 - Na exoneração a pedido, o interessado se
§2º. É permitido ao interessado provar, através de do- dirigirá ao Tribunal de Justiça, através de requerimen-
cumentos, defeitos ou inexatidões nos assentamentos to devidamente formalizado e com firma reconhecida.
individuais. O Tribunal, depois de apreciada a solicitação, a enca-
minhará ao Presidente para expedição do respectivo
SUBSEÇÃO III ato.
Da Aposentadoria por Invalidez Parágrafo único - Ao Magistrado sujeito a processo ju-
dicial não será concedida exoneração enquanto não
Art. 300 - A aposentadoria compulsória dos Magistra- for julgado e, caso aplicada sanção que não importe
dos, por invalidez, observará o que preceitua o Regi- em demissão, enquanto não a houver cumprido.
mento Interno a respeito de verificação deste estado,
com a observância dos seguintes procedimentos:

34
SEÇÃO V §6º. O julgamento será realizado em sessão pública
Da Demissão do Tribunal, depois de relatório oral, e a decisão no
sentido da penalização do Magistrado só será tomada
Art. 305 - A pena de demissão será aplicada: pelo voto de dois terços dos membros do Colegiado,
I - Aos Magistrados, quando decretada a perda do car- em escrutínio reservado.
go, em ação penal por crime comum ou de respon- §7º. Da decisão publicar-se-á somente a conclusão.
sabilidade, ou em procedimento administrativo nas §8º. Se a decisão concluir pela perda do cargo, o Pre-
seguintes hipóteses: sidente do Tribunal providenciará a formalização do
a) exercício, ainda que em disponibilidade, de qual- ato.
quer outra função, salvo em cargo de magistério, pú-
blico ou particular; CAPÍTULO IX
b) recebimento, a qualquer título e sob qualquer pre- Das Incompatibilidades e Suspeições
texto, de custas ou participação nos processos sujeitos SEÇÃO I
a seu despacho e julgamento; Das Incompatibilidades
c) exercício de atividade político-partidária.
II - Aos Juízes nomeados, mediante concurso de provas Art. 307 - No Tribunal, não poderão ter assento na
e títulos, enquanto não adquirirem a vitaliciedade, em mesma Turma, Câmara ou grupo de Câmaras, cônju-
caso de falta grave, inclusive nas seguintes hipóteses: ge e parentes consanguíneos ou afins, em linha reta,
a) quando, manifestamente, negligenciar no cumpri- bem como em linha colateral, até o 3o grau.
mento dos deveres do cargo; Parágrafo único - Nas sessões do Tribunal Pleno, o
b) quando de procedimento incompatível com a digni- primeiro dos membros mutuamente impedidos que
dade, a honra e decoro de suas funções; votar, excluirá a participação do outro no julgamento.
c) quando de escassa ou insuficiente capacidade de Art. 308 - No mesmo juízo não podem servir, conjun-
trabalho, ou cujo procedimento funcional seja incom- tamente como Juiz de Direito ou Substituto, parentes
patível com o bom desempenho das atividades do Po- consanguíneos ou afins no grau indicado no artigo
der Judiciário. anterior.
Parágrafo único - O exercício do cargo de magistério, Art. 309 - São nulos os atos praticados pelo Juiz, de-
público ou particular, somente será permitido se hou- pois de se tornar incompatível.
ver compatibilidade de horário, vedado, em qualquer
hipótese, o desempenho de função administrativa ou SEÇÃO II
técnica de estabelecimento de ensino.
Das Suspeições
Art. 306 - O procedimento, para a decretação da per-
da do cargo, terá início por determinação do Tribu-
Art. 310 - O Juiz deve dar-se por suspeito e, se não o
nal de Justiça, de ofício, ou mediante representação
fizer, poderá como tal ser recusado por qualquer das
fundamentada do Poder Executivo ou Legislativo, do
partes, na forma da Lei.
Ministério Público ou do Conselho Federal ou Secional
Art. 311 - Também estará impedido de funcionar:
da Ordem dos Advogados do Brasil.
I - Se houver oficiado na causa como órgão do Mi-
§1º. Em qualquer hipótese, a instauração do processo
preceder-se-á da defesa prévia do Magistrado, no pra- nistério Público, advogado, árbitro ou perito, ou nessa
zo de quinze (15) dias, contados da entrega da cópia situação tiver parentes seus em grau proibido;
do teor da acusação e das provas existentes que lhe II - Se houver funcionado na causa como Juiz de outro
remeter o Presidente do Tribunal de Justiça, mediante grau, pronunciando-se, de fato ou de direito, sobre a
ofício, nas 48 (quarenta e oito) horas imediatamente mesma questão submetida à julgamento.
seguidas à apresentação da acusação. Art. 312 - Poderá o Juiz dar-se por suspeito se afirmar
§2º. Findo o prazo da defesa prévia, haja ou não sido a existência de motivo de natureza íntima que, em
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL E DO PODER JUDICIÁRIO
apresentada, o Presidente, no dia útil imediato, con- consequência, o iniba de julgar, quer com respeito à
vocará o Tribunal Pleno para que, em sessão, decida parte, quer ao seu procurador.
sobre a instauração do processo, e caso determinada
esta, no mesmo dia, distribuirá o feito e fará entregá- CAPÍTULO X
-lo ao Relator. Da Incapacidade Dos Magistrados
§3º. O Tribunal, na sessão que ordenar a instauração
do processo, bem assim, no seu decorrer, poderá afas- Art. 313 - O Magistrado vitalício não será afastado do
tar o Magistrado do exercício das suas funções, sem cargo senão mediante processo administrativo em que
prejuízo dos vencimentos e das vantagens, até decisão se lhe apure a incapacidade física ou moral.
final. Art. 314 - O procedimento para a verificação da inca-
§4º. As provas requeridas e deferidas, bem como as pacidade dos Magistrados será iniciado por determi-
que o Relator determinar de ofício, serão produzidas nação do Tribunal, de ofício, ou mediante representa-
no prazo de vinte (20) dias, cientes o Ministério Pú- ção fundamentada do Poder Executivo ou Legislativo,
blico, o Magistrado ou seu procurador, a fim de que do Ministério Público, ou do Conselho Seccional da
possam delas participar. Ordem dos Advogados do Brasil.
§5º. Finda a instrução, o Ministério Público e o Magis- §1º. A instrução do processo correrá perante o Conse-
trado, ou seu procurador, terão sucessivamente, vista lho da Magistratura, que concederá ao Magistrado o
dos autos por dez (10) dias para razões. prazo de quinze (15) dias para a defesa prévia e no-

35
meará, findo esse prazo, uma Junta Médica composta §2º. O Juiz não poderá ser removido ou promovido
de três (03) especialistas, consoante hipótese clínica, senão com seu assentimento manifestado na forma
a fim de proceder ao exame necessário, ordenando as da Lei, ressalvada a remoção compulsória.
diligências que julgar convenientes a completa eluci- §3º. Em caso de mudança da sede do Juízo, será facul-
dação do caso. tado ao Juiz remover-se para ela ou para Comarca de
§2º. Do prazo referido no parágrafo anterior, o pacien- igual entrância, ou obter a disponibilidade com venci-
te será intimado por ofício do Presidente, com a cópia mentos integrais.
da ordem inicial. §4º. Os vencimentos dos Magistrados são irredutíveis,
§3º. Tratando-se de incapacidade mental, o Presidente sujeitos, entretanto, aos impostos gerais, inclusive o de
nomeará, desde logo, um curador idôneo, que assista renda e aos impostos extraordinários.
ou represente o paciente em todos os termos do pro- Art. 322 - No caso de prisão em flagrante de qualquer
cesso. autoridade judiciária, os autos respectivos deverão
§4º. Quando se tratar de incapacidade mental, po- ser encaminhados, dentro de quarenta e oito (48) ho-
derão os interessados requerer audiência do médico ras, ao Presidente do Tribunal de Justiça, que poderá
assistente do paciente, se ele não houver funcionado proceder na forma prevista no Art. 310 do Código de
como perito. Processo Penal, ouvido em vinte quatro (24) horas, o
Art. 315 - Se o paciente estiver fora da Capital, os exa- Procurador Geral;
mes e diligências serão deprecados à autoridade judi- §1º. A autoridade judiciária que for detida em flagran-
ciária local competente. te de crime inafiançável ficará, desde o momento da
Art. 316 - Aos exames e outras diligências assistirão o detenção, sob custódia do Presidente do Tribunal de
Procurador Geral da Justiça, o paciente e o Curador, Justiça.
que poderão requerer o que for a bem da justiça. §2º. Se forem necessárias investigações ou diligências
Parágrafo único - Em casos extraordinários, poderá o complementares, o Conselho da Magistratura provi-
Procurador Geral delegar a Procurador de Justiça as denciar a respeito.
funções que lhe competem. §3º. Os Juízes Substitutos de Carreira gozarão das
Art. 317 - Não comparecendo ou recusando o pacien- mesmas garantias e prerrogativas estabelecidas neste
te a submeter-se ao exame ordenado, será marcado artigo, ressalvadas as restrições constitucionais e as
novo dia. Se o fato se repetir, o julgamento basear-se- exceções previstas neste Código.
-á em qualquer outra prova legal.
Art. 318 - Instruído o procedimento, poderá o pacien- SEÇÃO II
te, ou seu Curador apresentar alegações no prazo de
Das Prerrogativas
dez (10) dias. Ouvido a seguir o Procurador Geral, se-
rão os autos distribuídos e julgados em sessão pública
Art. 323 - São prerrogativas do Magistrado:
do Tribunal de Justiça.
I - Não ser preso senão por ordem escrita do Tribunal
§1º. A decisão será adotada pelo voto de dois terços
ou órgão especial competente para o julgamento, sal-
dos membros efetivos do Tribunal, cabendo ao Presi-
vo em flagrante de crime inafiançável, caso em que a
dente o direito de voto.
autoridade, sob pena de responsabilidade, fará ime-
§2º. Concluindo o Tribunal pela incapacidade do Ma-
gistrado, o Presidente expedirá, no prazo de trinta (30) diata comunicação e apresentação do Magistrado ao
dias, o ato de aposentadoria. Presidente do referido Tribunal, a quem remeterá os
Art. 319 - Verificando-se, no curso do processo, que o autos.
Magistrado se acha incurso em alguma disposição de II - Ser recolhido a prisão especial, ou a sala especial
Lei penal, determinará o acórdão a remessa de cópias de Estado Maior, por ordem e à disposição do Tribu-
das peças necessárias ao Procurador Geral da Justiça. nal ou do órgão especial competente, quando sujeito
Art. 320 - Correrão por conta do Estado todas as des- a prisão antes do julgamento final.
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL E DO PODER JUDICIÁRIO

pesas do processo, salvo as das diligências requeridas III - Ser ouvido como testemunha em dia, hora e local
pelo paciente, se a decisão lhe for desfavorável. previamente ajustados com a autoridade ou Juiz de
instância igual ou inferior.
CAPÍTULO XI IV - Não estar sujeito a notificação ou a intimação,
Das Garantias e Prerrogativas salvo se expedida por autoridade judiciária competen-
SEÇÃO I te.
Das Garantias V - Usar carteira funcional expedida pelo Tribunal de
Justiça, com força de documento legal de identidade e
Art. 321 - Os Magistrados gozam das garantias de vi- de autorização para porte de arma de defesa pessoal.
taliciedade, inamovibilidade e irredutibilidade de ven- VI - Portar arma de defesa pessoal.
cimentos, salvo as restrições expressas na Constituição Parágrafo único - Quando, no curso da investigação,
Federal e Estadual. houver indício da prática de crime por parte do Ma-
§1º. São vitalícios: gistrado, a autoridade policial, civil ou militar, remete-
a) a partir da posse, os Desembargadores nomeados rá os respectivos autos ao Tribunal ou órgão especial
pelo quinto constitucional; competente, a fim de que prossiga a investigação.
b) após dois (02) anos de exercício, os Juízes nomea- Art. 324 - Os membros do Tribunal de Justiça têm o tí-
dos em virtude de aprovação em concurso público de tulo de Desembargador, sendo o de Juiz, privativo dos
provas e títulos. integrantes da Magistratura de primeiro grau.

36
CAPÍTULO XII SEÇÃO III
Dos Deveres, Responsabilidades e Proibições Das Proibições
SEÇÃO I
Dos Deveres Art. 328 - É vedado aos Juízes e Tribunais:
a) advogar processo ou causa pendente de outra au-
Art. 325 - São deveres do Magistrado: toridade, cabendo-lhes, entretanto, suscitar conflito de
I - Praticar os atos de ofício, cumprir e fazer cumprir competência;
as disposições legais, com independência, serenidade b) abster-se de julgar a pretexto de lacuna ou obscu-
e exatidão; ridade da Lei, bem como de falta de provas, cumprin-
II - Não exceder, sem justo motivo, os prazos para de- do-lhes, quando autorizados a decidir por equidade,
cidir ou despachar; aplicar a norma que estabeleceriam se fossem legis-
III - Determinar as providências necessárias para que ladores;
os atos processuais se realizem nos prazos legais; c) advogar, aconselhar as partes ou dar-lhes parecer,
IV - Tratar as partes com urbanidade, os membros do mesmo quanto aos Juízes, nas causas em que forem
Ministério Público, os advogados, as testemunhas, os suspeitos, ainda que se achem licenciados;
funcionários e auxiliares da Justiça, e atender aos que d) recusar fé aos documentos públicos de natureza
o procurarem, a qualquer momento, quando se tra- legislativa, executiva ou judiciária, da União, dos Es-
tar de providência que reclame e possibilite solução tados, dos Municípios, de entidades autárquicas ou
de urgência; empresas públicas;
V - Residir na sede da Comarca; e) interferir em questões submetidas a outros tribunais
VI - Comparecer pontualmente a hora de iniciar-se o ou Juízes, bem como alterar, anular ou suspender sen-
expediente ou sessão e não se ausentar injustificada- tenças com ordens deles emanadas;
mente antes do seu término; f) delegar a própria jurisdição, salvo nos casos previs-
VII - Exercer permanente fiscalização sobre os servi- tos em Lei;
dores subordinados especialmente no que se refere à g) exercer o comércio ou participar de sociedade co-
cobrança de custas, emolumentos e despesas proces- mercial, inclusive de economia mista, exceto como
suais, mesmo que não haja reclamação dos interes- acionista;
sados; h) exercer cargo de direção ou técnico de sociedade
VIII - Manter conduta irrepreensível na vida pública e civil, associação ou fundação, de qualquer natureza
particular; ou finalidade, salvo de associação de classe de Magis-
IX - Zelar pelo prestígio da Justiça e pela dignidade de trados e sem remuneração.
sua função; Art. 329 - Ao Magistrado também é vedado, sob pena
X - Não manifestar opinião, por qualquer meio de co- de perda do cargo judiciário:
municação, sobre processo pendente de julgamento, a) Exercer, ainda que em disponibilidade, qualquer
seu ou de outrem, ou juízo depreciativo sobre despa- outra função pública, salvo um cargo de magistério,
chos, votos ou decisões de órgãos judiciais, ressalvada público ou particular, vedado, em qualquer hipótese,
a crítica nos autos e em obras técnicas ou no exercício o desempenho de função administrativa ou técnica de
do magistério. estabelecimento de ensino;
Art. 326 - Os Magistrados usarão vestes talares duran- b) Receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou
te os julgamentos do Tribunal de Justiça, no Tribunal participação em processo;
do Júri e nas audiências cíveis e criminais. c) exercer atividade político-partidária.

SEÇÃO II CAPÍTULO XIII


Das Responsabilidades Da Disciplina dos Magistrados LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL E DO PODER JUDICIÁRIO
SEÇÃO I
Art. 327 - O Magistrado responderá por perdas e da- Das Disposições Gerais
nos quando:
I - No exercício de suas funções, proceder com dolo Art. 330 - A administração e a disciplina no Judiciário
ou fraude; são exercidas pelos seus vários órgãos competentes,
II - Recusar, omitir ou retardar, sem justo motivo, pro- na forma das leis e deste Código.
vidência que deva ordenar de ofício, ou a requerimen- Parágrafo único - Os órgãos judiciários, quando for o
to das partes. caso, representarão ao Conselho da Magistratura, ao
Parágrafo único - Reputar-se-ão verificadas as hipóte- Ministério Público, à Defensoria Pública e à Ordem
ses previstas no inciso II, somente depois que a parte, dos Advogados do Brasil.
por intermédio do Diretor de Secretaria ou Escrivão, Art. 331 - A atividade censória do Tribunal de Justi-
requerer, por escrito, ao Magistrado que determine a ça e do Conselho da Magistratura é exercida com o
providência, e este não lhe atender o pedido dentro de resguardo devido à dignidade e à independência do
10 (dez) dias. Magistrado, a este sempre assegurada ampla defesa.
Art. 332 - O Magistrado não poderá ser punido ou pre-
judicado apenas por suas opiniões que manifestar ou
pelo teor das decisões que proferir em sentença.

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SEÇÃO II III - O Conselho da Magistratura, aos Juízes de Direito
Das Sanções Disciplinares e sua Aplicação e Juízes Substitutos de Carreira, no caso da alínea “e”
do artigo 40 deste Código;
Art. 333 - As sanções aplicáveis aos Magistrados são IV - Os Juízes de Direito e Juízes Substitutos de Carrei-
as seguintes: ra, em suas Comarcas, aos servidores de justiça, ser-
I - Advertência; ventuários de Justiça e Juízes de Paz.
II - Censura; V - A Corregedoria Geral, nos casos previstos neste
III - Remoção compulsória; Código.
IV - Disponibilidade com proventos proporcionais ao Art. 341 - A imposição de sanção disciplinar nos ca-
tempo de serviço; sos dos incisos I, letras “a”, “b” e “c” e II, letras “a”, “b”
V - Aposentadoria com proventos proporcionais ao e “c” do artigo 303, será sempre fundamentada, dela
tempo de serviço; cabendo recurso voluntário, no prazo de 10 (dez) dias,
VI - Demissão. para o Tribunal Pleno, se imposta pelo Presidente ou
Parágrafo único - As sanções de advertência e de cen- pelo Conselho da Magistratura.
sura somente são aplicadas aosJuízes da primeira ins- Parágrafo único - O Presidente do Tribunal conhecerá
tância. do recurso interposto, no mesmo prazo deste artigo,
Art. 334 - A advertência aplicar-se-á, reservadamente, das sanções impostas pelo Juiz de Direito ou Substitu-
por escrito, no caso de negligência no cumprimento to de Carreira, cabendo ao Tribunal Pleno apreciar o
dos deveres do cargo. recurso interposto, no mesmo prazo, contra a imposi-
Art. 335 - A sanção disciplinar de censura será aplica- ção de sanção por parte do Corregedor Geral.
da, reservadamente, por escrito, no caso de reiterada
negligência no cumprimento dos deveres do cargo, ou SEÇÃO III
no de procedimento incorreto, se a infração não justi- Disposições Gerais da Ação Disciplinar
ficar punição mais grave.
Art. 336 - O Tribunal de Justiça poderá determinar, por Art. 342 - O Conselho da Magistratura, sempre que ti-
motivo de interesse público, em sessão pública e pelo ver conhecimento de irregularidades ou faltas funcio-
voto de dois terços de seus membros efetivos:
nais praticadas por Magistrados, tomará as medidas
I - a remoção compulsória de Juiz de instância inferior;
necessárias a sua apuração.
II - a disponibilidade de membro do próprio Tribunal
Art. 343 - No caso dos incisos I e II do artigo 303,
ou de Juiz de instância inferior, com vencimentos pro-
quando confessada, documentalmente provada, ou
porcionais ao tempo de serviço.
manifestamente evidente a falta, a penalidade poderá
§1º. Na determinação do quorum de decisão aplicar-
ser aplicada após sindicância, assegurada ao acusado
-se-á o disposto no §2º, do artigo 214 deste Código.
ampla defesa.
§2º. Obrigatoriamente incorrerá em sanção punível
Art. 344 - A sindicância também terá lugar, como pre-
com o que preceitua o inciso I, deste artigo, o Magis-
trado que se manifestar ou tomar posição político- liminar do processo disciplinar, nos casos dos incisos I
-partidário na Comarca de atuação. e II do artigo 303 deste Código.
Art. 337 - O procedimento para a decretação da re- Parágrafo único - A sindicância será realizada pela
moção, ou disponibilidade de Magistrado, obedecerá Corregedoria Geral.
ao disposto na Subseção XV da Seção I do Capítulo II Art. 345 - O processo disciplinar terá lugar, obriga-
e na Seção II do Capítulo VIII deste Título. toriamente, quando a falta funcional ou disciplinar
Art. 338 - A demissão será aplicada: possa determinar a aplicação aos Magistrados de
I - Aos Magistrados vitalícios nos casos previstos no qualquer das penalidades previstas nos incisos I e II do
artigo 303, inciso I, letras “a”, “b” e “c”, deste Código. artigo 303 deste Código.
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL E DO PODER JUDICIÁRIO

II - Aos Juízes nomeados mediante concurso de provas §1º. Quando o indiciado for Juiz de 1a instância, o
e títulos, enquanto não adquirirem a vitaliciedade, em processo será realizado pela Corregedoria Geral;
caso de falta grave, inclusive nas hipóteses previstas §2º. Quando o indiciado for Desembargador, o pro-
nas alíneas “a”, “b” e “c” do item II do artigo 303. cesso será realizado pelo próprio Conselho da Magis-
Art. 339 - O Regimento Interno do Tribunal de Justiça tratura.
estabelecerá o procedimento para a apuração de fal- Art. 346 - O Corregedor Geral requisitará servidores
tas puníveis com advertência ou censura. de justiça para servir como secretário na tramitação
Art. 340 - São competentes para aplicação das san- do processo, podendo, se for necessário, tomar idênti-
ções disciplinares: ca providência em relação à sindicância.
I - O Tribunal de Justiça, ao seu Presidente, aos De- Art. 347 - Quando o fato contrário à disciplina consti-
sembargadores, ao Corregedor Geral, aos Juízes de tuir, em tese, violação à Lei penal, o procedimento dis-
Direito e Juízes Substitutos de Carreira no caso do in- ciplinar será enviado ao Ministério Público, podendo
ciso X e XI do artigo 31 deste Código, em virtude de o Juiz ser afastado preventivamente nos termos desta
processo judicial ou administrativo, conforme o caso; Lei.
II - O Presidente do Tribunal de Justiça, aos Juízes de Parágrafo único - Arquivado o expediente, ou julgada
Direito e Juízes Substitutos de Carreira nos casos do improcedente a acusação por não constituir infração
inciso XXII do artigo 70, inclusive quando do julga- penal, o fato será administrativo e disciplinarmente
mento de processos de sua competência; apreciado.

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Art. 348 - Qualquer pessoa ou autoridade poderá re- improrrogável de dez (10) dias, após a expedição da
clamar a apuração de responsabilidade de Magistra- portaria respectiva, com a designação da autoridade
do, mediante representação que não poderá ser ar- processante, e concluído dentro de sessenta (60) dias,
quivada de plano, salvo se manifestamente graciosa. a partir da citação do indiciado.
§1º. Quando não apresentada por autoridade, a re- §1º. Mediante requerimento motivado do Corregedor,
presentação deve ter a firma reconhecida. ou, eventualmente, de qualquer outra autoridade pro-
§2º. O representante será admitido a provar o alega- cessante, o prazo para conclusão do processo poderá
do. ser prorrogado por mais sessenta (60) dias;
§3º. Em caso de representação graciosa ou infundada, §2º. Somente em casos especiais, poderá ser autoriza-
não apresentada por autoridade, o Tribunal de Justiça da nova prorrogação.
ou o Conselho da Magistratura, antes de determinar Art. 352 - A instrução do procedimento guardará for-
arquivamento, mandará extrair cópias da represen- ma processual própria, resumidos, quanto possível, os
tação e do acórdão e enviará as peças ao Ministério termos lavrados pelo Secretário.
Público, para agir como de direito. Parágrafo único - A juntada de peças aos autos far-
§4º. Em caso de arquivamento, que deverá ser sempre -se-á na ordem cronológica de apresentação, as quais
fundamentado, o representante poderá obter certidão serão rubricadas, como as demais folhas que os cons-
da decisão que o Conselho da Magistratura ou o Tri- tituem.
bunal da Magistratura determinar; Art. 353 - Nos casos omissos, a juízo da autoridade
§5º. O andamento do expediente respectivo terá cará- processante, serão aplicáveis ao processo disciplinar as
ter reservado. regras do Código de Processo Penal.
Art. 349 - Na sindicância, como no processo adminis- Art. 354 - Autuada a portaria ou o ato ordenatório da
trativo, poderá ser arguida suspeição, que se regerá instauração do processo, com as peças que os acom-
pelas normas da legislação comum. panharem, serão designados dia e hora para a audi-
ência inicial, citado o indiciado e intimado o denun-
SEÇÃO IV ciamente, se for o caso, a pessoa ofendida, se houver,
Da Sindicância e as testemunhas.
§1º. A citação será feita, pessoalmente, com o prazo
Art. 350 - A sindicância será iniciada pelo encaminha- mínimo de vinte quatro (24) horas, sendo acompa-
mento da representação, ou mediante expedição de nhada de extrato da portaria ou ato ordenatório, de
portaria do Conselho da Magistratura à Corregedoria modo que permita ao citado conhecer o motivo do
Geral, devendo correr em segredo de justiça, pela se- processo.
guinte forma: §2º. Achando-se o indiciado ausente do lugar em que
I - O Corregedor Geral de Justiça ouvirá o indiciado e se realiza o processo, será ele citado pelo meio mais
a seguir, assinar-lhe-á o prazo de cinco (05) dias para rápido, juntando-se aos autos o comprovante da ci-
produzir justificação ou defesa, podendo apresentar tação.
provas, arrolar testemunhas e juntar documentos; §3º. Não sendo encontrado o indiciado, ou ignorando-
II - Colhidas as provas que entender necessárias, no -se o seu paradeiro, a citação farse- á por edital, com
prazo de cinco (05) dias, o Corregedor Geral, no prazo o prazo de quinze (15) dias, publicado por três vezes
de dez (10) dias, submeterá o relatório da sindicância seguidas, no Diário da Justiça.
ao Conselho da Magistratura, que dentro de dez (10) §4º. O prazo, a que se refere o parágrafo anterior, será
dias, prorrogáveis por igual prazo, proferirá o julga- contado da primeira publicação, certificando o secre-
mento; tário, no processo, as datas em que as publicações fo-
III - Quando se tratar de falta punível com as sanções ram feitas.
da alínea “e” do artigo 40, o Conselho da Magistratura §5º. O indiciado, depois de citado, não poderá, sob LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL E DO PODER JUDICIÁRIO
decidirá desde logo sobre a punição ou devolverá o pena de prosseguir o processo à revelia, mudar de re-
expediente, para esse fim, ao órgão competente. sidência ou dela ausentar-se por mais de dez (10) dias,
§1º. A sindicância contra Desembargador será regula- sem comunicar à autoridade processante o lugar onde
da no Regimento Interno do Tribunal de Justiça. poderá ser encontrado.
§2º. A sindicância não deverá ultrapassar o prazo de Art. 355 - Feita a citação, sem que compareça o in-
trinta (30) dias. diciado, prosseguir-se-á no processo, à sua revelia,
§3º. Aplicam-se à sindicância as normas do processo dando-se-lhe defensor.
administrativo que não forem incompatíveis com esse §1º. O indiciado tem o direito de, pessoalmente ou por
procedimento. intermédio de advogado, assistir aos atos probatórios
que se realizarem perante a autoridade processante,
SEÇÃO V requerendo o que julgar conveniente à sua defesa;
Do Processo Disciplinar §2º. A autoridade processante, com a ciência do in-
SUBSEÇÃO I diciado, poderá indeferir requerimento evidentemente
Das Disposições Gerais protelatório, ou de nenhum interesse para o esclareci-
mento do fato.
Art. 351 - O processo disciplinar será instaurado por Art. 356 - No dia designado, serão ouvidos o represen-
determinação do Tribunal Pleno ou do Conselho da tante e a vítima, se existente, seguindo-se o interroga-
Magistratura, e deverá ser iniciado dentro do prazo tório do indiciado.

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§1º. A todo o tempo, novo interrogatório poderá ser §2º. É facultado à autoridade processante sugerir
efetuado. quaisquer outras providências que lhe parecerem ne-
§2º. É vedado ao defensor do indiciado interferir ou cessárias.
influir, de qualquer modo, no interrogatório. Art. 363 - Recebendo o processo, o Conselho da Magis-
Art. 357 - Em prosseguimento, serão inquiridas as tes- tratura proferirá julgamento, dentro do prazo de quin-
temunhas arroladas pela autoridade processante ou ze (15) dias, prorrogável por igual período.
pelo representante, podendo a defesa requerer per- §1º. O Conselho poderá determinar a realização de
guntas. diligências, a serem cumpridas pela autoridade pro-
§1º. A testemunha não poderá eximir-se da obrigação cessante, dentro do prazo mencionado neste artigo.
de depor, salvo o caso de proibição legal, nos termos §2º. Quando a imposição da penalidade escapar à sua
do Art. 207 do Código de Processo Penal, ou quan- alçada, o Conselho encaminhará o processo a quem
do se tratar das pessoas mencionadas no Art. 216 do de direito.
mesmo Diploma Legal. §3º. O Tribunal Pleno, à vista do processo adminis-
§2º. Se arrolados como testemunhas, o Chefe do Poder trativo revelador de fato que, se apurado em processo
Executivo, os Secretários de Estado, os Magistrado, os judicial, autorizaria a condenação do Magistrado à
Deputados, os Prefeitos ou pessoas indicadas no Art. perda do cargo, abrirá vista dos autos ao Procurador
221 do Código de Processo Penal, serão eles ouvidos
Geral da Justiça, para fins de direito.
no local, dia e hora previamente ajustados com a au-
Art. 364 - A autoridade que presidir ao julgamento
toridade processante.
promoverá a expedição dos atos decorrentes da deci-
§3º. Aos respectivos chefes serão requisitados os ser-
vidores públicos civis ou militares arrolados como tes- são e as providências necessárias a sua execução.
temunhas. §1º. Deverão constar do assentamento individual dos
§4º. Tratando-se de militar, o seu comparecimento Juízes as sanções que lhes forem impostas, vedada a
será requisitado ao respectivo comando, com as indi- sua publicação nos casos previstos nos números I e II
cações necessárias. do artigo 303, deste Código, de cuja decisão publicar-
§5º. As testemunhas residentes em outras localidades -se-á somente a conclusão.
poderão ser ouvidas em seus domicílios, por autorida- §2º. Ressalvado o disposto no parágrafo anterior, as
de judiciária, mediante delegação, se assim for enten- decisões serão publicadas no Diário da Justiça, dentro
dido conveniente. do prazo de oito (08) dias, delas cabendo recurso, no
Art. 358 - O indiciado, dentro do prazo de cinco (05) prazo de dez (10) dias.
dias, após o interrogatório, poderá produzir prova do-
cumental, requerer diligência e arrolar testemunhas, SUBSEÇÃO II
até o máximo de oito (08), as quais serão notificadas. Do Processo por Abandono de Cargo
§1º. Havendo mais de um indiciado no processo, o nú-
mero de testemunhas de cada um não excederá de Art. 365 - No caso de abandono de cargo, instaurado
cinco (05). o processo e feita a citação na forma do §1º do artigo
§2º. Se as testemunhas de defesa não forem encontra- 352, serão tomadas as declarações do indiciado, mar-
das, e o indiciado, dentro de três (03) dias, não indicar cando-se-lhe, após, o prazo de cinco (05) dias para a
outras, em substituição, prosseguir-se-á nos demais produção de provas em sua defesa.
termos do processo. §1º. Observar-se-á, no que couber, o disposto nos §§2o
Art. 359 - Durante o processo, poderá a autoridade e 3o do artigo 352 deste Código.
processante ordenar toda e qualquer diligência que §2º. No caso de revelia, serão aplicadas as disposições
seja requerida ou se afigure necessária ao esclareci- do artigo 353 e seus §§1º e 2º.
mento do fato.
Parágrafo único - No caso em que se faça mister o
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL E DO PODER JUDICIÁRIO

SUBSEÇÃO III
concurso de técnicos ou peritos oficiais, a autoridade
Do Processo por Acumulação Proibida
processante os requisitará a quem de direito.
Art. 360 - É permitido à autoridade processante tomar
conhecimento de arguições novas que surgirem contra Art. 366 - No caso de acumulação não permitida (Art.
o indiciado, caso em que este poderá produzir outras 95, Parágrafo único, inciso I, da Constituição Federal),
provas em sua defesa. instaurado o processo, proceder-se-á na forma do Art.
Art. 361 - O extrato da ficha funcional do indicia do 352 e seus parágrafos, deste Código.
constará sempre dos autos do processo. Art. 367 - Verificada a acumulação proibida, e prova-
Art. 362 - Encerrada a instrução, o indiciado, dentro da a boa fé, o Juiz poderá optar por um dos cargos.
de dois (02) dias, terá vista dos autos, em mãos do §1º. Provada a má fé, será o Juiz não vitalício demitido
Secretário, para apresentar razões, no prazo de cinco de todos os cargos e funções, devolvendo o que indevi-
(05) dias. damente houver recebido.
§1º. No relatório, a ser apresentado no prazo de oito §2º. Em se tratando de Juiz vitalício, proceder-se-á na
(08) dias, a autoridade processante apreciará as irre- forma do artigo 352 deste Código.
gularidades, as faltas funcionais imputadas ao indi-
ciado, as provas colhidas e as razões de defesa pro-
pondo a absolvição ou a punição, e indicando, neste
caso, a sanção a ser aplicada.

40
SUBSEÇÃO IV Art. 379 - Julgada procedente a revisão, a autoridade
Dos Recursos revisora cancelará ou modificará a penalidade impos-
ta se não for o caso de anular o processo.
Art. 368 - Da aplicação de sanção disciplinar caberá §1º. Aplica-se a reintegração do Magistrado, se a pena
recurso, sem efeito suspensivo, à autoridade imediata- foi a de demissão.
mente superior a que impôs a sanção. §2º. Nos demais casos de procedência da revisão, o
Art. 369 - O prazo de interposição do recurso é de dez requerente será indenizado dos danos funcionais que
(10) dias, a contar da data em, que o interessado tiver tenha sofrido, com o ressarcimento de outros prejuízos
conhecimento da imposição da penalidade disciplinar. que forem apurados.
Art. 370 - O recurso será interposto mediante petição
fundamentada dirigida à autoridade julgadora que, se CAPÍTULO XIV
mantiver a decisão, encaminha-lo-á ao órgão julga- Do Direito de Petição
dor de segundo grau, onde a decisão final será profe-
rida no prazo de trinta (30) dias. Art. 380 - É assegurado ao Magistrado requerer, re-
Art. 371 - Quando a sanção disciplinar for aplicada presentar, reclamar e recorrer, desde que se dirija em
pelo Tribunal Pleno, o interessado poderá pedir recon- termos à autoridade competente.
sideração, dentro de dez (10) dias. Parágrafo único - Sempre que esse direito for exercido
Art. 372 - Da deliberação do Conselho da Magistra- fora do Judiciário, o autor enviará cópia de sua petição
tura, que concluir pela demissão do Juiz não vitalício, ao Conselho da Magistratura.
caberá recurso para o Tribunal Pleno dentro do prazo
de dez (10) dias. CAPÍTULO XV
Dos Recursos dos Atos Administrativos
SEÇÃO VI
Da Revisão do Processo Disciplinar Art. 381 - Cabe recurso de reconsideração:
I - Ao Tribunal Pleno:
Art. 373 - A revisão do processo findo será admitida a) da classificação de candidatos aprovados no con-
até seis (06) meses após a punição do Magistrado: curso de ingresso na Magistratura;
I - Quando a decisão for contrária ao texto expresso da b) da declaração de incapacidade do Magistrado;
Lei ou à evidência dos autos; c) da decisão sobre remoção compulsória de Magis-
trado.
II - Quando a decisão se fundar em depoimento, exa-
II - Ao Presidente do Tribunal de Justiça, do indefe-
mes ou documentos falsos ou viciados;
rimento de licença para tratamento de saúde ou por
III - Quando, após a decisão, se descobrirem novas
motivo de doença em pessoa da família, quando de
provas de inocência do interessado, ou de circunstân-
sua alçada.
cias que autorizem diminuição de penalidades disci-
Art. 382 - O recurso previsto no artigo anterior não
plinares.
tem efeito suspensivo e, salvo disposições em contrá-
Parágrafo único - Os pedidos que não se fundarem
rio, será interposto no prazo de dez (10) dias, contados
nos casos enumerados neste artigo serão indeferidos
da ciência da decisão pelo interessado ou da publica-
liminarmente. ção do ato administrativo no Diário da Justiça.
Art. 374 - Da revisão não poderá resultar agravação Art. 383 - Para o Tribunal Pleno, no prazo de trinta
de penalidade. (30) dias, da publicação no Diário da Justiça, caberá
Art. 375 - A revisão poderá ser pedida pelo próprio in- pedido de reexame da lista de antiguidade.
teressado ou seu procurador, e, quando falecido, pelo Art. 384 - Da decisão do Presidente do Tribunal de
cônjuge, descendente, ascendente ou irmão. Justiça, nos casos de concessão ou não de licenças e LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL E DO PODER JUDICIÁRIO
Parágrafo único - O requerimento será dirigido ao vantagens previstas em leis aos Magistrados, serven-
Conselho da Magistratura, que processará a revisão, tuários e servidores de justiça, e apreciação de justifi-
como dispuser o seu Regimento Interno. cativas de faltas, cabe recurso para o Tribunal Pleno,
Art. 376 - O requerimento será apenso ao processo, sem efeito suspensivo e no prazo de dez (10) dias, con-
marcando o Presidente o prazo de dez (10) dias para tados da ciência do ato.
que o requerente junte as provas documentais de suas Art. 385 - O direito de pleitear se exaure, na esfera ad-
alegações. ministrativa, com o provimento dos recursos previstos
Art. 377 - Concluída a instrução do processo, dar-se-á neste Código e a decisão das revisões.
vista dos autos ao requerente, em mãos do Secretário,
pelo prazo de dez (10) dias, para razões finais. TÍTULO III
Art. 378 - Decorrido o prazo a que se refere o Artigo Da Organização dos Serviços Auxiliares da Justiça
anterior, com as razões ou sem elas, o processo entrará CAPÍTULO I
em pauta do Conselho, para seu relatório e decisão ou Dos Serviços Auxiliares da Justiça de Segundo Grau
parecer, conforme o caso, dentro dos quinze (15) dias
seguintes. Art. 386 - O Tribunal de Justiça terá os seguintes ór-
Parágrafo único - Quando não for de sua alçada a gãos auxiliares:
penalidade aplicada, o Conselho remeterá o processo, I - Órgão de controle interno:
com seu parecer, à autoridade competente. Auditoria Administrativa de Controle Interno.

41
II - Órgão de direção e gerenciamento: c) há Defensor Público ou Promotor de Justiça, con-
a) Secretaria Geral do Tribunal de Justiça: soante relação trimestralmente fornecida pela Defen-
a.1. Secretaria do Tribunal Pleno soria Pública e Ministério Público respectivamente,
a.2. Secretaria das Câmaras Reunidas mediante solicitação.
a.3. Secretaria da Primeira Câmara Cível §1º. Constatada as circunstâncias apontadas nos inci-
a.4. Secretaria da Segunda Câmara Cível sos I, letras “a” e “b”, e II, letra “a”, o Serviço, através da
a.5. Secretaria da Primeira Câmara Criminal respectiva seção, procederá como de direito, fazendo
a.6. Secretaria da Segunda Câmara Criminal oportuna compensação.
a.7. Secretaria da Corregedoria Geral de Justiça §2º. Se ocorrer as hipóteses das letras “b” e “c”, do in-
a.8. Secretaria de Distribuição de Processos ciso II, a seção certificará a ocorrência, mediante apo-
a.9. Secretaria Administrativo-Financeira sição de um carimbo no dorso da primeira folha da
a.10. Secretaria Judiciária petição inicial, devendo o encarregado datar e assinar
a.11. Secretaria Judiciária de Adoção Internacional a certidão.
a.12. Secretaria e Distribuição do Segundo Grau Art. 392 - Compete ao Serviço de Distribuição:
Parágrafo único - O detalhamento da estrutura dos a) distribuir, em audiência pública, em dia e hora cer-
órgãos de que trata este artigo, bem como as suas ta, na presença do Diretor do Fórum, bem como de
atribuições e de seus dirigentes, será objeto do Regi- representante da OAB e Ministério Público, os feitos
mento Interno, aprovado por resolução do Tribunal judiciais entre os diversos Juízes da Capital, observan-
Pleno do-se o disposto no inciso I do artigo anterior.
b) mediante requerimento em formulário próprio,
CAPÍTULO II autenticado por banco oficial, expedir certidão única,
Dos Serviços Auxiliares da Justiça de Primeiro Grau negativa ou positiva, de processos distribuídos em an-
da Comarca de Manaus damento;
SEÇÃO I c) encaminhar, imediatamente, os feitos distribuídos
Disposições Gerais às Varas através das respectivas Secretarias;
d) dar baixa nos autos, encaminhados pelas Secreta-
Art. 387 - A Diretoria do Fórum da Justiça de Primeiro rias de Varas, ou Escrivanias, por força de despacho
Grau da Comarca de Manaus terá seus serviços auxi- judicial.
liares, de natureza administrativa e judicial, organi- Art. 393 - O Serviço de Distribuição não poderá reter
zados conforme dispuser este Código e Resolução do quaisquer processos e atos destinados à distribuição,
Tribunal Pleno.
tão logo seja procedida esta, em ordem rigorosamen-
Art. 388 - Os servidores da Diretoria do Fórum serão
te sucessiva, à proporção que lhe forem apresentados,
admitidos de conformidade com os preceitos da legis-
deverá encaminhar os processos ou papéis a quem es-
lação em vigor, e terão as atribuições que lhes forem
tejam dirigidos.
conferidas pelo respectivo Regulamento.
Art. 394 - Distribuir-se-ão por dependência os feitos
Art. 389 - Os serviços auxiliares judiciais da Justiça de
de qualquer natureza que se relacionarem com outros
Primeiro Grau da Comarca de Manaus compreendem:
já distribuídos e ajuizados.
a) Distribuição dos feitos judiciais;
b) Contadoria; Art. 395 - Os atos e processos que não estiverem su-
c) Partilhas e Leilões; e jeitos à distribuição serão, não obstante, prévia e obri-
d) Depósito Público de Bens Apreendidos. gatoriamente, registrados pelo distribuidor, em livros
SEÇÃO II especiais.
Do Serviço de Distribuição Art. 396 - O Serviço de Distribuição será informatiza-
Art. 390 - O Serviço de Distribuição do Forum Judicial do, mantendo banco de todos os dados dos processos,
da Comarca de Manaus terá três (03) Seções especia- para possibilitar a sua distribuição automática e a ex-
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL E DO PODER JUDICIÁRIO

lizadas: uma, para os feitos cíveis; uma, para os feitos pedição imediata de certidões negativas ou positivas.
de natureza penal; e uma, para as execuções fiscais e Art. 397 - Todos os processos findos serão, por despa-
ações delas decorrentes. cho judicial, objeto de baixa na Distribuição, antes de
Art. 391 - Além do disposto no artigo 254 do Código serem arquivados.
de Processo Civil, antes de proceder a distribuição dos Parágrafo único - Após o despacho judicial, o Servi-
feitos, o Serviço tomará as seguintes providências: ço de Distribuição procederá imediatamente a baixa,
I - Verificará, através de seus arquivos ou sistema certificando-a nos autos, devolvendo-os à Secretaria
computadorizado, da existência: da Vara de origem.
a) de prevenção; Art. 398 - As guias de recolhimento referentes ao
b) de dependência; percentual cabível à Associação dos Magistrados do
II - Verificará, mediante consulta aos seus arquivos, se: Amazonas, à Associação Amazonense do Ministério
a) há Juiz impedido ou suspeito consoante comunica- Público, ao Fundo Especial da Defensoria Pública, ao
ção deste, por ofício, e arquivado na distribuição. Fundo de Reaparelhamento do Poder Judiciário e às
b) o advogado está suspenso de suas atividades, con- custas processuais, desde que corretamente preenchi-
soante comunicação, por ofício, da Ordem dos Advo- das e autenticadas, poderão ser, desde logo, juntadas
gados do Brasil ou, se inscrito noutra Seção da OAB, à petição inicial e documentos que a instruem.
não anexou ele prova de haver participado sua advo- Parágrafo único - Salvo os casos de obtenção de gra-
cacia eventual à Secional local da mesma Instituição; tuidade de justiça, quando não juntada a guia de re-

42
colhimento aos autos, o Juiz determinará a intimação §3º. Os bens de que trata o parágrafo anterior serão
da parte autora para que efetive o recolhimento no vendidos em hasta pública, observadas as prescrições
prazo de trinta (30) dias, sob pena de cancelamento da Lei, e o produto das alienações será aplicado em
da distribuição. conta remunerada em banco oficial.
§4º. Os bens de que tratam os parágrafos anteriores,
SEÇÃO III enquanto permanecerem no depósito público, estarão
Do Serviço de Contadoria sujeitos ao pagamento de uma taxa prevista no Regi-
mento de Custas do Estado do Amazonas.
Art. 399 - Compete à Contadoria:
a) elaborar cálculos determinados pelo Juiz em pro- CAPÍTULO III
cessos em andamento ou em fase de liquidação de Das Secretarias das Varas da Justiça de Primeiro
sentença; Grau
b) proceder à contagem do principal e juros, nas ações SEÇÃO I
referentes a dívida de quantia certa e nos cálculos Da Implantação, Organização e Atribuições das Se-
aritméticos que se fizerem necessários, sobre quais- cretarias das Varas
quer direito ou obrigação;
c) cumprir qualquer outra determinação judicial. Art. 403 - À proporção que os atuais cargos de Escri-
vães foram vagando, serão transformados em Secre-
SEÇÃO IV tarias de Varas e serão preenchidos por Diretores de
Do Serviço de Partilhas e Leilões Secretarias de Varas (DSV), cargos estes de provimen-
to comissionado, a serem providos por portadores de
Art. 400 - O Serviço de Partilhas e Leilões tem a in- diploma de Bacharel em Direito.
cumbência de realizar as atividades de sua denomi- §1º. Fica vedado o acesso de Escrivães da Primeira En-
nação e terá duas (02) Seções Especializadas: Seção de trância à Segunda salvo aos portadores de diploma de
Partilhas e Seção de Leilões. Bacharel em Direito.
§2º. A implantação da estrutura de Secretaria de Vara
SEÇÃO V importará automaticamente na criação do cargo de
Do Serviço de Depósito Público de Bens Apreen- Diretor de Secretaria de Vara.
didos Art. 404 - Ao Diretor de Secretaria compete:
a) receber da Seção de Distribuição as petições iniciais,
Art. 401 - Incumbe ao Serviço de Depósito Público de inquéritos policiais e outras manifestações. Em segui-
Bens Apreendidos receber os bens apreendidos por da, procederá o registro (tombamento) e autuação,
determinação judicial, fornecendo recibo, em mo- colocando capa e anotando em ficha ou sistema com-
delo próprio, em quatro (4) vias, contendo os dados putadorizado os dados do novo processo; certificará o
do processo e identificação pormenorizada dos bens registro e a autuação e fará conclusão dos autos ao
apreendidos. A primeira via ficará arquivada no servi- Juiz da Vara;
ço, a segunda será destinada aos autos do processo, a b) proceder as anotações sobre o andamento dos fei-
terceira e quarta vias serão entregues respectivamente tos em fichas próprias ou mediante digitação em sis-
ao autor e réu da ação. tema de computação;
§1º. A Chefia do Serviço será exercida, em comissão, c) preparar o expediente para despachos e audiências;
por pessoas portadoras de diploma de Nível Superior, d) exibir os processos para consulta pelos advogados e
preferencialmente de Bacharéis em Direito. prestar informações sobre os feitos e seu andamento;
§2º. O Serviço deverá ter sob sua guarda direta e intei- e) expedir certidões extraídas de autos, livros, fichas e
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL E DO PODER JUDICIÁRIO
ra segurança os bens, zelando-os e comunicando, de demais papéis sob sua guarda;
imediato, ao Diretor do Fórum e ao Juiz ordenador da ªf) elaborar o Boletim contendo os despachos e de-
apreensão qualquer irregularidade para a adoção das mais atos judiciais para publicação oficial e intimação
providências cabíveis. das partes, encaminhando-o à Imprensa Oficial;
Art. 402 - As vendas dos bens entregues à guarda do g) elaborar editais para publicação oficial e em jornal
Serviço não podem ser efetuadas sem prévia autori- local;
zação judicial. h) expedir mandados, ofícios, cartas precatórias, car-
§1º. O Chefe do Serviço, quando se tratar de bem im- tas rogatórias e outros expedientes determinados pelo
prestável ou sem valor apreciável, dar-lhe-á o destino Juiz da Vara;
adequado, mediante autorização do Juiz do processo, i) realizar diligências determinadas pelo Juiz da Vara,
ou, se for o caso, pelo Diretor do Fórum. Diretor do Fórum ou Corregedor Geral de Justiça;
§2º. No caso de bens perecíveis, o Chefe do Serviço j) lavrar os termos de audiência em duas vias, jun-
comunicará essa circunstância ao Juiz do processo ou tando a via original ao Livro de Registro de Termos
ao Diretor do Fórum, quando for o caso, publicando- de Audiência, de folhas soltas, registrando-a mediante
-se edital, com prazo de trinta (30) dias, para conheci- anotação do número da folha e tomada da rubrica
mento dos interessados a fim de requererem o que for do Juiz da Vara. A 2ª via deverá ser junta aos autos
de sua conveniência. respectivos. Os termos de audiência deverão ser nu-
merados;

43
k) registrar as sentenças no Livro de Registro de Sen- VIII - Livro de entrega de Alvarás;
tenças. O registro será feito juntando a 2a via da sen- IX - Livro de Correições realizadas nas Varas, nele
tença ou sua fotocópia autenticada pelo Diretor da lavrando-se os termos de abertura, as ocorrências e
Secretaria da Vara, enumerando-se a folha e toman- provimentos baixados, bem como os termos de encer-
do-se a rubrica do Juiz; ramento;
l) encaminhar autos à Contadoria; X - Livro “Rol dos Culpados”;
m) quando determinado pelo Juiz, abrir vista dos XI - Livro de Registro de Armas, com espaço para ano-
autos aos advogados, aos Defensores Públicos e ao tação do destino final;
representante do Ministério Público, fazendo confe- XII - Livro de Atas do Tribunal do Júri;
rência das folhas, certificando essa circunstância nos XIII - Livro para Lavratura de Termos de Reclamação
autos e anotando na ficha respectiva. A entrega será Verbal e Providências adotadas pelo Juiz da Vara;
feita após a anotação respectiva na ficha do processo XIV - Livro de remessa de autos para a Contadoria.
e no Livro de Carga de Autos, tomando neste a assina- §1º. Além dos livros relacionados no ‘caput’, deste arti-
tura do recebedor. No processo, antes da entrega, será go outros livros previstos em Lei poderão ser adotados
certificada a intimação do destinatário, tomada sua pela Diretoria do Fórum mediante ato.
rubrica e lavrado o termo de vista dos autos; §2º. Os Livros serão abertos e encerrados mediante
n) certificar nos autos os atos praticados; termo com a data da abertura e do encerramento,
o) prestar ao Juiz informações por escrito nos autos; sendo que, no caso de livro de folhas soltas, assim ex-
p) quando na devolução dos autos à secretaria proce- presso no termo de abertura, a data de encerramento
der a conferência das folhas, certificando a devolução será a do último ato registrado. Os livros serão, tam-
e a conferência, mediante termo de data; bém, enumerados em ordem crescente e terão todas
q) remeter à Instância Superior, no prazo máximo de as suas folhas numeradas e rubricadas pelo Juiz de
dez (10) dias, contados do despacho de remessa, os Direito da Vara, constando da capa o fim a que se
processos em grau de recurso; destina e, da lombada, o número de ordem.
r) encaminhar os autos para baixa na distribuição e §3º. Quando do encerramento do expediente, os Livros
arquivo, quando determinado pelo Juiz; de “vista” de autos serão diariamente encerrados pelo
s) informar ao Juiz, por escrito, em formulário próprio, Diretor de Secretaria através da aposição de carimbo
sobre os autos cujo prazo de vista estejam excedidos, com o Termo de Encerramento, para fins de servir de
para a adoção das providências cabíveis; prova de contagem de prazo.
t) informar ao Juiz sobre autos irregularmente para- §4º.Os Livros poderão ser de folhas soltas, sem prejuí-
dos na Secretaria; zo das formalidades previstas no §2º deste artigo.
u) requisitar ao arquivo, quando determinado pelo Art. 407 - A Secretaria manterá um fichário onde será
Juiz, a apresentação de autos de processo; anotado o andamento dos processos, até que venha a
v) executar quaisquer atos determinados pelo Con- ser instituído sistema computadorizado para digitação
selho da Magistratura, Corregedor Geral, Diretor do e consulta dos dados armazenados.
Fórum ou Juiz da Vara; Art. 408 - A citação pelos correios, bem como as de-
w) verificar, salvo quando se tratar de advogado em mais correspondências oficiais expedidas pelas Se-
causa própria, ou quando haja protesto pela apresen- cretarias das Varas oficializadas, juntamente com os
tação da procuração no prazo legal, se a inicial vem recibos de postagem e/ou avisos de recebimento, se-
acompanhada de procuração assinada, e se os docu- rão entregues na Diretoria do Forum para selagem e
mentos apresentados em fotocópias estão autentica- remessa aos Correios.
dos.
Art. 405 - Todos os feitos distribuídos serão registrados SEÇÃO II
e autuados, inclusive os inquéritos policiais e outros Dos Auxiliares das Secretarias das Varas
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL E DO PODER JUDICIÁRIO

procedimentos de natureza criminal, mesmo quando


não haja chegado os autos do inquérito a Juízo. Art. 409 - Na Comarca de Manaus, além do Diretor,
Art. 406 - As Secretarias das Varas adotarão os se- cada Secretaria de Vara contará com, pelo menos, um
guintes livros, de acordo com a necessidade de seus Técnico Judiciário, dois Assistentes Técnicos Judiciários
serviços: e dois Atendentes Judiciários, todos do quadro perma-
I - Livro de Registro de Processos (Livro de Tombo), nente do Poder Judiciário, com as atribuições conso-
com espaço para anotar, quando for o caso, a baixa na antes desta seção e cujas carreiras são organizadas na
distribuição e o arquivamento dos autos; forma como dispuser o plano de cargos e salários dos
II - Livro de Registro de Termos de Audiências; funcionários do Poder Judiciário.
III - Livro de Registro de Sentenças; §1º. Será respeitado o Direito Adquirido dos atuais
IV - Livro de Carga de autos para Advogados, Defen- Escreventes Juramentados, cujos cargos, à proporção
sores Públicos e Promotores de Justiça, podendo ser que forem vagando, ficarão automaticamente extin-
desdobrado um para cada rol de profissionais; tos.
V - Livro de entrega de autos às Partes, sem traslado, §2º. Nas Comarcas do interior, além dos funcionários
nos casos em Lei permitidos; relacionados no ‘caput’ deste artigo, haverá, obrigato-
VI - Livro para devolução de Cartas Precatórias, com riamente, dois Oficiais de Justiça - Avaliadores.
espaço para anexação dos avisos de recepção; Art. 410 - Os cargos de Técnico Judiciário têm por fun-
VII - Livro de Entrega e Devolução de Mandados; ção as atividades judiciárias de assistência aos Juízes e

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ao Diretor de Secretaria, inclusive de substituição des- Marítimos, e um Oficial do Registro Civil das Pessoas
te último, em suas faltas e impedimentos, quando terá Jurídicas e Registro de Títulos e Documentos.
as mesmas atribuições daquele. Art. 415 - Nas Comarcas de Parintins, Itacoatiara,
Art. 411 - Os cargos de Assistentes Técnicos Judiciários Manacapuru, Maués, Coari, Tefé, Manicoré, Humaitá
tem por função o desempenho de atividades judiciá- e Tabatinga, haverá em cada uma três (03) Ofícios,
rias de nível médio de natureza processual judiciária que acumularão as atribuições de Registro de Imó-
e, eventualmente, administrativa. veis, Protestos de Letras, Tabelionatos, Registro Civil
Art. 412 - Os Atendentes Judiciários terão suas ati- das Pessoas Jurídicas e Naturais e Registro de Títulos
vidades relacionadas com o atendimento aos Juízes, e Documentos no Estado do Amazonas, exercidos em
inclusive à Diretoria do Fórum, nos gabinetes e salas caráter privado, e por delegação do Poder Judiciário
de audiência, no tocante à tramitação dos feitos, rea- do Estado do Amazonas, com iguais funções.
lização de pregões de abertura e encerramento de au- Parágrafo único - Resolução do Tribunal estabelecerá
diências, chamada das partes, advogados e testemu- as bases físicas de atuação de cada Ofício na respec-
nhas, tramitação de processos, guarda e conservação tiva Comarca.
de bens e processos judiciais. Art. 416 - Nas Comarcas de primeira Entrância, não
Art. 413 - Ao Oficial de Justiça - Avaliador incumbe, de referidas no artigo anterior, haverá apenas um Ofí-
modo específico: cio em cada uma que acumulará as atribuições de
I - Cumprir os mandados, fazendo citações, intimações, Registro de Imóveis, Protestos de Letras, Tabelionato,
notificações e outras diligências emanadas do Juiz; Registro Civil das Pessoas Jurídicas, Registro Civil das
II - Fazer avaliação de bens, inventários e lavrar ter- Pessoas Naturais, Registro de Títulos e Documentos e
mos de penhora; Tabelionato de Notas e Registro de Contratos Maríti-
III - Lavrar autos e certidões referentes aos atos que mos.
praticarem; Art. 417 - O Tribunal de Justiça, através de resolução,
IV - Convocar pessoas idôneas que testemunhem atos regulamentará as bases físicas de atuação dos Regis-
de sua função, quando a Lei o exigir, anotando, obri- tros de Imóveis nas Comarcas de primeira entrância
gatoriamente, os respectivos nomes, número da car- onde funcionam dois ou mais ofícios.
teira de identidade ou outro documento e endereço;
V - Exercer, cumulativamente, quaisquer outras funções SEÇÃO II
previstas neste Estatuto e dar cumprimento às ordens Do Registro Civil das Pessoas Naturais
emanadas do Juiz, pertinentes ao serviço judiciário.
§1º. Nenhum Oficial de Justiça - Avaliador poderá Art. 418 - Haverá, na sede da Comarca de Manaus,
cumprir o mandado por outrem sem que antes seja doze Ofícios de Registro Civil das Pessoas Naturais,
substituído expressamente pelo Diretor do Fórum ou que serão distribuídos conforme resolução do Tribunal
pelo Juiz da Vara de onde emanar a ordem, mediante de Justiça, com numeração de 1º, 2º, 3º, 4º, 5º, 6º, 7º,
despacho nos autos. Em caso de transgressão, o Juiz 8º, 9º, 10º, 11º e 12º.
mandará instaurar sindicância e o consequente pro- Parágrafo único - Haverá em cada ofício do Registro
cesso disciplinar. Civil das Pessoas Naturais um Juiz de Paz, obedecidas
§2º. Os Oficiais de Justiça somente entrarão em gozo as formalidades legais.
de férias estando os mandados aos mesmos distribuí-
dos devidamente cumpridos e devolvidos à respectiva SEÇÃO III
Vara ou Juizado, cabendo a estes órgãos expedir certi- Do Registro de Imóveis e Protesto de Títulos
dão negativa destinada à Diretoria do Fórum.
§3º. No cumprimento das diligências do seu ofício, o Art. 419 - Haverá, na Comarca de Manaus, seis (06)
Oficial de Justiça - Avaliador, obrigatoriamente, de- Ofícios de Registro de Imóveis e Protesto de Títulos,
verá exibir sua Cédula de Identidade Funcional, não com numeração de 1º, 2º, 3º, 4º, 5º, e 6º. LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL E DO PODER JUDICIÁRIO
podendo proceder com desvio de poder. Parágrafo único - O Tribunal de Justiça, através de
§4º. Nas certidões que lavrar, o Oficial de Justiça, após resolução, regulamentará o provimento inicial, em
subscrevê-las, aporá um carimbo com seu nome com- face de vacância, dos cargos da Atividade Notarial, do
pleto e matrícula. Registro Imobiliário e Protesto de Títulos, bem como
as bases físicas de atuação dos Ofícios de Registro de
CAPÍTULO IV Imóveis da Comarca de Manaus.
Dos Serviços Notariais e de Registro, Exercidos em
Caráter Privado por Delegação do Poder Judiciário TÍTULO IV
do Estado do Amazonas e sob sua Fiscalização. Disposições Finais e Transitórias
SEÇÃO I
Dos Serviços de Tabelionato de Notas, de Tabelio- Art. 420 - Ficam desmembrados do primeiro e segun-
nato de Notas de Registro de Contratos Marítimos, do Ofícios dos Cartórios Distribuidores da Comarca de
de Registro Civil das Pessoas Jurídicas e de Títulos Manaus os Serviços de Distribuição, que passarão a
e Documentos. ser exercidos por servidores designados para tal, na
forma do artigo 390 desta Lei, ficando a cargo dos
Art. 414 - Haverá, na Comarca de Manaus, nove (09) atuais titulares daqueles Ofícios apenas os Serviços de
Tabeliães de Notas (1º, 2º, 3º, 4º, 5º, 6º, 7º, 8º, 9º Ofí- Contadoria do Forum nos termos do artigo 397 desta
cios), um Tabelião e Oficial do Registro de Contratos Lei.

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§1º. A distribuição dos feitos judiciais passará a ser Parágrafo único - As atribuições e competência de
realizada pelos serviços próprios definidos no artigo cada vara serão definidas na forma da Lei.
388, com a observância do artigo 389, deste código e Art. 430 - As Comarcas de primeira Entrância são
os processos distribuídos serão diretamente encami- compostas das seguintes Varas, numeradas ordinal-
nhados às Secretarias de Varas. mente:
§2º. Os livros de Distribuição e Contadoria serão en- a) Comarcas com uma única Vara:
cerrados pelo diretor do Fórum e passarão, juntamente 1ª. Anori
com as fichas e demais papéis, para os novos serviços. 2ª. Autazes
§3º. À proporção que forem vagando os cargos de 3ª. Atalaia do Norte
Contador do Fórum, estes ficarão automaticamente 4ª. Anamã
extintos e serão designados pela Presidência do Tri- 5ª. Alvarães
bunal servidores para o exercício dos Serviços de Con- 6ª. Apuí
tadoria na forma desta Lei, portadores de diploma de 7ª. Barcelos
curso superior preferencialmente de Bacharel em Con- 8ª. Borba
tabilidade. 9ª. Barreirinha
Art. 421 - O Diretor do Fórum, no prazo de 20 (vinte) 10ª. Benjamin Constant
dias, contados da vigência desta Lei, prorrogáveis por 11ª. Boca do Acre
sessenta dias, ouvidos os Juízes de Direito, redistribui- 12ª. Berurí
rá, entre as diversas Secretarias de Varas, os funcioná- 13ª. Boa Vista do Ramos
rios lotados nas Escrivanias desativadas, salvo os que 14ª. Carauari
não percebiam pelos cofres públicos. 15ª. Careiro
Art. 422 - Quando da implantação do Sistema de Se- 16ª. Careiro da Várzea
cretarias, os casos omissos serão resolvidos pela Pre- 17ª. Codajás
sidência do Tribunal de Justiça, podendo esta declarar 18ª. Canutama
05(cinco) dias úteis como feriados forenses, assegu- 19ª. Caapiranga
rando-se a devolução de prazo às partes e funciona- 20ª. Eirunepé
mento de órgãos judiciários para atendimento a casos 21ª. Envira
de urgência. 22ª. Fonte Boa
Art. 423 - As cópias das petições destinadas à citação, 23ª. Ipixuna
fornecidas pelas partes, datilografadas, em Xerox ou 24ª. Itamarati
fotocópias autenticadas, podem ser utilizadas como 25ª. Itapiranga
parte integrante do mandado e como contrafé, sem 26ª. Iranduba
prejuízo do que estabelece o Art. 225 do Código de 27ª. Juruá
Processo Civil. Art. 424 - Os Juízes, advogados, jura- 28ª. Jutaí
dos, serventuários de justiça, servidores de justiça e re- 29ª. Japurá
presentantes do Ministério Público devem usar vestes 30ª. Lábrea
talares nas sessões do Tribunal do Júri e nas audiên- 31ª. Manaquiri
cias do Fórum. 32ª. Maraã
Art. 425 - Nos casos omissos, aplicam-se aos Magis- 33ª. Nova Olinda do Norte
trados, subsidiariamente, o Estatuto dos Funcionários 34ª. Novo Airão
Públicos Civis do Estado do Amazonas. 35ª. Nhamundá
Art. 426 - O provimento inicial, em face de vacância 36ª. Novo Aripuanã
dos cargos da atividade notarial, do Registro Imobiliá- 37ª. Pauini
rio e Protesto de Títulos, obedecerá o que dispuser, em 38ª. Presidente Figueiredo
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL E DO PODER JUDICIÁRIO

resolução, o Tribunal de Justiça. 39ª. Rio Preto da Eva


Art. 427 - Todos os direitos e vantagens, previstos nes- 40ª. São Sebastião de Uatumã
te Código, no que couber, serão extensivos aos servi- 41ª. Santo Antônio do Iça
dores e serventuários da Justiça Militar do Estado. 42ª. Santa Isabel do Rio Negro
Art. 428 - O Quadro de Magistrados do Poder Judiciá- 43ª. São Paulo de Olivença
rio é integrado dos seguintes cargos: 44ª. Silves
I - Quatorze (14) de Desembargador 45ª. São Gabriel da Cachoeira
II - Cento e Vinte e Nove (129) de Juiz de Direito de 46ª. Tapauá
Segunda Entrância 47ª. Urucará
III - Oitenta (80) de Juízes de Direito, compreendidos 48ª. Urucurituba
aí os Juízes Substitutos de Carreira e Juízes de Direito b) Comarcas com duas Varas:
de Primeira Entrância. 1ª. Coari
Art. 429 - A Comarca de Manaus é composta de 80 2ª. Humaitá
(Oitenta) Varas, sendo que 35 já se encontram insta- 3ª. Manacapuru
ladas e em funcionamento, e as 45 (Quarenta e Cin- 4ª. Maués
co) restantes serão instaladas através de Resolução do 5ª. Manicoré
Tribunal Pleno, quando houver necessidade imperiosa 6ª. Tabatinga
da população da Capital, e disponibilidade financeira. 7ª. Tefé

46
c) Comarcas com três Varas: exceto funções gratificadas, comissões ou mandatos
1ª. Itacoatiara em órgãos de deliberação coletiva do Estado ou de
2ª. Parintins que o Estado participe.
3ª. Manacapuru Art. 4.º - É vedada a prestação de serviços gratuitos,
Parágrafo único - A terceira Vara das Comarcas de salvo no desempenho de função transitória de nature-
Manacapuru, Tabatinga e Tefé serão instaladas na for- za especial ou na participação em comissões ou gru-
ma do disposto no artigo 429 deste Código. pos de trabalho.
Art. 431 - Os processos serão redistribuídos sempre
que instalada uma nova Vara, observando-se a sua TÍTULO II
especialização e proporcionalidade. DO PROVIMENTO E DA VACÂNCIA DOS CARGOS
Art. 432 - O Tribunal de Justiça estabelecerá normas PÚBLICOS
para reversão em benefício da Justiça das fianças de CAPÍTULO I
natureza criminal, após 06 (seis) meses da ocorrência DO PROVIMENTO
das hipóteses previstas em Lei, para suas devoluções, SEÇÃO I
sem que os interessados as requeiram, bem como nos DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
casos de perda total ou parcial da fiança.
Art. 433 - O Tribunal de Justiça, a Corregedoria Geral Art. 5.º - São formas de provimento dos cargos pú-
de Justiça e a Diretora do Fórum da Comarca de Ma- blicos:
naus poderão baixar atos para a fiel execução desta I - Nomeação;
Lei. II - Promoção;
Art. 434 - Esta Lei entrará em vigor na data de sua III - Acesso;
publicação, revogadas as disposições em contrário. IV - Readmissão;
V - Reintegração;
VI - Reversão;
VII - Aproveitamento;
LEI ESTADUAL Nº 1.762/1986 E SUAS VIII - Transferência; e
ALTERAÇÕES (ESTATUTO DOS SERVIDORES IX - Readaptação.
PÚBLICOS CIVIS DO ESTADO DO Art. 6.º - Lei ou regulamento estabelecerá as qualifi-
AMAZONAS) cações para o provimento e as atribuições dos cargos
públicos em geral.

TÍTULO I SEÇÃO II
CAPÍTULO ÚNICO DA NOMEAÇÃO
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES Art. 7.º - A nomeação será feita:

Art. 1.º - Esta Lei dispõe sobre o regime jurídico dos I - Em caráter efetivo;
Funcionários Públicos Civis do Estado do Amazonas. II - Em comissão, quando se tratar de cargo que, por
Parágrafo único - As disposições desta Lei, salvo nor- Lei, assim deva ser provido;
ma legal expressa, não se aplicam aos servidores regi- III - Em substituição, nos casos de impedimento do ti-
dos por legislação especial. tular do cargo em comissão.
Art. 2.º - Para efeito desta Lei: Art. 8.º - A nomeação em caráter efetivo dependerá,
I - Funcionário é a pessoa legalmente investida em sempre, de prévia habilitação em concurso público de
cargo público; provas ou de provas e títulos, devendo obedecer, obri-
II - Cargo é a designação do conjunto de atribuições e gatoriamente, à ordem de classificação dos concur-
responsabilidades cometidas a um funcionário, identi- sados para cada cargo, observados ainda o prazo de LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL E DO PODER JUDICIÁRIO
ficando-se pelas características de criação por lei, de- validade do concurso e o número de vagas existentes.
nominação própria, número certo e pagamento pelos Art. 9.º - Ressalvados os casos previstos em lei, é exigi-
cofres do Estado; da a idade mínima de dezoito e a máxima de sessenta
III - Classe é o conjunto de cargos de igual denomina- anos completos, na data do encerramento da inscrição
ção e com atribuições, responsabilidades e padrões de em concurso público.
vencimento; Parágrafo único - Não dependerá de limite de idade
IV - Série de Classes é o conjunto de classes da mesma a inscrição em concurso do ocupante de cargo público
denominação, dispostas, hierarquicamente, de acordo estadual de provimento efetivo.
com o grau de complexidade das atribuições, nível de Art. 10 - Dentre os candidatos aprovados, os classifica-
responsabilidade, e constitui a linha natural de pro- dos até o limite de vagas, existentes à época do edital,
moção do funcionário. têm assegurado o direito à nomeação, no prazo de
V - Lotação é o numero de cargos e funções gratifica- validade do concurso.
das fixado para cada repartição, ou ainda o número Parágrafo único - Os demais candidatos aprovados
de servidores que devem ter exercício em cada unida- serão nomeados à medida que ocorrerem vagas, den-
de administrativa. tro do prazo de validade do concurso.
Art. 3.º - Ao funcionário não serão atribuídas respon- Art. 11 - O regulamento ou edital do concurso indi-
sabilidades ou cometidos serviços alheios aos defini- cará o respectivo prazo de validade, que não poderá
dos em lei ou regulamento como típicos do seu cargo, ser superior a quatro anos, incluídas as prorrogações.

47
Art. 12 - O cargo em comissão será sempre de livre atividade própria do cargo a ser provido, formalidades
escolha do Governador, dos Presidentes dos Poderes e condições idênticas às estabelecidas para o concurso
Legislativo ou Judiciário e dos Tribunais de Contas. público, exceto limite de idade.
Nota Remissiva
SEÇÃO III “...no qual serão(sic) indispensáveis(sic) nível de co-
DA PROMOÇÃO nhecimento...”
Correto: será indispensável
Ato Relacionado Parágrafo único - Somente poderá inscrever-se, no
Decreto nº 15.815/1994 concurso interno, funcionário com mais de três anos
Art. 13 - Promoção é a forma pela qual o funcionário de serviço público estadual, sob regime deste Estatuto,
progride na série de classes, e consiste na passagem e com habilitação profissional ou escolaridade exigida
da referência em que se encontra, para a imediata- para o ingresso na classe em concorrência.
mente superior, observadas as normas constantes de
Regulamento próprio. SEÇÃO V
Art. 14 - A promoção pode ocorrer mediante avanço DA READMISSÃO
horizontal e vertical.
Art. 15 - A promoção horizontal é a mudança de re- Art. 25 - Readmissão é o ato pelo qual o funcionário
ferência dentro da mesma classe e independerá da exonerado reingressa no serviço público, sem direito a
existência de vaga. ressarcimento de qualquer espécie e sempre por con-
Art. 16 - A promoção vertical consiste na passagem de veniência da Administração.
referência final de uma classe para a inicial da clas- Parágrafo único - A readmissão dependerá da exis-
se imediatamente superior, dentro da mesma série de tência de vaga e far-se-á no cargo anteriormente ocu-
classes, e dependerá da existência de vaga. pado pelo funcionário exonerado ou, se transformado,
Art. 17 - As promoções obedecerão aos critérios de an- no cargo resultante da transformação.
tiguidade e de merecimento, alternadamente, sendo a
primeira sempre por antiguidade.
SEÇÃO VI
DA REINTEGRAÇÃO
Art. 18 - A promoção por antiguidade recairá no fun-
cionário com mais tempo de efetivo exercício na refe-
Art. 26 - Reintegração é o ato pelo qual o demitido
rência, apurado em dias.
reingressa no serviço público, em decorrência de deci-
Parágrafo único - Havendo empate, terá preferência
são administrativa ou judicial transitada em julgado,
sucessivamente, o funcionário:
com o ressarcimento de todos os direitos e vantagens,
I - de maior tempo na classe; bem como dos prejuízos resultantes da demissão.
II - de maior tempo na série de classes; Art. 27 - Deferido o pedido por decisão administrativa
III - de maior tempo no serviço público estadual; ou transitada em julgado a sentença, será expedido o
IV - de maior tempo no serviço público; ato de reintegração.
V - mais idoso. § 1.º - Se o cargo houver sido transformado, a reinte-
Art. 19 - O merecimento obedecerá a critérios pelos gração dar-se-á no cargo resultante da transforma-
quais serão aferidos os graus de pontualidade, assi- ção.
duidade, eficiência, espírito de colaboração ético- § 2.º - Se extinto o cargo antes ocupado, a reintegra-
-profissional e cumprimento dos deveres por parte do ção ocorrerá no cargo de vencimento equivalente, res-
funcionário. peitada a habilitação profissional.
Art. 20 - O interstício para a promoção horizontal será § 3.º - Se inviáveis as soluções indicadas nos parágra-
de dezoito meses. fos precedentes, será restabelecido automaticamente
Art. 21 - Para efeito de promoção vertical, o interstício, o cargo anterior, no qual se dará a reintegração.
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL E DO PODER JUDICIÁRIO

na classe, será de vinte e quatro meses.


Art. 22 - Somente por antiguidade será promovido o SEÇÃO VII
funcionário em exercício de mandato legislativo. DA REVERSÃO

SEÇÃO IV Art. 28 - Reversão é o ato pelo qual o aposentado rein-


DO ACESSO gressa no serviço público, a pedido ou “exoffício”.
Nota Remissiva
Art. 23 - O acesso é o ato pelo qual o funcionário ob- “... pedido ou “ex-offício” (sic).”
tém, mediante processo seletivo, elevação de uma sé- Correto: “ex-officio”
rie de classes ou classe singular para outra do mesmo § 1.º - A reversão «ex-offício” ocorrerá quando insub-
ou de outro grupo, na jurisdição do mesmo ou de ou- sistentes as razões que determinaram a aposentadoria
tro órgão integrante da Administração Direta. por invalidez.
§ 1.º - Quando se tratar de série de classes, o acesso só Nota Remissiva
poderá ocorrer para a classe inicial de carreira. “...reversão “ex-offício” (sic) ocorrerá...”
§ 2.º - O acesso precederá ao concurso público. Correto: “ex-officio”
Art. 24 - O processo seletivo exigirá concurso interno, § 2.º - A reversão somente poderá se efetivar quando,
de caráter competitivo e eliminatório no qual serão in- em inspeção médica, ficar comprovada a capacidade
dispensáveis nível de conhecimento compatível com a para o exercício do cargo.

48
§ 3.º - Será tornada sem efeito a reversão «ex-offício” SEÇÃO IX
e cassada a aposentadoria do funcionário que não to- DA TRANSFERÊNCIA
mar posse ou não entrar no exercício dentro de prazo
legal. Art. 34 - Transferência é o ato pelo qual o funcionário
Nota Remissiva estável passa de um cargo para outro, de quadro di-
“...reversão “ex-offício” (sic) e cassada...” verso, ambos de provimento efetivo.
Correto: “ex-officio” Art. 35 - A transferência ocorrerá a pedido do funcio-
Art. 29 - A reversão far-se-á no mesmo cargo ou em nário ou “ex-officio”, atendidos, sempre, a conveniên-
cargo resultante da transformação. cia do serviço e os requisitos necessários ao provimen-
Parágrafo único - Em casos especiais, a juízo da Ad- to do cargo.
ministração, poderá o aposentado reverter em outro Art. 36 - A transferência será feita para cargo de mes-
cargo de igual vencimento, respeitados os requisitos mo padrão de vencimento ou de igual remuneração,
para o respectivo provimento. ressalvados os casos de transferência a pedido, quan-
do o vencimento ou a remuneração poderá ser inferior.
SEÇÃO VIII
DO APROVEITAMENTO SEÇÃO X
DA READAPTAÇÃO
Art. 30. O retorno à atividade do servidor em disponi-
bilidade far-se-á mediante adequado aproveitamento Art. 37 - Readaptação é a investidura em cargo de
em cargo de atribuições e vencimentos compatíveis atribuições e responsabilidades compatíveis com a
com o anteriormente ocupado, se existente vaga e limitação que tenha o funcionário sofrido em sua ca-
mediante comprovação, por junta médica oficial, da pacidade física ou mental, apurada por junta médica
capacidade física e mental do aproveitando. oficial.
Nota Remissiva Parágrafo único - A redução ou o aumento de venci-
“Caput” do art. 30 alterado pelo art. 7º da Lei nº mento que acaso decorrer da readaptação serão disci-
2.531/1999. plinados em regulamento.
Redação Original
Art. 30 - Aproveitamento é o retorno à atividade do CAPÍTULO II
funcionário em disponibilidade, VETADO. DA POSSE
Parágrafo único. O aproveitamento de servidor de que
trata este artigo somente ocorrerá, mediante solicita- Art. 38 - Posse é o ato de investidura em cargo público.
ção devidamente fundamentada do órgão interessado § 1.º - A posse será formalizada com a assinatura do
e autorização expressa do Chefe do Poder Executivo. termo pela autoridade competente e pelo empossado.
Nota Remissiva § 2.º - Não haverá posse nos casos de promoção, aces-
Parágrafo único do art. 30 acrescido pelo art. 7º da Lei so, substituição, reintegração, transferência e readap-
nº 2.531/1999. tação.
Art. 31. Será tornado sem efeito o aproveitamento e Art. 39 - A posse em cargo público depende de pré-
cassada a disponibilidade se o servidor não entrar em via inspeção médica, para comprovar se o candidato
exercício no prazo de trinta dias contados da publica- satisfaz os requisitos físicos mentais exigidos para o
ção do ato, salvo doença comprovada por junta mé- desempenho do cargo.
dica oficial. Art. 40 - Poderá haver posse mediante procuração
Nota Remissiva quando se tratar de funcionário ausente do Estado, em
Art. 31 alterado pelo art. 7º da Lei nº 2.531/1999. missão da Administração ou ainda em casos especiais,
Redação Original a juízo da autoridade competente. LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL E DO PODER JUDICIÁRIO
Art. 31 - Será tornado sem efeito o aproveitamento e Art. 41 - A posse ocorrerá no prazo de trinta dias, con-
cassada a disponibilidade do funcionário que não to- tados da publicação do ato de provimento do Diário
mar posse ou não entrar no exercício dentro do prazo Oficial do Estado.
legal. § 1.º - O prazo previsto neste artigo poderá ser prorro-
Art. 32. O aproveitamento precederá a realização de gado por igual período, a juízo da autoridade compe-
concurso público destinado ao provimento de cargo tente para empossar.
que atenda as condições do artigo 30. § 2.º - Quando o funcionário não tomar posse no pra-
Nota Remissiva zo legal, o ato de provimento será tornado sem efeito.
Art. 32 alterado pelo art. 7º da Lei nº 2.531/1999. Art. 42. São requisitos para a posse:
Redação Original I - nacionalidade brasileira ou estrangeira, esta quan-
Art. 32 - O aproveitamento dependerá da existência do admitida por legislação federal específica;
de vaga e da capacidade física e mental do funcioná- Nota Remissiva
rio, comprovada por junta médica oficial. Inciso I do art. 42 alterado pelo art. 7º da Lei nº
Art. 33 - Será aposentado no cargo que ocupava o 2.531/1999.
funcionário em disponibilidade que, em inspeção mé- Redação Original
dica, for julgado definitivamente incapaz para o ser- I - Nacionalidade brasileira;
viço público. II - Idade mínima de dezoito anos;
III - Exercício pleno dos direitos políticos;

49
IV - quitação com o serviço militar, quando o empos- “...responsabilidade, de forma (sic) satisfeitas...”
sando for do sexo masculino; Correto: se foram
Nota Remissiva
Inciso IV do art. 42 alterado pelo art. 7º da Lei nº CAPÍTULO III
2.531/1999. DO EXERCÍCIO
Redação Original
IV - Quitação com o Serviço Militar, quando do sexo Art. 44 - Exercício é o desempenho das atribuições do
masculino; cargo.
V - sanidade física e mental atestada por junta médica Art. 45 - O exercício começará no prazo máximo de
oficial; trinta dias, contados da data da posse.
Nota Remissiva Parágrafo único - Tornar-se-á sem efeito o ato de pro-
Inciso V do art. 42 alterado pelo art. 7º da Lei nº vimento, se o funcionário não entrar em exercício no
2.531/1999. prazo legal.
Redação Original Art. 46 - O funcionário que deva ter exercício em outro
V - Sanidade física e mental comprovada em inspeção órgão terá quinze dias, contados do desligamento do
médica; órgão de origem, para assumir o cargo.
VI - preenchimento das condições especiais prescritas
para o cargo; CAPÍTULO IV
Nota Remissiva DO ESTÁGIO PROBATÓRIO E DA ESTABILIDADE
Inciso VI do art. 42 alterado pelo art. 7º da Lei nº SEÇÃO I
2.531/1999. DO ESTÁGIO PROBATÓRIO
Redação Original
VI - Habilitação prévia em concurso, quando se tratar Art. 47. Ao entrar em exercício, o servidor nomeado
da primeira investidura em cargo público de provi- para cargo de provimento efetivo ficará sujeito a es-
tágio probatório, por período de três anos, durante o
mento efetivo;
qual seu desempenho será avaliado por comissão es-
VII - declaração de bens e valores que constituem o
pecialmente constituída para essa finalidade.
patrimônio do empossando;
Nota Remissiva
Nota Remissiva
“Caput” do art. 47 alterado pelo art. 7º da Lei nº
Inciso VII do art. 42 alterado pelo art. 7º da Lei nº
2.531/1999.
2.531/1999.
Redação Original
Redação Original
Art. 47 - Ao entrar em exercício, o funcionário nome-
VII - Preenchimento das condições especiais prescritas ado para cargo de provimento efetivo ficará sujeito a
para o cargo. estágio probatório por período de dois anos, durante o
§ 1º - O servidor, no ato de posse, declarará expres- qual sua aptidão e capacidade serão objeto de avalia-
samente se ocupa outro cargo ou emprego público, ção para o desempenho do cargo.
especificando cada um deles com os respectivos ho- Parágrafo único - (Suprimido).
rários, se for o caso, ou comprovará haver requerido Nota Remissiva
exoneração ou dispensa, na hipótese de acumulação Parágrafo único do art. 47 suprimido pelo art. 7º da
não-permitida. Lei nº 2.531/1999.
Nota Remissiva Redação Original
§ 1º do art. 42 acrescido pelo art. 7º da Lei nº Parágrafo único - Dentro do período do estágio pro-
2.531/1999. batório, a autoridade competente fica obrigada a pro-
§ 2º - Na hipótese de o empossando perceber proven- nunciar-se sobre o cumprimento das condições pelo
tos, fará declaração correspondente, indicando o car- estagiário, nos termos do regulamento.
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL E DO PODER JUDICIÁRIO

go em que se deu a inatividade. Art. 48. Cumprido satisfatoriamente o estágio proba-


Nota Remissiva tório, o servidor adquirirá estabilidade no serviço pú-
§ 2º do art. 42 acrescido pelo art. 7º da Lei nº blico após o terceiro ano de efetivo exercício.
2.531/1999. Nota Remissiva
Art. 43 - São competentes para dar posse: Art. 48 alterado pelo art. 7º da Lei nº 2.531/1999.
I - O Chefe do Poder Executivo, aos Secretários de Redação Original
Estado e demais autoridades que lhes sejam direta- Art. 48 - O funcionário não aprovado no estágio será
mente subordinadas, e o responsável pelo órgão de exonerado.
pessoal, nos demais casos;
II - Quando se tratar de funcionário dos Poderes Legis- SEÇÃO II
lativo e Judiciário, dos Tribunais de Contas do Estado DA ESTABILIDADE
e dos Municípios, ou ainda das autarquias, as autori-
dades designadas em regimento interno, lei orgânica Art. 49. O servidor não aprovado no estágio será exo-
ou regulamento. nerado, salvo se já estável no serviço público, hipótese
Parágrafo único - A autoridade que empossar verifica- em que será reconduzido ao cargo de que era titular
rá, sob pena de responsabilidade, de forma satisfeitas ou aproveitado em outro de atribuições e vencimentos
as condições legais para a investidura no cargo. compatíveis com o anteriormente ocupado, se aquele
Nota Remissiva se encontrar provido.

50
Ato Relacionado Nota Remissiva
Art. 28 da Lei nº 2.531/1999 § 1º do art. 51 acrescido pelo art. 7º da Lei nº
Nota Remissiva 2.531/1999.
Art. 49 alterado pelo art. 7º da Lei nº 2.531/1999. § 2º - Em nenhuma hipótese haverá remuneração por
Redação Original substituição automática, entendida esta como a que
Art. 49 - Cumprindo satisfatoriamente o estágio pro- integra a função própria do cargo de que o servidor
batório, o funcionário adquirirá a estabilidade no ser- for titular.
viço público, após o segundo ano de efetivo exercício. Nota Remissiva
Art. 50 - O servidor público estável só perderá o cargo: § 2º do art. 51 acrescido pelo art. 7º da Lei nº
Nota Remissiva 2.531/1999.
“Caput” do art. 50 alterado pelo art. 7º da Lei nº
2.531/1999. CAPÍTULO VI
Redação Original DA REMOÇÃO
Art. 50 - O funcionário estável somente poderá ser
demitido por efeito de sentença judicial ou processo Art. 52 - Remoção é o ato pelo qual o funcionário é
administrativo em que se lhe tenha assegurado amplo deslocado de um órgão para outro, dentro da mesma
direito de defesa. repartição.
I - em virtude de sentença judicial transitada em jul- Parágrafo único - A remoção do funcionário será feita
gado; a seu pedido, por permuta, ou “ex-officio”.
Nota Remissiva Art. 53 - A remoção por permuta ocorrerá a pedido
Inciso I do art. 50 acrescido pelo art. 7º da Lei nº escrito de ambos os interessados.
2.531/1999..
II - mediante processo administrativo em que lhe seja CAPÍTULO VII
assegurada ampla defesa; DA VACÂNCIA
Nota Remissiva
Inciso II do art. 50 acrescido pelo art. 7º da Lei nº Art. 54 - A vacância de cargo público decorrerá de :
2.531/1999. I - Exoneração;
III - mediante procedimento de avaliação periódica de II - Demissão;
desempenho, na forma de lei complementar federal, III - Acesso;
assegurada ampla defesa. IV - Promoção;
Nota Remissiva V - Transferência;
Inciso III do art. 50 acrescido pelo art. 7º da Lei nº VI - Readaptação;
2.531/1999. VII - Aposentadoria; e
VIII - Falecimento.
CAPÍTULO V Art. 55 - Dar-se-á exoneração:
DA SUBSTITUIÇÃO I - A pedido do funcionário;
II - “Ex-Officio”.
Art. 51 - Haverá substituição nos casos de impedimen- a) quando se tratar de cargo em comissão e não ocor-
to legal ou afastamento de titular de cargo em comis- rer a hipótese do item I;
são, função gratificada ou função de confiança. b) quando o funcionário não entrar em exercício den-
Ato Relacionado tro do prazo legal;
Lei nº 2.363/1995 c) quando não satisfeitas as condições do estágio pro-
Nota Remissiva batório.
“Caput” do art. 51 alterado pelo art. 7º da Lei nº
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL E DO PODER JUDICIÁRIO
2.531/1999. TÍTULO III
Redação Original CAPÍTULO ÚNICO
Art. 51 - Haverá substituição nos casos de impedimen- DO TEMPO DE SERVIÇO
to legal ou afastamento do titular de cargo em comis-
são ou função gratificada. Art. 56 - Será considerado como de efetivo exercício o
Parágrafo único - (Revogado). afastamento do funcionário em virtude de:
Nota Remissiva I - Férias;
Parágrafo único do art. 51 revogado pelo art. 3º da Lei II - Casamento, até oito dias;
nº 2.363/1995. III - Falecimento do cônjuge ou parente consanguíneo
Redação Original ou afim, até o segundo grau, não excedente a oito dias;
Parágrafo único - A substituição será remunerada, IV - Serviços obrigatórios por lei;
qualquer que seja a natureza do afastamento, por pe- V - Licença, salvo a que determinar a perda do ven-
ríodo igual ou superior a cinco dias. cimento;
§ 1º - A substituição de que trata este artigo será re- VI - Faltas justificadas, até o máximo de três por mês,
munerada, qualquer que seja a natureza do afasta- na forma prevista no artigo 86 deste Estatuto;
mento, desde que por período superior a trinta dias VII - Missão ou estudo fora da sede de exercício, quan-
consecutivos, paga na proporção dos dias de efetiva do autorizado o afastamento pela autoridade compe-
substituição que excederem o referido período. tente;

51
VIII - Trânsito em decorrência de mudança da sede de “Caput” do art. 62 alterado pelo art. 10 da Lei nº
exercício, até quinze dias; 1.897/1989.
IX - Competições esportivas em que represente o Bra- Redação Original
sil ou o Estado do Amazonas; Art. 62 - O funcionário gozará férias anuais de trinta
X - Prestação de concurso público; dias, percebendo, sem qualquer prejuízo financeiro,
XI - Disposição ou exercício de cargo de confiança no um salário correspondente ao seu vencimento mensal,
serviço público. conforme a Lei nº 1312, de 22 de dezembro de 1978,
Ato Relacionado obedecendo, no caso de acumulação de períodos, ao §
Decreto nº 15.681/1993 2º do artigo 63 deste Capítulo.
Art. 57 - O tempo de serviço do funcionário afastado § 1.º - (Suprimido).
para exercício de mandato eletivo federal, estadual ou Nota Remissiva
municipal, será contado para todos os efeitos legais, § 1º do art. 62 suprimido pelo art. 10 da Lei nº
exceto para promoção por merecimento. 1.897/1989.
Art. 58 - Para efeito de aposentadoria, disponibilidade Redação Original
e adicional, será computado integralmente: § 1.º - Somente depois do primeiro ano de exercício, o
I - O tempo de serviço federal, estadual ou municipal; funcionário terá direito a férias.
II - O tempo de serviço ativo nas Forças Armadas pres- § 2.º - (Suprimido).
tado durante a paz, computado em dobro quando em Nota Remissiva
operação de guerra. § 2º do art. 62 suprimido pelo art. 10 da Lei nº
III - O tempo de serviço prestado em autarquia; 1.897/1989.
IV - O tempo de serviço prestado à instituição ou em- Redação Original
presa de caráter privado, que houver sido transforma- § 2.º - É vedado levar á conta de férias qualquer falta
da em estabelecimento de serviço público VETADO. ao serviço.
V - O tempo de licença especial não gozada, contada § 3.º - (Suprimido).
em dobro; e Nota Remissiva
VI - O tempo de licença para tratamento de saúde. § 3º do art. 62 suprimido pelo art. 10 da Lei nº
Parágrafo único - VETADO. 1.897/1989.
Art. 59 - O tempo em que o funcionário esteve em dis- Redação Original
ponibilidade ou aposentado será considerado, exclusi- § 3.º - O órgão de pessoal de cada repartição organi-
vamente, para nova aposentadoria ou disponibilidade. zará, no mês de
Art. 60 - O cômputo do tempo de serviço será feito novembro, a escala de férias para o exercício seguinte.
em dias. § 4.º - (Suprimido).
§ 1.º - O número de dias será convertido em anos, Nota Remissiva
considerado o ano como de trezentos e sessenta e cin- § 4º do art. 62 suprimido pelo art. 10 da Lei nº
co dias. 1.897/1989.
§ 2.º - Para efeito de aposentadoria ou disponibilida- Redação Original
de, a fração do ano superior a cento e oitenta dias será § 4.º - Atendida a conveniência do serviço público,
arredondada para um ano. observar-se-á na organização da escala, quando pos-
§ 3.º - O tempo de serviço será computado à vista de sível, o interesse do funcionário.
documentação expedida na forma da lei, incluindo o § 5.º - (Suprimido).
prestado à União, Estados, Municípios VETADO, bem Nota Remissiva
como o relativo a mandato eletivo. § 5º do art. 62 suprimido pelo art. 10 da Lei nº
§ 4.º - Somente após verificada a inexistência de do- 1.897/1989.
cumentos bastantes na repartição do interessado e no Redação Original
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL E DO PODER JUDICIÁRIO

Arquivo Geral correspondente, admitir-se-á a com- § 5.º - A escala de férias poderá ser alterada por ne-
provação de tempo de serviço através de justificação cessidade do serviço.
judicial. Art. 63 - Poderão ser acumuladas até três períodos de
Art. 61 - É vedada a acumulação de tempo de servi- férias, por imperiosa necessidade do serviço, declara-
ço prestado concorrente e simultaneamente em dois da por escrito pelo chefe imediato do funcionário e,
ou mais cargos ou funções da União, dos Estados, do quando for o caso, reconhecida pelo titular da Secre-
Distrito Federal, Territórios, Municípios e Autarquias. tária de Estado ou da Autarquia competente, ou ainda,
pelo Presidente do Poder Legislativo ou do Judiciário e
TÍTULO IV dos Tribunais de Contas.
DOS DIREITOS E VANTAGENS § 1.º - A declaração constante do «caput» deste arti-
CAPÍTULO I go será formulada até dez dias antes da data prevista
DAS FÉRIAS para início do gozo de férias.
§ 2.º - A acumulação de períodos de férias não auto-
Art. 62 - O funcionário gozará férias anuais de trinta riza a acumulação do valor das férias anuais remune-
dias, percebendo, sem qualquer prejuízo financeiro, radas a que se refere o “caput” do artigo anterior, que
um valor correspondente a um terço da remuneração será pago obedecendo rigorosamente a escala antes
mensal. obedecida.
Nota Remissiva Nota Remissiva

52
§ 2º do art. 63 alterado pelo art. 10 da Lei nº funções inerentes ao seu cargo, e não se configurar
1.897/1989. necessidade de aposentadoria nem licença, poderá o
Redação Original funcionário ser readaptado na forma do artigo 37.
§ 2.º - A acumulação de períodos de férias não autori- Nota Remissiva
za a acumulação do salário-férias, que será pago obe- Art. 69 restabelecido pelo art. 3º da Lei Complementar
decendo rigorosamente a escala antes estabelecida. nº 43/2005.
§ 3.º - O período de férias acumuladas com base neste Alteração Anterior
artigo será incluído na escala do ano seguinte, ime- Art. 69 revogado pelo art. 122 da Lei Complementar
diatamente após o período normal, VETADO. nº 30/2001 .
Art. 64 - Durante as férias o funcionário terá direito Art. 69 - (Revogado).
a todas as vantagens do cargo, como se em efetivo Redação Original
exercício estivesse. Art. 69 - Quando a inspeção médica verificar redução
da capacidade física do funcionário, ou estado de saú-
CAPÍTULO II de a impossibilitar ou desaconselhar o exercício das
DAS LICENÇAS funções inerentes ao seu cargo, e não se configurar
SEÇÃO I necessidade de aposentadoria nem licença, poderá o
DISPOSIÇÕES GERAIS funcionário ser readaptado na forma do artigo 37.
Art. 70 - O funcionário licenciado para tratamento de
Art. 65 - Conceder-se-á, nos termos e condições de re- saúde não poderá dedicar-se a qualquer atividade re-
gulamento, licença: munerada, sob pena de imediata suspensão da licen-
I - Para tratamento de saúde; ça, com perda total de vencimento e vantagens, até
II - Por motivo de doença em pessoa da família; reassumir o cargo.
III - À gestante; Nota Remissiva
IV - Por motivo de afastamento do cônjuge, funcioná- Art. 70 restabelecido pelo art. 3º da Lei Complementar
rio civil, militar, ou servidor de autarquia; nº 43/2005.
V - Para tratamento de interesse particular; Alteração Anterior
VI - Para serviço militar obrigatório; e Art. 70 revogado pelo art. 122 da Lei Complementar
VII - Especial. nº 30/2001 .
Art. 66 - A licença, concedida dentro de sessenta dias, Art. 70 - (Revogado).
após o término da anterior, será considerada como Redação Original
prorrogada. Art. 70 - O funcionário licenciado para tratamento de
Parágrafo único - Para efeito do disposto neste artigo, saúde não poderá dedicar-se a qualquer atividade re-
somente serão levadas em consideração as licenças da munerada, sob pena de imediata suspensão da licen-
mesma espécie. ça, com perda total de vencimento e vantagens, até
Art. 67 - O funcionário não poderá permanecer licen- reassumir o cargo.
ciado por prazo superior a vinte e quatro meses, con- Art. 71 - (Revogado).
secutivos, salvo nos casos dos itens IV, V e VI do artigo Nota Remissiva
65. Art. 71 revogado pelo artigo 122 da Lei Complementar
nº 30/2001.
SEÇÃO I Redação Original
DA LICENÇA PARA TRATAMENTO DE SAÚDE Art. 71 - O funcionário acidentado em serviço que
necessite de tratamento especializado, não atendido
Nota Remissiva pelo sistema médico-assistencial previdenciário, será
“SEÇÃO I (sic)” tratado em instituição indicada por junta médica ofi- LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL E DO PODER JUDICIÁRIO
Correto: SEÇÃO II cial, por conta dos cofres públicos.
Art. 68 - A licença para tratamento de saúde depende
de inspeção médica e será concedida sem prejuízo da SEÇÃO III
remuneração. DA LICENÇA POR MOTIVO DE DOENÇA EM PES-
Nota Remissiva SOA DA FAMÍLIA
Art. 68 restabelecido pelo art. 3º da Lei Complementar
nº 43/2005. Art. 72 - O funcionário poderá obter licença por mo-
Alteração Anterior tivo de doença em parente consanguíneo ou afim até
Art. 68 revogado pelo art. 122 da Lei Complementar segundo grau, e do cônjuge ou companheiro, quando
nº 30/2001 . provado que a sua assistência pessoal é indispensável
Art. 68 - (Revogado). e não pode ser prestada sem se afastar da repartição.
Redação Original Parágrafo único - A licença dependerá de inspeção por
Art. 68 - A licença para tratamento de saúde depende junta médica oficial e será concedida com vencimento
de inspeção médica e será concedida sem prejuízo da ou remuneração integral até um ano, reduzida para
remuneração. dois terços quando exceder esse prazo.
Art. 69 - Quando a inspeção médica verificar redução
da capacidade física do funcionário, ou estado de saú-
de a impossibilitar ou desaconselhar o exercício das

53
SEÇÃO IV § 2º - A licença de que trata este artigo poderá ser
DA LICENÇA À GESTANTE interrompida a qualquer tempo, a pedido do servidor
ou a critério da Administração.
Art. 73 - (Revogado). Nota Remissiva
Nota Remissiva § 2º do art. 75 alterado pelo art. 7º da Lei nº
“Caput” do art. 73 revogado pelo artigo 122 da Lei 2.531/1999.
Complementar nº 30/2001. Redação Original
Redação Original § 2.º - A licença poderá ser interrompida a qualquer
Art. 73 - Será concedida à funcionária gestante, me- tempo, a pedido do funcionário ou a critério da Admi-
diante inspeção médica, licença por quatro meses, nistração.
com vencimento ou remuneração. § 3º - A licença poderá ser prorrogada por requeri-
§ 1.º - (Revogado). mento do servidor interessado, pessoalmente ou por
Nota Remissiva procurador com poderes especiais, observado o dis-
§ 1º do art. 73 revogado pelo artigo 122 da Lei Com- posto no caput deste artigo.
plementar nº 30/2001. Nota Remissiva
Redação Original § 3º do art. 75 alterado pelo art. 7º da Lei nº
§ 1.º - Salvo parecer médico em contrário, a licença 2.531/1999.
será concedida a partir do início do oitavo mês de ges- Redação Original
tação. § 3.º - Após o gozo de quatro anos de licença, só pode-
§ 2.º - (Revogado). rá ser concedida nova licença, passados dois anos do
Nota Remissiva término da anterior.
§ 2º do art. 73 revogado pelo artigo 122 da Lei Com- § 4º - A licença suspende o vínculo do servidor com a
plementar nº 30/2001. Administração, não se computando o tempo corres-
Redação Original pondente para qualquer efeito, inclusive o de estágio
§ 2.º - No caso de nascimento prematuro, a licença probatório.
terá início a partir do dia do parto. Nota Remissiva
§ 4º do art. 75 acrescido pelo art. 7º da Lei nº
SEÇÃO V 2.531/1999.
DA LICENÇA PARA ACOMPANHAR O CÔNJUGE
SEÇÃO VII
Art. 74 - O funcionário terá direito à licença, sem re- DA LICENÇA PARA SERVIÇO MILITAR OBRIGATÓ-
muneração, para acompanhar o cônjuge removido ou RIO
transferido para outro ponto do território nacional ou
para o exterior, ou eleito para exercer mandato eletivo. Art. 76 - Ao funcionário convocado para o serviço mi-
Parágrafo único - Existindo no novo local de residên- litar e outras obrigações de segurança nacional será
cia, repartição estadual, o funcionário nele terá exer- concedida licença remunerada.
cício, enquanto perdurar aquela situação. § 1.º - Da remuneração descontar-se-á a importância
que o funcionário perceber pelo serviço militar.
SEÇÃO VI § 2.º - A licença será concedida à vista de documento
DA LICENÇA PARA TRATAMENTO que prove a incorporação.
DE INTERESSES PARTICULARES § 3.º - Ocorrido o desligamento do serviço militar o
funcionário terá prazo de trinta dias para reassumir o
Art. 75 - A critério da Administração, ao servidor po- exercício do cargo.
derá ser concedida licença para tratar de interesses Art. 77 - Ao funcionário oficial da reserva das Forças
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL E DO PODER JUDICIÁRIO

particulares, por período fixado no ato concessivo e Armadas será concedida licença remunerada, duran-
sempre sem remuneração. te os estágios previstos pelos regulamentos militares
Nota Remissiva quando pelo serviço militar não perceber vantagem
“Caput” do art. 75 alterado pelo art. 7º da Lei nº pecuniária.
2.531/1999. Parágrafo único - Quando o estágio for remunerado,
Redação Original assegurar-se-á ao funcionário o direito de opção.
Art. 75 - A critério da Administração, poderá ser con-
cedida ao funcionário estável licença para tratar de SEÇÃO VIII
interesses particulares, pelo prazo de dois anos, pror- DA LICENÇA ESPECIAL
rogável pelo mesmo período, sem remuneração.
§ 1º - O servidor aguardará em exercício a concessão Art. 78 - Após cada quinquênio de efetivo exercício, o
da licença. funcionário fará jus à licença especial de três meses,
Nota Remissiva com todos os direitos e vantagens do seu cargo efetivo,
§ 1º do art. 75 alterado pelo art. 7º da Lei nº podendo acumular o período de dois quinquênios.
2.531/1999. § 1.º - Não será concedida licença especial se houver o
Redação Original funcionário, no qüinqüênio correspondente:
§ 1.º - O funcionário aguardará em exercício a conces- I - Sofrido pena de multa ou suspensão;
são da licença. II - Faltado ao serviço sem justificação;

54
III - Gozado licença: Redação Original
a) Para tratamento de saúde, por prazo superior a Art. 81 - Remuneração é a retribuição pecuniária paga
cento e oitenta dias, consecutivos ou não; ao funcionário pelo efetivo exercício do cargo, mais as
b) Para tratamento de saúde em pessoa da família, vantagens pecuniárias atribuídas em lei.
por prazo superior a cento e vinte dias, consecutivos Parágrafo único - Em se tratando de cargo comissio-
ou não; nado ao qual seja atribuída gratificação distinta da
c) Para tratamento de interesses particulares; de representação, o servidor que o ocupar optará por
d) Por motivo de afastamento do cônjuge, funcionário uma delas
civil ou militar, por prazo superior a sessenta dias, con- Nota Remissiva
secutivos ou não. Parágrafo único do art. 81 acrescido pelo art. 7º da Lei
§ 2.º - Cessada a interrupção prevista neste artigo, re- nº 2.531/1999.
começará a contagem de quinquênio, a partir da data Art. 82 - (Revogado).
da reassunção do funcionário ao exercício do cargo. Atos Relacionados
§ 3.º - As faltas injustificadas ao serviço retardarão a Art. 1º da Lei nº 2.531/1999
concessão da licença prevista neste artigo, na propor-
Art. 1º do Decreto nº 16.636/1995
ção de um (01) mês para cada falta.
Decreto 16.626/1995
Nota Remissiva
Art. 2º do Decreto nº 15.816/1994
§ 3º do art. 78 acrescido pelo art. 1º da Lei nº
Decreto nº 15.582/1993
2.400/1996.
Art. 79 - O funcionário efetivo, ocupante de cargo em Nota Remissiva
comissão ou função gratificada, terá direito à percep- “Caput” do art. 82 revogado pelo art. 30 da Lei nº
ção, durante o período de licença especial, das vanta- 2.531/1999.
gens financeiras do cargo em comissão ou da função Redação Original
gratificada que ocupar. Art. 82 - O funcionário que contar seis anos completos,
consecutivos ou não, de exercício em cargo ou função
CAPÍTULO III de confiança, fará jus a ter adicionada ao vencimento
DO VENCIMENTO E A REMUNERAÇÃO do respectivo cargo efetivo, como vantagem pessoal, a
SEÇÃO I importância equivalente a um quinto:
DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES I - (Revogado).
Ato Relacionado
Ato Relacionado Art. 1º do Decreto nº 14.215/1991
Arts. 22 a 24 da Lei nº 2.531/1999 Nota Remissiva
Art. 80 - Considera-se: Inciso I do art. 82 revogado pelo art. 30 da Lei nº
Nota Remissiva 2.531/1999.
“Caput” do art. 80 alterado pelo art. 7º da Lei nº Redação Original
2.531/1999. I - Da diferença entre a remuneração do cargo em
Redação Original comissão e o
Art. 80 - Vencimento é a retribuição paga ao funcio- vencimento do cargo efetivo;
nário pelo efetivo exercício do cargo, correspondente II - (Revogado).
ao valor fixado em lei para o respectivo símbolo, pa- Nota Remissiva
drão ou nível. Inciso II do art. 82 revogado pelo art. 30 da Lei nº
I - vencimento, a retribuição pecuniária mensal, com 2.531/1999.
valor fixado em lei, devida na Administração Públi-
Redação Original
ca Direta, Autárquica e Fundacional de qualquer dos
II - Do valor da função gratificada.
Poderes do Estado, pelo efetivo exercício de cargo pú- LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL E DO PODER JUDICIÁRIO
§ 1.º - (Revogado).
blico;
Nota Remissiva
Nota Remissiva
Inciso I do art. 80 acrescido pelo art. 7º da Lei nº § 1º do art. 82 revogado pelo art. 30 da Lei nº
2.531/1999. 2.531/1999.
II - vencimentos, a soma do vencimento básico com Redação Original
as vantagens permanentes relativas ao cargo público. § 1.º - O acréscimo a que se refere este artigo ocorrerá
Nota Remissiva a partir do sexto ano, à razão de um quinto por ano
Inciso II do art. 80 acrescido pelo art. 7º da Lei nº completo de exercício de cargo ou função de confiança
2.531/1999. até completar o décimo ano.
Art. 81 - Remuneração é a soma do vencimento com § 2.º - (Revogado).
as vantagens criadas por lei, inclusive as de caráter Nota Remissiva
individual e as relativas à natureza ou ao local de tra- § 2º do art. 82 revogado pelo art. 30 da Lei nº
balho. 2.531/1999.
Ato Relacionado Redação Original
Arts. 5º e 6º da Lei nº 2.531/1999 § 2.º - Quando mais de um cargo ou função houver
Nota Remissiva sido desempenhado no período de um ano ininter-
“Caput” do art. 81 alterado pelo art. 7º da Lei nº ruptamente, considerar-se-á, para efeito de cálculo da
2.531/1999. importância a ser adicionada ao vencimento do cargo

55
efetivo, o valor do cargo ou da função de confiança IV - Um terço do vencimento ou remuneração, duran-
exercido por maior tempo, obedecidos os critérios fi- te o período de afastamento em virtude de condena-
xados nos itens I e II deste artigo. ção, por sentença definitiva, à pena que não acarrete
§ 3.º - (Revogado). a perda do cargo.
Nota Remissiva Parágrafo único - Para efeitos deste artigo, serão le-
§ 3º do art. 82 revogado pelo art. 30 da Lei nº vadas em conta as gratificações percebidas pelo fun-
2.531/1999. cionário.
Redação Original Art. 85 - Nenhum funcionário perceberá vencimento
§ 3.º - Enquanto exercer cargo em comissão ou função inferior ao salário-mínimo fixado para o Estado do
de confiança, o funcionário não perceberá a parcela a Amazonas.
cuja adição fez jus, salvo no caso de opção pelo venci- Ato Relacionado
mento do cargo efetivo,....VETADO.... Art. 3º da Lei nº 1.899/1989
§ 4.º - (Revogado). Art. 86 - Serão abonadas até três faltas, durante o
Nota Remissiva mês, por motivo de doença comprovada mediante
§ 4º do art. 82 revogado pelo art. 30 da Lei nº atestado passado por médico ou dentista do serviço
2.531/1999. oficial ou particular.
Redação Original Parágrafo único - (Suprimido).
§ 4.º - As importâncias referidas neste artigo não serão Nota Remissiva
consideradas para efeito de cálculo de vantagens ou Parágrafo único do art. 86 suprimido pelo art. 2º da
gratificações incidentes sobre o vencimento do cargo Lei Promulgada nº 45/1998.
efetivo, nem para a gratificação por tempo de serviço. Redação Original
§ 5.º - (Revogado). Parágrafo único - Para os efeitos deste artigo, o fun-
Nota Remissiva cionário apresentará o atestado no primeiro dia em
§ 5º do art. 82 revogado pelo art. 30 da Lei nº que retornar ao serviço.
2.531/1999. § 1º - Sem prejuízo no disposto do «caput « do pre-
Redação Original sente artigo 86, todo funcionário que doar sangue à
§ 5.º - Na hipótese de opção pelas vantagens do artigo Fundação Hemoam terá direito à folga no dia corres-
140 desta Lei, o funcionário não usufruirá do benefício pondente à sua doação, desde que, porém, apresente
previsto neste artigo. no dia posterior, o respectivo atestado da doação, for-
Art. 83 - Perderá o vencimento do cargo efetivo o fun- necido pela Hemoam.
Nota Remissiva
cionário.
§ 1º do art. 86 acrescido pelo art. 1º da Lei Promulga-
I - Nomeado para cargo em comissão, salvo se por ele
da nº 45/1998.
optar ou acumular legalmente;
§ 2º - Para os efeitos deste artigo, o funcionário apre-
Atos Relacionados
sentará o atestado no primeiro dia em que retornar
Art. 1º do Decreto nº 25.587/2005
ao serviço.
Decreto nº 23.218/2003
Nota Remissiva
Art. 3º do Decreto nº 16.636/1995
§ 2º do art. 86 acrescido pelo art. 2º da Lei Promulga-
Art. 26 da Lei nº 2.531/1999
da nº 45/1998.
II - Cumprindo mandato eletivo remuneração federal, Art. 87 - O vencimento, as gratificações e os proventos
estadual ou municipal, ressalvado, em relação ao últi- não sofrerão descontos além dos previstos em lei, nem
mo, o direito de opção ou de acumulação legal; serão objeto do arresto, sequestro ou penhora, salvo
Nota Remissiva quando se tratar de:
... mandato eletivo remuneração (sic) federal ... Nota Remissiva
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL E DO PODER JUDICIÁRIO

Correto: mandato eletivo federal “...arresto, sequestro (sic) ou penhora...”


III - Licenciado na forma do artigo 65, itens IV e V. Correto: seqüestro
Art. 84 - O funcionário perderá: I - Prestação de alimentos determinada judicialmente;
I - O vencimento ou remuneração do dia, se não com- II - Reposição ou indenização devida à Fazenda do
parecer ao serviço, salvo por motivo legal ou por do- Estado.
ença comprovada, de acordo com as disposições deste Art. 88 - As reposições e as indenizações à Fazenda
Estatuto; do Estado serão descontadas em parcelas mensais e
II - Um terço do vencimento ou remuneração do dia, sucessivas, aquelas não excedentes da décima parte
se comparecer ao serviço na hora seguinte ao início do valor da remuneração e as outras, em no máximo
do expediente ou dele se retirar antes da hora regu- seis vezes.
lamentar, ou ainda, ausentar-se, sem autorização, por Nota Remissiva
mais de sessenta minutos; “Caput” do art. 88 alterado pelo art. 7º da Lei nº
III - Um terço do vencimento ou remuneração durante 2.531/1999.
o afastamento por motivo de prisão preventiva, pro- Redação Original
núncia por crime comum ou denúncia por crime fun- Art. 88 - As reposições e indenizações à Fazenda do
cional, ou, ainda, condenação por crime inafiançável Estado serão descontadas em parcelas mensais, não
em processo em que não haja pronúncia, tendo direito excedentes da décima parte do valor da remuneração.
à diferença se absolvido; Parágrafo único - (Suprimido).

56
Nota Remissiva Alteração Anterior
Parágrafo único do art. 88 suprimido pelo art. 7º da § 2º do art. 90 acrescido pelo art. 11 da Lei nº
Lei nº 2.531/1999. 1.869/1988.
Redação Original § 2.º - O percentual para percepção da gratificação
Parágrafo único - Quando o funcionário for exonera- pela prestação de serviço em regime de tempo inte-
do ou demitido, ou tiver a sua aposentadoria ou dis- gral com dedicação exclusiva, não poderá ser superior
ponibilidade cassada, o débito deverá ser quitado no a 60% (sessenta por cento) e a gratificação pela par-
prazo de sessenta dias, findo o qual, e no caso de não ticipação em comissão, grupo de trabalho ou grupo
pagamento, será inscrito como dívida e cobrada judi- especial de assessoramento técnico, de caráter transi-
cialmente. tório, não poderá ter percentual de atribuição acima
Art. 89 - Os vencimentos e proventos devidos ao fun- de 100% (cem por cento).
cionário falecido não serão considerados herança, § 3º - (Revogado).
devendo ser pagos, independentemente de ordem ju- Nota Remissiva
dicial, ao cônjuge ou companheiro ou, na falta deste, § 3º do art. 90 revogado pelo art. 13 da Lei nº
aos legítimos herdeiros. 1.899/1989.
Alteração Anterior
SEÇÃO II § 3º do art. 90 acrescido pelo art. 11 da Lei nº
DAS GRATIFICAÇÕES 1.869/1988.
§ 3.º - É vedada a percepção cumulativa da gratifica-
Ato Relacionado ção de produtividade ou de prêmio por produção com
Lei nº 1.897/1989 a gratificação pela prestação de serviço em regime de
Art. 90 - Poderão ser concedidas ao funcionário, na tempo integral com dedicação exclusiva; e a gratifica-
forma regulamentar, as seguintes gratificações: ção pela execução de trabalhos de natureza especial,
I - De função; com risco de vida ou de saúde com a gratificação pelo
II - De representação;
exercício em determinadas zonas ou locais.
III - Por tempo de serviço;
Art. 91 - A função gratificada é a vantagem pecuniária
IV - De produtividade ou de prêmio por produção;
atribuída pelo exercício de encargos de chefia, asses-
V - Pela prestação de serviços extraordinários;
soramento ou secretariado e outros julgados necessá-
VI - Pela execução de trabalhos de natureza especial,
rios.
com risco de vida ou de saúde;
§ 1.º - Em havendo recursos orçamentários, o Poder
VII - Pela participação em órgão de deliberação co-
Executivo poderá criar funções gratificadas, previstas
letiva;
em regulamento próprio, onde se estabelecerá tam-
VIII - Pela participação como membro ou auxiliar de
comissão examinadora de concurso; bém competência para designação.
IX - Pela prestação de serviço em regime de tempo Ato Relacionado
integral ou tempo integral com dedicação exclusiva; Art. 25 do Decreto nº 12.189/1989
X - Pela participação em comissão, grupo de trabalho § 2.º - A dispensa da função gratificada cabe à autori-
ou grupo especial de assessoramento técnico, de cará- dade competente para a designação.
ter transitório; Art. 92 - A gratificação por serviço extraordinário
XI - Pelo exercício em determinadas zonas ou locais; e destina-se a remunerar o trabalho executado fora do
XII - Pelo exercício do magistério em cursos especiais período normal de expediente.
de treinamento de funcionários, se realizado o traba- Ato Relacionado
lho fora das horas de expediente. Art. 3º do Decreto nº 19.399/1998
§ 1.º - Os percentuais de atribuição das gratificações § 1.º - A gratificação será paga por hora de trabalho,
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL E DO PODER JUDICIÁRIO
previstas nos incisos deste artigo, a serem fixados por prorrogado ou antecipado, na mesma razão de cada
ato legal, somente incidirão, para efeito de cálculo das hora do período normal de trabalho.
referidas vantagens, sobre o valor do vencimento do § 2.º - Ressalvados os casos de convocação de emer-
cargo efetivo do funcionário. gência, o serviço extraordinário não excederá de no-
Nota Remissiva venta horas mensais.
§ 1º do art. 90 acrescido pelo art. 11 da Lei nº § 3.º - É vedado conceder gratificações por serviços
1.869/1988. extraordinários com o objetivo de remunerar outros
§ 2.º - O percentual para percepção da gratificação serviços ou encargos.
pela prestação de serviço em regime de tempo inte- § 4.º - O exercício de cargo em comissão ou função
gral ou tempo integral com dedicação exclusiva, não gratificada impede o pagamento de gratificação por
poderá ser superior a 60% (sessenta por cento) e a serviços extraordinários.
gratificação pela participação em comissão, grupo de Art. 93 - Para o serviço extraordinário noturno, o va-
trabalho ou grupo especial de assessoramento técnico, lor da gratificação será acrescido de vinte e cinco por
de caráter transitório, não poderá ter percentual de cento.
atribuição acima de 100% (cem por cento). Art. 94 - (Revogado).
Nota Remissiva Ato Relacionado
§ 2º do art. 90 alterado pelo art. 2º da Lei nº Art. 4º da Lei nº 2.531/1999
1.870/1988. Nota Remissiva

57
“Caput” do art. 94 revogado pelo art. 30 da Lei nº SEÇÃO IV
2.531/1999. DAS DIÁRIAS
Redação Original
Art. 94 - A gratificação por tempo de serviço, devida Art. 100 - O funcionário, que a serviço se deslocar da
ao funcionário efetivo, será calculada sobre o venci- sede em caráter eventual e transitório, fará jus a diá-
mento do cargo ocupado e corresponderá a cinco por rias correspondentes ao período de afastamento, para
cento por qüinqüênio de serviço público. cobrir as despesas de alimentação e pousada.
Parágrafo único - (Revogado). § 1.º - Entende-se por sede o lugar onde o funcionário
Nota Remissiva reside.
Parágrafo único do art. 94 revogado pelo art. 30 da Lei § 2.º - Não serão pagas diárias ao funcionário removi-
nº 2.531/1999. do ou transferido, quando designado para função gra-
Redação Original tificada ou nomeado para cargo em comissão.
Parágrafo único - A gratificação incorporar-se-á ao § 3.º - Não caberá pagamento de diárias quando a
vencimento para todos os efeitos legais. viagem do funcionário constituir exigência inerente ao
cargo ou função.
SEÇÃO III Art. 101 - Será paga diária especial ao funcionário de-
DA AJUDA DE CUSTO signado para serviços intensivos de campo, em qual-
quer lugar do Estado.
Art. 95 - A administração pagará ajuda de custo ao Parágrafo único - A diária especial de campo é devida
funcionário que, no interesse do serviço, passar a ter a partir da entrada em serviço, obedecendo seu pa-
exercício em nova sede. gamento aos valores fixados por ato governamental.
§ 1.º - A ajuda de custo destina-se a indenizar ao fun- Art. 102 - O funcionário que, indevidamente, receber
cionário as despesas de viagem e de nova instalação. diárias, restituirá de uma só vez igual importância, su-
§ 2.º - O transporte do funcionário, sua família e um jeito ainda à punição disciplinar.
serviçal, ocorrerá por conta do Estado. Ato Relacionado
§ 3.º - O nomeado para cargo em comissão, que não Art. 4º da Portaria nº 023/2008 - DIPRE/FVS-AM
seja funcionário do Estado e não resida na sede de- Art. 103 - Será punido com suspensão e, na reincidên-
signada, também fará jus aos benefícios deste artigo. cia, com demissão, o funcionário que, indevidamente,
Art. 96 - A ajuda de custo é calculada sobre a remu- conceder diárias.
neração do cargo efetivo ou do cargo em comissão.
Parágrafo único - A ajuda de custo não excederá a SEÇÃO V
importância correspondente a três meses de remune- DO SALÁRIO-FAMÍLIA
ração.
Art. 97 - Não será concedida ajuda de custo: Art. 104 - O salário-família é devido por dependente,
I - Quando o funcionário for posto à disposição de ou- menor de 21 anos, do funcionário, ativo ou inativo.
tro órgão; Atos Relacionados
Ato Relacionado Lei nº 2.141/1992
Decreto nº 15.681/1993 Lei nº 1.834/1987
II - Quando o funcionário for transferido ou removido § 1.º - A cada dependente corresponderá uma cota de
a pedido, mesmo por permuta; e salário-família.
III - Quando o funcionário deixar a sede ou voltar em § 2.º - A cota do salário-família destinada a depen-
virtude de mandato eletivo. dente inválido será paga em dobro.
Art. 98 - Restituirá a ajuda de custo, sem prejuízo da Art. 105 - Não será devido o salário-família quando o
pena disciplinar cabível: dependente passar a perceber qualquer rendimento,
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL E DO PODER JUDICIÁRIO

I - O funcionário que não se deslocar para a nova sede em importância igual ou superior à do salário-míni-
dentro do prazo fixado, salvo por motivo devidamente mo.
comprovado; Art. 106 - Quando o pai e a mãe forem funcionários e
II - Quando retornar ou pedir exoneração antes de viverem em comum, o salário-família será pago a um
completar cento e oitenta dias de exercício na nova deles apenas; se não viverem em comum, será pago
sede. ao que tiver os dependentes sob sua guarda ou; se
Parágrafo único - Se o funcionário regressar por or- ambos os tiverem, será concedido a um e a outro, de
dem superior, ou por comprovado motivo de força acordo com a distribuição dos dependentes.
maior, não haverá restituição. Art. 107 - O salário-família é devido mesmo quando
Art. 99 - O transporte do funcionário inclui as passa- o funcionário não receber vencimentos ou proventos.
gens e, no limite estabelecido em regulamento pró- Art. 108 - O salário-família não está sujeito a qual-
prio, as bagagens. quer imposto ou taxa, nem servirá de base para qual-
Parágrafo único - O funcionário será obrigado a repor quer contribuição, mesmo para a previdência social.
a importância correspondente ao transporte irregular- Art. 109 - (Revogado).
mente requisitado, além de sofrer a pena disciplinar Nota Remissiva
cabível. Art. 109 revogado pelo artigo 122 da Lei Complemen-
tar nº 30/2001.
Redação Original

58
Art. 109 - Fica assegurada, nas mesmas bases e condi- Art. 115 - Ao funcionário estudante será permitido au-
ções, ao cônjuge sobrevivente ou ao responsável legal sentando-se do serviço, sem prejuízo do vencimento,
pelos filhos do casal a percepção do salário-família a remuneração ou vantagem, para submeter-se a prova
que tinha direito o funcionário ativo ou inativo, fale- ou exame, mediante apresentação de atestado forne-
cido. cido pelo estabelecimento de ensino.
Art. 110 - Quando o funcionário, em regime de acu- Nota Remissiva
mulação legal, ocupar mais de um cargo, só perceberá “... permitido ausentando-se (sic) do serviço ...”
o salário-família por um dos cargos. Correto: ausentar-se
Art. 116 - Poderá o funcionário ser autorizado para
SEÇÃO VI estudo ou aperfeiçoamento fora do Estado, a critério
DO AUXÍLIO-DOENÇA do Chefe do Poder a cujo Quadro de Pessoal integre,
e por prazo não superior a três anos, sem prejuízo do
Art. 111 - (Revogado). vencimento ou remuneração.
Nota Remissiva § 1.º - O funcionário, amparado por este artigo, ficará
Art. 111 revogado pelo art. 122 da Lei Complementar obrigado a prestar serviço ao Estado, pelo menos por
nº 30/2001. período igual ao de seu afastamento.
Redação Original § 2.º - Não cumprida a obrigação de que trata o pará-
Art. 111 - Ao funcionário será devido um mês de ven- grafo anterior, o funcionário indenizará os cofres pú-
cimento, a título de auxílio-doença, após cada período blicos da importância despendida pelo Estado, como
de doze meses consecutivos de licença para tratamen- custeio da viagem de estudo ou aperfeiçoamento.
to de saúde, em conseqüência das doenças previstas
no item I, letra “b” , do artigo 132, quando a inspe- CAPÍTULO V
ção médica não concluir pela necessidade imediata de DA ASSISTÊNCIA E DA PREVIDÊNCIA SOCIAL
aposentadoria.
Art. 112 - (Revogado). Art. 117 - O Estado prestará assistência ao funcionário
Nota Remissiva e à sua família através de instituição própria criada
Art. 112 revogado pelo art. 122 da Lei Complementar por lei.
nº 30/2001.
Redação Original CAPÍTULO VI
Art. 112 - O auxílio-doença será concedido a partir do DO DIREITO DE PETIÇÃO
dia imediato ao término do período referido no artigo
anterior, até o máximo de dois períodos. Art. 118 - É assegurado ao funcionário o direito de
requerer, representar, pedir reconsideração e recorrer,
SEÇÃO VII desde que o faça dentro das normas de urbanidade.
DO AUXÍLIO-FUNERAL Art. 119 - O requerimento é cabível para defesa de
direito ou de interesse legítimo e será dirigido à auto-
Art. 113 - Será pago auxílio-funeral correspondente ridade competente em razão da matéria.
a um mês de vencimento, remuneração ou provento, Art. 120 - A representação é cabível contra abuso de
mediante prova da despesa, a quem providenciou o autoridade ou desvio de poder e, encaminhada pela
sepultamento do funcionário falecido. via hierárquica, será obrigatoriamente apreciada pela
§ 1.º - O vencimento, remuneração ou provento cor- autoridade superior àquela contra a qual é interposta.
responderá àquele do funcionário, no momento do Art. 121 - Caberá pedido de reconsideração dirigido à
óbito. autoridade que houver expedido o ato ou proferido a
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL E DO PODER JUDICIÁRIO
§ 2.º - Em caso de acumulação legal de cargos do Es- primeira decisão, quando contiver novos argumentos.
tado, o auxílio-funeral corresponderá ao pagamento Parágrafo único - O prazo para apresentação do pe-
do cargo de maior vencimento ou remuneração do dido de reconsideração é de quinze dias a contar da
funcionário. ciência do ato, da decisão ou da publicação oficial.
§ 3.º - A despesa com auxílio-funeral correrá à conta Art. 122 - O recurso é cabível contra indeferimento
da dotação orçamentária própria do cargo, que não de pedido de reconsideração e contra decisões sobre
será provido antes de decorridos trinta dias da vacân- recursos sucessivamente interpostos.
cia. Art. 123 - O recurso será dirigido à autoridade imedia-
tamente superior à que tiver expedido o ato ou profe-
CAPÍTULO IV rido a decisão recorrida.
DAS CONCESSÕES § 1.º - O recurso será interposto por intermédio da au-
toridade recorrida, que poderá reconsiderar a decisão,
Art. 114 - Sem prejuízo da remuneração e qualquer ou, mantendo-a, encaminhá-la à autoridade superior.
outro direito ou vantagem, o funcionário poderá faltar § 2.º - É de trinta dias o prazo para a interposição de
ao serviço até oito dias consecutivos, por motivo de : recurso, a contar da publicação ou ciência, pelo inte-
I - Casamento; ou ressado, da decisão recorrida.
II - Falecimento do cônjuge ou companheiro, pais, fi- Art. 124 - O direito de pleitear na esfera administrati-
lhos ou irmãos. va prescreverá:

59
I - Em cinco anos, quando aos atos de demissão, cas- Nota Remissiva
sação de aposentadoria ou disponibilidade e aos refe- Alínea “a” do inciso II do art. 131 revogada pelo art.
rentes a matéria patrimonial; 122 da Lei Complementar
II - Em cento e vinte dias, nos demais casos. nº 30/2001.
Art. 125 - Os prazos de prescrição estabelecidos no ar- Redação Original
tigo anterior, contar-se-ão da data da publicação, no a) aos trinta e cinco anos de serviço, se do sexo mas-
órgão oficial, do ato impugnado, ou da data da ciência culino;
pelo interessado. b) (Revogada).
Art. 126 - Os pedidos de reconsideração e os recursos, Nota Remissiva
quando cabíveis, e apresentados dentro do prazo, in- Alínea “b” do inciso II do art. 131 revogada pelo art.
terrompem a prescrição até duas vezes, determinan- 122 da Lei Complementar nº 30/2001.
do a contagem de novos prazos a partir da data da Redação Original
publicação de despacho denegatório ou restritivo ao b) aos trinta anos de serviço, se do sexo feminino; e
pedido. III - (Revogado).
Art. 127 - O ingresso em juízo não implica necessa- Nota Remissiva
riamente suspensão, na instância administrativa, de Inciso III do art. 131 revogado pelo art. 122 da Lei
pleito formulado pelo funcionário. Complementar nº 30/2001.
Redação Original
CAPÍTULO VII III - Por invalidez.
DA DISPONIBILIDADE Art. 132 - (Revogado).
Nota Remissiva
Art. 128 - Disponibilidade é o ato pelo qual o funcio- “Caput” do art. 132 revogado pelo art. 122 da Lei
nário estável fica afastado de qualquer atividade, no Complementar nº 30/2001.
serviço público em virtude da extinção ou declaração Redação Original
da desnecessidade do seu cargo. Art. 132 - Os proventos de aposentadoria serão:
Parágrafo único - O funcionário em disponibilidade I - (Revogado).
perceberá proventos proporcionais ao seu tempo de Nota Remissiva
serviço, mais as vantagens incorporáveis à data da Inciso I do art. 132 revogado pelo art. 122 da Lei Com-
inativação e o salário-família. plementar nº 30/2001.
Art. 129 - Restabelecido o cargo, mesmo modificada a Redação Original
sua denominação, será nele aproveitado, com priori- I - Integrais, quando o funcionário:
dade, o funcionário em disponibilidade. a) (Revogada).
Art. 130 - O funcionário em disponibilidade poderá ser Nota Remissiva
aposentado, preenchidos os requisitos legais. Alínea “a” do inciso I do art. 132 revogada pelo art.
122 da Lei Complementar nº 30/2001.
Redação Original
CAPÍTULO VIII
a) Aposentar-se voluntariamente por tempo de servi-
DA APOSENTADORIA
ço;
b) (Revogada).
Ato Relacionado
Nota Remissiva
Art. 3º da Lei nº 2.531/1999
Alínea “b” do inciso I do art. 132 revogada pelo art.
Art. 131 - (Revogado).
122 da Lei Complementar nº 30/2001.
Nota Remissiva
Alterações Anteriores
“Caput” do art. 131 revogado pelo art. 122 da Lei Alínea “b” do inciso I do art. 132 alterada pelo art. 7º
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL E DO PODER JUDICIÁRIO

Complementar nº 30/2001. da Lei nº 2.531/1999.


Redação Original b) invalidar-se por acidente ocorrido em serviço, mo-
Art. 131 - O funcionário será aposentado: léstia profissional, ou quando acometido de tuber-
I - (Revogado). culose ativa, alienação mental, esclerose múltipla,
Nota Remissiva neoplasia maligna, cegueira posterior ao ingresso no
Inciso I do art. 131 revogado pelo art. 122 da Lei Com- serviço público, hanseníase, cardiopatia grave, doen-
plementar nº 30/2001. ça de Parkinson, paralisia irreversível e incapacitante,
Redação Original espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, esta-
I - Compulsoriamente, aos setenta anos de idade; dos avançados do mal de Paget (osteite deformante),
II - (Revogado). Síndrome de Imonudeficiência Adquirida - AIDS, aci-
Nota Remissiva dente vascular e outras que a lei indicar, com base na
Inciso II do art. 131 revogado pelo art. 122 da Lei medicina especializada.
Complementar nº 30/2001. Alínea “b” do inciso I do art. 132 alterada pelo art. 1º
Redação Original da Lei nº 2.452/1997.
II - Valuntariamente; b) Invalidar-se por acidente ocorrido em serviço, por
“Valuntariamente (sic);” moléstia profissional, ou quando acometido de tuber-
Correto: Voluntariamente culose ativa, alienação mental, neoplasia maligna, do-
a) (Revogada). ença dos órgãos da visão, com diminuição de acuida-

60
de abaixo de um décimo, lepra, leucemia, cardiopatia Art. 134 - Entende-se por doença profissional a pro-
grave, doença de Parkinson, Síndrome da Imunodefi- veniente das condições do serviço ou de fatos nele
ciência Adquirida - AIDS, acidente vascular e outras ocorridos, devendo o laudo médico estabelecer-lhes
moléstias que a lei indicar com base nas conclusões da rigorosa caracterização.
medicina especializada; e Art. 135 - (Revogado).
Redação Original Nota Remissiva
b) Invalidar-se por acidente ocorrido em serviço, por Art. 135 revogado pelo art. 122 de Lei Complementar
moléstia profissional, ou quando acometido de tuber- nº 30/2001.
culose ativa, alienação mental, neoplasia maligna, do- Redação Original
ença dos órgãos da visão, com diminuição de acuida- Art. 135 - A aposentadoria compulsória será automá-
de abaixo de um décimo, lepra, leucemia, cardiopatia tica e o funcionário deixará o exercício do cargo no
grave, doença de Parkinson, e outras moléstias que a dia que atingir a idade limite, devendo o ato retroagir
lei indicar com base nas conclusões da medicina es- aquela data.
pecializada; e Art. 136 - (Revogado).
II - (Revogado). Nota Remissiva
Nota Remissiva Art. 136 revogado pelo art. 122 de Lei Complementar
Inciso II do art. 132 revogado pelo art. 122 da Lei nº 30/2001.
Complementar nº 30/2001. Redação Original
Redação Original Art. 136 - A aposentadoria por invalidez será precedi-
II - Proporcionais, fora das hipóteses previstas no item da de licença para tratamento de saúde, por período
anterior. não excedente a vinte e quatro meses, salvo quando
Parágrafo único - (Revogado). o laudo médico declarar logo incapacidade definitiva
Nota Remissiva para o serviço público.
Parágrafo único do art. 132 revogado pelo art. 122 da Art. 137 - (Revogado).
Nota Remissiva
Lei Complementar nº 30/2001.
Art. 137 revogado pelo art. 122 de Lei Complementar
Redação Original
nº 30/2001.
Parágrafo único - Os proventos proporcionais não se-
Redação Original
rão inferiores a cinquenta por cento do vencimento
Art. 137 - Aposentadoria produzirá efeito com a publi-
e vantagens percebidas na atividade, e, em caso ne-
cação do ato no órgão oficial.
nhum inferiores ao salário-mínimo.
Art. 138 - (Revogado).
Art. 133 - (Revogado).
Ato Relacionado
Nota Remissiva
Art. 1º da Lei nº 1.941/1990
“Caput” do art. 133 revogado pelo art. 122 de Lei Nota Remissiva
Complementar nº 30/2001. Art. 138 revogado pelo art. 122 de Lei Complementar
Redação Original nº 30/2001.
Art. 133 - Para efeitos deste Estatuto, considera-se Redação Original
acidente em serviço o evento danoso que tiver como Art. 138 - No caso do item II do artigo 131 o funcio-
causa imediata o exercício das atribuições inerentes nário aguardará em exercício a publicação do ato de
ao cargo. aposentadoria.
§ 1.º - (Revogado). Art. 139 - (Revogado).
Nota Remissiva Ato Relacionado
§ 1º do art. 133 revogado pelo art. 122 de Lei Comple- Art. 2º da Lei nº 2.531/1999
mentar nº 30/2001. Nota Remissiva LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL E DO PODER JUDICIÁRIO
Redação Original Art. 139 revogado pelo art. 30 da Lei nº 2.531/1999.
§ 1.º - Equipara-se ao acidente em serviço a agres- Redação Original
são física sofrida e não provocada pelo funcionário, no Art. 139 - O funcionário que se aposentar de acordo
exercício das suas atribuições. com o item II do artigo 131 fará jus:
§ 2.º - (Revogado). I - (Revogado).
Nota Remissiva Nota Remissiva
§ 2º do art. 133 revogado pelo art. 122 de Lei Comple- Inciso I do art. 139 revogado pelo art. 30 da Lei nº
mentar nº 30/2001. 2.531/1999.
Redação Original Redação Original
§ 2.º - A prova do acidente será formalizada em pro- I - A proventos correspondentes ao vencimento da
cesso especial, no prazo de oito dias, prorrogável, classe imediatamente superior;
quando as circunstâncias o exigirem, por período que II - (Revogado).
a autoridade competente considerar necessário. Nota Remissiva
Art. 134 - (Revogado). Inciso II do art. 139 revogado pelo art. 30 da Lei nº
Nota Remissiva 2.531/1999.
Art. 134 revogado pelo art. 122 de Lei Complementar Redação Original
nº 30/2001. II - A proventos acrescidos de vinte por cento, quando
Redação Original ocupante da última classe da carreira;

61
III - (Revogado). § 1.º - (Revogado).
Nota Remissiva Nota Remissiva
Inciso III do art. 139 revogado pelo art. 30 da Lei nº § 1º do art. 141 revogado pelo art. 122 da Lei Comple-
2.531/1999. mentar nº 30/2001.
Redação Original Redação Original
III - A proventos estabelecidos no inciso anterior, § 1.º - VETADO.
quando ocupante de cargo isolado, durante três anos § 2.º - (Revogado).
no mínimo. Nota Remissiva
Parágrafo único - (Revogado). § 2º do art. 141 revogado pelo art. 122 da Lei Comple-
Nota Remissiva mentar nº 30/2001.
Parágrafo único do art. 139 revogado pelo art. 1º da Redação Original
Lei nº 2.293/1994. § 2.º - O funcionário aposentado com proventos pro-
Redação Original porcionais, quando acometidos de doença prevista na
Parágrafo único - O disposto neste artigo aplicar-se- letra “b” inciso I, do artigo 132, positivada em inspe-
-á às aposentadorias decretadas a partir da data da ção médica, passará a ter proventos integrais.
vigência deste Estatuto. “... quando acometidos (sic) ...”
Art. 140 - (Revogado). Correto: acometido
Nota Remissiva Art. 142 - (Revogado).
“Caput” do art. 140 revogado pelo art. 122 da Lei Nota Remissiva
Complementar nº 30/2001. Art. 142 revogado pelo art. 122 da Lei Complementar
Redação Original nº 30/2001.
Art. 140 - O funcionário ao se aposentar passará à Redação Original
inatividade: Art. 142 - Será acrescido aos proventos da aposenta-
I - (Revogado). doria o valor correspondente às gratificações “pro la-
Nota Remissiva bore” desde que o funcionário venha percebendo dita
Inciso I do art. 140 revogado pelo art. 122 da Lei Com- vantagem há mais de cinco anos.
plementar nº 30/2001. Art. 143 - (Revogado).
Redação Original Nota Remissiva
I - Com vencimento do cargo em comissão, da função Art. 143 revogado pelo art. 122 da Lei Complementar
de confiança ou função gratificada que houver exerci- nº 30/2001.
do, sem interrupção, por no mínimo cinco anos; Redação Original
II - (Revogado). Art. 143 - O cálculo dos proventos da aposentadoria
Nota Remissiva terá por base o vencimento mensal do cargo, acrescido
Inciso II do art. 140 revogado pelo art. 122 da Lei das vantagens incorporáveis por lei.
Complementar nº 30/2001.
Redação Original TÍTULO V
II - Com as vantagens do item anterior, desde que o DO REGIME DISCIPLINAR
exercício de cargo ou função de confiança tenha so- CAPÍTULO I
mado um período de dez anos, consecutivos ou não. DA ACUMULAÇÃO
§ 1.º - (Revogado).
Nota Remissiva Art. 144 - É vedada a acumulação remunerada de
§ 1º do art. 140 revogado pelo art. 122 da Lei Comple- cargo com outro cargo, emprego ou função públicos,
mentar nº 30/2001. abrangendo a Administração Direta, autarquias, fun-
Redação Original dações, empresas públicas, sociedades de economia
§ 1.º - No caso do item II deste artigo, quando mais de mista, suas subsidiárias, e sociedades controladas,
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL E DO PODER JUDICIÁRIO

um cargo ou função tenha sido exercido, serão atribuídas direta ou indiretamente, pelo poder público, exceto,
as vantagens do cargo ou função de maior valor, desde quando houver compatibilidade de horários:
que lhe corresponda o exercício mínimo de um ano. Ato Relacionado
§ 2.º - (Revogado). Art. 8º da Lei nº 2.531/1999
Nota Remissiva Nota Remissiva
§ 2º do art. 140 revogado pelo art. 122 da Lei Comple- “Caput” do art. 144 alterado pelo art. 7º da Lei nº
mentar nº 30/2001. 2.531/1999.
Redação Original Redação Original
§ 2.º - VETADO. Art. 144 - É vedada a acumulação remunerada de car-
Art. 141 - (Revogado). gos ou funções pública, exceto de:
Nota Remissiva I - a de dois cargos ou empregos de professor;
“Caput” do art. 141 revogado pelo art. 122 da Lei Nota Remissiva
Complementar nº 30/2001. Inciso I do art. 144 alterado pelo art. 7º da Lei nº
Redação Original 2.531/1999.
Art. 141 - Os proventos da inatividade serão revistos Redação Original
sempre na mesma base percentual do aumento con- I - Um cargo do magistério com o de Juiz;
cedido aos funcionários em atividade, ou de categoria II - a de um cargo ou de emprego de professor com
igual ou equivalente. outro técnico ou científico;

62
Nota Remissiva “Caput” do art. 145 alterado pelo art. 7º da Lei nº
Inciso II do art. 144 alterado pelo art. 7º da Lei nº 2.531/1999.
2.531/1999. Redação Original
Redação Original Art. 145 - Não se enquadra na proibição de acumular
II - Dois cargos de professor; a percepção conjunta de:
III - a de dois cargos ou empregos privativos de mé- I - (Suprimido).
dico. Nota Remissiva
Nota Remissiva Inciso I do art. 145 alterado pelo art. 7º da Lei nº
Inciso III do art. 144 alterado pelo art. 7º da Lei nº 2.531/1999.
2.531/1999. Redação Original
Redação Original I - Pensões civil e militar;
III - Um cargo de professor com outro técnico ou cien- II - (Suprimido).
tífico; Nota Remissiva
IV - (Suprimido) Inciso II do art. 145 alterado pelo art. 7º da Lei nº
Nota Remissiva 2.531/1999.
Inciso IV do art. 144 suprimido pelo art. 7º da Lei nº Redação Original
2.531/1999. II - Pensões com vencimento, remuneração ou salá-
Redação Original rios;
IV - Dois cargos privativos de médico. III - (Suprimido).
§ 1.º - (Suprimido). Nota Remissiva
Nota Remissiva Inciso III do art. 145 alterado pelo art. 7º da Lei nº
§ 1º do art. 144 suprimido pelo art. 7º da Lei nº 2.531/1999.
2.531/1999. Redação Original
Redação Original III - Pensões com proventos de disponibilidade, apo-
§ 1.º - Em qualquer dos casos, a acumulação somente sentadoria ou
será permitida quando houver correlação de matéria reforma.
e compatibilidade de horários. Parágrafo único - A qualquer tempo a Administração
§ 2.º - (Suprimido). poderá solicitar declaração do servidor atestando que
Nota Remissiva não acumula cargos, empregos ou funções em órgão
§ 2º do art. 144 suprimido pelo art. 7º da Lei nº da União, Estado e Municípios.
2.531/1999. Nota Remissiva
Redação Original Parágrafo único do art. 145 acrescido pelo art.7º da
§ 2.º - A proibição de acumular estende-se a cargos, Lei nº 2.531/1999.
Art. 146 - As acumulações e a percepção de proven-
funções ou empregos, em autarquias, empresas públi-
tos vedadas pelo art. 144 serão apuradas em processo
cas e sociedades de economia mista.
sumário, nos termos do artigo 174 deste Estatuto, por
§ 3.º - (Suprimido).
meio de comissão constituída em caráter transitório
Nota Remissiva
ou permanente.
§ 3º do art. 144 suprimido pelo art. 7º da Lei nº
Nota Remissiva
2.531/1999.
“Caput” do art. 146 alterado pelo art. 7º da Lei nº
Redação Original
2.531/1999.
§ 3.º - A proibição de acumular proventos não se apli- Redação Original
ca ao aposentado, quando no exercício do mandato Art. 146 - As acumulações serão apuradas por meio
eletivo, quando ocupante de cargo em comissão ou de comissão constituída em caráter transitório ou per-
quando ocupante de cargo em comissão ou quando manente. LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL E DO PODER JUDICIÁRIO
contratado para prestação de serviços técnicos ou es- Parágrafo único - (Suprimido).
pecializados. Nota Remissiva
Parágrafo único - É vedada a percepção simultânea de Parágrafo único do art. 146 suprimido pelo art. 7º da
proventos com a remuneração de cargo, emprego ou Lei nº 2.531/1999.
função pública, ressalvadas as hipóteses de acumula- Redação Original
ção permitida na atividade, de exercício de mandato Parágrafo único - Verificada a acumulação proibida
eletivo, de cargo em comissão ou de contrato para a e provada a boa-fé, o funcionário optará por um dos
prestação de serviços de natureza técnica ou especia- cargos ou funções exercidas.
lizada. Art. 147 - Transitada em julgado a decisão do processo
Nota Remissiva sumário que concluir pela acumulação ou pela per-
Parágrafo único do art. 144 acrescido pelo art. 7º da cepção de proventos vedadas pelo art. 144, o servidor:
Lei nº 2.531/1999. Nota Remissiva
Art. 145 - O reconhecimento da licitude da acumu- “Caput” do art. 147 alterado pelo art. 7º da Lei nº
lação de cargos fica condicionado à comprovação da 2.531/1999.
compatibilidade de horários a ser declarada pelo ser- Redação Original
vidor em ato próprio perante os órgãos ou entidades Art. 147 - Na hipótese de má fé, provada mediante
a que pertencer. inquérito administrativo, o funcionário perderá, tam-
Nota Remissiva bém, o cargo que exercia há mais tempo.

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Parágrafo único - (Suprimido). II - Censurar, por qualquer órgão de divulgação públi-
Nota Remissiva ca, as autoridades constituídas;
Parágrafo único do art. 147 suprimido pelo art. 7º da III - Pleitear, como procurador ou intermediário jun-
Lei nº 2.531/1999. to às repartições públicas, salvo quando se tratar de
Redação Original percepção de vencimentos e proventos do cônjuge,
Parágrafo único - O inquérito administrativo obede- companheiro ou parente consanguíneo ou afim, até
cerá às normas disciplinares da Seção IV do Capítulo segundo grau;
VII deste Título. IV - Retirar, modificar ou substituir, sem prévia autori-
I - optará, no prazo de 05 (cinco) dias, por um dos zação, qualquer documento de órgão estadual;
cargos, empregos ou funções exercidos, ou pelos pro- V - Empregar materiais e bens do Estado em serviço
ventos, se patenteada a boa fé; particular ou, sem autorização superior, retirar objetos
Nota Remissiva de órgãos oficiais;
Inciso I do art. 147 acrescido pelo art. 7º da Lei nº VI - Valer-se do cargo para lograr proveito pessoal;
2.531/1999. VII - Coagir ou aliciar subordinados com objetivo de
II - será demitido do cargo ou cargos estaduais ile- natureza partidária;
galmente ocupados, ou terá cassada a aposentadoria VIII - Receber propinas, comissões, presentes e vanta-
ou a disponibilidade, nos casos de má-fé comprovada. gens de qualquer espécie, em razão do cargo;
Nota Remissiva IX - Praticar a usura, em qualquer de suas formas;
Inciso II do art. 147 acrescido pelo art. 7º da Lei nº X - Promover manifestações de apreço ou desapreço,
2.531/1999. mesmo para obsequiar superiores hierárquicos, e fazer
Art. 148 - As autoridades que tiverem conhecimen- circular ou subscrever lista de donativos na repartição;
to de qualquer acumulação indevida, comunicarão o XI - Cometer a pessoa estranha à repartição, fora dos
fato, sob pena de responsabilidade, ao órgão de pes- casos previstos em lei, o desempenho de encargos de
soal, para os fins indicados no artigo 146. sua competência ou de seus subordinados.
XII - Participar da diretoria, gerência, administração,
CAPÍTULO II conselho-técnico ou administrativo de empresa ou so-
DOS DEVERES ciedade:
a) Contratante ou concessionária de serviço público;
Art. 149 - Além do exercício das atribuições do cargo, b) Fornecedora de equipamento ou material de qual-
são deveres do funcionário: quer natureza ou espécie, a qualquer órgão estadual;
I - Lealdade e respeito às instituições constitucionais e c) Com atividades relacionadas à natureza do cargo
administrativas; ou função pública exercida;
II - Assiduidade e pontualidade; XIII - Exercer o comércio ou participar de sociedade
III - Cumprimento de ordens superiores, representan- comercial, exceto como acionistas, cotistas ou coman-
do quando manifestamente ilegais; ditário;
IV - Desempenho, com zelo e presteza, dos trabalhos XIV - Entreter-se, nos locais e horas de trabalho, em
de sua incumbência; palestras, leituras ou atividades estranhas ao serviço;
V - Sigilo sobre os assuntos da repartição; XV - Atender pessoas estranhas ao serviço no local de
VI - Zelo pela economia do material e pela conserva- trabalho, para tratar de assuntos particulares;
ção do patrimônio sob sua guarda ou para sua utili- XVI - Incitar greves ou delas participar ou praticar atos
zação. de sabotagem contra o serviço público;
VII - Urbanidade com companheiros de serviços e o XVII - Fundar sindicato de funcionário ou dele parti-
público geral; cipar; e
VIII - Cooperação e espírito de solidariedade com os XVIII - Ausentar-se do Estado, mesmo para estudo ou
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL E DO PODER JUDICIÁRIO

companheiros de trabalho; missão oficial de qualquer natureza, com ou sem ônus


IX - Conhecimento das leis, regulamentos, regimen- para os cofres públicos, sem autorização expressa do
tos, instruções e ordens de serviços referentes às suas Chefe do Poder a cujo Quadro de Pessoal integre.
funções; e
X - Procedimento compatível com a dignidade da fun- CAPÍTULO IV
ção pública. DAS RESPONSABILIDADES

CAPÍTULO III Art. 151 - (Revogado).


DAS PROIBIÇÕES Nota Remissiva
Art. 151 revogado pelo art. 122 da Lei Complementar
Art. 150 - Ao funcionário é proibido: nº 30/2001.
I - Referir-se de modo depreciativo ou desrespeitoso Redação Original
em informação, parecer ou despacho, às autoridades e Art. 151 - Pelo exercício irregular de suas atribuições,
a atos da Administração Pública, podendo, porém, em o funcionário responde civil, penal e administrativa-
trabalho assinado, criticá-los do ponto de vista doutri- mente.
nário ou da organização do serviço; Art. 152 - A responsabilidade civil decorre de procedi-
Nota Remissiva mento doloso ou culposo, que importe em prejuízo à
“...podendo, porém (sic), em trabalho...” Fazenda Pública ou a terceiros.

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§ 1.º - A indenização de prejuízo causado à Fazenda § 4.º - Somente se confirmada a penalidade constará
Pública será liquidada mediante desconto em presta- no assentamento individual do funcionário.
ções mensais, não superiores à décima parte do ven- Art. 161 - A pena de demissão será aplicada nos casos
cimento ou remuneração, à falta de outros bens que de:
respondam pela reposição. I - Crime contra a administração pública, assim defi-
§ 2.º - Tratando-se de danos causado a terceiros, res- nido na Lei Penal;
ponderá o funcionário perante a Fazenda Pública, em II - Abandono de cargo;
ação regressiva, proposta depois de transitada em jul- III - Inassiduidade habitual;
gado a decisão que houver condenado a Fazenda a IV - Incontinência pública ou escandalosa e prática de
indenizar o prejudicado. jogos proibidos;
Art. 153 - A responsabilidade penal abrange os cri- V - Insubordinação grave em serviço;
mes e contravenções imputados ao funcionário, nesta VI - Ofensa física em serviço contra funcionário ou
qualidade. particular, salvo em legítima defesa e em estrito cum-
Art. 154 - A responsabilidade administrativa resulta primento do dever legal;
de omissões ou atos praticados no desempenho do VII - Aplicação irregular de dinheiro público;
cargo ou função. VIII - Revelação de fato ou informação de natureza
Art. 155 - As sanções civis, penais e disciplinares pode- sigilosa que o funcionário conheça em razão do cargo;
rão acumular-se, umas e outras, independentes entre IX - Corrupção passiva, nos termos da Lei Penal;
si, bem assim as instâncias cível, penal e administra- X - Lesão aos cofres públicos e dilapidação do patri-
tiva. mônio estadual;
XI - ocorrência de qualquer das vedações previstas no,
CAPÍTULO V art. 144, se provada a má-fé;
DAS PENALIDADES Nota Remissiva
Inciso XI do art. 161 alterado pelo art. 7º da Lei nº
2.531/1999.
Art. 156 - São penas disciplinares:
Redação Original
I - Reprensão;
XI - Acumulação proibida de cargo público, se provada
Nota Remissiva
a má fé; e
“...Reprensão (sic)...”
XII - Transgressão de quaisquer dos itens IV, V, VI, VII
Correto: Repreensão
e IX do artigo 150.
II - Suspensão; § 1.º - Considera-se abandono de cargo a ausência
III - Demissão; e ao serviço, sem justa causa, por mais de trinta dias
IV - Cassação de aposentadoria ou disponibilidade. consecutivos.
Art. 157 - Na aplicação das penas disciplinares serão § 2.º - Entende-se como inassiduidade habitual a falta
consideradas a natureza e a gravidade da infração, os ao serviço sem causa justificada, por sessenta dias in-
danos que dela resultarem para o serviço público e os tercalados durante o período de doze meses.
antecedentes funcionais do culpado. Art. 162 - O ato de imposição de penalidade mencio-
Art. 158 - A pena de repreensão será aplicada por es- nará sempre a causa da sanção e o fundamento legal.
crito, nos casos de indisciplina ou falta de cumprimen- Art. 163 - São competentes para aplicação das pena-
to dos deveres funcionais. lidades disciplinares:
Art. 159 - A pena de suspensão, que não excederá a I - Governador;
noventa dias, será aplicada em casos de falta grave ou II - O Secretário de Estado ou autoridade diretamente
de reincidência. subordinada ao Governador e os dirigentes de autar-
Parágrafo único - O funcionário suspenso perderá, quias, nos casos de suspensão por mais trinta dias; e
III - Os chefes de unidades administrativas, na forma LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL E DO PODER JUDICIÁRIO
durante o período de cumprimento da pena, todos os
direitos e vantagens decorrentes do exercício do cargo. regimental, nos casos de repreensão ou suspensão até
Art. 160 - As penas de repreensão e suspensão até cin- trinta dias.
co dias serão aplicadas de imediato pela autoridade Parágrafo único - Quando se tratar de funcionário
que tiver conhecimento direto de falta cometida. dos Poderes Legislativo e Judiciário, e dos Tribunais
§ 1.º - O ato punitivo será motivado e terá efeito ime- de Contas do Estado e dos Municípios, as penalidades
diato, mas provisório, assegurando-se ao funcionário serão aplicadas pelas autoridades designadas em re-
o direito de oferecer defesa por escrito, no prazo de gimento interno, lei orgânica ou regulamento.
três dias. Art. 164 - Constarão obrigatoriamente do seu assen-
tamento individual as penalidades disciplinares im-
§ 2.º - A defesa prevista no parágrafo anterior é inde-
postas ao funcionário.
pendente de autuação e será apresentada mediante
Art. 165 - Além da pena judicial cabível, serão con-
recibo, diretamente pelo funcionário à autoridade que
sideradas como de suspensão os dias em que o fun-
aplicou a pena.
cionário deixar de atender, sem motivo justificado, à
§ 3.º - As penalidades aplicadas nas condições deste convocação do júri e outros serviços obrigatórios pre-
artigo, somente serão confirmadas mediante novo ato, vistos em lei.
após a apreciação da defesa, ou pelo decurso do prazo Art. 166 - Será cassada a aposentadoria ou a disponi-
para tanto estabelecido, se tal direito não for exercido bilidade do inativo que praticou, quando em ativida-
pelo funcionário. de, falta punível com demissão.

65
Art. 167 - Será cassada a disponibilidade quando o § 2.º - A suspensão preventiva do funcionário não im-
funcionário, nessa situação, investiu-se ilegalmente pede a decretação de sua prisão administrativa.
em cargo ou função pública, ou aceitou comissão, em- Art. 172 - Durante o período da prisão administrativa
prego ou pensão de Estado estrangeiro, sem prévia e ou da suspensão preventiva, o funcionário perderá um
expressa autorização do Presidente da República. terço do vencimento ou remuneração.
Parágrafo único - Será igualmente cassada a dispo- Parágrafo único - Reconhecida sua inocência, o fun-
nibilidade do funcionário que não assumir no prazo cionário terá direito à diferença de remuneração e à
legal o exercício do cargo em que for aproveitado. contagem, para todos os efeitos, do período corres-
Art. 168 - Prescreverá: pondente à prisão administrativa ou suspensão pre-
I - Em dois meses, a falta sujeita à repreensão; ventiva.
II - Em dois anos, a falta sujeita à pena de suspensão; e
III - Em cinco anos, a falta sujeita às penas de demis- CAPÍTULO VII
são, cassação de aposentadoria ou disponibilidade. DO PROCESSO DISCIPLINAR
Parágrafo único - Também a falta, prevista em Lei Pe- SEÇÃO I
nal como crime, prescreverá juntamente com ele. DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 169 - A prescrição começa a contar da data em
que a autoridade tomar conhecimento da existência Art. 173 - A autoridade que tiver ciência de irregulari-
da falta. dade no serviço público é obrigada a tomar providên-
Parágrafo único - O curso de prescrição interrompe-se cias para apurar os fatos e responsabilidades.
pela abertura do competente procedimento adminis- § 1.º - As providências de apuração começarão logo
trativo. após o conhecimento dos fatos e serão tomadas na
unidade onde eles ocorreram, devendo consistir, no
CAPÍTULO VI mínimo, em relatório circunstanciado sobre as possí-
DA PRISÃO ADMINISTRATIVA E DA SUSPENSÃO veis irregularidades.
PREVENTIVA § 2.º - A averiguação preliminar será cometida a um
só funcionário ou a uma comissão.
Art. 170 - Cabe dentro das respectivas competências
ao Secretário de Estado e demais chefes de órgãos SEÇÃO II
diretamente subordinados ao Governador, ordenar a DO PROCESSO SUMÁRIO
prisão administrativa, mediante despacho fundamen-
tado, de todo e qualquer responsável por dinheiro ou
Art. 174 - Instaura-se o processo sumário quando a
valores pertencentes à Fazenda Estadual ou que se
falta disciplinar, pela gravidade ou natureza, não mo-
acharem sob sua guarda, nos casos de alcance, remis-
tivar demissão, ressalvado o disposto nos artigos 146
são ou omissão em efetuar as entradas nos devidos
e 160.
prazos.
Nota Remissiva
§ 1.º - Em se tratando de funcionário dos Poderes
“Caput” do art. 174 alterado pelo art. 7º da Lei nº
Legislativo e Judiciário, e dos Tribunais de Contas do
Estado e dos Municípios, a prisão administrativa será 2.531/1999.
ordenada pelas autoridades designadas em regimento Redação Original
interno, lei orgânica ou regulamento. Art. 174 - Instaura-se o processo sumário quando a
§ 2.º - Ordenada a prisão, será ela comunicada ime- falta disciplinar, pela gravidade ou natureza, não mo-
diatamente à autoridade judiciária competente. tivar demissão, ressalvado o disposto no artigo 160.
§ 3.º - A prisão administrativa não excederá de noven- Parágrafo único - Concluída a instrução, a decisão do
ta dias, podendo, no entanto, ser revogada, a critério processo sumário será tomada após 05 (cinco) dias do
da autoridade que a decretou, sem prejuízo do proces- prazo para o servidor apresentar a sua defesa.
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL E DO PODER JUDICIÁRIO

so disciplinar e penas cabíveis, se o funcionário res- Nota Remissiva


sarcir os danos causados ao erário público ou oferecer Parágrafo único do art. 174 alterado pelo art. 7º da Lei
garantia idônea. nº 2.531/1999.
§ 4.º - No curso do processo disciplinar compete ao Redação Original
Presidente da Comissão suscitar a prisão administra- Parágrafo único - No processo sumário, conclusa a
tiva do indiciado, perante a autoridade competente instrução, a decisão será tomada após cinco dias do
para decretá-la, nos casos legalmente cabíveis. prazo para o funcionário apresentar a sua defesa.
Art. 171 - A suspensão preventiva até trinta dias será
ordenada pelo chefe da unidade administrativa, me- SEÇÃO III
diante despacho fundamentado, se o afastamento do DA SINDICÂNCIA
funcionário for necessário, para que não venha a in-
fluir na apuração da falta cometida. Art. 175 - A sindicância constitui a peça preliminar e
§ 1.º - Caberá ao Secretário de Estado ou às autorida- informativa do inquérito administrativo, devendo ser
des designadas em regimento interno, lei orgânica ou instaurada quando os fatos não estiverem definidos
regulamento, prorrogar, até noventa dias, o prazo de ou faltarem elementos indicativos da autoria.
suspensão já ordenada, mas cumprida a penalidade, Art. 176 - A sindicância não comporta o contraditório
cessarão os respectivos efeitos, ainda que o processo e tem caráter sigiloso, devendo obrigatoriamente se-
disciplinar não esteja concluso. rem ouvidos, no entanto, os envolvidos nos fatos.

66
Art. 177 - O relatório da sindicância conterá descrição § 2.º - Não sendo encontrado o indiciado, ou ignoran-
articulada dos fatos e proposta objetiva ante as ocor- do-se o seu paradeiro, a citação será feita por editais,
rências verificadas, recomendando o arquivamento do publicados no órgão oficial, durante três dias conse-
feito ou a abertura do inquérito administrativo. cutivos.
Parágrafo único - Quando recomendar abertura do § 3.º - Se o indiciado não comparecer, será decretada a
inquérito administrativo, o relatório deverá apontar os sua revelia e designado um defensor dativo, de prefe-
dispositivos legais infringidos e a autoria do infrator. rência Bacharel em Direito, ou funcionário da mesma
Art. 178 - A sindicância deverá estar conclusa dentro classe e categoria, para a promoção da defesa.
de trinta dias, prazo prorrogável mediante justificação Art. 184 - Nenhum funcionário será processado sem
fundamentada. assistência de defensor habilitado.
Parágrafo único - Se o funcionário não constituir ad-
SEÇÃO IV vogado, ser-lhe-á designado um defensor dativo, na
DO INQUÉRITO ADMINISTRATIVO forma do disposto no artigo anterior.
Art. 185 - O indiciado estará presente a todas as dili-
Art. 179 - Instaura-se inquérito administrativo quan- gências do inquérito e poderá intervir em qualquer ato
do a falta disciplinar, por sua gravidade ou natureza, da Comissão.
possa determinar a aplicação da penas de suspensão, Art. 186 - Para todas as provas e diligências será inti-
por mais de trinta dias, demissão, cassação de aposen- mada a defesa, com antecedência mínima de quaren-
tadoria ou disponibilidade. ta e oito horas.
Parágrafo único - No inquérito administrativo é as- Art. 187 - Realizadas as provas da Comissão, a defesa
segurado o amplo e irrestrito exercício do direito de será intimada para apresentar, em três dias, as provas
defesa. que pretender produzir.
Art. 180 - Além do Governador, dos Presidentes dos Art. 188 - Encerrada a instrução, dar-se-á vista ao de-
Poderes Legislativo, Judiciário, dos Tribunais de Con- fensor para apresentação, por escrito e no prazo de
tas e do Secretário de Estado, são competentes para dez dias, das razões de defesa do indiciado.
determinar a instauração do inquérito disciplinar os § 1.º - Havendo dois ou mais indiciados, o prazo será
dirigentes dos órgãos diretamente subordinados ao comum de vinte dias.
Chefe do Poder Executivo e os dirigentes de autar- § 2.º - O prazo de defesa será prorrogado pelo dobro,
quias, respeitadas as atribuições estabelecidas em re- para diligências reputadas imprescindíveis.
gulamento, regimento interno ou lei orgânica. § 3.º - Compete ao Presidente da Comissão indeferir,
Art. 181 - O inquérito administrativo será conduzido mediante despacho fundamentado, as diligências de
por uma Comissão, permanente ou especial, compos- caráter procrastinatório ou manifestamente desneces-
ta por cinco funcionários estáveis. sárias.
§ 1.º - Entre os membros da Comissão, dois, no míni- Art. 189 - As certidões de repartições públicas, neces-
mo serão Bacharéis em Direito. sárias à defesa, serão fornecidas sem qualquer ônus,
§ 2.º - A Comissão obedecerá a regimento próprio e o a requerimento do defensor, dirigido ao Presidente da
mandato de seus membros será de dois anos, admiti- Comissão.
da a recondução por uma única vez. Art. 190 - Produzida a defesa escrita, a Comissão
§ 3.º - A Comissão procederá a todas as diligências apresentará o relatório no prazo de dez dias.
necessárias, recorrendo, quando aconselhável, a téc- Art. 191 - No relatório da Comissão serão apreciadas,
em relação a cada indiciado, as irregularidades impu-
nicos ou peritos.
tadas, as provas colhidas e as razões da defesa, justi-
§ 4.º - Os órgãos estaduais responderão com a má-
ficando-se, com fundamento objetivo, a absolvição ou
xima presteza às solicitações da Comissão, devendo
punição, e indicando-se, neste caso, a pena cabível e LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL E DO PODER JUDICIÁRIO
comunicar a impossibilidade de atendimento, em caso
seu embasamento legal.
de força maior.
Parágrafo único - A Comissão poderá sugerir outras
§ 5.º - Terá caráter urgente e prioritário e expedição
medidas que se fizerem necessárias à defesa do inte-
de documentos necessários à instrução do inquérito
resse público.
administrativo.
Art. 192 - Recebidos os autos com o relatório, a auto-
Art. 182 - O inquérito administrativo começará no ridade competente proferirá a decisão por despacho
prazo de cinco dias, contados do recebimento dos au- fundamentado.
tos pela Comissão e terminará no prazo de noventa Art. 193 - O funcionário só poderá requerer exone-
dias. ração após a conclusão do processo disciplinar, e se
Parágrafo único - O prazo para conclusão do inquérito reconhecida a sua inocência.
poderá ser prorrogado, mediante justificação funda- Art. 194 - As decisões serão publicados no Diário Ofi-
mentada e a juízo da autoridade competente. cial, dentro do prazo de oito dias, a contar da data do
Art. 183 - Recebidos os autos, a Comissão formalizará despacho final.
o indiciamento do funcionário, apontado o dispositivo Nota Remissiva
legal infringido. “...serão publicados(sic) no Diário Oficial... “
§ 1.º - A citação será pessoal e contará com a trans- Correto: publicadas
crição do indiciamento, bem como data, hora e local Art. 195 - Quando ao funcionário se imputar crime
marcados para o interrogatório. praticado na esfera administrativa, a autoridade que

67
determinou a instauração do inquérito administrativo Art. 205 - O Governador determinará o número de
providenciará para se instaurar, simultaneamente, o horas diárias de trabalho das várias categorias de fun-
inquérito policial. cionários nas repartições estaduais.
Parágrafo único - Em se tratando de funcionários dos
CAPÍTULO VIII Poderes Legislativo e Judiciário, a providência de que
DA REVISÃO DO PROCESSO trata este artigo constará de regulamento administra-
tivo.
Art. 196 - A qualquer tempo poderá ser requerida a Art. 206 - Nos dias úteis somente por decreto do Go-
revisão do processo administrativo de que haja resul- vernador deixarão de funcionar as repartições públi-
tado pena disciplinar, quando forem aduzidos fatos ou cas estaduais ou será suspenso o expediente.
circunstâncias suscetíveis de justificar a inocência do Art. 207 - Os atos de provimento de cargos públicos,
punido. das designações para funções gratificada, bem como
§ 1.º - Não constitui fundamento para revisão a sim- todos os demais relativos a direitos, vantagens, con-
ples alegação de injustiça da penalidade. cessões e licenças, só produzirão efeitos após publica-
§ 2.º - A revisão não autoriza a agravação da pena. dos no órgão oficial.
§ 3.º - Ocorrendo o falecimento do punido, o pedido Nota Remissiva
de revisão poderá ser formulado pelo cônjuge ou pa- “... funções gratificada (sic)...”
rente até segundo grau. Correto: gratificadas
Art. 197 - A revisão processar-se-á apensa ao processo Art. 208 - Para os efeitos desta Lei, e quando nela não
original. definida, é considerada pessoa da família do funcioná-
Art. 198 - O pedido de revisão será dirigido à autori- rio quem viva às suas expensas e conste de seu assen-
dade que tiver proferido a decisão. tamento individual.
§ 1.º - A revisão será realizada por uma Comissão Art. 209 - Para fins de percepção dos benefícios previs-
composta de três funcionários estáveis, de categoria tos na legislação, obrigatoriamente são contribuintes
igual ou superior à do punido. da previdência social do Estado os funcionários re-
§ 2.º - Estarão impedidos de integrar a Comissão revi- gidos por este Estatuto, ressalvados os ocupantes de
sora os funcionários que constituíram a Comissão que cargo em comissão vinculados a outro sistema previ-
concluiu pela aplicação da penalidade ao requerente. denciário público.
Art. 199 - Conclusos os trabalhos da Comissão, em Art. 210 - (Revogado).
prazo não excedente a sessenta dias, será o Processo, Art. 210 - Nos órgãos da Administração Pública, cujo
com o respectivo relatório, encaminhado à autoridade Quadro de Pessoal for regido por este Estatuto, na hi-
competente para julgamento. pótese de existência de servidores vinculados a outro
Parágrafo único - Caberá, entretanto, aos Chefes dos regime jurídico, estes poderão optar pelo regime dis-
Poderes o julgamento, quando do processo revisto ciplinado nesta Lei, obedecendo aos seguintes proce-
houver resultado pena de demissão, cassação de apo- dimentos:
sentadoria ou disponibilidade. I - (Revogado).
Art. 200 - Julgada procedente a revisão, a autoridade Nota Remissiva
competente determinará a redução ou anulação da Inciso I do art. 210 revogado pelo artigo 122 da Lei
pena. Complementar nº 30/2001.
Parágrafo único - A decisão será sempre fundamenta- Redação Original
da e publicada no órgão oficial do Estado. I - A opção deverá ser manifestada expressamente, no
Art. 201 - Aplicam-se ao processo de revisão, no que prazo de trinta dias contados da data da vigência des-
couberem, as disposições concernentes ao processo te Estatuto;
disciplinar. II - (Revogado).
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL E DO PODER JUDICIÁRIO

Nota Remissiva
TÍTULO VI Inciso II do art. 210 revogado pelo artigo 122 da Lei
DISPOSIÇÕES GERAIS E TRANSITÓRIAS Complementar nº 30/2001.
Redação Original
Art. 202 - O Dia do Funcionário Público será comemo- II - Após a opção o servidor deverá ser submetido a
rado a 28 de outubro. processo seletivo, regulamentado por decreto do Go-
Art. 203 - Salvo disposição em contrário, a contagem vernador;
do tempo e dos prazos previstos neste Estatuto será § 1.º - (Revogado).
feita em dias corridos, excluindo-se o dia do começo e Nota Remissiva
incluindo-se o do seu término. § 1º do art. 210 revogado pelo artigo 122 da Lei Com-
Parágrafo único - Considerar-se-á prorrogado o pra- plementar nº 30/2001.
zo até o primeiro dia útil, se o término coincidir com Redação Original
sábado, domingo, feriado ou dia em que não haja ex- § 1.º - Para fins do estabelecido neste artigo, os Che-
pediente, ou este não prossiga até a hora normal do fes dos Poderes acrescerão ao Quadro Estatutário dos
encerramento. órgãos, os cargos necessários ao enquadramento dos
Art. 204 - São isentos de quaisquer tributos as certi- servidores aprovados no processo seletivo.
dões e outros documentos relacionados com o serviço § 2.º - (Revogado).
público e de interesse do funcionário. Nota Remissiva

68
§ 2º do art. 210 revogado pelo artigo 122 da Lei Com- II - Corregedoria Geral de Justiça;
plementar nº 30/2001. III - Auditoria Militar Estadual;
Redação Original IV - Fórum de Justiça da Capital e do Interior;
§ 2.º - O enquadramento do servidor no regime desta V - Juizados da Infância e da Juventude Cível e Infra-
Lei deverá ocorrer no cargo de igual denominação e cional;
vencimento do emprego ou função que ocupava no VI - Juizados Especiais Cíveis e Criminais e;
outro regime. VII - Escola da Magistratura.
§ 3.º - (Revogado).
Nota Remissiva CAPÍTULO III
§ 3º do art. 210 revogado pelo artigo 122 da Lei Com- DA ESTRUTURA DO PLANO DE CARGOS, CARREI-
plementar nº 30/2001. RA E SALÁRIOS
Redação Original
§ 3.º - O disposto neste artigo não se aplica aos titula- Art. 3º O Quadro de Pessoal do Poder Judiciário do
res de empregos e funções do Magistério. Amazonas é constituído de CARGOS DE PROVIMEN-
Art. 211 - O Poder Executivo expedirá os atos comple- TO EFETIVO, estruturados em grupos organizacionais;
mentares necessários à plena execução das disposi- CARGOS DE PROVIMENTO EM COMISSÃO, reunindo
ções da presente Lei. os CARGOS COMISSIONADOS; FUNÇÕES GRATIFI-
CADAS; CARGOS EM EXTINÇÃO, compreendendo os
cargos de qualquer natureza, sem correspondência no
novo quadro, que serão extintos à medida que vaga-
LEI ESTADUAL Nº 3.226/2008 E SUAS rem.
ALTERAÇÕES (PLANO DE CARGOS,
CARREIRAS E VENCIMENTOS DOS SEÇÃO I
SERVIDORES DO PODER JUDICIÁRIO DO DOS CARGOS DE PROVIMENTO EFETIVO
ESTADO DO AMAZONAS)
Art. 4º Os cargos de provimento efetivo compreendem
as atividades auxiliares, administrativas, judiciárias
Lei 3.226 de 04.03.2008 e técnicas, dispostos nos quadros Anexos II e III, com
estrutura de vencimento básico constante da tabela
DISPÕE sobre o Plano de Cargos, Carreira e Salários anexa I, correspondendo às seguintes carreiras:
dos Servidores e Serventuários dos Órgãos do Poder Ju- I - Carreira de Nível Básico - CNB, compreendendo
diciário do Estado do Amazonas. Estabelece as diretrizes os cargos cujas atribuições sejam de natureza auxiliar,
básicas para a administração de pessoal, introduz modi- natureza operacional e de apoio administrativo, exi-
ficações nas normas anteriores e dá outras providências. gindo escolaridade ou formação profissionalizante em
nível de ensino fundamental completo;
CAPÍTULO I II - Carreira de Nível Médio - CNM, compreendendo
DOS PRINCÍPIOS NORTEADORES os cargos cujas atribuições são de natureza técnico-
-administrativa e de apoio judiciário, exigindo escola-
Art. 1º O Plano de Cargos, Carreira e Salários dos Ór- ridade ou formação profissionalizante em nível médio
gãos do Poder Judiciário do Estado do Amazonas ado- completo;
ta como princípios norteadores: III - Carreira de Nível Superior - CNS, reunindo os car-
I - a qualidade, a produtividade e a profissionalização gos cujas atribuições são de natureza técnica e jurisdi-
dos serviços públicos prestados pelos órgãos do Poder cional, exigindo execução de tarefas de elevado grau
Judiciário do Estado do Amazonas; de complexidade, formação universitária completa, LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL E DO PODER JUDICIÁRIO
II - a valorização do servidor da justiça; com graduação e, se for o caso, registro no conselho
III - a valorização profissional por meio do programa de classe ou orgão competente.
de aperfeiçoamento profissional; §1º Para os cargos de Motorista, será exigido experi-
IV - o crescimento funcional baseado no mérito pró- ência mínima de 03 (três) anos no exercício da função,
prio, mediante a adoção do sistema de avaliação de conforme categoria de habilitação.
desempenho; §2º Para o provimento do cargo de Auxiliar de Enfer-
V - o quantitativo restrito às reais necessidades da es- magem, será exigida habilitação específica comprova-
trutura organizacional; da mediante apresentação de certificado expedido por
VI - os vencimentos compatíveis com as funções. instituição competente reconhecida por órgão oficial.
Art. 5º Os cargos de provimento efetivo que integram
CAPÍTULO II os grupos ocupacionais referidos no artigo anterior
DOS ÓRGÃOS DO PODER JUDICIÁRIO DO AMAZO- são passíveis de movimentação dentro dos padrões de
NAS classes e níveis estabelecidos no quadro Anexo IV da
presente lei.
Art. 2º São Órgãos do Poder Judiciário do Amazonas, Art. 6º Os cargos de provimento efetivo que integram
para efeito do plano objeto da presente lei, obedecida os grupos ocupacionais referidos no artigo anterior
a nova estrutura: estão estruturados em cargos de carreira e cargos iso-
I - Tribunal de Justiça do Amazonas; lados.

69
§1º São cargos de carreira passíveis de movimentação Art. 9º Para os cargos de provimento em comissão e
dentro do quadro de provimento efetivo: função gratificada serão exigidos os critérios de esco-
I - Auxiliar Judiciário, Agente Judiciário, Assistente Ju- laridade mínima, conforme consta nos quadros Ane-
diciário, Técnico Judiciário Auxiliar, Analista Judiciário I; xos V , VI e VII.
II - Auxiliar de Proteção, Agente de Proteção; Art. 10. A nomeação para o exercício de qualquer um
III - Digitador, Programador. dos cargos de provimento em comissão obedecerá
§2º São cargos isolados todos os demais cargos efeti- ao critério de antiguidade e merecimento, além do
vos não referidos no parágrafo anterior. critério de escolaridade, do princípio da suficiência,
Art. 7º Ficam criados, no Quadro de Pessoal do Tri- mediante avaliação interna e, posteriormente, ato do
bunal de Justiça do Estado do Amazonas, os cargos de Presidente do Tribunal de Justiça.
Piloto de Aeronave e Prático de Barco. Art. 11. Ficam criadas as funções gratificadas, símbolo
§1º Para o cargo de Piloto de Aeronave será exigida GFS-2, de Gerências de Psicologia Forense e Serviço
escolaridade de ensino médio completo, com experiência Social Forense das Varas dos Juizados Especiais da In-
comprovada de, no mínimo, 3.500 (três mil e quinhentas) fância e da Juventude Cível e Infracional, da Vara Es-
horas de voo em avião, sendo, no mínimo, 2.500 (duas pecializada da Violência Doméstica e Familiar Contra
mil e quinhentas) horas em comando, que poderão ser a Mulher, da Vara Especializada em Medidas e Penas
comprovadas por Caderneta Individual de Voo (CIV), com Alternativas, do Núcleo de Conciliação das Varas de
Família e dos Fóruns, conforme quadro Anexo VII.
horas reconhecidas pelo DAC, Declaração emitida pelo
Parágrafo único. As unidades responsáveis pela exe-
DAC e Certificado de Capacidade Física (CCF) de 2.ª Clas-
cução de serviços técnicos em áreas especializadas
se, válido, expedido pela Aeronáutica.
serão chefiadas por profissionais graduados na área
§2º Para o cargo de Prático de Barco será exigida es- respectiva.
colaridade de ensino médio completo, com habilitação Art. 12. A nomeação para o cargo comissionado de
profissional em curso específico para a categoria funcio- Coordenador da Central de Mandados será provida
nal e experiência mínima de 03 (três) anos no exercício da por Bacharel, definida a sua ocupação exclusivamen-
função na região Amazônica. te por servidor efetivo, o qual será supervisionado por
um magistrado designado pelo Presidente do Tribunal
SEÇÃO II de Justiça.
DOS CARGOS EM COMISSÃO E FUNÇÕES GRATI- Art. 13. É absolutamente vedada a nomeação ou de-
FICADAS signação para o exercício do cargo em comissão ou
função de confiança, no âmbito do quadro de pessoal
Art. 8º Integram os Quadros de Pessoal dos Órgãos do administrativo dos Órgãos do Poder Judiciário do Es-
Poder Judiciário do Estado do Amazonas, os Cargos de tado do Amazonas, de parentes de membros da ma-
Provimento em Comissão, caracterizados pelo conjun- gistratura até o 3º grau, consanguíneos, parentes de
to de funções referentes às atribuições específicas de servidores ocupantes de cargo comissionado ou afins,
Direção e Assessoramento Superior PJ-DAS, escalona- salvo se for servidor efetivo e preencher os requisitos
das de I a II, e Direção e Assessoramento Intermediário de escolaridade.
PJ-DAI, escalonado no nível I, classificados de acordo Art. 14. O servidor em estágio probatório poderá exer-
com os quadros Anexos V e VI desta Lei, sendo seus cer quaisquer cargos em comissão ou funções de dire-
ocupantes passíveis de nomeação e exoneração ad ção, chefia ou assessoramento no órgão ou entidade
nutum. de lotação, e somente poderá ser cedido a outro órgão
§1º Os cargos comissionados terão sua ocupação em ou entidade para ocupar Cargo de Natureza Especial
70% (setenta por cento) por servidores de carreira ou equivalente.
do quadro efetivo dos órgãos do Poder Judiciário do §1º Na hipótese do caput, o servidor continuará a ser
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL E DO PODER JUDICIÁRIO

Amazonas, observando os requisitos de escolaridade avaliado onde efetivamente tiver exercício, observado
o disposto no parágrafo seguinte.
exigidos nesta lei.
§2º Cessando a designação para os cargos menciona-
§ 2º - Nos casos dos cargos comissionados de Assessor
dos no caput e restando ainda período a ser avaliado,
de Juiz de Entrância Final (PJ-AJEF) e dos cargos co-
o servidor retornará ao órgão de origem para comple-
missionados de Diretor de Secretaria das Varas, ficam tar o estágio probatório.
restritos sua ocupação exclusivamente a servidores
efetivos, indicados pelo Juiz Titular da Vara ordinária SEÇÃO III
comum e de DOS CARGOS EM EXTINÇÃO
Juizado Especial e submetidos à aprovação da Presi-
dência do Tribunal, computando-se essa ocupação ao Art. 15. Os cargos em extinção reúnem os cargos de
percentual definido no § 1º deste artigo. qualquer natureza, cujas funções não têm correspon-
· Redação dada pela LC 72, de 26.03.10. dência no quadro constante do plano, e serão extintos
à medida que vagarem, assegurados aos seus ocupan-
§3º As funções gratificadas, constantes do quadro tes todos os direitos e vantagens inerentes ao respec-
Anexo VII ficam restritas a sua nomeação exclusiva- tivo cargo.
mente aos servidores de carreira do quadro efetivo dos Parágrafo único. Os cargos em extinção passam a
órgãos do Poder Judiciário do Estado do Amazonas, constituir o quadro especial, objeto do Anexo VIII des-
obedecendo ao critério de escolaridade. ta lei.

70
CAPÍTULO IV §6º Fica assegurado ao servidor em estágio probatório
DO INGRESSO vencimento integral e demais direitos dos servidores
efetivos que, com este instituto, não conflitarem.
Art.16. A investidura em cargo de provimento efetivo
do quadro de pessoal dos Órgãos do Poder Judiciário CAPÍTULO V
dar-se-á após a aprovação em concurso público, de DA MOVIMENTAÇÃO DE PESSOAL
provas e de títulos, em conformidade com o inciso II do
art. 37 da Constituição Federal e inciso II do art. 109 Art. 17. A movimentação funcional dos servidores será
da Constituição do Estado do Amazonas, exigindo-se realizada após o enquadramento de que trata esta lei,
do candidato o preenchimento dos requisitos de qua- através de progressão horizontal e promoção vertical.
lificação mínima indicados no quadro Anexo III e de- §1º A progressão horizontal é a movimentação do
talhados no Manual de Descrição de Cargos. servidor de uma referência salarial para a seguinte,
§ 1.º Todos os investidos em cargos de provimento efe- dentro de um mesmo padrão de classe, observando o
tivo serão submetidos a curso de treinamento inicial, interstício mínimo de 18 (dezoito) meses, e dar-se-á
relativo às funções dos respectivos cargos, incluindo em épocas e sob critérios fixados em regulamento, de
informações sobre ética, direitos humanos e gestão de acordo com o resultado de avaliação formal de de-
pessoas, além de noções sobre organização e funcio- sempenho.
namento do Poder Judiciário. §2º A promoção vertical é a movimentação do ser-
§2º O servidor efetivo, ao ingressar no exercício, ficará vidor da última referência salarial de um padrão de
sujeito ao estágio probatório por 36 (trinta e seis) me- classe para a referência inicial do padrão de classe
ses, para avaliação de sua aptidão e capacidade para imediatamente superior, observando o interstício mí-
o desempenho do cargo, observados os critérios do art. nimo de 02 (dois) anos, dependendo, cumulativamen-
13 desta lei. te, do resultado de avaliação formal do desempenho e
§3º Serão observados, na avaliação, os seguintes itens: da participação em cursos de aperfeiçoamento, ação
I - qualidade no trabalho: grau de exatidão, correção e ou programa de capacitação, na forma prevista em
clareza dos trabalhos executados; regulamento interno.
II - produtividade no trabalho: volume do trabalho §3º São vedadas as promoções e a progressão funcio-
executado em determinado espaço de tempo; nal horizontal e vertical durante o estágio probatório,
III - iniciativa: comportamento empreendedor no âm- findo o qual será concedida ao servidor aprovado a
bito de atuação, buscando garantir eficiência e eficá- progressão funcional para o mesmo padrão de classe
cia na execução dos trabalhos; na referência salarial imediatamente superior a inicial
IV - presteza: disposição para agir prontamente no da respectiva carreira, constante no quadro Anexo IV.
cumprimento das demandas de trabalho; Art. 18. A progressão horizontal do servidor efetivo
V - assiduidade: comparecimento regular e perma- possui os seguintes critérios específicos:
nente no local de trabalho; I - independe de vagas;
VI - pontualidade: observância do horário de trabalho II - é obtida quando o servidor é promovido para a
e cumprimento da carga horária definida para o cargo referência salarial superior (nível I a III) dentro de um
ocupado; mesmo padrão de classe a que está enquadrado, con-
VII - administração do tempo e tempestividade: ca- forme quadro Anexo IV desta lei;
pacidade de cumprir as demandas de trabalho dentro III - estar enquadrado no nível atual por um período
dos prazos previamente estabelecidos; mínimo de 18 (dezoito) meses.
VIII - uso adequado dos equipamentos e instalações Art. 19. Os cargos dividem-se em padrões de classes
de serviço: cuidado e zelo na utilização e conservação hierárquicas A, B, C, D, E e F que permitem o cresci-
de equipamentos e instalações no exercício das ativi- mento funcional do servidor.
dades e tarefas; Parágrafo único. Na promoção vertical, o servidor é LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL E DO PODER JUDICIÁRIO
IX - aproveitamento dos recursos e racionalização de enquadrado na classe imediatamente superior, respei-
processos: melhor utilização dos recursos disponíveis, tando a hierarquia das classes e dos níveis, conforme
visando à melhoria dos fluxos dos processos de traba- quadro Anexo IV desta lei.
lho e à consecução de resultados eficientes; Art. 20. A promoção vertical possui os seguintes crité-
X - capacidade de trabalho em equipe: capacidade de rios específicos:
desenvolver as atividades e tarefas em equipe, valori- I - está condicionada à existência de vagas;
zando o trabalho em conjunto na busca de resultados II - é obtida através da progressão horizontal, na pas-
comuns. sagem da última referência salarial de uma classe,
§4º A avaliação será realizada pela chefia imediata quando o servidor é promovido para o nível inicial da
do servidor e serventuário em estágio probatório, com classe superior a que está enquadrado, conforme qua-
acompanhamento e supervisão da Comissão Perma- dro Anexo IV desta Lei;
nente de Avaliação do Servidor do Tribunal de Justiça. III - será obedecido o critério de antiguidade e de me-
§5º O servidor não aprovado no estágio probatório recimento, alternadamente, observando o interstício
será exonerado, salvo se já estável no serviço público, de 24 (vinte e quatro) meses.
hipótese em que será reconduzido ao cargo de que era §1º O fator antiguidade corresponde ao tempo de ser-
titular ou aproveitado em outro de atribuições e ven- viço prestado pelo servidor no Tribunal de Justiça do
cimentos compatíveis com o anteriormente ocupado, Estado do Amazonas, a contar da data de exercício da
se aquele se encontrar provido. investidura no cargo de carreira.

71
§2º O fator merecimento se fará com base em método tagens asseguradas em lei, terá como base de cálculo
de avaliação de desempenho associado à qualificação o equivalente a 20% (vinte por cento) sobre o valor do
profissional do servidor, a ser definido através de Re- vencimento básico.
solução. §2º A designação para o exercício de função gratifi-
Art. 21. O processo de avaliação para a movimentação cada, objeto do inciso II, recairá exclusivamente em
funcional dos servidores dos Órgãos do Poder Judici- servidores do quadro efetivo do próprio Órgão, com o
ário do Estado do Amazonas será disciplinado por Re- mínimo de 12 (doze) meses de experiência idêntica ou
solução, ficando sob a responsabilidade da Comissão afim e escolaridade mínima de ensino médio.
Permanente de Avaliação do Servidor, conforme o dis- Art. 27. É vedada, a qualquer título, a percepção
posto no art. 37 da presente lei. cumulativa de gratificação que tenha o mesmo fato
gerador.
CAPÍTULO VI Art. 28. Os vencimentos básicos dos cargos de carrei-
DA POLÍTICA DE VALORIZAÇÃO PROFISSIONAL ra de provimento efetivo são os constantes da tabela
Anexa I.
Art. 22. À Coordenadoria de Recursos Humanos do Art. 29. O servidor efetivo pertencente ao quadro dos
Tribunal de Justiça compete planejar, organizar, pro- Órgãos do Poder Judiciário do Estado do Amazonas,
mover e executar cursos de capacitação, fóruns de nomeado para ocupar cargo comissionado, poderá
debates, palestras e outros eventos que possibilitem a optar pela remuneração do cargo em comissão pre-
valorização profissional do servidor. vista nesta lei de que trata a tabela Anexa II.
Art. 30. O servidor público não pertencente ao quadro
CAPÍTULO VII dos Órgãos do Poder Judiciário do Estado do Amazo-
DA REMUNERAÇÃO E DAS GRATIFICAÇÕES nas, para ocupar cargo em comissão previsto nesta lei,
SEÇÃO I perceberá somente, a título de representação, a remu-
DOS VENCIMENTOS E DA REMUNERAÇÃO neração fixada na tabela Anexa II, no quadrante valor
para cargos em comissão.
Art. 23. A política de atualização e aumento de ven- Art. 31. Aplica-se aos titulares de cargos efetivos em
cimentos dos titulares de cargos de carreira de provi- extinção a mesma remuneração disciplinada na tabe-
mento efetivo dos órgãos do Poder Judiciário do Es- la Anexa I e, que couber, no caso de opção da tabela
tado do Amazonas terá como referência o dia 1º de Anexa II, ressalvado o disposto no artigo 49 desta lei.
janeiro de cada ano como data-base para reajuste dos
vencimentos dos servidores, com vistas à reposição de SEÇÃO II
perdas, considerando o orçamento autorizado pelo DAS VANTAGENS E BENEFÍCIOS
Tribunal de Justiça de cada exercício financeiro e os
parâmetros da Lei de Responsabilidade Fiscal. Art. 32. Aos servidores efetivos dos Órgãos do Poder
Art. 24. O vencimento dos titulares de cargos de pro- Judiciário do Estado do Amazonas, ficam asseguradas
vimento efetivo terá como base os níveis e referências as seguintes vantagens e benefícios:
salariais estabelecidos na tabela constante do Anexo
I - Gratificação Adicional de Qualificação – concedida
I desta lei.
aos servidores do quadro efetivo, em razão dos conhe-
Parágrafo único. O vencimento de que trata este ar-
cimentos adicionais adquiridos em diplomas ou certi-
tigo atribui a cada categoria, 6 (seis) classes – A, B, C,
ficados correlacionados com o cargo área de atuação,
D, E e F e, a cada classe, 3 (três) referências – I, II e III,
deste modo podendo ser aproveitado dentro da estru-
de modo a assegurar a elevação funcional e salarial
tura do Poder Judiciário, nos cursos de pós-graduação,
do servidor.
mestrado ou doutorado, em sentido amplo ou estrito,
Art. 25. O valor da representação dos titulares de car-
gos de provimento em comissão corresponde ao cons- cujo adicional incidirá sobre o vencimento básico, de
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL E DO PODER JUDICIÁRIO

tante da tabela Anexa II desta lei. acordo com as especificações abaixo:


Art. 26. Aos servidores do Poder Judiciário são assegu- a) 10% (dez por cento) destinado ao portador de cur-
radas as seguintes gratificações: so de especialização (pós-graduação), mínimo de 360
I - Gratificação de Atividade Judiciária - GAJ, para (trezentas e sessenta) horas;
os cargos titulares de provimento efetivo dos grupos b) 15% (quinze por cento) em se tratando de título de
ocupacionais I a V, e cargos comissionados PJ-DAS, mestre;
PJ-DAI, PJ-AG, PJ-AJEF, GFS-2 e GFO-3. Desde que au- c) 20% (vinte por cento) em se tratando de título de
torizado pelo Presidente do Tribunal de Justiça, me- doutor.
diante portaria, fará jus a esta gratificação o servidor §1º O servidor somente poderá receber uma Gratifica-
que, por necessidade do serviço, trabalhe além das 06 ção Adicional de Qualificação.
(seis) horas regulamentares determinadas em lei; §2º Os percentuais e valores não são cumulativos.
II - Gratificação de Função, símbolo GF-1: correspon- §3º As gratificações têm que ser requeridas pelo ser-
de ao exercício de funções de Assistente de Diretor de vidor e autorizadas pelo Presidente do Tribunal de
Secretaria, Coordenador e Secretário, equivalente à Justiça, para o fim de controle do sistema da Divisão
Tabela Anexa III. de Pessoal e da Coordenadoria de Recursos Humanos,
§1º A Gratificação de Atividade Judiciária - GAJ, refe- nos termos de ato administrativo regulamentador.
rida no inciso I, ressalvadas as situações de 06 (seis) §4º Além das gratificações previstas neste artigo serão
meses de carência para completar determinadas van- concedidas aos servidores as seguintes vantagens:

72
I - Auxílio-Alimentação – concedido a todos os servi- e interior, objetivando a qualificação permanente do
dores, em efetivo exercício, dos Órgãos do Poder Judi- pessoal e a consequente elevação da qualidade dos
ciário do Amazonas; serviços oferecidos à população.
II - Auxílio-Saúde – concedido a todos os servidores Art. 37. Fica instituída a Comissão Permanente de Ava-
ativos, equivalente a 100% (cem por cento) do valor liação do Servidor, presidida pelo Coordenador de Re-
básico do plano de saúde adquirido junto a sua enti- cursos Humanos, secretariada por um servidor ou ser-
dade representativa; ventuário efetivo indicado pelo Presidente da Comissão,
III - Ajuda de Custo – concedida a todos os servidores e tendo como membros: o Diretor da Divisão de Pessoal,
e serventuários do Poder Judiciário do Amazonas, que 02 (dois) servidores e 02 (dois) serventuários, preferen-
desempenhem suas atividades do cargo no interior do cialmente com formação superior completa.
Estado e que sejam removidos por interesse da Ad- §1º Os membros da comissão serão nomeados através
ministração, no valor equivalente a 100% (cem por de Portaria expedida pelo Presidente do Tribunal de
cento) do vencimento básico do cargo, pago de uma Justiça do Amazonas.
única vez. §2º A Comissão Permanente de Avaliação do Servidor
§5º Aos servidores não-efetivos ocupantes de cargos efetuará o estudo do enquadramento dos Servidores
comissionados, somente serão atribuídas as vanta- do Poder Judiciário em conformidade com o que dis-
gens previstas nos incisos I e II, do parágrafo anterior. põe a presente lei.
§3º Não participará da apreciação da avaliação o
CAPÍTULO VIII membro da comissão que seja chefe do servidor sub-
DO ENQUADRAMENTO metido ao processo.

Art. 33. O enquadramento, que corresponde ao ajusta- CAPÍTULO X


mento do servidor efetivo às normas estabelecidas no DA ESTRUTURA DO PODER JUDICIÁRIO
Plano de Cargos, Carreiras e Salários, far-se-á através
de ato do Presidente do Tribunal de Justiça do Ama- Art. 38. Os servidores dos Órgãos integrantes do
Poder Judiciário são regidos pelas normas desta lei,
zonas, tendo por referência cargos com atribuições
por sua Lei de Organização e, subsidiariamente, pelo
correspondentes às atualmente exercidas, conforme
Estatuto dos Servidores Públicos Civis do Estado do
quadros Anexos I, II e III, bem como as especificações
Amazonas.
constantes do Manual de Descrição de Cargos.
Art. 39. O Poder Judiciário Estadual se auto organiza-
§1º Os critérios de enquadramento deste plano serão
rá, mediante Resolução votada pelo Tribunal Pleno, na
aplicados, automaticamente, no que couber, aos ocu-
forma de seu Regimento Interno, observando os limi-
pantes de cargos em extinção e aos servidores inati-
tes legais referentes aos cargos criados por lei.
vos. Parágrafo único. Para assegurar o direito constitucio-
§2º A avaliação de enquadramento, de que trata o nal à auto-organização, todos os cargos de provimen-
caput deste artigo, será realizada pela Comissão Per- to em comissão anteriormente criados ficam desvin-
manente de Avaliação do Servidor, integrada por 02 culados das funções que lhes foram atribuídas em lei,
(dois) representantes de servidores indicados pela en- cabendo ao Tribunal de Justiça distribuí-los da forma
tidade representativa da categoria, na forma estabe- que melhor lhe aprouver, conforme disposto no caput.
lecida pelo art. 37 desta lei. Art. 40. São adotadas, no quadro de provimento efeti-
Art. 34. Concluído o trabalho da Comissão Permanen- vo, as alterações de cargos e respectivas funções, con-
te de Avaliação do Servidor, no prazo máximo de 30 forme consta nos quadros Anexos I, II e III.
(trinta) dias, o Presidente do Tribunal de Justiça, em Parágrafo único. Fica mantida a denominação de to-
igual prazo, encaminhará para publicação no Diário dos os demais cargos de provimento efetivo, quantifi-
Oficial, observadas as suas disposições. cados no quadro Anexo IV. LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL E DO PODER JUDICIÁRIO
Art. 41. São adotadas no quadro de provimento em
CAPÍTULO IX comissão, as denominações dos cargos, conforme os
DA ADMINISTRAÇÃO DO PLANO DE CARGOS, quadros Anexos V e VI.
CARREIRA E SALÁRIOS Parágrafo único. São mantidos todos os demais cargos
em comissão, quantificados no quadro Anexo V.
Art. 35. Caberá ao Presidente do Tribunal de Justiça Art. 42. Ficam criadas, nos Órgãos do Poder Judiciário,
estabelecer, através de Resolução, as diretrizes básicas as gratificações de função, GFS-2 e GFO-3, indicadas
da política de pessoal do Poder Judiciário e à Coorde- e quantificadas no quadro Anexo VII.
nadoria de Recursos Humanos a sua implementação. Art. 43. Ficam criados no quadro de pessoal do Tribu-
Art. 36. A Coordenadoria de Recursos Humanos terá, nal de Justiça do Estado, 96 (noventa e seis) cargos de
entre outras a serem definidas no Regimento Interno provimento em comissão de Assessor de Juiz de En-
Administrativo, as seguintes atribuições básicas: trância Final (PJ-AJEF), com qualificação obrigatória
I - planejar, coordenar, orientar e supervisionar o pro- de bacharel em direito, a serem ocupados exclusiva-
cesso de implantação do Plano de Cargos e Salários mente por servidores do quadro efetivo, com repre-
do Poder Judiciário, definido na presente lei; sentação definida na tabela Anexa II, computando-se
II - planejar, executar e avaliar o Programa Perma- essa ocupação ao percentual definido no § 1º do art.
nente de Capacitação de Recursos Humanos, destina- 8º desta Lei.
do a servidores e serventuários da Justiça da capital Redação dada pela LC 72, de 26.03.10.

73
Parágrafo único. Os assessores serão avaliados e indi- P1.1 Número total de casos novos de conhecimento
cados diretamente pelo Juiz da Vara Comum ou Juiza- não criminais distribuídos no mês de referência.
do Especial respectivo, cabendo a designação à Presi- P1.2
dência do Tribunal de Justiça do Amazonas, desde que Número total de casos novos de conhecimento crimi-
atendidos os requisitos legais. nais distribuídos no mês de referência.
Redação dada pela LC 72, de 26.03.10. P1.3
Número total de casos de conhecimento não crimi-
CAPÍTULO XI nais até então não julgados na instância que, no mês de
DAS DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS referência, receberam primeiro ou único julgamento.
P1.4
Art. 44. Os critérios estabelecidos nesta lei aplicam-se, Número total de casos de conhecimento criminais até
no que couber, aos servidores inativos. então não julgados na instância que, no mês de referên-
Art. 45. As Comarcas de Primeira Entrância, Inicial e cia, receberam primeiro ou único julgamento.
Intermediária, terão quadro próprio de pessoal, con- P1.5
forme necessidade do serviço, admitido mediante con- Número total de casos de conhecimento não crimi-
curso realizado pelo TJ/AM. nais distribuídos no exercício de 2019 e que no mês de
Art. 46. As despesas decorrentes da implantação des- referência saíram da meta por cancelamento da distri-
ta lei correrão à conta dos recursos orçamentários do buição ou remessa para outro tribunal ou jurisdição ou
Poder Judiciário. deixaram de se enquadrar nos critérios da meta.
Art. 47. Fica instituída a Escola de Aperfeiçoamento P1.6
Funcional dos Servidores do Poder Judiciário do Esta- Número total de casos de conhecimento criminais
do do Amazonas, com o objetivo de ministrar cursos distribuídos no exercício de 2019 e que no mês de refe-
de qualificação e aprimoramento funcional de desem- rência saíram da meta por cancelamento da distribuição
penho para melhor prestação jurisdicional à popula- ou remessa para outro tribunal ou jurisdição ou deixaram
ção. de se enquadrar nos critérios da meta.
§1º A implantação e funcionamento da Escola de P1.7
Aperfeiçoamento Funcional incumbirá ao Tribunal de Número total de casos de conhecimento não crimi-
Justiça do Amazonas, através da Escola da Magistra- nais que no mês de referência entraram na meta por saí-
tura. rem da situação de suspensão, sobrestamento, arquiva-
§2º O Tribunal de Justiça, através de Resolução, dará mento provisório ou por passarem a se enquadrar nos
outras providências quanto à organização e funciona- critérios da meta.
mento da Escola de Aperfeiçoamento Funcional. P1.8
Art. 48. Ficam criados 30 (trinta) cargos em comissão Número total de casos de conhecimento criminais
(PJ-DAS), mantidos os atualmente existentes. que no mês de referência entraram na meta por saírem
Parágrafo único. A destinação dos cargos criados da situação de suspensão, sobrestamento, arquivamento
deverá ser disciplinada em Resolução do Tribunal de provisório ou por passarem a se enquadrar nos critérios
Justiça, observando-se os limites estabelecidos na pre- da meta.
sente lei. P1.9
Art. 49. O Escrevente Juramentado, cargo em extinção, Número total de casos de conhecimento não crimi-
que comprovar ser detentor de nível superior em Di- nais informados em P1.1 e P1.7 que
reito passará a integrar a tabela Anexa I, dos serviços no mês de referência saíram da meta por entrarem
jurisdicionais (SJT) - Analista Judiciário II. em suspensão, sobrestamento ou arquivamento provi-
Art. 50. Esta lei entrará em vigor na data de sua sório.
publicação, com efeitos financeiros retroativos a P1.10
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL E DO PODER JUDICIÁRIO

01.01.2008, revogadas as disposições em contrário, Número total de casos de conhecimento criminais


especialmente a gratificação identificada pela simbo- informados em P1.2 e P1.8 que no mês de referência saí-
logia GFJ-1, criada pela Lei nº 3.136, de 14.06.2007. ram da meta por entrarem em suspensão, sobrestamen-
to ou arquivamento provisório.
Obs.: As perguntas deverão ser respondidas em se-
parado para 1º grau, 2º Grau, Juizados Especiais Cíveis e
METAS NACIONAIS DO PODER da Fazenda Pública, Juizados Especiais Criminais, Turmas
JUDICIÁRIO 2019 (JUSTIÇA ESTADUAL) Recursais Cíveis e da Fazenda Pública e Turmas Recursais
Criminais.
Metas Nacionais do Poder Judiciário - 2019
Meta 1 de 2019 – Julgar mais processos que os dis- Glossário e Esclarecimentos - TJs
tribuídos Versão 2 - Junho/2019
Julgar quantidade maior de processos de conheci- Critério de Cumprimento
mento do que os distribuídos no ano corrente excluídos A meta estará cumprida se, ao final do ano, o per-
os suspensos e sobrestados. centual de cumprimento for igual ou maior que 100%,
Questionário ou seja, se os julgamentos corresponderem à quantidade
Id. Pergunta de processos distribuídos até 31/12/2019 e, no mínimo,
mais 1 para os tribunais que tenham estoque processual.

74
Fórmula de cálculo 1º grau
Percentual de cumprimento: = ((ΣP1.3 + ΣP1.4) / · CnCCrim1o – Casos Novos de Conhecimento no 1o
(ΣP1.1 + ΣP1.2 + 1 - ΣP1.5 - ΣP1.6 + ΣP1.7 + ΣP1.8 - ΣP1.9 Grau Criminais
- ΣP1.10)) x 100 · CnCNCrim1o – Casos Novos de Conhecimento no
Esclarecimento da Meta 1o Grau Nao-Criminais
A meta 1 será monitorada com base em definições 2º grau
e parametrizações de acordo com a Resolução CNJ nº · CnOCrim2o – Casos Novos Originarios no 2o Grau
76/2009, levando-se em conta as observações a seguir. Criminais
As expressões “caso(s)” e “processo(s)” são sinônimas, · CnRCrim2o – Casos Novos Recursais no 2o Grau Cri-
conforme a terminologia utilizada no Justiça em Núme- minais
ros. · CnONCrim2o – Casos Novos Originarios no 2o Grau
Para efeitos desta meta, por julgamento deve ser en- Nao-Criminais
tendida a primeira sentença/decisão contida nas variá- · CnRNCrim2o – Casos Novos Recursais no 2o Grau
veis “Sent” e “Dec”. Se houver mais de uma, contabilizar Nao-Criminais
apenas a primeira. Juizados Especiais
Em caso de processo com sentença ou acórdão anu- · CnCCrimJE – Casos Novos de Conhecimento nos
lados em 2019, o respectivo quantitativo deverá ser Juizados Especiais Criminais
informado nas perguntas P1.7 ou P1.8, passando a se · CnCNCrimJE – Casos Novos de Conhecimento nos
Juizados Especiais Nao-Criminais
enquadrar novamente nos critérios da meta. Quando
Turmas Recursais
ocorrer novo julgamento, o respectivo quantitativo de-
· CnOCrimTR – Casos Novos Originarios nas Turmas
verá ser informado nas perguntas P1.3 ou P1.4.
Recursais Criminais
Para cumprir a meta, os tribunais não precisam julgar
· CnRCrimTR – Casos Novos Recursais nas Turmas Re-
exclusivamente os processos distribuídos no ano de me- cursais Criminais
dição, ou seja, podem julgar inclusive os casos distribuí- · CnONCrimTR – Casos Novos Originarios nas Turmas
dos em anos anteriores. Recursais Nao-criminais
Processos pendentes de julgamento em 31/12/2018 · CnRNCrimTR – Casos Novos Recursais nas Turmas
cujas classes processuais hajam sido extintas pelo novo Recursais Nao-criminais
Código de Processo Civil ou em virtude de qualquer ou- Metas Nacionais do Poder Judiciário - 2019
tra alteração legislativa são contabilizadas na meta até a Glossário e Esclarecimentos - TJs
respectiva solução. Versão 2 - Junho/2019
Os processos de competência do Juizado da Infância P1.3 e P1.4 – os processos fisicos e eletronicos com-
e da Juventude são contabilizados como não criminais, preendidos no periodo de referencia da meta para cada
conforme a Resolução CNJ nº 76/2009. instancia e contidos nas seguintes variaveis do Justica
As classes relativas ao Processo Militar aplicam-se em Numeros. Se houver mais de uma Sentenca/Decisao,
também aos tribunais de justiça estaduais, no exercício contabilizar apenas a primeira.
da competência para julgar os processos por elas con- 1º grau
templados. · SentCCrim1o – Sentencas de Conhecimento no 1o
Devem ser incluídos os dados de julgamentos realiza- grau Criminais
dos em 2019 de processos distribuídos em anos anterio- · SentCNCrim1o – Sentencas de Conhecimento no 1o
res, inclusive processos das Metas Nacionais 2, 4, 6 e 8. grau Nao-Criminais
Exclui-se do cômputo da meta o processo de Juizado 2º grau
Especial Criminal que receba determinação judicial de ar- · DecCrim2o – Decisoes terminativas de processo no
quivamento decorrente de acolhimento de requerimento processo criminal no 2o Grau LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL E DO PODER JUDICIÁRIO
do Ministério Público. · DecNCrim2o – Decisoes terminativas de processo
Metas Nacionais do Poder Judiciário - 2019 nao-criminal no 2o Grau
Juizados Especiais
Glossário e Esclarecimentos - TJs
· SentCCrimJE – Sentencas de Conhecimento nos Jui-
Versão 2 - Junho/2019
zados Especiais Criminais
Para efeitos da meta, não é considerada julgamento
· SentCNCrimJE – Sentencas de Conhecimento nos
a decisão que determina a pronúncia de réu em procedi-
Juizados Especiais Nao-Criminais
mento de competência do júri. Turmas Recursais
Havendo recurso em face da decisão que pronunciou · DecCrimTR – Decisoes terminativas de processo cri-
o réu, em procedimentos da competência do júri, o pro- minal nas Turmas Recursais
cesso passa a ser considerado sobrestado, na primeira · DecNCrimTR – Decisoes terminativas de processo
instância, devendo ser contabilizado na pergunta P1.10 nao-criminal nas Turmas Recursais
no mês em que isso ocorrer. Observação: Para as classes processuais cujos movi-
Regras de Lançamento no Sistema de Metas mentos de solucao nao estao contidos sob o codigo 193
P1.1 e P1.2 – os processos físicos e eletrônicos com- (Julgamento) das tabelas processuais, devem-se utilizar
preendidos no período de referência da meta para cada os movimentos contidos nos ramos sob o codigo 3 (De-
instancia e contidos nas seguintes variáveis do Justiça em cisao).
Números:

75
P1.5 e P1.6 – Em todas as instancias, os processos Art. 3º A partir da data da implantação, todos os pro-
que receberam a movimentacao 488 (cancelamento de cessos ajuizados (processos novos), antes de distribuí-
distribuicao) ou as movimentacoes 982 ou 123 (Remes- dos, deverão ser cadastrados de acordo com as tabelas
sa) com o complemento 90 (declaracao de competencia unificadas de classes e assuntos processuais.
para orgao vinculado a Tribunal diferente) e os processos § 1º Para o fim previsto no caput, também são consi-
que de derados processos novos os recebidos em grau de re-
outra forma deixaram de se enquadrar nos criterios curso pelos tribunais a partir da data da implantação.
da meta, por exemplo, a ocorrencia da § 2º Faculta-se o cadastramento de classes e assuntos
movimentacao 10966 (mudanca de classe proces- da Tabela Unificada nos processos que, na data da im-
sual) em processo cuja classe originaria se enquadrava plantação, estejam arquivados (baixados) ou, embora
na meta. em tramitação, não forem objeto de recurso externo.
P1.7 e P1.8 - Em todas as instâncias, os processos que § 3º Os tribunais, observadas as condições tecnoló-
gicas, desenvolverão os seus sistemas internos a fim
receberam as movimentações 12067 ou 12068 (Levanta-
de possibilitar a migração automática das classes e
mento da Suspensão ou Dessobrestamento), 11002 (Re-
assuntos dos processos, inclusive dos já arquivados
vogação da Suspensão do Processo) ou 893 (Desarquiva-
(baixados).
mento), ou que de outra forma passaram a se enquadrar § 4º Nas hipóteses dos parágrafos anteriores, o cadas-
nos critérios tramento das classes e assuntos da Tabela Unificada
preservará a possibilidade de consulta aos registros
originais.
Art. 4º A partir da data da implantação, todos os
RESOLUÇÕES DO CONSELHO NACIONAL
andamentos processuais lançados nos processos em
DE JUSTIÇA N. 46/2007; 125/2010 E tramitação (não-baixados) deverão observar a tabela
SUAS ALTERAÇÕES; 165/2012 E SUAS unificada de movimentos processuais.
ALTERAÇÕES; 194/2014; 201/2015; § 1º Não há obrigatoriedade de reclassificação ou
230/2016; 251/2018; 254/2018; 270/2018; adaptação (migração) dos movimentos lançados até a
284/2019 data da implantação. Em havendo a migração, deverá
ser preservada a possibilidade de consulta aos movi-
mentos originais.
RESOLUÇÃO 46/2007 § 2º Os sistemas dos tribunais deverão possibilitar a
identificação do magistrado ou órgão julgados res-
Art. 1º Ficam criadas as Tabelas Processuais Unifica- ponsável pelo despacho, decisão, sentença ou acórdão
das do Poder Judiciário, objetivando a padronização e que ensejou a movimentação processual.
uniformização taxonômica e terminológica de classes, Art. 5º As Tabelas Processuais Unificadas do Poder Ju-
assuntos e movimentação processuais no âmbito da diciário serão continuamente aperfeiçoadas pelo Con-
Justiça Estadual, Federal, do Trabalho, Eleitoral, Militar selho Nacional de Justiça, em conjunto com os demais
da União, Militar dos Estados e do Superior Tribunal de órgãos do Poder Judiciário, utilizando-se, preferencial-
Justiça, a serem empregadas em sistemas processuais, mente, sistema eletrônico de gestão que permita, den-
cujo conteúdo, disponível no Portal do Conselho Na- tre outros, o encaminhamento de dúvidas, sugestões
cional de Justiça (www.cnj.jus.br), integra a presente e a comunicação das novas versões ou das alterações
promovidas.
Resolução.
§ 1º A tabela unificada de classes processuais não po-
Art. 2º Os Tribunais de Justiça dos Estados e do Dis-
derá ser alterada ou complementada pelos tribunais
trito Federal, os Tribunais Regionais Federais, os Tri-
sem anuência prévia e expressa do Conselho Nacional
bunais do Trabalho e o Superior Tribunal de Justiça de Justiça.
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL E DO PODER JUDICIÁRIO

deverão adaptar os seus sistemas internos e concluir § 2º A tabela unificada de assuntos processuais poderá
a implantação das Tabelas Processuais Unificadas do ser complementada pelos tribunais a partir do último
Poder Judiciário até o dia 30 de setembro de 2008, nível (detalhamento), com encaminhamento dos as-
observado o disposto na presente Resolução. suntos incluídos ao Conselho Nacional de Justiça para
§ 1º As Tabelas Processuais Unificadas deverão ser análise de adequação e eventual aproveitamento na
consideradas nos critérios de coleta de dados estatís- tabela nacional.
ticos, conforme regulamentação específica a ser expe- § 3º A tabela unificada de movimentos, composta pre-
dida. cipuamente por andamentos processuais relevantes à
§ 2º O Conselho Nacional de Justiça elaborará Manual extração de informações gerenciais, pode ser comple-
das Tabelas Processuais Unificadas do Poder Judiciário mentada pelos tribunais com outros movimentos que
com o objetivo de orientar a sua utilização e sanar entendam necessários, observando-se que:
eventuais dúvidas dos usuários. a) os movimentos devem refletir o andamento proces-
§ 3º Os Tribunais Eleitorais, os Tribunais de Justiça Mi- sual ocorrido e não a mera expectativa de movimento
litar Estaduais e o Superior Tribunal Militar deverão futuro;
adaptar os seus sistemas internos e concluir a implan- b) a relação dos movimentos acrescidos deverá ser
tação das Tabelas Processuais Unificadas do Poder Ju- encaminhada ao Conselho Nacional de Justiça para
diciário até o dia 31 de dezembro de 2010, observado análise de adequação e eventual aproveitamento na
o disposto na presente Resolução. tabela nacional.

76
Art. 6º O cadastramento de partes nos processos de- II) Guia de execução provisória de medida socioedu-
verá ser realizado, prioritariamente, pelo nome ou ra- cativa internação/semiliberdade é a que se refere à
zão social constante do cadastro de pessoas físicas ou internação ou semiliberdade decorrente da aplicação
jurídicas perante a Secretaria da Receita Federal do da medida socioeducativa decretada por sentença não
Brasil, mediante alimentação automática, observados transitada em julgado;
os convênios e condições tecnológicas disponíveis. III) Guia de execução provisória de medida socioedu-
§ 1º Na impossibilidade de cumprimento da previsão cativa em meio aberto é a que se refere à aplicação
do caput, deverão ser cadastrados o nome ou razão de prestação de serviço à comunidade ou de liberdade
social informada na petição inicial, vedado o uso de assistida por sentença não transitada em julgado;
abreviaturas, e outros dados necessários à precisa IV) Guia de execução definitiva de medida socioe-
identificação das partes (RG, título de eleitor, nome ducativa de internação ou semiliberdade se refere à
da mãe etc), sem prejuízo de posterior adequação à privação de liberdade decorrente de sentença ou de
denominação constante do cadastro de pessoas físicas acórdão transitados em julgado;
ou jurídicas perante a Secretaria da Receita Federal do V) Guia de execução definitiva de medida socioeduca-
Brasil (CPF/CNPJ). tiva em meio aberto é a que se refere à aplicação de
§ 2º Para cadastramento de advogados nos sistemas prestação de serviço à comunidade ou de liberdade
internos dos tribunais poderá ser utilizada a base de assistida por sentença ou acórdão transitado em jul-
dados do Cadastro Nacional dos Advogados da Or- gado;
dem dos Advogados do Brasil. VI) Guia de execução de internação sanção se refere
Art. 7º A administração e a gerência das Tabelas Pro- ao decreto de internação previsto no art. 122, inciso III,
cessuais Unificadas do Poder Judiciário caberão ao do Estatuto da Criança e do Adolescente.
Comitê Gestor a ser instituído e regulamentado pela VII) Guia unificadora é aquela expedida pelo juiz da
Presidência do Conselho Nacional de Justiça. execução com finalidade de unificar duas ou mais
Parágrafo único. Os órgãos do Poder Judiciário pode- guias de execução em face do mesmo adolescente (art.
rão instituir Grupos Gestores com vistas à administra- 45 da Lei n. 12.594/2012). (Incluído pela Resolução nº
ção e gerência da implantação, manutenção e aper- 191, de 25.04.2014)
feiçoamento das tabelas processuais no âmbito de sua Art. 3º As guias de execução, para fins desta resolu-
atuação, facultada a delegação de tais atribuições às ção, são aquelas incorporadas ao Cadastro Nacional
respectivas Corregedorias. de Adolescentes em Conflito com a Lei, geradas obri-
Art. 8º Os tribunais descritos no artigo 2º deverão, gatoriamente por meio do referido sistema. (Alterado
até o dia 31 de março de 2008 e, após, a cada 60
pela Resolução nº 191, de 25.04.2014) 
dias, informar ao Conselho Nacional de Justiça as pro-
 
vidências adotadas para a implantação das Tabelas
DO INGRESSO DO ADOLESCENTE EM PROGRA-
Processuais Unificadas, com encaminhamento de cro-
MA OU UNIDADE DE EXECUÇÃO DE MEDIDA SO-
nograma e descrição das etapas cumpridas.
CIOEDUCATIVA OU EM UNIDADE DE INTERNAÇÃO
RESOLUÇÃO 124/2010 PROVISÓRIA
 
Art. 1º. Alterar o art. 1° da Resolução/CNJ nº 104, de Art. 4° Nenhum adolescente poderá ingressar ou per-
6 de abril de 2010, que passa a vigorar acrescido dos manecer em unidade de internação ou semiliberdade
seguintes parágrafos: sem ordem escrita da autoridade judiciária competen-
Art. 1º [...] te.
[...]  Art. 5° O ingresso do adolescente em unidade de in-
§ 1º. As medidas de segurança previstas neste artigo ternação e semiliberdade, ou serviço de execução de
podem ser estendidas às demais varas federais e es- medida socioeducativa em meio aberto (prestação de
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL E DO PODER JUDICIÁRIO
taduais. serviço à comunidade ou liberdade assistida), só ocor-
§ 2º. Os Tribunais Regionais do Trabalho poderão ado- rerá mediante a apresentação de guia de execução,
tar as medidas previstas neste artigo.” devidamente instruída, expedida pelo juiz do processo
Art. 2º. Esta Resolução entra em vigor na data de sua de conhecimento.
publicação. Parágrafo único. Independentemente do número de
  adolescentes que são partes no processo de apuração
RESOLUÇÃO Nº 165/2012 de ato infracional e do tipo de medida socioeducativa
aplicada a cada um deles, será expedida uma guia de
CAPÍTULO I execução para cada adolescente.
Art. 6º A guia de execução - provisória ou definitiva - e
Art. 1º Esta resolução estabelece normas gerais para a guia de internação provisória deverão ser expedidas
o atendimento, pelo Poder Judiciário, do adolescente pelo juízo do processo de conhecimento.
em conflito com a lei, na internação provisória e no § 1º Extraída a guia de execução ou a de internação
cumprimento das medidas socioeducativas. provisória, o juízo do processo de conhecimento enca-
Art. 2º Para os fins desta Resolução define-se que: minhará, imediatamente, cópia integral do expediente
I) Guia de internação provisória é aquela que se refere ao órgão gestor do atendimento socioeducativo, re-
ao decreto de internação cautelar (art. 183 da Lei n. quisitando designação do programa ou da unidade de
8.069/1990); cumprimento da medida.

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§ 2º O órgão gestor do atendimento socioeducativo, § 1º A guia de execução provisória, quando existente,
no prazo máximo de 24 (vinte e quatro) horas, comu- será convertida em guia de execução definitiva, me-
nicará o programa ou a unidade de cumprimento da diante simples comunicação do trânsito em julgado
medida ao juízo do processo de conhecimento e ao ju- pelo juízo do conhecimento, acompanhada dos docu-
ízo responsável pela fiscalização da unidade indicada mentos supramencionados, devendo o juiz da execu-
(Resolução do CNJ n. 77/2009). ção atualizar a informação no sistema CNACL, reim-
§ 3º Após definição do programa de atendimento ou primindo a guia.
da unidade, no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, o § 2º Compete ao juízo da execução comunicar ao ór-
juízo do processo de conhecimento deverá remeter a gão gestor da medida socioeducativa aplicada toda e
Guia de Execução, devidamente instruída, ao Juízo qualquer alteração processual ocorrida em relação ao
com competência executória, a quem competirá for- adolescente.
mar o devido processo de execução.  
Art. 7º A guia de internação provisória, devidamente CAPÍTULO II
extraída do CNACL, será instruída, obrigatoriamente, DA EXECUÇÃO DA MEDIDA SOCIOEDUCATIVA EM
com os seguintes documentos, além de outros consi- MEIO ABERTO OU COM RESTRIÇÃO DE LIBERDADE
derados pertinentes pela autoridade judicial:  
I – documentos de caráter pessoal do adolescente exis- Art. 11. A execução da medida socioeducativa deverá
tentes no processo de conhecimento, especialmente os ser processada em autos próprios, formados pela guia
que comprovem sua idade; de execução e documentos que a acompanham, obri-
II – cópia da representação e/ou do pedido de interna- gatoriamente, ainda que o juízo da execução seja o
ção provisória; mesmo do processo de conhecimento.
III – cópia da certidão de antecedentes; § 1º É vedado o processamento da execução por carta
IV – cópia da decisão que determinou a internação. precatória.
Art. 8º Prolatada a sentença e mantida a medida so- § 2º Cada adolescente, independentemente do núme-
cioeducativa privativa de liberdade, deverá o juízo do ro e do tipo das medidas a serem executadas, deverá
processo de conhecimento comunicar, em 24 (vinte e ter reunidas as guias de execução definitivas, em au-
quatro) horas, observado o art. 5º, § 3º, desta Resolu- tos únicos, observado o disposto no art. 45 da Lei nº
ção, e remeter cópia dos seguintes documentos ao ór- 12.594, de 18 de janeiro de 2012.
gão gestor do atendimento socioeducativo e ao juízo § 3º Unificados os processos de execução pelo juiz da
da execução: execução, deverá ser expedida obrigatoriamente por
I – sentença ou acórdão que decretou a medida; meio do CNACL, nova Guia unificadora das medidas,
II – estudos técnicos realizados durante a fase de co- devendo ser arquivados definitivamente os autos uni-
nhecimento; ficados.
III – histórico escolar, caso existente. § 4º Quando da expedição da guia de execução defi-
Art. 9º Não tendo sido decretada a internação provi- nitiva, o processo de conhecimento deverá ser arqui-
sória no curso do processo de conhecimento, prolata- vado.
da a sentença, deverá ser expedida a guia de execução Art. 12. Em caso de transferência do adolescente ou
provisória de medida socioeducativa de internação, de modificação do programa para outra comarca ou
semiliberdade ou em meio aberto (parágrafo único do estado da federação, deverão ser remetidos os autos
art. 39 da Lei nº 12.594, de 18 de janeiro de 2012), da execução ao novo juízo responsável pela execução,
que deverá ser instruída, obrigatoriamente, com os no prazo de 72 (setenta duas) horas.
seguintes documentos, além de outros considerados Art. 13. O acompanhamento da execução das medi-
pertinentes pela autoridade judicial: das socioeducativas e seus incidentes caberá ao juízo
I – documentos de caráter pessoal do adolescente exis- do local onde está sediada a unidade ou serviço de
tentes no processo de conhecimento, especialmente os cumprimento, salvo se houver disposição em contrário
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL E DO PODER JUDICIÁRIO

que comprovem sua idade; em lei de organização judiciária local.


II – cópia do termo que propõe a remissão como for- § 1º O juízo do processo de conhecimento informará
ma de suspensão do processo cumulada com medida ao juízo da execução, em 24 (vinte e quatro) horas,
socioeducativa em meio aberto; ou cópia da represen- toda e qualquer decisão que interfira na privação de
tação; liberdade do adolescente, ou altere o cumprimento da
III – cópia da certidão de antecedentes; medida aplicada provisória ou definitivamente.
IV – cópia da sentença que aplicou a respectiva me- § 2º O juízo do processo de conhecimento ou do local
dida socioeducativa ou da sentença que homologou onde residem os genitores ou responsável pelo ado-
a remissão cumulada com medida socioeducativa em lescente prestará ao juízo da execução todo auxílio
meio aberto; necessário ao seu processo de reintegração familiar e
V – cópia de estudos técnicos realizados durante a fase social.
de conhecimento. § 3º Após a liberação do adolescente, o acompanha-
Art. 10. Transitada em julgado a decisão de que tra- mento da execução de medida em meio aberto even-
tam os arts. 7º e 8º, deverá o juízo do processo de co- tualmente aplicada em substituição à medida privati-
nhecimento expedir guia de execução definitiva, que va de liberdade deve, preferencialmente, ficar a cargo
conterá os documentos arrolados no artigo anterior, do juízo do local do domicílio dos pais ou responsável,
acrescidos da certidão do trânsito em julgado e, se ao qual serão encaminhados os autos de execução da
houver, de cópia do acórdão. medida de que trata esta Resolução.

78
§ 4º Quando o adolescente em acolhimento institu-  CAPÍTULO IV
cional ou familiar encontrar-se em local diverso do DA LIBERAÇÃO DO ADOLESCENTE OU DESLIGA-
domicílio dos pais ou responsáveis, as medidas socio- MENTO DOS PROGRAMAS DE ATENDIMENTO
educativas em meio aberto serão preferencialmente  
executadas perante o juízo onde ele estiver acolhido. Art. 17. Findo o prazo de 45 (quarenta e cinco) dias da
Art. 14. Para efeito da reavaliação prevista no art. 42 internação provisória ou determinada a liberação, por
da Lei nº 12.594, de 18 de janeiro de 2012, a conta- qualquer motivo, antes de expirado o prazo referido,
gem do prazo será feita a partir da data da apreensão deverá ser imediatamente remetida cópia da decisão,
do adolescente, considerando-se, ainda, eventual tem- preferencialmente por meio eletrônico ou oficial de
po de prisão cautelar que não se tenha convertido em justiça, ao gestor da unidade de atendimento e ao juí-
pena privativa de liberdade (§ 2º do art. 46 da Lei nº zo responsável pela fiscalização da unidade, preferen-
12.594, de 18 de janeiro de 2012). cialmente por meio eletrônico, devendo o magistrado
Parágrafo único. Independentemente do escoamento do processo de conhecimento providenciar a imediata
do prazo previsto no caput, a reavaliação pode ser baixa da Guia no sistema CNACL.
processada imediatamente após a remessa do relató- Art. 18. A decisão que extinguir a medida socioedu-
rio enviado pela unidade de internação ou semiliber- cativa de internação ou semiliberdade deverá ser, na
dade, ou serviço que execute a medida socioeducativa mesma data, comunicada ao gestor da unidade para
de liberdade assistida. liberação imediata do adolescente, devendo o magis-
Art. 15. A internação decorrente do descumprimento trado do processo de execução providenciar a imedia-
reiterado e injustificável de medida anteriormente im- ta baixa da Guia no sistema CNACL.
posta, conhecida como internação-sanção, está sujei- Art. 19. A liberação quando completados os 21 (vinte
ta aos princípios da brevidade e da excepcionalidade, e um) anos independe de decisão judicial, nos termos
devendo ser avaliada a possibilidade de substituição do § 5º do art. 121 do Estatuto da Criança e do Ado-
da medida originalmente aplicada por medida menos lescente.
gravosa, nos limites do previsto no § 2º do art. 122 do  
Estatuto da Criança e da Juventude. CAPÍTULO V
§ 1º Sem prejuízo da intervenção da defesa técnica, DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
nos moldes do previsto no § 2º do art. 13 desta Resolu-  
ção, e da realização de outras diligências que se fize- Art. 20. O adolescente em cumprimento de medida so-
rem necessárias, a oitiva do adolescente é obrigatória, cioeducativa não pode ser transferido para hospital de
conforme o disposto pelo inciso II do § 4º do art. 43 da custódia, salvo se responder por infração penal prati-
Lei nº 12.594, de 18 de janeiro de 2012; cada após os 18 (dezoitos) anos e por decisão do juízo
§ 2º É vedada a privação de liberdade do adolescente criminal competente.
antes da decisão que aprecia a aplicação da medida Art. 21. Cabe ao Poder Judiciário, sem prejuízo das
prevista no inciso III do art. 122 da Lei 8.069/90, de 13 competências do Ministério Público, fiscalizar a exe-
de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescen- cução dos programas socioeducativos em meio aber-
te), caso em que deverá ser imediatamente conduzido to e aqueles correspondentes às medidas privativas
à audiência especial, com intimação do Ministério Pú- de liberdade, zelar pelo efetivo respeito às normas e
blico e da defesa técnica; na audiência se tomarão as princípios aplicáveis à modalidade de atendimento
declarações do adolescente e o juiz decidirá acerca do prestado e pela qualidade e eficácia das atividades
cabimento da internação-sanção e de seu prazo. desenvolvidas, observado o disposto nos arts. 90, § 3º,
  incisos I e II, e 95 da Lei Federal nº 8.069/90, de 13 de
CAPÍTULO III julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente) e
DA INTERNAÇÃO PROVISÓRIA o disposto na Lei nº 12.594, de 18 de janeiro de 2012. LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL E DO PODER JUDICIÁRIO
  § 1º A fiscalização dos programas correspondentes às
Art. 16. No caso de internação provisória, o juízo res- medidas privativas de liberdade importa na realização
ponsável pela unidade deverá zelar pela estrita obser- de visitas às unidades de internação e semiliberdade,
vância do prazo máximo de privação da liberdade de que deverão ocorrer nos termos do que disciplinar este
45 (quarenta e cinco) dias. Conselho Nacional de Justiça.
§ 1º É de responsabilidade do juízo que decretou a in- § 2º O juiz deverá verificar, na fiscalização, se os esta-
ternação provisória eventual excesso de prazo, nos ter- belecimentos de internação e semiliberdade possuem
mos do que dispõe o § 1º do art. 45 da Lei nº 12.594, regimento disciplinar (art. 71 da Lei nº 12.594, de 18
de 18 de janeiro de 2012, facultando aos Tribunais de de janeiro de 2012) e se este é de conhecimento dos
Justiça editar regulamentação para as providências do internos, de seus pais ou responsáveis e do defensor, e
caput. se garante ampla defesa ao adolescente.
§ 2º O prazo referido no caput deste artigo deve ser § 3º A revisão prevista no art. 48 da Lei n. 12.594/12
contado a partir da data em que for efetivada a apre- deverá ser processada nos próprios autos da execução.
ensão do adolescente, e não admite prorrogação. § 4º A regulamentação da visita íntima, na forma do
§ 3º Liberado o jovem por qualquer motivo, antes de art. 68 e parágrafo único da Lei nº 12.594, de 18 de ja-
expirado o prazo referido no caput, a renovação da in- neiro de 2012, é de responsabilidade do gestor do sis-
ternação provisória não poderá ultrapassar o período tema socioeducativo que deverá zelar para que ocorra
que faltar ao alcance do prazo máximo legal. em ambiente sadio e separado dos demais internos,

79
garantida a privacidade, bem como seja precedida de III – adequação orçamentária: garantir orçamento
orientação quanto à paternidade/maternidade res- adequado ao desenvolvimento das atividades judiciá-
ponsável e doenças sexualmente transmissíveis, pro- rias da primeira instância, bem como adotar estratégi-
piciando-se os meios contraceptivos necessários, caso cas que assegurem excelência em sua gestão;
solicitados. IV – infraestrutura e tecnologia: prover infraestrutura
Art. 22. Para o exercício das garantias individuais e e tecnologia apropriadas ao funcionamento dos servi-
processuais dos adolescentes durante o processo de ços judiciários;
execução das medidas socioeducativas, mormente as V – governança colaborativa: fomentar a participação
privativas de liberdade, deverá ser assegurada a rea- de magistrados e servidores na governança da insti-
lização de entrevista pessoal com os socioeducandos, tuição, favorecendo a descentralização administrativa,
na forma prevista do § 11. do art. 4º da Lei Comple- a democratização interna e o comprometimento com
mentar nº 80/94, com a nova redação implementada os resultados institucionais;
pela Lei Complementar nº 132/2009, sem prejuízo do VI – diálogo social e institucional: incentivar o diálogo
disposto nos arts. 1º e 2º da Resolução nº 77 do CNJ. com a sociedade e com instituições públicas e priva-
Art. 23. Os Tribunais de Justiça promoverão, no prazo das, e desenvolver parcerias voltadas ao cumprimento
máximo de 1 (um) ano contado da publicação da pre- dos objetivos da Política;
sente Resolução, cursos de atualização e qualificação VII – prevenção e racionalização de litígios: adotar
funcional para Magistrados e servidores com atuação medidas com vistas a conferir tratamento adequado
em matéria socioeducativa, devendo o currículo in- às demandas de massa, fomentar o uso racional da
cluir os princípios e normas internacionais aplicáveis. Justiça e garantir distribuição equitativa dos proces-
Parágrafo único. No prazo previsto no caput, os Tri- sos judiciais entre as unidades judiciárias de primeiro
bunais de Justiça realizarão estudos relativos à ne- grau;
cessidade da criação e/ou especialização de varas de VIII – estudos e pesquisas: promover estudos e pes-
execução de medidas socioeducativas, notadamente quisas sobre causas e consequências do mau funcio-
nas comarcas onde estiverem situadas as unidades de namento da Justiça de primeira instância e temas co-
internação, enviando o competente relatório ao Con- nexos, a fim de auxiliar o diagnóstico e a tomada de
selho Nacional de Justiça. decisões;
Art. 24. Os Tribunais de Justiça dos Estados e do Dis- IX – formação continuada: fomentar a capacitação
trito Federal editarão ato normativo definindo os contínua de magistrados e servidores nas competên-
mecanismos de controle de prazos das medidas so- cias relativas às atividades do primeiro grau de juris-
cioeducativas, bem como de revisão, comunicando à dição.
Corregedoria Nacional de Justiça o seu teor, no prazo Parágrafo único. O CNJ, bem como os tribunais pode-
de 180 (cento e oitenta) dias. rão estabelecer indicadores, metas, programas, proje-
Art. 25. Cada Tribunal de Justiça Estadual e do Distri- tos e ações vinculados a cada linha de atuação.
to Federal regulamentará, no prazo de 180 (cento e  
oitenta) dias, comunicando à Corregedoria Nacional CAPÍTULO II
de Justiça, a forma e prazo de remessa da guia de exe- DA GOVERNANÇA DA POLÍTICA NACIONAL DE
cução, não podendo ultrapassar o prazo de 2 (dois) ATENÇÃO PRIORITÁRIA AO PRIMEIRO GRAU DE
dias úteis. JURISDIÇÃO
Art. 26. Esta Resolução entra em vigor do prazo de 90
(noventa) dias, contados de sua publicação. Art. 3º A Política será gerida e implementada pela
Rede de Priorização do Primeiro Grau, constituída por
RESOLUÇÃO Nº 194/2014 representantes de todos os tribunais brasileiros, sob a
coordenação do Conselho Nacional de Justiça.
CAPÍTULO I § 1º Compete à Presidência do CNJ, em conjunto com
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL E DO PODER JUDICIÁRIO

DAS DISPOSIÇÕES GERAIS a Corregedoria Nacional de Justiça e a Comissão Per-


manente de Estatística, Gestão Estratégica e Orça-
Art. 1º Instituir a Política Nacional de Atenção Priori- mento, coordenar as atividades da Rede de Prioriza-
tária ao Primeiro Grau de Jurisdição, com o objetivo de ção do Primeiro Grau.
desenvolver, em caráter permanente, iniciativas volta- § 2º Os tribunais serão representados na Rede de
das ao aperfeiçoamento da qualidade, da celeridade, Priorização do Primeiro Grau por 1 (um) magistrado
da eficiência, da eficácia e da efetividade dos serviços membro do Comitê Gestor Regional (art. 5º), a ser in-
judiciários da primeira instância dos tribunais brasilei- dicado à Presidência do CNJ no prazo de 30 (trinta)
ros, nos termos desta Resolução. dias após a publicação desta Resolução.
Art. 2º A implementação da Política será norteada pe- § 3º A Rede de Priorização do Primeiro Grau atuará
las seguintes linhas de atuação: em permanente interação com a Rede de Governança
I – alinhamento ao Plano Estratégico: alinhar o plano Colaborativa do Poder Judiciário, instituída pela Por-
estratégico dos tribunais aos objetivos e linhas de atu- taria CNJ n. 138 de 23 de agosto de 2013.
ação da Política, de modo a orientar seus programas, Art. 4º Os tribunais devem constituir Comitê Gestor
projetos e ações; Regional para gestão e implementação da Política no
II – equalização da força de trabalho: equalizar a dis- âmbito de sua atuação, com as seguintes atribuições,
tribuição da força de trabalho entre primeiro e segun- sem prejuízo de outras necessárias ao cumprimento
do graus, proporcionalmente à demanda de processos; dos seus objetivos:

80
I – fomentar, coordenar e implementar os programas, CAPÍTULO III
projetos e ações vinculados à Política; DAS DISPOSIÇÕES FINAIS
II – atuar na interlocução com o CNJ, a Rede de Prio-
rização do Primeiro Grau e as instituições parceiras, Art. 8º Os tribunais deverão, no prazo de 120 (cen-
compartilhando iniciativas, dificuldades, aprendiza- to e vinte) dias, encaminhar ao CNJ plano de ação
dos e resultados; com vistas ao alcance dos objetivos da Política no seu
III – interagir permanentemente com o representante âmbito interno, observadas as linhas de atuação de-
do tribunal na Rede de Governança Colaborativa do finidas.
Poder Judiciário e com a comissão e/ou unidade res- Art. 9º O CNJ e os tribunais poderão instituir formas
ponsável pela execução do Plano Estratégico; de reconhecimento, valorização ou premiação de boas
IV – promover reuniões, encontros e eventos para de- práticas, projetos inovadores e participação destacada
senvolvimento dos trabalhos; de magistrados e servidores no desenvolvimento da
V – monitorar, avaliar e divulgar os resultados alcan- Política.
çados. Art. 10. As atividades previstas nesta Resolução não
Art. 5º O Comitê Gestor Regional terá, no mínimo, a prejudicam a continuidade de outras em andamento
seguinte composição: nos tribunais, com os mesmos propósitos.
I – 1 (um) magistrado indicado pelo Tribunal respec- Art. 11. Esta Resolução entra em vigor na data de sua
tivo; publicação.
II – 1 (um) magistrado escolhido pelo Tribunal a partir
de lista de inscritos aberta a todos os interessados; RESOLUÇÃO Nº 201/2015
III – 1 (um) magistrado eleito por votação direta entre
os magistrados do primeiro grau, da respectiva juris- CAPÍTULO I
dição, a partir de lista de inscrição; DA CRIAÇÃO DAS UNIDADES OU NÚCLEOS SO-
IV – 1 (um) servidor escolhido pelo Tribunal a partir de CIOAMBIENTAIS NO PODER JUDICIÁRIO E SUAS
lista de inscritos aberta a todos os interessados; COMPETÊNCIAS
V – 1 (um) servidor eleito por votação direta entre os  
servidores, a partir de lista de inscrição; Art. 1º Os órgãos do Poder Judiciário relacionados nos
§ 1º Será indicado 1 (um) suplente para cada membro incisos I-A a VII do art. 92 da Constituição Federal de
do Comitê Gestor Regional. 1988 bem como nos demais conselhos, devem criar
§ 2º Os tribunais adotarão as medidas necessárias unidades ou núcleos socioambientais, estabelecer suas
para proporcionar aos membros do Comitê Gestor competências e implantar o respectivo Plano de Logís-
Regional condições adequadas ao desempenho de tica Sustentável (PLS-PJ).
suas atribuições, facultada a designação de equipe de Art. 2º Os órgãos e conselhos do Poder Judiciário de-
apoio às suas atividades. verão adotar modelos de gestão organizacional e de
§ 3º Os tribunais devem assegurar a participação de processos estruturados na promoção da sustentabili-
magistrados e servidores indicados pelas respectivas dade ambiental, econômica e social.
associações, sem direito a voto. Art. 3º Para os fins desta Resolução, consideram-se:
§ 4o Na Justiça Eleitoral, caso nas listas de inscritos I – visão sistêmica: identificação, entendimento e ge-
para magistrados e para servidores não haja interes- renciamento de processos interrelacionados como um
sados suficientes para ocupação das vagas de mem- sistema que contribui para a eficiência da organiza-
bro e suplente, caberá aos tribunais indicar os mem- ção no sentido de atingir os seus objetivos;
bros do Comitê e os suplentes para completar a sua II – logística sustentável: processo de coordenação do
composição.(Incluído pela Resolução nº 278, de 26 de fluxo de materiais, de serviços e de informações, do
março de 2019)  fornecimento ao desfazimento, que considerando o LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL E DO PODER JUDICIÁRIO
Art. 6º O Conselho Nacional de Justiça promoverá a ambientalmente correto, o socialmente justo e o de-
instituição de fórum permanente de diálogo interins- senvolvimento econômico equilibrado;
titucional voltado ao cumprimento dos objetivos da III – critérios de sustentabilidade: métodos utilizados
Política, com a participação de instituições públicas e para avaliação e comparação de bens, materiais ou
privadas ligadas ao sistema de justiça, inclusive gran- serviços em função do seu impacto ambiental, social
des litigantes. e econômico;
Parágrafo único. Os tribunais deverão instituir fóruns IV - práticas de sustentabilidade: ações que tenham
análogos no seu âmbito de atuação, facultada a reali- como objetivo a construção de um novo modelo de
zação de audiências públicas para discutir problemas cultura institucional visando à inserção de critérios de
locais, coletar propostas e tornar participativa a cons- sustentabilidade nas atividades do Poder Judiciário;
trução e a implementação da Política. V – práticas de racionalização: ações que tenham
Art. 7º A fim de garantir a concretização dos seus ob- como objetivo a melhoria da qualidade do gasto pú-
jetivos, deverão ser destinados recursos orçamentá- blico e o aperfeiçoamento contínuo na gestão dos pro-
rios para o desenvolvimento de programas, projetos e cessos de trabalho;
ações vinculados à Política. VI – coleta seletiva: coleta de resíduos sólidos previa-
Parágrafo único. Os recursos orçamentários de que mente separados conforme sua constituição ou com-
trata o caput devem ser identificados na proposta or- posição com destinação ambientalmente adequada;
çamentária do Tribunal.

81
VII – coleta seletiva solidária: coleta dos resíduos re- § 1º A adequada gestão dos resíduos gerados deverá
cicláveis descartados, separados na fonte geradora, promover a coleta seletiva, com estímulo a sua redu-
para destinação às associações e cooperativas de ca- ção, ao reuso e à reciclagem de materiais, e à inclusão
tadores de materiais recicláveis; socioeconômica dos catadores de resíduos, em conso-
VIII – resíduos recicláveis descartados: materiais passí- nância com a Política Nacional de Resíduos Sólidos e
veis de retorno ao seu ciclo produtivo, rejeitados pelos as limitações de cada município.
órgãos do Poder Judiciário; § 2º O uso sustentável de recursos naturais e bens pú-
IX – material de consumo: todo material que, em razão blicos deverá ter como objetivos o combate ao desper-
de sua utilização, perde normalmente sua identidade dício e o consumo consciente de materiais, com des-
física e/ou tem sua utilização limitada a dois anos; taque para a gestão sustentável de documentos como
X - gestão documental: conjunto de procedimentos a implementação de processo judicial eletrônico e a
e operações técnicas para produção, tramitação, uso informatização dos processos e procedimentos admi-
e avaliação de documentos, com vistas à sua guarda nistrativos.
permanente ou eliminação, mediante o uso razoável § 3º A promoção das contratações sustentáveis deverá
de critérios de responsabilidade ambiental; observar a integração dos aspectos ambientais, eco-
XI – inventário físico financeiro: relação de materiais nômicos e sociais do desenvolvimento sustentável.
que compõem o estoque onde figuram a quantidade § 4º As unidades ou núcleos socioambientais, em in-
física e financeira, a descrição, e o valor do bem; teratividade com as áreas envolvidas direta ou indire-
XII – compra compartilhada: contratação para um tamente com as contratações, deverão fomentar a in-
grupo de participantes previamente estabelecidos, na clusão de práticas de sustentabilidade, racionalização
qual a responsabilidade de condução do processo lici- e consumo consciente, que compreende as seguintes
tatório e gerenciamento da ata de registro de preços etapas:
serão de um órgão ou entidade da Administração Pú- I – estudo e levantamento das alternativas à aquisição
blica Federal com o objetivo de gerar benefícios eco- de produtos e serviços solicitados, considerando:
a) verificação da real necessidade de aquisição do pro-
nômicos e socioambientais;
duto e/ou serviço;
XIII – ponto de equilíbrio: quantidade ideal de recursos
b) existência no mercado de alternativas sustentáveis
materiais necessários para execução das atividades
considerando o ciclo de vida do produto;
desempenhadas por uma unidade de trabalho, sem
c) a legislação vigente e as normas técnicas, elabora-
prejuízo de sua eficiência;
das pela ABNT, para aferição e garantia da aplicação
XIV – corpo funcional: magistrados, servidores e esta-
dos requisitos mínimos de qualidade, utilidade, resis-
giários; e
tência e segurança dos materiais utilizados;
XV – força de trabalho auxiliar: funcionários terceiri- d) conformidade dos produtos, insumos e serviços com
zados. os regulamentos técnicos pertinentes em vigor expe-
Art. 4º As unidades ou núcleos socioambientais de- didos pelo Inmetro de forma a assegurar aspectos re-
verão ter caráter permanente para o planejamento, lativos à saúde, à segurança, ao meio ambiente, ou à
implementação, monitoramento de metas anuais e proteção do consumidor e da concorrência justa;
avaliação de indicadores de desempenho para o cum- e) normas da Anvisa quanto à especificação e classifi-
primento desta Resolução, devendo ser criadas no cação, quando for o caso;
prazo máximo de 120 (cento e vinte) dias, a partir da f) as Resoluções do CONAMA, no que couber;
publicação da presente.   g) descarte adequado do produto ao fim de sua vida
Art. 5º As unidades ou núcleos socioambientais deve- útil, em observância à Política Nacional de Resíduos
rão estimular a reflexão e a mudança dos padrões de Sólidos;
compra, consumo e gestão documental dos órgãos do II – especificação ou alteração de especificação já exis-
Poder Judiciário, bem como do corpo funcional e força tente do material ou serviço solicitado, observando os
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL E DO PODER JUDICIÁRIO

de trabalho auxiliar de cada instituição. critérios e práticas de sustentabilidade, em conjunto


Art. 6º As unidades ou núcleos socioambientais deve- com a unidade solicitante;
rão fomentar ações que estimulem: III – lançamento ou atualização das especificações no
I - o aperfeiçoamento contínuo da qualidade do gasto sistema de compras e administração de material da
público; instituição;
II -o uso sustentável de recursos naturais e bens pú- IV - dentre os critérios de consumo consciente, o pedi-
blicos; do de material e/ou planejamento anual de aquisições
III - a redução do impacto negativo das atividades do deverão ser baseados na real necessidade de consumo
órgão no meio ambiente com a adequada gestão dos até que a unidade possa atingir o ponto de equilíbrio.
resíduos gerados; § 5º. O histórico de consumo da unidade deverá ser
IV - a promoção das contratações sustentáveis; considerado para monitoramento de dados e poderá
V - a gestão sustentável de documentos, em conjunto ser um dos critérios utilizados no levantamento da
com a unidade responsável; real necessidade de consumo.
VI - a sensibilização e capacitação do corpo funcional, § 6º A sensibilização e capacitação do corpo funcio-
força de trabalho auxiliar e de outras partes interes- nal, força de trabalho auxiliar e, quando for o caso, de
sadas; e  outras partes interessadas deverão estimular de forma
VII - a qualidade de vida no ambiente de trabalho, em contínua o consumo consciente e a responsabilidade
conjunto com a unidade responsável. socioambiental no âmbito da instituição.

82
§ 7º A qualidade de vida no ambiente de trabalho I – relatório consolidado do inventário de bens e mate-
deve compreender a valorização, satisfação e inclusão riais do órgão, com a identificação dos itens nos quais
do capital humano das instituições, em ações que es- foram inseridos critérios de sustentabilidade quando
timulem o seu desenvolvimento pessoal e profissional, de sua aquisição;
assim como a melhoria das condições das instalações II – práticas de sustentabilidade, racionalização e con-
físicas. sumo consciente de materiais e serviços;
Art. 7º As unidades ou núcleos socioambientais deve- III – responsabilidades, metodologia de implementa-
rão, preferencialmente, ser subordinados à alta admi- ção, avaliação do plano e monitoramento dos dados;
nistração dos órgãos tendo em vista as suas atribui- IV – ações de divulgação, sensibilização e capacitação.
ções estratégicas e as mudanças de paradigma que Art. 15. A elaboração e atualização do inventário de
suas ações compreendem. bens e materiais, adquiridos pelo órgão no período de
Art. 8º Os órgãos e conselhos do Poder Judiciário de- um ano, deverão ser feitas em conformidade com a
verão implementar o Plano de Logística Sustentável normatização interna de cada órgão do Poder Judici-
do Poder Judiciário (PLS-PJ), de acordo com o Capítulo ário conforme definição no art. 3º, XII.
II desta Resolução. Art. 16. As práticas de sustentabilidade, racionalização
Art. 9º O CNJ deverá publicar anualmente, por in- e consumo consciente de materiais e serviços deverão
termédio do Departamento de Pesquisas Judiciárias abranger, no mínimo, os seguintes temas:
(DPJ), o Balanço Socioambiental do Poder Judiciário, I – uso eficiente de insumos e materiais considerando,
fomentado por informações consolidadas nos relató- inclusive, a implantação do PJe e a informatização dos
rios de acompanhamento do PLS-PJ de todos os ór- processos e procedimentos administrativos;
gãos e conselhos do Poder Judiciário. II – energia elétrica;
  III – água e esgoto;
CAPÍTULO II IV – gestão de resíduos;
DO PLANO DE LOGÍSTICA SUSTENTÁVEL DO PO- V – qualidade de vida no ambiente de trabalho;
DER JUDICIÁRIO (PLS-PJ) VI – sensibilização e capacitação contínua do corpo
  funcional, força de trabalho auxiliar e, quando for o
Art. 10. O PLS-PJ é instrumento vinculado ao planeja- caso, de outras partes interessadas;
mento estratégico do Poder Judiciário, com objetivos VII – contratações sustentáveis, compreendendo, pelo
menos, obras, equipamentos, combustível, serviços de
e responsabilidades definidas, ações, metas, prazos de
vigilância, de limpeza, de telefonia, de processamento
execução, mecanismos de monitoramento e avaliação
de dados, de apoio administrativo e de manutenção
de resultados, que permite estabelecer e acompanhar
predial, conforme artigo 15;
práticas de sustentabilidade, racionalização e quali-
VIII – deslocamento de pessoal, bens e materiais con-
dade que objetivem uma melhor eficiência do gasto
siderando todos os meios de transporte, com foco na
público e da gestão dos processos de trabalho, consi-
redução de gastos e de emissões de substâncias po-
derando a visão sistêmica do órgão.
luentes.
Art. 11. Ficam instituídos os indicadores mínimos para Parágrafo único: As práticas de sustentabilidade, ra-
avaliação do desempenho ambiental e econômico do cionalização e consumo consciente de materiais e
Plano de Logística Sustentável do Poder Judiciário serviços constantes no Anexo II desta Resolução pode-
(PLS-PJ), conforme Anexo I, que devem ser aplicados rão ser utilizadas como referência na elaboração dos
nos órgãos e conselhos do Poder Judiciário. planos de ação dos PLS-PJ dos conselhos e órgãos do
Art. 12. Os órgãos e conselhos do Poder Judiciário Poder Judiciário.
deverão constituir comissão gestora do PLS-PJ com- Art. 17. As contratações efetuadas pelo órgão ou con-
posta por no mínimo 5 (cinco) servidores, que serão selho deverão observar:
designados pela alta administração no prazo de 30 I – critérios de sustentabilidade na aquisição de bens, LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL E DO PODER JUDICIÁRIO
dias a partir da constituição das unidades ou núcleos tais como:
socioambientais. a) rastreabilidade e origem dos insumos de madeira
§ 1º A comissão gestora do PLS-PJ será composta, como itens de papelaria e mobiliário, a partir de fon-
obrigatoriamente, por um servidor da unidade ou nú- tes de manejo sustentável;
cleo socioambiental, da unidade de planejamento es- b) eficiência energética e nível de emissão de poluen-
tratégico e da área de compras ou aquisições do órgão tes de máquinas e aparelhos consumidores de energia,
ou conselho do Poder Judiciário. veículos e prédios públicos;
§ 2º A comissão gestora do PLS-PJ terá a atribuição c) eficácia e segurança dos produtos usados na limpe-
de elaborar, monitorar, avaliar e revisar o PLS-PJ do za e conservação de ambientes;
seu órgão. d) gêneros alimentícios.
Art. 13. O PLS-PJ será aprovado pela alta administra- II - práticas de sustentabilidade na execução dos ser-
ção do órgão. viços;
§ 1º O PLS-PJ poderá ser subdividido, a critério de cada III – critérios e práticas de sustentabilidade no projeto
órgão, em razão da complexidade de sua estrutura. e execução de obras e serviços de engenharia, em con-
§ 2º Os PLS-PJ dos órgãos seccionais da Justiça Federal sonância com a Resolução CNJ 114/2010;
deverão estar em conformidade com o PLS-PJ do ór- IV – emprego da logística reversa na destinação fi-
gão a que é subordinado. nal de suprimentos de impressão, pilhas e baterias,
Art. 14. O PLS-PJ deverá conter, no mínimo: pneus, lâmpadas, óleos lubrificantes, seus resíduos e

83
embalagens, bem como produtos eletroeletrônicos e § 1º Os planos de ação, ou instrumentos similares, das
seus componentes, de acordo com a Política Nacional iniciativas elencadas neste artigo, poderão ser incor-
de Resíduos Sólidos, observadas as limitações de cada porados aos PLS-PJ dos órgãos e conselhos do Poder
município. Judiciário.
Art. 18. O PLS-PJ deverá ser formalizado em processo § 2º Os guias de contratações sustentáveis poderão
administrativo e, para cada tema citado no art. 16, ser utilizados com o objetivo de orientar a inclusão de
deverão ser criados planos de ação com os seguintes critérios e práticas de sustentabilidade a serem obser-
tópicos: vados na aquisição de bens e na contratação de obras
I – objetivo do plano de ação; e serviços.
II – detalhamento de implementação das ações; § 3º O banco de boas práticas estará disponível no
III - unidades e áreas envolvidas na implementação de sítio do CNJ, no qual serão elencadas as iniciativas e
cada ação e respectivos responsáveis; ações que resultaram em impacto positivo quanto aos
IV – metas a serem alcançadas para cada ação; aspectos ambientais, econômicos e sociais na gestão
V – cronograma de implementação das ações; dos órgãos e conselhos do Poder Judiciário.
VI - previsão de recursos financeiros, humanos, instru-  
mentais, entre outros, necessários para a implementa- CAPÍTULO III
ção das ações. DISPOSIÇÕES FINAIS
§ 1º Para os temas listados no art. 16, os resultados  
alcançados serão avaliados semestralmente e/ou anu- Art. 21. O PLS-PJ deverá ser elaborado e publicado no
almente pela comissão gestora do PLS-PJ, utilizando sítio dos respectivos órgãos e conselhos do Poder Ju-
os indicadores constantes no Anexo I e banco de boas diciário no prazo de cento e oitenta dias, contados a
práticas. partir da publicação desta resolução.
§ 2º Caso o órgão ou conselho inclua outros temas Art. 22. Os resultados obtidos a partir da implantação
no PLS-PJ, deverão ser definidos os respectivos indi- das ações definidas no PLS-PJ deverão ser publicados
cadores, contendo: nome, fórmula de cálculo, fonte de ao final de cada semestre do ano no sítio dos respec-
dados, metodologia e periodicidade de apuração. tivos conselhos e órgãos do Poder Judiciário, apresen-
Art. 19. As iniciativas de capacitação afetas ao tema tando as metas alcançadas e os resultados medidos
sustentabilidade deverão ser incluídas no plano de pelos indicadores.
treinamento de cada órgão do Poder Judiciário. Art. 23. Ao final de cada ano deverá ser elaborado por
Parágrafo único. As atividades de ambientação de cada órgão e conselho do Poder Judiciário relatório de
novos servidores e colaboradores deverão difundir as desempenho do PLS-PJ, contendo:
ações sustentáveis praticadas, de modo a consolidar I – consolidação dos resultados alcançados;
os novos padrões de consumo consciente do órgão. II – a evolução do desempenho dos indicadores estra-
Art. 20. As seguintes iniciativas da Administração Pú- tégicos do Poder Judiciário com foco socioambiental e
blica Federal poderão ser observadas na elaboração econômico, de acordo com o previsto no Anexo I;
III – identificação das ações a serem desenvolvidas ou
dos PLS-PJ:
modificadas para o ano subsequente.
I – Programa de Eficiência do Gasto Público (PEG),
§ 1º Os relatórios deverão ser publicados no sítio dos
desenvolvido no âmbito da Secretaria de Orçamento
respectivos órgãos e conselhos do Poder Judiciário e
Federal do Ministério do Planejamento, Orçamento e
encaminhados, em forma eletrônica, ao CNJ até o dia
Gestão (SOF/MP);
20 de dezembro do ano corrente pela autoridade com-
II – Programa Nacional de Conservação de Energia
petente do órgão ou conselho.
Elétrica (Procel), coordenado pela Secretaria de Plane-
§ 2º O DPJ disponibilizará aos órgãos e conselhos do
jamento e Desenvolvimento Energético do Ministério
Poder Judiciário acesso ao sistema informatizado para
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL E DO PODER JUDICIÁRIO

de Minas e Energia (SPE/MME); compilação das informações quanto ao PLS-PJ com o


III – Agenda Ambiental na Administração Públi- objetivo de padronizar o envio e recebimento de dados
ca (A3P), coordenada pela Secretaria de Articulação e facilitar a análise dos indicadores que avaliarão o
Institucional e Cidadania Ambiental do Ministério do índice de sustentabilidade das instituições.
Meio Ambiente (SAIC/MMA); Art. 24. O PLS-PJ irá subsidiar, anualmente, o Balanço
IV – Coleta Seletiva Solidária, desenvolvida no âmbito Socioambiental do Poder Judiciário, a ser publicado
da Secretaria-Executiva do Ministério do Desenvolvi- pelo CNJ por intermédio do DPJ, no prazo de 180 dias
mento Social e Combate à Fome (SE/MDS); a contar do recebimento do relatório de desempenho
V – Projeto Esplanada Sustentável (PES), coordenado dos órgãos.
pelo Ministério do Planejamento, Orçamento e Ges- Art. 25. Esta Resolução entra em vigor na data de sua
tão, por meio da SOF/MP, em articulação com o Minis- publicação.
tério do Meio Ambiente, Ministério de Minas e Energia  
e Ministério do Desenvolvimento Social; Ministro Ricardo Lewandowski
VI – Contratações Públicas Sustentáveis (CPS), coorde-  
nada pelo órgão central do Sistema de Serviços Gerais  
(SISG), na forma da Instrução Normativa 1, de 19 de
janeiro de 2010, da Secretaria da Logística e Tecnolo-
gia da Informação (SLTI/MP).

84
ANEXO I DA RESOLUÇÃO 201 , DE 3 DE MARÇO DE 2015
 
Indicadores mínimos para avaliação do desempenho ambiental e econômico do PLS-PJ
(Anexo alterado pela Resolução nº 249, de 31.8.18)

INDICADOR DEFINIÇÃO UNIDADE DE MEDIDA PERIODICIDADE


1. PAPEL 
Quantidade consumida de
Consumo de papel não reciclado
resmas de papel não reciclado Resmas Mensal
próprio
adquiridas pelo órgão
Quantidade consumida de
Consumo de papel reciclado pró-
resmas de papel reciclado ad- Resmas Mensal
prio
quiridas pelo órgão
Quantidade total consumida
Consumo de papel próprio de resmas de papel adquiridas Resmas Mensal
pelo órgão
Quantidade consumida de
Consumo de papel não reciclado resmas de papel não reciclado
Resmas Mensal
contratado fornecidas por contratos de
terceirização
Quantidade consumida de
Consumo de papel reciclado con- resmas de papel não reciclado
Resmas Mensal
tratado fornecidas por contratos de
terceirização
Quantidade total consumida
Consumo de papel contratado de resmas de papel fornecidas Resmas Mensal
por contratos de terceirização
Quantidade total consumida
de resmas de papel adquiridas
Consumo de papel total Resmas Mensal
pelo órgão ou fornecidas por
contratos de terceirização
Despesa com aquisição de
Gasto com papel não reciclado
resmas de papel não reciclado Reais Mensal
próprio
adquiridas pelo órgão
Despesa com aquisição de
Gasto com papel reciclado próprio resmas de papel reciclado ad- Reais Mensal
quiridas pelo órgão
Despesa total com aquisição
Gasto com papel próprio de resmas de papel adquiridas Reais Mensal
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL E DO PODER JUDICIÁRIO
pelo órgão
2. COPOS DESCARTÁVEIS 
Quantidade consumida de
Consumo de copos descartáveis copos descartáveis usualmente
Centos Anual
para água utilizados para consumo de
água
Quantidade consumida de
Consumo de copos descartáveis copos descartáveis usualmente
Centos Anual
para café utilizados para consumo de
café
Quantidade total consumida
Consumo de copos descartáveis de copos descartáveis usual-
Centos Anual
total mente utilizados para consumo
de água e café

85
Despesa com aquisição de
Gasto com copos descartáveis copos descartáveis usualmente
Reais Anual
para água destinados para consumo de
água
Despesa com aquisição de
Gasto com copos descartáveis copos descartáveis usualmente
Reais Anual
para café destinados para consumo de
café
Despesa total com aquisição
Gasto com copos descartáveis de copos descartáveis usual-
Reais Anual
total mente destinados para consu-
mo de água e café
3. ÁGUA ENVASADA EM EMBALAGEM PLÁSTICA 
Quantidade consumida de em-
Consumo de embalagens descar- balagens plásticas descartáveis
Unidades Anual
táveis para água mineral para água mineral envasada,
com ou sem gás
Quantidade consumida de em-
Consumo de embalagens retorná-
balagens plásticas retornáveis Unidades Anual
veis para água mineral
para água mineral envasada
Despesa com aquisição de
Gasto com água mineral em em-
água mineral envasada em em- Reais Anual
balagens descartáveis
balagens plásticas descartáveis
Despesa com aquisição de
Gasto com água mineral em em-
água mineral envasada em em- Reais Anual
balagens retornáveis
balagens plásticas retornáveis
4. IMPRESSÃO 
Quantidade total de impres-
Quantidade de impressões Impressões Anual
sões realizadas
Quantidade de equipamentos
Quantidade de equipamentos de
de impressão instalados, pró- Equipamentos Anual
impressão
prios ou alocados
Quantidade de impressões em
Performance dos equipamentos Impressões/Equipa-
relação ao total de equipa- Anual
instalados mento
mentos instalados
Gasto com aquisições de supri- Despesa com aquisição de
Reais Anual
mentos suprimentos de impressão
Gasto com aquisição de impres- Despesa com aquisição de
Reais Anual
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL E DO PODER JUDICIÁRIO

soras equipamentos de impressão


Despesa com o pagamento
Gasto com contratos de terceiriza- de serviços de terceirização
Reais Anual
ção de impressão (outsourcing) de impressão e
reprografia
5. TELEFONIA 
Despesa com serviços de tele-
Gasto com telefonia fixa fonia fixa (inclusive tecnologia Reais Mensal
VoIP)
Quantidade de linhas de te-
lefonia fixa que atendem o
Total de linhas de telefonia fixa Linhas telefônicas Mensal
Órgão, seus anexos e unidades
vinculadas

86
Despesa realizada com serviços
de telefonia fixa (inclusive tec- Reais por Linha Tele-
Gasto relativo com telefonia fixa Mensal
nologia VoIP), em relação ao fônica
total de linhas
Despesa com serviços de te-
Gasto com telefonia móvel lefonia móvel (voz, dados e Reais Mensal
assinatura)
Quantidade de linhas de te-
lefonia móvel que atendem o
Total de linhas de telefonia móvel Linhas Telefônicas Mensal
Órgão, seus anexos e unidades
vinculadas
Despesa com serviços de tele-
fonia móvel (voz, dados e assi- Reais por Linha Tele-
Gasto relativo com telefonia móvel Mensal
natura), em relação ao total de fônica
linhas móveis
6. ENERGIA ELÉTRICA 
Consumo total de energia
Consumo de energia elétrica elétrica fornecida pela conces- kWh Mensal
sionária
Consumo total de energia elé-
Consumo relativo de energia elé- trica fornecida pela concessio-
kWh/m² Anual
trica nária, em relação à área total
do órgão
Valor da fatura de energia elé-
Gasto com energia elétrica Reais Mensal
trica, em valores brutos
Valor da fatura de energia
Gasto relativo com energia elétrica elétrica, em valores brutos, em Reais/m² Anual
relação à área total do órgão
7. ÁGUA E ESGOTO 
Consumo total de água forne-
Consumo de água m³ Mensal
cida pela concessionária
Consumo total de água forne-
Consumo relativo de água cida pela concessionária, em m³ de água/m² de área Anual
relação à área total do órgão
Valor da fatura de água e es-
Gasto com água Reais Mensal
goto, em valores brutos
Valor da fatura de água e es-
Gasto relativo com água goto, em valores brutos, em Reais/m² Anual
relação à área total do órgão LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL E DO PODER JUDICIÁRIO

8. GESTÃO DE RESÍDUOS 
Quantidade de papel, papelão
Destinação de papel e derivados destinados à reci- kg Mensal
clagem
Quantidade de plásticos desti-
Destinação de plásticos kg Mensal
nados à reciclagem
Quantidade de metais destina-
Destinação de metais kg Mensal
dos à reciclagem
Quantidade de vidros destina-
Destinação de vidros kg Mensal
dos à reciclagem
Quantidade total de resíduos
Total de materiais destinados à
recicláveis destinados à reci- kg Mensal
reciclagem
clagem

87
Quantidade total de resíduos
de serviços de saúde encami-
Destinação de resíduos de saúde kg Mensal
nhados para descontaminação
e tratamento
Quantidade de resíduos de
Destinação de resíduos de infor- informática destinados à reci-
kg Anual
mática clagem, reaproveitamento ou
outra destinação correta
Quantidade de suprimentos de
Destinação de suprimentos de
impressão destinados a em- Unidades Anual
impressão
presas de logística reversa
Quantidade de pilhas e bate-
Destinação de pilhas e baterias rias enviadas para descontami- kg Anual
nação e destinação correta
Quantidade de lâmpadas en-
Destinação de lâmpadas viadas para descontaminação e Unidades Anual
destinação correta
Quantidade de resíduos de
Destinação de resíduos de obras e
obra enviados para o aterro de m³ Anual
reformas
resíduos da construção civil
9. REFORMAS 
Despesas realizadas com re-
Gastos com Reforma no Período
formas e mudanças de layout Reais Anual
Base
durante o período-base
Despesas realizadas com refor-
Gastos com Reforma no Período
mas e mudanças de layout du- Reais Anual
de Referência
rante o período de referência
Variação dos gastos com refor-
Variação dos gastos com reformas mas e mudanças de layout em % Anual
relação ao ano anterior
10. LIMPEZA 
Despesa realizada com os con-
Gastos com Contratos de Limpeza tratos e/ou termos aditivos dos
Reais Anual
no Período-Base serviços de limpeza durante o
período-base
Área especificada nos
Área Contratada instrumentos de contrato de m2 Anual
manutenção e limpeza
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL E DO PODER JUDICIÁRIO

Despesa total com o contrato


Gasto relativo com Contratos de
de limpeza em relação à área Reais/m² Anual
limpeza
contratada
Despesa realizada com os con-
Gastos com Contratos de Limpeza tratos e/ou termos aditivos dos
Reais Anual
no Período de Referência serviços de limpeza durante o
período de referência
Variação dos gastos com con-
Variação dos gastos com contratos
tratos de limpeza em relação % Anual
de limpeza
ao ano anterior
Despesa total com a aquisição
Gasto com material de limpeza Reais Anual
de materiais de limpeza
11. VIGILÂNCIA 

88
Despesa realizada com os
Gastos com Contratos de Vigilân- contratos e/ou termos aditivos
Reais Anual
cia Armada no Período-Base dos serviços vigilância armada
durante o período-base
Quantidade total de postos de
Quantidade de Postos de Vigilân-
vigilância armada ao final do Postos Armados Anual
cia Armada no Período-Base
período-base
Despesa total com o contrato
Gasto relativo com Contratos de Reais/
de vigilância em relação a cada Anual
Vigilância armada posto armado
posto de vigilância armada
Despesa realizada com os con-
Gastos com Contratos de Vigilân- tratos e/ou termos aditivos dos
Reais Anual
cia Desarmada no Período-Base serviços vigilância desarmada
durante o período-base
Quantidade total de postos de
Quantidade de Postos de Vigilân-
vigilância desarmada ao final Postos Desarmados Anual
cia Desarmada no Período-Base
do período-base
Despesa total com o contrato
Gasto relativo com vigilância de- Reais/
de vigilância em relação a cada Anual
sarmada posto desarmado
posto de vigilância desarmada
Totalização da despesa reali-
zada com os contratos e/ou
Gasto Total com Contratos de Vi- termos aditivos dos serviços
Reais Anual
gilância no Período de Referência de vigilância, armada e desar-
mada, durante o período de
referência
Variação dos gastos com con-
Variação dos gastos com contratos
tratos de vigilância em relação % Anual
de vigilância
ao ano anterior
12. VEÍCULOS 
Quilometragem percorrida
Quilometragem km Mensal
pelos veículos
Total de veículos movidos
Quantidade de Veículos a Gasolina exclusivamente a gasolina ao Veículos Anual
final do ano
Total de veículos movidos ex-
Quantidade de Veículos a Etanol clusivamente a etanol ao final Veículos Anual
do ano
Total de veículos Flex, movidos LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL E DO PODER JUDICIÁRIO
Quantidade de Veículos Flex a gasolina ou etanol, ao final Veículos Anual
do ano
Total de veículos movidos ex-
Quantidade de Veículos a Diesel clusivamente a diesel ao final Veículos Anual
do ano
Total de veículos movidos
Quantidade de Veículos a Gás
exclusivamente a Gás Natural Veículos Anual
Natural
Veicular (GNV) ao final do ano
Total de veículos híbridos, ou
Quantidade de Veículos Híbridos seja, elétrico e combustíveis, ao Veículos Anual
final do ano
Total de veículos elétricos ao
Quantidade de Veículos Elétricos Veículos Anual
final do ano
Quantidade de veículos ao
Quantidade de Veículos Veículos Anual
final do ano

89
Quantidade de usuários por Usuários/
Usuários por veículo de serviço Anual
veículos de serviço Veículo
Usuários por veículo de magistra- Quantidade de usuários por Usuários/
Anual
do veículos de magistrado Veículo
Despesa realizada com paga-
mento de serviços de manu-
Gastos com Manutenção de Veí-
tenção dos veículos do órgão, Reais Anual
culos
seus anexos e unidades vincu-
ladas
Despesa total com manuten-
Gasto relativo com manutenção Reais/
ção de veículos em relação à Anual
dos veículos Veículo
quantidade total de veículos
Despesa total com contratos
Gastos com Contratos de Moto-
de motoristas nos órgãos, seus Reais Anual
ristas
anexos e unidades vinculadas
Despesa total com contratos
Gasto relativo com contrato de Reais/
de motoristas em relação à Anual
motoristas Veículo
quantidade total de veículos
13. COMBUSTÍVEL 
Quantidade consumida de
Consumo de gasolina litros Mensal
litros de gasolina
Quantidade consumida de
Consumo de etanol litros Mensal
litros de etanol
Quantidade consumida de
Consumo de diesel litros Mensal
litros de diesel
Quantidade consumida de
Consumo de gás natural m³ Mensal
metros cúbicos de GNV
Quantidade de litros de álcool
Consumo relativo de álcool e ga- litros/
e gasolina consumidos por Mensal
solina veículo
cada veículo
Quantidade de litros de diesel litros/
Consumo relativo de diesel Mensal
consumidos por cada veículo veículo
Quantidade de metros cúbicos
litros/
Consumo relativo de gás natural de GNV consumidos por cada Mensal
veículo
veículo
14. QUALIDADE DE VIDA 
Total de participações de servi-
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL E DO PODER JUDICIÁRIO

dores, magistrados e força de


Participações da Força de Trabalho
trabalho auxiliar em eventos de Participantes Anual
em Ações de Qualidade de Vida
ações de qualidade de vida no
trabalho
Quantidade de ações de qua-
Quantidade de Ações de Qualida- lidade de vida no trabalho
Ações Anual
de de Vida organizadas e realizadas pelo
próprio órgão ou em parceria
Percentual de participações em
 Participação relativa em ações de
ações de qualidade de vida no % por ação Anual
qualidade de vida
trabalho
Total de participações de servi-
dores, magistrados e força de
Participações em Ações Solidárias Participantes Anual
trabalho auxiliar em eventos de
ações solidárias

90
Quantidade de ações solidárias
Quantidade de Ações Solidárias organizadas e realizadas pelo Ações Anual
próprio órgão ou em parceria
Participação relativa em ações Percentual de participações em
% por ação Anual
solidárias ações solidárias
Quantidade de ações de inclu-
 Ações de inclusão Ações Anual
são realizadas
15. CAPACITAÇÃO SOCIOAMBIENTAL 
Quantidade de ações de capa-
Ações de capacitação e sensibili-
citação e sensibilização reali- Ações Anual
zação
zadas
Total de participações de servi-
dores, magistrados e força de
Participação em Ações de sensibi-
trabalho auxiliar em eventos de Participantes Anual
lização e capacitação
ações de Capacitação e Sensi-
bilização Socioambiental
Participação relativa em capacita- Percentual de participações em
ção e sensibilização socioambien- ações de capacitação e sensi- % por ação Anual
tal bilização
 
 ANEXO II DA RESOLUÇÃO 201 , DE 3 DE MARÇO DE 2015
 
Sugestões de práticas de sustentabilidade, racionalização e consumo consciente quanto à aquisição de materiais e
à contratação de serviços
 
Papel e suprimentos de impressão
1. Dar preferência ao uso de mensagens eletrônicas (e-mail) na comunicação evitando o uso do papel.
2. Evitar a impressão de documentos.
3. Fazer a revisão dos documentos antes de imprimi-los.
4. Sempre que possível, imprimir em fonte econômica (eco fonte) e frente e verso.
5. Configurar ou substituir os equipamentos de impressão e cópia para modo frente e verso automático.
6. Somente disponibilizar um cartucho/tonner novo ao receber o velho completamente vazio.
7. Reaproveitar as folhas impressas de um lado para nova impressão ou confecção de blocos de rascunho.
8. Dar preferência ao uso do papel reciclado ou não clorado;
9. Realizar campanhas de sensibilização e consumo consciente quanto ao uso do papel, e
10. Monitorar os dados de consumo e informá-los ao corpo funcional.
 
Sistemas informatizados
1. Promover o desenvolvimento de sistemas informatizados de documentos em substituição aos documentos im-
pressos.
2. Interagir de forma eficiente com os sistemas eletrônicos de processos administrativos e/ou judiciais com o obje-
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL E DO PODER JUDICIÁRIO
tivo de evitar a impressão.
3. Digitalizar os documentos impressos.
4. Promover o uso de ferramentas virtuais na gestão administrativa para melhor controle, gerenciamento e atendi-
mento de demandas. 
 
Copos Descartáveis e águas engarrafadas
1. Substituir o uso de copos descartáveis por dispositivos retornáveis duráveis ou biodegradáveis.
2. Dar preferência para aquisição de copos produzidos com materiais que minimizem os impactos ambientais de
seu descarte;
3. Incentivar o uso do copo retornável com campanhas de sensibilização e consumo consciente.
4. Monitorar os dados de consumo e informá-los ao corpo funcional.
5. Substituir o consumo de água engarrafada em copinhos plásticos de 200 ml e garrafas plásticas por garrafões de
20 litros, sistemas de filtragem ou bebedouros tendo em vista as questões econômico-financeiras e impactos ambien-
tais negativos gerados pelos resíduos plásticos.
6. Os equipamentos como garrafões de 20 litros, bebedouros e sistemas de filtragem devem ser higienizados pe-
riodicamente de acordo com os normativos legais ou instruções do fabricante.
 

91
Material de limpeza 9. Realizar campanhas de sensibilização e consumo
1. Usar preferencialmente produtos biodegradáveis consciente quanto ao uso da água.
de limpeza.  
2. Incluir nos contratos de limpeza a capacitação e Gestão de resíduos
sensibilização periódica das equipes de limpeza. 1. Promover a implantação da coleta seletiva em con-
3. Rever as rotinas de trabalho quanto à limpeza das sonância com a Resolução CONAMA 275/2001, o De-
instalações de modo a otimizar os serviços realizados. creto 5.940/2006, a Lei 12.305/2010 e demais legislação
  pertinente, quanto ao estabelecimento de parcerias com
Energia Elétrica cooperativas de catadores (sempre que possível, respei-
1. Fazer diagnóstico da situação das instalações elé- tadas as limitações dos municípios) e tabela de cores.
tricas e propor as alterações necessárias para redução de 2. Promover a destinação ecologicamente correta
consumo. dos resíduos gerados (desde material de expediente até
2. Monitorar os dados de consumo e informá-los ao óleos lubrificantes, pneus, pilhas, baterias, lixo eletrônico,
corpo funcional. quando houver).
3. Desligar luzes e equipamentos ao se ausentar do 3. Realizar campanhas de sensibilização e consumo
ambiente. consciente quanto ao descarte correto de resíduos.
4. Fechar as portas e janelas quando o ar condiciona- 4. Monitorar os dados de consumo e informá-los ao
do estiver ligado para não diminuir sua eficiência. corpo funcional.
5. Aproveitar as condições naturais do ambiente de 5. Implantar planos de gestão de resíduos de saúde
trabalho – ventilação, iluminação natural. nos casos cabíveis, conforme previsto na RDC ANVISA
6. Desligar alguns elevadores nos horários de menor 306/2004.
movimento e promover campanhas de incentivo ao uso 6. Incluir nos contratos para cessão de espaço público
das escadas. que tenham como objetos restaurantes ou lanchonetes,
7. Revisar o contrato de energia visando à racionaliza- previsão para que a contratada dê destino ecologica-
mente correto ao óleo de cozinha, apresentando relató-
ção em razão da real demanda de energia elétrica.
rio mensal dos resíduos gerados, e
8.  Dar preferência, quando da substituição, a apa-
7. Incluir nos contratos de manutenção predial a des-
relhos de ar condicionado e outros equipamentos ele-
contaminação e descarte ecologicamente correto de
troeletrônicos mais modernos e eficientes, respeitadas as
lâmpadas.
normas técnicas vigentes.
 
9. Buscar implementar soluções que tragam eficiência
Qualidade de vida no ambiente de trabalho
energética à edificação, como a substituição de lâmpadas
1. Adotar medidas para promover um ambiente físico
fluorescentes por dispositivos em led, placas fotovoltai- de trabalho seguro e saudável.
cas para captação de energia solar e outras tecnologias 2. Adotar medidas para avaliação e controle da quali-
limpas para geração de energia. dade do ar nos ambientes climatizados.
10. Utilizar, sempre que possível, sensores de presen- 3. Realizar manutenção ou substituição de aparelhos
ça em locais de trânsito de pessoas. que provocam ruídos no ambiente de trabalho.
11. Reduzir a quantidade de lâmpadas, estabelecendo 4. Promover atividades de integração e de qualidade
um padrão por m² e estudando a viabilidade de se trocar de vida no trabalho.
as calhas embutidas por calhas “invertidas”. 5.  Realizar campanhas, oficinas, palestras e exposi-
12. Realizar campanhas de sensibilização e consumo ções de sensibilização das práticas sustentáveis para os
consciente quanto ao uso da energia. servidores, funcionários terceirizados e magistrados com
  divulgação por meio da intranet, cartazes eletrônicos e
Água e Esgoto informativos.
1. Realizar levantamento e monitorar, periodicamen- 6. Incentivar a adoção de práticas sustentáveis e co-
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL E DO PODER JUDICIÁRIO

te, a situação das instalações hidráulicas e propor altera- laborativas reconhecendo e premiando as unidades que
ções necessárias para redução do consumo. possuem bons índices de consumo.
2. Monitorar os dados de consumo e informá-los ao 7. Incentivar a realização de cursos à distância com a
corpo funcional. temática da sustentabilidade reforçando as práticas rea-
3. Adotar medidas para evitar o desperdício de água lizadas no tribunal.
como a instalação de descargas e torneiras mais eficien- 8. Buscar parcerias com a comunidade e órgãos da
tes e com dispositivos economizadores. administração local no sentido de implementar possíveis
4.  Não utilizar água nobre para fins não nobres (ex: inovações e serviços (ex: coleta de óleo pela concessio-
lavagem de veículos, manutenção de jardins, lavagem de nária local, recolhimento de lixo eletrônico, etc.), e
brises). 9. Trocar experiências com outros órgãos no sentido
5. Criar rotinas periódicas para lavagem de grandes de buscar novas práticas.
áreas e irrigação de jardins.  
6. Dar preferência a sistemas de reuso de água e tra- Veículos e transporte
tamento dos efluentes gerados. 1. Dar preferência a contratos de aquisição de veícu-
7. Dar preferência a sistemas de medição individuali- los com dação em pagamento.
zados de consumo de água. 2. Estabelecer rotas preferenciais entre os destinos
8. Analisar a viabilidade de aproveitamento da água mais utilizados considerando a redução no consumo de
da chuva e poços artesianos, com a devida outorga, e combustíveis e emissão de gases poluentes.

92
3. Utilizar preferencialmente combustíveis menos po- Parágrafo único. Para tanto, entre outras medidas,
luentes e de fontes renováveis como o etanol. convola-se, em resolução, a Recomendação CNJ 27,
4. Estabelecer rotinas de manutenção preventiva nos de 16/12/2009, bem como institui-se as Comissões
veículos. Permanentes de Acessibilidade e Inclusão.
5.  Dar preferência à lavagem ecológica de veículos Art. 2º Para fins de aplicação desta Resolução, consi-
oficiais, e deram-se:
6. Estabelecer intervalos sustentáveis entre as lava- I - “discriminação por motivo de deficiência” signifi-
gens de veículos oficiais. ca qualquer diferenciação, exclusão ou restrição, por
  ação ou omissão, baseada em deficiência, com o pro-
Telefonia pósito ou efeito de impedir ou impossibilitar o reco-
1. Implantação de tecnologia VoIP (Voice over Interne nhecimento, o desfrute ou o exercício, em igualdade
Protocol) – substituição de linhas analógicas por rede de de oportunidades com as demais pessoas, de direitos
dados e voz (ramais). humanos e liberdades fundamentais nos âmbitos po-
  lítico, econômico, social, cultural, civil ou qualquer ou-
Mobiliário tro, incluindo a recusa de adaptações razoáveis e de
1. Adquirir mobiliário observando as normas de er- fornecimento de tecnologias assistivas;
gonomia. II - “acessibilidade” significa possibilidade e condição
2. No caso dos itens em madeira, observar a origem de alcance para utilização, com segurança e autono-
legal do produto. mia, de espaços, mobiliários, equipamentos urbanos,
  edificações, transportes, informação e comunicação,
Desfazimento de documentos, materiais e bens mó- inclusive seus sistemas e tecnologias, bem como de
veis outros serviços e instalações abertos ao público, de
1. Recomendar que o desfazimento de bens móveis uso público ou privados de uso coletivo, tanto na zona
e materiais tenha o apoio das unidades ou núcleos so- urbana como na rural, por pessoa com deficiência ou
cioambientais, para identificação da melhor destinação, com mobilidade reduzida;
considerando o que estabelece Lei 12.305/2010, que ins- III - “barreiras” significa qualquer entrave, obstácu-
titui a Política Nacional de Resíduos Sólidos e Decreto lo, atitude ou comportamento que limite ou impeça
7.404/2010, que regulamenta a mencionada Lei. a participação social da pessoa, bem como o gozo, a
2. Descartar de forma ecologicamente correta os do- fruição e o exercício de seus direitos à acessibilidade,
cumentos e processos judiciais de acordo com a tabela à liberdade de movimento e de expressão, à comuni-
de temporalidade e Recomendação CNJ 37/2011. cação, ao acesso à informação, à compreensão, à cir-
3. Incentivar ações de reutilização de materiais. culação com segurança, entre outros, classificadas em:
  a) “barreiras urbanísticas”: as existentes nas vias e nos
Contratações sustentáveis espaços públicos e privados abertos ao público ou de
1. Estimular contratações sustentáveis, ou seja, com a uso coletivo;
inserção de critérios de sustentabilidade na especificação b) “barreiras arquitetônicas”: as existentes nos edifí-
do objeto. cios públicos e privados;
2. Realizar análise de consumo antes da contratação c) “barreiras nos transportes”: as existentes nos siste-
para avaliação da real necessidade de aquisição. mas e meios de transportes;
  d) “barreiras nas comunicações e na informação”:
Material de consumo – planejamento e uso qualquer entrave, obstáculo, atitude ou comporta-
1. A unidade responsável pela administração de ma- mento que dificulte ou impossibilite a expressão ou o
terial do órgão deve controlar e monitorar os dados de recebimento de mensagens e de informações por in-
consumo e informá-los às unidades de trabalho. termédio de sistemas de comunicação e de tecnologia LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL E DO PODER JUDICIÁRIO
da informação;
2. Os gestores devem informar ao corpo funcional os
e) “barreiras atitudinais”: atitudes ou comportamentos
índices de consumo da unidade estimulando o consumo
que impeçam ou prejudiquem a participação social da
consciente em busca do ponto de equilíbrio.
pessoa com deficiência em igualdade de condições e
 
oportunidades com as demais pessoas; e
RESOLUÇÃO Nº 230/2016
f) “barreiras tecnológicas”: as que dificultam ou im-
pedem o acesso da pessoa com deficiência às tecno-
CAPÍTULO I logias.
DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES IV - “adaptação razoável” significa as modificações e
   os ajustes necessários e adequados que não acarretem
Art. 1º Esta Resolução orienta a adequação das ativi- ônus desproporcional ou indevido, quando requeridos
dades dos órgãos do Poder Judiciário e de seus servi- em cada caso, a fim de assegurar que as pessoas com
ços auxiliares em relação às determinações exaradas deficiência possam gozar ou exercer, em igualdade de
pela Convenção Internacional sobre os Direitos das oportunidades com as demais pessoas, todos os direi-
Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo tos humanos e liberdades fundamentais;
(promulgada por meio do Decreto nº 6.949/2009) e V - “desenho universal” significa a concepção de pro-
pela Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Defici- dutos, ambientes, programas e serviços a serem usa-
ência (Lei nº 13.146/2015). dos, na maior medida possível, por todas as pessoas,

93
sem necessidade de adaptação ou projeto específico. trâmites oficiais, o uso de línguas de sinais, braille, co-
O “desenho universal” não excluirá as ajudas técnicas municação aumentativa e alternativa, e de todos os
para grupos específicos de pessoas com deficiência, demais meios, modos e formatos acessíveis de comu-
quando necessárias; nicação, à escolha das pessoas com deficiência;
VI - “tecnologia assistiva” (ou “ajuda técnica”) significa II - adaptações arquitetônicas que permitam a livre e
produtos, equipamentos, dispositivos, recursos, meto- autônoma movimentação desses usuários, tais como
dologias, estratégias, práticas e serviços que objetivem rampas, elevadores e vagas de estacionamento próxi-
promover a funcionalidade, relacionada à atividade e mas aos locais de atendimento; e
à participação da pessoa com deficiência ou com mo- III - acesso facilitado para a circulação de transporte
bilidade reduzida, visando à sua autonomia, indepen- público nos locais mais próximos possíveis aos postos
dência, qualidade de vida e inclusão social; de atendimento.
VII - “comunicação” significa forma de interação dos § 1º A fim de garantir a atuação da pessoa com de-
cidadãos que abrange, entre outras opções, as línguas, ficiência em todo o processo judicial, o poder público
inclusive a Língua Brasileira de Sinais (Libras), a visu- deve capacitar os membros, os servidores e terceiriza-
alização de textos, o Braille, o sistema de sinalização dos que atuam no Poder Judiciário quanto aos direitos
ou de comunicação tátil, os caracteres ampliados, os da pessoa com deficiência.
dispositivos multimídia, assim como a linguagem sim- § 2º Cada órgão do Poder Judiciário deverá dispor de,
ples, escrita e oral, os sistemas auditivos e os meios de pelo menos, cinco por cento de servidores, funcioná-
voz digitalizados e os modos, meios e formatos au- rios e terceirizados capacitados para o uso e interpre-
mentativos e alternativos de comunicação, incluindo tação da Libras.
as tecnologias da informação e das comunicações; § 3º As edificações públicas já existentes devem garan-
VIII - “atendente pessoal” significa pessoa, membro ou tir acessibilidade à pessoa com deficiência em todas as
não da família, que, com ou sem remuneração, assiste suas dependências e serviços, tendo como referência
ou presta cuidados básicos e essenciais à pessoa com as normas de acessibilidade vigentes.
deficiência no exercício de suas atividades diárias, ex-
§ 4º A construção, a reforma, a ampliação ou a mu-
cluídas as técnicas ou os procedimentos identificados
dança de uso de edificações deverão ser executadas de
com profissões legalmente estabelecidas; e
modo a serem acessíveis.
IX - “acompanhante” significa aquele que acompanha
§ 5º A formulação, a implementação e a manutenção
a pessoa com deficiência, podendo ou não desempe-
das ações de acessibilidade atenderão às seguintes
nhar as funções de atendente pessoal.
premissas básicas:
 
I - eleição de prioridades, elaboração de cronograma e
CAPÍTULO II
reserva de recursos para implementação das ações; e
DAS DISPOSIÇÕES RELACIONADAS A TODAS AS
PESSOAS COM DEFICIÊNCIA II - planejamento contínuo e articulado entre os seto-
Seção I res envolvidos.
Da Igualdade e suas Implicações § 6º Para atender aos usuários externos que tenham
Subseção I deficiência, dever-se-á reservar, nas áreas de esta-
Da Igualdade e da Inclusão cionamento abertas ao público, vagas próximas aos
  acessos de circulação de pedestres, devidamente sina-
Art. 3º A fim de promover a igualdade, adotar-se-ão, lizadas, para veículos que transportem pessoas com
com urgência, medidas apropriadas para eliminar e deficiência e com comprometimento de mobilidade,
prevenir quaisquer barreiras urbanísticas, arquitetôni- desde que devidamente identificados, em percentual
cas, nos transportes, nas comunicações e na informa- equivalente a 2% (dois por cento) do total, garantida,
ção, atitudinais ou tecnológicas, devendo-se garantir no mínimo, 1 (uma) vaga.
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL E DO PODER JUDICIÁRIO

às pessoas com deficiência – servidores, serventuários § 7º Mesmo se todas as vagas disponíveis estiverem
extrajudiciais, terceirizados ou não – quantas adapta- ocupadas, a Administração deverá agir com o máximo
ções razoáveis ou mesmo tecnologias assistivas sejam de empenho para, na medida do possível, facilitar o
necessárias para assegurar acessibilidade plena, coi- acesso do usuário com deficiência às suas dependên-
bindo qualquer forma de discriminação por motivo de cias, ainda que, para tanto, seja necessário dar acesso
deficiência. a vaga destinada ao público interno do órgão.
  Art. 5º É proibido ao Poder Judiciário e seus serviços
Subseção II auxiliares impor ao usuário com deficiência custo
Da Acessibilidade com Segurança e Autonomia anormal, direto ou indireto, para o amplo acesso a
  serviço público oferecido.
Art. 4º Para promover a acessibilidade dos usuários Art. 6º Todos os procedimentos licitatórios do Poder
do Poder Judiciário e dos seus serviços auxiliares que Judiciário deverão se ater para produtos acessíveis às
tenham deficiência, a qual não ocorre sem segurança pessoas com deficiência, sejam servidores ou não.
ou sem autonomia, dever-se-á, entre outras ativida- § 1º O desenho universal sera# sempre tomado como
des, promover: regra de caráter geral.
I - atendimento ao público – pessoal, por telefone ou § 2º Nas hipóteses em que comprovadamente o de-
por qualquer meio eletrônico – que seja adequado a senho universal não possa ser empreendido, deve ser
esses usuários, inclusive aceitando e facilitando, em adotada adaptação razoável.

94
Art. 7º Os órgãos do Poder Judiciário deverão, com púlpitos), portas e corredores em todas as dependên-
urgência, proporcionar aos seus usuários processo ele- cias e em toda a extensão (Tribunais, Fóruns, Juizados
trônico adequado e acessível a todos os tipos de defi- Especiais etc);
ciência, inclusive às pessoas que tenham deficiência II – locação de imóveis, aquisição ou construções no-
visual, auditiva ou da fala. vas somente deverão ser feitas se com acessibilidade;
§ 1º Devem ser oferecidos todos os recursos de tec- III – permissão de entrada e permanência de cães-
nologia assistiva disponíveis para que a pessoa com -guias em todas as dependências dos edifícios e sua
deficiência tenha garantido o acesso à justiça, sempre extensão;
que figure em um dos polos da ação ou atue como tes- IV – habilitação de servidores em cursos oficiais de
temunha, partícipe da lide posta em juízo, advogado, Linguagem Brasileira de Sinais, custeados pela Ad-
defensor público, magistrado ou membro do Ministé- ministração, formados por professores oriundos de
rio Público. instituições oficialmente reconhecidas no ensino de
§ 2º A pessoa com deficiência tem garantido o acesso Linguagem Brasileira de Sinais para ministrar os cur-
ao conteúdo de todos os atos processuais de seu inte- sos internos, a fim de assegurar que as secretarias e
resse, inclusive no exercício da advocacia. cartórios das Varas e Tribunais disponibilizem pessoal
Art. 8º Os serviços notariais e de registro não po- capacitado a atender surdos, prestando-lhes informa-
dem negar ou criar óbices ou condições diferenciadas ções em Linguagem Brasileira de Sinais;
à prestação de seus serviços em razão de deficiência V – nomeação de tradutor e intérprete de Linguagem
do solicitante, devendo reconhecer sua capacidade le- Brasileira de Sinais, sempre que figurar no proces-
gal plena, garantida a acessibilidade. so pessoa com deficiência auditiva, escolhido dentre
Parágrafo único. O descumprimento do disposto no aqueles devidamente habilitados e aprovados em cur-
caput deste artigo constitui discriminação em razão so oficial de tradução e interpretação de Linguagem
de deficiência. Brasileira de Sinais ou detentores do certificado de
Art. 9º Os Tribunais relacionados nos incisos II a VII do proficiência em Linguagem Brasileira de Sinais – PRO-
art. 92 da Constituição Federal de 1988 e os serviços LIBRAS, nos termos do art. 19 do Decreto 5.626/2005,
auxiliares do Poder Judiciário devem adotar medidas o qual deverá prestar compromisso e, em qualquer hi-
para a remoção de barreiras físicas, tecnológicas, ar- pótese, será custeado pela administração dos órgãos
quitetônicas, de comunicação e atitudinais para pro- do Judiciário;
mover o amplo e irrestrito acesso de pessoas com defi- VI – sendo a pessoa com deficiência auditiva partíci-
ciência às suas respectivas carreiras e dependências e pe do processo oralizado e se assim o preferir, o Juiz
o efetivo gozo dos serviços que prestam, promovendo deverá com ela se comunicar por anotações escritas
ou por meios eletrônicos, o que inclui a legenda em
a conscientização de servidores e jurisdicionados sobre
tempo real, bem como adotar medidas que viabilizem
a importância da acessibilidade para garantir o pleno
a leitura labial;
exercício de direitos.
VII – nomeação ou permissão de utilização de guia-in-
 
térprete, sempre que figurar no processo pessoa com
Subseção III
deficiência auditiva e visual, o qual deverá prestar
Das Comissões Permanentes de Acessibilidade e
compromisso e, em qualquer hipótese, será custeado
Inclusão pela administração dos órgãos do Judiciário;
 
VIII – registro da audiência, caso o Juiz entenda neces-
Art. 10. Serão instituídas por cada Tribunal, no pra- sário, por filmagem de todos os atos nela praticados,
zo máximo de 45 (quarenta e cinco) dias, Comissões sempre que presente pessoa com deficiência auditiva;
Permanentes de Acessibilidade e Inclusão, com caráter IX – aquisição de impressora em Braille, produção e
multidisciplinar, com participação de magistrados e manutenção do material de comunicação acessível, LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL E DO PODER JUDICIÁRIO
servidores, com e sem deficiência, objetivando que es- especialmente o website, que deverá ser compatível
sas Comissões fiscalizem, planejem, elaborem e acom- com a maioria dos softwares livres e gratuitos de leitu-
panhem os projetos arquitetônicos de acessibilidade e ra de tela das pessoas com deficiência visual;
projetos “pedagógicos” de treinamento e capacitação X – inclusão, em todos os editais de concursos públi-
dos profissionais e funcionários que trabalhem com as cos, da previsão constitucional de reserva de cargos
pessoas com deficiência, com fixação de metas anuais, para pessoas com deficiência, inclusive nos que tratam
direcionados à promoção da acessibilidade para pes- do ingresso na magistratura (CF, art. 37, VIII);
soas com deficiência, tais quais as descritas a seguir: XI – anotação na capa dos autos da prioridade con-
I – construção e/ou reforma para garantir acessibili- cedida à tramitação de processos administrativos cuja
dade para pessoas com termos da normativa técnica parte seja uma pessoa com deficiência e de processos
em vigor (ABNT 9050), inclusive construção de ram- judiciais se tiver idade igual ou superior a 60 (sessen-
pas, adequação de sanitários, instalação de elevado- ta) anos ou portadora de doença grave, nos termos da
res, reserva de vagas em estacionamento, instalação Lei n. 12.008, de 06 de agosto de 2009;
de piso tátil direcional e de alerta, sinalização sonora XII – realização de oficinas de conscientização de ser-
para pessoas com deficiência visual, bem como sina- vidores e magistrados sobre os direitos das pessoas
lizações visuais acessíveis a pessoas com deficiência com deficiência;
auditiva, pessoas com baixa visão e pessoas com defi- XIII – utilização de intérprete de Linguagem Brasilei-
ciência intelectual, adaptação de mobiliário (incluindo ra de Sinais, legenda, audiodescrição e comunicação

95
em linguagem acessível em todas as manifestações  CAPÍTULO III
públicas, dentre elas propagandas, pronunciamentos DAS DISPOSIÇÕES RELACIONADAS AOS SERVIDO-
oficiais, vídeos educativos, eventos e reuniões; RES COM DEFICIÊNCIA
XIV – disponibilização de equipamentos de autoaten- Seção I
dimento para consulta processual acessíveis, com sis- Da Aplicabilidade dos Capítulos Anteriores
tema de voz ou de leitura de tela para pessoas com  
deficiência visual, bem como, com altura compatível Art. 17. Aplicam-se aos servidores, aos serventuários
para usuários de cadeira de rodas. extrajudiciais e aos terceirizados com deficiência, no
Art. 11. Os órgãos do Poder Judiciário relacionados que couber, todas as disposições previstas nos Capítu-
nos incisos II a VII do art. 92 da Constituição Federal los anteriores desta Resolução.
de 1988 devem criar unidades administrativas espe-  
cíficas, diretamente vinculadas à Presidência de cada Seção II
órgão, responsáveis pela implementação das ações da Da Avaliação
respectiva Comissão Permanente de Acessibilidade e  
Inclusão. Art. 18. A avaliação da deficiência, quando necessária,
Art. 12. É indispensável parecer da Comissão Perma- será biopsicossocial, realizada por equipe multiprofis-
nente de Acessibilidade e Inclusão em questões rela- sional e interdisciplinar e considerará:
cionadas aos direitos das pessoas com deficiência e I - os impedimentos nas funções e nas estruturas do
nos demais assuntos conexos à acessibilidade e inclu- corpo;
são no âmbito dos Tribunais. II - os fatores socioambientais, psicológicos e pessoais;
Art. 13. Os prazos e as eventuais despesas decorren- III - a limitação no desempenho de atividades; e
tes da implementação desta Resolução serão definidos IV - a restrição de participação.
pelos tribunais, ouvida a respectiva Comissão Perma-
 
nente de Acessibilidade e o órgão interno responsável
Seção III
pela elaboração do Planejamento Estratégico, com
Da Inclusão de Pessoa com Deficiência no Serviço
vistas à sua efetiva implementação.
Público
 
 
Seção II
Art. 19. Os editais de concursos públicos para ingres-
Da não Discriminação
so nos quadros do Poder Judiciário e de seus serviços
 
auxiliares deverão prever, nos objetos de avaliação,
Art. 14. É proibida qualquer forma de discriminação
por motivo de deficiência, devendo-se garantir a#s disciplina que abarque os direitos das pessoas com
pessoas com deficiência – servidores, serventuários deficiência.
extrajudiciais, terceirizados ou não – igual e efetiva Art. 20. Imediatamente após a posse de servidor, ser-
proteção legal contra a discriminação por qualquer ventuário extrajudicial ou contratação de terceirizado
motivo. com deficiência, dever-se-á informar a ele de forma
  detalhada sobre seus direitos e sobre a existência des-
Seção III ta Resolução.
Da Proteção da Integridade Física e Psíquica Art. 21. Cada órgão do Poder Judiciário deverá manter
  um cadastro dos servidores, serventuários extrajudi-
Art. 15. Toda pessoa com deficiência – servidor, serven- ciais e terceirizados com deficiência que trabalham no
tuário extrajudicial, terceirizado ou não – tem o direito seu quadro.
a que sua integridade física e mental seja respeitada, § 1º Esse cadastro deve especificar as deficiências e as
em igualdade de condições com as demais pessoas. necessidades particulares de cada servidor, terceiriza-
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL E DO PODER JUDICIÁRIO

Art. 16. A pessoa com deficiência tem direito a receber do ou serventuário extrajudicial.
atendimento prioritário, sobretudo com a finalidade § 2º A atualização do cadastro deve ser permanente,
de: devendo ocorrer uma revisão detalhada uma vez por
I - proteção e socorro em quaisquer circunstâncias; ano.
II - atendimento em todos os serviços de atendimento § 3º Na revisão anual, cada um dos servidores, serven-
ao público; tuários extrajudiciais ou terceirizado com deficiência
III - disponibilização de recursos, tanto humanos deverá ser pessoalmente questionado sobre a existên-
quanto tecnológicos, que garantam atendimento em cia de possíveis sugestões ou adaptações referentes
igualdade de condições com as demais pessoas; à sua plena inclusão no ambiente de trabalho.
IV - acesso a informações e disponibilização de recur- § 4º Para cada sugestão dada, deverá haver uma res-
sos de comunicação acessíveis; posta formal do Poder Judiciário em prazo razoável.
V - tramitação processual e procedimentos judiciais e Art. 22. Constitui modo de inclusão da pessoa com
administrativos em que for parte ou interessada, em deficiência no trabalho a colocação competitiva, em
todos os atos e diligências. igualdade de oportunidades com as demais pessoas,
Parágrafo único. Os direitos previstos neste artigo são nos termos da legislação trabalhista e previdenciária,
extensivos ao acompanhante da pessoa com defici- na qual devem ser atendidas as regras de acessibilida-
ência ou ao seu atendente pessoal, exceto quanto ao de, o fornecimento de recursos de tecnologia assistiva
disposto no inciso V deste artigo. e a adaptação razoável no ambiente de trabalho.

96
Parágrafo único. A colocação competitiva da pessoa § 2º O caminho existente entre a vaga do estaciona-
com deficiência pode ocorrer por meio de trabalho mento interno e o local de trabalho do servidor com
com apoio, observadas as seguintes diretrizes: mobilidade comprometida não deve conter qualquer
I - prioridade no atendimento à pessoa com deficiên- tipo de barreira que impossibilite ou mesmo dificulte
cia com maior dificuldade de inserção no campo de o seu acesso.
trabalho; Art. 26. Se o órgão possibilitar aos seus servidores a
II - provisão de suportes individualizados que atendam realização de trabalho por meio do sistema “home
a necessidades específicas da pessoa com deficiência, office”, dever-se-á dar prioridade aos servidores com
inclusive a disponibilização de recursos de tecnologia mobilidade comprometida que manifestem interesse
assistiva, de agente facilitador e de apoio no ambiente na utilização desse sistema.
de trabalho; § 1º A Administração não poderá obrigar o servidor
III - respeito ao perfil vocacional e ao interesse da pes- com mobilidade comprometida a utilizar o sistema
“home office”, mesmo diante da existência de muitos
soa com deficiência apoiada;
custos para a promoção da acessibilidade do servidor
IV - oferta de aconselhamento e de apoio aos em-
em seu local de trabalho.
pregadores, com vistas à  definição de estratégias de
§ 2º Os custos inerentes à adaptação do servidor com
inclusão e de superação de barreiras, inclusive atitu-
deficiência ao sistema “home office” deverão ser su-
dinais; portados exclusivamente pela Administração.
V - realização de avaliações periódicas; Art. 27. Ao servidor ou terceirizado com deficiência
VI - articulação intersetorial das políticas públicas; e é garantida adaptação ergonômica da sua estação de
VII - possibilidade de participação de organizações da trabalho.
sociedade civil. Art. 28. Se houver serviço de saúde no órgão, aos ser-
Art. 23. A pessoa com deficiência tem direito ao tra- vidores com deficiência será garantido atendimento
balho de sua livre escolha e aceitação, em ambiente compatível com as suas deficiências.
acessível e inclusivo, em igualdade de oportunidades  
com as demais pessoas. Seção IV
§ 1º Os órgãos do Poder Judiciário são obrigados a Do Horário Especial
garantir ambientes de trabalho acessíveis e inclusivos.  
§ 2º A pessoa com deficiência tem direito, em igual- Art. 29. A concessão de horário especial conforme o
dade de oportunidades com as demais pessoas, a con- art. 98, § 2º, da Lei 8.112/1990 a servidor com defi-
dições justas e favoráveis de trabalho, incluindo igual ciência não justifica qualquer atitude discriminatória.
remuneração por trabalho de igual valor. § 1º Admitindo-se a possibilidade de acumulação de
§ 3º É vedada restrição ao trabalho da pessoa com banco de horas pelos demais servidores do órgão,
deficiência e qualquer discriminação em razão de sua também deverá ser admitida a mesma possibilidade
condição, inclusive nas etapas de recrutamento, se- em relação ao servidor com horário especial, mas de
leção, contratação, admissão, exames admissional e modo proporcional.
periódico, permanência no emprego, ascensão profis- § 2º Ao servidor a quem se tenha concedido horário
sional e reabilitação profissional, bem como exigência especial não poderá ser negado ou dificultado, colo-
de aptidão plena. cando-o em situação de desigualdade com os demais
§ 4º A pessoa com deficiência tem direito à participa- servidores, o exercício de função de confiança ou de
ção e ao acesso a cursos, treinamentos, educação con- cargo em comissão.
tinuada, planos de carreira, promoções, bonificações § 3º O servidor com horário especial não será obriga-
e incentivos profissionais oferecidos pelo empregador, do a realizar, conforme o interesse da Administração,
em igualdade de oportunidades com os demais em- horas extras, se essa extensão da sua jornada de tra-
pregados. balho puder ocasionar qualquer dano à sua saúde. LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL E DO PODER JUDICIÁRIO
§ 5º É garantida aos trabalhadores com deficiência § 4º Se o órgão, por sua liberalidade, determinar a di-
acessibilidade em cursos de formação e de capacita- minuição da jornada de trabalho dos seus servidores,
ção. ainda que por curto período, esse mesmo benefício de-
Art. 24. É garantido à  pessoa com deficiência acesso verá ser aproveitado de forma proporcional pelo ser-
a produtos, recursos, estratégias, práticas, processos, vidor a quem tenha sido concedido horário especial.
métodos e serviços de tecnologia assistiva que maxi-  
mizem sua autonomia, mobilidade pessoal e qualida- CAPÍTULO IV
de de vida. DAS DISPOSIÇÕES RELACIONADAS AOS SERVIDO-
Art. 25. Se houver qualquer tipo de estacionamento RES QUE TENHAM CÔNJUGE, FILHO OU DEPEN-
interno, será garantido ao servidor com deficiência DENTE COM DEFICIÊNCIA
que possua comprometimento de mobilidade vaga no Seção I
local mais próximo ao seu local de trabalho. Da Facilitação dos Cuidados
§ 1º O percentual aplicável aos estacionamentos ex-  
ternos a que se referem o art. 4º, § 6º, desta Resolução Art. 30. Se o órgão possibilitar aos seus servidores a re-
e o art. 47 da Lei 13.146/2015 não é aplicável ao es- alização de trabalho por meio do sistema “home offi-
tacionamento interno do órgão, devendo-se garantir ce”, dever-se-á dar prioridade aos servidores que te-
vaga no estacionamento interno a cada servidor com nham cônjuge, filho ou dependente com deficiência e
mobilidade comprometida. que manifestem interesse na utilização desse sistema.

97
Art. 31. Se houver serviço de saúde no órgão, ao côn- § 2º O fato de a conduta ter ocorrido em face de usu-
juge, filho ou dependente com deficiência de servidor ário ou contra servidor do mesmo quadro, terceirizado
será garantido atendimento compatível com as suas ou serventuário extrajudicial é indiferente para fins de
deficiências. aplicação da advertência.
  § 3º Em razão da prioridade na tramitação dos proces-
Seção II sos administrativos destinados à inclusão e à não dis-
Do Horário Especial criminação de pessoa com deficiência, a grande quan-
  tidade de processos a serem concluídos não justifica o
Art. 32. A concessão de horário especial conforme o afastamento de advertência pelo descumprimento dos
art. 98, § 3º, da Lei 8.112/1990 a servidor que tenha deveres descritos neste artigo.
cônjuge, filho ou dependente com deficiência não jus- § 4º As práticas anteriores da Administração Pública
tifica qualquer atitude discriminatória. não justificam o afastamento de advertência pelo des-
§ 1º Admitindo-se a possibilidade de acumulação de cumprimento dos deveres descritos neste artigo.
banco de horas pelos demais servidores do órgão, Art. 34. Esta Resolução entra em vigor na data da sua
também deverá ser admitida a mesma possibilida- publicação.
de em relação ao servidor com horário especial, em
igualdade de condições com os demais.
§ 2º Ao servidor a quem se tenha concedido horário RESOLUÇÃO Nº 251/2018
especial não poderá ser negado ou dificultado, colo-
cando-o em situação de desigualdade com os demais DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
servidores, o exercício de função de confiança ou de  
cargo em comissão. Art. 1º Fica instituído, no Conselho Nacional de Jus-
§ 3º O servidor com horário especial não será obriga- tiça, o Banco Nacional de Monitoramento de Prisões
do a realizar, conforme o interesse da Administração, – BNMP 2.0, para fins de registro dos mandados de
horas extras, se essa extensão da sua jornada de tra- prisão expedidos pelas autoridades judiciárias, e de
balho puder ocasionar qualquer dano relacionado ao outros documentos relevantes para a criação do Ca-
seu cônjuge, filho ou dependente com deficiência. dastro Nacional de Presos.
§ 4º Se o órgão, por sua liberalidade, determinar a di- Art. 2º O Cadastro Nacional de Presos, estruturado
minuição da jornada de trabalho dos seus servidores, com as das informações constantes do banco de dados
ainda que por curto período, esse mesmo benefício de- do BNMP 2.0, tem por finalidades:
verá ser aproveitado pelo servidor a quem tenha sido I – identificar, em tempo real e de forma individua-
concedido horário especial. lizada, as pessoas privadas de liberdade, procuradas
  e foragidas, com a listagem nominal e identificação
CAPÍTULO V única, com atribuição de um número de Registro Judi-
DISPOSIÇÕES FINAIS ciário Individual - RJI;
  II – verificar se em diferentes comarcas, seções judi-
ciárias ou unidades da Federação foram cumpridas
Art. 33. Incorre em pena de advertência o servidor, ter-
ou pendem de cumprimento ordens de prisão e se há
ceirizado ou o serventuário extrajudicial que:
outros documentos cadastrados em relação à mesma
I - conquanto possua atribuições relacionadas a possí-
pessoa;
vel eliminação e prevenção de quaisquer barreiras ur-
III – identificar a natureza jurídica das prisões decre-
banísticas, arquitetônicas, nos transportes, nas comu-
tadas e em cumprimento, e o tipo penal atribuído na
nicações e na informação, atitudinais ou tecnológicas,
investigação, acusação ou condenação;
não se empenhe, com a máxima celeridade possível,
IV – possibilitar a produção de relatórios de gestão
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL E DO PODER JUDICIÁRIO

para a supressão e prevenção dessas barreiras;


para os membros e servidores do Poder Judiciário;
II - embora possua atribuições relacionadas à pro- V – permitir ao Poder Judiciário a produção de estatís-
moção de adaptações razoáveis ou ao oferecimento ticas sobre o cumprimento das ordens de prisão e da
de tecnologias assistivas necessárias à acessibilidade população prisional;
de pessoa com deficiência – servidor, serventuário ex- VI – permitir o cadastramento das vítimas e dos fami-
trajudicial ou não –, não se empenhe, com a máxima liares para que estes sejam cientificados do cumpri-
celeridade possível, para estabelecer a condição de mento das ordens de prisão e de soltura da pessoa, na
acessibilidade; forma do art. 201, § 2º, do Código de Processo Penal;
III - no exercício das suas atribuições, tenha qualquer VII – permitir a notificação por agente policial e pe-
outra espécie de atitude discriminatória por motivo de nitenciário para que seja comunicado o cumprimento
deficiência ou descumpra qualquer dos termos desta das ordens de prisão;
Resolução. VIII – permitir o monitoramento dos prazos da prisão
§ 1º Também incorrerá em pena de advertência o provisória, com o objetivo de prover à autoridade ju-
servidor ou o serventuário extrajudicial que, tendo co- dicial competente de instrumentos de gestão de seu
nhecimento do descumprimento de um dos incisos do acervo de processos com réu preso;
caput deste artigo, deixar de comunicá-lo à autorida- IX – permitir a identificação das pessoas privadas de
de competente, para que esta promova a apuração liberdade que devem ser recambiadas para outras
do fato. unidades da Federação;

98
X – promover a interoperabilidade entre os dados do XV – certidão de extinção de punibilidade por morte.
BNMP 2.0 com o Documento Nacional de Identidade § 1º Os documentos referidos no caput deverão ser
(DNI). expedidos no Banco Nacional de Monitoramento
Art. 3º O Banco Nacional de Monitoramento de Pri- de Prisões - BNMP 2.0 imediatamente após a
sões - BNMP.2.0 abrangerá todas as pessoas privadas correspondente decisão judicial, observados os campos
de liberdade por ordem judicial proferida em procedi- previstos no anexo I constante da presente Resolução.
mentos de natureza criminal e civil. § 2º O sistema gerará numeração única nacional para
§ 1º Para os fins do sistema BNMP 2.0, considera-se cada documento referido no caput, composto pela
pessoa privada de liberdade o preso e o internado numeração única nacional do processo no qual foi
provisório; o condenado que esteja cumprindo pena determinada a expedição do documento, dois dígitos
em regime fechado, semiaberto ou aberto, desde indicadores do tipo de documento, quatro dígitos
que haja recolhimento em unidade penal do sistema sequencias e dois dígitos verificadores, no formato
penitenciário e; o cumpridor de medida de segurança NNNNNNN-NN.AAAA.N.NN.NNNN.NN.NNNN-DV.
na modalidade internação. § 3º Cada documento registrado no BNMP 2.0 deverá
§ 2º O Banco não alcança pessoas que estiverem no referir-se a uma pessoa e conterá as informações
cumprimento de medida cautelar diversa da prisão; constantes do anexo I da presente Resolução.
os condenados que, no cumprimento de pena, § 4º O registro e a assinatura dos documentos refe-
estiverem submetidos ao sistema de monitoramento ridos nos incisos II e VI, XII, XIII, XIV e XV (certidões)
eletrônico, sem recolhimento, ou prisão domiciliar e os do art. 7º da presente Resolução serão efetuados por
adolescentes apreendidos em razão de ato infracional. servidores do poder judiciário mediante autorização
Art. 4º Toda pessoa privada de liberdade, procurada de acesso ao Banco.
ou foragida em razão de decisão proferida em pro- Art. 8º Somente terão validade os documentos, elen-
cesso judicial que tramite em território nacional, deve cados no art. 7º da presente Resolução, que conte-
ser cadastrada no sistema BNMP 2.0 e expedidos os nham a Numeração Única Nacional.
Art. 9º No caso de indisponibilidade do sistema para a
respectivos documentos.
expedição dos documentos previstos no art. 7º da pre-
 
sente Resolução, a autoridade judicial poderá valer-
DO CADASTRO DA PESSOA
-se dos meios disponíveis para efetivação da ordem,
 
observados os campos e diretrizes que compõem os
Art. 5º Toda pessoa privada de liberdade, procurada
documentos previstos no anexo I desta Resolução.
ou foragida será cadastrada no Banco Nacional de
Parágrafo único. Cessado o impedimento, deverá a
Monitoramento de Prisões e receberá um número de
autoridade judicial realizar, imediatamente, o registro
registro único, denominado Registro Judicial Individu- no BNMP 2.0, com a data retroativa, incluindo justifi-
al (RJI), composto do ano, sete dígitos sequenciais, e cativa, para atender o disposto no art. 8º da presente
2 dígitos verificadores, no formato AANNNNNNN-DV. Resolução.
Parágrafo único. O cadastro da pessoa no sistema de- Art. 10. Cabe ao usuário do sistema prover a adequa-
verá, obrigatoriamente, ser precedido de consulta, a da classificação de cada documento registrado, res-
fim de evitar eventual duplicidade. guardando as informações judiciais de caráter sigiloso
Art. 6º São dados de qualificação da pessoa, objeto do ou sensíveis, sobretudo quando envolvam crianças e
cadastro, aqueles constantes do item I, do anexo I, da adolescentes, ou vítimas de crimes praticados contra
presente Resolução. a dignidade sexual, cuja identificação deve restringir-
  -se à indicação das iniciais do nome e sobrenome nas
DA EXPEDIÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DOS DOCU- eventuais transcrições das decisões judiciais proferi-
MENTOS das.
  Art. 11. O mandado de prisão ou de internação deverá LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL E DO PODER JUDICIÁRIO
Art. 7º Deverão ser obrigatoriamente expedidos no ser expedido diretamente no BNMP 2.0, que poderá
BNMP 2.0, pelas autoridades judiciárias, os seguintes ter caráter aberto, restrito ou sigiloso.
documentos: Parágrafo único. A autoridade judicial poderá, excep-
I – mandado de prisão; cionalmente, determinar que o mandado de prisão
II – certidão de cumprimento de mandado de prisão; seja expedido em caráter reservado, sem prévio regis-
III – contramandado de prisão ou de internação; tro no BNMP 2.0, hipótese na qual deverá efetuar a
IV – alvará de soltura ou ordem de liberação; inclusão do mandado de prisão e da respectiva certi-
V – mandado de internação; dão de cumprimento, com a devida justificativa, ime-
VI – certidão de cumprimento de mandado de inter- diatamente após a efetivação da prisão ou quando for
nação; afastado esse caráter por decisão judicial.
VII – ordem de desinternação; Art. 12. O agente público responsável pelo cumpri-
VIII – guia de recolhimento provisória e definitiva; mento da ordem de prisão ou de internação deve
IX – guia de internação provisória e definitiva; comunicar imediatamente o fato ao juízo do local de
X – guia de recolhimento (acervo da execução); cumprimento do mandado, nos termos do art. 289-A,
XI – guia de internação (acervo da execução); § 3º do Código de Processo Penal.
XII – certidão de alteração de regime prisional; Art. 13. Recebida, por qualquer meio, a comunicação
XIII – certidão de alteração de unidade prisional; de prisão ou internação de pessoa procurada ou fo-
XIV – certidão de arquivamento de guia; e ragida, a Secretaria do órgão judiciário que tenha

99
decretado a prisão deve, após validada a informação, sente Resolução, sendo obrigatória a identificação da
providenciar imediatamente a expedição da certidão numeração correspondente ao mandado de prisão ou
de cumprimento de mandado de prisão ou de interna- de internação.
ção no BNMP 2.0. Art. 20. A guia de recolhimento e a de internação do
§ 1º A certidão de cumprimento altera o mandado de acervo da execução, previstas nos incisos X e XI, do
prisão ou de internação e de todos os outros mandados art. 7º da presente Resolução, objetivam cadastrar a
existentes para o mesmo Registro Judicial Individual, pessoa privada de liberdade, cujo processo esteja em
de pendente de cumprimento, para cumprido, fase de execução penal ou de medida de segurança, ao
modificando o status da pessoa de procurada ou tempo da implantação do sistema.
foragida para presa. Art. 21. A certidão de alteração de regime prisional e a de uni-
§ 2º Se a prisão ou a internação for efetivada em local dade prisional têm por objetivo manter atualizado o regime
distinto da comarca ou seção judiciária em que se prisional e o local de custódia da pessoa privada de liberdade.
situa o órgão que emitiu a ordem, o juízo que recebeu Art. 22. Extinta a punibilidade do agente, pelo cumpri-
a comunicação da prisão ou da internação deverá mento da pena ou pelas causas elencadas no art. 107,
noticiar o ato imediatamente ao juízo que o tenha incisos I a IX, do Código Penal, ou quando houver ab-
decretado, sendo deste a obrigação pela expedição da solvição, deverá ser expedida, no sistema BNMP 2.0, a
competente certidão de cumprimento. certidão de arquivamento da guia de recolhimento ou
Art. 14. Em caso de conversão da prisão em flagrante de internação, seja provisória, definitiva ou de acervo.
em prisão preventiva, nos termos do art. 310, inciso Art. 23. Recebida a comunicação de óbito da pessoa
II, do CPP (alterado pela Lei 12.403/2011), deverá ser privada de liberdade, a autoridade judiciária que te-
expedido mandado de prisão ou de internação, que nha decretado a prisão ou a internação, deverá, após
será registrado como autocumprido, dispensando a validada a informação por decisão judicial, expedir a
certidão de cumprimento. certidão de extinção de punibilidade por morte, dis-
Art. 15. O sistema disponibilizará funcionalidade de posta no inciso XV do art. 7º da presente Resolução.
§ 1º Para efeito do BNMP 2.0, se a pessoa falecida
notificação, que poderá ser utilizada por usuários ex-
tiver contra si uma ordem de prisão ou de internação,
ternos, integrantes da carreira policial ou penitenci-
expedidas por diferentes órgãos judiciários, a alteração
ária, para notificação eletrônica do cumprimento do
do status para morto somente ocorrerá após todas as
mandado de prisão ou de internação, o que não dis-
unidades judiciárias extraírem as respectivas certidões
pensará a comunicação legalmente prevista no art.
de extinção de punibilidade por morte.
289-A, § 3º do Código de Processo Penal.
§ 2º Se o óbito ocorrer na fase de execução penal, a
Art. 16. Em caso de revogação do mandado de prisão
expedição da certidão de extinção de punibilidade por
ou internação, pendente de cumprimento, será obri- morte deverá ser seguida da certidão de arquivamento
gatória a expedição no sistema BNMP 2.0 do respec- de guia de recolhimento ou internação.
tivo contramandado de prisão ou de internação, ob- Art. 24. A responsabilidade pelo cadastro de pessoa,
servados os requisitos previstos no anexo I da presente expedição de documentos, classificação, atualização
Resolução. e exclusão de dados no sistema, é exclusiva dos tri-
Art. 17. Se for revogada ou revista a ordem de prisão bunais e das autoridades judiciárias responsáveis pelo
ou de internação, após seu cumprimento, será obri- cadastro da pessoa e pela expedição de documentos.
gatória a expedição do alvará de soltura, ordem de Art. 25. Cabe à autoridade responsável pelo cumpri-
liberação ou ordem de desinternação, ainda que de- mento de mandado de prisão ou de internação, alvará
cretada medida cautelar diversa da prisão de monito- de soltura, ordem de liberação e ordem de desinterna-
ramento eletrônico ou prisão domiciliar, observadas as ção, constantes do BNMP 2.0, averiguar a autenticida-
regras previstas no anexo I presente Resolução. de do documento e assegurar a identidade da pessoa.
§ 1º Aplica-se a regra do caput quando se tratar de Art. 26. As autoridades judiciais devem se certificar de
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL E DO PODER JUDICIÁRIO

processo de execução no qual haja progressão para que toda pessoa recolhida a estabelecimento penal te-
o regime semiaberto ou aberto, com a liberação nha uma ordem de prisão regularmente expedida e vi-
do apenado para cumprimento de monitoramento gente no sistema BNMP 2.0.
eletrônico ou de prisão domiciliar.  
§ 2º Para os fins do sistema BNMP 2.0, o alvará de DO ACESSO ÀS INFORMAÇÕES DO SISTEMA
soltura e a ordem de liberação terão o efeito de não  
contabilizar a pessoa como privada de liberdade. Art. 27. O Banco Nacional de Monitoramento de Pri-
Art. 18. Para a expedição do contramandado, alvará sões poderá ser acessado pelos órgãos do Poder Judi-
de soltura, ordem de liberação, ou ordem de desinter- ciário via web, pelo do Sistema de Controle de Acesso
nação será obrigatória a identificação da numeração do CNJ (SCA), ou via webservice.
correspondente ao mandado de prisão ou de interna- § 1º A liberação de acesso ao BNMP 2.0 será realizada
ção que será alcançado pela contraordem. pelo administrador regional de cada Tribunal,
Art. 19. As guias de recolhimento e a de internação, devidamente identificado.
provisórias ou definitivas, dispostas nos incisos VIII e § 2º Os tribunais, no prazo de 6 (seis) meses, deverão
IX do art. 7º da presente Resolução e previstas na Re- integrar os seus sistemas de processo eletrônico ou
solução CNJ n. 113/2010, serão expedidas no BNMP de acompanhamento processual eletrônico, para
2.0, pelo juízo do conhecimento ou pelo Tribunal, permitir a expedição de documentos no BNMP 2.0, via
observados os requisitos dispostos no anexo I da pre- webservice.

100
Art. 28. As informações não sigilosas ou restritas, III – elaborar, aprovar e alterar o plano de projeto;
constantes do Banco Nacional de Monitoramento de IV – autorizar a implementação de mudanças, inclusi-
Prisões – BNMP 2.0, serão disponibilizadas na rede ve de cronograma;
mundial de computadores a toda pessoa, independen- V – aprovar o plano de gerência de configuração e o
te de prévio cadastramento ou demonstração de inte- cronograma de liberação de versões;
resse, por meio do Portal de Consulta Pública, sendo VI – designar e coordenar reuniões, além de formar
de responsabilidade do Conselho Nacional de Justiça grupo de trabalho;
a sua manutenção e disponibilidade. VII – manifestar-se sobre a celebração de quaisquer
§ 1º O Portal de Consulta Pública deverá disponibilizar acordos ou termos de cooperação; 
ferramenta de busca individual de pessoas procuradas VIII – deliberar sobre a criação, modificação ou exclu-
e foragidas e a extração de relatórios, observado o são de documento e regras do sistema;
resguardo dos dados pessoais, restritos e sigilosos. IX – deliberar sobre questões não definidas no plano
§ 2º O Portal de Consulta Pública deverá permitir, de projeto e realizar outras ações para o cumprimento
também, o cadastramento da vítima, sujeito à do seu objetivo.
validação do órgão judicial, permitindo que receba Art. 34. As deliberações do Comitê Gestor serão comu-
informações relativas à prisão e soltura do agressor. nicadas à Presidência do Conselho Nacional de Justiça
§ 3º Quaisquer esclarecimentos sobre as informações e à Comissão Permanente de Tecnologia da Informa-
constantes do BNMP 2.0 deverão ser solicitados, ção e Infraestrutura do CNJ.
exclusiva e diretamente, ao órgão judiciário  
responsável pela expedição e registro da ordem de DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS
prisão ou de internação.  
Art. 29. O acesso à base de dados do BNMP 2.0 por Art. 35. Os tribunais que ainda não expediram, no BNMP
entidades públicas deverá ser objeto de termo de co- 2.0, as ordens de prisão ou de internação, cumpridas ou
operação técnica, sendo de responsabilidade destas o não cumpridas, vigentes, incluídas as decorrentes de exe-
cadastro de identificação de seus usuários e a prote- cução penal, deverão fazê-lo no prazo máximo de 90 (no-
ção das informações recebidas de natureza sigilosa, venta) dias, contados da publicação da presente Resolução.
reservada ou pessoal. § 1º Na hipótese do caput, a data de expedição a ser
Art. 30. É vedada a comercialização, total ou parcial, cadastrada deverá ser a do documento originário.
dos dados do BNMP 2.0 e a possibilidade de envios § 2º Para o cadastro dos documentos referidos no
de informações não constantes do Portal de Consulta caput, estando o processo em fase de execução, o
Pública de acesso para bancos de dados geridos por registro deverá ser efetuado pelo juízo da execução.
entidades privadas. § 3º Findo o prazo disposto no caput, perderão eficácia
  todos os documentos que não tenham a numeração
DO COMITÊ GESTOR única nacional, nos termos do art. 8º desta Resolução.
  Art. 36. Os tribunais, com o auxílio dos Grupos de
Art. 31. A administração do Banco Nacional de Moni- Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerá-
toramento de Prisões – BNMP 2.0 caberá ao Comitê rio, conforme art. 6º, inciso I, da Resolução CNJ n.
Gestor. 214/2015, e das Corregedorias Gerais, deverão, no
Art. 32. Fica instituído o Comitê Gestor do Banco prazo de 30 (trinta) dias, criar grupo de trabalho para:
Nacional de Monitoramento de Prisões – BNMP 2.0, I – coordenar e fiscalizar o cumprimento da presente
composto pelo Conselheiro Supervisor do Departa- Resolução, oferecendo apoio técnico operacional aos
mento de Monitoramento e Fiscalização do Sistema magistrados e servidores responsáveis pelo cadastra-
Carcerário e do Sistema de Execução de Medidas So- mento das pessoas e documento;
cioeducativas, Coordenador do Departamento de Mo- II – analisar e conferir a consistência das informações
nitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário e registradas no BNMP 2.0; LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL E DO PODER JUDICIÁRIO
do Sistema de Execução de Medidas Socioeducativas III – oferecer treinamento, suporte e atendimento aos
e mais 5 (cinco) membros dos Tribunais Estaduais e usuários.
Federais, vinculados à área criminal e de execução pe- Art. 37. No prazo de 60 (sessenta) dias da publicação
nal, cujas nomeação e atribuições serão definidas por da presente Resolução, o Conselho Nacional de Justiça
ato da Presidência do Conselho Nacional de Justiça. deverá promover a integração do Sistema de Audiên-
Art. 33. O Comitê Gestor supervisionará o gerencia- cia de Custódia, instituído no artigo 7º da Resolução n.
mento, a especificação, o desenvolvimento, a implan- 213, de 1º de dezembro de 2013; do Sistema Eletrôni-
tação, o suporte e a manutenção corretiva e evolutiva co de Execução Penal Unificado – SEEU, instituído pela
do BNMP 2.0 e desempenhará as seguintes atribui- Resolução n. 223 de 07 de maio de 2016, e; do Proces-
ções: so Judicial Eletrônico – PJE, instituído pela Resolução n.
I – definir requisitos funcionais e não funcionais do 185/2013, com o BNMP 2.0.
sistema, conciliando as necessidades dos diversos seg-  
mentos do Poder Judiciário e dos usuários externos, DISPOSIÇÕES FINAIS
com o auxílio dos grupos de requisitos, de mudanças e  
de gestão geral do projeto; Art. 38. O modelo de guia de recolhimento a que se
II – propor normas regulamentadoras do sistema à refere o art. 2º da Resolução n. 113, de 20 de abril de
Comissão Permanente de Tecnologia da Informação e 2010, fica alterado conforme os requisitos estabeleci-
Infraestrutura do Conselho Nacional de Justiça; dos no anexo I da presente Resolução.

101
Art. 39. Fica revogada a Resolução n. 137, de 13 de a UF, município e estabelecimento da custódia e data
julho de 2011. da prisão, quando se tratar da espécie de prisão pre-
Art. 40. Esta Resolução entra em vigor na data de sua ventiva decorrente de conversão de prisão em flagran-
publicação. te ou da espécie prisão aguardando pagamento de
  fiança;
Ministra CÁRMEN LÚCIA o prazo da prisão;
  o local de ocorrência da infração;
ANEXO DA RESOLUÇÃO N. 251, DE 4 DE SETEM- a tipificação penal, com exceção da prisão civil;
BRO DE 2018 a síntese da decisão;
  o regime prisional aplicado, quando for o caso;
DOCUMENTOS E INFORMAÇÕES DO BNMP 2.0 a pena imposta, quando for o caso;
  o teor do documento;
I – Cadastro da pessoa, que conterá: as observações;
fotografias; o nome e o cargo do servidor; e
nome; o nome do magistrado expedidor.
alcunha; III - Certidão de cumprimento do mandado de prisão
nome da mãe; ou de internação, que conterá:
nome do pai; a qualificação da pessoa a que se refere o documento;
data de nascimento; o número único da Certidão de Cumprimento, gerado
sexo; automaticamente pelo sistema;
estado civil; o número do processo ou procedimento, na forma da
cor/raça; Resolução n. 65/2008 do CNJ;
escolaridade; a data da expedição do documento;
profissão; o número do mandado de prisão ou internação o qual
nacionalidade; se dá o cumprimento;
naturalidade; a denominação do órgão judiciário em que foi lavrada
orientação sexual; a certidão;
número de telefones; a data de cumprimento do mandado de prisão ou in-
endereço de correio eletrônico; ternação;
eventual presença de condição gravídica ou de lac- o responsável pela prisão ou internação da pessoa;
tação; o local, UF e município em que a pessoa foi detida ou
eventual condição de pessoa com necessidades espe- internada;
ciais; o teor do documento;
eventual condição de dependente químico; as observações;
endereço no qual pode ser encontrada; o nome e o cargo do servidor.
documento de identificação; e IV – Contramandado de prisão ou internação, que
características físicas relevantes. conterá:
II - Mandado de prisão, que conterá: a qualificação da pessoa a que se refere o documento;
a qualificação da pessoa a que se refere o documento; o número único do Contramandado, gerado automa-
o número único do mandado de prisão, gerado auto- ticamente pelo sistema;
maticamente pelo sistema; o número do processo ou procedimento, na forma da
o número do processo ou procedimento, na forma da Resolução n. 65/2008 do CNJ;
Resolução n. 65/2008 do CNJ; o mandado de prisão ou de internação alcançado pelo
a data de expedição do mandado; contramandado;
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL E DO PODER JUDICIÁRIO

a data de validade do mandado; a data de expedição do documento;


a denominação do órgão judiciário em que foi expe- a denominação do órgão judiciário em que foi expe-
dido o mandado; dido o mandado;
a indicação da existência de sigilo ou restrição, nos o motivo da expedição do contramandado, que
termos desta Resolução; deve ser selecionado de acordo com o rol do sistema
a espécie da prisão decretada, que deve ser seleciona- BNMP2:
da de acordo com o rol do sistema BNMP2: absolvição;
preventiva; restabelecimento de direito de benefício em execução
preventiva decorrente de conversão de prisão em fla- penal;
grante; revogação de preventiva;
preventiva decorrente de decisão condenatória; revogação de temporária;
temporária; extinção de punibilidade;
definitiva; arquivamento de inquérito;
para fins de deportação, extradição ou expulsão; trancamento do inquérito/ação penal;
para fins de recaptura, em caso de fuga; revogação decorrente de erro material;
civil; liberdade provisória;
conversão da temporária em preventiva; progressão para o regimento aberto;
prisão aguardando pagamento de fiança. progressão para o regime semiaberto;

102
cumprimento de pena; VI - Mandado de internação, que conterá:
livramento condicional; a qualificação da pessoa a que se refere o documento;
arquivamento de ação penal; o número único do Mandado de Internação, gerado
conversão da pena privativa de liberdade em restritiva automaticamente pelo sistema;
de direito; o número do processo ou procedimento, na forma da
revogação de deportação, extradição ou expulsão; Resolução n. 65/2008 do CNJ;
suspensão da prisão civil. a data de expedição do mandado;
a indicação de eventuais medidas cautelares aplica- a data de validade do mandado;
das; a denominação do órgão judiciário em que foi expe-
a indicação de eventual prisão domiciliar aplicada; dido o mandado;
síntese da decisão; a indicação da existência de sigilo ou restrição, nos
as observações; termos desta Resolução;
o teor do documento; a espécie de internação decretada, que deve ser sele-
nome e o cargo do servidor; cionada de acordo com o rol do sistema BNMP2:
nome do magistrado expedidor. recaptura;
V – Alvará de soltura ou Ordem de liberação, que con- internação provisória;
terá: internação decorrente de aplicação de medida de se-
a qualificação da pessoa a que se refere o documento; gurança;
o número único do Alvará, gerado automaticamente conversão de prisão em internação.
pelo sistema; a tipificação penal;
o número do processo ou procedimento, na forma da o prazo da duração mínima da internação;
Resolução n. 65/2008 do CNJ; o local de ocorrência da infração, quando houver;
a data de expedição do documento; a síntese da decisão;
a denominação do órgão judiciário em que foi expe- o teor do documento, de acordo com o modelo cons-
dido o mandado; tante do sistema;
o motivo da expedição do alvará de soltura ou ordem as observações;
de liberação, que deve ser selecionado de acordo com o nome e o cargo do servidor; e
o rol do sistema BNMP2: o nome do magistrado expedidor.
revogação de preventiva; VII – Ordem de desinternação, que conterá:
liberdade provisória com medidas cautelares; a qualificação da pessoa a que se refere o documento;
liberdade provisória; o número único da Ordem de desinternação, gerado
progressão para o regime aberto; automaticamente pelo sistema;
progressão para o regime semiaberto; o número do processo ou procedimento, na forma da
relaxamento de prisão; Resolução n. 65/2008 do CNJ;
revogação de temporária; a data de expedição do documento;
revogação decorrente de erro material; a denominação do órgão judiciário em que foi expe-
extinção de punibilidade; dido o documento;
cumprimento de pena; o motivo da expedição da ordem de desinternação,
arquivamento do inquérito; que deve ser selecionado de acordo com o rol do sis-
absolvição; tema BNMP2:
trancamento de inquérito/ação penal; cessação da medida de segurança;
livramento condicional; arquivamento do inquérito;
arquivamento de ação penal; revogação de internação provisória;
outras medidas cautelares; liberação condicional (tratamento ambulatorial); LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL E DO PODER JUDICIÁRIO
revogação de deportação, extradição ou expulsão; extinção da punibilidade;
revogação da prisão civil; trancamento do inquérito/ação penal.
relaxamento de prisão de pessoa presa em lugar de a data da emissão do laudo médico;
outra. o número do CRM do médico que emitiu o laudo;
a indicação de eventuais medidas cautelares aplica- a indicação do mandado de internação alcançado
das; pela ordem de desinternação;
a indicação de eventual prisão domiciliar aplicada; a síntese da decisão, compreendida como resumo ou
a data da prisão e o local, UF e município de custódia, dispositivo da decisão que decretou a liberação do in-
quando se tratar de soltura concedida na análise da ternado;
prisão em flagrante, de acordo com o art. 310, I e III as observações, para registro de informações resumi-
do CPP; das e relevantes para o caso;
a indicação do mandado de prisão alcançado pelo al- o teor do documento, de acordo com o modelo cons-
vará ou pela ordem de liberação; tante do sistema;
a síntese da decisão; o nome e o cargo do servidor; e
as observações; o nome do magistrado expedidor.
o teor do documento; VIII – Guia de recolhimento, que conterá:
o nome e o cargo do servidor; e a qualificação da pessoa a que se refere o documento;
o nome do magistrado expedidor.

103
o número único da Guia de Recolhimento, gerado au- Lei 9.099/1995;
tomaticamente pelo sistema; os dados para detração penal e o total de dias detra-
o número do processo ou procedimento, na forma da ídos;
Resolução n. 65/2008 do CNJ; os dados da medida de segurança aplicada em anos,
o tipo de guia, provisória ou definitiva; meses e dias;
a indicação do mandado de prisão ou de internação o local de cumprimento;
ou a guia de recolhimento provisória a que se refere as condições impostas;
o documento; o nome do curador;
a data de expedição do documento; a data de emissão do laudo médico;
a denominação do órgão judiciário em que foi expe- o número do CRM do médico que emitiu o laudo
dido o documento; o nome do defensor
o local, UF e município onde ocorreu a infração; a indicação de outros processos;
a tipificação penal; as observações;
as datas da infração, do recebimento da denúncia ou o nome e o cargo do servidor; e
queixa, da publicação da pronúncia, da publicação da o nome do magistrado expedidor.
sentença, da publicação do acórdão, do trânsito em X – Guia de recolhimento (Acervo da execução), que
julgado para defesa e do trânsito em julgado para o conterá:
Ministério Público; a qualificação da pessoa a que se refere o documento;
a indicação do órgão do tribunal que julgou eventual o número único da Guia de recolhimento do acervo,
recurso; gerado automaticamente pelo sistema;
as datas de início e fim da suspensão pelo artigo 366 o número do processo de execução, na forma da Reso-
do CPP; lução CNJ n. 65/2008;
as datas de início e fim da suspensão pelo artigo 89 da a denominação do órgão judiciário em que foi expe-
Lei 9.099/1995; dido o documento;
os dados para detração penal e o total de dias detra- a data de expedição do documento;
ídos; o histórico de condenações com os seguintes dados:
as penas impostas sem considerar a detração e o total o tipo de guia, se provisória ou definitiva;
da pena em anos, meses e dias; o número do processo e a vara de origem;
o tipo de reincidência, se houver; a pena imposta no processo incluindo o tipo de pena e
os dados da pena de multa, se houver, e o total de o tempo em anos, meses e dias;
dias-multa; o cadastro da pena pecuniária incluindo os dias-multa
a indicação do regime prisional; e o valor do dia multa em SM;
a indicação do local da custódia; o regime prisional aplicado;
o nome do defensor;
a tipificação penal
a indicação de outros processos, se houver;
os totais das penas impostas, da pena cumprida/de-
outras informações relevantes para o caso;
traída até a presente data e da pena a cumprir até a
nome e o cargo do servidor; e
presente data em anos, meses e dias;
nome do magistrado expedidor.
o regime prisional atual;
IX – Guia de internação, que conterá:
o local, UF e município do condenado;
a qualificação da pessoa a que se refere o documento;
outras informações relevantes para o caso;
o número único da Guia de Internação, gerado auto-
maticamente pelo sistema; o nome do defensor;
o número do processo ou procedimento, na forma da o nome e o cargo do servidor; e
Resolução n. 65/2008 do CNJ; o nome do magistrado expedidor.
o tipo de guia, provisória ou definitiva; XI – Guia de internação (Acervo da execução), que
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL E DO PODER JUDICIÁRIO

a data de expedição do documento; conterá:


a indicação do mandado de prisão ou de internação a qualificação da pessoa a que se refere o documento;
ou a guia de recolhimento provisória a que se refere o número único da Guia de internação, gerado auto-
o documento; maticamente pelo sistema;
a denominação do órgão judiciário em que foi expe- o número do processo de execução, na forma da Reso-
dido o documento; lução CNJ n. 65/2008;
o local, UF e município da custódia do internado; a denominação do órgão judiciário em que foi expe-
a tipificação penal; dido o documento;
as datas da infração, do recebimento da denúncia ou a data de expedição do documento;
queixa, da publicação da pronúncia, da publicação da o histórico de medidas de segurança com os seguintes
sentença, da publicação do acórdão, do trânsito em dados:
julgado para defesa e do trânsito em julgado para o o tipo de guia, se provisória ou definitiva;
Ministério Público; o número do processo e a vara de origem;
a indicação do órgão do tribunal que julgou eventual o prazo mínimo de internação em anos, meses e dias;
recurso; o local de cumprimento;
as datas de início e fim da suspensão pelo artigo 366 as condições impostas;
do CPP; o nome do curador;
as datas de início e fim da suspensão pelo artigo 89 da a data de emissão do laudo;

104
o número do CRM do médico; de acordo com o rol do sistema BNMP2:
a tipificação penal. extinção da punibilidade;
a localização/situação, UF e Município atual do inter- absolvição; e
nado; cumprimento de pena.
a indicação de outros processos; o teor do documento;
as observações; as observações; e
o nome do defensor; o nome e o cargo do servidor.
o nome e o cargo do servidor; e XV - Certidão de extinção de punibilidade por morte,
o nome do magistrado expedidor. que conterá:
XII – Certidão de alteração regime prisional a qualificação da pessoa a que se refere o documento;
  o número único da Certidão de extinção de punibilida-
a qualificação da pessoa a que se refere o documento; de por morte, gerado automaticamente pelo sistema;
o número único da Certidão, gerado automaticamen- o número do processo ou procedimento, na forma da
te pelo sistema; Resolução CNJ n. 65/2008;
o número do processo ou procedimento, na forma da a denominação do órgão judiciário em que foi expe-
Resolução CNJ n. 65/2008; dido o documento;
a data da expedição do documento; a data da expedição do documento;
a denominação do órgão judiciário em que foi expe- a indicação das peças alcançadas pela certidão;
dido o documento; o local, UF e município da custódia do apenado;
o motivo da alteração do regime, que pode ser: o teor do documento, de acordo com o modelo cons-
Progressão; tante do sistema;
Regressão; e as observações; e
Regressão cautelar. o nome e o cargo do servidor.
o regime Prisional de origem;
o regime prisional de destino; e
o nome e o cargo do servidor.
RESOLUÇÃO Nº 25
 
CAPÍTULO I
XIII – Certidão de alteração de unidade prisional
DA POLÍTICA JUDICIÁRIA NACIONAL DE ENFREN-
a qualificação da pessoa a que se refere o documento;
TAMENTO À VIOLÊNCIA CONTRA AS MULHERES
o número único da Certidão, gerado automaticamen-
 
te pelo sistema;
Art. 1º Instituir a Política Judiciária Nacional de En-
o número do processo ou procedimento, na forma da frentamento à Violência contra a Mulher, definindo
Resolução CNJ n. 65/2008; diretrizes e ações de prevenção e combate à violência
a data da expedição do documento; contra as mulheres e garantindo a adequada solução
a denominação do órgão judiciário em que foi expe- de conflitos que envolvam mulheres em situação de
dido o documento; violência física, psicológica, moral, patrimonial e ins-
o motivo da alteração da unidade prisional, que pode titucional, nos termos da legislação nacional vigente
ser: e das normas internacionais sobre direitos humanos
Ordem Judicial; sobre a matéria.
Lotação da Unidade;  
Requisição para Audiência; CAPÍTULO II
Separação de facções; DOS OBJETIVOS DA POLÍTICA JUDICIÁRIA
Tratamento de saúde;  
Mudança de Regime; e Art. 2º São objetivos da Política Judiciária estabelecida LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL E DO PODER JUDICIÁRIO
nesta Resolução:
o nome, UF, Município da unidade prisional de origem; I – fomentar a criação e a estruturação de unidades
o nome, UF, Município da unidade prisional de desti- judiciárias, nas capitais e no interior, especializadas
no; e no recebimento e no processamento de causas cíveis
o nome e o cargo do servidor. e criminais relativas à prática de violência doméstica
XIV - Certidão de arquivamento de guia, que conterá: e familiar contra a mulher baseadas no gênero, com
a qualificação da pessoa a que se refere o documento; a implantação de equipes de atendimento multidisci-
o número único da Certidão de arquivamento da guia, plinar, nos termos do art. 29 da Lei nº 11.340/2006;
gerado automaticamente pelo sistema; II – estimular parcerias entre órgãos governamentais,
o número do processo ou procedimento, na forma da ou entre estes e entidades não governamentais, nas
Resolução CNJ n. 65/2008; áreas de segurança pública, assistência social, saúde,
a denominação do órgão judiciário em que foi expe- educação, trabalho e habitação, para a efetivação de
dido o documento; programas de prevenção e combate a todas as formas
a data da expedição do documento; de violência contra a mulher;
a indicação da guia alcançada pela certidão; III – fomentar a promoção de parcerias para viabilizar
a denominação do órgão judiciário em que foi lavrada o atendimento integral e multidisciplinar às mulheres
a certidão; e respectivos dependentes em situação de violência
o motivo do arquivamento, que deve ser selecionado doméstica e familiar;

105
IV – motivar o estabelecimento de parcerias com ór- Estaduais, voltados à prevenção e ao combate à vio-
gãos prestadores dos serviços de reeducação e respon- lência contra a mulher e os recursos para a criação e
sabilização para atendimento dos agentes envolvidos a manutenção da equipe de atendimento multidisci-
em situação de violência doméstica e familiar contra plinar, nos termos do art. 32 da Lei nº 11.340/2006.
a mulher; § 2º Os Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito
V – impulsionar parcerias com Instituições de ensino Federal deverão publicar em seus sítios eletrônicos ba-
superior, objetivando a prestação de serviços de apoio lanço anual das ações empreendidas, para fins de mo-
técnico especializado; nitoramento pelo Conselho Nacional de Justiça, até o
VI – fomentar a celebração de Termos de Acordo com mês de fevereiro de cada período anual.
o Poder Executivo, visando incorporar aos currículos  
escolares conteúdos relativos aos direitos humanos, Seção II
em todos os níveis de ensino, a igualdade de gênero Das Coordenadorias estaduais da Mulher em Situa-
e de raça ou etnia e a questão relativa a todos os ti- ção de Violência
pos de violência contra a mulher; (art. 8º, IX, da Lei n.  
11.340/2006); Art. 4º As Coordenadorias Estaduais da Mulher em
VII – fomentar a política de capacitação permanente Situação de Violência Doméstica e Familiar terão atri-
de magistrados e servidores em temas relacionados às buição, dentre outras, de:
questões de gênero e de raça ou etnia por meio das I – contribuir para o aprimoramento da estrutura e das
escolas de magistratura e judiciais (art. 8º, VII, da Lei políticas do Poder Judiciário na área do combate e da
n. 11.340/2006); prevenção à violência contra as mulheres;
VIII – promover campanhas para a expedição de do- II – organizar e coordenar a realização das semanas
cumentação civil às mulheres para permitir e ampliar de esforço concentrado de julgamento dos processos
seu acesso a direitos e serviços; no Programa Nacional “Justiça pela Paz em Casa” e
IX – favorecer o aprimoramento da prestação juris- garantir apoio material e de pessoal aos juízes com-
dicional em casos de violência doméstica e familiar petentes para o julgamento dos processos relativos ao
por meio do Programa Nacional “Justiça pela Paz em tema, aos servidores e às equipes multidisciplinares
Casa”, destinado à realização de esforços concentra-
para a execução das ações do programa;
dos de julgamento de processos cujo objeto seja a prá-
III – encaminhar ao Conselho Nacional de Justiça rela-
tica de violência doméstica e familiar contra a mulher;
tório de ações e dados referentes às semanas do Pro-
X – aperfeiçoar os sistemas informatizados do Poder
grama Nacional “Justiça pela Paz em Casa” até uma
Judiciário para viabilizar o fornecimento de dados es-
semana após o encerramento de cada etapa;
tatísticos sobre a aplicação da Lei Maria da Penha, o
IV - apoiar os juízes, os servidores e as equipes multi-
processamento e o julgamento de ações cujo objeto
disciplinares para a melhoria da prestação jurisdicio-
seja feminicídio e das demais causas cíveis e criminais
decorrentes da prática de violência doméstica e fami- nal;
liar contra a mulher baseadas no gênero; V – promover articulação interna e externa do Poder
XI – estimular a promoção de ações institucionais en- Judiciário com outros órgãos governamentais e não-
tre os integrantes do sistema de Justiça, para aplica- -governamentais para a concretização dos programas
ção da legislação pátria e dos instrumentos jurídicos de combate à violência doméstica;
internacionais sobre direitos humanos e a eliminação VI – colaborar para a formação inicial, continuada e
de todas as formas de discriminação contra as mu- especializada de juízes, servidores e colaboradores,
lheres; na área do combate e prevenção à violência contra
XII – aprimorar a qualidade dos dados sobre as diver- a mulher;
sas formas de violência contra as mulheres fomentan- VII – recepcionar, em cada Estado e no Distrito Fede-
do a integração da comunicação entre o Poder Judi- ral, dados, sugestões e reclamações referentes aos ser-
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL E DO PODER JUDICIÁRIO

ciário, Ministério Público, Defensoria Pública, Polícia viços de atendimento à mulher em situação de violên-
Civil e Polícia Militar, por meio de sistemas tecnológi- cia, promovendo os encaminhamentos e divulgações
cos dotados de interoperabilidade. pertinentes;
  VIII – entregar ao Conselho Nacional de Justiça os
CAPÍTULO III dados referentes aos procedimentos sobre violência
DA IMPLEMENTAÇÃO DA POLÍTICA contra a mulher, de acordo com a parametrização das
  informações com as Tabelas Unificadas do Poder Ju-
Seção I diciário, propondo mudanças e adaptações necessá-
Dos Tribunais rias aos sistemas de controle e informação processuais
  existentes;
Art. 3º Os Tribunais de Justiça dos Estados e do Dis- IX – manter atualizado o cadastro dos juízes titulares
trito Federal deverão dispor, em sua estrutura orga- das Varas e dos Juizados de Violência Doméstica e Fa-
nizacional, de Coordenadorias Estaduais da Mulher miliar contra a mulher, incluídos os especializados e os
em Situação de Violência Doméstica e Familiar, como que dispõem de competência cumulativa;
órgãos permanentes. X – apoiar a realização da Jornada Lei Maria da Penha
§ 1º Os Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito e o Fórum Nacional de Juízes com competência espe-
Federal discriminarão os recursos destinados à execu- cializada para processar e julgar os casos cujo objeto
ção dos projetos apresentados pelas Coordenadorias seja atos de Violência Doméstica;

106
XI - identificar e disseminar boas práticas para as uni- CAPÍTULO IV
dades que atuam na temática da violência contra a DA VIOLÊNCIA INSTITUCIONAL CONTRA AS MU-
mulher. LHERES
§ 1º As Coordenadorias Estaduais da Mulher em Situ-  
ação de Violência serão compostas por, no mínimo, 3 Art. 9º Configura violência institucional contra as
(três) juízes com competência jurisdicional na área da mulheres no exercício de funções públicas a ação ou
violência contra a mulher e poderá contar com 1 (um) omissão de qualquer órgão ou agente público que fra-
Juiz Auxiliar da Presidência e com 1 (um) Juiz Auxiliar gilize, de qualquer forma, o compromisso de proteção
da Corregedoria-Geral da Justiça. e preservação dos direitos de mulheres.
§ 2º A Coordenadoria Estadual da Mulher em Situação § 1º Para a adequada solução dos conflitos mencio-
de Violência Doméstica e Familiar poderá atuar com a nados no art. 1º, garantia da prevenção e repressão
colaboração ou a assessoria de outros juízes. da situação configurada no caput e resguardo do
§ 3º A coordenação caberá a magistrado designado princípio do devido processo legal, fica vedada a par-
pela presidência do Tribunal de Justiça, podendo ser ticipação de juízes como mediadores, facilitadores ou
indicado mais de 1 (um) magistrado para a função, qualquer outro tipo de atuação similar, nos processos
observado o critério de alternância de mandato a ser em que atuem como julgadores, em observância ao
fixado pelos Tribunais. princípio da confidencialidade.
§ 4º A Coordenadoria Estadual da Mulher em Situação § 2º O atendimento às mulheres em situação de vio-
de Violência deverá contar com estrutura de apoio ad- lência, para fins de concessão de medidas protetivas
ministrativo e de equipe multidisciplinar, preferencial- de urgência, deve ocorrer independentemente de tipi-
mente do quadro de servidores do Judiciário. ficação dos fatos como infração penal.
§ 5º Os Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito Art. 10. Os órgãos do Poder Judiciário deverão adotar
Federal adotarão as medidas necessárias para propor-
mecanismos institucionais para coibir a prática de ato
cionar aos membros da Coordenadoria as condições
que configure violência ou que possa atingir os direi-
adequadas ao desempenho de suas atribuições.
tos à igualdade de gênero.
 
Art. 11. Os Grupos de Monitoramento e Fiscalização do
CAPÍTULO III
Sistema Carcerário e Sistema de Execução de Medidas
DO PROGRAMA NACIONAL JUSTIÇA PELA PAZ EM
Socioeducativas deverão encaminhar mensalmente
CASA
ao Conselho Nacional de Justiça as informações rela-
 
tivas às mulheres e adolescentes gestantes e lactantes
Art. 5º O Programa Nacional “Justiça pela Paz em
Casa” objetiva aprimorar e tornar mais célere a pres- custodiadas no sistema prisional ou internadas, por
tação jurisdicional em casos de violência doméstica e meio de sistema de cadastramento disponibilizado
familiar contra a mulher por meio de esforços con- pelo Conselho Nacional de Justiça.
centrados de julgamento e ações multidisciplinares de Parágrafo único. As informações de que trata este ar-
combate à violência contra as mulheres. tigo deverão ser prestadas mensalmente, até o quinto
Art. 6º O Programa é contínuo, incluindo 3 (três) se- dia útil do mês subsequente ao vencido e, em nenhu-
manas por ano de esforço concentrado de julgamento ma hipótese, deve expor o nome do lactente.
de processos decorrentes da prática de violência do-  
méstica e familiar que se acumularem, em razão da CAPÍTULO V
imperiosa necessidade de se oferecer jurisdição espe- DA COLETA DE DADOS
cialmente rápida para solução dos litígios colaterais  
sociais gerados por este tipo de conflito. Art. 12. Os Tribunais de Justiça dos Estados e do Dis-
Parágrafo Único. As Semanas Justiça pela Paz em trito Federal encaminharão ao Conselho Nacional de
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL E DO PODER JUDICIÁRIO
Casa serão realizadas, respectivamente: Justiça, periodicamente, as informações relativas à
I – Na segunda semana do mês de março; estrutura das unidades judiciárias especializadas em
II – Na penúltima semana do mês de agosto; violência contra a mulher e os dados sobre litigiosi-
III – Na última semana do mês de novembro. dade.
Art. 7º A Coordenadoria Estadual da Mulher em Si- § 1º As informações relativas à estrutura das unidades
tuação de Violência de cada Tribunal de Justiça dos judiciárias especializadas em violência contra mulher
Estados e do Distrito Federal será responsável por or- serão encaminhadas anualmente, pelo sistema Justiça
ganizar e coordenar a realização das semanas de es- em Números, no prazo definido pelo Conselho Nacio-
forço concentrado do Programa Nacional “Justiça pela nal de Justiça.
Paz em Casa” com o apoio do Conselho Nacional de § 2º As informações sobre litigiosidade referentes a
Justiça. cada serventia judiciária (vara ou juizado especializa-
Art. 8º A Coordenadoria Estadual da Mulher em Situa- do) serão encaminhadas semestralmente pelo sistema
ção de Violência fornecerá à Comissão Permanente de Módulo de Produtividade Mensal, nos prazos definidos
Acesso à Justiça e Cidadania os dados e relatórios de pelo Conselho Nacional de Justiça.
ações até uma semana após o encerramento de cada § 3º Os dados das Semanas Justiça pela Paz em Casa
semana programática de esforço concentrado. serão encaminhados por sistema específico do progra-
  ma nacional, no prazo de uma semana após o encer-
ramento de cada semana de esforço concentrado.

107
Art. 13. O Conselho Nacional de Justiça, por meio § 4º Os agentes públicos deverão respeitar a identida-
do Departamento de Pesquisas Judiciárias, publicará de de gênero e tratar a pessoa pelo prenome indicado
anualmente Relatório Analítico sobre a Política Judi- nas audiências, nos pregões e nos demais atos proces-
ciária Nacional de Enfrentamento à Violência contra suais, devendo, ainda, constar nos atos escritos.
as Mulheres. § 5º Em caso de divergência entre o nome social e o
Art. 14. O Conselho Nacional de Justiça, por meio do nome constante do registro civil, o prenome escolhido
Departamento de Pesquisas Judiciárias, publicará em deve ser utilizado para os atos que ensejarão a emis-
seu sítio eletrônico relatório sobre cada semana de es- são de documentos externos, acompanhado do preno-
forço concentrado do Programa Nacional “Justiça pela me constante do registro civil, devendo haver a inscri-
Paz em Casa”. ção “registrado(a) civilmente como”, para identificar a
  relação entre prenome escolhido e prenome civil.
CAPÍTULO VI Art. 3º Será utilizado, em processos judiciais e admi-
DISPOSIÇÕES GERAIS nistrativos em trâmite nos órgãos judiciários, o nome
  social em primeira posição, seguido da menção do
Art. 15. O art. 8º da Resolução 213, de 15 de dezembro nome registral precedido de “registrado(a) civilmente
de 2015, passa a constar com um parágrafo 6º, nos como”.
termos seguintes: Parágrafo único. Nas comunicações dirigidas a órgãos
  externos, não havendo espaço específico para registro
“Art. 8º. ... de nome social, poderá ser utilizado o nome registral
§ 6º Na hipótese do § 5º, a autoridade policial será desde que se verifique que o uso do nome social pode-
cientificada e se a vítima de violência doméstica e fa- rá acarretar prejuízo à obtenção do direito pretendido
miliar contra a mulher não estiver presente na audi- pelo assistido.
ência, deverá, antes da expedição do alvará de soltura, Art. 4º A solicitação de uso do nome social por ma-
ser notificada da decisão, sem prejuízo da intimação gistrado, servidor, estagiário ou terceirizado poderá
ser requerida por escrito no momento da posse, ou a
do seu advogado ou do seu defensor público.”
qualquer tempo, à Secretaria de Gestão de Pessoas ou
 
ao responsável pelos recursos humanos da respectiva
Art. 16. Compete à Presidência do Conselho Nacional
unidade de lotação.
de Justiça, indicar Conselheiro supervisor para acom-
Art. 5º Sem prejuízo de outras circunstâncias em que
panhar e monitorar a Política Judiciária Nacional de
se constatar necessário, o nome social será utilizado
Enfrentamento à Violência contra as Mulheres e um
nas seguintes ocorrências:
Juiz da Presidência, que o auxiliará.
I – comunicações internas de uso social;
Art. 17. Esta Resolução entra em vigor na data de sua II – cadastro de dados, prontuários, informações de
publicação. uso social e endereço de correio eletrônico;
III – identificação funcional de uso interno;
IV – listas de números de telefones e ramais; e
RESOLUÇÃO Nº 270/2018 V– nome de usuário em sistemas de informática.
Parágrafo único. É garantido, no caso do inciso III, bem
Art. 1º Fica assegurada a possibilidade de uso do como nos demais instrumentos internos de identifica-
nome social às pessoas trans, travestis e transexuais ção, o uso exclusivo do nome social, mantendo regis-
usuárias dos serviços judiciários, aos magistrados, aos tro administrativo que faça a vinculação entre o nome
estagiários, aos servidores e aos trabalhadores tercei- social e a identificação civil. 
rizados do Poder Judiciário, em seus registros funcio- Art. 6º Os setores administrativos responsáveis pro-
nais, sistemas e documentos, na forma disciplinada moverão a divulgação da presente Resolução e expe-
por esta Resolução. dirão orientações e esclarecimentos sobre a questão
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL E DO PODER JUDICIÁRIO

Parágrafo único. Entende-se por nome social aquele de identidade de gênero.


adotado pela pessoa, por meio do qual se identifica e Art. 7º As Escolas Nacionais da Magistratura (ENFAM
é reconhecida na sociedade, e por ela declarado. e ENAMAT) e o CEAJUD, em cooperação com as esco-
Art. 2º Os sistemas de processos eletrônicos deverão las judiciais, promoverão a formação continuada de
conter campo especificamente destinado ao registro magistrados, servidores, terceirizados e estagiários so-
do nome social desde o cadastramento inicial ou a bre a temática de identidade de gênero para a devida
qualquer tempo, quando requerido. aplicação de presente Resolução.
§ 1º O nome social do usuário deve aparecer na tela Art. 8º As denúncias referentes a não utilização do
do sistema de informática em espaço que possibilite a nome social deverão ser encaminhadas às respectivas
sua imediata identificação, devendo ter destaque em Corregedorias dos Tribunais, estabelecendo um prazo
relação ao respectivo nome constante do registro civil de noventa dias para verificação e inclusão do nome
§ 2º Nos casos de menores de dezoito anos não eman- social em todos os documentos descritos no art. 5º e
cipados, o nome social deve ser requerido pelos pais em outros específicos de cada Tribunal, bem como aos
ou responsáveis legais. sistemas de informação e congêneres.
§ 3º As testemunhas e quaisquer outras pessoas que Art. 9º Esta Resolução entra em vigor na data de sua
não forem parte do processo poderão requerer que se- publicação, fixando-se prazo de noventa dias, para
jam tratadas pelo nome social, nos termos do art. 1º adequação dos documentos e sistemas de informática
desta Resolução. pelos tribunais.

108
RESOLUÇÃO Nº 284/2019 IV – listas de números de telefones e ramais; e
V– nome de usuário em sistemas de informática.
Art. 1º Fica assegurada a possibilidade de uso do Parágrafo único. É garantido, no caso do inciso III, bem
nome social às pessoas trans, travestis e transexuais como nos demais instrumentos internos de identifica-
usuárias dos serviços judiciários, aos magistrados, aos ção, o uso exclusivo do nome social, mantendo regis-
estagiários, aos servidores e aos trabalhadores tercei- tro administrativo que faça a vinculação entre o nome
rizados do Poder Judiciário, em seus registros funcio- social e a identificação civil. 
nais, sistemas e documentos, na forma disciplinada Art. 6º Os setores administrativos responsáveis pro-
por esta Resolução. moverão a divulgação da presente Resolução e expe-
Parágrafo único. Entende-se por nome social aquele dirão orientações e esclarecimentos sobre a questão
adotado pela pessoa, por meio do qual se identifica e de identidade de gênero.
é reconhecida na sociedade, e por ela declarado. Art. 7º As Escolas Nacionais da Magistratura (ENFAM
Art. 2º Os sistemas de processos eletrônicos deverão e ENAMAT) e o CEAJUD, em cooperação com as esco-
conter campo especificamente destinado ao registro las judiciais, promoverão a formação continuada de
do nome social desde o cadastramento inicial ou a magistrados, servidores, terceirizados e estagiários so-
qualquer tempo, quando requerido. bre a temática de identidade de gênero para a devida
§ 1º O nome social do usuário deve aparecer na tela aplicação de presente Resolução.
do sistema de informática em espaço que possibilite a Art. 8º As denúncias referentes a não utilização do
sua imediata identificação, devendo ter destaque em nome social deverão ser encaminhadas às respectivas
relação ao respectivo nome constante do registro civil Corregedorias dos Tribunais, estabelecendo um prazo
§ 2º Nos casos de menores de dezoito anos não eman- de noventa dias para verificação e inclusão do nome
cipados, o nome social deve ser requerido pelos pais social em todos os documentos descritos no art. 5º e
ou responsáveis legais. em outros específicos de cada Tribunal, bem como aos
§ 3º As testemunhas e quaisquer outras pessoas que sistemas de informação e congêneres.
não forem parte do processo poderão requerer que se- Art. 9º Esta Resolução entra em vigor na data de sua
jam tratadas pelo nome social, nos termos do art. 1º publicação, fixando-se prazo de noventa dias, para
desta Resolução. adequação dos documentos e sistemas de informática
§ 4º Os agentes públicos deverão respeitar a identida- pelos tribunais.
de de gênero e tratar a pessoa pelo prenome indicado
nas audiências, nos pregões e nos demais atos proces-
suais, devendo, ainda, constar nos atos escritos.
§ 5º Em caso de divergência entre o nome social e o EXERCÍCIOS COMENTADOS
nome constante do registro civil, o prenome escolhido
deve ser utilizado para os atos que ensejarão a emis- 1. (TJ-AM – Assistente Técnico Judiciário – FGV – 2013)
são de documentos externos, acompanhado do preno- A Lei n° 1.762/86 - Estatuto dos Funcionários Públicos Ci-
me constante do registro civil, devendo haver a inscri- vis do Estado do Amazonas - tem um capítulo dedicado
ção “registrado(a) civilmente como”, para identificar a ao processo disciplinar.
relação entre prenome escolhido e prenome civil. A esse respeito, é correto afirmar que o inquérito admi-
Art. 3º Será utilizado, em processos judiciais e admi- nistrativo será conduzido por uma Comissão, permanen-
nistrativos em trâmite nos órgãos judiciários, o nome te ou especial, composta por
social em primeira posição, seguido da menção do
nome registral precedido de “registrado(a) civilmente a) três funcionários estáveis, dos quais um, no mínimo,
como”. será Bacharel em Direito.
Parágrafo único. Nas comunicações dirigidas a órgãos b) cinco funcionários estáveis, dos quais um, no mínimo, LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL E DO PODER JUDICIÁRIO
externos, não havendo espaço específico para registro será Bacharel em Direito.
de nome social, poderá ser utilizado o nome registral c) três funcionários estáveis, dos quais dois, no mínimo,
desde que se verifique que o uso do nome social pode- serão Bacharéis em Direito.
rá acarretar prejuízo à obtenção do direito pretendido d) sete funcionários estáveis, dos quais dois, no mínimo,
pelo assistido. serão Bacharéis em Direito.
Art. 4º A solicitação de uso do nome social por ma- e) cinco funcionários estáveis, dos quais dois, no mínimo,
gistrado, servidor, estagiário ou terceirizado poderá serão Bacharéis em Direito.
ser requerida por escrito no momento da posse, ou a
qualquer tempo, à Secretaria de Gestão de Pessoas ou Resposta: Letra E. A resposta está no art. 181, § 1º,
ao responsável pelos recursos humanos da respectiva da Lei 1.762/1986, o inquérito administrativo será con-
unidade de lotação. duzido por uma Comissão, permanente ou especial,
Art. 5º Sem prejuízo de outras circunstâncias em que composta por 5 funcionários estáveis. Entre os mem-
se constatar necessário, o nome social será utilizado bros da Comissão, 2, no mínimo serão Bacharéis em
nas seguintes ocorrências: Direito.
I – comunicações internas de uso social;
II – cadastro de dados, prontuários, informações de
uso social e endereço de correio eletrônico;
III – identificação funcional de uso interno;

109
2. (TJ-AM – Assistente Técnico Judiciário – FGV –
2013) Segundo a LC n° 17/97, durante as correições, ao
Corregedor compete HORA DE PRATICAR!

a) sindicar se os Juízes e Serventuários de Justiça têm re-


1. (TJ-AM – Assistente Técnico Judiciário – FGV –
sidência nos lugares onde servem e se cumprem, com
2013) Segundo a LC n° 17/97, o Tribunal de Justiça do
exatidão seus deveres.
Estado do Amazonas terá os seguintes órgãos auxiliares
b) expedir certidões extraídas de autos, livros, fichas e
de direção e gerenciamento:
demais papéis sob sua guarda.
c) expedir mandados, ofícios, cartas precatórias, cartas
I. Secretaria do Tribunal Pleno;
rogatórias e outros expedientes determinados pelo
II. Secretaria de Infraestrutura;
Juiz da Vara.
III. Secretaria de Planejamento e Gestão;
d) encaminhar autos à Contadoria.
IV. Secretaria de Informatização;
e) encaminhar os autos para baixa na distribuição e ar-
V. Secretaria Judiciária.
quivo, quando determinado pelo Juiz.
Assinale:
Resposta: Letra A. De acordo com o art. 89, a, da Lei
Complementar nº 17/1997, ao Corregedor compete,
a) se somente os itens I, II e IV estiverem corretos.
também, durante as correições, sindicar, se os Juízes
b) se somente os itens III e IV estiverem corretos.
e Serventuários de Justiça têm residência nos lugares
c) se somente os itens II, III e V estiverem corretos.
onde servem e se cumprem, com exatidão, todos os
d) se somente os itens I e V estiverem corretos.
seus deveres;
e) se todos os itens estiverem corretos.

2. (TJ-AM – Assistente Técnico Judiciário – FGV – 2013)


Uma das medidas moralizadoras do Poder Judiciário é a
vedação ao nepotismo. De acordo com a Lei Estadual n°
3.226/08, leia o fragmento a seguir.

É permitida a nomeação ou ________ para o exercício do


cargo em _____ ou função de confiança, no âmbito do qua-
dro de pessoal administrativo dos Órgãos do Poder Judi-
ciário do Estado do Amazonas, de parentes de membros
da magistratura até o______, consanguíneos, parentes de
servidores ocupantes de cargo comissionado ou afins, so-
mente quando for servidor _____ e preencher os requisitos
de escolaridade.

Assinale alternativa que completa corretamente as lacu-


nas do fragmento acima.

a) provimento - comissão - 1° grau - estatutário


b) posse - comissão - 3° grau - efetivo
c) posse - comissão - 2° grau - comissionado
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL E DO PODER JUDICIÁRIO

d) designação - comissão - 3° grau – efetivo


e) designação - provimento - 2° grau - estatutário

3. (TJ-AM – Assistente Técnico Judiciário – FGV – 2013)


A Lei n° 1.762/86 - Estatuto dos Funcionários Públicos Ci-
vis do Estado do Amazonas - prevê diversas espécies de
licença que podem ser concedidas aos servidores.
As alternativas a seguir apresentam espécie de licença
que consta expressamente da referida lei, à exceção de
uma. Assinale-a.

a) Licença para tratamento de interesse particular.


b) Licença para cumprimento de pena criminal superior
a quatro anos.
c) Licença para tratamento de saúde.
d) Licença à gestante.
e) Licença por motivo de doença em pessoa da família.

110
4. (TJ-AM – Assistente Técnico Judiciário – FGV – 2013) 7. (TJ-AM – Analista Judiciário – Oficial de Justiça
A Lei n° 3.226/08 expressa os princípios norteadores que Avaliador e Leiloeiro – FGV – 2013) Sobre o Poder Dis-
orientam sua formulação e interpretação. São esses prin- ciplinar atinente aos Servidores Públicos Civis do Estado
cípios previstos no referido diploma: do Amazonas, tem-se na penalidade de demissão uma
das mais gravosas penas aplicáveis ao servidor que in-
I. valorização do servidor da justiça por meio do progra- frinja os deveres funcionais.
ma de aperfeiçoamento profissional. Por isso, as hipóteses de aplicação da pena de demis-
II. crescimento funcional baseado exclusivamente no de- são são restritas a infrações severas, dentre as quais se
curso do tempo de serviço. podem apontar os seguintes casos, à exceção de um.
III. vencimentos compatíveis com as peculiaridades pes- Assinale-o.
soais dos servidores, a despeito das funções que ocupem.
a) Acumulação proibida de cargo público, mesmo que
Assinale: de boa-fé
b) Crime contra a Administração Pública, assim definido
a) se somente o princípio I estiver correto. na Lei Penal
b) se somente o princípio III estiver correto. c) Abandono de cargo
c) se somente os princípios I e II estiverem corretos. d) Inassiduidade habitual.
d) se somente os princípios II e III estiverem corretos. e) Insubordinação grave em serviço.
e) se todos os princípios estiverem corretos.
8. (TJ-AM – Analista Judiciário – Oficial de Justiça
5. (TJ-AM – Analista Judiciário – Oficial de Justiça Avaliador e Leiloeiro – FGV – 2013) O Tribunal de Jus-
Avaliador e Leiloeiro – FGV – 2013) O Estatuto dos Fun- tiça do Estado do Amazonas, segundo a LC n. 17/97, tem
cionários Públicos Civis do Estado do Amazonas prevê como órgãos julgadores
uma licença especial de três meses, à qual o funcionário
fará jus a cada quinquênio de efetivo exercício de suas a) o Tribunal Pleno e as Câmaras Reunidas.
funções. Não se concederá licença especial quando, no b) as Câmaras Isoladas Cíveis e Criminais e o Conselho
quinquênio correspondente, o servidor houver gozado da Magistratura
licença c) as Câmaras Reunidas, as Câmaras Isoladas Cíveis e Cri-
minais e o Conselho da Magistratura.
a) para tratamento de saúde, por prazo superior a noven- d) o Tribunal Pleno, as Câmaras Reunidas e o Conselho
ta dias, consecutivos ou não. da Magistratura.
b) para tratamento de saúde em pessoa da família, por e) o Tribunal Pleno, as Câmaras Reunidas, as Câmaras Iso-
prazo superior a sessenta dias, consecutivos ou não. ladas Cíveis e Criminais e o Conselho da Magistratura.
c) para tratamento de interesses particulares.
d) por motivo de afastamento do cônjuge, funcionário 9. (TJ-AM – Analista Judiciário – Oficial de Justiça
civil ou militar, por prazo superior a trinta dias, conse- Avaliador e Leiloeiro – FGV – 2013) A divisão judiciária
cutivos ou não. compreende a criação, alteração e a extinção de unida-
e) para serviço militar obrigatório. des judiciárias, sua classificação e agrupamento, e, para
fins de administração do Poder Judiciário, o território do
6. (TJ-AM – Analista Judiciário – Oficial de Justiça Estado do Amazonas tem como unidades judiciárias:
Avaliador e Leiloeiro – FGV – 2013) O Estatuto dos Fun-
cionários Públicos Civis do Estado do Amazonas estabe- I. Distritos.
lece que podem ser concedidas ao funcionário, na forma II. Termos Judiciários.
regulamentar, as seguintes gratificações: III. Fóruns Regionais. LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL E DO PODER JUDICIÁRIO
IV. Comarcas.
I. De produtividade. V. Seções Judiciárias.
II. De representação.
III. Por tempo de serviço. Assinale:
IV. Pela participação como membro ou auxiliar de comis-
são examinadora de concurso. a) os Distritos, os Termos Judiciários e as Comarcas.
b) os Fóruns Regionais, os Distritos e as Comarcas.
V. Pela prestação de serviço em regime de tempo integral c) os Distritos, as Seções Judiciárias e os Termos Judici-
ou tempo integral com dedicação exclusiva. ários.
d) os Fóruns Regionais, as Seções Judiciárias e as Comar-
Assinale a alternativa que aponta as gratificações que cas.
não são cumuláveis entre si. e) as Comarcas, os Fóruns Regionais e os Termos Judici-
ários.
a) I e II.
b) III e IV
c) III e V
d) I e V
e) II e IV.

111
10. (TJ-AM – Analista Judiciário – Oficial de Justiça
Avaliador e Leiloeiro – FGV – 2013) A Lei n. 1.762/1986 ANOTAÇÕES
- Estatuto dos Funcionários Públicos Civis do Estado do
Amazonas - prevê diversas espécies de licença que po-
dem ser concedidas aos servidores. ________________________________________________
Os itens a seguir apresentam espécies de licença que
constam expressamente da referida lei, à exceção de _________________________________________________
um. Assinale-o.
_________________________________________________
a) Licença para tratamento de interesse particular _________________________________________________
b) Licença para cumprimento de pena criminal superior
a quatro anos. _________________________________________________
c) Licença para tratamento de saúde
d) Licença à gestante. _________________________________________________
e) Licença por motivo de doença em pessoa da família.
_________________________________________________
11. (TJ-AM – Auxiliar Judiciário – FGV – 2013) Com _________________________________________________
base no Estatuto dos Servidores Públicos Civis do Estado
do Amazonas, assinale a alternativa que indica um tipo _________________________________________________
de licença que pode ser concedido ao servidor.
_________________________________________________
a) Licença para tratamento de saúde. _________________________________________________
b) Licença para visitação de filhos.
c) Licença para viagem a negócios. _________________________________________________
d) Licença para competição esportiva.
e) Licença para viagem de férias. _________________________________________________

_________________________________________________
12. (TJ-AM – Auxiliar Judiciário – FGV – 2013) O Cor-
regedor Geral de Justiça, responsável pela fiscalização, _________________________________________________
disciplina e orientação administrativa em todo território
do estado do Amazonas será, obrigatoriamente, _________________________________________________

a) um Juiz Substituto. _________________________________________________


b) um Juiz Titular
_________________________________________________
c) um Oficial de Justiça.
d) um Desembargador. _________________________________________________
e) um Tabelião.
_________________________________________________

_________________________________________________

GABARITO _________________________________________________

_________________________________________________
LEGISLAÇÃO INSTITUCIONAL E DO PODER JUDICIÁRIO

1 D _________________________________________________
2 D
_________________________________________________
3 B
4 A _________________________________________________

5 C _________________________________________________
6 D _________________________________________________
7 A
_________________________________________________
8 E
_________________________________________________
9 A
10 B _________________________________________________
11 A _________________________________________________
12 D
_________________________________________________

_________________________________________________

112
ÍNDICE

ACESSIBILIDADE
Lei Federal nº 13.146/2015 e suas alterações (Lei Brasileira de inclusão da pessoa com deficiência)........................................................ 01
LEI FEDERAL Nº 13.146/2015 E SUAS O princípio da dignidade humana foi positivado, em
ALTERAÇÕES (LEI BRASILEIRA DE várias Constituições do pós-guerra, assim como a Decla-
INCLUSÃO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA). ração das Nações Unidas, que em seu artigo 1º garante
a liberdade e igualdade com relação a dignidade e os
direitos. Constituição Federal Brasileira de 1988 garan-
te que todos são iguais perante a lei, podendo garantir
Institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Defi- uma verdadeira tutela da pessoa humana (LOUSADA,
ciência (Estatuto da Pessoa com Deficiência). 2015).
O Estatuto da Pessoa com Deficiência (2015) foi divi-
A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber que o Con- do em 2 (dois) livros, sendo eles I e II. O livro I (parte ge-
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: ral) subdivide-se em 4 (quatro) títulos, já o livro II (parte
especial) subdivide-se em 3 (três) títulos.
É possível dividir em quatro fases a história da cons- O título I traz os 9 (nove) primeiros artigos, divididos
trução da dignidade das pessoas com deficiência, fase da em 2 (dois) capítulos, incluindo ainda uma seção única.
Intolerância em que a pessoa com deficiência era con- O capítulo I apresenta as disposições gerais distribuídos
siderada símbolo de impureza e castigo divino; fase da nos 3 (três) primeiros artigos. O artigo 1º do Estatuto ga-
Invisibilidade em que o indivíduo era tolerado, mas ex- rante que a lei foi introduzida no ordenamento jurídico
cluído da sociedade, fase assistencialista em que há cui- brasileiro com o intuito de assegurar e promover os di-
dados para com a vida do deficiente, mas apenas nas ca- reitos já em vigência no país, reconhecendo a igualdade
sas de misericórdia e a fase atual a humanista em que se entre as pessoas, proporcionando o exercício dos direi-
trabalha para inserção e a igualdade pela dessas pessoas tos e das liberdades fundamentais pelas pessoas com
no convívio social1. A fase humanista é orientada pelo deficiência, buscando a inclusão social e cidadania. Os
paradigma dos direitos humanos, na qual emergiram artigos 2º e 3º traz a definição de Pessoa com Deficiên-
os direitos à inclusão social, com ênfase na relação da cia, acessibilidade, desenho universal, barreiras, dentre
pessoa com deficiência e do meio em que ela se insere, outros conceitos que estão presentes no dia a dia do
além da necessidade de eliminar obstáculos e barreiras indivíduo com deficiência.
(culturais, físicos ou sociais) que possam ser superados. O capítulo II (artigos 4º a 8º), trata da questão da
Destaca-se a inovação promovida pela Convenção da igualdade e da não discriminação, são propósitos já de-
ONU, que reconhece a deficiência como resultado da fendidos pela Convenção sobre os Direitos da Pessoa
interação entre indivíduos e seu meio ambiente, não re- com Deficiência e seu Protocolo facultativo, devendo os
sidindo apenas intrinsecamente no indivíduo2. A Lei nº Estados Partes criarem normas internas para diminuir ou
13.146/2015 é o estopim nacional da fase humanista da mesmo eliminar a discriminação entre as pessoas, além
proteção da pessoa com deficiência, vindo elaborada em de proporcionar a plena igualdade de condições peran-
consonância com a Constituição Federal de 1988 e com te a sociedade, possibilitando a essas pessoas uma con-
a Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas vivência social digna. Devendo a sociedade denunciar
com Deficiência e seu Protocolo Facultativo, assinados a autoridade qualquer forma de ameaça ou mesmo de
em Nova York, em 30 de março de 2007, e promulgados violação de direitos da pessoa com deficiência. A seção
pelo Decreto nº 6.949 de 25 de agosto de 2009, os quais única (artigo 9º) garante ao deficiente o atendimento
são dotados de força de normativa constitucional. prioritário em todos os campos da sua vida.
Com efeito, veda-se a discriminação das pessoas O título II (artigos 10 a 52) dispõe sobre os direitos
portadoras de deficiência, o que não significa que é im- fundamentais como direito à vida, à saúde, à educação,
pedido que a lei garantia distinções que permitam um à moradia, declarados pela Constituição Federal de 1988,
tratamento igualitário destas pessoas na vida em socie- que garante a todas as pessoas não só aos deficientes.
dade – pois não basta garantir a igualdade formal na Dispõe ainda sobre direitos fundamentais de extrema
lei sem a criação de instrumentos e políticas voltados importância para que o deficiente esteja em igualdade
aos grupos vulneráveis como o das pessoas portadoras com os demais como à habilitação e a reabilitação, ca-
de deficiência. Na tentativa de propiciar esta igualdade pacitando-o para uma disputa inclusive para o mercado
material surge o Estatuto da Proteção da Pessoa com de trabalho.
Deficiência. O título III (artigos 53 a 76) traz um dos temas mais
Em 6 de julho de 2015 foi assinada a lei 13.146/2015, importantes e discutidos da atualidade, a questão da
Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência, acessibilidade. Visto que garante a pessoa com deficiên-
podendo ser também chamado de Estatuto da Pessoa cia ou com mobilidade reduzida viver da forma mais in-
com Deficiência. Entrou em vigor em janeiro deste ano. dependente possível para exercer seus direitos de cida-
Devendo sempre preservar o princípio da dignidade hu- dania, podendo ter participação ativa na sociedade.
mana. O título IV (artigos 77 e 78) aborda as questões da
ACESSIBILIDADE

1 TISESCU, Alessandra Devulsky da Silva; SANTOS, Jackson Passos. ciência e tecnologia, deve o poder público investir no de-
Apontamentos históricos sobre as fases de construção dos Di- senvolvimento científico e tecnológico com o intuito de
reitos Humanos das Pessoas com Deficiência. Disponível em:<h- melhorar a qualidade de vida das pessoas com deficiên-
ttp://www.publicadireito.com.br/artigos/?cod=24f984f75f37a519>. cia tanto profissional, quanto pessoal.
Acesso em: 20 fev. 2016. O título I (artigos 79 a 87) da segunda parte dispõe
2 PIOVESAN, Flávia. Direitos humanos e o direito constitucional
sobre o acesso a justiça, deve o poder público garantir a
internacional. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2008.

1
pessoa com deficiência o seu pleno acesso à justiça, em Parágrafo único. O consentimento da pessoa com de-
igualdade de oportunidades com as demais pessoas da ficiência em situação de curatela poderá ser suprido,
sociedade, além de garantir a pessoa deficiente o exercí- na forma da lei.
cio de sua capacidade legal. Art. 12. O consentimento prévio, livre e esclarecido da
O título II (artigos 88 a 90) trata dos crimes e das in- pessoa com deficiência é indispensável para a reali-
frações administrativas, punindo quem por algum mo- zação de tratamento, procedimento, hospitalização e
tivo praticar, induzir ou mesmo incitar discriminação de pesquisa científica.
pessoa com deficiência, aquele que desviar bens, pro- § 1º Em caso de pessoa com deficiência em situação
ventos, benefícios, abandonar pessoa com deficiência, ou de curatela, deve ser assegurada sua participação, no
mesmo utilizar cartão magnético ou outros mecanismos maior grau possível, para a obtenção de consentimento.
para tentar prejudicar e obter vantagem indevida para si § 2º A pesquisa científica envolvendo pessoa com de-
ou para outrem. ficiência em situação de tutela ou de curatela deve
O título III (artigos 92 a 125) trata das disposições fi- ser realizada, em caráter excepcional, apenas quando
nais e transitórias, é criado pelo estado um cadastro na- houver indícios de benefício direto para sua saúde ou
cional de inclusão da pessoa com deficiência (cadastro- para a saúde de outras pessoas com deficiência e des-
-inclusão), para que haja por parte do Estado um maior de que não haja outra opção de pesquisa de eficácia
controle sobre a real situação do deficiente seja ele físico, comparável com participantes não tutelados ou cura-
mental ou intelectual no Brasil. telados.
Dentro do título III existe um “Título IV em que trata Art. 13. A pessoa com deficiência somente será aten-
da alteração na redação do Código Civil de 2002, com dida sem seu consentimento prévio, livre e esclarecido
relação a capacidade civil das pessoas com deficiência, em casos de risco de morte e de emergência em saúde,
após a vigência do Estatuto da Pessoa com deficiência, o resguardado seu superior interesse e adotadas as sal-
indivíduo não será mais caracterizado como pessoa ab- vaguardas legais cabíveis.
solutamente incapaz e sim plenamente capaz.
O Estatuto foi criado sob forte influência da Conven- [...]
ção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu
Protocolo Facultativo, seguido pelo Brasil desde 2009.
CAPÍTULO IV
Sendo sua criação necessária para que o protocolo seja
DO DIREITO À EDUCAÇÃO
de fato regularizado internamente, já que o Estado Parte
Art. 27. A educação constitui direito da pessoa com
deve criar normas internas que possibilitem colocar em
deficiência, assegurados sistema educacional inclusivo
prática aquilo estabelecido no tratado.
em todos os níveis e aprendizado ao longo de toda a
vida, de forma a alcançar o máximo desenvolvimento
#FicaDica possível de seus talentos e habilidades físicas, senso-
riais, intelectuais e sociais, segundo suas característi-
O Estatuto da Pessoa com Deficiência cas, interesses e necessidades de aprendizagem.
consolida a perspectiva humanista acerca Parágrafo único. É dever do Estado, da família, da co-
da pessoa com deficiência, corroborando munidade escolar e da sociedade assegurar educação
de qualidade à pessoa com deficiência, colocando-a a
a Convenção sobre os Direitos das Pesso-
salvo de toda forma de violência, negligência e discri-
as com Deficiência e seu Protocolo Facul-
minação.
tativo.
Art. 28. Incumbe ao poder público assegurar, criar,
desenvolver, implementar, incentivar, acompanhar e
Prezado candidato, não tendo sido indicado direta- avaliar:
mente o Título da lei a que se refere o edital, separamos I - sistema educacional inclusivo em todos os níveis e
o material relevante para completar seus estudos sobre modalidades, bem como o aprendizado ao longo de
Educação. toda a vida;
II - aprimoramento dos sistemas educacionais, vi-
TÍTULO II sando a garantir condições de acesso, permanência,
DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS participação e aprendizagem, por meio da oferta de
serviços e de recursos de acessibilidade que eliminem
CAPÍTULO I as barreiras e promovam a inclusão plena;
DO DIREITO À VIDA III - projeto pedagógico que institucionalize o aten-
dimento educacional especializado, assim como os
Art. 10. Compete ao poder público garantir a dignida- demais serviços e adaptações razoáveis, para atender
de da pessoa com deficiência ao longo de toda a vida. às características dos estudantes com deficiência e
Parágrafo único. Em situações de risco, emergência ou garantir o seu pleno acesso ao currículo em condições
ACESSIBILIDADE

estado de calamidade pública, a pessoa com deficiên- de igualdade, promovendo a conquista e o exercício
cia será considerada vulnerável, devendo o poder pú- de sua autonomia;
blico adotar medidas para sua proteção e segurança. IV - oferta de educação bilíngue, em Libras como pri-
Art. 11. A pessoa com deficiência não poderá ser obri- meira língua e na modalidade escrita da língua por-
gada a se submeter a intervenção clínica ou cirúrgica, tuguesa como segunda língua, em escolas e classes
a tratamento ou a institucionalização forçada. bilíngues e em escolas inclusivas;

2
V - adoção de medidas individualizadas e coletivas I - os tradutores e intérpretes da Libras atuantes na
em ambientes que maximizem o desenvolvimento educação básica devem, no mínimo, possuir ensino
acadêmico e social dos estudantes com deficiência, médio completo e certificado de proficiência na Libras;
favorecendo o acesso, a permanência, a participação II - os tradutores e intérpretes da Libras, quando dire-
e a aprendizagem em instituições de ensino; cionados à tarefa de interpretar nas salas de aula dos
VI - pesquisas voltadas para o desenvolvimento de cursos de graduação e pós-graduação, devem possuir
novos métodos e técnicas pedagógicas, de materiais nível superior, com habilitação, prioritariamente, em
didáticos, de equipamentos e de recursos de tecnolo- Tradução e Interpretação em Libras.
gia assistiva; Art. 29. (VETADO).
VII - planejamento de estudo de caso, de elaboração Art. 30. Nos processos seletivos para ingresso e per-
de plano de atendimento educacional especializado, manência nos cursos oferecidos pelas instituições de
de organização de recursos e serviços de acessibilida- ensino superior e de educação profissional e tecnoló-
de e de disponibilização e usabilidade pedagógica de gica, públicas e privadas, devem ser adotadas as se-
recursos de tecnologia assistiva; guintes medidas:
VIII - participação dos estudantes com deficiência e I - atendimento preferencial à pessoa com deficiência
de suas famílias nas diversas instâncias de atuação nas dependências das Instituições de Ensino Superior
da comunidade escolar; (IES) e nos serviços;
IX - adoção de medidas de apoio que favoreçam o II - disponibilização de formulário de inscrição de exa-
desenvolvimento dos aspectos linguísticos, culturais, mes com campos específicos para que o candidato
vocacionais e profissionais, levando-se em conta o ta- com deficiência informe os recursos de acessibilidade
lento, a criatividade, as habilidades e os interesses do e de tecnologia assistiva necessários para sua partici-
estudante com deficiência; pação;
X - adoção de práticas pedagógicas inclusivas pelos III - disponibilização de provas em formatos acessíveis
programas de formação inicial e continuada de pro- para atendimento às necessidades específicas do can-
fessores e oferta de formação continuada para o aten- didato com deficiência;
dimento educacional especializado; IV - disponibilização de recursos de acessibilidade e de
XI - formação e disponibilização de professores para o tecnologia assistiva adequados, previamente solicita-
atendimento educacional especializado, de tradutores dos e escolhidos pelo candidato com deficiência;
e intérpretes da Libras, de guias intérpretes e de pro- V - dilação de tempo, conforme demanda apresentada
fissionais de apoio; pelo candidato com deficiência, tanto na realização
XII - oferta de ensino da Libras, do Sistema Braille e de exame para seleção quanto nas atividades acadê-
de uso de recursos de tecnologia assistiva, de forma micas, mediante prévia solicitação e comprovação da
a ampliar habilidades funcionais dos estudantes, pro- necessidade;
movendo sua autonomia e participação; VI - adoção de critérios de avaliação das provas escri-
XIII - acesso à educação superior e à educação profis- tas, discursivas ou de redação que considerem a sin-
sional e tecnológica em igualdade de oportunidades e gularidade linguística da pessoa com deficiência, no
condições com as demais pessoas; domínio da modalidade escrita da língua portuguesa;
XIV - inclusão em conteúdos curriculares, em cursos VII - tradução completa do edital e de suas retificações
de nível superior e de educação profissional técnica e em Libras.
tecnológica, de temas relacionados à pessoa com defi- A pessoa com deficiência deve ser educada por mé-
ciência nos respectivos campos de conhecimento; todos que respeitem as suas necessidades especiais,
XV - acesso da pessoa com deficiência, em igualdade não devendo ter um acesso inferior à educação em
de condições, a jogos e a atividades recreativas, espor- razão de limitações motoras, sensoriais ou afins.
tivas e de lazer, no sistema escolar; [...]
XVI - acessibilidade para todos os estudantes, traba-
lhadores da educação e demais integrantes da comu- #FicaDica
nidade escolar às edificações, aos ambientes e às ati-
vidades concernentes a todas as modalidades, etapas A acessibilidade é direito que garante à
e níveis de ensino; pessoa com deficiência ou com mobilida-
XVII - oferta de profissionais de apoio escolar; de reduzida viver de forma independente
XVIII - articulação intersetorial na implementação de e exercer seus direitos de cidadania e de
políticas públicas. participação social.
§ 1º Às instituições privadas, de qualquer nível e mo- Inclui direito à inclusão por meio do aces-
dalidade de ensino, aplica-se obrigatoriamente o dis- so à informação, tecnologias assistivas e
posto nos incisos I, II, III, V, VII, VIII, IX, X, XI, XII, XIII, participação política.
XIV, XV, XVI, XVII e XVIII do caput deste artigo, sendo
ACESSIBILIDADE

vedada a cobrança de valores adicionais de qualquer


natureza em suas mensalidades, anuidades e matrícu-
las no cumprimento dessas determinações.
§ 2º Na disponibilização de tradutores e intérpretes da
Libras a que se refere o inciso XI do caput deste artigo,
deve-se observar o seguinte:

3
e) será admitido, exclusivamente, em casos de risco de
morte, inexistindo qualquer outro requisito legal a ser
EXERCÍCIOS COMENTADOS observado em tais hipóteses.

1. (DPE-AM – ANALISTA JURÍDICO DE DEFENSO- Resposta: Letra B. Em “a” e “e”, também se admite
RIA – CIÊNCIAS JURÍDICAS – FCC – 2018) A lei brasi- nos casos de emergência em saúde (art. 13), havendo
leira de inclusão da pessoa com deficiência, que instituiu exigências legais a serem observadas.
o Estatuto da Pessoa com Deficiência, previu como di- Em “b”, disciplina o art. 13 do Estatuto da Pessoa com
reitos fundamentais da pessoa com deficiência o direito: Deficiência: “A pessoa com deficiência somente será
atendida sem seu consentimento prévio, livre e escla-
a) à não submissão à institucionalização forçada, como recido em casos de risco de morte e de emergência
direito ligado à vida. em saúde, resguardado seu superior interesse e ado-
b) ao diagnóstico e intervenções precoces, como direito tadas as salvaguardas legais cabíveis”.
fundamental ligado à saúde. Em “c”, apenas se admite em circunstâncias específi-
c) de consentir de forma prévia, livre e esclarecida, antes cas.
de qualquer procedimento, hospitalização ou pesqui- Em “d”, admite-se em alguns casos – risco de morte e
sa científica, como direito ligado à reabilitação. emergência em saúde.
d) de reserva de percentual de unidades habitacionais,
oriundas de programas habitacionais, mesmo no caso 3. (TRT 21ª REGIÃO-RN – ANALISTA JUDICIÁRIO –
de não surgirem interessados, como direito ligado à ÁREA JUDICIÁRIA – FCC – 2017) Considere:
habitação.
e) de prioridade no atendimento, com maior facilidade I. Deficiência Física.
no campo de trabalho, como direito ligado à assistên- II. Deficiência Mental.
cia e previdência social. III. Deficiência Intelectual.
IV. Deficiência Sensorial.
Resposta: Letra A. Em “a”, nos termos do art. 11 do
Estatuto da Pessoa com Deficiência: “A pessoa com Nos termos da Lei n° 13.146/2015, os espaços dos ser-
deficiência não poderá ser obrigada a se submeter a viços de saúde, tanto públicos quanto privados, devem
intervenção clínica ou cirúrgica, a tratamento ou a ins- assegurar o acesso da pessoa com deficiência, em con-
titucionalização forçada”. formidade com a legislação em vigor, mediante a remo-
Em “b”, o diagnóstico e a intervenção precoces sur- ção de barreiras, por meio de projetos arquitetônico, de
gem como direito fundamental ligado diretamente à ambientação de interior e de comunicação que atendam
habilitação e reabilitação (art. 15, I). às especificidades das pessoas com deficiência. Tal nor-
Em “c”, o consentimento prévio, livre e esclarecido da ma destina-se às deficiências constantes em:
pessoa com deficiência é indispensável para a reali-
zação de tratamento, procedimento, hospitalização e a) I, II e IV, apenas.
pesquisa científica (art. 12). b) I e III, apenas.
Em “d”, não havendo pessoa com deficiência interes- c) I, II, III, e IV.
sada na unidade reservada, ela será disponibilizada d) II e III, apenas.
para outras pessoas (art. 32, §3º). e) I e IV, apenas.
Em “e”, o direito fundamental ao trabalho se refere à
promoção e garantia de acesso e de permanência da Resposta: Letra C. Em “I”, “II”, “III” e “IV”, todas as de-
pessoa com deficiência no campo de trabalho (art. 35). ficiências enumeradas estão incorporadas ao Estatuto,
conforme o art. 2º: “Considera-se pessoa com defici-
2. (TRT 21ª REGIÃO-RN – ANALISTA JUDICIÁRIO – ência aquela que tem impedimento de longo prazo
ÁREA JUDICIÁRIA – FCC – 2017) Nos termos da Lei n° de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o
13.146/2015, o atendimento da pessoa com deficiência qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode
sem seu consentimento prévio, livre e esclarecido: obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade
em igualdade de condições com as demais pessoas”.
a) será admitido, exclusivamente, em casos de risco de Mencionam-se as deficiências física (I), mental (II), in-
morte, e desde que preenchidos os demais requisitos telectual (III) ou sensorial (IV).
legais, tendo em vista que a ausência de consentimen-
to é absolutamente excepcional.
b) só será admitido em casos de risco de morte e de
emergência em saúde, e desde que preenchidos os
demais requisitos legais.
ACESSIBILIDADE

c) será admitido em qualquer circunstância, desde que


as autoridades públicas vislumbrem tal necessidade,
haja vista a presunção de vulnerabilidade da pessoa
com deficiência.
d) não será admitido em qualquer hipótese, por expressa
vedação legal.

4
HORA DE PRATICAR! GABARITO

1) (CESPE/2018 - EBSERH - Conhecimentos Básicos -


Cargos de Nível Médio) Acerca do Estatuto da Pessoa 1 Errado
com Deficiência, julgue o item que se segue. 2 Certo
A pena prevista para quem discriminar pessoa em razão
de sua deficiência será a mesma se o ato ocorrer por in- 3 Errado
termédio de meios de comunicação social ou não. 4 Errado
5 Certo
( ) CERTO ( ) ERRADO

2) (CESPE/2018 - EBSERH - Assistente Social) Com


base na Lei nº 13.146/2015, que trata da inclusão da pes-
soa com deficiência, julgue o item a seguir.
É considerada com deficiência a pessoa que tem impedi-
mento de longo prazo de natureza física, mental, intelec-
tual e(ou) sensorial.

( ) CERTO ( ) ERRADO

3) (CESPE/2018 - EBSERH - Assistente Social) Com


base na Lei nº 13.146/2015, que trata da inclusão da pes-
soa com deficiência, julgue o item a seguir.
Ainda que não tenha o propósito ou o efeito de prejudi-
car, impedir ou anular o reconhecimento ou o exercício
dos direitos e das liberdades fundamentais de pessoa
com deficiência, toda forma de distinção, restrição ou ex-
clusão da pessoa com deficiência — seja por ação, seja
por omissão — será legalmente considerada como dis-
criminação em razão da deficiência.

( ) CERTO ( ) ERRADO

4) (CESPE/2018 - EBSERH - Assistente Social) Com


base na Lei nº 13.146/2015, que trata da inclusão da pes-
soa com deficiência, julgue o item a seguir.
O consentimento prévio de pessoa com deficiência é dis-
pensável para a realização de tratamento, procedimento,
hospitalização e pesquisa científica.

( ) CERTO ( ) ERRADO

5) (CESPE/2018 - EBSERH - Assistente Social) Com


base na Lei nº 13.146/2015, que trata da inclusão da pes-
soa com deficiência, julgue o item a seguir.
Os serviços do Sistema Único de Saúde e do Sistema Úni-
co de Assistência Social deverão promover ações articu-
ladas para garantir à pessoa com deficiência e sua famí-
lia a aquisição de informações, orientações e formas de
acesso às políticas públicas disponíveis, com a finalidade
de propiciar sua plena participação social.
ACESSIBILIDADE

( ) CERTO ( ) ERRADO

5
ANOTAÇÕES

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ACESSIBILIDADE

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6
ÍNDICE

NOÇÕES DE INFORMÁTICA E PROCESSO DIGITAL


Sistema Operacional Microsoft Windows (7 e posteriores)..................................................................................................................... 01
Conceitos básicos de redes de computadores. Internet e Intranet (programas de navegação, e-mail, sites)..................... 17
Noções de segurança da informação............................................................................................................................................................... 31
Lei nº 11.419/2006 e suas alterações (Processo Digital)........................................................................................................................... 37
de acesso aleatório) no computador, normalmente 4 GB
SISTEMA OPERACIONAL MICROSOFT ou mais. Nesses casos, como um sistema operacional de
WINDOWS (7 E POSTERIORES). 64 bits pode processar grandes quantidades de memó-
ria com mais eficácia do que um de 32 bits, o sistema
de 64 bits poderá responder melhor ao executar vários
Windows programas ao mesmo tempo e alternar entre eles com
frequência”.
O Windows assim como tudo que envolve a informá- Uma maneira prática de usar o Windows 7 (Win 7) é
tica passa por uma atualização constante, os concursos reinstalá-lo sobre um SO já utilizado na máquina. Nesse
públicos em seus editais acabam variando em suas ver- caso, é possível instalar:
sões, por isso vamos abordar de uma maneira geral tanto - Sobre o Windows XP;
as versões do Windows quanto do Linux. - Uma versão Win 7 32 bits, sobre Windows Vista
O Windows é um Sistema Operacional, ou seja, é um (Win Vista), também 32 bits;
software, um programa de computador desenvolvido por - Win 7 de 64 bits, sobre Win Vista, 32 bits;
programadores através de códigos de programação. Os - Win 7 de 32 bits, sobre Win Vista, 64 bits;
Sistemas Operacionais, assim como os demais softwares,
- Win 7 de 64 bits, sobre Win Vista, 64 bits;
são considerados como a parte lógica do computador,
- Win 7 em um computador e formatar o HD durante
uma parte não palpável, desenvolvida para ser utilizada
a insta- lação;
apenas quando o computador está em funcionamento. O
Sistema Operacional (SO) é um programa especial, pois é - Win 7 em um computador sem SO;
o primeiro a ser instalado na máquina.
Quando montamos um computador e o ligamos pela Antes de iniciar a instalação, devemos verificar qual
primeira vez, em sua tela serão mostradas apenas algu- tipo de instalação será feita, encontrar e ter em mãos a
mas rotinas presentes nos chipsets da máquina. Para uti- chave do produto, que é um código que será solicitado
lizarmos todos os recursos do computador, com toda a durante a instalação.
qualidade das placas de som, vídeo, rede, acessarmos a Vamos adotar a opção de instalação com formatação
Internet e usufruirmos de toda a potencialidade do hard- de disco rígido, segundo o site oficial da Microsoft Cor-
ware, temos que instalar o SO. poration:
Após sua instalação é possível configurar as placas - Ligue o seu computador, de forma que o Windows
para que alcancem seu melhor desempenho e instalar seja inicializado normalmente, insira do disco de
os demais programas, como os softwares aplicativos e instalação do Windows 7 ou a unidade flash USB e
utilitários. desligue o seu computador.
O SO gerencia o uso do hardware pelo software e ge- - Reinicie o computador.
rencia os demais programas. - Pressione qualquer tecla, quando solicitado a fazer
A diferença entre os Sistemas Operacionais de 32 bits
isso, e siga as instruções exibidas.
e 64 bits está na forma em que o processador do com-
- Na página de Instalação Windows, insira seu idioma
putador trabalha as informações. O Sistema Operacional
ou outras preferências e clique em avançar.
de 32 bits tem que ser instalado em um computador que
tenha o processador de 32 bits, assim como o de 64 bits - Se a página de Instalação Windows não aparecer
tem que ser instalado em um computador de 64 bits. e o programa não solicitar que você pressione al-
Os Sistemas Operacionais de 64 bits do Windows, guma tecla, talvez seja necessário alterar algumas
segundo o site oficial da Microsoft, podem utilizar mais configurações do sistema. Para obter mais infor-
memória que as versões de 32 bits do Windows. “Isso mações sobre como fazer isso, consulte. Inicie o
ajuda a reduzir o tempo despendido na permuta de pro- seu computador usando um disco de instalação do
cessos para dentro e para fora da memória, pelo arma- Windows 7 ou um pen drive USB.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA E PROCESSO DIGITAL

zenamento de um número maior desses processos na - Na página Leia os termos de licença, se você aceitar
memória de acesso aleatório (RAM) em vez de fazê-lo os termos de licença, clique em aceito os termos
no disco rígido. Por outro lado, isso pode aumentar o de licença e em avançar.
desempenho geral do programa”. - Na página que tipo de instalação você deseja? cli-
que em Personalizada.
Windows 7 - Na página onde deseja instalar Windows? clique em
opções da unidade (avançada).
Para saber se o Windows é de 32 ou 64 bits, basta: - Clique na partição que você quiser alterar, clique na
1. Clicar no botão Iniciar , clicar com o botão direito opção de formatação desejada e siga as instruções.
em computador e clique em Propriedades.
- Quando a formatação terminar, clique em avançar.
2. Em sistema, é possível exibir o tipo de sistema.
- Siga as instruções para concluir a instalação do
“Para instalar uma versão de 64 bits do Windows 7, Windows 7, inclusive a nomenclatura do compu-
você precisará de um processador capaz de executar tador e a configuração de uma conta do usuário
uma versão de 64 bits do Windows. Os benefícios de um inicial.
sistema operacional de 64 bits ficam mais claros quan-
do você tem uma grande quantidade de RAM (memória

1
Conceitos de organização e de gerenciamento de
informações; arquivos, pastas e programas.

Pastas – são estruturas digitais criadas para organizar


arquivos, ícones ou outras pastas.
Arquivos – são registros digitais criados e salvos por
meio de programas aplicativos. Por exemplo, quando
abrimos o Microsoft Word, digitamos uma carta e a sal-
vamos no computador, estamos criando um arquivo.
Ícones – são imagens representativas associadas a
programas, arquivos, pastas ou atalhos.
Atalhos – são ícones que indicam um caminho mais
curto para abrir um programa ou até mesmo um arquivo.

Criação de pastas (diretórios)


Figura 66: Tela da pasta criada

Clicamos duas vezes na pasta “Trabalho” para abrí-la


e agora criaremos mais duas pastas dentro dela:
Para criarmos as outras duas pastas, basta repetir o
procedimento: botão direito, Novo, Pasta.

Área de trabalho:

Figura 64: Criação de pastas

#FicaDica
Figura 67: Área de Trabalho
Clicando com o botão direito do mouse em
um espaço vazio da área de trabalho ou outro A figura acima mostra a primeira tela que vemos
apropriado, podemos encontrar a opção quando o Windows 7 é iniciado. A ela damos o nome
pasta. de área de trabalho, pois a ideia original é que ela sir-
Clicando nesta opção com o botão esquerdo va como uma prancheta, onde abriremos nossos livros e
do mouse, temos então uma forma prática de documentos para dar início ou continuidade ao trabalho.
criar uma pasta. Em especial, na área de trabalho, encontramos a barra
NOÇÕES DE INFORMÁTICA E PROCESSO DIGITAL

de tarefas, que traz uma série de particularidades, como:

Figura 68: Barra de tarefas

1) Botão Iniciar: é por ele que entramos em contato


com todos os outros programas instalados, pro-
Figura 65: Criamos aqui uma pasta gramas que fazem parte do sistema operacional
chamada “Trabalho”. e ambientes de configuração e trabalho. Com um
clique nesse botão, abrimos uma lista, chamada
Menu Iniciar, que contém opções que nos per-
mitem ver os programas mais acessados, todos
os outros programas instalados e os recursos do
próprio Windows. Ele funciona como uma via de
acesso para todas as opções disponíveis no com-
putador.

2
Por meio do botão Iniciar, também podemos:
- desligar o computador, procedimento que encerra
o Sistema Operacional corretamente, e desliga efetiva-
mente a máquina;
- colocar o computador em modo de espera, que
reduz o consumo de energia enquanto a máquina estiver
ociosa, ou seja, sem uso. Muito usado nos casos em que
vamos nos ausentar por um breve período de tempo da
frente do computador;
- reiniciar o computador, que desliga e liga automa-
ticamente o sistema. Usado após a instalação de alguns
programas que precisam da reinicialização do sistema
para efetivarem sua instalação, durante congelamento
de telas ou travamentos da máquina.
- realizar o logoff, acessando o mesmo sistema com
nome e senha de outro usuário, tendo assim um am-
biente com características diferentes para cada usuário Figura 70: Propriedades de data e hora
do mesmo computador.
Nessa janela, é possível configurarmos a data e a hora,
determinarmos qual é o fuso horário da nossa região e
especificar se o relógio do computador está sincronizado
automaticamente com um servidor de horário na Inter-
net. Este relógio é atualizado pela bateria da placa mãe,
que vimos na figura 26. Quando ele começa a mostrar
um horário diferente do que realmente deveria mostrar,
na maioria das vezes, indica que a bateria da placa mãe
deve precisar ser trocada. Esse horário também é sincro-
nizado com o mesmo horário do SETUP.
Lixeira: Contém os arquivos e pastas excluídos pelo
usuário. Para excluirmos arquivos, atalhos e pastas, po-
demos clicar com o botão direito do mouse sobre eles e
depois usar a opção “Excluir”. Outra forma é clicar uma
vez sobre o objeto desejado e depois pressionar o botão
delete, no teclado. Esses dois procedimentos enviarão
para lixeira o que foi excluído, sendo possível a restaura-
ção, caso haja necessidade. Para restaurar, por exemplo,
um arquivo enviado para a lixeira, podemos, após abri-la,
restaurar o que desejarmos.

Figura 69: Menu Iniciar – Windows 7

Na figura acima temos o menu Iniciar, acessado com


um clique no botão Iniciar.
2) Ícones de inicialização rápida: São ícones coloca-
NOÇÕES DE INFORMÁTICA E PROCESSO DIGITAL

dos como atalhos na barra de tarefas para serem


acessados com facilidade.
3) Barra de idiomas: Mostra qual a configuração de
idioma que está sendo usada pelo teclado. Figura 71: Restauração de arquivos
4) Ícones de inicialização/execução: Esses ícones enviados para a lixeira
são configurados para entrar em ação quando o A restauração de objetos enviados para a lixeira pode
computador é iniciado. Muitos deles ficam em exe- ser feita com um clique com o botão direito do mouse
cução o tempo todo no sistema, como é o caso sobre o item desejado e depois, outro clique com o es-
de ícones de programas antivírus que monitoram querdo em “Restaurar”. Isso devolverá, automaticamente
constantemente o sistema para verificar se não há o arquivo para seu local de origem.
invasões ou vírus tentando ser executados.
5) Propriedades de data e hora: Além de mostrar o
relógio constantemente na sua tela, clicando duas #FicaDica
vezes, com o botão esquerdo do mouse nesse íco- Outra forma de restaurar é usar a opção
ne, acessamos as Propriedades de data e hora. “Restaurar este item”, após selecionar o objeto.

3
Alguns arquivos e pastas, por terem um tamanho
muito grande, são excluídos sem irem antes para a Li-
xeira. Sempre que algo for ser excluído, aparecerá uma
mensagem, ou perguntando se realmente deseja enviar
aquele item para a Lixeira, ou avisando que o que foi se-
lecionado será permanentemente excluído. Outra forma
de excluir documentos ou pastas sem que eles fiquem
armazenados na Lixeira é usar as teclas de atalho Shif-
t+Delete.
A barra de tarefas pode ser posicionada nos quatro
cantos da tela para proporcionar melhor visualização de
outras janelas abertas. Para isso, basta pressionar o botão
esquerdo do mouse em um espaço vazio dessa barra e
com ele pressionado, arrastar a barra até o local desejado
(canto direito, superior, esquerdo ou inferior da tela).
Para alterar o local da Barra de Tarefas na tela, temos
que verificar se a opção “Bloquear a barra de tarefas” não
está marcada.
Figura 73: Propriedades da barra de
tarefas e do menu iniciar

Na guia “Barra de Tarefas”, temos, entre outros:


- Bloquear a barra de tarefas – que impede que ela
seja posicionada em outros cantos da tela que não
seja o inferior, ou seja, impede que seja arrastada
com o botão esquerdo do mouse pressionado.
- Ocultar automaticamente a barra de tarefas – ocul-
ta (esconde) a barra de tarefas para proporcionar
maior aproveitamento da área da tela pelos pro-
gramas abertos, e a exibe quando o mouse é posi-
cionado no canto inferior do monitor.

Figura 72: Bloqueio da Barra de Tarefas

Propriedades da barra de tarefas e do menu iniciar:


Por meio do clique com o botão direito do mouse na bar-
ra de tarefas e do esquerdo em “Propriedades”, podemos
Figura 74: Guia Menu Iniciar e Personalizar Menu Iniciar
acessar a janela “Propriedades da barra de tarefas e do
NOÇÕES DE INFORMÁTICA E PROCESSO DIGITAL

menu iniciar”. Pela figura acima podemos notar que é possível a


aparência e comportamento de links e menus do menu
Iniciar.

Figura 21: Barra de Ferramentas

4
Painel de controle Computador

O Painel de Controle é o local onde podemos alte- #FicaDica


rar configurações do Windows, como aparência, idioma,
Através do “Computador” podemos consultar
configurações de mouse e teclado, entre outras. Com ele
e acessar unidades de disco e outros dispositi-
é possível personalizar o computador às necessidades do vos conectados ao nosso computador.
usuário.
Para acessar o Painel de Controle, basta clicar no Bo-
tão Iniciar e depois em Painel de Controle. Nele encon- Para acessá-lo, basta clicar no Botão Iniciar e em
tramos as seguintes opções: Computador. A janela a seguir será aberta:
- Sistema e Segurança: “Exibe e altera o status do sis-
tema e da segurança”, permite a realização de ba-
ckups e restauração das configurações do sistema
e de arquivos. Possui ferramentas que permitem a
atualização do Sistema Operacional, que exibem a
quantidade de memória RAM instalada no compu-
tador e a velocidade do processador. Oferece ain-
da, possibilidades de configuração de Firewall para
tornar o computador mais protegido.
- Rede e Internet: mostra o status da rede e possibilita
configurações de rede e Internet. É possível tam-
bém definir preferências para compartilhamento
de arquivos e computadores.
- Hardware e Sons: é possível adicionar ou remover
hardwares como impressoras, por exemplo. Tam-
bém permite alterar sons do sistema, reproduzir Figura 76: Computador
CDs automaticamente, configurar modo de eco-
nomia de energia e atualizar drives de dispositivos Observe que é possível visualizarmos as unidades de
instalados. disco, sua capacidade de armazenamento livre e usada.
- Programas: através desta opção, podemos realizar Vemos também informações como o nome do computa-
dor, a quantidade de memória e o processador instalado
a desinstalação de programas ou recursos do Win-
na máquina.
dows.
- Contas de Usuários e Segurança Familiar: aqui alte- Windows 8
ramos senhas, criamos contas de usuários, deter-
minamos configurações de acesso. É o sistema operacional da Microsoft que substituiu o
- Aparência: permite a configuração da aparência da Windows 7 em tablets, computadores, notebooks, celu-
área de trabalho, plano de fundo, proteção de tela, lares, etc. Ele trouxe diversas mudanças, principalmente
menu iniciar e barra de tarefas. no layout, que acabou surpreendendo milhares de usuá-
- Relógio, Idioma e Região: usamos esta opção para rios acostumados com o antigo visual desse sistema.
A tela inicial completamente alterada foi a mudança
alterar data, hora, fuso horário, idioma, formatação
que mais impactou os usuários. Nela encontra-se todas
de números e moedas. as aplicações do computador que ficavam no Menu Ini-
- Facilidade de Acesso: permite adaptarmos o com- ciar e também é possível visualizar previsão do tempo,
putador às necessidades visuais, auditivas e moto- cotação da bolsa, etc. O usuário tem que organizar as
NOÇÕES DE INFORMÁTICA E PROCESSO DIGITAL

ras do usuário. pequenas miniaturas que aparecem em sua tela inicial


para ter acesso aos programas que mais utiliza.
Caso você fique perdido no novo sistema ou dentro
de uma pasta, clique com o botão direito e irá aparecer
um painel no rodapé da tela. Caso você esteja utilizando
uma das pastas e não encontre algum comando, clique
com o botão direito do mouse para que esse painel apa-
reça.
A organização de tela do Windows 8 funciona como
o antigo Menu Iniciar e consiste em um mosaico com
imagens animadas. Cada mosaico representa um aplica-
tivo que está instalado no computador. Os atalhos dessa
área de trabalho, que representam aplicativos de versões
anteriores, ficam com o nome na parte de cima e um pe-
queno ícone na parte inferior. Novos mosaicos possuem
tamanhos diferentes, cores diferentes e são atualizados
automaticamente.

5
A tela pode ser customizada conforme a conveniência Telas Lado a Lado
do usuário. Alguns utilitários não aparecem nessa tela,
mas podem ser encontrados clicando com o botão direi- Esse sistema operacional não trabalha com o concei-
to do mouse em um espaço vazio da tela. Se deseja que to de janelas, mas o usuário pode usar dois programas
um desses aplicativos apareça na sua tela inicial, clique ao mesmo tempo. É indicado para quem precisa acom-
com o botão direito sobre o ícone e vá para a opção Fixar panhar o Facebook e o Twitter, pois ocupa ¼ da tela do
na Tela Inicial. computador.

Charms Bar Visualizar Imagens

O objetivo do Windows 8 é ter uma tela mais limpa O sistema operacional agora faz com que cada vez
e esse recurso possibilita “esconder” algumas configura- que você clica em uma figura, um programa específico
abre e isso pode deixar seu sistema lento. Para alterar
ções e aplicações. É uma barra localizada na lateral que
isso é preciso ir em Programas – Programas Default – Se-
pode ser acessada colocando o mouse no canto direito e
lecionar Windows Photo Viewer e marcar a caixa Set this
inferior da tela ou clicando no atalho Tecla do Windows +
Program as Default.
C. Essa função substitui a barra de ferramentas presente
no sistema e configurada de acordo com a página em Imagem e Senha
que você está.
Com a Charm Bar ativada, digite Personalizar na bus- O usuário pode utilizar uma imagem como senha ao
ca em configurações. Depois escolha a opção tela inicial invés de escolher uma senha digitada. Para fazer isso,
e em seguida escolha a cor da tela. O usuário também acesse a Charm Bar, selecione a opção Settings e logo
pode selecionar desenhos durante a personalização do em seguida clique em More PC settings. Acesse a opção
papel de parede. Usuários e depois clique na opção “Criar uma senha com
imagem”. Em seguida, o computador pedirá para você
Redimensionar as tiles colocar sua senha e redirecionará para uma tela com um
pequeno texto e dando a opção para escolher uma foto.
Na tela esses mosaicos ficam uns maiores que os ou- Escolha uma imagem no seu computador e verifique se a
tros, mas isso pode ser alterado clicando com o botão di- imagem está correta clicando em “Use this Picture”. Você
reito na divisão entre eles e optando pela opção menor. terá que desenhar três formas em touch ou com o mou-
Você pode deixar maior os aplicativos que você quiser se: uma linha reta, um círculo e um ponto. Depois, finalize
destacar no computador. o processo e sua senha estará pronta. Na próxima vez,
repita os movimentos para acessar seu computador.
Grupos de Aplicativos
Internet Explorer no Windows 8
Pode-se criar divisões e grupos para unir programas
parecidos. Isso pode ser feito várias vezes e os grupos Se você clicar no quadrinho Internet Explorer da pá-
podem ser renomeados. gina inicial, você terá acesso ao software sem a barra de
ferramentas e menus.
Visualizar as pastas
Windows 10
A interface do programas no computador podem ser
vistos de maneira horizontal com painéis dispostos lado
O Microsoft Windows é um sistema operacional, isto
a lado. Para passar de um painel para outro é necessário é, um conjunto de programas (software) que permite ad-
usar a barra de rolagem que fica no rodapé. ministrar os recursos de um computador.
É importante ter em conta que os sistemas opera-
Compartilhar e Receber
NOÇÕES DE INFORMÁTICA E PROCESSO DIGITAL

cionais funcionam tanto nos computadores como em


outros dispositivos eletrônicos que usam microprocessa-
Comando utilizado para compartilhar conteúdo, en- dores (Smartphones, leitores de DVD, etc.). No caso do
viar uma foto, etc. Tecle Windows + C, clique na opção Windows, a sua versão padrão funciona com computa-
Compartilhar e depois escolha qual meio vai usar. Há dores embora também existam versões para smartpho-
também a opção Dispositivo que é usada para receber nes (Windows Mobile).
e enviar conteúdos de aparelhos conectados ao compu- A Microsoft domina comodamente o mercado dos
tador. sistemas operacionais, tendo em conta que o Windows
está instalado em mais de 90% dos computadores liga-
Alternar Tarefas dos à Internet em todo o mundo.
Entre as suas principais aplicações (as quais podem
Com o atalho Alt + Tab, é possível mudar entre os ser desinstaladas pelos usuários ou substituídas por ou-
programas abertos no desktop e os aplicativos novos do tras semelhantes sem que o sistema operacional deixe de
SO. Com o atalho Windows + Tab é possível abrir uma funcionar), destacaremos o navegador Internet Explorer
lista na lateral esquerda que mostra os aplicativos mo- (a partir do Windows 10, o novíssimo Edge), o leitor mul-
dernos. timídia Windows Media Player, o editor de imagens Paint
e o processador de texto WordPad.

6
A principal novidade que o Windows trouxe desde as A edição vai estar disponível através do programa de
suas origens foi o seu atrativo visual e a sua facilidade de Licenciamento por Volume, facilitando a vida dos consu-
utilização. Aliás, o seu nome (traduzido da língua inglesa midores que têm acesso a essa ferramenta. O Windows
como “janelas”) deve-se precisamente à forma sob a qual Update for Business também estará presente aqui, jun-
o sistema apresenta ao usuário os recursos do seu com- tamente com o Long Term Servicing Branch, como uma
putador, o que facilita as tarefas diárias. opção de distribuição de updates de segurança para si-
Uma janela é uma área visual contendo algum tipo tuações e ambientes críticos.
de interface do usuário, exibindo a saída do sistema ou
Windows 10 Education:
permitindo a entrada de dados. Uma interface gráfica
Construído sobre o Windows 10 Enterprise, a ver-
do usuário que use janelas como uma de suas principais
são Education é destinada a atender as necessidades
metáforas é chamada sistema de janelas, como um ge-
do meio educacional. Os funcionários, administradores,
renciador de janela. professores e estudantes poderão aproveitar os recursos
As janelas são geralmente apresentadas como obje- desse sistema operacional que terá seu método de dis-
tos bidimensionais e retangulares, organizados em uma tribuição baseado através da versão acadêmica de licen-
área de trabalho. Normalmente um programa de com- ciamento de volume.
putador assume a forma de uma janela para facilitar a
assimilação pelo usuário. Entretanto, o programa pode Windows 10 Mobile
ser apresentado em mais de uma janela, ou até mesmo O Windows 10 Mobile é voltado para os dispositivos
sem uma respectiva janela. de tela pequena cujo uso é centrado no touchscreen,
como smartphones e tablets. Essa edição vai contar com
Sobre as diferentes versões os mesmos apps incluídos na versão Home, além de uma
O Windows apresenta diversas versões através dos versão do Office otimizada para o toque. O Continuum
anos e diferentes opções para o lar, empresa, dispositi- também vai marcar presença nos dispositivos que forem
vos móveis e de acordo com a variação no processador. compatíveis com a funcionalidade.

Windows 10 Home Windows 10 Mobile Enterprise:


Edição do sistema operacional voltada para os con- Projetado para smartphones e tablets do setor cor-
porativo. Essa edição também estará disponível através
sumidores domésticos que utilizam PCs (desktop e no-
do Licenciamento por Volume, oferecendo as mesmas
tebook), tablets e os dispositivos “2 em 1”. O Windows
vantagens do Windows 10 Mobile com funcionalidades
10 Home vai contar com a maioria das funcionalidades já direcionadas para o mercado corporativo.
apresentadas: Cortana como assistente pessoal, navega-
dor Microsoft Edge, o recurso Continuum para os apare- Windows 10 IoT Core
lhos compatíveis, Windows Hello (reconhecimento facial, Além dos “sabores” já mencionados, a Microsoft pro-
de íris e de digitais para autenticação), stream de jogos mete que haverá edições para dispositivos como caixas
do Xbox One e os apps universais, como Photos, Maps, eletrônicos, terminais de autoatendimento, máquinas de
Mail, Calendar, Music e Video. atendimento para o varejo e robôs industriais – todas ba-
seadas no Windows 10 Enterprise e Windows 10 Mobile
Windows 10 Pro: Enterprise. O Windows 10 IoT Core – que contém em seu
Assim como a Home, essa versão também é destina- nome a sigla em inglês para Internet das Coisas – vai ser
da para os PCs, notebooks, tablets e dispositivos 2 em 1. destinado para dispositivos pequenos e de baixo custo.
A versão Pro difere-se do Home em relação à certas fun-
cionalidades que não estão presentes na versão mais Windows 10
básica. Essa é a versão recomendada para pequenas em- Windows 10 é a mais recente versão do sistema ope-
racional da Microsoft. Multiplataforma, o download do
NOÇÕES DE INFORMÁTICA E PROCESSO DIGITAL

presas, graças aos seus recursos para segurança digital,


suporte remoto, produtividade e uso de sistemas basea- software pode ser instalado em PCs (via ISO ou Windo-
ws Update) e dispositivos móveis (Windows 10 mobile)
dos na nuvem. Disponível gratuitamente para atualiza-
como smartphones e tablets. A versão liberada para
ção (durante o primeiro ano de lançamento) para clientes
computadores (Windows 10 e Windows 10 Pro) une a in-
licenciados do Windows 7 e do Windows 8.1. A versão
terface clássica do Windows 7 com o design renovado do
para varejo ainda não teve seu preço revelado. Windows 8 e 8.1, criando um ambiente versátil capaz de
se adaptar a telas de todos os tamanhos e perfeito para
Windows 10 Enterprise uso com teclado e mouse, como o tradicional desktop.
Construído sobre o Windows 10 Pro, o Windows 10
Enterprise é voltado para o mercado corporativo. Os al- Podemos citar, dentre outras, as seguintes novidades:
vos dessa edição são as empresas de médio e grande
porte, e o SO apresenta capacidades que focam espe- Menu Iniciar
cialmente em tecnologias desenvolvidas no campo da O Windows 8 introduziu uma tela inicial que ocupava
segurança digital e produtividade. A proteção dos dispo- toda a área do monitor. Muitos usuários não consegui-
sitivos, aplicações e informações sensíveis às empresas é ram se adaptar muito bem e isto fez com que a Microsoft
o foco dessa variante. trouxesse o menu Iniciar de volta no Windows 10.

7
Nesta nova versão do menu Iniciar, os usuários po-
dem fixar tanto os aplicativos tradicionais como os apli-
cativos disponibilizados através da Windows Store.
O menu também pode ser expandido automatica-
mente no modo Tablet para se comportar como a tela
inicial do Windows 8 e 8.1.

Por exemplo, se você visita o site de um restauran-


te, a Cortana encontrará informações como horários de
funcionamento, telefone, endereço e até mesmo reviews.
Você também poderá fazer perguntas para a Cortana
Cortana durante a navegação.
A assistente pessoal Cortana foi introduzida pela Mi- Áreas de trabalho virtuais
crosoft no Windows Phone 8.1. Com o Windows 10, ela O suporte para áreas de trabalho virtuais é uma das
também estará presente nos PCs. 10 novidades no Windows 10 listadas neste artigo. Com
A Cortana permitirá que os usuários façam chama- este recurso, os usuários podem manter múltiplas áreas
das no Skype, verifiquem o calendário, agendem e ve- de trabalho com programas específicos abertos em cada
rifiquem compromissos agendados, definam lembretes, uma delas. Por exemplo, você pode deixar uma janela
configurem o alarme, tomem notas e muito mais. do Internet Explorer visível em uma área de trabalho en-
Infelizmente, sua disponibilidade no lançamento do quanto trabalha no Word em outra.
Windows 10 em 29 de julho de 2015 deve variar depen- Vale lembrar que este recurso já foi oferecido no Win-
dendo da região. dows XP através de um Power Toy chamado Virtual Desk-
top Manager. Um detalhe é que este PowerToy suporta
no máximo de quatro áreas de trabalho virtuais, enquan-
to que no Windows 10 é possível criar muitas (20+).

Continuum
O modo Continuum foi criado para uso em aparelhos
híbridos que combinam tablet e notebook. Com este
modo o usuário pode alternar facilmente entre o uso
do híbrido como tablet e como notebook, basicamente
combinando a simplicidade do tablet com a experiência
de uso tradicional.

Microsoft Edge
A terceira das 10 novidades no Windows 10 listadas
neste artigo é o navegador Microsoft Edge. O navegador
NOÇÕES DE INFORMÁTICA E PROCESSO DIGITAL

substituirá o Internet Explorer como o navegador padrão


do Windows.
O novo navegador foi desenvolvido como um app
Universal e receberá novas atualizações através da Win-
dows Store. Ele utiliza um novo mecanismo de renderi-
zação de páginas conhecido também pelo nome Edge,
inclui suporte para HTML5, Dolby Audio e sua interface
se ajusta melhor a diferentes tamanhos de tela. Quando o usuário usa um híbrido como o HP Pavil-
Com ele os usuários também poderão fazer anota- lion x360 ou o Lenovo YOGA, por exemplo, o Windows
ções em sites da Web (imagem abaixo) e até mesmo usar 10 pode ser configurado para que entre no modo Ta-
a Cortana. Basicamente a ideia é permitir que a Cortana blet automaticamente. Com isso não é necessário perder
navegue na Web com você e assim encontre informações tempo mexendo nas configurações quando for necessá-
úteis que podem te ajudar. rio usar o híbrido como tablet ou como notebook.
O modo Continuum também estará presente no Win-
dows 10 Mobile, a versão do novo sistema operacional
da Microsoft para smartphones e tablets pequenos.

8
Durante uma demonstração em abril, a Microsoft
conectou um smartphone Lumia a um monitor e a um
teclado Bluetooth para usar o aparelho em um modo
que oferece mais produtividade. Com isso o smartpho-
ne basicamente se transformou em um PC com área de
trabalho e tudo.

Nova Windows Store


Além de oferecer aplicativos Universais e jogos, a
nova Windows Store inclui a nova seção Filmes & TV. A
Microsoft também já confirmou que ela também ofere-
cerá aplicativos Win32 tradicionais.
Outra novidade é a nova “Windows Store for Busi-
ness”, que oferecerá aplicativos para usuários finais e
aplicativos privados voltados para ambientes corporati-
vos e organizações.
Por exemplo, uma escola poderá definir um conjunto
específico de aplicativos que serão instalados nos com- Já o app Calendário ganhou uma interface bem mais
putadores disponíveis para os alunos. intuitiva que a da versão para Windows 8.1, permitindo
Central de Ações que o usuário crie compromissos e alterne entre modos
A Central de Ações é a nova central de notificações dia/semana/mês mais facilmente.
do Windows 10. Ele funciona de forma similar à Central
de Ações do Windows Phone 8.1 e também oferece aces-
so rápido a recursos como modo Tablet, Bloqueio de Ro-
tação e VPN.

Novo Painel de Controle moderno


A última das 10 novidades no Windows 10 listadas
neste artigo é o novo Painel de Controle moderno do
sistema operacional. Ele oferece bem mais opções que a
versão moderna presente no Windows 8.1, o que é uma
Novos aplicativos Email e Calendário boa notícia para os usuários.
Os novos aplicativos Email e Calendário trazem uma
interface melhorada e oferecem mais recursos do que as
atuais versões para Windows 8.1.
No caso do aplicativo Email, ele conta com um editor
de texto mais rico baseado no app Universal do Word
para Windows 10 e também permite que o usuário utilize
NOÇÕES DE INFORMÁTICA E PROCESSO DIGITAL

um plano de fundo personalizado para o app.

O Explorador de Arquivos é um recurso do Windows


que permite gerenciar arquivos e pastas. Nesse tutorial,
você vai descobrir como usar esse recurso dentro do
Windows 10, a versão mais recente do sistema operacio-
nal, vendo o que mudou e o que permaneceu o mesmo
no mais novo sistema operacional da Microsoft.

9
File Explorer - Explorando Arquivos no Windows Próximo a eles, logo antes da barra de endereço do
10 Explorador de Arquivos, há uma seta para cima. Essa op-
ção vai levá-lo um nível acima. Vamos supor que você
esteja na pasta de Trabalho, dentro da pasta Documen-
tos. Clicar nesse botão vai levá-lo à pasta Documentos,
mesmo que não estivesse nela antes.
Nessa mesma área há um campo de busca. Digite
nele para procurar arquivos em qualquer lugar do seu
computador ou dentro das pastas que você estiver ex-
plorando.

Comece abrindo o Explorador de Arquivos através do


atalho na barra de tarefas. Ele é sinalizado por um ícone
de pastinha, próximo à ferramenta de Pesquisa do Win-
dows 10. A janela que vai se abrir é dividida em duas
áreas. A área da esquerda permite navegar entre várias
pastas, como downloads, fotos ou músicas do seu siste-
ma operacional. A pasta Documentos é onde a maioria
dos seus arquivos estará gravado.
Você irá notar que alguns comandos mudam, depen-
dendo do conteúdo da pasta. Por exemplo, quando você
abre a pasta Música, o menu se adapta para trazer as
opções de reproduzir um arquivo ou reproduzir todos.
Na barra de endereços também há atalhos para mu-
dar de uma pasta para outras. Na frente de cada “passo”
do endereço você poderá ver uma setinha. Clique nela
para abrir um menu suspenso com outras pastas que
você pode abrir diretamente.

Para chegar lá, clique em “Este PC” - que é o novo


nome do Meu Computador. Então, uma lista de subpas-
tas vai se abrir. Selecione Documentos. Para selecionar
qualquer pasta na área de navegação, basta clicar uma
vez. Para abrir pastas e arquivos na área principal, clique
duas vezes.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA E PROCESSO DIGITAL

Você pode controlar a maneira como os ícones são


exibidos na área principal do Explorador de Arquivos.
Essa opção fica no menu Exibir. As formas de visualização
No topo da janela do Explorador de Arquivos há vá- incluem ícones extra-grandes, grandes, médios, peque-
rios menus e controles úteis. Os controles avançar e vol- nos, lista, conteúdos e detalhes. Basta colocar o mouse
tar, representados por uma seta para a frente ou para sobre cada uma para ver um preview.
trás, podem levá-lo de volta para a tela anterior ou se-
guinte.

10
Tais dispositivos têm uma quantidade de espaço dis-
ponível limitada, que pode ser dividida em pedaços cha-
mados partições. Assim, cada uma destas divisões é exi-
bida como umaunidade diferente no sistema. Para que
a ideia fique clara, o HD é um armário e aspartições são
as gavetas: não aumentam o tamanho do armário, mas
permitem guardar coisas de forma independente e/ou
organizada.
Em cada unidade estão as pastas que, por sua vez,
contém arquivos ou outras pastas que, por sua vez, po-
dem ter mais arquivos... e assim, sucessivamente. A orga-
nização de tudo isso é assim:

A visualização em detalhes permite enxergar facil-


mente diversas informações sobre os arquivos e partas
– por exemplo, data de modificação, tipo de arquivo, ta-
manho e outros. Quando estiver usando a visualização
em detalhes, você pode personalizar as informações que
são exibidas. Clique com o botão direito sobre uma co-
luna para exibir um menu suspenso com diversas opções
de dados; para acrescentar ou retirar um, clique sobre
ele. A opção “More”, no final da lista, traz centenas de
outros metadados. É claro que alguns podem não estar
disponíveis, dependendo do tipo de conteúdo.
Quando uma pasta tiver muitos arquivos, você pode
organizar os dados para tornar mais fácil localizar algum
item específico. Uma maneira de fazer isso é escolhen-
do qual vai ser o critério de organização; por exemplo,
data de criação. Então, clique sobre o título da coluna
de dados correspondente, e todos os itens serão orga-
nizados. Ao lado do título da coluna surgirá uma seta: se
ela apontar para cima, a organização será crescente, e se
apontar para baixo, será decrescente.
Ainda no menu Exibir. você tem duas opções de previ-
sualização. Elas permitem abrir uma área na lateral direita
do Explorador de Arquivos para ver prévias de arquivos
antes de abri-los. Essa opção funciona principalmente
para imagens ou arquivos em PDF. 1. Dispositivos
A opção Painel de Visualização permite ver apenas
uma miniatura do arquivo. Enquanto isso, a opção Pai-
nel de Detalhes inclui também muitas informações sobre
os arquivos. Clique em cima de alguns desses detalhes,
como autor ou artista, para editar as informações dire-
tamente.

NOÇÕES DE INFORMÁTICA E PROCESSO DIGITAL

São todos os meios físicos possíveis de gravar ou sal-


var dados. Existem dezenas deles e os principais são:
HD ou Disco Rígido: é o cérebro da máquina. Nele
está tudo: o sistema operacional, seus documentos, pro-
gramas e etc.
DVD: Um DVD permite que você leia o conteúdo que
está gravado nele. Há programas gravadores de DVD que
permitem criar DVDs de dados ou conteúdo multimídia.
Onde ficam os documentos?
CD: Como um DVD, mas sem a possibilidade de gra-
Qualquer coisa que exista no seu computador está
armazenada em algum lugar e de maneira hierárquica. var vídeos e com um espaço disponível menor.
Em cima de tudo, estão os dispositivos que são, basica- Pendrive: São portáteis e conectados ao PC por meio
mente, qualquer peça física passível de armazenar algu- de entradas USB. Têm como vantagem principal o tama-
ma coisa. Os principais dispositivos são o disco rígido; nho reduzido e, em alguns casos, a enorme capacidade
CD; DVD; cartões de memória e pendrives. de armazenamento.

11
Cartões de Memória: como o próprio nome diz, são
pequenos cartões em que você grava dados e são pra-
ticamente iguais aos Pendrives. São muito usados em
notebooks, câmeras digitais, celulares, MP3 players e
ebooks. Para acessar o seu conteúdo é preciso ter um
leitor instalado na máquina. Os principais são os cartões
SD, Memory Stick, CF ou XD. 4. Arquivos
HD Externo ou Portátil: são discos rígidos portáteis, Os arquivos são o computador. Sem mais, nem me-
que se conectam ao PC por meio de entrada USB (ge- nos. Qualquer dado é salvo em seu arquivo correspon-
ralmente) e têm uma grande capacidade de armazena- dente. Existem arquivos que são fotos, vídeos, imagens,
mento. programas, músicas e etc.
Disquete: se você ainda tem um deles, parabéns! O Também há arquivos que não nos dizem muito como,
disquete faz parte da “pré-história” no que diz respeito por exemplo, as bibliotecas DLL ou outros arquivos, mas
a armazenamento de dados. Eram São pouco potentes e que são muito importantes porque fazem com que o
de curta durabilidade. Windows funcione. Neste caso, são como as peças do
motor de um carro: elas estão lá para que o carango fun-
2. Unidades e Partições cione bem.
Para acessar tudo o que armazenado nos dispositivos
acima, o Windows usa unidades que, no computador, são
identificadas por letras. Assim, o HD corresponde ao C:;
o leitor de CD ou DVD é D: e assim por diante. Tais letras
podem variar de um computador para outro.
Você acessa cada uma destas unidades em “Este
Computador”, como na figura abaixo:

5. Atalhos

O conceito é fácil de entender: uma maneira rápida


de abrir um arquivo, pasta ou programa. Mas, como as-
sim? Um atalho não tem conteúdo algum e sua única
função é “chamar o arquivo” que realmente queremos e
A conta não fecha? Aparecem mais unidades do que está armazenado em outro lugar.
que você realmente tem? Então, provavelmente, o seu Podemos distinguir um atalho porque, além de estar
HD está particionado: o armário e as gavetas, lembra? na área de trabalho, seu ícone tem uma flecha que in-
Uma partição são unidades criadas a partir de pedaços dicativa se tratar de um “caminho mais curto”. Para que
de espaço de um disco. Para que você tenha uma ideia, você tenha uma ideia, o menu “Iniciar” nada mais é do
o gráfico abaixo mostra a divisão de espaço entre três que um aglomerado de atalhos.
partições diferentes: Se você apagar um atalho, não se preocupe: o arqui-
vo original fica intacto.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA E PROCESSO DIGITAL

6. Bibliotecas do Windows 7
O Windows 7 trouxe um novo elemento para a lista
básica de arquivos e pastas: as bibliotecas. Elas servem
apenas para colocar no mesmo lugar arquivos de várias
pastas.
Por exemplo, se você tiver arquivos de músicas em
“C:\Minha Música” e “D:\MP3”, poderá exibir todos eles
na biblioteca de música.

3. Pastas
As pastas - que, há “séculos” eram conhecidas por
diretórios - não contém informação propriamente dita
e sim arquivos ou mais pastas. A função de uma pasta
é organizar tudo o que está dentro de cada unidade.

12
Acessórios do Windows são aplicativos São encontrados em quaisquer computadores com
Como pôde ver, computadores necessitam de Siste- Windows.
ma Operacional para funcionar. Porém, sem softwares
aplicativos de nada serviriam. Se você adquirisse um Bloco de Notas
computador com Windows, mas não adquirisse nenhum
software aplicativo (processador de textos, planilha ele-
trônica, ....), seu computador seria totalmente inútil.
Assim, para que um consumidor não fique decepcio-
nado ao abrir seu novo computador, a Microsoft incluiu
alguns softwares aplicativos no pacote Windows. Eles
não são “o Windows”, mas acompanham o Sistema Ope-
racional Windows e, a esse conjunto de aplicativos, foi
dado o nome de Acessórios do Windows.

Como acessar os Acessórios do Windows


Através do botão Iniciar do Windows, clicando a se-
quência:
Botão Iniciar > Todos os Programas > Acessórios (ver-
sões anteriores ao Windows 10)
No Windows 10, após clicar no Botão Iniciar você lo-
calizará na ordem alfabética (veja imagem).
O navegador Internet Explorer é um exemplo. Além
dele, a Microsoft vem mantendo e atualizando uma lista
de aplicativos.

O Bloco de Notas é um editor de textos simples, sem


formatação (significa que você não poderá sublinhar, in-
serir imagens e outros recursos).
Pela simplicidade, é rápido para carregar e usar, tor-
nando-se ideal para tomar notas ou salvar conversas em
chats, usando Ctrl+C e Ctrl+V (a maioria dos chats não
disponibiliza um recurso para salvar).
Também funciona para editar programas de compu-
Principais Acessórios do Windows 10 tador, como códigos emHTML, ASP, PHP, etc.
Existem outros, outros poderão ser lançados e incre-
WordPad
mentados, mas os relacionados a seguir são os mais po-
pulares:
- Assistência Rápida
- Bloco de Notas
- Calculadora
- Ferramenta de Captura
NOÇÕES DE INFORMÁTICA E PROCESSO DIGITAL

- Internet Explorer
- Mapa de Caracteres
- Paint
- Windows Explorer
- WordPad

Vantagens dos Acessórios do Windows


Algumas pessoas desprezam esses programas por
acharem que são muito simples. Na verdade, trata-se de
preconceito por falta de capacitação adequada. Diferente do Bloco de Notas, o WordPad (substituto
São fáceis de aprender do Write) é um editor de textos mais sofisticado. Pode-
Rápidos para carregar mos dizer, uma “miniatura do Word”, inclusive, com mui-
De excelente qualidade tas compatibilidades.
Tão úteis quanto a calculadora, bloco de papel, pos- É uma alternativa gratuita para criar e/ou editar docu-
tits e outros itens que você encontra numa mesa de es- mentos, como contratos, por exemplo, mesmo que tenha
critório. sido criado originalmente no Word.

13
Muitos concursos e exames de progressão exigem o O outro é o assistente digital da Microsoft (Cortana), po-
conhecimento do WordPad rem ainda não está disponível no Brasil.

Ferramenta de Captura

O Office 2016 (que também é compatível com as ver-


sões 7 e 8 do Windows), está completamente otimiza-
do para extrair o máximo do Windows 10, criando uma
solução ideal de produtividade. Uma das possibilidades
está com o novo recurso Windows Hello, que facilita o
processo de login no computador por meio de reconhe-
cimento facial, da íris ou da impressão digital. Ele pode
ser usado também para acessar o Office de forma segura
e simples (mas exige uma câmera especial para isso).
Graças ao Windows 10, os novos aplicativos do Office
para mobile contam com uma interface ótima para telas
de toque e são universais, o que os torna excelentes para
o recurso Continuum do sistema operacional. A função
Para você ter uma idéia, a Ferramenta de Captura (Sni- permite que novos smartphones com o sistema da Mi-
pping Tool), é de uma simplicidade incrível, mas extrema- crosoft possam ser utilizados como PCs por meio de um
mente útil. dock específico para conectá-lo a um monitor, permitin-
Com a Ferramenta de Captura você copia e salva do a liberdade que o teclado e mouse proporcionam –
qualquer parte da sua tela, transformando num arqui- mas ainda não foi oficialmente lançado.
vo png ou jpg, por exemplo.
Fonte:
Área de transferência http://www.baboo.com.br/windows/10-novidades-
Área de transferência (conhecida popularmente -no-windows-10/
como copiar e colar) é um recurso utilizado por um sis- http://ziggi.uol.com.br/blog/windows-10-explora-
dor-de-arquivos-4671#ixzz4fZmKAUlx
tema operacional para o armazenamento de pequenas
https://www.ciabyte.com.br/faq/acessorios-windows.
quantidades de dados para transferência entre docu-
asp
mentos ou aplicativos, através das operações de cor-
https://olhardigital.uol.com.br/noticia/o-que-ha-de-
tar, copiar e colar bastando apenas clicar com o botão
-novo-no-office-2016/51582
direito do mouse e selecionar uma das opções. O uso
mais comum é como parte de uma interface gráfica, e
geralmente é implementado como blocos temporários
de memória que podem ser acessados pela maioria ou EXERCÍCIOS COMENTADOS
todos os programas do ambiente. Implementações an-
tigas armazenavam dados como texto plano, sem meta 1. (ESCRIVÃO DE POLÍCIA – CESPE – 2013) Considere
informações como tipo de fonte, estilo ou cor. As mais que o usuário de um computador com sistema opera-
recentes implementações suportam múltiplos formatos cional Windows 7 tenha permissão de administrador e
de dados, que variam entre RTF e HTML, passando por
NOÇÕES DE INFORMÁTICA E PROCESSO DIGITAL

deseje fazer o controle mais preciso da segurança das


uma variedade de formatos de imagens como bitmap e conexões de rede estabelecidas no e com o seu compu-
vetor até chegar a tipos mais complexos como planilhas tador. Nessa situação, ele poderá usar o modo de segu-
e registros de banco de dados. rança avançado do firewall do Windows para especificar
Ctrl+C para copiar informação para a Área de Trans- precisamente quais aplicativos podem e não podem fa-
ferência zer acesso à rede, bem como quais serviços residentes
Ctrl+X para cortar informação para a Área de Trans- podem, ou não, ser externamente acessados.
ferência
Ctrl+V para colar informação da Área de Transferência ( ) CERTO ( ) ERRADO

Integração do office 2016 com Windows 10 Resposta: Certo. Um firewall (em português: Parede
de fogo) é um dispositivo de uma rede de compu-
O Office 2016 é a primeira versão do programa desde tadores que tem por objetivo aplicar uma política de
o lançamento do Windows 10, com alguns truques incor- segurança a um determinado ponto da rede. O fire-
porados a ele como o Windows Hello que é um acumu- wall pode ser do tipo filtros de pacotes, proxy de apli-
lado de identificadores biométricos que podem ou não cações, etc. Os firewalls são geralmente associados a
estar presentes na máquina, como leitores digitais e íris. redes TCP/IP.

14
Este dispositivo de segurança existe na forma de soft- Resposta: Errado. As versões mais recentes do Win-
ware e de hardware, a combinação de ambos é cha- dows existe este recurso. Para usá-lo há a necessidade
mada tecnicamente de “appliance”. A complexidade de que a tela seja sensível ao toque.
de instalação depende do tamanho da rede, da polí-
tica de segurança, da quantidade de regras que con- 6. (AGENTE – CESPE – 2014) Comparativamente a
trolam o fluxo de entrada e saída de informações e do computadores com outros sistemas operacionais, com-
grau de segurança desejado. putadores com o sistema Linux apresentam a vantagem
de não perderem dados caso as máquinas sejam desliga-
2. (PERITO CRIMINAL – CESPE – 2013) A instalação e
das por meio de interrupção do fornecimento de energia
a atualização de programas na plataforma Linux a serem
elétrica.
efetuadas com o comando aptget, podem ser acionadas
por meio das opções install e upgrade, respectivamente.
Em ambos os casos, é indispensável o uso do comando ( ) CERTO ( ) ERRADO
sudo, ou equivalente, se o usuário não for administrador
do sistema. Resposta: Errado. Nenhum sistema operacional pos-
sui a vantagem de não perder dados caso a máquina
( ) CERTO ( ) ERRADO seja desligada por meio de interrupção do forneci-
mento de energia elétrica.
Resposta: Errado. O comando para a atualização é
“sudo apt-get upgrade”. O comando para instalar pa- 7. (AGENTE – CESPE – 2014) As rotinas de inicialização
cotes é “sudo apt-get install nome_do_pacote”. O co- GRUB e LILO, utilizadas em diversas distribuições Linux,
mando é “apt-get” e não “aptget”. O comando sudo podem ser acessadas por uma interface de linha de co-
realmente permite a usuários comuns obter privilégios mando.
de outro usuário como o administrador
( ) CERTO ( ) ERRADO
3. (PERITO CRIMINAL – CESPE – 2013) Em compu-
tadores com sistema operacional Linux ou Windows, o Resposta: Certo. É possível acessar as rotinas de ini-
aumento da memória virtual possibilita a redução do
cialização GRUB e LILO para realizar a sua configura-
consumo de memória RAM em uso, o que permite exe-
ção, assim como é possível alterar as opções de inicia-
cutar, de forma paralela e distribuída, no computador,
lização do Windows (em Win+Pause, Configurações
uma quantidade maior de programas.
Avançadas do Sistema, Propriedades do Sistema, Ini-
( ) CERTO ( ) ERRADO cialização e Recuperação).

Resposta: Errado. O que torna esta alternativa mais 8. (ESCRIVÃO DE POLÍCIA – CESPE – 2013) Conside-
eficaz é o uso da memória em um dispositivo alterna- re que um usuário de login joao_jose esteja usando o
tivo (para o PC não “travar”), e não uma redução de Windows Explorer para navegar no sistema de arquivos
consumo de memória RAM em uso, visto que esta op- de um computador com ambiente Windows 7. Considere
ção foi projetada para ajudar quando a memória RAM ainda que, enquanto um conjunto de arquivos e pastas é
do PC for insuficiente para a execução de demasiados apresentado, o usuário observe, na barra de ferramentas
programas. do Windows Explorer, as seguintes informações: Biblio-
tecas > Documentos > Projetos. Nessa situação, é mais
4. (PAPILOSCOPISTA – CESPE – 2012) Tanto no siste- provável que tais arquivos e pastas estejam contidos no
ma operacional Windows quanto no Linux, cada arquivo, diretório C:\Bibliotecas\Documentos\Projetos que no di-
diretório ou pasta encontra-se em um caminho, podendo retório C:\Users\joao_jose\Documents\Projetos.
cada pasta ou diretório conter diversos arquivos que são
gravados nas unidades de disco nas quais permanecem
NOÇÕES DE INFORMÁTICA E PROCESSO DIGITAL

( ) CERTO ( ) ERRADO
até serem apagados. Em uma mesma rede é possível ha-
Resposta: Errado. O correto é “C:\Users\joao_jose\
ver comunicação e escrita de pastas, diretórios e arquivos
Documents\Projetos”. Há possibilidade das pastas
entre máquinas com Windows e máquinas com Linux.
estarem em outro diretório, se forem feitas configu-
( ) CERTO ( ) ERRADO rações customizadas pelo usuário. Mesmo na configu-
ração em português o diretório dos documentos do
Resposta: Certo. O sistema Linux e o sistema Windo- usuário continua sendo nomeado em inglês: “docu-
ws conseguem compartilhar diretórios/pastas entre si ments”. Portanto, a afirmação de que o diretório seria
pois utilizam se do protocolo, o SMB.CIFS. “C:\biblioteca\documentos\projetos” não está correta.
O item considera o comportamento padrão do siste-
5. (AGENTE ADMINISTRATIVO – CESPE – 2014) No ma operacional Windows 7, e, portanto, a afirmação
Windows, não há possibilidade de o usuário interagir não pode ser absoluta, devido à flexibilidade inerente
com o sistema operacional por meio de uma tela de a este sistema software. A premissa de que a informa-
computador sensível ao toque. ção fosse apresentada na barra de ferramentas não
compromete o entendimento da questão.”
( ) CERTO ( ) ERRADO

15
9. (AGENTE ADMINISTRATIVO – CESPE – 2014) No Resposta: Letra B. Comentários: O Windows Explorer,
ambiente Linux, é possível utilizar comandos para copiar mostra de forma bem clara a organização por meio
arquivos de um diretório para um pen drive. de PASTAS, que nada mais são do que compartimen-
tos que ajudam a organizar os arquivos em endereços
( ) CERTO ( ) ERRADO específicos, como se fosse um sistema de armário e
gavetas.
Resposta: Certo. No ambiente Linux, é permitida a
execução de vários comandos por meio de um con- 13- Um item selecionado do Windows pode ser excluído
sole. O comando “cp” é utilizado para copiar arquivos permanentemente, sem colocá-Lo na Lixeira, pressionan-
entre diretórios e arquivos para dispositivos. do-se simultaneamente as teclas

10. (DELEGADO DE POLÍCIA – CESPE – 2004) Ao se a) Ctrl + Delete.


clicar a opção , será exibida uma janela por b) Shift + End.
meio da qual se pode verificar diversas propriedades do c) Shift + Delete.
arquivo, como o seu tamanho e os seus atributos. d) Ctrl + End.
Em computadores do tipo PC, a comunicação com peri- e) Ctrl + X.
féricos pode ser realizada por meio de diferentes interfa-
ces. Acerca desse assunto, julgue os seguintes itens.
Resposta: Letra C. Comentário: Quando desejamos
( ) CERTO ( ) ERRADO excluir permanentemente um arquivo ou pasta no
Resposta: Certo. Dentre as diversas opções que po- Windows sem enviar antes para a lixeira, basta pres-
dem ser consultadas ao se ativar as propriedades de sionarmos a tecla Shift em conjunto com a tecla Dele-
um arquivo estão as opções: tamanho e os seus atri- te. O Windows exibirá uma mensagem do tipo “Você
butos. tem certeza que deseja excluir permanentemente este
arquivo?” ao invés de “Você tem certeza que deseja
11- Com relação ao sistema operacional Windows, assi- enviar este arquivo para a lixeira?”.
nale a opção correta.
14- Qual a técnica que permite reduzir o tamanho de
a) A desinstalação de um aplicativo no Windows deve arquivos, sem que haja perda de informação?
ser feita a partir de opção equivalente do Painel de
Controle, de modo a garantir a correta remoção dos a) Compactação
arquivos relacionados ao aplicativo, sem prejuízo ao b) Deleção
sistema operacional. c) Criptografia
b) O acionamento simultâneo das teclas CTRL, ALT e DE- d) Minimização
LETE constitui ferramenta poderosa de acesso direto e) Encolhimento adaptativo
aos diretórios de programas instalados na máquina Resposta: Letra A. Comentários: A compactação de
em uso. arquivos é uma técnica amplamente utilizada. Alguns
c) O Windows oferece acesso facilitado a usuários de um arquivos compactados podem conter extensões ZIP,
computador, pois bastam o nome do usuário e a senha TAR, GZ, RAR e alguns exemplos de programas com-
da máquina para se ter acesso às contas dos demais pactadores são o WinZip, WinRar, SolusZip, etc.
usuários possivelmente cadastrados nessa máquina.
d) O Windows oferece um conjunto de acessórios dispo- 15- Quanto ao Windows Explorer, assinale a opção cor-
níveis por meio da instalação do pacote Office, entre reta.
eles, calculadora, bloco de notas, WordPad e Paint.
e) O comando Fazer Logoff, disponível a partir do botão a) O Windows Explorer é utilizado para gerenciar pastas
Iniciar do Windows, oferece a opção de se encerrar o e arquivos e por seu intermédio não é possível acessar
Windows, dar saída no usuário correntemente em uso o Painel de Controle, o qual só pode ser acessado pelo
NOÇÕES DE INFORMÁTICA E PROCESSO DIGITAL

na máquina e, em seguida, desligar o computador. botão Iniciar do Windows.


b) Para se obter a listagem completa dos arquivos salvos
Resposta: Letra A. Comentários: Para desinstalar um em um diretório, exibindo-se tamanho, tipo e data de
programa de forma segura deve-se acessar Painel de modificação, deve-se selecionar Detalhes nas opções
Controle / Adicionar ou remover programas de Modos de Exibição.
c) No Windows Explorer, o item Meus Locais de Rede
12- Nos sistemas operacionais como o Windows, as in- oferece um histórico de páginas visitadas na Internet
formações estão contidas em arquivos de vários forma- para acesso direto a elas.
tos, que são armazenados no disco fixo ou em outros d) Quando um arquivo estiver aberto no Windows e a
tipos de mídias removíveis do computador, organizados opção Renomear for acionada no Windows Explorer
em: com o botão direito do mouse,será salva uma nova
versão do arquivo e a anterior continuará aberta com
(A) telas. o nome antigo.
(B) pastas. e) Para se encontrar arquivos armazenados na estrutura
(C) janelas. de diretórios do Windows, deve-se utilizar o sítio de
(D) imagens. busca Google, pois é ele que dá acesso a todos os
(E) programas. diretórios de máquinas ligadas à Internet.

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Resposta: Letra B. Comentários: Na opção Modos de Redes Metropolitanas (Metropolitan Area Network –
Exibição, os arquivos são mostrados de várias formas MAN) – quando a distância dos equipamentos conec-
como Listas, Miniaturas e Detalhes. tados à uma rede atinge áreas metropolitanas, cerca de
10km. Ex.: TV à cabo;
CONCEITOS BÁSICOS DE REDES DE Redes a Longas Distâncias (Wide Area Network –
COMPUTADORES. INTERNET E INTRANET WAN) – rede que faz a cobertura de uma grande área
(PROGRAMAS DE NAVEGAÇÃO, E-MAIL, geográfica, geralmente, um país, cerca de 100 km;
SITES). Redes Interligadas (Interconexão de WANs) – são re-
des espalhadas pelo mundo podendo ser interconecta-
das a outras redes, capazes de atingirem distâncias bem
Redes de computadores maiores, como um continente ou o planeta. Ex.: Internet;
Rede sem Fio ou Internet sem Fio (Wireless Local Area
Redes de Computadores refere-se à interligação por Network – WLAN) – rede capaz de conectar dispositivos
meio de um sistema de comunicação baseado em trans- eletrônicos próximos, sem a utilização de cabeamento.
missões e protocolos de vários computadores com o ob- Além dessa, existe também a WMAN, uma rede sem fio
jetivo de trocar informações, entre outros recursos. Essa para área metropolitana e WWAN, rede sem fio para
ligação é chamada de estações de trabalho (nós, pontos grandes distâncias.
ou dispositivos de rede).
Atualmente, existe uma interligação entre computa-
Topologia de Redes
dores espalhados pelo mundo que permite a comunica-
ção entre os indivíduos, quer seja quando eles navegam
pela internet ou assiste televisão. Diariamente, é necessá- Astopologias das redes de computadores são as es-
rio utilizar recursos como impressoras para imprimir do- truturas físicas dos cabos, computadores e componen-
cumentos, reuniões através de videoconferência, trocar tes. Existem as topologias físicas, que são mapas que
e-mails, acessar às redes sociais ou se entreter por meio mostram a localização de cada componente da rede que
de jogos, etc. serão tratadas a seguir. e as lógicas, representada pelo
Hoje, não é preciso estar em casa para enviar e-mails, modo que os dados trafegam na rede:
basta ter um tablet ou smartphone com acesso à inter- Topologia Ponto-a-ponto – quando as máquinas es-
net nos dispositivos móveis. Apesar de tantas vantagens, tão interconectadas por pares através de um roteamento
o crescimento das redes de computadores também tem de dados;
seu lado negativo. A cada dia surgem problemas que Topologia de Estrela – modelo em que existe um pon-
prejudicam as relações entre os indivíduos, como pirata- to central (concentrador) para a conexão, geralmente um
ria, espionagem, phishing - roubos de identidade, assun- hub ou switch;
tos polêmicos como racismo, sexo, pornografia, sendo
Topologia de Anel – modelo atualmente utilizado em
destacados com mais exaltação, entre outros problemas.
automação industrial e na década de 1980 pelas redes
Há muito tempo, o ser humano sentiu a necessida-
de de compartilhar conhecimento e estabelecer relações Token Ring da IBM. Nesse caso, todos os computadores
com pessoas a distância. Na década de 1960, durante são entreligados formando um anel e os dados são pro-
a Guerra Fria, as redes de computadores surgiram com pagados de computador a computador até a máquina
objetivos militares: interconectar os centros de comando de origem;
dos EUA para com objetivo de proteger e enviar dados. Topologia de Barramento – modelo utilizado nas pri-
meiras conexões feitas pelas redes Ethernet. Refere- se
Alguns tipos de Redes de Computadores a computadores conectados em formato linear, cujo ca-
beamento é feito sequencialmente;
NOÇÕES DE INFORMÁTICA E PROCESSO DIGITAL

Antigamente, os computadores eram conectados Redes de Difusão (Broadcast) – quando as máquinas


em distâncias curtas, sendo conhecidas como redes lo- estão interligadas por um mesmo canal através de paco-
cais. Mas, com a evolução das redes de computadores, tes endereçados (unicast, broadcast e multicast).
foi necessário aumentar a distância da troca de infor-
mações entre as pessoas. As redes podem ser classifi-
Cabos
cadas de acordo com sua arquitetura (Arcnet, Ethernet,
DSL, Token ring, etc.), a extensão geográfica (LAN, PAN,
MAN, WLAN, etc.), a topologia (anel, barramento, estrela, Os cabos ou cabeamentos fazem parte da estrutura
ponto-a-ponto, etc.) e o meio de transmissão (redes por física utilizada para conectar computadores em rede, es-
cabo de fibra óptica, trançado, via rádio, etc.). tando relacionados a largura de banda, a taxa de trans-
Veja alguns tipos de redes: missão, padrões internacionais, etc. Há vantagens e des-
Redes Pessoais (Personal Area Networks – PAN) – se vantagens para a conexão feita por meio de cabeamento.
comunicam a 1 metro de distância. Ex.: Redes Bluetooth; Os mais utilizados são:
Redes Locais (Local Area Networks – LAN) – redes em Cabos de Par Trançado – cabos caracterizados por sua
que a distância varia de 10m a 1km. Pode ser uma sala, velocidade, pode ser feito sob medida, comprados em
um prédio ou um campus de universidade; lojas de informática ou produzidos pelo usuário;

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Cabos Coaxiais – cabos que permitem uma distância Roteadores: Dispositivo utilizado para conectar redes
maior na transmissão de dados, apesar de serem flexíveis, e arquiteturas diferentes e de grande porte. Ele funciona
são caros e frágeis. Eles necessitam de barramento ISA, como um tipo de ponte na camada de rede do modelo
suporte não encontrado em computadores mais novos; OSI (Open Systens Interconnection - protocolo de inter-
Cabos de Fibra Óptica – cabos complexos, caros e de conexão de sistemas abertos para conectar máquinas de
difícil instalação. São velozes e imunes a interferências diferentes fabricantes), identificando e determinando um
eletromagnéticas. IP para cada computador que se conecta com a rede.
Sua principal atribuição é ordenar o tráfego de da-
#FicaDica dos na rede e selecionar o melhor caminho. Existem os
roteadores estáticos, capaz de encontrar o menor cami-
Após montar o cabeamento de rede nho para tráfego de dados, mesmo se a rede estiver con-
é necessário realizar um teste através gestionada; e os roteadores dinâmicos que encontram
dos testadores de cabos, adquirido em caminhos mais rápidos e menos congestionados para o
lojas especializadas. Apesar de testar o
tráfego.
funcionamento, ele não detecta se existem
ligações incorretas. É preciso que um técnico Modem: Dispositivo responsável por transformar a
veja se os fios dos cabos estão na posição onda analógica que será transmitida por meio da linha
certa. telefônica, transformando-a em sinal digital original.
Servidor: Sistema que oferece serviço para as redes
de computadores, como por exemplo, envio de arquivos
Sistema de Cabeamento Estruturado ou e-mail. Os computadores que acessam determinado
servidor são conhecidos como clientes.
Para que essa conexão não prejudique o ambiente de
Placa de Rede: Dispositivo que garante a comunica-
trabalho, em uma grande empresa, são necessárias várias
ção entre os computadores da rede. Cada arquitetura de
conexões e muitos cabos, sendo necessário o cabeamen-
to estruturado. rede depende de um tipo de placa específica. As mais
Por meio dele, um técnico irá poupar trabalho e tem- utilizadas são as do tipo Ethernet e Token Ring (rede em
po, tanto para fazer a instalação, quanto para a remoção anel).
da rede. Ele é feito através das tomadas RJ-45 que pos-
sibilitam que vários conectores possam ser inseridos em Conceitos de tecnologias relacionadas à Internet e
um único local, sem a necessidade de serem conectados Intranet, busca e pesquisa na Web, mecanismos de
diretamente no hub. busca na Web.
Além disso, o sistema de cabeamento estruturado
possui um painel de conexões, o Patch Panel, onde os O objetivo inicial da Internet era atender necessida-
cabos das tomadas RJ-45 são conectados, sendo um des militares, facilitando a comunicação. A agência nor-
concentrador de tomadas, favorecendo a manutenção te-americana ARPA – ADVANCED RESEARCH AND PRO-
das redes. Eles são adaptados e construídos para serem JECTS AGENCY e o Departamento de Defesa americano,
inseridos em um rack. na década de 60, criaram um projeto que pudesse conec-
Todo esse planejamento deve fazer parte do projeto tar os computadores de departamentos de pesquisas e
do cabeamento de rede, em que a conexão da rede é bases militares, para que, caso um desses pontos sofres-
pensada de forma a realizar a sua expansão. se algum tipo de ataque, as informações e comunicação
Repetidores: Dispositivo capaz de expandir o cabea- não seriam totalmente perdidas, pois estariam salvas em
mento de rede. Ele poderá transformar os sinais recebi- outros pontos estratégicos.
dos e enviá-los para outros pontos da rede. Apesar de O projeto inicial, chamado ARPANET, usava uma co-
serem transmissores de informações para outros pontos, nexão a longa distância e possibilitava que as mensagens
eles também diminuem o desempenho da rede, poden- fossem fragmentadas e endereçadas ao seu computador
do haver colisões entre os dados à medida que são ane- de destino. O percurso entre o emissor e o receptor da
xas outras máquinas. Esse equipamento, normalmente, informação poderia ser realizado por várias rotas, assim,
NOÇÕES DE INFORMÁTICA E PROCESSO DIGITAL

encontra-se dentro do hub.


caso algum ponto no trajeto fosse destruído, os dados
Hubs: Dispositivos capazes de receber e concentrar
poderiam seguir por outro caminho garantindo a entre-
todos os dados da rede e compartilhá-los entre as outras
ga da informação, é importante mencionar que a maior
estações (máquinas). Nesse momento nenhuma outra
máquina consegue enviar um determinado sinal até que distância entre um ponto e outro, era de 450 quilôme-
os dados sejam distribuídos completamente. Eles são uti- tros. No começo dos anos 80, essa tecnologia rompeu as
lizados em redes domésticas e podem ter 8, 16, 24 e 32 barreiras de distância, passando a interligar e favorecer
portas, variando de acordo com o fabricante. Existem os a troca de informações de computadores de universi-
Hubs Passivos, Ativos, Inteligentes e Empilháveis. dades dos EUA e de outros países, criando assim uma
Bridges: É um repetidor inteligente que funciona rede (NET) internacional (INTER), consequentemente seu
como uma ponte. Ele lê e analisa os dados da rede, além nome passa a ser, INTERNET.
de relacionar diferentes arquiteturas. A evolução não parava, além de atingir fronteiras
Switches: Tipo de aparelho semelhante a um hub, continentais, os computadores pessoais evoluíam em
mas que funciona como uma ponte: ele envia os dados forte escala alcançando forte potencial comercial, a Inter-
apenas para a máquina que o solicitou. Ele possui muitas net deixou de conectar apenas computadores de univer-
portas de entrada e melhor performance, podendo ser sidades, passou a conectar empresas e, enfim, usuários
utilizado para redes maiores. domésticos. Na década de 90, o Ministério das Comu-

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nicações e o Ministério da Ciência e Tecnologia do Brasil Encontramos, ainda, variações na URL de um site,
trouxeram a Internet para os centros acadêmicos e co- que demonstram a finalidade e organização que o criou,
merciais. Essa tecnologia rapidamente foi tomando conta como:
de todos os setores sociais até atingir a amplitude de sua .gov - Organização governamental
difusão nos tempos atuais. .edu - Organização educacional
Um marco que é importante frisar é o surgimento do .org - Organização
.ind - Organização Industrial
WWW que foi a possibilidade da criação da interface grá-
.net - Organização telecomunicações
fica deixando a internet ainda mais interessante e vanta-
.mil - Organização militar
josa, pois até então, só era possível a existência de textos. .pro - Organização de profissões
Para garantir a comunicação entre o remetente e o .eng – Organização de engenheiros
destinatário o americano Vinton Gray Cerf, conhecido E também, do país de origem:
como o pai da internet criou os protocolos TCP/IP, que .it – Itália
são protocolos de comunicação. O TCP – TRANSMIS- .pt – Portugal
SION CONTROL PROTOCOL (Protocolo de Controle de .ar – Argentina
Transmissão) e o IP – INTERNET PROTOCOL (Protocolo .cl – Chile
de Internet) são conjuntos de regras que tornam possível .gr – Grécia
tanto a conexão entre os computadores, quanto ao en-
tendimento da informação trocada entre eles. Quando vemos apenas a terminação .com, sabemos
A internet funciona o tempo todo enviando e rece- que se trata de um site hospedado em um servidor dos
Estados Unidos.
bendo informações, por isso o periférico que permite a
- HTTPS (Hypertext transfer protocol secure): Se-
conexão com a internet chama MODEM, porque que ele
melhante ao HTTP, porém permite que os dados sejam
MOdula e DEModula sinais, e essas informações só po- transmitidos através de uma conexão criptografada e
dem ser trocadas graças aos protocolos TCP/IP. que se verifique a autenticidade do servidor e do cliente
através de certificados digitais.
Protocolos Web - FTP (File Transfer Protocol): Protocolo de trans-
ferência de arquivo, é o protocolo utilizado para poder
Já que estamos falando em protocolos, citaremos ou- subir os arquivos para um servidor de internet, seus pro-
tros que são largamente usados na Internet: gramas mais conhecidos são, o Cute FTP, FileZilla e Lee-
- HTTP (Hypertext Transfer Protocol): Protocolo de chFTP, ao criar um site, o profissional utiliza um desses
transferência de Hipertexto, desde 1999 é utilizado para programas FTP ou similares e executa a transferência dos
trocar informações na Internet. Quando digitamos um arquivos criados, o manuseio é semelhante à utilização
site, automaticamente é colocado à frente dele o http:// de gerenciadores de arquivo, como o Windows Explorer,
por exemplo.
Exemplo: http://www.novaconcursos.com.br
- POP (Post Office Protocol): Protocolo de Posto dos
Onde:
Correios permite, como o seu nome o indica, recuperar
http:// → Faz a solicitação de um arquivo de hipermí- o seu correio num servidor distante (o servidor POP). É
dia para a Internet, ou seja, um arquivo que pode conter necessário para as pessoas não ligadas permanentemen-
texto, som, imagem, filmes e links. te à Internet, para poderem consultar os mails recebidos
- URL (Uniform Resource Locator): Localizador Padrão offline. Existem duas versões principais deste protocolo,
de recursos, serve para endereçar um recurso na web, o POP2 e o POP3, aos quais são atribuídas respectiva-
é como se fosse um apelido, uma maneira mais fácil de mente as portas 109 e 110, funcionando com o auxílio de
acessar um determinado site. comandos textuais radicalmente diferentes, na troca de
Exemplo: http://www.novaconcursos.com.br, onde: e-mails ele é o protocolo de entrada.
- IMAP (Internet Message Access Protocol): É um
protocolo alternativo ao protocolo POP3, que oferece
Faz a solicitação de um arquivo de muitas mais possibilidades, como, gerir vários acessos si-
http://
hiper mídia para a Internet.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA E PROCESSO DIGITAL

multâneos e várias caixas de correio, além de poder criar


Estipula que esse recurso está na mais critérios de triagem.
rede mundial de computadores - SMTP (Simple Mail Transfer Protocol): É o protocolo
www padrão para envio de e-mails através da Internet. Faz a
(veremos mais sobre www em um
próximo tópico). validação de destinatários de mensagens. Ele que veri-
fica se o endereço de e-mail do destinatário está corre-
É o endereço de domínio. Um tamente digitado, se é um endereço existente, se a caixa
endereço de domínio representará de mensagens do destinatário está cheia ou se recebeu
novaconcursos
sua empresa ou seu espaço na sua mensagem, na troca de e-mails ele é o protocolo de
Internet. saída.
- UDP (User Datagram Protocol): Protocolo que atua
Indica que o servidor onde esse site na camada de transporte dos protocolos (TCP/IP). Permi-
está te que a aplicação escreva um datagrama encapsulado
.com
hospedado é de finalidades num pacote IP e transportado ao destino. É muito co-
comerciais. mum lermos que se trata de um protocolo não confiável,
.br Indica queo servidor está no Brasil. isso porque ele não é implementado com regras que ga-
rantam tratamento de erros ou entrega.

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Provedor - Áudio/Vídeo (Arquivos WAV, MID, AVI, etc.).
- Visualizadores de Imagens (Arquivos JPG, GIF, BMP,
O provedor é uma empresa prestadora de serviços PCX, etc.).
que oferece acesso à Internet. Para acessar a Internet, é - Negócios e Utilitários.
necessário conectar-se com um computador que já este- - Apresentações.
ja na Internet (no caso, o provedor) e esse computador
deve permitir que seus usuários também tenham acesso INTRANET
a Internet.
No Brasil, a maioria dos provedores está conectada A Intranet ou Internet Corporativa é a implantação de
à Embratel, que por sua vez, está conectada com outros uma Internet restrita apenas a utilização interna de uma
empresa. As intranets ou Webs corporativas, são redes
computadores fora do Brasil. Esta conexão chama-se link,
de comunicação internas baseadas na tecnologia usada
que é a conexão física que interliga o provedor de aces-
na Internet. Como um jornal editado internamente, e que
so com a Embratel. Neste caso, a Embratel é conhecida
pode ser acessado apenas pelos funcionários da empre-
como backbone, ou seja, é a “espinha dorsal” da Internet sa.
no Brasil. Pode-se imaginar o backbone como se fosse A intranet cumpre o papel de conectar entre si filiais
uma avenida de três pistas e os links como se fossem as e departamentos, mesclando (com segurança) as suas
ruas que estão interligadas nesta avenida. Tanto o link informações particulares dentro da estrutura de comuni-
como o backbone possui uma velocidade de transmis- cações da empresa.
são, ou seja, com qual velocidade ele transmite os dados. O grande sucesso da Internet, é particularmente da
Esta velocidade é dada em bps (bits por segundo). World Wide Web (WWW) que influenciou muita coisa na
Deve ser feito um contrato com o provedor de acesso, evolução da informática nos últimos anos.
que fornecerá um nome de usuário, uma senha de aces- Em primeiro lugar, o uso do hipertexto (documentos
so e um endereço eletrônico na Internet. interligados através de vínculos, ou links) e a enorme fa-
cilidade de se criar, interligar e disponibilizar documentos
Home Page multimídia (texto, gráficos, animações, etc.), democrati-
zaram o acesso à informação através de redes de com-
Pela definição técnica temos que uma Home Page é putadores. Em segundo lugar, criou-se uma gigantesca
um arquivo ASCII (no formato HTML) acessado de com- base de usuários, já familiarizados com conhecimentos
putadores rodando um Navegador (Browser), que per- básicos de informática e de navegação na Internet. Fi-
nalmente, surgiram muitas ferramentas de software de
mite o acesso às informações em um ambiente gráfico
custo zero ou pequeno, que permitem a qualquer orga-
e multimídia. Todo em hipertexto, facilitando a busca de
nização ou empresa, sem muito esforço, “entrar na rede”
informações dentro das Home Pages. e começar a acessar e colocar informação. O resultado
inevitável foi a impressionante explosão na informação
#FicaDica disponível na Internet, que segundo consta, está dobran-
do de tamanho a cada mês.
O endereço de Home Pages tem o seguinte Assim, não demorou muito a surgir um novo concei-
formato: to, que tem interessado um número cada vez maior de
http://www.endereço.com/página.html empresas, hospitais, faculdades e outras organizações
Por exemplo, a página principal do meu pro- interessadas em integrar informações e usuários: a intra-
jeto de mestrado: net. Seu advento e disseminação promete operar uma
http://www.youtube.com/canaldoovidio revolução tão profunda para a vida organizacional quan-
to o aparecimento das primeiras redes locais de compu-
tadores, no final da década de 80.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA E PROCESSO DIGITAL

4. Plug-ins
O que é Intranet?
Os plug-ins são programas que expandem a capaci-
dade do Browser em recursos específicos - permitindo, O termo “intranet” começou a ser usado em meados
de 1995 por fornecedores de produtos de rede para se
por exemplo, que você toque arquivos de som ou veja
referirem ao uso dentro das empresas privadas de tecno-
filmes em vídeo dentro de uma Home Page. As empresas
logias projetadas para a comunicação por computador
de software vêm desenvolvendo plug-ins a uma veloci-
entre empresas. Em outras palavras, uma intranet consis-
dade impressionante. Maiores informações e endereços te em uma rede privativa de computadores que se baseia
sobre plug-ins são encontradas na página: nos padrões de comunicação de dados da Internet pú-
http://www.yahoo.com/Computers_and_Internet/ blica, baseadas na tecnologia usada na Internet (páginas
Software/ Internet/World_Wide_Web/Browsers/Plug_Ins/ HTML, e-mail, FTP, etc.) que vêm, atualmente fazendo
Indices/ muito sucesso. Entre as razões para este sucesso, estão
Atualmente existem vários tipos de plug-ins. Abaixo o custo de implantação relativamente baixo e a facilida-
temos uma relação de alguns deles: de de uso propiciada pelos programas de navegação na
- 3D e Animação (Arquivos VRML, MPEG, QuickTime, Web, os browsers.
etc.).

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Objetivo de construir uma Intranet Mecanismos de Buscas

Organizações constroem uma intranet porque ela é Pesquisar por algo no Google e não ter como retorno
uma ferramenta ágil e competitiva. Poderosa o suficien- exatamente o que você queria pode trazer algumas ho-
te para economizar tempo, diminuir as desvantagens da ras de trabalho a mais, não é mesmo? Por mais que os
distância e alavancar sobre o seu maior patrimônio de algoritmos de busca sejam sempre revisados e busquem
capital com conhecimentos das operações e produtos da de certa forma “adivinhar” o que se passa em sua cabeça,
empresa. lançar mão de alguns artifícios para que sua busca seja
Aplicações da Intranet otimizada poupará seu tempo e fará com que você tenha
acesso a resultados mais relevantes.
Já é ponto pacífico que apoiarmos a estrutura de co- Os mecanismos de buscas contam com operadores
municações corporativas em uma intranet dá para sim- para filtro de conteúdo. A maior parte desse filtros, no
plificar o trabalho, pois estamos virtualmente todos na
entanto, pode não interessar a você, caso não seja um
mesma sala. De qualquer modo, é cedo para se afirmar
praticante de SEO. Contudo, alguns são realmente úteis
onde a intranet vai ser mais efetiva para unir (no sentido
e estão listados abaixo. Realize uma busca simples e de-
operacional) os diversos profissionais de uma empresa.
Mas em algumas áreas já se vislumbram benefícios, por pois aplique os filtros para poder ver o quanto os resul-
exemplo: tados podem ser mais especializados em relação ao que
- Marketing e Vendas - Informações sobre produtos, você procura.
listas de preços, promoções, planejamento de eventos;
- Desenvolvimento de Produtos - OT (Orientação de -palavra_chave
Trabalho), planejamentos, listas de responsabilidades de Retorna uma busca excluindo aquelas em que a pa-
membros das equipes, situações de projetos; lavra chave aparece. Por exemplo, se eu fizer uma busca
- Apoio ao Funcionário - Perguntas e respostas, sis- por computação, provavelmente encontrarei na relação
temas de melhoria contínua (Sistema de Sugestões), ma- dos resultados informaçõe sobre “Ciência da computa-
nuais de qualidade; ção“. Contudo, se eu fizer uma busca por computação
- Recursos Humanos - Treinamentos, cursos, aposti- -ciência, os resultados que tem a palavra chave ciência
las, políticas da companhia, organograma, oportunida- serão omitidos.
des de trabalho, programas de desenvolvimento pessoal,
benefícios. +palavra_chave
Para acessar as informações disponíveis na Web cor- Retorna uma busca fazendo uma inclusão forçada de
porativa, o funcionário praticamente não precisa ser trei- uma palavra chave nos resultados. De maneira análoga
nado. Afinal, o esforço de operação desses programas se ao exemplo anterior, se eu fizer uma busca do tipo com-
resume quase somente em clicar nos links que remetem putação, terei como retorno uma gama mista de resul-
às novas páginas. No entanto, a simplicidade de uma in- tados. Caso eu queira filtrar somente os casos em que
tranet termina aí. Projetar e implantar uma rede desse ciências aparece, e também no estado de SP, realizo uma
tipo é uma tarefa complexa e exige a presença de pro- busca do tipo computação + ciência SP.
fissionais especializados. Essa dificuldade aumenta com
o tamanho da intranet, sua diversidade de funções e a “frase_chave”
quantidade de informações nela armazenadas. Retorna uma busca em que existam as ocorrências
dos termos que estão entre aspas, na ordem e grafia
A intranet é baseada em quatro conceitos:
exatas ao que foi inserido. Assim, se você realizar uma
busca do tipo “como faser” – sim, com a escrita incorreta
- Conectividade - A base de conexão dos computa-
dores ligados por meio de uma rede, e que podem trans- da palavra FAZER, verá resultados em que a frase idêntica
ferir qualquer tipo de informação digital entre si; foi empregada.
- Heterogeneidade - Diferentes tipos de computa-
palavras_chave_01 OR palavra_chave_02
NOÇÕES DE INFORMÁTICA E PROCESSO DIGITAL

dores e sistemas operacionais podem ser conectados de


forma transparente; Mostra resultado para pelo menos uma das palavras
- Navegação - É possível passar de um documento a chave citadas. Faça uma busca por facebook OR msn, por
outro por meio de referências ou vínculos de hipertexto, exemplo, e terá como resultado de sua busca, páginas
que facilitam o acesso não linear aos documentos; relevantes sobre pelo menos um dos dois temas - nes-
- Execução Distribuída - Determinadas tarefas de se caso, como as duas palavras chaves são populares, os
acesso ou manipulação na intranet só podem ocorrer dois resultados são apresentados em posição de desta-
graças à execução de programas aplicativos, que podem que.
estar no servidor, ou nos microcomputadores que aces-
sam a rede (também chamados de clientes, daí surgiu à filetype:tipo
expressão que caracteriza a arquitetura da intranet: clien- Retorna as buscas em que o resultado tem o tipo de
te-servidor). extensão especificada. Por exemplo, em uma busca fi-
- A vantagem da intranet é que esses programas são letype:pdf jquery serão exibidos os conteúdos da palavra
ativados através da WWW, permitindo grande flexibili- chave jquery que tiverem como extensão .pdf. Os tipos
dade. Determinadas linguagens, como Java, assumiram de extensão podem ser: PDF, HTML ou HTM, XLS, PPT,
grande importância no desenvolvimento de softwares DOC.
aplicativos que obedeçam aos três conceitos anteriores.

21
palavra_chave_01 * palavra_chave_02 tenham apenas rostos. Assim você consegue visualizar
Retorna uma “busca combinada”, ou seja, sendo o * apenas as fotos que contém pessoas.
um indicador de “qualquer conteúdo”, retorna resultados Depois de tudo organizado em seu computador, você
em que os termos inicial e final aparecem, independente pode escolher diversas opções para salvar e/ou compar-
do que “esteja entre eles”. Realize uma busca do tipo fa- tilhar suas fotos e imagens com amigos e parentes. Isso
cebook * msn e veja o resultado na prática. pode ser feito gravando um CD/DVD ou enviando via
Áudio e Vídeo Web. O programa possui integração com o PicasaWeb, o
A popularização da banda larga e dos serviços de qual possibilita enviar um álbum inteiro pela internet em
e-mail com grande capacidade de armazenamento está poucos segundos.
aumentando a circulação de vídeos na Internet. O pro- O IrfanView é um visualizador de imagem muito leve
blema é que a profusão de formatos de arquivos pode e com uma interface gráfica simples porém otimizada e
tornar a experiência decepcionante. fácil de utilizar, mesmo para quem não tem familiaridade
A maioria deles depende de um único programa para com este tipo de programa. Ele também dispõe de al-
rodar. Por exemplo, se a extensão é MOV, você vai neces- guns recursos simples de editor. Com ele é possível fazer
sitar do QuickTime, da Apple. Outros, além de um player operações como copiar e deletar imagens até o efeito
de vídeo, necessitam do “codec” apropriado. Acrônimo de remoção de olhos vermelhos em fotos. O programa
de “COder/DECoder”, codec é uma espécie de comple- oferece alternativas para aplicar efeitos como texturas e
mento que descomprime - e comprime - o arquivo. É o alteração de cores em sua imagem por meio de apenas
caso do MPEG, que roda no Windows Media Player, des- um clique.
de que o codec esteja atualizado - em geral, a instalação Além disso sempre é possível a visualização de ima-
é automática. gens pelo próprio gerenciador do Windows.
Com os três players de multimídia mais populares -
Windows Media Player, Real Player e Quicktime -, você Transferência de arquivos pela internet
dificilmente encontrará problemas para rodar vídeos,
tanto offline como por streaming (neste caso, o down- FTP (File Transfer Protocol – Protocolo de Transferên-
load e a exibição do vídeo são simultâneos, como na TV cia de Arquivos) é uma das mais antigas formas de inte-
Terra). ração na Internet. Com ele, você pode enviar e receber
Atualmente, devido à evolução da internet com os arquivos para, ou de computadores que se caracterizam
mais variados tipos de páginas pessoais e redes sociais, como servidores remotos. Voltaremos aqui ao conceito
há uma grande demanda por programas para trabalhar de arquivo texto (ASCII – código 7 bits) e arquivos não
com imagens. E, como sempre é esperado, em resposta a texto (Binários – código 8 bits). Há uma diferença interes-
isso, também há no mercado uma ampla gama de ferra- sante entre enviar uma mensagem de correio eletrônico
mentas existentes que fazem algum tipo de tratamento e realizar transferência de um arquivo. A mensagem é
ou conversão de imagens. sempre transferida como uma informação textual, en-
Porém, muitos destes programas não são o que se quanto a transferência de um arquivo pode ser caracteri-
pode chamar de simples e intuitivos, causando confusão zada como textual (ASCII) ou não-textual (binário).
em seu uso ou na manipulação dos recursos existentes. Um servidor FTP é um computador que roda um pro-
Caso o que você precise seja apenas um programa para grama que chamamos de servidor de FTP e, portanto, é
visualizar imagens e aplicar tratamentos e efeitos simples capaz de se comunicar com outro computador na Rede
ou montar apresentações de slides, é sempre bom dar que o esteja acessando através de um cliente FTP.
uma conferida em alguns aplicativos mais leves e com re- FTP anônimo versus FTP com autenticação existem
cursos mais enxutos como os visualizadores de imagens. dois tipos de conexão FTP, a primeira, e mais utilizada,
Abaixo, segue uma seleção de visualizadores, muitos é a conexão anônima, na qual não é preciso possuir um
deles trazendo os recursos mais simples, comuns e fáceis username ou password (senha) no servidor de FTP, bas-
de se utilizar dos editores, para você que não precisa de tando apenas identificar-se como anonymous (anônimo).
tantos recursos, mas ainda assim gosta de dar um trata- Neste caso, o que acontece é que, em geral, a árvore de
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mento especial para as suas mais variadas imagens. diretório que se enxerga é uma sub-árvore da árvore do
O Picasa está com uma versão cheia de inovações que sistema. Isto é muito importante, porque garante um
faz dele um aplicativo completo para visualização de fo- nível de segurança adequado, evitando que estranhos
tos e imagens. Além disso, ele possui diversas ferramen- tenham acesso a todas as informações da empresa.
tas úteis para editar, organizar e gerenciar arquivos de Quando se estabelece uma conexão de “FTP anônimo”,
imagem do computador. o que acontece em geral é que a conexão é posicionada
As ferramentas de edição possuem os métodos mais no diretório raiz da árvore de diretórios. Dentre os mais
avançados para automatizar o processo de correção de comuns estão: pub, etc, outgoing e incoming. O segundo
imagens. No caso de olhos vermelhos, por exemplo, o tipo de conexão envolve uma autenticação, e portanto, é
programa consegue identificar e corrigir todos os olhos indispensável que o usuário possua um username e uma
vermelhos da foto automaticamente sem precisar sele- password que sejam reconhecidas pelo sistema, quer di-
cionar um por um. Além disso, é possível cortar, endirei- zer, ter uma conta nesse servidor. Neste caso, ao esta-
tar, adicionar textos, inserir efeitos, e muito mais. belecer uma conexão, o posicionamento é no diretório
Um dos grandes destaques do Picasa é sua poderosa criado para a conta do usuário – diretório home, e dali
biblioteca de imagens. Ele possui um sistema inteligen- ele poderá percorrer toda a árvore do sistema, mas só
te de armazenamento capaz de filtrar imagens que con- escrever e ler arquivos nos quais ele possua.

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Assim como muitas aplicações largamente utilizadas • Partilha e busca de imagens e vídeos.
hoje em dia, o FTP também teve a sua origem no sistema • Partilha e busca de informações sobre temas varia-
operacional UNIX, que foi o grande percursor e respon- dos.
sável pelo sucesso e desenvolvimento da Internet. • Divulgação para compra e venda de produtos e ser-
Algumas dicas viços.
• Jogos, entre outros.
1. Muitos sites que aceitam FTP anônimo limitam o
número de conexões simultâneas para evitar uma Há dezenas de redes sociais. Dentre as mais conheci-
sobrecarga na máquina. Uma outra limitação pos- das, destacamos:
sível é a faixa de horário de acesso, que muitas • Facebook: interação e expansão de contatos.
vezes é considerada nobre em horário comercial, • Youtube: partilha de vídeos.
e portanto, o FTP anônimo é temporariamente de- • Whatsapp: envio de mensagens instantâneas e cha-
sativado. madas de voz.
2. Uma saída para a situação acima é procurar “sites • Instagram: partilha de fotos e vídeos.
espelhos” que tenham o mesmo conteúdo do site • Twitter: partilha de pequenas publicações, as quais
sendo acessado. são conhecidas como “tweets”.
3. Antes de realizar a transferência de qualquer arqui- • Pinterest: partilha de ideias de temas variados.
vo verifique se você está usando o modo correto, • Skype: telechamada.
isto é, no caso de arquivos-texto, o modo é ASCII, e • LinkedIn: interação e expansão de contatos profis-
no caso de arquivos binários (.exe, .com, .zip, .wav, sionais.
etc.), o modo é binário. Esta prevenção pode evitar • Badoo: relacionamentos amorosos.
perda de tempo. • Snapchat: envio de mensagens instantâneas.
4. Uma coisa interessante pode ser o uso de um servi- • Messenger: envio de mensagens instantâneas.
dor de FTP em seu computador. Isto pode permitir • Flickr: partilha de imagens.
que um amigo seu consiga acessar o seu compu-
• Google+: partilha de conteúdos.
tador como um servidor remoto de FTP, bastando
• Tumblr: partilha de pequenas publicações, seme-
que ele tenha acesso ao número IP, que lhe é atri-
lhante ao Twitter.
buído dinamicamente.
Vantagens e Desvantagens
Grupos de Discussão e Redes Sociais
Existem várias vantagens em fazer parte de redes
São espaços de convivências virtuais em que grupos
de pessoas ou empresas se relacionam por meio do en- sociais e é principalmente por isso que elas tiveram um
vio de mensagens, do compartilhamento de conteúdo, crescimento tão significativo ao longo dos anos.
entre outras ações. Isso porque as redes sociais podem aproximar as pes-
As redes sociais tiveram grande avanço devido a evo- soas. Afinal, elas são uma maneira fácil de manter as re-
lução da internet, cujo boom aconteceu no início do mi- lações e o contato com quem está distante, propiciando,
lênio. Vejamos como esse percurso aconteceu: assim, a possibilidade de interagir em tempo real.
Em 1994 foi lançado o GeoCities, a primeira comuni- As redes também facilitam a relação com quem está
dade que se assemelha a uma rede social. O GeoCities mais perto. Em decorrência da rotina corrida do dia a dia,
que, no entanto, não existe mais, orientava as pessoas nem sempre há tempo para que as pessoas se encon-
para que elas próprias criassem suas páginas na internet. trem fisicamente.
Em 1995 surge o The Globe, que dava aos internautas Além disso, as redes sociais oferecem uma forma rá-
a oportunidade de interagir com um grupo de pessoas. pida e eficaz de comunicar algo para um grande número
No mesmo ano, também surge uma plataforma que de pessoas ao mesmo tempo.
permite a interação com antigos colegas da escola, o Podemos citar como exemplo o fato de poder avisar
Classmates. um acontecimento, a preparação de uma manifestação
NOÇÕES DE INFORMÁTICA E PROCESSO DIGITAL

Já nos anos 2000, surge o Fotolog, uma plataforma ou a mobilização de um grupo para um protesto.
que, desta vez, tinha como foco a publicação de foto- No entanto, em decorrência de alguns perigos, as re-
grafias. des sociais apresentam as suas desvantagens. Uma delas
Em 2002 surge o que é considerada a primeira verda- é a falta de privacidade.
deira rede social, o Friendster. Por esse motivo, o uso das redes sociais tem sido
No ano seguinte, é lançado o LinkedIn, a maior rede cada vez mais discutido, inclusive pela polícia, que alerta
social de caráter profissional do mundo. para algumas precauções.
E em 2004, junto com a maior de todas as redes, o
Facebook, surgem o Orkut e o Flickr.
Há vários tipos de redes sociais. A grande diferença #FicaDica
entre elas é o seu objetivo, os quais podem ser:
• Estabelecimento de contatos pessoais (relações de Por ser algo muito atual, tem caído muitas ques-
amizade ou namoro). tões de redes sociais nos concursos atualmente.
• Networking: partilha e busca de conhecimentos
profissionais e procura emprego ou preenchimen-
to de vagas.

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O problema com o HTTP é que, em redes Wi-Fi ou
EXERCÍCIOS COMENTADOS outras conexões propícias a phishing (fraude eletrô-
nica) e hackers, pessoas mal-intencionadas podem
1. (ESCRIVÃO DE POLÍCIA – CESPE – 2013) Se uma atravessar o caminho e interceptar os dados transmiti-
impressora estiver compartilhada em uma intranet por dos com relativa facilidade. Portanto, uma conexão em
meio de um endereço IP, então, para se imprimir um ar- HTTP é insegura.
quivo nessa impressora, é necessário, por uma questão Nesse ponto entra o HTTPS (Hyper Text Transfer Pro-
de padronização dessa tecnologia de impressão, indicar tocol Secure), que insere uma camada de proteção na
no navegador web a seguinte url: transmissão de dados entre seu computador e o ser-
, em vidor. Em sites com endereço HTTPS, a comunicação
que deve estar acessível via rede e é criptografada, aumentando significativamente a se-
gurança dos dados. É como se cliente e servidor con-
versassem uma língua que só as duas entendessem,
deve ser do tipo PDF.
dificultando a interceptação das informações.
Para saber se está navegando em um site com crip-
tografia, basta verificar a barra de endereços, na qual
( ) CERTO ( ) ERRADO será possível identificar as letras HTTPS e, geralmente,
um símbolo de cadeado que denota segurança. Além
Resposta: Errado. Pelo comando da questão, esta afir- disso, o usuário deverá ver uma bandeira com o nome
ma que somente arquivos no formato PDF, poderiam do site, já que a conexão segura também identifica pá-
ser impressos, o que torna o item errado, o comando ginas na Internet por meio de seu certificado.
para impressão não verifica o formato do arquivo, tão
somente o local onde está o arquivo a ser impresso. 3. (ESCRIVÃO DE POLÍCIA – CESPE – 2013) Se o ser-
vidor proxy responder na porta 80 e a conexão passar
2. (ESCRIVÃO DE POLÍCIA – CESPE – 2013) Se, em por um firewall de rede, então o firewall deverá permitir
uma intranet, for disponibilizado um portal de informa- conexões de saída da estação do usuário com a porta 80
ções acessível por meio de um navegador, será possível de destino no endereço do proxy.
acessar esse portal fazendo-se uso dos protocolos HTTP
ou HTTPS, ou de ambos, dependendo de como esteja ( ) CERTO ( ) ERRADO
configurado o servidor do portal.
Resposta: Certo. E muitas redes LAN o servidor pro-
xy e o firewall estão no mesmo servidor físico/virtual,
porém isso não é uma regra, ou seja, os dois serviços
podem aparecer eventualmente em servidores físicos/
virtuais separados. Para que uma estação de usuário
(que utiliza proxy na porta 80) possa “sair” da rede
LAN para o mundo exterior “WAN” é necessário que
o firewall permita conexões de saída na mesma porta
em que o proxy está respondendo, ou seja, a porta 80.

4. (ESCRIVÃO DE POLÍCIA – CESPE – 2013) A opção


de usar um servidor proxy para a rede local faz que o IE
solicite autenticação em toda conexão de Internet que
for realizada.

( ) CERTO ( ) ERRADO

Resposta: Errado. Somente é solicitado a autentica-


NOÇÕES DE INFORMÁTICA E PROCESSO DIGITAL

ção se o servidor assim estiver configurado, do con-


trário nenhuma senha é solicitada, além de que foi de-
finido para a rede Interna e não para acesso à Internet.
Com base na figura acima, que ilustra as configurações
da rede local do navegador Internet Explorer (IE), versão 5. (PERITO CRIMINAL – CESPE – 2013) Considere
9, julgue os próximos itens. que um usuário necessite utilizar diferentes dispositivos
computacionais, permanentemente conectados à Inter-
( ) CERTO ( ) ERRADO net, que utilizem diferentes clientes de e-mail, como o
Outlook Express e Mozilla Thunderbird. Nessa situação, o
Resposta: Certo. HTTP (Hyper Text Transfer Protocol) usuário deverá optar pelo uso do protocolo IMAP (Inter-
é um protocolo, ou seja, uma determinada regra que net message access protocol), em detrimento do POP3
permite ao seu computador trocar informações com (post office protocol), pois isso permitirá a ele manter o
um servidor que abriga um site. Isso significa que, uma conjunto de e-mails no servidor remoto ou, alternativa-
vez conectados sob esse protocolo, as máquinas po- mente, fazer o download das mensagens para o compu-
dem receber e enviar qualquer conteúdo textual – os tador em uso.
códigos que resultam na página acessada pelo nave-
gador. ( ) CERTO ( ) ERRADO

24
Resposta: Certo. Em clientes de correios eletrônicos o 9. (DELEGADO DE POLÍCIA – CESPE – 2004) O con-
padrão é utilizar o Protocolo POP ou POP3 que tem a teúdo da página acessada pelo delegado, por conter da-
função de baixar as mensagens do servidor de e-mail dos importantes à ação do DPF, é constantemente atua-
para o computador que o programa foi configurado. lizado por seu webmaster. Após o acesso mencionado
Quando o POP é substituído pelo IMAP, essas men- acima, o delegado desejou verificar se houve alteração
sagens são baixadas para o computador do usuário desse conteúdo.
só que apenas uma cópia delas, deixando no servidor Nessa situação, ao clicar no botão , o delegado terá
as mensagens originais; quando o acesso é feito por condições de verificar se houve ou não a alteração men-
outro computador essas mensagens que estão no ser- cionada, independentemente da configuração do IE6,
vidor são baixadas para este outro computador, dei- mas desde que haja recursos técnicos e que o IE6 esteja
xando sempre a original no servidor. em modo online.

6. (PAPILOSCOPISTA – CESPE – 2012) Twitter, Orkut, ( ) CERTO ( ) ERRADO


Google+ e Facebook são exemplos de redes sociais que
utilizam o recurso scraps para propiciar o compartilha- Resposta: Certo. O botão atualizar (F5) efetua uma
mento de arquivos entre seus usuários nova consulta ao servidor WEB, recarregando deste
modo o arquivo novamente, se houver alterações, es-
( ) CERTO ( ) ERRADO tas serão exibidas, caso contrário o arquivo será reexi-
Resposta: Errado. Scrap é um recado e sua função bido sem alterações.
principal é enviar mensagens e não o compartilha-
mento de arquivos. Ainda que algumas redes permi-
tam o compartilhamento de fotos e gifs animados, o
objetivo não é o compartilhamento de arquivos e nem 10. (DELEGADO DE POLÍCIA – CESPE – 2004) O ar-
todas as redes citadas na questão permitem. mazenamento de informações em arquivos denomina-
dos cookies pode constituir uma vulnerabilidade de um
7. (AGENTE ADMINISTRATIVO – CESPE – 2014) Nas sistema de segurança instalado em um computador. Para
versões recentes do Mozilla Firefox, há um recurso que reduzir essa vulnerabilidade, o IE6 disponibiliza recursos
mantém o histórico de atualizações instaladas, no qual para impedir que cookies sejam armazenados no com-
são mostrados detalhes como a data da instalação e o putador. Caso o delegado deseje configurar tratamentos
usuário que executou a operação. referentes a cookies, ele encontrará recursos a partir do
uso do menu .
( ) CERTO ( ) ERRADO
( ) CERTO ( ) ERRADO
Reposta: Errado. Esse recurso existe nas últimas ver-
sões do Firefox, contudo o histórico não contém o Resposta: Certo. No navegador Internet Explorer 11, a
usuário que executou a operação. Este recurso está seguinte sequência de ação pode ser usada para fazer
disponível no menu Firefox – Opções – Avançado – o bloqueio de cookies: Clicar no botão Ferramentas,
Atualizações – Histórico de atualizações. depois em Opções da Internet, ativar guia Privacidade
e, em Configurações, mover o controle deslizante até
8. (AGENTE ADMINISTRATIVO – CESPE – 2014) No em cima para bloquear todos os cookies e, em segui-
Internet Explorer 10, por meio da opção Sites Sugeridos, da, clicar em OK.
o usuário pode registrar os sítios que considera mais im-
portantes e recomendá-los aos seus amigos. 11. (DELEGADO DE POLÍCIA – CESPE – 2004) Caso o
NOÇÕES DE INFORMÁTICA E PROCESSO DIGITAL

acesso à Internet descrito tenha sido realizado mediante


( ) CERTO ( ) ERRADO um provedor de Internet acessível por meio de uma co-
nexão a uma rede LAN, à qual estava conectado o com-
Resposta: Errado. O recurso Sites Sugeridos é um ser- putador do delegado, é correto concluir que as informa-
viço online que o Internet Explorer usa para recomen- ções obtidas pelo delegado transitaram na LAN de modo
dar sítios de que o usuário possa gostar, com base nos criptografado.
sítios visitados com frequência. Para acessá-lo, basta
clicar o menu Ferramentas-Arquivo- Sites Sugeridos. ( ) CERTO ( ) ERRADO
Considere que um delegado de polícia federal, em uma
sessão de uso do Internet Explorer 6 (IE6), obteve a janela Resposta: Errado. Pela barra de endereço se verifica
ilustrada acima, que mostra uma página web do sítio do que o protocolo utilizado é o HTTP; dessa forma se
DPF, cujo endereço eletrônico está indicado no campo conclui que não há uma criptografia, se fosse o proto-
. A partir dessas informações, julgue os itens de colo HTTPS, poderia se aferir que haveria algum tipo
09 a 12. de criptografia do tipo SSL.

25
12. (DELEGADO DE POLÍCIA – CESPE – 2004) Por
meio do botão , o delegado poderá obter, desde que
disponíveis, informações a respeito das páginas previa-
mente acessadas na sessão de uso do IE6 descrita e de
outras sessões de uso desse aplicativo, em seu computa-
dor. Outro recurso disponibilizado ao se clicar nesse bo-
tão permite ao delegado realizar pesquisa de conteúdo
nas páginas contidas no diretório histórico do IE6. Figura 2: Símbolo do Mozilla Firefox

( ) CERTO ( ) ERRADO Opera: Usabilidade muito agradável, possui grande


desempenho, porém especialistas em seguran1ça o con-
Resposta: Certo. É possível através do botão descrito, sidera o navegador com menos segurança.
o botão de histórico, que se encontre informações das
páginas acessadas anteriormente, e também permite
que se pesquise a respeito de conteúdos nas páginas
contidas no diretório do IE6.

Ferramentas de internet

Um browser ou navegador é um aplicativo que opera Figura 3: Símbolo do Opera


através da internet, interpretando arquivos e sites web
desenvolvidos com frequência em código HTML que Safari: O Safari é o navegador da Apple, é um ótimo
contém informação e conteúdo em hipertexto de todas navegador considerado pelos especialistas e possui uma
as partes do mundo. interface bem bonita, apesar de ser um navegador da
Navegadores: Navegadores de internet ou browsers Apple existem versões para Windows.
são programas de computador especializados em vi-
sualizar e dar acesso às informações disponibilizadas na
web, até pouco tempo atrás tínhamos apenas o Internet
Explorer e o Netscape, hoje temos uma série de navega-
dores no mercado, iremos fazer uma breve descrição de
cada um deles, e depois faremos toda a exemplificação
utilizando o Internet Explorer por ser o mais utilizado em
todo o mundo, porém o conceito e usabilidade dos ou-
tros navegadores seguem os mesmos princípios lógicos.
Chrome: O Chrome é o navegador do Google e con- Figura 4: Símbolo do Safari
sequentemente um dos melhores navegadores existen- Internet Explorer: O Internet Explorer ou IE é o nave-
tes. Outra vantagem devido ser o navegador da Google gador padrão do Windows. Como o próprio nome diz, é
é o mais utilizado no meio, tem uma interface simples um programa preparado para explorar a Internet dando
muito fácil de utilizar. acesso a suas informações. Representado pelo símbolo
do “e” azul, é possível acessá-lo apenas com um duplo
clique em seu símbolo.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA E PROCESSO DIGITAL

Figura 1: Símbolo do Google Chrome

Figura 5: Símbolo do Internet Explorer


#FicaDica
Ultimamente tem caído perguntas
relacionadas a guia anônima que não deixa
rastro (senhas, auto completar, entre outros),
e é acessado com o atalho CTRL+SHIFT+N

Mozila Firefox: O Mozila Firefox é outro excelente


navegador ele é gratuito e fácil de utilizar apesar de não
ter uma interface tão amigável, porém é um dos navega-
dores mais rápidas e com maior segurança contra hac-
kers.

26
Ao ganhar proporções mundiais, esse tipo de cone-
#FicaDica xão recebeu o nome de internet e até a década de 80
Glossário interessante que abordam internet ficou apenas entre os meios acadêmicos. No Brasil ela
e correio eletrônico chegou apenas na década de 90. É na internet que é exe-
Anti-spam: Ferramenta utilizada para filtro de cutada a World Wide Web (www), sistema que contém
mensagens indesejadas. milhares de informações (gráficos, vídeos, textos, sons,
Browser: Programa utilizado para navegar etc) que também ficou conhecido como rede mundial.
na Web, também chamado de navegador. Tim Berners-Lee na década de 80 começou a criar um
Exemplo: Mozilla Firefox. projeto que pode ser considerado o princípio da World
Cliente de e-mail: Software destinado a Wide Web. No início da década de 90 ele já havia elabo-
gerenciar contas de correio eletrônico, rado uma nova proposta para o que ficaria conhecido
possibilitando a composição, envio, como WWW. Tim falava sobre o uso de hipertexto e a
recebimento, leitura e arquivamento
partir disso surgiu o “http” (em português significa pro-
de mensagens. A seguir, uma lista de
tocolo de transferência de hipertexto). Vinton Cerf tam-
gerenciadores de e-mail (em negrito os mais
bém é um personagem importante e inclusive é conheci-
conhecidos e utilizados atualmente):
do por muitos como o pai da internet.
Microsoft Office Outlook, Microsoft Outlook
Express, Mozilla Thunderbird, Eudora,
Pegasus Mail, Apple Mail (Apple), Kmail
(Linux) e Windows Mail. #FicaDica
URL: Tudo que é disponível na Web tem seu
Outros pontos importantes de conceitos que podem
próprio endereço, chamado URL, ele facilita a
ser abordado no seu concurso são:
navegação e possui características específicas
MIME (Multipurpose Internet Mail Extensions – Exten-
como a falta de acentuação gráfica e palavras
sões multiuso do correio da Internet): Provê mecanismos maiúsculas. Uma url possui o http (protocolo),
para o envio de outros tipo sde informações por e-mail, www (World Wide Web), o nome da empresa
como imagens, sons, filmes, entre outros. que representa o site, .com (ex: se for um site
MTA (Mail Transfer Agent – Agente de Transferência governamental o final será .gov) e a sigla do
de Correio): Termo utilizado para designar os servidores país de origem daquele site (no Brasil é usado
de Correio Eletrônico. o BR).
MUA (Mail User Agent – Agente Usuário de Correio):
Programas clientes de e-mail, como o Mozilla Thunder-
bird, Microsoft Outlook Express etc.
POP3 (Post Office Protocol Version 3 - Protocolo de CORREIOS ELETRÔNICOS
Agência de Correio “Versão 3”): Protocolo padrão para
receber e-mails. Através do POP, um usuário transfere Os correios eletrônicos se dividem em duas formas:
para o computador as mensagens armazenada sem sua os agentes de usuários e os agentes de transferência de
caixa postal no servidor. mensagens. Os agentes usuários são exemplificados pelo
SMTP (Simple Mail Transfer Protocol - Protocolo de Mozilla Thunderbird e pelo Outlook. Já os agentes de
Transferência Simples de Correio): É um protocolo de en- transferência realizam um processo de envio dos agentes
vio de e-mail apenas. Com ele, não é possível que um usuários e servidores de e-mail.
usuário descarregue suas mensagens de umservidor. Os agentes de transferência usam três protoco-
Esse protocolo utiliza a porta 25 do protocolo TCP. los:  SMTP (Simple Transfer Protocol), POP (Post Office
Spam: Mensagens de correio eletrônico não autori- Protocol) e IMAP (Internet Message Protocol). O SMTP
zadas ou não solicitadas pelo destinatário, geralmente é usado para transferir mensagens eletrônicas entre os
NOÇÕES DE INFORMÁTICA E PROCESSO DIGITAL

de conotação publicitária ou obscena, enviadas em larga computadores. O POP é muito usado para verificar men-
escala para uma lista de e-mails, fóruns ou grupos de sagens de servidores de e-mail quando ele se conecta ao
discussão. servidor suas mensagens são levadas do servidor para o
Um pouco de história computador local. Pode ser usado por quem usa conexão
discada.
A internet é uma rede de computadores que liga os
computadores a redor de todo o mundo, mas quando ela Já o IMAP também é um protocolo padrão que per-
começou não era assim, tinham apenas 4 computadores mite acesso a mensagens nos servidores de e-mail. Ele
e a maior distância entre um e outro era de 450 KM. No possibilita a leitura de arquivos dos e-mails, mas não per-
fim da década de 60, o Departamento de Defesa norte-a- mite que eles sejam baixados. O IMAP é ideal para quem
mericano resolveu criar um sistema interligado para tro- acessa o e-mail de vários locais diferentes.
car informações sobre pesquisas e armamentos que não
pudesse chegar nas mãos dos soviéticos. Sendo assim,
foi criado o projeto Arpanet pela Agência para Projeto
de Pesquisa Avançados do Departamento de Defesa dos
EUA.

27
#FicaDica
Um e-mail hoje é um dos principais meios de comunicação, por exemplo:
canaldoovidio@gmail.com
Onde, canaldoovidio é o usuário o arroba quer dizer na, o gmail é o servidor e o .com é a
tipagem.

Para editarmos e lermos nossas mensagens eletrônicas em um único computador, sem necessariamente estarmos
conectados à Internet no momento da criação ou leitura do e-mail, podemos usar um programa de correio eletrônico.
Existem vários deles. Alguns gratuitos, como o Mozilla Thunderbird, outros proprietários como o Outlook Express. Os
dois programas, assim como vários outros que servem à mesma finalidade, têm recursos similares. Apresentaremos
os recursos dos programas de correio eletrônico através do Outlook Express que também estão presentes no Mozilla
Thunderbird.
Um conhecimento básico que pode tornar o dia a dia com o Outlook muito mais simples é sobre os atalhos de
teclado para a realização de diversas funções dentro do Outlook. Para você começar os seus estudos, anote alguns
atalhos simples. Para criar um novo e-mail, basta apertar Ctrl + Shift + M e para excluir uma determinada mensagem
aposte no atalho Ctrl + D. Levando tudo isso em consideração inclua os atalhos de teclado na sua rotina de estudos e
vá preparado para o concurso com os principais na cabeça.
Uma das funcionalidades mais úteis do Outlook para profissionais que compartilham uma mesma área é o compar-
tilhamento de calendário entre membros de uma mesma equipe.
Por isso mesmo é importante que você tenha o conhecimento da técnica na hora de fazer uma prova de concurso
que exige os conhecimentos básicos de informática, pois por ser uma função bastante utilizada tem maiores chances
de aparecer em uma ou mais questões.
O calendário é uma ferramenta bastante interessante do Outlook que permite que o usuário organize de forma
completa a sua rotina, conseguindo encaixar tarefas, compromissos e reuniões de maneira organizada por dia, de for-
ma a ter um maior controle das atividades que devem ser realizadas durante o seu dia a dia.
Dessa forma, uma funcionalidade do Outlook permite que você compartilhe em detalhes o seu calendário ou parte
dele com quem você desejar, de forma a permitir que outra pessoa também tenha acesso a sua rotina, o que pode ser
uma ótima pedida para profissionais dentro de uma mesma equipe, principalmente quando um determinado membro
entra de férias.
Para conseguir utilizar essa função basta que você entre em Calendário na aba indicada como Página Inicial. Fei-
to isso, basta que você clique em Enviar Calendário por E-mail, que vai fazer com que uma janela seja aberta no seu
Outlook.
Nessa janela é que você vai poder escolher todas as informações que vão ser compartilhadas com quem você de-
seja, de forma que o Outlook vai formular um calendário de forma simples e detalhada de fácil visualização para quem
você deseja enviar uma mensagem.
Nos dias de hoje, praticamente todo mundo que trabalha dentro de uma empresa tem uma assinatura própria para
deixar os comunicados enviados por e-mail com uma aparência mais profissional.
Dessa forma, é considerado um conhecimento básico saber como criar assinaturas no Outlook, de forma que este
conteúdo pode ser cobrado em alguma questão dentro de um concurso público.
Por isso mesmo vale a pena inserir o tema dentro de seus estudos do conteúdo básico de informática para a sua
preparação para concurso. Ao contrário do que muita gente pensa, a verdade é que todo o processo de criar uma as-
sinatura é bastante simples, de forma que perder pontos por conta dessa questão em específico é perder pontos à toa.
Para conseguir criar uma assinatura no Outlook basta que você entre no menu Arquivo e busque pelo botão de
NOÇÕES DE INFORMÁTICA E PROCESSO DIGITAL

Opções. Lá você vai encontrar o botão para E-mail e logo em seguida o botão de Assinaturas, que é onde você deve
clicar. Feito isso, você vai conseguir adicionar as suas assinaturas de maneira rápida e prática sem maiores problemas.
No Outlook Express podemos preparar uma mensagem através do ícone Criar e-mail, demonstrado na figura acima,
ao clicar nessa imagem aparecerá a tela a seguir:

28
Figura 6: Tela de Envio de E-mail

#FicaDica
Para: deve ser digitado o endereço eletrônico ou o contato registrado no Outlook do destinatário da
mensagem. Campo obrigatório.
Cc: deve ser digitado o endereço eletrônico ou o contato registrado no Outlook do destinatário que
servirá para ter ciência desse e-mail.
Cco: Igual ao Cc, porém os destinatários ficam ocultos.

Assunto: campo onde será inserida uma breve descrição, podendo reservar-se a uma palavra ou uma frase sobre o
conteúdo da mensagem. É um campo opcional, mas aconselhável, visto que a falta de seu preenchimento pode levar o
destinatário a não dar a devida importância à mensagem ou até mesmo desconsiderá-la.
Corpo da mensagem: logo abaixo da linha assunto, é equivalente à folha onde será digitada a mensagem.
A mensagem, após digitada, pode passar pelas formatações existentes na barra de formatação do Outlook:
Mozilla Thunderbird é um cliente de email e notícias open-source e gratuito criado pela Mozilla Foundation (mesma
criadora do Mozilla Firefox).
Webmail é o nome dado a um cliente de e-mail que não necessita de instalação no computador do usuário, já
que funciona como uma página de internet, bastando o usuário acessar a página do seu provedor de e-mail com seu
login e senha. Desta forma, o usuário ganha mobilidade já que não necessita estar na máquina em que um cliente de
e-mail está instalado para acessar seu e-mail.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA E PROCESSO DIGITAL

#FicaDica
Segmentos do Outlook Express
Painel de Pastas: permite que o usuário salve seus e-mails em pastas específicas e dá a possibilidade de
criar novas pastas;
Painel das Mensagens: onde se concentra a lista de mensagens de determinada pasta e quando se clica
em um dos e-mails o conteúdo é disponibilizado no painel de conteúdo.
Painel de Conteúdo: esse painel é onde irá aparecer o conteúdo das mensagens enviadas.
Painel de Contatos: nesse local se concentram as pessoas que foram cadastradas em sua lista de endereço.

29
b) Como as duas mensagens têm o mesmo assunto, a
EXERCÍCIOS COMENTADOS segunda mensagem não foi transmitida, permanecen-
do no computador do destinatário apenas a primeira
mensagem.
1. (TJ-ES – CBNM1-01 – NÍVEL MÉDIO – CESPE – 2011)
c) A segunda mensagem não pode ser transmitida e fica
UM PROGRAMA DE CORREIO ELETRÔNICO VIA WEB
bloqueada na caixa de saída do remetente, até que a
(WEBMAIL) é uma opção viável para usuários que este-
primeira mensagem tenha sido lido pelo destinatário.
jam longe de seu computador pessoal. A partir de qual-
d) O destinatário recebeu 2 mensagens, sendo, a primei-
quer outro computador no mundo, o usuário pode, via
ra, sem anexo, e a segunda, com o anexo.
Internet, acessar a caixa de correio armazenada no pró-
prio computador cliente remoto e visualizar eventuais e) O remetente não recebeu nenhuma das mensagens,
novas mensagens. pois não é possível transmitir mais de uma mensagem
com o mesmo assunto e mesmo remetente.
( ) CERTO ( ) ERRADO
Resposta: Letra D.
Resposta: Errado. O programa WebMail irá acessar o Alternativa “A” está incorreta, pois todas mensagens
servidor de e-mail, e não a máquina dousuário (com- enviadas são armazenadas de forma independente,
putador cliente remoto). novas mensagens com mesmo assunto ou ainda idên-
ticas a anteriores não influenciam em mensagens já
2. (ENGENHEIRO CIVIL – VUNESP – 2018) No MS- enviadas.
-Outlook 2010, em sua configuração padrão, quando Alternativa “B” está incorreta, pois é perfeitamente
uma mensagem está sendo preparada, o usuário pode possível enviar mensagens com mesmo assunto ou
indicar aos destinatários que a mensagem precisa de ainda idênticas, sem prejuízo algum de mensagens
atenção utilizando a marca de _________________. Esse re- anteriores.
curso pode ser encontrado no grupo Marcas, da guia Alternativa “C” está incorreta, pois Todas as mensa-
Mensagem. gens serão enviadas, independentemente do destina-
Assinale a alternativa que apresenta a opção que preen- tário ler as anteriores.
che corretamente a lacuna do enunciado. Alternativa “D” está correta, pois o destinatário rece-
beu 2 mensagens, sendo, a primeira, sem anexo, e a
a) SPAM. segunda, com o anexo.
b) Alta Prioridade. Alternativa “E” está incorreta, pois é possível enviar
c) Baixa Prioridade. mais de uma mensagem, com mesmo assunto e mes-
d) Assinatura Personalizada. mo destinatário.
e) Arquivo Anexado.
4. (SOLDADO – PM DE 2ª CLASSE – VUNESP – 2017)
Resposta: Letra B. É possível sinalizar a mensagem João recebeu uma mensagem de correio eletrônico com
como sendo de alta prioridade quando se deseja que as seguintes características:
as pessoas saibam que a mensagem precisa de aten- De: Pedro
ção urgente. Se a mensagem é apenas um informati- Para: João; Marta
vo ou se está enviando um e-mail sobre um tema que Cc: Ricardo; Ana
não precisa ser priorizado, defina o indicador de baixa Usando o Microsoft Outlook 2010, em sua configuração
prioridade. padrão, ele usou um recurso para responder a mensa-
A maioria dos clientes de e-mail, os destinatários gem que manteve apenas Pedro na lista de destinatários.
veem um indicador específico na lista de mensagens
Isso significa que João usou a opção:
ou nos cabeçalhos.
Na faixa de opções, é possível saber quando a priori-
a) Responder.
dade foi definida, pois o botão fica realçado.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA E PROCESSO DIGITAL

b) Arquivar.
3. (TÉCNICO JUDICIÁRIO – VUNESP – 2017) Um usuá- c) Marcar como não lida.
rio preparou uma mensagem de correio eletrônico usan- d) Responder a todos.
do o Microsoft Outlook 2010, em sua configuração pa- e) Marcar como lida
drão, e enviou para o destinatário. Porém, algum tempo
depois, percebeu que esqueceu de anexar um arquivo. Resposta: Letra A. Se o João deseja “responder” ao
Esse mesmo usuário preparou, então, uma nova men- e-mail recebido de Pedro, e deseja responder apenas
sagem com o mesmo assunto, e enviou para o mesmo ao remetente já se pode eliminar as alternativas “B”,
destinatário, agora com o anexo. Assinale a alternativa “C” e “E” por não terem correspondência com a função
correta. “Resposta”.
Tem-se então, apenas duas alternativas, “A” e “D”, mas
a) A mensagem original, sem o anexo, foi automatica- como o João deseja responder apenas para Pedro ele
mente apagada no computador do destinatário e deve escolher a opção “Responder”, pois se escolhes-
substituída pela segunda mensagem, uma vez que se “Responder a todos”, Marta, Ricardo e Ana também
ambas têm o mesmo assunto e são do mesmo re- receberiam a mensagem.
metente.

30
5. (AGENTE POLICIAL – VUNESP – 2013)Observe o ar- a) imediatamente fechada.
gumento de busca que o usuário fará utilizando o Goo- b) enviada para impressão.
gle, na ilustração apresentada a seguir. c) atualizada.
d) enviada por e-mail.
e) aberta em uma nova aba.

Resposta: Letra C.
a) Imediatamente fechada.
۰ Alt + F4 = fecha todas as guias
۰ Ctrl + F4 = fecha só guia atual
b) Enviada para impressão.
۰ Ctrl + P
c) Atualizada.
۰ F5
Com base na figura e no que foi digitado, assinale a al-
d) Enviada por e-mail.
ternativa correta.
۰ CTRL + Enter (MS Outlook)
e) Aberta em uma nova aba.
a) Será pesquisado o conjunto exato de palavras. ۰ Ctrl + T = abre uma nova aba
b) A pesquisa trará como resultados o que encontrar ۰ Ctrl + N = abre um novo comando
como antônimo do que foi digitado.
c) O conjunto de palavras será excluído dos resultados
pesquisados.
d) A pesquisa trará somente as imagens e vídeos não re- NOÇÕES DE SEGURANÇA DA INFORMAÇÃO
lacionados ao argumento digitado.
e) Além das palavras digitadas, a pesquisa também trará
os seus sinônimos Segurança da informação: procedimentos de segu-
Resposta: Letra A. O comando “entre aspas” duran- rança
te uma busca, efetua a busca pela ocorrência exata
de tudo que está entre as aspas, agrupado da mesma A Segurança da Informação refere-se às proteções
forma, desta forma, para esta questão será retornado existentes em relação às informações de uma determi-
o resultado da ocorrência “garota de Ipanema”. nada empresa, instituição governamental ou pessoa. Ou
Obs.: As pesquisas com aspas podem excluir resulta- seja, aplica-se tanto às informações corporativas quanto
dos relevantes. Por exemplo, uma pesquisa por “Ale- às pessoais.
xander Bell” excluirá páginas que se referem a Alexan- Entende-se por informação todo e qualquer conteú-
der G. Bell. do ou dado que tenha valor para alguma corporação ou
pessoa. Ela pode estar guardada para uso restrito ou ex-
6. (ENGENHEIRO CIVIL – VUNESP – 2018) Considere a posta ao público para consulta ou aquisição.
imagem a seguir, extraída do Internet Explorer 11, em sua
configuração padrão. A página exibida no navegador foi #FicaDica
completamente carregada. Antes de proteger, devemos saber:
- O que proteger;
- De quem proteger;
- Pontos frágeis;
- Normas a serem seguidas.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA E PROCESSO DIGITAL

A Segurança da Informação se refere à proteção


existente sobre as informações de uma determinada
empresa ou pessoa, isto é, aplica-se tanto às informa-
ções corporativas quanto aos pessoais. Entende-se por
informação todo conteúdo ou dado que tenha valor para
alguma organização ou pessoa. Ela pode estar guardada
para uso restrito ou exibida ao público para consulta ou
aquisição.
Podem ser estabelecidas métricas (com o uso ou não
de ferramentas) para definir o nível de segurança que há
e, com isto, estabelecer as bases para análise de melho-
rias ou pioras de situações reais de segurança. A seguran-
ça de certa informação pode ser influenciada por fatores
comportamentais e de uso de quem se utiliza dela, pelo
Ao pressionar o botão F5 do teclado, a página exibida ambiente ou infraestrutura que a cerca ou por pessoas
será mal-intencionadas que têm o objetivo de furtar, destruir
ou modificar tal informação.

31
A tríade CIA (Confidentiality, Integrity and Availabi- - Mecanismos de controle de acesso: Palavras-chave,
lity) — Confidencialidade, Integridade e Disponibilidade sistemas biométricos, firewalls, cartões inteligentes.
— representa as principais características que, atualmen- - Mecanismos de certificação: Atesta a validade de
te, orientam a análise, o planejamento e a implementa- um documento.
ção da segurança para um certo grupo de informações - Integridade: Medida em que um serviço/informação
que se almeja proteger. Outros fatores importantes são é autêntico, ou seja, está protegido contra a entrada por
a irrevogabilidade e a autenticidade. Com a evolução do intrusos.
comércio eletrônico e da sociedade da informação, a pri- - Honeypot: É uma ferramenta que tem a função
vacidade é também uma grande preocupação. proposital de simular falhas de segurança de um siste-
Portanto as características básicas, de acordo com os ma e obter informações sobre o invasor enganando-o,
padrões internacionais (ISO/IEC 17799:2005) são as se- e fazendo-o pensar que esteja de fato explorando uma
guintes: fraqueza daquele sistema. É uma espécie de armadilha
para invasores. O HoneyPot não oferece forma alguma
- Confidencialidade – especificidade que limita o
de proteção.
acesso a informação somente às entidades autênticas,
- Protocolos seguros: Uso de protocolos que garan-
ou seja, àquelas autorizadas pelo proprietário da infor-
tem um grau de segurança e usam alguns dos mecanis-
mação. mos citados.
- Integridade – especificidade que assegura que a in- Mecanismos de encriptação
formação manipulada mantenha todas as características
autênticas estabelecidas pelo proprietário da informa-
ção, incluindo controle de mudanças e garantia do seu #FicaDica
ciclo de vida (nascimento, manutenção e destruição).
A criptografia vem, originalmente, da fusão
- Disponibilidade – especificidade que assegura que a entre duas palavras gregas:
informação esteja sempre disponível para o uso legítimo,
ou seja, por aqueles usuários que têm autorização pelo • CRIPTO = ocultar, esconder.
proprietário da informação. • GRAFIA= escrever
- Autenticidade – especificidade que assegura que a
informação é proveniente da fonte anunciada e que não
foi alvo de mutações ao longo de um processo.
- Irretratabilidade ou não repúdio – especificidade Criptografia é a ciência de escrever em cifra ou em
que assegura a incapacidade de negar a autoria em rela- códigos. Ou seja, é um conjunto de técnicas que tornam
ção a uma transação feita anteriormente. uma mensagem ininteligível, e permite apenas que o
destinatário que saiba a chave de encriptação possa de-
Mecanismos de segurança criptar e ler a mensagem com clareza.
Permitem a transformação reversível da informação
O suporte para as orientações de segurança pode ser de forma a torná-la ininteligível a terceiros. Utiliza-se
encontrado em: para isso, algoritmos determinados e uma chave secreta
Controles físicos: são barreiras que limitam o contato para, a partir de um conjunto de dados não encriptados,
ou acesso direto a informação ou a infraestrutura (que produzir uma continuação de dados encriptados. A ope-
assegura a existência da informação) que a suporta. ração inversa é a desencriptação.
Existem dois tipos de chave: a chave pública e a chave
Controles lógicos: são bloqueios que impedem ou
privada.
limitam o acesso à informação, que está em ambien-
A chave pública é usada para codificar as informa-
te controlado, geralmente eletrônico, e que, de outro
ções, e a chave privada é usada para decodificar.
modo, ficaria exibida a alteração não autorizada por ele- Dessa forma, na pública, todos têm acesso, mas para
mento mal-intencionado. ‘abrir’ os dados da informação, que aparentemente não
tem sentido, é preciso da chave privada, que apenas o
Existem mecanismos de segurança que sustentam os
NOÇÕES DE INFORMÁTICA E PROCESSO DIGITAL

emissor e receptor original possui.


controles lógicos: Hoje, a criptografia pode ser considerada um método
- Mecanismos de cifração ou encriptação: Permitem a 100% seguro, pois, quem a utiliza para enviar e-mails e
modificação da informação de forma a torná-la ininteli- proteger seus arquivos, estará protegido contra fraudes
gível a terceiros. Utiliza-se para isso, algoritmos determi- e tentativas de invasão.
nados e uma chave secreta para, a partir de um conjunto Os termos ‘chave de 64 bits’ e ‘chave de 128 bits’
de dados não criptografados, produzir uma sequência de são usados para expressar o tamanho da chave, ou seja,
dados criptografados. A operação contrária é a decifra- quanto mais bits forem utilizados, mais segura será essa
ção. criptografia.
- Assinatura digital: Um conjunto de dados criptogra- Um exemplo disso é se um algoritmo usa uma chave
fados, agregados a um documento do qual são função, de 8 bits, apenas 256 chaves poderão ser usadas para
garantindo a integridade e autenticidade do documento decodificar essa informação, pois 2 elevado a 8 é igual a
associado, mas não ao resguardo das informações. 256. Assim, um terceiro pode tentar gerar 256 tentativas
- Mecanismos de garantia da integridade da informa- de combinações e decodificar a mensagem, que mes-
ção: Usando funções de “Hashing” ou de checagem, é mo sendo uma tarefa difícil, não é impossível. Portanto,
garantida a integridade através de comparação do resul- quanto maior o número de bits, maior segurança terá a
tado do teste local com o divulgado pelo autor. criptografia.

32
Existem dois tipos de chaves criptográficas, as chaves Para melhor compreensão, imagine um firewall como
simétricas e as chaves assimétricas sendo a portaria de um condomínio: para entrar, é neces-
Chave Simétrica é um tipo de chave simples, que é sário obedecer a determinadas regras, como se identifi-
usada para a codificação e decodificação. Entre os algo- car, ser esperado por um morador e não portar qualquer
ritmos que usam essa chave, estão: objeto que possa trazer riscos à segurança; para sair, não
- DES (Data Encryption Standard): Faz uso de cha- se pode levar nada que pertença aos condôminos sem a
ves de 56 bits, que corresponde à aproximadamente 72 devida autorização.
quatrilhões de combinações. Mesmo sendo um número Neste sentido, um firewall pode impedir uma série de
ações maliciosas: um malware que utiliza determinada
extremamente elevado, em 1997, quebraram esse algo-
porta para se instalar em um computador sem o usuário
ritmo através do método de ‘tentativa e erro’, em um de-
saber, um programa que envia dados sigilosos para a in-
safio na internet. ternet, uma tentativa de acesso à rede a partir de compu-
- RC (Ron’s Code ou RivestCipher): É um algoritmo tadores externos não autorizados, entre outros.
muito utilizado em e-mails e usa chaves de 8 a 1024 bits. Você já sabe que um firewall atua como uma espécie
Além disso, ele tem várias versões que diferenciam uma de barreira que verifica quais dados podem passar ou
das outras pelo tamanho das chaves. não. Esta tarefa só pode ser feita mediante o estabele-
- EAS (Advanced Encryption Standard): Atualmente é cimento de políticas, isto é, de regras estabelecidas pelo
um dos melhores e mais populares algoritmos de cripto- usuário.
grafia. É possível definir o tamanho da chave como sendo Em um modo mais restritivo, um firewall pode ser
de 128 bits, 192 bits ou 256 bits. configurado para bloquear todo e qualquer tráfego no
- IDEA (International Data Encryption Algorithm): É um computador ou na rede. O problema é que esta condi-
algoritmo que usa chaves de 128 bits, parecido com o ção isola este computador ou esta rede, então pode-se
criar uma regra para que, por exemplo, todo aplicativo
DES. Seu ponto forte é a fácil execução de software.
aguarde autorização do usuário ou administrador para
ter seu acesso liberado. Esta autorização poderá inclusive
As chaves simétricas não são absolutamente seguras ser permanente: uma vez dada, os acessos seguintes se-
quando referem-se às informações extremamente valio- rão automaticamente permitidos.
sas, principalmente pelo emissor e o receptor precisa- Em um modo mais versátil, um firewall pode ser con-
rem ter o conhecimento da mesma chave. Dessa forma, figurado para permitir automaticamente o tráfego de de-
a transmissão pode não ser segura e o conteúdo pode terminados tipos de dados, como requisições HTTP (veja
chegar a terceiros. mais sobre esse protocolo no ítem 7), e bloquear outras,
Chave Assimétrica utiliza duas chaves: a privada e a como conexões a serviços de e-mail.
pública. Elas se sintetizam da seguinte forma: a chave Perceba, como estes exemplos, tem políticas de um
pública para codificar e a chave privada para decodificar, firewall que são baseadas, inicialmente, em dois princí-
considerando-se que a chave privada é secreta. Entre os pios: todo tráfego é bloqueado, exceto o que está expli-
algoritmos utilizados, estão: citamente autorizado; todo tráfego é permitido, exceto o
- RSA (Rivest, Shmirand Adleman): É um dos algorit- que está explicitamente bloqueado.
Firewalls mais avançados podem ir além, direcionan-
mos de chave assimétrica mais usados, em que dois nú-
do determinado tipo de tráfego para sistemas de segu-
meros primos (aqueles que só podem ser divididos por 1
rança internos mais específicos ou oferecendo um refor-
e por eles mesmos) são multiplicados para obter um ter- ço extraem procedimentos de autenticação de usuários,
ceiro valor. Assim, é preciso fazer fatoração, que significa por exemplo.
descobrir os dois primeiros números a partir do terceiro, O trabalho de um firewall pode ser realizado de várias
sendo um cálculo difícil. Assim, se números grandes fo- formas. O que define uma metodologia ou outra são fa-
rem utilizados, será praticamente impossível descobrir o tores como critérios do desenvolvedor, necessidades es-
código. A chave privada do RSA são os números que são pecíficas do que será protegido, características do siste-
NOÇÕES DE INFORMÁTICA E PROCESSO DIGITAL

multiplicados e a chave pública é o valor que será obtido. ma operacional que o mantém, estrutura da rede e assim
- El Gamal: Utiliza-se do ‘logaritmo discreto’, que é por diante. É por isso que podemos encontrar mais de
um problema matemático que o torna mais seguro. É um tipo de firewall. A seguir, os mais conhecidos.
muito usado em assinaturas digitais. Filtragem de pacotes (packetfiltering): As primeiras
soluções de firewall surgiram na década de 1980 basean-
do-se em filtragem de pacotes de dados (packetfiltering),
Noções de Vírus
uma metodologia mais simples e, por isso, mais limitada,
embora ofereça um nível de segurança significativo.
Firewall é uma solução de segurança fundamentada Para compreender, é importante saber que cada pa-
em hardware ou software (mais comum) que, a partir de cote possui um cabeçalho com diversas informações a
um conjunto de regras ou instruções, analisa o tráfego seu respeito, como endereço IP de origem, endereço IP
de rede para determinar quais operações de transmissão do destino, tipo de serviço, tamanho, entre outros. O Fi-
ou recepção de dados podem ser realizadas. “Parede de rewall então analisa estas informações de acordo com as
fogo”, a tradução literal do nome, já deixa claro que o regras estabelecidas para liberar ou não o pacote (seja
firewall se enquadra em uma espécie de barreira de defe- para sair ou para entrar na máquina/rede), podendo tam-
sa. A sua missão, consiste basicamente em bloquear trá- bém executar alguma tarefa relacionada, como registrar
fego de dados indesejados e liberar acessos desejados. o acesso (ou tentativa de) em um arquivo de log.

33
O firewall de aplicação, também conhecido como O proxy transparente surge como uma alternativa
proxy de serviços (proxy services) ou apenas proxy é uma para estes casos porque as máquinas que fazem parte
solução de segurança que atua como intermediário entre da rede não precisam saber de sua existência, dispensan-
um computador ou uma rede interna e outra rede, exter- do qualquer configuração específica. Todo acesso é feito
na normalmente, a internet. Geralmente instalados em normalmente do cliente para a rede externa e vice-ver-
servidores potentes por precisarem lidar com um grande sa, mas o proxy transparente consegue interceptá-lo e
número de solicitações, firewalls deste tipo são opções responder adequadamente, como se a comunicação, de
interessantes de segurança porque não permitem a co- fato, fosse direta.
municação direta entre origem e destino. É válido ressaltar que o proxy transparente também
A imagem a seguir ajuda na compreensão do concei- tem lá suas desvantagens, por exemplo: um proxy «nor-
to. Perceba que em vez de a rede interna se comunicar mal» é capaz de barrar uma atividade maliciosa, como
diretamente com a internet, há um equipamento entre um malware enviando dados de uma máquina para a
ambos que cria duas conexões: entre a rede e o proxy; e
internet; o proxy transparente, por sua vez, pode não
entre o proxy e a internet. Observe:
bloquear este tráfego. Não é difícil entender: para con-
seguir se comunicar externamente, o malware teria que
ser configurado para usar o proxy «normal» e isso geral-
mente não acontece; no proxy transparente não há esta
limitação, portanto, o acesso aconteceria normalmente.

Limitações dos firewalls

#FicaDica
Firewalls têm lá suas limitações, sendo que
estas variam conforme o tipo de solução e
a arquitetura utilizada. De fato, firewalls são
recursos de segurança bastante importantes,
Figura 91: Proxy mas não são perfeitos em todos os sentidos.

Perceba que todo o fluxo de dados necessita passar


pelo proxy. Desta forma, é possível, por exemplo, esta- Seguem abaixo algumas dessas limitações:
belecer regras que impeçam o acesso de determinados - Um firewall pode oferecer a segurança desejada,
endereços externos, assim como que proíbam a comu- mas comprometer o desempenho da rede (ou mesmo de
nicação entre computadores internos e determinados um computador). Esta situação pode gerar mais gastos
serviços remotos. para uma ampliação de infraestrutura capaz de superar
Este controle amplo também possibilita o uso do pro- o problema;
xy para tarefas complementares: o equipamento pode - A verificação de políticas tem que ser revista pe-
registrar o tráfego de dados em um arquivo de log; con- riodicamente para não prejudicar o funcionamento de
teúdo muito utilizado pode ser guardado em uma espé- novos serviços;
cie de cache (uma página Web muito acessada fica guar- - Novos serviços ou protocolos podem não ser devi-
dada temporariamente no proxy, fazendo com que não damente tratados por proxies já implementados;
seja necessário requisitá-la no endereço original a todo
- Um firewall pode não ser capaz de impedir uma ati-
instante, por exemplo); determinados recursos podem
vidade maliciosa que se origina e se destina à rede in-
NOÇÕES DE INFORMÁTICA E PROCESSO DIGITAL

ser liberados apenas mediante autenticação do usuário;


terna;
entre outros.
- Um firewall pode não ser capaz de identificar uma
A implementação de um proxy não é tarefa fácil, haja
atividade maliciosa que acontece por descuido do usuá-
visto a enorme quantidade de serviços e protocolos exis-
tentes na internet, fazendo com que, dependendo das rio - quando este acessa um site falso de um banco
circunstâncias, este tipo de firewall não consiga ou exija ao clicar em um link de uma mensagem de e-mail, por
muito trabalho de configuração para bloquear ou autori- exemplo;
zar determinados acessos. - Firewalls precisam ser “vigiados”. Malwares ou ata-
Proxy transparente: No que diz respeito a limitações, cantes experientes podem tentar descobrir ou explorar
é conveniente mencionar uma solução chamada de pro- brechas de segurança em soluções do tipo;
xy transparente. O proxy “tradicional”, não raramente, - Um firewall não pode interceptar uma conexão que
exige que determinadas configurações sejam feitas nas não passa por ele. Se, por exemplo, um usuário acessar
ferramentas que utilizam a rede (por exemplo, um na- a internet em seu computador a partir de uma conexão
vegador de internet) para que a comunicação aconteça 3G (justamente para burlar as restrições da rede, talvez),
sem erros. O problema é, dependendo da aplicação, este o firewall não conseguirá interferir.
trabalho de ajuste pode ser inviável ou custoso.

34
Sistema antivírus Os vírus que se anexam a arquivos infectam também
todos os arquivos que estão sendo ou e serão execu-
Qualquer usuário já foi, ou ainda é vítima dos vírus, tados. Alguns às vezes recontaminam o mesmo arquivo
spywares, trojans, entre muitos outros. Quem que nunca tantas vezes e ele fica tão grande que passa a ocupar um
precisou formatar seu computador? espaço considerável (que é sempre muito precioso) em
Os vírus representam um dos maiores problemas seu disco. Outros, mais inteligentes, se escondem entre
para usuários de computador. Para poder resolver esses os espaços do programa original, para não dar a menor
problemas, as principais desenvolvedoras de softwares pista de sua existência.
criaram o principal utilitário para o computador, os an- Cada vírus possui um critério para começar o ataque
tivírus, que são programas com o propósito de detectar propriamente dito, onde os arquivos começam a ser apa-
e eliminar vírus e outros programas prejudiciais antes ou gados, o micro começa a travar, documentos que não
depois de ingressar no sistema. são salvos e várias outras tragédias. Alguns apenas mos-
Os vírus, worms, Trojans, spyware são tipos de pro- tram mensagens chatas, outros mais elaborados fazem
gramas de software que são implementados sem o con- estragos muito grandes.
sentimento (e inclusive conhecimento) do usuário ou Existe uma variedade enorme de softwares antivírus
proprietário de um computador e que cumprem diver- no mercado. Independente de qual você usa, mantenha-
sas funções nocivas para o sistema. Entre elas, o roubo e -o sempre atualizado. Isso porque surgem vírus novos
perda de dados, alteração de funcionamento, interrup- todos os dias e seu antivírus precisa saber da existência
ção do sistema e propagação para outros computadores. deles para proteger seu sistema operacional.
Os antivírus são aplicações de software projetadas A maioria dos softwares antivírus possuem serviços
como medida de proteção e segurança para resguardar de atualização automática. Abaixo há uma lista com os
os dados e o funcionamento de sistemas informáticos antivírus mais conhecidos:
caseiros e empresariais de outras aplicações conhecidas Norton AntiVirus - Symantec - www.symantec.com.br
comumente como vírus ou malware que tem a função de - Possui versão de teste.
McAfee - McAfee - http://www.mcafee.com.br - Pos-
alterar, perturbar ou destruir o correto desempenho dos
sui versão de teste.
computadores.
AVG - Grisoft - www.grisoft.com - Possui versão paga
Um programa de proteção de vírus tem um funcio-
e outra gratuita para uso não comercial (com menos fun-
namento comum que com frequência compara o código
cionalidades).
de cada arquivo que revisa com uma base de dados de
Panda Antivírus - Panda Software - www.pandasoft-
códigos de vírus já conhecidos e, desta maneira, pode
ware.com.br - Possui versão de teste.
determinar se trata de um elemento prejudicial para o
É importante frisar que a maioria destes desenvolve-
sistema. Também pode reconhecer um comportamento dores possuem ferramentas gratuitas destinadas a re-
ou padrão de conduta típica de um vírus. Os antivírus mover vírus específicos. Geralmente, tais softwares são
podem registrar tanto os arquivos encontrados dentro criados para combater vírus perigosos ou com alto grau
do sistema como aqueles que procuram ingressar ou in- de propagação.
teragir com o mesmo.
Como novos vírus são criados de maneira quase
constante, sempre é preciso manter atualizado o pro-
grama antivírus de maneira de que possa reconhecer as
novas versões maliciosas. Assim, o antivírus pode perma-
necer em execução durante todo tempo que o sistema
informático permaneça ligado, ou registrar um arquivo
ou série de arquivos cada vez que o usuário exija. Nor-
malmente, o antivírus também pode verificar e-mails e
sites de entrada e saída visitados.
Um antivírus pode ser complementado por outros
NOÇÕES DE INFORMÁTICA E PROCESSO DIGITAL

aplicativos de segurança, como firewalls ou anti-spywa-


res que cumprem funções auxiliares para evitar a entrada
de vírus. Figura 92: Principais antivírus do mercado atual
Então, antivírus são os programas criados para man-
ter seu computador seguro, protegendo-o de programas
maliciosos, com o intuito de estragar, deletar ou roubar Tipos de Vírus
dados de seu computador.
Ao pesquisar sobre antivírus para baixar, sempre es- Cavalo-de-Tróia: A denominação “Cavalo de Tróia”
colha os mais famosos, ou conhecidos, pois hackers es- (Trojan Horse) foi atribuída aos programas que permi-
tão usando este mercado para enganar pessoas com fal- tem a invasão de um computador alheio com espanto-
sos softwares, assim, você instala um “antivírus” e deixa sa facilidade. Nesse caso, o termo é análogo ao famoso
seu computador vulnerável aos ataques. artefato militar fabricado pelos gregos espartanos. Um
E esses falsos softwares estão por toda parte, cuidado “amigo” virtual presenteia o outro com um “presente de
ao baixar programas de segurança em sites desconheci- grego”, que seria um aplicativo qualquer. Quando o leigo
dos, e divulgue, para que ninguém seja vítima por falta o executa, o programa atua de forma diferente do que
de informação. era esperado.

35
Ao contrário do que é erroneamente informado na Hoaxes: São boatos espalhados por mensagens de
mídia, que classifica o Cavalo de Tróia como um vírus, ele correio eletrônico, que servem para assustar o usuário de
não se reproduz e não tem nenhuma comparação com computador. Uma mensagem no e-mail alerta para um
vírus de computador, sendo que seu objetivo é total- novo vírus totalmente destrutivo que está circulando na
mente diverso. Deve-se levar em consideração, também, rede e que infectará o micro do destinatário enquanto a
que a maioria dos antivírus faz a sua detecção e os classi- mensagem estiver sendo lida ou quando o usuário clicar
ficam como tal. A expressão “Trojan” deve ser usada, ex- em determinada tecla ou link. Quem cria a mensagem
clusivamente, como definição para programas que cap- hoax normalmente costuma dizer que a informação par-
turam dados sem o conhecimento do usuário. O Cavalo tiu de uma empresa confiável, como IBM e Microsoft, e
de Tróia é um programa que se aloca como um arquivo que tal vírus poderá danificar a máquina do usuário. Des-
no computador da vítima. Ele tem o intuito de roubar considere a mensagem.
informações como passwords, logins e quaisquer dados,
sigilosos ou não, mantidos no micro da vítima. Quando Política de segurança da Informação
a máquina contaminada por um Trojan conectar-se à In-
ternet, poderá ter todas as informações contidas no HD Hoje as informações são bens ativos da empresa,
visualizadas e capturadas por um intruso qualquer. Estas imagine uma Universidade perdendo todos os dados
visitas são feitas imperceptivelmente. Só quem já esteve dos seus alunos, ou até mesmo o tornar públicos, com
dentro de um computador alheio sabe as possibilidades isso pode-se dizer que a informação se tornou o ativo
oferecidas. mais valioso das organizações, podendo ser alvo de uma
Worms (vermes) podem ser interpretados como um série de ameaças com a finalidade de explorar as vulne-
tipo de vírus mais inteligente que os demais. A princi- rabilidades e causar prejuízos consideráveis. A informa-
pal diferença entre eles está na forma de propagação: ção é encarada, atualmente, como um dos recursos mais
os worms podem se propagar rapidamente para outros importantes de uma organização, contribuindo decisiva-
computadores, seja pela Internet, seja por meio de uma mente para a uma maior ou menor competitividade, por
rede local. Geralmente, a contaminação ocorre de ma-
isso é necessária a implementação de políticas de segu-
neira discreta e o usuário só nota o problema quando o
rança da informação que busquem reduzir as chances de
computador apresenta alguma anormalidade. O que faz
fraudes ou perda de informações.
destes vírus inteligentes é a gama de possibilidades de
A Política de Segurança da Informação é um docu-
propagação. O worm pode capturar endereços de e-mail
mento que contém um conjunto de normas, métodos e
em arquivos do usuário, usar serviços de SMTP (sistema
procedimentos, que obrigatoriamente precisam ser co-
de envio de e-mails) próprios ou qualquer outro meio
municados a todos os funcionários, bem como analisado
que permita a contaminação de computadores (normal-
mente milhares) em pouco tempo. e revisado criticamente, em intervalos regulares ou quan-
do mudanças se fizerem necessárias.
Spywares, keyloggers e hijackers: Apesar de não Para se elaborar uma Política de Segurança da Infor-
serem necessariamente vírus, estes três nomes também mação, deve se levar em consideração a NBR ISO/IEC
representam perigo. Spywares são programas que ficam 27001:2005, que é uma norma de códigos de práticas
«espionando» as atividades dos internautas ou capturam para a gestão de segurança da informação, na qual po-
informações sobre eles. Para contaminar um computa- dem ser encontradas as melhores práticas para iniciar,
dor, os spywares podem vir embutidos em softwares implementar, manter e melhorar a gestão de segurança
desconhecidos ou serem baixados automaticamente da informação em uma organização.
quando o internauta visita sites de conteúdo duvidoso. Importante mencionar que conforme a ISO/IEC
Os keyloggers são pequenos aplicativos que podem 27002:2005(2005), a informação é um conjunto de dados
vir embutidos em vírus, spywares ou softwares suspeitos, que representa um ponto de vista, um dado processado
destinados a capturar tudo o que é digitado no teclado. é o que gera uma informação. Um dado não tem valor
O objetivo principal, nestes casos, é capturar senhas. antes de ser processado, a partir do seu processamento,
Hijackers são programas ou scripts que «sequestram» ele passa a ser considerado uma informação, que pode
NOÇÕES DE INFORMÁTICA E PROCESSO DIGITAL

navegadores de Internet, principalmente o Internet Ex- gerar conhecimento, logo, a informação é o conheci-
plorer. Quando isso ocorre, o hijacker altera a página ini- mento produzido como resultado do processamento de
cial do browser e impede o usuário de mudá-la, exibe dados.
propagandas em pop-ups ou janelas novas, instala bar- De fato, com o aumento da concorrência de mercado,
ras de ferramentas no navegador e podem impedir aces- tornou-se vital melhorar a capacidade de decisão em to-
so a determinados sites (como sites de software antivírus, dos os níveis. Como resultado deste significante aumen-
por exemplo). to da interconectividade, a informação está agora expos-
Os spywares e os keyloggers podem ser identifica- ta a um crescente número e a uma grande variedade de
dos por programas anti-spywares. Porém, algumas des- ameaças e vulnerabilidades.
tas pragas são tão perigosas que alguns antivírus podem Segundo a ABNT NBR ISO/IEC 17799:2005 (2005, p.ix),
ser preparados para identificá-las, como se fossem vírus. “segurança da informação é a proteção da informação de
No caso de hijackers, muitas vezes é necessário usar uma vários tipos de ameaças para garantir a continuidade do
ferramenta desenvolvida especialmente para combater negócio, minimizar o risco ao negócio, maximizar o re-
aquela praga. Isso porque os hijackers podem se infiltrar torno sobre os investimentos e as oportunidades de ne-
no sistema operacional de uma forma que nem antivírus gócio, para isso é muito importante a confidencialidade,
nem anti-spywares conseguem “pegar”. integridade e a disponibilidade, onde:

36
A confidencialidade é a garantia de que a informa- § 1º O credenciamento no Poder Judiciário será re-
ção é acessível somente por pessoas autorizadas a terem alizado mediante procedimento no qual esteja asse-
acesso (NBR ISO/IEC 27002:2005). Caso a informação gurada a adequada identificação presencial do inte-
seja acessada por uma pessoa não autorizada, intencio- ressado.
nalmente ou não, ocorre a quebra da confidencialidade. § 2º Ao credenciado será atribuído registro e meio
A quebra desse sigilo pode acarretar danos inestimáveis de acesso ao sistema, de modo a preservar o sigilo, a
para a empresa ou até mesmo para uma pessoa física. identificação e a autenticidade de suas comunicações.
Um exemplo simples seria o furto do número e da senha § 3º Os órgãos do Poder Judiciário poderão criar um
do cartão de crédito, ou até mesmo, dados da conta ban- cadastro único para o credenciamento previsto neste
cária de uma pessoa. artigo.
A integridade é a garantia da exatidão e completeza Art. 3º Consideram-se realizados os atos processuais
da informação e dos métodos de processamento (NBR por meio eletrônico no dia e hora do seu envio ao sis-
ISO/IEC 27002:2005) quando a informação é alterada, tema do Poder Judiciário, do que deverá ser fornecido
falsificada ou furtada, ocorre à quebra da integridade. A protocolo eletrônico.
integridade é garantida quando se mantém a informação Parágrafo único. Quando a petição eletrônica for en-
no seu formato original. viada para atender prazo processual, serão conside-
A disponibilidade é a garantia de que os usuários radas tempestivas as transmitidas até as 24 (vinte e
autorizados obtenham acesso à informação e aos ati- quatro) horas do seu último dia.
vos correspondentes sempre que necessário (NBR ISO/
IEC 27002:2005). Quando a informação está indisponível Capítulo II
para o acesso, ou seja, quando os servidores estão inope- Da comunicação eletrônica dos atos processuais
rantes por conta de ataques e invasões, considera-se um
incidente de segurança da informação por quebra de Art. 4º Os tribunais poderão criar Diário da Justiça
disponibilidade. Mesmo as interrupções involuntárias de eletrônico, disponibilizado em sítio da rede mundial
sistemas, ou seja, não intencionais, configuram quebra
de computadores, para publicação de atos judiciais e
de disponibilidade.
administrativos próprios e dos órgãos a eles subordi-
nados, bem como comunicações em geral.
LEI Nº 11.419/2006 E SUAS ALTERAÇÕES § 1º O sítio e o conteúdo das publicações de que tra-
(PROCESSO DIGITAL). ta este artigo deverão ser assinados digitalmente com
base em certificado emitido por Autoridade Certifica-
dora credenciada na forma da lei específica.
§ 2º A publicação eletrônica na forma deste artigo
Lei nº 11.419/2006 e suas alterações (Processo Di-
substitui qualquer outro meio e publicação oficial,
gital)
para quaisquer efeitos legais, à exceção dos casos que,
por lei, exigem intimação ou vista pessoal.
Capítulo I
§ 3º Considera-se como data da publicação o primeiro
Da informatização do processo judicial
dia útil seguinte ao da disponibilização da informação
Art. 1º O uso de meio eletrônico na tramitação de pro- no Diário da Justiça eletrônico.
cessos judiciais, comunicação de atos e transmissão de § 4º Os prazos processuais terão início no primeiro dia
peças processuais será admitido nos termos desta Lei. útil que seguir ao considerado como data da publica-
§ 1º Aplica-se o disposto nesta Lei, indistintamente, ção.
aos processos civil, penal e trabalhista, bem como aos § 5º A criação do Diário da Justiça eletrônico deverá
juizados especiais, em qualquer grau de jurisdição. ser acompanhada de ampla divulgação, e o ato admi-
§ 2º Para o disposto nesta Lei, considera-se: nistrativo correspondente será publicado durante 30
I - meio eletrônico qualquer forma de armazenamen- (trinta) dias no diário oficial em uso.
to ou tráfego de documentos e arquivos digitais; Art. 5º As intimações serão feitas por meio eletrônico
NOÇÕES DE INFORMÁTICA E PROCESSO DIGITAL

II - transmissão eletrônica toda forma de comunicação em portal próprio aos que se cadastrarem na forma
a distância com a utilização de redes de comunicação, do art. 2º desta Lei, dispensando-se a publicação no
preferencialmente a rede mundial de computadores; órgão oficial, inclusive eletrônico.
III - assinatura eletrônica as seguintes formas de iden- § 1º Considerar-se-á realizada a intimação no dia em
tificação inequívoca do signatário: que o intimando efetivar a consulta eletrônica ao teor
a) assinatura digital baseada em certificado digital da intimação, certificando-se nos autos a sua reali-
emitido por Autoridade Certificadora credenciada, na zação.
forma de lei específica; § 2º Na hipótese do § 1º deste artigo, nos casos em
b) mediante cadastro de usuário no Poder Judiciário, que a consulta se dê em dia não útil, a intimação será
conforme disciplinado pelos órgãos respectivos. considerada como realizada no primeiro dia útil se-
Art. 2º O envio de petições, de recursos e a prática de guinte.
atos processuais em geral por meio eletrônico serão § 3º A consulta referida nos §§ 1º e 2º deste artigo de-
admitidos mediante uso de assinatura eletrônica, na verá ser feita em até 10 (dez) dias corridos contados da
forma do art. 1º desta Lei, sendo obrigatório o creden- data do envio da intimação, sob pena de considerar-se
ciamento prévio no Poder Judiciário, conforme disci- a intimação automaticamente realizada na data do
plinado pelos órgãos respectivos. término desse prazo.

37
§ 4º Em caráter informativo, poderá ser efetivada re- § 2º No caso do § 1º deste artigo, se o Sistema do
messa de correspondência eletrônica, comunicando o Poder Judiciário se tornar indisponível por motivo téc-
envio da intimação e a abertura automática do prazo nico, o prazo fica automaticamente prorrogado para
processual nos termos do § 3º deste artigo, aos que o primeiro dia útil seguinte à resolução do problema.
manifestarem interesse por esse serviço. § 3º Os órgãos do Poder Judiciário deverão manter
§ 5º Nos casos urgentes em que a intimação feita na equipamentos de digitalização e de acesso à rede
forma deste artigo possa causar prejuízo a quaisquer mundial de computadores à disposição dos interessa-
das partes ou nos casos em que for evidenciada qual- dos para distribuição de peças processuais.
quer tentativa de burla ao sistema, o ato processual Art. 11. Os documentos produzidos eletronicamen-
deverá ser realizado por outro meio que atinja a sua te e juntados aos processos eletrônicos com garantia
finalidade, conforme determinado pelo juiz. da origem e de seu signatário, na forma estabelecida
§ 6º As intimações feitas na forma deste artigo, inclu- nesta Lei, serão considerados originais para todos os
sive da Fazenda Pública, serão consideradas pessoais efeitos legais.
para todos os efeitos legais. § 1º Os extratos digitais e os documentos digitalizados
Art. 6º Observadas as formas e as cautelas do art. 5º e juntados aos autos pelos órgãos da Justiça e seus au-
desta Lei, as citações, inclusive da Fazenda Pública, xiliares, pelo Ministério Público e seus auxiliares, pelas
excetuadas as dos Direitos Processuais Criminal e In- procuradorias, pelas autoridades policiais, pelas re-
fracional, poderão ser feitas por meio eletrônico, desde partições públicas em geral e por advogados públicos
que a íntegra dos autos seja acessível ao citando. e privados têm a mesma força probante dos originais,
Art. 7º As cartas precatórias, rogatórias, de ordem e, ressalvada a alegação motivada e fundamentada de
de um modo geral, todas as comunicações oficiais que adulteração antes ou durante o processo de digitali-
transitem entre órgãos do Poder Judiciário, bem como zação.
entre os deste e os dos demais Poderes, serão feitas § 2º A argüição de falsidade do documento original
preferentemente por meio eletrônico. será processada eletronicamente na forma da lei pro-
cessual em vigor.
Capítulo III § 3º Os originais dos documentos digitalizados, men-
Do processo eletrônico
cionados no § 2º deste artigo, deverão ser preservados
pelo seu detentor até o trânsito em julgado da sen-
Art. 8º Os órgãos do Poder Judiciário poderão desen-
tença ou, quando admitida, até o final do prazo para
volver sistemas eletrônicos de processamento de ações
interposição de ação rescisória.
judiciais por meio de autos total ou parcialmente di-
§ 4º (VETADO)
gitais, utilizando, preferencialmente, a rede mundial
§ 5º Os documentos cuja digitalização seja tecnica-
de computadores e acesso por meio de redes internas
e externas. mente inviável devido ao grande volume ou por mo-
Parágrafo único. Todos os atos processuais do proces- tivo de ilegibilidade deverão ser apresentados ao car-
so eletrônico serão assinados eletronicamente na for- tório ou secretaria no prazo de 10 (dez) dias contados
ma estabelecida nesta Lei. do envio de petição eletrônica comunicando o fato, os
Art. 9º No processo eletrônico, todas as citações, inti- quais serão devolvidos à parte após o trânsito em jul-
mações e notificações, inclusive da Fazenda Pública, gado.
serão feitas por meio eletrônico, na forma desta Lei. § 6º Os documentos digitalizados juntados em proces-
§ 1º As citações, intimações, notificações e remessas so eletrônico somente estarão disponíveis para acesso
que viabilizem o acesso à íntegra do processo corres- por meio da rede externa para suas respectivas partes
pondente serão consideradas vista pessoal do interes- processuais e para o Ministério Público, respeitado o
sado para todos os efeitos legais. disposto em lei para as situações de sigilo e de segredo
§ 2º Quando, por motivo técnico, for inviável o uso de justiça.
do meio eletrônico para a realização de citação, inti- § 6º Os documentos digitalizados juntados em proces-
NOÇÕES DE INFORMÁTICA E PROCESSO DIGITAL

mação ou notificação, esses atos processuais poderão so eletrônico estarão disponíveis para acesso por meio
ser praticados segundo as regras ordinárias, digitali- da rede externa pelas respectivas partes processuais,
zando-se o documento físico, que deverá ser posterior- pelos advogados, independentemente de procuração
mente destruído. nos autos, pelos membros do Ministério Público e pe-
Art. 10. A distribuição da petição inicial e a juntada los magistrados, sem prejuízo da possibilidade de vi-
da contestação, dos recursos e das petições em geral, sualização nas secretarias dos órgãos julgadores, à ex-
todos em formato digital, nos autos de processo ele- ceção daqueles que tramitarem em segredo de justiça.
trônico, podem ser feitas diretamente pelos advogados § 7º Os sistemas de informações pertinentes a pro-
públicos e privados, sem necessidade da intervenção cessos eletrônicos devem possibilitar que advogados,
do cartório ou secretaria judicial, situação em que a procuradores e membros do Ministério Público cadas-
autuação deverá se dar de forma automática, forne- trados, mas não vinculados a processo previamente
cendo-se recibo eletrônico de protocolo. identificado, acessem automaticamente todos os atos
§ 1º Quando o ato processual tiver que ser praticado e documentos processuais armazenados em meio ele-
em determinado prazo, por meio de petição eletrôni- trônico, desde que demonstrado interesse para fins
ca, serão considerados tempestivos os efetivados até apenas de registro, salvo nos casos de processos em
as 24 (vinte e quatro) horas do último dia. segredo de justiça.

38
Art. 12. A conservação dos autos do processo poderá Parágrafo único. Da mesma forma, as peças de acu-
ser efetuada total ou parcialmente por meio eletrô- sação criminais deverão ser instruídas pelos membros
nico. do Ministério Público ou pelas autoridades policiais
§ 1º Os autos dos processos eletrônicos deverão ser com os números de registros dos acusados no Instituto
protegidos por meio de sistemas de segurança de Nacional de Identificação do Ministério da Justiça, se
acesso e armazenados em meio que garanta a pre- houver.
servação e integridade dos dados, sendo dispensada a Art. 16. Os livros cartorários e demais repositórios dos
formação de autos suplementares. órgãos do Poder Judiciário poderão ser gerados e ar-
§ 2º Os autos de processos eletrônicos que tiverem de mazenados em meio totalmente eletrônico.
ser remetidos a outro juízo ou instância superior que Art. 17. (VETADO)
não disponham de sistema compatível deverão ser im- Art. 18. Os órgãos do Poder Judiciário regulamentarão
pressos em papel, autuados na forma dos arts. 166 a esta Lei, no que couber, no âmbito de suas respectivas
168 da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código competências.
de Processo Civil, ainda que de natureza criminal ou Art. 19. Ficam convalidados os atos processuais pra-
trabalhista, ou pertinentes a juizado especial. ticados por meio eletrônico até a data de publicação
§ 3º No caso do § 2º deste artigo, o escrivão ou o chefe desta Lei, desde que tenham atingido sua finalidade e
de secretaria certificará os autores ou a origem dos não tenha havido prejuízo para as partes.
documentos produzidos nos autos, acrescentando,
ressalvada a hipótese de existir segredo de justiça, a
forma pela qual o banco de dados poderá ser acessado
para aferir a autenticidade das peças e das respectivas
assinaturas digitais.
§ 4º Feita a autuação na forma estabelecida no § 2º
deste artigo, o processo seguirá a tramitação legal-
mente estabelecida para os processos físicos.
§ 5º A digitalização de autos em mídia não digital,
em tramitação ou já arquivados, será precedida de
publicação de editais de intimações ou da intimação
pessoal das partes e de seus procuradores, para que,
no prazo preclusivo de 30 (trinta) dias, se manifestem
sobre o desejo de manterem pessoalmente a guarda
de algum dos documentos originais.
Art. 13. O magistrado poderá determinar que sejam
realizados por meio eletrônico a exibição e o envio
de dados e de documentos necessários à instrução do
processo.
§ 1º Consideram-se cadastros públicos, para os efeitos
deste artigo, dentre outros existentes ou que venham
a ser criados, ainda que mantidos por concessionárias
de serviço público ou empresas privadas, os que con-
tenham informações indispensáveis ao exercício da
função judicante.
§ 2º O acesso de que trata este artigo dar-se-á por
qualquer meio tecnológico disponível, preferentemen-
te o de menor custo, considerada sua eficiência.
§ 3º (VETADO)
NOÇÕES DE INFORMÁTICA E PROCESSO DIGITAL

Capítulo IV
Disposições gerais e finais

Art. 14. Os sistemas a serem desenvolvidos pelos ór-


gãos do Poder Judiciário deverão usar, preferencial-
mente, programas com código aberto, acessíveis
ininterruptamente por meio da rede mundial de com-
putadores, priorizando-se a sua padronização.
Parágrafo único. Os sistemas devem buscar identificar
os casos de ocorrência de prevenção, litispendência e
coisa julgada.
Art. 15. Salvo impossibilidade que comprometa o
acesso à justiça, a parte deverá informar, ao distribuir
a petição inicial de qualquer ação judicial, o número
no cadastro de pessoas físicas ou jurídicas, conforme o
caso, perante a Secretaria da Receita Federal.

39
HORA DE PRATICAR!

1. (INSS – ANALISTA DO SEGURO SOCIAL – SERVIÇO SOCIAL – SUPERIOR – CESPE – 2016) O próximo item, que
aborda procedimentos de informática e conceitos de Internet e intranet, apresenta uma situação hipotética, seguida
de uma assertiva a ser julgada.
Ao iniciar seu dia de trabalho, Daniel se deparou com inúmeros aplicativos abertos em seu computador de trabalho,
o que deixava sua máquina lenta e sujeita a travamentos frequentes. Ele constatou, ainda, que somente um desses
aplicativos era necessário para a execução de suas atividades. Nessa situação, para melhorar o desempenho do seu
computador, Daniel deve utilizar um aplicativo de antivírus instalado localmente, para eliminar os aplicativos que
estiverem consumindo recursos além do normal.

( ) CERTO ( ) ERRADO

2. (INSS – ANALISTA DO SEGURO SOCIAL – CIÊNCIA DA COMPUTAÇÃO – SUPERIOR – CESPE – 2008) Em uma
placa-mãe de computador pessoal existem grupos de barramentos que são separados por processadores dedicados,
denominados northbridge e southbridge, fazendo parte do chamado chipset da placa-mãe.

( ) CERTO ( ) ERRADO

3. (INSS – ANALISTA DO SEGURO SOCIAL – CIÊNCIA DA COMPUTAÇÃO – SUPERIOR – CESPE – 2008)


NOÇÕES DE INFORMÁTICA E PROCESSO DIGITAL

Entre a unidade central de processamento (CPU) e a memória RAM dinâmica, encontra-se uma memória cache do tipo
estática, cuja latência no acesso aos dados armazenados é menor que a da memória RAM dinâmica.

( ) CERTO ( ) ERRADO

40
4. (INSS – ANALISTA DO SEGURO SOCIAL – CIÊNCIA DA COMPUTAÇÃO – SUPERIOR – CESPE – 2008)

Considerando a figura acima, que apresenta um diagrama de blocos da arquitetura de um computador pessoal, julgue
os itens subsequentes acerca de conceitos de informática.
Os modelos atuais de processadores Pentium não possuem internamente um coprocessador matemático em seu
interior.

( ) CERTO ( ) ERRADO

5. (INSS – ANALISTA DO SEGURO SOCIAL – CIÊNCIA DA COMPUTAÇÃO – SUPERIOR – CESPE – 2008)

NOÇÕES DE INFORMÁTICA E PROCESSO DIGITAL

O barramento PCI de um computador pessoal possui uma vazão de dados menor que o barramento que interliga as
bridges northbridge e southbridge.

( ) CERTO ( ) ERRADO

41
6. (INSS – ANALISTA DO SEGURO SOCIAL – SERVIÇO SOCIAL – SUPERIOR – CESPE – 2016) O próximo item, que
aborda procedimentos de informática e conceitos de Internet e intranet, apresenta uma situação hipotética, seguida
de uma assertiva a ser julgada.
A área administrativa do INSS informou a todos os servidores públicos lotados nesse órgão que o acesso a determinado
sistema de consulta de dados cadastrais seria disponibilizado por meio da Internet, em substituição ao acesso realizado
somente por meio da intranet do órgão. Nessa situação, não haverá similaridade entre os sistemas de consulta, porque
sistemas voltados para intranet, diferentemente dos voltados para Internet, não são compatíveis com o ambiente web.

( ) CERTO ( ) ERRADO

7. (INSS – TÉCNICO DO SEGURO SOCIAL – MÉDIO – CESPE – 2016) Com relação a informática, julgue o item que se
segue.
Na Internet, os endereços IP (Internet Protocol) constituem recursos que podem ser utilizados para identificação de
microcomputadores que acessam a rede.

( ) CERTO ( ) ERRADO

8. (INSS – TÉCNICO DO SEGURO SOCIAL – MÉDIO – CESPE – 2016) Com relação a informática, julgue o item que se
segue.
A ferramenta OneDrive do Windows 10 é destinada à navegação em páginas web por meio de um browser interativo.

( ) CERTO ( ) ERRADO

9. (INSS – ANALISTA DO SEGURO SOCIAL – SUPERIOR – CESPE – 2008) Considerando a situação hipotética em que
João deseja enviar a José e a Mário uma mensagem de correio eletrônico por meio do Outlook Express, julgue o item
abaixo.
Caso João, antes de enviar a mensagem, inclua, no campo CC: do aplicativo usado para o envio da mensagem, o endereço
de correio eletrônico de Mário, e, no campo Para:, o endereço eletrônico de José, então José e Mário receberão uma
cópia da mensagem enviada por João, mas José não terá como saber que Mário recebeu uma cópia dessa mensagem.

( ) CERTO ( ) ERRADO

10. (INSS – ANALISTA DO SEGURO SOCIAL – CIÊNCIA DA COMPUTAÇÃO – SUPERIOR – CESPE – 2008)
NOÇÕES DE INFORMÁTICA E PROCESSO DIGITAL

A figura acima apresenta a interface de um navegador web, após acesso a um sítio web, na qual são destacadas regiões
nomeadas de A até F. Na situação apresentada, o ponteiro do mouse está sobre a região C, o que fez com que as
informações nas regiões D e F fossem apresentadas. Caso o usuário passe o ponteiro do mouse sobre as regiões A, B
e E serão mostradas na região F, respectivamente, as informações a seguir.

42
A partir das informações apresentadas acima, julgue os 16. (INSS – ANALISTA DO SEGURO SOCIAL – DIREITO
itens que se seguem. – SUPERIOR – CESPE – 2008) Com relação a recursos
As informações acima permitem afirmar que nenhuma disponíveis na Internet, julgue os itens a seguir.
das páginas cujos endereços são disponibilizados na Nos CDs de áudio modernos, todos os arquivos são
página atualmente apresentada ao usuário é gerada por gravados no formato denominado MP3. Em muitos
meio de scripts na linguagem PHP. casos, entretanto, é comum a realização de download de
arquivos de áudio por meio da Internet. Nesse caso, a
( ) CERTO ( ) ERRADO música não é baixada em formato MP3, pois, entre os
formatos disponíveis, este é o que ocupa maior espaço
11. (INSS – ANALISTA DO SEGURO SOCIAL – CIÊNCIA em memória. Em geral, para esse tipo de download,
DA COMPUTAÇÃO – SUPERIOR – CESPE – 2008) A o arquivo é baixado no formato WAV, o qual é obtido
partir das informações apresentadas anteriormente na quando o arquivo MP3 passa por um programa de
compactação que o torna muito menor, mas que, ainda
imagem, julgue os itens que se seguem.
assim, mantém as características sonoras essenciais da
Caso o usuário clique o mouse quando o ponteiro está
gravação.
sobre a região B, será enviado um pedido http ao servidor
cujo endereço de domínio é www.previdencia.gov.br. ( ) CERTO ( ) ERRADO
Entre os parâmetros da resposta http a ser retornada
pelo servidor, estão os de nome ATVD, DN1 e H1. 17. (INSS – ANALISTA DO SEGURO SOCIAL – DIREITO
– SUPERIOR – CESPE – 2008) Com relação a recursos
( ) CERTO ( ) ERRADO disponíveis na Internet, julgue os itens a seguir.
O URL www.google.com identifica a página da Web
12. (INSS – ANALISTA DO SEGURO SOCIAL – CIÊNCIA do serviço conhecido como enciclopédia livre, no qual
DA COMPUTAÇÃO – SUPERIOR – CESPE – 2008) A colaboradores voluntários de todo o mundo escrevem e
partir das informações apresentadas anteriormente na submetem artigos sobre determinado tema. Esses artigos
imagem, julgue os itens que se seguem. são revisados por outros colaboradores voluntários e,
Para que a página apresentada fosse gerada, foi finalmente, são aprovados para publicação online. Essa
estabelecida pelo menos uma conexão na porta 80 do enciclopédia livre pode ser acessada de forma gratuita
servidor cujo endereço de domínio é www.inss.gov.br. por qualquer usuário com acesso à Internet.

( ) CERTO ( ) ERRADO ( ) CERTO ( ) ERRADO

13. (INSS – ANALISTA DO SEGURO SOCIAL – CIÊNCIA 18. (INSS – TÉCNICO DO SEGURO SOCIAL – MÉDIO
DA COMPUTAÇÃO – SUPERIOR – CESPE – 2008) A – CESPE – 2008) Com relação a mensagens de correio
partir das informações apresentadas anteriormente na eletrônico e a conceitos relacionados a Internet e intranet,
imagem, julgue os itens que se seguem. julgue os itens seguintes.
A informação apresentada na região D pode ter sido É comum, mediante o uso de programas de computador
gerada por meio de scripts escritos na mesma linguagem que utilizam o Windows XP como sistema operacional, o
de programação empregada na tecnologia Ajax. recebimento de mensagens de texto por meio de correio
eletrônico. Entretanto, é possível a realização dessa
mesma tarefa por meio de programas de computador
( ) CERTO ( ) ERRADO
adequados que utilizam o sistema operacional Linux.
14. (INSS – ANALISTA DO SEGURO SOCIAL – CIÊNCIA
( ) CERTO ( ) ERRADO
DA COMPUTAÇÃO – SUPERIOR – CESPE – 2008) A
partir das informações apresentadas anteriormente na 19. (INSS – TÉCNICO DO SEGURO SOCIAL – MÉDIO –
imagem, julgue os itens que se seguem. CESPE – 2016) Com relação a informática, julgue o item
O acionamento do link na região E possivelmente não
NOÇÕES DE INFORMÁTICA E PROCESSO DIGITAL

que se segue.
implicará em consultas a um SGBD na retaguarda do A infecção de um computador por vírus enviado via
servidor de nome www010.dataprev.gov.br. correio eletrônico pode se dar quando se abre arquivo
infectado que porventura esteja anexado à mensagem
( ) CERTO ( ) ERRADO eletrônica recebida.

15. (INSS – ANALISTA DO SEGURO SOCIAL – CIÊNCIA ( ) CERTO ( ) ERRADO


DA COMPUTAÇÃO – SUPERIOR – CESPE – 2008)
Se o servidor que gerou a página apresentada ficar 20. (INSS – ANALISTA DO SEGURO SOCIAL – SUPERIOR
indisponível, o acionamento do link da região A produzirá – CESPE – 2008) Acerca da comunicação institucional
um erro do tipo 404 Not Found. e da segurança da informação, julgue os itens que se
seguem.
( ) CERTO ( ) ERRADO Os controles lógicos são mecanismos de segurança da
informação que buscam limitar o contato ou acesso
direto à informação ou à infraestrutura que a contém.

( ) CERTO ( ) ERRADO

43
21. (INSS – ANALISTA DO SEGURO SOCIAL – SUPERIOR
– CESPE – 2008) Acerca da comunicação institucional
e da segurança da informação, julgue os itens que se GABARITO
seguem.
A assinatura digital é um exemplo de controle lógico. 1 Errado
( ) CERTO ( ) ERRADO 2 Certo
3 Certo
22. (INSS – ANALISTA DO SEGURO SOCIAL – SUPERIOR 4 Errado
– CESPE – 2008) Acerca da comunicação institucional
5 Certo
e da segurança da informação, julgue os itens que se
seguem. 6 Errado
A assinatura digital, por meio de um conjunto de dados 7 Certo
criptografados associados a um documento, garante a
8 Errado
integridade e confidencialidade do documento.
9 Errado
( ) CERTO ( ) ERRADO 10 Errado
11 Errado
12 Certo
13 Certo
14 Certo
15 Errado
16 Errado
17 Errado
18 Certo
19 Certo
20 Errado
21 Certo
22 Errado
NOÇÕES DE INFORMÁTICA E PROCESSO DIGITAL

44
ÍNDICE

NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO


Noções de organização administrativa................................................................................................................................................................................. 01
Administração direta e indireta, centralizada e descentralizada................................................................................................................................. 04
Ato administrativo: conceito, requisitos, atributos, classifi cação e espécies........................................................................................................ 14
Processo administrativo.............................................................................................................................................................................................................. 19
Agentes públicos. Espécies e classifi cação. Cargo, emprego e função públicos................................................................................................. 29
Poderes administrativos. Hierárquico, disciplinar, regulamentar e de polícia. Uso e abuso do poder........................................................ 42
Controle e responsabilização da administração. Controles administrativo, judicial e legislativo.................................................................. 49
Responsabilidade civil do Estado............................................................................................................................................................................................ 58
Não há nem pode haver Estado independente sem So-
NOÇÕES DE ORGANIZAÇÃO berania, isto é, sem esse poder absoluto, indivisível e in-
ADMINISTRATIVA. contrastável de organizar-se e de conduzir-se segundo
a vontade livre de seu Povo e de fazer cumprir as suas
decisões inclusive pela força, se necessário”2.

Conceito
Organização e Funcionamento
O termo Estado se origina do latim “status”, signifi- A Constituição Federal, em seu artigo 1º, parágrafo
cando modo de estar, situação, condição. Um Estado é único, estabelece que “todo o poder emana do povo,
formado mediante organização político-administrativa que o exerce por meio de representantes eleitos ou di-
de um território com uma população sujeita à sua jurisdi- retamente, nos termos desta Constituição”. Sendo assim,
ção. Sua abrangência atinge aspectos jurídicos, políticos o texto constitucional já fala desde logo de um poder
e sociais. Em razão disso, é difícil determinar um conceito maior, exercido pelo povo (titular) por meio de seus re-
unívoco de Estado. presentantes (exercentes). Embora o governo exerça o
poder, não o faz em nome próprio. Assim, o mais corre-
“O conceito de Estado varia segundo o ângulo em que
to é dizer que o povo é soberano, cabendo ao governo
é considerado. Do ponto de vista sociológico, é corpora- exercer tal soberania em seu nome.
ção territorial dotada de um poder de mando originário; “A vontade estatal apresenta-se e se manifesta atra-
sob o aspecto político, é comunidade de homens, fixa- vés dos denominados Poderes de Estado. Os Poderes de
da sobre um território, com potestade superior de ação, Estado, na clássica tripartição de Montesquieu, até hoje
de mando e de coerção; sob o prisma constitucional, é adotada nos Estados de Direito, são o Legislativo, o Exe-
pessoa jurídica territorial soberana; na conceituação do cutivo e o judiciário, independentes e harmônicos entre
nosso Código Civil, é pessoa jurídica de Direito Público si e com suas funções reciprocamente indelegáveis (CF,
Interno (art. 14, I). Como ente personalizado, o Estado art. 2º)”3. Montesquieu4 estabeleceu como condição do
tanto pode atuar no campo do Direito Público como no Estado de Direito a separação dos Poderes em Legisla-
do Direito Privado, mantendo sempre sua única persona- tivo, Judiciário e Executivo – que devem se equilibrar –,
lidade de Direito Público, pois a teoria da dupla perso- servindo o primeiro para a elaboração, a correção e a
nalidade do Estado acha-se definitivamente superada”1. ab-rogação de leis, o segundo para a promoção da paz
e da guerra e a garantia de segurança, e o terceiro para
julgar (mesmo os próprios Poderes).
FIQUE ATENTO! A separação de Poderes é inerente ao modelo do Es-
As bancas de concursos costumam cobrar do tado Democrático de Direito, impedindo a monopoliza-
candidato os diferentes tipos de conceitos de ção do poder e, por conseguinte, a tirania e a opressão.
Resta garantida no artigo 2º da Constituição Federal com
Estado, confundindo seus conceitos.
o seguinte teor: “são Poderes da União, independentes e
• Conceito sociológico: corporação territorial
harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Ju-
que possui um poder de mando originário.
diciário”. Se, por um lado, o Estado é uno, até mesmo
• Conceito político: comunidade de homens por se legitimar na soberania popular; por outro lado, é
situada num território, com poder superior de necessária a divisão de funções das atividades estatais de
ação, de mando e de coerção. maneira equilibrada, o que se faz pela divisão de Poderes.
• Conceito constitucional: pessoa jurídica terri- O constituinte afirma que estes poderes são indepen-
torial soberana. dentes e harmônicos entre si. Independência significa
• Conceito civil: pessoa jurídica de Direito Pú- que cada qual possui poder para se autogerir, notada-
blico Interno. mente pela capacidade de organização estrutural (cria-
ção de cargos e subdivisões) e orçamentária (divisão de
seus recursos conforme legislação por eles mesmos ela-
. borada). Harmonia significa que cada Poder deve respei-
Elementos tar os limites de competência do outro e não se imiscuir
indevidamente em suas atividades típicas.
Há situações, no entanto, em que os Poderes exer-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

O Estado é uma organização dotada de personalida-


de jurídica que é composta por povo, território e sobe- cerão funções diversas daquelas para as quais foi cons-
rania. Num Estado, há pessoas situadas em determinada tituído, isto é, desempenharão funções atípicas. Logo,
localização e que se vinculam jurídica e politicamente à funções atípicas são aquelas que tradicionalmente per-
tenceriam a outro Poder, mas por ser tal função inerente
autoridade central, que exerce a soberania pelo governo.
à sua natureza será por ele mesmo desempenhada.
“O Estado é constituído de três elementos originá-
rios e indissociáveis: Povo, Território e Governo soberano. 2 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo
Povo é o componente humano do Estado; Território, a brasileiro. São Paulo: Malheiros, 1993.
sua base física; Governo soberano, o elemento condutor 3 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo
do Estado, que detém e exerce o poder absoluto de au- brasileiro. São Paulo: Malheiros, 1993.
todeterminação e auto-organização emanado do Povo. 4 MONTESQUIEU, Charles de Secondat. O Es-
pírito das Leis. Tradução Fernando Henrique Cardoso e
1 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo Leôncio Martins Rodrigues. 2. ed. São Paulo: Abril Cultu-
brasileiro. São Paulo: Malheiros, 1993. ral, 1979, p. 148-149.

1
• Função típica do Poder Executivo: administrar – na busca da retomada da intervenção do Estado na eco-
gerir a coisa pública e aplicar a lei; nomia e nas relações trabalhistas, assegurando equilíbrio
• Funções típicas do Poder Legislativo: legislar – al- na exploração econômica por parte daqueles que deti-
terando e criando a ordem jurídica vigente – e fiscalizar o nham o poder econômico: surge então o Estado Social.
Executivo – fiscalizando a contabilidade, o orçamento, as Adiante, especialmente após a crise de 1929 e o fim
finanças e o patrimônio do Executivo; da 2a Guerra Mundial, surge a necessidade de coadunar
• Função típica do Poder Judiciário: julgar – solucio- tais ideais, focando não apenas no indivíduo, mas tam-
nar litígios e fazer valer a lei no caso concreto e, eventual- bém nas demandas coletivas da sociedade: surge o Esta-
mente, em casos abstratos, como no controle de consti- do Democrático de Direito, uma resposta concomitante
tucionalidade. à frieza liberal quanto ao indivíduo e ao déficit demo-
• Funções atípicas do Poder Executivo: legislar – crático do Estado Social, intensificando-se a participação
notadamente quando o Presidente da República adota popular no poder.
uma medida provisória (art. 62, CF) – e julgar –no que
tange a defesas e recursos administrativos; #FicaDica
• Funções atípicas do Poder Legislativo: auto-orga-
nizar-se (função executiva) – dispondo sobre organiza- Modelos de Estado
ção, provimento de cargos, concessão de férias e licenças • Estado Liberal – não intervencionista,
liberdades negativas, direitos individuais.
a seus servidores, etc. – e julgar – a exemplo do julga-
• Estado Social – intervencionista, bem-estar
mento do Presidente da República por crime de respon-
social, liberdades positivas, direitos sociais.
sabilidade pelo Senado Federal (art. 52, I, CF);
• Estado Democrático de Direito –
• Funções atípicas do Poder Judiciário: auto-orga-
intervencionista moderado, participação
nizar-se (função executiva) – dispondo sobre organiza- popular intensificada, abertura e
ção, estrutura, concessão de férias e licenças a seus servi- transparência da Administração.
dores, etc. – e legislar – elaborando o regimento interno
de seus Tribunais, por exemplo (art. 96, CF).
No mais, “a organização do Estado é matéria consti-
tucional no que concerne à divisão política do território Personalidade jurídica
nacional, a estruturação dos Poderes, à forma de Gover- O Estado é dotado de personalidade jurídica, isto é,
no, ao modo de investidura dos governantes, aos direitos possui a aptidão genérica para adquirir direitos e contrair
e garantias dos governados. Após as disposições consti-
deveres. Nestes moldes, tem natureza de pessoa jurídica
tucionais que moldam a organização política do Estado
soberano, surgem, através da legislação complementar e de direito público.
ordinária, e organização administrativa das entidades es- O Estado é pessoa jurídica, e não física, porque não
tatais, de suas autarquias e entidades paraestatais insti- é uma pessoa natural determinada, mas uma estrutura
tuídas para a execução desconcentrada e descentralizada organizada e administrada por pessoas que ocupam car-
de serviços públicos e outras atividades de interesse co- gos, empregos e funções em seu quadro. Logo, pode-se
letivo, objeto do Direito Administrativo e das modernas dizer que o Estado é uma ficção, eis que não existe em si,
técnicas de administração”5. mas sim como uma estrutura organizada pelos próprios
homens. É de direito público porque administra interes-
Fases e Modelos
Em termos históricos, o Estado Moderno passou por ses que pertencem a toda sociedade e a ela respondem
fases que implicaram na definição de três modelos es- por desvios na conduta administrativa, de modo que se
tatais. sujeita a um regime jurídico próprio, que é objeto de es-
Inicialmente, o Estado se erige na forma de um Es- tudo do direito administrativo.
tado Absoluto, no qual o poder é exercido por um so- Destaca-se o artigo 41 do Código Civil:
berano de forma ilimitada. No decorrer das Revoluções Art. 41. São pessoas jurídicas de direito público inter-
que despontaram na Europa – Gloriosa e Francesa – e na no:
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

própria América – Independência Norte-americana, sur-


I - a União;
gem demandas por um modelo de Estado que interferis-
se menos na vida do indivíduo, permitindo o exercício de II - os Estados, o Distrito Federal e os Territórios;
liberdades individuais e do direito de propriedade, além III - os Municípios;
de outros direitos civis, bem como a participação popular IV - as autarquias;
na tomada de decisões, na forma de direitos políticos: V - as demais entidades de caráter público criadas por
nasce o modelo do Estado Liberal. lei.
Num momento posterior, quando se experimentaram Parágrafo único. Salvo disposição em contrário, as
os reflexos da revolução industrial e do pós-guerra, bem pessoas jurídicas de direito público, a que se tenha
como da própria reestruturação dos modelos econômi-
cos capitalista e socialista, surgem demandas classistas dado estrutura de direito privado, regem-se, no que
couber, quanto ao seu funcionamento, pelas normas
5 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo deste Código.
brasileiro. São Paulo: Malheiros, 1993.

2
Nestes moldes, o Estado é pessoa jurídica de direito público interno. Mas há características peculiares distintivas
que fazem com que afirmá-lo apenas como pessoa jurídica de direito público interno seja correto, mas não suficiente.
Pela peculiaridade da função que desempenha, o Estado é verdadeira pessoa administrativa, eis que concentra para
si o exercício das atividades de administração pública.
A expressão pessoa administrativa também pode ser colocada em sentido estrito, segundo o qual seriam pessoas
administrativas aquelas pessoas jurídicas que integram a administração pública sem dispor de autonomia política
(capacidade de auto-organização). Em contraponto, pessoas políticas seriam as pessoas jurídicas de direito público
interno – União, Estados, Distrito Federal e Municípios.

Administração e governo
Em face da organização do Estado, e pelo fato deste assumir funções primordiais à coletividade, no interesse desta,
fez-se necessário criar e aperfeiçoar um sistema jurídico que fosse capaz de regrar e viabilizar a execução de tais fun-
ções, buscando atingir da melhor maneira possível o interesse público visado.
Tal papel é atribuído à Administração, que no âmbito executivo tem sua função máxima exercida pelo Governo.
A execução de funções exclusivamente administrativas constitui, assim, o objeto do Direito Administrativo, ramo do
Direito Público. A função administrativa é toda atividade desenvolvida pela Administração (Estado) representando os
interesses de terceiros, ou seja, os interesses da coletividade.
Devido à natureza desses interesses, são conferidos à Administração direitos e obrigações que não se estendem aos
particulares. Logo, a Administração encontra-se numa posição de superioridade em relação a estes.
Importante, neste ponto, frisar a diferença entre as formas de gestão quando se está diante da execução do inte-
resse público – situação do Estado e da Administração – e quando se está diante de interesse privado. A gestão pública
sempre deve assumir a feição de permitir ao cidadão exercer seus direitos e deveres em sociedade, enquanto que na
gestão privada caberá a priorização de atendimento ao cliente.
Não obstante, se, por um lado, o Estado é uno, até mesmo por se legitimar na soberania popular; por outro lado, é
necessária a divisão de funções das atividades estatais de maneira equilibrada, o que se faz pela divisão de Poderes, a
qual resta assegurada no artigo 2º da Constituição Federal.
A função típica de administrar – gerir a coisa pública e aplicar a lei – é do Poder Executivo; cabendo ao Poder Legis-
lativo a função típica de legislar e ao Poder Judiciário a função típica de julgar. Em situações específicas, será possível
que no exercício de funções atípicas o Legislativo e o Judiciário exerçam administração.

Conceito amplos e estrito de administração pública

Conceito Sentido amplo Sentido estrito


Subjetivo, or- Órgãos governamentais e Apenas órgãos adminis-
gânico ou formal administrativos trativos
Objetivo, ma- Funções políticas e admi- Apenas funções adminis-
terial ou funcional nistrativas trativas

Por sua vez, conceituando-se administração pública, “em sentido objetivo, material ou funcional, a administração
pública pode ser definida como a atividade concreta e imediata que o Estado desenvolve, sob regime jurídico de
direito público, para a consecução dos interesses coletivos”; ao passo que “em sentido subjetivo, formal ou orgânico,
pode-se definir Administração Pública, como sendo o conjunto de órgãos e de pessoas jurídicas aos quais a lei atribui
o exercício da função administrativa do Estado”6. Logo, o sentido objetivo volta-se à atividade administrativa em si, ao
passo que o sentido subjetivo se concentra nos órgãos que a exercem.
Em ambos casos, a distinção do sentido amplo para o restrito está nas espécies de atividades e órgãos que são
abrangidos. No sentido amplo, inserem-se as atividades desempenhadas pelos órgãos de alto escalão no âmbito go-
vernamental, no exercício de funções essencialmente políticas; além das atividades tipicamente administrativas desem-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

penhadas pelos diversos órgãos que compõem a administração executando seus fins de interesse público. No sentido
estrito, excluem-se as atividades políticas, abrangendo-se apenas atividades administrativas.

EXERCÍCIOS COMENTADOS

1) (STJ - Analista Judiciário - Administrativa – CESPE/2018). Tendo em vista as convergências e divergências entre
a gestão pública e a gestão privada, julgue o item que se segue.
Tanto na gestão pública quanto na gestão privada é lícito fazer tudo que a lei não proíbe.

( ) CERTO ( ) ERRADO

6 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 23. ed. São Paulo: Atlas editora, 2010.

3
Resposta: Errado. Na gestão privada vigora o princí- Passemos a esmiuçar estes conceitos:
pio da legalidade amplo, o que significa que o parti- Desconcentração implica no exercício, pelo chefe do
cular pode fazer tudo que a lei não proíba. Já na ges- Executivo, do poder de delegar certas atribuições que
tão pública, devido aos interesses perseguidos pelo são de sua competência privativa. Neste sentido, o pre-
Estado, vigora o princípio da legalidade estrito, o que visto na CF:
implica que o Administrador apenas pode fazer aquilo Artigo 84, parágrafo único, CF. O Presidente da Re-
que a lei expressamente permite. pública poderá delegar as atribuições mencionadas
nos incisos VI, XII e XXV, primeira parte, aos Ministros
2) (SEDF - Conhecimentos Básicos - Cargo 2 - CES- de Estado, ao Procurador-Geral da República ou ao
PE/2017) Acerca de administração pública, organização Advogado-Geral da União, que observarão os limites
do Estado e agentes públicos, julgue o item a seguir. traçados nas respectivas delegações.
Não há exclusividade no exercício de suas funções típicas Neste sentido:
pelos poderes de Estado. Artigo 84, VI, CF. dispor, mediante decreto, sobre: 
a) organização e funcionamento da administração fe-
( ) CERTO ( ) ERRADO deral, quando não implicar aumento de despesa nem
criação ou extinção de órgãos públicos; 
Resposta: Certo. Dentro dos três Poderes típicos do b) extinção de funções ou cargos públicos, quando va-
Estado – Executivo, Legislativo e Judiciário, existem gos; 
funções típicas, isto é, o Executivo administra, o Le- Artigo 84, XII, CF. conceder indulto e comutar penas,
gislativo legisla, o Judiciário julga. Em casos excepcio- com audiência, se necessário, dos órgãos instituídos
nais é possível observar o exercício de funções atípicas em lei;
dentro de cada um dos Poderes. Artigo 84, XXV, CF. prover e extinguir os cargos públi-
cos federais, na forma da lei; (apenas o provimento é
delegável, não a extinção)
3) (AGU - Advogado da União - CESPE/2004). Acerca
Com efeito, o chefe do Poder Executivo federal tem
do conceito de administração pública, da teoria do órgão
opções de delegar parte de suas atribuições privativas
da pessoa jurídica aplicada ao direito administrativo, da
para os Ministros de Estado, o Procurador-Geral da Re-
concentração e da desconcentração de competências e
pública ou o Advogado-Geral da União. O Presidente irá
dos atos e fatos da administração pública, julgue os itens
delegar com relação de hierarquia cada uma destas es-
a seguir.
sencialidades dentro da estrutura organizada do Estado.
A administração pública, em seu sentido formal, é o con-
Reforça-se, desconcentrar significa delegar com hie-
junto de órgãos instituídos com a finalidade de realizar
rarquia, pois há uma relação de subordinação dentro de
as opções políticas e os objetivos do governo e, em seu
uma estrutura centralizada, isto é, os Ministros de Estado,
sentido material, é o conjunto de funções necessárias ao
o Procurador-Geral da República e o Advogado-Geral da
serviço público em geral.
União respondem diretamente ao Presidente da Repú-
blica e, por isso, não possuem plena discricionariedade
( ) CERTO ( ) ERRADO
na prática dos atos administrativos que lhe foram dele-
gados.
Resposta: Certo. O sentido formal abrange apenas os
Concentrar, ao inverso, significa exercer atribuições
órgãos administrativos, ou ainda, os órgãos governa-
privativas da Administração pública direta no âmbito
mentais e administrativos; o sentido material abrange
mais central possível, isto é, diretamente pelo chefe do
as funções administrativas e num sentido amplo mes-
Poder Executivo, seja porque não são atribuições delegá-
mo as funções políticas.
veis, seja porque se optou por não delegar.
Artigo 84, CF. Compete privativamente ao Presidente
da República:
ADMINISTRAÇÃO DIRETA E INDIRETA,
I - nomear e exonerar os Ministros de Estado;
CENTRALIZADA E DESCENTRALIZADA. II - exercer, com o auxílio dos Ministros de Estado, a
direção superior da administração federal;
III - iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Centralização, descentralização, concentração e previstos nesta Constituição;


desconcentração IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem
como expedir decretos e regulamentos para sua fiel
Em linhas gerais, descentralização significa transferir a execução;
execução de um serviço público para terceiros que não V - vetar projetos de lei, total ou parcialmente;
se confundem com a Administração direta; centralização VI - dispor, mediante decreto, sobre: 
significa situar na Administração direta atividades que, a) organização e funcionamento da administração fe-
em tese, poderiam ser exercidas por entidades de fora deral, quando não implicar aumento de despesa nem
dela; desconcentração significa transferir a execução de criação ou extinção de órgãos públicos; 
um serviço público de um órgão para o outro dentro da b) extinção de funções ou cargos públicos, quando va-
própria Administração; concentração significa manter a gos; 
execução central ao chefe do Executivo em vez de atri- VII - manter relações com Estados estrangeiros e acre-
bui-la a outra autoridade da Administração direta. ditar seus representantes diplomáticos;

4
VIII - celebrar tratados, convenções e atos internacio- Basicamente, se está diante de um conjunto de pes-
nais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional; soas jurídicas estatais criadas ou autorizadas por lei para
IX - decretar o estado de defesa e o estado de sítio; prestarem serviços de interesse do Estado. Possuem pa-
X - decretar e executar a intervenção federal; trimônio próprio e são unidades orçamentárias autôno-
XI - remeter mensagem e plano de governo ao Con- mas. Ainda, exercem em nome próprio direitos e obriga-
gresso Nacional por ocasião da abertura da sessão le- ções, respondendo pessoalmente por seus atos e danos.
gislativa, expondo a situação do País e solicitando as Existem duas formas pelas quais o Estado pode efe-
providências que julgar necessárias; tuar a descentralização administrativa: outorga e dele-
XII - conceder indulto e comutar penas, com audiên- gação.
cia, se necessário, dos órgãos instituídos em lei; A outorga se dá quando o Estado cria uma entidade
XIII - exercer o comando supremo das Forças Arma- e a ela transfere, através de previsão em lei, determinado
das, nomear os Comandantes da Marinha, do Exército serviço público e é conferida, em regra, por prazo inde-
e da Aeronáutica, promover seus oficiais-generais e terminado. Isso é o que acontece quanto às entidades da
nomeá-los para os cargos que lhes são privativos;  Administração Indireta prestadoras de serviços públicos.
XIV - nomear, após aprovação pelo Senado Federal, Neste sentido, o Estado descentraliza a prestação dos
os Ministros do Supremo Tribunal Federal e dos Tri- serviços, outorgando-os a outras entidades criadas para
bunais Superiores, os Governadores de Territórios, o prestá-los, as quais podem tomar a forma de autarquias,
Procurador-Geral da República, o presidente e os di- empresas públicas, sociedades de economia mista e fun-
retores do banco central e outros servidores, quando dações públicas.
determinado em lei; A delegação ocorre quando o Estado transfere, por
XV - nomear, observado o disposto no art. 73, os Mi- contrato ou ato unilateral, apenas a execução do serviço,
nistros do Tribunal de Contas da União; para que o ente delegado o preste ao público em seu
XVI - nomear os magistrados, nos casos previstos nes- próprio nome e por sua conta e risco, sob fiscalização do
Estado. A delegação é geralmente efetivada por prazo
ta Constituição, e o Advogado-Geral da União; determinado. Ela se dá, por exemplo, nos contratos de
XVII - nomear membros do Conselho da República, concessão ou nos atos de permissão, pelos quais o Es-
nos termos do art. 89, VII; tado transfere aos concessionários e aos permissionários
XVIII - convocar e presidir o Conselho da República e o apenas a execução temporária de determinado serviço.
Conselho de Defesa Nacional; Centralizar envolve manter na estrutura da Adminis-
XIX - declarar guerra, no caso de agressão estrangeira, tração direta o desempenho de funções administrativas
autorizado pelo Congresso Nacional ou referendado de interesses não essenciais do Estado, que poderiam ser
por ele, quando ocorrida no intervalo das sessões le- atribuídos a entes de fora da Administração por outorga
gislativas, e, nas mesmas condições, decretar, total ou ou delegação.
parcialmente, a mobilização nacional;
XX - celebrar a paz, autorizado ou com o referendo do #FicaDica
Congresso Nacional;
XXI - conferir condecorações e distinções honoríficas; Todos envolvem transferência na execução de
XXII - permitir, nos casos previstos em lei complemen- serviços:
tar, que forças estrangeiras transitem pelo território • Descentralização – da Administração para
nacional ou nele permaneçam temporariamente; terceiros;
XXIII - enviar ao Congresso Nacional o plano pluria- • Centralização – de terceiros para a
nual, o projeto de lei de diretrizes orçamentárias e as Administração;
propostas de orçamento previstos nesta Constituição; • Desconcentração – de um órgão central
XXIV - prestar, anualmente, ao Congresso Nacional, para outro na Administração;
dentro de sessenta dias após a abertura da sessão le- • Concentração – de um órgão na
gislativa, as contas referentes ao exercício anterior; Administração para o órgão central.
XXV - prover e extinguir os cargos públicos federais, Descentralização e centralização são
na forma da lei; movimentos externos, desconcentração e
XXVI - editar medidas provisórias com força de lei, nos concentração são movimentos internos.
termos do art. 62;
XXVII - exercer outras atribuições previstas nesta
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Constituição.
Descentralizar envolve a delegação de interesses es-
tatais para fora da estrutura da Administração direta, o
EXERCÍCIOS COMENTADOS
que é possível porque não se refere a essencialidades, 1) (PGM - AM - Procurador do Município - CES-
ou seja, a atos administrativos que somente possam ser PE/2018) Acerca dos instrumentos jurídicos que podem
praticados pela Administração direta porque se referem ser celebrados pela administração pública para a realiza-
a interesses estatais diversos previstos ou não na CF. ção de serviços públicos, julgue o item a seguir.
Descentralizar é uma delegação sem relação de hie- A União poderá celebrar convênio com consórcio público
rarquia, pois é uma delegação de um ente para outro constituído por municípios para viabilizar a descentrali-
(não há subordinação nem mesmo quanto ao chefe do zação e a prestação de políticas públicas em escalas ade-
Executivo, há apenas uma espécie de tutela ou supervi- quadas na área da educação fundamental.
são por parte dos Ministérios – se trata de vínculo e não
de subordinação). ( ) CERTO ( ) ERRADO

5
Resposta: Certo. Pelo instrumento utilizado – convê- Dispõe o Decreto nº 200/1967:
nio ou consórcio público – já cabe determinar que se Art. 4° A Administração Federal compreende:
trata de um movimento externo (descentralização ou I - A Administração Direta, que se constitui dos servi-
centralização). Se for de dentro da Administração para ços integrados na estrutura administrativa da Presi-
fora, é descentralização, pois sai da autoridade central dência da República e dos Ministérios.
da Administração para um terceiro. Assim, o exemplo A administração direta é formada por um conjunto de
descreve corretamente a descentralização. núcleos de competências administrativas, os quais já fo-
ram tidos como representantes do poder central (teoria
da representação) e como mandatários do poder central
2) (STM - Técnico Judiciário - Área Administrativa -
(teoria do mandato).
CESPE/2018) A respeito dos princípios da administração
Hoje, adota-se a teoria do órgão, de Otto Giërke,
pública, de noções de organização administrativa e da
segundo a qual os órgãos e agentes são apenas núcleos
administração direta e indireta, julgue o item que se se-
administrativos criados e extintos exclusivamente por lei,
gue.
mas que podem ser organizados por decretos autôno-
A descentralização administrativa consiste na distribui- mos do Executivo (art. 84, VI, CF), sendo desprovidos de
ção interna de competências agrupadas em unidades personalidade jurídica própria.
individualizadas. Assim, os órgãos da Administração direta não pos-
suem patrimônio próprio; e não assumem obrigações
( ) CERTO ( ) ERRADO em nome próprio e nem direitos em nome próprio (não
podem ser autor nem réu em ações judiciais, exceto para
Resposta: Errado. Quando a distribuição se dá de fins de mandado de segurança – tanto como impetrante
forma interna, fala-se em concentração (de um órgão como quanto impetrado).
fragmentário para o central) ou em desconcentração Já que não possuem personalidade, atuam apenas no
(de um órgão central para unidades individualizadas, cumprimento da lei, não atuando por vontade própria.
como é o caso do exemplo). A descentralização é um Logo, órgãos são impessoais quando agem no estrito
movimento externo, de dentro da Administração para cumprimento de seus deveres, não respondendo dire-
terceiro, externo à estrutura administrativa. tamente por seus atos e danos – o órgão central, com
personalidade, que responderá.
Esta impossibilidade de se imputar diretamente a res-
3) (CGM de João Pessoa/PB - Conhecimentos Básicos ponsabilidade a agentes ou órgãos públicos que estejam
- Cargos: 1, 2 e 3 - CESPE/2018) A respeito da organi- exercendo atribuições da Administração direta é deno-
zação e dos poderes da administração pública, julgue o minada teoria da imputação objetiva, de Otto Giërke,
próximo item. que institui o princípio da impessoalidade.
A criação de secretaria municipal de defesa do meio am-
biente por prefeito municipal configura caso de descon- 1.1 Órgãos Públicos: teorias
centração administrativa. “Várias teorias surgiram para explicar as relações do
Estado, pessoa jurídica, com suas agentes: Pela teoria do
( ) CERTO ( ) ERRADO mandato, o agente público é mandatário da pessoa jurí-
dica; a teoria foi criticada por não explicar como o Estado,
Resposta: Certo. A secretaria municipal seria um ór- que não tem vontade própria, pode outorgar o manda-
gão interno que desempenharia atribuições que po- to”7. A origem desta teoria está no direito privado, não
deriam ser exercidas pelo órgão central, a prefeitura. tendo como prosperar porque o Estado não pode outor-
No caso, para melhor desempenhar as funções, a Pre- gar mandato a alguém, afinal, não tem vontade própria.
feitura transferiu o exercício de funções para a Secre- Num momento seguinte, adotou-se a teoria da re-
taria, um movimento interno, caracterizando descon- presentação: “Posteriormente houve a substituição des-
centração. sa concepção pela  teoria da representação, pela qual
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

a vontade dos agentes, em virtude de lei, exprimiria a


vontade do Estado, como ocorre na tutela ou na curatela,
Administração Direta e Indireta figuras jurídicas que apontam para representantes dos
incapazes. Ocorre que essa teoria, além de equiparar o
1. Administração direta Estado, pessoa jurídica, ao incapaz (sendo que o Estado
é pessoa jurídica dotada de capacidade plena), não foi
Administração Pública direta é aquela formada pelos suficiente para alicerçar um regime de responsabilização
entes integrantes da federação e seus respectivos ór- da pessoa jurídica perante terceiros prejudicados nas cir-
gãos. Os entes políticos são a União, os Estados, o Dis- cunstâncias em que o agente ultrapassasse os poderes
trito Federal e os Municípios. À exceção da União, que é da representação”8. Criticou-se a teoria porque o Esta-
dotada de soberania, todos os demais são dotados de 7 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Admi-
autonomia. nistrativo. 23. ed. São Paulo: Atlas editora, 2010.
8 NOHARA, Irene Patrícia. Direito Administrativo

6
do estaria sendo visto como um sujeito incapaz, ou seja, • Órgãos autônomos – estão no primeiro escalão do
uma pessoa que não tem condições plenas de manifes- poder, com autonomia funcional, porém subordinados
tar, de falar, de resolver pendências; bem como porque politicamente aos independentes. É o caso de todos os
se o representante estatal exorbitasse seus poderes, o ministérios de Estado.
Estado não poderia ser responsabilizado. • Órgãos superiores – são desprovidos de autonomia
Finalmente, adota-se a teoria do órgão, de Otto ou independência, sendo plenamente vinculados aos
Giërke, segundo a qual os órgãos são apenas núcleos órgãos autônomos. Ex.: Delegacia Regional do Trabalho,
administrativos criados e extintos exclusivamente por lei, vinculada ao Ministério do Trabalho e Emprego; Depar-
mas que podem ser organizados por decretos autôno- tamento da Polícia Federal, vinculado ao Ministério da
mos do Executivo (art. 84, VI, CF), sendo desprovidos de Justiça.
personalidade jurídica própria. Com efeito, o Estado bra- • Órgãos subalternos – são vinculados a todos acima
sileiro responde pelos atos que seus agentes praticam, deles com plena subordinação administrativa. Ex.: órgãos
mesmo se estes atos extrapolam das atribuições estatais que executam trabalho de campo, policiais federais, fis-
conferidas, sendo-lhe assegurado o direito de regresso. cais do MTE.
A teoria da imputação objetiva, derivada da teoria ATENÇÃO: O Ministério Público, os Tribunais de Con-
do órgão, também de Otto Giërke, impõe que o órgão tas e as Defensorias Públicas não se encaixam nesta es-
central da Administração, por ser o único dotado de per- trutura, sendo órgãos independentes constitucionais. Em
sonalidade jurídica, responderá por danos praticados em verdade, para Canotilho e outros constitucionalistas, es-
seus órgãos despersonalizados e por seus agentes. Não tes órgãos não pertencem nem mesmo aos três poderes.
significa que os agentes ficarão impunes, mas caberá à Conforme Carvalho Filho9, “a noção de Estado, como
Administração buscar contra ele o direito de regresso, visto, não pode abstrair-se da de pessoa jurídica. O Es-
retomando o que foi obrigada a indenizar. Ex.: se uma tado, na verdade, é considerado um ente personalizado,
pessoa é vítima de dano numa delegacia estadual por seja no âmbito internacional, seja internamente. Quando
parte de um delegado da polícia civil, ajuizará deman- se trata de Federação, vigora o pluripersonalismo, por-
que além da pessoa jurídica central existem outras inter-
da indenizatória contra a Fazenda Pública do Estado, a
nas que compõem o sistema político. Sendo uma pessoa
qual poderá exercer direito de regresso contra o agente
jurídica, o Estado manifesta sua vontade através de seus
público, delegado causador do dano. Repare que a Ad-
agentes, ou seja, as pessoas físicas que pertencem a seus
ministração não se exime de indenizar mesmo que seu
quadros. Entre a pessoa jurídica em si e os agentes, com-
agente seja culpado.
põe o Estado um grande número de repartições internas,
necessárias à sua organização, tão grande é a extensão
#FicaDica que alcança e tamanha as atividades a seu cargo. Tais
Teoria do mandato e teoria da representação: repartições é que constituem os órgãos públicos”.
ultrapassadas. Apresenta-se, detalhes, a classificação dos órgãos:
Teoria do órgão: adotada. • Quanto à pessoa federativa: federais, estaduais, dis-
A teoria da imputação objetiva deriva da tritais e municipais.
teoria do órgão. Ambas são de autoria de • Quanto à situação estrutural: os diretivos, que são
Otto Giërke. aqueles que detêm condição de comando e de direção,
e os subordinados, incumbidos das funções rotineiras de
execução.
• Quanto à composição: singulares, quando integra-
dos em um só agente, e os coletivos, quando compostos
1.2 Órgãos Públicos: classificações por vários agentes.
Quanto se faz desconcentração da autoridade central • Quanto à esfera de ação: centrais, que exercem atri-
– chefe do Executivo – para os seus órgãos, se depara buições em todo o território nacional, estadual, distrital e
com diversos níveis de órgãos, que podem ser classifi- municipal, e os locais, que atuam em parte do território.
cados em simples ou complexos (simples se possuem • Quanto à posição estatal: são os que representam
apenas uma estrutura administrativa, complexos se pos- os poderes do Estado – o Executivo, o Legislativo e o Ju-
suem uma rede de estruturas administrativas) e em uni- diciário.
tários ou colegiados (unitário se o poder de decisão se • Quanto à estrutura: simples ou unitários e compos-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

concentra em uma pessoa, colegiado se as decisões são tos. Os órgãos compostos são constituídos por vários
tomadas em conjunto e prevalece a vontade da maioria): outros órgãos.
• Órgãos independentes – encabeçam o poder ou es-
trutura do Estado, gozando de independência para agir e 2. Administração indireta
não se submetendo a outros órgãos. Cabe a eles definir A Administração Pública indireta pode ser definida
as políticas que serão implementadas. É o caso da Pre- como um grupo de pessoas jurídicas de direito público
sidência da República, órgão complexo composto pelo ou privado, criadas ou instituídas a partir de lei específi-
gabinete, pela Advocacia-Geral da União, pelo Conselho ca, que atuam paralelamente à Administração direta na
da República, pelo Conselho de Defesa, e unitário (pois o prestação de serviços públicos ou na exploração de ativi-
Presidente da República é o único que toma as decisões). dades econômicas.
– esquematizado, completo, atualizado, temas polêmicos, 9 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de
conteúdo dos principais concursos públicos. 3. ed. São direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris,
Paulo: Atlas editora, 2013. 2010.

7
“Enquanto a Administração Direta é composta de
órgãos internos do Estado, a Administração Indireta se #FicaDica
compõe de pessoas jurídicas, também denominadas de Administração indireta: autarquias (inclui
entidades”10. Em que pese haver entendimento diverso agências reguladoras e agências executivas),
registrado em nossa doutrina, integram a Administração fundações públicas, empresas públicas e
indireta do Estado quatro espécies de pessoa jurídica, a sociedades de economia mista.
saber: as Autarquias, as Fundações, as Sociedades de Eco- Não compõem a Administração indireta:
nomia Mista e as Empresas Públicas. concessionárias e permissionárias, além de
Dispõe o Decreto nº 200/1967: entidades paraestatais (terceiro setor).
Art. 4° A Administração Federal compreende:
II - A Administração Indireta, que compreende as se-
guintes categorias de entidades, dotadas de personalidade
jurídica própria: EXERCÍCIOS COMENTADOS
a) Autarquias;
b) Empresas Públicas;
c) Sociedades de Economia Mista. 1) (STJ - Analista Judiciário - Judiciária - CESPE/2018)
d) fundações públicas. Tendo como referência a jurisprudência dos tribunais su-
Ao lado destas, podemos encontrar ainda entes que periores a respeito da organização administrativa e dos
agentes públicos, julgue o item a seguir.
prestam serviços públicos por delegação, embora não
O fato de a advocacia pública, no âmbito judicial, defen-
integrem os quadros da Administração, quais sejam, os der ocupante de cargo comissionado pela prática de ato
permissionários, os concessionários e os autorizados. no exercício de suas atribuições amolda-se à teoria da
Essas quatro pessoas integrantes da Administração representação.
indireta serão criadas para a prestação de serviços públi-
cos ou, ainda, para a exploração de atividades econômi- ( ) CERTO ( ) ERRADO
cas, como no caso das empresas públicas e sociedades
de economia mista, e atuam com o objetivo de aumentar Resposta: Errado. Vigora no Direito Administrativo
o grau de especialidade e eficiência da prestação do ser- brasileiro a teoria do órgão, de Otto Giërke. Quando
viço público ou, quando exploradoras de atividades eco- um agente público atua, é como se o próprio Esta-
nômicas, visando atender a relevante interesse coletivo e do atuasse, então não há problemas com o fato da
imperativos da segurança nacional. advocacia pública defender o ocupante de um cargo
público, não importando se o cargo é efetivo ou em
Com efeito, de acordo com as regras constantes do
comissão.
artigo 173 da Constituição Federal, o Poder Público só
poderá explorar atividade econômica a título de exceção,
em duas situações, conforme se colhe do caput do refe- 2) (TRF 1ª REGIÃO - Técnico Judiciário - Área Admi-
rido artigo, a seguir reproduzido: nistrativa - CESPE/2017) No que diz respeito a organi-
Artigo 173. Ressalvados os casos previstos nesta Cons- zação administrativa, julgue o item que se segue.
Órgão público é ente despersonalizado, razão por que lhe
tituição, a exploração direta de atividade econômica pelo
é defeso, em qualquer hipótese, ser parte em processo
Estado só será permitida quando necessária aos imperati- judicial, ainda que a sua atuação seja indispensável à
vos de segurança nacional ou a relevante interesse coleti- defesa de suas prerrogativas institucionais.
vo, conforme definidos em lei.
Cumpre esclarecer que, de acordo com as regras ( ) CERTO ( ) ERRADO
constitucionais e em razão dos fins desejados pelo Es-
tado, ao Poder Público não cumpre produzir lucro, tare- Resposta: Errado. Caso a atuação direta do órgão pú-
fa esta deferida ao setor privado. Assim, apenas explora blico seja indispensável às suas prerrogativas institu-
atividades econômicas nas situações indicadas no artigo cionais, protegendo suas atividades, sua autonomia e
173 do Texto Constitucional. Quando atuar na econo- sua independência, poderá atuar como parte em pro-
cesso judicial. O entendimento é firmado pelo próprio
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

mia, concorre em grau de igualdade com os particulares,


STJ (5a Turma; RO em MS: 21.813/AP; Rel. Min. FELIX
e sob o regime do artigo 170 da Constituição, inclusi-
FISCHER; Data de Julgamento: 13/12/2007).
ve quanto à livre concorrência, submetendo-se ainda a
todas as obrigações constantes do regime jurídico de
direito privado, inclusive no tocante às obrigações civis, 3) (TRF 1ª REGIÃO - Analista Judiciário - Oficial de
comerciais, trabalhistas e tributárias. Justiça Avaliador Federal - CESPE/2017) A respeito da
organização do Estado e da administração pública, jul-
gue o item a seguir.
O principal critério de distinção entre empresa pública e
sociedade de economia mista é que esta integra a admi-
nistração indireta, enquanto aquela integra a administra-
10 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de ção direta.
direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris,
2010. ( ) CERTO ( ) ERRADO

8
Resposta: Errado. O artigo 4o, II, Decreto nº 200/1967 partamento Nacional de Estradas de Rodagem (DNER),
enumera as sociedades de economia mista e as em- Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE),
presas públicas, ambas, como integrantes da adminis- Departamento nacional de Registro do Comércio (DNRC),
tração indireta, ao lado das autarquias e das funda- Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), Insti-
ções públicas. tuto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Natu-
rais Renováveis (Ibama), Banco Central do Brasil (Bacen).
Ainda sobra as autarquias:
Autarquias, fundações públicas, empresas públicas Contam com patrimônio próprio, constituído a partir
e sociedades de economia mista de transferência pela entidade estatal a que se vinculam,
portanto, capital exclusivamente público.
1. Autarquias São dotadas, ainda, de autonomia financeira, plane-
Conceitua-se no artigo 5º do Decreto nº 200/1967: jando seus gastos e compromissos a cada exercício. A
I - Autarquia - o serviço autônomo, criado por lei, com proposta orçamentária é encaminhada anualmente ao
personalidade jurídica, patrimônio e receita próprios, para chefe do Executivo, que a inclui no orçamento fiscal da
executar atividades típicas da Administração Pública, que lei orçamentária anual. A própria autarquia presta contas
requeiram, para seu melhor funcionamento, gestão admi- diretamente ao Tribunal de Contas.
nistrativa e financeira descentralizada. Podem pagar aos seus credores por meio de precató-
As autarquias são pessoas jurídicas de direito público, rios e requisição de pequeno valor, tal como a Adminis-
de natureza administrativa, criadas para a execução de tração direta. Podem emitir sozinhas certidão de dívida
serviços tipicamente públicos, antes prestados pelas ativa de seus devedores.
entidades estatais que as criam. Por serviços tipicamente Gozam de imunidade tributária recíproca em relação
públicos entenda-se aqueles sem fins lucrativos criados a todas unidades da federação.
por lei e comum monopólio do Estado. A elas se conferem as mesmas prerrogativas proces-
“O termo autarquia significa autogoverno ou gover- suais que à Fazenda Pública, inclusive prazo em dobro
no próprio, mas no direito positivo perdeu essa noção para contestar e recorrer, além de reexame necessário
semântica para ter o sentido de pessoa jurídica adminis- da causa em situações de condenação acima de certos
trativa com relativa capacidade de gestão dos interesses valores.
a seu cargo, embora sob controle do Estado, de onde Todas autarquias devem ser criadas, organizadas e
se originou. Na verdade, até mesmo em relação a esse extintas por lei, que podem ser complementadas por
sentido, o termo está ultrapassado e não mais reflete atos do Executivo, notadamente Decretos.
uma noção exata do instituto. [...] Pode-se conceituar au- As autarquias podem ser federais, estaduais, distritais
tarquia como a pessoa jurídica de direito público, inte- e municipais, contudo não podem ser interestaduais ou
grante da Administração Indireta, criada por lei para de- intermunicipais (não é permitida a associação de unida-
sempenhar funções que, despidas de caráter econômico, des federativas para a criação de autarquias).
sejam próprias e típicas do Estado”11. Devem executar atividades típicas do direito público
Logo, as autarquias são regidas integralmente pelo e, notadamente, serviços públicos de natureza social e
regime jurídico de direito público, podendo, tão-somen- atividades administrativas, com a exclusão dos serviços e
te, ser prestadoras de serviços públicos, contando com atividades de cunho econômico e mercantil.
capital oriundo da Administração direta. O Código Civil, O patrimônio da autarquia é formado por bens públi-
em seu artigo 41, IV, as coloca como pessoas jurídicas de cos, razão pela qual seu patrimônio se sujeita às mesmas
direito público, embora exista controvérsia na doutrina. regras aplicáveis aos bens públicos em geral, inclusive no
Carvalho Filho12 classifica quanto ao regime jurídico: que se refere à impenhorabilidade e à impossibilidade de
“a) autarquias comuns (ou de regime comum); b) au- oneração e de usucapião.
tarquias especiais (ou de regime especial). Segundo a Os agentes públicos das autarquias são concursados
própria terminologia, é fácil distingui-las: as primeiras e estatutários, logo, se sujeitam a estatuto próprio e não
estariam sujeitas a uma disciplina jurídica sem qualquer à CLT. Já os dirigentes não precisam ser concursados e
especificidade, ao passo que as últimas seriam regidas são nomeados e destituídos livremente pelo chefe do
por disciplina específica, cuja característica seria a de Executivo.
atribuir prerrogativas especiais e diferenciadas a certas
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

autarquias”. São exemplos de autarquias especiais aque-


1.1 Agências reguladoras
las criadas para serviços especiais, como autarquias de
São figuras muito recentes em nosso ordenamento
ensino (ex.: USP) e autarquias de fiscalização (ex.: CRM
jurídico. Possuem natureza jurídica de autarquias de re-
e CREA).
gime especial, são pessoas jurídicas de Direito Público
A título de exemplo, citamos as seguintes autarquias:
com capacidade administrativa, aplicando-se a elas todas
Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária
as regras das autarquias.
(Incra), Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), De-
O dirigente é nomeado pelo chefe do Executivo, mas
11 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de a nomeação se sujeita à aprovação do legislativo, que
direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, se baseia nos critérios de conhecimento. Uma vez no-
2010. meado, o dirigente passa a gozar de mandato com prazo
12 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de determinado e só pode ser destituído por processo com
direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, decisão motivada.
2010.

9
Possuem como objetivo regular e fiscalizar a execu- As Fundações são pessoas jurídicas compostas por
ção de serviços públicos. Elas não executam o serviço um patrimônio personalizado, destacado pelo seu insti-
propriamente, elas o fiscalizam. Logo, são entidades com tuidor para atingir uma finalidade específica, denomina-
típica função de controle da prestação dos serviços pú- das, em latim, universitas bonorum. Entre estas finalida-
blicos e do exercício de atividades econômicas, evitando des, destacam-se as de escopo religioso, moral, cultural
a prática de abusos por parte de entidades do setor pri- ou de assistência.
vado. Essa definição serve para qualquer fundação, inclu-
São titulares da matéria técnica que regulam, de sive para aquelas que não integram a Administração
modo que somente elas podem disciplinar as regras e indireta (não-governamentais). No caso das fundações
padrões técnicos desta determinada seara. que integram a Administração indireta (governamentais),
No exercício de seus poderes, compete a elas: fiscali- quando forem dotadas de personalidade de direito pú-
zar o cumprimento de contratos de concessões e o atin- blico, serão regidas integralmente por regras de direito
gimento de metas neles fixadas, fiscalizar e controlar o público. Quando forem dotadas de personalidade de di-
atendimento a consumidores e usuários (inclusive rece- reito privado, serão regidas por regras de direito público
bendo e processando denúncias e reclamações, aplican- e direito privado.
do penas administrativas e multas, bem como rescindin- Quando as fundações são criadas pelo Estado são
do contratos), definir política tarifária e reajustá-la. conhecidas como fundações públicas, ou autarquias
Entre as agências reguladoras inseridas no ordena- fundacionais ou fundações autárquicas. O estatuto da
mento brasileiro, destacam-se: ANEEL – Agência Nacio- fundação, no caso, terá a forma de lei, cujo escopo será
nal de Energia Elétrica, criada pela Lei nº 9.427/1996; a criar e organizar a fundação. As fundações públicas são
ANATEL – Agência Nacional de Telecomunicações, pela regulamentadas por lei complementar. Sendo fundações
Lei nº 9.472/1997; e a ANP – Agência Nacional do Petró- públicas que adotam regime jurídico de direito público,
leo, pela Lei nº 9.478/1997. se equiparam às autarquias e se sujeitam às mesmas re-
gras que elas.
1.2 Agências executivas Obs.: é possível que a lei autorize (não crie) uma
Agência executiva é a qualificação conferida a autar- fundação pública que adote regime jurídico de direito
quia, fundação pública ou órgão da administração direta privado, ou então um regime misto, caso em que seus
que celebra contrato de gestão com o próprio ente po- servidores poderão se sujeitar à CLT, seu patrimônio não
lítico com o qual está vinculado. As agências executivas será exclusivamente oriundo de verbas estatais. A lei au-
se distinguem das agências reguladoras por não terem torizadora deve ser expressa neste sentido.
como objetivo principal o de exercer controle sobre par-
ticulares que prestam serviços públicos, que é o objetivo 3. Empresas públicas
fundamental das agências reguladoras. Assim, a expres- Conceitua-se no artigo 5º do Decreto nº 200/1967:
são “agências executivas” corresponde a um título ou
qualificação atribuída à autarquia ou a fundações públi- II - Empresa Pública - a entidade dotada de personali-
cas cujo objetivo seja exercer atividade estatal. dade jurídica de direito privado, com patrimônio pró-
prio e capital exclusivo da União, criado por lei para
a exploração de atividade econômica que o Governo
#FicaDica seja levado a exercer por força de contingência ou de
As agências reguladoras sempre serão conveniência administrativa podendo revestir-se de
autarquias, embora sujeitas a regime especial. qualquer das formas admitidas em direito.
As agências executivas podem ser autarquia,
fundação pública ou órgão da administração Empresas públicas são pessoas jurídicas de Direito
direta que firme contrato de gestão. Privado, criadas para a prestação de serviços públicos ou
para a exploração de atividades econômicas, que contam
com capital exclusivamente público, e são constituídas
por qualquer modalidade empresarial, após autorização
legislativa do ente federativo criador.
2. Fundações públicas Sendo a empresa pública uma prestadora de servi-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Conceitua-se no artigo 5º do Decreto nº 200/1967: ços públicos, estará submetida a regime jurídico público,
ainda que constituída segundo o modelo imposto pelo
IV - Fundação Pública - a entidade dotada de perso- Direito Privado. Se a empresa pública é exploradora de
nalidade jurídica de direito privado, sem fins lucrati- atividade econômica, estará submetida a regime jurídi-
vos, criada em virtude de autorização legislativa, para co denominado pela doutrina como semipúblico, ante a
o desenvolvimento de atividades que não exijam exe- necessidade de observância, ao menos em suas relações
cução por órgãos ou entidades de direito público, com com os administrados, das regras atinentes ao regime da
autonomia administrativa, patrimônio próprio gerido Administração, a exemplo dos princípios expressos no
pelos respectivos órgãos de direção, e funcionamento “caput” do artigo 37 da Constituição Federal.
custeado por recursos da União e de outras fontes. Podemos citar, a título de exemplo, algumas empre-
sas públicas, nas mais variadas esferas de governo, como
o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e So-
cial (BNDES); a Empresa Municipal de Urbanização de

10
São Paulo (EMURB); a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT); a Caixa Econômica Federal (CEF).
Estas empresas públicas se caracterizam e se diferenciam das sociedades de economia mista por: não possuírem
fins lucrativos (o capital excedente não se transforma em lucro, é reinvestido na própria empresa), podem adotar perfis
empresariais diversos (LTDA, comandita, nome coletivo, S/A), o capital social é formado por recursos públicos e só ad-
mite sócios públicos (pode ter apenas um sócio – unipessoalidade originária ou inicial).

4. Sociedades de economia mista


Conceitua-se no artigo 5º do Decreto nº 200/1967:

III - Sociedade de Economia Mista - a entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, criada por lei para
a exploração de atividade econômica, sob a forma de sociedade anônima, cujas ações com direito a voto pertençam
em sua maioria à União ou a entidade da Administração Indireta.

As sociedades de economia mista são pessoas jurídicas de Direito Privado criadas para a prestação de serviços pú-
blicos ou para a exploração de atividade econômica, contando com capital misto e constituídas somente sob a forma
empresarial de S/A.
Por capital misto, entenda-se que não é apenas o Estado que participa dela, existem acionistas a ela vinculados.
Entretanto, o Estado deve ser o acionista controlador do direito a voto, mesmo que não seja o acionista majoritário (se
o Estado for sócio, mas não for controlador, trata-se de empresa comum, não sociedade de economia mista).
Alguns exemplos de sociedade mista:
- Exploradoras de atividade econômica: Banco do Brasil e Banespa.
- Prestadora de serviços públicos: Petrobrás, Sabesp, Metrô e CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional
Urbano).
Estas sociedades de economia mista se caracterizam e se diferenciam das empresas públicas por: possuírem fins
lucrativos (os lucros são distribuídos entre os acionistas), adotam o perfil de sociedade anônima S/A, o capital social é
formado por recursos públicos e privados, os sócios são privados e públicos (Estado).

5. Empresas públicas e sociedades de economia mista: semelhanças


Embora a Constituição Federal reserve a atividade econômica à iniciativa privada, resguardando ao Estado os papéis
de integração (integrar o Brasil na economia global), regulação (definindo regras e limites na exploração da atividade
econômica por particulares) e intervenção (fixação de regras e normas para combater o abuso do poder econômico)
(conforme artigos 173 e seguintes, CF), autoriza-se excepcionalmente que o Estado explore diretamente atividades
econômicas se houver um relevante interesse em matérias (serviços públicos em geral) ou atividades de soberania.
Quando está autorizado a fazê-lo, somente atua por meio de sociedades de economia mista e empresas públi-
cas. Tais empresas são regidas por regime jurídico de direito privado, o que evita que o próprio Estado possa abusar
do poder econômico. Logo, o Estado não pode dar às suas próprias empresas benefícios previdenciários, tributários e
trabalhistas. Além disso, em termos processuais, não gozam das prerrogativas que as autarquias gozam.
ATENÇÃO: o impedimento de prerrogativas somente se aplica quando o Estado está explorando atividade econômi-
ca propriamente dita, não quando está ofertando serviços públicos. Afinal, se o serviço é público, então o Estado pode
sobre ele exercer monopólio, o que afasta a necessidade de regras que impeçam o abuso do poder econômico. Por
exemplo, os Correios são uma empresa pública e possuem isenção fiscal e impenhorabilidade de bens.
Tanto as empresas públicas quanto as sociedades de economia mista são criadas por lei e a existência delas deve ser
fundada em contrato ou estatuto. Ambas se sujeitam, ainda, ao regime jurídico de direito privado. Inclusive, seus bens
são, a princípio, penhoráveis (exceto se for prestadora de serviço público e não exploradora de atividade econômica).
No entanto, não se sujeitam à falência ou à recuperação judicial (art. 2º, Lei nº 11.101/2005).
Contudo, devem obedecer ao núcleo obrigatório mínimo: licitar (exceto no que tange à prestação da ativida-
de-fim), concursar (os agentes se sujeitam ao regime da CLT, são celetistas e não estatutários, mas são contratados
mediante concurso público de provas ou provas e títulos), prestar contas ao Tribunal de Contas e obedecer ao teto de
remuneração (exceto no caso de sociedade de economia mista que subsista sem qualquer auxílio do governo, apenas
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

com seus lucros).

#FicaDica
Empresa Pública Sociedade de Economia Mista
Não possuem fins lucrativos Possuem fins lucrativos
Adotam perfis empresariais diversos (in- Adotam o perfil de sociedade anônima
clusive pode ser S/A) S/A
Capital social de recursos públicos Capital social de recursos públicos e privados
Apenas sócios públicos Sócios públicos e privados

11
4) (STM - Técnico Judiciário - Programação de Siste-
mas - CESPE/2018) Em relação à organização adminis-
EXERCÍCIOS COMENTADOS trativa e à licitação administrativa, julgue o item a seguir.
Por ser dotada de personalidade jurídica de direito públi-
1) (EBSERH - Assistente Administrativo - CESPE/2018) co e integrar a administração pública indireta, a empresa
pública não pode explorar atividade econômica.
Em relação ao direito administrativo, julgue o item se-
guinte.
( ) CERTO ( ) ERRADO
Somente por decreto específico poderá ser criada autar-
quia e autorizada a instituição de empresa pública, de Resposta: Errado. A empresa pública é integrante da
sociedade de economia mista e de fundação, cabendo à Administração Indireta e possui personalidade jurídica
lei complementar definir as áreas de atuação. de direito privado. Pode ser criada para exploração de
atividades econômicas ou para prestação de serviços
( ) CERTO ( ) ERRADO públicos (artigo 5o, II, Decreto-Lei nº 200/1967).

Resposta: Errado. Disciplina o artigo 37, XIX, CF: “so-


Entidades paraestatais e terceiro setor
mente por lei específica poderá ser criada autarquia
Desde a última década do século passado vêm sendo
e autorizada a instituição de empresa pública, de so- promovidas no Brasil reformas constitucionais e legais
ciedade de economia mista e de fundação, cabendo à para implantar um modelo de administração gerencial,
lei complementar, neste último caso, definir as áreas que se concentra num Estado mínimo, isto é, que inter-
de sua atuação”. Somente fundação pública tem suas fira o mínimo possível na sociedade, em consonância
áreas de atuação determinadas por lei federal. Basta com o defendido pela doutrina neoliberalista. Entre as
lei ordinária para criar autarquia e autorizar a institui- providências tomadas, colocam-se: reforço à autonomia
ção de empresa pública ou sociedade de economia das agências reguladoras, privatizações, parcerias públi-
mista – Decreto é insuficiente para tanto. co-privadas, incentivo à iniciativa privada13 – inclusive às
denominadas entidades paraestatais.
Alexandrino e Paulo14 afirmam: “no conceito de enti-
2) (STM - Técnico Judiciário - Área Administrativa - dades paraestatais que adotamos estão enquadrados: a)
CESPE/2018) A respeito dos princípios da administração os serviços sociais autônomos; b) as organizações sociais;
pública, de noções de organização administrativa e da c) as organizações da sociedade civil de interesse coleti-
administração direta e indireta, julgue o item que se se- vo (OSCIP); d) as ‘entidades de apoio’”. Para os autores,
gue. com as reformas, ocorreu uma ampliação do conceito
As autarquias são pessoas jurídicas criadas por lei e pos- clássico de Meirelles, para o qual apenas eram entida-
suem liberdade administrativa, não sendo subordinadas des paraestatais as pessoas jurídicas de direito privado
a órgãos estatais. da Administração Indireta (empresas públicas e socieda-
des de economia mista) e os serviços sociais autônomos
( ) CERTO ( ) ERRADO (SESC, SENAI, SESI, etc.).
Em detalhes sobre a controvérsia, entidades paraes-
Resposta: Certo. O artigo 5o, I, Decreto-Lei nº tatais “são aquelas pessoas jurídicas que atuam ao lado
200/1967 descreve a autarquia como serviço autôno- e em colaboração com o Estado. [...] Há juristas que en-
mo, ou seja, estas possuem independência em relação tendem serem entidades paraestatais aquelas que, tendo
aos órgãos da Administração direta; e também diz que personalidade jurídica de direito privado (não incluí-
das, pois, as autarquias), recebem amparo oficial do Po-
estas são criadas por lei.
der Público, como as empresas públicas, as sociedades
de economia mista, as fundações públicas e as entidades
3) (STM - Analista Judiciário - Área Judiciária - CES- de cooperação governamental (ou serviços sociais autô-
PE/2018) Considerando a doutrina majoritária, julgue o nomos), como o SESI, SENAI, SESC, SENAC etc. Outros
próximo item, referente ao poder administrativo, à orga- pensam exatamente o contrário: entidades paraestatais
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

nização administrativa federal e aos princípios básicos da seriam as autarquias. Alguns, a seu turno, só enquadram
administração pública. nessa categoria as pessoas colaboradoras que não se
Quando criadas como autarquias de regime especial, as preordena a fins lucrativos, estando excluídas, assim, as
empresas públicas e as sociedades de economia mista.
agências reguladoras integram a administração direta.
Para outros, ainda, paraestatais seriam as pessoas de di-
reito privado integrantes da Administração Indireta, ex-
( ) CERTO ( ) ERRADO cluindo-se, por conseguinte, as autarquias, as fundações

13 ALEXANDRINO, Marcelo; PAULO, Vicente. Di-


Resposta: Errado. Como autarquias de regime espe-
reito administrativo descomplicado. 16. ed. São Paulo:
cial, as agências reguladoras fazem parte da Adminis-
Método, 2008.
tração Indireta.
14 ALEXANDRINO, Marcelo; PAULO, Vicente. Di-
reito administrativo descomplicado. 16. ed. São Paulo:
Método, 2008.

12
de direito público e os serviços sociais autônomos. Por ATENÇÃO: as principais distinções entre OS e OS-
fim, já se considerou que na categoria se incluem além CIP são: nas OS é exigida a presença de um conselho
dos serviços sociais autônomos até mesmo as escolas de administração no qual o Estado participe, o que nas
oficializadas, os partidos políticos e os sindicatos, ex- OSCIP é dispensado; as OS celebram contrato de gestão,
cluindo-se a administração indireta. Na prática, tem-se as OSCIP termo de parceria; as exigências contábeis com
encontrado, com frequência, o emprego da expressão relação à OSCIP são mais amplas (deve apresentar balan-
empresas estatais, sendo nelas enquadradas as socieda- ço contábil, demonstrativo de resultados e declaração de
des de economia mista e as empresas públicas. Há tam- isenção de imposto de renda); as OS recebem delegação
bém autores que adotam o referido sentido”15. Para Car- de serviço público e as OSCIP exercem atividade de direi-
valho Filho, “deveria abranger toda pessoa jurídica que to privado com apoio do Estado.
tivesse vínculo institucional com a pessoa federativa, de
forma a receber desta os mecanismos estatais de contro- “O CONVÊNIO é o instrumento utilizado para a exe-
le. Estariam, pois, enquadradas como entidades paraes- cução descentralizada de qualquer programa de traba-
tatais as pessoas da administração indireta e os serviços lho, projeto/atividade ou evento de interesse recíproco,
sociais autônomos”16. em regime de mútua cooperação. No plano normativo,
Com efeito, o conceito de Alexandrino e Paulo é mais há praticamente um único dispositivo legal que o regu-
amplo, abrangendo como entidades paraestatais tam- lamenta: o artigo 116 da Lei nº. 8.666/93; por essa razão,
bém as OSCIPs e entidades de apoio. A doutrina mais a maioria de suas normas é de caráter infralegal e está
clássica, de Meirelles e Carvalho Filho, coloca as organi- consubstanciada em decretos do Presidente da Repú-
zações civis e as entidades de apoio como pertencentes blica (decretos nº. 5.504/05 e 6.170/07) e em instruções
ao terceiro setor, sendo que as entidades paraestatais normativas da Secretaria do Tesouro Nacional, a IN nº.
juntamente o compõem. Basicamente, o terceiro setor é 1/97. A princípio, pode ser celebrado com qualquer or-
constituído por organizações sem fins lucrativos e or- ganização sem fins lucrativos, independentemente de ti-
ganizações não governamentais – ONG, que tem como tulação ou qualificação.
objetivo gerar serviços de caráter público: O Termo de Parceria é voltado ao fomento e exe-
a) Serviços sociais autônomos: Serviços sociais cução das atividades definidas como de interesse públi-
autônomos são as típicas entidades paraestatais, assim co pelo artigo 3º da Lei nº. 9.790/99 e disciplinado pelo
como SESI, SENAI, entre outras, conforme conceito do Decreto nº. 3.100/99. Apenas aquelas organizações que
tópico anterior. cumprirem os requisitos legais e sejam qualificadas como
b) Entidades de apoio: Entidades de apoio são pes- OSCIP (Organizações da Sociedade Civil de Interesse Pú-
soas jurídicas de direito privado sem fins lucrativos e blico) pelo Ministério da Justiça é que estão aptas a cele-
compostas por servidores públicos que atuam em nome brar a parceria com o Poder Público.
próprio, adotando a forma de fundação, associação ou O Contrato de Gestão tem por objetivo a formação
cooperativa, prestando serviços sociais que não são ex- de parceria para o fomento de organizações que pres-
clusivos do Estado e firmando com este convênio. Ex.: tam serviços públicos não-exclusivos do Estado: ensino,
fundações de amparo à pesquisa. pesquisa científica, desenvolvimento tecnológico, prote-
c) Organizações sociais: Organizações sociais (OS) ção e preservação do meio ambiente, cultura e saúde. É
são reguladas pela Lei nº 9.637/1998, são entidades pri- regulado pela Lei nº. 9.637/98. Para firmar um contra-
vadas que se associam ao Estado, exercendo atividades to de gestão, a organização deve ter sido previamente
privadas, em seu próprio nome, com incentivos do Poder qualificada como OS (Organização Social) pelo ministério
Público. Para atuarem, é imprescindível que firmem con- correspondente”17.
trato de gestão com o Estado. Para uma entidade priva-
da assumir a posição de organização social deve receber Art. 2o, Lei nº 13.019/2014:
autorização do ministro atuante na específica área de VII - termo de colaboração: instrumento por meio do
atuação da entidade (ex.: se pretende ser uma organiza- qual são formalizadas as parcerias estabelecidas pela
ção social que atue na saúde, o ministro da saúde deve administração pública com organizações da sociedade
autorizar), sendo que há discricionariedade deste em civil para a consecução de finalidades de interesse pú-
conceder o título. blico e recíproco propostas pela administração pública
d) Organizações da sociedade civil de interesse pú- que envolvam a transferência de recursos financeiros;
blico: Organizações da sociedade civil de interesse públi- VIII - termo de fomento: instrumento por meio do qual
co (OSCIP) criadas pela Lei 9.790/1999, posteriormente são formalizadas as parcerias estabelecidas pela ad-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

regulamentada pelo Decreto 3.100/1999, são entidades ministração pública com organizações da sociedade
privadas que se associam ao Estado e recebem dele in- civil para a consecução de finalidades de interesse
centivos, atuando em nome próprio em atividades que público e recíproco propostas pelas organizações da
não são exclusivas do Estado, mas que são de interesse sociedade civil, que envolvam a transferência de re-
social e coletivo. Recebem um título por parte do Poder cursos financeiros;
Público, sendo que este ato de concessão é vinculado. VIII-A - acordo de cooperação: instrumento por meio
Firmam termo de compromisso. do qual são formalizadas as parcerias estabelecidas
pela administração pública com organizações da so-
15 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de ciedade civil para a consecução de finalidades de inte-
direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, resse público e recíproco que não envolvam a transfe-
2010. rência de recursos financeiros.
16 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de
direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 17 http://aldeirfelixhonorato.blogspot.com.
2010. br/2011/05/convenio-termo-de-parceria-e-o-contrato.html

13
ministração. Exemplo: os contratos regidos pelo direito
privado, como a compra e venda, a locação etc. No mes-
EXERCÍCIOS COMENTADOS mo plano estão os atos materiais, que correspondem aos
fatos administrativos, noção vista acima: são eles atos da
1) (STJ - Analista Judiciário - Judiciária - CESPE/2018) Administração, mas não configuram atos administrativos
Acerca das organizações da sociedade civil de interesse típicos. Alguns autores aludem também aos atos políti-
público (OSCIP) e dos atos administrativos, julgue o item cos ou de governo”18.
seguinte. Com efeito, a expressão atos da Administração é mais
A concessão, pelo poder público, da qualificação como ampla. Envolve, também, os atos privados da Adminis-
OSCIP de entidade privada sem fins lucrativos é ato vin- tração, referentes às ações da Administração no atendi-
culado ao cumprimento dos requisitos legais estabeleci- mento de seus interesses e necessidades operacionais e
dos para tal. instrumentais agindo no mesmo plano de direitos e obri-
gações que os particulares. O regime jurídico será o de
( ) CERTO ( ) ERRADO direito privado. Ex.: contrato de aluguel de imóveis, com-
pra de bens de consumo, contratação de água/luz/inter-
Resposta: Certo. As Organizações da Sociedade Ci- net. Basicamente, envolve os interesses particulares da
vil de Interesse Público (OSCIP) foram criadas pela Administração, que são secundários, para que ela possa
Lei 9.790/1999, a qual fixa requisitos para o enqua- atender aos interesses primários – no âmbito destes in-
dramento nesta condição. A concessão do status de teresses primários (interesses públicos, difusos e coleti-
OSCIP é de caráter vinculado – se preenchidos os re- vos) é que surgem os atos administrativos, que são atos
quisitos deverá ser concedido, não há faculdade por públicos da Administração, sujeitos a regime jurídico de
parte do poder público. O ato é vinculado, não discri- direito público.
cionário. Os atos administrativos se situam num plano supe-
rior de direitos e obrigações, eis que visam atender aos
interesses públicos primários, denominados difusos e
2) (CGM de João Pessoa/PB - Conhecimentos Básicos coletivos. Logo, são atos de regime público, sujeitos a
- Cargos: 1, 2 e 3 - CESPE/2018) No tocante às organi- pressupostos de existência e validade diversos dos es-
zações da sociedade civil de interesse público e aos con- tabelecidos para os atos jurídicos no Código Civil, e sim
sórcios públicos, julgue o item subsequente. previstos na Lei de Ação Popular e na Lei de Processo
O consórcio formado por entes públicos pode assumir a Administrativo Federal. Ao invés de autonomia da von-
forma de pessoa jurídica de direito privado. tade, haverá a obrigatoriedade do cumprimento da lei e,
portanto, a administração só poderá agir nestas hipóte-
( ) CERTO ( ) ERRADO ses desde que esteja expressa e previamente autorizada
por lei19.
Resposta Certo. Nos termos da Lei nº 11.107/2005,
em seu artigo 1o, § 1o: “Esta Lei dispõe sobre normas
gerais para a União, os Estados, o Distrito Federal e #FicaDica
os Municípios contratarem consórcios públicos para a
realização de objetivos de interesse comum e dá ou- Atos da Administração ≠ Atos
tras providências. § 1o O consórcio público constituirá administrativos.
associação pública ou pessoa jurídica de direito pri- Atos privados da Administração = atos da
vado”. Administração → regime jurídico de direito
privado.
Atos públicos da Administração = atos
ATO ADMINISTRATIVO: CONCEITO, administrativos → regime jurídico de direito
REQUISITOS, ATRIBUTOS, CLASSIFICAÇÃO público.
E ESPÉCIES.
Fato e ato administrativo
Fato administrativo é a “atividade material no exercí-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

cio da função administrativa, que visa a efeitos de ordem


Conceitos e pressupostos prática para a Administração. [...] Os fatos administrativos
podem ser voluntários e naturais. Os fatos administra-
O ato administrativo é uma espécie de fato adminis- tivos voluntários se materializam de duas maneiras: 1ª)
trativo e é em torno dele que se estrutura a base teórica por atos administrativos, que formalizam a providên-
do direito administrativo. cia desejada pelo administrador através da manifes-
Por seu turno, “a expressão atos da Administração tação da vontade; 2ª) por condutas administrativas, que
traduz sentido amplo e indica todo e qualquer ato que refletem os comportamentos e as ações administrativas,
se origine dos inúmeros órgãos que compõem o sistema
administrativo em qualquer dos Poderes. [...] Na verdade, 18 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de
entre os atos da Administração se enquadram atos direito administrativo. 28. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris,
2015.
que não se caracterizam propriamente como atos ad-
ministrativos, como é o caso dos atos privados da Ad- 19 BALDACCI, Roberto Geists. Direito administrati-
vo. São Paulo: Prima Cursos Preparatórios, 2004.

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sejam ou não precedidas de ato administrativo formal.
Já os fatos administrativos naturais são aqueles que se #FicaDica
originam de fenômenos da natureza, cujos efeitos se re- Para memorizar, note que os requisitos do
fletem na órbita administrativa. Assim, quando se fizer ato administrativo se apresentam sob o
referência a fato administrativo, deverá estar presente mnemônico ComFiFoMOb:
unicamente a noção de que ocorreu um evento dinâmico COMpetência
da Administração”20. FInalidade
FOrma
Requisitos ou elementos Motivo
1) Competência: é o poder-dever atribuído a Objeto
determinado agente público para praticar certo ato
administrativo. A pessoa jurídica, o órgão e o agente
público devem estar revestidos de competência. A Competência administrativa: conceito e critérios
competência é sempre fixada por lei. de distribuição
2) Finalidade: é a razão jurídica pela qual um ato
administrativo foi abstratamente criado pela ordem A Constituição Federal fixa atribuições para as diver-
jurídica. A lei estabelece que os atos administrativos sas esferas do Poder Executivo. Entretanto, seria impos-
devem ser praticados visando a um fim, notadamente, a sível impor que um único órgão as exercesse por com-
satisfação do interesse público. Contudo, embora os atos pleto. Por isso, tais atribuições são distribuídas entre os
administrativos sempre tenham por objeto a satisfação diversos órgãos que compõem a Administração Pública.
do interesse público, esse interesse é variável de acordo Esta divisão das atribuições entre os órgãos da Ad-
com a situação. Se a autoridade administrativa praticar ministração Pública é conhecida como competência.
um ato fora da finalidade genérica ou fora da finalidade Conceitua Carvalho Filho21 que “competência é o cír-
específica, estará praticando um ato viciado que é culo definido por lei dentro do qual podem os agentes
chamado “desvio de poder ou desvio de finalidade”. exercer legitimamente sua atividade”, afirmando ainda
3) Forma: é a maneira pela qual o ato se revela no que a competência administrativa pode ser colocada em
mundo jurídico. Usualmente, adota-se a forma escrita. plano diverso da competência legislativa e jurisdicional.
Eventualmente, pode ser praticado por sinais ou gestos A competência é pressuposto essencial do ato admi-
(ex.: trânsito). A forma é sempre fixada por lei. nistrativo, devendo sempre ser fixada por lei ou pela
4) Motivo (vontade): vontade é o querer do ato admi- Constituição Federal. Vale ressaltar, no entanto, que a
nistrativo e dela se extrai o motivo, que é o acontecimen- lei e a CF fixam as competências primárias, que abran-
to real que autoriza/determina a prática do ato adminis- gem o órgão como um todo; podendo existir atos inter-
trativo. É o ato baseado em fatos e circunstâncias, que o nos de organização que fixam as divisões de competên-
administrador por escolher, mas deve respeitar os limites cias dentro dos órgãos, em seus diversos segmentos.
e intenções da lei. Nem sempre os atos administrativos A competência se reveste de dois atributos essenciais:
possuem motivo legal. Nos casos em que o motivo inderrogabilidade, pois não se transfere de um órgão a
legal não está descrito na norma, a lei deu competência outro por mera vontade entre as partes ou por consen-
discricionária para que o sujeito escolha o motivo legal timento do agente público; e improrrogabilidade, pois
(o motivo deve ser oportuno e conveniente). A teoria um órgão competente não se transmuta em incompe-
dos Motivos Determinantes afirma que os motivos tente mesmo diante de alteração da lei superveniente ao
alegados para a prática de um ato administrativo ficam fato.
a ele vinculados de tal modo que a prática de um ato O ato praticado por sujeito incompetente prescin-
administrativo mediante a alegação de motivos falsos ou de de pressuposto essencial para o ato administrativo,
inexistentes determina a sua invalidade. sendo ele considerado inexistente e incapaz de produzir
5) Objeto (conteúdo): é o que o ato afirma ou de- efeitos.
clara, manifestando a vontade do Estado. A lei não fixa É possível fixar os critérios de competência nos
qual deve ser o conteúdo ou objeto de um ato admi- seguintes moldes:
nistrativo, restando ao administrador preencher o vazio a) Quanto à matéria: abrange a especificidade da
nestas situações. O ato é branco/indefinido. No entanto, função, por exemplo, entre Ministérios e Secreta-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

deve se demonstrar que a prática do ato é oportuna e rias de diversas especialidades.


conveniente. b) Quanto à hierarquia: abrange a atribuição de
Obs.: Quando se diz que a escolha do motivo e do atividades mais complexas a agentes/órgãos de
objeto do ato é discricionária não significa que seja arbi- graus superiores dentro dos órgãos.
trária, pois deve se demonstrar a oportunidade e a con- c) Quanto ao lugar: abrange a descentralização ter-
veniência. ritorial de atividades.
Mérito = oportunidade + conveniência d) Quanto ao tempo: abrange a atribuição de com-
petência por tempo determinado, notadamente
diante de algum evento específico, como de cala-
midade pública.
20 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de 21 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de
direito administrativo. 28. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris,
2015. 2010.

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Avocação e delegação de competência b) Classificação quanto ao seu objeto:
Nos termos do artigo 11 da Lei nº 9.784/1999, “a 1) Atos de império: praticados com supremacia em
competência é irrenunciável e se exerce pelos órgãos relação ao particular e servidor, impondo o seu obrigató-
administrativos a que foi atribuída como própria, salvo rio cumprimento.
os casos de delegação e avocação legalmente admi- 2) Atos de gestão: praticados em igualdade de con-
tidos”. dição com o particular, ou seja, sem usar de suas prerro-
Delegar é atribuir uma competência que seria sua a gativas sobre o destinatário.
outro órgão/agente (pode ser vertical, quando houver 3) Atos de expediente: praticados para dar anda-
subordinação; ou horizontal, quando não houver subor- mento a processos e papéis que tramitam internamente
dinação) – A delegação é parcial e temporária e pode ser na administração pública. São atos de rotina administra-
revogada a qualquer tempo. Não podem ser delegados tiva.
os seguintes atos: Competência Exclusiva, Edição de Ato
de Caráter Normativo, Decisão de Recursos Administra- c) Classificação dos atos quanto à formação (pro-
tivos. cesso de elaboração):
Avocar é solicitar o que seria de competência de 1) Ato simples: nasce por meio da manifestação
outro para sua esfera de competência. Basicamente, é o de vontade de um órgão (unipessoal ou colegiado) ou
oposto de delegar. Na avocação, o chefe/órgão superior agente da Administração.
pega para si as atribuições do subordinado/órgão infe- 2) Ato complexo: nasce da manifestação de vontade
rior. Como exige subordinação, toda avocação é vertical. de mais de um órgão ou agente administrativo.
3) Ato composto: nasce da manifestação de vontade
O silêncio no direito administrativo de um órgão ou agente, mas depende de outra vontade
Relacionada à questão da forma do ato administrati- que o ratifique para produzir efeitos e tornar-se exequí-
vo, surge a discussão sobre o silêncio do ato administra- vel.
tivo, se esse poderia ou não caracterizar a prática de um
d) Classificação quanto à manifestação da vonta-
ato válido. Neste sentido:
de:
“Uma questão interessante que merece ser analisada
1) Atos unilaterais: São aqueles formados pela
no tocante ao ato administrativo é a omissão da Admi-
manifestação de vontade de uma única pessoa. Ex.:
nistração Pública ou, o chamado silêncio administrativo.
Demissão - Para Hely Lopes Meirelles, só existem os atos
Essa omissão é verificada quando a administração deve-
administrativos unilaterais.
ria expressar uma pronuncia quando provocada por ad-
2) Atos bilaterais: São aqueles formados pela
ministrado, ou para fins de controle de outro órgão e,
manifestação de vontade de duas pessoas.
não o faz. Para Celso Antônio Bandeira de Mello, o silên-
3) Atos multilaterais: São aqueles formados pela
cio da administração não é um ato jurídico, mas quando vontade de mais de duas pessoas.
produz efeitos jurídicos, pode ser um fato jurídico ad- Ex.: Contrato administrativo.
ministrativo. [...] Denota-se que o silêncio pode consistir
em omissão, ausência de manifestação de vontade, ou e) Classificação quanto ao destinatário:
não. Em determinadas situações poderá a lei determinar 1) Atos gerais: dirigidos à coletividade em geral, com
a Administração Pública manifestar-se obrigatoriamente, finalidade normativa, atingindo uma gama de pessoas
qualificando o silêncio como manifestação de vontade. que estejam na mesma situação jurídica nele estabeleci-
Nesses casos, é possível afirmar que estaremos diante de da. O particular não pode impugnar, pois os efeitos são
um ato administrativo. [...] Desta forma, quando o silêncio para todos.
é uma forma de manifestação de vontade, produz efeitos 2) Atos individuais: dirigidos a pessoa certa e deter-
de ato administrativo. Isto porque a lei pode atribuir ao minada, criando situações jurídicas individuais. O parti-
silêncio determinado efeito jurídico, após o decurso de cular atingido pode impugnar.
certo prazo. Entretanto, na ausência de lei que atribua
determinado efeito jurídico ao silêncio, estaremos diante e) Classificação quanto ao seu regramento:
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

de um fato jurídico administrativo”22. 1) Atos vinculados: são os que possuem todos os


pressupostos e elementos necessários para sua prática
Classificação e perfeição previamente estabelecidos em lei que
autoriza a prática daquele ato. O administrador é um
a) Classificação quanto ao seu alcance: “mero cumpridor de leis”. Também se denomina ato de
1) Atos internos: praticados no âmbito interno da exercício obrigatório.
Administração, incidindo sobre órgãos e agentes admi- 2) Atos discricionários: são os atos que possuem
nistrativos. parte de seus pressupostos e elementos previamente
2) Atos externos: praticados no âmbito externo da fixados pela lei autorizadora. No mínimo, a competência,
Administração, atingindo administrados e contratados. a finalidade e a forma estão previamente fixados
São obrigatórios a partir da publicação. na lei – são os pressupostos vinculados. Aquilo que
22 SCHUTA, Andréia. Breves considerações acerca está em branco ou indefinido na lei será preenchido
do silêncio administrativo. Migalhas, 24 jul. 2008. pelo administrador. Tal preenchimento deve ser feito

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motivadamente com base em fatos e circunstâncias 2) Autoexecutoriedade: em regra, a Administração
que somente o administrador pode escolher. Contudo, pode concretamente executar seus atos independente
tal escolha não é livre, os fatos e circunstâncias devem da manifestação do Poder Judiciário, mesmo quando es-
ser adequados (razoáveis e proporcionais) aos limites e tes afetam diretamente a esfera jurídica de particulares.
intenções da lei.
Quanto ao grau de subordinação à norma, os atos 3) Presunção de veracidade: todo ato editado ou
administrativos se classificam em vinculados ou discri- publicado pela Administração é presumivelmente verda-
cionários. “Os atos vinculados são aqueles que tem o deiro, seja na forma, seja no conteúdo, o que se denomi-
procedimento quase que plenamente delineados em lei, na “fé pública”. Evidente que tal presunção é relativa (ju-
enquanto os discricionários são aqueles em que o dispo- ris tantum), mas é muito difícil de ser ilidida. Só pode ser
sitivo normativo permite certa margem de liberdade para quebrada mediante ação declaratória de falsidade, que
a atividade pessoal do agente público, especialmente no irá argumentar que houve uma falsidade material (viola-
que tange à conveniência e oportunidade, elementos ção física do documento que traz o ato) ou uma falsidade
do chamado mérito administrativo. A discricionariedade ideológica (documento que expressa uma inverdade).
como poder da Administração deve ser exercida con-
soante determinados limites, não se constituindo em op- 4) Presunção de legitimidade: Sempre que a Admi-
ção arbitrária para o gestor público, razão porque, desde nistração agir se presume que o fez conforme a lei. Tal
há muito, doutrina e jurisprudência repetem que os atos presunção é relativa (juris tantum), podendo contudo ser
de tal espécie são vinculados em vários de seus aspectos, ilidida por qualquer meio de prova.
tais como a competência, forma e fim”23.
Atos administrativos em espécie
#FicaDica 1) Atos normativos: são atos gerais e abstratos vi-
Dentre as classificações, merece destaque sando a correta aplicação da lei. São exemplos: decretos,
aquela que recai sobre o caráter vinculado ou regulamentos, regimentos, resoluções, deliberações, en-
discricionário de um ato administrativo. tre outros.
Ato vinculado – Obrigatório A Administração, por intermédio da autoridade que
– Não há margem para a Administração tem o poder de editá-los, elabora normativas buscando
cumprir de outra forma explicar e especificar um comando já contido em lei. Não
– A lei fixa requisitos e pressupostos de cabe inovar nestas normativas, pois não cabe ao Executi-
forma expressa e clara, rejeitando margem de vo legislar. Caso o Executivo transcenda seus poderes, o
interpretação. Legislativo poderá sustar o ato.
Ato discricionário – Facultativo Surge neste ponto a discussão sobre Decretos autô-
– O administrador decidirá caso a caso nomos. A Constituição Federal prevê a competência do
conforme critérios de oportunidade e Presidente da República para dispor sobre a organiza-
conveniência (o denominado mérito do ato ção e o funcionamento da administração pública federal,
administrativo) conforme art. 84, IV e VI da Constituição Federal: “IV -
– Há margem de interpretação que a sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como
própria lei deixa, afinal, a lei não pode tudo expedir decretos e regulamentos para sua fiel execução;
regular e impedir por completo a atuação [...] VI - dispor, mediante decreto, sobre: a) organização
do administrador porque se caracterizaria e funcionamento da administração federal, quando não
ingerência do Legislativo no Executivo. implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de
– Não significa que o administrador pode agir órgãos públicos; b) extinção de funções ou cargos públi-
de forma arbitrária, se seu ato discricionário cos, quando vagos”. Assim o Executivo desempenha seu
não atender a parâmetros de razoabilidade e poder regulamentar: regulando para buscar a fiel execu-
proporcionalidade poderá ser questionado. ção de uma lei específica ou para organizar a adminis-
tração sem ônus (no último caso, estaríamos diante dos
chamados decretos autônomos24).
2) Atos ordinatórios: disciplinam o funcionamento
ATENÇÃO: Cabe controle judicial dos atos adminis- da Administração e a conduta de seus agentes. Possuem,
trativos discricionários? Não quanto ao mérito, porém assim, um caráter interno.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

sim no caso de violação de parâmetros gerais do Direito Se ligam ao aspecto do poder hierárquico, notada-
Administrativo, como os princípios da administração pú- mente, os poderes de ordenar, comandar, fiscalizar e
blica. corrigir as condutas. Tais atos envolvem delegação de
competência, avocação de competência, expedição de
Atributos
ordem de serviço e instruções específicas (de caráter não
1) Imperatividade: em regra, a Administração decre- normativo).
ta e executa unilateralmente seus atos, não dependendo São exemplos: instruções, circulares, avisos, portarias,
da participação e nem da concordância do particular. Do ofícios, despachos administrativos, decisões administra-
poder de império ou extroverso, que regula a forma uni- tivas.
lateral e coercitiva de agir da Administração, se extrai a 3) Atos negociais: são aqueles estabelecidos entre
imperatividade dos atos administrativos. Administração e administrado em consenso. Em suma, o
23 http://www.ambito-juridico.com.br/site/index. 24 LENZA, Pedro. Direito constitucional esquema-
php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=3741 tizado. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2011.

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particular solicita e a Administração responde – daí haver 2) (ABIN - Oficial Técnico de Inteligência - Conheci-
uma certa bilateralidade, que, contudo, se difere da típica mentos Gerais - CESPE/2018) No que se refere a atos
bilateralidade de negócios jurídicos de natureza civil, administrativos, julgue o item que se segue.
pois não existe uma relação de contraprestação usual Na classificação dos atos administrativos, um critério co-
nos contratos. mum é a formação da vontade, segundo o qual, o ato
Como são solicitados pelo particular, estes atos não pode ser simples, complexo ou composto. O ato comple-
são dotados do atributo da imperatividade. Geralmente, xo se apresenta como a conjugação de vontade de dois
o poder público terá discricionariedade em atender ou ou mais órgãos, que se juntam para formar um único ato
não a solicitação (mas a negativa deve ser razoável). com um só conteúdo e finalidade.
São exemplos: licenças, autorizações, permissões,
aprovações, vistos, dispensa, homologação, renúncia. ( ) CERTO ( ) ERRADO
4) Atos enunciativos: são aqueles em que a Admi-
nistração certifica ou atesta um fato sem vincular ao seu Resposta: Certo. Conceitua-se ato simples como o
conteúdo. São atos administrativos apenas no sentido que nasce por meio da manifestação de vontade de
formal, pois não manifestam uma vontade da Adminis- um órgão (unipessoal ou colegiado) ou agente da
tração, mas sim apenas declaram certa informação. Não Administração. Já o ato complexo é aquele que nas-
possuem conteúdo decisório. ce da manifestação de vontade de mais de um órgão
São exemplos: atestados, certidões, pareceres. ou agente administrativo (o ato é uno, mas ocorrerá a
5) Atos punitivos: são aqueles que emanam punições manifestação de mais de um agente, todas igualmen-
aos servidores. Se insere no campo do poder disciplinar. te relevantes). Já o ato composto nasce da manifesta-
São exemplos: advertências, suspensões, cassações e ção de vontade de um órgão ou agente, mas depende
destituições. de outra vontade que o ratifique para produzir efeitos
e tornar-se exequível.

#FicaDica
3) (STM - Analista Judiciário - Administrativa - CES-
Todo ato administrativo tem presunção de PE/2018) A respeito do direito administrativo, dos atos
veracidade e de legitimidade, mas nem todo administrativos e dos agentes públicos e seu regime, jul-
ato administrativo é imperativo (pode precisar gue o item a seguir.
da concordância do particular, a exemplo dos A licença consiste em um ato administrativo unilateral e
atos negociais). discricionário.

( ) CERTO ( ) ERRADO

EXERCÍCIOS COMENTADOS Resposta Errado. Licença é o ato administrativo uni-


lateral e vinculado pelo qual a Administração faculta
àquele que preencha os requisitos legais o exercício
1) (STJ - Técnico Judiciário - Administrativa - CES- de uma atividade.
PE/2018) Julgue o item que se segue, a respeito dos atos
da administração pública. 4) (STJ - Analista Judiciário - Judiciária - CESPE/2018)
Todos os fatos alegados pela administração pública são Julgue o item a seguir, relativo aos atos administrativos.
considerados verdadeiros, bem como todos os atos ad- São exemplos de atos administrativos normativos os de-
ministrativos são considerados emitidos conforme a lei, cretos, as resoluções e as circulares.
em decorrência das presunções de veracidade e de legi-
timidade, respectivamente.
( ) CERTO ( ) ERRADO
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

( ) CERTO ( ) ERRADO Resposta: Errado. Os atos normativos são aqueles


que tem por objetivo definir os parâmetros de exe-
Resposta: Certo. Conforme a presunção de veraci- cução da lei e, como ela, possuem generalidade e
dade, todo ato editado ou publicado pela Adminis- abstração. Consideram-se atos normativos os decre-
tração é presumivelmente verdadeiro, seja na forma, tos e as resoluções. Contudo, as circulares, cujo pro-
seja no conteúdo, o que se denomina “fé pública”. Já pósito é circular uma informação interna importante
de acordo com a presunção de legitimidade, sem- ao desempenho das funções do órgão, orientando
pre que a Administração agir se presume que o fez seus servidores, carecem de generalidade e abstração,
conforme a lei. Ambas presunções são relativas (juris inserindo-se na categoria de atos ordinatórios, cujo
tantum). propósito é viabilizar o exercício do poder hierárqui-
co, disciplinando o funcionamento da administração e
a atuação dos agentes.

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5) (CGM de João Pessoa/PB - Conhecimentos Bási- A Lei n° 9.784/99 estabelece as regras para o proces-
cos - Cargos: 1, 2 e 3 - CESPE/2018) Julgue o item a so administrativo e institui um sistema normativo que
seguir, relativo a atributos, espécies e anulação dos atos fornece uniformidade aos diversos procedimentos ad-
administrativos. ministrativos em trâmite.
Regulamento e ordem de serviço são exemplos, respec-
tivamente, de ato administrativo normativo e de ato ad- § 1o Os preceitos desta Lei também se aplicam aos
ministrativo ordinatório. órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário da União,
quando no desempenho de função administrativa.
( ) CERTO ( ) ERRADO Vale para as três esferas de poder.

Resposta: Certo. Regulamento tem por fim disciplinar § 2o Para os fins desta Lei, consideram-se:
o cumprimento de uma lei, possuindo generalidade e I - órgão - a unidade de atuação integrante da estru-
abstração, sendo assim um ato normativo. Já a ordem tura da Administração direta e da estrutura da Admi-
de serviço visa determinar a um servidor que exerça nistração indireta;
determinada atividade de sua alçada, caracterizando- II - entidade - a unidade de atuação dotada de perso-
-se por sua especificidade e pela relevância no exer- nalidade jurídica;
cício do poder hierárquico pela Administração, sendo III - autoridade - o servidor ou agente público dotado
assim um ato ordinatório. de poder de decisão.

Art. 2o A Administração Pública obedecerá, dentre


PROCESSO ADMINISTRATIVO outros, aos princípios da legalidade, finalidade, moti-
vação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade,
ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, inte-
A Lei nº 9.784/1999 regula as regras gerais do pro- resse público e eficiência.
cesso administrativo, concentrando-se na esfera federal. A Legalidade é o respeito estrito da lei; finalidade é a
partir dela, é possível compreender linhas gerais sobre o prática de todo e qualquer ato visando um único fim, o
funcionamento dos processos administrativos nas demais interesse público; motivação é a necessidade de funda-
mentação de todas as decisões; razoabilidade é a toma-
esferas, inclusive a estadual:
da de decisões racionais e corretas; proporcionalidade é
o equilíbrio que deve se fazer presente na tomada de de-
cisões; moralidade é o conhecimento das leis éticas que
CAPÍTULO I repousam no seio social; ampla defesa é a necessidade
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS de se garantir meios para a pessoa responder acusações
e buscar as reformas previstas em lei para decisões que
Art. 1o Esta Lei estabelece normas básicas sobre o a prejudiquem; contraditório é a oitiva da outra pessoa
sempre que a que se encontra no outro polo da relação
processo administrativo no âmbito da Administração
se manifestar; segurança jurídica é a garantia social de
Federal direta e indireta, visando, em especial, à
que as leis serão respeitadas e cobrirão o mais vasto rol
proteção dos direitos dos administrados e ao melhor
re relações socialmente relevantes possível; interesse pú-
cumprimento dos fins da Administração. blico é o interesse de toda a coletividade; eficiência é a
junção da economicidade com a produtividade, aliando
Processo é “a relação jurídica integrada por algumas gastos sem que se perca em qualidade da atividade
pessoas, que nela exercem várias atividades direciona- desempenhada.
das para determinado fim”. Tratando-se de uma relação Há, ainda, princípios implícitos no decorrer da lei:
administrativa, a relação jurídica traduzirá um processo publicidade; oficialidade; informalismo ou formalismo
administrativo. Logo, processo administrativo é “o ins- moderado; gratuidade (a atuação na esfera administra-
trumento que formaliza a sequência ordenada de atos e tiva é gratuita); pluralidade de instâncias; economia pro-
de atividades do Estado e dos particulares a fim de ser cessual; participação popular.
produzida uma vontade final da Administração”25.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Processo administrativo não se confunde com proce- Parágrafo único. Nos processos administrativos serão
dimento administrativo. O primeiro pressupõe a suces- observados, entre outros, os critérios de:
são ordenada de atos concatenados visando à edição de I - atuação conforme a lei e o Direito;
um ato final, ou seja, é o conjunto de atos que visa à II - atendimento a fins de interesse geral, vedada a
obtenção de decisão sobre uma controvérsia no âmbito renúncia total ou parcial de poderes ou competências,
administrativo; o segundo corresponde ao rito, conjunto salvo autorização em lei;
de formalidades que deve ser observado para a prática O interesse coletivo deve sempre predominar.
de determinados atos, e é realizado no interior do pro- III - objetividade no atendimento do interesse público,
cesso, para viabilizá-lo. vedada a promoção pessoal de agentes ou autorida-
des;
25 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de IV - atuação segundo padrões éticos de probidade, de-
direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, coro e boa-fé;
2010.

19
V - divulgação oficial dos atos administrativos, ressal- CAPÍTULO II
vadas as hipóteses de sigilo previstas na Constituição; DOS DIREITOS DOS ADMINISTRADOS
Neste sentido, o art. 5°, XXXIII, CF: “todos têm direito a
receber dos órgãos públicos informações de seu inte- Art. 3o O administrado tem os seguintes direitos pe-
resse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que rante a Administração, sem prejuízo de outros que lhe
serão prestadas no prazo da lei, sob pena de respon- sejam assegurados:
sabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja impres- I - ser tratado com respeito pelas autoridades e servi-
cindível à segurança da sociedade e do Estado”. dores, que deverão facilitar o exercício de seus direitos
VI - adequação entre meios e fins, vedada a imposição e o cumprimento de suas obrigações;
de obrigações, restrições e sanções em medida supe- II - ter ciência da tramitação dos processos adminis-
rior àquelas estritamente necessárias ao atendimento trativos em que tenha a condição de interessado, ter
do interesse público; vista dos autos, obter cópias de documentos neles con-
A única razão para o Estado interferir é em razão do tidos e conhecer as decisões proferidas;
interesse da coletividade. III - formular alegações e apresentar documentos an-
VII - indicação dos pressupostos de fato e de direito tes da decisão, os quais serão objeto de consideração
que determinarem a decisão; pelo órgão competente;
Não basta que a decisão indique os fundamentos ju- IV - fazer-se assistir, facultativamente, por advogado,
rídicos, devendo também associá-los aos fatos apu- salvo quando obrigatória a representação, por força
rados. de lei.
Quando for parte num processo administrativo a pes-
VIII - observância das formalidades essenciais à ga-
soa tem direito a ser tratada com respeito, a obter in-
rantia dos direitos dos administrados;
formações sobre o trâmite, a nele se manifestar e jun-
IX - adoção de formassimples, suficientes para propi-
tar documentos e, apenas se quiser, ser assistida por
ciar adequado grau de certeza, segurança e respeito advogado. Logo, é opcional a presença de advogado.
aos direitos dos administrados;
Respeito às formalidades não significa excesso de for-
malismo. #FicaDica
X - garantia dos direitos à comunicação, à apresen- Direitos do administrado:
tação de alegações finais, à produção de provas e à - Ser tratado com respeito;
interposição de recursos, nos processos de que possam - Ciência da tramitação dos processos – vista
resultar sanções e nas situações de litígio; dos autos; conhecer as decisões proferidas;
XI - proibição de cobrança de despesas processuais, - Assistência facultativa do advogado (salvo
ressalvadas as previstas em lei; quando a lei obriga).
XII - impulsão, de ofício, do processo administrativo,
sem prejuízo da atuação dos interessados;
XIII - interpretação da norma administrativa da forma
que melhor garanta o atendimento do fim público a CAPÍTULO III
que se dirige, vedada aplicação retroativa de nova in- DOS DEVERES DO ADMINISTRADO
terpretação.
Se o entendimento mudar, não atinge casos passados. Art. 4o São deveres do administrado perante a Ad-
ministração, sem prejuízo de outros previstos em ato
normativo:
#FicaDica I - expor os fatos conforme a verdade;
II - proceder com lealdade, urbanidade e boa-fé;
Princípios da Lei nº 9.784/99:
III - não agir de modo temerário;
- Segurança jurídica
IV - prestar as informações que lhe forem solicitadas e
- Eficiência
colaborar para o esclarecimento dos fatos.
- Razoabilidade
O administrado não pode tentar se aproveitar da Ad-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

- Finalidade
ministração, trazendo fatos irreais, tumultuando e con-
- Ampla defesa
fundindo o processo. Deve sempre proceder para escla-
- Contraditório
recer os fatos de maneira verdadeira.
- Interesse público
- Legalidade
- Proporcionalidade #FicaDica
- Moralidade Deveres do administrado:
- Motivação - Expor a verdade dos fatos;
- Lealdade, urbanidade e boa-fé;
- Ser prudente – não temerário;
- Prestar informações;
- Colaborar para esclarecimento.

20
CAPÍTULO IV c) Processo de controle: todo aquele em que a Admi-
DO INÍCIO DO PROCESSO nistração realiza verificações e declara situações, direitos
ou condutas do administrado ou de servidor, com caráter
vinculante para as partes. Tais processos, normalmente,
A partir deste ponto, são visíveis as fases do proces- têm rito próprio e, quando neles se deparam irregulari-
so administrativo: a) instauração, com apresentação dades puníveis, exigem oportunidade de defesa ao inte-
escrita dos fatos e indicação do direito que ensejam o ressado, antes do seu encerramento, sob pena de invali-
processo, ou seja, é preciso descrever os fatos e delimitar dade do resultado da apuração. O processo de controle,
o objeto da controvérsias, sem o que não há plenitude também chamado de determinação ou de declaração,
de defesa; b) instrução, fase de elucidação dos fatos, na não se confunde com o processo punitivo, porque, en-
qual são produzidas as provas, com a participação do in- quanto neste se apura a falta e se aplica a penalidade ca-
teressado; c) defesa, que deve ser ampla; d) relatório, bível, naquele apenas se verifica a situação ou a conduta
que é elaborado pelo presidente do processo, sendo do agente e se proclama o resultado para efeitos futuros.
uma peça opinativa, que não vincula a autoridade com- São exemplos de processos administrativos de controle
petente; e) julgamento, quando a decisão é proferida os de prestação de contas perante órgãos públicos, os
pela autoridade ou órgão competente sobre o objeto do de verificação de atividades sujeitas à fiscalização, o de
processo. lançamento tributário e o de consulta fiscal. Nesses pro-
No entendimento de Hely Lopes Meirelles26, os pro- cessos a decisão final é vinculante para a Administração
cesso administrativos são divididos em quatro modali- e para o interessado, embora nem sempre seja autoe-
dades, da seguinte maneira: xecutável, dependendo da instauração de outro proces-
a) Processo de expediente: denominação imprópria so administrativo, de caráter punitivo ou disciplinar, ou,
conferida a toda autuação que tramita pelas repartições mesmo, de ação civil ou criminal, ou, ainda, do pronun-
públicas por provocação do interessado ou por deter- ciamento executório de outro Poder.
minação interna da Administração, para receber solução d) Processo punitivo: todo aquele promovido pela
conveniente. Não tem procedimento próprio ou rito sa- Administração para imposição de penalidade por infra-
cramental, seguindo pelos canais rotineiros para infor- ção à lei, regulamento ou contrato. Esses processos de-
mações, pareceres, despacho final da chefia competente vem ser necessariamente contraditórios, com oportuni-
e subsequente arquivamento. Tais expedientes, que a dade de defesa e estrita observância do devido processo
rotina chama indevidamente de “processo”, não geram, legal, sob pena de nulidade da sanção imposta. A sua
nem alteram, nem suprimem direitos dos administrados, instauração deve ser baseada em auto de infração, re-
da Administração ou de seus servidores, apenas encer- presentação ou peça equivalente, iniciando-se com a ex-
ram papéis, registram situações administrativas, recebem posição minuciosa dos atos ou fatos ilegais ou adminis-
pareceres e despachos de tramitação ou meramente trativamente ilícitos, atribuídos ao indiciado e indicação
enunciativos de situações pré-existentes, a exemplo dos da norma ou convenção infringida. O processo punitivo
pedidos de certidões, das apresentações de documentos poderá ser realizado por um só representante da Admi-
para certos registros internos e outros da rotina buro- nistração ou por comissão. O essencial é que se desen-
crática. volva com regularidade formal em todas as suas fases,
b) Processo de outorga: todo aquele em que se plei- para legitimar a sanção imposta a final. Nesses procedi-
teia algum direito ou situação individual perante a Ad- mentos são adotáveis, subsidiariamente, os preceitos do
ministração. Em regra, tem rito especial, mas não con- processo penal comum, quando não conflitantes com as
traditório, a não ser quando há oposição de terceiros ou normas administrativas pertinentes. Embora a graduação
impugnação da própria Administração. Nestes casos, é das sanções administrativas – demissão, multa, embargo
preciso dar oportunidade de defesa ao interessado, sob de obra, destruição de coisas, interdição de atividade e
pena de nulidade da decisão final. São exemplos desse outras – seja discricionária, não é arbitrária e, por isso,
tipo os processos de licenciamento de edificações, de li- deve guardar correspondência e proporcionalidade com
cença de habite-se, de alvará de funcionamento, de isen- a infração apurada no respectivo processo, além de estar
ção tributária e outros que consubstanciam pretensões expressamente prevista em norma administrativa, pois
de natureza negocial entre o particular e a Administração não é dado à Administração aplicar penalidade não esta-
ou envolvam atividades sujeitas à fiscalização do Poder belecida em lei, decreto ou contrato, como não o é sem
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Público. As decisões finais proferidas nesses processos o devido processo legal, que se erige em garantia indivi-
tornam-se vinculantes e irretratáveis pela Administração dual de nível constitucional.
porque, geralmente, geram direito subjetivo para o be-
neficiário, salvo quando aos atos precários, que, por sua
natureza, admitam modificação ou supressão sumária a Art. 5o O processo administrativo pode iniciar-se de
qualquer tempo. Nos demais casos a decisão é definitiva ofício ou a pedido de interessado.
e só modificável quando eivada de nulidade originária, A autoridade responsável pelo processamento pode
ou por infração das normas legais no decorrer da execu- iniciar o processo administrativo, mas um interessado
ção, ou, ainda, por interesse público superveniente que também pode pedir que o faça.
justifique a revogação da outorga com a devida indeniza-
ção, que pode chegar ao caso de prévia desapropriação. Art. 6o O requerimento inicial do interessado, salvo
casos em que for admitida solicitação oral, deve ser
26 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo formulado por escrito e conter os seguintes dados:
brasileiro. São Paulo: Malheiros, 1993.

21
I - órgão ou autoridade administrativa a que se dirige; Interesses coletivos são os que pertencem a um gru-
II - identificação do interessado ou de quem o repre- po que não se sabe o número total mas cujo numero
sente; total é possível ser definido pois os critérios para definir
III - domicílio do requerente ou local para recebimento quem faz parte dele são claros, sendo necessário que o
de comunicações; número de atingidos seja relevante (sob pena de se ca-
IV - formulação do pedido, com exposição dos fatos e racterizar apenas interesse individual homogêneo). O in-
de seus fundamentos; teresse coletivo se difere do interesse difuso porque no
V - data e assinatura do requerente ou de seu repre- interesse difuso não é possível estabelecer com clareza
sentante. quem faz parte do grupo e quem não faz. 
Parágrafo único. É vedada à Administração a recusa
imotivada de recebimento de documentos, devendo o
CAPÍTULO VI
servidor orientar o interessado quanto ao suprimento
DA COMPETÊNCIA
de eventuais falhas.

Art. 7o Os órgãos e entidades administrativas deverão Art. 11. A competência é irrenunciável e se exerce pe-
elaborar modelos ou formulários padronizados para los órgãos administrativos a que foi atribuída como
assuntos que importem pretensões equivalentes. própria, salvo os casos de delegação e avocação legal-
mente admitidos.
Art. 8o Quando os pedidos de uma pluralidade de Se a um órgão administrativo foi atribuído o dever de
interessados tiverem conteúdo e fundamentos idên- apurar determinadas matérias por processo adminis-
ticos, poderão ser formulados em um único requeri- trativo, ele não pode se omitir.
mento, salvo preceito legal em contrário.
As regras a respeito do início do processo administra- Art. 12. Um órgão administrativo e seu titular pode-
tivo mostram que a Administração tem interesse de que rão, se não houver impedimento legal, delegar parte
o administrado tenha acesso à via decisória administra- da sua competência a outros órgãos ou titulares, ain-
tiva. Por isso, embora exija formalidades, se coloca numa da que estes não lhe sejam hierarquicamente subordi-
posição de esclarecedora de falhas e de responsável por nados, quando for conveniente, em razão de circuns-
direcionamentos quanto ao conteúdo dos requerimen- tâncias de índole técnica, social, econômica, jurídica
tos. Não obstante, aceita requerimento coletivo se o con- ou territorial.
teúdo e o fundamento dele for idêntico. Parágrafo único. O disposto no caput deste artigo
aplica-se à delegação de competência dos órgãos
colegiados aos respectivos presidentes.
CAPÍTULO V
DOS INTERESSADOS
Art. 13. Não podem ser objeto de delegação:
I - a edição de atos de caráter normativo;
Art. 9o São legitimados como interessados no processo II - a decisão de recursos administrativos;
administrativo: III - as matérias de competência exclusiva do órgão ou
I - pessoas físicas ou jurídicas que o iniciem como autoridade.
titulares de direitos ou interesses individuais ou no
exercício do direito de representação; Art. 14. O ato de delegação e sua revogação deverão
II - aqueles que, sem terem iniciado o processo, têm ser publicados no meio oficial.
direitos ou interesses que possam ser afetados pela § 1o O ato de delegação especificará as matérias e po-
decisão a ser adotada; deres transferidos, os limites da atuação do delegado,
III - as organizações e associações representativas, no a duração e os objetivos da delegação e o recurso ca-
tocante a direitos e interesses coletivos; bível, podendo conter ressalva de exercício da atribui-
IV - as pessoas ou as associações legalmente constitu- ção delegada.
ídas quanto a direitos ou interesses difusos. § 2o O ato de delegação é revogável a qualquer tempo
pela autoridade delegante.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Art. 10. São capazes, para fins de processo administra- § 3o As decisões adotadas por delegação devem
tivo, os maiores de dezoito anos, ressalvada previsão mencionar explicitamente esta qualidade e considerar-
especial em ato normativo próprio. se-ão editadas pelo delegado.
“Além das pessoas físicas ou jurídicas titulares de di- Delegação é a transferência da competência para de-
reitos e interesses diretos, podem ser interessadas pes- cidir, não havendo lei que a proíba. O ato de delegação
soas que possam ter direitos ameaçados em decorrên- não pode ser genérico, devendo delimitar qual a abran-
cia da decisão do processo; também as organizações e gência da transferência (matérias e poderes). Tal delega-
associações representativas podem defender interesses ção pode ser cancelada a qualquer tempo.
coletivos e as pessoas ou associações legítimas podem
invocar a tutela de interesses difusos”27. Art. 15. Será permitida, em caráter excepcional e por
27 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de motivos relevantes devidamente justificados, a avo-
direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, cação temporária de competência atribuída a órgão
2010. hierarquicamente inferior.

22
Avocar é trazer de volta para si aquilo que delegou
a outrem, o que poderá ocorrer por um período de #FicaDica
tempo. Impedimento
- Interesse direto ou indireto;
Art. 16. Os órgãos e entidades administrativas divul- - Perito, testemunha, representante (cônjuge,
garão publicamente os locais das respectivas sedes e, companheiro ou parente 3o);
quando conveniente, a unidade fundacional compe- - Litigando judicial ou administrativamente
tente em matéria de interesse especial. (cônjuge ou companheiro).
Suspeição
Art. 17. Inexistindo competência legal específica, o - Amizade ou inimizade (cônjuge, companhei-
processo administrativo deverá ser iniciado perante ro ou parente 3o);
a autoridade de menor grau hierárquico para decidir. - Presunção relativa de incapacidade.

#FicaDica CAPÍTULO VIII


Delegação – possível DA FORMA, TEMPO E LUGAR DOS ATOS DO PRO-
Não se delegam: CESSO
- atos de caráter normativo;
- decisão de recursos administrativos;
- competência exclusiva. Art. 22. Os atos do processo administrativo não de-
pendem de forma determinada senão quando a lei
expressamente a exigir.
§ 1o Os atos do processo devem ser produzidos por
escrito, em vernáculo, com a data e o local de sua rea-
CAPÍTULO VII lização e a assinatura da autoridade responsável.
DOS IMPEDIMENTOS E DA SUSPEIÇÃO § 2o Salvo imposição legal, o reconhecimento de firma
somente será exigido quando houver dúvida de au-
tenticidade.
Art. 18. É impedido de atuar em processo administra-
§ 3o A autenticação de documentos exigidos em cópia
tivo o servidor ou autoridade que:
poderá ser feita pelo órgão administrativo.
I - tenha interesse direto ou indireto na matéria; § 4o O processo deverá ter suas páginas numeradas
II - tenha participado ou venha a participar como pe- sequencialmente e rubricadas.
rito, testemunha ou representante, ou se tais situações
ocorrem quanto ao cônjuge, companheiro ou parente Art. 23. Os atos do processo devem realizar-se em dias
e afins até o terceiro grau; úteis, no horário normal de funcionamento da repar-
III - esteja litigando judicial ou administrativamente tição na qual tramitar o processo.
com o interessado ou respectivo cônjuge ou compa- Parágrafo único. Serão concluídos depois do horário
nheiro. normal os atos já iniciados, cujo adiamento prejudi-
que o curso regular do procedimento ou cause dano
Art. 19. A autoridade ou servidor que incorrer em im- ao interessado ou à Administração.
pedimento deve comunicar o fato à autoridade com-
petente, abstendo-se de atuar. Art. 24. Inexistindo disposição específica, os atos do
Parágrafo único. A omissão do dever de comunicar o órgão ou autoridade responsável pelo processo e dos
impedimento constitui falta grave, para efeitos disci- administrados que dele participem devem ser prati-
plinares. cados no prazo de cinco dias, salvo motivo de força
maior.
Art. 20. Pode ser arguida a suspeição de autoridade Parágrafo único. O prazo previsto neste artigo pode
ou servidor que tenha amizade íntima ou inimizade ser dilatado até o dobro, mediante comprovada jus-
notória com algum dos interessados ou com os res- tificação.
pectivos cônjuges, companheiros, parentes e afins até
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

o terceiro grau. Art. 25. Os atos do processo devem realizar-se pre-


ferencialmente na sede do órgão, cientificando-se o
Art. 21. O indeferimento de alegação de suspeição po- interessado se outro for o local de realização.
derá ser objeto de recurso, sem efeito suspensivo. Não existem muitas formalidades que cercam os atos
do processo administrativo, mas é preciso que eles sejam
No impedimento é vedada a participação porque in-
escritos em vocabulário adequado com data, local e as-
tensa a possibilidade de que não se permaneça isento
sinatura. Diante da dispensa de formalidades, não seria
na condução do processo, na suspeição o risco é me-
razoável sempre exigir reconhecimento da assinatura. Os
nor mas - ainda assim - o afastamento é convenien- atos são praticados em dias úteis (segunda a sábado), no
te28 (por isso o processo continua em andamento se a horário regular de funcionamento da repartição. O prazo
alegação de suspeição for afastada e dela se recorrer). para a prática dos atos é de cinco dias, prorrogáveis para
28 GONÇALVES, Marcus Vinícius Rios. Novo cur- 10 mediante justificação (na prática, não é o que acon-
so de direito processual civil. 5. ed. São Paulo: Saraiva, tece porque a Administração é sobrecarregada de pro-
2008. v. 1. cessos e não há sanção pelo descumprimento do prazo).

23
CAPÍTULO IX Art. 29. As atividades de instrução destinadas a averi-
DA COMUNICAÇÃO DOS ATOS guar e comprovar os dados necessários à tomada de
decisão realizam-se de ofício ou mediante impulsão
do órgão responsável pelo processo, sem prejuízo do
Art. 26. O órgão competente perante o qual tramita o direito dos interessados de propor atuações probató-
processo administrativo determinará a intimação do rias.
interessado para ciência de decisão ou a efetivação de § 1o O órgão competente para a instrução fará constar
diligências. dos autos os dados necessários à decisão do processo.
§ 1o A intimação deverá conter: § 2o Os atos de instrução que exijam a atuação dos
I - identificação do intimado e nome do órgão ou en- interessados devem realizar-se do modo menos one-
tidade administrativa; roso para estes.
II - finalidade da intimação; Atividades de instrução são as atividades de produção
de provas no processo. Sob o aspecto objeto, prova é
III - data, hora e local em que deve comparecer;
“o conjunto de meios produtores da certeza jurídica
IV - se o intimado deve comparecer pessoalmente, ou ou o conjunto de meios utilizados para demonstrar a
fazer-se representar; existência de fatos relevantes para o processo”; sob o
V - informação da continuidade do processo indepen- aspecto subjetivo, prova “é a própria convicção que se
dentemente do seu comparecimento; forma no espírito do julgador a respeito da existência
VI - indicação dos fatos e fundamentos legais perti- ou inexistência de fatos alegados no processo”29.
nentes.
§ 2o A intimação observará a antecedência mínima de Art. 30. São inadmissíveis no processo administrativo
três dias úteis quanto à data de comparecimento. as provas obtidas por meios ilícitos.
§ 3o A intimação pode ser efetuada por ciência no pro-
cesso, por via postal com aviso de recebimento, por Art. 31. Quando a matéria do processo envolver as-
telegrama ou outro meio que assegure a certeza da sunto de interesse geral, o órgão competente poderá,
ciência do interessado. mediante despacho motivado, abrir período de con-
sulta pública para manifestação de terceiros, antes da
§ 4o No caso de interessados indeterminados,
decisão do pedido, se não houver prejuízo para a parte
desconhecidos ou com domicílio indefinido, a interessada.
intimação deve ser efetuada por meio de publicação § 1o A abertura da consulta pública será objeto de
oficial. divulgação pelos meios oficiais, a fim de que pessoas
§ 5o As intimações serão nulas quando feitas sem físicas ou jurídicas possam examinar os autos, fixando-
observância das prescrições legais, mas o compare- se prazo para oferecimento de alegações escritas.
cimento do administrado supre sua falta ou irregu- § 2o O comparecimento à consulta pública não confere,
laridade. por si, a condição de interessado do processo, mas
confere o direito de obter da Administração resposta
Art. 27. O desatendimento da intimação não importa fundamentada, que poderá ser comum a todas as
o reconhecimento da verdade dos fatos, nem a renún- alegações substancialmente iguais.
cia a direito pelo administrado. Consulta Pública é um sistema criado com o objetivo
Parágrafo único. No prosseguimento do processo, será de auxiliar na elaboração e coleta de opiniões da socie-
dade sobre temas de importância. Esse sistema permite
garantido direito de ampla defesa ao interessado.
intensificar a articulação entre a representatividade e a
sociedade, permitindo que a sociedade participe da for-
Art. 28. Devem ser objeto de intimação os atos do pro- mulação e definição de políticas públicas. O IBAMA cos-
cesso que resultem para o interessado em imposição tuma utilizar deste recurso na tomada de suas decisões30.
de deveres, ônus, sanções ou restrição ao exercício de
direitos e atividades e os atos de outra natureza, de Art. 32. Antes da tomada de decisão, a juízo da au-
seu interesse. toridade, diante da relevância da questão, poderá ser
Intimação é o ato pelo qual se dá ciência ao interes- realizada audiência pública para debates sobre a ma-
sado de alguma decisão ou do dever de comparecer para téria do processo.
prestar informações. Ela possui um conteúdo específico “Audiência pública é um instrumento que leva a uma
e deve ser feita pessoalmente, a não ser quando o inte- decisão política ou legal com legitimidade e transparên-
cia. Cuida-se de uma instância no processo de tomada
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

ressado for indeterminado, desconhecido ou com domi-


da decisão administrativa ou legislativa, através da qual
cílio desconhecido, caso em que se aceitará intimação
a autoridade competente abre espaço para que todas as
por edital. Não obedecidas as formalidades, a intimação pessoas que possam sofrer os reflexos dessa decisão te-
é nula, de forma que é como se os atos do processo que nham oportunidade de se manifestar antes do desfecho
deveriam ser cientificados não o tivessem sido, fazendo do processo. É através dela que o responsável pela de-
com que ele volte ao estágio em que a pessoa deveria ter cisão tem acesso, simultaneamente e em condições de
sido intimada. O desatendimento de uma intimação não igualdade, às mais variadas opiniões sobre a matéria de-
faz com que se presuma que o intimado estava errado. batida, em contato direto com os interessados”31. 
Destaque para o art. 28, que delimita as espécies de si-
tuações em que cabe intimação. 29 LOPES, João Batista. A prova no Direito Pro-
cessual Civil. 3. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais,
2007.
CAPÍTULO X 30 http://www.ibama.gov.br/servicos/consulta-publica
DA INSTRUÇÃO 31 SOARES, Evanna. A audiência pública no proces-

24
Art. 33. Os órgãos e entidades administrativas, em Art. 40. Quando dados, atuações ou documentos soli-
matéria relevante, poderão estabelecer outros meios citados ao interessado forem necessários à apreciação
de participação de administrados, diretamente ou por de pedido formulado, o não atendimento no prazo fi-
meio de organizações e associações legalmente reco- xado pela Administração para a respectiva apresenta-
nhecidas. ção implicará arquivamento do processo.
O interessado deve ser intimado quando for neces-
Art. 34. Os resultados da consulta e audiência pública sária a apresentação de informações ou provas e, não
e de outros meios de participação de administrados comparecendo perante a Administração, embora não se
deverão ser apresentados com a indicação do proce- presuma que ela esteja correta, será feito o arquivamen-
dimento adotado. to do processo. Diante disso, o interessado poderá, no
futuro, abri-lo novamente.
Art. 35. Quando necessária à instrução do processo, a
audiência de outros órgãos ou entidades administrati- Art. 41. Os interessados serão intimados de prova ou
vas poderá ser realizada em reunião conjunta, com a diligência ordenada, com antecedência mínima de
participação de titulares ou representantes dos órgãos três dias úteis, mencionando-se data, hora e local de
competentes, lavrando-se a respectiva ata, a ser jun- realização.
tada aos autos.
Art. 42. Quando deva ser obrigatoriamente ouvido um
Art. 36. Cabe ao interessado a prova dos fatos que te- órgão consultivo, o parecer deverá ser emitido no pra-
nha alegado, sem prejuízo do dever atribuído ao ór- zo máximo de quinze dias, salvo norma especial ou
gão competente para a instrução e do disposto no art. comprovada necessidade de maior prazo.
37 desta Lei. § 1o Se um parecer obrigatório e vinculante deixar de
ser emitido no prazo fixado, o processo não terá segui-
Art. 37. Quando o interessado declarar que fatos e mento até a respectiva apresentação, responsabilizan-
dados estão registrados em documentos existentes na do-se quem der causa ao atraso.
própria Administração responsável pelo processo ou § 2o Se um parecer obrigatório e não vinculante dei-
em outro órgão administrativo, o órgão competente xar de ser emitido no prazo fixado, o processo poderá
para a instrução proverá, de ofício, à obtenção dos do- ter prosseguimento e ser decidido com sua dispensa,
cumentos ou das respectivas cópias. sem prejuízo da responsabilidade de quem se omitiu
O interessado deve provar o que alegou, salvo quan- no atendimento.
do a prova estiver em documento que esteja em poder As situações são diferentes conforme o parecer obri-
da Administração, caso em que ela deverá de ofício pro- gue que a decisão seja tomada num determinado sen-
vê-los (ou cópias). tido (vinculante) ou não.

Art. 38. O interessado poderá, na fase instrutória e an- Art. 43. Quando por disposição de ato normativo de-
tes da tomada da decisão, juntar documentos e pare- vam ser previamente obtidos laudos técnicos de órgãos
ceres, requerer diligências e perícias, bem como aduzir administrativos e estes não cumprirem o encargo no
alegações referentes à matéria objeto do processo. prazo assinalado, o órgão responsável pela instrução
§ 1o  Os elementos probatórios deverão ser considera- deverá solicitar laudo técnico de outro órgão dotado
dos na motivação do relatório e da decisão. de qualificação e capacidade técnica equivalentes.
§ 2o Somente poderão ser recusadas, mediante decisão
fundamentada, as provas propostas pelos interessados
Art. 44. Encerrada a instrução, o interessado terá o di-
quando sejam ilícitas, impertinentes, desnecessárias
reito de manifestar-se no prazo máximo de dez dias,
ou protelatórias.
salvo se outro prazo for legalmente fixado.
O interessado tem direito à prova, juntando docu-
Produzidas as provas, antes da decisão, o interessado
mentos e requerendo diligências e perícias, mas não
poderá se manifestar.
pode abusar deste direito, requerendo provas não auto-
rizadas pelo direito, que não tenham a ver com o caso ou Art. 45. Em caso de risco iminente, a Administração
que apenas visem prorrogar o processo. Pública poderá motivadamente adotar providências
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

acauteladoras sem a prévia manifestação do interes-


Art. 39. Quando for necessária a prestação de infor- sado.
mações ou a apresentação de provas pelos interessa- Providências acautelatórias são aquelas que deveriam
dos ou terceiros, serão expedidas intimações para esse ser tomadas num determinado momento do processo
fim, mencionando-se data, prazo, forma e condições mas, para evitar que ela se torne impossível posterior-
de atendimento. mente, ela é antecipada. Por exemplo, oitiva de uma
Parágrafo único. Não sendo atendida a intimação, testemunha que está no leito de morte.
poderá o órgão competente, se entender relevante a
matéria, suprir de ofício a omissão, não se eximindo Art. 46. Os interessados têm direito à vista do processo
de proferir a decisão. e a obter certidões ou cópias reprográficas dos dados
so administrativo. Jus Navigandi, Teresina, ano 7, n. 58, e documentos que o integram, ressalvados os dados e
1 ago. 2002 . Disponível em: <http://jus.com.br/revista/tex- documentos de terceiros protegidos por sigilo ou pelo
to/3145>. Acesso em: 26 mar. 2013. direito à privacidade, à honra e à imagem.

25
Art. 47. O órgão de instrução que não for competente informações, decisões ou propostas, mas é preciso fa-
para emitir a decisão final elaborará relatório indican- zê-lo de forma explícita, clara e congruente. O uso de
do o pedido inicial, o conteúdo das fases do procedi- tecnologias otimiza os serviços, mas é preciso atenção
mento e formulará proposta de decisão, objetivamen- a cada caso, não prejudicando direito ou garantia do in-
te justificada, encaminhando o processo à autoridade teressado. Toda decisão deverá ser transcrita, caso seja
competente. proferida oralmente.

CAPÍTULO XI CAPÍTULO XIII


DO DEVER DE DECIDIR DA DESISTÊNCIA E OUTROS CASOS DE EXTINÇÃO
DO PROCESSO
Art. 48. A Administração tem o dever de explicitamen-
te emitir decisão nos processos administrativos e sobre Art. 51. O interessado poderá, mediante manifestação
solicitações ou reclamações, em matéria de sua com- escrita, desistir total ou parcialmente do pedido for-
petência. mulado ou, ainda, renunciar a direitos disponíveis.
§ 1o Havendo vários interessados, a desistência ou
Art. 49. Concluída a instrução de processo administra- renúncia atinge somente quem a tenha formulado.
tivo, a Administração tem o prazo de até trinta dias § 2o A desistência ou renúncia do interessado, conforme
para decidir, salvo prorrogação por igual período ex- o caso, não prejudica o prosseguimento do processo,
pressamente motivada. se a Administração considerar que o interesse público
A autoridade competente não pode se eximir de de- assim o exige.
cidir, possuindo um prazo de 30 dias após o fim do pro-
cesso administrativo para tanto. Art. 52. O órgão competente poderá declarar extinto o
processo quando exaurida sua finalidade ou o objeto
da decisão se tornar impossível, inútil ou prejudicado
CAPÍTULO XII
por fato superveniente.
DA MOTIVAÇÃO
Caso o interessado não queira prosseguir com o pro-
cesso poderá desistir dele por completo ou de parte dele,
Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motiva- mas se o interesse público for maior a Administração po-
dos, com indicação dos fatos e dos fundamentos jurí- derá continuar (por exemplo, indícios de que o interessa-
dicos, quando: do praticou um ilícito contra a Administração). Se existir
I - neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses; mais de um interessado, a desistência só atinge o que
II - imponham ou agravem deveres, encargos ou san- desistiu.
ções; Extinção é o término do processo, que se dará quan-
III - decidam processos administrativos de concurso ou do sua finalidade tiver acabado ou quando seu objeto se
seleção pública; tornar impossível inútil ou prejudicado.
IV - dispensem ou declarem a inexigibilidade de pro-
cesso licitatório;
CAPÍTULO XIV
V - decidam recursos administrativos;
DA ANULAÇÃO, REVOGAÇÃO E CONVALIDAÇÃO
VI - decorram de reexame de ofício;
VII - deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a
questão ou discrepem de pareceres, laudos, propostas Art. 53. A Administração deve anular seus próprios
e relatórios oficiais; atos, quando eivados de vício de legalidade, e pode
VIII - importem anulação, revogação, suspensão ou revogá-los por motivo de conveniência ou oportuni-
convalidação de ato administrativo. dade, respeitados os direitos adquiridos.
§ 1o A motivação deve ser explícita, clara e congruen-
te, podendo consistir em declaração de concordância Art. 54. O direito da Administração de anular os atos
com fundamentos de anteriores pareceres, informa- administrativos de que decorram efeitos favoráveis
ções, decisões ou propostas, que, neste caso, serão para os destinatários decai em cinco anos, contados
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

parte integrante do ato. da data em que foram praticados, salvo comprovada


§ 2o Na solução de vários assuntos da mesma natureza, má-fé.
pode ser utilizado meio mecânico que reproduza os § 1o No caso de efeitos patrimoniais contínuos, o prazo
fundamentos das decisões, desde que não prejudique de decadência contar-se-á da percepção do primeiro
direito ou garantia dos interessados. pagamento.
§ 3o A motivação das decisões de órgãos colegiados e § 2o Considera-se exercício do direito de anular
comissões ou de decisões orais constará da respectiva qualquer medida de autoridade administrativa que
ata ou de termo escrito. importe impugnação à     validade do ato.
A Administração não pode impor arbitrariamente
suas decisões, devendo justificá-las. Quando da decisão Art. 55. Em decisão na qual se evidencie não acar-
de um processo administrativo deverá explicar em que retarem lesão ao interesse público nem prejuízo a
normas jurídicas se baseou e como elas se interligam aos terceiros, os atos que apresentarem defeitos sanáveis
fatos apurados. É possível fazer remissões a pareceres, poderão ser convalidados pela própria Administração.

26
Os atos viciados, ou seja, que tenham sido praticados § 2o O prazo mencionado no parágrafo anterior
contrários às formalidades legais, deverão ser anulados. poderá ser prorrogado por igual período, ante justifi-
Poderão também ser anulados atos não viciados no exer- cativa explícita.
cício da discricionariedade administrativa, mas para tanto Se a lei não dispuser de modo diverso, a parte tem até
é preciso respeitar os direitos adquiridos dos interessa- 10 dias para recorrer e, do recebimento dos autos, a
dos. autoridade tem até 30 dias para julgar, os quais po-
dem ser prorrogados por mais 30.
CAPÍTULO XV Art. 60. O recurso interpõe-se por meio de requerimen-
DO RECURSO ADMINISTRATIVO E DA REVISÃO to no qual o recorrente deverá expor os fundamentos
do pedido de reexame, podendo juntar os documentos
Art. 56. Das decisões administrativas cabe recurso, em que julgar convenientes.
face de razões de legalidade e de mérito.
§ 1o O recurso será dirigido à autoridade que proferiu Art. 61. Salvo disposição legal em contrário, o recurso
a decisão, a qual, se não a reconsiderar no prazo de não tem efeito suspensivo.
cinco dias, o encaminhará à autoridade superior. Parágrafo único. Havendo justo receio de prejuízo de
§ 2o Salvo exigência legal, a interposição de recurso difícil ou incerta reparação decorrente da execução,
administrativo independe de caução. a autoridade recorrida ou a imediatamente superior
§ 3o  Se o recorrente alegar que a decisão administra- poderá, de ofício ou a pedido, dar efeito suspensivo
tiva contraria enunciado da súmula vinculante, cabe- ao recurso.
rá à autoridade prolatora da decisão impugnada, se Significa que a decisão recorrida será cumprida, inde-
não a reconsiderar, explicitar, antes de encaminhar o pendentemente de haver recurso pendente. No entan-
recurso à autoridade superior, as razões da aplicabili- to, tal efeito suspensivo pode ser concedido, conforme
dade ou inaplicabilidade da súmula, conforme o caso. a exceção do parágrafo único.
O recurso poderá questionar se houve correta apli-
cação da lei ou se houve correta interpretação dos fatos. Art. 62. Interposto o recurso, o órgão competente para
Ele será interposto para a autoridade que proferiu a de- dele conhecer deverá intimar os demais interessados
cisão, que poderá reconsiderar em 5 dias e, caso não o para que, no prazo de cinco dias úteis, apresentem
faça, encaminhará à autoridade superior. alegações.
Súmula vinculante é uma espécie de orientação pro- Antes de decidir se irá apreciar o recurso, ou seja, dar
ferida pelo Supremo Tribunal Federal de observância início ao seu processamento, as partes devem ser ouvi-
obrigatória em todas instâncias de julgamento, judiciais das no prazo de 5 dias.
ou administrativas.
Art. 63. O recurso não será conhecido quando inter-
Art. 57. O recurso administrativo tramitará no máxi- posto:
mo por três instâncias administrativas, salvo disposi- I - fora do prazo;
ção legal diversa. II - perante órgão incompetente;
III - por quem não seja legitimado;
Art. 58. Têm legitimidade para interpor recurso admi- IV - após exaurida a esfera administrativa.
nistrativo: § 1o Na hipótese do inciso II, será indicada ao recorrente
I - os titulares de direitos e interesses que forem parte a autoridade competente, sendo-lhe devolvido o prazo
no processo; para recurso.
II - aqueles cujos direitos ou interesses forem indireta- § 2o O não conhecimento do recurso não impede a
mente afetados pela decisão recorrida; Administração de rever de ofício o ato ilegal, desde
III - as organizações e associações representativas, no que não ocorrida preclusão administrativa.
tocante a direitos e interesses coletivos; Por não conhecimento entende-se a não apreciação
IV - os cidadãos ou associações, quanto a direitos ou do mérito do recurso porque ele não preencheu alguma
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

interesses difusos. das formalidades legais.


Para recorrer a parte tem que ter interesse, de forma
que algum direito ou garantia que ela estava defenden- Art. 64. O órgão competente para decidir o recurso
do no processo tenha obtido uma decisão contrária.
poderá confirmar, modificar, anular ou revogar, total
ou parcialmente, a decisão recorrida, se a matéria for
Art. 59. Salvo disposição legal específica, é de dez dias de sua competência.
o prazo para interposição de recurso administrativo, Parágrafo único. Se da aplicação do disposto neste ar-
contado a partir da ciência ou divulgação oficial da tigo puder decorrer gravame à situação do recorrente,
decisão recorrida. este deverá ser cientificado para que formule suas ale-
§ 1o Quando a lei não fixar prazo diferente, o recurso gações antes da decisão.
administrativo deverá ser decidido no prazo máximo Se a situação do recorrente puder piorar, deverá ele
de trinta dias, a partir do recebimento dos autos pelo ser cientificado para se manifestar.
órgão competente.

27
Art. 64-A.  Se o recorrente alegar violação de enun- § 3o Os prazos fixados em meses ou anos contam-se
ciado da súmula vinculante, o órgão competente para de data a data. Se no mês do vencimento não houver
decidir o recurso explicitará as razões da aplicabilida- o dia equivalente àquele do início do prazo, tem-se
de ou inaplicabilidade da súmula, conforme o caso. como termo o último dia do mês.

Art. 64-B.  Acolhida pelo Supremo Tribunal Federal Art. 67. Salvo motivo de força maior devidamente
a reclamação fundada em violação de enunciado comprovado, os prazos processuais não se suspendem.
da súmula vinculante, dar-se-á ciência à autoridade Publicados oficialmente os atos, o prazo começa a
prolatora e ao órgão competente para o julgamento correr, excluído o dia da publicação e incluído o dia
do recurso, que deverão adequar as futuras decisões do vencimento. Ex: prazo de 10 dias - decisão profe-
administrativas em casos semelhantes, sob pena de rida dia 1º, começa a contar do dia 2º, indo até o dia
responsabilização pessoal nas esferas cível, adminis- 11, dia do vencimento, que é incluído. Se dia 2º não
trativa e penal. fosse dia útil, começaria a se contar do 1º dia útil que
Ao julgar procedente a reclamação, o STF anulará o o seguisse, assim como se dia 11 não o fosse somente
ato administrativo ou cassará a decisão judicial impugna- haveria vencimento no 1º dia útil que o seguisse.
da, determinando que outra seja proferida com ou sem Somente se suspende um prazo por motivo de força
aplicação da súmula, conforme o caso. Também se dará maior.
ciência à autoridade prolatora para que passe a decidir
conforme a Súmula VInculante violada.
#FicaDica
- 3 dias úteis – intimação da comunicação dos
Art. 65. Os processos administrativos de que resul- atos ou da instrução;
tem sanções poderão ser revistos, a qualquer tempo, - 5 dias – caso geral; recurso (reconsideração
a pedido ou de ofício, quando surgirem fatos novos pela autoridade que proferiu; apresentação de
ou circunstâncias relevantes suscetíveis de justificar a alegações);
inadequação da sanção aplicada. - 10 dias – direito de manifestação do interes-
Parágrafo único. Da revisão do processo não poderá sado; interposição de recurso;
resultar agravamento da sanção. - 15 dias – parecer de órgão consultivo;
Se surgirem novos fatos ou circunstâncias um pro- - 30 dias – decisão (prorrogável) – decisão do
cesso já encerrado pode ser revisto, mas eventual sanção processo e decisão do recurso;
aplicada não poderá ser agravada. - 5 anos – anular ato com efeito favorável para
destinatário

#FicaDica
Fases do processo administrativo: CAPÍTULO XVII
- Requerimento – de ofício ou a pedido DAS SANÇÕES
- Comunicação
- Instrução
Fase processual; Art. 68. As sanções, a serem aplicadas por autoridade
Consulta pública – manifestação de terceiros; competente, terão natureza pecuniária ou consistirão
assunto de interesse geral; fixam-se prazos em obrigação de fazer ou de não fazer, assegurado
para as alegações escritas; sempre o direito de defesa.
Audiência pública – antes da decisão; matéria As sanções aplicadas serão: pagamento de quantia
de importância relevante. certa, ou seja, de valor em dinheiro; ou então obrigação
- Decisão de fazer ou não fazer algo.
- Recurso
CAPÍTULO XVIII
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

CAPÍTULO XVI
DOS PRAZOS
Art. 69. Os processos administrativos específicos con-
tinuarão a reger-se por lei própria, aplicando-se-lhes
Art. 66. Os prazos começam a correr a partir da data apenas subsidiariamente os preceitos desta Lei.
da cientificação oficial, excluindo-se da contagem o
dia do começo e incluindo-se o do vencimento. Art. 69-A.  Terão prioridade na tramitação, em qual-
§ 1o Considera-se prorrogado o prazo até o primeiro quer órgão ou instância, os procedimentos adminis-
dia útil seguinte se o vencimento cair em dia em que trativos em que figure como parte ou interessado:
não houver expediente ou este for encerrado antes da
I - pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta)
hora normal.
anos;
§ 2o Os prazos expressos em dias contam-se de modo
II - pessoa portadora de deficiência, física ou mental;
contínuo.
III - (VETADO)

28
IV - pessoa portadora de tuberculose ativa, esclerose Interposto o recurso administrativo pelo interessado, po-
múltipla, neoplasia maligna, hanseníase, paralisia ir- derá ocorrer a reformatio in pejus (reforma para piorar),
reversível e incapacitante, cardiopatia grave, doença desde que ele seja cientificado para apresentar suas ale-
de Parkinson, espondiloartrose anquilosante, nefro- gações antes da decisão.
patia grave, hepatopatia grave, estados avançados da
doença de Paget (osteíte deformante), contaminação ( ) CERTO ( ) ERRADO
por radiação, síndrome de imunodeficiência adquiri-
da, ou outra doença grave, com base em conclusão da Resposta: Certo. Disciplina a Lei nº 9.784/1999: “Art.
medicina especializada, mesmo que a doença tenha 64. O órgão competente para decidir o recurso poderá
sido contraída após o início do processo. confirmar, modificar, anular ou revogar, total ou par-
§ 1o  A pessoa interessada na obtenção do benefício, cialmente, a decisão recorrida, se a matéria for de sua
juntando prova de sua condição, deverá requerê-lo à competência. Parágrafo único. Se da aplicação do dis-
autoridade administrativa competente, que determi- posto neste artigo puder decorrer gravame à situação
nará as providências a serem cumpridas. do recorrente, este deverá ser cientificado para que
§ 2o  Deferida a prioridade, os autos receberão identi- formule suas alegações antes da decisão”. Com efeito,
ficação própria que evidencie o regime de tramitação a reformatio in pejus é possível, desde que respeitado
prioritária. o contraditório e a ampla defesa.
§ 3o  (VETADO) 
§ 4o  (VETADO) 
3) (STM - Analista Judiciário - Área Administrativa -
Art. 70. Esta Lei entra em vigor na data de sua publi- CESPE/2018) A respeito dos poderes administrativos, da
cação. contratação com a administração pública e do processo
A Lei nº 9.784/99 é apenas subsidiária às demais leis administrativo – Lei nº 9.784/1999 –, julgue o item se-
que de alguma forma abordem os procedimentos ad- guinte.
ministrativos. Ou seja, será usada quando não houver A desistência do interessado quanto a pedido formulado
regulamentação específica. à administração pública impede o prosseguimento do
processo.
Brasília 29 de janeiro de 1999; 178o da Independência
e 111o da República. ( ) CERTO ( ) ERRADO

Resposta: Errado. Disciplina o artigo 51, §2º da Lei nº


9.784/99: “A desistência ou renúncia do interessado,
EXERCÍCIOS COMENTADOS conforme o caso, não prejudica o prosseguimento do
processo, se a Administração considerar que o interes-
1) (ABIN - Agente de Inteligência - CESPE/2018) No se público assim o exige”.
que tange aos atos administrativos, julgue o item seguin-
te.
Situação hipotética: Após decisão administrativa que lhe
foi desfavorável, publicada no dia 1º/2/2017, João deci- AGENTES PÚBLICOS. ESPÉCIES E
diu interpor recurso administrativo. Tendo tomado ciên- CLASSIFICAÇÃO. CARGO, EMPREGO E
cia do ato negativo, após busca exaustiva, João verificou FUNÇÃO PÚBLICOS.
que não havia disposição legal específica para a apresen-
tação do recurso e protocolou-o no dia 2/3/2017, com o
intuito de esclarecer os pontos controversos da decisão.
Assertiva: Nessa situação, o lapso temporal descrito ca-
Conceito
racteriza o recurso como tempestivo, razão por que ele
deverá ser conhecido. Agente público é expressão que engloba todas as
pessoas lotadas na Administração, isto é, trata-se daque-
( ) CERTO ( ) ERRADO les que servem ao Poder Público. “A expressão agente
público tem sentido amplo, significa o conjunto de pes-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Resposta: Errado. Nos termos do artigo 59, Lei nº soas que, a qualquer título, exercem uma função públi-
9.784/99, “salvo disposição legal específica, é de dez ca como prepostos do Estado. Essa função, é mister que
dias o prazo para interposição de recurso administra- se diga, pode ser remunerada ou gratuita, definitiva ou
tivo, contado a partir da ciência ou divulgação oficial transitória, política ou jurídica. O que é certo é que, quan-
da decisão recorrida”. Assim, o recurso é intempestivo. do atuam no mundo jurídico, tais agentes estão de algu-
ma forma vinculados ao Poder Público. Como se sabe, o
Estado só se faz presente através das pessoas físicas que
2) (ABIN - Oficial Técnico de Inteligência - CES- em seu nome manifestam determinada vontade, e é por
PE/2018) Considerando que, tendo detectado risco imi- isso que essa manifestação volitiva acaba por ser imputa-
nente de prejuízo, em decorrência de suspeita de vício na da ao próprio Estado. São todas essas pessoas físicas que
concessão de verba de natureza alimentar a determinado constituem os agentes públicos”32.
administrado, a administração determine a suspensão de
seu pagamento, julgue o próximo item, à luz do disposto 32 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de
na Lei nº 9.784/1999. direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris,

29
Neste sentido, o artigo 2º da Lei nº 8.429/92 (Lei de por um período certo e determinado, por força de
Improbidade Administrativa): uma situação de excepcional interesse público, não
sendo nomeados em caráter efetivo, ocupando
Reputa-se agente público, para os efeitos desta lei, uma função pública.
todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente c) particulares em colaboração com o Estado – são
ou sem remuneração, por eleição, nomeação, desig- agentes que, embora sejam particulares, executam
nação, contratação ou qualquer outra forma de inves- funções públicas especiais que podem ser quali-
tidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função ficadas como públicas. Ex.: mesário, jurado, recru-
nas entidades mencionadas no artigo anterior. tados para serviço militar.

Quanto às entidades as quais o agente pode estar vin-


culado, tem-se o artigo 1º da Lei nº 8.429/92: #FicaDica
Os agentes públicos podem ser agentes políti-
Os atos de improbidade praticados por qualquer
cos, particulares em colaboração com o Estado
agente público, servidor ou não, contra a administra-
e servidores públicos. Logo, o servidor público
ção direta, indireta ou fundacional de qualquer dos
é uma espécie do gênero agente público. Com
Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos
efeito, funcionário público é uma espécie do
Municípios, de Território, de empresa incorporada ao
gênero servidor público, abrangendo apenas
patrimônio público ou de entidade para cuja criação
os servidores que se sujeitam a regime esta-
ou custeio o erário haja concorrido ou concorra com
tutário.
mais de cinquenta por cento do patrimônio ou da re-
ceita anual, serão punidos na forma desta lei.
Parágrafo único. Estão também sujeitos às penalida-
des desta lei os atos de improbidade praticados contra Natureza jurídica da relação de emprego público
o patrimônio de entidade que receba subvenção, be- O servidor público de sociedade de economia mista e
nefício ou incentivo, fiscal ou creditício, de órgão pú- de empresa pública não se sujeita a Estatuto, mas sim à
blico bem como daquelas para cuja criação ou custeio Consolidação das Leis do Trabalho – CLT. Em suma, não
o erário haja concorrido ou concorra com menos de são estatutários e sim celetistas. Logo, a natureza jurídi-
cinquenta por cento do patrimônio ou da receita anu- ca da relação de emprego público é contratual, embo-
al, limitando-se, nestes casos, a sanção patrimonial à ra o vínculo tenha natureza pública. Inclusive, eventuais
repercussão do ilícito sobre a contribuição dos cofres conflitos trabalhistas são resolvidos perante a justiça do
públicos. trabalho.
Apesar disso, são contratados mediante concurso pú-
Espécies; cargo, emprego e função blico de provas ou provas e títulos, pois mesmo as em-
Os agentes públicos subdividem-se em: presas públicas e as sociedades de economia mista são
a) agentes políticos – “são os titulares dos cargos obrigadas a respeitar um núcleo obrigatório mínimo, que
estruturais à organização política do País [...], envolve o dever de contratar apenas por concurso.
Presidente da República, Governadores, Prefeitos
e respectivos vices, os auxiliares imediatos dos
chefes de Executivo, isto é, Ministros e Secretários #FicaDica
das diversas pastas, bem como os Senadores, De-
putados Federais e Estaduais e os Vereadores”33. O Empregado público é celetista – Sujeita-se à
agente político é aquele detentor de cargo eleti- CLT – Relação contratual
vo, eleito por mandatos transitórios. Servidor público é estatutário – Sujeita-se à
b) servidores públicos, que se dividem em funcio- respectiva lei especial – Relação estatutária
nário público, empregado público e contratados
em caráter temporário. Os servidores públicos
formam a grande massa dos agentes do Estado,
desenvolvendo variadas funções. O funcionário
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

público é o tipo de servidor público que é titular Ausência de competência: agente de fato
de um cargo, se sujeitando a regime estatutário O agente precisa estar legitimamente investido num
(previsto em estatuto próprio, não na CLT). O em- cargo para praticar um ato administrativo, isto é, deve
pregado público é o tipo de servidor público que ter competência para tanto. Contudo, existe a situação
é titular de um emprego, sujeitando-se ao regime do agente de fato, que é aquele em relação ao qual a
celetista (CLT). Tanto o funcionário público quan- investidura está maculada de um defeito.
to o empregado público somente se vinculam à Di Pietro34 exemplifica tal situação: “falta de requisito
Administração mediante concurso público, sendo legal para investidura, como certificado de sanidade ven-
nomeados em caráter efetivo. Contratados em cido; inexistência de formação universitária para função
caráter temporário são servidores contratados que a exige, idade inferior ao mínimo legal; o mesmo
ocorre quando o servidor está suspenso do cargo, ou
2010.
33 MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Di- 34 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Admi-
reito Administrativo. 32. ed. São Paulo: Malheiros, 2015. nistrativo. 23. ed. São Paulo: Atlas editora, 2010.

30
exerce funções depois de vencido o prazo de sua contra-
tação, ou continua em exercício após a idade-limite para #FicaDica
aposentadoria compulsória”.
Essa ilegalidade gera efeitos na competência do ato Todas entidades da administração direta e in-
administrativo, mas não pode ser confundida com o cri- direta devem realizar concurso público para
me de usurpação de função (art. 328, CP), no qual o su- contratar funcionários públicos.
jeito exerce uma atribuição de cargo, emprego ou função Exceção: cargo em comissão, baseado em con-
pública, sem ocorrer nenhuma forma de investidura. No fiança.
caso do agente de fato, há investidura, mas ela se deu
sem os devidos requisitos.
Quanto aos atos praticados pelo agente de fato, a
doutrina majoritária considera-os válidos, por causa da Servidor ocupante de cargo em comissão
aparência de conformidade com a lei e em preservação
Os cargos em comissão são de nomeação livre, dis-
da boa-fé dos administrados. Entretanto, será necessá-
pensando concurso público.
rio ponderar no caso concreto, utilizando como vetores
O ocupante de cargo em comissão não precisa ser
a segurança jurídica e a boa-fé da população, bem como
titular de cargo efetivo.
observando se a falta de competência não poderia ser
facilmente detectada. Serve para cargos de chefias, assessoramento e dire-
ção, notadamente, cargos de confiança.
Os servidores que ocupam cargo em comissão po-
Exigência de concurso público para investidura em dem ser exonerados a qualquer tempo, pois não adqui-
cargo ou emprego público rem estabilidade e nem as garantias que dela decorrem
Artigo 37, II, CF. A investidura em cargo ou emprego (exonerado “ad nutum”).
público depende de aprovação prévia em concurso pú- Se sujeita ao regime geral da previdência social.
blico de provas ou de provas e títulos, de acordo com a Quanto ao regime de trabalho, será o mesmo dos de-
natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na mais servidores do órgão em que ocupa o cargo – se for
forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações para estatutário, seguirá o mesmo estatuto e fará jus aos direi-
cargo em comissão declarado em lei de livre nomea- tos ali previstos, exceto os de natureza previdenciária; se
ção e exoneração.
for celetista, seguirá as normas da CLT e terá os mesmos
direitos ali assegurados, inclusive FGTS.
Neste sentido, preconiza o artigo 10 da Lei nº
8.112/1990:
#FicaDica
Artigo 10, Lei nº 8.112/90. A nomeação para cargo de
carreira ou cargo isolado de provimento efetivo de- Servidor que ocupe cargo em comissão jamais
pende de prévia habilitação em concurso público de adquire estabilidade.
provas ou de provas e títulos, obedecidos a ordem de Pode ser exonerado a qualquer tempo.
classificação e o prazo de sua validade. Não se sujeita a regime estatutário – contribui
Parágrafo único. Os demais requisitos para o ingresso pelo INSS e se sujeita à CLT.
e o desenvolvimento do servidor na carreira, median-
te promoção, serão estabelecidos pela lei que fixar as
diretrizes do sistema de carreira na Administração Pú-
blica Federal e seus regulamentos.
Servidor efetivo e vitalício: garantias
No concurso de provas o candidato é avaliado ape- O servidor público efetivo, aquele que foi provido
nas pelo seu desempenho nas provas, ao passo que nos em cargo mediante nomeação seguida da aprovação em
concursos de provas e títulos o seu currículo em toda sua concurso público, está apto a adquirir estabilidade, nos
atividade profissional também é considerado. moldes do artigo 41, CF, após três anos de efetivo exer-
Cargo em comissão é o cargo de confiança, que não cício.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

exige concurso público, sendo exceção à regra geral. Os primeiros 3 anos de serviço correspondem ao es-
Em todas outras situações, a administração direta e tágio probatório, período em que o servidor deverá ser
indireta é obrigada a prover seus cargos, empregos e submetido a uma avaliação especial de desempenho.
funções por meio de concursos públicos. Inclusive, por Nos moldes do artigo 41, §1º, CF, o servidor apenas
mais que empresas públicas e sociedades de economia perderá o cargo em virtude de sentença judicial transi-
mista sejam pessoas jurídicas de direito privado, devem tada em julgado, mediante processo administrativo em
respeitar o núcleo mínimo de imposições ao poder pú- que lhe seja assegurada ampla defesa ou mediante pro-
blico, inclusive a obrigação de prover seus empregos por cedimento de avaliação periódica de desempenho, na
meio de concurso público. forma de lei complementar, assegurada ampla defesa.
Logo, é possível a perda do cargo mesmo após adquirir a
estabilidade, mas há garantias quanto à forma como isso
pode ocorrer.

31
Além das hipóteses citadas, existe mais uma possibi- § 3º Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade,
lidade de perda de cargo (sem caráter punitivo), mesmo o servidor estável ficará em disponibilidade, com re-
que o seu detentor seja estável no serviço público. Tra- muneração proporcional ao tempo de serviço, até seu
ta-se da perda de cargo para adequação dos gastos do adequado aproveitamento em outro cargo.
Estado à Lei de Responsabilidade Fiscal – LRF. § 4º Como condição para a aquisição da estabilidade,
A Constituição Federal inicialmente impõe que os en- é obrigatória a avaliação especial de desempenho por
tes federativos, no caso de extrapolação dos limites de comissão instituída para essa finalidade.
gastos previstos na LRF, reduzam as despesas com servi-
dores públicos comissionados e não estáveis, conforme Art. 20, Lei nº 8.112/1990. Ao entrar em exercício, o
art. 169, §3º, CF. Mas se as medidas previstas no §3º do servidor nomeado para cargo de provimento efetivo
art. 169 não forem suficientes para adequar e controlar ficará sujeito a estágio probatório por período de 24
as despesas públicas, a CF/88 prevê, em seu §4º, a perda (vinte e quatro) meses, durante o qual a sua aptidão e
do cargo até mesmo na hipótese em que o seu ocupante
capacidade serão objeto de avaliação para o desem-
detenha estabilidade no serviço público. Se ocorrer esta
penho do cargo, observados os seguinte fatores:
hipótese, o servidor estável que perder o cargo terá di-
I - assiduidade;
reito a indenização correspondente a 1 mês de remune-
ração por ano de serviço público. II - disciplina;
Existem alguns servidores públicos efetivos que não III - capacidade de iniciativa;
possuem apenas estabilidade, mas sim vitaliciedade. São IV - produtividade;
eles os membros do Poder Judiciário e do Ministério Pú- V - responsabilidade.
blico (artigo 95, I, CF; artigo 128, §5º, I, “a”, CF). § 1º 4 (quatro) meses antes de findo o período do
O prazo para a aquisição da vitaliciedade é diferente estágio probatório, será submetida à homologação da
do prazo para aquisição da estabilidade, sendo adquiri- autoridade competente a avaliação do desempenho
da após 2 anos de serviço público. Durante esse perío- do servidor, realizada por comissão constituída para
do, também é submetido o servidor a “estágio probató- essa finalidade, de acordo com o que dispuser a lei
rio”, chamado de processo de vitaliciamento. ou o regulamento da respectiva carreira ou cargo,
Um fator importantíssimo a favor dos agentes vi- sem prejuízo da continuidade de apuração dos fatores
talícios é que eles somente podem perder o cargo em enumerados nos incisos I a V do caput deste artigo.
decorrência de decisão judicial transitada em julgado. § 2º O servidor não aprovado no estágio probatório
Então, as várias hipóteses de perda de cargo previstas será exonerado ou, se estável, reconduzido ao cargo
para servidores estáveis não se aplicam aos servidores anteriormente ocupado, observado o disposto no
vitalícios. parágrafo único do art. 29.
§ 3º O servidor em estágio probatório poderá exercer
quaisquer cargos de provimento em comissão ou
#FicaDica funções de direção, chefia ou assessoramento no órgão
ou entidade de lotação, e somente poderá ser cedido
Apenas o servidor público efetivo pode se tor- a outro órgão ou entidade para ocupar cargos de
nar estável. Natureza Especial, cargos de provimento em comissão
A estabilidade depende de aprovação no está- do Grupo-Direção e Assessoramento Superiores - DAS,
gio probatório, cujo período é de 3 anos. de níveis 6, 5 e 4, ou equivalentes.
§ 4º Ao servidor em estágio probatório somente
poderão ser concedidas as licenças e os afastamentos
previstos nos arts. 81, incisos I a IV, 94, 95 e 96, bem
assim afastamento para participar de curso de forma-
Estágio probatório ção decorrente de aprovação em concurso para outro
Estabelece a Constituição Federal em seu artigo 41, a
cargo na Administração Pública Federal.
ser lido em conjunto com o artigo 20 da Lei nº 8.112/1990:
§ 5º O estágio probatório ficará suspenso durante as
licenças e os afastamentos previstos nos arts. 83, 84,
Artigo 41, CF.  São estáveis após três anos de efetivo § 1º, 86 e 96, bem assim na hipótese de participação
exercício os servidores nomeados para cargo de provi- em curso de formação, e será retomado a partir do
mento efetivo em virtude de concurso público. término do impedimento.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

§ 1º O servidor público estável só perderá o cargo:


I -  em virtude de sentença judicial transitada em jul-
gado; O estágio probatório pode ser definido como um lap-
II -  mediante processo administrativo em que lhe seja so de tempo no qual a aptidão e capacidade do servidor
assegurada ampla defesa; serão avaliadas de acordo com critérios de assiduidade,
III -  mediante procedimento de avaliação periódica de disciplina, capacidade de iniciativa, produtividade e res-
desempenho, na forma de lei complementar, assegu- ponsabilidade. O servidor não aprovado no estágio pro-
rada ampla defesa. batório será exonerado ou, se estável, reconduzido ao
§ 2º Invalidada por sentença judicial a demissão do cargo anteriormente ocupado. Não existe vedação para
servidor estável, será ele reintegrado, e o eventual um servidor em estágio probatório exercer quaisquer
ocupante da vaga, se estável, reconduzido ao cargo cargos de provimento em comissão ou funções de di-
de origem, sem direito a indenização, aproveitado em reção, chefia ou assessoramento no órgão ou entidade
outro cargo ou posto em disponibilidade com remune- de lotação.
ração proporcional ao tempo de serviço.

32
Desde a Emenda Constitucional nº 19 de 1998, a dis- Em relação às formas de vacância, que ocorre quan-
ciplina do estágio probatório mudou, notadamente au- do o cargo púbico anteriormente ocupado fica livre, co-
mentando o prazo de 2 anos para 3 anos. Tendo em vista locam-se: falecimento, aposentadoria, promoção, demis-
que a norma constitucional prevalece sobre a lei federal, são, exoneração, readaptação, posse em outro cargo cuja
mesmo que ela não tenha sido atualizada, deve-se seguir acumulação seja vedada.
o disposto no artigo 41 da Constituição Federal.
Uma vez adquirida a aprovação no estágio probató- #FicaDica
rio, o servidor público somente poderá ser exonerado
nos casos do §1º do artigo 40 da Constituição Federal,
Vacância = liberação do cargo que antes se en-
notadamente: em virtude de sentença judicial transita-
contrava ocupado/provido.
da em julgado; mediante processo administrativo em
Provimento = preenchimento do cargo vago,
que lhe seja assegurada ampla defesa; ou mediante
podendo ser originário ou derivado.
procedimento de avaliação periódica de desempe-
nho, na forma de lei complementar, assegurada ampla
defesa (sendo esta lei complementar ainda inexistente
no âmbito federal).
Direitos, deveres e responsabilidades dos servido-
Formas de provimento e vacância dos cargos pú-
res públicos civis
blicos
No âmbito federal, são objeto da Lei nº 8.112/1990,
Provimento é o preenchimento do cargo público; ao
que institui o regime jurídico dos servidores públicos ci-
passo que vacância é a sua desocupação.
vis federais.
O provimento pode se dar de forma originária ou de-
rivada.

De forma originária, o provimento pressupõe que EXERCÍCIOS COMENTADOS


não exista uma relação jurídica anterior entre servidor
público e Administração.
A única forma de provimento originário é a nomea- 1) (EBSERH - Assistente Administrativo - CESPE/2018)
ção, que pode ser em caráter efetivo (mediante aprova- Acerca do regime jurídico dos servidores públicos fede-
ção em concurso) ou em comissão (tratando-se de cargo rais, julgue o item a seguir.
de confiança). A promoção não constitui forma de provimento em car-
go público.
De forma derivada, o provimento pressupõe que
exista uma relação jurídica anterior entre servidor pú- ( ) CERTO ( ) ERRADO
blico e Administração.
Pode se dar de diversas formas: promoção, readap- Resposta: Errado. A promoção é uma forma deriva-
tação, reversão, aproveitamento, reintegração e recon- da de provimento do cargo público, acessível àqueles
dução. que estão na carreira e vão galgar novo degrau em
Promoção é a elevação de um servidor de uma classe cargo de nível superior ao ocupado no momento.
para outra dentro de uma mesma carreira.
Readaptação é a passagem do servidor para outro
2) (STJ - Técnico Judiciário - Administrativa - CES-
cargo compatível com a deficiência física que ele venha
PE/2018) Julgue o seguinte item de acordo com as
a apresentar.
disposições constitucionais e legais acerca dos agentes
Reversão é o retorno ao serviço ativo do servidor
aposentado por invalidez quando insubsistentes os mo- públicos.
tivos da aposentadoria. A investidura em cargo, emprego ou função pública exi-
Aproveitamento é o retorno ao serviço ativo do ser- ge a prévia aprovação em concurso público de provas ou
vidor que se encontrava em disponibilidade e foi apro- de provas e títulos, na forma prevista em lei.
veitado em cargo semelhante àquele anteriormente ocu-
pado. ( ) CERTO ( ) ERRADO
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Reintegração é o retorno ao serviço ativo do servi-


dor que fora demitido, quando a demissão for anulada Resposta: Errado. A função pública é exercida por
administrativamente ou judicialmente, voltando para o servidores contratados temporariamente com base no
mesmo cargo que ocupava anteriormente. artigo 37, IX, CF, não dependendo de concurso. Des-
Recondução é o retorno ao cargo anteriormente taca-se que o artigo 37, II, CF, prevê: “a investidura em
ocupado, do servidor que não logrou êxito no estágio cargo ou emprego público depende de aprovação
probatório de outro cargo para o qual foi nomeado de- prévia em concurso público de provas ou de provas
corrente de outro concurso. e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade
Obs.: São consideradas formas inconstitucionais de do cargo ou emprego, na forma prevista em lei, ressal-
provimento a transferência, que era a passagem de um vadas as nomeações para cargo em comissão declara-
servidor de um quadro para outro dentro de um mesmo do em lei de livre nomeação e exoneração”.
poder, e a ascensão, que significava a passagem de uma
carreira para outra.

33
3) (STM - Técnico Judiciário - Administrativa - CES- Preconiza o artigo 10 da Lei nº 8.112/1990:
PE/2018) Acerca do direito administrativo, dos atos
administrativos e dos agentes públicos, julgue o item a
seguir. Artigo 10, Lei nº 8.112/90. A nomeação para cargo de
Em que pese ocuparem cargos eletivos, as pessoas físi- carreira ou cargo isolado de provimento efetivo de-
cas que compõem o Poder Legislativo são consideradas pende de prévia habilitação em concurso público de
agentes públicos. provas ou de provas e títulos, obedecidos a ordem de
classificação e o prazo de sua validade.
( ) CERTO ( ) ERRADO Parágrafo único. Os demais requisitos para o ingresso
e o desenvolvimento do servidor na carreira, median-
Resposta: Certo. Existem três espécies de agentes pú- te promoção, serão estabelecidos pela lei que fixar as
blicos: agentes políticos, agentes administrativos (en- diretrizes do sistema de carreira na Administração Pú-
tram aqui os servidores e empregados públicos) e par- blica Federal e seus regulamentos.
ticulares em colaboração com o Estado. Aqueles que
ocupam cargo eletivo, exercendo assim mandato, são No concurso de provas o candidato é avaliado ape-
agentes políticos, espécie do gênero agente público. nas pelo seu desempenho nas provas, ao passo que nos
concursos de provas e títulos o seu currículo em toda sua
atividade profissional também é considerado. Cargo em
Preceitos constitucionais comissão é o cargo de confiança, que não exige concurso
O artigo 37 da Constituição Federal estabelece os público, sendo exceção à regra geral.
princípios da administração pública estudados no tópico
anterior, aos quais estão sujeitos servidores de quaisquer
dos Poderes em qualquer das esferas federativas, e, em Artigo 37, III, CF. O prazo de validade do concurso pú-
seus incisos, regras mínimas sobre o serviço público: blico será de até dois anos, prorrogável uma vez, por
igual período.
Artigo 37, I, CF. Os cargos, empregos e funções públi-
cas são acessíveis aos brasileiros que preencham os Artigo 37, IV, CF. Durante o prazo improrrogável pre-
requisitos estabelecidos em lei, assim como aos es- visto no edital de convocação, aquele aprovado em
trangeiros, na forma da lei. concurso público de provas ou de provas e títulos será
convocado com prioridade sobre novos concursados
Aprofundando a questão, tem-se o artigo 5º da Lei nº para assumir cargo ou emprego, na carreira.
8.112/1990, que prevê:
Prevê o artigo 12 da Lei nº 8.112/1990:
Artigo 5º, Lei nº 8.112/1990. São requisitos básicos
para investidura em cargo público: Artigo 12, Lei nº 8.112/1990. O concurso público terá
I - a nacionalidade brasileira; validade de até 2 (dois) anos, podendo ser prorrogado
II - o gozo dos direitos políticos; uma única vez, por igual período.
III - a quitação com as obrigações militares e eleitorais; §1º O prazo de validade do concurso e as condições
IV - o nível de escolaridade exigido para o exercício de sua realização serão fixados em edital, que será
do cargo; publicado no Diário Oficial da União e em jornal
V - a idade mínima de dezoito anos; diário de grande circulação.
VI - aptidão física e mental. § 2º Não se abrirá novo concurso enquanto houver
§ 1º As atribuições do cargo podem justificar a exi- candidato aprovado em concurso anterior com prazo
gência de outros requisitos estabelecidos em lei. [...] de validade não expirado.
§ 3º As universidades e instituições de pesquisa cientí-
fica e tecnológica federais poderão prover seus cargos
com professores, técnicos e cientistas estrangeiros, de O edital delimita questões como valor da taxa de ins-
acordo com as normas e os procedimentos desta Lei. crição, casos de isenção, número de vagas e prazo de
validade. Havendo candidatos aprovados na vigência do
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Destaca-se a exceção ao inciso I do artigo 5° da Lei nº prazo do concurso, ele deve ser chamado para assumir
8.112/1990 e do inciso I do artigo 37, CF, prevista no eventual vaga e não ser realizado novo concurso.
artigo 207 da Constituição, permitindo que estrangei- Destaca-se que o §2º do artigo 37, CF, prevê:
ros assumam cargos no ramo da pesquisa, ciência e
tecnologia. Artigo 37, §2º, CF. A não-observância do disposto
nos incisos II e III implicará a nulidade do ato e a pu-
Artigo 37, II, CF. A investidura em cargo ou emprego nição da autoridade responsável, nos termos da lei.
público depende de aprovação prévia em concurso pú-
blico de provas ou de provas e títulos, de acordo com a Com efeito, há tratamento rigoroso da responsabi-
natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na lização daquele que viola as diretrizes mínimas sobre o
forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações para ingresso no serviço público, que em regra se dá por con-
cargo em comissão declarado em lei de livre nomea- curso de provas ou de provas e títulos.
ção e exoneração.

34
Artigo 37, V, CF. As funções de confiança, exercidas exclusivamente por servidores ocupantes de cargo efetivo, e os car-
gos em comissão, a serem preenchidos por servidores de carreira nos casos, condições e percentuais mínimos previstos
em lei, destinam-se apenas às atribuições de direção, chefia e assessoramento.

Observa-se o seguinte quadro comparativo35:

Função de Confiança Cargo em Comissão


Exercidas exclusivamente por servidores Qualquer pessoa, observado o percen-
ocupantes de cargo efetivo. tual mínimo reservado ao servidor de car-
reira.
Com concurso público, já que somente Sem concurso público, ressalvado o per-
pode exercê-la o servidor de cargo efeti- centual mínimo reservado ao servidor de
vo, mas a função em si não prescindível de carreira.
concurso público.
Somente são conferidas atribuições e É atribuído posto (lugar) num dos
responsabilidade quadros da Administração Pública,
conferida atribuições e responsabilidade
àquele que irá ocupá-lo
Destinam-se apenas às atribuições de Destinam-se apenas às atribuições de
direção, chefia e assessoramento direção, chefia e assessoramento
De livre nomeação e exoneração no que De livre nomeação e exoneração
se refere à função e não em relação ao car-
go efetivo.
Artigo 37, VI, CF. É garantido ao servidor público civil o direito à livre associação sindical.

A liberdade de associação é garantida aos servidores públicos tal como é garantida a todos na condição de direito
individual e de direito social.

Artigo 37, VII, CF. O direito de greve será exercido nos termos e nos limites definidos em lei específica.

O Supremo Tribunal Federal decidiu que os servidores públicos possuem o direito de greve, devendo se atentar
pela preservação da sociedade quando exercê-lo. Enquanto não for elaborada uma legislação específica para os fun-
cionários públicos, deverá ser obedecida a lei geral de greve para os funcionários privados, qual seja a Lei n° 7.783/89
(Mandado de Injunção nº 20).

Artigo 37, VIII, CF. A lei reservará percentual dos cargos e empregos públicos para as pessoas portadoras de deficiência
e definirá os critérios de sua admissão.

Neste sentido, o §2º do artigo 5º da Lei nº 8.112/1990:

Artigo 5º, Lei nº 8.112/90. Às pessoas portadoras de deficiência é assegurado o direito de se inscrever em concurso
público para provimento de cargo cujas atribuições sejam compatíveis com a deficiência de que são portadoras; para
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

tais pessoas serão reservadas até 20% (vinte por cento) das vagas oferecidas no concurso.

Prossegue o artigo 37, CF:

Artigo 37, IX, CF. A lei estabelecerá os casos de contratação por tempo determinado para atender a necessidade tem-
porária de excepcional interesse público.

A Lei nº 8.745/1993 regulamenta este inciso da Constituição, definindo a natureza da relação estabelecida entre o ser-
vidor contratado e a Administração Pública, para atender à “necessidade temporária de excepcional interesse público”.
“Em se tratando de relação subordinada, isto é, de relação que comporta dependência jurídica do servidor perante o
Estado, duas opções se ofereciam: ou a relação seria trabalhista, agindo o Estado iure gestionis, sem usar das prerro-
gativas de Poder Público, ou institucional, estatutária, preponderando o ius imperii do Estado. Melhor dizendo: o sis-
35 http://direitoemquadrinhos.blogspot.com.br/2011/03/quadro-comparativo-funcao-de-confianca.html

35
tema preconizado pela Carta Política de 1988 é o do § 5º Nenhum servidor receberá remuneração inferior
contrato, que tanto pode ser trabalhista (inserindo-se ao salário mínimo.
na esfera do Direito Privado) quanto administrativo
(situando-se no campo do Direito Público). [...] Uma
Ainda, o artigo 37 da Constituição:
solução intermediária não deixa, entretanto, de ser
legítima. Pode-se, com certeza, abonar um sistema hí-
brido, eclético, no qual coexistam normas trabalhistas Artigo 37, XI, CF. A remuneração e o subsídio dos
e estatutárias, pondo-se em contiguidade os vínculos ocupantes de cargos, funções e empregos públicos da
privado e administrativo, no sentido de atender às exi- administração direta, autárquica e fundacional, dos
gências do Estado moderno, que procura alcançar os membros de qualquer dos Poderes da União, dos Esta-
seus objetivos com a mesma eficácia dos empreendi- dos, do Distrito Federal e dos Municípios, dos detento-
mentos não-governamentais”36. res de mandato eletivo e dos demais agentes políticos
e os proventos, pensões ou outra espécie remunera-
Artigo 37, X, CF. A remuneração dos servidores públi- tória, percebidos cumulativamente ou não, incluídas
cos e o subsídio de que trata o § 4º do art. 39 somente as vantagens pessoais ou de qualquer outra natureza,
poderão ser fixados ou alterados por lei específica, ob- não poderão exceder o subsídio mensal, em espécie,
servada a iniciativa privativa em cada caso, assegura- dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, aplicando-
da revisão geral anual, sempre na mesma data e sem -se como limite, nos Municípios, o subsídio do Prefeito,
distinção de índices. e nos Estados e no Distrito Federal, o subsídio mensal
do Governador no âmbito do Poder Executivo, o subsí-
Artigo 37, XV, CF. O subsídio e os vencimentos dos dio dos Deputados Estaduais e Distritais no âmbito do
ocupantes de cargos e empregos públicos são irredu- Poder Legislativo e o subsídio dos Desembargadores
tíveis, ressalvado o disposto nos incisos XI e XIV deste do Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e
artigo e nos arts. 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I. vinte e cinco centésimos por cento do subsídio mensal,
em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Fede-
Artigo 37, §10, CF. É vedada a percepção simultânea ral, no âmbito do Poder Judiciário, aplicável este limite
de proventos de aposentadoria decorrentes do art. aos membros do Ministério Público, aos Procuradores
40 ou dos arts. 42 e 142 com a remuneração de car- e aos Defensores Públicos.
go, emprego ou função pública, ressalvados os cargos
acumuláveis na forma desta Constituição, os cargos
eletivos e os cargos em comissão declarados em lei de Artigo 37, XII, CF. Os vencimentos dos cargos do Poder
livre nomeação e exoneração. Legislativo e do Poder Judiciário não poderão ser su-
periores aos pagos pelo Poder Executivo.

Sobre a questão, disciplina a Lei nº 8.112/1990 nos


artigos 40 e 41: Prevê a Lei nº 8.112/1990 em seu artigo 42:

Art. 40. Vencimento é a retribuição pecuniária pelo Artigo 42, Lei nº 8.112/90. Nenhum servidor pode-
exercício de cargo público, com valor fixado em lei. rá perceber, mensalmente, a título de remuneração,
importância superior à soma dos valores percebidos
Art. 41. Remuneração é o vencimento do cargo efeti- como remuneração, em espécie, a qualquer título, no
vo, acrescido das vantagens pecuniárias permanentes âmbito dos respectivos Poderes, pelos Ministros de Es-
estabelecidas em lei. tado, por membros do Congresso Nacional e Minis-
§ 1º A remuneração do servidor investido em função tros do Supremo Tribunal Federal. Parágrafo único.
ou cargo em comissão será paga na forma prevista Excluem-se do teto de remuneração as vantagens pre-
no art. 62. vistas nos incisos II a VII do art. 61.
§ 2º O servidor investido em cargo em comissão de
órgão ou entidade diversa da de sua lotação receberá Com efeito, os §§ 11 e 12 do artigo 37, CF tecem apro-
a remuneração de acordo com o estabelecido no § 1º fundamentos sobre o mencionado inciso XI:
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

do art. 93.
§ 3º O vencimento do cargo efetivo, acrescido das
vantagens de caráter permanente, é irredutível. Artigo 37, § 11, CF. Não serão computadas, para efeito
§ 4º É assegurada a isonomia de vencimentos para dos limites remuneratórios de que trata o inciso XI do
cargos de atribuições iguais ou assemelhadas do caput deste artigo, as parcelas de caráter indenizató-
mesmo Poder, ou entre servidores dos três Poderes, rio previstas em lei.
ressalvadas as vantagens de caráter individual e as
relativas à natureza ou ao local de trabalho. Artigo 37, § 12, CF. Para os fins do disposto no inciso
XI do caput deste artigo, fica facultado aos Estados
36 VOGEL NETO, Gustavo Adolpho. Contratação e ao Distrito Federal fixar, em seu âmbito, mediante
de servidores para atender a necessidade temporária emenda às respectivas Constituições e Lei Orgânica,
de excepcional interesse público. Disponível em: <http:// como limite único, o subsídio mensal dos Desembar-
www.planalto.gov.br/ccivil_03/revista/Rev_39/Artigos/Art_ gadores do respectivo Tribunal de Justiça, limitado a
Gustavo.htm>. Acesso em: 23 dez. 2014.

36
noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por cento ção de tarefas públicas. [...] Nota-se que a vedação se
do subsídio mensal dos Ministros do Supremo Tribunal refere à acumulação remunerada. Em consequência,
Federal, não se aplicando o disposto neste parágrafo se a acumulação só encerra a percepção de vencimen-
aos subsídios dos Deputados Estaduais e Distritais e tos por uma das fontes, não incide a regra constitucio-
dos Vereadores. nal proibitiva”.
A Lei nº 8.112/1990 regulamenta intensamente a
Por seu turno, o artigo 37 quanto à vinculação ou questão:
equiparação salarial:
Artigo 118, Lei nº 8.112/1990.  Ressalvados os casos
previstos na Constituição, é vedada a acumulação re-
Artigo 37, XIII, CF. É vedada a vinculação ou equipa- munerada de cargos públicos.
ração de quaisquer espécies remuneratórias para o § 1o  A proibição de acumular estende-se a cargos,
efeito de remuneração de pessoal do serviço público. empregos e funções em autarquias, fundações públi-
cas, empresas públicas, sociedades de economia mista
Os padrões de vencimentos são fixados por conselho da União, do Distrito Federal, dos Estados, dos Territó-
de política de administração e remuneração de pesso- rios e dos Municípios.
al, integrado por servidores designados pelos respec- § 2o  A acumulação de cargos, ainda que lícita, fica
tivos Poderes (artigo 39, caput e § 1º), sem qualquer condicionada à comprovação da compatibilidade de
garantia constitucional de tratamento igualitário aos horários.
cargos que se mostrem similares. § 3o  Considera-se acumulação proibida a percepção
de vencimento de cargo ou emprego público efetivo
Artigo 37, XIV, CF. Os acréscimos pecuniários percebi- com proventos da inatividade, salvo quando os cargos
dos por servidor público não serão computados nem de que decorram essas remunerações forem acumulá-
acumulados para fins de concessão de acréscimos ul- veis na atividade.
teriores.
Art. 119, Lei nº 8.112/1990.  O servidor não poderá
A preocupação do constituinte, ao implantar tal pre- exercer mais de um cargo em comissão, exceto no
ceito, foi de que não eclodisse no sistema remunera- caso previsto no parágrafo único do art. 9o, nem ser
tório dos servidores, ou seja, evitar que se utilize uma remunerado pela participação em órgão de delibera-
vantagem como base de cálculo de um outro benefí- ção coletiva. 
cio. Dessa forma, qualquer gratificação que venha a Parágrafo único.  O disposto neste artigo não se aplica
ser concedida ao servidor só pode ter como base de à remuneração devida pela participação em conse-
cálculo o próprio vencimento básico. É inaceitável que lhos de administração e fiscal das empresas públicas
se leve em consideração outra vantagem até então e sociedades de economia mista, suas subsidiárias e
percebida. controladas, bem como quaisquer empresas ou enti-
dades em que a União, direta ou indiretamente, dete-
Artigo 37, XVI, CF. É vedada a acumulação remunera- nha participação no capital social, observado o que, a
da de cargos públicos, exceto, quando houver compa- respeito, dispuser legislação específica.
tibilidade de horários, observado em qualquer caso o
disposto no inciso XI: a)  a de dois cargos de professor; Art. 120, Lei nº 8.112/1990.  O servidor vinculado ao
b)  a de um cargo de professor com outro, técnico ou regime desta Lei, que acumular licitamente dois car-
científico; c)  a de dois cargos ou empregos privativos gos efetivos, quando investido em cargo de provimen-
de profissionais de saúde, com profissões regulamen- to em comissão, ficará afastado de ambos os cargos
tadas. efetivos, salvo na hipótese em que houver compatibi-
lidade de horário e local com o exercício de um deles,
Artigo 37, XVII, CF. A proibição de acumular estende- declarada pelas autoridades máximas dos órgãos ou
-se a empregos e funções e abrange autarquias, fun- entidades envolvidos.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

dações, empresas públicas, sociedades de economia


mista, suas subsidiárias, e sociedades controladas, di- “Os artigos 118 a 120 da Lei nº 8.112/90 ao tratarem
reta ou indiretamente, pelo poder público. da acumulação de cargos e funções públicas, regula-
mentam, no âmbito do serviço público federal a veda-
Segundo Carvalho Filho37, “o fundamento da proibi- ção genérica constante do art. 37, incisos VXI e XVII,
ção é impedir que o cúmulo de funções públicas faça da Constituição da República. De fato, a acumulação
com que o servidor não execute qualquer delas com ilícita de cargos públicos constitui uma das infrações
a necessária eficiência. Além disso, porém, pode-se mais comuns praticadas por servidores públicos, o que
observar que o Constituinte quis também impedir a se constata observando o elevado número de proces-
cumulação de ganhos em detrimento da boa execu- sos administrativos instaurados com esse objeto. O
sistema adotado pela Lei nº 8.112/90 é relativamen-
37 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de
direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, te brando, quando cotejado com outros estatutos de
2010. alguns Estados, visto que propicia ao servidor incur-

37
so nessa ilicitude diversas oportunidades para regu- um parêntese para observar que quase todos os autores
larizar sua situação e escapar da pena de demissão. que abordam o assunto afirmam categoricamente que,
Também prevê a lei em comentário, um processo ad- a despeito da referência no texto constitucional a ‘sub-
ministrativo simplificado (processo disciplinar de rito sidiárias das entidades mencionadas no inciso anterior’,
sumário) para a apuração dessa infração – art. 133” 38. somente empresas públicas e sociedades de economia
mista podem ter subsidiárias, pois a relação de controle
Artigo 37, XVIII, CF. A administração fazendária e seus que existe entre a pessoa jurídica matriz e a subsidiá-
servidores fiscais terão, dentro de suas áreas de com- ria seria própria de pessoas com estrutura empresarial,
petência e jurisdição, precedência sobre os demais se- e inadequada a autarquias e fundações públicas. OU-
tores administrativos, na forma da lei. SAMOS DISCORDAR. Parece-nos que, se o legislador de
um ente federado pretendesse, por exemplo, autorizar
Artigo 37, XXII, CF. As administrações tributárias da a criação de uma subsidiária de uma fundação pública,
NÃO haveria base constitucional para considerar inválida
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Muni-
sua autorização”40.
cípios, atividades essenciais ao funcionamento do Es-
Ainda sobre a questão do funcionamento da adminis-
tado, exercidas por servidores de carreiras específicas,
tração indireta e de suas subsidiárias, destaca-se o pre-
terão recursos prioritários para a realização de suas
visto nos §§ 8º e 9º do artigo 37, CF:
atividades e atuarão de forma integrada, inclusive
com o compartilhamento de cadastros e de informa-
ções fiscais, na forma da lei ou convênio. Artigo 37, §8º, CF. A autonomia gerencial, orçamen-
tária e financeira dos órgãos e entidades da adminis-
“O Estado tem como finalidade essencial a garantia tração direta e indireta poderá ser ampliada mediante
do bem-estar de seus cidadãos, seja através dos ser- contrato, a ser firmado entre seus administradores e o
viços públicos que disponibiliza, seja através de inves- poder público, que tenha por objeto a fixação de me-
timentos na área social (educação, saúde, segurança tas de desempenho para o órgão ou entidade, caben-
pública). Para atingir esses objetivos primários, deve do à lei dispor sobre:
desenvolver uma atividade financeira, com o intui- I -  o prazo de duração do contrato;
to de obter recursos indispensáveis às necessidades II -  os controles e critérios de avaliação de desempe-
nho, direitos, obrigações e responsabilidade dos diri-
cuja satisfação se comprometeu quando estabeleceu
gentes;
o “pacto” constitucional de 1988. [...] A importância
III -  a remuneração do pessoal.
da Administração Tributária foi reconhecida expressa-
mente pelo constituinte que acrescentou, no artigo 37
Artigo 37, § 9º, CF. O disposto no inciso XI aplica-se
da Carta Magna, o inciso XVIII, estabelecendo a sua às empresas públicas e às sociedades de economia
precedência e de seus servidores sobre os demais se- mista e suas subsidiárias, que receberem recursos da
tores da Administração Pública, dentro de suas áreas União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Muni-
de competência”39. cípios para pagamento de despesas de pessoal ou de
custeio em geral.
Artigo 37, XIX, CF. Somente por lei específica poderá
ser criada autarquia e autorizada a instituição de em- Continua o artigo 37, CF:
presa pública, de sociedade de economia mista e de
fundação, cabendo à lei complementar, neste último Artigo 37, XXI, CF. Ressalvados os casos especificados
caso, definir as áreas de sua atuação. na legislação, as obras, serviços, compras e alienações
serão contratados mediante processo de licitação pú-
Artigo 37, XX, CF. Depende de autorização legislativa, blica que assegure igualdade de condições a todos os
em cada caso, a criação de subsidiárias das entidades concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obriga-
mencionadas no inciso anterior, assim como a partici- ções de pagamento, mantidas as condições efetivas da
pação de qualquer delas em empresa privada. proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá
as exigências de qualificação técnica e econômica in-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

dispensáveis à garantia do cumprimento das obriga-


Órgãos da administração indireta somente podem ções.
ser criados por lei específica e a criação de subsidiárias
destes dependem de autorização legislativa (o Estado A Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, regulamenta
cria e controla diretamente determinada empresa pública o art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, institui
ou sociedade de economia mista, e estas, por sua vez, normas para licitações e contratos da Administração
passam a gerir uma nova empresa, denominada subsi- Pública e dá outras providências. Licitação nada mais
diária. Ex.: Transpetro, subsidiária da Petrobrás). “Abrimos é que o conjunto de procedimentos administrativos
38 MORGATO, Almir. O Regime Disciplinar dos (administrativos porque parte da administração pú-
Servidores Públicos da União. Disponível em: <http:// blica) para as compras ou serviços contratados pelos
www.canaldosconcursos.com.br/artigos/almirmorgado_arti- governos Federal, Estadual ou Municipal, ou seja todos
go1.pdf>. Acesso em: 11 ago. 2013.
39 http://www.sindsefaz.org.br/parecer_administra- 40 ALEXANDRINO, Marcelo. Direito Administrativo
cao_tributaria_sao_paulo.htm Descomplicado. São Paulo: GEN, 2014.

38
os entes federativos. De forma mais simples, podemos jurídica autônoma entre o Estado e o agente público que
dizer que o governo deve comprar e contratar serviços causou o dano no desempenho de suas funções. Nesta
seguindo regras de lei, assim a licitação é um processo relação, a responsabilidade civil será subjetiva, ou seja,
formal onde há a competição entre os interessados. caberá ao Estado provar a culpa do agente pelo dano
causado, ao qual foi anteriormente condenado a reparar.
Artigo 37, §5º, CF. A lei estabelecerá os prazos de pres- Direito de regresso é justamente o direito de acionar o
crição para ilícitos praticados por qualquer agente, causador direto do dano para obter de volta aquilo que
servidor ou não, que causem prejuízos ao erário, res- pagou à vítima, considerada a existência de uma relação
salvadas as respectivas ações de ressarcimento. obrigacional que se forma entre a vítima e a instituição
que o agente compõe.
A prescrição dos ilícitos praticados por servidor en- Assim, o Estado responde pelos danos que seu agen-
contra disciplina específica no artigo 142 da Lei nº te causar aos membros da sociedade, mas se este agente
8.112/1990: agiu com dolo ou culpa deverá ressarcir o Estado do que
foi pago à vítima. O agente causará danos ao praticar
Art. 142, Lei nº 8.112/1990.  A ação disciplinar pres- condutas incompatíveis com o comportamento ético
creverá: dele esperado.41
I - em 5 (cinco) anos, quanto às infrações puníveis com
demissão, cassação de aposentadoria ou disponibili-
Artigo 37, §7º, CF. A lei disporá sobre os requisitos e
dade e destituição de cargo em comissão;
as restrições ao ocupante de cargo ou emprego da ad-
II - em 2 (dois) anos, quanto à suspensão;
ministração direta e indireta que possibilite o acesso a
III - em 180 (cento e oitenta) dias, quanto á adver-
informações privilegiadas.
tência.
§ 1o  O prazo de prescrição começa a correr da data
A Lei nº 12.813, de 16 de maio de 2013 dispõe sobre
em que o fato se tornou conhecido.
o conflito de interesses no exercício de cargo ou em-
§ 2o  Os prazos de prescrição previstos na lei penal
prego do Poder Executivo federal e impedimentos pos-
aplicam-se às infrações disciplinares capituladas tam-
teriores ao exercício do cargo ou emprego; e revoga
bém como crime.
dispositivos da Lei nº 9.986, de 18 de julho de 2000, e
§ 3o  A abertura de sindicância ou a instauração de
das Medidas Provisórias nºs 2.216-37, de 31 de agosto
processo disciplinar interrompe a prescrição, até a de-
de 2001, e 2.225-45, de 4 de setembro de 2001.
cisão final proferida por autoridade competente.
§ 4o  Interrompido o curso da prescrição, o prazo co-
Neste sentido, conforme seu artigo 1º:
meçará a correr a partir do dia em que cessar a inter-
rupção.
Artigo 1º, Lei nº 12.813/2013. As situações que con-
Prescrição é um instituto que visa regular a perda figuram conflito de interesses envolvendo ocupantes
do direito de acionar judicialmente. No caso, o prazo é de cargo ou emprego no âmbito do Poder Executivo
de 5 anos para as infrações mais graves, 2 para as de federal, os requisitos e restrições a ocupantes de cargo
gravidade intermediária (pena de suspensão) e 180 dias ou emprego que tenham acesso a informações privi-
para as menos graves (pena de advertência), contados legiadas, os impedimentos posteriores ao exercício do
da data em que o fato se tornou conhecido pela admi- cargo ou emprego e as competências para fiscaliza-
nistração pública. Se a infração disciplinar for crime, va- ção, avaliação e prevenção de conflitos de interesses
lerão os prazos prescricionais do direito penal, mais lon- regulam-se pelo disposto nesta Lei.
gos, logo, menos favoráveis ao servidor. Interrupção da
prescrição significa parar a contagem do prazo para que, Já a questão do exercício de mandato eletivo pelo
retornando, comece do zero. Da abertura da sindicân- servidor público encontra previsão constitucional em seu
cia ou processo administrativo disciplinar até a decisão artigo 38, que notadamente estabelece quais tipos de
final proferida por autoridade competente não corre a mandatos geram incompatibilidade ao serviço público e
prescrição. Proferida a decisão, o prazo começa a contar regulamenta a questão remuneratória:
do zero. Passado o prazo, não caberá mais propor ação
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

disciplinar.
Artigo 38, CF.  Ao servidor público da administração
direta, autárquica e fundacional, no exercício de man-
Artigo 37, §6º, CF. As pessoas jurídicas de direito pú- dato eletivo, aplicam-se as seguintes disposições:
blico e as de direito privado prestadoras de serviços
I - tratando-se de mandato eletivo federal, estadual
públicos responderão pelos danos que seus agentes,
ou distrital, ficará afastado de seu cargo, emprego ou
nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o
direito de regresso contra o responsável nos casos de função;
dolo ou culpa. II - investido no mandato de Prefeito, será afastado do
cargo, emprego ou função, sendo-lhe facultado optar
pela sua remuneração;
Este dispositivo, que aborda a questão da responsa-
bilidade civil do Estado e dos seus agentes a ser apro- 41 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo.
fundada adiante, deixa clara a formação de uma relação 13. ed. São Paulo: Método, 2011.

39
III - investido no mandato de Vereador, havendo com- § 7º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e
patibilidade de horários, perceberá as vantagens de dos Municípios disciplinará a aplicação de recursos
seu cargo, emprego ou função, sem prejuízo da remu- orçamentários provenientes da economia com
neração do cargo eletivo, e, não havendo compatibili- despesas correntes em cada órgão, autarquia e
dade, será aplicada a norma do inciso anterior; fundação, para aplicação no desenvolvimento de
IV - em qualquer caso que exija o afastamento para programas de qualidade e produtividade, treinamento
e desenvolvimento, modernização, reaparelhamento
o exercício de mandato eletivo, seu tempo de serviço
e racionalização do serviço público, inclusive sob a
será contado para todos os efeitos legais, exceto para
forma de adicional ou prêmio de produtividade.
promoção por merecimento; § 8º A remuneração dos servidores públicos
V - para efeito de benefício previdenciário, no caso de organizados em carreira poderá ser fixada nos termos
afastamento, os valores serão determinados como se do § 4º.
no exercício estivesse.
Artigo 40, CF.  Aos servidores titulares de cargos
Regulamenta-se o regime de remuneração e pre- efetivos da União, dos Estados, do Distrito Federal e
vidência dos servidores públicos nos artigo 39 e 40 da dos Municípios, incluídas suas autarquias e fundações,
Constituição Federal: é assegurado regime de previdência de caráter
contributivo e solidário, mediante contribuição do
respectivo ente público, dos servidores ativos e inativos
Artigo 39, CF. A União, os Estados, o Distrito Federal e dos pensionistas, observados critérios que preservem
e os Municípios instituirão conselho de política de o equilíbrio financeiro e atuarial e o disposto neste
administração e remuneração de pessoal, integrado artigo.
por servidores designados pelos respectivos Poderes. § 1º Os servidores abrangidos pelo regime de
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de previdência de que trata este artigo serão aposentados,
1998 e aplicação suspensa pela ADIN nº 2.135-4, des- calculados os seus proventos a partir dos valores
tacando-se a redação anterior: “A União, os Estados, o fixados na forma dos §§ 3º e 17:
Distrito Federal e os Municípios instituirão, no âmbito I - por invalidez permanente, sendo os proventos pro-
de sua competência, regime jurídico único e planos de porcionais ao tempo de contribuição, exceto se decor-
carreira para os servidores da administração pública rente de acidente em serviço, moléstia profissional ou
direta, das autarquias e das fundações públicas”). doença grave, contagiosa ou incurável, na forma da
§ 1º A fixação dos padrões de vencimento e dos demais lei;
componentes do sistema remuneratório observará: II - compulsoriamente, com proventos proporcionais
I -  a natureza, o grau de responsabilidade e a com-
ao tempo de contribuição, aos 70 (setenta) anos de
plexidade dos cargos componentes de cada carreira;
idade, ou aos 75 (setenta e cinco) anos de idade, na
II -  os requisitos para a investidura;
forma de lei complementar;
III -  as peculiaridades dos cargos.
III - voluntariamente, desde que cumprido tempo mí-
§ 2º A União, os Estados e o Distrito Federal
nimo de dez anos de efetivo exercício no serviço pú-
manterão escolas de governo para a formação e o
blico e cinco anos no cargo efetivo em que se dará a
aperfeiçoamento dos servidores públicos, constituindo-
aposentadoria, observadas as seguintes condições:
se a participação nos cursos um dos requisitos para
a promoção na carreira, facultada, para isso, a a)   sessenta anos de idade e trinta e cinco de
celebração de convênios ou contratos entre os entes contribuição, se homem, e cinquenta e cinco anos de
federados. idade e trinta de contribuição, se mulher;
§ 3º Aplica-se aos servidores ocupantes de cargo b)  sessenta e cinco anos de idade, se homem, e ses-
público o disposto no art. 7º, IV, VII, VIII, IX, XII, XIII, senta anos de idade, se mulher, com proventos propor-
XV,XVI, XVII, XVIII, XIX, XX, XXII e XXX, podendo a cionais ao tempo de contribuição.
lei estabelecer requisitos diferenciados de admissão § 2º Os proventos de aposentadoria e as pensões,
quando a natureza do cargo o exigir. por ocasião de sua concessão, não poderão exceder a
§ 4º O membro de Poder, o detentor de mandato remuneração do respectivo servidor, no cargo efetivo
eletivo, os Ministros de Estado e os Secretários Estaduais em que se deu a aposentadoria ou que serviu de
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

e Municipais serão remunerados exclusivamente por referência para a concessão da pensão.


subsídio fixado em parcela única, vedado o acréscimo § 3º Para o cálculo dos proventos de aposentadoria,
de qualquer gratificação, adicional, abono, prêmio, por ocasião da sua concessão, serão consideradas
verba de representação ou outra espécie remunera- as remunerações utilizadas como base para as
tória, obedecido, em qualquer caso, o disposto no art. contribuições do servidor aos regimes de previdência
37, X e XI. de que tratam este artigo e o art. 201, na forma da lei.
§ 5º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e § 4º É vedada a adoção de requisitos e critérios di-
dos Municípios poderá estabelecer a relação entre a ferenciados para a concessão de aposentadoria aos
maior e a menor remuneração dos servidores públicos, abrangidos pelo regime de que trata este artigo, res-
obedecido, em qualquer caso, o disposto no art. 37, XI. salvados, nos termos definidos em leis complementa-
§ 6º Os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário res, os casos de servidores:
publicarão anualmente os valores do subsídio e da I -  portadores de deficiência;
remuneração dos cargos e empregos públicos. II -  que exerçam atividades de risco;

40
III -  cujas atividades sejam exercidas sob condições § 15. O regime de previdência complementar de
especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade que trata o § 14 será instituído por lei de iniciativa
física. do respectivo Poder Executivo, observado o disposto
§ 5º Os requisitos de idade e de tempo de contribuição no art. 202 e seus parágrafos, no que couber, por
serão reduzidos em cinco anos, em relação ao disposto intermédio de entidades fechadas de previdência
no § 1º, III, a, para o professor que comprove exclu- complementar, de natureza pública, que oferecerão
sivamente tempo de efetivo exercício das funções de aos respectivos participantes planos de benefícios
magistério na educação infantil e no ensino funda- somente na modalidade de contribuição definida.
mental e médio. § 16. Somente mediante sua prévia e expressa opção, o
§ 6º Ressalvadas as aposentadorias decorrentes dos disposto nos §§ 14 e 15 poderá ser aplicado ao servidor
cargos acumuláveis na forma desta Constituição, é que tiver ingressado no serviço público até a data da
vedada a percepção de mais de uma aposentadoria à publicação do ato de instituição do correspondente
conta do regime de previdência previsto neste artigo. regime de previdência complementar.
§ 7º Lei disporá sobre a concessão do benefício de pen- § 17. Todos os valores de remuneração considerados
são por morte, que será igual: para o cálculo do benefício previsto no § 3° serão
I - ao valor da totalidade dos proventos do servidor devidamente atualizados, na forma da lei.
falecido, até o limite máximo estabelecido para os be- § 18. Incidirá contribuição sobre os proventos de
nefícios do regime geral de previdência social de que aposentadorias e pensões concedidas pelo regime de
trata o art. 201, acrescido de setenta por cento da par- que trata este artigo que superem o limite máximo es-
cela excedente a este limite, caso aposentado à data tabelecido para os benefícios do regime geral de pre-
do óbito; ou vidência social de que trata o art. 201, com percentual
II - ao valor da totalidade da remuneração do servidor igual ao estabelecido para os servidores titulares de
no cargo efetivo em que se deu o falecimento, até o cargos efetivos.
limite máximo estabelecido para os benefícios do regi- § 19. O servidor de que trata este artigo que tenha
me geral de previdência social de que trata o art. 201, completado as exigências para aposentadoria volun-
acrescido de setenta por cento da parcela excedente a tária estabelecidas no § 1º, III, a, e que opte por per-
este limite, caso em atividade na data do óbito.
manecer em atividade fará jus a um abono de per-
§ 8º É assegurado o reajustamento dos benefícios para
manência equivalente ao valor da sua contribuição
preservar-lhes, em caráter permanente, o valor real,
previdenciária até completar as exigências para apo-
conforme critérios estabelecidos em lei.
sentadoria compulsória contidas no § 1º, II.
§ 9º O tempo de contribuição federal, estadual ou mu-
§ 20. Fica vedada a existência de mais de um regime
nicipal será contado para efeito de aposentadoria e o
próprio de previdência social para os servidores titu-
tempo de serviço correspondente para efeito de dis-
lares de cargos efetivos, e de mais de uma unidade
ponibilidade.
§ 10. A lei não poderá estabelecer qualquer forma de gestora do respectivo regime em cada ente estatal,
contagem de tempo de contribuição fictício. ressalvado o disposto no art. 142, § 3º, X.
§ 11. Aplica-se o limite fixado no art. 37, XI, à soma § 21. A contribuição prevista no § 18 deste artigo
total dos proventos de inatividade, inclusive quando incidirá apenas sobre as parcelas de proventos de apo-
decorrentes da acumulação de cargos ou empregos sentadoria e de pensão que superem o dobro do limite
públicos, bem como de outras atividades sujeitas a máximo estabelecido para os benefícios do regime ge-
contribuição para o regime geral de previdência so- ral de previdência social de que trata o art. 201 desta
cial, e ao montante resultante da adição de proventos Constituição, quando o beneficiário, na forma da lei,
de inatividade com remuneração de cargo acumulável for portador de doença incapacitante.
na forma desta Constituição, cargo em comissão de-
clarado em lei de livre nomeação e exoneração, e de #FicaDica
cargo eletivo.
§ 12. Além do disposto neste artigo, o regime de Muitas vezes os preceitos constitucionais não
previdência dos servidores públicos titulares de cargo são expressamente cobrados na matéria de
efetivo observará, no que couber, os requisitos e crité- direito administrativo, mas o são em direito
rios fixados para o regime geral de previdência social. constitucional. Fique atento ao seu edital e dê
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

§ 13. Ao servidor ocupante, exclusivamente, de cargo atenção especial a este conteúdo que muitas
em comissão declarado em lei de livre nomeação e vezes poderá ser cobrado não em uma, mas
exoneração bem como de outro cargo temporário ou em DUAS matérias!
de emprego público, aplica-se o regime geral de pre-
vidência social.
§ 14. A União, os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios, desde que instituam regime de previdência
complementar para os seus respectivos servidores
titulares de cargo efetivo, poderão fixar, para o valor
das aposentadorias e pensões a serem concedidas pelo
regime de que trata este artigo, o limite máximo esta-
belecido para os benefícios do regime geral de previ-
dência social de que trata o art. 201.

41
PODERES ADMINISTRATIVOS.
EXERCÍCIOS COMENTADOS HIERÁRQUICO, DISCIPLINAR,
1) (EBSERH - Assistente Administrativo - CESPE/2018) REGULAMENTAR E DE POLÍCIA. USO E
Em relação ao direito administrativo, julgue o item se- ABUSO DO PODER.
guinte.
A proibição estabelecida na Constituição Federal de O Estado possui papel central de disciplinar a socie-
1988, acerca de acumulação remunerada de cargos pú- dade. Como não pode fazê-lo sozinho, constitui agentes
blicos, não abrange autarquias, fundações, empresas pú- que exercerão tal papel. No exercício de suas atribuições,
blicas, sociedades de economia mista, suas subsidiárias, são conferidas prerrogativas aos agentes, indispensáveis
e sociedades controladas, direta ou indiretamente, pelo à consecução dos fins públicos, que são os poderes ad-
poder público. ministrativos. Em contrapartida, surgirão deveres espe-
cíficos, que são deveres administrativos.
( ) CERTO ( ) ERRADO Os poderes conferidos à administração surgem como
instrumentos para a preservação dos interesses da co-
Resposta: Errado. Prevê o artigo 37, XVII, CF: “a proi- letividade. Caso a administração se utilize destes pode-
bição de acumular estende-se a empregos e funções res para fins diversos de preservação dos interesses da
e abrange autarquias, fundações, empresas públicas, sociedade, estará cometendo abuso de poder, ou seja,
sociedades de economia mista, suas subsidiárias, e incidindo em ilegalidade. Neste caso, o Poder Judiciário
sociedades controladas, direta ou indiretamente, pelo poderá efetuar controle dos atos administrativos que im-
poder público”. pliquem em excesso ou abuso de poder.
Quanto aos poderes administrativos, eles podem ser
colocados como prerrogativas de direito público conferi-
2) (STJ - Técnico Judiciário - Administrativa - CES- das aos agentes públicos, com vistas a permitir que o Es-
PE/2018) Julgue o seguinte item de acordo com as tado alcance os seus fins. Evidentemente, em contrapar-
disposições constitucionais e legais acerca dos agentes tida a estes poderes, surgem deveres ao administrador.
públicos. “O poder administrativo representa uma prerroga-
A acumulação remunerada de cargos públicos é vedada, tiva especial de direito público outorgada aos agentes
exceto quando houver compatibilidade de horários, caso do Estado. Cada um desses terá a seu cargo a execu-
em que será possível, por exemplo, acumular até três car- ção de certas funções. Ora, se tais funções foram por lei
gos de profissionais de saúde. cometidas aos agentes, devem eles exercê-las, pois que
seu exercício é voltado para beneficiar a coletividade. Ao
( ) CERTO ( ) ERRADO fazê-lo, dentro dos limites que a lei traçou, pode dizer-
-se que usaram normalmente os seus poderes. Uso do
Resposta: Errado. Limita-se a acumulação, no caso, a poder, portanto, é a utilização normal, pelos agentes
dois cargos, conforme artigo 37, XVI, “c”: “é vedada a públicos, das prerrogativas que a lei lhes confere”42.
acumulação remunerada de cargos públicos, exceto, Neste sentido, “os poderes administrativos são outor-
quando houver compatibilidade de horários, observa- gados aos agentes do Poder Público para lhes permitir
do em qualquer caso o disposto no inciso XI: [...] c) a atuação voltada aos interesses da coletividade. Sendo as-
de dois cargos ou empregos privativos de profissio- sim, deles emanam duas ordens de consequência: 1ª) são
nais de saúde, com profissões regulamentadas”. eles irrenunciáveis; e 2ª) devem ser obrigatoriamente
exercidos pelos titulares. Desse modo, as prerrogativas
públicas, ao mesmo tempo em que constituem poderes
3) (STM - Analista Judiciário - Área Administrativa - para o administrador público, impõem-lhe o seu exercí-
CESPE/2018) A respeito do direito administrativo, dos cio e lhe vedam a inércia, porque o reflexo desta atinge,
atos administrativos e dos agentes públicos e seu regi- em última instância, a coletividade, esta a real destina-
me, julgue o item a seguir. tária de tais poderes. Esse aspecto dúplice do poder
As funções de confiança, correspondentes a encargos de administrativo é que se denomina de poder-dever de
direção, chefia ou assessoramento, só podem ser exerci- agir”43. Percebe-se que, diferentemente dos particulares
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

das por titulares de cargos efetivos. aos quais, quando conferido um poder, podem optar por
exercê-lo ou não, a Administração não tem faculdade de
C agir, afinal, sua atuação se dá dentro de objetos de in-
teresse público. Logo, a abstenção não pode ser aceita,
Resposta: Certo. Disciplina o artigo 37, V, CF: “as o que transforma o poder de agir também num dever
funções de confiança, exercidas exclusivamente por de fazê-lo: daí se afirmar um poder-dever. Com efeito, o
servidores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos agente omisso poderá ser responsabilizado.
em comissão, a serem preenchidos por servidores de 42 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de
carreira nos casos, condições e percentuais mínimos direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris,
previstos em lei, destinam-se apenas às atribuições de 2010.
direção, chefia e assessoramento”. 43 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de
direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris,
2010.

42
Os poderes da Administração se dividem em: vincu- o dever de motivação, mas isso não está correto: aqui,
lado, discricionário, hierárquico, disciplinar, regula- mais que nunca, o dever de motivar se faz presente, de-
mentar e de polícia. monstrando que não houve arbítrio na decisão tomada
pelo administrador. Basicamente, não é porque o ad-
Formas de exercício ministrador tem liberdade para decidir de outra forma
que o fará sem cometer arbitrariedades e, caso o faça,
1. Forma vinculada incidirá em ilicitude. O ato discricionário que ofenda os
Quando o poder se manifesta numa forma vinculada parâmetros da razoabilidade é atentatório à lei. Afinal,
não há qualquer liberdade quanto à atividade que deva não obstante a discricionariedade seja uma prerrogativa
ser praticada, cabendo ao administrador se sujeitar por da administração, o seu maior objetivo é o atendimento
completo ao mandamento da lei. Nos atos vinculados, aos interesses da coletividade.
o agente apenas reproduz os elementos da lei. Afinal, o
administrador se encontra diante de situações que com-
#FicaDica
portam solução única anteriormente prevista por lei. Por-
tanto, não há espaço para que o administrador faça um
juízo discricionário, de conveniência e oportunidade. Ele Conveniência = condições em que irá agir
é obrigado a praticar o ato daquela forma, porque a lei Oportunidade = momento em que irá agir
assim prevê. Ex.: pedido de aposentadoria compulsória Discricionariedade = oportunidade + conveni-
por servidor que já completou 70 anos; pedido de licença ência
para prestar serviço militar obrigatório.

2. Forma discricionária
Existem situações em que o próprio agente tem a Uso do poder e deveres da administração
possibilidade de valorar a sua conduta. Logo, quando o Conforme Carvalho Filho, uso do poder “é a utilização
exercício do poder se manifesta na forma discricionária o normal, pelos agentes públicos, das prerrogativas que a
administrador não está diante de situações que compor- lei lhes confere”46. Significa que se um agente toma suas
tam solução única. Possui, assim, um espaço para exercer atitudes dentro dos limites dos poderes administrativos,
um juízo de valores de conveniência e oportunidade. está agindo conforme a lei. Um dos principais guias para
A discricionariedade pode ser exercida tanto quando determinar se a ação está ou não em conformidade é o
o ato é praticado quanto, num momento futuro, na cir- dos deveres administrativos.
cunstância de sua revogação. Assim, além de poderes, os agentes administrativos,
Uma das principais limitações à discricionariedade obviamente, detêm deveres, em razão das atribuições
é a adequação, correspondente à adequação da con- que exercem. Dentre os principais, podem ser citados os
duta escolhida pelo agente à finalidade expressa em seguintes, conforme aponta doutrina a respeito do as-
lei. O segundo limite é o da verificação dos motivos44. sunto:
Neste sentido, discricionariedade não pode se confundir - Dever de probidade: trata-se de um dos deveres
com arbitrariedade – a última é uma conduta ilegítima mais relevantes, correspondendo à obrigação do agente
e quanto a ela caberá controle de legalidade perante o público de agir de forma honesta e reta, respeitando a
Poder Judiciário. moralidade administrativa e o interesse público. A vio-
“O controle judicial, entretanto, não pode ir ao extre- lação deste dever caracteriza ato de improbidade, pu-
mo de admitir que o juiz se substituta ao administrador. nível, conforme artigo 37, §4º, CF e Lei nº 8.429/92, que
Vale dizer: não pode o juiz entrar no terreno que a lei se sujeita a diversas penas, como suspensão de direitos
reservou aos agentes da Administração, perquirindo os políticos, perda da função pública, proibição de contratar
critérios de conveniência e oportunidade que lhe inspi- com o poder público, multa, além de restituição ao erá-
raram a conduta. A razão é simples: se o juiz se atém rio por enriquecimento ilícito e/ou reparação de danos
ao exame da legalidade dos atos, não poderá questio- causados ao erário.
nar critérios que a própria lei defere ao administrador. - Dever de prestar contas: como o que é gerido
[...] Modernamente, os doutrinadores têm considerado pelo administrador não lhe pertence, é seu dever pres-
os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade tar contas do que realizou à coletividade, isto é, informar
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

como valores que podem ensejar o controle da discri- em detalhes qual o destino dado às verbas e aos bens
cionariedade, enfrentando situações que, embora com sob sua gestão. Este dever abrange não só aqueles que
aparência de legalidade, retratam verdadeiro abuso de são agentes públicos, mas a todos que tenham sob sua
poder. [...] A exacerbação ilegítima desse tipo de controle responsabilidade dinheiros, bens ou interesses públicos,
reflete ofensa ao princípio republicano da separação dos independentemente de serem ou não administradores
poderes”45. públicos.
Há quem diga que, por haver tal liberdade, não existe “A prestação de contas de administradores pode ser
44 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de realizada internamente através dos órgãos escalonados
direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, em graus hierárquicos, ou externamente. Neste caso, o
2010. controle de contas é feito pelo Poder Legislativo por ser
45 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de 46 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de
direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris,
2010. 2010.

43
ele o órgão de representação popular. No Legislativo se excesso de poder ou desvio de poder. No excesso de
situa, organicamente, o Tribunal de Contas, que, por sua poder, o agente nem teria competência para agir na-
especialização, auxilia o Congresso Nacional na verifica- quela questão e o faz. No abuso de poder, o agente
ção de contas dos administradores”47. possui competência para agir naquela questão, mas
- Dever de eficiência: a atividade administrativa deve não o faz em respeito ao interesse público, ou seja,
ser célere e técnica, mesclando qualidade e quantidade. desvirtua-se do fim que deveria atingir o seu ato, por
Para tanto, é necessário atribuir competências aos car- isso o desvio de poder também é denominado desvio
gos conforme a qualificação exigida para ocupá-los; bem de finalidade. A conduta abusiva é passível de controle,
inclusive judicial.
como desempenhar atividades com perfeição, coordena-
“Pela própria natureza do fato em si, todo abuso de
ção, celeridade e técnica. Não significa que perfeccionis-
poder se configura como ilegalidade. Não se pode con-
mo em excesso seja valorizado, pois ele afeta o elemento ceber que a conduta de um agente, fora dos limites de
quantitativo do serviço, que também é essencial para sua competência ou despida da finalidade da lei, pos-
que ele seja eficiente. sa compatibilizar-se com a legalidade. É certo que nem
- Dever de agir: o administrador possui um poder- toda ilegalidade decorre de conduta abusiva; mas todo
-dever de agir. Não se trata de mero poder, porque prio- abuso se reveste de ilegalidade e, como tal, sujeita-se à
rizam atender ao interesse da coletividade e, em razão revisão administrativa ou judicial”49.
disso, o poder de agir é também um dever, que é irre- Se é possível o excesso ou o abuso de poder, é claro
nunciável e obrigatório. Ao administrador é vedada a que a legislação não apenas confere poderes ao adminis-
inércia. Logo, poderá ser responsabilizado por omissão trador, mas também estabelece deveres.
ou silêncio, abrindo possibilidade de obter o ato não
realizado: pela via extrajudicial, notadamente ao exercer
#FicaDica
o direito de petição; ou por via judicial, por intermédio
de mandado de segurança, quando ferir direito líquido e
certo do interessado comprovado de plano, ou por ação EXCESSO DE PODER = INCOMPETÊNCIA /
de obrigação de fazer. ALÉM DO PERMITIDO NA LEGISLAÇÃO
ATENÇÃO: nem toda omissão do poder público é ile- ABUSO DE PODER = COMPETÊNCIA = DESVIO
gal. As denominadas omissões genéricas, que envolvem DE FINALIDADE / MOTIVOS DIVERSOS DOS
prerrogativas de ação do administrador de caráter geral LEGALMENTE PREVISTOS
e sem prazo determinado para atendimento, inseridas
em seu poder discricionário, não autorizam a alegação
de ilegalidade por violação do poder-dever de agir. In-
sere-se aqui a denominada reserva do possível – por ób-
vio sempre existirão algumas omissões tendo em vista a EXERCÍCIOS COMENTADOS
escassez de recursos financeiros. Ex.: deixar de reformar
a entrada de um edifício, não construir um estabeleci-
mento de ensino. São ilegais, com efeito, as omissões 1) (STJ - Conhecimentos Básicos - Cargos: 10 e 12 -
específicas, que são omissões do poder público mesmo CESPE/2018) Julgue o item a seguir, relativos aos pode-
res da administração pública.
diante de imposição expressa legal e prazo fixado em lei O desvio de poder ocorre quando o ato é realizado por
para atendimento. Nestas situações, caberá até mesmo agente público sem competência para a sua prática.
responsabilização civil, penal ou administrativa do agen-
te omisso. ( ) CERTO ( ) ERRADO

Abuso de poder Resposta: Errado. O excesso de poder ocorre quando


Havendo poderes, naturalmente será possível o abu- o ato é realizado por agente público sem competência
so deles. Abuso de poder é a utilização inadequada por para a sua prática, não o desvio de poder.
parte dos administradores das prerrogativas a eles con-
feridas no âmbito dos poderes da administração, por vio- 2) (STJ - Analista Judiciário - Administrativa - CES-
PE/2018) No que se refere aos poderes administrativos,
lação expressa ou tácita da lei. julgue o item que se segue.
“A conduta abusiva dos administradores pode decor- Não configurará excesso de poder a atuação do servidor
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

rer de duas causas: 1ª) o agente atua fora dos limites de público fora da competência legalmente estabelecida
sua competência; e 2ª) o agente, embora dentro de sua quando houver relevante interesse social.
competência, afasta-se do interesse público que deve
nortear todo o desempenho administrativo. No primeiro ( ) CERTO ( ) ERRADO
caso, diz-se que o agente atuou com ‘excesso de poder’
e no segundo, com ‘desvio de poder’”48. Basicamente, Resposta: Errado. Caracteriza-se excesso de poder
havendo abuso de poder é possível que se caracterize justamente quando o servidor atua fora dos limites
da lei e ingressa na esfera de competência de outrem,
47 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de independentemente de justificativa com base em in-
direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, teresse social.
2010.
48 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de 49 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de
direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris,
2010. 2010.

44
3) (STJ - Analista Judiciário - Administrativa - CES- respeito, afirma que somente são decretos e regulamen-
PE/2018) No que se refere aos poderes administrativos, tos que tipicamente caracterizam o poder regulamentar
julgue o item que se segue. aqueles que são de natureza derivada – o autor admite
O abuso de poder pode ocorrer tanto na forma comissiva que existem decretos e regulamentos autônomos, mas
quanto na omissiva, uma vez que, em ambas as hipóte- diz que não são atos do poder regulamentar.
ses, é possível afrontar a lei e causar lesão a direito indi- A classificação dos decretos e regulamentos em au-
vidual do administrado. tônomos e de execução é bastante relevante para fins de
controle judicial. Em se tratando de decreto de execu-
ção, o parâmetro de controle será a lei a qual o decreto
( ) CERTO ( ) ERRADO está vinculado, ocorrendo mero controle de legalidade
como regra – não caberá controle de constitucionalidade
Resposta: Certo. O abuso de poder pode acontecer por ações diretas de inconstitucionalidade ou de consti-
tanto por ação quanto por omissão. A omissão pode tucionalidade, mas caberá por arguição de descumpri-
se caracterizar por inércia da administração ou recusa mento de preceito fundamental – ADPF, cujo caráter é
injustificada. mais amplo e permite o controle sobre atos regulamen-
tares derivados de lei, tal como será cabível mandado
de injunção. Em se tratando de decreto autônomo, o
Poder regulamentar parâmetro de controle sempre será a Constituição Fe-
Em linhas gerais, poder regulamentar é o poder con- deral, possuindo o decreto a mesma posição hierárquica
ferido à administração de elaborar decretos e regu- das demais leis infraconstitucionais, ocorrendo genuíno
lamentos. Percebe-se que o Poder Executivo, nestas si- controle de constitucionalidade no caso concreto, por
tuações, exerce força normativa, expedindo normas que qualquer das vias.
se revestem, como qualquer outra, de abstração e gene- Outra observação que merece ser feita se refere ao
ralidade. conceito de deslegalização. O fenômeno tem origem
Quando o Poder Legislativo edita suas leis nem sem- na França e corresponde à transferência de certas ma-
pre possibilita que elas sejam executadas. A aplicação térias de caráter estritamente técnico da lei ou ato con-
prática fica a cargo do Poder Executivo, que irá editar de- gênere para outras fontes normativas, com autorização
do próprio legislador. Na verdade, o legislador efetua-
cretos e regulamentos com capacidade de dar execução
rá uma espécie de delegação, que não será completa e
às leis editadas pelo Poder Legislativo. Trata-se de prer- integral, pois ainda caberá ao Legislativo elaborar o re-
rogativa complementar à lei, não podendo em hipótese gramento básico, ocorrendo a transferência estritamente
alguma o Executivo alterar o seu conteúdo. Entretanto, do aspecto técnico (denomina-se delegação com parâ-
poderá o Executivo criar obrigações subsidiárias, que se metros). Há quem diga que nestes casos não há poder
impõem ao administrado ao lado das obrigações primá- regulamentar, mas sim poder regulador. É exemplo do
rias fixadas na própria lei. que ocorre com as agências reguladoras, como ANATEL,
Caso ocorra abuso ao poder regulamentar, caberá ANEEL, entre outras.
ao Congresso Nacional sustar o ato: “Art. 49, CF. É da
competência exclusiva do Congresso Nacional: [...] V - EXERCÍCIOS COMENTADOS
sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbi-
tem do poder regulamentar ou dos limites de delegação
legislativa”. 1) (EBSERH - Advogado - CESPE/2018) Julgue o se-
guinte item, a respeito dos poderes da administração
Segundo entendimento majoritário, tanto os decretos
pública.
quanto os regulamentos podem ser autônomos (atos de No exercício do poder regulamentar, a administração pú-
natureza originária ou primária) ou de execução (atos blica não poderá contrariar a lei.
de natureza derivada ou secundária), embora a essência
do poder regulamentar seja composta pelos decretos e ( ) CERTO ( ) ERRADO
regulamentos de execução. O regulamento autônomo
pode ser editado independentemente da existência de lei Resposta: Certo. O poder regulamentar tem por cará-
anterior, se encontrando no mesmo patamar hierárquico ter exclusivo regular aquilo que a legislação prevê. Ou
que a lei – por isso, é passível de controle de constitucio- seja, o Executivo dá normas específicas às normas cria-
nalidade. Os regulamentos de execução dependem da das pelo Legislativo. Se o Executivo se exceder em seu
poder, estará infringindo a Separação dos Poderes.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

existência de lei anterior para que possam ser editados


e devem obedecer aos seus limites, sob pena de ilegali-
2) (STM - Analista Judiciário - Área Judiciária - CES-
dade – deste modo, se sujeitam a controle de legalidade. PE/2018) Considerando a doutrina majoritária, julgue o
Nos termos do artigo 84, IV, CF, compete privativa- próximo item, referente ao poder administrativo, à orga-
mente ao Presidente da República expedir decretos e re- nização administrativa federal e aos princípios básicos da
gulamentos para a fiel execução da lei, atividade que não administração pública.
pode ser delegada, nos termos do parágrafo único. Em No exercício do poder regulamentar, o Poder Executivo
que pese o teor do dispositivo que poderia dar a enten- pode editar regulamentos autônomos de organização
der que a existência de decretos autônomos é impedida, administrativa, desde que esses não impliquem aumento
o próprio STF já reconheceu decretos autônomos como de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos.
válidos em situações excepcionais. Carvalho Filho50, a
( ) CERTO ( ) ERRADO
50 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de
direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.

45
Resposta: Certo. Em que pese o teor do artigo 84, Poder disciplinar
IV, CF que poderia dar a entender que a existência de Trata-se de decorrência do poder hierárquico, pois é
decretos autônomos é impedida, o próprio STF já re- a hierarquia que permite aos agentes de nível superior
conheceu decretos autônomos como válidos em situ- fiscalizar as ações dos subordinados. Assim, poder dis-
ciplinar é o poder conferido à administração para apli-
ações excepcionais, nos termos do artigo 84, VI, CF:
car sanções aos seus servidores que pratiquem infrações
“VI – dispor, mediante decreto, sobre: a) organização e disciplinares.
funcionamento da administração federal, quando não Estas sanções aplicadas são apenas as que possuem
implicar aumento de despesa nem criação ou extinção natureza administrativa, não envolvendo sanções civis
de órgãos públicos; b) extinção de funções ou cargos ou penais. Entre as penas que podem ser aplicadas, des-
públicos, quando vagos”. tacam-se a de advertência, suspensão, demissão e cassa-
ção de aposentadoria.
Evidentemente que tais punições não podem ser
Poder hierárquico aplicadas sem alguns requisitos, como a abertura de
sindicância ou processo disciplinar em que se garanta o
“Hierarquia é o escalonamento em plano vertical contraditório e a ampla defesa (obs.: existem cargos que
dos órgãos e agentes da Administração que tem como somente são passíveis de demissão por sentença judicial,
objetivo a organização da função administrativa. E não que são os vitalícios, como os de magistrado e promotor
poderia ser de outro modo. Tantas são as atividades a de justiça).
cargo da Administração Pública que não se poderia con-
ceber sua normal realização sem a organização, em esca-
las, dos agentes e dos órgãos públicos. Em razão desse EXERCÍCIOS COMENTADOS
escalonamento firma-se uma relação jurídica entre os
agentes, que se denomina relação hierárquica”51. Nesta
relação hierárquica, surge para a autoridade superior o 1) (STJ - Técnico Judiciário - Administrativa - CES-
poder de comando e para o seu subalterno o dever de PE/2018) Acerca dos poderes da administração públi-
obediência. ca e da responsabilidade civil do Estado, julgue o item
a seguir.
Com efeito, poder hierárquico é o poder conferido à O poder disciplinar, decorrente da hierarquia, tem sua
administração de fixar campos de competência quanto discricionariedade limitada, tendo em vista que a admi-
às figuras que compõem sua estrutura. É um poder de nistração pública se vincula ao dever de punir.
auto-organização. É exercido tanto na distribuição de
( ) CERTO ( ) ERRADO
competências entre os órgãos quanto na divisão de de-
veres entre os servidores que o compõem. Se o ato for Resposta: Certo. O poder disciplinar em regra é dis-
praticado por órgão incompetente, é inválido. Da mesma cricionário, mas pode sofrer algumas limitações. Entre
forma, se o for praticado por servidor que não tinha tal elas, o dever de investigar é vinculado, bem como a
atribuição. aplicação da penalidade. Afinal, não é uma mera ques-
tão interna, mas verdadeira questão de ilegalidade – e
Por fim, ressalta-se que do poder hierárquico deriva o poder público se vincula ao princípio da legalidade.
o poder de revisão, consistente no poder das autori- De outro lado, existe margem de discricionariedade
dades superiores de revisar os atos praticados por seus ao determinar a gravidade e o enquadramento da in-
subordinados. fração.

2) (TCE-PE - Analista de Gestão - Administração - CES-


PE/2017) Uma aluna de um colégio estadual, maior de
EXERCÍCIO COMENTADO dezoito anos de idade, foi flagrada depredando o mo-
biliário da escola. Em razão disso, o diretor do colégio
1) (EBSERH - Advogado - CESPE/2018) Julgue o se- aplicou a ela uma penalidade de suspensão por três dias,
guinte item, a respeito dos poderes da administração na forma do regimento da instituição.
pública. A respeito dessa situação hipotética, julgue o item que se
segue, considerando os poderes da administração públi-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

O poder hierárquico se manifesta no controle exercido


pela administração pública direta sobre as empresas pú- ca e os princípios de direito administrativo.
O ato do diretor do colégio é exemplo de exercício do
blicas.
poder disciplinar pela administração pública.
( ) CERTO ( ) ERRADO ( ) CERTO ( ) ERRADO
Resposta: Errado. O poder hierárquico é um poder Resposta: Certo. O poder disciplinar é aplicado a
interno de organização, sendo assim, não existe hie- quem tenha um vínculo com a Administração Pública,
rarquia entre administração direta e indireta. não necessariamente servidor público. No caso acima,
trata-se de escola pública e seus alunos matriculados
são sim vinculados à Administração. Sendo assim, o
51 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de diretor exerce sim poder disciplinar quando pune uma
direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, aluna matriculada.
2010.

46
Poder de polícia 2. Competência
É o poder conferido à administração para limitar, dis- A competência para exercer o poder de polícia é,
ciplinar, restringir e condicionar direitos e atividades a princípio, da pessoa administrativa que foi dotada de
particulares para a preservação dos interesses da coleti- competência no âmbito do poder regulamentar. Se a
vidade. É ainda, fato gerador de tributo, notadamente, a competência for concorrente, também o poder de po-
taxa (artigo 145, II, CF), não podendo ser gerador de tarifa lícia será exercido de forma concorrente.
que se caracteriza como preço público e não podendo ser
cobrada sem o exercício efetivo do poder de polícia. 3. Delegação e transferência
O poder de polícia pode ser exercido de forma ori-
“A expressão poder de polícia comporta dois senti-
ginária, pelo próprio órgão ao qual se confere a com-
dos, um amplo e um estrito. Em sentido amplo, poder
petência de atuação, ou de forma delegada, mediante
de polícia significa toda e qualquer ação restritiva do
lei que transfira a mera prática de atos de natureza fis-
Estado em relação aos direitos individuais. [...] Em sentido calizatória (poder de polícia seria de caráter executório,
estrito, o poder de polícia se configura como atividade não inovador) a pessoas jurídicas que tenham vinculação
administrativa, que consubstancia, como vimos, verda- oficial com entes públicos.
deira prerrogativa conferida aos agentes da Administra- Obs.: A transferência de tarefas de operacionalização,
ção, consistente no poder de restringir e condicionar a no âmbito de simples constatação, não é considerada
liberdade e a propriedade”52. delegação do poder de polícia. Delegação ocorre quan-
No sentido amplo, é possível incluir até mesmo a ati- do a atividade fiscalizatória em si é transferida. Por exem-
vidade do Poder Legislativo, considerando que ninguém plo, uma empresa contratada para operar radares não
é obrigado a fazer ou deixar de fazer algo se a lei não recebeu delegação do poder de polícia, mas uma guarda
impuser (artigo 5º, II, CF). No sentido estrito, tem-se a ati- municipal instituída na forma de empresa pública com
vidade da polícia administrativa, envolvendo apenas as poder de aplicar multas recebeu tal delegação.
prerrogativas dos agentes da Administração.
Em destaque, coloca-se o conceito que o próprio le- 4. Polícia judiciária e polícia administrativa
gislador estabelece no Código Tributário Nacional: “Con- Uma das mais importantes classificações doutriná-
sidera-se poder de polícia a atividade da administração rias corresponde à distinção entre polícia administrativa
e polícia judiciária, assim explanada por Carvalho Filho:
pública que, limitando o disciplinando direito, interesse
“ambos se enquadram no âmbito da função administra-
ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de
tiva, vale dizer, representam atividades de gestão de in-
fato, em razão de interesse público [...]” (art. 78, primeira
teresses públicos. A Polícia Administrativa é atividade
parte, CTN). A atividade de polícia é tipicamente admi- da Administração que se exaure em si mesma, ou seja,
nistrativa, razão pela qual é estudada no ramo do direito inicia e se completa no âmbito da função administrativa.
administrativo. O mesmo não ocorre com a Polícia Judiciária, que, em-
Vale ressaltar, por fim, um dos principais atributos do bora seja atividade administrativa, prepara a atuação da
poder de polícia: a autoexecutoriedade. Neste sentido, a função jurisdicional penal, o que a faz regulada pelo
administração não precisa de manifestação do Poder Ju- Código de Processo Penal (arts. 4º ss) e executada por
diciário para colocar seus atos em prática, efetivando-os. órgãos de segurança (polícia civil ou militar), ao passo
que a Polícia Administrativa o é por órgãos administra-
1. Polícia-função e polícia-corporação tivos de caráter mais fiscalizador. Outra diferença reside
“Apenas com o intuito de evitar possíveis dúvidas em na circunstância de que a Polícia Administrativa incide
decorrência da identidade de vocábulos, vale a pena real- basicamente sobre atividades dos indivíduos, enquan-
çar que não há como confundir polícia-função com to a Polícia Judiciária preordena-se ao indivíduo em si,
polícia-corporação: aquela é a função estatal propria- ou seja, aquele a quem se atribui o cometimento de ilíci-
mente dita e deve ser interpretada sob o aspecto ma- to penal”54. Além disso, essencialmente, a Polícia Admi-
terial, indicando atividade administrativa; esta, contudo, nistrativa tem caráter preventivo (busca evitar o dano
social), enquanto que a Polícia Judiciária tem caráter re-
corresponde à ideia de órgão administrativo, integrado
pressivo (busca a punição daquele que causou o dano
nos sistemas de segurança pública e incumbido de pre-
social).
venir os delitos e as condutas ofensivas à ordem pública,
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

razão por que deve ser vista sob o aspecto subjetivo (ou 5. Liberdades públicas e poder de polícia
formal). A polícia-corporação executa frequentemente Evidentemente, abusos no exercício do poder de po-
funções de polícia administrativa, mas a polícia-função, lícia não podem ser tolerados. Por mais que todo direito
ou seja, a atividade oriunda do poder de polícia, é exerci- individual seja relativo perante o interesse público, exis-
da por outros órgãos administrativos além da corporação tem núcleos mínimos de direitos que devem ser preser-
policial”53. vados, mesmo no exercício do poder de polícia. Neste
sentido, a faculdade repressiva deve respeitar os direitos
do cidadão, as prerrogativas individuais e as liberda-
52 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de
des públicas que são consagrados no texto constitucio-
direito administrativo. 28. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris,
nal.
2015.
53 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de 54 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de
direito administrativo. 28. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, direito administrativo. 28. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris,
2015. 2015.

47
Para compreender a questão, interessante suscitar
qual o caráter do poder de polícia, se discricionário ou #FicaDica
vinculado. A doutrina de Meirelles55 e Carvalho Filho56 re- - Poder disciplinar – É aquele que a
comenda que quando o poder de polícia vai ter os seus Administração possui para punir seus próprios
limites fixados há discricionariedade (por exemplo, quan- servidores, bem como aplicar sanções a
do o poder público vai decidir se pode ou não ocorrer particulares a ela vinculados por ato ou
pesca num determinado rio), mas quando já existem os contrato.
limites o ato se torna vinculado (no mesmo exemplo, não - Poder hierárquico – É aquele que a
se pode decidir por multar um pescador e não multar o Administração possui para ordenar,
outro por pescarem no rio em que a pesca é proibida, de- coordenar, controlar e revisar os atos de
vendo ambos serem multados). Tal raciocínio é relevante seus subordinados, podendo ainda avocar e
para verificar, num caso concreto, se houve ou não abuso delegar competências.
do poder de polícia. Vamos supor que a lei fixe os limites - Poder regulamentar – É aquele que a
para o ato, mas que na prática tais limites tenham sido Administração possui para, por meio da chefia
ignorados: não haverá discricionariedade, então. do Executivo, de editar atos normativos gerais
Com efeito, os principais limites do Poder de Polícia e abstratos.
são: - Poder de polícia – É aquele que a
“- Necessidade – a medida de polícia só deve ser ado- Administração possui para limitar o
tada para evitar ameaças reais ou prováveis de perturba- exercício de direitos individuais em prol da
ções ao interesse público; coletividade.
- Proporcionalidade/razoabilidade – é a relação entre
a limitação ao direito individual e o prejuízo a ser evitado;
- Eficácia – a medida deve ser adequada para impedir
o dano a interesse público. Para ser eficaz a Administra-
ção não precisa recorrer ao Poder Judiciário para executar EXERCÍCIOS COMENTADOS
as suas decisões, é o que se chama de autoexecutorieda-
de”57.
Importante colocar, como limite, ainda, a necessidade 1) (EBSERH - Advogado - CESPE/2018) Julgue o se-
de garantia de contraditório e ampla defesa ao adminis- guinte item, a respeito dos poderes da administração
trado. Neste sentido, a súmula nº 312, STJ: “no processo pública.
administrativo para imposição de multa de trânsito, são A coercibilidade é um atributo que torna obrigatório o
necessárias as notificações da atuação e da aplicação da ato praticado no exercício do poder de polícia, indepen-
pena decorrentes da infração”. dentemente da vontade do administrado.

6. Principais setores de atuação da polícia admi- ( ) CERTO ( ) ERRADO


nistrativa
Considerando que todos os direitos individuais são Resposta: Certo. A coercibilidade é o poder do Es-
limitados pelo interesse da coletividade, já se pode de- tado de fazer com que o administrado cumpra com
duzir que o âmbito de atuação do poder de polícia é o
as obrigações, podendo, se necessário, fazer o uso da
mais amplo possível. Entre eles, cabe mencionar, polícia
força, obrigando o particular a cumprir a vontade do
sanitária, polícia ambiental, polícia de trânsito e tráfego,
polícia de profissões (OAB, CRM, etc.), polícia de constru- Estado.
ções, etc.
Neste sentido, será possível atuar tanto por atos nor- 2) (STJ - Analista Judiciário - Administrativa - CESPE/2018)
mativos (atos genéricos, abstratos e impessoais, como No que se refere aos poderes administrativos, julgue o
decretos, regulamentos, portarias, instruções, resoluções,
item que se segue.
entre outros) e por atos concretos (voltados a um indi-
O poder de polícia consiste na atividade da administra-
víduo específico e isolado, que podem ser determina-
ções, como a multa, ou atos de consentimento, como ção pública de limitar ou condicionar, por meio de atos
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

a concessão ou revogação de licença ou autorização por normativos ou concretos, a liberdade e a propriedade


alvará). dos indivíduos conforme o interesse público.

( ) CERTO ( ) ERRADO

Resposta: Certo. Conceitua-se poder de polícia como


aquele conferido à administração para limitar, discipli-
55 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo
brasileiro. São Paulo: Malheiros, 1993. nar, restringir e condicionar direitos e atividades par-
56 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de ticulares para a preservação dos interesses da coletivi-
direito administrativo. 28. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, dade. É ainda, fato gerador de tributo, notadamente, a
2015. taxa (artigo 145, II, CF).
57 http://www.tudosobreconcursos.com/materiais/di-
reito-administrativo/conceito-de-direito-administrativo

48
3) (CGM de João Pessoa/PB - Conhecimentos Básicos - O princípio da legalidade e o princípio das políticas
Cargos: 1, 2 e 3 - CESPE/2018) No que se refere às ca- administrativas, juntos, fundamentam o Controle da Ad-
racterísticas do poder de polícia e ao regime jurídico dos ministração Pública. Neste sentido, “mais precisamente,
agentes administrativos, julgue o item que se segue. a ideia central, quando se fala em controle da Adminis-
As multas de trânsito, como expressão do exercício do tração Pública, reside no fato de que o titular do patri-
poder de polícia, são dotadas de autoexecutoriedade. mônio público (material e imaterial) é o povo, e não a
Administração, razão pela qual ela se sujeita, em toda a
( ) CERTO ( ) ERRADO sua atuação, sem qualquer exceção, ao princípio da in-
disponibilidade do interesse público”59.
Resposta: Errado. A cobrança da multa, como sanção
resultante do exercício do poder de polícia adminis- #FicaDica
trativa, não possui a característica da autoexecutorie-
Controle da Administração é:
dade. Significa que o poder público deverá inscrever
- Faculdade de vigilância, orientação e
a multa na dívida ativa e cobrá-la, se devido. Já a apli-
correção que um poder, órgão ou autoridade
cação/autuação da multa é dotada de autoexecutorie-
exerce sobre a conduta funcional de outro;
dade, assim, por exemplo, presenciando um policial a
- Regulamentado por diversos atos
ilicitude poderá autuá-la.
normativos, os quais trazem regras,
modalidades e instrumentos para sua
CONTROLE E RESPONSABILIZAÇÃO organização;
DA ADMINISTRAÇÃO. CONTROLES - O que assegura que a Administração vá
ADMINISTRATIVO, JUDICIAL E atuar de acordo com princípios jurídicos,
LEGISLATIVO. previstos no artigo 37, caput, CF – legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e
eficiência.

Controle da Administração Pública é o exercício de


vigilância, orientação e revisão sobre a conduta funcio- Elementos e natureza jurídica do controle
nal, exercido por um poder, órgão ou autoridade pública Segundo Carvalho Filho60, dois são os elementos bási-
com relação a outro. cos do controle: a fiscalização e a revisão. “A fiscalização e
“O controle do Estado pode ser exercido através de a revisão são os elementos básicos do controle. A fiscali-
duas formas distintas, que merecem ser desde logo dife- zação consiste no poder de verificação que se faz sobre a
renciadas. De um lado, temos o controle político, aquele atividade dos órgãos e dos agentes administrativos, bem
que tem por base a necessidade de equilíbrio entre os como em relação à finalidade pública que deve servir de
objetivo para a Administração. A revisão é o poder de
Poderes estruturais da República – o Executivo, o Legisla-
corrigir as condutas administrativas, seja porque tenham
tivo e o Judiciário. Nesse controle, cujo delineamento se
vulnerado normas legais, seja porque haja necessidade
encontra na Constituição, pontifica o sistema de freios e de alterar alguma linha das políticas administrativas para
contrapesos, nele se estabelecendo normas que inibem que melhor seja atendido o interesse coletivo”.
o crescimento de qualquer um deles em detrimento de Para o autor, a natureza jurídica do controle é de
outro e que permitem a compensação de eventuais pon- princípio fundamental da administração pública, con-
tos de debilidade de um para não deixá-lo sucumbir à forme teor do próprio Decreto-lei nº 200/1967, que asse-
força de outro. São realmente freios e contrapesos dos gura também que o controle deve ser exercido em todos
Poderes políticos. [...] O que ressalta de todos esses casos níveis e em todos órgãos.
é a demonstração do caráter que tem o controle político:
seu objetivo é a preservação e o equilíbrio das institui- Classificação das formas de controle
“O poder-dever de controle é exercitável por todos os
ções democráticas do país. O controle administrativo
Poderes da República, estendendo-se a toda a atividade
tem linhas diversas. Nele não se procede a nenhuma
administrativa (vale lembrar, há atividade administrativa
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

medida para estabilizar poderes políticos, mas, ao con- em todos os Poderes) e abrangendo todos os seus agen-
trário, se pretende alvejar os órgãos incumbidos de exer- tes. Por esse motivo, diversas são as formas pelas quais o
cer uma das funções do Estado – a função administrativa. controle se exercita, sendo, destarte, inúmeras as deno-
Enquanto o controle político se relaciona com as insti- minações adotadas” 61.
tuições políticas, o controle administrativo é direcionado
às instituições administrativas. [...] Podemos denominar
59 ALEXANDRINO, Marcelo; PAULO, Vicente. Di-
de controle da Administração Pública o conjunto de reito Administrativo Descomplicado. 16. ed. São Paulo:
mecanismos jurídicos e administrativos por meio dos Método, 2008.
quais se exerce o poder de fiscalização e de revisão 60 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de
da atividade administrativa em qualquer das esferas Direito Administrativo. 28. ed. São Paulo: Atlas, 2015.
de Poder”58. 61 ALEXANDRINO, Marcelo; PAULO, Vicente. Di-
reito Administrativo Descomplicado. 16. ed. São Paulo:
58 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Método, 2008.
Direito Administrativo. 28. ed. São Paulo: Atlas, 2015.

49
- Conforme o âmbito da administração - Conforme a amplitude ou a natureza do controle
a) Por subordinação: exercido por meio dos pata-
mares de hierarquia dentro da mesma Administra- a) Controle de legalidade: verifica se o ato foi prati-
ção. Trata-se de controle tipicamente interno. cado em conformidade com a lei. O controle pode
b) Por vinculação: exercido por uma pessoa a qual ser interno ou externo. O resultado final é a confir-
são atribuídos poderes de fiscalização e revisão em mação ou a rejeição do ato, anulando-o.
relação a pessoa diversa. Trata-se de controle tipi- b) Controle de mérito: visa verificar a oportunidade
camente externo. e a conveniência administrativas do ato controla-
do. Trata-se do controle sobre a atuação discricio-
- Conforme a iniciativa nária da Administração Pública, mantendo-o ou
a) De ofício: executado pela própria Administração revogando-o. Diz-se que o Judiciário não pode
quando está regularmente exercendo as suas fun- fazer este controle, o que é verdade, em termos:
ções. Afinal, a Administração tem a prerrogativa da o Judiciário não pode controlar a atividade discri-
autotutela, que a permite invalidar ou revogar suas cionária que é legítima, mas se ela exceder parâ-
condutas de ofício (súmulas 346 e 473, STF). metros de razoabilidade e proporcionalidade pode
b) Provocado: ocorre mediante provocação de ter- fazê-lo. Nesta questão se insere a polêmica sobre
ceiro, postulando a revisão do ato administrativo o controle judicial de políticas públicas.
dito ilegal ou inconveniente.

- Conforme a origem ou a extensão do controle


#FicaDica
a) Controle interno: é aquele realizado pelas autori- - Quanto ao órgão que o exerce
dades no âmbito do próprio órgão ou entidade em Executivo
que atuam no âmbito da administração. Exemplo: Legislativo
chefe que na repartição controla os seus subordi- Judiciário
nados; corregedoria que faz inspeção em um fó- - Quanto ao fundamento
rum. Hierárquico
Basicamente, sempre se está diante de controle in- Finalístico
terno quando um Poder exerce controle sobre ele - Conforme a origem
mesmo, isto é, Judiciário fiscalizando Judiciário, Interno
Legislativo fiscalizando Legislativo e Executivo fis- Externo
calizando Executivo. Popular
Quando, no exercício do controle interno, uma autori- - Quanto à atividade administrativa
dade ocultar uma irregularidade ou ilegalidade da Legalidade
entidade responsável pelo controle externo, nota- Mérito
damente um Tribunal de Contas, haverá responsa- - Quanto ao momento de exercício
bilidade solidária entre a autoridade que praticou Preventivo
a ocultação e a autoridade que praticou o ilícito. Concomitante
b) Controle externo: é aquele realizado por um Po- Corretivo
der que é diferente do Poder fiscalizado, exterio-
rizando um sistema de freios e contrapesos. É o
caso do controle de atos do Executivo por decisões Controle exercido pela administração pública
do Poder Judiciário, ou mesmo da sustação de ato É o controle exercido pela Administração quanto
normativo do Executivo pelo Legislativo, além do aos seus próprios atos. Ou seja, é o exercido pelo Poder
julgamento de contas do Presidente da Repúbli- Executivo, pelo Poder Legislativo e pelo Poder Judiciário
ca pelo Congresso Nacional, e de auditorias do quanto aos seus próprios atos, tanto no que tange à
Tribunal de Contas da União quanto ao Executivo legalidade quanto em relação à conveniência. É sempre
federal. um controle interno, que deriva do poder-dever de
c) Controle externo popular: realizado pelo contri- autotutela.
buinte pelo acesso das contas públicas (artigo 31, Entre os meios de controle, destacam-se:
§3º, CF; artigo 74, §2º, CF). - Fiscalização Hierárquica: esse meio de controle é
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

inerente ao poder hierárquico, ocorrendo o exercício dos


- Conforme o momento a ser exercido órgãos superiores em relação aos inferiores;
- Controle ou Supervisão Ministerial: aplicável nas en-
a) Controle prévio ou preventivo: exercido antes do tidades de administração indireta vinculadas a um Minis-
início da prática ou antes da conclusão do ato ad- tério, não havendo subordinação;
ministrativo. - Recursos Administrativos: serve para provocar o ree-
b) Controle concomitante: exercido durante a reali- xame do ato administrativo pela própria Administração
zação do ato, verificando a sua validade enquanto Pública.
ele é praticado. - Direito de petição: é um direito fundamental con-
c) Controle posterior ou corretivo: busca rever os ferido a toda pessoa de defender seus direitos e noti-
atos já praticados, corrigindo, desfazendo ou con- ciar ilegalidades e abusos (artigo 5º, XXXIV, CF). Pode
firmando. Envolve atos como os de aprovação, ho- ser exercido por diversas vias, como representação (de-
mologação, anulação, revogação ou convalidação. núncia de irregularidade perante a Administração, Tribu-

50
nal de Contas ou outro órgão de controle), reclamação Outra classificação relevante é a que separa os re-
administrativa (oposição expressa a ato administrativo cursos mencionados em duas categorias: recursos in-
que ofenda direito ou interesse legítimo, podendo ser cidentais, que são interpostos quando o processo ad-
interposta perante o Supremo Tribunal Federal se o ato ministrativo está em curso e o inconformismo é contra
administrativo contrariar súmula vinculante), pedido de um ato nele praticado (enquadram-se aqui o pedido de
reconsideração (solicitação de mudança da decisão pela reconsideração, o recurso hierárquico próprio e o recur-
própria autoridade que praticou um ato), recurso hierár- so hierárquico impróprio); recursos deflagradores ou
quico próprio (solicitação de mudança da decisão por autônomos, que são aqueles que formalizam a própria
autoridade hierarquicamente superior àquela que prati- abertura de processo (enquadram-se aqui a reclamação,
cou o ato), recurso hierárquico impróprio (solicitação de a representação e a revisão).
mudança da decisão por autoridade diversa, com compe- Vale apontar sobre os efeitos dos recursos adminis-
tência especificada em lei, porém não hierarquicamente trativos: em regra, terão apenas efeito devolutivo, pois
superior àquela que praticou o ato), revisão (solicitação os atos administrativos têm em seu favor a presunção de
de alteração em punição aplicada pela Administração no legitimidade; excepcionalmente, caso concedido pela au-
exercício do poder disciplinar diante do surgimento de toridade competente, terá efeito suspensivo. Vale desta-
fatos novos). car que caso o recurso tenha efeito suspensivo, também
- Controle social: é aquele exercido pela própria so- o prazo prescricional ficará suspenso, enquanto que se o
ciedade, em demanda emanada de grupos sociais, no efeito for apenas devolutivo irá continuar correndo.
exercício da atividade democrática que tem amparo
constitucional notadamente na garantia pelo artigo 37,
Súmula 429, STF. A existência de recurso administrati-
§3º, CF de edição de lei que regule formas de participa-
vo com efeito suspensivo não impede o uso do mandado
ção do usuário na administração direta e indireta. Entre
de segurança contra omissão da autoridade.
as formas que já são trazidas por algumas leis, como a Lei
nº 9.784/1999 sobre o processo administrativo federal,
estão as audiências e consultas públicas. Neste âmbito
Ressalta-se, complementando o teor da súmula, que
do controle social, é possível fixar uma divisão entre con-
nada impede o uso simultâneo das esferas administrativa
trole natural, feito pela população em si, e controle ins-
e judicial, considerando que são independentes entre si.
titucional, feito por órgãos em atuação por legitimidade
Aliás, apenas existem duas hipóteses em que o esgota-
extraordinária, como o Ministério Público e a Defensoria
mento dos recursos administrativos é imposto: trata-
Pública.
-se de demanda perante a justiça desportiva, conforme
o artigo 217, §1º, CF; se ocorre contrariedade de súmula
- Recurso de administração
vinculante na via administrativa e o administrado preten-
Recursos administrativos são meios hábeis que po-
de invoca-la mediante reclamação, conforme artigo 7º,
dem ser utilizados para provocar o reexame do ato ad-
§1º, Lei nº 11.417/2006. Em todos os demais casos, tal
ministrativo, pela PRÓPRIA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.
exigência é proibida.
Conforme conceitua Carvalho Filho62, “são os meios
Outra questão que merece ser abordada no campo
formais de controle administrativo, através dos quais o
dos recursos administrativos é a da reformatio in pejus,
interessado postula, junto a órgãos da Administração, a
ou seja, da reforma da decisão tomada pela administra-
revisão de determinado ato administrativo”. É necessário,
ção de modo a agravar a situação do administrado. De-
para recorrer, que o interessado tenha tido a sua preten-
vido a previsão expressa na Lei nº 9.784/1999, a refor-
são contrariada pela administração, logo, é da essência
matio in pejus em recurso administrativo modificando
do recurso a manifestação de inconformismo, retratan-
a decisão recorrida é permitida, mas o recorrente deverá
do ilegalidade ou abuso do poder público.
ter oportunidade de manifestar-se antes dele ocorrer; já
Os principais recursos de administração são os se-
em se tratando de reformatio in pejus em processo de
guintes: representação, em que se faz denúncia de irre-
revisão, há vedação. Quanto à possibilidade de gravame
gularidades feita perante o poder público; reclamação,
na primeira hipótese, a doutrina afirma que apenas é per-
em que há oposição expressa a atos da administração
mitida a reformatio in pejus caso o ato inferior tenha sido
que afetam direitos ou interesses legítimos do interessa-
praticado em desconformidade com a lei, considerados
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

do; pedido de reconsideração, em que se solicita ree-


critérios objetivos, sendo assim proibida a reformatio in
xame à mesma autoridade que praticou o ato; recurso
pejus caso seja feita apenas nova avaliação subjetiva.
hierárquico próprio, que se dirige à autoridade ou ins-
Último ponto que se coloca tange à coisa julgada
tância superior do mesmo órgão administrativo em que
administrativa, que basicamente é uma “situação jurídi-
foi praticado o ato; recurso hierárquico impróprio, que
ca pela qual determinada decisão firmada pela Adminis-
se dirige à autoridade ou órgão estranho à repartição
tração não mais pode ser modificada na via administrati-
que expediu o ato recorrido, mas com competência jul-
va”63, embora o possa na via judicial; diferenciando-se da
gadora expressa; e revisão, em que se busca a alteração
coisa julgada jurisdicional, cujo caráter definitivo impede
de punição aplicada pela Administração no exercício do
a rediscussão da matéria em qualquer via.
poder disciplinar diante do surgimento de fatos novos,
abrindo-se novo processo.
62 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de 63 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de
Direito Administrativo. 28. ed. São Paulo: Atlas, 2015. Direito Administrativo. 28. ed. São Paulo: Atlas, 2015.

51
- Reclamação conhecida ou de acórdão proferido em julgamento de
Segundo Di Pietro64, “a reclamação administrativa é o recursos extraordinário ou especial repetitivos, quan-
ato pelo qual o administrado, seja particular ou servidor do não esgotadas as instâncias ordinárias.
público, deduz uma pretensão perante a Administração § 6o A inadmissibilidade ou o julgamento do recurso
Pública, visando obter o reconhecimento de um direito interposto contra a decisão proferida pelo órgão recla-
ou a correção de um erro que lhe cause lesão ou ameaça mado não prejudica a reclamação.
de lesão”.
A primeira referência à reclamação no ordenamento Art. 989.  Ao despachar a reclamação, o relator:
está no Decreto nº 20.910/1932, que fixa o prazo de 1 I - requisitará informações da autoridade a quem for
ano para que ocorra a prescrição: imputada a prática do ato impugnado, que as presta-
rá no prazo de 10 (dez) dias;
II - se necessário, ordenará a suspensão do processo ou
Art. 5º Não tem efeito de suspender a prescrição a
do ato impugnado para evitar dano irreparável;
demora do titular do direito ou do crédito ou do seu
III - determinará a citação do beneficiário da decisão
representante em prestar os esclarecimentos que lhe
impugnada, que terá prazo de 15 (quinze) dias para
forem reclamados ou o fato de não promover o anda-
apresentar a sua contestação.
mento do feito judicial ou do processo administrativo
durante os prazos respectivamente estabelecidos para
Art. 990.  Qualquer interessado poderá impugnar o
extinção do seu direito à ação ou reclamação.
pedido do reclamante.
Art. 6º O direito à reclamação administrativa, que não
Art. 991.  Na reclamação que não houver formulado,
tiver prazo fixado em disposição de lei para ser formu-
o Ministério Público terá vista do processo por 5 (cin-
lada, prescreve em um ano a contar da data do ato ou
co) dias, após o decurso do prazo para informações e
fato do qual a mesma se originar.
para o oferecimento da contestação pelo beneficiário
do ato impugnado.
Entretanto, a reclamação se torna um instrumento
mais usual com a fixação em lei da possibilidade de
Art. 992.  Julgando procedente a reclamação, o tribu-
sua apresentação ao Supremo Tribunal Federal se o
nal cassará a decisão exorbitante de seu julgado ou
ato administrativo contrariar súmula vinculante. As
determinará medida adequada à solução da contro-
hipóteses de reclamação são ampliadas pelo Código
vérsia.
de Processo Civil de 2015:
Art. 993.  O presidente do tribunal determinará o ime-
Art. 988. Caberá reclamação da parte interessada ou
diato cumprimento da decisão, lavrando-se o acórdão
do Ministério Público para:
posteriormente.
I - preservar a competência do tribunal;
II - garantir a autoridade das decisões do tribunal;
III – garantir a observância de enunciado de súmula Logo, a reclamação é uma forma bastante diferen-
vinculante e de decisão do Supremo Tribunal Federal ciada de controle da administração porque é exercido
em controle concentrado de constitucionalidade; tipicamente por órgão externo sem superioridade hie-
IV – garantir a observância de acórdão proferido em rárquica, notadamente, tribunal que componha o Poder
julgamento de incidente de resolução de demandas Judiciário. Por isso, autores como Carvalho Filho65 afir-
repetitivas ou de incidente de assunção de competên- mam que se trata mais de controle jurisdicional do que
cia; de controle administrativo.
§ 1o A reclamação pode ser proposta perante qualquer
tribunal, e seu julgamento compete ao órgão jurisdi- - Pedido de reconsideração e recurso hierárquico
cional cuja competência se busca preservar ou cuja próprio e impróprio
autoridade se pretenda garantir. Todos são espécies do gênero direito de petição,
§ 2o A reclamação deverá ser instruída com prova do- que confere o direito fundamental de toda pessoa buscar
cumental e dirigida ao presidente do tribunal. perante a administração a alteração de um ato adminis-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

§ 3o Assim que recebida, a reclamação será autuada trativo ou representar a prática de ato ilegal ou abusivo.
e distribuída ao relator do processo principal, sempre
que possível.
Art. 5º, XXXIV, CF. São a todos assegurados, indepen-
§ 4o As hipóteses dos incisos III e IV compreendem a
dentemente do pagamento de taxas: a) o direito de
aplicação indevida da tese jurídica e sua não aplica-
petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou
ção aos casos que a ela correspondam.
contra ilegalidade ou abuso de poder; b) a obtenção
§ 5º É inadmissível a reclamação:
de certidões em repartições públicas, para defesa de
I – proposta após o trânsito em julgado da decisão
direitos e esclarecimento de situações de interesse
reclamada;
pessoal.
II – proposta para garantir a observância de acórdão
de recurso extraordinário com repercussão geral re-
65 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de
64 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Admi- direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris,
nistrativo. 23. ed. São Paulo: Atlas editora, 2010. 2010.

52
O direito de petição deve resultar em uma manifesta- - Poder punitivo de polícia – 5 anos (Lei nº 9.873/1999);
ção do Estado, normalmente dirimindo (resolvendo) uma - Poder disciplinar funcional – no âmbito federal, 5
questão proposta, em um verdadeiro exercício contínuo anos (infração grave), 2 anos (infração média) ou 180 dias
de delimitação dos direitos e obrigações que regulam (infração leve), a contar do conhecimento de sua prática
a vida social e, desta maneira, quando “dificulta a apre- (Lei nº 8.112/1990);
ciação de um pedido que um cidadão quer apresentar” - Adoção de providência administrativa – 5 anos (Lei
(muitas vezes, embaraçando-lhe o acesso à Justiça); “de- nº 9.784/1999).
mora para responder aos pedidos formulados” (adminis-
trativa e, principalmente, judicialmente) ou “impõe restri-
- Representação e reclamação administrativas
ções e/ou condições para a formulação de petição”, traz
As representações e as reclamações administrativas
a chamada insegurança jurídica, que traz desesperança e
são ambas formas de se exercer o direito de petição (art.
faz proliferar as desigualdades e as injustiças.
Dentro do espectro do direito de petição se insere, 5º, XXXIV, CF). Em sentido genérico são, ao lado dos re-
por exemplo, o direito de solicitar esclarecimentos, de cursos hierárquicos e do pedido de representação, espé-
solicitar cópias reprográficas e certidões, bem como de cies de recursos administrativos, mas que se diferenciam
ofertar denúncias de irregularidades. Contudo, o consti- daqueles por serem autônomos e não incidentais.
tuinte, talvez na intenção de deixar clara a obrigação dos Assim, trata-se de exercício deste direito de forma
Poderes Públicos em fornecer certidões, trouxe a letra b) originária (recurso deflagrador), isto é, o ato administrati-
do inciso, o que gera confusões conceituais no sentido vo ilegal ou abusivo foi praticado e será denunciado pelo
do direito de obter certidões ser dissociado do direito administrado. Será a primeira vez que a estão será levada
de petição. à administração para a devida apreciação.
Nas hipóteses de pedido de reconsideração, recur- Na representação é feita uma denúncia de irregula-
so hierárquico próprio e recurso hierárquico impróprio ridade, ilegalidade ou abuso de poder perante a Admi-
denota-se que o processo administrativo ainda está em nistração, Tribunal de Contas ou outro órgão de controle,
curso, pois uma autoridade tomou uma decisão adminis- como o Ministério Público.
trativa da qual se pretende recorrer (logo, trata-se de re- Na reclamação administrativa se dá uma oposição
curso incidental). A diferença entre as três modalidades expressa a ato administrativo que ofenda direito ou inte-
está na autoridade que apreciará o pedido de alteração resse legítimo.
da decisão administrativa.
No pedido de reconsideração, será a própria auto-
- Sistemas de controle jurisdicional da administra-
ridade que praticou um ato, reconsiderando nestes mol-
des a decisão que foi tomada. ção pública: contencioso administrativo e sistema da
No recurso hierárquico próprio, será a autoridade jurisdição uma
hierarquicamente superior àquela que praticou o ato, Sistema administrativo é o regime que um Estado
tratando-se de clássico exercício do poder hierárquico adota para controlar os atos administrativos ilegais ou
inerente à estrutura escalonada da administração. Esta ilegítimos praticados pela Administração em seus di-
é a forma típica de se recorrer da decisão administrativa. versos níveis, podendo ser de duas espécies: francês,
No recurso hierárquico impróprio, será autoridade também conhecido como sistema do contencioso ad-
diversa, com competência especificada em lei, porém ministrativo; e inglês, também denominado sistema do
não hierarquicamente superior àquela que praticou o controle judicial, judiciário ou da jurisdição una.
ato. Na verdade, a reclamação administrativa perante o O sistema francês se caracteriza por excluir os atos
STF pode ser enquadrada nesta categoria. administrativos da apreciação judicial, sujeitando-os a
uma jurisdição especial do contencioso administrativo
- Prescrição administrativa que é composta por tribunais de caráter administrativo.
Significa perda de prazo para apresentar uma preten- Neste sistema, se evidencia a dualidade de jurisdição,
são perante a Administração. No caso, o administrado havendo a jurisdição comum composta pelos órgãos do
não perde o direito, o que ocorre na decadência, mas Poder Judiciário que resolve os litígios não abrangidos
sim a pretensão de postulá-lo. Pode ocorrer nos casos
pelo contencioso administrativo e a jurisdição especial
de perda de prazo para recorrer de decisão tomada ou
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

composta apenas por tribunais de natureza administra-


revisá-la (prescrição correndo contra o administrado e a
tiva.
favor da administração, convalidando seus atos), caso em
que se segue a regra da prescrição quinquenal (5 anos) Já o sistema inglês se caracteriza pela intervenção
prevista no artigo 1º do Decreto nº 20.910; ou na hipóte- do Poder Judiciário no controle dos atos administrativos.
se de perda do prazo para o exercício do poder punitivo Deste modo, a jurisdição é una e apenas o Judiciário
(prescrição correndo a favor do administrado e contra a possui competência para resolver todos os litígios, tan-
administração, que não mais poderá aplicar a punição), to os administrativos quanto os estritamente privados.
que é a típica prescrição administrativa, e de perda de As decisões do Judiciário, por sua vez, são protegidas
prazo para que seja adotada determinada providência pela força da coisa julgada, que impede a rediscussão de
administrativa (prescrição correndo a favor do adminis- matérias já decididas em juízo em seu mériTo.
trado e contra a administração, que não mais poderá
anular seus próprios atos dos quais decorram efeitos be-
néficos aos administrados, salvo prova de má-fé).

53
No Brasil adota-se o sistema inglês. Controle judicial
O controle judicial é exercido pelo Judiciário sobre
- Advocacia pública administrativa os atos administrativos praticados pelo Poder Executivo,
No âmbito federal, as atividades de advocacia pública pelo Poder Legislativo ou pelo próprio Poder Judiciá-
rio, quando realiza atividades administrativas. Por ele, é
consultiva são prestadas pela Advocacia-Geral da União, possível se decretar a anulação de um ato. Não cabe a
conforme artigo 3º da Lei Complementar nº 73/93. Ele irá revogação, porque significaria análise de mérito, que o
assessorar o chefe do Executivo federal em assuntos de Judiciário não pode fazer.
natureza jurídica, elaborando pareceres e estudos, sendo “O controle judicial sobre atos da Administração é
tal vinculação de caráter exclusivo. Logo, a AGU presta exclusivamente de legalidade. Significa dizer que o Ju-
consultoria apenas para o Presidente da República. Os diciário tem o poder de confrontar qualquer ato adminis-
Ministérios, Secretarias e Forças Armadas solicitam con- trativo com a lei ou com a Constituição e verificar se há
sultoria para as Consultorias Jurídicas: ou não compatibilidade normativa. Se o ato for contrário
à lei ou à Constituição, o Judiciário declarará a sua invali-
dação de modo a não permitir que continue produzindo
Art. 11. Às Consultorias Jurídicas, órgãos administra- efeitos ilícitos. [...] O que é vedado ao Judiciário, como
tivamente subordinados aos Ministros de Estado, ao correntemente têm decidido os Tribunais, é apreciar o
Secretário-Geral e aos demais titulares de Secretarias que se denomina normalmente de mérito administrati-
da Presidência da República e ao Chefe do Estado- vo, vale dizer, a ele é interditado o poder de reavaliar
-Maior das Forças Armadas, compete, especialmente: os critérios de conveniência e oportunidade dos atos,
I - assessorar as autoridades indicadas no caput deste que são privativos do administrador público”, sob pena
artigo; de se violar a cláusula fundamental da separação dos Po-
II - exercer a coordenação dos órgãos jurídicos dos deres66.
Quanto ao momento em que o controle judicial de-
respectivos órgãos autônomos e entidades vinculadas;
verá ocorrer, a regra impõe que seja feito de forma pos-
III - fixar a interpretação da Constituição, das leis, dos terior, quando os atos administrativos já estão produzin-
tratados e dos demais atos normativos a ser unifor- do efeitos no mundo jurídico. Em situações excepcionais
memente seguida em suas áreas de atuação e coor- o controle pode ser prévio, por exemplo, quando a lei
denação quando não houver orientação normativa do autoriza a concessão de liminar diante de fumus boni iu-
Advogado-Geral da União; ris e periculum in mora.
IV - elaborar estudos e preparar informações, por soli- Existem atos que se sujeitam a controle especial,
citação de autoridade indicada no caput deste artigo; são eles:
V - assistir a autoridade assessorada no controle inter-
no da legalidade administrativa dos atos a serem por a) Atos políticos: não são atos tipicamente adminis-
ela praticados ou já efetivados, e daqueles oriundos de trativos, mas verdadeiros atos de governo, ema-
órgão ou entidade sob sua coordenação jurídica; nados da cúpula política do país, no exercício de
competências organizacionais-administrativas
VI - examinar, prévia e conclusivamente, no âmbito
constitucionais. A peculiaridade é que o Judiciário
do Ministério, Secretaria e Estado-Maior das Forças não pode controlar os critérios governamentais
Armadas: que direcionam a edição de atos políticos. Contu-
a) os textos de edital de licitação, como os dos respec- do, o controle de legalidade e o controle de cons-
tivos contratos ou instrumentos congêneres, a serem titucionalidade são possíveis.
publicados e celebrados; b) Atos legislativos típicos: todos os atos que ema-
b) os atos pelos quais se vá reconhecer a inexigibilida- nam do Poder Legislativo com caráter genérico,
de, ou decidir a dispensa, de licitação. abstrato e geral são passíveis de controle. Entre-
tanto, se trata de controle de constitucionalidade,
que se sujeita a regras específicas. O sistema brasi-
#FicaDica leiro adota duas vias de realização de tal controle,
Controle administrativo é o controle que o a via da exceção, com caráter difuso, exercida inci-
Executivo e os órgãos internos do Legislativo dentalmente sem ação específica; e a via da ação,
com caráter concentrado, exercida por meio de
e do Judiciário exercem sobre suas próprias
ações específicas – ação direta de inconstituciona-
atividades, buscando mantê-las conforme a lidade, ação direta de constitucionalidade, argui-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

lei. ção de descumprimento de preceito fundamental.


Se exerce por: c) Atos interna corporis: são os atos praticados den-
Fiscalização hierárquica – Dos órgãos tro da competência interna e exclusiva dos diversos
superiores em relação aos inferiores, órgãos do Legislativo e do Judiciário; por exemplo,
corrigindo as atividades dos agentes; as competências de elaboração de regimentos in-
Recursos administrativos – Meios que ternos. Como os atos são internos e exclusivos, não
permitem que os administrados provoquem o é possível fazer o controle sobre as razões que le-
reexame de decisões internas. varam à elaboração. Contudo, o controle de vícios
de ilegalidade e de inconstitucionalidade é plena-
mente válido.

66 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de


direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris,
2010.

54
Conforme prevê o próprio artigo 5º, XXXV, CF, “a lei d) Habeas data (artigo 5º, LXXII, CF): serve para pro-
não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou teção do acesso a informações pessoais constantes
ameaça a direito”. Logo, toda ofensa ou ameaça de ofen- de registros ou bancos de dados de entidades go-
sa a direitos dos administrados é passível de controle vernamentais ou de caráter público, para o conhe-
judicial. Ciente disso, o legislador cria inúmeros meca- cimento ou retificação (correção). Trata-se de ação
nismos específicos para que tal controle seja realizado, constitucional que tutela o acesso a informações
como mandado de segurança, ação popular, ação civil pessoais. Legitimado ativo é pessoa física, brasilei-
pública, mandado de injunção, habeas data, habeas cor- ra ou estrangeira, ou por pessoa jurídica, de direito
pus e as próprias ações do controle de constitucionali- público ou privado, tratando-se de ação persona-
dade. Entretanto, não se trata de rol taxativo de formas líssima – os dados devem ser a respeito da pessoa
pelas quais é possível exercer tais pretensões contra a que a propõe. Legitimados passivos são entidades
Administração, porque em tese é possível utilizar qual- governamentais da Administração Pública Direta
quer tipo de ação judicial que venha a socorrer adequa- e Indireta nas três esferas, bem como instituições,
damente à inibição de violação ou ameaça a direito pela órgãos, entidades e pessoas jurídicas privadas
Administração. Sobre os meios específicos, aponta-se: prestadores de serviços de interesse público que
a) Ação popular (artigo 5º, LXXIII, CF): é instrumento possuam dados relativos à pessoa do impetrante.
de exercício direto da democracia, permitindo ao Está regulado pela Lei nº 9.507, de 12 de novembro
cidadão que busque a proteção da coisa pública, de 1997.
ou seja, que vise assegurar a preservação dos in- e) Mandado de segurança individual (artigo 5º,
teresses transindividuais. Trata-se de ação consti- LXIX, CF): Trata-se de remédio constitucional com
tucional, que visa anular ato lesivo ao patrimônio natureza subsidiária pelo qual se busca a invali-
público ou de entidade de que o Estado participe, dação de atos de autoridade ou a suspensão dos
à moralidade administrativa, ao meio ambiente e efeitos da omissão administrativa, geradores de
ao patrimônio histórico e cultural. O legitimado lesão a direito líquido e certo, por ilegalidade ou
abuso de poder. São protegidos todos os direitos
ativo deve ser cidadão, ou seja, aquele nacional
líquidos e certos à exceção da proteção de direitos
que esteja no pleno gozo dos direitos políticos. O
humanos à liberdade de locomoção e ao acesso
legitimado passivo é o ente da Administração Pú-
ou retificação de informações relativas à pessoa do
blica, direta ou indireta, ou então a pessoa jurídica
impetrante, constantes de registros ou bancos de
que de algum modo lide com a coisa pública. A
dados de entidades governamentais ou de caráter
regulação está na Lei nº 4.717/65.
público, ambos sujeitos a instrumentos específicos.
b) Ação civil pública (artigo 129, III, CF): Busca prote-
A natureza é de ação constitucional de natureza
ger o patrimônio público e social, o meio ambiente
civil, independente da natureza do ato impugnado
e outros direitos difusos e coletivos. A legitimidade (administrativo, jurisdicional, eleitoral, criminal, tra-
ativa é do Ministério Público, da Defensoria Públi- balhista). Pode ser preventivo, quando se estiver na
ca, das pessoas jurídicas da administração direta e iminência de violação a direito líquido e certo, ou
indireta e de associação constituída há pelo menos reparatório, quando já consumado o abuso/ilegali-
1 ano em área de pertinência temática. A legitimi- dade. Fundamenta-se na existência de direito líqui-
dade passiva é de qualquer pessoa, física ou jurí- do e certo, que é aquele que pode ser demonstra-
dica, que tenha cometido dano ou tenha colocado do de plano mediante prova pré-constituída, sem
sob ameaça o patrimônio público e social, o meio a necessidade de dilação probatória, isto devido à
ambiente e outros direitos difusos e coletivos. A natureza célere e sumária do procedimento. A legi-
regulação está na Lei nº 7.437/85. timidade ativa é a mais ampla possível, abrangen-
c) Habeas corpus (artigo 5º, LXXVII, CF): ação que do não só a pessoa física como a jurídica, nacional
serve para proteger a liberdade de locomoção. ou estrangeira, residente ou não no Brasil, bem
Apenas serve à lesão ou ameaça de lesão ao direito como órgãos públicos despersonalizados e uni-
de ir e vir. Trata-se de ação constitucional de cunho versalidades/pessoas formais reconhecidas por lei.
predominantemente penal, pois protege o direito Legitimado passivo é a autoridade coatora deve
de ir e vir e vai contra a restrição arbitrária da liber- ser autoridade pública ou agente de pessoa jurí-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

dade. Pode ser preventivo, para os casos de ame- dica no exercício de atribuições do Poder Público.
aça de violação ao direito de ir e vir, conferindo-se Neste viés, o art. 6º, §3º, Lei nº 12.016/09, precei-
um “salvo conduto”, ou repressivo, para quando tua que “considera-se autoridade coatora aquela
ameaça já tiver se materializado. Legitimado ati- que tenha praticado o ato impugnado ou da qual
vo é qualquer pessoa pode manejá-lo, em próprio emane a ordem para a sua prática”. Encontra-se
nome ou de terceiro, bem como o Ministério Pú- regulamentada pela Lei nº 12.016, de 07 de agosto
blico (artigo 654, CPP). Impetrante é o que ingressa de 2009.
com a ação e paciente é aquele que está sendo f) Mandado de segurança coletivo (artigo 5º, LXX,
vítima da restrição à liberdade de locomoção. As CF): Visa a preservação ou reparação de direito
duas figuras podem se concentrar numa mesma líquido e certo relacionado a interesses transin-
pessoa. Legitimado passivo é pessoa física, agente dividuais (individuais homogêneos ou coletivos),
público ou privado. Está regulamentado nos arti- e devido à questão da legitimidade ativa, perten-
gos 647 a 667 do Código de Processo Penal. cente a partidos políticos e determinadas associa-

55
ções. Trata-se de ação constitucional de natureza indireta”. Do poder genérico de controle podem ser de-
civil, independente da natureza do ato, de caráter preendidos outros poderes, como o poder convocató-
coletivo. A legitimidade ativa é de partido político rio, que permite à Câmara ou Senado convocar Minis-
com representação no Congresso Nacional, bem tro de Estado ou autoridade relacionada ao Presidente
como de organização sindical, entidade de classe (artigo 50, CF); o poder de sustação, que permite ao
ou associação legalmente constituída e em funcio- Congresso Nacional “sustar os atos normativos do Poder
namento há, pelo menos, 1 (um) ano, em defesa de Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos
direitos líquidos e certos que atinjam diretamente limites de delegação legislativa” (artigo 49, V, CF); e o
seus interesses ou de seus membros. Encontra-se controle das Comissões Parlamentares de Inquérito – CPI
regulamentado pelo artigo 22 da Lei nº 12.016/09, (artigo 58, §3º, CF).
que regulamenta o mandado de segurança indi- - Controle Financeiro: a fiscalização contábil, finan-
vidual. ceira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e
g) Mandado de injunção (artigo 5º, LXXI, CF): os dois das entidades da administração direta e indireta, quanto
requisitos constitucionais para que seja proposto à legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das
o mandado de injunção são a existência de norma subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo
constitucional de eficácia limitada que prescreva Congresso Nacional, mediante controle externo, e pelo
direitos, liberdades constitucionais e prerrogativas sistema de controle interno de cada Poder.
inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidada- Quanto às áreas fiscalizadas, enquadram-se: contábil,
nia; além da falta de norma regulamentadores, im- financeira, orçamentária, operacional e patrimonial no
possibilitando o exercício dos direitos, liberdades e que se refere a legalidade, legitimidade, economicidade,
prerrogativas em questão. Assim, visa curar o há- subvenções e renúncia de receitas.
bito que se incutiu no legislador brasileiro de não
regulamentar as normas de eficácia limitada para - Tribunal de Contas da União
que elas não sejam aplicáveis. Trata-se de ação O Tribunal de Contas da União é órgão integrante do
constitucional que objetiva a regulamentação de
Congresso Nacional que tem a função de auxiliá-lo no
normas constitucionais de eficácia limitada. Legiti-
controle financeiro externo da Administração Pública. No
mado ativo é qualquer pessoa, nacional ou estran-
âmbito estadual e municipal, aplicam-se, no que couber,
geira, física ou jurídica, capaz ou incapaz, que ti-
aos respectivos Tribunais e Conselhos de Contas, as nor-
tularize direito fundamental não materializável por
mas sobre fiscalização contábil, financeira e orçamentá-
omissão legislativa do Poder público, bem como
ria.
o Ministério Público na defesa de seus interesses
As atribuições de controle do Tribunal de Contas da
institucionais. Não se aceita a legitimidade ativa de
União encontram-se descritas no artigo 71 da Constitui-
pessoas jurídicas de direito público. Regulamenta-
do pela Lei nº 13.300/2016. ção, envolvendo notadamente o auxílio ao Congresso
Nacional no controle externo (tanto é assim que o Tribu-
nal não susta diretamente os atos ilegais, mas solicita ao
#FicaDica Congresso Nacional que o faça):
Controle judiciário é o controle exercido pe-
los órgãos do Poder Judiciário sobre os atos
administrativos dos Três Poderes (inclusive do Artigo 71, CF. O controle externo, a cargo do Congres-
próprio Judiciário) no que tange a atividades so Nacional, será exercido com o auxílio do Tribunal
administrativas. de Contas da União, ao qual compete:
Verifica-se a legalidade e a legitimidade do ato I - apreciar as contas prestadas anualmente pelo Pre-
impugnado. sidente da República, mediante parecer prévio que de-
Abrange ações específicas constitucionalmen- verá ser elaborado em sessenta dias a contar de seu
te previstas, denominadas remédios constitu- recebimento;
cionais. II - julgar as contas dos administradores e demais res-
ponsáveis por dinheiros, bens e valores públicos da
administração direta e indireta, incluídas as fundações
e sociedades instituídas e mantidas pelo Poder Públi-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Controle legislativo
Controle parlamentar ou legislativo é a prerrogativa co federal, e as contas daqueles que derem causa a
atribuída ao Poder Legislativo de fiscalizar a Administra- perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte
ção Pública sob os critérios político e financeiro. Deve prejuízo ao erário público;
se ater às hipóteses previstas na Constituição. Pode ser III - apreciar, para fins de registro, a legalidade dos
exercido quanto ao Executivo e ao Judiciário. atos de admissão de pessoal, a qualquer título, na ad-
Entre os meios de controle, destacam-se: ministração direta e indireta, incluídas as fundações
- Controle Político: tem por base a possibilidade de instituídas e mantidas pelo Poder Público, excetuadas
fiscalização sobre atos ligados à função administrativa e as nomeações para cargo de provimento em comis-
organizacional. Conforme artigo 49, X, CF, compete ex- são, bem como a das concessões de aposentadorias,
clusivamente ao Congresso Nacional “fiscalizar e con- reformas e pensões, ressalvadas as melhorias pos-
trolar, diretamente, ou por qualquer de suas Casas, os teriores que não alterem o fundamento legal do ato
atos do Poder Executivo, incluídos os da administração concessório;

56
IV - realizar, por iniciativa própria, da Câmara dos As áreas fiscalizadas são: contábil (registro de receitas
Deputados, do Senado Federal, de Comissão técnica e despesas), financeira (depósitos bancários, empenhos,
ou de inquérito, inspeções e auditorias de natureza pagamentos e recebimento de valores), orçamentário
contábil, financeira, orçamentária, operacional e pa- (orçamento e fiscalização dos registros), operacional
trimonial, nas unidades administrativas dos Poderes (atividades administrativas em geral) e patrimonial (bens
Legislativo, Executivo e Judiciário, e demais entidades públicos).
referidas no inciso II; Em relação à natureza do controle, cabe fixar:
V - fiscalizar as contas nacionais das empresas supra- a) Quanto à legalidade: verificação do cumprimento
nacionais de cujo capital social a União participe, de da lei;
forma direta ou indireta, nos termos do tratado cons- b) Quanto à legitimidade: trata-se de controle exter-
titutivo; no de mérito, consistente em verificação ao respei-
VI - fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repas- to aos princípios jurídicos da boa administração;
c) Quanto à economicidade: verificação do custo-
sados pela União mediante convênio, acordo, ajuste
-benefício dos gastos da administração;
ou outros instrumentos congêneres, a Estado, ao Dis-
d) Quanto à aplicação de subvenções: verificação so-
trito Federal ou a Município;
bre a correta destinação das verbas previstas no
VII - prestar as informações solicitadas pelo Congresso
orçamento;
Nacional, por qualquer de suas Casas, ou por qual- e) Quanto à renúncia de receitas: verificação da vali-
quer das respectivas Comissões, sobre a fiscalização dade da postura de renúncia a receitas que o go-
contábil, financeira, orçamentária, operacional e pa- verno deveria receber, devendo sempre ser justi-
trimonial e sobre resultados de auditorias e inspeções ficada.
realizadas;
VIII - aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalida-
de de despesa ou irregularidade de contas, as sanções
previstas em lei, que estabelecerá, entre outras comi-
#FicaDica
nações, multa proporcional ao dano causado ao erá- Controle legislativo é aquele exercido pelo
rio; Poder Legislativo, com auxílio do Tribunal de
IX - assinar prazo para que o órgão ou entidade adote Contas, com relação às atividades administra-
as providências necessárias ao exato cumprimento da tivas do Executivo e do Judiciário.
lei, se verificada ilegalidade; Classifica-se em controle político ou financei-
X - sustar, se não atendido, a execução do ato impug- ro.
nado, comunicando a decisão à Câmara dos Deputa-
dos e ao Senado Federal;
XI - representar ao Poder competente sobre irregulari-
dades ou abusos apurados.
§ 1º No caso de contrato, o ato de sustação será ado- EXERCÍCIOS COMENTADOS
tado diretamente pelo Congresso Nacional, que so-
licitará, de imediato, ao Poder Executivo as medidas
cabíveis. 1) (STJ - Analista Judiciário - Oficial de Justiça Avalia-
§ 2º Se o Congresso Nacional ou o Poder Executivo, dor Federal - CESPE/2018) Acerca dos princípios e dos
no prazo de noventa dias, não efetivar as medidas poderes da administração pública, da organização admi-
previstas no parágrafo anterior, o Tribunal decidirá a nistrativa, dos atos e do controle administrativo, julgue o
respeito. item a seguir, considerando a legislação, a doutrina e a
§ 3º As decisões do Tribunal de que resulte imputação jurisprudência dos tribunais superiores.
de débito ou multa terão eficácia de título executivo. Cabe ao Poder Legislativo o poder-dever de controle fi-
§ 4º O Tribunal encaminhará ao Congresso Nacional, nanceiro das atividades do Poder Executivo, o que impli-
trimestral e anualmente, relatório de suas atividades. ca a competência daquele para apreciar o mérito do ato
administrativo sob o aspecto da economicidade.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

- Controle da atividade financeira do Estado ( ) CERTO ( ) ERRADO


O controle financeiro é uma das espécies de controle
parlamentar ou legislativo, ao lado do controle político. Resposta: Certo. O controle feito pelo Poder Legis-
No controle financeiro o objeto se relaciona às receitas, lativo atinge atos administrativos do Executivo e do
às despesas e à gestão dos recursos públicos, enfim, toda Judiciário. Sendo assim, o Legislativo controla o Exe-
matéria que abranja finanças públicas.
cutivo tanto no aspecto da legalidade quanto no do
Quanto às formas de controle, pode se dar em con-
mérito do ato administrativo, de modo que se o Exe-
trole interno, sendo que cada Poder possui órgãos in-
cutivo praticar um ato contrário à economicidade o
ternos destinados à verificação dos recursos do erário;
Legislativo poderá exercer controle sobre ele.
ou em controle externo, sendo o tipo de controle no
âmbito federal feito pelo Congresso Nacional e pelo Tri-
bunal de Contas da União.

57
2) (CGM de João Pessoa/PB - Conhecimentos Básicos particulares, de modo que a doutrina de sua irresponsa-
- Cargos: 1, 2 e 3 - CESPE/2018) Acerca do controle da bilidade constituía mero corolário da figuração política
atividade financeira do Estado e do controle exercido pe- de afastamento e da equivocada isenção que o Poder
los tribunais de contas, julgue o próximo item. Público assumia àquela época. A ideia anterior, da intan-
Compete ao Tribunal de Contas da União, entre outras gibilidade do Estado, decorria da irresponsabilidade do
atribuições, representar ao poder cOmpetente sobre irre- monarca, traduzida nos postulados ‘the king can do no
gularidades ou abusos apurados. wrong’ e ‘le roi ne peut mal faire’”67.

( ) CERTO ( ) ERRADO
#FicaDica
Resposta: Certo. Neste sentido, preconiza o artigo - Teoria da irresponsabilidade – O rei não pode
71, XI, CF: “O controle externo, a cargo do Congresso fazer nada errado – Estados não podem ser
Nacional, será exercido com o auxílio do Tribunal de responsabilizados.
Contas da União, ao qual compete: [...] XI – representar - Teorias civilistas – Uma delas era a teoria da
ao Poder competente sobre irregularidades ou abusos culpa comum do Estado, que equiparava o
apurados”. Estado a um indivíduo qualquer, logo, deve-
ria ser analisado na conduta do Estado ação/
omissão, nexo causal e dano; outra delas é a
3) (CGM de João Pessoa/PB - Técnico Municipal de Con-
teoria da responsabilidade subjetiva do agen-
trole Interno - Geral - CESPE/2018) Julgue o item a seguir,
te público, pela qual apenas o agente público
referente a conceitos, tipos e formas de controle na ad-
deveria responder pelo dano causado por sua
ministração pública.
ação/omissão com dolo ou culpa, mas o Esta-
Os tipos e as formas de controle da atividade adminis-
do ficaria isento.
trativa variam segundo o poder, o órgão ou a autoridade
- Teoria da culpa administrativa – É a primei-
que o exercita ou o fundamenta.
ra teoria a reconhecer a responsabilidade do
Estado de indenizar, ultrapassada a concepção
( ) CERTO ( ) ERRADO
de culpa do agente público. O Estado seria res-
ponsabilizado desde que demonstrada a falta
Resposta: Certo. As classificações básicas do controle
do serviço e o dano gerado por esta falta.
se referem a: órgão que o exerce (Executivo, Legislati-
- Teoria do risco administrativo – É a mais atu-
vo, Judiciário); fundamento (hierárquico ou finalístico);
al e adotada no ordenamento brasileiro. O
origem (interno, externo, popular); atividade adminis-
Estado tem obrigação de indenizar indepen-
trativa (legalidade ou mérito); momento de exercício
dentemente da falta do serviço ou da culpa do
(preventivo, concomitante, corretivo).
agente público.

RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO.

Responsabilidade civil do Estado no direito brasi-


A responsabilidade civil do Estado acompanha o ra- leiro
ciocínio de que a principal consequência da prática de O instituto da responsabilidade civil é parte inte-
um ato ilícito é a obrigação que gera para o seu auto de grante do direito obrigacional, uma vez que a principal
reparar o dano, mediante o pagamento de indenização consequência da prática de um ato ilícito é a obrigação
que se refere às perdas e danos. Afinal, quem pratica um que gera para o seu auto de reparar o dano, mediante o
ato ou incorre em omissão que gere dano deve suportar pagamento de indenização que se refere às perdas e da-
as consequências jurídicas decorrentes, restaurando-se o nos. Afinal, quem pratica um ato ou incorre em omissão
equilíbrio social. Todos os cidadãos se sujeitam às regras que gere dano deve suportar as consequências jurídicas
da responsabilidade civil, tanto podendo buscar o res- decorrentes, restaurando-se o equilíbrio social.68
sarcimento do dano que sofreu quanto respondendo por A responsabilidade civil, assim, difere-se da penal,
aqueles danos que causar. Da mesma forma, o Estado podendo recair sobre os herdeiros do autor do ilícito até
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

tem o dever de indenizar os membros da sociedade pe- os limites da herança, embora existam reflexos na ação
los danos que seus agentes causem durante a prestação que apure a responsabilidade civil conforme o resultado
do serviço, inclusive se tais danos caracterizarem uma na esfera penal (por exemplo, uma absolvição por nega-
violação aos direitos humanos reconhecidos. tiva de autoria impede a condenação na esfera cível, ao
passo que uma absolvição por falta de provas não o faz).
Histórico A responsabilidade civil do Estado acompanha o ra-
“Na metade do século XIX, a ideia que prevaleceu ciocínio de que a principal consequência da prática de
no mundo ocidental era a de que o Estado não tinha um ato ilícito é a obrigação que gera para o seu auto de
qualquer responsabilidade pelos atos praticados por reparar o dano, mediante o pagamento de indenização
seus agentes. A solução era muito rigorosa para com os 67 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de
particulares em geral, mas obedecia às reais condições Direito Administrativo. 28. ed. São Paulo: Atlas, 2015.
políticas da época. O denominado Estado Liberal tinha li- 68 GONÇALVES, Carlos Roberto. Responsabilida-
mitada atuação, raramente intervindo nas relações entre de Civil. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2005.

58
que se refere às perdas e danos. Todos os cidadãos se sujeitam às regras da responsabilidade civil, tanto podendo
buscar o ressarcimento do dano que sofreu quanto respondendo por aqueles danos que causar. Da mesma forma, o
Estado tem o dever de indenizar os membros da sociedade pelos danos que seus agentes causem durante a prestação
do serviço, inclusive se tais danos caracterizarem uma violação aos direitos humanos reconhecidos.
Trata-se de responsabilidade extracontratual porque não depende de ajuste prévio, basta a caracterização de ele-
mentos genéricos pré-determinados, que perpassam pela leitura concomitante do Código Civil (artigos 186, 187 e 927)
com a Constituição Federal (artigo 37, §6°).
É preciso lembrar que não é o Estado em si que viola os direitos, porque o Estado é uma ficção formada por um
grupo de pessoas que desempenham as atividades estatais diversas. Assim, viola direitos o agente que o representa,
fazendo com que o próprio Estado seja responsabilizado por isso civilmente, pagando pela indenização (reparação dos
danos materiais e morais). Sem prejuízo, com relação a eles, caberá ação de regresso se agiram com dolo ou culpa.
Genericamente, os elementos da responsabilidade civil se encontram no art. 186 do Código Civil:

Artigo 186, CC. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano
a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.

Este é o artigo central do instituto da responsabilidade civil, que tem como elementos: ação ou omissão voluntária
(agir como não se deve ou deixar de agir como se deve), culpa ou dolo do agente (dolo é a vontade de cometer uma
violação de direito e culpa é a falta de diligência), nexo causal (relação de causa e efeito entre a ação/omissão e o
dano causado) e dano (dano é o prejuízo sofrido pelo agente, que pode ser individual ou coletivo, moral ou material,
econômico e não econômico).
Conforme o caso, a culpa será ou não considerada necessária para reparar o dano. Pela teoria clássica, a culpa é
fundamento da responsabilidade, tanto que a teoria é conhecida como teoria da culpa ou subjetiva, pela qual não ha-
vendo culpa, não há responsabilidade.
A lei impõe, no entanto, a certas pessoas, em determinadas situações, a reparação de um dano cometido sem culpa.
Sempre que isso acontece, entende-se que a responsabilidade é legal ou objetiva, não dependendo de culpa, bastando
o dano e o nexo de causalidade (a culpa pode ou não existir, mas nem é avaliada).
Na responsabilidade subjetiva, provar a culpa é pressuposto do dano indenizável; enquanto que na responsabilida-
de objetiva o elemento culpa é excluído (restam apenas ação ou omissão, dano e nexo causal), sendo substituído pelo
risco.
Mesmo na responsabilidade objetiva, não se pode responsabilizar quem não tenha dado causa ao evento, sendo
imprescindível a demonstração do nexo causal.
Teorias da responsabilidade objetiva surgem por se entender que a culpa é insuficiente para regular todas as
situações de responsabilidade civil. A responsabilidade objetiva não substitui a responsabilidade subjetiva, mas fica
circunscrita aos seus próprios limites, notadamente, quando a atividade – por sua natureza – representar risco para os
direitos de outrem.
Logo, uma das teorias que justificam a responsabilidade objetiva é a teoria do risco, pela qual toda pessoa que
exerce alguma atividade cria um risco de dano para terceiros e deve repará-lo caso ocorra (desloca-se a noção de culpa
para a noção de risco).
O Código Civil brasileiro filia-se à teoria subjetiva:

Art. 186, CC. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a
outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito”. Coloca-se no artigo a culpa lato sensu (sentido amplo),
que envolve tanto o dolo quando a culpa stricto sensu (sentido estrito, de negligência, imprudência ou imperícia).

Entretanto, em diversos dispositivos esparsos e legislações específicas estabelecem casos em que não se aplicará a
responsabilidade subjetiva, mas a objetiva:
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou
quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos
de outrem.

59
todo assalto que ocorra, a não ser que na circuns-
#FicaDica tância específica possuía o dever de impedir o as-
O ordenamento jurídico brasileiro adota a te- salto, como no caso de uma viatura presente no
oria do risco administrativo, a qual reconhece local - muito embora o direito à segurança pessoal
a obrigação de reparar o dano independen- seja um direito humano reconhecido).
temente da falta do serviço ou da culpa do 2) Agentes públicos - é toda pessoa que trabalhe
agente público. Basicamente, a teoria do risco dentro da administração pública, tenha ingressado
administrativo reconhece a existência de res- ou não por concurso, possua cargo, emprego ou
ponsabilidade civil objetiva do Estado. função. Envolve os agentes políticos, os servido-
res públicos em geral (funcionários, empregados
ou temporários) e os particulares em colaboração
(por exemplo, jurado ou mesário).
Responsabilidade por ato comissivo do Estado; Res- 3) Dano causado quando o agente estava agindo nes-
ponsabilidade por omissão do Estado ta qualidade - é preciso que o agente esteja lan-
No caso da responsabilidade civil do Estado, o cons- çando mão das prerrogativas do cargo, não agindo
tituinte viu por bem adotar como regra geral a teoria da como um particular.
responsabilidade objetiva: Sem estes três requisitos, não será possível acionar
o Estado para responsabilizá-lo civilmente pelo dano,
por mais relevante que tenha sido a esfera de direitos
Artigo 37, §6º, CF. As pessoas jurídicas de direito pú-
atingida. Assim, não é qualquer dano que permite a res-
blico e as de direito privado prestadoras de serviços
ponsabilização civil do Estado, mas somente aquele que
públicos responderão pelos danos que seus agentes,
é causado por um agente público no exercício de suas
nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o
funções e que exceda as expectativas do lesado quanto
direito de regresso contra o responsável nos casos de
à atuação do Estado.
dolo ou culpa.

Logo, para que se caracterize a responsabilidade do


Estado basta a comprovação dos elementos ação, nexo #FicaDica
causal e dano, como regra geral. Contudo, tomadas as Tomada a teoria da responsabilidade objetiva,
exigências de características dos danos acima colacio- que exige ação, nexo causal e dano, pode-se
nadas, notadamente a anormalidade, considera-se que dizer que são requisitos da responsabilidade
para o Estado ser responsabilizado por um dano, ele do Estado:
deve exceder expectativas cotidianas, isto é, não cabe Fato do serviço – A ação foi praticada por um
exigir do Estado uma excepcional vigilância da sociedade agente público;
e a plena cobertura de todas as fatalidades que possam Nexo de causalidade – Entre o fato do serviço
acontecer em território nacional. e o dano;
Diante de tal premissa, entende-se que a responsa- Dano – Causado pelo agente público no exer-
bilidade civil do Estado será objetiva apenas no caso de cício da função.
ações, mas subjetiva no caso de omissões. Em outras pa-
lavras, verifica-se se o Estado se omitiu tendo plenas con-
dições de não ter se omitido, isto é, ter deixado de agir Causas excludentes e atenuantes da responsabili-
quando tinha plenas condições de fazê-lo, acarretando dade do Estado
em prejuízo dentro de sua previsibilidade. Não é sempre que o Estado será responsabilizado. Há
São casos nos quais se reconheceu a responsabilida- excludentes da responsabilidade estatal, aprofunda-
de omissiva do Estado: morte de filho menor em creche das abaixo, notadamente: a) caso fortuito (fato de ter-
municipal, buracos não sinalizados na via pública, ten- ceiro) ou força maior (fato da natureza) fora dos alcances
tativa de assalto a um usuário do metrô resultando em da previsibilidade do dano; b) culpa exclusiva da vítima.
morte, danos provocados por enchentes e escoamento Todas estas excludentes geram a exclusão do ele-
de águas pluviais quando o Estado sabia da problemática mento nexo causal, que é o liame subjetivo entre a ação/
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

e não tomou providência para evitá-las, morte de deten- omissão e o dano, não do elemento culpa, que envolve
to em prisão, incêndio em casa de shows fiscalizada com o aspecto volitivo da ação/omissão. Afinal, em regra, a
negligência, etc. responsabilidade civil do Estado é objetiva, de modo que
a ausência de culpa ainda caracteriza a responsabilidade.
Requisitos para a demonstração da responsabili- Logo, caso se esteja diante de uma hipótese de respon-
dade do Estado sabilidade civil do Estado subjetiva por omissão, também
1) Dano - somente é indenizável o dano certo, espe- a ausência de culpa excluirá o dever de indenizar.
cial e anormal. Certo é o dano real, existente. Espe-
cial é o dano específico, individualizado, que atinge
determinada ou determinadas pessoas. Anormal é a) Fortuito
o dano que ultrapassa os problemas comuns da Hoje, fortuito e força maior são sinônimos. Trata-se
vida em sociedade (por exemplo, infelizmente os de fato externo à conduta do agente de natureza
assaltos são comuns e o Estado não responde por inevitável (externabilidade + inevitabilidade), con-
forme artigo 393, parágrafo único, CC. Imprevisibi-

60
lidade não é atributo de caso fortuito (ex.: terremo- O artigo 5º, X, CF constitucionalizou como direito fun-
to no Japão é previsível, mas é externo e inevitável, damental a reparação do dano moral. Hoje, não há
logo, o caso é fortuito). dúvida de que cabe ação pleiteando exclusivamente
Fortuito interno é diferente de fortuito externo. For- dano moral – é o dano moral puro, presente na ex-
tuito interno se relaciona com a atividade ordinária pressão “ainda que exclusivamente moral” do artigo
do causador do dano – há responsabilidade, por 186, CC.
exemplo, falha dos freios gerando acidente de
ônibus. O fortuito externo não é introduzido pelo Direito de regresso
agente, por exemplo, assalto, infarto, chuva forte. Prevê o artigo 37, §6° da Constituição Federal:
No fortuito interno o risco é de dentro pra fora, no
fortuito externo é de fora pra dentro. Apenas no
primeiro há dever de indenizar, isto é, mostra-se Artigo 37, §6º, CF. As pessoas jurídicas de direito pú-
necessário o vínculo com a atividade. blico e as de direito privado prestadoras de serviços
Ex.: Para o STF, o banco tem o dever de dar segurança, públicos responderão pelos danos que seus agentes,
tudo o que ocorre nele é fortuito interno. Inclusive, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o
o STJ diz que fazem parte do risco da instituição fi- direito de regresso contra o responsável nos casos de
nanceira os golpes que possa sofrer, por exemplo, dolo ou culpa.
subtração fraudulenta dos cofres em sua guarda
(Informativo nº 468, STJ). Este artigo deixa clara a formação de uma relação ju-
rídica autônoma entre o Estado e o agente público que
b) Fato exclusivo da vítima causou o dano no desempenho de suas funções. Nesta
Quem provocou o dano foi a própria vítima. relação, a responsabilidade civil será subjetiva, ou seja,
Fato concorrente – Fenômeno da causalidade múl- caberá ao Estado provar a culpa do agente pelo dano
tipla ou autoria plural – 2 condutas concorrentes causado, ao qual foi anteriormente condenado a reparar.
para produzir um único dano. Somente reduz o Direito de regresso é justamente o direito de acionar o
montante de danos. causador direto do dano para obter de volta aquilo que
pagou à vítima, considerada a existência de uma relação
c) Fato de terceiro obrigacional que se forma entre a vítima e a instituição
São casos em que a causa necessária para o dano não que o agente compõe.
foi nem o comportamento do agente e nem o da Assim, o Estado responde pelos danos que seu agen-
vítima. O agente, na contestação, fará nomeação à te causar aos membros da sociedade, mas se este agente
autoria – gerando exclusão, não o futuro regresso agiu com dolo ou culpa deverá ressarcir o Estado do que
foi pago à vítima. O agente causará danos ao praticar
da denunciação da lide.
condutas incompatíveis com o comportamento ético
Terceiro não identificado – o agente não se respon-
dele esperado.69
sabiliza, pois não teve um comportamento – act A responsabilidade civil do servidor exige prévio pro-
of God (do inglês, ato de Deus) – fortuito externo. cesso administrativo disciplinar no qual seja assegurado
contraditório e ampla defesa. Trata-se de responsabili-
Reparação do dano dade civil subjetiva ou com culpa. Havendo ação ou
Não é de hoje que o Direito é pacífico ao afirmar o omissão com culpa do servidor que gere dano ao erário
fato de que a prática de um ato ilícito gera um dever (Administração) ou a terceiro (administrado), o servidor
de reparação. Há muito, o dever de reparação se dava terá o dever de indenizar. Não obstante, agentes públi-
pela causação de dano igual ao ofensor; nos ditames do cos que pratiquem atos violadores de direitos humanos
direito moderno, o dever de reparação se consolida pela se sujeitam à responsabilidade penal e à responsabi-
lidade administrativa, todas autônomas uma com re-
obrigação de indenizar (tanto pelo dano material quanto
lação à outra e à já mencionada responsabilidade civil.
pelo dano moral).
Neste sentido, o artigo 125 da Lei nº 8.112/90:
Por um só fato pode caber dano patrimonial e dano
moral, se esta lesão gerar os 2 tipos de consequências – Artigo 125, Lei nº 8.112/1990. As sanções civis, penais
súmula 37, STJ – pelo dano patrimonial busca-se a inde- e administrativas poderão cumular-se, sendo indepen-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

nização (eliminar o dano) ou ressarcimento (pagamento dentes entre si.


da coisa), o que coloca a vítima na situação financeira que
tinha antes do dano (retorno ao status quo ante); pelo
dano extrapatrimonial, como não há preço que repare a Com efeito, no caso da responsabilidade civil, o Es-
ofensa à dignidade, o que se busca é uma compensação tado é diretamente acionado e responde pelos atos de
ou satisfação (compensa-se pois o valor é uma resposta seus servidores que violem direitos, cabendo eventual-
do Judiciário no sentido de que a ofensa não ficará im- mente ação de regresso contra ele. Contudo, nos casos
pune; satisfação é a postura do Estado de responder pela da responsabilidade penal e da responsabilidade admi-
ofensa à dignidade). A palavra adequada para designar nistrativa aciona-se o agente público que praticou o ato.
ambos é REPARAÇÃO (vide caput do artigo 948, que fala Destaca-se a independência entre as esferas civil, penal
em outras reparações, trazendo lucro cessante e dano e administrativa no que tange à responsabilização do
emergente nos incisos). agente público que cometa ato ilícito.
69 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo.
13. ed. São Paulo: Método, 2011.

61
#FicaDica
EXERCÍCIOS COMENTADOS
O fato de o agente público ter agido com cul-
pa apenas é relevante para os fins de regresso,
ou seja, o Estado poderá retomar do agente o 1) (EBSERH - Advogado - CESPE/2018) A respeito de
valor da indenização se ele agiu com culpa ou danos causados a particular por agente público de fato
dolo. Se o agente não tiver agido com dolo ou (necessário ou putativo), julgue o item a seguir.
culpa, ainda assim o Estado terá que indenizar O Estado terá o dever de indenizar no caso de dano pro-
(devido à adoção da teoria do risco adminis- vocado a terceiro de boa-fé por agente público neces-
trativo para fins de responsabilidade objetiva sário.
do Estado), mas não terá direito de regresso.
( ) CERTO ( ) ERRADO

Resposta: Certo. A teoria da responsabilidade obje-


Responsabilidade primária e subsidiária
tiva está esculpida no artigo 37, § 6o, CF: “As pesso-
O Estado responde diretamente pelos danos causa-
as jurídicas de direito público e as de direito privado
dos por seus agentes públicos, ou seja, por aqueles que
prestadoras de serviços públicos responderão pelos
estão vinculados a qualquer dos órgãos da administra-
danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem
ção direta ou indireta: trata-se de responsabilidade pri-
a terceiros, assegurado o direito de regresso contra
mária, embora exista o direito de regresso.
o responsável nos casos de dolo ou culpa”. Assim, o
Contudo, existem situações em que o Estado apenas
terceiro de boa-fé lesado pode sim demandar contra
irá responder se o verdadeiro responsável pelo dano não
o Estado, que terá o dever de indenizar. O Estado, por
puder repará-lo, por exemplo, no caso de suas conces-
sua vez, poderá retomar o valor da indenização do
sionárias e delegatárias de serviços públicos. No caso,
agente público necessário caso ele tenha agido com
tem-se responsabilidade subsidiária.
dolo ou culpa.
Responsabilidade do Estado por atos legislativos
e judiciais 2) (EBSERH - Advogado - CESPE/2018) A respeito de da-
“Por atos (permissão, licença) ou fatos (atos materiais, nos causados a particular por agente público de fato (ne-
a exemplo da construção de obras públicas) administra- cessário ou putativo), julgue o item a seguir.
tivos que causem danos a terceiros a regra é a respon- Em razão do princípio da proteção da confiança, quando
sabilidade civil do Estado, mas por atos legislativos (leis) o dano for causado por funcionário público putativo, o
e judiciais (sentenças) a regra é a irresponsabilidade. Em Estado não responderá civilmente perante particulares
princípio, o Estado não responde por prejuízos decorren- de boa-fé.
tes de sentença ou de lei, salvo se expressamente impos-
ta tal obrigação por lei ou oriunda de culpa manifesta no ( ) CERTO ( ) ERRADO
desempenho das funções de julgar e legislar.
A lei e a sentença, atos típicos, respectivamente, do Resposta: Errado. A jurisprudência e a doutrina do-
Poder Legislativo e do Poder Judiciário, dificilmente po- minantes reconhecem a teoria da aparência no que se
derão causar dano reparável (certo, especial, anormal, refere ao chamado agente de fato, pela qual o terceiro
referente a uma situação protegida pelo Direito e de va- de boa-fé lesado por aquele que se comporte como
lor economicamente apreciável). Com efeito, a lei age de agente público e tenha todas as aparências de sê-lo
forma geral, abstrata e impessoal e suas determinações deve ser indenizado pelo Estado devido ao dano que
constituem ônus generalizados impostos a toda coletivi- sofreu. O agente de fato deve ser tido como se agente
dade. Nesse particular, o que já se viu foi a declaração de público o fosse e o Estado deve indenizar, preservado
responsabilidade patrimonial do Estado por ato baseado o direito do terceiro de boa-fé.
em lei declarada, posteriormente, como inconstitucional.
Assim, a edição de lei inconstitucional pode obrigar o Es-
3) (STJ - Analista Judiciário - Área Administrativa - CES-
tado a reparar os prejuízos dela decorrentes. Fora dessa
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

PE/2018) Julgue o item a seguir, relativo à responsabili-


hipótese, o que se tem é a não-obrigação de indenizar.
dade civil do Estado.
A sentença não pode propiciar qualquer ressarcimen-
Excetuados os casos de dever específico de proteção, a
to por eventuais danos que possa acarretar às partes ou
responsabilidade civil do Estado por condutas omissivas
a terceiros. Devem ser ressalvadas as hipóteses de con-
é subjetiva, devendo ser comprovados a negligência na
denações pessoais injustas, cuja absolvição é obtida em
atuação estatal, o dano e o nexo de causalidade.
revisão criminal (CF, art. 5º, LXXV). Observe-se, que nos
casos em que o Juiz, a exemplo do que prevê o art. 133
( ) CERTO ( ) ERRADO
do Código de Processo Civil, responde, pessoalmente,
por dolo, fraude, recusa, omissão ou retardamento injus-
Resposta: Certo. Embora a regra seja a da respon-
tificado de atos ou providências de seu ofício, não se tem
sabilidade objetiva do Estado, o entendimento domi-
responsabilidade patrimonial do Estado. A responsabili-
nante é de que nos casos de omissão a responsabili-
dade é do Juiz, não se transmitindo ao Estado”70.
dade é subjetiva, isto é, cabe demonstrar que o Estado
70 http://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/903/ Responsabilidade-Civil-do-Estado

62
se omitiu com dolo ou culpa e assim causou o dano.
Contudo, segue-se a regra geral quando o Estado tiver
um dever específico de proteção (ex.: Estado tem o HORA DE PRATICAR
dever específico proteger o detento sob sua guarda;
caso outro detento atente contra sua integridade físi- 1) (PGE-PE - Analista Judiciário de Procuradoria -
ca e o Estado nada fizer, deverá indenizar). CESPE/2019) Com relação à origem e às fontes do di-
reito administrativo, aos sistemas administrativos e à ad-
ministração pública em geral, julgue o item que segue.
4) (STM - Cargos de Nível Superior - Conhecimentos Bá- Em sentido objetivo, administração pública designa os
sicos - CESPE/2018) Julgue o item a seguir, relativo ao entes que exercem a atividade administrativa de forma a
regime jurídico dos servidores públicos civis da União, às balizar a execução da função administrativa.
carreiras dos servidores do Poder Judiciário da União e à
responsabilidade civil do Estado. ( ) CERTO ( ) ERRADO
Um servidor público federal que, no exercício de sua fun-
ção, causar dano a terceiros poderá ser demandado dire- 2) (Polícia Federal - Agente de Polícia Federal - CES-
tamente pela vítima em ação indenizatória. PE/2018) Acerca da organização da administração públi-
ca brasileira, julgue o item subsequente.
( ) CERTO ( ) ERRADO Sob a perspectiva do critério formal adotado pelo Bra-
sil, somente é administração pública aquilo determinado
Resposta: Errado. O artigo 37, § 6o, CF estabelece uma como tal pelo ordenamento jurídico brasileiro, indepen-
dupla proteção: ao mesmo tempo que todo cidadão dentemente da atividade exercida. Assim, a administra-
será indenizado por danos que agentes públicos lhe ção pública é composta exclusivamente pelos órgãos
causem, mesmo sem culpa ou dolo; o agente público integrantes da administração direta e pelas entidades da
tem direito de ser demandado apenas pelo próprio administração indireta.
Estado em ação de regresso, não podendo ser direta-
mente demandado pelo cidadão que sofreu o dano. ( ) CERTO ( ) ERRADO

3) (MPE-PI - Conhecimentos Básicos - Cargos de Ní-


vel Superior - CESPE/2018) Julgue o item subsequente,
relativo a controle da administração pública, regime ju-
rídico administrativo, processo administrativo federal e
improbidade administrativa.
Conforme o regime jurídico administrativo, apesar de
assegurada a supremacia do interesse público sobre o
privado, à administração pública é vedado ter privilégios
não concedidos a particulares.

( ) CERTO ( ) ERRADO

4) (IPHAN - Técnico I - Área 2 - CESPE/2018) À luz da


Lei nº 8.112/1990, da Lei nº 12.527/2011 e do Código
de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder
Executivo Federal, julgue o item subsecutivo.
Em regra, a publicidade do ato administrativo constitui
requisito de eficácia e moralidade; por isso, a sua omis-
são enseja comprometimento ético contra o bem co-
mum, imputável a quem a negar.

( ) CERTO ( ) ERRADO
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

5) (Polícia Federal - Escrivão de Polícia Federal - CES-


PE/2018) Um servidor público federal determinou a no-
meação de seu irmão para ocupar cargo de confiança
no órgão público onde trabalha. Questionado por outros
servidores, o departamento jurídico do órgão emitiu pa-
recer indicando que o ato de nomeação é ilegal.
Considerando essa situação hipotética, julgue o item a
seguir.
O princípio da autotutela permite que o Poder Judiciário
intervenha para apreciar atos administrativos que este-
jam supostamente eivados de ilegalidades.

( ) CERTO ( ) ERRADO

63
6) (Prefeitura de Boa Vista - RR - Procurador Munici- 12) (PRF - Policial Rodoviário Federal - CESPE/2019)
pal - CESPE/2019) A respeito de improbidade adminis- No tocante a atos administrativos, julgue o item a seguir.
trativa, processo administrativo e organização adminis- Tanto a inexistência da matéria de fato quanto a sua ina-
trativa, julgue o item seguinte. dequação jurídica podem configurar o vício de motivo de
A criação de empresa pública é um exemplo de descen- um ato administrativo.
tralização de poder realizado por meio de atos de direito
privado, ainda que a instituição da empresa pública de- ( ) CERTO ( ) ERRADO
penda de autorização legislativa.
13) (FUB - Administrador - CESPE/2018) No que diz
( ) CERTO ( ) ERRADO respeito à administração pública, julgue o item a seguir.
Ato administrativo constitui ato jurídico perfeito e, por
7) (Prefeitura de Boa Vista - RR - Procurador Muni- essa razão, o seu questionamento judicial é vedado.
cipal - CESPE/2019) Julgue o item a seguir, acerca das
disposições constitucionais a respeito de direito admi- ( ) CERTO ( ) ERRADO
nistrativo.
A investidura em empregos públicos em sociedades de 14) (SEFAZ-RS - Assistente Administrativo Fazendá-
economia mista depende de prévia aprovação em con- rio - CESPE/2018) Assinale a opção que apresenta o
curso público, mas não se estende a esse tipo de empre- atributo pelo qual determinados atos administrativos
go a proibição constitucional de acumulação remunera- podem ser executados direta e imediatamente pela
da de funções e cargos públicos. própria administração pública, independentemente de
intervenção do Poder Judiciário.
( ) CERTO ( ) ERRADO
a) presunção de legitimidade.
8) (PGE-PE - Assistente de Procuradoria - CESPE/2019) b) imperatividade.
c) autoexecutoriedade.
A respeito da administração pública brasileira, julgue o
d) tipicidade.
item a seguir.
e) presunção de veracidade.
A administração pública direta inclui as autarquias, as
fundações públicas e as empresas públicas.
15) (SEFAZ-RS - Técnico Tributário da Receita Estadu-
( ) CERTO ( ) ERRADO al - Prova 2 - CESPE/2018) Assinale a opção que indica
o atributo conforme o qual o ato administrativo deve
9) (PGE-PE - Assistente de Procuradoria - CESPE/2019) corresponder a uma figura definida previamente pela lei
A respeito da administração pública brasileira, julgue o como apta a produzir determinados resultados.
item a seguir.
A descentralização consiste na repartição de funções a) presunção de legitimidade.
entre mais de um órgão de uma mesma administração, b) autoexecutoriedade.
sem que haja quebra de hierarquia, e pode ocorrer por c) imperatividade.
critério territorial. d) coercibilidade.
e) tipicidade.
( ) CERTO ( ) ERRADO
16) (Prefeitura de Boa Vista - RR - Procurador Munici-
10) (PGE-PE - Conhecimentos Básicos - Cargos: 1, 2, 3 pal - CESPE/2019) A respeito de improbidade adminis-
e 4 - CESPE/2019) Com relação à organização adminis- trativa, processo administrativo e organização adminis-
trativa e à administração pública direta e indireta, julgue trativa, julgue o item seguinte.
o item a seguir. Caso o administrado não atenda a intimação em proces-
A criação de fundações públicas de direito público ocorre so administrativo, incidirá o ônus de reconhecimento da
por meio de lei, não sendo necessária a inscrição de seus verdade dos fatos alegados.
atos constitutivos em registro civil de pessoas jurídicas.
( ) CERTO ( ) ERRADO
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

( ) CERTO ( ) ERRADO
17) (PGE-PE - Analista Judiciário de Procuradoria -
CESPE/2019) À luz das normas pertinentes à adminis-
11) (PGM - Campo Grande - MS - Procurador Munici- tração pública e com relação a atos e contratos admi-
pal - CESPE/2019) Acerca de atos administrativos, julgue nistrativos, serviços públicos, improbidade administrativa
o item que se segue. e intervenção do Estado na propriedade, julgue o item
A administração pública poderá revogar atos administra- seguinte.
tivos que possuam vício que os torne ilegais, ainda que o A ocorrência da decadência gera a extinção de direito, o
ato revogatório não tenha sido determinado pelo Poder que, contudo, não impede a administração pública de se
Judiciário. manifestar a tempo e modo em processo administrativo.

( ) CERTO ( ) ERRADO
( ) CERTO ( ) ERRADO

64
18) (MPU - Técnico do MPU - Administração - CES- 22) (STJ - Técnico Judiciário - Administrativa - CES-
PE/2018) Inconformada com a aplicação de uma multa, PE/2018) Julgue o seguinte item de acordo com as dis-
uma sociedade privada contratada pelo poder público posições constitucionais e legais acerca dos agentes pú-
ingressou com pedido administrativo de anulação da pe- blicos.
nalidade. No curso do processo, o representante legal da A acumulação remunerada de cargos públicos é vedada,
sociedade foi chamado a prestar esclarecimentos, mas exceto quando houver compatibilidade de horários, caso
deixou de comparecer. A decisão final manteve a multa, em que será possível, por exemplo, acumular até três car-
razão por que a sociedade interpôs recurso administra- gos de profissionais de saúde.
tivo.
( ) CERTO ( ) ERRADO
Com relação a essa situação hipotética, julgue o item que
se segue, considerando as disposições legais acerca de
processo administrativo. 23) (STM - Técnico Judiciário - Área Administrativa -
A autoridade legalmente competente para julgar o re- CESPE/2018) Acerca do direito administrativo, dos atos
curso administrativo não pode delegar essa atribuição a administrativos e dos agentes públicos, julgue o item a
terceiro. seguir.
Os empregados das empresas públicas submetem-se ao
( ) CERTO ( ) ERRADO regime celetista e, por isso, estão fora do rol de agentes
públicos.

19) (MPU - Técnico do MPU - Administração - CES- ( ) CERTO ( ) ERRADO


PE/2018) Inconformada com a aplicação de uma multa,
uma sociedade privada contratada pelo poder público
24) (STM - Técnico Judiciário - Área Administrativa -
ingressou com pedido administrativo de anulação da pe-
CESPE/2018) Acerca do direito administrativo, dos atos
nalidade. No curso do processo, o representante legal da administrativos e dos agentes públicos, julgue o item a
sociedade foi chamado a prestar esclarecimentos, mas seguir.
deixou de comparecer. A decisão final manteve a multa, Em que pese ocuparem cargos eletivos, as pessoas físi-
razão por que a sociedade interpôs recurso administra- cas que compõem o Poder Legislativo são consideradas
tivo. agentes públicos.
Com relação a essa situação hipotética, julgue o item que
se segue, considerando as disposições legais acerca de ( ) CERTO ( ) ERRADO
processo administrativo.
O recurso administrativo deverá ser dirigido à autoridade
25) (CGM de João Pessoa - PB - Conhecimentos Bási-
que proferiu a decisão, a qual, se não reconsiderar tal cos - Cargos: 1, 2 e 3 - CESPE/2018) No que se refere
decisão, deverá encaminhá-lo para autoridade superior. às características do poder de polícia e ao regime jurídico
dos agentes administrativos, julgue o item que se segue.
( ) CERTO ( ) ERRADO A garantia constitucional de permanecer no cargo pú-
blico após três anos de efetivo exercício denomina-se
20) (MPE-PI - Conhecimentos Básicos - Cargos de Ní- efetividade.
vel Superior - CESPE/2018) Julgue o item subsequente,
( ) CERTO ( ) ERRADO
relativo a controle da administração pública, regime ju-
rídico administrativo, processo administrativo federal e
improbidade administrativa. 26) (PGE-PE - Conhecimentos Básicos - Cargos: 1, 2,
Embora a competência conferida aos agentes públicos 3 e 4 - CESPE/2019) Acerca de poderes administrativos,
seja irrenunciável, há situações específicas em que, con- julgue o item subsequente.
forme a conveniência, a lei permite que ocorra a delega- Configura abuso do poder regulamentar a edição de re-
ção ou a avocação. gulamento por chefe do Poder Executivo dispondo obri-
gações diversas das contidas em lei regulamentada, ain-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

( ) CERTO ( ) ERRADO da que sejam obrigações derivadas.

( ) CERTO ( ) ERRADO
21) (MPU - Técnico do MPU - Administração - CES-
PE/2018) A respeito da organização político-adminis- 27) (PGE-PE - Conhecimentos Básicos - Cargos: 1, 2,
trativa do Estado brasileiro e da administração pública, 3 e 4 - CESPE/2019) Acerca de poderes administrativos,
julgue o item seguinte. julgue o item subsequente.
Para exercer função de confiança na administração públi- O administrador público age no exercício do poder hie-
ca, o servidor deverá ser ocupante de cargo efetivo. rárquico ao editar atos normativos com o objetivo de or-
denar a atuação de órgãos a ele subordinados.
( ) CERTO ( ) ERRADO
( ) CERTO ( ) ERRADO

65
28) (SEFAZ-RS - Auditor Fiscal da Receita Estadual - 34) (PRF - Policial Rodoviário Federal - CESPE/2018)
Bloco II - CESPE/2019) O alvará de licença e o alvará de No tocante aos poderes administrativos e à responsabili-
autorização concedidos pela administração pública cons- dade civil do Estado, julgue o próximo item.
tituem meio de atuação do poder: A responsabilidade civil do Estado por ato comissivo é
subjetiva e baseada na teoria do risco administrativo, de-
a) disciplinar. vendo o particular, que foi a vítima, comprovar a culpa ou
b) regulamentar. o dolo do agente público.
c) hierárquico.
d) de polícia. ( ) CERTO ( ) ERRADO
e) hierárquico e do disciplinar.
35) (MPU - Analista do MPU - Direito - CESPE/2018)
29) (PRF - Policial Rodoviário Federal - CESPE/2019) Acerca da responsabilidade civil do Estado, julgue o se-
No tocante aos poderes administrativos e à responsabili- guinte item.
dade civil do Estado, julgue o próximo item. A vítima que busca reparação por dano causado por
O abuso de poder, que inclui o excesso de poder e o agente público poderá escolher se a ação indenizatória
desvio de finalidade, não decorre de conduta omissiva será proposta diretamente contra o Estado ou em litis-
de agente público. consórcio passivo entre o Estado e o agente público cau-
sador do dano.
( ) CERTO ( ) ERRADO
( ) CERTO ( ) ERRADO

30) (PRF - Policial Rodoviário Federal - CESPE/2019)


No tocante aos poderes administrativos e à responsabili-
dade civil do Estado, julgue o próximo item.
Constitui poder de polícia a atividade da administração
pública ou de empresa privada ou concessionária com
delegação para disciplinar ou limitar direito, interesse ou
liberdade, de modo a regular a prática de ato em razão
do interesse público relativo à segurança.

31) (PGE-PE - Asssistente de Procuradoria - CES-


PE/2019) No que se refere ao controle da administração
pública, julgue o item que se segue.
O controle judicial dos atos administrativos é restrito a
aspectos de legalidade, sendo vedada a análise do méri-
to administrativo pelo Poder Judiciário.

( ) CERTO ( ) ERRADO

32) (TCE-MG - Analista de Controle Externo - Ciências


Atuariais - CESPE/2018) No controle administrativo, o
meio utilizado para se expressar oposição a atos da ad-
ministração que afetam direitos ou interesses legítimos
do interessado é denominado:

a) representação.
b) fiscalização hierárquica.
c) pedido de reconsideração.
d) reclamação.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

e) recurso administrativo.

33) (TCE-MG - Analista de Controle Externo - Direito


- CESPE/2018) Conforme a classificação das formas de
controle administrativo, ao realizar auditoria de despesas
efetuadas pelo Poder Executivo durante a execução do
orçamento, o tribunal de contas exerce controle:

a) externo e posterior.
b) interno e prévio.
c) interno e concomitante.
d) interno e posterior.
e) externo e concomitante.

66
ANOTAÇÕES
GABARITO

1 ERRADO ________________________________________________
2 CERTO _________________________________________________
3 ERRADO
_________________________________________________
4 CERTO
5 ERRADO
_________________________________________________

6 CERTO _________________________________________________
7 ERRADO _________________________________________________
8 ERRADO
_________________________________________________
9 ERRADO
10 CERTO _________________________________________________
11 ERRADO _________________________________________________
12 CERTO
_________________________________________________
13 ERRADO
14 C _________________________________________________
15 E _________________________________________________
16 ERRADO
_________________________________________________
17 ERRADO
18 CERTO _________________________________________________
19 CERTO _________________________________________________
20 CERTO
_________________________________________________
21 CERTO
_________________________________________________
22 ERRADO
23 ERRADO _________________________________________________
24 CERTO _________________________________________________
25 ERRADO
_________________________________________________
26 ERRADO
27 CERTO _________________________________________________
28 D _________________________________________________
29 ERRADO
_________________________________________________
30 ERRADO
31 CERTO _________________________________________________
32 D _________________________________________________
33 E
_________________________________________________
34 ERRADO
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

35 ERRADO _________________________________________________

_________________________________________________

_________________________________________________

_________________________________________________

_________________________________________________

_________________________________________________
_________________________________________________

_________________________________________________

67
ANOTAÇÕES

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

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68
ÍNDICE

NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Princípios fundamentais ....................................................................... 01


Direitos e garantias fundamentais. Direitos e deveres individuais e coletivos, direitos sociais, nacionalidade, cidadania,
direitos políticos, partidos políticos .................................................................................................................................................................. 01
Administração pública ............................................................................................................................................................................................ 06
Disposições gerais, servidores públicos .......................................................................................................................................................... 07
Poder Legislativo. Congresso Nacional, Câmara dos Deputados, Senado Federal, deputados e senadores. Poder
Executivo. atribuições do presidente da República e dos ministros de Estado ................................................................................ 07
Poder Judiciário. Disposições gerais. Órgãos do Poder Judiciário. Competências. Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Composição e competências ................................................................................................................................................................................ 16
Funções essenciais à justiça. Ministério Público, Advocacia Pública e Defensoria Pública .......................................................... 18
Comentário O art. 1º, § único da CF enuncia que: “Todo
CONSTITUIÇÃO E PRINCÍPIOS o poder emana do povo, que o exerce por meio de re-
FUNDAMENTAIS. presentantes eleitos ou diretamente, nos termos desta
Constituição”.
GABARITO OFICIAL: CERTO
Na Constituição Federal de 1988, os princípios
fundamentais, ponto pilar da Lei, aparecem no Título 2 (CGM-PB – TÉCNICO MUNICIPAL DE CONTROLE
I, o qual é composto por quatro artigos, sendo que, cada INTERNO-GERAL – CESPE – 2018) Acerca dos princí-
um desses dispositivos apresenta um tipo de princípio pios, fundamentos e objetivos da Constituição Federal de
fundamental. 1988 (CF), julgue o item a seguir.
O art. 1º trata dos fundamentos da República A soberania, que consiste em um poder político supremo
Federativa do Brasil, que são: a) A soberania; b) Cidadania; e independente, é um dos fundamentos da República Fe-
c) Dignidade da pessoa humana; d) Valores sociais do derativa do Brasil.
trabalho e da livre iniciativa; e o e) Pluralismo político.
Já o art. 2º trata do princípio da separação de ( ) CERTO ( ) ERRADO
Poderes, ou seja, que o poder Legislativa, Executivo e o
Judiciário são independentes (não precisa de um para o Comentário: A soberania é um dos Princípios Funda-
outro atuar) no entanto, devem ser harmônicos (um irá mentais da República, art. 1º, I, CF.
completar o outro). GABARITO OFICIAL: CERTO
O art. 3º, traz os objetivos fundamentais que são:
a) Construção de uma sociedade livre justa e solidária; 3 (IPHAN – AUXILIAR INSTITUCIONAL – ÁREA 1 –
b) Garantir o desenvolvimento nacional; c) Erradicar a CESPE – 2018) No que diz respeito aos princípios fun-
pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades damentais previstos na Constituição Federal de 1988,
sociais e regionais; e por último, e) promover o bem de julgue o próximo item.
todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade São princípios da República Federativa do Brasil, dentre
e quaisquer outras formas de discriminação. outros, a defesa da paz, da igualdade entre estados e da
Finalizando, o art. 4º traz os princípios nas prevalência dos direitos humanos.
relações internacionais que são a independência
nacional, prevalência dos direitos humanos, ( ) CERTO ( ) ERRADO
autodeterminação dos povos, não intervenção, igualdade
entre os Estados, defesa da paz, solução pacífica dos Comentário: A assertiva encontra-se nos termos do
conflitos, repúdio ao terrorismo e ao racismo, cooperação previsto no art. 4º, incisos II, V e VI da CF.
entre os povos para o progresso da humanidade e
GABARITO OFICIAL: CERTO
concessão de asilo político.
Neste diapasão, muitos doutrinadores, classificam os
princípios constitucionais em duas espécies:
DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS;
I) Princípios político-constitucionais: são os DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E CO-
que representam decisões políticas fundamentais, LETIVOS, DIREITOS SOCIAIS, DIREITOS DE
conformadoras de nossa Constituição, ou seja, os NACIONALIDADE, DIREITOS POLÍTICOS,
chamados princípios fundamentais, que preveem as
características essenciais do Estado brasileiro. Exemplo:
PARTIDOS POLÍTICOS.
princípio da separação de poderes, o pluralismo
político, dignidade da pessoa humana, dentre outros.
II) Princípios jurídico-constitucionais: esses Os direitos fundamentais são os direitos
princípios são classificados como “gerais”, pois se humanos positivados na Constituição Federal de
referem à ordem jurídica nacional, os quais estão 1988, os quais devem ser garantidos e protegidos pelo
dispersos pelo texto constitucional. Exemplo: devido Estado.
processo legal, do juiz natural, legalidade, dentre No tocante as garantias fundamentais, elas são uma
outros. forma ou, até mesmo um instrumento, para garantir
a efetivação dos direitos. A Carta Magma ampliou a
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

proteção aos direitos fundamentais e por isso ficou


conhecida como Constituição cidadã.
EXERCÍCIO COMENTADO Os direitos e garantias fundamentais possuem
aplicabilidade imediata, isto é, a existência deles
1 (CGM-PB – TÉCNICO MUNICIPAL DE CONTROLE é suficientemente para produzirem os devidos efeitos.
INTERNO-GERAL – CESPE – 2018) Acerca dos princí- Eles estão tutelados no Título II da Constituição
pios, fundamentos e objetivos da Constituição Federal de Federal, nos art. 5º ao 17. Ainda assim, destaca-se que os
1988 (CF), julgue o item a seguir. direitos citados nesses artigos não proíbem a existência
Conforme o princípio democrático, todo o poder emana de outros.
do povo, que o exerce diretamente ou por meio de re- O art. 5º é um dos artigos mais importantes do texto
presentantes eleitos. Constitucional, o qual protege a igualdade entre todos,
tutelando os direitos coletivos e os direitos individuais
( ) CERTO ( ) ERRADO nos seus 78 incisos. Vejamos alguns:

1
1. homens e mulheres são iguais em direitos e 22. a lei só poderá restringir a publicidade dos atos
obrigações, nos termos desta Constituição; processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse
2. ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer social o exigirem, DENTRE OUTROS.
alguma coisa senão em virtude de lei; Do art. 6º ao 11º, a Carta Magna trata dos direitos
3. ninguém será submetido a tortura nem a tratamento sociais a educação, a saúde, o trabalho, o lazer, a
desumano ou degradante; segurança, a previdência social, a proteção à maternidade
4. é livre a manifestação do pensamento, sendo e à infância, a assistência aos desamparados, dando o
vedado o anonimato; enfoque nos direitos dos trabalhadores.
5. é assegurado o direito de resposta, proporcional Tanto os trabalhadores urbanos como os rurais tem o
ao agravo, além da indenização por dano material, moral direito a seguro-desemprego, em caso de desemprego
ou à imagem; involuntário, fundo de garantia do tempo de serviço,
6. é inviolável a liberdade de consciência e de crença, salário mínimo, fixado em lei, garantia de salário, décimo
sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e terceiro salário, remuneração do trabalho noturno
garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto superior à do diurno, salário-família para os seus
e a suas liturgias; dependentes, gozo de férias anuais, licença à gestante,
7. é assegurada, nos termos da lei, a prestação de aposentadoria, proibição de qualquer discriminação no
assistência religiosa nas entidades civis e militares de tocante a salário e critérios de admissão do trabalhador
internação coletiva; portador de deficiência, proibição de distinção entre
8. ninguém será privado de direitos por motivo de trabalho manual, técnico e intelectual ou entre os
crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, profissionais respectivos, dentre outros.
salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal Quanto ao sindicalismo, ninguém será obrigado a
a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação filiar-se ou a manter-se filiado a sindicato, é obrigatória
alternativa, fixada em lei; a participação dos sindicatos nas negociações coletivas
9. é livre a expressão da atividade intelectual, artística, de trabalho, é vedada a dispensa do empregado
científica e de comunicação, independentemente de sindicalizado a partir do registro da candidatura a cargo
censura ou licença; de direção ou representação sindical e, se eleito, ainda
10. são invioláveis a intimidade, a vida privada, a que suplente, até um ano após o final do mandato, salvo
honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a se cometer falta grave nos termos da lei e etc.
indenização pelo dano material ou moral decorrente de
Ainda assim, importante informar que o Direito
sua violação;
Coletivo se compõe de direitos transindividuais de
11. é livre a locomoção no território nacional em
pessoas que se conectam por uma relação jurídica, tendo
tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da
base de si mesmo ou com outro indivíduo, podendo as
lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens;
pessoas ser determinadas ou determináveis.
12. todos podem reunir-se pacificamente, sem armas,
Isto é, os Direitos Coletivos abrangem todo o grupo
em locais abertos ao público, independentemente de
da categoria que possuem uma relação jurídica já pré-
autorização, desde que não frustrem outra reunião
anteriormente convocada para o mesmo local, sendo existente ao dano ou a lesão, pois, esse direito irá tutelar
apenas exigido prévio aviso à autoridade competente; esse grupo que já subsiste ao prejuízo e não os que não
13. não há crime sem lei anterior que o defina, nem se enquadram na relação.
pena sem prévia cominação legal; No tocante ao Direito Individual, estes são os
14. a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o interesses que têm a mesma origem e também a mesma
réu; causa. Eles acontecem de acordo com uma mesma
15. a lei punirá qualquer discriminação atentatória situação que se aplica a cada um individualmente, e,
dos direitos e liberdades fundamentais; ainda que contenham características “individuais”, no fim
16. a prática do racismo constitui crime inafiançável possuem origem comum.
e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos
da lei; Dos Direitos Sociais
17. não haverá penas:
- de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos Conforme tutela a Constituição Federal de 1988
termos do art. 84, XIX; em seus artigos 6º ao 11º, os direitos sociais são todos
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

- de caráter perpétuo; os direitos fundamentais/ básicos que devem ser


- de trabalhos forçados; compartilhados por todos da sociedade, sem distinção
- de banimento; de gênero, etnia, sexo, classe econômica, religião, e etc.
- cruéis; A finalidade e objetivo do direito social é buscar
18. são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas sempre resolver as questões sociais. Isto é, todas
por meios ilícitos; as situações que representam as desigualdades da
19. ninguém será considerado culpado até o trânsito sociedade, para que todas as pessoas tenham e vivam
em julgado de sentença penal condenatória; com o mínimo de qualidade de vida e dignidade.
20. o civilmente identificado não será submetido a
identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em
lei;
21. será admitida ação privada nos crimes de ação
pública, se esta não for intentada no prazo legal;

2
XII - salário-família pago em razão do dependente do
#FicaDica trabalhador de baixa renda nos termos da lei;
XIII - duração do trabalho normal não superior a oito
Os direitos sociais são tutelados e protegi- horas diárias e quarenta e quatro semanais, facultada
dos pela Declaração Universal dos Direi- a compensação de horários e a redução da jornada,
tos Humanos (1948), sendo que, apenas mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho;
neste momento histórico (pós 2ª guerra XIV - jornada de seis horas para o trabalho
mundial) que o mundo começou a traba- realizado em turnos ininterruptos de revezamento, salvo
lhar com esses direitos. negociação coletiva;
XV - repouso semanal remunerado, preferencialmente
aos domingos;
O art. 6º da CF prevê que o direito a saúde, educação,
XVI - remuneração do serviço extraordinário superior,
alimentação, trabalho, lazer, segurança, assistência,
no mínimo, em cinqüenta por cento à do normal;
previdência, proteção a maternidade e a infância, dentre
XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo
outros, são direitos essenciais e básicos que todos devem
menos, um terço a mais do que o salário normal;
ter.
XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do emprego e
O art. 7º da CF prevê os direitos dos trabalhadores,
do salário, com a duração de cento e vinte dias;
seja eles rurais ou urbanos, todos possuem direitos
XIX - licença-paternidade, nos termos fixados em lei;
como: seguro desemprego, FGTS, adicional noturno,
XX - proteção do mercado de trabalho da mulher,
férias, 13º salário, repouso semanal remunerado, licença
mediante incentivos específicos, nos termos da lei;
maternidade e paternidade, aposentadoria, aviso prévio,
XXI - aviso prévio proporcional ao tempo de serviço,
dentre outros.
sendo no mínimo de trinta dias, nos termos da lei;
Já o art. 8º da CF, tutela sobre os direitos e deveres
XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por
dos sindicatos, e o art. 9º protege o direito de greve dos
meio de normas de saúde, higiene e segurança;
trabalhadores.
XXIII - adicional de remuneração para as atividades
penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei;
Vejamos o que diz a CF/88 em termos integrais:
XXIV - aposentadoria;
XXV - assistência gratuita aos filhos e dependentes
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e
desde o nascimento até seis anos de idade em creches e
rurais, além de outros que visem à melhoria de sua
pré-escolas;
condição social:
XXV - assistência gratuita aos filhos e dependentes
I - relação de emprego protegida contra despedida
desde o nascimento até 5 (cinco) anos de idade em
arbitrária ou sem justa causa, nos termos de lei
creches e pré-escolas;
complementar, que preverá indenização compensatória,
XXVI - reconhecimento das convenções e acordos
dentre outros direitos;
coletivos de trabalho;
II - seguro-desemprego, em caso de desemprego
XXVII - proteção em face da automação, na forma
involuntário; da lei;
III - fundo de garantia do tempo de serviço; XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo
IV - salário mínimo , fixado em lei, nacionalmente do empregador, sem excluir a indenização a que este
unificado, capaz de atender a suas necessidades vitais está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa;
básicas e às de sua família com moradia, alimentação, XXIX - ação, quanto a créditos resultantes das
educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte relações de trabalho, com prazo prescricional de:
e previdência social, com reajustes periódicos que a) cinco anos para o trabalhador urbano, até
lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua o limite de dois anos após a extinção do contrato;
vinculação para qualquer fim; b) até dois anos após a extinção do contrato, para o
V - piso salarial proporcional à extensão e à trabalhador rural;
complexidade do trabalho; XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das
VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto em relações de trabalho, com prazo prescricional de cinco
convenção ou acordo coletivo; anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

VII - garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, de dois anos após a extinção do contrato de trabalho;
para os que percebem remuneração variável; a) (Revogada).
VIII - décimo terceiro salário com base na remuneração b) (Revogada).
integral ou no valor da aposentadoria; XXX - proibição de diferença de salários, de exercício
IX - remuneração do trabalho noturno superior à do de funções e de critério de admissão por motivo de sexo,
diurno; idade, cor ou estado civil;
X - proteção do salário na forma da lei, constituindo XXXI - proibição de qualquer discriminação no
crime sua retenção dolosa; tocante a salário e critérios de admissão do trabalhador
XI - participação nos lucros, ou resultados, portador de deficiência;
desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente, XXXII - proibição de distinção entre trabalho manual,
participação na gestão da empresa, conforme definido técnico e intelectual ou entre os profissionais respectivos;
em lei; XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou
XII - salário-família para os seus dependentes; insalubre aos menores de dezoito e de qualquer trabalho

3
a menores de quatorze anos, salvo na condição de § 1º A lei definirá os serviços ou atividades essenciais
aprendiz; e disporá sobre o atendimento das necessidades
XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou inadiáveis da comunidade.
insalubre a menores de dezoito e de qualquer trabalho § 2º Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis
a menores de dezesseis anos, salvo na condição de às penas da lei.
aprendiz, a partir de quatorze anos; Art. 10. É assegurada a participação dos trabalhadores
XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalhador e empregadores nos colegiados dos órgãos públicos
com vínculo empregatício permanente e o trabalhador em que seus interesses profissionais ou previdenciários
avulso sejam objeto de discussão e deliberação.
Parágrafo único. São assegurados à categoria dos Art. 11. Nas empresas de mais de duzentos
trabalhadores domésticos os direitos previstos nos empregados, é assegurada a eleição de um representante
incisos IV, VI, VIII, XV, XVII, XVIII, XIX, XXI e XXIV, bem destes com a finalidade exclusiva de promover-lhes o
como a sua integração à previdência social. entendimento direto com os empregadores.
Parágrafo único. São assegurados à categoria dos
trabalhadores domésticos os direitos previstos nos incisos
IV, VI, VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, XXII, Da Nacionalidade
XXIV, XXVI, XXX, XXXI e XXXIII e, atendidas as condições Os brasileiros natos são:
estabelecidas em lei e observada a simplificação do - os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda
cumprimento das obrigações tributárias, principais e que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam a
acessórias, decorrentes da relação de trabalho e suas serviço de seu país;
peculiaridades, os previstos nos incisos I, II, III, IX, XII, - os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou de
XXV e XXVIII, bem como a sua integração à previdência mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço
social. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº da República Federativa do Brasil;
72, de 2013) - os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe
Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, brasileira, desde que sejam registrados em repartição
observado o seguinte: brasileira competente, ou venham a residir na República
I - a lei não poderá exigir autorização do Estado para Federativa do Brasil antes da maioridade e, alcançada
a fundação de sindicato, ressalvado o registro no órgão esta, optem em qualquer tempo pela nacionalidade
competente, vedadas ao Poder Público a interferência e brasileira;
a intervenção na organização sindical;
II - é vedada a criação de mais de uma organização Os naturalizados são:
sindical, em qualquer grau, representativa de categoria - os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade
profissional ou econômica, na mesma base territorial, brasileira, exigidas aos originários de países de língua
que será definida pelos trabalhadores ou empregadores portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto e
interessados, não podendo ser inferior à área de um idoneidade moral;
Município; - os estrangeiros de qualquer nacionalidade
III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e residentes na República Federativa do Brasil há mais
interesses coletivos ou individuais da categoria, inclusive de quinze anos ininterruptos e sem condenação penal,
em questões judiciais ou administrativas; desde que requeiram a nacionalidade brasileira. (redação
IV - a assembléia geral fixará a contribuição que, em da EC nº 3/94)
se tratando de categoria profissional, será descontada
em folha, para custeio do sistema confederativo da
representação sindical respectiva, independentemente FIQUE ATENTO!
da contribuição prevista em lei;
V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se Os portugueses com residência permanente
filiado a sindicato; no País, se houver reciprocidade em favor
VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas dos brasileiros, serão atribuídos os direitos
negociações coletivas de trabalho; inerentes ao brasileiro nato, salvo os casos
VII - o aposentado filiado tem direito a votar e ser previstos nesta Constituição.
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

votado nas organizações sindicais;


VIII - é vedada a dispensa do empregado sindicalizado
a partir do registro da candidatura a cargo de direção ou Os cargos de Presidente e Vice-Presidente da
representação sindical e, se eleito, ainda que suplente, República, de Presidente da Câmara dos Deputados, de
até um ano após o final do mandato, salvo se cometer Presidente do Senado Federal, de Ministro do Supremo
falta grave nos termos da lei. Tribunal Federal, da carreira diplomática e de oficial das
Parágrafo único. As disposições deste artigo aplicam- Forças Armadas, são cargos que apenas os brasileiros
se à organização de sindicatos rurais e de colônias de NATO podem exercer.
pescadores, atendidas as condições que a lei estabelecer. O brasileiro que tiver cancelada sua naturalização,
Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo por sentença judicial, em virtude de atividade nociva ao
aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de interesse nacional ou adquirir outra nacionalidade por
exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele naturalização voluntária, perderá a nacionalidade de
defender. brasileiro.

4
Dos Direitos Políticos
O voto será direto e secreto, com valor igual para
todos, e, nos termos da lei, mediante: plebiscito, EXERCÍCIO COMENTADO
referendo, iniciativa popular.
O voto é obrigatório para os maiores de dezoito anos 1. (PC-SE – DELEGADO DE POLÍCIA – CESPE – 2018)
e facultativos para os analfabetos, os maiores de setenta Julgue o item seguinte, relativo aos direitos e deveres in-
anos, os maiores de dezesseis e menores de dezoito dividuais e coletivos e às garantias constitucionais.
anos. Conforme texto constitucional vigente, a prisão de qual-
Para ter elegibilidade a pessoa deve ter a quer pessoa e o local onde se encontra terão de ser co-
nacionalidade brasileira, o pleno exercício dos direitos municados em até vinte e quatro horas ao juiz compe-
políticos, o alistamento eleitoral, o domicílio eleitoral na tente e à família do preso ou a pessoa por ele indicada.
circunscrição, a filiação partidária, a idade mínima de:
- trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente ( ) CERTO ( ) ERRADO
da República e Senador;
- trinta anos para Governador e Vice-Governador de Comentário: O art. 5º, LXII estipula que: “a prisão de
Estado e do Distrito Federal; qualquer pessoa e o local onde se encontre serão
- vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado comunicados imediatamente ao juiz competente e à
Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz;
família do preso ou à pessoa por ele indicada” (grifo
- dezoito anos para Vereador.
nosso).
GABARITO OFICIAL: ERRADO
FIQUE ATENTO!
2. (PC-SE – DELEGADO DE POLÍCIA – CESPE – 2018)
São inelegíveis os inavistáveis e os analfa-
Julgue o item seguinte, relativo aos direitos e deveres in-
betos, e também, são inelegíveis para os
dividuais e coletivos e às garantias constitucionais.
mesmos cargos, no período subsequente, o
Em caso de perigo à integridade física do preso, admite-
Presidente da República, os Governadores de
-se o uso de algemas, desde que essa medida, de caráter
Estado e do Distrito Federal, os Prefeitos e
] excepcional, seja justificada por escrito.
quem os houver sucedido ou substituído nos
seis meses anteriores ao pleito.
( ) CERTO ( ) ERRADO

Para concorrerem a outros cargos, o Presidente da Trata-se de hipótese de aplicação da Súmula Vinculan-
República, os Governadores de Estado e do Distrito te n. 11 que disciplina o uso de algemas contra prisões
Federal e os Prefeitos devem renunciar aos respectivos arbitrárias e ilegais.
mandatos até seis meses antes do pleito. GABARITO OFICIAL: CERTO
É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda
ou suspensão só se dará nos casos de:
3. (IPHAN – AUXILIAR INSTITUCIONAL – ÁREA 1 –
- cancelamento da naturalização por sentença
transitada em julgado; CESPE – 2018) A respeito dos direitos e das garantias
- incapacidade civil absoluta; fundamentais, julgue o item seguinte.
- condenação criminal transitada em julgado, O direito de resposta proporcional a um cidadão que te-
enquanto durarem seus efeitos; nha sido ofendido não impede o direito à indenização
- recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou por dano material, moral ou à imagem.
prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII;
- improbidade administrativa, nos termos do art. 37, ( ) CERTO ( ) ERRADO
§ 4º.
Comentário: É o que prevê nos exatos termos do art.
Dos Partidos Políticos 5º, inciso V da CF.
É livre a criação, fusão, incorporação e extinção de GABARITO OFICIAL: CERTO
partidos políticos, resguardados a soberania nacional,
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

o regime democrático, o pluripartidarismo, os direitos 4- (POLICIA FEDERAL – PERITO CRIMINAL FEDERAL –


fundamentais da pessoa humana e observados os CESPE – 2018) Com relação aos direitos e às garantias
seguintes preceitos: fundamentais previstos na Constituição Federal de 1988,
- caráter nacional; julgue o item a seguir.
- proibição de recebimento de recursos financeiros
Ainda que, em regra, inexista distinção entre brasileiros
de entidade ou governo estrangeiros ou de subordinação
natos e naturalizados, o cargo de oficial das Forças Arma-
a estes;
- prestação de contas à Justiça Eleitoral; das só poderá ser exercido por brasileiro nato.
- funcionamento parlamentar de acordo com a lei.
( ) CERTO ( ) ERRADO
Os partidos políticos possuem autonomia para definir
sua estrutura interna, organização e funcionamento, Comentário: Aplicar-se-á no caso explanado na ques-
devendo seus estatutos estabelecer normas de fidelidade tão, o art. 12, § 3º, VI da CF.
e disciplina partidárias. GABARITO OFICIAL: CERTO

5
5- STM – TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINISTRA- Federal, Estados e os Municípios poderão ter seus
TIVA – CESPE – 2018)Em relação aos direitos e deveres próprios símbolos, conforme o art. 13 §1º e §2º da CF.
fundamentais, à nacionalidade e ao Poder Judiciário, jul- Conforme tutela o art. 19 da CF, existe vedações
gue o item a seguir. constitucional para que os Estados, Distrito Federal,
Situação hipotética: Com a pretensão de candidatar-se Munícipios e a União não possam:
a cargo eletivo, determinado militar, com cinco anos de - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-
serviço, fez, de forma regular, o pedido de registro de sua los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com
candidatura. eles ou seus representantes relações de dependência
Assertiva: Nessa situação, após ser eleito, o militar deve- ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de
rá afastar-se de sua atividade pelo período do mandato interesse público;
eletivo, devendo retornar ao serviço após o seu término. - recusar fé aos documentos públicos;
( ) CERTO ( ) ERRADO - criar distinções entre brasileiros ou preferências
entre si.
Comentário: A CF em seu art. 14, § 8º disciplina que
o militar alistável poderá ser candidatar, desde que, União Federal
no caso de conter menos de dez anos de serviço, se A República Federativa do Brasil é composta pela
afastar da atividade ou no caso de contar com mais União, Estados Membros, Distrito Federal e os Municípios.
de dez anos, ser agregado pela autoridade superior A União possui bens próprios os quais estão
e, se eleito, automaticamente no ato da diplomação descritos no art. 20 da CF, como por exemplo: mar
passará à inatividade. territorial, os terrenos de marinha e seus acrescidos,
GABARITO OFICIAL: ERRADO as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com
outros países; as praias marítimas; as ilhas oceânicas e
as costeiras, excluídas, destas, as que contenham a sede
ORGANIZAÇÃO POLÍTICO ADMINISTRATIVA de Municípios, exceto aquelas áreas afetadas ao serviço
DO ESTADO. público e a unidade ambiental federal, e as referidas no
art. 26, II, os potenciais de energia hidráulica, as terras
tradicionalmente ocupadas pelos índios, dentre outros.
Conforme o art. 18 da CF, a organização político-
administrativa da República Federativa do Brasil
compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os FIQUE ATENTO!
Municípios, sendo que todos possuem sua autonomia,
É assegurada, nos termos da lei, aos Estados,
tendo Brasília como Capital Federal.
ao Distrito Federal e aos Municípios, bem
Dalmo Dallari define o estado como uma ordem
como a órgãos da administração direta da
jurídica soberana que tem por finalidade o bem do povo
União, participação no resultado da explo-
situado em um determinado território. Isto é, dentro
ração de petróleo ou gás natural, de recur-
desta frase o Dalmo trouxe os principais elementos que
sos hídricos para fins de geração de energia
compõe o Estado, que são: soberania, finalidade, povo e
elétrica e de outros recursos minerais no
território.
respectivo território, plataforma continental,
A estrutura e organização do Estado podem ser
mar territorial ou zona econômica exclusiva,
analisados sob três aspectos, conforme Pedro Lenza, p.
ou compensação financeira por essa explo-
499:
ração.
1) Forma de governo: República ou Monarquia;
2) Sistema de Governo: Presidencialismo ou
Parlamentarismo;
No tocante a área de atuação da União, a mesma
3) Forma de Estado: Estado unitário ou Federação.
possui competência não legislativa, ou seja, ela atua no
campo político-administrativo, como por exemplo:
Em 1889, surgiu a Federação do Brasil, juntamente
- manter relações com Estados estrangeiros e
com a forma de governo (republicana). A forma de
participar de organizações internacionais;
governo republicana seria realizar através do regime
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

- declarar a guerra e celebrar a paz;


representativo em 1891.
- assegurar a defesa nacional;
Desta forma, o Brasil consagrou o seguinte:
- permitir, nos casos previstos em lei complementar,
1) Forma de Estado: Federação. que forças estrangeiras transitem pelo território nacional
2) Entes componentes do Estado brasileiro: União, ou nele permaneçam temporariamente;
Estado, Distrito Federal e Municípios. - emitir moeda;
3) Características do Estado brasileiro: Estado - elaborar e executar planos nacionais e regionais de
Democrático de Direito. ordenação do território e de desenvolvimento econômico
4) Sistema de Governo: Presidencialista. e social;
5) Forma de Governo: Republicana. - explorar, diretamente ou mediante autorização,
concessão ou permissão, os serviços de telecomunicações,
O idioma oficial do país é a língua portuguesa e os nos termos da lei, que disporá sobre a organização dos
símbolos da República Federativa do Brasil são: bandeira, serviços, a criação de um órgão regulador e outros
hino, armas e o selo nacional, sendo que o Distrito aspectos institucionais;

6
- organizar e manter o Poder Judiciário, o Ministério Por fim, a eleição do governador e vice, é pelo sistema
Público do Distrito Federal e dos Territórios e a Defensoria majoritário absoluto, sendo que a posse ocorrerá no dia
Pública dos Territórios, DENTRE OUTROS. 1º de Janeiro do ano subsequente (art. 28, CF).

Os itens elencados acima, são de competência Municípios


exclusiva da União. Já os itens do art. 23 da CF, são de Conforme dispõe o art. 29 da CF, os municípios de
competência cumulativa (comuns) entre a União, Estados, organizam através de Lei Orgânica, votada sempre
Distrito Federal e Munícipios, como por exemplo: zelar em dois turnos, com o interstício mínimo de 10 dias, e
pela guarda da Constituição, das leis e das instituições aprovada por 2/3 dos membros da respectiva Câmara
democráticas e conservar o patrimônio público, cuidar Municipal, que a promulgará. Ao elaborar sua lei, o
da saúde e assistência pública, da proteção e garantia
município deverá observar os princípios abordados na
das pessoas portadoras de deficiência, proteger os
Constituição, bem como, pela Constituição Estadual,
documentos, as obras e outros bens de valor histórico,
conforme o art. 11, parágrafo único do ADCT.
artístico e cultural, os monumentos, as paisagens naturais
Os municípios possuem o autogoverno de eleger
notáveis e os sítios arqueológicos, proporcionar os meios
o poder executivo (seu prefeito), bem como, o poder
de acesso à cultura, à educação, à ciência, à tecnologia,
à pesquisa e à inovação, proteger o meio ambiente e legislativo da cidade (os vereadores).
combater a poluição em qualquer de suas formas e etc.

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.
#FicaDica
Conforme o art.24 da CF, compete à União,
aos Estados e ao Distrito Federal legislar Conceitualmente, a administração pública é o
concorrentemente sobre: direito tributá- conjunto de órgãos, serviços e agentes do Estado que
rio, financeiro, penitenciário, econômico e objetivam satisfazer as necessidades da sociedade, como
urbanístico; orçamento; juntas comerciais; por exemplo: na área da educação, cultura, segurança,
custas dos serviços forenses; produção e saúde, dentre outros. Ou seja, a administração pública é
consumo; Florestas, proteção ao patrimô- a gestão dos interesses públicos por meio da prestação
nio histórico, cultural, artístico, turístico e de serviços públicos, sendo dividida em administração
paisagístico; responsabilidade por dano ao pública direta e indireta.
meio ambiente, ao consumidor, a bens e Como dito, o objetivo principal da administração
direitos de valor artístico e etc; educação, pública é trabalhar a favor do interesse público, como
cultura, ensino, desporto, ciência, tecnolo-
também, dos direitos e interesses dos cidadãos.
gia, pesquisa, desenvolvimento e inovação,
Todo trabalhador que atua na administração pública
dentre outros.
é, comumente, conhecido como gestor público. O gestor
público possui uma grande carga de responsabilidade,
devendo sempre seguir com transparência e ética,
Estados – Membros principalmente, aos princípios da administração pública
Os Estados membros são a materialização da
que são:
descentralização do poder político. Esses Estados são
autônomos e devido a isso, possuem a capacidade de
- Legalidade: este princípio é base do Estado
auto-organização, autogoverno, autoadministração e
de Direito sendo um dos mais importantes para a
auto legislação.
Administração Pública. Em sentido ao Art. 5º da CF,
Por se tratarem de Estados autônomos, a Constituição
Federal delegou a competência da estruturação de seus que diz que “ninguém será obrigado a fazer ou deixar
poderes para eles mesmos, sem que haja qualquer de fazer alguma coisa senão em virtude de lei”, ou seja,
interferência federal ou subordinação ao poder central: todo administrador público deve realizar seus atos sob a
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

o legislativo (art. 27 da CF), executivo (art. 28 da CF) e o égide da lei.


judiciário (art. 125 da CF). (MASSON, 2016, p. 552). - Impessoalidade: o agente público deve tratar todos
Em especial ao poder legislativo, em âmbito estadual, iguais, sem atribuição de privilégios a qualquer pessoa.
podemos dizer que ele é unicameral (conforme art. - Moralidade: este princípio tem a junção do
27da CF), sendo o poder representado pela Assembleia princípio da Legalidade com o da Finalidade, resultando
Legislativa. O sistema eleitoral para a casa é o sistema em Moralidade. Ou seja, o princípio da moralidade traz a
proporcional, isto é, os deputados são eleitos para um ideia de que o trabalhador da administração pública tem
mandato de 4 anos, sendo que o número de Deputados que ter bases éticas na administração.
estaduais corresponderá ao triplo da representação do - Publicidade: todos os atos devem ser públicos,
Estado da Câmara dos Deputados, e atingido o número exceto os quais visão a necessidade de se ter sigilo.
de trinta e seis, será acrescido de tantos quantos forem - Eficiência: o administrador deve ter uma boa gestão,
os Deputados Federais acima de 12. (MASSON, 2016, p. ser um bom profissional e não utilizar da procrastinação
552). para desenvolver seu trabalho.

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poderá o Estado ampliar, suprimir ou alterar os cargos e
#FicaDica funções, não gerando direito adquirido ao agente titular”
(PAULO, 2009, p.125).
Para melhor fixação dos 5 princípios explí-
A base dos direitos dos servidores públicos estão
citos, lembrem: LIMPE (é a inicial de cada
previstos na Constituição Federal de 1988, nos artigos 39
princípio).
a 41. Ainda assim, em âmbito federal, a lei nº 8.112/90
representa o regime jurídico dos servidores públicos
federais, estabelecendo, dentre outras coisas, outros
FIQUE ATENTO! direitos e deveres desses agentes administrativos no
Além desses princípios explícitos, ainda pos- exercício de suas funções. Destaca-se, que outros
sui o grupo dos princípios implícitos, que direitos podem ser atribuídos aos servidores públicos
são: Princípio do Interesse Público, Princípio pelas Constituições estaduais ou leis ordinárias dos entes
da Finalidade, Princípio da Igualdade, Princí- da Federação e de municípios.
pio da Lealdade e boa-fé, Princípio da Moti- Todos possuem o direito de serem nomeados como
vação. servidor público ou empregado público. Porém, precisam
preencher requisitos básicos, como também, realizar
provas e conseguir a aprovação, conforme o artigo 37,
Neste diapasão, importante lembrar que o inciso II da CF/88.
administrador público pode fazer parte da administração
direta ou administração indireta.
A administração direta, seria aquela realizada pelos #FicaDica
Poderes da União, Estados, Distrito Federal e Municípios.
Ou seja, órgãos citados não possuem personalidade Em exceção, temos os casos de nomeações
jurídica própria e as despesas inerentes à administração, para cargos em comissão e de contratação
são contempladas no orçamento público e ocorre de agentes temporários; todavia, nestes úl-
a desconcentração administrativa, que consiste na timos casos, são desprovidos de estabilida-
delegação de tarefas. de, benefício este voltado exclusivamente
Já a administração pública indireta, é, quando o aos servidores públicos.
Estado transfere sua função/dever para outras pessoas
jurídicas, sendo que essas pessoas jurídicas podem
vir a ser: fundações, empresas públicas, organismos Após a nomeação, o servidor passará por estágio
privados, dentre outros. Isto é, no presente caso ocorre probatório e, após o estágio, poderá adquirir a
a descentralização administrativa, pois a tarefa de estabilidade que se efetiva após três anos de exercício
administração é transferida para outra pessoa jurídica. do cargo ou função, de acordo com o art. 41 da CF.
Aos servidores públicos são garantidos os seguintes
Principais características da Administração Pública: direitos:
- A administração pública praticar atos tão somente - salário mínimo, fixado em lei com reajustes
de execução – ou seja, atos administrativos, sendo que, periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, inclusive
quem pratica estes atos são os órgãos e seus agentes, para aqueles que percebem remuneração variável;
que são sempre públicos. - décimo terceiro salário com base na remuneração
- Exerce atividade à Lei e não à Política. integral ou no valor da aposentadoria;
- Tem conduta hierarquizada de dever e de obediência. - adicional noturno;
- Deve praticar seus atos com responsabilidade - salário família;
material e legal. - duração do trabalho não superior a oito horas diárias
e quarenta e quatro semanais, facultada a compensação
- Administração Pública serve como um instrumento
de horários e a redução da jornada;
para o Estado conseguir seus objetivos.
- repouso semanal remunerado, preferencialmente
- A competência é limitada pois cada um tem sua área
aos domingos;
e “poder” de atuação.
- hora extra, férias anuais remuneradas com, pelo
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

menos, um terço a mais do que o salário normal;


Servidores Públicos Civis
- redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio
de normas de saúde, higiene e segurança;
Os servidores públicos são os trabalhadores
- proibição de diferença de salários, de exercício de
vinculados ao Estado em decorrência de uma relação funções e de critério de admissão por motivo de sexo,
laboral de natureza não eventual e, por isso, estão idade, cor ou estado civil.
submetidos ao regime de direito público, disciplinado - regime de previdência de caráter contributivo e
por diploma legal específico, normalmente denominado solidário, DENTRE OUTROS.
de Estatuto. Devido a isso, diz-se que os servidores Tendo em vista o exercício do cargo público, o servidor
públicos estão sujeitos a um “regime estatutário” próprio tem direito a vencimentos, cujo valor é previamente
e diferenciado. No que diz respeito a este aspecto, fixado em lei, sendo irredutíveis, como também não
é pacífico o entendimento de que o “cargo ou função sendo passíveis de arresto, sequestro ou penhora, exceto
pública pertence ao Estado e não ao agente; desta forma, nos casos de prestação de alimentos.

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Ainda assim, importante lembrar que além dos IMPORTANTE: Invalidada por sentença judicial a
vencimentos, os servidores públicos poderão ter direito demissão do servidor estável, será ele reintegrado, e
a indenizações, gratificações e adicionais. o eventual ocupante da vaga, se estável, reconduzido
ao cargo de origem, sem direito a indenização,
aproveitado em outro cargo ou posto em disponibilidade
FIQUE ATENTO!
com remuneração proporcional ao tempo de serviço
As indenizações não são incorporadas ao Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade,
vencimento, as gratificações e os adicionais o servidor estável ficará em disponibilidade, com
incorporam-se, nos casos e nas condições in- remuneração proporcional ao tempo de serviço, até seu
dicadas em lei. adequado aproveitamento em outro cargo.

PODERES DA UNIÃO
Aposentadorias de servidor público
Existem três poderes, sendo eles o legislativo,
I- por invalidez permanente, sendo os proventos executivo e judiciário. Importante saber que o art. 2º da
proporcionais ao tempo de contribuição, exceto se CF/88 prevê que: “São Poderes da União, independentes
decorrente de acidente em serviço, moléstia profissional e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o
ou doença grave, contagiosa ou incurável; Judiciário”.
II- compulsoriamente, com proventos proporcionais
ao tempo de contribuição, aos 70 (setenta) anos de idade, Poder executivo: estrutura, funcionamento e
ou aos 75 (setenta e cinco) anos de idade, na forma de atribuições.
lei complementar; O poder executivo é quem aplica a execução da lei,
III- voluntariamente, desde que cumprido tempo criada pelo poder legislativo, a função da população. Isto
mínimo de dez anos de efetivo exercício no serviço é, ele tem o poder de governar e administrar os interesses
público e cinco anos no cargo efetivo em que se dará a públicos através desta delegação.
aposentadoria, observadas as seguintes condições: No Brasil, temos 3 níveis:
1) Esfera Federal: o líder do poder executivo é o
60 anos de idade e 35 anos de contribuição – Homem Presidente da República, o qual fica incumbido de
55 anos de idade e 30 anos de contribuição-Mulher chefiar a nação através do sistema “presidencialista” (o
presidente é quem irá representar o povo). Junto com o
A aposentadoria e as pensões não poderão exceder a líder do poder executivo, (ainda na esfera Federal) temos
remuneração do respectivo servido, no cargo efetivo em também os Ministros de Estado (ministérios), que fazem
que se deu a aposentadoria ou a pensão. parte do poder executivo, pois, cada um dos Ministros,
IMPORTANTE: É vedada a adoção de requisitos e ficam responsáveis pela coordenação e supervisão de
critérios diferenciados para a concessão de aposentadoria, suas respectivas áreas. Exemplo: Ministro da educação,
salvo para: Ministro da cultura, e etc.
2) Esfera Estadual: o chefe do poder executivo é o
A) deficientes; Governador do Estado, e para auxiliá-lo, ele possui os
B) que exerçam atividades de risco; secretários de estado (agentes públicos).
3) Esfera Municipal: o líder do poder executivo é o
C) cujas atividades prejudiquem a saúde ou
Prefeito e junto com ele tem os secretários municipais.
integridade física;
Todos os candidatos a estes cargos descritos acima,
devem possuir a condição de elegibilidade conforme o
Obs.: Os requisitos de idade e de tempo de
art. 14, §3º da CF, como:
contribuição serão reduzidos em cinco anos, em relação
I – nacionalidade brasileira (para o cargo de
ao disposto no § 1º, III, “a”, para o professor que
Presidente e Vice exigi-se especificamente a condição
comprove exclusivamente tempo de efetivo exercício das
de brasileiro NATO, conforme art. 12, § 3º, inciso I,
funções de magistério na educação infantil e no ensino CF).
fundamental e médio II – pleno exercício dos direitos políticos.
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

III – alistamento eleitoral.


Estabilidade IV – domicílio eleitoral na circunscrição.
V – filiação partidária.
São estáveis após três anos de efetivo exercício os VI- idade mínima de: 35 anos para Presidente, Vice-
servidores nomeados para cargo de provimento efetivo Presidente e Senador. 30 anos para Governador e Vice-
em virtude de concurso público. Governador. 21 anos para Deputados Federais, Estaduais,
O servidor público estável só perderá o cargo: Distritais, Prefeito e Vice-Prefeito e Juiz de Paz. 18 anos
para Vereador.
I- em virtude de sentença judicial transitada em
julgado; Caso o candidato não preencher estas condições de
II- mediante processo administrativo com ampla elegibilidade, ou até mesmo não ter ficha limpa, possuir
defesa; condutas avessas ao interesse público, critério família,
III- mediante procedimento de avaliação periódica de dentre outras, o mesmo não poderá se candidatar ao
desempenho, com ampla defesa. cargo do poder executivo.

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XIII - exercer o comando supremo das Forças Armadas,
FIQUE ATENTO! nomear os Comandantes da Marinha, do Exército e da
Em caso de viagem ou impossibilidade de Aeronáutica, promover seus oficiais-generais e nomeá-
exercer o cargo, o primeiro na linha suces- los para os cargos que lhes são privativos;
sória a ocupar o cargo de Presidente é o seu XIV - nomear, após aprovação pelo Senado Federal,
vice. Em seguida vêm o presidente da Câma- os Ministros do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais
ra dos Deputados, do Senado Federal e pre- Superiores, os Governadores de Territórios, o Procurador-
sidente do Supremo Tribunal Federal. Geral da República, o presidente e os diretores do Banco
Central e outros servidores, quando determinado em lei;
XV - nomear, observado o disposto no art. 73, os
A forma de ingresso dos membros do Poder Executivo Ministros do Tribunal de Contas da União;
é através da democracia pelo voto, no sistema majoritário. XVI - nomear os magistrados, nos casos previstos
Ou seja, o candidato que obter o maior número de votos, nesta Constituição, e o Advogado-Geral da União;
(mínimo 50%) de forma simples, é o que irá vencer a XVII - nomear membros do Conselho da República,
eleição. Caso não ocorra desta forma, os candidatos mais nos termos do art. 89, VII;
votados irão para segundo turno de forma a conseguir o XVIII - convocar e presidir o Conselho da República e
objetivo de metade dos votos mais um. o Conselho de Defesa Nacional;
No entanto, no tocante as eleições dos prefeitos, não XIX - declarar guerra, no caso de agressão estrangeira,
ocorrem desta forma, elas irão acontecer da seguinte autorizado pelo Congresso Nacional ou referendado por
forma: ele, quando ocorrida no intervalo das sessões legislativas,
- Nas cidades abaixo de 200.000 (duzentos mil) e, nas mesmas condições, decretar, total ou parcialmente,
habitantes, o vencedor será quem obter o maior número a mobilização nacional;
de votos válidos (não importa o número da porcentagem). XX - celebrar a paz, autorizado ou com o referendo
O mandato do poder executivo é de 4 anos, podendo do Congresso Nacional;
haver apenas uma reeleição. No tocante aos ministros XXI - conferir condecorações e distinções honoríficas;
e secretários, os mesmos não são eleitos a partir do XXII - permitir, nos casos previstos em lei
sufrágio (voto) e sim por indicação de cada líder do complementar, que forças estrangeiras transitem pelo
poder executivo. território nacional ou nele permaneçam temporariamente;
No tocante a atribuições do Presidente da República, XXIII - enviar ao Congresso Nacional o plano
o art.84 dispõe quais são as ações de competência plurianual, o projeto de lei de diretrizes orçamentárias e
exclusiva do Presidente (somente ele pode realiza-las). as propostas de orçamento previstas nesta Constituição;
XXIV - prestar, anualmente, ao Congresso Nacional,
Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da dentro de sessenta dias após a abertura da sessão
República: legislativa, as contas referentes ao exercício anterior;
I - nomear e exonerar os Ministros de Estado; XXV - prover e extinguir os cargos públicos federais,
II - exercer, com o auxílio dos Ministros de Estado, a na forma da lei;
direção superior da administração federal; XXVI - editar medidas provisórias com força de lei,
III - iniciar o processo legislativo, na forma e nos nos termos do art. 62;
casos previstos nesta Constituição; XXVII - exercer outras atribuições previstas nesta
IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, Constituição.
bem como expedir decretos e regulamentos para sua fiel Parágrafo único. O Presidente da República poderá
execução; delegar as atribuições mencionadas nos incisos VI,
V - vetar projetos de lei, total ou parcialmente; XII e XXV, primeira parte, aos Ministros de Estado,
VI - dispor, mediante decreto, sobre: ao Procurador-Geral da República ou ao Advogado-
a) organização e funcionamento da Geral da União, que observarão os limites traçados nas
administração federal, quando não implicar aumento de respectivas delegações.
despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos; Em suma, o poder executivo tem o dever de: efetivar
b) extinção de funções ou cargos públicos, as leis, mesmo que seja necessário utilizar a violência,
garantida pelo monopólio da força policial; Administrar os
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

quando vagos;
VII - manter relações com Estados estrangeiros e setores públicos de serviços à população, como exemplo
acreditar seus representantes diplomáticos; os bancos; Manutenção das relações diplomáticas do
VIII - celebrar tratados, convenções e atos País com as outras nações; Estabelecer as forças armadas,
internacionais, sujeitos a referendo do Congresso dentre outras.
Nacional;
IX - decretar o estado de defesa e o estado de sítio; Poder legislativo: estrutura, funcionamento e
X - decretar e executar a intervenção federal; atribuições.
XI - remeter mensagem e plano de governo ao O poder legislativo é o poder que tem como
Congresso Nacional por ocasião da abertura da sessão atribuição a elaboração e aprovação das leis que regem
legislativa, expondo a situação do País e solicitando as o país, como também, realizam a fiscalização dos atos do
providências que julgar necessárias; poder executivo.
XII - conceder indulto e comutar penas, com Importante lembrar que o poder legislativo do
audiência, se necessário, dos órgãos instituídos em lei; Brasil possui bicameralismo federal, isto é, o Congresso

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Nacional é o encarregado do poder legislativo no âmbito f) titulares de outros cargos que a lei determinar;
federal e possui duas câmaras legislativas: 1) Câmara IV - aprovar previamente, por voto secreto, após
dos Deputados (representam o povo); 2) Senado Federal arguição em sessão secreta, a escolha dos chefes de
(representa Estado, Território e Distrito Federal). missão diplomática de caráter permanente;
1) Câmara dos Deputados: através de lei V - autorizar operações externas de natureza
complementar, os números de representantes de cada financeira, de interesse da União, dos Estados, do Distrito
Estado podem conter o mínimo de 8 e o máximo de 70 Federal, dos Territórios e dos Municípios;
deputados, sendo proporcional à população do estado VI - fixar, por proposta do Presidente da República,
ou do Distrito Federal (câmara possui 513 deputados). limites globais para o montante da dívida consolidada da
Para que o indivíduo consiga se candidatar ao cargo União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;
de deputado, o mesmo deverá ter no mínimo 21 anos, VII - dispor sobre limites globais e condições para
ser brasileiro (apenas o presidente da câmara deve ser as operações de crédito externo e interno da União, dos
brasileiro nato) e estar gozando de seus direitos políticos. Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, de suas
À Câmara dos Deputados compete privativamente, autarquias e demais entidades controladas pelo poder
nos termos do art. 51: público federal;
I - autorizar, por dois terços de seus membros, a VIII - dispor sobre limites e condições para a
instauração de processo contra o Presidente e o Vice- concessão de garantia da União em operações de crédito
Presidente da República e os Ministros de Estado; externo e interno;
II - proceder à tomada de contas do Presidente da IX - estabelecer limites globais e condições para o
República, quando não apresentadas ao Congresso montante da dívida mobiliária dos Estados, do Distrito
Nacional dentro de sessenta dias após a abertura da Federal e dos Municípios, DENTRE OUTROS.
sessão legislativa; No tocante as esferas estaduais e municipais, vigora
III - elaborar seu regimento interno; o sistema. unicameralismo, ou seja, o Poder Legislativo
IV - dispor sobre sua organização, funcionamento, é exercido por apenas uma Casa. Nos estados, as
polícia, criação, transformação ou extinção dos cargos, Casas que representam o poder em questão são as
empregos e funções de seus serviços, e a iniciativa de Assembleias Legislativas e Câmara do Distrito Federal. Já
lei para fixação da respectiva remuneração, observados nos municípios, as Câmaras Municipais são responsáveis
os parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes por desempenhar as atividades legislativas.
orçamentárias;
V - eleger membros do Conselho da República, nos Poder judiciário: estrutura, funcionamento e
termos do art. 89, VII. atribuições.
O poder judiciário funciona através de instâncias
2) Senado Federal: a distribuição do Senado é judicantes, as quais visam a concretização dos princípios
paritária, com cada Estado sendo representado por um tutelados pelo art. 5ª da CF, que seriam: devido processo
número igual de 3 Senadores com mandato de oito anos, legal, do contraditório, ampla defesa e etc.
renovados de quatro em quatro anos, alternadamente, Como regra, a primeira instância corresponde ao
por um e dois terços. A composição do Senado é de 81 primeiro órgão que conhecerá, analisará e julgará a sua
parlamentares. São condições à eleição como Senador a pretensão apresentada ao Poder Judiciário. A sentença
nacionalidade e o pleno exercício de direitos políticos, (prolatada pelo juiz de 1º grau) poderão ser submetidas
assim como na Câmara; no entanto, exige-se a idade à apreciação da instância superior, composta por órgãos
mínima de 35 anos. colegiados, para que haja o reexame da matéria. Ou seja,
Compete privativamente ao Senado Federal, nos é a garantia do duplo grau de jurisdição.
termos do art. 52: Além desta divisão de “instâncias” o poder judiciário
I - processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente também possui divisão quanto a competência de matéria,
da República nos crimes de responsabilidade, bem como território e valores.
os Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Em âmbito nacional temos a competência Federal, a
Exército e da Aeronáutica nos crimes da mesma natureza qual julga ações em que a União, as autarquias ou as
conexos com aqueles; empresas públicas federais forem interessadas, por juízes
II - processar e julgar os Ministros do Supremo e fórum Federal.
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Tribunal Federal, os membros do Conselho Nacional de A competência Estadual julga as ações comuns entre
Justiça e do Conselho Nacional do Ministério Público, o pessoas físicas, pessoas jurídicas, trabalhadores e etc.
Procurador-Geral da República e o Advogado-Geral da
União nos crimes de responsabilidade;
III - aprovar previamente, por voto secreto, após
DA ORGANIZAÇÃO DOS PODERES
argüição pública, a escolha de:
a) magistrados, nos casos estabelecidos nesta
Constituição;
b) Ministros do Tribunal de Contas da União Do Poder Legislativo
indicados pelo Presidente da República; O Poder Legislativo é exercido pelo Congresso
c) Governador de Território; Nacional, que se compõe da Câmara dos Deputados e
d) presidente e diretores do Banco Central; do Senado Federal, sendo que cada legislatura terá a
e) Procurador-Geral da República; duração de quatro anos.

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A Câmara dos Deputados compõe-se de representantes XI - zelar pela preservação de sua competência
do povo, eleitos, pelo sistema proporcional, em cada legislativa em face da atribuição normativa dos outros
Estado, em cada Território e no Distrito Federal. Poderes;
O número total de Deputados, bem como a XII - apreciar os atos de concessão e renovação de
representação por Estado e pelo Distrito Federal, será concessão de emissoras de rádio e televisão;
estabelecido por lei complementar, proporcionalmente XIII - escolher dois terços dos membros do Tribunal
à população, procedendo-se aos ajustes necessários, no de Contas da União;
ano anterior às eleições, para que nenhuma daquelas XIV - aprovar iniciativas do Poder Executivo referentes
unidades da Federação tenha menos de oito ou mais de a atividades nucleares;
setenta Deputados. XV - autorizar referendo e convocar plebiscito;
O Senado Federal compõe-se de representantes dos XVI - autorizar, em terras indígenas, a exploração e o
Estados e do Distrito Federal, eleitos segundo o princípio aproveitamento de recursos hídricos e a pesquisa e lavra
majoritário, sendo que cada Estado e o Distrito Federal de riquezas minerais;
elegerão três Senadores, com mandato de oito anos. XVII - aprovar, previamente, a alienação ou
Cada Senador será eleito com dois suplentes. concessão de terras públicas com área superior a dois
mil e quinhentos hectares.
Do Congresso Nacional
Cabe ao Congresso Nacional, com a sanção do
Presidente da República, não exigida esta para o FIQUE ATENTO!
especificado nos arts. 49, 51 e 52, dispor sobre todas as
matérias de competência da União, especialmente sobre: A Câmara dos Deputados e o Senado Fede-
- sistema tributário, arrecadação e distribuição de ral, ou qualquer de suas comissões, poderão
rendas; convocar Ministro de Estado para prestar,
- plano plurianual, diretrizes orçamentárias, pessoalmente, informações sobre assunto
orçamento anual, operações de crédito, dívida pública e previamente determinado, importando crime
emissões de curso forçado; de responsabilidade a ausência sem justifica-
- fixação e modificação do efetivo das Forças Armadas; ção adequada.
- planos e programas nacionais, regionais e setoriais
de desenvolvimento, DENTRE OUTROS. Da Câmara dos Deputados
Compete privativamente à Câmara dos Deputados:
É da competência exclusiva do Congresso Nacional: - autorizar, por dois terços de seus membros, a
I - resolver definitivamente sobre tratados, acordos instauração de processo contra o Presidente e o Vice-
ou atos internacionais que acarretem encargos ou Presidente da República e os Ministros de Estado;
compromissos gravosos ao patrimônio nacional; - proceder à tomada de contas do Presidente da
II - autorizar o Presidente da República a declarar República, quando não apresentadas ao Congresso
guerra, a celebrar a paz, a permitir que forças estrangeiras Nacional dentro de sessenta dias após a abertura da
transitem pelo território nacional ou nele permaneçam sessão legislativa;
temporariamente, ressalvados os casos previstos em lei - elaborar seu regimento interno;
complementar; - dispor sobre sua organização, funcionamento,
III - autorizar o Presidente e o Vice-Presidente da polícia, criação, transformação ou extinção dos cargos,
República a se ausentarem do País, quando a ausência
empregos e funções de seus serviços e fixação da
exceder a quinze dias;
respectiva remuneração, observados os parâmetros
IV - aprovar o estado de defesa e a intervenção federal,
estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias;
autorizar o estado de sítio, ou suspender qualquer uma
- eleger membros do Conselho da República, nos
dessas medidas;
termos do art. 89, VII.
V - sustar os atos normativos do Poder Executivo
que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites de
Do Senado Federal
delegação legislativa;
VI - mudar temporariamente sua sede; Compete privativamente ao Senado Federal:
- processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

VII - fixar idêntica remuneração para os Deputados


Federais e os Senadores, em cada legislatura, para a da República nos crimes de responsabilidade e os
subsequente, observado o que dispõem os arts. 150, II, Ministros de Estado nos crimes da mesma natureza
153, III, e 153, § 2º, I; conexos com aqueles;
VIII - fixar para cada exercício financeiro a remuneração - processar e julgar os Ministros do Supremo Tribunal
do Presidente e do Vice-Presidente da República e dos Federal, o Procurador-Geral da República e o Advogado-
Ministros de Estado, observado o que dispõem os arts. Geral da União nos crimes de responsabilidade;
150, II, 153, III, e 153, § 2º, I; - aprovar previamente, por voto secreto, após
IX - julgar anualmente as contas prestadas pelo arguição pública, a escolha de:
Presidente da República e apreciar os relatórios sobre a a) magistrados, nos casos estabelecidos nesta
execução dos planos de governo; Constituição;
X - fiscalizar e controlar, diretamente, ou por qualquer b) Ministros do Tribunal de Contas da União indicados
de suas Casas, os atos do Poder Executivo, incluídos os pelo Presidente da República;
da administração indireta; c) Governador de Território;

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- aprovar previamente, por voto secreto, após Não perderá o mandato o Deputado ou Senador:
arguição em sessão secreta, a escolha dos chefes de - investido no cargo de Ministro de Estado,
missão diplomática de caráter permanente; Governador de Território, Secretário de Estado, do
- autorizar operações externas de natureza financeira, Distrito Federal, de Território, de Prefeitura de capital ou
de interesse da União, dos Estados, do Distrito Federal, chefe de missão diplomática temporária;
dos Territórios e dos Municípios; - licenciado pela respectiva Casa por motivo de
- estabelecer limites globais e condições para o doença, ou para tratar, sem remuneração, de interesse
montante da dívida mobiliária dos Estados, do Distrito particular, desde que, neste caso, o afastamento não
Federal e dos Municípios; ultrapasse cento e vinte dias por sessão legislativa.
- aprovar, por maioria absoluta e por voto secreto, a
exoneração, de ofício, do Procurador-Geral da República Da Emenda à Constituição
antes do término de seu mandato; A Constituição poderá ser emendada mediante
- elaborar seu regimento interno; proposta:
- de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara
Dos Deputados e dos Senadores dos Deputados ou do Senado Federal;
Os Deputados e Senadores são invioláveis por suas - do Presidente da República;
opiniões, palavras e votos. - de mais da metade das Assembleias Legislativas
No caso de flagrante de crime inafiançável, os autos das unidades da Federação, manifestando-se, cada uma
serão remetidos, dentro de vinte e quatro horas, à Casa delas, pela maioria relativa de seus membros.
respectiva, para que, pelo voto secreto da maioria de
seus membros, resolva sobre a prisão e autorize, ou não,
a formação de culpa. FIQUE ATENTO!
Os Deputados e Senadores serão submetidos a Não será objeto de deliberação a proposta
julgamento perante o Supremo Tribunal Federal. de emenda tendente a abolir: a forma fede-
rativa de Estado, o voto direto, secreto, uni-
Os Deputados e Senadores não poderão: versal e periódico, a separação dos Poderes,
- desde a expedição do diploma: os direitos e garantias individuais.
a) firmar ou manter contrato com pessoa jurídica de
direito público, autarquia, empresa pública, sociedade de
economia mista ou empresa concessionária de serviço Das Leis
público, salvo quando o contrato obedecer a cláusulas A iniciativa das leis complementares e ordinárias
uniformes; cabe a qualquer membro ou comissão da Câmara
b) aceitar ou exercer cargo, função ou emprego dos Deputados, do Senado Federal ou do Congresso
remunerado, inclusive os de que sejam demissíveis ad Nacional, ao Presidente da República, ao Supremo
nutum, nas entidades constantes da alínea anterior; Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores, ao Procurador-
- desde a posse: Geral da República e aos cidadãos, na forma e nos casos
a) ser proprietários, controladores ou diretores de previstos nesta Constituição.
empresa que goze de favor decorrente de contrato com Em caso de relevância e urgência, o Presidente da
pessoa jurídica de direito público, ou nela exercer função República poderá adotar medidas provisórias, com força
remunerada; de lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso
b) ocupar cargo ou função de que sejam demissíveis Nacional, que, estando em recesso, será convocado
ad nutum, nas entidades referidas no inciso I, a; extraordinariamente para se reunir no prazo de cinco
c) patrocinar causa em que seja interessada qualquer dias.
das entidades a que se refere o inciso I, a; A discussão e votação dos projetos de lei de iniciativa
d) ser titulares de mais de um cargo ou mandato do Presidente da República, do Supremo Tribunal Federal
público eletivo. e dos Tribunais Superiores terão início na Câmara dos
Deputados.
Perderá o mandato o Deputado ou Senador: O projeto de lei aprovado por uma Casa será revisto
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

- que infringir qualquer das proibições estabelecidas pela outra, em um só turno de discussão e votação, e
no artigo anterior; enviado à sanção ou promulgação, se a Casa revisora o
- cujo procedimento for declarado incompatível com aprovar, ou arquivado, se o rejeitar.
o decoro parlamentar;
- que deixar de comparecer, em cada sessão Do Poder Executivo
legislativa, à terça parte das sessões ordinárias da O Poder Executivo é exercido pelo Presidente da
Casa a que pertencer, salvo licença ou missão por esta República, auxiliado pelos Ministros de Estado.
autorizada; O Presidente e o Vice-Presidente da República
- que perder ou tiver suspensos os direitos políticos; tomarão posse em sessão do Congresso Nacional,
- quando o decretar a Justiça Eleitoral, nos casos prestando o compromisso de manter, defender e cumprir
previstos nesta Constituição; a Constituição, observar as leis, promover o bem geral
- que sofrer condenação criminal em sentença do povo brasileiro, sustentar a união, a integridade e a
transitada em julgado. independência do Brasil.

13
XIV - nomear, após aprovação pelo Senado Federal,
#FicaDica os Ministros do Supremo Tribunal Federal e dos Tri-
bunais Superiores, os Governadores de Territórios, o
O Presidente e o Vice-Presidente da Re- Procurador-Geral da República, o presidente e os di-
pública não poderão, sem licença do Con- retores do banco central e outros servidores, quando
gresso Nacional, ausentar-se do País por determinado em lei;
período superior a quinze dias, sob pena XV - nomear, observado o disposto no art. 73, os Mi-
de perda do cargo. nistros do Tribunal de Contas da União;
XVI - nomear os magistrados, nos casos previstos nes-
ta Constituição, e o Advogado-Geral da União;
Do Conselho de Defesa Nacional XVII - nomear membros do Conselho da República,
O Conselho de Defesa Nacional é órgão de consulta do nos termos do art. 89, VII;
Presidente da República nos assuntos relacionados com XVIII - convocar e presidir o Conselho da República e o
a soberania nacional e a defesa do Estado democrático, e Conselho de Defesa Nacional;
dele participam como membros natos: XIX - declarar guerra, no caso de agressão estrangeira,
- o Vice-Presidente da República; autorizado pelo Congresso Nacional ou referendado
- o Presidente da Câmara dos Deputados; por ele, quando ocorrida no intervalo das sessões le-
- o Presidente do Senado Federal; gislativas, e, nas mesmas condições, decretar, total ou
- o Ministro da Justiça; parcialmente, a mobilização nacional;
- os Ministros militares; XX - celebrar a paz, autorizado ou com o referendo do
- o Ministro das Relações Exteriores; Congresso Nacional;
- o Ministro do Planejamento.
XXI - conferir condecorações e distinções honoríficas;
A lei regulará a organização e o funcionamento do
XXII - permitir, nos casos previstos em lei complemen-
Conselho de Defesa Nacional.
tar, que forças estrangeiras transitem pelo território
Das atribuições e responsabilidades do Presidente nacional ou nele permaneçam temporariamente;
da República XXIII - enviar ao Congresso Nacional o plano pluria-
nual, o projeto de lei de diretrizes orçamentárias e as
Das atribuições do Presidente da República propostas de orçamento previstos nesta Constituição;
XXIV - prestar, anualmente, ao Congresso Nacional,
Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da Re- dentro de sessenta dias após a abertura da sessão le-
pública: gislativa, as contas referentes ao exercício anterior;
I - nomear e exonerar os Ministros de Estado; XXV - prover e extinguir os cargos públicos federais,
II - exercer, com o auxílio dos Ministros de Estado, a na forma da lei;
direção superior da administração federal; XXVI - editar medidas provisórias com força de lei, nos
III - iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos termos do art. 62;
previstos nesta Constituição;
XXVII - exercer outras atribuições previstas nesta
IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem
como expedir decretos e regulamentos para sua fiel Constituição.
execução; Parágrafo único. O Presidente da República poderá
V - vetar projetos de lei, total ou parcialmente; delegar as atribuições mencionadas nos incisos VI,
VI - dispor, mediante decreto, sobre: XII e XXV, primeira parte, aos Ministros de Estado, ao
a) organização e funcionamento da administração fe- Procurador-Geral da República ou ao Advogado-Geral
deral, quando não implicar aumento de despesa nem da União, que observarão os limites traçados nas res-
criação ou extinção de órgãos públicos; pectivas delegações.
b) extinção de funções ou cargos públicos, quando va-
gos; Das responsabilidades do Presidente Da República
VII - manter relações com Estados estrangeiros e acre- Art. 85. São crimes de responsabilidade os atos do Pre-
ditar seus representantes diplomáticos; sidente da República que atentem contra a Constitui-
VIII - celebrar tratados, convenções e atos internacio-
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

ção Federal e, especialmente, contra:


nais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional; I - a existência da União;
IX - decretar o estado de defesa e o estado de sítio; II - o livre exercício do Poder Legislativo, do Poder Ju-
X - decretar e executar a intervenção federal; diciário, do Ministério Público e dos Poderes constitu-
XI - remeter mensagem e plano de governo ao Con- cionais das unidades da Federação;
gresso Nacional por ocasião da abertura da sessão le- III - o exercício dos direitos políticos, individuais e so-
gislativa, expondo a situação do País e solicitando as ciais;
providências que julgar necessárias; IV - a segurança interna do País;
XII - conceder indulto e comutar penas, com audiên- V - a probidade na administração;
cia, se necessário, dos órgãos instituídos em lei; VI - a lei orçamentária;
XIII - exercer o comando supremo das Forças Arma- VII - o cumprimento das leis e das decisões judiciais.
das, nomear os Comandantes da Marinha, do Exército Parágrafo único. Esses crimes serão definidos em lei
e da Aeronáutica, promover seus oficiais-generais e especial, que estabelecerá as normas de processo e
nomeá-los para os cargos que lhes são privativos; julgamento.

14
Art. 86. Admitida a acusação contra o Presidente da reformas e pensões, ressalvadas as melhorias pos-
República, por dois terços da Câmara dos Deputados, teriores que não alterem o fundamento legal do ato
será ele submetido a julgamento perante o Supremo concessório;
Tribunal Federal, nas infrações penais comuns, ou pe- IV - realizar, por iniciativa própria, da Câmara dos
rante o Senado Federal, nos crimes de responsabili- Deputados, do Senado Federal, de Comissão técnica
dade. ou de inquérito, inspeções e auditorias de natureza
§ 1º O Presidente ficará suspenso de suas funções: contábil, financeira, orçamentária, operacional e pa-
I - nas infrações penais comuns, se recebida a denún- trimonial, nas unidades administrativas dos Poderes
cia ou queixa-crime pelo Supremo Tribunal Federal; Legislativo, Executivo e Judiciário, e demais entidades
II - nos crimes de responsabilidade, após a instauração referidas no inciso II;
do processo pelo Senado Federal. V - fiscalizar as contas nacionais das empresas supra-
§ 2º Se, decorrido o prazo de cento e oitenta dias, o jul- nacionais de cujo capital social a União participe, de
gamento não estiver concluído, cessará o afastamento forma direta ou indireta, nos termos do tratado cons-
do Presidente, sem prejuízo do regular prosseguimen- titutivo;
to do processo. VI - fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repas-
§ 3º Enquanto não sobrevier sentença condenatória, sados pela União mediante convênio, acordo, ajuste
nas infrações comuns, o Presidente da República não ou outros instrumentos congêneres, a Estado, ao Dis-
estará sujeito a prisão. trito Federal ou a Município;
§ 4º O Presidente da República, na vigência de seu VII - prestar as informações solicitadas pelo Congresso
mandato, não pode ser responsabilizado por atos es- Nacional, por qualquer de suas Casas, ou por qual-
tranhos ao exercício de suas funções. quer das respectivas Comissões, sobre a fiscalização
contábil, financeira, orçamentária, operacional e pa-
trimonial e sobre resultados de auditorias e inspeções
12- Fiscalização contábil, financeira e orçamentária
realizadas;
VIII - aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalida-
Acerca do assunto, se faz de extrema importância
de de despesa ou irregularidade de contas, as sanções
a leitura seca dos dispositivos da Constituição Federal
previstas em lei, que estabelecerá, entre outras comi-
abaixo: nações, multa proporcional ao dano causado ao erá-
rio;
Art. 70. A fiscalização contábil, financeira, orçamen- IX - assinar prazo para que o órgão ou entidade adote
tária, operacional e patrimonial da União e das enti- as providências necessárias ao exato cumprimento da
dades da administração direta e indireta, quanto à le- lei, se verificada ilegalidade;
galidade, legitimidade, economicidade, aplicação das X - sustar, se não atendido, a execução do ato impug-
subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo nado, comunicando a decisão à Câmara dos Deputa-
Congresso Nacional, mediante controle externo, e pelo dos e ao Senado Federal;
sistema de controle interno de cada Poder. XI - representar ao Poder competente sobre irregulari-
Parágrafo único. Prestará contas qualquer pessoa físi- dades ou abusos apurados.
ca ou jurídica, pública ou privada, que utilize, arreca- § 1º No caso de contrato, o ato de sustação será ado-
de, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e tado diretamente pelo Congresso Nacional, que so-
valores públicos ou pelos quais a União responda, ou licitará, de imediato, ao Poder Executivo as medidas
que, em nome desta, assuma obrigações de natureza cabíveis.
pecuniária. § 2º Se o Congresso Nacional ou o Poder Executivo,
Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Na- no prazo de noventa dias, não efetivar as medidas
cional, será exercido com o auxílio do Tribunal de Con- previstas no parágrafo anterior, o Tribunal decidirá a
tas da União, ao qual compete: respeito.
I - apreciar as contas prestadas anualmente pelo Pre- § 3º As decisões do Tribunal de que resulte imputação
sidente da República, mediante parecer prévio que de- de débito ou multa terão eficácia de título executivo.
verá ser elaborado em sessenta dias a contar de seu § 4º O Tribunal encaminhará ao Congresso Nacional,
trimestral e anualmente, relatório de suas atividades.
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

recebimento;
II - julgar as contas dos administradores e demais res- Art. 72. A Comissão mista permanente a que se refe-
ponsáveis por dinheiros, bens e valores públicos da re o art. 166, §1º, diante de indícios de despesas não
administração direta e indireta, incluídas as fundações autorizadas, ainda que sob a forma de investimentos
e sociedades instituídas e mantidas pelo Poder Públi- não programados ou de subsídios não aprovados, po-
co federal, e as contas daqueles que derem causa a derá solicitar à autoridade governamental responsável
perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte que, no prazo de cinco dias, preste os esclarecimentos
prejuízo ao erário público; necessários.
III - apreciar, para fins de registro, a legalidade dos § 1º Não prestados os esclarecimentos, ou considera-
atos de admissão de pessoal, a qualquer título, na ad- dos estes insuficientes, a Comissão solicitará ao Tri-
ministração direta e indireta, incluídas as fundações bunal pronunciamento conclusivo sobre a matéria, no
instituídas e mantidas pelo Poder Público, excetuadas prazo de trinta dias.
as nomeações para cargo de provimento em comis- § 2º Entendendo o Tribunal irregular a despesa, a Co-
são, bem como a das concessões de aposentadorias, missão, se julgar que o gasto possa causar dano irre-

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parável ou grave lesão à economia pública, proporá Parágrafo único. As Constituições estaduais disporão
ao Congresso Nacional sua sustação. sobre os Tribunais de Contas respectivos, que serão in-
Art. 73. O Tribunal de Contas da União, integrado por tegrados por sete Conselheiros.
nove Ministros, tem sede no Distrito Federal, quadro
próprio de pessoal e jurisdição em todo o território na-
cional, exercendo, no que couber, as atribuições pre-
ÓRGÃOS DO PODER JUDICIÁRIO
vistas no art. 96.
§ 1º Os Ministros do Tribunal de Contas da União se-
rão nomeados dentre brasileiros que satisfaçam os se-
guintes requisitos: 1) STF
I - mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco O Supremo Tribunal Federal é a última instância do
anos de idade; poder judiciário do Brasil, composto por 11 ministros
II - idoneidade moral e reputação ilibada; (juízes), os quais são nomeados pelo Presidente da
III - notórios conhecimentos jurídicos, contábeis, eco- República, devendo ser aprovado pelo Senado Federal.
nômicos e financeiros ou de administração pública; O STF juga questões acerca da Constituição Federal,
IV - mais de dez anos de exercício de função ou de efe- pois ele é o “guardião” da nossa Magma Carta de
tiva atividade profissional que exija os conhecimentos 1988. Entre suas principais atribuições está a de julgar
mencionados no inciso anterior. ações diretas de inconstitucionalidade de lei ou ato
§ 2º Os Ministros do Tribunal de Contas da União se- normativo federal ou estadual; ações declaratórias de
rão escolhidos: constitucionalidade de lei ou ato normativo federal; a
I - um terço pelo Presidente da República, com apro- arguição de descumprimento de preceito fundamental
vação do Senado Federal, sendo dois alternadamente decorrente da própria Constituição e a extradição
dentre auditores e membros do Ministério Público jun- solicitada por Estado estrangeiro.
to ao Tribunal, indicados em lista tríplice pelo Tribunal, No tocante a esfera criminal, o STF tem competência
segundo os critérios de antigüidade e merecimento; para julgar nas infrações penais comuns, o presidente
II - dois terços pelo Congresso Nacional. da República e seu vice, os membros do Congresso
§ 3° Os Ministros do Tribunal de Contas da União terão Nacional, seus próprios ministros e o procurador-geral
as mesmas garantias, prerrogativas, impedimentos, da República.
vencimentos e vantagens dos Ministros do Superior
Tribunal de Justiça, aplicando-se lhes, quanto à apo- 2) STJ
sentadoria e pensão, as normas constantes do art. 40. O Superior Tribunal de Justiça é a última instância
§ 4º O auditor, quando em substituição a Ministro, para as causas infraconstitucionais, sendo o órgão de
terá as mesmas garantias e impedimentos do titular e, convergência da Justiça comum. O STJ é composto por
quando no exercício das demais atribuições da judica- 33 ministros. Entre suas principais atribuições, destaca-se
tura, as de juiz de Tribunal Regional Federal. que ele é o responsável por uniformizar a interpretação
Art. 74. Os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário da lei federal em todo o Brasil, seguindo os princípios
manterão, de forma integrada, sistema de controle in- constitucionais
terno com a finalidade de: No âmbito criminal, o STJ julga crimes comuns
I - avaliar o cumprimento das metas previstas no pla- praticados por governadores dos Estados e do
no plurianual, a execução dos programas de governo Distrito Federal, crimes comuns e de responsabilidade
e dos orçamentos da União; de desembargadores dos tribunais de Justiça e de
II - comprovar a legalidade e avaliar os resultados, conselheiros dos tribunais de contas estaduais, dos
quanto à eficácia e eficiência, da gestão orçamentá- membros dos tribunais regionais federais, eleitorais e
ria, financeira e patrimonial nos órgãos e entidades
do trabalho. Ainda assim, julga também habeas corpus
da administração federal, bem como da aplicação de
que envolvam essas autoridades ou ministros de Estado,
recursos públicos por entidades de direito privado;
exceto em casos relativos à Justiça eleitoral, dentre
III - exercer o controle das operações de crédito, avais e
outros.
garantias, bem como dos direitos e haveres da União;
IV - apoiar o controle externo no exercício de sua mis-
3) TSE
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

são institucional.
O Tribunal Superior Eleitoral possui no mínimo 7
§ 1º Os responsáveis pelo controle interno, ao toma-
membros, sendo responsável por expedir instruções
rem conhecimento de qualquer irregularidade ou ile-
para a execução da lei que rege o processo eleitoral, bem
galidade, dela darão ciência ao Tribunal de Contas da
como, tem a função de acompanhar a legislação eleitoral
União, sob pena de responsabilidade solidária.
juntamente com os Tribunais Regionais Eleitorais,
§ 2º Qualquer cidadão, partido político, associação
assegurando a organização das eleições e o exercício dos
ou sindicato é parte legítima para, na forma da lei,
direitos políticos da população.
denunciar irregularidades ou ilegalidades perante o
Tribunal de Contas da União.
4) TST
Art. 75. As normas estabelecidas nesta seção aplicam-
O Tribunal Superior do Trabalho julga recursos contra
-se, no que couber, à organização, composição e fis-
decisões de Tribunais Regionais do trabalho e dissídios
calização dos Tribunais de Contas dos Estados e do
coletivos de categorias organizadas em nível nacional,
Distrito Federal, bem como dos Tribunais e Conselhos
além de mandados de segurança, embargos opostos a
de Contas dos Municípios.

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suas decisões e ações rescisórias. O TST é composto por Os órgãos descritos acima são os principais órgãos
27 ministros nomeados pelo presidente da República e judiciários do sistema brasileiro. Ainda assim, de uma
aprovados pela maioria absoluta do Senado Federal. maneira abrangente podemos ainda cita o Justiça
Comum, Justiça Federal, Tribunal de Justiça, Tribunal
5) STM Regional do Trabalho, Justiça do Trabalho, as quais
O Superior Tribunal Militar processar e julgar cuidam de processos de acordo com sua competência.
crimes que envolvam militares da Marinha, Exército e Ver-se-á, a seguir, os órgãos da Justiça Federal.
Aeronáutica além de funções judiciais e administrativas.
É composto por 15 ministros vitalícios, nomeados pelo
presidente da República, com indicação aprovada pelo
Senado Federal. Três ministros são da Marinha, quatro do
EXERCÍCIO COMENTADO
Exército e três da Aeronáutica, os outros cinco são civis.
1- (STJ – CESPE – 2018) A respeito do que dispõe a
Os órgãos descritos acima são os principais órgãos Constituição Federal de 1988 (CF) sobre o regime jurídi-
judiciários do sistema brasileiro. Ainda assim, de uma co da administração pública e o Poder Judiciário, julgue
maneira abrangente podemos ainda cita o Justiça o item seguinte.
Comum, Justiça Federal, Tribunal de Justiça, Tribunal É competência exclusiva do Superior Tribunal de Justiça
Regional do Trabalho, Justiça do Trabalho e etc. julgar governadores de estado por crimes de responsa-
bilidade.
Conselho Nacional de Justiça
( ) CERTO ( ) ERRADO
O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) é uma
instituição pública que visa aperfeiçoar o trabalho do Comentário: Estabelece o art. 105, I, a) da CF prescreve
sistema judiciário brasileiro, principalmente no que diz que é competência originária do STJ o julgamento de
respeito ao controle e à transparência administrativa e crimes comuns de Governadores de Estado.
processual. GABARITO OFICIAL: ERRADO
Missão: desenvolver políticas judiciárias que
2- (INSTITUTO RIO BRANCO – DIPLOMATA – CESPE
promovam a efetividade e a unidade do Poder Judiciário,
– 2018)Considerando a ordem constitucional brasileira,
orientadas para os valores de justiça e paz social.
julgue (C ou E) o item seguinte.
Visão de futuro: ser reconhecido como órgão de
O Poder Executivo é um órgão pluripessoal, exercido
excelência em planejamento estratégico, governança e
pelo presidente e pelo vice-presidente da República e
gestão judiciária, a impulsionar a efetividade da Justiça
pelos ministros de Estado.
brasileira.
( ) CERTO ( ) ERRADO
O que CNJ faz?
Comentário: Prescreve o art. 76 que: “O Poder Execu-
Transparência e controle: tivo é exercido pelo Presidente da República, auxiliado
• Na Política Judiciária: zelar pela autonomia do pelos Ministros de Estado”. Portanto, não se trata de
Poder Judiciário e pelo cumprimento do Estatuto órgão pluripessoal.
da Magistratura, expedindo atos normativos e GABARITO OFICIAL: ERRADO.
recomendações.
• Na Gestão: definir o planejamento estratégico, os 3- (CGM-PB - CESPE – 2018)Julgue o item subsequente,
planos de metas e os programas de avaliação institucional relativo ao sistema tributário, ao sistema financeiro, ao
do Poder Judiciário. orçamento público e ao controle externo conforme as
• Na Prestação de Serviços ao Cidadão: receber disposições da CF.
reclamações, petições eletrônicas e representações Cabe ao Congresso Nacional exercer, entre outras com-
contra membros ou órgãos do Judiciário, inclusive contra petências, a fiscalização contábil da União, mediante
seus serviços auxiliares, serventias e órgãos prestadores controle externo.
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

de serviços notariais e de registro que atuem por


delegação do poder público ou oficializado. ( ) CERTO ( ) ERRADO
• Na Moralidade: julgar processos disciplinares,
assegurada ampla defesa, podendo determinar a Comentário: A assertiva encontra-se de acordo com o
remoção, a disponibilidade ou a aposentadoria com previsto no art. 70 da CF, sendo válido lembrar que é o
subsídios ou proventos proporcionais ao tempo de Tribunal de Contas da União (TCU) que auxilia o Con-
serviço e aplicar outras sanções administrativas. gresso Nacional no controle externo, art. 71, caput, CF.
• Na Eficiência dos Serviços Judiciais: melhores GABARITO OFICIAL: CERTO
práticas e celeridade: elaborar e publicar semestralmente
relatório estatístico sobre movimentação processual e 4. (CGM-PB –TÉCNICO MUNICIPAL DE CONTROLE IN-
outros indicadores pertinentes à atividade jurisdicional TERNO-GERAL – CESPE – 2018) Acerca da administra-
em todo o País. (FONTE CNJ: http://www.cnj.jus.br/sobre- ção pública e da organização dos poderes, julgue o item
o-cnj/quem-somos-visitas-e-contatos) subsequente à luz da CF.

17
As comissões parlamentares de inquérito, em regra, têm aos ajustes necessários para fins de consolidação da
os mesmos poderes instrutórios que os magistrados proposta orçamentária anual. (Incluído pela
possuem durante a instrução processual penal, com a di- Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
ferença de que há a possibilidade de exercê-los fora dos § 6º Durante a execução orçamentária do exercício,
limites constitucionais impostos ao Poder Judiciário. não poderá haver a realização de despesas ou a as-
sunção de obrigações que extrapolem os limites es-
( ) CERTO ( ) ERRADO tabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias, exceto
se previamente autorizadas, mediante a abertura de
Comentário: Não obstante as comissões parlamen- créditos suplementares ou especiais. (Incluí-
tares de inquérito possuam poderes de investigação do pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
próprios das autoridades judiciais, depreende-se que Art. 128. O Ministério Público abrange:
não há possibilidade do exercício de tal poder além I - o Ministério Público da União, que compreende:
dos limites constitucionais, art. 58, § 3º, CF. a) o Ministério Público Federal;
GABARITO OFICIAL: ERRADO b) o Ministério Público do Trabalho;
c) o Ministério Público Militar;
d) o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios;
II - os Ministérios Públicos dos Estados.
§ 1º O Ministério Público da União tem por chefe o
DOS ÓRGÃOS ESSENCIAIS À JUSTIÇA
Procurador-Geral da República, nomeado pelo Pre-
sidente da República dentre integrantes da carreira,
maiores de trinta e cinco anos, após a aprovação de
Tendo em vista a simplicidade da matéria, vejamos o seu nome pela maioria absoluta dos membros do Se-
que diz a Constituição Federal: nado Federal, para mandato de dois anos, permitida
a recondução.
DAS FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA § 2º A destituição do Procurador-Geral da República,
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 80, de por iniciativa do Presidente da República, deverá ser
2014) precedida de autorização da maioria absoluta do Se-
nado Federal.
SEÇÃO I § 3º Os Ministérios Públicos dos Estados e o do Distrito
DO MINISTÉRIO PÚBLICO Federal e Territórios formarão lista tríplice dentre in-
tegrantes da carreira, na forma da lei respectiva, para
Art. 127. O Ministério Público é instituição perma- escolha de seu Procurador-Geral, que será nomeado
nente, essencial à função jurisdicional do Estado, in- pelo Chefe do Poder Executivo, para mandato de dois
cumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime anos, permitida uma recondução.
democrático e dos interesses sociais e individuais in- § 4º Os Procuradores-Gerais nos Estados e no Distrito
disponíveis. Federal e Territórios poderão ser destituídos por deli-
§ 1º - São princípios institucionais do Ministério Pú- beração da maioria absoluta do Poder Legislativo, na
blico a unidade, a indivisibilidade e a independência forma da lei complementar respectiva.
funcional. § 5º Leis complementares da União e dos Estados, cuja
§ 2º Ao Ministério Público é assegurada autonomia iniciativa é facultada aos respectivos Procuradores-
funcional e administrativa, podendo, observado o -Gerais, estabelecerão a organização, as atribuições
disposto no art. 169, propor ao Poder Legislativo a e o estatuto de cada Ministério Público, observadas,
criação e extinção de seus cargos e serviços auxilia- relativamente a seus membros:
res, provendo-os por concurso público de provas ou I - as seguintes garantias:
de provas e títulos, a política remuneratória e os pla- a) vitaliciedade, após dois anos de exercício, não po-
nos de carreira; a lei disporá sobre sua organização e dendo perder o cargo senão por sentença judicial
funcionamento. (Redação dada pela Emenda transitada em julgado;
Constitucional nº 19, de 1998) b) inamovibilidade, salvo por motivo de interesse
§ 3º O Ministério Público elaborará sua proposta or- público, mediante decisão do órgão colegiado com-
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

çamentária dentro dos limites estabelecidos na lei de petente do Ministério Público, pelo voto da maioria
diretrizes orçamentárias. absoluta de seus membros, assegurada ampla defe-
§ 4º Se o Ministério Público não encaminhar a res- sa; (Redação dada pela Emenda Constitucional
pectiva proposta orçamentária dentro do prazo esta- nº 45, de 2004)
belecido na lei de diretrizes orçamentárias, o Poder c) irredutibilidade de subsídio, fixado na forma do art.
Executivo considerará, para fins de consolidação da 39, § 4º, e ressalvado o disposto nos arts. 37, X e XI,
proposta orçamentária anual, os valores aprovados 150, II, 153, III, 153, § 2º, I; (Redação dada
na lei orçamentária vigente, ajustados de acordo com pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
os limites estipulados na forma do § 3º. (In- II - as seguintes vedações:
cluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) a) receber, a qualquer título e sob qualquer pretexto,
§ 5º Se a proposta orçamentária de que trata este arti- honorários, percentagens ou custas processuais;
go for encaminhada em desacordo com os limites esti- b) exercer a advocacia;
pulados na forma do § 3º, o Poder Executivo procederá c) participar de sociedade comercial, na forma da lei;

18
d) exercer, ainda que em disponibilidade, qualquer ou- § 4º Aplica-se ao Ministério Público, no que couber,
tra função pública, salvo uma de magistério; o disposto no art. 93. (Redação dada pela
e) exercer atividade político-partidária, salvo exceções Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
previstas na lei. § 5º A distribuição de processos no Ministério Público
e) exercer atividade político-partidária; (Re- será imediata. (Incluído pela Emenda Consti-
dação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) tucional nº 45, de 2004)
f) receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou Art. 130. Aos membros do Ministério Público junto aos
contribuições de pessoas físicas, entidades públicas Tribunais de Contas aplicam-se as disposições desta
ou privadas, ressalvadas as exceções previstas em seção pertinentes a direitos, vedações e forma de in-
lei. (Incluída pela Emenda Constitucional nº vestidura.
45, de 2004) Art. 130-A. O Conselho Nacional do Ministério Públi-
§ 6º Aplica-se aos membros do Ministério Público o co compõe-se de quatorze membros nomeados pelo
disposto no art. 95, parágrafo único, V. (In- Presidente da República, depois de aprovada a esco-
cluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) lha pela maioria absoluta do Senado Federal, para
Art. 129. São funções institucionais do Ministério Pú- um mandato de dois anos, admitida uma recondução,
blico: sendo: (Incluído pela Emenda Constitucional
I - promover, privativamente, a ação penal pública, na nº 45, de 2004)
forma da lei; I o Procurador-Geral da República, que o preside;
II - zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e II quatro membros do Ministério Público da União, as-
dos serviços de relevância pública aos direitos asse- segurada a representação de cada uma de suas car-
gurados nesta Constituição, promovendo as medidas reiras;
necessárias a sua garantia; III três membros do Ministério Público dos Estados;
III - promover o inquérito civil e a ação civil públi- IV dois juízes, indicados um pelo Supremo Tribunal Fe-
ca, para a proteção do patrimônio público e social, do deral e outro pelo Superior Tribunal de Justiça;
meio ambiente e de outros interesses difusos e cole- V dois advogados, indicados pelo Conselho Federal da
tivos; Ordem dos Advogados do Brasil;
IV - promover a ação de inconstitucionalidade ou re- VI dois cidadãos de notável saber jurídico e reputação
presentação para fins de intervenção da União e dos ilibada, indicados um pela Câmara dos Deputados e
Estados, nos casos previstos nesta Constituição; outro pelo Senado Federal.
V - defender judicialmente os direitos e interesses das § 1º Os membros do Conselho oriundos do Ministério
populações indígenas; Público serão indicados pelos respectivos Ministérios
VI - expedir notificações nos procedimentos adminis- Públicos, na forma da lei.
trativos de sua competência, requisitando informações § 2º Compete ao Conselho Nacional do Ministério Pú-
e documentos para instruí-los, na forma da lei com- blico o controle da atuação administrativa e financei-
plementar respectiva; ra do Ministério Público e do cumprimento dos deve-
VII - exercer o controle externo da atividade policial, res funcionais de seus membros, cabendo lhe:
na forma da lei complementar mencionada no artigo I zelar pela autonomia funcional e administrativa do
anterior; Ministério Público, podendo expedir atos regulamen-
VIII - requisitar diligências investigatórias e a instau- tares, no âmbito de sua competência, ou recomendar
ração de inquérito policial, indicados os fundamentos providências;
jurídicos de suas manifestações processuais; II zelar pela observância do art. 37 e apreciar, de ofício
IX - exercer outras funções que lhe forem conferidas, ou mediante provocação, a legalidade dos atos ad-
desde que compatíveis com sua finalidade, sendo-lhe ministrativos praticados por membros ou órgãos do
vedada a representação judicial e a consultoria jurídi- Ministério Público da União e dos Estados, podendo
ca de entidades públicas. desconstituí-los, revê-los ou fixar prazo para que se
§ 1º - A legitimação do Ministério Público para as adotem as providências necessárias ao exato cumpri-
ações civis previstas neste artigo não impede a de mento da lei, sem prejuízo da competência dos Tribu-
terceiros, nas mesmas hipóteses, segundo o disposto nais de Contas;
nesta Constituição e na lei. III receber e conhecer das reclamações contra mem-
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

§ 2º As funções do Ministério Público só podem ser bros ou órgãos do Ministério Público da União ou dos
exercidas por integrantes da carreira, que deverão re- Estados, inclusive contra seus serviços auxiliares, sem
sidir na comarca da respectiva lotação, salvo autoriza- prejuízo da competência disciplinar e correcional da
ção do chefe da instituição. (Redação dada pela instituição, podendo avocar processos disciplinares em
Emenda Constitucional nº 45, de 2004) curso, determinar a remoção, a disponibilidade ou a
§ 3º O ingresso na carreira do Ministério Público far- aposentadoria com subsídios ou proventos proporcio-
-se-á mediante concurso público de provas e títulos, nais ao tempo de serviço e aplicar outras sanções ad-
assegurada a participação da Ordem dos Advogados ministrativas, assegurada ampla defesa;
do Brasil em sua realização, exigindo-se do bacharel IV rever, de ofício ou mediante provocação, os proces-
em direito, no mínimo, três anos de atividade jurídica sos disciplinares de membros do Ministério Público da
e observando-se, nas nomeações, a ordem de classifi- União ou dos Estados julgados há menos de um ano;
cação. (Redação dada pela Emenda Constitu- V elaborar relatório anual, propondo as providências
cional nº 45, de 2004) que julgar necessárias sobre a situação do Ministério

19
Público no País e as atividades do Conselho, o qual SEÇÃO IV
deve integrar a mensagem prevista no art. 84, XI. DA DEFENSORIA PÚBLICA
§ 3º O Conselho escolherá, em votação secreta, um (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 80, de
Corregedor nacional, dentre os membros do Minis- 2014)
tério Público que o integram, vedada a recondução,
competindo-lhe, além das atribuições que lhe forem Art. 134. A Defensoria Pública é instituição perma-
conferidas pela lei, as seguintes: nente, essencial à função jurisdicional do Estado,
I receber reclamações e denúncias, de qualquer inte- incumbindo-lhe, como expressão e instrumento do
ressado, relativas aos membros do Ministério Público regime democrático, fundamentalmente, a orientação
e dos seus serviços auxiliares; jurídica, a promoção dos direitos humanos e a defesa,
II exercer funções executivas do Conselho, de inspeção em todos os graus, judicial e extrajudicial, dos direitos
e correição geral; individuais e coletivos, de forma integral e gratuita,
III requisitar e designar membros do Ministério Públi- aos necessitados, na forma do inciso LXXIV do art. 5º
co, delegando-lhes atribuições, e requisitar servidores desta Constituição Federal. (Redação dada pela
de órgãos do Ministério Público. Emenda Constitucional nº 80, de 2014)
§ 4º O Presidente do Conselho Federal da Ordem dos § 1º Lei complementar organizará a Defensoria Pú-
Advogados do Brasil oficiará junto ao Conselho. blica da União e do Distrito Federal e dos Territórios e
§ 5º Leis da União e dos Estados criarão ouvidorias prescreverá normas gerais para sua organização nos
do Ministério Público, competentes para receber re- Estados, em cargos de carreira, providos, na classe
clamações e denúncias de qualquer interessado contra inicial, mediante concurso público de provas e títulos,
membros ou órgãos do Ministério Público, inclusive assegurada a seus integrantes a garantia da inamo-
contra seus serviços auxiliares, representando direta- vibilidade e vedado o exercício da advocacia fora das
mente ao Conselho Nacional do Ministério Público. atribuições institucionais. (Renumerado pela
Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
SEÇÃO II § 2º Às Defensorias Públicas Estaduais são assegura-
DA ADVOCACIA PÚBLICA das autonomia funcional e administrativa e a inicia-
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de tiva de sua proposta orçamentária dentro dos limites
1998) estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias e su-
bordinação ao disposto no art. 99, § 2º . (In-
Art. 131. A Advocacia-Geral da União é a instituição cluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
que, diretamente ou através de órgão vinculado, re- § 3º Aplica-se o disposto no § 2º às Defensorias Públi-
presenta a União, judicial e extrajudicialmente, caben- cas da União e do Distrito Federal. (Incluído
do-lhe, nos termos da lei complementar que dispuser pela Emenda Constitucional nº 74, de 2013)
sobre sua organização e funcionamento, as ativida- § 4º São princípios institucionais da Defensoria Públi-
des de consultoria e assessoramento jurídico do Poder ca a unidade, a indivisibilidade e a independência fun-
Executivo. cional, aplicando-se também, no que couber, o dispos-
§ 1º - A Advocacia-Geral da União tem por chefe o to no art. 93 e no inciso II do art. 96 desta Constituição
Federal. (Incluído pela Emenda Constitucional
Advogado-Geral da União, de livre nomeação pelo
nº 80, de 2014)
Presidente da República dentre cidadãos maiores de
Art. 135. Os servidores integrantes das carreiras disci-
trinta e cinco anos, de notável saber jurídico e repu-
plinadas nas Seções II e III deste Capítulo serão remu-
tação ilibada.
nerados na forma do art. 39, § 4º. (Redação
§ 2º - O ingresso nas classes iniciais das carreiras da
dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
instituição de que trata este artigo far-se-á mediante
concurso público de provas e títulos.
§ 3º - Na execução da dívida ativa de natureza tribu-
tária, a representação da União cabe à Procuradoria- EXERCÍCIO COMENTADO
-Geral da Fazenda Nacional, observado o disposto em
lei. 1- (STM – ANALISTA JUDICIÁRIO – CESPE – 2018)
Art. 132. Os Procuradores dos Estados e do Distrito Fe-
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Com relação à organização dos poderes e às funções es-


deral, organizados em carreira, na qual o ingresso de- senciais à justiça, julgue o item a seguir.
penderá de concurso público de provas e títulos, com Cabe ao Ministério Público Federal representar a União
a participação da Ordem dos Advogados do Brasil em em caso de ação judicial proposta por servidor da justiça
todas as suas fases, exercerão a representação judicial militar da União que cobre diferenças devidas em razão
e a consultoria jurídica das respectivas unidades fede- de erro no cálculo de sua remuneração.
radas. (Redação dada pela Emenda Constitucio-
nal nº 19, de 1998) ( ) CERTO ( ) ERRADO
Parágrafo único. Aos procuradores referidos neste
artigo é assegurada estabilidade após três anos de Comentário: A hipótese apresentada na questão tra-
efetivo exercício, mediante avaliação de desempenho ta-se de competência da Advocacia-Geral da União
perante os órgãos próprios, após relatório circunstan- que representa a União, judicial e extrajudicialmente,
ciado das corregedorias. (Redação dada pela Emenda art. 131, caput, da CF.
Constitucional nº 19, de 1998) GABARITO OFICIAL: ERRADO

20
Referências

BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional. HORA DE PRATICAR!


26. ed. São Paulo: Malheiros, 2011.
1. Ano: 2019 Banca: CESPE Órgão: TJ-DFT Prova: CES-
CANOTILHO, J. J. Gomes. Direito Constitucional e PE - 2019 - TJ-DFT - Titular de Serviços de Notas e de
teoria da Constituição. 7ª Ed. 2003. Registros - Remoção

CARVALHO, Kildare Gonçalves. Direito constitucional: É fundamento da República Federativa do Brasil


teoria do Estado e da Constituição. Direito constitucional
positivo, 21. ed., 2014. a) a dignidade da pessoa humana.
GÁRCIA-PELAYO, Manoel. Derecho constitucional b) o desenvolvimento nacional.
comparado. Madrid: Ciência Sociales Alianza Editorial, c) a independência nacional.
1999. d) a erradicação da pobreza.
e) a solidariedade.
HESSE, Konrad. A força normativa da Constituição.
Porto Alegre: Sergio Antonio Fabris Editor, 1991. 2. Ano: 2019 Banca: CESPE Órgão: TJ-DFT Prova: CES-
PE - 2019 - TJ-DFT - Titular de Serviços de Notas e de
LASSALLE, Ferdinand. A essência da Constituição. Rio Registros - Provimento
de Janeiro: Lumen Juris, 2009. O Estado brasileiro deve obediência irrestrita à própria
Constituição, mas, ainda assim, assumiu, nos termos des-
LAZARI, Rafael de. Manual de Direito Constitucional. se estatuto político, o compromisso de reger-se, nas suas
3ª ed. Belo Horizonte: Editora D’ Plácido, 2019. relações internacionais, pelo princípio da

a) prevalência dos direitos humanos.


LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. b) erradicação de todas as formas de discriminação.
22ª ed. São Paulo: Saraiva, 2018. c) dignidade da pessoa humana.
d) redução das desigualdades regionais.
LENZA, Pedro. Direito constitucional esquematizado.
e) inviolabilidade do direito à segurança.
11ᵃed. São Paulo: Método, 2010.
3. Ano: 2019 Banca: CESPE Órgão: PGE-PE Pro-
LENZA, Pedro. Direito constitucional esquematizado.
vas: CESPE - 2019 - PGE-PE - Conhecimentos Básicos
9.ed., São Paulo: Método, 2005.
- Cargos: 1, 2, 3 e 4 . À luz da Constituição Federal de
1988, julgue o item a seguir.
LOEWENSTEIN, Karl.Teoria de la Constitución. 1986.
O direito de propriedade é constitucionalmente garanti-
Manoel Gonçalves Ferreira Filho, Curso de direito
constitucional. São Paulo: Saraiva, 2014. do, devendo as propriedades atender a sua função social.
Certo
MASSON, Nathalia. Manual de direito constitucional. Errado
4ª ed. rev. amp. e atual. Salvador: JusPODIVM, 2016.
4. Ano: 2019 Banca: CESPE Órgão: PGE-PE Pro-
MIRANDA, Jorge. Manual de direito constitucional, 5. vas: CESPE - 2019 - PGE-PE - Conhecimentos Básicos
ed., 2003, t. II. - Cargos: 1, 2, 3 e 4
À luz da Constituição Federal de 1988, julgue o item a
SARLET, Ingo Wolfgang. Dignidade da pessoa humana seguir.
e direitos fundamentais na Constituição Federal de 1988. A cidadania, a dignidade da pessoa humana e os valo-
5 ed. rev. e atual. Porto Alegre: Livraria do Advogado, res sociais do trabalho e da livre iniciativa encontram-se
2007. entre os fundamentos da República Federativa do Brasil.
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

SCHMITT, Carl. Teoría de la constituición. Salamanca: ( ) CERTO ( ) ERRADO


Alianza Editorial, 1996.
5. Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: MPU Prova: CESPE
SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional - 2018 - MPU - Técnico do MPU - Administração
Positivo. 38ª ed. atual. São Paulo: Malheiros, 2014. Com base nas disposições constitucionais acerca de prin-
cípios, direitos e garantias fundamentais, julgue o item a
seguir.
TAVARES, André Ramos. Curso de direito A liberdade de pensamento é exercida com ônus para o
constitucional, 15. Ed. 2017. manifestante, que deverá se identificar e assumir a auto-
ria daquilo que ele expressar.
TEIXEIRA, J. H. Meirelles. Curso de direito
constitucional. Rio de Janeiro: Forense, 1991. ( ) CERTO ( ) ERRADO

21
ANOTAÇÕES
GABARITO

1 A ________________________________________________
2 A _________________________________________________
3 CERTO ________________________________________________
4 CERTO
_________________________________________________
5 CERTO
_________________________________________________

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ÍNDICE

DIREITO PROCESSUAL CIVIL

Princípios constitucionais do processo civil...................................................................................................................................................................... 01


Princípio do devido processo legal e seus consectários lógicos (princípios do contraditório, da ampla defesa e do juiz
natural)............................................................................................................................................................................................................................................. 01
Normas Processuais Civis......................................................................................................................................................................................................... 02
Função Jurisdicional.................................................................................................................................................................................................................... 06
Sujeitos do Processo................................................................................................................................................................................................................... 17
Atos Processuais........................................................................................................................................................................................................................... 23
Tutela Provisória........................................................................................................................................................................................................................... 28
Formação, suspensão e extinção do processo................................................................................................................................................................. 31
Lei nº 9.099/1995 e suas alterações (juizados especiais cíveis e criminais)........................................................................................................... 33
PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS NO PROCESSO CIVIL

O que são princípios? Princípios são premissas sobre as quais se apoiam as ciências. Os princípios processuais ofe-
recem coerência e ordem ao sistema processual.
A subordinação à Constituição Federal está prevista no artigo 1º do CPC, que determina que o processo civil seja
ordenado, disciplinado e interpretado conforme os valores e as normas fundamentais estabelecidos na Constituição
Federal, observando-se a disposição do Código.
Para melhor ilustrar, iremos estudar os seguintes princípios constitucionais referentes ao Processo Civil:

PRINCÍPIO DO DEVIDO PROCESSO LEGAL (DUE PROCESS OF LAW)

O princípio do devido processo legal também é conhecido como princípio da legalidade, que advém do artigo 5º,
LIV, da Constituição Federal, que em seu texto, determina: “Ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o
devido processo legal”.

Todos os demais princípios que serão estudados, derivam do princípio do devido processo legal.

Princípio do Contraditório e Ampla Defesa

O princípio do contraditório está estabelecido no artigo 5º, LV, da Constituição Federal, que determina: “aos li-
tigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla
defesa, com os meios e recursos a ela inerentes.”
Desse princípio, derivam-se duas exigências, a saber:

DIREITO PROCESSUAL CIVIL

Sem o efetivo contraditório, o processo não poderá seguir seu andamento regular.
A preocupação quanto a esse princípio está evidenciada no CPC, no seu artigo 9º, que estabelece: “Não se
proferirá decisão contra uma das partes sem que esta seja previamente ouvida”.

1
Ainda, o artigo 10 do CPC ensina que: “O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em fun-
damento a respeito do qual não se tenha dado às partes oportunidade de se manifestar, ainda que se trate de matéria
sobre a qual deva decidir de ofício.” Trata-se do princípio da vedação a decisão surpresa.
Como exemplo desse princípio, que elenca o contraditório de outro ângulo, se o juiz for reconhecer a prescrição
ou decadência, ainda que possa fazer isso de ofício, deverá antes oportunizar que a parte se manifeste a respeito do
tema.
A decisão surpresa deve ser vedada para que a parte possa apresentar argumentos que afastem a tese apresen-
tada. Caso não proceda assim, haverá uma decisão que, por não oportunizar o contraditório, infringiu este dispositivo.

PRINCÍPIO DO JUIZ NATURAL OU INVESTIDURA

Para que o juiz possa processar e julgar uma lide, deve ser competente e imparcial.
Na Constituição Federal, o princípio do juiz natural é previsto no artigo 5º em dois incisos: “XXXVII – não haverá
juízo ou tribunal de exceção” e “LIII – ninguém será processado, nem sentenciado senão pela autoridade competente”.
Para uma melhor compreensão, vamos elencar os requisitos que caracterizam o juiz natural:

NORMAS PROCESSUAIS CIVIS

Normas processuais correspondem a regras e princípios. A seguir, estudaremos as seguintes princípios:


DIREITO PROCESSUAL CIVIL

2
Princípio do Acesso à Justiça

O princípio do acesso à justiça é previsto na Constituição Federal, art. 5º, XXXV, que assegura: “a lei não excluirá da
apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito”.
Esse princípio, também chamado de princípio da inafastabilidade da jurisdição, garante que, diante de uma lide,
o jurisdicionado poderá buscar intervenção jurisdicional, visando uma solução efetiva. Por esse princípio, qualquer limi-
tação à possibilidade de acionar o judiciário é indevida, pois contempla-se o acesso irrestrito à justiça.

É certo que o § 1º, do art. 3º do CPC, contempla outro método alternativo para solução de conflitos, possibilitando
que pessoas capazes possam solucionar seus litígios envolvendo direitos patrimoniais disponíveis mediante a arbitra-
gem (Lei 9.397/96, alterada pela Li 13.129/2015). O STF entende que essa previsão é constitucional (STF, Pleno, AgRg
na SE 5.206/EP, rel. Min. Sepúlveda Pertence).

Princípio do Dispositivo

Esse princípio indica que o início da atividade jurisdicional se dá, geralmente, por iniciativa das partes, em decor-
rência do princípio da ação. Em outras palavras, o juiz não age de ofício, mas aguarda a provocação das partes interes-
sadas. Esta elencado no art. 2º do CPC, e determina que, o processo começa por iniciativa da parte e se desenvolve por
impulso oficial, salvo às exceções previstas em lei.

Princípio da Motivação das Decisões Judiciais

O artigo 93, IX, da Constituição Federal, determina que todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão
públicos e, fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade.
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

3
Na falta de motivação de qualquer decisão, qualquer uma das partes poderá valer-se dos embargos de declaração,
exigindo que o juiz fundamente a respectiva decisão embargada, podendo também valer-se do recurso adequado para
postular a nulidade da decisão.

Princípio da Publicidade dos Atos Processuais


O princípio da publicidade origina-se também do artigo 93, IX da Constituição Federal, e prevê que os aros pro-
cessuais e a tramitação do processo devem ser, em regra, públicos. No Código de Processo Civil, há menção a esse
princípio nos artigos 8º e 11.
O art. 189, do CPC, elenca as hipóteses em que o processo poderá ser sigiloso. São elas:

Princípio da Inafastabilidade
Também conhecido como princípio da indeclinabilidade, e elencado no artigo 3º do Código de Processo Civil, sig-
nifica dizer que toda lesão ou ameaça aos direitos poderá ser apreciada e decidida pelo Estado-Juiz.

Princípio da Igualdade ou Isonomia

Previsto na Constituição Federal, no artigo 5º, caput, “todos são iguais perante a lei” e no Código de Processo Civil,
no artigo 7º, que assegura às partes paridade de tratamento em relação ao exercício de direitos e faculdades proces-
suais.
Esse princípio informa que o juiz deve tratar, na esfera processual, todos de forma igual.
Mas atenção, a lei cria mecanismos processuais distintos entre litigantes, sem que haja ofensa ao princípio da
isonomia. Por exemplo, quando concede prazo maior ao Ministério Público e a Fazenda Pública para se manifestar nos
autos, ou quando concede isenção de custas para a parte que comprova hipossuficiência.

Princípio da Boa-Fé Processual

Essa norma está elencada no art. 5º do CPC. Embora as pessoas que recorrem ao Poder Judiciário estejam, na
maioria das vezes, litigando entre si, o processo em si não pode ser ambiente de conflitos, com atuações desleais ou
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

fraudulentas.
Por esse motivo, todos os sujeitos que efetivamente participam do processo, qualquer seja a natureza de sua
atuação (juiz, promotor, partes, peritos, auxiliares da justiça etc.), devem conduzir o processo com moralidade, hones-
tidade e lealdade, respeitando o dever de boa-fé processual.

4
Princípio da Cooperação

As partes devem, portanto, cooperar com o juiz, facilitando a produção de provas e informações, que possam for-
mar o convencimento motivado do magistrado.
E o juiz deverá cooperar igualmente com as partes, como, por exemplo, esclarecendo-lhes aquilo que for necessário,
apontando vícios existentes que possam ser corrigidos, em atenção aos artigos 321 e 332, § 2º, do CPC.

Princípio da Razoável Duração do Processo


No Código de Processo Civil, esse princípio está previsto no art. 4º, que determina ainda que ”as partes têm o
direito de obter em prazo razoável a solução integral do mérito, incluída a atividade satisfativa”.
Ou seja, ao mencionar a atividade satisfativa, conclui-se que o princípio em comento não se restringe apenas à
fase de conhecimento, mas também ao cumprimento de sentença e execução.

Princípio da Instrumentalidade das Formas


O princípio da instrumentalidade das formas, previsto no artigo 188 do CPC, antecipa que, exceto quando a lei
expressamente exigir, os atos e termos processuais não dependem de forma determinada reputando-se válidos os
que, realizados de outro modo, lhe preencham a finalidade essencial.
À título de exemplo: a citação do réu é obrigatória, mas o seu comparecimento espontâneo supre a necessidade da
citação indicada em lei, pois a finalidade foi atingida.
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

EXERCÍCIOS COMENTADOS

1. (STJ – ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA – CESPE - 2018) Com referência às normas fundamentais do processo
civil, julgue o item a seguir.
O exercício do direito ao contraditório compete às partes, cabendo ao juiz zelar pela efetividade desse direito.

( )Certo ( )Errado

5
RESPOSTA: Certo. O artigo 7º do CPC prevê que é assegurada às partes paridade de tratamento em relação ao
exercício de direitos e faculdades processuais, aos meios de defesa, aos ônus, aos deveres e à aplicação de sanções
processuais, competindo ao juiz zelar pelo efetivo contraditório.

2. (TCM-BA – AUDITOR ESTADUAL DE CONTROLE EXTERNO – CESPE - 2018) De acordo com norma presente no
art. 286, inciso II do Código de Processo Civil (CPC), que trata da prevenção do juízo, devem ser distribuídas por depen-
dência as causas de qualquer natureza “quando, tendo sido extinto o processo sem resolução de mérito, for reiterado
o pedido, ainda que em litisconsórcio com outros autores ou que sejam parcialmente alterados os réus da demanda”.
Essa regra objetiva dar efetividade ao princípio

a) do contraditório.
b) da inércia
c) da unidade.
d) do juiz natural.
e) da investidura.

RESPOSTA: Errado. Trata-se do princípio do juiz natural, anteriormente estudado. A prevenção do Juízo serve para
evitar que os autores possam escolher o juiz preservando assim, o princípio do juiz natural, que é aquele para o qual
foi distribuída a ação inicial.

3. (DPU – DEFENSOR PÚBLICO FEDERAL – CESPE - 2017) Um sistema processual civil que não proporcione à socie-
dade o reconhecimento e a realização dos direitos, ameaçados ou violados, que tem cada um dos jurisdicionados, não
se harmoniza com as garantias constitucionais de um Estado democrático de direito.
Se é ineficiente o sistema processual, todo o ordenamento jurídico passa a carecer de real efetividade. De fato, as nor-
mas de direito material se transformam em pura ilusão, sem a garantia de sua correlata realização, no mundo empírico,
por meio do processo.
Exposição de motivos do Código de Processo Civil/2015, p. 248-53. Vade Mecum Acadêmico de Direito Rideel. 22.ª ed.
São Paulo, 2016 (com adaptações)
Tendo o texto precedente como referência inicial, julgue o item a seguir à luz do entendimento jurisprudencial e dou-
trinário acerca das normas fundamentais do processo civil.
Voltado para a concepção democrática atual do processo justo, o CPC promoveu a evolução do contraditório, que
passou a ser considerado efetivo apenas quando vai além da simples possibilidade formal de oitiva das partes.

( )Certo ( )Errado

RESPOSTA: Certo. O artigo 7º do CPC prevê que é assegurada às partes paridade de tratamento em relação ao
exercício de direitos e faculdades processuais, aos meios de defesa, aos ônus, aos deveres e à aplicação de sanções
processuais, competindo ao juiz zelar pelo efetivo contraditório.

FUNÇÃO JURISDICIONAL

A jurisdição é exercida pelos juízes que são escolhidos pelo próprio Estado, e Tribunais, em todo território nacional,
nos termos do artigo 16 do Código de Processo Civil. Para postular em juízo, é necessário ter interesse e legitimidade,
requisitos das condições da ação, elencado no artigo 17 do CPC.
Para a jurisdição, segundo o artigo 19 do CPC, o interesse do autor pode se limitar à declaração da existência, ine-
xistência ou do modo de ser de uma relação jurídica, ou ainda, da autenticidade ou da falsidade de um documento,
sendo certo ser plenamente possível apenas uma ação declaratória, ainda que tenha ocorrido a violação do direito (art.
20 CPC).
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

6
Princípios
Alguns dos principais princípios decorrentes da jurisdição:

Determinadas características da jurisdição distinguem-na de outras funções do Estado. Passamos a estudar algumas
características da jurisdição. Importante lembrar que, algumas vezes, a banca pede características como princípios.

DIREITO PROCESSUAL CIVIL

7
Espécies de Jurisdição: voluntária e contenciosa

A jurisdição pode ser:

A jurisdição voluntária é aquela em que não há lide. O procedimento da jurisdição voluntária está previsto a partir
do artigo 719 do Código de Processo Civil.
Na jurisdição contenciosa, a sentença sempre irá favorecer uma das partes em detrimento da outra. Nesta espécie
de jurisdição, há de fato lide, sustentada no conflito de interesses, que exige a intervenção do Poder Judiciário.

Divisão da jurisdição

A divisão existente no atual sistema constitucional brasileiro é:


DIREITO PROCESSUAL CIVIL

A partir da lide em questão, deve-se analisar se é de competência de uma das três Justiças Especializadas, eleito-
ral, trabalhista ou militar. Logo, se não for da competência da Justiça Especializada, trata-se então de competência da
Justiça Comum, federal ou estadual.

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É necessário analisar na Justiça Comum, se algum ente federal é parte do processo, pois se for, a competência será
da Justiça Federal, se não for, a competência será da Justiça Estadual, que é tida como residual.

EXERCÍCIOS COMENTADOS

1.(STJ – TÉCNICO JUDICIÁRIO – CESPE – 2018) A respeito da jurisdição, julgue o item que se segue.
Entre os princípios que regem a jurisdição, o da investidura é aquele que determina que o juiz exerça a atividade judi-
cante dentro de um limite espacial sujeito à soberania do Estado.

( )Certo ( )Errado

RESPOSTA: Errado. Entre os princípios que regem a jurisdição, o da territorialidade é aquele que determina que o
juiz exerça a atividade judicante dentro de um limite espacial sujeito à soberania do Estado.

2. (STJ – TÉCNICO JUDICIÁRIO – CESPE – 2018) À luz das disposições do Código de Processo Civil (CPC), julgue o
próximo item.
Ao tratar dos limites da jurisdição nacional, o CPC determina que a justiça brasileira possui competência concorrente
para conhecer de ações relativas a imóveis situados no Brasil.

( )Certo ( )Errado

RESPOSTA: Errado. O art. 23 do CPC determina que compete a autoridade judiciária brasileira, com exclusividade
de qualquer outra, conhecer de ações relativas a imóveis situados no Brasil

3.(TRF -1ª REGIÃO – TÉCNICO JUDICIÁRIO – CESPE – 2017) A respeito de jurisdição, julgue o item a seguir.
A jurisdição é divisível.

( )Certo ( )Errado

RESPOSTA: Errado. A jurisdição é uma e indivisível. O que se divide é a competência.

COMPETÊNCIA

Competência é, a medida da jurisdição. A competência irá mensurar a parcela de exercício de jurisdição atribuída a
determinado órgão, em relação às pessoas, à matéria ou ao território. Nos termos do artigo 43 do CPC, a competência
é fixada no momento do registro ou da distribuição da petição inicial, sendo irrelevantes as modificações do estado
de fato ou de direito ocorridas posteriormente, salvo quando suprimirem órgão judiciário ou alterarem a competência
absoluta.

Divisão da competência – Juiz brasileiro e juiz estrangeiro

Quando é permitido que, tanto o juiz brasileiro quanto o juiz estrangeiro decidam sobre a mesma matéria, estamos
diante da competência concorrente.
As hipóteses de competência concorrente estão definidas nos artigos 21 e 22 do Código de Processo Civil:
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

9
A execução da decisão estrangeira, deve inicialmente passar pelo procedimento de homologação de decisão es-
trangeira, nos termos do artigo 960 e seguintes do CPC. Esse procedimento é de competência exclusiva do STJ, nos
termos do artigo 960, § 2º do CPC e art. 105, I, “i” da CF.
Para melhor compreensão, podemos assim sistematizar:

Exceção à regra de homologação de sentença estrangeira pelo STJ, ocorre com a decisão estrangeira de tutela de
urgência, que poderá ser executada no Brasil, via carta rogatória, pelo próprio juiz competente para cumprir a medida
determinada, nos termos do artigo 960, §4º, CPC.
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

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No artigo 23 do Código de Processo Civil, temos os casos de competência exclusiva da autoridade judiciária bra-
sileira, que figuram em 3 hipóteses:

Os artigos 26 e seguintes do CPC dispõem sobre a Cooperação Internacional, que será regida por tratado de que
o Brasil faz parte, e observará algumas garantias processuais, para que uma decisão proferida no exterior possa ser
cumprida no Brasil, ou vice-versa, tais como:

O órgão administrativo responsável por dar andamento as atribuições referentes a cooperação internacional é au-
toridade central.
O artigo 27 do CPC elenca as medidas que buscam estruturar a relação entre Judiciários de diferentes países em
relação ao Brasil, permitindo maior efetividade. São elas:
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

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Os instrumentos de cooperação jurídica internacional são três: auxílio direto, carta rogatória e homologação de
decisão estrangeira:

Auxílio direto: trata-se de modalidade simplificada de cooperação internacional, sendo desnecessária qualquer
análise pelo STJ, nos termos do artigo 28 do CPC.
Carta rogatória: (exequatur) é a possibilidade de cumprimento da ordem estrangeira no Brasil, tramitará perante o
STJ e terá natureza de jurisdição contenciosa, devendo observar o princípio do devido processo legal.

Tipos e espécies de competência


DIREITO PROCESSUAL CIVIL

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A competência absoluta é fundada em interesse público, e não pode ser alterada por vontade das partes. A incom-
petência absoluta deve ser arguida em preliminar de contestação, nos termos do artigo 64 do Código de Processo Civil.
Pode ser alegada de ofício pelo juiz, não se sujeitando a preclusão.
A competência relativa é fundada no interesse das partes, e pode por estas ser alterada/modificada. A incompe-
tência relativa é arguida por meio de preliminar de contestação, não podendo ser verificada de ofício (Súmula 33
do STJ).

Ocorre a prorrogação de competência quando, diante da ausência de alegação de incompetência territorial, o juiz,
antes relativamente incompetente, passa a ser relativamente competente. Essa prorrogação somente ocorre no caso
de incompetência relativa.
Quer aprender a determinar a competência? Atenção ao seguinte mapa esquemático:

O artigo 46 do CPC prevê que as ações pessoais, assim como as ações reais sobre bens móveis, devem, em regra,
ser ajuizadas no domicílio do réu. Vale lembrar que essa regra é válida para todos os tipos de processo (conhecimento
ou execução).
Já o artigo 47 do CPC, determina que, tratando-se de direito real sobre bens imóveis, a competência para julgar a
lide será do foro do local da coisa.
Geralmente, a competência territorial pode ser modificada pela vontade das partes.
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

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Modificação da competência

Por questões de celeridade/economia processual, é possível que haja modificação da competência em determina-
das ocasiões.
A regra é: se o réu mudar de endereço durante o processo em tramite, não haverá redistribuição da causa.
Porém, haverá redistribuição, nos termos do artigo 43 do CPC, parte final, quando:

Haverá conflito de competência, se um ou mais juízes entenderem que são competentes ou incompetentes para
julgar a mesma causa ou se houver dúvidas entre dois ou mais juízes acerca da reunião ou separação de processos.

Sobre o tema, segue algumas súmulas:


DIREITO PROCESSUAL CIVIL

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AÇÃO

Ação é o direito público subjetivo que o indivíduo tem ao processo. O interessado promove a ação e retira a inércia
da jurisdição por meio do processo, que é o instrumento que o Estado coloca à disposição dos litigantes para solucio-
nar a lide.

PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS

Pressupostos processuais são requisitos essenciais que devem figurar para que o processo tenha um início (pressu-
posto processual de existência) e desenvolvimento (pressuposto processual de validade).

CONDIÇÕES DA AÇÃO

Para que o direito de ação seja exercido, é necessário a presença de duas condições:
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

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A ausência das condições da ação acarretará a carência da ação (art. 337, XI, CPC) e, como consequência, o processo
será extinto sem resolução do mérito, nos termos do artigo 485, VI do CPC.

EXERCÍCIOS COMENTADOS

1. (PGM – CAMPO GRANDE - MS – PROCURADOR MUNICIPAL – CESPE – 2019) Jorge foi devidamente citado em
ação movida por Márcio e pretende alegar incompetência territorial, impugnar o valor da causa e apresentar recon-
venção.
Considerando essa situação hipotética, julgue o item subsequente, a respeito do valor da causa, jurisdição e improce-
dência liminar do pedido.
A incompetência territorial é uma questão relativa, que deve ser alegada na primeira oportunidade em que a parte for
se manifestar em juízo, salvo no caso de o objeto litigioso ser um bem imóvel, o que torna a competência territorial
absoluta e passível de ser decretada de ofício pelo julgador.

( )Certo ( )Errado

RESPOSTA: Certo. As ações fundadas em direito real sobre imóveis e ações possessórias, devem, obrigatoriamente,
ser processadas perante o foro de situação da coisa. Trata-se de competência absoluta.

2. (PGE-PE – ANALISTA JUDICIÁRIO DE PROCURADORIA – CESPE – 2019) Por ter sofrido sucessivos erros em ci-
rurgias feitas em hospital público de determinado estado, João ficou com uma deformidade no corpo, razão pela qual
ajuizou ação de reparação de danos em desfavor do referido estado.
Tendo como referência essa situação hipotética e os dispositivos do Código de Processo Civil, julgue o item subsecu-
tivo.
O foro competente para o ajuizamento da referida ação será o da ocorrência do fato, não podendo ser escolhido o foro
do domicílio de João.

( )Certo ( )Errado

RESPOSTA: Certo. Se Estado ou o Distrito Federal for o demandado, a ação poderá ser proposta no foro de domi-
cílio do autor, no de ocorrência do ato ou fato que originou a demanda, no de situação da coisa ou na capital do
respectivo ente federado.

3 .(PGM-JOÃO PESSOA – PB – PROCURADOR DO MUNICÍPIO – CESPE – 2018) Gabriel e Mateus envolveram-se em


uma colisão no trânsito com seus respectivos veículos. Como eles não chegaram a um acordo, Mateus decidiu ingressar
com ação judicial contra Gabriel.
Conforme o Código de Processo Civil, o foro competente para processar e julgar a referida demanda é o do

a) domicílio de Gabriel.
b) domicílio de Gabriel ou do local do fato.
c) domicílio de Gabriel ou de Mateus.
d) domicílio de Mateus ou do local do fato.
e) local de registro do veículo de Mateus.

RESPOSTA: D. A competência é o foro do domicílio do autor ou do local do fato, para a ação de reparação de dano
sofrido em razão de delito ou acidente de veículos, inclusive aeronaves – art. 53, V, CPC.
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

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SUJEITOS DO PROCESSO

PARTES E PROCURADORES

A incapacidade processual pode ser suprida, e o juiz deverá fixar um prazo razoável para a correção.
Em alguns casos específicos, o juiz nomeará curador especial, que irá defende-lo praticando os atos processuais
necessários.

- incapaz, se não tiver representante legal ou se os interesses deste colidirem com os daquele, enquanto durar a
incapacidade;
- réu revel citado por edital ou com hora certa, enquanto não for constituído advogado;
- réu preso revel.

Capacidade postulatória

DIREITO PROCESSUAL CIVIL

Sucessão processual

Em regra, no processo, após a citação, não haverá modificação das partes. Porém, há algumas exceções. A modifi-
cação das partes em um processo recebe o nome de sucessão processual.

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A hipótese do artigo 110 do CPC, traz um exemplo de sucessão processual, onde, advindo a morte de qualquer das
partes, ocorrerá a sucessão pelo seu espólio ou pelos seus sucessores, assim, o sucessor ingressará no processo para
assumir a posição processual do falecido.
O processo, desde a morte da parte, ficará suspenso, até que ocorra a sucessão processual.
Sobre a sucessão dos procuradores, a parte poderá a qualquer tempo, substituir o advogado, por meio da revoga-
ção do mandato e constituição de um novo procurador. Caso a parte não constitua um novo advogado, o juiz conce-
derá um prazo para que regularize a representação, nos termos do artigo 76 do CPC.
O advogado também poderá a qualquer tempo renunciar ao mandato, sem a necessidade de fundamentar a
renúncia. Contudo, cabe ao advogado comprovar que cientificou o mandante (cliente), para que este nomeie outro
substituto.

Deveres das partes e dos procuradores

O artigo 77 do CPC enumera os deveres das partes e dos procuradores em seus incisos.
Percebe-se que, a obrigação principal a ser observada, versa sobre o dever das partes e dos procuradores procede-
rem com lealdade e boa-fé.

Caso haja descumprimento desses deveres, haverá responsabilização por dano processual, que constituirá:

JUIZ, CONCILIADOR, MINISTÉRIO PÚBLICO, DEFENSORIA PÚBLICA E FAZENDA PÚBLICA E ADVOCACIA


DIREITO PROCESSUAL CIVIL

EM JUÍZO

Juiz
1. Poderes, Impedimentos, Suspeição
O juiz deve assegurar igualdade de tratamento as partes, velar pela duração razoável do processo, reprimir ato
contrário a dignidade da justiça e tentar a autocomposição entre as partes.
O juiz pode ainda:

18
O magistrado tem ainda que ser imparcial, obrigação essa, que se estende aos auxiliares da justiça, nos termos
do artigo 148, CPC.

O artigo 144 do CPC elenca as hipóteses de impedimento do juiz. Para decorar, após ler o artigo e seus incisos, leia o
mapa mental a seguir. Basta imaginar a seguinte situação: um processo chega até o juiz. Ele lê o processo e já consegue
identificar seu impedimento, por meio de uma dessas hipóteses:

DIREITO PROCESSUAL CIVIL

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Já as hipóteses de suspeição do juiz estão elencadas no artigo 145 do CPC, são elas:

Conciliador e mediador

Conciliadores e mediadores são profissionais imparciais e alheios ao conflito, que buscam permitir que as partes
cheguem a um acordo. Mediador é o terceiro que busca acordo entre as partes, mas sem sugerir soluções, atuando
preferencialmente nos casos em que houver vínculo anterior entre as partes, como no direito de família, nos termos
do art. 165, § 3º, CPC.
Conciliador, nos termos do art. 165, § 2º do CPC, atuará preferencialmente nos casos em que não houver vínculo
anterior entre as partes, sugerindo soluções para o litígio, como por exemplo, acidente de veículos, sendo vedada a
utilização de qualquer tipo de constrangimento ou intimidação para que as partes conciliem.
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

Ministério Público

Trata-se de instituição permanente, essencial à função jurisdicional e destinada a preservação dos valores funda-
mentais do Estado (defesa da ordem jurídica, regime democrático e interesses sociais, art. 127, CF).

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Sempre haverá participação do Ministério Público, nos processos que envolvam:

I - interesse público ou social;


II - interesse de incapaz;
III - litígios coletivos pela posse de terra rural ou urbana.

Defensoria Pública

Trata-se de instituição destinada a orientação jurídica, a promoção dos direitos humanos e a defesa dos direitos
individuais e coletivos dos necessitados, em todos os graus, de forma integral e gratuita, nos termos do art. 185 do
CPC e art. 134 da CF.

Advocacia Pública e Fazenda Pública em Juízo

A Advocacia Pública irá promover e defender os interesses públicos da União, dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios, por meio da representação judicial, em todos os âmbitos federativos, das pessoas jurídicas de direito
público que integram a administração direta e indireta (art. 182, CPC).
Fazenda Pública, significa o Estado em juízo, e abrange a União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios
e as autarquias e fundações.
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

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LITISCONSÓRCIO

Litisconsórcio é a pluralidade de pessoas no polo ativo, passivo, ou em ambos do mesmo processo. Haverá mais
de um autor ou mais de um réu, em um único processo.
Para que haja litisconsórcio é necessário que:

Quanto a regra de prazo, o artigo 229 do CPC, diz que terão prazo em dobro para se manifestar os litisconsortes
que tiverem diferentes procuradores, de escritórios de advocacia distintos, salvo se os autos forem eletrônicos.

INTERVENÇÃO DE TERCEIROS
São terceiros aqueles que não figuram como partes (autor e réu).

São modalidas de intervenção de terceiros:

Assistência – disciplinada entre os artigos 119 a 124 do CPC, trata-se de intervenção de terceiro que tem interesse
jurídico em auxiliar uma das partes. Pode ser simples ou litisconsorcial.
Denunciação da lide – disciplinada entre os artigos 125 a 129 do CPC, a denunciação da lide tem por finalidade
fazer com que terceiro venha a integrar a relação jurídica processual em conjunto com o denunciante. Se houver con-
denação deste, o denunciado irá ressarcir o prejuízo do denunciante.
Chamamento ao processo – disciplinado entre os artigos 130 a 132 do CPC, o chamamento ao processo tem por
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

finalidade trazer aos autos outros devedores solidários, para litigar junto com o chamante.
Desconsideração da personalidade jurídica – disciplinada entre os artigos 133 a 137 do CPC, trata-se de procedi-
mento para permitir trazer aos autos, por meio da desconsideração da personalidade jurídica, os sócios ou a sociedade.
Serve para a desconsideração da personalidade jurídica (para atingir os bens do sócio) e também temos a descon-
sideração inversa, para desconsiderar a personalidade do sócio e para atingir os bens da pessoa jurídica.
Amicus curiae (amigo da Corte) – o artigo 138 do CPC, disciplina que, considerando a complexidade da natureza
conflito ou a repercussão social da controvérsia, o juiz ou tribunal poderá admitir o ingresso ou solicitará a entrada de
terceiro, que defenda uma posição institucional, para apresentar argumentos e informações proveitosas à apreciação
da demanda.

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EXERCÍCIOS COMENTADOS

1. (PGE-PE – ANALISTA JUDICIÁRIO DE PROCURADORIA – CESPE – 2019) Por ter sofrido sucessivos erros em ci-
rurgias feitas em hospital público de determinado estado, João ficou com uma deformidade no corpo, razão pela qual
ajuizou ação de reparação de danos em desfavor do referido estado.
Tendo como referência essa situação hipotética e os dispositivos do Código de Processo Civil, julgue o item subsecutivo.
O juiz não poderá alterar a ordem de produção dos meios de prova, ainda que isso se mostre adequado às necessida-
des do conflito, pois tal ato importaria prejuízo presumido à demanda.

( )Certo ( )Errado

RESPOSTA: Errado. Dentre os poderes do juiz, está o de dilatar os prazos processuais e alterar a ordem de produ-
ção dos meios de prova, adequando-os às necessidades do conflito de modo a conferir maior efetividade à tutela
do direito

2. (MPE – PI – PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO – CESPE – 2019) No que concerne às disposições processuais
civis que regem a atuação do Ministério Público, o CPC determina que

a) a intervenção desse órgão é obrigatória nos casos em que a fazenda pública for parte ou interessada.
b) a curatela especial deve ser exercida, preferencialmente, pela promotoria de justiça.
c) a alegação de impedimento ou suspeição de membro do Ministério Público por via incidental suspende o processo
judicial.
d) esse órgão tem legitimidade concorrente para requerer a abertura de inventário e de partilha, a depender da exis-
tência de herdeiro incapaz.
e) o juiz deverá aplicar multa pecuniária aos membros do Ministério Público que praticarem ato atentatório à dignidade
da justiça.
RESPOSTA: D. Sempre que houver interesse de incapaz, conforme disciplina o art. 178 do CPC, haverá a participação
do MP, que, possui legitimidade concorrente para requerer a abertura de inventário e de partilha, a depender da
existência de herdeiro incapaz, nos termos do art. 616, CPC.

3. (STJ – TÉCNICO JUDICIÁRIO - CESPE – 2018) Julgue o próximo item, relativo ao dever e às responsabilidades dos
sujeitos do processo.
O dever de sanear o processo impõe ao juiz, sempre que perceber a existência de vício ou ausência sanável, determinar
a correção do defeito.

( )Certo ( )Errado

RESPOSTA: Certo. Incumbe ao juiz, nos termos do artigo 139 do CPC, determinar o suprimento de pressupostos
processuais e o saneamento de outros vícios processuais

ATOS PROCESSUAIS

Forma dos atos processuais


DIREITO PROCESSUAL CIVIL

Há a previsão, no artigo 188 do CPC, a instrumentalidade das formas dos atos processuais: “Os atos e os
termos processuais independem de forma determinada, salvo quando a lei expressamente a exigir, considerando-se
válidos os que, realizados de outro modo, preencham-lhe a finalidade essencial”.

23
O artigo 190 do CPC traz a regra de publicidade dos atos processuais, e, nos seus incisos, traz as exceções, ou seja,
quando o processo não será público (correrá em segredo de justiça):

Negócio Jurídico Processual e Calendarização

A realização do negócio jurídico processual permite a alteração procedimental.


DIREITO PROCESSUAL CIVIL

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Atos das partes

É dividido pelo Código de Processo Civil, em atos unilaterais, praticado por uma parte apenas, e bilaterais, quando
ambas as partes praticam o ato, como por exemplo, um acordo:

PRONUNCIAMENTOS DO JUIZ

Os pronunciamentos do juiz são divididos em:

Tempo dos atos processuais

Os atos processuais devem ser realizados em dias úteis, das 6 às 20 horas


São feriados, além dos declarados em lei, sábados, domingos e os dias em que não houver expediente forense.

Prazos

Os prazos processuais serão contados em dias úteis.


Quando nem a lei nem o juiz fixar prazo, as intimações somente obrigarão a comparecimento após decorridas 48
horas ou de 05 dias para os outros atos.
Será considerado tempestivo o ato praticado antes do termo inicial, ou seja, o advogado poderá recorrer antes da
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

publicação da decisão.

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Também há contagem de prazos para juízes e auxiliares. O juiz deverá proferir:

Prazos do juiz
Despachos Em até 05 dias
Decisões interlocutórias Em 10 dias
Sentenças Em 30 dias
Frisa-se que são prazos impróprios não sujeitos a preclusão.

Lugar do ato

O ato deverá ser praticado na sede do juízo, ou, excepcionalmente, em outro lugar em razão de deferência, de
interesse da justiça, da natureza do ato ou de obstáculo arguido pelo interessado e acolhido pelo juiz

Comunicação dos Atos Processuais

Sobre a comunicação dos atos processuais, iniciaremos estudando os 4 tipos de cartas:

A citação é o ato pelo qual são convocados o réu, executado ou interessado para integrar a relação processual. Sem
a citação, o processo será considerado inválido, todos os atos praticados serão considerados nulos.
São modalidades de citação:
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

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A citação da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e de suas respectivas autarquias e fundações de
direito público será realizada perante o órgão de Advocacia Pública responsável por sua representação judicial.
Intimação é o ato pelo qual se da ciência a alguém dos atos processuais.

EXERCÍCIOS COMENTADOS

1. (PGM- CAMPO GRANDE – MS – PROCURADOR MUNICIPAL – CESPE - 2019) Em 29 de março de 2019, uma sexta-
-feira, iniciou-se o prazo para que uma autarquia apresentasse contestação a uma petição inicial de natureza cível, em
procedimento ordinário, distribuída em uma das varas federais de uma comarca do estado do Mato Grosso do Sul, não
tendo ocorrido nenhum feriado até a data final para protocolo da contestação.
Considerando essa situação hipotética, julgue o próximo item, relativo a comunicação e prazos processuais, contesta-
ção e reconvenção.
É correto afirmar que, após a citação válida da autarquia, o objeto da demanda se tornou oficialmente litigioso, mas não
é acertado dizer que o demandado foi constituído em mora, uma vez que ainda inexiste certeza acerca da veracidade
dos fatos narrados pelo autor na inicial.

( )Certo ( )Errado

RESPOSTA: Errado. A citação válida, ainda quando ordenada por juízo incompetente, induz litispendência, torna
litigiosa a coisa e constitui em mora o devedor, nos termos do art. 240 CPC.
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

2. (PGM – CAMPO GRANDE – MS – PROCURADOR MUNICIPAL - CESPE – 2019) Em 29 de março de 2019, uma
sexta-feira, iniciou-se o prazo para que uma autarquia apresentasse contestação a uma petição inicial de natureza cível,
em procedimento ordinário, distribuída em uma das varas federais de uma comarca do estado do Mato Grosso do Sul,
não tendo ocorrido nenhum feriado até a data final para protocolo da contestação.
Considerando essa situação hipotética, julgue o próximo item, relativo a comunicação e prazos processuais, contesta-
ção e reconvenção.
A citação da autarquia foi realizada no órgão da advocacia pública responsável pela representação judicial dessa au-
tarquia.

( )Certo ( )Errado

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RESPOSTA: Certo. A citação da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e de suas respectivas au-
tarquias e fundações de direito público será realizada perante o órgão de Advocacia Pública responsável por sua
representação judicial, nos termos do art. 240, §3º do CPC.

3. (PGE – PE – ANALISTA JUDICIARIO DE PROCURADORIA - CESPE – 2019) Por ter sofrido sucessivos erros em ci-
rurgias feitas em hospital público de determinado estado, João ficou com uma deformidade no corpo, razão pela qual
ajuizou ação de reparação de danos em desfavor do referido estado.
Tendo como referência essa situação hipotética e os dispositivos do Código de Processo Civil, julgue o item subsecutivo.
O estado possui prazo em dobro para apresentar as manifestações processuais necessárias.

( )Certo ( )Errado

RESPOSTA: Certo. A União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e suas respectivas autarquias e fundações
de direito público gozarão de prazo em DOBRO para TODAS as suas manifestações processuais, cuja contagem terá
início a partir da intimação pessoal, nos termos do art. 183 do CPC.

TUTELAS PROVISÓRIAS

A tutela cautelar de urgência se subdivide entre cautelar, que visa assegurar o resultado útil do processo, e anteci-
pada, que visa o adiantamento do provimento de mérito, e, qualquer delas, pode ser requerida em caráter antecedente
ou incidental.

Se requerida em caráter antecedente significa que será pleiteada antes ou em conjunto como pedido principal
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

formulado pela parte. Por outro lado, se requerida em caráter incidental, é pleiteada depois de já existir o processo
principal, mediante simples petição, sem a necessidade do recolhimento de custas processuais.
Sobre a competência, a tutela provisória será requerida ao juiz da causa, no caso de ser incidental e, quando for
antecedente, ao juízo competente para conhecer do pedido principal.

Tutela Cautelar
A tutela poderá ser requerida em caráter antecedente ou incidental.

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O réu será citado para contestar em 05 dias, e indicar as provas que pretende produzir. A falta de contestação,
acarretará em revelia. Havendo a contestação, o processo observará o procedimento comum.
Efetivada a tutela cautelar, o pedido principal deverá ser formulado pelo autor no prazo de 30 dias. Não haverá
recolhimento de novas custas processuais e a causa de pedir poderá ser aditada.
Cessará a eficácia da tutela concedida em caráter antecedente se:

DIREITO PROCESSUAL CIVIL

Tutela Antecipada

A tutela antecipada pode ser requerida quando a urgência for anterior ou contemporânea a propositura da ação.
Concedido a tutela antecipada requerida, é necessário que o autor adite a petição inicial, complementando sua
argumentação e anexando os documentos, bem como confirmando o pedido final, em 15 dias.
Caso a tutela seja indeferida, o juiz determinará a emenda da inicial, em 5 dias, sob pena de extinção do processo
sem resolução do mérito.

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A tutela antecipada concedida se tornará estável se da decisão que a conceder não for interposto recurso, nos
termos do art. 304 do CPC. Uma vez estabilizada a tutela, o processo será ser extinto e qualquer das partes poderá
ingressar novamente com uma demanda judicial para rever, reformar ou invalidar a tutela antecipada estabilizada em
até 2 anos, contados da ciência da decisão extintiva (art. 304, §§ 1º, 2º e 5º do CPC). A estabilização da tutela antecipada
apenas se aplica quando ela for requerida em caráter antecedente, excluindo a incidental.

Tutela de Evidência

Trata-se da tutela de um direito evidente. Ou seja, é uma tutela provisória, que não depende da urgência.
Assim, a tutela de evidência será concedida independentemente da demonstração de perigo de dano ou de risco
ao resultado útil do processo em 4 situações, previstas no artigo 311 do CPC:

EXERCÍCIOS COMENTADOS

1. (PGM – CAMPO GRANDE – MS – PROCURADOR MUNICIPAL - CESPE – 2019) Em ação de natureza civil, o autor
requereu que determinado estado da Federação fosse condenado ao fornecimento de medicamento de alto custo. O
demandante, de forma incidental, fez pedido de tutela provisória antecipada, alegando que o seu direito é certo e que
corre risco de morte caso não receba o medicamento com brevidade. Todos os fatos alegados pela parte autora foram
exaustivamente comprovados por documentos idôneos, razão pela qual o juízo concedeu a referida tutela antecipada
e determinou a intimação do requerido para que cumprisse a decisão.
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

Considerando essa situação hipotética, julgue o item que se segue, concernentes à tutela provisória.
O pedido de tutela provisória de urgência de caráter incidental exige que a parte que a requer realize o pagamento de
custas processuais.

( )Certo ( )Errado

RESPOSTA: Errado. A tutela provisória requerida em caráter incidental independe do pagamento de custas, nos
termos do art. 295 do CPC.

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2. (PGM – CAMPO GRANDE – MS – PROCURADOR MUNICIPAL - CESPE – 2019) Em ação de natureza civil, o autor
requereu que determinado estado da Federação fosse condenado ao fornecimento de medicamento de alto custo. O
demandante, de forma incidental, fez pedido de tutela provisória antecipada, alegando que o seu direito é certo e que
corre risco de morte caso não receba o medicamento com brevidade. Todos os fatos alegados pela parte autora foram
exaustivamente comprovados por documentos idôneos, razão pela qual o juízo concedeu a referida tutela antecipada
e determinou a intimação do requerido para que cumprisse a decisão.
Considerando essa situação hipotética, julgue o item que se segue, concernentes à tutela provisória.
Caso o estado da Federação não interponha recurso contra a concessão da tutela antecipada, essa decisão se tornará
estável, não podendo ser modificada ou revogada pelo Poder Judiciário.

( )Certo ( )Errado
RESPOSTA: Errado. A tutela antecipada antecedente (art. 303 do CPC) somente se torna estável se não houver
nenhum tipo de impugnação formulada pela parte contrária, de forma que a mera contestação tem força de impedir
a estabilização. Ainda, qualquer das partes poderá demandar a outra com o intuito de rever, reformar ou invalidar a
tutela antecipada estabilizada.

3. (TJ-PR – JUIZ SUBSTITUTO - CESPE – 2019) No que concerne às regras estabelecidas para a tutela provisória, o
Código de Processo Civil determina que a concessão, pelo magistrado, da tutela de evidência

a) dependerá da demonstração de perigo de dano ou de risco ao resultado útil do processo e ocorrerá nas situações
em que os efeitos da decisão sejam reversíveis.
b) poderá ser deferida liminarmente caso os fatos sejam comprovados apenas pela via documental e exista tese firmada
em julgamento de casos repetitivos.
c) será realizada na forma de decisão interlocutória de mérito e produzirá coisa julgada material caso não seja impug-
nada pelo réu.
d) será cabível somente na hipótese de verificação de abuso do direito de defesa da parte ré, haja vista a natureza pu-
nitiva dessa modalidade de tutela provisória.

RESPOSTA: B. A tutela da evidência será concedida, independentemente da demonstração de perigo de dano ou de


risco ao resultado útil do processo, dentre outras hipóteses, quando as alegações de fato puderem ser comprovadas
apenas documentalmente e houver tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou em súmula vinculante – art.
311 CPC.

FORMAÇÃO, SUSPENSÃO E EXTINÇÃO DO PROCESSO

A formação do processo ocorre com o protocolo da petição inicial em juízo. A petição inicial deve ser escrita em
português e subscrita por advogado ou defensor público e endereçada ao juiz.
Suspensão do processo é a paralisação do trâmite processual. Frisa-se que, qualquer que seja a hipótese de sus-
pensão do processo, atos urgentes podem ser praticados durante o período em que o processo está suspenso, salvo
se houver alegação de impedimento ou suspeição do juiz.
As hipóteses de suspensão do processo estão elencadas no art. 313 do CPC: DIREITO PROCESSUAL CIVIL

31
A extinção ocorrerá quando o processo chegar ao seu final. O artigo 316 do CPC, preceitua que a extinção do
processo se dará por sentença. A extinção do processo pode se dar com uma sentença com resolução do mérito ou
sem resolução do mérito.

EXERCÍCIOS COMENTADOS

1. (TCE – MG – ANALISTA DE CONTROLE EXTERNO - CESPE – 2018) Caberá ao juiz não resolver o mérito quando

a) homologar a renúncia à pretensão formulada na ação.


b) decidir, de ofício, sobre a ocorrência de prescrição.
c) homologar reconhecimento da procedência do pedido formulado na reconvenção.
d) homologar a transação.
e) acolher a alegação de existência de convenção de arbitragem.

RESPOSTA: E. Ao analisar as causas de extinção do processo, é necessário realizar o estudo conjunto com os artigos
485 e 487 do CPC, que tratam das hipóteses de extinção do processo pelo juiz, com ou sem a resolução do mérito.
O juiz não resolverá o mérito quando, acolher a alegação de existência de convenção de arbitragem ou quando o
juízo arbitral reconhecer sua competência, nos termos do art. 485, VII do CPC.

2. (TRF -1ª REGIÃO – ANALISTA JUDICIÁRIO - CESPE – 2017) A respeito da petição inicial, da tutela provisória, da
suspensão do processo e das nulidades, julgue o próximo item à luz do Código de Processo Civil vigente.
Se a decisão de mérito depender da verificação da existência de fato delituoso, o juiz poderá determinar a suspensão
do processo até o pronunciamento da justiça criminal.

( )Certo ( )Errado
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

RESPOSTA: Certo. Art. 315, §§ 1º e 2º do CPC. Se o conhecimento do mérito depender de verificação da existência
de fato delituoso, o juiz pode determinar a suspensão do processo até que se pronuncie a justiça criminal.

3. (TJ-PR – JUIZ SUBSTITUTO - CESPE – 2017) Ao receber a petição inicial de processo eletrônico que tramita pelo
procedimento comum, o magistrado, postergando o contraditório, deferiu liminarmente a tutela provisória de evidên-
cia requerida e intimou o réu para cumprimento no prazo de cinco dias. Considerou o juiz que as alegações do autor
foram comprovadas documentalmente e que havia tese firmada em julgamento de casos repetitivos que amparava a
medida liminar. Posteriormente, o réu apresentou manifestação alegando a incompetência absoluta do juízo e equívo-
co do magistrado na concessão da tutela provisória. Acerca dessa situação hipotética, assinale a opção correta.

32
a) O magistrado cometeu error in procedendo, porque viola a ampla defesa a concessão de tutela da evidência antes
da manifestação do réu.
b) Ainda que venha a ser reconhecida a incompetência absoluta do juízo, os efeitos da decisão serão conservados até
que outra seja proferida pelo órgão jurisdicional competente.
c) O magistrado agiu de forma equivocada, porque o CPC não autoriza a concessão de tutela provisória da evidência
pelos motivos indicados pelo juiz.
d) Se reconhecer sua incompetência absoluta, o juiz deverá extinguir o processo sem resolução do mérito, justificando
a medida na impossibilidade técnica em remeter os autos eletrônicos para o juízo competente.

RESPOSTA: B. Salvo decisão judicial em sentido contrário, conservar-se-ão os efeitos de decisão proferida pelo juízo
incompetente até que outra seja proferida, se for o caso, pelo juízo competente, nos termos do art. 64, §4º CPC.

JUIZADO ESPECIAL CÍVEL – LEI 9.099/95

Os Juizados objetivam a simplificação e celeridade processual, conforme artigo 2º da Lei.


Os objetivos da lei do juizado especial são: oralidade; simplicidade; informalidade. Tem como princípios em desta-
que, a economia processual e celeridade.
A petição inicial será igualmente simplificada.

Podem ser autores no JEC, nos termos do art. 8º, §1º:


- Pessoas físicas capazes;
ME, EPP e microempreendedores individuais;
- Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP);
- Sociedade de crédito ao microempreendedor.

Sobre a capacidade postulatória, nos termos do art. 9º, a apropria parte é dotada nas causas de até 20 salários mí-
nimos, sem necessidade de advogado.

No JEC, não são admitidas as seguintes causas:

- Família (alimentos e estado);


- Fiscal;
- Falência;
- Interesse de estado.
Nos Juizados Especiais, admite-se litisconsórcio, porém, há a vedação dos seguintes institutos:
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

33
Agora, vamos tratar do procedimento no Juizado Especial Cível:

LEI 9.099/1995
JUIZADO ESPECIAL CÍVEL
CAPÍTULO I

Disposições Gerais
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

Art. 1º Os Juizados Especiais Cíveis e Criminais, órgãos da Justiça Ordinária, serão criados pela União, no Distrito
Federal e nos Territórios, e pelos Estados, para conciliação, processo, julgamento e execução, nas causas de sua com-
petência.
Art. 2º O processo orientar-se-á pelos critérios da oralidade, simplicidade, informalidade, economia processual e cele-
ridade, buscando, sempre que possível, a conciliação ou a transação.

34
Capítulo II Art. 7º Os conciliadores e Juízes leigos são auxiliares
Dos Juizados Especiais Cíveis da Justiça, recrutados, os primeiros, preferentemente,
Seção I entre os bacharéis em Direito, e os segundos, entre
Da Competência advogados com mais de cinco anos de experiência.

Art. 3º O Juizado Especial Cível tem competência para Parágrafo único. Os Juízes leigos ficarão impedidos de
conciliação, processo e julgamento das causas cíveis exercer a advocacia perante os Juizados Especiais, en-
de menor complexidade, assim consideradas: quanto no desempenho de suas funções.
I - as causas cujo valor não exceda a quarenta vezes o
salário mínimo; Seção III
II - as enumeradas no art. 275, inciso II, do Código de Das Partes
Processo Civil;
III - a ação de despejo para uso próprio; Art. 8º Não poderão ser partes, no processo instituído
IV - as ações possessórias sobre bens imóveis de valor por esta Lei, o incapaz, o preso, as pessoas jurídicas
não excedente ao fixado no inciso I deste artigo. de direito público, as empresas públicas da União, a
§ 1º Compete ao Juizado Especial promover a execu- massa falida e o insolvente civil.
ção:
I - dos seus julgados; § 1º Somente as pessoas físicas capazes serão admi-
II - dos títulos executivos extrajudiciais, no valor de até tidas a propor ação perante o Juizado Especial, excluí-
quarenta vezes o salário mínimo, observado o dispos- dos os cessionários de direito de pessoas jurídicas.
to no § 1º do art. 8º desta Lei.
§ 1o Somente serão admitidas a propor ação perante
§ 2º Ficam excluídas da competência do Juizado Es- o Juizado Especial: (Redação dada pela Lei nº
pecial as causas de natureza alimentar, falimentar, 12.126, de 2009)
fiscal e de interesse da Fazenda Pública, e também as
relativas a acidentes de trabalho, a resíduos e ao es- I - as pessoas físicas capazes, excluídos os cessionários
tado e capacidade das pessoas, ainda que de cunho de direito de pessoas jurídicas; (Incluído pela Lei nº
patrimonial. 12.126, de 2009)

§ 3º A opção pelo procedimento previsto nesta Lei II - as microempresas, assim definidas pela Lei no
importará em renúncia ao crédito excedente ao limi- 9.841, de 5 de outubro de 1999; (Incluído pela Lei
te estabelecido neste artigo, excetuada a hipótese de nº 12.126, de 2009)
conciliação.
II - as pessoas enquadradas como microempreende-
Art. 4º É competente, para as causas previstas nesta dores individuais, microempresas e empresas de pe-
Lei, o Juizado do foro: queno porte na forma da Lei Complementar no 123,
de 14 de dezembro de 2006; (Redação dada pela Lei
I - do domicílio do réu ou, a critério do autor, do Complementar nº 147, de 2014)
local onde aquele exerça atividades profissionais ou
econômicas ou mantenha estabelecimento, filial, III - as pessoas jurídicas qualificadas como Organiza-
agência, sucursal ou escritório; ção da Sociedade Civil de Interesse Público, nos ter-
mos da Lei no 9.790, de 23 de março de 1999; (Inclu-
II - do lugar onde a obrigação deva ser satisfeita; ído pela Lei nº 12.126, de 2009)

III - do domicílio do autor ou do local do ato ou fato, IV - as sociedades de crédito ao microempreendedor,


nas ações para reparação de dano de qualquer natu- nos termos do art. 1o da Lei no 10.194, de 14 de feve-
reza. reiro de 2001. (Incluído pela Lei nº 12.126, de 2009)

Parágrafo único. Em qualquer hipótese, poderá a ação § 2º O maior de dezoito anos poderá ser autor,
ser proposta no foro previsto no inciso I deste artigo. independentemente de assistência, inclusive para fins
de conciliação.
Seção II
Do Juiz, dos Conciliadores e dos Juízes Leigos Art. 9º Nas causas de valor até vinte salários míni-
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

mos, as partes comparecerão pessoalmente, podendo


Art. 5º O Juiz dirigirá o processo com liberdade para ser assistidas por advogado; nas de valor superior, a
determinar as provas a serem produzidas, para apre- assistência é obrigatória.
ciá-las e para dar especial valor às regras de experiên-
cia comum ou técnica. § 1º Sendo facultativa a assistência, se uma das partes
comparecer assistida por advogado, ou se o réu for
Art. 6º O Juiz adotará em cada caso a decisão que pessoa jurídica ou firma individual, terá a outra parte,
reputar mais justa e equânime, atendendo aos fins so- se quiser, assistência judiciária prestada por órgão ins-
ciais da lei e às exigências do bem comum. tituído junto ao Juizado Especial, na forma da lei local.

35
§ 2º O Juiz alertará as partes da conveniência do pa- Seção V
trocínio por advogado, quando a causa o recomendar. Do pedido

§ 3º O mandato ao advogado poderá ser verbal, salvo Art. 14. O processo instaurar-se-á com a apresentação
quanto aos poderes especiais. do pedido, escrito ou oral, à Secretaria do Juizado.

§ 4º O réu, sendo pessoa jurídica ou titular de firma § 1º Do pedido constarão, de forma simples e em lin-
individual, poderá ser representado por preposto cre- guagem acessível:
denciado.
I - o nome, a qualificação e o endereço das partes;
§ 4o O réu, sendo pessoa jurídica ou titular de firma
II - os fatos e os fundamentos, de forma sucinta;
individual, poderá ser representado por preposto cre-
denciado, munido de carta de preposição com poderes III - o objeto e seu valor.
para transigir, sem haver necessidade de vínculo em-
pregatício.(Redação dada pela Lei nº 12.137, de 2009) § 2º É lícito formular pedido genérico quando não for
possível determinar, desde logo, a extensão da obri-
Art. 10. Não se admitirá, no processo, qualquer forma gação.
de intervenção de terceiro nem de assistência. Admi-
tir-se-á o litisconsórcio. § 3º O pedido oral será reduzido a escrito pela Secre-
taria do Juizado, podendo ser utilizado o sistema de
Art. 11. O Ministério Público intervirá nos casos pre- fichas ou formulários impressos.
vistos em lei.
Art. 15. Os pedidos mencionados no art. 3º desta Lei
Seção IV poderão ser alternativos ou cumulados; nesta última
Dos atos processuais hipótese, desde que conexos e a soma não ultrapasse
o limite fixado naquele dispositivo.
Art. 12. Os atos processuais serão públicos e poderão
Art. 16. Registrado o pedido, independentemente de
realizar-se em horário noturno, conforme dispuserem
distribuição e autuação, a Secretaria do Juizado de-
as normas de organização judiciária.
signará a sessão de conciliação, a realizar-se no prazo
de quinze dias.
Art. 12-A. Na contagem de prazo em dias, estabeleci-
do por lei ou pelo juiz, para a prática de qualquer ato Art. 17. Comparecendo inicialmente ambas as partes,
processual, inclusive para a interposição de recursos, instaurar-se-á, desde logo, a sessão de conciliação,
computar-se-ão somente os dias úteis. (Incluído pela dispensados o registro prévio de pedido e a citação.
Lei nº 13.728, de 2018)
Parágrafo único. Havendo pedidos contrapostos, po-
Art. 13. Os atos processuais serão válidos sempre que derá ser dispensada a contestação formal e ambos se-
preencherem as finalidades para as quais forem reali- rão apreciados na mesma sentença.
zados, atendidos os critérios indicados no art. 2º desta
Lei. Seção VI
Das Citações e Intimações
§ 1º Não se pronunciará qualquer nulidade sem que
tenha havido prejuízo. Art. 18. A citação far-se-á:

§ 2º A prática de atos processuais em outras comar- I - por correspondência, com aviso de recebimento em
cas poderá ser solicitada por qualquer meio idôneo de mão própria;
comunicação.
II - tratando-se de pessoa jurídica ou firma individual,
mediante entrega ao encarregado da recepção, que
§ 3º Apenas os atos considerados essenciais serão re- será obrigatoriamente identificado;
gistrados resumidamente, em notas manuscritas, da-
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

tilografadas, taquigrafadas ou estenotipadas. Os de- III - sendo necessário, por oficial de justiça, indepen-
mais atos poderão ser gravados em fita magnética ou dentemente de mandado ou carta precatória.
equivalente, que será inutilizada após o trânsito em
julgado da decisão. § 1º A citação conterá cópia do pedido inicial, dia e
hora para comparecimento do citando e advertência
§ 4º As normas locais disporão sobre a conservação de que, não comparecendo este, considerar-se-ão
das peças do processo e demais documentos que o verdadeiras as alegações iniciais, e será proferido
instruem. julgamento, de plano.

36
§ 2º Não se fará citação por edital. Art. 26. Ao término da instrução, ou nos cinco dias
subseqüentes, o árbitro apresentará o laudo ao Juiz
§ 3º O comparecimento espontâneo suprirá a falta ou togado para homologação por sentença irrecorrível.
nulidade da citação.
Seção IX
Art. 19. As intimações serão feitas na forma prevista Da Instrução e Julgamento
para citação, ou por qualquer outro meio idôneo de
comunicação. Art. 27. Não instituído o juízo arbitral, proceder-se-á
imediatamente à audiência de instrução e julgamen-
§ 1º Dos atos praticados na audiência, considerar-se- to, desde que não resulte prejuízo para a defesa.
-ão desde logo cientes as partes.
Parágrafo único. Não sendo possível a sua realização
§ 2º As partes comunicarão ao juízo as mudanças de imediata, será a audiência designada para um dos
endereço ocorridas no curso do processo, reputando- quinze dias subseqüentes, cientes, desde logo, as par-
-se eficazes as intimações enviadas ao local anterior- tes e testemunhas eventualmente presentes.
mente indicado, na ausência da comunicação.
Art. 28. Na audiência de instrução e julgamento serão
Seção VII ouvidas as partes, colhida a prova e, em seguida, pro-
Da Revelia ferida a sentença.

Art. 20. Não comparecendo o demandado à sessão de Art. 29. Serão decididos de plano todos os incidentes
conciliação ou à audiência de instrução e julgamento, que possam interferir no regular prosseguimento da
reputar-se-ão verdadeiros os fatos alegados no pedido audiência. As demais questões serão decididas na sen-
inicial, salvo se o contrário resultar da convicção do tença.
Juiz.
Parágrafo único. Sobre os documentos apresentados
Seção VIII por uma das partes, manifestar-se-á imediatamente a
Da Conciliação e do Juízo Arbitral parte contrária, sem interrupção da audiência.

Art. 21. Aberta a sessão, o Juiz togado ou leigo escla- Seção X


recerá as partes presentes sobre as vantagens da con- Da Resposta do Réu
ciliação, mostrando-lhes os riscos e as conseqüências
do litígio, especialmente quanto ao disposto no § 3º do Art. 30. A contestação, que será oral ou escrita, conterá
art. 3º desta Lei. toda matéria de defesa, exceto argüição de suspeição
ou impedimento do Juiz, que se processará na forma
Art. 22. A conciliação será conduzida pelo Juiz togado da legislação em vigor.
ou leigo ou por conciliador sob sua orientação.
Art. 31. Não se admitirá a reconvenção. É lícito ao réu,
Parágrafo único. Obtida a conciliação, esta será re-
na contestação, formular pedido em seu favor, nos li-
duzida a escrito e homologada pelo Juiz togado, me-
mites do art. 3º desta Lei, desde que fundado nos mes-
diante sentença com eficácia de título executivo.
mos fatos que constituem objeto da controvérsia.
Art. 23. Não comparecendo o demandado, o Juiz to-
Parágrafo único. O autor poderá responder ao pedido
gado proferirá sentença.
do réu na própria audiência ou requerer a designação
da nova data, que será desde logo fixada, cientes todos
Art. 24. Não obtida a conciliação, as partes poderão
optar, de comum acordo, pelo juízo arbitral, na forma os presentes.
prevista nesta Lei.
Seção XI
§ 1º O juízo arbitral considerar-se-á instaurado, inde- Das Provas
pendentemente de termo de compromisso, com a es-
colha do árbitro pelas partes. Se este não estiver pre- Art. 32. Todos os meios de prova moralmente legíti-
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

sente, o Juiz convocá-lo-á e designará, de imediato, a mos, ainda que não especificados em lei, são hábeis
data para a audiência de instrução. para provar a veracidade dos fatos alegados pelas
partes.
§ 2º O árbitro será escolhido dentre os juízes leigos.
Art. 33. Todas as provas serão produzidas na audiência
Art. 25. O árbitro conduzirá o processo com os mes- de instrução e julgamento, ainda que não requeridas
mos critérios do Juiz, na forma dos arts. 5º e 6º desta previamente, podendo o Juiz limitar ou excluir as que
Lei, podendo decidir por eqüidade. considerar excessivas, impertinentes ou protelatórias.

37
Art. 34. As testemunhas, até o máximo de três para Art. 42. O recurso será interposto no prazo de dez dias,
cada parte, comparecerão à audiência de instrução e contados da ciência da sentença, por petição escrita,
julgamento levadas pela parte que as tenha arrolado, da qual constarão as razões e o pedido do recorrente.
independentemente de intimação, ou mediante esta,
se assim for requerido. § 1º O preparo será feito, independentemente de inti-
mação, nas quarenta e oito horas seguintes à interpo-
§ 1º O requerimento para intimação das testemunhas sição, sob pena de deserção.
será apresentado à Secretaria no mínimo cinco dias
antes da audiência de instrução e julgamento.
§ 2º Após o preparo, a Secretaria intimará o recorrido
para oferecer resposta escrita no prazo de dez dias.
§ 2º Não comparecendo a testemunha intimada, o Juiz
poderá determinar sua imediata condução, valendo-
se, se necessário, do concurso da força pública. Art. 43. O recurso terá somente efeito devolutivo, po-
dendo o Juiz dar-lhe efeito suspensivo, para evitar
Art. 35. Quando a prova do fato exigir, o Juiz poderá dano irreparável para a parte.
inquirir técnicos de sua confiança, permitida às partes
a apresentação de parecer técnico. Art. 44. As partes poderão requerer a transcrição da
gravação da fita magnética a que alude o § 3º do art.
Parágrafo único. No curso da audiência, poderá o Juiz, 13 desta Lei, correndo por conta do requerente as des-
de ofício ou a requerimento das partes, realizar inspe- pesas respectivas.
ção em pessoas ou coisas, ou determinar que o faça
pessoa de sua confiança, que lhe relatará informal- Art. 45. As partes serão intimadas da data da sessão
mente o verificado. de julgamento.

Art. 36. A prova oral não será reduzida a escrito, de- Art. 46. O julgamento em segunda instância constará
vendo a sentença referir, no essencial, os informes tra- apenas da ata, com a indicação suficiente do processo,
zidos nos depoimentos. fundamentação sucinta e parte dispositiva. Se a sen-
tença for confirmada pelos próprios fundamentos, a
Art. 37. A instrução poderá ser dirigida por Juiz leigo,
súmula do julgamento servirá de acórdão.
sob a supervisão de Juiz togado.

Seção XII Art. 47. (VETADO)


Da Sentença
Seção XIII
Art. 38. A sentença mencionará os elementos de con- Dos Embargos de Declaração
vicção do Juiz, com breve resumo dos fatos relevantes
ocorridos em audiência, dispensado o relatório. Art. 48. Caberão embargos de declaração quando, na
sentença ou acórdão, houver obscuridade, contradi-
Parágrafo único. Não se admitirá sentença condena- ção, omissão ou dúvida.
tória por quantia ilíquida, ainda que genérico o pe-
dido. Art. 48. Caberão embargos de declaração contra sen-
tença ou acórdão nos casos previstos no Código de
Art. 39. É ineficaz a sentença condenatória na parte Processo Civil. (Redação dada pela Lei nº 13.105,
que exceder a alçada estabelecida nesta Lei. de 2015) (Vigência)

Art. 40. O Juiz leigo que tiver dirigido a instrução pro- Parágrafo único. Os erros materiais podem ser corri-
ferirá sua decisão e imediatamente a submeterá ao gidos de ofício.
Juiz togado, que poderá homologá-la, proferir outra
em substituição ou, antes de se manifestar, determinar
Art. 49. Os embargos de declaração serão interpostos
a realização de atos probatórios indispensáveis.
por escrito ou oralmente, no prazo de cinco dias, con-
Art. 41. Da sentença, excetuada a homologatória de tados da ciência da decisão.
conciliação ou laudo arbitral, caberá recurso para o
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

próprio Juizado. Art. 50. Quando interpostos contra sentença, os em-


bargos de declaração suspenderão o prazo para re-
§ 1º O recurso será julgado por uma turma composta curso.
por três Juízes togados, em exercício no primeiro grau
de jurisdição, reunidos na sede do Juizado. Art. 50. Os embargos de declaração interrompem o
prazo para a interposição de recurso. (Redação
§ 2º No recurso, as partes serão obrigatoriamente re- dada pela Lei nº 13.105, de 2015) (Vigência)
presentadas por advogado.

38
Seção XIV V - nos casos de obrigação de entregar, de fazer, ou
Da Extinção do Processo Sem Julgamento do Mé- de não fazer, o Juiz, na sentença ou na fase de execu-
rito ção, cominará multa diária, arbitrada de acordo com
as condições econômicas do devedor, para a hipótese
Art. 51. Extingue-se o processo, além dos casos previs- de inadimplemento. Não cumprida a obrigação, o cre-
tos em lei: dor poderá requerer a elevação da multa ou a trans-
formação da condenação em perdas e danos, que o
I - quando o autor deixar de comparecer a qualquer Juiz de imediato arbitrará, seguindo-se a execução por
das audiências do processo; quantia certa, incluída a multa vencida de obrigação
de dar, quando evidenciada a malícia do devedor na
II - quando inadmissível o procedimento instituído por execução do julgado;
esta Lei ou seu prosseguimento, após a conciliação;
VI - na obrigação de fazer, o Juiz pode determinar o
III - quando for reconhecida a incompetência territo- cumprimento por outrem, fixado o valor que o deve-
rial; dor deve depositar para as despesas, sob pena de mul-
ta diária;
IV - quando sobrevier qualquer dos impedimentos
previstos no art. 8º desta Lei; VII - na alienação forçada dos bens, o Juiz poderá au-
torizar o devedor, o credor ou terceira pessoa idônea
V - quando, falecido o autor, a habilitação depender a tratar da alienação do bem penhorado, a qual se
de sentença ou não se der no prazo de trinta dias; aperfeiçoará em juízo até a data fixada para a praça
ou leilão. Sendo o preço inferior ao da avaliação, as
VI - quando, falecido o réu, o autor não promover a partes serão ouvidas. Se o pagamento não for à vista,
citação dos sucessores no prazo de trinta dias da ci-
será oferecida caução idônea, nos casos de alienação
ência do fato.
de bem móvel, ou hipotecado o imóvel;
§ 1º A extinção do processo independerá, em qualquer
VIII - é dispensada a publicação de editais em jornais,
hipótese, de prévia intimação pessoal das partes.
quando se tratar de alienação de bens de pequeno va-
lor;
§ 2º No caso do inciso I deste artigo, quando compro-
var que a ausência decorre de força maior, a parte po-
IX - o devedor poderá oferecer embargos, nos autos da
derá ser isentada, pelo Juiz, do pagamento das custas.
execução, versando sobre:
Seção XV
Da Execução a) falta ou nulidade da citação no processo, se ele cor-
reu à revelia;
Art. 52. A execução da sentença processar-se-á no
próprio Juizado, aplicando-se, no que couber, o dis- b) manifesto excesso de execução;
posto no Código de Processo Civil, com as seguintes
alterações: c) erro de cálculo;

I - as sentenças serão necessariamente líquidas, con- d) causa impeditiva, modificativa ou extintiva da obri-
tendo a conversão em Bônus do Tesouro Nacional - gação, superveniente à sentença.
BTN ou índice equivalente;
Art. 53. A execução de título executivo extrajudicial, no
II - os cálculos de conversão de índices, de honorários, valor de até quarenta salários mínimos, obedecerá ao
de juros e de outras parcelas serão efetuados por ser- disposto no Código de Processo Civil, com as modifi-
vidor judicial; cações introduzidas por esta Lei.

III - a intimação da sentença será feita, sempre que § 1º Efetuada a penhora, o devedor será intimado a
possível, na própria audiência em que for proferida. comparecer à audiência de conciliação, quando pode-
Nessa intimação, o vencido será instado a cumprir a rá oferecer embargos (art. 52, IX), por escrito ou ver-
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

sentença tão logo ocorra seu trânsito em julgado, e balmente.


advertido dos efeitos do seu descumprimento (inciso
V); § 2º Na audiência, será buscado o meio mais rápi-
do e eficaz para a solução do litígio, se possível com
IV - não cumprida voluntariamente a sentença tran- dispensa da alienação judicial, devendo o conciliador
sitada em julgado, e tendo havido solicitação do in- propor, entre outras medidas cabíveis, o pagamento
teressado, que poderá ser verbal, proceder-se-á desde do débito a prazo ou a prestação, a dação em paga-
logo à execução, dispensada nova citação; mento ou a imediata adjudicação do bem penhorado.

39
§ 3º Não apresentados os embargos em audiência, ou
julgados improcedentes, qualquer das partes poderá
requerer ao Juiz a adoção de uma das alternativas do EXERCÍCIOS COMENTADOS
parágrafo anterior.
1. (TJ-PR – JUIZ SUBSTITUTO - CESPE – 2019) Entre
§ 4º Não encontrado o devedor ou inexistindo bens outros objetivos, os juizados especiais cíveis estaduais
penhoráveis, o processo será imediatamente extinto, buscam extrair do processo o máximo de proveito com
devolvendo-se os documentos ao autor. o mínimo de dispêndio de tempo e energias, razão pela
qual, por exemplo, realiza a colheita de prova pericial de
Seção XVI forma simplificada e a oitiva do perito em audiência. Tal
Das Despesas objetivo é consoante com o princípio da

Art. 54. O acesso ao Juizado Especial independerá, em a) simplicidade.


primeiro grau de jurisdição, do pagamento de custas, b) economia processual.
taxas ou despesas. c) oralidade.
d) informalidade.
Parágrafo único. O preparo do recurso, na forma do
§ 1º do art. 42 desta Lei, compreenderá todas as des- RESPOSTA: B. Todas as opções são regras aplicadas
pesas processuais, inclusive aquelas dispensadas em ao sistema dos juizados especiais, porém, a questão
primeiro grau de jurisdição, ressalvada a hipótese de quer o princípio. O princípio da economia processual
assistência judiciária gratuita. consiste no máximo resultado na atuação do direito
com o mínimo emprego possível de atividades pro-
Art. 55. A sentença de primeiro grau não condenará cessuais.
o vencido em custas e honorários de advogado, res-
salvados os casos de litigância de má-fé. Em segundo 2. (TJ-PR – JUIZ SUBSTITUTO - CESPE – 2019) A lei
grau, o recorrente, vencido, pagará as custas e hono- que regulamenta os juizados especiais cíveis admite ex-
rários de advogado, que serão fixados entre dez por pressamente
cento e vinte por cento do valor de condenação ou,
não havendo condenação, do valor corrigido da causa.
a) o litisconsórcio.
b) a assistência simples.
Parágrafo único. Na execução não serão contadas
c) a denunciação da lide.
custas, salvo quando:
d) o chamamento ao processo.
I - reconhecida a litigância de má-fé;
RESPOSTA: A. Art. 10 da Lei 9.099/95: Não se admiti-
rá, no processo, qualquer forma de intervenção de ter-
II - improcedentes os embargos do devedor;
ceiro nem de assistência. Admitir-se-á o litisconsórcio.
III - tratar-se de execução de sentença que tenha sido
objeto de recurso improvido do devedor.
3. (PGM – MANAUS – PROCURADOR DO MUNICÍPIO
Seção XVII - CESPE – 2018) Considerando o disposto na Lei dos Jui-
Disposições Finais zados Especiais Cíveis e Criminais e na Lei dos Juizados
Especiais da Fazenda Pública, julgue o item que se segue.
Art. 56. Instituído o Juizado Especial, serão implanta- Nas ações que tramitarem nos juizados especiais cíveis,
das as curadorias necessárias e o serviço de assistência não poderão ser partes do processo as pessoas jurídicas
judiciária. de direito público, as empresas públicas da União, a mas-
sa falida, o insolvente civil, o preso e o incapaz.
Art. 57. O acordo extrajudicial, de qualquer natureza
ou valor, poderá ser homologado, no juízo competen- ( )Certo ( )Errado
te, independentemente de termo, valendo a sentença
como título executivo judicial. RESPOSTA: Certo. Nos exatos termos do art. 8º da
Lei.
Parágrafo único. Valerá como título extrajudicial o
acordo celebrado pelas partes, por instrumento escri-
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

to, referendado pelo órgão competente do Ministério


Público.

Art. 58. As normas de organização judiciária local po-


derão estender a conciliação prevista nos arts. 22 e 23
a causas não abrangidas por esta Lei.

Art. 59. Não se admitirá ação rescisória nas causas


sujeitas ao procedimento instituído por esta Lei.

40
4. (STJ – ANALISTA JUDICIARIO – CESPE – 2018) Com
referência às normas fundamentais do processo civil, jul-
HORA DE PRATICAR gue o item a seguir.
No novo Código de Processo Civil, proporcionalidade e
1. (PGE-PE – ANALISTA ADMINISTRATIVO DE PROCU- razoabilidade passaram a ser princípios expressos do di-
RADORIA – CESPE – 2019) reito processual civil, os quais devem ser resguardados e
À luz do Código de Processo Civil, julgue o próximo item, promovidos pelo juiz.
relativos às normas fundamentais do processo civil e aos
elementos da sentença, aos honorários advocatícios, à ( ) Certo ( )Errado
advocacia pública e à aplicação das normas processuais.
5. (STJ – TÉCNICO JUDICIÁRIO – CESPE – 2018) A res-
Mesmo na ausência de norma que regulamente a trami- peito da jurisdição, julgue o item que se segue.
tação de determinado processo administrativo, as dispo- O princípio do juiz natural, ao impedir que alguém seja
sições do Código de Processo Civil não poderão ser a ele processado ou sentenciado por outra que não a autori-
aplicadas, ainda que supletiva ou subsidiariamente, haja dade competente, visa coibir a criação de tribunais de
vista a natureza distinta desses dispositivos normativos. exceção.

( ) Certo ( ) Errado ( ) Certo ( ) Errado

2. (TJ-SC – JUIZ SUBSTITUTO – CESPE – 2019) De acor- 6. (STJ – TÉCNCICO JUDICIARIO – CESPE – 2018) Acer-
do com os princípios constitucionais e infraconstitucio- ca dos atos processuais, julgue o seguinte item.
nais do processo civil, assinale a opção correta. De acordo com o código de processo civil, os atos do juiz
consistem em sentenças, decisões interlocutórias e atos
ordinatórios.
a) Segundo o princípio da igualdade processual, os liti-
gantes devem receber do juiz tratamento idêntico, ra-
( ) Certo ( )Errado
zão pela qual a doutrina, majoritariamente, posiciona-
-se pela inconstitucionalidade das regras do CPC, que
estabelecem prazos diferenciados para o Ministério 7. (MPU – ANALISTA DO MPU – CESPE – 2018) Com
Público, a Advocacia Pública e a Defensoria Pública se base nas normas que regem o processo civil, julgue o
manifestarem nos autos. item seguinte, acerca da função jurisdicional; do Minis-
b) O conteúdo do princípio do juiz natural é unidimen- tério Público; de nulidades processuais; e de sentença.
Em processo que envolva interesse de incapaz, tendo
sional, manifestando-se na garantia do cidadão a se
sido verificado que o parquet não foi intimado, o juiz de-
submeter a um julgamento por juiz competente e pré- cretará, de ofício, a nulidade do processo.
-constituído na forma da lei.
c) O novo CPC adotou o princípio do contraditório efe- ( ) Certo ( )Errado
tivo, eliminando o contraditório postecipado, previsto
no sistema processual civil antigo.
d) O paradigma cooperativo adotado pelo novo CPC traz 8. (TJ-CE – JUIZ SUBSTITUTO – CESPE – 2018) A fixação
de calendário para a prática de atos processuais
como decorrência os deveres de esclarecimento, de
prevenção e de assistência ou auxílio.
a) vincula as partes, mas não o juiz.
e) O CPC prevê, expressamente, como princípios a serem b) torna dispensável intimação para a audiência cuja data
observados pelo juiz na aplicação do ordenamento esteja designada no calendário.
jurídico a proporcionalidade, moralidade, impessoali- c) é uma convenção processual e, portanto, não pode ser
dade, razoabilidade, legalidade, publicidade e a efici- firmada pela fazenda pública.
ência. d) deve assumir a forma determinada em lei para evitar
falha que gere nulidade.
e) é uma convenção processual que, se estipular
3. (ABIN – OFICIAL TÉCNICO DE INTELIGENCIA – CES- confidencialidade, permitirá que o processo tramite
PE – 2018) Com base no Código de Processo Civil e no em segredo de justiça.
entendimento jurisprudencial e doutrinário acerca de
processo civil, julgue o seguinte item.
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

É prescindível a manifestação das partes acerca de 9. (EMAP – ANALISTA PORTUÁRIO – CESPE – 2018)
fundamento utilizado em sentença por juiz, quando se Julgue o item seguinte, relativo a atos processuais, man-
dado de segurança e processo de execução.
trata de matéria a ser decidida de ofício.
São exemplos de negócios processuais típicos: a fixação
de calendário processual para a prática dos atos proces-
( ) Certo ( )Errado suais; a eleição de foro; as hipóteses da tutela provisória.

( ) Certo ( )Errado

41
10. (PGM – MANAUS – PROCURADOR DO MUNICIPIO 15. (PGE – PE – PROCURADOR DO ESTADO – CESPE
– CESPE – 2018) À luz das disposições do CPC relativas – 2018) A respeito da aplicação da tutela de urgência,
aos atos processuais, julgue o item subsequente. assinale a opção correta.
Em regra, os atos processuais são públicos e indepen- a) Poderá ser deferida e efetivada contra o poder público
antes do trânsito em julgado do processo.
dem de forma determinada.
b) Cassada em sentença, somente poderá ser restabele-
cida mediante o deferimento de pedido nesse sentido
( ) Certo ( ) Errado constante no respectivo recurso.
c) Será concedida sempre que caracterizado o manifesto
11. (MPE – PI – ANALISTA MINISTERIAL – CESPE – propósito protelatório da parte adversa ou o abuso do
2018) Acerca de normas processuais, atos processuais, direito de defesa, independentemente de demonstra-
tutela provisória e atuação do Ministério Público no pro- ção de perigo de dano.
cesso civil, julgue o item subsequente. d) Não poderá ser concedida nos processos sobrestados
A concessão de tutela provisória, em qualquer de suas por força do regime repetitivo.
e) Não poderá ser concedida em incidente de desconsi-
modalidades previstas no Código de Processo Civil, de-
deração da personalidade jurídica.
pende da demonstração da probabilidade do direito e
do perigo de dano ou de risco ao resultado útil do pro-
cesso judicial. 16. (MPU – ANALISTA DO MPU – CESPE – 2018) Com
base nas normas que regem o processo civil, julgue o
item seguinte, acerca da função jurisdicional; do Minis-
( ) Certo ( )Errado
tério Público; de nulidades processuais; e de sentença.
O Ministério Público será intimado a se manifestar em
12. (EMAP – ANALISTA PORTUÁRIO – CESPE – 2018) todas as causas em que a fazenda pública figurar em um
Acerca do valor da causa, da tutela provisória, do Minis- dos polos, visto que essa hipótese é de interesse público
e social.
tério Público, da advocacia pública, da defensoria pública
e da coisa julgada, julgue o item subsequente.
( ) Certo ( )Errado
Situação hipotética: Em ação proposta por Luísa, a pe-
tição inicial limitou-se ao requerimento da tutela ante-
cipada em caráter antecedente e à indicação do pedido 17. (PGM – MANAUS – PROCURADOR DO MUNICÍ-
PIO – CESPE – 2018) Considerando as disposições do
de tutela final. O julgador, entendendo que não havia
CPC pertinentes aos sujeitos do processo, julgue o item
elementos suficientes para a concessão da medida an-
a seguir.
tecipatória, determinou a emenda da inicial no prazo O advogado poderá renunciar ao mandato a qualquer
de cinco dias. Assertiva: Nessa situação, se a autora não tempo, sendo indispensável a comunicação da renúncia
emendar a inicial, o pedido será indeferido e o processo ao mandante, ainda que a procuração tenha sido outor-
será julgado extinto sem resolução de mérito. gada a vários advogados e a parte continue representa-
da.
( ) Certo ( ) Errado
( ) Certo ( )Errado

13. (PGM – MANAUS – PROCURADOR DO MUNICI-


18. (PGM – MANAUS – PROCURADOR DO MUNICÍ-
PIO) À luz das disposições do CPC relativas aos atos
PIO – CESPE – 2018) Considerando as disposições do
processuais, julgue o item subsequente. CPC pertinentes aos sujeitos do processo, julgue o item
Para a concessão da tutela de evidência, o juiz deverá a seguir.
verificar, além da probabilidade de direito, o perigo de Ao postular em juízo sem procuração para evitar a pres-
dano ou de risco ao resultado útil do processo. crição, o advogado se encontrará na situação de incapa-
cidade postulatória, a qual deverá ser sanada pela apre-
( ) Certo ( )Errado sentação do documento de representação no prazo de
quinze dias.

14. (STJ – TÉCNICO JUDICIÁRIO – CESPE – 2018) Jul- ( ) Certo ( )Errado


gue o item a seguir, a respeito das ações no processo
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

civil. 19. (STJ- TÉCNICO JUDICIÁRIO – CESPE – 2018) Julgue


A tutela provisória pode ser concedida em caráter ante- o próximo item, relativo ao dever e às responsabilidades
cedente à propositura da ação ou em caráter incidental, dos sujeitos do processo.
quando proposta no curso da ação principal. O dever de sanear o processo impõe ao juiz, sempre que
perceber a existência de vício ou ausência sanável, deter-
( ) Certo ( ) Errado minar a correção do defeito.

( ) Certo ( ) Errado

42
20. (PGM – MANAUS – PROCURADOR DO MUNICIPIO 24. (TJ-PR – JUIZ SUBSTITUTO – CESPE – 2017)
– CESPE – 2018) Considerando o disposto na Lei dos No que concerne aos procedimentos especiais previstos
Juizados Especiais Cíveis e Criminais e na Lei dos Juizados no CPC e nas leis extravagantes, assinale a opção correta
Especiais da Fazenda Pública, julgue o item que se segue. à luz da legislação e do entendimento dos tribunais su-
periores.
Nas causas cíveis de menor complexidade, os embargos
de declaração opostos contra a sentença interrompem o
a) Em se tratando de ação de reintegração de posse,
prazo para interposição de recurso. deve-se observar o procedimento comum, se for ajui-
zada após o prazo de ano e dia do esbulho, caso em
( ) Certo ( ) Errado que não terá as características inerentes às ações pos-
sessórias, como, por exemplo, a fungibilidade.
21. (DPE-AL – DEFENSOR PÚBLICO – CESPE – 2017) b) Em observância ao princípio da celeridade, o proce-
Caso não seja cumprida voluntariamente sentença tran- dimento dos juizados especiais cíveis é incompatível
sitada em julgado no âmbito do juizado especial cível, com qualquer uma das modalidades de intervenção
de terceiros previstas no CPC.
c) A utilização do procedimento de arrolamento para
a) o interessado deverá solicitar, por escrito, a execução
o inventário quando o valor dos bens do espólio for
da sentença, sendo necessária nova citação. igual ou inferior a mil salários mínimos será expressa-
b) o juiz determinará ao vencido o imediato cumprimen- mente proibida se houver interessado incapaz.
to da sentença, sob pena de aplicação de multa diária. d) Tratando-se de tutela provisória que determina a in-
c) o juiz procederá, de ofício, à execução da sentença. disponibilidade de bens do réu em ACP por ato de im-
d) proceder-se-á desde logo à execução mediante solici- probidade administrativa, dispensa-se a comprovação
tação do interessado, que poderá ser verbal, dispen- de periculum in mora.
sada nova citação.
e) não será admitida a execução da sentença no próprio 25. (TCE – PE – ANALISTA DE GESTÃO – CESPE – 2017)
juizado. A respeito dos princípios fundamentais e dos direitos e
deveres individuais e coletivos, julgue o item a seguir.
O princípio constitucional da publicidade de atos pro-
22. (TJ-PR – JUIZ SUBSTITUTO – CESPE – 2017) A res- cessuais alcança não apenas os autos do processo, mas
peito da prova no juizado especial cível, assinale a opção também as sessões e audiências.
correta de acordo com a Lei n.º 9.099/1995.
( ) Certo ( ) Errado
a) É ônus da parte levar a testemunha à audiência, por
não se aplicar a condução coercitiva. 26. (TRF 1ª REGIÃO – ANALISTA JUDICIARIO – CESPE
b) A prova pericial poderá ser realizada oralmente, mas o – 2017)A respeito da petição inicial, da tutela provisó-
perito deverá entregar o laudo escrito logo após. ria, da suspensão do processo e das nulidades, julgue o
c) Será válida prova testemunhal produzida por declara- próximo item à luz do Código de Processo Civil vigente.
ção escrita. Para a concessão da tutela de evidência, é exigido que
d) Salvo a inspeção judicial, as provas terão de ser produ- a parte demonstre o perigo de dano ao direito alegado.
zidas na audiência de instrução e julgamento.
( ) Certo ( )Errado

23. (TJ-PR – JUIZ SUBSTITUTO – CESPE – 2017) Jorge 27. (TRF 1ª REGIÃO – ANALISTA JUDICIÁRIO – OFI-
ajuizou ação no juizado especial cível, com o objetivo de CIAL DE JUSTIÇA – CESPE – 2017) A respeito da for-
receber indenização no valor de vinte mil reais por dano mação do processo, da penhora e do cumprimento de
causado por pessoa jurídica. Considerando essa situação sentença, julgue o item que se segue.
hipotética, assinale a opção correta. O juiz nomeará curador especial ao réu revel citado por
edital enquanto este não for encontrado.
a) Havendo necessidade de expedição de carta precató-
ria, Jorge deverá custear despesa de cumprimento. ( ) Certo ( )Errado
b) A competência para julgar o processo será deslocada
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

em caso de necessidade de desconsideração da per- 28. (TRF-1ª REGIÃO – TÉCNICO JUDICIÁRIO – CESPE
sonalidade jurídica da empresa ré. – 2017) A respeito de jurisdição, julgue o item a seguir.
c) A extinção do processo por ausência de Jorge em au- Jurisdição consiste na função estatal de compor litígios e
diência dependerá de sua prévia intimação pessoal. de declarar e realizar o direito.
d) A ausência de contestação, ainda que a empresa ré
( ) Certo ( ) Errado
esteja presente na audiência de conciliação, acarretará
a revelia.

43
29. (TRF – 1ª REGIÃO - TÉCNICO JUDICIÁRIO – CESPE
– 2017) A respeito de jurisdição, julgue o item a seguir.
São inerentes à jurisdição os princípios do juiz natural, da GABARITO
improrrogabilidade e da indelegabilidade.
1 ERRADO
( ) Certo ( ) Errado
2 D
3 ERRADO
30. (TRF – 1ª REGIÃO - TÉCNICO JUDICIÁRIO – CESPE
– 2017) A respeito de jurisdição, julgue o item a seguir. 4 CERTO
Na jurisdição voluntária não há lide: trata-se de uma for- 5 CERTO
ma de a administração pública participar de interesses
6 ERRADO
privados.
7 ERRADO
( ) Certo ( ) Errado 8 B
9 ERRADO
31. (DPE-AC – DEFENSOR PÚBLICO – CESPE – 2017)
No que se refere à jurisdição civil nacional, assinale a op- 10 CERTO
ção correta. 11 ERRADO
12 CERTO
a) Pode ser de caráter administrativo ou judicial.
b) A desconstituição de uma sentença transitada em jul- 13 ERRADO
gado por meio de ação rescisória é um exemplo de 14 CERTO
exercício dessa jurisdição. 15 A
c) Em decorrência do princípio da inevitabilidade, essa
jurisdição não alcança a todos os indivíduos. 16 ERRADO
d) O exercício dessa jurisdição inclui a expedição de car- 17 ERRADO
tas rogatórias, responsáveis por determinar que os 18 ERRADO
órgãos jurisdicionais brasileiros cumpram atos pro-
cessuais. 19 CERTO
e) Trata-se de direito inerente e exclusivo dos cidadãos 20 CERTO
brasileiros. 21 D
22 C
23 D
24 D
25 CERTO
26. ERRADO
27 ERRADO
28. CERTO
29 CERTO
30 CERTO
31 B
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

44
ÍNDICE

DIREITO PROCESSUAL PENAL

Inquérito Policial ............................................................................................................................................................................................................ 01


Ação Penal ........................................................................................................................................................................................................................ 03
Competência .................................................................................................................................................................................................................. 06
Prova .................................................................................................................................................................................................................................. 09
Prisão, medidas cautelares e liberdade provisória ............................................................................................................................................ 15
Citações e intimações .................................................................................................................................................................................................. 19
Sentença ........................................................................................................................................................................................................................... 21
Lei nº 9.099/1995 e suas alterações (juizados especiais cíveis e criminais) ........................................................................................... 23
informativo destinado a fornecer ao órgão da acusação
INQUÉRITO POLICIAL o mínimo de elementos necessários à propositura da
ação penal. Nele não se aplica o princípio processual
do contraditório. Precedentes do STF e STJ” (STJ — RHC
10.785/SP — 5ª Turma — Rel. Min. Jorge Scartezzini — j.
É o meio pelo qual é investigada uma infração penal. 02.10.2001 — DJ 20.05.2002 — p. 164).
Em síntese, quando alguém comete o delito, o Estado, Importante esclarecer que apesar do caráter
por meio da polícia civil/federal (Polícia Judiciária), inquisitivo, tanto o investigado, quanto a vítima podem
busca provas iniciais sobre a autoria e a materialidade requerer diligências no curso do inquérito policial. Caso
delitiva, apresentando-as posteriormente ao Ministério sejam indeferidas pelo delegado de polícia, poder-se-á
Público ou ao ofendido, para que assim sobrevenha, se requerer ao juiz ou ao promotor de justiça, sendo a
necessária, a denúncia ou a queixa-crime. Importante autoridade policial obrigada a cumprir determinações
salientar que a presidência do inquérito é do delegado confeccionadas por esses.
de polícia, o destinatário imediato do inquérito policial é c) Caráter sigiloso: O inquérito policial, em regra,
o titular da ação penal (Ministério Público ou ofendido) e é sigiloso. Porém, o artigo 7º, XIV da Lei nº 8.906/04
o destinatário mediato é o juiz. (Estatuto da OAB) possibilita aos advogados o direito de
O inquérito policial é instaurado para apurar crimes examinar em qualquer repartição policial, mesmo sem
que tenham pena superior a 2 (dois) anos, já que para procuração, autos de flagrante e de inquérito, findos
crimes de menor potencial ofensivo se utiliza a lavratura ou em andamento, ainda que conclusos à autoridade,
de termo circunstanciado, conforme determinação do podendo copias peças e tomar apontamentos.
artigo 69 da Lei nº 9.099/95. Entretanto, como exceção, Não obstante, a Súmula Vinculante n. 14 do Supremo
caso tenhamos uma infração de menor potencial Tribunal Federal determina que “é direito do defensor,
ofensivo com certa complexidade, poder-se-á instaurar no interesse do representado, ter acesso amplo
inquérito policial para melhor averiguação, remetendo-o aos elementos de prova que, já documentados em
posteriormente ao Juizado Especial Criminal. procedimento investigatório realizado por órgão com
competência de polícia judiciária, digam respeito ao
exercício do direito de defesa”.
#FicaDica d) Escrito: Os atos de um inquérito policial devem ser
reduzidos a termo.
O artigo 291 § 2º do CTB ensina que se e) Dispensável: o inquérito policial não é obrigatório
houver lesão corporal culposa no trânsito para o surgimento de uma ação penal. Tanto a denúncia,
relacionado com: a) influência de álcool ou quanto a queixa-crime podem se basear em peças de
substância psicoativa; b) corrida, “raxa”; c) informações, que são documentos que demonstrem a
transitar em velocidade superior à máxima existência de indícios de autoria e materialidade delitiva.
permitida para a via em 50km/h; deve-se O inquérito policial deve tramitar respeitando as
instaurar inquérito policial, mesmo preven- regras de competência do juízo, ou seja, se um crime
do o crime pena máxima de 2 (dois) anos. de roubo for cometido em Santos-SP, o inquérito deve
tramitar lá. Caso não tenha sido instaurado na comarca
correta, a autoridade policial deverá encaminhá-lo,
#FicaDica sanando assim o problema.
Importante salientar que não cabe exceção de
Caso ocorra crime militar, dever-se-á ins- suspeição da autoridade policial. Porém, essa deve se
taurar inquérito policial militar, o qual é de declarar suspeita quando ocorrer motivo legal. Caso a
responsabilidade da própria Polícia Militar autoridade policial não se declare suspeita, o interessado
ou das Forças Armadas. Igualmente ocorre poderá requerer o afastamento do delegado ao seu
com membro do Ministério Público ou juiz, superior hierárquico - jamais o juiz.
que são submetidos à investigação pelo
chefe da própria instituição ou do poder Formas de instauração do inquérito policial
Judiciário.
O inquérito policial pode ser iniciado: a) de oficio; b)
por requisição do juiz; c) por requisição do Ministério
Características do Inquérito Policial Público; d) em razão de requerimento do ofendido; e)
DIREITO PROCESSUAL PENAL

pelo auto de prisão em flagrante.


a) Polícia Judiciária: O inquérito é realizado pela
Polícia Civil ou Federal, com presidência do delegado a) De ofício: A autoridade policial poderá instaurar
competente, o qual recebe auxílio de policiais, escrivães, inquérito quando ficar sabendo da infração penal por
agentes policiais. meio de suas atividades regulares (cognição imediata);
b) Caráter inquisitivo: O inquérito é um procedimento quando tomar conhecimento por intermédio de terceiros
investigatório que não respeita o princípio do (cognição mediata); ou quando ocorrer prisão em
contraditório, o qual só passa a existir após o início da flagrante (cognição coercitiva).
ação penal, quando já formada a acusação e o Estado- Importante lembrar que a autoridade policial não
juiz. “O inquérito é um procedimento administrativo- poderá instaurar inquérito policial com base em denuncia

1
anônima. Assim, cabe a mesma realizar diligências para Importante lembrar que o prazo pode ser duplicado
averiguar o ocorrido, podendo, após isso, instaurar o pelo juiz mediante requerimento do delegado e após ser
inquérito acompanhado com elementos probatórios. ouvido o Ministério Público.
b) Requisição judicial ou do Ministério Público: Ocorre b) Nos crimes de competência da Justiça Federal o
quando há uma ordem originada do juiz ou do Ministério prazo é de 15 dias, prorrogáveis por igual período.
Público para a instauração do inquérito. Requisição é
ordem, assim o delegado fica obrigado a iniciar a fase Considerações
inquisitiva.
c) Requerimento do ofendido: Ao contrário Logo que tiver conhecimento da prática da infração
da requisição judicial ou do Ministério Público, o penal, a autoridade policial deverá:
requerimento do ofendido poderá ser indeferido pelo I - dirigir-se ao local, providenciando para que não se
delegado de policia, cabendo recurso ao chefe de polícia. alterem o estado e conservação das coisas, até a chegada
Salienta-se que o requerimento pode ocorrer tanto dos peritos criminais;
em ações privadas, quanto públicas. II - apreender os objetos que tiverem relação com o
d) Auto de prisão em flagrante: Sempre que alguém fato, após liberados pelos peritos criminais;
for preso, dever-se-á lavrar o auto de prisão em flagrante, III - colher todas as provas que servirem para o
com a consequente instauração do inquérito. esclarecimento do fato e suas circunstâncias;
IV - ouvir o ofendido;
#FicaDica V - ouvir o indiciado, com observância, no que for
aplicável, do disposto no Capítulo III do Título Vll, deste
Nos casos de crimes de ação penal privada, Livro, devendo o respectivo termo ser assinado por duas
somente poderá ocorrer à instauração do testemunhas que Ihe tenham ouvido a leitura;
inquérito policial com o requerimento da VI - proceder a reconhecimento de pessoas e
vítima, titular da futura ação penal. coisas e a acareações;
VII - determinar, se for caso, que se proceda a
exame de corpo de delito e a quaisquer outras perícias;
ESPÉCIES DE INQUÉRITO VIII - ordenar a identificação do indiciado pelo
processo datiloscópico, se possível, e fazer juntar aos
Os inquéritos podem ter forma de: autos sua folha de antecedentes;
INQUÉRITO POLICIAL é aquele destinado a apurar IX - averiguar a vida pregressa do indiciado, sob
crimes comuns, o qual é realizado pela delegacia de o ponto de vista individual, familiar e social, sua condição
polícia civil. econômica, sua atitude e estado de ânimo antes e depois
INQUÉRITO CIVIL é aquele destinado a colher do crime e durante ele, e quaisquer outros elementos que
elementos para a propositura da ação civil pública, contribuírem para a apreciação do seu temperamento e
realizado pelo próprio membro do Ministério Público. caráter.
INQUÉRITO JUDICIAL OU FALIMENTAR é aquele X - colher informações sobre a existência de filhos,
destinado a apurar crimes falimentares, realizado por respectivas idades e se possuem alguma deficiência
ordem judicial, admitindo contraditório. e o nome e o contato de eventual responsável pelos
INQUÉRITO POLICIAL MILITAR é aquele destinado a cuidados dos filhos, indicado pela pessoa presa.
apurar as infrações praticadas por policiais militares, nos
termos do Código de Processo Penal Militar.
INQUÉRITO ADMINISTRATIVO, aquele praticado
pela autoridade administrativa para apuração de faltas
graves do funcionário público. (admite contraditório) EXERCÍCIO COMENTADO

Prazos para conclusão do inquérito policial 1. EBSERH – Advogado – CESPE – 2018: Quanto ao
inquérito policial, à ação penal, às regras de fixação de
Em caso de indiciado solto, o inquérito policial deverá competência e às disposições processuais penais relacio-
ser concluído em 30 dias, podendo-se prorrogar o prazo nadas aos meios de prova, julgue o item a seguir.
por igual período. O pedido de dilação do prazo deve ser No caso de crime de ação penal privada, a instauração de
efetuado pelo delegado de polícia, direcionado ao juiz inquérito policial por força de requerimento formulado
competente, que ouvirá o Ministério Público, tendo em pelo ofendido no prazo legal não interromperá o prazo
DIREITO PROCESSUAL PENAL

vista que o mesmo pode discordar do pedido, oferecendo decadencial para o oferecimento da queixa-crime.
de imediato a denúncia ou requerendo o arquivamento
do inquérito. ( ) CERTO ( ) ERRADO
Em caso de indiciado preso em flagrante ou por
prisão preventiva, o inquérito policial deverá ser concluso Resposta: Certo. O prazo decadencial não se inter-
em 10 dias. rompe, prorroga ou suspende.
No que tange as legislações especiais, tem-se que:
a) Em crimes de tráfico de drogas (artigo 33 da lei 2. TJDFT – TITULAR DE SERVIÇOS NOTORIAIS – CESPE
nº 11.343/06) o inquérito deverá ser concluído em 30 – 2019: João, de 19 anos de idade, foi vítima de crime de
dias para indiciado preso e 90 dias para indiciado solto. calúnia praticado por Maria. Ciente da autoria do ato de-

2
lituoso, João relatou os fatos informalmente ao delegado judiciária, digam respeito ao exercício do direito de
de polícia e solicitou orientação sobre as providências a defesa. É importante dizer que o advogado só tem
serem adotadas. amplo acesso aos elementos de provas já documenta-
Considerando essa situação hipotética, assinale a opção dos. Diligências em andamento não terá acesso.
correta, acerca de crime que se apura mediante ação pe-
nal privada.
AÇÃO PENAL
a) Em face do princípio da oficiosidade, o delegado de
polícia deverá instaurar o procedimento investigató-
rio, independentemente da formalização do requeri-
mento de João. Ação Penal é o direito do Estado/acusação ou da vítima
b) A instauração do inquérito policial suspende a fluência de entrar em juízo, solicitando a prestação jurisdicional,
do prazo decadencial para o ingresso da ação penal representada pela aplicação das normas de direito penal
em juízo até a completa apuração dos fatos. ao caso concreto. Por meio da ação, o Estado consegue
c) Caso João venha a falecer após a instauração do in- realizar sua pretensão de punir o infrator, caso este seja
quérito policial e antes da ação penal, o direito de ofe- realmente culpado.
recer queixa-crime passará ao cônjuge, ascendente, As ações penais são dividias em duas espécies, sendo
descendente ou irmão. elas:
d) Por ser João menor de 21 anos de idade, o direito de
queixa poderá ser exercido por ele ou por seu repre- a) Ação penal pública: Aquela em que o Ministério
sentante legal. Público será o autor.
e) Instaurada a ação penal competente e havendo inércia
de João, o Ministério Público poderá dar prossegui- b) Ação penal privada: Aquela em que a vítima ou
mento à referida ação. representante legal será o autor.
Resposta: C. OFENDIDO MAIOR E CAPAZ- Tratando- A ação penal pública pode ser subdivida em:
-se de ofendido maior de 18 anos e capaz mental-
mente, somente ele poderá decidir pela conveniência a.1) Ação penal pública incondicionada: Aquela em
de oferecer a representação ou não. Tendo em vista a que o Ministério Público age, de ofício, sem qualquer
vigência no novo código civil, equiparando a 18 anos requisição ou representação de alguém.
a maioridade civil e penal, encontrando-se absoluta-
mente prejudicada a regra incorporada ao art 34 do
a.2) Ação penal público condicionada: Aquela em que
CPP, segundo o qual, sendo maior de 18 anos e menor
o Ministério Público só poderá agir com a representação
de 21 anos, poderiam agir tanto o ofendido como o
da vítima (espécie de pedido/autorização para que
seu representante legal. (PROCESSO PENAL/ NORBER-
o Ministério Público venha a agir) ou a requisição do
TO AVENA- 2018).
Ministro da Justiça.
3. TJSC – JUIZ – CESPE – 2019: Com relação às caracte-
Por sua vez, a ação penal privada, além de ocorrer nas
rísticas do inquérito policial (IP), assinale a opção correta.
hipóteses em que a vítima ou o representante legal tem
o direito de agir, como nos casos de crime de difamação
a) O IP, por consistir em procedimento indispensável à
e calúnia, há a espécie de ação penal privada subsidiária
formação da opinio delicti, deverá acompanhar a de-
da pública, a qual, em regra, deveria ser uma ação penal
núncia ou a queixa criminal.
pública, porém o direito de agir é transferido à vítima
b) Não poderá haver restrição de acesso, com base em
ou representante legal, diante da inércia do Ministério
sigilo, ao defensor do investigado, que deve ter am-
Público.
plo acesso aos elementos de prova já documentados
Em outras palavras, o Ministério Público deveria ter,
no IP, no que diga respeito ao exercício do direito de
por exemplo, ter denunciado o crime, porém não o fez.
defesa.
Assim, diante da inércia do Ministério Público, a vítima
c) É viável a oposição de exceção de suspeição à autori-
ou seu representante legal terá o direito de fazer o papel
dade policial responsável pelas investigações, embora
deste órgão acusatório, por meio da ação penal privada
o IP seja um procedimento de natureza inquisitorial.
subsidiária da pública.
d) Não se admite a utilização de elementos colhidos no
IP, salvo quando se tratar de provas irrepetíveis, como
DIREITO PROCESSUAL PENAL

fundamento para a decisão condenatória. #FicaDica


e) A autoridade policial não poderá determinar o arqui-
vamento dos autos de IP, salvo na hipótese de mani- A ação penal pública, a qual tem como le-
festa atipicidade da conduta investigada. gitimidade ativa o Ministério Público, é ini-
ciada mediante denúncia.
Resposta: B. Súmula Vinculante nº 14 e art. 7º, XIV da A ação penal privada (incluindo-se a sub-
lei 8.906/94 É direito do defensor, no interesse do re- sidiária da pública), a qual tem como legi-
presentado, ter acesso amplo aos elementos de prova timidade ativa a vítima ou representante
que, já documentados em procedimento investigató- legal, é iniciada mediante queixa-crime.
rio realizado por órgão com competência de polícia

3
ASPECTOS DA AÇÃO PENAL PÚBLICA a termo, perante o juiz ou autoridade policial, presente o
órgão do Ministério Público, quando a este houver sido
Seja qual for o crime praticado, sempre que este for a dirigida.
detrimento do patrimônio ou interesse da União, Estado § 2o A representação conterá todas as informações
e Município, a ação penal será pública. que possam servir à apuração do fato e da autoria.
Qualquer pessoa do povo poderá provocar o § 3o Oferecida ou reduzida a termo a representação,
Ministério Público nos casos de ação penal pública, a autoridade policial procederá a inquérito, ou, não
fornecendo-lhe, por escrito, informações sobre o fato, sendo competente, remetê-lo-á à autoridade que o for.
autoria delitiva, tempo, lugar e elementos do crime. § 4o A representação, quando feita ao juiz ou
Se o órgão do Ministério Público, ao invés de perante este reduzida a termo, será remetida à autoridade
apresentar a denúncia, requerer o arquivamento do policial para que esta proceda a inquérito.
inquérito policial ou de quaisquer peças de informação, § 5o O órgão do Ministério Público dispensará
o juiz, no caso de considerar improcedentes as razões o inquérito, se com a representação forem oferecidos
invocadas, fará remessa do inquérito ou peças de elementos que o habilitem a promover a ação penal, e,
informação ao procurador-geral, e este oferecerá a neste caso, oferecerá a denúncia no prazo de quinze dias.
denúncia, designará outro órgão do Ministério Público A denúncia ou queixa conterá a exposição do
para oferecê-la, ou insistirá no pedido de arquivamento, fato criminoso, com todas as suas circunstâncias, a
ao qual só então estará o juiz obrigado a atender. qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais
A denúncia conterá a exposição do fato criminoso, com se possa identificá-lo, a classificação do crime e, quando
todas as suas circunstâncias, a qualificação do acusado necessário, o rol das testemunhas.
ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a Em qualquer fase do processo, o juiz, se reconhecer
classificação do crime e, quando necessário, o rol das extinta a punibilidade, deverá declará-lo de ofício. No caso
testemunhas. de requerimento do Ministério Público, do querelante ou
O Ministério Público não poderá desistir da ação do réu, o juiz mandará autuá-lo em apartado, ouvirá a
penal. parte contrária e, se o julgar conveniente, concederá o
O prazo para oferecimento da denúncia, estando prazo de cinco dias para a prova, proferindo a decisão
o réu preso, será de 5 dias, contados da data em que dentro de cinco dias ou reservando-se para apreciar a
o órgão do Ministério Público receber os autos do matéria na sentença final.
inquérito policial, e de 15 dias, se o réu estiver solto No caso de morte do acusado, o juiz somente à vista
ou afiançado. No último caso, se houver devolução do da certidão de óbito, e depois de ouvido o Ministério
inquérito à autoridade policial (art. 16), contar-se-á o
Público, declarará extinta a punibilidade.
prazo da data em que o órgão do Ministério Público
receber novamente os autos.
Quando o Ministério Público dispensar o inquérito
policial, o prazo para o oferecimento da denúncia #FicaDica
contar-se-á da data em que tiver recebido as peças de
informações ou a representação. Nos casos de ação penal pública, o ofendi-
Se o Ministério Público julgar necessários maiores do ou representante legal poderá contratar
esclarecimentos e documentos complementares ou um advogado particular para ser assisten-
novos elementos de convicção, deverá requisitá-los, te da acusação, o qual irá dar assistência
diretamente, de quaisquer autoridades ou funcionários a acusação do Ministério Público no caso
que devam ou possam fornecê-los. concreto.
Quando, em autos ou papéis de que conhecerem,
os juízes ou tribunais verificarem a existência de crime
de ação pública, remeterão ao Ministério Público as ASPECTOS DA AÇÃO PENAL PRIVADA
cópias e os documentos necessários ao oferecimento da
denúncia. No que se refere à ação penal privada subsidiária da
No que se refere à Ação Penal Pública condicionada pública, o artigo 29 do Código de Processo Penal prevê
a representação, em caso de morte da vítima ou quando que:
esta estiver ausente por decisão judicial (desaparecida), Art. 29. Será admitida ação privada nos crimes de
o direito a representação da ação penal pública ação pública, se esta não for intentada no prazo legal,
condicionada será do cônjuge, ascendente, descendente cabendo ao Ministério Público aditar a queixa, repudiá-
ou irmão, respeitando-se a ordem. la e oferecer denúncia substitutiva, intervir em todos
DIREITO PROCESSUAL PENAL

A representação, em casos de ação penal pública os termos do processo, fornecer elementos de prova,
condicionada à representação, é irretratável, depois de interpor recurso e, a todo tempo, no caso de negligência
oferecida a denúncia. do querelante, retomar a ação como parte principal.
O direito de representação poderá ser exercido, Em caso de morte ou ausência por decisão judicial
pessoalmente ou por procurador com poderes especiais, da vítima, a ação penal privada poderá ser interposta,
mediante declaração, escrita ou oral, feita ao juiz, ao mediante queixa, pelo cônjuge, ascendente, descendente
órgão do Ministério Público, ou à autoridade policial. ou irmão. Ademais, se a ação penal privada já existir
§ 1o A representação feita oralmente ou por escrito, e a vítima vier a falecer ou tornar-se ausente, o
sem assinatura devidamente autenticada do ofendido, prosseguimento da ação penal privada também poderá
de seu representante legal ou procurador, será reduzida ser do cônjuge, ascendente, descendente ou irmão.

4
Se comparecer mais de uma pessoa com direito A renúncia expressa constará de declaração assinada
de queixa, terá preferência o cônjuge, e, em seguida, pelo ofendido, por seu representante legal ou procurador
o parente mais próximo na ordem de enumeração com poderes especiais.
constante do art. 31, podendo, entretanto, qualquer A renúncia do representante legal do menor que
delas prosseguir na ação, caso o querelante desista da houver completado 18 (dezoito) anos não privará este
instância ou a abandone. do direito de queixa, nem a renúncia do último excluirá o
Nos casos em que a vítima for pessoa pobre, o juiz, a direito do primeiro.
requerimento da parte que provou a pobreza, nomeará O perdão concedido a um dos querelados aproveitará
um advogado para promover a ação penal. Ressalta-se a todos, sem que produza, todavia, efeito em relação ao
que pessoa pobre é aquela que não pode arcar com às que o recusar.
custas do processo, sem prejudicar sua sobrevivência e Se o querelante for menor de 21 e maior de 18 anos,
de sua família. o direito de perdão poderá ser exercido por ele ou por
Ademais, será prova suficiente de pobreza o atestado seu representante legal, mas o perdão concedido por
da autoridade policial em cuja circunscrição residir o um, havendo oposição do outro, não produzirá efeito.
ofendido. Se o querelado for mentalmente enfermo ou
Se o ofendido for menor de 18 (dezoito) anos, ou retardado mental e não tiver representante legal, ou
mentalmente enfermo, ou retardado mental, e não tiver colidirem os interesses deste com os do querelado, a
representante legal, ou colidirem os interesses deste com aceitação do perdão caberá ao curador que o juiz Ihe
os daquele, o direito de queixa poderá ser exercido por nomear.
curador especial, nomeado, de ofício ou a requerimento Se o querelado for menor de 21 anos, observar-se-á,
do Ministério Público, pelo juiz competente para o quanto à aceitação do perdão, o disposto no art. 52 do
processo penal. Código de Processo Penal.
Se o ofendido for menor de 21 (vinte e um) e maior de O perdão poderá ser aceito por procurador com
18 (dezoito) anos, o direito de queixa poderá ser exercido poderes especiais.
por ele ou por seu representante legal. A renúncia tácita e o perdão tácito admitirão todos os
As fundações, associações ou sociedades legalmente meios de prova.
constituídas poderão exercer a ação penal, devendo ser Concedido o perdão, mediante declaração expressa
representadas por quem os respectivos contratos ou nos autos, o querelado será intimado a dizer, dentro
estatutos designarem ou, no silêncio destes, pelos seus de três dias, se o aceita o perdão ou não, devendo, ao
diretores ou sócios-gerentes. mesmo tempo, ser cientificado de que o seu silêncio
O direito de queixa tem prazo decadencial de seis importará aceitação. Aceito o perdão, o juiz julgará
meses, contando do dia em que vier, a saber, quem extinta a punibilidade.
é o autor do crime ou no caso de ação penal privada A aceitação do perdão fora do processo constará
subsidiaria da pública do dia em que se esgotar o prazo de declaração assinada pelo querelado, por seu
para o oferecimento da denúncia pelo Ministério Público. representante legal ou procurador com poderes especiais.
A queixa conterá a exposição do fato criminoso, com O perdão, no processo ou fora dele, expresso ou
todas as suas circunstâncias, a qualificação do acusado tácito:
ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a I - se concedido a qualquer dos querelados, a todos
classificação do crime e, quando necessário, o rol das aproveita;
testemunhas. II - se concedido por um dos ofendidos, não prejudica
A queixa poderá ser dada por procurador com poderes o direito dos outros;
especiais, devendo constar do instrumento do mandato o III - se o querelado o recusa, não produz efeito.
nome do querelante e a menção do fato criminoso, salvo
quando tais esclarecimentos dependerem de diligências Nos casos em que somente se procede mediante
que devem ser previamente requeridas no juízo criminal. queixa, considerar-se-á perempta a ação penal:
A queixa, ainda quando a ação penal for privativa do I - quando, iniciada esta, o querelante deixar de
ofendido, poderá ser aditada pelo Ministério Público, a promover o andamento do processo durante 30 dias
quem caberá intervir em todos os termos subseqüentes seguidos;
do processo. II - quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua
O prazo para o aditamento da queixa pelo Ministério incapacidade, não comparecer em juízo, para prosseguir
Público será de 3 dias, contado da data em que o órgão no processo, dentro do prazo de 60 (sessenta) dias,
do Ministério Público receber os autos, e, se este não qualquer das pessoas a quem couber fazê-lo, ressalvado
DIREITO PROCESSUAL PENAL

se pronunciar dentro do tríduo, entender-se-á que não o disposto no art. 36;


tem o que aditar, prosseguindo-se nos demais termos III - quando o querelante deixar de comparecer, sem
do processo. motivo justificado, a qualquer ato do processo a que
O direito de queixa não pode ser exercido quando deva estar presente, ou deixar de formular o pedido de
renunciado expressa ou tacitamente. condenação nas alegações finais;
A queixa contra qualquer dos autores do crime IV - quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta
obrigará ao processo de todos, e o Ministério Público se extinguir sem deixar sucessor.
velará pela sua indivisibilidade. Ademais, a renúncia ao Em qualquer fase do processo, o juiz, se reconhecer
exercício do direito de queixa, em relação a um dos extinta a punibilidade, deverá declará-lo de ofício. No caso
autores do crime, a todos se estenderá. de requerimento do Ministério Público, do querelante ou

5
do réu, o juiz mandará autuá-lo em apartado, ouvirá a mações suficientes sobre os fatos que configuram, em
parte contrária e, se o julgar conveniente, concederá o tese, delito especificado, o juiz pode receber a denún-
prazo de cinco dias para a prova, proferindo a decisão cia, prescindindo da notificação prévia do acusado.
dentro de cinco dias ou reservando-se para apreciar a Art. 317, §1º do CP, Art. 514, caput, do CPP e Súmula
matéria na sentença final. 330 do STJ.
No caso de morte do acusado, o juiz somente à vista
da certidão de óbito, e depois de ouvido o Ministério 2. PGE-PE – ANALISTA JUDICIÁRIO – CESPE – 2019: A
Público, declarará extinta a punibilidade. respeito de ação penal, espécies e cominação de penas,
julgue o item a seguir.
Em se tratando de crimes sujeitos a ação penal pública
condicionada, a representação do ofendido é irretratável
EXERCÍCIO COMENTADO depois de oferecida a denúncia.

1. PREFEITURA DE BOA VISTA RR – PROCURADOR – ( ) CERTO ( ) ERRADO


CESPE – 2019: José, de sessenta e nove anos de ida-
de, fiscal de vigilância sanitária municipal, viúvo e único Resposta: Certo. De acordo com o art.25 da CPP a
responsável pelos cuidados de seu filho, de onze anos representação será irretratável, depois de oferecida
de idade, foi denunciado à polícia por comerciantes que a denúncia.
alegavam que o referido fiscal lhes solicitava dinheiro
para que não fossem por ele autuados por infração à 3. EBSERH – ADVOGADO – CESPE – 2018: Quanto ao
legislação sanitária. Durante investigação conduzida por inquérito policial, à ação penal, às regras de fixação de
autoridade policial em razão dessa denúncia, foi deferida competência e às disposições processuais penais relacio-
judicialmente interceptação da comunicação telefônica nadas aos meios de prova, julgue o item a seguir.
de José. No caso de crime de ação penal privada, a instauração de
Nesse ato, evidenciou-se, em uma degravação, que José inquérito policial por força de requerimento formulado
havia solicitado certa quantia em dinheiro a um comer- pelo ofendido no prazo legal não interromperá o prazo
ciante, Pedro, para não interditar seu estabelecimento decadencial para o oferecimento da queixa-crime.
comercial, e que José havia combinado encontrar-se
com Pedro para realizarem essa transação financeira. Na ( ) CERTO ( ) ERRADO
interceptação, foram captadas, ainda, conversas em que
José e outros quatro fiscais não identificados discutiam Resposta: Certo. A decadência tem natureza peremp-
a forma de solicitar dinheiro a comerciantes, em troca tória, ou seja, é fatal e improrrogável e não está sujei-
de não autuá-los, e a repartição do dinheiro que seria to a interrupção ou suspensão. Ao contrário do prazo
obtido com isso. prescricional, não há causas interruptivas ou suspensi-
No dia combinado, Pedro encontrou-se com José, e, vas na decadência. O pedido de instauração de inqué-
pouco antes de entregar-lhe o dinheiro que carregava rito policial ou mesmo a popular “queixa” apresentada
consigo, policiais que haviam instalado escuta ambiental na polícia não tem o condão de interromper o curso
na sala do fiscal mediante autorização judicial prévia de- do prazo decadencial. A cessação da decadência ocor-
ram voz de prisão em flagrante a José, conduzindo-o, em re somente com a interposição (leia-se: protocolo) da
seguida, à presença da autoridade policial. queixa-crime, dentro do prazo legal, em Juízo (mesmo
Em revista pessoal, foi constatado que José portava três que incompetente – cf. Norberto AVENA, p. 177 e STJ,
cigarros de maconha. Questionado, o fiscal afirmou ter RHC 25.611/RJ, Rel. Jorge Mussi, DJe 25.08.2011).
comprado os cigarros de um estrangeiro que trazia os
entorpecentes de seu país para o Brasil e os revendia
perto da residência de José. A autoridade policial deu
COMPETÊNCIA
andamento aos procedimentos, redigiu o relatório final
do inquérito policial e o encaminhou à autoridade com-
petente.
Considerando essa situação hipotética, julgue o item A competência penal pode ser estabelecida como:
subsequente.
O juiz poderá receber denúncia oferecida pelo Ministé- a) competência pelo lugar da infração; b) competência
rio Público e dispensar a notificação prévia de José para pelo domicílio ou residência do réu; c) competência pela
DIREITO PROCESSUAL PENAL

que este apresente resposta preliminar, embora ele seja natureza da infração; d) prevenção e distribuição; e)
servidor público, sem que esse ato configure nulidade conexão ou continência; f) pela prerrogativa de função.
absoluta. Vejamos:

( ) CERTO ( ) ERRADO a) Competência pelo lugar da infração: A competência


para julgamento é no local da consumação do crime.
Resposta: Certo. Em se tratando dos crimes afiançá- b) Competência pelo domicílio ou residência do
veis de responsabilidade de funcionários públicos in- réu: Não sendo conhecido o lugar da infração penal, a
vestigados por inquérito policial, oferecida a denúncia competência para julgar é no foro em que o acusado é
que atende os requisitos do art. 41 do CPP, com infor- residente ou domiciliado.

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Caso o acusado tenha dois domicílios em duas A conexão de processos ocorre quando há algum
cidades diferentes, a competência será da comarca que vinculo entre dois delitos processados em autos
primeiro iniciar a ação penal (prevenção). diferentes, devendo-se juntar os processos para
Nas hipóteses em que não for conhecido o domicílio apreciação. A continência, por sua vez, ocorre quando
ou cujo paradeiro do acusado é desconhecido, uma conduta esta contida em outra.
a competência será do juiz que primeiro tomar Vejamos as disposições que regulam a conexão e a
conhecimento formal dos fatos. continência:
Exceção: Em casos de ação penal exclusiva, o Art. 76. A competência será determinada pela cone-
querelante poderá optar em dar início ao processo no xão:
foro do domicílio do querelado, mesmo sendo conhecido I - se, ocorrendo duas ou mais infrações, hou-
o lugar da infração penal. Esclarecemos que tal regra não verem sido praticadas, ao mesmo tempo, por várias
se aplica na ação penal subsidiária da pública. pessoas reunidas, ou por várias pessoas em concurso,
c) Competência pela natureza da infração: Com base embora diverso o tempo e o lugar, ou por várias pes-
na competência pelo lugar da infração ou pelo domicílio soas, umas contra as outras;
do acusado, a comarca competente já estará fixada. II - se, no mesmo caso, houverem sido umas
Porém, deve-se averiguar a justiça que é competente praticadas para facilitar ou ocultar as outras, ou para
para o julgamento da ação penal, podendo ser a justiça conseguir impunidade ou vantagem em relação a
comum (justiça Estadual ou Federal) ou a justiça especial qualquer delas;
(justiça militar ou eleitoral). III - quando a prova de uma infração ou de
d) Prevenção e distribuição: Vistos os critérios qualquer de suas circunstâncias elementares influir na
anteriores, ou seja, observada a comarca competente e a prova de outra infração.
justiça competente, podemos nos deparar com diversos Art. 77. A competência será determinada pela conti-
juízes competentes para julgar, como é o caso de um nência quando:
fórum de uma comarca que tem 5 varas criminais. I - duas ou mais pessoas forem acusadas pela
Neste caso, verificar-se-á a prevenção primeiramente, mesma infração;
ou seja, se algum juiz já praticou algum ato no processo II - no caso de infração cometida nas condições
ou de medida relativa a este, ainda que anterior a previstas nos arts. 51, § 1o, 53, segunda parte, e 54 do
denúncia ou queixa-crime, este juiz será o competente. Código Penal.
São exemplos de atos que podem trazer a prevenção: Art. 78. Na determinação da competência por conexão
decretação de prisão preventiva, concessão de fiança, ou continência, serão observadas as seguintes regras:
decretação de busca a apreensão, apreciação de I - no concurso entre a competência do júri e
explicações em juízo. a de outro órgão da jurisdição comum, prevalecerá a
Caso não haja nenhum juízo prevento, dever-se-á competência do júri;
distribuir, sortear a ação penal para algum dos juízes. Il - no concurso de jurisdições da mesma cate-
goria:
Conforme explica Alexandre Cebrian Araujo Reis a) preponderará a do lugar da infração, à qual for
(2016, p. 219) as hipóteses em que a prevenção é critério cominada a pena mais grave;
norteador da competência são: b) prevalecerá a do lugar em que houver ocorrido
1) Quando há mais de uma vara para a qual o inquérito o maior número de infrações, se as respectivas penas
pode ser direcionado, porém, antes da distribuição, forem de igual gravidade;
algum juiz pratica ato relevante relacionado ao delito c) firmar-se-á a competência pela prevenção, nos
investigado, fica ele prevento. Neste caso, a prevenção outros casos;
define o juízo, a vara onde a ação penal tramitará (art. III - no concurso de jurisdições de diversas catego-
83 do CPP). rias, predominará a de maior graduação;
2) Quando for cometido crime permanente no IV - no concurso entre a jurisdição comum e a
território de duas ou mais comarcas (art. 71 do CPP). especial, prevalecerá esta.
3) Quando for cometido crime continuado no Art. 79. A conexão e a continência importarão unida-
território de duas ou mais comarcas (art. 71 do CPP). de de processo e julgamento, salvo:
4) Infração praticada em local incerto entre duas ou I - no concurso entre a jurisdição comum e a
mais comarcas (art. 70, § 3º, do CPP). militar;
5) Infração cometida em lugar que não se tem certeza II - no concurso entre a jurisdição comum e a do
se pertence a uma ou outra comarca (art. 70, § 3º, do juízo de menores.
DIREITO PROCESSUAL PENAL

CPP). § 1o Cessará, em qualquer caso, a unidade do


6) Se for desconhecido o lugar da infração e o réu processo, se, em relação a algum co-réu, sobrevier o
tiver duas residências (art. 72, § 1º, do CPP). caso previsto no art. 152.
7) No caso de conexão quando não houver foro § 2o A unidade do processo não importará a do
prevalente, por serem os delitos da mesma categoria de julgamento, se houver co-réu foragido que não possa
jurisdição e tiverem as mesmas penas (art. 78, II, c, do ser julgado à revelia, ou ocorrer a hipótese do art. 461.
CPP). Art. 80. Será facultativa a separação dos processos
e) Conexão ou continência: A conexão e a continência quando as infrações tiverem sido praticadas em cir-
não são exatamente critérios para fixação de competência, cunstâncias de tempo ou de lugar diferentes, ou,
mas sim para prorrogação. quando pelo excessivo número de acusados e para

7
não Ihes prolongar a prisão provisória, ou por outro De acordo com o Supremo Tribunal Federal, a competên-
motivo relevante, o juiz reputar conveniente a sepa- cia para processar e julgar os crimes de latrocínio é do
ração. tribunal do júri, e não do juiz singular.
Art. 81. Verificada a reunião dos processos por co-
nexão ou continência, ainda que no processo da sua ( ) CERTO ( ) ERRADO
competência própria venha o juiz ou tribunal a profe-
rir sentença absolutória ou que desclassifique a infra- Resposta: Errado. A competência para julgar o crime
ção para outra que não se inclua na sua competência, de latrocínio é do juiz singular, tendo em vista que
continuará competente em relação aos demais pro- esse crime é contra o patrimônio.
cessos.
Parágrafo único. Reconhecida inicialmente ao júri 2. PGE-PE – ANALISTA JUDICIÁRIO – CESPE –
a competência por conexão ou continência, o juiz, se 2019: José, de sessenta e nove anos de idade, fiscal de
vier a desclassificar a infração ou impronunciar ou ab- vigilância sanitária municipal, viúvo e único responsável
solver o acusado, de maneira que exclua a competên- pelos cuidados de seu filho, de onze anos de idade, foi
cia do júri, remeterá o processo ao juízo competente. denunciado à polícia por comerciantes que alegavam
Art. 82. Se, não obstante a conexão ou continência, que o referido fiscal lhes solicitava dinheiro para que não
forem instaurados processos diferentes, a autoridade fossem por ele autuados por infração à legislação sanitá-
de jurisdição prevalente deverá avocar os processos ria. Durante investigação conduzida por autoridade poli-
que corram perante os outros juízes, salvo se já esti- cial em razão dessa denúncia, foi deferida judicialmente
verem com sentença definitiva. Neste caso, a unidade interceptação da comunicação telefônica de José.
dos processos só se dará, ulteriormente, para o efeito Nesse ato, evidenciou-se, em uma degravação, que José
de soma ou de unificação das penas. havia solicitado certa quantia em dinheiro a um comer-
ciante, Pedro, para não interditar seu estabelecimento
f) Pela prerrogativa de função: A competência pela comercial, e que José havia combinado encontrar-se
prerrogativa de função é do Supremo Tribunal Federal, com Pedro para realizarem essa transação financeira. Na
interceptação, foram captadas, ainda, conversas em que
do Superior Tribunal de Justiça, dos Tribunais Regionais
José e outros quatro fiscais não identificados discutiam
Federais e Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito
a forma de solicitar dinheiro a comerciantes, em troca
Federal, relativamente às pessoas que devam responder
de não autuá-los, e a repartição do dinheiro que seria
perante eles por crimes comuns e de responsabilidade.
obtido com isso.
Importante salientar também que ao STF compete
No dia combinado, Pedro encontrou-se com José, e,
julgar seus ministros, em casos de crimes comuns; os
pouco antes de entregar-lhe o dinheiro que carregava
ministros de Estado, salvo nos crimes conexos com os do
consigo, policiais que haviam instalado escuta ambiental
Presidente da República; o procurador-geral da República, na sala do fiscal mediante autorização judicial prévia de-
os desembargadores dos tribunais, os ministros do ram voz de prisão em flagrante a José, conduzindo-o, em
Tribunal de Contas e os embaixadores e ministros seguida, à presença da autoridade policial.
diplomáticos, nos crimes comuns e de responsabilidade. Em revista pessoal, foi constatado que José portava três
Por fim, cabe aos tribunais de justiça o julgamento cigarros de maconha. Questionado, o fiscal afirmou ter
dos governadores ou interventores dos respectivos comprado os cigarros de um estrangeiro que trazia os
Estados ou Territórios, e prefeito do Distrito Federal, entorpecentes de seu país para o Brasil e os revendia
seus respectivos secretários e chefes de Polícia, juízes de perto da residência de José. A autoridade policial deu
instância inferior e órgãos do Ministério Público. andamento aos procedimentos, redigiu o relatório final
do inquérito policial e o encaminhou à autoridade com-
petente.
#FicaDica Considerando essa situação hipotética, julgue o item
subsequente.
A competência em relação à matéria e a A justiça federal tem competência para processar e julgar
pessoa são absolutas, gerando nulidade José pelo crime de tráfico ilícito de drogas, razão pela
absoluta do processo em caso de incom- qual devem ser remetidas ao juízo competente as peças
petência, ou seja, não convalesce e pode relacionadas a esse delito.
ser reconhecida a qualquer tempo.
A competência territorial é relativa, consi- ( ) CERTO ( ) ERRADO
derando-se prorrogada se não alegada até
DIREITO PROCESSUAL PENAL

o prazo da resposta escrita. Resposta: Errado. De acordo com as informações


contidas na questão, José estaria enquadrado no art.
28, e não o art. 33 da Lei de Drogas, vez que trazer
consigo 3 (três) cigarros de maconha, por si só, não
EXERCÍCIO COMENTADO configura o tipo penal de tráfico de drogas. Ademais,
o fato de José ter comprado esses 3 (três) cigarros de
maconha de um traficante estrangeiro não o torna tra-
1. STJ – Técnico judiciário – CESPE – 20158: Acerca da ficante.
competência, das questões e dos processos incidentes e Sendo assim, em relação ao art. 28 praticado por José,
das provas, julgue o item a seguir. deverá ser lavrado o TC e encaminhado para o JECRIM.

8
3. MPU – ANALISTA – CESPE – 2018: Em relação a in- Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será in-
quérito policial, ação penal e competência, julgue o pró- dispensável o exame de corpo de delito, direto ou in-
ximo item, de acordo com o entendimento da doutrina direto, não podendo supri-lo a confissão do acusado.
majoritária e dos tribunais superiores. Art. 159. O exame de corpo de delito e outras perícias
Havendo a prática de contravenção penal contra bens e serão realizados por perito oficial, portador de diplo-
serviços da União em conexão probatória com crime de ma de curso superior. (Redação dada pela
competência da justiça federal, opera-se a separação dos Lei nº 11.690, de 2008)
processos, cabendo à justiça estadual processar e julgar § 1o Na falta de perito oficial, o exame será realizado
a contravenção penal. por 2 (duas) pessoas idôneas, portadoras de diploma
. de curso superior preferencialmente na área específi-
( ) CERTO ( ) ERRADO ca, dentre as que tiverem habilitação técnica relacio-
nada com a natureza do exame. (Redação
Resposta: Certo. CF, Art. 109. Aos juízes federais com- dada pela Lei nº 11.690, de 2008)
pete processar e julgar: IV – os crimes políticos e as
§ 2o Os peritos não oficiais prestarão o compromisso
infrações penais praticadas em detrimento de bens,
de bem e fielmente desempenhar o encargo. (Re-
serviços ou interesses da União ou de suas entidades
dação dada pela Lei nº 11.690, de 2008)
autárquicas ou empresas públicas, excluídas as con-
§ 3o Serão facultadas ao Ministério Público, ao assis-
travenções e ressalvada a competência da Justiça Mi-
tente de acusação, ao ofendido, ao querelante e ao
litar e da Justiça Eleitoral. Súmula 38 - STJ: Compete
acusado a formulação de quesitos e indicação de as-
a Justiça Estadual Comum, na vigência da CF88, o pro-
cesso por contravenção penal, ainda que praticada em sistente técnico. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)
detrimento de bens, serviços ou interesse da União ou § 4o O assistente técnico atuará a partir de sua admis-
de suas entidades. são pelo juiz e após a conclusão dos exames e elabo-
ração do laudo pelos peritos oficiais, sendo as partes
intimadas desta decisão. (Incluído pela Lei nº
11.690, de 2008)
PROVA § 5o Durante o curso do processo judicial, é permitido
às partes, quanto à perícia: (Incluído pela Lei nº
11.690, de 2008)
Conceito I – requerer a oitiva dos peritos para esclarecerem a
prova ou para responderem a quesitos, desde que o
Prova é o meio pelo qual o juiz formará sua convicção. mandado de intimação e os quesitos ou questões a
Todas as provas judiciais devem ser produzidas serem esclarecidas sejam encaminhados com antece-
mediante princípio do contraditório, não podendo o juiz dência mínima de 10 (dez) dias, podendo apresentar
fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos as respostas em laudo complementar (Incluído pela
informativos colhidos na investigação, com exceção das Lei nº 11.690, de 2008)
provas cautelares, não repetíveis e antecipadas. II – indicar assistentes técnicos que poderão apre-
A prova da alegação incumbe a quem a faz, ou seja, sentar pareceres em prazo a ser fixado pelo juiz ou ser
se o MP alegar deve demonstrar as provas. Do mesmo inquiridos em audiência. (Incluído pela Lei
modo, se o acusado alegar, também deve demonstrar as nº 11.690, de 2008)
provas. § 6o Havendo requerimento das partes, o material
Entretanto, o juiz poderá de ofício ordenar, mesmo probatório que serviu de base à perícia será disponi-
antes de iniciada a ação penal, a produção antecipada de bilizado no ambiente do órgão oficial, que manterá
provas consideradas urgentes e relevantes, observando a sempre sua guarda, e na presença de perito oficial,
necessidade, adequação e proporcionalidade da medida; para exame pelos assistentes, salvo se for impossível a
e determinar, no curso da instrução, ou antes de proferir sua conservação. (Incluído pela Lei nº 11.690,
sentença, a realização de diligências para dirimir dúvida de 2008)
sobre ponto relevante. § 7o Tratando-se de perícia complexa que abran-
Importante destacar que são inadmissíveis as provas ja mais de uma área de conhecimento especializado,
consideradas ilícitas e as que dela forem derivadas, poder-se-á designar a atuação de mais de um perito
devendo ser desentranhadas, retiradas do processo. oficial, e a parte indicar mais de um assistente técni-
(Teoria dos frutos da árvore envenenada = árvore co. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)
como prova ilícita originária; frutos como provas ilícitas Art. 160. Os peritos elaborarão o laudo peri-
derivadas da prova ilícita originária). cial, onde descreverão minuciosamente o que exa-
DIREITO PROCESSUAL PENAL

Preclusa a decisão de desentranhamento da prova minarem, e responderão aos quesitos formula-


declarada inadmissível, esta será inutilizada por decisão dos. (Redação dada pela Lei nº 8.862, de
judicial, facultado às partes acompanhar o incidente. 28.3.1994)
Parágrafo único. O laudo pericial será elaborado
Do exame de corpo de delito e das perícias em no prazo máximo de 10 dias, podendo este prazo ser
geral prorrogado, em casos excepcionais, a requerimento
dos peritos. (Redação dada pela Lei nº 8.862,
Para perfeito entendimento do processamento das de 28.3.1994)
perícias em geral, requer-se a leitura do Código de Art. 161. O exame de corpo de delito poderá ser
Processo Penal. Deste modo, vejamos: feito em qualquer dia e a qualquer hora.

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Art. 162. A autópsia será feita pelo menos seis ho- rão instruir seus laudos com fotografias, desenhos ou
ras depois do óbito, salvo se os peritos, pela evidência esquemas elucidativos. (Vide Lei nº 5.970,
dos sinais de morte, julgarem que possa ser feita antes de 1973)
daquele prazo, o que declararão no auto. Parágrafo único. Os peritos registrarão, no lau-
Parágrafo único. Nos casos de morte violenta, do, as alterações do estado das coisas e discutirão, no
bastará o simples exame externo do cadáver, quando relatório, as conseqüências dessas alterações na dinâ-
não houver infração penal que apurar, ou quando as mica dos fatos. (Incluído pela Lei nº 8.862,
lesões externas permitirem precisar a causa da morte de 28.3.1994)
e não houver necessidade de exame interno para a Art. 170. Nas perícias de laboratório, os peritos
verificação de alguma circunstância relevante. guardarão material suficiente para a eventualidade de
Art. 163. Em caso de exumação para exame ca- nova perícia. Sempre que conveniente, os laudos serão
davérico, a autoridade providenciará para que, em dia ilustrados com provas fotográficas, ou microfotográfi-
e hora previamente marcados, se realize a diligência, cas, desenhos ou esquemas.
da qual se lavrará auto circunstanciado. Art. 171. Nos crimes cometidos com destruição ou
Parágrafo único. O administrador de cemitério rompimento de obstáculo a subtração da coisa, ou por
público ou particular indicará o lugar da sepultura, meio de escalada, os peritos, além de descrever os ves-
sob pena de desobediência. No caso de recusa ou de tígios, indicarão com que instrumentos, porque meios
falta de quem indique a sepultura, ou de encontrar- e em que época presumem ter sido o fato praticado.
-se o cadáver em lugar não destinado a inumações, a Art. 172. Proceder-se-á, quando necessário, à
autoridade procederá às pesquisas necessárias, o que avaliação de coisas destruídas, deterioradas ou que
tudo constará do auto. constituam produto do crime.
Art. 164. Os cadáveres serão sempre fotografados Parágrafo único. Se impossível a avaliação di-
na posição em que forem encontrados, bem como, na reta, os peritos procederão à avaliação por meio dos
medida do possível, todas as lesões externas e vestí- elementos existentes nos autos e dos que resultarem
gios deixados no local do crime. (Redação de diligências.
dada pela Lei nº 8.862, de 28.3.1994) Art. 173. No caso de incêndio, os peritos verifi-
Art. 165. Para representar as lesões encontradas carão a causa e o lugar em que houver começado, o
no cadáver, os peritos, quando possível, juntarão ao perigo que dele tiver resultado para a vida ou para o
laudo do exame provas fotográficas, esquemas ou de- patrimônio alheio, a extensão do dano e o seu valor e
senhos, devidamente rubricados. as demais circunstâncias que interessarem à elucida-
Art. 166. Havendo dúvida sobre a identidade do ção do fato.
cadáver exumado, proceder-se-á ao reconhecimento Art. 174. No exame para o reconhecimento de
pelo Instituto de Identificação e Estatística ou repar- escritos, por comparação de letra, observar-se-á o se-
tição congênere ou pela inquirição de testemunhas, guinte:
lavrando-se auto de reconhecimento e de identidade, I - a pessoa a quem se atribua ou se possa atribuir
no qual se descreverá o cadáver, com todos os sinais o escrito será intimada para o ato, se for encontrada;
e indicações. II - para a comparação, poderão servir quaisquer
Parágrafo único. Em qualquer caso, serão arre- documentos que a dita pessoa reconhecer ou já tive-
cadados e autenticados todos os objetos encontrados, rem sido judicialmente reconhecidos como de seu pu-
que possam ser úteis para a identificação do cadáver. nho, ou sobre cuja autenticidade não houver dúvida;
Art. 167. Não sendo possível o exame de corpo de III - a autoridade, quando necessário, requisitará,
delito, por haverem desaparecido os vestígios, a prova para o exame, os documentos que existirem em arqui-
testemunhal poderá suprir-lhe a falta. vos ou estabelecimentos públicos, ou nestes realizará
Art. 168. Em caso de lesões corporais, se o primei- a diligência, se daí não puderem ser retirados;
ro exame pericial tiver sido incompleto, proceder-se-á IV - quando não houver escritos para a compa-
a exame complementar por determinação da autori- ração ou forem insuficientes os exibidos, a autoridade
dade policial ou judiciária, de ofício, ou a requerimen- mandará que a pessoa escreva o que Ihe for ditado.
to do Ministério Público, do ofendido ou do acusado, Se estiver ausente a pessoa, mas em lugar certo, esta
ou de seu defensor. última diligência poderá ser feita por precatória, em
§ 1o No exame complementar, os peritos terão que se consignarão as palavras que a pessoa será in-
presente o auto de corpo de delito, a fim de suprir-lhe timada a escrever.
a deficiência ou retificá-lo. Art. 175. Serão sujeitos a exame os instrumentos
DIREITO PROCESSUAL PENAL

§ 2o Se o exame tiver por fim precisar a classi- empregados para a prática da infração, a fim de se


ficação do delito no art. 129, § 1o, I, do Código Penal, Ihes verificar a natureza e a eficiência.
deverá ser feito logo que decorra o prazo de 30 dias, Art. 176. A autoridade e as partes poderão for-
contado da data do crime. mular quesitos até o ato da diligência.
§ 3o A falta de exame complementar poderá ser Art. 177. No exame por precatória, a nomeação
suprida pela prova testemunhal. dos peritos far-se-á no juízo deprecado. Havendo, po-
Art. 169. Para o efeito de exame do local onde rém, no caso de ação privada, acordo das partes, essa
houver sido praticada a infração, a autoridade provi- nomeação poderá ser feita pelo juiz deprecante.
denciará imediatamente para que não se altere o es- Parágrafo único. Os quesitos do juiz e das partes
tado das coisas até a chegada dos peritos, que pode- serão transcritos na precatória.

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Art. 178. No caso do art. 159, o exame será requi- Importante ressaltar que o acusado pode permanecer
sitado pela autoridade ao diretor da repartição, jun- em silêncio durante seu interrogatório de mérito,
tando-se ao processo o laudo assinado pelos peritos. tendo em vista que o momento do interrogatório para
Art. 179. No caso do § 1o do art. 159, o escrivão la- qualificações não tem conteúdo defensivo. Poderá
vrará o auto respectivo, que será assinado pelos peri- também o acusado influir diretamente no convencimento
tos e, se presente ao exame, também pela autoridade. do juiz, narrando-lhe os fatos.
Parágrafo único. No caso do art. 160, parágra- Guilherme de Souza Nucci observa que “em
fo único, o laudo, que poderá ser datilografado, será relação à qualificação, não cabe direito ao silêncio,
subscrito e rubricado em suas folhas por todos os pe- nem o fornecimento de dados falsos, sem que haja
ritos. consequência jurídica, impondo sanção. O direito
Art. 180. Se houver divergência entre os peritos, ao silêncio não é ilimitado, nem pode ser exercido
serão consignadas no auto do exame as declarações e abusivamente. As implicações, nessa situação, podem ser
respostas de um e de outro, ou cada um redigirá sepa- graves, mormente quando o réu fornece, maldosamente,
radamente o seu laudo, e a autoridade nomeará um dados de terceiros, podendo responder pelo seu ato”
terceiro; se este divergir de ambos, a autoridade pode- (NUCCI, 2009, p. 418).
rá mandar proceder a novo exame por outros peritos. Ressalta-se que o juiz é obrigado a realizar o
Art. 181. No caso de inobservância de formalidades, interrogatório com o réu presente, constituindo nulidade
ou no caso de omissões, obscuridades ou contradições, relativa (decisão do STF) a não observância deste
a autoridade judiciária mandará suprir a formalidade, mandamento processual.
complementar ou esclarecer o laudo. (Redação dada Caso o acusado, intimado, não compareça ao
pela Lei nº 8.862, de 28.3.1994) interrogatório, será considerado revel (art. 399, § 1º,
Parágrafo único. A autoridade poderá também do CPP). Poder-se-á ainda conduzir coercitivamente o
ordenar que se proceda a novo exame, por outros pe- acusado para a realização do interrogatório (art. 260 do
ritos, se julgar conveniente. CPP).
Art. 182. O juiz não ficará adstrito ao laudo, Para a validade do interrogatório o acusado deve
podendo aceitá-lo ou rejeitá-lo, no todo ou em parte. estar acompanhado de um advogado, defensor técnico,
Art. 183. Nos crimes em que não couber ação não sendo necessário ser aquele advogado constituído
pública, observar-se-á o disposto no art. 19. pelo réu.
Art. 184. Salvo o caso de exame de corpo de Em outras palavras: “Acaso o advogado constituído
delito, o juiz ou a autoridade policial negará a perícia pelo acusado, apesar de regularmente intimado, não
requerida pelas partes, quando não for necessária ao esteja presente no momento do interrogatório (ou seja,
esclarecimento da verdade. na audiência de instrução e julgamento), poderá o juiz
nomear defensor para o ato, sem que isso importe em
Do interrogatório nulidade”. (REIS; GONÇALVES, 2015, p. 348).
Por fim, o interrogatório de réu solto deverá
O interrogatório é o meio pelo qual o acusado é acontecer no lugar que estiver sediado o órgão julgador.
ouvido pelo juiz acerca da imputação que lhe é atribuída. O interrogatório de réu preso, por sua vez, poderá ser
No momento do interrogatório, estamos diante do realizado também no estabelecimento em que o acusado
direito à ampla defesa, que pode ser compreendido pelo estiver preso ou perante vídeo conferência.
direito a defesa técnica (defesa por um advogado) e
direito a autodefesa.
O direito a autodefesa, que é realizado pelo acusado, #FicaDica
pressupõe o direito a audiência de interrogatório,
Em regra, o interrogatório é o último ato
momento em que o acusado pode esclarecer os fatos. O
da audiência de instrução, debates e jul-
direito a presença, por sua vez, significa o direito do réu
gamento, salvo determinação contrária
em participar de todos os atos processuais.
localizada em lei especial (exemplo: lei de
Vejamos as características do interrogatório:
drogas, onde o interrogatório é o primeiro
ato). Apesar da determinação da lei espe-
a) Ato personalíssimo: somente o acusado será
cial, o STF entendeu que o interrogatório
interrogado, ou seja, ninguém poderá representá-lo
em tráfico de drogas deverá ser o último
neste momento.
ato da instrução processual.
b) Ato oral: em regra, é feito de modo oral.
DIREITO PROCESSUAL PENAL

c) Ato não sujeito a preclusão: pode ser praticado a


qualquer tempo.
d) Ato público: qualquer pessoa pode presenciar o
interrogatório, salvo os casos que correm em segredo de FIQUE ATENTO!
justiça.
O STF entende o interrogatório como sendo
e) Ato bifásico: É constituído em duas partes,
um meio de defesa, e não de defesa e de pro-
sendo: I) interrogatório de qualificação (momento em
va. (STF — HC 94.601/CE — 2ª Turma — Rel.
que o acusado irá confirmar seus dados pessoais); II)
Min. Celso de Mello — DJe -171 11.09.2009)
interrogatório de mérito: momento em que o acusado
irá se defender dos fatos ou permanecer em silêncio.

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do ato, levando em consideração a suficiência dos
#FicaDica demais elementos de convicção existentes nos autos.
(REIS; GONÇALVES, 2016, p. 357).
O réu, em síntese, tem direito a:
a) permanecer em silêncio e, portanto, de #FicaDica
não confessar;
b) não colaborar com a investigação ou A oitiva do ofendido tem valor relativo,
com a instrução; devendo-se verificar os fatos narrados por
c) mentir em seu interrogatório; ele com as provas apresentadas nos autos.
d) não apresentar provas que o prejudi-
quem;
e) não participar ativamente de ato desti- Das testemunhas
nado à produção de prova;
f) não fornecer partes de seu corpo para Testemunha é a pessoa física chamada para prestar
exame. (REIS; GONÇALVES, 2015, p. 105). informações nos autos do processo. Em regra, é ouvida
em audiência, assumindo o compromisso de dizer a
verdade.
Da confissão
Vejamos algumas características:
A confissão é o meio pelo qual o acusado reconhece a
autoria delitiva. Em regra, a confissão deverá ser durante OFENDIDO TESTEMUNHA
o interrogatório, porém poderá ser tomada a termo, para
que assim fique registrada (art. 199 do CPP). Não tem o dever de Tem dever jurídico de dizer
A doutrina divide a confissão nos seguintes termos: dizer a verdade a verdade
Não presta Assume compromisso de
1) Quanto ao conteúdo:
a) confissão simples: ocorre quando o réu admite a compromisso dizer a verdade
prática de um único delito; É indagado acerca de Depoimento deve ser livre
b) confissão complexa: tem lugar quando vários são quem presume ser de opinião pessoal
os fatos confessados;
c) confissão qualificada: é aquela em que o confitente o autor da infração
admite fatos que lhe são prejudiciais, mas invoca (opinião pessoal)
circunstâncias que realçam seu direito de liberdade, Pode indicar provas ao Não tem a faculdade de
como, por exemplo, na hipótese de admitir a autoria da
infração, alegando, porém, que agiu em legítima defesa. juiz sugerir provas
2) Quanto à oportunidade em que é praticada:
a) confissão judicial: é a realizada perante o juiz, no FONTE: (REIS; GONÇALVES, 2016, p. 358).
ato do interrogatório ou em outro momento;
b) confissão extrajudicial: assim designada quando Importante lembrar que são proibidas de testemunhar
não é feita na presença do juiz, admitindo várias fontes pessoas que, em razão de sua função, ministério, ofício,
como o inquérito policial, escritos produzido pelo profissão, devam guardar segredo. Ademais, são isentas
acusado etc. (REIS; GONÇALVES, 2015, p. 355). de testemunhar: a) ascendente, descendente, afim em
linha reta, cônjuge, irmão ou companheira do acusado;
b) deputados e senadores, em relação a informação
#FicaDica recebidas ou prestadas em razão do exercício do
mandato.
A delação é o meio pelo qual o acusado
confessa o crime e ainda aponta o coautor
ou partícipe da infração. #FicaDica
Há testemunhas que são ouvidas como
Da oitiva do ofendido informantes, já que são dispensadas do
compromisso de dizer a verdade. Exemplo:
Ofendido é a vítima, sujeito passivo da conduta parente do acusado, deficientes mentais e
DIREITO PROCESSUAL PENAL

criminosa, titular do interesse jurídico lesado. menores de 14 anos de idade.


Conforme ensinamentos: Sempre que possível, o
ofendido deve ser ouvido pelo juiz (art. 201, caput, do
CPP), ainda que não tenha sido arrolado pelas partes. Do reconhecimento de pessoas e coisas
Só em hipótese de absoluta impossibilidade pode –
se prescindir da oitiva do ofendido, “como no caso de Vejamos o texto da lei:
falecimento, incapacidade absoluta, desaparecimento e
outras insuperáveis” Art. 226. Quando houver necessidade de fazer-se o
Os tribunais, contudo, têm conferido discricionariedade reconhecimento de pessoa, proceder-se-á pela seguin-
ao magistrado para avaliar a necessidade de realização te forma:

12
I - a pessoa que tiver de fazer o reconhecimento forma estabelecida para a testemunha presente. Esta
será convidada a descrever a pessoa que deva ser re- diligência só se realizará quando não importe demora
conhecida; prejudicial ao processo e o juiz a entenda conveniente.
Il - a pessoa, cujo reconhecimento se preten-
der, será colocada, se possível, ao lado de outras que Dos documentos
com ela tiverem qualquer semelhança, convidando-se
quem tiver de fazer o reconhecimento a apontá-la; Salvo em casos previstos em lei, as partes podem
III - se houver razão para recear que a pessoa apresentar documentos em qualquer fase do processo,
chamada para o reconhecimento, por efeito de inti- podendo ser documentos escritos, instrumentos ou
midação ou outra influência, não diga a verdade em papéis, públicos ou particulares.
face da pessoa que deve ser reconhecida, a autoridade Importante esclarecer que a fotografia do documento
providenciará para que esta não veja aquela; autenticada terá mesmo valor do original.
IV - do ato de reconhecimento lavrar-se-á auto Documentos ilícitos, como cartas particulares,
pormenorizado, subscrito pela autoridade, pela pes- interceptadas ou obtidas por meios criminosos, não são
soa chamada para proceder ao reconhecimento e por admitidas como meio de prova.
duas testemunhas presenciais. Se o juiz tiver notícia da existência de documento
Parágrafo único. O disposto no no III deste artigo relativo a ponto relevante da acusação ou da defesa,
não terá aplicação na fase da instrução criminal ou providenciará, independentemente de requerimento
em plenário de julgamento. de qualquer das partes, para sua juntada aos autos, se
Art. 227. No reconhecimento de objeto, proceder- possível.
-se-á com as cautelas estabelecidas no artigo anterior, A letra e firma dos documentos particulares serão
no que for aplicável. submetidas a exame pericial, quando contestada a sua
Art. 228. Se várias forem as pessoas chamadas autenticidade.
a efetuar o reconhecimento de pessoa ou de objeto, Os documentos em língua estrangeira, sem prejuízo
cada uma fará a prova em separado, evitando-se de sua juntada imediata, serão, se necessário, traduzidos
qualquer comunicação entre elas. por tradutor público, ou, na falta, por pessoa idônea
nomeada pela autoridade.
Acareação Por fim, os documentos originais, juntos a processo
findo, quando não exista motivo relevante que justifique
Conforme disposto por Reis e Gonçalves: “Acareação a sua conservação nos autos, poderão, mediante
(ou careação) é o ato judicial de natureza probatória em requerimento, e ouvido o Ministério Público, ser
que pessoas que prestaram declarações divergentes entregues à parte que os produziu, ficando traslado nos
são confrontadas, uma defronte da outra, na tentativa de autos.
dirimir as contradições. Consiste o ato em colocar frente
a frente duas ou mais pessoas que apresentaram versões Indícios
essencialmente conflitantes sobre questão importante
para a solução da lide, para que sejam confrontadas De acordo com o artigo 239 do CPP: Considera-se
sobre essas divergências. indício a circunstância conhecida e provada, que, tendo
A providência tem por finalidade provocar a relação com o fato, autorize, por indução, concluir-se a
retratação, por parte de um dos acareados, em relação existência de outra ou outras circunstâncias.
ao ponto do depoimento que se mostra em antagonismo
com o outro relato”. (REIS; GONÇALVES, 2016, p. 385). Busca e apreensão
O Código de Processo Penal prevê o seguinte:
Vejamos, neste momento, as regras da busca e
Art. 229. A acareação será admitida entre acusados, apreensão no processo penal:
entre acusado e testemunha, entre testemunhas, entre
acusado ou testemunha e a pessoa ofendida, e entre Art. 240. A busca será domiciliar ou pessoal.
as pessoas ofendidas, sempre que divergirem, em suas § 1o Proceder-se-á à busca domiciliar, quando funda-
declarações, sobre fatos ou circunstâncias relevantes. das razões a autorizarem, para:
Parágrafo único. Os acareados serão a) prender criminosos;
reperguntados, para que expliquem os pontos de b) apreender coisas achadas ou obtidas por meios cri-
divergências, reduzindo-se a termo o ato de acareação. minosos;
DIREITO PROCESSUAL PENAL

Art. 230. Se ausente alguma testemunha, cujas c) apreender instrumentos de falsificação ou de con-
declarações divirjam das de outra, que esteja presente, trafação e objetos falsificados ou contrafeitos;
a esta se darão a conhecer os pontos da divergência, d) apreender armas e munições, instrumentos utiliza-
consignando-se no auto o que explicar ou observar. dos na prática de crime ou destinados a fim delituoso;
Se subsistir a discordância, expedir-se-á precatória à e) descobrir objetos necessários à prova de infração ou
autoridade do lugar onde resida a testemunha ausente, à defesa do réu;
transcrevendo-se as declarações desta e as da testemunha f) apreender cartas, abertas ou não, destinadas ao
presente, nos pontos em que divergirem, bem como acusado ou em seu poder, quando haja suspeita de
o texto do referido auto, a fim de que se complete a que o conhecimento do seu conteúdo possa ser útil à
diligência, ouvindo-se a testemunha ausente, pela mesma elucidação do fato;

13
g) apreender pessoas vítimas de crimes; Art. 248. Em casa habitada, a busca será feita de
h) colher qualquer elemento de convicção. modo que não moleste os moradores mais do que o
§ 2o Proceder-se-á à busca pessoal quando houver indispensável para o êxito da diligência.
fundada suspeita de que alguém oculte consigo arma Art. 249. A busca em mulher será feita por outra mu-
proibida ou objetos mencionados nas letras b a f e le- lher, se não importar retardamento ou prejuízo da di-
tra h do parágrafo anterior. ligência.
Art. 241. Quando a própria autoridade policial ou ju- Art. 250. A autoridade ou seus agentes poderão pene-
diciária não a realizar pessoalmente, a busca domici- trar no território de jurisdição alheia, ainda que de ou-
liar deverá ser precedida da expedição de mandado. tro Estado, quando, para o fim de apreensão, forem no
Art. 242. A busca poderá ser determinada de ofício ou seguimento de pessoa ou coisa, devendo apresentar-se
a requerimento de qualquer das partes. à competente autoridade local, antes da diligência ou
Art. 243. O mandado de busca deverá: após, conforme a urgência desta.
I - indicar, o mais precisamente possível, a casa em § 1o Entender-se-á que a autoridade ou seus agentes
que será realizada a diligência e o nome do respectivo vão em seguimento da pessoa ou coisa, quando:
proprietário ou morador; ou, no caso de busca pessoal, a) tendo conhecimento direto de sua remoção ou
o nome da pessoa que terá de sofrê-la ou os sinais que transporte, a seguirem sem interrupção, embora de-
a identifiquem;
pois a percam de vista;
II - mencionar o motivo e os fins da diligência;
b) ainda que não a tenham avistado, mas sabendo,
III - ser subscrito pelo escrivão e assinado pela autori-
por informações fidedignas ou circunstâncias indici-
dade que o fizer expedir.
§ 1o Se houver ordem de prisão, constará do próprio árias, que está sendo removida ou transportada em
texto do mandado de busca. determinada direção, forem ao seu encalço.
§ 2o Não será permitida a apreensão de documento § 2o Se as autoridades locais tiverem fundadas razões
em poder do defensor do acusado, salvo quando cons- para duvidar da legitimidade das pessoas que, nas re-
tituir elemento do corpo de delito. feridas diligências, entrarem pelos seus distritos, ou da
Art. 244. A busca pessoal independerá de mandado, legalidade dos mandados que apresentarem, poderão
no caso de prisão ou quando houver fundada suspeita exigir as provas dessa legitimidade, mas de modo que
de que a pessoa esteja na posse de arma proibida ou não se frustre a diligência.
de objetos ou papéis que constituam corpo de delito,
ou quando a medida for determinada no curso de bus-
ca domiciliar.
Art. 245. As buscas domiciliares serão executadas de EXERCÍCIO COMENTADO
dia, salvo se o morador consentir que se realizem à
noite, e, antes de penetrarem na casa, os executores 1. STJ – Analista judiciário – CESPE – 2018: Consideran-
mostrarão e lerão o mandado ao morador, ou a quem do a jurisprudência dos tribunais superiores e a doutrina
o represente, intimando-o, em seguida, a abrir a porta. acerca dos procedimentos especiais e das nulidades no
§ 1o Se a própria autoridade der a busca, declarará processo penal, julgue o item que se segue.
previamente sua qualidade e o objeto da diligência. Não obstante a previsão da Lei de Drogas em sentido
§ 2o Em caso de desobediência, será arrombada a contrário, o Supremo Tribunal Federal firmou entendi-
porta e forçada a entrada. mento que o interrogatório do réu nos processos por cri-
§ 3o Recalcitrando o morador, será permitido o em- me de tráfico de entorpecentes deverá ser o último ato
prego de força contra coisas existentes no interior da da instrução processual.
casa, para o descobrimento do que se procura.
§ 4o Observar-se-á o disposto nos §§ 2o e 3o, quando ( ) CERTO ( ) ERRADO
ausentes os moradores, devendo, neste caso, ser inti-
mado a assistir à diligência qualquer vizinho, se hou- Resposta: Certo. Apesar de a lei especial prever o in-
ver e estiver presente.
terrogatório como primeiro ato da instrução proces-
§ 5o Se é determinada a pessoa ou coisa que se vai
sual, o STF entende que para a preservação da ampla
procurar, o morador será intimado a mostrá-la.
defesa o interrogatório deve ser o último ato da ins-
§ 6o Descoberta a pessoa ou coisa que se procura,
trução processual, nos mesmos termos da lei geral.
será imediatamente apreendida e posta sob custódia
da autoridade ou de seus agentes.
2. PRF – POLICIAL – CESPE – 2019: Com relação aos
§ 7o Finda a diligência, os executores lavrarão auto
DIREITO PROCESSUAL PENAL

meios de prova e os procedimentos inerentes a sua co-


circunstanciado, assinando-o com duas testemunhas
lheita, no âmbito da investigação criminal, julgue o pró-
presenciais, sem prejuízo do disposto no § 4o.
Art. 246. Aplicar-se-á também o disposto no artigo ximo item.
anterior, quando se tiver de proceder a busca em com- A entrada forçada em determinado domicílio é lícita,
partimento habitado ou em aposento ocupado de ha- mesmo sem mandado judicial e ainda que durante a
bitação coletiva ou em compartimento não aberto ao noite, caso esteja ocorrendo, dentro da casa, situação de
público, onde alguém exercer profissão ou atividade. flagrante delito nas modalidades próprio, impróprio ou
Art. 247. Não sendo encontrada a pessoa ou coisa ficto.
procurada, os motivos da diligência serão comunica-
dos a quem tiver sofrido a busca, se o requerer. ( ) CERTO ( ) ERRADO

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Resposta: Certo. De acordo com o CPP, Art. 302. pelos arts. 282 a 318 do Código de Processo Penal, bem
CF/88, Art 5°, XI. Considera-se em flagrante delito como pela Lei n. 7.960/89” (REIS, GONÇALVES, 2016, p.
quem: I - está cometendo a infração penal; (FLAGRAN- 449).
TE PRÓPRIO) II - acaba de cometê-la; (FLAGRANTE A prisão processual divide-se em três: I) prisão em
PRÓPRIO); III - é perseguido, logo após, pela autori- flagrante; II) prisão preventiva; III) prisão temporária.
dade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em si-
tuação que faça presumir ser autor da infração; (FLA- Prisão em flagrante
GRANTE IMPRÓPRIO); IV - é encontrado, logo depois,
com instrumentos, armas, objetos ou papéis que fa- Prisão em flagrante é aquela para evitar a fuga no
çam presumir ser ele autor da infração. (FLAGRANTE momento da consumação do delito e para levantar
PRESUMIDO OU FICTO) indícios que contribuirão com a futura deflagração do
Independente da modalidade, são todos considerados processo.
flagrantes, de acordo com o ART. 5º, XI: “a casa é asilo Vejamos a lei, sendo que após faremos uma tabela
inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo pene- dos tipos de prisão em flagrante.
trar sem consentimento do morador, salvo em caso de
flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, Art. 301. Qualquer do povo poderá e as autoridades
ou, durante o dia, por determinação judicial” policiais e seus agentes deverão prender quem quer
que seja encontrado em flagrante delito.
3. MPU – ANALISTA – CESPE – 2019: Em cada um dos Art. 302. Considera-se em flagrante delito quem:
itens a seguir é apresentada uma situação hipotética se- I - está cometendo a infração penal;
guida de uma assertiva a ser julgada em consonância II - acaba de cometê-la;
com a doutrina majoritária e com o entendimento dos III - é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo
tribunais superiores acerca de provas no processo penal, ofendido ou por qualquer pessoa, em situação que
prisão e liberdade provisória e habeas corpus. faça presumir ser autor da infração;
No curso de um processo criminal, antes do interroga- IV - é encontrado, logo depois, com instrumentos, ar-
tório, foi noticiada a morte do réu no momento da oi- mas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele au-
tiva das testemunhas de defesa e de acusação. Nessa tor da infração.
situação, para que seja declarada extinta a punibilidade, Art. 303. Nas infrações permanentes, entende-se o
a morte do réu não poderá ser demonstrada com base
agente em flagrante delito enquanto não cessar a
apenas na prova testemunhal.
permanência.
Art. 304. Apresentado o preso à autoridade competen-
( ) CERTO ( ) ERRADO
te, ouvirá esta o condutor e colherá, desde logo, sua
assinatura, entregando a este cópia do termo e recibo
Resposta: Certo. Conforme o Art. 62 do CPP, em caso
de entrega do preso. Em seguida, procederá à oitiva
de morte do acusado, o juiz somente à vista da certi-
das testemunhas que o acompanharem e ao interro-
dão de óbito, e depois de ouvido o Ministério Público,
declarará extinta a punibilidade. gatório do acusado sobre a imputação que lhe é feita,
colhendo, após cada oitiva suas respectivas assinatu-
ras, lavrando, a autoridade, afinal, o auto. (Reda-
ção dada pela Lei nº 11.113, de 2005)
PRISÃO, MEDIDAS CAUTELARES E LIBER-
§ 1o Resultando das respostas fundada a suspeita con-
DADE PROVISÓRIA
tra o conduzido, a autoridade mandará recolhê-lo à
prisão, exceto no caso de livrar-se solto ou de prestar
A prisão pode ocorrer de duas formas: fiança, e prosseguirá nos atos do inquérito ou proces-
so, se para isso for competente; se não o for, enviará os
a) “A primeira refere -se ao cumprimento de pena autos à autoridade que o seja.
por parte de pessoa definitivamente condenada a quem § 2o A falta de testemunhas da infração não impedirá
foi imposta pena privativa de liberdade na sentença. o auto de prisão em flagrante; mas, nesse caso, com o
Essa forma de prisão, denominada prisão pena, é condutor, deverão assiná-lo pelo menos duas pessoas
regulamentada na Parte Geral do Código Penal (arts. que hajam testemunhado a apresentação do preso à
32 a 42) e também pela Lei de Execuções Penais (Lei n. autoridade.
7.210/84). Seu cumprimento se dá em regime fechado, § 3o Quando o acusado se recusar a assinar, não sou-
DIREITO PROCESSUAL PENAL

semiaberto ou aberto, podendo o réu progredir de regime ber ou não puder fazê-lo, o auto de prisão em flagran-
mais severo para os mais brandos após o cumprimento de te será assinado por duas testemunhas, que tenham
parte da pena e desde que tenha demonstrado méritos ouvido sua leitura na presença deste. (Redação
para a progressão” (REIS, GONÇALVES, 2016, p. 449). dada pela Lei nº 11.113, de 2005)
b) “Em segundo lugar existe a prisão processual, § 4o Da lavratura do auto de prisão em flagrante de-
decretada quando existe a necessidade de segregação verá constar a informação sobre a existência de filhos,
cautelar do autor do delito durante as investigações ou o respectivas idades e se possuem alguma deficiência e
tramitar da ação penal por razões que a própria legislação o nome e o contato de eventual responsável pelos cui-
processual elenca. Esta modalidade de prisão, também dados dos filhos, indicado pela pessoa presa. (Incluído
chamada de provisória ou cautelar, é regulamentada pela Lei nº 13.257, de 2016)

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Art. 305. Na falta ou no impedimento do escrivão, qualquer pessoa designada pela autoridade lavrará o auto, depois
de prestado o compromisso legal.
Art. 306. A prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados imediatamente ao juiz compe-
tente, ao Ministério Público e à família do preso ou à pessoa por ele indicada. (Redação dada pela Lei nº 12.403,
de 2011).
§ 1o Em até 24 (vinte e quatro) horas após a realização da prisão, será encaminhado ao juiz competente o auto de
prisão em flagrante e, caso o autuado não informe o nome de seu advogado, cópia integral para a Defensoria Públi-
ca. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
§ 2o No mesmo prazo, será entregue ao preso, mediante recibo, a nota de culpa, assinada pela autoridade, com o
motivo da prisão, o nome do condutor e os das testemunhas. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
Art. 307. Quando o fato for praticado em presença da autoridade, ou contra esta, no exercício de suas funções, cons-
tarão do auto a narração deste fato, a voz de prisão, as declarações que fizer o preso e os depoimentos das testemu-
nhas, sendo tudo assinado pela autoridade, pelo preso e pelas testemunhas e remetido imediatamente ao juiz a quem
couber tomar conhecimento do fato delituoso, se não o for a autoridade que houver presidido o auto.
Art. 308. Não havendo autoridade no lugar em que se tiver efetuado a prisão, o preso será logo apresentado à do
lugar mais próximo.
Art. 309. Se o réu se livrar solto, deverá ser posto em liberdade, depois de lavrado o auto de prisão em flagrante.
Art. 310. Ao receber o auto de prisão em flagrante, o juiz deverá fundamentadamente: (Redação dada pela Lei nº
12.403, de 2011).
I - relaxar a prisão ilegal; ou (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).
II - converter a prisão em flagrante em preventiva, quando presentes os requisitos constantes do art. 312 deste Códi-
go, e se revelarem inadequadas ou insuficientes as medidas cautelares diversas da prisão; ou (Incluído pela Lei nº
12.403, de 2011).
III - conceder liberdade provisória, com ou sem fiança. (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).
Parágrafo único. Se o juiz verificar, pelo auto de prisão em flagrante, que o agente praticou o fato nas condições
constantes dos incisos I a III do caput do art. 23 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal,
poderá, fundamentadamente, conceder ao acusado liberdade provisória, mediante termo de comparecimento a todos
os atos processuais, sob pena de revogação. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).

Vejamos, neste momento, as modalidades de prisão em flagrante:

Flagrante próprio, real ou perfeito Art. 302, I e II do CPP


Flagrante impróprio, irreal ou quase flagrante Art. 302, III do CPP- (vide arts. 250 e 290 do CPP)

Flagrante presumido ou ficto Art. 302, IV do CPP


Flagrante facultativo Art. 301 do CPP
Flagrante obrigatório Art. 301 do CPP
Flagrante esperado (tocaia) Enquadra-se no artigo 302 do CPP quando tiver
êxito
Flagrante preparado ou putativo Súmula 145 do STF – será considerado crime
impossível (art. 17 do CP).
Flagrante forjado É ilegal, devendo-se relaxar a prisão em flagrante
Flagrante Postergado ou retardado 1- Crime organizado: Delegado deve comunicar/
oficiar o juiz, que ouve o MP, decidindo assim os
limites da diligência (art. 8º, § 1º da Lei 12.850/13).
2- Tráfico de drogas: Necessita de prévia
autorização do juiz. Deve-se conhecer o itinerário
provável da droga e quem são os traficantes (art.
53, II da Lei 11.343/06).
DIREITO PROCESSUAL PENAL

3- Lavagem de dinheiro: Como nos outros casos,


necessita de prévia autorização do juiz após oitiva
do MP. (art. 4, B da Lei 9.613/98).
Flagrante por apresentação Caso o culpado se apresente na delegacia
confessando o crime, tornar-se-á impossível a
prisão em flagrante.
O delegado poderá informar ao juízo para
decretação de prisão preventiva ou temporária,
obedecendo-se os requisitos legais.

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#FicaDica #FicaDica
O relaxamento da prisão em flagrante ocor- O juiz poderá revogar a prisão preventiva
re quando há ilegalidade na mesma. Caso se, no correr do processo, verificar a falta
não haja ilegalidade, o juiz irá homologar de motivo para que subsista, bem como de
o flagrante, podendo converter em prisão novo decretá-la, se sobrevierem razões que
preventiva ou prisão cautelar. a justifiquem.

FIQUE ATENTO! Prisão Domiciliar


Em casos de crimes afiançáveis com pena
A prisão domiciliar consiste no recolhimento do
máxima de 4 anos, a fiança poderá ser arbi-
trada pelo delegado competente. indiciado ou acusado em sua residência, só podendo
dela ausentar-se com autorização judicial.

Prisão Preventiva Vejamos as possibilidades para a decretação da prisão


domiciliar:
Em qualquer fase da investigação policial ou do Art. 318. Poderá o juiz substituir a prisão preventiva
processo penal, caberá a prisão preventiva decretada pela domiciliar quando o agente for: (Redação
pelo juiz, de ofício, se no curso da ação penal, ou a dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
requerimento do Ministério Público, do querelante ou do I - maior de 80 (oitenta) anos; (Incluído pela Lei
assistente, ou por representação da autoridade policial. nº 12.403, de 2011).
A prisão preventiva poderá ser fundamentada em II - extremamente debilitado por motivo de doença
4 possibilidades: garantia da ordem pública, da ordem grave; (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).
econômica, por conveniência da instrução criminal, ou III - imprescindível aos cuidados especiais de pessoa
para assegurar a aplicação da lei penal, quando houver menor de 6 (seis) anos de idade ou com deficiên-
prova da existência do crime e indício suficiente de cia; (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).
autoria. IV - gestante; (Redação dada pela Lei nº 13.257,
Importante ressaltar que a prisão preventiva também de 2016)
poderá ser decretada em caso de descumprimento de V - mulher com filho de até 12 (doze) anos de idade
qualquer das obrigações impostas por força de outras incompletos; (Incluído pela Lei nº 13.257, de
medidas cautelares (art. 282, § 4o). 2016)
Nos termos do art. 312 deste Código, será admitida a VI - homem, caso seja o único responsável pelos cui-
decretação da prisão preventiva:
dados do filho de até 12 (doze) anos de idade incom-
I - nos crimes dolosos punidos com pena privativa de
pletos. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
liberdade máxima superior a 4 (quatro) anos;
Parágrafo único. Para a substituição, o juiz exigirá
II - se tiver sido condenado por outro crime doloso,
em sentença transitada em julgado, ressalvado o disposto prova idônea dos requisitos estabelecidos neste arti-
no inciso I do caput do art. 64 do Decreto-Lei no 2.848, de go. (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).
7 de dezembro de 1940 - Código Penal;
III - se o crime envolver violência doméstica e familiar Medidas cautelares diversas da prisão
contra a mulher, criança, adolescente, idoso, enfermo
ou pessoa com deficiência, para garantir a execução das São medidas cautelares diversas da prisão:
medidas protetivas de urgência;
Também será admitida a prisão preventiva quando I - comparecimento periódico em juízo, no prazo e nas
houver dúvida sobre a identidade civil da pessoa condições fixadas pelo juiz, para informar e justificar
ou quando esta não fornecer elementos suficientes atividades;
para esclarecê-la, devendo o preso ser colocado II - proibição de acesso ou frequência a determinados
imediatamente em liberdade após a identificação, salvo lugares quando, por circunstâncias relacionadas ao
se outra hipótese recomendar a manutenção da medida. fato, deva o indiciado ou acusado permanecer distan-
Por fim, a prisão preventiva em nenhum caso será te desses locais para evitar o risco de novas infrações;
DIREITO PROCESSUAL PENAL

decretada se o juiz verificar pelas provas constantes III - proibição de manter contato com pessoa deter-
dos autos ter o agente praticado o fato nas condições minada quando, por circunstâncias relacionadas ao
previstas nos incisos I, II e III do caput do art. 23 do fato, deva o indiciado ou acusado dela permanecer
Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código distante;
Penal. IV - proibição de ausentar-se da Comarca quando a
permanência seja conveniente ou necessária para a
investigação ou instrução;
V - recolhimento domiciliar no período noturno e nos
dias de folga quando o investigado ou acusado tenha
residência e trabalho fixos;

17
VI - suspensão do exercício de função pública ou de
atividade de natureza econômica ou financeira quan- #FicaDica
do houver justo receio de sua utilização para a prática
de infrações penais; O delegado pode arbitrar fiança em crimes
VII - internação provisória do acusado nas hipóteses com pena máxima de 4 anos de prisão. O
de crimes praticados com violência ou grave ameaça, juiz, por sua vez, poderá arbitrar fiança em
todos os casos, desde que permitido por
quando os peritos concluírem ser inimputável ou se-
lei.
mi-imputável (art. 26 do Código Penal) e houver risco
de reiteração;
VIII - fiança, nas infrações que a admitem, para asse-
gurar o comparecimento a atos do processo, evitar a Prisão temporária
obstrução do seu andamento ou em caso de resistên-
Vejamos a lei de prisão temporária:
cia injustificada à ordem judicial;
IX - monitoração eletrônica.
Art. 1° Caberá prisão temporária:
Importante ressaltar que a proibição de ausentar-se do I - quando imprescindível para as investigações do in-
País será comunicada pelo juiz às autoridades encar- quérito policial;
regadas de fiscalizar as saídas do território nacional, II - quando o indicado não tiver residência fixa ou não
intimando-se o indiciado ou acusado para entregar o fornecer elementos necessários ao esclarecimento de
passaporte, no prazo de 24 (vinte e quatro) horas. sua identidade;
III - quando houver fundadas razões, de acordo com
Liberdade provisória qualquer prova admitida na legislação penal, de auto-
ria ou participação do indiciado nos seguintes crimes:
Como visto anteriormente, em caso de ilegalidade da a) homicídio doloso (art. 121, caput, e seu § 2°);
prisão em flagrante, deve-se relaxar a mesma. Caso essa b) seqüestro ou cárcere privado (art. 148, caput, e seus
seja legal, poder-se-á converte-la em prisão preventiva, §§ 1° e 2°);
se presente os requisitos, ou poder-se-á aplicar medidas c) roubo (art. 157, caput, e seus §§ 1°, 2° e 3°);
cautelares. d) extorsão (art. 158, caput, e seus §§ 1° e 2°);
Não sendo necessária a prisão preventiva ou medidas e) extorsão mediante seqüestro (art. 159, caput, e seus
cautelares, o juiz poderá conceder liberdade provisória §§ 1°, 2° e 3°);
ao acusado. f) estupro (art. 213, caput, e sua combinação com
o art. 223, caput, e parágrafo único); (Vide Decreto-
Liberdade provisória é o direito de permanecer em
-Lei nº 2.848, de 1940)
liberdade após a prisão em flagrante legal.
g) atentado violento ao pudor (art. 214, caput, e sua
combinação com o art. 223, caput, e parágrafo úni-
Modalidades: co); (Vide Decreto-Lei nº 2.848, de 1940)
h) rapto violento (art. 219, e sua combinação com
I) Liberdade provisória sem fiança: a) Ocorre quando o art. 223 caput, e parágrafo único); (Vide Decreto-Lei
o agente praticou “aparentemente” o crime em causas nº 2.848, de 1940)
de excludente de ilicitude (art. 5º, LXVI da CF e art. 310, i) epidemia com resultado de morte (art. 267, § 1°);
parágrafo único do CPP); b) quando não se enquadrar os j) envenenamento de água potável ou substância ali-
requisitos para aplicação da prisão preventiva (art. 5º, LXVI mentícia ou medicinal qualificado pela morte (art.
da CF e 321 do CPP); c) em crimes graves inafiançáveis (O 270, caput, combinado com art. 285);
STF já decidiu que para os crimes inafiançáveis é possível l) quadrilha ou bando (art. 288), todos do Código Pe-
a liberdade provisória sem fiança). nal;
m) genocídio (arts. 1°, 2° e 3° da Lei n° 2.889, de 1° de
outubro de 1956), em qualquer de sua formas típicas;
#FicaDica n) tráfico de drogas (art. 12 da Lei n° 6.368, de 21 de
outubro de 1976);
Senadores, deputados, magistrados ou o) crimes contra o sistema financeiro (Lei n° 7.492, de
representantes do Ministério Público só 16 de junho de 1986).
serão autuados em flagrante em casos de p) crimes previstos na Lei de Terrorismo. (Incluído
crimes inafiançáveis.
DIREITO PROCESSUAL PENAL

pela Lei nº 13.260, de 2016)


Art. 2° A prisão temporária será decretada pelo Juiz,
em face da representação da autoridade policial ou de
II) Liberdade provisória com fiança: Dever-se-á requerimento do Ministério Público, e terá o prazo de
observar os requisitos dos artigos 327, 328, 341 do CPP e 5 (cinco) dias, prorrogável por igual período em caso
o pagamento da fiança. de extrema e comprovada necessidade.
Importante ressaltar que não cabe liberdade provisória § 1° Na hipótese de representação da autoridade po-
com fiança nos crimes hediondos ou assemelhados. licial, o Juiz, antes de decidir, ouvirá o Ministério Pú-
Porém, conforme entendimento do STF, cabe liberdade blico.
provisória sem fiança. § 2° O despacho que decretar a prisão temporária de-

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verá ser fundamentado e prolatado dentro do prazo 200 km do local do delito e que os policiais acreditavam
de 24 (vinte e quatro) horas, contadas a partir do rece- estar na rota de fuga do homicida. Dada voz de prisão ao
bimento da representação ou do requerimento. condutor do veículo, foi apreendida arma de fogo que
§ 3° O Juiz poderá, de ofício, ou a requerimento do estava em sua posse e que, supostamente, tinha sido uti-
Ministério Público e do Advogado, determinar que o lizada no crime.
preso lhe seja apresentado, solicitar informações e es- Considerando essa situação hipotética, julgue o seguinte
clarecimentos da autoridade policial e submetê-lo a item.
exame de corpo de delito. Durante o procedimento de lavratura do auto de prisão
§ 4° Decretada a prisão temporária, expedir-se-á em flagrante pela autoridade policial competente, o po-
mandado de prisão, em duas vias, uma das quais será licial rodoviário responsável pela prisão e condução do
entregue ao indiciado e servirá como nota de culpa. preso deverá ser ouvido logo após a oitiva das testemu-
§ 5° A prisão somente poderá ser executada depois da nhas e o interrogatório do preso.
expedição de mandado judicial.
§ 6° Efetuada a prisão, a autoridade policial informará ( ) CERTO ( ) ERRADO
o preso dos direitos previstos no art. 5° da Constituição
Federal. Resposta: Errado. Art. 304. CPP. Apresentado o preso
§ 7° Decorrido o prazo de cinco dias de detenção, o à autoridade competente, ouvirá esta o condutor e
preso deverá ser posto imediatamente em liberdade, colherá, desde logo, sua assinatura, entregando a este
salvo se já tiver sido decretada sua prisão preventiva. cópia do termo e recibo de entrega do preso. Em se-
Art. 3° Os presos temporários deverão permanecer, guida, procederá à oitiva das testemunhas que o
obrigatoriamente, separados dos demais detentos. acompanharem e ao interrogatório do acusado so-
Art. 4° O art. 4° da Lei n° 4.898, de 9 de dezembro de bre a imputação que lhe é feita, colhendo, após cada
1965, fica acrescido da alínea i, com a seguinte reda- oitiva suas respectivas assinaturas, lavrando, a autori-
ção: dade, afinal, o auto.
“Art. 4° ...............................................................
i) prolongar a execução de prisão temporária, de pena 3. MPU – ANALISTA – CESPE – 2018: Em cada um dos
ou de medida de segurança, deixando de expedir em itens a seguir é apresentada uma situação hipotética se-
tempo oportuno ou de cumprir imediatamente ordem guida de uma assertiva a ser julgada em consonância
de liberdade;” com a doutrina majoritária e com o entendimento dos
Art. 5° Em todas as comarcas e seções judiciárias ha- tribunais superiores acerca de provas no processo penal,
verá um plantão permanente de vinte e quatro horas prisão e liberdade provisória e habeas corpus.
do Poder Judiciário e do Ministério Público para apre- Um cidadão penalmente imputável foi preso em flagran-
ciação dos pedidos de prisão temporária. te delito pela prática de crime hediondo. Nessa situação,
Art. 6° Esta Lei entra em vigor na data de sua publi- é vedada a concessão de fiança ao autuado, mas não será
cação. proibido o deferimento de liberdade provisória.
Art. 7° Revogam-se as disposições em contrário.
( ) CERTO ( ) ERRADO

Resposta: Certo. Os crimes hediondos e equiparados


são insuscetíveis de anistia, graça, indulto e fiança (Art.
EXERCÍCIO COMENTADO 2º, I,II, da Lei 8.072/90). A Lei 8.072/90 veda, em seu
art. 2º, II, a fiança, e não a liberdade provisória. Portan-
1. STJ – Técnico judiciário – CESPE – 2018: No que se to, é possível que o acusado por um crime hediondo
refere aos tipos de prisão e aos meios processuais para aguarde o desfecho da ação penal solto. O que não é
assegurar a liberdade, julgue o seguinte item. possível, no entanto, é que a liberdade seja condicio-
A prisão preventiva poderá ser decretada no curso da in- nada ao pagamento de fiança, por expressa vedação
vestigação criminal ou em qualquer fase do processo pe- legal, mas o juiz não está impedido de impor outra das
nal apenas se houver requerimento do Ministério Público medidas cautelares do art. 319 do CPP.
ou da autoridade policial.

( ) CERTO ( ) ERRADO
CITAÇÃO E INTIMAÇÃO
DIREITO PROCESSUAL PENAL

Resposta: Errado. O juiz poderá decretar a prisão


preventiva de ofício durante a Ação Penal.

2. PRF – POLICIAL – CESPE – 2019: Em decorrência de De acordo com o Conselho Nacional de Justiça, a
um homicídio doloso praticado com o uso de arma de citação é “’o ato processual com que se dá conhecimento
fogo, policiais rodoviários federais foram comunicados ao réu da acusação contra ele intentada a fim de que
de que o autor do delito se evadira por rodovia federal possa defender-se e vir integrar a relação processual’.
em um veículo cuja placa e características foram infor- Nesse caso, a citação é feita diretamente ao denunciado,
madas. O veículo foi abordado por policiais rodoviários no momento de ingresso da ação penal, podendo ser
federais em um ponto de bloqueio montado cerca de feita a qualquer dia e hora”.

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Por sua vez, a intimação no processo penal é entendida II - declaração do oficial, na certidão, da entrega da
como dar conhecimento à parte, no processo, da prática contrafé, e sua aceitação ou recusa.
de um ato, despacho ou sentença, referindo-se sempre a Art. 358. A citação do militar far-se-á por intermédio
um ato já praticado. do chefe do respectivo serviço.
Por fim, tem-se também a existência do termo Art. 359. O dia designado para funcionário público
notificação, que, no processo penal, diz respeito comparecer em juízo, como acusado, será notificado
geralmente ao lugar, dia e hora de um ato processual assim a ele como ao chefe de sua repartição.
a que uma pessoa deverá comparecer. “A comunicação, Art. 360. Se o réu estiver preso, será pessoalmente ci-
nesse caso, é feita à parte ou a qualquer outra pessoa tado.
que possa vir a participar do processo”. (Fonte CNJ) Art. 361. Se o réu não for encontrado, será citado por
Vejamos agora o que diz o Código de Processo Penal edital, com o prazo de 15 (quinze) dias.
acerca do assunto. Art. 362. Verificando que o réu se oculta para não
ser citado, o oficial de justiça certificará a ocorrência
TÍTULO X e procederá à citação com hora certa, na forma esta-
DAS CITAÇÕES E INTIMAÇÕES belecida nos arts. 227 a 229 da Lei no 5.869, de 11 de
janeiro de 1973 - Código de Processo Civil.
CAPÍTULO I Parágrafo único. Completada a citação com hora cer-
DAS CITAÇÕES ta, se o acusado não comparecer, ser-lhe-á nomeado
defensor dativo.
Art. 351. A citação inicial far-se-á por mandado, Art. 363. O processo terá completada a sua formação
quando o réu estiver no território sujeito à jurisdição quando realizada a citação do acusado.
do juiz que a houver ordenado. § 1o Não sendo encontrado o acusado, será procedida
Art. 352. O mandado de citação indicará: a citação por edital.
I - o nome do juiz; § 2o (VETADO) (Incluído pela Lei nº 11.719, de
II - o nome do querelante nas ações iniciadas por 2008).
queixa; § 3o (VETADO) (Incluído pela Lei nº 11.719, de
III - o nome do réu, ou, se for desconhecido, os seus 2008).
sinais característicos; § 4o Comparecendo o acusado citado por edital, em
IV - a residência do réu, se for conhecida; qualquer tempo, o processo observará o disposto
V - o fim para que é feita a citação; nos arts. 394 e seguintes deste Código.
VI - o juízo e o lugar, o dia e a hora em que o réu de- Art. 364. No caso do artigo anterior, no I, o prazo será
verá comparecer; fixado pelo juiz entre 15 (quinze) e 90 (noventa) dias,
VII - a subscrição do escrivão e a rubrica do juiz. de acordo com as circunstâncias, e, no caso de no II, o
Art. 353. Quando o réu estiver fora do território da
prazo será de trinta dias.
jurisdição do juiz processante, será citado mediante
Art. 365. O edital de citação indicará:
precatória.
I - o nome do juiz que a determinar;
Art. 354. A precatória indicará:
II - o nome do réu, ou, se não for conhecido, os seus
I - o juiz deprecado e o juiz deprecante;
sinais característicos, bem como sua residência e pro-
II - a sede da jurisdição de um e de outro;
fissão, se constarem do processo;
Ill - o fim para que é feita a citação, com todas as
III - o fim para que é feita a citação;
especificações;
IV - o juízo do lugar, o dia e a hora em que o réu de- IV - o juízo e o dia, a hora e o lugar em que o réu de-
verá comparecer. verá comparecer;
Art. 355. A precatória será devolvida ao juiz depre- V - o prazo, que será contado do dia da publicação
cante, independentemente de traslado, depois de lan- do edital na imprensa, se houver, ou da sua afixação.
çado o “cumpra-se” e de feita a citação por mandado Parágrafo único. O edital será afixado à porta do
do juiz deprecado. edifício onde funcionar o juízo e será publicado pela
§ 1o Verificado que o réu se encontra em território imprensa, onde houver, devendo a afixação ser cer-
sujeito à jurisdição de outro juiz, a este remeterá o tificada pelo oficial que a tiver feito e a publicação
juiz deprecado os autos para efetivação da diligência, provada por exemplar do jornal ou certidão do escri-
desde que haja tempo para fazer-se a citação. vão, da qual conste a página do jornal com a data da
§ 2o Certificado pelo oficial de justiça que o réu se publicação.
oculta para não ser citado, a precatória será imediata- Art. 366. Se o acusado, citado por edital, não com-
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mente devolvida, para o fim previsto no art. 362. parecer, nem constituir advogado, ficarão suspensos
Art. 356. Se houver urgência, a precatória, que con- o processo e o curso do prazo prescricional, podendo
terá em resumo os requisitos enumerados no art. 354, o juiz determinar a produção antecipada das provas
poderá ser expedida por via telegráfica, depois de re- consideradas urgentes e, se for o caso, decretar prisão
conhecida a firma do juiz, o que a estação expedidora preventiva, nos termos do disposto no art. 312.
mencionará. Art. 367. O processo seguirá sem a presença do acusa-
Art. 357. São requisitos da citação por mandado: do que, citado ou intimado pessoalmente para qual-
I - leitura do mandado ao citando pelo oficial e en- quer ato, deixar de comparecer sem motivo justificado,
trega da contrafé, na qual se mencionarão dia e hora ou, no caso de mudança de residência, não comunicar
da citação; o novo endereço ao juízo.

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Art. 368. Estando o acusado no estrangeiro, em lugar sem abordar questão controvertida, com a finalidade
sabido, será citado mediante carta rogatória, suspen- de dar andamento ao processo (ex.: designação de
dendo-se o curso do prazo de prescrição até o seu audiência, determinação da intimação das partes,
cumprimento. determinação da juntada de documentos, entre outras);
Art. 369. As citações que houverem de ser feitas em b) decisões interlocutórias, que são soluções dadas
legações estrangeiras serão efetuadas mediante carta pelo juiz, acerca de qualquer questão controversa,
rogatória. envolvendo contraposição de interesses das partes,
CAPÍTULO II podendo ou não colocar fim ao processo. São chamadas
DAS INTIMAÇÕES interlocutórias simples as decisões que dirimem uma
Art. 370. Nas intimações dos acusados, das testemu- controvérsia, sem colocar fim ao processo ou a um
nhas e demais pessoas que devam tomar conhecimen- estágio do procedimento (ex.: decretação da preventiva,
to de qualquer ato, será observado, no que for aplicá- quebra do sigilo telefônico ou fiscal, determinação de
vel, o disposto no Capítulo anterior. busca e apreensão, recebimento de denúncia ou queixa,
§ 1o A intimação do defensor constituído, do advo- entre outras). São denominadas interlocutórias mistas
gado do querelante e do assistente far-se-á por pu- (ou decisões com força de definitiva) as decisões que
blicação no órgão incumbido da publicidade dos atos resolvem uma controvérsia, colocando fim ao processo
judiciais da comarca, incluindo, sob pena de nulidade, ou a uma fase dele (ex.: pronúncia, impronúncia,
o nome do acusado. acolhimento de exceção de coisa julgada etc.); c) decisões
§ 2o Caso não haja órgão de publicação dos atos ju- definitivas, que são as tomadas pelo juiz, colocando
diciais na comarca, a intimação far-se-á diretamente fim ao processo, julgando o mérito em sentido lato, ou
pelo escrivão, por mandado, ou via postal com com- seja, decidindo acerca da pretensão punitiva do Estado,
provante de recebimento, ou por qualquer outro meio mas sem avaliar a procedência ou improcedência da
idôneo. imputação. Nessas hipóteses, somente chegam a afastar
§ 3o A intimação pessoal, feita pelo escrivão, dispensa- a pretensão punitiva estatal, por reconhecerem presente
rá a aplicação a que alude o § 1o. alguma causa extintiva da punibilidade (ex.: decisão
§ 4o A intimação do Ministério Público e do defensor que reconhece a existência da prescrição). Diferem das
nomeado será pessoal. interlocutórias mistas, pois estas, embora coloquem fim
Art. 371. Será admissível a intimação por despacho ao processo ou a uma fase do mesmo, não avaliam a
na petição em que for requerida, observado o disposto pretensão punitiva do Estado”. (NUCCI, 2016)
no art. 357.
Art. 372. Adiada, por qualquer motivo, a instrução “No que tange aos institutos da emendatio libelli
criminal, o juiz marcará desde logo, na presença das que possibilita ao juiz alterar a capitulação legal do fato
partes e testemunhas, dia e hora para seu prossegui- descrito na denúncia e a mutatio libelli, onde ocorre a
mento, do que se lavrará termo nos autos. alteração da definição jurídica do fato em razão do
surgimento de novas provas em relação aos fatos não
presentes anteriormente na inicial, ambas buscam a
efetividade aos princípios da correlação, princípio da
DA SENTENÇA consubstanciação e da congruência, a emendatio tem
assento no artigo 383 do CPP, enquanto que a mutatio
está estatuída no artigo 384 do CPP. Por fim a publicação
De acordo com Nucci (2016), a sentença “é a decisão e intimação da sentença, segundo o artigo 391 do CPP, o
terminativa do processo e definitiva quanto ao mérito, Ministério Público será intimado pessoalmente sempre, o
abordando a questão relativa à pretensão punitiva recurso cabível é a apelação”. (SOARES)
do Estado, para julgar procedente ou improcedente Vejamos agora o que o Código de Processo Penal
a imputação. É a autêntica sentença, tal como consta prevê acerca da sentença.
do art. 381 do Código de Processo Penal, vale dizer, o
Art. 381. A sentença conterá:
conceito estrito de sentença. Pode ser condenatória,
I - os nomes das partes ou, quando não possível, as
quando julga procedente a acusação, impondo pena, ou
indicações necessárias para identificá-las;
absolutória, quando a considera improcedente. Dentre as
II - a exposição sucinta da acusação e da defesa;
absolutórias, existem as denominadas impróprias, que,
III - a indicação dos motivos de fato e de direito em
apesar de não considerarem o réu um criminoso, porque
que se fundar a decisão;
inimputável, impõem a ele medida de segurança, uma IV - a indicação dos artigos de lei aplicados;
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sanção penal constritiva à liberdade, mas no interesse da V - o dispositivo;


sua recuperação e cura. No Código de Processo Penal, no VI - a data e a assinatura do juiz.
entanto, usa-se o termo sentença, em sentido amplo, para Art. 382. Qualquer das partes poderá, no prazo de 2
abranger, também, as decisões interlocutórias mistas e as (dois) dias, pedir ao juiz que declare a sentença, sem-
definitivas, que não avaliam a imputação propriamente pre que nela houver obscuridade, ambigüidade, con-
dita”. tradição ou omissão.
Art. 383. O juiz, sem modificar a descrição do fato
Não obstante, além da sentença, que é o ápice da contida na denúncia ou queixa, poderá atribuir-lhe
atividade jurisdicional, há outros atos que merecem definição jurídica diversa, ainda que, em conseqüên-
destaque: “a) despachos, que são decisões do magistrado, cia, tenha de aplicar pena mais grave.

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§ 1o Se, em conseqüência de definição jurídica diversa, II - mencionará as outras circunstâncias apuradas e
houver possibilidade de proposta de suspensão condi- tudo o mais que deva ser levado em conta na aplica-
cional do processo, o juiz procederá de acordo com o ção da pena, de acordo com o disposto nos arts. 59 e
disposto na lei. 60 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940
§ 2o Tratando-se de infração da competência de outro - Código Penal;
juízo, a este serão encaminhados os autos. III - aplicará as penas de acordo com essas conclusões;
Art. 384. Encerrada a instrução probatória, se enten- IV - fixará valor mínimo para reparação dos danos
der cabível nova definição jurídica do fato, em conse- causados pela infração, considerando os prejuízos so-
qüência de prova existente nos autos de elemento ou fridos pelo ofendido;
circunstância da infração penal não contida na acusa- V - atenderá, quanto à aplicação provisória de interdi-
ções de direitos e medidas de segurança, ao disposto
ção, o Ministério Público deverá aditar a denúncia ou
no Título Xl deste Livro;
queixa, no prazo de 5 (cinco) dias, se em virtude desta
VI - determinará se a sentença deverá ser publicada
houver sido instaurado o processo em crime de ação na íntegra ou em resumo e designará o jornal em que
pública, reduzindo-se a termo o aditamento, quando será feita a publicação (art. 73, § 1o, do Código Penal).
feito oralmente. § 1o O juiz decidirá, fundamentadamente, sobre a ma-
§ 1o Não procedendo o órgão do Ministério Público ao nutenção ou, se for o caso, a imposição de prisão pre-
aditamento, aplica-se o art. 28 deste Código. ventiva ou de outra medida cautelar, sem prejuízo do
§ 2o Ouvido o defensor do acusado no prazo de 5 conhecimento de apelação que vier a ser interposta.
(cinco) dias e admitido o aditamento, o juiz, a reque- § 2o O tempo de prisão provisória, de prisão adminis-
rimento de qualquer das partes, designará dia e hora trativa ou de internação, no Brasil ou no estrangeiro,
para continuação da audiência, com inquirição de tes- será computado para fins de determinação do regime
temunhas, novo interrogatório do acusado, realização inicial de pena privativa de liberdade.
de debates e julgamento. Art. 388. A sentença poderá ser datilografada e neste
§ 3o Aplicam-se as disposições dos §§ 1o e 2o do art. caso o juiz a rubricará em todas as folhas.
383 ao caput deste artigo. Art. 389. A sentença será publicada em mão do escri-
§ 4o Havendo aditamento, cada parte poderá arrolar vão, que lavrará nos autos o respectivo termo, regis-
até 3 (três) testemunhas, no prazo de 5 (cinco) dias, trando-a em livro especialmente destinado a esse fim.
ficando o juiz, na sentença, adstrito aos termos do adi- Art. 390. O escrivão, dentro de três dias após a pu-
blicação, e sob pena de suspensão de cinco dias, dará
tamento.
conhecimento da sentença ao órgão do Ministério Pú-
§ 5o Não recebido o aditamento, o processo prosse-
blico.
guirá.
Art. 391. O querelante ou o assistente será intimado
Art. 385. Nos crimes de ação pública, o juiz poderá da sentença, pessoalmente ou na pessoa de seu ad-
proferir sentença condenatória, ainda que o Ministé- vogado. Se nenhum deles for encontrado no lugar da
rio Público tenha opinado pela absolvição, bem como sede do juízo, a intimação será feita mediante edital
reconhecer agravantes, embora nenhuma tenha sido com o prazo de 10 dias, afixado no lugar de costume.
alegada. Art. 392. A intimação da sentença será feita:
Art. 386. O juiz absolverá o réu, mencionando a causa I - ao réu, pessoalmente, se estiver preso;
na parte dispositiva, desde que reconheça: II - ao réu, pessoalmente, ou ao defensor por ele cons-
I - estar provada a inexistência do fato; tituído, quando se livrar solto, ou, sendo afiançável a
II - não haver prova da existência do fato; infração, tiver prestado fiança;
III - não constituir o fato infração penal; III - ao defensor constituído pelo réu, se este, afiançá-
IV – estar provado que o réu não concorreu para a vel, ou não, a infração, expedido o mandado de prisão,
infração penal; não tiver sido encontrado, e assim o certificar o oficial
V – não existir prova de ter o réu concorrido para a de justiça;
infração penal; IV - mediante edital, nos casos do no II, se o réu e o de-
VI – existirem circunstâncias que excluam o crime ou fensor que houver constituído não forem encontrados,
e assim o certificar o oficial de justiça;
isentem o réu de pena (arts. 20, 21, 22, 23, 26 e § 1º do
V - mediante edital, nos casos do no III, se o defensor
art. 28, todos do Código Penal), ou mesmo se houver
que o réu houver constituído também não for encon-
fundada dúvida sobre sua existência;
trado, e assim o certificar o oficial de justiça;
VII – não existir prova suficiente para a condenação.
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VI - mediante edital, se o réu, não tendo constituído


Parágrafo único. Na sentença absolutória, o juiz: defensor, não for encontrado, e assim o certificar o ofi-
I - mandará, se for o caso, pôr o réu em liberdade; cial de justiça.
II – ordenará a cessação das medidas cautelares e pro- § 1o O prazo do edital será de 90 dias, se tiver sido
visoriamente aplicadas; imposta pena privativa de liberdade por tempo igual
III - aplicará medida de segurança, se cabível. ou superior a um ano, e de 60 dias, nos outros casos.
Art. 387. O juiz, ao proferir sentença condenatória: § 2o O prazo para apelação correrá após o término do
I - mencionará as circunstâncias agravantes ou ate- fixado no edital, salvo se, no curso deste, for feita a in-
nuantes definidas no Código Penal, e cuja existência timação por qualquer das outras formas estabelecidas
reconhecer; neste artigo.

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§ 1º Não se pronunciará qualquer nulidade sem que
JUIZADOS ESPE CIAIS CRIMINAIS tenha havido prejuízo.
LEI Nº 9.099/1995 § 2º A prática de atos processuais em outras comar-
cas poderá ser solicitada por qualquer meio hábil de
comunicação.
Os juizados especiais criminais são dotados dos § 3º Serão objeto de registro escrito exclusivamente
princípios da oralidade, simplicidade, informalidade e os atos havidos por essenciais. Os atos realizados em
celeridade (CISO). Sua competência é para julgar crimes audiência de instrução e julgamento poderão ser gra-
de menor potencial ofensivo, sendo a pena máxima vados em fita magnética ou equivalente.
abstrata de até 2 anos ou até 4 anos nos crimes do Art. 66. A citação será pessoal e far-se-á no próprio
estatuto do idoso. Além disso, julga-se contravenções. Juizado, sempre que possível, ou por mandado.
Importante observar que não se aplica a lei 9.099/95 Parágrafo único. Não encontrado o acusado para ser
para crimes de menor potencial ofensivo com violência citado, o Juiz encaminhará as peças existentes ao Juí-
doméstica e familiar contra mulher (art. 41, da Lei zo comum para adoção do procedimento previsto em
11.340/06). lei.
Objetiva-se, com a presente lei, métodos alternativos Art. 67. A intimação far-se-á por correspondência,
da prisão, como reparação de danos, substituição da com aviso de recebimento pessoal ou, tratando-se de
pena privativa de liberdade por restritivas de direitos, pessoa jurídica ou firma individual, mediante entrega
multas. ao encarregado da recepção, que será obrigatoria-
Vejamos a parte da Lei que prevê disposição acerca mente identificado, ou, sendo necessário, por oficial
dos juizados especiais criminais: de justiça, independentemente de mandado ou carta
precatória, ou ainda por qualquer meio idôneo de co-
Capítulo III - Dos Juizados Especiais Criminais municação.
Disposições Gerais Parágrafo único. Dos atos praticados em audiência
considerar-se-ão desde logo cientes as partes, os inte-
Art. 60. O Juizado Especial Criminal, provido por juízes ressados e defensores.
togados ou togados e leigos, tem competência para a Art. 68. Do ato de intimação do autor do fato e do
conciliação, o julgamento e a execução das infrações mandado de citação do acusado, constará a necessi-
penais de menor potencial ofensivo, respeitadas as re- dade de seu comparecimento acompanhado de advo-
gras de conexão e continência. (Redação dada pela gado, com a advertência de que, na sua falta, ser-lhe-
Lei nº 11.313, de 2006)
-á designado defensor público.
Parágrafo único. Na reunião de processos, perante o
juízo comum ou o tribunal do júri, decorrentes da apli-
Seção II
cação das regras de conexão e continência, observar-
Da Fase Preliminar
-se-ão os institutos da transação penal e da compo-
Art. 69. A autoridade policial que tomar conhecimento
sição dos danos civis. (Incluído pela Lei nº 11.313,
da ocorrência lavrará termo circunstanciado e o enca-
de 2006)
minhará imediatamente ao Juizado, com o autor do
Art. 61. Consideram-se infrações penais de menor
potencial ofensivo, para os efeitos desta Lei, as con- fato e a vítima, providenciando-se as requisições dos
travenções penais e os crimes a que a lei comine pena exames periciais necessários.
máxima não superior a 2 (dois) anos, cumulada ou Parágrafo único. Ao autor do fato que, após a lavra-
não com multa. (Redação dada pela Lei nº 11.313, tura do termo, for imediatamente encaminhado ao
de 2006) juizado ou assumir o compromisso de a ele compare-
Art. 62. O processo perante o Juizado Especial orien- cer, não se imporá prisão em flagrante, nem se exigirá
tar-se-á pelos critérios da oralidade, simplicidade, in- fiança. Em caso de violência doméstica, o juiz poderá
formalidade, economia processual e celeridade, obje- determinar, como medida de cautela, seu afastamento
tivando, sempre que possível, a reparação dos danos do lar, domicílio ou local de convivência com a vítima.
sofridos pela vítima e a aplicação de pena não privati- (Redação dada pela Lei nº 10.455, de 13.5.2002))
va de liberdade. (Redação dada pela Lei nº 13.603, Art. 70. Comparecendo o autor do fato e a vítima, e
de 2018) não sendo possível a realização imediata da audiên-
cia preliminar, será designada data próxima, da qual
Seção I ambos sairão cientes.
Da Competência e dos Atos Processuais Art. 71. Na falta do comparecimento de qualquer dos
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Art. 63. A competência do Juizado será determinada envolvidos, a Secretaria providenciará sua intimação
pelo lugar em que foi praticada a infração penal. e, se for o caso, a do responsável civil, na forma dos
Art. 64. Os atos processuais serão públicos e poderão arts. 67 e 68 desta Lei.
realizar-se em horário noturno e em qualquer dia da Art. 72. Na audiência preliminar, presente o represen-
semana, conforme dispuserem as normas de organi- tante do Ministério Público, o autor do fato e a vítima
zação judiciária. e, se possível, o responsável civil, acompanhados por
Art. 65. Os atos processuais serão válidos sempre que seus advogados, o Juiz esclarecerá sobre a possibilida-
preencherem as finalidades para as quais foram reali- de da composição dos danos e da aceitação da pro-
zados, atendidos os critérios indicados no art. 62 desta posta de aplicação imediata de pena não privativa de
Lei. liberdade.

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Art. 73. A conciliação será conduzida pelo Juiz ou por no art. 76 desta Lei, o Ministério Público oferecerá ao
conciliador sob sua orientação. Juiz, de imediato, denúncia oral, se não houver neces-
Parágrafo único. Os conciliadores são auxiliares da sidade de diligências imprescindíveis.
Justiça, recrutados, na forma da lei local, preferente- § 1º Para o oferecimento da denúncia, que será ela-
mente entre bacharéis em Direito, excluídos os que borada com base no termo de ocorrência referido no
exerçam funções na administração da Justiça Crimi- art. 69 desta Lei, com dispensa do inquérito policial,
nal. prescindir-se-á do exame do corpo de delito quando
Art. 74. A composição dos danos civis será reduzida a materialidade do crime estiver aferida por boletim
a escrito e, homologada pelo Juiz mediante sentença médico ou prova equivalente.
irrecorrível, terá eficácia de título a ser executado no § 2º Se a complexidade ou circunstâncias do caso não
juízo civil competente. permitirem a formulação da denúncia, o Ministério
Parágrafo único. Tratando-se de ação penal de inicia- Público poderá requerer ao Juiz o encaminhamento
tiva privada ou de ação penal pública condicionada à das peças existentes, na forma do parágrafo único do
representação, o acordo homologado acarreta a re- art. 66 desta Lei.
núncia ao direito de queixa ou representação. § 3º Na ação penal de iniciativa do ofendido poderá
Art. 75. Não obtida a composição dos danos civis, será ser oferecida queixa oral, cabendo ao Juiz verificar se a
dada imediatamente ao ofendido a oportunidade de complexidade e as circunstâncias do caso determinam
exercer o direito de representação verbal, que será re- a adoção das providências previstas no parágrafo úni-
duzida a termo. co do art. 66 desta Lei.
Parágrafo único. O não oferecimento da representa- Art. 78. Oferecida a denúncia ou queixa, será reduzida
ção na audiência preliminar não implica decadência a termo, entregando-se cópia ao acusado, que com
do direito, que poderá ser exercido no prazo previsto ela ficará citado e imediatamente cientificado da de-
em lei. signação de dia e hora para a audiência de instrução
Art. 76. Havendo representação ou tratando-se de cri- e julgamento, da qual também tomarão ciência o Mi-
me de ação penal pública incondicionada, não sendo nistério Público, o ofendido, o responsável civil e seus
caso de arquivamento, o Ministério Público poderá advogados.
propor a aplicação imediata de pena restritiva de di- § 1º Se o acusado não estiver presente, será citado na
reitos ou multas, a ser especificada na proposta. forma dos arts. 66 e 68 desta Lei e cientificado da data
§ 1º Nas hipóteses de ser a pena de multa a única da audiência de instrução e julgamento, devendo a ela
aplicável, o Juiz poderá reduzi-la até a metade. trazer suas testemunhas ou apresentar requerimento
§ 2º Não se admitirá a proposta se ficar comprovado: para intimação, no mínimo cinco dias antes de sua
I - ter sido o autor da infração condenado, pela prática realização.
de crime, à pena privativa de liberdade, por sentença § 2º Não estando presentes o ofendido e o responsável
definitiva; civil, serão intimados nos termos do art. 67 desta Lei
II - ter sido o agente beneficiado anteriormente, no para comparecerem à audiência de instrução e julga-
prazo de cinco anos, pela aplicação de pena restritiva mento.
ou multa, nos termos deste artigo; § 3º As testemunhas arroladas serão intimadas na for-
III - não indicarem os antecedentes, a conduta social ma prevista no art. 67 desta Lei.
e a personalidade do agente, bem como os motivos e Art. 79. No dia e hora designados para a audiência
as circunstâncias, ser necessária e suficiente a adoção de instrução e julgamento, se na fase preliminar não
da medida. tiver havido possibilidade de tentativa de conciliação
§ 3º Aceita a proposta pelo autor da infração e seu e de oferecimento de proposta pelo Ministério Públi-
defensor, será submetida à apreciação do Juiz. co, proceder-se-á nos termos dos arts. 72, 73, 74 e 75
§ 4º Acolhendo a proposta do Ministério Público aceita desta Lei.
pelo autor da infração, o Juiz aplicará a pena restritiva Art. 80. Nenhum ato será adiado, determinando o
de direitos ou multa, que não importará em reincidên- Juiz, quando imprescindível, a condução coercitiva de
cia, sendo registrada apenas para impedir novamente quem deva comparecer.
o mesmo benefício no prazo de cinco anos. Art. 81. Aberta a audiência, será dada a palavra ao
§ 5º Da sentença prevista no parágrafo anterior cabe- defensor para responder à acusação, após o que o Juiz
rá a apelação referida no art. 82 desta Lei. receberá, ou não, a denúncia ou queixa; havendo re-
§ 6º A imposição da sanção de que trata o § 4º deste cebimento, serão ouvidas a vítima e as testemunhas
artigo não constará de certidão de antecedentes cri- de acusação e defesa, interrogando-se a seguir o acu-
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minais, salvo para os fins previstos no mesmo disposi- sado, se presente, passando-se imediatamente aos de-
tivo, e não terá efeitos civis, cabendo aos interessados bates orais e à prolação da sentença.
propor ação cabível no juízo cível. § 1º Todas as provas serão produzidas na audiência
de instrução e julgamento, podendo o Juiz limitar ou
Seção III excluir as que considerar excessivas, impertinentes ou
Do Procedimento Sumariíssimo protelatórias.
§ 2º De todo o ocorrido na audiência será lavrado ter-
Art. 77. Na ação penal de iniciativa pública, quando mo, assinado pelo Juiz e pelas partes, contendo breve
não houver aplicação de pena, pela ausência do autor resumo dos fatos relevantes ocorridos em audiência e
do fato, ou pela não ocorrência da hipótese prevista a sentença.

24
§ 3º A sentença, dispensado o relatório, mencionará os penal relativa aos crimes de lesões corporais leves e
elementos de convicção do Juiz. lesões culposas.
Art. 82. Da decisão de rejeição da denúncia ou queixa Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima comina-
e da sentença caberá apelação, que poderá ser jul- da for igual ou inferior a um ano, abrangidas ou não
gada por turma composta de três Juízes em exercício por esta Lei, o Ministério Público, ao oferecer a de-
no primeiro grau de jurisdição, reunidos na sede do núncia, poderá propor a suspensão do processo, por
Juizado. dois a quatro anos, desde que o acusado não esteja
§ 1º A apelação será interposta no prazo de dez dias, sendo processado ou não tenha sido condenado por
contados da ciência da sentença pelo Ministério Públi- outro crime, presentes os demais requisitos que auto-
co, pelo réu e seu defensor, por petição escrita, da qual rizariam a suspensão condicional da pena (art. 77 do
constarão as razões e o pedido do recorrente.
Código Penal).
§ 2º O recorrido será intimado para oferecer resposta
§ 1º Aceita a proposta pelo acusado e seu defensor, na
escrita no prazo de dez dias.
§ 3º As partes poderão requerer a transcrição da gra- presença do Juiz, este, recebendo a denúncia, poderá
vação da fita magnética a que alude o § 3º do art. 65 suspender o processo, submetendo o acusado a perío-
desta Lei. do de prova, sob as seguintes condições:
§ 4º As partes serão intimadas da data da sessão de I - reparação do dano, salvo impossibilidade de fazê-
julgamento pela imprensa. -lo;
§ 5º Se a sentença for confirmada pelos próprios fun- II - proibição de freqüentar determinados lugares;
damentos, a súmula do julgamento servirá de acór- III - proibição de ausentar-se da comarca onde reside,
dão. sem autorização do Juiz;
Art. 83. Cabem embargos de declaração quando, em IV - comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, men-
sentença ou acórdão, houver obscuridade, contradi- salmente, para informar e justificar suas atividades.
ção ou omissão. (Redação dada pela Lei nº 13.105, de § 2º O Juiz poderá especificar outras condições a que
2015) (Vigência) fica subordinada a suspensão, desde que adequadas
§ 1º Os embargos de declaração serão opostos por es- ao fato e à situação pessoal do acusado.
crito ou oralmente, no prazo de cinco dias, contados § 3º A suspensão será revogada se, no curso do prazo,
da ciência da decisão. o beneficiário vier a ser processado por outro crime
§ 2o Os embargos de declaração interrompem o prazo ou não efetuar, sem motivo justificado, a reparação
para a interposição de recurso. (Redação dada pela
do dano.
Lei nº 13.105, de 2015) (Vigência)
§ 3º Os erros materiais podem ser corrigidos de ofício. § 4º A suspensão poderá ser revogada se o acusado
vier a ser processado, no curso do prazo, por contra-
Seção IV venção, ou descumprir qualquer outra condição im-
Da Execução posta.
§ 5º Expirado o prazo sem revogação, o Juiz declarará
Art. 84. Aplicada exclusivamente pena de multa, seu extinta a punibilidade.
cumprimento far-se-á mediante pagamento na Secre- § 6º Não correrá a prescrição durante o prazo de sus-
taria do Juizado. pensão do processo.
Parágrafo único. Efetuado o pagamento, o Juiz decla- § 7º Se o acusado não aceitar a proposta prevista nes-
rará extinta a punibilidade, determinando que a con- te artigo, o processo prosseguirá em seus ulteriores
denação não fique constando dos registros criminais, termos.
exceto para fins de requisição judicial. Art. 90. As disposições desta Lei não se aplicam aos pro-
Art. 85. Não efetuado o pagamento de multa, será cessos penais cuja instrução já estiver iniciada. (Vide
feita a conversão em pena privativa da liberdade, ou ADIN nº 1.719-9)
restritiva de direitos, nos termos previstos em lei. Art. 90-A. As disposições desta Lei não se aplicam no
Art. 86. A execução das penas privativas de liberdade âmbito da Justiça Militar. (Artigo incluído pela Lei nº
e restritivas de direitos, ou de multa cumulada com
9.839, de 27.9.1999)
estas, será processada perante o órgão competente,
Art. 91. Nos casos em que esta Lei passa a exigir re-
nos termos da lei.
presentação para a propositura da ação penal pública,
Seção V o ofendido ou seu representante legal será intimado
Das Despesas Processuais para oferecê-la no prazo de trinta dias, sob pena de
decadência.
DIREITO PROCESSUAL PENAL

Art. 87. Nos casos de homologação do acordo civil e Art. 92. Aplicam-se subsidiariamente as disposições
aplicação de pena restritiva de direitos ou multa (arts. dos Códigos Penal e de Processo Penal, no que não
74 e 76, § 4º), as despesas processuais serão reduzidas, forem incompatíveis com esta Lei.
conforme dispuser lei estadual.
Capítulo IV
Seção VI Disposições Finais Comuns
Disposições Finais
Art. 93. Lei Estadual disporá sobre o Sistema de Jui-
Art. 88. Além das hipóteses do Código Penal e da le- zados Especiais Cíveis e Criminais, sua organização,
gislação especial, dependerá de representação a ação composição e competência.

25
Art. 94. Os serviços de cartório poderão ser prestados, 3. MPU – ANALISTA – CESPE – 2018: Julgue o item que
e as audiências realizadas fora da sede da Comarca, se segue, relativo à comunicação dos atos processuais
em bairros ou cidades a ela pertencentes, ocupando penais.
instalações de prédios públicos, de acordo com audi- Se o acusado residir em comarca diversa da jurisdição do
ências previamente anunciadas. juízo processante, a citação terá de ocorrer por meio de
Art. 95. Os Estados, Distrito Federal e Territórios cria- carta de ordem.
rão e instalarão os Juizados Especiais no prazo de seis
meses, a contar da vigência desta Lei. ( ) CERTO ( ) ERRADO
Parágrafo único. No prazo de 6 (seis) meses, conta-
do da publicação desta Lei, serão criados e instalados Resposta: Errado. A Carta precatória: Juiz para Juiz
os Juizados Especiais Itinerantes, que deverão dirimir, (citação); Carta de Ordem = Desembargador para juiz;
prioritariamente, os conflitos existentes nas áreas ru- Carta rogatória: comunicação fora do Brasil.
rais ou nos locais de menor concentração populacio-
nal. (Redação dada pela Lei nº 12.726, de 2012)
Art. 96. Esta Lei entra em vigor no prazo de sessenta
dias após a sua publicação. Referências
Art. 97. Ficam revogadas a Lei nº 4.611, de 2 de abril
DEZEM, Guilherme Madeira. Curso de Processo Penal.
de 1965 e a Lei nº 7.244, de 7 de novembro de 1984.
2ª ed., 2016.
NUCCI, Guilherme de Souza. Código de Processo
Penal Comentado. 9ª ed., 2009.
REIS, Alexandre Cebrian Araújo; GONÇALVES, Victor
EXERCÍCIO COMENTADO Eduardo Rios. Direito Processual Penal Esquematizado. 5ª
ed., 2015.
TÁVORA, Nestor; ALENCAR, Rosmar Rodrigues. Curso
1. MPE PI – ANALISTA – CESPE – 2018: Tércio, servidor de Direito Processual Penal. 11ª ed., 2016.
público federal em cargo de direção, foi denunciado pela CNJ. Disponível em: https://www.cnj.jus.br/noticias/
prática de falsificação de documento público. O oficial de cnj/82795-cnj-servico-conheca-a-diferenca-entre-
justiça não o localizou em sua residência, tendo citado citacao-intimacao-e-notificacao
o acusado em seu local do trabalho. Apesar de citado, SOARES, Jaqueline. Disponível em: https://jus.com.
Tércio não constituiu advogado e não apresentou defesa br/artigos/62658/sentenca-no-processo-penal-suas-
em juízo. caracteristicas-e-classificacoes.
Nessa situação hipotética,inexiste qualquer razão para
que o juiz determine a suspensão do processo e do pra-
zo prescricional.

( ) CERTO ( ) ERRADO

Resposta: Certo. Conforme o Art. 367, o processo


seguirá sem a presença do acusado que, citado ou
intimado pessoalmente para qualquer ato, deixar de
comparecer sem motivo justificado, ou, no caso de
mudança de residência, não comunicar o novo ende-
reço ao juízo.

2. STJ – ANALISTA – CESPE – 2018: Julgue o item que


se segue, relativo à comunicação dos atos processuais
penais.
Quando da prolação de sentença condenatória de pri-
meiro grau, o acusado e o seu defensor devem ser inti-
mados pessoalmente e em separado, iniciando-se o pra-
zo para recurso a partir da última intimação.
DIREITO PROCESSUAL PENAL

( ) CERTO ( ) ERRADO

Resposta: Certo. Este entendimento firmado pelo STJ


: “A intimação da sentença condenatória ao réu e ao
defensor é regra que se impõe, à luz do princípio
constitucional da ampla defesa, contando-se o prazo
recursal a partir da data do que por último tenha sido
intimado”.(HC 11.775/SP, Rel. Min. Vicente Leal).

26
ÍNDICE

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
Noções de administração. Abordagens clássica, burocrática e sistêmica da administração. Convergências e diferenças entre a
gestão pública e a gestão privada. Excelência nos serviços públicos. Excelência na gestão dos serviços públicos.............................. 01
Gestão de pessoas. Equilíbrio organizacional. Objetivos, desafi os e características da gestão de pessoas. Gestão de desempenho.
Gestão do Conhecimento. Comportamento, clima e cultura organizacional. Gestão por competências. Liderança, motivação e
satisfação no trabalho. Educação, treinamento e desenvolvimento. Educação corporativa. Educação a distância. Qualidade de
vida no trabalho............................................................................................................................................................................................................................. 19
Gestão organizacional. Planejamento estratégico: definições de estratégia, condições necessárias para se desenvolver
a estratégia, questões-chave em estratégia. Metas estratégicas e resultados pretendidos. Indicadores de desempenho.
Ferramentas de análise de cenário interno e externo..................................................................................................................................................... 79
Segundo CHIAVENATO, as variáveis que representa o
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO. desenvolvimento da TGA são: tarefas, estrutura, pessoas,
ABORDAGENS CLÁSSICA, BUROCRÁTICA ambiente, tecnologia e competitividade.
E SISTÊMICA DA ADMINISTRAÇÃO. Na ocorrência de novas situações as teorias adminis-
CONVERGÊNCIAS E DIFERENÇAS ENTRE A trativas se adaptam a fim de continuarem aplicáveis.
GESTÃO PÚBLICA E A GESTÃO PRIVADA.
Dentre tantas definições já apresentadas sobre o con-
EXCELÊNCIA NOS SERVIÇOS PÚBLICOS. ceito de administração, podemos destacar que:
EXCELÊNCIA NA GESTÃO DOS SERVIÇOS
PÚBLICOS. “Administração é um conjunto de atividades dirigidas
à utilização eficiente e eficaz dos recursos, no sentido de
alcançar um ou mais objetivos ou metas organizacionais.”
Como bem definiu Houaiss, a Administração é o “con- Reinaldo Oliveira da SILVA – 2001)
junto de normas e funções cujo objetivo é disciplinar os
Como percebe-se, a Administração extrapola a ideia
elementos de produção e submeter a produtividade a um
limitada de “gerir uma empresa”.
controle de qualidade, para a obtenção de um resultado
A administração representa uma habilidade capaz de,
eficaz, bem como uma satisfação financeira”. através da utilização adequada e inteligente dos diversos
O papel profissional do administrador surgiu na ges- recursos existentes na organização, alcançar os objetivos
tão das companhias de navegação inglesa a partir do definidos via planejamento, organização, direção e con-
século XVII, e envolve ações elaborar planos, pareceres, trole.
relatórios, desenvolvimento de projetos, fazer uso de
indicadores, medir resultados e desempenhos, sempre “O ato de administrar é trabalhar com e por intermédio de
com a aplicação dos conhecimentos e técnicas que nor- outras pessoas na busca de realizar objetivos da organiza-
teia a Administração. ção bem como de seus membros.”
Montana e Charnov
Segundo Jonh W. Riegel,  A Administração compreende um conjunto de caracte-
rísticas que envolvem atividades interligadas, busca por
“O êxito do desenvolvimento de executivos em uma resultados, uso de recursos disponíveis, processos admi-
empresa é resultado, em grande parte, da atuação e da nistrativos e, para isso necessário se faz o uso de mais de
capacidade dos seus gerentes no seu papel de educado- uma habilidade, conforme vemos abaixo:
res. Cada superior assume este papel quando ele procura
orientar e facilitar os esforços dos seus subordinados para • Habilidades Técnicas: aquelas que fazem uso de
conhecimento especializado e procedimentos es-
se desenvolverem”
pecíficos e pode ser obtida através de instrução.
• Habilidades Humanas: trata-se de aspectos pes-
Administração – Objetivos, decisões e recursos soais observados no CHA, envolvem também apti-
são as palavras-chaves na definição do conceito de ad- dão, pois interage com as pessoas e suas atitudes,
ministração. Administração é o processo de tomar e co- exige compreensão para liderar com eficiência.
locar em prática decisões sobre objetivos e utilização de • Habilidades Conceituais: englobam um conheci-
recursos. mento geral das organizações, o gestor precisa
conhecer cada setor, como ele trabalha e para que
ele existe.

1.ABORDAGENS DA ADMINISTRAÇÃO

1.1. Abordagens clássica, burocrática e sistêmica


da administração.

O pensamento administrativo caracteriza um ponto


de vista em relação à organização e sua gestão.
Quando temos vários pontos de vista sobre isso te-
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

mos então o conceito de Teorias Administrativas, que


são agrupadas por correntes ou escolas, sendo que es-
sas, conforme definição de Maximiano (2006), trata-se da
mesma linha de pensamento ou conjunto de autores que
utilizam o mesmo enfoque.

PORTANTO:
Diferentes pensamentos administrativos = teorias ad-
ministrativas = mesma linha de pensamento ou conjunto
de autores com mesmo enfoque.

1
1.2. As teorias administrativas Henri Fayol, enfatizou a estrutura organizacional e de-
fendia que: [...] a eficiência da empresa é muito mais do
As principais teorias ou abordagens sobre adminis- que a soma da eficiência dos seus trabalhadores, e que
tração estão classificadas de acordo com as variáveis pri- ela deve ser alcançada por meio da racionalidade, isto é,
vilegiadas, sendo essas, na ordem, “ênfase em tarefas”, da adequação dos meios (órgãos e cargos) aos fins que
“ênfase em estruturas”, “ênfase nas pessoas”, “ênfase no se deseja alcançar. (CHIAVENATO, 2000, p. 11).
ambiente”, “ênfase na tecnologia”, sendo que, cada uma Fayol traz em sua teoria funcionalista a abordagem
delas tem seu pano de fundo com seus contextos histó- prescritiva e normativa, uma vez que a ciência adminis-
ricos, enfatizando os problemas frequentes e destacáveis trativa, como toda ciência, deve basear-se em leis ou
à época de sua fundamentação, além de, ao focar um princípios globalmente aplicáveis. Sua maior contribui-
aspecto, omitia ou relegava os demais a um plano se- ção para a administração geral são as funções adminis-
cundário. trativas – prever, organizar, comandar, coordenar e con-
Dentre as razões que contribuíram para o surgimento trolar – que são as próprias funções do administrador
das teorias da administração podemos destacar: ainda nos dias atuais.
- Consolidação do capitalismo (lógica de mercado) Nesse modelo, a função administrativa difunde-se
e de novos modos de produção e organização de proporcionalmente a todos os níveis hierárquicos, dei-
trabalho, que levou ao processo de modernização xando portanto de ser algo inerente à alta gerência.
da sociedade (substituição da autoridade tradicio-
nal pela autoridade racional-legal); Administração Científica - Pressupostos de Frederick
- Crescimento acelerado da produção e força de tra- Taylor
balho desqualificada; • Organização Formal.
- Ausência de sistematização de conhecimentos em • Visão de baixo para cima; das partes para o todo.
gestão. • Estudo das Tarefas, Métodos, Tempo padrão.
Vejamos alguns aspectos de cada uma delas, inician- • Salário, incentivos materiais e prêmios de produção.
do pela TEORIA CLÁSSICA, considerada a base de todas • Sistema fechado: foco nos processos internos e
as teorias posteriores. operacionais.
• Padrão de Produção: eficiência, racionalidade.
A primeira Escola foi a Clássica, responsável pela ên- • Divisão equitativa de trabalho e responsabilidade
fase nas tarefas por Frederick Taylor e Henry Ford e fonte entre direção e operário.
de embasamento de todas as outras teorias posteriores. • Ser humano egoísta, racional e material: homo eco-
As mudanças ocorridas no início do Séc. XX, em de- nomicus;
corrência da Revolução Industrial, exigiram métodos que • Estudo de Tempos e Movimentos e Métodos;
aumentassem a produtividade fabril e economizassem • Desenho de Cargos e Tarefas;
mão-de-obra evitando desperdícios, ou seja, “a impro- • Seleção Científica do Trabalhador (eliminação de to-
visação deve ceder lugar ao planejamento e o empiris- dos que não adotem os métodos);
mo à ciência: a Ciência da Administração.” (CHIAVENATO, • Preocupação com Fadiga e com as condições de
2004, p. 43). trabalho;
• Padronização de instrumentos de trabalho;
A abordagem clássica da administração se divide em: • Divisão do Trabalho e Especialização;
- Administração Científica – defendida por Frederick • Supervisão funcional: autoridade relativa e dividida
Taylor a depender da especialização e da divisão de tra-
- Teoria Clássica – defendida por Henry Fayol balho.

Os dois autores acima citados partiram de pontos dis- 2. Princípios da Administração Científica
tintos com a preocupação de aumentar a eficiência na
empresa. • Desenvolvimento de uma ciência de Trabalho:
Taylor se preocupava basicamente com a execução uma investigação científica poderá dizer qual a ca-
das tarefas enquanto Fayol se preocupava com a estrutu- pacidade total de um dia de trabalho, para que os
ra da organização. chefes saibam a capacidade de seus operários;
• Seleção e Desenvolvimento Científicos do Empre-
Frederick Taylor buscou o aumento produtivo to- gado: para atingir o nível de remuneração prevista
mando como base a eficiência dos trabalhadores. Atra- o operário precisa preencher requisitos;
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

vés da observação do comportamento dos trabalhadores • Combinação da Ciência do trabalho com a Se-
e dos modos de produção, identificou falhas no processo leção do Pessoal: os operários estão dispostos a
produtivo responsáveis pela baixa produtividade, des- fazer um bom trabalho, mas os velhos hábitos da
pertando-o para a necessidade de criação de um méto- administração resistem à inovação de métodos;
do racional padrão de produção. À esse modelo deu-se • Cooperação entre Administração e Empregados:
o nome de Administração Cientifica, “devido à tentati- uma constante e íntima cooperação possibilitará
va de aplicação dos métodos da ciência aos trabalhos a observação e medida sistemática do trabalho e
operacionais a fim de aumentar a eficiência industrial. Os permitirá fixar níveis de produção e incentivos fi-
principais métodos científicos são a observação e men- nanceiros
suração.” (CHIAVENATO, 2004, p. 41).

2
2.1. Princípios de Taylor 3. Abordagem burocrática

• Princípio da separação entre o planejamento e a Defendida por Max Weber, que é considerado o “pai
execução; da burocracia”, também tem como base a estrutura or-
• Princípio do preparo; ganizacional.
• Princípio do controle;
• Princípio da exceção. Weber distingue três tipos de sociedade e autorida-
des legítimas:
Teoria Clássica – Pressupostos de Henry Fayol • Tradicional: patrimonial, patriarcal, hereditário e de-
• Anatomia – estrutura. legável.
• Fisiologia – funcionamento. • Carismática: personalística, mística.
• Visão de cima para baixo; do todo para as partes. • Legal, racional ou burocrática: impessoal, formal,
• Funções da Empresa: Técnica, Comercial, Financei- meritocrática.
ra, Segurança, Contábil, Administrativa (coordena as de-
mais). Outro ponto destacado por Weber é a distinção entre
• Abordagem Prescritiva e Normativa. Autoridade e Poder.
• Autoridade: probabilidade de que um comando ou or-
Funções da Administração Clássica - processo or- dem específica seja obedecido – poder oficializado.
ganizacional • Poder: potencial de exercer influência sobre outros,
• Prever: adiantar-se ao futuro e traçar plano de ação; imposição de arbítrio de uma pessoa sobre outras.
• Organizar: constituir o organismo material e social A Burocracia surge na década de 40 em razão da fra-
da empresa; gilidade da teoria clássica e relações humanas, buscando
• Comandar: dirigir o pessoal; organizar de forma estável, duradoura e especializada a
• Coordenar: ligar, unir e harmonizar os esforços; cooperação de indivíduos, apresentando uma aborda-
gem descritiva e explicativa, mantendo foco interno e
• Controlar: tudo corra de acordo com as regras.
estudando a organização como um todo.
2.2. Princípios Gerais da Administração Clássica
Principais características:
• Caráter legal das normas;
• Divisão do Trabalho: especializar funções;
• Caráter formal das comunicações;
• Autoridade e Responsabilidade: direito de mandar e
• Divisão do trabalho e racionalidade;
poder de se fazer obedecer;
• Impessoalidade do relacionamento;
• Disciplina: estabelecer convenções, formais e infor-
• Hierarquização da autoridade;
mais com seus agentes, para trazer obediência e • Rotinas e procedimentos padronizados;
respeito; • Competência técnica e mérito;
• Unidade de comando: recebimento de ordens de • Especialização da administração – separação do pú-
apenas um superior – princípio escalar; blico e privado;
• Unidade de direção: um só chefe e um só progra- • Profissionalização: especialista, assalariado; segue
ma para um conjunto de operações que tenham o carreira.
mesmo objetivo;
• Subordinação do particular ao geral: O interesse da Vantagens Principais:
empresa deve prevalecer ao interesse individual; • Racionalidade
• Remuneração do pessoal: premiar e recompensar; • Precisão na definição do cargo
• Centralização: concentrar autoridade no topo; • Rapidez nas decisões
• Cadeia escalar ou linha de comando: linha de autori- • Univocidade de interpretação
dade que vai do topo ao mais baixo escalão; • Continuidade da organização:
• Ordem: um lugar para cada coisa e cada coisa em • Redução do atrito entre pessoas
seu lugar; • Constância
• Equidade: tratar de forma benevolente e justa; • Confiabilidade
• Estabilidade: manter as pessoas em suas funções • Benefícios para as pessoas
para que possam desempenhar bem; • O nepotismo é evitado, dificulta a corrupção.
• Iniciativa: liberdade de propor, conceber e executar;
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

• Espírito de equipe: harmonia e união entre as pes- A maior vantagem é a democracia: em razão da im-
soas. pessoalidade e das regras legais, que permitem igualda-
de de acesso.
Comparativo entre Administração Científica e Es-
cola Clássica Desvantagens
Enquanto a administração científica preocupava-se • Internalização das normas;
na melhoria da produtividade no nível operacional a ges- • Excesso de formalismo e papelório;
tão administrativa preocupava-se com a organização em • Resistência a mudanças;
geral e a busca da efetividade. • Despersonalização do relacionamento;
• Categorização do relacionamento;

3
• Superconformidade às rotinas e procedimentos; Podemos dividir essa estruturação em sete etapas,
• Exibição de sinais de autoridade; quais sejam:
• Dificuldades com clientes.
1) 1930 a 1945 – Burocratização da Era Vargas:
4. Abordagem sistêmica Nessa primeira etapa, em decorrência do Estado
patrimonial, da falta de qualificação técnica dos
Defendida por Ludwig Von Bertalanffy, a Teoria de servidores, da crise econômica mundial e da di-
Sistemas defende que os sistemas existem dentro de sis- fusão da teoria keynesiana, que pregava a inter-
temas; apresenta a Teoria da forma ou Gestalt; os Siste- venção do Estado na Economia, o governo auto-
mas abertos; tem um objetivo ou propósito; e as partes ritário de Vargas resolve modernizar a máquina
são interdependentes, provocando globalismo. administrativa brasileira através dos paradigmas
burocráticos difundidos por Max Weber. O auge
Características: dessas mudanças ocorre em 1936 com a criação
• Sistema é um conjunto ou combinação de partes, do Departamento Administrativo do Serviço Públi-
formando um todo complexo ou unitário; co (DASP), que tinha como atribuição modernizar
• Organização como sistema vivo: orgânico
a máquina administrativa utilizando como instru-
• Comportamento não determinístico e probabilístico;
mentos a afirmação dos princípios do mérito, a
• Interdependência entre as partes;
centralização, a separação entre público e privado,
• Entropia: característico dos sistemas fechados e or-
a hierarquia, a impessoalidade, a rigidez e univer-
gânicos, estabelece que todas as formas de orga-
salidade das regras e a especialização e qualifica-
nização tendem à desordem ou à morte;
ção dos servidores.
• Negentropia ou Entropia negativa: os sistemas so-
ciais se reabastecem de energia, assegurando su-
primento contínuo de materiais e pessoas; 2) 1956 a 1960 – A administração paralela de JK:
• Homeostase dinâmica ou Estado Firme: regula o sis- A administração paralela foi um artifício utilizado
tema interno para manter uma condição estável, pelo governo JK para atingir o seu Plano de Me-
mediante múltiplos ajustes de equilíbrio dinâmico tas e seguir seu projeto desenvolvimentista. Surgiu
de ruptura e inovação; com a criação de estruturas alheias à Administra-
• Fronteiras ou limites: define a área da ação do siste- ção Direta.
ma e o grau de abertura em relação ao meio am-
biente; 3) 1967 – A reforma militar: Durante a ditadura
• Diferenciação: os sistemas tendem a criar funções militar, a administração pública passa por novas
especializadas – Integração (coordenação); transformações, tais como: A ampliação da fun-
• Equifinalidade: um sistema pode alcançar o mesmo ção econômica do Estado com a criação de várias
estado final a partir de diferentes condições ini- empresas estatais, a facilidade de implantação de
ciais; políticas – em decorrência da natureza autoritária
• Resiliência: determina o grau de defesa ou vulnera- do regime, e o aprofundamento da divisão da ad-
bilidade do sistema a pressões ambientais exter- ministração pública, mais especificamente através
nas. do Decreto-Lei 200/67, que distinguiu claramente
• Holismo: o sistema só pode ser explicado em sua a Administração Direta (exercida por órgãos dire-
globalidade; tamente subordinados aos ministérios) da indireta
• Sinergia: o todo é maior que a soma das partes; (formada por autarquias, fundações, empresas pú-
• Morfogênese: capacidade das organizações de mo- blicas e sociedades de economia mista). Essa refor-
dificar a si mesmo e a estrutura; ma trouxe modernização, padronização e norma-
• Fluxos: componentes que entram e saem do sistema tização nas áreas de pessoal, compras e execução
(informação, energia, material); orçamentária, estabelecendo ainda, cinco princí-
• Feedback: é a retroalimentação, como controle do pios estruturais da administração pública: planeja-
sistema, no qual os resultados retornam ao indiví- mento, coordenação, descentralização, delegação
duo, para que os procedimentos sejam analisados de competências e controle.
e corrigidos;
• Homem Funcional: desempenha um papel específi- 4) 1988 – A administração pública na nova Cons-
co nas organizações, inter-relacionando-se com os tituição: A nova Constituição da República Fede-
demais indivíduos. rativa do Brasil voltou a fortalecer a Administração
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

Direta instituindo regras iguais as que deveriam ser


4.1. Evolução da administração e reformas admi- seguidas pela administração pública indireta, prin-
nistrativas cipalmente em relação à obrigatoriedade de con-
cursos públicos para investidura na carreira e aos
A estruturação da Máquina Administrativa passou por procedimentos de compras públicas.
sete períodos, vindo de um modelo patrimonial perce- 5) 1990 – O governo Collor e o desmonte da má-
bida até década de 30, na sequencia veio a Era Vargas, quina pública : Essa etapa da administração públi-
onde vemos o modelo burocrático e na segunda metade ca brasileira é marcada pelo retrocesso da máquina
da década de 90, deu início a implementação do modelo administrativa, o governo promoveu a extinção de
gerencial. milhares de cargos de confiança, a reestruturação

4
e a extinção de vários órgãos, a demissão de outras 5.1. Administração Pública Burocrática
dezenas de milhares de servidores sem estabilida-
de e tantos outros foram colocados em disponi- Surge como forma de combater a corrupção e o ne-
bilidade. Segundo estimativas, foram retirados do potismo patrimonialista.
serviço público, num curto período e sem qualquer Como princípios de sua proposta temos a profissio-
planejamento, cerca de 100 mil servidores. nalização, a ideia de carreira, a hierarquia funcional, a im-
pessoalidade, o formalismo, em síntese, o poder racional
6) 1995/2002 – O gerencialismo da Era FHC: A re- legal.
forma administrativa foi o ícone do governo Fer- A forma de controle é sempre a priori, ou seja, con-
nando Henrique Cardoso em relação à adminis- trole dos procedimentos, das rotinas que devem nortear
tração pública brasileira. A reforma gerencial teve a realização das tarefas, porem, como a historia anterior
como instrumento básico o Plano Diretor da Re- gerava desconfiança prévia nos administradores públicos
forma do Aparelho do Estado (PDRAE), que visava e nos cidadãos que a eles dirigem suas diversas deman-
à reestruturação do aparelho do Estado para com- das sociais, esses controles rígidos de processos como,
bater, principalmente, a cultura burocrática. por exemplo, na admissão de pessoal, nas compras e no
7) Nova Administração Pública: O movimento atendimento aos cidadãos, passa a ser o foco principal,
“reinventando o governo” difundido nos EUA e a descaracterizando a missão básica do modelo, que é ser-
reforma administrativa de 95, introduziram no Bra- vir à sociedade.
sil a cultura do management, trazendo técnicas do A principal qualidade da administração pública bu-
setor privado para o setor público e tendo como rocrática é o controle dos abusos contra o patrimônio
características básicas: público; o principal defeito, a ineficiência, a incapacida-
de de voltar-se para o serviço aos cidadãos vistos como
● O foco no cliente “clientes”.
● A reengenharia Vale aqui destacar alguns comentários adicionais
sobre o termo “Burocracia”, trazidos por Max Weber,
● Governo empreendedor
que na década de 20, publicou estudos sobre o que ele
● Administração da qualidade total
chamou o tipo ideal de burocracia, ou seja, um esque-
ma que procura sintetizar os pontos comuns à maioria
Assim, partindo-se de uma perspectiva histórica, ve-
das organizações formais modernas, que ele contrastou
rifica-se que a administração pública evoluiu através de
com as sociedades primitivas e feudais. As organizações
três modelos básicos, que representam três reformas ad-
burocráticas seriam máquinas totalmente impessoais,
ministrativas que se destacam, quais sejam, a administra-
que funcionam de acordo com regras que ele chamou
ção pública patrimonialista, a burocrática e a gerencial.
de racionais – regras que dependem de lógica e não de
Essas três formas se sucedem no tempo, sem que, no
interesses pessoais.
entanto, qualquer uma delas seja inteiramente abando-
Weber estudou e procurou descrever o alicerce for-
nada. mal-legal em que as organizações reais se assentam. Sua
atenção estava dirigida para o processo de autoridade
5. Administração Pública Patrimonialista obediência (ou processo de dominação) que, no caso das
organizações modernas, depende de leis. No modelo de
Na sociedade anterior ao capitalismo, o Estado apa- Weber, as expressões “organização formal” e “organiza-
recia como um ente “privatizado”, no sentido de que não ção burocrática” são sinônimas.
havia uma distinção clara, por parte dos governantes, “Dominação” ou autoridade, segundo Weber, é a
entre o patrimônio público e o seu próprio patrimônio probabilidade de haver obediência dentro de um grupo
privado, não definia-se limites entre a res publica e a res determinado. Há três tipos puros de autoridade ou do-
principis, ou seja, a “coisa pública” se confundia com o minação legítima (aquela que conta com o acordo dos
patrimônio particular dos governantes, pois não havia dominados):
uma fronteira muito bem definida entre ambas.
A corrupção e o nepotismo eram extremamente ca- Dominação de caráter carismático
racterísticos nesse tipo de administração, tendo como Repousa na crença da santidade ou heroísmo de
foco atender o interesse particular dos soberanos e de uma pessoa. A obediência é devida ao líder pela
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

seus auxiliares, ao invés de priorizar as necessidades co- confiança pessoal em sua revelação, heroísmo ou
letivas. exemplaridade, dentro do círculo em que se acre-
Quando surge o capitalismo e a democracia, o cená- dita em seu carisma.
rio acima perde espaço, passando a existir uma distinção A atitude dos seguidores em relação ao dominador
entre Estado e particular, não havendo mais espaço para carismático é marcada pela devoção. Exemplos são
a administração patrimonialista, ou seja, não cabe mais líderes religiosos, sociais ou políticos, condutores
uma administração que privilegiava uns poucos em de- de multidões de adeptos. O carisma está associado
trimento de muitos. a um tipo de influência que depende de qualida-
des pessoais.

5
Dominação de caráter tradicional • Impessoalidade: as relações entre as pessoas que
Deriva da crença quotidiana na santidade das tradi- integram as organizações burocráticas são gover-
ções que vigoram desde tempos distantes e na nadas pelos cargos que elas ocupam e pelos di-
legitimidade daqueles que são indicados por essa reitos e deveres investidos nesses cargos. Assim, o
tradição para exercer a autoridade. que conta é o cargo e não a pessoa. A formalidade
A obediência é devida à pessoa do “senhor”, indica- e a impessoalidade, combinadas, fazem a burocra-
do pela tradição. A obediência dentro da família, cia permanecer, a despeito das pessoas.
dos feudos e das tribos é do tipo tradicional. Nos • Profissionalismo: os cargos de uma burocracia ofe-
sistemas em que vigora a dominação tradicional, recem a seus ocupantes uma carreira profissional e
as pessoas têm autoridade não por causa de suas meios de vida. A participação nas burocracias tem
qualidades intrínsecas, como acontece no caso ca- caráter ocupacional.
rismático, mas por causa das instituições tradicio- Apesar das vantagens inerentes nessa forma de orga-
nais que representam. É o caso dos sacerdotes e
nização, as burocracias podem muitas vezes apre-
das lideranças, no âmbito das instituições, como os
sentar também uma série de disfunções, conforme
partidos políticos e as corporações militares.
a seguir:
• Particularismo – Defender dentro da organização
Dominação de caráter racional
interesses de grupos internos, por motivos de con-
Decorre da legalidade de normas instituídas racio-
nalmente e dos direitos de mando das pessoas a vicção, amizade ou interesse material.
quem essas normas responsabilizam pelo exercício • Satisfação de Interesses Pessoais – Defender inte-
da autoridade. A autoridade, portanto, é a contra- resses pessoais dentro da organização.
partida da responsabilidade. • Excesso de Regras – Multiplicidade de regras e exi-
No caso da autoridade legal, a obediência é devida às gências para a obtenção de determinado serviço.
normas impessoais e objetivas, legalmente instituí- • Hierarquia e individualismo – A hierarquia divi-
das, e às pessoas por elas designadas, que agem de responsabilidades e atravanca o processo de-
dentro de uma jurisdição. A autoridade racional cisório. Realça vaidades e estimula disputas pelo
fundamenta-se em leis que estabelecem direitos poder.
e deveres para os integrantes de uma sociedade • Mecanicismo – Burocracias são sistemas de cargos
ou organização. Por isso, a autoridade que Weber limitados, que colocam pessoas em situações alie-
chamou de racional é sinônimo de autoridade for- nantes.
mal.
Portanto, as burocracias apresentam dois grandes
Uma sociedade, organização ou grupo que depen- “problemas” ou dificuldades: em primeiro lugar, certas
de de leis racionais tem estrutura do tipo legal-racio- disfunções, que as descaracterizam e as desviam de seus
nal ou burocrática. É uma burocracia. objetivos; em segundo lugar, ainda que as burocracias
A autoridade legal-racional ou autoridade burocrá- não apresentassem distorções, sua estrutura rígida é
tica substituiu as fórmulas tradicionais e carismáticas adequada a certo tipo de ambiente externo, no qual não
nas quais se baseavam as antigas sociedades. A admi- há grandes mudanças. A estrutura burocrática é, por na-
nistração burocrática é a forma mais racional de exercer tureza, conservadora, avessa a inovações; o principal é a
a dominação. A burocracia, ou organização burocrática, estabilidade da organização.
possibilita o exercício da autoridade e a obtenção da Mas, como vimos, as mudanças no ambiente exter-
obediência com precisão, continuidade, disciplina, rigor
no determinam a necessidade de mudanças internas, e
e confiança.
nesse ponto o paradigma burocrático torna-se superado.
Portanto, todas as organizações formais são buro-
cracias. A palavra burocracia identifica precisamente as
6. Administração Pública gerencial
organizações que se baseiam em regulamentos. A so-
ciedade organizacional é, também, uma sociedade bu-
rocratizada. A burocracia é um estágio na evolução das Surge na segunda metade do século XX, como res-
organizações. posta à expansão das funções econômicas e sociais do
De acordo com Weber, as organizações formais mo- Estado e ao desenvolvimento tecnológico e à globaliza-
dernas baseiam-se em leis, que as pessoas aceitam por ção da economia mundial, uma vez que ambos deixaram
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

acreditarem que são racionais, isto é, definidas em fun- à mostra os problemas associados à adoção do modelo
ção do interesse das próprias pessoas e não para satisfa- anterior.
zer aos caprichos arbitrários de um dirigente. Torna-se essencial a necessidade de reduzir custos
O tipo ideal de burocracia, formulado por Weber, e aumentar a qualidade dos serviços, tendo o cidadão
apresenta três características principais que diferenciam como beneficiário, resultando numa maior eficiência da
estas organizações formais dos demais grupos sociais: administração pública. A reforma do aparelho do Estado
• Formalidade: significa que as organizações são passa a ser orientada predominantemente pelos valores
constituídas com base em normas e regulamentos da eficiência e qualidade na prestação de serviços públi-
explícitos, chamadas leis, que estipulam os direitos cos e pelo desenvolvimento de uma cultura gerencial nas
e deveres dos participantes. organizações.

6
A administração pública gerencial constitui um avan- A administração pública gerencial vê o cidadão como
ço, e até certo ponto um rompimento com a adminis- contribuinte de impostos e como uma espécie de “clien-
tração pública burocrática. Isso não significa, entretanto, te” dos seus serviços. Os resultados da ação do Estado
que negue todos os seus princípios. Pelo contrário, a ad- são considerados bons não porque os processos admi-
ministração pública gerencial está apoiada na anterior, nistrativos estão sob controle estão seguros, como quer
da qual conserva, embora flexibilizando, alguns dos seus a administração pública burocrática, mas porque as ne-
princípios fundamentais, como: cessidades do cidadão-cliente estão sendo atendidas.
• A admissão segundo rígidos critérios de mérito O paradigma gerencial contemporâneo, fundamenta-
(concurso público); do nos princípios da confiança e da descentralização da
• A existência de um sistema estruturado e universal decisão, exige formas flexíveis de gestão, de estruturas,
de remuneração (planos de carreira); descentralização de funções, incentivos à criatividade.
• A avaliação constante de desempenho (dos funcio- Contrapõe-se à ideologia do formalismo e do rigor téc-
nários e de suas equipes de trabalho); nico da burocracia tradicional. À avaliação sistemática, à
• O treinamento e a capacitação contínua do corpo recompensa pelo desempenho, e à capacitação perma-
funcional. nente, que já eram características da boa administração
burocrática, acrescentam-se os princípios da orientação
A diferença fundamental está na forma de controle, para o cidadão-cliente, do controle por resultados, e da
que deixa de basear-se nos processos para concentrar-se competição administrada.
nos resultados. A rigorosa profissionalização da adminis-
tração pública continua sendo um princípio fundamental. 7. A nova gestão pública.

Nas últimas décadas, a administração pública brasilei-


Na administração pública gerencial a estratégia vol-
ra passou por grandes transformações, sobretudo como
ta-se para:
parte do trânsito para a democracia. Desenvolveram-se
1. A definição precisa dos objetivos que o administra-
novas práticas e expectativas de modernização, mas mui-
dor público deverá atingir sua unidade;
tas de suas características tradicionais não foram remo-
2. A garantia de autonomia do administrador na ges-
vidas.
tão dos recursos humanos, materiais e financeiros
A Revista de Administração Pública (RAP) surgiu numa
que lhe forem colocados à disposição para que
época em que a administração pública possuía forte
possa atingir os objetivos contratados;
presença na sociedade, não só por causa das funções
3. O controle ou cobrança posterior dos resultados. de controle não-democrático, mas também porque se
procurava o desenvolvimento com base em projetos
Adicionalmente, pratica-se a competição administra- públicos de grande escala. Pensava-se que a própria ex-
da no interior do próprio Estado, quando há a possibili- pansão do Estado fosse suficiente para garantir mais e
dade de estabelecer concorrência entre unidades inter- melhores serviços, bem como maior acesso comunitário
nas. e equidade nas decisões distributivas. Nesse sentido, nos
No plano da estrutura organizacional, a descentrali- primeiros 20 anos da RAP, a administração pública teve
zação e a redução dos níveis hierárquicos tornam-se es- crescimento considerável.
senciais. Em suma, afirma-se que a administração pública No entanto, a experiência histórica revelou que sim-
deve ser permeável à maior participação dos agentes plesmente expandir as atividades do Estado e as funções
privados e/ou das organizações da sociedade civil e des- serviu menos ao propósito de alcançar maior equidade
locar a ênfase dos procedimentos (meios) para os resul- e eficácia na administração pública do que ao desenvol-
tados (fins). vimento de formas de inserção de novos grupos prefe-
A administração pública gerencial inspira-se na ad- renciais.
ministração de empresas, mas não pode ser confundida Nessa época descrevia-se a administração pública
com esta última. Enquanto a administração de empresas brasileira pelos seus aspectos mais patrimonialistas e
está voltada para o lucro privado, para a maximização paternalistas. Viam-se as suas relações com a sociedade
dos interesses dos acionistas, esperando-se que, através como extremamente frágeis. Na verdade, a administra-
do mercado, o interesse coletivo seja atendido, a admi- ção pública desenvolveu-se como um dos grandes ins-
nistração pública gerencial está explícita e diretamente trumentos para a manutenção do poder tradicional, e
voltada para o interesse público. carregava fortes características desse poder. A forma de
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

Neste último ponto, como em muitos outros (pro- organização e gestão obedecia menos a critérios técni-
fissionalismo, impessoalidade), a administração pública cos racionais e democráticos para a prestação de servi-
gerencial não se diferencia da administração pública bu- ços e mais a sistemas de loteamento político, para man-
rocrática. Na burocracia pública clássica existe uma no- ter coalizões de poder e atender a grupos preferenciais.
ção muito clara e forte do interesse público. A diferença, Em grande parte, a expansão do Estado se fez sem
porém, está no entendimento do significado do interesse alterar substancialmente suas relações com a sociedade.
público, que não pode ser confundido com o interesse Por ter ainda alicerces frágeis na sociedade, o Estado bra-
do próprio Estado. Para a administração pública burocrá- sileiro, como organização, consiste ainda em uma supe-
tica, o interesse público é frequentemente identificado restrutura que flutua sobre os cidadãos.
com a afirmação do poder do Estado.  

7
A formalidade institucional possui limites para ex- grupo. Como a lealdade aos membros do grupo é maior
plicar a evolução da administração pública brasileira. Fa- do que à instituição pública, tais grupos são capazes de
tores de informalidade prevalecem e determinam muito manter a coalizão a qualquer custo, inclusive às expensas
do que se decide e se executa na administração brasilei- do aumento dos gastos governamentais.
ra, compreendendo seus três níveis de governo: federal, Normalmente, esses grupos preferem dominar as
estadual e municipal. Por estarem inseridos na cultura áreas sociais por serem mais diretamente ligadas às
sociopolítica do país, esses fatores não são facilmente maiores demandas da população. Setores sociais são pri-
removíveis ou contornados por meio de reformas admi- vilegiados para o exercício do assistencialismo paterna-
nistrativas de lógica racional burocrática. lista; propiciam ao líder do grupo o exercício da “bonda-
Fatores de informalidade continuam a chamar a aten- de” por meio da concessão de benefícios e favores com
ção dos estudiosos e analistas da gestão pública, além o dinheiro público. Assim, os líderes políticos e dirigentes
de ser retratados cotidianamente na mídia como práticas públicos podem favorecer segmentos da população sob
comuns de gestão. São exemplos marcantes o persona- sua influência, fazendo-os crer que o benefício concedi-
lismo paternalista e a presença de grupos preferenciais do é uma concessão pessoal do líder, e não um direito
que se organizam por fora das instituições, mas que pro- individual ou um valor de cidadania. O resultado final é o
curam manter fortes relações com o Estado. Esses fatores reforço do poder e da liderança tradicionais.
distanciam os cidadãos da gestão pública, desenvolven- Vale ressaltar que esses grupos que se inserem e do-
do a síndrome nós-eles. minam setores da administração pública não são peque-
No entanto, o personalismo elitista concorre para en- nos grupos de aproveitadores ou perturbadores margi-
fraquecer substancialmente as instituições. Estas existem nais da ordem administrativa; são grupos organizados
em função das pessoas que as dirigem, e a mudança da e institucionalizados dentro do sistema político. Trans-
pessoa no topo muda profundamente políticas e com- formam o Estado num campo minado de lutas políticas,
promissos institucionais. mas mantidas nos limites das estruturas formais para não
Na administração pública, dirigentes, normalmen- ferir a estabilidade e legitimidade do sistema. Por esse
motivo, as discórdias são bem toleradas e, de preferên-
te prepostos de líderes políticos, tendem a inserir suas
cia, confinadas à arena política predeterminada, que é o
opções pessoais como fator diferenciador. Desprezam,
Estado.
assim, não só o racionalmente instituído como também
Visto segundo uma lógica da gestão moderna, o sis-
opções e conquistas de seus antecessores. A desconti-
tema administrativo pode parecer altamente irracional,
nuidade é justificada como necessária à inovação. Na
mas para os grupos preferenciais que dele se servem
verdade, resulta mais em garantir acesso a novos grupos
representa um sistema lógico e altamente racional. Ba-
de poder e ressaltar a liderança de uma pessoa e menos
seia-se em valores e práticas tradicionais: assenta grande
em modernizar a gestão. Compromissos formais institu-
parte do poder político no distanciamento autoritário, no
cionalmente estabelecidos necessitam ser renegociados paternalismo e no exercício da bondade.
a cada novo dirigente. Na verdade, não há contratos com E esses grupos não criam rupturas nas dimensões for-
instituições, mas com pessoas. O personalismo fragiliza mais da administração pública. Procuram seguir os pas-
as instituições públicas, deixando-as altamente vulnerá- sos formais, mas repletos de acomodação, concessões
veis e dependentes da pessoa de um único dirigente. e opções de natureza paternalista. Por terem lealdade
A administração pública era em grande parte do- quase nula à instituição pública, circulam facilmente en-
minada por grupos preferenciais que visavam garantir tre as repartições, procurando obter melhores benefícios,
seus interesses e a proteção mútua de seus membros. indiferentes aos danos que causam, tanto ao interesse
Apesar da modernização, muitos desses grupos ainda se quanto ao orçamento público.
aglutinam no aparato estatal em busca de recursos para Os cidadãos passam a ser receptores passivos da
garantir sua sobrevivência. Inserem-se em órgãos admi- bondade. Ao receber benefícios, veem seus líderes e di-
nistrativos por meios formais — ocupação de cargos de rigentes como os mais bondosos e por isso merecedores
direção —, mas também informalmente, por meio de re- de reconhecimento e apoio político.
des de apoio e de interação ligadas por laços de lealda-  
de. Procuram o acesso a recursos públicos para reforçar 8. A era pós-Constituição: a redemocratização e as
a lealdade política de base e preservar a liderança sobre novas conquistas constitucionais
determinados setores da comunidade. Esses recursos são
utilizados para satisfazer não somente interesses políti- Com a redemocratização, a inspiração neoliberal e as
cos de poder como também interesses sociais e parti- referências das inovações oriundas de países mais avan-
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

culares. Tais grupos dominam máquinas partidárias para çados, os movimentos de reforma procuravam centrar-se
evitar que alternativas de política pública, contrárias aos nas especificidades das diversas organizações públicas, à
seus interesses, sejam consideradas no processo decisó- semelhança das mudanças na área privada. A perspectiva
rio governamental. Controlam estruturas burocráticas de básica era a eficiência e capacidade de resposta da admi-
governo para garantir, durante longos períodos, o uso nistração pública e melhora da gerência pública. Passou-
preferencial de grandes fatias do orçamento público. -se a questionar o tradicionalismo da administração pú-
O uso de recursos públicos é o mecanismo básico de blica, mas incorporando os fundamentos democráticos
preservação do poder: são utilizados menos para atender implantados na nova Constituição, como a subordinação
a demandas e necessidades reais da comunidade e mais da administração pública a mandatos políticos conquis-
para a troca de favores e os interesses particulares do tados em eleições democráticas.

8
Em períodos não-democráticos, as tentativas de apa- Ao imitar a gestão privada, as propostas contemporâ-
rência tecnocrática ofuscaram muitos dos problemas de neas assumem a singularidade do cliente e suas deman-
embates políticos, não porque deixassem de existir, mas das como fundamentais na gestão pública. Por presu-
porque havia sempre um lado repressor. mirem a validade universal do management e, portanto,
Com as novas inspirações ideológicas, começou-se a sua aplicabilidade igualmente às organizações públicas e
delinear a ideia de que os governos não poderiam so- privadas, veem a reforma como uma simples questão de
zinhos conduzir ao progresso. O desenvolvimento pas- modernização gerencial. Antes de planejar suas ações ou
sou a ser visto como algo complexo e gigantesco, e as oferta de serviços, as organizações públicas devem co-
máquinas administrativas tradicionais não como fator de nhecer as demandas de sua clientela. A organização pú-
modernização, mas obstáculos ao progresso. Surgiram blica existe para servir o indivíduo: deve centralizar suas
movimentos significativos, em muitos países e apoiados ações na demanda do cliente e na sua escolha. Como no
por entidades internacionais, para proclamar a descrença mercado, cliente é categoria primordial, e deve ser consi-
nas possibilidades da administração pública de conduzir derado em todas as instâncias.
o desenvolvimento. Essa ideologia veio contaminada e reforçada pelos
Reduzir o tamanho do Estado e modernizar a admi- valores dos países mais avançados, onde o individua-
nistração pública tornaram-se pontos importantes de lismo fundamentado na igualdade das oportunidades
uma nova agenda política. Ao contrário das experiências constitui uma prática social comum. Por isso esses mo-
anteriores, essa modernização se inspirou fortemente delos centram-se mais no indivíduo (clientes e funcioná-
nos modelos de gestão privada, considerados superiores rios) e menos no contexto. A ideologia liberal centrada
e mais eficazes. no indivíduo valoriza a iniciativa, o espírito empreende-
Assim, as principais mudanças seriam transferir fun- dor e o desempenho e realização individuais. As pessoas
ções estatais para a área privada e as restantes seriam se singularizam perante os outros pelo seu desempenho
administradas com formas o mais próximo possível das e merecem ser tratadas diferentemente pelas desigual-
praticadas nas empresas privadas. dades conquistadas. Assim, métodos de avaliação de
Tendo a representação democrática como premissa,
desempenho individual e organizacional passaram a ser
tentou-se valorizar as técnicas administrativas e a com-
propostos com maior vigor.
petência neutra dos servidores, presumindo sempre a
sua ação por delegação política e não por autonomia
Tais ideias de reforma não progrediram com a ênfase
própria. A administração eficiente seria consequência
desejada porque esbarraram em fatores históricos tradi-
natural de instrumentos gerenciais, como estruturas e
cionais ainda prevalecentes e que não se coadunam com
códigos de procedimentos adequados e boas regras or-
práticas neoliberais.
çamentárias e gestão de pessoal. Pela falta de eficiência,
culpavam-se a inadequação das estruturas e dos proce- Ainda prevalece e se reforça a visão de ser a admi-
dimentos e a inabilidade dos próprios servidores. Ajustes nistração pública responsável por reduzir a desigualda-
administrativos seriam feitos de acordo com novos pro- de social tanto por medidas desenvolvimentistas quanto
pósitos políticos, adquiridos em eleições, ou com novas por programas sociais compensatórios.
tecnologias administrativas. As reformas preservavam as Na prática neoliberal de países mais avançados, a
estruturas organizacionais, favoreciam a rigidez dos có- gestão pública deve agir no sentido de manter a igualda-
digos administrativos, e algumas propostas mais auda- de perante a lei e de garantir oportunidades iguais, salvo
ciosas propunham maior descentralização e autonomia nos casos em que as chances não são claramente iguais.
organizacional. Entretanto, não se questionava funda- Programas sociais se justificam mais facilmente pela de-
mentalmente a administração pública, senão sua inefi- sigualdade de oportunidades do que pela compensação
ciência ou iniquidade. de diferenças de desempenho.
Em grande parte, essas reformas colocavam em cau-  
sa a própria viabilidade da administração pública como A permanência de fortes relações com grupos prefe-
condutora de eficiência ou de eficácia na gestão de servi- renciais faz a administração brasileira ser retratada ainda
ços e na ação redistributiva. Os novos modelos procuram como de grande base patrimonialista. As relações patri-
transformar e introduzir na gestão pública o estilo priva- moniais contradizem não somente as possibilidades de
do. Além de ampliarem a importação de técnicas típicas uma administração modernizada no sentido mais amplo
da área privada, propõem sempre com grande ênfase do interesse público como também as práticas liberais
eliminação, privatização e terceirização de serviços. tão proclamadas como a opção política dos últimos anos.
Nos países em desenvolvimento, como o Brasil, as Como a administração pública e a cultura tradicional
ideias sobre reformar a administração, com premissas são ainda bastante interligadas, apesar dos progressos
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

de radicalismo e promessas de eficiência imediata, são na modernização institucional, os relatos cotidianos na


sempre atraentes, dadas as dificuldades que os cidadãos mídia ainda demonstram forte ligação da coisa pública
enfrentam em tratar de seus interesses em qualquer or- com interesses privados de grupos preferenciais.
ganização pública. Ao entrar em contato com uma repar- O mundo das relações informais é fundamentalmente
tição pública, a maioria dos cidadãos experimenta uma baseado no aspecto político tradicional, mas se ampliou
história de relativo descaso e má qualidade no atendi- pelo reforço de aspectos psicológicos culturais, como a
mento, sobretudo na área social. Para essas pessoas, a maior descrença dos cidadãos na representação política
ineficiência no serviço é um sintoma de iniquidade social, e, em decorrência, nos órgãos da administração pública.
já que os mais afortunados normalmente dispõem de Com a crença reduzida nas instituições e na formalidade
outros meios. burocrática, buscam-se o informal e novas instituições

9
da sociedade, como associações de usuários, cidadãos Portanto, muitos novos dirigentes chegam às posi-
e ONGs, para proteger interesses e direitos. Essas orga- ções de direção político-administrativas para se frustrar
nizações e associações comunitárias diversas procuram rapidamente com a máquina burocrática: redescobrem
contornar as instituições públicas existentes tentando que formas tradicionais de agir e de se comportar, culti-
assumir tarefas antes vistas como exclusivas do Estado e vadas secularmente, não mudam por simples reposição
mesmo influenciar a gestão de órgãos públicos e a repre- da liderança administrativa.
sentatividade política. Não resta dúvida de que houve no país uma amplia-
Favorecidas pela consciência popular sobre a inefi- ção da legitimação política: novos programas sociais
cácia da administração pública em relação à equidade rompem laços de grupos preferenciais tradicionais que
política, econômica e social, essas novas associações e dominavam paternalisticamente a redistribuição de be-
organizações agregam um espírito de proteção de inte- nefícios. Novos canais de distribuição de recursos sociais
resses da maioria para contrapor-se à crença de que as retiram de grupos locais tradicionais o seu poder de pro-
instituições formais defendem e protegem interesses de
vedor único ou canal privilegiado de acesso ao poder.
uns poucos.
Reconhecem-se nas comunidades novas lideranças e
Na verdade, essas novas instâncias também agem no
formas de obter benefícios. Destrói-se grande parte dos
sentido de penetrar nas organizações públicas para de-
sistemas locais de acesso ao poder burocrático repondo-
fender interesses de suas clientelas, por serem esses in-
teresses julgados legítimos, mas desprezados pelas elites -os com novas lideranças. Pode-se arguir ser apenas uma
administrativas. Praticam também a informalidade nas troca de liderança, apenas a mudança de uma pessoa no
relações pessoais para atingir seus objetivos. Mesmo se poder, mantendo-se porém o mesmo caráter paterna-
aceitando uma contraposição legítima de fazer prevale- lista. De fato, parte das condições e formas tradicionais
cerem direitos não-reconhecidos, a prática da informali- de distribuição, troca e lealdade se mantém. No entan-
dade excessiva, inclusive nesses casos, concorre para en- to, vale notar a troca de liderança feita fora dos grupos
fraquecer as instituições democráticas de representação tradicionais de poder. Há novas dimensões de lealdade
política e de ação administrativa. fora do caciquismo tradicional. Há mais dificuldades de
Assim, a administração pública brasileira ainda car- acesso e domínio dos cargos públicos locais e mais plu-
rega tradições seculares de características semifeudais ralidade nas pelejas políticas.
e age como um instrumento de manutenção do poder Ademais, a nova lealdade aos provedores da ação
tradicional. Apesar do progresso em muitas instâncias de distributiva se transfere para líderes maiores não presen-
governo, as formas de ação obedecem menos a razões tes na localidade e, portanto, não mais facilmente destru-
técnico-racionais e mais a critérios de loteamento políti- tíveis por novos ou antigos caciques locais. Somente no-
co, para manter coalizões de poder e para atender a ob- vos líderes nacionais ou regionais, de igual credibilidade,
jetivos de grupos preferenciais. poderiam, em princípio, repor essas lideranças.
No Brasil contemporâneo, a democratização e os no- A modernização efetiva do Estado somente pode-
vos processos eleitorais e os dispositivos constitucionais rá advir de formas que alterem o sistema de poder e o
ajudam a levantar ou reacender expectativas sobre mais aglomerado político que o constitui; em outras palavras,
e melhores serviços, o que, aos poucos, provoca rupturas reformas que redistribuam os recursos de poder e alte-
nas estruturas políticas tradicionais e o surgimento de rem os canais de comunicação entre o público e sua ad-
novas formas de gestão. ministração.
No entanto, a crescente descrença nos mecanismos Em países em desenvolvimento, com experiências si-
políticos tradicionais de representação e nas instituições milares à brasileira, tem se verificado que as forças polí-
especializadas, como os partidos políticos, para apresen-
ticas emergentes não chegam ao poder por retração vo-
tar novas alternativas de ação pública tem dificultado
luntária dos grupos preferenciais. Novos espaços, regras
esse progresso. Pode ser mais lenta a reversão da idéia
e estruturas políticas que repartam e unam novos recur-
de que os governos agem, prioritariamente, para benefi-
sos de poder são necessários para garantir a representa-
ciar grupos preferenciais e ajudar a manter a coalizão de
poder. Mas já é notável o reconhecimento da quebra de ção de novos grupos sociais.
algumas barreiras burocráticas tanto para a obtenção de Essa modernização da administração publica nos leva
serviços rotineiros quanto para o recebimento de aten- à analise da nova gestão pública, que passa pela reforma
ção social, como saúde e educação. do Estado, que se tornou tema central nos anos 90 em
Ultimamente parece se ter reforçado a ilusão tradi- todo o mundo, é uma resposta ao processo de globaliza-
cional de que uma nova qualidade da decisão ou uma ção em curso, que reduziu a autonomia dos Estados de
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

nova legitimidade da política pública seriam suficientes formular e implementar políticas e principalmente à crise
para produzir maior eficiência na administração pública. do Estado, que começa a se delinear em quase todo o
Dessa forma, não seria necessário pensar em grandes re- mundo nos anos 70, mas que só assume plena definição
formas administrativas porque a nova direção faria natu- nos anos 80. No Brasil, a reforma do Estado começou
ralmente a máquina administrativa responder com maior nesse momento, em meio a uma grande crise econômi-
produtividade e qualidade. Presume-se, assim, que difi- ca, que chega ao auge em 1990 com um episódio hipe-
culdades administrativas anteriores são simples produto rinflacionário. A partir de então ela se torna imperiosa. O
de falta de legitimidade e de apoio político mais amplo. ajuste fiscal, a privatização e a abertura comercial, que
Resolvidas essas questões por vitórias eleitorais, o resto vinham sendo ensaiados nos anos anteriores são então
seria decorrência natural. atacados de frente (MARE, 1997).

10
No entanto, a reforma administrativa, só se efetivou A administração pública burocrática foi adotada para
como tema central no Brasil em 1995, após a eleição e a substituir a administração patrimonialista, que caracteri-
posse de Fernando Henrique Cardoso. Nesse ano ficou zou as monarquias absolutas, na qual o patrimônio pú-
claro para a sociedade brasileira que essa reforma tor- blico e o privado eram confundidos.
nara-se condição, de um lado, da consolidação do ajuste O nepotismo e o empreguismo, senão a corrupção
fiscal do Estado brasileiro e, de outro, da existência no era a norma. Tornou-se assim necessário desenvolver um
país de um serviço público moderno, profissional e efi- tipo de administração que partisse não apenas da cla-
ciente, voltado para o atendimento das necessidades dos ra distinção entre o público e o privado, mas também
cidadãos.
da separação entre o político e o administrador público
Outra consideração foi na área da desregulamenta-
(MARE, 1997).
ção, quando a proposta era a de reduzir as regras e in-
tervenção do Estado aos aspectos onde ela é absoluta- Surge assim a administração burocrática moderna,
mente necessária. Na reforma administrativa, toda uma racional-legal; a organização burocrática capitalista, ba-
série de medidas contribuíram para diminuir o chamado seada na centralização das decisões, na hierarquia tradu-
“entulho burocrático” - disposições normativas excessi- zida no princípio da unidade de comando, os Dois Ob-
vamente detalhadas, que só contribuem para o engessa- jetivos e os Setores do Estado na estrutura piramidal do
mento da máquina e muitas vezes à sua intransparência poder, nas rotinas rígidas, no controle passo a passo dos
(BERETTA, 2007). processos administrativos.
A maior contribuição da reforma administrativa está Também surge a burocracia estatal formada por ad-
voltada à governança, entendida como o aumento da ca- ministradores profissionais especialmente recrutados e
pacidade de governo, através da adoção dos princípios treinados, que respondem de forma neutra aos políticos
da administração gerencial: (MARE, 1997 – CADERNO 3).
Orientação da ação do Estado para o cidadão-usuário Como a administração pública burocrática vinha
de seus serviços; ênfase no controle de resultados atra- combater o patrimonialismo e foi implantada no século
vés dos contratos de gestão; fortalecimento e autonomia XIX, no momento em que a democracia dava seus pri-
da burocracia no core das atividades típicas de Estado, meiros passos, era natural que desconfiasse de tudo e
em seu papel político e técnico de participar, junto com de todos - dos políticos, dos funcionários, dos cidadãos
os políticos e a sociedade, da formulação e gestão de po-
(MARE, 1997).
líticas públicas; separação entre as secretarias formula-
doras de políticas e as unidades executoras dessas políti- Segundo o MARE (1997), a administração pública ge-
cas, e contratualização da relação entre elas, baseada no rencial parte do pressuposto de que já se chegou a um
desempenho de resultados; adoção cumulativa de três nível cultural e político em que o patrimonialismo está
formas de controle sobre as unidades executoras de po- condenado e a democracia é um regime político conso-
líticas públicas: controle social direto (através da transpa- lidado.
rência das informações, e da participação em conselhos); Segundo Beretta (2007), são grandes os impactos
controle hierárquico gerencial sobre resultados (através pretendidos com a administração gerencial, no grau de
do contrato de gestão); controle pela competição admi- accountability (entendida como responsabilidade ou
nistrada, via formação de quase-mercados (BRESSER PE- intuito de prestar contas a sociedade) das instituições
REIRA, 1997, p. 42). públicas, e aqui se abrem a ligações entre governança e
Dessa forma, a reforma administrativa distingue-se governabilidade democrática.
das propostas de total ‘insulamento burocrático’, apro- Na concepção da atual reforma administrativa, a go-
ximando-se mais do conceito de ‘autonomia inserida’ de vernabilidade depende de várias dimensões políticas,
Peter Evans (1995, apud BERETTA, 2007). dentre elas a qualidade das instituições políticas quanto
à intermediação de interesses; a existência de mecanis-
9. Da Administração Burocrática à Gerencial mos de responsabilização (accountability) dos políticos e
burocratas perante a sociedade, a qualidade do contra-
A administração burocrática clássica, baseada nos
to social básico. Essas dimensões remetem lato sensu à
princípios de administração do exército prussiano, foi
implantada nos principais países europeus no final do sé- reforma política, essencial à reforma do Estado no Brasil
culo passado e no Brasil, em 1936, com a reforma admi- (BRESSER PEREIRA, 1997, p. 36).
nistrativa promovida por Maurício Nabuco e Luís Simões A reforma gerencial da administração pública, ao
Lopes. É a burocracia que Max Weber descreveu, basea- modificar de maneira essencial as formas de controle no
da no princípio do mérito profissional (MARE, 1997). interior do aparato estatal, ao se referir sobre a alta buro-
No texto do MARE (1997), ainda se considera que, cracia e sobre as instituições públicas, dando ao mesmo
embora tenham sido valorizados instrumentos impor- tempo maior transparência às decisões administrativas,
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

tantes à época, tais como o instituto do concurso público mostrando-as à sociedade, e não apenas da própria bu-
e do treinamento sistemático, não se chegou a adotar rocracia, pode contribuir para o aumento da responsabi-
consistentemente uma política de recursos humanos que lização dos administradores públicos. Para isto, a infor-
respondesse às necessidades do Estado. O patrimonialis- mação é insumo fundamental. E não há, aí, contraposição
mo, contra o qual a administração pública burocrática se entre aumento de eficiência e aumento de responsabili-
instalara, embora em processo de transformação, manti- dade (BERETTA, 2007).
nha ainda sua própria força no quadro político brasileiro. Em síntese, a administração pública gerencial está
A expressão local do patrimonialismo - o coronelismo - baseada em uma concepção de Estado e de sociedade
dava lugar ao clientelismo e ao fisiologismo e continuava democrática e plural, enquanto que a administração pú-
a permear a administração do Estado brasileiro. blica burocrática tem um vezo centralizador e autoritário.

11
O fato é que a reforma administrativa em curso não a serem cumpridos, como: combater o patrimonialismo
é suficiente para superar as responsabilidades existentes e o clientelismo vigentes durante tantos anos; melhorar
no país. Não pode, nem pretende de imediato, alterar a qualidade da sua prestação de serviços à sociedade;
significativamente a composição do gasto público, ou a aprimorar o controle social; fazer mais ao menor custo
lógica orçamentária. possível, aumentando substancialmente a sua eficiência,
Mas pode contribuir pelo menos quanto a um dos pois não há recursos infinitos disponíveis para o alcan-
lados perversos das políticas sociais: o mau uso dos re- ce de todas as demandas sociais, conforme conceituam.
cursos disponíveis. Pode também favorecer a construção Neste sentido, Garde (2001, apud Marques, 2003, p. 221),
da governabilidade democrática, via maior transparência conceitua que:
e responsabilidade do aparelho de Estado. A nova Gestão Pública trata de renovar e inovar o fun-
cionamento da Administração, incorporando técnicas do
10. Conceitos de gestão pública setor privado, adaptadas às suas características próprias,
Muito se fala sobre gestão pública, mas poucas pes- assim como desenvolver novas iniciativas para o logro da
soas conhecem o significado da expressão, e este assun- eficiência econômica e a eficácia social, subjaz nela a filo-
to é de muita importância ao administrador público, pois sofia de que a administração pública oferece oportunida-
delimita, com absoluta clareza, o campo de sua atuação, des singulares, para melhorar as condições econômicas e
indicando-lhe o caminho certo no trato da coisa pública. sociais dos povos.
Para Santos, (2006) “gestão pública refere-se às fun- Essa nova gestão se baseia na informação, cuja es-
ções de gerência pública dos negócios do governo”. sência assume o caráter do conteúdo da ação de ter que
ser transmitida, depois de analisada e armazenada, bem
Assim, de acordo com Silva (2007) pode-se classificar, como ser liberada, para que possa servir para as futuras
de maneira resumida, o agir do administrador público tomadas de decisões, para novo controle e para a subse-
em três níveis distintos: quente avaliação.
a) atos de governo, que se situam na órbita política; Assim, resume-se que a gestão pública moderna tem
b) atos de administração, atividade neutra, vinculada como fundamento um conteúdo ético, moral e legal por
à lei; parte daqueles que dela participam, tendo como objeti-
c) atos de gestão, que compreendem os seguintes vo a crença no resultado positivo da política pública a ser
parâmetros básicos: implementada e na credibilidade na administração públi-
I- tradução da missão; ca exercida pelos mesmos. É igualmente um componente
II- realização de planejamento e controle; dela a existência de um conteúdo pleno de elementos
III- administração de R. H., materiais, tecnológicos e tecnológicos que facilitem a utilização destes para ad-
financeiros; ministrar com potencial de eficácia e eficiência que se
IV- inserção de cada unidade organizacional no foco espera da Administração dos bens públicos.
da organização; e A Nova Gestão Pública…
V- tomada de decisão diante de conflitos internos e
externos. FERLIE et al. (1999)
Portanto, fica clara a importância da gestão pública • A partir de uma revisão bibliográfica sobre a refor-
na realização do interesse público porque é ela que vai ma administrativa em diferentes países nas décadas de
possibilitar o controle da eficiência do Estado na realiza- 80 e 90, os autores evidenciam a existência de 4 (quatro)
ção do bem comum estabelecido politicamente e dentro modelos da NPM que foram introduzidos no setor pú-
das normas administrativas. blico.
Infelizmente, a grande maioria dos agentes políticos • Utilizando-se do construto do tipo ideal weberiano,
desconhece totalmente esta importante ferramenta que esses autores descrevem esses modelos, denominados
está à sua disposição, resultando em gastos públicos ina- de Impulso para a Eficiência, Downsizing e Descentrali-
dequados ou equivocados, ineficiências na prestação de zação, Em Busca da Excelência e Orientação para o Ser-
serviços públicos e, sobretudo, no prejuízo financeiro e viço Público.
moral da sociedade.
Portanto, o gestor público não precisa temer a ges- Modelo de Impulso para a Eficiência
tão pública, por receio de perda de poder político, mas Baseado na Economia Política do Tatcherismo (public
ao contrário, deve conhecê-la e utilizá-la como forma in- choice)
teligente de aumento de seu prestígio político porque
somente através dela será possível dirigir política e admi- • Exacerbação dos controles financeiros
nistrativamente uma pessoa ou organização estatal com • Parametrização dos serviços públicos
objetividade, racionalidade e eficiência (SILVA, 2007). • Foco na capacidade de resposta
A gestão pública, portanto, considerando o princípio • Incremento de produtividade
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

econômico da escassez, em que as demandas sociais são


ilimitadas e os recursos financeiros para satisfazê-las são Modelo Downsizing e Descentralização
escassos, deve priorizar a administração adequada, eficaz Associado a crise do paradigma das mega organiza-
e eficiente de tudo aquilo que for gerado no seio social, ções públicas
sempre tendo em vista o interesse do coletivo. • Processos de Privatização
Somados ao conceito de gestão pública, é relevante • Redução de Hierarquia
entender o que vem a ser o moderno dentro dessa aná- • Busca de formas flexíveis na prestação do serviço
lise, portanto, usam-se as concepções de alguns auto- público
• Gerenciamento em redes e parcerias (gestão de
res como Bueno e Oliveira (2002), que conceituam ser a
contratos)
modernização da administração carregada de objetivos

12
Em Busca da Excelência
Rejeita o economicismo e adota a vertente gerencialista
• Cultura Organizacional (visão, liderança, comunicação)
• Gestão de Mudança
• Busca da Qualidade (TQM)
• Cidadão = Cliente (OSBORNE, GABLER, 1992).

Orientação para o Serviço Público


Propõe a criação de valor público (gerencialismo + democracia)
• Foco no usuário-cidadão (e não no cliente)
• Incorporação substantiva da participação política
• Transparência administrativa
• Desconcentração do poder e aprendizagem social

As Narrativas Político-Administrativas da Atualidade

Estado ativo Planejamento Estratégico e Provedor de Serviços Diversos

Estado eficiente e eficaz Administração pública como “negócio“, foco na melhoria


da prestação de serviços públicos, discurso anti burocra-
cia, orientação para o desempenho e o usuário, transfe-
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

rência de ações (Estado Rede)

Estado ativador e efetivo Criação de valor público, geração de capital social, engaja-
mento cívico capital social, engajamento cívico, coordena-
ção de atores público e privados, inclusão social, compar-
tilhamento de reponsabilidades

13
11. Pressupostos da Nova Gestão Pública

A prestação de serviços públicos e a provisão de políticas públicas deve orientar-se, complementarmente, pela
eficiência, eficácia e a efetividade.

Ex.: Vertente Gerencial

Respeitando os Ditames Legais


Articulando os interesses políticos
Focando a Obtenção de Resultados
Aperfeiçoando a Gestão Pública

Ex.: Vertente Gerencial


NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

14
Fonte: Coelho & Olenscki, 2005.

A (Re)configuração da Gestão Pública no Brasil (pós-90)


• Abertura comercial (Globalização)
• Organismos Internacionais
• (Re)definição do Quadro Fiscal
• Avanço da Redemocratização
• Controle Social (e Político) do Executivo
• Reforma do Estado
• Constituição de 1988

Num contexto de edificação de uma Nova Gestão Pública (teoria, práxis)


• Dimensão econômico-financeira
• Dimensão administrativa-institucional
• Dimensão sociopolítica

Gestão Pública (Gerencial) no Brasil - Experiência de reforma do Estado do MARE (1995) - Diagnóstico Ins-
titucional
• Centralização
• Controles Formais (legalidade)
• Falta de indicadores
• Ausência de informações
• Ausência de Controle Social
Objetivos da Reforma
• Aumentar a governança do Estado
• Limitar as funções do Estado
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

• Transferir da União para estados e municípios as ações de caráter local


• Reverter a crise de eficiência e confiabilidade
• Voltar a AP para o cidadão
• Fazer melhor e custar menos

Desafios imediatos do setor público brasileiro


_ o combate à corrupção
_ a superação do formalismo
_ a diminuição do clientelismo
_ o pacto federativo

15
_ a redução de desigualdades Das  funções da administração  de Henri Fayol (pre-
_ aumento da eficiência sistêmica e da eficácia dos cursor dessa teoria), podemos encontrar as seguintes que
serviços públicos e da efetividade das políticas são demonstradas como PO3C: A primeira delas é:
públicas (importância da gestão)
Planejar, isso significa que você terá que criar planos
12. Processo administrativo para o futuro de sua organização. Nesse momento come-
çamos a programar o que estava no planejamento com
Como vimos acima, a Administração é o ato de ad- o objetivo, claro, de colocar em prática o que está no pa-
ministrar ou gerenciar negócios,  pessoas ou recursos, pel, e é durante esse passo da programação que vemos
com o objetivo de alcançar metas definidas. a estrutura organizacional, a situação da empresa e das
A gestão de uma empresa ou organização se faz de pessoas que compõe ela.
forma que as atividades sejam administradas com plane-
A segunda função da administração é Organizar. Afi-
jamento, organização, direção, e controle.
Segundo alguns autores (Montana e Charnov) o ato nal, qual o sentido de ser uma pessoa organizada? é aque-
de administrar é trabalhar com e por intermédio de ou- la que sabe onde, fisicamente, se encontra o que é neces-
tras pessoas na busca de realizar objetivos da organiza- sário no momento certo, que transforma o ambiente/local
ção bem como de seus membros. de trabalho dela em um ambiente de fácil entendimento
O processo administrativo apresenta-se como uma para qualquer um encontrar o que precisa? Também, mas
sucessão de atos, juridicamente ordenados, destinados
no sentido que Fayol define é que as empresas são feitas
todos à obtenção de um resultado final. O procedimento
é, pois, composto de um conjunto de atos, interligados e de pessoas e estrutura física, essa função administrativa
progressivamente ordenados em vista da produção des- utiliza da parte material e social da empresa.
se resultado. A terceira função é Comandar. Essa função serve para
O devido processo legal simboliza a obediência às orientar a organização, dirigir também. Se a empresa está
normas processuais estipuladas em lei; é uma garantia rumo a um caminho e encontra obstáculos, caberá ao
constitucional concedida a todos os administrados, as- administrador dirigir, se for preciso, ou orientar a orga-
segurando um julgamento justo e igualitário, assegu-
nização para traçar o objetivo, às vezes é preciso intervir
rando a expedição de atos administrativos devidamente
motivados bem como a aplicação de sanções em que se e tomar as rédeas da organização e orientá-la e dirigi-la.
tenha oferecido a dialeticidade necessária para carac- A quarta função é Coordenar. Sem dúvidas, essa é uma
terização da justiça. Decisões proferidas pelos tribunais função primordial para motivar as pessoas que estão em
já tem demonstrado essa posição no sistema brasileiro, um ambiente de trabalho, tanto para aprender cada vez
qual seja, de defesa das garantias constitucionais proces- mais quanto ao que tem relação em se esforçarem com
suais no sentido de conceder ao cidadão a efetividade
o objetivo de cumprirem metas e, de forma coletiva, al-
de seus direitos.
Seria insuficiente se a Constituição garantisse aos cançar objetivos traçados pelo administrador da empresa.
cidadãos inúmeros direitos se não garantisse a eficácia E por último, a quinta função administrativa é Contro-
destes. Nesse desiderato, o princípio do devido processo lar. Uma organização sem normas e regras, certamente,
legal ou, também, princípio do processo justo, garante a terá menos desempenho que uma. Segundo Fayol, essas
regularidade do processo, a forma pela qual o processo cinco  funções administrativas conduzem a uma admi-
deverá tramitar, a forma pela qual deverão ser praticados nistração eficaz das atividades da organização. Mas, com
os atos processuais e administrativos.
o passar do tempo, as funções Comando e Coordenação
Cabe ressaltar que o princípio do devido processo le-
gal resguarda as partes de atos arbitrários das autorida- formaram uma só função, a de Direção. Então as funções
des jurisdicionais e executivas. de POCCC passaram para PODC (Planejar, Organizar, Diri-
O processo é composto de fases e atos processuais gir e Controlar).
rigorosamente seguidos, viabilizando as partes a efetivi-
dade do processo, não somente em seu aspecto jurídico-
-procedimental, mas também em seu escopo social, ético
e econômico, assegurando o cumprimento dos princí-
pios constitucionais processuais, somente aí, ter-se-á a
efetivação de um Estado Democrático de Direito.
Toda atuação do Estado há de ser exercida em prol do
público, mediante processo justo, e mediante a seguran-
ça dos trâmites legais do processo.
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

13. Funções da administração: planejamento,


organização, direção e controle

A administração assim como suas funções sofreram


constantes mudanças, muito visíveis no último século.
Com a chegada de novas tecnologias, novas formas de
produção, vendas, logística e mudanças na parte contábil
e financeira as teorias assim como a prática precisaram
adaptar-se a uma nova realidade administrativa.

16
Em síntese, dentro do modelo atual temos:

Fonte e texto adaptado de: www.al.sp.gov.br/www.escoladegoverno.pr.gov.br/Fernando Coelho/ Carlos Alberto


Bonezzi/Luci Léia De Oliveira Pedraça/ Paulo Roberto Motta/Carlos Ramos

CONVERGÊNCIAS E DIFERENÇAS ENTRE A GESTÃO PÚBLICA E A GESTÃO PRIVADA

Embora possam apresentar aspectos similares, é importante saber delimitar e distinguir a gestão pública da gestão
privada.
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

A gestão pública é a forma aplicada em empresas públicas, bem como nas instituições públicas e governamentais.
Por serem órgãos e entidades de Direito Público, sofrem algumas restrições características dessa área, como obediência
aos princípios basilares da Administração Pública previstos no caput do art. 37 da CF/1988 (legalidade, impessoalidade,
moralidade, publicidade, eficiência), o dever de prestar contas à sociedade, etc. Temos também a adequação de suas
atividades às políticas governamentais vigentes e aos projetos de governo, o que faz com que seu orçamento, seu
direcionamento de verbas e seu tema de atuação estejam perfeitamente alinhados com o que o governo pretende.
A gestão pública, dessa forma, objetiva o desenvolvimento econômico e social da população, e sua atuação é instru-
mentalizada por meio da implantação de políticas públicas, que são ações desenvolvidas direta ou indiretamente pelo
Estado, com a participação de entidades públicas ou privadas, que visam impactar de alguma forma a realidade social,
cultural, política ou econômica.

17
Dentre os objetivos da gestão pública, pode-se citar Fayol - racionalização da estrutura administrativa
os seguintes: melhorar a eficiência, a qualidade e a trans- Weber - divisão do trabalho baseada na especializa-
parência dos gastos públicos a curto e longo prazo; am- ção funcional
pliar a capacidade de governança na implementação de Maslow – Hierarquia das necessidades
políticas públicas; criar instrumentos para a participação Alderfer – E(Existencial) R(Relacionamento)
social na atividade pública; realizar investimentos para C(Crescimento)
acelerar a competitividade nacional; melhorar a qualida- Vroom – Valor da recompensa (Valência; instrumenta-
de dos serviços públicos disponibilizados aos cidadão; lidade; expectativa)
aumentar a produtividade sem desrespeitar as leis que Skinner – Reforços e Punições
regem a atuação de empresas públicas; aprimorar a ges- McClelland – Realização Pessoal; Afiliação (relaciona-
tão orçamentária; adotar sistemas de planejamento, mo- mento); Poder (influência)
nitoramento e avaliação; investir continuamente na for- Herbert Simon – Decisões programadas e não-progra-
mação e capacitação dos gestores públicos; entre outros.
madas
Outro traço marcante da gestão pública é a forte pre-
sença de pressões de natureza política que sempre se faz Armand Feigenbaum – Total Quality Control ou Con-
presente neste tipo de situação, especialmente no Brasil, trole da Qualidade Total.
onde há forte presença de lideranças políticas nas deci- Walter Stewan – Ciclo PDCA (plan-do-check-act).
sões de empresas públicas, por exemplo. Kaoru Ishikawa – sete ferramentas do controle estatís-
A gestão privada, por sua vez, possui objetivos e fi- tico da qualidade (diagrama de causa e efeito; folhas
nalidades distintas da gestão pública, uma vez que é o de verificação; histograma; cartas ou folllas de contro-
tipo de gestão visto em empresas e entidades da esfera le; fluxograma; diagrama de Pareto; diagrama de dis-
privada. Também denominada “Administração Empresa- persão e diagrama de lshikawa).
rial”, seu objetivo principal é sempre o lucro, isso é, a Garvin – Abordagens gerais de qualidade
obtenção de melhores resultados, com o menores gastos Joseph Juran – trilogia da qualidade: planejamento,
possíveis. Suas ações visam o próprio desenvolvimento e controle e melhoria.
crescimento do negócio, bem como trazer mais benefí- Philip Crosby – Defeito Zero
cios para os proprietários e gestores do negócio privado.
Edwards Deming – Kaizen, melhoria contínua
Dessa forma, a gestão privada não encontra-se limitada
aos princípios da Administração Pública, não existe uma Charles H. Kepner – Matriz GUT
obrigação de prestar contas para os demais membros da Ford – linha de produção; princípios de intensificação,
sociedade, e não há a intervenção de políticos quanto à economicidade e produtividade
gestão de seus negócios. Porter – Teoria das 5 forças
Todavia, nem por isso que as empresas não apresentam Alternativa A: ERRADA – o processo era o de adapta-
problemas característicos da gestão privada. Geralmente ção do trabalhador às maquinas.
os problemas relacionam-se com a falta de profissionais
qualificados dentre os gestores privados. Nas empresas de Alternativa B: ERRADA – o foco era na tarefa, no
pequeno porte, tais gestores geralmente costumam ser os processo produtivo.
próprios fundadores. Mas diferentemente do que ocorre Alternativa D: ERRADA – o foco era na tarefa e não
na gestão pública, na gestão privada é possível que por
meio de um projeto empresarial, que tenha planejamento 2. (TRT/7ª Região/CE – 2017 - CESPE) O objetivo dos
estratégico e que foque na chamada governança corpora-
estudos de Hawthorne, que deram origem à Escola das
tiva, se consiga ter sucesso. O projeto empresarial é institu-
to que, devido a sua própria natureza, seria inviável para as Relações Humanas, era
organizações do setor público.
a) determinar, por meio de métodos científicos, a tarefa
ideal a ser desempenhada pelo operário conforme o
seu perfil.
EXERCÍCIO COMENTADO b) promover melhores condições de trabalho para os
operários nas fábricas.
1. (TRT/7ª Região/CE – 2017 - CESPE) Na abordagem c) demonstrar o impacto das condições físicas do local de
científica da organização do trabalho preconizada por trabalho na produtividade dos operários.
Taylor, destaca-se a variável distintiva   d) identificar o tipo de estrutura formal da empresa capaz
de contribuir para a qualidade de vida dos trabalha-
a) adaptação das máquinas ao trabalhador. dores.
b) controle da saúde dos trabalhadores.
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

c) especialização do trabalho. Resposta: “Letra C” Hawthorne pretendia demons-


d) conforto dos trabalhadores. trar a influencia do ambiente de trabalho (condições
físicas, de estrutura, de suoorte) no desempenho e
Resposta: “Letra C” O que vale é realmente conhecer
o pensamento dos autores. Abaixo, uma lista com al- produtividade dos trabalhadores. Quanto melhores
guns dos autores mais recorrentes nas provas e suas as condições no espaço de trabalho, mais produtivos
teorias. seriam os trabalhadores, por exemplo, uma boa ilumi-
Parte inferior do formulário nação favorece um trabalho mais rápido e de melhor
Taylor - considerado o “Pai da Administração Científi- qualidade.
ca”. Seu foco era a eficiência e eficácia operacional na
administração industrial.

18
3. (TRT/7ª Região/CE – 2017 - CESPE) O objetivo da Resposta: “Letra A”
nova gestão pública é A estruturação da Máquina Administrativa se dá em
sete períodos, conforme vimos em nossos estudos aci-
a) assegurar a impessoalidade e a racionalidade técni- ma. Recapitulando temos:
ca na gestão pública por meio da burocratização dos 1) 1930 a 1945 – Burocratização da Era Vargas
processos. 2) 1956 a 1960 – A administração paralela de JK
b) fomentar a eficiência da administração por meio da 3) 1967 – A reforma militar
redução de custos e da melhora na qualidade dos ser- 4) 1988 – A administração pública na nova Constitui-
viços. ção
c) promover o poder racional-legal como estratégia de 5) 1990 – O governo Collor e o desmonte da máquina
combate à corrupção e ao nepotismo. pública
d) garantir o acesso à propriedade privada para o gestor 6) 1995/2002 – O gerencialismo da Era FHC
e os seus servidores. 7) Nova Administração Pública.

Resposta: “Letra C” A nova gestão pública, também


conhecida como modelo gerencial de gestão possui GESTÃO DE PESSOAS. EQUILÍBRIO
foco nos procedimentos, com controle voltado para ORGANIZACIONAL. OBJETIVOS, DESAFIOS E
os resultados, com características de multifunciona- CARACTERÍSTICAS DA GESTÃO DE PESSOAS.
lidade, flexibilização das relações de trabalho, busca GESTÃO DE DESEMPENHO. GESTÃO DO
atender ao cidadão através do alcance de resultados. CONHECIMENTO.
COMPORTAMENTO, CLIMA E CULTURA
4. (TRT/14ª Região/RO e AC – 2016 -FCC) É considerado ORGANIZACIONAL. GESTÃO POR
um mecanismo característico da administração gerencial: COMPETÊNCIAS.
LIDERANÇA, MOTIVAÇÃO E SATISFAÇÃO
a) Controle rígido de procedimentos. NO TRABALHO. EDUCAÇÃO, TREINAMENTO
b) Gestão hierárquica.
E DESENVOLVIMENTO. EDUCAÇÃO
c) Normas e regulamentos.
d) Controle de legalidade. CORPORATIVA. EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA.
e) Gestão por Competências. QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO.

Resposta: “Letra E” Vejamos as características dos GESTÃO DE PESSOAS


três modelos administrativos:
Patrimonialista: caracterizado pela não distinção entre Quando nos deparamos com um cenário globaliza-
o que é patrimônio público e o que é patrimônio pri- do e com competição cada vez mais acirrada, a Gestão
vado. Apresenta forte presença da seguintes caracte- de Pessoas torna-se fundamentalmente um instrumento
rísticas: nepotismo, corrupção, ineficiência, improviso, diferenciado para as organizações alcançarem sucesso.
falta de profissionalismo, ausência de métodos de tra-
balho, falhas de planejamento, entre outras. Segundo (CHIAVENATO, 2005, p. 9):
Burocrático: veio para coibir os excessos do patrimo- Gestão de pessoas “é o conjunto de decisões integra-
nialismo. Segue o modelo racional-legal e apresenta das sobre as relações de emprego que influenciam a efi-
características como o controle rígido do processo, cácia dos funcionários e das organizações. Assim, todos
profissionalismo (ligado com a meritocracia e a ins- os gerentes são, em certo sentido, gerentes de pessoas,
tituição de planos de carreira), a impessoalidade e o porque todos eles estão envolvidos em atividades como
formalismo. recrutamento, entrevistas, seleção e treinamento”
Gerencial: possui foco nos procedimentos, com con- Exatamente por ser esse diferencial, essa área tem
trole voltado para os resultados. passado por mudanças e transformações, afim de acom-
As alternativas A, B, C e D estão ERRADAS – trata-se de panhar a evolução natural das coisas e permitir que o
características burocráticas patrimônio intelectual e humano das organizações esteja
sempre em desenvolvimento, não apenas nos seus as-
05. (TRE/TO - 2017 - CESPE) O processo de burocrati- pectos tangíveis e concretos, mas, principalmente, nos
zação que instituiu um modelo de gestão pública pauta- aspectos conceituais e intangíveis.
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

do no uso do poder racional-legal e na incorporação da A área de Gestão de Pessoas é uma área muito sen-
racionalidade técnica e do profissionalismo ocorreu no sível aos aspectos contingenciais e situacionais da orga-
governo de nização, considerando fatores como cultura e estrutura
organizacional adotada, clima e ambiente, negócio da
a) Getúlio Vargas. organização, tecnologia utilizada dos processos internos,
b) Juscelino Kubitschek. entre vários outros fatores.
c) Fernando Henrique Cardoso. O papel da Administração para a Gestão de Pessoas
d) Luís Inácio Lula da Silva. tem como definição o ato de trabalhar com e por meio
e) Eurico Gaspar Dutra. de pessoas para realizar os objetivos tanto da organiza-
ção quanto de seus membros.

19
Alguns aspectos estão envolvidos na gestão de pessoas, conforme descritos abaixo:

• Comportamento;
• Processo de decisão;
• Ação e execução;
• Relacionamento interpessoal;
• Comprometimento interpessoal e organizacional;
• Perspectiva de futuro;
• Envolvimento com processos;
• Desenvolvimento de habilidades;
• Identificação de capacidades intelectuais – Construindo um patrimônio intelectual.

Essa evolução natural percebida pelas organizações trouxe mudanças também na denominação e na forma como
se enxerga essa área.
Enquanto por muito tempo as organizações consideravam as pessoas como um dos recursos necessários para a
existência da organização, hoje essa compreensão envolve um conceito diferenciado, no qual as pessoas não são vistas
como um recurso e, sim, como parceiro e colaborador na busca pelos resultados desejados.
Gestão de Pessoas atua na área do subsistema social, e há na organização também o subsistema técnico. A intera-
ção da gestão de pessoas com outros subsistemas, especialmente o técnico, envolve alinhar objetivos organizacionais
e individuais.
A seguir, temos três aspectos que dão sustentação a essa colocação do papel das pessoas hoje nas organizações:

Como vimos acima, a Gestão de Pessoas tem sido a responsável pela excelência das organizações bem-sucedidas e
pelo aporte de capital intelectual, que simboliza, mais do que tudo, a importância do fator humano em plena Era da
Informação e do Conhecimento.
Como pudemos perceber, existe um processo evolutivo na forma como se trata as pessoas dentro da organização,
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

saindo de um conceito no qual pessoas eram consideradas recursos até chegar no conceito de pessoas como parceiros,
sendo que, nessa transição, as mudanças práticas são bem claras, conforme vemos a seguir:

20
Pessoas como Recursos Pessoas como Parceiros
Horário rigidamente estabelecido Colaboradores agrupados em equipes
Preocupação com normas e regras Metas negociadas e compartilhadas
Subordinação ao chefe Preocupação com resultados
Fidelidade à organização Satisfação do cliente
Dependência da chefia Vinculação à missão e à visão
Alienação em relação à organização Interdependência entre colegas
Ênfase na especialização Participação e comprometimento
Executoras de tarefas Ênfase na ética e responsabilidade
Ênfase nas destrezas manuais Fornecedores de atividade
Valorização da mão de obra Ênfase no conhecimento
Inteligência e talento
Valorização do intelecto

Uma característica essencial das organizações é que elas são sistemas sociais, com divisão de tarefas, sendo que,
nesse contexto, a Gestão de Pessoas atua na área do subsistema social.
Dentre os demais sistemas organizacionais, destacamos o subsistema técnico, e é essa interação entre Gestão de
pessoas e outros subsistemas, especialmente o técnico, que trabalho para o alinhamento entre os objetivos organiza-
cionais e os objetivos individuais.
Essa teoria surgiu dos apontamentos feitos sobre motivação, mais especialmente sobre as análises de comportamento
que produzem a cooperação por parte dos indivíduos.
Essa teoria resume a relação entre pessoas e organização como sendo um sistema no qual a organização recebe coo-
peração dos colaboradores sob a forma de dedicação ou de trabalho e em troca oferece vantagens e incentivos, dentre
os quais podemos citar os salários, prêmios de produção, gratificações, elogios, oportunidades etc.
Essa troca mútua cria uma harmonia no ambiente organizacional, permitindo assim que se alcance o equilíbrio or-
ganizacional.

CARACTERÍSTICAS E FUNÇÕES

A Gestão de Pessoas é caracterizada por: participação, capacitação, envolvimento e desenvolvimento do capital


humano da organização, que é formado pelas pessoas que a compõem.
Cabe à área de gestão de pessoas a função de humanizar as empresas.
Atualmente, nas relações de trabalho, vem ocorrendo mudanças conforme as exigências que o mercado impõe ou
na forma de gerir pessoas.
Analisemos agora as características e funções dessa área:

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

ATRIBUIÇÕES E OBJETIVOS DA GESTÃO DE PESSOAS


Como objetivos, destacamos alguns aspectos bem claros da área de gestão de pessoas:

• Ajudar a organização a alcançar seus objetivos e realizar sua missão;


• Proporcionar competitividade à organização;
• Proporcionar à organização talentos bem treinados e motivados;
• Aumentar a autoatualização e a satisfação das pessoas no trabalho;

21
• Desenvolver e manter qualidade de vida no traba- são fundamentais que todos os colaboradores engajados
lho; nos processos assimilem a missão e os objetivos da orga-
• Administrar a mudança; nização, como elementos norteadores na formulação e
• Manter política ética e comportamento socialmen- planejamento de estratégias. Por outro lado, os gerentes
te responsável. devem desenvolver uma atuação que possibilite a ênfase
nos focos de aprendizagem da organização.
Assim como também compete à área de gestão de Nesta 3ª fase da globalização em que vivemos, é viá-
pessoas lidar com alguns desafios e atribuições bem re- vel que as organizações que almejam crescimento e me-
levantes, como vemos a seguir. lhoria contínua invistam em treinamento e qualificação
e requalificação de seu pessoal, gerando assim uma sig-
• Retenção de talentos – antes de mais nada é ne- nificativa vantagem competitiva num mercado no qual
cessário que a organização consiga identificar os as inovações tecnológicas chegam já com data prevista
potenciais existentes ali dentro e, a partir daí, criar de saída para novos critérios. Todavia, as empresas que
condições de reter esse talento. Para que essa re- entenderem essa interdependência alcançarão gradual-
tenção seja possível, a organização precisa criar mente soluções compensatórias em seus trâmites e pro-
uma contrapartida para o colaborador, conside- cessos.
rando, aqui, não apenas o aspecto financeiro, mas Conduzir pessoas numa organização significa dispo-
os demais aspectos que a geração atual anseia nibilizar o capital (materiais, equipamentos, fatores de
conquistar, como liberdade de tempo, valorização produção, treinamento) para que todos os envolvidos no
e reconhecimento, oportunidade de crescimento, processo (funcionários e parceiros) sintam sua importân-
espaço para participar de forma mais ativa, entre cia para a organização e se renovem dia após dia no al-
outros. cance de suas competências profissionais e pessoais em
• Choque de gerações – Dentro de uma organiza- busca de suas eficiências e eficácias.
ção, costumeiramente nos deparamos com várias O desempenho das pessoas no processo de tomada
gerações trabalhando juntas e, nesse cenário, te- de decisão nas instituições, quando entendido o que é
mos diversidade de características, experiências, eficiência (defeito zero e qualidade total) e eficácia (al-
cance das metas empresariais), faz com que as empresas
expectativas e competências, cabendo à área de
entrem no eixo da maturidade mercadológica (posição
gestão de pessoas identificar e equilibrar essas di-
na qual o produto ou serviço da empresa já é conhecido
ferenças, evitando assim que um choque de gera-
pelos clientes, mas que pode trazer eventuais problemas
ções impeça que talentos possam ser descobertos
caso não se identifique a necessidade de constantes me-
e que trabalhem em conjunto, contribuindo e po-
lhorias nos processos que serão sentidos pela clientela).
tencializando o patrimônio intelectual da organiza-
Isso tudo traz a área de gestão de pessoas, junto com
ção. todos os demais setores organizacionais, para um impor-
• Ambiente – Como falamos acima, os anseios da tante papel estratégico, tanto para despertar e desenvol-
geração atual vão muito além do aspecto finan- ver talentos organizacionais, quanto para potencializar a
ceiro, passando pelo ambiente em que estão inse- elaboração e a execução de planos estratégicos que a
ridos, portanto, cabe à área de gestão de pessoas, organização adote para alcançar seus objetivos.
dentro do possível, estimular a criação de ambien- Ao longo da história, tivemos muitas teorias pertinen-
tes mais próximos desses anseios, propiciando tes à Administração, podemos citar:
mais liberdade, criatividade e estímulos outros que Frederick Taylor, que trouxe os princípios da adminis-
impulsionem esses jovens no processo produtivo. tração científica, contribuindo para a racionalização do
• Papel do Gestor de Pessoas – A área de gestão trabalho industrial e para a divisão de autoridade e su-
de pessoas precisa sair do operacional para assu- pervisão ao nível de linha (autoridade vertical).
mir uma cadeira nas decisões estratégicas. Deve Temos também Henry Fayol, que nos apresentou uma
participar opinando e mostrando alternativas de teoria mais global da ação administrativa, ao contrário de
preparação dos profissionais. Antes disso, é pre- Taylor, que se dedicou mais as questões relativas à linha
ciso estar mais próximo dos clientes internos para de produção.
acompanhar mudanças, expectativas e identificar Citamos ainda Henry Ford, que se ocupou do sistema
quem pode fazer parte de um plano de carreira de produção empresarial como um todo, visando a sua
e de desenvolvimento. Esse gestor deve ser atu- maior eficiência, introduzindo conceitos modernos de
al, versátil e flexível para atender às necessidades produção em série e de linhas de montagem, conceben-
internas e às de mercado. O desafio das empresas do um ritmo de trabalho em cadeia, para poupar tempo
é a estruturação de um processo de carreira, tanto e custos.
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

horizontal quanto vertical. As pessoas devem co- Até que chegamos àquela que começa a trabalhar a
meçar a ser valorizadas pelas entregas, inovações e visão diferente em relação ao indivíduo. Alton Mayo, que
projetos que fazem e não mais só pela posição que nos apresentou uma teoria que tratava exatamente das
ocupam. relações humanas. A Teoria das Relações Humanas preo-
cupou-se intensamente com o esmagamento do homem
Já há algum tempo, a sociedade tem vivido uma tran- pelo desenfreado desenvolvimento da civilização indus-
sição denominada “Era da Informação e Conhecimento”, trializada, salientando que, enquanto a eficiência material
no qual as pessoas precisam ser consideradas parte es- aumentou poderosamente nos últimos duzentos anos, a
sencial desse processo para que as organizações obte- capacidade humana para o trabalho coletivo não mante-
nham êxito em suas operações. No âmbito empresarial, ve o mesmo ritmo de desenvolvimento.

22
Mayo afirma que o problema da cooperação não Nessa abordagem, faz-se necessário a compreensão
pode ser resolvido apenas por meio do retorno às for- e o entendimento sobre Planejamento Estratégico e con-
mas tradicionais de organização. O que deve haver é seguintemente o papel potencial das pessoas.
uma nova concepção das relações humanas no trabalho. É primordial as organizações estabelecerem alguns
Como resultado de suas experiências dentro das próprias
critérios para que a gestão de pessoas tenha importância
empresas, verificou que a colaboração na sociedade in-
dustrializada não pode ser entregue ao acaso, enquanto significativa, tais como:
se cuida apenas dos aspectos materiais e tecnológicos
do progresso humano. – Motivar e reconhecer os esforços de todos os en-
A tarefa básica da Administração é formar uma elite volvidos;
capaz de compreender e de comunicar, dotada de chefes – Transmitir suas ideias e saber exercer suas influên-
democráticos, persuasivos e simpáticos a todo pessoal: cias;
ao invés de se tentar fazer os empregados compreende- – Transformar Grupos em Equipes;
rem a lógica da administração da empresa, a nova elite – Pensar, agir e solucionar problemas;
de administradores deve compreender as limitações des-
– Gerar ambiente sinérgico;
sa lógica e ser capaz de entender a lógica dos trabalha-
dores. – Ter nos conflitos gerados uma oportunidade de
A pessoa humana é motivada essencialmente pela fonte de aprendizagem;
necessidade de “estar junto”, de “ser reconhecida”, de re- – Saber gerenciar o estresse;
ceber adequada comunicação: Mayo se opunha à afirma- – Saber delegar;
ção de Taylor de que a motivação básica do empregado – Desenvolver culturas;
era meramente salarial (homo economicus). Para Mayo, o – Preparar as pessoas para a avaliação de desempe-
conflito social deve ser evitado a todo custo por meio de nho;
uma administração humanizada que faça um tratamento – Elaborar planos individuais de capacitação por
preventivo e profilático. As relações humanas e a coope-
competências;
ração constituem a chave para evitar o conflito social, o
qual é o germe da destruição da própria sociedade. “O – Fornecer opinião sobre as competências individu-
conflito é uma chaga social, a cooperação é o bem-estar ais;
social.” – Identificar, segundo o perfil traçado pela empresa,
Esse processo todo, que veio acompanhando o cená- as pessoas que estão acima, na média ou – aquém
rio organizacional, justifica a importância da gestão de das expectativas;
pessoas, a espinha dorsal, a viga, a estrutura desse todo. – Agregar pessoas (valorizar o capital intelectual);
Segundo Davel e Vergara (2001, p.31), – Desenvolver pessoas (integrar e motivar os colabo-
As pessoas não fazem somente parte da vida produti-
radores);
va das organizações. Elas constituem o princípio essencial
de sua dinâmica, conferem vitalidade às atividades e pro- – Adotar administração horizontal (faz com que as
cessos, inovam, criam, recriam contextos e situações que lideranças estejam em maior proximidade dos li-
podem levar a organização a posicionarem-se de maneira derados, privilegiando o acesso à informação e re-
competitiva, cooperativa e diferenciada com os clientes, duzindo os níveis organizacionais);
outras organizações e no ambiente de negócios em geral. – Aplicar benchmarking para obtenção de vantagem
competitiva;
Conforme Barçante e Castro (1995, p. 20), – Desenvolver políticas de parcerias;
Ao ouvir a voz do cliente interno, ou seja, dos funcioná- – Manter e recompensar pessoas;
rios, a empresa estará tratando-o como um aliado e não
– Monitorar as atividades realizadas diariamente;
só como um mero cumpridor de ordens, estará vendo que
dele dependem os seus resultados. – Criar um Canal de Reclamações e Sugestões visan-
do a, por meio de críticas construtivas, agregar va-
Mas para obter bons resultados, a organização preci- lores à organização;
sa abrir mão de alguns paradigmas e criar um cenário em – Divulgar na Intranet da empresa ou divulgar in-
que o colaborador possa pôr em prática toda uma expe- ternamente o desempenho mensal das equipes
riência profissional já vivenciada ou praticada em outras de trabalho em comparação à evolução alcançada
ocasiões. Nesse momento, o gestor de pessoas (lideran- com relação às metas estipuladas pela organiza-
ça), precisa atuar no sentido de capacitar, estimular e ção.
principalmente motivar as pessoas a adquirirem cada vez
mais habilidades e atitudes vencedoras para que toda a
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

proposta de negócios atinja grandes resultados, de for- PROCESSO DE GESTÃO DE PESSOAS


ma que tudo que ficou determinado pelas organizações
seja cumprido. Podemos compilar esses e outros critérios dentro de
A Gestão Estratégica de Pessoas nas organizações é um processo atual de gestão de pessoas, que comporta
um elo entre metas organizacionais e individuais per- seis aspectos básicos, como veremos agora:
mitindo a colaboração e participação eficaz de todas as
pessoas envolvidas. Para isso as etapas Planejar, Organi-
zar, Dirigir e Controlar deve ser bem trabalhado pelas li-
deranças e gerencias da empresa conduzindo todos num
único objetivo.

23
Todos esses processos estão intimamente relacionados entre si, de tal maneira que se interpenetram e se influen-
ciam reciprocamente. Cada processo tende a favorecer ou prejudicar os demais, quando bem ou mal utilizados. Um
processo de agregar pessoas malfeito passa a exigir um processo de desenvolver pessoas mais intenso para compensar
as suas falhas. Se o processo de recompensar pessoas é falho, ele exige um processo de manter pessoas mais intenso.
Além do mais, todos esses processos são desenhados de acordo com as exigências das in­fluências ambientais externas
e das influências organizacionais internas para obter a melhor compatibilização entre si. Trata-se, pois, de um modelo
de diagnóstico de RH.
Uma das ferramentas utilizadas pela área de gestão de pessoas para facilitar a administração das informações perti-
nentes às pessoas envolvidas nos processos organizacionais é o Sistema de Informação Gerencial, no qual, por meio de
um banco de dados, é possível fazer o registro de informações que possam auxiliar o gestor e os lideres nos processos
decisórios.
Os aspectos administrados por meio do SIG podem ser analisados numa visão geral ou focada. Na visão geral, o
sistema permite uma análise de todos os processos organizacionais, já os de visão focada, fornecem dados setorizados,
referentes aos departamentos que se deseja analisar em especifico, sendo que em ambos constam informações como
objetivos, estratégias e políticas da empresa, fatores ambientais da empresa, qualidade dos profissionais, das informa-
ções e dos processos, tecnologia da empresa, relação dos custos versus benefícios, bem como os riscos envolvidos e
aceitos, entre outros.
No entanto, dados coletados por si só não contribuem para esse processo, portanto, faz-se necessário que haja uma
análise e classificação desses dados, relacionando entre si as informações e suas possíveis aplicabilidades.
No subsistema gestão de pessoas, para facilitar essa classificação e interação de dados, o sistema deve registrar
dados diversos sobre o colaborador e sua relação com a organização, tais como:

• Dados pessoais;
• Dados sobre cargos e os encarregados dessas funções;
• Dados sobre os setores e departamentos existentes na organização;
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

• Dados sobre remuneração e beneficios;


• Dados sobre processos de treinamento e capacitação desenvolvidos e/ou necessários;
• Dados sobre aspectos relacionados à saúde ocupacional, entre outros.

Cabe à administração decidir, diante do investimento envolvido, qual o melhor e mais indicado sistema a ser im-
plantado, considerando os processos envolvidos e as expectativas da organização, lembrando também que o sistema
só será eficaz se as informações por ele fornecidas forem constantemente atualizadas e revistas, conforme o desenvol-
vimento dos processos em andamento na organização.

24
COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL Ao ingressar em uma organização, indivíduos com
características diversas se unem para atuar dentro de um
Comportamento Organizacional “é um campo de es- mesmo sistema sociocultural na busca de objetivos de-
tudo que investiga o impacto que indivíduos, grupos e a terminados. Essa união provoca um compartilhamento
estrutura têm sobre o comportamento dentro das orga- de crenças, valores, hábitos, entre outros, que irão orien-
tar suas ações dentro de um contexto preexistente, defi-
nizações com o propósito de aplicar este conhecimento
nindo assim as suas identidades.
em prol do aprimoramento da eficácia de uma organi- Segundo Dupuis (1996), são os indivíduos que, por
zação”. meio de suas ações, contribuem para a construção de
Tem por finalidade compreender os “espaços vazios” sua sociedade. Entretanto, os indivíduos agem sempre
da organização de forma que estes não prejudiquem o dentro de contextos que lhes são preexistentes e orien-
desenvolvimento da organização, possibilitando, assim, tam o sentido de suas ações. A construção do mundo
reter talentos, evitar o turnover e promover engajamento social é assim mais a reprodução e a transformação do
e harmonia entre os stakeholders. mundo existente do que sua reconstrução total. Para
Ter uma compreensão quanto ao comportamento Berger e Luckmann (1983), a vida cotidiana apresenta-se
organizacional é extremamente importante para que as para os homens como realidade ordenada. Os fenôme-
nos estão pré-arranjados em padrões que parecem ser
lideranças possam prever, e especialmente evitar, pro-
independentes da apreensão que cada pessoa faz deles,
blemas individuais ou coletivos entre os colaboradores. individualmente.
O comportamento organizacional refere-se a com- Dentro dessa perspectiva, a ação humana, em nível
portamentos relacionados a cargos, trabalho, absenteís- do indivíduo e do grupo, mediada pelos processos cog-
mo, rotatividade no emprego, produtividade, desempe- nitivos, e interdependente do contexto, varia conforme a
nho humano e gerenciamento. inserção ambiental e o tipo de organização, tanto quanto
Refere-se ainda à motivação, liderança, poder, co- também varia internamente em suas subunidades. É im-
municação interpessoal, estrutura e processos de grupo, portante salientar que o universo simbólico integra um
aprendizagem, desenvolvimento e percepção de atitude, conjunto de significados, atribuindo-lhes consistência,
processo de mudanças, conflitos. justificativa e legitimidade. Em outras palavras, o univer-
Considerando que, diferentemente das organizações, so simbólico possibilita aos membros integrantes de um
grupo uma forma consensual de apreender a realidade,
que possuem uma certa formalidade em sua essência,
integrando os significados e viabilizando a comunicação.
as pessoas são mais complexas, mais influenciáveis por É por meio desse compartilhar da realidade que as
variáveis diversas e, muitas vezes, são pouco previsíveis. identidades dos indivíduos nas organizações são cons-
Ao apresentar aos funcionários os ritos, crenças, valo- truídas, ao se comunicar aos membros, de forma tangí-
res, rituais, normas, rotinas e tabus da organização, o que vel, um conjunto de normas, valores e concepções que
se pretende é buscar a sua identificação com os padrões são tidas como certas no contexto organizacional. Ao de-
a serem seguidos na empresa. Dessa forma, se fornece finir a identidade social dos indivíduos, o que se preten-
um senso de direção para todas as pessoas que com- de é garantir a produtividade, pela harmonia e manuten-
partilham desse meio. As definições do que é desejável e ção do que foi aprendido na convivência. É importante
indesejável são introjetadas pelos indivíduos atuantes no ressaltar que muitas vezes essas identidades precisam ser
reconstruídas quando a empresa se vê diante de situa-
sistema, orientando suas ações nas diversas interações
ções que exigem mudanças.
que executam no cotidiano.  Daí vem o papel principal da análise do comporta-
Reconhecer os significados e a própria razão de ser da mento organizacional, que é o de permitir fazer uma lei-
empresa, bem como se familiarizar com as percepções e tura da dinâmica existente na organização e como essa
comportamentos mais aceitos e valorizados na organi- interfere e influencia o comportamento das pessoas en-
zação, conduz os funcionários a uma uniformidade de volvidas.
atitudes, o que é positivo no sentido de possibilitar maior Considerando que nas relações entre indivíduo e or-
coesão. No entanto, pode levar a uma perda de indivi- ganização existe uma troca de interesses, de conteúdo,
dualidade, pois o comportamento dos indivíduos passa a de aporte, entre tantos outros aspectos, gerir essa troca
ser uma extensão do grupo, muitas vezes se estendendo é papel da área de gestão de pessoa, que garante que,
nessa troca, ambas as partes fiquem satisfeitas.
para ambientes externos da organização, quando pas-
sam a adotar comportamentos padronizados nas mais
CULTURA ORGANIZACIONAL
diversas situações.
Entre os Níveis de Estudos dos Comportamentos Or- A  cultura organizacional  tem por finalidade concei-
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

ganizacionais, destacamos: tuar os valores e as crenças de uma organização, geran-


• Nível Individual  – Estuda as expectativas, motiva- do um entendimento consciente e coletivo sobre a mais
ções, habilidades e competências que cada cola- indicada e adequada forma de se comportar dentro da
borador demonstra individualmente por meio de organização. Assim como também gera um ajuste quase
seu trabalho. que automático na interação entre os indivíduos, ressal-
• Nível Grupal – Estuda a formação das equipes, dos tando-se que não necessariamente essa cultura esteja
grupos, as funções desempenhadas por estes e a formalmente instituída, pois, em alguns casos, esses va-
comunicação e interação uns com os outros, além lores são compartilhados entre as pessoas, habitualmen-
de estudar a influência e o poder do líder neste te, sem que haja um regra formal que a leve a agir dessa
forma.
contexto.

25
Entre os benefícios que a cultura organizacional pode • Culturas fracas: são culturas mais facilmente mu-
trazer à organização, podemos citar: dadas. Como exemplo, uma empresa pequena e
jovem, a qual, por estar no início, torna mais fácil
• Vantagem competitiva derivada de inovação e ser- para a administração comunicar os novos valores.
viço ao cliente; Isso explica a dificuldade que as grandes corpora-
• Maior desempenho dos empregados; ções têm para mudar sua cultura.
• Coesão da equipe;
• Alto nível de alinhamento na busca da realização 1. Componentes da cultura
de objetivos. A cultura representa a maneira como a organização
visualiza a si própria e seu ambiente. Seus principais
A cultura organizacional tem como base algumas ca- componentes são os artefatos, valores compartilhados e
racterísticas básicas que, em conjunto, capturam a essên- pressuposições básicas.
cia de uma organização:  Vejamos os níveis dos componentes da Cultura Or-
ganizacional de acordo com o nível de superficialidade,
• Inovação e assunção de riscos: o grau em que os sendo do mais superficial ao mais profundo.
funcionários são estimulados a inovar e assumir
riscos. • Artefatos: o mais superficial, visível e perceptível. 
• Atenção aos detalhes: o grau em que se espera • Padrões de comportamento: as regras que criam
que os funcionários demonstrem precisão, análise um comportamento linear e padronizado
e atenção aos detalhes. • Valores compartilhados: não são visíveis, estão
• Orientação para os resultados: o grau em que os enraizados nas pessoas, pois esses valores têm re-
dirigentes focam mais os resultados do que as téc- levância tal que definem as razões pelas quais as
nicas e os processos empregados para seu alcance. pessoas fazem ou deixam de fazer algo.
• Orientação para as pessoas: o grau em que as de- • Pressuposições básicas: trata-se de crenças incons-
cientes, pressuposições e sentimentos básicos que
cisões dos dirigentes levam em consideração o
regem o pensamento e o comportamento das pes-
efeito dos resultados sobre as pessoas dentro da
soas. Este é o nível mais profundo da cultura orga-
organização.
nizacional.
• Orientação para as equipes: o grau em que as ati-
vidades de trabalho são mais organizadas em ter-
Diante do exposto, temos que a cultura organizacio-
mos de equipes do que de indivíduos.
nal representa a compreensão que as pessoas envolvidas
• Agressividade: o grau em que as pessoas são com-
na organização têm das características da cultura desta,
petitivas e agressivas em vez de dóceis e acomo-
gerando uma sinergia que potencializa a boa convivência
dadas. interpessoal.
• Estabilidade: o grau em que as atividades organi-
zacionais enfatizam a manutenção do status quo CLIMA ORGANIZACIONAL
em contraste com o crescimento.
Segundo Chiavenato (1994), o clima organizacional
Tipos de cultura influencia a motivação, o desempenho humano e a sa-
tisfação no trabalho. Ele cria certos tipos de expectativas
• Culturas adaptativas: caracterizam-se pela sua cujas consequências se seguem em decorrência de dife-
maleabilidade e flexibilidade e são voltadas para rentes ações. As pessoas esperam certas recompensas,
a inovação e a mudança. São organizações que satisfações e frustrações na base de suas percepções do
adotam e fazem constantes revisões e atualiza- clima organizacional. Essas expectativas tendem a con-
ções, suas culturas adaptativas evidenciam-se pela duzir à motivação.
criatividade, inovação e mudanças. De um lado, a O clima organizacional pode ser visto, também, como
necessidade de mudança e a adaptação para ga- um conjunto de fatores que interferem na satisfação ou
rantir a atualização e modernização; e de outro, a descontentamento no trabalho. Entende-se por fatores
necessidade de estabilidade e permanência para de satisfação aqueles que demonstram os sentimentos
garantir a identidade da organização. O Japão, por mais positivos do colaborador em relação ao trabalho,
exemplo, é um país que convive com tradições mi- tais como: a realização, o reconhecimento, o trabalho
lenares ao mesmo tempo em que cultua e incenti- em si, a responsabilidade e o progresso. Por fatores de
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

va a mudança e a inovação constantes. descontentamento, temos aqueles que contribuem com


• Culturas conservadoras: caracterizam-se pela ma- uma conotação negativa, do ponto de vista do colabora-
nutenção de ideias, valores, costumes e tradições dor, tais como: as políticas, a administração, a supervisão,
que permanecem arraigados e que não mudam ao o salário e as condições de trabalho.
longo do tempo. São organizações conservadoras Quando existe um bom clima organizacional, a ten-
que se mantêm inalteradas como se nada tivesse dência é que a satisfação das necessidades pessoais e
mudado no mundo ao seu redor. profissionais sejam realizadas, no entanto, quando o cli-
• Culturas fortes: seus valores são compartilhados ma é tenso, ocorre frustração dessas necessidades, pro-
intensamente pela maioria dos funcionários e in- vocando insegurança, desconfiança e descontentamento
fluenciam comportamentos e expectativas. entre os colaboradores.

26
Na opinião de Chiavenato (1994, p.53), “o clima or- Avaliar o clima organizacional não compete apenas
ganizacional é favorável quando proporciona satisfação aos profissionais de recursos humanos, mas sim a todas
das necessidades pessoais dos participantes, produzindo as pessoas engajadas no processo. Pode-se fazer essa
elevação do moral interno. É desfavorável quando pro- constatação, pois pessoas que estão diretamente liga-
porciona frustração daquelas necessidades.” das às áreas ou setores a serem avaliados podem anali-
Clima organizacional pode ser definido também sar com uma margem mais segura como é e como pode
como um conjunto de variáveis que busca identificar os ser melhorado o desempenho dos colaboradores para o
aspectos que precisam ser melhorados, visando à satis- cumprimento dos objetivos da organização.
fação e ao bem-estar dos colaboradores Muitas empresas fazem pesquisa de clima interno
Para Bennis (1996, p.6), “clima significa um conjunto com o objetivo de levantar e atuar nos aspectos mais
de valores ou atitudes que afetam a maneira pela qual significativos identificados na pesquisa, em que são de-
as pessoas se relacionam umas com as outras, tais como finidas quatro frentes de ação para análise, descritas a
sinceridade, padrões de autoridade, relações sociais, etc.” seguir:
Clima organizacional é um conjunto de causas que • Desempenho e avaliação: critérios claros de avalia-
interferem no ambiente de trabalho. As causas podem ção dos funcionários;
variar de acordo com os níveis culturais, de comunicação, • Desenvolvimento de pessoas: recrutamento inter-
econômicos e psicológicos dos indivíduos. no, treinamento mais alinhado às metas;
Pode-se, ainda, definir clima organizacional como • Integração: forma de maior integração entre as
sendo uma visão fotográfica que retrata as percepções pessoas, áreas, unidades, com o propósito de
mais negativas ou positivas dos indivíduos, que pode ser maior entrosamento e fortalecimento do banco
afetada por fatores internos ou externos. como um todo;
O clima é em geral influenciado pela cultura da orga- • Processo decisório: tornar o processo decisório
nização, embora alguns fatores como políticas organiza- mais ágil, deixando-o menos burocrático em al-
cionais, formas de gerenciamento, lideranças formais e guns momentos, facilitando decisões e realização
informais, atuação da concorrência e influências gover- de negócios.
namentais também possam alterá-lo.
Pode-se também definir clima organizacional como Esses itens mostram como um bom clima de trabalho
um conjunto de valores, ou seja, aquilo que identifica os influencia diretamente nos negócios e resultados de uma
colaboradores como seres humanos, suas raças, culturas, organização.
crenças. Essas diferenças culturais devem ser reconheci-
das como importantes nas organizações, pois mostram 3. Clima organizacional, motivação e comprome-
a visão de cada um em relação ao ambiente de trabalho. timento

O conceito de clima organizacional é muito abran- De acordo com Davis & Newstrom (1998), o compor-
gente e complexo, pois busca sintetizar numerosas per- tamento organizacional integra quatro elementos distin-
cepções, atitudes e sentimentos em um número limitado tos: pessoas, estrutura, tecnologia e ambiente. Isso en-
de dimensões, numa tentativa de mensuração. volve conceitos fundamentais sobre a natureza das pes-
soas e das organizações, ou seja, como os colaboradores
2. Avaliação do clima organizacional estão preparados para o desempenho de suas funções,
seu crescimento e desenvolvimento para atingirem níveis
A avaliação do clima organizacional é necessária a fim mais altos de competência, criatividade e realização, face
de que a organização tenha parâmetros para buscar me- à importância dos mesmos serem os recursos centrais
lhorias no ambiente interno corrigindo problemas que em qualquer organização e qualquer sociedade.
possam estar causando insatisfação dos colaboradores e Então, o comportamento organizacional deve criar
prejudicando a tanto produtividade dos mesmos quan- produtividade nas organizações. Aí se inclui conheci-
to os resultados da organização. O clima organizacional mento, habilidade, atitude e motivação. A motivação faz,
reflete, também, a capacidade da empresa para atrair e segundo Davis & Newstrom (1998), o colaborador adqui-
reter colaboradores competentes que contribuam com rir capacidade.
os resultados desejados (CAMPELLO; OLIVEIRA, 2004). É importante, para todo o esse processo ocorrer de
Daí a preocupação das empresas em avaliar o clima or- forma normal, que as empresas gerem condições que
ganizacional. motivem os colaboradores a um melhor desempenho,
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

Os profissionais de recursos humanos juntamente ou seja, criem um clima organizacional que facilite o tra-
com os líderes da organização devem sempre analisar balho para alcançar os resultados pretendidos.
o clima organizacional buscando todas as informações Motivação, segundo Ferreira (1999, p. 1371), é o “con-
possíveis que possam estar influenciando no resultado junto de fatores psicológicos (conscientes ou inconscien-
dos colaboradores, tais como preocupações, insatisfa- tes) de ordem fisiológica, intelectual ou afetiva, os quais
ções, sugestões, dúvidas e inseguranças. Com base nes- agem entre si e determinam a conduta de um indivíduo”.
sas informações, pode-se fazer um planejamento volta- Logo, o comportamento organizacional deve prover
do para a melhoria das condições de trabalho tendo em condições para criar produtividade nas organizações, fa-
vista, além da satisfação do colaborador, o aumento da zer com que os fatores que atuam sobre a motivação dos
produtividade do mesmo. colaboradores estejam presentes.

27
Mattar & Ferraz (2004) citam que as empresas sabem Se a empresa não tem uma filosofia para tratar o cli-
o valor e a importância de obter e manter o comprome- ma de forma corporativa e coordenada, o gestor pode
timento de seus colaboradores, pois colaboradores com- fazê-lo em seu grupo, prestando atenção às reações das
prometidos propiciam maior eficiência e eficácia. Porém, pessoas, “medindo a temperatura” e analisando cons-
os autores comentam que nem sempre é fácil conseguir tantemente os fatores de impacto do negócio com seu
próprio estilo de gestão. Dentro de uma empresa que
esse comprometimento por parte dos colaboradores. O
não cuida institucionalmente de seu ambiente interno,
mercado atualmente exige das empresas uma alta com- uma área que atue com esses aspectos terá certamente
petitividade, e estas desejariam o comprometimento de índices mais altos de satisfação, menor rotatividade e ob-
seus colaboradores para atingirem essa maior produtivi- terá melhores resultados. No entanto, isso pode não ser
dade com qualidade nos serviços e, assim, obterem um suficiente para mudar toda a empresa.
crescimento sustentável. Leal (2001) afirma que a empresa pode definir seu
Na era da informação, o maior patrimônio de uma clima ideal se levar em consideração fatores como es-
empresa é o seu contingente intelectual, ou seja, as pes- tratégias, valores e processos internos. O gestor também
soas, e o grande diferencial está na capacidade que ela pode fazer de sua área um ambiente melhor ou pior para
tem de atrair, motivar e manter esse patrimônio para ob- se trabalhar, se comparado com outras áreas da empre-
ter melhores resultados (MATTAR; FERRAZ, 2004). sa. Para isso, outro conjunto de fatores que deve estar
sempre em pauta e sendo bem administrado, o qual in-
Entretanto, considerando que as pessoas têm neces-
clui: desenvolvimento da equipe, construção e divulga-
sidades específicas de autorrealização profissional e pes- ção dos objetivos da área, qualidade e rapidez de de-
soal, essa tarefa torna-se cada vez mais difícil. cisões, integração e comunicação, autonomia e suporte
A necessidade de incentivar e manter o comprometi- para a realização das atividades, administração dos con-
mento das pessoas levou as empresas a desenvolver pes- flitos, informações sobre a empresa, perspectiva de cres-
quisas sobre perfil dos colaboradores, forma de gestão, cimento profissional e imagem da sua área para outras
liderança, motivação, entre outras, analisando que ações da empresa.
devem ser implantadas para obtenção de maiores resul- Para Chiavenato (1994), o gerente pode criar e de-
tados, conforme Mattar & Ferraz (2004). senvolver um melhor clima organizacional por meio de
intervenções no seu estilo gerencial, no sistema de admi-
nistrar pessoas, na questão da reciprocidade, na escolha
4. O papel do gestor no clima organizacional
do seu pessoal, no projeto de trabalho de sua equipe, no
treinamento de sua equipe, no seu estilo de liderança,
Para Leal (2001), o ambiente organizacional é a per- nos esquemas de motivação, na avaliação da equipe e,
cepção que os funcionários têm da empresa. É o resulta- sobretudo, nos sistemas de recompensas e remuneração.
do do conjunto das políticas, sistemas, processos, valores A outra fase para a manutenção do clima organiza-
e dos estilos gerenciais presentes na empresa. O clima cional é um trabalho mais localizado e focado, em que
interno é o combustível para a melhora ou a piora dos o gestor compõe um plano em conjunto com seus pro-
resultados do negócio. Hoje, as empresas querem e pre- fissionais, cumprindo-o com o envolvimento e a parti-
cisam olhar de frente para essa relevante variável e atuar cipação de todos. A gestão de clima, em síntese, é uma
na gestão do clima. gerência dos fatores ambientais, de relacionamento e
A primeira etapa, após se conhecer a percepção das resultados, em que devem ser cuidados os aspectos de
comunicação e valores para que a área e a empresa te-
pessoas, é a elaboração de uma pesquisa para se saber
nham visibilidade, atratividade e um grande poder de re-
em quais aspectos pode-se melhorar. A partir de então, tenção. A manutenção e a atração de bons profissionais
criam-se ações em busca de um ambiente melhor e com e de talentos potenciais são um dos grandes prêmios das
mais qualidade, o que naturalmente levará a melhores empresas que cuidam e se atêm às questões ambientais
resultados. do trabalho.
Realizar uma pesquisa de clima organizacional é
trabalhoso, além de demandar alguns cuidados funda- 5. Ambiência organizacional
mentais para o sucesso, como metodologia de pesquisa,
confidencialidade de informações etc. Na opinião de Leal A Gestão da Ambiência contempla a identificação dos
(2001), alguns fatores que costumam impactar de forma fatores que influenciam a cultura organizacional, desen-
positiva ou negativa são: estrutura, remuneração, ima- volvimento e implementação de planos de ação que es-
timulem o comprometimento dos colaboradores, assim
gem da empresa, estilo gerencial, clareza de objetivos e
como a quantificação do valor percebido pela empresa.
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

saúde financeira da empresa. Ruy Shiosawa, presidente do Great Place to Work


A área de recursos humanos costuma conduzir essas (GPTW), responsável pela pesquisa “100 melhores em-
pesquisas e, em geral, elas são validadas e “apadrinha- presas para se trabalhar”, diz que: “um melhor ambiente
das” pelo principal executivo, que tem nos resultados de trabalho atrai talentos e, mais importante, retêm es-
uma ferramenta de diagnóstico e de marketing para o ses talentos no longo prazo. Uma maior da preocupa-
planejamento da empresa. ção com as pessoas dentro da empresa – e a percepção
Os resultados de uma pesquisa de clima podem ser desse cuidado da empresa por parte dos funcionários –
colocados no mercado como uma forte ferramenta para não apenas se reverte em um bom ambiente de trabalho,
atrair profissionais, como mostram, por exemplo, algu- mas também em melhores indicadores de saúde econô-
mas publicações especializadas no setor. mica da empresa”.

28
Um bom ambiente de trabalho não se reflete apenas É necessário ter uma visão sistêmica dos extremos
em uma maior felicidade interna da empresa e em um desse fenômeno, e uma das mais importantes inter-
maior comprometimento (ou engajamento) do profissio- venções para levantamento de dados destas variáveis é
nal. Impacta a saúde mental e física do trabalhador e os a pesquisa de Clima Organizacional, na qual podemos
ambientes externos ao trabalho (como no ambiente fa- identificar pontos importantes para obtenção de diag-
miliar). Os resultados dos números mais “frios” também nósticos mais precisos de pesquisa de clima. São eles: di-
são positivos, claro. Empresas com boa ambiência labo- vulgar amplamente o público-alvo que haverá pesquisa
ral, ao que tudo comprova, são mais rentáveis. de clima; aplicar as amostras em fontes confiáveis, livres
de vícios de procedimento, ou articulações internas; uti-
lizar consultorias externas ou independentes, aumentan-
5. O valor da qualidade
do a credibilidade e confiabilidade dos dados; alinhar o
processo ao nível gerencial e executivo, imprescindível o
“Empresas onde os indicadores de Clima Organiza- acompanhamento destas lideranças; focar em objetivos
cional são superiores aos 80% de suporte organizacional factuais, após a identificação do público para a amostra,
e 70% de engajamento têm uma produtividade até 20% ter objetivos claros e segmentos; aplicar questionários
superior em comparação com outras empresas com in- reduzidos, concisos, ter o foco em atributos importan-
dicadores menores. As vendas essas empresas também tes, desenvolvido no projeto principal; divulgar ampla-
caminham em par com os indicadores. Uma tendência mente os resultados, manter clareza nos procedimento;
positiva no clima ambiente profissional pode quadrupli- desenvolver um plano de ação, planejando novas etapas
car as vendas de uma empresa”, aponta Moraes. utilizando dados obtidos; desenvolver periodicamente
Observando-se o ranking das “100 melhores empre- os estudos, fenômenos como Clima Organizacional são
sas” e seus resultados na Bolsa de Valores, aponta Shio- cíclicos.
sawa, é possível ver a mesma tendência: elas são até 3 Os gestores contemporâneos compreenderão que
vezes mais rentáveis que empresas com piores indica- tratar do fenômeno clima interno como estratégia de
dores de ambiente de trabalho. O “turnover” – compara- gestão torna-se fundamental para o alcance de grandes
tivo entre contratações e demissões – nessas empresas resultados, market share, diferencial competitivo, sobre-
também é menor. Levando-se em conta que toda con- vivência em cenário de retração e depressão econômica,
tratação de um funcionário tem como reflexo um investi- resiliência organizacional, sinergia, alinhamento executi-
vo e grande gerador de satisfação interna.
mento por parte da empresa com cursos e treinamentos,
Em ambientes organizacionais ruins, predomina-se a
por exemplo, um menor “turnover” é garantia de maior
desmotivação, alta rotatividade de funcionários, ausência
manutenção desse investimento no profissional. de integração, absenteísmo, conflitos, falta de objetivos
coletivos, falta de comprometimento das pessoas com
Como explica Shiosawa, negócio da empresa, ausência de transparências na ges-
Nós observamos 3 itens que podem explicar esse su- tão, comunicação deficiente, custos financeiros imensu-
cesso. ráveis e falta de respeito ao ser humano.
O primeiro é o sentimento de orgulho que os funcioná- A felicidade em um ambiente empresarial resulta em
rios sentem do lugar onde trabalham. Profissionais sentem pessoas produtivas, geradoras de resultados, buscando
orgulho da empresa quando são respeitadas e percebem melhores posições hierárquicas, comunicando ao públi-
que não são apenas mais um número. Elas trabalham co externo o lado positivo da organização. O resultado
para continuar nesses ambientes e recomendam para ou- financeiro do empreendimento está totalmente conecta-
tros profissionais conhecidos. Isso quer dizer um ”turnover” do ao clima organizacional, e faz-se necessário que seus
menor e a atração de mais talentos (profissionais gabari- fatores estejam incorporados aos princípios modernos
tados). da gestão estratégica da empresa e que todos dentro
da organização tenham a responsabilidade de sua imple-
Em segundo lugar, completa o especialista, está o “ní- mentação, desde a alta administração, gerentes, líderes,
vel de camaradagem” dentro da empresa. Isso é um indi- supervisores, enfim, todos os integrantes deste time.
cador de que os times formados no ambiente de traba-
MOTIVAÇÃO
lho se complementam (um local mais colaborativo). Além
disso, a camaradagem é sinônimo de chefias e gerências
Trata-se de processos psíquicos que a pessoa tem
equilibradas e respeitosas com os funcionários. que a impulsionam à ação. Existe uma influência tanto
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

“Outro indicador é o de confiança. Ambientes confiá- individual como pelo contexto em que essa pessoa se
veis são aqueles onde os indivíduos se sentem respeita- encontre. Indivíduos motivados tendem a ter um melhor
dos, creem nos valores da empresa e têm maior sensação desempenho, o que faz com que a organização invista
de imparcialidade dos processos implementados no am- em estímulos para promover essa motivação.
biente de trabalho”, aponta. A ideia de hierarquizar os motivos humanos foi, sem
De acordo com Chiavenato (2015), o clima organiza- dúvida, a solução inovadora para que se pudesse com-
cional varia ao longo de um continuum, que vai desde preender melhor o comportamento humano na sua va-
um clima favorável e saudável até um clima desfavorável riedade. Um mesmo indivíduo ora persegue objetivos
e negativo. Entre esses dois extremos, existe um ponto que atendem a uma necessidade, ora busca satisfazer
intermediário: o clima neutro. outras. Tudo depende da sua carência naquele momen-

29
to. Duas pessoas não perseguem necessariamente o mesmo objetivo ao mesmo tempo. O problema das diferenças
individuais assume importância preponderante quando falamos de motivação.

1. Razões da Motivação
1.1 Razões empresariais 
• Concorrência; 
• Produtos e preços;
• Fidelização.

1.2 Razões Pessoais


• Empregabilidade;
• Motivos para servir:
• (ordem material = cliente =lucro)
• (ordem intelectual = interação / troca / oportunidade)
• (ordem espiritual = crescimento pessoal)

O indivíduo precisa suprir suas necessidades para motivar-se e alcançar seus objetivos.
Podemos identificar os seguintes tipos de motivação:

O ideal seria o alinhamento de todos esses tipos de motivação; pessoas automotivadas atuando em grupos coesos,
com orientação clara, sólida e coerente.
Afinal, o que é motivação? É ser feliz? É enxergar o mundo com outros olhos? É conquistar resultados, é superar
obstáculos, é ser persistente, é acreditar nos seus sonhos, é o quê? 

Motivação, segundo o dicionário, é o ato de motivar; exposição de motivos ou causas; conjunto de fatores psicoló-
gicos, conscientes ou não, de ordem fisiológica, intelectual ou afetiva, que determinam um certo tipo de conduta em
alguém. Sendo assim, motivação está intimamente ligada aos motivos que, segundo o dicionário, é fato que leva uma
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

pessoa a algum estado ou atividade. 


Motivação vem de motivos que estão ligados simplesmente ao que você quer da vida, e seus motivos são pessoais,
intransferíveis e estão dentro da sua cabeça (e do coração). Logo, seus motivos são abstratos e só têm significado pra
você, por isso motivação é algo tão pessoal, porque vem de dentro.
A motivação é uma força interior que se modifica a cada momento durante toda a vida, a qual direciona e intensifica
os objetivos de um indivíduo. Dessa forma, quando dizemos que a motivação é algo interior, ou seja, que está dentro
de cada pessoa de forma particular, erramos em dizer que alguém nos motiva ou desmotiva, pois ninguém é capaz de
fazê-lo. Existem pessoas que pregam a automotivação, mas tal termo é erroneamente empregado, já que a motivação
é uma força intrínseca, ou seja, interior e o emprego desse prefixo deve ser descartado.

30
Disponível em: <gpparaconcursos.blogspot.com.br>.

Segundo Abraham Maslow, o homem se motiva Existem algumas teorias mais clássicas sobre motiva-
quando suas necessidades são todas supridas de forma ção que veremos abaixo:
hierárquica. Maslow organiza tais necessidades da se- Teoria da Hierarquia das Necessidades de Maslow:
guinte forma: Organiza as necessidades humanas em cinco catego-
rias hierárquicas: necessidades fisiológicas, necessidades
• Autorrealização; de segurança, necessidades sociais, necessidades de au-
• Autoestima; toestima e necessidades de autorrealização.
• Sociais;
• Segurança; Teoria ERC de Alderfer:
• Fisiológicas. Tentou aperfeiçoar a hierarquia das necessidades de
Maslow, criando três categorias: Existência (necessidades
Tais necessidades devem ser supridas primeiramente fisiológicas e de segurança), Relacionamento (dividiu a
no alicerce das necessidades escritas, ou seja, as necessi- estima em duas partes: o componente externo da estima
dades fisiológicas são as iniciantes do processo motiva- (social) e o componente interno da estima (autoestima),
cional, porém, cada indivíduo pode sentir necessidades incluindo nessa categoria as necessidades sociais e o
acima ou abaixo das que está executando, o que quer componente externo da estima) e Crescimento (incluin-
dizer que o processo não é engessado, e sim flexível. do aqui autoestima e a necessidade de autorrealização).
Teoria dos Dois Fatores – Para Frederick Herzberg, a
motivação é alcançada por meio de dois fatores: Teoria dos dois fatores de Herzberg:
• Fatores higiênicos, que são estímulos externos que Herzberg descobriu que há dois grandes blocos de
melhoram o desempenho e a ação de indivíduos, necessidade humanas: os fatores de higiene (extrínsecos)
mas que não conseguem motivá-los.
e os fatores motivacionais (intrínsecos). Os fatores de
• Fatores motivacionais, que são internos, ou seja, são
Higiene são fatores extrínsecos ou exteriores ao traba-
sentimentos gerados dentro de cada indivíduo a
lho. Para Herzberg, eles podem causar a insatisfação e
partir do reconhecimento e da autorrealização ge-
desmotivação se não atendidos, mas, se atendidos, não
rada por meio de seus atos.
necessariamente causarão a motivação. Exemplos: se-
gurança, status, relações de poder, vida pessoal, salário,
Por outro lado, David McClelland identificou três ne-
condições de trabalho, supervisão, política e administra-
cessidades que seriam pontos chave para a motivação:
ção da empresa. Os fatores motivadores são os fatores
poder, afiliação e realização.
Para McClelland, tais necessidades são “secundárias”, intrínsecos, internos ao trabalho. Estes fatores podem
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

são adquiridas ao longo da vida, mas que trazem pres- causar a satisfação e a motivação. Exemplos: crescimen-
tígio, status e outras sensações que o ser humano gosta to, progresso, responsabilidade, o próprio trabalho, o re-
de sentir. conhecimento e a realização.
Em relação às teorias, podemos ainda citar as linhas
teóricas, que se dividem em Teorias de Conteúdo e Teo- Teoria da determinação de metas:
rias de Processo, nas quais, em cada uma delas, identifi- Considera que a determinação de metas motiva os
camos as correntes pertencentes. trabalhadores. A equipe deve participar na definição das
metas (construção conjunta), que devem ser claras, desa-
fiadoras, mas alcançáveis.

31
Teoria da equidade:
Também conhecida como teoria da comparação social. A motivação seria influenciada fortemente pela percepção
de igualdade e justiça existente no ambiente profissional.

Teoria da expectativa (ou expectância) de Victor Vroom:


Construída em função da relação entre três variáveis: Valência, força (instrumentalidade) e expectativa, referentes
a um determinado objetivo. Valência, ou valor, é a orientação afetiva em direção a resultados particulares. Pode-se
traduzi-la como a preferência em direção, ou não, a determinados objetivos. Valência positiva atrai o comportamento
em sua direção, valência zero é indiferente e valência negativa é algo que o indivíduo prefere não buscar. Força, ou
instrumentalidade, por sua vez, é o grau de energia que o indivíduo irá ter que gastar em sua ação para alcançar o
objetivo. Expectativa é o grau de probabilidade que o indivíduo atribui a determinado evento, em função da relação
entre o esforço que vai ser despendido no evento e o resultado que se busca alcançar.
Teorias X e Y:
McGregor afirmava que havia duas abordagens principais de motivação e liderança: as teorias X e Y. A teoria X
apresentava uma visão negativa da natureza humana: pressupunha que os indivíduos são naturalmente preguiçosos,
não gostam de trabalhar, precisam ser guiados, orientados e controlados para realizarem a contento os trabalhos. A
teoria Y é o oposto: diz que os indivíduos são automotivados, gostam de assumir desafios e responsabilidades e irão
contribuir criativamente para o processo se tiverem suficientes oportunidades de participação.

Dentre as teorias citadas, a mais difundida é a da Hierarquia das Necessidades, abaixo mais detalhes sobre ela:
Teoria da Hierarquia das Necessidades de Maslow: necessidades fisiológicas, necessidades de segurança, necessi-
dades sociais, necessidades de autoestima e necessidades de auto realização.
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

32
2. Quanto às implicações dessas teorias • Uma necessidade rompe o estado de equilíbrio
Implicações aos Administradores: do organismo;
As implicações para os administradores estão relacio- • Causando um estado de tensão, insatisfação, des-
nadas quanto à forma de motivar os subordinados: conforto e desequilíbrio;
• Esse estado de tensão leva o indivíduo a um com-
• Determinar recompensas que são valorizadas por
cada subordinado. Ao serem motivadoras, devem portamento ou ação capaz de descarregar a ten-
ser adequadas aos indivíduos, observando suas re- são ou livrá-lo do desconforto e do desequilíbrio.
ações em diferentes situações e perguntando que
tipos de recompensas desejam; Se o comportamento for eficaz, o indivíduo encontra-
• Determinar o desempenho que você deseja e qual rá a satisfação da necessidade e, satisfeita essa necessi-
o nível de desempenho que os subordinados têm dade, o organismo volta ao estado de equilíbrio anterior
que ter para serem recompensados;
e à sua forma de ajustamento ao ambiente.
• Fazer com que o nível de desempenho seja alcan-
çável – a motivação poderá ser baixa se os subordi- As necessidades ou motivos não são estáticos, pelo
nados acharem que o que foi determinado é difícil contrário, são forças dinâmicas e persistentes que provo-
ou impossível; cam comportamentos.
• Ligar as recompensas ao desempenho; Com a aprendizagem e a repetição (reforço positivo),
• Certificar se a recompensa e adequada - recom- os comportamentos tornam-se gradativamente mais efi-
pensas pequenas significam motivações fracas. cazes na satisfação de certas necessidades. Quando uma
Implicações para a Organização: necessidade é satisfeita, ela não é mais motivadora de
A expectativa da motivação também traz várias impli-
comportamento já que não causa tensão ou desconforto.
cações para a organização:
O ciclo motivacional pode alcançar vários níveis de re-
• Geralmente, as organizações recebem o equivalen- solução da tensão: uma necessidade pode ser satisfeita,
te a recompensa e não o que desejam – o sistema frustrada (quando a satisfação é impedida ou bloqueada)
de recompensas deve ser projetado para motivar ou compensada (a satisfação é transferida para objeto).
os comportamentos desejados; ex.: segurança e Muitas vezes a tensão provocada pelo surgimento da
aumento de produção. necessidade encontra uma barreira ou obstáculo para a
• O trabalho em si pode tornar-se intrinsicamente sua liberação. Não encontrando a saída normal, a tensão
recompensador – se forem projetados para aten-
der as necessidades mais elevadas dos emprega- represada no organismo procura um meio indireto de
dos, como ex.: independência, criatividade e o tra- saída, seja por via psicológica (agressividade, desconten-
balho pode ser motivador por si mesmo. tamento, tensão emocional, apatia, indiferença etc.) seja
• Portanto, a tarefa mais importante para os admi- por via fisiológica (tensão nervosa, insônia, repercussões
nistradores e organizações é garantir que os su- cardíacas ou digestivas etc.). Outras vezes, a necessidade
bordinados tenham os recursos necessários para não é satisfeita nem frustrada, mas é transferida ou com-
dar o melhor de si em prol do planejamento da pensada. Isto se dá quando a satisfação de outra necessi-
organização.
dade reduz ou aplaca a intensidade de uma necessidade
• Ainda sobre motivação, precisamos entender o
processo que leva o indivíduo a tomar uma ação que não pode ser satisfeita.
em busca de um objetivo, conforme mostra o Ciclo A satisfação de alguma necessidade é temporal e
Motivacional. passageira, ou seja, a motivação humana é cíclica e orien-
tada pelas diferentes necessidades. O comportamento é
3. O Ciclo Motivacional quase um processo de resolução de problemas, de satis-
O ciclo motivacional percorre as seguintes etapas: fação de necessidade, à medida que elas vão surgindo.

O conceito de motivação – ao nível individual – con-


duz ao de clima organizacional – ao nível da organiza-
ção. Os seres humanos estão continuamente engajados
no ajustamento a uma variedade de situações, no sen-
tido de satisfazer suas necessidades e manter um equi-
líbrio emocional. Isto pode ser definido com um estado
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

de ajustamento. Tal ajustamento não se refere somente à


satisfação das necessidades de pertencer a um grupo so-
cial de estima e de autorrealização. É a frustração dessas
necessidades que causa muitos dos problemas de ajus-
tamento. Como a satisfação dessas necessidades supe-
riores depende muito de outras pessoas, particularmente
daquelas que estão em posições de autoridade, torna-se
importante para a administração compreender a natu-
reza do ajustamento e do desajustamento das pessoas.

33
O ajustamento – assim como a inteligência ou as aptidões – varia de uma pessoa para outra e dentro do mesmo
indivíduo de um momento para outro. Varia dentro de um continuum e pode ser definido em vários graus. Um bom
ajustamento denota “saúde mental”. Uma das maneiras de se definir saúde mental é descrever as características de
pessoas mentalmente sadias. As características básicas de saúde mental são:
• As pessoas sentem-se bem consigo mesmas;
• As pessoas sentem-se bem em relação às outras pessoas;
• As pessoas são capazes de enfrentar por si as demandas da vida.

Diante disso tudo, importante é a postura da área de gestão de pessoas frente a esses aspectos, devendo estar
sempre atenta, oferecendo ferramentas que proporcionem a motivação constante dos colaboradores e equipes no dia
a dia de trabalho.

LIDERANÇA

Uma característica essencial das organizações é que elas são sistemas sociais, com divisão de tarefas. É aí que entra
o conceito de Gestão de Pessoas! Gestão de Pessoas é um modelo geral de como as organizações se relacionam com
as pessoas.
Profissionais capazes de liderar, de exercer poder e influência sobre as pessoas, fazem a diferença para muitas
organizações. É uma atividade que, se bem feita, mantém a saúde das relações entre os indivíduos. Por isso, é muito
importante essa atenção dada aos fundamentos da psicologia.
Segundo Chiavenato,

Liderança é uma influência interpessoal exercida em uma dada situação e dirigida por meio do processo de comu-
nicação humana para a consecução de um ou mais objetivos específicos. Os elementos que caracterizam são, portanto,
quatro: a influência, a situação, o processo de comunicação e os objetivos a alcançar.

A liderança não deve ser confundida com direção nem com gerência. Um bom administrador deve ser necessaria-
mente um bom líder. Por outro lado, nem sempre um líder é um administrador. Na verdade, os líderes devem estar
presentes no nível institucional, intermediário e operacional das organizações. Todas as organizações precisam de
líderes em todos os seus níveis e em todas as suas áreas de atuação.
A liderança envolve o uso da influência e todas as relações interpessoais podem envolver liderança. Todas as rela-
ções dentro de uma organização envolvem líderes e liderados: as comissões, os grupos de trabalho, as relações entre
linha e assessoria, supervisores e subordinados etc. Outro elemento importante no conceito de liderança é a comunica-
ção. A clareza e a exatidão da comunicação afetam o comportamento e o desempenho dos liderados. A dificuldade de
comunicar é uma deficiência que prejudica a liderança. O terceiro elemento é a consecução de metas. O líder eficaz terá
de lidar com indivíduos, grupos e metas. A eficácia do líder é geralmente considerada em termos de grau de realização
de uma meta ou combinação de metas. Mas, por outro lado, os indivíduos podem considerar o líder como eficaz ou
ineficaz, em termos de satisfação decorrente da experiência total do trabalho. De fato, a aceitação das diretrizes e co-
mandos de um líder apoia-se muito nas expectativas dos liderados de que suas respostas favoráveis os levarão a bons
resultados. Nesse caso, o líder serve ao grupo como um instrumento para ajudar a alcançar objetivos.

1. Papel do líder

Alcançar eficiência concreta e constante para a organização, por meio de métodos avaliativos, controle e mensura-
ção dos resultados.
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

34
2. Estilo de Liderança

3. Teorias sobre Liderança

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

É claro que a teoria e o estilo de liderança têm sua importância no contexto, mas o que vale mesmo é que as orga-
nizações compreendam definitivamente o papel do líder, a relevância que esse elemento tem na gestão organizacional,
instigando a equipe a ser melhor a cada dia.

35
Compete à organização dar o suporte que esse agente motivador precisa para potencializar o desenvolvimento
humano, por meio dos desafios colocados à equipe, provocando alto desempenho, estimulando-os a assumir cada vez
mais o compromisso de atingirem um nível de competência de excelência.
Ao líder compete compreender como fazer isso tudo, por meio de críticas construtivas que visam a melhorar o
desempenho, por meio de decisões que resolvam os conflitos existentes e por meio de um olhar atento para descobrir
talentos, aos quais deve dar feedback e dos quais deve receber, estando disposto a aprender, assim como ensinar.
O papel do líder é o de criar vínculos de confiança, a partir de relações éticas, de postura comprometida com os
liderados em harmonia com os objetivos da organização.
Quando esse papel é notado dentro das organizações, a pessoas nelas envolvidas se sentem respeitadas e valori-
zadas, o clima organizacional é de harmonia e sinergia e, com isso, as organizações atingem não apenas um nível de
competitividade no mercado, mas conseguem firmar seu diferencial de maturidade organizacional.

GESTÃO POR COMPETÊNCIA

A lógica da Gestão por Competências tem como base a obtenção das competências organizacionais, das áreas e das
pessoas, necessárias para que a organização atinja seus objetivos estratégicos.
Os subprocessos (recrutamento e seleção, o planejamento e a alocação da força de trabalho e a capacitação de
pessoal) de gestão de recursos humanos, assim como o plano de carreira e de Remuneração serão balizados pelas
necessidades de suprimento dessas competências.

1. Por que mapear as competências?

O Sistema de Gestão por Competências, no bojo da Gestão Estratégica Organizacional e de Pessoas, permite geren-
ciar as competências e propicia a inovação, a aprendizagem e o desenvolvimento individual e de grupo.
Por meio do mapeamento das competências, a organização consegue identificar a lacuna entre as competências
existentes e as necessárias. Com base nesse mapeamento, ela planeja as formas de preencher essas lacunas por meio
de contratação, capacitação, treinamento e realocação.

2. Principais etapas do processo de gestão por competências

A organização define suas necessidades, em termos de perfis de competências, por meio da formulação da Estra-
tégia Organizacional e do Mapeamento de Competências. Este último, realizado não só por levantamentos, mas por
meio de instrumentos como a Avaliação de Desempenho.
Quanto aos perfis profissionais, as necessidades da organização poderão ser satisfeitas por ações de:
• Captação – incluindo recrutamento, seleção, contratação e realocação.
• Desenvolvimento – incluindo capacitação e treinamento.

Esses processos devem ser avaliados permanentemente e serão os realimentadores da formulação da estratégia
organizacional e do mapeamento de competências.
Por fim, os resultados da aplicação desses mecanismos deverão ser traduzidos em retribuição aos servidores, por
meio do reconhecimento e da premiação pelo desempenho ou até pela remuneração por competências.
Vejamos a dinâmica desses elementos:
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

BRANDÃO, Hugo Pena; BAHRY, Carla Patricia. Gestão por competências: métodos e técnicas para mapeamento de
competências. Revista do Serviço Público. Brasília 56 (2): pp.179-194. Abr./Jun. 2005.

36
Num mundo onde as decisões, os processos e as ati- • Busca feedbacks constantemente?
tudes devem ser rápidas e agressivas, o diferencial de • Desenvolve planos de ação para seus pontos de
uma organização são as pessoas que lá trabalham com melhoria?
seus talentos e ideias. Não importa o ramo da organiza- • Auxilia o gestor a identificar potenciais/talentos na
ção, se quiser prosperar, ela precisará de pessoas bem equipe?
formadas, empreendedoras, visionárias, inovadoras e • Assume responsabilidade pelo autodesenvolvi-
entusiasmadas. Pessoas que possam resolver problemas, mento?
com muito talento e alto poder de realização, flexíveis e
capazes de enfrentar novos desafios. São elas que ajuda- Zarifian define a competência como sendo a inteli-
rão novos negócios a atravessar os obstáculos da nova gência prática aplicada na solução dos problemas que
economia. surgem. Essa inteligência precisa apoiar-se nos conhe-
Para atrair e reter talentos em uma organização é cimentos adquiridos, procurando constantemente revê-
fundamental, também, que a organização mantenha um -los e atualizá-los, de modo a adaptá-los aos desafios
clima de trabalho sadio, amistoso, motivador, voltado ao cotidianos.
progresso. A gestão por competências, ao viabilizar o Uma das mais conhecidas definições é a que diz ser
contínuo desenvolvimento das pessoas, pode contribuir competência um conjunto de conhecimentos, habilida-
para o alcance desse objetivo. des e atitudes que credenciam um indivíduo a exercer
A gestão por competências deve ser um processo uma determinada função, que podemos resumir pela si-
contínuo e estar alinhada com as estratégias organiza- gla: CHA. Veja a imagem a seguir.
cionais. Sua adoção implica em redirecionamento das
ações tradicionais da área de gestão de pessoas, tais
como: recrutamento e seleção, treinamento, gestão de
carreira e avaliação de desempenho. Também implica na
formalização de alianças estratégicas para capacitação
e desenvolvimento das competências necessárias ao al-
cance de seus objetivos.
As competências técnicas são sempre mais fáceis de
serem gerenciadas, uma vez que são avaliadas de forma
mais objetiva. Exemplos de competência técnica: fluência
em inglês, habilidade com o Excel, técnicas de redação,
matemática financeira etc. É possível “medir” o quanto o
colaborador possui dessas competências no dia a dia e a
capacitação técnica acaba sendo sempre uma tarefa mais
fácil de ser administrada pelo RH das empresas, uma vez
que o mercado de treinamento está repleto de boas so-
luções para esse fim.
Competência técnica é pré-requisito de qualquer co- Agora vamos analisar as etapas que envolvem a ges-
laborador. Ele simplesmente precisa conhecer o seu ne- tão por competências, conforme figura abaixo.
gócio. Para o exercício da sua função, ele deve carregar
consigo essa capacitação e estar constantemente atuali-
zado sobre novas técnicas que o mercado demanda.

Então por que colaboradores altamente capacitados


tecnicamente podem não apresentar bons indicadores
de performance? Porque o diferencial está na atitude,
não na técnica. A gestão das ações está contemplada
nas competências comportamentais. Mais difícil de ser
avaliada por ser um tanto quanto subjetiva, uma boa
competência comportamental deve ser elaborada de tal
forma que traga alto grau de objetividade. Assim, são
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

criadas as evidências de comportamento para cada com-


petência, que nos dizem como ela deve ser avaliada e
desenvolvida.
• Sensibilização: Devemos integrar e informar toda a
Exemplo de competência comportamental: empresa de uma forma clara e inequívoca, estan-
Desenvolvimento de pessoas e da organização. do os responsáveis sempre abertos a questões ou
Mas como medir se o colaborador entrega ou não sugestões. Somente com toda a empresa focada
esse comportamento? Por meio das evidências que são neste tipo de gestão e reconhecendo a importân-
esperadas para essa competência. Por exemplo: cia da mesma se consegue alcançar os objetivos
pretendidos.

37
• Identificação das competências: após a definição Deve-se tomar muito CUIDADO com as metodolo-
do rumo que delineamos para a nossa empresa, gias subjetivas existentes no mercado, baseadas no acho
devemos então analisar quais as competências e não acho, gosto e não gosto, pode e não pode, o ideal
existentes. Antes de qualquer ação dentro da em- seria etc. Essas metodologias promovem grandes equí-
presa, devemos analisar o que já existe para saber- vocos na obtenção do perfil ideal do cargo.
mos de que ponto partimos.
• Reavaliação dos cargos: Após analisarmos quais 2.2 Avaliação por Competências
as competências existentes e necessárias para ob-
termos o sucesso pretendido, devemos procurar A partir da Avaliação por Competências, também cha-
formação para atender às necessidades. Essa for- mada de Avaliação de Desempenho, será identificado se
mação poderá ser de caráter comportamental ou o perfil comportamental e técnico dos colaboradores de
técnico, tendo sempre como objetivo permitir que uma corporação estão alinhados ao perfil ideal exigido
os colaboradores da empresa alcancem as compe- pelos cargos.
tências pretendidas. A Avaliação por Competências é uma maneira de es-
• No entanto, é bem provável que não se consiga timar o aproveitamento do potencial individual de cada
obter todas as competências necessárias por meio colaborador dentro das organizações.
da formação, assim sendo, devemos procurar pes- O resultado da Avaliação será a identificação das
soas com as competências necessárias, ou seja, competências comportamentais e técnicas que precisam
implementar processos de recrutamento e seleção ser aperfeiçoadas.
por competências.
• Treinamento: torna-se necessário implantar e rea- 2.3 Plano de Desenvolvimento por Competências
lizar ações de capacitação e de desenvolvimento
conforme as necessidades identificadas. Baseado no resultado da Avaliação por Competên-
• Avaliações de qualificações: verificar a eficácia das cias, será criado um Plano de Desenvolvimento para os
ações de capacitação e de desenvolvimento que
colaboradores, cujo objetivo será aperfeiçoar e potencia-
foram implantadas.
lizar o perfil individual de cada colaborador.
• Avaliações de desempenho: verificar se as lacunas
de competências e de desempenho foram supera-
• O uso de software na Gestão por Competências
das.
• Um projeto de implantação de gestão por compe-
tências em uma empresa demanda grande traba-
Segundo Maria Odete Rabaglio, Gestão por Compe-
lho e dedicação da área de Recursos Humanos e
tências é um conjunto de ferramentas práticas, consis-
gestores.
tentes e objetivas que torna possível para as empresas
instrumentalizar RH e Gestores para fazer Gestão e De- • A utilização de um sistema informatizado desde o
senvolvimento de pessoas com foco, critério e clareza. início do processo facilita grandemente o geren-
Isso por meio de ferramentas mensuráveis, personaliza- ciamento e as chances de sucesso do projeto.
das e construídas com base nas atribuições dos cargos e • Alguns benefícios da Gestão por Competências
funções. • Melhora o desempenho dos colaboradores; 
A Gestão por Competências é composta por alguns • Identifica as necessidades de treinamentos; 
subsistemas, como: • Alinha os objetivos e metas da organização e da
equipe; 
• Mapeamento e Mensuração por Competências;  • Reduz a subjetividade na Seleção e Avaliação de
• Avaliação por Competências (Avaliação de Desem- pessoas; 
penho); • Analisa o desenvolvimento dos colaboradores; 
• Plano de Desenvolvimento por Competências; • Enriquece o perfil dos colaboradores, potenciali-
• Seleção por Competências;  zando seus resultados; 
• Remuneração por Competências. • Melhora o relacionamento entre gestores e lidera-
  dos; 
2.1 Mapeamento e Mensuração por Competên- • Mantém a motivação e o compromisso; 
cias • Extrai o máximo de produtividade de cada colabo-
rador. 
O Mapeamento e Mensuração por Competências é
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

a base de toda a Gestão por Competências. A partir da 2.4 Vantagens na adoção do sistema de gestão
Descrição de Cargo, isto é, das atividades que o cargo por competências
executa no dia a dia, é realizado o mapeamento das
competências técnicas e comportamentais (CHA) para A adoção do sistema de gestão por competências
cada uma das atividades. Depois disso, é feita a men- apresenta diversas vantagens, entre as quais se desta-
suração do grau ideal para o cargo, isto é, o quanto o cam:
cargo precisa de cada uma das competências para atingir • Clara visualização das disponibilidades e necessi-
os objetivos da empresa. O resultado do Mapeamento e dades em termos de competências;
Mensuração é a identificação do perfil comportamental e • Maior flexibilidade para alocar as pessoas confor-
técnico ideal para cada cargo ou função. me as competências necessárias;

38
• Desenvolvimento de competências para a agre- Assim, o papel principal da avaliação de desempenho
gação de valor à organização e ao indivíduo, com é identificar e trabalhar de forma sistêmica as diferenças
foco em resultados; de desempenho entre os muitos funcionários da organi-
• Sistematização do plano de desenvolvimento dos zação. Tendo sempre como base a interação constante
servidores a partir das necessidades reais; entre avaliador e avaliado.
• Atendimento às demandas organizacionais com a
utilização das competências adequadas; Disponível em: <http://www.sobreadministracao.
• Planejamento de carreira do servidor vinculado às com/avaliacao-de-desempenho-o-que-e-e-como-fun-
demandas organizacionais; ciona/>. Acesso em: 14 jul. 2018.
• Melhor aproveitamento dos talentos existentes na
instituição; 1. Formas de avaliação de desempenho
• Abertura de espaço para a negociação entre os ge-
rentes e seus subordinados. Listamos abaixo os métodos mais tradicionais de ava-
liação:
GESTÃO DE DESEMPENHO
• Escalas gráficas de classificação: é o método mais
A maneira mais eficaz do gestor demonstrar que está utilizado nas empresas. Avalia o desempenho por
a par dos resultados apresentados por seus colaborado- meio de indicadores definidos, graduados através
res é acompanhando de perto as atividades que esses da descrição de desempenho numa variação de
realizam. E o método mais eficaz de demonstrar esse ruim a excepcional. Para cada graduação pode ha-
acompanhamento é por meio da Avaliação de Desempe- ver exemplos de comportamentos esperados para
nho do colaborador. A avaliação de desempenho é uma facilitar a observação da existência ou não do indi-
ferramenta da gestão de pessoas que visa a analisar o cador. Permite a elaboração de gráficos que facili-
desempenho individual ou de um grupo de funcionários tarão a avaliação e o acompanhamento do desem-
em uma determinada empresa. É um processo de identi- penho histórico do avaliado.
ficação, diagnóstico e análise do comportamento de um • Escolha e distribuição forçada: consiste na avalia-
colaborador durante um intervalo de tempo, analisando ção dos indivíduos através de frases descritivas de
sua postura profissional, seu conhecimento técnico, sua determinado tipo de desempenho em relação às
relação com os parceiros de trabalho etc. tarefas que lhe foram atribuídas, entre as quais o
Esse método tem por objetivo analisar as melhores avaliador é forçado a escolher a mais adequada
práticas dos funcionários, proporcionando um cresci- para descrever os comportamentos do avaliado.
mento profissional e pessoal, visando a um melhor de- Este método busca minimizar a subjetividade do
sempenho de suas funções no ambiente de trabalho. processo de avaliação de desempenho.
Além disso, é uma importante ferramenta de auxílio à • Pesquisa de campo: tem base na realização de
administração de recursos humanos da empresa, alimen- reuniões entre um especialista em avaliação de
tando-a com informações que auxiliam a tomada de de- desempenho da área de Recursos Humanos e
cisão sobre práticas de bonificação, aumento de salários, cada  líder, para avaliação do desempenho de cada
demissões, necessidades de treinamento etc. um dos subordinados, levantando-se os motivos
de tal desempenho por meio de análise de fatos
Segundo Wagner Siqueira, o processo de  avaliação e situações. Este método permite um diagnóstico
de desempenho de um colaborador inclui, dentre outras, padronizado do desempenho, minimizando a sub-
as expectativas desejadas e os resultados reais, sendo di- jetividade da avaliação. Ainda possibilita o planeja-
vidida em algumas etapas: mento, conjuntamente com o líder, do desenvolvi-
mento profissional de cada um.
• Apreciação diária do comportamento do colabora- • Incidentes críticos: enfoca as atitudes que repre-
dor, seus progressos e limitações, êxitos e insuces- sentam desempenhos altamente positivos (suces-
sos, com oferecimento permanente de feedback so), que devem ser realçados e estimulados, ou
instantâneo; altamente negativos (fracassos), que devem ser
• Identificação e equacionamento imediato dos pro- corrigidos através de orientação constante. O mé-
blemas emergentes, procurando manter continua- todo não se preocupa em avaliar as situações nor-
mente um alto padrão de motivação e de obten- mais. No entanto, para haver sucesso na utilização
ção de resultados; desse método, é necessário o registro constante
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

• Entrevistas formais periódicas de avaliação de de- dos fatos para que estes não passem despercebi-
sempenho, em que avaliador e avaliado analisam dos.
os resultados obtidos no período considerado e • Comparação de pares: também conhecida como
redefinem novas orientações, compromissos recí- comparação binária, faz uma comparação entre
procos e ações corretivas, se for o caso. o desempenho de dois colaboradores ou entre o
Neste processo, o gestor precisa avaliar as fraquezas e desempenho de um colaborador e sua equipe, po-
limitações dos funcionários, buscando identificar pontos dendo fazer o uso de fatores para isso. É um pro-
de melhoria, necessidade de treinamento, ou até mes- cesso muito simples e pouco eficiente, mas que se
mo remanejamento do indivíduo para outras funções em torna muito difícil de ser realizado quanto maior
que poderia render melhor. for o número de pessoas avaliadas.

39
• Auto avaliação: é a avaliação feita pelo próprio aquém de suas capacidades, fornecendo base para
avaliado com relação a sua performance. O ideal a recolocação dessas pessoas.
é que esse sistema seja utilizado conjuntamente a • Balanced Scorecard: sistema desenvolvido por Ro-
outros sistemas para minimizar o forte viés e a falta bert S. Kaplan e David P. Norton na década de 90,
de sinceridade que podem ocorrer. avalia o desempenho sob quatro perspectivas: fi-
• Relatório de performance: também chamada de nanceira, do cliente, dos processos internos e do
avaliação por escrito ou avaliação da experiência, aprendizado e crescimento. São definidos objeti-
trata-se de uma descrição mais livre acerca das ca- vos estratégicos para cada uma das perspectivas e
racterísticas do avaliado, seus pontos fortes, fracos, tarefas para o atendimento da meta em cada obje-
potencialidades e dimensões de comportamento, tivo estratégico.
entre outros aspectos. Sua desvantagem está na
dificuldade de se combinar ou comparar as classifi- 2. Vantagens da Avaliação de desempenho
cações atribuídas e por isso exige a suplementação
de um outro método, mais formal. Por meio da  avaliação de desempenho  é possível
• Avaliação por resultados: é um método de avalia- identificar novos talentos dentro da própria organização,
ção baseado na comparação entre os resultados mediante análise do comportamento e das qualidades
previstos e realizados. É um método prático, mas de cada indivíduo, gerando, assim, novas possibilidades
que depende somente do ponto de vista do super- para remanejamento interno de colaboradores. Além
visor a respeito do desempenho avaliado. disso, pode oferecer bonificações e premiações aos fun-
• Avaliação por objetivos: baseia-se numa avaliação cionários que mais se destacarem na avaliação.
do alcance de objetivos específicos, mensuráveis, Outra vantagem é a possibilidade de gerar um fee-
alinhados aos objetivos organizacionais e nego- dback mais fácil aos funcionários analisados e gestores,
ciados previamente entre cada colaborador e seu uma vez que tem como resultado informações relevan-
superior. É importante ressaltar que, durante a tes, sólidas e tangíveis para um resultado eficiente. Esse
avaliação, não devem ser levados em consideração feedback faz com que os avaliados queiram investir ain-
aspectos que não estavam previstos nos objetivos, da mais em seu desenvolvimento, melhorando seu de-
ou não tinham sido comunicados ao colaborador. sempenho e trazendo vantagens para a empresa.
E ainda, deve-se permitir ao colaborador sua auto- Este método é importante, também, para eliminar
avaliação para discussão com seu gestor. “achismos” e palpites quanto à avaliação de um funcio-
• Padrões de desempenho: também chamado de nário. É um meio de obter informações reais e avaliar de
padrões de trabalho, é quando há estabelecimento perto as implicações de uma possível mudança na gestão
de metas somente por parte da organização, mas de recursos humanos da empresa.
que devem ser comunicadas às pessoas que serão
avaliadas. Por isso, manter esse tipo de avaliação pode trazer
• Frases descritivas: trata-se de uma avaliação atra- muitos benefícios e mudanças positivas na gestão de
vés de comportamentos descritos como ideais pessoas de uma organização, seja qual for o seu tama-
ou negativos. Assim, assinala-se “sim” quando o nho. Com ela, o gestor pode avaliar melhor seus subor-
comportamento do colaborador corresponde ao dinados, melhorar o clima de trabalho, investir no treina-
comportamento descrito, e “não” quando não mento de seus pares, melhorar a produtividade, desen-
corresponde. É diferente do método da Escolha e volver os métodos de remuneração, fazê-los trabalhar
distribuição forçada no sentido da não obrigato- de forma mais eficiente etc. Todos ganham quando uma
riedade na escolha das frases. equipe é avaliada de forma satisfatória pelos gerentes.
• Avaliação 360 graus: neste método, o avaliado
recebe  feedbacks  (retornos) de todas as pessoas 3. Aplicações
com quem ele tem relação, também chamados
de  stakeholders, como pares, superior imediato, A avaliação de desempenho presta-se ao exercício de
subordinados, clientes, entre outros. diferentes funções administrativas, motivacionais e de
• Avaliação de competências: trata-se da identifica- comunicação, como citadas a seguir:
ção de competências conceituais (conhecimento
teórico), técnicas (habilidades) e interpessoais (ati- • Identificação de pontos fortes e fracos dos colabo-
tudes) necessárias para que determinado desem- radores e, consequentemente, da organização;
penho seja obtido. • Identificação de diferenças individuais;
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

• Avaliação de competências e resultados: é a con- • Estímulo à comunicação interpessoal;


jugação das avaliações de competências e resulta- • Desenvolvimento do conceito “equipe de dois”,
dos, ou seja, é a verificação da existência ou não formada por chefe e subordinado;
das competências necessárias de acordo com o • Informação ao colaborador de como o seu desem-
desempenho apresentado. penho é percebido;
• Avaliação de potencial: com ênfase no desempe- • Estímulo ao desenvolvimento individual do avalia-
nho futuro, identifica as potencialidades do ava- dor e do avaliado;
liado que facilitarão o desenvolvimento de tarefas • Indicações de promoções e de aumentos salariais
e atividades que lhe serão atribuídas. Possibilita a por mérito;
identificação de talentos que estejam trabalhando • Indicações de necessidade de treinamento;

40
• Gestão de crises nas equipes e nos processos ope- 6. Natureza comparativa dos indicadores de de-
racionais (sistemas técnicos e sociais); sempenho
• Auxílio na verificação de aprendizagens;
• Identificação de problemas de trabalho em geral, Informações sobre desempenho são essencialmente
no relacionamento individual, intraequipe ou inte- comparativas. Um conjunto de dados isolado mostrando
requipes; os resultados atingidos por uma instituição não diz nada
• Registro histórico suplementar para ações admi- a respeito do desempenho da mesma, a menos que seja
nistrativas de gestão; confrontado com metas ou padrões preestabelecidos, ou
• Apoio às pesquisas de clima organizacional. realizada uma comparação com os resultados atingidos
em períodos anteriores, obtendo-se assim uma série his-
4. Indicadores de Desempenho tórica para análise.

O que não é medido não é gerenciado.... 7. Variáveis empregadas na construção de indica-


Robert Kaplan dores

Se você não mede algo, você não pode entender o pro- Os indicadores quase sempre são compostos por va-
cesso. riáveis provenientes de um dos seguintes grupos: custo,
Se você não entende o processo, você não consegue tempo, quantidade e qualidade.
aperfeiçoá-lo.
Peter Druker 8. Principais usos de indicadores de desempenho
A utilização de indicadores de desempenho pela ins-
A utilização de indicadores de desempenho para tituição:
aferir os resultados alcançados pelos administradores é
uma metodologia que está relacionada ao conceito de • Possibilita a avaliação qualitativa e quantitativa do
desempenho global da instituição, por meio da
gerenciamento voltado para resultados (result oriented
avaliação de seus principais programas e/ou de-
management – ROM). Esse conceito tem sido adotado
partamentos;
nas administrações públicas de diversos países, espe-
• Permite o acompanhamento e a avaliação do de-
cialmente nos de cultura anglo-saxônica (EUA, Austrália,
sempenho ao longo do tempo e ainda a compara-
Reino Unido).
ção entre:
Para alguns estudiosos/autores da literatura especia-
• Desempenho anterior x desempenho corrente;
lizada, o conceito de indicador de desempenho pode ser • Desempenho corrente x padrão de comparação;
definido como um instrumento de mensuração quanti- • Desempenho planejado x desempenho real;
tativa ou qualitativa de aspectos do desempenho. Neste • Possibilita enfocar as áreas relevantes do desem-
material, vamos adotar a seguinte definição: penho e expressá-las de forma clara, induzindo um
Um indicador de desempenho é um número, percen- processo de transformações estruturais e funcio-
tagem ou razão que mede um aspecto do desempenho, nais que permite eliminar inconsistências entre a
com o objetivo de comparar esta medida com metas pré- missão da instituição, sua estrutura e seus objeti-
-estabelecidas. vos prioritários;
5. Medição de desempenho e indicador de desem- • Ajuda o processo de desenvolvimento organiza-
penho cional e de formulação de políticas a médio e lon-
go prazos;
A expressão indicador de desempenho é também • Melhora o processo de coordenação organizacio-
normalmente utilizada no sentido de medição de de- nal, a partir da discussão fundamentada dos resul-
sempenho. Entretanto, é possível estabelecer-se uma tados e o estabelecimento de compromissos entre
distinção entre ambas. Medições de desempenho são os diversos setores da instituição;
efetuadas quando os aspectos do desempenho podem • Possibilita a incorporação de sistemas de reconhe-
ser mensurados diretamente e quantificados com faci- cimento pelo bom desempenho, tanto institucio-
lidade. Exemplos: quilometragem de estradas conserva- nais quanto individuais.
das; número de alunos matriculados no 1º grau.
Indicadores de desempenho são utilizados quando 9. Qualidades desejáveis em um indicador de de-
não é possível efetuar tais mensurações de forma direta. sempenho
Atuam como uma alternativa para a medição do desem-
penho, embora não forneçam uma mensuração direta Tanto na análise de indicadores de desempenho já
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

dos resultados. Exemplo: a utilização do índice de repe- existentes, quanto na elaboração de novos, deve-se veri-
tência na 1ª série do 1º grau, como um dos fatores a ficar as seguintes características:
serem considerados na formação de um indicador de de- I. Representatividade: o indicador deve ser a expres-
sempenho para medir a efetividade do ensino de 1º grau. são dos produtos essenciais de uma atividade ou
O que se deseja ressaltar com essa diferenciação é função; o enfoque deve ser no produto: medir aquilo
que os indicadores de desempenho podem fornecer uma que é produzido, identificando produtos interme-
boa visão acerca do resultado que se deseja medir, mas diários e finais, além dos impactos desses produtos
são apenas aproximações do que realmente está ocor- (outcomes). Este atributo merece certa atenção, pois
rendo, necessitando, sempre, de interpretação no con- indicadores muito representativos tendem a ser mais
texto em que estão inseridos. difíceis de ser obtidos.

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II. Homogeneidade: na construção de indicadores devem ser consideradas apenas variáveis homogêneas. Por
exemplo, ao estabelecer o custo médio por auditoria, devem-se identificar os diversos tipos de auditoria, já que
para cada tipo tem-se uma composição de custo diversa.
III. Praticidade: garantia de que o indicador realmente funciona na prática e permite a tomada de decisões geren-
ciais. Para tanto, deve ser testado, modificado ou excluído quando não atender a essa condição.
IV. Validade: o indicador deve refletir o fenômeno a ser monitorado.
V. Independência: o indicador deve medir os resultados atribuíveis às ações que se quer monitorar, devendo ser
evitados indicadores que possam ser influenciados por fatores externos.
VI. Confiabilidade: a fonte de dados utilizada para o cálculo do indicador deve ser confiável, de tal forma que dife-
rentes avaliadores possam chegar aos mesmos resultados.
VII. Seletividade: deve-se estabelecer um número equilibrado de indicadores que enfoquem os aspectos essenciais
do que se quer monitorar.
VIII. Simplicidade: o indicador deve ser de fácil compreensão e não envolver dificuldades de cálculo ou de uso.
IX. Cobertura: os indicadores devem representar adequadamente a amplitude e a diversidade de características do
fenômeno monitorado, resguardado o princípio da seletividade e da simplicidade.
X. Economicidade: as informações necessárias ao cálculo do indicador devem ser coletadas e atualizadas a um
custo razoável, em outras palavras, a manutenção da base de dados não pode ser dispendiosa.
XI. Acessibilidade: deve haver facilidade de acesso às informações primárias bem como de registro e manutenção
para o cálculo dos indicadores.
XII. Estabilidade: a estabilidade conceitual das variáveis componentes e do próprio indicador bem como a estabi-
lidade dos procedimentos para sua elaboração são condições necessárias ao emprego de indicadores para avaliar
o desempenho ao longo do tempo.

10. Aspectos do desempenho medidos pelos indicadores


O desempenho na obtenção de um determinado resultado pode ser medido segundo as seguintes dimensões de
análise: economicidade, eficiência, eficácia e efetividade. Para cada dimensão de análise podem existir um ou mais
indicadores.

11. Tipos de indicadores


NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

12. Requisitos dos indicadores

• Disponibilidade – Facilidade de acesso para coleta, estando disponível a tempo;


• Simplicidade – Facilidade de ser compreendido;
• Baixo custo de obtenção;
• Adaptabilidade – Capacidade de resposta às mudanças;
• Estabilidade – Permanência no tempo, permitindo a formação de série histórica;
• Rastreabilidade – Facilidade de identificação da origem dos dados, seu registro e manutenção;
• Representatividade – Atender às etapas críticas dos processos, estes sendo importantes e abrangentes.

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13. Exemplo de Indicadores de Desempenho

PROCESSOS MÉTRICAS
Estratégia Corporativa ▪ A posição competitiva na indústria
▪ Custo, tempo de desenvolvimento, tempo de entrega, quantidade, preço e canais dos
produtos oferecidos
▪ Quantidade, complexidade e tamanho dos concorrentes, clientes, parceiros e forne-
cedores
▪ Valor dos recursos disponíveis
Estrutura Corporativa ▪ Número de unidades estratégicas de negócio (UEN)
▪ Diversidade geográfica de produção e vendas
▪ Nível de capacitação para cada (UEN) e gerentes
Sistemas Corporativos ▪ Índice de retenção de clientes e funcionários
▪ Produtos e índices de qualidade de processos
▪ Investimento na formação de equipes
Recursos ▪ Recursos financeiros disponíveis para investimento no negócio
▪ Avaliação de competências dos funcionários existentes
▪ Avaliação da qualidade da tecnologia atual e dos processos
Ambiente externo ▪ Avaliação dos investimentos dos concorrentes
▪ Avaliação das necessidades do cliente
▪ das necessidades de fornecedores e recursos
Liderança ▪ Tempo dedicado ao negócio
▪ Orçamento por cento atribuído às iniciativas no segmento
▪ Porcentagem de desempenho vinculados ao sucesso do negócio no mercado
▪ Objetivos do negócio claramente comunicados aos administradores e funcionários
▪ Percentagem de gerentes preparados para o negócio
Criar e executar estraté- ▪ Número, preço de custo e a percepção dos produtos e serviços oferecidos pela empresa
gias adequadas para o Disponibilidade e planejamento de recursos de segurança do segmento
negócio ▪ Percepção da marca
▪ Quantidade e qualidade das informações disponíveis sobre a empresa
▪ Os níveis de qualidade, opções de entrega, taxas de cumprimento e satisfação do clien-
te de encomendas personalizadas
▪ Rentabilidade das operações para o segmento
Suporte e estrutura exter- ▪ Quantidade de produtos terceirizados
na ao negócio ▪ Qualidade das parcerias estratégicas formadas
▪ Variação do custo e da qualidade de contratos de fornecedores
▪ Integração ante unidades fornecedoras e funções internas
▪ Número de produtos, canais e serviços específicos
Desenvolver e implemen- ▪ Quantidade, qualidade, habilidades e conhecimentos dos funcionários da empresa
tar sistemas apropriados ▪ Quantidade e qualidade de treinamentos específicos
ao negócio ▪ Porcentagem de medidas de desempenho e recompensas alinhados e ligados à ativi-
dade do negócio
▪ Quantidade e qualidade dos dados dos clientes através de sistemas promocionais
▪ Tempo necessário para atender aos pedidos do cliente e solicitações de serviços feitas
pessoalmente ou por outros meios
▪ Nível de integração interdepartamental por via eletrônica
▪ Qualidade de vendas e performance de entrega
Otimização de canal ▪ Valores em R$ das atividades realizadas pelo segmento concorrente
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

▪ Número de clientes atendidos pela concorrência


▪ Tempo de inatividade médio por unidade
▪ Nível de satisfação com a cadeia de fornecedores
▪ Melhoria de vendas juntos aos clientes já existentes
Redução de custos ▪ R$ economizados em despesas com pessoal, aquisição de produtos e materiais, arma-
zenamento etc.
▪ R$ economizados no desenvolvimento de novos produtos e a introdução no mercado
▪ Os custos trabalhistas por unidade vendida

43
Aquisição de novos clien- ▪ Novos clientes adquiridos através de promoções
tes ▪ Percentagem de clientes por novo produto
▪ Percentagem de novos clientes específicos
▪ Número de novos clientes por meio de outros canais
▪ Novos clientes que se convertem em clientes fidelizados (taxa de conversão)
Fidelização e retenção de ▪ Frequência de visitas e retorno de cliente
cliente ▪ Vendas médias, anual por cliente
▪ A satisfação do cliente com o atendimento
▪ Compras do cliente versus a taxa de desistência
▪ Percentagem de atritos com clientes
▪ Relação de novos clientes versus os costumeiros
Geração de valor ▪ Custo e preço dos produtos e serviços oferecidos aos clientes
▪ Média dos preços pagos pelos consumidores
▪ Número de novos produtos e linhas de serviços introduzidos
▪ Rentabilidade das operações do negócio
▪ As receitas geradas através da iniciativa (receita total, receita por cliente)
▪ Rentabilidade por cliente
Rentabilidade da empresa ▪ Preço do estoque
a longo prazo ▪ Evolução do capital
▪ O crescimento das vendas

Vale reforçar que, mesmo adotando-se todos os cuidados na elaboração de indicadores de desempenho, o aperfei-
çoamento sempre será possível, à medida em que forem sendo colocados em prática.
Criar um canal para críticas e sugestões dos usuários dos serviços públicos, organizações governamentais, entida-
des de classe, entidades governamentais fiscalizadoras, enfim, de todos os que, de certa forma, estão interessados no
desempenho do serviço da entidade pública é outra forma de aperfeiçoar o uso de indicadores, buscando sempre um
processo de melhoria que traga o serviço o mais próximo possível do desejado e necessário.

TRABALHO EM EQUIPE

Trabalho em equipe pode ser definido como os esforços conjuntos de um grupo ou sociedade visando à solução
de um problema. Ou seja, um grupo ou conjunto de pessoas que se dedicam a realizar determinada tarefa estão tra-
balhando em equipe.
Essa denominação se origina da época logo após a Primeira Guerra Mundial. O trabalho em equipe, por meio da
ação conjunta, possibilita a troca de conhecimentos entre especialistas de diversas áreas.
Como cada pessoa é responsável por uma parte da tarefa, o trabalho em equipe oferece também maior agilidade
e dinamismo.
Para que o trabalho em equipe funcione bem, é essencial que o grupo possua metas ou objetivos compartilhados.
Também é necessário que haja comunicação eficiente e clareza na delegação de cada tarefa.
A diferença de pensamento e visão entre pessoas distintas é fundamental para uma resolução de problemas efi-
ciente. Quanto mais perspectivas uma equipe tiver sobre um único problema, mais fácil é encontrar a melhor solução
possível.

1. Diferença entre Grupo e Equipe

Grupo e equipe não são a mesma coisa. Grupo é definido como dois ou mais indivíduos, em interação e interdepen-
dência, que se juntam para atingir um objetivo. Um grupo de trabalho é aquele que interage basicamente para compar-
tilhar informações e tomar decisões para ajudar cada membro em seu desempenho na sua área de responsabilidade.
Os grupos de trabalho não têm necessidade nem oportunidade de se engajar em um trabalho coletivo que requeira
esforço conjunto. Assim, seu desempenho é apenas a somatória das contribuições individuais de seus membros. Não
existe uma sinergia positiva que possa criar um nível geral de desempenho maior do que a soma das contribuições
individuais.
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

Uma equipe de trabalho gera uma sinergia positiva por meio do esforço coordenado. Os esforços individuais resul-
tam em um nível de desempenho maior do que a soma daquelas contribuições individuais. Veja a seguir as diferenças
entre grupos de trabalho e equipes de trabalho.

#FicaDica
Distinguir equipe e grupo é um aspecto muito importante para soluções de exercícios que tratem de
trabalho em equipe. O ponto principal é o objetivo em comum existente quando as pessoas compõem
uma equipe.

44
2. Comparação entre Grupos de Trabalho e Equi- Contudo, essas capacidades determinam parâmetros
pes de Trabalho do que os membros podem fazer e de quão eficientes
2.1 Transformando indivíduos em membros de eles serão dentro da equipe. Para funcionar eficazmente,
equipe uma equipe precisa de três tipos diferentes de capacida-
des. Primeiro, ela precisa de pessoas com conhecimen-
▪ Partilham suas ideias para a melhoria do que fazem tos técnicos. Segundo, pessoas com habilidades para
e de todos os processos do grupo; solução de problemas e tomada de decisões que se-
▪ Respeitam as individualidades e sabem ouvir; jam capazes de identificar problemas, gerar alternativas,
▪ Comunicam-se ativamente; avalia-las e fazer escolhas competentes. Finalmente, as
▪ Desenvolvem respostas coordenadas em benefí- equipes precisam de pessoas que saibam ouvir, deem
cios dos propósitos definidos; feedback, solucionem conflitos e possuam outras ha-
▪ Constroem respeito, confiança mútua e afetividade bilidades interpessoais.
nas relações;
▪ Participam do estabelecimento de objetivos co- 3. Tipos de Equipe
muns;
▪ Desenvolvem a cooperação e a integração entre os As equipes podem realizar uma grande variedade de
membros. coisas. Elas podem fazer produtos, prestar serviços, ne-
gociar acordos, coordenar projetos, oferecer aconselha-
2.2 Fatores que interferem no trabalho em equipe mentos ou tomar decisões.

▪ Estrelismo; ▪ Equipe de solução de problemas: neste tipo de


▪ Ausência de comunicação e de liderança; equipe, os membros trocam ideias ou oferecem
▪ Posturas autoritárias; sugestões sobre os processos e métodos de tra-
▪ Incapacidade de ouvir; balho que podem ser melhorados. Raramente, en-
▪ Falta de treinamento e de objetivos; tretanto, estas equipes têm autoridade para imple-
▪ Não saber “quem é quem” na equipe. mentar unilateralmente suas sugestões.
▪ Equipes de trabalho autogerenciadas: são equipes
2.3 São características das equipes eficazes: autônomas, que podem não apenas solucionar os
problemas, mas também implementar as soluções
e assumir total responsabilidade pelos resultados.
▪ Comprometimento dos membros com um propó-
São grupos de funcionários que realizam trabalhos
sito comum e significativo;
muito relacionados ou interdependentes e assuem
▪ O estabelecimento de metas específicas para a
muitas das responsabilidades que antes eram de
equipe que conduzam os indivíduos a um melhor
seus antigos supervisores.
desempenho e também energizem as equipes.
▪ Normalmente, isso inclui o planejamento e o cro-
Metas específicas ajudam a tornar a comunicação
nograma de trabalho, a delegação de tarefas aos
mais clara, além de manter a equipe focada na ob-
membros, o controle coletivo sobre o ritmo de
tenção de resultados; trabalho, a tomada de decisões operacionais e a
▪ Os membros defendem suas ideias, sem radicalis- implementação de ações para solucionar proble-
mo; mas. As equipes de trabalho totalmente autoge-
▪ Grande habilidade para ouvir; renciadas até escolhem seus membros e avaliam o
▪ Liderança é situacional; ou seja, o líder age de desempenho uns dos outros.
acordo com o grau de maturidade da equipe; de ▪ Consequentemente, as posições de supervisão
acordo com a contingência; perdem a sua importância e até podem ser elimi-
▪ Questões comportamentais são discutidas aberta- nadas.
mente, principalmente as que podem comprome- ▪ Equipes multifuncionais: São equipes formadas por
ter a imagem da equipe ou organização funcionários do mesmo nível hierárquico, mas de
▪ O nível de confiança entre os membros é elevado; diferentes setores da empresa, que se juntam para
▪ Demonstram confiança em seus líderes, tornando cumprir uma tarefa. As equipes desempenham vá-
a equipe disposta a aceitar e a se comprometer rias funções (multifunções), ao mesmo tempo, ou
com as metas e as decisões do líder; seja, não há especificação para cada membro. O
▪ Flexibilidade permitindo que os membros da equi- sentido de equipe é exatamente esse, os membros
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

pe possam completar as tarefas uns dos outros. compensam entre si as competências e as carên-
Isso deixa a equipe menos dependente de um úni- cias, num aprendizado contínuo.
co membro; ▪ As equipes multifuncionais representam uma for-
▪ Conflitos são analisados e resolvidos; ma eficaz de permitir que pessoas de diferentes
áreas de uma empresa (ou até de diferentes em-
Há uma preocupação / ação contínua em busca do presas) possam trocar informações, desenvolver
autodesenvolvimento. novas ideias e solucionar problemas, bem como
coordenar projetos complexos. Evidentemente,
O desempenho de uma equipe não é apenas a soma- não é fácil administrar essas equipes. Seus pri-
tória das capacidades individuais de seus membros. meiros estágios de desenvolvimento, enquanto as

45
pessoas aprendem a lidar com a diversidade e a quando não há troca de informações. A maneira de lidar
complexidade, costumam ser muito trabalhosos e com diferenças individuais cria certo clima entre as pes-
demorados. Demora algum tempo até que se de- soas e tem forte influência sobre toda a vida em grupo,
senvolva a confiança e o espírito de equipe, espe- principalmente nos processos de comunicação, no rela-
cialmente entre pessoas com diferentes históricos, cionamento interpessoal, no comportamento organiza-
experiências e perspectivas. cional e na produtividade.
▪ Equipes Virtuais: Os tipos de equipes analisados Valores: Representa convicções básicas de que um
até agora realizam seu trabalho face a face. As modo específico de conduta ou de condição de existên-
equipes virtuais usam a tecnologia da informática cia é individualmente ou socialmente preferível ao modo
contrário ou oposto de conduta ou de existência. Eles
para reunir seus membros, fisicamente dispersos, e
contêm um elemento de julgamento, baseado naquilo
permitir que eles atinjam um objetivo comum. Elas
que o indivíduo acredita ser correto, bom ou desejável.
permitem que as pessoas colaborem on-line utili- Os valores costumam ser relativamente estáveis e dura-
zando meios de comunicação como redes internas douros.
e externas, videoconferências ou correio eletrônico Atitudes: As atitudes são afirmações avaliadoras – fa-
– quando estão separadas apenas por uma parede voráveis ou desfavoráveis – em relação a objetos, pes-
ou em outro continente. São criadas para durar al- soas ou eventos. Refletem como um indivíduo se sente
guns dias para a solução de um problema ou mes- em relação a alguma coisa. Quando digo “gosto do meu
mo alguns meses para conclusão de um projeto. trabalho” estou expressando minha atitude em relação
Não são muito adequadas para tarefas rotineiras e ao trabalho. As atitudes não são o mesmo que os valo-
cíclicas. res, mas ambos estão inter-relacionados e envolvem três
componentes: cognitivo, afetivo e comportamental.
Em todo processo em que haja interação entre as A convicção de que “discriminar é errado” é uma afir-
pessoas vamos desenvolver relações interpessoais. mativa avaliadora. Essa opinião é o componente cogni-
Ao pensarmos em ambiente de trabalho, onde as ati- tivo de uma atitude. Ela estabelece a base para a parte
vidades são predeterminadas, alguns comportamentos mais crítica de uma atitude: o seu componente afetivo. O
são precisam ser alinhados a outros, e isso sofre influên- afeto é o segmento da atitude que se refere ao sentimen-
cia do aspecto emocional de cada envolvido, tais como: to e às emoções e se traduz na afirmação “Não gosto de
João porque ele discrimina os outros”. Finalmente, o sen-
comunicação, cooperação, respeito, amizade. À medida
timento pode provocar resultados no comportamento. O
que as atividades e interações prosseguem, os senti-
componente comportamental de uma atitude se refere
mentos despertados podem ser diferentes dos indicados à intenção de se comportar de determinada maneira em
inicialmente e então – inevitavelmente – os sentimentos relação a alguém ou alguma coisa. Então, para continuar
influenciarão as interações e as próprias atividades. As- no exemplo, posso decidir evitar a presença de João por
sim, sentimentos positivos de simpatia e atração provo- causa dos meus sentimentos em relação a ele.
carão aumento de interação e cooperação, repercutindo Encarar a atitude como composta por três compo-
favoravelmente nas atividades e ensejando maior produ- nentes – cognição, afeto e comportamento – é algo mui-
tividade. Por outro lado, sentimentos negativos de an- to útil para compreender sua complexidade e as relações
tipatia e rejeição tenderão à diminuição das interações, potenciais entre atitudes e comportamento. Ao contrário
ao afastamento nas atividades, com provável queda de dos valores, as atitudes são menos estáveis.
produtividade.
Esse ciclo “atividade-interação-sentimentos” não se COMPETÊNCIA INTERPESSOAL
relaciona diretamente com a competência técnica de
cada pessoa. Profissionais competentes individualmente A competência interpessoal é habilidade de lidar efi-
podem render muito abaixo de sua capacidade por in- cazmente com relações interpessoais, de lidar com ou-
fluência do grupo e da situação de trabalho. tras pessoas de forma adequada à necessidade de cada
Quando uma pessoa começa a participar de um gru- uma delas e às exigências da situação. Segundo C. Ar-
gyris (1968), é a habilidade de lidar eficazmente com re-
po, há uma base interna de diferenças que englobam
lações interpessoais de acordo com três critérios:
valores, atitudes, conhecimentos, informações, precon-
▪ Percepção acurada da situação interpessoal, de
ceitos, experiência anterior, gostos, crenças e estilo com- suas variáveis relevantes e respectiva inter-relação;
portamental, o que traz inevitáveis diferenças de percep- ▪ Habilidade de resolver realmente os problemas de
ções, opiniões, sentimentos em relação a cada situação tal modo que não haja regressões;
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

compartilhada. Essas diferenças passam a constituir um ▪ Soluções alcançadas de tal forma que as pessoas
repertório novo: o daquela pessoa naquele grupo. Como envolvidas continuem trabalhando juntas tão efi-
essas diferenças são encaradas e tratadas determina a cientemente, pelo menos, como quando começa-
modalidade de relacionamento entre membros do gru- ram a resolver seus problemas.
po, colegas de trabalho, superiores e subordinados. Por
exemplo: se no grupo há respeito pela opinião do outro, Dois componentes da competência interpessoal as-
se a ideia de cada um é ouvida, e discutida, estabelece-se sumem importância capital: a percepção e a habilidade
uma modalidade de relacionamento diferente daquela propriamente dita. O processo da percepção precisa ser
em que não há respeito pela opinião do outro, quan- treinado para uma visão acurada da situação interpes-
do ideias e sentimentos não são ouvidos, ou ignorados, soal.

46
▪ Percepção seletiva: é um processo que aparece na 3. Elementos básicos da inteligência emocional
comunicação, pois os receptores vêm e ouvem se-
letivamente com base em suas necessidades, expe- ▪ Autoconhecimento: conhecer a si próprio, gerar
riências, formação, interesses, valores etc. autoconfiança, conhecer pontos positivos e nega-
▪ Percepção social: é o meio pelo qual a pessoa tivos.
forma impressões de uma outra na esperança de ▪ Controle Emocional: capacidade de gerenciar as
compreendê-la. próprias emoções e impulsos.
▪ Automotivação: capacidade de gerenciar as pró-
Novas competências começam a ser exigidas pelas prias emoções com vistas a uma meta a ser alcan-
organizações, que reinventam sua dinâmica produtiva, çada. Persistir diante de fracassos e dificuldades.
desenvolvendo novas formas de trabalho e de resolução ▪ Reconhecer emoções nos outros: empatia.
de conflitos. Surgem novos paradigmas de relações das ▪ Habilidade em relacionamentos interpessoais: ap-
organizações com fornecedores, clientes e colaborado-
tidão social.
res. Nesse contexto, as relações humanas no ambiente
de trabalho têm sido foco da atenção dos gestores, para
4. Autoconhecimento
que sejam desenvolvidas habilidades e atitudes neces-
sárias ao manejo inteligente das relações interpessoais.
De acordo com estudos psicológicos, autoconheci-
1. Definição de competência mento significa o conhecimento que a pessoa tem de si
próprio. Ao nos conhecermos, temos condições de domi-
Chamamos de competência a integração e a coorde- nar nossas emoções, controlar nossos impulsos, estimu-
nação de um conjunto de conhecimentos, habilidades e lar nossas potencialidades, controlar nossas fraquezas,
atitudes (C.H.A.) que na sua manifestação produzem uma impedir que sentimentos negativos e destrutivos, como
atuação diferenciada. ansiedade, baixa autoestima, instabilidade emocional
C – Conhecimento – SABER entre outras sensações negativas nos afete, resultando
H – Habilidade – SABER FAZER em falta de produtividade e um desenvolvimento pessoal
A – Atitude – QUERER FAZER prejudicado.
A busca pelo equilíbrio depende de sabermos quais
A competência técnica: envolve o C.H.A em áreas téc- são nossas necessidades e nossos interesses, por isso a
nicas específicas. importância que se deve dar às experiências que pas-
A competência interpessoal: envolve o C.H.A nas rela- samos e ao que elas nos agrega, mostrando-nos as si-
ções interpessoais. tuações em que somos mais positivos, produtivos e nos
sentimos com mais potencial e também aquelas nas
2. Inteligência emocional quais nos abatemos ou nos sentimos mais fragilizados
ou impotentes, além da busca pelo processo de melhora
Qualquer um pode zangar-se. Isso é fácil. interno, em que, como indivíduos, conseguimos atingir
Mas zangar-se com a pessoa certa, na medida certa, um nível de evolução satisfatório.
na hora certa, pelo motivo certo e da maneira certa não
é fácil. 5. Diferenças individuais
Aristóteles
Como trabalhar bem com os outros? Como entender O processo de autoconhecimento acima comentado
os outros e fazer-se entender?
é fundamental para lidarmos com as diferenças existen-
A inteligência acadêmica pouco tem a ver com a vida
tes entre as pessoas. Saber como sou, porque sou assim
emocional. As pessoas mais brilhantes podem afogar-se
e me aceitar dessa forma facilita a compreensão e a acei-
nos recifes das paixões e dos impulsos desenfreados,
tação do próximo tal qual ele é.
pessoas com alto nível de QI podem ser pilotos incom-
petentes de sua vida particular. Essas diferenças existem em decorrência de nossas
A aptidão emocional é uma capacidade que determi- características, sendo que essas podem ser inatas ou ad-
na até onde podemos usar bem quaisquer outras apti- quiridas.
dões que tenhamos, incluindo o intelecto bruto. Entende-se por características inatas tudo aquilo que
Inteligência emocional: é a habilidade de lidar efi- trazemos conosco desde nosso nascimento, isto é, nossa
cazmente com relações interpessoais, de lidar com ou- carga hereditária.
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

tras pessoas de forma adequada às necessidades de cada Já as características adquiridas são todas aquelas que
uma e às exigências da situação, observando as emoções vamos agregando no nosso processo de crescimento,
e reações evidenciadas no comportamento do outro e no amadurecimento, são as experiências pelas quais passa-
seu próprio comportamento. mos e que nos deixam marcas, nos dão forma.
Inteligência intrapessoal: é a habilidade de lidar A junção dessas duas características é responsável
com o seu próprio comportamento. Exige autoconheci- pela formação de nossa personalidade, ou seja, fatores
mento, controle emocional, automotivação e reconheci- internos e externos vão se moldando em nossa vivência e
mento dos sentimentos quando eles ocorrem. nos tornando seres únicos e extremamente interessantes
Inteligência interpessoal: é a habilidade de lidar efi- no contexto do que podemos fazer com o que acumu-
cazmente com outras pessoas de forma adequada. lamos de informação e experiência ao longo do tempo.

47
No campo organizacional isso é muito válido, porque Visto que grande parte dos conflitos nas organizações
se tem uma rica rede de características que, somadas, ocorre por diferenças e discordâncias entre as caracterís-
podem atingir resultados incríveis para essas organiza- ticas e os interesses entre colaboradores e também en-
ções, visto que a presença de algumas características em tre estes e os objetivos da organização, as políticas de
algumas pessoas supre a ausência delas em outras e vi- Gestão de Pessoas precisam ser flexíveis e adaptáveis à
ce-versa, tornando essa rede mais valiosa, na qual as di- realidade e à necessidade de cada indivíduo para assim
ferenças se encaixam e se completam formando um qua- conseguir tirar o máximo de proveito do conjunto exis-
dro de talentos e potencialidades administráveis quando tente no corpo de colaboradores focando nos objetivos
esses indivíduos, por se conhecerem, são capazes de ad- organizacionais e no desenvolvimento individual de cada
ministrar suas qualidades e deficiências, proporcionando colaborador.
crescimento coletivo.
7. Empatia
6. Personalidade
Colocar-se no lugar do outro, mediante sentimentos
Ao estudar a personalidade, compreendemos o com- e situações vivenciadas.
portamento e a atitude das pessoas. “Sentir com o outro é envolver-se”. A empatia leva ao
Como vimos acima, a personalidade é a resultante de envolvimento, ao altruísmo e a piedade. Ver as coisas da
um conjunto de características que integradas, estabe- perspectiva dos outros quebra estereótipos tendencio-
lece a forma única como ele se comporta ou reage ao sos e assim leva à tolerância e à aceitação das diferenças.
meio. A personalidade demonstra a essência da pessoa. A empatia é um ato de compreensão tão seguro quanto
Temos também a persona (latim) que, em alguns mo- à apreensão do sentido das palavras contidas numa pá-
mentos, é como se adotássemos algum personagem, ou gina impressa.
seja, é como se fosse uma máscara que cada um de nós A empatia é o primeiro inibidor da crueldade huma-
usa conforme a circunstância ou as conveniências e, por na: reprimir a inclinação natural de sentir com o outro
meio dessas facetas, causamos impressões aos outros.
nos faz tratar o outro como um objeto.
Anteriormente falamos sobre as características inatas
O ser humano é capaz de encobrir intencionalmente
e as adquiridas, vejamos alguns desses exemplos.
a empatia, é capaz de fechar os olhos e os ouvidos aos
apelos dos outros. Suprimir essa inclinação natural de
6.1 Inatas
sentir com outro desencadeia a crueldade.
Empatia implica certo grau de compartilhamento
▪ A genética determina a aparência externa da pes-
emocional – um pré-requisito para realmente compreen-
soa;
der o mundo interior do outro.
▪ A genética determina a estrutura da espécie, co-
mum a todos os indivíduos;
▪ A genética determina traços individuais e únicos 8. A empatia nas empresas
de cada indivíduo particular.
QUAL A RELAÇÃO ENTRE EMPATIA E PRODUTI-
6.2 Adquiridas VIDADE?
O conceito de empatia está relacionado à capacidade
▪ Ambiente físico: nutrição, temperatura, altitude; de ouvir o outro de tal forma a compreender o mundo a
▪ Ambiente social: cultura, relações interpessoais; partir de seu ponto de vista. Não pressupõe concordância
▪ As experiências da vida de uma pessoa são deter- ou discordância, mas o entendimento da forma de pen-
minantes para a constituição de sua personalidade; sar, sentir e agir do interlocutor. No momento em que isso
▪ Dentre os aspectos importantes da personalidade, ocorre de forma coletiva, a organização dialoga e conhece
citamos o temperamento e o caráter. saltos de produtividade e de satisfação das pessoas. (Silvia
O temperamento é uma característica inata, que re- Dias – Diretora de RH da Alcoa)
cebemos em nossa carga genética, determinando nossas A empatia é primordial para o desenvolvimento de
reações, principalmente quando se envolve emoção, por lideranças e o aperfeiçoamento da gestão de pessoas, pois
exemplo, tolerância, otimismo, paciência, agressividade, pressupõe o respeito ao outro; em uma dinâmica que fa-
enfim, é a forma como vamos lidar com todas as emo- vorece o aumento da produtividade. (Olga Lofredi – Presi-
ções que podem aflorar quando estamos em uma deter- dente da Landmark )
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

minada situação.
Já o caráter é o resultado moral do que agregamos de É quando desenvolvemos a compreensão mútua, ou
princípios e valores ao longo de nosso desenvolvimento. seja, um tipo de relacionamento em que as partes com-
A base sobre a qual agimos e decidimos. preendem bem os valores, deficiências e virtudes do ou-
No campo organizacional, o estudo da personalidade tro. No contexto das relações humanas, pode-se afirmar
permite compreender o conjunto que se tem, as carac- que o sucesso dos relacionamentos interpessoais depen-
terísticas presentes na equipe, o que permite o gestor de do grau de compreensão entre os indivíduos. Quando
aproveitar todas as potencialidades e estimular o desen- há compreensão mútua, as pessoas comunicam-se me-
volvimento das competências e a melhoria do desem- lhor e conseguem resolver conflitos de modo saudável.
penho.

48
COMUNICAÇÃO ORGANIZACIONAL que a transmissão da mensagem seja considerada efi-
caz, deve-se procurar a situação mais favorável, pois, se
Conduzir eficientemente processos de comunicação o emissor procurar comunicar-se em uma situação des-
interpessoal e trocar feedback de forma motivadora têm favorável, poderá acontecer que o receptor não lhe dará
sido um grande desafio na liderança de equipes e grupos a atenção devida e, consequentemente, não entenderá a
de trabalho em geral. mensagem que lhe foi transmitida.
Sendo assim, o profissional precisa aprender a admi-
nistrar: 3. Objetivos
▪ A correta utilização da comunicação verbal e não
verbal; Podem ser caracterizados como os estímulos que le-
▪ A comunicação como elemento de integração e vam o emissor a transmitir a mensagem. Como a Comu-
nicação é um processo de interação, na qual as pessoas
motivação na empresa;
integram-se umas com as outras, os objetivos podem ser
▪ Competências técnicas e humanas;
considerados como “os interesses” que levaram o emis-
▪ Como o ouvinte percebe a sua comunicação;
sor a interagir com o receptor. Alguns exemplos de ob-
▪ Gerenciamento de relações; jetivos: ouvir opiniões a respeito de algo ou dar um aviso
▪ Resolução de conflitos; sobre o churrasco do final de semana.
▪ Como ouvir melhor: a arte de esclarecer e confir- Além dos objetivos serem um interesse que o emissor
mar; tem em relação ao receptor, alguns autores lançam uma
▪ Como especificar méritos e sugerir mudanças; reflexão intrínseca de que os objetivos também devem
▪ A importância de argumentar para os valores do chamar a atenção de quem recebe a mensagem, por-
outro. que senão o receptor não se sentirá atraído e também
não verá utilidade alguma na mensagem. Desta forma,
1. Processo comunicacional para que o receptor perceba a utilidade da mensagem,
o emissor deve conhecer as necessidades, os gostos,
O processo comunicacional tem como maior objeti- ações, pensamentos, crenças e valores de quem vai rece-
vo a interação humana, buscando o estabelecimento das ber a mensagem, pois só assim a Comunicação valerá a
relações e o entendimento entre os indivíduos. pena. É imprescindível a clareza dos objetivos, pois sem
Desde os tempos antigos, Aristóteles já dizia que: isso, o processo não ocorre eficazmente.
(...) devemos olhar para três ingredientes na comunica-
ção: quem fala, o discurso e a audiência. Ele quis dizer que 4. Emissor
cada um destes elementos é necessário à Comunicação e
que podemos organizar nosso estudo do processo sob estes É o agente do processo de Comunicação, ou seja, é
três títulos: 1) a pessoa que fala; 2) o discurso que faz; 3) a a pessoa que tem uma mensagem para comunicar. Ele é
pessoa que ouve. a fonte ou a origem do processo de Comunicação. Além
disso, é quem vai tomar a iniciativa de se comunicar e
É interessante notar que praticamente todos os mo- buscar a interação com as outras pessoas, a fim de alcan-
delos atuais de processos comunicacionais são parecidos çar o seu objetivo.
com o de Aristóteles, sendo que o que mudou foi a com- Para alcançar a eficácia da Comunicação, o emissor
tem que ter como requisitos fundamentais:
plexidade com que eles estão sendo abordados.
As primeiras abordagens da Comunicação defendiam
▪ Habilidades: para que possa falar, ler, ouvir e racio-
um processo comunicacional constituído por apenas
cinar.
quatro elementos fundamentais: emissor, receptor, men- ▪ Atitudes: por influenciar o comportamento e por
sagem e meio. Já as abordagens mais recentes da Comu- estarem relacionadas a ideias pré-concebidas,
nicação, defendem que o processo é desencadeado por quanto a vários assuntos, as comunicações são
oito elementos, são eles: objetivos, emissor, mensagem, influenciadas por determinados tipos de atitudes
meio, receptor, significado, resposta e situação. que as pessoas tomam.
Todos os elementos do processo são interdependen- ▪ Conhecimento: a extensão e profundidade do co-
tes e devem seguir uma ordem para que haja uma inte- nhecimento das pessoas sobre um assunto pode
gração lógica entre esses elementos e o próprio proces- restringir (se o assunto não é de conhecimento do
so comunicacional. emissor) ou ampliar (quando o receptor não com-
A seguir, os componentes do processo serão especi- preende a mensagem que está sendo transmitida)
ficados um a um: o campo comunicacional.
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

▪ Sistema sociocultural: a situação cultural em que o


2. Situação emissor se situa, com suas crenças, valores e atitu-
des influencia o tempo todo a sua função de co-
A situação pode ser considerada a circunstância na municador.
qual as mensagens são passadas do emissor ao receptor.
“Todos os processos de Comunicação acontecem em de- Um requisito significativo no contexto organizacio-
terminada situação, seja ela favorável ou desfavorável. A nal é a representatividade do emissor, ou seja, a posição
situação real que deve ser considerada, no processo de hierárquica exercida pelo emissor, que é de fundamental
Comunicação, é aquela percebida e sentida pelo recep- importância para a credibilidade da mensagem a ser co-
tor e não aquela vivida ou sentida pelo emissor”. Para municada.

49
5. Mensagem 7. Receptor

É o que vai ser comunicado pelo emissor. Deve estar É quem recebe a Comunicação, ou seja, é o foco da
adequada ao nível cultural, técnico e hierárquico do re- comunicação. É ele quem vai reagir ao estímulo promo-
ceptor. É composta por conteúdo e forma. vido pelo emissor.
O conteúdo representa o que será transmitido e de- Sem o receptor, não há Comunicação, pois, se o re-
pende dos objetivos do processo comunicacional. Não ceptor não faz parte do processo, o emissor não tem para
deve ser insuficiente ou excessivo, deve comunicar o quem comunicar a sua mensagem e, consequentemente,
essencial, frente aos objetivos a serem alcançados pelo não terá uma resposta.
Sendo assim, pode-se dizer que todo o processo de
emissor. O conteúdo também “deve ter uma sequencia
Comunicação deve ser direcionado de acordo com as ca-
lógica, ou seja, um início (objetivos), um meio e um fim
racterísticas do receptor. A seguir algumas características
(conclusões)”. A forma é a maneira pela qual a mensa- que, assim como o emissor, o receptor necessita ter, para
gem é transmitida. As formas básicas são as verbais e as que a Comunicação seja eficaz:
não verbais. As verbais podem ser orais e escritas (pala- (...) assim como o emissor foi limitado por suas ha-
vras, letras, símbolos). Já as não verbais, podem ser ges- bilidades, atitudes, conhecimento e sistema sociocultural,
tuais (mímicas, movimentos corporais), vocais (timbre de o receptor é restringido da mesma maneira. Assim como
voz e entonação) e espaciais (local físico e layout). o emissor deve ter habilidades de escrever ou falar, ore-
(...) não há uma forma melhor do que a outra. A es- ceptor deve ser hábil em ler ou ouvir, e ambos devem ser
colha da forma depende de um conjunto de fatores, den- capazes de raciocinar. O conhecimento, atitudes e forma-
tre os quais os mais relevantes são: rapidez requerida (na ção cultural de alguém influenciama sua capacidade de
transmissão da mensagem, na obtenção das respostas); receber, assim como o fazem com a capacidade de enviar
quantidade de receptores; localização geográfica dos re- mensagens.
ceptores; necessidade de formalizar a mensagem; neces-
sidade de consultas posteriores sobre a mensagem; com- 8. Significado
plexidade do assunto tratado; facilidade de retenção da
mensagem (lembrança) É a compreensão da mensagem, no seu sentido cor-
reto. É o “entendimento comum” da mensagem entre o
emissor e o receptor. Isso ocorre quando o emissor e o
Além disso, também se destaca que um único proces-
receptor entendem da mesma forma a mensagem.
so pode utilizar mais de uma forma de Comunicação. Um Portanto, quando o receptor interpreta a mensagem
exemplo de conteúdo e formas diferentes de se transmi- da mesma forma que o emissor quis transmiti-la, pode-se
tir a mensagem pode ser: demissão de um colaborador dizer que o receptor captou o significado da mensagem.
da Organização (conteúdo) – comunicada por e-mail a Quando a mensagem é transmitida pelo emissor, ela
todos os outros colaboradores (forma não verbal) ou na é codificada e quando é recebida pelo receptor, ela é
reunião pelo gerente (forma verbal). decodificada. As codificações e decodificações são com-
postas por um conjunto de signos, utilizados pelas pes-
6. Meio soas para representar seus pensamentos, a realidade em
que vivem etc.
Pode ser chamado, também, de canal ou veículo de Os signos devem expressar a mesma coisa para o
transmissão. Como a própria denominação já diz, o meio emissor e para o receptor, ou seja, o significado que o
é o recurso utilizado pelo emissor para transmitir a men- objeto porta para o emissor deve ser o mesmo que o
sagem. O meio “é determinado pelos requisitos de for- do receptor. Caso isso não ocorra, a mensagem não será
ma da mensagem a ser transmitida e da resposta a ser transmitida eficazmente, já que a interpretação do recep-
obtida.” Ou seja, o meio de Comunicação está associado tor não é a correta ou a esperada pelo emissor.
à forma verbal ou não verbal de transmissão da men- Mas, mesmo que o significado seja o mesmo, para
o emissor e para o receptor, não se pode dizer que as
sagem, isso quer dizer que, dependendo das situações
questões referentes ao processo de comunicação foram
específicas de cada mensagem, o meio pode ser caracte-
resolvidas, pois, “a compreensão, através da comunhão
rizado de várias formas, desde a voz humana à televisão do significado, não quer dizer, necessariamente, acordo.
e até pelo fax ou pelo e-mail. Posso compreender uma ideia, sem concordar com ela.”
Vale ressaltar que não existe um meio ou uma forma Portanto, não é apenas o entendimento do significado,
melhor que o outro, existe, sim, um mais adequado, de por ambas as partes que assegura a eficácia da comuni-
acordo com as características da mensagem a ser trans- cação. Em relação a isso, podemos dizer que “ainda que
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

mitida. “O requisito fundamental na escolha do meio é o significado comum não assegure sozinho, a eficácia do
que ele não provoque ruído” nas mensagens, pois o ruído processo de comunicação como um todo, é um requisito
é uma interferência que prejudica a transmissão da men- fundamental para promover o entendimento.”
sagem, comprometendo a recepção da mesma, ou seja,
a decodificação da mensagem pelo receptor. Para que 9. Resposta
haja um melhor entendimento do significado de ruído,
vale a pena exemplificar: uma linha cruzada do telefone, Pode ser chamada, também, de feedback ou compor-
um documento sujo ou borrado, alguém que fale muito tamento esperado, pois é a reação do receptor à mensa-
baixo, um ambiente de trabalho desconfortável etc. gem recebida. É o último objetivo do processo, pois é o
desejado pelo emissor ao emitir uma mensagem.

50
A resposta pode ser considerada como a efetivação 3. Postura corporal: deve ser estabelecida de acordo
do recebimento da mensagem, determinando, ou não, com o que se quer comunicar. Alguns teóricos da
o sucesso da mesma. Por meio da comunicação oral, as Sociologia dizem que a postura também deve ser
pessoas conseguem personificar seu ser. adequada de acordo com o grupo com o qual se
Comunicação é tornar algo comum, compartilhar, di- está comunicando.
vidir, trocar. 4. Movimento corporal: certos movimentos podem
Enfim, é o processo de transmitir uma informação a ser favoráveis ou não para um processo eficaz.
outra pessoa, no entanto, o que caracteriza a comuni- Podemos citar o livro “O corpo fala”, que aborda
cação é a compreensão e não simplesmente o informar. a questão de que o corpo também se comunica,
Daí a diferença de comunicação (que é a informação as expressões corporais manifestam a ansiedade, a
sendo transmitida) e comunicabilidade (que é o ato co- atração, o nervosismo, a tristeza etc.
municativo otimizado). 5. Contato visual: a forma como as pessoas se olham
Barreiras à comunicação eficaz – alguns elementos
demonstra como uma está se sentindo em relação
prejudicam a transmissão e a compreensão da comuni-
à outra, além de informar o grau de atenção que
cação, entre eles podemos citar:
está sendo dirigida à pessoa que está falando. “O
▪ Ruídos;
direcionamento, o tempo, o contexto, a oportuni-
▪ Sobrecarga de informações;
▪ Tipos de informações; dade, a intensidade, o status de quem olha ou de
▪ Fonte de informações; quem é olhado impõem um quadro interpretativo
▪ Localização Física; que cada cultura se encarrega de transmitir aos
▪ Defensidade. seus membros pelo processo de socialização.”
6. Expressão facial: é determinante, pois é uma forma
Além desses, as barreiras são um conjunto de fatores de demonstrar o interesse das pessoas pela men-
que impedem ou dificultam a recepção da mensagem, sagem que está sendo transmitida.
no processo comunicacional. 7. Fluência: a articulação das palavras, a modulação
A seguir, serão abordadas as teorias da Sociologia e (intensidade dos sons), o ritmo e o timbre da voz
da Administração, em relação às barreiras, especifican- fazem diferença em termos da maneira como são
do-as: utilizados para a eficácia da transmissão da men-
sagem.
10. Abordagem sociológica
10.2 Barreiras sociais
As barreiras podem ser divididas em seis grupos:
• Barreiras pessoais; 1. Educação: os princípios e valores adquiridos pelos
• Barreiras sociais; indivíduos também fazem parte do processo co-
• Barreiras fisiológicas; municacional.
• Barreiras da personalidade; 2. Cultura: a comunicação, como já foi visto, muda de
• Barreiras da linguagem; cultura para cultura. Por conseguinte, se as pessoas
• Barreiras psicológicas. têm culturas muito distintas, a comunicação ficará
10.1 Barreiras pessoais prejudicada.
3. Crenças, normas sociais e dogmas religiosos: assim
1. Nível de conhecimento: está ligado à profundi- como em relação à cultura, se as pessoas que estão
dade de conhecimento que as pessoas têm e re-
se comunicando divergem com muita intensidade
velam no decorrer do processo comunicacional.
nessas questões, os processos comunicacionais se-
Pode também ser atribuído pelas outras pessoas
rão prejudicados ou a mensagem não será trans-
que fazem parte do processo, por perceberem o
mitida adequadamente.
conhecimento e o reconhecerem. “Este aspecto
pode conduzir à maior ou menor credibilidade ao
emissor e trazer-lhe um estatuto que pode marcar 10.3 Barreiras fisiológicas
o desempenho do seu papel enquanto comunica-
dor.” Algumas pessoas, por conhecerem profunda- As deficiências do aparelho fonoaudiológico e do
mente um assunto, não gostam ou se incomodam aparelho visual criam dificuldades na Comunicação.
em conversar com alguém que não tem o mesmo 10.4 Barreiras da personalidade
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

domínio do assunto e vice-versa.


2. Aparência: a forma de se vestir e se cuidar pode 1. Autossuficiência: ocorre quando a pessoa acha que
determinar o jeito com que as pessoas se comu- sabe tudo, ou seja, a pessoa acha que o que ela
nicarão umas com as outras. Dias (2001) coloca sabe e conhece é o suficiente. Esta barreira ocorre
que, tanto as expectativas provocadas, como as de duas maneiras: “julgamento do todo pela parte”
primeiras impressões, são determinantes para um – acontece quando a pessoa julga outras pessoas
processo comunicacional eficaz. Por exemplo, um e/o coisas pelo que ela conhece; e intolerância, a
homem de terno e gravata tem muito mais faci- qual acontece quando a pessoa não aceita o ponto
lidade de receber atenção do que um homem de de vista das outras pessoas, pois julga que o único
bermuda e tênis. ponto de vista correto é o seu próprio.

51
2. Congelamento das avaliações: acontece quando mais ameaçadoras do processo comunicacional é
a pessoa acredita que as pessoas e as coisas não a transformação de uma opinião em fato, pois, a
mudam, ou seja, quando a pessoa supõe que as partir do momento em que a pessoa se conven-
circunstâncias sempre serão as mesmas, indepen- ce de que sua suposição realmente aconteceu, ela
dente das mudanças que surgirem com as pessoas perde a noção dos verdadeiros acontecimentos e
e coisas. Fazem parte dessas avaliações os precon- divulga para outras pessoas as suas opiniões sobre
ceitos e a insegurança que as pessoas têm frente a os fatos, como sendo os próprios acontecimentos,
algumas situações e frente às outras pessoas causando distorções na realidade. Exemplifican-
3. Comportamento Humano: aspectos objetivos e do: o gerente de departamento chegou duas ho-
subjetivos: está no conflito personalidade subjetiva
ras atrasado no trabalho (fato). Patrícia diz que foi
(interior de cada pessoa ou as opiniões próprias) X
porque ele acordou atrasado; já Fabíola diz que foi
personalidade objetiva (o que é exteriorizado para
as outras pessoas ou a realidade concreta). Quan- por razão de algum problema pessoal (opiniões).
do se diz personalidade, toma-se como princípio b) Inferências X Observações: trata-se de considerar
a caracterização da personalidade por processos as inferências como observações e vice-versa. In-
comportamentais, que são estabelecidos pela in- ferir é deduzir e observar é prestar atenção, olhar
teração das reações individuais com o meio social. algo que está acontecendo. “As inferências são
“A Comunicação Humana baseia-se na concepção menos prováveis do que as observações; (...) as in-
da personalidade projetiva, na evidência de que, ferências nos oferecem certezas relativas; as obser-
na sociedade humana, o homem precisa ‘vender’ vações nos oferecem certezas absolutas.” O tempo
a sua personalidade.” Para tanto, ele precisa torná- todo as pessoas fazem inferências. Quando leem
-la socialmente aceitável, e aí está o conflito, pois um jornal, por exemplo, inferem o que realmen-
a pessoa tem que estar o tempo todo tornando a te ocorreu. O problema desta barreira está no fato
sua personalidade vendível, para que o outro pos- das pessoas tomarem sempre como lei as inferên-
sa aceitar se comunicar com ela. Exemplificando, cias e não se utilizarem mais de observações.
ocorre quando alguém tem uma determinada opi-
nião negativa sobre o aborto, mas, ao conversar 2. Descuidos nas palavras abstratas:
com alguém que acabou de conhecer e que é a “Atrás de uma palavra nem sempre está uma coisa.
favor do aborto, deixa de expressar a sua opinião e
Palavras não são coisas; são representações de coi-
conversa com a outra pessoa como se não tivesse
sas, quase sempre específicas, e por isso, difíceis
uma opinião bem formada a respeito do assunto.
4. Geografite: está relacionada com as atitudes das de serem transmitidas, com fidelidade, de uma
pessoas que se comovem mais com os “mapas” cabeça para outra.” E como as palavras abstratas
do que com os “territórios”. Mapas são os senti- fazem parte do repertório específico de cada um,
mentos, imaginações, palpites, hipóteses, pres- fica difícil um processo comunicativo eficaz, sem
sentimentos, preconceitos, inferências etc. Já os uma predefinição dessas palavras, já que elas pos-
territórios são os objetos, as pessoas, as coisas, os sibilitam muitos equívocos.
acontecimentos etc. Isso é relevado devido ao fato
de que, atualmente, as pessoas têm se envolvido, 3. Desencontros:
constantemente, com quaisquer tipos de sugestio- Esta barreira pode ser caracterizada como a diferença
nabilidades, tornando-se exageradamente crédu- de percepção de cada indivíduo, ou seja, a sub-
las; ou pela forma como as pessoas vêm distorcen- jetividade de cada um. Uma determinada palavra,
do a realidade, como por exemplo, por meio dos para um indivíduo, tem um significado A; já para
horóscopos, das coisas sobrenaturais, das profe- outro indivíduo, um significado B, e isso ocorrerá
cias etc. Essas questões ocasionam uma certa falta com todos os indivíduos, pois ninguém percebe as
de civilização, ou seja, falta de equilíbrio racional coisas da mesma forma, cada um tem a sua for-
para lidar com os acontecimentos e com as coisas
ma de perceber e significar as coisas, palavras etc.
e pessoas.
Caso não aconteça um consenso e/ou esclareci-
5. Tendência à complicação: essa é uma das barreiras mento das questões a serem comunicadas, o pro-
mais comuns, pois está concebida no fato de que cesso ficará comprometido e cheio de equívocos
as pessoas têm o hábito de restringir e complicar de compreensão.
coisas e acontecimentos simples, o tempo todo,
até mesmo quando se trata de sistematização e 4. Indiscriminação:
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

pensamento lógico. Ocorre quando há uma rotulação das coisas, pessoas


e acontecimentos, quando a percepção está fo-
10.5 Barreiras da linguagem cada, apenas, nas semelhanças ou em alguns pa-
drões (ou clichês) criados por cada indivíduo, não
1. Confusões entre: havendo um discernimento entre as diferenças. Em
a) Fatos X Opiniões: As pessoas estão o tempo todo relação à indiscriminação, a Comunicação Humana
se referindo a fatos, como se estivessem emitin- é prejudicada por alguns fatores, são eles: abuso
do opiniões e vice-versa. “Fato é acontecimento; dos ditados populares e a crença de que “a voz do
é coisa ou ação feita. Opinião é modo de ver, é povo é a voz de Deus”.
conjectura”. Pode-se dizer que uma das coisas

52
5. Polarização: ▪ Texto fora do contexto: quando a comunicação é
“Há polarização quando tratamos os contrários como feita, apenas, sobre um determinado acontecimen-
se fossem contraditórios. Polarização é a tendência to, sem dizer o contexto no qual ele está inserido.
a reconhecer apenas os extremos, negligenciando Acontece quando uma decisão é simplesmente
as posições intermediárias.” O processo comunica- comunicada, sem que se expliquem os porquês e
cional fica bastante prejudicado quando os pontos motivos em questão.
de vistas são extremistas, pois dificilmente encon- ▪ Filtragem: ocorre quando o emissor manipula a
tra-se um meio termo, sem causar grandes discus- mensagem, de acordo com os seus objetivos e in-
sões ou fugir aos objetivos do processo. teresses, de forma que a mensagem favoreça o seu
ponto de vista ou o que ele deseja que o receptor
6. Falsa identidade baseada em palavras: decodifique.
Acontece quando uma pessoa percebe coisas em co- ▪ Percepção seletiva: o emissor vê e ouve, apenas,
mum entre duas ou mais coisas e conclui que essas ou mais acuradamente, aquilo que lhe interessa,
coisas são idênticas. Um exemplo claro disso é: os ou seja, faz uma seleção das mensagens relaciona-
cariocas são flamenguistas. Camila é flamenguista. das com suas necessidades, motivações, referên-
Por conseguinte, Camila é carioca. A palavra tem cias etc. As pessoas “não veem a realidade; em vez
uma força fora do comum, podendo beneficiar ou disso, interpretam o que veem e chamam de reali-
prejudicar alguém por meio dessas conclusões das dade.” Pode ser prejudicial, à medida que a pessoa
semelhanças entre as coisas. tende a perceber só aquilo que lhe convém e isso
não permite uma percepção neutra dos aconteci-
7. Polissemia: mentos, coisas e pessoas.
É a reunião de vários sentidos em apenas uma pa- ▪ Defensiva: “Quando as pessoas se sentem amea-
lavra. Cada um tem um repertório de palavras e çadas, geralmente respondem de forma que atra-
significados e uma mesma palavra pode ter vários palha a Comunicação.” A partir do momento em
significados para um mesmo indivíduo. Então, já que a pessoa se sente ameaçada, ela não consegue
que o processo comunicacional precisa de no mí- decodificar e nem transmitir as mensagens com
eficácia.
nimo duas pessoas para acontecer, pode-se ima-
▪ Uso inadequado dos meios: como já foi falado
ginar o quão complexo é a Comunicação entre
anteriormente, não existe um meio mais adequa-
diversas pessoas.
do para ser utilizado na transmissão de diferentes
“A palavra é a maneira de traduzir ideias ou pensa-
tipos de mensagem, sendo que o que vai deter-
mentos.” Portanto, cada indivíduo tende a trans-
minar se o meio é o mais adequado, ou não, é a
mitir as mensagens “carregadas” de palavras com
situação específica de cada mensagem. ▪ A Comu-
suas percepções das coisas. Essa barreira está
nicação Oral tem a tendência de aumentar a eficá-
lado a lado com a barreira de desencontros, pois
cia da Comunicação, quando bem utilizada, pois
as duas abordam as diferenças de percepções de
proporciona uma resposta imediata, além de esti-
cada indivíduo. mular o pensamento do receptor, no momento em
Tem uma palavra que serve de exemplo desta barreira, que a mensagem está sendo transmitida e por dar
qual seja: abacaxi pode ser uma fruta ou um pro- um toque mais pessoal à mensagem e ao processo
blema que dá muito trabalho para ser resolvido. como um todo. Deve ser mais usada quando se
7. Barreiras verbais: quer comunicar mensagens mais complexas e difí-
São aquelas provocadas por palavras e expressões ceis de serem transmitidas. Já a comunicação escri-
causadoras de antagonismos, ou seja, são as cau- ta, tem a tendência de ser mal-entendida, porque
sadoras de oposições de ideias. quem escreveu pode não ter sido suficientemente
claro ou não ter expressado o que queria correta-
11. Abordagem da Administração mente.
▪ Linguagem: pode ser considerada uma das barrei-
As barreiras mais destacadas neste campo de estudos ras mais comuns, pois ocorre o tempo todo, no dia
são: a dia das pessoas em uma Organização. Como as
▪ Falta de comunicação: “é um dos problemas mais pessoas tendem a achar que os significados que as
frequentes nas empresas e que gera as consequ- palavras têm para elas são os mesmos significados
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

ências mais graves.” Pode ser causada por: inter- que outras pessoas atribuem, uma barreira acaba
pretações distorcidas dos fatos; falta de adesão surgindo no processo.
a uma decisão e às mudanças; desmotivação das ▪ Efeito status: A hierarquia dentro das organizações
pessoas pela não participação e pelo desconheci- pode criar barreiras nas comunicações. Esta bar-
mento do que se passa na Organização; conflitos reira está ligada a outra barreira, a filtragem, que
entre pessoas e departamentos etc. já foi citada anteriormente. Quando os colabora-
▪ Falta de clareza de objetivos: ocorre quando a dores têm que comunicar algo aos gerentes das
mensagem não tem conteúdo e forma bem defini- Organizações, eles tendem a filtrar a mensagem,
dos. Exemplo: uma reunião em que ninguém con- de forma que ela seja transmitida e decodificada,
segue entender o porquê de estar acontecendo. no intuito de agradar os gerentes.

53
▪ Impertinência da mensagem: quando as mensa- Em linhas gerais, torna-se necessário que o profissio-
gens são transmitidas em momentos inoportunos nal exercite tanto a linguagem verbal como a linguagem
e desagradáveis, o processo se prejudica pela ina- não verbal, que forçam o tempo todo as habilidades de
dequação da situação escolhida. comunicação.
Alguns itens são vitais na linguagem não verbal e de-
12. Como melhorar a comunicação interpessoal vem ser compreendidos para a sua melhor utilização:
▪ Gestos;
▪ Habilidades de transmissão; ▪ Postura; 
▪ Linguagem apropriada; ▪ Movimentos do corpo;
▪ Informações claras; ▪ Tom da voz e velocidade da fala; 
▪ Canais múltiplos; ▪ Movimentação entre receptor /emissor.
▪ Comunicação face a face sempre que possível.
É notório que problemas de comunicação são de di- A linguagem não verbal é considerada vital para o
fícil intervenção e por isso demandam do emissor um processo de comunicação, tendo em vista que esta não
enorme cuidado ao transmitir a mensagem necessária de ocorre apenas por meio de palavras, sendo um processo
forma clara e objetiva. muito mais complexo do que se imagina.
Existem três fontes de sinais de comunicação e cada No momento da comunicação, é necessário decodi-
uma representa um percentual deste processo: ficar as mensagens não verbais, pois, quando isso não
▪ Comunicação verbal: palavras expressas 7%; ocorre, estima-se que há uma perda de 65% do que é
▪ Comunicação vocal: entonação, o tom e timbre de comunicado.
voz 38%;  No momento em que o profissional domina as men-
▪ Expressão facial e corporal 55%; sagens não verbais, ele passa a conduzir o processo de
comunicação de forma eficaz e consegue atingir os ob-
A falta de comunicação adequada pode gerar pro- jetivos propostos.
Em suma, é necessário para o profissional aprender
blemas de diversos tipos e com consequências variadas,
a utilizar sinais não verbais no processo de comunica-
entre as quais podemos citar:
ção, bem como dominar a linguagem verbal. Na ausência
▪ Confusão entre os envolvidos; 
destas habilidades, existirá um desnível significativo no
▪ Perda na prestação do serviço ou na confecção do
processo de comunicação entre emissor /receptor.
produto; 
▪ Comprometer a imagem da empresa; 
14. Eficácia na comunicação
▪ Desmotivação; 
▪ Retrabalho; 
Comunicar-se eficazmente é proporcionar transfor-
▪ Falta de procedimentos e ordens claras;  mação e mudança na atitude das pessoas. Se a comuni-
▪ Insatisfação de uma forma geral. cação apenas muda as ideias das pessoas, mas não muda
suas atitudes, então a comunicação não atingiu seu re-
Um princípio fundamental para a boa comunicação é sultado. Ela não foi eficaz.
a disposição e a sabedoria em ouvir. A clareza e a certeza de que se foi entendido repre-
Toda a eficácia do processo depende, essencialmente, sentam um dos pilares de um projeto bem sucedido e
de saber ouvir e entender a mensagem que foi transmi- essa sempre foi uma das principais preocupações de to-
tida inicialmente, para então começar um processo de das as empresas. Várias são as vezes que apenas infor-
comunicação. mamos e não formamos a ideia do que queremos que a
13. Formas de comunicação outra parte faça.
Existem algumas ferramentas e regras que ajudam na
A comunicação vem sofrendo evoluções ao longo do conscientização sobre o próprio nível de comunicação.
tempo, assim como todo o processo que sofre influência Abaixo, o “Modelo de Quatro Elementos”, comprova-
do mundo globalizado. As formas mais tradicionais de do e aplicado por Philip Walser, como uma das ferramen-
comunicação englobam: tas das quais podemos dispor.
▪ Manual; Os quatro elementos são: “Framing” – “Advocating” –
▪ Revista;  “Inquiring” –“Illustrating”:
▪ Jornal; 
▪ Boletim;  ▪ Framing: é definir o tema a ser abordado durante
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

▪ Quadro de aviso. uma conversa logo no começo. Pode ser neces-


sário redefinir o tema durante o andamento (“Re-
Com o desenvolvimento dos meios de comunicação, -framing”), mas deve-se evitar que a conversa vá
figuram novos métodos efetivos para desenvolvê-la, tais para lugares distantes que não têm nada a ver com
como: o assunto.
▪ Intranet;  ▪ Advocating: é explicar o seu próprio ponto de vista
▪ Correio eletrônico;  de forma clara e objetiva, não deixando de lado os
▪ Comunicação face a face;  porquês desse ponto de vista, ou seja, não engolir
▪ Telão. sapos, mas mencionar os valores que são a base
deste seu ponto de vista.

54
▪ Inquiring: até mais importante do que esclarecer o A autoimagem de uma pessoa afeta sua maneira de
seu, é importante entender o ponto de vista do ou- se comunicar com os outros. Um autoconceito forte, po-
tro. Isto se faz através de perguntas benevolentes sitivo, é necessário para haver interações hígidas e satis-
que não tem o objetivo de interrogar. fatórias. Por outro lado, uma autoimagem fraca, inferior,
▪ Illustrating:  é resumir os diversos pontos de vis- frequentemente distorce a percepção do indivíduo relati-
ta, procurar pontos em comum, colocar assuntos vamente a como os outros o veem, o que gera sentimen-
polêmicos na mesa, visando a uma solução sendo tos de insegurança no seu relacionamento interpessoal.
flexível e contando com a flexibilidade do outro, Alguém que tenha a seu próprio respeito uma impressão
negativa poderá encontrar dificuldades em conversar
diminuir complexidade para focar o que realmente
com outros, em admitir que esteja errado, em expressar
está no centro da conversa.
seus sentimentos, em aceitar críticas construtivas que lhe
forem feitas ou em apresentar ideias diferentes das dos
Observar, ouvir e dar importância para o outro é de- outros. Sua insegurança o leva a temer que os outros dei-
terminante para a eficácia da comunicação. xem de apreciá-lo se discordar deles.
De qualquer forma, a comunicação começa pelos Pelo fato de sentir-se desvalorizado, inadequado e
sentidos (visão, audição, tato, olfação e gustação). Uma inferior, ele não tem confiança e pensa que suas ideias
maneira prática de identificar a forma como uma pessoa não interessam aos outros e que não vale a pena comu-
está pensando é prestar atenção às palavras que ela uti- nicá-las. Ele pode tornar-se arredio e defensivo em sua
liza, pois nossa linguagem está repleta de sinais, gestos, comunicação, renegando suas próprias ideias.
posturas e palavras baseados nos sentidos. Observar, ou- b) Formação da autoimagem
vir e dar importância para o outro é determinante para a Da mesma forma que o autoconceito de alguém afe-
eficácia da comunicação. ta sua capacidade de se comunicar, a comunicação que
É preciso abandonar a ilusão de que há solução fácil trava com outros modela também sua autoimagem. Uma
ou improvisada na construção de métricas que avaliem vez que o homem é, antes de tudo, um animal social, ele
nosso trabalho. Não se deve supor que a outra parte forma os mais relevantes conceitos acerca do seu pró-
entendeu, ou julgar que já deveria entender a mensa- prio eu a partir de suas experiências com outros seres
gem. O que deve ser feito para que a comunicação seja humanos.
Os indivíduos aprendem a se reconhecer pela manei-
adequada é investigar se a outra parte compreendeu a
ra como são tratados pelas pessoas importantes de sua
mensagem.
vida pessoas estas às vezes denominadas os outros sig-
nificativos Mediante a comunicação verbal e não verbal
15. Comunicação interpessoal eficaz: cinco ele- com esses outros significativos, cada um passa a reco-
mentos críticos nhecer se é apreciado ou não, se é aceito ou rejeitado,
se é merecedor de respeito ou desdém, se é um sucesso
Há cinco componentes que distinguem claramente ou um fracasso.
os bons dos maus comunicadores. Tais componentes são Para que um indivíduo venha a ter uma sólida au-
Autoimagem, Saber Ouvir, Clareza de Expressão, Capaci- toimagem, ele precisa de amor, respeito e aceitação dos
dade para lidar com sentimentos de contrariedade (irri- outros significativos de sua vida.
tação) e autoabertura. O autoconceito, portanto, constitui um fator crítico
para que alguém seja um comunicador eficaz. Em es-
14.1 Autoimagem (ou autoconceito) sência, a autoimagem de um indivíduo é delineada por
aqueles que o tiverem amado ou pelos que não o tive-
O fator isolado mais importante que afeta a comu- rem amado.
nicação entre pessoas é a sua autoimagem: a imagem
que têm de si mesmas e das situações que vivenciam. 14.2 Saber ouvir
Enquanto as situações podem variar em função do mo-
Toda a aprendizagem relativa à comunicação tem fo-
mento ou do lugar, as crenças que as pessoas possuem
calizado as habilidades de expressão oral e de persua-
acerca de si próprias estão sempre determinando seus
são; até há bem pouco tempo dava-se pouca atenção à
comportamentos na comunicação. O “eu” é a estrela em
capacidade de ouvir. Esta ênfase exagerada dirigida para
todo ato de comunicação. a habilidade de expressão levou a maioria das pessoas a
Cada um tem, literalmente, milhares de conceitos a subestimarem a importância da capacidade de ouvir em
respeito de si mesmo: quem é, o que significa, onde exis- suas atividades diárias de comunicação.
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

te, o que faz e não faz, o que valoriza, no que acredita. O ouvir, naturalmente, é algo muito mais intrincado
Estas autopercepções variam em clareza, precisão e im- e complicado do que o processo físico da audição, ou
portância de pessoa para pessoa. de escutar. A audição se dá através do ouvido, enquan-
to que o ouvir implica num processo intelectual e emo-
a) A importância da autoimagem cional que integra dados (inputs) físicos, emocionais e
A autoimagem de alguém é quem ele é. É o centro do intelectuais na busca de significados e de compreensão.
seu universo, seu quadro referencial, sua realidade pes- O ouvir eficaz ocorre quando o “destinatário” é capaz de
soal, o seu ponto de vista particular. É um visor através discernir e compreender o significado da mensagem do
do qual ele percebe, ouve, avalia a compreende todas as remetente. O objetivo da comunicação só assim é atin-
coisas. É o seu filtro individual do mundo que o cerca. gido.

55
O “Terceiro Ouvido”: Reik refere-se ao processo de b) Capacidade para lidar com sentimentos de
ouvir eficazmente como sendo “ouvir com o terceiro contrariedade (irritação)
ouvido”. O ouvinte eficaz escuta não só as palavras em A incapacidade de alguém para lidar com manifesta-
si, como também seus significados subjacentes. Seu ter- ções de irritação e contrariedade resulta, com fre-
ceiro ouvido, diz Reik, ouve aquilo que é dito entre as quência, em curtos-circuitos na comunicação.
sentenças e sem palavras, aquilo que se expressa silen- Expressão. A exteriorização das emoções é impor-
ciosamente, o que o emissor fala e pensa. tante para construir bons relacionamentos com os
Logicamente, o ouvir com eficácia não é um proces- outros. As pessoas precisam expressar seus senti-
so passivo. Ele desempenha um papel ativo na comuni- mentos de tal modo que elas influenciem, remode-
cação. O ouvinte eficaz interage com o interlocutor no lem e modifiquem a si próprias e aos outros. Elas
sentido de desenvolver os significados e chegar à com- precisam aprender a expressar sentimentos de ira
preensão. de forma construtiva e não destrutivamente. As se-
Diversos princípios podem servir de auxílio para o
guintes orientações podem ser úteis:
aprimoramento das habilidades essenciais para saber
1. Esteja alerta para suas emoções;
ouvir:
2. Admita suas emoções. Não as ignore ou renegue;
1. O ouvinte deve ter uma razão ou propósito de ou-
3. Seja dono de suas emoções. Assuma responsabili-
vir;
2. O ouvinte deve suspender julgamentos; dade por aquilo que fizer;
3. O ouvinte deve resistir a distrações – barulhos, pes- 4. Investigue suas emoções. Não procure “vencer”
soas, olhares – e focalizar o interlocutor; uma discussão na base do revide, ou de “dar o tro-
4. O ouvinte deve esperar antes de responder ao seu co”;
interlocutor. As respostas imediatas reduzem a efi- 5. Relate suas emoções. A comunicação congruente
cácia do ouvir; significa uma combinação satisfatória entre o que
5. O ouvinte deve repetir palavra por palavra aquilo você está dizendo e aquilo que está vivenciando;
que o interlocutor está dizendo; 6. Integre suas emoções, o seu intelecto e a sua von-
6. O ouvinte deve recolocar em suas próprias palavras tade. Dê uma oportunidade a você mesmo de
o conteúdo e o sentimento daquilo que o outro aprender e crescer como pessoa. As emoções não
está dizendo, para que o interlocutor confirme se a podem ser reprimidas. Elas devem ser identifica-
mensagem que transmitiu foi realmente recebida; das, observadas, relatadas e integradas. Aí então
7. O ouvinte deve buscar os temas, os pontos centrais as pessoas podem fazer instintivamente os ajusta-
daquilo que o interlocutor está dizendo, ouvindo mentos necessários, à luz de seus próprios concei-
“através” das palavras para atingir sua real signi- tos de crescimento. Eles podem acompanhar a vida
ficação; e mudar com ela.
8. O ouvinte deve utilizar o tempo diferencial entre a
velocidade do pensamento (400 a 500 palavras por 14.3 Autoabertura
minuto) para “refletir” sobre o conteúdo e “buscar”
o seu significado; A capacidade de falar total e francamente a respeito
9. O ouvinte deve estar pronto para reagir aos co- de si mesmo – é necessária à comunicação eficaz. O in-
mentários do interlocutor. divíduo não pode se comunicar com outro ou chegar a
conhecê-lo a menos que se esforce pela autoabertura.
a) Clareza de expressão
A capacidade de alguém para se autorrevelar é um
Ouvir eficazmente é uma habilidade necessária e ne-
sintoma de personalidade sadia.
gligenciada na comunicação, porém muitas pes-
Pode-se dizer que um indivíduo compreenderá tanto
soas consideram igualmente difícil dizer aquilo que
a respeito de si próprio quanto ele estiver disposto a co-
querem dizer ou expressar aquilo que sentem. É
que com frequência elas presumem simplesmente municar a outra pessoa.
que o outro compreende a sua mensagem, mes- Obstáculos à autorrevelação: para que se conheçam
mo que sejam descuidadas ou confusas em sua a si próprias e para que consigam relações interpessoais
fala. Parecem achar que as pessoas deveriam ser satisfatórias, as pessoas precisam revelar-se aos outros.
capazes de ler as mentes uns dos outros: “Se está Ainda assim, a autorrevelação é obstruída por muitos.
claro para mim, deve estar claro para você tam- A comunicação eficaz, então, tem por base estes cin-
bém”. Essa suposição é uma das maiores barreiras co componentes: uma autoimagem adequada; capaci-
ao êxito da comunicação humana. O comunicador dade de ser bom ouvinte; habilidade de expressar clara-
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

deficiente deixa que o ouvinte adivinhe o que ele mente os próprios pensamentos e ideias; capacidade de
quer dizer, partindo da premissa de que está, de lidar com emoções, tais como a ira, de maneira funcional
fato, comunicando. Por sua vez, o ouvinte age de e a disposição para se expor, para se revelar aos outros.
acordo com suas adivinhações. O resultado óbvio
disto é um mal-entendido recíproco. ATENDIMENTO AO PÚBLICO
Para se chegar a resultados objetivos planejados
– desde a execução da rotina diária de trabalho, A qualidade do atendimento ao público apresenta-
até a comunhão mais profunda com alguém – as -se como um desafio institucional e deve ter como meta
pessoas precisam ter um meio de se comunicarem aprimorar e uniformizar o serviço oferecido tanto ao pú-
satisfatoriamente. blico externo como ao público interno.

56
Vale ressaltar que o agente responsável por realizar da cultura da empresa/ instituição e conforme os
o atendimento, ao fazê-lo, não o faz por si mesmo, mas interesses institucionais, mas, ainda sim, atingindo
pela instituição, ou seja, ele representa a organização o resultado desejado de atender com excelência o
naquele momento, é a imagem da organização que se cliente, resolvendo sua necessidade ou atendendo
apresenta na figura desse agente. seu desejo.
Quando falamos em atendimento de qualidade, pen- ▪ Objetividade, clareza e concisão: ser direto, obje-
samos em excelência na forma com que nossos clientes tivo e claro em suas respostas para o cliente e se
(internos ou externos) são tratados. Lidar com pessoas, ater ao foco do que está sendo perguntado, forne-
como ocorre em um atendimento, exige uma postura cendo informações precisas e sucintas com aten-
comportamental comprometida com o outro, com suas ção e clareza.
necessidades, seus anseios, mas também com a organi-
zação, suas regras, ou seja, exige responsabilidade, co- 1. Postura de atendimento
nhecimento de funções, uso adequado de ferramentas
para se enquadrar ao sistema de funcionamento da or- Aqui, falamos em fatores pessoais que influenciam o
ganização, agilidade, cordialidade, eficiência e, principal- atendimento: apresentação pessoal, cortesia (persona-
mente, empatia para realizar um atendimento de exce- lizar o atendimento), atenção, tolerância (grau de acei-
lência junto ao público. tação de diferente modo de pensar), discrição, conduta,
Atendimento corresponde ao ato de atender, ou seja, objetividade.
ao ato de prestar atenção às pessoas com as quais man- A postura pode ser entendida como a junção de to-
temos contato. dos esses aspectos relacionados com a nossa expressão
A qualidade do atendimento prestado depende da corporal na sua totalidade e nossa condição emocional.
capacidade de se comunicar com o público e da mensa- Podemos destacar 3 pontos necessários para falar-
gem transmitida. mos de postura. São eles:

O edital cita características que são imprescindíveis ▪ Ter uma postura de abertura: caracteriza-se por
quando se almeja alcançar um nível de excelência em um posicionamento de humildade, mostrando-se
qualidade no atendimento. Vejamos: sempre disponível para atender e interagir pron-
▪ Atenção: o cliente precisa ser o foco de suas ações. tamente com o cliente. Esta postura de abertura
É necessário fazer com que ele se sinta realmente do atendente suscita alguns sentimentos positivos
o elemento de maior importância nessa relação, nos clientes, como por exemplo:
e isso será possível quando o atende dispender a ▪ Postura do atendente de manter os ombros aber-
atenção necessária nesse contato, criando empa- tos e o peito aberto, passa ao cliente um sentimen-
tia para identificar de fato qual a melhor forma de to de receptividade e acolhimento;
atender esse cliente. ▪ A cabeça meio curva e o corpo ligeiramente incli-
▪ Cortesia: ser cortês significa usar de gentileza, edu- nado transmitem ao cliente a humildade do aten-
cação, lidar as pessoas com amabilidade, generosi- dente;
dade e delicadeza no trato. ▪ O olhar nos olhos e o aperto de mão firme tradu-
▪ Interesse: como dissemos acima, desenvolver em- zem respeito e segurança;
patia, ou seja, quando se coloca no lugar da pessoa ▪ A fisionomia amistosa alenta um sentimento de
e demonstra interesse naquilo que é importante afetividade e calorosidade.
para ela, consequentemente, realiza-se um traba- ▪ Ter sintonia entre fala e expressão corporal:
lho melhor. caracteriza-se pela existência de uma unidade en-
▪ Presteza: está relacionado com a boa vontade e tre o que dizemos e o que expressamos no nosso
pré-disposição em servir. corpo. Quando fazemos isso, nos sentimos mais
▪ Eficiência: eficiência é a capacidade de “fazer as harmônicos e confortáveis. Não precisamos fingir,
coisas direito”, um administrador é considerado mentir ou encobrir os nossos sentimentos e eles
eficiente quando minimiza o custo dos recursos fluem livremente. Dessa forma, nos sentimos mais
usados para atingir determinado fim. livres do stress, das doenças, dos medos.
▪ Tolerância: representa a capacidade de uma pes- ▪ As expressões faciais: podemos extrair dois aspec-
soa ou grupo de aceitar, em outra pessoa ou grupo tos: o expressivo, ligado aos estados emocionais
uma atitude diferente das que são a norma de seu que elas traduzem e a identificação desses estados
grupo. pelas pessoas; e a sua função social, que diz em
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

▪ Discrição: envolve zelo, respeito, prudência, discer- que condições ocorreu a expressão, seus efeitos
nimento e sensatez quando fornece uma informa- sobre o observador e quem a expressa.
ção ao cliente. É necessário manter-se reservado
sobre o que o cliente lhe diz. Assim, estará trans- Podemos concluir, entendendo que qualquer com-
mitindo confiabilidade e seriedade no trabalho de- portamento inclui posturas e é sempre fruto da interação
senvolvido. complexa entre o organismo e o seu meio ambiente.
▪ Conduta: espera-se que o atendente conheça e Observando essas condições principais que causam a
respeite as normas internas, afinal, ele é um canal vinculação ou o afastamento do cliente da empresa, po-
de transmissão da imagem da organização e, como demos separar a estrutura de uma empresa de serviços
tal, deve manter postura profissional, agir dentro em dois itens:

57
2. Os serviços do cliente. O primeiro passo de cada dia é iniciar o tra-
balho com a consciência de que o seu principal papel é o
O serviço assume uma dimensão macro nas organi- de ajudar os clientes a solucionarem suas necessidades.
zações e, como tal, está diretamente relacionado ao pró- A postura é de realizar serviços para o cliente.
prio negócio.
Nesta visão mais global, estão incluídas as políticas 5. A fuga dos clientes
de serviços, a sua própria definição e filosofia. Aqui, tam-
bém são tratados os aspectos gerais da organização que As pesquisas revelam que 68% dos clientes das em-
dão peso ao negócio, como: o ambiente físico, as cores presas fogem delas por problemas relacionados à postu-
(pintura), os jardins. Este item, portanto, depende mais ra de atendimento.
diretamente da empresa e está mais relacionado com as Numa escala decrescente de importância, podemos
condições sistêmicas. observar os seguintes percentuais:

3. Pontos e políticas do atendimento ▪ 68% dos clientes fogem das empresas por proble-
mas de postura no atendimento;
É o tratamento dispensado às pessoas, está mais rela- ▪ 14% fogem por não terem suas reclamações aten-
cionado com o funcionário em si, com as suas atitudes e didas;
o seu modo de agir com os clientes. Portanto, está ligado ▪ 9% fogem pelo preço;
às condições individuais. ▪ 9% fogem por competição, mudança de endereço,
É necessário unir esses dois pontos e estabelecer nas morte.
políticas das empresas o treinamento e a definição de A origem dos problemas está nos sistemas implan-
um padrão de atendimento e de um perfil básico para tados nas organizações, muitas vezes obsoletos. Esses
o profissional de atendimento, como forma de avançar sistemas não definem uma política clara de serviços, não
no próprio negócio. Dessa maneira, esses dois itens se definem o que é o próprio serviço e qual é o seu produto.
tornam complementares e inter-relacionados, com de-
Sem isso, existe muita dificuldade em satisfazer plena-
pendência recíproca para terem peso.
mente o cliente.
Essas empresas que perdem 68% dos seus clientes
4. O profissional do atendimento
não contratam profissionais com características básicas
para atender o público, não treinam esses profissionais
Para conhecermos melhor a postura de atendimen-
na postura adequada, não criam um padrão de atendi-
to, faz-se necessário falar do verdadeiro profissional do
mento e este passa a ser realizado de acordo com as ca-
atendimento.
Os três passos do verdadeiro profissional de atendi- racterísticas individuais e o bom senso de cada um.
mento: A falta de noção clara da causa primária da perda de
clientes faz com que as empresas demitem os funcio-
4.1 Entender o seu verdadeiro papel: que é o de nários “porque eles não sabem nem atender o cliente”.
compreender e atender as necessidades dos clientes, fa- Parece até que o atendimento é a tarefa mais simples da
zer com que ele seja bem recebido, ajudá-lo a se sentir empresa e que menos merece preocupação. Ao contrá-
importante e proporcioná-lo um ambiente agradável. rio, é a mais complexa e recheada de nuances que per-
Este profissional é voltado completamente para a intera- passam pela condição individual e por condições sistê-
ção com o cliente, estando sempre com as suas antenas micas.
ligadas neste, para perceber constantemente as suas ne- Essas condições sistêmicas estão relacionadas a:
cessidades. Para o profissional, não basta apenas conhe-
cer o produto ou serviço, o mais importante é demons- 1. Falta de uma política clara de serviços;
trar interesse em relação às necessidades dos clientes e 2. Indefinição do conceito de serviços;
atendê-las. 3. Falta de um perfil adequado para o profissional de
atendimento;
4.2 Entender o lado humano: conhecendo as neces- 4. Falta de um padrão de atendimento;
sidades dos clientes, aguçando a capacidade de perce- 5. Inexistência do follow up;
ber o cliente. Para entender o lado humano, é necessário 6. Falta de treinamento e qualificação de pessoal.
que este profissional tenha uma formação voltada para
as pessoas e goste de lidar com gente. Espera-se que ele Nas condições individuais, podemos encontrar a con-
fique feliz em fazer o outro feliz, pois, para este profissio- tratação de pessoas com características opostas ao ne-
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

nal, a felicidade de uma pessoa começa no mesmo ins- cessário para atender ao público, como: timidez, avareza,
tante em que ela cessa a busca de sua própria felicidade rebeldia...
para buscar a felicidade do outro.
6. Os requisitos para contratação deste profissio-
4.3 Entender a necessidade de manter um estado nal
de espírito positivo: cultiva-se pensamentos e senti- Para trabalhar com atendimento ao público, alguns
mentos positivos para ter atitudes adequadas no mo- requisitos são essenciais ao atendente. São eles:
mento do atendimento. Ele sabe que é fundamental se-
parar os problemas particulares do dia a dia do trabalho ▪ Gostar de servir, de fazer o outro feliz;
e, para isso, cultiva o estado de espírito antes da chegada ▪ Gostar de lidar com gente;

58
▪ Ser extrovertido; Essa interação pode se caracterizar por um cumpri-
▪ Ter humildade; mento verbal, uma saudação, um aceno de cabeça ou
▪ Cultivar um estado de espírito positivo; apenas por um aceno de mão. O objetivo com isso é
▪ Satisfazer as necessidades do cliente; fazer o cliente sentir-se acolhido e certo de estar rece-
▪ Cuidar da aparência. bendo toda a atenção necessária para satisfazer os seus
anseios.
Com esses requisitos, o sinal fica verde para o aten- Alguns exemplos são:
dimento. 1. No hotel, a arrumadeira está no corredor com o
carrinho de limpeza e o hóspede sai do seu apartamen-
7. Outros fatores importantes no atendimento to. Ela prontamente olha para ele e diz com um sorriso:
“bom dia!”
7.1 O olhar 2. O caixa de uma loja cumprimenta o cliente no mo-
mento do pagamento;
Os olhos transmitem o que está na nossa alma. Através
3. O frentista do posto de gasolina aproxima-se ao
do olhar, podemos passar para as pessoas os nossos senti-
ver o carro entrando no posto e faz uma sudação.
mentos mais profundos, pois ele reflete o nosso estado de
espírito.
7.3 A invasão
Ao analisar a expressão do olhar, não vamos nos
prender somente a ele, mas à fisionomia como um todo Porém, interagir no raio de ação não tem nada a ver
para entendermos o real sentido dos olhos. com invasão de território.
Um olhar brilhante transmite ao cliente a sensação de Vamos entender melhor isso.
acolhimento, de interesse no atendimento das suas ne- Todo ser humano sente necessidade de definir um
cessidades, de vontade de ajudar. Ao contrário, um olhar território, que é um certo espaço entre si e os estranhos.
apático, traduz fraqueza e desinteresse, dando ao cliente, Esse território não se configura apenas em um espaço
a impressão de desgosto e dissabor pelo atendimento. físico demarcado, mas principalmente num espaço pes-
Mas, você deve estar se perguntando: a que causa soal e social, o que podemos traduzir como a necessida-
este brilho nos nossos olhos? A resposta é simples: Gos- de de privacidade, de respeito, de manter uma distância
tar do que faz, gostar de prestar serviços ao outro, gostar ideal entre si e os outros de acordo com cada situação.
de ajudar ao próximo. Quando esses territórios são invadidos, ocorrem cor-
Para atender ao público, é preciso que haja interesse tes na privacidade, o que normalmente traz consequên-
e gosto, pois só assim conseguimos repassar uma sensa- cias negativas. Podemos exemplificar essas invasões com
ção agradável para o cliente. Gostar de atender o público algumas situações corriqueiras: uma piada muito picante
significa gostar de atender as necessidades dos clientes, contada na presença de pessoas estranhas a um grupo
querer ver o cliente feliz e satisfeito. social; ficar muito próximo do outro, quase se encostan-
Como o olhar revela a atitude da mente, ele pode do nele; dar um tapinha nas costas etc.
transmitir: Nas situações de atendimento, são bastante comuns
a). Interesse quando: as invasões de território pelos atendentes. Estas, na sua
▪ Brilha; maioria, causam mal-estar aos clientes, pois são traduzi-
▪ Tem atenção; das por eles como atitudes grosseiras e pouco sensíveis.
▪ Vem acompanhado de aceno de cabeça. Alguns são os exemplos destas atitudes e situações mais
b) Desinteresse quando:
comuns:
▪ É apático;
▪ Insistência para o cliente levar um item ou adquirir
▪ É imóvel, rígido;
um bem;
▪ Não tem expressão.
▪ Seguir o cliente por toda a loja;
▪ O motorista de taxi que não para de falar com o
O olhar desbloqueia o atendimento, pois quebra o
gelo. O olhar nos olhos dá credibilidade e não há como passageiro;
dissimular com o olhar. ▪ O garçom que fica de pé ao lado da mesa sugerin-
do pratos sem ser solicitado;
7.2 A aproximação – raio de ação ▪ O funcionário que cumprimenta o cliente com dois
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

beijinhos e tapinhas nas costas;


A aproximação do cliente está relacionada ao concei- ▪ O funcionário que transfere a ligação ou desliga o
to de raio de ação, que significa interagir com o público, telefone sem avisar.
independentemente deste ser cliente ou não.
Essa interação ocorre dentro de um espaço físico de 3 Essas situações não cabem na postura do verdadeiro
metros de distância do público e de um tempo imediato, profissional do atendimento.
ou seja, prontamente.
Além do mais, deve ocorrer independentemente de o
funcionário estar ou não na sua área de trabalho. Esses
requisitos para a interação tornam-na mais eficaz.

59
7.4 O sorriso Dessa forma, fica difícil mensurar e acaba-se por não
colher as informações reais.
O sorriso abre portas e é considerado uma linguagem A saída seria criar medidores que traduzissem com
universal. fatos e dados, as verdadeiras opiniões do cliente sobre o
Imagine que você tem um exame de saúde muito im- serviço e o produto adquiridos da empresa.
portante para receber e está apreensivo com o resultado.
Você chega à clínica e é recebido por uma recepcionis- 7.7 Apresentação pessoal
ta que apresenta um sorriso caloroso. Com certeza você
se sentirá mais seguro e mais confiante, diminuindo um Que imagem você acha que transmitimos ao cliente
pouco a tensão inicial. Neste caso, o sorriso foi interpre- quando o atendemos com unhas sujas, os cabelos des-
tado como um ato de apaziguamento. penteados, as roupas mal cuidadas... ?
O sorriso tem a capacidade de mudar o estado de es- O atendente está na linha de frente e é responsável
pírito das pessoas e as pesquisas revelam que as pessoas pelo contato, além de representar a empresa neste mo-
sorridentes são avaliadas mais favoravelmente do que as mento. Para transmitir confiabilidade, segurança, bons
não sorridentes. serviços e cuidado, faz-se necessário, também, ter uma
O sorriso é um tipo de linguagem corporal, um tipo boa apresentação pessoal.
de comunicação não-verbal. Como tal, expressa as emo- Alguns cuidados são essenciais para tornar este item
ções e geralmente informa mais do que a linguagem mais completo. São eles:
falada e a escrita. Dessa forma, podemos passar vários
tipos de sentimentos e acarretar as mais diversas emo- a) Tomar um banho antes do trabalho diário: além da
ções no outro. função higiênica, também é revigorante e espanta
a preguiça;
7.5 Ir ao encontro do cliente b) Cuidar sempre da higiene pessoal: unhas limpas,
cabelos cortados e penteados, dentes cuidados,
Ir ao encontro do cliente é um forte sinal de com- hálito agradável, axilas asseadas, barba feita;
promisso no atendimento por parte do atendente. Este c) Roupas limpas e conservadas;
item traduz a importância dada ao cliente no momen- d) Sapatos limpos;
to de atendimento, no qual o atendente faz tudo o que e) Usar o crachá de identificação em local visível
é possível para atender as suas necessidades, pois ele pelo cliente.
compreende que satisfazê-las é fundamental. Indo ao
encontro do cliente, o atendente demonstra o seu inte- Quando esses cuidados básicos não são tomados, o
resse para com ele. cliente se questiona: puxa, se ele não cuida nem dele,
da sua aparência pessoal, como é que vai cuidar de me
7.6 A primeira impressão prestar um bom serviço ?
A apresentação pessoal, a aparência, é um aspecto
Você já deve ter ouvido milhares de vezes esta frase:
importante para criar uma relação de proximidade e con-
a primeira impressão é a que fica.
fiança entre o cliente e o atendente.
Você concorda com ela?
No mínimo seremos obrigados a dizer que será difícil
7.8 Cumprimento caloroso
a empresa ter uma segunda chance para tentar mudar a
impressão inicial se ela foi negativa, pois dificilmente o
O que você sente quando alguém aperta a sua mão
cliente irá voltar.
sem firmeza?
É muito mais difícil e também mais caro trazer de
Às vezes ouvimos as pessoas comentando que é
volta o cliente perdido, aquele que foi mal atendido ou
que não teve os seus desejos satisfeitos. Estes clientes possível conhecer alguém, a sua integridade moral, pela
perdem a confiança na empresa e normalmente os cus- qualidade do seu aperto de mão.
tos para resgatá-los são altos. Alguns mecanismos que O aperto de mão “frouxo” transmite apatia, passivida-
as empresas adotam são os contatos via telemarketing, de, baixa energia, desinteresse, pouca interação, falta de
mala-direta, visitas, mas nem sempre são eficazes. compromisso com o contato.
Ao contrário, o cumprimento muito forte, do tipo
A maioria das empresas não tem noção da quanti- que machuca a mão, ao invés de trazer uma mensagem
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

dade de clientes perdidos durante a sua existência, pois positiva, causa um mal-estar, traduzindo hiperatividade,
elas não adotam mecanismos de identificação de recla- agressividade, invasão e desrespeito. O ideal é ter um
mações e/ou insatisfações de clientes. Assim, elas deixam cumprimento firme, que prenda toda a mão, mas que a
escapar as armas que teriam para reforçar os seus pro- deixe livre, sem sufocá-la. Este aperto de mão demonstra
cessos internos e o seu sistema de trabalho. interesse pelo outro, firmeza, bom nível de energia, ativi-
Quando as organizações atentam para essa impor- dade e compromisso com o contato.
tância, elas passam a aplicar instrumentos de medição, É importante lembrar que o cumprimento deve estar
porém, esses coletores de dados nem sempre traduzem associado ao olhar nos olhos, à cabeça erguida, aos om-
a realidade, pois muitas vezes trazem perguntas vagas, bros e ao peito abertos, totalizando uma sintonia entre
subjetivas ou pedem a opinião aberta sobre o assunto. fala e expressão corporal.

60
Não se esqueça: apesar de haver uma forma adequa- A mais poderosa forma de escutar é a empatia (que
da de cumprimentar, esta jamais deverá ser mecânica e vamos conhecer mais na frente). Ela nos permite escutar,
automática. de fato, os sentimentos por trás do que está sendo dito,
mas, para isso, é preciso que o atendente esteja sintoni-
7.9 Tom de voz zado emocionalmente com o cliente. Essa sintonia se dá
por meio do despojamento das barreiras que já falamos
A voz é carregada de magnetismo e, como tal, traz antes.
uma onda de intensa vibração. O tom de voz e a maneira
7.11 Agilidade
como dizemos as palavras são mais importantes do que
as próprias palavras.
Atender com agilidade significa ter rapidez sem per-
Podemos dizer ao cliente: “a sua televisão deveria sair
der a qualidade do serviço prestado.
hoje do conserto, mas, por falta de uma peça, ela só esta- A agilidade no atendimento transmite ao cliente a
rá pronta na próxima semana”. De acordo com a maneira ideia de respeito. Sendo ágil, o atendente reconhece a
que dizemos e de acordo com o tom de voz que usamos, necessidade do cliente em relação à utilização adequada
vamos perceber reações diferentes do cliente. do seu tempo.
Se dissermos isso com simpatia, naturalmente nos Quando há agilidade, podemos destacar:
desculpando pela falha e assumindo uma postura de ▪ O atendimento personalizado;
humildade, falando com calma e num tom amistoso e ▪ A atenção ao assunto;
agradável, percebemos que a reação do cliente será de ▪ O saber escutar o cliente;
compreensão. ▪ O cuidar das solicitações e o acompanhar o cliente
Por outro lado, se a mesma frase é dita de forma me- durante todo o seu percurso na empresa.
cânica, estudada, artificial, ríspida, fria e com arrogância,
poderemos ter um cliente reagindo com raiva, procuran- 7.12 O calor no atendimento
do o gerente, gritando etc.
As palavras são símbolos com significados próprios. O atendimento caloroso evita dissabores e situações
A forma como elas são utilizadas também traz o seu sig- constrangedoras, além de ser a comunhão de todos os
pontos estudados sobre postura.
nificado e, com isso, cada palavra tem a sua vibração es-
O atendente escolhe a condição de atender o clien-
pecial.
te e, para isso, é preciso sempre lembrar que o cliente
deseja se sentir importante e respeitado. Na situação de
7.10 Saber escutar atendimento, o cliente busca ser reconhecido e, transmi-
tindo calorosidade nas atitudes, o atendente satisfaz as
Você acha que existe diferença entre ouvir e escutar? necessidades do cliente de estima e consideração.
Se você respondeu que não, você errou. Ao contrário, o atendimento áspero transmite ao
Escutar é muito mais do que ouvir, pois é captar o cliente a sensação de desagrado, descaso e desrespeito,
verdadeiro sentido, compreendendo e interpretando a além de retornar ao atendente como um bumerangue.
essência, o conteúdo da comunicação. O efeito bumerangue é bastante comum em situações
O ato de escutar está diretamente relacionado com a de atendimento, pois ele reflete o nível de satisfação, ou
nossa capacidade de perceber o outro. E, para perceber- não, do cliente em relação ao atendente. Com esse efeito,
mos o outro, o cliente que está diante de nós, precisamos as atitudes batem e voltam, ou seja, se você atende bem,
nos despojar das barreiras que atrapalham e empobre- o cliente se sente bem e trata o atendente com respeito.
cem o processo de comunicação. São elas: Se este atende mal, o cliente reage de forma negativa e
▪ Os preconceitos; hostil. O cliente não está na esteira da linha de produção,
▪ As distrações; merecendo ser tratado com diferenciação e apreço.
▪ Os julgamentos prévios; Precisamos ter em atendimento pessoas descontraí-
das, que façam do ato de atender o seu verdadeiro sen-
▪ As antipatias.
tido de vida, que é servir ao próximo.
Para interagirmos e nos comunicarmos a contento,
Atitudes de apatia, frieza, desconsideração e hostili-
precisamos compreender o todo, captando os estímulos
dade retratam bem a falta de calor do atendente. Com
que vêm do outro, fazendo uma leitura completa da si- essas atitudes, o atendente parece estar pedindo ao
tuação. cliente que este se afaste, vá embora, desapareça da sua
frente, pois ele não é bem-vindo. Assim, o atendente es-
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

Precisamos querer escutar, assumindo uma postura quece que a sua missão é servir e fazer o cliente feliz.
de receptividade e simpatia, afinal, nós temos dois ouvi-
dos e uma boca, o que nos sugere que é preciso escutar 8. As gafes no atendimento
mais do que falar.
Quando não sabemos escutar o cliente – interrom- Depois de conhecermos a postura correta de aten-
pendo-o, falando mais que ele, dividindo a atenção com dimento, também é importante sabermos quais são as
outras situações – tiramos dele a oportunidade de ex- formas erradas, para jamais praticá-las. Quem as pratica
pressar os seus verdadeiros anseios e necessidades e com certeza não é um verdadeiro profissional de aten-
corremos o risco de aborrecê-lo, pois não iremos conse- dimento. A seguir, alguns pontos que são considerados
guir atendê-los. postura inadequada:

61
8.1 Postura inadequada

A postura inadequada é abrangente, indo desde a postura física ao mais sutil comentário negativo sobre a empresa
na presença do cliente.
Em relação à postura física, podemos destacar como inadequado o atendente:
▪ Escorar-se nas paredes da loja ou debruçar a cabeça no seu birô por não estar com o cliente (esta atitude impede
que ele interaja no raio de ação);
▪ Mascar chicletes durante o atendimento;
▪ Cuspir, pôr o dedo no nariz ou no ouvido quando estiver falando pessoalmente com o cliente. O asseamento
deve ser feito apenas no banheiro;
▪ Comer enquanto atende o cliente (comum nas empresas que oferecem lanches ou têm cantina);
▪ Vociferar um pedido a alguém da empresa. Pedir com gentileza seria o correto porque o grito além de ser algo
deselegante é uma forma de agressão;
▪ Coçar-se na frente do cliente;
▪ Bocejar. O atendente tem de conter o bocejo, que é um sinal de cansaço. O cliente pode entender que sua pre-
sença é desinteressante.

Em relação aos itens mais sutis, podemos destacar:


▪ Achar-se íntimo do cliente a ponto de lhe pedir carona, por exemplo;
▪ Receber presentes do cliente em troca de um bom serviço;
▪ Fazer críticas a outros setores, pessoas, produtos ou serviços na frente do cliente;
▪ Desmerecer ou criticar o fabricante do produto que vende, o parceiro da empresa, denegrindo a sua imagem
para o cliente;
▪ Falar mal de pessoas ausentes na presença do cliente;
▪ Usar o cliente como desabafo dos problemas pessoais;
▪ Lamentar;
▪ Colocar problemas salariais;
▪ Reclamar de outrem ou da própria vida na frente do cliente.
▪ Lembre-se: a ética do trabalho é servir aos outros e não se servir dos outros.

8.2 Usar chavões

O mau profissional utiliza-se de alguns chavões como forma de fugir à sua responsabilidade no atendimento ao
cliente. Citamos aqui os mais comuns:
Pare e reflita: você gostaria de ser comparado a este atendente?
▪ O senhor como cliente tem que entender;
▪ O senhor deveria agradecer o que a empresa faz pelo senhor;
▪ O cliente é um chato que sempre quer mais;
▪ Aí vem ele de novo.

Essas frases geram um bloqueio mental, dificultando a liberação do lado bom da pessoa que atende o cliente.
Aqui, podemos ter o efeito bumerangue, que torna um círculo vicioso na postura inadequada, pois o atendente usa
os chavões (pensa dessa forma em relação ao cliente e à situação de atendimento), o cliente se aborrece e descarrega
no atendente ou simplesmente não volta mais.
Para quebrar esse ciclo, é preciso haver uma mudança radical no pensamento e postura do atendente.

8.3 Impressões finais do cliente

Toda a postura e comportamento do atendente vai levar o cliente a criar uma impressão sobre o atendimento e,
consequentemente, sobre a empresa.
Duas são as formas de impressões finais mais comuns do cliente:
a) Momento da verdade: por meio do contato direto (pessoal) e/ou telefônico com o atendente;
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

b) Teleimagem: por meio do contato telefônico. (Vamos conhecê-la com mais detalhes.)

8.4 Momentos da verdade

Segundo Karl Albrecht, Momento da Verdade é qualquer episódio no qual o cliente entra em contato com qualquer
aspecto da organização e obtém uma impressão da qualidade do seu serviço.
O funcionário tem poucos minutos para fixar na mente do cliente a imagem da empresa e do próprio serviço pres-
tado. Este é o momento que separa o grande profissional dos demais.

62
#FicaDica

É muito comum cair questões que exigem conhecimento sobre a questão que envolva a
relação percepção e expectativa ao tratar de satisfação do cliente.

Este verdadeiro profissional trabalha em cada momento da verdade, considerando-o único e fundamental para de-
finir a satisfação do cliente. Ele se fundamenta na chamada Tríade Do Atendimento ou Triângulo Do Atendimento, que
é composto de elementos básicos do processo de interação, que são:

a) A pessoa
A pessoa mais importante é aquela que está na sua frente. Então, podemos entender que a pessoa mais importante
é o cliente que está na frente e precisa de atenção.
No Momento da Verdade, o atendente se relaciona diretamente com o cliente, tentando atender a todas as suas
necessidades. Não existe outra forma de atender, a não ser pelo contato direto e, portanto, a pessoa fundamental
neste momento é o cliente.

b) A hora
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

A hora mais importante das nossas vidas é o agora, o presente, pois somente nele podemos atuar.
O passado ficou para atrás, não podendo ser mudado e o futuro não cabe a nós conhecer. Então, só nos resta o
presente como fonte de atuação. Nele, podemos agir e transformar. O aqui e agora são os únicos momentos nos
quais podemos interagir e precisamos fazer isto da melhor forma.
c) A tarefa
Para finalizar, falamos da tarefa. A nossa tarefa mais importante, diante da pessoa mais importante para nós, na hora
mais importante, que é o aqui e o agora, é fazer o cliente feliz, atendendo as suas necessidades.
Essa tríade se configura no fundamento dos Momentos da Verdade e, para que estes sejam plenos, é necessário que
os funcionários de linha de frente, ou seja, que atendem os clientes, tenham poder de decisão. É necessário que
os chefes concedam autonomia aos seus subordinados para atuarem com precisão nos Momentos da Verdade.

63
8.5 Teleimagem mo. Vamos ficar vazios dos nossos preconceitos, das nos-
sas antipatias, dos nossos medos, dos nossos bloqueios,
Pelo telefone, o atendente transmite a teleimagem da vamos observar as situações na sua totalidade, para en-
empresa e dele mesmo. tendermos melhor o que o cliente deseja. Vamos ilustrar
Teleimagem, então, é a imagem que o cliente forma com um exemplo real: certa vez, em uma loja de carros,
na sua mente (imagem mental) sobre quem o está aten- entra um senhor de aproximadamente 65 anos, usando
dendo e, consequentemente, sobre a empresa ( que é um chapéu de palha, camiseta rasgada e calça amarrada
representada pelo atendente). na cintura por um barbante. Ele entrou na sala do geren-
Quando a teleimagem é positiva, a facilidade do clien- te, que imediatamente se levantou pedindo para ele se
te encaminhar os seus negócios é maior, pois ele supõe retirar, pois não era permitido “pedir esmolas ali “.
que a empresa é comprometida com o cliente. No entan- O senhor, com muita paciência, retirou, de um saco
to, se a imagem é negativa, vemos normalmente o clien- plástico que carregava, um “bolo“ de dinheiro e disse: “eu
te fugindo da empresa. Como exemplo, no atendimento
quero comprar aquele carro ali”.
telefônico, o único meio de interação com o cliente é por
Esse exemplo, apesar de extremo, é real e retrata cla-
meio da palavra e, sendo a palavra o instrumento, faz-se
ramente o que podemos fazer com o outro quando pré-
necessário usá-la de forma adequada para satisfazer as
exigências do cliente. Dessa forma, classificamos 03 itens -julgamos as situações.
básicos ligados à palavra e às atitudes como fundamen- Precisamos ver o todo, não só as partes, pois o todo é
tais na formação da teleimagem. muito mais do que a soma das partes. Ele nos diz o que é
e não é harmônico e com ele percebemos a essência dos
São eles: fatos e situações.
▪ O tom de voz: é através dele que transmitimos in- Ainda falando em percepção, devemos ter cuidado
teresse e atenção ao cliente. Ao usarmos um tom com a percepção seletiva, que é uma distorção de percep-
frio e distante, passamos ao cliente a ideia de de- ção, na qual vemos, escutamos e sentimos apenas aquilo
satenção e desinteresse. Ao contrário, se falamos que nos interessa. Essa seleção age como um filtro, que
com entusiasmo, de forma decidida e atenciosa- deixa passar apenas o que convém. Essa filtragem está
mente, satisfazemos as necessidades do cliente de diretamente relacionada com a nossa condição física-
sentir-se assistido, valorizado, respeitado, impor- -psíquica-emocional. Como é isso? Vamos entender:
tante. a) Se estou com medo de passar em rua deserta e
▪ O uso de palavras adequadas: pois com elas o escura, a sombra do galho de uma árvore pode me
atendente passa a ideia de respeito pelo cliente. assustar, pois eu posso percebê-lo como um braço
Aqui fica expressamente proibido o uso de termos com uma faca para me apunhalar;
como: amor, bem, benzinho, chuchu, mulherzinha, b) Se estou com muita fome, posso ter a sensação de
queridinha, colega etc. um cheiro agradável de comida;
▪ As atitudes corretas: dar ao cliente a impressão de c) Se fiz algo errado e sou repreendida, posso ouvir a
educação e respeito. São incorretas as atitudes de parte mais amena da repreensão e reprimir a mais
transferir a ligação antes do cliente concluir o que severa.
iniciou a falar; passar a ligação para a pessoa ou
ramal errado (demostrando, assim, que não ou- Em alguns casos, a percepção seletiva age como me-
viu o que ele disse), desligar sem cumprimento ou canismo de defesa.
saudação, dividir a atenção com outras conversas,
deixar o telefone tocar muitas vezes sem atender,
9.3 O estado interior
dar risadas no telefone etc.

9. Aspectos psicológicos do atendente O estado interior, como o próprio nome sugere, é a


condição interna, o estado de espírito diante das situa-
Nós falamos sobre a importância da postura de aten- ções.
dimento. Porém, a base dela está nos aspectos psicológi- A atitude de quem atende o público está diretamente
cos do atendimento. Vamos a eles. relacionada ao seu estado interior. Ou seja, se o atenden-
te mantém um equilíbrio interno, sem tensões ou preo-
9.1 Empatia cupações excessivas, as suas atitudes serão mais positi-
vas frente ao cliente.
Capacidade humana de se colocar no lugar do outro. Dessa forma, o estado interior está ligado aos pensa-
Como esse é um assunto cobrado no tópico seguinte, mentos e sentimentos cultivados pelo atendente. E estes,
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

vamos abordá-lo mais detalhadamente a seguir. dão suporte às atitudes frente ao cliente.
Se o estado de espírito supõe sentimentos e pensa-
9.2 Percepção mentos negativos, relacionados ao orgulho, egoísmo e
vaidade, as atitudes advindas deste estado sofrerão as
Percepção é a capacidade que temos de compreen- suas influências e serão:
der e captar as situações, o que exige sintonia e é fun- ▪ Atitudes preconceituosas;
damental no processo de atendimento ao público. Para ▪ Atitudes de exclusão e repulsa;
percebermos melhor, precisamos passar pela “escravi- ▪ Atitudes de fechamento;
dão” de nós mesmos, ficando, assim, mais próximos do ▪ Atitudes de rejeição.
outro. Mas, como é isso? Vamos ficar vazios? É isso mes-

64
É necessário haver um equilíbrio interno, uma estabi- ▪ Os empresários buscam aperfeiçoar o desempe-
lidade, para que o atendente consiga manter uma atitu- nho em suas áreas de atuação (produtos ou servi-
de positiva com os clientes e as situações. ços) e o relacionamento com os seus clientes.
▪ O setor público enfrenta os desafios de melhorar
9.4 O envolvimento (1) a qualidade de seus serviços, (2) aumentar a sa-
tisfação dos usuários e (3) instituir um atendimento
A demonstração de interesse, prestando atenção ao de excelência ao público.
cliente e voltando-se inteiramente ao seu atendimento, é ▪ Os clientes e usuários das organizações públicas
o caminho para o verdadeiro sentido de atender. e privadas também se mostram mais exigentes na
Na área de serviços, o produto é o próprio serviço escolha de serviços e produtos de melhor qualida-
prestado, que se traduz na interação do funcionário com de. Assim, a relação com os clientes e usuários pas-
o cliente. Um serviço é, então, um resultado psicológi- sa ser um novo foco de preocupação e demanda
co e pessoal que depende de fatores relacionados com esforços para sua melhoria.
a interação com o outro. Quando o atendente tem um
envolvimento baixo com o cliente, este percebe com cla- 9.6 Qualidade
reza a sua falta de compromisso. As preocupações ex-
cessivas, o trabalho estafante, as pressões exacerbadas, a O conceito de qualidade é amplo e suscita várias
falta de liderança e o nível de burocracia são fatores que interpretações. As mais expressivas se referem, por um
contribuem para uma interação fraca com o cliente. Essa lado, à definição de qualidade como busca da satisfação
fraqueza de envolvimento não permite captar a essência do cliente, e, por outro, à busca da excelência para todas
dos desejos do cliente, o que se traduz em insatisfação. as atividades de um processo.
Um exemplo simples disso é a divisão de atenção por Na mesma vertente, a qualidade é também consi-
parte do atendente. Quando este divide a atenção no derada como fator de transformação no modo como a
atendimento entre o cliente e os colegas ou outras situa- organização se relaciona com seus clientes, agregando
ções, o cliente sente-se desrespeitado, diminuído e res-
valor aos serviços a ele destinados.
sentido. A sua impressão sobre a empresa é de fraqueza
Em face dessa diversidade de significados, cabe às
e o momento da verdade é pobre.
organizações identificar os atributos ou indicadores de
Essa ação traz consequências negativas como: impos-
qualidade dos seus produtos e serviços do ponto de vista
sibilidade de escutar o cliente, falta de empatia, desres-
dos seus usuários. Entre eles, podem ser destacados a
peito com o seu tempo, pouca agilidade e baixo compro-
eficiência, a eficácia, a ética profissional, a agilidade no
misso com o atendimento.
atendimento, entre outros.
Às vezes, a própria empresa não oferece uma estrutu-
No Brasil, a questão da qualidade na área pública
ra adequada para o atendimento ao público, obrigando
vem sendo abordada pelo Programa de Qualidade no
o atendente a dividir o seu trabalho entre atendimento
pessoal e telefônico, quando normalmente há um fluxo Serviço Público que tem por objetivo elevar o padrão dos
grande de ambos no setor. Neste caso, o ideal seria se- serviços prestados e tornar o cidadão mais exigente em
parar os dois tipos de atendimento, evitando problemas relação a esses serviços. Para tanto, o Programa visa à
desta espécie. transformação das organizações e entidades públicas no
Alguns exemplos comuns de divisão de atenção são: sentido de valorizar a qualidade na prestação de serviços
▪ Atender pessoalmente e interromper com o telefo- ao público, retirando o foco dos processos burocráticos.
ne; O programa estabelece o cidadão como principal
▪ Atender o telefone e interromper com o contato foco de atenção de qualquer órgão público federal, defi-
direto; ne padrões de qualidade do atendimento e prevê a ava-
▪ Sair para tomar café ou lanchar; liação de satisfação do usuário por todos os órgãos e
▪ Conversar com o colega do lado sobre o final de entidades da Administração Pública Federal direta, indi-
semana, férias, namorado, tudo isso no momento reta e fundacional que atendem diretamente ao cidadão.
de atendimento ao cliente. Nesse sentido, considera-se que o serviço público
deve ter as seguintes características:
Esses exemplos, muitas vezes, soam ao cliente como ▪ Adequado: realizado na forma prevista em lei de-
um exibicionismo funcional, o que não agrega valor ao vendo atender ao interesse público.
trabalho. O cliente deve ser poupado dele. ▪ Eficiente: alcança o melhor resultado com menor
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

consumo de recursos.
9.5 Atendimento e qualidade ▪ Seguro: não coloca em risco a vida, a saúde, a se-
gurança, o patrimônio ou os direitos materiais e
A globalização, os desafios do desenvolvimento tec- imateriais do cidadão-usuário.
nológico e cultural e a competição entre as organizações ▪ Contínuo: oferecido sem risco de interrupção, sen-
trazem como consequência o interesse pela qualidade de do obrigatório o planejamento e a adoção de me-
seus produtos e serviços. didas de prevenção para evitar a descontinuidade.
Esse interesse não se restringe às empresas privadas
e se estende, também, ao setor público.
Assim, vemos que:

65
9.7 Usuários/Clientes ▪ Fazer uso da empatia;
▪ Analisar as reclamações;
Existem dois tipos de usuários ou clientes de uma or- ▪ Acatar as boas sugestões.
ganização:
▪ Externos – recebem serviços ou produtos na sua Essas ações estão relacionadas a indicadores que po-
versão final. dem ser percebidos e avaliados de forma positiva pelos
▪ Internos – fazem parte da organização, de seus se- usuários, entre eles: competência, presteza, cortesia, pa-
tores, grupos e atividades. ciência, respeito.
Por outro lado, arrogância, desonestidade, impaciên-
Para identificar esses tipos de usuários, as pessoas da cia, desrespeito, imposição de normas ou exibição de
organização devem responder o seguinte: poder tornam o atendente intolerável, na percepção dos
▪ Com que pessoas mantenho contato enquanto usuários.
trabalho? No conjunto dessas ações, deve ainda ser ressaltada a
▪ Quem recebe o resultado do meu trabalho? empatia como um fator crucial para a excelência no aten-
▪ Qual o nível de satisfação das pessoas que de- dimento ao público. A utilização adequada dessa ferra-
pendem do resultado dos serviços executados por menta no momento em que as pessoas estão interagin-
mim? do é fundamental. No bom atendimento, é importante a
utilização de frases como “Bom dia”, “Boa tarde”, “Sente-
9.8 Princípios para o bom atendimento na gestão -se por favor”, ou “Aguarde um instante, por favor”, que,
da qualidade ditas com suavidade e cordialidade, podem levar o usuá-
rio a perceber o tratamento diferenciado que algumas
Foco no cliente. Nas empresas privadas, a importân- organizações já conseguem oferecer ao seu público-alvo.
cia dada a esse princípio se deve principalmente ao fato
de que o sucesso da venda (lucro financeiro) depende Fonte e texto adaptado de: Mônica Larissa Pereira,
da satisfação do cliente com a qualidade do produto e Camila Lopes Ramos, Andreia Ribas, Marcelo Rodrigues,
também com o tratamento recebido e com o resultado Gustavo Periard,Wagner Siqueira, Marcos Thadeu Ro-
da própria negociação. drigues, Daniel Martins, Luis Araújos, Ana França, Vera
No setor público, este princípio se relaciona sobretu- Souza, Inacio Stoffel, Idalberto Ciavenato, Wagner Ap.
do aos conceitos de cidadania, participação, transparên- Ramos de Oliveira, Roseane de Queiroz Santos. Dispo-
cia e controle social. nível em: <www.portal.tcu.gov.br/www.sbcoaching.com.
Para cumprir este princípio, é necessário ter atenção br>/<www.paulorodrigues.pro.br>/<www.administrado-
com dois aspectos: res.com.br>/<www.gestaodepessoasmba.com.br>
▪ Verificar se o que é estabelecido como qualidade
atende a todos os usuários, inclusive aos mais exi- ESCOLHA DAS TÉCNICAS DE SELEÇÃO
gentes;
▪ Fazer bem feito o serviço e, depois, checar os pas- 1. Triagem
sos necessários para a sua execução.
A atração de candidatos com potencial pelo perfil de
Deve-se lembrar que tais atitudes levam em conta competências e os candidatos que atendem os requisitos
tanto o atendimento do usuário quanto as atividades e se apresentam com maior probabilidade de possuírem as
rotinas que envolvem o serviço. competências procuradas. Inicia-se por análise curricular
O serviço ou produto deve atender a uma real ne- e posteriormente entrevista para confirmação dos dados.
cessidade do usuário. Este princípio se relaciona à di- A análise de um currículo se deve inicialmente a partir
mensão da validade, isto é, o serviço ou produto deve ser de uma triagem (filtro), que dá uma primeira impressão
exatamente como o usuário espera, deseja ou necessita das qualificações dos candidatos ao perfil. Nesta triagem
que ele seja. é necessário ao selecionador concentrar-se em realiza-
Manutenção da qualidade. O padrão de qualidade ções, resultados que o indivíduo gerou para as organi-
mantido ao longo do tempo é que leva à conquista da zações que já trabalhou. O desenvolvimento de carreira
confiabilidade. é considerável, ela não se torna a partir de vários cargos
mais segundo Dutra (2004), “a ampliação do espaço ocu-
A atuação com base nesses princípios deve ser orien- pacional, entendido como o nível de complexidade das
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

tada por algumas ações que imprimem qualidade ao atribuições e das responsabilidades de um empregado.”
atendimento, tais como: O passo seguinte é a entrevista breve e que mostrará
▪ Identificar as necessidades dos usuários; pontos que poderão ser aprofundados ao longo da sele-
▪ Cuidar da comunicação (verbal e escrita); ção. Para Almeida (2004), “tem como objetivo esclarecer
▪ Evitar informações conflitantes; alguns aspectos do currículo do profissional e estabele-
▪ Atenuar a burocracia; cer as primeiras impressões sobre algumas características
▪ Cumprir prazos e horários; do candidato.” Características tais como: apresentação
▪ Desenvolver produtos e/ou serviços de qualidade; pessoal, atitudes, capacidade de expressão e comporta-
▪ Divulgar os diferenciais da organização; mento serão observados.
▪ Imprimir qualidade à relação atendente/usuário;

66
2. Análise do Perfil de Competências Almeida (2004) diz: ”Estudos empíricos, conduzidos
por vários pesquisadores, são unânimes em apontar a
O conhecimento sobre requisitos e competências; superioridade das entrevistas estruturadas sobre as en-
quanto maior volume de informações, melhor será a se- trevistas não-estruturadas.”
leção do melhor candidato para a posição.
A descrição do cargo com suas tarefas, deveres, res- 1.1. Entrevista técnica
ponsabilidades e requisitos são apenas alguns dos aspec-
tos levantados para análise. Outro aspecto de relevância Obtém e aprofunda informações técnicas, experiência
para análise é a cultura organizacional, pois constitui profissional e habilidades do candidato, realizadas pelo
aspectos como crenças, valores constituídos a partir de colaborador que o candidato se reportará. Fundamenta a
práticas macrossociais, integração de práticas sociais, o decisão de qual candidato será escolhido, portanto é de
que determinam nossas atitudes. Gramigna (2002), diz caráter decisivo (MENDONÇA, 2002).
que “a atitude é o principal componente da competência,
estando relacionada ao querer ser e ao querer agir.” 1.2. Entrevista psicológica
Ou seja, um candidato pode ter todos os requisitos
para um bom desempenho profissional, mas se suas Busca a personalidade da pessoa, aspectos, vida pes-
crenças e valores não estiverem alinhadas com a organi- soal, em família, lazer, sua história. Tem como objetivo
zação, ele pode não se tornar o que a organização deseja investigar vários aspectos da vida do candidato como
(GRAMIGNA, 2002). analisar perfil psicológico adequado ao perfil de compe-
3. Avaliação dos candidatos tências que se procura (PASSOS, 2005).
Este tipo de entrevista está cada vez mais raro uma
Os meios utilizados que permitem avaliar os candi- vez que, a profundidade das informações colhidas, dado
datos são distribuídos em testes, dinâmicas de grupo, ao tempo disponível para os processos e as entrevistas,
entrevistas. Essas técnicas supõem que há uma corres- deve ser conduzida por psicólogos (PASSOS, 2005).
pondência com o desempenho no futuro trabalho (PAI-
VA, 2010). 1.3. Entrevista tradicional
A responsabilidade da avaliação, não é apenas res-
ponsabilidade do recrutador mais também do requisi- Com perguntas abertas, envolvem assuntos técnicos
tante da vaga que elaborou, participou de testes, dinâ- e psicológicos tais como:
micas de grupos. A participação do requisitante amplia o - Interesse em trabalhar na empresa;
compromisso nos resultados (VIEIRA,1994). - Habilidades que você julga essenciais para o bom
desempenho do cargo;
TÉCNICAS DE SELEÇÃO -Quais os motivos levaram a deixar o último empre-
go;
1. Entrevistas - Pontos fortes e pontos fracos.
Essas entrevistas possibilitam ao candidato a forma-
Pontes (1996) diz: “A entrevista é uma técnica univer- ção do seu perfil, permitem avaliar as competên-
sal, sendo em muitos casos a única forma de seleção”. cias contidas no candidato que estão sendo procu-
As entrevistas podem ser individuais e coletivas, em radas (PASSOS, 2005).
forma de comitê, podendo ser dirigidas (com roteiro),
semi dirigidas e não dirigidas ou livres (sem roteiros), 1.4. Entrevista situacional
busca fundamentar as decisões relativas à contratação de
um novo colaborador. São perguntas objetivando ava- É uma variação da entrevista tradicional. Perguntas
liar determinadas competências como perfil profissional, abertas enfocam características do trabalho. Sua vanta-
competências não vistas por meio de outras técnicas, in- gem é focalizar situações de trabalho especificas. Elas
vestigar competências não exploradas e esclarecer fatos, remetem no candidato a idealização em situação hipo-
impressões, confirmar ou rejeitar hipóteses que surgem tética (PASSOS, 2005).
ao longo do processo seletivo. Sendo um dos meios mais
importantes para selecionadores, é um dos instrumentos 1.5. Entrevista comportamental
mais usados, onde os testes psicológicos eram predo-
minantes. No entanto com o passar do tempo, os testes Para Reis (2003), esse tipo de entrevista específica
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

psicológicos estão cedendo lugar às entrevistas. mostra experiências do passado, essa situação possibili-
Existem dois tipos de entrevistas: ta prever o comportamento no futuro do candidato. Ao
As entrevistas podem ser estruturadas, quando é so- invés de submeter os candidatos a perguntas que reme-
licitado ao candidato responder questões padronizadas, tem ao hipotético, o entrevistador solicita ao candidato
onde as informações coletadas são as principais vanta- descrever uma situação concreta, onde demonstre fatos
gens é descobrir um provável sucesso no cargo preten- específicos do passado buscando prever um comporta-
dido. mento futuro, ilustrando a competência que se pretende
As entrevistas não-estruturadas, as perguntas serão analisar. As competências podem ser de capacidades em
feitas de acordo com a entrevista, tornando-se menos administração de tempo, planejamento, organização e
objetiva. negociação.

67
Para Reis (2003) as perguntas devem ser abertas e 2.2. Testes de conhecimento
especificas, usando verbos em ação, mas no passado, fo-
cando competências, ou seja, o principal objetivo deve São provas que apuram conhecimentos ou habilida-
ser obter descrições de fatos específicos da vida que po- des sendo elas: Idiomas, matemática financeira entre ou-
dem ser usados como evidências. tros, podendo ser aplicadas via internet e muito utilizado
O candidato interrompe o contato visual com o en- em concursos públicos (ALMEIDA, 2004).
trevistador, pára por alguns segundos enquanto pensa Segundo Almeida (2004), “. O teste objetivo utiliza
ou visualiza um exemplo, e então retoma o contato vi- questões com respostas diretas, usando teste de múlti-
sual e descreve um acontecimento especifico de sua vida. pla escolha”. Nos testes objetivos exigem como caracte-
Essas descrições das experiências são acompanhadas de rística avaliar o candidato em habilidades como leitura,
descrição de tempo, datas, números, locais e quaisquer interpretação e crítica, pois cobre vários conhecimentos
outras particularidades que evidenciam que o fato real- necessários para desempenho do cargo. Nele o julga-
mente ocorreu (REIS, 2003). mento se torna mais objetivo através das respostas do
candidato, usando gabaritos de respostas como apoio
Abaixo no Quadro estão listadas as técnicas com per- busca-se a subjetividade, as questões têm uma opção
centagens mais utilizadas na seleção de pessoas em al- correta; difícil de ser elaborado, é um teste que trata as
gumas organizações brasileiras: questões de forma direta, desenvolvido para cargos mais
QUADRO - Técnicas de Seleção. específicos (FAISSAL, 2004).
O teste discursivo as questões são abertas para co-
nhecer os conhecimentos necessários para o cargo em
questão. Usa-se leitura e redação, sua elaboração é mais
rápida em relação aos testes objetivos e é recomenda-
da para um número reduzido de candidatos (ALMEIDA,
2004).

2.3. Testes Psicológicos

“Os testes psicológicos, objetivam avaliar o desenvol-


vimento intelectual geral, aptidões especificas e a perso-
nalidade dos candidatos” (Anastasi, 1977)
O objetivo e avaliar o intelecto, aptidões específicas e
personalidade dos candidatos (FORMIGA e MELLO 2000).

2.4. Testes de inteligência

Contém tarefas de funções intelectuais, onde o re-


2. Provas de Conhecimento ou de Capacidade sultado gera o quociente intelectual (QI). Esses testes
acabaram privilegiando certas funções e negligenciando
Segundo Chiavenato (2004), as provas de conheci- outras. A partir de 1930 este teste passou a ter aptidões
mento são instrumentos para avaliar o nível de conhe- diferenciais como: cálculos, memória, raciocínio mecâni-
cimentos gerais e específicos dos candidatos, exigidos co, espacial e abstrato, atenção concentrada e difusa, pla-
pelo cargo a ser preenchido. Procura medir o grau de nejamento e organização (FAISSAL; MENDONÇA, 2006).
conhecimentos dos profissionais ou técnicos, como no- Já os testes de personalidade identificam traços da
ções de informática, contabilidade, redação entre outros. personalidade, aspectos motivacionais e de interesses.
As provas de conhecimentos gerais medem o grau Propõe identificar aspectos da dinâmica da personali-
de cultura do candidato, já as provas específicas avaliam dade do candidato tais como introversão e extroversão
os conhecimentos profissionais do candidato (CHIAVE- apresentando níveis necessários para o selecionador
NATO, 1999). avaliar as características em compatibilidade com a com-
petência que está buscando (CUNHA, 2000).
2.1. Teste
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

2.5. Principais Testes


Instrumento padronizado, de seriedade, garantindo
objetividade e cientificidade, visa medir pontos da perso- - Wartegg
nalidade, refletindo diferenças individuais de cada pessoa No teste de personalidade, são usados desenhos, de-
testada. Os testes podem ser considerados amostras de senvolvidos pelo indivíduo. Idealizado por Ehrig
comportamento, onde é possível fazer predições a res- Wartegg em 1930 na Alemanha Oriental. Destaca-
peito de outro comportamento, sendo importante que do como um dos testes mais utilizados no Brasil
aja uma descrição do cargo e das competências exigidas. para seleção de pessoal (CHIAVENATO; CUNHA,
As diferentes formas de aplicar os testes podem ser 2000).
consideradas variantes de padrão básico sendo eles: - Rorscharch

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Criado por Hermmam Rorscharch em 1921 em Zu- 2.5. Teste Grafológico
rique, Suíça. Esse teste é feito de forma individu-
al com apresentação de lâminas e tintas onde o Analisa a grafia individual, onde conclui-se dezenas
candidato será avaliado dentro de um processo de traços da personalidade. Para isso os grafólogos soli-
psíquico, afetivo-emocional, motor-conativo e citam que os candidatos escrevam alguma coisa em folha
cognição, funções e sistemas cerebrais entre ou- branca (uma redação de 20 linhas ou mais) para análise
tros envolvidos na construção das imagens (CHIA- do tamanho de letra, inclinação, direção, altura, pres-
VENATO, 1999). são, velocidade; o conteúdo da redação não é analisado.
Apresenta baixo custo, detecta traços da personalidade
- PMK não identificados em outros métodos (SINGER, 1999).
Idealizado por Emilio Mira Y Lopez em Londres, mos-
tra como a pessoa realmente é na sua personalida- 2.6. Técnicas de Simulação
de; na sua estrutura, dinâmica e reação em contato
com meio ambiente como: depressão, agressivida- São criadas situações para os candidatos interagirem
de, emotividade (CHIAVENATO, 1999). e participarem em grupo visando seu comportamento
social. Para isso estão citados abaixo os processos mais
- Machover conhecidos:
O teste da figura humana (1949) usada para perceber 2.7. Provas (técnicas) situacionais
a imagem que o próprio candidato faz de si mes-
mo, uma vez que o desenho representa a si mesmo Elaboradas a partir das características ou peculiarida-
e o papel o ambiente. Esse teste proporciona uma des do cargo ou área de atuação. Bueno (1995) propõe
série de informações descritivas e significativas a passos para elaboração de um teste.
respeito da personalidade (TELLES, 1997). - Objetivo claro: perfil do cargo, resultados espera-
dos, processo que se delineou, participação do re-
- Casa-árvore-pessoa quisitante;
Idealizado por John N. Buck, em 1948, trata-se de um - Identificar situações mais comuns, repercussão dos
teste que, projeta experiências internas, pois inves- resultados, contexto empresarial e local, tecnologia
tiga o fluxo da personalidade invadindo a área da envolvida, abrangência de tarefas a serem focadas;
criatividade artística. É possível fazer uma análise - Definir a tarefa a ser desenvolvida e a forma de ava-
quantitativa e qualitativa (CAMPOS, 1999). liação;
- Orientar o requisitante quanto à forma de elabora-
- Testes psicométricos/aptidões: teste P.M.A. ção de prova e definir quem fará a aplicação e a
A “PMA” (Primary Mental Abilities) é um conjunto de avaliação, que costuma ser mais qualitativa do que
testes que avaliam conteúdos e situações especí- quantitativa;
ficas (verbais, numéricas, mecânicas, espaciais, ou
então, tomando a percepção, a memória, a criati- Se a atividade escolhida para prova situacional aten-
vidade) (PASQUALI, 2002). Realizado com papel e de a dois requisitos básicos:
lápis, de aplicação individual ou coletiva, com limi- - Essencialidade: Importância do desempenho.
te de tempo. Elaborada por LL Thurstone, mede 5 - Abrangência: Volume de atividades relevantes que
fatores. a prova avaliará.
- Logística adequada: local da aplicação, clareza de
Cada um desses fatores é medido por um teste, des- provas, orientações, tempo para sua realização,
critos abaixo: material de apoio.
O fator V refere-se à compreensão verbal, sendo me-
dido por uma prova de vocabulário; o fator E refere-se à 2.8. Dinâmica de Grupo
visualização espacial, onde há 6 figuras e o sujeito apre-
senta as figuras com a mesma forma sendo elas dispos- A dinâmica de grupo pode ser conduzida. Em 1939,
tas em posições diferentes; o fator R refere-se ao racio- Kurt Lewin, definiu como:
cínio lógico, sendo medido por uma prova que consiste - Um campo específico de pesquisa da psicologia;
em séries de letras colocadas numa determinada ordem, - Uma pessoa ou mais se reúne, há um conjunto de
seguindo uma certa lógica, onde o examinado indica a fenômenos;
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

continuação dessa lógica; o fator N refere-se ao cálculo - Refere-se a um conjunto de métodos práticos de
numérico, sendo avaliado por uma prova em que o indi- trabalho com grupos.
víduo tem de indicar se a soma de 4 números e 2 alga-
rismos está certa ou errada; o fator F refere-se à fluência Quando utilizada na seleção de pessoas propõe a um
verbal, sendo avaliado por uma prova em que o sujeito grupo de candidatos um conjunto de vivências, jogos,
tem de escrever, dentro do tempo determinado, o maior simulações, testes situacionais, estudos de caso ou de-
número de palavras iniciadas por uma letra. bates, estimulando a interação dos participantes promo-
Para a aplicação de cada um destes testes é necessária vendo uma dinâmica onde é possível a observação direta
a respectiva folha de teste, um lápis preto e cronometro. do comportamento dos candidatos.

69
Através da dinâmica de grupo é possível avaliar habilidades interpessoais e atitudes.
Uma das funções do Recursos Humanos é ter disponível instrumentos que acompanhem a variável do tempo em
relação à posição que o candidato for ocupar, sendo ele contratado ou promovido, dando assim mais confiança ao
recrutamento e seleção.
A importância de um departamento de Recrutamento e Seleção estratégico agregando resultados viabiliza negó-
cios e aumenta a responsabilidade em aspectos como:
Informações reservadas, pessoais, não podem ser abertas e nem utilizadas. Um ponto de relevância dentro da ética
e a valorização das diferenças entre os candidatos é respeitar as pessoas. A diversidade diz respeito ao grau de diferen-
ças humanas básicas em uma determinada população, ela realça e contrapõe à homogeneidade, que procura tratar as
pessoas como se fossem padronizadas e despersonalizadas.
A partir do exposto, observa-se o quadro abaixo demonstrando o tipo de seleção:

Fontes:
CUNHA, J. A. Psicodiagnóstico – V. 5. ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 2000.
FORMIGA, N. S., & MELLO, I. (2000). Testes psicológicos e técnicas projetivas: uma integração para um desenvolvi-
mento da interação interpretativa indivíduo-psicólogo. Psicologia: Ciência e Profissão, 20, 8-11.
MAILHIOT, G. B. Dinâmica e gênese dos grupos. 3. ed. São Paulo: Livraria duas cidades, 1976
PASSOS, Antonio E.V.M, Atração e seleção de pessoas. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2005.
REIS, Valéria dos. A entrevista de seleção com foco em competências comportamentais. Rio de Janeiro: Qualitymark,
2003.
TELLES, V. S. A Leitura cognitiva da psicanálise: problemas e transformações de conceitos., São Paulo, v. 8, n. 1, p.
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Disponível em: http://monografias.brasilescola.uol.com.br/administracao-financas/recrutamento-selecao-uma-re-
visao-bibliografica.htm

AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS

Cabe ao próprio psicólogo a tarefa de correção dos instrumentos psicológicos, seguindo os critérios apropriados
de cada instrumento de modo a contextualizar os dados quantitativos obtidos, integrando-os com uma avaliação qua-
litativa (Wechsler, 1999).
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

Ao considerar a instabilidade dos sistemas, o psicólogo também considera que o desempenho apresentado pelo
indivíduo está relacionado à situação em que foi avaliado, ao momento de vida e tantas outras variáveis inter-relacio-
nadas, podendo se alterar à medida que muda a relação do indivíduo com o ambiente (ao iniciar a atuação na organi-
zação, após passar por um processo de treinamento, quando concluir os estudos etc.).
A instabilidade também se faz presente nas constantes mudanças das relações de trabalho, sendo oportuno que tal
fato seja levado em conta na avaliação dos resultados, bem como a cultura da organização e o perfil do cargo pleiteado.
Dessa forma, o psicólogo, ao adotar uma epistemologia sistêmica, estará adotando efetivamente o caminho da
objetividade entre parênteses. Então, as questões que irão nortear as suas decisões no processo seletivo devem ser as
seguintes: “minha ação está condizente com minhas crenças em que o sistema é auto organizador, em que não posso
dirigi-lo, nem instrui-lo e em que o sistema está criando para si uma realidade da qual inevitavelmente participo? Estou

70
levando em consideração as conexões intersistêmicas e DECISÃO FINAL
as possíveis repercussões de minha ação em outros pon-
tos da rede ou do sistema de sistemas? É claro que essas Neste momento a decisão cabe ao requisitante e não
respostas ele só terá por meio de sua constante interação ao selecionador. Serão consolidados uma série de infor-
conversacional com o sistema”. mações coletadas do perfil do candidato durante o pro-
cesso, pontos favoráveis e desfavoráveis que levam a uma
1. Devolutiva decisão. Monta-se um relatório onde o requisitante terá
A entrevista devolutiva com o candidato avaliado se acesso, mas é necessário observar que a decisão cabe a
caracteriza como etapa legítima do processo de avalia- um grupo, mesmo porque poderá haver distorções, dú-
ção psicológica, pois reafirma o cuidado com os indiví- vidas que poderão ser eliminadas, onde os requisitantes
duos e confere seriedade e credibilidade ao trabalho do podem não ter tanta experiência (MENDONÇA, 2006).
psicólogo. É o momento em que o psicólogo expõe ao O próximo passo é seguir para exames médicos e
avaliando suas análises e interpretações (Goulart Júnior, referencias dos candidatos. Pode acontecer que algum
candidato venha a negligenciar alguma informação. O
2003).
melhor meio é procurar organizações que os candidatos
Ao realizar a entrevista devolutiva, o profissional con-
já tenham trabalhado. Essa coleta pode ser feita por tele-
textualiza seu trabalho, não abstraindo uma parte impor-
fone, internet. É importante ter cuidado com informações
tante do todo maior que foi a avaliação psicológica, a recebidas, não apenas à vínculos de trabalho, mas vida
saber: o candidato. Com isso, ele está também focando acadêmica, registros de trânsito, verificações de créditos.
para as relações do processo. Tal relação é estendida ain-
da à própria organização que, assim como o profissional 1. Exame Médico
psicólogo, está expressando seu cuidado para com o in- Indispensável para segurança da organização e do
divíduo. colaborador. O exame físico é compatível em relação
Quando bem conduzida, uma entrevista devolutiva as atividades que serão exercidas, onde o resultado irá
pode trazer importantes contribuições ao candidato que apontar se o colaborador já tem algum problema de
tem a oportunidade de aprimorar seu autoconhecimento saúde, se é hereditário ou mesmo problemas adquiridos
e autopercepção, favorecendo seu autodesenvolvimento em trabalhos anteriores. Essa prática é determinante em
(Goulart Júnior, 2003). pagamentos de indenizações trabalhistas, quando impli-
Não é conveniente, no entanto, que se forneçam re- que risco de morte. Por outro lado, quando as condições
sultados em forma de respostas certas e esperadas aos físicas são compatíveis as atividades que serão exercidas,
instrumentos psicológicos utilizados, visto que tal com- o processo está concluído (FAISSAL, 2005).
portamento pode inviabilizar o uso futuro desses instru-
mentos. Além de estar em relação com o sistema da or- 2. Organização dos Traços do Candidato
ganização da qual faz parte ou para a qual presta serviço Cada afirmação e resposta examinada identifica tra-
e em relação com os indivíduos que avalia, o psicólogo ços positivos que indicam as características requeridas
também está em relação com sua própria categoria pro- pelo o cargo.
fissional, devendo considerações a ela e a todo o conhe- Após esta etapa, é hora de iniciar o processo de se-
cimento construído. leção dos candidatos. É importante ressaltar que, assim
Em relação à devolutiva para o empregador solicitan- como os métodos de recrutamento, cada organização
te, é importante que o psicólogo se paute em uma visão desenvolve os seus métodos seletivos particulares, que
dinâmica do indivíduo naquele momento (quando foi podem ainda variar conforme o cargo e os interesses de
cada momento em específico (BOHLANDER, 2003).
feita a avaliação). Logo, não se colocam inferências sobre
Os pontos mais comuns são:
o sujeito, sendo todos seus comentários feitos com base
- Desenvolver estratégias que visam levantar o perfil
nos dados obtidos. Assim, seu relatório focará a relação e
dos candidatos e comparar com um “ideal” previa-
não fatores isolados, ou seja, a apresentação dos resulta- mente determinado para ocupar a vaga em dispo-
dos abrangerá uma visão integrada dos dados, os quais sição.
estão em constante processo de mudança. - Identificar um conjunto de habilidades e de com-
Não é apropriado, no entanto, que a devolutiva para petências que caracterizam os profissionais como
o empregador contenha informações ou interpretações sendo um diferencial para o mercado, se encarre-
sobre o sujeito que não digam respeito à avaliação sobre gando de passar o know how adquirido pela insti-
o cargo solicitado. Apesar de o todo ser maior do que tuição após a suposta contratação.
a soma das partes, também é menor que ela: nem tudo - Encontrar os candidatos que apresentam as caracte-
que abrange um indivíduo está diretamente relacionado rísticas mais próximas dos executivos que se desta-
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

a sua atuação na organização; há nele aspectos outros cam na própria empresa, funcionando como uma
que não necessariamente estarão contemplados em sua espécie de método de clonagem.
ação profissional e que, portanto, não precisam ser re- - Avaliar os candidatos dando ênfase ao que se cha-
velados ao empregador sob o risco de favorecer vieses. ma incidente crítico da função. Trata-se de iden-
tificar no cargo os possíveis acontecimentos que
Fonte: PARPINELLI, R. F.; LUNARDELLI, M. C. F. Avalia- demandem do profissional um determinado com-
ção psicológica em processos seletivos: contribuições da portamento que será considerado pelo contra-
abordagem sistêmica. Estudos de Psicologia. Campinas, tante como desejável ou indesejável, ou seja, que
2006 produziriam um desempenho melhor ou pior no
dia-a-dia de trabalho de um profissional.

71
Para George (2003), nem sempre após a escolha do prio recurso intelectual e pessoal da empresa, onde os
candidato e a negociação ter ocorrido verbalmente, a funcionários aprendem uns com os outros, organizados
contratação é realizada. Muitas vezes o candidato recebe em forma tutorial, e compartilham experiências, ideias
outra proposta mais atraente, então podemos: e informações, no sentido de solucionarem problemas
- reduzir o máximo de tempo entre a proposta verbal reais da empresa. Após o rompimento com o velho pa-
da escrita; radigma educacional, não haverá mais espaço para con-
- acreditar que o candidato está esperando apenas a
sultores externos que não forem flexíveis o bastante para
sua proposta;
contextualizarem seus conhecimentos com a realidade e as
- aguardar um tempo para o candidato estudar sua
proposta, mas não deve perder contato com ele; necessidades das empresas. Neste modelo, os docentes teó-
- estar preparado para a recusa, e se ocorrer, retomar ricos, repletos de titulações acadêmicas, dividem espaço com
o processo de seleção. aqueles que têm importantes experiências para compartilhar,
indo desde diretores e gerentes da própria empresa, até o
O processo de avaliação demonstra-se complexo pessoal que está na linha de frente, captando as necessidades
diante da quantidade de informações fornecidas pelo e expectativas do cliente.
candidato, porém deverão ser observadas para que a A partir desse novo foco, as novas e velhas ferramen-
melhor escolha seja feita. tas de ensino-aprendizagem vão sendo testadas e uti-
Ao finalizar esse processo de interpretação, segue a lizadas, e o que ocorre atualmente é que as empresas
montagem do laudo, nela constam todas as informações estão buscando agregar valor aos seus investimentos em
recebidas durante todo o processo e objetiva confirmá- “treinamento”, vinculando a aprendizagem a metas orga-
-las, podendo também ser pesquisadas através de SERA- nizacionais, seja através dos meios de educação corpora-
SA, SPC entre outras instituições (FAISSAL, 2006).
tiva presencial, ou aprendizagem virtual que veio facilitar
O laudo finalizado é um poderoso instrumento para a devido à incorporação dos meios eletrônicos, apesar de
tomada de decisão (BARBOSA e DALPOZZO, 2006) apresentar também seus problemas e dificuldades.
A tomada de decisão é uma tarefa de grande res-
ponsabilidade, Chiavenato (2004), diz “Após todos os 1. Conceitos de educação corporativa
aspectos preliminares do processo de seleção, estabele- Universidade corporativa torna-se fator estratégico
cimento de critérios adequados, recrutamento, seleção e para o desenvolvimento e educação de funcionários,
entrevistas não podem dar a certeza absoluta de ter sido clientes e fornecedores, com o objetivo de atender às
feita a escolha certa. Os gerentes não falham porque to- estratégias empresariais de uma organização. Há uma
maram decisões erradas, mas sim porque usam os estilos variedade na terminologia empregada em torno da ideia
errados para a decisão, sendo decidido muito depressa e da educação continuada que se fundamenta numa inter-
impulsivamente, reúnem informações excessivas ou pro- pretação da educação como um processo que deve pro-
telando informações”. longar-se durante a vida adulta. Educação permanente,
Sendo assim é importante perceber os seguintes
formação permanente, educação continuada, educação
pontos:
- Considerar as realizações e não credenciais do can- contínua, requalificação profissional e desenvolvimento
didato; profissional são termos em torno de um mesmo núcleo
- Preconceitos devem ser excluídos; de preocupação. A educação continuada consiste em um
- Candidatos fortes ameaçam gerentes fracos; processo de aperfeiçoamento e atualização de conheci-
- Candidatos super qualificados sentem-se desmoti- mentos, visando melhorar a capacitação técnica e cultu-
vados; ral do profissional, segundo Mundim (2002).
- Candidatos finalistas não devem ser dispensados Segundo Fleury e Oliveira Jr. (2001), a universidade
até o escolhido aceitar o cargo. corporativa objetiva:
- Desenvolver as competências críticas em vez de ha-
Aos candidatos que foram reprovados, recomenda-se bilidade;
dar um retorno o mais rápido possível, principalmente - Privilegiar o aprendizado organizacional, fortalecen-
aqueles que ficaram no processo final da seleção. Procu- do a cultura corporativa, e não apenas o conhecimento
rar sempre passar uma resposta construtiva para motivar
individual;
os candidatos na procura de um próximo emprego.
- Concentrar-se nas necessidades dos negócios, tor-
Toda a documentação dos candidatos reprovados
pode ser arquivada de forma a serem úteis para o preen- nando o escopo estratégico, e não focado exclusivamen-
chimento de um cargo onde o mesmo possa ser ade- te nas necessidades individuais;
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

quado. - Público interno e externo (clientes, fornecedores e


comunidade), e não somente funcionários;
EDUCAÇÃO CORPORATIVA - Migrar do modelo ‘sala de aula’ para múltiplas for-
mas de aprendizagem; e Criar sistemas efetivos de ava-
Educação Corporativa, não se trata de conjuntos de liação dos investimentos e resultados obtidos
salas de aula, mas sim estruturas de processos organiza-
cionais que permitem a criação e sistematização de uma 2. Fundamentos, missão e objetivos
cultura de aprendizagem contínua, com a utilização de Ainley e Bailey (1997) nos apontam como componen-
inúmeras ferramentas teóricas e práticas para promover tes fundamentais do projeto de uma universidade cor-
o aprendizado, agindo principalmente, a partir do pró- porativa:

72
- comunicação constante, to de pessoas e talentos humanos alinhado às estratégias
- avaliação, de negócio, que evidenciaram como poderosa fonte de
- tecnologia, vantagem competitiva, ou seja, tais programas devem
- parceiros de aprendizagem, construir a ponte entre o desenvolvimento das pessoas
- produtos/serviços, e as estratégias de negócio da empresa, visando a uma
- partes interessadas, vantagem competitiva, segundo Eboli (1999): Pode-se
- organização, dizer que o objetivo principal é o de desenvolver as com-
- fontes de receita, petências críticas em vez de habilidades.
- visão/missão e controle.
DESTACA-SE:
IMPORTANTE: VON KROGH(2000, p. 262) coloca que a Educação
Muito embora o apoio forte e visível da cúpula seja Corporativa é uma das formas de promover a gestão do
certamente um fator vital para o sucesso geral da univer- conhecimento, PORÉM, seu papel vai além disso. Pode
sidade corporativa, também é necessária uma coalizão ser considerada um instrumento que:
entre os gerentes, para dar ao esforço um mínimo de - reconhece o desenvolvimento da administração (e
massa nos estágios iniciais. Isto se refere à criação de um dos administradores) como um processo complexo e
sistema de controle, em que não apenas o principal men- que carece de cuidado e de uma customização acurada
tor está envolvido, mas outros gerentes que se reúnem e também atua como reforço para o conceito de auto-
para desenvolver uma visão compartilhada da universi- desenvolvimento dos trabalhadores (MINTZBERG, 2003,
dade corporativa. p. 229); e
O número de organizações com universidade cor- - desenvolve as pessoas para atender a estratégia das
porativa tem crescido consideravelmente, criando assim empresas (MEISTER, 1999, p. 251-252; EBOLI, 2004, p.
um sistema de aprendizagem contínua em que toda a 114) e atuar como complemento no processo educacio-
organização aprende e trabalha com novos processos e nal da população, tanto intra como extramuros organiza-
novas soluções. O desafio, então, é criar um ambiente de
cionais, trazendo uma contribuição à sociedade (EBOLI,
aprendizagem no qual todo funcionário e todo elemen-
2004, p. 261-267)
to do sistema comercial da empresa compreenda a im-
A finalidade básica de um Sistema de Educação Cor-
portância da aprendizagem contínua vinculada a metas
porativa (SEC) é, no entender de Marisa Eboli, fomentar
empresariais.
“o desenvolvimento e a instalação das competências em-
presariais e humanas consideradas críticas para a viabili-
A real missão da universidade corporativa consiste
zação das estratégias de negócios” (EBOLI, 2004, p. 48),
em formar e desenvolver os talentos humanos na gestão
de uma forma sistemática, estratégica e contínua. Perce-
dos negócios, promovendo a gestão do conhecimento
organizacional por meio de um processo de aprendiza- be-se, assim, o poder e a importância deste conceito em
gem ativa e contínua. Para que isto seja feito com eficácia um cenário de extrema competitividade, como o atual,
e sucesso, tem-se mostrado fundamental a utilização de na criação de valor real agregado às pessoas envolvidas
tecnologia de ponta acoplada a uma nova metodologia e ao negócio em si.
de trabalho, que permita a todos dentro da empresa não
só utilizarem as informações disponíveis, mas também 3. Forças de sustentação desse instrumento
atuarem como fornecedores de novas informações, ali- O conceito de Universidade Corporativa, ou Educação
mentando todo o sistema. Meister (1999) constatou que Corporativa, surge no final do século XX como uma ativi-
as universidades corporativas com melhores práticas dade de intenso crescimento no campo do ensino supe-
possuem uma declaração de missão semelhante, inde- rior. Para compreender sua importância tanto como novo
pendente de seu porte, ramo de atividades ou país em padrão para a educação superior quanto, num sentido
que opera. Com refinamentos variáveis de linguagem, amplo, como instrumento-chave de mudança cultural,
a missão da maioria das universidades corporativas é: é importante compreender as forças que sustentaram o
‘atuar como parceira para que os funcionários consigam aparecimento desse fenômeno (MEISTER, 1999). Em es-
atingir um desempenho excepcional e a organização sência, essas forças são cinco:
realize suas metas empresariais e seja reconhecida como a) Organizações flexíveis: a emergência da organi-
líder em seu mercado’. zação não-hierárquica, enxuta e flexível, com ca-
O principal objetivo da educação corporativa é evi- pacidade de dar respostas rápidas ao turbulento
tar que o profissional se desatualize técnica, cultural e ambiente empresarial;
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

profissionalmente, e perca sua capacidade de exercer a b) Era do Conhecimento: o advento e a consolidação


profissão com competência e eficiência, causando des- da economia do conhecimento, na qual conheci-
prestígio à profissão, além do sentimento de incapacida- mento é a nova base para a formação de riqueza
de profissional. nos níveis individual, empresarial ou nacional;
Educação corporativa é, portanto, o conjunto de prá- c) Rápida obsolescência do conhecimento: a redu-
ticas educacionais planejadas para promover oportuni- ção do prazo de validade do conhecimento asso-
dades de desenvolvimento do funcionário, com a fina- ciado ao sentido de urgência;
lidade de ajudá-lo a atuar mais efetiva e eficazmente na d) Empregabilidade: o novo foco na capacidade de
sua vida institucional. Os programas de educação corpo- empregabilidade/ocupacionalidade para a vida
rativa destacam-se como um sistema de desenvolvimen- toda em lugar do emprego para toda a vida;

73
e) Educação para estratégia global: uma mudan- 5. Cidadania: estimular o exercício da cidadania in-
ça fundamental no mercado da educação global, dividual e corporativa e da construção social do
evidenciando-se a necessidade de formar pessoas conhecimento organizacional, através da forma-
com visão global e perspectiva internacional dos ção de atores sociais, ou seja, sujeitos capazes de
negócios. (MEISTER, 1999, p. 1- 12) refletirem criticamente sobre a realidade organiza-
cional, de construí-la e modificá-la continuamente,
4. Princípios da Educação Corporativa e de atuarem pautados por postura ética e social-
A finalidade básica de um Sistema de Educação Cor- mente responsável, imprimindo assim qualidade
porativa (SEC) em uma organização é, no entender de superior na relação de aprendizagem entre cola-
Eboli (2004, p. 48), fomentar “o desenvolvimento e a ins- boradores, empresa e sua cadeia de agregação de
talação das competências empresariais e humanas con- valor.
sideradas críticas para a viabilização das estratégias de 6. Parceria: entender que desenvolver continuamen-
negócios”, de uma forma sistemática, estratégica e con- te as competências críticas dos colaboradores, no
tínua. Percebe-se, assim, o poder e a importância deste intenso ritmo requerido atualmente no mundo dos
conceito em um cenário de extrema competitividade, negócios, é uma tarefa muito complexa e audacio-
como o atual, na criação de valor real agregado às pes- sa, exigindo que se estabeleçam relações de parce-
soas envolvidas e ao negócio em si. ria no âmbito interno e externo, com ideal e inte-
Os Sistemas de Educação Corporativa apresentam, na resse comum na educação desses colaboradores.
visão de Eboli (2004, p. 57-61) sete princípios de suces- 6.1. Parcerias Internas: estabelecer relações de par-
so, que, dão um enfoque conceitual e metodológico para ceria com líderes e gestores, para que estes se
a concepção, a implementação e a análise de projetos envolvam e se responsabilizem pela educação e
de educação corporativa realizados nas organizações de aprendizagem de suas equipes, e desempenhem
modo geral. Estes princípios são: plenamente o papel de educador, formador e
orientador no cotidiano de trabalho para que se-
1. Competitividade: valorizar a educação como for- jam percebidos como lideranças educadoras, cujo
ma de desenvolver o capital intelectual dos co- modelo de comportamento deve ser seguido e
laboradores transformando-os efetivamente em buscado pelos demais colaboradores da empresa.
fator de diferenciação da empresa frente aos con- 6.2. Parcerias Externas: realizar parcerias com uni-
correntes, para ampliar e consolidar sua capacida- versidades, instituições de nível superior ou até
de de competir, aumentando assim seu valor de mesmo clientes e fornecedores que tenham com-
mercado através do aumento do valor das pessoas. petência para agregar valor às ações e aos progra-
Significa buscar continuamente elevar o patamar mas educacionais corporativos, ancoradas numa
de competitividade empresarial através da instala- concepção comum sobre as necessidades de qua-
ção, desenvolvimento e consolidação das compe- lificação da força de trabalho.
tências críticas - empresariais e humanas. 7. Sustentabilidade: ser um centro gerador de re-
2. Perpetuidade: entender a educação não apenas sultados para e empresa, buscando agregar sem-
como um processo de desenvolvimento e realiza- pre valor ao negócio. Significa também buscar
ção do potencial intelectual, físico, espiritual, esté- fontes alternativas de recursos que permitam um
tico e afetivo existente em cada colaborador mas orçamento próprio e autosustentável, diminuindo
também como um processo de transmissão da he- assim as vulnerabilidades do projeto de Educação
rança cultural, que exerce influência intencional e Corporativa, a fim de viabilizar um sistema de edu-
sistemática com o propósito de formação de um cação realmente contínuo, permanente e estraté-
modelo mental, a fim de conservar, transmitir, dis- gico.
seminar, reproduzir ou até mesmo transformar as
crenças e valores organizacionais, para perpetuar a EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA
existência da empresa.
3. Conectividade: privilegiar a construção social do O desenvolvimento da tecnologia e da internet pos-
conhecimento estabelecendo conexões, intensi- sibilitou um avanço em uma modalidade de ensino: a
ficando a comunicação empresarial e favorecen- educação a distância (EaD), que tem sido apontada como
do a interação de forma dinâmica para ampliar a solução para as carências educacionais, ensejando tais
quantidade e qualidade da rede de relacionamentos perspectivas, projetos de educação a distância são inse-
com o público interno e externo (fornecedores, dis- ridas em políticas educacionais, que deve atentar para o
tribuidores, clientes, comunidade etc...) da organiza- contexto cultural em que esteja inserido e as condições
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

ção que propiciem gerar, compartilhar e transferir os reais que se desenvolve, com o objetivo de proporcionar
conhecimentos organizacionais considerados críticos ao educando uma autonomia do ato de aprender.
para o negócio. Vale lembrar que, esse desenvolvimento tecnológi-
4. Disponibilidade: oferecer e disponibilizar ativida- co não apresentou a EAD, e sim, possibilitou um avanço
des e recursos educacionais de fácil uso e acesso, nessa modalidade, tornando-a mais célere, mais demo-
propiciando condições favoráveis e concretas para crática e funcional.
que os colaboradores realizem a aprendizagem “a Ao identificar qual a função da educação, poderemos,
qualquer hora e em qualquer lugar”, estimulando- assim, perceber o seu real papel, pois cabe a educação
-os assim a se responsabilizarem pelo processo de propiciar ao educando, independente de modalidade de
aprendizado contínuo e autodesenvolvimento. educação a distância ou presencial:

74
I - aquisição de consciência crítica, criativa, participa- Uma das estratégias fundamentais na Educação a
tiva, questionadora. Distância é o aluno vencer o desafio de estudar sozinho,
II -formação sólida que assegure: obtendo autonomia do seu ato de aprender e para isso
a. dominar conteúdos; precisa desenvolver a habilidade de ter uma aprendiza-
b. compreender os princípios básicos que fundamen- gem autônoma.
tam o ensino numa visão globalizada da cultura;  
c. apresentar referências teóricas para análise, inter- Na aprendizagem autônoma, pode-se reconhecer
pretação da realidade. três componentes que desempenham importante papel
III - ação educativa capaz de vincular teoria e prática, em todo o processo: O Componente do saber, o do saber
voltada para a percepção das relações entre os contextos fazer e o do querer.
sócio-econômico-político e cultural.
1. Componentes para aprendizagem autônoma
Dessa forma, a relação entre o educador e o educan-
Os componentes para a aprendizagem autônoma são
do deveria ser de trocas e interações tendo como metas
o saber, o saber fazer e o querer.
o crescimento em conjunto; porém, de aprendizados in-
dividualizados.
- Componentes do Saber
Sherry apud Tavares (2004) afirma que o professor
na Educação a Distância passa a ser um orientador que Tanto o professor quanto o aluno possuem um duplo
apresenta modelos, faz mediações, explica, redireciona o problema: o de entender o seu próprio conhecimento
foco e oferece opções e como um co-aprendiz que co- construído enquanto professor e aluno ao longo de sua
labora com outros professores e profissionais. A maioria vida, devendo dimensionar com clareza a forma de se
dos professores ou instrutores que utilizam atividades concretizar uma melhor aprendizagem nas diversas si-
de ensino mediadas pelo computador prefere assumir o tuações.
papel de moderador ou facilitador da interação em vez Tem sido demonstrado que as pessoas pouco conhe-
do papel do especialista que despeja conhecimento no cem a si mesmo. E esse conhecimento pode direcionar
aluno. para diversos graus de profundidade, variando de indiví-
 O Termo Educação a Distância nos condiciona a ideia duo para indivíduo dependendo das oportunidades para
imediata de ausência do professor e aluno em um am- realizá-las.
biente convencional denominado sala de aula. Não se trata de um saber teórico aprendido, e sim em
Moore (1990) afirma que “Educação a distância é uma um saber relativo a si mesmo, saber sobre o seu próprio
relação de diálogo, estrutura e autonomia que requer processo de aprendizagem, com suas facilidades e difi-
meios técnicos para mediatizar esta comunicação. Edu- culdades, pois o aprendizado não ocorre pela razão e sim
cação a distância é um subconjunto de todos os progra- por excitações e afetações.
mas educacionais caracterizados por: grande estrutura, O “saber” envolve conhecimentos necessários à exe-
baixo diálogo e grande distância transacional.” cução de uma prática. Entretanto, para poder ser capaz
A Tecnologia contribuiu sobremaneira para o desen- de executá-la, é preciso “saber fazer” . Portanto, fica claro
volvimento da Educação a Distância, pois as barreiras que, ao conhecimento, alia-se a habilidade do indivíduo.
até então apontadas que dificultavam os processos de
aprendizagem foram vencidos. As características essen- - Componentes do saber fazer
ciais da Educação a Distância é a flexibilidade do espaço Partindo do pressuposto de que todo conhecimento
e do tempo, abertura dos sistemas e a maior autonomia sobre o processo de aprendizagem está naturalmente à
do aluno.
disposição de uma aplicação prática, o saber sobre o seu
processo de aprendizagem, deve ser convertido em um
O que se pode perceber é que na Educação a Dis-
saber fazer.
tância o sucesso do aluno depende em grande parte de
No dia-a-dia da prática docente a avaliação de apren-
motivação e de suas condições de estudo. Essas ideias
são reforçadas por Marsden (1996) ao afirmar que as dizagem é geralmente realizada pelo professor, toman-
práticas dominantes em Educação a Distância baseiam- do como referência apenas o conteúdo desenvolvido,
-se em uma “antologia empirista” e uma “epistemologia enquanto na aprendizagem autônoma, o aluno não só
positivista” e que esta compreensão de causalidade e ex- avalia o seu desempenho em termos acadêmicos, como
plicação permeia a EaD pela mediação da tradição beha- também avalia o processo desenvolvido na sua aprendi-
viourista e da instrução programada. zagem, conforme a sua auto-orientação.
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

Na Educação a Distância não estamos juntos fisica- Para que o Ensino possa criar um clima desafiador,
mente, porém conectados. Saímos do contato físico para podemos citar três condições básicas:
o contato virtual, vencendo barreiras de espaço e tempo. - autenticidade, sinceridade e coerência nas relações
Devemos pensar uma sociedade educativa e Educar ao professor/aluno;
longo da vida. - aceitação do outro, o “saber ouvir”, respeitando o
A demanda para o aprimoramento profissional é um outro como ele é, com suas potencialidades e limitações.
fato hoje e a Educação a Distância apresenta-se neste O professor não deve ficar na relação do “sabe tudo” e
cenário como uma modalidade capaz de contribuir para o aluno na posição de “tábua rasa”. Pelo contrário, deve
este aprimoramento além dos limites de uma sala de haver o respeito das individualidades e potencialidades
aula convencional. que cada um possua;

75
- empatia, compreender o outro e seus sentimentos, Fonte e texto adaptado de: www.educor.desenvol-
sem, com isso, envolver-se neles, pois acreditamos que vimento.gov.br/www.rhportal.com.br/www.unifia.edu.br/
só existe aprendizagem com afetividade. www.gestaopublica.org/www.sbcoaching.com.br/www.ad-
Na Educação a Distância esse papel é desempenhado ministradores.com.br/www.abed.org.br/Marisa Eboli/João
pelo Tutor que deve entender que a aprendizagem do Carlos Lopes/Julio Cesar S. Santos/Sergio Alfredo Macore/
aluno não é simplesmente transmissão de conhecimen- Antonio Carlos Ribeiro da Silva/ Jéssica Faria de Carva-
to. É, sobretudo, um processo participativo, onde o aluno lho/ Érica Preto Tamaio Martins/ Laureny Lúcio/ Pedro
é sujeito do seu próprio conhecimento. Sua participação, José Papandréa
portanto, deve ser ativa e, por isso mesmo, estimulada.
Contudo o aluno deve ser conscientizado de que se
trata de um processo de construção e reconstrução, pois
as modificações deverão ser efetuadas a partir da sua EXERCÍCIOS COMENTADOS
prática que sempre está a exigir o saber fazer.
01. (STJ -2015 – CESPE) Julgue o item que se segue,
- Componente do Querer referente a educação, treinamento e desenvolvimento.
O desejo, a vontade de aplicar algo é de fundamental O ensino a distância, como opção de aperfeiçoamen-
importância para que se obtenha sucesso. Esse compo- to educacional, surgiu com o uso de equipamentos tec-
nente diz respeito à questão do aluno estar convencido nológicos, como o computador e a Internet.
da utilidade e vantagens dos procedimentos de aprendi-
zagem autônoma e querer aplicá-los. ( ) CERTO ( ) ERRADO
O Professor ou Tutor no EaD é gestor do processo
didático sendo o grande responsável pela disposição do Resposta: Errado. O desenvolvimento da tecnologia
aluno querer desenvolver sua aprendizagem autônoma. trouxe avanços para essa modalidade, no entanto, o
Devemos ter a nítida certeza de que o desafio do alu- ensino a distância vem de longa data, sendo que, antes
no e do professor ao conduzirem o ensino para o apren- da tecnologia, o acesso era através de programas te-
der a aprender não irá funcionar de forma consciente levisivos com objetivo educacional, cursos à distância
como uma vara de condão, ou com poderes místicos. com recebimento de material de instrução entre outros.
O que precisa ser direcionado é a ação pela descoberta A tecnologia apenas trouxe mecanismos mais dinâmi-
tanto do professor como dos alunos, respeitando as es- cos e céleres para levar a educação a pessoas que não
pecificidades das modalidades de ensino a distância ou possuam acesso aos métodos mais tradicionais.
presencial.
Não basta ao aluno apenas saber da existência do 02. (EBSERH – 2018 – CESPE) Acerca dos programas de
aprender a aprender e da sua proposta pedagógica, o treinamento, desenvolvimento e educação de pessoas,
que levanta uma falsa ideia sobre a aprendizagem ser julgue o item subsequente. 
considerada um processo único, quando na realidade, Treinamento, educação e desenvolvimento se distin-
em cada um, pode ser identificado muitos sub-proces- guem por visarem conteúdos instrucionais diferentes: o
sos, que no dizer de Galeffi é a polilógica, um educar treinamento atualiza o repertório de conhecimentos dos
pela diferença. indivíduos; a educação os torna hábeis para desafios fu-
É tarefa primordial do educador buscar a unidade turo no trabalho; e o desenvolvimento ajusta as atitudes
entre o saber, o saber fazer e o querer, ou seja, entre o dos trabalhadores conforme os valores organizacionais.
pedagógico, o técnico, o psicossocial e o político. Essa
unidade, tão necessária ao novo “ fazer pedagógico” Resposta: Errado. Treinamento prepara a pessoa para
contextualizado, sem dúvida contribuirá para que o en- o cargo, é uma ação de recurso humano pontual, para
sino seja um processo construtivo, agradável, desafiador, um aspecto específico.
estimulante e que tenhamos sempre uma atitude apren- Desenvolvimento trata-se de uma ação direcionado
dente e investigativa. para o futuro como um todo dessa pessoa dentro da
A aprendizagem autônoma facilita e engrandece o organização.
processo de aprendizagem, pois só aprendemos o que Educação está mais relacionado com preparar a pessoa
desejamos; o que é imposto memorizamos e posterior- para a vida, amadurecimento e crescimento. (Chiave-
mente o desprezamos, e no Ensino a distância é condição nato)
essencial para que essa modalidade possa progredir.
Na aprendizagem autônoma, os erros são contribui- 03. (DPU – 2016 – CESPE) Acerca da educa-
ções preciosas para agregarem novos conhecimentos e, ção corporativa, julgue o item subsequente.
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

através de descobertas, os alunos identificarem os seus O modelo de avaliação proposto por Donald Kirkpatrick
erros sendo conduzidos de forma prazerosa aos acertos mensura os resultados em quatro níveis: reação, apren-
e ao crescimento de novas aprendizagens. dizado, comportamento ou transferência e retorno sobre
Esse poderia ser um caminho para melhoria do ensi- o investimento (ROI).
no brasileiro. Trabalhar a autonomia do ato de aprender
independente de modalidade de ensino, proporcionar na Resposta: Errado. Donald Kirkpatrick (KIRKPATRICK,
verdade uma formação de indivíduos autônomo, crítico e 1998, p. ix), sugere a adoção de um método de ava-
criativo. Um cidadão que não pense de forma fragmenta- liação dos programas de treinamento que distingue
da, mas de forma global e sistematizada, só assim sere- quatro níveis de avaliação dos programas de treina-
mos sujeitos de nossa própria aprendizagem. mento:

76
Reação: medida de como os participantes se sentem 3. (TRF 1ª REGIÃO – CESPE – 2017) Acerca da qualidade
sobre os vários no atendimento ao público, julgue o item seguinte.
aspectos do programa de treinamento. É basicamente Atendente que compartilha informações de um cliente
uma medida de “satisfação do consumidor”; com um colega atendente na frente de outras pessoas
Aprendizado: medida do conhecimento adquirido, ha- não atende aos parâmetros conduta e discrição e, por
bilidades melhoradas e atitudes mudadas devido ao conseguinte, compromete a qualidade do atendimento.
treinamento;
Comportamento: medida da extensão da mudança de
comportamento no trabalho dos participantes devido ( ) CERTO ( ) ERRADO
ao treinamento;
Resultados: medida dos resultados que ocorreram de-
vido ao treinamento, incluindo aumento de vendas,
Resposta: Errado. Entre os Atributos da Qualidade no
produtividade, redução de custos etc. (KIRKPATRICK,
1998, p. 4-5) Atendimento temos:
a) Discrição: envolve zelo, respeito, prudência, discer-
nimento e sensatez quando fornece uma informação
ao cliente. É necessário manter-se reservado sobre o
EXERCÍCIOS COMENTADOS que o cliente lhe diz. Assim, estará transmitindo con-
fiabilidade e seriedade no trabalho desenvolvido.
1. (STM – CESPE – 2018) Uma pesquisa de qualidade no b) Conduta: espera-se que atendente conheça e res-
atendimento em um órgão da administração pública de- peite as normas internas, afinal, ele é um canal de
monstrou discrepância entre as avaliações quando foram transmissão da imagem da organização e, como tal,
comparados os atendimentos prestados por servidores deve manter postura profissional e agir dentro da cul-
mais experientes e por servidores mais novos. A análise tura da empresa/ instituição, conforme os interesses
dos motivos mostrou que os mais novos consideravam- institucionais, mas, ainda assim, atingindo o resultado
-se autossuficientes e ignoravam o conhecimento dos desejado de atender com excelência o cliente resol-
mais experientes. Por outro lado, os mais experientes vendo sua necessidade ou atendendo seu desejo.
consideravam que os mais novos eram arrogantes e omi- Conforme os conceitos acima, temos que a assertiva
tiam informações importantes sobre o atendimento.
não confere com os conceitos.
Nessa situação hipotética,  percebe-se que a comunica-
bilidade no órgão em questão ocorre de maneira fluida,
em decorrência de os integrantes de um mesmo grupo 4. (ABIN – CESPE – 2018) Julgue o próximo item, refe-
pactuarem a adoção de comportamentos similares. rente ao conceito de gestão de pessoas e à função do
órgão responsável pela gestão de pessoas nas organi-
zações.
( ) CERTO ( ) ERRADO Do ponto de vista de gestão de pessoas, os empregados
vinculados à organização compõem o patrimônio físico
Resposta: Errado. Quando analisamos o texto, obser- da organização.
vamos que não existe um equilíbrio na comunicação
entre os servidores, há pontos de discordância entre
eles, o que que gera uma comunicação truncada, sem ( ) CERTO ( ) ERRADO
canal de compreensão, portanto, fluidez não é um as-
pecto que faça parte da comunicação no cenário apre- Resposta: Errado. Como vimos em nosso conteúdo
sentado. acima, a Gestão de Pessoas tem sido a responsável
pela excelência das organizações bem-sucedidas e
2. (TRF 1ª REGIÃO – CESPE – 2017) Acerca da qualidade pelo aporte de capital intelectual que simboliza, mais
no atendimento ao público, julgue o item seguinte: do que tudo, a importância do fator humano em plena
Eficácia no atendimento ao público significa atender às Era da Informação e do Conhecimento.
necessidades do cliente, fazendo o melhor uso dos recur-
As pessoas deixam de ser vistas como recursos (valo-
sos disponíveis na organização.
rização da mão de obra) e passam a ser vistas como
parceiros (valorização do intelecto).
( ) CERTO ( ) ERRADO
5. (ABIN – 2018 – CESPE) Julgue o próximo item, refe-
Resposta: Errado. Mais uma questão que exige co- rente ao conceito de gestão de pessoas e à função do
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

nhecimento de conceitos. Vejamos: órgão responsável pela gestão de pessoas nas organi-
▪ Eficácia: fazer o que foi proposto, atingir a meta. Está zações.
relacionado ao resultado. É recomendado que os órgãos responsáveis pela gestão
▪ Eficiência: atingir a meta considerando os recursos, de pessoas implementem políticas para aumentar a qua-
os custos, ou seja, fazer o proposto com baixo custo. lidade de vida no trabalho e garantir que as condições de
Está relacionado ao recurso. trabalho sejam excelentes para os empregados.
▪ Efetividade: aquilo que causa impacto, ou seja, o re-
sultado tem que ser relevante, fazer diferença, positi- ( ) CERTO ( ) ERRADO
vamente, para quem receber a ação. Está relacionado
ao impacto provocado.

77
Resposta: Certo. Como vimos no conteúdo acima, é Resposta: Certo. Algumas pessoas consideram que a
primordial que as organizações estabeleçam alguns área de recursos humanos faça parte no nível tático
critérios para que a gestão de pessoas tenha impor- de planejamento por se tratar de um departamento,
tância significativa, sendo que esses critérios foram no entanto, com a leitura do conteúdo acima, perce-
organizados em seis processos de gestão de pessoas bemos que a evolução da área de RH trouxe algumas
(vide quadro demonstrativo acima). características menos setorizadas quanto ao papel das
A afirmativa dessa questão enquadra-se no processo pessoas na organização, consequentemente, da área
de manter pessoas, que são os processos utilizados que trabalha com essas pessoas, passando a ter um
para criar condições ambientais e psicológicas satis- papel mais dinâmico e integrado às outras áreas.
fatórias para as atividades das pessoas. Incluem admi- Quando falamos em RH como função mais ligada a
nistração da disciplina, higiene, segurança e qualidade departamento pessoal, até podemos considerar ali
de vida e manutenção de relações sindicais. um papel tático, mas, quando o RH assume, dentro
da nova postura de Gestão de Pessoa, uma função de
6. (DPU – CESPE – 2016) Acerca da gestão de pessoas, apoio, de staff, ele passa a se relacionar com os outros
função da área de gestão de pessoas, políticas e sistemas departamentos a fim de alinhar os objetivos organi-
de informações gerenciais, gestão de pessoas baseada zacionais com os objetivos pessoais, potencializando
em competências e aprendizagem organizacional, julgue assim os recursos existentes, inclusive o recurso inte-
o item a seguir: lectual agora visto nas pessoas.
Os processos, as políticas e as práticas de gestão de pes- Isso tudo traz a área de gestão de pessoas, junto com
soas alicerçam as decisões de organizações contemporâ- todos os demais setores organizacionais, para um
neas no desenvolvimento da aprendizagem contínua das importante papel estratégico, tanto para despertar e
pessoas a fim de contribuir para o alcance da estratégia desenvolver talentos organizacionais, como para po-
organizacional. tencializar a elaboração e a execução de planos estra-
tégicos que a organização adotar para alcançar seus
objetivos.
( ) CERTO ( ) ERRADO
8. (STM – CESPE – 2018) Julgue o item seguinte, relativo
à gestão e estrutura de organizações.
Resposta: Certo. Para obter bons resultados, a or- Líderes liberais são aqueles que adotam postura con-
ganização precisa abrir mão de alguns paradigmas e sultiva, compartilhando com suas equipes a tomada de
criar um cenário no qual o colaborador possa pôr em decisão. 
prática toda uma experiência profissional já vivenciada
ou praticada em outras ocasiões e, nesse momento,
o gestor de pessoas (liderança), precisa atuar no sen- ( ) CERTO ( ) ERRADO
tido de capacitar, estimular e principalmente motivar
as pessoas a adquirirem cada vez mais habilidades e Resposta: Certo. O enunciado se refere ao líder de-
atitudes vencedoras para que toda a proposta de ne- mocrático.
gócios atinja grandes resultados e, com isso. tudo que Como características do líder liberal temos: ocupa o
ficou determinado pelas organizações seja cumprido. papel de passividade, permitindo total liberdade para
Aliado a essa liderança e política de valorização, tam- a tomada de decisões individuais ou grupais, parti-
bém temos, como ferramenta utilizada pela área de cipando delas apenas quando solicitado pelo grupo;
gestão de pessoas para facilitar a administração das são os membros do grupo que treinam a si mesmos e
informações pertinentes às pessoas envolvidas nos promovem suas próprias motivações. O líder tem ape-
processos organizacionais, o Sistema de Informação nas um papel secundário. A decisão parte da equipe
Gerencial, no qual, por meio de um banco de dados, é e não do líder.
possível fazer o registro de informações que possam
auxiliar o gestor e os lideres nos processos decisórios. 9. (TRT 7ª Região-CE – CESPE – 2017) “A motivação
Como podemos ver, a gestão de pessoas e demais depende do esforço despendido pelo empregado para
setores das organizações representam um elo entre atingir um resultado e do valor atribuído por ele a esse
metas organizacionais e individuais, permitindo a co- resultado.” Essa premissa se refere à teoria motivacional
laboração e participação eficaz de todas as pessoas denominada teoria
envolvidas no alcance do objetivo da organização.
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

a) das necessidades de Maslow.


7. (SEDF – CESPE – 2017) Com relação ao equilíbrio or- b) da expectativa. 
ganizacional, liderança, motivação e objetivos da gestão c) da equidade.
de pessoas, julgue o seguinte item: d) behaviorista.
A área de recursos humanos (RH) deve articular-se com
as demais áreas da organização para a elaboração de Resposta: Letra B. O que vemos aqui é a relação
planos estratégicos. entre o quanto o empregado se esforça para realizar
( ) CERTO ( ) ERRADO algo e como ele é valorizado por tal esforço, aumen-
tando ou diminuindo sua motivação, de acordo como
essa valorização.

78
Essa relação já descarta a alternativa “a”, que defende
que, a cada nível de necessidade suprida, o indivíduo GESTÃO ORGANIZACIONAL.
se dedica ao nível seguinte, sem nenhuma correlação PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO:
com ser valorizado pelo que fez. DEFINIÇÕES DE ESTRATÉGIA,
A teoria da equidade defende que as recompensas de- CONDIÇÕES NECESSÁRIAS PARA
vem ser proporcionais ao esforço e iguais para todos. SE DESENVOLVER A ESTRATÉGIA,
Já de acordo com a teoria behaviorista, a motivação QUESTÕES-CHAVE EM ESTRATÉGIA.
tem caráter apenas impulsivo, já que as respostas aos METAS ESTRATÉGICAS E RESULTADOS
estímulos seriam automáticas e motivadas pelo am- PRETENDIDOS. INDICADORES DE
biente. DESEMPENHO. FERRAMENTAS DE
Visto isso, temos como assertiva a alternativa B, que ANÁLISE DE CENÁRIO INTERNO E
trata da teoria da expectativa, na qual a crença do EXTERNO.
funcionário está no fato de que seu esforço gerará o
desempenho esperado e que esse resultado será per-
cebido pela organização em sua avaliação de desem- 1. Planejamento Estratégico
penho.
O conceito de estratégia é realmente amplo, e seu
10. (PREFEITURA DE SÃO LUÍS-MA – CESPE – 2017) O uso corrente permite associá-lo desde a um curso de
fato de os indivíduos estabelecerem conexões humanas ação bastante preciso até ao posicionamento organiza-
uns com os outros favorece o trabalho coletivo, o que, cional, em última análise, a toda razão de ser da empresa.
por sua vez, implica maior desempenho na execução das A estratégia pode ser considerada um instrumento: o
atividades das organizações. Considerando-se essas in- planejamento estratégico. Essa parte do planejamento es-
formações, é correto afirmar que a unidade de trabalho tratégico corresponderia aos caminhos selecionados para
fundamentada na sinergia denomina-se: serem trilhados primeiro pela identificação dos pontos for-
tes e fracos da organização, e das empresas e oportunidades
a) repartição. diagnosticadas em seu ambiente de atuação. Da porta para
fora, o planejamento cumpriria a função de orientar as ações
b) equipe. 
da organização para que ela possa buscar oportunidades e a
c) grupo.
própria sobrevivência.
d) setor.
Assim, a estratégia é fruto de processos racionais de
e) diretoria. reflexão, aprendizagem, elaboração, pensamento e inter-
venção, além de processos não racionais e simbólicos,
Resposta: Letra B. Quando falamos em repartição, construídos a partir da “vivência” cotidiana da organiza-
setores ou diretoria, estamos falando em divisões da ção em seus embates internos e com o ambiente.
estrutura organizacional, sendo que seus membros
fazem parte da equipe, a qual, por meio da sinergia, 2. Planejamento Estratégico - Conceitos, métodos
consegue obter melhor desempenho da execução das e técnicas
atividades propostas.
Destaca-se que o diferencial entre equipe e grupo é O planejamento estratégico poderia ser definido
o objetivo final de ambas, o grupo, grosso modo, re- como um processo de gestão que apresenta, de maneira
presenta uma reunião de pessoas, mas não quer dizer, integrada, o aspecto futuro das decisões institucionais,
necessariamente, que todos nesse grupo tenham o a partir da formulação da filosofia, da instituição, sua
mesmo objetivo, fato que já é característico da equipe. missão, sua orientação, seus objetivos, suas metas, seus
programas e as estratégias a serem utilizadas para as-
segurar sua implementação. É a identificação de fatores
competitivos de mercado e potencial interno, para atin-
gir metas e planos de ação que resultem em vantagem
competitiva, com base na análise sistemática de mudan-
ças ambientais previstas para um determinado período.
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

Portanto, o planejamento estratégico não deve ser con-


siderado apenas como uma afirmação das aspirações de
uma empresa, pois inclui também o que deve ser feito
para transformar essas aspirações em realidade. Quan-
do se considera a metodologia para o desenvolvimento
do planejamento estratégico nas empresas, têm-se duas
possibilidades, que se definem:
• em termos da empresa como um todo, “aonde se
quer chegar e depois se estabelece “como a em-
presa está para se chegar à situação desejada”; ou

79
• em termos da empresa como um todo “como se penhagen não é chocolates e sim presentes finos.
está” e depois se estabelece “aonde se quer che- Para exemplificar com uma organização pública, o
gar”. Pode-se considerar uma terceira possibilidade negócio do TCU é o “controle externo da adminis-
que é definir “aonde se quer chegar” juntamente tração pública e da gestão dos recursos públicos
com “como se está para chegar lá”. Cada uma des- federais”.
sas possibilidades tem a sua principal vantagem. - Visão de futuro: É considerada como os limites que
No primeiro caso, é a possibilidade de maior criati- os principais responsáveis pela empresa conse-
vidade no processo pela não existência de grandes guem enxergar dentro de um período de tempo
mais longo e uma abordagem mais ampla. Repre-
restrições. A segunda possibilidade apresenta a
senta o que a empresa quer ser em um futuro pró-
grande vantagem de colocar o executivo com o pé
ximo ou distante
no chão quando inicia o processo de planejamento
estratégico. A visão deve ser:
O planejamento estratégico é o processo por meio do • Compartilhada e apoiada por todos na organiza-
qual a estratégia organizacional será explicitada. ção
Podemos identificar, como características do planeja- • Abrangente e detalhada
mento estratégico: • Positiva e inovadora
- É responsabilidade da cúpula da organização; • Desafiadora mas viável
- Envolve a organização como um todo; • Transmitir uma promessa de novos tempos
- Planejamento de longo prazo; • Agregar um aspecto emocional
- Outros níveis do planejamento (tático e operacional)
serão desdobrados dele. Exemplos de visão:
Receita Federal: “Ser uma instituição de excelência em
Um bom planejamento estratégico deve, em seu iní- administração tributária e aduaneira, referência nacional
cio, incluir a definição do referencial estratégico da or- e internacional”.
ganização. Este referencial é o grande guia das organi- TCU: “Ser instituição de excelência no controle e con-
zações, são as diretrizes que norteiam a sua atuação e o tribuir para o aperfeiçoamento da administração pública”.
seu posicionamento frente ao mercado. Representam o
- Valores: Representam o conjunto dos princípios,
planejamento estratégico no seu nível mais amplo e são crenças e questões éticas fundamentais de uma
as bases para que a organização possua uma estratégia empresa, bem como fornecem sustentação a todas
sólida e sustentável. as suas principais decisões.
Influencia na qualidade do desenvolvimento e opera-
Esse referencial inclui o negócio, a missão, a visão de cionalização do planejamento estratégico.
futuro e os valores organizacionais. Os valores da empresa devem ter forte interação com
as questões éticas e morais da empresa
- Missão: pode ser entendida como o papel que a
empresa terá perante a sociedade, enfim, quais são #FicaDica
os benefícios que a sua atividade produtiva - seja
ela industrial, comercial ou prestação de serviços - Por mais simples que pareçam estes con-
trará para a coletividade ou, pelo menos, aos seus ceitos, comumente são cobrados de forma
clientes. Missão é, portanto, a função social da ati- que gerem dúvidas, portanto, é muito im-
vidade da empresa dentro de um contexto global. portante que consiga identificar não só o
Vejamos quatro exemplos de missão organizacional: conceito, mas como diferenciá-lo em uma
Receita Federal do Brasil: “Exercer a administração situação prática.
tributária e o controle aduaneiro, com justiça fiscal e res- A empresa bem-sucedida tem uma visão
peito ao cidadão, em benefício da sociedade”. do que pretende, e esta visão trabalhada
em consonância com seus valores, tendo
MPOG – “Promover o planejamento participativo e a como base em seu modelo de gestão a
melhoria da gestão pública para o desenvolvimento sus- missão que fornece à empresa o seu im-
tentável e socialmente includente do País”. pulso e sua direção.
TCU – “Assegurar a efetiva e regular gestão dos recur-
sos públicos, em benefício da sociedade”. 2.1. Desenvolver a visão estratégica e a missão do
Petrobrás – “Atuar de forma segura e rentável nas ati- negócio.
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

vidades de indústria de óleo, gás e energia, nos mercados


nacional e internacional, fornecendo produtos e serviços - Através da visão é possível identificar quais são as
de qualidade, respeitando o meio ambiente, consideran- expectativas e os desejos dos acionistas, conselhei-
do os interesses dos seus acionistas e contribuindo para ros e elementos da alta administração da empresa,
o desenvolvimento do país”. tendo em vista que esses aspectos proporcionam
- Negócio: É o ramo de atuação da organização, de- o grande delineamento do planejamento estraté-
limita o campo em que ela estará desenvolvendo gico a ser desenvolvido e implementado. A gerên-
suas atividades. Está muito ligado ao tipo de pro- cia deve definir: “quem são”, “o que fazem” e “para
duto ou serviço que a organização oferece e nem onde estão direcionados”, estabelecendo um curso
sempre é tão óbvio. Por exemplo, o negócio da Co- para a organização.

80
A visão pode ser considerada como os limites que os ciedade como um todo e comportar-se como um
principais responsáveis pela empresa conseguem enxer- bom cidadão na comunidade. A estratégia de uma
gar dentro de um período de tempo mais longo e uma empresa deve fazer uma combinação perfeita da
abordagem mais ampla. Ela deve ser resultante do con- indústria com as condições competitivas e ainda
senso e do bom senso de um grupo de líderes e não da precisa ser direcionada para conquistar oportuni-
vontade de uma pessoa. dades de crescimento. Do mesmo modo a estra-
A missão é a razão de ser da empresa. Neste ponto tégia deve ser equipada para proporcionar defesa
procura-se determinar qual o negócio da empresa, por do bem-estar da empresa e do seu desempenho
que ela existe, ou ainda em que tipos de atividades a futuro contra ameaças externas.
empresa deverá concentrar-se no futuro. Aqui se procura
responder à pergunta básica: “Aonde se quer chegar com 2.4. Analisar fatores internos da empresa
a empresa?” “Na realidade, a missão da empresa repre-
senta um horizonte no qual a empresa decide atuar e • pontos fortes e pontos fracos da empresa e capaci-
vai realmente entrar em cada um dos negócios que apa- dades competitivas;
recem neste horizonte, desde que seja viável sobre os • ambições pessoais, filosofia de negócio e princípios
vários aspectos considerados”. éticos dos executivos;
• valores compartilhados e cultura da empresa. A es-
Esses negócios identificados no horizonte, uma vez tratégia deve ser muito bem combinada com os
considerados viáveis e interessantes para a empresa, pontos fortes, os pontos fracos e com as capaci-
passam a ser denominados propósitos da empresa. dades competitivas da empresa, ou seja, deve ser
baseada naquilo que ela faz bem e deve evitar
Os objetivos correspondem à explicitação dos seto- aquilo que ela não faz bem. Os pontos fortes bá-
res de atuação dentro da missão que a empresa já atua sicos de uma organização constituem uma impor-
ou está analisando a possibilidade de entrada no setor, tante consideração estratégia pelas habilidades e
capacidades que fornecem para aproveitar deter-
ainda que esteja numa situação de possibilidade reduzi-
minada oportunidade, aonde podem proporcionar
da. As empresas precisam de objetivos estratégicos e ob-
vantagem competitiva para a empresa no merca-
jetivos financeiros. Os objetivos estratégicos referem-se
do e potencialidade que tem para se tornar a base
à competitividade da empresa e as perspectivas de longo
da estratégia. As ambições, valores, filosofias de
prazo do negócio. Os objetivos financeiros relacionam-se
negócio, atitudes perante o risco e crenças éticas
com medidas como o crescimento das receitas, retorno
dos gerentes têm influências importantes sobre a
sobre o investimento, poder de empréstimo, fluxo de cai-
estratégia e são impregnadas nas estratégias que
xa e retorno dos acionistas. eles elaboram. Os valores gerenciais também mo-
delam a qualidade ética da estratégia de uma em-
2.2. Elaborar uma estratégia para atingir os obje- presa, quando os gerentes têm fortes convicções
tivos. éticas, exigem que sua empresa observe um estrito
código de ética em todos os aspectos do negócio,
Estabelecer estratégia significa definir de que maneira como por exemplo, falar mal dos produtos rivais.
pode se atingir os objetivos de desempenho da empre- As políticas, práticas, tradições e crenças filosóficas
sa. A estratégia é concebida como uma combinação de da organização são combinadas para estabelecer
ações planejadas e reações adaptáveis para a indústria uma cultura distinta. Em alguns casos as crenças e
em desenvolvimento e eventos competitivos. Raramente cultura da empresa chegam a dominar a escolha
a estratégia da empresa resiste ao tempo sem ser alte- das mudanças estratégicas.
rada. Há necessidade de adaptação de acordo com as
variáveis do mercado, necessidades e preferências do O planejamento estratégico deve estar alinhado a
consumidor, manobras estratégias de empresas concor- este referencial.
rentes.
Etapas do Planejamento Estratégico: vamos abaixo
2.3. Analisar fatores externos da empresa analisar alguns dos apontamentos sobre essas etapas
conforme seus autores.
• considerações políticas, legais de cidadania da co-
munidade; Segundo Maximiano, o planejamento estratégico com-
• atratividade da indústria, mudanças da indústria e preende quatro etapas principais:
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

condições competitivas;
• oportunidades e ameaças da empresa. A tarefa de A) Análise da situação estratégica presente. Esta eta-
fazer com que a estratégia de uma empresa seja pa busca compreender a situação atual da empre-
socialmente responsável, significa conduzir as sa, e as decisões que foram tomadas e levaram a
atividades organizacionais eticamente e no inte- tal posição. Deve considerar o referencial estraté-
resse público geral, responder positivamente às gico, os produtos e mercados atuais ou potenciais
prioridades e expectativas sociais emergentes, de- da organização, as vantagens competitivas (ele-
monstrar boa vontade de executar as ações antes mentos capazes de diferenciar a organização de
que ocorra um confronto legal, equilibrar os in- outras no mercado), o desempenho atual e o uso
teresses dos acionistas com os interesses da so- de recursos.

81
B) Análise do ambiente. Na classificação do Maximia- Desenvolvimento de produto: consiste em oferecer
no, esta etapa abrange apenas o ambiente externo. produtos novos a mercados tradicionais.
C) Análise interna. É a análise do ambiente interno. Diversificação: É uma estratégia mais arrojada, que
D) Elaboração do plano estratégico. consiste em explorar novos produtos em novos merca-
dos. Por exemplo, uma empresa de produção de alimen-
A análise de ambiente corresponde à avaliação de tos que lança um refrigerante está adotando uma estra-
variáveis do ambiente interno (pontos fortes e pontos tégia de diversificação.
fracos) e variáveis do ambiente externo (oportunidades
e ameaças) relevantes para a organização. As variáveis Segundo classificação de Porter temos no Planejamen-
do ambiente interno normalmente são controláveis, en- to estratégico, 3 grupos:
quanto as variáveis do ambiente externo estão fora da - Diferenciação: Consiste em “procurar projetar uma
governabilidade da organização. forte identidade própria para o serviço ou produto,
que o torne nitidamente distinto dos produtos e
serviços dos concorrentes. Isso significa enfatizar
Segundo Djalma de Oliveira o Planejamento Estratégi-
uma ou mais vantagens competitivas, como qua-
co apresenta estas etapas:
lidade, serviço, prestígio para o consumidor, estilo
do produto ou aspecto das instalações.
a) Diagnóstico estratégico: abrange a definição da vi- - Liderança de custo: consiste em oferecer produtos
são, a análise externa, análise interna e análise dos ou serviços mais baratos do que os concorrentes.
concorrentes; - Estratégias de foco: concentração ou nicho: Consiste
b) Definição da missão: esta nós já vimos: é a defini- em escolher um segmento do mercado e concen-
ção da razão de ser da empresa e as consequências trar-se nele. Por exemplo, produtores de alimentos
de tal definição; orgânicos oferecem um alimento mais caro, mas
c) Definição dos instrumentos prescritivos e quantitati- concentrado em um nicho específico de clientes.
vos: instrumentos prescritivos são aqueles que irão
dizer como a organização deve atuar para alcançar 4. Planejamento Estratégico Situacional (PES)
os objetivos definidos. Instrumentos quantitativos,
basicamente, são aqueles ligados ao planejamento O PES foi sintetizado pelo economista chileno Car-
orçamentário; los Matus, para pensar a arte de governar. Este méto-
d) Controle e avaliação: são verificações, etapas em do “pressupõe constante adaptação do planejamento a
que se avalia se o que está sendo feito correspon- cada situação concreta onde é aplicado”. Além disso, o
de ao que foi planejado PES leva em consideração, em suas formulações teóricas,
. as interferências dos campos político, econômico e social
3. Modelo ou matriz de Ansoff nos planos de governo.
Definição de planejamento segundo Matus: “Planejar
significa pensar antes de agir, pensar sistematicamente, com
método; explicar cada uma das possibilidades e analisar suas
respectivas vantagens e desvantagens; propor-se objetivos”.
Outro ponto importante deste conteúdo são os mo-
mentos do PES:
• Momento explicativo: compreende-se a realidade,
identificando-se os problemas que os atores sociais
declaram. Abandona o conceito de setor, utilizado no
planejamento tradicional, e passa a trabalhar com o
conceito de problemas. “Na explicação da realidade
temos que admitir e processar informação relativa a
outras explicações de outros atores sobre os mesmos
problemas, isto é, a abordagem deve ser sempre si-
tuacional, posicionada no contexto”.
• Momento normativo: como se formula o plano.
Produzir as respostas de ação em um contexto de
Temos dois componentes principais no modelo: Mer- incerteza. Definir a situação ideal. “O central neste
cados e Produtos. Cada um deles pode ser classificado modelo de planejamento é discutir a eficácia de
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

quando a existentes e novos, gerando quatro estratégias cada ação e qual a situação objetivo que sua re-
empresariais possíveis: alização objetiva, cada projeto e isso só pode ser
Penetração no mercado: Esta estratégia consiste em feito relacionando os resultados desejados com os
explorar produtos tradicionais em um mercado tradicio- recursos necessários e os produtos de cada ação”
nal. • Momento estratégico: examinar a viabilidade po-
Desenvolvimento de mercado: “É a estratégia de ex- lítica do plano e do processo de construção de
plorar um mercado novo com produtos tradicionais. Por viabilidade política das operações não viáveis na
exemplo: uma operadora de cartões de crédito que lança situação inicial. Adequa o “deve ser” ao “pode ser”.
o produto para um público específico, como os torcedo- Busca desenhar as melhores estratégias para viabi-
res de um time”. lizar a máxima eficácia do plano.

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• Momento tático-operacional: o momento do fazer. “Neste momento é importante debater o sistema de gestão da
organização e até que ponto ele está pronto para sustentar o plano e executar as estratégias propostas”.

Os principais pressupostos teóricos do método PES são resumidos em quatro perguntas, segundo Matus, que
apontam as diferenças entre o PES e os demais métodos de planejamento estratégico:
1) como explicar a realidade?
2) como conceber um plano?
3) como tornar viável o plano necessário?
4) como agir a cada dia de forma planejada?

5. Planejamento Tático

Planejamento é a primeira das funções administrativas, e está relacionada com tudo aquilo que a organização pre-
tende fazer, executar, alcançar.
Podemos considerar o planejamento como “o ato de determinar as metas da organização e os meios para alcan-
çá-las”.

Na prática temos três tipos de planejamentos:

Planejamento Tático – relaciona-se a objetivos de médio prazo, e com maneiras e ações que, geralmente, afetam
somente uma parte da empresa.
Tem como eixo central otimizar determinadas áreas de resultados, e não a empresa como um todo. Portanto, traba-
lha com decomposição dos objetivos e políticas estabelecidas no planejamento estratégico.
O planejamento tático é desenvolvido em níveis organizacionais inferiores, ou seja, é realizado no nível gerencial
ou departamental, tendo como principal finalidade a utilização eficiente dos recursos disponíveis para a consecução
de objetivos previamente fixados, segundo uma estratégia predeterminada, bem como as políticas orientadoras para
o processo decisório organizacional.
Características Principais:
- Processo permanente e contínuo;
- Aproxima o estratégico do operacional;
- Aproxima os aspectos incertos da realidade;
- É executado pelos níveis intermediários da organização;
- Pode ser considerado uma forma de alocação de recursos;
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

- Tem alcance mais limitado do que o planejamento estratégico, ou seja, é de médio prazo;
- Produz planos mais bem direcionados às atividades organizacionais.

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Questões essenciais:
- O quê fazer?
- Dá para fazer?
- Vale a pena fazer?
- Quem faz?
- Como fazer bem?
- Funciona?
- Quando fazer?

6. Desenvolvimento de planejamentos táticos

6.1. Planejamento Operacional

Pode ser considerado como a formalização, principalmente através de documentos escrito das metodologias de
desenvolvimento e implantações estabelecidas.
Portanto, nesta situação, tem-se basicamente os planos de ação, ou planos operacionais.
Os planejamentos operacionais correspondem a um conjunto de partes homogêneas do planejamento tático, e
devem conter com detalhes: os recursos necessários a seu desenvolvimento e implantação; os procedimentos básicos
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

a serem adotados; os produtos ou resultados finais esperados; os prazos estabelecidos e os responsáveis pela sua
execução e implantação.

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HORA DE PRATICAR!

1. (CGM de João Pessoa/PB – 2018 - CESPE) Acerca da


organização da administração direta e indireta, centrali-
zada e descentralizada, julgue o item a seguir.
É possível a constituição de fundação pública de direito
público ou de direito privado para a exploração direta de
atividade econômica pelo Estado, quando relevante ao
interesse público.

( ) CERTO ( ) ERRADO

2. (TRE/TO – 2017 - CESPE) Consideram-se entes da ad-


Ciclo básico dos três tipos de planejamento ministração direta

a) as entidades vinculadas ao ministério em cuja área de


competência estiver enquadrada sua principal ativida-
de.
#FicaDica
b) as entidades da sociedade civil qualificadas como or-
O planejamento estratégico é o ponto
ganização social.
de partida da organização e tem
c) as autarquias.
como função antecipar o que a organização
d) os serviços integrados na estrutura administrativa da
deverá fazer e quais objetivos deverão ser
atingidos, enquanto quem formaliza as Presidência da República e dos ministérios. 
metodologias de desenvolvimento é o e) as fundações públicas.
planejamento tático e quem executa é o
operacional. 7. (STJ – 2018 - CESPE) Julgue o seguinte item, relativo
à gestão de clima e cultura organizacionais.
Em uma cultura organizacional forte, os valores essen-
Fonte e textos adaptados de: www periodicos.unifor-
ciais da organização são intensamente acatados e am-
mg.edu.b/Jussara Maria Silva Rodrigues Oliveira/Denise
Grzybovski/Ricardo de Souza Sette/Jaime Crozatti/Carlos plamente compartilhados pelos colaboradores.
Xavier
( ) CERTO ( ) ERRADO

3. (TRE/TO – 2017 - CESPE) Os componentes da cultura


organizacional que englobam as crenças e os princípios
que orientam as decisões estratégicas da organização
são definidos como

a) símbolos.
b) missão
c) slogan.
d) marca.
e) valores.

4. (TRT/8ª Região/PA e AP – 2017 - CESPE) No que


concerne à gestão de cultura organizacional, assinale a
opção correta.
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

a) A socialização visa adaptar os novos funcionários à


cultura dominante de uma organização, de modo que
os valores, as convicções e os costumes organizacio-
nais não sejam despropositadamente desorganizados.
b) Entre os traços de cultura comuns às organizações pú-
blicas, incluem-se a alta suscetibilidade do ambiente a
turbulências, a insegurança em relação aos termos de
manutenção do vínculo profissional e a desvalorização
dos padrões formais de trabalho.

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c) As práticas de seleção adotadas em concursos, geral-
mente compostas de testes de conhecimento, cons-
tituem iniciativas orientadas exclusivamente para a GABARITO
manutenção dos traços culturais das organizações
públicas. 1 ERRADO
d) A cultura de uma organização não pode ser notada
em registros documentais; apenas pelo convívio com 2 D
os trabalhadores é que se identificam os traços distin- 3 CERTO
tivos de uma organização.
4 E
e) Nas organizações públicas, as ações da alta liderança
tendem a exercer menos impacto na cultura organi- 5 A
zacional dado o caráter temporário das funções e dos
cargos ocupados por esses líderes.
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO

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