Você está na página 1de 337

Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado de Minas Gerais

CREA-MG
Fiscal de Nível Superior

AG105-N9
Todos os direitos autorais desta obra são protegidos pela Lei nº 9.610, de 19/12/1998.
Proibida a reprodução, total ou parcialmente, sem autorização prévia expressa por escrito da editora e do autor. Se você
conhece algum caso de “pirataria” de nossos materiais, denuncie pelo sac@novaconcursos.com.br.

OBRA

Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado de Minas Gerais

Fiscal de Nível Superior

CONCURSO PÚBLICO Nº 001/2019

AUTORES
Língua Portuguesa - Profª Zenaide Auxiliadora Pachegas Branco
Raciocínio Lógico - Profº Bruno Chieregatti e João de Sá Brasil Lima
Noções de Direito Administrativo - Profº Fernando Zantedeschi
Conhecimentos Específicos - Profº Fernando Zantedeschi

PRODUÇÃO EDITORIAL/REVISÃO
Elaine Cristina
Leandro Filho

DIAGRAMAÇÃO
Renato Vilela
Thais Regis

CAPA
Joel Ferreira dos Santos

www.novaconcursos.com.br

sac@novaconcursos.com.br
APRESENTAÇÃO

PARABÉNS! ESTE É O PASSAPORTE PARA SUA APROVAÇÃO.

A Nova Concursos tem um único propósito: mudar a vida das pessoas.


Vamos ajudar você a alcançar o tão desejado cargo público.
Nossos livros são elaborados por professores que atuam na área de Concursos Públicos. Assim a matéria
é organizada de forma que otimize o tempo do candidato. Afinal corremos contra o tempo, por isso a
preparação é muito importante.
Aproveitando, convidamos você para conhecer nossa linha de produtos “Cursos online”, conteúdos
preparatórios e por edital, ministrados pelos melhores professores do mercado.
Estar à frente é nosso objetivo, sempre.
Contamos com índice de aprovação de 87%*.
O que nos motiva é a busca da excelência. Aumentar este índice é nossa meta.
Acesse www.novaconcursos.com.br e conheça todos os nossos produtos.
Oferecemos uma solução completa com foco na sua aprovação, como: apostilas, livros, cursos online,
questões comentadas e treinamentos com simulados online.
Desejamos-lhe muito sucesso nesta nova etapa da sua vida!
Obrigado e bons estudos!

*Índice de aprovação baseado em ferramentas internas de medição.

CURSO ONLINE

PASSO 1
Acesse:
www.novaconcursos.com.br/passaporte

PASSO 2
Digite o código do produto no campo indicado
no site.
O código encontra-se no verso da capa da
apostila.
*Utilize sempre os 8 primeiros dígitos.
Ex: JN001-19

PASSO 3
Pronto!
Você já pode acessar os conteúdos online.
SUMÁRIO
LÍNGUA PORTUGUESA

Conhecimento prévio; Intertextualidade; Gêneros textuais; Tipologia textual; Interpretação e Compreensão de


textos; Variabilidade lingüística;................................................................................................................................................................. 01
Semântica: construção de sentido e efeitos de sentido, sinonímia, antonímia, homonímia, polissemia e figuras
de linguagem;................................................................................................................................................................................................... 32
Pontuação e efeitos de sentido;................................................................................................................................................................. 42
Denotação e conotação;............................................................................................................................................................................... 32
Relações lexicais;............................................................................................................................................................................................. 01
Linguagem verbal e não verbal; tipos de discurso............................................................................................................................. 01
Aspectos de textualidade: coesão e coerência.................................................................................................................................... 44

RACIOCÍNIO LÓGICO
ÁLGEBRA DAS PROPOSIÇÕES Propriedade idempotente. Propriedade comutativa. Propriedade associativa.
Propriedade distributiva. Propriedade de absorção. Leis de Morgan....................................................................................... 01
ARGUMENTOS ANÁLISE COMBINATÓRIA: Tipos de agrupamentos: arranjos e combinações. Princípio fundamental
da contagem. Conceito de argumento. Validade de um argumento. Critério de validade de um argumento.
Condicional associada a um argumento. Argumentos válidos fundamentais. Regras de inferência............................ 01
LÓGICA. RACIOCÍNIO LÓGICO E MATEMÁTICAS PROPOSIÇÕES CONECTIVOS: Conceito de proposição. Valores
lógicos das proposições. Conectivos...................................................................................................................................................... 01
OPERAÇÕES LÓGICAS SOBRE PROPOSIÇÕES: Negação de uma proposição. Conjugação de duas proposições.
Disjunção de duas proposições. Proposição condicional. Proposição bi condicional........................................................ 01
EQUIVALÊNCIA LÓGICA E IMPLICAÇÃO LÓGICA: Equivalência lógica. Propriedades da relação de equivalência
lógica. Recíproca, contrária e contra positiva de uma proposição condicional. Implicação lógica. Princípio de
substituição. Propriedade da implicação lógica................................................................................................................................. 01

NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Princípios constitucionais do Direito Administrativo.............................................................................................................................. 01


Ato administrativo: conceito, requisitos, atributos, classificação e espécies; atos discricionários e vinculados do
administrador público; controle jurisdicional dos atos administrativos.......................................................................................... 03
Processo administrativo..................................................................................................................................................................................... 12
Regime Jurídico dos Servidores: responsabilidade, penalidades disciplinares e Processo Administrativo Disciplinar.. 15
Desapropriação por utilidade pública, por necessidade pública, e por interesse social; indenização em caso de
desapropriações......................................................................................................................................................................................................................... 52
Serviços públicos: concessão e autorização dos serviços públicos. Responsabilidades dos agentes públicos: civil,
administrativa e criminal.................................................................................................................................................................................... 55
Contratos pertinentes a obras, serviços, compras, alienações e locações com a administração púbica........................... 66
Responsabilidade administrativa. Responsabilidade Extracontratual do Estado......................................................................... 75
Improbidade administrativa: definição, modalidades, responsabilização...................................................................................... 78
Noções gerais sobre as normas para licitações e contratos da Administração Pública (Lei 8.666/1993).......................... 81
SUMÁRIO

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
5.194/66.................................................................................................................................................................................................................. 01
6.496/77.................................................................................................................................................................................................................. 03
6.619/78.................................................................................................................................................................................................................. 04
6.839/80.................................................................................................................................................................................................................. 04
8.078/90.................................................................................................................................................................................................................. 04
8.195/91.................................................................................................................................................................................................................. 10
8.429/92.................................................................................................................................................................................................................. 10
12.527/11............................................................................................................................................................................................................... 13
9.873/99; 9.784/99.............................................................................................................................................................................................. 15
4.950-A/66............................................................................................................................................................................................................. 19
6.664/79.................................................................................................................................................................................................................. 19
7.410/85.................................................................................................................................................................................................................. 20
6.835/80.................................................................................................................................................................................................................. 21
5.524/68.................................................................................................................................................................................................................. 21
10.257/01............................................................................................................................................................................................................... 21
4.076/62.................................................................................................................................................................................................................. 24
DECRETOS E SUAS ALTERAÇÕES POSTERIORES: Decreto 90.922/85; 4.560/02......................................................................... 24
23.196/33............................................................................................................................................................................................................... 26
23.569/33............................................................................................................................................................................................................... 27
218/73..................................................................................................................................................................................................................... 28
336/89..................................................................................................................................................................................................................... 31
359/91..................................................................................................................................................................................................................... 33
413/97..................................................................................................................................................................................................................... 34
417/98..................................................................................................................................................................................................................... 35
1.002/02.................................................................................................................................................................................................................. 37
1.004/03.................................................................................................................................................................................................................. 38
1.008/04.................................................................................................................................................................................................................. 44
1.025/09.................................................................................................................................................................................................................. 49
1.090/17.................................................................................................................................................................................................................. 58
1.092/17.................................................................................................................................................................................................................. 58
1.047/13.................................................................................................................................................................................................................. 59
1.048/13.................................................................................................................................................................................................................. 59
1.050/13.................................................................................................................................................................................................................. 61
REGIMENTO INTERNO DO CREA-MG - NORMAS REGULATÓRIAS BRASILEIRAS: NR-09; NR-10; NR-13; NR-18; NR-35.... 70
ÍNDICE

LÍNGUA PORTUGUESA

Conhecimento prévio; Intertextualidade; Gêneros textuais; Tipologia textual; Interpretação e Compreensão de textos;
Variabilidade lingüística;........................................................................................................................................................................................... 01
Semântica: construção de sentido e efeitos de sentido, sinonímia, antonímia, homonímia, polissemia e figuras de lin-
guagem;........................................................................................................................................................................................................................... 32
Pontuação e efeitos de sentido;............................................................................................................................................................................. 42
Denotação e conotação;............................................................................................................................................................................................ 32
Relações lexicais;.......................................................................................................................................................................................................... 01
Linguagem verbal e não verbal; tipos de discurso;......................................................................................................................................... 01
Aspectos de textualidade: coesão e coerência................................................................................................................................................. 44
Através do texto, infere-se que...
CONHECIMENTO PRÉVIO; É possível deduzir que...
INTERTEXTUALIDADE; GÊNEROS O autor permite concluir que...
TEXTUAIS; TIPOLOGIA TEXTUAL; Qual é a intenção do autor ao afirmar que...
INTERPRETAÇÃO E COMPREENSÃO DE
TEXTOS; VARIABILIDADE LINGUÍSTICA; Compreender significa
RELAÇÕES LEXICAIS; LINGUAGEM VERBAL Entendimento, atenção ao que realmente está escrito.
O texto diz que...
E NÃO VERBAL; TIPOS DE DISCURSO
É sugerido pelo autor que...
De acordo com o texto, é correta ou errada a afirma-
Interpretação Textual ção...
O narrador afirma...
Texto – é um conjunto de ideias organizadas e rela-
cionadas entre si, formando um todo significativo capaz Erros de interpretação
de produzir interação comunicativa (capacidade de codi-
ficar e decodificar).  Extrapolação (“viagem”) = ocorre quando se
sai do contexto, acrescentando ideias que não
Contexto – um texto é constituído por diversas frases. estão no texto, quer por conhecimento prévio
Em cada uma delas, há uma informação que se liga com do tema quer pela imaginação.
a anterior e/ou com a posterior, criando condições para  Redução = é o oposto da extrapolação. Dá-se
a estruturação do conteúdo a ser transmitido. A essa in- atenção apenas a um aspecto (esquecendo que
terligação dá-se o nome de contexto. O relacionamento um texto é um conjunto de ideias), o que pode
entre as frases é tão grande que, se uma frase for retirada ser insuficiente para o entendimento do tema
de seu contexto original e analisada separadamente, po- desenvolvido.
derá ter um significado diferente daquele inicial.  Contradição = às vezes o texto apresenta ideias
contrárias às do candidato, fazendo-o tirar con-
Intertexto - comumente, os textos apresentam refe- clusões equivocadas e, consequentemente, er-
rências diretas ou indiretas a outros autores através de rar a questão.
citações. Esse tipo de recurso denomina-se intertexto.
Observação: Muitos pensam que existem a ótica do
Interpretação de texto - o objetivo da interpretação escritor e a ótica do leitor. Pode ser que existam, mas em
de um texto é a identificação de sua ideia principal. A uma prova de concurso, o que deve ser levado em consi-
partir daí, localizam-se as ideias secundárias (ou fun- deração é o que o autor diz e nada mais.
damentações), as argumentações (ou explicações), que
levam ao esclarecimento das questões apresentadas na Coesão e Coerência
prova.
Coesão - é o emprego de mecanismo de sintaxe que
Normalmente, em uma prova, o candidato deve: relaciona palavras, orações, frases e/ou parágrafos entre
 Identificar os elementos fundamentais de uma si. Em outras palavras, a coesão dá-se quando, através de
argumentação, de um processo, de uma época um pronome relativo, uma conjunção (NEXOS), ou um
(neste caso, procuram-se os verbos e os advérbios, pronome oblíquo átono, há uma relação correta entre o
os quais definem o tempo). que se vai dizer e o que já foi dito.
 Comparar as relações de semelhança ou de dife-
renças entre as situações do texto. São muitos os erros de coesão no dia a dia e, entre
 Comentar/relacionar o conteúdo apresentado eles, está o mau uso do pronome relativo e do prono-
com uma realidade. me oblíquo átono. Este depende da regência do verbo;
 Resumir as ideias centrais e/ou secundárias. aquele, do seu antecedente. Não se pode esquecer tam-
 Parafrasear = reescrever o texto com outras pa- bém de que os pronomes relativos têm, cada um, valor
lavras. semântico, por isso a necessidade de adequação ao an-
tecedente.
Condições básicas para interpretar Os pronomes relativos são muito importantes na in-
terpretação de texto, pois seu uso incorreto traz erros de
Fazem-se necessários: conhecimento histórico-literá- coesão. Assim sendo, deve-se levar em consideração que
rio (escolas e gêneros literários, estrutura do texto), lei- existe um pronome relativo adequado a cada circunstân-
LÍNGUA PORTUGUESA

tura e prática; conhecimento gramatical, estilístico (qua- cia, a saber:


lidades do texto) e semântico; capacidade de observação que (neutro) - relaciona-se com qualquer anteceden-
e de síntese; capacidade de raciocínio. te, mas depende das condições da frase.
qual (neutro) idem ao anterior.
Interpretar/Compreender quem (pessoa)
cujo (posse) - antes dele aparece o possuidor e depois
Interpretar significa: o objeto possuído.
Explicar, comentar, julgar, tirar conclusões, deduzir. como (modo)

1
onde (lugar)
quando (tempo)
quanto (montante) EXERCÍCIOS COMENTADOS
Exemplo:
Falou tudo QUANTO queria (correto) 1. (EBSERH – Analista Administrativo – Estatística –
Falou tudo QUE queria (errado - antes do QUE, deveria AOCP-2015)
aparecer o demonstrativo O).
O verão em que aprendi a boiar
Dicas para melhorar a interpretação de textos Quando achamos que tudo já aconteceu, novas ca-
pacidades fazem de nós pessoas diferentes do que
 Leia todo o texto, procurando ter uma visão ge- éramos
ral do assunto. Se ele for longo, não desista! Há
muitos candidatos na disputa, portanto, quanto IVAN MARTINS
mais informação você absorver com a leitura, mais Sei que a palavra da moda é precocidade, mas eu acre-
chances terá de resolver as questões. dito em conquistas tardias. Elas têm na minha vida um
 Se encontrar palavras desconhecidas, não inter- gosto especial.
rompa a leitura. Quando aprendi a guiar, aos 34 anos, tudo se transfor-
 Leia o texto, pelo menos, duas vezes – ou quantas mou. De repente, ganhei mobilidade e autonomia. A ci-
forem necessárias. dade, minha cidade, mudou de tamanho e de fisionomia.
 Procure fazer inferências, deduções (chegar a uma Descer a Avenida Rebouças num táxi, de madrugada, era
conclusão). diferente – e pior – do que descer a mesma avenida com
 Volte ao texto quantas vezes precisar. as mãos ao volante, ouvindo rock and roll no rádio. Pegar
 Não permita que prevaleçam suas ideias sobre as a estrada com os filhos pequenos revelou-se uma delícia
do autor. insuspeitada.
Talvez porque eu tenha começado tarde, guiar me pare-
 Fragmente o texto (parágrafos, partes) para me-
ce, ainda hoje, uma experiência incomum. É um ato que,
lhor compreensão.
mesmo repetido de forma diária, nunca se banalizou in-
 Verifique, com atenção e cuidado, o enunciado de
teiramente.
cada questão.
Na véspera do Ano Novo, em Ubatuba, eu fiz outra des-
 O autor defende ideias e você deve percebê-las.
coberta temporã.
 Observe as relações interparágrafos. Um parágra-
Depois de décadas de tentativas inúteis e frustrantes,
fo geralmente mantém com outro uma relação de
num final de tarde ensolarado eu conquistei o dom da
continuação, conclusão ou falsa oposição. Identifi- flutuação. Nas águas cálidas e translúcidas da praia Bra-
que muito bem essas relações. va, sob o olhar risonho da minha mulher, finalmente con-
 Sublinhe, em cada parágrafo, o tópico frasal, ou segui boiar.
seja, a ideia mais importante. Não riam, por favor. Vocês que fazem isso desde os oito
 Nos enunciados, grife palavras como “correto” anos, vocês que já enjoaram da ausência de peso e esfor-
ou “incorreto”, evitando, assim, uma confusão na ço, vocês que não mais se surpreendem com a sensação
hora da resposta – o que vale não somente para de balançar ao ritmo da água – sinto dizer, mas vocês se
Interpretação de Texto, mas para todas as demais esqueceram de como tudo isso é bom.
questões! Nadar é uma forma de sobrepujar a água e impor-se a
 Se o foco do enunciado for o tema ou a ideia prin- ela. Boiar é fazer parte dela – assim como do sol e das
cipal, leia com atenção a introdução e/ou a con- montanhas ao redor, dos sons que chegam filtrados ao
clusão. ouvido submerso, do vento que ergue a onda e lança
 Olhe com especial atenção os pronomes relativos, água em nosso rosto. Boiar é ser feliz sem fazer força, e
pronomes pessoais, pronomes demonstrativos, isso, curiosamente, não é fácil.
etc., chamados vocábulos relatores, porque reme- Essa experiência me sugeriu algumas considerações so-
tem a outros vocábulos do texto. bre a vida em geral.
Uma delas, óbvia, é que a gente nunca para de aprender
SITES ou de avançar. Intelectualmente e emocionalmente, de
Disponível em: <http://www.tudosobreconcursos. um jeito prático ou subjetivo, estamos sempre incorpo-
com/materiais/portugues/como-interpretar-textos> rando novidades que nos transformam. Somos geneti-
Disponível em: <http://portuguesemfoco.com/pf/ camente elaborados para lidar com o novo, mas não só.
09-dicas-para-melhorar-a-interpretacao-de-textos-em- Também somos profundamente modificados por ele.
-provas> A cada momento da vida, quando achamos que tudo já
Disponível em: <http://www.portuguesnarede. aconteceu, novas capacidades irrompem e fazem de nós
LÍNGUA PORTUGUESA

com/2014/03/dicas-para-voce-interpretar-melhor-um. uma pessoa diferente do que éramos. Uma pessoa capaz


html> de boiar é diferente daquelas que afundam como pedras.
Disponível em: <http://vestibular.uol.com.br/cursi- Suspeito que isso tenha importância também para os re-
nho/questoes/questao-117-portugues.htm> lacionamentos.
Se a gente não congela ou enferruja – e tem gente que já
está assim aos 30 anos – nosso repertório íntimo tende a
se ampliar, a cada ano que passa e a cada nova relação.

2
Penso em aprender a escutar e a falar, em olhar o outro, Resposta: Letra A. Ao texto: (...) tudo se aprende,
em tocar o corpo do outro com propriedade e deixar-se mesmo as coisas simples que pareciam impossíveis. /
tocar sem susto. Penso em conter a nossa própria frustra- Enquanto se está vivo e relação existe, há chance de
ção e a nossa fúria, em permitir que o parceiro floresça, melhorar = sempre há tempo para boiar (aprender).
em dar atenção aos detalhes dele. Penso, sobretudo, em Em “a”: haver sempre tempo para aprender, para ten-
conquistar, aos poucos, a ansiedade e insegurança que tar relaxar e ser feliz nas águas do amor, agindo com
nos bloqueiam o caminho do prazer, não apenas no sen- mais calma, com mais prazer, com mais intensidade e
tido sexual. Penso em estar mais tranquilo na companhia menos medo = correta.
do outro e de si mesmo, no mundo. Em “b”: ser necessário agir com mais cautela nos rela-
Assim como boiar, essas coisas são simples, mas preci- cionamentos amorosos para que eles não se desfaçam
sam ser aprendidas. = incorreta – o autor propõe viver intensamente.
Em “c”: haver sempre tempo para aprender a ser mais
Estar no interior de uma relação verdadeira é como estar criterioso com seus relacionamentos, a fim de que eles
na água do mar. Às vezes você nada, outras vezes você sejam vividos intensamente = incorreta – ser menos
boia, de vez em quando, morto de medo, sente que pode objetivo nos relacionamentos.
afundar. É uma experiência que exige, ao mesmo tem- Em “d”: haver sempre tempo para aprender coisas no-
po, relaxamento e atenção, e nem sempre essas coisas vas, inclusive agir com o raciocínio nas relações amo-
se combinam. Se a gente se põe muito tenso e cerebral, rosas = incorreta – ser mais emoção.
a relação perde a espontaneidade. Afunda. Mas, largada Em “e”: ser necessário aprender nos relacionamentos,
apenas ao sabor das ondas, sem atenção ao equilíbrio, a porém sempre estando alerta para aquilo de ruim que
relação também naufraga. Há uma ciência sem cálculos pode acontecer = incorreta – estar sempre cuidando,
que tem de ser assimilada a cada novo amor, por cada não pensando em algo ruim.
um de nós. Ela fornece a combinação exata de atenção e
relaxamento que permite boiar. Quer dizer, viver de for- 2. (BACEN – TÉCNICO – CONHECIMENTOS BÁSICOS –
ma relaxada e consciente um grande amor. ÁREA 1 e 2 – CESPE-2013)
Na minha experiência, esse aprendizado não se fez ra-
pidamente. Demorou anos e ainda se faz. Talvez porque Uma crise bancária pode ser comparada a um vendaval.
eu seja homem, talvez porque seja obtuso para as coi- Suas consequências sobre a economia das famílias e das
sas do afeto. Provavelmente, porque sofro das limitações empresas são imprevisíveis. Os agentes econômicos rela-
emocionais que muitos sofrem e que tornam as relações cionam-se em suas operações de compra, venda e troca
de mercadorias e serviços de modo que cada fato econô-
afetivas mais tensas e trabalhosas do que deveriam ser.
mico, seja ele de simples circulação, de transformação ou
Sabemos nadar, mas nos custa relaxar e ser felizes nas
de consumo, corresponde à realização de ao menos uma
águas do amor e do sexo. Nos custa boiar.
operação de natureza monetária junto a um intermediá-
A boa notícia, que eu redescobri na praia, é que tudo se
rio financeiro, em regra, um banco comercial que recebe
aprende, mesmo as coisas simples que pareciam impos-
um depósito, paga um cheque, desconta um título ou
síveis.
antecipa a realização de um crédito futuro. A estabilida-
Enquanto se está vivo e relação existe, há chance de me-
de do sistema que intermedeia as operações monetárias,
lhorar. Mesmo se ela acabou, é certo que haverá outra portanto, é fundamental para a própria segurança e esta-
no futuro, no qual faremos melhor: com mais calma, com bilidade das relações entre os agentes econômicos.
mais prazer, com mais intensidade e menos medo. A iminência de uma crise bancária é capaz de afetar e
O verão, afinal, está apenas começando. Todos os dias se contaminar todo o sistema econômico, fazendo que os
pode tentar boiar. titulares de ativos financeiros fujam do sistema financeiro
http://epoca.globo.com/colunas-e-blogs/ivan-mar- e se refugiem, para preservar o valor do seu patrimônio,
tins/noticia/2014/01/overao-em-que-aprendi-boiar.html em ativos móveis ou imóveis e, em casos extremos, em
estoques crescentes de moeda estrangeira. Para se evitar
De acordo com o texto, quando o autor afirma que “To- esse tipo de distorção, é fundamental a manutenção da
dos os dias se pode tentar boiar.”, ele refere-se ao fato de credibilidade no sistema financeiro. A experiência bra-
sileira com o Plano Real é singular entre os países que
a) haver sempre tempo para aprender, para tentar relaxar adotaram políticas de estabilização monetária, uma vez
e ser feliz nas águas do amor, agindo com mais cal- que a reversão das taxas inflacionárias não resultou na
ma, com mais prazer, com mais intensidade e menos fuga de capitais líquidos do sistema financeiro para os
medo. ativos reais.
b) ser necessário agir com mais cautela nos relaciona- Pode-se afirmar que a estabilidade do Sistema Financei-
mentos amorosos para que eles não se desfaçam. ro Nacional é a garantia de sucesso do Plano Real. Não
c) haver sempre tempo para aprender a ser mais criterio-
LÍNGUA PORTUGUESA

existe moeda forte sem um sistema bancário igualmente


so com seus relacionamentos, a fim de que eles sejam forte. Não é por outra razão que a Lei n.º 4.595/1964, que
vividos intensamente. criou o Banco Central do Brasil (BACEN), atribuiu-lhe si-
d) haver sempre tempo para aprender coisas novas, in- multaneamente as funções de zelar pela estabilidade da
clusive agir com o raciocínio nas relações amorosas. moeda e pela liquidez e solvência do sistema financeiro.
e) ser necessário aprender nos relacionamentos, porém Atuação do Banco Central na sua função de zelar pela
sempre estando alerta para aquilo de ruim que pode estabilidade do Sistema Financeiro Nacional. Internet: <
acontecer. www.bcb.gov.br > (com adaptações).

3
Conclui-se da leitura do texto que a comparação entre porque é gerada pela simples manipulação de bancos de
“crise bancária” e “vendaval” embasa-se na impossibi- dados. O resultado é uma acumulação de riqueza e po-
lidade de se preverem as consequências de ambos os der sem precedentes: um mundo onde o patrimônio de
fenômenos. 80 pessoas é maior do que o de 3,6 bilhões, e onde o 1%
mais rico tem mais do que os outros 99% juntos.
( ) CERTO ( ) ERRADO [...]
Disponível em https://fagulha.org/artigos/inventan-
Resposta: Certo. Conclui-se da leitura do texto que do-dinheiro/
a comparação entre “crise bancária” e “vendaval” em- Acessado em 20/03/2018
basa-se na impossibilidade de se preverem as conse- De acordo com o autor do texto Lastro e o sistema bancá-
quências de ambos os fenômenos. rio, a reserva fracional foi criada com o objetivo de
Voltemos ao texto: Uma crise bancária pode ser com- a) tornar ilimitada a produção de dinheiro.
parada a um vendaval. Suas consequências sobre a eco- b) proteger os bens dos clientes de bancos.
nomia das famílias e das empresas são imprevisíveis. c) impedir que os bancos fossem à falência.
d) permitir o empréstimo de mais dinheiro
3. (BANPARÁ – ASSISTENTE SOCIAL – FADESP-2018) e) preservar as economias das pessoas.

Lastro e o Sistema Bancário Resposta: Letra D. Ao texto: (...) Com o tempo, os


banqueiros se deram conta de que ninguém estava
[...] interessado em trocar dinheiro por ouro e criaram ma-
Até os anos 60, o papel-moeda e o dinheiro deposita- nobras, como a reserva fracional, para emprestar mui-
do nos bancos deviam estar ligados a uma quantidade to mais dinheiro do que realmente tinham em ouro
de ouro num sistema chamado lastro-ouro. Como esse nos cofres.
metal é limitado, isso garantia que a produção de dinhei- Em “a”, tornar ilimitada a produção de dinheiro = in-
ro fosse também limitada. Com o tempo, os banqueiros correta
se deram conta de que ninguém estava interessado em Em “b”, proteger os bens dos clientes de bancos = in-
trocar dinheiro por ouro e criaram manobras, como a re- correta
serva fracional, para emprestar muito mais dinheiro do Em “c”, impedir que os bancos fossem à falência =
que realmente tinham em ouro nos cofres. Nas crises, incorreta
como em 1929, todos queriam sacar dinheiro para pagar Em “d”, permitir o empréstimo de mais dinheiro =
suas contas e os bancos quebravam por falta de fundos, correta
deixando sem nada as pessoas que acreditavam ter suas Em “e”, preservar as economias das pessoas = incor-
economias seguramente guardadas. reta
Em 1971, o presidente dos EUA acabou com o padrão-
-ouro. Desde então, o dinheiro, na forma de cédulas e 4. (BANPARÁ – ASSISTENTE SOCIAL – FADESP-2018)
principalmente de valores em contas bancárias, já não A leitura do texto permite a compreensão de que
tendo nenhuma riqueza material para representar, é cria-
do a partir de empréstimos. Quando alguém vai até o a) as dívidas dos clientes são o que sustenta os bancos.
banco e recebe um empréstimo, o valor colocado em sua b) todo o dinheiro que os bancos emprestam é imagi-
conta é gerado naquele instante, criado a partir de uma nário.
decisão administrativa, e assim entra na economia. Essa c) quem pede um empréstimo deve a outros clientes.
explicação permaneceu controversa e escondida por d) o pagamento de dívidas depende do “livre-mercado”.
muito tempo, mas hoje está clara em um relatório do e) os bancos confiscam os bens dos clientes endividados.
Bank of England de 2014.
Praticamente todo o dinheiro que existe no mundo é Resposta: Letra A.
criado assim, inventado em canetaços a partir da conces- Em “a”, as dívidas dos clientes são o que sustenta os
são de empréstimos. O que torna tudo mais estranho e bancos = correta
perverso é que, sobre esse empréstimo, é cobrada uma Em “b”, todo o dinheiro que os bancos emprestam é
dívida. Então, se eu peço dinheiro ao banco, ele inventa imaginário = nem todo
números em uma tabela com meu nome e pede que eu Em “c”, quem pede um empréstimo deve a outros
devolva uma quantidade maior do que essa. Para pagar clientes = deve ao banco, este paga/empresta a ou-
a dívida, preciso ir até o dito “livre-mercado” e trabalhar, tros clientes
lutar, talvez trapacear, para conseguir o dinheiro que o Em “d”, o pagamento de dívidas depende do “livre-
banco inventou na conta de outras pessoas. Esse é o di- -mercado” = não só: (...) preciso ir até o dito “livre-
nheiro que vai ser usado para pagar a dívida, já que a -mercado” e trabalhar, lutar, talvez trapacear.
LÍNGUA PORTUGUESA

única fonte de moeda é o empréstimo bancário. No fim, Em “e”, os bancos confiscam os bens dos clientes endi-
os bancos acabam com todo o dinheiro que foi inventa- vidados = desde que não paguem a dívida
do e ainda confiscam os bens da pessoa endividada cujo
dinheiro tomei.
Assim, o sistema monetário atual funciona com uma
moeda que é ao mesmo tempo escassa e abundante. Es-
cassa porque só banqueiros podem criá-la, e abundante

4
5. (BANESTES – ANALISTA ECONÔMICO FINANCEI- surgimento da cunhagem a martelo e o uso de metais
RO GESTÃO CONTÁBIL – FGV-2018) Observe a charge nobres, como o ouro e a prata, os signos monetários pas-
abaixo, publicada no momento da intervenção nas ati- saram a ser valorizados também pela nobreza dos metais
vidades de segurança do Rio de Janeiro, em março de neles empregados.
2018. Embora a evolução dos tempos tenha levado à substi-
tuição do ouro e da prata por metais menos raros ou
suas ligas, preservou-se, com o passar dos séculos, a as-
sociação dos atributos de beleza e expressão cultural ao
valor monetário das moedas, que quase sempre, na atua-
lidade, apresentam figuras representativas da história, da
cultura, das riquezas e do poder das sociedades.
A necessidade de guardar as moedas em segurança le-
vou ao surgimento dos bancos. Os negociantes de ouro
e prata, por terem cofres e guardas a seu serviço, passa-
ram a aceitar a responsabilidade de cuidar do dinheiro de
seus clientes e a dar recibos escritos das quantias guar-
Há uma série de informações implícitas na charge; NÃO dadas. Esses recibos passaram, com o tempo, a servir
pode, no entanto, ser inferida da imagem e das frases a como meio de pagamento por seus possuidores, por ser
seguinte informação: mais seguro portá-los do que portar dinheiro vivo. Assim
surgiram as primeiras cédulas de “papel moeda”, ou cé-
a) a classe social mais alta está envolvida nos crimes co- dulas de banco; concomitantemente ao surgimento das
metidos no Rio; cédulas, a guarda dos valores em espécie dava origem a
b) a tarefa da investigação criminal não está sendo bem- instituições bancárias.
-feita; Casa da Moeda do Brasil: 290 anos de História,
c) a linguagem do personagem mostra intimidade com 1694/1984.
o interlocutor;
Depreende-se do texto que duas características das
d) a presença do orelhão indica o atraso do local da char-
moedas se mantiveram ao longo do tempo: a veiculação
ge;
de formas em sua superfície e a associação de seu valor
e) as imagens dos tanques de guerra denunciam a pre-
monetário a atributos como beleza.
sença do Exército.
( ) CERTO ( ) ERRADO
Resposta: Letra D.
Resposta: Errado. Depreende-se do texto que duas
características das moedas se mantiveram ao longo do
tempo: a veiculação de formas em sua superfície e a
associação de seu valor monetário a atributos como
beleza = errado (é o inverso).
Texto: (...) a associação dos atributos de beleza e ex-
pressão cultural ao valor monetário das moedas, que
quase sempre, na atualidade, apresentam figuras re-
presentativas da história, da cultura, das riquezas e do
NÃO pode ser inferida da imagem e das frases a se- poder das sociedades.
guinte informação:
Em “a”, a classe social mais alta está envolvida nos cri- 7. (Câmara de Salvador-BA – Assistente Legislativo
mes cometidos no Rio = inferência correta Municipal – FGV-2018-adaptada) “Hoje, esse termo
Em “b”, a tarefa da investigação criminal não está sen- denota, além da agressão física, diversos tipos de impo-
do bem-feita = inferência correta sição sobre a vida civil, como a repressão política, familiar
Em “c”, a linguagem do personagem mostra intimida- ou de gênero, ou a censura da fala e do pensamento de
de com o interlocutor = inferência correta determinados indivíduos e, ainda, o desgaste causado
Em “d”, a presença do orelhão indica o atraso do local pelas condições de trabalho e condições econômicas”. A
da charge = incorreta manchete jornalística abaixo que NÃO se enquadra em
Em “e”, as imagens dos tanques de guerra denunciam nenhum tipo de violência citado nesse segmento é:
a presença do Exército = inferência correta
a) Presa por mensagem racista na internet;
LÍNGUA PORTUGUESA

6. (CAIXA ECONÔMICA FEDERAL – NÍVEL SUPERIOR – b) Vinte pessoas são vítimas da ditadura venezuelana;
CONHECIMENTOS BÁSICOS – CESPE-2014) c) Apanhou de policiais por destruir caixa eletrônico;
d) Homossexuais são perseguidos e presos na Rússia;
As primeiras moedas, peças representando valores, ge- e) Quatro funcionários ficaram livres do trabalho escravo.
ralmente em metal, surgiram na Lídia (atual Turquia), no
século VII a.C. As características que se desejava ressaltar Resposta: Letra C. Em “a”: Presa por mensagem ra-
eram transportadas para as peças por meio da panca- cista na internet = como a repressão política, familiar
da de um objeto pesado, em primitivos cunhos. Com o ou de gênero

5
Em “b”: Vinte pessoas são vítimas da ditadura vene- Em “d”: punirem-se os responsáveis por excessos.
zuelana = como a repressão política, familiar ou de gê- Em “e”: concluírem-se as investigações sobre a greve.
nero = incorreto
Em “c”: Apanhou de policiais por destruir caixa eletrô- Ao texto: (...) há sempre o risco de excessos, a serem
nico = não consta na Manchete acima devidamente contidos e seus responsáveis, punidos,
Em “d”: Homossexuais são perseguidos e presos na conforme estabelecido na legislação. / É o que precisa
Rússia = como a repressão política, familiar ou de gê- acontecer... = precisa acontecer a punição dos exces-
nero sos.
Em “e”: Quatro funcionários ficaram livres do trabalho
escravo = o desgaste causado pelas condições de tra- 9. (PC-MA – DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL – CES-
balho PE-2018)

8. (MPE-AL – ANALISTA DO MINISTÉRIO PÚBLICO – Texto CG1A1AAA


ÁREA JURÍDICA – FGV-2018)
Oportunismo à Direita e à Esquerda A paz não pode ser garantida apenas pelos acordos
políticos, econômicos ou militares. Cada um de nós, in-
Numa democracia, é livre a expressão, estão garantidos dependentemente de idade, sexo, estrato social, crença
o direito de reunião e de greve, entre outros, obedecidas religiosa etc. é chamado à criação de um mundo pacifica-
leis e regras, lastreadas na Constituição. Em um regime do, um mundo sob a égide de uma cultura da paz.
de liberdades, há sempre o risco de excessos, a serem Mas, o que significa “cultura da paz”?
devidamente contidos e seus responsáveis, punidos, Construir uma cultura da paz envolve dotar as crianças
conforme estabelecido na legislação. e os adultos da compreensão de princípios como liber-
É o que precisa acontecer no rescaldo da greve dos cami- dade, justiça, democracia, direitos humanos, tolerância,
nhoneiros, concluídas as investigações, por exemplo, da igualdade e solidariedade. Implica uma rejeição, indivi-
ajuda ilegal de patrões ao movimento, interessados em dual e coletiva, da violência que tem sido percebida na
se beneficiar do barateamento do combustível.
sociedade, em seus mais variados contextos. A cultura da
Sempre há, também, o oportunismo político-ideológico
paz tem de procurar soluções que advenham de dentro
para se aproveitar da crise. Inclusive, neste ano de elei-
da(s) sociedade(s), que não sejam impostas do exterior.
ção, com o objetivo de obter apoio a candidatos. Não
Cabe ressaltar que o conceito de paz pode ser abordado
faltam, também, os arautos do quanto pior, melhor, para
em sentido negativo, quando se traduz em um estado
desgastar governantes e reforçar seus projetos de po-
de não guerra, em ausência de conflito, em passividade
der, por mais delirantes que sejam. Também aqui vale o
e permissividade, sem dinamismo próprio; em síntese,
que está delimitado pelo estado democrático de direito,
condenada a um vazio, a uma não existência palpável,
defendido pelos diversos instrumentos institucionais de
que conta o Estado – Polícia, Justiça, Ministério Público, difícil de se concretizar e de se precisar. Em sua concep-
Forças Armadas etc. ção positiva, a paz não é o contrário da guerra, mas a
A greve atravessou vários sinais ao estrangular as vias de prática da não violência para resolver conflitos, a prática
suprimento que mantêm o sistema produtivo funcionan- do diálogo na relação entre pessoas, a postura democrá-
do, do qual depende a sobrevivência física da população. tica frente à vida, que pressupõe a dinâmica da coope-
Isso não pode ser esquecido e serve de alerta para que as ração planejada e o movimento constante da instalação
autoridades desenvolvam planos de contingência. de justiça.
O Globo, 31/05/2018. Uma cultura de paz exige esforço para modificar o pen-
samento e a ação das pessoas para que se promova a
“É o que precisa acontecer no rescaldo da greve dos ca- paz. Falar de violência e de como ela nos assola deixa
minhoneiros, concluídas as investigações, por exemplo, de ser, então, a temática principal. Não que ela vá ser
da ajuda ilegal de patrões ao movimento, interessados esquecida ou abafada; ela pertence ao nosso dia a dia e
em se beneficiar do barateamento do combustível.” Se- temos consciência disso. Porém, o sentido do discurso, a
gundo esse parágrafo do texto, o que “precisa acontecer” ideologia que o alimenta, precisa impregná-lo de pala-
é vras e conceitos que anunciem os valores humanos que
decantam a paz, que lhe proclamam e promovem. A vio-
a) manter-se o direito de livre expressão do pensamento. lência já é bastante denunciada, e quanto mais falamos
b) garantir-se o direito de reunião e de greve. dela, mais lembramos de sua existência em nosso meio
c) lastrear leis e regras na Constituição. social. É hora de começarmos a convocar a presença da
d) punirem-se os responsáveis por excessos. paz em nós, entre nós, entre nações, entre povos.
e) concluírem-se as investigações sobre a greve. Um dos primeiros passos nesse sentido refere-se à ges-
LÍNGUA PORTUGUESA

tão de conflitos. Ou seja, prevenir os conflitos potencial-


Resposta: Letra D. Em “a”: manter-se o direito de livre mente violentos e reconstruir a paz e a confiança en-
expressão do pensamento. = incorreto tre pessoas originárias de situação de guerra é um dos
Em “b”: garantir-se o direito de reunião e de greve. = exemplos mais comuns a serem considerados. Tal missão
incorreto estende-se às escolas, instituições públicas e outros lo-
Em “c”: lastrear leis e regras na Constituição. = incor- cais de trabalho por todo o mundo, bem como aos par-
reto lamentos e centros de comunicação e associações.

6
Outro passo é tentar erradicar a pobreza e reduzir as de- d) preservar uma tradição familiar.
sigualdades, lutando para atingir um desenvolvimento e) esquivar-se da sujeira da água.
sustentado e o respeito pelos direitos humanos, refor-
çando as instituições democráticas, promovendo a liber- Resposta: Letra E. Em “a”: demonstrar respeito às re-
dade de expressão, preservando a diversidade cultural e ligiões. = incorreto
o ambiente. Em “b”: realizar um ritual místico. = incorreto
É, então, no entrelaçamento “paz — desenvolvimento — Em “c”: divertir-se com os amigos. = incorreto
direitos humanos — democracia” que podemos vislum- Em “d”: preservar uma tradição familiar. = incorreto
brar a educação para a paz. Em “e”: esquivar-se da sujeira da água.
Leila Dupret. Cultura de paz e ações sócio-educativas: O personagem pula a onda para que não seja atingido
desafios para a escola contemporânea. In: Psicol. Esc. pelo lixo que se encontra no mar.
Educ. (Impr.) v. 6, n.º 1. Campinas, jun./2002 (com adap-
tações). 11. (PM-SP - SARGENTO DA POLÍCIA MILITAR – VU-
NESP-2015) Leia a tira.
De acordo com o texto CG1A1AAA, os elementos “gestão
de conflitos” e “erradicar a pobreza” devem ser concebi-
dos como

a) obstáculos para a construção da cultura da paz.


b) dispensáveis para a construção da cultura da paz.
c) irrelevantes na construção da cultura da paz.
d) etapas para a construção da cultura da paz.
e) consequências da construção da cultura da paz.

Resposta: Letra D. Em “a”: obstáculos para a constru- (Folha de S.Paulo, 02.10.2015. Adaptado)
ção da cultura da paz. = incorreto Com sua fala, a personagem revela que
Em “b”: dispensáveis para a construção da cultura da
paz. = incorreto a) a violência era comum no passado.
Em “c”: irrelevantes na construção da cultura da paz. b) as pessoas lutam contra a violência.
= incorreto c) a violência está banalizada.
Em “d”: etapas para a construção da cultura da paz. d) o preço que pagou pela violência foi alto.
Em “e”: consequências da construção da cultura da paz.
= incorreto Resposta: Letra C. Em “a”: a violência era comum no
Ao texto: Um dos primeiros passos nesse sentido refe- passado. = incorreto
re-se à gestão de conflitos. (...) Outro passo é tentar er- Em “b”: as pessoas lutam contra a violência. = incor-
radicar a pobreza e reduzir as desigualdades = etapas reto
para construção da paz. Em “c”: a violência está banalizada.
Em “d”: o preço que pagou pela violência foi alto. =
10. (PC-SP - PAPILOSCOPISTA POLICIAL – VU- incorreto
NESP-2013) Leia o cartum de Jean Galvão Infelizmente, a personagem revela que a violência está
banalizada, nem há mais “punições” para os agressi-
vos.

12. (PM-SP - ASPIRANTE DA POLÍCIA MILITAR [INTE-


RIOR] – VUNESP-2017) Leia a charge.
LÍNGUA PORTUGUESA

(https://www.facebook.com/jeangalvao.cartunista)
Considerando a relação entre a fala do personagem e a (Pancho. www.gazetadopovo.com.br)
imagem visual, pode-se concluir que o que o leva a pular
a onda é a necessidade de É correto associar o humor da charge ao fato de que

a) demonstrar respeito às religiões. a) os personagens têm uma autoestima elevada e são


b) realizar um ritual místico. otimistas, mesmo vivendo em uma situação de com-
c) divertir-se com os amigos. pleto confinamento.

7
b) os dois personagens estão muito bem informados so- Em “b”: as figurinhas da Copa se somaram ao celular e
bre a economia, o que não condiz com a imagem de à carteira como alvo de desejo dos assaltantes;
criminosos. Em “c”: o alerta dado no título se dirige aos jornaleiros
c) o valor dos cosméticos afetará diretamente a vida dos que vendem as figurinhas da Copa; = incorreto
personagens, pois eles demonstram preocupação Em “d”: os ladrões passaram a roubar as figurinhas da
com a aparência. Copa nas bancas de jornais; = incorreto
d) o aumento dos preços de cosméticos não surpreende Em “e”: as figurinhas da Copa se transformaram no
os personagens, que estão acostumados a pagar caro alvo principal dos ladrões. = incorreto
por eles nos presídios. O título do texto já nos dá a resposta: além do celular
e) os preços de cosméticos não deveriam ser relevantes e da carteira, ou seja, as figurinhas da Copa também
para os personagens, dada a condição em que se en- passaram a ser alvo dos assaltantes.
contram.
14. (TJ-AL – ANALISTA JUDICIÁRIO – OFICIAL DE JUS-
Resposta: Letra E. Em “a”: os personagens têm uma TIÇA AVALIADOR – FGV-2018)
autoestima elevada e são otimistas, mesmo vivendo
em uma situação de completo confinamento. = incor-
reto
Em “b”: os dois personagens estão muito bem infor-
mados sobre a economia, o que não condiz com a
imagem de criminosos. = incorreto
Em “c”: o valor dos cosméticos afetará diretamente a
vida dos personagens, pois eles demonstram preocu-
pação com a aparência. = incorreto
Em “d”: o aumento dos preços de cosméticos não sur-
preende os personagens, que estão acostumados a
pagar caro por eles nos presídios. = incorreto
Em “e”: os preços de cosméticos não deveriam ser
relevantes para os personagens, dada a condição em
que se encontram.
Pela condição em que as personagens se encontram, o
aumento no preço dos cosméticos não os afeta.

13. (TJ-AL – ANALISTA JUDICIÁRIO – OFICIAL DE JUS-


TIÇA AVALIADOR – FGV-2018)

Texto 1 – Além do celular e da carteira, cuidado com


O humor da tira é conseguido através de uma quebra de
as figurinhas da Copa
Gilberto Porcidônio – O Globo, 12/04/2018 expectativa, que é:

A febre do troca-troca de figurinhas pode estar atingindo a) o fato de um adulto colecionar figurinhas;
uma temperatura muito alta. Preocupados que os mais b) as figurinhas serem de temas sociais e não esportivos;
afoitos pelos cromos possam até roubá-los, muitos jor- c) a falta de muitas figurinhas no álbum;
naleiros estão levando seus estoques para casa quando d) a reclamação ser apresentada pelo pai e não pelo filho;
termina o expediente. Pode parecer piada, mas há até e) uma criança ajudar a um adulto e não o contrário.
boatos sobre quadrilhas de roubo de figurinha espalha-
dos por mensagens de celular. Resposta: Letra B. Em “a”: o fato de um adulto cole-
Sobre a estrutura do título dado ao texto 1, a afirmativa cionar figurinhas; = incorreto
adequada é: Em “b”: as figurinhas serem de temas sociais e não
esportivos;
a) as figurinhas da Copa passaram a ocupar o lugar do Em “c”: a falta de muitas figurinhas no álbum; = incor-
celular e da carteira nos roubos urbanos; reto
b) as figurinhas da Copa se somaram ao celular e à cartei- Em “d”: a reclamação ser apresentada pelo pai e não
ra como alvo de desejo dos assaltantes; pelo filho; = incorreto
c) o alerta dado no título se dirige aos jornaleiros que Em “e”: uma criança ajudar a um adulto e não o con-
vendem as figurinhas da Copa; trário. = incorreto
d) os ladrões passaram a roubar as figurinhas da Copa O humor está no fato de o álbum ser sobre um tema
LÍNGUA PORTUGUESA

nas bancas de jornais; incomum: assuntos sociais.


e) as figurinhas da Copa se transformaram no alvo prin-
cipal dos ladrões.

Resposta: Letra B. Em “a”: as figurinhas da Copa


passaram a ocupar o lugar do celular e da carteira nos
roubos urbanos; = incorreto

8
15. (TJ-AL – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FGV-2018) Obser- 17. (TJ-PE – ANALISTA JUDICIÁRIO – FUNÇÃO ADMI-
ve a charge abaixo. NISTRATIVA – IBFC-2017)

Texto II

A observação dos elementos não verbais do texto é res-


ponsável pelo entendimento do humor sugerido. Nesse
sentido, a evolução do homem e do computador, através
No caso da charge, a crítica feita à internet é: de tais elementos, deve ser entendida como:

a) a criação de uma dependência tecnológica excessiva; a) complementar.


b) a falta de exercícios físicos nas crianças; b) semelhante.
c) o risco de contatos perigosos; c) conflitante.
d) o abandono dos estudos regulares; d) antitética.
e) a falta de contato entre membros da família. e) idealizada.

16. (TJ-SC – ANALISTA ADMINISTRATIVO – FGV- Resposta: Letra D. As imagens mostram um con-
2018) Observe a charge a seguir: traste entre o desenvolvimento do computador e do
homem; enquanto aquele vai se tornando mais “fino,
elegante”, este fica sedentário, engorda. A palavra
“antitética” significa “oposta, oposição”.

18. (TRF-2.ª REGIÃO – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA


ADMINISTRATIVA – CONSULPLAN-2017)

A charge acima é uma homenagem a Stephen Hawking,


destacando o fato de o cientista:

a) ter alcançado o céu após sua morte;


b) mostrar determinação no combate à doença; A produção da obra acima, Os Retirantes (1944), foi rea-
c) ser comparado a cientistas famosos; lizada seis anos depois da publicação do romance Vidas
d) ser reconhecido como uma mente brilhante; Secas. Nessa obra, ao abordar a miséria e a seca clara-
e) localizar seus interesses nos estudos de Física. mente vistas através da representação de uma família de
retirantes, Cândido Portinari
Resposta: Letra D. Em “a”: ter alcançado o céu após
sua morte; = incorreto a) apresenta uma temática, assim como a descrição dos
Em “b”: mostrar determinação no combate à doença; personagens e do ambiente, de forma sutil e dinâmica.
= incorreto b) permite visualizar a degradação da figura humana e
Em “c”: ser comparado a cientistas famosos; = incor- o retrato da figura da morte afugentada pelos perso-
LÍNGUA PORTUGUESA

reto nagens.
Em “d”: ser reconhecido como uma mente brilhante; c) apresenta elementos físicos presentes no cotidiano
Em “e”: localizar seus interesses nos estudos de Física. dos retirantes vítimas da seca e aspectos relacionados
= incorreto à desigualdade social.
Usemos a fala de Einstein: “a mente brilhante que es- d) utiliza a linguagem não verbal com o objetivo de cons-
távamos esperando”. truir uma imagem cuja ênfase mística se opõe aos fa-
tos da realidade observável.

9
Resposta: Letra C. Em “a”: apresenta uma temática, O discurso em si é uma construção linguística atre-
assim como a descrição dos personagens e do am- lada ao contexto social no qual o texto é desenvolvido.
biente, de forma sutil e dinâmica. Ou seja, as ideologias presentes em um discurso são
Em “b”: permite visualizar a degradação da figura hu- diretamente determinadas pelo contexto político-social
mana e o retrato da figura da morte afugentada pelos em que vive o seu autor. Mais que uma análise textual, a
personagens. análise do Discurso é uma análise contextual da estrutura
Em “c”: apresenta elementos físicos presentes no co- discursiva em questão.
tidiano dos retirantes vítimas da seca e aspectos rela- Michel Foucault descreveu a Ordem do Discurso
cionados à desigualdade social. como uma construção de características sociais. A so-
Em “d”: utiliza a linguagem não verbal com o objetivo ciedade que promove o contexto do discurso analisado
de construir uma imagem cuja ênfase mística se opõe é a base de toda a estrutura do texto, atrelando, deste
aos fatos da realidade observável. modo, todo e qualquer elemento que possa fazer parte
A obra retrata, de forma nada sutil, os elementos físi- do sentido do discurso. O texto só pode assim ser cha-
cos de uma família vítima da seca. mado se o seu receptor for capaz de compreender o seu
sentido, e isto cabe ao autor do texto e à atenção que o
mesmo der ao contexto da construção de seu discurso. É
Linguagem Verbal e Não Verbal a relação básica para a existência da comunicação verbal:
emissão – recepção – compreensão.
O que é linguagem? É o uso da língua como forma de As práticas discursivas geram também outros âmbitos
expressão e comunicação entre as pessoas. A linguagem de análise do discurso, como o Universo de Concorrên-
não é somente um conjunto de palavras faladas ou es- cias, que consiste na competição entre vários emissores
critas, mas também de gestos e imagens. Afinal, não nos para atingir um mesmo público-alvo. A partir disto, os
comunicamos apenas pela fala ou escrita, não é verdade? emissores precisam inteirar-se do contexto da vida do
Então, a linguagem pode ser verbalizada, e daí vem
seu receptor, para que deste modo possam interpelá-lo
a analogia ao verbo. Você já tentou se pronunciar sem
segundo sua própria ideologia, fazendo com que sua
utilizar o verbo? Se não, tente, e verá que é impossível se
mensagem seja recebida e assimilada pelo receptor sem
ter algo fundamentado e coerente! Assim, a linguagem
verbal é a que utiliza palavras quando se fala ou quando que o mesmo perceba que está sendo alvo de uma ten-
se escreve. tativa de convencimento, por assim dizer.
A linguagem pode ser não verbal, ao contrário da ver- Dentro da análise do Discurso há também o discurso
bal, não utiliza vocábulo, palavras para se comunicar. O estético, feito por meio de imagens, e que interpelam o
objetivo, neste caso, não é de expor verbalmente o que indivíduo através de sua sensibilidade, que está ligada ao
se quer dizer ou o que se está pensando, mas se utilizar seu contexto também. A sensibilidade de um indivíduo
de outros meios comunicativos, como: placas, figuras, se define a partir do que, ao longo de sua vida, torna-se
gestos, objetos, cores, ou seja, dos signos visuais. importante e desperta-lhe sentimentos. Com isto, pode-
Vejamos: um texto narrativo, uma carta, o diálogo, mos analisar as artes produzidas em diferentes épocas
uma entrevista, uma reportagem no jornal escrito ou tele- da história em todo o mundo e perceber as diferentes
visionado, um bilhete? = Linguagem verbal! formas de interpelação e contextualidade presentes nas
Agora: o semáforo, o apito do juiz numa partida de mesmas. O discurso estético tem a mesma capacidade
futebol, o cartão vermelho, o cartão amarelo, uma dança, ideológica que o discurso verbal, com a vantagem de
o aviso de “não fume” ou de “silêncio”, o bocejo, a identi- atingir o indivíduo esteticamente, o que pode render
ficação de “feminino” e “masculino” através de figuras na muito mais rapidamente o sucesso do discurso aplicado.
porta do banheiro, as placas de trânsito? = Linguagem A partir na análise de todos os aspectos do discurso
não verbal! chega-se ao mais importante: o sentido. O sentido do
discurso não é fixo, por vários motivos: pelo contexto,
A linguagem pode ser ainda verbal e não verbal ao pela estética, pela ordem do discurso, pela sua forma de
mesmo tempo, como nos casos das charges, cartoons e construção. O sentido do discurso encontra-se sempre
anúncios publicitários. em aberto para a possibilidade de interpretação do seu
Alguns exemplos: receptor. O efeito do discurso é, claramente, transmitir
Cartão vermelho – denúncia de falta grave no futebol. uma mensagem e alcançar um objetivo premeditado
Placas de trânsito. através da interpretação e interpelação do indivíduo alvo.
Imagem indicativa de “silêncio”.
Semáforo com sinal amarelo advertindo “atenção”.
1. Tipos de Discurso: direto, indireto e indireto li-
vre
SITE
Disponível em: <http://www.brasilescola.com/reda-
cao/linguagem.htm> 1.1. Vozes do Discurso
LÍNGUA PORTUGUESA

Análise e Tipo de Discurso Ao lermos um texto, observamos que há um narrador


- que é quem conta o fato. Esse locutor ou narrador pode
A Análise do Discurso é uma prática da linguística no introduzir outras vozes no texto para auxiliar a narrativa.
campo da Comunicação, e consiste em analisar a estru- Para fazer a introdução dessas outras vozes no texto, a
tura de um texto e, a partir disto, compreender as cons- voz principal ou privilegiada - o narrador - usa o que cha-
truções ideológicas presentes no mesmo. mamos de discurso. O que vem a ser discurso dentro do

10
texto? É a forma como as falas são inseridas na narrativa. espontânea e criativa, a língua popular afigura-se mais
Ele pode ser classificado em: direto, indireto e indireto expressiva e dinâmica. Temos, assim, à guisa de exem-
livre. plificação:
Estou preocupado. (norma culta)
A) Discurso direto: reproduz fiel e literalmente algo Tô preocupado. (língua popular)
dito por alguém. Um bom exemplo de discurso direto Tô grilado. (gíria, limite da língua popular)
são as citações ou transcrições exatas da declaração de
alguém. Não basta conhecer apenas uma modalidade de
 Primeira pessoa (eu, nós) – é o narrador quem fala, língua; urge conhecer a língua popular, captando-lhe a
usando aspas ou travessões para demarcar que espontaneidade, expressividade e enorme criatividade,
está reproduzindo a fala de outra pessoa: “Não para viver; urge conhecer a língua culta para conviver.
gosto disso” – disse a menina em tom zangado. Podemos, agora, definir gramática: é o estudo das
normas da língua culta.
B) Discurso indireto: o narrador, usando suas pró-
prias palavras, conta o que foi dito por outra pessoa. Te- 1.4. O conceito de erro em língua
mos então uma mistura de vozes, pois as falas dos per-
sonagens passam pela elaboração da fala do narrador. Em rigor, ninguém comete erro em língua, exceto nos
casos de ortografia. O que normalmente se comete são
 Terceira pessoa - ele(s), ela(s) – O narrador só usa transgressões da norma culta. De fato, aquele que, num
sua própria voz, o que foi dito pela personagem momento íntimo do discurso, diz: “Ninguém deixou ele
passa pela elaboração do narrador. Não há uma falar”, não comete propriamente erro; na verdade, trans-
pontuação específica que marque o discurso in- gride a norma culta.
direto: A menina disse em tom zangado, que não Um repórter, ao cometer uma transgressão em sua
gostava daquilo. fala, transgride tanto quanto um indivíduo que compare-
ce a um banquete trajando xortes ou quanto um banhis-
C) Discurso indireto livre: É um discurso no qual há ta, numa praia, vestido de fraque e cartola.
uma maior liberdade, o narrador insere a fala do perso- Releva considerar, assim, o momento do discurso, que
nagem de forma sutil, sem fazer uso das marcas do dis-
pode ser íntimo, neutro ou solene. O momento íntimo é
curso direto. É necessário que se tenha atenção para não
o das liberdades da fala. No recesso do lar, na fala entre
confundir a fala do narrador com a fala do personagem,
amigos, parentes, namorados, etc., portanto, são consi-
pois esta surge de repente em meio à fala do narrador: A
deradas perfeitamente normais construções do tipo:
menina perambulava pela sala irritada e zangada. Eu não
Eu não vi ela hoje.
gosto disso! E parecia que ninguém a ouvia.
Ninguém deixou ele falar.
Deixe eu ver isso!
1.2. Níveis de Linguagem
Eu te amo, sim, mas não abuse!
A língua é um código de que se serve o homem para Não assisti o filme nem vou assisti-lo.
elaborar mensagens, para se comunicar. Existem basica- Sou teu pai, por isso vou perdoá-lo.
mente duas modalidades de língua, ou seja, duas línguas Nesse momento, a informalidade prevalece sobre a
funcionais: norma culta, deixando mais livres os interlocutores.
A) a língua funcional de modalidade culta, língua O momento neutro é o do uso da língua-padrão, que
culta ou língua-padrão, que compreende a lín- é a língua da Nação. Como forma de respeito, tomam-se
gua literária, tem por base a norma culta, forma por base aqui as normas estabelecidas na gramática, ou
linguística utilizada pelo segmento mais culto e seja, a norma culta. Assim, aquelas mesmas construções
influente de uma sociedade. Constitui, em suma, se alteram:
a língua utilizada pelos veículos de comunicação Eu não a vi hoje.
de massa (emissoras de rádio e televisão, jornais, Ninguém o deixou falar.
revistas, painéis, anúncios, etc.), cuja função é a de Deixe-me ver isso!
serem aliados da escola, prestando serviço à socie- Eu te amo, sim, mas não abuses!
dade, colaborando na educação; Não assisti ao filme nem vou assistir a ele.
B) a língua funcional de modalidade popular; lín- Sou seu pai, por isso vou perdoar-lhe.
gua popular ou língua cotidiana, que apresenta Considera-se momento neutro o utilizado nos veí-
gradações as mais diversas, tem o seu limite na gí- culos de comunicação de massa (rádio, televisão, jornal,
ria e no calão. revista, etc.). Daí o fato de não se admitirem deslizes ou
transgressões da norma culta na pena ou na boca de
LÍNGUA PORTUGUESA

1.3. Norma culta jornalistas, quando no exercício do trabalho, que deve


refletir serviço à causa do ensino.
A norma culta, forma linguística que todo povo ci- O momento solene, acessível a poucos, é o da arte
vilizado possui, é a que assegura a unidade da língua poética, caracterizado por construções de rara beleza.
nacional. E justamente em nome dessa unidade, tão im- Vale lembrar, finalmente, que a língua é um costume.
portante do ponto de vista político--cultural, que é ensi- Como tal, qualquer transgressão, ou chamado erro, deixa
nada nas escolas e difundida nas gramáticas. Sendo mais de sê-lo no exato instante em que a maioria absoluta

11
o comete, passando, assim, a constituir fato linguístico po. Nenhuma reflexão, nenhuma análise mais detida será
registro de linguagem definitivamente consagrado pelo possível sem a língua escrita, cujas transformações, por
uso, ainda que não tenha amparo gramatical. Exemplos: isso mesmo, processam-se lentamente e em número
Olha eu aqui! (Substituiu: Olha-me aqui!) consideravelmente menor, quando cotejada com a mo-
Vamos nos reunir. (Substituiu: Vamo-nos reunir) dalidade falada.
Não vamos nos dispersar. (Substituiu: Não nos vamos Importante é fazer o educando perceber que o nível
dispersar e Não vamos dispersar-nos) da linguagem, a norma linguística, deve variar de acordo
Tenho que sair daqui depressinha. (Substituiu: Tenho com a situação em que se desenvolve o discurso.
de sair daqui bem depressa) O ambiente sociocultural determina o nível da lingua-
O soldado está a postos. (Substituiu: O soldado está no gem a ser empregado. O vocabulário, a sintaxe, a pro-
seu posto) núncia e até a entoação variam segundo esse nível. Um
padre não fala com uma criança como se estivesse em
As formas impeço, despeço e desimpeço, dos verbos uma missa, assim como uma criança não fala como um
impedir, despedir e desimpedir, respectivamente, são adulto. Um engenheiro não usará um mesmo discurso,
exemplos também de transgressões ou “erros” que se ou um mesmo nível de fala, para colegas e para pedrei-
tornaram fatos linguísticos, já que só correm hoje por- ros, assim como nenhum professor utiliza o mesmo nível
que a maioria viu tais verbos como derivados de pedir, de fala no recesso do lar e na sala de aula.
que tem início, na sua conjugação, com peço. Tanto bas- Existem, portanto, vários níveis de linguagem e, entre
tou para se arcaizarem as formas então legítimas impido, esses níveis, destacam-se em importância o culto e o co-
despido e desimpido, que hoje nenhuma pessoa bem-es- tidiano, a que já fizemos referência.
colarizada tem coragem de usar.
Em vista do exposto, será útil eliminar do vocabulário Intertextualidade
escolar palavras como corrigir e correto, quando nos refe-
rimos a frases. “Corrija estas frases” é uma expressão que Imagine a situação: você passa uma tarde lendo o
deve dar lugar a esta, por exemplo: “Converta estas frases romance Crime e Castigo do escritor russo Fiodor Dos-
da língua popular para a língua culta”. toievski. Tal romance trata da história de um assassinato e
Uma frase correta não é aquela que se contrapõe a do sentimento de culpa gerado por esse ato. Você fecha
uma frase “errada”; é, na verdade, uma frase elaborada o livro e liga a televisão. O telejornal está transmitindo a
conforme as normas gramaticais; em suma, conforme a notícia de um crime. Então você lembra o que leu e as-
norma culta. siste ao noticiário influenciado pelo romance russo. Tenta
verificar, no agressor da vida real, características descritas
1.5. Língua escrita e língua falada - Nível de lin- nas páginas ficcionais. Isso nada mais é do que um modo
guagem de leitura muito comum chamado intertextualidade, a
fusão e interferência de um texto lido sobre o outro.
A língua escrita, estática, mais elaborada e menos Somos seres dotados de memória. Mas a memória
econômica, não dispõe dos recursos próprios da língua humana é menos imparcial do que a dos computadores.
falada. Quando pensamos estar criando algo, muitas vezes não
A acentuação (relevo de sílaba ou sílabas), a entoação passa de uma lembrança de algo visto em tempo remo-
(melodia da frase), as pausas (intervalos significativos no to, atravessada por outras lembranças. No século XIX,
decorrer do discurso), além da possibilidade de gestos, período marcado pela estética romântica, encarava-se o
olhares, piscadas, etc., fazem da língua falada a moda- artista enquanto um gênio criador, que criava suas obras
lidade mais expressiva, mais criativa, mais espontânea e a partir do zero. Entretanto, no século XX, percebeu-se
natural, estando, por isso mesmo, mais sujeita a transfor- que não existe criação pura, qualquer artista ou pessoa
mações e a evoluções. cria influenciado pelo que já leu, viu e ouviu ao longo da
Nenhuma, porém, sobrepõe-se a outra em impor- vida. Somos uma colcha de retalhos, ou seja, somos seres
tância. Nas escolas, principalmente, costuma se ensinar marcados pela intertextualidade por excelência.
a língua falada com base na língua escrita, considerada
superior. Decorrem daí as correções, as retificações, as 1 – Conceito de intertextualidade
emendas, a que os professores sempre estão atentos.
Ao professor cabe ensinar as duas modalidades, mos- Intertextualidade é o diálogo estabelecido entre
trando as características e as vantagens de uma e outra, textos, através das referências presentes um no outro.
sem deixar transparecer nenhum caráter de superiorida- Segundo a linguista Julia Kristeva, “qualquer texto se
de ou inferioridade, que em verdade inexiste. constrói como um mosaico de citações e é a absorção
Isso não implica dizer que se deve admitir tudo na e transformação de um outro texto.” Isso não quer dizer
língua falada. A nenhum povo interessa a multiplicação que intertextualidade seja um fenômeno que se apresen-
LÍNGUA PORTUGUESA

de línguas. A nenhuma nação convém o surgimento de te quando o autor cita diretamente outros autores. Pelo
dialetos, consequência natural do enorme distanciamen- contrário, esse diálogo textual se dá de modo implícito,
to entre uma modalidade e outra. quando as ideias apresentadas numa página sofreram in-
A língua escrita é, foi e sempre será mais bem-ela- fluências de outros autores e pensamentos.
borada que a língua falada, porque é a modalidade que Isso nos faz concluir que não existe texto neutro, nem
mantém a unidade linguística de um povo, além de ser texto puro. Se toda escrita é um mosaico de citações é
a que faz o pensamento atravessar o espaço e o tem- porque escrevemos o que quer que seja auxiliados pela

12
memória, que é uma faculdade humana e influenciável Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu co-
por tudo o que guarda. Quando acreditamos estarmos ração. 
criando algo original, fatalmente nos esbarramos nas Porém meus olhos 
lembranças das coisas que lemos e ouvimos. Nesse sen- não perguntam nada.
tido, não existe originalidade absoluta, mas modos ori- O homem atrás do bigode 
ginais de reorganizar essa colcha de retalhos chamada é sério, simples e forte. 
memória. Quase não conversa. 
Assim sendo, quando lemos um texto, quantas vozes Tem poucos, raros amigos 
estão presentes dentro dele? Somente a daquele que es- o homem atrás dos óculos e do -bigode,
creve ou também de alguns autores que o influenciaram Meu Deus, por que me abandonaste 
até o momento da escrita? O linguista Mikhail Bakthin se sabias que eu não era Deus 
usava os conceitos de dialogismo e polifonia (várias vo- se sabias que eu era fraco.
zes) para tratar dessa questão. Segundo o pensador rus- Mundo mundo vasto mundo, 
so, um texto sempre lembra outros textos, pois escrever se eu me chamasse Raimundo 
é dialogar com o mundo. Para que se entenda melhor tal seria uma rima, não seria uma solução. 
questão, atente à música do compositor Chico Buarque Mundo mundo vasto mundo, 
“Até o fim”: mais vasto é meu coração.
Quando nasci veio um anjo safado Eu não devia te dizer 
O chato do querubim mas essa lua 
E decretou que eu estava predestinado mas esse conhaque 
A ser errado assim botam a gente comovido como o diabo. 
Já de saída a minha estrada entortou  
Mas vou até o fim Lendo agora o poema de Drummond percebemos
“inda” garoto deixei de ir à escola sua influência sobre a música de Chico Buarque, agora,
Cassaram meu boletim claro exemplo de intertextualidade. O anjo torno do poe-
Não sou ladrão , eu não sou bom de bola ma mineiro é transformado em anjo safado e a referência
Nem posso ouvir clarim é clara ao texto poético. Uma forma de intertextualidade
Um bom futuro é o que jamais me esperou bastante usada pelos poetas é a paródia, quando se faz
Mas vou até o fim uma explícita menção a um poema conhecido, inverten-
Eu bem que tenho ensaiado um progresso do ou humorizando sua mensagem. Veja os exemplos
Virei cantor de festim abaixo:
Mamãe contou que eu faço um bruto sucesso
Em quixeramobim Canção do exílio – Gonçalves Dias
Não sei como o maracatu começou Minha terra tem palmeiras, 
Mas vou até o fim Onde canta o Sabiá; 
Por conta de umas questões paralelas As aves, que aqui gorjeiam, 
Quebraram meu bandolim Não gorjeiam como lá.
Não querem mais ouvir as minhas mazelas Nosso céu tem mais estrelas, 
E a minha voz chinfrim Nossas várzeas têm mais flores, 
Criei barriga, a minha mula empacou Nossos bosques têm mais vida, 
Mas vou até o fim Nossa vida mais amores.
Não tem cigarro acabou minha renda Em  cismar, sozinho, à noite, 
Deu praga no meu capim Mais prazer eu encontro lá; 
Minha mulher fugiu com o dono da venda Minha terra tem palmeiras, 
O que será de mim ? Onde canta o Sabiá.
Minha terra tem primores, 
Aqueles que não têm costume de ler poesia podem Que tais não encontro eu cá; 
gostar dessa letra de Chico Buarque e classificarem-na Em cismar, sozinho, à noite,
como original, devido ao tema do “anjo safado”. Entre- Mais prazer eu encontro lá; 
tanto, quando Chico escreve esse texto dialoga direta- Minha terra tem palmeiras, 
mente com o poeta mineiro Carlos Drummond de An- Onde canta o Sabiá.
drade, autor do “Poema de Sete Faces”: Não permita Deus que eu morra, 
Quando nasci, um anjo torto  Sem que eu volte para lá; 
desses que vivem na sombra  Sem que disfrute os primores 
LÍNGUA PORTUGUESA

disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida. Que não encontro por cá; 
As casas espiam os homens  Sem qu’inda aviste as palmeiras, 
que correm atrás de mulheres.  Onde canta o Sabiá.  
A tarde talvez fosse azul,   
não houvesse tantos desejos.
O bonde passa cheio de pernas: 
pernas brancas pretas amarelas. 

13
De Primeiros cantos (1847)

Esse é um clássico da poesia romântica, de um perío-


do em que se tentou desenhar a identidade do Brasil a
partir da apresentação de uma natureza paradisíaca. Mais
tarde, vários poetas vão criticar essa postura artificial do
romantismo usando Canção do Exílio como alvo, recrian-
do-o sob um viés mais crítico e humorístico. É o caso de
Canto de regresso à Pátria, de Oswald de Andrade:

CANTO DE REGRESSO À PÁTRIA

Minha terra tem palmares


onde gorjeia o mar
Os passarinhos daqui
Não cantam como os de lá
Quem nunca ouviu falar da Monalisa, iniciada em
Minha terra tem mais rosas 1503 por Leonardo Da Vinci, e considerada uma das
E quase que mais amores obras mais famosas do mundo? Durante séculos vista
Minha terra tem mais ouro como símbolo de perfeição, tal obra foi relida em 1919
Minha terra tem mais terra pelo artista dadaísta Marcel Duchamp e tomou essa fei-
ção:
Ouro terra amor e rosas
Eu quero tudo de lá
Não permita Deus que eu morra
Sem que volte para lá

Não permita Deus que eu morra


Sem que volte pra São Paulo
Sem que veja a Rua 15
E o progresso de São Paulo

A intertextualidade tecida por Oswald de Andrade se


quer crítica, substituindo as “palmeiras” naturais pelos
“palmares” escravocratas. Esse método é comum no sé-
culo XX, século de releitura da tradição. Um outro modo
de intertextualidade é a paráfrase (do grego, reprodução
de uma sentença), em que se resgata um texto original,
modificando-o, sem alterar sua mensagem. Veja o exem-
plo:
“Meus olhos brasileiros se fecham saudosos
Minha boca procura a ‘Canção do Exílio’. Um simples bigode numa musa como Gioconda é
Como era mesmo a ‘Canção do Exílio’? bem mais que uma paródia, é também intertextualida-
Eu tão esquecido de minha terra... de crítica. Ao mesmo tempo que Duchamp dialoga com
Ai terra que tem palmeiras Da Vinci, resgatando sua obra máxima, o francês dialo-
Onde canta o sabiá!” ga também com artistas e pensadores do século XX, os
(Carlos Drummond de Andrade, “Europa, França e quais estão criticando a noção do pintor enquanto gênio
Bahia”) criador.
Há outras formas de intertextualidade. Vejamos:
Notamos acima a intertextualidade oferecida por
Drummond, que dialoga com o poema de Gonçalves - Epígrafe: originalmente “o que está na posição su-
Dias mas, ao contrário de Oswald de Andrade, não des- perior”, a epígrafe é utilizada no início de textos, quando
via o sentido do texto original, antes reforça sua primeira o autor resgata uma citação de outro pensador e a colo-
mensagem. ca como indicação do que será analisado nas linhas que
Nas artes visuais a intertextualidade também é co- seguem.
LÍNGUA PORTUGUESA

nhecida. Vejamos: Exemplo:


Uma análise dos aspectos sociolinguísticos dos falan-
tes do sul do Brasil
Maria Silva
“O importante não é aquilo que fazem de nós, mas o
que nós mesmos fazemos com aquilo que fazem de nós”
- Jean-Paul Sartre

14
A epígrafe apresentada acima já adianta ao leitor o aquela capaz de depreender tanto um tipo de significado
tom que será usado na análise posterior. quanto o outro, o que, em outras palavras, significa ler
- Citação: essa palavra, oriunda do latim, significa nas entrelinhas. Sem essa habilidade, o leitor passará por
convocação. Utilizada principalmente em textos cientí- cima de significados importantes ou, o que é bem pior,
ficos e acadêmicos, consiste no resgate da fala de uma concordará com ideias e pontos de vista que rejeitaria se
autoridade do assunto em questão para reforçar os ar- os percebesse.
gumentos apresentados no texto. Os significados implícitos costumam ser classificados
Exemplo: em duas categorias: os pressupostos e os subentendidos.
Diz-se que a racionalidade é o que separa o homem Pressupostos: são ideias implícitas que estão implica-
do seu outro, animal. Como diria Jean-Paul Sartre: “No das logicamente no sentido de certas palavras ou expres-
ponto de partida não pode haver outra verdade além sões explicitadas na superfície da frase. Exemplo:
desta: «penso, logo existo», esta é a verdade absoluta da
consciência alcançando-se a si mesma.” “André tornou-se um antitabagista convicto.”
A informação explícita é que hoje André é um anti-
- Alusão: do latim alludere (para brincar), usado tabagista convicto. Do sentido do verbo tornar-se, que
quando se faz uma menção direta a algum fato explicita- significa “vir a ser”, decorre logicamente que antes An-
do em outro texto. dré não era antitabagista convicto. Essa informação está
Exemplo: E ela ainda diz que não se trata de uma pressuposta. Ninguém se torna algo que já era antes. Se-
Amélia. ria muito estranho dizer que a palmeira tornou-se um
Na frase acima, faz-se uma alusão à música de Mário vegetal.
Lago, “Amélia”, em que se apresenta a imagem de uma
mulher submissa e do lar. “Eu ainda não conheço a Europa.”
Podemos perceber, portanto, que a intertextualidade A informação explícita é que o enunciador não tem
faz parte da própria cultura diária. A todo momento so- conhecimento do continente europeu. O advérbio ainda
mos influenciados pelo que lemos e vemos e o reprodu- deixa pressuposta a possibilidade de ele um dia conhe-
zimos de forma criativa. Como diria Julia Kristeva, todos cê-la.
somos um “mosaico de citações”. As informações explícitas podem ser questionadas
pelo receptor, que pode ou não concordar com elas. Os
Pressupostos e subentendidos. pressupostos, porém, devem ser verdadeiros ou, pelo
menos, admitidos como tais, porque esta é uma condi-
Texto: ção para garantir a continuidade do diálogo e também
“Neto ainda está longe de se igualar a qualquer um para fornecer fundamento às afirmações explícitas. Isso
desses craques (Rivelino, Ademir da Guia, Pedro Rocha e significa que, se o pressuposto é falso, a informação ex-
Pelé), mas ainda tem um longo caminho a trilhar (...).” plícita não tem cabimento. Assim, por exemplo, se Ma-
Veja São Paulo, 26/12/1990, p. 15. ria não falta nunca a aula nenhuma, não tem o menor
sentido dizer “Até Maria compareceu à aula de hoje”. Até
Esse texto diz explicitamente que: estabelece o pressuposto da inclusão de um elemento
I – Rivelino, Ademir da Guia, Pedro Rocha e Pelé são inesperado.
craques; Na leitura, é muito importante detectar os pressupos-
II – Neto não tem o mesmo nível desses craques; tos, pois eles são um recurso argumentativo que visa a
III – Neto tem muito tempo de carreira pela frente. levar o receptor a aceitar a orientação argumentativa do
emissor. Ao introduzir uma ideia sob a forma de pressu-
O texto deixa implícito que: posto, o enunciador pretende transformar seu interlocu-
I – Existe a possibilidade de Neto um dia aproximar-se tor em cúmplice, pois a ideia implícita não é posta em dis-
dos craques citados; cussão, e todos os argumentos explícitos só contribuem
II – Esses craques são referência de alto nível em sua para confirmá-la. O pressuposto aprisiona o receptor no
especialidade esportiva; sistema de pensamento montado pelo enunciador.
III – Há uma oposição entre Neto e esses craques no A demonstração disso pode ser feita com as “verda-
que diz respeito ao tempo disponível para evoluir. des incontestáveis” que estão na base de muitos discur-
sos políticos, como o que segue:
Todos os textos transmitem explicitamente certas
informações, enquanto deixam outras implícitas. Por “Quando o curso do rio São Francisco for mudado, será
exemplo, o texto acima não explicita que existe a pos- resolvido o problema da seca no Nordeste.”
sibilidade de Neto se equiparar aos quatro futebolistas, O enunciador estabelece o pressuposto de que é cer-
LÍNGUA PORTUGUESA

mas a inclusão do advérbio ainda estabelece esse implí- ta a mudança do curso do São Francisco e, por conse-
cito. Não diz também com explicitude que há oposição quência, a solução do problema da seca no Nordeste. O
entre Neto e os outros jogadores, sob o ponto de vista diálogo não teria continuidade se um interlocutor não
de contar com tempo para evoluir. A escolha do conector admitisse ou colocasse sob suspeita essa certeza. Em ou-
“mas” entre a segunda e a primeira oração só é possível tros termos, haveria quebra da continuidade do diálogo
levando em conta esse dado implícito. Como se vê, há se alguém interviesse com uma pergunta deste tipo:
mais significados num texto do que aqueles que apa- “Mas quem disse que é certa a mudança do curso do
recem explícitos na sua superfície. Leitura proficiente é rio?”

15
A aceitação do pressuposto estabelecido pelo emis- II – Os brasileiros que não se importam com a coleti-
sor permite levar adiante o debate; sua negação compro- vidade só se preocupam com seu bem-estar e, por isso,
mete o diálogo, uma vez que destrói a base sobre a qual jogam lixo na rua, fecham os cruzamentos, etc.
se constrói a argumentação, e daí nenhum argumento Nesse caso, o pressuposto é outro: “alguns” brasilei-
tem mais importância ou razão de ser. Com pressupostos ros não se importam com a coletividade.
distintos, o diálogo não é possível ou não tem sentido. No primeiro caso, a oração é explicativa; no segundo,
A mesma pergunta, feita para pessoas diferentes, é restritiva. As explicativas pressupõem que o que elas
pode ser embaraçosa ou não, dependendo do que está expressam se refere à totalidade dos elementos de um
pressuposto em cada situação. Para alguém que não faz conjunto; as restritivas, que o que elas dizem concerne
segredo sobre a mudança de emprego, não causa o me- apenas a parte dos elementos de um conjunto. O produ-
nor embaraço uma pergunta como esta: tor do texto escreverá uma restritiva ou uma explicativa
segundo o pressuposto que quiser comunicar.
“Como vai você no seu novo emprego?” Subentendidos: são insinuações contidas em uma fra-
O efeito da mesma pergunta seria catastrófico se ela se ou um grupo de frases. Suponhamos que uma pessoa
se dirigisse a uma pessoa que conseguiu um segundo estivesse em visita à casa de outra num dia de frio glacial
emprego e quer manter sigilo até decidir se abandona e que uma janela, por onde entravam rajadas de vento,
o anterior. O adjetivo novo estabelece o pressuposto de estivesse aberta. Se o visitante dissesse “Que frio terrí-
que o interrogado tem um emprego diferente do ante- vel”, poderia estar insinuando que a janela deveria ser
rior. fechada.
Há uma diferença capital entre o pressuposto e o su-
Marcadores de Pressupostos bentendido. O primeiro é uma informação estabelecida
como indiscutível tanto para o emissor quanto para o
1. Adjetivos ou palavras similares modificadoras receptor, uma vez que decorre necessariamente do sen-
do substantivo tido de algum elemento linguístico colocado na frase. Ele
pode ser negado, mas o emissor coloca o implicitamente
Exemplo: para que não o seja. Já o subentendido é de responsa-
I – Julinha foi minha primeira filha; bilidade do receptor. O emissor pode esconder-se atrás
“Primeira” pressupõe que tenho outras filhas e que as do sentido literal das palavras e negar que tenha dito
outras nasceram depois de Julinha. o que o receptor depreendeu de suas palavras. Assim,
II – Destruíram a outra igreja do povoado. no exemplo dado acima, se o dono da casa disser que é
“Outra” pressupõe a existência de pelo menos uma muito pouco higiênico fechar todas as janelas, o visitante
igreja além da usada como referência. pode dizer que também acha e que apenas constatou a
intensidade do frio.
2. Certos verbos O subentendido serve, muitas vezes, para o emissor
I – Renato continua doente; se proteger, para transmitir a informação que deseja
O verbo “continua” indica que Renato já estava doen- dar a conhecer sem se comprometer. Imaginemos, por
exemplo, que um funcionário recém promovido numa
te no momento anterior ao presente.
empresa ouvisse de um colega o seguinte:
II – Nossos dicionários já aportuguesaram a palavra
“Competência e mérito continuam não valendo nada
copydesk;
como critério de promoção nesta empresa...”
O verbo “aportuguesar” estabelece o pressuposto de
que copidesque não existia em português.
Esse comentário talvez suscitasse esta suspeita:
“Você está querendo dizer que eu não merecia a pro-
3. Certos advérbios
moção?”
I – A produção automobilística brasileira está total-
mente nas mãos das multinacionais; Ora, o funcionário preterido, tendo recorrido a um su-
O advérbio totalmente pressupõe que não há no Bra- bentendido, poderia responder:
sil indústria automobilística nacional. “Absolutamente! Estou falando em termos gerais.”
II – Você conferiu o resultado da loteria?
Hoje não. ARGUMENTAÇÃO.
A negação precedida de um advérbio de tempo de
âmbito limitado estabelece o pressuposto de que apenas O ato de comunicação não visa apenas transmitir
nesse intervalo (hoje) é que o interrogado não praticou o uma informação a alguém. Quem se comunica pretende
ato de conferir o resultado da loteria. criar uma imagem positiva de si mesmo por exemplo, a
LÍNGUA PORTUGUESA

de um sujeito educado, ou inteligente, ou culto; quer ser


4. Orações adjetivas aceito, deseja que o que diz seja admitido como verda-
deiro. Em síntese, tem a intenção de convencer, ou seja,
I – Os brasileiros, que não se importam com a coleti- tem o desejo de que o ouvinte creia no que o texto diz e
vidade, só se preocupam com seu bem-estar e, por isso, faça o que ele propõe.
jogam lixo na rua, fecham os cruzamentos, etc. Se essa é a finalidade última de todo ato de comuni-
O pressuposto é que “todos” os brasileiros não se im- cação, todo texto contém um componente argumentati-
portam com a coletividade. vo. A argumentação é o conjunto de recursos de nature-

16
za linguística destinados a persuadir a pessoa a quem a real portuguesa ao Brasil, ele estará dizendonos que um
comunicação se destina. Está presente em todo tipo de banco com quase dois séculos de existência é sólido e,
texto e visa a promover adesão às teses e aos pontos de por isso, confiável. Embora não haja relação necessária
vista defendidos. entre a solidez de uma instituição bancária e sua anti-
As pessoas costumam pensar que o argumento seja guidade, esta tem peso argumentativo na afirmação da
apenas uma prova de verdade ou uma razão indiscutível confiabilidade de um banco. Portanto é provável que se
para comprovar a veracidade de um fato. O argumento é creia que um banco mais antigo seja mais confiável do
mais que isso: como se disse acima, é um recurso de lin- que outro fundado há dois ou três anos.
guagem utilizado para levar o interlocutor a crer naquilo Enumerar todos os tipos de argumentos é uma ta-
que está sendo dito, a aceitar como verdadeiro o que refa quase impossível, tantas são as formas de que nos
está sendo transmitido. A argumentação pertence ao do- valemos para fazer as pessoas preferirem uma coisa a
mínio da retórica, arte de persuadir as pessoas mediante outra. Por isso, é importante entender bem como eles
o uso de recursos de linguagem. funcionam.
Para compreender claramente o que é um argumen- Já vimos diversas características dos argumentos. É
to, é bom voltar ao que diz Aristóteles, filósofo grego preciso acrescentar mais uma: o convencimento do in-
do século lV a.C., numa obra intitulada “Tópicos: os argu- terlocutor, o auditório, que pode ser individual ou co-
mentos são úteis quando se tem de escolher entre duas ou letivo, será tanto mais fácil quanto mais os argumentos
mais coisas”. estiverem de acordo com suas crenças, suas expectativas,
Se tivermos de escolher entre uma coisa vantajosa e seus valores. Não se pode convencer um auditório per-
uma desvantajosa, como a saúde e a doença, não preci- tencente a uma dada cultura enfatizando coisas que ele
samos argumentar. Suponhamos, no entanto, que tenha- abomina. Será mais fácil convencêlo valorizando coisas
mos de escolher entre duas coisas igualmente vantajosas, que ele considera positivas. No Brasil, a publicidade da
a riqueza e a saúde. Nesse caso, precisamos argumentar cerveja vem com frequência associada ao futebol, ao gol,
sobre qual das duas é mais desejável. O argumento pode à paixão nacional. Nos Estados Unidos, essa associação
então ser definido como qualquer recurso que torna uma certamente não surtiria efeito, porque lá o futebol não é
coisa mais desejável que outra. Isso significa que ele atua valorizado da mesma forma que no Brasil. O poder per-
no domínio do preferível. Ele é utilizado para fazer o in- suasivo de um argumento está vinculado ao que é valo-
terlocutor crer que, entre duas teses, uma é mais prová- rizado ou desvalorizado numa dada cultura.
vel que a outra, mais possível que a outra, mais desejável
que a outra, é preferível à outra. Tipos de Argumento
O objetivo da argumentação não é demonstrar a ver-
dade de um fato, mas levar o ouvinte a admitir como Já verificamos que qualquer recurso linguístico des-
verdadeiro o que o enunciador está propondo. tinado a fazer o interlocutor dar preferência à tese do
Há uma diferença entre o raciocínio lógico e a argu- enunciador é um argumento. Exemplo:
mentação. O primeiro opera no domínio do necessário,
ou seja, pretende demonstrar que uma conclusão deriva 1. Argumento de Autoridade
necessariamente das premissas propostas, que se deduz
obrigatoriamente dos postulados admitidos. No raciocí- É a citação, no texto, de afirmações de pessoas reco-
nio lógico, as conclusões não dependem de crenças, de nhecidas pelo auditório como autoridades em certo do-
uma maneira de ver o mundo, mas apenas do encadea- mínio do saber, para servir de apoio aquilo que o enun-
mento de premissas e conclusões. ciador está propondo. Esse recurso produz dois efeitos
Por exemplo, um raciocínio lógico é o seguinte en- distintos: revela o conhecimento do produtor do texto a
cadeamento: respeito do assunto de que está tratando; dá ao texto a
garantia do autor citado. É preciso, no entanto, não fazer
A é igual a B. do texto um amontoado de citações. A citação precisa
A é igual a C. ser pertinente e verdadeira. Exemplo:
Então: C é igual a A. “A imaginação é mais importante do que o conheci-
Admitidos os dois postulados, a conclusão é, obriga- mento.”
toriamente, que C é igual a A.
Outro exemplo: Quem disse a frase não fui eu, foi Einstein. Para ele,
Todo ruminante é um mamífero. uma coisa vem antes da outra: sem imaginação, não há
A vaca é um ruminante. conhecimento. Nunca o inverso.
Logo, a vaca é um mamífero. Alex José Periscinoto.
In: Folha de S. Paulo. 30 ago.1993, p. 5-2.
LÍNGUA PORTUGUESA

Admitidas como verdadeiras as duas premissas, a


conclusão também será verdadeira. A tese defendida nesse texto é que a imaginação é
No domínio da argumentação, as coisas são diferen- mais importante do que o conhecimento. Para levar o
tes. Nele, a conclusão não é necessária, não é obrigatória. auditório a aderir a ela, o enunciador cita um dos mais
Por isso, devese mostrar que ela é a mais desejável, a célebres cientistas do mundo. Se um físico de renome
mais provável, a mais plausível. Se o Banco do Brasil fi- mundial disse isso, então as pessoas devem acreditar que
zer uma propaganda dizendose mais confiável do que os é verdade.
concorrentes porque existe desde a chegada da família

17
2. Argumento de Quantidade contradição, tirar conclusões que não se fundamentam
nos dados apresentados, ilustrar afirmações gerais com
É aquele que valoriza mais o que é apreciado pelo fatos inadequados, narrar um fato e dele extrair genera-
maior número de pessoas, o que existe em maior núme- lizações indevidas.
ro, o que tem maior duração, o que tem maior número
de adeptos etc. O fundamento desse tipo de argumento 6. Argumento do Atributo
é que mais melhor. A publicidade faz largo uso do argu-
mento de quantidade. É aquele que considera melhor o que tem proprie-
dades típicas daquilo que é mais valorizado socialmente,
3. Argumento do Consenso por exemplo, o mais raro é melhor que o comum, o que
é mais refinado é melhor que o que é mais grosseiro etc.
É uma variante do argumento de quantidade. Fun- Por esse motivo, a publicidade usa, com muita fre-
damentase em afirmações que, numa determinada épo- quência, celebridades recomendando prédios residen-
ca, são aceitas como verdadeiras e, portanto, dispensam ciais, produtos de beleza, alimentos estéticos etc., com
comprovações, a menos que o objetivo do texto seja base no fato de que o consumidor tende a associar o
comprovar alguma delas. Parte da ideia de que o consen- produto anunciado com atributos da celebridade.
so, mesmo que equivocado, corresponde ao indiscutível, Uma variante do argumento de atributo é o argu-
ao verdadeiro e, portanto, é melhor do que aquilo que mento da competência linguística. A utilização da varian-
não desfruta dele. Em nossa época, são consensuais, por te culta e formal da língua que o produtor do texto co-
exemplo, as afirmações de que o meio ambiente precisa nhece a norma linguística socialmente mais valorizada e,
ser protegido e de que as condições de vida são piores por conseguinte, deve produzir um texto em que se pode
nos países subdesenvolvidos. Ao confiar no consenso, confiar. Nesse sentido é que se diz que o modo de dizer
porém, correse o risco de passar dos argumentos válidos dá confiabilidade ao que se diz.
para os lugarescomuns, os preconceitos e as frases ca- Imaginese que um médico deva falar sobre o estado
de saúde de uma personalidade pública. Ele poderia fa-
rentes de qualquer base científica.
zêlo das duas maneiras indicadas abaixo, mas a primeira
seria infinitamente mais adequada para a persuasão do
4. Argumento de Existência
que a segunda, pois esta produziria certa estranheza e
não criaria uma imagem de competência do médico:
É aquele que se fundamenta no fato de que é mais
▪ Para aumentar a confiabilidade do diagnóstico e
fácil aceitar aquilo que comprovadamente existe do que
levando em conta o caráter invasivo de alguns exa-
aquilo que é apenas provável, que é apenas possível. A
mes, a equipe médica houve por bem determinar o
sabedoria popular enuncia o argumento de existência no internamento do governador pelo período de três
provérbio “Mais vale um pássaro na mão do que dois dias, a partir de hoje, 4 de fevereiro de 2001.
voando”. ▪ Para conseguir fazer exames com mais cuidado e
Nesse tipo de argumento, incluemse as provas docu- porque alguns deles são barras-pesadas, a gente
mentais (fotos, estatísticas, depoimentos, gravações etc.) botou o governador no hospital por três dias.
ou provas concretas, que tornam mais aceitável uma afir-
mação genérica. Durante a invasão do Iraque, por exem- Como dissemos antes, todo texto tem uma função
plo, os jornais diziam que o exército americano era muito argumentativa, porque ninguém fala para não ser levado
mais poderoso do que o iraquiano. Essa afirmação, sem a sério, para ser ridicularizado, para ser desmentido: em
ser acompanhada de provas concretas, poderia ser vista todo ato de comunicação deseja-se influenciar alguém.
como propagandística. No entanto, quando documenta- Por mais neutro que pretenda ser, um texto tem sempre
da pela comparação do número de canhões, de carros de uma orientação argumentativa.
combate, de navios etc., ganhava credibilidade. A orientação argumentativa é certa direção que o
falante traça para seu texto. Por exemplo, um jornalista,
5. Argumento quase lógico ao falar de um homem público, pode ter a intenção de
criticálo, de ridicularizálo ou, ao contrário, de mostrar sua
É aquele que opera com base nas relações lógicas, grandeza.
como causa e efeito, analogia, implicação, identidade etc. O enunciador cria a orientação argumentativa de seu
Esses raciocínios são chamados quase lógicos porque, di- texto dando destaque a uns fatos e não a outros, omi-
versamente dos raciocínios lógicos, eles não pretendem tindo certos episódios e revelando outros, escolhendo
estabelecer relações necessárias entre os elementos, mas determinadas palavras e não outra. Veja:
sim instituir relações prováveis, possíveis, plausíveis. Por “O clima da festa era tão pacífico que até sogras e
exemplo, quando se diz “A é igual a B”, “B é igual a C”, noras trocavam abraços afetuosos.”
“então A é igual a C”, estabelecese uma relação de iden- O enunciador aí pretende ressaltar a ideia geral de
LÍNGUA PORTUGUESA

tidade lógica. Entretanto, quando se afirma “Amigo de que noras e sogras não se toleram. Não fosse assim, não
amigo meu é meu amigo” não se institui uma identidade teria escolhido esse fato para ilustrar o clima da festa
lógica, mas uma identidade provável. nem teria utilizado o termo até que serve para incluir no
Um texto coerente do ponto de vista lógico é mais argumento alguma coisa inesperada.
facilmente aceito do que um texto incoerente. Vários são Além dos defeitos de argumentação mencionados
os defeitos que concorrem para desqualificar o texto do quando tratamos de alguns tipos de argumentação, va-
ponto de vista lógico: fugir do tema proposto, cair em mos citar outros:

18
▪ Uso sem delimitação adequada de palavra de sen- que a outra é informativa, apresenta dados sem a inten-
tido tão amplo, que serve de argumento para um ção de convencer. Na verdade, a escolha dos dados le-
ponto de vista e seu contrário. São noções confu- vantados, a maneira de expôlos no texto já revelam uma
sas, como paz, que, paradoxalmente, pode ser usa- “tomada de posição”, a adoção de um ponto de vista na
da pelo agressor e pelo agredido. Essas palavras dissertação, ainda que sem a apresentação explícita de
podem ter valor positivo (paz, justiça, honestidade, argumentos. Desse ponto de vista, a dissertação pode
democracia) ou vir carregadas de valor negativo ser definida como discussão, debate, questionamento, o
(autoritarismo, degradação do meio ambiente, in- que implica a liberdade de pensamento, a possibilida-
justiça, corrupção). de de discordar ou concordar parcialmente. A liberdade
▪ Uso de afirmações tão amplas, que podem ser der- de questionar é fundamental, mas não é suficiente para
rubadas por um único contraexemplo. Quando organizar um texto dissertativo. É necessária também a
se diz “Todos os políticos são ladrões”, basta um exposição dos fundamentos, os motivos, os porquês da
único exemplo de político honesto para destruir o defesa de um ponto de vista.
argumento. Podese dizer que o homem vive em permanente ati-
▪ Emprego de noções científicas sem nenhum rigor, tude argumentativa. A argumentação está presente em
fora do contexto adequado, sem o significado qualquer tipo de discurso, porém, é no texto dissertativo
apropriado, vulgarizandoas e atribuindolhes uma que ela melhor se evidencia.
significação subjetiva e grosseira. É o caso, por
exemplo, da frase “O imperialismo de certas indús- Para discutir um tema, para confrontar argumentos
trias não permite que outras cresçam”, em que o e posições, é necessária a capacidade de conhecer ou-
termo imperialismo é descabido, uma vez que, a ri- tros pontos de vista e seus respectivos argumentos. Uma
gor, significa “ação de um Estado visando a reduzir discussão impõe, muitas vezes, a análise de argumentos
outros à sua dependência política e econômica”. opostos, antagônicos. Como sempre, essa capacidade
aprendese com a prática. Um bom exercício para apren-
A boa argumentação é aquela que está de acordo der a argumentar e contraargumentar consiste em de-
com a situação concreta do texto, que leva em conta os senvolver as seguintes habilidades:
componentes envolvidos na discussão (o tipo de pessoa I – argumentação: anotar todos os argumentos a fa-
a quem se dirige a comunicação, o assunto, por exem- vor de uma ideia ou fato; imaginar um interlocutor
plo).
que adote a posição totalmente contrária;
Convém ainda alertar que não se convence ninguém
II – contraargumentação: imaginar um diálogodebate
com manifestações de sinceridade do autor (como eu,
e quais os argumentos que essa pessoa imaginária
que não costumo mentir...) ou com declarações de certe-
possivelmente apresentaria contra a argumenta-
za expressas em fórmulas feitas (como estou certo, creio
ção proposta;
firmemente, é claro, é óbvio, é evidente, afirmo com toda
III – refutação: argumentos e razões contra a argu-
a certeza etc). Em vez de prometer, em seu texto, since-
mentação oposta.
ridade e certeza, autenticidade e verdade, o enunciador
deve construir um texto que revele isso. Em outros ter-
mos, essas qualidades não se prometem, manifestam-se A argumentação tem a finalidade de persuadir, por-
na ação. tanto, argumentar consiste em estabelecer relações para
A argumentação é a exploração de recursos para fa- tirar conclusões válidas, como se procede no método
zer parecer verdadeiro aquilo que se diz num texto e, dialético. O método dialético não envolve apenas ques-
com isso, levar a pessoa a que texto é endereçado a crer tões ideológicas, geradoras de polêmicas. Tratase de um
naquilo que ele diz. método de investigação da realidade pelo estudo de sua
Um texto dissertativo tem um assunto ou tema e ex- ação recíproca, da contradição inerente ao fenômeno em
pressa um ponto de vista, acompanhado de certa funda- questão e da mudança dialética que ocorre na natureza
mentação, que inclui a argumentação, questionamento, e na sociedade.
com o objetivo de persuadir. Argumentar é o processo Descartes (15961650), filósofo e pensador francês,
pelo qual se estabelecem relações para chegar à conclu- criou o método de raciocínio silogístico, baseado na de-
são, com base em premissas. Persuadir é um processo de dução, que parte do simples para o complexo. Para ele,
convencimento, por meio da argumentação, no qual se verdade e evidência são a mesma coisa, e pelo raciocínio
procura convencer os outros, de modo a influenciar seu tornase possível chegar a conclusões verdadeiras, desde
pensamento e seu comportamento. que o assunto seja pesquisado em partes, começandose
A persuasão pode ser válida e não válida. Na persua- pelas proposições mais simples até alcançar, por meio
são válida, expõemse com clareza os fundamentos de de deduções, a conclusão final. Para a linha de raciocínio
uma ideia ou proposição, e o interlocutor pode questio- cartesiana, é fundamental determinar o problema, dividi-
nar cada passo do raciocínio empregado na argumen- lo em partes, ordenar os conceitos, simplificandoos, enu-
LÍNGUA PORTUGUESA

tação. A persuasão não válida apoiase em argumentos merar todos os seus elementos e determinar o lugar de
subjetivos, apelos subliminares, chantagens sentimen- cada um no conjunto da dedução.
tais, com o emprego de “apelações”, como a inflexão de A lógica cartesiana, até os nossos dias, é fundamental
voz, a mímica e até o choro. para a argumentação dos trabalhos acadêmicos. Des-
Alguns autores classificam a dissertação em duas mo- cartes propôs quatro regras básicas que constituem um
dalidades, expositiva e argumentativa. Esta exige argu- conjunto de reflexos vitais, uma série de movimentos su-
mentação, razões a favor e contra uma ideia, ao passo cessivos e contínuos do espírito em busca da verdade:

19
I – evidência; Exemplos de sofismas:
II – divisão ou análise; I – Dedução:
III – ordem ou dedução; Todo professor tem um diploma (geral, universal);
IV – enumeração. Fulano tem um diploma (particular);
Logo, fulano é professor (geral – conclusão falsa);
A enumeração pode apresentar dois tipos de falhas: II – Indução:
a omissão e a incompreensão. Qualquer erro na enume- O Rio de Janeiro tem uma estátua do Cristo Reden-
ração pode quebrar o encadeamento das ideias, indis- tor. (particular);
pensável para o processo dedutivo. Taubaté (SP) tem uma estátua do Cristo Redentor.
A forma de argumentação mais empregada na re- (particular);
dação acadêmica é o silogismo, raciocínio baseado nas Rio de Janeiro e Taubaté são cidades.
regras cartesianas, que contém três proposições: duas Logo, toda cidade tem uma estátua do Cristo Reden-
premissas, maior e menor, e a conclusão. As três propo- tor. (geral – conclusão falsa).
sições são encadeadas de tal forma, que a conclusão é
deduzida da maior por intermédio da menor. A premissa Notase que as premissas são verdadeiras, mas a con-
maior deve ser universal, emprega todo, nenhum, pois al- clusão pode ser falsa. Nem todas as pessoas que têm
guns não caracteriza a universalidade. diploma são professores; nem todas as cidades têm uma
estátua do Cristo Redentor. Cometese erro quando se faz
Há dois métodos fundamentais de raciocínio: a dedu- generalizações apressadas ou infundadas. A “simples ins-
ção (silogística), que parte do geral para o particular, e a peção” é a ausência de análise ou análise superficial dos
indução, que vai do particular para o geral. A expressão fatos, que leva a pronunciamentos subjetivos, baseados
formal do método dedutivo é o silogismo. A dedução é nos sentimentos não ditados pela razão.
o caminho das consequências, baseiase em uma cone- Existem, ainda, outros métodos, subsidiários ou não
xão descendente (do geral para o particular) que leva à fundamentais, que contribuem para a descoberta ou
conclusão. Segundo esse método, partindose de teorias comprovação da verdade: análise, síntese, classificação
gerais, de verdades universais, podese chegar à previsão e definição. Além desses, existem outros métodos parti-
ou determinação de fenômenos particulares. O percurso culares de algumas ciências, que adaptam os processos
do raciocínio vai da causa para o efeito. Exemplo: de dedução e indução à natureza de uma realidade par-
Todo homem é mortal (premissa maior = geral, uni- ticular. Podese afirmar que cada ciência tem seu método
versal) próprio demonstrativo, comparativo, histórico etc. A aná-
Fulano é homem (premissa menor = particular) lise, a síntese, a classificação e a definição são chamadas
Logo, Fulano é mortal (conclusão) métodos sistemáticos, porque pela organização e orde-
A indução percorre o caminho inverso ao da dedu- nação das ideias visam sistematizar a pesquisa.
ção, baseiase em uma conexão ascendente, do particu- Análise e síntese são dois processos opostos, mas
lar para o geral. Nesse caso, as constatações particulares interligados; a análise parte do todo para as partes, a sín-
levam às leis gerais, ou seja, parte de fatos particulares tese, das partes para o todo. A análise precede a síntese,
conhecidos para os fatos gerais, desconhecidos. O per- porém, de certo modo, uma depende da outra. A análi-
curso do raciocínio se faz do efeito para a causa. Exemplo: se decompõe o todo em partes, enquanto a síntese re-
O calor dilata o ferro (particular); compõe o todo pela reunião das partes. Sabese, porém,
O calor dilata o bronze (particular); que o todo não é uma simples justaposição das partes.
O calor dilata o cobre (particular); Se alguém reunisse todas as peças de um relógio, não
O ferro, o bronze, o cobre são metais; significa que reconstruiu o relógio, pois fez apenas um
Logo, o calor dilata metais (geral, universal). amontoado de partes. Só reconstruiria todo se as par-
Quanto a seus aspectos formais, o silogismo pode tes estivessem organizadas, devidamente combinadas,
ser válido e verdadeiro; a conclusão será verdadeira se as seguida uma ordem de relações necessárias, funcionais,
duas premissas também o forem. Se há erro ou equívo- então, o relógio estaria reconstruído.
co na apreciação dos fatos, pode-se partir de premissas Síntese, portanto, é o processo de reconstrução do
verdadeiras para chegar a uma conclusão falsa. Tem-se, todo por meio da integração das partes, reunidas e re-
desse modo, o sofisma. Uma definição inexata, uma di- lacionadas num conjunto. Toda síntese, por ser uma re-
visão incompleta, a ignorância da causa, a falsa analogia construção, pressupõe a análise, que é a decomposição.
são algumas causas do sofisma. O sofisma pressupõe A análise, no entanto, exige uma decomposição organi-
má fé, intenção deliberada de enganar ou levar ao erro; zada, é preciso saber como dividir o todo em partes. As
quando o sofisma não tem essas intenções propositais, operações que se realizam na análise e na síntese podem
costuma-se chamar esse processo de argumentação de ser assim relacionadas:
paralogismo. Encontra-se um exemplo simples de sofis- - Análise: penetrar, decompor, separar, dividir.
LÍNGUA PORTUGUESA

ma no seguinte diálogo: - Síntese: integrar, recompor, juntar, reunir.


Você concorda que possui uma coisa que não per-
deu? A análise tem importância vital no processo de coleta
– Lógico, concordo. de ideias a respeito do tema proposto, de seu desdobra-
Você perdeu um brilhante de 40 quilates? mento e da criação de abordagens possíveis. A síntese
– Claro que não! também é importante na escolha dos elementos que fa-
- Então você possui um brilhante de 40 quilates... rão parte do texto.

20
Segundo Garcia (1973, p.300), a análise pode ser definição é um dos mais importantes, sobretudo no âm-
formal ou informal. A análise formal pode ser científica bito das ciências. A definição científica ou didática é de-
ou experimental; é característica das ciências matemáti- notativa, ou seja, atribui às palavras seu sentido usual ou
cas, físico-naturais e experimentais. A análise informal é consensual, enquanto a conotativa ou metafórica empre-
racional ou total, consiste em “discernir” por vários atos ga palavras de sentido figurado. Segundo a lógica tradi-
distintos da atenção os elementos constitutivos de um cional aristotélica, a definição consta de três elementos:
todo, os diferentes caracteres de um objeto ou fenôme- I – o termo a ser definido;
no. II – o gênero ou espécie;
A análise decompõe o todo em partes, a classificação III – a diferença específica.
estabelece as necessárias relações de dependência e hie-
rarquia entre as partes. Análise e classificação ligam-se O que distingue o termo definido de outros elemen-
intimamente, a ponto de se confundir uma com a outra, tos da mesma espécie. Veja a classificação dos termos da
contudo são procedimentos diversos: análise é decom- frase a seguir:
posição e classificação é hierarquisação.
Nas ciências naturais, classificam-se os seres, fatos
e fenômenos por suas diferenças e semelhanças; fora
das ciências naturais, a classificação pode-se efetuar por
meio de um processo mais ou menos arbitrário, em que
os caracteres comuns e diferenciadores são empregados
de modo mais ou menos convencional. A classificação,
no reino animal, em ramos, classes, ordens, subordens,
gêneros e espécies, é um exemplo de classificação na-
tural, pelas características comuns e diferenciadoras. A
classificação dos variados itens integrantes de uma lista
mais ou menos caótica é artificial.
Exemplo: aquecedor, automóvel, barbeador, batata, É muito comum formular definições de maneira de-
caminhão, canário, jipe, leite, ônibus, pão, pardal, pintas- feituosa, por exemplo: Análise é quando a gente decom-
silgo, queijo, relógio, sabiá, torradeira. põe o todo em partes. Esse tipo de definição é gramati-
I – Aves, Canário, Pardal, Pintassilgo, Sabiá; calmente incorreto; quando é advérbio de tempo, não
II – Alimentos, Batata, Leite, Pão, Queijo; representa o gênero, a espécie, a gente é forma coloquial
III – Mecanismos, Aquecedor, Barbeador, Relógio, não adequada à redação acadêmica. Tão importante é
Torradeira; saber formular uma definição, que se recorre a Garcia
IV – Veículos, Automóvel, Caminhão, Jipe, Ônibus. (1973, p.306), para determinar os “requisitos da definição
denotativa”. Para ser exata, a definição deve apresentar
Os elementos desta lista foram classificados por os seguintes requisitos:
ordem alfabética e pelas afinidades comuns entre eles. I – o termo deve realmente pertencer ao gênero ou
Estabelecer critérios de classificação das ideias e argu- classe em que está incluído: “mesa é um móvel” (classe
mentos, pela ordem de importância, é uma habilidade in- em que ‘mesa’ está realmente incluída) e não “mesa é
dispensável para elaborar o desenvolvimento de uma re- um instrumento ou ferramenta ou instalação”;
dação. Tanto faz que a ordem seja crescente, do fato mais II – o gênero deve ser suficientemente amplo para in-
importante para o menos importante, ou decrescente, cluir todos os exemplos específicos da coisa definida,
primeiro o menos importante e, no final, o impacto do e suficientemente restritos para que a diferença possa
mais importante; é indispensável que haja uma lógica na ser percebida sem dificuldade;
classificação. A elaboração do plano compreende a clas- III – deve ser obrigatoriamente afirmativa: não há, em
sificação das partes e subdivisões, ou seja, os elementos verdade, definição, quando se diz que o “triângulo não
do plano devem obedecer a uma hierarquização. (Garcia, é um prisma”;
1973, p. 302304.) IV – deve ser recíproca: “O homem é um ser vivo” não
Para a clareza da dissertação, é indispensável que, constitui definição exata, porque a recíproca, “Todo ser
logo na introdução, os termos e conceitos sejam defi- vivo é um homem” não é verdadeira (o gato é ser vivo
nidos, pois, para expressar um questionamento, devese, e não é homem);
de antemão, expor clara e racionalmente as posições as- V – deve ser breve (contida num só período). Quando
sumidas e os argumentos que as justificam. É muito im- a definição, ou o que se pretenda como tal, é muito
portante deixar claro o campo da discussão e a posição longa (séries de períodos ou de parágrafos), chama-se
adotada, isto é, esclarecer não só o assunto, mas também explicação, e também definição expandida;
LÍNGUA PORTUGUESA

os pontos de vista sobre ele. VI – deve ter uma estrutura gramatical rígida: sujeito
A definição tem por objetivo a exatidão no emprego (o termo) + cópula (verbo de ligação ser) + predicativo
da linguagem e consiste na enumeração das qualidades (o gênero) + adjuntos (as diferenças).
próprias de uma ideia, palavra ou objeto. Definir é clas-
sificar o elemento conforme a espécie a que pertence, As definições dos dicionários de língua são feitas por
demonstra: a característica que o diferencia dos outros meio de paráfrases definitórias, ou seja, uma operação
elementos dessa mesma espécie. metalinguística que consiste em estabelecer uma relação
Entre os vários processos de exposição de ideias, a de equivalência entre a palavra e seus significados.

21
A força do texto dissertativo está em sua fundamen- sequência de tempo, em que são frequentes as
tação. Sempre é fundamental procurar um porquê, uma expressões: primeiro, segundo, por último, antes,
razão verdadeira e necessária. A verdade de um ponto depois, ainda, em seguida, então, presentemente,
de vista deve ser demonstrada com argumentos válidos. antigamente, depois de, antes de, atualmente, hoje,
O ponto de vista mais lógico e racional do mundo não no passado, sucessivamente, respectivamente. Na
tem valor, se não estiver acompanhado de uma funda- enumeração de fatos em uma sequência de espa-
mentação coerente e adequada. ço, empregamse as seguintes expressões: cá, lá,
Os métodos fundamentais de raciocínio segundo a acolá, ali, aí, além, adiante, perto de, ao redor de,
lógica clássica, que foram abordados anteriormente, au- no Estado tal, na capital, no interior, nas grandes
xiliam o julgamento da validade dos fatos. Às vezes, a ar- cidades, no sul, no leste.
gumentação é clara e pode reconhecerse facilmente seus
elementos e suas relações; outras vezes, as premissas e e) Comparação
as conclusões organizamse de modo livre, misturandose Analogia e contraste são as duas maneiras de se es-
na estrutura do argumento. Por isso, é preciso aprender a tabelecer a comparação, com a finalidade de com-
reconhecer os elementos que constituem um argumen- provar uma ideia ou opinião. Na analogia, são co-
to: premissas/conclusões. Depois de reconhecer, verificar muns as expressões: da mesma forma, tal como,
se tais elementos são verdadeiros ou falsos; em seguida, tanto quanto, assim como, igualmente. Para es-
avaliar se o argumento está expresso corretamente; se há tabelecer contraste, empregamse as expressões:
coerência e adequação entre seus elementos, ou se há mais que, menos que, melhor que, pior que.
contradição. Para isso é que se aprendem os processos
de raciocínio por dedução e por indução. Admitindose Entre outros tipos de argumentos empregados para
que raciocinar é relacionar, concluise que o argumento aumentar o poder de persuasão de um texto dissertativo
é um tipo específico de relação entre as premissas e a encontram-se:
conclusão.
Argumento de autoridade: O saber notório de uma
a) Procedimentos Argumentativos autoridade reconhecida em certa área do conhecimen-
Constituem os procedimentos argumentativos mais to dá apoio a uma afirmação. Dessa maneira, procura-se
empregados para comprovar uma afirmação: trazer para o enunciado a credibilidade da autoridade ci-
exemplificação, explicitação, enumeração, compa- tada. Lembre-se que as citações literais no corpo de um
ração. texto constituem argumentos de autoridade. Ao fazer
uma citação, o enunciador situa os enunciados nela con-
b) Exemplificação tidos na linha de raciocínio que ele considera mais ade-
Procura justificar os pontos de vista por meio de quada para explicar ou justificar um fato ou fenômeno.
exemplos, hierarquizar afirmações. São expressões
Esse tipo de argumento tem mais caráter confirmatório
comuns nesse tipo de procedimento: mais im-
que comprobatório.
portante que, superior a, de maior relevância que.
Apoio na consensualidade: Certas afirmações dispen-
Empregamse também dados estatísticos, acom-
sam explicação ou comprovação, pois seu conteúdo é
panhados de expressões: considerando os dados;
aceito como válido por consenso, pelo menos em de-
conforme os dados apresentados. Fazse a exempli-
terminado espaço sociocultural. Nesse caso, incluem-se:
ficação, ainda, pela apresentação de causas e con-
- A declaração que expressa uma verdade universal (o
sequências, usandose comumente as expressões:
porque, porquanto, pois que, uma vez que, visto que, homem, mortal, aspira à imortalidade);
por causa de, em virtude de, em vista de, por motivo - A declaração que é evidente por si mesma (caso dos
de. postulados e axiomas);
- Quando escapam ao domínio intelectual, ou seja, é
c) Explicitação de natureza subjetiva ou sentimental (o amor tem
O objetivo desse recurso argumentativo é explicar ou razões que a própria razão desconhece); implica
esclarecer os pontos de vista apresentados. Podese apreciação de ordem estética (gosto não se discu-
alcançar esse objetivo pela definição, pelo teste- te); diz respeito à fé religiosa, aos dogmas (creio,
munho e pela interpretação. Na explicitação por ainda que parece absurdo).
definição, empregamse expressões como: quer di-
zer, denominase, chamase, na verdade, isto é, haja Comprovação pela experiência ou observação: A ver-
vista, ou melhor; nos testemunhos são comuns as dade de um fato ou afirmação pode ser comprovada por
expressões: conforme, segundo, na opinião de, no meio de dados concretos, estatísticos ou documentais.
parecer de, consoante as ideias de, no entender de, Comprovação pela fundamentação lógica: A com-
no pensamento de. A explicitação se faz também provação se realiza por meio de argumentos racionais,
LÍNGUA PORTUGUESA

pela interpretação, em que são comuns as seguin- baseados na lógica: causa/efeito; consequência/causa;
tes expressões: parece, assim, desse ponto de vista. condição/ocorrência.
Fatos não se discutem; discutemse opiniões. As decla-
d) Enumeração rações, julgamento, pronunciamentos, apreciações que
Fazse pela apresentação de uma sequência de ele- expressam opiniões pessoais (não subjetivas) devem ter
mentos que comprovam uma opinião, tais como sua validade comprovada, e só os fatos provam. Em re-
a enumeração de pormenores, de fatos, em uma sumo toda afirmação ou juízo que expresse uma opinião

22
pessoal só terá validade se fundamentada na evidência Introdução:
dos fatos, ou seja, se acompanhada de provas, validade I – função social da ciência e da tecnologia;
dos argumentos, porém, pode ser contestada por meio II – definições de ciência e tecnologia;
da contraargumentação ou refutação. São vários os pro- III – indivíduo e sociedade perante o avanço tecno-
cessos de contraargumentação: lógico.
Refutação pelo absurdo: refutase uma afirmação de-
monstrando o absurdo da consequência. Exemplo clás- Desenvolvimento:
sico é a contraargumentação do cordeiro, na conhecida I – apresentação de aspectos positivos e negativos
fábula “O lobo e o cordeiro”; do desenvolvimento tecnológico;
Refutação por exclusão: consiste em propor várias hi- II – como o desenvolvimento científico-tecnológico
póteses para eliminá-las, apresentandose, então, aquela modificou as condições de vida no mundo atual;
que se julga verdadeira; III – a tecnocracia: oposição entre uma sociedade
Desqualificação do argumento: atribuise o argumen- tecnologicamente desenvolvida e a dependência
to à opinião pessoal subjetiva do enunciador, restringin- tecnológica dos países subdesenvolvidos;
dose a universalidade da afirmação; IV – enumerar e discutir os fatores de desenvolvi-
Ataque ao argumento pelo testemunho de autorida- mento social;
de: consiste em refutar um argumento empregando os V – comparar a vida de hoje com os diversos tipos de
testemunhos de autoridade que contrariam a afirmação vida do passado; apontar semelhanças e diferenças;
apresentada; VI – analisar as condições atuais de vida nos grandes
Desqualificar dados concretos apresentados: consiste centros urbanos;
em desautorizar dados reais, demonstrando que o enun- VII – como se poderia usar a ciência e a tecnologia
ciador baseouse em dados corretos, mas tirou conclusões para humanizar mais a sociedade.
falsas ou inconsequentes. Por exemplo, se na argumen- Conclusão:
tação afirmouse, por meio de dados estatísticos, que “o VIII – a tecnologia pode libertar ou escravizar: bene-
controle demográfico produz o desenvolvimento”, afir- fícios/consequências maléficas;
ma-se que a conclusão é inconsequente, pois se baseia IX – síntese interpretativa dos argumentos e contra-
em uma relação de causaefeito difícil de ser comprovada. -argumentos apresentados.
Para contraargumentar, propõese uma relação inversa:
“o desenvolvimento é que gera o controle demográfico”. Naturalmente esse não é o único, nem o melhor pla-
Apresentamse aqui sugestões possíveis para desen- no de redação: é um dos possíveis.
volver um tema, que podem ser analisadas e adaptadas
ao desenvolvimento de outros temas. Elegese um tema,
e, em seguida, sugeremse os procedimentos que devem TIPOLOGIA E GÊNERO TEXTUAL
ser adotados para a elaboração de um Plano de Redação.
A todo o momento nos deparamos com vários tex-
O homem e a máquina: necessidade e riscos da tos, sejam eles verbais ou não verbais. Em todos há a
evolução tecnológica presença do discurso, isto é, a ideia intrínseca, a essência
Questionar o tema, transformálo em interrogação, daquilo que está sendo transmitido entre os interlocuto-
responder a interrogação (assumir um ponto de vista); res. Estes interlocutores são as peças principais em um
dar o porquê da resposta, justificar, criando um argu- diálogo ou em um texto escrito.
mento básico; É de fundamental importância sabermos classificar
Imaginar um ponto de vista oposto ao argumento os textos com os quais travamos convivência no nosso
básico e construir uma contra argumentação; pensar a dia a dia. Para isso, precisamos saber que existem tipos
forma de refutação que poderia ser feita ao argumento textuais e gêneros textuais.
básico e tentar desqualificá-la (rever tipos de argumen- Comumente relatamos sobre um acontecimento, um
tação); fato presenciado ou ocorrido conosco, expomos nossa
Refletir sobre o contexto, ou seja, fazer uma coleta opinião sobre determinado assunto, descrevemos algum
de ideias que estejam direta ou indiretamente ligadas ao lugar que visitamos, fazemos um retrato verbal sobre al-
tema (as ideias podem ser listadas livremente ou organi- guém que acabamos de conhecer ou ver. É exatamente
zadas como causa e consequência); nessas situações corriqueiras que classificamos os nossos
Analisar as ideias anotadas, sua relação com o tema textos naquela tradicional tipologia: Narração, Descrição
e com o argumento básico; e Dissertação.
Fazer uma seleção das ideias pertinentes, escolhendo
as que poderão ser aproveitadas no texto; essas ideias As tipologias textuais se caracterizam pelos as-
LÍNGUA PORTUGUESA

transformam-se em argumentos auxiliares, que explicam pectos de ordem linguística


e corroboram a ideia do argumento básico;
Fazer um esboço do Plano de Redação, organizando Os tipos textuais designam uma sequência definida
uma sequência na apresentação das ideias selecionadas, pela natureza linguística de sua composição. São obser-
obedecendo às partes principais da estrutura do texto, vados aspectos lexicais, sintáticos, tempos verbais, rela-
que poderia ser mais ou menos a seguinte: ções logicas. Os tipos textuais são o narrativo, descritivo,
argumentativo/dissertativo, injuntivo e expositivo.

23
A) Textos narrativos – constituem-se de verbos de SITE
ação demarcados no tempo do universo narrado, http://www.brasilescola.com/redacao/tipologia-tex-
como também de advérbios, como é o caso de an- tual.htm
tes, agora, depois, entre outros: Ela entrava em seu
carro quando ele apareceu. Depois de muita conver-
sa, resolveram...
B) Textos descritivos – como o próprio nome indica, EXERCÍCIO COMENTADO
descrevem características tanto físicas quanto psi-
cológicas acerca de um determinado indivíduo ou 1. (TJ-DFT – CONHECIMENTOS BÁSICOS – TÉCNICO
objeto. Os tempos verbais aparecem demarcados JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINISTRATIVA – CESPE –
no presente ou no pretérito imperfeito: “Tinha os 2015)
cabelos mais negros como a asa da graúna...”
C) Textos expositivos – Têm por finalidade explicar um Ouro em Fios
assunto ou uma determinada situação que se almeje
desenvolvê-la, enfatizando acerca das razões de ela A natureza é capaz de produzir materiais preciosos,
acontecer, como em: O cadastramento irá se prorro- como o ouro e o cobre - condutor de ENERGIA ELÉTRICA.
gar até o dia 02 de dezembro, portanto, não se esque- O ouro já é escasso. A energia elétrica caminha para isso.
ça de fazê-lo, sob pena de perder o benefício. Enquanto cientistas e governos buscam novas fontes de
D) Textos injuntivos (instrucional) – Trata-se de uma energia sustentáveis, faça sua parte aqui no TJDFT:
modalidade na qual as ações são prescritas de for- - Desligue as luzes nos ambientes onde é possível usar a
ma sequencial, utilizando-se de verbos expressos iluminação natural.
no imperativo, infinitivo ou futuro do presente: - Feche as janelas ao ligar o ar-condicionado.
Misture todos os ingrediente e bata no liquidificador - Sempre desligue os aparelhos elétricos ao sair do am-
até criar uma massa homogênea. biente.
E) Textos argumentativos (dissertativo) – Demar- - Utilize o computador no modo espera.
cam-se pelo predomínio de operadores argumen- Fique ligado! Evite desperdícios.
tativos, revelados por uma carga ideológica cons-
Energia elétrica.
tituída de argumentos e contra-argumentos que
A natureza cobra o preço do desperdício.
justificam a posição assumida acerca de um deter-
Internet: <www.tjdft.jus.br> (com adaptações)
minado assunto: A mulher do mundo contemporâ-
neo luta cada vez mais para conquistar seu espaço
Há no texto elementos característicos das tipologias ex-
no mercado de trabalho, o que significa que os gê-
positiva e injuntiva.
neros estão em complementação, não em disputa.
( ) CERTO ( ) ERRADO
GÊNEROS TEXTUAIS

São os textos materializados que encontramos em Resposta: Certo. Texto injuntivo – ou instrucional – é
nosso cotidiano; tais textos apresentam características aquele que passa instruções ao leitor. O texto acima
sócio-comunicativas definidas por seu estilo, função, apresenta tal característica.
composição, conteúdo e canal. Como exemplos, temos:
receita culinária, e-mail, reportagem, monografia, poema,
editorial, piada, debate, agenda, inquérito policial, fórum, Norma Culta
blog, etc.
A escolha de um determinado gênero discursivo de- Norma culta ou linguagem culta é uma expressão
pende, em grande parte, da situação de produção, ou empregada pelos linguistas brasileiros para designar o
seja, a finalidade do texto a ser produzido, quem são os conjunto de variedades linguísticas efetivamente faladas,
locutores e os interlocutores, o meio disponível para vei- na vida cotidiana, pelos falantes cultos, sendo assim clas-
cular o texto, etc. sificados os cidadãos nascidos e criados em zona urbana
Os gêneros discursivos geralmente estão ligados a e com grau de instrução superior completo.
esferas de circulação. Assim, na esfera jornalística, por O Instituto Camões entende que a “noção de cor-
exemplo, são comuns gêneros como notícias, reporta- reção está [...] baseada no valor social atribuído às [...]
gens, editoriais, entrevistas e outros; na esfera de divul- formas [linguísticas]”. Ainda assim, informa que a nor-
gação científica são comuns gêneros como verbete de ma-padrão do português europeu é o dialeto da região
dicionário ou de enciclopédia, artigo ou ensaio científico, que abrange Lisboa e Coimbra; refere também que se
seminário, conferência. aceita no Brasil como norma-padrão a fala do Rio e de
São Paulo.
LÍNGUA PORTUGUESA

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Ce- 1. Aquisição da linguagem
reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
Paulo: Saraiva, 2010. Iniciamos o aprendizado da língua em casa, no con-
Português – Literatura, Produção de Textos & Gramá- tato com a família, que é o primeiro círculo social para
tica – volume único / Samira Yousseff Campedelli, Jésus uma criança, imitando o que se ouve e aprendendo, aos
Barbosa Souza. – 3.ª ed. – São Paulo: Saraiva, 2002. poucos, o vocabulário e as leis combinatórias da língua.

24
Um jovem falante também vai exercitando o aparelho fo- 5. Graus de formalismo
nador, ou seja, a língua, os lábios, os dentes, os maxilares,
as cordas vocais para produzir sons que se transformam, São muitos os tipos de registros quanto ao formalis-
mais tarde, em palavras, frases e textos. mo, tais como: o registro formal, que é uma linguagem
Quando um falante entra em contato com outra pes- mais cuidada; o coloquial, que não tem um planejamen-
soa, na rua, na escola ou em qualquer outro local, per- to prévio, caracterizando-se por construções gramaticais
cebe que nem todos falam da mesma forma. Há pessoas mais livres, repetições frequentes, frases curtas e conec-
que falam de forma diferente por pertencerem a outras tores simples; o informal, que se caracteriza pelo uso de
cidades ou regiões do país, ou por terem idade diferente ortografia simplificada, construções simples e usado en-
da nossa, ou por fazerem parte de outro grupo ou classe tre membros de uma mesma família ou entre amigos.
social. Essas diferenças no uso da língua constituem as As variações de registro ocorrem de acordo com o
variedades linguísticas. grau de formalismo existente na situação de comunica-
ção; com o modo de expressão, isto é, se trata de um
2. Variedades linguísticas registro formal ou escrito; com a sintonia entre interlo-
cutores, que envolve aspectos como graus de cortesia,
Variedades linguísticas são as variações que uma lín- deferência, tecnicidade (domínio de um vocabulário es-
gua apresenta, de acordo com as condições sociais, cul- pecífico de algum campo científico, por exemplo).
turais, regionais e históricas em que é utilizada.
Todas as variedades linguísticas são adequadas, des- Atitudes não recomendadas
de que cumpram com eficiência o papel fundamental de
uma língua, o de permitir a interação verbal entre as pes- 1. Expressões condenáveis
soas, isto é, a comunicação. - A nível de, ao nível. Opção: em nível, no nível;
Apesar disso, uma dessas variedades, a norma culta - Face a, frente a. Opção: ante, diante, em face de, em
ou norma padrão, tem maior prestígio social. É a varieda- vista de, perante;
de linguística ensinada na escola, contida na maior parte - Onde (quando não exprime lugar). Opção: em que,
dos livros e revistas e também em textos científicos e di- na qual, nas quais, no qual, nos quais;
dáticos, em alguns programas de televisão etc. As demais - (Medidas) visando... Opção: (medidas) destinadas a;
variedades, como a regional, a gíria ou calão, o jargão - Sob um ponto de vista. Opção: de um ponto de vis-
de grupos ou profissões (a linguagem dos policiais, dos ta;
jogadores de futebol, dos metaleiros, dos surfistas), são - Sob um prisma. Opção: por (ou através de) um pris-
chamadas genericamente de dialeto popular ou lingua- ma;
gem popular. - Como sendo. Opção: suprimir a expressão;
- Em função de. Opção: em virtude de, por causa de,
3. Propósito da língua em consequência de, por, em razão de.

A língua que utilizamos não transmite apenas nossas 2. Expressões não recomendadas
ideias, transmite também um conjunto de informações - A partir de (a não ser com valor temporal). Opção:
sobre nós mesmos. Certas palavras e construções que com base em, tomando-se por base, valendo-se
empregamos acabam denunciando quem somos social- de;
mente, ou seja, em que região do país nascemos, qual - Através de (para exprimir “meio” ou instrumento).
nosso nível social e escolar, nossa formação e, às vezes, Opção: por, mediante, por meio de, por intermédio
até nossos valores, círculo de amizades e hobbies, como de, segundo;
skate, rock, surfe, entre outros. O uso da língua também - Devido a. Opção: em razão de, em virtude de, graças
pode informar nossa timidez, sobre nossa capacidade de a, por causa de;
nos adaptarmos e situações novas, nossa insegurança. - Dito. Opção: citado, mensionado
A língua é um poderoso instrumento de ação social. - Enquanto. Opção: ao passo que;
Ela pode tanto facilitar quanto dificultar o nosso relacio- - Fazer com que. Opção: compelir, constranger, fazer
namento com as pessoas e com a sociedade em geral. que, forçar, levar a.
- Inclusive (a não ser quando significa incluindo-se).
4. Língua culta na escola Opção: até, ainda, igualmente, mesmo, também.
- No sentido de, com vistas a. Opção: a fim de, para,
O ensino da língua culta na escola não tem a finali- com o fito (ou objetivo, ou intuito) de, com a fina-
dade de condenar ou eliminar a língua que falamos em lidade de, tendo em vista.
nossa família ou em nossa comunidade. Ao contrário, o - Pois (no início da oração). Opção: já que, porque,
LÍNGUA PORTUGUESA

domínio da língua culta, somado ao domínio de outras uma vez que, visto que.
variedades linguísticas, torna-nos mais preparados para - Principalmente. Opção: especialmente, mormente,
nos comunicarmos. Saber usar bem uma língua equivale notadamente, sobretudo, em especial, em particu-
a saber empregá-la de modo adequado às mais diferen- lar.
tes situações sociais de que participamos. - Sendo que. Opção: e.

25
3. Expressões que demandam atenção procurar o caminho do amanhã e encontrar as
- A caso, caso – com se, use acaso; caso rejeita o se; perspectivas que nos acompanham para sempre
- Aceitado, aceito – com ter e haver, aceitado; com na estrada da vida”. Você pode ter conhecimento
ser e estar, aceito; do vocabulário e das regras gramaticais e, assim,
- Acendido, aceso (formas similares) – idem; construir um texto sem erros. Entretanto, se você
- À custa de – e não às custas de; reproduz sem nenhuma crítica ou reflexão expres-
- À medida que – à proporção que, ao mesmo tem- sões gastas, vulgarizadas pelo uso contínuo. A boa
po que, conforme; qualidade do texto fica comprometida.
- Na medida em que – tendo em vista que, uma vez 4) Tema: Para você, as experiências genéticas de clona-
que; gem põem em xeque todos os conceitos humanos
- A meu ver – e não ao meu ver; sobre Deus e a vida? “Bem a clonagem não é tudo,
- A ponto de – e não ao ponto de; mas na vida tudo tem o seu valor e os homens a
- A posteriori, a priori – não tem valor temporal; todo momento necessitam de descobrir todos os
- De modo (maneira, sorte) que – e não a; mistérios da vida que nos cerca a todo instante”.
- Em termos de – modismo; evitar; É importante você escrever atendendo ao que foi
- Em vez de – em lugar de; proposto no tema. Antes de começar o seu texto
- Ao invés de – ao contrário de; leia atentamente todos os elementos que o exami-
- Enquanto que – o que é redundância; nador apresentou para você utilizar. Esquematize
- Entre um e outro – entre exige a conjunção e, e não suas ideias, veja se não há falta de correspondência
a; entre o tema proposto e o texto criado.
- Implicar em – a regência é direta (sem em); 5) Uma biópsia do tumor retirado do fígado do meu
- Ir de encontro a – chocar-se com; primo (...) mostrou que ele não era maligno”. Esta
- Ir ao encontro de – concordar com; frase está ambígua, pois não se sabe se o pronome
- Junto a – usar apenas quando equivale a adido ou ele refere-se ao fígado ou ao primo. Para se evitar a
similar; ambiguidade, você deve observar se a relação en-
- O (a, s) mesmo (a, s) – uso condenável para substi- tre cada palavra do seu texto está correta.
tuir pronomes; 6) “Ele me tratava como uma criança, mas eu era ape-
- Se não, senão – quando se pode substituir por caso nas uma criança”. O conectivo mas indica uma cir-
não, separado; quando não se pode, junto; cunstância de oposição, de ideia contrária a. Assim,
- Todo mundo – todos; a relação adversativa introduzida pelo “mas” no
- Todo o mundo – o mundo inteiro; fragmento acima produz uma ideia absurda.
- Não-pagamento = hífen somente quando o se- 7) “Entretanto, como já diziam os sábios: depois da
gundo termo for substantivo; tempestade sempre vem a bonança. Após longo
- Este e isto – referência próxima do falante (a lugar, suplício, meu coração apaziguava as tormentas e
a tempo presente; a futuro próximo; ao anunciar e a sensatez me mostrava que só estaríamos separa-
a que se está tratando); das carnalmente”. Não utilize provérbios ou ditos
- Esse e isso – referência longe do falante e perto do populares. Eles empobrecem a redação, pois fazer
ouvinte (tempo futuro, desejo de distância; tempo parecer que seu autor não tem criatividade ao lan-
passado próximo do presente, ou distante ao já çar mão de formas já gastas pelo uso frequente.
mencionado e a ênfase). 8) “Estou sem inspiração para fazer uma redação. Es-
crever sobre a situação dos sem-terra? Bem que o
4. Erros Comuns professor poderia propor outro tema”. Você não
A seguir listamos mais de 100 erros comuns. deve falar de sua redação dentro do próprio texto.
1) “Hoje ao receber alguns presentes no qual com- 9) “Todos os deputados são corruptos”. Evite pensa-
pleto vinte anos tenho muitas novidades para con- mentos radicais. É recomendável não generalizar e
tar”. Temos aí um exemplo de uso inadequado do evitar, assim, posições extremistas.
pronome relativo. Ele provoca falta de coesão, pois 10) “Bem, acho que - você sabe - não é fácil dizer
não consegue perceber a que antecedente ele se essas coisas. Olhe, acho que ele não vai concor-
refere, portanto nada conecta e produz relação ab- dar com a decisão que você tomou, quero dizer,
surda. os fatos levam você a isso, mas você sabe - todos
2) “Tenho uma prima que trabalha num circo como sabem - ele pensa diferente. É bom a gente pen-
mágica e uma das mágicas mais engraçadas era sar como vai fazer para, enfim, para ele entender
uma caneta com tinta invisível que em vez de tinta a decisão”. Não se esqueça que o ato de escrever
havia saído suco de lima”. Você percebe aí a inca- é diferente do ato de falar. O texto escrito deve se
pacidade do concursando ou vestibulando organi- apresentar desprovido de marcas de oralidade.
LÍNGUA PORTUGUESA

zar sintaticamente o período. Selecionar as frases 11) “Mal cheiro”, “mau-humorado”. Mal opõe-se à bem
e organizar as ideias é necessário. Escrever com e mau, a bom. Assim: mau cheiro (bom cheiro), mal-
clareza é muito importante. -humorado (bem-humorado). Igualmente: mau hu-
3) “Ainda brincava de boneca quando conheci Davi, mor, mal-intencionado, mau jeito, mal-estar;
piloto de cart, moreno, 20 anos, com olhos cor 12) “Fazem” cinco anos. Fazer, quando exprime tem-
de mel”. “Tudo começou naquele baile de quin- po, é impessoal: Faz cinco anos. / Fazia dois sécu-
ze anos”, “...é aos dezoito anos que se começa a los. / Fez 15 dias;

26
13) “Houveram” muitos acidentes. Haver, como exis- 26) Comprei “ele” para você. Eu, tu, ele, nós, vós e
tir, também é invariável: Houve muitos acidentes. eles não podem ser objeto direto. Assim: Comprei-
/ Havia muitas pessoas. / Deve haver muitos casos -o para você. Também: Deixe-os sair, mandou-nos
iguais; entrar, viu-a, mandou-me;
14) “Existe” muitas esperanças. Existir, bastar, faltar, 27) Nunca “lhe” vi. Lhe substitui a ele, a eles, a você e
restar e sobrar admitem normalmente o plural: a vocês e por isso não pode ser usado com objeto
Existem muitas esperanças. / Bastariam dois dias. / direto: Nunca o vi. / Não o convidei. / A mulher o
Faltavam poucas peças. / Restaram alguns objetos. deixou. / Ela o ama;
/ Sobravam ideias; 28) “Aluga-se” casas. O verbo concorda com o sujeito:
15) Para “mim” fazer. Mim não faz, porque não pode Alugam-se casas. / Fazem-se consertos. / É assim
ser sujeito. Assim: Para eu fazer, para eu dizer, para que se evitam acidentes. / Compram-se terrenos. /
eu trazer; Procuram-se empregados;
16) Entre “eu” e você. Depois de preposição, usa-se 29) “Tratam-se” de. O verbo seguido de preposição
mim ou ti: Entre mim e você. / Entre eles e ti; não varia nesses casos: Trata-se dos melhores pro-
17) “Há” dez anos “atrás”. Há e atrás indicam passado fissionais. / Precisa-se de empregados. / Apela-se
na frase. Use apenas há dez anos ou dez anos atrás; para todos. / Conta-se com os amigos;
18) “Entrar dentro”. O certo: entrar em. Veja outras 30) Chegou “em” São Paulo. Verbos de movimen-
to exigem a, e não em: Chegou a São Paulo. / Vai
redundâncias: Sair fora ou para fora, elo de ligação,
amanhã ao cinema. / Levou os filhos ao circo;
monopólio exclusivo, já não há mais, ganhar grátis,
31) Atraso implicará “em” punição. Implicar é direto
viúva do falecido;
no sentido de acarretar, pressupor: Atraso implica-
19) “Venda à prazo”. Não existe crase antes de palavra
rá punição. / Promoção implica responsabilidade;
masculina, a menos que esteja subentendida a pa- 32) Vive “às custas” do pai. O certo: Vive à custa do
lavra moda: Salto à (moda de) Luís XV. Nos demais pai. Use também em via de, e não “em vias de”:
casos: A salvo, a bordo, a pé, a esmo, a cavalo, a Espécie em via de extinção. / Trabalho em via de
caráter; conclusão;
20) “Porque” você foi? Sempre que estiver clara ou 33) Todos somos “cidadões”. O plural de cidadão é
implícita a palavra razão, use por que separado: cidadãos. Veja outros: caracteres (de caráter), ju-
Por que (razão) você foi? / Não sei por que (razão) niores, seniores, escrivães, tabeliães, gângsteres;
ele faltou. / Explique por que razão você se atra- 34) O ingresso é “gratuíto”. A pronúncia correta é
sou. Porque é usado nas respostas: Ele se atrasou gratúito, assim como circúito, intúito e fortúito (o
porque o trânsito estava congestionado; acento não existe e só indica a letra tônica). Da
21) Vai assistir “o” jogo hoje. Assistir como presen- mesma forma: flúido, condôr, recórde, aváro, ibé-
ciar exige a: Vai assistir ao jogo, à missa, à sessão. ro, pólipo;
Outros verbos com a: A medida não agradou (de- 35) A última “seção” de cinema. Seção significa divi-
sagradou) à população. / Eles obedeceram (de- são, repartição, e sessão equivale a tempo de uma
sobedeceram) aos avisos. / Aspirava ao cargo de reunião, função: Seção Eleitoral, Seção de Esportes,
diretor. / Pagou ao amigo. / Respondeu à carta. / seção de brinquedos; sessão de cinema, sessão de
Sucedeu ao pai. / Visava aos estudantes; pancadas, sessão do Congresso;
22) Preferia ir “do que” ficar. Prefere-se sempre uma 36) Vendeu “uma” grama de ouro. Grama, peso, é pa-
coisa a outra: Preferia ir a ficar. É preferível segue lavra masculina: um grama de ouro, vitamina C de
a mesma norma: É preferível lutar a morrer sem dois gramas. Femininas, por exemplo, são a agra-
glória; vante, a atenuante, a alface, a cal;
23) O resultado do jogo, não o abateu. Não se separa 37) “Porisso”. Duas palavras, por isso, como de repen-
com vírgula o sujeito do predicado. Assim: O resul- te e a partir de;
38) Não viu “qualquer” risco. É nenhum, e não “qual-
tado do jogo não o abateu. Outro erro: O prefeito
quer”, que se emprega depois de negativas: Não
prometeu, novas denúncias. Não existe o sinal en-
viu nenhum risco. / Ninguém lhe fez nenhum repa-
tre o predicado e o complemento: O prefeito pro-
ro. / Nunca promoveu nenhuma confusão;
meteu novas denúncias;
39) A feira “inicia” amanhã. Alguma coisa se inicia, se
24) Não há regra sem “excessão”. O certo é exceção. inaugura: A feira inicia-se (inaugura-se) amanhã;
Veja outras grafias erradas e, entre parênteses, a 40) Soube que os homens “feriram-se”. O que atrai
forma correta: “paralizar” (paralisar), “beneficiente” o pronome: Soube que os homens se feriram. / A
(beneficente), “xuxu” (chuchu), “previlégio” (privilé- festa que se realizou. O mesmo ocorre com as ne-
gio), “vultuoso” (vultoso), “cincoenta” (cinquenta), gativas, as conjunções subordinativas e os advér-
“zuar” (zoar), “frustado” (frustrado), “calcáreo” (cal-
LÍNGUA PORTUGUESA

bios: Não lhe diga nada. / Nenhum dos presentes


cário), “advinhar” (adivinhar), “benvindo” (bem-vin- se pronunciou. / Quando se falava no assunto... /
do), “ascenção” (ascensão), “pixar” (pichar), “impe- Como as pessoas lhe haviam dito... / Aqui se faz,
cilho” (empecilho), “envólucro” (invólucro); aqui se paga. / Depois o procuro;
25) Quebrou “o”óculos. Concordância no plural: os 41) O peixe tem muito “espinho”. Peixe tem espinha.
óculos, meus óculos. Da mesma forma: Meus pa- Veja outras confusões desse tipo: O “fuzil” (fusível)
rabéns, meus pêsames, seus ciúmes, nossas férias, queimou. / Casa “germinada” (geminada), “ciclo”
felizes núpcias; (círculo) vicioso, “cabeçário” (cabeçalho);

27
42) Não sabiam “aonde” ele estava. O certo: Não sa- 57) As pessoas “esperavam-o”. Quando o verbo ter-
biam onde ele estava. Aonde se usa com verbos de mina em m, ão ou õe, os pronomes o, a, os e as
movimento, apenas: Não sei aonde ele quer che- tomam a forma no, na, nos e nas: As pessoas es-
gar. / Aonde vamos?; peravam-no. / Dão-nos, convidam-na, põe-nos,
43) “Obrigado”, disse a moça. Obrigado concorda impõem-nos;
com a pessoa: “Obrigada”, disse a moça. / Obriga- 58) Vocês “fariam-lhe” um favor? Não se usa prono-
do pela atenção. / Muito obrigados por tudo; me átono (me, te, se, lhe, nos, vos, lhes) depois
44) O governo “interviu”. Intervir conjuga-se como vir. de futuro do presente, futuro do pretérito (antigo
Assim: O governo interveio. Da mesma forma: in- condicional) ou particípio. Assim: Vocês lhe fariam
tervinha, intervim, interviemos, intervieram. Outros (ou far-lhe-iam) um favor? / Ele se imporá pelos
verbos derivados: entretinha, mantivesse, reteve, conhecimentos (e nunca “imporá-se”). / Os amigos
pressupusesse, predisse, conviesse, perfizera, en- nos darão (e não “darão-nos”) um presente. / Ten-
trevimos, condisser; do-me formado (e nunca tendo “formado-me”);
45) Ela era “meia” louca. Meio, advérbio, não varia: 59) Chegou “a” duas horas e partirá daqui “há” cinco
meio louca, meio esperta, meio amiga; minutos. Há indica passado e equivale a faz, en-
46) “Fica” você comigo. Fica é imperativo do pronome quanto a exprime distância ou tempo futuro (não
tu. Para a 3.ª pessoa, o certo é fique: Fique você pode ser substituído por faz): Chegou há (faz) duas
comigo. / Venha pra Caixa você também. / Chegue horas e partirá daqui a (tempo futuro) cinco minu-
aqui; tos. / O atirador estava a (distância) pouco menos
47) A questão não tem nada “haver” com você. A de 12 metros. / Ele partiu há (faz) pouco menos de
questão, na verdade, não tem nada a ver ou nada dez dias;
que ver. Da mesma forma: Tem tudo a ver com 60) Blusa “em” seda. Usa-se de, e não em, para definir
você; o material de que alguma coisa é feita: Blusa de
48)- A corrida custa 5 “real”. A moeda tem plural, e seda, casa de alvenaria, medalha de prata, estátua
regular: A corrida custa 5 reais; de madeira;
48) Vou “emprestar” dele. Emprestar é ceder, e não 61) A artista “deu à luz a” gêmeos. A expressão é dar à
tomar por empréstimo: Vou pegar o livro empres- luz, apenas: A artista deu à luz quíntuplos. Também
tado. Ou: Vou emprestar o livro (ceder) ao meu é errado dizer: Deu “a luz a” gêmeos;
irmão. Repare nesta concordância: Pediu empres- 62) Estávamos “em” quatro à mesa. O em não existe:
tadas duas malas; Estávamos quatro à mesa. / Éramos seis. / Ficamos
49) Foi “taxado” de ladrão. Tachar é que significa acu- cinco na sala;
sar de: Foi tachado de ladrão. / Foi tachado de le- 63) Sentou “na” mesa para comer. Sentar-se (ou sen-
viano; tar) em é sentar-se em cima de. Veja o certo: Sen-
50) Ele foi um dos que “chegou” antes. Um dos que tou-se à mesa para comer. / Sentou ao piano, à
faz a concordância no plural: Ele foi um dos que máquina, ao computador;
chegaram antes (dos que chegaram antes, ele foi 64) Ficou contente “por causa que” ninguém se feriu.
um). / Era um dos que sempre vibravam com a vi- Embora popular, a locução não existe. Use porque:
tória; Ficou contente porque ninguém se feriu;
51) “Cerca de 18” pessoas o saudaram. Cerca de in- 65) O time empatou “em” 2 a 2. A preposição é por: O
dica arredondamento e não pode aparecer com time empatou por 2 a 2. Repare que ele ganha por
números exatos: Cerca de 20 pessoas o saudaram; e perde por. Da mesma forma: empate por;
52) Ministro nega que “é” negligente. Negar que in- 66) À medida “em” que a epidemia se espalhava... O
troduz subjuntivo, assim como embora e talvez: certo é: À medida que a epidemia se espalhava.
Ministro nega que seja negligente. / O jogador Existe ainda na medida em que (tendo em vista
negou que tivesse cometido a falta. / Ele talvez o que): É preciso cumprir as leis, na medida em que
convide para a festa. / Embora tente negar, vai dei- elas existem;
xar a empresa; 67) Não queria que «receiassem» a sua companhia.
53) Tinha “chego” atrasado. “Chego” não existe. O O i não existe: Não queria que receassem a sua
certo: Tinha chegado atrasado; companhia. Da mesma forma: passeemos, enfea-
54) Tons “pastéis” predominam. Nome de cor, quan- ram, ceaste, receeis (só existe i quando o acento
do expresso por substantivo, não varia: Tons pastel, cai no e que precede a terminação ear: receiem,
blusas rosa, gravatas cinza, camisas creme. No caso passeias, enfeiam);
de adjetivo, o plural é o normal: Ternos azuis, cane- 68) Eles “tem” razão. No plural, têm é assim, com
tas pretas, fitas amarelas; acento. Tem é a forma do singular. O mesmo ocor-
55) Queria namorar “com” o colega. O com não exis- re com vem e vêm e põe e põem: Ele tem, eles têm;
te: Queria namorar o colega; ele vem, eles vêm; ele põe, eles põem;
LÍNGUA PORTUGUESA

56) O processo deu entrada “junto ao” STF. Processo 69) A moça estava ali «há» muito tempo. Haver con-
dá entrada no STF. Igualmente: O jogador foi con- corda com estava. Portanto: A moça estava ali ha-
tratado do (e não “junto ao”) Guarani. / Cresceu via (fazia) muito tempo. / Ele doara sangue ao filho
muito o prestígio do jornal entre os (e não “junto havia (fazia) poucos meses. / Estava sem dormir
aos”) leitores. / Era grande a sua dívida com o (e havia (fazia) três meses. (O havia se impõe quando
não “junto ao”) banco. / A reclamação foi apresen- o verbo está no imperfeito e no mais-que-perfeito
tada ao (e não “junto ao”) PROCON; do indicativo.);

28
70) Não «se o» diz. É errado juntar o se com os prono- existem as formas “precavejo”, “precavês”, “preca-
mes o, a, os e as. Assim, nunca use: Fazendo-se-os, vém”, “precavenho”, “precavenha”, “precaveja”;
não se o diz (não se diz isso), vê-se-a; 84) Governo “reavê” confiança. Equivalente: Governo
71) Acordos “políticos-partidários”. Nos adjetivos recupera confiança. Reaver segue haver, mas ape-
compostos, só o último elemento varia: acordos nas nos casos em que este tem a letra v: Reavemos,
político-partidários. Outros exemplos: Bandeiras reouve, reaverá, reouvesse. Por isso, não existem
verde-amarelas, medidas econômico-financeiras, “reavejo”, “reavê”;
partidos social-democratas; 85) Disse o que “quiz”. Não existe z, mas apenas s, nas
72) Andou por “todo” país. Todo o (ou a) é que sig- pessoas de querer e pôr: Quis, quisesse, quiseram,
nifica inteiro: Andou por todo o país (pelo país in- quiséssemos; pôs, pus, pusesse, puseram, pusés-
teiro). / Toda a tripulação (a tripulação inteira) foi semos;
demitida. Sem o, todo quer dizer cada, qualquer: 86) O homem “possue” muitos bens. O certo: O ho-
Todo homem (cada homem) é mortal. / Toda nação mem possui muitos bens. Verbos em uir só têm a
(qualquer nação) tem inimigos; terminação ui: Inclui, atribui, polui. Verbos em uar
73) “Todos” amigos o elogiavam. No plural, todos exi- é que admitem ue: Continue, recue, atue, atenue;
ge os: Todos os amigos o elogiavam. / Era difícil 87) A tese “onde”. Onde só pode ser usado para lu-
apontar todas as contradições do texto; gar: A casa onde ele mora. / Veja o jardim onde as
74) Favoreceu “ao” time da casa. Favorecer, nesse crianças brincam. Nos demais casos, use em que:
sentido, rejeita a: Favoreceu o time da casa. / A de- A tese em que ele defende essa ideia. / O livro em
cisão favoreceu os jogadores; que... / A faixa em que ele canta... / Na entrevista
75) Ela “mesmo” arrumou a sala. Mesmo, quanto em que...;
equivale a próprio, é variável: Ela mesma (própria) 88) Já «foi comunicado» da decisão. Uma decisão é
arrumou a sala. / As vítimas mesmas recorreram à comunicada, mas ninguém «é comunicado» de al-
polícia; guma coisa. Assim: Já foi informado (cientificado,
76) Chamei-o e “o mesmo” não atendeu. Não se pode avisado) da decisão. Outra forma errada: A dire-
empregar o mesmo no lugar de pronome ou subs- toria «comunicou» os empregados da decisão.
tantivo: Chamei-o e ele não atendeu. / Os funcio- Opções corretas: A diretoria comunicou a decisão
nários públicos reuniram-se hoje: amanhã o país aos empregados. / A decisão foi comunicada aos
conhecerá a decisão dos servidores (e não “dos empregados;
mesmos”); 89) “Inflingiu” o regulamento. Infringir é que significa
transgredir: Infringiu o regulamento. Infligir (e não “in-
77) Vou sair “essa” noite. É este que designa o tempo
flingir”) significa impor: Infligiu séria punição ao réu;
no qual se está o objeto próximo: Esta noite, esta
90) A modelo “pousou” o dia todo. Modelo posa (de
semana (a semana em que se está), este dia, este
pose). Quem pousa é ave, avião, viajante. Não con-
jornal (o jornal que estou lendo), este século (o sé-
funda também iminente (prestes a acontecer) com
culo 20);
eminente (ilustre). Nem tráfico (contrabando) com
78) A temperatura chegou a 0 “graus”. Zero indica
tráfego (trânsito);
singular sempre: Zero grau, zero-quilômetro, zero
91) Espero que “viagem” hoje. Viagem, com g, é o
hora; substantivo: Minha viagem. A forma verbal é via-
79) Comeu frango “ao invés de” peixe. Em vez de in- jem (de viajar): Espero que viajem hoje. Evite tam-
dica substituição: Comeu frango em vez de peixe. bém “comprimentar” alguém: de cumprimento
Ao invés de significa apenas ao contrário: Ao invés (saudação), só pode resultar cumprimentar. Com-
de entrar, saiu; primento é extensão. Igualmente: Comprido (ex-
80) Se eu “ver” você por aí... O certo é: Se eu vir, revir, tenso) e cumprido (concretizado);
previr. Da mesma forma: Se eu vier (de vir), convier; 92) O pai “sequer” foi avisado. Sequer deve ser usado
se eu tiver (de ter), mantiver; se ele puser (de pôr), com negativa: O pai nem sequer foi avisado. / Não
impuser; se ele fizer (de fazer), desfizer; se nós dis- disse sequer o que pretendia. / Partiu sem sequer
sermos (de dizer), predissermos; nos avisar;
81) Ele “intermedia” a negociação. Mediar e interme- 93) Comprou uma TV “a cores”. Veja o correto: Com-
diar conjugam-se como odiar: Ele intermedeia (ou prou uma TV em cores (não se diz TV “a” preto e
medeia) a negociação. Remediar, ansiar e incendiar branco). Da mesma forma: Transmissão em cores,
também seguem essa norma: Remedeiam, que desenho em cores;
eles anseiem, incendeio; 94) “Causou-me” estranheza as palavras. Use o cer-
82) Ninguém se “adequa”. Não existem as formas to: Causaram-me estranheza as palavras. Cuidado,
“adequa”, “adeque”, por exemplo, mas apenas pois é comum o erro de concordância quando o
aquelas em que o acento cai no a ou o: adequa-
LÍNGUA PORTUGUESA

verbo está antes do sujeito. Veja outro exemplo:


ram, adequou, adequasse; Foram iniciadas esta noite as obras (e não “foi ini-
83) Evite que a bomba “expluda”. Explodir só tem as ciado” esta noite as obras);
pessoas em que depois do “d” vêm “e” e “i”: Ex- 95) A realidade das pessoas “podem” mudar. Cuida-
plode, explodiram. Portanto, não escreva nem fale do: palavra próxima ao verbo não deve influir na
“exploda” ou “expluda”, substituindo essas formas concordância. Por isso: A realidade das pessoas
por rebente, por exemplo. Precaver-se também pode mudar. / A troca de agressões entre os fun-
não se conjuga em todas as pessoas. Assim, não cionários foi punida (e não “foram punidas”);

29
96) O fato passou “desapercebido”. Na verdade, o Compondo o quadro do padrão informal da lingua-
fato passou despercebido, não foi notado. Desa- gem, estão as chamadas variedades linguísticas, as
percebido significa desprevenido; quais representam as variações de acordo com as con-
97) “Haja visto” seu empenho... A expressão é haja dições sociais, culturais, regionais e históricas em que é
vista e não varia: Haja vista seu empenho. / Haja utilizada. Dentre elas destacam-se:
vista seus esforços. / Haja vista suas críticas; A) Variações históricas: Dado o dinamismo que a
98) A moça «que ele gosta». Como se gosta de, o língua apresenta, a mesma sofre transformações ao lon-
certo é: A moça de que ele gosta. Igualmente: O di- go do tempo. Um exemplo bastante representativo é a
nheiro de que dispõe, o filme a que assistiu (e não questão da ortografia, se levarmos em consideração a
que assistiu), a prova de que participou, o amigo a palavra farmácia, uma vez que a mesma era grafada com
que se referiu, são alguns exemplos; “ph”, contrapondo-se à linguagem dos internautas, a
99) É hora “dele” chegar. Não se deve fazer a con- qual se fundamenta pela supressão dos vocábulos. Ana-
tração da preposição com artigo ou pronome, nos lisemos, pois, o fragmento exposto:
casos seguidos de infinitivo: É hora de ele chegar. Antigamente
/ Apesar de o amigo tê-lo convidado. / Depois de
esses fatos terem ocorrido; “Antigamente, as moças chamavam-se mademoiselles
100) Vou “consigo”. Consigo só tem valor reflexivo e eram todas mimosas e muito prendadas. Não faziam
(pensou consigo mesmo) e não pode substituir anos: completavam primaveras, em geral dezoito. Os ja-
com você, com o senhor. Portanto: Vou com você, notas, mesmo sendo rapagões, faziam-lhes pé-de-alferes,
vou com o senhor. Igualmente: Isto é para o senhor arrastando a asa, mas ficavam longos meses debaixo do
(e não “para si”); balaio.”
101) Já «é» 8 horas. Horas e as demais palavras que Carlos Drummond de Andrade
definem tempo variam: Já são 8 horas. / Já é (e não
«são») 1 hora, já é meio-dia, já é meia-noite; Comparando-o à modernidade, percebemos um vo-
102) A festa começa às 8 “hrs.”. As abreviaturas do sis- cabulário antiquado.
tema métrico decimal não têm plural nem ponto.
Assim: 8 h, 2 km (e não “kms.”), 5 m, 10 kg; B) Variações regionais: São os chamados dialetos,
103) “Dado” os índices das pesquisas... A concordân- que são as marcas determinantes referentes a diferen-
cia é normal: Dados os índices das pesquisas... / tes regiões. Como exemplo, citamos a palavra mandioca
Dado o resultado... / Dadas as suas ideias...; que, em certos lugares, recebe outras nomenclaturas, tais
104) Ficou “sobre” a mira do assaltante. Sob é que como: macaxeira e aipim. Figurando também esta moda-
significa debaixo de: Ficou sob a mira do assaltan- lidade estão os sotaques, ligados às características orais
te. / Escondeu-se sob a cama. Sobre equivale a em da linguagem.
cima de ou a respeito de: Estava sobre o telhado. /
Falou sobre a inflação. E lembre-se: O animal ou o C) Variações sociais ou culturais: Estão diretamente
piano têm cauda e o doce, calda. Da mesma forma, ligadas aos grupos sociais de uma maneira geral e tam-
alguém traz alguma coisa e alguém vai para trás; bém ao grau de instrução de uma determinada pessoa.
105) “Ao meu ver”. Não existe artigo nessas expres- Como exemplo, citamos as gírias, os jargões e o linguajar
sões: A meu ver, a seu ver, a nosso ver. caipira.
As gírias pertencem ao vocabulário específico de cer-
VARIAÇÕES LINGUÍSTICAS tos grupos, como os surfistas, cantores de rap, tatuadores,
entre outros. Os jargões estão relacionados ao profissio-
A linguagem é a característica que nos difere dos de- nalismo, caracterizando um linguajar técnico. Represen-
mais seres, permitindo-nos a oportunidade de expressar tando a classe, podemos citar os médicos, advogados,
sentimentos, revelar conhecimentos, expor nossa opi- profissionais da área de informática, dentre outros.
nião frente aos assuntos relacionados ao nosso cotidiano Vejamos um poema sobre o assunto:
e, sobretudo, promovendo nossa inserção ao convívio
social. Dentre os fatores que a ela se relacionam desta- Vício na fala
cam-se os níveis da fala, que são basicamente dois: o ní-
vel de formalidade e o de informalidade. Para dizerem milho dizem mio
O padrão formal está diretamente ligado à lingua- Para melhor dizem mió
gem escrita, restringindo-se às normas gramaticais de Para pior pió
um modo geral. Razão pela qual nunca escrevemos da Para telha dizem teia
mesma maneira que falamos. Este fator foi determinante Para telhado dizem teiado
para a que a mesma pudesse exercer total soberania so- E vão fazendo telhados.
LÍNGUA PORTUGUESA

bre as demais. Oswald de Andrade


Quanto ao nível informal, por sua vez, representa o
estilo considerado “de menor prestígio”, e isto tem ge- SITE
rado controvérsias entre os estudos da língua, uma vez Disponível em: <http://www.brasilescola.com/grama-
que, para a sociedade, aquela pessoa que fala ou escreve tica/variacoes-linguisticas.htm>
de maneira errônea é considerada “inculta”, tornando-se
desta forma um estigma.

30
FUNÇÕES DA LINGUAGEM Na poesia acima “Epitáfio para um banqueiro”, José
de Paulo Paes faz uma combinação de palavras que pas-
Função referencial ou denotativa: transmite uma in- sa a ideia do dia a dia de um banqueiro, de acordo com
formação objetiva, expõe dados da realidade de modo o poeta.
objetivo, não faz comentários, nem avaliação. Geralmen-
te, o texto se apresenta na terceira pessoa do singular VÍCIOS DE LINGUAGEM
ou plural, pois transmite impessoalidade. A linguagem
é denotativa, ou seja, não há possibilidades de outra in- Todo desvio das normas gramaticais provoca um vício
terpretação além da que está exposta. Em alguns textos de linguagem. São incorreções e defeitos no uso da lín-
é mais predominante essa função, como nos científicos, gua falada ou escrita. Origina-se do descaso ou do des-
jornalísticos, técnicos, didáticos ou em correspondências preparo linguístico de quem se expressa. Os principais
comerciais. vícios de linguagem são:
Função emotiva ou expressiva: o objetivo do emis- A) Barbarismo: todo desvio na grafia, na flexão ou
sor é transmitir suas emoções e anseios. A realidade na pronúncia de uma palavra constitui um barba-
é transmitida sob o ponto de vista do emissor, a men- rismo. Existem quatro tipos:
sagem é subjetiva e centrada no emitente e, portanto, A.1 Cacoepia: é a má pronúncia de uma palavra.
apresenta-se na primeira pessoa. A pontuação (ponto de Exemplos: compania (em vez de companhia), gor
exclamação, interrogação e reticências) é uma caracterís- (em vez de gol), cadalço (em vez de cadarço);
tica da função emotiva, pois transmite a subjetividade da A.2 Silabada: é a troca de acentuação prosódica de
mensagem e reforça a entonação emotiva. Essa função é uma palavra: récorde (em vez de recorde), rúbrica
comum em poemas ou narrativas de teor dramático ou (em vez de rubrica), íbero (em vez de ibero);
romântico. A.3 Cacografia: é a má grafia ou má flexão de uma
palavra: maizena (em vez de maisena), cidadões
Função conativa ou apelativa: O objetivo é de in- (em vez de cidadãos), interviu (em vez de interveio);
fluenciar, convencer o receptor de alguma coisa por meio A.4 Deslize: é o mau emprego de uma palavra: mala
de uma ordem (uso de vocativos), sugestão, convite ou leviana (por mala leve), peixe com espinho (por
apelo (daí o nome da função). Os verbos costumam estar peixe com espinha), vultuosa quantia (por vultosa
no imperativo (Compre! Faça!) ou conjugados na 2.ª ou quantia).
3.ª pessoa (Você não pode perder! Ele vai melhorar seu
desempenho!). Esse tipo de função é muito comum em Comete Barbarismo ainda quem abusa do emprego
textos publicitários, em discursos políticos ou de auto- de palavras estrangeiras, grafando-as como na língua
ridade. de origem. Por princípio, todo estrangeirismo que não
possuir equivalente adequado em nossa língua deve ser
Função metalinguística: Essa função se refere à me- aportuguesado. Portanto, convém grafar: abajur, boate,
talinguagem, que é quando o emissor explica um códi- garagem, coquetel, checape, xampu, xortes, e não abat-
go usando o próprio código. Quando um poema fala da -jour, boite, garage, cocktail, check-up, shampoo, shorts.
própria ação de se fazer um poema, por exemplo: Tão usadas entre nós são algumas grafias estrangei-
“Pegue um jornal ras, que a estranheza por algumas formas aportuguesa-
Pegue a tesoura. das é natural. Incluem-se ainda como barbarismo todas
Escolha no jornal um artigo do tamanho que você de- as formas de estrangeirismo, isto é, uso de palavras ou
seja dar a seu poema. expressões de outras línguas:
Recorte o artigo.”
Este trecho da poesia, intitulada “Para fazer um poe- Galicismo (do francês): Mise-en-scène em vez de en-
ma dadaísta” utiliza o código (poema) para explicar o cenação, Parti pris em vez de opinião preconcebida.
próprio ato de fazer um poema.
Anglicismo (do inglês): Weekend em vez de fim de
Função fática: O objetivo dessa função é estabelecer semana.
uma relação com o emissor, um contato para verificar
se a mensagem está sendo transmitida ou para dilatar a B) Solecismo: Todo desvio sintático provoca um sole-
conversa. Quando estamos em um diálogo, por exemplo, cismo. Existem três tipos:
e dizemos ao nosso receptor “Está entendendo?”, esta- 1. de concordância: houveram eleições (por houve
mos utilizando este tipo de função; ou quando atende- eleições), o pessoal chegaram (por o pessoal che-
mos o celular e dizemos “Oi” ou “Alô”. gou);
2. de regência: assisti esse filme (por assisti a esse fil-
LÍNGUA PORTUGUESA

Função poética: O objetivo do emissor é expressar me), ter ódio de alguém (por ter ódio a alguém), não
seus sentimentos através de textos que podem ser enfa- lhe conheço (por não o conheço);
tizados por meio das formas das palavras, da sonoridade, 3. de colocação: darei-lhe um abraço (por dar-lhe-ei
do ritmo, além de elaborar novas possibilidades de com- um abraço), tenho queixado-me bastante (por te-
binações dos signos linguísticos. É presente em textos nho me queixado bastante).
literários, publicitários e em letras de música. C) Cacófato: Todo som obsceno resultante da união
Por exemplo: negócio/ego/ócio/cio/0 de sílabas de palavras diferentes provoca um cacó-
fato: preciso ir-me já, vaca gaúcha, etc.

31
O cacófato só existe quando a união das sílabas ex- Observação:
prime obscenidade. Portanto, ela tinha, boca dela, alma A contribuição greco-latina é responsável pela
minha e outras uniões semelhantes não constituem ca- existência de numerosos pares de sinônimos: adversário e
cófatos, mas simples cacofonias, de menor importância. antagonista; translúcido e diáfano; semicírculo e hemiciclo;
D) Ambiguidade ou Anfibologia: todo duplo sen- contraveneno e antídoto; moral e ética; colóquio e diálogo;
tido, causado pela má construção da frase, é uma transformação e metamorfose; oposição e antítese.
ambiguidade: Beatriz comeu um doce e sua irmã
também. (por: Beatriz comeu um doce, e sua irmã Antônimos
também); Mataram o porco do meu tio. (por: Mata-
ram o porco que era de meu tio). São palavras que se opõem através de seu significado:
E) Redundância: Toda repetição de uma ideia me- ordem - anarquia; soberba - humildade; louvar - censurar;
diante palavras ou expressões diferentes provoca mal - bem.
uma redundância ou pleonasmo vicioso: subir lá
em cima, descer lá embaixo, entrar pra dentro, sair Observação:
pra fora, novidade inédita, hemorragia de sangue, A antonímia pode se originar de um prefixo de
pomar de frutas, hepatite do fígado, demente men- sentido oposto ou negativo: bendizer e maldizer;
tal, e tantas outras. simpático e antipático; progredir e regredir; concórdia e
F) Arcaísmo: Consiste no emprego de palavras ou ex- discórdia; ativo e inativo; esperar e desesperar; comunista
pressões antigas que já caíram de uso: asinha em e anticomunista; simétrico e assimétrico.
vez de depressa, antanho em vez de no passado. Homônimos e Parônimos
G) Neologismo: Emprego de palavras novas que,
apesar de formadas de acordo com o sistema da  Homônimos = palavras que possuem a mesma
língua, ainda não foram incorporadas pelo idioma: grafia ou a mesma pronúncia, mas significados
As mensagens telecomunicadas foram vistas por diferentes. Podem ser
poucas pessoas.
H) Eco: Ocorre quando há palavras na frase com ter- A) Homógrafas: são palavras iguais na escrita e
minações iguais ou semelhantes, provocando dis- diferentes na pronúncia:
sonância: A divulgação da promoção não causou rego (subst.) e rego (verbo); colher (verbo) e colher
comoção na população. (subst.); jogo (subst.) e jogo (verbo); denúncia
I) Hiato: Ocorre quando há uma sequência de vogais, (subst.) e denuncia (verbo); providência (subst.) e
provocando dissonância: Eu a amo; Ou eu ou a ou- providencia (verbo).
tra ganhará o concurso.
J) Colisão: Ocorre quando há repetição de consoan- B) Homófonas: são palavras iguais na pronúncia e
tes iguais ou semelhantes, provocando dissonân- diferentes na escrita:
cia: Sua saia sujou. acender (atear) e ascender (subir); concertar (harmonizar)
e consertar (reparar); cela (compartimento) e sela
(arreio); censo (recenseamento) e senso ( juízo); paço
(palácio) e passo (andar).
SEMÂNTICA: CONSTRUÇÃO DE SENTIDO C) Homógrafas e homófonas simultaneamente
E EFEITOS DE SENTIDO, SINONÍMIA, (ou perfeitas): São palavras iguais na escrita e na
ANTONÍMIA, HOMONÍMIA, POLISSEMIA E pronúncia:
FIGURAS DE LINGUAGEM; DENOTAÇÃO E caminho (subst.) e caminho (verbo); cedo (verbo) e
CONOTAÇÃO; cedo (adv.); livre (adj.) e livre (verbo).

 Parônimos = palavras com sentidos diferentes,


Semântica é o estudo da significação das palavras porém de formas relativamente próximas. São
e das suas mudanças de significação através do tempo palavras parecidas na escrita e na pronúncia: cesta
ou em determinada época. A maior importância está em (receptáculo de vime; cesta de basquete/esporte)
distinguir sinônimos e antônimos (sinonímia / antonímia) e sesta (descanso após o almoço), eminente
e homônimos e parônimos (homonímia / paronímia). (ilustre) e iminente (que está para ocorrer), osso
(substantivo) e ouço (verbo), sede (substantivo
Sinônimos e/ou verbo “ser” no imperativo) e cede (verbo),
comprimento (medida) e cumprimento (saudação),
São palavras de sentido igual ou aproximado: alfabeto autuar (processar) e atuar (agir), infligir (aplicar
- abecedário; brado, grito - clamor; extinguir, apagar - pena) e infringir (violar), deferir (atender a) e
LÍNGUA PORTUGUESA

abolir. diferir (divergir), suar (transpirar) e soar (emitir


Duas palavras são totalmente sinônimas quando som), aprender (conhecer) e apreender (assimilar;
são substituíveis, uma pela outra, em qualquer contexto apropriar-se de), tráfico (comércio ilegal) e
(cara e rosto, por exemplo); são parcialmente sinônimas tráfego (relativo a movimento, trânsito), mandato
quando, ocasionalmente, podem ser substituídas, (procuração) e mandado (ordem), emergir (subir à
uma pela outra, em deteminado enunciado (aguadar e superfície) e imergir (mergulhar, afundar).
esperar).

32
Hiperonímia e Hiponímia O passarinho foi atingido no bico.
Nas expressões polissêmicas rede de deitar, rede de
Hipônimos e hiperônimos são palavras que pertencem computadores e rede elétrica, por exemplo, temos em
a um mesmo campo semântico (de sentido), sendo comum a palavra “rede”, que dá às expressões o sentido
o hipônimo uma palavra de sentido mais específico; o de “entrelaçamento”. Outro exemplo é a palavra “xadrez”,
hiperônimo, mais abrangente. que pode ser utilizada representando “tecido”, “prisão”
O hiperônimo impõe as suas propriedades ao ou “jogo” – o sentido comum entre todas as expressões
hipônimo, criando, assim, uma relação de dependência é o formato quadriculado que têm.
semântica. Por exemplo: Veículos está numa relação de
hiperonímia com carros, já que veículos é uma palavra de Polissemia e homonímia
significado genérico, incluindo motos, ônibus, caminhões.
Veículos é um hiperônimo de carros. A confusão entre polissemia e homonímia é bastante
Um hiperônimo pode substituir seus hipônimos em comum. Quando a mesma palavra apresenta vários
quaisquer contextos, mas o oposto não é possível. A significados, estamos na presença da polissemia. Por
utilização correta dos hiperônimos, ao redigir um texto, outro lado, quando duas ou mais palavras com origens
evita a repetição desnecessária de termos. e significados distintos têm a mesma grafia e fonologia,
temos uma homonímia.
Parônimos: São palavras parecidas na escrita e na A palavra “manga” é um caso de homonímia. Ela pode
pronúncia: Coro e couro, cesta e sesta, eminente e imi- significar uma fruta ou uma parte de uma camisa. Não
nente, tetânico e titânico, atoar e atuar, degradar e de- é polissemia porque os diferentes significados para a
gredar, cético e séptico, prescrever e proscrever, descri- palavra “manga” têm origens diferentes. “Letra” é uma
ção e discrição, infligir (aplicar) e infringir (transgredir), palavra polissêmica: pode significar o elemento básico
osso e ouço, sede (vontade de beber) e cede (verbo ceder), do alfabeto, o texto de uma canção ou a caligrafia de
comprimento e cumprimento, deferir (conceder, dar de- um determinado indivíduo. Neste caso, os diferentes
ferimento) e diferir (ser diferente, divergir, adiar), ratificar significados estão interligados porque remetem para o
(confirmar) e retificar (tornar reto, corrigir), vultoso (volu- mesmo conceito, o da escrita.
moso, muito grande: soma vultosa) e vultuoso (congestio-
nado: rosto vultuoso). Polissemia e ambiguidade

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Polissemia e ambiguidade têm um grande impacto


SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa na interpretação. Na língua portuguesa, um enunciado
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. pode ser ambíguo, ou seja, apresentar mais de uma
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza interpretação. Esta ambiguidade pode ocorrer devido à
Cochar - Português linguagens: volume 1 – 7.ª ed. Reform. colocação específica de uma palavra (por exemplo, um
– São Paulo: Saraiva, 2010. advérbio) em uma frase. Vejamos a seguinte frase:
AMARAL, Emília... [et al.]. Português: novas palavras: Pessoas que têm uma alimentação equilibrada
literatura, gramática, redação – São Paulo: FTD, 2000. frequentemente são felizes.
XIMENES, Sérgio. Minidicionário Ediouro da Lìngua Neste caso podem existir duas interpretações
Portuguesa – 2.ª ed. reform. – São Paulo: Ediouro, 2000. diferentes:
As pessoas têm alimentação equilibrada porque
SITE são felizes ou são felizes porque têm uma alimentação
Disponível em: <http://www.coladaweb.com/ equilibrada.
portugues/sinonimos,-antonimos,-homonimos-e- De igual forma, quando uma palavra é polissêmica,
paronimos> ela pode induzir uma pessoa a fazer mais do que uma
interpretação. Para fazer a interpretação correta é muito
POLISSEMIA importante saber qual o contexto em que a frase é
proferida.
Polissemia é a propriedade de uma palavra adquirir Muitas vezes, a disposição das palavras na construção
multiplicidade de sentidos, que só se explicam dentro de do enunciado pode gerar ambiguidade ou, até mesmo,
um contexto. Trata-se, realmente, de uma única palavra, comicidade. Repare na figura abaixo:
mas que abarca um grande número de significados
dentro de seu próprio campo semântico.
Reportando-nos ao conceito de Polissemia, logo
percebemos que o prefixo “poli” significa multiplicidade
de algo. Possibilidades de várias interpretações levando-
LÍNGUA PORTUGUESA

se em consideração as situações de aplicabilidade. Há


uma infinidade de exemplos em que podemos verificar a
ocorrência da polissemia:
O rapaz é um tremendo gato.
O gato do vizinho é peralta.
Precisei fazer um gato para que a energia voltasse.
Pedro costuma fazer alguns “bicos” para garantir sua (http://www.humorbabaca.com/fotos/diversas/corto-cabelo-e-
sobrevivência pinto. Acesso em 15/9/2014).

33
Poderíamos corrigir o cartaz de inúmeras maneiras, numa linguagem poética e na literatura, mas também
mas duas seriam: ocorre em conversas cotidianas, em letras de música, em
Corte e coloração capilar anúncios publicitários, entre outros. Exemplos:
ou Você é o meu sol!
Faço corte e pintura capilar Minha vida é um mar de tristezas.
Você tem um coração de pedra!
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza
Cochar. Português linguagens: volume 1 – 7.ª ed. Reform. #FicaDica
– São Paulo: Saraiva, 2010.
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Procure associar Denotação com Dicionário:
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. trata-se de definição literal, quando o termo
é utilizado com o sentido que consta no di-
SITE cionário.
Disponível em: <http://www.brasilescola.com/
gramatica/polissemia.htm>
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DENOTAÇÃO E CONOTAÇÃO SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Exemplos de variação no significado das palavras: Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Ce-
Os domadores conseguiram enjaular a fera. (sentido reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
literal) Paulo: Saraiva, 2010.
Ele ficou uma fera quando soube da notícia. (sentido
figurado) SITE
Aquela aluna é fera na matemática. (sentido figurado) http://www.normaculta.com.br/conotacao-e-denota-
As variações nos significados das palavras ocasionam cao/
o sentido denotativo (denotação) e o sentido conotativo
(conotação) das palavras.
EXERCÍCIOS COMENTADOS
A) Denotação
Uma palavra é usada no sentido denotativo quando
1. (BANESTES – TÉCNICO BANCÁRIO – FGV-2018) Um
apresenta seu significado original, independentemente
ex-governador do estado do Amazonas disse o seguinte:
do contexto em que aparece. Refere-se ao seu significa-
“Defenda a ecologia, mas não encha o saco”. (Gilberto
do mais objetivo e comum, aquele imediatamente reco-
Mestrinho) O vocábulo sublinhado, composto do radi-
nhecido e muitas vezes associado ao primeiro significado
cal-logia (“estudo”), se refere aos estudos de defesa do
que aparece nos dicionários, sendo o significado mais li-
meio ambiente; o vocábulo abaixo, com esse mesmo ra-
teral da palavra.
dical, que tem seu significado corretamente indicado é:
A denotação tem como finalidade informar o recep-
tor da mensagem de forma clara e objetiva, assumindo a) Antropologia: estudo do homem como representante
um caráter prático. É utilizada em textos informativos, do sexo masculino;
como jornais, regulamentos, manuais de instrução, bu- b) Etimologia: estudo das raças humanas;
las de medicamentos, textos científicos, entre outros. A c) Meteorologia: estudo dos impactos de meteoros sobre
palavra “pau”, por exemplo, em seu sentido denotativo é a Terra;
apenas um pedaço de madeira. Outros exemplos: d) Ginecologia: estudo das doenças privativas das mu-
O elefante é um mamífero. lheres;
As estrelas deixam o céu mais bonito! e) Fisiologia: estudo das forças atuantes na natureza.

B) Conotação Resposta: Letra D. Em “a”: Antropologia: Ciência que


Uma palavra é usada no sentido conotativo quando se dedica ao estudo do homem (espécie humana) em
apresenta diferentes significados, sujeitos a diferentes sua totalidade
interpretações, dependendo do contexto em que esteja Em “b”: Etimologia: Ciência que investiga a origem das
inserida, referindo-se a sentidos, associações e ideias que palavras procurando determinar as causas e circuns-
vão além do sentido original da palavra, ampliando sua tâncias de seu processo evolutivo
significação mediante a circunstância em que a mesma
LÍNGUA PORTUGUESA

Em “c”: Meteorologia: Estudo dos fenômenos atmosfé-


é utilizada, assumindo um sentido figurado e simbólico. ricos e das suas leis, principalmente com a intenção de
Como no exemplo da palavra “pau”: em seu sentido co- prever as variações do tempo.
notativo ela pode significar castigo (dar-lhe um pau), re- Em “d”: Ginecologia: estudo das doenças privativas das
provação (tomei pau no concurso). mulheres = correta
A conotação tem como finalidade provocar sentimen- Em “e”: Fisiologia: Ciência que trata das funções orgâ-
tos no receptor da mensagem, através da expressividade nicas pelas quais a vida se manifesta
e afetividade que transmite. É utilizada principalmente

34
2. (CÂMARA DE SALVADOR-BA – ASSISTENTE LEGIS- jornalismo quanto na literatura não pode haver censura
LATIVO MUNICIPAL – FGV-2018) “Na verdade, todos os prévia. Publicada a reportagem (ou biografia), os que
anos a imprensa nacional destaca os inaceitáveis números se sentirem atingidos que recorram à justiça. É preciso
da violência no país”. O vocábulo “inaceitáveis” equivale seguir o padrão existente em muitos países, em que há
ao “que não se aceita”. A equivalência correta abaixo in- biografias “autorizadas” e “não autorizadas”.
dicada é: Reclamações posteriores, quando existem, são
encaminhadas ao foro devido, os tribunais.
a) tinta indelével / que não se apaga; O alegado “direito à privacidade” é argumento frágil
b) ação impossível / que não se possui; para justificar o veto a que a historiografia do país seja
c) trabalho inexequível / que não se exemplifica; enriquecida, como se não bastasse o fato de o poder
d) carro invisível / que não tem vistoria; de censura concedido a biografados e herdeiros ser um
e) voz inaudível / que não possui audiência. atentado à Constituição.
O Globo, 23/9/2013 (com adaptações).
Resposta: Letra A. Em “a”: tinta indelével / que não se
apaga = correta A palavra “sonegado” está sendo empregada com o
Em “b”: ação impossível = que não é possível sentido de reduzido, diminuído.
Em “c”: trabalho inexequível = que não se executa
Em “d”: carro invisível = que não se vê ( ) CERTO ( ) ERRADO
Em “e”: voz inaudível = que não se ouve
Resposta: Errado. (...) Permite-se a interdição de regis-
3. (MPU – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CESPE-2010) tros de época, em prejuízo dos historiadores e pesqui-
A pobreza é um dos fatores mais comumente respon- sadores do futuro.
sáveis pelo baixo nível de desenvolvimento humano Dessa forma, tem sido sonegado, por exemplo, o rela-
e pela origem de uma série de mazelas, algumas das to da vida do poeta Manoel Bandeira e dos escritores
quais proibidas por lei ou consideradas crimes. É o caso Mário de Andrade e Guimarães Rosa = o sentido é o
do trabalho infantil. A chaga encontra terreno fértil nas de “impedido”.
sociedades subdesenvolvidas, mas também viceja onde
o capitalismo, em seu ambiente mais selvagem, obriga 5. (PC-SP - ESCRIVÃO DE POLÍCIA – VUNESP-2014) O
crianças e adolescentes a participarem do processo de termo destacado na passagem do primeiro parágrafo –
produção. Foi assim na Revolução Industrial de ontem Mesmo com tantas opções, ainda há resistência na hora
e nas economias ditas avançadas. E ainda é, nos dias de da compra. – tem sentido equivalente a
hoje, nas manufaturas da Ásia ou em diversas regiões do
Brasil. Enquanto, entre as nações ricas, o trabalho infantil a) impetuosidade.
foi minimizado, já que nunca se pode dizer erradicado, b) empatia.
ele continua sendo grave problema nos países mais po- c) relutância.
bres. d) consentimento.
Jornal do Brasil, Editorial, 1.º/7/2010 (com e) segurança.
adaptações).
A palavra “chaga”, empregada com o sentido de ferida Resposta: Letra C. Mesmo com tantas opções, ainda
social, refere-se, na estrutura sintática do parágrafo, a há resistência na hora da compra.
“pobreza”. Em “a”: impetuosidade (força) = incorreto
Em “b”: empatia = incorreto
( ) CERTO ( ) ERRADO Em “c”: relutância (resistência).
Em “d”: consentimento (aceitação) = incorreto
Resposta: Errado. (...) É o caso do trabalho infantil. Em “e”: segurança = incorreto
A chaga encontra terreno = refere-se a “trabalho in- A substituição que manteria o sentido do período é
fantil”. “ainda há relutância”.

4. (MPU – CONHECIMENTOS BÁSICOS PARA O CAR-


GO 33 – TÉCNICO ADMINISTRATIVO - Nível Médio –
CESPE-2013)
Há um dispositivo no Código Civil que condiciona a edi-
ção de biografias à autorização do biografado ou des-
cendentes. As consequências da norma são negativas.
LÍNGUA PORTUGUESA

Uma delas é a impossibilidade de se registrar e deixar


para a posteridade a vida de personagens importantes
na formação do país, em qualquer ramo de atividade.
Permite-se a interdição de registros de época, em prejuí-
zo dos historiadores e pesquisadores do futuro.
Dessa forma, tem sido sonegado, por exemplo,
o relato da vida do poeta Manoel Bandeira e dos
escritores Mário de Andrade e Guimarães Rosa. Tanto no

35
FIGURA DE LINGUAGEM, PENSAMENTO E CONSTRUÇÃO

Disponível em: <http://www.terapiadapalavra.com.br/figuras-de-linguagem-na-escrita-literaria/> Acesso abr, 2018.

A figura de palavra consiste na substituição de uma palavra por outra, isto é, no emprego figurado, simbólico, seja
por uma relação muito próxima (contiguidade), seja por uma associação, uma comparação, uma similaridade. São
construções que transformam o significado das palavras para tirar delas maior efeito ou para construir uma mensagem
nova.

1. Tipos de Figuras de Linguagem

1.1. Figuras de Som

Aliteração - Consiste na repetição de consoantes como recurso para intensificação do ritmo ou como efeito sonoro
significativo.
Três pratos de trigo para três tigres tristes.
Vozes veladas, veludosas vozes... (Cruz e Sousa)
Quem com ferro fere com ferro será ferido.

Assonância - Consiste na repetição ordenada de sons vocálicos idênticos: “Sou um mulato nato no sentido lato
mulato democrático do litoral.”

Onomatopeia - Ocorre quando se tentam reproduzir na forma de palavras os sons da realidade: Os sinos faziam
blem, blem, blem.
Paranomásia – é o uso de sons semelhantes em palavras próximas: “A fossa, a bossa, a nossa grande dor...” (Carlos
Lyra)

1.2. Figuras de Palavras ou de Pensamento

1.2.1. Metáfora

Consiste em utilizar uma palavra ou uma expressão em lugar de outra, sem que haja uma relação real, mas em
virtude da circunstância de que o nosso espírito as associa e percebe entre elas certas semelhanças. É o emprego da
palavra fora de seu sentido normal.
Observação:
Toda metáfora é uma espécie de comparação implícita, em que o elemento comparativo não aparece.
Seus olhos são como luzes brilhantes.
O exemplo acima mostra uma comparação evidente, através do emprego da palavra como.
Observe agora: Seus olhos são luzes brilhantes.
Neste exemplo não há mais uma comparação (note a ausência da partícula comparativa), e sim símile, ou seja, qua-
LÍNGUA PORTUGUESA

lidade do que é semelhante.


Por fim, no exemplo: As luzes brilhantes olhavam-me. Há substituição da palavra olhos por luzes brilhantes. Esta é
a verdadeira metáfora.

Outros exemplos:
“Meu pensamento é um rio subterrâneo.” (Fernando Pessoa)
Neste caso, a metáfora é possível na medida em que o poeta estabelece relações de semelhança entre um rio sub-
terrâneo e seu pensamento (pode estar relacionando a fluidez, a profundidade, a inatingibilidade, etc.).

36
Minha alma é uma estrada de terra que leva a lugar 1.2.4. Perífrase ou Antonomásia
algum.
Uma estrada de terra que leva a lugar algum é, na fra- Trata-se de uma expressão que designa um ser atra-
se acima, uma metáfora. Por trás do uso dessa expressão vés de alguma de suas características ou atributos, ou de
que indica uma alma rústica e abandonada (e angustia- um fato que o celebrizou. É a substituição de um nome
damente inútil), há uma comparação subentendida: Mi- por outro ou por uma expressão que facilmente o iden-
nha alma é tão rústica, abandonada (e inútil) quanto uma tifique:
estrada de terra que leva a lugar algum. A Cidade Maravilhosa (= Rio de Janeiro) continua
atraindo visitantes do mundo todo.
A Amazônia é o pulmão do mundo. A Cidade-Luz (=Paris)
Em sua mente povoa só inveja. O rei das selvas (=o leão)

1.2.2. Metonímia (ou sinédoque) Observação:


Quando a perífrase indica uma pessoa, recebe o
É a substituição de um nome por outro, em virtude de nome de antonomásia. Exemplos:
existir entre eles algum relacionamento. Tal substituição O Divino Mestre (= Jesus Cristo) passou a vida prati-
pode acontecer dos seguintes modos: cando o bem.
Autor pela obra: Gosto de ler Machado de Assis. (= O Poeta dos Escravos (= Castro Alves) morreu muito
Gosto de ler a obra literária de Machado de Assis). jovem.
Inventor pelo invento: Édson ilumina o mundo. (= O Poeta da Vila (= Noel Rosa) compôs lindas canções.
As lâmpadas iluminam o mundo).
Símbolo pelo objeto simbolizado: Não te afastes da 1.2.4. Sinestesia
cruz. (= Não te afastes da religião).
Lugar pelo produto do lugar: Fumei um saboroso Consiste em mesclar, numa mesma expressão, as sen-
Havana. (= Fumei um saboroso charuto). sações percebidas por diferentes órgãos do sentido. É o
Efeito pela causa: Sócrates bebeu a morte. (= Sócra- cruzamento de sensações distintas.
tes tomou veneno). Um grito áspero revelava tudo o que sentia. (grito =
Causa pelo efeito: Moro no campo e como do meu auditivo; áspero = tátil)
trabalho. (= Moro no campo e como o alimento que pro- No silêncio escuro do seu quarto, aguardava os aconte-
duzo). cimentos. (silêncio = auditivo; escuro = visual)
Continente pelo conteúdo: Bebeu o cálice todo. (= Tosse gorda. (sensação auditiva X sensação tátil)
Bebeu todo o líquido que estava no cálice).
Instrumento pela pessoa que utiliza: Os microfones 1.2.5. Antítese
foram atrás dos jogadores. (= Os repórteres foram atrás
dos jogadores). Consiste no emprego de palavras que se opõem
Parte pelo todo: Várias pernas passavam apressada- quanto ao sentido. O contraste que se estabelece serve,
mente. (= Várias pessoas passavam apressadamente). essencialmente, para dar uma ênfase aos conceitos en-
Gênero pela espécie: Os mortais pensam e sofrem volvidos que não se conseguiria com a exposição isolada
nesse mundo. (= Os homens pensam e sofrem nesse dos mesmos. Observe os exemplos:
mundo). “O mito é o nada que é tudo.” (Fernando Pessoa)
Singular pelo plural: A mulher foi chamada para ir O corpo é grande e a alma é pequena.
às ruas na luta por seus direitos. (= As mulheres foram “Quando um muro separa, uma ponte une.”
chamadas, não apenas uma mulher). Não há gosto sem desgosto.
Marca pelo produto: Minha filha adora danone. (=
Minha filha adora o iogurte que é da marca Danone). 1.2.6. Paradoxo ou oximoro
Espécie pelo indivíduo: O homem foi à Lua. (= Al-
guns astronautas foram à Lua). É a associação de ideias, além de contrastantes, con-
Símbolo pela coisa simbolizada: A balança penderá traditórias. Seria a antítese ao extremo.
para teu lado. (= A justiça ficará do teu lado). Era dor, sim, mas uma dor deliciosa.
Ouvimos as vozes do silêncio.
1.2.3. Catacrese
1.2.7. Eufemismo
Trata-se de uma metáfora que, dado seu uso contí-
nuo, cristalizou-se. A catacrese costuma ocorrer quando, É o emprego de uma expressão mais suave, mais no-
LÍNGUA PORTUGUESA

por falta de um termo específico para designar um con- bre ou menos agressiva, para comunicar alguma coisa
ceito, toma-se outro “emprestado”. Assim, passamos a áspera, desagradável ou chocante.
empregar algumas palavras fora de seu sentido original. Depois de muito sofrimento, entregou a alma ao Se-
Exemplos: “asa da xícara”, “batata da perna”, “maçã do nhor. (= morreu)
rosto”, “pé da mesa”, “braço da cadeira”, “coroa do aba- O prefeito ficou rico por meios ilícitos. (= roubou)
caxi”. Fernando faltou com a verdade. (= mentiu)
Faltar à verdade. (= mentir)

37
1.2.8. Ironia “Vive só para mim, só para a minha vida, só para meu
amor”. (Olavo Bilac)
É sugerir, pela entoação e contexto, o contrário do “O trigo... nasceu, cresceu, espigou, amadureceu, co-
que as palavras ou frases expressam, geralmente apre- lheu-se.” (Padre Antônio Vieira)
sentando intenção sarcástica. A ironia deve ser muito
bem construída para que cumpra a sua finalidade; mal 1.3.3. Elipse
construída, pode passar uma ideia exatamente oposta à
desejada pelo emissor. Consiste na omissão de um ou mais termos numa
Como você foi bem na prova! Não tirou nem a nota oração e que podem ser facilmente identificados, tanto
mínima. por elementos gramaticais presentes na própria oração,
Parece um anjinho aquele menino, briga com todos quanto pelo contexto.
que estão por perto. A catedral da Sé. (a igreja catedral)
O governador foi sutil como um elefante. Domingo irei ao estádio. (no domingo eu irei ao es-
tádio)
1.2.9. Hipérbole
1.3.4. Zeugma
É a expressão intencionalmente exagerada com o in-
tuito de realçar uma ideia. Zeugma é uma forma de elipse. Ocorre quando é feita
Faria isso milhões de vezes se fosse preciso. a omissão de um termo já mencionado anteriormente.
“Rios te correrão dos olhos, se chorares.” (Olavo Bilac) Ele gosta de geografia; eu, de português. (eu gosto de
O concurseiro quase morre de tanto estudar! português)
Na casa dela só havia móveis antigos; na minha, só
1.2.10. Prosopopeia ou Personificação modernos. (só havia móveis)
Ela gosta de natação; eu, de vôlei. (gosto de)
É a atribuição de ações ou qualidades de seres ani-
mados a seres inanimados, ou características humanas a
1.3.5. Silepse
seres não humanos. Observe os exemplos:
As pedras andam vagarosamente.
A silepse é a concordância que se faz com o termo
O livro é um mudo que fala, um surdo que ouve, um
que não está expresso no texto, mas, sim, subentendido.
cego que guia.
É uma concordância anormal, psicológica, porque se faz
A floresta gesticulava nervosamente diante da serra.
com um termo oculto, facilmente identificado. Há três ti-
Chora, violão.
pos de silepse: de gênero, número e pessoa.
1.3. Figuras de Construção ou de Sintaxe
Silepse de Gênero - Os gêneros são masculino e fe-
1.3.1. Apóstrofe minino. Ocorre a silepse de gênero quando a concordân-
cia se faz com a ideia que o termo comporta. Exemplos:
Consiste na “invocação” de alguém ou de alguma coi-
sa personificada, de acordo com o objetivo do discurso, A) A bonita Porto Velho sofreu mais uma vez com o
que pode ser poético, sagrado ou profano. Caracteriza- calor intenso.
-se pelo chamamento do receptor da mensagem, seja ele Neste caso, o adjetivo bonita não está concordando
imaginário ou não. A introdução da apóstrofe interrompe com o termo Porto Velho, que gramaticalmente pertence
a linha de pensamento do discurso, destacando-se assim ao gênero masculino, mas com a ideia contida no termo
a entidade a que se dirige e a ideia que se pretende pôr (a cidade de Porto Velho).
em evidência com tal invocação. Realiza-se por meio do B) Vossa Excelência está preocupado.
vocativo. Exemplos: O adjetivo preocupado concorda com o sexo da pes-
Moça, que fazes aí parada? soa, que nesse caso é masculino, e não com o termo Vos-
“Pai Nosso, que estais no céu” sa Excelência.
Deus, ó Deus! Onde estás?
Silepse de Número - Os números são singular e
1.3.2. Gradação (ou clímax) plural. A silepse de número ocorre quando o verbo da
oração não concorda gramaticalmente com o sujeito da
Apresentação de ideias por meio de palavras, sinôni- oração, mas com a ideia que nele está contida. Exemplos:
mas ou não, em ordem ascendente (clímax) ou descen- A procissão saiu. Andaram por todas as ruas da cidade
dente (anticlímax). Observe este exemplo: de Salvador.
LÍNGUA PORTUGUESA

Havia o céu, havia a terra, muita gente e mais Joana O povo corria por todos os lados e gritavam muito alto.
com seus olhos claros e brincalhões... Note que nos exemplos acima, os verbos andaram e
O objetivo do narrador é mostrar a expressividade gritavam não concordam gramaticalmente com os sujei-
dos olhos de Joana. Para chegar a este detalhe, ele se tos das orações (que se encontram no singular, procissão
refere ao céu, à terra, às pessoas e, finalmente, a Joana e e povo, respectivamente), mas com a ideia que neles está
seus olhos. Nota-se que o pensamento foi expresso em contida. Procissão e povo dão a ideia de muita gente, por
ordem decrescente de intensidade. Outros exemplos: isso que os verbos estão no plural.

38
Silepse de Pessoa - Três são as pessoas gramaticais: Vi aquela cena com meus próprios olhos.
eu, tu e ele (as três pessoas do singular); nós, vós, eles Vamos subir para cima.
(as três do plural). A silepse de pessoa ocorre quando há Ele desceu pra baixo.
um desvio de concordância. O verbo, mais uma vez, não
concorda com o sujeito da oração, mas sim com a pessoa 1.3.8. Anáfora
que está inscrita no sujeito. Exemplos:
O que não compreendo é como os brasileiros persista- É a repetição de uma ou mais palavras no início de
mos em aceitar essa situação. várias frases, criando, assim, um efeito de reforço e de
Os agricultores temos orgulho de nosso trabalho. coerência. Pela repetição, a palavra ou expressão em cau-
“Dizem que os cariocas somos poucos dados aos jar- sa é posta em destaque, permitindo ao escritor valorizar
dins públicos.” (Machado de Assis) determinado elemento textual. Os termos anafóricos po-
dem muitas vezes ser substituídos por pronomes.
Observe que os verbos persistamos, temos e somos Encontrei um amigo ontem. Ele me disse que te co-
não concordam gramaticalmente com os seus sujeitos nhecia.
(brasileiros, agricultores e cariocas, que estão na terceira “Tudo cura o tempo, tudo gasta, tudo digere, tudo aca-
pessoa), mas com a ideia que neles está contida (nós, os ba.” (Padre Vieira)
brasileiros, os agricultores e os cariocas).
1.3.9. Anacoluto
1.3.6. Polissíndeto / Assíndeto
Consiste na mudança da construção sintática no meio
Para estudarmos as duas figuras de construção é ne- da frase, ficando alguns termos desligados do resto do
cessário recordar um conceito estudado em sintaxe sobre período. É a quebra da estrutura normal da frase para a
período composto. No período composto por coordena- introdução de uma palavra ou expressão sem nenhuma
ção, podemos ter orações sindéticas ou assindéticas. A ligação sintática com as demais.
oração coordenada ligada por uma conjunção (conecti- Esses alunos da escola, não se pode duvidar deles.
vo) é sindética; a oração que não apresenta conectivo é Morrer, todo haveremos de morrer.
assindética. Recordado esse conceito, podemos definir as Aquele garoto, você não disse que ele chegaria logo?
duas figuras de construção:
A) Polissíndeto - É uma figura caracterizada pela re- A expressão “esses alunos da escola”, por exemplo,
petição enfática dos conectivos. Observe o exem- deveria exercer a função de sujeito. No entanto, há uma
plo: O menino resmunga, e chora, e grita, e nin- interrupção da frase e esta expressão fica à parte, não
guém faz nada. exercendo nenhuma função sintática. O anacoluto tam-
B) Assíndeto - É uma figura caracterizada pela au- bém é chamado de “frase quebrada”, pois corresponde
sência, pela omissão das conjunções coordenati- a uma interrupção na sequência lógica do pensamento.
vas, resultando no uso de orações coordenadas
assindéticas. Exemplos: Observação:
Tens casa, tens roupa, tens amor, tens família. O anacoluto deve ser usado com finalidade expressi-
“Vim, vi, venci.” (Júlio César) va em casos muito especiais. Em geral, evite-o.

1.3.7. Pleonasmo 1.3.10. Hipérbato / Inversão

Consiste na repetição de um termo ou ideia, com as É a inversão da estrutura frásica, isto é, a inversão da
mesmas palavras ou não. A finalidade do pleonasmo é ordem direta dos termos da oração, fazendo com que o
realçar a ideia, torná-la mais expressiva. sujeito venha depois do predicado:
O problema da violência, é necessário resolvê-lo logo.
Ao ódio venceu o amor. (Na ordem direta seria: O
Nesta oração, os termos “o problema da violência” amor venceu ao ódio)
e “lo” exercem a mesma função sintática: objeto direto. Dos meus problemas cuido eu! (Na ordem direta seria:
Assim, temos um pleonasmo do objeto direto, sendo o Eu cuido dos meus problemas)
pronome “lo” classificado como objeto direto pleonástico.
Outro exemplo:
#FicaDica
Aos funcionários, não lhes interessam tais medidas.
Aos funcionários, lhes = Objeto Indireto O nosso Hino Nacional é um exemplo de hi-
pérbato, já que, na ordem direta, teríamos:
“As margens plácidas do Ipiranga ouviram o
LÍNGUA PORTUGUESA

Neste caso, há um pleonasmo do objeto indireto, e o


pronome “lhes” exerce a função de objeto indireto pleo- brado retumbante de um povo heroico”.
nástico.

Observação:
O pleonasmo só tem razão de ser quando confere
mais vigor à frase; caso contrário, torna-se um pleonas-
mo vicioso:

39
EXERCÍCIOS COMENTADOS

1. (DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – TÉCNICO SUPERIOR ESPECIALIZADO EM BIBLIO-


TECONOMIA SUPERIOR – FGV/2014 - adaptada) Ao dizer que os shoppings são “cidades”, faz-se o uso de um tipo
de linguagem figurada denominada

a) metonímia.
b) eufemismo.
c) hipérbole.
d) metáfora.
e) catacrese.

Resposta: Letra D. A metáfora consiste em retirar uma palavra de seu contexto convencional (denotativo) e trans-
portá-la para um novo campo de significação (conotativa), por meio de uma comparação implícita, de uma simila-
ridade existente entre as duas.
(Fonte:http://educacao.uol.com.br/disciplinas/portugues/metafora-figura-de-palavra-variacoes-e-exemplos.htm)

2. (PREFEITURA DE ARCOVERDE/PE - ADMINISTRADOR DE RECURSOS HUMANOS – SUPERIOR - CONPASS/2014)


Identifique a figura de linguagem presente na tira seguinte:

a) metonímia
b) prosopopeia
c) hipérbole
d) eufemismo
e) onomatopeia

Resposta: Letra D. “Eufemismo = é o emprego de uma expressão mais suave, mais nobre ou menos agressiva, para
comunicar alguma coisa áspera, desagradável ou chocante”. No caso da tirinha, é utilizada a expressão “deram suas
vidas por nós” no lugar de “que morreram por nós”.

3. (CASAL/AL - ADMINISTRADOR DE REDE – SUPERIOR - COPEVE/UFAL/2014)


Está tão quente que dá para fritar um ovo no asfalto.
O dito popular é, na maioria das vezes, uma figura de linguagem. Entre as 14h30min e às 15h desta terça-feira, horário
do dia em que o calor é mais intenso, a temperatura do asfalto, medida com um termômetro de contato, chegou a
65ºC. Para fritar um ovo, seria preciso que o local alcançasse aproximadamente 90ºC.
Disponível em: http://zerohora.clicrbs.com.br. Acesso em: 22 jan. 2014.

O texto cita que o dito popular “está tão quente que dá para fritar um ovo no asfalto” expressa uma figura de lingua-
gem. O autor do texto refere-se a qual figura de linguagem?
LÍNGUA PORTUGUESA

a) Eufemismo.
b) Hipérbole.
c) Paradoxo.
d) Metonímia.
e) Hipérbato.

40
Resposta: Letra B. A expressão é um exagero! Ela ser- Galicismo (do francês): Mise-en-scène em vez de en-
ve apenas para representar o calor excessivo que está cenação, Parti pris em vez de opinião preconcebida.
fazendo. A figura que é utilizada “mil vezes” (!) para
atingir tal objetivo é a hipérbole. Anglicismo (do inglês): Weekend em vez de fim de
semana.
B) Solecismo: Todo desvio sintático provoca um sole-
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS cismo. Existem três tipos:
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa 1. de concordância: houveram eleições (por houve
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. eleições), o pessoal chegaram (por o pessoal che-
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co- gou);
char. Português linguagens: volume 1 – 7.ª ed. Reform. 2. de regência: assisti esse filme (por assisti a esse fil-
– São Paulo: Saraiva, 2010. me), ter ódio de alguém (por ter ódio a alguém), não
CAMPEDELLI, Samira Yousseff. Português – Literatura, lhe conheço (por não o conheço);
Produção de Texto & Gramática – Volume único / Samira 3. de colocação: darei-lhe um abraço (por dar-lhe-ei
Yousseff Campedelli, Jésus Barbosa Souza. – 3.ª edição – um abraço), tenho queixado-me bastante (por te-
São Paulo: Saraiva, 2002. nho me queixado bastante).

SITES C) Cacófato: Todo som obsceno resultante da união


Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/se- de sílabas de palavras diferentes provoca um cacó-
coes/estil/estil8.php> fato: preciso ir-me já, vaca gaúcha, etc.
Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/se- O cacófato só existe quando a união das sílabas ex-
coes/estil/estil5.php> prime obscenidade. Portanto, ela tinha, boca dela,
Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/se- alma minha e outras uniões semelhantes não
coes/estil/estil2.php> constituem cacófatos, mas simples cacofonias, de
menor importância.

VÍCIOS DE LINGUAGEM D) Ambiguidade ou Anfibologia: todo duplo sen-


tido, causado pela má construção da frase, é uma
Todo desvio das normas gramaticais provoca um vício ambiguidade: Beatriz comeu um doce e sua irmã
de linguagem. São incorreções e defeitos no uso da lín- também. (por: Beatriz comeu um doce, e sua irmã
gua falada ou escrita. Origina-se do descaso ou do des- também); Mataram o porco do meu tio. (por: Mata-
preparo linguístico de quem se expressa. Os principais ram o porco que era de meu tio).
vícios de linguagem são:
E) Redundância: Toda repetição de uma ideia me-
A) Barbarismo: todo desvio na grafia, na flexão ou diante palavras ou expressões diferentes provoca
na pronúncia de uma palavra constitui um barba- uma redundância ou pleonasmo vicioso: subir lá
rismo. Existem quatro tipos: em cima, descer lá embaixo, entrar pra dentro, sair
A.1 Cacoepia: é a má pronúncia de uma palavra. pra fora, novidade inédita, hemorragia de sangue,
Exemplos: compania (em vez de companhia), gor pomar de frutas, hepatite do fígado, demente men-
(em vez de gol), cadalço (em vez de cadarço); tal, e tantas outras.
A.2 Silabada: é a troca de acentuação prosódica de
uma palavra: récorde (em vez de recorde), rúbrica F) Arcaísmo: Consiste no emprego de palavras ou ex-
(em vez de rubrica), íbero (em vez de ibero); pressões antigas que já caíram de uso: asinha em
A.3 Cacografia: é a má grafia ou má flexão de uma vez de depressa, antanho em vez de no passado.
palavra: maizena (em vez de maisena), cidadões
(em vez de cidadãos), interviu (em vez de interveio); G) Neologismo: Emprego de palavras novas que,
A.4 Deslize: é o mau emprego de uma palavra: mala apesar de formadas de acordo com o sistema da
leviana (por mala leve), peixe com espinho (por língua, ainda não foram incorporadas pelo idioma:
peixe com espinha), vultuosa quantia (por vultosa As mensagens telecomunicadas foram vistas por
quantia). poucas pessoas.

Comete Barbarismo ainda quem abusa do emprego H) Eco: Ocorre quando há palavras na frase com ter-
de palavras estrangeiras, grafando-as como na língua minações iguais ou semelhantes, provocando dis-
de origem. Por princípio, todo estrangeirismo que não sonância: A divulgação da promoção não causou
possuir equivalente adequado em nossa língua deve ser comoção na população.
LÍNGUA PORTUGUESA

aportuguesado. Portanto, convém grafar: abajur, boate,


garagem, coquetel, checape, xampu, xortes, e não abat- I) Hiato: Ocorre quando há uma sequência de vogais,
-jour, boite, garage, cocktail, check-up, shampoo, shorts. provocando dissonância: Eu a amo; Ou eu ou a ou-
Tão usadas entre nós são algumas grafias estrangei- tra ganhará o concurso.
ras, que a estranheza por algumas formas aportuguesa-
das é natural. Incluem-se ainda como barbarismo todas J) Colisão: Ocorre quando há repetição de consoan-
as formas de estrangeirismo, isto é, uso de palavras ou tes iguais ou semelhantes, provocando dissonân-
expressões de outras línguas: cia: Sua saia sujou.

41
D) Ponto de Exclamação (!)
PONTUAÇÃO E EFEITOS DE SENTIDO  Usa-se para indicar entonação de surpresa, cóle-
ra, susto, súplica, etc.: Sim! Claro que eu quero me
casar com você!
Os sinais de pontuação são marcações gráficas que  Depois de interjeições ou vocativos
servem para compor a coesão e a coerência textual, além Ai! Que susto!
de ressaltar especificidades semânticas e pragmáticas. João! Há quanto tempo!
Um texto escrito adquire diferentes significados quando
pontuado de formas diversificadas. O uso da pontuação E) Ponto de Interrogação (?)
depende, em certos momentos, da intenção do autor do  Usa-se nas interrogações diretas e indiretas livres.
discurso. Assim, os sinais de pontuação estão diretamen- “- Então? Que é isso? Desertaram ambos?” (Artur Aze-
te relacionados ao contexto e ao interlocutor. vedo)

1. Principais funções dos sinais de pontuação F) Reticências (...)


 Indica que palavras foram suprimidas: Comprei lá-
A) Ponto (.) pis, canetas, cadernos...
 Indica o término do discurso ou de parte dele, en-  Indica interrupção violenta da frase: “- Não... quero
cerrando o período. dizer... é verdad... Ah!”
 Usa-se nas abreviaturas: pág. (página), Cia. (Com-  Indica interrupções de hesitação ou dúvida: Este
panhia). Se a palavra abreviada aparecer em final mal... pega doutor?
de período, este não receberá outro ponto; neste  Indica que o sentido vai além do que foi dito: Dei-
caso, o ponto de abreviatura marca, também, o fim xa, depois, o coração falar...
de período. Exemplo: Estudei português, matemári-
ca, constitucional, etc. (e não “etc..”) G) Vírgula (,)
 Nos títulos e cabeçalhos é opcional o emprego do
Não se usa vírgula
ponto, assim como após o nome do autor de uma
Separando termos que, do ponto de vista sintático,
citação:
ligam-se diretamente entre si:

1. Entre sujeito e predicado:
Haverá eleições em outubro
Todos os alunos da sala foram advertidos.
O culto do vernáculo faz parte do brio cívico. (Napo-
Sujeito predicado
leão Mendes de Almeida) (ou: Almeida.)
 Os números que identificam o ano não utilizam 2. Entre o verbo e seus objetos:
ponto nem devem ter espaço a separá-los, bem como os O trabalho custou sacrifício aos
números de CEP: 1975, 2014, 2006, 17600-250. realizadores.
V.T.D.I. O.D. O.I.
B) Ponto e Vírgula (;)
 Separa várias partes do discurso, que têm a mes- Usa-se a vírgula:
ma importância: “Os pobres dão pelo pão o traba-
lho; os ricos dão pelo pão a fazenda; os de espíritos 1. Para marcar intercalação:
generosos dão pelo pão a vida; os de nenhum espí- A) do adjunto adverbial: O café, em razão da sua
rito dão pelo pão a alma...” (VIEIRA) abundância, vem caindo de preço.
 Separa partes de frases que já estão separadas por B) da conjunção: Os cerrados são secos e áridos. Estão
vírgulas: Alguns quiseram verão, praia e calor; ou- produzindo, todavia, altas quantidades de alimen-
tros, montanhas, frio e cobertor. tos.
 Separa itens de uma enumeração, exposição de C) das expressões explicativas ou corretivas: As indús-
motivos, decreto de lei, etc. trias não querem abrir mão de suas vantagens, isto
Ir ao supermercado; é, não querem abrir mão dos lucros altos.
Pegar as crianças na escola;
Caminhada na praia; 2. Para marcar inversão:
Reunião com amigos. A) do adjunto adverbial (colocado no início da ora-
ção): Depois das sete horas, todo o comércio está de
C) Dois pontos (:) portas fechadas.
 Antes de uma citação = Vejamos como Afrânio B) dos objetos pleonásticos antepostos ao verbo: Aos
Coutinho trata este assunto: pesquisadores, não lhes destinaram verba alguma.
 Antes de um aposto = Três coisas não me agra- C) do nome de lugar anteposto às datas: Recife, 15 de
LÍNGUA PORTUGUESA

dam: chuva pela manhã, frio à tarde e calor à noite. maio de 1982.
 Antes de uma explicação ou esclarecimento: Lá es-
tava a deplorável família: triste, cabisbaixa, vivendo 3. Para separar entre si elementos coordenados
a rotina de sempre. (dispostos em enumeração):
 Em frases de estilo direto Era um garoto de 15 anos, alto, magro.
Maria perguntou: A ventania levou árvores, e telhados, e pontes, e ani-
- Por que você não toma uma decisão? mais.

42
4. Para marcar elipse (omissão) do verbo: Nós que- Foram horas, dias, meses, anos de oitivas de mães, filhas,
remos comer pizza; e vocês, churrasco. esposas, namoradas, companheiras, todas tendo em co-
mum a violência no corpo e na alma sofrida dentro de
5. Para isolar: casa. O lar, que deveria ser o lugar mais seguro para es-
A) o aposto: São Paulo, considerada a metrópole bra- sas mulheres, havia se transformado no pior dos mundos.
sileira, possui um trânsito caótico. Quando finalmente chegavam ao Judiciário e se sen-
B) o vocativo: Ora, Thiago, não diga bobagem. tavam à minha frente, os relatos se transformavam em
desabafos de uma vida inteira. Era preciso explicar, justi-
Observações: ficar e muitas vezes se culpar por terem sido agredidas.
Considerando-se que “etc.” é abreviatura da expres- A culpa por ter sido vítima, a culpa por ter permitido, a
são latina et coetera, que significa “e outras coisas”, seria culpa por não ter sido boa o suficiente, a culpa por não
dispensável o emprego da vírgula antes dele. Porém, o ter conseguido manter a família. Sempre a culpa.
acordo ortográfico em vigor no Brasil exige que empre- Aquelas mulheres chegavam à Justiça buscando uma for-
guemos etc. predecido de vírgula: Falamos de política, ça externa como se somente nós, juízes, promotores e
futebol, lazer, etc. advogados, pudéssemos não apenas cessar aquele ciclo
As perguntas que denotam surpresa podem ter com- de violência, mas também lhes dar voz para reagir àquela
binados o ponto de interrogação e o de exclamação: violência invisível.
Você falou isso para ela?! Rejane Jungbluth Suxberger. Invisíveis Marias: histórias além das
quatro paredes. Brasília: Trampolim, 2018 (com adaptações).
Temos, ainda, sinais distintivos: O trecho “juízes, promotores e advogados” explica o sen-
 a barra ( / ) = usada em datas (25/12/2014), sepa- tido de “nós”.
ração de siglas (IOF/UPC);
 os colchetes ([ ]) = usados em transcrições feitas ( ) CERTO ( ) ERRADO
pelo narrador ([vide pág. 5]), usado como primeira
opção aos parênteses, principalmente na matemá- Resposta: Certo. Ao trecho: (...) Aquelas mulheres che-
tica; gavam à Justiça buscando uma força externa como se
 o asterisco (*) = usado para remeter o leitor a somente nós, juízes, promotores e advogados, pudésse-
uma nota de rodapé ou no fim do livro, para subs-
mos não apenas cessar aquele ciclo de violência (...). Os
tituir um nome que não se quer mencionar.
termos entre vírgulas servem para exemplificar quem
são os “nós” citados pela autora (juízes, promotores,
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
advogados).
Português linguagens: volume 3 / Wiliam Roberto Ce-
reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
2. (SERES-PE – Agente de Segurança Penitenciária –
Paulo: Saraiva, 2010.
Cespe – 2017 – adaptada)
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Texto 1A1AAA
SITE
http://www.infoescola.com/portugues/pontuacao/ Após o processo de redemocratização, com o fim da di-
http://www.brasilescola.com/gramatica/uso-da-vir- tadura militar, em meados da década de 80 do século
gula.htm passado, era de se esperar que a democratização das
instituições tivesse como resultado direto a consolidação
da cidadania — compreendida de modo amplo, abran-
gendo as três categorias de direitos: civis, políticos e
EXERCÍCIOS COMENTADOS sociais. Sobressaem, porém, problemas que configuram
mais desafios para a cidadania brasileira, como a violên-
1. (STJ – Conhecimentos Básicos para o Cargo 1 – Ces- cia urbana — que ameaça os direitos individuais — e o
pe – 2018 – adaptada) desemprego — que ameaça os direitos sociais.
No Brasil, o crime aumentou significantemente a partir
Texto CB1A1CCC de 1980, impacto do processo de modernização pelo
qual o país passou. Isso sugere que o boom do consumo
As audiências de segunda a sexta-feira muitas vezes re- colocou em circulação bens de alto valor e, consequente-
velaram o lado mais sórdido da natureza humana. Eram mente, aumentou as oportunidades para o crime, inclusi-
relatos de sofrimento, dor, angústia que se transporta- ve porque a maior mobilidade de pessoas torna o espaço
vam da cadeira das vítimas, testemunhas e réus para mi- social mais anônimo, menos supervisionado.
nha cadeira de juíza. A toga não me blindou daqueles re- Nesse contexto, justiça criminal passa a ser cada vez mais
LÍNGUA PORTUGUESA

latos sofridos, aflitos. As angústias dos que se sentavam dissociada de justiça social e reconstrução da sociedade.
à minha frente, por diversas vezes, me escoltaram até O objetivo em relação à criminalidade torna-se bem me-
minha casa e passaram a ser companheiras de noites de nos ambicioso: o controle. A prisão ganha mais impor-
insônia. Não havia outra solução a não ser escrever. Era tância na modernidade tardia, porque satisfaz uma dupla
preciso colocar no papel e compartilhar a dor daquelas necessidade dessa nova cultura: castigo e controle do
pessoas que, mesmo ao fim do processo e com a senten- risco. Essa postura às vezes proporciona controle, porém
ça prolatada, não me deixavam esquecê-las. não segurança, pois o Estado tem o poder limitado de

43
manter a ordem por meio da polícia, sendo necessário 4. (Caixa Econômica Federal – Médico do Trabalho –
dividir as tarefas de controle com organizações locais e cespe – 2014 – adaptada) A correção gramatical do tre-
com a comunidade. cho “Entre as bebidas alcoólicas, cervejas e vinhos são as
Jacqueline Carvalho da Silva. Manutenção da ordem pública e ga- mais comuns em todo o mundo” seria prejudicada, caso
rantia dos direitos individuais: os desafios da polícia em sociedades se inserisse uma vírgula logo após a palavra “vinhos”.
democráticas. In: Revista Brasileira de Segurança Pública. São Paulo,
ano 5, 8.ª ed., fev. – mar./2011, p. 84-5 (com adaptações). ( ) CERTO ( ) ERRADO

No primeiro parágrafo do texto 1A1AAA, os dois-pontos Resposta: Certo. Não se deve colocar vírgula entre
introduzem sujeito e predicado, a não ser que se trate de um apos-
to (1), predicativo do sujeito (2), ou algum termo que
a) uma enumeração das “categorias de direitos”. requeira estar separado entre pontuações. Exemplo: O
b) resultados da “consolidação da cidadania”. Rio de Janeiro, cidade maravilhosa (1), está em festa!
c) um contra-argumento para a ideia de cidadania como Os meninos, ansiosos (2), chegaram!
algo “amplo”.
d) uma generalização do termo “direitos”.
e) objetivos do “processo de redemocratização”. ASPECTOS DE TEXTUALIDADE: COESÃO E
COERÊNCIA
Resposta: Letra A. Recorramos ao texto (faça isso
SEMPRE durante seu concurso. O texto é a base para
encontrar as respostas para as questões!): (...) abran- 1. COESÃO E COERÊNCIA
gendo as três categorias de direitos: civis, políticos e
sociais. Os dois-pontos introduzem a enumeração dos Na construção de um texto, assim como na fala,
direitos; apresenta-os. usamos mecanismos para garantir ao interlocutor a
compreensão do que é dito, ou lido. Estes mecanismos
linguísticos que estabelecem a coesão e retomada do
3. (Aneel – Técnico Administrativo – cespe – 2010) Vão
que foi escrito - ou falado - são os referentes textuais,
surgindo novos sinais do crescente otimismo da indús-
que buscam garantir a coesão textual para que haja
tria com relação ao futuro próximo. Um deles refere-se
coerência, não só entre os elementos que compõem
às exportações. “O comércio mundial já está voltando a
a oração, como também entre a sequência de orações
se abrir para as empresas”, diz o gerente executivo de
dentro do texto. Essa coesão também pode muitas vezes
pesquisas da Confederação Nacional da Indústria (CNI),
se dar de modo implícito, baseado em conhecimentos
Renato da Fonseca, para explicar a melhora das expec-
anteriores que os participantes do processo têm com o
tativas dos industriais com relação ao mercado externo. tema.
Quanto ao mercado interno, as expectativas da indústria Numa linguagem figurada, a coesão é uma linha
não se modificaram. Mas isso não é um mau sinal, pois imaginária - composta de termos e expressões - que
elas já eram francamente otimistas. Há algum tempo, a une os diversos elementos do texto e busca estabelecer
pesquisa da CNI, realizada mensalmente a partir de 2010, relações de sentido entre eles. Dessa forma, com o
registra grande otimismo da indústria com relação à de- emprego de diferentes procedimentos, sejam lexicais
manda interna. Trata-se de um sentimento generalizado. (repetição, substituição, associação), sejam gramaticais
Em todos os setores industriais, a expressiva maioria dos (emprego de pronomes, conjunções, numerais, elipses),
entrevistados acredita no aumento das vendas internas. constroem-se frases, orações, períodos, que irão
O Estado de S.Paulo, Editorial, 30/3/2010 (com adaptações). apresentar o contexto – decorre daí a coerência textual.
O nome próprio “Renato da Fonseca” está entre vírgulas Um texto incoerente é o que carece de sentido ou
por tratar-se de um vocativo. o apresenta de forma contraditória. Muitas vezes essa
incoerência é resultado do mau uso dos elementos
( ) CERTO ( ) ERRADO de coesão textual. Na organização de períodos e de
parágrafos, um erro no emprego dos mecanismos
Resposta: Errado. Recorramos ao texto (lembre-se de gramaticais e lexicais prejudica o entendimento do texto.
fazer a mesma coisa no dia do seu concurso!): (...) diz o Construído com os elementos corretos, confere-se a ele
gerente executivo de pesquisas da Confederação Nacio- uma unidade formal.
nal da Indústria (CNI), Renato da Fonseca, para explicar Nas palavras do mestre Evanildo Bechara, “o
a melhora das expectativas. O termo em destaque não enunciado não se constrói com um amontoado de
está exercendo a função de vocativo, já que não é uti- palavras e orações. Elas se organizam segundo princípios
lizado para evocar, chamar o interlocutor do diálogo. gerais de dependência e independência sintática e
Sua função é de aposto – explicar quem é o gerente
LÍNGUA PORTUGUESA

semântica, recobertos por unidades melódicas e rítmicas


executivo da CNI. que sedimentam estes princípios”.
Não se deve escrever frases ou textos desconexos
– é imprescindível que haja uma unidade, ou seja, que
as frases estejam coesas e coerentes formando o texto.
Relembre-se de que, por coesão, entende-se ligação,
relação, nexo entre os elementos que compõem a
estrutura textual.

44
Formas de se garantir a coesão entre os elementos A coerência de um texto está ligada:
de uma frase ou de um texto: 1. à sua organização como um todo, em que devem
estar assegurados o início, o meio e o fim;
- Substituição de palavras com o emprego de sinô- 2. à adequação da linguagem ao tipo de texto.
nimos - palavras ou expressões do mesmo campo Um texto técnico, por exemplo, tem a sua coerência
associativo. fundamentada em comprovações, apresentação de
- Nominalização – emprego alternativo entre um ver- estatísticas, relato de experiências; um texto informativo
bo, o substantivo ou o adjetivo correspondente apresenta coerência se trabalhar com linguagem objetiva,
(desgastar / desgaste / desgastante). denotativa; textos poéticos, por outro lado, trabalham
- Emprego adequado de tempos e modos verbais: com a linguagem figurada, livre associação de ideias,
Embora não gostassem de estudar, participaram da palavras conotativas.
aula.
- Emprego adequado de pronomes, conjunções, pre- REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
posições, artigos: CAMPEDELLI, Samira Yousseff, SOUZA, Jésus Barbosa.
- O papa Francisco visitou o Brasil. Na capital brasilei- Português – Literatura, Produção de Textos & Gramática –
ra, Sua Santidade participou de uma reunião com volume único – 3.ª ed. – São Paulo: Saraiva, 2002.
a Presidente Dilma. Ao passar pelas ruas, o papa
cumprimentava as pessoas. Estas tiveram a certeza SITE
de que ele guarda respeito por elas. Disponível em: <http://www.mundovestibular.com.
- Uso de hipônimos – relação que se estabelece com br/articles/2586/1/COESAO-E-COERENCIA-TEXTUAL/
base na maior especificidade do significado de um Paacutegina1.html>
deles. Por exemplo, mesa (mais específico) e móvel
(mais genérico).
- Emprego de hiperônimos - relações de um termo
de sentido mais amplo com outros de sentido mais EXERCÍCIOS COMENTADOS
específico. Por exemplo, felino está numa relação
de hiperonímia com gato. 1. (BANESTES – ANALISTA ECONÔMICO FINANCEIRO
- Substitutos universais, como os verbos vicários. GESTÃO CONTÁBIL – FGV-2018)

Verbo vicário é aquele que substitui outro já utilizado Texto 2


no período, evitando repetições. Geralmente é o verbo
fazer e ser. Exemplo: Não gosto de estudar. Faço porque “A prefeitura da capital italiana anunciou que vai banir a
preciso. O “faço” foi empregado no lugar de “estudo”, circulação de carros a diesel no centro a partir de 2024. O
evitando repetição desnecessária. objetivo é reduzir a poluição, que contribui para a erosão
dos monumentos”. (Veja, 7/3/2018)
A coesão apoiada na gramática se dá no uso de co-
nectivos, como pronomes, advérbios e expressões ad- A ordem cronológica dos fatos citados no texto 2 é:
verbiais, conjunções, elipses, entre outros. A elipse jus-
tifica-se quando, ao remeter a um enunciado anterior, a) redução da poluição / banimento da circulação de car-
a palavra elidida é facilmente identificável (Exemplo.: O ros / erosão dos monumentos;
jovem recolheu-se cedo. Sabia que ia necessitar de todas b) banimento da circulação de carros / erosão dos monu-
as suas forças. O termo o jovem deixa de ser repetido e, mentos / redução da poluição;
assim, estabelece a relação entre as duas orações). c) erosão dos monumentos / redução da poluição / bani-
mento da circulação de carros;
Dêiticos são elementos linguísticos que têm a d) redução da poluição / erosão dos monumentos / ba-
propriedade de fazer referência ao contexto situacional nimento da circulação de carros;
ou ao próprio discurso. Exercem, por excelência, essa e) erosão dos monumentos / banimento da circulação de
função de progressão textual, dada sua característica: são carros / redução da poluição.
elementos que não significam, apenas indicam, remetem
aos componentes da situação comunicativa. Resposta: Letra E. “A prefeitura da capital italiana
Já os componentes concentram em si a significação. anunciou que vai banir a circulação de carros a diesel
Elisa Guimarães ensina-nos a esse respeito: no centro a partir de 2024. O objetivo é reduzir a po-
“Os pronomes pessoais e as desinências verbais luição, que contribui para a erosão dos monumentos”.
indicam os participantes do ato do discurso. Os pronomes Primeiro ocorreu a erosão dos monumentos (=1) de-
demonstrativos, certas locuções prepositivas e adverbiais,
LÍNGUA PORTUGUESA

vido à poluição; optou-se pelo banimento da circula-


bem como os advérbios de tempo, referenciam o momento ção dos carros (=2) para que a poluição diminua (=3),
da enunciação, podendo indicar simultaneidade, o que preservará os monumentos.
anterioridade ou posterioridade. Assim: este, agora, hoje,
neste momento (presente); ultimamente, recentemente,
ontem, há alguns dias, antes de (pretérito); de agora em
diante, no próximo ano, depois de (futuro).”

45
2. (BANCO DA AMAZÔNIA – TÉCNICO BANCÁRIO – A teoria de um neurocientista da Universidade de Oxford
CESGRANRIO-2018) A ideia a que o pronome destaca- (Inglaterra) ajuda a explicar essa “corrida desenfreada”
do se refere está adequadamente explicitada entre col- por novos gadgets. De modo geral, em nosso processo
chetes em: evolutivo como seres humanos, nosso cérebro aprendeu
a suprir necessidades básicas para a sobrevivência e a
a) “Ela é produzida de forma descentralizada por mi- perpetuação da espécie, tais como sexo, segurança e sta-
lhares de computadores, mantidos por pessoas que tus social.
‘emprestam’ a capacidade de suas máquinas para criar Nesse sentido, a compra de uma novidade tecnológica
bitcoins” [computadores] atende a essa última necessidade citada: nós nos senti-
b) “No processo de nascimento de uma bitcoin, que é mos melhores e superiores, ainda que momentaneamen-
chamado de ´mineração´, os computadores conecta- te, quando surgimos em nossos círculos sociais com um
dos à rede competem entre si” [bitcoin] produto que quase ninguém ainda possui.
c) “O nível de dificuldade dos desafios é ajustado pela Foi realizado um estudo de mapeamento cerebral que
rede, para que a moeda cresça dentro de uma faixa mostrou que imagens de produtos tecnológicos ativa-
limitada, que é de até 21 milhões de unidades” [rede] vam partes do nosso cérebro idênticas às que são ativa-
d) “Elas são guardadas em uma espécie de carteira, que das quando uma pessoa muito religiosa se depara com
é criada quando o usuário se cadastra no software.” um objeto sagrado. Ou seja, não seria exagero dizer que
[espécie ] o vício em novidades tecnológicas é quase uma religião
e) “Críticos afirmam que a moeda vive uma bolha que em para os mais entusiastas.
algum momento deve estourar.” [bolha] O ato de seguir esse impulso cerebral e comprar o mais
novo lançamento tecnológico dispara em nosso cére-
Resposta: Letra E. Em “a”: “Ela é produzida de forma bro a liberação de um hormônio chamado dopamina,
descentralizada por milhares de computadores, man- responsável por nos causar sensações de prazer. Ele é
tidos por pessoas que (= as quais – retoma o termo liberado quando nosso cérebro identifica algo que repre-
“pessoas”) sente uma recompensa.
Em “b”: “No processo de nascimento de uma bitcoin, O grande problema é que a busca excessiva por recom-
que é chamado de ‘mineração’ (= o qual - retoma o pensas pode resultar em comportamentos impulsivos,
termo “processo de nascimento”) que incluem vícios em jogos, apego excessivo a redes
Em “c”: “O nível de dificuldade dos desafios é ajustado sociais e até mesmo alcoolismo. No caso do consumo,
pela rede, para que a moeda cresça dentro de uma podemos observar a situação problematizada aqui: gasto
faixa limitada, que é de até 21 milhões de unidades” = excessivo de dinheiro em aparelhos eletrônicos que nem
retoma o termo “faixa limitada” sempre trazem novidade –– as atualizações de modelos
Em “d”: “Elas são guardadas em uma espécie de cartei- de smartphones, por exemplo, na maior parte das vezes
ra, que é criada (= a qual – retoma “carteira”) apresentam poucas mudanças em relação ao modelo
Em “e”: “Críticos afirmam que a moeda vive uma bolha anterior, considerando-se seu preço elevado. Em outros
que (= a qual) em algum momento deve estourar.” casos, gasta-se uma quantia absurda em algum aparelho
[bolha] = correta novo que não se sabe se terá tanta utilidade prática ou
inovadora no cotidiano.
3. (PETROBRAS – ADMINISTRADOR JÚNIOR – CES- No fim das contas, vale um lembrete que pode ajudar a
GRANRIO-2018-ADAPTADA) conter os impulsos na hora de comprar um novo smart-
phone ou alguma novidade de mercado: compare o efei-
O vício da tecnologia to momentâneo da dopamina com o impacto de imagi-
nar como ficarão as faturas do seu cartão de crédito com
Entusiastas de tecnologia passaram a semana com os a nova compra.
O choque ao constatar o rombo em seu orçamento pode
olhos voltados para uma exposição de novidades eletrô-
ser suficiente para que você decida pensar duas vezes a
nicas realizada recentemente nos Estados Unidos. Entre
respeito da aquisição.
as inovações, estavam produtos relacionados a experiên-
DANA, S. O Globo. Economia. Rio de Janeiro, 16 jan.
cias de realidade virtual e à utilização de inteligência ar-
2018. Adaptado.
tificial — que hoje é um dos temas que mais desperta
interesse em profissionais da área, tendo em vista a am-
A ideia a que a expressão destacada se refere está expli-
pliação do uso desse tipo de tecnologia nos mais diver-
citada adequadamente entre colchetes em:
sos segmentos.
a) “relacionados a experiências de realidade virtual e à
Mais do que prestar atenção às novidades lançadas no utilização de inteligência artificial — que hoje é um
evento, vale refletir sobre o motivo que nos leva a uma
LÍNGUA PORTUGUESA

dos temas que mais desperta interesse em profissio-


ansiedade tão grande para consumir produtos que pro- nais da área” [experiências de realidade virtual]
metem inovação tecnológica. Por que tanta gente se dis- b) “tendo em vista a ampliação do uso desse tipo de tec-
põe a dormir em filas gigantescas só para ser um dos nologia nos mais diversos segmentos” [inteligência
primeiros a comprar um novo modelo de smartphone? artificial]
Por que nos dispomos a pagar cifras astronômicas para c) “a compra de uma novidade tecnológica atende a essa
comprar aparelhos que não temos sequer certeza de que última necessidade citada” [segurança]
serão realmente úteis em nossas rotinas?

46
d) “O ato de seguir esse impulso cerebral e comprar o afortunados, aqueles ligados à indústria, voltados para
mais novo lançamento tecnológico dispara em nosso construção civil, o mobiliário, a ourivesaria e o fabrico de
cérebro a liberação de um hormônio chamado dopa- bebidas.
mina” [mapeamento cerebral] A sua distribuição pela cidade, apesar da não formação
e) “Ele é liberado quando nosso cérebro identifica algo de guetos, denota uma tendência para a sua concentra-
que represente uma recompensa.” [impulso cerebral] ção em determinados bairros, escolhidos, muitas das ve-
zes, pela proximidade da zona de trabalho. No Centro da
Resposta: Letra B. Ao texto: cidade, próximo ao grande comércio, temos um grupo
Em “a”: “relacionados a experiências de realidade vir- significativo de patrícios e algumas associações de por-
tual e à utilização de inteligência artificial — que hoje te, como o Real Gabinete Português de Leitura e o Liceu
é um dos temas que mais desperta interesse em pro- Literário Português. Nos bairros da Cidade Nova, Estácio
fissionais da área” [experiências de realidade virtual] de Sá, Catumbi e Tijuca, outro ponto de concentração
Nesse caso, a resposta se encontra na alternativa: in- da colônia, se localizam outras associações portuguesas,
teligência artificial como a Casa de Portugal e um grande número de casas
Em “b”: “tendo em vista a ampliação do uso desse tipo regionais. Há, ainda, pequenas concentrações nos bairros
de tecnologia nos mais diversos segmentos” [inteli- periféricos da cidade, como Jacarepaguá, originalmente
gência artificial] formado por quintas de pequenos lavradores; nos subúr-
Texto: Entre as inovações, estavam produtos relaciona- bios, como Méier e Engenho Novo; e nas zonas mais pri-
dos a experiências de realidade virtual e à utilização de vilegiadas, como Botafogo e restante da zona sul carioca,
inteligência artificial — que hoje é um dos temas que área nobre da cidade a partir da década de cinquenta,
mais desperta interesse em profissionais da área, tendo preferida pelos mais abastados.
em vista a ampliação do uso desse tipo de tecnologia PAULO, Heloísa. Portugueses no Rio de Janeiro: salaza-
nos mais diversos segmentos.= correta ristas e opositores em manifestação na cidade. In: ALVES,
Em “c”: “a compra de uma novidade tecnológica aten- Ida et alii. 450 Anos de Portugueses no Rio de Janeiro. Rio
de a essa última necessidade citada” [segurança]
de Janeiro: Ofi cina Raquel, 2017, pp. 260-1. Adaptado.
Texto: (...) suprir necessidades básicas para a sobrevi-
vência e a perpetuação da espécie, tais como sexo, se-
“No Centro da cidade, próximo ao grande comércio, temos
gurança e status social. / Nesse sentido, a compra de
um grupo significativo de patrícios e algumas associações
uma novidade tecnológica atende a essa última neces-
de porte”. No trecho acima, a autora usou em itálico a
sidade citada... = status social
palavra destacada para fazer referência aos
Em “d”: “O ato de seguir esse impulso cerebral e com-
prar o mais novo lançamento tecnológico dispara em
a) luso-brasileiros
nosso cérebro a liberação de um hormônio chamado
dopamina” [mapeamento cerebral] b) patriotas da cidade
(...) vício em novidades tecnológicas é quase uma re- c) habitantes da cidade
ligião para os mais entusiastas. / O ato de seguir esse d) imigrantes portugueses
impulso cerebral e comprar e) compatriotas brasileiros
Em “e”: “Ele é liberado quando nosso cérebro identi-
fica algo que represente uma recompensa.” [impulso Resposta: Letra D. Ainda hoje é o utilizado o termo
cerebral] “patrício” para se referir aos portugueses. “Patrício”
(...) a liberação de um hormônio chamado dopamina, significa “da mesma pátria”.
responsável por nos causar sensações de prazer. Ele é
liberado = dopamina 5. (BANESTES – TÉCNICO BANCÁRIO – FGV-2018) To-
das as frases abaixo apresentam elementos sublinhados
4. (PETROBRAS – ENGENHEIRO(A) DE MEIO AMBIEN- que estabelecem coesão com elementos anteriores (aná-
TE JÚNIOR – CESGRANRIO-2018) fora); a frase em que o elemento sublinhado se refere a
um elemento futuro do texto (catáfora) é:
Texto I
a) “A civilização converteu a solidão num dos bens mais
Portugueses no Rio de Janeiro preciosos que a alma humana pode desejar”;
b) “Todo o problema da vida é este: como romper a pró-
O Rio de Janeiro é o grande centro da imigração portu- pria solidão”;
guesa até meados dos anos cinquenta do século passa- c) “É sobretudo na solidão que se sente a vantagem de
do, quando chega a ser a “terceira cidade portuguesa do viver com alguém que saiba pensar”;
d) “O homem ama a companhia, mesmo que seja apenas
LÍNGUA PORTUGUESA

mundo”, possuindo 196 mil portugueses — um décimo


de sua população urbana. Ali, os portugueses dedicam- a de uma vela que queima”;
-se ao comércio, sobretudo na área dos comestíveis, e) “As pessoas que nunca têm tempo são aquelas que
como os cafés, as panificações, as leitarias, os talhos, produzem menos”.
além de outros ramos, como os das papelarias e lojas
de vestuários. Fora do comércio, podem exercer as mais Resposta: Letra B. Em “a”: “A civilização converteu a
variadas profissões, como atividades domésticas ou as de solidão num dos bens mais preciosos que a alma hu-
barbeiros e alfaiates. Há, de igual forma, entre os mais mana pode desejar” = retoma “bens preciosos”

47
Em “b”: “Todo o problema da vida é este: como romper 7. (IBGE – RECENSEADOR – FGV-2017)
a própria solidão” = o pronome se refere ao período
que virá (= catáfora) Texto 3 – “Silva, Oliveira, Faria, Ferreira... Todo mundo tem
Em “c”: “É sobretudo na solidão que se sente a vanta- um sobrenome e temos de agradecer aos romanos por
gem de viver com alguém que saiba pensar” = retoma isso. Foi esse povo, que há mais de dois mil anos ergueu um
“solidão” império com a conquista de boa parte das terras banhadas
Em “d”: “O homem ama a companhia, mesmo que seja pelo Mediterrâneo, o inventor da moda. Eles tiveram a ideia
apenas a de uma vela que queima” = retoma “com- de juntar ao nome comum, ou prenome, um nome.
panhia” Por quê? Porque o império romano crescia e eles preci-
Em “e”: “As pessoas que nunca têm tempo são aque- savam indicar o clã a que a pessoa pertencia ou o lugar
las que produzem menos” = retoma “pessoas” onde tinha nascido”. (Ciência Hoje, março de 2014)

6. (MPE-AL - TÉCNICO DO MINISTÉRIO PÚBLICO – “Todo mundo tem um sobrenome e temos de agradecer
FGV-2018) aos romanos por isso”. (texto 3) O pronome “isso”, nesse
segmento do texto, se refere a(à):
NÃO FALTOU SÓ ESPINAFRE
a) todo mundo ter um sobrenome;
A crise não trouxe apenas danos sociais e econômicos. b) sobrenomes citados no início do texto;
Mostrou também danos morais. c) todos os sobrenomes hoje conhecidos;
Aconteceu num mercadinho de bairro em São Paulo. A d) forma latina dos sobrenomes atuais;
dona, diligente, havia conseguido algumas verduras e e) existência de sobrenomes nos documentos.
avisou à clientela. Formaram-se uma pequena fila e uma
grande discussão. Uma senhora havia arrematado todos Resposta: Letra A. Todo mundo tem um sobrenome
os dez maços de espinafre. No caixa, outras freguesas e temos de agradecer aos romanos por isso = ter um
sobrenome.
perguntaram se ela tinha restaurante. Não tinha. Obser-
varam que a verdura acabaria estragada. Ela explicou que
8. (MPU – ANALISTA – ANTROPOLOGIA – CESPE-2010)
ia cozinhar e congelar. Então, foram ao ponto: caramba,
Inovar é recriar de modo a agregar valor e incrementar a
havia outras pessoas na fila, ela não poderia levar só o
eficiência, a produtividade e a competitividade nos pro-
que consumiria de imediato?
cessos gerenciais e nos produtos e serviços das organi-
“Não, estou pagando e cheguei primeiro”, foi a resposta.
zações. Ou seja, é o fermento do crescimento econômico
Compras exageradas nos supermercados, estoques do-
e social de um país. Para isso, é preciso criatividade, ca-
mésticos, filas nervosas nos postos de combustível – teve pacidade de inventar e coragem para sair dos esquemas
muito comportamento na base de cada um por si. tradicionais. Inovador é o indivíduo que procura respos-
Cabem nessa categoria as greves e manifestações opor- tas originais e pertinentes em situações com as quais ele
tunistas. Governo, cedendo, também vou buscar o meu se defronta. É preciso uma atitude de abertura para as
– tal foi o comportamento de muita gente. coisas novas, pois a novidade é catastrófica para os mais
Carlos A. Sardenberg, in O Globo, 31/05/2018. céticos. Pode-se dizer que o caminho da inovação é um
percurso de difícil travessia para a maioria das institui-
“A crise não trouxe apenas danos sociais e econômicos. ções. Inovar significa transformar os pontos frágeis de
Mostrou também danos morais”. A palavra ou expressão um empreendimento em uma realidade duradoura e lu-
do primeiro período que leva à produção do segundo crativa. A inovação estimula a comercialização de produ-
período é tos ou serviços e também permite avanços importantes
para toda a sociedade. Porém, a inovação é verdadeira
a) a crise. somente quando está fundamentada no conhecimento.
b) não trouxe. A capacidade de inovação depende da pesquisa, da ge-
c) apenas. ração de conhecimento. É necessário investir em pesqui-
d) danos sociais. sa para devolver resultados satisfatórios à sociedade. No
e) (danos) econômicos. entanto, os resultados desse tipo de investimento não
são necessariamente recursos financeiros ou valores eco-
Resposta: Letra C. 1.º período: A crise não trouxe ape- nômicos, podem ser também a qualidade de vida com
nas danos sociais e econômicos. justiça social.
2.º período: Mostrou também danos morais. Luís Afonso Bermúdez. O fermento tecnológico. In: Dar-
A expressão que nos dá a ideia de que haverá mais cy. Revista de jornalismo científico e cultural da Univer-
informações que complementarão a primeira “tese” sidade de Brasília, novembro e dezembro de 2009, p. 37
apresentada é “apenas”. (com adaptações).
LÍNGUA PORTUGUESA

Subentende-se da argumentação do texto que o pro-


nome demonstrativo, no trecho “desse tipo de investi-
mento”, refere-se à ideia de “fermento do crescimento
econômico e social de um país”.

( ) CERTO ( ) ERRADO

48
Resposta: Errado. Ao trecho: (...) É necessário inves- 10. (PC-PI – AGENTE DE POLÍCIA CIVIL – 3.ª CLAS-
tir em pesquisa para devolver resultados satisfatórios SE – NUCEPE-2018 - ADAPTADA) Alguém apaixonado
à sociedade. No entanto, os resultados desse tipo de sempre atrai novas oportunidades, se destaca do grupo, é
investimento = investir em pesquisa / desse tipo de promovido primeiro, é celebrado quando volta de férias,
investimento. é convidado para ser padrinho ou madrinha e para ser
companhia em momentos prazerosos. Quanto melhor vi-
9. (MPU – ANALISTA DO MPU – CESPE-2015) vemos, mais motivos surgem para vivermos bem. A pros-
peridade é um ciclo que se retroalimenta. O importante é
Texto I decidir fazer parte dele.
Em: O importante é decidir fazer parte dele, a palavra
Na organização do poder político no Estado moderno, Dele retoma, textualmente,
à luz da tradição iluminista, o direito tem por função a
preservação da liberdade humana, de maneira a coibir a) ciclo.
a desordem do estado de natureza, que, em virtude do b) Alguém.
risco da dominação dos mais fracos pelos mais fortes, c) padrinho.
exige a existência de um poder institucional. Mas a con- d) grupo.
quista da liberdade humana também reclama a distri- e) apaixonado.
buição do poder em ramos diversos, com a disposição
de meios que assegurem o controle recíproco entre eles Resposta: Letra A. Voltemos ao período:
para o advento de um cenário de equilíbrio e harmonia A prosperidade é um ciclo que se retroalimenta. O im-
nas sociedades estatais. A concentração do poder em um portante é decidir fazer parte dele.
só órgão ou pessoa viria sempre em detrimento do exer-
cício da liberdade. É que, como observou Montesquieu,
“todo homem que tem poder tende a abusar dele; ele vai
até onde encontra limites. Para que não se possa abusar
do poder, é preciso que, pela disposição das coisas, o
poder limite o poder”.
Até Montesquieu, não eram identificadas com clareza
as esferas de abrangência dos poderes políticos: “só se
concebia sua união nas mãos de um só ou, então, sua
separação; ninguém se arriscava a apresentar, sob a for-
ma de sistema coerente, as consequências de conceitos
diversos”. Pensador francês do século XVIII, Montesquieu
situa-se entre o racionalismo cartesiano e o empirismo
de origem baconiana, não abandonando o rigor das
certezas matemáticas em suas certezas morais. Porém,
refugindo às especulações metafísicas que, no plano da
idealidade, serviram aos filósofos do pacto social para a
explicação dos fundamentos do Estado ou da sociedade
civil, ele procurou ingressar no terreno dos fatos.
Fernanda Leão de Almeida. A garantia institucional do
Ministério Público em função da proteção dos direitos
humanos. Tese de doutorado. São Paulo: USP, 2010, p.
18-9. Internet: <www.teses.usp.br> (com adaptações).

No trecho “controle recíproco entre”, o pronome “eles” faz


referência a “ramos diversos”.

( ) CERTO ( ) ERRADO

Resposta: Certo. Ao período: (...) reclama a distribui-


ção do poder em ramos diversos, com a disposição de
meios que assegurem o controle recíproco entre eles
para o advento de um cenário de equilíbrio e harmonia.
LÍNGUA PORTUGUESA

49
c) a dispersão e a menor capacidade de conservar con-
teúdos.
HORA DE PRATICAR! d) a distração e a possibilidade de haver colaboração de
colegas e chefes.
(TJ-SP - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – MÉDIO e) o isolamento na realização das tarefas e a vigilância
- VUNESP – 2017 - ADAPTADA) Leia o texto, para res- constante dos chefes.
ponder às questões de 1 a 7.
2. (TJ-SP - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – MÉ-
Há quatro anos, Chris Nagele fez o que muitos executi- DIO - VUNESP – 2017) Assinale a alternativa em que a
vos no setor de tecnologia já tinham feito – ele transferiu nova redação dada ao seguinte trecho do primeiro pará-
sua equipe para um chamado escritório aberto, sem pa- grafo apresenta concordância de acordo com a norma-
redes e divisórias. -padrão: Há quatro anos, Chris Nagele fez o que muitos
Os funcionários, até então, trabalhavam de casa, mas ele executivos no setor de tecnologia já tinham feito.
queria que todos estivessem juntos, para se conectarem
e colaborarem mais facilmente. Mas em pouco tempo fi- a) Muitos executivos já havia transferido suas equipes
cou claro que Nagele tinha cometido um grande erro. para o chamado escritório aberto, como feito por Ch-
Todos estavam distraídos, a produtividade caiu, e os nove ris Nagele.
empregados estavam insatisfeitos, sem falar do próprio b) Mais de um executivo já tinham transferido suas equi-
chefe. pes para escritórios abertos, o que só aconteceu com
Em abril de 2015, quase três anos após a mudança para Chris Nagele fazem mais de quatro anos.
o escritório aberto, Nagele transferiu a empresa para um c) O que muitos executivos fizeram, transferindo suas
espaço de 900 m² onde hoje todos têm seu próprio es- equipes para escritórios abertos, também foi feito por
paço, com portas e tudo.
Chris Nagele, faz cerca de quatro anos.
Inúmeras empresas adotaram o conceito de escritório
d) Devem fazer uns quatro anos que Chris Nagele trans-
aberto – cerca de 70% dos escritórios nos Estados Uni-
feriu sua equipe para escritórios abertos, tais como foi
dos são assim – e até onde se sabe poucos retornaram
transferido por muitos executivos.
ao modelo de espaços tradicionais com salas e portas.
e) Faz exatamente quatro anos que Chris Nagele fez o
Pesquisas, contudo, mostram que podemos perder até
que já tinham sido feitos por outros executivos do se-
15% da produtividade, desenvolver problemas graves
tor.
de concentração e até ter o dobro de chances de ficar
doentes em espaços de trabalho abertos – fatores que
estão contribuindo para uma reação contra esse tipo de 3. (TJ-SP - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – MÉ-
organização. DIO - VUNESP – 2017) É correto afirmar que a expressão
Desde que se mudou para o formato tradicional, Nagele – até então –, em destaque no início do segundo pará-
já ouviu colegas do setor de tecnologia dizerem sentir grafo, expressa um limite, com referência
falta do estilo de trabalho do escritório fechado. “Muita
gente concorda – simplesmente não aguentam o escri- a) temporal ao momento em que se deu a transferência
tório aberto. Nunca se consegue terminar as coisas e é da equipe de Nagele para o escritório aberto.
preciso levar mais trabalho para casa”, diz ele. b) espacial aos escritórios fechados onde trabalhava a
É improvável que o conceito de escritório aberto caia em equipe de Nagele antes da mudança para locais aber-
desuso, mas algumas firmas estão seguindo o exemplo tos.
de Nagele e voltando aos espaços privados. c) temporal ao dia em que Nagele decidiu seguir o exem-
Há uma boa razão que explica por que todos adoram um plo de outros executivos, e espacial ao tipo de escri-
espaço com quatro paredes e uma porta: foco. A verdade tório que adotou.
é que não conseguimos cumprir várias tarefas ao mesmo d) espacial ao caso de sucesso de outros executivos do
tempo, e pequenas distrações podem desviar nosso foco setor de tecnologia que aboliram paredes e divisórias.
por até 20 minutos. e) espacial ao novo tipo de ambiente de trabalho, e tem-
Retemos mais informações quando nos sentamos em um poral às mudanças favoráveis à integração.
local fixo, afirma Sally Augustin, psicóloga ambiental e
design de interiores. 4. (TJ-SP - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – MÉ-
(Bryan Borzykowski, “Por que escritórios abertos podem DIO - VUNESP – 2017) É correto afirmar que a expressão
ser ruins para funcionários.” Disponível em:<www1. – contudo –, destacada no quinto parágrafo, estabelece
folha.uol.com.br>. Acesso em: 04.04.2017. Adaptado) uma relação de sentido com o parágrafo

1. (TJ-SP - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – MÉ- a) anterior, confirmando com estatísticas o sucesso das
DIO - VUNESP – 2017) Segundo o texto, são aspectos empresas que adotaram o modelo de escritórios aber-
LÍNGUA PORTUGUESA

desfavoráveis ao trabalho em espaços abertos compar- tos.


tilhados b) posterior, expondo argumentos favoráveis à adoção
do modelo de escritórios abertos.
a) a impossibilidade de cumprir várias tarefas e a restri- c) anterior, atestando a eficiência do modelo aberto com
ção à criatividade. base em resultados de pesquisas.
b) a dificuldade de propor soluções tecnológicas e a d) anterior, introduzindo informações que se contra-
transferência de atividades para o lar. põem à visão positiva acerca dos escritórios abertos.

50
e) posterior, contestando com dados estatísticos o for- patinadores, maracatus, big bands, corredores evangé-
mato tradicional de escritório fechado. licos, góticos satanistas, praticantes de ioga, dançarinos
de tango, barraquinhas de yakissoba e barris de cerveja
5. (TJ-SP - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – MÉ- artesanal.
DIO - VUNESP – 2017) Assinale a frase do texto em que Tenho estado atento às agruras e oportunidades da ci-
se identifica expressão do ponto de vista do próprio au- dade porque, depois de cinco anos vivendo na Granja
tor acerca do assunto de que trata. Viana, vim morar em Higienópolis. Lá em Cotia, no fim da
tarde, eu corria em volta de um lago, desviando de patos
a) “Nunca se consegue terminar as coisas e é preciso levar e assustando jacus. Agora, aos domingos, corro pela Pau-
mais trabalho para casa”, diz ele. (6.º parágrafo). lista ou Minhocão e, durante a semana, venho testando
b) Inúmeras empresas adotaram o conceito de escritório diferentes percursos.
aberto... (4.º parágrafo). Corri em volta do parque Buenos Aires e do cemitério da
c) Retemos mais informações quando nos sentamos em Consolação, ziguezagueei por Santa Cecília e pelas en-
um local fixo, afirma Sally Augustin... (último parágra- costas do Sumaré, até que, na última terça, sem querer,
fo). descobri um insuspeito parque noturno com bastante
d) Os funcionários, até então, trabalhavam de casa, mas gente, quase nenhum carro e propício a todo tipo de ati-
ele queria que todos estivessem juntos... (2.º parágra- vidades: o estacionamento do estádio do Pacaembu.
fo). (Antonio Prata. “O paulistano não é de jogar a toa-
e) É improvável que o conceito de escritório aberto caia lha. Prefere estendê-la e deitar em cima.” Disponível
em desuso... (7.º parágrafo). em:<http://www1.folha.uol.com.br/colunas>. Acesso em:
13.04.2017. Adaptado)
6. (TJ-SP - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – MÉ-
DIO - VUNESP – 2017) Na frase – É improvável que o É correto afirmar que, do ponto de vista do autor, o pau-
conceito de escritório aberto caia em desuso... (7.º pará- listano
grafo) – a expressão em destaque tem o sentido de
a) busca em Ipanema o contato com a natureza exube-
a) sofra censura. rante que não consegue achar em sua cidade.
b) torne-se obsoleto. b) sabe como vencer a rudeza da paisagem de São Paulo,
c) mostre-se alterado. encontrando nesta espaços para o lazer.
d) mereça sanção. c) se vê impedido de realizar atividades esportivas, no
e) seja substituído. mar de asfalto que é São Paulo.
d) tem feito críticas à cidade, porque ela não oferece ati-
7. (TJ-SP - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – MÉ- vidades recreativas a seus habitantes.
DIO - VUNESP – 2017) O trecho destacado na passagem e) toma Ipanema como um símbolo daquilo que se pode
– Todos estavam distraídos, a produtividade caiu, e os nove alcançar, apesar de muito andar e andar.
empregados estavam insatisfeitos, sem falar do próprio
chefe.– tem sentido de: 9. (TJ-SP - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – MÉ-
DIO - VUNESP – 2015)
a) até mesmo o próprio chefe.
b) apesar do próprio chefe. Ser gentil é um ato de rebeldia. Você sai às ruas e insis-
c) exceto o próprio chefe. te, briga, luta para se manter gentil. O motorista quase
d) diante do próprio chefe. te mata de susto buzinando e te xingando porque você
e) portanto o próprio chefe. usou a faixa de pedestres quando o sinal estava fechado
para ele. Você posta um pensamento gentil nas redes so-
8. (TJ-SP - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – MÉ- ciais apesar de ler dezenas de comentários xenofóbicos,
DIO - VUNESP – 2017) homofóbicos, irônicos e maldosos sobre tudo e todos.
O problema de São Paulo, dizia o Vinicius, “é que você Inclusive você. Afinal, você é obviamente um idiota gentil.
anda, anda, anda e nunca chega a Ipanema”. Se tomar- Há teorias evolucionistas que defendem que as socieda-
mos “Ipanema” ao pé da letra, a frase é absurda e cômi- des com maior número de pessoas altruístas sobrevive-
ca. Tomando “Ipanema” como um símbolo, no entanto, ram por mais tempo por serem mais capazes de manter
como um exemplo de alívio, promessa de alegria em a coesão. Pesquisadores da atualidade dizem, baseados
meio à vida dura da cidade, a frase passa a ser de um tris- em estudos, que gestos de gentileza liberam substâncias
te realismo: o problema de São Paulo é que você anda, que proporcionam prazer e felicidade.
anda, anda e nunca chega a alívio algum. O Ibirapuera, o Mas gentileza virou fraqueza. É preciso ser macho pacas
LÍNGUA PORTUGUESA

parque do Estado, o Jardim da Luz são uns raros respiros para ser gentil nos dias de hoje. Só consigo associar a
perdidos entre o mar de asfalto, a floresta de lajes bati- aversão à gentileza à profunda necessidade de ser – ou
das e os Corcovados de concreto armado. parecer ser – invencível e bem-sucedido. Nossas fragili-
O paulistano, contudo, não é de jogar a toalha – prefere dades seriam uma vergonha social. Um empecilho à car-
estendê-la e se deitar em cima, caso lhe concedam dois reira, ao acúmulo de dinheiro.
metros quadrados de chão. É o que vemos nas aveni- Não ter tempo para gentilezas é bonito. É justificável
das abertas aos pedestres, nos fins de semana: basta li- diante da eterna ambivalência humana: queremos ser
berarem um pedacinho do cinza e surgem revoadas de bons, mas temos medo. Não dizer bom-dia significa que

51
você é muito importante. Ou muito ocupado. Humilhar 12. (BADESC – TÉCNICO DE FOMENTO A – FGV-2010)
os que não concordam com suas ideias é coisa de gente As palavras jeitinho, pesquisa e intrínseco apresentam
forte. E que está do lado certo. Como se houvesse um diferentes graus de dificuldade ortográfica e estão corre-
lado errado. Porque, se nenhum de nós abrir a boca, nin- tamente grafadas. Assinale a alternativa em que a grafia
guém vai reparar que no nosso modelo de felicidade tem da palavra sublinhada está igualmente correta.
alguém chorando ali no canto. Porque ser gentil abala
sua autonomia. Enfim, ser gentil está fora de moda. Estou a) Talvez ele seje um caso de sucesso empresarial.
sempre fora de moda. Querendo falar de gentileza, ima- b) A paralização da equipe técnica demorou bastante.
ginem vocês! Pura rebeldia. Sair por aí exibindo minhas c) O funcionário reinvindicou suas horas extras.
vulnerabilidades e, em ato de pura desobediência civil, d) Deve-se expor com clareza a pretenção salarial.
esperar alguma cumplicidade. Deve ser a idade. e) O assessor de imprensa recebeu o jornalista.
(Ana Paula Padrão, Gentileza virou fraqueza. Disponível
em: <http://www.istoe.com.br>. Acesso em: 27 jan 2015. 13. (LIQUIGÁS – MOTORISTA DE CAMINHÃO GRANEL
Adaptado) I – CESGRANRIO-2018) O grupo em que todas as pala-
vras estão grafadas de acordo com a norma-padrão da
É correto inferir que, do ponto de vista da autora, a gen- língua portuguesa é:
tileza
a) admissão, infração, renovação
a) é prerrogativa dos que querem ter sua importância re- b) diversão, excessão, sucessão
conhecida socialmente. c) extenção, eleição, informação
b) é uma via de mão dupla, por isso não deve ser pratica- d) introdução, repreção, intenção
da se não houver reciprocidade. e) transmissão, conceção, omissão
c) representa um hábito primitivo, que pouco afeta as
relações interpessoais. 14. (MPE-AL - TÉCNICO DO MINISTÉRIO PÚBLICO –
d) restringe-se ao gênero masculino, pois este represen- FGV-2018) “A crise não trouxe apenas danos sociais e
ta os mais fortes. econômicos”; se juntarmos os adjetivos sublinhados em
um só vocábulo, a forma adequada será
e) é uma qualidade desvalorizada em nossa sociedade
nos dias atuais.
a) sociais-econômicos.
b) social-econômicos.
10. (TJ-SP - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – MÉ-
c) sociais-econômico.
DIO - VUNESP – 2015) No final do último parágrafo, a
d) socioeconômicos.
autora caracteriza a gentileza como “ato de pura desobe-
e) socioseconômicos.
diência civil”; isso permite deduzir que
15. (IBGE – ANALISTA CENSITÁRIO – AGRONOMIA –
a) assumir a prática da gentileza é rebelar-se contra có- FGV-2017) “É preciso levar em conta questões econô-
digos de comportamento vigentes, mesmo que não micas e sociais”; se juntássemos os adjetivos sublinha-
declarados. dos em forma de adjetivo composto, a forma correta, no
b) é inviável, em qualquer época, opor-se às práticas e contexto, seria:
aos protocolos sociais de relacionamento humano.
c) é possível ao sujeito aderir às ideias dos mais fortes, a) econômicas-sociais;
sem medo de ver atingida sua individualidade, no b) econômico-social;
contexto geral. c) econômica-social;
d) há, nas sociedades modernas, a constatação de que d) econômico-sociais;
a vulnerabilidade de alguns está em ver a felicidade e) econômicas-social.
como ato de rebeldia.
e) obedecer às normas sociais gera prazer, ainda que isso 6. (PC-RS – ESCRIVÃO E INSPETOR DE POLÍCIA – FUN-
signifique seguir rituais de incivilidade e praticar a in- DATEC-2018 - ADAPTADA) Sobre os vocábulos expan-
tolerância. sível, fácil, considerável, artificial, multiplicável e acessível,
afirma-se que:
11. (EBSERH – ANALISTA ADMINISTRATIVO – ESTA-
TÍSTICA – AOCP-2015) Assinale a alternativa correta em I. Todos são flexionados da mesma forma quando no plural.
relação à ortografia dos pares. II. Apenas um assume forma diferente dos demais quan-
do flexionado no plural.
a) Atenção – atenciozo. III. Todos devem ser acentuados em sua forma plural.
b) Aprender – aprendizajem.
LÍNGUA PORTUGUESA

c) Simples – simplissidade. Quais estão corretas?


d) Fúria – furiozo.
e) Sensação – sensacional. a) Apenas I.
b) Apenas II.
c) Apenas III.
d) Apenas I e II.
e) Apenas II e III.

52
17. (ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR DO BARRO BRANCO-SP – TECNÓLOGO DE ADMINISTRAÇÃO POLICIAL
MILITAR – VUNESP-2010)

__________ moro fora do Brasil. Sou baiana e, cada vez que volto a Salvador, fico chocada, constrangida e enojada com
essa prática _________ e, _________ não dizer, machista dos meus conterrâneos – não se veem mulheres fazendo xixi na
rua. Mas, antes de prender os___________, tente encontrar um banheiro público em Salvador. Se encontrar, tente entrar –
normalmente estão trancados –, e tente então não passar __________. Vamos copiar a Europa na proibição, mas também
na infraestrutura.
(Seção “Leitor”, Veja, 14.07.2010. Adaptado)

Os espaços do texto devem ser preenchidos, correta e respectivamente, com:

a) A dez anos … sub-desenvolvida … por quê … cidadões … mau


b) Há dez anos … subdesenvolvida … por que … cidadãos … mal
c) Fazem dez anos que … subdesenvolvida … porque … cidadões … mau
d) São dez anos que … sub desenvolvida … porquê … cidadãos … mal
e) Faz dez anos que … sub-desenvolvida … porque … cidadães … mau

18. (PM-SP - TECNÓLOGO DE ADMINISTRAÇÃO POLICIAL MILITAR – VUNESP-2014) Leia a tira de Hagar, por Chris
Browne, e assinale a alternativa que completa, correta e respectivamente, as lacunas, em conformidade com as regras
de ortografia.

(Folha de S.Paulo, 08.02.2014, http://zip.net/bdmBgf)

a) porque ... por que ... porque ... atraz


b) por que ... por quê ... por que ... atraz
c) por que ... por que ... porque ... atráz
d) porque ... porquê ... por que ... atrás
e) por que ... por quê ... porque ... atrás

19. (TJ-AL – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FGV-2018)

LÍNGUA PORTUGUESA

A frase do menino na charge – “naum eh verdade” – mostra uma característica da linguagem escrita de internautas que é:

a) a sintetização exagerada;
b) o desrespeito total pela norma culta;
c) a criação de um vocabulário novo;
d) a tentativa de copiar a fala;
e) a grafia sem acentos ou sinais gráficos.

53
20. (TJ-SP – ADVOGADO - VUNESP/2013) 23. (EBSERH – TÉCNICO EM FARMÁCIA- AOCP-2015)
A Polícia Militar prendeu, nesta semana, um homem de Em “Mas o bom humor de ambos os tornava parecidos.”,
37 anos, acusado de ____________ de drogas e ____________ os termos destacados são, respectivamente,
à avó de 74 anos de idade. Ele foi preso em __________
com uma pequena quantidade de drogas no bairro Ira- a) artigo e pronome.
puá II, em Floriano, após várias denúncias de vizinhos. De b) artigo e preposição.
acordo com o Comandante do 3.º BPM, o acusado era c) preposição e artigo.
conhecido na região pela atuação no crime. d) pronome e artigo.
(www.cidadeverde.com/floriano. Acesso em 23.06.2013. e) preposição e pronome.
Adaptado)
24. (IBGE – AGENTE CENSITÁRIO – ADMINISTRATIVO
De acordo com a norma-padrão da língua portuguesa, – FGV-2017)
as lacunas do texto devem ser preenchidas, respectiva-
mente, com: Texto 1 - “A democracia reclama um jornalismo vigo-
roso e independente. A agenda pública é determinada
a) tráfico … mal-tratos … flagrante pela imprensa tradicional. Não há um único assunto rele-
b) tráfego … maltratos … fragrante vante que não tenha nascido numa pauta do jornalismo
c) tráfego … maus-trato … flagrante de qualidade. Alguns formadores de opinião utilizam as
d) tráfico … maus-tratos … flagrante redes sociais para reverberar, multiplicar e cumprem as-
e) tráfico … mau-trato … fragrante sim relevante papel mobilizador. Mas o pontapé inicial é
sempre das empresas de conteúdo independentes”.
21. (CAMAR - CURSO DE ADAPTAÇÃO DE MÉDICOS (O Estado de São Paulo, 10/04/2017)
DA AERONÁUTICA PARA O ANO DE 2016) De acordo
com seu significado, o conjunto de características for- O texto 1, do Estado de São Paulo, mostra um conjunto
mais e sua posição estrutural no interior da oração, as de adjetivos sublinhados que poderiam ser substituídos
palavras podem pertencer à mesma classe de palavras por locuções; a substituição abaixo que está adequada é:
ou não. Estabeleça a relação correta entre as colunas a
seguir considerando tais aspectos (considere as palavras a) independente = com dependência;
em destaque). b) pública = de publicidade;
c) relevante = de relevância;
(1) advérbio d) sociais = de associados;
(2) pronome e) mobilizador = de motivação.
(3) conjunção
(4) substantivo 25. (PC-SP - AUXILIAR DE NECROPSIA – VUNESP-2014)
Considerando que o adjetivo é uma palavra que modifica
( ) “Não há prisão pior [...]” o substantivo, com ele concordando em gênero e núme-
( ) “O lugar de estudo era isso.” ro, assinale a alternativa em que a palavra destacada é
( ) “E o olho sem se mexer [...]” um adjetivo.
( ) “Ora, se eles enxergavam coisas tão distantes, [...]”
( ) “Emília respondeu com uma pergunta que me espan- a) ... um câncer de boca horroroso, ...
tou.” b) Ele tem dezesseis anos...
c) Eu queria que ele morresse logo, ...
A sequência está correta em d) ... com a crueldade adicional de dar esperança às fa-
mílias.
a) 1 – 4 – 2 – 3 – 2 e) E o inferno não atinge só os terminais.
b) 2 – 1 – 3 – 3 – 4
c) 3 – 4 – 1 – 3 – 2 26. (TRE-AC – TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMI-
d) 4 – 2 – 4 – 1 – 3 NISTRATIVA – AOCP-2015) Assinale a alternativa cujo
“que” em destaque funciona como pronome relativo.
22. (EBSERH – TÉCNICO EM FARMÁCIA- AOCP-2015)
Assinale a alternativa em que o termo destacado é um a) «É uma maneira de expressar a vontade que a gente
pronome indefinido. tem. Acho que um voto pode fazer a diferença”.
b) “Ele diz que vota desde os 18...”.
a) “Ele não exige fatos...”. c) “Acho que um voto pode fazer a diferença”.
b) “Era um ídolo para mim.”. d) “... e acreditam que um voto consciente agora pode
LÍNGUA PORTUGUESA

c) “Discordo dele.”. influenciar futuramente na vida de seus filhos e netos”.


d) “... espécie de carinho consigo mesmo.”. e) “O idoso afirma que sempre incentivou sua família a
e) “O bom humor está disponível a todos...”. votar”.

54
27. (TRF-1.ª Região – ANALISTA JUDICIÁRIO – INFOR- 31. (LIQUIGÁS – MOTORISTA DE CAMINHÃO GRANEL
MÁTICA – FCC- 2014-ADAPTADA) No período O livro I – CESGRANRIO-2018) O sinal de dois-pontos (:) está
explica os espíritos chamados ‘xapiris’, que os ianomâmis empregado de acordo com a norma-padrão da língua
creem serem os únicos capazes de cuidar das pessoas e portuguesa em:
das coisas, a palavra grifada tem a função de pronome
relativo, retomando um termo anterior. Do mesmo modo a) A diferença entre notícias falsas e verdadeiras é maior
como ocorre em: no campo da política: é menor nas publicações rela-
cionadas às catástrofes naturais.
a) Os ianomâmis acreditam que os xamãs recebem dos b) A explicação para a difusão de notícias falsas é que
espíritos chamados “xapiris” a capacidade de cura. os usuários compartilham informações com as quais
b) Eu queria escrever para os não indígenas não acharem concordam: pois não verificam as fontes antes.
que índio não sabe nada. c) As informações enganosas são mais difundidas do que
c) O branco está preocupado que não chove mais em as verdadeiras: de acordo com estudo recente feito
alguns lugares. por um instituto de pesquisa.
d) Gravou 15 fitas em que narrou também sua própria d) As notícias falsas podem ser desmascaradas com o
trajetória. uso do bom senso: mas esperar isso de todo mundo é
e) Não sabia o que me atrapalhava o sono. quase impossível.
e) As revistas especializadas dão alguns conselhos: não
28. (PETROBRAS – ENGENHEIRO(A) DE MEIO AM- entre em sites desconhecidos e não compartilhe notí-
BIENTE JÚNIOR – CESGRANRIO-2018) De acordo com cias sem fonte confiável.
as normas da linguagem padrão, a colocação pronominal
está INCORRETA em: 32. (LIQUIGÁS – MOTORISTA DE CAMINHÃO GRANEL
I – CESGRANRIO-2018) A vírgula está empregada cor-
a) Virgínia encontrava-se acamada há semanas. retamente em:
b) A ferida não se curava com os remédios.
c) A benzedeira usava uma peruca que não favorecia-a. a) A divulgação de histórias falsas pode ter consequên-
d) Imediatamente lhe deram uma caneta-tinteiro verme- cias reais desastrosas: prejuízos, financeiros e cons-
lha. trangimentos às empresas.
e) Enquanto se rezavam Ave-Marias, a ferida era circun- b) As novas tecnologias, criaram um abismo ao separar
dada. quem está conectado de quem não faz parte do mun-
do digital.
29. (BANESTES – TÉCNICO BANCÁRIO – FGV-2018) A c) As pessoas tendem a aceitar apenas as declarações que
frase em que se deveria usar a forma EU em lugar de confirmam aquilo que corresponde, às suas crenças.
MIM é: d) Os jornalistas devem verificar as fontes citadas, cruzar
dados e checar se as informações refletem a realidade.
a) Um desejo de minha avó fez de mim um artista; e) Os consumidores de notícias não agem como cientis-
b) Há muitas diferenças entre mim e a minha futura mu- tas porque não estão preocupados em conferir, pon-
lher; tos de vista alternativos.
c) Para mim, ver filmes antigos é a maior diversão;
d) Entre mim viajar ou descansar, prefiro o descanso; 33. (PETROBRAS – ADMINISTRADOR JÚNIOR – CES-
e) Separamo-nos, mas sempre de mim se lembra. GRANRIO-2018) A vírgula foi plenamente empregada
de acordo com as exigências da norma-padrão da língua
30. (CÂMARA DE SALVADOR-BA – ASSISTENTE LE- portuguesa em:
GISLATIVO MUNICIPAL – FGV-2018-ADAPTADA) O
segmento em que a substituição do termo sublinhado a) A conexão é feita por meio de uma plataforma especí-
por um pronome pessoal foi feita de forma adequada é: fica, e os conteúdos, podem ser acessados pelos dis-
positivos móveis dos passageiros.
a) “deixou de ser uma ferramenta de sobrevivência” / dei- b) O mercado brasileiro de automóveis, ainda é muito
xou de ser-lhe; grande, porém não é capaz de absorver uma presença
b) “podemos definir violência” / podemos defini-la; maior de produtos vindos do exterior.
c) “Hoje, esse termo denota, além de agressão física, di- c) Depois de chegarem às telas dos computadores e ce-
versos tipos de imposição” / denota-los; lulares, as notícias estarão disponíveis em voos inter-
d) “Consideremos o surgimento das desigualdades” / nacionais.
consideremos-lo; d) Os últimos dados mostram que, muitas economias
LÍNGUA PORTUGUESA

e) “ao nos referirmos à violência” / ao nos referirmo-la. apresentam crescimento e inflação baixa, fazendo
com que os juros cresçam pouco.
e) Pode ser que haja uma grande procura de carros im-
portados, mas as montadoras vão fazer os cálculos e
ver, se a importação vale a pena.

55
34. (MPU – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CESPE-2010) também o desafio de o leitor divisar e compartilhar as
Para a maioria das pessoas, os assaltantes, assassinos e escolhas produzidas pelo escritor.
traficantes que possam ser encontrados em uma rua es- d) Para Edward Said a linguagem é o terreno, de onde
cura da cidade são o cerne do problema criminal. Mas os partem os humanistas, uma vez que é nela que se
danos que tais criminosos causam são minúsculos quan- estabelecem não apenas as relações de sentido mas,
do comparados com os de criminosos respeitáveis, que também, o desafio de o leitor divisar, e compartilhar
vestem colarinho branco e trabalham para as organiza- as escolhas produzidas pelo escritor.
ções mais poderosas. Estima-se que as perdas provoca- e) Para Edward Said, a linguagem é o terreno de onde
das por violações das leis antitrust — apenas um item de partem os humanistas, uma vez que é nela que se
uma longa lista dos principais crimes do colarinho bran- estabelecem não apenas as relações de sentido, mas
co — sejam maiores que todas as perdas causadas pelos também o desafio de o leitor divisar e compartilhar as
crimes notificados à polícia em mais de uma década, e escolhas produzidas pelo escritor.
as relativas a danos e mortes provocadas por esse crime
apresentam índices ainda maiores. A ocultação, pela in- 37. (TRF-3.ª REGIÃO – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA
dústria do asbesto (amianto), dos perigos representados ADMINISTRATIVA – FCC-2016-ADAPTADA) Sem que
por seus produtos provavelmente custou tantas vidas se altere o sentido da frase, todas as vírgulas podem ser
quanto as destruídas por todos os assassinatos ocorridos substituídas por travessão, EXCETO em:
nos Estados Unidos da América durante uma década in-
teira; e outros produtos perigosos, como o cigarro, tam- a) Não se trata de defender a tradição, família ou pro-
bém provocam, a cada ano, mais mortes do que essas. priedade...
James William Coleman. A elite do crime. 5.ª ed., São b) Fiquei um pouco desconcertado pela atitude do meu
Paulo: Manole, 2005, p. 1 (com adaptações). amigo, um homem...
c) Mas, como eu ia dizendo, estava voltando da Europa...
Não haveria prejuízo para o sentido original do texto d) ... como precipitada, entre nós, de que estaria morto...
nem para a correção gramatical caso a expressão “a cada e) Mas a música brasileira, ao contrário de outras artes,
ano” fosse deslocada, com as vírgulas que a isolam, para já traz...
imediatamente depois de “e”.
38. (TRF-1.ª REGIÃO – TÉCNICO JUDICIÁRIO – INFOR-
( ) CERTO ( ) ERRADO MÁTICA – FCC-2014-ADAPTADA)
... a resposta a um problema que sempre atormentou ad-
35. (PC-SP - AUXILIAR DE NECROPSIA – VU- ministradores: o recrutamento e a retenção de talentos.
NESP-2014) Assinale a alternativa cuja frase está correta O segmento introduzido pelos dois-pontos apresenta
quanto à pontuação. sentido

a) O médico, solidário e comovido, apertou minha mão e a) restritivo.


entendeu o pedido de minha mãe. b) explicativo.
b) A diferença entre parada cardíaca e morte, não é ensi- c) conclusivo.
nada, aos médicos nas faculdades. d) comparativo.
c) Prof. Alvariz, chefe da clínica sabia qual a diferença en- e) alternativo.
tre, parada cardíaca e morte.
d) O aborto de fetos anencéfalos motivo de muita revol- 39. (PROCESSO SELETIVO INTERNO DA SECRETARIA
ta, foi bastante contestado. DE DEFESA SOCIAL DO ESTADO DE PERNAMBUCO-PE
e) Iniciei assim que o velhinho teve uma parada cardíaca, - SARGENTO DA POLÍCIA MILITAR - FM-2010 - ADAP-
os processos de reanimação. TADA) “– Mas não é minha cabeça que eles querem de-
golar a cada jogo, François.” O uso da vírgula destacada
36. (TRF-4.ª REGIÃO – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA neste trecho tem a função de:
ADMINISTRATIVA – FCC-2014) Quanto à pontuação, a
frase inteiramente correta é: a) Separar o aposto.
b) Delimitar o sujeito.
a) Para Edward Said, a linguagem, é o terreno de onde c) Delimitar uma nova oração.
partem os humanistas uma vez que, é nela, que se d) Separar o vocativo.
estabelecem não apenas as relações de sentido, mas e) Marcar uma pausa forte.
também o desafio de o leitor divisar e compartilhar, as
escolhas produzidas pelo escritor.
b) Para Edward Said, a linguagem é o terreno de onde
LÍNGUA PORTUGUESA

partem os humanistas uma vez que é nela, que se


estabelecem não apenas as relações de sentido, mas
também o desafio, de o leitor divisar e compartilhar,
as escolhas produzidas pelo escritor.
c) Para Edward Said, a linguagem, é o terreno de onde
partem os humanistas, uma vez que é nela que se es-
tabelecem, não apenas as relações de sentido, mas

56
40. (MPU – CONHECIMENTOS BÁSICOS PARA O CAR- 22 E
GO 33 – NÍVEL MÉDIO – CESPE-2013)
O Ministério Público é fruto do desenvolvimento do es- 23 A
tado brasileiro e da democracia. A sua história é marcada 24 C
por processos que culminaram na sua formalização insti-
25 A
tucional e na ampliação de sua área de atuação.
No período colonial, o Brasil foi orientado pelo direito 26 A
lusitano. Não havia o Ministério Público como instituição. 27 D
Mas as Ordenações Manuelinas de 1521 e as Ordena-
28 C
ções Filipinas de 1603 já faziam menção aos promotores
de justiça, atribuindo a eles o papel de fiscalizar a lei e 29 D
de promover a acusação criminal. Existiam os cargos de 30 B
procurador dos feitos da Coroa (defensor da Coroa) e de
procurador da Fazenda (defensor do fisco). 31 E
A Constituição de 1988 faz referência expressa ao Mi- 32 D
nistério Público no capítulo Das Funções Essenciais à 33 C
Justiça. Define as funções institucionais, as garantias e as
vedações de seus membros. Isso deu evidência à institui- 34 CERTO
ção, tornando-a uma espécie de ouvidoria da sociedade 35 A
brasileira. 36 E
Internet: <www.mpu.mp.br> (com adaptações).
37 A
Em “No período colonial, o Brasil foi orientado”, a vírgula 38 B
após “colonial” é utilizada para isolar aposto.
39 D
( ) CERTO ( ) ERRADO 40 ERRADO

GABARITO

1 C
2 C
3 A
4 D
5 E
6 B
7 A
8 B
9 E
10 A
11 E
12 E
13 A
14 D
15 D
16 B
LÍNGUA PORTUGUESA

17 B
18 E
19 E
20 D
21 A

57
ANOTAÇÕES

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________
LÍNGUA PORTUGUESA

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

58
ÍNDICE

RACIOCÍNIO LÓGICO

ÁLGEBRA DAS PROPOSIÇÕES Propriedade idempotente. Propriedade comutativa. Propriedade associativa.


Propriedade distributiva. Propriedade de absorção. Leis de Morgan.................................................................................................... 01
ARGUMENTOS ANÁLISE COMBINATÓRIA: Tipos de agrupamentos: arranjos e combinações. Princípio fundamental da
contagem. Conceito de argumento. Validade de um argumento. Critério de validade de um argumento. Condicional
associada a um argumento. Argumentos válidos fundamentais. Regras de inferência.................................................................. 01
LÓGICA. RACIOCÍNIO LÓGICO E MATEMÁTICAS PROPOSIÇÕES CONECTIVOS: Conceito de proposição. Valores lógicos
das proposições. Conectivos................................................................................................................................................................................. 01
OPERAÇÕES LÓGICAS SOBRE PROPOSIÇÕES: Negação de uma proposição. Conjugação de duas proposições.
Disjunção de duas proposições. Proposição condicional. Proposição bi condicional..................................................................... 01
EQUIVALÊNCIA LÓGICA E IMPLICAÇÃO LÓGICA: Equivalência lógica. Propriedades da relação de equivalência lógica.
Recíproca, contrária e contra positiva de uma proposição condicional. Implicação lógica. Princípio de substituição.
Propriedade da implicação lógica.......................................................................................................................................................................... 01
ÁLGEBRA DAS PROPOSIÇÕES PROPRIEDADE IDEMPOTENTE. PROPRIEDADE COMU-
TATIVA. PROPRIEDADE ASSOCIATIVA. PROPRIEDADE DISTRIBUTIVA. PROPRIEDADE
DE ABSORÇÃO. LEIS DE MORGAN. ARGUMENTOS ANÁLISE COMBINATÓRIA: TIPOS
DE AGRUPAMENTOS: ARRANJOS E COMBINAÇÕES. PRINCÍPIO FUNDAMENTAL DA
CONTAGEM. CONCEITO DE ARGUMENTO. VALIDADE DE UM ARGUMENTO. CRITÉRIO
DE VALIDADE DE UM ARGUMENTO. CONDICIONAL ASSOCIADA A UM ARGUMENTO.
ARGUMENTOS VÁLIDOS FUNDAMENTAIS. REGRAS DE INFERÊNCIA. LÓGICA. RACIO-
CÍNIO LÓGICO E MATEMÁTICAS PROPOSIÇÕES CONECTIVOS: CONCEITO DE PROPO-
SIÇÃO. VALORES LÓGICOS DAS PROPOSIÇÕES. CONECTIVOS. OPERAÇÕES LÓGICAS
SOBRE PROPOSIÇÕES: NEGAÇÃO DE UMA PROPOSIÇÃO. CONJUGAÇÃO DE DUAS
PROPOSIÇÕES. DISJUNÇÃO DE DUAS PROPOSIÇÕES. PROPOSIÇÃO CONDICIONAL.
PROPOSIÇÃO BI CONDICIONAL. EQUIVALÊNCIA LÓGICA E IMPLICAÇÃO LÓGICA:
EQUIVALÊNCIA LÓGICA. PROPRIEDADES DA RELAÇÃO DE EQUIVALÊNCIA LÓGICA.
RECÍPROCA, CONTRÁRIA E CONTRA POSITIVA DE UMA PROPOSIÇÃO CONDICIONAL.
IMPLICAÇÃO LÓGICA. PRINCÍPIO DE SUBSTITUIÇÃO. PROPRIEDADE DA IMPLICAÇÃO
LÓGICA.

EXPRESSÕES ALGÉBRICAS

1. Definições

Expressões Algébricas: São aquelas que contêm números e letras.


Ex: 2ax² + bx

Variáveis: São as letras das expressões algébricas que representam um número real e que de princípio não
possuem um valor definido.

Valor numérico: É o número que obtemos substituindo as variáveis por números e efetuamos suas operações.
Ex: Sendo x=1 e y=2, calcule o valor numérico (VN) da expressão:
Substituindo os valores: x² + y → 1² + 2 = 3 . Portanto o valor numérico da expressão é 3.

Monômio: Os números e letras estão ligados apenas por produtos.


Ex: 4x

Polinômio: É a soma ou subtração de dois ou mais monômios.  


Ex: 4x+2y

Termos semelhantes: São aqueles que possuem partes literais iguais (variáveis)
Ex: 2x³y²z e 3x³y²z são termos semelhantes pois possuem a mesma parte literal (x3y2z).

2. Adição e subtração de monômios

FIQUE ATENTO!
Só podemos efetuar a adição e subtração de monômios entre termos semelhantes. E quando os termos
envolvidos na operação de adição ou subtração não forem semelhantes, deixamos apenas a operação
indicada.

Ex: Dado os termos 5xy², 20xy², como os dois termos são semelhantes, é possível efetuar a adição e a subtração
deles:
RACIOCÍNIO LÓGICO

5xy² + 20xy² = 25xy 2

Ex: Já para 5xy² − 20xy 2 =


devemos
−15xysubtrair
2
apenas os coeficientes e conservar a parte literal.
5xy² − 20xy 2 = −15xy 2

1
3. Multiplicação de monômios 6. Adição e Subtração de expressões algébricas

Para multiplicarmos monômios não é necessário que Para determinarmos a soma ou subtração de expres-
eles sejam semelhantes, basta multiplicarmos coeficiente sões algébricas, basta somar ou subtrair os termos se-
com coeficiente e parte literal com parte literal. Sendo melhantes.
que quando multiplicamos as partes literais devemos usar
m n m+n Ex: 2x³y²z + 3x³y²z = 5x³y²z
a propriedade da potência que diz: a � a = a
(bases iguais na multiplicação, repetimos a base e soma- Ex: 2a²b − 3a²b = −a²b
mos os expoentes).
Ex: (3a²b) � (− 5ab³)
7. Multiplicação e Divisão de expressões algébri-
Na multiplicação dos dois monômios, devemos mul- cas
tiplicar os coeficientes 3 e -5 e na parte literal multipli-
camos os termos que contém a mesma base para que Na multiplicação e divisão de expressões algébricas,
possamos usar a propriedade de soma dos expoentes: devemos usar a propriedade distributiva.

2 3
3a b �2 − 5ab =3 3 � −5 � a2 � a � (b � b3) Ex: a (x + y) = ax + ay
Ex: (a + b) � (x + y) = ax + ay + bx + by
3a b � 2− 5ab = −15
3
� a2+1 � (b1+3) Ex: x(x² + y) = x³ + xy
3a b � − 5ab = −15 a3b4

4. Divisão de monômios #FicaDica


Para dividirmos os monômios não é necessário que Para multiplicarmos potências de mesma
eles sejam semelhantes, basta dividirmos coeficiente base, conservamos a base e somamos os ex-
com coeficiente e parte literal com parte literal. Sendo poentes. Na divisão de potências devemos
que quando dividirmos as partes literais devemos usar − conservar a base e subtrair os expoentes
a propriedade da potência que diz: a
m n m n
∶ a = a
(bases iguais na divisão repetimos a base e diminuímos
os expoentes), sendo que .
4x2
Ex: −20x²y³) ∶ (− 4xy³ Ex: = 2x
2x
Na divisão dos dois monômios, devemos dividir os 6x3 − 8x
Ex: = 3x² − 4
coeficientes -20 e -4 e na parte literal dividirmos os ter- 2x
mos que contém a mesma base para que possamos usar x4 −5x3 +9x2 −7x+2
a propriedade Ex:
x2 −2x+1
2 3 3
−20x y : −2 4x y = −20 : −4 � x 2: x � (y 3 : y 3)
Neste exemplo mais sofisticado, devemos usar a divi-
3 3
−20x y 2 :3 − 4xy 3= +5 x 2−1 � (y 3−3)
são por chaves:
−20x y :2 − 3
4xy = 3+5 x 1 � (y 0 )
−20 x y : − 4xy = +5x

5. Potenciação de monômios

Na potenciação de monômios devemos novamente


utilizar uma propriedade da potenciação:
m
I - ab = a b
m m

n m n
II - am = a �
2
Ex: −5x b
6 2

EXERCÍCIOS COMENTADOS
RACIOCÍNIO LÓGICO

Aplicando as propriedades:

2 1. Calcule: 3x² + 2x − 1) + (−2x² + 4x + 2


2
x 2 ( 6
−5x b =
6 2 2
2
2
−5) � � b
−5x b = +25x 4b12
6 2

2
Resposta: Ambos os argumentos foram conclusões verdadei-
ras das premissas que consideramos. Neste caso, iremos
3x 2 + 2x − 1 + −2x 2 + 4x + 2 classifica-los como argumentos válidos, ou seja, as pre-
missas levam a esta conclusão.
= 3x 2 − 2x 2 + 2x + 4x − 1 + 2 = x 2 + 6x + 1
A oposição disso é justamente uma ou mais premis-
sas falharem na conclusão, e isso tornará o argumento
2. Calcule: 4 10x 3 + 5x 2 + 2x − 2x + 10 inválido, pois não atende integralmente todas as premis-
sas.
Resposta: Outro caso de argumentos que podem ser cobrados
são aqueles que envolvem conectivos lógicos, como por
4 10x 3 + 5x 2 + 2x − 2x + 10 = 40x 3 + 20x 2 + 6x − 10 exemplo, neste exercício que caiu em um concurso:
= 2(20x 3 + 10x 2 + 3x − 5)

LÓGICA DA ARGUMENTAÇÃO

Tanto o argumento, quanto a proposição, formam as


bases para o estudo da lógica. Todavia, a proposição ain- Se considerarmos as proposições:
da continua sendo o elemento fundamental, pois a partir
dela que são construídos os argumentos. Mas afinal de
contas, o que é um Argumento? Essa definição é impor-
tante para o seguimento do capítulo e será apresentada
a seguir.
Um argumento é feito de uma composição de duas
ou mais proposições. Diferentemente de uma proposi- Ou seja, toda a argumentação é montada sob propo-
ção composta, o argumento apresenta as proposições sições compostas ligadas pelos conectivos lógicos. Nos
de maneira separada, classificando-as em dois tipos: concursos públicos, isso pode aparecer diretamente, ou
Premissas e Conclusão. As premissas são as bases e as em forma de frases onde o leitor deverá convertê-la para
informações que irão nortear a Conclusão (que é única, expressões lógicas. Para verificar se o argumento é válido
apenas 1 proposição pode ser a conclusão). Assim, a es- ou não, usaremos as técnicas apresentadas a seguir.
trutura básica de um argumento é: Premissas Conclusão.
Normalmente, os argumentos são apresentados na ANÁLISE DA VALIDADE DOS ARGUMENTOS
forma vertical, separando as premissas e a conclusão por
um traço, desta maneira: Normalmente quando os argumentos são analisados,
a primeira estratégia pensada é o uso dos diagramas de
conjuntos, ou conhecidos também como diagramas de
Euler. Essa estratégia será a primeira a ser apresentada
nesta seção, porém, é importante que fique claro que
ela funciona em alguns casos específicos e que em casos
onde o argumento foi construído sob conectivos lógicos
As três premissas informam que há uma caracterís- (exemplo anterior), sua praticidade não é encontrada.
tica genética de olhos azuis na família, onde seu pai e Logo, serão apresentadas 4 estratégias definitivas para
você possuem olhos azuis. Dadas essas informações, se resolver qualquer problema de argumentação.
concluiu-se que seu filho terá a mesma característica, ou
seja, olho azul.
Como este argumento é mais genérico, vamos a um FIQUE ATENTO!
mais direto que vocês irão lidar em seus concursos:
Vocês encontrarão exercícios onde mais de
uma técnica pode ser usada para sua reso-
lução. Esta apostila será uma referência para
sugestão de qual técnica utilizar. Caso con-
siga resolver por outra técnica, é um ponto
a mais no seu aprendizado.
A argumentação apresenta que o grupo denominado
“brasileiros” pertence em sua integralidade ao conjunto
RACIOCÍNIO LÓGICO

“devedores”. Assim, se eu pertenço ao grupo dos “brasi- Diagramas de Conjuntos (Euler)


leiros”, naturalmente estarei no grupo “devedores”.
Um ponto importante a se ressaltar neste exemplo A análise de argumentos usando os diagramas de
é a estrutura particular dele. Quanto tivermos um argu- conjuntos só é efetivamente vantajosa se os argumentos
mento composto por 2 (duas) premissas e a conclusão, forem montados com proposições categóricas (capítulo
ele será considerado um caso particular e terá o nome 5). Ou seja, as premissas devem conter as expressões que
de silogismo. designam este tipo, como todo, nenhum, algum e al-

3
gum não. Algumas variações podem existir, como pelo
menos um e cada um, mas sempre serão remetidas as
proposições que aprendemos no capítulo anterior.
Este método prevê que desenharemos as premissas
dentro de cada conjunto correspondente, procurando as
interseções entre eles. Após a construção do diagrama,
verifica-se a validade do argumento. Repetindo a estratégia do exemplo anterior, temos
Exemplo: que a primeira premissa nos mostra que o conjunto
“convidados” está dentro ou é coincidente ao conjunto
“parentes”:

O ponto chave da lógica da argumentação é verificar


se a conclusão é uma consequência lógica das premissas.
Isso será feito neste caso usando os conjuntos. A primei-
ra proposição diz que todas as mulheres são morenas,
assim o conjunto “mulheres” está dentro ou é coinciden-
te ao conjunto “morenas”:

ou

A segunda proposição diz que nenhuma morena can-


ta, ou seja, não há intersecção entre esses conjuntos:
A segunda premissa nos mostra que Roberto não é
um convidado. Neste caso, veja que temos três possi-
bilidades, duas no primeiro caso da premissa e um no
segundo caso. A posição de Roberto está indicada com
um “X”:

Assim, a conclusão torna-se válida pois o conjunto


mulheres também não possui intersecção com o conjun-
tos “cantoras”, tornando assim o argumento válido. É im-
portante frisar que sabemos que parte das mulheres não
RACIOCÍNIO LÓGICO

são morenas mas isso não pode interferir na validade do ou


argumento. A única coisa que devemos ver sob o ponto
de vista lógico é que se as premissas forem verdadeiras,
temos que ter a conclusão verdadeira.
Vamos agora com um exemplo de argumento inváli-
do. Observem:

4
uma das premissas com uma conjunção, pois assim con-
seguimos valorar logicamente as proposições simples
que a compõe.
Para avaliar a validade do argumento, basta adotar
que todas as premissas são verdadeiras e a partir da pro-
posição simples, verificar se a conclusão mantém-se ver-
dadeira.
Se o resultado da conclusão for verdadeiro, o argu-
mento é válido, caso contrário, se a conclusão for falsa
ou se você não conseguir definir seu valor lógico, ele será
ou inválido.
Vamos a um exemplo:

Esse argumento está montado apenas com os valores


lógicos e temos uma proposição simples no terceiro ar-
gumento. Assim, vamos adotar a estratégia de premissas
verdadeiras, ou seja:

A conclusão nos fala que Roberto não é parente, o


que é verdade na segunda e na terceira possibilidade.
Na primeira, ambas as premissas são atendidas mas a
conclusão é falsa, já que Roberto está dentro do conjunto
parentes. Na terceira proposição, temos que R é verdadeiro e
Quando uma ou mais das possibilidades falha, não a partir disso, para a segunda premissa ser verdadeira,
temos que ter ~Q=V, ou seja Q=F.
temos garantia integral do argumento, tornando-o invá-
Esse resultado implica na primeira premissa, pois se
lido.
Q=F, para a condicional ser verdadeira, precisaremos ter
que P seja falso, ou seja, P=F .
Com os três valores lógicos, podemos avaliar a con-
EXERCÍCIO COMENTADO clusão, onde se P=F, temos ~P=V, tornando a conclusão
verdadeira e o argumento válido.
Se após essas associações tivéssemos encontrado
1. (TCE-RS – ENGENHEIRO – CESPE, 2004). A seguinte ~P=F, teríamos uma contradição, o que tornaria o argu-
afirmação é válida: mento inválido.

Premissa 1: Toda pessoa honesta paga os impostos de-


vidos
Premissa 2: Carlos paga os impostos devidos
EXERCÍCIO COMENTADO
Conclusão: Carlos é uma pessoa honesta
2. (TCE/AC – ANALISTA – CESPE, 2008). Considere que
( ) CERTO ( ) ERRADO as seguintes proposições são premissas de um argumen-
to:
Resposta: Errado. Montando as premissas dentro do
1. César é o presidente do tribunal de contas e Tito é um
diagrama de Euler, se o conjunto “pagam impostos”
conselheiro
e “honestos” não forem coincidentes, não há como
2. César não é o presidente do tribunal de contas ou
garantir que Carlos está necessariamente dentro do
Adriano impõe penas disciplinares na forma da lei
conjunto “honestos”. Portanto, o argumento torna-se 3. Se Adriano é vice-presidente do tribunal de contas, en-
inválido. tão Tito não é o corregedor.
RACIOCÍNIO LÓGICO

Com base nas definições apresentadas no texto acima,


Premissas verdadeiras assinale a opção em que a proposição apresentada, junto
com essas premissas, forma um argumento válido:
A segunda estratégia já envolve premissas que não
tenham as proposições categóricas. Ela é eficiente quan- a) Adriano não é o vice-presidente do tribunal de contas
do ao menos uma das proposições é simples, ou seja, b) Se César é o presidente do tribunal de contas, então
não há nenhum conectivo lógico com ela ou se temos Adriano não é o corregedor.

5
c) Se Tito é o corregedor, então Adriano é o vice-presidente do tribunal de contas.
d) Tito não é o corregedor
e) Adriano impõe penas disciplinares na forma da lei

Resposta: Letra E. Utilizando o método de premissas verdadeiras, a primeira premissa já nos garante que César é
o presidente do tribunal de contas e Tito é um conselheiro. Na segunda, como temos uma disjunção e a primeira
proposição é falsa, já que César é o presidente do tribunal, temos que ter que Adriano impõe penas disciplinares na
forma da lei, o que é exatamente a alternativa E. Para completar, a terceira premissa fica indefinida sob o ponto de
vista lógico, uma vez que não temos informações suficientes para determinar se Adriano é ou não vice-presidente
do TCE, mas isto não afeta a escolha da alternativa correta.

Tabela verdade

O método de resolução do argumento por tabela verdade é utilizado quando não se consegue resolver pelos dois
métodos anteriores, ou seja, quando não temos proposições categóricas ou quando não temos premissas sob a forma
de proposições simples ou uma delas sendo uma conjunção. Entretanto, mesmo para o caso onde o método de pre-
missas verdadeiras é aplicável, a tabela verdade pode ser utilizada, tornando um método mais genérico.
A resolução se baseia na construção da tabela verdade e temos que olhar as linhas correspondentes a todas as
premissas possuírem o valor VERDADEIRO. Se nessa linha, a conclusão também for VERDADEIRA, temos um argumento
válido, caso contrário, ele será inválido.

FIQUE ATENTO!
Lembre-se que a quantidade de linhas da tabela-verdade é calculada em função da quantidade de propo-
sições simples que formam as premissas. Quanto maior o problema, mais trabalhoso será a sua resolução!

Vamos analisar um exemplo passo a passo:


Analise o argumento a seguir e verifique se ele é válido
Se Pablo é ator e Irene é médica, então João é carpinteiro.
João não é carpinteiro ou Irene é médica.
Logo, Pablo não é ator ou Irene é médica.
Passando para a linguagem lógica, temos que:

Observe que este argumento possui duas premissas e uma conclusão, porém é formado por três proposições sim-
ples. Assim, a tabela-verdade terá 8 linhas e não 4. Construindo a base da tabela:

p q r
V V V
V V F
V F V
V F F
F V V
F V F
F F V
RACIOCÍNIO LÓGICO

F F F

As próximas duas colunas serão correspondentes à primeira premissa:

6
p q r

V V V V V
V V F V F
V F V F V
V F F F V
F V V F V
F V F F V
F F V F V
F F F F V

As duas colunas seguintes são correspondentes à segunda premissa:

p q r ~𝒓 ∨ 𝒒~𝒓 ∨ 𝒒

V V V V V F V
V V F V F V V
V F V F V F F
V F F F V V V
F V V F V F V
F V F F V V V
F F V F V F F
F F F F V V V

Agora, as próximas três colunas se referem a conclusão:

p q r ~𝒓 ∨ 𝒒
~𝒓 ∨ 𝒒 ~𝒑
~𝒑∨∨~𝒒
~𝒒 ~𝒑 ∨ ~𝒒

V V V V V F V F F F
V V F V F V V F F F
V F V F V F F F V V
V F F F V V V F V V
F V V F V F V V F V
F V F F V V V V F V
F F V F V F F V V V
F F F F V V V V V V

Com a tabela construída, temos que identificar as linhas que possuem ambas as premissas verdadeiras, ou seja, te-
mos que analisar a quinta e sétima colunas, procurando as linhas em que ambas são V. Se observarmos, encontraremos
a primeira, quarta, quinta, sexta e oitava linhas nesta configuração:
RACIOCÍNIO LÓGICO

7
p q r ~𝒓 ∨ 𝒒~𝒓 ∨ 𝒒 ~𝒑
~𝒑∨∨~𝒒
~𝒒 ~𝒑 ∨ ~𝒒

V V V V V F V F F F
V V F V F V V F F F
V F V F V F F F V V
V F F F V V V F V V
F V V F V F V V F V
F V F F V V V V F V
F F V F V F F V V V
F F F F V V V V V V

Observando essas cinco linhas, temos que a conclusão (última coluna) é VERDADEIRA em quatro delas, excetuan-
do-se apenas a primeira linha, onde a conclusão, assim, como nem todos os casos foram atendidos, o argumento é
inválido. Vale lembrar que basta 1 caso FALSO para o argumento não ser válido.

EXERCÍCIO COMENTADO

3. (PF – ESCRIVÃO – CESPE, 2009). A sequência de proposições a seguir constitui uma dedução correta:

Se Carlos não estudou, então ele fracassou na prova de Física.


Se Carlos jogou futebol, então ele não estudou.
Carlos não fracassou na prova de Física
Carlos não jogou futebol

( ) CERTO ( ) ERRADO

Resposta: Certo. Considerando as três primeiras linhas como premissas e a última como conclusão, chamaremos de
a: Carlos estudou, b: Carlos fracassou na prova de Física e c: Carlos jogou futebol. Construindo a tabela-verdade com
a ordem estudada nesta apostila, teremos que apenas a linha 4 terá as 3 premissas VERDADEIRAS simultaneamente
e nesta linha temos também a conclusão VERDADEIRA. Logo, este argumento é válido.

Conclusão Falsa

Para os casos onde temos um número de proposições simples maior (acima de 3), uma alternativa ao invés de se
aplicar uma tabela verdade que terá muitas linhas será o método da conclusão Falsa, ou seja, considera-se o valor ló-
gico FALSO na conclusão além de considerar as premissas VERDADEIRAS. Se este caso existir, teremos um argumento
inválido, caso contrário, ele será válido. Este método funciona bem quando a conclusão é uma condicional ou uma
conjunção, pois conseguiremos atribuir valores lógicos a todas as proposições simples que a compõe.
Observe o exemplo a seguir, extraído do livro Raciocínio Lógico Simplificado, de Sérgio Carvalho e Weber Campos,
um dos livros que usamos como referência para montar esta apostila:

Temos 4 proposições simples formando o argumento, o que faria a tabela-verdade ter 16 linhas. Se tentarmos pelo
RACIOCÍNIO LÓGICO

método de premissas verdadeiras, teríamos muitos casos a analisar, uma vez que as mesmas são condicionais. Para
facilitar, vamos então adotar também a conclusão FALSA, o que para a condicional, tem-se apenas um caso, que é a
proposição da esquerda VERDADEIRA e da direita FALSA, assim temos que 𝑨 = 𝑽 e ~𝑫 = 𝑭 ⟹ 𝑫 = 𝑽.
Com esses valores lógicos definidos, podemos ir para a segunda premissa, onde sabemos o valor de ~𝑨 = 𝑭 . Para
essa premissa ser verdadeira, teremos que ter 𝑩 = 𝑭. Na primeira premissa, a condicional será verdadeira, dado que
𝑨 = 𝑽 se 𝑩 ∨ 𝑪 = 𝐕. Como 𝑩 = 𝑭., temos que ter 𝑪 = 𝑽 para atender a primeira premissa. Finalmente, como
𝑫 = 𝑽 , temos que ter ~𝑪 = 𝑽 ⟹ 𝑪 = 𝑭 , mas isso contradiz a primeira premissa que determinou que 𝑪 = 𝑽 .

8
Como houve falha em provar que a conclusão é FAL- Exemplo:“ João foi almoçar em um restaurante no
SA com as premissas VERDADEIRAS, temos que a conclu- centro da cidade, ao chegar no local, percebeu que ofe-
são é VERDADEIRA o que faz o argumento VÁLIDO! recem 3 tipos de saladas, 2 tipos de carne, 6 bebidas di-
ferentes e 5 sobremesas diferentes. De quantas maneiras
distintas ele pode fazer um pedido, pegando apenas 1
tipo de cada alimento? ”
EXERCÍCIO COMENTADO
Resolução: O princípio da contagem depende forte-
4. (SEGER-ES – TODOS OS CARGOS – CESPE, 2011). mente de uma organização do problema. A sugestão é
sempre organizar cada caso em traços e preenchendo a
- Começo do mês é tempo de receber salário. quantidade de possibilidades. Como temos 4 casos dis-
- Se as contas chegam, o dinheiro (salário) sai. tintos (salada, carne, bebida e sobremesa), iremos fazer
- Se o dinheiro (salário) sai, a conta fica no vermelho mui- 4 traços:
to rapidamente.
- Se a conta fica no vermelho muito rapidamente, então
a alegria dura pouco
- As contas chegam.
Agora, preencheremos a quantidade de possibilida-
Pressupondo que as premissas apresentadas acima se- des de cada caso:
jam verdadeiras e considerando as propriedades gerais
dos argumentos, julgue os itens subsequentes:
A afirmação: “Começo do mês é tempo de receber salá-
rio, porém a alegria dura pouco”, é uma conclusão válida
a partir das premissas apresentadas acima.
Finalmente, multiplicamos os números:
( ) CERTO ( ) ERRADO

A afirmação: “Se as contas chegam, então a alegria dura


pouco” é uma conclusão válida a partir das premissas
apresentadas acima.
Assim, João tem 180 possibilidades diferentes de se
montar um prato.
( ) CERTO ( ) ERRADO
FATORIAL
Resposta: Certo e Certo. Chamando de p: Começo
do mês é tempo de receber salário, q: As contas che- Antes de definirmos casos particulares de contagem,
gam; r: O dinheiro (salário) sai, s: A conta fica no ver- iremos definir uma operação matemática que será uti-
melho muito rapidamente e t: A alegria dura pouco, lizada nas próximas seções: o fatorial. Define-se o sinal
vamos resolver a primeira afirmação (𝑝 ∧ 𝑡) utilizan- de fatorial pelo ponto de exclamação, ou seja, “!“. Assim,
do apenas premissas verdadeiras: Como q=V na quin- quando encontrarmos 2! Significa que estaremos calcu-
ta premissa, a segunda premissa só será VERDADEI- lando o “fatorial de 2” ou “2 fatorial”. A definição de fato-
RA se r=V. Isso vale para a terceira premissa, fazendo rial está apresentada a seguir:
s=V e na quarta premissa, fazendo t=V. Assim, como
a primeira premissa é o valor lógico de p=V, temos n! = n ⋅ n − 1 ⋅ n − 2 ⋅ n − 3 … 3 ⋅ 2 ⋅ 1
que 𝑝 ∧ 𝑡 = 𝑉 . Na segunda afirmação, vamos usar a
conclusão FALSA, ou seja, 𝑞 → 𝑡 = 𝐹 . Como a quinta Ou seja, o fatorial de um número é caracterizado pelo
premissa é q=V, temos que ter t=F, mas isso contradiz produto deste número e seus antecessores, até se chegar
justamente a quarta premissa, onde t=V, mostrando ao número 1. Vejam os exemplos abaixo:
que há contradição na conclusão FALSA, tornando-a
VERDADEIRA ou um argumento válido. 3! = 3 ⋅ 2 ⋅ 1 = 6
5! = 5 ⋅ 4 ⋅ 3 ⋅ 2 ⋅ 1 = 120

PRINCÍPIO FUNDAMENTAL DA CONTAGEM


Assim, basta ir multiplicando os números até se che-
O princípio fundamental da contagem permite quan- gar ao número 1. Observe que os fatoriais aumentam
tificar situações ou casos de uma determinada situação muito rápido, veja quanto é 10!:
RACIOCÍNIO LÓGICO

ou evento. Em outras palavras, é uma maneira sistemáti- 10! = 10 ⋅ 9 ⋅ 8 ⋅ 7 ⋅ 6 ⋅ 5 ⋅ 4 ⋅ 3 ⋅ 2 ⋅ 1 = 3628800


ca de “contar” a quantidade de “coisas”.
A base deste princípio se dá pela separação de ca- Já estamos na casa dos milhões! Para não trabalhar-
sos e quantificação dos mesmos. Após isso, uma mul- mos com valores tão altos, as operações com fatoriais
tiplicação de todos estes números é feita para achar a são normalmente feitas por último, procurando fazer o
quantidade total de possibilidades. O exemplo a seguir maior número de simplificações possíveis. Observe este
irá ilustrar isso. exemplo:

9
10! 10 ⋅ 9 ⋅ 8 ⋅ 7 ⋅ 6 ⋅ 5 ⋅ 4 ⋅ 3 ⋅ 2 ⋅ 1 terá uma complementação, para desconsiderar casos re-
Calcule = petidos que serão contados 2 ou mais vezes se utilizar-
7! 7 ⋅6 ⋅5 ⋅4 ⋅3 ⋅2 ⋅1
mos a fórmula diretamente.
Resolução: Ao invés de calcular os valores de 7! e 10!
separadamente e depois fazer a divisão, o que levaria O exemplo mais comum destes casos é o que chama-
muito tempo, nós simplificamos os fatoriais primeiro. mos de Anagramas. Os anagramas são permutações das
Pela definição de fatorial, temos o seguinte: letras de uma palavra, formando novas palavras, sem a
10! 10 ⋅ 9 ⋅ 8 ⋅ 7 ⋅ 6 ⋅ 5 ⋅ 4 ⋅ 3 ⋅ 2 ⋅ 1
= necessidade de terem sentido ou não. Usando primeira-
7! 7 ⋅6 ⋅5 ⋅4 ⋅3 ⋅2 ⋅1 mente um exemplo sem repetição, veja quantos anagra-
mas podemos formar com o nome BRUNO:
Observe que o denominador pode ser inteiramente Montando a esquematização:
cancelado, pois 10! Possui todos os termos de 7!. Essa
é uma particularidade interessante e facilitará demais a
simplificação. Se cancelarmos, restará apenas um produ-
to de 3 termos:
10! 10 ⋅ 9 ⋅ 8 ⋅ 7 ⋅ 6 ⋅ 5 ⋅ 4 ⋅ 3 ⋅ 2 ⋅ 1
= = 10 ⋅ 9 ⋅ 8 = 720
7! 7 ⋅6⋅5 ⋅4⋅3⋅ 2 ⋅1
Ou seja, temos que posicionar as letras nas 5 casas
Essa operação é muito mais fácil que calcular os fato- correspondentes e neste caso, é um problema de permu-
riais desde o começo! tação sem repetição como já foi visto:
P5 = 5! = 120
Agora que sabemos o que é fatorial e como simplifi-
cá-lo, podemos passar para os casos particulares de con- Logo, podemos formar 120 anagramas com a pala-
tagem: Permutações, Combinações e Arranjos vra BRUNO. Agora, vamos olhar o mesmo problema, mas
com a palavra MARIANA. Ela possui 7 letras, logo tere-
PERMUTAÇÃO mos 7 posições:

Permutação sem repetições de elementos

As permutações são definidas como situações onde o


número de elementos é igual ao número de posições em
que podemos posicioná-los. Considere o exemplo onde
temos 5 pessoas e 5 cadeiras alinhadas. Queremos saber Entretanto, temos a repetição da letra A. Veja o que
de quantas maneiras diferentes podemos posicionar es- acontece quando montarmos um anagrama qualquer da
sas pessoas. Esquematizando o problema, chamando de palavra:
P as pessoas e C as cadeiras:

Não conseguimos saber qual letra “A” foi utilizada nas


posições C1,C3 e C5. Se trocarmos as mesmas de posição
entre si, ficaremos com os mesmos anagramas, caracte-
rizando uma repetição. Assim, para saber a quantidade
Em problemas onde o número de elementos é igual de anagramas com repetição, corrigiremos a fórmula da
ao número de posições, sempre teremos uma permuta- permutação da seguinte forma:
ção. A fórmula da permutação, considerando que não há
repetição de elementos é a seguinte: n!
Pn = n! Pna =
a!
Ou seja, para permutar 5 elementos em 5 posições, Ou seja, calcula-se a permutação de “n” elementos
basta eu calcular o fatorial de 5: com “a” repetições. Considerando que MARIANA tem 7
P5 = 5! = 120 letras (n=7) e a letra “A” se repete 3 vezes, temos que:
RACIOCÍNIO LÓGICO

7! 7 ⋅ 6 ⋅ 5 ⋅ 4 ⋅ 3 ⋅ 2 ⋅ 1
Logo, eu posso posicionar as pessoas de 120 manei- P73 = = = 7 ⋅ 6 ⋅ 5 ⋅ 4 = 840
3! 3⋅2⋅1
ras diferentes na fileira de cadeiras.
Assim, a palavra MARIANA tem 840 anagramas pos-
síveis.
Observe que a fórmula da permutação é utilizada
Outro exemplo para deixar este conceito bem claro,
como não há repetição de elementos, mas e quando
é quando temos dois elementos se repetindo. Por exem-
ocorre repetição? Neste caso, a fórmula da permutação
plo, vamos calcular os anagramas da palavra TALITA:

10
Observe que a letra “T” repete 2 vezes e a letra “A”
também repete duas vezes. Na fórmula da permutação
com repetição, faremos duas divisões:
É importante notar que as comissões ADG e GAD não
n!
Pna,b = possuem diferenças, já que as casas C1,C2 e C3 não pos-
a! b! suem nenhuma particularidade descrita no enunciado.
Ou seja, se houver 2 ou mais elementos se repetindo, Assim, trata-se de um problema de combinação. A fór-
a correção é feita dividindo pelas repetições de cada um. mula da combinação depende do número de elementos
Como ambos repetem duas vezes: “n” e o número de posições “p”:
6! 6.5.4.3.2.1 6.5.4.3 360
P62,2 = = = = = 180 n!
2! 2! 2.1 .2.1 2.1 2 Cn,p =
p! (n − p)!
Assim, a palavra TALITA tem 180 anagramas.
No exemplo, temos 7 elementos e 3 posições, assim:
Combinações
n! 7! 7! 7�6�5�4�3�2�1 7�6�5
Cn,p = = 3! 7−3 ! = 3!�4! = 3�2�1 � 4�3�2�1 = 3�2�1 = 7 � 5 = 35
As combinações e os arranjos, que serão apresenta- p!(n−p)!

dos a seguir, possuem uma característica diferente da


permutação. A diferença está no fato do número de po- Ou seja, podemos formar 35 comissões distintas.
sições ser MENOR que o número de elementos, ou seja,
quando os elementos forem agrupados, sobrarão alguns. Arranjos
Veja este exemplo: De quantas maneiras podemos for-
mar uma comissão de 3 membros, dentro os 7 funcioná- Os arranjos seguem a mesma linha da combinação,
rios de uma empresa? onde o número de elementos deve ser maior que o nú-
Resolução: Este exemplo mostrará também como di- mero de posições possíveis, mas com a diferença que a
ferenciar combinação de arranjo. Logo de início, pode- ordem de escolha dos elementos deve ser considerada.
mos ver que não se trata de um problema de permutação, Vamos utilizar o mesmo exemplo descrito na combina-
pois temos 3 posições para 7 elementos. Para diferenciar ção, mas com algumas diferenças:
combinação e arranjo, temos que verificar se a ordem De quantas maneiras podemos formar uma comissão
de escolha dos elementos importa ou não. Neste caso, a de 3 membros, composta por um presidente, um vice-
ordem não importa, pois estamos escolhendo 3 pessoas -presidente e um secretário, dentro os 7 funcionários de
e não importa a ordem que escolhemos elas pois a co- uma empresa?
missão será a mesma. Observe a esquematização: Observe que agora o enunciado classifica explicita-
mente as posições, e podemos montar o esquema da
seguinte forma:

As pessoas foram chamadas pelas letras de A até G.


Vamos supor que escolheremos as pessoas A,D e G mas
em ordens diferentes:
As posições agora foram classificadas de acordo com
a posição que foi pedida no enunciado. Vamos observar
agora o que acontece quando selecionando novamente
as pessoas A,D e G:
RACIOCÍNIO LÓGICO

11
2. Quantas senhas com 4 algarismos diferentes podemos
escrever com os algarismos 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8,e 9?

Resolução:
Esse exercício pode ser feito tanto com a fórmula,
quanto usando a princípio fundamental da contagem.

• 1ª maneira: usando o princípio fundamental da


contagem.
Neste caso, as duas comissões são diferentes, pois em Como o exercício indica que não ocorrerá repetição
uma a pessoa A é presidente e na outra ela é vice-presi- nos algarismos que irão compor a senha, então tere-
dente. Como a ordem importa, temos um problema de mos a seguinte situação:
arranjo. A fórmula de arranjo é mais simples que a fór- o 9 opções para o algarismo das unidades;
mula de combinação: o 8 opções para o algarismo das dezenas, visto
n! que já utilizamos 1 algarismo na unidade e não pode
An,p = repetir;
(n − p)! o 7 opções para o algarismo das centenas, pois já
utilizamos 1 algarismo na unidade e outro na dezena;
o 6 opções para o algarismo do milhar, pois temos
Tomando n=7 e p = 3 novamente: que tirar os que já usamos anteriormente.
Assim, o número de senhas será dado por:
n! 7! 7! 7 � 6 � 5 � 4 � 3 � 2 � 1 9∙8∙7∙6 = 3 024 senhas
A = n,p = = = = 7 � 6 � 5 = 210
(n − p)! 7−3 ! 4! 4�3�2�1
• 2ª maneira: usando a fórmula
Para identificar qual fórmula usar, devemos perceber
7! 7! 7 � 6 � 5 � 4 � 3 � 2 � 1
= = = = 7 � 6 � 5 = 210 que a ordem dos algarismos é importante. Por exem-
7 − 3 ! 4! 4�3�2�1 plo 1234 é diferente de 4321, assim iremos usar a fór-
mula de arranjo.
Então, temos 9 elementos para serem agrupados de 4
Ou seja, é possível formar 210 comissões neste caso.
a 4. Desta maneira, o cálculo será:
Veja que o número é maior que o número da combina-
ção. A razão é que comissões que antes eram repetidas 9! 9! 9 � 8 � 7 � 6 � 5!
na combinação, deixaram de ser no arranjo. A9,4 = = = = 3024 senhas
9 − 4 ! 5! 5!

EXERCÍCIOS COMENTADOS PROBABILIDADE

1. (PF – ESCRIVÃO – CESPE, 2009). Na sequência cres- 1. Ponto Amostral, Espaço Amostral e Evento
cente de todos os números obtidos, permutando-se os
algarismos 1, 2, 3, 7, 8, a posição do número 78.312 é a  Em uma tentativa com um número limitado de re-
sultados, todos com chances iguais, devemos considerar
a) 94ª três definições fundamentais:
b) 95ª Ponto Amostral: Corresponde a qualquer um dos re-
c) 96ª sultados possíveis.
d) 97ª Espaço Amostral: Corresponde ao conjunto dos re-
e) 98ª sultados possíveis; será representado por S e o número
de elementos do espaço amostra por n(S).
Resposta: Letra B. Deve-se contar todos os números Evento: Corresponde a qualquer subconjunto do es-
anteriores a 78312. Iniciando com 1_ _ _ _, temos 4 es- paço amostral; será representado por A e o número de
paços, ou seja 4! = 24 números; iniciando com 2 _ _ _ _ elementos do evento por n(A).
temos outros 24 números, assim como iniciando com
3_ _ _ _. Depois temos os números iniciados com “71_ _ Os conjuntos S e Ø também são subconjuntos de S,
_” que são 6 (3!), assim como os iniciados em “72_ _ _” portanto são eventos.
e “73_ _ _”. Depois aparece o iniciado com “781_ _” que Ø = evento impossível.
RACIOCÍNIO LÓGICO

são 2 números, assim como o “782 _ _”. O próximo já S = evento certo.


será o 78312. Somando: 24+24+24+6+6+6+2+2=94.
Logo, ele será o 95° número Conceito de Probabilidade

As probabilidades têm a função de mostrar a chance


de ocorrência de um evento. A probabilidade de ocorrer
um determinado evento A, que é simbolizada por P(A),

12
de um espaço amostral S≠ Ø , é dada pelo quociente en- n(A∪B)=n(A)+n(B)-n(A∩B)↔
tre o número de elementos A e o número de elemento S.
Representando: n(A ∪ B) n(A) n(B) n(A ∩ B)
↔ = + −
n(A) n(S) n(S) n(S) n(S)
P A =
N(S)
Logo: P(A ∪ B) = P(A) + P(B) - P(A ∩ B)
Ex: Ao lançar um dado de seis lados, numerados de 1
a 6, e observar o lado virado para cima, temos: Eventos Mutuamente Exclusivos
a) um espaço amostral, que seria o conjunto S
{1,2,3,4,5,6}..
b) um evento número par, que seria o conjunto A1 =
{2,4,6} C S.
c) o número de elementos do evento número par é
n(A1) = 3.
d) a probabilidade do evento número par é 1/2, pois
n(A1 ) 3 1
P A = = =
N(S) 6 2 Considerando que A ∩ B, nesse caso A e B serão de-
nominados mutuamente exclusivos. Observe que A ∩ B
Propriedades de um Espaço Amostral Finito e Não = 0, portanto: P(A ∪ B) = P(A) + P(B). Quando os eventos
Vazio A1 , A2 , A3 , … , An de S forem, de dois em dois, sempre mu-
tuamente exclusivos, nesse caso temos, analogicamente:
a) Em um evento impossível a probabilidade é igual a
zero. Em um evento certo S a probabilidade é igual a
P(A1 ∪ A2 ∪ A3 ∪ … ∪ An ) = P(A1 ) + P(A2 ) + P(A3 ) + . . . + P(An )
1. Simbolicamente: P( Ø ) = 0 e P(S)= 1
b) Se A for um evento qualquer de S, neste caso: 0 ≤ P(A)
≤ 1. Eventos Exaustivos
c) Se A for o complemento de A em S, neste caso P(A) =
1 - P(A) Quando os eventos A , A , A , … , A de S forem,
de dois em dois, mutuamente exclusivos, estes serão de-
1 2 3 n

Demonstração das Propriedades nominados exaustivos se:


A1 ∪ A2 ∪ A3 ∪ … ∪ An = S
Considerando S como um espaço finito e não vazio,
temos:

A∪�
A=S
� � =∅
A∩A Então, logo:

𝑃 A1 ∪ A2 ∪ ⋯ ∪ An = 𝑃 A1 + 𝑃 A2 + ⋯ + 𝑃(An )

𝑃 A1 ∪ A2 ∪ ⋯ An = 𝑃 S = 1

União de Eventos
Portanto: P(A1) + P(A2) + P(A3) + ...+ P(An) = 1
Considere A e B como dois eventos de um espaço
amostral S, finito e não vazio, temos: Probabilidade Condicionada
RACIOCÍNIO LÓGICO

Considere dois eventos A e B de um espaço amostral


S, finito e não vazio. A probabilidade de B condicionada a
A é dada pela probabilidade de ocorrência de B sabendo
que já ocorreu A. É representada por P (B/A).

13
Veja:

P(B⁄A) =
n(A ∩ B) EXERCÍCIOS COMENTADOS
n(A)
1. Uma bola será retirada de uma sacola contendo 5 bo-
las verdes e 7 bolas amarelas. Qual a probabilidade desta
bola ser verde?

Resposta: 5/12.
Neste exercício o espaço amostral possui 12 elemen-
tos, que é o número total de bolas, portanto a proba-
bilidade de ser retirada uma bola verde está na razão
de 5 para 12.
Sendo S o espaço amostral e E o evento da retirada de
uma bola verde, matematicamente podemos repre-
sentar a resolução assim:
Eventos Independentes
n E
P E =
Considere dois eventos A e B de um espaço amostral n S
S, finito e não vazio. Estes serão independentes somente 5
quando: P E =
12
P(A/B) = P(A) Logo, a probabilidade desta bola ser verde é 5/12.
P(B/A) = P(B)
2. (IBGE – Analista Censitário – FGV/2017) Entre os cin-
Intersecção de Eventos co números 2, 3, 4, 5 e 6, dois deles são escolhidos ao
acaso e o produto deles dois é calculado. A probabilida-
Considerando A e B como dois eventos de um espaço de desse produto ser um número par é:
amostral S, finito e não vazio, logo:
a) 60%
n(A ∩ B) n A ∩ B + n(S) P(A ∩ B) b) 75%
P(B/A) = = = c) 80%
n(A) n A + n(S) P(A)
d) 85%
e) 90%
n(A ∩ B) n A ∩ B + n(S) P(A ∩ B)
P(A/B) = = =
n(B) n B + n(S) P(B) Resposta: Letra E. Para sabermos o tamanho do es-
paço amostral, basta calcularmos a combinação dos 5
elementos tomados 2 a 2 (a ordem não importa, pois
Assim sendo: a ordem dos fatores não altera o produto):
P(A ∩ B) = P(A) ∙ P(B/A) 5! 5 � 4
P(A ∩ B)= P(B) ∙ P(A/B) C5,2 = = = 10
2! 3! 2
Considerando A e B como eventos independentes, Para o produto ser par, os dois números escolhidos
logo P(B/A) = P(B), P(A/B) = P(A), sendo assim: P(A ∩ B) deverão ser par ou um deles é par. O único caso onde
= P(A)∙ P(B). Para saber se os eventos A e B são indepen- o produto não dá par é quando os dois números são
dentes, podemos utilizar a definição ou calcular a proba- ímpares. Assim, apenas o produto 3 5 não pode ser
bilidade de A ∩ B. Veja a representação: escolhido. Logo, se 1/10 = 10% não terá produto par,
os outros 90% terão.
A e B independentes ↔ P(A/B) = P(A) ou
A e B independentes ↔ P(A ∩ B) = P(A) ∙ P(B)
Conceito Fundamental: A Preposição

FIQUE ATENTO! No ensino fundamental, nos ensinam que os seres


humanos são diferentes dos outros animais e a justifica-
Um exercício de probabilidade pode envol-
tiva é que os humanos pensam e os animais não pensam.
RACIOCÍNIO LÓGICO

ver aspectos relativos à análise combinató-


Porém, temos animais com inteligência suficiente para
ria. É importante ter em mente a diferença
serem treinados a executar tarefas, como os chimpanzés
conceitual que existe entre ambos.
e os golfinhos. Assim, qual é o real motivo que nos dife-
renciam de todos os outros seres vivos?
A resposta envolve não somente o ato se pensar
como também o de se comunicar. Primeiro, aprendemos
a falar, depois, a escrita dividiu nossa existência em Pré-

14
-História e História. Os registros por escrito guardaram os iii.) Sentenças Exclamativas:
pensamentos de nossos antepassados, proporcionando Ex: “Como o dia está lindo!”, “Isto é um absurdo!”,
as gerações futuras, dados importantíssimos para se ir “Não concordo com isto!”
além daquilo que já foi feito.
Porém, acabou surgindo o grande desafio que nor- iv.) Sentenças que não tem verbo: 
teou a disciplina de lógica: Como interpretar esses re- Ex: “A bicicleta de Bruno”, “O cartão de João”.
gistros?
A grande diferença do ser humano em relação aos v.) Sentenças abertas: Este tipo de sentença possui
outros seres vivos está nesse ponto, pois tão importante uma grande quantidade de exemplos e os exem-
é o ato se interpretar uma informação quanto é elaborar plos são importantes para sabermos identifica-las:
a mesma. Assim, nossa mente é capaz de receber dados Ex: “x é menor que 7 ou x < 7” – Essa expressão por
e deles extrair uma conclusão. Essa habilidade está dire- si só é genérica pois não temos informações de x
tamente ligada ao raciocínio lógico. para saber se ele é ou não menor que 7.Entretanto,
Muitos pensam que essa disciplina está voltada ape- caso seja atribuído um valor a x, essa sentença se
nas para as pessoas de “exatas”, mas ela é voltada para tornará uma proposição, pois será possível atribuir
o público em geral e aqui seguem alguns exemplos que VERDADEIRO ou FALSO a sentença original. Assim,
provam nosso conceito: a expressão “Para x=5, tem-se que: 5 é menor que
- Um advogado reúne todas as informações dos au- 7” é uma proposição e é VERDADEIRA. Por outro
tos do processo e através do Raciocínio Lógico, lado, “Para x=9, tem-se que: 9 é menor que 7” é
elabora sua tese de acusação ou defesa; uma proposição mas é FALSA.
- Um médico ao estudar todos os exames consegue a Ex: “z é a capital da França” – As sentenças abertas
partir de raciocínio lógico, elaborar um diagnostico não necessariamente são números, como mostra
e propor um tratamento; o exemplo. Se substituirmos “z” por “Toulouse”, a
- Um CEO de uma empresa, através dos relatórios sentença virará proposição e será FALSA. Se z = Pa-
mensais consegue definir o plano de ação para es-
ris, a proposição será VERDADEIRA.
timular o crescimento da companhia.
Valores Lógicos das proposições – Leis de Pensamento
Todos os exemplos acima mostram como será o estu-
do da disciplina, onde receberemos informações e delas
Definido o que é preposição, podemos aprofundar
extrairemos respostas ou em outras palavras, conclusões.
o conceito apresentando as leis fundamentais (axiomas)
No Raciocínio Lógico, essas informações terão uma
que norteiam a lógica:
particularidade: Elas sempre serão declarações onde po-
deremos classificá-las de duas maneiras, VERDADEIRA ou 1) Princípio do Terceiro Excluído: “Toda proposição
FALSA. Essas declarações serão chamadas de PROPOSI- ou é verdadeira ou é falsa, isto é, verifica-se sempre
ÇÕES. um destes casos e nunca um terceiro”.
As proposições são a base do pensamento lógico. Pode parecer óbvio, mas às vezes as pessoas se con-
Este pensamento pode ser composto por uma ou mais fundem em questões de concursos públicos quan-
sentenças lógicas, formando uma idéia mais complexa. do aparecem as alternativas “VERDADEIRO”, “FAL-
É importante ressaltar que objetivo fundamental de uma SO” ou “NENHUMA DAS ANTERIORES”. Qualquer
proposição é transmitir uma tese, que afirmam fatos ou proposição lógica será verdadeira ou falsa, não
juízos que formamos a respeito das coisas. existe uma terceira opção.
Sabendo disso, uma questão importante tem que ser
respondida: como realmente podemos identificar uma 2) Principio da identidade: “Se uma proposição é
proposição? A única técnica direta que temos é verificar verdadeira, então todo objeto idêntico a ela tam-
se podemos atribuir o valor de verdadeiro ou falso a elas. bém será verdadeiro”.
Entretanto, existe uma técnica indireta que facilita muito Esse principio coloca que se duas proposições que
o trabalho de identificação de uma proposição e é fre- apresentam a mesma informação mas são escritas
quentemente cobrada em concursos públicos. de maneiras distintas, devem possuir o mesmo va-
A técnica consiste em sabermos o que não é propo- lor lógico. Por exemplo, “Bruno é 5 anos mais velho
sição e por eliminação, achar a proposição. A seguir, se- que João” e “João é 5 anos mais novo que Bruno”.
guem exemplos do que não é proposição e a recomen- As duas proposições dizem a mesma coisa mas de
dação é que se memorizem esses tipos para facilitar na maneira diferente. Portanto se uma delas é verda-
hora da prova: deira, a outra deve ser.
i.) Sentenças Imperativas: Todas as declarações que 3) Princípio da não contradição: “Uma proposição
remeterem a uma ordem não são proposições. não pode ser verdadeira ou falsa ao mesmo tem-
Ex: “Apague a luz.”, “Observe aquele painel”, “Não faça po”
RACIOCÍNIO LÓGICO

isso”. Esse axioma é importante, pois a partir do momen-


to em uma proposição recebe um valor lógico, ele
ii.) Sentenças Interrogativas: Perguntas não são defi- deve ser carregado em toda a análise para evitar
nidas como proposições: contradições.
Ex: “Olá, tudo bem?”, “Qual a raiz quadrada de 5?”,
“Onde está minha carteira?”

15
Tipos de proposições simples. As proposições compostas são linhas de raciocí-
nio mais complexas e permitem se formular teses lógicas
Existem dois tipos de proposições: Simples e Com- com vários níveis de pensamento. Observe o exemplo a
postas seguir:
As proposições simples são aquelas que não contêm “Otávio gosta de jogar futebol e seu irmão não gosta
nenhuma outra proposição como parte de si mesma. de jogar futebol”
São, geralmente, designadas por letras minúsculas do Facilmente conseguimos separar essa sentença em
alfabeto (p,q,r,s,...). Uma definição equivalente é de uma duas: “Otávio gosta de jogar futebol” e “O irmão de Otá-
proposição que não se consegue dividi-la em partes me- vio não gosta de jogar futebol”. Entretanto, ao invés de
nores, de tal maneira que as partes divididas gerem no- tratarmos as duas proposições simples separadamente,
vas proposições. ligamos as mesmas com a palavrinha “e”, que é um dos
Exemplos: conectores lógicos que iremos estudar a seguir.
Logo, com esse vínculo, poderemos estudar se a pro-
p – O rato comeu o queijo;
posição composta é inteiramente verdadeira ou inteira-
q – Astolfo é advogado;
mente falsa, dependendo do valor lógico de cada propo-
r – Hermenegildo gosta de pizza;
sição simples, ou seja, cada proposição simples interfere
s – Raimunda adora samba. no valor a ser atribuído na proposição composta.
As seções a seguir irão estudar os cinco conectivos
Já as proposições compostas são formadas por uma lógicos, apresentando suas características principais e as
ou mais proposições que podem ser divididas, formando combinações possíveis entre duas proposições simples.
proposições simples. São, geralmente, designadas por le-
tras maiúsculas do alfabeto (P,Q,R,S,...).Exemplos: A Negação – Conectivo “Não”
P – O rato é branco e comeu o queijo;
Q – Astolfo é advogado e gosta de jogar futebol; O primeiro conectivo a ser estudado é o mais sim-
R – Hermenegildo gosta de pizza e de suco de uva; ples de todos e remete a negação de uma proposição.
S – Raimunda adora samba e seu tênis é vermelho. A importância deste conectivo se dá na ligação entre o
valor lógico VERDADEIRO e o valor lógico FALSO pois a
Veja que as proposições acima podem ser divididas negação de um valor lógico será exatamente o outro va-
em duas partes. Observe: lor lógico, ou seja:
i) Se uma proposição for VERDADEIRA, sua negação
será FALSA.
ii) Se uma proposição for FALSA, sua negação será
VERDADEIRA.
Aqui conseguimos observar a importância do “Prin-
cípio do terceiro excluído”, explicado no capítulo 1. Se
tivéssemos mais do que dois valores lógicos, a negação
se tornaria impossível pois não conseguiríamos criar um
vínculo de “ida e volta” entre os valores lógicos.
O conectivo NÃO possui dois símbolos e recomenda-
-se que o leitor conheça ambos pois as bancas de con-
cursos não possuem um padrão em qual símbolo usar.
As sentenças compostas dos exemplos acima não são
Observe o exemplo a seguir:
ligadas apenas pela conjunção “e”, podem ser ligadas por
p : A secretária foi ao banco esta tarde.
outros CONECTORES LÓGICOS (Capítulo 2). Seguem al-
guns exemplos para iniciar sua curiosidade pelo próximo O exemplo acima já usa os conceitos vistos no capí-
capítulo: tulo 1, onde temos uma proposição simples e chamare-
T – Osmar tem uma moto OU Tainá tem um carro. mos essa proposição com uma letra minúscula “p” (Lê-
U – SE Kléber é asiático ENTÃO eu sou brasileiro. -se “proposição p”). Vamos agora negar essa proposição
usando os dois símbolos possíveis:
~ p : A secretária não foi ao banco esta tarde.
FIQUE ATENTO! ¬ p : A secretária não foi ao banco esta tarde.
As proposições compostas irão nortear
seus estudos nos próximos capítulos, então Os símbolos “~” e “¬” são os símbolos que indicam
atente-se a saber como dividir as proposi- negação. É Importante frisar que os símbolos de negação
ções compostas em duas ou mais proposi- não indicam a presença da palavra “não” na frase. Obser-
ções simples! ve este outro exemplo:
q : Bráulio não comprou detergente
RACIOCÍNIO LÓGICO

Observe que a proposição q possui a palavra “não” e


quando negarmos a mesma, ficaremos com a frase afir-
CONECTIVOS LÓGICOS mativa:
~ q : Bráulio comprou detergente.
Como visto rapidamente no capítulo anterior, os co-
¬ q : Bráulio comprou detergente.
nectivos lógicos são estruturas usadas para formar pro-
posições compostas a partir da junção de proposições

16
Termos que R será VERDADEIRO somente se p e q
FIQUE ATENTO!
forem VERDADEIROS. Se uma (ou as duas) proposições
No Raciocínio Lógico, pode-se existir a simples for (forem) falsa(s), R será FALSO.
“negação da negação” que chamaremos de
Dupla Negação e veremos isso mais adian- A DISJUNÇÃO – Conectivo “OU”
te no capítulo 4. O que você precisa saber
neste momento é que negando uma nega-
O conectivo “ou”, também conhecido como disjun-
ção, voltaremos a uma frase afirmativa, ou
ção, segue a mesma linha de pensamento que o conecti-
na linguagem coloquial: “O não do não é
vo “e”, relacionando duas proposições simples, formando
o sim”.
uma proposição composta. Vamos manter o exemplo da
seção anterior:
A CONJUNÇÃO – Conectivo “e” p : Carlos gosta de jogar badminton.
q : Pablo tomou suco de maçã
O próximo conectivo lógico certamente é um dos
mais usados dentro do raciocínio lógico e é também um Temos acima duas proposições simples e vamos for-
dos mais conhecidos. O “e” também é chamado de con- mar agora uma proposição composta usando o conecti-
junção e segue a mesma classificação da própria língua vo “ou”:
portuguesa. 𝑹 = 𝒑 ∨ 𝒒 : Carlos gosta de jogar badminton ou Pablo
Diferentemente do conectivo “não”, a conjunção irá tomou suco de maçã.
relacionar duas proposições simples, formando uma pro-
posição composta. Vamos ao exemplo: O símbolo
𝑹 = 𝒑 ∨ 𝒒indica a disjunção, ou seja, quando ele
p : Carlos gosta de jogar badminton. aparecer, estaremos usando o conectivo “ou”. Observe
q : Pablo tomou suco de maçã que ele é o símbolo do conectivo “e” invertido, então,
muita atenção na hora de identificar um ou o outro.
Temos acima duas proposições simples e podemos
Se invertermos a ordem das proposições simples, for-
formar uma proposição composta usando o conectivo
maremos outra proposição composta:
“e”: 𝑺 = 𝒒 ∨ 𝒑 : Pablo tomou suco de maçã ou Carlos gos-
𝑹 = 𝒑 ∧ 𝒒 : Carlos gosta de jogar badminton e Pablo
ta de jogar badminton.
tomou suco de maçã.
No caso da disjunção, o valor lógico da proposição
composta também não se altera com a inversão das pro-
Seguindo as definições do capítulo 1, a proposição
posições simples (igual a conjunção).
composta será indicada com uma letra maiúscula, neste
caso, R. O símbolo
𝑹 = 𝒑 ∧ 𝒒indica a conjunção, ou seja, quando Vamos agora analisar quais os valores lógicos possí-
ele aparecer, estaremos usando o conectivo “e”. veis para uma proposição composta formada pelo co-
Se invertermos a ordem das proposições simples, for- nectivo “ou”. Novamente vale lembrar que no capítulo 3
maremos outra proposição composta: aprenderemos sobre as tabelas-verdade e elas ajudarão
𝑺 = 𝒒 ∧ 𝒑 : Pablo tomou suco de maçã e Carlos gosta (e muito!) na memorização das combinações possíveis
de jogar badminton. dos conectivos lógicos. Por enquanto, vamos enumerar
todos os casos para familiarização:
No caso da conjunção, o valor lógico da proposição i) Uma proposição composta formada por uma dis-
composta não se altera com a inversão das proposições junção será VERDADEIRA se uma ou mais proposi-
simples, mas outros conectivos que veremos a seguir po- ções forem VERDADEIRAS.
dem ter alterações dependendo da ordem das proposi- ii) Uma proposição composta formada por uma dis-
ções simples. junção será FALSA se todas as proposições simples
Vamos agora analisar quais os valores lógicos possí- forem FALSAS.
veis para uma proposição composta formada pelo co-
nectivo “e”. No capítulo 3 aprenderemos sobre as tabe- Comparando com a conjunção, observa-se que hou-
las-verdade e elas ajudarão (e muito!) na memorização ve uma certa “inversão” em relação as combinações das
das combinações possíveis dos conectivos lógicos. Por proposições simples. Enquanto na conjunção precisáva-
enquanto, vamos enumerar todos os casos para familia- mos de todas as proposições simples VERDADEIRAS para
rização: que a proposição composta ser VERDADEIRA, no ope-
i) Uma proposição composta formada por uma con- rador “ou” precisamos de apenas 1 delas para tornar a
junção será VERDADEIRA se todas as proposições proposição composta VERDADEIRA.
simples forem VERDADEIRAS. No caso do valor lógico FALSO também há inversão,
RACIOCÍNIO LÓGICO

ii) Uma proposição composta formada por uma con- onde no conectivo “e” basta 1 proposição simples ser
junção será FALSA se uma ou mais proposições FALSA e na disjunção, precisamos de todas FALSAS.
simples forem FALSAS.
Recuperando o exemplo anterior: Assim:
𝑹 = 𝒑 ∧ 𝒒 : Carlos gosta de jogar badminton e Pablo 𝑹 = 𝒑 ∨ 𝒒 : Carlos gosta de jogar badminton ou Pablo
tomou suco de maçã. tomou suco de maçã.

17
Termos que R será VERDADEIRO se uma (ou as duas) você inverter a ordem das proposições simples, o valor
proposição (ões) sejam VERDADEIRAS e R será FALSO se lógico da proposição composta muda, o que não acon-
p e q forem FALSOS. tecia na conjunção e na disjunção. Vamos recuperar o
mesmo exemplo das seções 2.2.3 e 2.2.4:
A DISJUNÇÃO exclusiva – Conectivo “OU exclusivo” p : Carlos gosta de jogar badminton.
q : Pablo tomou suco de maçã
O conectivo “ou” possui um caso particular que nor- Temos acima duas proposições simples e vamos for-
malmente é cobrado em concursos públicos de maior mar agora uma proposição composta usando o conecti-
complexidade, porém é importante que o leitor tenha vo “Se...então”:
conhecimento do mesmo pois pode se tornar um dife- 𝑹 = 𝒑 → 𝒒 : Se Carlos gosta de jogar badminton en-
rencial importante em concursos públicos de maior dis- tão Pablo tomou suco de maçã.
puta.
Este caso particular é chamado de “ou exclusivo” pois Observe que agora temos uma condição para que
implica que as proposições simples são eliminatórias, ou Pablo tome o suco de maçã. A frase em si pode parecer
seja, quando uma delas for VERDADEIRA, a outra será sem nexo, mas no Raciocínio Lógico nem sempre fará
necessariamente FALSA. Veja o exemplo: sentido a conexão de duas proposições e até por isso
p: Diego nasceu no Brasil nós montamos esses exemplos para o leitor ficar mais
q: Diego nasceu na Argentina familiarizado com essa situação!
O símbolo
𝑹 = 𝒑“ → ”𝒒 indica a condicional, mostrando que
Temos duas proposições referentes a nacionalidade a proposição da esquerda condiciona o acontecimento
de Diego. Fica claro que ele não pode ter nascido em da proposição da direita. As combinações possíveis para
esse conector são:
dois locais diferentes, ou seja, se p for VERDADEIRO, q
i) Uma proposição composta formada por uma condi-
é necessariamente FALSO e vice-versa. Assim, quando
cional será VERDADEIRA se ambas as proposições
montarmos a disjunção, temos que indicar essa questão
forem VERDADEIRAS ou a proposição a esquerda
e será feito da seguinte forma: do conector for FALSA.
𝑹 = 𝒑 ∨ 𝒒 : Ou Diego nasceu no Brasil ou na Argen-
ii) Uma proposição composta formada por uma con-
tina dicional será FALSA se a proposição a esquerda
(antecedente) do conector for VERDADEIRA e a
A leitura da proposição lógica acrescente mais um proposição a direita (consequente) do conector for
“ou” no início e o restante é como se fosse um operador FALSA.
“ou” convencional (que para diferenciar, é chamado de
inclusivo), porém, o símbolo é sublinhado para indicar Observe agora que a posição da proposição em rela-
exclusividade:
𝑹=𝒑∨𝒒 . Os casos possíveis para o “ou exclusi- ção ao conector lógico importa no resultado da proposi-
vo” são: ção composta. Considerando os casos observados, certa-
i) Uma proposição composta formada por uma dis- mente deve haver dúvidas do leitor em relação a situação
junção exclusiva será VERDADEIRA se apenas uma onde a proposição a esquerda do conector ser falsa e
das proposições for VERDADEIRA. isso implicar que a proposição composta seja verdadeira.
ii) Uma proposição composta formada por uma dis- A explicação é a seguinte: Na condicional, limitamos
junção exclusiva será FALSA se todas as proposi- apenas ao caso da proposição da esquerda do conector
ções simples forem FALSAS ou se as duas proposi- em si e não em relação a sua negação, ou seja, quando
ções forem VERDADEIRAS. montamos 𝑹 = 𝒑 → 𝒒 , estamos condicionando apenas ao
caso de p ocorrer, ou em outras palavras, p ser VERDA-
Perceba que a diferença é sutil entre os casos inclusi- DEIRO. Se p for FALSO, não há nenhuma condição para
vo e exclusivo e ela se dá no caso das duas proposições q, ou seja, não importa o que acontecer com q, já que p
simples serem VERDADEIRAS. No caso exclusivo, isso é não é VERDADEIRO. Assim, define-se
𝑹 = 𝒑 → 𝒒 sempre VER-
uma contradição e assim a proposição composta deve DADEIRO quando p for FALSO. Logo:
𝑹 = 𝒑 → 𝒒 : Se Carlos gosta de jogar badminton en-
ser FALSA. Usando o exemplo:
𝑹 = 𝒑 ∨ 𝒒 : Ou Diego nasceu no Brasil ou na Argen- tão Pablo tomou suco de maçã.
Temos R VERDADEIRO se p for FALSO ou se p for
tina
VERDADEIRO e q VERDADEIRO e R é FALSO apenas se p
for VERDADEIRO e q FALSO.
Temos que R é VERDADEIRO se p for VERDADEIRO e
q FALSO ou p FALSO e q VERDADEIRO. R é FALSO se p e
Pegadinhas da condicional
q forem ambas VERDADEIRAS ou ambas FALSAS.
Este tópico é uma análise complementar da condi-
RACIOCÍNIO LÓGICO

A CONDICIONAL – Conectivo “SE...ENTÃO”


cional. Em concursos mais apurados, sobretudo de en-
sino superior, existem certas “pegadinhas” que testam a
O conectivo “Se...então”, conhecido como condicio- atenção do candidato em relação ao seu conhecimento.
nal não é tão conhecido quanto o “e” e o “ou”, porém é Existem quatro formas de raciocínio que envolvem a con-
o que normalmente gera mais dúvidas e o que contém dicional que merecem destaque.
as famosas “pegadinhas” que confundem o candidato
durante a prova. A principal característica dele é que se

18
i) Modus Ponens: Essa linha de raciocínio é o básico
da condicional onde considera a mesma VERDADEIRA e FIQUE ATENTO!
no caso da ocorrência de p, podemos afirmar com certe- As pegadinhas da condicional nem sempre
za que q ocorreu: são cobradas em concursos mas se você
observar os exercícios resolvidos deste ca-
pítulo, verá o quanto é importante este co-
nector lógico e o conhecimento de todos
os casos possíveis.
Exemplo:
A BI-CONDICIONAL – Conectivo “SE E SOMENTE SE”

O conectivo “Se e somente se”, conhecido como bi


condicional elimina justamente o limitante da condicio-
nal de não ser possível inverter a ordem das proposições
ii) Falácia de afirmar o consequente: Pode-se dizer que sem perder o valor lógico da proposição composta. Ago-
é a pegadinha mais clássica da condicional pois induz a ra, os dois valores lógicos serão limitantes, tanto se a
pessoa a considerar que se o consequente ocorreu (q), proposição a esquerda do conector for VERDADEIRA ou
pode-se afirmar que o antecedente (p) também ocorreu: FALSA. Novamente vamos ao mesmo exemplo:
p : Carlos gosta de jogar badminton.
Esse raciocínio está INCORRETO. Para justificar, lem- q : Pablo tomou suco de maçã
bre-se dos casos em que a condicional é VERDADEIRA.
Em um desses casos, se o antecedente (p) for FALSO, não Temos acima duas proposições simples e vamos for-
importa o valor lógico de q, a proposição com condicio- mar agora uma proposição composta usando o conecti-
nal será VERDADEIRA. Assim, se q ocorrer não é garantia
vo “Se e somente se”:
que p também ocorreu:
𝑹 = 𝒑 ↔ 𝒒 : Carlos gosta de jogar badminton se e
somente se Pablo tomou suco de maçã.

O símbolo
𝑹=𝒑↔𝒒 indica a bi condicional, ou seja, os dois
sentidos devem ser satisfeitos. Em outras palavras, a bi
iii) Modus Tollens: Nessa linha de raciocínio, estamos
negando que o consequente (q) ocorreu e se olharmos condicional será VERDADEIRA apenas se os valores lógi-
os casos possíveis da condicional, isso só será possível se cos das duas proposições forem iguais:
o antecedente (p) também não ocorrer: i) Uma proposição composta formada por uma bi
condicional será VERDADEIRA se ambas as propo-
sições forem VERDADEIRAS ou se ambas as propo-
sições forem FALSAS.
ii) Uma proposição composta formada por uma bi
condicional será FALSA se uma proposição for
Exemplo: VERDADEIRA e outra for FALSA e vice-versa.

Assim:
𝑹 = 𝒑 ↔ 𝒒 : Carlos gosta de jogar badminton se e
somente se Pablo tomou suco de maçã.
A proposição R será VERDADEIRA se p e q forem VER-
iv) Falácia de negar o antecedente: Novamente um DADEIROS ou p e q forem FALSOS e R será FALSO se p for
erro de pensamento referente aos casos possíveis da VERDADEIRO e q FALSO ou p FALSO e q VERDADEIRO.
condicional. Se você nega o antecedente (p) não é ga-
rantia que o consequente (q) não irá ocorrer pois a partir
do momento que temos ~p, o valor lógico de q pode ser TABELAS VERDADE
qualquer um e a condicional se manterá VERDADEIRA:
A tabela-verdade é um dispositivo prático muito usa-
do para a organizar os valores lógicos de proposições
compostas pois ela ilustra todos os possíveis valores ló-
gicos da estrutura composta, correspondentes a todas as
RACIOCÍNIO LÓGICO

possíveis atribuições de valores lógicos às proposições


Exemplo: simples.
Para se construir uma tabela verdade, são necessárias
três informações iniciais: O número de proposições que
compõem a proposição composta, o número de linhas
que a tabela-verdade irá ter e a variação dos valores ló-
gicos.

19
A primeira informação é puramente visual, basta TABELA-VERDADE PARA 2 PROPOSIÇÕES SIMPLES
olhar a proposição composta e verificar quantas propo-
sições simples a compõem, contando a quantidade de Chegamos as seções onde a tabela-verdade fará mais
letras distintas que existem nela, vejam os exemplos: sentido, pois ela é aplicada em proposições compostas.
𝒑 ∧ 𝒒 : Temos as proposições simples p e q, ou seja, a Iniciando com uma estrutura de duas proposições sim-
proposição composta possui duas proposições; ples, vamos primeiramente explicar a organização destas
(𝒑 ∧ 𝒒) → (~𝒒 ↔ 𝒑) : Esta estrutura possui duas pro- proposições.
posições simples também, p e q. Não se deve considerar Como já sabemos que são duas proposições simples,
a repetição das proposições que no caso de p e q, repe- que chamaremos de p e q, temos que a tabela-verdade
tiram duas vezes; terá quatro linhas:
𝒓 ↔ (𝒑 ∨ 𝒒) : Neste caso, com a presença da propo-
sição r, temos três proposições simples distintas, p,q e r. p q
A segunda informação, que é o número de linhas da
tabela verdade, deriva do número de proposições sim-
ples que a estrutura composta possui. Usando essa conta
simples:
𝐿 = 2𝑛

Onde L é o número de linhas da tabela-verdade e n


é o número de proposições simples que ela possui. Ou
seja, para duas proposições simples, temos 4 linhas na FIQUE ATENTO!
tabela-verdade, para 3 proposições simples, 8 linhas na Observe que além das linhas correspon-
tabela e para 4 proposições simples, a tabela possui 16 dentes da tabela-verdade, nós inserimos
linhas. Além disso, para o caso de uma proposição sim- uma linha inicial indicando qual a proposi-
ples, pode-se aplicar a fórmula também, e teremos duas ção que estamos atribuindo o valor lógico.
linhas na tabela-verdade. Isso é de suma importância para se domi-
Esses valores são derivados da organização da tabela, nar esse conteúdo.
para que tenhamos todos os casos possíveis avaliados.
Com essa informação, podemos organizar a tabela e isso
será apresentado caso a caso nas seções seguintes. Agora temos que combinar os dois valores lógicos
possíveis entre as proposições, formando as quatro li-
TABELA-VERDADE DE PROPOSIÇÃO SIMPLES: NEGA- nhas. Para isso, recomenda-se que sigam os seguintes
ÇÃO passos:
i) Na coluna da primeira proposição, atribua o valor
Nós iremos seguir a ordem do capítulo anterior e de V para a primeira metade das linhas e F para a
apresentar a montagem das tabelas-verdade para os segunda metade. Ou seja, as duas primeiras linhas
operadores lógicos descritos. Inicia-se pele negação, que são V e as duas últimas são F:
é uma proposição simples e terá apenas duas linhas na
tabela-verdade:
p q
V
p ~p
V
V F
F
F V
F
Observe que a tabela possui duas colunas. A primeira
contém os valores possíveis para a proposição simples, ii) Para a segunda coluna, repita o mesmo procedi-
que pela fundamentação da lógica, é o VERDADEIRO (V) mento dentro de cada valor lógico atribuído para
e o FALSO (F). a coluna anterior. Ou seja, como temos V nas duas
Já a segunda coluna possui o operador lógico ne- primeiras linhas de p, vamos colocar V na primeira
gação. O operador foi aplicado em casa linha da tabela, linha e F na segunda. Da mesma forma, vamos fa-
gerando o resultado correspondente. Ou seja, se a pro- zer o mesmo procedimento para as duas linhas de
posição p é V, sua negação será F e vice-versa. p que contém F:
É importante frisar que as operações da tabela-ver- p q
dade ocorrem de linha em linha, ou seja, se na primeira
RACIOCÍNIO LÓGICO

linha temos que a proposição p é V, esse valor perma- V V


necerá assim até que todas as operações daquela linha V F
correspondente tenham terminado.
F V
F F

20
Pronto, a tabela-verdade para duas proposições foi p q
organizada e agora podemos passar para as proposições
compostas. V V V
V F F
Tabela Verdade da Conjunção (“e”)
F V F
Seguindo a ordem do capítulo anterior, temos o ope- F F F
rador lógico “e”, ou a conjunção. Para atribuir valores ló-
gicos a essa expressão, cria-se uma terceira coluna na Esta é a tabela-verdade para conjunção é deve ser
tabela-verdade e insere no título qual proposição lógica memorizada ou resolvida de forma rápida no caso de ta-
iremos tratar, desta maneira: belas maiores.

p q Tabela Verdade da Disjunção (“ou”)

V V Passando agora para o próximo conectivo, que é a


V F disjunção (“ou”). Esse operador possui a definição con-
trária a conjunção, onde ele só será FALSO no caso de as
F V
duas proposições simples serem FALSAS, caso contrário,
F F será sempre VERDADEIRO.
Montando a tabela:
No caso da conjunção, temos que ela é VERDADEIRA
apenas se as duas proposições compostas, p e q, forem p q
VERDADEIRAS, caso contrário, ela será FALSA. Usando
essa informação, vamos preencher a tabela: V V
Na primeira linha, temos que p é VERDADEIRO e q é V F
VERDADEIRO, logo, a conjunção nesse caso será VERDA-
DEIRA por definição: F V
F F
p q
A primeira, segunda e terceira linhas possuem ao me-
V V V nos 1 valor lógico VERDADEIRO, ou seja, condição sufi-
V F ciente para o operador lógico ser VERDADEIRO:
F V
p q
F F
V V V
A segunda linha possui p = V e q = F. Para a conjun- V F V
ção é necessário que as duas proposições sejam V para
ela ser V, logo, ela será FALSA: F V V
F F
p q
Já a última linha, possui ambas proposições simples
V V V com o valor lógico FALSO, o que faz a disjunção ser FAL-
V F F SA também:
F V p q
F F V V V
V F V
Seguindo o mesmo raciocínio, a terceira linha possui
p = F e q = V, o que faz a conjunção ser FALSA: F V V
F F F
p q
Esta é a tabela da disjunção é também deve ser me-
V V V morizada.
V F F
RACIOCÍNIO LÓGICO

3.4.3 Tabela Verdade da Condicional (“Se...então”)


F V F
F F O próximo conector lógico é a condicional (“Se...en-
tão”) e montaremos a tabela-verdade do mesmo jeito
Finalmente, a quarta linha possui as duas proposições que os anteriores:
simples com valor lógico FALSO, o que faz a conjunção
ser FALSA também:

21
p q Observe que a proposição possui duas proposições
simples mas possui três operações lógicas. Para mon-
V V tar a tabela-verdade desta proposição, deveremos fazer
V F combinações dos resultados fundamentais vistos ante-
riormente.
F V Iniciando, vamos montar a estrutura inicial, com as
F F colunas de p e q:

O princípio deste operador lógico está na relação en- p q


tre o antecedente (p) e o consequente (q). Ele será FAL-
SO apenas se 𝑝 = 𝑉 e 𝑞 = 𝐹 , o que ocorre na segunda V V
linha. Nos outros casos, ele será VERDADEIRO. Em caso V F
de dúvidas deste operador, recomenda-se a releitura do
F V
capítulo 2.
F F
p q
Agora, vamos analisar a expressão: temos dois pa-
V V V rênteses separados por uma bicondicional, portanto, te-
V F F remos que saber os valores lógicos de cada parêntese
antes de resolver o “se e somente se”. Para isso, vamos
F V V criar colunas específicas na tabela para cada informação
F F V e depois agrupá-las.
Começando com a conjunção no primeiro parêntese
Tabela Verdade da Condicional (“Se...então”) e atribuindo os valores lógico de cada linha, cria-se uma
terceira coluna a partir da primeira e da segunda:
O último operador é o Bicondicional (“Se e somente
se”) e a tabela será montada da mesma forma: p q
V V V
p q
V F F
V V
F V F
V F
F F F
F V
F F Agora, vamos resolver o segundo parêntese. Para
isso, precisaremos da negação de p para fazer uma dis-
Montaremos a tabela usando sua lógica simples: Ele junção com q. Logo, vamos criar primeiro uma coluna da
será VERDADEIRO se as duas proposições simples tive- negação e depois faremos a disjunção:
rem o mesmo valor lógico e FALSO se tiverem valores
diferentes: p q ~p
p q V V V F
V V V V F F F
V F F F V F V
F V F F F F V
F F V
Observe que esta quarta coluna é a negação da pri-
Com essas informações memorizadas é possível mon- meira, como deve ser, já que estamos negando a proposi-
tar QUALQUER tabela-verdade. ção p. Criaremos agora uma quinta coluna, onde faremos
a disjunção de ~p (quarta coluna) e q (segunda coluna):
Montagem de tabelas usando mais de um operador
lógico p q ~p
Obviamente que as seções acima introduziram as ta- V V V F
RACIOCÍNIO LÓGICO

belas-verdade fundamentais, que vão auxiliar na monta- V F F F


gem de tabelas mais complexas. Vamos apresentar um
F V F V
exemplo onde isso será aplicado. Considere a seguinte
proposição composta: F F F V
(𝒑 ∧ 𝒒) ↔ ~𝒑 ∨ 𝒒

22
Nós temos que utilizar os valores lógicos da quarta e ~p
p q
segunda colunas em cada linha correspondente da tabe-
la. É aqui que muitos candidatos se confundem e acabam V V V F V
usando colunas diferentes. Na primeira linha, temos que V F F F F
a quarta coluna tem valor F e a segunda coluna tem valor
V, assim a disjunção entre elas será V: F V F V V
F F F V V
p q ~p
Na primeira linha, temos a terceira coluna VERDADEI-
V V V F V
RA e a quinta também, que pela bicondicional, gera um
V F F F valor VERDADEIRO:
F V F V
F F F V p q ~p
V V V F V V
Na segunda linha, temos a quarta e a segunda coluna V F F F F
com valores lógicos FALSO, o que faz a disjunção FALSA:
F V F V V
p q ~p F F F V V
V V V F V
Na segunda linha, temos ambas as colunas FALSAS,
V F F F F que pela bicondicional, gera um valor VERDADEIRO:
F V F V
F F F V p q ~p
V V V F V V
Na terceira linha, temos ambos VERDADEIROS, o que V F F F F V
faz a disjunção VERDADEIRA:
F V F V V
p q ~p F F F V V
V V V F V
Na terceira e quarta linhas temos o mesmo caso, com
V F F F F a terceira coluna FALSA e a quinta VERDADEIRA, o que
F V F V V gera um valor FALSO na bicondicional:

F F F V
p q ~p
E na quarta linha, temos a quarta coluna VERDADEI- V V V F V V
RA e a segunda coluna FALSA, o que faz a disjunção ser V F F F F V
VERDADEIRA:
F V F V V F
p q ~p F F F V V F
V V V F V
Pronto, esses são os resultados possíveis da proposi-
V F F F F ção composta, variando os valores lógicos das proposi-
F V F V V ções simples p e q que a compõem.

F F F V V TABELA VERDADE PARA 3 PROPOSIÇÕES SIMPLES

Vamos agora aumentar a complexidade do problema


FIQUE ATENTO! inserindo uma terceira proposição, que chamaremos de
r. Pela relação de número de linhas da tabela, teremos
Fizemos uma disjunção entre a quarta e a
então L=23=8 linhas. A tabela fica na seguinte forma:
segunda coluna, NESTA ORDEM. No caso
da disjunção, se fizéssemos invertido, não
RACIOCÍNIO LÓGICO

haveria problemas, mas nem sempre isso


acontece. A recomendação é que se man-
tenha a ordem da operação lógica.

Finalmente, vamos criar a sexta coluna que será a bi-


condicional da terceira e quinta colunas:

23
p q r p q r
V V
V V
V F
V F
F V
F V
F F
F F
Para organizar todas as combinações possíveis dos
valores lógicos, vamos usar o mesmo artifício visto na A terceira coluna é mais simples, basta subdividir
tabela com duas proposições simples. Primeiro, vamos cada bloco de duas linhas em uma linha cada, colocando
dividir a primeira coluna em dois blocos de 4 linhas, onde V e F intercalado, montando assim todas as combinações
o primeiro bloco será VERDADEIRO e o segundo, FALSO: possíveis:

p q r p q r

V V V V

V V V F

V V F V

V V F F

F F V V

F F V F

F F F V

F F F F

Na segunda coluna, vamos subdividir cada bloco da Como exemplo, vamos montar a tabela-verdade da
primeira coluna em dois novamente, colocando VERDA- seguinte proposição composta: ~𝑝 → 𝑞 ∧ 𝑟 ↔ 𝑝 ∨ 𝑟 . Com
DEIRO na primeira parte e FALSO na segunda, desta ma- a tabela acima, vamos organizar quais informações pre-
neira: cisamos para montar a expressão final. Observando o
primeiro parênteses, precisaremos da negação de p, ou
seja, ~p. Criando uma quarta coluna e preenchendo em
p q r função da primeira:
V V
V V
V F p q r ~p
V F V V V F
F V V F F
F V F V F
F V F F F
F F V V V

Veja que o primeiro bloco da primeira coluna, que é F V F V


VERDADEIRO foi dividido em dois blocos de duas linhas F F V V
cada, em um, colocamos duas linhas VERDADEIRO e nas F F F V
RACIOCÍNIO LÓGICO

outras duas linhas, FALSO. Fazendo o mesmo para o blo-


co seguinte: Agora precisaremos fazer a conjunção entre q e r no
primeiro parênteses para poder combinar com a nega-
ção de p. Montando a quinta coluna com , que é a com-
binação entre a segunda e a terceira coluna, temos que:

24
p q r ~p 𝒒∧𝒓

V V V F V
V V F F F
V F V F F
V F F F F
F V V V V
F V F V F
F F V V F
F F F V F

Interessante observar que ficamos apenas com duas linhas com o valor lógico VERDADEIRO e isso não é nenhum
problema, pois quando se realiza operações lógicas não teremos sempre a divisão de 50% VERDADEIRO e 50% FALSO.
Combinando a quarta e quinta colunas, podemos formar o primeiro parênteses, que é ~𝑝 → 𝑞 ∧ 𝑟 :

p q r ~p 𝒒∧𝒓 ~𝒑 → 𝒒 ∧ 𝒓

V V V F V V
V V F F F V
V F V F F V
V F F F F V
F V V V V V
F V F V F F
F F V V F F
F F F V F F

Antes de montarmos a bicondicional entre os dois parênteses, precisamos montar a coluna relativa ao segundo
parênteses da expressão. Colocando a conjunção a partir da primeira e terceira colunas:
p q r ~p 𝒒∧𝒓 ~𝒑 → 𝒒 ∧ 𝒓 𝒑∨𝒓

V V V F V V V
V V F F F V V
V F V F F V V
V F F F F V V
F V V V V V V
F V F V F F F
F F V V F F V
F F F V F F F

Finalmente, a oitava coluna é montada a partir da combinação entre a sexta e a sétima colunas:
RACIOCÍNIO LÓGICO

25
p q r ~p 𝒒∧𝒓 ~𝒑 → 𝒒 ∧ 𝒓 𝒑∨𝒓 ~𝒑 → 𝒒 ∧ 𝒓 ↔ 𝒑∨𝒓

V V V F V V V V
V V F F F V V V
V F V F F V V V
V F F F F V V V
F V V V V V V V
F V F V F F F V
F F V V F F V F
F F F V F F F V

O resultado é interessante pois apenas a sétima linha da proposição completa possui valor lógico FALSO. Isso pode
ser facilmente uma questão de concurso, onde pergunta-se quais são os valores lógicos para que a proposição acima
seja FALSA. A resposta correta é p e q FALSOS e r VERDADEIRO.

TABELA VERDADE PARA 4 PROPOSIÇÕES SIMPLES

Os problemas envolvendo 4 proposições simples são mais trabalhosos pois envolvem 16 linhas de análise. Entre-
tanto, a resolução é a mesma dos problemas de duas ou três proposições simples. Considerando as proposições p, q,
r e s, a tabela fica da seguinte maneira:

p q r s

A primeira coluna é dividida em dois blocos de oito linhas, atribuindo V ao primeiro bloco e F ao segundo.
RACIOCÍNIO LÓGICO

26
p q r s p q r s
V V V V
V V V V
V V V F
V V V F
V V F V
V V F V
V V F F
V V F F
F F V V
F F V V
F F V F
F F V F
F F F V
F F F V
F F F F
F F F F

A segunda coluna subdivide a primeira novamente A quarta coluna basta intercalar V e F:


em dois, formando blocos de quatro linhas, intercalando
os valores V e F: p q r s
V V V V
p q r s
V V V F
V V
V V F V
V V
V V F F
V V
V F V V
V V
V F V F
V F
V F F V
V F
V F F F
V F
F V V V
V F
F V V F
F V
F V F V
F V
F V F F
F V
F F V V
F V
F F V F
F F
F F F V
F F
F F F F
F F
F F
CLASSIFICAÇÃO DAS PROPOSIÇÕES SEGUNDO A TA-
A terceira coluna subdivide a segunda em blocos de BELA-VERDADE
RACIOCÍNIO LÓGICO

duas linhas, intercalando V e F:


Após a montagem de qualquer proposição composta
na tabela-verdade, podemos classificar seu resultado de
três maneiras:

27
Tautologia Tabela verdade para 𝑝 ↔ ~𝑞 ∧ (𝑝 ∧ 𝑞)..
Antes de montarmos a proposição composta, preci-
A tautologia ocorre quando todas as linhas da coluna saremos montar a negação de q, a bicondicional do pri-
correspondente a proposição composta seja VERDADEI- meiro parênteses e a disjunção do segundo, assim:
RA. Ou seja, não importa os valores lógicos das proposi-
ções simples, a proposição composta terá sempre o valor
p q ~q 𝑝𝑝↔
↔~𝑞
~𝑞 ∧∧(𝑝
(𝑝∧∧𝑞).
𝑞).
lógico V. Observe o exemplo:
Tabela-verdade para a proposição 𝑝 ∧ 𝑞 → 𝑝 ∨ 𝑞 . V V F F V
São duas proposições simples, o que formará quatro
linhas na tabela: V F V V F
F V F V F
p q F F V F F
V V
Combinando a quarta e quinta colunas para montar a
V F disjunção entre os dois parênteses:
F V
F F p q ~q 𝑝𝑝 ↔
↔ ~𝑞
~𝑞 ∧∧ (𝑝
(𝑝 ∧∧ 𝑞).
𝑞). 𝑝 ↔ ~𝑞 ∧ (𝑝 ∧ 𝑞).

Inserindo os dois parênteses na terceira e quarta co- V V F F V F


lunas: V F V V F F
F V F V F F
p q 𝑝∧𝑞 → 𝑝∨𝑞 F F V F F F
V V V V
Como todas as linhas do resultado final são FALSAS,
V F F V temos uma contradição.
F V F V
Contingência
F F F F
A contingência é o caso mais simples de todos pois
Aplicando a condicional entre a terceira e quarta co- são as tabelas-verdade que não são tautologia ou con-
lunas: tradição, ou seja, possui os dois valores lógicos (V e F) no
resultado final.
p q 𝑝𝑝∧∧𝑞𝑞 →→ 𝑝𝑝∨∨𝑞𝑞 𝑝∧𝑞 → 𝑝∨𝑞
PROPOSIÇÕES LÓGICAS
V V V V V
As proposições categóricas são formadas basicamen-
V F F V V te por três palavras: Todo, Nenhum e o Algum. Desta úl-
F V F V V tima, deriva-se também o “Algum Não” para completar
as quatro proposições fundamentais. Assim, vamos inter-
F F F F V
pretar e representar as seguintes expressões:
O resultado da proposição composta mostra que
Todo A é B
todas as linhas geraram um valor lógico VERDADEIRO.
Assim, podemos classificar essa proposição composta
A primeira proposição categórica é bem conhecida e
como Tautologia.
facilmente interpretada. Ela afirma que todos os elemen-
tos que pertencem ao grupo (ou na nossa linguagem,
FIQUE ATENTO! conjunto) A também pertencem ao conjunto B. Para este
caso, temos duas representações possíveis:
O exemplo de tautologia foi com duas
proposições simples mas considere que a
classificação é válida também para três ou
mais proposições simples.
RACIOCÍNIO LÓGICO

Contradição

A contradição é exatamente o contrário da tauto-


logia, onde todos os resultados lógicos da operação
da proposição composta devem ser FALSOS. Observe o
exemplo:

28
O primeiro caso talvez seja o que a maioria das pes-
soas pensam quando se diz que “Todo A é B”, ou seja,
o conjunto A sendo subconjunto do conjunto B. Entre-
tanto, quando ambos os conjuntos são coincidentes, ou
sejam, são exatamente iguais, a proposição ainda é váli-
da, com todos os elementos do conjunto A pertencentes
também ao conjunto B.

FIQUE ATENTO!
Observe que quando falamos que “Todo A é
B” não é necessariamente verdade que “Todo
B é A” pois o primeiro caso da figura acima
justifica que nem todos os elementos de B
podem pertencer ao conjunto A.”.

Nenhum A é B Os dois primeiros casos remetem ao conjunto A ser


subconjunto de B ou vice-versa. Em ambos consegui-
A segunda proposição categórica é a mais simples de mos afirmar que existe ao menos um elemento de A que
se observar através do diagrama de conjuntos pois quan- pertence a B. O terceiro caso é o mesmo de “Todo A é
do falamos que “Nenhum A é B”, conclui-se que nenhum B” pois, como dissemos, essa proposição afirma que te-
elemento do conjunto A pertence ao conjunto B, ou seja, mos no mínimo um elemento de A que está em B, en-
são dois conjuntos distintos sem nenhuma intersecção: tão logicamente todos os elementos de A pertencerem
a B atendem a “Algum A é B”. E o último caso é aquele
onde temos termos exclusivos de A e B, mas uma região
de interseção onde há elementos pertencentes aos dois
conjuntos, satisfazendo a proposição.
Além disso, é possível inverter os conjuntos de posi-
ção e manter a lógica correta, ou seja, se falarmos que
“Algum A é B”, pode-se afirmar que “Algum B é A”

Algum A não é B

Análogo a proposição anterior, a proposição “Algum


Diferentemente da proposição “Todo A é B”, dizer que A não é B” estabelece que há ao menos um elemento de
“Nenhum A é B” é logicamente equivalente a dizer que A que não pertence ao conjunto B. Novamente não se
“Nenhum B é A”, ou seja, permite-se a inversão dos con- estipula quantos elementos de A não são de B (e podem
juntos sem prejudicar o raciocínio. ser todos eles inclusive), mas sim que não temos todos os
elementos de A pertencendo a B, algum necessariamente
Algum A é B não será. São três diagramas para representar essa pro-
posição categórica:
As próximas duas proposições também são categóri-
cas, mas não casos extremos como as anteriores em que
ou temos todos os elementos de A pertencente a B ou
não temos nenhum. A expressão “Algum A é B” estabe-
lece que ao menos um elemento pertence também ao
conjunto B. Ela não fala quantos elementos de A perten-
cem a B (podem ser todos inclusive), o que ela descarta
é o fato de nenhum elemento de A pertencer a B, e essa
consideração será importante quando estudarmos a ne-
gação das proposições categóricas.
Além disso, são quatro diagramas possíveis para in-
terpretar essa proposição:
RACIOCÍNIO LÓGICO

29
No primeiro caso, como temos elementos exclusivos As proposições que são contraditórias entre si, ou
de A e B, esses elementos exclusivos satisfazem a propo- seja, aquelas ligadas pela diagonal do problema serão
sição. No segundo caso, temos B como subconjunto de justamente as negações lógicas da proposição categóri-
A sem serem coincidentes, o que também deixam alguns ca considerada, ou seja:
elementos de A não pertencendo a B. Finalmente o ter- - A negação de “Todo A é B” é “Algum A não é B”
ceiro caso, onde A e B não possuem intersecção (coinci- - A negação de “Nenhum A é B” é “Algum A é B”
dente com “Nenhum A é B”), temos que os elementos de - A negação de “Algum A é B” é “Nenhum A é B”
A não pertencem a B, bastava apenas 1 mas nesse caso - A negação de “Algum A não é B” é “Todo A é B”
foram todos.
Ou seja, nas proposições categóricas, negar uma pro-
CLASSIFICAÇÃO DAS PROPOSIÇÕES CATEGÓRICAS posição universal é transformá-la em uma proposição
particular de afirmação contrária e vice-versa. Isso refor-
As quatro proposições categóricas também possuem ça o que foi dito no início do capítulo que a negação
nomes formalizados que são de importante conhecimen- de “Todo A é B” não é “Nenhum A é B” e agora fica fácil
to para se interpretar enunciados de concursos que utili- de entender pois para que “Todo A é B” seja falso, basta
zarem essas definições. Vamos a elas apenas um único elemento de A não pertencer a B, o
caracteriza a proposição “Algum A não é B”.
Proposição Universal Afirmativa
No caso das relações “subalternas”, quando temos o
A proposição universal afirmativa é equivalente a ex- valor lógico definido da proposição universal, podemos
pressão “Todo A é B”, ou seja, todo o universo do conjun- expandi-lo para a sua correspondente proposição parti-
to A pertence a B. cular, ou seja:
- O valor lógico da proposição particular afirmativa
Proposição Universal Negativa será o mesmo que o da proposição universal afir-
mativa.
- O valor lógico da proposição particular negativa será
A proposição universal negativa é equivalente a ex-
o mesmo que o da proposição universal negativa.
pressão “Nenhum A é B”, ou seja, todo o universo do
conjunto A não pertence a B.
ANÁLISE COM MAIS DE UMA PROPOSIÇÃO CATEGÓ-
RICA ENVOLVIDA
Proposição Particular Afirmativa
Os problemas envolvendo proposições categóricas
A proposição particular afirmativa é equivalente a ex- podem ser simples de se revolver como visto no exercí-
pressão “Algum A é B”, ou seja, algum caso de todo o cio comentado acima, porém, existem casos mais elabo-
universo do conjunto A pertence a B. rados, onde pode haver 3 ou mais conjuntos para serem
analisados. Observe esse exemplo extraído de uma ban-
Proposição Particular Negativa ca que aborda muito o raciocínio lógico, a ESAF:
Se é verdade que “Alguns A são R” e que “Nenhum G
A proposição particular negativa é equivalente a ex- é R”. então é necessariamente verdadeiro que:
pressão “Algum A não é B”, ou seja, algum caso de todo a) Algum A não é G
o universo do conjunto A não pertence a B. b) Algum A é G
c) Nenhum A é G
RELAÇÃO DAS PROPOSIÇÕES CATEGÓRICAS d) Algum G é A
e) Nenhum G é A.
As proposições categóricas possuem relações entre si
para aplicarmos valores lógicos quando necessário. Para Observem neste caso que temos 3 conjuntos: A,R e
ajudar na memorização, construiu-se um diagrama com G e eles estão relacionados através de proposições cate-
as definições apresentadas abaixo: góricas. Para resolver esse tipo de problema, temos que
utilizar dos diagramas de conjuntos para entende-lo. A
ordem de aplicação das proposições determina seu êxi-
to no exercício, onde recomenda-se começar pelas pro-
posições universais e depois partir para as particulares.
Iniciando então por “Nenhum G é R”, o diagrama fica da
seguinte forma:
RACIOCÍNIO LÓGICO

30
Nesse caso, G e R não possuem intersecções. Feito
isso, deve-se analisar a proposição “Algum A é R”, que
possui 4 casos distintos. Além disso, não sabemos se A
intersecta ou não o conjunto G, portanto teremos que
considerar ambos os casos:

- A é subconjunto de R: Nesta primeira situação, A


não poderá intersectar G pois está dentro de R e nenhum
R é G:

Portanto são 6 casos para se analisar e verificar qual


alternativa atende todos simultaneamente:
a) Algum A não é G: Se observarmos os 6 casos, sem-
pre há ao menos um todos os elementos de A que
não pertencem a G, ou seja, não há nenhum caso
onde todos os elementos de A estão dentro de G.
Logo esta alternativa aparenta ser a correta.
- R é subconjunto de A: Nesta primeira situação, po- b) Algum A é G: No primeiro, terceiro, quarto e sexto
demos ter A intersectando G ou não: casos, nenhum elemento de A pertence a G, logo
esta alternativa não é a correta.
c) Nenhum A é G: No segundo e quinto casos, há ele-
mentos de A que estão em G, logo esta alternativa
não é a correta.
d) Algum G é A: Os casos onde A e G não se cruzam
eliminam esta alternativa da mesma forma que na
alternativa b
e) Nenhum G é A: Da mesma forma que as alternativa
b e d, os casos onde A e G possuem intersecção
- A e R são coincidentes: Neste caso, A não cruza G são suficientes para eliminar esta alternativa.
pois nenhum R é G;
Logo, encontramos a alternativa correta. O que é im-
portante observar é que problemas envolvendo mais de
uma proposição categórica podem ser complicados e re-
quererem uma análise aprofundada de todos os casos.

EQUIVALÊNCIA LÓGICA

A equivalência lógica é a relação entre duas proposi-


ções lógicas que serão ditas equivalentes, ou seja, ao se
montar a tabela-verdade de ambas, a distribuição dos
valores lógicos será a mesma.
- A e R possuem intersecção com elementos exclusi- O domínio desta teoria passará ao candidato a se-
vos: Neste caso, pode-se haver intersecção ou não de A gurança de se manipular expressões lógicas, buscando
em G: a equivalência correta nas alternativas da questão. Na
maioria das vezes, os enunciados das questões de equi-
valência lógica, usando frases simples como: “A negação
da expressão ... é:” ou também “A expressão logicamente
equivalente a ... é:”.
Para resolver esses exercícios, o candidato deverá re-
conhecer na expressão original que tipo de equivalência
pode ser usada e é isso que iremos apresentar nas seções
a seguir.
RACIOCÍNIO LÓGICO

EQUIVALÊNCIAS LÓGICAS NOTÁVEIS

Iniciando pelas equivalências mais simples, apresen-


taremos os cinco primeiros casos de relações lógicas:

31
Dupla Negação Andei 5km e tomei um suco = Tomei um suco e andei
5 km
A dupla negação já foi introduzida quando se definiu Andei 5km ou tomei um suco = Tomei um suco ou
o operador lógico negação, ou o “não” e se apresentou andei 5 km
que “a negação da negação é a própria afirmação”. Em Andei 5km se e somente se tomei um suco = Tomei
outras palavras, a dupla negação anula dois operadores um suco se e somente se andei 5 km
“não” que estão juntos, como no exemplo a seguir:
~ ~𝑝 = 𝑝 FIQUE ATENTO!
O leitor mais atento percebeu uma poten-
Ou seja, os dois operadores lógicos “~” são retirados, cial “pegadinha” nesta propriedade pois ela
restando apenas a proposição simples. não vale para o operador “Se...então” que
é a condicional. Muita atenção quando for
Idempotência utilizar essa propriedade!

A idempotência trata de duas relações, uma com o Associação


operador “e” (conjunção) e outra com o operador “ou”
(disjunção). A idéia básica é mostrar que quando se apli- A propriedade associativa também tem a mesma ca-
ca esses operadores na mesma proposição simples, o re- racterística encontrada na matemática, onde você pode
sultado é a própria proposição. Vejam os casos: inverter a ordem das operações lógicas. Isso só pode ser
𝑝∧𝑝=𝑝 feito caso tenhamos APENAS disjunção e conjunção nas
operações, observe:
𝑝∨𝑝=𝑝 𝑝 ∧𝑝 ∧𝑞 ∧𝑞𝑟∧ 𝑟= =𝑝 ∧𝑝 𝑞∧ 𝑞∧ 𝑟∧ 𝑟

Essa equivalência é fácil verificar na tabela-verdade: 𝑝 ∨𝑝 ∨𝑞 ∨𝑞 𝑟∨ 𝑟= =𝑝 ∨𝑝𝑞∨ 𝑞∨ 𝑟∨ 𝑟

p 𝑝∧𝑝=𝑝 𝑝∨𝑝=𝑝 O que a propriedade nos mostrou é que podemos


fazer a operação entre p e q antes de realizar a operação
V V V entre q e r.
F F F
Distribuição
Tanto na tabela-verdade da disjunção e da conjunção,
A propriedade distributiva também segue a analogia
quando ambas as proposições são VERDADEIRAS, o re-
da propriedade vista na matemática, sendo conhecida
sultado é VERDADEIRO e quando ambas são FALSAS, o
também como a propriedade “chuveirinho” onde a partir
resultado da proposição composta é FALSO.
de um operador lógico externo aos parênteses, faz-se a
Usando frases nas proposições, essa propriedade nos
permite dizer que se p = “João é professor”, temos que: distribuição nos elementos internos, desta forma:
João é professor e João é professor = João é profes- 𝑝 ∧𝑝 ∧𝑞 ∨𝑞𝑟∨ 𝑟= =𝑝 ∧𝑝𝑞∧ 𝑞∨ (𝑝
∨ (𝑝 ∧ 𝑟)
∧ 𝑟)
sor
João é professor ou João é professor = João é pro- 𝑝 ∨𝑝 ∨𝑞 ∧𝑞𝑟∧ 𝑟= =𝑝 ∨𝑝𝑞∨ 𝑞∧ (𝑝
∧ (𝑝 ∨ 𝑟)
∨ 𝑟)
fessor

Comutação Observe novamente que essa propriedade também é


válida APENAS para os operadores disjunção (“e”) e con-
A propriedade comutativa da equivalência lógica é junção (“ou”), sendo incorreto aplicar na condicional e na
análoga a propriedade de mesmo nome da matemática. bicondicional. Usando frases como exemplo, considere
Ela descreve que podemos mudar a ordem das propo- que: p = “Almir é biólogo”, q = “Joseval é escritor” e r
sições simples sem afetar o resultado final. Existem três = “Arlequina é bandida”, assim:
casos: A propriedade 𝑝 ∧ 𝑞 ∨ 𝑟 = 𝑝 ∧ 𝑞 ∨ (𝑝 ∧ 𝑟) nos
permite dizer que a proposição: “Almir é biólogo, e Jo-
𝑝𝑝 ∧∧𝑝𝑞𝑞∧=𝑞 =𝑞∧𝑝 𝑝 ∨ 𝑞 ∧é 𝑟bandida”
seval é médico ou Arlequina = 𝑝 ∨ 𝑞é ∧equivalente
(𝑝 ∨ 𝑟)
= 𝑞𝑞 ∧∧ 𝑝𝑝
à proposição: “Almir𝑝 ∧é biólogo
𝑞 ∨ 𝑟 =e 𝑝Joseval é escritor,
∧ 𝑞 ∨ (𝑝 ∧ 𝑟) ou
𝑝𝑝 ∨∨𝑝𝑞𝑞∨=
𝑞=𝑞∨𝑝
= 𝑞𝑞 ∨∨ 𝑝𝑝 Almir é biólogo e Arlequina é bandida”
𝑝↔𝑞𝑞 =𝑞↔ 𝑝 Já a propriedade 𝑝 ∨ 𝑞 ∧ 𝑟 = 𝑝 ∨ 𝑞 ∧ (𝑝 ∨ 𝑟) nos
RACIOCÍNIO LÓGICO

𝑝𝑝 ↔↔ 𝑞𝑞 = = 𝑞↔ ↔ 𝑝𝑝
permite dizer que a proposição: “Almir é biólogo, ou Jo-
seval é médico e Arlequina é bandida” é equivalente à
Ou seja, para a disjunção, conjunção e bicondicional é proposição: “Almir é biólogo ou Joseval é escritor, e Al-
possível inverter a ordem das proposições simples, man- mir é biólogo ou Arlequina é bandida”
tendo o resultado final da proposição composta. Usando
novamente frases como exemplo, temos que se p = “An-
dei 5km” e q = “Tomei um suco”:

32
NEGAÇÃO DOS OPERADORES LÓGICOS

Este tópico provavelmente é o mais importante deste capítulo pois apresentará as negações das proposições lógi-
cas mais utilizadas: “Disjunção”, “Conjunção”, “Condicional” e “Bicondicional”

Negação da conjunção – Regra de De Morgan

As negações da conjunção e da disjunção são conhecidas como Regras de De Morgan e são fáceis de memorizar
pela sua estrutura simples:
∼ 𝑝 ∧ 𝑞 = ~𝑝 ∨∼ 𝑞

A regra nos diz que ao negar uma conjunção, podemos negar individualmente cada proposição simples trocando o
operador “e” por um operador “ou”. A prova desta relação se dá na tabela-verdade a seguir:

p q ∼ 𝑝 ∧ 𝑞 =~~𝑝𝒑∨∼
∧ 𝒒𝑞 ~p
∼ 𝑝 ∧~q
𝑞 = ~𝑝 ∨∼ 𝑞

V V V F F F F
V F F V F V V
F V F V V F V
F F F V V V V

Observando a quarta e a sétima coluna, verifica-se o mesmo valor lógico em todas as linhas, o que prova a equi-
valência.
Usando frases como exemplo, se considerarmos p = “Eu sei nadar” e q = “Eu sei correr”, a negação correta de
“Eu sei nadar e sei correr” será “Eu não sei nadar ou não sei correr”

Negação da disjunção – Regra de De Morgan

A negação da disjunção também é conhecida como Regra de De Morgan:


∼ 𝑝 ∨ 𝑞 = ~𝑝 ∧∼ 𝑞

A regra nos diz que ao negar uma disjunção, podemos negar individualmente cada proposição simples trocando o
operador “ou” por um operador “e”. A prova desta relação se dá na tabela-verdade a seguir:

p q ∼ 𝑝 ∧ 𝑞 = ~𝑝
~ 𝒑∨∼
∧𝒒𝑞 ~p
∼ 𝑝 ∧~q
𝑞 = ~𝑝 ∨∼ 𝑞

V V V F F F F
V F V F F V F
F V V F V F F
F F F V V V V

Observando a quarta e a sétima coluna, verifica-se o mesmo valor lógico em todas as linhas, o que prova a equi-
valência.
Usando frases como exemplo, se considerarmos p = “Andei de bicicleta” e q = “joguei futebol”, a negação cor-
reta de “Eu andei de bicicleta ou joguei futebol” será “Eu não andei de bicicleta e não joguei futebol”.

Negação da Condicional
RACIOCÍNIO LÓGICO

A negação da condicional é uma expressão que vem derivada de outras duas equivalências lógicas: Regra de De
Morgan e Implicação material (apresentada nos tópicos seguintes). Como a idéia não é apresentar deduções, vamos
mostrar a equivalência e prova-la através da tabela-verdade:
∼ 𝑝 → 𝑞 = 𝑝 ∧∼ 𝑞

33
Montando a tabela-verdade:

p q 𝒑→𝒒 ~ 𝒑→𝒒 ~q 𝒑 ∧∼ 𝒒

V V V F F F
V F F V V V
F V V F F F
F F V F V F

Comparando a quarta e sexta colunas, podemos observar que todas as linhas possuem os mesmos valores lógicos,
comprovando a equivalência desta negação.
Usando frases como exemplo, se considerarmos p = “Fiz muitos gols” e q = “Sou o artilheiro”, a negação correta
de “Se fiz muitos gols então sou o artilheiro” será “Fiz muitos gols e não sou o artilheiro”.

Negação da Bicondicional

Certamente a negação da bicondicional é a expressão mais difícil dentre as apresentadas na equivalência lógica. Ela
não é simples de deduzir e usaremos a mesma abordagem da negação da condicional, que é apresentar a expressão
e provar com a tabela-verdade:

∼ 𝑝 ↔ 𝑞 = (𝑝 ∧∼ 𝑞) ∨ (𝑞 ∧ ~𝑝)

Montando a tabela-verdade:

p q∼ 𝑝 ↔ 𝑞 =∼(𝑝𝑝∧∼
↔ 𝑞) ~p
𝑞 ∼∨=(𝑞
𝑝
(𝑝↔ 𝑞~q𝑞)
∧∧∼
~𝑝) =∨(𝑝(𝑞∧∼
∧ ~𝑝)
𝑞) ∨∼(𝑞𝑝∧↔
~𝑝)
𝑞 = (𝑝 ∧∼ 𝑞) ∨ (𝑞 ∧ ~𝑝)
V V V F F F F F F
V F F V F V V F V
F V F V V F F V V
F F V F V V F F F

Observando a quarta e nona colunas, verifica-se o mesmo valor lógico em todas as linhas, o que prova a equiva-
lência lógica.
Usando frases como exemplo, se considerarmos p = “Passei de ano” e q = “Tirei 10 na prova”, a negação correta
de “Passei de ano se e somente se tirei 10 na prova” será “Passei de ano e não tirei 10 na prova ou tirei 10 na prova e
não passei de ano”.

Equivalências lógicas da condicional e bicondicional

Além das negações dos operadores lógicos condicional e bicondicional, existem outras equivalências lógicas impor-
tantes que estatisticamente são cobradas com certa frequência nos concursos públicos e serão apresentadas a seguir:

Implicação Material

A implicação material é uma equivalência lógica aplicada ao operador condicional que transforma esse operador
em uma disjunção (“ou”):
𝑝 → 𝑞 = ~𝑝 ∨ 𝑞

Montando a tabela-verdade:

p q ~p
𝑝 → 𝑞 𝑝 =→~𝑝
𝑞 ∨=𝑞~𝑝 ∨ 𝑞
RACIOCÍNIO LÓGICO

V V V F V
V F F F F
F V V V V
F F V V V

34
A terceira e quinta colunas possuem os mesmos valores lógicos em todas as linhas, podendo afirmar que são, por-
tanto, proposições equivalentes.
Usando frases como exemplo, se considerarmos p = “Andei distraído” e q = “Tropecei na calçada”, uma expres-
são equivalente a “Se andei distraído então tropecei na calçada” será “Não andei distraído ou tropecei na calçada”

Transposição

A transposição, como o próprio nome diz, é aplicada ao operador condicional, trocando de posição as proposições
simples, algo que não é permitido diretamente pela propriedade comutativa apresentada anteriormente. A equivalên-
cia é a seguinte:
𝑝 → 𝑞 = ~𝑞 → ~𝑝

Ou seja, nega-se e inverte-se as proposições simples para formar a equivalência. Comprovando pela tabela-verdade:

p q ~p →𝑝 ~𝑝
𝑝 → 𝑞 = ~𝑞 →~q𝑞 = ~𝑞 → ~𝑝

V V V F F V
V F F F V F
F V V V F V
F F V V V V

Assim, como a terceira e sexta colunas são idênticas, temos a equivalência lógica comprovada.
Usando as frases da implicação material como exemplo novamente, se considerarmos p = “Andei distraído” e q
= “Tropecei na calçada”, uma expressão equivalente a “Se andei distraído então tropecei na calçada” será “Se não
tropecei na calçada, então não andei distraído”

FIQUE ATENTO!
Sempre que no enunciado de um exercício de equivalência tivermos o operador condicional, desconfie se
não será aplicada as regras de implicação material ou transposição, normalmente elas que serão utilizadas
para resolver a questão!

Equivalência Material

A equivalência material é a última relação que veremos neste capítulo e envolve o operador bicondicional que sem-
pre irá proporcionar expressões maiores para memorização. Além disso, são dois casos para se analisar: O primeiro,
transforma-se a bicondicional em duas operações condicionais:

𝒑↔𝒒 = 𝒑→𝒒 ∧ 𝒒→𝒑

Intuitivamente essa expressão não é difícil pois o próprio nome “bicondicional” já se refere a “duas condicionais”.
O importante é lembrar que as duas condicionais são ligadas por um operador “e” e não por um operador “ou”. A
tabela-verdade fica:

p q 𝒑𝒑 ↔
↔ 𝒒𝒒 =
= 𝒑𝒑 →
→ 𝒒𝒒 ∧∧ 𝒒𝒒
𝒑→→
↔𝒑𝒑𝒒 = 𝒑 → 𝒒 ∧ 𝒒 → 𝒑
V V V V V V
V F F F V F
F V F V F F
RACIOCÍNIO LÓGICO

F F V V V V

Usando frases como exemplo, se considerarmos p = “A bolsa é azul” e q = “O estojo é vermelho”, uma expressão
equivalente para “A bolsa é azul se e somente se o estojo é vermelho” será “Se a bolsa é azul então o estojo é vermelho
e se o estojo é vermelho então a bolsa é azul”.
O outro caso de equivalência material é a conversão da bicondicional em operadores “ou” e “e”:

35
𝒑 ↔ 𝒒 = 𝒑 ∧ 𝒒 ∨ ~𝒑 ∧ ~𝒒

Essa expressão não é tão intuitiva como o primeiro caso mas dá para se criar um raciocínio imaginando que a bi-
condicional foi separada em duas conjunções das afirmações e negações ligadas por uma disjunção. A tabela-verdade
fica desta maneira:
p q 𝒑 ↔ 𝒒 = ~p
𝒑𝒑→↔𝒒~q
𝒒∧ =𝒒 𝒑
→∧𝒑𝒒 ∨ ~𝒑
𝒑↔∧ ~𝒒
𝒒 = 𝒑 ∧ 𝒒 ∨ ~𝒑 ∧ ~𝒒

V V V F F V F V
V F F F V F F F
F V F V F F F F
F F V V V F V V

Com a terceira e oitava coluna idênticas, temos a equivalência comprovada. Usando as mesmas frases como exem-
plo, se considerarmos p = “A bolsa é azul” e q = “O estojo é vermelho”, uma outra expressão equivalente para “A
bolsa é azul se e somente se o estojo é vermelho” será “A bolsa é azul e o estojo é vermelho ou a bolsa não é azul e
o estojo não é vermelho”.
RACIOCÍNIO LÓGICO

36
5. (PREFEITURA DE SARZEDO-MG – TÉCNICO ADMI-
NISTRATIVO – IBGP – 2018) “Se o pássaro cantar, então
HORA DE PRATICAR! ele está vivo.” 
Com base na estrutura lógica, assinale a alternativa COR-
1. (PREFEITURA DE SARZEDO-MG – TÉCNICO ADMI- RETA.
NISTRATIVO – IBGP – 2018) Analise o trecho e assinale
a alternativa que completa CORRETAMENTE a lacuna:  a) 𝑝∨𝑞
“___________ são declarações às quais pode ser atribuído b) 𝑝∧𝑞
ou valor verdadeiro ou valor falso.”  c) 𝑝↔𝑞
d) 𝑝⟶𝑞
a) Proposições
b) Conjunções 6. (ARCON-PA – ASSISTENTE TÉCNICO – IADES –
c) Permutações 2018) Considere as proposições a seguir. 
d) Afirmações
i) Se Amanda vai ao parque, não está calor;
2. (PREFEITURA DE SARZEDO-MG – TÉCNICO ADMI- ii) Se está calor, Jorge toma um suco gelado;
NISTRATIVO – IBGP – 2018) Acerca das proposições, iii) Se Jorge vai ao parque, Amanda fica em casa. 
analise. 
Sabendo que Amanda não fica em casa e que Jorge toma
I. A árvore é vermelha. Pode-se dizer que essa afirma- um suco gelado, infere-se que
ção ou é falsa ou é verdadeira. Portanto, trata-se de uma
proposição. a) está calor.
II. Bom dia! Trata-se de uma saudação. Não podemos di- b) Amanda vai ao parque.
zer que a frase é falsa, nem mesmo que é verdadeira. c) Jorge fica em casa.
Portanto, a frase não é uma proposição. d) Jorge não vai ao parque
III. As informações das proposições possuem valor lógico e) não está calor
totalmente verdadeiro ou totalmente falso. Nunca uma
proposição será verdadeira e falsa ao mesmo tempo.  7. (PC-SP – AUXILIAR DE PAPILOSCOPISTA – VUNESP
– 2018) Considere falsidade a proposição I, e verdade a
Está(ão) CORRETA(S) a(s) afirmativa(s). proposição II:

a) I apenas I. Se Ana é auxiliar de papiloscopista, então Caio é inves-


b) III apenas tigador.
c) I e II apenas II. Caio é investigador ou Monica é escrivã.
d) I, II, III
Com base no que foi apresentado, é verdade que
3. (EMATER-MG – ASSESSOR JURÍDICO – GESTÃO
CONCURSO – 2018) Avalie as afirmações a seguir a res- a) Caio não é investigador, e Monica não é escrivã.
peito das proposições e de seus valores lógicos. b) Ana não é auxiliar de papiloscopista, e Monica é es-
crivã.
I. A frase “2 + 3 > 7” é uma proposição verdadeira. c) Ana não é auxiliar de papiloscopista, e Caio não é in-
II. A frase “Josimar é alto e Cleiton é magro” é uma pro- vestigador.
posição composta. d) Ana é auxiliar de papiloscopista, e Monica é escrivã.
III. A frase “Belo Horizonte é a capital do estado de São e) Caio é investigador, e Mônica é escrivã.
Paulo” é uma proposição.
8. (PREFEITURA DE SALVADOR – TÉCNICO EM NÍVEL
Está correto apenas o que se afirma em: SUPERIOR – FGV – 2017) Considere a sentença: 
“Se Jorge é torcedor do Vitória, então ele é soteropoli-
a) I tano”. 
b) II
c) I e II Um cenário no qual a sentença dada é falsa é
d) II e III
a) “Jorge é torcedor do Bahia e é Soteropolitano”
4. (EMATER-MG – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO – b) “Jorge é torcedor do Vasco e é Carioca”
GESTÃO CONCURSO – 2018) Das frases abaixo, a única c) “Jorge é torcedor do Bahia e é Paulista”
RACIOCÍNIO LÓGICO

que representa uma proposição é: d) “Jorge é torcedor do Vitória e é Paulista”


e) “Jorge é torcedor do Flamengo e é Soteropolitano”
a) Que frio!
b) Você foi a aula ontem?
c) Carlos é um menino alto.
d) Ele trabalhou durante todo o evento ontem.

37
9. (TRT 6 REGIÃO – ANALISTA JUDICIÁRIO – FCC – c) Nestor não compra uma casa
2018) Considere a afirmação I como sendo FALSA e as d) Livia vai viajar
outras três afirmações como sendo VERDADEIRAS. 
13. (MPE-BA – ASSISTENTE TÉCNICO ADMINISTRA-
I. Lucas é médico ou Marina não é enfermeira. TIVO – AOCP – 2014) Laura, Daniela e Luciana possuem
II. Se Arnaldo é advogado, então Lucas não é médico. números de filhos diferentes. Uma possui um filho; outra,
III. Ou Otávio é engenheiro, ou Marina é enfermeira, mas dois filhos; e outra, três. Sabendo que
não ambos.
IV. Lucas é médico ou Paulo é arquiteto.  • ou Daniela possui um filho, ou Luciana possui um filho;
• ou Laura possui dois filhos ou Luciana possui três filhos;
A partir dessas informações, é correto afirmar que • ou Luciana possui três filhos, ou Daniela possui três fi-
lhos.
a) Paulo não é arquiteto ou Marina não é enfermeira
b) Marina é enfermeira e Arnaldo não é advogado Podemos afirmar que Laura, Daniela e Luciana possuem,
c) Se Lucas não é médico, então Otávio é engenheiro respectivamente:
d) Otávio é engenheiro e Paulo não é arquiteto
e) Arnaldo é advogado ou Paulo é arquiteto a) dois filhos, um filho e três filhos.
b) dois filhos, três filhos e um filho.
10. (TCE-SP – AGENTE DE FISCALIZAÇÃO – VUNESP – c) três filhos, dois filhos e um filho
2017) Considere verdadeiras as afirmações I, II, III e falsa d) três filhos, um filho e dois filhos
a afirmação IV. e) um filho, dois filhos e três filhos

I. Se como, então não sinto fome. 14. (IF BAIANO – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO –
II. Não sinto fome ou choro. FCM – 2017) Observe as proposições p e q abaixo:
III. Se choro, então não sorrio.
IV. Não sinto fome ou grito. p: O número 9 é primo
q: O número 170 é par
A partir dessas afirmações, é verdade que:  Considerando que a pro
posição p é falsa e a proposição q é verdadeira, avalie as
a) Não grito e não choro afirmativas.
b) Sorrio ou sinto fome
c) Como ou grito I- p ∧ q é falso
d) Não sorrio e não sinto fome II- p ∨ q é verdadeiro
e) Choro e grito III- ~p ∧ q é verdadeiro
IV- ~p ∨ ~q é falso
11. (CRA-SC – CONTADOR – IESES – 2017) Leia as fra-
ses abaixo sobre lógica proposicional: Está correto apenas o que se afirma em

I. A frase “Amanhã é terça-feira?” é uma proposição. a) I e II


II. A frase “São Paulo é a capital do Brasil” é uma propo- b) I, II e III
sição. c) II e III
III. A frase “4 é maior que 1, se e somente se 1 for menor d) II, III e IV
que 4” trata-se de uma bi-implicação. e) III e IV
IV. A frase “Hoje está muito frio ou é sábado” é uma dis-
junção. 15. (AL-RS – AGENTE LEGISLATIVO – FUNDATEC –
2018) A tabela-verdade da fórmula é equivalente à ta-
A sequência correta é: bela-verdade da fórmula da alternativa:

a) Apenas as assertivas II e III estão corretas a) ¬𝑃 → (𝑄 ∨ 𝑅)


b) Apenas as assertivas II e IV estão corretas b) 𝑃 ∨ (¬𝑄 ∨ ¬𝑅)
c) Apenas as assertivas I,III e IV estão corretas c) 𝑃 ∨ (𝑄 ∨ 𝑅)
d) Apenas as assertivas II,III e IV estão corretas d) 𝑃 → (¬𝑄 ∧ ¬𝑅)
e) (𝑄 ∨ 𝑅) → 𝑃
12. (IGP-SC – PERITO MÉDICO LEGISTA – IESES – 2017)
Ou Nestor compra uma casa ou sua esposa, Lívia, vai via- 16. (AL-RS – TÉCNICO LEGISLATIVO – FUNDATEC–
RACIOCÍNIO LÓGICO

jar. Se Lívia vai viajar então seu filho Henrique compra um 2018) A tabela-verdade da fórmula :
videogame. Se Henrique compra um videogame então
seu irmão Celso não trabalha. Ora, sabe-se que Celso tra- a) Só é falsa quando P e Q são falsos
balha. Logo: b) É uma tautologia
c) É uma contradição
a) Nestor compra uma casa e Lívia vai viajar d) Só é falsa quando P e Q são verdadeiros
b) Nestor compra uma casa e) Só é falsa quando P é verdadeiro e Q é falso

38
17. (IGP-SC – PERITO CRIMINAL AMBIENTAL – IESES– d) V; V; V; V ;V; V; V;
2017) Indique a alternativa que representa uma tauto- e) V; V; V; F; V; V; V; F
logia:
20. (IFB – PROFESSOR FILOSOFIA – IFB– 2017) Na era
a) Se Rafael é inteligente ou Fabricio é chato então Rafael digital um professor de filosofia contribui na formação
não é inteligente e Fabricio não é chato. dos estudantes quando os ajuda a conhecer alguns prin-
b) Se Rafael é inteligente e Fabricio é chato então Rafael cípios da lógica matemática. Assim sendo a proposição:
é inteligente e Fabricio não é chato. ~𝑝 ∧ (𝑝 ∧ ~𝑞)   é uma:
c) Se Rafael é inteligente ou Fabricio é chato então Rafael
é inteligente e Fabricio é chato. a) Contingência
d) Se Rafael é inteligente e Fabricio é chato então Rafael b) Tautologia
é inteligente ou Fabricio é chato. c) Contradição
d) Indeterminação
18. (TJ-PE – ANALISTA JUDICIÁRIO – IBFC– 2017) As e) Inferência
expressões E1: (𝑝 ∧ 𝑟) ∨ (~𝑝 ∧ 𝑟) e E2: (𝑞 ∨ 𝑠) ∧ (~𝑞 ∨ 𝑠)
são compostas pelas quatro proposições lógicas p, q, r 21. (MPE-PR – TÉCNICO EM EDIFICAÇÕES – ESPP– 2013)
e s. Os valores lógicos assumidos pela expressão  são os Se p e q são proposições e ~p e ~q suas respectivas ne-
mesmos valores lógicos da expressão: gações, então podemos dizer que (𝑝 → 𝑞 ) ↔ (~ 𝑞 ∨ 𝑝)
é uma: 
a) 𝑟 ∨ 𝑠
b) ~𝑟 ∧ ~𝑠 a) Tautologia
c) ~𝑟 ∨ 𝑠 b) Contingência
d) c) Contradição
e) d) Equivalência
e) Implicação
19. (SERES-PE – AGENTE DE SEGURANÇA PENITEN-
CIÁRIA – CESPE– 2017) A partir das proposições simples 22. (IF-CE – ASSISTENTE DE ADMINISTRAÇÃO – IF-
P: “Sandra foi passear no centro comercial Bom Preço”, Q: -CE– 2017) Em comparação com o total de valorações
“As lojas do centro comercial Bom Preço estavam reali- possíveis para as proposições P, Q, R e S, as que fazem
zando liquidação” e R: “Sandra comprou roupas nas lojas a fórmula 𝑃 → 𝑄) ∨ (𝑅 ∧ ¬𝑆 ser falsa representam 
do Bom Preço” é possível formar a proposição composta
S: “Se Sandra foi passear no centro comercial Bom Preço a) três dezesseis avos
e se as lojas desse centro estavam realizando liquidação, b) cinco oitavos
então Sandra comprou roupas nas lojas do Bom Preço ou c) três quartos
Sandra foi passear no centro comercial Bom Preço”. Con- d) sete dezesseis avos
siderando todas as possibilidades de as proposições P, Q e) três oitavos
e R serem verdadeiras (V) ou falsas (F), é possível cons-
truir a tabela-verdade da proposição S, que está iniciada 23. (PREFEITURA DE TANGUÁ – FISCAL DE TRIBUTOS
na tabela mostrada a seguir. – MS CONCURSOS– 2017) A tabela-verdade da propo-
sição (𝑝 → 𝑞) ∧ 𝑟 ↔ (𝑝 ∧ ~𝑟) possui:
P Q R S
a) 4 linhas
b) 8 linhas
c) 16 linhas
d) 32 linhas

24. (EBSERH – MÉDICO – IBFC– 2017) Sabe-se que p,


q e r são proposições compostas e o valor lógico das
proposições p e q são falsos. Nessas condições, o va-
lor lógico da proposição r na proposição composta
{[𝑞 ∨ (𝑞 ∧ ~𝑝)] ∨ 𝑟} cujo valor lógico é verdade, é:

a) falso
b) inconclusivo
Completando a tabela, se necessário, assinale a opção c) verdade e falso
RACIOCÍNIO LÓGICO

que mostra, na ordem em que aparecem, os valores ló- d) depende do valor lógico de p
gicos na coluna correspondente à proposição S, de cima e) verdade
para baixo.

a) V; V; F; F; F; F; F; F;
b) V; V; F; V; V; F; F; V;
c) V; V; F; V; F; F; F; V;

39
25. (PREFEITURA DE NITERÓI – ANALISTA – FGV – 30. (TCU – ANALISTA – ESAF – 1999) Se é verdade que
2018) A negação de “Nenhum analista é magro” é: “Alguns escritores são poetas” e que “Nenhum músico é
poeta”, então, também é necessariamente verdade que:
a) “Há pelo menos um analista magro”.
b) “Alguns magros são analistas”. a) nenhum músico é escritor
c) “Todos os analistas são magros”. b) algum escritor é músico
d) “Todos os magros são analistas”. c) algum músico é escritor
e) “Todos os analistas não são magros”. d) algum escritor não é músico
e) nenhum escritor é músico
26. (PBH ATIVOS S.A. – ANALISTA JURÍDICO – IBGP
– 2018) A negação da frase “Toda gestão imobiliária pre- 31. (MPE-PE – TÉCNICO MINISTERIAL – FCC – 2006)
cisa de regulação cadastral” é equivalente a: Considere verdadeiras todas as três afirmações:

a) “Existe alguma gestão imobiliária que não precisa de I. Todas as pessoas que estão no grupo de Alice são tam-
regularização cadastral”. bém as que estão no grupo de Benedito.
b) “Nenhuma gestão imobiliária precisa da regularização II. Benedito não está no grupo de Celina.
cadastral”. III. Dirceu está no grupo de Emília.
c) “Toda gestão imobiliária independe da regularização
cadastral”. Se Emília está no grupo de Celina, então
d) “Alguma gestão imobiliária precisa da regularização
cadastral”. a) Alice está no grupo de Celina.
b) Dirceu não está no grupo de Celina.
27. (PC-SP – AGENTE POLICIAL – VUNESP – 2018) Leia c) Benedito está no grupo de Emília.
a frase a seguir: “Qualquer pessoa sabe andar de bicicle- d) Dirceu não está no grupo de Alice.
ta”. A afirmação que corresponde à negação lógica dessa e) Alice está no grupo de Emília.
frase é:
32. (PC-PE – PERITO – IPAD – 2006) Sabe-se que algum
a) Todos que andam de bicicleta também andam de mo- B não é A e que algum C é A. Podemos afirmar com cer-
tocicleta. teza que:
b) Apenas uma pessoa sabe andar de bicicleta
c) Pelo menos uma pessoa não sabe andar de bicicleta. a) algum A não é B
d) As crianças não sabem andar de bicicleta b) algum A não é C
e) Ninguém sabe andar de bicicleta c) nenhum B é C
d) algum B é C
28. (TJ-SC – TÉCNICO JUDICÁRIO AUXILIAR – FGV – e) algum A é C
2018) Considere a afirmação: “Nenhum médico é cego”.
A negação dessa afirmação é: 33. (PC-BA – INVESTIGADOR DE POLICIA – VUNESP
– 2018)Considere a seguinte afirmação:  “Todo homem
a) Há, pelo menos, um médico cego. é bípede e mamífero”. A alternativa que apresenta uma
b) Nenhum cego é médico. negação lógica para essa afirmação é:
c) Todos os médicos são cegos.
d) Todos os cegos são médicos. a) nenhum homem é bípede e mamífero
e) Todos os médicos não são cegos. b) nenhum homem é bípede ou mamífero
c) Existe homem que não é bípede ou não é mamífero
29. (BANESTES – ANALISTA – FGV – 2018) A negação d) Existe homem que não é bípede e não é mamífero
lógica da sentença “Todo capixaba é torcedor do Vasco e e) Alguns homens são bípedes e mamíferos
gosta de moqueca” é
34. (UNIPAMPA – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO –
a) Todo capixaba não é torcedor do Vasco e não gosta FUNDATEC – 2016) A negação da sentença “algum fun-
de moqueca; cionário está com férias vencidas” é equivalente a:
b) Todo capixaba não é torcedor do Vasco ou não gosta
de moqueca; a) algum funcionário não está com férias vencidas.
c) Algum capixaba é torcedor do Vasco e não gosta de b) Pelo menos um funcionário está com férias vencidas.
moqueca; c) Todos os funcionários não estão com férias vencidas.
d) Algum capixaba não é torcedor do Vasco ou gosta de d) Nem todos os funcionários estão com férias vencidas.
RACIOCÍNIO LÓGICO

moqueca; e) Qualquer funcionário está com férias vencidas.


e) Algum capixaba não é torcedor do Vasco ou não gosta
de moqueca;

40
35. (SEFAZ-RS – TÉCNICO TRIBUTÁRIO – CESPE – 2018) 40. (SEGEP-MA – AUXILIAR DE FISCALIZAÇÃO – FCC
A negação da proposição “O IPTU, eu pago parcelado; o – 2018) Uma afirmação que seja logicamente equivalen-
IPVA, eu pago em parcela única” pode ser escrita como te à afirmação ‘Se Luciana e Rafael se prepararam muito
para o concurso, então eles não precisam ficar nervosos’,
a) “Eu não pago o IPTU parcelado e não pago o IPVA em é
parcela única”
b) “Eu não pago o IPTU parcelado e pago o IPVA parce- a) Se Luciana se preparou para o concurso e Rafael não
lado” se preparou, então eles precisam ficar nervosos.
c) “Eu não pago o IPTU parcelado ou não pago o IPVA em b) Se Luciana e Rafael precisam ficar nervosos, então eles
parcela única” não se prepararam muito para concurso.
d) “Eu pago o IPTU em parcela única e pago o IPVA par- c) Se Luciana e Rafael não precisam ficar nervosos, então
celado” eles se preparam muito para o concurso.
e) “Eu pago o IPTU em parcela única ou pago o IPVA par- d) Se Luciana não se preparou muito e Rafael se prepa-
celado” rou muito para o concurso, então Luciana precisa ficar
nervosa e Rafael não precisa ficar nervoso.
36. (PREFEITURA DE MARICÁ – ORIENTADOR PEDA- e) Luciana e Rafael se prepararam muito para o concurso
GÓGICO – COESAC – 2018) A negação lógica da afirma- e mesmo assim ficam nervosos.
ção condicional “se Ana adoece, então Pedro fica triste”
é: 41. (ISPM – ASSISTENTE DE GESTÃO MUNICIPAL –
VUNESP – 2018) Uma afirmação equivalente à afirma-
a) Se Ana não adoece, Pedro não fica triste. ção: Se hoje corro, então amanhã descansarei, está con-
b) Se Ana adoece, então Pedro não fica triste. tida na alternativa:
c) Ana adoece ou Pedro não fica triste.
d) Ana adoece e Pedro não fica triste. a) Se amanhã não descansarei, então hoje não corro.
e) Se Pedro fica triste, Ana adoece. b) Se hoje não corro, então amanhã não descansarei.
c) Se amanhã descansarei, então hoje corro.
37. (PREFEITURA DE CONCHAS. – ASSISTENTE AD- d) Hoje corro ou amanhã descansarei.
MINISTRATIVO – METRO CAPITAL SOLUÇÕES – 2018) e) Hoje descanso e amanhã correrei
Sabe-se que Heloísa dança ballet e fala italiano, a nega-
ção desta proposição então é: 42. (TCE-SP – AGENTE DE FISCALIZAÇÃO – FCC – 2017)
Assinale a alternativa que apresenta uma afirmação equi-
a) Heloísa não dança ballet ou não fala italiano. valente à afirmação “Se comprei e paguei, então levei”. 
b) Se Heloísa dança ballet, então não fala italiano.
c) Heloísa não dança ballet, e não fala italiano. a) Se comprei e não paguei, então não levei.
d) Heloísa fala italiano ou não dança ballet. b) Se não comprei e paguei, então não levei.
e) Heloísa não fala italiano ou dança ballet. c) Se não levei, então não paguei ou não comprei.
d) Se comprei ou paguei, então não levei.
38. (PREFEITURA DE NITERÓI. – AUDITOR MUNICI- e) Se levei, então comprei e paguei.
PAL – FGV – 2018) Considere a sentença: “Se Arlindo é
baixo, então Arlindo não é atleta”. Assinale a opção que 43. (NOVA CONCURSOS – QUESTÃO NOVA –2018) A
apresenta a sentença logicamente equivalente à senten- proposição equivalente para “Maria tem medo do escuro,
ça dada. se e somente se, chover a noite ” é:

a) “Se Arlindo não é atleta, então Arlindo é baixo”. a) Maria não tem medo do escuro e choveu a noite e Ma-
b) “Se Arlindo não é baixo, então Arlindo é atleta”. ria tem medo do escuro e não choveu a noite
c) “Se Arlindo é atleta, então Arlindo não é baixo”. b) Maria tem medo do escuro e choveu a noite ou Maria
d) “Arlindo é baixo e atleta”. não tem medo do escuro e não choveu a noite
e) “Arlindo não é baixo e não é atleta”. c) Maria tem medo do escuro ou choveu a noite e Maria
não tem medo do escuro ou não choveu a noite
39. (PREFEITURA DE NITERÓI – AUDITOR MUNICIPAL d) Maria tem medo do escuro e não choveu a noite ou
– FGV – 2018) Considere a afirmação: “Mateus não ga- Maria não tem medo do escuro e choveu a noite
nha na loteria ou ele compra aquele carrão”. Uma afirma-
ção equivalente a essa afirmação é: 44. (CÂMARA DE ARARAQUARA – AGENTE ADMI-
NISTRATIVO – 2017) Um diretor administrativo veri-
a) Mateus ganha na loteria e não compra aquele carrão. ficou  que: “Se os funcionários são valorizados, então o
RACIOCÍNIO LÓGICO

b) Ou Mateus não compra aquele carrão ou ele não ga- balanço mensal não registra queda”. Essa constatação é
nha na loteria. equivalente a: 
c) Mateus ganha na loteria ou ele compra aquele carrão.
d) Se Mateus ganha na loteria, então ele compra aquele a) O balanço mensal não registra queda se, e somente se,
carrão. os funcionários são valorizados
e) Se Mateus não ganha na loteria, então ele não compra b) Se os funcionários não são valorizados, então o balan-
aquele carrão. ço geral registra queda

41
c) Os funcionários não são valorizados se, e somente se, Considerando os argumentos I,II e III, é CORRETO afir-
o balanço geral registra queda. mar que:
d) Se o balanço mensal registra queda, então os funcio-
nários não são valorizados. a) apenas I é válido
b) apenas I e III são válidos
45. (TRT 15° REGIÃO – ANALISTA – FCC – 2018) Consi- c) apenas II e III são válidos
dere os dois argumentos a seguir:  d) I, II e III são válidos

I. Se Ana Maria nunca escreve petições, então ela não 48. (STJ – TODOS OS CARGOS – CESPE – 2018) Consi-
sabe escrever petições. Ana Maria nunca escreve peti- dere as proposições P e Q a seguir.
ções. Portanto, Ana Maria não sabe escrever petições.  P: Todo processo que tramita no tribunal A ou é enviado
II. Se Ana Maria não sabe escrever petições, então ela para tramitar no tribunal B ou no tribunal C. 
nunca escreve petições. Ana Maria nunca escreve peti- Q: Todo processo que tramita no tribunal C é enviado
ções. Portanto, Ana Maria não sabe escrever petições.  para tramitar no tribunal B.
Comparando a validade formal dos dois argumentos e
a plausibilidade das primeiras premissas de cada um, é A partir dessas proposições, julgue o item seguinte.
correto concluir que Se um processo for iniciado no tribunal A, então, com
certeza, ele tramitará no tribunal B.
a) o argumento I é inválido e o argumento II é válido,
mesmo que a primeira premissa de I seja mais plausí- ( ) CERTO ( ) ERRADO
vel que a de II.
b) ambos os argumentos são válidos, a despeito das pri- 49. (PETROBRAS – ANALISTA – CESGRANRIO – 2018)
meiras premissas de ambos serem ou não plausíveis. Considere o seguinte argumento, no qual a conclusão foi
c) ambos os argumentos são inválidos, a despeito das omitida:
primeiras premissas de ambos serem ou não plausí-
veis. Premissa 1: 𝑝 → [(~𝑟) ˅ (~𝑠)]
d) o argumento I é inválido e o II é válido, pois a primeira Premissa 2: 𝑝 ˅ (~𝑞)] ˄ [𝑞 ˅ (~𝑝)
premissa de II é mais plausível que a de I. Premissa 3: 𝑟 ˄ 𝑠
e) o argumento I é válido e o II é inválido, mesmo que a Conclusão: XXXXXXXXXX
primeira premissa de II seja mais plausível que a de I.
Uma conclusão que torna o argumento acima válido é
46. (PC-SP – ESCRIVÃO – VUNESP – 2018) De um argu-
mento válido, sabe-se que suas premissas são: a) ~(𝑝 ∨ 𝑞)
b) (~𝑞) ∧ 𝑝
I. Se a investigação é feita adequadamente e as provas são c) (~𝑝) ∧ 𝑞
consistentes, então é certo que o réu será condenado. d) 𝑝 ∧ 𝑞
II. O réu não foi condenado. e) 𝑝 ∨ 𝑞
Dessa forma, uma conclusão para esse argumento está 50. (UPE – ANALISTA – UPENET/IAUPE – 2017) Con-
contida na alternativa: siderando que a declaração “Todo gato é pardo” seja
verdadeira, assinale a alternativa que corresponde a uma
a) A investigação não foi feita adequadamente e as pro-
argumentação CORRETA.
vas não foram consistentes.
b) A investigação foi feita adequadamente ou as provas
a) Azrael é pardo, portanto é gato.
foram consistentes.
b) Frajola é pardo, portanto não é gato.
c) A investigação não foi feita adequadamente, mas as
c) Manda-Chuva não é pardo, portanto não é gato.
provas foram consistentes.
d) Garfield não é gato, portanto é pardo.
d) A investigação não foi feita adequadamente ou as pro-
e) Tom não é gato, portanto não é pardo.
vas não foram consistentes.
e) A investigação foi feita adequadamente mas as provas
não foram consistentes. 51. (IGP-SC – PERITO – IESES – 2017) Ou Nestor compra
uma casa ou sua esposa, Lívia, vai viajar. Se Lívia vai via-
47. (CEMIG – ANALISTA – FUMARC – 2018) Analise os jar então seu filho Henrique compra um videogame. Se
seguintes argumentos: Henrique compra um videogame então seu irmão Celso
não trabalha. Ora, sabe-se que Celso trabalha. Logo:
I. Se estudasse todo o conteúdo, então seria aprovado
RACIOCÍNIO LÓGICO

em Estatística. Fui reprovado em Estatística. Concluímos a) Nestor compra uma casa


que não estudei todo o conteúdo.II. Todo estudante gos- b) Nestor não compra uma casa
ta de Geometria. Nenhum atleta é estudante. Concluímos c) Nestor compra uma casa e Lívia vai viajar
que ninguém que goste de Geometria é atleta. d) Lívia vai viajar
III.Toda estrela possui luz própria. Nenhum planeta do
sistema solar possui luz própria. Concluímos que nenhu-
ma estrela é um planeta.

42
52. (UFES – ASSISTENTE EM ADMINISTRAÇÃO – UFES
– 2017) Em um determinado grupo de pessoas,
GABARITO
• todas as pessoas que praticam futebol também prati-
cam natação, 1 A
• algumas pessoas que praticam tênis também praticam
futebol, 2 D
• algumas pessoas que praticam tênis não praticam na- 3 D
tação.
4 C
É CORRETO afirmar que no grupo 5 D
6 D
a) todas as pessoas que praticam natação também pra-
7 D
ticam tênis.
b) todas as pessoas que praticam futebol também prati- 8 D
cam tênis. 9 E
c) algumas pessoas que praticam natação não praticam
futebol. 10 B
d) algumas pessoas que praticam natação não praticam 11 D
tênis. 12 B
e) algumas pessoas que praticam tênis não praticam fu-
tebol. 13 B
14 B
53. (PREFEITURA DE SALVADOR/BA – TÉCNICO NÍVEL 15 D
SUPERIOR – FGV – 2017) Carlos fez quatro afirmações
verdadeiras sobre algumas de suas atividades diárias: 16 A
17 D
▪ De manhã, ou visto calça, ou visto bermuda.
18 E
▪ Almoço, ou vou à academia.
▪ Vou ao restaurante, ou não almoço. 19 D
▪ Visto bermuda, ou não vou à academia. 20 C
Certo dia, Carlos vestiu uma calça pela manhã.
21 B
É correto concluir que Carlos: 22 A
23 B
a) almoçou e foi a academia
b) foi ao restaurante e não foi à academia 24 E
c) não foi a academia e não almoçou 25 A
d) almoçou e não foi ao restaurante 26 A
e) não foi a academia e não almoçou
27 C
54. (PREFEITURA DE SALVADOR/BA – TÉCNICO NÍVEL 28 A
SUPERIOR – FGV – 2017) Sobre a lógica de argumenta- 29 E
ção, analise os três argumentos abaixo:
30 D
I - Um número natural é par ou ímpar. O número 10 é 31 D
natural e não é ímpar. Logo, 10 é um número par.
32 E
II - Se Maria é irmã de Pedro, então Mônica é tia de Ma-
ria. Maria não é irmã de Pedro. Logo, Mônica não é tia 33 C
de Maria. 34 C
III - Alguns Kox são inteligentes. Alguns inteligentes são
35 C
bons em matemática. Logo, alguns Kox são bons em ma-
temática. 36 D
37 A
Após a análise dos argumentos acima, é correto afirmar que: 
RACIOCÍNIO LÓGICO

38 C
a) o argumento I não é válido e o II é válido 39 D
b) os argumentos I e II são válidos, porém o argumento 40 B
III não é válido.
c) apenas os argumentos II e III não são válidos. 41 A
d) todos os argumentos são válidos 42 C
e) todos os argumentos não são válidos

43
43 B ANOTAÇÕES
44 D
45 E
46 D ________________________________________________

47 B _________________________________________________
48 CERTO _________________________________________________
49 A
_________________________________________________
50 C
51 A _________________________________________________
52 E _________________________________________________
53 B
_________________________________________________
54 C
_________________________________________________

_________________________________________________

_________________________________________________

_________________________________________________

_________________________________________________

_________________________________________________

_________________________________________________

_________________________________________________

_________________________________________________

_________________________________________________

_________________________________________________

_________________________________________________

_________________________________________________

_________________________________________________

_________________________________________________

_________________________________________________

_________________________________________________

_________________________________________________

_________________________________________________

_________________________________________________

_________________________________________________

_________________________________________________

_________________________________________________
RACIOCÍNIO LÓGICO

_________________________________________________

_________________________________________________

_________________________________________________

_________________________________________________

44
ÍNDICE

NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Princípios constitucionais do Direito Administrativo.................................................................................................................................................. 01


Ato administrativo: conceito, requisitos, atributos, classificação e espécies; atos discricionários e vinculados do administrador
público; controle jurisdicional dos atos administrativos........................................................................................................................................... 03
Processo administrativo......................................................................................................................................................................................................... 12
Regime Jurídico dos Servidores: responsabilidade, penalidades disciplinares e Processo Administrativo Disciplinar.................... 15
Desapropriação por utilidade pública, por necessidade pública, e por interesse social; indenização em caso de desapropriações.... 52
Serviços públicos: concessão e autorização dos serviços públicos. Responsabilidades dos agentes públicos: civil, administrativa
e criminal..................................................................................................................................................................................................................................... 55
Contratos pertinentes a obras, serviços, compras, alienações e locações com a administração púbica.............................................. 66
Responsabilidade administrativa. Responsabilidade Extracontratual do Estado............................................................................................ 75
Improbidade administrativa: definição, modalidades, responsabilização.......................................................................................................... 78
Noções gerais sobre as normas para licitações e contratos da Administração Pública (Lei 8.666/1993)............................................. 81
tique atos abusivos. Ao contrário dos particulares,
PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DO que podem fazer tudo aquilo que a lei não proíbe,
DIREITO ADMINISTRATIVO a Administração só pode realizar o que lhe é ex-
pressamente autorizado por lei.
2) Impessoalidade: a atividade da Administração Pú-
blica deve ser imparcial, de modo que é vedado
Princípios Básicos da Administração Pública haver qualquer forma de tratamento diferenciado
entre os administrados. Há uma forte relação entre
Os princípios que regem a atividade da Administração a impessoalidade e a finalidade pública, pois quem
Pública são vastos, podendo estar explícitos em norma age por interesse próprio não condiz com a finali-
positivada, ou até mesmo implícitos, porém denotados dade do interesse público.
segundo a interpretação das normas jurídicas. Temos 3) Moralidade: a Administração impõe a seus agen-
princípios gerais de Direito Administrativo, os princípios tes o dever de zelar por uma “boa-administração”,
constitucionais, e os princípios infraconstitucionais. buscando atuar com base nos valores da moral co-
mum, isso é, pela ética, decoro, boa-fé, e lealdade.
1. Princípios Gerais da Administração Pública A moralidade não é somente um princípio, mas
também requisito de validade dos atos adminis-
Os princípios gerais de Direito Administrativo, são os trativos.
princípios basilares desse ramo jurídico, sendo aplicáveis 4) Publicidade: a publicação dos atos da Administra-
ante o fato da Administração Pública ser considerada ção promove maior transparência e garante eficá-
pessoa jurídica de direito público. cia erga omnes. Além disso, também diz respeito
O princípio da supremacia do interesse público ao direito fundamental que toda pessoa tem de
é o princípio que dá os poderes e prerrogativas à obter acesso a informações de seu interesse pe-
Administração Pública. A supremacia do interesse público los órgãos estatais, salvo as hipóteses em que esse
sobre o privado é um aspecto fundamental para o exercício direito ponha em risco a vida dos particulares ou
da função administrativa. Podemos citar como exemplo a o próprio Estado, ou ainda que ponha em risco a
desapropriação de um imóvel pertencente a um particular: vida íntima dos envolvidos.
o particular pode ter interesse em não ter seu bem 5) Eficiência: implementado pela reforma adminis-
desapropriado, ou achar o valor da indenização injusto, trativa promovida pela Emenda Constitucional nº
mas ele não pode ter interesse em extinguir o instituto da 19 de 1988, a eficiência se traduz na tarefa da Ad-
expropriação administrativa. Trata-se de um instituto que ministração de alcançar os seus resultados de uma
deve existir, independentemente da sua vontade. forma célere, promovendo melhor produtividade
Mas se o Estado apenas tivesse prerrogativas, com e rendimento, evitando gastos desnecessários no
certeza ele agiria com abuso de autoridade. É por isso exercício de suas funções. A eficiência fez com que
que ao Estado também lhe incumbe uma série de a Administração brasileira adquirisse caráter ge-
deveres, fundadas pelo princípio da indisponibilidade rencial, tendo maior preocupação na execução de
do interesse público. Tal princípio pressupõe que o serviços com perfeição ao invés de se preocupar
Poder Público não é dono do interesse público, ele deve com procedimentos e outras burocracias. A ado-
manuseá-lo segundo o que a norma lhe impõe. É por ção da eficiência, todavia, não permite à Adminis-
isso que ele não pode se desfazer de patrimônio público, tração agir fora da lei, não se sobrepõe ao princípio
contratar quem ele quiser, realizar gastos sem prestar da legalidade.
contas a seu superior, etc. Tais atos configuram em desvio
de finalidade, uma vez que o objetivo principal deles não
é de interesse público, mas apenas do próprio agente, ou FIQUE ATENTO!
de algum terceiro beneficiário. Lembre-se da palavra “limpe”, para melhor
memorizar os princípios constitucionais:
2. Princípios Constitucionais da Administração Legalidade
Pública Impessoalidade
Moralidade
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

São os princípios previstos no Texto Constitucional, Publicidade


mais especificamente no caput do artigo. 37. Segundo Eficiência
o referido dispositivo: “A administração pública direta e
indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos 3. Princípios Infraconstitucionais
princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:”. Assim,
esquematicamente, temos os princípios constitucionais da:
1) Legalidade: fruto da própria noção de Estado de Os princípios administrativos não se esgotam no âmbito
Direito, as atividades do gestor público estão sub- constitucional. Existem outros princípios cuja previsão
missas a forma da lei. A legalidade promove maior não está disposta na Carta Magna, e sim na legislação
segurança jurídica para os administrados, na medi- infraconstitucional. É o caso do disposto no caput do
da em que proíbe que a Administração Pública pra- artigo 2º da Lei nº 9.784/1999: “A Administração Pública
obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade,

1
finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, ultrapassar limite de velocidade, a infração é o motivo
moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança (ultrapassagem do limite máximo de velocidade); já o
jurídica, interesse público e eficiência”. documento de notificação da multa é a motivação. A
multa seria, então, o ato administrativo em questão.
3.1 Princípio da Autotutela Quanto ao momento correto para sua apresentação,
entende-se que a motivação pode ocorrer
A autotutela diz respeito ao controle interno que a simultaneamente, ou em um instante posterior a prática
Administração Pública exerce sobre os seus próprios do ato (em respeito ao princípio da eficiência). A motivação
atos. Isso significa que, havendo algum ato administrativo intempestiva, isso é, aquela dada em um momento
ilícito ou que seja inconveniente e contrário ao interesse demasiadamente posterior, é causa de nulidade do ato
público, não é necessária a intervenção judicial para que administrativo.
a própria Administração anule ou revogue esses atos.
Não havendo necessidade de recorrer ao Poder 3.3 Princípio da Finalidade
Judiciário, quis o legislador que a Administração possa,
dessa forma, promover maior celeridade na recomposição Sua previsão encontra-se no art. 2º, par. único, II, da
da ordem jurídica afetada pelo ato ilícito, e garantir Lei nº 9.784/1999. “Nos processos administrativos serão
maior proteção ao interesse público contra os atos observados, entre outros, os critérios de: II - atendimento
inconvenientes. a fins de interesse geral, vedada a renúncia total ou parcial
Segundo o disposto no art. 53 da Lei nº 9.784/1999: de poderes ou competências, salvo autorização em lei”.
“A Administração deve anular seus próprios atos, quando O princípio da finalidade muito se assemelha ao da
eivados de vício de legalidade, e pode revogá-los por primazia do interesse público. O primeiro impõe que o
motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados Administrador sempre aja em prol de uma finalidade
os direitos adquiridos”. A distinção feita pelo legislador específica, prevista em lei. Já o princípio da supremacia
é bastante oportuna: ele enfatiza a natureza vinculada do do interesse público diz respeito à sobreposição do
ato anulatório, e a discricionariedade do ato revogatório. interesse da coletividade em relação ao interesse privado.
A Administração pode revogar os atos inconvenientes, A finalidade disposta em lei pode, por exemplo, ser
mas tem o dever de anular os atos ilegais. justamente a proteção ao interesse público.
A autotutela também tem previsão em duas súmulas Com isso, fica bastante clara a ideia de que todo
do Supremo Tribunal Federal. Súmula nº 346: “A ato, além de ser devidamente motivado, possui um fim
Administração Pública pode declarar a nulidade de seus específico, com a devida previsão legal. O desvio de
próprios atos”; e a Súmula nº 473: “A administração pode finalidade, ou desvio de poder, são defeitos que tornam
anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os nulo o ato praticado pelo Poder Público.
tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou
revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, 3.4 Princípio da Razoabilidade
respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos
os casos, a apreciação judicial”. Agir com razoabilidade é decorrência da própria noção
de competência. Todo poder tem suas correspondentes
3.2 Princípio da Motivação limitações. O Estado deve realizar suas funções com
coerência, equilíbrio e bom senso. Não basta apenas
Também pode constar em algumas questões como atender à finalidade prevista na lei, mas é de igual
“princípio da obrigatória motivação”. Trata-se de uma importância o como ela será atingida. É uma decorrência
técnica de controle dos atos administrativos, o qual impõe lógica do princípio da legalidade.
à Administração o dever de indicar os pressupostos de Dessa forma, os atos imoderados, abusivos, irracionais
fato e de direito que justificam a prática daquele ato. e incoerentes, são incompatíveis com o interesse público,
A fundamentação da prática dos atos administrativos podendo ser anulados pelo Poder Judiciário ou pela
será sempre por escrito. Possui previsão no art. 50 da própria entidade administrativa que praticou tal medida.
Lei nº 9.784/1999: “Os atos administrativos deverão ser Em termos práticos, a razoabilidade (ou falta dela) é mais
motivados, com indicação dos fatos e dos fundamentos aparente quando tenta coibir o excesso pelo exercício do
jurídicos, quando (...)”; e também no art. 2º, par. único, poder disciplinar ou poder de polícia. Poder disciplinar
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

VII, da mesma Lei: “Nos processos administrativos serão traduz-se na prática de atos de controle exercidos contra
observados, entre outros, os critérios de: VII - indicação seus próprios agentes, isso é, de destinação interna. Poder
dos pressupostos de fato e de direito que determinarem de polícia é o conjunto de atos praticados pelo Estado
a decisão”. A motivação é uma decorrência natural que tem por escopo limitar e condicionar o exercício de
do princípio da legalidade, pois a prática de um ato direitos individuais e o direito à propriedade privada.
administrativo fundamentado, mas que não esteja
previsto em lei, seria algo ilógico. 3.5 Princípio da Proporcionalidade
Convém estabelecer a diferença entre motivo e
motivação. Motivo é o ato que autoriza a prática da medida O princípio da proporcionalidade tem similitudes
administrativa, portanto, antecede o ato administrativo. A com o princípio da razoabilidade. Há muitos autores,
motivação, por sua vez, é o fundamento escrito, de fato inclusive, que preferem unir os dois princípios em uma
ou de direito, que justifica a prática da referida medida. nomenclatura só. De fato, a Administração Pública deve
Exemplo: na hipótese de alguém sofrer uma multa por atentar-se a exageros no exercício de suas funções.

2
A proporcionalidade é um aspecto da razoabilidade 2. (ALESE – ANALISTA LEGISLATIVO ADMINISTRAÇÃO
voltado a controlar a justa medida na prática de atos – FCC – 2018) A Administração pública possui algumas
administrativos. Busca evitar extremos, exageros, pois prerrogativas inerentes às suas funções, que lhe
podem ferir o interesse público. permitem agir, em alguns casos, de modo a sobrepor
Segundo o art. 2º, par. único, VI, da Lei nº 9.784/1999, a vontade dos particulares, em prol do atendimento do
deve o Administrador agir com “adequação entre meios interesse público. Nesse sentido, considera-se exemplo
e fins, vedada a imposição de obrigações, restrições dessa prerrogativa o poder de:
e sanções em medida superior àquelas estritamente
necessárias ao atendimento do interesse público”. Na a) revogar licitações, por razões de conveniência e opor-
prática, a proporcionalidade também encontra sua tunidade e para atendimento do interesse público,
aplicação no exercício do poder disciplinar e do poder sempre que se identificar ilegalidades nos procedi-
de polícia. mentos.
Esses não são os únicos princípios que regem as b) limitar o direito de particulares, discricionariamente,
relações da Administração Pública. Porém, escolhemos sempre que a situação de fato demonstrar essa neces-
trazer com mais detalhes os princípios que julgamos sidade, independentemente de previsão legal.
ser mais característicos da Administração. Isso não quer c) alterar unilateralmente os contratos administrativos,
dizer que outros princípios não possam ser estudados ou por motivos de interesse público, mantido o equilíbrio
aplicados a esse ramo jurídico. A Administração também econômico-financeiro do contrato.
deve atender aos princípios da responsabilidade, d) editar decretos autônomos para disciplinar matérias
ao princípio da segurança jurídica, ao princípio do em tese, com efeitos gerais e abstratos, diante de la-
contraditório e ampla defesa, ao princípio da isonomia, cunas legais.
entre outros. e) criar pessoas jurídicas como forma de desconcentra-
ção das atividades da Administração pública.

Resposta: Letra C. A letra A está incorreta, pois ve-


EXERCÍCIOS COMENTADOS rificada algum vício de ilegalidade em qualquer ato
administrativo, a medida adequada é a anulação, não
1. (PREFEITURA DE CARUARU-PE – PROCURADOR DO a revogação. A letra B está incorreta, pois a atuação
MUNICÍPIO – FCC – 2018) Em relação aos princípios que da Administração Pública é sempre subordinada ao
regem a atuação da Administração Pública, é correto comando legal, uma vez que vigora, na atuação dos
afirmar que: agentes públicos, o princípio da legalidade. A letra D
está incorreta pois descreve uma hipótese de compe-
a) em relação ao princípio da legalidade, a Administração tência privativa do Chefe do Poder Executivo. A letra
Pública não é obrigada a fazer ou deixar de fazer algu- E está incorreta, pois a criação de pessoas jurídicas
ma coisa senão em virtude de lei. diversas é característica do fenômeno da descentra-
b) o princípio da eficiência impõe ao agente público um lização.
modo de atuar que produza resultados favoráveis à
consecução dos fins a serem alcançados pelo Estado.
c) o princípio da eficiência, dada a sua natureza finalística,
é prevalente em face do princípio da legalidade. ATO ADMINISTRATIVO: CONCEITO,
d) são aplicáveis à Administração Pública exclusivamente REQUISITOS, ATRIBUTOS, CLASSIFICAÇÃO
aqueles princípios mencionados no caput do art. 37 E ESPÉCIES; ATOS DISCRICIONÁRIOS
da Constituição da República Federativa do Brasil, que E VINCULADOS DO ADMINISTRADOR
são o da legalidade, da impessoalidade, da moralida- PÚBLICO; CONTROLE JURISDICIONAL DOS
de, da publicidade e da eficiência.
ATOS ADMINISTRATIVOS
e) o princípio da publicidade decorre do direito dos ad-
ministrados em ter acesso a informações de interesse
particular ou coletivo e, por essa razão, não admite a
existência de informações públicas sigilosas. Conceitos, requisitos, elementos, pressupostos,
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

classificação e espécies
Resposta: Letra B. A letra A está incorreta, pois pelo
princípio da legalidade, a Administração Pública é Conceitos e pressupostos
obrigada a fazer ou deixar de fazer alguma coisa sem-
pre em virtude de lei. A letra C está incorreta, pois o O ato administrativo é uma espécie de fato adminis-
princípio da eficiência não pode, jamais, se sobrepor trativo e é em torno dele que se estrutura a base teórica
à legalidade. A letra D está incorreta, pois à Admi- do direito administrativo.
nistração Pública são aplicados diversos princípios, e Por seu turno, “a expressão atos da Administração
não apenas aqueles contidos no caput do artigo 37 da traduz sentido amplo e indica todo e qualquer ato que
CF/1988. A letra E está incorreta, pois as informações se origine dos inúmeros órgãos que compõem o sistema
sigilosas devem ser resguardadas, e constituem em administrativo em qualquer dos Poderes. [...] Na verdade,
uma exceção ao princípio da publicidade. entre os atos da Administração se enquadram atos
que não se caracterizam propriamente como atos ad-

3
ministrativos, como é o caso dos atos privados da Ad- nam de fenômenos da natureza, cujos efeitos se refletem
ministração. Exemplo: os contratos regidos pelo direito na órbita administrativa. Assim, quando se fizer referência
privado, como a compra e venda, a locação etc. No mes- a fato administrativo, deverá estar presente unicamente a
mo plano estão os atos materiais, que correspondem aos noção de que ocorreu um evento dinâmico da Adminis-
fatos administrativos, noção vista acima: são eles atos da tração”3.
Administração, mas não configuram atos administrativos
típicos. Alguns autores aludem também aos atos políti- Requisitos ou elementos
cos ou de governo”1.
Com efeito, a expressão atos da Administração é mais 1) Competência: é o poder-dever atribuído a deter-
ampla. Envolve, também, os atos privados da Adminis- minado agente público para praticar certo ato ad-
tração, referentes às ações da Administração no atendi- ministrativo. A pessoa jurídica, o órgão e o agente
mento de seus interesses e necessidades operacionais e público devem estar revestidos de competência. A
instrumentais agindo no mesmo plano de direitos e obri- competência é sempre fixada por lei.
gações que os particulares. O regime jurídico será o de 2) Finalidade: é a razão jurídica pela qual um ato ad-
direito privado. Ex.: contrato de aluguel de imóveis, compra ministrativo foi abstratamente criado pela ordem
de bens de consumo, contratação de água/luz/internet. jurídica. A lei estabelece que os atos administrati-
Basicamente, envolve os interesses particulares da Admi- vos devem ser praticados visando a um fim, nota-
nistração, que são secundários, para que ela possa aten- damente, a satisfação do interesse público. Contu-
der aos interesses primários – no âmbito destes interesses do, embora os atos administrativos sempre tenham
primários (interesses públicos, difusos e coletivos) é que por objeto a satisfação do interesse público, esse
surgem os atos administrativos, que são atos públicos da interesse é variável de acordo com a situação. Se a
Administração, sujeitos a regime jurídico de direito público. autoridade administrativa praticar um ato fora da
Os atos administrativos se situam num plano superior finalidade genérica ou fora da finalidade específi-
de direitos e obrigações, eis que visam atender aos inte- ca, estará praticando um ato viciado que é chama-
resses públicos primários, denominados difusos e coleti- do “desvio de poder ou desvio de finalidade”.
vos. Logo, são atos de regime público, sujeitos a pressu- 3) Forma: é a maneira pela qual o ato se revela no
postos de existência e validade diversos dos estabelecidos mundo jurídico. Usualmente, adota-se a forma es-
para os atos jurídicos no Código Civil, e sim previstos na crita. Eventualmente, pode ser praticado por sinais
Lei de Ação Popular e na Lei de Processo Administrati- ou gestos (ex.: trânsito). A forma é sempre fixada
vo Federal. Ao invés de autonomia da vontade, haverá por lei.
a obrigatoriedade do cumprimento da lei e, portanto, a 4) Motivo (vontade): vontade é o querer do ato
administração só poderá agir nestas hipóteses desde que administrativo e dela se extrai o motivo, que é o
esteja expressa e previamente autorizada por lei2. acontecimento real que autoriza/determina a prá-
tica do ato administrativo. É o ato baseado em fa-
tos e circunstâncias, que o administrador por esco-
#FicaDica lher, mas deve respeitar os limites e intenções da
Atos da Administração ≠ Atos administrativos. lei. Nem sempre os atos administrativos possuem
Atos privados da Administração = atos da Ad- motivo legal. Nos casos em que o motivo legal
ministração → regime jurídico de direito pri- não está descrito na norma, a lei deu competência
vado. discricionária para que o sujeito escolha o motivo
Atos públicos da Administração = atos admi- legal (o motivo deve ser oportuno e conveniente).
nistrativos → regime jurídico de direito públi- A teoria dos Motivos Determinantes afirma que os
co. motivos alegados para a prática de um ato admi-
nistrativo ficam a ele vinculados de tal modo que
a prática de um ato administrativo mediante a ale-
Fato e ato administrativo gação de motivos falsos ou inexistentes determina
a sua invalidade.
Fato administrativo é a “atividade material no exercí- 5) Objeto (conteúdo): é o que o ato afirma ou de-
cio da função administrativa, que visa a efeitos de ordem clara, manifestando a vontade do Estado. A lei não
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

prática para a Administração. [...] Os fatos administrativos fixa qual deve ser o conteúdo ou objeto de um ato
podem ser voluntários e naturais. Os fatos administrati- administrativo, restando ao administrador preen-
vos voluntários se materializam de duas maneiras: 1ª) por cher o vazio nestas situações. O ato é branco/in-
atos administrativos, que formalizam a providência definido. No entanto, deve se demonstrar que a
desejada pelo administrador através da manifesta- prática do ato é oportuna e conveniente.
ção da vontade; 2ª) por condutas administrativas, que
refletem os comportamentos e as ações administrativas, Obs.: Quando se diz que a escolha do motivo e do
sejam ou não precedidas de ato administrativo formal. Já objeto do ato é discricionária não significa que seja arbi-
os fatos administrativos naturais são aqueles que se origi- trária, pois deve se demonstrar a oportunidade e a con-
veniência.
1 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administra-
tivo. 28. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2015.
2 BALDACCI, Roberto Geists. Direito administrativo. São Paulo: Pri- 3 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administra-
ma Cursos Preparatórios, 2004. tivo. 28. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2015.

4
Mérito = oportunidade + conveniência Avocação e delegação de competência

Nos termos do artigo 11 da Lei nº 9.784/1999, “a


#FicaDica competência é irrenunciável e se exerce pelos órgãos
Para memorizar, note que os requisitos do ato administrativos a que foi atribuída como própria, salvo
administrativo se apresentam sob o mnemôni- os casos de delegação e avocação legalmente admi-
co ComFiFoMOb: tidos”.
COMpetência Delegar é atribuir uma competência que seria sua a
FInalidade outro órgão/agente (pode ser vertical, quando houver
FOrma subordinação; ou horizontal, quando não houver subordi-
Motivo nação) – A delegação é parcial e temporária e pode ser
Objeto revogada a qualquer tempo. Não podem ser delegados os
seguintes atos: Competência Exclusiva, Edição de Ato de
Caráter Normativo, Decisão de Recursos Administrativos.
Competência administrativa: conceito e critérios Avocar é solicitar o que seria de competência de ou-
de distribuição tro para sua esfera de competência. Basicamente, é o
oposto de delegar. Na avocação, o chefe/órgão superior
A Constituição Federal fixa atribuições para as diver- pega para si as atribuições do subordinado/órgão infe-
sas esferas do Poder Executivo. Entretanto, seria impos- rior. Como exige subordinação, toda avocação é vertical.
sível impor que um único órgão as exercesse por com- O silêncio no direito administrativo
pleto. Por isso, tais atribuições são distribuídas entre os Relacionada à questão da forma do ato administrati-
diversos órgãos que compõem a Administração Pública. vo, surge a discussão sobre o silêncio do ato administra-
Esta divisão das atribuições entre os órgãos da Ad- tivo, se esse poderia ou não caracterizar a prática de um
ministração Pública é conhecida como competência. ato válido. Neste sentido:
Conceitua Carvalho Filho4 que “competência é o cír- “Uma questão interessante que merece ser analisada
culo definido por lei dentro do qual podem os agentes no tocante ao ato administrativo é a omissão da Admi-
exercer legitimamente sua atividade”, afirmando ainda nistração Pública ou, o chamado silêncio administrativo.
que a competência administrativa pode ser colocada em Essa omissão é verificada quando a administração deve-
plano diverso da competência legislativa e jurisdicional. ria expressar uma pronuncia quando provocada por ad-
A competência é pressuposto essencial do ato admi- ministrado, ou para fins de controle de outro órgão e,
nistrativo, devendo sempre ser fixada por lei ou pela não o faz. Para Celso Antônio Bandeira de Mello, o silên-
Constituição Federal. Vale ressaltar, no entanto, que a cio da administração não é um ato jurídico, mas quando
lei e a CF fixam as competências primárias, que abran- produz efeitos jurídicos, pode ser um fato jurídico ad-
gem o órgão como um todo; podendo existir atos in- ministrativo. [...] Denota-se que o silêncio pode consistir
ternos de organização que fixam as divisões de compe- em omissão, ausência de manifestação de vontade, ou
tências dentro dos órgãos, em seus diversos segmentos. não. Em determinadas situações poderá a lei determinar
A competência se reveste de dois atributos essen- a Administração Pública manifestar-se obrigatoriamente,
ciais: inderrogabilidade, pois não se transfere de um qualificando o silêncio como manifestação de vontade.
órgão a outro por mera vontade entre as partes ou por Nesses casos, é possível afirmar que estaremos diante de
consentimento do agente público; e improrrogabili- um ato administrativo. [...] Desta forma, quando o silêncio
dade, pois um órgão competente não se transmuta em é uma forma de manifestação de vontade, produz efeitos
incompetente mesmo diante de alteração da lei super- de ato administrativo. Isto porque a lei pode atribuir ao
veniente ao fato. silêncio determinado efeito jurídico, após o decurso de
O ato praticado por sujeito incompetente prescin- certo prazo. Entretanto, na ausência de lei que atribua
de de pressuposto essencial para o ato administrativo, determinado efeito jurídico ao silêncio, estaremos diante
sendo ele considerado inexistente e incapaz de produzir de um fato jurídico administrativo”5.
efeitos.
É possível fixar os critérios de competência nos se- Classificação
guintes moldes:
a) Quanto à matéria: abrange a especificidade da a) Classificação quanto ao seu alcance:
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

função, por exemplo, entre Ministérios e Secreta- 1) Atos internos: praticados no âmbito interno da
rias de diversas especialidades. Administração, incidindo sobre órgãos e agentes
b) Quanto à hierarquia: abrange a atribuição de administrativos.
atividades mais complexas a agentes/órgãos de 2) Atos externos: praticados no âmbito externo da
graus superiores dentro dos órgãos. Administração, atingindo administrados e contra-
c) Quanto ao lugar: abrange a descentralização ter- tados. São obrigatórios a partir da publicação.
ritorial de atividades.
d) Quanto ao tempo: abrange a atribuição de com- b) Classificação quanto ao seu objeto:
petência por tempo determinado, notadamente 1) Atos de império: praticados com supremacia em
diante de algum evento específico, como de cala- relação ao particular e servidor, impondo o seu
midade pública. obrigatório cumprimento.
4 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administra- 5 SCHUTA, Andréia. Breves considerações acerca do silêncio admi-
tivo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010. nistrativo. Migalhas, 24 jul. 2008.

5
2) Atos de gestão: praticados em igualdade de con- Quanto ao grau de subordinação à norma, os atos
dição com o particular, ou seja, sem usar de suas administrativos se classificam em vinculados ou discri-
prerrogativas sobre o destinatário. cionários. “Os atos vinculados são aqueles que tem o
3) Atos de expediente: praticados para dar anda- procedimento quase que plenamente delineados em
mento a processos e papéis que tramitam interna- lei, enquanto os discricionários são aqueles em que o
mente na administração pública. São atos de rotina dispositivo normativo permite certa margem de liber-
administrativa. dade para a atividade pessoal do agente público, es-
pecialmente no que tange à conveniência e oportuni-
c) Classificação dos atos quanto à formação (pro- dade, elementos do chamado mérito administrativo. A
cesso de elaboração): discricionariedade como poder da Administração deve
1) Ato simples: nasce por meio da manifestação de ser exercida consoante determinados limites, não se
vontade de um órgão (unipessoal ou colegiado) ou constituindo em opção arbitrária para o gestor público,
agente da Administração. razão porque, desde há muito, doutrina e jurisprudência
2) Ato complexo: nasce da manifestação de vontade repetem que os atos de tal espécie são vinculados em
de mais de um órgão ou agente administrativo. vários de seus aspectos, tais como a competência, forma
3) Ato composto: nasce da manifestação de vonta- e fim”6.
de de um órgão ou agente, mas depende de ou-
tra vontade que o ratifique para produzir efeitos e #FicaDica
tornar-se exequível.
Dentre as classificações, merece destaque
d) Classificação quanto à manifestação da vonta- aquela que recai sobre o caráter vinculado ou
de: discricionário de um ato administrativo.
1) Atos unilaterais: São aqueles formados pela ma- Ato vinculado – Obrigatório
nifestação de vontade de uma única pessoa. Ex.: – Não há margem para a Administração cum-
Demissão - Para Hely Lopes Meirelles, só existem prir de outra forma
os atos administrativos unilaterais. – A lei fixa requisitos e pressupostos de forma
2) Atos bilaterais: São aqueles formados pela mani- expressa e clara, rejeitando margem de inter-
festação de vontade de duas pessoas. pretação.
3) Atos multilaterais: São aqueles formados pela Ato discricionário – Facultativo
vontade de mais de duas pessoas. – O administrador decidirá caso a caso confor-
Ex.: Contrato administrativo. me critérios de oportunidade e conveniência
(o denominado mérito do ato administrativo)
e) Classificação quanto ao destinatário: – Há margem de interpretação que a própria
1) Atos gerais: dirigidos à coletividade em geral, lei deixa, afinal, a lei não pode tudo regular e
com finalidade normativa, atingindo uma gama de impedir por completo a atuação do adminis-
pessoas que estejam na mesma situação jurídica trador porque se caracterizaria ingerência do
nele estabelecida. O particular não pode impug- Legislativo no Executivo.
nar, pois os efeitos são para todos. – Não significa que o administrador pode agir
2) Atos individuais: dirigidos a pessoa certa e deter- de forma arbitrária, se seu ato discricionário
minada, criando situações jurídicas individuais. O não atender a parâmetros de razoabilidade e
particular atingido pode impugnar. proporcionalidade poderá ser questionado.

f) Classificação quanto ao seu regramento:


1) Atos vinculados: são os que possuem todos os
pressupostos e elementos necessários para sua FIQUE ATENTO!
prática e perfeição previamente estabelecidos em Cabe controle judicial dos atos administrativos
lei que autoriza a prática daquele ato. O adminis- discricionários? Não quanto ao mérito, porém
trador é um “mero cumpridor de leis”. Também se sim no caso de violação de parâmetros gerais
denomina ato de exercício obrigatório. do Direito Administrativo, como os princípios
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

2) Atos discricionários: são os atos que possuem da administração pública.


parte de seus pressupostos e elementos previa-
mente fixados pela lei autorizadora. No mínimo,
a competência, a finalidade e a forma estão pre- Atributos
viamente fixados na lei – são os pressupostos 1) Imperatividade: em regra, a Administração de-
vinculados. Aquilo que está em branco ou inde- creta e executa unilateralmente seus atos, não de-
finido na lei será preenchido pelo administrador. pendendo da participação e nem da concordância
Tal preenchimento deve ser feito motivadamente do particular. Do poder de império ou extroverso,
com base em fatos e circunstâncias que somente que regula a forma unilateral e coercitiva de agir
o administrador pode escolher. Contudo, tal esco- da Administração, se extrai a imperatividade dos
lha não é livre, os fatos e circunstâncias devem ser atos administrativos.
adequados (razoáveis e proporcionais) aos limites
6 http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revis-
e intenções da lei.
ta_artigos_leitura&artigo_id=3741

6
2) Autoexecutoriedade: em regra, a Administração Resposta: Certo. Conceitua-se ato simples como o que
pode concretamente executar seus atos indepen- nasce por meio da manifestação de vontade de um órgão
dente da manifestação do Poder Judiciário, mesmo (unipessoal ou colegiado) ou agente da Administração.
quando estes afetam diretamente a esfera jurídica Já o ato complexo é aquele que nasce da manifestação
de particulares. de vontade de mais de um órgão ou agente adminis-
3) Presunção de veracidade: todo ato editado ou trativo (o ato é uno, mas ocorrerá a manifestação de
publicado pela Administração é presumivelmente mais de um agente, todas igualmente relevantes). Já o
verdadeiro, seja na forma, seja no conteúdo, o que ato composto nasce da manifestação de vontade de um
se denomina “fé pública”. Evidente que tal presun-
órgão ou agente, mas depende de outra vontade que o
ção é relativa (juris tantum), mas é muito difícil de
ratifique para produzir efeitos e tornar-se exequível.
ser ilidida. Só pode ser quebrada mediante ação
declaratória de falsidade, que irá argumentar que
houve uma falsidade material (violação física do 3. (STM - ANALISTA JUDICIÁRIO - ADMINISTRATI-
documento que traz o ato) ou uma falsidade ide- VA - CESPE/2018) A respeito do direito administrativo,
ológica (documento que expressa uma inverdade). dos atos administrativos e dos agentes públicos e seu
4) Presunção de legitimidade: Sempre que a Admi- regime, julgue o item a seguir.
nistração agir se presume que o fez conforme a A licença consiste em um ato administrativo unilateral e
lei. Tal presunção é relativa (juris tantum), podendo discricionário.
contudo ser ilidida por qualquer meio de prova.
( ) CERTO ( ) ERRADO

#FicaDica Resposta: Errado. Licença é o ato administrativo uni-


Todo ato administrativo tem presunção de lateral e vinculado pelo qual a Administração faculta
veracidade e de legitimidade, mas nem todo àquele que preencha os requisitos legais o exercício
ato administrativo é imperativo (pode precisar de uma atividade.
da concordância do particular, a exemplo dos
atos negociais).
Atos administrativos em espécie

1) Atos normativos: são atos gerais e abstratos vi-


EXERCÍCIOS COMENTADOS sando a correta aplicação da lei. São exemplos:
decretos, regulamentos, regimentos, resoluções,
1. (STJ - TÉCNICO JUDICIÁRIO - ADMINISTRATIVA - deliberações, entre outros.
CESPE/2018) Julgue o item que se segue, a respeito dos A Administração, por intermédio da autoridade que
atos da administração pública. tem o poder de editá-los, elabora normativas buscando
Todos os fatos alegados pela administração pública são explicar e especificar um comando já contido em lei. Não
considerados verdadeiros, bem como todos os atos ad- cabe inovar nestas normativas, pois não cabe ao Executi-
ministrativos são considerados emitidos conforme a lei, vo legislar. Caso o Executivo transcenda seus poderes, o
em decorrência das presunções de veracidade e de legiti- Legislativo poderá sustar o ato.
midade, respectivamente. Surge neste ponto a discussão sobre Decretos autô-
nomos. A Constituição Federal prevê a competência do
( ) CERTO ( ) ERRADO Presidente da República para dispor sobre a organiza-
ção e o funcionamento da administração pública federal,
Resposta: Certo. Conforme a presunção de veracida- conforme art. 84, IV e VI da Constituição Federal: “IV -
de, todo ato editado ou publicado pela Administração sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como
é presumivelmente verdadeiro, seja na forma, seja no
expedir decretos e regulamentos para sua fiel execução;
conteúdo, o que se denomina “fé pública”. Já de acor-
[...] VI - dispor, mediante decreto, sobre: a) organização
do com a presunção de legitimidade, sempre que a
e funcionamento da administração federal, quando não
Administração agir se presume que o fez conforme a
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

lei. Ambas presunções são relativas (juris tantum). implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de
órgãos públicos; b) extinção de funções ou cargos públi-
2. (ABIN - OFICIAL TÉCNICO DE INTELIGÊNCIA - cos, quando vagos”. Assim o Executivo desempenha seu
CONHECIMENTOS GERAIS - CESPE/2018) No que se poder regulamentar: regulando para buscar a fiel execu-
refere a atos administrativos, julgue o item que se segue. ção de uma lei específica ou para organizar a adminis-
Na classificação dos atos administrativos, um critério co- tração sem ônus (no último caso, estaríamos diante dos
mum é a formação da vontade, segundo o qual, o ato chamados decretos autônomos7).
pode ser simples, complexo ou composto. O ato comple-
xo se apresenta como a conjugação de vontade de dois 2) Atos ordinatórios: disciplinam o funcionamento
ou mais órgãos, que se juntam para formar um único ato da Administração e a conduta de seus agentes.
com um só conteúdo e finalidade. Possuem, assim, um caráter interno.

( ) CERTO ( ) ERRADO 7 LENZA, Pedro. Direito constitucional esquematizado. 15. ed. São
Paulo: Saraiva, 2011.

7
Se ligam ao aspecto do poder hierárquico, notada- Quanto à responsabilização daquele que emitiu o
mente, os poderes de ordenar, comandar, fiscalizar e parecer, deverá ser considerada a natureza do parecer
corrigir as condutas. Tais atos envolvem delegação de para determinar se há ou não responsabilidade solidá-
competência, avocação de competência, expedição de ria. No caso em que o parecer não vincula o adminis-
ordem de serviço e instruções específicas (de caráter não trador, podendo este praticar o ato seguindo ou não o
normativo). posicionamento defendido e sugerido por quem emitiu
São exemplos: instruções, circulares, avisos, portarias, o parecer, este não pode ser considerado responsável
ofícios, despachos administrativos, decisões administra- solidariamente com o agente que possui a competência
tivas. e atribuição para o ato administrativo decisório. Contu-
do, no caso de parecer vinculante, há responsabilidade
3) Atos negociais: são aqueles estabelecidos entre solidária8.
Administração e administrado em consenso. Em
suma, o particular solicita e a Administração res-
ponde – daí haver uma certa bilateralidade, que,
contudo, se difere da típica bilateralidade de negó- EXERCÍCIOS COMENTADOS
cios jurídicos de natureza civil, pois não existe uma
relação de contraprestação usual nos contratos.
1. (STJ - ANALISTA JUDICIÁRIO - JUDICIÁRIA - CES-
Como são solicitados pelo particular, estes atos não
são dotados do atributo da imperatividade. Geralmente, PE/2018) Julgue o item a seguir, relativo aos atos adminis-
o poder público terá discricionariedade em atender ou trativos.
não a solicitação (mas a negativa deve ser razoável). São exemplos de atos administrativos normativos os decre-
São exemplos: licenças, autorizações, permissões, tos, as resoluções e as circulares.
aprovações, vistos, dispensa, homologação, renúncia.
( ) CERTO ( ) ERRADO
4) Atos enunciativos: são aqueles em que a Admi-
nistração certifica ou atesta um fato sem vincular ao Resposta: Errado. Os atos normativos são aqueles que
seu conteúdo. São atos administrativos apenas no tem por objetivo definir os parâmetros de execução
sentido formal, pois não manifestam uma vontade da lei e, como ela, possuem generalidade e abstração.
da Administração, mas sim apenas declaram certa in- Consideram-se atos normativos os decretos e as reso-
formação. Não possuem conteúdo decisório. luções. Contudo, as circulares, cujo propósito é circular
São exemplos: atestados, certidões, pareceres. uma informação interna importante ao desempenho
das funções do órgão, orientando seus servidores, ca-
5) Atos punitivos: são aqueles que emanam punições recem de generalidade e abstração, inserindo-se na ca-
aos servidores. Se insere no campo do poder disci- tegoria de atos ordinatórios, cujo propósito é viabilizar
plinar. o exercício do poder hierárquico, disciplinando o fun-
São exemplos: advertências, suspensões, cassações e cionamento da administração e a atuação dos agentes.
destituições.
2. (CGM DE JOÃO PESSOA/PB - CONHECIMENTOS
Parecer: responsabilidade do emissor BÁSICOS - CARGOS: 1, 2 E 3 - CESPE/2018) Julgue o
item a seguir, relativo a atributos, espécies e anulação
Para entender a controvérsia, basta pensar que se, por dos atos administrativos.
um lado, se os atos administrativos são apenas aqueles Regulamento e ordem de serviço são exemplos, respec-
que exteriorizam uma declaração de vontade do Estado,
tivamente, de ato administrativo normativo e de ato ad-
estariam em regra excluídos os atos de juízo, conheci-
ministrativo ordinatório.
mento e opinião; por outro lado, se os atos administrati-
vos abrangem toda declaração do Estado, teoricamente
( ) CERTO ( ) ERRADO
poderiam ser englobados os atos de juízo, conhecimento
e opinião. Os pareceres nada mais são do que atos que
exteriorizam juízos, conhecimentos ou opiniões. Resposta: Certo. Regulamento tem por fim disciplinar
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

É possível classificar os pareceres em: parecer facul- o cumprimento de uma lei, possuindo generalidade e
tativo, quando faculta algo a alguém (geralmente auto- abstração, sendo assim um ato normativo. Já a ordem
ridade superior a inferior), não sendo obrigatória nem a de serviço visa determinar a um servidor que exerça
sua solicitação e nem que se siga a opinião emanada; determinada atividade de sua alçada, caracterizando-
parecer técnico, que se diferencia do facultativo apenas -se por sua especificidade e pela relevância no exer-
no aspecto de emanar de um agente especializado, com cício do poder hierárquico pela Administração, sendo
habilidade técnica específica, sem relação de hierarquia; assim um ato ordinatório.
parecer obrigatório, cuja lei obriga a sua solicitação, mas
não há obrigação em se seguir a opinião emanada; pare-
cer normativo, cujo caráter se torna genérico e abstrato
como uma lei; parecer vinculante, que nada mais é do 8 CRISTóVAM, José Sérgio da Silva; MICHELS, Charliane. O parecer
que um parecer de solicitação obrigatória e cuja opinião jurídico e a atividade administrativa: Aspectos destacados acerca da
natureza jurídica, espécies e responsabilidade do parecerista. Âmbi-
necessariamente deve ser seguida.
to Jurídico, Rio Grande, XV, n. 101, jun. 2012.

8
Validade, vícios, convalidação e extinção do ato O ato inexistente é aquele que não reúne os elemen-
administrativo tos necessários à sua formação e, assim, não produz
qualquer consequência jurídica. Já o ato nulo é o ato que
Validade, eficácia e autoexecutoriedade do ato ad- embora reúna os elementos necessários a sua existência,
ministrativo foi praticado com violação da lei, da ordem pública, dos
bons costumes ou com inobservância da forma legal10.
Destaca-se esquemática trazida por Baldacci9:
- Quando todos os pressupostos especiais exigidos por Atos administrativos nulos e anuláveis/Teoria das
lei estiverem presentes, falamos que o ato é perfeito nulidades
(P).
- Quando estes pressupostos preenchidos respeita- “Ato nulo é aquele que nasce com vício insanável, nor-
rem o que a lei exige, falamos que é válido (V). malmente resultante da ausência de um de seus elementos
- Quando está apto a surtir seus efeitos próprios fala- constitutivos, ou de defeito substancial em algum deles (por
mos que é eficaz (E). exemplo, o ato com motivo inexistente, o ato com objeto
não previsto em lei e o ato praticado com desvio de finalida-
1) P + V = E. Os atos perfeitos e válidos são eficazes de). O ato nulo está em desconformidade com a lei o com os
em regra. princípios jurídicos (é um ato ilegal e ilegítimo) e seu defeito
2) P + V = ineficaz. Os atos perfeitos e válidos po- não pode ser convalidado (corrigido). O ato nulo não pode
dem não ser eficazes se estiver pendente o imple- produzir efeitos válidos entre as partes. [...] Ato inexistente
mento de condição. é aquele que possui apenas aparência de manifestação de
3) P + inválido = ineficaz. O ato perfeito e inválido vontade da administração pública, mas, em verdade, não se
é, em regra, ineficaz. origina de um agente público, mas de alguém que se pas-
4) P + inválido = eficaz. O ato perfeito e inválido sa por tal condição, como o usurpador de função. [...] Ato
pode ser eficaz se já tiver gerado efeitos próprios e anulável é o que apresenta defeito sanável, ou seja, passível
for relevante para a segurança jurídica manter tais de convalidação pela própria administração que o praticou,
efeitos. desde que ele não seja lesivo ao interesse público, nem cau-
5) Imperfeito = inválido + ineficaz. O ato imperfei- se prejuízo a terceiros. São sanáveis o vício de competência
quanto à pessoa, exceto se se tratar de competência exclusi-
to não é válido e nem eficaz.
va, e o vício de forma, a menos que se trate de forma exigida
6) Imperfeito = inválido + eficaz. O ato imperfei-
pela lei como condição essencial à validade do ato”11.
to pode gerar efeitos impróprios, que não depen-
dem da execução do ato, como o efeito impróprio
Vícios do ato administrativo
reflexo (repercussão em outros atos ou situações
jurídicas) e o efeito impróprio prodrômico (efeito
Os vícios dos atos administrativos podem se referir
de natureza procedimental que implica numa pro-
a sujeitos, notadamente: a) Vícios de incompetência do
vidência ou etapa necessária para aperfeiçoamen- sujeito – pode restar caracterizado o crime de usurpação
to do ato, como a manifestação de um segundo de função (artigo 328, CP), gerando ato inexistente; pode
agente ou órgão). caracterizar excesso de poder, quando excede os limites
7) Imperfeito = válido + ineficaz. O ato imperfeito da competência que tem, o sujeito pode incidir no crime
pode preencher os requisitos de validade, mas se de abuso de autoridade; pode se detectar função de fato,
lhe faltar um pressuposto especial será imperfeito quando quem pratica o ato está irregularmente investido
e, logo, ineficaz. no cargo, emprego ou função – situação com aparên-
cia de legalidade – ato considerado válido; b) Vícios de
Quanto à autoexecutoriedade, atributo do ato ad- incapacidade do sujeito – pode haver impedimento ou
ministrativo, em regra, a Administração pode concreta- suspeição, ambos casos de anulabilidade.
mente executar seus atos independente da manifestação Os vícios dos atos administrativos também podem se
do Poder Judiciário, mesmo quando estes afetam direta- referir ao objeto, quando ele for proibido por lei – ato
mente a esfera jurídica de particulares. ilegal = nulo; diverso do previsto legalmente para o caso
concreto; impossível (exemplo: a nomeação para cargo
Ato administrativo inexistente que não existe); imoral; indeterminado (desapropriação
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

de bem não definido com precisão).


A doutrina, de forma amplamente majoritária, nega Os vícios podem atingir a forma, quando a lei ex-
relevância jurídica aos chamados atos administrativos pressamente exige e não é respeitada, e ainda o motivo,
inexistentes sob o fundamento de que seriam equivalen- quando pressupostos de fato e/ou de direito não existem
tes aos atos nulos. e/ou são falsos.
Feita a ressalva, coloca-se a lição de Celso Antonio Por fim, tem-se os vícios relativos à finalidade, que
Bandeira de Melo ao discorrer sobre os atos administra- são desvio de poder ou desvio de finalidade, quando o
tivos inexistentes no sentido de que “consistem em com- agente pratica ato administrativo sem observar o inte-
portamentos que correspondem a condutas criminosas, resse público e/ou o objetivo (finalidade) previsto em lei.
portanto, fora do possível jurídico e radicalmente veda- 10 http://www.tecnolegis.com/estudo-dirigido/auditor-fiscal-do-
das pelo Direito”. -trabalho-2009/direito-administrativo-ato-administrativo-inexis-
tente.htm
9 BALDACCI, Roberto Geists. Direito administrativo. São Paulo: Pri- 11 ALEXANDRINO, Marcelo; PAULO, Vicente. Direito administrativo
ma Cursos Preparatórios, 2004. descomplicado. 16. ed. São Paulo: Método, 2008.

9
Teoria dos motivos determinantes ção do ato; contraposição ou derrubada, que é a
retirada do ato administrativo em decorrência de
“A teoria dos motivos determinantes está relaciona- ser expedido outro ato fundado em competência
da a prática de atos administrativos e impõe que, uma diversa da do primeiro, mas que projeta efeitos
vez declarado o motivo do ato, este deve ser respeitado. antagônicos ao daquele, de modo a inibir a con-
Esta teoria vincula o administrador ao motivo declarado. tinuidade da sua eficácia; caducidade, que é a re-
Para que haja obediência ao que prescreve a teoria, no tirada do ato administrativo em decorrência de ter
entanto, o motivo há de ser legal, verdadeiro e compa- sobrevindo norma superior que torna incompatível
tível com o resultado. Vale dizer, a teoria dos motivos a manutenção do ato com a nova realidade jurídica
determinantes não condiciona a existência do ato, mas instaurada.
sim sua validade”12. 4) Renúncia: É a extinção do ato administrativo eficaz
Convalidação do ato administrativo em virtude de seu beneficiário não mais desejar a
sua continuidade. A renúncia só tem cabimento
em atos que concedem privilégios e prerrogativas.
Convalidação é o ato administrativo que, com efeitos
5) Recusa: É a extinção do ato administrativo inefi-
retroativos, sana vício de ato antecedente, de modo a tor-
caz em decorrência do seu futuro beneficiário não
ná-lo válido desde o seu nascimento, ou seja, é um ato pos-
manifestar concordância, tida como indispensável
terior que sana um vício de um ato anterior, transforman- para que o ato pudesse projetar regularmente seus
do-o em válido desde o momento em que foi praticado. efeitos. Se o futuro beneficiário recusa a possibili-
Há alguns autores que não aceitam a convalidação dade da eficácia do ato, esse será extinto.
dos atos, sustentando que os atos administrativos so-
mente podem ser nulos. Os únicos atos que se ajustariam Cassação
à convalidação seriam os atos anuláveis.
Cassação é a retirada do ato administrativo em de-
Existem três formas de convalidação: corrência do beneficiário ter descumprido condição tida
- Ratificação: é a convalidação feita pela própria auto- como indispensável para a manutenção do ato. Embora
ridade que praticou o ato; legítimo na sua origem e na sua formação, o ato se torna
- Confirmação: é a convalidação feita por autoridade ilegal na sua execução a partir do momento em que o
superior àquela que praticou o ato; destinatário descumpre condições pré-estabelecidas. Por
- Saneamento: é a convalidação feita por ato de ter- exemplo, uma pessoa obteve permissão para explorar o
ceiro, ou seja, não é feita nem por quem praticou o serviço público, porém descumpriu uma das condições
ato nem por autoridade superior. para a prestação desse serviço. Vem o Poder Público e, a
Não se deve confundir a convalidação com a con- título de penalidade, procede a cassação da permissão.
versão do ato administrativo. Há um ato viciado e, para
regularizar a situação, ele é transformado em outro, de Anulação
diferente tipologia. O ato nulo, embora não possa ser
convalidado, poderá ser convertido, transformando-se Anulação é a retirada do ato administrativo em decor-
em ato válido. rência de sua invalidade, reconhecida judicial ou admi-
nistrativamente, preservando-se os direitos dos terceiros
Extinção dos atos administrativos de boa-fé. Trata-se da supressão do ato administrativo,
com efeito retroativo, por razões de ilegalidade e ilegiti-
midade. Cabe o exame pelo Poder Judiciário (razões de
Pode se dar nas seguintes situações:
legalidade e legitimidade) e pela Administração Pública
1) Cumprimento dos seus Efeitos: Cumprindo todos
(aspectos legais e no mérito). Gera efeitos retroativos (ex
os seus efeitos, não terá mais razão de existir sob o
tunc), invalida as consequências passadas, presentes e
ponto de vista jurídico. futuras.
2) Desaparecimento do Sujeito ou do Objeto do
Ato: Se o sujeito ou o objeto perecer, o ato será Revogação
considerado extinto.
3) Retirada: Ocorre a edição de outro ato jurídico Revogação é a retirada do ato administrativo em de-
que elimina o ato. Pode se dar por anulação, que é corrência da sua inconveniência ou inoportunidade em
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

a retirada do ato administrativo em decorrência de face dos interesses públicos, sendo o ato válido e pratica-
sua invalidade, reconhecida judicial ou administra- do dentro da Lei, efetuando-se a revogação na via admi-
tivamente, preservando-se os direitos dos terceiros nistrativa. Trata-se da extinção de um ato administrativo
de boa-fé; por revogação, que é a retirada do ato legal e perfeito, por razões de conveniência e oportuni-
administrativo em decorrência da sua inconveni- dade, pela Administração, no exercício do poder discri-
ência ou inoportunidade em face dos interesses cionário. O ato revogado conserva os efeitos produzidos
públicos, sendo o ato válido e praticado dentro da durante o tempo em que operou. A partir da data da
Lei, efetuando-se a revogação na via administrati- revogação é que cessa a produção de efeitos do ato até
va; cassação, que é a retirada do ato administrati- então perfeito e legal. Só pode ser praticado pela Ad-
vo em decorrência do beneficiário ter descumprido ministração Pública por razões de oportunidade e con-
condição tida como indispensável para a manuten- veniência, não cabendo a intervenção do Poder Judiciá-
rio. A revogação não pode atingir os direitos adquiridos,
12 https://lfg.jusbrasil.com.br/noticias/2605114/em-que-consiste- logo, produz efeitos ex nunc, não retroage.
-a-teoria-dos-motivos-determinantes-aurea-maria-ferraz-de-sousa

10
#FicaDica

Anulação Revogação Convalidação


Correção de atos com vícios que
Retirada de atos válidos e não
Retirada de atos inválidos podem ser sanados, respeitado
viciados, respeitado o direito
eivados por vícios ilegais o interesse público e preservado
adquirido
o direito de terceiros
Efeitos ex tunc Efeitos ex nunc Efeitos ex tunc
Cabe por parte da Administração Cabe apenas por parte da Cabe apenas por parte da
e do Judiciário Administração Administração
Incide sobre atos vinculados e Incide apenas atos Incide sobre atos vinculados ou
discricionários discricionários discricionários
Se o vício for insanável a Sempre será um ato
anulação é um ato vinculado; Sempre será um ato discricionário, pois o
se o vício for sanável é um ato discricionário, pois apenas se administrador pode optar
discricionário (pode optar por revogam atos com esta natureza entre anulação e convalidação
convalidar) quando o vício for sanável
Justificativa - conveniência e Justificativa - supremacia do
Justificativa - ilegalidade
oportunidade interesse público
Prazo - 5 anos Não há prazo Não há prazo

EXERCÍCIOS COMENTADOS

1. (STJ - ANALISTA JUDICIÁRIO - ADMINISTRATIVA - CESPE/2018) Julgue o item a seguir, relativo aos atos
administrativos.
No caso de vício de competência, cabe a revogação do ato administrativo, desde que sejam respeitados eventuais
direitos adquiridos de terceiros e não tenha transcorrido o prazo de cinco anos da prática do ato.

( ) CERTO ( ) ERRADO

Resposta: Errado. Em se tratando de vício de competência, cabe anulação, pois a revogação incide sobre o mérito
do ato administrativo, já a competência vem definida em lei, o que torna o ato de sua definição vinculado. Sendo
vinculado o ato, a existência de vício poderá gerar anulação ou convalidação, sendo que a segunda apenas será
possível se o vício de competência for sanável e a critério discricionário do administrador.

2. (STJ - ANALISTA JUDICIÁRIO - ADMINISTRATIVA - CESPE/2018) Julgue o item a seguir, relativo aos atos
administrativos.
O ato administrativo praticado com desvio de finalidade pode ser convalidado pela administração pública, desde que
não haja lesão ao interesse público nem prejuízo a terceiros.

( ) CERTO ( ) ERRADO
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Resposta: Errado. Para que um ato possa ser convalidado, é necessário observar se o vício é sanável. Não são sa-
náveis os vícios que afetam diretamente um dos elementos do ato administrativo – e a finalidade é um deles. Sem a
devida finalidade, nenhum ato atende seu preceito máximo, a legalidade.

3. (STJ - TÉCNICO JUDICIÁRIO - ADMINISTRATIVA - CESPE/2018) Julgue o item que se segue, a respeito dos
atos da administração pública.
A motivação do ato administrativo pode não ser obrigatória, entretanto, se a administração pública o motivar, este
ficará vinculado aos motivos expostos.

( ) CERTO ( ) ERRADO

Resposta: Certo. O enunciado descreve a clássica teoria dos motivos determinantes, segundo a qual, uma vez exa-
rado o motivo do ato, este vinculará o administrador. Neste sentido, por exemplo, se forem resolvidos os problemas
expostos no motivo para a negação de uma solicitação, a decisão deverá mudar.

11
Com base nessas considerações, passemos a desta-
car alguns pontos importantes da referida legislação. De
PROCESSO ADMINISTRATIVO início, o art. 1º, § 2º da Lei nº 9.784/1999 procura deli-
mitar três importantes conceitos. Órgão é a unidade de
atuação integrante da estrutura da Administração direta
PROCESSO ADMINISTRATIVO e da estrutura da Administração indireta; entidade é a
unidade de atuação dotada de personalidade jurídica; e
A necessidade de se instaurar um processo, isso é, autoridade é o servidor ou agente público dotado de
uma sequência de atos para o exercício da jurisdição, poder de decisão.
tem seu fundamento no princípio constitucional do
devido processo legal. O devido processo legal pode 1.1 Princípios do processo administrativo:
ser compreendido como o “escudo da humanidade” O caput do art. 2º da Lei nº 9.784/1999 elenca os princípios
contra a prática de atos abusivos por parte do Estado. pelos quais a Administração Pública tem o dever de obedecer
e que regem o processo administrativo. São eles:
Seu fundamento legal está previsto no art. 5º, LIV, da
A) Legalidade: é o dever de atuação conforme a lei e
Constituição Federal, o qual assegura que ninguém será
o direito positivado.
privado da liberdade ou de seus bens sem o devido
B) Impessoalidade: tem por objetivo vedar a
processo legal. promoção pessoal de agentes e autoridades
A obrigatoriedade do devido processo legal não se C) Finalidade: a persecução do interesse público é
aplica somente à seara judicial, mas também vincula a primordial na conduta dos agentes administrativos,
Administração Pública e o Poder Legislativo, pois no pois é o seu objetivo maior.
moderno Estado de Direito, a validade das decisões D) Moralidade: a atuação dos agentes públicos deve
praticadas por órgãos e agentes governamentais está seguir os padrões de lealdade, decoro e boa-fé.
condicionada ao cumprimento de um rito procedimental E) Publicidade: o dever de transparência que resulta
previamente estabelecido. Por isso, é de grande a publicação dos atos administrativos de relevante
importância o estudo do processo administrativo interesse para a população.
disciplinar, que visa a dar maior transparência e garantia F) Razoabilidade e proporcionalidade: exige uma
do exercício de uma boa Administração para os linha lógica e adequação entre o fim almejado e o
particulares. meio utilizado para tal fim, abstendo-se de praticar
exageros.
G) Obrigatória motivação: as decisões tomadas
#FicaDica pelas autoridades devem conter pressupostos de
Processo ou procedimento administrativo? fato e de direito que justifiquem as mesmas.
Apesar de não serem a mesma coisa, ambos H) Segurança jurídica: exige que a interpretação das
possuem uma forte relação intrínseca. “Pro- normas administrativas seja sempre a que melhor
cesso” é o termo utilizado para designar a re- atenda aos interesses dos administrados, sendo
lação jurídica estabelecida entre as partes e, vedada sua aplicação retroativa, pois isso feriria o
por isso, denomina-se processo administrativo ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa
o vínculo estabelecido entre o Poder Público julgada.
I) Contraditório e ampla defesa: para cada ato e
e o particular para a tomada de uma decisão.
cada alegação feita no processo em questão, é
“Procedimento”, por sua vez, refere-se a uma
assegurado o direito de manifestação da parte
sequência ordenada de atos que culminam na contrária, principalmente nos processos em que
tomada da decisão. Procedimento é o meio resultem em sanções e nas situações de litígio.
pelo qual se atende aos fins do processo.
1.2 Direitos e deveres dos administrados
1. Processo Administrativo e a Lei nº 9.784/1999 O termo “administrado”, hoje com pouca utilização,
é usado na referida Lei para designar o usuário ou ci-
Com o objetivo de regulamentar a disciplina dadão que é administrado pelo Poder Público. A Lei nº
constitucional do processo administrativo, a Lei 9.784/1999 elenca uma série de direitos e deveres aos
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

nº 9.784/1999, denominada “Lei do Processo referidos administrados.


Administrativo”, dispõe sobre normas básicas sobre o Assim, os usuários e cidadãos possuem as seguintes
referido processo no âmbito da Administração Federal garantias (art. 3º): a) ser tratado com respeito pelas auto-
direta e indireta, visando a proteção dos direitos dos ridades e servidores, que deverão facilitar o exercício de
administrados e ao melhor cumprimento dos fins da seus direitos e o cumprimento de suas obrigações; b) ter
Administração Pública. Trata-se de lei federal, aplicável ciência da tramitação dos processos administrativos em
somente no âmbito da União, com incidência no Poder que tenha a condição de interessado, ter vista dos autos,
Executivo, e também nos Poderes Legislativo e Judiciário, obter cópias de documentos neles contidos e conhecer
no exercício de suas funções atípicas. Entretanto, o STJ as decisões proferidas; c) formular alegações e apresen-
pacificou entendimento de que a referida Lei de Processo tar documentos antes da decisão, os quais serão obje-
Administrativo pode ser aplicável, subsidiariamente, às to de consideração pelo órgão competente; d) fazer-se
demais entidades federais que não possuam lei própria assistir, facultativamente, por advogado, salvo quando
versando sobre o tema. obrigatória a representação, por força de lei.

12
Por outro lado, o art. 4º da Lei de Processo Adminis- É ônus da parte apresentar provas sobre os fatos
trativo elenca os deveres a ser cumpridos pelos adminis- alegados pela mesma, na forma do artigo 36 da
trados no decurso do processo: a) expor os fatos con- referida Lei, independentemente de atuação sem
forme a verdade; b) proceder com lealdade, urbanidade prejuízo da atuação do órgão competente e o dever
e boa-fé; c) não agir de modo temerário; e d) prestar as deste providenciar os documentos oriundos da
informações que lhe forem solicitadas e colaborar para o própria Administração. Com isso, procura-se atribuir a
esclarecimento dos fatos. Administração Pública o exercício de suas funções de
modo adequado e correto, não podendo se prender ao
1.3 Instauração e legitimidade ônus da prova para escusar-se de promover uma má-
administração. Importante ressaltar também a vedação
A Administração Pública apresenta uma dinamicidade
a da produção e utilização de provas obtidas por meios
muito maior do que o Judiciário, uma vez que pode agir
de ofício, isso é, sem a provocação do interessado. É ilícitos (art. 30, Lei nº 9.784/1999).
possível, evidentemente, que o processo administrativo É possível, também, a instauração de medida cautelar,
possa ser instaurado a requerimento, o qual deverá ser na forma do artigo 45 da Lei nº 9.784/1999, podendo ser
formulado por escrito e constar os seguintes elementos: instaurada sem a prévia manifestação do interessado, em
a) órgão ou autoridade administrativa a que se dirige; b) caso de risco iminente que possa prejudicar o objeto do
identificação do interessado ou de quem o represente; processo.
c) domicílio do requerente ou local para recebimento de
comunicações; d) formulação do pedido, com exposição 1.5 Dever de decidir e desistência
dos fatos e de seus fundamentos; e e) data e assinatura
do requerente ou de seu representante. Na verdade, a A Administração Pública tem o dever de emitir decisão
instauração do processo pode ser de ofício, ainda que (art. 48, Lei nº 9.784/1999) expressa nos processos
haja provocação de uma das partes. administrativos e sobre as solicitações e reclamações
Quanto à legitimidade para a instauração do que receber, uma vez que faz parte de sua competência.
processo, o art. 9º da mesma Lei elenca um rol taxativo de Trata-se de uma consequência lógica do direito de
interessados: I - pessoas físicas ou jurídicas que o iniciem petição, constitucionalmente garantido a todo cidadão.
como titulares de direitos ou interesses individuais ou no Encerrada a instrução, terá o prazo de até 30 (trinta)
exercício do direito de representação; II - aqueles que,
dias para decidir, salvo prorrogação por igual período
sem terem iniciado o processo, têm direitos ou interesses
expressamente motivada.
que possam ser afetados pela decisão a ser adotada;
III - as organizações e associações representativas, no Admite-se a desistência do processo, por parte do
tocante a direitos e interesses coletivos; IV - as pessoas interessado, nos termos do art. 51 da referida Lei. Para
ou as associações legalmente constituídas quanto a tanto, deverá o interessado manifestar-se por escrito,
direitos ou interesses difusos. Em termos de capacidade com o pedido de desistência total ou parcial do pleito,
processual, o art. 10 dispõe que são considerados capazes ou ainda renunciar direitos disponíveis. A desistência ou
os maiores de dezoito anos, ressalvada previsão especial renúncia do interessado, conforme o caso, não prejudica
em ato normativo próprio. o prosseguimento do processo, se a Administração
considerar que o interesse público assim o exige.
1.4 Competência, forma, tempo e lugar
1.6 Recursos administrativos
Nos termos do art. 11 da Lei de Processo Adminis-
trativo, a competência é irrenunciável e se exerce pelos Todas as decisões adotadas em processo administrativo
órgãos administrativos a que foi atribuída como própria, são passíveis de recurso, caso em que haverá um reexame
salvo os casos de delegação e avocação legalmente ad- quanto a questões de legalidade e de mérito dos atos
mitidos. A delegação é o fenômeno pelo qual uma au- administrativos objeto do litígio. O recurso deve ser
toridade distribui suas competências para uma entidade dirigido à autoridade que proferiu a decisão para que, no
ou órgãos distintos, podendo estar na mesma linha hie-
prazo de 5 dias, tenha a oportunidade de reconsiderar sua
rárquica ou não, embora haja alguns casos em que a de-
decisão. Se não o fizer, encaminhará a peça recursal para
legação é legalmente vedada, como a edição de atos de
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

caráter normativo, a decisão de recursos administrativos, a autoridade hierarquicamente superior, se for recurso
e as matérias de competência exclusiva da autoridade. A hierárquico próprio, ou para a entidade que exerce tutela
avocação, por sua vez, traduz-se na absorção de compe- sobre a que proferiu a decisão, tratando-se de recurso
tências, hipótese em que o órgão ou o titular chama para hierárquico impróprio. O prazo para a interposição do
si atribuições de competência de órgão hierarquicamen- recurso cabível é de 10 (dez) dias, contados a partir da
te inferior. divulgação oficial da decisão administrativa. Vejamos, em
Em relação a forma, a lei citada não atribui nenhum detalhes, os principais recursos administrativos:
requisito solene para o processo administrativo, apenas A) Representação: é uma denúncia formal de
exige que os atos processuais deverão ser produzidos irregularidade, feita por qualquer indivíduo, com
por escrito, em vernáculo, com data e local de sua rea- previsão no art. 37, § 3º, III, da CF/1988, e que
lização e assinatura da autoridade responsável. Os atos gera à Administração o dever-poder de apurar a
são realizados em dias úteis, no horário de funcionamen- irregularidade, se houver. Trata-se, por isso, de ato
to da repartição na qual tramita o processo. vinculado.

13
B) Reclamação administrativa: É o ato pelo qual o b) possui direito de ter vista dos autos e de obter cópias
administrado, particular ou servidor público, deduz de documentos neles contidos, fazendo-se assistir, fa-
uma pretensão perante a administração pública, cultativamente, por advogado, salvo quando obriga-
visando obter o reconhecimento de um direito ou a tória a representação, por força de lei.
correção de um ato que lhe cause ou na iminência c) não pode ter vista dos autos, tampouco obter cópias
de causar lesão. A interposição da reclamação não de documentos nele contidos sem a assistência obri-
impede a apreciação do pleito pelo Judiciário, gatória de um advogado, já que para tais atos é sem-
mas a reclamação interposta dentro do prazo de pre necessária a representação.
1 ano, contado da ocorrência do ato, suspende a d) possui direito de ter vista dos autos e de obter cópias
prescrição quinquenal deste. de documentos neles contidos, fazendo-se assistir, fa-
C) Pedido de reconsideração: é uma solicitação cultativamente, por advogado, ressalvado o direito de
feita à autoridade que já expediu o ato, para que o conhecer as decisões proferidas, ato este que obriga
modifique ou o invalide, nos moldes do requerente. sempre a assistência de um advogado, por meio de
A reconsideração não suspende a prescrição do
representação.
Judiciário.
e) possui direito de ter vista dos autos e de obter cópias
D) Recurso hierárquico próprio: é aquele endereçado
de documentos neles contidos, fazendo-se assistir, fa-
a autoridade superior à que praticou o ato
recorrido. Pode ser interposto sem a necessidade cultativamente, por advogado, sem, contudo, poder
de previsão legal, uma vez que a revisão dos formular alegações e apresentar documentos antes
atos pela autoridade hierarquicamente superior da decisão, já que para tanto é sempre obrigatória a
àquela que praticou o ato é uma de suas tarefas assistência de um advogado, por meio de represen-
inerentes. Vale ressaltar que o recurso hierárquico tação.
independe de caução ou qualquer tipo de garantia
em dinheiro, conforme dispõe a Súmula Vinculante Resposta: Letra B. A letra A está incorreta, pois o di-
nº 21 do STF. reito à assistência de um advogado para acompanhar
E) Recurso hierárquico impróprio: é aquele dirigido os atos processuais é uma mera faculdade, na forma
a autoridade que não ocupa posição de hierarquia do art. 3º, IV, da Lei nº 9.784/1999. A letra C está in-
em relação ao ente que praticou o ato. É o caso, correta, pois o administrado tem direito de ter vista
por exemplo, de recurso interposto para o ente dos autos, trata-se de garantia prevista no art. 3º, II,
federativo membro da Administração Direta, da referida Lei. As letras D e E estão incorretas, pois
sobre alguma entidade da Administração Indireta. o administrado também tem o direito de conhecer as
Esse tipo de recurso deve possuir previsão legal, decisões proferidas, bem como formular alegações e
uma vez que os poderes inerentes à tutela não se apresentar documentos antes da decisão, indepen-
presumem. dentemente de estar acompanhado de advogado.

Detalhe importante que merece destaque é o exposto 2. (DPE-MA – DEFENSOR PÚBLICO – FCC – 2018) O
no art. 64 da Lei nº 9.784/1999: “O órgão competente recurso administrativo é meio hábil para propiciar o re-
para decidir o recurso poderá confirmar, modificar, anular exame da atividade da Administração por razões de le-
ou revogar, total ou parcialmente, a decisão recorrida, se galidade ou de mérito. O recurso hierárquico impróprio
a matéria for de sua competência”. Logo, percebe-se que é aquele dirigido:
o referido dispositivo legal permite a reformatio in pejus
da decisão administrativa, o que pode acarretar em uma
a) à autoridade ou instância superior do mesmo órgão
decisão que agrave ainda mais a situação do recorrente.
administrativo, pleiteando revisão do ato recorrido
Todavia, o parágrafo único do mesmo artigo dispõe que
por terceiro interessado.
o recorrente, nessa hipótese, deverá ser cientificado para
que formule suas alegações antes da decisão. b) pela parte, à autoridade ou órgão estranho à reparti-
ção que expediu o ato recorrido, mas com competên-
cia julgadora expressa.
c) pela parte, à autoridade ou órgão estranho à reparti-
EXERCÍCIOS COMENTADOS ção que expediu o ato recorrido, sem a necessidade
de competência julgadora expressa, bastando estar,
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

1. (CÂMARA LEGISLATIVA DO DISTRITO FEDERAL – de alguma forma, em posição hierárquica superior em


TÉCNICO LEGISLATIVO – FCC – 2018) Plínio, adminis- relação à autoridade recorrida.
trado que se encontra em condição de interessado em d) à mesma autoridade que expediu o ato, para que o
processo administrativo, deseja ver referido processo no invalide ou o modifique, e, por isso, apesar de consistir
qual consta como réu, bem como tirar cópia dos autos. em reanálise é imprópria, pois não é dirigida à autori-
Em conformidade com a Lei Federal no 9.784/1999, que dade ou órgão hierarquicamente superior.
regula o Processo Administrativo no âmbito da Adminis- e) em forma de denúncia formal, à autoridade superior,
tração Pública Federal, Plínio dando conta de irregularidades internas ou abuso
de poder na prática de atos da Administração, feita
a) possui direito de ter vista dos autos, porém, para obter pela parte atingida diretamente pela irregularidade ou
cópias de documentos neles contidos, faz-se obriga- abuso de poder.
tória a assistência por advogado, já que para tal ato é
sempre necessária a representação

14
Resposta: Letra B. A letra A está incorreta, pois há um rol de legitimados para a interposição do recurso hierárquico
próprio, o que significa que não pode ser pleiteado por terceiro. A letra C está incorreta, pois o endereçamento do
recurso hierárquico próprio é feito à autoridade que se situa na mesma linha organizacional da autoridade recorrida,
em posição hierarquicamente superior. A letra D está incorreta, pois o recurso hierárquico impróprio é aquele dirigi-
do ao ente da Administração Direta que exerce poder de tutela sobre a autoridade ente da Administração Indireta.
A letra E está incorreta pois o recurso hierárquico traduz-se em um pedido, um pleito. A denúncia forma é caracte-
rística da representação administrativa.

3. (TRT 14ª REGIÃO-RO E AC – ANALISTA JUDICIÁRIO – FCC – 2018) No que concerne à competência dos órgãos
públicos, na forma disciplinada pela Lei no 9.784/1999, que regula o processo administrativo no âmbito da Administra-
ção pública federal, existe expressa vedação quanto à:

a) delegação parcial ou temporária de competência, somente sendo admissível delegação em caráter integral e defi-
nitivo.
b) avocação de competências, ainda que em caráter temporário e excepcional por motivos relevantes e justificados
pelo órgão superior.
c) delegação da competência de um órgão a outro quando este não lhe seja direta e imediatamente subordinado
hierarquicamente.
d) delegação ou avocação de competência para decisão de recursos administrativos, salvo em caráter temporário e
devidamente justificado do ponto de vista técnico.
e) delegação de competência de determinado órgão a outro, subordinado hierarquicamente ou não, para edição de
atos de caráter normativo.

Resposta: Letra D. Segundo o disposto no artigo 13 da Lei de Processos Administrativos (Lei nº 9.784/1999), não po-
dem ser objeto de delegação: I - a edição de atos de caráter normativo; II - a decisão de recursos administrativos;
III - as matérias de competência exclusiva do órgão ou autoridade.

REGIME JURÍDICO DOS SERVIDORES: RESPONSABILIDADE, PENALIDADES


DISCIPLINARES E PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR

LEI Nº 8.112, DE 11 DE DEZEMBRO DE 1990

Das Disposições Preliminares

Título I
Capítulo Único
Das Disposições Preliminares

Art. 1o Esta Lei institui o Regime Jurídico dos Servidores Públicos Civis da União, das autarquias, inclusive as em regime
especial, e das fundações públicas federais.

Art. 2o Para os efeitos desta Lei, servidor é a pessoa legalmente investida em cargo público.

Art. 3o Cargo público é o conjunto de atribuições e responsabilidades previstas na estrutura organizacional que devem
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

ser cometidas a um servidor.


Parágrafo único. Os cargos públicos, acessíveis a todos os brasileiros, são criados por lei, com denominação própria e
vencimento pago pelos cofres públicos, para provimento em caráter efetivo ou em comissão.
Art. 4o É proibida a prestação de serviços gratuitos, salvo os casos previstos em lei.

Por regime jurídico dos servidores deve-se entender o conjunto de regras referentes a todos os aspectos da relação
entre o servidor público e a Administração. Envolve tanto questões inerentes à ocupação do cargo quanto direitos e
deveres, entre outras.
Aplica-se na esfera federal, tanto para a Administração direta quanto para a indireta.
A lei criará o cargo público, que poderá ser efetivo, caso em que o ingresso se dará mediante concurso, ou em
comissão, quando por uma relação de confiança o superior puder nomear seus funcionários enquanto estiver ocupando
aquela posição de chefia.
Todo serviço público será remunerado pelos cofres públicos.

15
#FicaDica
Cargo público = atribuições + responsabilidades
Modalidades = efetivo ou em comissão

Formas de provimento e vacância dos cargos públicos

Título II
Do Provimento, Vacância, Remoção, Redistribuição e Substituição

Basicamente, provimento é a ocupação do cargo por uma pessoa, transformando-a em servidora pública;
enquanto vacância é o que se dá quando um cargo fica livre; remoção é o deslocamento do servidor; redistribuição é
o deslocamento de um cargo para outro órgão; substituição é a mudança de uma pessoa que está ocupando cargo de
chefia ou direção por outra.

Capítulo I
Do Provimento

Segundo Hely Lopes Meirelles13, provimento “é o ato pelo qual se efetua o preenchimento do cargo público, com a
designação de seu titular”, podendo ser originário ou inicial se o agente não possui vinculação anterior com a Administração
Pública; ou derivado, que pressupõe a existência de um vínculo com a Administração, o qual pode ser horizontal, sem ascensão
na carreira, ou vertical, com ascensão na carreira.

Seção I
Disposições Gerais

Art. 5o São requisitos básicos para investidura em cargo público:


I - a nacionalidade brasileira;
Nacional é o que possui vínculo político-jurídico com um Estado, fazendo parte de seu povo na qualidade de cidadão.
II - o gozo dos direitos políticos;
Direitos políticos são os direitos garantidos ao cidadão que envolvem sua participação direta ou indireta nas decisões
políticas do Estado. No Brasil, se encontram nos artigos 14 e 15 da Constituição Federal.

III - a quitação com as obrigações militares e eleitorais;


IV - o nível de escolaridade exigido para o exercício do cargo;
Ensino fundamental, ensino médio ou ensino superior, conforme a complexidade das funções do cargo.

V - a idade mínima de dezoito anos;


VI - aptidão física e mental.
§ 1o As atribuições do cargo podem justificar a exigência de outros requisitos estabelecidos em lei.
P. ex., 3 anos de atividade jurídica para cargos de membros do Ministério Público ou da Magistratura.

§ 2o Às pessoas portadoras de deficiência é assegurado o direito de se inscrever em concurso público para provimento de
cargo cujas atribuições sejam compatíveis com a deficiência de que são portadoras; para tais pessoas serão reservadas
até 20% (vinte por cento) das vagas oferecidas no concurso.
Cotas para deficientes.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

§ 3o As universidades e instituições de pesquisa científica e tecnológica federais poderão prover seus cargos com
professores, técnicos e cientistas estrangeiros, de acordo com as normas e os procedimentos desta Lei.
Exceção ao inciso I do art. 5°.

Art. 6o O provimento dos cargos públicos far-se-á mediante ato da autoridade competente de cada Poder.

Art. 7o A investidura em cargo público ocorrerá com a posse.


Por investidura entende-se a instalação formal em um cargo público, o que se dará quando a pessoa for empossada.

Art. 8o São formas de provimento de cargo público:


I - nomeação;
II - promoção;
13 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. São Paulo: Malheiros, 1993.

16
III e IV - (Revogados) No concurso de provas o candidato é avaliado apenas
V - readaptação; pelo seu desempenho nas provas, ao passo que nos
VI - reversão; concursos de provas e títulos o seu currículo em toda sua
VII - aproveitamento; atividade profissional também é considerado.
VIII - reintegração; O edital delimita questões como valor da taxa de
IX - recondução. inscrição, casos de isenção, número de vagas e prazo de
Detalhes adiante. validade.

SEÇÃO II SEÇÃO IV
DA NOMEAÇÃO DA POSSE E DO EXERCÍCIO

Art. 9o A nomeação far-se-á: Art. 13. A posse dar-se-á pela assinatura do respectivo


I - em caráter efetivo, quando se tratar de cargo termo, no qual deverão constar as atribuições, os
isolado de provimento efetivo ou de carreira; deveres, as responsabilidades e os direitos inerentes
II - em comissão, inclusive na condição de interino, ao cargo ocupado, que não poderão ser alterados
para cargos de confiança vagos.  unilateralmente, por qualquer das partes, ressalvados
Parágrafo  único. O servidor ocupante de cargo os atos de ofício previstos em lei.
em comissão ou de natureza especial poderá ser § 1o A posse ocorrerá no prazo de trinta dias contados
nomeado para ter exercício, interinamente, em outro da publicação do ato de provimento.
cargo de confiança, sem prejuízo das atribuições do § 2o Em se tratando de servidor, que esteja na data
que atualmente ocupa, hipótese em que deverá optar de publicação do ato de provimento, em licença
pela remuneração de um deles durante o período da prevista nos incisos I, III e V do art. 81, ou afastado nas
interinidade. hipóteses dos incisos I, IV, VI, VIII, alíneas “a”, “b”, “d”,
O cargo em comissão é temporário e não depende de “e” e “f”, IX e X do art. 102, o prazo será contado do
concurso público. Se o servidor for nomeado para outro
término do impedimento.
cargo em comissão poderá exercer ambos de maneira
§ 3o A posse poderá dar-se mediante procuração
interina (temporária), mas somente poderá receber
específica.
remuneração por um deles, o que optar.
§ 4o Só haverá posse nos casos de provimento de cargo
por nomeação.
Art. 10. A nomeação para cargo de carreira ou cargo
§ 5o No ato da posse, o servidor apresentará declaração
isolado de provimento efetivo depende de prévia
de bens e valores que constituem seu patrimônio e
habilitação em concurso público de provas ou de
declaração quanto ao exercício ou não de outro cargo,
provas e títulos, obedecidos a ordem de classificação e
o prazo de sua validade. emprego ou função pública.
Parágrafo único. Os demais requisitos para o ingresso § 6o Será tornado sem efeito o ato de provimento se
e o desenvolvimento do servidor na carreira, mediante a posse não ocorrer no prazo previsto no §  1o  deste
promoção, serão estabelecidos pela lei que fixar as artigo.
diretrizes do sistema de carreira na Administração
Pública Federal e seus regulamentos. O termo de posse é dotado de conteúdo específico.
É possível tomar posse mediante procuração específica.
SEÇÃO III Não há posse nos cargos em comissão. A declaração
DO CONCURSO PÚBLICO de bens e valores visa permitir a verificação da situação
financeira do servidor, de forma a perceber se ele
Art.  11. O concurso será de provas ou de provas enriqueceu desproporcionalmente durante o exercício
e títulos, podendo ser realizado em duas etapas, do cargo.
conforme dispuserem a lei e o regulamento do
respectivo plano de carreira, condicionada a inscrição Art. 14. A posse em cargo público dependerá de prévia
do candidato ao pagamento do valor fixado no edital, inspeção médica oficial.
quando indispensável ao seu custeio, e ressalvadas as Parágrafo único. Só poderá ser empossado aquele que
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

hipóteses de isenção nele expressamente previstas. for julgado apto física e mentalmente para o exercício
do cargo.
Art.  12. O concurso público terá validade de até 2
(dois) anos, podendo ser prorrogado uma única vez, Art. 15. Exercício é o efetivo desempenho das atribuições
por igual período. do cargo público ou da função de confiança.
§ 1o O prazo de validade do concurso e as condições § 1o É de quinze dias o prazo para o servidor empossado
de sua realização serão fixados em edital, que será em cargo público entrar em exercício, contados da
publicado no Diário Oficial da União e em jornal data da posse. 
diário de grande circulação. § 2o O servidor será exonerado do cargo ou será
§ 2o Não se abrirá novo concurso enquanto houver tornado sem efeito o ato de sua designação para
candidato aprovado em concurso anterior com prazo função de confiança, se não entrar em exercício nos
de validade não expirado. prazos previstos neste artigo, observado o disposto no
art. 18.

17
§ 3o À autoridade competente do órgão ou entidade Art.  20. Ao entrar em exercício, o servidor nomeado
para onde for nomeado ou designado o servidor para cargo de provimento efetivo ficará sujeito a
compete dar-lhe exercício.  estágio probatório por período de 24 (vinte e quatro)
§ 4o O início do exercício de função de confiança meses, durante o qual a sua aptidão e capacidade
coincidirá com a data de publicação do ato de serão objeto de avaliação para o desempenho do
designação, salvo quando o servidor estiver em licença cargo, observados os seguinte fatores:
ou afastado por qualquer outro motivo legal, hipótese I - assiduidade;
em que recairá no primeiro dia útil após o término do II - disciplina;
impedimento, que não poderá exceder a trinta dias da III - capacidade de iniciativa;
publicação.  IV - produtividade;
Nota-se que para as funções em confiança não há V - responsabilidade.
prazo de 15 dias da posse, até mesmo porque ela não § 1o 4 (quatro) meses antes de findo o período do
existe nestas funções. Então, o prazo para exercício será estágio probatório, será submetida à homologação da
o do dia da publicação do ato de designação. autoridade competente a avaliação do desempenho
do servidor, realizada por comissão constituída para
Art. 16. O início, a suspensão, a interrupção e o reinício essa finalidade, de acordo com o que dispuser a lei
do exercício serão registrados no assentamento ou o regulamento da respectiva carreira ou cargo,
individual do servidor. sem prejuízo da continuidade de apuração dos fatores
Parágrafo  único. Ao entrar em exercício, o servidor enumerados nos incisos I a V do caput deste artigo.
apresentará ao órgão competente os elementos § 2o O servidor não aprovado no estágio probatório
necessários ao seu assentamento individual. será exonerado ou, se estável, reconduzido ao cargo
Art. 17. A promoção não interrompe o tempo de anteriormente ocupado, observado o disposto no
exercício, que é contado no novo posicionamento na parágrafo único do art. 29.
carreira a partir da data de publicação do ato que § 3o O servidor em estágio probatório poderá exercer
promover o servidor.
quaisquer cargos de provimento em comissão ou
Na promoção não há nova posse. Então, o servidor
funções de direção, chefia ou assessoramento no
não tem 15 dias para entrar em exercício, o fazendo no
órgão ou entidade de lotação, e somente poderá
dia da publicação do ato.
ser cedido a outro órgão ou entidade para ocupar
cargos de Natureza Especial, cargos de provimento
Art.  18. O servidor que deva ter exercício em outro
em comissão do Grupo-Direção e Assessoramento
município em razão de ter sido removido, redistribuído,
Superiores - DAS, de níveis 6, 5 e 4, ou equivalentes. 
requisitado, cedido ou posto em exercício provisório
§ 4o Ao servidor em estágio probatório somente
terá, no mínimo, dez e, no máximo, trinta dias de prazo,
contados da publicação do ato, para a retomada do poderão ser concedidas as licenças e os afastamentos
efetivo desempenho das atribuições do cargo, incluído previstos nos arts. 81, incisos I a IV, 94, 95 e 96,
nesse prazo o tempo necessário para o deslocamento bem assim afastamento para participar de curso de
para a nova sede. formação decorrente de aprovação em concurso para
§ 1o Na hipótese de o servidor encontrar-se em outro cargo na Administração Pública Federal.
licença ou afastado legalmente, o prazo a que se § 5o O estágio probatório ficará suspenso durante as
refere este artigo será contado a partir do término do licenças e os afastamentos previstos nos arts. 83, 84,
impedimento. § 1o, 86 e 96, bem assim na hipótese de participação
§ 2o É facultado ao servidor declinar dos prazos em curso de formação, e será retomado a partir do
estabelecidos no caput. término do impedimento. 

Se o servidor estava em exercício em outro município Desde a Emenda Constitucional nº 19 de 1998, a


e é convocado por publicação para retomar a posição disciplina do estágio probatório mudou, notadamente
superior tem um prazo entre 10 e 30 dias, dos quais pode aumentando o prazo de 2 anos para 3 anos. Tendo em
desistir, se quiser. vista que a norma constitucional prevalece sobre a lei
federal, mesmo que ela não tenha sido atualizada, deve-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Art. 19. Os servidores cumprirão jornada de trabalho se seguir o disposto no artigo 41 da Constituição Federal:
fixada em razão das atribuições pertinentes aos
respectivos cargos, respeitada a duração máxima do Art. 41, CF. São estáveis após três anos de efetivo
trabalho semanal de quarenta horas e observados os exercício os servidores nomeados para cargo de
limites mínimo e máximo de seis horas e oito horas provimento efetivo em virtude de concurso público.
diárias, respectivamente.  § 1º O servidor público estável só perderá o cargo:
§ 1o O ocupante de cargo em comissão ou função de I - em virtude de sentença judicial transitada em
confiança submete-se a regime de integral dedicação julgado;
ao serviço, observado o disposto no art. 120, podendo II - mediante processo administrativo em que lhe seja
ser convocado sempre que houver interesse da assegurada ampla defesa;
Administração. III - mediante procedimento de avaliação periódica
§ 2o O disposto neste artigo não se aplica a duração de de desempenho, na forma de lei complementar,
trabalho estabelecida em leis especiais. assegurada ampla defesa.

18
§ 2º Invalidada por sentença judicial a demissão do SEÇÃO VIII
servidor estável, será ele reintegrado, e o eventual DA REVERSÃO
ocupante da vaga, se estável, reconduzido ao cargo
de origem, sem direito a indenização, aproveitado Art. 25. Reversão é o retorno à atividade de servidor
em outro cargo ou posto em disponibilidade com aposentado:
remuneração proporcional ao tempo de serviço. I - por invalidez, quando junta médica oficial declarar
§ 3º Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade, insubsistentes os motivos da aposentadoria; ou 
o servidor estável ficará em disponibilidade, com II - no interesse da administração, desde que:
remuneração proporcional ao tempo de serviço, até a) tenha solicitado a reversão;
seu adequado aproveitamento em outro cargo. b) a aposentadoria tenha sido voluntária;
§ 4º Como condição para a aquisição da estabilidade, c) estável quando na atividade;
é obrigatória a avaliação especial de desempenho por d) a aposentadoria tenha ocorrido nos cinco anos
comissão instituída para essa finalidade. anteriores à solicitação;
e) haja cargo vago.
§ 1o A reversão far-se-á no mesmo cargo ou no cargo
SEÇÃO V
resultante de sua transformação.
DA ESTABILIDADE § 2o O tempo em que o servidor estiver em exercício
será considerado para concessão da aposentadoria.
Art.  21. O servidor habilitado em concurso público e § 3o No caso do inciso I, encontrando-se provido o
empossado em cargo de provimento efetivo adquirirá cargo, o servidor exercerá suas atribuições como
estabilidade no serviço público ao completar 2 (dois) excedente, até a ocorrência de vaga.
anos de efetivo exercício.  § 4o O servidor que retornar à atividade por interesse
da administração perceberá, em substituição aos
ATENÇÃO: Vale o prazo de 3 anos, conforme proventos da aposentadoria, a remuneração do cargo
Constituição Federal (artigo 41 retrocitado). que voltar a exercer, inclusive com as vantagens de
Art.  22. O servidor estável só perderá o cargo em natureza pessoal que percebia anteriormente à
virtude de sentença judicial transitada em julgado ou aposentadoria.
de processo administrativo disciplinar no qual lhe seja § 5o O servidor de que trata o inciso II somente terá os
assegurada ampla defesa. proventos calculados com base nas regras atuais se
permanecer pelo menos cinco anos no cargo.
Seção VI § 6o O Poder Executivo regulamentará o disposto neste
Da Transferência artigo.

Art. 23. (Execução suspensa) Art. 26. (Revogado)


Art. 27. Não poderá reverter o aposentado que já tiver
SEÇÃO VII completado 70 (setenta) anos de idade.
DA READAPTAÇÃO
Merece destaque a impossibilidade de cumulação
Art. 24. Readaptação é a investidura do servidor em da aposentadoria com a remuneração caso o servidor
cargo de atribuições e responsabilidades compatíveis retorne às funções.
com a limitação que tenha sofrido em sua capacidade
SEÇÃO IX
física ou mental verificada em inspeção médica.
DA REINTEGRAÇÃO
§ 1o Se julgado incapaz para o serviço público, o
readaptando será aposentado.
Art. 28. A reintegração é a reinvestidura do servidor
§ 2o A readaptação será efetivada em cargo de estável no cargo anteriormente ocupado, ou no cargo
atribuições afins, respeitada a habilitação exigida, resultante de sua transformação, quando invalidada a
nível de escolaridade e equivalência de vencimentos e, sua demissão por decisão administrativa ou judicial,
na hipótese de inexistência de cargo vago, o servidor com ressarcimento de todas as vantagens.
exercerá suas atribuições como excedente, até a ocor § 1o Na hipótese de o cargo ter sido extinto, o servidor
rência de vaga. ficará em disponibilidade, observado o disposto nos
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

arts. 30 e 31.
Se o funcionário deixa de ter condições físicas § 2o Encontrando-se provido o cargo, o seu eventual
ou psicológicas para ocupar seu cargo, deverá ser ocupante será reconduzido ao cargo de origem, sem
readaptado para cargo semelhante que não exija tais direito à indenização ou aproveitado em outro cargo,
aptidões. Ex.: funcionário trabalhava como atendente ou, ainda, posto em disponibilidade.
numa repartição, se movimentando o tempo todo e
sofre um acidente, ficando paraplégico. Sua capacidade Se um servidor for injustamente demitido e a sua
mental não ficou prejudicada, embora seja inconveniente demissão for invalidada, será reinvestido no cargo,
ele ter que fazer tantos movimentos no exercício das sendo totalmente ressarcido (por exemplo, recebendo
funções. Por isso, pode ser reconduzido para outro cargo os salários do período em que foi afastado). Caso o
técnico na repartição que seja mais burocrático e exija cargo esteja extinto, será posto em disponibilidade; caso
menos movimentação física, como o de assistente de um o cargo exista e alguém o estiver ocupando, este será
superior. retirado do cargo, devolvendo-o ao seu legítimo titular.

19
SEÇÃO X Art. 34. A exoneração de cargo efetivo dar-se-á a
DA RECONDUÇÃO pedido do servidor, ou de ofício.
Parágrafo único. A exoneração de ofício dar-se-á:
Art. 29. Recondução é o retorno do servidor estável ao I - quando não satisfeitas as condições do estágio
cargo anteriormente ocupado e decorrerá de: probatório;
I - inabilitação em estágio probatório relativo a outro II - quando, tendo tomado posse, o servidor não entrar
cargo; em exercício no prazo estabelecido.
II - reintegração do anterior ocupante. Sendo o cargo efetivo, somente será exonerado de
Parágrafo  único. Encontrando-se provido o cargo de ofício se não for habilitado no estágio probatório e se
origem, o servidor será aproveitado em outro, obser- não entrar em exercício no prazo legal.
vado o disposto no art. 30. Art. 35. A exoneração de cargo em comissão e a
Como visto, quando um servidor é promovido ele se dispensa de função de confiança dar-se-á:
sujeita a novo estágio probatório e, caso seja inabilitado, I - a juízo da autoridade competente;
voltará ao cargo que antes ocupava. Ainda, se alguém II - a pedido do próprio servidor.
estiver ocupando o cargo de um servidor que tenha Como o cargo em comissão refere-se a uma relação
sido injustamente demitido, quando este voltar deverá de confiança para com a autoridade competente, esta
desocupar o cargo. Se a posição antes ocupada não poderá exonerar o servidor.
estiver livre, deverá ser reaproveitado em outro cargo
semelhante.
#FicaDica
Seção XI
Formas de provimento
Da Disponibilidade e do Aproveitamento
- Originário
Nomeação – Em caráter efetivo ou em co-
Art.  30. O retorno à atividade de servidor em
missão
disponibilidade far-se-á mediante aproveitamento
- Derivado
obrigatório em cargo de atribuições e vencimentos
Promoção – Ascensão do cargo ocupado
compatíveis com o anteriormente ocupado.
para um cargo sucessivo e ascendente, pos-
sível quando o servidor tiver seu cargo es-
Art. 31. O órgão Central do Sistema de Pessoal Civil
truturado em carreira.
determinará o imediato aproveitamento de servidor
Aproveitamento – Retorno de um servidor
em disponibilidade em vaga que vier a ocorrer nos
posto em disponibilidade.
órgãos ou entidades da Administração Pública Federal.
Readaptação – Realocação de servidor que
Parágrafo único. Na hipótese prevista no § 3o  do art.
tenha se tornado deficiente para cargo com-
37, o servidor posto em disponibilidade poderá ser
patível.
mantido sob responsabilidade do órgão central do
Reintegração – Retorno de servidor a cargo
Sistema de Pessoal Civil da Administração Federal -
anteriormente ocupado ou em cargo resul-
SIPEC, até o seu adequado aproveitamento em outro
tante de sua transformação quando invali-
órgão ou entidade.
dada a decisão de sua demissão.
Art.  32. Será tornado sem efeito o aproveitamento e
Recondução – Retorno de servidor a cargo
cassada a disponibilidade se o servidor não entrar em
anteriormente ocupado em decorrência de
exercício no prazo legal, salvo doença comprovada por
inabilitação no estágio probatório de outro
junta médica oficial.
cargo ou por ter o ocupante anterior sido
reintegrado.
Servidor posto em disponibilidade não é servidor
Reversão – Retorno do servidor ao cargo
aposentado. É apenas um servidor aguardando que surja
ocupado quando anteriormente aposentado
um posto adequado para que ocupe. Quando ele surgir,
por invalidez, caso cesse a doença ou condi-
deverá entrar em exercício, sob pena de ter revogada a
ção incapacitante.
disponibilidade, deixando de ser servidor público.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

CAPÍTULO II Capítulo III


DA VACÂNCIA Da Remoção e da Redistribuição
Seção I
Art. 33. A vacância do cargo público decorrerá de: Da Remoção
I - exoneração;
II - demissão; Art. 36. Remoção é o deslocamento do servidor, a
III - promoção; pedido ou de ofício, no âmbito do mesmo quadro, com
IV e V - (Revogados) ou sem mudança de sede.
VI - readaptação; Parágrafo único. Para fins do disposto neste artigo,
VII - aposentadoria; entende-se por modalidades de remoção: (Redação
VIII - posse em outro cargo inacumulável; dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
IX - falecimento. I - de ofício, no interesse da Administração; (Incluído
pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)

20
II - a pedido, a critério da Administração; (Incluído § 4º O servidor que não for redistribuído ou
pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) colocado em disponibilidade poderá ser mantido sob
III - a pedido, para outra localidade, independentemente responsabilidade do órgão central do SIPEC, e ter
do interesse da Administração: (Incluído pela Lei nº exercício provisório, em outro órgão ou entidade, até
9.527, de 10.12.97) seu adequado aproveitamento. (Incluído pela Lei nº
a) para acompanhar cônjuge ou companheiro, 9.527, de 10.12.97)
também servidor público civil ou militar, de qualquer
dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal CAPÍTULO IV
e dos Municípios, que foi deslocado no interesse da DA SUBSTITUIÇÃO
Administração; (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
b) por motivo de saúde do servidor, cônjuge, Art. 38. Os servidores investidos em cargo ou
companheiro ou dependente que viva às suas expensas função de direção ou chefia e os ocupantes de cargo
e conste do seu assentamento funcional, condicionada de Natureza Especial terão substitutos indicados
à comprovação por junta médica oficial; (Incluído pela no regimento interno ou, no caso de omissão,
Lei nº 9.527, de 10.12.97)
previamente designados pelo dirigente máximo do
c) em virtude de processo seletivo promovido, na
órgão ou entidade. (Redação dada pela Lei nº 9.527,
hipótese em que o número de interessados for
de 10.12.97)
superior ao número de vagas, de acordo com normas
§1º O substituto assumirá automática e
preestabelecidas pelo órgão ou entidade em que
aqueles estejam lotados.(Incluído pela Lei nº 9.527, de cumulativamente, sem prejuízo do cargo que
10.12.97) ocupa, o exercício do cargo ou função de direção ou
chefia e os de Natureza Especial, nos afastamentos,
Seção II impedimentos legais ou regulamentares do titular e
Da Redistribuição na vacância do cargo, hipóteses em que deverá optar
pela remuneração de um deles durante o respectivo
Art. 37. Redistribuição é o deslocamento de cargo de período. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
provimento efetivo, ocupado ou vago no âmbito do § 2º O substituto fará jus à retribuição pelo exercício
quadro geral de pessoal, para outro órgão ou entidade do cargo ou função de direção ou chefia ou de cargo
do mesmo Poder, com prévia apreciação do órgão de Natureza Especial, nos casos dos afastamentos ou
central do SIPEC, observados os seguintes preceitos: impedimentos legais do titular, superiores a trinta
(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) dias consecutivos, paga na proporção dos dias de
I - interesse da administração; (Incluído pela Lei nº efetiva substituição, que excederem o referido período.
9.527, de 10.12.97) (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
II - equivalência de vencimentos; (Incluído pela Lei nº
9.527, de 10.12.97) Art. 39. O disposto no artigo anterior aplica-se aos
III - manutenção da essência das atribuições do cargo; titulares de unidades administrativas organizadas em
(Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) nível de assessoria.
IV - vinculação entre os graus de responsabilidade
e complexidade das atividades; (Incluído pela Lei nº Dos Direitos e Vantagens
9.527, de 10.12.97)
V - mesmo nível de escolaridade, especialidade ou TÍTULO III
habilitação profissional; (Incluído pela Lei nº 9.527, de DOS DIREITOS E VANTAGENS
10.12.97)
VI - compatibilidade entre as atribuições do cargo e
Em sete capítulos, o terceiro título da legislação em
as finalidades institucionais do órgão ou entidade.
estudo estabelece os direitos e vantagens do servidor
(Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
público, para em seguida trazer seus deveres e proibições.
§ 1º A redistribuição ocorrerá ex officio para
ajustamento de lotação e da força de trabalho às Resume Carvalho Filho14: “os direitos sociais constitucionais
necessidades dos serviços, inclusive nos casos de são objeto da referência do art. 39, §3°, CF, o qual determina que
reorganização, extinção ou criação de órgão ou dezesseis dos direitos sociais outorgados aos empregados sejam
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

entidade. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) estendidos aos servidores públicos. Dentre esses direitos estão o
§ 2º A redistribuição de cargos efetivos vagos se dará do salário mínimo (art. 7°, IV); o décimo terceiro salário (art. 7°,
mediante ato conjunto entre o órgão central do SIPEC VIII); o repouso semanal remunerado (art. 7°, XV); o salário-família
e os órgãos e entidades da Administração Pública (art. 7°, XII; o de férias anuais (art. 7°, XVII); o de licença à gestante
Federal envolvidos. (Incluído pela Lei nº 9.527, de (art. 7°, XVIII) e outros mencionados no dispositivo constitucional.
10.12.97) [...] Além disso, há vários direitos de natureza social relacionados
§ 3º Nos casos de reorganização ou extinção de nos diversos estatutos funcionais das pessoas federativas. É nas
órgão ou entidade, extinto o cargo ou declarada sua leis estatutárias que se encontram tais direitos, como o direito
desnecessidade no órgão ou entidade, o servidor às licenças, à pensão, aos auxílios pecuniários, como o auxílio-
estável que não for redistribuído será colocado em funeral e o auxílio-reclusão, à assistência, à saúde etc.”
disponibilidade, até seu aproveitamento na forma dos
arts. 30 e 31. (Parágrafo renumerado e alterado pela
Lei nº 9.527, de 10.12.97) 14 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito adminis-
trativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.

21
CAPÍTULO I Parágrafo único. A não quitação do débito no prazo
DO VENCIMENTO E DA REMUNERAÇÃO previsto implicará sua inscrição em dívida ativa.
Débito com o erário = dívida com o Estado.
Art.  40. Vencimento é a retribuição pecuniária pelo Art. 48. O vencimento, a remuneração e o provento não serão
exercício de cargo público, com valor fixado em lei. objeto de arresto, sequestro ou penhora, exceto nos casos de
Art. 41. Remuneração é o vencimento do cargo efetivo, prestação de alimentos resultante de decisão judicial.
acrescido das vantagens pecuniárias permanentes
estabelecidas em lei. Capítulo II
Das Vantagens
remuneração diária, proporcional aos atrasos,
ausências justificadas, ressalvadas as concessões Art. 49. Além do vencimento, poderão ser pagas ao
servidor as seguintes vantagens:
de que trata o art. 97, e saídas antecipadas, salvo
I - indenizações;
na hipótese de compensação de horário, até o mês
II - gratificações;
subsequente ao da ocorrência, a ser estabelecida pela
III - adicionais.
chefia imediata. § 1o As indenizações não se incorporam ao vencimento
Parágrafo  único. As faltas justificadas decorrentes ou provento para qualquer efeito.
de caso fortuito ou de força maior poderão ser § 2o As gratificações e os adicionais incorporam-se
compensadas a critério da chefia imediata, sendo ao vencimento ou provento, nos casos e condições
assim consideradas como efetivo exercício. indicados em lei.
Somente não geram perda de remuneração as faltas Art. 50. As vantagens pecuniárias não serão
justificadas e devidamente compensadas. computadas, nem acumuladas, para efeito de
concessão de quaisquer outros acréscimos pecuniários
Art. 45. Salvo por imposição legal, ou mandado judicial, ulteriores, sob o mesmo título ou idêntico fundamento.
nenhum desconto incidirá sobre a remuneração ou
provento. De acordo com Hely Lopes Meirelles15, “o que
§ 1º Mediante autorização do servidor, poderá haver caracteriza o adicional e o distingue da gratificação
consignação em folha de pagamento em favor de é ser aquele que recompensa ao tempo de serviço do
terceiros, a critério da administração e com reposição servidor, ou uma retribuição pelo desempenho de
de custos, na forma definida em regulamento. funções especiais que fogem da rotina burocrática, e
§ 2º O total de consignações facultativas de que trata esta, uma compensação por serviços comuns executados
o § 1o não excederá a 35% (trinta e cinco por cento) em condições anormais para o servidor, ou uma ajuda
da remuneração mensal, sendo 5% (cinco por cento) pessoal em face de certas situações que agravam o
reservados exclusivamente para: I - a amortização de orçamento do servidor”.
despesas contraídas por meio de cartão de crédito; ou
II - a utilização com a finalidade de saque por meio do Seção I
cartão de crédito. Das Indenizações
Para descontos em folha, é preciso ordem judicial ou
Art. 51. Constituem indenizações ao servidor:
autorização do servidor.
I - ajuda de custo;
II - diárias;
Art.  46. As reposições e indenizações ao erário,
III - transporte.
atualizadas até 30 de junho de 1994, serão previamente IV - auxílio-moradia.
comunicadas ao servidor ativo, aposentado ou ao A leitura da legislação seca permite conceituar e
pensionista, para pagamento, no prazo máximo diferenciar cada modalidade de indenização.
de trinta dias, podendo ser parceladas, a pedido do
interessado. Art. 52. Os valores das indenizações estabelecidas nos
§ 1o O valor de cada parcela não poderá ser inferior incisos I a III do art. 51, assim como as condições para
ao correspondente a dez por cento da remuneração, a sua concessão, serão estabelecidos em regulamento.
provento ou pensão.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

§ 2o Quando o pagamento indevido houver ocorrido no SUBSEÇÃO I


mês anterior ao do processamento da folha, a reposição DA AJUDA DE CUSTO
será feita imediatamente, em uma única parcela.
§ 3o Na hipótese de valores recebidos em decorrência Art. 53. A ajuda de custo destina-se a compensar as
de cumprimento a decisão liminar, a tutela antecipada despesas de instalação do servidor que, no interesse
ou a sentença que venha a ser revogada ou rescindida, do serviço, passar a ter exercício em nova sede, com
serão eles atualizados até a data da reposição. mudança de domicílio em caráter permanente, vedado
o duplo pagamento de indenização, a qualquer tempo,
Art.  47. O servidor em débito com o erário, que for no caso de o cônjuge ou companheiro que detenha
demitido, exonerado ou que tiver sua aposentadoria também a condição de servidor, vier a ter exercício na
ou disponibilidade cassada, terá o prazo de sessenta mesma sede.
dias para quitar o débito.
15 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. São
Paulo: Malheiros, 1993.

22
§ 1o Correm por conta da administração as Parágrafo  único. Na hipótese de o servidor retornar
despesas de transporte do servidor e de sua família, à sede em prazo menor do que o previsto para o
compreendendo passagem, bagagem e bens pessoais. seu afastamento, restituirá as diárias recebidas em
excesso, no prazo previsto no caput.
§ 2o À família do servidor que falecer na nova sede
são assegurados ajuda de custo e transporte para a Subseção III
localidade de origem, dentro do prazo de 1 (um) ano, Da Indenização de Transporte
contado do óbito.
§ 3º Não será concedida ajuda de custo nas hipóteses Art.  60. Conceder-se-á indenização de transporte
de remoção previstas nos incisos II e III do parágrafo ao servidor que realizar despesas com a utilização
único do art. 36. de meio próprio de locomoção para a execução de
Art. 54. A ajuda de custo é calculada sobre a serviços externos, por força das atribuições próprias
remuneração do servidor, conforme se dispuser em do cargo, conforme se dispuser em regulamento.
regulamento, não podendo exceder a importância
correspondente a 3 (três) meses. SUBSEÇÃO IV
DO AUXÍLIO-MORADIA
Art. 55. Não será concedida ajuda de custo ao servidor
que se afastar do cargo, ou reassumi-lo, em virtude de Art. 60-A. O auxílio-moradia consiste no ressarcimento
mandato eletivo. das despesas comprovadamente realizadas pelo
servidor com aluguel de moradia ou com meio de
Art. 56. Será concedida ajuda de custo àquele que, não hospedagem administrado por empresa hoteleira, no
sendo servidor da União, for nomeado para cargo em prazo de um mês após a comprovação da despesa
comissão, com mudança de domicílio. pelo servidor.
Parágrafo  único. No afastamento previsto no inciso
I do art. 93, a ajuda de custo será paga pelo órgão Art. 60-B. Conceder-se-á auxílio-moradia ao servidor
cessionário, quando cabível. se atendidos os seguintes requisitos: 
I  -  não exista imóvel funcional disponível para uso
Art. 57. O servidor ficará obrigado a restituir a ajuda de pelo servidor; 
custo quando, injustificadamente, não se apresentar II - o cônjuge ou companheiro do servidor não ocupe
na nova sede no prazo de 30 (trinta) dias. imóvel funcional; 
III  -  o servidor ou seu cônjuge ou companheiro
SUBSEÇÃO II não seja ou tenha sido proprietário, promitente
DAS DIÁRIAS comprador, cessionário ou promitente cessionário
de imóvel no Município aonde for exercer o cargo,
Art.  58. O servidor que, a serviço, afastar-se da incluída a hipótese de lote edificado sem averbação
sede em caráter eventual ou transitório para outro de construção, nos doze meses que antecederem a sua
ponto do território nacional ou para o exterior, fará nomeação;
jus a passagens e diárias destinadas a indenizar as IV - nenhuma outra pessoa que resida com o servidor
parcelas de despesas extraordinária com pousada, receba auxílio-moradia; 
alimentação e locomoção urbana, conforme dispuser V - o servidor tenha se mudado do local de residência
em regulamento. para ocupar cargo em comissão ou função de
§ 1o A diária será concedida por dia de afastamento, confiança do Grupo-Direção e Assessoramento
sendo devida pela metade quando o deslocamento Superiores - DAS, níveis 4, 5 e 6, de Natureza Especial,
não exigir pernoite fora da sede, ou quando a União de Ministro de Estado ou equivalentes;
custear, por meio diverso, as despesas extraordinárias VI - o Município no qual assuma o cargo em comissão
cobertas por diárias. ou função de confiança não se enquadre nas hipóteses
§ 2o Nos casos em que o deslocamento da sede do art. 58, § 3o, em relação ao local de residência ou
constituir exigência permanente do cargo, o servidor domicílio do servidor; 
não fará jus a diárias. VII - o servidor não tenha sido domiciliado ou tenha
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

§ 3o Também não fará jus a diárias o servidor que residido no Município, nos últimos doze meses,
se deslocar dentro da mesma região metropolitana, aonde for exercer o cargo em comissão ou função
aglomeração urbana ou microrregião, constituídas por de confiança, desconsiderando-se prazo inferior a
municípios limítrofes e regularmente instituídas, ou sessenta dias dentro desse período; e 
em áreas de controle integrado mantidas com países VIII - o deslocamento não tenha sido por força de
limítrofes, cuja jurisdição e competência dos órgãos, alteração de lotação ou nomeação para cargo efetivo. 
entidades e servidores brasileiros considera-se estendida, IX - o deslocamento tenha ocorrido após 30 de junho
salvo se houver pernoite fora da sede, hipóteses em de 2006.
que as diárias pagas serão sempre as fixadas para os Parágrafo  único. Para fins do inciso VII, não será
afastamentos dentro do território nacional. considerado o prazo no qual o servidor estava
Art. 59. O servidor que receber diárias e não se afastar ocupando outro cargo em comissão relacionado no
da sede, por qualquer motivo, fica obrigado a restituí- inciso V. 
las integralmente, no prazo de 5 (cinco) dias. Art. 60-C. (Revogado).

23
Art. 60-D. O valor mensal do auxílio-moradia é Gratificações e adicionais descritos em detalhes na
limitado a 25% (vinte e cinco por cento) do valor do própria legislação, conforme se denota abaixo.
cargo em comissão, função comissionada ou cargo de
Ministro de Estado ocupado. Subseção I
§ 1o O valor do auxílio-moradia não poderá superar Da Retribuição pelo Exercício de Função de Dire-
25% (vinte e cinco por cento) da remuneração de ção, Chefia e Assessoramento
Ministro de Estado.
§ 2o Independentemente do valor do cargo em comissão Art. 62. Ao servidor ocupante de cargo efetivo investido
ou função comissionada, fica garantido a todos os em função de direção, chefia ou assessoramento, cargo
que preencherem os requisitos o ressarcimento até o de provimento em comissão ou de Natureza Especial é
valor de R$ 1.800,00 (mil e oitocentos reais). devida retribuição pelo seu exercício.
Art. 60-E. No caso de falecimento, exoneração, Parágrafo único. Lei específica estabelecerá a remuneração
colocação de imóvel funcional à disposição do dos cargos em comissão de que trata o inciso II do art. 9o.
servidor ou aquisição de imóvel, o auxílio-moradia
continuará sendo pago por um mês. Art.  62-A.  Fica transformada em Vantagem Pessoal
Nominalmente Identificada - VPNI a incorporação da
retribuição pelo exercício de função de direção, chefia
A subseção IV trabalha com o auxílio-moradia,
ou assessoramento, cargo de provimento em comissão
benefício que é concedido a alguns servidores. Ele serve
ou de Natureza Especial a que se referem os  arts.
para ajudar o servidor a arcar com despesas de moradia,
3º e 10 da Lei no 8.911, de 11 de julho de 1994, e o art.
seja locando um imóvel, seja ficando em hotéis. O auxílio 3o da Lei no 9.624, de 2 de abril de 1998.
é pago 1 mês depois que o servidor comprovar a despesa Parágrafo único. A VPNI de que trata o  caput  deste
que teve. No entanto, não é qualquer servidor e não é artigo somente estará sujeita às revisões gerais de
em qualquer situação que se tem o auxílio-moradia. remuneração dos servidores públicos federais.
Nos termos do artigo 60-B, são colacionadas
restrições: não haver disponibilidade de imóvel funcional Subseção II
(algum imóvel do poder público com tal finalidade Da Gratificação Natalina
de moradia, dispensando gastos particulares), não se
ter tentado vender ou vendido um imóvel na cidade Art. 63. A gratificação natalina corresponde a 1/12 (um doze
(evitando que tente utilizar o auxílio-moradia como um avos) da remuneração a que o servidor fizer jus no mês de
modo de se obter vantagem patrimonial), um cônjuge ou dezembro, por mês de exercício no respectivo ano.
pessoa com quem more não receber auxílio da mesma Parágrafo  único. A fração igual ou superior a 15
natureza (cumulando indevidamente), além do exercício (quinze) dias será considerada como mês integral.
de cargos de determinada natureza (perceba-se, cargos
de relevante direção). Art. 64. A gratificação será paga até o dia 20 (vinte) do
O auxílio-moradia é pago proporcionalmente aos mês de dezembro de cada ano.
vencimentos, não excedendo 25%. Destaca-se que o
artigo 60-C está revogado desde 2013. Art.  65. O servidor exonerado perceberá sua
gratificação natalina, proporcionalmente aos meses
SEÇÃO II de exercício, calculada sobre a remuneração do mês
DAS GRATIFICAÇÕES E ADICIONAIS da exoneração.

Art. 61. Além do vencimento e das vantagens previstas Art. 66. A gratificação natalina não será considerada
nesta Lei, serão deferidos aos servidores as seguintes para cálculo de qualquer vantagem pecuniária.
retribuições, gratificações e adicionais:
Subseção III
I  -  retribuição pelo exercício de função de direção,
Do Adicional por Tempo de Serviço
chefia e assessoramento;
II - gratificação natalina;
Regulamentação na Medida Provisória nº 2.225-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

IV - adicional pelo exercício de atividades insalubres, 45/01.


perigosas ou penosas;
V - adicional pela prestação de serviço extraordinário; Subseção IV
VI - adicional noturno; Dos Adicionais de Insalubridade, Periculosidade ou
VII - adicional de férias; Atividades Penosas
VIII  -  outros, relativos ao local ou à natureza do
trabalho. Art. 68. Os servidores que trabalhem com habitualidade
IX - gratificação por encargo de curso ou concurso. em locais insalubres ou em contato permanente com
substâncias tóxicas, radioativas ou com risco de vida,
fazem jus a um adicional sobre o vencimento do cargo
efetivo.
§ 1o O servidor que fizer jus aos adicionais de insalubridade
e de periculosidade deverá optar por um deles.

24
§ 2o O direito ao adicional de insalubridade ou Parágrafo único. No caso de o servidor exercer função
periculosidade cessa com a eliminação das condições de direção, chefia ou assessoramento, ou ocupar cargo
ou dos riscos que deram causa a sua concessão. em comissão, a respectiva vantagem será considerada
no cálculo do adicional de que trata este artigo.
Art. 69. Haverá permanente controle da atividade
de servidores em operações ou locais considerados Subseção VIII
penosos, insalubres ou perigosos. Da Gratificação por Encargo de Curso ou Concurso
Parágrafo único. A servidora gestante ou lactante será
afastada, enquanto durar a gestação e a lactação, das Art. 76-A. A Gratificação por Encargo de Curso
operações e locais previstos neste artigo, exercendo ou Concurso é devida ao servidor que, em caráter
suas atividades em local salubre e em serviço não eventual:
I - atuar como instrutor em curso de formação, de
penoso e não perigoso.
desenvolvimento ou de treinamento regularmente
instituído no âmbito da administração pública federal;
Art. 70. Na concessão dos adicionais de atividades penosas, II - participar de banca examinadora ou de comissão
de insalubridade e de periculosidade, serão observadas as para exames orais, para análise curricular, para
situações estabelecidas em legislação específica. correção de provas discursivas, para elaboração de
Art. 71. O adicional de atividade penosa será devido aos questões de provas ou para julgamento de recursos
servidores em exercício em zonas de fronteira ou em intentados por candidatos;
localidades cujas condições de vida o justifiquem, nos III - participar da logística de preparação e de
termos, condições e limites fixados em regulamento. realização de concurso público envolvendo atividades
Art.  72. Os locais de trabalho e os servidores que de planejamento, coordenação, supervisão, execução
operam com Raios X ou substâncias radioativas serão e avaliação de resultado, quando tais atividades
mantidos sob controle permanente, de modo que as não estiverem incluídas entre as suas atribuições
doses de radiação ionizante não ultrapassem o nível permanentes;
máximo previsto na legislação própria. IV - participar da aplicação, fiscalizar ou avaliar
Parágrafo  único. Os servidores a que se refere este provas de exame vestibular ou de concurso público ou
artigo serão submetidos a exames médicos a cada 6 supervisionar essas atividades.
(seis) meses. § 1o Os critérios de concessão e os limites da gratificação
de que trata este artigo serão fixados em regulamento,
observados os seguintes parâmetros:
SUBSEÇÃO V
I - o valor da gratificação será calculado em horas,
DO ADICIONAL POR SERVIÇO EXTRAORDINÁRIO
observadas a natureza e a complexidade da atividade
exercida;
Art. 73. O serviço extraordinário será remunerado com II - a retribuição não poderá ser superior ao
acréscimo de 50% (cinquenta por cento) em relação à equivalente a 120 (cento e vinte) horas de trabalho
hora normal de trabalho. anuais, ressalvada situação de excepcionalidade,
devidamente justificada e previamente aprovada pela
Art. 74. Somente será permitido serviço extraordinário autoridade máxima do órgão ou entidade, que poderá
para atender a situações excepcionais e temporárias, autorizar o acréscimo de até 120 (cento e vinte) horas
respeitado o limite máximo de 2 (duas) horas por de trabalho anuais;
jornada. III - o valor máximo da hora trabalhada corresponderá
aos seguintes percentuais, incidentes sobre o maior
SUBSEÇÃO VI vencimento básico da administração pública federal:
DO ADICIONAL NOTURNO a) 2,2% (dois inteiros e dois décimos por cento), em se
tratando de atividades previstas nos incisos I e II do
Art.  75. O serviço noturno, prestado em horário caput deste artigo;
compreendido entre 22 (vinte e duas) horas de um
b) 1,2% (um inteiro e dois décimos por cento), em se
dia e 5 (cinco) horas do dia seguinte, terá o valor-
tratando de atividade prevista nos incisos III e IV do
hora acrescido de 25% (vinte e cinco por cento),
caput deste artigo.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

computando-se cada hora como cinquenta e dois § 2o A Gratificação por Encargo de Curso ou Concurso
minutos e trinta segundos. somente será paga se as atividades referidas nos
Parágrafo  único. Em se tratando de serviço incisos do caput deste artigo forem exercidas sem
extraordinário, o acréscimo de que trata este artigo prejuízo das atribuições do cargo de que o servidor for
incidirá sobre a remuneração prevista no art. 73. titular, devendo ser objeto de compensação de carga
horária quando desempenhadas durante a jornada de
SUBSEÇÃO VII trabalho, na forma do § 4odo art. 98 desta Lei.
DO ADICIONAL DE FÉRIAS § 3o A Gratificação por Encargo de Curso ou Concurso
não se incorpora ao vencimento ou salário do servidor
Art. 76. Independentemente de solicitação, será pago para qualquer efeito e não poderá ser utilizada como
ao servidor, por ocasião das férias, um adicional base de cálculo para quaisquer outras vantagens,
correspondente a 1/3 (um terço) da remuneração do inclusive para fins de cálculo dos proventos da
período das férias. aposentadoria e das pensões.

25
Capítulo III
Das Férias #FicaDica
Vantagens:
Art. 77. O servidor fará jus a trinta dias de férias, que
- Indenizações (não se incorporam)
podem ser acumuladas, até o máximo de dois períodos,
Ajuda de custo
no caso de necessidade do serviço, ressalvadas as
Diárias
hipóteses em que haja legislação específica.
Transporte
§ 1o Para o primeiro período aquisitivo de férias serão
Auxílio-moradia
exigidos 12 (doze) meses de exercício.
- Gratificações (podem se incorporar)
§ 2o É vedado levar à conta de férias qualquer falta ao
Por direção, chefia e assessoramento
serviço.
Natalina
§ 3o As férias poderão ser parceladas em até três
Por Encargo, de curso ou concurso (não se
etapas, desde que assim requeridas pelo servidor, e no
incorpora)
interesse da administração pública.
- Adicionais (podem se incorporar)
É possível impedir que o servidor tire férias por até 2
Insalubridade
períodos se o seu serviço for altamente necessário.
Periculosidade
Atividades penosas
Art. 78. O pagamento da remuneração das férias será
Serviço extraordinário
efetuado até 2 (dois) dias antes do início do respectivo
Noturno
período, observando-se o disposto no § 1o deste artigo.
De férias
§1° e §2°. Revogados.
Relativo à natureza ou local de trabalho
§ 3o O servidor exonerado do cargo efetivo, ou em
comissão, perceberá indenização relativa ao período
das férias a que tiver direito e ao incompleto, na
proporção de um doze avos por mês de efetivo CAPÍTULO IV
exercício, ou fração superior a quatorze dias. DAS LICENÇAS
§ 4o A indenização será calculada com base na SEÇÃO I
remuneração do mês em que for publicado o ato DISPOSIÇÕES GERAIS
exoneratório.
§ 5o Em caso de parcelamento, o servidor receberá o valor Art. 81. Conceder-se-á ao servidor licença:
adicional previsto no inciso XVII do art. 7o da Constituição I - por motivo de doença em pessoa da família;
Federal quando da utilização do primeiro período. II  -  por motivo de afastamento do cônjuge ou
companheiro;
Art. 79. O servidor que opera direta e permanentemente III - para o serviço militar;
com Raios X ou substâncias radioativas gozará 20 IV - para atividade política;
(vinte) dias consecutivos de férias, por semestre de V - para capacitação;
atividade profissional, proibida em qualquer hipótese VI - para tratar de interesses particulares;
a acumulação. VII - para desempenho de mandato classista.
Manutenção da saúde do servidor. Atenção aos motivos que autorizam licença,
detalhados a seguir na legislação.
Art. 80. As férias somente poderão ser interrompidas § 1o A licença prevista no inciso I do caput deste
por motivo de calamidade pública, comoção interna, artigo bem como cada uma de suas prorrogações
convocação para júri, serviço militar ou eleitoral, ou serão precedidas de exame por perícia médica oficial,
por necessidade do serviço declarada pela autoridade observado o disposto no art. 204 desta Lei.
§ 2.º (Revogado pela Lei n.º 9.527, de 10.12.97)
máxima do órgão ou entidade.
§ 3o É vedado o exercício de atividade remunerada
Parágrafo único. O restante do período interrompido
durante o período da licença prevista no inciso I deste
será gozado de uma só vez, observado o disposto no
artigo.
art. 77.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Art. 82. A licença concedida dentro de 60 (sessenta)


O direito individual às férias pode ser mitigado pelo
dias do término de outra da mesma espécie será
direito da coletividade de manutenção da paz e da ordem
considerada como prorrogação.
social.
SEÇÃO II
DA LICENÇA POR MOTIVO DE DOENÇA EM PESSOA
DA FAMÍLIA

Art. 83. Poderá ser concedida licença ao servidor por


motivo de doença do cônjuge ou companheiro, dos
pais, dos filhos, do padrasto ou madrasta e enteado,
ou dependente que viva a suas expensas e conste do
seu assentamento funcional, mediante comprovação
por perícia médica oficial.

26
§ 1o A licença somente será deferida se a assistência § 1o O servidor candidato a cargo eletivo na localidade
direta do servidor for indispensável e não puder ser onde desempenha suas funções e que exerça cargo
prestada simultaneamente com o exercício do cargo de direção, chefia, assessoramento, arrecadação
ou mediante compensação de horário, na forma do ou fiscalização, dele será afastado, a partir do dia
disposto no inciso II do art. 44. imediato ao do registro de sua candidatura perante
§ 2o A licença de que trata o  caput, incluídas as a Justiça Eleitoral, até o décimo dia seguinte ao do
pleito.
prorrogações, poderá ser concedida a cada período de
§ 2o A partir do registro da candidatura e até o décimo
doze meses nas seguintes condições: dia seguinte ao da eleição, o servidor fará jus à licença,
I - por até 60 (sessenta) dias, consecutivos ou não, assegurados os vencimentos do cargo efetivo, somente
mantida a remuneração do servidor; e  pelo período de três meses.
II - por até 90 (noventa) dias, consecutivos ou não, sem
remuneração. SEÇÃO VI
§ 3o O início do interstício de 12 (doze) meses será DA LICENÇA PARA CAPACITAÇÃO
contado a partir da data do deferimento da primeira
licença concedida. Art.  87. Após cada quinquênio de efetivo exercício,
§ 4o A soma das licenças remuneradas e das o servidor poderá, no interesse da Administração,
afastar-se do exercício do cargo efetivo, com a
licenças não remuneradas, incluídas as respectivas
respectiva remuneração, por até três meses, para
prorrogações, concedidas em um mesmo período de participar de curso de capacitação profissional.
12 (doze) meses, observado o disposto no § 3o, não Parágrafo único. Os períodos de licença de que trata
poderá ultrapassar os limites estabelecidos nos incisos o caput não são acumuláveis.
I e II do § 2o.
Art. 90. (Vetado)
SEÇÃO III
DA LICENÇA POR MOTIVO DE AFASTAMENTO DO SEÇÃO VII
CÔNJUGE DA LICENÇA PARA TRATAR DE INTERESSES
PARTICULARES
Art.  84. Poderá ser concedida licença ao servidor
Art. 91. A critério da Administração, poderão ser
para acompanhar cônjuge ou companheiro que foi concedidas ao servidor ocupante de cargo efetivo,
deslocado para outro ponto do território nacional, desde que não esteja em estágio probatório, licenças
para o exterior ou para o exercício de mandato eletivo para o trato de assuntos particulares pelo prazo de até
dos Poderes Executivo e Legislativo. três anos consecutivos, sem remuneração.
§ 1o A licença será por prazo indeterminado e sem Parágrafo único. A licença poderá ser interrompida, a
remuneração. qualquer tempo, a pedido do servidor ou no interesse
§ 2o No deslocamento de servidor cujo cônjuge ou do serviço.
companheiro também seja servidor público, civil
ou militar, de qualquer dos Poderes da União, dos SEÇÃO VIII
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, poderá DA LICENÇA PARA O DESEMPENHO DE MANDATO
CLASSISTA
haver exercício provisório em órgão ou entidade
da Administração Federal direta, autárquica ou Art. 92. É assegurado ao servidor o direito à licença
fundacional, desde que para o exercício de atividade sem remuneração para o desempenho de mandato
compatível com o seu cargo. em confederação, federação, associação de classe de
âmbito nacional, sindicato representativo da categoria
SEÇÃO IV ou entidade fiscalizadora da profissão ou, ainda, para
DA LICENÇA PARA O SERVIÇO MILITAR participar de gerência ou administração em sociedade
cooperativa constituída por servidores públicos
Art. 85. Ao servidor convocado para o serviço militar para prestar serviços a seus membros, observado o
será concedida licença, na forma e condições previstas disposto na alínea c do inciso VIII do art. 102 desta Lei,
conforme disposto em regulamento e observados os
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

na legislação específica.
seguintes limites:
Parágrafo único. Concluído o serviço militar, o servidor I - para entidades com até 5.000 (cinco mil) associados,
terá até 30 (trinta) dias sem remuneração para 2 (dois) servidores;
reassumir o exercício do cargo. II - para entidades com 5.001 (cinco mil e um) a 30.000
(trinta mil) associados, 4 (quatro) servidores;
SEÇÃO V III - para entidades com mais de 30.000 (trinta mil)
DA LICENÇA PARA ATIVIDADE POLÍTICA associados, 8 (oito) servidores.
§ 1º Somente poderão ser licenciados os servidores
Art.  86. O servidor terá direito a licença, sem eleitos para cargos de direção ou de representação nas
remuneração, durante o período que mediar entre a referidas entidades, desde que cadastradas no órgão
sua escolha em convenção partidária, como candidato competente.
a cargo eletivo, e a véspera do registro de sua § 2º A licença terá duração igual à do mandato,
podendo ser renovada, no caso de reeleição.
candidatura perante a Justiça Eleitoral.

27
§ 2º Na hipótese de o servidor cedido a empresa
#FicaDica pública ou sociedade de economia mista, nos termos
das respectivas normas, optar pela remuneração do
- Licença por Motivo de Doença em Pessoa
cargo efetivo ou pela remuneração do cargo efetivo
da Família – justifica-se por problema de
acrescida de percentual da retribuição do cargo em
saúde com um familiar próximo ou depen-
comissão, a entidade cessionária efetuará o reembol-
dente legal. Remunerada.
so das despesas realizadas pelo órgão ou entidade de
- Licença por Motivo de Afastamento do
origem.
Cônjuge – justifica-se por mudança do côn-
§ 3o A cessão far-se-á mediante Portaria publicada no
juge de um servidor público de cidade ou
Diário Oficial da União.
país. Não remunerada.
§ 4o Mediante autorização expressa do Presidente da
- Licença para o Serviço Militar – justifica-se
República, o servidor do Poder Executivo poderá ter
para o caso de convocação do servidor para
exercício em outro órgão da Administração Federal
o serviço militar. Não remunerada.
direta que não tenha quadro próprio de pessoal, para
- Licença para Atividade Política – justifica-se
fim determinado e a prazo certo.
para o caso de servidor candidato a cargo
§ 5° Aplica-se à União, em se tratando de empregado
político eletivo, sendo obrigatório entre o
ou servidor por ela requisitado, as disposições dos §§
dia da candidatura e dez dias após as elei-
1º e 2º deste artigo.
ções. Não remunerada.
§ 6° As cessões de empregados de empresa pública ou
- Licença para Capacitação – justifica-se para
de sociedade de economia mista, que receba recur-
o aperfeiçoamento profissional do servidor.
sos de Tesouro Nacional para o custeio total ou parcial
Remunerada.
da sua folha de pagamento de pessoal, independem das
- Licença Para Tratar Interesses Particulares
disposições contidas nos incisos I e II e §§ 1º e 2º deste
– dispensa justificativa, basta a vontade do
artigo, ficando o exercício do empregado cedido condi-
servidor. Não remunerada.
cionado a autorização específica do Ministério do Plane-
- Licença para Desempenho de Mandato
jamento, Orçamento e Gestão, exceto nos casos de ocu-
Classista – justifica-se para o caso de con-
pação de cargo em comissão ou função gratificada.
vocação do servidor como responsável por
§ 7° O Ministério do Planejamento, Orçamento e
gerir ou representar em tempo integral enti-
Gestão, com a finalidade de promover a composição
dade de classe. Não remunerada.
da força de trabalho dos órgãos e entidades da Ad-
- Licença para Tratamento de Saúde – jus-
ministração Pública Federal, poderá determinar a lo-
tifica-se por doença do servidor, sendo ne-
tação ou o exercício de empregado ou servidor, inde-
cessário o afastamento para tratamento. Re-
pendentemente da observância do constante no inciso
munerada.
I e nos §§ 1° e 2° deste artigo.
- Licença-Gestante ou Adotante – justifica-
-se por maternidade, biológica ou adotada.
SEÇÃO II
Remunerada.
DO AFASTAMENTO PARA EXERCÍCIO DE MANDA-
- Licença-Paternidade – justifica-se por pater-
TO ELETIVO
nidade, biológica ou adotada. Remunerada.
Art. 94. Ao servidor investido em mandato eletivo apli-
cam-se as seguintes disposições:
CAPÍTULO V I - tratando-se de mandato federal, estadual ou distri-
DOS AFASTAMENTOS tal, ficará afastado do cargo;
II  - investido no mandato de Prefeito, será afastado do
SEÇÃO I cargo, sendo-lhe facultado optar pela sua remuneração;
DO AFASTAMENTO PARA SERVIR A OUTRO ÓRGÃO III - investido no mandato de vereador:
OU ENTIDADE a) havendo compatibilidade de horário, perceberá as
vantagens de seu cargo, sem prejuízo da remuneração
Art. 93. O servidor poderá ser cedido para ter exercício do cargo eletivo;
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

em outro órgão ou entidade dos Poderes da União, b)  não havendo compatibilidade de horário, será
dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios ou afastado do cargo, sendo-lhe facultado optar pela sua
em serviço social autônomo instituído pela União que remuneração.
exerça atividades de cooperação com a administração § 1o No caso de afastamento do cargo, o servidor con-
pública federal, nas seguintes hipóteses: tribuirá para a seguridade social como se em exercício
I - para exercício de cargo em comissão ou função de estivesse.
confiança; § 2o O servidor investido em mandato eletivo ou clas-
II - em casos previstos em leis específicas. sista não poderá ser removido ou redistribuído de
§ 1º Na hipótese do inciso I, sendo a cessão para ofício para localidade diversa daquela onde exerce o
órgãos ou entidades dos Estados, do Distrito Federal mandato.
ou dos Municípios, o ônus da remuneração será do
órgão ou entidade cessionária, mantido o ônus para o
cedente nos demais casos.

28
SEÇÃO III afastado por licença para tratar de assuntos particu-
DO AFASTAMENTO PARA ESTUDO OU MISSÃO NO lares ou com fundamento neste artigo, nos quatro
EXTERIOR anos anteriores à data da solicitação de afastamento.
§ 4o  Os servidores beneficiados pelos afastamentos
Art.  95. O servidor não poderá ausentar-se do País previstos nos §§ 1o, 2o e 3o deste artigo terão que per-
para estudo ou missão oficial, sem autorização do manecer no exercício de suas funções após o seu re-
Presidente da República, Presidente dos Órgãos do torno por um período igual ao do afastamento con-
Poder Legislativo e Presidente do Supremo Tribunal cedido.
Federal. § 5o Caso o servidor venha a solicitar exoneração do
§ 1o A ausência não excederá a 4 (quatro) anos, e finda cargo ou aposentadoria, antes de cumprido o período
a missão ou estudo, somente decorrido igual período, de permanência previsto no § 4o deste artigo, deverá
será permitida nova ausência. ressarcir o órgão ou entidade, na forma do art. 47 da
§ 2o Ao servidor beneficiado pelo disposto neste artigo Lei no 8.112, de 11 de dezembro de 1990, dos gastos
não será concedida exoneração ou licença para tra- com seu aperfeiçoamento.
tar de interesse particular antes de decorrido período § 6o Caso o servidor não obtenha o título ou grau que
igual ao do afastamento, ressalvada a hipótese de res- justificou seu afastamento no período previsto, aplica-
sarcimento da despesa havida com seu afastamento.
se o disposto no § 5o deste artigo, salvo na hipótese
§ 3o O disposto neste artigo não se aplica aos servi-
comprovada de força maior ou de caso fortuito, a cri-
dores da carreira diplomática.
tério do dirigente máximo do órgão ou entidade.
§ 4o As hipóteses, condições e formas para a autor-
§ 7o  Aplica-se à participação em programa de pós-
ização de que trata este artigo, inclusive no que se
refere à remuneração do servidor, serão disciplinadas graduação no Exterior, autorizado nos termos do art.
em regulamento. 95 desta Lei, o disposto nos §§ 1o a 6o deste artigo.

Art. 96. O afastamento de servidor para servir em or- CAPÍTULO VI


ganismo internacional de que o Brasil participe ou DAS CONCESSÕES
com o qual coopere dar-se-á com perda total da re-
muneração. Art. 97. Sem qualquer prejuízo, poderá o servidor aus-
entar-se do serviço:
SEÇÃO IV I - por 1 (um) dia, para doação de sangue;
DO AFASTAMENTO PARA PARTICIPAÇÃO EM PRO- II - pelo período comprovadamente necessário para
GRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU NO alistamento ou recadastramento eleitoral, limitado,
PAÍS em qualquer caso, a dois dias; e (Redação dada pela
Medida Provisória nº 632, de 2013)
Art. 96-A. O servidor poderá, no interesse da Adminis- III - por 8 (oito) dias consecutivos em razão de :
tração, e desde que a participação não possa ocorrer a) casamento;
simultaneamente com o exercício do cargo ou medi- b)  falecimento do cônjuge, companheiro, pais, ma-
ante compensação de horário, afastar-se do exercício drasta ou padrasto, filhos, enteados, menor sob guar-
do cargo efetivo, com a respectiva remuneração, para da ou tutela e irmãos.
participar em programa de pós-graduação stricto sen-
su em instituição de ensino superior no País. Art.  98. Será concedido horário especial ao servidor
§ 1o Ato do dirigente máximo do órgão ou entidade estudante, quando comprovada a incompatibilidade
definirá, em conformidade com a legislação vigente, entre o horário escolar e o da repartição, sem prejuízo
os programas de capacitação e os critérios para par- do exercício do cargo.
ticipação em programas de pós-graduação no País, § 1o Para efeito do disposto neste artigo, será exigida
com ou sem afastamento do servidor, que serão avali-
a compensação de horário no órgão ou entidade que
ados por um comitê constituído para este fim.
tiver exercício, respeitada a duração semanal do tra-
§ 2o Os afastamentos para realização de programas de
balho.
mestrado e doutorado somente serão concedidos aos
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

§ 2o Também será concedido horário especial ao servi-


servidores titulares de cargos efetivos no respectivo
órgão ou entidade há pelo menos 3 (três) anos para dor portador de deficiência, quando comprovada a
mestrado e 4 (quatro) anos para doutorado, incluído necessidade por junta médica oficial, independente-
o período de estágio probatório, que não tenham se mente de compensação de horário.
afastado por licença para tratar de assuntos particu- § 3º As disposições constantes do § 2º são extensivas
lares para gozo de licença capacitação ou com funda- ao servidor que tenha cônjuge, filho ou dependente
mento neste artigo nos 2 (dois) anos anteriores à data com deficiência.
da solicitação de afastamento. § 4o Será igualmente concedido horário especial, vin-
§ 3o Os afastamentos para realização de programas de culado à compensação de horário a ser efetivada no
pós-doutorado somente serão concedidos aos servi- prazo de até 1 (um) ano, ao servidor que desempenhe
dores titulares de cargos efetivo no respectivo órgão atividade prevista nos incisos I e II do caput do art.
ou entidade há pelo menos quatro anos, incluído o 76-A desta Lei.
período de estágio probatório, e que não tenham se

29
Art. 99. Ao servidor estudante que mudar de sede no XI - afastamento para servir em organismo internac-
interesse da administração é assegurada, na locali- ional de que o Brasil participe ou com o qual coopere.
dade da nova residência ou na mais próxima, matrícu- Art. 103. Contar-se-á apenas para efeito de aposenta-
la em instituição de ensino congênere, em qualquer doria e disponibilidade:
época, independentemente de vaga. I  -  o tempo de serviço público prestado aos Estados,
Parágrafo único. O disposto neste artigo estende-se ao Municípios e Distrito Federal;
cônjuge ou companheiro, aos filhos, ou enteados do II - a licença para tratamento de saúde de pessoal da
servidor que vivam na sua companhia, bem como aos família do servidor, com remuneração, que exceder a
menores sob sua guarda, com autorização judicial. 30 (trinta) dias em período de 12 (doze) meses.
III - a licença para atividade política, no caso do art.
CAPÍTULO VII 86, § 2o;
DO TEMPO DE SERVIÇO IV - o tempo correspondente ao desempenho de man-
dato eletivo federal, estadual, municipal ou distrital,
Art. 100. É contado para todos os efeitos o tempo de anterior ao ingresso no serviço público federal;
serviço público federal, inclusive o prestado às Forças V - o tempo de serviço em atividade privada, vincu-
Armadas. lada à Previdência Social;
VI - o tempo de serviço relativo a tiro de guerra;
Art. 101. A apuração do tempo de serviço será feita VII - o tempo de licença para tratamento da própria
em dias, que serão convertidos em anos, considerado saúde que exceder o prazo a que se refere a alínea “b”
o ano como de trezentos e sessenta e cinco dias. do inciso VIII do art. 102.
§ 1o O tempo em que o servidor esteve aposentado
Art. 102. Além das ausências ao serviço previstas no será contado apenas para nova aposentadoria.
art. 97, são considerados como de efetivo exercício os § 2o Será contado em dobro o tempo de serviço pre-
afastamentos em virtude de:
stado às Forças Armadas em operações de guerra.
I - férias;
§ 3o É vedada a contagem cumulativa de tempo de
II - exercício de cargo em comissão ou equivalente, em
serviço prestado concomitantemente em mais de um
órgão ou entidade dos Poderes da União, dos Estados,
Municípios e Distrito Federal; cargo ou função de órgão ou entidades dos Poderes
III - exercício de cargo ou função de governo ou ad- da União, Estado, Distrito Federal e Município, autar-
ministração, em qualquer parte do território nacional, quia, fundação pública, sociedade de economia mista
por nomeação do Presidente da República; e empresa pública.
IV - participação em programa de treinamento regu-
larmente instituído ou em programa de pós-gradu- CAPÍTULO VIII
ação stricto sensu no País, conforme dispuser o regu- DO DIREITO DE PETIÇÃO
lamento;
V - desempenho de mandato eletivo federal, estadual, Art. 104. É assegurado ao servidor o direito de req-
municipal ou do Distrito Federal, exceto para pro- uerer aos Poderes Públicos, em defesa de direito ou
moção por merecimento; interesse legítimo.
VI - júri e outros serviços obrigatórios por lei;
VII - missão ou estudo no exterior, quando autorizado Art.  105. O requerimento será dirigido à autoridade
o afastamento, conforme dispuser o regulamento; competente para decidi-lo e encaminhado por inter-
VIII - licença: médio daquela a que estiver imediatamente subordi-
a) à gestante, à adotante e à paternidade; nado o requerente.

b) para tratamento da própria saúde, até o limite de Art. 106. Cabe pedido de reconsideração à autoridade
vinte e quatro meses, cumulativo ao longo do tem- que houver expedido o ato ou proferido a primeira de-
po de serviço público prestado à União, em cargo de cisão, não podendo ser renovado.
provimento efetivo; Parágrafo único. O requerimento e o pedido de recon-
c) para o desempenho de mandato classista ou par- sideração de que tratam os artigos anteriores deverão
ticipação de gerência ou administração em sociedade ser despachados no prazo de 5 (cinco) dias e decididos
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

cooperativa constituída por servidores para prestar dentro de 30 (trinta) dias.


serviços a seus membros, exceto para efeito de pro-
moção por merecimento;
Art. 107. Caberá recurso:
d) por motivo de acidente em serviço ou doença profis-
I - do indeferimento do pedido de reconsideração;
sional;
e) para capacitação, conforme dispuser o regulamen- II - das decisões sobre os recursos sucessivamente in-
to; terpostos.
f) por convocação para o serviço militar; § 1o O recurso será dirigido à autoridade imediata-
IX - deslocamento para a nova sede de que trata o mente superior à que tiver expedido o ato ou proferido
art. 18; a decisão, e, sucessivamente, em escala ascendente, às
X - participação em competição desportiva nacional demais autoridades.
ou convocação para integrar representação desportiva § 2o O recurso será encaminhado por intermédio da
nacional, no País ou no exterior, conforme disposto em autoridade a que estiver imediatamente subordinado
lei específica; o requerente.

30
Art. 108. O prazo para interposição de pedido de re- de modo exaustivo, porque o servidor deve obediência a
consideração ou de recurso é de 30 (trinta) dias, a con- todas as normas legais ou infralegais, e o próprio inciso
tar da publicação ou da ciência, pelo interessado, da III do referido dispositivo é, de certa maneira, uma norma
decisão recorrida. disciplinar em branco16.
“Estes dispositivos preveem, basicamente, um con-
Art. 109. O recurso poderá ser recebido com efeito sus- junto de normas de conduta e de proibições impostas
pensivo, a juízo da autoridade competente. pela lei aos servidores por ela abrangidos, tendo em
Parágrafo  único. Em caso de provimento do pedido vista a prevenção, a apuração e a possível punição de
de reconsideração ou do recurso, os efeitos da decisão atos e omissões que possam por em risco o funciona-
retroagirão à data do ato impugnado. mento adequado da administração pública, do posto de
vista ético, do ponto de vista da eficiência e do ponto
Art. 110. O direito de requerer prescreve: de vista da legalidade. Decorrem, estes dispositivos, do
I - em 5 (cinco) anos, quanto aos atos de demissão denominado Poder Disciplinar que é aquele conferido à
e de cassação de aposentadoria ou disponibilidade, Administração com o objetivo de manter sua disciplina
ou que afetem interesse patrimonial e créditos result- interna, na medida em que lhe atribui instrumentos para
antes das relações de trabalho; punir seus servidores (e também àqueles que estejam a
II - em 120 (cento e vinte) dias, nos demais casos, salvo ela vinculados por um instrumento jurídico determinado
quando outro prazo for fixado em lei. - particulares contratados pela Administração). [...]“O dis-
Parágrafo único. O prazo de prescrição será contado posto no Título IV da lei nº 8.112/90 prevê basicamente
da data da publicação do ato impugnado ou da data um conjunto de obrigações impostas aos servidores por
da ciência pelo interessado, quando o ato não for pub- ela regidos. Tais obrigações, ora positivas (os denomina-
licado. dos Deveres – art. 116), ora negativas (as denominadas
Proibições – art. 117) uma vez inadimplidas ensejam sua
Art.  111. O pedido de reconsideração e o recurso, imediata apuração (art. 143) e uma vez comprovadas im-
portam na responsabilização administrativa, a desafiar,
quando cabíveis, interrompem a prescrição.
então, a aplicação de uma das sanções administrativas
(art. 127). Não é por outra razão que o art. 124 declara
Art. 112. A prescrição é de ordem pública, não poden-
que a responsabilidade administrativa resulta da prática
do ser relevada pela administração.
de ato omissivo (quando o servidor deixa de cumprir os
deveres a ele impostos) ou comissivo (quando viola proi-
Art. 113. Para o exercício do direito de petição, é as-
bição) praticado no desempenho do cargo ou função”17.
segurada vista do processo ou documento, na repar-
tição, ao servidor ou ao procurador por ele constituído.
CAPÍTULO I
DOS DEVERES
Art. 114. A administração deverá rever seus atos, a Art. 116. São deveres do servidor:
qualquer tempo, quando eivados de ilegalidade. Os deveres do servidor previstos na Lei n° 8.112/90
Art. 115. São fatais e improrrogáveis os prazos esta- são em muito compatíveis com os previstos no Código
belecidos neste Capítulo, salvo motivo de força maior. de Ética profissional do Servidor Público Civil do Poder
Estabelece a CF, no art. 5°, XXIV, a) o direito de petição, Executivo Federal (Decreto n° 1.171/94). Descrevem algu-
assegurado a todos: “são a todos assegurados, inde- mas das condutas esperadas do servidor público quando
pendentemente do pagamento de taxas: a) o direito do desempenho de suas funções. Em resumo, o servi-
de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos dor público deve desempenhar suas funções com cuida-
ou contra ilegalidade ou abuso de poder;”. Os artigos do, rapidez e pontualidade, sendo leal à instituição que
acima descrevem o direito de petição específico dos compõe, respeitando as ordens de seus superiores que
servidores públicos. sejam adequadas às funções que desempenhe e bus-
cando conservar o patrimônio do Estado. No tratamen-
Do Regime Disciplinar to do público, deve ser prestativo e não negar o acesso
a informações que não sejam sigilosas. Caso presencie
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

TÍTULO IV alguma ilegalidade ou abuso de poder, deve denunciar.


DO REGIME DISCIPLINAR Tomam-se como base os ensinamentos de Lima18 a res-
peito destes deveres:
O regime disciplinar do servidor público civil federal
está estabelecido basicamente de duas maneiras: deveres 16 LIMA, Fábio Lucas de Albuquerque. O regime disciplinar dos
e proibições. Ontologicamente, são a mesma coisa: am- servidores federais. Disponível em: <http://www.sato.adm.br/ar-
tigos/o_regime_disciplinar_dos_servidores_federais.htm>. Acesso
bos deveres e proibições são normas protetivas da boa em: 11 ago. 2013.
Administração. Nas duas hipóteses, violado o preceito, 17 MORGATO, Almir. O Regime Disciplinar dos Servidores Públi-
cabível é uma punição. Deve-se notar, porém, que os de- cos da União. Disponível em: <http://www.canaldosconcursos.com.
veres constam da lei como ações, como conduta positiva; br/artigos/almirmorgado_artigo1.pdf>. Acesso em: 11 ago. 2013.
as proibições, ao contrário, são descritas como condutas 18 LIMA, Fábio Lucas de Albuquerque. O regime disciplinar dos
vedadas ao servidor, de modo que ele deve abster-se de servidores federais. Disponível em: <http://www.sato.adm.br/ar-
tigos/o_regime_disciplinar_dos_servidores_federais.htm>. Acesso
praticá-las. Os deveres estão inscritos no artigo 116, não em: 11 ago. 2013.

31
I  -  exercer com zelo e dedicação as atribuições do V - atender com presteza:
cargo; a) ao público em geral, prestando as informações req-
“O primeiro dos deveres insculpidos no regime esta- ueridas, ressalvadas as protegidas por sigilo;
tutário é o dever de zelo. O zelo diz respeito às atribui- b)  à expedição de certidões requeridas para defesa
ções funcionais e também ao cuidado com a economia de direito ou esclarecimento de situações de interesse
do material, os bens da repartição e o patrimônio públi- pessoal;
co. Sob o prisma da disciplina e da conservação dos bens c) às requisições para a defesa da Fazenda Pública.
e materiais da repartição, o servidor deve sempre agir
com dedicação no desempenho das funções do cargo
“Este dever foi insculpido na lei para que o servidor
que ocupa, e que lhe foram atribuídas desde o termo de
público trabalhe diuturnamente no sentido de desfazer a
posse. O servidor não é o dono do cargo. Dono do car-
go é o Estado que o remunera. Se o referido cargo não imagem desagradável que o mesmo possui perante a so-
lhe pertence, o servidor deve exercer suas funções com ciedade. Exige-se que atue com presteza no atendimen-
o máximo de zelo que estiver ao seu alcance. Sua even- to a informações solicitadas pela Fazenda Pública. Esta
tual menor capacidade de desempenho, para não con- engloba o fisco federal, estadual, municipal e distrital. O
figurar desídia ou insuficiência de desempenho, deverá servidor público tem que ser expedito, diligente, laborio-
ser compensada com um maior esforço e dedicação de so. Não há mais lugar para o burocrata que se afasta do
sua parte. Se um servidor altamente preparado e capaz, administrado, dificultando a vida de quem necessita de
vem a praticar atos que configurem desídia ou mesmo atendimento rápido e escorreito. Entretanto, há um lon-
falta mais grave, poderá vir a ser punido. Porque o que go caminho a ser percorrido até que se atinja um mínimo
se julgará não é a pessoa do servidor, mas a conduta a ideal de atendimento e de funcionamento dos órgãos
ele imputável. O zelo não deve se limitar apenas às atri- públicos, o que deve necessariamente passar por crité-
buições específicas de sua atividade. O servidor deve ter rios de valorização dos servidores bons e de treinamento
zelo não somente com os bens e interesses imateriais (a e qualificação permanente dos quadros de pessoal”.
imagem, os símbolos, a moralidade, a pontualidade, o
sigilo, a hierarquia) como também para com os bens e VI - levar as irregularidades de que tiver ciência em
interesses patrimoniais do Estado”. razão do cargo ao conhecimento da autoridade su-
perior ou, quando houver suspeita de envolvimento
II - ser leal às instituições a que servir;
“O servidor que cumprir todos os deveres e normas desta, ao conhecimento de outra autoridade compe-
administrativas já positivadas, consequentemente, é leal tente para apuração;
à instituição que lhe remunera. Sob o prisma constitucio- “Todo servidor público é obrigado a dar conhecimen-
nal é que devemos entender a norma hoje. Sendo assim, to ao chefe da repartição acerca das irregularidades de
o dever de lealdade está inserido no Estatuto como nor- que toma conhecimento no exercício de suas atribuições.
ma programática, orientadora da conduta dos servido- Deve levar ao conhecimento da chefia imediata pelo sis-
res”. tema hierárquico. Supõe-se que os titulares das chefias
ou divisões detêm um conhecimento maior de como cor-
III - observar as normas legais e regulamentares; rigir o erro ou comunicar aos órgãos de controle para a
“A função desta norma é de não deixar sem resposta devida apuração. De nada adiantaria o servidor, ciente de
qualquer que seja a irregularidade cometida. Daí a ne- um ato irregular, ir comunicar ao público ou a terceiros.
cessária correlação nesses casos que temos de fazer do art. Além do dever de sigilo, há assuntos que exigem certas
116, inciso III, com a norma violada, e já prevista em outra reservas, visando ao bem do serviço público, da seguran-
lei, decreto, instrução, ordem de serviço ou portaria”. ça nacional e mesmo da sociedade”.
IV - cumprir as ordens superiores, exceto quando VII - zelar pela economia do material e a conservação
manifestamente ilegais;
do patrimônio público;
“O servidor integra a estrutura organizacional do ór-
“Esse deve é basilar. Se o agente não zelar pela eco-
gão em que presta suas atribuições funcionais. O Estado
se movimenta através dos seus diversos órgãos. Dentro nomia e pela conservação dos bens públicos presta um
dos órgãos públicos, há um escalonamento de cargos e desserviço à nação que lhe remunera. E como se verá
funções que servem ao cumprimento da vontade do ente adiante poderá ser causa inclusive de demissão, se não
estatal. Este escalonamento, posto em movimento, é o cumprir o presente dever, quando por descumprimento
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

que vimos até agora chamando de hierarquia. A hierar- dele a gravidade do fato implicar a infração a normas
quia existe para que do alto escalão até a prática dos mais graves”.
administrados as coisas funcionem. Disso decorre que
quando é emitida uma ordem para o servidor subordi- VIII - guardar sigilo sobre assunto da repartição;
nado, este deve dar cumprimento ao comando. Porém “O agente público deve guardar sigilo sobre o que se
quando a ordem é visivelmente ilegal, arbitrária, incons- passa na repartição, principalmente quanto aos assun-
titucional ou absurda, o servidor não é obrigado a dar tos oficiais. Pela Lei nº 12.527, de 18 de novembro de
seguimento ao que lhe é ordenado. Quando a ordem é 2011, hoje está regulamentado o acesso às informações.
manifestamente ilegal? Há uma margem de interpreta- Porém, o servidor deve ter cuidado, pois até mesmo o
ção, principalmente se o servidor subordinado não tiver fornecimento ou divulgação das informações exigem um
nenhuma formação de ordem jurídica. Logo, é o bom procedimento. Maior cuidado há que se ter, quando a
senso que irá margear o que é flagrantemente incons- informação possa expor a intimidade da pessoa huma-
titucional”. na. As informações pessoais dos administrados em geral

32
devem ser tratadas forma transparente e com respeito à XI - tratar com urbanidade as pessoas;
intimidade, à vida privada, à honra e à imagem das pes- “No mundo moderno, e máxime em nossa civilização
soas, bem como às liberdades e garantias individuais, se- ocidental, o trato tem que ser o mais urbano possível. Ur-
gundo o artigo 31, da Lei nº 21.527, 2011. A exceção para bano, nessa acepção, não quer dizer citadino ou oriundo
o sigilo existe, pois, não devemos tratar a questão em da urbe (cidade), mas, sim, educado, civilizado, cordato e
termos de cláusula jurídica de caráter absoluto, poden- que não possa criar embaraços aos usuários dos serviços
do ter autorizada a divulgação ou o acesso por terceiros públicos”.
quando haja previsão legal. Outra exceção é quando há XII - representar contra ilegalidade, omissão ou abuso
o consentimento expresso da pessoa a que elas se refe- de poder.
rirem. No caso de cumprimento de ordem judicial, para Parágrafo único. A representação de que trata o inci-
a defesa de direitos humanos, e quando a proteção do so XII será encaminhada pela via hierárquica e apreciada
interesse público e geral preponderante o exigir, tam- pela autoridade superior àquela contra a qual é for-
bém devem ser fornecidas as informações. Portanto, o mulada, assegurando-se ao representando ampla defesa.
servidor há que ter reserva no seu comportamento e fala, Caso o funcionário público denuncie outro servidor,
esquivando-se de revelar o conteúdo do que se passa no esta representação será encaminhada a alguém que seja
seu trabalho. Se o assunto pululante é uma irregularida- superior hierarquicamente ao denunciado, que terá direi-
de absurda, deve então reduzir a escrito e representar to à ampla defesa.
para que se apure o caso. Deveriam diminuir as conver- “O servidor tem obrigação legal de dar conhecimento
sas de corredor e se efetivar a apuração dos fatos através às autoridades de qualquer irregularidade de que tiver
do processo administrativo disciplinar. Os assuntos ob- ciência em razão do cargo, principalmente no processo
jeto do serviço merecem reserva. Devem ficar circunscri- em que está atuando ou quando o fato aconteceu sob as
tos aos servidores designados para o respectivo trabalho suas vistas. Não é concebível que o servidor se defron-
interno, não devendo sair da seção ou setor de trabalho, te com uma irregularidade administrativa e fique inerte.
sem o trâmite hierárquico do chefe imediato. Se o assunto Deve provocar quem de direito para que a irregularidade
ou o trabalho, enfim, merecer divulgação mais ampla, deve seja sanada de imediato. Caso haja indiferença no seu
ser contatado o órgão de assessoria de comunicação social, círculo de atuação, i.e., no seu setor ou seção, deverá re-
que saberá proceder de forma oficial, obedecendo ao bom presentar aos órgãos superiores. Assim é que o dever de
senso e às leis vigentes”. informar acerca de irregularidades anda de braço dado
com o dever de representar. Não surtindo efeito a notí-
IX - manter conduta compatível com a moralidade ad- cia da irregularidade, não corrigida esta, sobrevém o de-
ministrativa; ver de representar. O dever de representação não deixa
“O ato administrativo não se satisfaz somente com o de ser uma prerrogativa legal, investindo o servidor de
ser legal. Para ser válido o ato administrativo tem que ser um múnus público importante, constituindo o servidor
compatível com a moralidade administrativa. O agente em um curador legal do ente público. O mais humilde
deve se comportar em seus atos de maneira proba, es- servidor passa a ser um agente promotor de legalidade.
correita, séria, não atuando com intenções escusas e des- É claro o inciso XII do art. 116 quando diz que é dever
virtuadas. Seu poder-dever não pode ser utilizado, por do servidor “representar contra ilegalidade, omissão ou
exemplo, para satisfação de interesses menores, como abuso de poder”. De modo que também a omissão pode
realizar a prática de determinado ato para beneficiar uma ensejar a representação. A omissão do agente que ile-
amante ou um parente. Se o agente viola o dever de agir galmente não pratica ato a que se acha vinculado pode
com comportamento incompatível com a moralidade até configurar o ilícito penal de prevaricação. O dever de
administrativa, poderá estar sujeito a sanção disciplinar. representação deve ser privilegiado, mas deve ser usado
Seu ato ímprobo ou imoral configura o chamado des- com o devido equilíbrio, não podendo servir a finalida-
vio de poder, que é totalmente abominável no Direito des egoísticas, político-partidárias, induzido por inimiza-
Administrativo e poderá ser anulado interna corporis ou des de cunho pessoal, o que de pronto trespassará o re-
judicialmente através da ação popular, ação de ressarci- presentante de autor a réu por prática de abuso de poder
mento ao erário e ação civil pública se o ato violar direito ou denunciação caluniosa”.
coletivo ou transindividual”.
Capítulo II
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

X - ser assíduo e pontual ao serviço; Das Proibições


“Dois conceitos diferentes, porém parecidos. Ser assí-
duo significa ser presente dentro do horário do expedien- Art. 117. Ao servidor é proibido:
te. O oposto do assíduo é o ausente, o faltoso. Pontual é Em contraposição aos deveres do servidor público,
aquele servidor que não atrasa seus compromissos. É o existem diversas proibições, que também estão em boa
que comparece no horário para as reuniões de trabalho e parte abrangidas pelo Decreto n° 1.171/94. A violação
demais atividades relacionadas com o exercício do cargo dos deveres ou a prática de alguma das violações abaixo
que ocupa. Embora sejam conceitos diferentes, aqui o descritas caracterizam infração administrativa disciplinar.
dever violado, seja por impontualidade, seja por inassi- “Nas Proibições – art. 117, constata-se, desde logo,
duidade (que ainda não aquela inassiduidade habitual de sua objetividade e taxatividade, o que veda sua amplia-
60 dias ensejadora de demissão), merece reprimenda de ção e o uso de interpretações analógicas ou sistemáticas
advertência, com fins educativos e de correção do servi- visto serem condutas restritivas de direitos, sujeitas, por-
dor”. tanto, ao princípio da reserva legal. O descumprimento

33
dessas proibições podem inclusive, ensejar o enquadra- vestido em cargo de direção, chefia ou assessoramento,
mento penal do servidor, pois muitas das condutas ali para o exercício de cargo em comissão ou de confiança,
descritas, configuram prática de delito penal”19. ou, ainda, de função gratificada na Administração Pública
I - ausentar-se do serviço durante o expediente, sem direta e indireta, em qualquer dos Poderes da União, dos
prévia autorização do chefe imediato; Estados, do Distrito Federal e dos municípios, compreen-
Violação do dever de assiduidade. dido o ajuste mediante designações recíprocas, viola a
Constituição Federal.” Obs.: se o concurso pedir pelo en-
II  -  retirar, sem prévia anuência da autoridade com- tendimento jurisprudencial, vá pela súmula, mas se não
petente, qualquer documento ou objeto da repartição; mencionar nada se atenha ao texto da lei, visto que há
Violação do dever de zelo com o patrimônio público. pequenas variações entre o texto da súmula e o da lei.

III - recusar fé a documentos públicos; IX - valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou


É dever do servidor público conferir fé aos documen- de outrem, em detrimento da dignidade da função
tos públicos, revestindo-lhes da autoridade e confiança pública;
O cargo público serve apenas aos interesses da admi-
que seu cargo possui. Violação do dever de transparên-
nistração pública, ou seja, da coletividade, não aos inte-
cia.
resses pessoais do servidor.
IV  -  opor resistência injustificada ao andamento de X - participar de gerência ou administração de so-
documento e processo ou execução de serviço; ciedade privada, personificada ou não personificada,
Não cabe impedir que o trâmite da administração exercer o comércio, exceto na qualidade de acionista,
seja alterado por um capricho pessoal. Violação ao dever cotista ou comanditário;
de celeridade e eficiência, bem como de impessoalidade. Não cabe ao servidor público administrar sociedade
privada, o que pode comprometer sua eficiência e impar-
V - promover manifestação de apreço ou desapreço no cialidade no exercício da função pública. No princípio, ou
recinto da repartição; seja, na redação original do Estatuto era proibida apenas a
Violação do dever de discrição. participação do servidor como sócio gerente ou administra-
dor de empresa privada, exceto na qualidade de mero cotista,
VI - cometer a pessoa estranha à repartição, fora dos acionário ou comanditário. Atualmente, a empresa pode até
casos previstos em lei, o desempenho de atribuição não estar personificada, por exemplo, não estar devidamente
que seja de sua responsabilidade ou de seu subordi- constituída e registrada nos órgãos competentes (Junta Co-
nado; mercial, fisco estadual, municipal, distrital e federal, e órgãos
Quem é designado para o desempenho de uma fun- de controle: ambiental, trabalhista etc.). Comprovada detida-
ção pública deve desempenhá-la, não podendo designar mente a gerência ou administração da sociedade particular
outra pessoa para prestar seus serviços ou de seu subor- em concomitância com a pretensa carga horária da repartição
dinado. pública, deve ser aplicada a penalidade de demissão.

VII  -  coagir ou aliciar subordinados no sentido de XI - atuar, como procurador ou intermediário, junto a
filiarem-se a associação profissional ou sindical, ou a repartições públicas, salvo quando se tratar de benefí-
partido político; cios previdenciários ou assistenciais de parentes até o
O direito de associação é livre, não podendo um fun- segundo grau, e de cônjuge ou companheiro;
cionário forçar o seu subordinado a associar-se sindical Não cabe atuar como procurador perante repartições
públicas de forma profissional. Daí a limitação à atua-
ou politicamente.
ção como representante de parente até segundo grau
(irmãos, ascendentes e descendentes, cônjuges e com-
VIII  -  manter sob sua chefia imediata, em cargo ou
panheiros).
função de confiança, cônjuge, companheiro ou parente
até o segundo grau civil; XII - receber propina, comissão, presente ou vantagem
de qualquer espécie, em razão de suas atribuições;
É a chamada prática de nepotismo. Do latim nepos, A percepção de vantagem indevida gerando enrique-
neto ou descendente, é o termo utilizado para designar o cimento ilícito também caracteriza ato de improbidade
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

favorecimento de parentes (ou amigos próximos) em detri- administrativa de maior gravidade, bem como crime de
mento de pessoas mais qualificadas, especialmente no que corrupção passiva.
diz respeito à nomeação ou elevação de cargos. O Decreto
nº 7.203, de 4 de junho de 2010 dispõe sobre a vedação XIII - aceitar comissão, emprego ou pensão de estado
do nepotismo no âmbito da administração pública federal. estrangeiro;
Trata-se de indício da intenção de praticar atos con-
Súmula Vinculante nº 13: “A nomeação de cônjuge, trários ao interesse do Estado ao qual esteja vinculado.
companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por
afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade XIV - praticar usura sob qualquer de suas formas;
nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica, in- Usura significa agiotagem, que é o empréstimo de di-
nheiro a particulares obtendo juros abusivos em troca. As
19 MORGATO, Almir. O Regime Disciplinar dos Servidores Públi- atividades de empréstimo somente podem ser desempe-
cos da União. Disponível em: <http://www.canaldosconcursos.com. nhadas com fim lucrativo por instituições credenciadas.
br/artigos/almirmorgado_artigo1.pdf>. Acesso em: 11 ago. 2013.

34
XV - proceder de forma desidiosa; CAPÍTULO III
Desídia é desleixo, descuido, preguiça, indolência. DA ACUMULAÇÃO
XVI - utilizar pessoal ou recursos materiais da repar-
tição em serviços ou atividades particulares; Art. 118. Ressalvados os casos previstos na Constitu-
O aparato da administração pública pertence ao Esta- ição, é vedada a acumulação remunerada de cargos
do, não cabendo ao servidor utilizá-lo em atividades par- públicos.
ticulares. Estabelece o artigo 37, XVI da Constituição Federal:

XVII - cometer a outro servidor atribuições estranhas É vedada a acumulação remunerada de cargos públi-
ao cargo que ocupa, exceto em situações de emergên- cos, exceto, quando houver compatibilidade de horários,
cia e transitórias; observado em qualquer caso o disposto no inciso XI.
Cada servidor público tem sua atribuição legal, não a) a de dois cargos de professor;
cabendo designá-lo para desempenhar funções diversas b) a de um cargo de professor com outro técnico ou
salvo em caso de extrema necessidade. científico;
c) a de dois cargos ou empregos privativos de profis-
XVIII - exercer quaisquer atividades que sejam incom- sionais de saúde, com profissões regulamentadas;
patíveis com o exercício do cargo ou função e com o
horário de trabalho; Segundo Carvalho Filho20, “o fundamento da proibição
O exercício de atividades incompatíveis propicia uma é impedir que o cúmulo de funções públicas faça com que
violação ao princípio da imparcialidade. o servidor não execute qualquer delas com a necessária efi-
ciência. Além disso, porém, pode-se observar que o Cons-
XIX  -  recusar-se a atualizar seus dados cadastrais tituinte quis também impedir a cumulação de ganhos em
quando solicitado. detrimento da boa execução de tarefas públicas. [...] Nota-
A atualização de dados cadastrais é necessária para -se que a vedação se refere à acumulação remunerada. Em
manter a administração ciente da situação de seu ser-
consequência, se a acumulação só encerra a percepção de
vidor.
vencimentos por uma das fontes, não incide a regra consti-
tucional proibitiva”.
Parágrafo único. A vedação de que trata o inciso X do
§ 1o A proibição de acumular estende-se a cargos, em-
caput deste artigo não se aplica nos seguintes casos:
pregos e funções em autarquias, fundações públicas,
I - participação nos conselhos de administração e fis-
empresas públicas, sociedades de economia mista da
cal de empresas ou entidades em que a União deten-
União, do Distrito Federal, dos Estados, dos Territórios
ha, direta ou indiretamente, participação no capital
social ou em sociedade cooperativa constituída para e dos Municípios.
prestar serviços a seus membros; e A proibição vale tanto para a administração direta
II - gozo de licença para o trato de interesses particu- quanto para a indireta.
lares, na forma do art. 91 desta Lei, observada a legis- § 2o A acumulação de cargos, ainda que lícita, fica
lação sobre conflito de interesses. condicionada à comprovação da compatibilidade de
horários.
Nestes casos, é possível participar diretamente da ad-
ministração de sociedade privada, pois o interesse estatal Se o Estado pretende que o desempenho de ativida-
não será comprometido. de cumulada não gere prejuízo à função pública, correto
que exija a comprovação de compatibilidade de horários;

#FicaDica § 3o Considera-se acumulação proibida a percepção de ven-


cimento de cargo ou emprego público efetivo com proven-
Proibições puníveis com demissão: tos da inatividade, salvo quando os cargos de que decorram
- Utilizar recursos pessoais e materiais para essas remunerações forem acumuláveis na atividade.
atividades particulares; Exterioriza-se, por exemplo, a proibição de que o
- Valer-se do cargo para lograr proveito pes- agente se aposente do serviço público e continue o exer-
soal; cendo, recebendo aposentadoria e salário.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

- Proceder de forma desidiosa;


- Praticar usura; Art.  119. O servidor não poderá exercer mais de um
- Aceitar comissão, emprego, pensão de Es- cargo em comissão, exceto no caso previsto no pará-
tado estrangeiro; grafo único do art. 9o, nem ser remunerado pela par-
- Receber propina, comissão, presente ou ticipação em órgão de deliberação coletiva. 
qualquer outra vantagem; Cargo em comissão é aquele que não exige aprova-
- Atuar como procurador ou intermediário ção em concurso público, sendo designado para o exer-
(salvo benefício ou assistência previdenciária cício por possuir um vínculo de confiança com o supe-
de cônjuge, companheiro ou paciente até 2o rior. Somente é possível exercer 1, salvo interinamente.
grau); Da mesma forma, não cabe remuneração por participar
- Participar de sociedade privada (gerência/ de órgão de deliberação coletiva.
administração, personificada/não) ou comér-
cio (salvo acionista, cotista ou comanditário). 20 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito adminis-
trativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.

35
Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica Art. 123. A responsabilidade penal abrange os crimes
à remuneração devida pela participação em consel- e contravenções imputadas ao servidor, nessa quali-
hos de administração e fiscal das empresas públicas dade.
e sociedades de economia mista, suas subsidiárias e
controladas, bem como quaisquer empresas ou enti- Art. 124. A responsabilidade civil-administrativa resul-
dades em que a União, direta ou indiretamente, de- ta de ato omissivo ou comissivo praticado no desem-
tenha participação no capital social, observado o que, penho do cargo ou função.
a respeito, dispuser legislação específica.
O exercício de função em determinados conselhos de Art. 125. As sanções civis, penais e administrativas po-
administração e fiscais aceita remuneração. Trata-se de derão cumular-se, sendo independentes entre si.
exceção ao caput.
Art. 126. A responsabilidade administrativa do servi-
Art. 120. O servidor vinculado ao regime desta Lei, que
dor será afastada no caso de absolvição criminal que
acumular licitamente dois cargos efetivos, quando in-
negue a existência do fato ou sua autoria.
vestido em cargo de provimento em comissão, ficará
afastado de ambos os cargos efetivos, salvo na hipó-
Art. 126-A. Nenhum servidor poderá ser responsabili-
tese em que houver compatibilidade de horário e local
com o exercício de um deles, declarada pelas autori- zado civil, penal ou administrativamente por dar ciên-
dades máximas dos órgãos ou entidades envolvidos. cia à autoridade superior ou, quando houver suspeita
Se o servidor já cumular dois cargos efetivos e for in- de envolvimento desta, a outra autoridade competen-
vestido de um cargo em comissão, ficará afastado dos te para apuração de informação concernente à prática
cargos efetivos a não ser que exista compatibilidade de de crimes ou improbidade de que tenha conhecimen-
horários e local com um deles, caso em que se afastará to, ainda que em decorrência do exercício de cargo,
de somente um cargo efetivo. emprego ou função pública.
“Os artigos 118 a 120 da lei nº 8.112/90 ao tratarem
da acumulação de cargos e funções públicas, regulamen- Este dispositivo visa garantir que os servidores públi-
tam, no âmbito do serviço público federal a vedação ge- cos denunciem os servidores hierarquicamente superio-
nérica constante do art. 37, incisos VXI e XVII, da Cons- res. Afinal, todos teriam receio de denunciar se pudessem
tituição da República. De fato, a acumulação ilícita de ser responsabilizados civil, penal ou administrativamente
cargos públicos constitui uma das infrações mais comuns por tal denúncia caso no curso da apuração se verificasse
praticadas por servidores públicos, o que se constata ob- que ela não procedia.
servando o elevado número de processos administrati-
vos instaurados com esse objeto. O sistema adotado pela CAPÍTULO V
lei nº 8.112/90 é relativamente brando, quando cotejado DAS PENALIDADES
com outros estatutos de alguns Estados, visto que propi-
cia ao servidor incurso nessa ilicitude diversas oportuni- Art. 127. São penalidades disciplinares:
dades para regularizar sua situação e escapar da pena de I - advertência;
demissão. Também prevê a lei em comentário, um pro- II - suspensão;
cesso administrativo simplificado (processo disciplinar de III - demissão;
rito sumário) para a apuração dessa infração – art. 133” 21. IV - cassação de aposentadoria ou disponibilidade;
V - destituição de cargo em comissão;
CAPÍTULO IV
VI - destituição de função comissionada.
DAS RESPONSABILIDADES
A advertência é a pena mais leve, um aviso de que
o funcionário se portou de forma inadequada e de que
Art. 121. O servidor responde civil, penal e administra-
tivamente pelo exercício irregular de suas atribuições. isso não deve se repetir. A suspensão é uma sanção in-
termediária, fazendo com que o funcionário deixe de
Art. 122. A responsabilidade civil decorre de ato omis- desempenhar o cargo por certo período. Na demissão,
sivo ou comissivo, doloso ou culposo, que resulte em o funcionário não mais exercerá o cargo, sendo assim
prejuízo ao erário ou a terceiros. sanção mais grave. Outras sanções são cassação da apo-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

§ 1o A indenização de prejuízo dolosamente causado sentadoria ou disponibilidade, destituição do cargo em


ao erário somente será liquidada na forma prevista comissão, destituição da função comissionada.
no art. 46, na falta de outros bens que assegurem a Art. 128. Na aplicação das penalidades serão consid-
execução do débito pela via judicial. eradas a natureza e a gravidade da infração cometida,
§ 2o Tratando-se de dano causado a terceiros, respon- os danos que dela provierem para o serviço público,
derá o servidor perante a Fazenda Pública, em ação as circunstâncias agravantes ou atenuantes e os ante-
regressiva. cedentes funcionais.
§ 3o A obrigação de reparar o dano estende-se aos
sucessores e contra eles será executada, até o limite do Parágrafo  único. O ato de imposição da penalidade
valor da herança recebida. mencionará sempre o fundamento legal e a causa da
sanção disciplinar.
21 MORGATO, Almir. O Regime Disciplinar dos Servidores Públi-
cos da União. Disponível em: <http://www.canaldosconcursos.com.
br/artigos/almirmorgado_artigo1.pdf>. Acesso em: 11 ago. 2013.

36
De forma fundamentada, justificada, se escolherá por uma Atos descritos na Lei n° 8.429/92.
ou outra sanção, conforme a gravidade do ato praticado.
V  -  incontinência pública e conduta escandalosa, na
Art. 129. A advertência será aplicada por escrito, nos repartição;
casos de violação de proibição constante do art. 117, Ausência de discrição no exercício das funções.
incisos I a VIII e XIX, e de inobservância de dever fun-
cional previsto em lei, regulamentação ou norma VI - insubordinação grave em serviço;
interna, que não justifique imposição de penalidade Violação grave do dever de obediência hierárquica.
mais grave.
Vide comentários aos incisos I a VII e XIX do art. 117. A
VII - ofensa física, em serviço, a servidor ou a particu-
norma é genérica, envolvendo ainda qualquer outra viola-
lar, salvo em legítima defesa própria ou de outrem;
ção de dever funcional que não exija sanção mais grave.
Ofensa física a servidor ou administrado que não para
Art. 130. A suspensão será aplicada em caso de re- se defender.
incidência das faltas punidas com advertência e de
violação das demais proibições que não tipifiquem in- VIII - aplicação irregular de dinheiros públicos;
fração sujeita a penalidade de demissão, não podendo IX - revelação de segredo do qual se apropriou em
exceder de 90 (noventa) dias. razão do cargo;
A suspensão é uma sanção administrativa interme- X  -  lesão aos cofres públicos e dilapidação do
diária, aplicável se as práticas sujeitas a advertência se patrimônio nacional;
repetirem ou em caso de infração grave que ainda assim XI - corrupção;
não gere pena de demissão. XII - acumulação ilegal de cargos, empregos ou fun-
§ 1o Será punido com suspensão de até 15 (quinze) dias ções públicas;
o servidor que, injustificadamente, recusar-se a ser Na verdade, são atos de improbidade administrativa,
submetido a inspeção médica determinada pela au- então nem precisariam ser mencionados.
toridade competente, cessando os efeitos da penali-
dade uma vez cumprida a determinação. XIII - transgressão dos incisos IX a XVI do art. 117.
Trata-se de hipótese específica em que será aplicada Vide comentários aos incisos IX a XVI do art. 117.
suspensão.
§ 2o Quando houver conveniência para o serviço, a
Art. 133. Detectada a qualquer tempo a acumulação
penalidade de suspensão poderá ser convertida em
multa, na base de 50% (cinquenta por cento) por dia ilegal de cargos, empregos ou funções públicas, a au-
de vencimento ou remuneração, ficando o servidor toridade a que se refere o art. 143 notificará o servidor,
obrigado a permanecer em serviço. por intermédio de sua chefia imediata, para apresen-
Se for inconveniente para a administração pública abrir tar opção no prazo improrrogável de dez dias, con-
mão do servidor, poderá multá-lo em 50% de seu vencimen- tados da data da ciência e, na hipótese de omissão,
to/remuneração diário pelo número de dias de suspensão. adotará procedimento sumário para a sua apuração e
O servidor não poderá se recusar a permanecer em serviço. regularização imediata, cujo processo administrativo
disciplinar se desenvolverá nas seguintes fases:
Art. 131. As penalidades de advertência e de suspen- I - instauração, com a publicação do ato que consti-
são terão seus registros cancelados, após o decurso de tuir a comissão, a ser composta por dois servidores
3 (três) e 5 (cinco) anos de efetivo exercício, respectiva- estáveis, e simultaneamente indicar a autoria e a ma-
mente, se o servidor não houver, nesse período, prati- terialidade da transgressão objeto da apuração;
cado nova infração disciplinar. II - instrução sumária, que compreende indiciação, de-
Parágrafo único. O cancelamento da penalidade não fesa e relatório;
surtirá efeitos retroativos. III - julgamento.
O bom comportamento posterior do servidor faz com § 1o A indicação da autoria de que trata o inciso I
que o registro de advertência (após 3 anos) ou suspen-
dar-se-á pelo nome e matrícula do servidor, e a ma-
são (após 5 anos) seja apagado de seu registro, o que
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

terialidade pela descrição dos cargos, empregos ou


não significa que o servidor poderá requerer, por exem-
funções públicas em situação de acumulação ilegal,
plo, o pagamento referente aos dias que ficou suspenso.
dos órgãos ou entidades de vinculação, das datas de
Art. 132. A demissão será aplicada nos seguintes ca- ingresso, do horário de trabalho e do correspondente
sos: regime jurídico.
I - crime contra a administração pública; § 2o A comissão lavrará, até três dias após a publicação
Artigos 312 a 326 do Código Penal. do ato que a constituiu, termo de indiciação em que
II - abandono de cargo; serão transcritas as informações de que trata o pará-
III - inassiduidade habitual; grafo anterior, bem como promoverá a citação pessoal
Deixar totalmente de exercer o cargo ou faltar em ex- do servidor indiciado, ou por intermédio de sua chefia
cesso. imediata, para, no prazo de cinco dias, apresentar de-
fesa escrita, assegurando-se-lhe vista do processo na
IV - improbidade administrativa; repartição, observado o disposto nos arts. 163 e 164.

37
§ 3o Apresentada a defesa, a comissão elaborará Logo, a destituição do cargo em comissão por quem
relatório conclusivo quanto à inocência ou à respon- não ocupe um cargo efetivo é aplicável quando o comis-
sabilidade do servidor, em que resumirá as peças prin- sionado aplicar não só os atos sujeitos à pena de demis-
cipais dos autos, opinará sobre a licitude da acumu- são, mas também os sujeitos à pena de suspensão.
lação em exame, indicará o respectivo dispositivo legal
Art. 136. A demissão ou a destituição de cargo em co-
e remeterá o processo à autoridade instauradora, para
missão, nos casos dos incisos IV, VIII, X e XI do art. 132,
julgamento. implica a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento
§ 4o No prazo de cinco dias, contados do recebimento ao erário, sem prejuízo da ação penal cabível.
do processo, a autoridade julgadora proferirá a sua Nos casos de demissão e destituição do cargo em co-
decisão, aplicando-se, quando for o caso, o disposto missão, os bens ficarão indisponíveis para o ressarcimen-
no § 3o do art. 167. to do prejuízo sofrido pelo Estado, cabendo ainda ação
§ 5o A opção pelo servidor até o último dia de prazo penal própria.
para defesa configurará sua boa-fé, hipótese em que Art. 137. A demissão ou a destituição de cargo em co-
se converterá automaticamente em pedido de exoner- missão, por infringência do art. 117, incisos IX e XI,
ação do outro cargo. incompatibiliza o ex-servidor para nova investidura
§ 6o Caracterizada a acumulação ilegal e provada a em cargo público federal, pelo prazo de 5 (cinco) anos.
O ex-servidor que tenha se valido do cargo para lo-
má-fé, aplicar-se-á a pena de demissão, destituição
grar proveito pessoal ou de outrem, em detrimento da
ou cassação de aposentadoria ou disponibilidade em dignidade da função pública ou que tenha atuado como
relação aos cargos, empregos ou funções públicas procurador ou intermediário, junto a repartições públi-
em regime de acumulação ilegal, hipótese em que os cas, salvo em hipóteses específicas, não poderá ser in-
órgãos ou entidades de vinculação serão comunica- vestido em cargo público federal pelo prazo de 5 anos.
dos.
§ 7o O prazo para a conclusão do processo adminis- Parágrafo  único. Não poderá retornar ao serviço
trativo disciplinar submetido ao rito sumário não ex- público federal o servidor que for demitido ou destituí-
cederá trinta dias, contados da data de publicação do do do cargo em comissão por infringência do art. 132,
ato que constituir a comissão, admitida a sua pror- incisos I, IV, VIII, X e XI.
Vide incisos I, IV, VIII, X e XI do artigo 132. Nestes ca-
rogação por até quinze dias, quando as circunstâncias
sos, não caberá jamais retorno ao serviço público federal,
o exigirem. diante da gravidade dos atos praticados.
§ 8o O procedimento sumário rege-se pelas disposições
deste artigo, observando-se, no que lhe for aplicável, Art. 138. Configura abandono de cargo a ausência in-
subsidiariamente, as disposições dos Títulos IV e V tencional do servidor ao serviço por mais de trinta dias
desta Lei. consecutivos.
O artigo descreve o procedimento em caso de vio- Conceito de abandono de cargo: ausência intencional
lação do dever de não acumular cargos ilicitamente. No por mais de 30 dias seguidos. Gera pena de demissão.
início, o servidor será notificado para se manifestar op-
tando por um cargo. Se ficar omisso ou se recusar fazer Art. 139. Entende-se por inassiduidade habitual a falta
ao serviço, sem causa justificada, por sessenta dias, in-
a opção, será instaurado processo administrativo disci-
terpoladamente, durante o período de doze meses.
plinar. Nele, o servidor poderá apresentar defesa no sen- Conceito de inassiduidade habitual, que também
tido de ser lícita a cumulação. Mas até o último dia do gera demissão: ausência por 60 dias num período de 12
prazo para defesa o servidor poderá optar por um caso, meses de forma injustificada.
caso em que o procedimento se converterá em pedido
de exoneração do cargo não escolhido, presumindo-se a Art. 140. Na apuração de abandono de cargo ou inas-
boa-fé do servidor. siduidade habitual, também será adotado o procedi-
Art. 134. Será cassada a aposentadoria ou a disponibi- mento sumário a que se refere o art. 133, observando-
lidade do inativo que houver praticado, na atividade, se especialmente que:
falta punível com a demissão. I - a indicação da materialidade dar-se-á:
a) na hipótese de abandono de cargo, pela indicação
precisa do período de ausência intencional do servidor
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Supondo que o servidor tenha praticado ato punível


ao serviço superior a trinta dias;
com demissão e, sabendo disso, se demita. Isso não evi- b) no caso de inassiduidade habitual, pela indicação
tará que sua aposentadoria seja cassada, assim como ele dos dias de falta ao serviço sem causa justificada, por
seria demitido se no exercício das funções. período igual ou superior a sessenta dias interpolada-
mente, durante o período de doze meses;
Art. 135. A destituição de cargo em comissão exercido II - após a apresentação da defesa a comissão elabo-
por não ocupante de cargo efetivo será aplicada nos rará relatório conclusivo quanto à inocência ou à re-
casos de infração sujeita às penalidades de suspensão sponsabilidade do servidor, em que resumirá as peças
e de demissão. principais dos autos, indicará o respectivo dispositivo
Parágrafo único. Constatada a hipótese de que trata legal, opinará, na hipótese de abandono de cargo, so-
este artigo, a exoneração efetuada nos termos do art. bre a intencionalidade da ausência ao serviço superior
a trinta dias e remeterá o processo à autoridade in-
35 será convertida em destituição de cargo em comis-
stauradora para julgamento.
são.

38
Por indicação de materialidade, entenda-se demons- Se a infração disciplinar for crime, valerão os prazos
tração do fato. É preciso indicar especificamente os dias prescricionais do direito penal, mais longos, logo, menos
faltados. favoráveis ao servidor.
Adota-se o procedimento do art. 133. Interrupção da prescrição significa parar a contagem
do prazo para que, retornando, comece do zero. Da aber-
Art. 141. As penalidades disciplinares serão aplicadas: tura da sindicância ou processo administrativo disciplinar
I - pelo Presidente da República, pelos Presidentes das até a decisão final proferida por autoridade competente
Casas do Poder Legislativo e dos Tribunais Federais e não corre a prescrição. Proferida a decisão, o prazo co-
pelo Procurador-Geral da República, quando se tratar meça a contar do zero. Passado o prazo, não caberá mais
de demissão e cassação de aposentadoria ou disponi- propor ação disciplinar.
bilidade de servidor vinculado ao respectivo Poder,
órgão, ou entidade;
II - pelas autoridades administrativas de hierarquia #FicaDica
imediatamente inferior àquelas mencionadas no in-
ciso anterior quando se tratar de suspensão superior Penalidades:
a 30 (trinta) dias; - Advertência – artigo 117, I a VIII e XIX;
III - pelo chefe da repartição e outras autoridades na - Suspensão – reincidência em infração pu-
forma dos respectivos regimentos ou regulamentos, nível com advertência, incumbência a outro
nos casos de advertência ou de suspensão de até 30 servidor de atribuições estranhas ao cargo,
(trinta) dias; exercício de atividades incompatíveis com
IV - pela autoridade que houver feito a nomeação, cargo ou função;
quando se tratar de destituição de cargo em comissão. - Demissão – artigo 132, inclusive reincidên-
Presidente da República/Presidentes da Câmara dos cia em infração punível com suspensão.
Deputados ou do Senado Federal/Presidentes dos Tri-
bunais Federais - TRF, TRE, TRT, TSE, TST, STJ e STF/Pro-
curador-Geral da República - demissão ou cassação de PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR
aposentadoria/disponibilidade do servidor vinculado ao
órgão (sanções mais graves). TÍTULO V
Autoridade administrativa de hierarquia imediata- DO PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR
mente inferior às do inciso I - suspensão por mais de 30
dias (sanção de suspensão, de gravidade intermediária, CAPÍTULO I
por maior período). DISPOSIÇÕES GERAIS
Chefe da repartição e outras autoridades previstas no
regulamento - advertência e suspensão inferior a 30 dias Art. 143. A autoridade que tiver ciência de irregulari-
(sanção de suspensão, de gravidade intermediária, por dade no serviço público é obrigada a promover a sua
menor período). apuração imediata, mediante sindicância ou processo
Autoridade que houver feito a nomeação, em qual- administrativo disciplinar, assegurada ao acusado
quer cargo de comissão, independente da pena. ampla defesa.
§§ 1º e 2º (Revogados)
Art. 142. A ação disciplinar prescreverá: § 3º A apuração de que trata o caput, por solicitação
I - em 5 (cinco) anos, quanto às infrações puníveis com da autoridade a que se refere, poderá ser promovida
demissão, cassação de aposentadoria ou disponibili-
por autoridade de órgão ou entidade diverso daquele
dade e destituição de cargo em comissão;
em que tenha ocorrido a irregularidade, mediante
II - em 2 (dois) anos, quanto à suspensão;
competência específica para tal finalidade, delegada
III - em 180 (cento e oitenta) dias, quanto á advertência.
§ 1o O prazo de prescrição começa a correr da data em em caráter permanente ou temporário pelo Presidente
que o fato se tornou conhecido. da República, pelos presidentes das Casas do Poder
§ 2o Os prazos de prescrição previstos na lei penal apli- Legislativo e dos Tribunais Federais e pelo Procurador-
cam-se às infrações disciplinares capituladas também Geral da República, no âmbito do respectivo Poder,
como crime. órgão ou entidade, preservadas as competências para
§ 3o A abertura de sindicância ou a instauração de o julgamento que se seguir à apuração.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

processo disciplinar interrompe a prescrição, até a de- Art. 144. As denúncias sobre irregularidades serão
cisão final proferida por autoridade competente. objeto de apuração, desde que contenham a identifi-
cação e o endereço do denunciante e sejam formula-
§ 4o Interrompido o curso da prescrição, o prazo das por escrito, confirmada a autenticidade.
começará a correr a partir do dia em que cessar a in- Parágrafo único. Quando o fato narrado não con-
terrupção. figurar evidente infração disciplinar ou ilícito penal, a
Prescrição é um instituto que visa regular a perda do denúncia será arquivada, por falta de objeto.
direito de acionar judicialmente.
No caso, o prazo é de 5 anos para as infrações mais Art. 145. Da sindicância poderá resultar:
graves, 2 para as de gravidade intermediária (pena de I - arquivamento do processo;
suspensão) e 180 dias para as menos graves (pena de II - aplicação de penalidade de advertência ou suspen-
advertência) - Contados da data em que o fato se tornou são de até 30 (trinta) dias;
conhecido pela administração pública. III - instauração de processo disciplinar.

39
Parágrafo único. O prazo para conclusão da sindicân- Art. 150. A Comissão exercerá suas atividades com
cia não excederá 30 (trinta) dias, podendo ser pror- independência e imparcialidade, assegurado o sigilo
rogado por igual período, a critério da autoridade su- necessário à elucidação do fato ou exigido pelo inter-
perior. esse da administração.
Parágrafo único. As reuniões e as audiências das co-
Art. 146. Sempre que o ilícito praticado pelo servidor missões terão caráter reservado.
ensejar a imposição de penalidade de suspensão por
mais de 30 (trinta) dias, de demissão, cassação de Art. 151. O processo disciplinar se desenvolve nas
aposentadoria ou disponibilidade, ou destituição de seguintes fases:
cargo em comissão, será obrigatória a instauração de I - instauração, com a publicação do ato que constituir
processo disciplinar. a comissão;
A sindicância é uma modalidade mais branda de apu- II - inquérito administrativo, que compreende in-
ração da infração administrativa porque ou gerará a apli- strução, defesa e relatório;
cação de uma sanção mais branda, ou apenas antecederá III - julgamento.
o processo administrativo disciplinar que aplique a san-
ção mais grave, entendendo-se por sanções mais graves Art. 152. O prazo para a conclusão do processo dis-
qualquer uma pior do que suspensão por menos de 30 ciplinar não excederá 60 (sessenta) dias, contados da
dias (suspensão por mais de 30 dias, além de todas as data de publicação do ato que constituir a comissão,
outras que geram perda do cargo ou da aposentadoria). admitida a sua prorrogação por igual prazo, quando
as circunstâncias o exigirem.
CAPÍTULO II
DO AFASTAMENTO PREVENTIVO § 1º Sempre que necessário, a comissão dedicará tem-
po integral aos seus trabalhos, ficando seus membros
Art. 147. Como medida cautelar e a fim de que o servi- dispensados do ponto, até a entrega do relatório final.
§ 2º As reuniões da comissão serão registradas em atas
dor não venha a influir na apuração da irregularidade,
que deverão detalhar as deliberações adotadas.
a autoridade instauradora do processo disciplinar
poderá determinar o seu afastamento do exercício do
Este capítulo introduz aspectos sobre o processo ad-
cargo, pelo prazo de até 60 (sessenta) dias, sem pre-
ministrativo que serão aprofundados adiante e na própria
juízo da remuneração.
lei nº 9.784/99. Em suma, tem-se que o processo adminis-
Parágrafo único. O afastamento poderá ser prorrogado
trativo deve garantir a ampla defesa, será conduzido por
por igual prazo, findo o qual cessarão os seus efeitos,
uma comissão de 3 membros funcionários estáveis que
ainda que não concluído o processo.
decidirão com independência e imparcialidade, divide-se
O afastamento preventivo é uma medida cautelar que em 3 fases e possui prazo limite de duração (60, even-
impede que o servidor tente influenciar na decisão da tualmente +60).
apuração de sua infração, podendo ocorrer por no máxi-
mo 60 dias, prorrogáveis até 120 dias, sem perda de re- SEÇÃO I
muneração (afinal, ainda não foi condenado). DO INQUÉRITO
CAPÍTULO III Art. 153. O inquérito administrativo obedecerá ao
DO PROCESSO DISCIPLINAR princípio do contraditório, assegurada ao acusado
ampla defesa, com a utilização dos meios e recursos
Art. 148. O processo disciplinar é o instrumento des- admitidos em direito.
tinado a apurar responsabilidade de servidor por in-
fração praticada no exercício de suas atribuições, ou Art. 154. Os autos da sindicância integrarão o pro-
que tenha relação com as atribuições do cargo em que cesso disciplinar, como peça informativa da instrução.
se encontre investido. Parágrafo único. Na hipótese de o relatório da sin-
Art. 149. O processo disciplinar será conduzido por co- dicância concluir que a infração está capitulada como
missão composta de três servidores estáveis designa- ilícito penal, a autoridade competente encaminhará có-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

dos pela autoridade competente, observado o disposto pia dos autos ao Ministério Público, independentemente
no § 3o do art. 143, que indicará, dentre eles, o seu da imediata instauração do processo disciplinar.
presidente, que deverá ser ocupante de cargo efetivo
superior ou de mesmo nível, ou ter nível de escolari- Art. 155. Na fase do inquérito, a comissão promoverá
dade igual ou superior ao do indiciado. a tomada de depoimentos, acareações, investigações
§ 1º A Comissão terá como secretário servidor desig- e diligências cabíveis, objetivando a coleta de prova,
nado pelo seu presidente, podendo a indicação recair recorrendo, quando necessário, a técnicos e peritos, de
em um de seus membros. modo a permitir a completa elucidação dos fatos.
§ 2º Não poderá participar de comissão de sindicância Art. 156. É assegurado ao servidor o direito de acom-
ou de inquérito, cônjuge, companheiro ou parente do panhar o processo pessoalmente ou por intermédio de
acusado, consanguíneo ou afim, em linha reta ou co- procurador, arrolar e reinquirir testemunhas, produzir
lateral, até o terceiro grau. provas e contraprovas e formular quesitos, quando se
tratar de prova pericial.

40
§ 1º O presidente da comissão poderá denegar pedidos Art. 162. O indiciado que mudar de residência fica
considerados impertinentes, meramente protelatórios, obrigado a comunicar à comissão o lugar onde poderá
ou de nenhum interesse para o esclarecimento dos fa- ser encontrado.
tos.
§ 2º Será indeferido o pedido de prova pericial, quando Art. 163. Achando-se o indiciado em lugar incerto e
a comprovação do fato independer de conhecimento não sabido, será citado por edital, publicado no Diário
especial de perito. Oficial da União e em jornal de grande circulação na
localidade do último domicílio conhecido, para apre-
Art. 157. As testemunhas serão intimadas a depor me- sentar defesa.
diante mandado expedido pelo presidente da comis- Parágrafo único. Na hipótese deste artigo, o prazo
são, devendo a segunda via, com o ciente do interes- para defesa será de 15 (quinze) dias a partir da última
sado, ser anexado aos autos. publicação do edital.
Parágrafo único. Se a testemunha for servidor público,
a expedição do mandado será imediatamente comu- Art. 164. Considerar-se-á revel o indiciado que, regu-
nicada ao chefe da repartição onde serve, com a indi- larmente citado, não apresentar defesa no prazo legal.
cação do dia e hora marcados para inquirição. § 1º A revelia será declarada, por termo, nos autos do
processo e devolverá o prazo para a defesa.
Art. 158. O depoimento será prestado oralmente e re-
duzido a termo, não sendo lícito à testemunha trazê- § 2º Para defender o indiciado revel, a autoridade in-
lo por escrito. stauradora do processo designará um servidor como
defensor dativo, que deverá ser ocupante de cargo
§ 1º As testemunhas serão inquiridas separadamente. efetivo superior ou de mesmo nível, ou ter nível de
§ 2º Na hipótese de depoimentos contraditórios ou que escolaridade igual ou superior ao do indiciado.
se infirmem, proceder-se-á à acareação entre os de-
Art. 165. Apreciada a defesa, a comissão elaborará
poentes.
relatório minucioso, onde resumirá as peças principais
dos autos e mencionará as provas em que se baseou
Art. 159. Concluída a inquirição das testemunhas, a
para formar a sua convicção.
comissão promoverá o interrogatório do acusado, ob-
§ 1º O relatório será sempre conclusivo quanto à in-
servados os procedimentos previstos nos arts. 157 e
ocência ou à responsabilidade do servidor.
158.
§ 2º Reconhecida a responsabilidade do servidor, a co-
§ 1º No caso de mais de um acusado, cada um deles missão indicará o dispositivo legal ou regulamentar
será ouvido separadamente, e sempre que divergirem transgredido, bem como as circunstâncias agravantes
em suas declarações sobre fatos ou circunstâncias, ou atenuantes.
será promovida a acareação entre eles. Art. 166. O processo disciplinar, com o relatório da co-
§ 2º O procurador do acusado poderá assistir ao in- missão, será remetido à autoridade que determinou a
terrogatório, bem como à inquirição das testemunhas, sua instauração, para julgamento.
sendo-lhe vedado interferir nas perguntas e respostas,
facultando-se-lhe, porém, reinquiri-las, por intermé- O inquérito é uma das fases do processo adminis-
dio do presidente da comissão. trativo disciplinar, obedecendo às regras descritas nes-
ta seção, destacando-se as que tratam da produção de
Art. 160. Quando houver dúvida sobre a sanidade mental provas.
do acusado, a comissão proporá à autoridade competente
que ele seja submetido a exame por junta médica oficial, SEÇÃO II
da qual participe pelo menos um médico psiquiatra. DO JULGAMENTO
Parágrafo único. O incidente de sanidade mental será
processado em auto apartado e apenso ao processo Art. 167. No prazo de 20 (vinte) dias, contados do re-
principal, após a expedição do laudo pericial. cebimento do processo, a autoridade julgadora profer-
Art. 161. Tipificada a infração disciplinar, será formu- irá a sua decisão.
lada a indiciação do servidor, com a especificação dos § 1º Se a penalidade a ser aplicada exceder a alçada
fatos a ele imputados e das respectivas provas. da autoridade instauradora do processo, este será en-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

§ 1º O indiciado será citado por mandado expedido caminhado à autoridade competente, que decidirá em
pelo presidente da comissão para apresentar defesa igual prazo.
escrita, no prazo de 10 (dez) dias, assegurando-se-lhe § 2º Havendo mais de um indiciado e diversidade de
vista do processo na repartição. sanções, o julgamento caberá à autoridade compe-
§ 2º Havendo dois ou mais indiciados, o prazo será tente para a imposição da pena mais grave.
comum e de 20 (vinte) dias. § 3º Se a penalidade prevista for a demissão ou cas-
§ 3º O prazo de defesa poderá ser prorrogado pelo sação de aposentadoria ou disponibilidade, o jul-
dobro, para diligências reputadas indispensáveis. gamento caberá às autoridades de que trata o inciso
§ 4º No caso de recusa do indiciado em apor o ciente I do art. 141.
na cópia da citação, o prazo para defesa contar-se-á § 4º Reconhecida pela comissão a inocência do servi-
da data declarada, em termo próprio, pelo membro dor, a autoridade instauradora do processo determi-
da comissão que fez a citação, com a assinatura de (2) nará o seu arquivamento, salvo se flagrantemente
duas testemunhas. contrária à prova dos autos.

41
Art. 168. O julgamento acatará o relatório da comis- SEÇÃO III
são, salvo quando contrário às provas dos autos. DA REVISÃO DO PROCESSO
Parágrafo único. Quando o relatório da comissão
contrariar as provas dos autos, a autoridade julga- Art. 174. O processo disciplinar poderá ser revisto,
dora poderá, motivadamente, agravar a penalidade a qualquer tempo, a pedido ou de ofício, quando se
proposta, abrandá-la ou isentar o servidor de respon- aduzirem fatos novos ou circunstâncias suscetíveis de
sabilidade. justificar a inocência do punido ou a inadequação da
penalidade aplicada.
Art. 169. Verificada a ocorrência de vício insanável, § 1º Em caso de falecimento, ausência ou desapareci-
a autoridade que determinou a instauração do pro- mento do servidor, qualquer pessoa da família poderá
cesso ou outra de hierarquia superior declarará a sua requerer a revisão do processo.
nulidade, total ou parcial, e ordenará, no mesmo ato, § 2º No caso de incapacidade mental do servidor, a
revisão será requerida pelo respectivo curador.
a constituição de outra comissão para instauração de
Art. 175. No processo revisional, o ônus da prova cabe
novo processo.
ao requerente.
§ 1º O julgamento fora do prazo legal não implica
Art. 176. A simples alegação de injustiça da penali-
nulidade do processo. dade não constitui fundamento para a revisão, que
§ 2º A autoridade julgadora que der causa à prescrição requer elementos novos, ainda não apreciados no
de que trata o art. 142, § 2o, será responsabilizada na processo originário.
forma do Capítulo IV do Título IV.
Art. 170. Extinta a punibilidade pela prescrição, a au- Art. 177. O requerimento de revisão do processo será
toridade julgadora determinará o registro do fato nos dirigido ao Ministro de Estado ou autoridade equiva-
assentamentos individuais do servidor. lente, que, se autorizar a revisão, encaminhará o pedi-
do ao dirigente do órgão ou entidade onde se originou
Art. 171. Quando a infração estiver capitulada como o processo disciplinar.
crime, o processo disciplinar será remetido ao Minis- Parágrafo único. Deferida a petição, a autoridade compe-
tério Público para instauração da ação penal, ficando tente providenciará a constituição de comissão, na forma
trasladado na repartição. do art. 149.

Art. 172. O servidor que responder a processo discipli- Art. 178. A revisão correrá em apenso ao processo
nar só poderá ser exonerado a pedido, ou aposentado originário.
voluntariamente, após a conclusão do processo e o Parágrafo único. Na petição inicial, o requerente
cumprimento da penalidade, acaso aplicada. pedirá dia e hora para a produção de provas e in-
Parágrafo único. Ocorrida a exoneração de que trata o quirição das testemunhas que arrolar.
parágrafo único, inciso I do art. 34, o ato será conver-
tido em demissão, se for o caso. Art. 179. A comissão revisora terá 60 (sessenta) dias
para a conclusão dos trabalhos.
Art. 173. Serão assegurados transporte e diárias:
I - ao servidor convocado para prestar depoimento Art. 180. Aplicam-se aos trabalhos da comissão revi-
fora da sede de sua repartição, na condição de teste- sora, no que couber, as normas e procedimentos próp-
rios da comissão do processo disciplinar.
munha, denunciado ou indiciado;
II - aos membros da comissão e ao secretário, quando
Art. 181. O julgamento caberá à autoridade que apli-
obrigados a se deslocarem da sede dos trabalhos para
cou a penalidade, nos termos do art. 141.
a realização de missão essencial ao esclarecimento
Parágrafo único. O prazo para julgamento será de 20
dos fatos. (vinte) dias, contados do recebimento do processo, no
Nesta seção, trata-se do julgamento do processo ad- curso do qual a autoridade julgadora poderá determi-
ministrativo disciplinar, que não será feito pela comissão, nar diligências.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

mas pela autoridade competente para aplicar a sanção. Art. 182. Julgada procedente a revisão, será declarada
Afinal, a comissão apenas indica qual o ato praticado sem efeito a penalidade aplicada, restabelecendo-se
pelo indiciamento. Se houver mais de um indiciado e as todos os direitos do servidor, exceto em relação à des-
sanções forem diversas, julga a autoridade de maior nível tituição do cargo em comissão, que será convertida
hierárquico. Ex: autoridade que pode aplicar suspensão em exoneração.
não pode aplicar demissão, de forma que se a um dos Parágrafo único. Da revisão do processo não poderá
indiciados couber demissão será a autoridade que pode resultar agravamento de penalidade.
aplicar esta pena que aplicará também a suspensão ao
outro indiciado. A revisão do processo consiste na possibilidade do
servidor condenado requerer que sua condenação seja
revista se surgirem novos fatos ou circunstâncias que
justifiquem sua absolvição ou a aplicação de uma pena
mais leve. Poderá ser requerida ao ministro de Estado ou

42
autoridade de mesma hierarquia e será apensada ao processo administrativo originário. O julgamento será feito pela
mesma autoridade que aplicou a pena. Se apurado que na verdade a pena deveria ser maior, não cabe agravar a situa-
ção do servidor.

#FicaDica

Sindicância Inquérito administrativo Procedimento sumário


Prazo 30 + 30 dias 60 + 60 dias 30 + 15 dias
Suspensão por mais de
Inassiduidade
Suspensão de até 30 dias
Penalidade/Motivo Abandono de cargo
30 dias Demissão
Acumulação ilegal de cargos
Cassação
Comissão 1, 2 ou 3 servidores 3 servidores 2 servidores

SEGURIDADE SOCIAL

TÍTULO VI
DA SEGURIDADE SOCIAL DO SERVIDOR

CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 183. A União manterá Plano de Seguridade Social para o servidor e sua família.
§ 1o O servidor ocupante de cargo em comissão que não seja, simultaneamente, ocupante de cargo ou emprego efe-
tivo na administração pública direta, autárquica e fundacional não terá direito aos benefícios do Plano de Seguridade
Social, com exceção da assistência à saúde. 
§ 2o O servidor afastado ou licenciado do cargo efetivo, sem direito à remuneração, inclusive para servir em organismo
oficial internacional do qual o Brasil seja membro efetivo ou com o qual coopere, ainda que contribua para regime
de previdência social no exterior, terá suspenso o seu vínculo com o regime do Plano de Seguridade Social do Servidor
Público enquanto durar o afastamento ou a licença, não lhes assistindo, neste período, os benefícios do mencionado
regime de previdência.
§ 3o Será assegurada ao servidor licenciado ou afastado sem remuneração a manutenção da vinculação ao regime
do Plano de Seguridade Social do Servidor Público, mediante o recolhimento mensal da respectiva contribuição, no
mesmo percentual devido pelos servidores em atividade, incidente sobre a remuneração total do cargo a que faz jus
no exercício de suas atribuições, computando-se, para esse efeito, inclusive, as vantagens pessoais.

§ 4o O recolhimento de que trata o § 3o deve ser efetuado até o segundo dia útil após a data do pagamento das remu-
nerações dos servidores públicos, aplicando-se os procedimentos de cobrança e execução dos tributos federais quando
não recolhidas na data de vencimento.

Art. 184. O Plano de Seguridade Social visa a dar cobertura aos riscos a que estão sujeitos o servidor e sua família, e
compreende um conjunto de benefícios e ações que atendam às seguintes finalidades:
I - garantir meios de subsistência nos eventos de doença, invalidez, velhice, acidente em serviço, inatividade, faleci-
mento e reclusão;
II - proteção à maternidade, à adoção e à paternidade;
III - assistência à saúde.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Parágrafo único. Os benefícios serão concedidos nos termos e condições definidos em regulamento, observadas as
disposições desta Lei.

Art. 185. Os benefícios do Plano de Seguridade Social do servidor compreendem:


I - quanto ao servidor:
a) aposentadoria;
b) auxílio-natalidade;
c) salário-família;
d) licença para tratamento de saúde;
e) licença à gestante, à adotante e licença-paternidade;
f) licença por acidente em serviço;
g) assistência à saúde;
h) garantia de condições individuais e ambientais de trabalho satisfatórias;

43
II - quanto ao dependente: Art. 188. A aposentadoria voluntária ou por invalidez
a) pensão vitalícia e temporária; vigorará a partir da data da publicação do respectivo
b) auxílio-funeral; ato.
c) auxílio-reclusão; § 1o A aposentadoria por invalidez será precedida de
d) assistência à saúde. licença para tratamento de saúde, por período não ex-
§ 1o As aposentadorias e pensões serão concedidas e cedente a 24 (vinte e quatro) meses.
mantidas pelos órgãos ou entidades aos quais se en-
§ 2o Expirado o período de licença e não estando em
contram vinculados os servidores, observado o dispos-
condições de reassumir o cargo ou de ser readaptado,
to nos arts. 189 e 224.
§ 2o O recebimento indevido de benefícios havidos por o servidor será aposentado.
fraude, dolo ou má-fé, implicará devolução ao erário § 3o O lapso de tempo compreendido entre o término
do total auferido, sem prejuízo da ação penal cabível. da licença e a publicação do ato da aposentadoria
será considerado como de prorrogação da licença.
CAPÍTULO II § 4o Para os fins do disposto no § 1o deste artigo, serão
DOS BENEFÍCIOS consideradas apenas as licenças motivadas pela en-
fermidade ensejadora da invalidez ou doenças cor-
SEÇÃO I relacionadas.
DA APOSENTADORIA § 5o A critério da Administração, o servidor em licença
para tratamento de saúde ou aposentado por invali-
Art. 186. O servidor será aposentado: dez poderá ser convocado a qualquer momento, para
I  -  por invalidez permanente, sendo os proventos in- avaliação das condições que ensejaram o afastamento
tegrais quando decorrente de acidente em serviço,
ou a aposentadoria. 
moléstia profissional ou doença grave, contagiosa ou
incurável, especificada em lei, e proporcionais nos de-
mais casos; Art.  189. O provento da aposentadoria será calcula-
II - compulsoriamente, aos setenta anos de idade, com do com observância do disposto no § 3o do art. 41, e
proventos proporcionais ao tempo de serviço; revisto na mesma data e proporção, sempre que se
III - voluntariamente: modificar a remuneração dos servidores em atividade.
a) aos 35 (trinta e cinco) anos de serviço, se homem, Parágrafo  único. São estendidos aos inativos quais-
e aos 30 (trinta) se mulher, com proventos integrais; quer benefícios ou vantagens posteriormente conce-
b) aos 30 (trinta) anos de efetivo exercício em funções didas aos servidores em atividade, inclusive quando
de magistério se professor, e 25 (vinte e cinco) se pro- decorrentes de transformação ou reclassificação do
fessora, com proventos integrais; cargo ou função em que se deu a aposentadoria.
c) aos 30 (trinta) anos de serviço, se homem, e aos 25
(vinte e cinco) se mulher, com proventos proporcionais Art. 190. O servidor aposentado com provento propor-
a esse tempo;
cional ao tempo de serviço se acometido de qualquer
d) aos 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem,
e aos 60 (sessenta) se mulher, com proventos propor- das moléstias especificadas no § 1o do art. 186 desta
cionais ao tempo de serviço. Lei e, por esse motivo, for considerado inválido por
§ 1o Consideram-se doenças graves, contagiosas ou junta médica oficial passará a perceber provento in-
incuráveis, a que se refere o inciso I deste artigo, tu- tegral, calculado com base no fundamento legal de
berculose ativa, alienação mental, esclerose múltipla, concessão da aposentadoria.
neoplasia maligna, cegueira posterior ao ingresso no
serviço público, hanseníase, cardiopatia grave, doença Art. 191. Quando proporcional ao tempo de serviço, o
de Parkinson, paralisia irreversível e incapacitante, es- provento não será inferior a 1/3 (um terço) da remu-
pondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, estados neração da atividade.
avançados do mal de Paget (osteíte deformante), Sín-
drome de Imunodeficiência Adquirida - AIDS, e outras Art. 192. (Vetado).
que a lei indicar, com base na medicina especializada.
§ 2o Nos casos de exercício de atividades consideradas
Art. 193. (Revogado).
insalubres ou perigosas, bem como nas hipóteses pre-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

vistas no art. 71, a aposentadoria de que trata o inciso


III, “a” e “c”, observará o disposto em lei específica. Art. 194. Ao servidor aposentado será paga a gratifi-
cação natalina, até o dia vinte do mês de dezembro,
em valor equivalente ao respectivo provento, deduzido
§ 3o Na hipótese do inciso I o servidor será submetido à o adiantamento recebido.
junta médica oficial, que atestará a invalidez quando Art.  195. Ao ex-combatente que tenha efetivamente
caracterizada a incapacidade para o desempenho das participado de operações bélicas, durante a Segunda
atribuições do cargo ou a impossibilidade de se aplicar Guerra Mundial, nos termos da  Lei nº 5.315, de 12
o disposto no art. 24. de setembro de 1967, será concedida aposentadoria
Art. 187. A aposentadoria compulsória será automáti- com provento integral, aos 25 (vinte e cinco) anos de
ca, e declarada por ato, com vigência a partir do dia serviço efetivo.
imediato àquele em que o servidor atingir a idade-
limite de permanência no serviço ativo.

44
SEÇÃO II § 2o Inexistindo médico no órgão ou entidade no lo-
DO AUXÍLIO-NATALIDADE cal onde se encontra ou tenha exercício em caráter
permanente o servidor, e não se configurando as hipó-
Art. 196. O auxílio-natalidade é devido à servidora por teses previstas nos parágrafos do art. 230, será aceito
motivo de nascimento de filho, em quantia equiva- atestado passado por médico particular.
lente ao menor vencimento do serviço público, inclu- § 3o No caso do § 2o deste artigo, o atestado somente
sive no caso de natimorto. produzirá efeitos depois de recepcionado pela unidade
§ 1o Na hipótese de parto múltiplo, o valor será de recursos humanos do órgão ou entidade.
acrescido de 50% (cinquenta por cento), por nascituro. § 4o A licença que exceder o prazo de 120 (cento e
§ 2o O auxílio será pago ao cônjuge ou companheiro vinte) dias no período de 12 (doze) meses a contar do
servidor público, quando a parturiente não for servi- primeiro dia de afastamento será concedida mediante
dora. avaliação por junta médica oficial. 
§ 5o A perícia oficial para concessão da licença de que
SEÇÃO III trata o caput deste artigo, bem como nos demais casos
DO SALÁRIO-FAMÍLIA de perícia oficial previstos nesta Lei, será efetuada por
cirurgiões-dentistas, nas hipóteses em que abranger o
Art. 197. O salário-família é devido ao servidor ativo campo de atuação da odontologia. 
ou ao inativo, por dependente econômico.
Parágrafo  único. Consideram-se dependentes Art. 204. A licença para tratamento de saúde inferior
econômicos para efeito de percepção do salário-famíl- a 15 (quinze) dias, dentro de 1 (um) ano, poderá ser
ia: dispensada de perícia oficial, na forma definida em
I - o cônjuge ou companheiro e os filhos, inclusive os regulamento. 
enteados até 21 (vinte e um) anos de idade ou, se es-
tudante, até 24 (vinte e quatro) anos ou, se inválido, Art.  205. O atestado e o laudo da junta médica não
de qualquer idade; se referirão ao nome ou natureza da doença, salvo
II - o menor de 21 (vinte e um) anos que, mediante au- quando se tratar de lesões produzidas por acidente em
torização judicial, viver na companhia e às expensas serviço, doença profissional ou qualquer das doenças
do servidor, ou do inativo; especificadas no art. 186, § 1o.
III - a mãe e o pai sem economia própria. Art. 206. O servidor que apresentar indícios de lesões
Art.  198. Não se configura a dependência econômi- orgânicas ou funcionais será submetido a inspeção
ca quando o beneficiário do salário-família perceber médica.
rendimento do trabalho ou de qualquer outra fonte,
inclusive pensão ou provento da aposentadoria, em Art. 206-A. O servidor será submetido a exames mé-
valor igual ou superior ao salário-mínimo. dicos periódicos, nos termos e condições definidos em
regulamento. 
Art. 199. Quando o pai e mãe forem servidores públi- Parágrafo único. Para os fins do disposto no caput, a
cos e viverem em comum, o salário-família será pago União e suas entidades autárquicas e fundacionais
a um deles; quando separados, será pago a um e out- poderão:
ro, de acordo com a distribuição dos dependentes. I - prestar os exames médicos periódicos diretamente
Parágrafo único. Ao pai e à mãe equiparam-se o pa- pelo órgão ou entidade à qual se encontra vinculado
drasto, a madrasta e, na falta destes, os representantes o servidor;
legais dos incapazes. II - celebrar convênio ou instrumento de cooperação
ou parceria com os órgãos e entidades da adminis-
Art. 200. O salário-família não está sujeito a qualquer tração direta, suas autarquias e fundações;
tributo, nem servirá de base para qualquer con- III - celebrar convênios com operadoras de plano de
tribuição, inclusive para a Previdência Social. assistência à saúde, organizadas na modalidade de
autogestão, que possuam autorização de funciona-
Art. 201. O afastamento do cargo efetivo, sem remu- mento do órgão regulador, na forma do art. 230; ou
neração, não acarreta a suspensão do pagamento do IV - prestar os exames médicos periódicos mediante
salário-família. contrato administrativo, observado o disposto na Lei
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

no 8.666, de 21 de junho de 1993, e demais normas


SEÇÃO IV pertinentes.
DA LICENÇA PARA TRATAMENTO DE SAÚDE
SEÇÃO V
Art. 202. Será concedida ao servidor licença para trata- DA LICENÇA À GESTANTE, À ADOTANTE E DA LI-
mento de saúde, a pedido ou de ofício, com base em CENÇA-PATERNIDADE
perícia médica, sem prejuízo da remuneração a que
fizer jus. Art. 207. Será concedida licença à servidora gestante
Art. 203. A licença de que trata o art. 202 desta Lei por 120 (cento e vinte) dias consecutivos, sem prejuízo
será concedida com base em perícia oficial. da remuneração.
§ 1o Sempre que necessário, a inspeção médica será § 1o A licença poderá ter início no primeiro dia do
realizada na residência do servidor ou no estabeleci- nono mês de gestação, salvo antecipação por pre-
mento hospitalar onde se encontrar internado. scrição médica.

45
§ 2o No caso de nascimento prematuro, a licença terá Art. 216. (Revogado)
início a partir do parto.
§ 3o No caso de natimorto, decorridos 30 (trinta) dias Art. 217. São beneficiários das pensões:
do evento, a servidora será submetida a exame mé- I - o cônjuge;
dico, e se julgada apta, reassumirá o exercício. II - o cônjuge divorciado ou separado judicialmente ou
§ 4o No caso de aborto atestado por médico oficial, de fato, com percepção de pensão alimentícia estabel-
a servidora terá direito a 30 (trinta) dias de repouso ecida judicialmente;
remunerado. III - o companheiro ou companheira que comprove
Art. 208. Pelo nascimento ou adoção de filhos, o servi- união estável como entidade familiar;
dor terá direito à licença-paternidade de 5 (cinco) dias IV - o filho de qualquer condição que atenda a um dos
consecutivos. seguintes requisitos:
a) seja menor de 21 (vinte e um) anos;
b) seja inválido;
Art. 209. Para amamentar o próprio filho, até a idade
c) (Vide Lei nº 13.135, de 2015) (Vigência)
de seis meses, a servidora lactante terá direito, durante
a jornada de trabalho, a uma hora de descanso, que
d) tenha deficiência intelectual ou mental, nos termos
poderá ser parcelada em dois períodos de meia hora. do regulamento;
V - a mãe e o pai que comprovem dependência
Art. 210. À servidora que adotar ou obtiver guarda ju- econômica do servidor; e
dicial de criança até 1 (um) ano de idade, serão conce- VI - o irmão de qualquer condição que comprove de-
didos 90 (noventa) dias de licença remunerada. pendência econômica do servidor e atenda a um dos
Parágrafo único. No caso de adoção ou guarda judi- requisitos previstos no inciso IV.
cial de criança com mais de 1 (um) ano de idade, o § 1º A concessão de pensão aos beneficiários de que
prazo de que trata este artigo será de 30 (trinta) dias. tratam os incisos I a IV do caput exclui os beneficiários
referidos nos incisos V e VI.
SEÇÃO VI § 2º A concessão de pensão aos beneficiários de que
DA LICENÇA POR ACIDENTE EM SERVIÇO trata o inciso V do caput exclui o beneficiário referido
no inciso VI.
Art. 211. Será licenciado, com remuneração integral, o § 3º O enteado e o menor tutelado equiparam-se a
servidor acidentado em serviço. filho mediante declaração do servidor e desde que
comprovada dependência econômica, na forma esta-
Art. 212. Configura acidente em serviço o dano físico belecida em regulamento.
ou mental sofrido pelo servidor, que se relacione, me-
diata ou imediatamente, com as atribuições do cargo Art. 218. Ocorrendo habilitação de vários titulares à
exercido. pensão, o seu valor será distribuído em partes iguais
Parágrafo único. Equipara-se ao acidente em serviço entre os beneficiários habilitados.
o dano:
Art. 219. A pensão poderá ser requerida a qualquer
I - decorrente de agressão sofrida e não provocada tempo, prescrevendo tão-somente as prestações ex-
pelo servidor no exercício do cargo; igíveis há mais de 5 (cinco) anos.
Parágrafo único. Concedida a pensão, qualquer prova
II - sofrido no percurso da residência para o trabalho
posterior ou habilitação tardia que implique exclusão
e vice-versa.
de beneficiário ou redução de pensão só produzirá
efeitos a partir da data em que for oferecida.
Art. 213. O servidor acidentado em serviço que neces-
site de tratamento especializado poderá ser tratado Art. 220. Perde o direito à pensão por morte:
em instituição privada, à conta de recursos públicos.
Parágrafo  único. O tratamento recomendado por I - após o trânsito em julgado, o beneficiário conde-
junta médica oficial constitui medida de exceção e nado pela prática de crime de que tenha dolosamente
somente será admissível quando inexistirem meios e resultado a morte do servidor;
recursos adequados em instituição pública. II - o cônjuge, o companheiro ou a companheira se
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Art. 214. A prova do acidente será feita no prazo de comprovada, a qualquer tempo, simulação ou fraude
10 (dez) dias, prorrogável quando as circunstâncias no casamento ou na união estável, ou a formalização
o exigirem. desses com o fim exclusivo de constituir benefício
previdenciário, apuradas em processo judicial no qual
SEÇÃO VII será assegurado o direito ao contraditório e à ampla
DA PENSÃO defesa.
Art. 221. Será concedida pensão provisória por morte
Art. 215. Por morte do servidor, os dependentes, nas presumida do servidor, nos seguintes casos:
hipóteses legais, fazem jus à pensão a partir da data I - declaração de ausência, pela autoridade judiciária
de óbito, observado o limite estabelecido no inciso XI competente;
do caput do art. 37 da Constituição Federal e no art. II - desaparecimento em desabamento, inundação,
2º da Lei nº 10.887, de 18 de junho de 2004. incêndio ou acidente não caracterizado como em
serviço;

46
III - desaparecimento no desempenho das atribuições § 3º Após o transcurso de pelo menos 3 (três) anos
do cargo ou em missão de segurança. e desde que nesse período se verifique o incremento
Parágrafo único. A pensão provisória será transfor- mínimo de um ano inteiro na média nacional única,
mada em vitalícia ou temporária, conforme o caso, para ambos os sexos, correspondente à expectativa de
decorridos 5 (cinco) anos de sua vigência, ressalvado o sobrevida da população brasileira ao nascer, poderão
eventual reaparecimento do servidor, hipótese em que ser fixadas, em números inteiros, novas idades para
o benefício será automaticamente cancelado. os fins previstos na alínea “b” do inciso VII do caput,
Art. 222. Acarreta perda da qualidade de beneficiário: em ato do Ministro de Estado do Planejamento, Orça-
I - o seu falecimento; mento e Gestão, limitado o acréscimo na comparação
com as idades anteriores ao referido incremento.
II - a anulação do casamento, quando a decisão ocor-
§ 4º O tempo de contribuição a Regime Próprio de
rer após a concessão da pensão ao cônjuge;
Previdência Social (RPPS) ou ao Regime Geral de Pre-
III - a cessação da invalidez, em se tratando de ben- vidência Social (RGPS) será considerado na contagem
eficiário inválido, o afastamento da deficiência, em se das 18 (dezoito) contribuições mensais referidas nas
tratando de beneficiário com deficiência, ou o levan- alíneas “a” e “b” do inciso VII do caput.
tamento da interdição, em se tratando de beneficiário
com deficiência intelectual ou mental que o torne ab- Art. 223. Por morte ou perda da qualidade de ben-
soluta ou relativamente incapaz, respeitados os perío- eficiário, a respectiva cota reverterá para os coben-
dos mínimos decorrentes da aplicação das alíneas “a” eficiários.
e “b” do inciso VII;
IV - o implemento da idade de 21 (vinte e um) anos, Art. 224. As pensões serão automaticamente atualiza-
pelo filho ou irmão; das na mesma data e na mesma proporção dos rea-
V - a acumulação de pensão na forma do art. 225; justes dos vencimentos dos servidores, aplicando-se o
VI - a renúncia expressa; e disposto no parágrafo único do art. 189.
VII - em relação aos beneficiários de que tratam os
incisos I a III do caput do art. 217: Art. 225. Ressalvado o direito de opção, é vedada a
a) o decurso de 4 (quatro) meses, se o óbito ocorrer percepção cumulativa de pensão deixada por mais
sem que o servidor tenha vertido 18 (dezoito) con- de um cônjuge ou companheiro ou companheira e de
mais de 2 (duas) pensões.
tribuições mensais ou se o casamento ou a união es-
tável tiverem sido iniciados em menos de 2 (dois) anos
SEÇÃO VIII
antes do óbito do servidor; DO AUXÍLIO-FUNERAL
b) o decurso dos seguintes períodos, estabelecidos de
acordo com a idade do pensionista na data de óbito do Art. 226. O auxílio-funeral é devido à família do servi-
servidor, depois de vertidas 18 (dezoito) contribuições dor falecido na atividade ou aposentado, em valor
mensais e pelo menos 2 (dois) anos após o início do equivalente a um mês da remuneração ou provento.
casamento ou da união estável:
1) 3 (três) anos, com menos de 21 (vinte e um) anos § 1º No caso de acumulação legal de cargos, o auxílio
de idade; será pago somente em razão do cargo de maior re-
2) 6 (seis) anos, entre 21 (vinte e um) e 26 (vinte e seis) muneração.
anos de idade; § 2º (VETADO).
3) 10 (dez) anos, entre 27 (vinte e sete) e 29 (vinte e § 3º O auxílio será pago no prazo de 48 (quarenta e
nove) anos de idade; oito) horas, por meio de procedimento sumaríssimo, à
4) 15 (quinze) anos, entre 30 (trinta) e 40 (quarenta) pessoa da família que houver custeado o funeral.
anos de idade; Art. 227. Se o funeral for custeado por terceiro, este
5) 20 (vinte) anos, entre 41 (quarenta e um) e 43 será indenizado, observado o disposto no artigo an-
(quarenta e três) anos de idade; terior.
6) vitalícia, com 44 (quarenta e quatro) ou mais anos
Art. 228. Em caso de falecimento de servidor em
de idade.
serviço fora do local de trabalho, inclusive no exterior,
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

§ 1º A critério da administração, o beneficiário de pen- as despesas de transporte do corpo correrão à conta


são cuja preservação seja motivada por invalidez, por de recursos da União, autarquia ou fundação pública.
incapacidade ou por deficiência poderá ser convocado
a qualquer momento para avaliação das referidas
condições. SEÇÃO IX
§ 2º Serão aplicados, conforme o caso, a regra contida DO AUXÍLIO-RECLUSÃO
no inciso III ou os prazos previstos na alínea “b” do in-
ciso VII, ambos do caput, se o óbito do servidor decor- Art. 229. À família do servidor ativo é devido o auxílio-
rer de acidente de qualquer natureza ou de doença reclusão, nos seguintes valores:
profissional ou do trabalho, independentemente do I - dois terços da remuneração, quando afastado por
recolhimento de 18 (dezoito) contribuições mensais motivo de prisão, em flagrante ou preventiva, deter-
ou da comprovação de 2 (dois) anos de casamento ou minada pela autoridade competente, enquanto per-
de união estável. durar a prisão;

47
II - metade da remuneração, durante o afastamento, regulador, no prazo de 180 (cento e oitenta) dias da
em virtude de condenação, por sentença definitiva, a vigência desta Lei, normas essas também aplicáveis
pena que não determine a perda de cargo. aos convênios existentes até 12 de fevereiro de 2006;
§ 1º Nos casos previstos no inciso I deste artigo, o II - contratar, mediante licitação, na forma da Lei
servidor terá direito à integralização da remuneração, no 8.666, de 21 de junho de 1993, operadoras de pla-
desde que absolvido. nos e seguros privados de assistência à saúde que pos-
§ 2º O pagamento do auxílio-reclusão cessará a partir suam autorização de funcionamento do órgão regu-
do dia imediato àquele em que o servidor for posto em lador;
liberdade, ainda que condicional. III - (VETADO)
§ 3º Ressalvado o disposto neste artigo, o auxílio-re- § 4o (VETADO) 
clusão será devido, nas mesmas condições da pensão § 5o O valor do ressarcimento fica limitado ao total
por morte, aos dependentes do segurado recolhido à despendido pelo servidor ou pensionista civil com
prisão. plano ou seguro privado de assistência à saúde. 

CAPÍTULO III CAPÍTULO IV


DA ASSISTÊNCIA À SAÚDE DO CUSTEIO

Art. 230. A assistência à saúde do servidor, ativo ou Art. 231. (Revogado).


inativo, e de sua família compreende assistência mé-
dica, hospitalar, odontológica, psicológica e farmacêu- DISPOSIÇÕES GERAIS
tica, terá como diretriz básica o implemento de ações
preventivas voltadas para a promoção da saúde e será TÍTULO VIII
prestada pelo Sistema Único de Saúde – SUS, direta- CAPÍTULO ÚNICO
mente pelo órgão ou entidade ao qual estiver vinculado DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
o servidor, ou mediante convênio ou contrato, ou ainda
na forma de auxílio, mediante ressarcimento parcial do Art. 236. O Dia do Servidor Público será comemorado
valor despendido pelo servidor, ativo ou inativo, e seus a vinte e oito de outubro.
dependentes ou pensionistas com planos ou seguros pri-
vados de assistência à saúde, na forma estabelecida em Art.  237. Poderão ser instituídos, no âmbito dos Po-
regulamento.  deres Executivo, Legislativo e Judiciário, os seguintes
§ 1o Nas hipóteses previstas nesta Lei em que seja ex- incentivos funcionais, além daqueles já previstos nos
igida perícia, avaliação ou inspeção médica, na aus- respectivos planos de carreira:
ência de médico ou junta médica oficial, para a sua I  -  prêmios pela apresentação de ideias, inventos ou
realização o órgão ou entidade celebrará, preferen- trabalhos que favoreçam o aumento de produtividade
cialmente, convênio com unidades de atendimento do e a redução dos custos operacionais;
sistema público de saúde, entidades sem fins lucra- II - concessão de medalhas, diplomas de honra ao mé-
tivos declaradas de utilidade pública, ou com o Insti- rito, condecoração e elogio.
tuto Nacional do Seguro Social - INSS. 
§ 2o Na impossibilidade, devidamente justificada, da Art.  238. Os prazos previstos nesta Lei serão conta-
aplicação do disposto no parágrafo anterior, o órgão dos em dias corridos, excluindo-se o dia do começo
ou entidade promoverá a contratação da prestação e incluindo-se o do vencimento, ficando prorrogado,
de serviços por pessoa jurídica, que constituirá junta para o primeiro dia útil seguinte, o prazo vencido em
médica especificamente para esses fins, indicando os dia em que não haja expediente.
nomes e especialidades dos seus integrantes, com a
comprovação de suas habilitações e de que não este- Art.  239. Por motivo de crença religiosa ou de con-
jam respondendo a processo disciplinar junto à enti- vicção filosófica ou política, o servidor não poderá ser
dade fiscalizadora da profissão. privado de quaisquer dos seus direitos, sofrer discrimi-
§ 3o Para os fins do disposto no  caput  deste artigo, nação em sua vida funcional, nem eximir-se do cum-
ficam a União e suas entidades autárquicas e funda- primento de seus deveres.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

cionais autorizadas a:  Art.  240. Ao servidor público civil é assegurado, nos
I - celebrar convênios exclusivamente para a prestação termos da Constituição Federal, o direito à livre as-
de serviços de assistência à saúde para os seus servi- sociação sindical e os seguintes direitos, entre outros,
dores ou empregados ativos, aposentados, pensionis- dela decorrentes:
tas, bem como para seus respectivos grupos familiares a) de ser representado pelo sindicato, inclusive como
definidos, com entidades de autogestão por elas pa- substituto processual;
trocinadas por meio de instrumentos jurídicos efetiva- b)  de inamovibilidade do dirigente sindical, até um
mente celebrados e publicados até 12 de fevereiro de ano após o final do mandato, exceto se a pedido;
2006 e que possuam autorização de funcionamento c) de descontar em folha, sem ônus para a entidade sindical a
do órgão regulador, sendo certo que os convênios cel- que for filiado, o valor das mensalidades e contribuições defi-
ebrados depois dessa data somente poderão sê-lo na nidas em assembleia geral da categoria.
forma da regulamentação específica sobre patrocínio d) e e) (Revogados).
de autogestões, a ser publicada pelo mesmo órgão

48
Art. 241. Consideram-se da família do servidor, além § 8o Para fins de incidência do imposto de renda na
do cônjuge e filhos, quaisquer pessoas que vivam às fonte e na declaração de rendimentos, serão conside-
suas expensas e constem do seu assentamento indi- rados como indenizações isentas os pagamentos efe-
vidual. tuados a título de indenização prevista no parágrafo
Parágrafo  único. Equipara-se ao cônjuge a compan- anterior. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
heira ou companheiro, que comprove união estável § 9o Os cargos vagos em decorrência da aplicação do
como entidade familiar. disposto no § 7o poderão ser extintos pelo Poder Exe-
cutivo quando considerados desnecessários. (Incluído
Art.  242. Para os fins desta Lei, considera-se sede o pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
município onde a repartição estiver instalada e onde o
servidor tiver exercício, em caráter permanente. Art. 244. Os adicionais por tempo de serviço, já con-
cedidos aos servidores abrangidos por esta Lei, ficam
Título IX transformados em anuênio.

Capítulo Único Art. 245. A licença especial disciplinada pelo art. 116
da Lei nº 1.711, de 1952, ou por outro diploma legal,
Das Disposições Transitórias e Finais fica transformada em licença-prêmio por assiduidade,
na forma prevista nos arts. 87 a 90.
Art. 243. Ficam submetidos ao regime jurídico institu-
ído por esta Lei, na qualidade de servidores públicos,
Art. 246. (VETADO).
os servidores dos Poderes da União, dos ex-Territórios,
das autarquias, inclusive as em regime especial, e das
Art. 247. Para efeito do disposto no Título VI desta
fundações públicas, regidos pela Lei nº 1.711, de 28 de
Lei, haverá ajuste de contas com a Previdência Social,
outubro de 1952 - Estatuto dos Funcionários Públicos
correspondente ao período de contribuição por parte
Civis da União, ou pela Consolidação das Leis do Tra-
dos servidores celetistas abrangidos pelo art. 243. (Re-
balho, aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de
dação dada pela Lei nº 8.162, de 8.1.91)
maio de 1943, exceto os contratados por prazo deter-
minado, cujos contratos não poderão ser prorrogados
Art. 248. As pensões estatutárias, concedidas até a
após o vencimento do prazo de prorrogação.
vigência desta Lei, passam a ser mantidas pelo órgão
§ 1o Os empregos ocupados pelos servidores incluídos ou entidade de origem do servidor.
no regime instituído por esta Lei ficam transformados
em cargos, na data de sua publicação. Art. 249. Até a edição da lei prevista no § 1o do art.
§ 2o As funções de confiança exercidas por pessoas 231, os servidores abrangidos por esta Lei contribuirão
não integrantes de tabela permanente do órgão ou na forma e nos percentuais atualmente estabelecidos
entidade onde têm exercício ficam transformadas em para o servidor civil da União conforme regulamento
cargos em comissão, e mantidas enquanto não for im- próprio.
plantado o plano de cargos dos órgãos ou entidades
na forma da lei. Art. 250. O servidor que já tiver satisfeito ou vier a
§ 3o As Funções de Assessoramento Superior - FAS, satisfazer, dentro de 1 (um) ano, as condições neces-
exercidas por servidor integrante de quadro ou tabela sárias para a aposentadoria nos termos do inciso II do
de pessoal, ficam extintas na data da vigência desta art. 184 do antigo Estatuto dos Funcionários Públicos
Lei. Civis da União, Lei n° 1.711, de 28 de outubro de 1952,
§ 4o (VETADO). aposentar-se-á com a vantagem prevista naquele dis-
§ 5o O regime jurídico desta Lei é extensivo aos ser- positivo. (Mantido pelo Congresso Nacional)
ventuários da Justiça, remunerados com recursos da
União, no que couber. Art. 251. (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
§ 6o Os empregos dos servidores estrangeiros com
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

estabilidade no serviço público, enquanto não adqui- Art. 252. Esta Lei entra em vigor na data de sua pu-
rirem a nacionalidade brasileira, passarão a integrar blicação, com efeitos financeiros a partir do primeiro
tabela em extinção, do respectivo órgão ou entidade, dia do mês subseqüente.
sem prejuízo dos direitos inerentes aos planos de car-
reira aos quais se encontrem vinculados os empregos. Art. 253. Ficam revogadas a Lei nº 1.711, de 28 de ou-
§ 7o Os servidores públicos de que trata o caput deste tubro de 1952, e respectiva legislação complementar,
artigo, não amparados pelo art. 19 do Ato das Dis- bem como as demais disposições em contrário.
posições Constitucionais Transitórias, poderão, no
interesse da Administração e conforme critérios esta- Brasília, 11 de dezembro de 1990; 169o da Indepen-
belecidos em regulamento, ser exonerados mediante dência e 102o da República.
indenização de um mês de remuneração por ano de
efetivo exercício no serviço público federal. (Incluído
pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)

49
CAUSAS EXCLUDENTES E ATENUANTES DA RESPON-
SABILIDADE #FicaDica
Curioso é o caso dos danos causados pelas
Dentro do âmbito da teoria objetiva da responsabili-
enchentes, sobretudo em cidades onde o es-
dade estatal, existem duas vertentes distintas. A primeira,
coamento das águas é precário, como ocorre
denominada risco integral, dispõe que o Estado possui
em algumas regiões da cidade de São Paulo.
o dever de indenizar todo e qualquer dano causado pela
Como regra geral, o Estado não se responsa-
prática de seus atos, não admitindo nenhuma excluden- biliza por prejuízos causados pelas enchentes.
te. Trata-se de uma variação radical, em que a Adminis- A 3ª Câmara de Direito Público do TJ/SP negou
tração se transforma em um indenizador universal. Não provimento à AC nº 0170440220058260602 in-
é adotado em nenhum país, sendo adotado no Brasil terposta por três proprietários de imóveis afe-
somente como exceção em alguns casos específicos, tados pelas fortes chuvas do início do ano de
como nos acidentes de trabalho, na indenização coberta 2012, que pleiteavam pedido de indenização
pelo seguro obrigatório para automóveis (DPVAT), etc. pelos danos causados pelas chuvas, pois as ga-
A segunda vertente, denominada teoria do risco ad- lerias pluviais de seu bairro não eram suficien-
ministrativo, é a adotada como regra geral no direito tes para escoar toda a água, caracterizando-se
brasileiro. Tal teoria reconhece algumas excludentes da em falta no serviço público. Segundo voto do
responsabilidade do Estado. Excludentes são circunstân- relator, porém, não havia qualquer prova que
cias que, como o próprio nome diz, afastam o dever de defina a ocorrência de qualquer falta de serviço
indenizar durante a sua ocorrência. São, ao todo, três que possa ser atribuída ao Município e que te-
modalidades: nha sido causa concorrente para o evento.
a) Culpa exclusiva da vítima: são hipóteses em que
o prejuízo é consequência da intenção delibera-
da da própria vítima. O prejudicado, ao utilizar o Todo aquele que se sentir prejudicado por conduta
referido serviço público, acaba sofrendo danos por comissiva ou omissiva de agente público pode pleitear,
uma ação tomada por ela mesma, não havendo pela via administrativa ou judicial, a devida reparação pe-
qualquer relação com as condutas do Poder Públi- los danos causados. Na via administrativa, basta que o
co. É o caso, por exemplo, de pessoa que se joga prejudicado formule o pedido a autoridade competente,
na frente de viatura policial para ser atropelada. que instaurará processo administrativo para apurar a res-
Não se confunde com a culpa concorrente, que se ponsabilidade e o pagamento de indenização.
traduz no dano causado pela conduta recíproca Porém, é preferível que a vítima utilize a via judicial,
do Estado e da própria vítima. Neste caso, há uma hipótese mais comum haja vista o direito de petição, que
análise pericial para determinar os diferentes graus se caracteriza no dever do Poder Judiciário de atender
de culpa de cada agente, ensejando reparação. todas as demandas feitas pelos cidadãos. O direito à in-
b) Força maior: é o evento imprevisível e involun- denização da vítima se instrumentaliza pela ação indeni-
tário que rompe o nexo de casualidade entre o ato zatória. A ação indenizatória, dessa forma, é aquela pro-
da Administração e o prejuízo sofrido pela vítima. posta pela vítima contra a pessoa jurídica à qual o agente
Geralmente são causados pela força da natureza. público causador do dano pertence. Conforme dispõe o
É o caso, por exemplo, do desabamento de ter- art. 206, § 3º, V, do Código Civil, o prazo prescricional
ras que arruínam as casas de um bairro, devido às para a propositura de ação indenizatória é de três anos,
fortes chuvas. Não se confunde com o caso fortu- contados da ocorrência do evento danoso.
ito, em que o dano decorre de ato humano, ou da
própria Administração, como o desabamento de
uma estrada. O caso fortuito enseja o dever de re- EXERCÍCIO COMENTADO
sponsabilidade somente se tal evento for causado
pelo agente público.
c) Culpa de terceiro: é a hipótese em que o prejuízo 1. (CÂMARA LEGISLATIVA DO DISTRITO FEDERAL –
é atribuído a pessoa estranha aos quadros da Ad- AGENTE DE POLÍCIA LEGISLATIVA – FCC – 2018) Jaime
ministração Pública. Dessa forma, não há como o exerce o cargo remunerado de professor público em de-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Estado ser imputado responsável por atos pratica- terminada instituição de ensino, no período matutino e,
dos por pessoas que não fazem parte de sua com- após aprovação em concurso público, nos termos da lei,
posição. pretende exercer também o mesmo cargo remunerado
em uma outra instituição pública de ensino, no período
noturno. Sua esposa, Rosa, exerce cargo público cientí-
fico remunerado no período vespertino e tem interesse
em prestar concurso para exercer também cargo remu-
nerado de professora em uma instituição pública de en-
sino superior no período noturno. Com base apenas nas
informações fornecidas e de acordo com a Constituição
Federal, obedecidos os limites remuneratórios eventual-
mente aplicáveis, a acumulação de cargos pretendida é:

50
a) vedada ao Jaime e à Rosa. b) o afastamento poderá ser prorrogado por igual pra-
b) permitida apenas ao Jaime. zo, findo o qual cessarão os seus efeitos, ainda que
c) permitida apenas à Rosa. não concluído o processo.
d) permitida ao Jaime e à Rosa. c) o afastamento poderá ser prorrogado por igual pra-
e) permitida ao Jaime e à Rosa, desde que se trate de zo, findo o qual cessarão os seus efeitos, exceto se o
cargos integrantes de Administrações de diferentes processo não tiver sido concluído, hipótese em que
esferas da federação. poderá ser prorrogado pelo prazo máximo de 180
dias.
Resposta: Letra D. O caso de Jaime é permitido pelo d) deverá o servidor retornar ao serviço imediatamente,
ordenamento jurídico, uma vez que estamos diante exceto se o processo não tiver sido concluído, hipóte-
da hipótese de acumulação de dois cargos de profes- se em que o afastamento poderá ser prorrogado pelo
sor, com compatibilidade de horários (art. 37, XVI, a, prazo máximo de trinta dias.
CF/1988). O caso de Rosa também é permitido. Assu- e) o afastamento poderá ser prorrogado por mais 180
mindo que seja aprovada em concurso, é permitido dias, findo o qual cessarão os seus efeitos, ainda que
a Rosa acumular um cargo de professor, com outro não concluído o processo.
cargo de natureza técnica ou científica (art. 37, XVI, b,
CF/1988), havendo compatibilidade de horários (pe- Resposta: Letra B. As letras A e D estão incorretas, pois
ríodo vespertino = à tarde). é permitido prorrogação do afastamento por igual pra-
zo, na forma do parágrafo único do art. 147 da Lei nº
2. (TRT 2ª REGIÃO-SP – TÉCNICO JUDICIÁRIO ÁREA 8.112/1990. A letra C e E estão incorretas, pois não há
ADMINISTRATIVA – FCC – 2018) Suponha que deter- previsão legal de prorrogação do prazo para 180 dias.
minado servidor público federal tenha solicitado licença
para tratar de interesses particulares, a qual, contudo, 4. (TRE-SP – ANALISTA JUDICIÁRIO – ANÁLISE DE
restou negada pela Administração. Entre os possíveis SISTEMAS – FCC – 2017) Miguel é servidor público fe-
motivos legalmente previstos para negativa, nos termos
deral e pretende licenciar-se do cargo para o desempe-
disciplinados pela Lei n° 8.112/1990, se insere(m):
nho de mandato classista em sindicato representativo da
I. Estar o servidor no curso de estágio probatório.
categoria do qual faz parte e que conta com 5.000 asso-
II. Ser o servidor ocupante exclusivamente de cargo em
ciados. Cumpre salientar que o servidor foi eleito para
comissão.
cargo de representação no mencionado sindicato. Nos
III. Razões de conveniência da Administração.
termos da Lei nº 8.112/1990:
Está correto o que se afirma em:
a) o mencionado sindicato comportará até quatro ser-
a) I, II e III. vidores licenciados para o desempenho de mandato
b) II, apenas. classista.
c) II e III, apenas. b) a licença perdurará pelo mesmo prazo do mandato,
d) I e III, apenas. não podendo ser renovada.
e) I e II, apenas. c) será assegurado ao servidor o direito à licença sem
remuneração para o desempenho do respectivo man-
Resposta: Letra A. A licença para tratar de assun- dato.
tos pessoais consta no caput do art. 91 da Lei nº d) não constitui requisito para a mencionada licença que
8.112/1993. Em I, o fato do servidor estar em está- o sindicato seja cadastrado no órgão competente.
gio probatório faz com que ele não possa ter conce- e) o mencionado sindicato comportará apenas um servi-
dida licença para tratar de assuntos pessoais, Em II, dor licenciado para o desempenho de mandato clas-
somente pode ser concedida a referida licença para sista.
os servidores ocupantes de cargo efetivo, não se es-
tende para os servidores ocupantes de cargo em co- Resposta: Letra C. Em “a” e “e”, são devidos 2 servido-
missão. Em III, se a Administração entender que, por res licenciados (art. 92, I, Lei nº 8.112/1990).
razões de conveniência, a licença poderia lhe trazer Em “b”, cabe renovação da licença em caso de reelei-
grandes prejuízos, ela pode não concedê-la ao ser- ção (art. 92, § 2o, Lei nº 8.112/1990).
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

vidor. Em “c”, disciplina o art. 92 da Lei nº 8.112/1990: “É


assegurado ao servidor o direito à licença sem re-
3. (TRT 2ª REGIÃO-SP – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC muneração para o desempenho de mandato em
– 2018) De acordo com a Lei no 8.112/1990, como me- confederação, federação, associação de classe de âm-
dida cautelar e a fim de que o servidor não venha a bito nacional, sindicato representativo da categoria
influir na apuração da irregularidade, a autoridade ins- ou entidade fiscalizadora da profissão ou, ainda, para
tauradora do processo disciplinar poderá determinar o participar de gerência ou administração em socieda-
seu afastamento do exercício do cargo, pelo prazo de de cooperativa constituída por servidores públicos
até 60 dias, sem prejuízo da remuneração. Ocorrendo o para prestar serviços a seus membros, observado o
término desses 60 dias, disposto na alínea c do inciso VIII do art. 102 desta
Lei, conforme disposto em regulamento e observa-
a) deverá o servidor retornar ao serviço imediatamente, dos os seguintes limites: I – para entidades com até
ainda que não concluído o processo. 5.000 (cinco mil) associados, 2 (dois) servidores; II –

51
para entidades com 5.001 (cinco mil e um) a 30.000 Art. 4o A desapropriação poderá abranger a área
(trinta mil) associados, 4 (quatro) servidores; III – para contígua necessária ao desenvolvimento da obra a
entidades com mais de 30.000 (trinta mil) associados, que se destina, e as zonas que se valorizarem extraor-
8 (oito) servidores. §1º Somente poderão ser licencia- dinariamente, em consequência da realização do ser-
dos os servidores eleitos para cargos de direção ou viço. Em qualquer caso, a declaração de utilidade pú-
de representação nas referidas entidades, desde que blica deverá compreendê-las, mencionando-se quais
cadastradas no órgão competente. §2º A licença terá as indispensaveis à continuação da obra e as que se
duração igual à do mandato, podendo ser renovada, destinam à revenda.
no caso de reeleição”. Parágrafo único. Quando a desapropriação destinar-
Em “d”, exige-se o cadastramento da entidade em ór- -se à urbanização ou à reurbanização realizada me-
gão competente (art. 92, § 1o, Lei nº 8.112/1990). diante concessão ou parceria público-privada, o edital
de licitação poderá prever que a receita decorrente da
revenda ou utilização imobiliária integre projeto as-
sociado por conta e risco do concessionário, garantido
DESAPROPRIAÇÃO POR UTILIDADE ao poder concedente no mínimo o ressarcimento dos
PÚBLICA, POR NECESSIDADE PÚBLICA, E desembolsos com indenizações, quando estas ficarem
sob sua responsabilidade. (Incluído pela Lei nº 12.873,
POR INTERESSE SOCIAL; INDENIZAÇÃO
de 2013)
EM CASO DE DESAPROPRIAÇÕES Art. 5o Consideram-se casos de utilidade pública:
a) a segurança nacional;
b) a defesa do Estado;
DECRETO-LEI Nº 3.365, DE 21 DE JUNHO DE 1941. c) o socorro público em caso de calamidade;
d) a salubridade pública;
Vigência e) a criação e melhoramento de centros de população,
seu abastecimento regular de meios de subsistência;
(Vide ADI nº 2.260-1, de 2000) f) o aproveitamento industrial das minas e das jazidas
minerais, das águas e da energia hidráulica;
(Vide ADIN Nº 2332) g) a assistência pública, as obras de higiene e decora-
ção, casas de saude, clínicas, estações de clima e fon-
Dispõe sobre desapropriações por utilidade públi- tes medicinais;
ca. h) a exploração ou a conservação dos serviços públi-
cos;
i) a abertura, conservação e melhoramento de vias ou
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES logradouros públicos; a execução de planos de urba-
nização; o parcelamento do solo, com ou sem edifica-
Art. 1o A desapropriação por utilidade pública regu- ção, para sua melhor utilização econômica, higiênica
lar-se-á por esta lei, em todo o território nacional. ou estética; a construção ou ampliação de distritos
Art. 2o Mediante declaração de utilidade pública, to- industriais;(Redação dada pela Lei nº 9.785, de 1999)
dos os bens poderão ser desapropriados pela União, j) o funcionamento dos meios de transporte coletivo;
pelos Estados, Municípios, Distrito Federal e Territórios. k) a preservação e conservação dos monumentos histó-
§ 1o A desapropriação do espaço aéreo ou do subso- ricos e artísticos, isolados ou integrados em conjuntos
lo só se tornará necessária, quando de sua utilização urbanos ou rurais, bem como as medidas necessárias
a manter-lhes e realçar-lhes os aspectos mais valiosos
resultar prejuízo patrimonial do proprietário do solo.
ou característicos e, ainda, a proteção de paisagens e
§ 2o Os bens do domínio dos Estados, Municípios, Dis-
locais particularmente dotados pela natureza;
trito Federal e Territórios poderão ser desapropriados
l) a preservação e a conservação adequada de arqui-
pela União, e os dos Municípios pelos Estados, mas,
vos, documentos e outros bens moveis de valor histó-
em qualquer caso, ao ato deverá preceder autorização rico ou artístico;
legislativa. m) a construção de edifícios públicos, monumentos
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

§ 3º É vedada a desapropriação, pelos Estados, Dis- comemorativos e cemitérios;


trito Federal, Territórios e Municípios de ações, cotas n) a criação de estádios, aeródromos ou campos de
e direitos representativos do capital de instituições e pouso para aeronaves;
empresas cujo funcionamento dependa de autoriza- o) a reedição ou divulgação de obra ou invento de na-
ção do Governo Federal e se subordine à sua fiscali- tureza científica, artística ou literária;
zação, salvo mediante prévia autorização, por decreto p) os demais casos previstos por leis especiais.
do Presidente da República. (Incluído pelo Decreto-lei § 1º - A construção ou ampliação de distritos indus-
nº 856, de 1969) triais, de que trata a alínea i do caput deste artigo,
Art. 3o Os concessionários de serviços públicos e os inclui o loteamento das áreas necessárias à instala-
estabelecimentos de carater público ou que exerçam ção de indústrias e atividades correlatas, bem como a
funções delegadas de poder público poderão promo- revenda ou locação dos respectivos lotes a empresas
ver desapropriações mediante autorização expressa, previamente qualificadas. (Incluído pela Lei nº 6.602,
constante de lei ou contrato. de 1978)

52
§ 2º - A efetivação da desapropriação para fins de Parágrafo único. (Revogado pela Lei nº 2.786, de 1956)
criação ou ampliação de distritos industriais depende § 1º A imissão provisória poderá ser feita, independen-
de aprovação, prévia e expressa, pelo Poder Público te da citação do réu, mediante o depósito: (Incluído
competente, do respectivo projeto de implantação. pela Lei nº 2.786, de 1956)
(Incluído pela Lei nº 6.602, de 1978) a) do preço oferecido, se êste fôr superior a 20 (vinte)
§ 3o Ao imóvel desapropriado para implantação de vêzes o valor locativo, caso o imóvel esteja sujeito ao
parcelamento popular, destinado às classes de menor impôsto predial;(Incluída pela Lei nº 2.786, de 1956)
renda, não se dará outra utilização nem haverá retro- b) da quantia correspondente a 20 (vinte) vêzes o va-
cessão.(Incluído pela Lei nº 9.785, de 1999) lor locativo, estando o imóvel sujeito ao impôsto pre-
Art. 6o A declaração de utilidade pública far-se-á por dial e sendo menor o preço oferecido; (Incluída pela
decreto do Presidente da República, Governador, In- Lei nº 2.786, de 1956)
terventor ou Prefeito. c) do valor cadastral do imóvel, para fins de lança-
Art. 7o Declarada a utilidade pública, ficam as au- mento do impôsto territorial, urbano ou rural, caso
toridades administrativas autorizadas a penetrar nos o referido valor tenha sido atualizado no ano fiscal
prédios compreendidos na declaração, podendo recor- imediatamente anterior; (Incluída pela Lei nº 2.786,
rer, em caso de oposição, ao auxílio de força policial. de 1956)
Àquele que for molestado por excesso ou abuso de po- d) não tendo havido a atualização a que se refere o
der, cabe indenização por perdas e danos, sem prejui- inciso c, o juiz fixará independente de avaliação, a im-
zo da ação penal. portância do depósito, tendo em vista a época em que
Art. 8o O Poder Legislativo poderá tomar a iniciativa houver sido fixado originàlmente o valor cadastral e
da desapropriação, cumprindo, neste caso, ao Executi- a valorização ou desvalorização posterior do imóvel.
vo, praticar os atos necessários à sua efetivação. (Incluída pela Lei nº 2.786, de 1956)
Art. 9o Ao Poder Judiciário é vedado, no processo de § 2º A alegação de urgência, que não poderá ser re-
desapropriação, decidir se se verificam ou não os casos novada, obrigará o expropriante a requerer a imissão
de utilidade pública. provisória dentro do prazo improrrogável de 120 (cen-
Art. 10. A desapropriação deverá efetivar-se mediante to e vinte) dias. (Incluído pela Lei nº 2.786, de 1956)
acordo ou intentar-se judicialmente, dentro de cinco § 3º Excedido o prazo fixado no parágrafo anterior
anos, contados da data da expedição do respectivo de- não será concedida a imissão provisória.(Incluído pela
creto e findos os quais este caducará.(Vide Decreto-lei Lei nº 2.786, de 1956)
nº 9.282, de 1946) § 4o A imissão provisória na posse será registrada no
Neste caso, somente decorrido um ano, poderá ser o registro de imóveis competente. (Incluído pela Lei nº
mesmo bem objeto de nova declaração. 11.977, de 2009)
Parágrafo único. Extingue-se em cinco anos o direito Art. 15-A No caso de imissão prévia na posse, na de-
de propor ação que vise a indenização por restrições sapropriação por necessidade ou utilidade pública e
decorrentes de atos do Poder Público.(Incluído pela interesse social, inclusive para fins de reforma agrária,
Medida Provisória nº 2.183-56, de 2001) havendo divergência entre o preço ofertado em juízo e
DO PROCESSO JUDICIAL o valor do bem, fixado na sentença, expressos em ter-
Art. 11. A ação, quando a União for autora, será pro- mos reais, incidirão juros compensatórios de até seis
posta no Distrito Federal ou no foro da Capital do por cento ao ano sobre o valor da diferença eventual-
Estado onde for domiciliado o réu, perante o juizo mente apurada, a contar da imissão na posse, vedado
privativo, se houver; sendo outro o autor, no foro da o cálculo de juros compostos.(Incluído pela Medida
situação dos bens. Provisória nº 2.183-56, de 2001)
Art. 12. Somente os juizes que tiverem garantia de § 1o Os juros compensatórios destinam-se, apenas, a
vitaliciedade, inamovibilidade e irredutibilidade de compensar a perda de renda comprovadamente sofri-
vencimentos poderão conhecer dos processos de de- da pelo proprietário. (Incluído pela Medida Provisória
sapropriação. nº 2.183-56, de 2001) (Vide ADIN nº 2.332-2)
Art. 13. A petição inicial, alem dos requisitos previstos § 2o Não serão devidos juros compensatórios quan-
no Código de Processo Civil, conterá a oferta do pre- do o imóvel possuir graus de utilização da terra e de
ço e será instruida com um exemplar do contrato, ou eficiência na exploração iguais a zero. (Incluído pela
do jornal oficial que houver publicado o decreto de Medida Provisória nº 2.183-56, de 2001) (Vide ADIN
desapropriação, ou cópia autenticada dos mesmos, e nº 2.332-2)
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

a planta ou descrição dos bens e suas confrontações. § 3o O disposto no caput deste artigo aplica-se tam-
Parágrafo único. Sendo o valor da causa igual ou in- bém às ações ordinárias de indenização por apos-
ferior a dois contos de réis (2:000$0), dispensam-se os samento administrativo ou desapropriação indireta,
autos suplementares. bem assim às ações que visem a indenização por res-
Art. 14. Ao despachar a inicial, o juiz designará um trições decorrentes de atos do Poder Público, em espe-
perito de sua livre escolha, sempre que possivel, técni- cial aqueles destinados à proteção ambiental, incidin-
co, para proceder à avaliação dos bens. do os juros sobre o valor fixado na sentença. (Incluído
Parágrafo único. O autor e o réu poderão indicar as- pela Medida Provisória nº 2.183-56, de 2001)
sistente técnico do perito. § 4o Nas ações referidas no § 3o, não será o Poder
Art. 15. Se o expropriante alegar urgência e depositar Público onerado por juros compensatórios relativos a
quantia arbitrada de conformidade com o art. 685 do período anterior à aquisição da propriedade ou posse
Código de Processo Civil, o juiz mandará imití-lo pro- titulada pelo autor da ação.(Incluído pela Medida Pro-
visoriamente na posse dos bens; visória nº 2.183-56, de 2001) (Vide ADIN nº 2.332-2)

53
Art. 15-B Nas ações a que se refere o art. 15-A, os Art. 24. Na audiência de instrução e julgamento pro-
juros moratórios destinam-se a recompor a perda de- ceder-se-á na conformidade do Código de Processo
corrente do atraso no efetivo pagamento da indeniza- Civil. Encerrado o debate, o juiz proferirá sentença fi-
ção fixada na decisão final de mérito, e somente serão xando o preço da indenização.
devidos à razão de até seis por cento ao ano, a partir Parágrafo único. Se não se julgar habilitado a decidir,
de 1o de janeiro do exercício seguinte àquele em que o juiz designará desde logo outra audiência que se re-
o pagamento deveria ser feito, nos termos do art. 100 alizará dentro de 10 dias afim de publicar a sentença.
da Constituição. (Incluído pela Medida Provisória nº Art. 25. O principal e os acessórios serão computados
2.183-56, de 2001) em parcelas autônomas.
Art. 16. A citação far-se-á por mandado na pessoa Parágrafo único. O juiz poderá arbitrar quantia mó-
do proprietário dos bens; a do marido dispensa a dá dica para desmonte e transporte de maquinismos ins-
mulher; a de um sócio, ou administrador, a dos de- talados e em funcionamento.
mais, quando o bem pertencer a sociedade; a do ad- Art. 26. No valor da indenização, que será contem-
ministrador da coisa no caso de condomínio, exceto porâneo da avaliação, não se incluirão os direitos de
o de edificio de apartamento constituindo cada um terceiros contra o expropriado. (Redação dada pela
propriedade autonôma, a dos demais condôminos e a Lei nº 2.786, de 1956)
do inventariante, e, se não houver, a do cônjuge, her- § 1º Serão atendidas as benfeitorias necessárias fei-
deiro, ou legatário, detentor da herança, a dos demais tas após a desapropriação; as úteis, quando feitas com
interessados, quando o bem pertencer a espólio. autorização do expropriante. (Renumerado do Pará-
Parágrafo único. Quando não encontrar o citando, grafo Único pela Lei nº 4.686, de 1965)
mas ciente de que se encontra no território da juris- § 2º Decorrido prazo superior a um ano a partir da
dição do juiz, o oficial portador do mandado marcará avaliação, o Juiz ou Tribunal, antes da decisão final,
desde logo hora certa para a citação, ao fim de 48 determinará a correção monetária do valor apurado,
horas, independentemente de nova diligência ou des- conforme índice que será fixado, trimestralmente, pela
pacho. Secretaria de Planejamento da Presidência da Repú-
Art. 17. Quando a ação não for proposta no foro do blica.(Redação dada pela Lei nº 6.306, de 1978)
domicilio ou da residência do réu, a citação far-se-á Art. 27. O juiz indicará na sentença os fatos que mo-
por precatória, se ó mesmo estiver em lugar certo, fora tivaram o seu convencimento e deverá atender, espe-
do território da jurisdição do juiz. cialmente, à estimação dos bens para efeitos fiscais;
Art. 18. A citação far-se-á por edital se o citando não ao preço de aquisição e interesse que deles aufere o
for conhecido, ou estiver em lugar ignorado, incerto proprietário; à sua situação, estado de conservação e
ou inacessível, ou, ainda, no estrangeiro, o que dois segurança; ao valor venal dos da mesma espécie, nos
oficiais do juízo certificarão. últimos cinco anos, e à valorização ou depreciação de
Art. 19. Feita a citação, a causa seguirá com o rito or- área remanescente, pertencente ao réu.
dinário. § 1o A sentença que fixar o valor da indenização
Art. 20. A contestação só poderá versar sobre vício do quando este for superior ao preço oferecido condena-
processo judicial ou impugnação do preço; qualquer rá o desapropriante a pagar honorários do advogado,
outra questão deverá ser decidida por ação direta. que serão fixados entre meio e cinco por cento do va-
Art. 21. A instância não se interrompe. No caso de fa- lor da diferença, observado o disposto no § 4o do art.
lecimento do réu, ou perda de sua capacidade civil, 20 do Código de Processo Civil, não podendo os ho-
o juiz, logo que disso tenha conhecimento, nomeará norários ultrapassar R$ 151.000,00 (cento e cinquenta
curador à lide, até que se lhe habilite o interessado. e um mil reais). (Redação dada Medida Provisória nº
Parágrafo único. Os atos praticados da data do faleci- 2.183-56, de 2001) (Vide ADIN nº 2.332-2)
mento ou perda da capacidade à investidura do cura- § 2º A transmissão da propriedade, decorrente de de-
dor à lide poderão ser ratificados ou impugnados por sapropriação amigável ou judicial, não ficará sujeita
ele, ou pelo representante do espólio, ou do incapaz. ao imposto de lucro imobiliário.(Incluído pela Lei nº
Art. 22. Havendo concordância sobre o preço, o juiz o 2.786, de 1956)
homologará por sentença no despacho saneador. § 3º O disposto no § 1o deste artigo se aplica: (In-
Art. 23. Findo o prazo para a contestação e não ha- cluído pela Medida Provisória nº 2.183-56, de 2001)
vendo concordância expressa quanto ao preço, o peri- I - ao procedimento contraditório especial, de rito
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

to apresentará o laudo em cartório até cinco dias, pelo sumário, para o processo de desapropriação de imó-
menos, antes da audiência de instrução e julgamento. vel rural, por interesse social, para fins de reforma
§ 1o O perito poderá requisitar das autoridades públi- agrária;(Incluído pela Medida Provisória nº 2.183-56,
cas os esclarecimentos ou documentos que se torna- de 2001)
rem necessários à elaboração do laudo, e deverá indi- II - às ações de indenização por apossamento admi-
car nele, entre outras circunstâncias atendíveis para nistrativo ou desapropriação indireta. (Incluído pela
a fixação da indenização, as enumeradas no art. 27. Medida Provisória nº 2.183-56, de 2001)
Ser-lhe-ão abonadas, como custas, as despesas com § 4º O valor a que se refere o § 1o será atualizado, a
certidões e, a arbítrio do juiz, as de outros documentos partir de maio de 2000, no dia 1o de janeiro de cada
que juntar ao laudo. ano, com base na variação acumulada do Índice de
§ 2o Antes de proferido o despacho saneador, poderá Preços ao Consumidor Amplo - IPCA do respectivo pe-
o perito solicitar prazo especial para apresentação do ríodo. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.183-56,
laudo. de 2001)

54
Art. 28. Da sentença que fixar o preço da indenização § 2o Na hipótese deste artigo, o expropriado pode-
caberá apelação com efeito simplesmente devolutivo, rá levantar 100% (cem por cento) do depósito de que
quando interposta pelo expropriado, e com ambos os trata o art. 33 deste Decreto-Lei. (Incluído pela Lei nº
efeitos, quando o for pelo expropriante. 13.465, de 2017)
§ 1 º A sentença que condenar a Fazenda Pública em § 3o Do valor a ser levantado pelo expropriado de-
quantia superior ao dobro da oferecida fica sujeita ao vem ser deduzidos os valores dispostos nos §§ 1o e
duplo grau de jurisdição.(Redação dada pela Lei nº 2o do art. 32 deste Decreto-Lei, bem como, a critério
6.071, de 1974) do juiz, aqueles tidos como necessários para o custeio
§ 2o Nas causas de valor igual ou inferior a dois con- das despesas processuais.(Incluído pela Lei nº 13.465,
tos de réis (2:000$0), observar-se-á o disposto no art. de 2017)
839 do Código de Processo Civil. Art. 35. Os bens expropriados, uma vez incorporados
Art. 29. Efetuado o pagamento ou a consignação, à Fazenda Pública, não podem ser objeto de reivindi-
expedir-se-á, em favor do expropriante, mandado de cação, ainda que fundada em nulidade do processo de
imissão de posse, valendo a sentença como título hábil desapropriação. Qualquer ação, julgada procedente,
para a transcrição no registro de imóveis. resolver-se-á em perdas e danos.
Art. 30. As custas serão pagas pelo autor se o réu acei- Art. 36. É permitida a ocupação temporária, que será
tar o preço oferecido; em caso contrário, pelo vencido, indenizada, afinal, por ação própria, de terrenos não
ou em proporção, na forma da lei. edificados, vizinhos às obras e necessários à sua rea-
DISPOSIÇÕES FINAIS lização.
Art. 31. Ficam sub-rogados no preço quaisquer ônus O expropriante prestará caução, quando exigida.
ou direitos que recaiam sobre o bem expropriado. Art. 37. Aquele cujo bem for prejudicado extraordi-
Art. 32. O pagamento do preço será prévio e em di- nariamente em sua destinação econômica pela desa-
nheiro. (Redação dada pela Lei nº 2.786, de 1956) propriação de áreas contíguas terá direito a reclamar
§ 1o As dívidas fiscais serão deduzidas dos valores perdas e danos do expropriante.
depositados, quando inscritas e ajuizadas. (Incluído Art. 38. O réu responderá perante terceiros, e por ação
pela Lei nº 11.977, de 2009) própria, pela omissão ou sonegação de quaisquer in-
§ 2o Incluem-se na disposição prevista no § 1o as formações que possam interessar à marcha do proces-
multas decorrentes de inadimplemento e de obriga- so ou ao recebimento da indenização.
ções fiscais. (Incluído pela Lei nº 11.977, de 2009) Art. 39. A ação de desapropriação pode ser proposta
§ 3o A discussão acerca dos valores inscritos ou exe- durante as férias forenses, e não se interrompe pela
cutados será realizada em ação própria.(Incluído pela superveniência destas.
Lei nº 11.977, de 2009) Art. 40. O expropriante poderá constituir servidões,
Art. 33. O depósito do preço fixado por sentença, à
mediante indenização na forma desta lei. (Vide De-
disposição do juiz da causa, é considerado pagamento
creto nº 35.851, de 1954)
prévio da indenização.
Art. 41. As disposições desta lei aplicam-se aos pro-
§ 1º O depósito far-se-á no Banco do Brasil ou, onde
cessos de desapropriação em curso, não se permitindo
este não tiver agência, em estabelecimento bancário
depois de sua vigência outros termos e atos além dos
acreditado, a critério do juiz. (Renumerado do Pará-
por ela admitidos, nem o seu processamento por for-
grafo Único pela Lei nº 2.786, de 1956)
ma diversa da que por ela é regulada.
§ 2º O desapropriado, ainda que discorde do preço
oferecido, do arbitrado ou do fixado pela sentença, po- Art. 42. No que esta lei for omissa aplica-se o Código
derá levantar até 80% (oitenta por cento) do depósito de Processo Civil.
feito para o fim previsto neste e no art. 15, observado Art. 43. Esta lei entrará em vigor 10 dias depois de pu-
o processo estabelecido no art. 34. (Incluído pela Lei nº blicada, no Distrito Federal, e 30 dias no Estados e Ter-
2.786, de 1956) ritório do Acre, revogadas as disposições em contrário.
Art. 34. O levantamento do preço será deferido me- Rio de Janeiro, em 21 junho de 1941, 120o da Inde-
diante prova de propriedade, de quitação de dívidas pendência e 53o da República.
fiscais que recaiam sobre o bem expropriado, e publi-
cação de editais, com o prazo de 10 dias, para conhe- SERVIÇOS PÚBLICOS: CONCESSÃO E
cimento de terceiros.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

AUTORIZAÇÃO DOS SERVIÇOS PÚBLICOS.


Parágrafo único. Se o juiz verificar que há dúvida
fundada sobre o domínio, o preço ficará em depósi-
RESPONSABILIDADES DOS AGENTES
to, ressalvada aos interessados a ação própria para PÚBLICOS: CIVIL, ADMINISTRATIVA E
disputá-lo. CRIMINAL
Art. 34-A. Se houver concordância, reduzida a termo,
do expropriado, a decisão concessiva da imissão pro-
visória na posse implicará a aquisição da propriedade Conceito de serviço público
pelo expropriante com o consequente registro da pro-
priedade na matrícula do imóvel. (Incluído pela Lei Serviço público é todo aquele prestado pela adminis-
nº 13.465, de 2017) tração ou por particulares debaixo de regras de direito
§ 1o A concordância escrita do expropriado não impli- público para a preservação dos interesses da coletivi-
ca renúncia ao seu direito de questionar o preço ofer- dade. A titularidade da prestação de um serviço público
tado em juízo. (Incluído pela Lei nº 13.465, de 2017) sempre será da Administração Pública, somente poden-

55
do ser transferido a um particular a execução do serviço I - o regime das empresas concessionárias e permis-
público. As regras serão sempre fixadas unilateralmente sionárias de serviços públicos, o caráter especial de
pela Administração, independentemente de quem esteja seu contrato e de sua prorrogação, bem como as con-
executando o serviço público. Qualquer contrato admi- dições de caducidade, fiscalização e rescisão da con-
nistrativo aos olhos do particular é contrato de adesão. cessão ou permissão;
Com efeito, quem presta o serviço público pode ser II - os direitos dos usuários;
a Administração ou um particular, fazendo-o sob regras III - política tarifária;
de direito público e com vistas a preservar o interesse IV - a obrigação de manter serviço adequado.
público.
O referido artigo dispõe que a prestação dos serviços
#FicaDica públicos é de titularidade da Administração Pública, po-
Serviço público dendo ser centralizada ou descentralizada. Sempre que
– Pode ser prestado pelo Estado ou não; a prestação do serviço público for descentralizada, por
– Contudo, a titularidade é da Administração; meio de concessão ou permissão, deverá ser precedida
– Devem ter por foco a preservação do inte- de licitação. As duas figuras, concessão ou permissão,
resse público; surgem como instrumentos que viabilizam a descentrali-
– O Estado pode delegar a prestação em ca- zação dos serviços públicos, atribuindo-os para terceiros,
sos determinados. são reguladas pela Lei nº 8.987/95.
Assim, a titularidade de um serviço público é sempre
da Administração Pública, que possui competência para
fixar as regras de execução do serviço e para fiscalizar o
Princípios aplicáveis cumprimento das mesmas, aplicando sanções em caso
de descumprimento.
a) Princípio da adaptabilidade: impõe a atualização e A Administração Pública pode decidir executar ela
modernização na prestação do serviço público; mesma um serviço público através de órgãos que inte-
b) Princípio da universalidade: significa que os servi- gram a sua Administração direta; ou então fazê-lo através
ços devem ser estendidos a todos administrados; de uma pessoa que integre a sua Administração indireta
c) Princípio da impessoalidade: determina a vedação (autarquias, empresas públicas, sociedades de economia
de discriminações entre os usuários; mista e fundações públicas); além de poder resolver que
d) Princípio da continuidade: impossibilidade de in- a execução do serviço público será transferida a particu-
terrupção; lares, cabendo escolher quem deles reúne a melhor con-
e) Princípio da modicidade das tarifas: impõe tarifas dição por meio de licitação, isto é, permissão, concessão
módicas aos usuários; e autorização de serviço.
f) Princípio da cortesia: prevê que os usuários devem Os particulares, no máximo, assumem a execução do
ser tratados com urbanidade; serviço, mediante delegação do poder público. Logo, a
g) Princípio da eficiência: estabelece que o serviço prestação pode ser centralizada quando a própria Admi-
público deve ser prestado de maneira satisfatória nistração Pública executa os serviços, ou descentralizada
ao usuário; quando a Administração Pública passa a execução para
h) Princípio da segurança: o serviço não pode ser pres- terceiros. Esses terceiros podem estar dentro ou fora da
tado de forma que coloque em risco a vida dos usu- Administração Direta.
ários.

#FicaDica
Forma direta – próprio Estado;
#FicaDica Forma indireta – delegação por contrato:
Concessão;
Os usuários têm direito, nos termos do arti- Permissão;
go 7o, Lei nº 8.987/1995: Autorização;
– Receber serviço adequado; Forma indireta – delegação legal (empresas
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

– Receber informações para defesa dos in- públicas e sociedades de economia mista).
teresses individuais e coletivos;
– Obter e utilizar o serviço, com liberdade
de escolha. 1. Serviços indelegáveis

Existem serviços próprios do Estado, que são aque-


Concessão, permissão, autorização e delegação; les que se relacionam intimamente com as atribuições
do Poder Público (Ex.: segurança, polícia, higiene e saúde
Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, públicas etc.) e para a execução dos quais a Administra-
diretamente ou sob regime de concessão ou permis- ção usa da sua supremacia sobre os administrados, os
são, sempre através de licitação, a prestação de ser- quais não podem ser delegados a particulares. Tais servi-
viços públicos. ços, por sua essencialidade, geralmente são gratuitos ou
Parágrafo único. A lei disporá sobre: de baixa remuneração.

56
Todos os serviços públicos que não são próprios do
Estado são delegáveis. #FicaDica
Serviço público
2. Descentralização: concessão e permissão (art. – Pode ser prestado pelo Estado ou não;
2º, Lei nº 8.987/95) – Contudo, a titularidade é da Administração;
– Devem ter por foco a preservação do
Concessão de Serviço Público: é a delegação da pres- interesse público;
tação do serviço público feita pelo poder concedente, – O Estado pode delegar a prestação em
mediante licitação na modalidade concorrência, à pes- casos determinados.
soa jurídica ou consórcio de empresas que demonstrem
capacidade de desempenho por sua conta e risco, com
prazo determinado. Essa capacidade de desempenho é 6. Caracteres jurídicos
averiguada na fase de habilitação da licitação. Qualquer
prejuízo causado a terceiros, no caso de concessão, será
Somente por regras de direito público é possível
de responsabilidade do concessionário – que responde
prestar serviços públicos. Para distinguir quais serviços
de forma objetiva (art. 37, § 6.º, da CF) tendo em vista a
atividade estatal desenvolvida, respondendo a Adminis- são públicos e quais não, deve-se utilizar as regras de
tração Direta subsidiariamente. Trata-se de uma espécie competência dispostas na Constituição Federal. Sempre
de contrato administrativo. que não houver definição constitucional a respeito, de-
Permissão de Serviço Público: é a delegação a título vem-se observar as regras que incidem sobre aqueles
precário, mediante licitação feita pelo poder concedente serviços, bem como o regime jurídico ao qual a atividade
à pessoa física ou jurídica que demonstrem capacidade se submete. Sendo regras de direito público, será servi-
de desempenho por sua conta e risco. Trata-se de um ato ço público; sendo regras de direito privado, será serviço
administrativo precário, que pode ser desfeito a qualquer privado.
momento.
7. Classificação
3. Responsabilidade civil
Meirelles22 apresenta a seguinte classificação dos ser-
Nos termos do artigo 25, quem responde é o conces- viços públicos:
sionário/permissionário. Responde por danos causados
ao poder concedente, aos usuários e a terceiros. Deve-se a) Quanto à essencialidade:
privilegiar a atividade que causou o dano (serviço públi- - serviços públicos propriamente ditos – são aqueles
co), independente da vítima ser ou não usuária do servi- prestados diretamente pela Administração para a
ço. Em regra, a responsabilidade é objetiva, não cabendo comunidade, por reconhecer a sua essencialidade
provar a culpa ou dolo, bastando a prova do nexo de e necessidade de grupo social. São privativos do
causalidade, do dano e da ação (artigo 37, §6º, CF), à ex- Poder Público.
ceção dos casos de omissão, em que a responsabilidade - serviços de utilidade pública – são os que a Admi-
é subjetiva. nistração, reconhecendo a sua conveniência para
a coletividade, presta-os diretamente ou aquiesce
4. Subconcessão que sejam prestados por terceiros.
Conforme artigo 26, é a transferência do objeto da
b) Quanto aos destinatários:
concessão para terceiros, sujeitando-se aos seguintes li-
- serviços gerais ou uti universi – são aqueles que a
mites: autorização ou concordância do poder constituin-
te, previsão contratual e licitação. Ocorre a sub-rogação Administração presta sem ter usuários determina-
de direitos e obrigações perante a Administração Públi- dos para atender à coletividade no seu todo. Ex.:
ca. A subconcessão pode ser parcial. iluminação pública. São indivisíveis, isto é, não
mensuráveis. Daí por que devem ser mantidos por
5. Conceito de serviço público tributo, e não por taxa ou tarifa.
- serviços individuais ou uti singuli – são os que pos-
Serviço público é todo aquele prestado pela adminis- suem usuários determinados e utilização particular
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

tração ou por particulares debaixo de regras de direito e mensurável para cada destinatário. São remune-
público para a preservação dos interesses da coletivi- rados por taxa ou tarifa.
dade. A titularidade da prestação de um serviço público
sempre será da Administração Pública, somente poden-
do ser transferido a um particular a execução do serviço
público. As regras serão sempre fixadas unilateralmente
pela Administração, independentemente de quem esteja
executando o serviço público. Qualquer contrato admi-
nistrativo aos olhos do particular é contrato de adesão.
Com efeito, quem presta o serviço público pode ser
a Administração ou um particular, fazendo-o sob regras
de direito público e com vistas a preservar o interesse
público. 22 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasilei-
ro. São Paulo: Malheiros, 1993.

57
#FicaDica #FicaDica
Classificação: Princípio da continuidade dos serviços públi-
– Quanto à essencialidade: cos:
Públicos propriamente ditos; – Os serviços públicos não poderão ser inter-
Serviços de utilidade pública. rompidos;
– Quanto aos destinatários: – Devem ter a devida regularidade;
Gerais; – Os funcionários não podem praticar greve
Individuais. em serviços essenciais e imprescindíveis.

8. Princípios aplicáveis 10. Prestação de serviço adequado

a) Princípio da adaptabilidade: impõe a atualização e O serviço deve ser regular, contínuo, eficaz, seguro,
modernização na prestação do serviço público; módico, atual e cortês. O princípio básico é o da con-
b) Princípio da universalidade: significa que os servi- tinuidade dos serviços públicos; entretanto, a prestação
ços devem ser estendidos a todos administrados; poderá ser interrompida em duas hipóteses (art. 6.º, § 3º):
c) Princípio da impessoalidade: determina a vedação - em situação de emergência, como no caso de atos
de discriminações entre os usuários; de vandalismo de terceiros;
d) Princípio da continuidade: impossibilidade de in- - com aviso prévio, por razões de ordem técnica ou
terrupção; de segurança das instalações e em caso de inadim-
e) Princípio da modicidade das tarifas: impõe tarifas plemento do usuário (no caso de inadimplemen-
módicas aos usuários; to, o usuário deve ser notificado, conferindo-se a
oportunidade de pagamento antes da interrupção,
f) Princípio da cortesia: prevê que os usuários devem
bem como de defesa, alegando que não deve, que
ser tratados com urbanidade;
deve menos ou que precisa parcelar).
g) Princípio da eficiência: estabelece que o serviço pú-
blico deve ser prestado de maneira satisfatória ao Tarifa módica é aquela acessível ao usuário comum
usuário; do serviço.
h) Princípio da segurança: o serviço não pode ser O art. 22 do Código de Defesa do Consumidor dis-
prestado de forma que coloque em risco a vida põe que “os órgãos públicos, por si ou suas empresas,
dos usuários. concessionárias, permissionárias ou sob qualquer outra
forma de empreendimento, são obrigados a fornecer
9. Continuidade da Prestação do Serviço Público serviços adequados, eficientes, seguros e, quanto aos
essenciais, contínuos”. Tem-se, então, um conflito entre
Entre as regras do regime jurídico público, destaca-se a Lei n. 8.987/95 e o Código de Defesa do Consumidor
o princípio da continuidade de sua prestação. (Lei n. 8.078/90). Se fossem seguidas as regras de inter-
Num contrato administrativo, quando o particular pretação, a Lei n. 8.987/95 prevaleceria sobre o Código
descumpre suas obrigações, há rescisão contratual. Se é de Defesa do Consumidor por ser posterior e especial. Os
a Administração, entretanto, que descumpre suas obri- Tribunais, entretanto, entendem que se o serviço é essen-
gações, o particular não pode rescindir o contrato, tendo cial, a prestação deve ser contínua, prevalecendo, então,
em vista o princípio da continuidade da prestação. o disposto no art. 22 do Código de Defesa do Consumi-
Essa é a chamada “cláusula exorbitante”, que visa dar dor. Assim, os serviços essenciais não podem ser inter-
à Administração Pública uma prerrogativa que não existe rompidos por inadimplemento.
para o particular, colocando-a em uma posição superior
em razão da supremacia do interesse público. 11. Política tarifária
Quanto à continuidade da prestação do serviço públi-
co e o direito de greve, destaca-se que apesar da previ- A tarifa surge como a principal fonte de arrecadação
são constitucional de que somente lei específica poderia do concessionário/permissionário. É através dela que se
definir os termos e limites deste direito no setor público garante a margem de lucro. Tarifa não é tributo, se o fos-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

se, sobre ela incidiriam todos os princípios constitucio-


e afins, diante da ausência de previsão, deve-se aplicar a
nais tributários, o que não ocorre.
lei geral que regula o direito de greve. Contudo, a greve
total é inconstitucional, devendo-se manter serviços mí-
Ninguém fixa o valor inicial, é automático e pré-es-
nimos à população. tabelecido na licitação. O poder público que autoriza o
aumento, mas o aumento não pode permitir que o valor
deixe de ser módico.

12. Usuário do serviço público

O art. 7.º estabelece um rol de seis situações que tratam


dos direitos e obrigações do usuário sem prejuízo dos pre-
vistos no Código de Defesa do Consumidor. É um rol exem-
plificativo, incluindo-se outros, como: direito do consumidor

58
(artigo 5º, XXXII, CF); direito de obter dos órgãos públicos O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Con-
informações de interesse particular, coletivo ou geral (artigo gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
5º, XXXIII, CF); mandado de segurança para proteger direito
líquido e certo em caráter residual (artigo 5º, LXIX, CF). Capítulo I
Das disposições preliminares
#FicaDica
Art. 1º As concessões de serviços públicos e de obras
Os usuários têm direito, nos termos do artigo públicas e as permissões de serviços públicos reger-se-
7o, Lei nº 8.987/1995: -ão pelos termos do art. 175 da Constituição Federal,
– Receber serviço adequado; por esta Lei, pelas normas legais pertinentes e pelas
– Receber informações para defesa dos inte- cláusulas dos indispensáveis contratos.
resses individuais e coletivos; Parágrafo único. A União, os Estados, o Distrito Fede-
– Obter e utilizar o serviço, com liberdade de ral e os Municípios promoverão a revisão e as adapta-
escolha. ções necessárias de sua legislação às prescrições desta
Lei, buscando atender as peculiaridades das diversas
modalidades dos seus serviços.
13. Extinção Art. 2º Para os fins do disposto nesta Lei, considera-se:
I - poder concedente: a União, o Estado, o Distrito Fe-
As causas de extinção estão descritas no artigo 35: deral ou o Município, em cuja competência se encon-
termo, que é o término do prazo descrito; encampação, tre o serviço público, precedido ou não da execução de
que é a extinção por razões de interesse público; cadu- obra pública, objeto de concessão ou permissão;
cidade, que é a extinção por descumprimento de obri- II - concessão de serviço público: a delegação de sua
gações pelo concessionário; rescisão, que é a extinção prestação, feita pelo poder concedente, mediante lici-
durante a vigência pelo descumprimento das obrigações tação, na modalidade de concorrência, à pessoa jurí-
pelo poder público; anulação, que é a extinção por força dica ou consórcio de empresas que demonstre capaci-
da configuração de ilegalidade; falência, que é a extinção dade para seu desempenho, por sua conta e risco e por
por conta de falta de condições financeiras para conti- prazo determinado;
nuar arcando com as obrigações do contrato; e morte, III - concessão de serviço público precedida da exe-
que é o falecimento da parte contratada em contrato cução de obra pública: a construção, total ou parcial,
personalíssimo. conservação, reforma, ampliação ou melhoramen-
to de quaisquer obras de interesse público, delegada
14. Reassunção e reversão pelo poder concedente, mediante licitação, na moda-
lidade de concorrência, à pessoa jurídica ou consórcio
Reassunção, que é a retomada da execução de um de empresas que demonstre capacidade para a sua
serviço público pelo poder público uma vez extinta a realização, por sua conta e risco, de forma que o inves-
concessão. timento da concessionária seja remunerado e amorti-
Reversão, que é a transferência de bens utilizados du- zado mediante a exploração do serviço ou da obra por
rante a concessão para o patrimônio público a partir da prazo determinado;
extinção da concessão. IV - permissão de serviço público: a delegação, a título
precário, mediante licitação, da prestação de serviços
15. Permissão e autorização públicos, feita pelo poder concedente à pessoa física
ou jurídica que demonstre capacidade para seu de-
Serviços concedidos são aqueles que o particular exe- sempenho, por sua conta e risco.
cuta em seu nome, por sua conta e risco, remunerados Art. 3º As concessões e permissões sujeitar-se-ão à
por tarifa. A concessão dá-se por meio de contrato. fiscalização pelo poder concedente responsável pela
Os serviços permitidos são aqueles aos quais a Admi- delegação, com a cooperação dos usuários.
nistração estabelece os requisitos para a sua prestação Art. 4º A concessão de serviço público, precedida ou
ao público e, por ato unilateral (termo de permissão), não da execução de obra pública, será formalizada
comete a execução aos particulares que demonstrarem mediante contrato, que deverá observar os termos
capacidade para seu desempenho. A permissão é uni- desta Lei, das normas pertinentes e do edital de lici-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

lateral, precária e discricionária. Serve para serviços de tação.


utilidade pública. Art. 5º O poder concedente publicará, previamente ao
Por fim temos os serviços autorizados que são aque- edital de licitação, ato justificando a conveniência da
les que o Poder Público, por ato unilateral, precário e outorga de concessão ou permissão, caracterizando
discricionário, consente na sua execução pelo particular seu objeto, área e prazo.
para atender a interesses coletivos instáveis ou a emer-
gência transitória. Capítulo II
Do serviço adequado
Lei nº 8.987, De 13 de fevereiro de 1995
Art. 6º Toda concessão ou permissão pressupõe a pres-
Dispõe sobre o regime de concessão e permissão da tação de serviço adequado ao pleno atendimento dos
prestação de serviços públicos previsto no art. 175 da usuários, conforme estabelecido nesta Lei, nas normas
Constituição Federal, e dá outras providências. pertinentes e no respectivo contrato.

59
§ 1º Serviço adequado é o que satisfaz as condições § 4º Em havendo alteração unilateral do contrato que
de regularidade, continuidade, eficiência, segurança, afete o seu inicial equilíbrio econômico-financeiro, o
atualidade, generalidade, cortesia na sua prestação e poder concedente deverá restabelecê-lo, concomitan-
modicidade das tarifas. temente à alteração.
§ 2º A atualidade compreende a modernidade das téc- Art. 10. Sempre que forem atendidas as condições do
nicas, do equipamento e das instalações e a sua con- contrato, considera-se mantido seu equilíbrio econô-
servação, bem como a melhoria e expansão do serviço. mico-financeiro.
§ 3º Não se caracteriza como descontinuidade do ser- Art. 11. No atendimento às peculiaridades de cada
viço a sua interrupção em situação de emergência ou serviço público, poderá o poder concedente prever, em
após prévio aviso, quando: favor da concessionária, no edital de licitação, a pos-
I - motivada por razões de ordem técnica ou de segu- sibilidade de outras fontes provenientes de receitas al-
rança das instalações; e, ternativas, complementares, acessórias ou de projetos
II - por inadimplemento do usuário, considerado o in-
associados, com ou sem exclusividade, com vistas a
teresse da coletividade.
favorecer a modicidade das tarifas, observado o dis-
posto no art. 17 desta Lei.
Capítulo III
Parágrafo único. As fontes de receita previstas neste
Dos direitos e obrigações dos usuários
artigo serão obrigatoriamente consideradas para a
Art. 7º Sem prejuízo do disposto na Lei nº 8.078, de aferição do inicial equilíbrio econômico-financeiro do
11 de setembro de 1990, são direitos e obrigações dos contrato.
usuários: Art. 12. (VETADO)
I - receber serviço adequado; Art. 13. As tarifas poderão ser diferenciadas em função
II - receber do poder concedente e da concessionária das características técnicas e dos custos específicos
informações para a defesa de interesses individuais ou provenientes do atendimento aos distintos segmentos
coletivos; de usuários.
III - obter e utilizar o serviço, com liberdade de esco-
lha entre vários prestadores de serviços, quando for o Capítulo V
caso, observadas as normas do poder concedente. Da licitação
IV - levar ao conhecimento do poder público e da con-
cessionária as irregularidades de que tenham conhe- Art. 14. Toda concessão de serviço público, precedi-
cimento, referentes ao serviço prestado; da ou não da execução de obra pública, será objeto
V - comunicar às autoridades competentes os atos ilícitos de prévia licitação, nos termos da legislação própria
praticados pela concessionária na prestação do serviço; e com observância dos princípios da legalidade, mo-
VI - contribuir para a permanência das boas condições dos ralidade, publicidade, igualdade, do julgamento por
bens públicos através dos quais lhes são prestados os serviços. critérios objetivos e da vinculação ao instrumento
Art. 7º-A. As concessionárias de serviços públicos, de convocatório.
direito público e privado, nos Estados e no Distrito Fe- Art. 15. No julgamento da licitação será considerado
deral, são obrigadas a oferecer ao consumidor e ao um dos seguintes critérios:
usuário, dentro do mês de vencimento, o mínimo de I - o menor valor da tarifa do serviço público a ser
seis datas opcionais para escolherem os dias de venci- prestado;
mento de seus débitos. II - a maior oferta, nos casos de pagamento ao poder
concedente pela outorga da concessão;
Capítulo IV III - a combinação, dois a dois, dos critérios referidos
Da política tarifária nos incisos I, II e VII;
IV - melhor proposta técnica, com preço fixado no edi-
Art. 8º (VETADO)
tal;
Art. 9º A tarifa do serviço público concedido será fi-
V - melhor proposta em razão da combinação dos cri-
xada pelo preço da proposta vencedora da licitação e
preservada pelas regras de revisão previstas nesta Lei, térios de menor valor da tarifa do serviço público a ser
no edital e no contrato. prestado com o de melhor técnica;
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

§ 1º A tarifa não será subordinada à legislação especí-


fica anterior e somente nos casos expressamente pre- VI - melhor proposta em razão da combinação dos
vistos em lei, sua cobrança poderá ser condicionada critérios de maior oferta pela outorga da concessão
à existência de serviço público alternativo e gratuito com o de melhor técnica; ou
para o usuário. VII - melhor oferta de pagamento pela outorga após
§ 2º Os contratos poderão prever mecanismos de revi- qualificação de propostas técnicas.
são das tarifas, a fim de manter-se o equilíbrio econô- § 1º A aplicação do critério previsto no inciso III só será
mico-financeiro. admitida quando previamente estabelecida no edital
§ 3º Ressalvados os impostos sobre a renda, a criação, de licitação, inclusive com regras e fórmulas precisas
alteração ou extinção de quaisquer tributos ou encar- para avaliação econômico-financeira.
gos legais, após a apresentação da proposta, quando § 2º Para fins de aplicação do disposto nos incisos IV,
comprovado seu impacto, implicará a revisão da tari- V, VI e VII, o edital de licitação conterá parâmetros e
fa, para mais ou para menos, conforme o caso. exigências para formulação de propostas técnicas.

60
§ 3º O poder concedente recusará propostas manifes- XV - nos casos de concessão de serviços públicos pre-
tamente inexequíveis ou financeiramente incompatí- cedida da execução de obra pública, os dados relativos
veis com os objetivos da licitação. à obra, dentre os quais os elementos do projeto básico
§ 4º Em igualdade de condições, será dada preferência que permitam sua plena caracterização, bem assim as
à proposta apresentada por empresa brasileira. garantias exigidas para essa parte específica do con-
Art. 16. A outorga de concessão ou permissão não terá trato, adequadas a cada caso e limitadas ao valor da
caráter de exclusividade, salvo no caso de inviabilida- obra;
de técnica ou econômica justificada no ato a que se XVI - nos casos de permissão, os termos do contrato de
refere o art. 5º desta Lei. adesão a ser firmado.
Art. 17. Considerar-se-á desclassificada a proposta Art. 18-A. O edital poderá prever a inversão da or-
que, para sua viabilização, necessite de vantagens ou dem das fases de habilitação e julgamento, hipótese
subsídios que não estejam previamente autorizados em que:
em lei e à disposição de todos os concorrentes. I - encerrada a fase de classificação das propostas ou
§ 1º Considerar-se-á, também, desclassificada a pro- o oferecimento de lances, será aberto o invólucro com
posta de entidade estatal alheia à esfera político-ad- os documentos de habilitação do licitante mais bem
ministrativa do poder concedente que, para sua viabi- classificado, para verificação do atendimento das con-
lização, necessite de vantagens ou subsídios do poder dições fixadas no edital;
público controlador da referida entidade. II - verificado o atendimento das exigências do edital,
§ 2º Inclui-se nas vantagens ou subsídios de que tra- o licitante será declarado vencedor;
ta este artigo, qualquer tipo de tratamento tributário III - inabilitado o licitante melhor classificado, serão
diferenciado, ainda que em consequência da natureza analisados os documentos habilitatórios do licitante
jurídica do licitante, que comprometa a isonomia fis- com a proposta classificada em segundo lugar, e as-
cal que deve prevalecer entre todos os concorrentes. sim sucessivamente, até que um licitante classificado
Art. 18. O edital de licitação será elaborado pelo poder atenda às condições fixadas no edital;
concedente, observados, no que couber, os critérios e
IV - proclamado o resultado final do certame, o objeto
as normas gerais da legislação própria sobre licitações
será adjudicado ao vencedor nas condições técnicas e
e contratos e conterá, especialmente:
econômicas por ele ofertadas.
I - o objeto, metas e prazo da concessão;
Art. 19. Quando permitida, na licitação, a participação
II - a descrição das condições necessárias à prestação
de empresas em consórcio, observar-se-ão as seguin-
adequada do serviço;
tes normas:
III - os prazos para recebimento das propostas, julga-
mento da licitação e assinatura do contrato; I - comprovação de compromisso, público ou particu-
IV - prazo, local e horário em que serão fornecidos, lar, de constituição de consórcio, subscrito pelas con-
aos interessados, os dados, estudos e projetos neces- sorciadas;
sários à elaboração dos orçamentos e apresentação II - indicação da empresa responsável pelo consórcio;
das propostas; III - apresentação dos documentos exigidos nos incisos
V - os critérios e a relação dos documentos exigidos V e XIII do artigo anterior, por parte de cada consor-
para a aferição da capacidade técnica, da idoneidade ciada;
financeira e da regularidade jurídica e fiscal; IV - impedimento de participação de empresas con-
VI - as possíveis fontes de receitas alternativas, com- sorciadas na mesma licitação, por intermédio de mais
plementares ou acessórias, bem como as provenientes de um consórcio ou isoladamente.
de projetos associados; § 1º O licitante vencedor fica obrigado a promover,
VII - os direitos e obrigações do poder concedente e da antes da celebração do contrato, a constituição e re-
concessionária em relação a alterações e expansões a gistro do consórcio, nos termos do compromisso refe-
serem realizadas no futuro, para garantir a continui- rido no inciso I deste artigo.
dade da prestação do serviço; § 2º A empresa líder do consórcio é a responsável pe-
VIII - os critérios de reajuste e revisão da tarifa; rante o poder concedente pelo cumprimento do con-
IX - os critérios, indicadores, fórmulas e parâmetros a trato de concessão, sem prejuízo da responsabilidade
serem utilizados no julgamento técnico e econômico- solidária das demais consorciadas.
-financeiro da proposta; Art. 20. É facultado ao poder concedente, desde que
X - a indicação dos bens reversíveis; previsto no edital, no interesse do serviço a ser conce-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

XI - as características dos bens reversíveis e as condi- dido, determinar que o licitante vencedor, no caso de
ções em que estes serão postos à disposição, nos casos consórcio, se constitua em empresa antes da celebra-
em que houver sido extinta a concessão anterior; ção do contrato.
XII - a expressa indicação do responsável pelo ônus Art. 21. Os estudos, investigações, levantamentos, pro-
das desapropriações necessárias à execução do serviço jetos, obras e despesas ou investimentos já efetuados,
ou da obra pública, ou para a instituição de servidão vinculados à concessão, de utilidade para a licitação,
administrativa; realizados pelo poder concedente ou com a sua au-
XIII - as condições de liderança da empresa responsá- torização, estarão à disposição dos interessados, de-
vel, na hipótese em que for permitida a participação vendo o vencedor da licitação ressarcir os dispêndios
de empresas em consórcio; correspondentes, especificados no edital.
XIV - nos casos de concessão, a minuta do respectivo Art. 22. É assegurada a qualquer pessoa a obtenção de
contrato, que conterá as cláusulas essenciais referidas certidão sobre atos, contratos, decisões ou pareceres
no art. 23 desta Lei, quando aplicáveis; relativos à licitação ou às próprias concessões.

61
Capítulo VI § 1º Sem prejuízo da responsabilidade a que se refe-
Do contrato de concessão re este artigo, a concessionária poderá contratar com
terceiros o desenvolvimento de atividades inerentes,
Art. 23. São cláusulas essenciais do contrato de con- acessórias ou complementares ao serviço concedido,
cessão as relativas: bem como a implementação de projetos associados.
I - ao objeto, à área e ao prazo da concessão; § 2º Os contratos celebrados entre a concessionária e
II - ao modo, forma e condições de prestação do ser- os terceiros a que se refere o parágrafo anterior re-
viço; ger-se-ão pelo direito privado, não se estabelecendo
III - aos critérios, indicadores, fórmulas e parâmetros qualquer relação jurídica entre os terceiros e o poder
definidores da qualidade do serviço; concedente.
IV - ao preço do serviço e aos critérios e procedimentos § 3º A execução das atividades contratadas com ter-
para o reajuste e a revisão das tarifas; ceiros pressupõe o cumprimento das normas regula-
V - aos direitos, garantias e obrigações do poder con- mentares da modalidade do serviço concedido.
cedente e da concessionária, inclusive os relaciona- Art. 26. É admitida a subconcessão, nos termos previs-
dos às previsíveis necessidades de futura alteração tos no contrato de concessão, desde que expressamen-
e expansão do serviço e consequente modernização, te autorizada pelo poder concedente.
aperfeiçoamento e ampliação dos equipamentos e das § 1º A outorga de subconcessão será sempre precedi-
instalações; da de concorrência.
VI - aos direitos e deveres dos usuários para obtenção § 2º O subconcessionário se sub-rogará todos os direi-
e utilização do serviço; tos e obrigações da subconcedente dentro dos limites
VII - à forma de fiscalização das instalações, dos equi- da subconcessão.
pamentos, dos métodos e práticas de execução do ser- Art. 27. A transferência de concessão ou do contro-
viço, bem como a indicação dos órgãos competentes le societário da concessionária sem prévia anuência do
para exercê-la; poder concedente implicará a caducidade da concessão.
VIII - às penalidades contratuais e administrativas a § 1º Para fins de obtenção da anuência de que trata o
que se sujeita a concessionária e sua forma de apli- caput deste artigo, o pretendente deverá:
cação; I - atender às exigências de capacidade técnica, ido-
IX - aos casos de extinção da concessão; neidade financeira e regularidade jurídica e fiscal ne-
X - aos bens reversíveis; cessárias à assunção do serviço; e
XI - aos critérios para o cálculo e a forma de paga- II - comprometer-se a cumprir todas as cláusulas do
mento das indenizações devidas à concessionária, contrato em vigor.
quando for o caso;
§ 2º (Revogado).
XII - às condições para prorrogação do contrato;
§ 3º (Revogado).
XIII - à obrigatoriedade, forma e periodicidade da
§ 4º (Revogado).
prestação de contas da concessionária ao poder con-
Art. 27-A. Nas condições estabelecidas no contrato de
cedente;
concessão, o poder concedente autorizará a assunção
XIV - à exigência da publicação de demonstrações fi-
do controle ou da administração temporária da con-
nanceiras periódicas da concessionária; e
cessionária por seus financiadores e garantidores com
XV - ao foro e ao modo amigável de solução das diver-
quem não mantenha vínculo societário direto, para
gências contratuais.
promover sua reestruturação financeira e assegurar a
Parágrafo único. Os contratos relativos à concessão de
serviço público precedido da execução de obra pública continuidade da prestação dos serviços.
deverão, adicionalmente: § 1º Na hipótese prevista no caput, o poder conceden-
I - estipular os cronogramas físico-financeiros de exe- te exigirá dos financiadores e dos garantidores que
cução das obras vinculadas à concessão; e atendam às exigências de regularidade jurídica e fis-
II - exigir garantia do fiel cumprimento, pela conces- cal, podendo alterar ou dispensar os demais requisitos
sionária, das obrigações relativas às obras vinculadas previstos no inciso I do parágrafo único do art. 27.
à concessão. § 2º A assunção do controle ou da administração tem-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Art. 23-A. O contrato de concessão poderá prever o porária autorizadas na forma do caput deste artigo
emprego de mecanismos privados para resolução de não alterará as obrigações da concessionária e de seus
disputas decorrentes ou relacionadas ao contrato, in- controladores para com terceiros, poder concedente e
clusive a arbitragem, a ser realizada no Brasil e em usuários dos serviços públicos.
língua portuguesa, nos termos da Lei nº 9.307, de 23 § 3º Configura-se o controle da concessionária, para
de setembro de 1996. os fins dispostos no caput deste artigo, a propriedade
Art. 24. (VETADO) resolúvel de ações ou quotas por seus financiadores e
Art. 25. Incumbe à concessionária a execução do ser- garantidores que atendam os requisitos do art. 116 da
viço concedido, cabendo-lhe responder por todos os Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976.
prejuízos causados ao poder concedente, aos usuários § 4º Configura-se a administração temporária da
ou a terceiros, sem que a fiscalização exercida pelo concessionária por seus financiadores e garantidores
órgão competente exclua ou atenue essa responsabi- quando, sem a transferência da propriedade de ações
lidade. ou quotas, forem outorgados os seguintes poderes:

62
I - indicar os membros do Conselho de Administração, Parágrafo único. Para os fins deste artigo, serão consi-
a serem eleitos em Assembleia Geral pelos acionistas, derados contratos de longo prazo aqueles cujas obri-
nas sociedades regidas pela Lei nº 6.404, de 15 de de- gações tenham prazo médio de vencimento superior a
zembro de 1976; ou administradores, a serem eleitos 5 (cinco) anos.
pelos quotistas, nas demais sociedades;
II - indicar os membros do Conselho Fiscal, a serem Capítulo VII
eleitos pelos acionistas ou quotistas controladores em Dos encargos do poder concedente
Assembleia Geral;
III - exercer poder de veto sobre qualquer proposta Art. 29. Incumbe ao poder concedente:
submetida à votação dos acionistas ou quotistas da I - regulamentar o serviço concedido e fiscalizar per-
concessionária, que representem, ou possam represen- manentemente a sua prestação;
tar, prejuízos aos fins previstos no caput deste artigo; II - aplicar as penalidades regulamentares e contra-
IV - outros poderes necessários ao alcance dos fins tuais;
previstos no caput deste artigo. III - intervir na prestação do serviço, nos casos e con-
§ 5º A administração temporária autorizada na forma dições previstos em lei;
deste artigo não acarretará responsabilidade aos fi- IV - extinguir a concessão, nos casos previstos nesta
nanciadores e garantidores em relação à tributação, Lei e na forma prevista no contrato;
encargos, ônus, sanções, obrigações ou compromissos V - homologar reajustes e proceder à revisão das ta-
com terceiros, inclusive com o poder concedente ou rifas na forma desta Lei, das normas pertinentes e do
empregados. contrato;
§ 6º O Poder Concedente disciplinará sobre o prazo da VI - cumprir e fazer cumprir as disposições regula-
administração temporária. mentares do serviço e as cláusulas contratuais da con-
Art. 28. Nos contratos de financiamento, as concessio- cessão;
nárias poderão oferecer em garantia os direitos emer- VII - zelar pela boa qualidade do serviço, receber, apu-
gentes da concessão, até o limite que não comprome- rar e solucionar queixas e reclamações dos usuários,
ta a operacionalização e a continuidade da prestação que serão cientificados, em até trinta dias, das provi-
do serviço. dências tomadas;
Art. 28-A. Para garantir contratos de mútuo de lon- VIII - declarar de utilidade pública os bens necessários
go prazo, destinados a investimentos relacionados a à execução do serviço ou obra pública, promovendo
contratos de concessão, em qualquer de suas modali-
as desapropriações, diretamente ou mediante outorga
dades, as concessionárias poderão ceder ao mutuante,
de poderes à concessionária, caso em que será desta a
em caráter fiduciário, parcela de seus créditos opera-
responsabilidade pelas indenizações cabíveis;
cionais futuros, observadas as seguintes condições:
IX - declarar de necessidade ou utilidade pública, para
I - o contrato de cessão dos créditos deverá ser regis-
fins de instituição de servidão administrativa, os bens
trado em Cartório de Títulos e Documentos para ter
necessários à execução de serviço ou obra pública,
eficácia perante terceiros;
promovendo-a diretamente ou mediante outorga de
II - sem prejuízo do disposto no inciso I do caput deste
artigo, a cessão do crédito não terá eficácia em re- poderes à concessionária, caso em que será desta a
lação ao Poder Público concedente senão quando for responsabilidade pelas indenizações cabíveis;
este formalmente notificado; X - estimular o aumento da qualidade, produtividade,
III - os créditos futuros cedidos nos termos deste artigo preservação do meio-ambiente e conservação;
serão constituídos sob a titularidade do mutuante, in- XI - incentivar a competitividade; e
dependentemente de qualquer formalidade adicional; XII - estimular a formação de associações de usuários
IV - o mutuante poderá indicar instituição financei- para defesa de interesses relativos ao serviço.
ra para efetuar a cobrança e receber os pagamentos Art. 30. No exercício da fiscalização, o poder conce-
dos créditos cedidos ou permitir que a concessionária dente terá acesso aos dados relativos à administração,
o faça, na qualidade de representante e depositária; contabilidade, recursos técnicos, econômicos e finan-
V - na hipótese de ter sido indicada instituição finan- ceiros da concessionária.
ceira, conforme previsto no inciso IV do caput deste Parágrafo único. A fiscalização do serviço será feita
artigo, fica a concessionária obrigada a apresentar a por intermédio de órgão técnico do poder concedente
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

essa os créditos para cobrança; ou por entidade com ele conveniada, e, periodicamen-
VI - os pagamentos dos créditos cedidos deverão ser te, conforme previsto em norma regulamentar, por
depositados pela concessionária ou pela instituição comissão composta de representantes do poder con-
encarregada da cobrança em conta corrente bancária cedente, da concessionária e dos usuários.
vinculada ao contrato de mútuo;
VII - a instituição financeira depositária deverá trans- Capítulo VIII
ferir os valores recebidos ao mutuante à medida que Dos encargos da concessionária
as obrigações do contrato de mútuo tornarem-se exi-
gíveis; e Art. 31. Incumbe à concessionária:
VIII - o contrato de cessão disporá sobre a devolução à I - prestar serviço adequado, na forma prevista nesta
concessionária dos recursos excedentes, sendo vedada Lei, nas normas técnicas aplicáveis e no contrato;
a retenção do saldo após o adimplemento integral do II - manter em dia o inventário e o registro dos bens
contrato. vinculados à concessão;

63
III - prestar contas da gestão do serviço ao poder conce- VI - falência ou extinção da empresa concessionária
dente e aos usuários, nos termos definidos no contrato; e falecimento ou incapacidade do titular, no caso de
IV - cumprir e fazer cumprir as normas do serviço e as empresa individual.
cláusulas contratuais da concessão; § 1º Extinta a concessão, retornam ao poder conce-
V - permitir aos encarregados da fiscalização livre dente todos os bens reversíveis, direitos e privilégios
acesso, em qualquer época, às obras, aos equipamen- transferidos ao concessionário conforme previsto no
tos e às instalações integrantes do serviço, bem como edital e estabelecido no contrato.
a seus registros contábeis; § 2º Extinta a concessão, haverá a imediata assunção
VI - promover as desapropriações e constituir servi- do serviço pelo poder concedente, procedendo-se aos
dões autorizadas pelo poder concedente, conforme levantamentos, avaliações e liquidações necessários.
previsto no edital e no contrato; § 3º A assunção do serviço autoriza a ocupação das
VII - zelar pela integridade dos bens vinculados à instalações e a utilização, pelo poder concedente, de
prestação do serviço, bem como segurá-los adequa- todos os bens reversíveis.
damente; e § 4º Nos casos previstos nos incisos I e II deste arti-
VIII - captar, aplicar e gerir os recursos financeiros ne- go, o poder concedente, antecipando-se à extinção da
concessão, procederá aos levantamentos e avaliações
cessários à prestação do serviço.
necessários à determinação dos montantes da indeni-
Parágrafo único. As contratações, inclusive de mão-
zação que será devida à concessionária, na forma dos
-de-obra, feitas pela concessionária serão regidas pe-
arts. 36 e 37 desta Lei.
las disposições de direito privado e pela legislação tra- Art. 36. A reversão no advento do termo contratual
balhista, não se estabelecendo qualquer relação entre far-se-á com a indenização das parcelas dos inves-
os terceiros contratados pela concessionária e o poder timentos vinculados a bens reversíveis, ainda não
concedente. amortizados ou depreciados, que tenham sido rea-
lizados com o objetivo de garantir a continuidade e
Capítulo IX atualidade do serviço concedido.
Da intervenção Art. 37. Considera-se encampação a retomada do ser-
viço pelo poder concedente durante o prazo da con-
Art. 32. O poder concedente poderá intervir na conces- cessão, por motivo de interesse público, mediante lei
são, com o fim de assegurar a adequação na prestação autorizativa específica e após prévio pagamento da
do serviço, bem como o fiel cumprimento das normas indenização, na forma do artigo anterior.
contratuais, regulamentares e legais pertinentes. Art. 38. A inexecução total ou parcial do contrato acar-
Parágrafo único. A intervenção far-se-á por decreto do po- retará, a critério do poder concedente, a declaração de
der concedente, que conterá a designação do interventor, caducidade da concessão ou a aplicação das sanções
o prazo da intervenção e os objetivos e limites da medida. contratuais, respeitadas as disposições deste artigo, do
Art. 33. Declarada a intervenção, o poder concedente art. 27, e as normas convencionadas entre as partes.
deverá, no prazo de trinta dias, instaurar procedimen- § 1º A caducidade da concessão poderá ser declarada
to administrativo para comprovar as causas determi- pelo poder concedente quando:
nantes da medida e apurar responsabilidades, assegu- I - o serviço estiver sendo prestado de forma inade-
rado o direito de ampla defesa. quada ou deficiente, tendo por base as normas, crité-
§ 1º Se ficar comprovado que a intervenção não ob- rios, indicadores e parâmetros definidores da qualida-
servou os pressupostos legais e regulamentares será de do serviço;
declarada sua nulidade, devendo o serviço ser imedia- II - a concessionária descumprir cláusulas contratuais
tamente devolvido à concessionária, sem prejuízo de ou disposições legais ou regulamentares concernentes
à concessão;
seu direito à indenização.
III - a concessionária paralisar o serviço ou concorrer
§ 2º O procedimento administrativo a que se refere o
para tanto, ressalvadas as hipóteses decorrentes de
caput deste artigo deverá ser concluído no prazo de
caso fortuito ou força maior;
até cento e oitenta dias, sob pena de considerar-se in- IV - a concessionária perder as condições econômi-
válida a intervenção. cas, técnicas ou operacionais para manter a adequada
Art. 34. Cessada a intervenção, se não for extinta a prestação do serviço concedido;
concessão, a administração do serviço será devolvida V - a concessionária não cumprir as penalidades im-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

à concessionária, precedida de prestação de contas postas por infrações, nos devidos prazos;
pelo interventor, que responderá pelos atos praticados VI - a concessionária não atender a intimação do po-
durante a sua gestão. der concedente no sentido de regularizar a prestação
do serviço; e
Capítulo X VII - a concessionária não atender a intimação do po-
Da extinção da concessão der concedente para, em 180 (cento e oitenta) dias,
apresentar a documentação relativa a regularidade
Art. 35. Extingue-se a concessão por: fiscal, no curso da concessão, na forma do art. 29 da
I - advento do termo contratual; Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993.
II - encampação; § 2º A declaração da caducidade da concessão deverá
III - caducidade; ser precedida da verificação da inadimplência da con-
IV - rescisão; cessionária em processo administrativo, assegurado o
V - anulação; e direito de ampla defesa.

64
§ 3º Não será instaurado processo administrativo de indispensáveis à organização das licitações que pre-
inadimplência antes de comunicados à concessioná- cederão a outorga das concessões que as substituirão,
ria, detalhadamente, os descumprimentos contratuais prazo esse que não será inferior a 24 (vinte e quatro)
referidos no § 1º deste artigo, dando-lhe um prazo meses.
para corrigir as falhas e transgressões apontadas e § 3º As concessões a que se refere o § 2º deste arti-
para o enquadramento, nos termos contratuais. go, inclusive as que não possuam instrumento que as
§ 4º Instaurado o processo administrativo e compro- formalize ou que possuam cláusula que preveja pror-
vada a inadimplência, a caducidade será declarada rogação, terão validade máxima até o dia 31 de de-
por decreto do poder concedente, independentemente zembro de 2010, desde que, até o dia 30 de junho de
de indenização prévia, calculada no decurso do pro- 2009, tenham sido cumpridas, cumulativamente, as
cesso. seguintes condições:
§ 5º A indenização de que trata o parágrafo anterior, I - levantamento mais amplo e retroativo possível dos
será devida na forma do art. 36 desta Lei e do contra- elementos físicos constituintes da infra-estrutura de
to, descontado o valor das multas contratuais e dos bens reversíveis e dos dados financeiros, contábeis e
danos causados pela concessionária. comerciais relativos à prestação dos serviços, em di-
§ 6º Declarada a caducidade, não resultará para o mensão necessária e suficiente para a realização do
poder concedente qualquer espécie de responsabili- cálculo de eventual indenização relativa aos investi-
dade em relação aos encargos, ônus, obrigações ou mentos ainda não amortizados pelas receitas emer-
compromissos com terceiros ou com empregados da gentes da concessão, observadas as disposições legais
concessionária. e contratuais que regulavam a prestação do serviço ou
Art. 39. O contrato de concessão poderá ser rescindido a ela aplicáveis nos 20 (vinte) anos anteriores ao da
por iniciativa da concessionária, no caso de descum- publicação desta Lei;
primento das normas contratuais pelo poder conce- II - celebração de acordo entre o poder concedente e
dente, mediante ação judicial especialmente intenta- o concessionário sobre os critérios e a forma de in-
da para esse fim. denização de eventuais créditos remanescentes de in-
Parágrafo único. Na hipótese prevista no caput deste vestimentos ainda não amortizados ou depreciados,
artigo, os serviços prestados pela concessionária não apurados a partir dos levantamentos referidos no inci-
poderão ser interrompidos ou paralisados, até a deci- so I deste parágrafo e auditados por instituição espe-
são judicial transitada em julgado. cializada escolhida de comum acordo pelas partes; e

Capítulo XI III - publicação na imprensa oficial de ato formal de


Das permissões autoridade do poder concedente, autorizando a pres-
tação precária dos serviços por prazo de até 6 (seis)
Art. 40. A permissão de serviço público será formali- meses, renovável até 31 de dezembro de 2008, me-
zada mediante contrato de adesão, que observará os diante comprovação do cumprimento do disposto nos
termos desta Lei, das demais normas pertinentes e do incisos I e II deste parágrafo.
edital de licitação, inclusive quanto à precariedade e à § 4º Não ocorrendo o acordo previsto no inciso II do
revogabilidade unilateral do contrato pelo poder con- § 3º deste artigo, o cálculo da indenização de inves-
cedente. timentos será feito com base nos critérios previstos
Parágrafo único. Aplica-se às permissões o disposto no instrumento de concessão antes celebrado ou, na
nesta Lei. omissão deste, por avaliação de seu valor econômico
ou reavaliação patrimonial, depreciação e amortiza-
Capítulo XII ção de ativos imobilizados definidos pelas legislações
Disposições finais e transitórias fiscal e das sociedades por ações, efetuada por em-
presa de auditoria independente escolhida de comum
Art. 41. O disposto nesta Lei não se aplica à concessão, acordo pelas partes.
permissão e autorização para o serviço de radiodifu- § 5º No caso do § 4º deste artigo, o pagamento de
são sonora e de sons e imagens. eventual indenização será realizado, mediante garan-
Art. 42. As concessões de serviço público outorgadas tia real, por meio de 4 (quatro) parcelas anuais, iguais
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

anteriormente à entrada em vigor desta Lei conside- e sucessivas, da parte ainda não amortizada de in-
ram-se válidas pelo prazo fixado no contrato ou no vestimentos e de outras indenizações relacionadas à
ato de outorga, observado o disposto no art. 43 desta prestação dos serviços, realizados com capital próprio
Lei. do concessionário ou de seu controlador, ou originá-
§ 1º Vencido o prazo mencionado no contrato ou ato rios de operações de financiamento, ou obtidos me-
de outorga, o serviço poderá ser prestado por órgão ou diante emissão de ações, debêntures e outros títulos
entidade do poder concedente, ou delegado a tercei- mobiliários, com a primeira parcela paga até o último
ros, mediante novo contrato. dia útil do exercício financeiro em que ocorrer a rever-
§ 2º As concessões em caráter precário, as que estive- são.
rem com prazo vencido e as que estiverem em vigor § 6º Ocorrendo acordo, poderá a indenização de que
por prazo indeterminado, inclusive por força de legis- trata o § 5º deste artigo ser paga mediante receitas de
lação anterior, permanecerão válidas pelo prazo ne- novo contrato que venha a disciplinar a prestação do
cessário à realização dos levantamentos e avaliações serviço.

65
Art. 43. Ficam extintas todas as concessões de servi- II - propriedade privada;
ços públicos outorgadas sem licitação na vigência da III - função social da propriedade;
Constituição de 1988. IV - livre concorrência;
Parágrafo único. Ficam também extintas todas as V - defesa do consumidor;
concessões outorgadas sem licitação anteriormente à VI - defesa do meio ambiente;
Constituição de 1988, cujas obras ou serviços não te- VII - redução das desigualdades regionais e sociais;
nham sido iniciados ou que se encontrem paralisados VIII - busca do pleno emprego;
quando da entrada em vigor desta Lei. IX - tratamento favorecido para as empresas brasilei-
Art. 44. As concessionárias que tiverem obras que se ras de capital nacional de pequeno porte.
encontrem atrasadas, na data da publicação desta Lei, Parágrafo único. É assegurado a todos o livre exercício
apresentarão ao poder concedente, dentro de cento e de qualquer atividade econômica, independentemen-
oitenta dias, plano efetivo de conclusão das obras. te de autorização de órgãos públicos, salvo nos casos
Parágrafo único. Caso a concessionária não apresente previstos em lei.
o plano a que se refere este artigo ou se este plano não
oferecer condições efetivas para o término da obra, o Pela leitura do dispositivo constitucional, percebe-se
poder concedente poderá declarar extinta a conces- que a ordem econômica rege-se pelas normas de direi-
são, relativa a essa obra. to privado, mais especificamente pelas regras de Direito
Art. 45. Nas hipóteses de que tratam os arts. 43 e 44 Civil e Direito Empresarial, em respeito às liberdades in-
desta Lei, o poder concedente indenizará as obras e dividuais garantida a todos os cidadãos. Todavia, essas
serviços realizados somente no caso e com os recursos liberdades também podem sofrer restrições, principal-
da nova licitação. mente se acabarem partindo de encontro contra aspec-
Parágrafo único. A licitação de que trata o caput deste tos sociais, ou contra interesses difusos, como a proteção
artigo deverá, obrigatoriamente, levar em conta, para ao meio ambiente, aos direitos do consumidor, a fun-
fins de avaliação, o estágio das obras paralisadas ou ção social da propriedade, etc. O Estado brasileiro não é
atrasadas, de modo a permitir a utilização do crité- uma figura ausente e passiva, devendo agir e intervir na
rio de julgamento estabelecido no inciso III do art. 15 medida em que o exercício descontrolado da atividade
desta Lei. econômica possa causar danos irreparáveis contra a so-
Art. 46. Esta Lei entra em vigor na data de sua publi- ciedade.
cação.
Art. 47. Revogam-se as disposições em contrário.
Brasília, 13 de fevereiro de 1995; 174º da Indepen-
dência e 107º da República.
CONTRATOS PERTINENTES A OBRAS,
6. Intervenção do Estado no domínio econômico: SERVIÇOS, COMPRAS, ALIENAÇÕES E
LOCAÇÕES COM A ADMINISTRAÇÃO
A Constituição Federal de 1988 trouxe uma grande PÚBLICA
inovação, ao estabelecer claramente quais atividades es-
tariam dentro do campo de atuação do Estado, caracteri-
zando-se como “serviços públicos”, e qual seria o domí-
nio das atividades econômicas, de competência da livre CONCEITO DE CONTRATO ADMINISTRATIVO
iniciativa. Na medida em que o ordenamento define uma
tarefa como serviço público, retirando-a do domínio eco- O Poder Público, no exercício de suas funções admi-
nômico, seu exercício passa a ser vedado à livre iniciativa nistrativas, muitas vezes tende a estabelecer diversas re-
dos particulares, salvo se o Estado delegar a prestação do lações jurídicas com particulares, criando vínculos espe-
serviço por meio de delegações, concessões, permissões ciais de colaboração com a esfera privada. Tais conexões
ou autorizações. podem ser instrumentalizadas mediante um contrato. Se
Entende-se por domínio econômico o conjunto de tal contrato estiver subordinado às regras de Direito Ad-
atividades constitucionalmente reservadas à iniciativa ministrativo, então estamos diante de um contrato ad-
privada. Não se confunde com ordem econômica, que é ministrativo.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

o complexo de princípios e normas jurídicas que discipli- O contrato administrativo não corresponde aos con-
nam as atividades econômicas. tratos elaborados pelas pessoas na esfera privada. Isso
Para melhor compreender como o Estado pode in- significa que seu regime apresenta características espe-
fluenciar a iniciativa privada no domínio econômico, im- ciais, que a distinguem do resto dos contratos de Direito
prescindível é conhecer os princípios e normas gerais da Privado.
ordem econômica, que se encontram dispostas no art.
170 da CF/1988: Contrato administrativo, assim, é um pacto bilateral
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização estabelecido entre a Administração Pública, agindo nessa
do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim qualidade, e terceiros, ou entre ela e suas entidades, sub-
assegurar a todos existência digna, conforme os dita- metido ao regime jurídico administrativo, cuja finalidade
mes da justiça social, observados os seguintes princí- é a consecução de objetivos de interesse público. Deste
pios: conceito, podemos destacar alguns aspectos específicos
I - soberania nacional; dos contratos administrativos.

66
Ao dizermos que contrato administrativo é o pacto
bilateral ajustado pela Administração Pública, agindo
nessa qualidade, significa que, em pelo menos um dos
EXERCÍCIO COMENTADO
polos da relação jurídica deve haver a figura do Estado
(contratante), como pessoa jurídica de Direito Público, 1. (UNIFAP – ASSISTENTE EM ADMINISTRAÇÃO –
que se apresenta em relação de superioridade em face DEPSEC – 2018)
dos particulares. Os terceiros, dessa forma, são as pessoas Marque a alternativa que corresponde ao conceito de
físicas (contratados) que não integram a Administração contrato administrativo:
Pública. Todavia, há alguns casos em que tal avença pode
ser estabelecida com outras entidades administrativas, a) Contrato administrativo é uma modalidade inexisten-
visando a cooperação mútua e a persecução de objeti- te tendo em vista que renomados doutrinadores lhes
negam a existência.
vos comuns entre os órgãos e entidades da Administra-
b) É o ajuste celebrado entre Administração Pública
ção, como é o caso dos consórcios estabelecidos entre a
e pessoas jurídicas de direito privado objetivando a
União e um Estado, ou Município, por exemplo. prestação de serviços não essenciais à população.
A submissão ao regime jurídico administrativo sig- c) É o ajuste que a Administração celebra com pessoas
nifica dizer que, para os contratos administrativos vigo- físicas ou jurídicas, públicas ou privadas, para a con-
ram os princípios e regras de Direito Administrativo. Não secução de fins públicos, segundo regime jurídico de
basta apenas a Administração Pública estar em um dos direito público.
polos contratuais, pois a mesma pode realizar ajustes de d) É o ajuste celebrado em Administração Pública e em-
natureza não-administrativa, podendo celebrar contra- presas privadas com o objetivo de prestar serviços que
to de locação sobre determinado imóvel, por exemplo. não podem ser supridos diretamente pela administra-
Tal hipótese é de contrato da Administração, que não se ção.
confunde com o contrato administrativo. Contratos da e) Contrato administrativo é uma modalidade dos con-
Administração é gênero, do qual o contrato administra- tratos em geral destinado a prover emprego e renda
tivo é espécie. a pessoas desempregadas e que tem vinculação com
Outra característica que o diferencia dos demais determinados grupos políticos.
contratos de Direito Privado é a sua finalidade, que é a
consecução de objetivos de interesse público. Os con- Resposta: Letra C. Lembre-se dos aspectos essenciais
tratos da esfera privada, geralmente, tendem a apenas do conceito de contrato administrativo apresentado: A)
pacto bilateral; B) presença da Administração Pública; C)
buscar os melhores resultados e trazer lucros para as
regime jurídico de Direito Público; D) finalidade de aten-
partes. Essa finalidade econômica é incompatível com os
der o interesse público; e E) exigência de prévia licitação.
contratos administrativos, que rege-se pelas normas de
Direito Público, que apresenta como um de seus princí- ESPÉCIES DE CONTRATOS ADMINISTRATIVOS
pios sistêmicos a primazia do interesse público sobre o
privado. A legislação brasileira contempla várias espécies de
Em relação a competência para legislar sobre a maté- contratos administrativos. Importante destacar aqueles
ria, o art. 22, XXVII da CF/1988 prescreve ser competência que aparecem com maior frequência nas questões de
exclusiva da União legislar sobre normas gerais de licita- concursos.
ções e contratos administrativos. Isso, no entanto, não
impede que outras entidades federativas possam legislar 1. Contrato de prestação de serviço
sobre contratos administrativos, ainda que em caráter
suplementar, editando regras mais específicas. Assim, o É o contrato que tem por objeto a prestação de uma
correto seria dizer que a competência para legislar sobre atividade, a fim de promover uma determinada utilidade,
contratos administrativos é concorrente entre a União, os de interesse para a Administração Pública, ou para a co-
Estados, Munícipios e Distrito Federal. A lei que dispõe letividade. Trata-se de uma avença com uma obrigação
sobre normas gerais dos contratos administrativos é a Lei de fazer, podendo ser dividida em:
Federal nº 8.666/1993.
a) Serviços comuns: são os serviços que podem ser
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Por fim, importante salientar a exigência de prévia


realizados por qualquer pessoa, não se exige co-
licitação para a celebração do contrato administrativo.
nhecimentos específicos.
Trata-se de um pressuposto que, estando ausente, pode b) Serviços técnicos profissionais generalizados:
macular a existência, validade e a eficácia do contrato. A são aqueles que, para a execução do serviço, é ne-
exigência de prévia licitação é somente para os contratos cessária alguma habilitação específica, como ser-
administrativos. viço de construção imposto a algum engenheiro.
c) Serviços técnicos profissionais especializados:
são os que exigem conhecimentos mais apurados
e específicos para a execução do serviço, como na
elaboração de um parecer técnico.
d) Trabalhos artísticos: que tem relação com ati-
vidades artísticas, como escultura, pintura, música,
etc.

67
São exemplos de contratos administrativos: coleta de Constituição Federal de 1988
lixo, instalação, operação, reparação, manutenção, trans- Art. 175. Incumbe ao poder público, na forma da
porte de bens, trabalhos técnico-profissionais, etc. lei, diretamente ou sob regime de concessão ou per-
missão, sempre através de licitação, a prestação de
2. Contrato de fornecimento serviços públicos.
Parágrafo único. A lei disporá sobre:
É o contrato pelo qual a Administração adquire bem I - o regime das empresas concessionárias e permis-
móvel para sua utilização nas repartições públicas ou em sionárias de serviços públicos, o caráter especial de
estabelecimentos públicos. Exemplos: contrato de forne- seu contrato e de sua prorrogação, bem como as con-
cimento de alimentos para escolas de rede pública. Apre- dições de caducidade, fiscalização e rescisão da con-
sentam-se em três vertentes: cessão ou permissão;

Lei nº 8.987/1995
a) Fornecimento integral: a entrega do bem é reali-
Art. 2º Para os fins do disposto nesta Lei, considera-se:
zada tudo de uma vez só.
(...)
b) Fornecimento parcelado: a entrega é feita em fra-
II - concessão de serviço público: a delegação de sua
ções, obedecendo uma programação previamente prestação, feita pelo poder concedente, mediante lici-
estabelecida. O fornecimento é considerado encer- tação, na modalidade de concorrência, à pessoa ju-
rado somente com a entrega da última “parcela”. rídica ou consórcio de empresas que demonstre ca-
c) Fornecimento contínuo: não há um prazo fixo pacidade para seu desempenho, por sua conta e risco
para se encerrar, o fornecimento se estende ao e por prazo determinado;
longo do tempo.
Dessa forma, podemos concluir que a prestação do
3. Contrato de obra pública serviço público pode ocorrer diretamente pela Adminis-
tração Pública, ou indiretamente, mediante delegação
Consiste no ajuste em que a Administração escolhe do serviço a concessionários e permissionários que, por
uma empresa privada com o objetivo de realizar a cons- expressa determinação legal, necessita de prévio proce-
trução, ampliação, ou reforma de bem imóvel destinado dimento de licitação.
ao público, ou em prol do interesse público. As obras pú- A concessão de serviço público é contrato adminis-
blicas poderão ser: de equipamento urbano; equipamen- trativo bilateral, o que significa que depende, para a sua
to administrativo; empreendimento de utilidade pública; formação, além dos requisitos essenciais a todo negócio
ou ainda um edifício público. Obra não se confunde com jurídico dispostos no art. 104 do Código Civil (agente ca-
prestação de serviço, pois as obras podem ser remune- paz, objeto lícito, forma prescrita ou não defesa em lei), a
radas mediante contribuição de melhoria junto aos con- convergência de vontades distintas. Temos de um lado o
tribuintes, enquanto que o serviço só pode ser cobrado poder concedente, que tem por objetivo a execução do
mediante arrecadação de taxas. serviço público em prol da coletividade; e do outro, a en-
Uma característica importante é o regime pelo qual o tidade concessionária que deve executar o serviço, com o
contrato de obra pública pode adotar: objetivo de lucrar mediante a arrecadação de tarifas dos
usuários beneficiados com aquele serviço. O contrato
a) Regime de empreitada: a Administração põe a deve ser obrigatoriamente por escrito, e rege-se pelas
regras de Direito Administrativo.
execução da obra por conta e risco do contratado,
Ao mencionar a transferência para pessoa jurídica
mediante uma remuneração previamente ajustada.
privada, quis o legislador que a delegação do serviço
As obras são de grande porte.
não pudesse, em regra, ser feita a pessoas físicas, mas
b) Regime de tarefa: nessa modalidade, as obras são somente à empresa ou a um consórcio de empresas. É o
de pequeno porte, o pagamento pelo serviço é pe- caso, por exemplo, da Sabesp, que é sociedade de eco-
riódico, e realizado após um processo de avaliação nomia mista, na prestação do serviço de abastecimento
por um fiscal do órgão contratante. de água no Estado de São Paulo.
Essa modalidade de contrato tem por objeto a pres-
4. Contrato de concessão de serviço público tação de serviço público. A delegação ocorre apenas
sobre a execução do serviço, nunca sobre sua titularida-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

O termo “concessão” é empregado para designar a de, que continua sendo do poder concedente.
atividade da Administração Pública de delegar ao parti-
cular a prestação de um serviço, ou a execução de obra Além dessas características gerais, convém analisar
pública, ou ainda o uso de bem público. Contrato de outros aspectos típicos dos contratos de concessão de
concessão de serviço público é aquele pelo qual a serviço:
Administração promove a prestação indireta de um
serviço, delegando-o a particulares. Exemplos: a cons- a) Procedimento de licitação: antes da concessão
trução de linha ferroviária ou metrô para transporte de do serviço público, é obrigatório o procedimento
passageiros, transmissão áudio sonora (rádio) ou por licitatório na modalidade de concorrência (art. 2º,
imagens e sons (televisão), etc. Possui previsão legal na II, da Lei nº 8.987/1995). É possível, também, que
Lei nº 8.987/1995 (Lei de Concessões dos Serviços Pú- haja a inversão das fases de habilitação e julga-
blicos), bem como previsão constitucional no art. 175 da mento das propostas, assimilando-se mais com a
CF/1988: modalidade de pregão (art. 18-A, idem).

68
b) Exigência de lei específica: o legislador é quem V) Atender as reclamações e outras queixas advindas
decide a forma específica para a prestação do ser- dos usuários, zelando pela boa qualidade do serviço.
viço público. Deve haver a promulgação de lei cuja VI) Declarar os bens necessários à execução do serviço
matéria seja unicamente o regramento da conces- de necessidade ou utilidade pública.
são do referido serviço.
c) Concessionário assume à prestação do serviço 4.2 Obrigações da concessionária
por sua conta: significa dizer que, quaisquer danos
decorrentes da execução do serviço público são de Incumbe à concessionária do serviço público (art. 31
responsabilidade da empresa concessionária.
da Lei nº 8.987/1995):
I) Prestar o serviço de maneira adequada, utilizando-
FIQUE ATENTO! -se de técnicas específicas de seu conhecimento,
nos casos previstos na lei ou no contrato.
O STF, no julgamento do RE nº 591.874/ II) Prestar contas da gestão do serviço ao poder con-
MS, em agosto de 2009, adotou o entendi-
cedente e aos usuários.
mento de que a concessionária prestadora
III) Cumprir e fazer cumprir as normas do serviço e
do serviço público tem responsabilidade
as cláusulas contratuais, havendo possibilidade de
objetiva e direta de indenizar os danos
pedir indenização pela inexecução do contrato.
causados tanto pelos usuários, quanto
por terceiros não-usuários do referido IV) Promover desapropriações e construir servidões
serviço. Responsabilidade objetiva é aquela administrativas, mediante autorização do poder
em que não incumbe à vítima a necessidade concedente.
de comprovar a existência de dolo ou culpa V) Captar, aplicar e gerir os recursos financeiros ne-
do agente infrator. Responsabilidade dire- cessários à prestação do serviço.
ta significa admitir, no caso, que o Estado,
como poder concedente, está indiretamen- 4.3 Formas de extinção da concessão
te obrigado a reparar os danos causados
na execução de serviço público, possuindo Por fim, o art. 35 da Lei nº 8.987/1995 dispõe sobre as
responsabilidade subsidiária. Isso significa modalidades de extinção da concessão do serviço públi-
que a Administração só será obrigada a in- co. São seis ao todo:
denizar caso a entidade concessionária não
possua condições e patrimônio suficientes a) Advento do termo contratual: trata-se da extin-
para arcar com as despesas da indenização ção do contrato pelo encerramento de seu prazo
por conta própria. de vigência. É a extinção natural do contrato, haja
vista que nosso direito não admite contrato de
a) Prazo determinado: o contrato de concessão deve concessão por prazo indeterminado.
possuir um termo final, sendo inadmissível sua ce- b) Encampação ou resgate: nos termos do art. 37 da
lebração por prazo indeterminado. Há a possibili- Lei nº 8.987/1995, é “a retomada do serviço pelo
dade de prorrogação do contrato. poder concedente durante o prazo da concessão,
b) Cobrança de tarifas aos usuários: essa é a forma por motivo de interesse público, mediante lei auto-
pela qual a concessionária deve ser remunerada na rizativa específica e após prévio pagamento da in-
concessão do serviço público. As tarifas não pos- denização (...)”. Como o encerramento do contrato
suem natureza tributária: são uma contraprestação não se deu por infração, é incabível a aplicação de
contratual, devida a todas as pessoas que utiliza- sanções ao contratado.
rem o serviço prestado. A legislação impõe que as c) Caducidade: é a modalidade em que a execução
tarifas a serem cobradas devem ser módicas, sen- do serviço não é realizada, no todo ou em parte,
do um dos critérios de julgamento da fase de lici-
ou pelo descumprimento de encargos atribuídos à
tação (art. 15, I, da Lei nº 8.987/1995).
concessionária. A caducidade deve ser declarada,
havendo a ocorrência de um dos eventos descritos
4.1 Obrigações do poder concedente
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

no § 1º do art. 38 da Lei nº 8.987/1995, tais como:


Apesar da execução do serviço público não ser fei- a concessionária paralisar o serviço, descumprir
ta pelo poder concedente, a legislação (art. 29 da Lei nº cláusula contratual, não cumprir as penalidades
8.987/1995) prevê outras obrigações para o Estado. São impostas, etc.
deveres do poder concedente: d) Rescisão por culpa do poder concedente: Caso
I) Regulamentar e fiscalizar a execução do serviço con- o poder concedente descumpra com alguma regra
cedido. estabelecida no instrumento contratual, a conces-
II) Intervir na execução do serviço, nos casos previstos em sionária tem direito a ingressar em juízo, objetivan-
lei. do à indenização dos danos decorrentes da extin-
II) Aplicar as penalidades previstas na lei e/ou no con- ção contratual. A indenização, neste caso, abrange
trato. somente os danos emergentes (o que efetivamen-
IV) Possibilitar reajustes e a revisão das tarifas cobra- te perdeu), e não os lucros cessantes (o que ele
das. poderia ter ganhado).

69
e) Anulação: é a modalidade de extinção em que c) Quanto ao aporte de capital: a concessão exige
consta-se vício de legalidade no contrato. O con- maior aporte de capital, a permissão admite inves-
trato perde sua eficácia desde a sua concepção (ex timentos de pequeno ou médio porte.
tunc), o que significa que a concessionária não faz d) Quanto à licitação: a concessão deve ser prece-
jus à indenização, exceto quanto a parte já execu- dida de licitação na modalidade de concorrência.
tada do contrato. Não há essa exigência para a permissão.
f) Decretação de falência: como a concessão é con- e) Quanto à forma da outorga: a concessão se dá
trato personalíssimo, ou seja, as partes contra- mediante promulgação de lei específica. A permis-
tantes têm grande relevância para a execução do são necessita apenas de autorização legislativa.
serviço, havendo o desaparecimento da empresa 6. Contrato de gerenciamento
concessionária mediante falência, ou o falecimento
de empresário individual, o vínculo contratual tam- Contrato de gerenciamento é aquele em que a Ad-
bém desaparece. ministração transfere a um particular (gerenciador) a
condução de um empreendimento, havendo reserva de
5. Permissão de serviço público competência decisória final. O que difere essa modalida-
de de contrato de construção de obra, ou da prestação
A permissão é outra forma da Administração Pública de serviço, é o fato do gerenciador possuir maior auto-
de delegar a execução de serviço público para os particu- nomia executória para o desenvolvimento de suas tare-
lares, também possui previsão no art. 175 da CF/1988. A fas. O Estado apenas atuará no controle dos resultados
permissão é unilateral, discricionária, precária, e intuitu almejados pelo gerenciador. O gerenciador deve exercer
personae (personalíssima), promove a delegação do ser- uma atividade especializada, atuando em nome próprio
viço público mediante prévia licitação para um particular e por sua conta na execução das obrigações contratuais.
denominado permissionário.
Questão controvertida é a natureza jurídica da per- 7. Contrato de gestão
missão. Após a Constituição de 1988, o direito brasileiro
passou a tratar a permissão como se fosse um contrato Contrato de gestão é termo utilizado para desig-
de adesão, como se depreende da leitura do inciso I do nar, de modo amplo e genérico, qualquer acordo entre
parágrafo único do artigo 175 da Carta Magna: “I - o re- o Poder Público e as organizações sociais ou agências
gime das empresas concessionárias e permissionárias de executivas, a fim de fixar metas de desempenho, com-
serviços públicos, o caráter especial de seu contrato e de prometendo-se a assegurar maior autonomia e liberda-
sua prorrogação, bem como as condições de caducidade, de gerencial para tais associações, promovendo maior
fiscalização e rescisão da concessão ou permissão”. Toda- controle na produção dos resultados (art. 5º da Lei nº
via, contrato de adesão é remetente aos contratos de Di- 9.637/1998). Tal modalidade contratual foi introduzida
reito Privado, principalmente nas relações de consumo. Tal no ordenamento jurídico brasileiro, primeiro, pela EC nº
modalidade de contrato é elaborada unilateralmente pelo 19/1998, possuindo características típicas do modelo de
fornecedor, obrigando a parte aderente apenas manifes- administração gerencial.
tar o seu aceite. Trata-se de uma característica presente A finalidade do contrato de gestão é, nos termos do
também nos contratos administrativos: as regras enclau- art. 5º da Lei nº 9.637/1998, promover fomento e a exe-
suradas no contrato administrativo são unilateralmen- cução de atividades relativas ao ensino, à pesquisa cientí-
te elaboradas pelo poder concedente, antes mesmo do fica, à preservação do meio ambiente; à saúde, à cultura,
processo de licitação. A possibilidade de alteração dessas etc. No contrato de gestão deve constar, além das obri-
regras é inexistente. gações e encargos do Poder Público e das organizações
Apesar das semelhanças, não parece correto admitir sociais, a especificação do programa de trabalho, bem
que a permissão seja uma espécie de contrato regulado como os limites e critérios a título de remuneração dos
por normas de Direito Privado, com princípios completa- dirigentes e membros das organizações (art. 7º, I e II, da
mente distintos dos princípios administrativos. Todavia, Lei nº 9.637/1998).
há diversos autores que admitem tal possibilidade, inclu-
sive o próprio Supremo Tribunal Federal, no julgamento 8. Termo de parceria
da ADI nº 1.491/1990. Por isso, para todos os efeitos, é
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

melhor afirmar que trata-se de uma modalidade contra- Trata-se de acordo firmado entre a Administração e
tual sui generis. Assim, permissão de serviço público é as organizações da sociedade civil de interesse público
contrato administrativo por adesão. (OSCIPs), estabelecendo um vínculo de cooperação, fo-
mento e execução de atividades consideradas de interes-
Importante destacar as diferenças entre permissão e se público (art. 9º da Lei nº 9.790/1999). Seus objetivos e
a concessão de serviço público, que podem determina- modo de operação são bastante similares aos contratos
das com base nos seguintes requisitos: de gestão celebrado com as organizações sociais, pois
no termo de parceria também há a busca por um con-
a) Quanto à natureza jurídica: a permissão é uni- trole de resultados, característica essencial do modelo de
lateral, enquanto a concessão é contrato bilateral. administração gerencial.
b) Quanto aos beneficiários: qualquer pessoa pode
ser permissionária, mas somente as pessoas jurídi-
cas (empresas) podem ser concessionárias.

70
que pode ser de direito público (associação pública), ou
#FicaDica de direito privado, atendendo os requisitos da legislação
civil, nos termos do art. 6º da Lei nº 11.107/2005.
O termo “OSCIP” não se refere a uma pes-
Possui fundamento legal no art. 241 da CF/1988:
soa jurídica própria. Trata-se, na verdade, de
uma qualificação jurídica especial atribuída
A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
a diferentes tipos de entidades privadas
disciplinarão por meio de lei os consórcios públicos e
atuando em áreas típicas do setor público
com interesse social. Essas entidades po- os convênios de cooperação entre os entes federados,
dem ser financiadas pelo próprio Estado ou autorizando a gestão associada de serviços públicos,
pela iniciativa privada, porém jamais apre- bem como a transferência total ou parcial de encar-
sentam finalidade lucrativa. É o caso das gos, serviços, pessoal e bens essenciais à continuidade
ONGs e outras entidades do Terceiro Setor. dos serviços transferidos.
Com a finalidade de regulamentar o referido disposi-
tivo constitucional, a Lei nº 11.107/2005 dispõe sobre a
9. Parceria Público-Privada celebração dos consórcios públicos.
A Lei dos Consórcios Públicos (Lei nº 11.107/2004) es-
As parcerias público-privadas (PPPs) são contratos tabelece alguns requisitos essenciais que devem constar
administrativos de concessão, podendo apresentar-se como cláusulas obrigatórias do consórcio público. En-
na modalidade de concessão patrocinada ou concessão
contram-se dispostas no art. 4º da referida Lei. Devem
administrativa, na forma do caput do art. 2º da Lei nº
constar em todo contrato de consórcio público dados
11079/2004.
relevantes como a identificação dos entes da Federação,
Há, também, uma faixa de valores mínima para a sua
a área de atuação do consórcio, as normas de funciona-
realização. A Lei nº 13.529/2017 altera o texto do art. 2º, §
4º, I, da Lei nº 11.079/2004, que passa a impor a vedação mento da assembleia geral, o número e as formas de re-
da celebração de PPP “cujo valor do contrato seja inferior muneração dos empregados públicos, as condições em
a R$ 10.000.000,00 (dez milhões de reais)”. que o consórcio deve celebrar convênios, contratos de
As Parcerias Público-Privadas comportam duas espé- gestão e termos de parceria, entre outros.
cies:
11. Contrato de convênio
a) Parcerias administrativas: na maioria dos casos,
a concessão patrocinada é utilizada quando a Ad- Convênio é o acordo celebrado entre entidades pú-
ministração é usuária direta ou indireta do serviço blicas de qualquer tipo, ou ainda entre eles e alguma
prestado pelo investidor privado. Por ser autossu- entidade particular, a fim de promover uma cooperação
ficiente na geração de recursos, ou uti universi, é entre os conveniados para almejarem um objetivo de in-
incabível a cobrança de contraprestação pelo par- teresse comum a todos.
ceiro público (art. 2º, § 2º, da Lei nº 11.079/2004). Embora similar ao consórcio, não são o mesmo con-
b) Parcerias patrocinadas: é aquela em que o servi- trato. Os consórcios devem obrigatoriamente serem ce-
ço prestado pelo investidor privado não é autos- lebrados por entidades da Federação, ou seja, não cabe
suficiente, não sendo financeiramente sustentável a iniciativa privada nos consórcios públicos, o que não
por si próprio, ou uti singuli. Para tanto, o parcei- ocorre com os convênios. Além disso, dos consórcios re-
ro público deverá remunerar o parceiro privado sultam a criação de uma pessoa jurídica nova e autôno-
em pecúnia (art. 2º, § 1º, da Lei nº 11.079/2004). ma, nos termos da Lei nº 11.107/2004, o que não ocorre
Isso significa que há duas fontes de receita para com os convênios.
o investidor privado: uma é a tarifa cobrada pelo
usuário, e a outra advém de contraprestação pelo
parceiro público.
EXERCÍCIO COMENTADO
Em relação a vedações, o art. 2º, § 4º, da Lei nº
2. (CEMIG-MG – TÉCNICO DE GESTÃO ADMINIS-
11.079/2004 determina três hipóteses em que não é pos-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

TRATIVA – FUMARC – 2018)


sível a celebração de parceria público-privada: quando
Para efeitos da Lei 8.666/93, considera-se contrato:
o valor contratual for inferior a vinte milhões de reais;
quando o período da prestação do serviço for inferior a
cinco anos; ou nas hipóteses de fornecimento de mão de a) todo e qualquer ajuste entre órgãos ou entidades da
obra, instalação de equipamentos, e construção de obra Administração Pública e particulares, em que haja um
pública. acordo de vontades para a formação de vínculo e a es-
tipulação de obrigações recíprocas, seja qual for a de-
10. Consórcio Público nominação utilizada.
b) todo e qualquer ajuste entre órgãos ou entidades da
Consórcio público é o contrato administrativo mul- Administração Pública e particulares, em que haja uma
tilateral, firmado entre as entidades federativas, com a adesão de vontades para a formação de ação e a esti-
finalidade de perseguir objetivos comuns. Do consórcio, pulação de obrigações recíprocas, seja qual for a de-
há um processo de criação de uma nova pessoa jurídica nominação utilizada no propósito de serviços.

71
c) todo e qualquer reajuste entre órgãos ou entidades Administração poder: rescindir o negócio unilate-
da Administração Pública, em que haja um acordo de ralmente, alterar o objeto unilateralmente, aplicar
vontades para a formação de vínculo e a estipulação sanções administrativas, entre outras hipóteses.
de obrigações recíprocas, seja qual for a denominação f) Formalismo: Em regra, os contratos de Direito Ad-
utilizada no ato comercial. ministrativo são solenes, o que significa que não
d) todo e qualquer reajuste entre órgãos ou entidades podem ter forma livre como alguns contratos par-
particulares, em que haja um acordo de ações para ticulares. Em regra, os contratos administrativos
a formação de vínculo e a estipulação de obrigações devem ser feitos por escrito.
individuais, seja qual for a denominação utilizada. g) Confiança recíproca entre as partes: os contratos
administrativos também são personalíssimos (ou
Resposta: Letra A. A alternativa transcreve o texto intuitu personae), pois a escolha do contratado se
disposto no art. 2º, par. único, da Lei nº 8.666/1993: dá pela análise de requisitos subjetivos e objetivos,
mediante procedimento de licitação. Dessa forma,
“Para os fins desta Lei, considera-se contrato todo e
a subcontratação, isso é, a transferência total ou
qualquer ajuste entre órgãos ou entidades da Ad-
parcial da responsabilidade pela execução do ser-
ministração Pública e particulares, em que haja um
viço para outra pessoa, somente será possível se
acordo de vontade para a formação de vínculo e a estiver prevista no edital de licitação.
estipulação de obrigações recíprocas, seja qual for a
denominação utilizada”.

CARACTERÍSTICAS DOS CONTRATOS ADMINIS-


EXERCÍCIO COMENTADO
TRATIVOS 3. (TRT6-PE – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC – 2018)
Constatada pela Administração a inexecução do contrato
Sobre os contratos administrativos em geral, impor- pela empresa contratada, a Lei nº 8.666/1993 autoriza:
tante estabelecer suas principais características, que os
distinguem dos demais contratos privados. São elas: a) rescisão do ajuste na hipótese de descumprimento to-
tal e a aplicação de sanções, previstas na lei e no ins-
a) Submissão ao Direito Administrativo: enquanto trumento convocatório, no descumprimento parcial,
os contratos privados regem-se pelas regras de este que, no entanto, não autoriza a sua rescisão.
Direito Civil e Empresarial, os contratos adminis- b) rescisão do contrato tanto na hipótese de descumpri-
trativos são regidos por normas de Direito Público, mento total como na de descumprimento parcial do
cujo sistema é elaborado para que o conjunto de ajuste.
normas e princípios possam viabilizar a defesa do c) aplicação de sanções, previstas na lei e no instrumento
interesse público. Somente as cláusulas referentes convocatório, não sendo possível a rescisão do ajuste,
à remuneração do contratado são regidas pelas em razão do princípio da continuidade da prestação do
normas privadas. serviço público.
b) Presença da Administração Pública: ao menos d) anulação do contrato e o pagamento de indenização
em um dos polos contratuais a Administração deve ao contratado pela parte executada do ajuste.
estar presente. É considerado elemento necessário, e) anulação do contrato e o levantamento da garantia
mas não suficiente para caracterizar o contrato ad- prestada, esta como forma de indenização pela parte
não executada do ajuste.
ministrativo.
Resposta: Letra B. Pela leitura do art. 77 da referida
c) Relação de desigualdade entre as partes: ao
Lei nº 8.666/1993, a rescisão do contrato administra-
contrário do que ocorre nos contratos de nature- tivo se dá pelo seu descumprimento total ou parcial.
za privada, as partes não se encontram em pé de Não confundir rescisão com anulação, que verifica um
igualdade nos contratos administrativos. vício de ordem legal no presente ato. Lembre-se que
d) Mutabilidade das cláusulas: no ramo de Direito todos os atos administrativos presumem-se legais e
Privado, vigora o princípio do pacta sunt servanda, legítimos até a apresentação de prova em sentido
que se traduz no fiel cumprimento das cláusulas contrário (presunção juris tantum).
do contrato. O contrato tem “força de lei” entre
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

particulares. Todavia, no Direito Administrativo, EXECUÇÃO DOS CONTRATOS ADMINISTRATIVOS


esse princípio não é aplicável com a mesma abran-
gência, uma vez que a Administração Pública pode Importante também fazer uma breve análise sobre o
alterar unilateralmente as referidas cláusulas, cau- processo de formalização dos contratos administrativos.
sando instabilidades na relação contratual. Essa Quanto ao modo de celebração, os contratos adminis-
mutabilidade, porém, não pode ocorrer nas cláu- trativos só podem ser celebrados por escrito, pois são
sulas que dizem respeito à remuneração do con- contratos solenes, com forma prevista em lei (art. 60, par.
tratado sem a sua anuência. único, da Lei nº 8.666/1993). O contrato administrativo
e) Cláusulas exorbitantes: são as disposições contra- só será verbal, excepcionalmente, nas pequenas compras
tuais que conferem privilégios e poderes especiais de pronto pagamento, feitas em regime de adiantamen-
à Administração Pública, que se apresenta em po- to. Outro requisito importante para que o contrato admi-
sição de superioridade em relação ao contratado. nistrativo possa produzir seus efeitos é a sua publicação
As cláusulas exorbitantes conferem poderes para a com os aditivos na imprensa oficial.

72
1. Cláusulas Exorbitantes d) para restabelecer a relação que as partes pactu-
aram inicialmente entre os encargos do contratado e
Uma das características fundamentais dos contratos a retribuição da administração para a justa remuner-
administrativos é a presença de cláusulas atípicas e espe- ação da obra, serviço ou fornecimento, objetivando
ciais. As cláusulas exorbitantes conferem à Administra- a manutenção do equilíbrio econômico-financeiro
ção Pública poderes para agir dentro do contrato, poden- inicial do contrato, na hipótese de sobrevirem fatos
do desequilibrar a relação jurídica pactuada. Isso porque a imprevisíveis, ou previsíveis porém de consequências
própria Administração encontra-se em posição de superio- incalculáveis, retardadores ou impeditivos da ex-
ridade, na relação contratual estabelecida com o particular.
ecução do ajustado, ou, ainda, em caso de força maior,
As cláusulas exorbitantes possuem respaldo legal na
caso fortuito ou fato do príncipe, configurando álea
Lei nº 8.666/1993 e, portanto, não podem ser conside-
econômica extraordinária e extracontratual”.
radas abusivas. Exemplificando, a Administração Públi-
ca poderá: exigir garantias, alterar o objeto do contrato A manutenção do equilíbrio econômico-financeiro
unilateralmente, exigir a manutenção do equilíbrio eco- poderá ser obtida mediante reajuste ou revisão. Reajus-
nômico-financeiro, aplicar penalidades, rescindir unilate- te é a terminologia que designa a atualização dos valores
ralmente o negócio. remuneratórios ante as perdas econômicas ou majoração
de insumos. As regras de reajuste devem estar previstas
2. Equilíbrio econômico-financeiro contratual no próprio instrumento contratual.
A revisão, por sua vez, corresponde a alterações no
Também denominada equação econômico-financei- valor efetivo da tarifa, geralmente sem previsão contra-
ra, consiste em uma garantia estabelecida, no momento tual, utilizado em circunstâncias em que a recomposição
da celebração do contrato, para a manutenção do equilí- por reajuste se torna impossível. Há, nesse caso, um au-
brio dos encargos assumidos e da remuneração percebi- mento real do valor pago ao contratado, ao contrário do
da pelo particular, garantindo a este uma certa margem reajuste, que apenas atualiza o aspecto pecuniário da
de lucro pela execução do negócio. remuneração.
As hipóteses mais comuns para a autorização da re-
#FicaDica composição econômico-financeira do contrato são:
a) Alteração unilateral do contrato: qualquer modi-
Para compreender a manutenção do equi- ficação, pela Administração Pública, seja quantita-
líbrio econômico-financeiro nos contratos tiva ou qualitativa, do objeto principal do contrato,
administrativos, importante salientar a Teo- enseja a recomposição do equilíbrio econômico-
ria da Imprevisão. Trata-se de uma corrente, -financeiro. Trata-se de uma circunstância interna
com aplicação também nos ramos de Di-
do contrato. Exemplo: aumento do número de es-
reito Privado, que admite que as condições
tações de linha ferroviária a serem construídas.
das partes podem sofrer alterações desde o
início da sua celebração. Pela ocorrência de b) Fato do príncipe: é evento externo ao contrato,
algum evento imprevisto pelas partes, pode de natureza geral, provocado pelo Poder Público.
ocorrer um grande desequilíbrio na rela- Ocorre quando o próprio Estado, mediante ato le-
ção contratual, fazendo com que uma das gal, modifica as condições do contrato, provocan-
partes tenha lucros excessivos, e a outra se do prejuízo ao contratado. Tal interferência gera
prejudique ainda mais com a execução do indenização para o particular prejudicado com a
contrato. Por isso, admite-se a possibilidade alteração unilateral do Estado. Exemplo: aumento da
de revisão de algumas cláusulas. Diz-se que carga tributária elaborado pelo próprio contratante.
os contratos que admitem revisão regem- c) Fato da Administração: traduz-se em uma con-
-se pelo vernáculo do rebus sic stantibus duta irregular praticada pelo Poder Público, que
(“enquanto as coisas se mantiverem nesse não necessariamente impede, mas pode retardar
estado”), em oposição ao pacta sunt servan- a execução do contrato. Trata-se de ato com cará-
da (“os pactos devem ser cumpridos”). Nos ter específico, relacionado com o próprio contra-
contratos administrativos aplica-se com
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

to, o que distingue do fato do príncipe. Exemplo:


maior frequência a rebus sic stantibus. a construção de estrada em local residencial em
que a Administração não providencia mecanismos
essenciais a desapropriação daqueles imóveis.
Possui previsão constitucional (art. 37, XXI, da d) Álea econômica extraordinária: é o evento ex-
CF/1988), que estabelece, no procedimento licitatório, a terno ao contrato e estranho à vontade das partes.
manutenção das condições efetivas da proposta. O art. Por ser fato imprevisível e inevitável capaz de cau-
65, II, d, da Lei nº 8.666/1990, seguindo esse raciocínio, sar desequilíbrio contratual, enseja a revisão tari-
dispõe que: fária, desde que comprovada a imprevisibilidade
Art. 65. Os contratos regidos por esta Lei poderão ser al- e estranheza do fato, bem como o desequilíbrio
terados, com as devidas justificativas, nos seguintes casos: anormal na equação econômico-financeira. Exem-
II - por acordo das partes: plo: aumento da carga tributária por entidade dis-
(...) tinta do contratante.

73
e) Interferências imprevistas: são eventos ocorridos c) não fará jus ao reequilíbrio econômico-financeiro do
durante a execução do contrato, de ordem mate- contrato, eis que a avença, pela sua natureza, pressu-
rial, que causem dificuldades no cumprimento das põe a assunção de todos os riscos pelo contratado,
tarefas pactuadas, tornando insuportavelmente salvo os decorrentes de caso fortuito ou força maior.
onerosos para uma das partes. Exemplo: desaba- d) poderá fazer jus ao reequilíbrio econômico financeiro
mento de terras em área destinada a construção do contrato, desde que o risco de criação ou majora-
de imóvel público, devido a fortes chuvas. ção de impostos tenha sido alocado ao poder público,
havendo, em tal tipo de contrato, ampla margem para
3. Da execução dos contratos administrativos tal alocação em face da omissão legislativa.
e) terá direito à adequação do preço ofertado às con-
Segundo o art. 57 da Lei nº 8.666/1993, o prazo dos dições econômicas existentes no momento da entre-
contratos administrativos fica adstrito à vigência dos ga do objeto, incluindo alterações supervenientes de
respectivos créditos orçamentários, sendo impossível a preços de seus insumos, que sempre representa álea
celebração de contrato administrativo por tempo inde- econômica extraordinária.
terminado. Mas o mesmo dispositivo comporta três ex-
ceções:
Resposta: Letra B. Pela leitura do enunciado percebe-
Art. 57. A duração dos contratos regidos por esta Lei
-se que estamos diante da hipótese de recomposição
ficará adstrita à vigência dos respectivos créditos orça-
do equilíbrio econômico-financeiro por álea econô-
mentários, exceto quanto aos relativos:
I - aos projetos cujos produtos estejam contemplados mica (a majoração de impostos sobre faturamento da
nas metas estabelecidas no Plano Plurianual, os quais empresa). A “pegadinha” da questão encontra-se na
poderão ser prorrogados se houver interesse da Ad- alternativa E. As alterações supervenientes do preço
ministração e desde que isso tenha sido previsto no de insumos representam álea ordinária, é um even-
ato convocatório; to previsível no mundo empresarial, pois decorre da
II - à prestação de serviços a serem executados de própria flutuação de preços no mercado. Por isso, não
forma contínua, que poderão ter a sua duração pror- configura hipótese de reajuste.
rogada por iguais e sucessivos períodos com vistas à
obtenção de preços e condições mais vantajosas para DA INEXECUÇÃO E RESCISÃO DOS CONTRATOS
a administração, limitada a sessenta meses; ADMINISTRATIVOS
III - VETADO
IV - ao aluguel de equipamentos e à utilização de pro- Se os contratos administrativos são celebrados por
gramas de informática, podendo a duração estender- prazo determinado, isso significa que, eventualmente, eles
se pelo prazo de até 48 (quarenta e oito) meses após o devem se extinguir. Assim, o contrato administrativo ad-
início da vigência do contrato. mite as seguintes hipóteses de extinção: pela execução e
conclusão do seu objeto, pelo término de seu prazo, por
Dessa forma, pode-se afirmar que é possível a pror- anulação motivada por defeito que o macule, ou ainda por
rogação do contrato administrativo, ocorrendo um au- rescisão.
mento no seu prazo de vigência, com a manutenção das Sobre a rescisão, o art. 79 da Lei nº 8.666/1993 admi-
condições anteriores e em relação a mesma pessoa do te três tipos de rescisão contratual: a rescisão unilateral,
contratado, desde que justificada por escrito e autoriza- decretada pela Administração Pública sem a necessidade
da pela esfera competente. de autorização judicial, ensejando indenização do contra-
tado, exceto se deu causa à rescisão; a rescisão amigável,
feita de comum acordo entre ambas as partes, geralmente
EXERCÍCIO COMENTADO não enseja indenização; e a rescisão judicial, hipótese em
que há a interferência do Poder Judiciário em razão do
4. (SABESP-SP – ANALISTA DE GESTÃO – FCC – 2018)
Suponha que a SABESP tenha contratado, mediante pré- inadimplemento pelo Poder Público ou pelo contratado.
vio procedimento licitatório, um consórcio de empresas Para que o contratado tenha o direito de ser indeni-
para a construção de uma adutora. Ocorre que, no curso zado, provocado pela extinção do contrato administrati-
da execução do contrato, houve majoração de alíquota vo, precisa preencher alguns requisitos. Primeiramente, a
de imposto incidente sobre o faturamento da empresa, extinção contratual deve ser antecipada, pois seria ilógico
ensejando alegação da mesma de alteração das con- pedir reparação de danos em hipóteses em que o contra-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

dições econômicas em que se pautou no momento da to se extinguiu naturalmente pelo regular adimplemento
celebração do contrato. De acordo com as disposições do negócio. Além disso, sua relação jurídica com o Poder
da Constituição Federal e da Lei nº 8.666/1993, referida Público não pode ser precária, pois atos precários são re-
empresa: vogáveis pelo Poder Público, a qualquer tempo. Por fim, o
contratado deve ter agido de boa-fé durante a execução
a) somente fará jus ao reequilíbrio econômico-financeiro contratual, pois se o particular tivesse agido com intenção
do contrato se a majoração envolver imposto estadu- de extinguir o negócio (agir de má-fé), não lhe seria ca-
al, caracterizando, assim, fato da administração. bível o dever de indenizar, haja vista que ninguém pode
b) terá direito ao reequilíbrio da equação econômico- beneficiar-se da própria torpeza.
-financeira do contrato, se comprovada a repercussão Nos casos de anulação, o dever de indenizar persiste
da majoração em relação ao preço ofertado, operan- ainda que o contrato apresente vício legal, devendo a Ad-
do-se a correspondente recomposição mediante adi- ministração indenizar o contratado pelo que este houver
tivo contratual. executado até a data em que ela for declarada e por ou-

74
tros prejuízos regularmente comprovados, contanto que
não lhe seja imputável, promovendo-se a responsabilida-
de de quem lhe deu causa (art. 59, par. único, da Lei nº RESPONSABILIDADE ADMINISTRATIVA;
8.666/1993). RESPONSABILIDADE EXTRACONTRATUAL
O art. 87 da Lei nº 8.666/1993 apresenta o rol de san- DO ESTADO
ções aplicáveis ao contratado pela inexecução, total ou
parcial, do contrato administrativo, in verbis:
Art. 87. Pela inexecução total ou parcial do contrato
a Administração poderá, garantida a prévia defesa, Prezado candidato, não deixe de conferir os tópicos
aplicar ao contratado as seguintes sanções: anteriores sobre Responsabilidade no serviço público para
I - advertência; completar seus estudos.
II - multa, na forma prevista no instrumento convo-
catório ou no contrato;
RESPONSABILIDADE EXTRACONTRATUAL DO ES-
III - suspensão temporária de participação em licitação
TADO
e impedimento de contratar com a Administração, por
prazo não superior a 2 (dois) anos;
IV - declaração de inidoneidade para licitar ou con- Nos dias atuais, temos a total compreensão da ideia
tratar com a Administração Pública enquanto perdu- de responsabilidade civil e extracontratual do Estado.
rarem os motivos determinantes da punição ou até Significa dizer que ao Estado é imputado o dever de
que seja promovida a reabilitação perante a própria ressarcir particulares pelos prejuízos praticados na con-
autoridade que aplicou a penalidade, que será con- duta de seus agentes, independentemente de qualquer
cedida sempre que o contratado ressarcir a Adminis- acordo ou pacto estabelecido. Todavia, essa concepção
tração pelos prejuízos resultantes e após decorrido o que temos atualmente não “brotou da terra”: ela foi o
prazo da sanção aplicada com base no inciso anterior. resultado de uma longa evolução histórica sobre a for-
ma de atuação do Poder Público na esfera privada. Por
isso, importante analisar a evolução histórica da respon-
sabilidade estatal, tendo como foco os países ocidentais,
EXERCÍCIO COMENTADO sobretudo o Brasil.

5. (DPE-AM – ASSISTENTE TÉCNICO DE DEFENSO- EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA RESPONSABILIDADE DO


RIA – FCC – 2018) Suponha que uma empreiteira que ESTADO
celebrou contrato de obras com entidade integrante da
Administração pública tenha atrasado, por diversas ve- De modo geral, pode-se afirmar que a responsabilida-
zes, a entrega de etapas do empreendimento, descum- de civil da Administração passou por três grandes fases.
prindo o cronograma contratual e gerando prejuízos A primeira fase, denominada Teoria da Irresponsabili-
à contratante. De acordo com as disposições da Lei nº dade, adveio na época dos Estados Absolutistas, onde
8.666/1993, a empreiteira: havia uma concentração do poder político nas mãos de
uma única pessoa. O Monarca, assim, praticava atos que
a) somente estará sujeita à aplicação de multa ou sus- jamais poderiam ensejar a reparação pelos danos, uma
pensão do direito de contratar com a Administração vez que o Monarca fazia a sua vontade ter força de lei.
se constatada fraude ou má-fé.
A fundamentação dessa soberania dos reis absolutistas
b) poderá ser instada ao pagamento decorrente de ree-
era baseada na teoria político-teológica de que eles eram
quilíbrio econômico-financeiro até o limite do valor do
representantes de Deus na terra, investidos desse Poder
contrato, descabendo outras sanções administrativas.
c) deverá, obrigatoriamente, ser declarada inidônea para por obra divina. Tal teoria seria superada com o advento
contratar com a Administração. do Estado de Direito francês, sobretudo do julgamento
d) não poderá sofrer sanções administrativas, porém res- pelo Tribunal de Conflitos da França, denominado Aresto
ponde pelas perdas e danos devidamente comprovadas. Blanco, no ano de 1873. O julgamento consistia na im-
e) está sujeita à aplicação de multa de mora, na forma putação ao Estado do dever de reparar danos causados
prevista no contrato, que poderá ser descontada dire- por um vagão da Companhia Nacional de Manufatura
tamente da garantia contratual. do Fumo, que havia atropelado uma menina enquanto
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

brincava na rua.
Resposta: Letra E. Alternativa A está incorreta pois a A Teoria da Responsabilidade Subjetiva foi a pri-
empreiteira também pode sofrer sanções como adver- meira tentativa de explicar a imputação ao Estado do de-
tência e a declaração de inidoneidade (art. 87). Alter- ver de reparar os danos patrimoniais e demais prejuízos
nativa B está errada pois há a possibilidade de aplicar causados pela conduta de seus agentes. Por essa corrente
multa concomitantemente com outras sanções admi- teórica, o Estado passaria a adquirir uma segunda perso-
nistrativas. Alternativa C está errada pois não existe nalidade denominada “fisco”, sendo esta uma personali-
obrigatoriedade de declarar a idoneidade da emprei- dade patrimonial, capaz de ressarcir os particulares pela
teira para celebrar contrato com a Administração. Al- prática de atos de gestão. Tem seu fundamento ligado às
ternativa D está incorreta pois estamos diante de um noções mais de responsabilidade mais amplas do que o
contrato administrativo e, por isso, as regras quanto as âmbito de Direito Civil, o que significa que, para o Estado
sanções administrativas devem ser aplicadas no caso ser considerado responsável, deve haver a comprovação
mencionado. de que este agiu com culpa lato sensu, abrangendo as

75
hipóteses de dolo (intenção de lesar), bem como as de Em relação ao segundo elemento, a doutrina costu-
negligência, imprudência e imperícia (culpa stricto sensu). ma apontar quais são os danos que ensejam o dever de
Essa era a grande dificuldade dessa teoria: pelo fato da indenizar, isso é, quais são os denominados danos inde-
relação entre a Administração Pública e o particular ser nizáveis.
desigual, a vítima muitas vezes não possuía meios sufi- Assim, considera-se dano indenizável:
cientes para comprovar a conduta dolosa ou culposa do A) Dano anormal: é o dano que ultrapassa os incon-
Estado. No Brasil, adotamos a teoria subjetiva no Direi- venientes naturais e esperados da vida em socie-
to Público, excepcionalmente, nos casos de omissão da dade. A vida em sociedade é caracterizada pelo
advento de certos incômodos normais e toleráveis
Administração, ou na possibilidade de ação regressi-
a todos os cidadãos. Tais desconfortos só enseja-
va desta perante seus agentes.
ram o dever de indenizar se forem considerados
A terceira teoria, denominada Teoria da Responsa- intoleráveis. Assim, por exemplo, a feira colocada
bilidade Objetiva, surge nos meados de 1946. Consiste em rua residencial não enseja dever de indenizar.
no afastamento da necessidade de comprovação de dolo B) Dano específico: é aquele que atinge uma certa
ou culpa do agente público, tendo por fundamento do pessoa, ou uma certa categoria de pessoas. Dessa
dever de indenizar a concepção de risco administrati- forma, se o ato da Administração é capaz de cau-
vo. Quem presta um serviço público, assume o risco dos sar danos de modo geral, para toda a coletividade,
prejuízos que eventualmente causar a outrem. Não cabe, não se caracteriza dano indenizável. Por exemplo:
dessa forma, a discussão sobre aspectos subjetivos da não é considerado dano indenizável o aumento da
responsabilidade estatal, exceto nas hipóteses de ação tarifa do transporte público, haja vista que todos as
regressiva. pessoas daquela cidade sofrerão com tal medida.
A Constituição Federal de 1988 adotou a teoria da
responsabilidade objetiva, na variação de risco admi- 1. Danos por ação e danos por omissão
nistrativo, que admite algumas excludentes ao dever de
indenizar, conforme se depreende da leitura do art. 37, § O Estado pode causar danos aos particulares por ação
6º, da CF/1988: “As pessoas jurídicas de direito público ou por omissão. Quando o fato administrativo é comis-
e as de direito privado prestadoras de serviços públicos sivo, não há questionamento acerca da culpa do Estado
em sua conduta. Nesse caso a responsabilidade objetiva
responderão pelos danos que seus agentes, nessa qua-
do Estado se dará pela presença dos seus pressupostos:
lidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de re- o fato administrativo, o dano, e o nexo causal existente
gresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa”. entre os dois.
Observe que o texto constitucional imputa as pessoas ju- Todavia, quando a conduta estatal for omissiva, será
rídicas de direito privado, como sociedades de economia preciso distinguir se a omissão constitui ou não fato ge-
mista e empresas públicas, o dever de reparar na mesma rador da responsabilidade civil do Estado. Isso significa
modalidade que as pessoas da Administração Direta. A que nem toda conduta omissiva caracteriza-se em um
Lei nº 8.112/1990, que dispõe sobre o regime dos servi- dever de indenizar. Somente quando o Estado se omi-
dores públicos, apresenta uma seção sobre responsabi- tir diante do dever legal de impedir a ocorrência do
lidades dos agentes públicos, colocando em destaque a dano é que será civilmente responsável. Observe que
responsabilidade objetiva. Prescreve o art. 112 da referi- em tais casos, há uma análise subjetiva da conduta do
da Lei: “A responsabilidade civil decorre de ato omissivo Poder Público. Assim, o entendimento mais correto é de
ou comissivo, doloso ou culposo, que resulte em prejuízo que a responsabilidade civil do Estado, no caso de con-
ao erário ou a terceiros”. duta omissiva, só ocorrerá quando presentes os elemen-
O dever estatal de indenizar os particulares possui tos que caracterizam a culpa.
dois fundamentos distintos: a legalidade, e a igualdade.
Na hipótese do Poder Público praticar um ato ilícito, cau- 2. Causas excludentes e atenuantes da responsa-
bilidade
sador de danos patrimoniais para a coletividade, o dever
de indenizar advém do princípio da legalidade, uma vez
Dentro do âmbito da teoria objetiva da responsabili-
que a atuação do agente público deve ser feita sempre dade estatal, existem duas vertentes distintas. A primeira,
de acordo com a lei (secundum legem). Há, também, ca- denominada risco integral, dispõe que o Estado possui
sos em que a Administração pratique atos lícitos, mas o dever de indenizar todo e qualquer dano causado pela
que também podem causar prejuízos especiais ao parti- prática de seus atos, não admitindo nenhuma excluden-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

cular. Nessas hipóteses, o dever de indenizar advém do te. Trata-se de uma variação radical, em que a Adminis-
princípio da isonomia, que pressupõe a igual repartição tração se transforma em um indenizador universal. Não
dos encargos sociais. é adotado em nenhum país, sendo adotado no Brasil
somente como exceção em alguns casos específicos,
CARACTERÍSTICAS DO DANO INDENIZÁVEL como nos acidentes de trabalho, na indenização coberta
pelo seguro obrigatório para automóveis (DPVAT), etc.
Para que haja a configuração da responsabilidade ci- A segunda vertente, denominada teoria do risco ad-
vil do Estado, importante a presença de três elementos: ministrativo, é a adotada como regra geral no direito
a) um ato do agente público, brasileiro. Tal teoria reconhece algumas excludentes da
b) dano ao particular, responsabilidade do Estado. Excludentes são circunstân-
c) nexo de casualidade entre o dano e o ato prati- cias que, como o próprio nome diz, afastam o dever de
cado. indenizar durante a sua ocorrência. São, ao todo, três
modalidades:

76
A) Culpa exclusiva da vítima: são hipóteses em que PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO E JUDICIAL
o prejuízo é consequência da intenção deliberada
da própria vítima. O prejudicado, ao utilizar o re- Todo aquele que se sentir prejudicado por conduta
ferido serviço público, acaba sofrendo danos por comissiva ou omissiva de agente público pode pleitear,
uma ação tomada por ela mesma, não havendo pela via administrativa ou judicial, a devida reparação pe-
qualquer relação com as condutas do Poder Públi- los danos causados. Na via administrativa, basta que o
co. É o caso, por exemplo, de pessoa que se joga prejudicado formule o pedido a autoridade competente,
na frente de viatura policial para ser atropelada. que instaurará processo administrativo para apurar a res-
Não se confunde com a culpa concorrente, que se ponsabilidade e o pagamento de indenização.
traduz no dano causado pela conduta recíproca Porém, é preferível que a vítima utilize a via judicial,
do Estado e da própria vítima. Neste caso, há uma hipótese mais comum haja vista o direito de petição, que
análise pericial para determinar os diferentes graus caracteriza-se no dever do Poder Judiciário de atender
de culpa de cada agente, ensejando reparação. todas as demandas feitas pelos cidadãos. O direito à in-
B) Força maior: é o evento imprevisível e involuntá- denização da vítima se instrumentaliza pela ação indeni-
rio que rompe o nexo de casualidade entre o ato zatória. A ação indenizatória, dessa forma, é aquela pro-
da Administração e o prejuízo sofrido pela vítima. posta pela vítima contra a pessoa jurídica à qual o agente
Geralmente são causados pela força da natureza. público causador do dano pertence. Conforme dispõe o
É o caso, por exemplo, do desabamento de terras art. 206, § 3º, V, do Código Civil, o prazo prescricional
que arruínam as casas de um bairro, devido às for- para a propositura de ação indenizatória é de três anos,
tes chuvas. Não se confunde com o caso fortuito, contados da ocorrência do evento danoso.
em que o dano decorre de ato humano, ou da pró-
pria Administração, como o desabamento de uma
estrada. O caso fortuito enseja o dever de respon-
sabilidade somente se tal evento for causado pelo EXERCÍCIOS COMENTADOS
agente público.
C) Culpa de terceiro: é a hipótese em que o prejuí- 1. (DPE-AM – Assistente Técnico de Defensoria – FCC
zo é atribuído a pessoa estranha aos quadros da – 2018) A responsabilidade patrimonial do Estado é
Administração Pública. Dessa forma, não há como constitucionalmente consagrada. Para seu nascimento, é
o Estado ser imputado responsável por atos pra- pressuposto obrigatório a existência de:
ticados por pessoas que não fazem parte de sua
composição. a) conduta ilícita do Estado ou de agente seu e demons-
tração ao menos de culpa.
b) dano causado a terceiro decorrente de conduta do Es-
tado ou de quem lhe faça as vezes.
#FicaDica c) dano economicamente mensurável e ação regressiva
em face do causador.
Curioso é o caso dos danos causados pe- d) conduta produtora de resultado ilícito, dolo e dano
las enchentes, sobretudo em cidades onde economicamente mensurável.
o escoamento das águas é precário, como e) conduta lícita ou ilícita de agente de pessoa jurídica de
ocorre em algumas regiões da cidade de direito público prestadora de serviço público.
São Paulo. Como regra geral, o Estado não
se responsabiliza por prejuízos causados Resposta: Letra B. A questão pedia as características
pelas enchentes. A 3º Câmara de Direito principais do dano indenizável. Lembre-se que, no
Público do TJ/SP negou provimento à AC
Brasil, adotamos a responsabilidade objetiva, baseada
nº 0170440220058260602 interposta por
na teoria do risco administrativo, admitindo algumas
três proprietários de imóveis afetados pelas
fortes chuvas do início do ano de 2012, que hipóteses de exclusão ou de atenuação da responsa-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

pleiteavam pedido de indenização pelos da- bilidade. Esse dano pode advir tanto de atividades ilí-
nos causados pelas chuvas, pois as galerias citas como lícitas, desde que configurem em conduta
pluviais de seu bairro não eram suficientes típica do Estado, ou de outro órgão responsável pela
para escoar toda a água, caracterizando-se execução de atividades de relevante interesse público
em falta no serviço público. Segundo voto (art. 37, § 6º, CF/1988).
do relator, porém, não havia qualquer pro-
va que defina a ocorrência de qualquer falta
de serviço que possa ser atribuída ao Mu-
nicípio e que tenha sido causa concorrente
para o evento.

77
2. (DETRAN-SP – AGENTE ESTADUAL DE TRÂNSITO d) é sempre objetiva, tanto para a Administração direta,
– FCC – 2019) Uma rodovia estadual, cuja exploração é quanto para a Administração indireta, salvo hipóteses
feita mediante contrato de concessão de serviço público, em que não se comprovar a ocorrência de culpa de
foi cenário de um grave acidente: um veículo particular agente público para os danos causados.
transitava por uma faixa de rolamento quando o moto- e) se estende às pessoas jurídicas prestadoras de serviços
rista perdeu o controle da direção ao passar por um bu- públicos, mesmo que não integrantes da Administra-
ção indireta, comprovada a ocorrência de danos con-
raco existente na pista em função de obras de reparo em
cretos e o nexo causal destes com a conduta de seus
curso. As vítimas, que afirmaram a inexistência de qual-
empregados.
quer sinalização na rodovia para advertir os motoristas
sobre os reparos em curso e sobre os buracos existentes, Resposta: Letra E. A letra A está errada, a responsa-
sofreram danos físicos e materiais de grande monta. Es- bilidade extracontratual abrange, além da Adminis-
sas vítimas: tração Pública, as pessoas jurídicas de direito privado
prestadoras de serviço público. A letra B está errada,
a) devem buscar indenização direta, integral e exclusi- pois a responsabilidade extracontratual do Estado é
vamente da concessionária, sujeita à responsabilidade objetiva, isso é, ela se configura independentemente
objetiva pura, não sendo relevante perquirir sobre ex- da presença do elemento culpa lato sensu. A letra C
cludentes de responsabilidade. está errada, pois a responsabilidade extracontratual
b) devem buscar reparo para os danos morais e mate- abrange tanto as pessoas da Administração Pública
riais junto ao poder concedente, tendo em vista que Direta como também da Indireta. A letra D está erra-
se trata de rodovia de propriedade pública, cabendo da, pois a demonstração de dolo ou culpa somente é
apenas direito de regresso em face da concessionária. necessário para hipóteses de ação regressiva do ente
c) podem ser ressarcidas pela concessionária de serviço público contra seu agente.
público que explorava a rodovia, desde que compro-
vada sua negligência, imprudência ou imperícia na
condução das obras de manutenção. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA:
d) podem deduzir pleito indenizatório em face da con-
cessionária de serviço público e do poder concedente,
DEFINIÇÃO, MODALIDADES,
ambos respondendo sob a modalidade objetiva de RESPONSABILIZAÇÃO
responsabilidade, ainda que aquelas sejam dotadas
de personalidade jurídica de direito privado.
e) podem apresentar ação de indenização sob a moda- IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
lidade de responsabilidade objetiva em face da con-
cessionária de serviço público, tendo em vista que o 1. Conceito de improbidade
vínculo jurídico formado com o contrato de concessão
de serviço público confere à empresa natureza jurídica O agente público, quando age no exercício das suas
de direito público. funções, pode praticar atos violadores do Direito, capa-
zes de ensejar um dever de responsabilização da Ad-
Resposta: Letra D. A questão pode ser facilmente res- ministração, que é a pessoa jurídica a qual representa.
pondida se lembrarmos do preceito da responsabili- É bastante comum a doutrina estabelecer a respon-
dade extracontratual, previsto no artigo 37, § 6º, da sabilidade tríplice dos agentes públicos, uma vez que
Constituição Federal: “As pessoas jurídicas de direito seus atos podem violar direitos relativos às esferas civil,
público e as de direito privado prestadoras de serviços penal, e administrativas. Todavia, além das três esferas
públicos responderão pelos danos que seus agentes, mencionadas, é possível verificar uma quarta esfera de
nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o responsabilização dos agentes públicos, que diz respei-
direito de regresso contra o responsável nos casos de to à improbidade administrativa.
dolo ou culpa”.
Improbidade possui previsão constitucional, mais
3. (SEMEF MANAUS-AM – ASSISTENTE TÉCNICO FA- especificamente no art. 37, caput, ao expor que é dever
ZENDÁRIO – FCC – 2019) A responsabilidade extracon- da Administração Pública Direta e Indireta, o respeito
ao princípio da moralidade administrativa. Além disso,
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

tratual prevista constitucionalmente para a Administra-


consta no § 4º do mesmo dispositivo constitucional que
ção pública
“os atos de improbidade administrativa importarão a
suspensão dos direitos políticos, a perda da função pú-
a) destina-se a regular os serviços públicos prestados ex-
blica, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao
clusivamente pela Administração direta ou pelas pes-
erário, na forma e gradação previstas em lei, sem pre-
soas jurídicas de direito público que integram a Admi-
juízo da ação penal cabível”. Pela leitura do dispositivo,
nistração indireta.
verifica-se uma característica importante dos atos de
b) sujeita-se à modalidade subjetiva no caso de atos improbidade: a sua independência em relação às ou-
omissivos ou comissivos lícitos praticados por agentes tras esferas de responsabilização. Assim, a instauração
públicos. de processo com o escopo de apurar o ato de impro-
c) abrange as pessoas jurídicas de direito público inte- bidade independe de prévia condenação (ou absolvi-
grantes da Administração indireta, não se estendendo ção) do agente infrator nos processos civil, criminal, e
aos demais entes, porque sujeitos ao regime jurídico administrativo.
de direito privado.

78
Dessa forma, podemos conceituar os atos de impro- Ainda sobre a hipótese de particulares, o STJ tem se
bidade administrativa como aqueles aptos a causarem posicionado de forma a restringir o âmbito de aplicação
danos ao erário, enriquecimento ilícito, ou ainda viola- da LIA para as pessoas não agentes, como no julgado
ção aos princípios administrativos. de Recurso Especial REsp nº 1.405.748, que extinguiu
A preocupação do legislador em estabelecer os atos ação de improbidade proposta em face do ator Guilher-
de improbidade, bem como as sanções aplicáveis aos me Fontes pela demora na conclusão do filme “Chatô
agentes públicos, traduz-se na finalidade de garantir
– Rei do Brasil”.
o respeito à moralidade administrativa. Nossa Consti-
tuição estabelece dois mecanismos processuais para a
defesa da moralidade, haja visto ser uma questão de
interesse público. De um lado, temos a ação popular #FicaDica
(art. 5º, LXXIII, da CF/1988), podendo ser proposta por
A presença do elemento dolo/culpa nos atos
qualquer cidadão para anular ato lesivo ao patrimônio
público ou de entidade que o Estado participe, à mora- de improbidade administrativa é um tema bas-
lidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimô- tante discutido na doutrina. O art. 10 da Lei nº
nio histórico-cultural. De outro, a ação de improbidade 8.429/1982 prevê, expressamente, que “cons-
administrativa, fundada no art. 37, § 4º, da CF/1988, e titui ato de improbidade administrativa que
de legitimidade exclusiva do Ministério Público, ou de causa lesão ao erário qualquer ação ou omis-
entidade interessada. são, dolosa ou culposa, que enseje...”. Este é o
único dispositivo que prevê expressamente a
2. A Lei nº 8.429/1982 modalidade culposa para configuração de im-
probidade. Uma corrente majoritária na dou-
Como forma de regulamentar o processo de im- trina sustenta que, devido a sua ausência nos
probidade, garantido pela Constituição, incumbiu-se a demais casos de improbidade, a culpa stricto
União a tarefa de promulgar a Lei Federal nº 8.429/1982, sensu somente seria admitida para atos que
também conhecida como Lei da Improbidade Adminis- causem prejuízos ao erário. A responsabilida-
trativa (LIA). de é sempre subjetiva, devendo sempre de-
Dispõe o art. 1º da LIA que “Os atos de improbi- monstrar a culpa em sentido amplo do agente
dade praticados por qualquer agente público, servidor público.
ou não, contra a administração direta, indireta ou fun-
dacional de qualquer dos Poderes da União, dos Esta-
dos, do Distrito Federal, dos Municípios, de Território,
de empresa incorporada ao patrimônio público ou de 3. Espécies de atos de improbidade
entidade para cuja criação ou custeio o erário haja con- A Lei de Improbidade Administrativa (Lei nº
corrido ou concorra com mais de cinquenta por cento 8.429/1982) define, nos seus artigos 9º a 11, um rol
do patrimônio ou da receita anual, serão punidos na exemplificativo das condutas que caracterizam a
forma desta lei”. Podemos identificar os sujeitos ativo e improbidade administrativa, que constituem no objeto
passivo do ato de improbidade. da improbidade. Podemos dividir tais condutas em
Sujeito passivo do ato de improbidade é aquele quatro grandes grupos:
que venha a sofrer as consequências do ato de impro- A) Atos que importam em enriquecimento ilícito:
bidade administrativa. São eles: membros da Adminis-
são as condutas de maior gravidade, apenadas
tração Pública Direta (União, Estados, Municípios e seus
órgãos), da Administração Indireta (autarquias, fun- com as sanções mais rigorosas, pelo fato de
dações, empresas públicas, sociedades de economia envolver atos como auferir qualquer tipo de
mista); as entidades privadas que recebem subvenção, vantagem patrimonial indevida em razão do
incentivo ou benefício fiscal ou creditício provenientes exercício de cargo, mandato, função, emprego ou
de órgãos públicos; e também as empresas com partici- atividade nas entidades públicas (art. 9º da LIA).
pação estatal, cuja criação ou custeio o erário concorra As sanções aplicáveis podem ser de ressarcimento
com menos de 50% do patrimônio ou da receita anual. integral do dano, perda da função pública, perda
Por outro lado, sujeito ativo é aquele que pratica dos direitos políticos de 8 a 10 anos, e a proibição
o ato danoso, e eventualmente sofrerá a sanção apli- de contratar com o Poder Público pelo prazo de
cável após a propositura da ação de improbidade (art.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

10 anos.
17 da LIA). Todo e qualquer agente público pode sofrer
processo de improbidade. Compreende-se como agen- B) Atos que causam prejuízo ao erário: qualquer
te público, todo aquele que exerce, ainda que transi- tipo de conduta dolosa ou culposa, comissiva
toriamente ou sem remuneração, por eleição, nomea- ou omissiva, que enseja perda patrimonial,
ção, designação, contratação ou qualquer outra forma desvio, apropriação ou dilapidação dos bens
de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou ou haveres das entidades públicas é passível
função nas entidades mencionadas anteriormente (art. de sanção, sem a necessidade de haver um
2º da LIA). Entretanto, o art. 3º da referida Lei estende enriquecimento patrimonial do agente infrator
as penas pela improbidade a particulares (não agentes), (art. 10 da LIA). Comporta sanções intermediárias,
desde que tenham induzido, concorrido, ou se benefi- como ressarcimento dos danos, perda da função
ciou da prática do ato. Assim, os particulares podem até pública, perda dos direitos políticos de 5 a 8 anos,
serem responsabilizados, mas nunca sozinhos, hipótese e a proibição de contratar com o Poder Público
designada como improbidade imprópria. por 5 anos.

79
C) Atos que atentam contra os princípios da
Administração Pública: apesar de não causar
enriquecimento do agente, nem lesão financeira
EXERCÍCIOS COMENTADOS
ao erário, a prática desses atos pode violar
os deveres de honestidade, imparcialidade, 1. (PREFEITURA DE RECIFE-PE – ANALISTA DE PLA-
legalidade, e lealdade às instituições (art. 11). As NEJAMENTO ORÇAMENTO E GESTÃO – FCC – 2019)
Quando um agente público comete ato de improbidade,
sanções aplicáveis são mais brandas, incluindo
sabe-se que:
ressarcimento dos danos, perda da função
pública, perda dos direitos políticos de 3 a 5 anos, a) se trata de servidor público estatutário ou celetista,
e a proibição de contratar com o Poder Público admitidos mediante concurso público, não sendo in-
por 3 anos. dispensável a comprovação de conduta dolosa para
D) Atos decorrentes de concessão ou aplicação aquela configuração.
indevida de benefício financeiro ou b) o terceiro que tiver participado, induzido ou concor-
tributário: trata-se de novidade trazida pela rido para a prática do ato poderá sofrer as sanções
Lei Complementar nº 157/2016, que adicionou previstas na mesma lei.
o artigo 10-A, tipificando como improbidade c) para sua condenação é indispensável a comprova-
administrativa qualquer ação ou omissão para ção de dolo, independentemente da modalidade em
conceder, aplicar ou manter benefício financeiro questão.
ou tributário contrário ao que dispõem o caput d) agiu com a reprovável quebra de confiança, configu-
e o § 1º do art. 8º-A da Lei Complementar nº rando dolo presumido, o que enseja condenação por
116/2003. Apresenta sanções como a perda da ato de improbidade.
função pública, e perda dos direitos políticos de e) sua conduta culposa é suficiente para aplicação de al-
5 a 8 anos. gumas penalidades acessórias, mas não admite a tipi-
ficação como uma modalidade individualizada de ato
de improbidade.
4. Probidade e Moralidade
Convém fazer maior explanação sobre as diferenças
Resposta: Letra B. As letras A e D estão incorreta, pois
entre moralidade e improbidade. A moralidade, para a configuração de ato de improbidade adminis-
sobretudo a moralidade administrativa, é um princípio trativa, é imprescindível a presença da conduta dolosa
constitucional da Administração Pública, presente no para sua configuração (responsabilidade subjetiva). O
caput do art. 37 da CF/1988. Quando a Constituição dolo não se presume nessas hipóteses. As letras C e
expõe sobre “moralidade”, geralmente remete-se a um E estão incorretas, pois os atos de improbidade que
princípio ou norma geral atribuída aos agentes públicos. causem prejuízos ao erário poderão ocorrer na moda-
Não há, todavia, regras com previsão de sanções pelo lidade culposa.
não cumprimento do princípio da moralidade no Texto
Constitucional. 2. (SEFAZ-SC – AUDITOR FISCAL DA RECEITA ESTADU-
A improbidade, todavia, apresenta uma faceta AL – FCC – 2018) A não ocorrência de prejuízo aos co-
muito mais concreta: quando a Constituição fala em fres de uma empresa pública, constatada irregularidade
“improbidade administrativa”, sempre pressupõe no procedimento de aquisição de equipamentos por um
alguma lesão a valores morais ou a algum comando empregado público:
legal, exigindo a aplicação de uma sanção. Parece-nos
mais correto afirmar que, como infração, a improbidade a) afasta a possibilidade de caracterização de ato de im-
é uma noção mais abrangente e real do que a noção de probidade.
b) impede a instauração de procedimento para respon-
moralidade administrativa. Essa é a posição majoritária
sabilização do empregado em qualquer esfera, à exce-
da doutrina.
ção da penal, caso sua conduta tipifique crime.
Independentemente disso, o importante é que o c) não afasta a possibilidade de prática de ato de impro-
agente público tem o dever de obedecer não somente bidade se a conduta tiver sido dolosa e se subsumir a
as leis ou as normas jurídicas positivadas. Ele deve uma das demais hipóteses caracterizadoras de outra
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

obedecer, também, ao princípio da moralidade, para modalidade, que não exigem prejuízo ao erário para
agir com ética, decoro, honestidade e boa-fé, e poder tipificação.
exercer uma “boa administração”. Caso contrário,
poderá ser punido pela prática de atos de improbidade d) não interfere na conclusão de processo em curso por
administrativa. ato de improbidade, tendo em vista que a tipificação
de qualquer das modalidades possíveis é legalmente
prevista mediante conduta culposa e não exige efetivo
prejuízo ao erário público.
e) restringe a responsabilização do empregado à esfera
disciplinar, pois as empresas públicas se submetem ao
regime jurídico de direito privado, não sendo possível
configuração de ato de improbidade, salvo se em con-
curso com detentor de cargo efetivo.

80
Resposta: Letra C. A letra A está incorreta, pois ape- COMPRAS NO SETOR PÚBLICO
sar não haver prejuízos ao erário, o agente pode se
responsabilizar pela prática de outros atos de impro- O Setor de Compras ocupa papel de destaque na Ca-
bidade, como por exemplo se do ato resultar em enri- deia de Suprimentos das organizações.
quecimento ilícito. As letras B e E estão incorretas, pois Segundo Martins et al. (2006, p. 81):
os servidores públicos, de modo geral, possuem tripla
esfera de responsabilização, abrangendo a responsa- A função de compras assume papel verdadeiramente
bilidade civil, administrativa e penal. A letra D está in- estratégico nos negócios de hoje em face do volume de
correta, pois não é toda modalidade de ato de impro- recursos, principalmente financeiros envolvidos, deixando
bidade administrativa que se admite conduta culposa, cada vez mais a visão preconceituosa de que era uma
apenas os atos que causem prejuízo ao erário. atividade burocrática e repetitiva, um centro de despesas e
não um centro de lucros.
Nas empresas estatais e autárquicas, como também
no serviço público em geral, o processo de compras
NOÇÕES GERAIS SOBRE AS NORMAS obedece uma série de requisitos, conforme estabelece a
PARA LICITAÇÕES E CONTRATOS Lei nº 8.666, de 21/6/1993, alterada pela Lei nº 8.883, de
DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA (LEI 8/6/1994, motivo pelo qual se tornam totalmente trans-
8.666/1993) parentes.
Sabemos que há várias diferenças entre o processo
de compra no sistema privado e no sistema público, mas
destacamos como principal:
Nota-se nos dias atuais a necessidade extrema e • Compras na Administração Pública – FORMALIDA-
constante da aquisição de bens e serviços para a ma- DE
nutenção tanto das necessidades essenciais, quanto das • Compras na Administração Privada – INFORMALI-
supérfluas. Dentro dessa realidade de consumo, abor-
DADE
dar-se-á neste trabalho as formas disponíveis para que
a gestão pública aplique de maneira consciente o orça-
De acordo com o Art. 14 da Lei da Licitação, dois prin-
mento disponível para manutenção de bens e serviços.
cípios preliminares devem ser seguidos:
Nesse contexto, os gastos de verbas públicas devem
• A definição precisa do seu objeto;
seguir uma série de trâmites e regras para que sejam
• A existência de recursos orçamentários que garan-
aplicados da forma mais vantajosa, com o menor gasto
tam o pagamento resultante.
e a melhor qualidade. Trata-se de uma tarefa complexa,
devido às influências que podem provocar do ponto de A seguir, as condições necessárias para validar o pro-
vista econômico, social e político no município ou região cesso de compras públicas:
de atuação, devendo, portanto, ser realizada com aten- • Avaliar a necessidade (planejamento);
ção e cuidado, de forma a satisfazer os direitos e garan- • Definir o quanto adquirir;
tias do cidadão e cuidar para que não haja desperdício. • Verificar as condições de guarda e armazenamen-
O legislador brasileiro elaborou uma série de nor- to;
mas a serem seguidas com o intuito de padronizar as • Buscar atender o princípio da padronização;
aquisições e alienações. Dentre elas, destacam-se a • Obter as informações técnicas quando necessárias;
Lei nº 8.666/1993, que regulamenta o art. 37, XXI, da • Proceder a pesquisas de mercado;
Constituição Federal, instituindo normas para licitações • Definir a modalidade e tipo de licitação ou a sua
e contratos da Administração Pública e, ainda, a Lei nº dispensa / inexigibilidade;
10.520/2002 (Lei do Pregão). • Indicar (empenho) os recursos orçamentários.

A licitação é obrigatória para toda Administração Pú- O principal elemento que justifica o processo licita-
blica e deve seguir vários princípios, conforme preconi- tório para realização de compras no setor público é a
zado no art. 37, caput, XXI, da Constituição Federal: TRANSPARÊNCIA que este representa.
Portanto, conceituando temos que:
Art. 37 – A administração pública direta e indireta de Licitação é o procedimento administrativo pelo qual
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Dis- uma pessoa governamental, pretendendo alienar, adqui-
trito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios rir ou locar bens, realizar obras ou serviços, segundo con-
de legalidade, impessoalidade, moralidade, publici- dições por ela estipuladas previamente, convoca interes-
dade e eficiência e, também, ao seguinte: [...] sados na apresentação de propostas, a fim de selecionar
XX – Ressalvados os casos específicos na legislação, as a que se revele mais conveniente em função de parâme-
obras, serviços, compras e alienações serão contrata- tros antecipadamente estabelecidos e divulgados. Este
dos mediante processo de licitação pública que asse- procedimento visa a garantir duplo objetivo: de um lado,
gure igualdade de condições a todos os concorrentes, proporcionar às entidades governamentais possibilidade
com cláusulas que estabeleçam obrigações de paga- de realizarem o negócio mais vantajoso; de outro, asse-
mento, mantidas as condições efetivas da proposta, gurar aos administrados ensejo de disputarem entre si a
nos termos da lei, o qual somente permitirá as exigên- participação nos negócios que as pessoas administrati-
cias de qualificação técnica e econômica indispen- vas entendam de realizar com os particulares.
sáveis à garantia do cumprimento das obrigações.

81
DISPENSA E INEXIBILIDADE PRINCÍPIOS DA LICITAÇÃO

Quem está obrigado a licitar: União, Estados, Mu- O processo de licitatório também se baseia em prin-
nicípios, Distrito Federal, Territórios e autarquias estão cípios, como vemos a seguir:
obrigados a licitar, em obediência às pertinentes leis de O art. 3º, da Lei nº 8.666/1993, prevê a observância
licitação, o que é ponto incontroverso. dos princípios da isonomia, legalidade, impessoalidade,
Inexigibilidade de Licitação: A obrigatoriedade so- moralidade, igualdade, publicidade, probidade adminis-
mente não se aplica em determinados casos descritos a trativa, vinculação ao instrumento convocatório, julga-
seguir, conforme art. 25, da Lei 8.666/1993: mento objetivo e demais correlatos.

I – nos casos de haver um fornecedor exclusivo de de- O Princípio da Legalidade


terminado material, equipamento ou gênero, vedada
a preferência de marca, devendo haver a compro- Vincula o administrador a fazer apenas o que a lei
vação de exclusividade por meio de atestado fornecido autoriza, sendo que, na licitação, o procedimento deverá
por órgão competente; desenvolver-se não apenas com observância estrita às le-
II – para a contratação de serviços técnicos, dentro do gislações a ele aplicáveis, mas também ao regulamento,
conceito de serviços técnicos previsto pela própria Lei caderno de obrigações e ao próprio edital ou convite,
8666/93 em seu artigo 13 e segundo Hely Lopes Meirelles.
III – para a contratação de profissional de qualquer A não observação desse princípio impregnará o pro-
setor artístico, desde que consagrad cesso licitatório de vício, trazendo nulidade como con-
o pela crítica especializada ou pela opinião pública. sequência.
O Princípio da Isonomia ou Igualdade
Dispensa da licitação só ocorrerá nos casos previs-
tos no artigo 24 da Lei 8.666/1993, que seguem descritos Consiste na ideia de que todos devem receber trata-
a seguir: mento paritário, em situações uniformes, não sendo ad-
mitidos privilégios ou discriminações arbitrárias.
É dispensável a licitação: Nos casos de guerra, grave
perturbação da ordem ou calamidade pública; Quando Princípio da igualdade
sua realização comprometer a segurança nacional, a
juízo do Presidente da República; Quando não acudirem Além de consistir na obrigação de tratar isonomi-
interessados à licitação anterior, mantidas, neste caso, as camente todos os licitantes, também significa ensejar a
condições preestabelecidas; Na aquisição de materiais, eq- qualquer interessado que atender às condições indispen-
uipamentos ou gêneros que só podem ser fornecidos por sáveis de garantia, a oportunidade de disputar o certame.
produtor, empresa ou representante comercial exclusivo, Princípio da Impessoalidade
bem como na contratação de serviços com profissionais
ou firmas de notória especialização; Na aquisição de obras Para evitar a preferência por alguma empresa especi-
de arte e objetos históricos; Quando a operação envolver ficamente, cuja não observação implicaria prejuízo para
concessionário de serviço público ou, exclusivamente, pes- a lisura do processo licitatório, e como consequência a
soas de direito público interno ou entidades sujeitas ao seu decretação da nulidade do processo, ou seja, estabele-
controle majoritário; Na aquisição ou arrendamento de im- ce que “a atividade administrativa deve ser destinada a
óveis destinados ao Serviço Público; Nos casos de emergên- todos os administrados, dirigida aos cidadãos em geral,
cia, caracterizada a urgência de atendimento de situação sem determinação de pessoa ou discriminação de qual-
que possa ocasionar prejuízos ou comprometer a segurança quer natureza”.
de pessoas, obras, bens ou equipamentos; Nas compras ou
execução de obras e serviços de pequeno vulto, entendidos Princípio da Moralidade
como tal os que envolverem importância inferior a cinco
vezes, no caso de compras e serviços, e a cinquenta vezes, O Princípio da Moralidade significa que a Adminis-
no caso de obras, o valor do maior salário mínimo mensal. tração Pública, além de obedecer à Lei, deve respeitar a
moral, adotar condutas honestas.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Diferença entre inexigibilidade e dispensa, segundo Destaca-se como diz Marcio Cammarosano, o prin-
Maria Sylvia Zanella Di Pietro, “a diferença básica entre cípio da moralidade não é a moral comum, mas sim a
as duas hipóteses está no fato de que, na dispensa, há moralidade juridicizada.
possibilidade de competição que justifique a licitação; de
modo que a lei faculta a dispensa, que fica inserida na Princípio da Publicidade
competência discricionária da Administração. Nos casos
de inexigibilidade, não há possibilidade de competição, Visa a tornar a futura licitação conhecida dos inte-
porque só existe um objeto ou uma pessoa que atenda ressados e dar conhecimento aos licitantes bem como à
às necessidades da Administração; a licitação é, portanto, sociedade em geral, sobre seus atos. Outra função desse
inviável”. princípio é garantir aos cidadãos o acesso à documenta-
ção referente à licitação, bem como sua participação em
audiências públicas

82
Princípio da Probidade Administrativa Tomada de preços – é a licitação realizada entre inte-
ressados previamente registrados, observada a necessá-
Atos de improbidade (são aqueles que apresentam ria habilitação, convocados com a antecedência mínima
imoralidade administrativa especialmente qualificada, prevista na lei, por aviso publicado na imprensa oficial e
por atuar de forma desonesta, corrupta, dolosa). Além de em jornal particular, contendo as informações essenciais
serem inválidos, ensejam a aplicação de sanções severas da licitação e o local onde pode ser obtido o edital. A
a seus autores. nova lei aproximou a tomada de preços da concorrência,
exigindo a publicação do aviso e permitindo o cadastra-
Princípio da Eficiência mento até o terceiro dia anterior à data do recebimento
das propostas.
Consiste no dever da Administração realizar a função Convite – é a modalidade de licitação mais simples,
administrativa com rapidez, perfeição e rendimento. destinada às contratações de pequeno valor, consistin-
Princípios da Razoabilidade e Proporcionalidade do na solicitação escrita a pelo menos três interessados
do ramo, registrados ou não, para que apresentem suas
Pela Razoabilidade, as decisões administrativas de-
propostas no prazo mínimo de cinco dias úteis. O convite
vem ser amparadas e pautadas em justificativas racionais,
não exige publicação, porque é feito diretamente aos es-
com fulcro no bom senso
colhidos pela Administração por meio de carta-convite.
A lei nova, porém, determina que cópia do instrumento
Princípio da Competitividade convocatório seja afixada em local apropriado, esten-
dendo-se automaticamente aos demais cadastrados da
Competitividade garante a livre participação a todos, mesma categoria, desde que manifestem seu interesse
porém, essa liberdade de participação é relativa, não sig- até vinte e quatro horas antes da apresentação das pro-
nificando que qualquer empresa será admitida no pro- postas;
cesso licitatório. Por exemplo, não faz sentido uma em- Concurso – é a modalidade de licitação destinada à
presa fabricante de automóveis tencionar participar de escolha de trabalho técnico ou artístico predominante-
um processo de licitação, quando o objeto do certame mente de criação intelectual. Normalmente, há atribuição
seja compra de alimentos. de prêmio aos classificados, mas a lei admite também a
É pelo Princípio da Competitividade que o edital não oferta de remuneração;
pode conter exigências descabidas, cláusulas ou condi- Leilão – é espécie de licitação utilizável na venda de
ções que restrinjam indevidamente o possível universo bens móveis e semoventes e, em casos especiais, tam-
de licitantes para aquele certame. bém de imóveis.
Pregão – é a modalidade de licitação destinada à con-
Princípio da Vinculação tratação de bens e serviços comuns, independentemente
de seu valor, estando disciplinada na Lei nº 10.520/2002.
Administração e licitantes vinculam-se ao estabeleci- Consideram-se bens e serviços comuns aqueles cujos
do no edital ou carta-convite. padrões de desempenho e qualidade possam ser obje-
tivamente definidos pelo edital, sem grande necessidade
Princípio do Julgamento Objetivo de avaliações detalhadas, visto que a relação dos bens
ou serviços comuns encontra-se disposta em anexo do
A Administração está obrigada a efetuar o julgamen- Decreto Federal nº 3.555/2000, posteriormente alterado
to das propostas com base nos critérios já definidos no pelo Decreto Federal nº 7.174/2010.
instrumento convocatório.
FIQUE ATENTO!
Princípio da Motivação
Não confundir modalidades de licitação
com tipos de licitação.
Todas as decisões administrativas devem ser sempre Por modalidade, compreendemos o proce-
justificadas por escrito no processo da licitação, motiva- dimento por meio do qual o agente público
das, ou seja, o agente responsável pela tomada da deci- selecionará a melhor proposta para a Admi-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

são deve enunciar expressamente os motivos de fato e nistração Pública.


de direito que justificam determinada decisão. Já tipo de licitação, é o que determina os
critérios para a escolha da melhor proposta.
MODALIDADES DE LICITAÇÃO

A licitação, como espécie de processo administrativo, Existem três tipos básicos de licitação:
é dividida em seis modalidades distintas: Menor preço – neste caso, o que vale é o menor pre-
Concorrência – é a modalidade de licitação própria ço. Teoricamente, esse menor preço pode chegar a zero
para contratos de grande valor, em que se admite a par- (ou até mesmo preço negativo). Muitas empresas aca-
ticipação de quaisquer interessados, cadastrados ou não, bam aceitando preços menores que o viável economi-
que satisfaçam as condições do edital, convocados com a camente porque interessa a elas outros fatores como a
antecedência mínima prevista na lei, com ampla publici- vinculação da imagem a determinado projeto ou a con-
dade pelo órgão oficial e pela imprensa particular. quista de um novo cliente;

83
Melhor técnica – em alguns casos, principalmente As propostas que estiverem de acordo com o edital
quando o trabalho é complexo, o órgão público pode serão classificadas na ordem de preferência, na escolha
basear-se nos parâmetros técnicos para determinar o conforme o tipo de licitação. Aquelas que não se apre-
vencedor; sentarem em conformidade com o instrumento convoca-
Menor preço e melhor técnica – neste caso, os dois tório serão desclassificadas. Não se pode aceitar propos-
parâmetros são importantes. Assim, no próprio edital de ta que apresente preços unitários simbólicos, irrisórios
ou de valor zero, ainda que o instrumento convocatório
licitação deve estar claro o peso que cada um dos parâ-
não tenha estabelecido limites mínimos (Art. 44, § 3º, da
metros (preço e qualidade técnica) deve ter para que se
Lei 8.666/1993).
possa fazer uma média ponderada.
FASES DO PROCESSO DE LICITAÇÃO
Enfim, ao passo que os tipos de licitação estão rela-
cionados à recepção de propostas, as modalidades estão O processo de licitação é dividido em duas fases: fase
relacionadas aos demais procedimentos administrativos interna e fase externa, as quais, por sua vez, subdividem-
adotados na gestão do processo licitatório. -se em fases específicas.

EDITAL DE LICITAÇÃO 1. Fase interna

É o instrumento pelo qual a Administração leva ao Fase preliminar da licitação que compreende os se-
conhecimento público a abertura de concorrência, de to- guintes atos: definição do objeto a ser contratado, esti-
mada de preços, de concurso e de leilão, fixa as condições mativa do custo do contrato, reserva da receita orçamen-
tária, elaboração do instrumento convocatório, exame do
de sua realização e convoca os interessados para a apre-
edital ou carta-convite pela assessoria jurídica, autoriza-
sentação de suas propostas. ção para licitar e publicação do edital.
Como lei interna, vincula a Administração e os parti- 1.1 Fase de Abertura
cipantes.
Funções do edital: Assim sendo, o procedimento de licitação é iniciado
• Dá publicidade à licitação; com a abertura de processo administrativo, devidamen-
• Identifica o objeto licitado e delimita o universo te autuado, protocolado e numerado, contendo a au-
das propostas; torização respectiva, a indicação sucinta de seu objeto
• Circunscreve o universo dos proponentes; e do recurso para a despesa, e ao qual serão juntados
• Estabelece os critérios para análise e avaliação dos oportunamente: o edital ou convite e respectivos anexos;
proponentes e das propostas; comprovante das publicações do edital ou da entrega
• Regula atos e termos processuais do procedimen- do convite; ato de designação da comissão de licitação,
to; do leiloeiro, administrativo ou oficial, ou do responsável
pelo convite; original das propostas e dos documentos
• Fixa cláusulas do futuro contrato.
que as instruem; atas, relatórios e deliberações da Comis-
são de Licitação; pareceres técnicos ou jurídicos emitidos
Quanto à sua habilitação, por vezes denominada sobre a licitação, dispensa ou inexigibilidade; atos de ad-
“qualificação”, é a fase do procedimento em que se ana- judicação do objeto da licitação e da sua homologação;
lisa a aptidão dos licitantes. recursos eventualmente apresentados pelos licitantes e
Detalhe Importante: respectivas manifestações e decisões; despacho de anu-
• Aptidão – qualificação indispensável para que a lação ou de revogação da licitação, quando for o caso,
proposta possa ser objeto de consideração. fundamentado circunstancialmente; termo de contrato
• Sem aptidão – o órgão competente não habilita. ou instrumento equivalente; outros comprovantes de
• publicações e demais documentos relativos à licitação.
Observa-se: modalidade de licitação, chamada “con-
vite”, inexiste a fase de habilitação – aqui a aptidão é 2. Fase externa
presumida; é feita a priori pelo próprio órgão licitante
2.1 Fase de Habilitação
que escolhe e convoca aqueles que julgam capacitados a
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

participar do certame, admitindo, também, eventual inte-


Após a publicação do edital, tem início a fase externa
ressado, não convidado, mas cadastrado. da licitação, que é caracterizada pela habilitação e pela
Classificação – momento em que as propostas admi- seleção do melhor licitante, dentre os habilitados. Para a
tidas são ordenadas em função das vantagens que ofe- habilitação nas licitações, será exigido dos interessados:
recem, na conformidade dos critérios de avaliação esta- documentação relativa à habilitação jurídica, qualificação
belecidos no edital. técnica, qualificação econômico-financeira, regularidade
A classificação é dividida em duas fases: fiscal e prova de que o interessado não empregue em
• Abertura de envelopes “proposta” – a abertura é trabalho noturno, perigoso ou insalubre menores de de-
feita em ato público, previamente designado, la- zoito anos, bem como não empregue em qualquer tra-
vrando-se ata circunstanciada ao final. balho menores de dezesseis anos, salvo na condição de
• Julgamento das propostas – objetivo e conforme aprendiz, a partir de quatorze anos. A inabilitação do lici-
os tipos de licitação. tante importa preclusão do seu direito de participar das
fases subsequentes do processo licitatório.

84
2.2 Fase de Classificação e Julgamento 2.4 Inversão de fases no procedimento licitatório

O julgamento das propostas será objetivo, devendo Convém ressaltar uma exceção trazida pela Lei nº
a Comissão de Licitação ou o responsável pelo convite 11.196/2005 e pela Lei nº 10.520/2002, prevendo que
realizá-lo em conformidade com os tipos de licitação e o edital de licitação estabelecerá a inversão da ordem
os critérios previamente estabelecidos no ato convoca- das fases de habilitação e julgamento nas modalidades
tório. No caso de empate entre duas ou mais propostas, de pregão e concorrência para outorga de concessões
deverá ser observado o disposto no artigo 3º, § 2º, da Lei e permissões de serviços públicos. Nesses casos, uma
de Licitações. vez encerrada a fase de classificação das propostas, será
Nota-se nesta fase que, com o advento da Lei Comple- aberto o envelope com os documentos de habilitação
mentar nº 123, de 14 de dezembro de 2006, que estabe- do licitante mais bem classificado. Uma vez constatado
leceu o Estatuto Nacional da Microempresa e da Empre- o atendimento às exigências editalícias, o licitante será
sa de Pequeno Porte, ocorreu a adoção de novas regras declarado vencedor. Por outro lado, caso o licitante me-
de licitações públicas, dando tratamento diferenciado e lhor classificado seja inabilitado, serão analisados os do-
favorecido às microempresas e empresas de pequeno cumentos do licitante classificado em segundo lugar, e
porte no âmbito dos Poderes da União, dos Estados, do assim sucessivamente.
Distrito Federal e dos Municípios, com relação à prefe-
rência nas aquisições de bens e serviços pelos Poderes
Públicos. Na prática, os direitos são: deverão apresentar
toda a documentação exigida para efeito de comprova-
ção de regularidade fiscal, mesmo que com restrições.
Porém, havendo alguma restrição, será assegurado o EXERCÍCIOS COMENTADOS
prazo de dois dias úteis, prorrogáveis por igual período,
cujo termo inicial corresponderá ao momento em que o 1. (TER-PE – 2017 – CESPE) O edital de licitação terá de
proponente for declarado o vencedor do certame, para conter, obrigatoriamente,
a regularização da documentação. Outro privilégio é o
direito de preferência nas situações de empate, ou seja, a) indicação das sanções para o caso de inadimplemento.
quando as propostas apresentadas pelas microempresas b) a descrição técnica detalhada, minuciosa e exauriente
e empresas de pequeno porte sejam iguais ou até 10% do objeto da licitação.
superiores à proposta mais bem classificada. No caso do c) a indicação de que os critérios para julgamento serão
pregão, aplica-se às propostas que não sejam superiores informados após a fase de habilitação.
a 5% da proposta com o menor valor. Dessa forma, a d) condições de pagamento que estabeleçam preferên-
microempresa ou empresa de pequeno porte mais bem cia para empresas brasileiras.
classificada poderá apresentar proposta de preço inferior e) a previsão de irrecorribilidade das decisões da comis-
àquela considerada vencedora do certame, situação em são de licitação.
que será adjudicado em seu favor o objeto licitado. Por
fim, o legislador ainda permitiu a promoção de licitação Resposta: Letra A.
pública, desde que os valores envolvidos não superem Alternativa A – Certo – Conforme art. 40, III.
R$ 80.000,00 (oitenta mil reais), restrita às microempresas Alternativa B – Errado – A descrição deve ser sucinta
e empresas de pequeno porte. e clara.
Alternativa C – Errado – Os critérios para julgamento
2.3 Fase de Homologação e Adjudicação deverão constar no edital.
Alternativa D – Errado – O edital estabelecerá condi-
Uma vez concluída a fase de classificação e julgamen- ções de pagamento para empresas brasileiras e es-
to, a autoridade superior à Comissão de Licitação, com trangeiras.
fundamento no poder-dever que lhe é atribuído, pode- Alternativa E – Errado – O edital não preverá esse tipo
rá, alternativamente: homologar os atos administrativos de previsão.
praticados, confirmando o resultado da licitação; revogar
os atos administrativos praticados ou mesmo a licitação Instrução: Na(s) questão(ões) a seguir, preencha o campo
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

toda, motivada por razões de interesse público, que de- designado com o código C, caso julgue o item CERTO; ou
corram de fato superveniente devidamente comprovado, o campo designado com o código E, caso julgue o item
pertinente e hábil para justificar tal conduta ou anular ERRADO.
os atos administrativos praticados ou mesmo a licitação
toda, motivada por ilegalidade relacionada ao processo 2. (STJ – 2018 – CESPE) Em relação aos princípios apli-
licitatório, mediante parecer escrito e devidamente fun- cáveis à administração pública, julgue o próximo item.
damentado. A indicação dos fundamentos jurídicos que determina-
Com o resultado homologado, o licitante cuja pro- ram a decisão administrativa de realizar contratação por
posta tiver sido selecionada terá o direito à adjudicação dispensa de licitação é suficiente para satisfazer o princí-
do objeto da licitação. A adjudicação consiste na atribui- pio da motivação.
ção do objeto da licitação àquele cuja proposta tenha
sido selecionada, para imediata execução do contrato. ( ) CERTO ( ) ERRADO

85
Resposta Errado. Os atos administrativos que dispen-
sem ou declarem a inexigibilidade de processo licita-
tório deverão ser motivados com indicação dos fatos HORA DE PRATICAR!
e dos fundamentos jurídicos.
1. (INSS – ENGENHEIRO CIVIL – CESPE – 2010) Com
3. (EBSERH – 2018 – CESPE) Julgue o próximo item, re- relação ao direito administrativo, julgue os itens a seguir.
Apenas a lei em sentido lato, pode ser tida como fonte
lativo às modalidades de licitação.
de direito administrativo.
Convite é a modalidade de licitação entre interessados
devidamente cadastrados ou que atenderem a todas as
condições exigidas para cadastramento até o terceiro dia (  ) CERTO  (  ) ERRADO
anterior à data do recebimento das propostas, observada
a necessária qualificação. 2. (INSS – TÉCNICO DO SEGURO SOCIAL – CESPE
– 2016) Julgue o item que se segue, acerca da adminis-
( ) CERTO ( ) ERRADO tração pública.
Na análise da moralidade administrativa, pressuposto de
Resposta Errado. O item se refere à tomada de preço validade de todo ato da administração pública, é impres-
cindível avaliar a intenção do agente.
– conforme § 2º do artigo 22 da Lei nº 8.666 – Tomada
de preços é a modalidade de licitação entre interes-
sados devidamente cadastrados ou que atenderem a (  ) CERTO  (  ) ERRADO
todas as condições exigidas para cadastramento até o
terceiro dia anterior à data do recebimento das pro-
postas, observada a necessária qualificação.
3. (INSS – TÉCNICO DE SEGURO SOCIAL – CESPE –
2016) Julgue o item que se segue, acerca da administra-
ção pública.
Em decorrência do princípio da impessoalidade, as reali-
zações administrativo-governamentais são imputadas ao
ente público e não ao agente político.

(  ) CERTO  (  ) ERRADO

4. (INSS – TÉCNICO DO SEGURO SOCIAL – CESPE


– 2016) Julgue o próximo item, a respeito dos atos ad-
ministrativos.
A auto executoriedade é atributo restrito aos atos admi-
nistrativos praticados no exercício do poder de polícia.

(  ) CERTO  (  ) ERRADO

5. (INSS – TÉCNICO DO SEGURO SOCIAL – CESPE


– 2016) Julgue o próximo item, a respeito dos atos ad-
ministrativos.
Em decorrência do princípio da autotutela, não há limites
para o poder da administração de revogar seus próprios
atos segundo critérios de conveniência e oportunidade.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

(  ) CERTO  (  ) ERRADO

6. (INSS – TÉCNICO DO SEGURO SOCIAL – CESPE


– 2016) Julgue o próximo item, a respeito dos atos ad-
ministrativos.
O ato praticado por agente não competente para fazê-lo
poderá ser convalidado discricionariamente pela autori-
dade competente para sua prática, caso em que ficará
sanado o vício de incompetência.

(  ) CERTO  (  ) ERRADO

86
7. (INSS – ANALISTA – DIREITO – FUNRIO – 2014) 11. (INSS – ENGENHEIRO CIVIL – CESPE – 2010)
João Pedro, servidor público federal ocupa o cargo de Acerca dos poderes administrativos, julgue os seguintes
confiança de Chefe de Divisão no Departamento da Vias itens.
Urbanas, autarquia vinculada à Secretaria Municipal de O poder de polícia é a atividade do Estado que consiste
Transportes. Seu superior hierárquico determina a sua em limitar o exercício dos direitos individuais em benefí-
exoneração, fundamentando-a na falta de diplomação cio do interesse público, e cujo exercício se condiciona a
de nível superior, conforme consta em publicação no Di- prévia autorização judicial.
ário Oficial de Município, nomeando Maria Alice Couves
para o cargo, sob a argumentação de que a mesma é for-
mada em Economia. João Pedro busca anular a decisão (  ) CERTO  (  ) ERRADO
que o exonerou, comprovando ser formado em Direito e
alegando estar Maria Alice Couves matriculada no cur-
so de Economia. Em face destes fatos, o Poder Judiciá-
rio vem a determinar a anulação da referida exoneração. 12. (INSS – PERITO MÉDICO PREVIDENCIÁRIO –
Com base nos fatos acima, é correto afirmar que a deci- CESPE – 2010) Acerca da organização administrativa da
são proferida:
União, julgue os itens que se seguem.
Os atos dos dirigentes das entidades paraestatais não
a) está correta em face da atribuição do Poder Judiciário se sujeitam ao mandado de segurança e à ação popu-
em poder rever qualquer decisão, mesmo que discri- lar, porque essas entidades têm personalidade de direito
cionária. privado.
b) está equivocada, por se tratar de decisão discricioná-
ria.
c) estaria correta, se não tivesse havido a nomeação de (  ) CERTO  (  ) ERRADO
Maria Alice Couves.
d) está correta em função da teoria dos motivos deter-
minantes.
e) está equivocada, uma vez que a fundamentação equi- 13. (INSS – ENGENHEIRO CIVIL – CESPE – 2010) Com
vocada não macula os atos em comento. relação ao direito administrativo, julgue os itens a seguir.
As empresas públicas são dotadas de personalidade de
direito privado, com capital exclusivamente privado, para
8. (INSS – ENGENHEIRO CIVIL – CESPE – 2010) Julgue realizar atividade de interesse da administração institui-
os itens subsequentes, relativos ao ato administrativo. dora, nos moldes da iniciativa particular, podendo assu-
Considerando que certos elementos do ato administra- mir qualquer forma e organização empresarial.
tivo são sempre vinculados, não há ato administrativo
inteiramente discricionário.
(  ) CERTO  (  ) ERRADO
(  ) CERTO  (  ) ERRADO
14. (INSS – ENGENHEIRO CIVIL – CESPE – 2010) Com
relação ao direito administrativo, julgue os itens a seguir:
9. (INSS – ENGENHEIRO CIVIL – CESPE – 2010) Julgue
os itens subsequentes, relativos ao ato administrativo. As sociedades de economia mista da União devem ser
A administração pública pode anular os próprios atos, estruturadas sob a forma de sociedade por ações.
quando eivados de vícios que os tornem ilegais, hipótese
em que a anulação produz efeitos retroativos à data em
que tais atos foram praticados. (  ) CERTO  (  ) ERRADO

(  ) CERTO  (  ) ERRADO
15. (INSS – ENGENHEIRO CIVIL – CESPE – 2010) A res-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

peito da organização administrativa da União, julgue os


10. (INSS – PERITO MÉDICO PREVIDENCIÁRIO – FCC itens seguintes:
– 2012) Quando a Administração Pública limita direitos A empresa pública exploradora de atividade econômica
ou atividades de particulares sem qualquer vínculo com sujeita-se ao regime jurídico próprio das empresas pri-
a Administração, com base na lei, está atuando como ex- vadas, inclusive quanto às obrigações trabalhistas e tri-
pressão de seu poder: butárias.

a) Hierárquico. (  ) CERTO  (  ) ERRADO


b) De polícia.
c) Normativo.
d) Regulamentar.
e) Disciplinar.

87
16. (INSS – ANALISTA – DIREITO – FUNRIO – 2014) 19. (INSS – TÉCNICO DO SEGURO SOCIAL – CESPE
No tocante à contratação direta com base na “celebra- – 2016) Julgue o seguinte item, acerca da concessão de
ção de contratos de prestação de serviços com as orga- serviço público.
nizações sociais, qualificadas no âmbito das respectivas A encampação, que consiste em rescisão unilateral da
esferas de governo, para atividades contempladas no concessão pela administração antes do prazo acordado,
contrato de gestão”, na forma da Lei nº 8.666/93, dá-se a dá ao concessionário o direito a ressarcimento de even-
seguinte modalidade de contratação: tual prejuízo por ele comprovado.

a) Dispensa de licitação. (  ) CERTO  (  ) ERRADO


b) Inexigibilidade de licitação.
c) Contrato de Direito Civil Administrativo.
20. (INSS – TÉCNICO DO SEGURO SOCIAL – FCC –
d) Nula de pleno direito
2012) Em relação à extinção do contrato de concessão é
e) Notoriedade de contratação, em face do objeto.
correto afirmar que:

17. (INSS – ANALISTA – DIREITO – FUNRIO – 2014)


a) caducidade é a resilição unilateral antes de findo o
Com relação ao prazo excepcional, isto é, além do prazo prazo de concessão, que se consubstancia na retoma-
máximo de vigência dos contratos administrativos, nos da do serviço pelo poder concedente por razões de
termos da Lei nº. 8.666/93, está correta a seguinte afir- interesse público.
mação: b) reversão é a resilição unilateral da concessão que se
consubstancia na retomada do serviço pelo poder
concedente por razões de interesse público.
a) Em função de decisão discricionária, devidamente jus- c) encampação é a extinção unilateral da concessão por
tificada e mediante autorização da autoridade supe- motivo de inadimplemento contratual, não cabendo,
rior, o prazo poderá ser prorrogado por até seis meses. portanto, indenização ao concessionário pelos preju-
b) Em caráter excepcional, devidamente justificado e me- ízos que sofrer.
diante autorização da autoridade superior, o prazo d) reversão é a rescisão unilateral da concessão por mo-
poderá ser prorrogado por até doze meses. tivo de inadimplemento contratual do concessionário,
c) É vedada a prorrogação além do prazo de sessenta cabendo indenização pela interrupção do contrato an-
meses. tes de findo seu prazo.
d) Em caráter excepcional, devidamente justificado e me- e) encampação é a retomada do serviço pelo poder con-
diante autorização da autoridade superior, o prazo cedente por razões de interesse público, durante o pra-
poderá ser prorrogado por até seis meses. zo de concessão, mediante lei autorizativa específica.
e) Em função de decisão discricionária, devidamente justi-
ficada e mediante autorização da autoridade superior, o 21. (INSS – PERITO MÉDICO PREVIDENCIÁRIO –
prazo poderá ser prorrogado por até doze meses. CESPE – 2010) Com relação aos serviços públicos, julgue
os itens a seguir.
18. (INSS – ANALISTA – TECNOLOGIA DA INFOR- Os serviços públicos propriamente ditos são aqueles em
MAÇÃO – FUNRIO – 2014) Quantos dos requisitos da que a administração pública, reconhecendo sua conveni-
licitação deserta, na forma da Lei nº. 8.666/93, são ne- ência para os membros da coletividade, presta-os direta-
cessários? mente ou permite que sejam prestados por terceiros, nas
condições regulamentadas e sob seu controle.
I. Licitação anteriormente realizada;
II. Ausência de interessados;
(  ) CERTO  (  ) ERRADO
III. Risco de prejuízos para Administração, se o processo
licitatório vier a ser repetido;
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

IV. Manutenção das condições ofertadas no ato convo-


catório anterior. 22. (INSS – PERITO MÉDICO PREVIDENCIÁRIO –
CESPE – 2010) Com relação aos serviços públicos, julgue
os itens a seguir.
a) Os quatro. A delegação do serviço público pode ser feita sob as mo-
b) Apenas os dois primeiros. dalidades de concessão, permissão e autorização.
c) Apenas o segundo e o quarto.
d) Nenhum dos quatro.
e) Apenas os dois últimos. (  ) CERTO  (  ) ERRADO

23. (INSS – PERITO MÉDICO PREVIDENCIÁRIO –

88
CESPE – 2010) Com relação aos serviços públicos, julgue
os itens a seguir.
O serviço público, ao ser concedido ao particular, que o GABARITO
executa por sua conta e risco, remunerando-se por tari-
fas, passa a caracterizar-se como sendo privado. 1 Errado
2 Errado
(  ) CERTO  (  ) ERRADO 3 Certo
4 Errado
24. (INSS – ANALISTA – DIREITO – FUNRIO – 2014) 5 Errado
Considerando o término de um convênio, a ausência de 6 Certo
prestação de contas, por parte de quem tem a obrigação
para tanto, pode caracterizar: 7 D
8 Certo
9 Certo
a) improbidade administrativa que causa lesão ao erário
por qualquer ação ou omissão, dolosa ou culposa, que 10 B
enseje perda patrimonial, desvio, apropriação, malba- 11 Errado
ratamento ou dilapidação dos bens.
12 Errado
b) improbidade administrativa, importando enriqueci-
mento ilícito por auferir qualquer tipo de vantagem 13 Errado
patrimonial indevida em razão do exercício de cargo, 14 Certo
mandato, função, emprego.
c) um ato que não tem relevância no Direito Adminis- 15 Certo
trativo. 16 A
d) improbidade administrativa que atenta contra os prin- 17 B
cípios da administração pública por qualquer ação ou
omissão que viole os deveres de honestidade, impar- 18 A
cialidade, legalidade, e lealdade às instituições. 19 Certo
e) um ato que não tem enquadramento Legal e que, 20 E
portanto, constitui uma falta de caráter meramente
discricionário, incapaz de gerar efeitos ou obrigações, 21 Errado
devendo, entretanto, ser anotado nos registros da Ad- 22 Certo
ministração, para futuros convênios a serem firmados.
23 Errado
24 D
25. (INSS – ANALISTA – TECNOLOGIA DA INFOR- 25 C
MAÇÃO – FUNRIO – 2014) É ato de improbidade ad-
ministrativa que causa lesão ao erário qualquer ação ou
omissão, dolosa ou culposa, que enseje perda patrimo-
nial, desvio, apropriação, malbaratamento ou dilapidação
dos bens ou haveres das entidades mencionadas pela Lei
nº. 8.429/92.
Assinale a alternativa que se relaciona coerentemente
com o texto acima.

a) retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de


NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

ofício;
b) revelar fato ou circunstância de que tem ciência em
razão das atribuições e que deva permanecer em se-
gredo;
c) agir negligentemente na arrecadação de tributo ou
renda, bem como no que diz respeito à conservação
do patrimônio público;
d) revelar ou permitir que chegue ao conhecimento de
terceiro, antes da respectiva divulgação oficial, teor de
medida política ou econômica capaz de afetar o preço
de mercadoria, bem ou serviço;
e) frustrar a licitude de concurso público.

89
ANOTAÇÕES

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

90
ÍNDICE

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

5.194/66..................................................................................................................................................................................................................................... 01
6.496/77..................................................................................................................................................................................................................................... 03
6.619/78..................................................................................................................................................................................................................................... 04
6.839/80..................................................................................................................................................................................................................................... 04
8.078/90..................................................................................................................................................................................................................................... 04
8.195/91..................................................................................................................................................................................................................................... 10
8.429/92..................................................................................................................................................................................................................................... 10
12.527/11................................................................................................................................................................................................................................... 13
9.873/99; 9.784/99................................................................................................................................................................................................................. 15
4.950-A/66................................................................................................................................................................................................................................ 19
6.664/79..................................................................................................................................................................................................................................... 19
7.410/85..................................................................................................................................................................................................................................... 20
6.835/80..................................................................................................................................................................................................................................... 21
5.524/68..................................................................................................................................................................................................................................... 21
10.257/01................................................................................................................................................................................................................................... 21
4.076/62..................................................................................................................................................................................................................................... 24
DECRETOS E SUAS ALTERAÇÕES POSTERIORES: Decreto 90.922/85; 4.560/02............................................................................................. 24
23.196/33.................................................................................................................................................................................................................................. 26
23.569/33................................................................................................................................................................................................................................... 27
218/73......................................................................................................................................................................................................................................... 28
336/89......................................................................................................................................................................................................................................... 31
359/91......................................................................................................................................................................................................................................... 33
413/97......................................................................................................................................................................................................................................... 34
417/98......................................................................................................................................................................................................................................... 35
1.002/02..................................................................................................................................................................................................................................... 37
1.004/03..................................................................................................................................................................................................................................... 38
1.008/04..................................................................................................................................................................................................................................... 44
1.025/09..................................................................................................................................................................................................................................... 49
1.090/17..................................................................................................................................................................................................................................... 58
1.092/17..................................................................................................................................................................................................................................... 58
1.047/13..................................................................................................................................................................................................................................... 59
1.048/13..................................................................................................................................................................................................................................... 59
1.050/13..................................................................................................................................................................................................................................... 61
REGIMENTO INTERNO DO CREA-MG - NORMAS REGULATÓRIAS BRASILEIRAS: NR-09; NR-10; NR-13; NR-18; NR-35............ 70
LEIS FEDERAIS E SUAS ALTERAÇÕES a) desempenho de cargos, funções e comissões em en-
tidades estatais, paraestatais, autárquicas, de econo-
mia mista e privada;
O ramo de direito agrário, apesar de ser pouco b) planejamento ou projeto, em geral, de regiões, zo-
estudado em cursos de graduação de direito, é um ramo nas, cidades, obras, estruturas, transportes, explora-
jurídico que apresenta um contorno especial, possuindo ções de recursos naturais e desenvolvimento da pro-
princípios e regras bastante únicos. Os profissionais que dução industrial e agropecuária;
trabalham com o esse ramo do Direito devem ter em c) estudos, projetos, análises, avaliações, vistorias, pe-
mente alguns dispositivos apresentados em uma legis- rícias, pareceres e divulgação técnica;
lação mais específica. Dessa forma, procuramos desta-
d) ensino, pesquisas, experimentação e ensaios;
car alguns pontos principais de cada espécie legislativa,
e) fiscalização de obras e serviços técnicos;
de modo que não se torne algo muito denso. Porém, é
f) direção de obras e serviços técnicos;
sempre recomendado uma leitura de todas as leis apre-
g) execução de obras e serviços técnicos;
sentadas, na íntegra. Iniciaremos essa análise com as Leis
Federais. h) produção técnica especializada, industrial ou agro-
pecuária.
Parágrafo único. Os engenheiros, arquitetos e enge-
LEI FEDERAL Nº 5.194/1966 nheiros-agrônomos poderão exercer qualquer outra
atividade que, por sua natureza, se inclua no âmbito
de suas profissões.
Art. 8º As atividades e atribuições enunciadas nas alí-
A Lei Federal nº 5.194, de 24 de dezembro de 1966, é neas a, b, c, d, e e f do artigo anterior são da compe-
a lei que regula o exercício das profissões de Engenheiro, tência de pessoas físicas, para tanto legalmente habi-
Arquiteto e Engenheiro-Agrônomo.
litadas.
Parágrafo único. As pessoas jurídicas e organizações
Art. 1º As profissões de engenheiro, arquiteto e en- estatais só poderão exercer as atividades discrimina-
genheiro-agrônomo são caracterizadas pelas realiza- das nos art. 7º, com exceção das contidas na alínea
ções de interesse social e humano que importem na “ a “, com a participação efetiva e autoria declarada
realização dos seguintes empreendimentos: de profissional legalmente habilitado e registrado pelo
a) aproveitamento e utilização de recursos naturais; Conselho Regional, assegurados os direitos que esta
b) meios de locomoção e comunicações; lei lhe confere.
c) edificações, serviços e equipamentos urbanos, rurais Art. 9º As atividades enunciadas nas alíneas g e h
e regionais, nos seus aspectos técnicos e artísticos;
do art. 7º, observados os preceitos desta lei, poderão
d) instalações e meios de acesso a costas, cursos e
massas de água e extensões terrestres; ser exercidas, indistintamente, por profissionais ou por
e) desenvolvimento industrial e agropecuário. pessoas jurídicas.
Art. 2º O exercício, no País, da profissão de engenhei- (...)
ro, arquiteto ou engenheiro-agrônomo, observadas as Art. 26. O Conselho Federal de Engenharia, Arquitetu-
condições de capacidade e demais exigências legais, é ra e Agronomia, (CONFEA), é a instância superior da
assegurado: fiscalização do exercício profissional da engenharia,
a) aos que possuam, devidamente registrado, diploma da arquitetura e da agronomia.
de faculdade ou escola superior de engenharia, arqui- Art. 27. São atribuições do Conselho Federal:
tetura ou agronomia, oficiais ou reconhecidas, exis- a) organizar o seu regimento interno e estabelecer
tentes no País;
normas gerais para os regimentos dos Conselhos Re-
b) aos que possuam, devidamente revalidado e regis-
trado no País, diploma de faculdade ou escola estran- gionais;
geira de ensino superior de engenharia, arquitetura ou b) homologar os regimentos internos organizados pe-
agronomia, bem como os que tenham esse exercício los Conselhos Regionais;
amparado por convênios internacionais de intercâm- c) examinar e decidir em última instância os assuntos
bio; relativos no exercício das profissões de engenharia, ar-
c) aos estrangeiros contratados que, a critério dos Con- quitetura e agronomia, podendo anular qualquer ato
selhos Federal e Regionais de Engenharia, Arquitetura que não estiver de acordo com a presente lei;
e Agronomia, considerados a escassez de profissionais d) tomar conhecimento e dirimir quaisquer dúvidas
de determinada especialidade e o interesse nacional,
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

suscitadas nos Conselhos Regionais;


tenham seus títulos registrados temporariamente.
e) julgar em última instância os recursos sobre regis-
Parágrafo único. O exercício das atividades de enge-
nheiro, arquiteto e engenheiro-agrônomo é garantido, tros, decisões e penalidades impostas pelos Conselhos
obedecidos os limites das respectivas licenças e exclu- Regionais;
ídas as expedidas, a título precário, até a publicação f) baixar e fazer publicar as resoluções previstas para
desta Lei, aos que, nesta data, estejam registrados nos regulamentação e execução da presente lei, e, ouvidos
Conselhos Regionais. os Conselhos Regionais, resolver os casos omissos;
(...) g) relacionar os cargos e funções dos serviços estatais,
Art. 7º As atividades e atribuições profissionais do paraestatais, autárquicos e de economia mista, para
engenheiro, do arquiteto e do engenheiro-agrônomo cujo exercício seja necessário o título de engenheiro,
consistem em: arquiteto ou engenheiro-agrônomo;

1
h) incorporar ao seu balancete de receita e despesa os d) julgar e decidir, em grau de recurso, os processos de
dos Conselhos Regionais; infração da presente lei e do Código de Ética, enviados
i) enviar aos Conselhos Regionais cópia do expediente pelas Câmaras Especializadas;
encaminhado ao Tribunal de Contas, até 30 (trinta) e) julgar em grau de recurso, os processos de imposi-
dias após a remessa; ção de penalidades e multas;
j) publicar anualmente a relação de títulos, cursos e f) organizar o sistema de fiscalização do exercício das
escolas de ensino superior, assim como, periodicamen- profissões reguladas pela presente lei;
te, relação de profissionais habilitados; g) publicar relatórios de seus trabalhos e relações dos
k) fixar, ouvido o respectivo Conselho Regional, as profissionais e firmas registrados;
condições para que as entidades de classe da região h) examinar os requerimentos e processos de registro
tenham nele direito a representação; em geral, expedindo as carteiras profissionais ou do-
l) promover, pelo menos uma vez por ano, as reuniões cumentos de registro;
de representantes dos Conselhos Federal e Regionais i) sugerir ao Conselho Federal médias necessárias à
previstas no art. 53 desta lei;
regularidade dos serviços e à fiscalização do exercício
m) examinar e aprovar a proporção das representa-
das profissões reguladas nesta lei;
ções dos grupos profissionais nos Conselhos Regionais;
j) agir, com a colaboração das sociedades de classe e
n) julgar, em grau de recurso, as infrações do Códi-
go de Ética Profissional do engenheiro, arquiteto e das escolas ou faculdades de engenharia, arquitetura
engenheiro-agrônomo, elaborado pelas entidades de e agronomia, nos assuntos relacionados com a pre-
classe; sente lei;
o) aprovar ou não as propostas de criação de novos k) cumprir e fazer cumprir a presente lei, as resoluções
Conselhos Regionais; baixadas pelo Conselho Federal, bem como expedir
p) fixar e alterar as anuidades, emolumentos e taxas a atos que para isso julguem necessários;
pagar pelos profissionais e pessoas jurídicas referidos l) criar inspetorias e nomear inspetores especiais para
no art. 63. maior eficiência da fiscalização;
q) autorizar o presidente a adquirir, onerar ou, me- m) deliberar sobre assuntos de interesse geral e ad-
diante licitação, alienar bens imóveis. ministrativo e sobre os casos comuns a duas ou mais
Parágrafo único. Nas questões relativas a atribuições especializações profissionais;
profissionais, decisão do Conselho Federal só será to- n) julgar, decidir ou dirimir as questões da atribuição
mada com mínimo de 12 (doze) votos favoráveis. ou competência, das Câmaras Especializadas referidas
Art. 29. O Conselho Federal será constituído por 18 no artigo 45, quando não possuir o Conselho Regional
(dezoito) membros, brasileiros, diplomados em En- número suficiente de profissionais do mesmo grupo
genharia, Arquitetura ou Agronomia, habilitados de para constituir a respectiva Câmara, como estabelece
acordo com esta lei, obedecida a seguinte composição: o artigo 48;
a) 15 (quinze) representantes de grupos profissionais, o) organizar, disciplinar e manter atualizado o registro
sendo 9 (nove) engenheiros representantes de moda- dos profissionais e pessoas jurídicas que, nos termos
lidades de engenharia estabelecida em termos ge- desta lei, se inscrevam para exercer atividades de en-
néricos pelo Conselho Federal, no mínimo de 3 (três) genharia, arquitetura ou agronomia, na Região;
modalidades, de maneira a corresponderem às forma- p) organizar e manter atualizado o registro das enti-
ções técnicas constantes dos registros nele existentes; dades de classe referidas no artigo 62 e das escolas e
3 (três) arquitetos e 3 (três) engenheiros-agrônomos; faculdades que, de acordo com esta lei, devam partici-
b) 1 (um) representante das escolas de engenharia, 1
par da eleição de representantes destinada a compor
(um) representante das escolas de arquitetura e 1 (um)
o Conselho Regional e o Conselho Federal;
representante das escolas de agronomia.
q) organizar, regulamentar e manter o registro de pro-
§ 1º Cada membro do Conselho Federal terá 1 (um)
suplente. jetos e planos a que se refere o artigo 23;
§ 2º O presidente do Conselho Federal será eleito, por r) registrar as tabelas básicas de honorários profissio-
maioria absoluta, dentre os seus membros. nais elaboradas pelos órgãos de classe.
§ 3º A vaga do representante nomeado presidente do s) autorizar o presidente a adquirir, onerar ou, me-
Conselho será preenchida por seu suplente. diante licitação, alienar bens imóveis.
(...) (...)
Art. 33. Os Conselhos Regionais de Engenharia, Arqui- Art. . 37. Os Conselhos Regionais serão constituídos de
brasileiros diplomados em curso superior, legalmente
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

tetura e Agronomia (CREA) são órgãos de fiscalização


do exercício das profissões de engenharia, arquitetura habilitados de acordo com a presente lei, obedecida a
e agronomia, em suas regiões. seguinte composição:
Art. 34. São atribuições dos Conselhos Regionais: a) um presidente, eleito por maioria absoluta pelos
a) elaborar e alterar seu regimento interno, submeten- membros do Conselho, com mandato de 3 (três) anos;
do-o à homologação do Conselho Federal. b) um representante de cada escola ou faculdade de
b) criar as Câmaras Especializadas atendendo às con- engenharia, arquitetura e agronomia com sede na Re-
dições de maior eficiência da fiscalização estabelecida gião;
na presente lei; c) representantes diretos das entidades de classe de
c) examinar reclamações e representações acerca de engenheiro, arquiteto e engenheiro-agrônomo, regis-
registros; tradas na Região de conformidade com o artigo 62.

2
Parágrafo único. Cada membro do Conselho terá um
suplente.
LEI FEDERAL Nº 6.496/1977
(...)
Art. 56. Aos profissionais registrados de acordo com
esta lei será fornecida carteira profissional, conforme
modelo, adotado pelo Conselho Federal, contendo o A Lei Federal nº 6.496, de 7 de dezembro de 1977,
número do registro, a natureza do título, especializa- institui a “ Anotação de Responsabilidade Técnica “ na
ções e todos os elementos necessários à sua identifi- prestação de serviços de engenharia, de arquitetura e
cação. agronomia; autoriza a criação, pelo Conselho Federal de
§ 1º A expedição da carteira a que se refere o presente Engenharia, Arquitetura e Agronomia - CONFEA, de uma
artigo fica sujeita à taxa que for arbitrada pelo Con- Mútua de Assistência Profissional.
selho Federal.
§ 2º A carteira profissional, para os efeitos desta lei, Art. 1º - Todo contrato, escrito ou verbal, para a exe-
substituirá o diploma, valerá como documento de cução de obras ou prestação de quaisquer serviços
identidade e terá fé pública. profissionais referentes à Engenharia, à Arquitetura e
§ 3º Para emissão da carteira profissional os Conse- à Agronomia fica sujeito à “Anotação de Responsabili-
lhos Regionais deverão exigir do interessado a prova dade Técnica” (ART).
de habilitação profissional e de identidade, bem como Art. 2º - A ART define para os efeitos legais os respon-
outros elementos julgados convenientes, de acordo sáveis técnicos pelo empreendimento de engenharia,
arquitetura e agronomia.
com instruções baixadas pelo Conselho Federal.
§ 1º - A ART será efetuada pelo profissional ou pela
(...)
empresa no Conselho Regional de Engenharia, Arqui-
Art. 71. As penalidades aplicáveis por infração da pre-
tetura e Agronomia (CREA), de acordo com Resolução
sente lei são as seguintes, de acordo com a gravidade própria do Conselho Federal de Engenharia, Arquitetu-
da falta: ra e Agronomia (CONFEA).
a) advertência reservada; § 2º - O CONFEA fixará os critérios e os valores das
b) censura pública; taxas da ART ad referendum do Ministro do Trabalho.
c) multa; Art. 3º - A falta da ART sujeitará o profissional ou a
d) suspensão temporária do exercício profissional; empresa à multa prevista na alínea “a” do art. 73 da
e) cancelamento definitivo do registro. Lei nº 5.194, de 24 de dezembro de 1966, e demais
Parágrafo único. As penalidades para cada grupo cominações legais.
profissional serão impostas pelas respectivas Câma- Art. 4º - O CONFEA fica autorizado a criar, nas condi-
ras Especializadas ou, na falta destas, pelos Conselhos ções estabelecidas nesta Lei, uma Mútua de Assistência
Regionais. dos Profissionais da Engenharia, Arquitetura e Agrono-
Art. 72. As penas de advertência reservada e de censu- mia, sob sua fiscalização, registrados nos CREAs.
ra pública são aplicáveis aos profissionais que deixa- § 1º - A Mútua, vinculada diretamente ao CONFEA,
rem de cumprir disposições do Código de Ética, tendo terá personalidade jurídica e patrimônio próprios, sede
em vista a gravidade da falta e os casos de reincidên- em Brasília e representações junto aos CREAs.
cia, a critério das respectivas Câmaras Especializas. § 2º - O Regimento da Mútua será submetido à apro-
Art. 73 - As multas são estipuladas em função do vação do Ministro do Trabalho, pelo CONFEA.
maior valor de referência fixado pelo Poder Executivo (...)
e terão os seguintes valores, desprezadas as frações de Art 12 - A Mútua, na forma do Regimento, e de acordo
um cruzeiro: com suas disponibilidades, assegurará os seguintes be-
a) de um a três décimos do valor de referência, aos nefícios e prestações:
infratores dos arts. 17 e 58 e das disposições para as I - auxílios pecuniários, temporários e reembolsáveis,
quais não haja indicação expressa de penalidade; aos associados comprovadamente necessitados, por
b) de três a seis décimos do valor de referência, às pes- falta eventual de trabalho ou invalidez ocasional;
II - pecúlio aos cônjuges supérstites e filhos menores
soas físicas, por infração da alínea b do art. 6º, dos
dos associados;
arts. 13, 14 e 55 ou do parágrafo único do art. 64;
III - bolsas de estudo aos filhos de associados carentes
c) de meio a um valor de referência, às pessoas jurídi- de recursos ou a candidatos a escolas de Engenharia,
cas, por infração dos arts. 13, 14, 59 e 60, e parágrafo de Arquitetura ou de Agronomia, nas mesmas condi-
único do art. 64;
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

ções de carência;
d) de meio a um valor de referência, às pessoas físicas, IV - assistência médica, hospitalar e dentária, aos as-
por infração das alíneas a, c e d do art. 6º; sociados e seus dependentes, sem caráter obrigatório,
e) de meio a três valores de referência, às pessoas ju- desde que reembolsável, ainda que parcialmente;
rídicas, por infração do art. 6º. V - facilidades na aquisição, por parte dos inscritos, de
(...) equipamentos e livros úteis ou necessários ao desem-
Art. 75. O cancelamento do registro será efetuado penho de suas atividades profissionais;
por má conduta pública e escândalos praticados pelo VI - auxílio funeral.
profissional ou sua condenação definitiva por crime § 1º - A Mútua poderá financiar, exclusivamente para
considerado infamante. seus associados, planos de férias no país e/ou de segu-
ros de vida, acidentes ou outros, mediante contratação.

3
§ 2º - Visando à satisfação do mercado de trabalho e à
racionalização dos benefícios contidos no item I deste LEI Nº 6.839/1990
artigo, a Mútua poderá manter serviços de colocação
de mão-de-obra de profissionais, seus associados.
§ 3º - O valor pecuniário das prestações assistenciais
variará até o limite máximo constante da tabela a ser
aprovada pelo CONFEA, nunca superior à do Instituto A Lei nº 6.839, de 30 de outubro de 1980, é a lei
Nacional de Previdência Social (INPS). que dispõe sobre o registro de empresas nas entidades
§ 4º - O auxílio mensal será concedido, em dinheiro, fiscalizadoras do exercício de profissões. O artigo 1º, o
por períodos não superiores a 12 (doze) meses, desde único relevante dentre os três, dispõe que “O registro de
que comprovada a evidente necessidade para a sobre- empresas e a anotação dos profissionais legalmente ha-
vivência do associado ou de sua família. bilitados, delas encarregados, serão obrigatórios nas en-
§ 5º - As bolsas serão sempre reembolsáveis ao fim do tidades competentes para a fiscalização do exercício das
curso, com juros e correção monetária, fixados pelo diversas profissões, em razão da atividade básica ou em
CONFEA. relação àquela pela qual prestem serviços a terceiros”.
(...)
Art 13 - Ao CONFEA incumbirá, na forma do Regi-
mento:
I - a supervisão do funcionamento da Mútua; LEI Nº 8.078/1990
II - a fiscalização e aprovação do Balanço, Balancete,
Orçamento e da prestação de contas da Diretoria Exe-
cutiva da Mútua;
Ill - a elaboração e aprovação do Regimento da Mú- O Código de Defesa do Consumidor CDC (Lei nº
tua; 8.078/1990) é o instrumento normativo que regulamen-
IV - a indicação de 3 (três) membros da Diretoria Exe- tam as relações de consumo no Brasil. O estudo desse
cutiva;
ramo jurídico é bastante denso, mas apenas alguns as-
V - a fixação da remuneração do pessoal empregado
pectos mais simples e básicos desse ramo costumam
peIa Mútua;
VI - a indicação do Diretor-Presidente da Mútua; aparecer em questões de concurso público. Por isso, da-
VII - a fixação, no Regimento, da contribuição prevista remos maior destaque para esses aspectos iniciais. Lem-
no item II do art. 11; brando que uma leitura do CDC na sua íntegra é sempre
VIII - a solução dos casos omissos ou das divergências recomendado.
na aplicação desta Lei. Tratemos, primeiramente, do que vem a ser uma rela-
Art 14 - Aos CREAs, e na forma do que for estabelecido ção de consumo.
no Regimento, incumbirá:
I - recolher à Tesouraria da Mútua, mensalmente, a 1. Relação de consumo: consumidor, fornecedor,
arrecadação da taxa e contribuição previstas nos itens diferenciação entre produtos e serviços
I e II do art. 11 da presente Lei;
Il - indicar os dois membros da Diretoria Executiva, na Direitos do consumidor é o conjunto de normas e re-
forma a ser fixada pelo Regimento.
gras que regulamentam as relações de consumo entre
(...)
particulares. Não se pode compreender toda a extensão
Art 16 - No caso de dissolução da Mútua, seus bens,
valores e obrigações serão assimilados pelo CONFEA, do ramo jurídico de direitos do consumidor sem, antes,
ressalvados os direitos dos associados. estabelecer alguns conceitos básicos característicos da
Parágrafo único - O CONFEA e os CREAs responderão, relação de consumo. De início, pode-se afirmar que, para
solidariamente, pelo déficit ou dívida da Mútua, na hi- se configurar uma relação de consumo (na acepção jurí-
pótese de sua insolvência. dica), é necessário a presença de três elementos: consu-
midor, fornecedor, e produto
O consumidor é o primeiro elemento da relação de
LEI Nº 6.619/1978 consumo. Sua definição encontra-se disposto no artigo
2º do CDC (Lei 8.078/1990). Consumidor, assim, é toda
pessoa física ou jurídica que adquire produto ou utiliza
serviço como destinatário final. A expressão “destinatário
A Lei nº 6.619, de 16 de dezembro de 1978, não é final” é a que designa aquela pessoa que adquire bens e
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

uma lei de matéria específica, pois ela apenas promove serviços para consumo próprio, ou de sua família. Nes-
alterações referentes à Lei nº 5.194/1966. te sentido, está excluída a pessoa que adquire produto
Tais alterações são, de modo geral: a) a possibilida-
como insumo para implementar em seu ramo de traba-
de do presidente do Conselho Federal e dos Conselhos
lho.
Regionais de Engenharia, Arquitetura e Agronomia, de
adquirir, onerar ou, mediante licitação, alienar bens imó- Mas o CDC também prevê outra forma de consumi-
veis; b) as regras de constituição de renda dos Conselho dor, mais abrangente. É o consumidor por equiparação.
Federal e dos Conselhos Regionais (arts. 28 e 35, Lei nº Segundo o parágrafo único do referido artigo 2º, equi-
5.194/1966); c) atribuição de valores atualizados das mul- para-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda
tas, como espécie sancionatória, previsto no artigo 73 da que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de
referida Lei. consumo.

4
O fornecedor é o segundo elemento da relação de 2. Princípios e Direitos Básicos dos Consumidores
consumo. Conforme dispõe o artigo 3º do Código do
Consumidor, fornecedor é toda pessoa física ou jurídi- As relações de consumo são bastante especiais, uma
ca, nacional ou estrangeira, pública ou privada, ou até vez que estamos lidando com dois lados que não se en-
mesmo os entes despersonalizados, que colocam produ- contram em pé de igualdade. Enquanto o fornecedor
to ou serviço no mercado de consumo com habitualida- possui todos os meios de produção e recursos neces-
de. Deste conceito, destaca-se dois aspectos relevantes: sários para vender seus produtos/serviços, de modo a
primeiro, o rol de pessoas consideradas fornecedores almejar altos lucros, o consumidor encontra-se em si-
é bastante amplo e geral, pois a ideia é justamente en- tuação desvantajosa, uma vez que apenas possui uma
quadrar o número máximo de pessoas possíveis como quantia econômica suficiente para adquirir alguns dos
fornecedores, para caracterizar uma relação de consu- produtos/serviços ofertados pelo fornecedor.
mo. Observe que até mesmo entidades com natureza de Diante desse cenário, torna-se importante explicitar
direito público podem ser consideradas fornecedores. sobre os Princípios do Direito do Consumidor que serão
Outro aspecto relevante é a questão da “habitualidade”: apresentados a seguir.
Fornecer produto ou serviço deve ser uma atividade ha-
bitual e comum da pessoa. Assim, quem vende de forma A) Princípio da Vulnerabilidade: Previsto no artigo
eventual, sem a frequência característica, não pode ser 4º, inciso I da Lei 8.0078/1990, esse princípio reco-
considerado fornecedor. nhece a fragilidade do agente mais fraco nas rela-
O terceiro elemento que caracteriza uma relação de ções de consumo. Há um reflexo direto no campo
consumo é o produto ou serviço. Segundo o § 1º do de aplicação do CDC, determinando quais relações
artigo 3º do Código do Consumidor, produto é todo contratuais estarão sob a égide desta lei e de seu
bem móvel ou imóvel, material ou imaterial, novo ou sistema de combate ao abuso. Importante ressaltar
usado, fungível ou infungível, colocado no mercado de que não se confunde vulnerabilidade com hipos-
consumo. Para ser considerado produto, deve ser um suficiência. Esta é uma marca pessoal, limitada a
bem que esteja dentro do comércio, isso é, que possui
alguns, até mesmo a uma coletividade, mas nun-
valor econômico e possa ser alienado e adquirido com
ca a todos os consumidores. A vulnerabilidade, de
dinheiro.
modo geral, abrange todos os consumidores.
O serviço está disposto no § 2º do referido artigo 3º
B) Princípio da Intervenção estatal: Este princípio
do CDC. É qualquer atividade fornecida no mercado de
está previsto nos artigos 5º, XXXII, e 170, ambos da
consumo, mediante remuneração, inclusive as de nature-
Constituição Federal. Conforme preconiza o dis-
za bancária, financeira, de crédito ou securitária, salvo as
positivo constitucional, o Estado deve promover a
decorrentes das relações de caráter trabalhista. Quando
o CDC trata da remuneração, não quer especificamente defesa do consumidor. Nesse mesmo sentido tam-
dizer a remuneração direta, isso é, o pagamento direto bém temos o artigo 4º, II, CDC. Baseando-se nes-
efetuado pelo consumidor ao fornecedor, mas também a se princípio, o Estado tem obrigação de atuar nas
remuneração indireta, aquele benefício comercial indire- relações de consumo com a finalidade de proteger
to fruto da prestação de serviços ou do fornecimento de a parte mais fraca, o consumidor. Isto se dá por
produtos aparentemente gratuitos. meio legislativo e administrativo. O objetivo maior
é garantir o respeito aos interesses consumeristas.
A participação do Estado é imprescindível para que
#FicaDica haja o equilíbrio de condições entre o fornecedor
e o consumidor. Para tanto, deve atuar em dois
Cuidado com os serviços públicos, isso é,
momentos distintos, inicialmente na elaboração
aqueles fornecidos pelo Estado, ou por ou-
trem, mediante concessão ou permissão. de normas que atendam ao interesse da coletivi-
Nem todos os serviços públicos são regula- dade e, a posteriori na entrega da efetiva prestação
mentados pelo CDC. Aos serviços públicos jurisdicional. A necessidade da intervenção gover-
nos quais a contratação se der por meio de namental se dá em virtude de o consumidor ser,
tarifa, taxa ou preço público, como pedá- reconhecidamente, a parte mais fraca da relação
gio, energia elétrica, ônibus, são cabíveis jurídica de consumo.
as regras de proteção do consumidor. Po- C) Princípio Do Equilíbrio: Este princípio foi o prin-
rém, aos serviços fornecidos por meio do cipal fundamento para a criação do Código de De-
pagamento de impostos, não se configura fesa do Consumidor. Tem como objetivo a busca
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

relação de consumo. Logo, não se aplica o da igualdade substancial, uma vez que diante ao
CDC. fornecedor, o consumidor é muito mais vulnerável.
Com isso, a busca por uma igualdade material e
concreta deve sempre nortear o legislador e o ma-
Com isso, podemos definir a relação de consumo gistrado no momento de interpretação e aplicação
como a relação jurídica em que temos, de um lado, uma das normas consumeristas.
pessoa que oferece produtos e serviços com habitualida- D) Princípio da Publicidade: trata-se de princípio
de, e do outro, temos uma pessoa que, de alguma forma, que rege a informação ou mensagem publicitá-
adquire esses produtos e serviços como o seu destina- ria, evitando quaisquer danos ao consumidor dos
tário final. produtos ou serviços anunciados, tais como: liber-

5
dade, da legalidade, da transparência, da boa-fé, dever de informar os possíveis riscos que o pro-
da identificabilidade, da vinculação contratual, da duto ou serviço oferece à vida, saúde, segurança
obrigatoriedade da informação, da veracidade, da e patrimônio do consumidor. O fornecedor de tais
responsabilidade objetiva, da inversão do ônus da produtos e serviços deverá informar de forma clara
prova na publicidade e o da correção do desvio ao consumidor dos riscos que podem causar à sua
publicitário. saúde e à sua vida. Deve essa informação ser reali-
E) Princípio do Dever Governamental: previsto no zada por meio de anúncios publicitários nos meios
artigo 4º, inciso II, VI e VII do CDC vem orientar a de comunicação (imprensa, rádio e televisão), com
proteção efetiva do consumidor, seja por iniciativa o propósito de evitar danos à vida humana.
direta, envolvendo incentivo à criação e desenvol- II) Direito à educação e divulgação: o consumi-
vimento de associações, presença do Estado no dor deve saber o consumo adequado e correto
mercado de consumo ou garantia dos produtos dos produtos e serviços colocados à disposição
no mercado de consumo, asseguradas a liber-
e serviços com padrões adequados de qualidade,
dade de escolha e a igualdade nas contratações.
segurança, durabilidade e desempenho (que por
Assim, dada as devidas instruções, ele pode optar
sinal fazer parte dos direitos básicos do consumi-
pelo produto ou serviço existente no mercado que
dor). Assim, tal princípio fundamenta a criação de atenda a sua necessidade.
entidades como o PROCON, com a tarefa de fisca- III) Direito à informação correta sobre produtos e
lizar as relações de consumo no plano concreto. serviços: os produtos e serviços ofertados devem
F) Princípio do Acesso à Justiça: previsto no art. 6º, ter uma especificação correta de quantidade, ca-
incisos VII e VIII do CDC. Garante que todos têm racterísticas, composição, qualidade e preço, bem
direito do acesso à justiça para invocar perante como sobre os riscos que apresentem. A informa-
o Estado um direito. Assim, o legislador buscou ção deve ser adequada e clara, não deixando dúvi-
fornecer meios para facilitar ainda mais o acesso das acerca do que é oferecido. Importante desta-
de todo e qualquer cidadão à tutela jurisdicional, car que a informação se limita aos compostos e se
como uma forma de defesa de seus direitos, a fim apresentam alguma contra indicação, não incluin-
de reequilibrar ou reduzir a distância entre o con- do o segredo industrial, que é direito do produtor.
sumidor e o fornecedor. IV) Direito à proteção contra as propagandas en-
G) Princípio da Informação: está implícito no art. ganosas e abusivas: é assegurado ao consumidor,
4º, IV, CDC, que responsabiliza pelo esclarecimen- também, proteção contra qualquer tipo de méto-
to dos direitos e deveres dos consumidores e for- do comercial coercitivo ou desleal, bem como con-
necedores, com vistas a harmonizar a relação de tra as práticas e cláusulas abusivas ou impostas no
consumo e de tornar ilegal qualquer ato ou proce- fornecimento de produtos e serviços.
dimento que atente contra o direito à informação
do consumidor. Todas as informações devem ser
3. Vícios e defeitos: conceito e diferenciação
amplas, substanciais, extensivas a todos os aspec-
tos da relação de consumo estabelecida. Como uma forma de garantir maior proteção ao con-
H) Princípio da Garantia de Adequação: previsto sumidor, o CDC procurou estabelecer se um produto
no artigo 4º, inciso II, alínea d e inciso V do CDC. apresenta algum vício, ou se apresenta algum defeito.
Corresponde à plena adequação dos produtos e Os defeitos são tratados nos arts. 12 a 14 e os vícios nos
serviços à segurança e à qualidade, que é o obje- arts. 18 a 20.
tivo do sistema de proteção do consumidor, res- Vícios muito se assemelham aos vícios redibitórios,
peitando seus interesses econômicos e visando à instituto característico do Direito Civil. São considerados
melhoria da qualidade de vida. vícios as características de qualidade ou quantidade que
I) Princípio da Boa-Fé Objetiva: trata-se de princípio tornem os produtos ou serviços impróprios ou inadequa-
que dispõe a relação jurídica entre as partes dever dos ao consumo a que se destinam e também que lhes
se pautar na lealdade e cooperação entre consu- diminuam o valor. Da mesma forma são considerados ví-
midor e fornecedor, visando combater os abusos cios aqueles decorrentes da disparidade havida em rela-
praticados no mercado e que os interesses particu- ção às indicações constantes do recipiente, embalagem,
lares sobreponham-se aos interesses sociais. rotulagem, oferta ou mensagem publicitária (art. 20,
CDC). Tudo que faça com que o produto não funcione
Considerando o grande rol de princípios aplicados no corretamente, ou que funcione mal ou inadequadamen-
ramo de direito de consumidor, o CDC elenca, também, te, são considerados vícios.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

alguns direitos básicos conferidos a todo consumidor. Os vícios podem ser aparentes ou ocultos. Aparentes
Esses direitos básicos encontram-se dispostos, de modo são aqueles vícios que aparecem no singelo uso e con-
geral, no artigo 6º do Código de Defesa do Consumidor. sumo do produto (ou serviço). Vícios ocultos são aqueles
Assim, o consumidor tem como assegurados os seguin- que só aparecem algum ou muito tempo após o uso ou
que, por estarem inacessíveis ao consumidor, não podem
tes direitos:
ser detectados na utilização ordinária.
Os defeitos, por outro lado, é o vício acrescido de
I) Direito à vida, à saúde e à segurança: o artigo 6º, um problema extra, algo extrínseco ao produto ou servi-
I, do CDC dispõe sobre a proteção da vida, saúde e ço, que causa um dano maior que simplesmente o mau
segurança contra os riscos provocados por práticas funcionamento, o não funcionamento, a quantidade er-
no fornecimento de produtos e serviços conside- rada, a perda do valor pago. O produto é considerado
rados perigosos ou nocivos. O fornecedor tem o defeituoso quando não oferece a segurança que dele le-

6
gitimamente se espera, levando-se em consideração as VI - executar serviços sem a prévia elaboração de or-
circunstâncias relevantes, entre as quais: a sua apresen- çamento e autorização expressa do consumidor, res-
tação; o uso e os riscos que razoavelmente dele se espe- salvadas as decorrentes de práticas anteriores entre
ram; e a época em que foi colocado em circulação (art. as partes;
12, § 1º, CDC). O defeito causa, além desse dano do vício, VII - repassar informação depreciativa, referente a ato
outro ou outros danos ao patrimônio jurídico material e/ praticado pelo consumidor no exercício de seus direi-
ou moral e/ou estético e/ou à imagem do consumidor. tos;
Percebe-se que o defeito sempre pressupõe algum vício, VIII - colocar, no mercado de consumo, qualquer pro-
mas vai mais além do produto ou do serviço para atingir duto ou serviço em desacordo com as normas expedi-
o consumidor em seu patrimônio jurídico mais amplo. das pelos órgãos oficiais competentes ou, se normas
específicas não existirem, pela Associação Brasileira
4. A Vulnerabilidade do Consumidor de Normas Técnicas ou outra entidade credenciada
pelo Conselho Nacional de Metrologia, Normalização
O consumidor é a parte mais vulnerável na relação e Qualidade Industrial (Conmetro);
consumerista, isso é fato. Há uma série de eventos e ins- IX - recusar a venda de bens ou a prestação de ser-
titutos que possam prejudicar o consumidor, seja na sua viços, diretamente a quem se disponha a adquiri-los
pessoa ou no seu patrimônio ou de seus familiares. É im- mediante pronto pagamento, ressalvados os casos de
portante conhecer, de modo geral, as práticas e cláusulas intermediação regulados em leis especiais;
abusivas, estabelecer como se configura uma publicida- X - elevar sem justa causa o preço de produtos ou ser-
de abusiva ou enganosa, bem como destacar as hipóte- viços.
ses de descumprimento da oferta. XI - Dispositivo incluído pela MPV nº 1.890-67, de
22.10.1999, transformado em inciso XIII, quando da
4.1 Práticas e cláusulas abusivas conversão na Lei nº 9.870, de 23.11.1999
XII - deixar de estipular prazo para o cumprimento de
A ideia das práticas abusivas consumeristas advém do
sua obrigação ou deixar a fixação de seu termo inicial
instituto do abuso de direito. A prática real do exercício
a seu exclusivo critério.
dos vários direitos subjetivos acabou demonstrando que,
XIII - aplicar fórmula ou índice de reajuste diverso do
em alguns casos, não havia ato ilícito, mas era o próprio
legal ou contratualmente estabelecido.
exercício do direito em si que se caracterizava como abu-
XIV - permitir o ingresso em estabelecimentos comer-
sivo. A teoria do abuso do direito, então, ganhou força e
ciais ou de serviços de um número maior de consu-
acabou preponderando, sendo definido como o resulta-
midores que o fixado pela autoridade administrativa
do do excesso de exercício de um direito, capaz de cau-
como máximo.
sar dano a outrem.
Parágrafo único. Os serviços prestados e os produtos
Sobre as práticas abusivas, o CDC tratou especifica-
mente de regular as práticas abusivas em três artigos: 39, remetidos ou entregues ao consumidor, na hipótese
40 e 41. Mas apenas no art. 39 as práticas que se preten- prevista no inciso III, equiparam-se às amostras grátis,
dem coibir, e que lá são elencadas exemplificativamente, inexistindo obrigação de pagamento.
são mesmo abusivas. O art. 40 regula o orçamento e o
art. 41 trata de preços tabelados. São abusivas as ações As práticas abusivas podem ser classificadas em pré-
e/ou condutas que, uma vez existentes, caracterizam-se -contratuais, contratuais, e pós-contratuais. Isso significa
como ilícitas, independentemente de se encontrar ou que tais ações podem ser consideradas abusivas, ainda
não algum consumidor lesado ou que se sinta lesado. que ocorridas antes, durante a vigência, ou após o térmi-
São ilícitas em si, apenas por existirem de fato no mundo no do contrato de consumo. O envio de cartão de crédito
fenomênico. Observe o texto do artigo 39, in verbis: sem que o consumidor tenha pedido é exemplo de abu-
so pré-contratual. A prática “pós-contratual” surge como
ato do fornecedor por conta de um contrato de consumo
Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos ou servi- preexistente. Como exemplo, tome-se a “negativação”
ços, dentre outras práticas abusivas: indevida nos serviços de proteção ao crédito.
I - condicionar o fornecimento de produto ou de servi-
ço ao fornecimento de outro produto ou serviço, bem 4.2 Oferta e Descumprimento da Oferta
como, sem justa causa, a limites quantitativos;
II - recusar atendimento às demandas dos consumi- O fornecedor, para promover seus produtos e/ou ser-
dores, na exata medida de suas disponibilidades de viços, busca atrair o consumidor enaltecendo as suas ca-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

estoque, e, ainda, de conformidade com os usos e cos- racterísticas, qualidades, aspectos funcionais e, não raras
tumes; vezes, acaba por promovê-los também com diminuição
III - enviar ou entregar ao consumidor, sem solicitação de seu preço e melhoria na forma de pagamento, assim
prévia, qualquer produto, ou fornecer qualquer servi- como criando regras de descontos ou premiações, tudo
ço; com vistas a captar o desejo de consumo do consumidor
IV - prevalecer-se da fraqueza ou ignorância do consu-
e também o seu dinheiro.
midor, tendo em vista sua idade, saúde, conhecimento
A oferta é um legítimo instrumento à disposição do
ou condição social, para impingir-lhe seus produtos ou
fornecedor de otimizar a sua lucratividade, estabelecen-
serviços;
V - exigir do consumidor vantagem manifestamente do o CDC o conceito no teor do seu artigo 30 ao estabe-
excessiva; lecer que a oferta é “toda informação ou publicidade, su-

7
ficientemente precisa, veiculada por qualquer forma ou comunicação de caráter publicitário, inteira ou parcial-
meio de comunicação com relação a produtos e serviços mente falsa, ou, por qualquer outro modo, mesmo por
oferecidos ou apresentados, obriga o fornecedor que a omissão, capaz de induzir em erro o consumidor a res-
fizer veicular ou dela se utilizar e integra o contrato que peito da natureza, características, qualidade, quantidade,
vier a ser celebrado”. propriedades, origem, preço e quaisquer outros dados
O poder de influenciar as escolhas de consumo é ta- sobre produtos e serviços.
manha que houve por bem proteger o consumidor de O referido dispositivo legal protege o consumidor de
forma a obrigar o fornecedor no cumprimento da oferta qualquer informação ou comunicação de caráter publi-
promovida, sob pena de aplicação do artigo 35 do CDC citário capaz de induzi-lo a erro quanto ao produto ou
que possibilita ao consumidor, em caso de descumpri- serviço ofertado. A publicidade que infringe essa dispo-
mento da oferta, à sua escolha, o cumprimento forçado sição legal contraria os interesses de toda a coletivida-
da obrigação ou, a aceitação de outro produto ou servi- de e pode causar prejuízos a um número incalculável de
ço equivalente ou, optar o consumidor pela rescisão do consumidores. Observe que o CDC adotou um critério
contrato com devolução das quantias pagas, monetaria- finalístico, ao considerar publicidade enganosa a simples
mente atualizadas, sem prejuízo de perdas e danos. veiculação de anúncio publicitário, que seja capaz de
Para que a oferta tenha todo esse poder, o quanto induzir o consumidor ao erro. Desse modo, leva-se em
transmitido na oferta deve ter criado no consumidor uma conta apenas a potencialidade lesiva da publicidade, não
expectativa de cunho objetivo a respeito do produto e/ sendo necessário que o consumidor tenha sido efetiva-
ou serviço e, justamente a quebra dessa expectativa é que mente enganado. Trata-se de presunção juris et de jure
ensejará a escolha de uma das opções postas ao consu- (não admite prova em contrário) de que os consumido-
midor nos termos do artigo 35, do CDC. Pode-se ser usa- res difusamente considerados foram lesados.
do como exemplo bem próximo duas campanhas publi- Mas o Código do Consumidor também prevê a hipó-
citárias que geraram ofertas em razão da Copa América tese de publicidade abusiva, no § 2º do mesmo artigo
de 2019, a primeira delas de um grande fornecedor de 37. Segundo o referido dispositivo, “é abusiva, dentre ou-
eletroeletrônicos que ofertou que para os consumidores tras, a publicidade discriminatória de qualquer natureza,
que comprassem uma televisão em seu estabelecimento, a que incite à violência, explore o medo ou a superstição,
caso o Brasil se sagrasse campeão, comprariam outra por se aproveite da deficiência de julgamento e experiência
apenas R$ 1,00 (um real), essa oferta estabeleceu uma da criança, desrespeita valores ambientais, ou que seja
condição para que gerasse a responsabilidade do forne- capaz de induzir o consumidor a se comportar de forma
cedor no seu cumprimento, independentemente da sele- prejudicial ou perigosa à sua saúde ou segurança”.
ção brasileira ter vencido ou não. A publicidade abusiva não se confunde com a publi-
Importante destacar que se a oferta contém um es- cidade enganosa. Na primeira não há, necessariamente,
tímulo ao consumo dado de forma subjetiva, não terá uma inverdade e nem sempre o consumidor é induzi-
o condão de obrigar o fornecedor no seu cumprimento do ao cometimento de erro. Ela pode até ser verdadei-
por não poder criar expectativas a respeito do produto ra, mas seu conteúdo afronta a moral, a ética e os bons
e/ou serviço, como por exemplo, a publicidade em que costumes. Na publicidade enganosa, por outro lado, o
se veicula que a bolacha divulgada é a mais gostosa que conteúdo do anúncio sempre contém inverdades ou al-
existe, acaba por não vincular o fornecedor posto que guma omissão que induza o consumidor ao erro. Outra
a questão de gostar ou não está intrínseca ao produto diferença básica consiste no fato de que a publicidade
e sim ao consumidor. Da mesma forma que o exagero enganosa geralmente causa prejuízo econômico à coleti-
(puffing), não obriga o fornecedor, em razão da ausên- vidade de consumidores, diferentemente da publicidade
cia de precisão da informação. Assim, expressões como abusiva, que, apesar de causar algum mal ou constrangi-
“o melhor carro do mundo” ou “basta usar que todos mento, não tem, obrigatoriamente, relação com o pro-
os seus sonhos serão realizados”, por serem exageradas, duto ou serviço.
não permitem a precisão da informação. Assim, conclui-se que, a publicidade tem que ser ver-
dadeira e respeitar os valores sociais, morais e éticos, ve-
4.3 Publicidade Enganosa e Publicidade Abusiva dando-se a difusão de mensagens publicitárias que des-
respeitem esses cânones. A veiculação de propaganda
O termo “publicidade” deriva do latim “publicus”, que abusiva ou enganosa, além de ser vedada pela lei, confi-
significa tornar algo público, seja um fato, uma ideia ou gura em grave ofensa aos direitos básicos do consumi-
uma coisa. Apesar de haver diversos doutrinadores que dor. Portanto, é necessário não apenas se preocupar com
buscam um conceito adequado de publicidade jurídica,
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

o conteúdo da mensagem publicitária que será veicula-


a legislação não teve tamanha preocupação. Apesar de da, mas também com a maneira que ela será transmitida
o CDC não apresentar uma definição de publicidade, te-
e como os consumidores vão reagir.
mos o Código Brasileiro de Auto-Regulamentação Publi-
citária, que define publicidade comercial, em seu art. 8º,
5. Solidariedade no Direito do Consumidor
como “toda atividade destinada a estimular o consumo
de bens e serviços, bem como promover instituições,
A regra geral da responsabilidade civil, isso é, aquela
conceitos e ideias”.
que envolve a indenização pela prática de atos danosos
Porém, o CDC tratou de estabelecer uma definição e
a outrem, é que, havendo multiplicidade de credores e
algumas hipóteses de configuração da publicidade en-
ganosa e abusiva. Segundo o artigo 37, § 1º, do CDC, devedores, as obrigações são fracionadas entre os mes-
é enganosa qualquer modalidade de informação ou mos (art. 257 do CC) e cada um é responsável apenas a

8
sua quota-parte. A solidariedade, no ramo de direito civil,
é uma exceção, pois obriga cada um dos devedores ao FIQUE ATENTO!
pagamento de toda a dívida ou permite a cada um dos A jurisprudência vem excluindo algumas hi-
credores o recebimento de toda a dívida. póteses de direito de regresso para alguns
Mas para o direito do consumidor, a solidariedade casos de acidente de consumo. Na veicula-
passiva entre os fornecedores (e não a fracionariedade) ção de publicidade abusiva, o STJ quebrou o
é a regra geral estabelecida no art. 7º, parágrafo único do princípio geral da solidariedade no CDC para
CDC: “Tendo mais de um autor a ofensa, todos respon- individualizar a conduta e excluir a respon-
derão solidariamente pela reparação dos danos previstos sabilidade das empresas de comunicação
nas normas de consumo”. pela veiculação de publicidade enganosa ou
O art. 13 do mesmo CDC dispõe que nos acidentes de abusiva. “As empresas de comunicação não
consumo (fato do produto) causados por defeito do pro- respondem por publicidade de propostas
duto, a responsabilidade do comerciante é subsidiária e abusivas ou enganosas. Tal responsabilidade
ele só será solidariamente responsável junto com o fabri- toca aos fornecedores-anunciantes, que a
cante, o construtor, o produtor ou o importador quando patrocinaram (CDC, Arts. 3º e 38). IV - O CDC,
estes não puderem ser identificados ou não conservar quando trata de publicidade, impõe deveres
adequadamente os produtos perecíveis. No que se refere ao anunciante - não às empresas de comuni-
aos vícios de qualidade dos produtos e serviços (arts. 18 cação (Art. 3º, CDC).” (STJ - REsp. 604.172-SP
a 20 do CDC), a solidariedade entre comerciante, pres- - 3ª Turma - j. 27.03.2007 - rel. Min. Humber-
tador de serviços e fabricante é incondicional. É muito to Gomes de Barros, DJU 21.05.2007, p. 568).
comum ocorrer a responsabilidade solidária na compra
e venda de produtos eletrodomésticos, como televisões
que não sintonizam, ou geladeiras que não gelam, etc.
O consumidor poderá exigir responsabilização tanto do
fornecedor, como da empresa manufaturadora do apa-
relho, ou qualquer outro ente responsável pelo ofereci-
mento do produto/serviço no mercado.
Importante ressaltar que a renúncia a responsabi-
EXERCÍCIO COMENTADO
lidade solidária, com previsão no Código Civil, é abso-
lutamente vedada no ramo de direitos do consumidor. 1.(TJ-CE – JUIZ LEIGO – INSTITUTO CONSULPLAN –
O artigo 25, caput, do CDC, assim dispõe: “É vedada a 2019) Em relação ao tratamento que a jurisprudência do
estipulação contratual de cláusula que impossibilite, Superior Tribunal de Justiça dá à Relação de Consumo e
exonere ou atenue a obrigação de indenizar prevista aos conceitos de Consumidor e Fornecedor, marque a
nesta e nas seções anteriores”. Assim, mesmo que os di- alternativa incorreta.
versos fornecedores estabeleçam cláusula contratual que
afaste a solidariedade entre eles, tal cláusula não prevale- a) O Código de Defesa do Consumidor é aplicável às ins-
ce em face ao consumidor e qualquer um dos fornecedo- tituições financeiras.
res ou todos conjuntamente podem ser acionados pela b) O Código de Defesa do Consumidor é aplicável aos
reparação dos danos. contratos locatícios regidos pela Lei nº 8.245/91.
Sobre o direito de regresso contra os demais deve-
c) Não incide o Código de Defesa do Consumidor nas
dores, no direito do consumidor, trata-se de uma hipó-
relações jurídicas estabelecidas entre condomínio e
tese imperfeita, pois o art. 13, parágrafo único, do CDC
assegura ao fornecedor solidário que pagou os danos condôminos
ao consumidor, o direito de regresso contra os demais d) O Código de Defesa do Consumidor não se aplica ao
“apenas naquilo que corresponde à participação de cada contrato de plano de saúde administrado por entida-
um no resultado danoso”. O direito de regresso é mais de de autogestão, por inexistir relação de consumo.
restrito, e será exercido de acordo com a medida do nexo Resposta: Letra B. O Código de Defesa do Consu-
causal de cada um dos envolvidos com o acidente de midor, segundo entendimento jurisprudencial, não
consumo. é aplicável aos contratos locatícios, exatamente pelo
fato deles serem regidos por lei própria, qual seja, a
Lei nº 8.245/1991. Importante ressaltar a Súmula nº
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

297 do STJ, que dispõe: “o Código de Defesa do Con-


sumidor é aplicável as instituições financeiras”.

9
2.(TJ-PR – JUIZ SUBSTITUTO – CESPE – 2019) A respei- Resposta: Letra D. A letra A está incorreta, pois o prin-
to de cobrança de dívidas e cadastros de inadimplentes, cípio dispõe apenas sobre a melhoria e racionalização
de prescrição, de práticas comerciais abusivas e de oferta dos serviços públicos, não dos privados. A letra B está
e publicidade, assinale a opção correta, de acordo com a incorreta, pois a necessidade diz respeito ao desen-
jurisprudência do STJ. volvimento somente econômico do Brasil, não socio-
econômico. A letra C está incorreta, pois o princípio
a) A cobrança indevida de pagamento por serviços de visa proteger somente os consumidores, e não os for-
telefonia enseja a condenação da empresa prestadora necedores.
do serviço por danos morais presumidos, indepen-
dentemente de efetuada a inscrição do nome do con-
sumidor em cadastros de inadimplentes. LEI Nº 8.195/1991
b) A ação de indenização por danos morais decorren-
te da inscrição indevida de consumidor em cadastro
de inadimplentes promovida por instituição financeira
aplica-se o prazo prescricional de três anos, previsto A Lei nº 8.195, de 26 de junho de 1991, também faz
no Código Civil. algumas alterações na Lei nº 5.194/1966, dispondo sobre
c) Em salas de cinema, a prática de compelir consumidor eleições diretas para Presidentes dos Conselhos Federal
espectador a comprar todo e qualquer produto den- e Regionais de Engenharia, Arquitetura e Agronomia.
tro da própria sala de exibição de filmes não é abusi- Os Presidentes dos Conselhos Federal e Regionais de
va, por ser essa atividade de caráter complementar à Engenharia, Arquitetura e Agronomia serão eleitos pelo
principal. voto direto e secreto dos profissionais registrados e em
d) A responsabilidade do comerciante é subsidiária à do dia com suas obrigações para com os citados conselhos,
fabricante no caso de o vendedor se aproveitar de pu- podendo candidatar-se profissionais brasileiros habilita-
blicidade enganosa do fabricante para a comercializa- dos de acordo com a Lei n° 5.194, de 24 de dezembro de
ção do produto. 1966 (art. 1º). O Conselho Federal de Engenharia, Arqui-
tetura e Agronomia disporá, em resolução, sobre os pro-
Resposta: Letra B. A letra A está incorreta pois não cedimentos eleitorais referentes à organização e data das
há na jurisprudência do STJ reconhecimento de danos eleições, prazos de desincompatibilização, apresentação
morais presumidos por cobrança de serviço de telefonia de candidaturas e tudo o mais que se fizer necessário à
“independentemente de efetuada a inscrição do nome realização dos pleitos (art. 2º).
do consumidor em cadastro de inadimplentes. A letra
C está incorreta, O STJ já se manifestou no sentido de
ser venda casada por via obliqua a conduta da empre- LEI Nº 8.429/1992
sa de cinema ao proibir o consumidor de ingressar na
sala com produtos alimentícios adquiridos em outros
estabelecimentos (Resp. 744.602, DJ 15.03.2007). A le-
tra D está incorreta, A responsabilidade na hipótese 1. Conceito de improbidade
é solidária e não subsidiária, pois o comerciante po-
derá ressarcir o consumidor. Observe o seguinte jul- O agente público, quando age no exercício das suas
gado: “(...)É solidária a responsabilidade entre aqueles funções, pode praticar atos violadores do Direito, capa-
que veiculam publicidade enganosa e os que dela se zes de ensejar um dever de responsabilização da Admi-
aproveitam, na comercialização de seu produto” (REsp nistração, que é a pessoa jurídica a qual representa. É
nº 327.257/SP, rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TER- bastante comum a doutrina estabelecer a responsabi-
CEIRA TURMA, j. 22-06-2004 – DJ 16-11-2004). lidade tríplice dos agentes públicos, uma vez que seus
atos podem violar direitos relativos às esferas civil, penal,
e administrativas. Todavia, além das três esferas mencio-
3.(TJ-AC – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO – VUNESP nadas, é possível verificar uma quarta esfera de respon-
– 2019) A Política Nacional das Relações de Consumo é
sabilização dos agentes públicos, que diz respeito à im-
regida pelo seguinte princípio, dentre outros:
probidade administrativa.
Improbidade possui previsão constitucional, mais
a) racionalização e melhoria dos serviços públicos e pri-
especificamente no art. 37, caput, ao expor que é dever
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

vados.
b) harmonização dos interesses dos participantes das re- da Administração Pública Direta e Indireta, o respeito ao
lações de consumo e compatibilização da proteção do princípio da moralidade administrativa. Além disso, cons-
consumidor com a necessidade de desenvolvimento ta no § 4º do mesmo dispositivo constitucional que “os
socioeconômico do Brasil. atos de improbidade administrativa importarão a sus-
c) coibição e repressão de abusos praticados no mercado pensão dos direitos políticos, a perda da função pública,
de consumo que possam causar prejuízo aos consu- a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário,
midores e fornecedores. na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da
d) educação e informação de consumidores e fornece- ação penal cabível”. Pela leitura do dispositivo, verifica-se
dores quanto aos seus direitos e deveres, com vistas à uma característica importante dos atos de improbidade:
melhoria do mercado de consumo. a sua independência em relação às outras esferas de res-

10
ponsabilização. Assim, a instauração de processo com o Entretanto, o art. 3º da referida Lei estende as penas pela
escopo de apurar o ato de improbidade independe de improbidade a particulares (não agentes), desde que te-
prévia condenação (ou absolvição) do agente infrator nham induzido, concorrido, ou se beneficiou da prática
nos processos civil, criminal, e administrativo. do ato. Assim, os particulares podem até serem respon-
Dessa forma, podemos conceituar os atos de impro- sabilizados, mas nunca sozinhos, hipótese designada
bidade administrativa como aqueles aptos a causarem como improbidade imprópria.
danos ao erário, enriquecimento ilícito, ou ainda violação Ainda sobre a hipótese de particulares, o STJ tem se
aos princípios administrativos. posicionado de forma a restringir o âmbito de aplicação
A preocupação do legislador em estabelecer os da LIA para as pessoas não agentes, como no julgado de
atos de improbidade, bem como as sanções aplicáveis Recurso Especial REsp nº 1.405.748, que extinguiu ação
aos agentes públicos, traduz-se na finalidade de garantir de improbidade proposta em face do ator Guilherme
o respeito à moralidade administrativa. Nossa Constitui- Fontes pela demora na conclusão do filme “Chatô – Rei
ção estabelece dois mecanismos processuais para a de- do Brasil”.
fesa da moralidade, haja visto ser uma questão de inte-
resse público. De um lado, temos a ação popular (art. 5º,
LXXIII, da CF/1988), podendo ser proposta por qualquer #FicaDica
cidadão para anular ato lesivo ao patrimônio público ou
de entidade que o Estado participe, à moralidade admi- A presença do elemento dolo/culpa nos
nistrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico- atos de improbidade administrativa é
-cultural. De outro, a ação de improbidade administrati- um tema bastante discutido na doutrina.
va, fundada no art. 37, § 4º, da CF/1988, e de legitimidade O art. 10 da Lei nº 8.429/1982 prevê, ex-
exclusiva do Ministério Público, ou de entidade interes- pressamente, que “constitui ato de impro-
sada. bidade administrativa que causa lesão ao
erário qualquer ação ou omissão, dolosa
2. A Lei nº 8.429/1982 ou culposa, que enseje...”. Este é o único
dispositivo que prevê expressamente a
Como forma de regulamentar o processo de improbi- modalidade culposa para configuração de
dade, garantido pela Constituição, incumbiu-se a União a improbidade. Uma corrente majoritária na
tarefa de promulgar a Lei Federal nº 8.429/1982, também doutrina sustenta que, devido a sua ausên-
conhecida como Lei da Improbidade Administrativa (LIA). cia nos demais casos de improbidade, a
Dispõe o art. 1º da LIA que “Os atos de improbidade culpa stricto sensu somente seria admitida
praticados por qualquer agente público, servidor ou não, para atos que causem prejuízos ao erário.
contra a administração direta, indireta ou fundacional de A responsabilidade é sempre subjetiva, de-
qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito vendo sempre demonstrar a culpa em sen-
Federal, dos Municípios, de Território, de empresa incor- tido amplo do agente público.
porada ao patrimônio público ou de entidade para cuja
criação ou custeio o erário haja concorrido ou concorra
com mais de cinquenta por cento do patrimônio ou da
receita anual, serão punidos na forma desta lei”. Pode- 3. Espécies de atos de improbidade
mos identificar os sujeitos ativo e passivo do ato de im-
probidade. A Lei de Improbidade Administrativa (Lei nº
Sujeito passivo do ato de improbidade é aquele que 8.429/1982) define, nos seus artigos 9º a 11, um rol
venha a sofrer as consequências do ato de improbidade exemplificativo das condutas que caracterizam a im-
administrativa. São eles: membros da Administração Pú- probidade administrativa, que constituem no objeto da
blica Direta (União, Estados, Municípios e seus órgãos), improbidade. Podemos dividir tais condutas em quatro
da Administração Indireta (autarquias, fundações, em- grandes grupos:
presas públicas, sociedades de economia mista); as en- - Atos que importam em enriquecimento ilícito:
tidades privadas que recebem subvenção, incentivo ou são as condutas de maior gravidade, apenadas com
benefício fiscal ou creditício provenientes de órgãos pú- as sanções mais rigorosas, pelo fato de envolver
blicos; e também as empresas com participação estatal, atos como auferir qualquer tipo de vantagem
cuja criação ou custeio o erário concorra com menos de patrimonial indevida em razão do exercício de
50% do patrimônio ou da receita anual. cargo, mandato, função, emprego ou atividade
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Por outro lado, sujeito ativo é aquele que pratica o nas entidades públicas (art. 9º da LIA). As sanções
ato danoso, e eventualmente sofrerá a sanção aplicável aplicáveis podem ser de ressarcimento integral do
após a propositura da ação de improbidade (art. 17 da dano, perda da função pública, perda dos direitos
LIA). Todo e qualquer agente público pode sofrer proces- políticos de 8 a 10 anos, e a proibição de contratar
so de improbidade. Compreende-se como agente públi- com o Poder Público pelo prazo de 10 anos.
co, todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente - Atos que causam prejuízo ao erário: qualquer
ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designa- tipo de conduta dolosa ou culposa, comissiva ou
ção, contratação ou qualquer outra forma de investidu- omissiva, que enseja perda patrimonial, desvio,
ra ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função nas apropriação ou dilapidação dos bens ou haveres
entidades mencionadas anteriormente (art. 2º da LIA). das entidades públicas é passível de sanção, sem

11
a necessidade de haver um enriquecimento patri-
monial do agente infrator (art. 10 da LIA). Compor-
ta sanções intermediárias, como ressarcimento dos
EXERCÍCIO COMENTADO
danos, perda da função pública, perda dos direitos
políticos de 5 a 8 anos, e a proibição de contratar 1.(PREFEITURA DE RECIFE-PE – ANALISTA DE PLA-
com o Poder Público por 5 anos. NEJAMENTO ORÇAMENTO E GESTÃO – FCC – 2019)
- Atos que atentam contra os princípios da Admi- Quando um agente público comete ato de improbidade,
nistração Pública: apesar de não causar enrique- sabe-se que:
cimento do agente, nem lesão financeira ao erário,
a prática desses atos pode violar os deveres de ho- a) se trata de servidor público estatutário ou celetista,
admitidos mediante concurso público, não sendo in-
nestidade, imparcialidade, legalidade, e lealdade
dispensável a comprovação de conduta dolosa para
às instituições (art. 11). As sanções aplicáveis são
aquela configuração.
mais brandas, incluindo ressarcimento dos danos,
b) o terceiro que tiver participado, induzido ou concor-
perda da função pública, perda dos direitos políti-
rido para a prática do ato poderá sofrer as sanções
cos de 3 a 5 anos, e a proibição de contratar com o previstas na mesma lei.
Poder Público por 3 anos. c) para sua condenação é indispensável a comprova-
- Atos decorrentes de concessão ou aplicação in- ção de dolo, independentemente da modalidade em
devida de benefício financeiro ou tributário: questão.
trata-se de novidade trazida pela Lei Complemen- d) agiu com a reprovável quebra de confiança, configu-
tar nº 157/2016, que adicionou o artigo 10-A, ti- rando dolo presumido, o que enseja condenação por
pificando como improbidade administrativa qual- ato de improbidade.
quer ação ou omissão para conceder, aplicar ou e) sua conduta culposa é suficiente para aplicação de al-
manter benefício financeiro ou tributário contrário gumas penalidades acessórias, mas não admite a tipi-
ao que dispõem o caput e o § 1º do art. 8º-A da Lei ficação como uma modalidade individualizada de ato
Complementar nº 116/2003. Apresenta sanções de improbidade.
como a perda da função pública, e perda dos
direitos políticos de 5 a 8 anos. Resposta: Letra B. As letras A e D estão incorreta, pois
para a configuração de ato de improbidade adminis-
4. Probidade e Moralidade trativa, é imprescindível a presença da conduta dolosa
para sua configuração (responsabilidade subjetiva). O
Convém fazer maior explanação sobre as diferenças dolo não se presume nessas hipóteses. As letras C e
entre moralidade e improbidade. A moralidade, sobre- E estão incorretas, pois os atos de improbidade que
tudo a moralidade administrativa, é um princípio consti- causem prejuízos ao erário poderão ocorrer na moda-
tucional da Administração Pública, presente no caput do lidade culposa.
art. 37 da CF/1988. Quando a Constituição expõe sobre
“moralidade”, geralmente remete-se a um princípio ou 2.(SEFAZ-SC – AUDITOR FISCAL DA RECEITA ESTADU-
norma geral atribuída aos agentes públicos. Não há, to- AL – FCC – 2018) A não ocorrência de prejuízo aos co-
davia, regras com previsão de sanções pelo não cumpri- fres de uma empresa pública, constatada irregularidade
mento do princípio da moralidade no Texto Constitucio- no procedimento de aquisição de equipamentos por um
nal. empregado público:
A improbidade, todavia, apresenta uma faceta muito
mais concreta: quando a Constituição fala em “improbi- a) afasta a possibilidade de caracterização de ato de im-
dade administrativa”, sempre pressupõe alguma lesão probidade.
a valores morais ou a algum comando legal, exigindo a b) impede a instauração de procedimento para respon-
aplicação de uma sanção. Parece-nos mais correto afir- sabilização do empregado em qualquer esfera, à exce-
mar que, como infração, a improbidade é uma noção ção da penal, caso sua conduta tipifique crime.
mais abrangente e real do que a noção de moralidade c) não afasta a possibilidade de prática de ato de impro-
administrativa. Essa é a posição majoritária da doutrina. bidade se a conduta tiver sido dolosa e se subsumir a
uma das demais hipóteses caracterizadoras de outra
Independentemente disso, o importante é que o
modalidade, que não exigem prejuízo ao erário para
agente público tem o dever de obedecer não somente as
tipificação.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

leis ou as normas jurídicas positivadas. Ele deve obede- d) não interfere na conclusão de processo em curso por
cer, também, ao princípio da moralidade, para agir com ato de improbidade, tendo em vista que a tipificação
ética, decoro, honestidade e boa-fé, e poder exercer uma de qualquer das modalidades possíveis é legalmente
“boa administração”. Caso contrário, poderá ser punido prevista mediante conduta culposa e não exige efetivo
pela prática de atos de improbidade administrativa. prejuízo ao erário público.
e) restringe a responsabilização do empregado à esfera
disciplinar, pois as empresas públicas se submetem ao
regime jurídico de direito privado, não sendo possível
configuração de ato de improbidade, salvo se em con-
curso com detentor de cargo efetivo.

12
Resposta: Letra C. A letra A está incorreta, pois ape- O parágrafo único do art. 1º da LAI dispõe sobre os
sar não haver prejuízos ao erário, o agente pode se destinatários, ou aqueles que devem se subordinar à
responsabilizar pela prática de outros atos de impro- referida legislação. São os órgãos públicos integrantes
bidade, como por exemplo se do ato resultar em en- da administração dos Poderes Executivo, Legislativo, in-
riquecimento ilícito. As letras B e E estão incorretas, cluindo o Tribunal de Contas, Ministério Público etc; as
pois os servidores públicos, de modo geral, possuem entidades federativas integrantes da Administração Pú-
tripla esfera de responsabilização, abrangendo a res- blica Direta; e as autarquias, fundações públicas, empre-
ponsabilidade civil, administrativa e penal. A letra D sas públicas, e sociedades de economia mista integrantes
está incorreta, pois não é toda modalidade de ato de da Administração Indireta.
improbidade administrativa que se admite conduta Os procedimentos previstos na LAI destinam-se a as-
culposa, apenas os atos que causem prejuízo ao erário segurar o direito fundamental de acesso à informação e
devem ser executados em conformidade com os princí-
pios básicos da administração pública e com as diretrizes
LEI Nº 12.527/11 previstas no art. 3º da referida Lei. São eles:

- Princípio da Publicidade Máxima: a abrangência


do direito à informação deve ser ampla no tocante
Antes de realizar uma análise comentada da Lei nº à quantidade de informações e órgãos envolvidos,
12.527/2011, que dispõe sobre o direito ao acesso à in- bem como quanto aos indivíduos que poderão rei-
formação, convém realizar uma breve introdução sobre o vindicar esse direito.
tema. O Brasil foi marcado, na década de 1960 até mea- - Princípio da Transparência ativa ou obrigação de
dos de 1980, por um governo ditatorial militar, ocasião publicar: os órgãos públicos têm a obrigação de
em que houve uma grande restrição dos direitos funda- publicar informações de interesse público sem ne-
mentais dos cidadãos, incluindo nesse rol o direito ao cessidade de provocação dos interessados.
acesso à informação. O Poder Público, na época, tinha - Princípio da abertura de dados: traduz-se no es-
a faculdade de decidir quais atos e outros eventos po- tímulo à disponibilização de dados em formato
deriam ser transmitidos para a população, e quais atos aberto, utilizado livremente, cujo acesso é faculta-
deveriam permanecer sob sigilo. do a qualquer interessado.
Contudo, tal cenário mudou com a redemocra- - Princípio da criação de procedimentos que faci-
tização do País, e a promulgação da Constituição Federal litam o acesso: os pedidos de informação devem
de 1988. Atualmente, o acesso à informação é reconhe- ser processados mediante procedimentos ágeis,
cido como direito humano fundamental por importan- de forma transparente e em linguagem de fácil
tes organismos da comunidade internacional. O art. 5º, compreensão, com a possibilidade de apresenta-
XXXIII, da CF/1988 prevê de modo expresso o direito ao ção de recurso em caso de negativa da informação.
acesso à informação, ao dispor que “todos têm direito a O recurso disposto na referida Lei não é o remé-
receber dos órgãos públicos informações de seu interes- dio constitucional denominado habeas data, cuja
se particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão regulamentação encontra-se na Lei nº 9.507/1997.
prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilida-
de, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à 2. Transparência Ativa e Transparência Passiva
segurança da sociedade e do Estado”. Assim, as noções
de publicidade e transparência passam a se tornar prin- A LAI estimula exaustivamente a iniciativa de transpa-
cípios basilares da Administração Pública (art. 37, caput, rência, que pode ser dividida em duas espécies. A trans-
CF/1988), e como forma de melhor regulamentar o refe- parência ativa consiste na obrigatoriedade dos órgãos e
rido disposto constitucional, surge a Lei de Acesso à In- entidades públicas, por iniciativa própria, de divulgarem
formação (Lei nº 12.527/2011), que analisaremos alguns informações de interesse geral ou coletivo, salvo aque-
de seus principais dispositivos. las que contenham informações que mereçam especial
proteção em razão do seu caráter sigiloso. Sobre o tema,
A LEI Nº 12.527/2011: REGRAS GERAIS DO ACESSO o caput do art. 8º da LAI é bastante claro ao expor que
À INFORMAÇÃO “É dever dos órgãos e entidades públicas promover, in-
dependentemente de requerimentos, a divulgação em
1. Princípios e Diretrizes local de fácil acesso, no âmbito de suas competências,
de informações de interesse coletivo ou geral por eles
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

A Lei de Acesso à Informação (LAI), é considerada um produzidas ou custodiadas”.


divisor de águas em matéria de transparência pública, Além da obrigação geral, o § 1º do referido art. 8º
pois, dentre outros princípios, define que o acesso à in- também elenca um rol de dados que devem obrigato-
formação é a regra, e o sigilo, a exceção. Qualquer pessoa, riamente constar na divulgação de informações pelos
física ou jurídica, poderá solicitar acesso às informações órgãos e entidades públicas, dentre os quais destaca-se:
públicas, isto é, aquelas não classificadas como sigilosas, o registro das competências e estrutura organizacional,
conforme procedimento que observará as regras, prazos, endereços e telefones das respectivas unidades e horá-
instrumentos de controle e recursos previstos, sendo de- rios de atendimento ao público; o registro de despesas;
ver do Estado garantir esse direito fundamental, que será
as informações concernentes a procedimentos licitató-
franqueada mediante procedimentos simples e objeti-
rios, incluindo os editais e resultados, bem como todos
vos, de forma transparente, clara e de fácil compreensão.

13
os contratos celebrados; e as respostas a perguntas mais ou entidades do Poder Executivo Federal, o requerente
frequentes da sociedade. A LAI definiu a internet como poderá recorrer à Controladoria-Geral da União, que terá
sendo o canal obrigatório para a divulgação das iniciati- o prazo de 5 dias para decidir sobre o referido pleito.
vas de Transparência Ativa, conforme se depreende do
seu art. 8º, § 2º: “Para cumprimento do disposto no caput, 4. Responsabilidades na Lei de Acesso à Infor-
os órgãos e entidades públicas deverão utilizar todos mação:
os meios e instrumentos legítimos de que dispuserem,
A LAI não dispõe apenas de regras gerais sobre o
sendo obrigatória a divulgação em sítios oficiais da rede
acesso à informação. Também elenca uma série de san-
mundial de computadores”.
ções e penalidades aos agentes públicos que se opor aos
Por outro lado, a LAI também estabelece procedimen-
seus ditames. O art. 32 da LAI apresenta as condutas que
tos e ações a serem realizados pelos órgãos e entidades
são consideradas condutas ilícitas que ensejam respon-
públicas de forma a garantir o atendimento ao princípio
sabilidade do agente público ou militar:
da Transparência Passiva. A transparência passiva ocorre
Art. 32. Constituem condutas ilícitas que ensejam res-
quando algum órgão ou ente é provocado pela socieda-
ponsabilidade do agente público ou militar:
de a prestar informações. A obrigatoriedade de prestar
I - recusar-se a fornecer informação requerida nos
as informações solicitadas está prevista especificamen-
termos desta Lei, retardar deliberadamente o seu for-
te no artigo 10 da LAI: “Qualquer interessado poderá
necimento ou fornecê-la intencionalmente de forma
apresentar pedido de acesso a informações aos órgãos
incorreta, incompleta ou imprecisa;
e entidades referidos no art. 1° desta Lei, por qualquer
II - utilizar indevidamente, bem como subtrair, des-
meio legítimo, devendo o pedido conter a identificação
truir, inutilizar, desfigurar, alterar ou ocultar, total ou
do requerente e a especificação da informação requeri-
parcialmente, informação que se encontre sob sua
da”. Os pedidos devem ser encaminhados ao serviço de
guarda ou a que tenha acesso ou conhecimento em
informação do órgão público, podendo ser realizados
razão do exercício das atribuições de cargo, emprego
inclusive pela internet, devem conter informações como
ou função pública;
identificação do requerente, mas sem exigências que in-
III - agir com dolo ou má-fé na análise das solicitações
viabilizem a solicitação, e não se podem exigir justificati-
de acesso à informação;
vas para solicitar informações de interesse público.
IV - divulgar ou permitir a divulgação ou acessar ou
Uma vez recebido um pedido de informação, o Poder
permitir acesso indevido à informação sigilosa ou in-
Público deve autorizar ou conceder acesso imediato à in-
formação pessoal;
formação. Não sendo possível acesso imediato, em até
V - impor sigilo à informação para obter proveito pes-
20 dias, o órgão deve responder o requerente apresen-
soal ou de terceiro, ou para fins de ocultação de ato
tando: a data, local e modo para se realizar o acesso; as
ilegal cometido por si ou por outrem;
razões para se recusar o acesso pretendido; o comunica-
VI - ocultar da revisão de autoridade superior com-
do de que não possui a informação ou que encaminhou
petente informação sigilosa para beneficiar a si ou a
o pedido ao órgão que realmente detém a informação.
outrem, ou em prejuízo de terceiros; e
Tal prazo poderá ser prorrogado por mais 10 dias me-
VII - destruir ou subtrair, por qualquer meio, docu-
diante justificativa apresentada pelo ente público.
mentos concernentes a possíveis violações de direitos
humanos por parte de agentes do Estado.
3. Recursos administrativos na LAI:
O demandante somente poderá recorrer nas seguin- Os agentes militares serão penalizados segundo regi-
tes hipóteses: havendo negativa de acesso à informação; mento próprio, podendo ser consideradas transgressões
ou quando não há motivação obrigatória da negativa de médias ou graves. Já os demais servidores públicos, sub-
acesso. A Lei de Acesso à Informação apenas detalha os metidos ao regime da Lei nº 8.112/1990, a prática de tais
procedimentos de recursos administrativos no âmbito condutas enseja à pena de, no mínimo, suspensão.
da administração pública federal, mas a doutrina enten- Por fim, a LAI também prevê penalidades para as
de que os Poderes Executivo e Legislativo tenham seus pessoas físicas e entidades privadas que detiverem in-
respectivos procedimentos recursais, desde que devida- formações em virtude de vínculo de qualquer natureza
mente regulamentados. com o poder público e deixarem de observar os prin-
Nos termos do caput e do parágrafo único do art. cípios e diretrizes da referida Lei, podendo ser punidos
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

15 da LAI, o interessado poderá interpor recurso contra com: a) advertência; b) multa; c) rescisão do vínculo com
a decisão no prazo de 10 (dez) dias a contar da sua o poder público; d) suspensão temporária de participar
ciência, sendo dirigido à autoridade hierarquicamente
em licitação e impedimento de contratar com a admi-
superior à que exarou a decisão impugnada, que deverá
nistração pública por prazo não superior a 2 (dois) anos;
se manifestar no prazo de 5 (cinco) dias. O serviço de
e e) declaração de inidoneidade para licitar ou contratar
busca e fornecimento da informação é gratuito, salvo
nas hipóteses de reprodução de documentos pelo com a administração pública, até que seja promovida a
órgão ou entidade pública consultada, situação em que reabilitação perante a própria autoridade que aplicou a
poderá ser cobrado exclusivamente o valor necessário penalidade.
ao ressarcimento do custo dos serviços e dos materiais
utilizados. Negado o acesso a informação pelos órgãos

14
Resposta: Letra B. A letra A está errada, pois o acesso
à informações sempre precede uma solicitação do in-
EXERCÍCIO COMENTADO teressado. As letras B e C estão erradas, pois tais dire-
trizes e princípios já se encontram dispostos na LAI, o
1.(ILSL – ENFERMEIRO – IBFC – 2013) A Lei nº 12.527 enunciado pede uma alternativa “para além dos prin-
cípios previstos em lei”. A letra E está errada, as infor-
de 18-11-2011 regula direito fundamental de acesso às
mações classificadas ou sigilosas devem ser mantidas
informações. Na sua seção V, regula o acesso às informa- em segredo, pois constituem-se em exceção ao prin-
ções pessoais. Assinale a alternativa incorreta: cípio da publicidade constitucionalmente permitida.

a) O tratamento das informações pessoais deve ser feito


3.(SEAP-DF – ANALISTA-ARQUIVOLOGIA – IADES –
de forma transparente e com respeito à intimidade,
2014) Segundo a Lei de Acesso à Informação, é correto
vida privada, honra e imagem das pessoas, bem como
afirmar que os documentos possuem os seguintes graus
às liberdades e garantias individuais. de sigilo:
b) O consentimento expresso da pessoa a que elas se
referirem não será exigido quando as informações a) reservado, secreto e ultrassecreto.
forem necessárias à prevenção e diagnóstico médico, b) pessoal, secreto e ultrassecreto.
quando a pessoa estiver física ou legalmente incapaz, c) pessoal, reservado, secreto e ultrassecreto.
e para utilização única e exclusivamente para o trata- d) ostensivo, reservado, secreto e ultrassecreto.
e) reservado, confidencial, secreto e ultrassecreto.
mento médico.
c) O consentimento expresso da pessoa a que elas se Resposta: Letra A. O artigo 24 da referida Lei nº
referirem será exigido quando as informações forem 12.527/2011 dispõe sobre as diferentes espécies de
necessárias ao cumprimento de ordem judicial. documentos: “A informação em poder dos órgãos e
d) A restrição de acesso à informação relativa à vida pri- entidades públicas, observado o seu teor e em razão
vada, honra e imagem de pessoa não poderá ser invo- de sua imprescindibilidade à segurança da sociedade
cada com o intuito de prejudicar processo de apuração ou do Estado, poderá ser classificada como ultrasse-
de irregularidades em que o titular das informações creta, secreta ou reservada”.
estiver envolvido, bem como em ações voltadas para
a recuperação de fatos históricos de maior relevância.
PROCESSO ADMINISTRATIVO – LEIS Nº
9.784/99 E 9.873/99
Resposta: Letra C. O erro da alternativa está no fato
de que o consentimento da pessoa para a divulgação
de informações pessoais não é obrigatório quando
tais informações forem necessárias ao cumprimento A necessidade de se instaurar um processo, isso é,
de ordem judicial, conforme dispõe o art. 31, § 2º, III, uma sequência de atos para o exercício da jurisdição,
tem seu fundamento no princípio constitucional do de-
da Lei nº 12.527/2011.
vido processo legal. O devido processo legal pode ser
compreendido como o “escudo da humanidade” contra a
2.(CÂMARA LEGISLATIVA DO DISTRITO FEDERAL –
prática de atos abusivos por parte do Estado. Seu funda-
CONSULTOR TÉCNICO-LEGISLATIVO – FCC – 2018) O mento legal está previsto no art. 5º, LIV, da Constituição
acesso à informação pública no Brasil deve observar “a Federal, o qual assegura que ninguém será privado da
publicidade como preceito geral e do sigilo como exce- liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal.
ção”, motivo pelo qual a Lei n° 12.527/2011 estabelece A obrigatoriedade do devido processo legal não se
como uma de suas diretrizes a “utilização de meios de aplica somente à seara judicial, mas também vincula a
comunicação viabilizados pela tecnologia da informa- Administração Pública e o Poder Legislativo, pois no mo-
ção”. Para além dos princípios previstos em lei, a plena derno Estado de Direito, a validade das decisões prati-
realização do direito à informação com o uso das tec- cadas por órgãos e agentes governamentais está con-
nologias da informação precisa ser complementado por: dicionada ao cumprimento de um rito procedimental
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

previamente estabelecido. Por isso, é de grande impor-


a) divulgação de informações de interesse público, inde- tância o estudo do processo administrativo disciplinar,
pendentemente de solicitações. que visa a dar maior transparência e garantia do exercício
b) inclusão digital a cidadãos de todas as camadas e clas- de uma boa Administração para os particulares.
ses sociais.
c) fomento ao desenvolvimento da cultura de transpa-
rência na Administração pública.
d) desenvolvimento do controle social da Administração
pública.
e) abertura de arquivos com informações classificadas.

15
- Razoabilidade e proporcionalidade: exige uma li-
#FicaDica nha lógica e adequação entre o fim almejado e o
meio utilizado para tal fim, abstendo-se de praticar
Processo ou procedimento administrativo?
exageros.
Apesar de não serem a mesma coisa, am-
- Obrigatória motivação: as decisões tomadas pelas
bos possuem uma forte relação intrínseca.
autoridades devem conter pressupostos de fato e
“Processo” é o termo utilizado para desig-
de direito que justifiquem as mesmas.
nar a relação jurídica estabelecida entre as
- Segurança jurídica: exige que a interpretação das
partes e, por isso, denomina-se processo
normas administrativas seja sempre a que melhor
administrativo o vínculo estabelecido entre
atenda aos interesses dos administrados, sendo
o Poder Público e o particular para a to-
vedada sua aplicação retroativa, pois isso feriria o
mada de uma decisão. “Procedimento”, por
ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa
sua vez, refere-se a uma sequência orde-
julgada.
nada de atos que culminam na tomada da
- Contraditório e ampla defesa: para cada ato e cada
decisão. Procedimento é o meio pelo qual
alegação feita no processo em questão, é assegu-
se atende aos fins do processo.
rado o direito de manifestação da parte contrária,
principalmente nos processos em que resultem em
sanções e nas situações de litígio.
PROCESSO ADMINISTRATIVO E A LEI Nº 9.784/1999
2. Direitos e deveres dos administrados
Com o objetivo de regulamentar a disciplina consti-
tucional do processo administrativo, a Lei nº 9.784/1999, O termo “administrado”, hoje com pouca utilização,
denominada “Lei do Processo Administrativo”, dispõe é usado na referida Lei para designar o usuário ou ci-
sobre normas básicas sobre o referido processo no âm- dadão que é administrado pelo Poder Público. A Lei nº
bito da Administração Federal direta e indireta, visando 9.784/1999 elenca uma série de direitos e deveres aos
referidos administrados.
a proteção dos direitos dos administrados e ao melhor
Assim, os usuários e cidadãos possuem as seguintes
cumprimento dos fins da Administração Pública. Trata-
garantias (art. 3º): a) ser tratado com respeito pelas auto-
-se de lei federal, aplicável somente no âmbito da União,
ridades e servidores, que deverão facilitar o exercício de
com incidência no Poder Executivo, e também nos Pode-
seus direitos e o cumprimento de suas obrigações; b) ter
res Legislativo e Judiciário, no exercício de suas funções
ciência da tramitação dos processos administrativos em
atípicas. Entretanto, o STJ pacificou entendimento de que
que tenha a condição de interessado, ter vista dos autos,
a referida Lei de Processo Administrativo pode ser aplicá-
obter cópias de documentos neles contidos e conhecer
vel, subsidiariamente, às demais entidades federais que
as decisões proferidas; c) formular alegações e apresen-
não possuam lei própria versando sobre o tema. tar documentos antes da decisão, os quais serão obje-
Com base nessas considerações, passemos a desta- to de consideração pelo órgão competente; d) fazer-se
car alguns pontos importantes da referida legislação. De assistir, facultativamente, por advogado, salvo quando
início, o art. 1º, § 2º da Lei nº 9.784/1999 procura deli- obrigatória a representação, por força de lei.
mitar três importantes conceitos. Órgão é a unidade de Por outro lado, o art. 4º da Lei de Processo Adminis-
atuação integrante da estrutura da Administração direta trativo elenca os deveres a ser cumpridos pelos adminis-
e da estrutura da Administração indireta; entidade é a trados no decurso do processo: a) expor os fatos con-
unidade de atuação dotada de personalidade jurídica; e forme a verdade; b) proceder com lealdade, urbanidade
autoridade é o servidor ou agente público dotado de e boa-fé; c) não agir de modo temerário; e d) prestar as
poder de decisão. informações que lhe forem solicitadas e colaborar para o
esclarecimento dos fatos.
1. Princípios do processo administrativo:
3. Instauração e legitimidade
O caput do art. 2º da Lei nº 9.784/1999 elenca os prin-
cípios pelos quais a Administração Pública tem o dever A Administração Pública apresenta uma dinamicida-
de obedecer e que regem o processo administrativo. São
de muito maior do que o Judiciário, uma vez que pode
eles:
agir de ofício, isso é, sem a provocação do interessado. É
- Legalidade: é o dever de atuação conforme a lei e
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

o direito positivado. possível, evidentemente, que o processo administrativo


- Impessoalidade: tem por objetivo vedar a promo- possa ser instaurado a requerimento, o qual deverá ser
ção pessoal de agentes e autoridades formulado por escrito e constar os seguintes elementos:
- Finalidade: a persecução do interesse público é pri- a) órgão ou autoridade administrativa a que se dirige; b)
mordial na conduta dos agentes administrativos, identificação do interessado ou de quem o represente;
pois é o seu objetivo maior. c) domicílio do requerente ou local para recebimento de
- Moralidade: a atuação dos agentes públicos deve comunicações; d) formulação do pedido, com exposição
seguir os padrões de lealdade, decoro e boa-fé. dos fatos e de seus fundamentos; e e) data e assinatura
- Publicidade: o dever de transparência que resulta do requerente ou de seu representante. Na verdade, a
a publicação dos atos administrativos de relevante instauração do processo pode ser de ofício, ainda que
interesse para a população. haja provocação de uma das partes.

16
Quanto à legitimidade para a instauração do proces- cia. Trata-se de uma consequência lógica do direito de
so, o art. 9º da mesma Lei elenca um rol taxativo de in- petição, constitucionalmente garantido a todo cidadão.
teressados: I - pessoas físicas ou jurídicas que o iniciem Encerrada a instrução, terá o prazo de até 30 (trinta) dias
como titulares de direitos ou interesses individuais ou no para decidir, salvo prorrogação por igual período expres-
exercício do direito de representação; II - aqueles que, samente motivada.
sem terem iniciado o processo, têm direitos ou interesses Admite-se a desistência do processo, por parte do in-
que possam ser afetados pela decisão a ser adotada; III - teressado, nos termos do art. 51 da referida Lei. Para tan-
as organizações e associações representativas, no tocan- to, deverá o interessado manifestar-se por escrito, com o
te a direitos e interesses coletivos; IV - as pessoas ou as pedido de desistência total ou parcial do pleito, ou ainda
associações legalmente constituídas quanto a direitos ou renunciar direitos disponíveis. A desistência ou renúncia
interesses difusos. Em termos de capacidade processual, do interessado, conforme o caso, não prejudica o pros-
o art. 10 dispõe que são considerados capazes os maio- seguimento do processo, se a Administração considerar
res de dezoito anos, ressalvada previsão especial em ato que o interesse público assim o exige.
normativo próprio.
6. Recursos administrativos
4. Competência, forma, tempo e lugar
Todas as decisões adotadas em processo administra-
Nos termos do art. 11 da Lei de Processo Adminis- tivo são passíveis de recurso, caso em que haverá um
trativo, a competência é irrenunciável e se exerce pelos reexame quanto a questões de legalidade e de mérito
órgãos administrativos a que foi atribuída como própria, dos atos administrativos objeto do litígio. O recurso deve
salvo os casos de delegação e avocação legalmente ad- ser dirigido à autoridade que proferiu a decisão para que,
mitidos. A delegação é o fenômeno pelo qual uma au- no prazo de 5 dias, tenha a oportunidade de reconsiderar
toridade distribui suas competências para uma entidade sua decisão. Se não o fizer, encaminhará a peça recursal
ou órgãos distintos, podendo estar na mesma linha hie- para a autoridade hierarquicamente superior, se for re-
rárquica ou não, embora haja alguns casos em que a de- curso hierárquico próprio, ou para a entidade que exerce
legação é legalmente vedada, como a edição de atos de tutela sobre a que proferiu a decisão, tratando-se de re-
caráter normativo, a decisão de recursos administrativos, curso hierárquico impróprio. O prazo para a interposição
e as matérias de competência exclusiva da autoridade. A do recurso cabível é de 10 (dez) dias, contados a partir da
avocação, por sua vez, traduz-se na absorção de compe- divulgação oficial da decisão administrativa. Vejamos, em
tências, hipótese em que o órgão ou o titular chama para detalhes, os principais recursos administrativos:
si atribuições de competência de órgão hierarquicamen-
te inferior. - Representação: é uma denúncia formal de
Em relação a forma, a lei citada não atribui nenhum irregularidade, feita por qualquer indivíduo, com
requisito solene para o processo administrativo, apenas previsão no art. 37, § 3º, III, da CF/1988, e que
exige que os atos processuais deverão ser produzidos gera à Administração o dever-poder de apurar a
por escrito, em vernáculo, com data e local de sua rea- irregularidade, se houver. Trata-se, por isso, de ato
lização e assinatura da autoridade responsável. Os atos vinculado.
são realizados em dias úteis, no horário de funcionamen- - Reclamação administrativa: É o ato pelo qual o
to da repartição na qual tramita o processo. administrado, particular ou servidor público, deduz
É ônus da parte apresentar provas sobre os fatos ale- uma pretensão perante a administração pública,
gados pela mesma, na forma do artigo 36 da referida Lei, visando obter o reconhecimento de um direito ou a
independentemente de atuação sem prejuízo da atuação correção de um ato que lhe cause ou na iminência
do órgão competente e o dever deste providenciar os de causar lesão. A interposição da reclamação não
documentos oriundos da própria Administração. Com impede a apreciação do pleito pelo Judiciário,
isso, procura-se atribuir a Administração Pública o exer- mas a reclamação interposta dentro do prazo de
cício de suas funções de modo adequado e correto, não 1 ano, contado da ocorrência do ato, suspende a
podendo se prender ao ônus da prova para escusar-se prescrição quinquenal deste.
de promover uma má-administração. Importante ressal- - Pedido de reconsideração: é uma solicitação feita
tar também a vedação a da produção e utilização de pro- à autoridade que já expediu o ato, para que o mo-
vas obtidas por meios ilícitos (art. 30, Lei nº 9.784/1999). difique ou o invalide, nos moldes do requerente.
É possível, também, a instauração de medida cautelar, A reconsideração não suspende a prescrição do
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

na forma do artigo 45 da Lei nº 9.784/1999, podendo ser Judiciário.


instaurada sem a prévia manifestação do interessado, em - Recurso hierárquico próprio: é aquele endere-
caso de risco iminente que possa prejudicar o objeto do çado a autoridade superior à que praticou o ato
processo. recorrido. Pode ser interposto sem a necessidade
de previsão legal, uma vez que a revisão dos atos
5. Dever de decidir e desistência pela autoridade hierarquicamente superior àquela
que praticou o ato é uma de suas tarefas inerentes.
A Administração Pública tem o dever de emitir deci- Vale ressaltar que o recurso hierárquico independe
são (art. 48, Lei nº 9.784/1999) expressa nos processos de caução ou qualquer tipo de garantia em dinhei-
administrativos e sobre as solicitações e reclamações ro, conforme dispõe a Súmula Vinculante nº 21 do
que receber, uma vez que faz parte de sua competên- STF.

17
- Recurso hierárquico impróprio: é aquele dirigido
a autoridade que não ocupa posição de hierarquia
em relação ao ente que praticou o ato. É o caso, EXERCÍCIO COMENTADO
por exemplo, de recurso interposto para o ente fe-
derativo membro da Administração Direta, sobre 1.(CÂMARA LEGISLATIVA DO DISTRITO FEDERAL –
alguma entidade da Administração Indireta. Esse TÉCNICO LEGISLATIVO – FCC – 2018) Plínio, adminis-
tipo de recurso deve possuir previsão legal, uma trado que se encontra em condição de interessado em
vez que os poderes inerentes à tutela não se pre- processo administrativo, deseja ver referido processo no
sumem. qual consta como réu, bem como tirar cópia dos autos.
Em conformidade com a Lei Federal no 9.784/1999, que
Detalhe importante que merece destaque é o expos- regula o Processo Administrativo no âmbito da Adminis-
to no art. 64 da Lei nº 9.784/1999: “O órgão competente tração Pública Federal, Plínio
para decidir o recurso poderá confirmar, modificar, anular
ou revogar, total ou parcialmente, a decisão recorrida, se a) possui direito de ter vista dos autos, porém, para obter
a matéria for de sua competência”. Logo, percebe-se que
cópias de documentos neles contidos, faz-se obriga-
o referido dispositivo legal permite a reformatio in pejus
tória a assistência por advogado, já que para tal ato é
da decisão administrativa, o que pode acarretar em uma
decisão que agrave ainda mais a situação do recorrente. sempre necessária a representação
Todavia, o parágrafo único do mesmo artigo dispõe que b) possui direito de ter vista dos autos e de obter cópias
o recorrente, nessa hipótese, deverá ser cientificado para de documentos neles contidos, fazendo-se assistir, fa-
que formule suas alegações antes da decisão. cultativamente, por advogado, salvo quando obriga-
tória a representação, por força de lei.
A LEI Nº 9.873/1999 c) não pode ter vista dos autos, tampouco obter cópias
de documentos nele contidos sem a assistência obri-
A Lei nº 9.873, de 23 de novembro de 1999, é o ins- gatória de um advogado, já que para tais atos é sem-
trumento normativo que estabelece prazo de prescrição pre necessária a representação.
para o exercício de ação punitiva pela Administração Pú- d) possui direito de ter vista dos autos e de obter cópias
blica Federal, direta e indireta. de documentos neles contidos, fazendo-se assistir, fa-
O prazo de prescrição comum é de 5 anos, con- cultativamente, por advogado, ressalvado o direito de
forme disposição do art 1º: Prescreve em cinco anos a conhecer as decisões proferidas, ato este que obriga
ação punitiva da Administração Pública Federal, direta sempre a assistência de um advogado, por meio de
e indireta, no exercício do poder de polícia, objetivando representação.
apurar infração à legislação em vigor, contados da data e) possui direito de ter vista dos autos e de obter cópias
da prática do ato ou, no caso de infração permanente de documentos neles contidos, fazendo-se assistir, fa-
ou continuada, do dia em que tiver cessado. Incide a cultativamente, por advogado, sem, contudo, poder
prescrição no procedimento administrativo paralisado formular alegações e apresentar documentos antes
por mais de três anos, pendente de julgamento ou da decisão, já que para tanto é sempre obrigatória a
despacho, cujos autos serão arquivados de ofício ou assistência de um advogado, por meio de represen-
mediante requerimento da parte interessada, sem tação.
prejuízo da apuração da responsabilidade funcional
decorrente da paralisação, se for o caso (§§ 1º e 2º).
Resposta: Letra B. A letra A está incorreta, pois o di-
Uma alteração importante da referida Lei é a dispos-
ta no novo artigo 1º-A, in verbis: “Constituído definitiva- reito à assistência de um advogado para acompanhar
mente o crédito não tributário, após o término regular os atos processuais é uma mera faculdade, na forma
do processo administrativo, prescreve em 5 (cinco) anos do art. 3º, IV, da Lei nº 9.784/1999. A letra C está in-
a ação de execução da administração pública federal re- correta, pois o administrado tem direito de ter vista
lativa a crédito decorrente da aplicação de multa por in- dos autos, trata-se de garantia prevista no art. 3º, II,
fração à legislação em vigor”. da referida Lei. As letras D e E estão incorretas, pois
Interrompe-se a prescrição punitiva, na forma do art. o administrado também tem o direito de conhecer as
2º: I – pela notificação ou citação do indiciado ou acusa- decisões proferidas, bem como formular alegações e
do, inclusive por meio de edital; II - por qualquer ato ine- apresentar documentos antes da decisão, indepen-
quívoco, que importe apuração do fato; III - pela decisão dentemente de estar acompanhado de advogado.
condenatória recorrível. IV – por qualquer ato inequívoco
que importe em manifestação expressa de tentativa de 2.(DPE-MA – DEFENSOR PÚBLICO – FCC – 2018) O
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

solução conciliatória no âmbito interno da administração recurso administrativo é meio hábil para propiciar o re-
pública federal.
exame da atividade da Administração por razões de le-
O art. 2º-A, por sua vez, dispõe da interrupção do
prazo das ações de execução administrativa: I – pelo des- galidade ou de mérito. O recurso hierárquico impróprio
pacho do juiz que ordenar a citação em execução fiscal; é aquele dirigido:
II – pelo protesto judicial; III – por qualquer ato judicial
que constitua em mora o devedor; IV – por qualquer ato a) à autoridade ou instância superior do mesmo órgão
inequívoco, ainda que extrajudicial, que importe em re- administrativo, pleiteando revisão do ato recorrido
conhecimento do débito pelo devedor; V – por qualquer por terceiro interessado.
ato inequívoco que importe em manifestação expressa b) pela parte, à autoridade ou órgão estranho à reparti-
de tentativa de solução conciliatória no âmbito interno ção que expediu o ato recorrido, mas com competên-
da administração pública federal. cia julgadora expressa.

18
c) pela parte, à autoridade ou órgão estranho à reparti-
ção que expediu o ato recorrido, sem a necessidade
LEI Nº 4.950-A/1966
de competência julgadora expressa, bastando estar,
de alguma forma, em posição hierárquica superior em
relação à autoridade recorrida.
d) à mesma autoridade que expediu o ato, para que o É a lei que dispõe sobre a remuneração de profissio-
invalide ou o modifique, e, por isso, apesar de consistir nais diplomados em Engenharia, Química, Arquitetura,
em reanálise é imprópria, pois não é dirigida à autori- Agronomia e Veterinária.
dade ou órgão hierarquicamente superior.
e) em forma de denúncia formal, à autoridade superior, Art . 1º O salário-mínimo dos diplomados pelos cursos
dando conta de irregularidades internas ou abuso regulares superiores mantidos pelas Escolas de Enge-
de poder na prática de atos da Administração, feita nharia, de Química, de Arquitetura, de Agronomia e
pela parte atingida diretamente pela irregularidade ou de Veterinária é o fixado pela presente Lei.
abuso de poder. Art . 2º O salário-mínimo fixado pela presente Lei é a
remuneração mínima obrigatória por serviços presta-
Resposta: Letra B. A letra A está incorreta, pois há dos pelos profissionais definidos no art. 1º, com rela-
um rol de legitimados para a interposição do recurso ção de emprego ou função, qualquer que seja a fonte
hierárquico próprio, o que significa que não pode ser pagadora.
pleiteado por terceiro. A letra C está incorreta, pois o Art . 3º Para os efeitos desta Lei as atividades ou ta-
endereçamento do recurso hierárquico próprio é feito refas desempenhadas pelos profissionais enumerados
à autoridade que se situa na mesma linha organiza- no art. 1º são classificadas em:
cional da autoridade recorrida, em posição hierarqui- a) atividades ou tarefas com exigência de 6 (seis) ho-
camente superior. A letra D está incorreta, pois o re- ras diárias de serviço;
curso hierárquico impróprio é aquele dirigido ao ente b) atividades ou tarefas com exigência de mais de 6
da Administração Direta que exerce poder de tutela (seis) horas diárias de serviço.
sobre a autoridade ente da Administração Indireta. A Parágrafo único. A jornada de trabalho é a fixada no
letra E está incorreta pois o recurso hierárquico tra- contrato de trabalho ou determinação legal vigente.
duz-se em um pedido, um pleito. A denúncia forma é Art . 4º Para os efeitos desta Lei os profissionais cita-
característica da representação administrativa.
dos no art. 1º são classificados em:
a) diplomados pelos cursos regulares superiores man-
3.(TRT 14ª REGIÃO-RO E AC – ANALISTA JUDICI- tidos pelas Escolas de Engenharia, de Química, de Ar-
ÁRIO – FCC – 2018) No que concerne à competência quitetura, de Agronomia e de Veterinária com curso
dos órgãos públicos, na forma disciplinada pela Lei no universitário de 4 (quatro) anos ou mais;
9.784/1999, que regula o processo administrativo no b) diplomados pelos cursos regulares superiores man-
âmbito da Administração pública federal, existe expressa tidos pelas Escolas de Engenharia, de Química, de Ar-
vedação quanto à: quitetura, de Agronomia e de Veterinária com curso
universitário de menos de 4 (quatro) anos.
a) delegação parcial ou temporária de competência, so- Art . 5º Para a execução das atividades e tarefas clas-
mente sendo admissível delegação em caráter integral sificadas na alínea a do art. 3º, fica fixado o salário-
e definitivo. -base mínimo de 6 (seis) vezes o maior salário-mínimo
b) avocação de competências, ainda que em caráter tem- comum vigente no País, para os profissionais relacio-
porário e excepcional por motivos relevantes e justifi- nados na alínea a do art. 4º, e de 5 (cinco) vezes o
cados pelo órgão superior. maior salário-mínimo comum vigente no País, para os
c) delegação da competência de um órgão a outro quan- profissionais da alínea b do art. 4º.
do este não lhe seja direta e imediatamente subordi- Art . 6º Para a execução de atividades e tarefas clas-
nado hierarquicamente. sificadas na alínea b do art. 3º, a fixação do salário-
d) delegação ou avocação de competência para decisão -base mínimo será feito tomando-se por base o custo
de recursos administrativos, salvo em caráter tempo- da hora fixado no art. 5º desta Lei, acrescidas de 25%
rário e devidamente justificado do ponto de vista téc- as horas excedentes das 6 (seis) diárias de serviços.
nico. Art . 7º A remuneração do trabalho noturno será feita
e) delegação de competência de determinado órgão a na base da remuneração do trabalho diurno, acresci-
outro, subordinado hierarquicamente ou não, para da de 25% (vinte e cinco por cento).
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

edição de atos de caráter normativo.


Resposta: Letra D. Segundo o disposto no artigo 13 da
Lei de Processos Administrativos (Lei nº 9.784/1999), não
LEI Nº 6.664/1979
podem ser objeto de delegação: I - a edição de atos de
caráter normativo; II - a decisão de recursos administra-
tivos; III - as matérias de competência exclusiva do órgão Trata-se da lei que regulamenta a profissão de geó-
ou autoridade. grafo, sendo permitido tal qualificação somente aos
Geógrafos e aos bacharéis em Geografia e em Geografia
e História, formados pelas Faculdades de Filosofia, Filo-
sofia, Ciências e Letras e pelos Institutos de Geociências

19
das Universidades oficiais ou oficialmente reconhecidas; III - prestação de serviços de caráter permanente, sob
bem como aos portadores de diploma de Geógrafo, ex- a forma de consultoria ou assessoria, junto a organi-
pedido por estabelecimentos estrangeiros similares de zações públicas ou privadas.
ensino superior, após revalidação no Brasil. Art. 5º. A fiscalização do exercício da profissão de Ge-
ógrafo será exercida pelo Conselho Regional de Enge-
As competências dos geógrafos estão contidas no art. nharia, Arquitetura e Agronomia.
3º da referida Lei in verbis:

Art. 3º. É da competência do Geógrafo o exercício das Em relação ao referido Conselho Regional, compe-
seguintes atividades e funções a cargo da União, dos te a este a concessão de registro profissional mediante
Estados, dos Territórios e dos Municípios, das entida- apresentação de diploma registrado no órgão próprio
des autárquicas ou de economia mista e particulares: do Ministério da Educação e Cultura. A apresentação da
I - reconhecimentos, levantamentos, estudos e pes- carteira profissional de Geógrafo será obrigatoriamente
quisas de caráter físico-geográfico, biogeográfico, an- exigida para inscrição em concurso, assinatura em ter-
tropogeográfico e geoeconômico e as realizadas nos mos de posse ou de quaisquer documentos, sempre que
campos gerais e especiais da Geografia, que se fizerem se tratar de prestação de serviço ou desempenho de fun-
necessárias: ção atribuída ao Geógrafo, nos termos previstos nesta Lei
a) na delimitação e caracterização de regiões e sub- (arts. 7º e 9º).
-regiões geográficas naturais e zonas geoeconômicas,
para fins de planejamento e organização físico-espa-
cial;
b) no equacionamento e solução, em escala nacional, LEI Nº 7.410/1985
regional ou local, de problemas atinentes aos recursos
naturais do País;
c) na interpretação das condições hidrológicas das ba-
cias fluviais; A Lei nº 7.410, de 27 de novembro de 1985, é a lei que
d) no zoneamento geo-humano, com vistas aos plane- dispõe sobre a Especialização de Engenheiros e Arquite-
jamentos geral e regional; tos em Engenharia de Segurança do Trabalho, a Profissão
de Técnico de Segurança do Trabalho.
e) na pesquisa de mercado e intercâmbio comercial O exercício da especialização de Engenheiro de Se-
em escala regional e inter-regional; gurança do Trabalho será permitido exclusivamente: I -
f) na caracterização ecológica e etológica da paisa- ao Engenheiro ou Arquiteto, portador de certificado de
gem geográfica e problemas conexos; conclusão de curso de especialização em Engenharia de
g) na política de povoamento, migração interna, imi-
Segurança do Trabalho, a ser ministrado no País, em ní-
gração e colonização de regiões novas ou de revalori-
vel de pós-graduação; II - ao portador de certificado de
zação de regiões de velho povoamento;
h) no estudo físico-cultural dos setores geoeconômicos curso de especialização em Engenharia de Segurança do
destinados ao planejamento da produção; Trabalho, realizado em caráter prioritário, pelo Ministério
i) na estruturação ou reestruturação dos sistemas de do Trabalho; e III - ao possuidor de registro de Engenhei-
circulação; ro de Segurança do Trabalho, expedido pelo Ministério
j) no estudo e planejamento das bases físicas e geoe- do Trabalho (art. 1º)
conômicas dos núcleos urbanos e rurais; O exercício da profissão de Técnico de Segurança
l) no aproveitamento, desenvolvimento e preservação do Trabalho será permitido, exclusivamente: I - ao por-
dos recursos naturais; tador de certificado de conclusão de curso de Técnico
m) no levantamento e mapeamento destinados à so- de Segurança do Trabalho, a ser ministrado no País em
lução dos problemas regionais; estabelecimentos de ensino de 2º grau; II - ao Portador
n) na divisão administrativa da União, dos Estados, de certificado de conclusão de curso de Supervisor de
dos Territórios e dos Municípios. Segurança do Trabalho, realizado em caráter prioritário
II - a organização de congressos, comissões, seminá- pelo Ministério do Trabalho; III - ao possuidor de registro
rios, simpósios e outros tipos de reuniões, destinados de Supervisor de Segurança do Trabalho, expedido pelo
ao estudo e à divulgação da Geografia. Ministério do Trabalho (art. 2º).
Art. 4º. As atividades profissionais do Geógrafo, sejam O exercício da atividade de Engenheiros e Arquitetos
as de investigação puramente científica, sejam as des- na especialização de Engenharia de Segurança do Tra-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

tinadas ao planejamento e implantação da política balho dependerá de registro em Conselho Regional de


social, econômica e administrativa de órgãos públicos Engenharia, Arquitetura e Agronomia, após a regulamen-
ou às iniciativas de natureza privada, se exercem atra- tação da referida Lei, e o de Técnico de Segurança do Tra-
vés de: balho, após o registro no Ministério do Trabalho (art. 3º).
I - órgãos e serviços permanentes de pesquisas e es-
tudos, integrantes de entidades científicas, culturais,
econômicas ou administrativas;
II - prestação de serviços ajustados para a realização
de determinado estudo ou pesquisa, de interesse de
instituições públicas ou particulares, inclusive perícia
e arbitramentos;

20
Satisfeitas as exigências da legislação específica do
ensino, é prerrogativa do meteorologista o exercício do
LEI Nº 6.835/1980
magistério das disciplinas constantes dos currículos dos
cursos de Meteorologia em escalas oficiais ou reconhe-
cidas.
A lei nº 6.835, de 14 de outubro de 1980, é a lei que
disciplina sobre o exercício da profissão de Meteorolo-
gista. LEI Nº 5.524/1968
Em seu artigo 1º, a lei deixa bastante claro que é li-
vre o exercício da profissão de Meteorologista em todo
o território nacional, observadas as condições previstas
É a lei que disciplina o exercício da profissão de Técni-
na presente Lei: a) aos possuidores de diploma de con-
co Industrial de nível médio.
clusão de curso superior de Meteorologia, concedido no
Brasil por escola oficial ou reconhecida e devidamente Art 2º A atividade profissional do Técnico Industrial
registrado no órgão próprio do Ministério da Educação e de nível médio efetiva-se no seguinte campo de rea-
Cultura; b) aos possuidores de diploma de conclusão de lizações:
curso superior de Meteorologia, concedido por institu- I - conduzir a execução técnica dos trabalhos de sua
to estrangeiro, que revalidem seus diplomas de acordo especialidade;
II - prestar assistência técnica no estudo e desenvolvi-
com a lei; c) aos possuidores de diploma de Bacharel em mento de projetos e pesquisas tecnológicas;
Física, modalidade Meteorologia, concedido pelo Insti- III - orientar e coordenar a execução dos serviços de
tuto de Geociências da Universidade Federal do Rio de manutenção de equipamentos e instalações;
Janeiro e devidamente registrado no órgão próprio do IV - dar assistência técnica na compra, venda e utiliza-
Ministério da Educação e Cultura; d) aos meteorologistas ção de produtos e equipamentos especializados;
que ingressaram no servico público mediante concurso V - responsabilizar-se pela elaboração e execução de
projetos, compatíveis com a respectiva formação pro-
público e que sejam portadores de diploma de um dos fissional.
cursos superiores de Física, Geografia, Matemática e En-
genharia; e) aos meteorologistas não diplomados que, Art 3º O exercício da profissão de Técnico Industrial de
comprovadamente, tenham exercido ou estejam exer- nível médio é privativo de quem:
cendo, por mais de três anos, funções de Meteorologista I) haja concluído um dos cursos do segundo ciclo de
em entidades públicas ou privadas, e que requeiram os ensino técnico industrial, tenha sido diplomado por
escola oficial autorizada ou reconhecida, de nível mé-
respectivos registros, dentro do prazo de um ano, a con- dio, regularmente constituída nos termos da Lei nú-
tar da data da publicação da presente Lei. mero 4.024, de 20 de dezembro de 1961;
As atribuições do profissional meteorologista estão II) após curso regular e válido para o exercício da pro-
dispostas no artigo 7º, in verbis: fissão, tenha sido diplomado por escola ou instituto
Art. 7º São atribuições do Meteorologista: técnico industrial estrangeiro e revalidado seu diplo-
a) dirigir órgãos, serviços, seções, grupos ou setores de ma no Brasil, de acordo com a legislação vigente;
III) sem os cursos e a formação atrás referidos, conte
Meteorologia em entidade pública ou privada; na data da promulgação desta Lei, 5 (cinco) anos de
b) julgar e decidir sobre tarefas científicas e operacio- atividade integrada no campo da técnica industrial de
nais de Meteorologia e respectivos instrumentais; nível médio e tenha habilitação reconhecida por ór-
c) pesquisar, planejar e dirigir a aplicação da Meteoro- gão competente.
logia nos diversos campos de sua utilização; Art 4º Os cargos de Técnico Industrial de nível médio,
d) executar previsões meteorológicas;’ no serviço público federal, estadual ou municipal ou
e) executar pesquisas em Meteorologia; em órgãos dirigidos indiretamente pelo poder público,
bem como na economia privada, somente serão exer-
f) dirigir, orientar e controlar projetos científicos em
cidos por profissionais legalmente habilitados.
Meteorologia; Art 5º O Poder Executivo promoverá expedição de re-
g) criar, renovar e desenvolver técnicas, métodos e ins- gulamentos, para execução da presente Lei.
trumental em trabalhos de Meteorologia; Art 6º Esta Lei será aplicável, no que couber, aos técni-
h) introduzir técnicas, métodos e instrumental em tra- cos agrícolas de nível médio.
balhos de Meteorologia;
i) pesquisar e avaliar recursos naturais na atmosfera;
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

j) pesquisar e avaliar modificações artificiais nas ca- LEI Nº 10.257/2001


racterísticas do tempo;
l) atender a consultas meteorológicas e suas relacões
com outras ciências naturais; A Lei nº 10.257, de 10 de julho de 2001, é a lei que
m) fazer perícias, emitir pareceres e fazer divulgação estabelece diretrizes gerais da política urbana. A neces-
técnica dos assuntos referidos nas alíneas anteriores. sidade de regulamentar as diretrizes da política urbana
O órgão de fiscalização dos profissionais de meteo- surge com a Constituição Federal de 1988, sobretudo
rologia é a CONFEA (art. 2º). O registro profissional, que seus artigos 182 e 183. Traremos aqui os dispositivos que
é obrigatório, será requerido aos Conselhos Regionais de costumam cair com maior frequência em questões de
Engenharia, Arquitetura e Agronomia – CREAs (art. 3º). concursos públicos.

21
Art. 2o  A política urbana tem por objetivo ordenar o XII – proteção, preservação e recuperação do meio
pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade ambiente natural e construído, do patrimônio cultural,
e da propriedade urbana, mediante as seguintes dire- histórico, artístico, paisagístico e arqueológico;
trizes gerais: XIII – audiência do Poder Público municipal e da po-
I – garantia do direito a cidades sustentáveis, entendi- pulação interessada nos processos de implantação de
do como o direito à terra urbana, à moradia, ao sane- empreendimentos ou atividades com efeitos poten-
amento ambiental, à infraestrutura urbana, ao trans- cialmente negativos sobre o meio ambiente natural ou
porte e aos serviços públicos, ao trabalho e ao lazer, construído, o conforto ou a segurança da população;
para as presentes e futuras gerações; XIV – regularização fundiária e urbanização de áreas
II – gestão democrática por meio da participação da ocupadas por população de baixa renda mediante o
população e de associações representativas dos vários estabelecimento de normas especiais de urbanização,
segmentos da comunidade na formulação, execução e uso e ocupação do solo e edificação, consideradas a
acompanhamento de planos, programas e projetos de
situação socioeconômica da população e as normas
desenvolvimento urbano;
ambientais;
III – cooperação entre os governos, a iniciativa privada
XV – simplificação da legislação de parcelamento, uso
e os demais setores da sociedade no processo de urba-
nização, em atendimento ao interesse social; e ocupação do solo e das normas edilícias, com vistas
IV – planejamento do desenvolvimento das cidades, a permitir a redução dos custos e o aumento da oferta
da distribuição espacial da população e das atividades dos lotes e unidades habitacionais;
econômicas do Município e do território sob sua área XVI – isonomia de condições para os agentes públicos
de influência, de modo a evitar e corrigir as distorções e privados na promoção de empreendimentos e ativi-
do crescimento urbano e seus efeitos negativos sobre dades relativos ao processo de urbanização, atendido
o meio ambiente; o interesse social.
V – oferta de equipamentos urbanos e comunitários, XVII - estímulo à utilização, nos parcelamentos do solo
transporte e serviços públicos adequados aos interes- e nas edificações urbanas, de sistemas operacionais,
ses e necessidades da população e às características padrões construtivos e aportes tecnológicos que obje-
locais; tivem a redução de impactos ambientais e a economia
VI – ordenação e controle do uso do solo, de forma a de recursos naturais.                
evitar: XVIII - tratamento prioritário às obras e edificações de
a) a utilização inadequada dos imóveis urbanos; infraestrutura de energia, telecomunicações, abasteci-
b) a proximidade de usos incompatíveis ou inconve- mento de água e saneamento.                    
nientes; XIX – garantia de condições condignas de acessibili-
c) o parcelamento do solo, a edificação ou o uso ex- dade, utilização e conforto nas dependências internas
cessivos ou inadequados em relação à infraestrutura das edificações urbanas, inclusive nas destinadas à
urbana; moradia e ao serviço dos trabalhadores domésticos,
d) a instalação de empreendimentos ou atividades observados requisitos mínimos de dimensionamen-
que possam funcionar como polos geradores de trá- to, ventilação, iluminação, ergonomia, privacidade e
fego, sem a previsão da infraestrutura correspondente; qualidade dos materiais empregados. 
e) a retenção especulativa de imóvel urbano, que re- (...)
sulte na sua subutilização ou não utilização; Art. 5o Lei municipal específica para área incluída no
f) a deterioração das áreas urbanizadas; plano diretor poderá determinar o parcelamento, a
g) a poluição e a degradação ambiental; edificação ou a utilização compulsórios do solo urbano
 h) a exposição da população a riscos de desastres.            não edificado, subutilizado ou não utilizado, devendo
VII – integração e complementaridade entre as ati- fixar as condições e os prazos para implementação da
vidades urbanas e rurais, tendo em vista o desenvol- referida obrigação.
vimento socioeconômico do Município e do território § 1o Considera-se subutilizado o imóvel:
sob sua área de influência; I – cujo aproveitamento seja inferior ao mínimo defini-
VIII – adoção de padrões de produção e consumo de do no plano diretor ou em legislação dele decorrente;
bens e serviços e de expansão urbana compatíveis II – (VETADO)
com os limites da sustentabilidade ambiental, social
e econômica do Município e do território sob sua área § 2o O proprietário será notificado pelo Poder Exe-
de influência; cutivo municipal para o cumprimento da obrigação,
IX – justa distribuição dos benefícios e ônus decorren-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

devendo a notificação ser averbada no cartório de re-


tes do processo de urbanização; gistro de imóveis.
X – adequação dos instrumentos de política econômi- § 3o A notificação far-se-á:
ca, tributária e financeira e dos gastos públicos aos I – por funcionário do órgão competente do Poder Pú-
objetivos do desenvolvimento urbano, de modo a blico municipal, ao proprietário do imóvel ou, no caso
privilegiar os investimentos geradores de bem-estar de este ser pessoa jurídica, a quem tenha poderes de
geral e a fruição dos bens pelos diferentes segmentos gerência geral ou administração;
sociais; II – por edital quando frustrada, por três vezes, a ten-
XI – recuperação dos investimentos do Poder Público tativa de notificação na forma prevista pelo inciso I.
de que tenha resultado a valorização de imóveis ur- § 4o Os prazos a que se refere o caput não poderão
banos; ser inferiores a:

22
I - um ano, a partir da notificação, para que seja pro- § 1o Para os efeitos desta Lei, coeficiente de aprovei-
tocolado o projeto no órgão municipal competente; tamento é a relação entre a área edificável e a área
II - dois anos, a partir da aprovação do projeto, para do terreno.
iniciar as obras do empreendimento. § 2o O plano diretor poderá fixar coeficiente de apro-
§ 5o Em empreendimentos de grande porte, em ca- veitamento básico único para toda a zona urbana ou
ráter excepcional, a lei municipal específica a que se diferenciado para áreas específicas dentro da zona
refere o caput poderá prever a conclusão em etapas, urbana.
assegurando-se que o projeto aprovado compreenda o § 3o O plano diretor definirá os limites máximos a se-
empreendimento como um todo. rem atingidos pelos coeficientes de aproveitamento,
(...) considerando a proporcionalidade entre a infraestru-
Art. 7o Em caso de descumprimento das condições tura existente e o aumento de densidade esperado em
e dos prazos previstos na forma do caput do art. 5o cada área.
Art. 29. O plano diretor poderá fixar áreas nas quais
desta Lei, ou não sendo cumpridas as etapas previstas
poderá ser permitida alteração de uso do solo, me-
no § 5o do art. 5o desta Lei, o Município procederá
diante contrapartida a ser prestada pelo beneficiário.
à aplicação do imposto sobre a propriedade predial
(...)
e territorial urbana (IPTU) progressivo no tempo, me-
Art. 36. Lei municipal definirá os empreendimentos e
diante a majoração da alíquota pelo prazo de cinco atividades privados ou públicos em área urbana que
anos consecutivos. dependerão de elaboração de estudo prévio de impac-
§ 1o O valor da alíquota a ser aplicado a cada ano to de vizinhança (EIV) para obter as licenças ou auto-
será fixado na lei específica a que se refere o caput do rizações de construção, ampliação ou funcionamento
art. 5o desta Lei e não excederá a duas vezes o valor a cargo do Poder Público municipal.
referente ao ano anterior, respeitada a alíquota máxi- Art. 37. O EIV será executado de forma a contemplar
ma de quinze por cento. os efeitos positivos e negativos do empreendimento ou
§ 2o Caso a obrigação de parcelar, edificar ou utili- atividade quanto à qualidade de vida da população
zar não esteja atendida em cinco anos, o Município residente na área e suas proximidades, incluindo a
manterá a cobrança pela alíquota máxima, até que se análise, no mínimo, das seguintes questões:
cumpra a referida obrigação, garantida a prerrogativa I – adensamento populacional;
prevista no art. 8o. II – equipamentos urbanos e comunitários;
§ 3o É vedada a concessão de isenções ou de anistia III – uso e ocupação do solo;
relativas à tributação progressiva de que trata este ar- IV – valorização imobiliária;
tigo. V – geração de tráfego e demanda por transporte pú-
Art. 8o Decorridos cinco anos de cobrança do IPTU blico;
progressivo sem que o proprietário tenha cumprido a VI – ventilação e iluminação;
obrigação de parcelamento, edificação ou utilização, o VII – paisagem urbana e patrimônio natural e cultural.
Município poderá proceder à desapropriação do imó- Parágrafo único. Dar-se-á publicidade aos documen-
vel, com pagamento em títulos da dívida pública. tos integrantes do EIV, que ficarão disponíveis para
§ 1o Os títulos da dívida pública terão prévia aprova- consulta, no órgão competente do Poder Público mu-
ção pelo Senado Federal e serão resgatados no prazo nicipal, por qualquer interessado.
de até dez anos, em prestações anuais, iguais e su- Art. 38. A elaboração do EIV não substitui a elaboração
cessivas, assegurados o valor real da indenização e os e a aprovação de estudo prévio de impacto ambiental
juros legais de seis por cento ao ano. (EIA), requeridas nos termos da legislação ambiental.
Art. 9o Aquele que possuir como sua área ou edifi- Art. 39. A propriedade urbana cumpre sua função so-
cação urbana de até duzentos e cinquenta metros cial quando atende às exigências fundamentais de or-
quadrados, por cinco anos, ininterruptamente e sem denação da cidade expressas no plano diretor, assegu-
oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua rando o atendimento das necessidades dos cidadãos
família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja quanto à qualidade de vida, à justiça social e ao de-
proprietário de outro imóvel urbano ou rural. senvolvimento das atividades econômicas, respeitadas
§ 1o O título de domínio será conferido ao homem ou as diretrizes previstas no art. 2o desta Lei.
à mulher, ou a ambos, independentemente do estado Art. 40. O plano diretor, aprovado por lei municipal, é
civil.
o instrumento básico da política de desenvolvimento e
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

§ 2o O direito de que trata este artigo não será reco-


expansão urbana.
nhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez.
§ 3o Para os efeitos deste artigo, o herdeiro legítimo
§ 1o O plano diretor é parte integrante do processo de
continua, de pleno direito, a posse de seu antecessor,
desde que já resida no imóvel por ocasião da abertura planejamento municipal, devendo o plano plurianual,
da sucessão. as diretrizes orçamentárias e o orçamento anual in-
(...) corporar as diretrizes e as prioridades nele contidas.
Art. 28. O plano diretor poderá fixar áreas nas quais o § 2o O plano diretor deverá englobar o território do
direito de construir poderá ser exercido acima do coe- Município como um todo.
ficiente de aproveitamento básico adotado, mediante § 3o A lei que instituir o plano diretor deverá ser revis-
contrapartida a ser prestada pelo beneficiário. ta, pelo menos, a cada dez anos.

23
§ 4o No processo de elaboração do plano diretor e na Art. 44. No âmbito municipal, a gestão orçamentá-
fiscalização de sua implementação, os Poderes Legis- ria participativa de que trata a alínea f do inciso III
lativo e Executivo municipais garantirão: do art. 4o desta Lei incluirá a realização de debates,
I – a promoção de audiências públicas e debates com audiências e consultas públicas sobre as propostas do
a participação da população e de associações repre- plano plurianual, da lei de diretrizes orçamentárias e
sentativas dos vários segmentos da comunidade; do orçamento anual, como condição obrigatória para
II – a publicidade quanto aos documentos e informa- sua aprovação pela Câmara Municipal.
ções produzidos; Art. 45. Os organismos gestores das regiões metropo-
III – o acesso de qualquer interessado aos documentos litanas e aglomerações urbanas incluirão obrigatória
e informações produzidos. e significativa participação da população e de associa-
§ 5o (VETADO) ções representativas dos vários segmentos da comu-
Art. 41. O plano diretor é obrigatório para cidades: nidade, de modo a garantir o controle direto de suas
I – com mais de vinte mil habitantes; atividades e o pleno exercício da cidadania.
II – integrantes de regiões metropolitanas e aglome-
rações urbanas;
III – onde o Poder Público municipal pretenda utilizar
os instrumentos previstos no § 4o do art. 182 da Cons- LEI Nº 4.076/1962
tituição Federal;
IV – integrantes de áreas de especial interesse turístico;
V – inseridas na área de influência de empreendimen-
A Lei nº 4.076, de 23 de junho de 1962, é a lei que
tos ou atividades com significativo impacto ambiental
disciplina o exercício da profissão de geólogo.
de âmbito regional ou nacional
VI - incluídas no cadastro nacional de Municípios O exercício da profissão de geólogo será somente
com áreas suscetíveis à ocorrência de deslizamentos permitido: a) aos portadores de diploma de Geólogo, ex-
de grande impacto, inundações bruscas ou processos pedido por curso oficial; b) aos portadores de diploma
geológicos ou hidrológicos correlatos. (Incluído pela de Geólogo ou de Engenheiro Geólogo expedido por es-
Lei nº 12.608, de 2012) tabelecimento estrangeiro de ensino superior; depois de
§ 1o No caso da realização de empreendimentos ou revalidado (art. 1º)
atividades enquadrados no inciso V do caput, os recur- A fiscalização do exercício da profissão de geólogo
sos técnicos e financeiros para a elaboração do plano será exercida pelo Conselho Federal de Engenharia e Ar-
diretor estarão inseridos entre as medidas de compen- quitetura e pelos Conselhos Regionais (art. 4º).
sação adotadas. São da competência do geólogo ou engenheiro geó-
§ 2o No caso de cidades com mais de quinhentos mil logo, na forma do art. 6º: a) trabalhos topográficos e
habitantes, deverá ser elaborado um plano de trans- geodésicos; b) levantamentos geológicos, geoquímicos
porte urbano integrado, compatível com o plano dire-
e geofísicos; c) estudos relativos a ciências da terra; d)
tor ou nele inserido.
trabalhos de prospecção e pesquisa para cubação de ja-
§ 3o As cidades de que trata o caput deste artigo
devem elaborar plano de rotas acessíveis, compatível zidas e determinação de seu valor econômico; e) ensino
com o plano diretor no qual está inserido, que dis- das ciências geológicas nos estabelecimentos de ensino
ponha sobre os passeios públicos a serem implanta- secundário e superior; f) assuntos legais relacionados
dos ou reformados pelo poder público, com vistas a com suas especialidades; g) perícias e arbitramentos re-
garantir acessibilidade da pessoa com deficiência ou ferentes às materiais das alíneas anteriores.
com mobilidade reduzida a todas as rotas e vias exis-
tentes, inclusive as que concentrem os focos geradores
de maior circulação de pedestres, como os órgãos pú-
blicos e os locais de prestação de serviços públicos e DECRETOS E SUAS ALTERAÇÕES
privados de saúde, educação, assistência social, espor- POSTERIORES: DECRETO Nº 90.922/1985 E
te, cultura, correios e telégrafos, bancos, entre outros, DECRETO Nº 4.560/2002
sempre que possível de maneira integrada com os sis-
temas de transporte coletivo de passageiros.
(...)
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Art. 43. Para garantir a gestão democrática da cidade, Não cabe somente ao Poder Legislativo regulamen-
deverão ser utilizados, entre outros, os seguintes ins- tar as matérias de preocupação constitucional. É possível
trumentos: que os chefes do Executivo acabem regulamentando a
I – órgãos colegiados de política urbana, nos níveis matéria disposta em Lei, para que melhor se adeque com
nacional, estadual e municipal; a realidade social do local onde governa.
II – debates, audiências e consultas públicas; O Decreto nº 90.922, de 6 de fevereiro de 1985, regu-
III – conferências sobre assuntos de interesse urbano, lamenta a Lei nº 5.524, de 05 de novembro de 1968, que
nos níveis nacional, estadual e municipal; dispõe sobre o exercício da profissão de técnico indus-
IV – iniciativa popular de projeto de lei e de planos, trial e técnico agrícola de nível médio ou de 2º grau
programas e projetos de desenvolvimento urbano; O Decreto nº 4.560 apenas regulamenta o primeiro,
V – (VETADO) aumentando o rol de atribuições dos técnicos agrícolas.

24
Segundo o referido decreto nº 90.992, é assegurado § 2º Os técnicos em Eletrotécnica poderão projetar e
o exercício da profissão de técnico de 2º grau de que tra- dirigir instalações elétricas com demanda de energia
ta o artigo anterior, a quem: I - tenha concluído um dos de até 800 kva, bem como exercer a atividade de de-
cursos técnicos industriais e agrícolas de 2º grau, e tenha senhista de sua especialidade.
sido diplomado por escola autorizada ou reconhecida, § 3º Os técnicos em Agrimensura terão as atribuições
regularmente constituída, nos termos das Leis nºs 4.024, para a medição, demarcação e levantamentos topo-
de 20 de dezembro de 1961, 5.692, de 11 de agosto de gráficos, bem como projetar, conduzir e dirigir traba-
1971 e 7.044, de 18 de outubro de 1982; II - seja porta- lhos topográficos, funcionar como peritos em vistorias
dor de diploma de habilitação específica, expedido por e arbitramentos relativos à agrimensura e exercer a
instituição de ensino estrangeira, revalidado na forma da atividade de desenhista de sua especialidade.
legislação pertinente em vigor; III - sem habilitação es- Art 5º Além das atribuições mencionadas neste Decre-
pecífica, conte, na data da promulgação da Lei nº 5.524, to, fica assegurado aos técnicos industriais de 2º grau,
de 05 de novembro de 1968, 5 (cinco) anos de atividade o exercício de outras atribuições, desde que compatí-
como técnico de 2º grau (art. 2º). veis com a sua formação curricular.
Art 4º As atribuições dos técnicos industriais de 2º Art 6º As atribuições dos técnicos agrícolas de 2º grau
grau, em suas diversas modalidades, para efeito do em suas diversas modalidades, para efeito do exercício
exercício profissional e de sua fiscalização, respeitados profissional e da sua fiscalização, respeitados os limi-
os limites de sua formação, consistem em: tes de sua formação, consistem em: (Redação alterada
I - executar e conduzir a execução técnica de trabalhos pelo Decreto nº 4.560/2002)
profissionais, bem como orientar e coordenar equipes I - desempenhar cargos, funções ou empregos em ati-
de execução de instalações, montagens, operação, re- vidades estatais, paraestatais e privadas;
paros ou manutenção; II - atuar em atividades de extensão, associativismo e
II - prestar assistência técnica e assessoria no estudo em apoio à pesquisa, análise, experimentação, ensaio
de viabilidade e desenvolvimento de projetos e pesqui- e divulgação técnica;
sas tecnológicas, ou nos trabalhos de vistoria, perícia, II - atuar em atividades de extensão, assistência técni-
avaliação, arbitramento e consultoria, exercendo, den- ca, associativismo, pesquisa, análise, experimentação,
tre outras, as seguintes atividades: ensaio e divulgação técnica;
1. coleta de dados de natureza técnica; III - ministrar disciplinas técnicas de sua especialidade,
2. desenho de detalhes e da representação gráfica de constantes dos currículos do ensino de 1º e 2º graus,
cálculos; desde que possua formação especifica, incluída a pe-
3. elaboração de orçamento de materiais e equipa- dagógica, para o exercício do magistério, nesses dois
mentos, instalações e mão-de-obra; níveis de ensino;
4. detalhamento de programas de trabalho, observan- IV - responsabilizar-se pela elaboração de projetos e
do normas técnicas e de segurança; assistência técnica nas áreas de:
5. aplicação de normas técnicas concernentes aos res- a) crédito rural e agroindustrial para efeitos de inves-
pectivos processos de trabalho; timento e custeio;
6. execução de ensaios de rotina, registrando observa- b) topografia na área rural; (Alínea incluída pelo De-
ções relativas ao controle de qualidade dos materiais, creto nº 4.560, de 30.12.2002)
peças e conjuntos; c) impacto ambiental; (Alínea incluída pelo Decreto nº
7. regulagem de máquinas, aparelhos e instrumentos 4.560, de 30.12.2002)
técnicos. d) paisagismo, jardinagem e horticultura;
III - executar, fiscalizar, orientar e coordenar direta- e) construção de benfeitorias rurais;
mente serviços de manutenção e reparo de equipa- f) drenagem e irrigação;
mentos, instalações e arquivos técnicos específicos, V - elaborar orçamentos, laudos, pareceres, relatórios
bem como conduzir e treinar as respectivas equipes; e projetos, inclusive de incorporação de novas tecno-
IV - dar assistência técnica na compra, venda e uti- logias;
lização de equipamentos e materiais especializados, VI - prestar assistência técnica e assessoria no estudo
assessorando, padronizando, mensurando e orçando; e desenvolvimento de projetos e pesquisas tecnológi-
V - responsabilizar-se pela elaboração e execução de cas, ou nos trabalhos de vistoria, perícia, arbitramento
projetos compatíveis com a respectiva formação pro- e consultoria, exercendo, dentre outras, as seguintes
fissional; tarefas:
VI - ministrar disciplinas técnicas de sua especialidade, a) coleta de dados de natureza técnica;
constantes dos currículos do ensino de 1º e 2º graus, b) desenho de detalhes de construções rurais;
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

desde que possua formação específica, incluída a pe- c) elaboração de orçamentos de materiais, insumos,
dagógica, para o exercício do magistério, nesses dois equipamentos, instalações e mão-de-obra;
níveis de ensino. d) detalhamento de programas de trabalho, observan-
§ 1º Os técnicos de 2º grau das áreas de Arquitetu- do normas técnicas e de segurança no meio rural;
ra e de Engenharia Civil, na modalidade Edificações, e) manejo e regulagem de máquinas e implementos
poderão projetar e dirigir edificações de até 80m 2 agrícolas;
de área construída, que não constituam conjuntos
f) execução e fiscalização dos procedimentos relativos
residenciais, bem como realizar reformas, desde que
ao preparo do solo até à colheita, armazenamen-
não impliquem em estruturas de concreto armado ou
to, comercialização e industrialização dos produtos
metálica, e exercer a atividade de desenhista de sua
agropecuários;
especialidade.
g) administração de propriedades rurais;

25
VII - conduzir, executar e fiscalizar obra e serviço téc- de acordo com a legislação federal. Não é permitido o
nico, compatíveis com a respectiva formação profis- exercício da profissão aos diplomados por escolas ou
sional; cursos cujos estudos hajam sido feitos por meio de cor-
VIII - responsabilizar-se pelo planejamento, organiza- respondência (art. 1º e parágrafo único).
ção, monitoramento e emissão dos respectivos laudos
nas atividades de: O certificado de registro ou a apresentação do título
a) exploração e manejo do solo, matas e florestas de registrado será exigido pelas autoridades federais, esta-
acordo com suas características; duais e municipais, para a assinatura de contratos, ter-
b) alternativas de otimização dos fatores climáticos e mos de posse, inscrição em concursos, pagamentos de
seus efeitos no crescimento e desenvolvimento das licença ou impostos para o exercício da profissão, e de-
plantas e dos animais; sempenho de quaisquer funções a esta inerentes (art. 5º)
c) propagação em cultivos abertos ou protegidos, em O art. 6º dispõe das atribuições da profissão agronô-
viveiros e em casas de vegetação; mica, in verbis:
d) obtenção e preparo da produção animal; processo de Art. 6º São atribuições dos agrônomos ou engenhei-
aquisição, preparo, conservação e armazenamento ros agrônomos a organização, direção e execução dos
da matéria prima e dos produtos agroindustriais; serviços técnicos oficiais, federais, estaduais e munici-
e) programas de nutrição e manejo alimentar em pro- pais, concernentes às matérias e atividades seguintes:
jetos zootécnicos; a) ensino agrícola, em seus diferentes graus;
f) produção de mudas (viveiros) e sementes; b) experimentações racionais e científicas referentes
IX - executar trabalhos de mensuração e controle de à agricultura, e, em geral, quaisquer demonstrações
qualidade; práticas de agricultura em estabelecimentos federais,
X - dar assistência técnica na compra, venda e uti- estaduais e municipais;
lização de equipamentos e materiais especializados, c) propaganda e difusão de mecânica agrícola, de
processos de adubação, de métodos aperfeiçoados de
assessorando, padronizando, mensurando e orçando;
colheita e de beneficiamento dos produtos agrícolas,
XI - emitir laudos e documentos de classificação e
bem como de métodos de aproveitamento industrial
exercer a fiscalização de produtos de origem vegetal,
da produção vegetal;
animal e agroindustrial; d) estudos econômicos relativos à agricultura e indús-
XII - prestar assistência técnica na comercialização e trias correlatas;
armazenamento de produtos agropecuários; e) genética agrícola, produção de sementes, melho-
XII - prestar assistência técnica na aplicação, comer- ramento das plantas cultivadas e fiscalização do co-
cialização, no manejo e regulagem de máquinas, mércio de sementes, plantas vivas e partes vivas de
implementos, equipamentos agrícolas e produtos es- plantas;
pecializados, bem como na recomendação, interpre- f) fitopatologia, entomologia e microbiologia agríco-
tação de análise de solos e aplicação de fertilizantes las;
e corretivos; g) aplicação de medidas de defesa e de vigilância sa-
XIII - administrar propriedades rurais em nível geren- nitária vegetal;
cial; h) química e tecnologia agrícolas;
XIV - prestar assistência técnica na multiplicação de i) reflorestamento, conservação, defesa, exploração e
sementes e mudas, comuns e melhoradas; industrialização de matas;
XV - treinar e conduzir equipes de instalação, monta- j) administração de colônias agrícolas;
gem e operação, reparo ou manutenção; l) ecologia e meteorologia agrícolas;
XVI - treinar e conduzir equipes de execução de servi- m) fiscalização de estabelecimentos de ensino agro-
ços e obras de sua modalidade; nômico, reconhecidos, equiparados ou em via de equi-
XVII - analisar as características econômicas, sociais e paração;
ambientais, identificando as atividades peculiares da n) fiscalização de empresas, agrícolas ou de indústrias
área a serem implementadas; correlatas, que gosarem de favores oficiais;
o) barragens em terra que não excedam de cinco me-
tros de altura;
DECRETO Nº 23.196/1933 p) irrigação e drenagem para fins agrícolas;
q) estradas de rodagem de interesse local e destinadas
a fins agrícolas, desde que nelas não existam boeiros e
pontilhões de mais de cinco metros de vão;
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

O Decreto nº 23.196, de 12 de outubro de 1933, re- r) construções rurais, destinadas a moradias ou fins
gula o exercício da profissão agronômica. O exercício da agrícolas;
profissão do agrônomo ou engenheiro agrônomo, em s) avaliações e perícias relativas às alíneas anteriores;
qualquer dos seus ramos, com as atribuições estabeleci- t) agrologia;
das neste decreto, só será permitido: a) aos profissionais u) peritagem e identificação, para desembaraço em
diplomados no país por escolas ou institutos de ensino repartições fiscais ou para fins judiciais, de instrumen-
agronômicos oficiais, equiparados ou oficialmente reco- tos, utensílios e máquinas agrícolas, sementes, plantas
nhecidos: b) aos profissionais que, sendo diplomados em ou partes vivas de plantas, adubos, inseticidas, fungi-
agronomia por escolas superiores estrangeiras, após cur- cidas, maquinismos e acessórios e, bem assim, outros
so regular e válido para o exercício da profissão no país artigos utilizáveis na agricultura ou na instalação de
de origem, tenham revalidade no Brasil os seus diplomas indústrias rurais e derivadas;

26
v) determinação do valor locativo e venal das proprie- nicos superiores estrangeiros de engenharia, arquitetura
dades rurais, para fins administrativos ou judiciais, na ou agrimensura, após curso regular e válido para o exer-
parte que se relacione com a sua profissão; cício da profissão em todo o país onde se acharem situa-
x) avaliação e peritagem das propriedades rurais, suas dos, tenham revalidado os seus diplomas, de acordo com
instalações, rebanhos e colheitas pendentes, para fins a legislação federal do ensino superior; d) àqueles que,
administrativos, judiciais ou de crédito; diplomados por escolas ou institutos estrangeiros de en-
z) avaliação dos melhoramentos fundiários para os genharia. arquitetura ou agrimensura, tenham registrado
mesmos fins da alínea x. seus diplomas até 18 de junho de 1915, de acordo com o
decreto n. 3.001, de 9 de outubro de, 1880, ou os regis-
Art. 7º Terão preferência, em igualdade de condições, traram consoante o disposto no art. 22, da lei n. 4.793, de
os agrônomos ou engenheiros agrônomos, quanto à 7 de janeiro de 1924 (art. 1º).
parte relacionada com a sua especialidade, nos servi- Art. 10. Os profissionais a que se refere este decreto só
ços oficiais concernentes a: poderão exercer legalmente a engenharia, arquitetura
a) experimentações racionais e científicas, bem como ou a agrimensura, após o prévio registro de seus títu-
demonstrações práticas, referentes a questões de fo- los, diplomas, certificados-diplomas e cartas no Minis-
mento da produção animal, em estabelecimentos fe- tério da Educação e Saúde Pública ou de suas licenças
derais, estaduais ou municipais; no Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura,
b) padronização e classificação dos produtos de ori- sob cuja jurisdição se achar o local de sua atividade.
gem animal; Art. 11. Os profissionais punidos por inobservância do
c) inspeção, sob o ponto de vista de fomento da pro- artigo anterior, não poderão obter o registro de que
dução animal, de estábulos, matadouros, frigoríficos, este trata, sem provarem o pagamento das multas am
fábricas de banha e de conservas de origem animal, que houverem ocorrido.
usinas, entrepostos e fábricas de laticínios, e, de um Parágrafo único. A continuação do exercício da profis-
modo geral, de todos os produtos de origem animal são sem o registro a que estes artigos alude, conside-
nas suas fontes de produção, fabricação ou manipu- rar-se-á como reincidência de infração deste decreto.
lação; (...)
d) organização e execução dos trabalhos de recensea- Art. 14. A todo profissional registrado de acordo com
mento, estatística e cadastragem rurais; este decreto, será entregue uma carteira profissional,
e) fiscalização da indústria e comércio de adubos, in- numerada, registrada e visada no Conselho Regional
respectivo, a qual conterá
seticidas e fungicidas;
a) seu nome por inteiro
f) sindicalismo e cooperativismo agrário;
b) sua nacionalidade e naturalidade
g) mecânica agrícola;
c) a data de seu nascimento
h) organização de congressos, concursos e exposições
d) a denominação da escola em que se formou ou da
nacionais ou estrangeiras relativas à agricultura e in-
repartição local onde obteve licença para exercer a
dústria animal, ou representação oficial nesses certâ-
profissão;
mens.
e) a data em que foi diplomado ou licenciado;
Parágrafo único. A preferência estabelecida nos servi- f) a natureza do título ou dos títulos de sua habilitação;
ços oficiais especificados nas alíneas a, b, c e h. deste g) a indicação da revalidação do título, si houver;
artigo não prevalecerá quando for concorrente um ve- h) o número do registro no Conselho Regional respec-
terinário ou médico veterinário. tivo;
i) sua fotografia de frente e impressão dactiloscópica
(polegar) ;
DECRETO Nº 23.569/1933 j) sua assinatura.
(...)
Art. 18. A fiscalização do exercício da engenharia,
da arquitetura e da agrimensura será exercida pelo
O Decreto nº 23.569, de 11 de dezembro de 1933, Conselho Federal de Engenharia e Arquitetura e pelos
regulamenta o exercício das profissões de engenheiro, Conselhos Regionais a que se referem os arts. 25 a 27.
de arquiteto e de agrimensor. Art. 19. Terá sua sede no Distrito Federal o Conselho
O exercício das profissões de engenheiro, de arqui- Federal de Engenharia e Arquitetura, ao qual ficam
teto e de agrimensor será somente permitido, respec- subordinados os Conselhos Regionais.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

tivamente: a) nos diplomados pelas escolas ou cursos Art. 20. O Conselho Federal de Engenharia e Arqui-
de engenharia, arquitetura ou agrimensura, oficiais, da tetura será constituído de dez membros brasileiros,
União Federal, ou que sejam, ou tenham sido ao tempo habilitados de acordo com o art. 1º e suas alíneas, e
da conclusão dos seus respectivos cursos, oficializadas, obedecerá á seguinte composição:
equiparadas às da União ou sujeitas ao regime de inspe- a) um membro designado pelo Governo Federal;
ção do Ministério da Educação e Saúde Pública; b) aos b) três profissionais escolhidos pelas congregações de
diplomados, em data anterior à respectiva oficialização escolas padrões federais, sendo um, engenheiro,
ou equiparação às da União, por escolas nacionais de pela da Escola Politécnica do Rio de Janeiro; outro,
engenharia, arquitetura ou agrimensura cujos diplomas também engenheiro, pela da Escola de Minas de
hajam sido reconhecidos em virtude de lei federal; c) Ouro Preto, e, finalmente, um engenheiro arquiteto,
àqueles que, diplomadas por escolas ou institutos téc- ou arquiteto, pela da Escola Nacional de Belas Artes;

27
c) seis engenheiros, ou arquitetos, escolhidos em as- O principal objetivo do Confea é zelar pela defesa da
sembleia que se realizará no Distrito Federal e na sociedade e do desenvolvimento sustentável do País, ob-
qual tomará parte um representante de cada so- servados os princípios éticos profissionais. Para tanto, no
ciedade ou sindicato de classe que tenha adquirido desempenho de seu papel institucional, o Conselho Fede-
personalidade jurídica seis meses antes, pelo menos, ral exerce ações:
da data da reunião da assembleia.
Art. 22. São atribuições do Conselho Federal de Enge- I. regulamentadoras, baixando resoluções, decisões
nharia e Arquitetura : normativas e decisões plenárias para o cumprimen-
a) organizar o seu regimento interno; to da legislação referente ao exercício e à fiscaliza-
b) aprovar os regimentos internos organizados pelos ção das profissões;
Conselhos Regionais, modificando o que se tornar II. contenciosas, julgando em última instância as de-
necessário, afim de manter a respectiva unidade de mandas instauradas nos Creas;
ação; III. promotoras de condição para o exercício, a fisca-
c) examinar, decidindo a respeito em última instância, lização e o aperfeiçoamento das atividades profis-
sionais, podendo ser exercidas isoladamente ou em
e podendo até anular, o registro de qualquer profis-
parceria com os Creas, com as entidades represen-
sional licenciado que não estiver de acordo com o tativas de profissionais e de instituições de ensino
presente. decreto; nele registradas, com órgãos públicos ou com a so-
d) tomar conhecimento de quaisquer dúvidas suscita- ciedade civil organizada;
das nos Conselhos Regionais e dirimí-las; IV. informativas sobre questão de interesse público;
e) julgar em última instância os recursos de penalida- e V. administrativas, visando a: a) gerir seus re-
des impostas pelos Conselhos Regionais; cursos e patrimônio; e b) coordenar, supervisio-
f) publicar o relatório anual dos seus trabalhos, em que nar e controlar suas atividades e as atividades dos
deverá figurar a relação de todos os profissionais re- Creas e da Mútua, observando, especificamente, o
gistrados. disposto na legislação federal, nas resoluções, nas
decisões normativas e nas decisões proferidas por
Art. 26. São atribuições dos Conselhos Regionais:
seu Plenário.
a) examinar os requerimentos e processos de registro
de licenças profissionais, resolvendo como conter;
b) examinar reclamações e representações escritas Assim, vale a pena conferir algumas das Resolu-
ções redigidas pela Confea.
acerca dos serviços de registro e das infrações do
presente decreto, decidindo a respeito;
c) fiscalizar o exercício das profissões de engenheiro, de
arquiteto e de agrimensor, impedindo e punindo as RESOLUÇÃO Nº 218/1973
infrações deste decreto, bem como enviando às au-
toridades competentes minuciosos e documentados
relatórios sobre fatos que apurarem e cuja solução
ou repressão não seja de sua alçada: A Resolução nº 218, de 29 de junho de 1973, Discrimi-
d) publicar relatórios anuais de seus trabalhos e a rela- na atividades das diferentes modalidades profissionais da
Engenharia Arquitetura e Agronomia.
ção dos profissionais registrados;
O CONSELHO FEDERAL DE ENGENHARIA, ARQUITE-
e) elaborar a proposta de seu regimento interno, sub- TURA E
metendo-a à aprovação do Conselho Federal de En- AGRONOMIA, usando das atribuições que lhe confe-
genharia a Arquitetura; rem as letras “d” e “f”, parágrafo único do artigo 27 da Lei
f) representar ao Conselho Federal de Engenharia e Ar- nº 5.194, de 24 DEZ 1966,
quitetura acerca de novas medidas necessárias para CONSIDERANDO que o Art. 7º da Lei nº 5.194/66 refe-
a regularidade dos serviços e para a fiscalização do re-se às atividades profissionais do engenheiro, do arqui-
exercício das profissões indicadas nas alíneas e des- teto e do engenheiro agrônomo, em termos genéricos;
te artigo; CONSIDERANDO a necessidade de discriminar ativi-
g) expedir a carteira profissional prevista no art. 14; dades das diferentes modalidades profissionais da Enge-
h) admitir a colaboração das de classe nos casos relati- nharia, Arquitetura e Agronomia em nível superior e em
nível médio, para fins da fiscalização de seu exercício pro-
vos à matéria das alíneas anteriores. fissional, e atendendo ao disposto na alínea “b” do artigo
6º e parágrafo único do artigo 84 da Lei nº 5.194, de 24
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

resoluções do confea DEZ 1966,

O Conselho Federal de Engenharia e Agronomia RESOLVE:


– Confea, instituído juntamente com os Conselhos Regio-
Art. 1º - Para efeito de fiscalização do exercício pro-
nais de Engenharia e Agronomia pelo Decreto nº 23.569,
fissional correspondente às diferentes modalidades da
de 11 de dezembro de 1933, é a instância superior da fis-
Engenharia, Arquitetura e Agronomia em nível supe-
calização do exercício das profissões inseridas no Siste- rior e em nível médio, ficam designadas as seguintes
ma Confea/Crea. Trata-se de entidade autárquica dotada atividades:
de personalidade jurídica de direito público, que consti- Atividade 01 - Supervisão, coordenação e orientação
tui serviço público federal, com sede e foro na cidade de técnica;
Brasília-DF e jurisdição em todo o território nacional.

28
Atividade 02 - Estudo, planejamento, projeto e espe- naturais renováveis; ecologia, agrometeorologia; defe-
cificação; sa sanitária; química agrícola; alimentos;
Atividade 03 - Estudo de viabilidade técnico-econô- tecnologia de transformação (açúcar, amidos, óleos,
mica; laticínios, vinhos e destilados); beneficiamento
Atividade 04 - Assistência, assessoria e consultoria; e conservação dos produtos animais e vegetais; zimo-
Atividade 05 - Direção de obra e serviço técnico; tecnia; agropecuária; edafologia; fertilizantes e
Atividade 06 - Vistoria, perícia, avaliação, arbitramen- corretivos; processo de cultura e de utilização de solo;
to, laudo e parecer técnico; microbiologia agrícola; biometria; parques e
Atividade 07 - Desempenho de cargo e função técnica; jardins; mecanização na agricultura; implementos
Atividade 08 - Ensino, pesquisa, análise, experimenta- agrícolas; nutrição animal; agrostologia;
ção, ensaio e divulgação técnica; extensão; bromatologia e rações; economia rural e crédito rural;
Atividade 09 - Elaboração de orçamento; seus serviços afins e correlatos.
Atividade 10 - Padronização, mensuração e controle Art. 6º - Compete ao ENGENHEIRO CARTÓGRAFO ou
de qualidade; ao ENGENHEIRO DE GEODÉSIA E TOPOGRAFIA ou ao
Atividade 11 - Execução de obra e serviço técnico; ENGENHEIRO GEÓGRAFO:
Atividade 12 - Fiscalização de obra e serviço técnico; I - o desempenho das atividades 01 a 12 e 14 a 18 do
Atividade 13 - Produção técnica e especializada; artigo 1º desta Resolução,
referentes a levantamentos topográficos, batimétricos,
Atividade 14 - Condução de trabalho técnico;
geodésicos e aerofotogramétricos; elaboração de car-
Atividade 15 - Condução de equipe de instalação,
tas geográficas; seus serviços afins e correlatos.
montagem, operação, reparo ou manutenção;
Art. 7º - Compete ao ENGENHEIRO CIVIL ou ao ENGE-
Atividade 16 - Execução de instalação, montagem e
NHEIRO DE FORTIFICAÇÃO e CONSTRUÇÃO:
reparo;
I - o desempenho das atividades 01 a 18 do artigo
Atividade 17 - Operação e manutenção de equipa-
1º desta Resolução, referentes a edificações, estradas,
mento e instalação; pistas de rolamentos e aeroportos; sistema de trans-
Atividade 18 - Execução de desenho técnico. portes, de abastecimento de água e de saneamento;
portos, rios, canais, barragens e diques; drenagem e
Art. 2º - Compete ao ARQUITETO OU ENGENHEIRO irrigação; pontes e grandes estruturas; seus serviços
ARQUITETO: afins e correlatos.
I - o desempenho das atividades 01 a 18 do artigo Art. 8º - Compete ao ENGENHEIRO ELETRICISTA ou
1º desta Resolução, referentes a edificações, conjuntos ao ENGENHEIRO ELETRICISTA, MODALIDADE ELE-
arquitetônicos e monumentos, arquitetura paisagísti- TROTÉCNICA:
ca e de interiores; planejamento físico, local, urbano e I - o desempenho das atividades 01 a 18 do artigo 1º
regional; seus serviços afins e correlatos. desta Resolução, referentes
Art. 3º - Compete ao ENGENHEIRO AERONÁUTICO: à geração, transmissão, distribuição e utilização da
Confea – Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura energia elétrica; equipamentos, materiais e máqui-
e Agronomia LDR - Leis Decretos, Resoluções nas elétricas; sistemas de medição e controle elétri-
I - o desempenho das atividades 01 a 18 do artigo 1º cos; seus serviços afins e correlatos. Confea – Conselho
desta Resolução, referentes a aeronaves, seus sistemas Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia LDR
e seus componentes; máquinas, motores e equipa- - Leis Decretos, Resoluções
mentos; instalações industriais e mecânicas relaciona- Art. 9º - Compete ao ENGENHEIRO ELETRÔNICO ou
das à modalidade; infra-estrutura aeronáutica; opera- ao ENGENHEIRO ELETRICISTA, MODALIDADE ELE-
ção, tráfego e serviços de comunicação de transporte TRÔNICA ou ao ENGENHEIRO DE COMUNICAÇÃO:
aéreo; seus serviços afins e correlatos; I - o desempenho das atividades 01 a 18 do artigo
Art. 4º - Compete ao ENGENHEIRO AGRIMENSOR: 1º desta Resolução, referentes a materiais elétricos e
I - o desempenho das atividades 01 a 12 e 14 a 18 do eletrônicos; equipamentos eletrônicos em geral; siste-
artigo 1º desta Resolução, mas de comunicação e telecomunicações; sistemas de
referente a levantamentos topográficos, batimétricos, medição e controle elétrico e eletrônico; seus serviços
geodésicos e aerofotogramétricos; locação de: afins e correlatos.
a) loteamentos; Art. 10 - Compete ao ENGENHEIRO FLORESTAL:
b) sistemas de saneamento, irrigação e drenagem; I - o desempenho das atividades 01 a 18 do artigo 1º
c) traçados de cidades; desta Resolução, referentes a engenharia rural; cons-
d) estradas; seus serviços afins e correlatos. truções para fins florestais e suas instalações comple-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

II - o desempenho das atividades 06 a 12 e 14 a 18 do mentares, silvimetria e inventário florestal; melhora-


artigo 1º desta Resolução, mento florestal; recursos naturais renováveis; ecologia,
referente a arruamentos, estradas e obras hidráulicas; climatologia, defesa sanitária florestal; produtos flo-
seus serviços afins e correlatos. restais, sua tecnologia e sua industrialização; edafolo-
Art. 5º - Compete ao ENGENHEIRO AGRÔNOMO: gia; processos de utilização de solo e de floresta; orde-
I - o desempenho das atividades 01 a 18 do artigo 1º namento e manejo florestal; mecanização na floresta;
desta Resolução, referentes implementos florestais; economia e crédito rural para
a engenharia rural; construções para fins rurais e suas fins florestais; seus serviços afins e correlatos.
instalações complementares; irrigação e Art. 11 - Compete ao ENGENHEIRO GEÓLOGO ou GE-
drenagem para fins agrícolas; fitotecnia e zootecnia; ÓLOGO:
melhoramento animal e vegetal; recursos I - o desempenho das atividades de que trata a Lei nº
4.076, de 23 JUN 1962.

29
Art. 12 - Compete ao ENGENHEIRO MECÂNICO ou ao I - o desempenho das atividades 01 a 18 do artigo 1º
ENGENHEIRO MECÂNICO E DE AUTOMÓVEIS ou ao desta Resolução, referentesà indústria de alimentos;
ENGENHEIRO MECÂNICO E DE ARMAMENTO ou ao acondicionamento, preservação, distribuição, trans-
ENGENHEIRO DE AUTOMÓVEIS ou ao ENGENHEIRO porte e abastecimento de produtos alimentares; seus
INDUSTRIAL MODALIDADE MECÂNICA: serviços afins e correlatos.
I - o desempenho das atividades 01 a 18 do artigo Art. 20 - Compete ao ENGENHEIRO TÊXTIL:
1º desta Resolução, referentes a processos mecânicos, I - o desempenho das atividades 01 a 18 do artigo 1º
máquinas em geral; instalações industriais e mecâni- desta Resolução, referentes
cas; equipamentos mecânicos e eletro-mecânicos; veí- à indústria têxtil; produtos têxteis, seus serviços afins
culos automotores; sistemas de produção de transmis- e correlatos.
são e de utilização do calor; sistemas de refrigeração
Art. 21 - Compete ao URBANISTA:
e de ar condicionado; seus serviços afins e correlatos.
I - o desempenho das atividades 01 a 12 e 14 a 18 do
Art. 13 - Compete ao ENGENHEIRO METALURGISTA
artigo 1º desta Resolução,
ou ao ENGENHEIRO INDUSTRIAL E DE METALURGIA
referentes a desenvolvimento urbano e regional, pai-
ou ENGENHEIRO INDUSTRIAL MODALIDADE META-
LURGIA: sagismo e trânsito; seus serviços afins e
I - o desempenho das atividades 01 a 18 do artigo 1º correlatos.
desta Resolução, referentes a processos metalúrgicos, Art. 22 - Compete ao ENGENHEIRO DE OPERAÇÃO:
instalações e equipamentos destinados à indústria I - o desempenho das atividades 09 a 18 do artigo 1º
metalúrgica, beneficiamento de minérios; produtos desta Resolução,
metalúrgicos; seus serviços afins e correlatos. circunscritas ao âmbito das respectivas modalidades
Art. 14 - Compete ao ENGENHEIRO DE MINAS: profissionais;
I - o desempenho das atividades 01 a 18 do artigo 1º II - as relacionadas nos números 06 a 08 do artigo 1º
desta Resolução, referentes à prospecção e à pesquisa desta Resolução, desde que
mineral; lavra de minas; captação de água subterrâ- enquadradas no desempenho das atividades referidas
nea; beneficiamento de minérios e abertura de vias no item I deste artigo.
subterrâneas; seus serviços afins e correlatos. Art. 23 - Compete ao TÉCNICO DE NÍVEL SUPERIOR
Art. 15 - Compete ao ENGENHEIRO NAVAL: ou TECNÓLOGO:
I - o desempenho das atividades 01 a 18 do artigo I - o desempenho das atividades 09 a 18 do artigo 1º
1º desta Resolução, referentes a embarcações e seus desta Resolução,
componentes; máquinas, motores e equipamentos; circunscritas ao âmbito das respectivas modalidades
instalações industriais e mecânicas relacionadas à profissionais;
II - as relacionadas nos números 06 a 08 do artigo 1º
modalidade; diques e porta-batéis; operação, tráfego
desta Resolução, desde que
e serviços de comunicação de transporte hidroviário; enquadradas no desempenho das atividades referidas
seus serviços afins e correlatos. no item I deste artigo.
Art. 16 - Compete ao ENGENHEIRO DE PETRÓLEO: Art. 24 - Revogado pela Resolução 1.057, de 31 de ju-
Confea – Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura lho de 2014
e Agronomia LDR - Leis Decretos, Resoluções Confea – Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura
I - o desempenho das atividades 01 a 18 do artigo 1º e Agronomia LDR - Leis Decretos, Resoluções
desta Resolução referentes a dimensionamento, ava- Art. 25 - Nenhum profissional poderá desempenhar
atividades além daquelas que
liação e exploração de jazidas pretrolíferas, transpor-
lhe competem, pelas características de seu currículo
te e industrialização do petróleo; seus serviços afins e escolar, consideradas em cada caso, apenas, as
correlatos. disciplinas que contribuem para a graduação profis-
Art. 17 - Compete ao ENGENHEIRO QUÍMICO ou ao sional, salvo outras que lhe sejam acrescidas em
ENGENHEIRO INDUSTRIAL MODALIDADE QUÍMICA: curso de pós-graduação, na mesma modalidade.
I - desempenho das atividades 01 a 18 do artigo 1º Parágrafo único - Serão discriminadas no registro pro-
desta Resolução, referentes à indústria química e pe- fissional as atividades constantes desta Resolução.
Art. 26 - Ao já diplomado aplicar-se-á um dos seguin-
troquímica e de alimentos; produtos químicos; trata-
tes critérios:
mento de água e instalações de tratamento de água I - àquele que estiver registrado, é reconhecida a com-
industrial e de rejeitos industriais; seus serviços afins petência concedida em seu registro, salvo se as resul-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

e correlatos. tantes desta Resolução forem mais amplas, obedecido


Art. 18 - Compete ao ENGENHEIRO SANITARISTA: neste caso, o disposto no artigo 25 desta Resolução.
I - o desempenho das atividades 01 a 18 do artigo II - àquele que ainda não estiver registrado, é reconhe-
1º desta Resolução, referentes a controle sanitário do cida a competência resultante dos critérios em vigor
ambiente; captação e distribuição de água; tratamen- antes da vigência desta Resolução, com a ressalva do
inciso I deste artigo.
to de água, esgoto e resíduos; controle de poluição; Parágrafo único - Ao aluno matriculado até à data da
drenagem; higiene e conforto de ambiente; seus servi- presente Resolução, aplicarse-á, quando diplomado, o
ços afins e correlatos. critério do item II deste artigo.
Art. 19 - Compete ao ENGENHEIRO TECNÓLOGO DE Art. 27 - A presente Resolução entra em vigor na data
ALIMENTOS: de sua publicação.

30
Art. 28 - Revogam-se as Resoluções de nº 4, 26, 30, 43, § 2º - Uma pessoa jurídica pode ser enquadrada si-
49, 51, 53, 55, 56, 57, 58, multaneamente em mais de uma das classes relacio-
59, 67, 68, 71, 72, 74, 76, 78, 79, 80, 81, 82, 89, 95, 96, nadas neste artigo.
108, 111, 113, 120, 121, 124, 130, 132, § 3º - As pessoas jurídicas enquadradas na classe “C”
135, 139, 145, 147, 157, 178, 184, 185, 186, 197, 199, deverão proceder ao registro da seção técnica manti-
208 e 212 e as demais disposições em contrário. da na mesma.
Art. 2º - Os órgãos da administração direta, as autar-
quias e as fundações de direito
RESOLUÇÃO Nº 336/1989 público, que tenham atividades na Engenharia, Arqui-
tetura, Agronomia, Geologia, Geografia ou
Meteorologia ou se utilizem dos trabalhos dessas ca-
tegorias, deverão, sem qualquer ônus para os CREAs,
É a resolução que Dispõe sobre o registro de pessoas fornecer todos os elementos necessários à verificação
jurídicas nos Conselhos Regionais de Engenharia, Arqui-
e fiscalização do exercício profissional.
tetura e Agronomia.
Art. 3º - O registro de pessoa jurídica é ato obrigatório
O CONSELHO FEDERAL DE ENGENHARIA, ARQUI- de inscrição no Conselho Regional
TETURA E AGRONOMIA, no uso da atribuição que lhe de Engenharia, Arquitetura e Agronomia onde ela ini-
confere a letra “f” do artigo 27, combinado com o es- cia suas atividades profissionais no campo técnico da
tabelecido no § 3º do artigo 59 da Lei nº 5.194, de 24 Engenharia, Arquitetura, Agronomia, Geologia, Geo-
DEZ 1966, CONSIDERANDO que, face ao disposto nos grafia ou Meteorologia.
artigos 59 e 60 da citada Lei, a pessoa jurídica que se § 1º - O registro de pessoa jurídica enquadrada nas
organize para prestar ou executar serviços ou obras de classes de que trata o artigo 1º será
Engenharia, Arquitetura ou Agronomia, ou que mante- efetivado após análise e aprovação da documentação
nha seção ligada ao exercício de uma dessas profissões, constante do artigo 8º, pagamento das taxas devidas
está sujeita à fiscalização profissional pelos Conselhos e da anuidade do ano do registro, bem como da cons-
Regionais; CONSIDERANDO o disposto nos artigos 1º, 2º tatação da regularidade junto ao CREA de todos os
e 3º da Lei nº 6.496/77; CONSIDERANDO o disposto na profissionais do quadro técnico da empresa e/ou se-
Lei nº 6.839/80; CONSIDERANDO que as Leis nº 4.076/62, ção que exerça atividades nas áreas discriminadas no
6.664/79 e 6.835/80 incluíram Geólogos, Geógrafos e “caput” do artigo.
Meteorologistas no âmbito da fiscalização do Sistema § 2º - A pessoa jurídica enquadrada na classe “C”,
CONFEA/CREAs, respectivamente; CONSIDERANDO que para efeito de registro, estará sujeita ao pagamento
cabe aos Conselhos Regionais, na forma do disposto nas
de anuidade diferenciada fixada em Resolução que
letras “h” e “o” do artigo 34 da Lei nº 5.194/66, de 24 DEZ
1966, processar, organizar, disciplinar e manter atualiza- disciplina as anuidades e taxas.
do o registro de pessoas jurídicas, em suas jurisdições; Art. 4º - A pessoa jurídica enquadrada em qualquer
CONSIDERANDO o decidido pelos acórdãos do Supremo uma das classes do Art. 1º só terá
Tribunal Federal, proferidos nos Recursos Extraordinários condições legais para o início da sua atividade téc-
nº 105.052, 107.751 e 108.864, bem como nos Embargos nico-profissional, após ter o seu registro efetivado no
opostos no Recurso Extraordinário nº 107.751, Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agro-
nomia.
RESOLVE: Parágrafo único - A pessoa jurídica que não requerer
o seu registro, no prazo de 60 (sessenta) dias a contar
Art. 1º - A pessoa jurídica que se constitua para pres- do arquivamento de seus atos constitutivos nos órgãos
tar ou executar serviços e/ou obras ou que exerça competentes, será notificada para que, em 30 (trinta)
qualquer atividade ligada ao exercício profissional da dias, promova a sua regularização perante o CREA,
Engenharia, Arquitetura, Agronomia, Geologia, Geo- sob pena da competente autuação por exercício ilegal
grafia ou Meteorologia enquadra-se, para efeito de da profissão.
registro, em uma das seguintes classes: Art. 5º - A atividade da pessoa jurídica, em região di-
CLASSE A - De prestação de serviços, execução de ferente daquela em que se encontra registrada, obriga
obras ou serviços ou desenvolvimento de atividades
ao visto do registro na nova região.
reservadas aos profissionais da Engenharia, Arquitetu-
ra, Agronomia, Geologia, Geografia ou Meteorologia; § 1º - O visto exigido neste artigo pode ser concedido
CLASSE B - De produção técnica especializada, in- para atividade parcial dos objetivos sociais da reque-
dustrial ou agropecuária, cuja atividade básica ou rente, com validade a ela restrito.
§ 2º - No caso em que a atividade exceda de 180 (cen-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

preponderante necessite do conhecimento técnico


inerente aos profissionais da Engenharia, Arquitetura, to e oitenta) dias, fica a pessoa jurídica, a sua agência,
Agronomia, Geologia, Geografia ou Meteorologia; filial ou sucursal, obrigada a proceder ao seu registro
CLASSE C - De qualquer outra atividade que mante- na nova região.
nha seção, que preste ou execute para si ou para ter- Art. 6º - A pessoa jurídica, para efeito da presente
ceiros serviços, obras ou desenvolva atividades ligadas Resolução, que requer registro ou visto em qualquer
às áreas de Engenharia, Arquitetura, Agronomia, Geo- Conselho Regional, deve apresentar responsável téc-
logia, Geografia ou Meteorologia. nico que mantenha residência em local que, a critério
§ 1º - As empresas públicas e sociedades de economia
do CREA, torne praticável a sua participação efetiva
mista serão enquadradas, para o registro, nas classes
nas atividades que a pessoa jurídica pretenda exercer
estabelecidas neste artigo, conforme a atividade de-
senvolvida. na jurisdição do respectivo órgão regional.

31
Art. 7º - Os Conselhos Regionais, atendendo às pecu- Art. 15 - As palavras Engenharia, Arquitetura, Agrono-
liaridades de cada região, e de acordo com as condi- mia, Geologia, Geografia e Meteorologia só poderão
ções das atividades neles desenvolvidas pelas pessoas constar em denominação ou razão social de pessoas
jurídicas, poderão, através de atos próprios, fixar casos jurídicas, cuja direção for composta, na sua maioria,
de dispensa de registro. de profissionais habilitados.
Art. 8º - O requerimento de registro deve ser instruído Art. 16 - O registro de pessoas jurídicas deverá ser al-
com os seguintes elementos: terado quando:
I - Instrumento de constituição da pessoa jurídica, de- I - Ocorrer qualquer alteração em seu instrumento
vidamente arquivado, registrado constitutivo;
em órgão competente, bem como suas modificações II - Houver a baixa da responsabilidade técnica do(s)
subsequentes até a data da solicitação do Registro no profissional(is) dela
CREA. encarregado(s).
II - Indicação do ou dos responsáveis técnicos pelas di- Parágrafo único - Será procedida simples averbação
versas atividades profissionais, bem como dos demais no registro quando houver alteração
profissionais integrantes do quadro técnico da pessoa que não implique mudança dos objetivos sociais, da
jurídica. Direção da pessoa jurídica, da denominação ou razão
III - Prova do vínculo dos profissionais referidos no social ou da responsabilidade técnica.
item anterior com a pessoa jurídica, através de docu- Art. 17 - A responsabilidade técnica de qualquer pro-
mentação hábil, quando não fizerem parte do contra- fissional por pessoa jurídica fica
to social. extinta, devendo o registro ser alterado, a partir do
IV - Comprovante de solicitação da ART de cargos e momento em que:
funções de todos os profissionais do quadro técnico da I - for requerido ao Conselho Regional, por escrito,
pessoa jurídica. pelo profissional ou pela pessoa
Art. 9º - Só será concedido registro à pessoa jurídica jurídica, o cancelamento desse encargo;
cuja denominação for condizente com suas finalida- II - for o profissional suspenso do exercício da profis-
des e quando seu ou seus responsáveis técnicos tive- são;
rem atribuições coerentes com os objetivos sociais da III - mudar o profissional de residência para local que,
mesma. a juízo do Conselho Regional,
Art. 10 - As pessoas jurídicas registradas na forma
torne impraticável o exercício dessa função;
desta Resolução, sempre que efetuarem alterações nos
IV - tiver o profissional o seu registro cancelado;
seus objetivos, no seu quadro técnico ou na atividade
V - ocorram outras condições que, a critério do CREA,
de seus profissionais, deverão, no prazo de 30 (trinta)
possam impedir a
dias, comunicar ao CREA.
efetiva prestação da assistência técnica.
Parágrafo único - Serão efetivadas novas ARTs, caso
§ 1º - A pessoa jurídica deve, no prazo de 10 (dez) dias,
haja alterações nas atividades dos profissionais do seu
promover a substituição do
quadro técnico.
Art. 11 - Somente ao profissional habilitado é faculta- responsável técnico.
do constituir-se em firma individual para a prestação § 2º - Quando o cancelamento da responsabilidade
de serviços profissionais, ou execução de obras, desde técnica for de iniciativa da pessoa
que proceda o registro no CREA, nos moldes desta Re- jurídica, deve esta, no seu requerimento, indicar o
solução. novo responsável técnico, preenchendo os requisitos
Art. 12 - A responsabilidade técnica por qualquer ati- previstos nesta Resolução, e os documentos pertinen-
vidade exercida no campo da Engenharia, Arquitetu- tes.
ra, Agronomia, Geologia, Geografia ou Meteorologia é § 3º - A baixa de responsabilidade técnica requerida
sempre do profissional dela encarregado, não poden- pelo profissional só pode ser deferida na ausência de
do, em hipótese nenhuma, ser assumida pela pessoa quaisquer obrigações pendentes em seu nome, relati-
jurídica. vas ao pedido, junto ao Conselho Regional.
Art. 13 - Só será concedido registro à pessoa jurídica Art. 18 - Um profissional pode ser responsável técnico
na plenitude de seus objetivos sociais de sua ou dos por uma única pessoa jurídica,
objetivos de suas seções técnicas, se os profissionais além da sua firma individual, quando estas forem en-
do seu quadro técnico cobrirem todas as atividades a quadradas por seu objetivo social no artigo 59 da Lei
serem exercitadas. nº 5.194/66 e caracterizadas nas classes A, B e C do
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Parágrafo único - O registro será concedido com res- artigo 1º desta Resolução.
trições das atividades não cobertas pelas atribuições Parágrafo único - Em casos excepcionais, desde que
dos profissionais, até que a pessoa jurídica altere seus haja compatibilização de tempo e área de atuação,
objetivos ou contrate outros profissionais com atribui- poderá ser permitido ao profissional, a critério do Ple-
ções capazes de suprir aqueles objetivos. nário do Conselho Regional, ser o responsável técnico
Art. 14 - As qualificações de Engenheiro, Arquiteto, por até 03 (três) pessoas jurídicas, além da sua firma
Engenheiro Agrônomo, Geólogo, Geógrafo, ou Meteo- individual.
rologista só poderão constar da razão social ou deno- Art. 19 - A infração a qualquer dispositivo desta Reso-
minação de pessoa jurídica, se estas forem compostas lução sujeita o infrator às
exclusivamente por profissionais que possuam aqueles penalidades previstas no artigo 73 da Lei nº 5.194/66,
títulos. sem prejuízo de outras sanções cabíveis.

32
Art. 20 - A presente Resolução entrará em vigor na III - ao portador de registro de Engenharia de Segu-
data de sua publicação. rança do Trabalho, expedido pelo Ministério do Traba-
Art. 21 - Revogam-se a Resolução nº 247/77 e demais lho, dentro de 180 (cento e oitenta) dias da extinção
disposições em contrário. do curso referido no item anterior.
Parágrafo único - A expressão Engenheiro é específica
e abrange o universo
sujeito à fiscalização do CONFEA, compreendido entre
RESOLUÇÃO Nº 359/1991
os artigos 2º e 22, inclusive, da Resolucão
nº 218/73.
Art. 2º - Os Conselhos Regionais concederão o Regis-
Trata-se de ato administrativo que dispõe sobre o tro dos Engenheiros de
exercício profissional, o registro e as atividades do Enge- Segurança do Trabalho, procedendo à anotação nas
nheiro de Segurança do Trabalho. carteiras profissionais já expedidas.
O CONSELHO FEDERAL DE ENGENHARIA, ARQUITE- Art. 3º - Para o registro, só serão aceitos certificados
TURA E AGRONOMIA, no uso da atribuição que lhe con- de cursos de pós-graduação
fere o artigo 27, alínea “f”, da Lei nº 5.194, de 24 DEZ acompanhados do currículo cumprido, de conformi-
1966, CONSIDERANDO que a Lei nº 7.410/85 veio ex- dade com o Parecer nº 19/87, do Conselho
cepcionar a legislação anterior que regulou os cursos de Federal de Educação.
especialização e seus objetivos, tanto que o seu Art. 6º Art. 4º - As atividades dos Engenheiros e Arquitetos,
revogou as disposições em contrário; na especialidade de
CONSIDERANDO a aprovação, pelo Conselho Federal Engenharia de Segurança do Trabalho, são as seguin-
de Educação, do currículo básico do curso de Engenharia tes:
de Segurança do Trabalho - Parecer nº 19/87; 1 - Supervisionar, coordenar e orientar tecnicamente
CONSIDERANDO, ainda, que tal Parecer nº 19/87 é os serviços de Engenharia
expresso em ressaltar que “deve a Engenharia da Segu- de Segurança do Trabaho;
rança do Trabalho voltar-se precipuamente para a pro- 2 - Estudar as condições de segurança dos locais de
teção do trabalhador em todas as unidades laborais, no trabalho e das instalações e
que se refere à questão de segurança, inclusive higiene equipamentos, com vistas especialmente aos proble-
do trabalho, sem interferência específica nas competên- mas de controle de risco, controle de poluição,
cias legais e técnicas estabelecidas para as diversas mo- higiene do trabalho, ergonomia, proteção contra in-
dalidades da Engenharia, Arquitetura e Agronomia”; cêndio e saneamento;
CONSIDERANDO, ainda, que o mesmo Parecer con- 3 - Planejar e desenvolver a implantação de técnicas
cluiu por fixar um currículo básico único e uniforme para relativas a gerenciamento e
a pós-graduação em Engenharia de Segurança do Tra- controle de riscos;
balho, independentemente da modalidade do curso de 4 - Vistoriar, avaliar, realizar perícias, arbitrar, emitir
graduação concluído pelos profissionais engenheiros e parecer, laudos técnicos e
arquitetos; indicar medidas de controle sobre grau de exposição a
CONSIDERANDO que a Lei nº 7.410/85 faculta a to- agentes agressivos de riscos físicos, químicos
dos os titulados como Engenheiro a faculdade de se ha- e biológicos, tais como poluentes atmosféricos, ruídos,
bilitarem como Engenheiros de Segurança do Trabalho, calor, radiação em geral e pressões
estando, portanto, amparados inclusive os Engenheiros anormais, caracterizando as atividades, operações e
da área de Agronomia; locais insalubres e perigosos;
CONSIDERANDO, por fim, a manifestação da Secre- 5 - Analisar riscos, acidentes e falhas, investigando
taria de Segurança e Medicina do Trabalho, prevista no causas, propondo medidas
Art. 4º do Decreto nº 92.530/86, pela qual “a Engenharia preventivas e corretivas e orientando trabalhos esta-
de Segurança do Trabalho visa à prevenção de riscos nas tísticos, inclusive com respeito a custo;
atividades de trabalho com vistas à defesa da integridade 6 - Propor políticas, programas, normas e regulamen-
da pessoa humana”, tos de Segurança do
Trabalho, zelando pela sua observância;
RESOLVE: 7 - Elaborar projetos de sistemas de segurança e as-
sessorar a elaboração de
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Art. 1º - O exercício da especialização de Engenheiro projetos de obras, instalação e equipamentos, opinan-


de Segurança do Trabalho é permitido, exclusivamen- do do ponto de vista da Engenharia de
te: Segurança;
I - ao Engenheiro ou Arquiteto, portador de certifica- 8 - Estudar instalações, máquinas e equipamentos,
do de conclusão de curso de especialização, a nível identificando seus pontos de
de pós-graduação, em Engenharia de Segurança do risco e projetando dispositivos de segurança;
Trabalho;
9 - Projetar sistemas de proteção contra incêndios, co-
II - ao portador de certificado de curso de especiali-
ordenar atividades de
zação em Engenharia de Segurança do Trabalho, re-
combate a incêndio e de salvamento e elaborar planos
alizado em caráter prioritário pelo Ministério do Tra-
para emergência e catástrofes;
balho;

33
10 - Inspecionar locais de trabalho no que se relaciona CONSIDERANDO que cabe aos Conselhos Regionais,
com a segurança do na forma do disposto nas
Trabalho, delimitando áreas de periculosidade; letras “h” e “o” do Art. 34 da mencionada Lei, proces-
11 - Especificar, controlar e fiscalizar sistemas de pro- sar, organizar, disciplinar e manter atualizado
teção coletiva e o registro de pessoas jurídicas em suas jurisdições,
equipamentos de segurança, inclusive os de proteção
individual e os de proteção contra incêndio, RESOLVE:
assegurando-se de sua qualidade e eficiência;
Art. 1º - Será concedido visto ao registro da pessoa
12 - Opinar e participar da especificação para aquisi-
jurídica originário de outro
ção de substâncias e
Conselho Regional, para os seguintes efeitos e prazos
equipamentos cuja manipulação, armazenamento, de validade:
transporte ou funcionamento possam apresentar I - execução de obras ou prestação de serviços.
riscos, acompanhando o controle do recebimento e da Prazo: não superior a 180 (cento e oitenta) dias;
expedição; II - participação em licitações.
13 - Elaborar planos destinados a criar e desenvolver Prazo: até a validade da certidão de registro.
a prevenção de acidentes, § 1º - O visto para efeito do item I deste artigo poderá
promovendo a instalação de comissões e assessoran- ser concedido para
do-lhes o funcionamento; atividades parciais do objeto social da pessoa jurídica,
14 - Orientar o treinamento específico de Segurança quando assim requerido.
do Trabalho e assessorar a § 2º - O visto concedido para efeito do item II deste
elaboração de programas de treinamento geral, no artigo dispensa o
que diz respeito à Segurança do Trabalho; cumprimento das exigências contidas no Art. 3º desta
15 - Acompanhar a execução de obras e serviços de- Resolução.
correntes da adoção de Art. 2º - O requerimento do visto deverá indicar, ex-
medidas de segurança, quando a complexidade dos pressamente, a finalidade para
a qual está sendo solicitado, na forma do artigo ante-
trabalhos a executar assim o exigir;
rior, e ser instruído com a certidão do registro
16 - Colaborar na fixação de requisitos de aptidão
no Conselho Regional de origem.
para o exercício de funções, Art. 3º - O responsável técnico da pessoa jurídica, para
apontando os riscos decorrentes desses exercícios; cada atividade a ser
17 - Propor medidas preventivas no campo da Segu- exercida na nova Região, deve estar registrado ou com
rança do Trabalho, em face do o respectivo registro visado no Conselho
conhecimento da natureza e gravidade das lesões pro- Regional onde for requerido o visto.
venientes do acidente de trabalho, incluídas as § 1º - Os responsáveis técnicos pelas diferentes ativi-
doenças do trabalho; dades, apresentados pela
18 - Informar aos trabalhadores e à comunidade, dire- pessoa jurídica, devem comprovar residência em local
tamente ou por meio de seus que, a critério do CREA, torna praticável sua
representantes, as condições que possam trazer danos participação efetiva nas atividades que a pessoa jurí-
a sua integridade e as medidas que eliminam dica pretenda exercer na jurisdição do
ou atenuam estes riscos e que deverão ser tomadas. respectivo órgão regional;
Art. 5º - A presente Resolução entrará em vigor na § 2º - Sempre que ocorrer substituição de responsável
data de sua publicacão. técnico, a pessoa jurídica
Art. 6º - Revogam-se as Resoluções 325, de 27 NOV deve comunicar o fato ao Conselho Regional onde
1987, e 329, de 31 MAR mantém o visto, observando o conteúdo deste artigo.
1989, e as disposições em contrário. Art. 4º - O visto concedido pelo Conselho Regional de-
verá explicitar claramente,
no original e na cópia da certidão, o seguinte:
I - No caso do item I do Art. 1º: “Válido para exercer as
RESOLUÇÃO Nº 413/1997 atividades abaixo, com os
respectivos responsáveis técnicos, na jurisdição deste
CREA”.
II - No caso do item II do Art. 1º: “Válido somente para
É a resolução que Dispõe sobre o visto em registro de
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

participação em
pessoa jurídica. licitações na jurisdição deste CREA”.
Art. 5º - O visto referido no item II do artigo anterior,
O CONSELHO FEDERAL DE ENGENHARIA, ARQUITE- não tem validade para a execução de obras ou presta-
TURA E ção de serviços, cumprindo à pessoa jurídica, para esse
AGRONOMIA, no uso das atribuições que lhe confere efeito, atender aos requisitos exigidos no Art. 3º, me-
a letra “f” do artigo 27, da Lei no 5.194, de 24 DEZ 1966, diante solicitação de “visto” para finalidades previstas
CONSIDERANDO que a pessoa jurídica registrada em no item I do Art. 1º desta Resolução.
qualquer Conselho Art. 6º - O prazo de validade do visto não poderá ex-
Regional, quando for exercer atividades em caráter ceder ao da certidão de registro.
temporário na jurisdição de outro Regional,ficará obriga- Art. 7º - O prazo de validade de 180 (cento e oitenta)
da a visar nele o seu registro; dias referido no item I do Art. 1º é improrrogável.

34
Art. 8º - Poderá ser concedido novo “visto”, nos seguin- 00.02 - Indústria de extração de minerais não-metá-
tes casos: licos.
I - para a finalidade descrita no item I do Art. 1º: 00.03 - Indústria de extração de petróleo, gás natural
a) como complemento do prazo de 180 (cento e oiten- e combustíveis minerais.
ta) dias, caso a limitação 01 - INDÚSTRIA AGROPECUÁRIA
contida no Art. 6º desta Resolução impeça sua conces- 01.01 - Indústria de agricultura.
são integral, mediante apresentação de nova certidão 01.03 - Indústria pecuária.
de registro; 02 - INDÚSTRIA EXTRAÇÃO VEGETAL
b) após 180 (cento e oitenta) dias do encerramento
02.01 - Indústria de extração de produtos vegetais
das atividades da pessoa jurídica na jurisdição do Re-
não cultivados.
gional.
II - para a finalidade descrita no item II do Art. 1º, 03 - INDÚSTRIA DE PESCA E AGRICULTURA
mediante apresentação de nova 03.01 - Indústria de pesca.
certidão. 03.03 - Indústria de agricultura.
Art. 9º - Para visar o registro, as pessoas jurídicas fi- 04 A 09 – REVOGADOS
cam obrigadas ao pagamento de taxa de visto esta- 10 - INDÚSTRIA DE PRODUTOS MINERAIS NÃO-
belecida pelo Conselho Federal em Resolução própria. -METÁLICOS
Art. 10 - A presente Resolução entra em vigor na data 10.01 - Indústria de britamento, aparelhamento e
de sua publicação. execução de trabalhos em rocha.
Art. 11 - Revogam-se a Resolução nº 265, do CONFEA, 10.02 - Indústria de beneficiamento de minerais não
de 15 de dezembro de metálicos.
1979 e demais disposições em contrário. 10.03 - Indústria de fabricação de clinquer, cimento
e cal.
10.04 - Indústria de fabricação de material cerâmico.
RESOLUÇÃO Nº 417/1998 10.05 - Indústria de fabricação de estruturas de ci-
mento, de fibracimento e de
peças de amianto, gesso e estuque.
É a resolução que Dispõe sobre as empresas indus- 10.06 - Indústria de fabricação de vidro e cristal.
triais enquadráveis nos Artigos 59 e 60 da Lei nº 5.194/66. 10.07 - Indústria de fabricação de abrasivos e arte-
O CONSELHO FEDERAL DE ENGENHARIA, ARQUI- fatos de grafita.
TETURA E 10.09 - Indústria de fabricação de produtos de mine-
AGRONOMIA, no uso das atribuições que lhe confere rais não-metálicos não
o Art. 27, alínea “f”, da Lei n.º 5.194, de 24 DEZ 1966, especificados ou não-classificados.
CONSIDERANDO que o exercício da Engenharia, Ar- 11 - INDÚSTRIA METALÚRGICA
quitetura e Agronomia é caracterizado pelas realizações 11.00 - Indústria siderúrgica.
de interesse social e humano que importem no desen- 11.01 - Indústria metalúrgica dos materiais não fer-
volvimento industrial e agropecuário, conforme Art. 1º rosos.
da Lei n.º 5.194/66; 11.02 - Indústria metalúrgica do pó e granalha.
CONSIDERANDO que a produção técnica especializa- 11.03 - Indústria de fabricação de estruturas metáli-
da, industrial e agropecuária, é atribuição dos profissio- cas e de ferragens
nais da Engenharia, Arquitetura e Agronomia, conforme eletrotécnicas.
Art. 7º da Lei n.º 5.194/66; 11.04 - Indústria de fabricação de artefatos de trefi-
CONSIDERANDO que, para orientar e disciplinar a lados de ferro, aço e metais
fiscalização dos Conselhos Regionais, devem ser discri- não-ferrosos.
minadas as empresas industriais enquadráveis nos arti- 11.05 - Indústria de estamparia, funilaria e embala-
gos 59 e 60 da Lei n.º 5.194/66, em função da atividade gens metálicas.
básica desenvolvida, conforme dispõe a Lei n.º 6.839, de 11.06 - Indústria de fabricação de tanques, reserva-
30 OUT 1980; tórios, recipientes metálicos,
CONSIDERANDO que é de todo útil, para tal fim, a artigos de caldeirarias, serralheria, peças e acessó-
adoção do Código de rios.
Classificação Nacional de Atividades Econômicas es- 11.07 - Indústria de fabricação de ferramentas ma-
tabelecido pela Fundação Instituto Brasileiro nuais de artefatos de cutelaria e de metal para escri-
de Geografia e Estatística - IBGE, tório e para usos pessoal e doméstico.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

11.08 - Indústria de tratamento térmico e químico de


RESOLVE: metais e serviços de galvanotécnica.
11.09 - Indústria de beneficiamento de sucata me-
Art. 1º - Para efeito de registro nos Conselhos Regio- tálica.
nais, consideram-se 12 - INDÚSTRIA MECÂNICA
enquadradas nos Artigos 59 e 60 da Lei n.º 5.194, de 12.01 - Indústria de fabricação de caldeiras gera-
24 DEZ 1966, as empresas industriais a seguir rela- doras de vapor, máquinas, motrizes não elétricas,
cionadas: equipamentos de transmissão para fins industriais,
00 - INDÚSTRIAS DE EXTRAÇÃO DE MINERAIS caldeiraria pesada, peças e acessórios.
00.01 - Indústria de extração de minerais metálicos. 12.02 - Indústria de fabricação de máquinas, apare-
lhos e equipamentos, peças e acessórios.

35
12.06 - Indústria de fabricação de cronômetros e reló- 16.04 - Indústria de fabricação de artefatos de colcho-
gios, peças e acessórios. aria.
13 - INDÚSTRIA DE MATERIAL ELÉTRICO, ELETRÔNI- 16.05 - Indústria de fabricação de persianas e artefa-
CO E DE COMUNICAÇÃO tos do mobiliário.
13.01 - Indústria de fabricação de máquinas, apare- 16.09 - Indústria de fabricação de móveis e peças do
lhos e equipamentos para geração, transmissão, dis- mobiliário não especificados
tribuição, medição e controle de energia elétrica, pe- ou não classificados.
ças e acessórios. 17 - INDÚSTRIA DE PAPEL, PAPELÃO E CELULOSE
13.02 - Indústria de fabricação de material elétrico. 17.01 - Indústria de fabricação de celulose, pasta me-
13.03 - Indústria de fabricação de material elétrico cânica, termomecânica, quimitermomecânica e seus
para veículos, peças e acessórios. artefatos.
13.04 - Indústria de fabricação de aparelhos elétricos, 17.02 - Indústria de fabricação de papelão, cartão e
peças e acessórios, exclusive odonto-médico-hospita- cartolina.
lares. (grupo 30.1) 17.03 - Indústria de fabricação de artefatos e embala-
13.05 - Indústria de fabricação de material eletrônico gens de papel, papelão, cartão e cartolina.
básico. 17.04 - Indústria de fabricação de peças e acessórios
13.06 - Indústria de fabricação de máquinas, apare- confeccionados em papel, papelão, cartão e cartolina
lhos e equipamentos para informática, peças e aces- para máquinas e meios de transporte.
sórios. 18 - INDÚSTRIA DE BORRACHA
13.07 - Indústria de fabricação de cronômetros e reló- 18.01 - Indústria de beneficiamento de borracha na-
gios eletrônicos, peças e acessórios. tural.
13.08 - Indústria de fabricação de aparelhos e equi- 18.02 - Indústria de fabricação de artefatos de bor-
pamentos para comunicação e entretenimento, peças racha.
e acessórios. 18.03 - Indústria de fabricação de espuma e espuma
13.09 - Indústria de reparação ou manutenção de má- de borracha.
quinas, aparelhos e equipamentos industriais, comer- 19 - INDÚSTRIA DE COUROS, PELES E ASSEMELHA-
ciais, elétricos e eletrônicos. DOS
14 - INDÚSTRIA DE MATERIAL DE TRANSPORTE 19.01 - Indústria de beneficiamento de couros e peles.
14.01 - Indústria de construção e reparação de embar- 19.02 - Indústria de fabricação de artefatos de couro,
cações e estruturas flutuantes, reparação de caldeiras, pele e assemelhados.
máquinas, turbinas e motores marítimos. 20 - INDÚSTRIA DE QUÍMICA
14.02 - Indústria de construção e reparação de veícu- 20.00 - Indústria de produção de elementos e de pro-
los ferroviários e fabricação de peças e acessórios. dutos químicos.
14.03 - Indústria de fabricação de veículos rodoviários, 20.01 - Indústria de fabricação de produtos químicos
peças e acessórios. derivados do processamento
14.04 - Indústria de construção e reparação de aviões, do petróleo de rochas oleígenas, do carvão mineral e
fabricação e reparação de turbinas e motores de avia- do álcool.
ção, peças e acessórios. 20.02 - Indústria de fabricação de matérias plásticas,
14.05 - Indústria de fabricação de bancos e estofados resinas e borrachas
para veículos - exclusive capas e capotas. sintéticas, fios e fibras artificiais e sintéticas e plasti-
14.06 - Indústria de fabricação de veículos não especi- ficantes.
ficados ou não classificados, peças e acessórios. 20.03 - Indústria de fabricação de produtos químicos
para agricultura.
15 - INDÚSTRIA DE MADEIRA
20.04 - Indústria de fabricação de pólvoras, explosivos
15.01 - Indústria de desdobramento de madeira.
e detonantes, fósforos de segurança e artigos pirotéc-
15.02 - Indústria de produção de casas de madeira
nicos.
pré-fabricadas e fabricação de estrutura de madeira e 20.05 - Indústria de fabricação de corantes e pigmen-
artefatos de carpintaria. tos.
15.03 - Indústria de fabricação de chapas e placas de 20.06 - Indústria de fabricação de tintas, esmaltes, la-
madeira aglomerada, prensada ou compensada. cas, vernizes, impermeabilizantes, solventes, secantes,
15.05 - Indústria de fabricação de artefatos de ma- e massas preparadas para pintura e acabamento.
deira. 20.07 - Indústria de fabricação de substâncias de pro-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

15.06 - Indústria de fabricação de artefatos de bambu, dutos químicos.


vime, junco, xaxim e palha traçada. 20.08 - Indústria de fabricação de sabões, detergen-
15.07 - Indústria de fabricação de artefatos de cortiça. tes, desinfetantes, defensivos domésticos, preparações
15.08 - Indústria de produção de lenha e de carvão para limpeza e polimento, perfumaria, cosméticos e
vegetal. outras preparações para toalete e de velas.
16 - INDÚSTRIA DE MOBILIÁRIO 20.09 - Indústria de fabricação de produtos químicos
16.01 - Indústria de fabricação de móveis de madeira, não especificados ou não classificados.
vime e junco. 22 - REFINO DO PETRÓLEO E DESTILAÇÃO DE ÁL-
16.02 - Indústria de fabricação de móveis de metal. COOL
16.03 - Indústria de fabricação de móveis de material 22.01 - Indústria de fabricação de produtos do refino
plástico. do petróleo.

36
22.02 - Indústria de destilação de álcool por processa- 30.00 - Indústria de fabricação de instrumentos, uten-
mento de cana-de-açúcar, mandioca, madeira e ou- sílios e aparelhos de medição,
tros vegetais. para usos técnico e profissional.
23 - INDÚSTRIA DE PRODUTOS DE MATÉRIAS PLÁS- 30.01 - Indústria de fabricação de aparelhos, instru-
TICAS mentos e utensílios odontomédico-hospitalares e la-
23.01 - Indústria de fabricação de laminados e espu- boratoriais.
ma de material plástico. 30.02 - Indústria de fabricação de aparelhos, instru-
23.02 - Indústria de fabricação de artefatos de mate- mentos e materiais para fotografia e de ótica.
rial plástico. 30.04 - Indústria de fabricação de instrumentos musi-
23.24 - Indústria de fabricação de peças e acessórios cais, discos e fitas magnéticas gravados.
de material plástico para veículos (para aeronaves, 30.06 - Indústria de fabricação de brinquedos e equi-
embarcações, veículos ferroviários, automotores, bici- pamentos de uso do bebê, peças e acessórios.
cletas, motocicletas, triciclos, etc.) 30.07 - Indústria de fabricação de artefatos e equipa-
24 - INDÚSTRIA TÊXTIL mentos para caça, pesca, esporte e aparelhos recrea-
24.01 - Indústria de beneficiamento de fibras têxteis, tivos.
fabricação de estopa, de materiais para estofo e recu- 33 - INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO
peração de resíduos têxteis. 33.01 - Indústria de construção civil.
24.02 - Fiação. 33.02 - Indústria de atividades auxiliares da constru-
24.03 - Indústria de fabricação de tecidos. ção.
24.04 - Indústria de fabricação de artefatos têxteis. Art. 2º - É obrigatório o registro, no Conselho Regional
25 - INDÚSTRIA DO VESTUÁRIO, ARTEFATOS DE TE-
de Engenharia, Arquitetura e Agronomia, das empre-
CIDOS E DE VIAGEM - INCLUSIVE ACESSÓRIOS DO
sas e suas filiais cujas atividades correspondam aos
VESTUÁRIO
itens relacionados nesta Resolução.
25.02 - Indústria de confecção de roupas e acessórios
Art. 3º - Subsidiariamente, os Conselhos Regionais de
profissionais e para segurança no trabalho.
Engenharia, Arquitetura e Agronomia poderão adotar
26 - INDÚSTRIA DE PRODUTOS ALIMENTARES
também o Código de Atividades, instituído pela Fun-
26.00 - Indústria de beneficiamento, moagem, torre-
dação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística -
fação e fabricação de produtos alimentares de origem
IBGE, cujo uso tornou-se obrigatório pelas empresas,
vegetal.
26.01 - Indústria de fabricação e refinação de açúcar. através da Portaria GB-279, de 17 JUL 1969, do Minis-
26.02 - Indústria de fabricação de derivados do bene- tério da Fazenda.
ficiamento do cacau, balas, caramelos, pastilhas, dro- Art. 4º - Revogam-se a Resolução nº 299, de 23 NOV
pes e gomas de mascar. 1984, e demais disposições em contrário.
26.03 - Indústria de preparação de alimentos e produ- Art. 5º - Esta Resolução entrará em vigor na data de
ção de conservas e doces. sua publicação
26.04 - Indústria de preparação de especiarias, de
condimentos, de sal, fabricação
RESOLUÇÃO Nº 1.002/2002
de óleos vegetais e vinagres.
26.05 - Indústria de abate de animais em matadouros,
frigoríficos, preparação de
conservas de carne. É a resolução que Adota o Código de Ética Profis-
26.06 - Indústria de preparação do pescado e fabrica- sional da Engenharia, da Arquitetura, da Agronomia, da
ção de conservas do pescado. Geologia, da Geografia e da Meteorologia.
26.07 - Indústria de resfriamento, preparação e fabri-
cação de produtos do leite. O CONSELHO FEDERAL DE ENGENHARIA, ARQUITE-
26.08 - Indústria de fabricação de massas, pós alimen- TURA E
tícios, pães, bolos, biscoitos, tortas - exclusive dietéti- AGRONOMIA - Confea, no uso das atribuições que
cos (código 26.95). lhe confere a alínea “f” do art. 27 da Lei nº5.194, de 24 de
26.09 - Indústria de fabricação de produtos alimenta- dezembro de 1966, e Considerando que o disposto nos
res diversos. arts. 27, alínea “n”, 34, alínea “d”, 45, 46, alínea “b”, 71 e
27 - INDÚSTRIA DE BEBIDAS 72, obriga a todos os profissionais do Sistema Confea/
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

27.01 - Indústria de fabricação e engarrafamento de Crea a observância e cumprimento do Código de Ética


vinhos. Profissional da Engenharia, da Arquitetura, da Agrono-
27.02 - Indústria de fabricação e engarrafamento de mia, da Geologia, da Geografia e da Meteorologia;
aguardentes, licores e de outras bebidas alcoólicas. Considerando as mudanças ocorridas nas condições
27.03 - Indústria de fabricação e engarrafamento de históricas, econômicas,sociais, políticas e culturais da So-
cervejas, chopes e malte. ciedade Brasileira, que resultaram no amplo reordena-
27.04 - Indústria de fabricação e engarrafamento de mento da economia, das organizações empresariais nos
bebidas não alcoólicas. diversos setores, do aparelho do Estado e da Sociedade
28 - INDÚSTRIA DE FUMO Civil, condições essas que têm contribuído para pautar a
28.01 - Indústria de fabricação de produtos do fumo. “ética” como um dos temas centrais da vida brasileira nas
30 - INDÚSTRIAS DIVERSAS últimas décadas;

37
Considerando que um “código de ética profissional” de 24 de dezembro de 1966, e Considerando o art. 72
deve ser resultante de um pacto profissional, de um acor- da Lei nº 5.194, de 1966, que estabelece as penalidades
do crítico coletivo em torno das condições de convivên- aplicáveis aos profissionais que deixarem de cumprir dis-
cia e relacionamento que se desenvolve entre as cate- posições do Código de Ética Profissional;
gorias integrantes de um mesmo sistema profissional, Considerando o Decreto-Lei nº 3.688, de 3 de outu-
visando uma conduta profissional cidadã; bro de 1941, que instituiu a Lei das Contravenções Penais;
Considerando a reiterada demanda dos cidadãos- Considerando a Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973,
-profissionais que integram o Sistema Confea/Crea, es- que instituiu o Código do Processo Civil;
pecialmente explicitada através dos Congressos Esta- Considerando a Lei nº 6.838, de 29 de outubro de
duais e Nacionais de Profissionais, relacionada à revisão 1980, que dispõe sobre o prazo prescricional para a puni-
do “Código de Ética Profissional do Engenheiro, do Ar- bilidade de profissional liberal por falta sujeita a processo
quiteto e do Engenheiro Agrônomo” adotado pela Reso- disciplinar;
lução nº 205, de 30 de setembro de 1971; Considerando o inciso LV do art. 5º da Constituição
Considerando a deliberação do IV Congresso Nacio- da República Federativa do Brasil, de 5 de outubro de
nal de Profissionais – IV CNP 1988, que assegura o direito ao contraditório e ampla
sobre o tema “Ética Profissional”, aprovada por unani- defesa aos litigantes;
midade, propondo a revisão do Código de Considerando a Lei nº 9.784, de 29 de janeiro de
Ética Profissional vigente e indicando o Colégio de 1999, que regula o processo administrativo no âmbito da
Entidades Nacionais - CDEN para elaboração Administração Pública Federal;
do novo texto, Considerando o disposto no Código de Ética Profis-
sional, adotado pela Resolução nº 1.002, de 26 de no-
RESOLVE: vembro de 2002

RESOLVE:
Art. 1º Adotar o Código de Ética Profissional da Enge-
nharia, da Arquitetura, da Agronomia, da Geologia,
Art. 1º Aprovar o regulamento para a condução do
da Geografia e da Meteorologia, anexo à presente
processo ético disciplinar, em
Resolução, elaborado pelas Entidades de Classe Na-
anexo.
cionais, através do CDEN - Colégio de Entidades Na-
Art. 2º Esta Resolução entra em vigor na data de sua
cionais, na forma prevista na alínea “n” do art. 27 da
publicação.
Lei nº 5.194, de 1966.
Art. 3º Fica revogada a Resolução nº 401, de 6 de ou-
Art. 2º O Código de Ética Profissional, adotado através
tubro de 1995.
desta Resolução, para os efeitos dos arts. 27, alínea
“n”, 34, alínea “d”, 45, 46, alínea “b”, 71 e 72, da Lei
nº 5.194, de 1966, obriga a todos os profissionais da REGULAMENTO PARA A CONDUÇÃO DO PROCES-
Engenharia, da Arquitetura, da Agronomia, da Geolo- SO ÉTICO DISCIPLINAR
gia, da Geografia e da Meteorologia, em todas as suas CAPÍTULO I
modalidades e níveis de formação. DA FINALIDADE
Art. 3º O Confea, no prazo de cento e oitenta dias
a contar da publicação desta, deve editar Resolução Art. 1º Este regulamento estabelece procedimentos
adotando novo “Manual de Procedimentos para a para instauração, instrução e
condução de processo de infração ao código de Ética julgamento dos processos administrativos e aplicação
Profissional” das penalidades relacionadas à apuração de
Art. 4º Os Conselhos Federal e Regionais de Engenha- infração ao Código de Ética Profissional da Engenha-
ria, Arquitetura e Agronomia, em conjunto, após a ria, da Arquitetura, da Agronomia, da
publicação desta Resolução, devem desenvolver cam- Geologia, da Geografia e da Meteorologia, adotado
panha nacional visando a ampla divulgação deste pela Resolução nº 1.002, de 26 de novembro de
Código de Ética Profissional, especialmente junto às 2002.
entidades de classe, instituições de ensino e profissio- § 1º Os procedimentos adotados neste regulamento
nais em geral. também se aplicam aos casos
Art. 5° O Código de Ética Profissional, adotado por previstos no art. 75 da Lei nº 5.194, de 1966.
esta Resolução, entra em vigor à partir de 1° de agos- § 2º Os procedimentos estabelecidos aplicam-se aos
to de 2003. profissionais da Engenharia,
Art. 6º Fica revogada a Resolução 205, de 30 de se- da Arquitetura, da Agronomia, da Geologia, da Geo-
tembro de 1971 e demais disposições em contrário, a
grafia e da Meteorologia, em seus níveis
partir de 1º de agosto de 2003.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

superior e médio, que transgredirem preceitos do Có-


digo de Ética Profissional, e serão executados
pelos vários órgãos das instâncias administrativas do
RESOLUÇÃO Nº 1.004/2003 Sistema Confea/Crea.
Art. 2º A apuração e condução de processo de infração
ao Código de Ética
É a resolução que Aprova o Regulamento para a Con- Profissional obedecerá, dentre outros, aos princípios
dução do Processo Ético Disciplinar. da legalidade, finalidade, motivação,
O CONSELHO FEDERAL DE ENGENHARIA, ARQUITE- razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla
TURA E AGRONOMIA – Confea, no uso das atribuições defesa, contraditório, segurança jurídica,
que lhe confere a alínea “f” do art. 27 da Lei nº 5.194, interesse público e eficiência.

38
CAPÍTULO II § 2º A denúncia somente será recebida quando contiver
DA COMISSÃO DE ÉTICA PROFISSIONAL o nome, assinatura e endereço do denunciante, número
do CNPJ – Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas, se
pessoa jurídica, CPF – Cadastro de Pessoas Físicas, nú-
Art. 3º A Comissão de Ética Profissional é órgão auxi- mero do RG – Registro Geral, se pessoa física, e estiver
liar das câmaras especializadas, constituída de acordo acompanhada de elementos ou indícios comprobatórios
com o regimento do Crea. do fato alegado.
§ 1º Recomenda-se observar na sua composição a Art. 8º Caberá à câmara especializada da modalidade
presença de um representante de cada câmara espe- do denunciado proceder a análise preliminar da de-
cializada. núncia, no prazo máximo de trinta dias, encaminhando
§ 2º O Crea deverá colocar à disposição da Comissão cópia ao denunciado, para conhecimento e informan-
de Ética Profissional servidores com a incumbência de do-lhe da remessa do processo à Comissão de Ética Pro-
apoiar as reuniões, lavrando ata, termo de depoimen- fissional.
to, atividade administrativa e assessoramento jurídico Art. 9º Caberá à Comissão de Ética Profissional proce-
necessários ao seu funcionamento. der instrução do processo no prazo máximo de noventa
dias, contados da data da sua instauração.
Art. 4º É atribuição da Comissão de Ética Profissional:
§ 1º Acatada a denúncia, a Comissão de Ética Profis-
I – iniciar o processo ético ante notícia ou indício de
sional dará conhecimento ao denunciado da instaura-
infração; ção de processo disciplinar, juntando cópia da denúncia,
II - instruir processo de infração ao Código de Ética por meio de correspondência encaminhada pelo correio
Profissional, ouvindo testemunhas e partes, e reali- com aviso de recebimento, ou outro meio legalmente
zando ou determinando a realização de diligências admitido, cujo recibo de entrega será anexado ao pro-
necessárias para apurar os fatos; e cesso.
III – emitir relatório fundamentado a ser encaminhado § 2º Não acatada a denúncia, o processo será enca-
à câmara especializada competente para apreciação, minhado à câmara especializada da modalidade do
o qual deve fazer parte do respectivo processo. profissional, que decidirá quanto aos procedimentos a
Art. 5º A Comissão de Ética Profissional, para atendi- serem adotados.
Art. 10. Duas ou mais pessoas poderão demandar ques-
mento ao disposto no inciso II e III do art. 4º, deverá:
tão no mesmo processo.
I - apurar o fato mediante recebimento e análise de Parágrafo único. A Comissão de Ética Profissional, me-
denúncias, tomada de epoimentos das partes e aco- diante justificativa, poderá determinar a juntada de
lhimento das provas documentais e testemunhais re- duas ou mais denúncias contra um mesmo profissional,
lacionadas à denúncia visando instruir o processo; e em razão da falta cometida ou fatos denunciados.
II - verificar, apontar e relatar a existência ou não de Art. 11. O processo instaurado será constituído de tantos
falta ética e de nulidade dos atos processuais. tomos quantos forem necessários, contendo até duzen-
Art. 6º O coordenador da Comissão de Ética Profissio- tas folhas cada, numeradas ordenadamente e rubri-
nal designará um de seus membros como relator de cadas por servidor credenciado do Crea, devidamente
identificado pela sua matrícula.
cada processo.
Parágrafo único. Todos os atos e termos processuais - a
Parágrafo único. O relator designado deverá ser, pre- denúncia, a defesa e os recursos - serão feitos por escri-
ferencialmente, de modalidade profissional diferente to, utilizando-se o vernáculo, com a data e o local de sua
daquela do denunciado. realização e a assinatura do responsável.
Art. 12. Os processos de apuração de infração ao Código
CAPÍTULO III de Ética Profissional correrão em caráter reservado.
DO INÍCIO DO PROCESSO Parágrafo único. Somente as partes envolvidas – o de-
nunciante e o denunciado – e os advogados legalmente
Art. 7º O processo será instaurado após ser protocola- constituídos pelas partes terão acesso aos autos do pro-
do pelo setor competente do Crea em cuja jurisdição cesso, podendo manifestar-se quando intimadas.
Art. 13. O processo será duplicado quando houver pe-
ocorreu a infração, decorrente de denúncia formulada
dido de vista ou recurso ao Confea, mantendo-se uma
por escrito e apresentada por: cópia na unidade ou Crea de origem.
I – instituições de ensino que ministrem cursos nas Art. 14. Os procedimentos relacionados ao processo de-
áreas abrangidas pelo Sistema Confea/Crea; vem realizar-se em dias úteis, preferencialmente na sede
II – qualquer cidadão, individual ou coletivamente, do Crea responsável pela sua condução, cientificando-se
mediante requerimento fundamentado; o denunciado se outro for o local de realização.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

III – associações ou entidades de classe, representati-


vas da sociedade ou de profissionais fiscalizados pelo CAPÍTULO IV
Sistema Confea/Crea; ou DA INSTRUÇÃO DO PROCESSO
IV – pessoas jurídicas titulares de interesses individuais
ou coletivos. Art. 15. As atividades de instrução, destinadas a apurar
§ 1º O processo poderá iniciar-se a partir de relatório os fatos, consistem natomada de depoimento do denun-
apresentado pelo setor de fiscalização do Crea, após ciante, do denunciado e suas respectivas testemunhas,
a análise da câmara especializada da modalidade do obtenção de todas as provas não proibidas em lei e na
profissional, desde que seja verificado indício da vera- adoção de quaisquer diligências que se façam neces-
cidade dos fatos. sáriaspara o esclarecimento da denúncia.

39
§ 1º O depoimento será tomado verbalmente ou me- § 1º O rol deverá conter o nome completo, a qualifi-
diante questionário, se requerido pela parte e autori- cação, RG e endereço para correspondência de cada
zado pela Comissão de Ética Profissional. testemunha.
§ 2º São inadmissíveis no processo as provas obtidas § 2º As testemunhas serão intimadas a comparecer à
por meios ilícitos. audiência por meio de correspondência encaminhada
§ 3º A prova documental deverá ser apresentada em
pelo correio, com aviso de recebimento, ou por outro
original ou cópia autenticada em cartório, ou ainda,
meio legalmente admitido, cujo recibo de entrega será
cópia autenticada por servidor credenciado do Crea.
anexado ao processo.
§ 4º As reproduções fotográficas serão aceitas como
prova desde que acompanhadas dos respectivos ne- § 3º Não poderão compor o rol de testemunhas das
gativos. partes as pessoas incapazes, impedidas ou suspeitas.
Art. 16. Cabe ao denunciado a prova dos fatos que § 4º A Comissão de Ética Profissional poderá, a seu
tenha alegado em sua defesa, critério, ouvir outras testemunhas além das arroladas.
sem prejuízo do dever atribuído à Comissão de Ética Art. 21. A testemunha falará sob palavra de honra, de-
Profissional para a instrução do processo. clarando seu nome, profissão, estado civil e residência;
Art. 17. O denunciado poderá, na fase de instrução e se é parente de alguma das partes e em que grau;
antes da tomada da decisão, quais suas relações com quaisquer delas e seu interes-
juntar documentos e pareceres, bem como apresentar se no caso, se houver; relatará o que souber, explican-
alegações referentes à denúncia objeto do do sempre as razões da sua ciência.
processo. Art. 22. O depoimento será prestado verbalmente, sal-
Art. 18. No caso de tomada de depoimento ou quando vo no caso dos surdosmudos, que poderão fazer uso de
for necessária a ciência do denunciado, a prestação intérprete da Linguagem Brasileira de Sinais.
de informações ou a apresentação de provas propos- Art. 23. Os depoimentos serão reduzidos a termo, as-
tas pelas partes, serão expedidas intimações para esse sinados pelo depoente e pelos membros da Comissão
fim, mencionando-se data, prazo, forma e condições
de Ética Profissional.
para atendimento do requerido.
Art. 24. É vedado, a quem ainda não depôs, assistir ao
§ 1º A intimação, assinada pelo coordenador da Co-
interrogatório da outra parte.
missão de Ética Profissional, será encaminhada pelo
correio com aviso de recebimento, ou por outro meio Art. 25. Durante a audiência de instrução a Comissão
legalmente admitido, de Ética Profissional ouvirá em primeiro lugar o de-
cujo recibo de entrega será anexado ao processo, nunciante, em segundo o denunciado, e, em separado
registrando-se a data da juntada e a identificaçãodo e sucessivamente, as testemunhas do denunciante e
funcionário responsável pelo ato. do denunciado.
§ 2º Não sendo encontradas as partes, far-se-á sua in- § 1º Deverão ser abertos os depoimentos indagando-
timação por edital divulgado em publicação do Crea, -se, tanto ao denunciante quanto ao denunciado, so-
ou em jornal de circulação na jurisdição, ou no diário bre seu nome, número do RG, naturalidade, grau de
oficial do estado ou outro meio que amplie as possi- escolaridade e profissão, estado civil, idade, filiação,
bilidades de conhecimento por parte do denunciado, residência e lugar onde exerce sua atividade e, na se-
em linguagem quência, sobre a razão e os motivos da denúncia.
que não fira os preceitos constitucionais de inviolabi- § 2º Ao denunciado será esclarecido que o seu silêncio
lidade da sua intimidade, da honra, da vida privada e poderá trazer prejuízo à própria defesa.
da imagem. § 3º Após ter sido cientificado da denúncia, median-
§ 3º A intimação observará a antecedência mínima de te breve relato do coordenador da Comissão de Ética
quinze dias quanto à data de comparecimento. Profissional, o denunciado será interrogado sobre:
§ 4º O não atendimento da intimação não implica o
I - onde estava ao tempo da infração e se teve notícias
reconhecimento da verdade dos fatos, nem a renúncia
desta;
a direito pelo denunciado.
§ 5º O denunciado não poderá arguir nulidade da in- II - se conhece o denunciante e as testemunhas arrola-
timação se ela atingir os fins para os quais se destina. das e o que alegam contra ele, bem como se conhece
Art. 19. No caso de encontrarem-se as partes ou teste- as provas apuradas;
munhas em local distante da sede ou fora de jurisdição III - se é verdadeira a imputação que lhe é feita;
do Crea onde o processo foi instaurado, os depoimen- IV – se, não sendo verdadeira a imputação, tem algum
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

tos serão tomados pela Comissão de Ética Profissional motivo particular para atribuí-la; e
da jurisdição onde se encontram ou, por delegação, V - todos os demais fatos e pormenores que condu-
pelos inspetores da inspetoria mais próxima das suas zam à elucidação dos antecedentes e circunstâncias
residências ou locais de trabalho. da infração.
Parágrafo único. A Comissão de Ética Profissional da § 4º Se o denunciado negar em todo ou em parte o
jurisdição onde o processo foi instaurado encaminha- que lhe foi imputado, deverá apresentar as provas da
rá questionário e as peças processuais necessárias à verdade de suas declarações.
tomada dos depoimentos.
§ 5º As perguntas não respondidas e as razões que
Art. 20. As partes deverão apresentar, até quinze dias
o denunciado invocar para não respondê-las deverão
antes da audiência de instrução, o rol de testemunhas.
constar no termo da audiência.

40
§ 6º Havendo comprometimento na elucidação dos § 4º No caso das partes se recusarem a receber o rela-
fatos em decorrência de contradição entre os depoi- tório e a decisão da câmara especializada ou obstruí-
mentos das partes, a Comissão de Ética Profissional, a rem o seu recebimento, o processo terá prosseguimen-
seu critério, poderá promover acareações. to, nele constando a recusa ou obstrução.
§ 7º As partes poderão fazer perguntas ao depoen- Art. 29. A câmara especializada deverá julgar o de-
te, devendo dirigi-las ao coordenador da Comissão nunciado no prazo de até noventa dias, contados da
de Ética Profissional, que após deferi-la, questionará data do recebimento do processo.
o depoente. Art. 30. Será concedido prazo de dez dias para que as
§ 8º É facultado às partes, requisitar que seja consig- partes, se quiserem, manifestem-se quanto ao teor do
nado em ata as perguntas indeferidas. relatório.
Art. 26. A audiência de instrução é una e contínua, § 1º O prazo para manifestação das partes será conta-
sendo os interrogatórios efetuados num mesmo dia ou do da data da juntada ao processo do aviso de recebi-
em datas aproximadas. mento ou do comprovante de entrega da decisão e do
Art. 27. A Comissão de Ética Profissional elaborará re- relatório ou, encontrando-se em lugar incerto, da data
latório contendo o nome das partes, sumário sobre o da publicação da intimação.
fato imputado, a sua apuração, o registro das princi- § 2º Mediante justificativa, a juízo do coordenador da
pais ocorrências havidas no andamento do processo, câmara especializada, o prazo para manifestação das
os fundamentos de fato e de direito que nortearam a partes poderá ser prorrogado, no máximo, por mais
análise do processo e a conclusão, que será submetido dez dias.
à câmara especializada da modalidade do denuncia- Art. 31. Apresentada a manifestação das partes, o co-
do. ordenador da câmara especializada indicará um con-
§ 1º O relatório será submetido à aprovação da Co- selheiro para relatar o processo.
Parágrafo único. O relator indicado não poderá ter
missão de Ética em pleno, na mesma sessão de sua
participado da fase de instrução do processo como
leitura.
membro da Comissão de Ética Profissional, nem ter
§ 2º A Comissão de Ética aprovará o relatório por vo-
sido o autor da denúncia.
tação em maioria simples, estando presentes metade
Art. 32. A falta de manifestação das partes no prazo
mais um de seus membros.
estabelecido não obstruirá o seguimento do processo.
§ 3º No caso de haver rejeição do relatório, o coorde-
Art. 33. O relato e apreciação do processo na câmara
nador designará novo relator para apresentar relató-
especializada obedecerão às normas fixadas no regi-
rio substitutivo, na mesma sessão.
mento do Crea.
§ 4º Caso o relatório manifeste-se pela culpa do de-
Art. 34. Estando as partes presentes no julgamento,
nunciado, deverá indicar a autoria, efetiva ocorrência
considerar-se-ão intimadas desde logo da decisão,
dos fatos e a capitulação da infração no Código de
dando-lhes conhecimento, por escrito, do início da
Ética Profissional.
contagem do prazo para recurso.
§ 5º Caso o relatório manifeste-se pela improcedência
Art. 35. Ausentes as partes no julgamento, serão inti-
da denúncia, deverá sugerir o arquivamento do pro-
madas da decisão da câmara especializada por meio
cesso.
de correspondência encaminhada pelo correio com
aviso de recebimento, ou por outro meio legalmen-
CAPÍTULO V
te admitido, cujo recibo de entrega será anexado ao
DO JULGAMENTO DO PROCESSO NA CÂMARA ES-
processo.
PECIALIZADA
§ 1º Da intimação encaminhada às partes constará o
Art. 28. O relatório encaminhado pela Comissão de prazo de sessenta dias para apresentação de recurso
Ética Profissional será apreciado pela câmara espe- ao Plenário do Crea.
cializada da modalidade do denunciado, que lavrará § 2º Não sendo encontradas as partes, far-se-á sua in-
decisão sobre o assunto, anexando-a ao processo. timação por edital divulgado em publicação do Crea,
§ 1º A decisão proferida pela câmara especializada e ou em jornal de circulação na jurisdição, ou no diário
uma cópia do relatório da Comissão de Ética Profis- oficial do estado ou outro meio que amplie as possibi-
sional serão levados ao conhecimento das partes, por lidades de conhecimento por parte do denunciado, em
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

meio de correspondência encaminhada pelo correio linguagem que não fira os preceitos constitucionais de
com aviso de recebimento, ou por outro meio legal- inviolabilidade da sua intimidade, da honra, da vida
mente admitido, cujo recibo de entrega será anexado privada e da imagem.
ao processo. Art. 36. Quando do trâmite do processo na câmara
§ 2º A decisão, se desfavorável ao denunciado, infor- especializada, o conselheiro relator poderá, em caráter
mará as disposições legais e éticas infringidas e a pe- excepcional, requerer diligência visando complemen-
nalidade correspondente. tar informações julgadas relevantes para a elucidação
§ 3º Nos casos em que houver a impossibilidade de dos fatos.
julgamento pela câmara especializada da modalidade
do denunciado, as atribuições deste artigo serão exer-
cidas pelo Plenário do Crea.

41
CAPÍTULO VI CAPÍTULO VIII
DA APRESENTAÇÃO DO RECURSO AO PLENÁRIO DA APRESENTAÇÃO DO RECURSO AO PLENÁRIO
DO CREA DO CONFEA

Art. 44. Da decisão proferida pelo Plenário do Crea,


Art. 37. Da decisão proferida pela câmara especiali-
as partes poderão, dentro do prazo de sessenta dias,
zada, as partes poderão, dentro do prazo de sessenta
contados da data da juntada ao processo do aviso de
dias, contados da data da juntada ao processo do avi- recebimento ou do comprovante de entrega da inti-
so de recebimento ou do comprovante de entrega da mação, interpor recurso que terá efeito suspensivo,
intimação, interpor recurso que terá efeito suspensivo, para o Plenário do Confea.
para o Plenário do Crea. Parágrafo único. O teor do recurso apresentado será
Parágrafo único. O teor do recurso apresentado será dado a conhecer a outra parte, que terá prazo de
dado a conhecer a outra parte, que terá prazo de quinze dias para manifestação.
quinze dias para manifestação. Art. 45. O Crea deverá encaminhar o recurso ao Con-
Art. 38. Recebido o recurso e manifestação da outra fea acompanhado do processo.
parte, o presidente do Crea designará conselheiro Art. 46. Recebido o recurso no Confea, o processo será
para relatar o processo em plenário. submetido à análise do departamento competente e,
Parágrafo único. O relator indicado não poderá ter em seguida, levado à apreciação da comissão respon-
participado da fase de instrução do processo como sável pela sua análise.
membro da Comissão de Ética Profissional ou membro Art. 47. Pautado o assunto para análise da comissão,
da câmara especializada que julgou o denunciado em a apreciação da matéria seguirá o rito previsto em seu
primeira instância, nem ter sido o autor da denúncia. regimento.
Art. 39. O processo, cuja infração haja sido cometida Art. 48. A comissão, após a apreciação da matéria,
por profissional no exercício de emprego, função ou emitirá deliberação em conformidade com o estabele-
cargo eletivo no Crea, no Confea ou na Mútua, será cido em regimento, que será levada à consideração do
remetido para reexame do plenário do Crea qualquer Plenário do Confea.
que seja a decisão da câmara especializada e inde- Art. 49. O processo, cuja infração haja sido cometida
pendentemente de recurso interposto por quaisquer por profissional no exercício de emprego, função ou
das partes, em até trinta dias após esgotado o prazo cargo eletivo no Crea, no Confea ou na Mútua, será
estabelecido no art. 37. remetido para reexame do plenário do Confea, qual-
quer que seja a decisão do Crea de origem e inde-
CAPÍTULO VII pendentemente de recurso interposto por quaisquer
DO JULGAMENTO DO PROCESSO NO PLENÁRIO das partes, em até trinta dias após esgotado o prazo
DO CREA estabelecido no art. 44.

CAPÍTULO IX
Art. 40. O processo será apreciado pelo Plenário do DO JULGAMENTO DO PROCESSO NO PLENÁRIO
Crea, que lavrará decisão sobre o assunto, anexando- DO CONFEA
-a ao processo.
Art. 41. O Plenário do Crea julgará o recurso no prazo Art. 50. O processo será apreciado pelo Plenário do
de até noventa dias após o seu recebimento. Confea, que lavrará decisão sobre o assunto, anexan-
Art. 42. O relato e apreciação do processo pelo Ple- do-a ao processo.
nário do Crea obedecerão às normas fixadas no regi- Art. 51. O relato e apreciação do processo pelo Plená-
mento do Crea. rio do Confea obedecerão às normas fixadas no seu
regimento.
Art. 43. Ausentes do julgamento, as partes serão inti-
madas da decisão do plenário por meio de correspon- CAPÍTULO X
dência encaminhada pelo correio com aviso de rece- DA APLICAÇÃO DAS PENALIDADES
bimento, ou por outro meio legalmente admitido, cujo
recibo de entrega será anexado ao processo. Art. 52. Aos profissionais que deixarem de cumprir dis-
§ 1º Da intimação encaminhada às partes constará o posições do Código de Ética Profissional serão aplica-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

prazo de sessenta dias para apresentação de recurso das as penalidade previstas em lei.
ao Plenário do Confea. § 1º A advertência reservada será anotada nos assen-
§ 2º Não sendo encontradas as partes, extrato da inti- tamentos do profissional e terá caráter confidencial.
mação será divulgado em publicação do Crea, ou em § 2º A censura pública, anotada nos assentamentos do
jornal de circulação na jurisdição, ou no diário oficial profissional, será efetivada por meio de edital afixado
do estado ou outro meio que amplie as possibilidades no quadro de avisos nas inspetorias, na sede do Crea
de conhecimento por parte do denunciado, em lin- onde estiver inscrito o profissional, divulgação em pu-
guagem que não fira os preceitos constitucionais de blicação do Crea ou em jornal de circulação na jurisdi-
inviolabilidade da sua intimidade, da honra, da vida ção, ou no diário oficial do estado ou outro meio, eco-
privada e da imagem. nomicamente aceitável, que amplie as possibilidades
de conhecimento da sociedade.

42
§ 3º O tempo de permanência do edital divulgando Art. 60. A Declaração da revelia pela Comissão de
a pena de censura pública no quadro de avisos das Ética Profissional não obstruirá o prosseguimento do
inspetorias e da sede do Crea, será fixado na decisão processo, garantindo-se o direito de ampla defesa nas
proferida pela instância julgadora. fases subsequentes.
Art. 53. A aplicação da penalidade prevista no art. 75 Art 61. Declarada a revelia, o denunciado será inti-
da Lei nº 5.194, de 1966, seguirá os procedimentos mado a cumprir os prazos dos atos processuais sub-
estabelecidos no § 2º do art. 52. sequentes, podendo intervir no processo em qualquer
Art. 54. A pena será aplicada após o trânsito em jul- fase.
gado da decisão.
Parágrafo único. Entende-se como transitada em jul- CAPÍTULO XIV
gado, a decisão que não mais está sujeita a recurso.
DA NULIDADE DOS ATOS PROCESSUAIS

Art. 62. Nenhum ato será declarado nulo se da nulida-


CAPÍTULO XI de não resultar prejuízo para as partes.
DO PEDIDO DE RECONSIDERAÇÃO
Art. 63. Os atos do processo não dependem de for-
Art. 55. Caberá um único pedido de reconsideração ma determinada senão quando a lei expressamente a
de decisão em processo disciplinar, dirigido ao órgão exigir, considerando-se válidos os atos que, realizados
julgador que proferiu a decisão transitada em julgado, de outro modo, alcançarem a finalidade sem prejuízo
pelas partes interessadas, instruída com cópia da deci- para as partes.
são recorrida e as provas documentais comprobatórias Art. 64. A nulidade dos atos processuais ocorrerá nos
dos fatos arguidos. seguintes casos:
Parágrafo único. A reconsideração, no interesse do I - por impedimento ou suspeição reconhecida de um
membro da Comissão de Ética Profissional, câmara
profissional penalizado, poderá ser pedida por ele
especializada, Plenário do Crea ou do Plenário do
próprio ou por procurador devidamente habilitado, ou
Confea, quando da instrução ou quando do julgamen-
ainda, no caso de morte, pelo cônjuge, ascendente e
to do processo;
descendente ou irmão. II - por ilegitimidade de parte; ou
Art. 56. O pedido de reconsideração será admitido, III - por falta de cumprimento de preceitos constitucio-
depois de transitada em julgado a decisão, quando nais ou disposições de leis.
apresentados fatos novos ou circunstâncias relevan- Art. 65. Nenhuma nulidade poderá ser arguida pela
tes suscetíveis de justificar a inadequação da sanção parte que lhe tenha dado causa ou para a qual tenha
aplicada. concorrido.
Art. 57. Julgado procedente o pedido de reconside- Art. 66. As nulidades deverão ser arguidas em qual-
ração, o órgão julgador poderá confirmar, modificar, quer fase do processo, antes da decisão transitada em
anular ou revogar, total ou parcialmente, a decisão. julgado, a requerimento das partes ou de ofício.
Parágrafo único. Da revisão do processo não poderá
resultar agravamento da pena. Art. 67. As nulidades considerar-se-ão sanadas:
I - se não forem arguidas em tempo oportuno, de acor-
CAPITULO XII do com o disposto no art. 66 deste regulamento; ou
DA EXECUÇÃO DA DECISÃO II - se, praticado por outra forma, o ato tiver atingido
seu fim.
Art. 58. Cumpre ao Crea da jurisdição do profissional
Art. 68. Os atos processuais, cuja nulidade não tiver
penalizado, onde se iniciou o processo, a execução das
sido sanada na forma do artigo anterior, serão repeti-
decisões proferidas nos processos do Código de Ética
dos ou retificados.
Profissional.
Parágrafo único. A repetição ou retificação dos atos
Parágrafo único. Não havendo recurso à instância nulos será efetuada em qualquer fase do processo.
superior, devido ao esgotamento do prazo para sua Art. 69. A nulidade de um ato, uma vez declarada,
apresentação ou quando esgotadas as instâncias re- causará a nulidade dos atos que dele, diretamente,
cursais, a execução da decisão ocorrerá imediatamen- dependam ou sejam consequência.
te, inclusive na hipótese de apresentação de pedido de
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Art. 70. Dar-se-á o aproveitamento dos atos pratica-


reconsideração. dos, desde que não resulte prejuízo ao denunciado.

CAPÍTULO XIII CAPÍTULO XV


DA REVELIA DA EXTINÇÃO E PRESCRIÇÃO

Art. 59. Será considerado revel o denunciado que: Art. 71. A extinção do processo ocorrerá:
I - se opuser ao recebimento da intimação, expedida I – quando o órgão julgador proferir decisão definitiva;
pela Comissão de Ética Profissional, para apresenta- II – quando a câmara especializada concluir pela au-
ção de defesa; ou sência de pressupostos de constituição e de desenvol-
II – se intimado, não apresentar defesa. vimento válido e regular do processo;

43
III – quando a câmara especializada ou Plenário do Art. 79. Pode ser arguida a suspeição de conselheiro
Crea ou Plenário do Confea declararem a prescrição que tenha amizade íntima ou inimizade notória com
do ilícito que deu causa ao processo; ou alguma das partes ou com os respectivos cônjuges,
IV – quando o órgão julgador concluir por exaurida a companheiros, parentes e afins até o terceiro grau.
finalidade do processo ou o objeto da decisão se tornar Art. 80. Os prazos começam a correr a partir da data
impossível, inútil ou prejudicado por fato supervenien- da juntada ao processo do aviso de recebimento ou
te. do comprovante de entrega da intimação, excluindo-
Parágrafo único. Estes dispositivos não se aplicam aos -se da contagem o dia do começo e incluindo-se o do
casos referidos nos arts. 39 vencimento.
e 49. § 1º considera-se prorrogado o prazo até o primeiro
Art. 72. A punibilidade do profissional, por falta sujeita dia útil seguinte, se o vencimento cair em dia em que
a processo disciplinar, prescreve em cinco anos, conta- não houver expediente no Crea ou este for encerrado
dos da verificação do fato respectivo. antes da hora normal.
§ 2º Os prazos expressos em dias contam-se de modo
Art. 73. A intimação feita a qualquer tempo ao profis-
contínuo.
sional faltoso interrompe o prazo prescricional de que
Art. 81. Nos casos omissos aplicar-se-ão, supletiva-
trata o art. 72.
mente ao presente regulamento, a legislação profis-
Parágrafo único. A intimação de que trata este artigo sional vigente, as normas do direito administrativo,
ensejará defesa escrita a partir de quando recomeçará do processo civil brasileiro e os princípios gerais do
a fluir novo prazo prescricional. Direito.
Art. 74. Todo processo disciplinar que ficar paralisa- Art. 82. Este regulamento aplica-se, exclusivamente,
do por três ou mais anos, pendente de despacho ou aos processos de infração ao Código de Ética Profissio-
julgamento, será arquivado por determinação da au- nal iniciados a partir da publicação desta Resolução
toridade competente ou a requerimento da parte in- no Diário Oficial da União.
teressada.
Art. 75. A autoridade que retardar ou deixar de prati-
car ato de ofício que leve ao arquivamento do proces- RESOLUÇÃO Nº 1.008/2004
so, responderá a processo administrativo pelo seu ato.
§ 1º Entende-se por autoridade o servidor ou agente
público dotado de poder de decisão. É a resolução que Dispõe sobre os procedimentos
§ 2º Se a autoridade for profissional vinculado ao Sis- para instauração, instrução e julgamento dos processos
tema Confea/Crea, estará sujeito a processo discipli- de infração e aplicação de penalidades.
nar.
O CONSELHO FEDERAL DE ENGENHARIA, ARQUITE-
CAPÍTULO XVI TURA E
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS AGRONOMIA – Confea, no uso das atribuições que
lhe confere a alínea “f” do art. 27 da Lei n° 5.194, de 24
Art. 76. Nenhuma penalidade será aplicada ou man- de dezembro de 1966, e Considerando a necessidade de
tida sem que tenha sido assegurado ao denunciado aperfeiçoar os procedimentos para instauração, instru-
pleno direito de defesa. ção e julgamento dos processos de infração no âmbito
dos Conselhos Regionais de Engenharia, Arquitetura e
Art. 77. Se a infração apurada constituir violação do Agronomia – Creas;
Código Penal ou da Lei das Contravenções Penais, o Considerando o art. 73 da Lei nº 5.194, de 1966, que
órgão julgador comunicará o fato à autoridade com- estipula as multas a serem
petente. aplicadas às pessoas físicas – profissionais e leigos - e
Parágrafo único. A comunicação do fato à autoridade às pessoas jurídicas que incorrerem em infração
competente não paralisa o processo administrativo. à legislação profissional de acordo com a gravidade
da falta cometida;
Art. 78. É impedido de atuar em processo o conselheiro Considerando as disposições do parágrafo único do
que: art. 73 e art. 74 da Lei nº 5.194, de 1966, no que se refere
I – tenha interesse direto ou indireto na matéria; às conceituações de reincidência e de nova reincidência
II – tenha participado ou venha a participar como pe- de infrações praticadas;
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

rito, testemunha ou representante; Considerando a Lei nº 4.950-A, de 22 de abril de


III – haja apresentado a denúncia; ou 1966, que dispõe sobre a remuneração de profissionais
IV – seja cônjuge, companheiro ou tenha parentesco fiscalizados pelo Sistema Confea/Crea;
com as partes do processo até o terceiro grau. Considerando a Lei nº 6.496, de 7 de dezembro de
§ 1º O conselheiro que incorrer em impedimento deve 1977, que institui a Anotação de Responsabilidade Téc-
comunicar o fato ao coordenador da Comissão de nica na prestação de serviços de Engenharia, Arquitetura
Ética Profissional, câmara especializada ou plenário, e Agronomia;
conforme o caso, abstendo-se de atuar. Considerando a Lei nº 9.784, de 29 de janeiro de
§ 2º A omissão do dever de comunicar o impedimento 1999, que regula o processo administrativo no âmbito da
constitui falta grave, para efeitos disciplinares. Administração Pública Federal,

44
RESOLVE: V – identificação das Anotações de Responsabilidade
Técnica – ARTs relativas às atividades desenvolvidas,
Art. 1º Fixar os procedimentos para instauração, ins- se houver;
trução e julgamento dos VI – informações acerca da participação efetiva do
processos de infração aos dispositivos das Leis n.os responsável técnico na execução da obra, serviço ou
5.194 e 4.950-A, ambas de 1966, e 6.496, de empreendimento, quando for o caso;
1977, e aplicação de penalidades. VII - descrição minuciosa dos fatos que configurem in-
fração à legislação profissional; e
CAPÍTULO I VIII – identificação do responsável pelas informações,
DA INSTAURAÇÃO E DA INSTRUÇÃO DO PROCES- incluindo nome completo e função exercida na obra,
SO serviço ou empreendimento, se for o caso.
Seção I Parágrafo único. O agente fiscal deve recorrer ao ban-
Dos Procedimentos Preliminares co de dados do Crea para complementar as informa-
ções do relatório de fiscalização.
Art. 2º Os procedimentos para instauração do proces- Art. 6º Sempre que possível, à denúncia ou ao rela-
so têm início no Crea em cuja jurisdição for verificada tório de fiscalização devem ser anexados documentos
a infração, por meio dos seguintes instrumentos: que caracterizam a infração e a abrangência da atu-
I – denúncia apresentada por pessoas físicas ou jurídi- ação da pessoa física ou jurídica na obra, serviço ou
cas de direito público ou privado; empreendimento, a saber:
II - denúncia apresentada por entidade de classe ou I – cópia do contrato social da pessoa jurídica e de
por instituição de ensino; suas alterações;
III - relatório de fiscalização; e II – cópia do contrato de prestação do serviço;
IV – iniciativa do Crea, quando constatados, por qual- III – cópia dos projetos, laudos e outros documentos
quer meio à sua disposição, indícios de infração à le- relacionados à obra, ao serviço ou ao empreendimen-
gislação profissional. to fiscalizado;
Parágrafo único. No caso dos indícios citados no inciso IV – fotografias da obra, serviço ou empreendimento;
IV, o Crea deve verificálos por meio de fiscalização ao V – laudo técnico pericial;
local de ocorrência da pressuposta infração. VI - declaração do contratante ou de testemunhas; ou
Art. 3º A denúncia deve ser protocolizada no Crea e VII – informação sobre a situação cadastral do respon-
instruída, no mínimo, com as seguintes informações: sável técnico, emitido pelo Crea.
I - identificação do denunciante, pessoa física ou ju- Art. 7º Revogado pela Resolução 1.047, de 28 de maio
rídica, incluindo endereço residencial ou comercial de 2013
completo e número do Cadastro de Pessoas Físicas Art. 8º Revogado pela Resolução 1.047, de 28 de maio
– CPF ou do Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas de 2013
– CNPJ; e
II – provas circunstanciais ou elementos comprobató- Seção II
rios do fato denunciado. Da Lavratura do Auto de Infração
Art. 4º A denúncia anônima pode ser efetuada, verbal-
mente ou por escrito, e será
Art. 9º Compete ao agente fiscal a lavratura do auto
recebida pelo Crea, desde que contenha descrição de-
de infração, indicando a capitulação da infração e da
talhada dos fatos, apresentação de elementos e,
penalidade. (NR)
quando for o caso, provas circunstanciais que configu-
§ 1º Caso os fatos envolvam a participação irregular
rem infração à legislação profissional.
de mais de uma pessoa, deverá ser lavrado um auto de
Parágrafo único. A denúncia anônima somente será
infração específico para cada uma delas.
admitida após a verificação
§ 2º Em caso de dúvida na análise da situação apre-
dos fatos pelo Crea, por meio de fiscalização no local
sentada, o relatório de fiscalização deverá ser subme-
de ocorrência da pressuposta infração.
tido à câmara especializada relacionada à atividade
Art. 5º O relatório de fiscalização deve conter, pelo
desenvolvida que determinará, se cabível, a lavratura
menos, as seguintes
do auto de infração e a capitulação da infração e da
informações:
penalidade.
I – data de emissão, nome completo, matrícula e assi-
natura do agente fiscal;
Art. 10. O auto de infração é o ato processual que
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

II – nome e endereço completos da pessoa física ou


instaura o processo administrativo, expondo os fatos
jurídica fiscalizada, incluindo,
ilícitos atribuídos ao autuado e indicando a legislação
se possível, CPF ou CNPJ;
infringida, lavrado por agente fiscal, funcionário do
III - identificação da obra, serviço ou empreendimento,
Crea, designado para esse fim
com informação sobre o nome e endereço do execu-
Parágrafo único. Da penalidade estabelecida no auto
tor, descrição detalhada da atividade desenvolvida e
de infração, o autuado pode apresentar defesa à câ-
dados necessários para sua caracterização, tais como
mara especializada, que terá efeito suspensivo, no
fase, natureza e quantificação;
prazo de dez dias, contados da data do recebimento
IV – nome completo, título profissional e número de
do auto de infração.
registro no Crea do responsável técnico, quando for
o caso;

45
Art. 11. O auto de infração, grafado de forma legível, CAPÍTULO II
sem emendas ou rasuras, deve apresentar, no mínimo, DO JULGAMENTO
as seguintes informações: Seção I
I – menção à competência legal do Crea para fiscali- Da Defesa à Câmara Especializada
zar o exercício das profissões abrangidas pelo Sistema
Confea/Crea; Art. 15. Anexada ao processo, a defesa será encami-
II – data da lavratura, nome completo, matrícula e as- nhada à câmara especializada
sinatura do agente fiscal; relacionada à atividade desenvolvida, para apreciação
III – nome e endereço completos da pessoa física ou e julgamento.
jurídica autuada, incluindo, obrigatoriamente, CPF ou § 1º Se o Crea não possuir câmara especializada re-
CNPJ; lacionada à atividade desenvolvida, a atribuição de
IV – identificação da obra, serviço ou empreendimen- julgamento em primeira instância será exercida pelo
to, com informação sobre a sua localização, nome e plenário.
endereço do contratante, indicação da natureza da § 2º Caso sejam julgadas relevantes para a elucidação
atividade e sua descrição detalhada; dos fatos, novas diligências deverão ser requeridas du-
V – identificação da infração, mediante descrição de- rante a apreciação do processo.
talhada da irregularidade, Art. 16. Na câmara especializada, o processo será dis-
capitulação da infração e da penalidade, e valor da tribuído para conselheiro, que deve relatar o assunto
multa a que estará sujeito o autuado; de forma objetiva e legalmente fundamentada.
VI – data da verificação da ocorrência; Art. 17. Após o relato do assunto, a câmara especiali-
VII – indicação de reincidência ou nova reincidência, zada deve decidir explicitando as razões da manuten-
se for o caso; e ção da autuação, as disposições legais infringidas e a
VIII – indicação do prazo de dez dias para efetuar o penalidade correspondente ou as razões do arquiva-
pagamento da multa e regularizar a situação ou apre- mento do processo, se for o caso.
sentar defesa à câmara especializada. Art. 18. O autuado será notificado da decisão da câ-
§ 1º A infração somente será capitulada, conforme o mara especializada por meio de correspondência,
caso, nos dispositivos das Leis n.os 4.950-A e 5.194, acompanhada de cópia de inteiro teor da decisão pro-
ambas de 1966, e 6.496, de 1977, sendo vedada a ca- ferida.
pitulação com base em instrumentos normativos do § 1º Da decisão proferida pela câmara especializada o
autuado pode interpor
Crea e do Confea.
recurso, que terá efeito suspensivo, ao Plenário do
§ 2º Lavrado o auto de infração, a regularização da
Crea no prazo de sessenta dias, contados da data
situação não exime o autuado
do recebimento da notificação.
das cominações legais.
§ 2º A falta de manifestação do autuado no prazo es-
§ 3º Não será permitida a lavratura de novo auto de tabelecido no parágrafo anterior não obstruirá o pros-
infração referente à mesma obra, serviço ou empre- seguimento do processo.
endimento, antes do trânsito em julgado da decisão Art. 19. O processo relativo à infração cometida por
relativa à infração. profissional no exercício de emprego, função ou cargo
Art. 12. Caso seja verificado, antes do julgamento pela eletivo no Crea, no Confea ou na Mútua será remetido
câmara especializada, erro insanável na lavratura do para exame do Plenário do Crea qualquer que seja a
auto de infração, a gerência de fiscalização poderá decisão da câmara especializada, independentemente
instruir o processo com os esclarecimentos que julgar de recurso interposto, em até trinta dias após esgota-
cabíveis, visando ao seu arquivamento. do o prazo para interposição de recurso.

Seção III Seção II


Da Instauração do Processo Da Revelia

Art. 13. O Crea deve instaurar um processo específico Art. 20. A câmara especializada competente julgará à
para cada auto de infração, revelia o autuado que não apresentar defesa, garan-
indicando na capa o nome do autuado, a descrição e a tindo-lhe o direito de ampla defesa nas fases subse-
capitulação da infração, o número do auto de infração quentes Parágrafo único. O autuado será notificado a
e a data da autuação. cumprir os prazos dos atos processuais subsequentes.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Parágrafo único. A reincidência ou nova reincidência


da conduta infratora objeto da autuação, só poderá Seção III
ser considerada se o processo for instruído com cópia Do Recurso ao Plenário do Crea
da decisão transitada em julgado referente à autua-
ção anterior. Art. 21. O recurso interposto à decisão da câmara es-
Art. 14. Para efeito desta Resolução, considera-se tran- pecializada será encaminhado ao Plenário do Crea
sitada em julgado a decisão irrecorrível que se torna para apreciação e julgamento.
imutável e indiscutível por não estar mais sujeita a Parágrafo único. Caso sejam julgadas relevantes para
recurso. a elucidação dos fatos, novas diligências deverão ser
requeridas durante a apreciação do processo.

46
Art. 22. No Plenário do Crea, o processo será distri- § 2º O pedido de reconsideração será admitido quan-
buído para conselheiro, que deve relatar o assunto de do forem apresentadas provas documentais compro-
forma objetiva e legalmente fundamentada. batórias de novos fatos ou circunstâncias relevantes
Art. 23. Após o relato, o Plenário do Crea deve decidir suscetíveis de justificar a inadequação da penalidade
explicitando as razões da manutenção da autuação, aplicada.
as disposições legais infringidas e a penalidade cor- Art. 34. O Crea deverá encaminhar o pedido de re-
respondente ou as razões do arquivamento do pro- consideração ao Confea, acompanhado do respectivo
cesso, se for o caso. processo, no prazo máximo de noventa dias contados
Art. 24. O autuado será notificado da decisão do Ple- da data da protocolização do pedido de reconsidera-
nário do Crea por meio de correspondência, acompa- ção.
nhada de cópia de inteiro teor da decisão proferida. Art. 35. Julgado procedente o pedido de reconsidera-
Parágrafo único. Da decisão proferida pelo Plenário ção, o Plenário do Confea poderá confirmar, modificar,
do Crea, o autuado pode interpor recurso, que terá anular ou revogar, total ou parcialmente, a decisão.
efeito suspensivo, ao Plenário do Confea no prazo de
Parágrafo único. Da revisão do processo não poderá
sessenta dias, contados da data do recebimento da
resultar agravamento da pena.
notificação.
Art. 25. O Crea deverá encaminhar o recurso ao Con-
fea acompanhado do respectivo processo, no prazo CAPÍTULO III
máximo de noventa dias contados da data da proto- DA EXECUÇÃO DA DECISÃO
colização do recurso.
Art. 36. Compete ao Crea da jurisdição da pessoa físi-
Seção IV ca ou jurídica penalizada, onde se iniciou o processo,
Do Recurso ao Plenário do Confea a execução das decisões proferidas nos processos de
infração às Leis n.os 4.950-A e 5.194, ambas de 1966,
Art. 26. O recurso interposto à decisão do Plenário do e 6.496, de 1977.
Crea será encaminhado ao Plenário do Confea para Parágrafo único. Não havendo recurso à instância
apreciação e julgamento. superior, devido ao esgotamento do prazo para sua
Art. 27. Recebido o recurso, o processo será submetido apresentação ou quando esgotadas as instâncias re-
à análise do departamento competente e, em segui- cursais, a execução da decisão ocorrerá imediatamen-
da, à apreciação da comissão responsável. te, inclusive na hipótese de apresentação de pedido de
Art. 28. Na comissão, o processo será distribuído para reconsideração.
conselheiro, que deve relatar o assunto de forma ob- Art. 37. Para a execução da decisão, o Crea deve no-
jetiva e legalmente fundamentada. tificar o autuado para regularizar a situação que en-
Art. 29. Após o relato, a comissão emitirá deliberação sejou a autuação, informando-o sobre a penalidade
que será encaminhada ao Plenário do Confea. estabelecida.
Art. 30. O Plenário do Confea deve decidir explicitan- Parágrafo único. Nos casos em que seja possível regu-
do as razões da manutenção da autuação, as disposi- larizar a situação, o Crea deve indicar as providências
ções legais infringidas e a penalidade correspondente a serem adotadas de acordo com a legislação vigente.
ou as razões do arquivamento do processo, se for o
caso.
Art. 31. Julgado o recurso pelo Confea, os autos serão CAPÍTULO IV
encaminhados ao Crea para execução da decisão. DA REINCIDÊNCIA E DA NOVA REINCIDÊNCIA
Parágrafo único. O Crea poderá solicitar revisão da
decisão proferida pelo Plenário do Confea, se for de- Art. 38. Transitada em julgado a decisão, dar-se-á a
tectado erro de natureza técnica ou administrativa, reincidência se o autuado praticar nova infração ca-
no prazo máximo de sessenta dias, contados da data pitulada no mesmo dispositivo legal pela qual tenha
do recebimento do processo. sido anteriormente declarado culpado.
Art. 32. O autuado será notificado pelo Crea da deci- Art. 39. Transitada em julgado a decisão relativa à in-
fração por reincidência, considera-se nova reincidên-
são do Plenário do Confea por meio de correspondên-
cia a prática de nova infração capitulada no mesmo
cia, acompanhada de cópia de inteiro teor da decisão
dispositivo legal.
proferida.
CAPÍTULO V
Seção V DAS PENALIDADES
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Do Pedido de Reconsideração

Art. 33. Da decisão proferida pelo Plenário do Con- Art. 40. Nenhuma penalidade será aplicada ou manti-
fea, cabe um único pedido de reconsideração, que da sem que tenha sido assegurado ao autuado pleno
não terá efeito suspensivo, efetuado pelo autuado no direito de defesa.
Art. 41. Quando a infração apurada constituir viola-
prazo máximo de sessenta dias contados da data do
ção da Lei de Contravenções Penais, o Crea comuni-
recebimento da notificação.
cará o fato à autoridade competente.
§ 1º A reconsideração pode ser pedida pelo autuado
Parágrafo único. A comunicação do fato à autoridade
penalizado, por procurador habilitado ou, ainda, no competente ocorrerá após o trânsito em julgado da
caso de morte, pelo cônjuge, ascendente, descendente respectiva decisão.
ou irmão.

47
Seção I I - impedimento ou suspeição reconhecida de membro
Das Multas da câmara especializada, do Plenário do Crea ou do
Plenário do Confea, quando da instrução ou do julga-
Art. 42. As multas são penalidades previstas no art. mento do processo;
73 da Lei n.º 5.194, de 1966, aplicadas pelo Crea com II - ilegitimidade de parte;
base nas faixas de valores estabelecidos em resolução III – falhas na identificação do autuado, da obra, do
específica. serviço ou do empreendimento observadas no auto de
Art. 43. As multas serão aplicadas proporcionalmente infração;
à infração cometida, visando ao cumprimento da fina- IV - falhas na descrição dos fatos observados no auto
lidade do interesse público a que se destina, observa- de infração, que devido à insuficiência de dados, im-
dos os seguintes critérios: possibilita a delimitação do objeto da controvérsia e a
I - os antecedentes do autuado quanto à condição de plenitude da defesa;
V – falta de correspondência entre o dispositivo legal
primariedade, reincidência ou
infringido e os fatos descritos no auto de infração;
nova reincidência de autuação;
VI – falta de fundamentação das decisões da câmara
II – a situação econômica do autuado;
especializada, do Plenário do Crea e do Plenário do
III – a gravidade da falta;
Confea que apliquem penalidades às pessoas físicas
IV – as consequências da infração, tendo em vista o ou jurídicas;
dano ou o prejuízo decorrente; e VII – falta de cumprimento de demais formalidades
V – regularização da falta cometida. previstas em lei; ou
§ 1º A multa será aplicada em dobro no caso de rein- VIII. Revogado pela Resolução 1.047, de 28 de maio
cidência. de 2013
§ 2º A multa aplicada no caso de nova reincidência Art. 48. As nulidades poderão ser arguidas a requeri-
será igual à aplicada para reincidência, sem prejuízo mento do autuado ou de ofício em qualquer fase do
do que dispõe o art. 74 da Lei n.o 5.194, de 1966. processo, antes da decisão transitada em julgado.
§ 3º É facultada a redução de multas pelas instâncias Art. 49. A nulidade de um ato, uma vez declarada,
julgadoras do Crea e do Confea nos casos previstos causará a nulidade dos atos que dele, diretamente,
neste artigo, respeitadas as faixas de valores estabele- dependam ou sejam consequência.
cidas em resolução específica. Art. 50. As nulidades considerar-se-ão sanadas:
Art. 44. A multa não paga, após a decisão transitada I – se não houver solicitação do autuado arguindo a
em julgado, será inscrita na dívida ativa e cobrável ju- nulidade do ato processual; ou II – se, praticado por
dicialmente. outra forma, o ato processual tiver atingido seu fim.
Art. 51. Os atos processuais, cuja nulidade não tiver
Seção II sido sanada na forma do artigo anterior, retornarão às
Da Suspensão do Registro instâncias competentes para repetição ou retificação.
Parágrafo único. A repetição ou retificação dos atos
Art. 45. A suspensão temporária ou a ampliação do nulos será efetuada em qualquer fase do processo.
período de suspensão do registro são penalidades pre-
vistas no art. 74 da Lei n.º 5.194, de 1966, que podem CAPÍTULO VII
ser aplicadas pelo Crea ao profissional que incorrer DA EXTINÇÃO DO PROCESSO
em nova reincidência das seguintes infrações, respec-
tivamente: Art. 52. A extinção do processo ocorrerá:
I – quando a câmara especializada concluir pela au-
I – emprestar seu nome a pessoas, firmas, organiza-
sência de pressupostos de constituição e de desenvol-
ções ou empresas executoras de
vimento válido e regular do processo;
obras, serviços ou empreendimentos sem sua real par-
II – quando o órgão julgador declarar a prescrição do
ticipação; ou
ilícito que originou o processo;
II – continuar em atividade após suspenso do exercício III – quando o órgão julgador concluir por exaurida a
profissional. finalidade do processo ou o objeto da decisão se tornar
impossível, inútil ou prejudicado por fato supervenien-
CAPÍTULO VI te; ou
DA NULIDADE DOS ATOS PROCESSUAIS IV – quando o órgão julgador proferir decisão definiti-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

va, caracterizando trânsito em julgado.


Art. 46. Os atos processuais não dependem de forma
determinada senão quando a lei expressamente a exi- CAPÍTULO VIII
gir, considerando-se válidos os atos que, realizados DA COMUNICAÇÃO DOS ATOS PROCESSUAIS
de outro modo, alcançarem a finalidade sem prejuízo
para o autuado. Art. 53. As notificações e o auto de infração devem
Parágrafo único. Não havendo prejuízo para o autua- ser entregues pessoalmente ou enviados por via postal
do, todos os atos processuais devem ser aproveitados. com Aviso de Recebimento - AR ou por outro meio
Art. 47. A nulidade dos atos processuais ocorrerá nos legal admitido que assegure a certeza da ciência do
seguintes casos: autuado.

48
§ 1º Em todos os casos, o comprovante de entrega de- CAPÍTULO XI
verá ser anexado ao processo. DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
§ 2º Caso o autuado recuse ou obstrua o recebimento
da notificação ou do auto de infração, o fato deverá Art. 59. A instauração, a instrução e o julgamento
ser registrado no processo. do processo de infração obedecerão, entre outros,
aos princípios da legalidade, finalidade, formalidade,
Art. 54. Em qualquer fase do processo, não sendo en- motivação, razoabilidade, proporcionalidade, mora-
contrado o autuado ou seu representante legal, ou no lidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurí-
caso de recusa do recebimento de notificação ou do dica,
auto de infração, o extrato destes atos processuais será interesse público e eficiência.
divulgado em publicação do Crea, ou em jornal de cir- Art. 60. Todos os atos e termos processuais serão fei-
culação na jurisdição, ou no Diário Oficial do Esta- tos por escrito, utilizando-se o vernáculo, indicando
do ou em outro meio que amplie as possibilidades de a data e o local de sua realização e a assinatura do
conhecimento por parte do autuado, em linguagem responsável.
que não fira os preceitos constitucionais de inviolabi- Art. 61. A prescrição dos atos processuais será decla-
lidade da sua intimidade, da honra, da vida privada e rada de acordo com a legislação específica em vigor.
da imagem. Art. 62. Não pode ser objeto de delegação de compe-
tência a decisão relativa ao julgamento de processos
de infração, inclusive nos casos de revelia.
CAPÍTULO IX Art. 63. Os procedimentos para instauração, instru-
DOS PRAZOS ção e julgamento dos processos
de infração ao Código de Ética Profissional são regu-
Art. 55. Os prazos começam a correr a partir da data lamentados em resolução específica.
do comprovante de entrega do auto de infração ou Art. 64. Nos casos omissos aplicar-se-ão, supletiva-
da notificação ou, encontrando-se o autuado em lugar mente ao presente regulamento,
incerto, da data da publicação da notificação, excluin- a legislação profissional vigente, as normas do Di-
do o dia do começo e incluindo o do vencimento. reito Administrativo, do Processo Civil Brasileiro e os
princípios gerais do Direito.
§ 1º Considera-se prorrogado o prazo até o primeiro
dia útil seguinte, se o vencimento cair em dia em que CAPÍTULO XII
não houver expediente no Crea ou este for encerrado DAS DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS
antes do horário normal.
§ 2º Os prazos expressos em dias contam-se de modo Art. 65. Estes procedimentos aplicam-se, exclusiva-
contínuo. mente, aos processos de infração iniciados a partir da
publicação desta Resolução no Diário Oficial da União
CAPÍTULO X – DOU.
DA PRESCRIÇÃO Art. 66. Esta Resolução entra em vigor na data de sua
publicação.
Art. 56. Prescreve em cinco anos a ação punitiva do Art. 67. Revogam-se as Resoluções nos 207, de 28 de
Sistema Confea/Crea no exercício do poder de polícia, janeiro de 1972, e 391, de 17 de março de 1995, e a
em processos administrativos que objetivem apurar Decisão Normativa no 07, de 29 de abril de 1983, e
infração à legislação em vigor, contados da data de demais disposições em contrário.
prática do ato ou, no caso de infração permanente ou
continuada, do dia em que tiver cessado.
Parágrafo único. Enquadram-se neste artigo os pro- RESOLUÇÃO Nº 1.025/2009
cessos administrativos instaurados em desfavor de
pessoas físicas, leigos e profissionais do Sistema Con-
fea/Crea, e de pessoas jurídicas, excluindo os proces-
É a resolução que Dispõe sobre a Anotação de
sos ético-disciplinares.
Responsabilidade Técnica e o Acervo Técnico Pro-
fissional, e dá outras providências.
Art. 57. Interrompe-se a prescrição nos processos ad-
ministrativos caracterizados no art. 56: O CONSELHO FEDERAL DE ENGENHARIA, ARQUITE-
I - pela notificação do autuado; TURA E AGRONOMIA – Confea, no uso das atribuições
II - por qualquer ato inequívoco que importe apuração que lhe confere a alínea “f” do art. 27 da Lei nº 5.194, de
do fato; e 24 de dezembro de 1966, e
III - pela decisão recorrível. Considerando os arts. 8º, 12, 19, 20, 21, 59 e 67 da Lei
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Parágrafo único. Ocorrendo qualquer dos casos pre- nº 5.194, de 1966, que regula o exercício das profissões
vistos neste artigo, teremos o reinício do prazo pres- de Engenheiro, Arquiteto e Engenheiro-Agrônomo, e dá
cricional de cinco anos. outras providências;
Considerando os arts. 1º, 2º e 3º da Lei nº 6.496, de
Art. 58. Incide a prescrição no processo administrativo 7 de dezembro de 1977, que institui a Anotação de Res-
que objetive apurar infração à legislação em vigor pa- ponsabilidade Técnica na execução de obras e na presta-
ralisado por mais de três anos, pendente de julgamen- ção de serviços de Engenharia, Arquitetura e Agronomia;
to ou despacho, cujos autos serão arquivados de ofício Considerando os arts. 30 e 72 da Lei nº 8.666, de 21
ou mediante requerimento da parte interessada, sem de junho de 1993, que regulamenta o art. 37, inciso XXI,
da Constituição Federal, institui normas para licitações
prejuízo da apuração da responsabilidade funcional
e contratos da Administração Pública e dá outras pro-
decorrente da paralisação, se for o caso.
vidências;

49
Considerando o art. 11, § 1º, do Decreto nº 5.296, § 2º Após o recolhimento do valor correspondente, os
de 2 de dezembro de 2004, que regulamenta as Leis nos dados da ART serão automaticamente anotados no
10.048, de 8 de novembro de 2000, que dá prioridade de Sistema de Informações Confea/Crea – SIC.
atendimento às pessoas que especifica, e 10.098, de 19 § 3º O SIC mencionado no parágrafo anterior é o ban-
de dezembro de 2000, que estabelece normas gerais e co de dados que consolida as informações de interesse
critérios básicos para a promoção da acessibilidade das nacional registradas no Sistema Confea/Crea.
pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade
Art. 5º O cadastro da ART será efetivado pelo pro-
reduzida, e dá outras providências;
fissional de acordo com o disposto nesta resolução,
Considerando a Lei nº 5.700, de 1º de janeiro de 1971,
que dispõe sobre a forma de registro e a apresentação mediante preenchimento de formulário eletrônico,
dos símbolos nacionais e dá outras providências; Con- conforme o Anexo I, e senha pessoal e intransferível
siderando a Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990, fornecida após assinatura de termo de responsabili-
que dispõe sobre a proteção do consumidor e dá outras dade.
providências; Art. 6º A guarda da via assinada da ART será de res-
Considerando a Lei nº 9.307, de 23 de setembro de ponsabilidade do profissional e do contratante, com o
1996, que dispõe sobre a arbitragem; objetivo de documentar o vínculo contratual.
Considerando o Decreto nº 6.932, de 11 de agosto de Art. 7º O responsável técnico deverá manter uma via
2009, que dispõe sobre a simplificação do atendimento da ART no local da obra ou serviço.
público prestado ao cidadão, ratifica a dispensa do re- Art. 8º É vedado ao profissional com o registro cance-
conhecimento de firma em documentos produzidos no lado, suspenso ou interrompido registrar ART.
Brasil, institui a “Carta de Serviços ao Cidadão” e dá ou- Art. 9º Quanto à tipificação, a ART pode ser classifi-
tras providências,
cada em:
RESOLVE: I – ART de obra ou serviço, relativa à execução de
obras ou prestação de serviços
Art. 1º Fixar os procedimentos necessários ao regis- inerentes às profissões abrangidas pelo Sistema Con-
tro, baixa, cancelamento e anulação da Anotação de fea/Crea;
Responsabilidade Técnica – ART, ao registro do ates- II – ART de obra ou serviço de rotina, denominada ART
tado emitido por pessoa física e jurídica contratante e múltipla, que especifica
à emissão da Certidão de Acervo Técnico – CAT, bem vários contratos referentes à execução de obras ou à
como aprovar os modelos de ART e de CAT, o Reque- prestação de serviços em determinado período;
rimento de ART e Acervo Técnico e os dados mínimos e
para registro do atestado que constituem os Anexos I, III – ART de cargo ou função, relativa ao vínculo com
II, III e IV desta resolução, respectivamente. pessoa jurídica para
desempenho de cargo ou função técnica.
CAPÍTULO I
Art. 10. Quanto à forma de registro, a ART pode ser
DA ANOTAÇÃO DE RESPONSABILIDADE TÉCNICA
classificada em:
Art. 2º A ART é o instrumento que define, para os efei- I – ART complementar, anotação de responsabilidade
tos legais, os responsáveis técnicos pela execução de técnica do mesmo
obras ou prestação de serviços relativos às profissões profissional que, vinculada a uma ART inicial, comple-
abrangidas pelo Sistema Confea/Crea. menta os dados anotados nos seguintes
Art. 3º Todo contrato escrito ou verbal para execução casos
de obras ou prestação de serviços relativos às profis- a) for realizada alteração contratual que ampliar o
sões abrangidas pelo Sistema Confea/Crea fica sujeito objeto, o valor do contrato ou a atividade técnica con-
ao registro da ART no Crea em cuja circunscrição for tratada, ou prorrogar o prazo de execução; ou
exercida a respectiva atividade. b) houver a necessidade de detalhar as atividades
Parágrafo único. O disposto no caput deste artigo técnicas, desde que não impliquem a modificação da
também se aplica ao vínculo de profissional, tanto a caracterização do objeto ou da atividade técnica con-
pessoa jurídica de direito público quanto de direito
tratada.
privado, para o desempenho de cargo ou função téc-
II – ART de substituição, anotação de responsabilidade
nica que envolva atividades para as quais sejam ne-
cessários habilitação legal e conhecimentos técnicos técnica do mesmo profissional que, vinculada a uma
ART inicial, substitui os dados anotados nos casos em
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

nas profissões abrangidas pelo Sistema Confea/Crea.


que:
Seção I a) houver a necessidade de corrigir dados que impli-
Do Registro da ART quem a modificação da caracterização do objeto ou
da atividade técnica contratada; ou
Art. 4º O registro da ART efetiva-se após o seu cadas- b) houver a necessidade de corrigir erro de preenchi-
tro no sistema eletrônico do Crea e o recolhimento do mento de ART.
valor correspondente. Art. 11. Quanto à participação técnica, a ART de obra
§ 1º O início da atividade profissional sem o recolhi- ou serviço pode ser classificada da seguinte forma:
mento do valor da ART ensejará as sanções legais ca- I – ART individual, que indica que a atividade, objeto
bíveis. do contrato, é desenvolvida por um único profissional;

50
II – ART de coautoria, que indica que uma atividade Art. 18. O Crea manifestar-se-á sobre o requerimento
técnica caracterizada como intelectual, objeto de con- de baixa de ART por não conclusão das atividades téc-
trato único, é desenvolvida em conjunto por mais de nicas após efetuar análise do pedido e eventual verifi-
um profissional de mesma competência; cação das informações apresentadas.
III – ART de corresponsabilidade, que indica que uma § 1º O requerimento será deferido somente se for ve-
atividade técnica caracterizada como executiva, obje- rificada sua compatibilidade com o disposto nesta re-
to de contrato único, é desenvolvida em conjunto por solução.
mais de um profissional de mesma competência; e § 2º Compete ao Crea, quando necessário, solicitar
IV – ART de equipe, que indica que diversas atividades documentos, efetuar diligências ou adotar outras pro-
complementares, objetos de contrato único, são de- vidências necessárias ao caso para averiguar as infor-
senvolvidas em conjunto por mais de um profissional mações apresentadas.
com competências diferenciadas. § 3º Em caso de dúvida, o processo será encaminhado
Art. 12. Para efeito desta resolução, todas as ARTs re- à câmara especializada competente para apreciação.
ferentes a determinado empreendimento, registradas Art. 19. Deverá ser objeto de baixa automática pelo
pelos profissionais em função de execução de outras Crea:
atividades técnicas citadas no contrato inicial, aditi- I – a ART que indicar profissional que tenha falecido
vo contratual, substituição de responsável técnico ou ou que teve o seu registro cancelado ou suspenso após
contratação ou subcontratação de outros serviços, de- a anotação da responsabilidade técnica; e
vem ser vinculadas à ART inicialmente registrada, com II – a ART que indicar profissional que deixou de cons-
o objetivo de identificar a rede de responsabilidades tar do quadro técnico da pessoa jurídica contratada.
técnicas da obra ou serviço. Parágrafo único. A baixa da ART por falecimento do
profissional será processada administrativamente pelo
Seção II Crea mediante apresentação de cópia de documento
Da Baixa da ART hábil ou de informações acerca do óbito.
Art. 20. Após a baixa da ART, o motivo, as atividades
técnicas concluídas e a data da solicitação serão auto-
Art. 13. Para os efeitos legais, somente será considera-
maticamente anotados no SIC.
da concluída a participação do profissional em deter-
§ 1º No caso de rescisão contratual ou falecimento do
minada atividade técnica a partir da data da baixa da
profissional, deverá ser anotada no SIC a data do dis-
ART correspondente.
trato ou do óbito.
Parágrafo único. A baixa da ART não exime o profis-
§ 2º No caso em que seja apresentado documento
sional ou a pessoa jurídica contratada das responsabi-
comprobatório, também será anotada no SIC a data
lidades administrativa, civil ou penal, conforme o caso.
da conclusão da obra ou serviço.
Art. 14. O término da atividade técnica desenvolvida
obriga à baixa da ART de execução de obra, prestação
Seção III
de serviço ou desempenho de cargo ou função.
Do Cancelamento da ART
Art. 15. Para efeito desta resolução, a ART deve ser
baixada em função de algum dos seguintes motivos:
Art. 21. O cancelamento da ART ocorrerá quando:
I – conclusão da obra ou serviço, quando do término
I – nenhuma das atividades técnicas descritas na ART
das atividades técnicas descritas na ART; ou
forem executadas; ou
II – interrupção da obra ou serviço, quando da não
II – o contrato não for executado.
conclusão das atividades técnicas descritas na ART, de
Art. 22. O cancelamento da ART deve ser requerido ao
acordo com os seguintes casos:
Crea pelo profissional, pela pessoa jurídica contratada
a) rescisão contratual;
ou pelo contratante, e ser instruído com o motivo da
b) substituição do responsável técnico; ou
solicitação.
c) paralisação da obra e serviço.
Art. 23. A câmara especializada competente decidirá
Art. 16. A baixa da ART deve ser requerida ao Crea
acerca do processo administrativo de cancelamento
pelo profissional por meio eletrônico e instruída com o
da ART.
motivo, as atividades concluídas e, nos casos de baixa
§ 1º Compete ao Crea averiguar as informações apre-
em que seja caracterizada a não conclusão das ati-
sentadas e adotar as providências necessárias ao caso.
vidades técnicas, a fase em que a obra ou serviço se
§ 2º No caso em que a atividade técnica descrita na
encontrar.
ART caracterizar assunto de interesse comum a duas
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Art. 17. A baixa de ART pode ser requerida ao Crea


ou mais especializações profissionais, o processo será
pelo contratante ou pela pessoa jurídica contratada
apreciado pelas câmaras especializadas competentes
por meio de formulário próprio, conforme o Anexo III,
e, em caso de divergência, encaminhado ao Plenário
desde que instruída com informações suficientes que
do Crea para decisão.
comprovem a inércia do profissional em requerê-la.
§ 3º O Crea deverá comunicar ao profissional, à pes-
§ 1º No caso previsto no caput deste artigo, o Crea
soa jurídica contratada e ao contratante o cancela-
notificará o profissional para manifestar-se sobre o
mento da ART.
requerimento de baixa no prazo de dez dias corridos.
Art. 24. Após o cancelamento da ART, o motivo e a
§ 2º O Crea analisará o requerimento de baixa após
data de cancelamento serão automaticamente ano-
a manifestação do profissional ou esgotado o prazo
tados no SIC.
previsto para sua manifestação.

51
Seção IV Art. 30. A subcontratação ou a subempreitada de par-
Da Nulidade da ART te ou da totalidade da obra ou do serviço obriga ao
registro de ART, da seguinte forma:
Art. 25. A nulidade da ART ocorrerá quando: I – o profissional da pessoa jurídica inicialmente con-
I – for verificada lacuna no preenchimento, erro ou tratada deve registrar ART de gestão, direção, super-
inexatidão insanáveis de qualquer dado da ART; visão ou coordenação do serviço subcontratado, con-
II – for verificada incompatibilidade entre as ativida- forme o caso; e
des desenvolvidas e as atribuições profissionais do res- II – o profissional da pessoa jurídica subcontratada
ponsável técnico à época do registro da ART; deve registrar ART de obra ou serviço relativa à ati-
III – for verificado que o profissional emprestou seu vidade que lhe foi subcontratada, vinculada à ART de
nome a pessoas físicas ou jurídicas sem sua real parti- gestão, supervisão, direção ou coordenação do con-
cipação nas atividades técnicas descritas na ART, após tratante.
decisão transitada em julgado; Parágrafo único. No caso em que a ART tenha sido
registrada indicando atividades que posteriormente
IV – for caracterizada outra forma de exercício ilegal
foram subcontratadas, compete ao profissional subs-
da profissão;
tituí-la para adequação ao disposto no inciso I deste
V – for caracterizada a apropriação de atividade téc-
artigo.
nica desenvolvida por outro profissional habilitado; ou Art. 31. A substituição, a qualquer tempo, de um ou
VI – for indeferido o requerimento de regularização da mais responsáveis técnicos pela execução da obra ou
obra ou serviço a ela relacionado. prestação do serviço obriga ao registro de nova ART,
Art. 26. A câmara especializada relacionada à ativida- vinculada à ART anteriormente registrada.
de desenvolvida decidirá acerca do processo adminis- Art. 32. Compete ao profissional cadastrar a ART de
trativo de anulação da ART. obra ou serviço no sistema eletrônico e efetuar o reco-
§ 1º No caso da constatação de lacuna no preenchi- lhimento do valor relativo ao registro no Crea em cuja
mento, erro ou inexatidão dos dados da ART, prelimi- circunscrição for exercida a atividade, nos seguintes
narmente o Crea notificará o profissional e a pessoa casos:
jurídica contratada para proceder às correções neces- I – quando o profissional for contratado como autôno-
sárias no prazo de dez dias corridos, contados da data mo diretamente por pessoa
do recebimento da notificação. física ou jurídica; ou
§ 2º No caso em que a atividade técnica descrita na II – quando o profissional for o proprietário do empre-
ART caracterizar assunto de interesse comum a duas endimento ou empresário.
ou mais especializações profissionais, o processo será Art. 33. Compete ao profissional cadastrar a ART de
apreciado pelas câmaras especializadas competentes obra ou serviço no sistema
e, em caso de divergência, encaminhado ao Plenário eletrônico e à pessoa jurídica contratada efetuar o re-
do Crea para decisão. colhimento do valor relativo ao registro no Crea em
§ 3º O Crea deverá comunicar ao profissional, à pes- cuja circunscrição for exercida a atividade, quando o
soa jurídica contratada e ao contratante os motivos responsável técnico desenvolver atividades técnicas
que levaram à anulação da ART. em nome da pessoa jurídica com a qual mantenha
Art. 27. Após a anulação da ART, o motivo e a data da vínculo.
decisão que a anulou serão automaticamente anota-
dos no SIC. Seção VI
Da ART de Obra ou Serviço de Rotina
Seção V
Da ART de Obra ou Serviço Art. 34. Caso não deseje registrar diversas ARTs espe-
cíficas, é facultado ao profissional que execute obras
Art. 28. A ART relativa à execução de obra ou presta- ou preste serviços de rotina anotar a responsabilida-
ção de serviço deve ser registrada antes do início da de técnica pelas atividades desenvolvidas por meio da
respectiva atividade técnica, de acordo com as infor- ART múltipla.
mações constantes do contrato firmado entre as par- Parágrafo único. O disposto no caput deste artigo
tes. também se aplica ao serviço de rotina executado por
§ 1º No caso de obras públicas, a ART pode ser regis- profissional integrante do quadro técnico de pessoa
trada em até dez dias após a liberação da ordem de jurídica.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

serviço ou após a assinatura do contrato ou de docu- Art. 35. Para efeito desta resolução, a atividade técnica
mento equivalente, desde que não esteja caracteriza- relacionada à obra ou ao serviço de rotina pode ser
do o início da atividade. caracterizada como aquela que é executada em gran-
§ 2º. Revogado pela Resolução 1.050, de 13 de dezem- de quantidade ou de forma repetitiva e continuada.
bro de 2013. Parágrafo único. Poderá ser objeto de ART múltipla
Art. 29. A coautoria ou a corresponsabilidade por ati- contrato cuja prestação do serviço seja caracterizada
vidade técnica, bem como o trabalho em equipe para como periódica.
execução de obra ou prestação de serviço obriga ao Art. 36. As atividades técnicas relacionadas a obra ou
registro de ART, vinculada à ART primeiramente re- serviço de rotina que poderão ser registradas via ART
gistrada. múltipla serão objeto de relação unificada.

52
§ 1º A câmara especializada manifestar-se-á sempre Seção VIII
que surgirem outras atividades que possam ser regis- Da ART de Cargo ou Função
tradas por meio de ART múltipla.
§ 2º Aprovada pela câmara especializada, a proposta Art. 43. O vínculo para desempenho de cargo ou fun-
será levada ao Plenário para apreciação. ção técnica, tanto com pessoa jurídica de direito pú-
§ 3º Após aprovação pelo Plenário do Crea, a proposta blico quanto de direito privado, obriga à anotação de
será encaminhada ao Confea para apreciação e atua- responsabilidade técnica no Crea em cuja circunscri-
lização da relação correspondente. ção for exercida a atividade.
Art. 37. A ART múltipla deve relacionar as atividades § 1º A ART relativa ao desempenho de cargo ou fun-
referentes às obras e aos serviços de rotina contrata- ção deve ser registrada após assinatura do contrato
dos ou desenvolvidos no mês calendário. ou publicação do ato administrativo de nomeação ou
Art. 38. A ART múltipla deve ser registrada até o dé- designação, de acordo com as informações constantes
cimo dia útil do mês subsequente à execução da obra do documento comprobatório de vínculo do profissio-
ou prestação do serviço de rotina, no Crea em cuja nal com a pessoa jurídica.
circunscrição for exercida a atividade. § 2º Somente a alteração do cargo, da função ou da
Art. 39. É vedado o registro de atividade que tenha circunscrição onde for exercida a atividade obriga ao
sido concluída em data anterior ou iniciada posterior- registro de nova ART.
mente ao período do mês de referência a que corres- § 3º É vedado o registro da ART de cargo ou função ex-
tinta, cujo vínculo contratual tenha sido iniciado após
ponde a ART múltipla.
a data de entrada em vigor desta resolução.
Art. 40. Compete ao profissional cadastrar a ART múl-
Art. 44. O registro da ART de cargo ou função de pro-
tipla no sistema eletrônico e efetuar o recolhimento do
fissional integrante do quadro técnico da pessoa jurí-
valor relativo ao registro no Crea em cuja circunscri-
dica não exime o registro de ART de execução de obra
ção for exercida a atividade, nos seguintes casos: ou prestação de serviço – específica ou múltipla.
I – quando o profissional for contratado como autôno- Art. 45. O registro da ART de cargo ou função somente
mo diretamente por pessoa física ou jurídica; ou será efetivado após a apresentação no Crea da com-
II – quando o profissional for o proprietário do empre- provação do vínculo contratual.
endimento ou empresário. Parágrafo único. Para efeito desta resolução, o vínculo
Art. 41. Compete ao profissional cadastrar a ART múl- entre o profissional e a pessoa jurídica pode ser com-
tipla no sistema eletrônico e à pessoa jurídica efetuar provado por meio de contrato de trabalho anotado na
o recolhimento do valor relativo ao registro no Crea Carteira de Trabalho e Previdência Social – CTPS, con-
da circunscrição onde for exercida a atividade, quando trato de prestação de serviço, livro ou ficha de registro
o responsável técnico desenvolver atividades em nome de empregado, contrato social, ata de assembleia ou
da pessoa jurídica com a qual mantenha vínculo. ato administrativo de nomeação ou designação do
Parágrafo único. O disposto no caput deste artigo tam- qual constem a indicação do cargo ou função técnica,
bém se aplica ao registro da ART múltipla de execução o início e a descrição das atividades a serem desenvol-
de obra ou prestação de serviço de rotina desenvolvido vidas pelo profissional.
por profissional integrante do quadro técnico de pes- Art. 46. Compete ao profissional cadastrar a ART de
soa jurídica de direito público. cargo ou função no sistema eletrônico e à pessoa ju-
rídica efetuar o recolhimento do valor relativo ao re-
Seção VII gistro no Crea da circunscrição onde for exercida a
Da ART de Obra ou Serviço que Abrange Circuns- atividade.
crições de Diversos Creas
CAPÍTULO II
Art. 42. A ART relativa à execução de obras ou à pres- DO ACERVO TÉCNICO PROFISSIONAL
tação de serviços que abranjam circunscrições de di-
versos Creas deve ser registrada antes do início da Art. 47. O acervo técnico é o conjunto das atividades
respectiva atividade técnica, de acordo com as infor- desenvolvidas ao longo da
mações constantes do contrato firmado entre as par- vida do profissional compatíveis com suas atribuições
tes, da seguinte forma: e registradas no Crea por meio de anotações
de responsabilidade técnica.
I – a ART referente à execução de obras ou à prestação
Parágrafo único. Constituirão o acervo técnico do pro-
serviços que abranjam mais de uma unidade da fede-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

fissional as atividades
ração pode ser registrada em qualquer dos Creas onde
finalizadas cujas ARTs correspondentes atendam às
for realizada a atividade;
seguintes condições:
II – a ART referente à prestação de serviço cujo obje- I – tenham sido baixadas; ou
to encontra-se em outra unidade da federação pode II – não tenham sido baixadas, mas tenha sido apre-
ser registrada no Crea desta circunscrição ou no Crea sentado atestado que comprove
onde for realizada a atividade profissional; ou a execução de parte das atividades nela consignadas.
III – a ART referente à prestação de serviços executa- Art. 48. A capacidade técnico-profissional de uma pes-
dos remotamente a partir de um centro de operações soa jurídica é representada pelo conjunto dos acervos
deve ser registrada no Crea em cuja circunscrição se técnicos dos profissionais integrantes de seu quadro
localizar o centro de operações. (NR) técnico.

53
Parágrafo único. A capacidade técnico-profissional de Art. 54. Revogado pela Resolução 1.092, de 19 de se-
uma pessoa jurídica varia tembro de 2017
em função da alteração dos acervos técnicos dos pro- Art. 55. É vedada a emissão de CAT em nome da pes-
fissionais integrantes de seu quadro técnico. soa jurídica.
Parágrafo único. A CAT constituirá prova da capacida-
Seção I de técnico-profissional da pessoa jurídica somente se
Da Emissão de Certidão de Acervo Técnico o responsável técnico indicado estiver a ela vinculado
como integrante de seu quadro técnico.
Art. 49. A Certidão de Acervo Técnico – CAT é o instru- Art. 56. A CAT deve conter número de controle para
mento que certifica, para os efeitos legais, que consta consulta acerca da autenticidade e da validade do do-
dos assentamentos do Crea a anotação da responsa- cumento.
bilidade técnica pelas atividades consignadas no acer- Parágrafo único. Após a emissão da CAT, os dados
vo técnico do profissional. para sua validação serão automaticamente transmi-
Art. 50. A CAT deve ser requerida ao Crea pelo pro- tidos ao SIC.
fissional por meio de formulário próprio, conforme o
Anexo III, com indicação do período ou especificação Seção II
do número das ARTs que constarão da certidão. Do Registro de Atestado
Parágrafo único. No caso de o profissional especificar
ART de obra ou serviço em andamento, o requerimen- Art. 57. É facultado ao profissional requerer o regis-
to deve ser instruído com atestado que comprove a tro de atestado fornecido por pessoa física ou jurídica
efetiva participação do profissional na execução da de direito público ou privado contratante com o obje-
obra ou prestação do serviço, caracterizando, explici- tivo de fazer prova de aptidão para desempenho de
tamente, o período e as atividades ou as etapas fina- atividade pertinente e compatível em características,
lizadas. quantidades e prazos.
Art. 51. O Crea manifestar-se-á sobre a emissão da Parágrafo único. O atestado é a declaração forneci-
CAT após efetuar a análise do requerimento e a verifi- da pela contratante da obra ou serviço, pessoa física
cação das informações apresentadas. ou jurídica de direito público ou privado, que atesta a
§ 1º O requerimento será deferido somente se for ve- execução de obra ou a prestação de serviço e identifica
rificada sua compatibilidade com o disposto nesta re- seus elementos quantitativos e qualitativos, o local e
solução. o período de execução, os responsáveis técnicos envol-
§ 2º Compete ao Crea, quando necessário e mediante vidos e as atividades técnicas executadas. Art. 58. As
justificativa, solicitar outros documentos ou efetuar di- informações acerca da execução da obra ou prestação
ligências para averiguar as informações apresentadas. de serviço, bem como os dados técnicos qualitativos e
§ 3º A análise do requerimento para emissão de CAT quantitativos do atestado devem ser declarados por
aos responsáveis técnicos por obras ou serviços execu- profissional que possua habilitação nas profissões
tados por Sociedade em Conta de Participação, deverá abrangidas pelo Sistema Confea/Crea.
ser realizada pela Câmara Especializada relacionada Parágrafo único. No caso em que a contratante não
à atividade desenvolvida, que observará a efetiva par- possua em seu quadro técnico profissional habilitado,
ticipação na execução da obra ou prestação do servi- o atestado deverá ser objeto de laudo técnico.
ço. (NR) Art. 59. O registro de atestado deve ser requerido ao
§ 4º A emissão de CAT aos responsáveis técnicos pela Crea pelo profissional por meio de formulário, con-
execução e fiscalização de obras deverá ser condicio- forme o Anexo III, e instruído com original e cópia, ou
nada à apresentação do respectivo Livro de Ordem ao com cópia autenticada, do documento fornecido pelo
Crea. (NR) contratante. (NR)
Art. 52. A CAT, emitida em nome do profissional con- § 1º Para efeito desta resolução, somente será objeto
forme o Anexo II, deve conter as seguintes informa- de registro pelo Crea o atestado emitido sem rasuras
ções: ou adulteração, e que apresentar os dados mínimos
I – identificação do responsável técnico; indicados no Anexo IV.
II – dados das ARTs; § 2º O requerimento deverá conter declaração do pro-
III – observações ou ressalvas, quando for o caso; fissional corroborando a veracidade das informações
IV – local e data de expedição; e relativas à descrição das atividades constantes das
ARTs especificadas e à existência de subcontratos ou
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

V – autenticação digital.
Páragrafo único. A CAT poderá ser emitida pela Inter- subempreitadas.
net desde que atendidas as exigências de análise de § 3º Será́ mantida no Crea uma cópia do atestado
documentação relativa ao caso especifico. apresentado. (NR)
Art. 53. A CAT é válida em todo o território nacional. Art. 60. O atestado que referenciar serviços que foram
§ 1º A CAT perderá a validade no caso de modifica- parcialmente concluídos deve explicitar o período e as
ção dos dados técnicos qualitativos ou quantitativos etapas executadas.
nela contidos em razão de substituição ou anulação Art. 61. O atestado que referenciar serviços subcon-
da ART. (NR) tratados ou subempreitados deve estar acompanhado
§ 2º A validade da CAT deve ser conferida no site do de documentos hábeis que comprovem a anuência
Crea ou do Confea. do contratante original ou que comprovem a efetiva

54
participação do profissional na execução da obra ou respondente, desde que tenha sido realizada após sua
prestação do serviço, tais como trabalhos técnicos, diplomação em curso técnico de nível médio ou de
correspondências, diário de obras ou documento equi- nível superior nas profissões abrangidas pelo Sistema
valente. Confea/Crea.
Art. 61-A. O atestado que referenciar serviços de su- Parágrafo único. Revogado pela Resolução 1.092, de
pervisão, coordenação, direção ou condução de equi- 19 de setembro de 2017.
pe técnica deverá relacionar os demais profissionais Art. 66. A inclusão ao acervo técnico de atividade de-
da equipe e suas respectivas ARTs. (NR) senvolvida no exterior deve ser requerida ao Crea por
Art. 62. No caso de obra própria, o atestado deve estar meio de formulário, conforme o Anexo III, e instruída
acompanhado de documento público que comprove a com cópia dos seguintes documentos:
conclusão da obra ou serviço expedido pela prefeitura, I – formulário da ART, assinado pelo responsável técni-
por agência reguladora ou por órgão ambiental, entre co e pelo contratante, indicando o nível de participa-
outros. ção e as atividades desenvolvidas pelo profissional; e
Art. 63. O Crea manifestar-se-á sobre o registro do II – documento hábil que comprove a efetiva partici-
atestado após efetuar a análise do requerimento e a pação do profissional na execução da obra ou pres-
verificação dos dados do atestado em face daqueles tação do serviço, indicando explicitamente o período,
constantes dos assentamentos do Crea relativos às o nível de atuação e as atividades desenvolvidas, tais
ARTs registradas. como trabalhos técnicos, correspondências, diário de
§ 1º O requerimento será deferido somente se for ve- obras, livro de ordem, atestado emitido pelo contra-
rificada sua compatibilidade com o disposto nesta re- tante ou documento equivalente.
solução. § 1º O Crea dispensará a assinatura do contratante na
§ 2º Compete ao Crea, quando necessário e mediante ART caso seja apresentada cópia do contrato ou de do-
justificativa, solicitar outros documentos ou efetuar di- cumento equivalente que comprove a relação jurídica
ligências para averiguar as informações apresentadas. entre as partes.
§ 2º Os documentos em língua estrangeira, legali-
§ 3º Em caso de dúvida, o processo será encaminhado
zados pela autoridade consular brasileira, devem ser
à câmara especializada competente para apreciação.
traduzidos para o vernáculo por tradutor público ju-
§ 4º Em caso de dúvida quando a atividade técnica
ramentado.
descrita na ART caracterizar assunto de interesse co-
Art. 67. O requerimento de inclusão ao acervo técni-
mum a duas ou mais especializações profissionais, o
co será analisado para verificação da documentação
processo será apreciado pelas câmaras especializadas
apresentada, das atribuições do profissional e da ati-
competentes e, em caso de divergência, encaminhado
vidade descrita, em função da legislação brasileira em
ao Plenário do Crea para decisão.
vigor à época de sua execução.
Art. 64. O registro de atestado será efetivado por meio
Parágrafo único. Compete ao Crea, quando necessário
de sua vinculação à CAT,
e mediante justificativa, solicitar outros documentos
que especificará somente as ARTs a ele corresponden-
para averiguar as informações apresentadas.
tes.
Art. 68. A câmara especializada competente decidirá
§ 1º A veracidade e a exatidão das informações cons-
sobre o requerimento de registro da ART após a verifi-
tantes do atestado são de responsabilidade do seu
cação das informações apresentadas.
emitente.
§ 1º O requerimento será deferido somente se for ve-
§ 2º A CAT à qual o atestado está vinculado é o docu-
rificada sua compatibilidade com o disposto nesta re-
mento que comprova o registro do atestado no Crea.
§ 3º A CAT apresentará informações ou ressalvas per- solução.
tinentes em função da verificação do registro do pro- § 2º Após o deferimento, o profissional será comuni-
fissional e da pessoa jurídica à época da execução da cado para efetuar o recolhimento do valor relativo ao
obra ou da prestação do serviço, bem como dos dados registro da ART.
do atestado em face daqueles constantes dos assenta- § 3º No caso em que a atividade técnica descrita na
mentos do Crea relativos às ARTs registradas. ART caracterizar assunto de interesse comum a duas
§ 4º O atestado registrado constituirá prova da capa- ou mais especializações profissionais, o processo será
cidade técnico-profissional da pessoa jurídica somente apreciado pelas câmaras especializadas competentes
se o responsável técnico indicado estiver ou venha ser e, em caso de divergência, encaminhado ao Plenário
a ela vinculado como integrante de seu quadro técni- do Crea para decisão.
co por meio de declaração entregue no momento da
CAPÍTULO III
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

habilitação ou da entrega das propostas.


DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
Seção III
Da Inclusão ao Acervo Técnico de Atividade Desen- Art. 69. É facultado ao profissional requerer por meio
volvida no Exterior de fomulário, conforme o Anexo III, certidão que rela-
ciona as ARTs registradas no Crea em função do perí-
Art. 65. É facultado ao profissional, brasileiro ou es- odo ou da situação em que se encontram.
trangeiro, registrado no Crea, que executou obra, Art. 70. As cópias dos documentos exigidos nesta re-
prestou serviços ou desempenhou cargo ou função solução devem ser autenticadas em cartório ou objeto
no exterior, requerer a inclusão desta atividade ao de conferência atestada por servidor do Crea, desde
seu acervo técnico por meio do registro da ART cor- que apresentados os respectivos originais.

55
Art. 71. Compete ao Crea, sempre que necessário, ave- V – consulta às ARTs registradas e às CATs emitidas; e
riguar as informações apresentadas e adotar as provi- VI – anotação no SIC das informações referenciadas
dências necessárias ao caso. nesta resolução.
Art. 72. Os critérios e os procedimentos para regula- § 1º Até que a implantação da infraestrutura tecno-
rização de obra ou serviço concluído sem a anotação lógica e a adaptação do sistema corporativo do Crea
de responsabilidade técnica serão objeto de resolução se efetivem, os novos procedimentos previstos para o
específica. registro e a baixa da ART poderão ser disponibilizados
Art. 73. Os valores de registro e de serviços discipli- ao profissional por meio de formulário impresso nos
moldes dos anexos desta resolução.
nados nesta resolução serão objeto de legislação es-
§ 2º Até que a integração ao SIC se efetive, o sistema
pecífica.
corporativo do Crea deverá disponibilizar aos interes-
Art. 74. Revogado pela Resolução 1.092, de 19 de se- sados serviço de consulta aos documentos eletronica-
tembro de 2017. mente registrados e emitidos.
§ 1º Para fins de atualização dos Anexos I, II, III e IV, o § 3º Até que a implantação da infraestrutura tecno-
Crea deve encaminhar ao Confea proposta justificada lógica e a adaptação do sistema corporativo do Crea
até 30 de maio de cada ano. se efetivem, a CAT poderá ser emitida manualmente e
§ 2º O disposto neste artigo também se aplica ao ma- assinada pelo presidente ou por empregado do Crea,
nual de procedimentos para preenchimento da ART, desde que conste da certidão referência expressa a
emissão de CAT e registro de atestado. esta delegação.
Art. 75. As tabelas auxiliares relacionadas no manual Art. 78. O registro de ART manualmente preenchida
de procedimentos serão atualizadas rotineiramente somente será efetivado com a apresentação ao Crea
a partir de proposta justificada encaminhada pelos da via assinada e do comprovante do pagamento do
Creas, após deliberação da comissão permanente que valor correspondente.
Parágrafo único. Será vedado ao Crea registrar ART
tem como atribuição a organização do Sistema. manualmente preenchida a partir de 1º de janeiro de
Parágrafo único. As propostas para atualização das 2011, ressalvados casos específicos devidamente justi-
tabelas auxiliares serão analisadas em caráter priori- ficados e autorizados pelo Plenário do Confea.
tário pela unidade organizacional do Confea respon- Art. 79. Revogado pela Resolução 1.050, de 13 de de-
sável pela elaboração de normas e procedimentos. zembro de 2013.
Art. 75-A. Após a implantação da infraestrutura tec- Art. 80. Os novos procedimentos previstos para a ano-
nológica do SIC, o Crea que deixar de atualizar as tação de responsabilidade técnica serão obrigatórios
informações neste banco de dados será considerado somente para as ARTs registradas de acordo com os
inadimplente até a regularização da pendência. (NR) formulários
constantes do Anexo I.
CAPÍTULO IV Parágrafo único. Os novos procedimentos para análise
DAS DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS de acervo técnico serão
obrigatórios para todas as ARTs, independentemente
da data de registro, ressalvadas aquelas
Art. 76. O Crea terá até a data de início da vigência indicadas em requerimento protocolizado no Crea até
desta resolução para promover a adaptação de suas a data de entrada em vigor desta resolução.
rotinas administrativas aos novos procedimentos pre- Art. 81. Esta resolução entra em vigor em 1º de janeiro
vistos para a anotação de responsabilidade técnica e a de 2010.
composição do acervo técnico, de acordo com as dire- Art. 82. Revoga-se o art. 7º da Resolução nº 444, de 14
trizes fixadas pelo Confea. de abril de 2000, e na
Parágrafo único. Para atendimento ao disposto no ca- íntegra as Resoluções nos 317, de 31 de outubro de
put deste artigo, o Crea deverá adotar as seguintes 1986, 394, de 17 de março de 1995, 425, de 18
providências: de dezembro de 1998, e 1.023, de 30 de maio de 2008,
I – instituir plano de comunicação para divulgar aos as Decisões Normativas nos 15, de 2 de janeiro de
profissionais os procedimentos que serão alterados ou 1985, 58, de 9 de agosto de 1996, e 64, de 30 de abril
implantados a partir da vigência desta resolução; de 1999, e demais disposições em contrário. (NR).
II – reformular os atos administrativos que contrariem
as novas disposições; e
III – aprovar outros atos administrativos que se façam RESOLUÇÃO Nº 1.090/2017
necessários para o cumprimento desta resolução.
Art. 77. O Crea terá o prazo de doze meses após a
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

entrada em vigor desta resolução para implantar a in-


fraestrutura tecnológica necessária e adaptar seu sis- Trata-se do ato que dispõe sobre o cancelamento de
tema corporativo aos novos procedimentos eletrônicos registro profissional por má conduta pública, escândalo
ou crime infamante.
previstos para a anotação de responsabilidade técnica
O CONSELHO FEDERAL DE ENGENHARIA E AGRONO-
e a composição do acervo técnico, de acordo com as
MIA – CONFEA, no uso das atribuições que lhe confere a
diretrizes fixadas pelo Confea, quais sejam:
alínea “f” do art. 27 da Lei nº 5.194, de 24 de dezembro
I – registro, baixa, cancelamento e anulação de ART;
de 1966, e
II – emissão de certidão de acervo técnico;
Considerando o art. 71 da Lei nº 5.194, de 1966, que
III – registro de atestado;
estabelece as penalidades aplicáveis por infração a essa
IV – inclusão ao acervo técnico de atividade desenvol- lei;
vida no exterior;

56
Considerando o art. 75 da Lei nº 5.194, de 1966, que II - manter no exercício da profissão conduta incom-
estabelece que o cancelamento do registro será efetua- patível com a honra, a dignidade e a boa imagem da
do por má conduta pública e escândalos praticados pelo profissão;
profissional ou sua condenação definitiva por crime con- III - fazer falsa prova de qualquer dos requisitos para
siderado infamante; o registro no Crea;
Considerando o inciso XLVII, alínea “b”, do art. 5º da IV - falsificar ou adulterar documento público emitido
Constituição da República Federativa do Brasil, de 5 de ou registrado pelo Crea para obter vantagem indevida
outubro de 1988, que estabelece a garantia de que não para si ou para outrem;
haverá penas de caráter perpétuo; V - usar das prerrogativas de cargo, emprego ou fun-
Considerando o art. 5°, inciso LV, da Constituição da ção pública ou privada para obter vantagens indevi-
República Federativa do Brasil, de 1988, que assegura o das para si ou para outrem;
direito ao contraditório e à ampla defesa dos litigantes; VI - ter sido condenado por Tribunal de Contas ou
Considerando o Código de Ética Profissional, adotado pelo Poder Judiciário por prática de ato de improbi-
dade administrativa enquanto no exercício de empre-
pela Resolução n° 1.002, de 26 de novembro de 2002;
go, cargo ou função pública ou privada, caso concorra
Considerando a resolução específica que aprova o re- para o ilícito praticado por agente público ou, tendo
gulamento para condução do processo ético-disciplinar, conhecimento de sua origem ilícita, dele se beneficie
no exercício de atividades que exijam conhecimentos
RESOLVE: de engenharia, de agronomia, de geologia, de geogra-
fia ou de meteorologia; e
Art. 1º Fixar as definições e os procedimentos necessá- VII - ter sido penalizado com duas censuras públicas,
rios à condução do processo de cancelamento do re- em processos transitados em julgado, nos últimos cin-
gistro profissional pela prática de má conduta pública, co anos.
escândalos e crimes infamantes, bem como os proce- Art. 4º O enquadramento da infração por crime con-
dimentos para requerimento de reabilitação do pro- siderado infamante dependerá da apresentação da
fissional. decisão criminal transitada em julgado.

CAPÍTULO III
CAPÍTULO I DA INSTAURAÇÃO E CONDUÇÃO DO PROCESSO
DAS DEFINIÇÕES

Art. 2º Para os fins desta resolução, considera-se: Art. 5º O processo será instaurado pelo Crea, a partir
de denúncia ou por iniciativa própria, e conduzido em
I - má conduta pública: a atuação incorreta, irregular,
caráter prioritário na forma estabelecida pela resolu-
que atenta contra as normas legais ou que fere a mo- ção específica que trata do processo ético-disciplinar.
ral quando do exercício profissional; § 1º Caberá à câmara especializada da modalidade do
II - escândalo: aquilo que, quando do exercício pro- denunciado, no caso de recebimento de denúncia, en-
fissional, perturba a sensibilidade do homem comum caminhar o processo à Comissão de Ética Profissional,
pelo desprezo às convenções ou à moral vigente, ou com a indicação expressa para que aquela comissão
causa indignação provocada por um mau exemplo, averigue a ocorrência de infração ao art. 75 da Lei n°
por má conduta pública ou por ação vergonhosa, le- 5.194, de 1966, ou ao Código Ética Profissional.
viana, indecente, ou constitui acontecimento imoral § 2º O Crea deverá instaurar processo de ofício quan-
ou revoltante que abala a opinião pública; do constatados por qualquer meio à sua disposição,
III - crime infamante: aquele que acarreta desonra, in- inclusive a partir de notícias veiculadas em meios de
dignidade e infâmia ao seu autor, ou que repercute comunicação idôneos, indícios de má conduta pública,
negativamente em toda a categoria profissional, atin- escândalo ou condenação por crime infamante.
gindo a imagem coletiva dos profissionais do Sistema
CAPITULO IV
Confea/Crea;
DA REABILITAÇÃO PROFISSIONAL
IV - imperícia: a atuação do profissional que se in-
cumbe de atividades para as quais não possua conhe-
cimento técnico suficiente, mesmo tendo legalmente Art. 6º O profissional que tiver o seu registro cance-
essas atribuições; lado por má conduta pública, escândalo ou crime in-
V - imprudência: a atuação do profissional que, mes- famante poderá requerer sua reabilitação, mediante
mo podendo prever consequências negativas, pratica novo registro, decorridos no mínimo cinco anos da
ato sem considerar o que acredita ser fonte de erro; e data do trânsito em julgado da decisão administrativa
VI - negligência: a atuação omissa do profissional ou que ensejou seu cancelamento.
a falta de observação do seu dever, principalmente § 1º Além dos documentos estabelecidos pela resolu-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

aquela relativa à não participação efetiva na autoria ção específica que trata do registro profissional, o re-
do projeto ou na execução do empreendimento. querimento de que trata o caput deverá ser instruído
com os seguintes documentos comprobatórios da rea-
CAPÍTULO II bilitação do profissional relativos à infração cometida:
I – certidão negativa de processos criminais, expedida
DO ENQUADRAMENTO
pela comarca do seu domicílio, e sentença de reabili-
tação criminal; e
Art. 3º São enquadráveis como má conduta ou escân- II – três declarações de idoneidade e de boa condu-
dalos passíveis de cancelamento do registro profissio- ta lavradas por profissionais idôneos e registrados no
nal, entre outros, os seguintes atos e comportamentos: Crea da jurisdição onde será processado o requeri-
I - incidir em erro técnico grave por negligência, impe- mento, com firma reconhecida em cartório.
rícia ou imprudência, causando danos;

57
§ 2º O profissional que tiver concedida sua solicitação “Art. 42
de reabilitação receberá novo registro, com nova nu- III – a ART referente à prestação de serviços executa-
meração, devendo o acervo técnico constante de seu dos remotamente a partir de um centro de operações
registro anterior ser transferido para o novo registro. deve ser registrada no Crea em cuja circunscrição se
localizar o centro de operações.” (NR)
Art. 7° Apresentado o requerimento de novo registro “Art. 53
devidamente instruído, o processo será encaminhado
§ 1º A CAT perderá a validade no caso de modifica-
à câmara especializada da modalidade do denuncia-
ção dos dados técnicos qualitativos ou quantitativos
do para apreciação da documentação comprobatória
da reabilitação do profissional. nela contidos em razão de substituição ou anulação
§ 1º Recebida a documentação comprobatória da rea- da ART.”
bilitação do profissional pela câmara especializada, o (NR)
processo será conduzido na forma da resolução espe- “Art. 59. O registro de atestado deve ser requerido ao
cífica que trata do registro profissional. Crea pelo profissional por meio de formulário, con-
§ 2º Rejeitada a documentação comprobatória da re- forme o Anexo III, e instruído com original e cópia, ou
abilitação do profissional pela câmara especializada, com cópia autenticada, do documento fornecido pelo
o requerimento será arquivado. contratante.
Art. 8° Após um ano da data do trânsito em julgado § 3º Será́ mantida no Crea uma cópia do atestado
da decisão que indeferiu sua reabilitação profissional, apresentado.” (NR)
o interessado poderá protocolar novo requerimento “Art. 82. Revoga-se o art. 7º da Resolução nº 444, de
para reabilitação na forma do art. 6º desta resolução.
14 de abril de 2000, e na íntegra as Resoluções nos
Art. 9º Fica revogada a Decisão Normativa nº 69, de
317, de 31 de outubro de 1986, 394, de 17 de março
23 de março de 2001.
Art. 10. Esta resolução entra em vigor na data de sua de 1995, 425, de 18 de dezembro de 1998, e 1.023, de
publicação. 30 de maio de 2008, as Decisões Normativas nos 15,
de 2 de janeiro de 1985, 58, de 9 de agosto de 1996, e
64, de 30 de abril de 1999, e demais disposições em
contrário.” (NR)
RESOLUÇÃO Nº 1.092/2017
Art. 3º Acrescentar os §§ 3º e 4º no art. 51, o art. 61-A
e o art. 75-A da Resolução nº 1.025, de 2009, publica-
da no Diário Oficial da União – DOU de 31 de dezem-
É a resolução que Altera a Resolução nº 1.025, de 30 bro de 2006 – Seção 1, pág. 119 a 121, com a seguinte
de outubro de 2009, que dispõe sobre a Anotação de redação:
Responsabilidade Técnica e o Acervo Técnico Profissional. “Art. 51..........
O CONSELHO FEDERAL DE ENGENHARIA E AGRONO- § 3º A análise do requerimento para emissão de CAT
MIA – CONFEA, no uso das atribuições que lhe confere o aos responsáveis técnicos por obras ou serviços execu-
art. 27, alínea “f”, da Lei nº 5.194, de 24 de dezembro de tados por Sociedade em Conta de Participação, deverá
1966, e Considerando os arts. 1º, 2º e 3º da Lei nº 6.496, ser realizada pela Câmara Especializada relacionada
de 7 de dezembro de 1977, que institui a Anotação de à atividade desenvolvida, que observará a
Responsabilidade Técnica – ART na execução de obras efetiva participação na execução da obra ou prestação
e na prestação de serviços de Engenharia e Agronomia; do serviço.” (NR)
Considerando a Resolução nº 1.025, de 30 de outubro § 4º A emissão de CAT aos responsáveis técnicos pela
de 2009, que dispõe sobre a Anotação de Responsabili- execução e fiscalização de obras deverá ser condicio-
dade Técnica e o Acervo Técnico Profissional; nada à apresentação do respectivo Livro de Ordem ao
Considerando a Resolução nº 1.050, de 13 de dezem- Crea.”
(NR)
bro de 2013, que dispõe sobre a regularização de obras
“Art. 61-A. O atestado que referenciar serviços de su-
e serviços de Engenharia e Agronomia concluídos sem a pervisão, coordenação, direção ou condução de equi-
devida Anotação de Responsabilidade Técnica – ART, pe técnica deverá relacionar os demais profissionais
da equipe e suas respectivas ARTs.” (NR)
RESOLVE: “Art. 75-A. Após a implantação da infraestrutura tec-
nológica do SIC, o Crea que deixar de atualizar as
Art. 1º Alterar a Resolução nº 1.025, de 30 de outubro informações neste banco de dados será considerado
de 2009, que dispõe sobre a Anotação de Responsabi- inadimplente até a regularização da pendência.” (NR)
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

lidade Técnica e o Acervo Técnico Profissional, e atua- Art. 4º Revogar o art. 54, o parágrafo único do art. 65
lizar os modelos de ART e de CAT, o Requerimento de e o art. 74 da Resolução nº 1.025, de 2009, publicada
ART e Acervo Técnico e os dados mínimos para regis- no Diário Oficial da União – DOU de 31 de dezembro
tro do atestado que constituem os Anexos I, II, III e IV de 2006 – Seção 1, pág. 119 a 121, e a Resolução nº
da resolução, respectivamente. 229, de 27 de junho de 1975, publicada no D.O.U. de
22 de agosto de 1975.
Art. 5º Atualizar os modelos de ART e de CAT, o Reque-
Art. 2º Alterar o inciso III do art. 42, o § 1º do art. 53, rimento de ART e Acervo Técnico e os dados mínimos
o art. 59 e seu § 3º e o art. 82 da Resolução nº 1.025, para registro do atestado constantes da Resolução nº
de 2009, publicada no Diário Oficial da União – DOU 1.025, de 2009, publicada no Diário Oficial da União
de 31 de dezembro de 2006 – Seção 1, pág. 119 a 121, – DOU de 31 de dezembro de 2006 – Seção 1, pág.
que passam a vigorar com a seguinte redação: 119 a 121.

58
Art. 6º Os Creas terão o prazo de 180 (cento e oitenta)
dias para se adequarem às disposições dos arts. 3º e
5º desta Resolução. RESOLUÇÃO Nº 1.048/2013
Art. 7º Esta resolução entra em vigor na data de sua
publicação.
É a resolução que consolida as áreas de atuação, as
atribuições e as atividades profissionais relacionadas nas
RESOLUÇÃO Nº 1.047/2013 leis, nos decretos-lei e nos decretos que regulamentam
as profissões de nível superior abrangidas pelo Sistema
Confea/Crea.
Trata-se de resolução que altera a Resolução nº 1.008, O CONSELHO FEDERAL DE ENGENHARIA E AGRONO-
de 09 de dezembro de 2004, que dispõe sobre os proce- MIA - CONFEA, no uso das atribuições que lhe confere
dimentos para instauração, instrução e julgamento dos a alínea “f” do art. 27 da Lei nº 5.194, de 24 de dezem-
processos de infração e aplicação de penalidades. bro 1966, e considerando que compete exclusivamente
O CONSELHO FEDERAL DE ENGENHARIA E AGRONO- ao Confea baixar e fazer publicar as resoluções previstas
MIA – Confea, no uso das atribuições que lhe confere a para regulamentação e execução da lei, bem como pro-
alínea “f” do art. 27 da Lei n° 5.194, de 24 de dezembro ceder a consolidação e o estabelecimento das atribui-
de 1966, e Considerando o art. 73 da Lei nº 5.194, de ções dos profissionais por ele abrangidos, conforme o
1966, que estipula as multas a serem aplicadas às pes- Decreto-Lei nº 8.620, de 10 de janeiro de 1946;
soas físicas – profissionais e leigos - e às pessoas jurídicas Considerando a Lei nº 5.194, de 24 de dezembro de
que incorrerem em infração à legislação profissional de 1966, que regula o exercício das profissões de engenhei-
acordo com a gravidade da falta cometida; ro e de engenheiro agrônomo;
Considerando as disposições do parágrafo único do Considerando a Lei nº 4.076, de 23 de junho de 1962,
art. 73 e art. 74 da Lei nº 5.194, de 1966, no que se refere
que regula o exercício da profissão de geólogo;
às conceituações de reincidência e de nova reincidência
de infrações praticadas; Considerando a Lei nº 6.664, de 26 de junho de 1979,
Considerando a Lei nº 4.950-A, de 22 de abril de que disciplina a profissão de geógrafo;
1966, que dispõe sobre a remuneração de profissionais Considerando a Lei nº 6.835, de 14 de outubro de
fiscalizados pelo Sistema Confea/Crea; 1980, que dispõe sobre o exercício da profissão de me-
Considerando a Lei nº 6.496, de 7 de dezembro de teorologista;
1977, que institui a Anotação de Responsabilidade Téc- Considerando o Decreto nº 23.196, de 12 de outubro
nica na prestação de serviços de Engenharia, Arquitetura de 1933, que regula o exercício da profissão agronômica;
e Agronomia; Considerando o Decreto nº 23.569, de 11 de dezem-
Considerando a Lei nº 9.784, de 29 de janeiro de bro de 1933, que regula o exercício das profissões de
1999, que regula o processo administrativo no âmbito da
Administração Pública Federal, engenheiro e de agrimensor;
Considerando a Resolução nº 1.008, de 09 de dezem- Considerando o Decreto-Lei nº 8.620, de 10 de janei-
bro de 2004, que dispõe sobre os procedimentos para ro de 1946;
instauração, instrução e julgamento dos processos de in- Considerando a Lei nº 4.643, de 31 de maio de 1965,
fração e aplicação de penalidades; que determina a inclusão da especialização de engenhei-
Considerando a necessidade de aperfeiçoar os pro- ro florestal na enumeração do art. 16 do Decreto-Lei nº
cedimentos fiscalizatórios, de maneira a proporcionar 8.620, de 1946;
celeridade e eficiência no tocante à autuação de pessoas Considerando a Lei nº 7.410, de 27 de novembro de
físicas e jurídicas; 1985, que dispõe sobre a especialização em nível de pós-
-graduação em Engenharia de Segurança do Trabalho;
RESOLVE:
Considerando o disposto na Constituição Federal, art.
Art. 1º Revogar os arts. 7º e 8º e o inciso VIII do art. 47 5º, inciso XIII, que preconiza “é livre o exercício de qual-
da Resolução nº 1.008, quer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualifica-
de 09 de dezembro de 2004, que dispõe sobre os pro- ções profissionais que a lei estabelecer”; e
cedimentos para instauração, Considerando o disposto na Constituição Federal, art.
instrução e julgamento dos processos de infração e 5º, inciso XXXVI, que preconiza “a lei não prejudicará o
aplicação de penalidades, publicada no direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julga-
D.O.U, de 13 de dezembro de 2004, Seção 1, pág. da”;
142/143.
Art. 2º Alterar o caput do art. 9º da Resolução nº
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

RESOLVE:
1.008, de 09 de dezembro de 2004, que dispõe sobre
os procedimentos para instauração, instrução e julga-
mento dos processos de infração e aplicação de pe- Art. 1º Consolidar as áreas de atuação, as atribuições
nalidades, publicada no D.O.U, de 13 de dezembro de e as atividades dos Engenheiros Agrônomos ou Agrô-
2004, Seção 1, pág. 142/143, que passa a vigorar com nomos, Engenheiros Civis, Engenheiros Industriais,
a seguinte redação: “Art. 9º Compete ao agente fiscal Engenheiros Mecânico Eletricistas, Engenheiros Eletri-
a lavratura do auto de infração, indicando a capitula- cistas, Engenheiros de Minas, Engenheiros Geógrafos
ção da infração e da penalidade.” (NR) ou Geógrafos, Agrimensores, Engenheiros Geólogos
Art. 3º Esta resolução entra em vigor após 60 (sessen- ou Geólogos e Meteorologistas, nos termos das leis,
ta) dias da data de sua publicação. dos decretos-lei e dos decretos que regulamentam tais
Art. 4º Revogam-se as disposições em contrário
profissões.

59
Art. 2º As áreas de atuação dos profissionais contem- XIV - barragens;
plados nesta resolução são caracterizadas pelas reali- XV - irrigação e drenagem para fins agrícolas;
zações de interesse social e humano que importem na XVI - estradas de rodagem de interesse local e destina-
realização dos seguintes empreendimentos: das a fins agrícolas;
I - aproveitamento e utilização de recursos naturais; XVII - construções rurais, destinadas a moradias ou
II - meios de locomoção e comunicações; fins agrícolas;
III - edificações, serviços e equipamentos urbanos, ru- XVIII - avaliações e perícias;
rais e regionais, nos seus aspectos técnicos e artísticos; XIX - agrologia;
IV - instalações e meios de acesso a costas, cursos e XX - peritagem e identificação, para desembaraço em
massas de água e extensões terrestres; e repartições fiscais ou
V - desenvolvimento industrial e agropecuário. para fins judiciais, de instrumentos, utensílios e má-
Art. 3º As atividades dos profissionais citados no art. quinas agrícolas, sementes, plantas ou partes vivas de
plantas, adubos, inseticidas, fungicidas, maquinismos
1º desta resolução são as seguintes:
e acessórios e, bem assim, outros artigos utilizados na
I - desempenho de cargos, funções e comissões em en-
agricultura ou na instalação de indústrias rurais e de-
tidades estatais, paraestatais, autárquicas e de econo-
rivadas;
mia mista e privada;
XXI - determinação do valor locativo e venal das pro-
II - planejamento ou projeto, em geral, de regiões, priedades rurais, para fins administrativos ou judiciais,
zonas, cidades, obras, estruturas, transportes, explo- na parte que se relacione com a sua profissão;
rações de recursos naturais e desenvolvimento da pro- XXII - avaliação e peritagem das propriedades rurais,
dução industrial e agropecuária; suas instalações, rebanhos e colheitas pendentes, para
III - estudos, projetos, análises, avaliações, vistorias, fins administrativos, judiciais ou de crédito;
perícias, pareceres e divulgação técnica; XXIII - avaliação dos melhoramentos fundiários;
IV - ensino, pesquisa, experimentação e ensaios; XXIV - o estudo, projeto, direção, fiscalização e cons-
V - fiscalização de obras e serviços técnicos; trução de obras de drenagem e irrigação;
VI - direção de obras e serviços técnicos; XXV - o estudo, projeto, direção, fiscalização e cons-
VII - execução de obras e serviços técnicos; trução de edifícios, com todas as suas obras comple-
VIII - produção técnica especializada, industrial ou mentares;
agropecuária. XXVI - o estudo, projeto, direção, fiscalização e cons-
Art. 4º O exercício das atividades e das áreas de atua- trução das estradas de rodagem e de ferro;
ção profissional elencadas nos arts. 2º e 3º correlacio- XXVII - o estudo, projeto, direção, fiscalização e cons-
nam-se às seguintes atribuições: trução das obras de captação e abastecimento de
I - ensino agrícola em seus diferentes graus; água;
II - experimentações racionais e científicas referentes XXVIII - trabalhos de captação e distribuição da água;
à agricultura, e, em geral, quaisquer demonstrações XXIX - o estudo, projeto, direção, fiscalização e cons-
práticas de agricultura em estabelecimentos federais, trução das obras destinadas ao aproveitamento de
estaduais e municipais; energia e dos trabalhos relativos às máquinas e fá-
III - propagar a difusão de mecânica agrícola, de pro- bricas;
cessos de adubação, de métodos aperfeiçoados de XXX - o estudo, projeto, direção, execução e explora-
colheita e de beneficiamento dos produtos agrícolas, ção de instalações industriais, fábricas e oficinas;
bem como de métodos de aproveitamento industrial XXXI - o estudo, projeto, direção e execução das insta-
da produção vegetal; lações das oficinas, fábricas e indústrias;
XXXII - o estudo, projeto, direção, fiscalização e cons-
IV - estudos econômicos relativos à agricultura e in-
trução das obras relativas a portos, rios e canais e das
dústrias correlatas;
concernentes aos aeroportos;
V - genética agrícola, produção de sementes, melho- XXXIII - o estudo, projeto, direção, fiscalização e cons-
ramento das plantas cultivadas e fiscalização do co- trução das obras peculiares ao saneamento urbano e
mércio de sementes, plantas vivas e partes vivas de rural;
plantas; XXXIV - projeto, direção e fiscalização dos serviços de
VI - fitopatologia, entomologia e microbiologia agrí- urbanismo;
colas; XXXV - assuntos de engenharia legal;
VII - aplicação de medidas de defesa e de vigilância XXXVI - assuntos legais relacionados com suas espe-
sanitária vegetal; cialidades;
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

VIII - química e tecnologia agrícolas; XXXVII - perícias e arbitramentos;


IX - reflorestamento, conservação, defesa, exploração XXXVIII - fazer perícias, emitir pareceres e fazer divul-
e industrialização de matas; gação técnica;
X - administração de colônias agrícolas; XXXIX - trabalhos topográficos e geodésicos;
XI - ecologia e meteorologia agrícolas; XL - o estudo e projeto de organização e direção das
XII - fiscalização de estabelecimentos de ensino agro- obras de caráter tecnológico dos edifícios industriais;
nômico reconhecidos, equiparados ou em via de equi- XLI - o estudo, projeto, direção e execução das instala-
paração; ções de força motriz;
XIII - fiscalização de empresas agrícolas ou de indús- XLII - a direção, fiscalização e construção das instala-
trias correlatas; ções que utilizem energia elétrica;

60
XLIII - o estudo, projeto, direção e execução das insta- LVIII - dirigir órgãos, serviços, seções, grupos ou seto-
lações mecânicas e eletromecânicas; res de Meteorologia em entidade pública ou privada;
XLIV - o estudo, projeto, direção e execução de obras LIX - julgar e decidir sobre tarefas científicas e opera-
relativas às usinas elétricas, às redes de distribuição e cionais de Meteorologia e respectivos instrumentais;
às instalações que utilizem a energia elétrica; LX - pesquisar, planejar e dirigir a aplicação da Meteo-
XLV - a direção, fiscalização e construção de obras rologia nos diversos campos de sua utilização;
concernentes às usinas elétricas e às redes de distri- LXI - executar previsões meteorológicas;
buição de eletricidade;
LXII - executar pesquisas em Meteorologia;
XLVI - vistorias e arbitramentos;
XLVII - o estudo de geologia econômica e pesquisa de LXIII - dirigir, orientar e controlar projetos científicos
riquezas minerais; em Meteorologia;
XLVIII - a pesquisa, localização, prospecção e valoriza- LXIV - criar, renovar e desenvolver técnicas, métodos e
ção de jazidas minerais; instrumental em trabalhos de meteorologia;
XLIX - o estudo, projeto, execução, direção e fiscaliza- LXV - introduzir técnicas, métodos e instrumental em
ção de serviços de exploração de minas; trabalhos de Meteorologia;
L - o estudo, projeto, execução, direção e fiscalização LXVI - pesquisar e avaliar recursos naturais na atmos-
de serviços da indústria metalúrgica; fera;
LI - reconhecimentos, levantamentos, estudos e pes- LXVII - pesquisar e avaliar modificações artificiais nas
quisas de caráter físicogeográfico, biogeográfico, an- características do tempo; e
tropogeográfico e geoeconômico e as LXVIII - atender a consultas meteorológicas e suas re-
realizadas nos campos gerais e especiais da Geografia, lações com outras ciências naturais.
que se fizerem necessárias:
Parágrafo único. Os profissionais citados no art. 1º
a) na delimitação e caracterização de regiões, sub-
-regiões geográficas naturais e zonas geoeconômicas, desta resolução poderão exercer qualquer outra ati-
para fins de planejamento e organização vidade que, por sua natureza, se inclua no âmbito de
físico-espacial; suas profissões.
b) no equacionamento e solução, em escala nacional, Art. 5º Compete exclusivamente ao Sistema Confea/
regional ou local, de problemas atinentes aos recursos Crea definir as áreas de atuação, as atribuições e as
naturais do País; atividades dos profissionais a ele vinculados, não pos-
c) na interpretação das condições hidrológicas das ba- suindo qualquer efeito prático e legal resoluções ou
cias fluviais; normativos editados e divulgados por outros conse-
d) no zoneamento geo-humano, com vistas aos plane- lhos de fiscalização profissional tendentes a restringir
jamentos geral e regional; ou suprimir áreas de atuação, atribuições e atividades
e) na pesquisa de mercado e intercâmbio comercial dos profissionais vinculados ao Sistema Confea/Crea.
em escala regional e inter-regional; Art. 6º Esta resolução entra em vigor na data de sua
f) na caracterização ecológica e etológica da paisa- publicação.
gem geográfica e problemas conexos;
g) na política de povoamento, migração interna, imi-
gração e colonização de regiões novas ou de revalori- RESOLUÇÃO Nº 1.050/2013
zação de regiões de velho povoamento;
h) no estudo físico-cultural dos setores geoeconômicos
destinados ao planejamento da produção;
É a resolução que dispõe sobre a regularização de
i) na estruturação ou reestruturação dos sistemas de
circulação; obras e serviços de Engenharia e Agronomia concluídos
j) no estudo e planejamento das bases físicas e geoe- sem a devida Anotação de Responsabilidade Técnica –
conômicas dos núcleos urbanos e rurais; ART.
k) no aproveitamento, desenvolvimento e preservação O CONSELHO FEDERAL DE ENGENHARIA E AGRONO-
dos recursos naturais; MIA – Confea, no uso das atribuições que lhe confere a
l) no levantamento e mapeamento destinados à solu- alínea “f” do art. 27 da Lei nº 5.194, de 24 de dezembro
ção dos problemas regionais; de 1966, e Considerando os arts. 1º, 2º e 3º da Lei nº
m) na divisão administrativa da União, dos Estados, 6.496, de 7 de dezembro de 1977, que institui a Anotação
dos Territórios e dos Municípios. de Responsabilidade Técnica – ART na execução de obras
LII - a organização de congressos, comissões, seminá- e na prestação de serviços de Engenharia e Agronomia;
rios, simpósios e outros tipos de reuniões, destinados Considerando o art. 72 da Resolução nº 1.025, de 30
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

ao estudo e à divulgação da Geografia; de outubro de 2009, que dispõe que os critérios e os


LIII - levantamentos geológicos, geoquímicos e geo- procedimentos para regularização de obra ou serviço
físicos; concluído sem a anotação de responsabilidade técnica
LIV - estudos relativos a ciências da terra; serão objeto de resolução específica,
LV - trabalhos de prospecção e pesquisa para cubação
de jazidas e determinação de seu valor econômico; RESOLVE:
LVI - ensino das ciências geológicas nos estabeleci-
mentos de ensino secundário e superior; Art. 1º Fixar os critérios e os procedimentos para regu-
LVII - relatório circunstanciado, nos termos do inciso IX larização de obras e serviços de Engenharia e Agrono-
do art. 16, do Decretolei nº 1.985, de 29 de janeiro de mia concluídos sem a devida Anotação de Responsa-
1940 (Código de Minas); bilidade Técnica - ART.

61
Art. 2º A regularização da obra ou serviço concluído Art. 8° Esta resolução entra em vigor em 1º de janeiro
deve ser requerida no Crea em cuja circunscrição foi de 2014.
desenvolvida a atividade pelo profissional que execu- Art. 9º Ficam revogados o §2º do art. 28 e o art. 79 da
tou a obra ou prestou o serviço, instruída com cópia Resolução nº 1.025, de 30 de outubro de 2009.
dos seguintes documentos:
I – formulário da ART devidamente preenchido;
II – documento hábil que comprove a efetiva partici- REGIMENTO INTERNO DO CREA-MG -
pação do profissional na execução da obra ou pres- NORMAS REGULATÓRIAS BRASILEIRAS:
tação do serviço, indicando explicitamente o período, NR-09; NR-10; NR-13; NR-18; NR-35
o nível de atuação e as atividades desenvolvidas, tais
como trabalhos técnicos, correspondências, diário de
obras, livro de ordem, atestado emitido pelo contra- O Conselho Regional de Engenharia Agrária de Minas
tante ou documento equivalente; e Gerais (Crea-MG) possui um regimento interno bastante
III – comprovante de pagamento do valor correspon- denso. Procuramos destacar apenas alguns de seus dis-
dente à análise de requerimento de regularização de positivos, lembrando que uma leitura de todo o Regi-
obra ou serviço concluído. mento em sua íntegra é altamente recomendada.
§ 1º Mediante justificativa fundamentada, poderá ser Em seu artigo 1º, o regimento faz uma melhor ex-
aceita como prova de efetiva participação do profis- planação sobre o Crea-MG: O Conselho Regional de En-
sional declaração do contratante, desde que baseada genharia, Arquitetura e Agronomia do Estado de Minas
em início de prova material, não sendo admitida pro- Gerais - Crea-MG é entidade autárquica de fiscalização
va exclusivamente testemunhal. § 2º A falta de visto do exercício e das atividades profissionais, dotada de
do profissional no Crea em cuja circunscrição a ativi- personalidade jurídica de direito público, constituindo
dade foi desenvolvida não impede a regularização da serviço público federal, vinculada ao Conselho Federal
obra ou serviço, desde que a situação do profissional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia - Confea, com
seja previamente regularizada. sede e foro na cidade de Belo Horizonte e jurisdição em
Art. 3° O requerimento de regularização da obra ou todo o Estado de Minas Gerais, instituída pela Resolução
nº 2, de 23 de abril de 1934, na forma estabelecida pelo
serviço será analisado para verificação da documenta-
Decreto Federal nº 23.569, de 11 de dezembro de 1933,
ção apresentada, das atribuições do profissional e da
e mantida pela Lei nº 5.194, de 24 de dezembro de 1966,
atividade descrita, em função da legislação em vigor à para exercer o papel institucional de primeira e segunda
época de sua execução, e após a verificação pelo Crea instâncias no âmbito de sua jurisdição.
da existência de obra ou serviço concluído. As competências do Crea-MG estão em seu artigo 4º,
Paragrafo único. Compete ao Crea, quando necessário in verbis:
e mediante justificativa, solicitar outros documentos Art. 4º Compete ao Crea-MG:
para averiguar as informações apresentadas. I – cumprir e fazer cumprir a legislação federal, as re-
Art. 4° Apresentado o requerimento devidamente ins- soluções, as decisões normativas, as decisões plenárias
truído, o processo será encaminhado à câmara espe- baixadas pelo Confea, os atos normativos e os atos
cializada competente para apreciação. administrativos baixados pelo Crea-MG;
§ 1º No caso de a atividade técnica descrita na ART II – apresentar ao Confea proposta de resolução e de
caracterizar assunto de interesse comum a duas ou decisão normativa;
mais especializações profissionais, a matéria, obriga- III – baixar atos normativos destinados a detalhar, a
toriamente, será apreciada por todas as câmaras es- especificar e a esclarecer, no âmbito de sua jurisdição,
pecializadas competentes. as disposições contidas nas resoluções e nas decisões
§ 2º Ocorrendo divergência nas decisões das câmaras normativas baixadas pelo Confea;
especializadas no caso previsto no § 1º, o requerimen- IV – elaborar e alterar seu regimento a ser encami-
to será encaminhado ao Plenário do Crea para nhado ao Confea para homologação;
deliberação. V – elaborar proposta de renovação do terço de seu
§ 3º Não havendo câmara especializada da categoria Plenário a ser encaminhada ao Confea para homo-
logação;
ou modalidade do profissional requerente, o processo
VI – instituir câmara especializada;
será apreciado diretamente pelo Plenário do Regional.
VII – instituir grupo de trabalho ou comissão em cará-
Art. 5º Deferido o requerimento, o profissional será
ter permanente ou especial;
comunicado para efetuar o registro da anotação de
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

VIII – organizar o sistema de fiscalização do exercício


responsabilidade técnica mediante o recolhimento do
e das atividades profissionais abrangidas pelo sistema
valor da ART.
Confea/Crea;
Art. 6° A regularização de obra ou serviço na forma IX – instituir inspetoria e gerência regional;
desta resolução não exime o interessado de outras co- X – instituir órgão administrativo de caráter consultivo
minações legais cabíveis. no âmbito das inspetorias;
Art. 7° Os valores referentes ao registro da ART e à XI – promover a unidade de ação entre os órgãos que
análise de requerimento de regularização de obra ou integram o sistema Confea/Crea;
serviço concluído a serem aplicados pelos Creas serão XII – manter intercâmbio com outros Creas, visando
aqueles constantes de resolução específica, em vigor à à troca de informações sobre seus objetivos comuns e
época do requerimento. uniformização de procedimentos;

62
XIII – analisar, em primeira instância, defesa de pesso- XXXIII – elaborar seu balancete de receitas e despesas
as físicas e jurídicas; a ser encaminhado ao Confea;
XIV – analisar, em segunda instância, recursos de pes- XXXIV – adquirir, onerar ou executar obra, serviço, in-
soas físicas e jurídicas sobre registros, decisões e pena- clusive de publicidade, compra, alienação e locação de
lidades oriundos das câmaras especializadas; acordo com a legislação em vigor;
XV – encaminhar ao Confea, para julgamento em úl- XXXV – celebrar convênios com entidades de classe e
tima instância, recursos de pessoas físicas e jurídicas instituições de ensino;
acompanhados dos respectivos processos; XXXVI – celebrar convênios com órgãos públicos e pri-
XVI – analisar demais assuntos relativos ao exercício vados e instituições da sociedade civil, incluindo sem-
das profissões abrangidas pelo sistema Confea/Crea; pre as entidades de classe nos convênios de parcerias
XVII – anular qualquer de seus atos que não estiverem do Crea-MG como partícipe do processo, e as institui-
de acordo com a legislação em vigor; XVIII – deliberar
ções de ensino quando couber;
sobre assuntos administrativos e de interesse geral, e
XXXVII – homenagear, de acordo com normas e cri-
sobre casos comuns a duas ou mais modalidades;
XIX – apreciar os requerimentos e processos de regis- térios estabelecidos em ato administrativo normati-
tro de profissional e de pessoa jurídica. XX – receber os vo próprio, instituição de ensino, entidade de classe,
pedidos de registro de obras intelectuais concernentes pessoa jurídica, pessoa física ou profissional de sua
às profissões abrangidas pelo sistema Confea/Crea a jurisdição, que tenha contribuído para o desenvolvi-
serem encaminhados ao Confea para análise; mento tecnológico do país, para o desenvolvimento de
XXI – organizar e manter atualizados os registros de atividades do sistema Confea/Crea ou tenha ocupado
entidades de classe e de instituições de ensino, para cargo ou exercido função no Crea-MG;
fins de representação no Crea-MG; XXXVIII – atuar, com a colaboração das entidades de
XXII – manter atualizado o cadastro de cargos e de classe e das instituições de ensino de nível médio e
funções dos serviços estatais, paraestatais, autárqui- superior, nos assuntos relacionados com a legislação
cos e de economia mista de sua jurisdição, para cujo profissional;
exercício seja necessário o desempenho das ativida- XXXIX – instituir o Plano de Ações Estratégicas e o Pla-
des da Engenharia, da Arquitetura, da Agronomia, da no Anual de Trabalho do Crea-MG; e
Geologia, da Geografia ou da Meteorologia, em seu XL – contratar profissionais e/ou empresas registra-
nível médio e superior, a ser encaminhado ao Confea, dos e regulares com o sistema Confea/Crea, visando
anualmente, para publicação;
à elaboração de Relatórios de Inspeção sobre a situa-
XXIII – manter atualizados os cadastros de títulos,
ção de empreendimentos de engenharia, arquitetura
de cursos e de escolas de ensino médio e superior, de
profissionais e de pessoas jurídicas registrados em sua e agronomia, quando solicitado pelo Poder Público ou
jurisdição a serem encaminhados ao Confea, anual- pelo Plenário.
mente, para publicação;
XXIV – publicar, anualmente, relatórios dos trabalhos O Crea é composto por um Plenário, Câmaras Espe-
desenvolvidos e a relação de pessoas jurídicas e de cializadas, uma Presidência, uma Diretoria, e várias ins-
profissionais registrados; petorias.
XXV – unificar jurisprudência e procedimentos de suas O Plenário do Crea-MG, órgão colegiado decisório
câmaras especializadas, quando divergentes; da estrutura básica, tem por finalidade decidir os assun-
XXVI – registrar tabela básica de honorários profissio- tos relacionados às competências do Conselho Regional,
nais elaborada por entidade de classe; obedecendo à legislação vigente relativa a prescrições
XXVII – organizar e realizar o Congresso Estadual de processuais, constituindo a segunda instância de julga-
Profissionais - CEP; mento no âmbito de sua jurisdição, ressalvado o caso de
XXVIII – promover, junto aos poderes públicos e insti- foro privilegiado (art. 6º). Dentre suas competências, dis-
tuições da sociedade civil, estudos e encaminhamento postas no art. 9º, destaca-se: I – cumprir e fazer cumprir a
de soluções de problemas relacionados às áreas de legislação federal, as resoluções, as decisões normativas
atuação das profissões abrangidas pelo sistema Con- e as decisões plenárias baixadas pelo Confea; II – estabe-
fea/Crea; lecer e fiscalizar as políticas do Crea-MG, obedecendo à
XXIX – promover estudos, campanhas de valorização legislação em vigor; III – orientar e fiscalizar a execução
profissional e medidas que objetivem o aperfeiçoa- das competências do Crea-MG, obedecendo à legislação
mento técnico e cultural dos profissionais registrados em vigor; (...) X – aprovar anualmente a proposta de re-
no Crea-MG; novação do terço a ser encaminhada ao Confea para ho-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

XXX – promover, por ocasião da renovação do terço do mologação (...);XVII – deliberar sobre assuntos constantes
Plenário, capacitação em legislação profissional e ritos
da pauta de suas sessões; XVIII – determinar quando a
processuais administrativos dos conselheiros regionais
decisão do Plenário deva ser tomada por escrutínio se-
indicados para Plenário do Crea-MG, em Seminário a
creto; XIX – apreciar e decidir assunto aprovado ad refe-
ser convocado em até 30 dias após a realização da 1ª
Plenária Ordinária anual; rendum pelo Presidente do Crea-MG; etc.
XXXI – orientar e dirimir dúvidas, suscitadas no âm- A câmara especializada, órgão decisório da estrutura
bito de sua jurisdição, sobre a aplicação da legislação básica do Crea-MG, tem por finalidade apreciar e julgar
profissional; os assuntos relacionados à fiscalização do exercício pro-
XXXII – elaborar, anualmente, seu orçamento a ser en- fissional, e sugerir medidas para o aperfeiçoamento das
caminhado ao Confea para homologação; atividades do Conselho Regional, constituindo a primeira

63
instância de julgamento no âmbito de sua jurisdição (art. taria N° 3.214, 8 de junho de 1978, são de observância
59). Apresenta várias especializações, como Câmara Esp. obrigatória por todas as empresas brasileiras regidas
de Agrimensura – CAGR, Câmara Esp. de Agronomia – pela CLT, sendo periodicamente revisadas pelo Ministé-
CEAG, Câmara Esp. de Eng. Civil – CEEC; etc. rio do Trabalho e Previdência Social. Algumas NRs me-
A Presidência, órgão executivo máximo da estrutura recem maior atenção, sobretudo aquelas que se relacio-
básica, tem por finalidade dirigir o Crea-MG e cumprir nam com aspectos do meio ambiente de trabalho. Seu
e fazer cumprir as decisões do Plenário e das câmaras texto é bastante didático, não havendo necessidade de
especializadas no âmbito de suas respectivas competên- dar maiores explicações sobre o tema.
cias. O presidente do Crea-MG é eleito pelo voto direto
1. Norma Regulamentadora nº 09: Prevenção de
e secreto dos profissionais registrados e em dia com as
Riscos Ambientais
obrigações perante o sistema Confea/Crea, de acordo
com a Lei nº 8.195, de 26 de junho de 1991, e com reso- É a NR que estabelece a obrigatoriedade da
lução específica baixada pelo Confea. (art. 89, § 2º). elaboração e implementação, por parte de todos os
A Diretoria, órgão executivo da estrutura básica do empregadores e instituições que admitam trabalhadores
Crea-MG, tem por finalidade auxiliar a Presidência no como empregados, do Programa de Prevenção de Riscos
desempenho de suas funções e decidir sobre questões Ambientais, através da antecipação, reconhecimento,
administrativas (art. 97). avaliação e consequente controle da ocorrência de
A inspetoria, órgão executivo que representa o Crea- riscos ambientais existentes ou que venham a existir no
-MG no município ou na região onde for instituída, tem ambiente de trabalho.
por finalidade gerir os recursos humanos, materiais e
financeiros colocados à sua disposição pelo Crea-MG e NR 9 - PROGRAMA DE PREVENÇÃO DE RISCOS
fiscalizar o exercício das profissões abrangidas pelo siste- AMBIENTAIS
ma Confea/Crea. A inspetoria é instituída pelo Crea-MG
mediante ato administrativo normativo. A instituição de 9.1 Do objeto e campo de aplicação.
inspetorias depende do estudo das condições geográfi- 9.1.1 Esta Norma Regulamentadora - NR estabelece a
cas, sociais, estratégicas e da disponibilidade financeira obrigatoriedade da elaboração e implementação,
por parte de todos os empregadores e instituições
para seu aparelhamento e da viabilidade econômica de
que admitam trabalhadores como empregados,
sua manutenção, considerando as despesas com pessoal, do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais
com equipamentos e com material (arts. 126 e 127). - PPRA, visando à preservação da saúde e da inte-
O Crea também conta em sua estrutura com diversas gridade dos trabalhadores, através da antecipação,
comissões. Destacamos a Comissão de Ética Profissional reconhecimento, avaliação e consequente controle
(CEP), que tem por finalidade a apreciação das infrações da ocorrência de riscos ambientais existentes ou
ao Código de Ética das profissões abrangidas pelo Siste- que venham a existir no ambiente de trabalho, ten-
ma Confea/Crea (art. 150). Compete à Comissão de Ética do em consideração a proteção do meio ambiente
Profissional: I – instruir processo de infração ao Código e dos recursos naturais.
de Ética Profissional, ouvindo testemunhas e partes, e 9.1.2 As ações do PPRA devem ser desenvolvidas no
realizando diligências necessárias para apurar os fatos; II âmbito de cada estabelecimento da empresa, sob
– emitir relatório fundamentado a ser encaminhado à câ- a responsabilidade do empregador, com a partici-
mara especializada competente para apreciação, o qual pação dos trabalhadores, sendo sua abrangência e
deve fazer parte do respectivo processo; e III – sugerir ao profundidade dependentes das características dos
Plenário alterações nos dispositivos do Código de Ética riscos e das necessidades de controle.
Profissional a ser encaminhada ao Confea (art. 151). 9.1.2.1 Quando não forem identificados riscos am-
A comissão especial tem por finalidade auxiliar os bientais nas fases de antecipação ou reconheci-
órgãos da estrutura básica no desenvolvimento de ati- mento, descritas nos itens 9.3.2 e 9.3.3, o PPRA po-
vidades de caráter temporário relacionadas a um tema derá resumir-se às etapas previstas nas alíneas “a”
específico de caráter legal, técnico ou administrativo (art. e “f” do subitem 9.3.1.
170). Compete ao coordenador de comissão especial: I – 9.1.3 O PPRA é parte integrante do conjunto mais
responsabilizar-se pelas atividades da comissão junto ao amplo das iniciativas da empresa no campo da
Plenário do Crea-MG; II – propor o plano de trabalho a preservação da saúde e da integridade dos traba-
ser submetido à apreciação da Diretoria, incluindo metas, lhadores, devendo estar articulado com o disposto
ações, calendário, cronograma de execução e previsão nas demais NR, em especial com o Programa de
de recursos financeiros e administrativos necessários; III – Controle Médico de Saúde Ocupacional - PCMSO
cumprir e fazer cumprir o plano de trabalho da comissão; previsto na NR-7.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

IV – diligenciar junto à Diretoria para o atendimento das 9.1.4 Esta NR estabelece os parâmetros mínimos e di-
necessidades da comissão, visando à execução de seus retrizes gerais a serem observados na execução do
trabalhos; V – convocar e coordenar as reuniões; e VI – PPRA, podendo os mesmos ser ampliados median-
proferir voto de qualidade, em caso de empate (art. 175). te negociação coletiva de trabalho.
9.1.5 Para efeito desta NR, consideram-se riscos am-
NORMAS REGULAMENTADORAS BRASILEIRAS
bientais os agentes físicos, químicos e biológicos
existentes nos ambientes de trabalho que, em fun-
Normas Regulamentadoras (ou NRs) são espécies
ção de sua natureza, concentração ou intensidade
normativas que regulamentam e fornecem orientações
sobre procedimentos obrigatórios relacionados à segu- e tempo de exposição, são capazes de causar da-
rança e saúde do trabalhador. Foram aprovadas pela Por- nos à saúde do trabalhador.

64
9.1.5.1 Consideram-se agentes físicos as diversas for- e em Medicina do Trabalho - SESMT ou por pessoa
mas de energia a que possam estar expostos os ou equipe de pessoas que, a critério do empre-
trabalhadores, tais como: ruído, vibrações, pres- gador, sejam capazes de desenvolver o disposto
sões anormais, temperaturas extremas, radiações nesta NR.
ionizantes, radiações não ionizantes, bem como o 9.3.2 A antecipação deverá envolver a análise de pro-
infrassom e o ultrassom. jetos de novas instalações, métodos ou processos
9.1.5.2 Consideram-se agentes químicos as substân- de trabalho,
cias, compostos ou produtos que possam penetrar ou de modificação dos já existentes, visando a iden-
no organismo pela via respiratória, nas formas de tificar os riscos potenciais e introduzir medidas de
poeiras, fumos, névoas, neblinas, gases ou vapores, proteção para
ou que, pela natureza da atividade de exposição, sua redução ou eliminação.
possam ter contato ou ser absorvidos pelo orga- 9.3.3 O reconhecimento dos riscos ambientais deverá
nismo através da pele ou por ingestão. conter os seguintes itens, quando aplicáveis:
9.1.5.3 Consideram-se agentes biológicos as bacté- a) a sua identificação;
rias, fungos, bacilos, parasitas, protozoários, vírus, b) a determinação e localização das possíveis fontes
entre outros. geradoras;
9.2 Da estrutura do PPRA. c) a identificação das possíveis trajetórias e dos meios
9.2.1 O Programa de Prevenção de Riscos Ambientais de propagação dos agentes no ambiente de tra-
deverá conter, no mínimo, a seguinte estrutura: balho;
a) planejamento anual com estabelecimento de me- d) a identificação das funções e determinação do nú-
tas, prioridades e cronograma; mero de trabalhadores expostos;
b) estratégia e metodologia de ação; e) a caracterização das atividades e do tipo da expo-
c) forma do registro, manutenção e divulgação dos sição;
dados; f) a obtenção de dados existentes na empresa, indi-
d) periodicidade e forma de avaliação do desenvolvi- cativos de possível comprometimento da saúde
mento do PPRA. decorrente do
9.2.1.1 Deverá ser efetuada, sempre que necessário e trabalho;
pelo menos uma vez ao ano, uma análise global do g) os possíveis danos à saúde relacionados aos riscos
PPRA para avaliação do seu desenvolvimento e re- identificados, disponíveis na literatura técnica;
alização dos ajustes necessários e estabelecimento h) a descrição das medidas de controle já existentes.
de novas metas e prioridades. 9.3.4 A avaliação quantitativa deverá ser realizada
9.2.2 O PPRA deverá estar descrito num documento- sempre que necessária para:
-base contendo todos os aspectos estruturais a) comprovar o controle da exposição ou a inexistên-
constantes do item cia riscos identificados na etapa de reconhecimen-
9.2.2.1 O documento-base e suas alterações e com- to;
plementações deverão ser apresentados e discu- b) dimensionar a exposição dos trabalhadores;
tidos na CIPA, quando existente na empresa, de c) subsidiar o equacionamento das medidas de con-
acordo com a NR-5, sendo sua cópia anexada ao trole.
livro de atas desta Comissão. 9.3.5 Das medidas de controle.
9.2.2.2 O documento-base e suas alterações deverão 9.3.5.1 Deverão ser adotadas as medidas necessárias
estar disponíveis de modo a proporcionar o ime- suficientes para a eliminação, a minimização ou o
diato acesso às autoridades competentes. controle dos riscos ambientais sempre que forem
9.2.3 O cronograma previsto no item 9.2.1 deverá in- verificadas uma ou mais das seguintes situações:
dicar claramente os prazos para o desenvolvimen- a) identificação, na fase de antecipação, de risco po-
to das etapas e cumprimento das metas do PPRA. tencial à saúde;
9.3 Do desenvolvimento do PPRA. b) constatação, na fase de reconhecimento de risco
9.3.1 O Programa de Prevenção de Riscos Ambientais evidente à saúde;
deverá incluir as seguintes etapas: c) quando os resultados das avaliações quantitativas
a) antecipação e reconhecimentos dos riscos; da exposição dos trabalhadores excederem os va-
b) estabelecimento de prioridades e metas de avalia- lores dos limites previstos na NR-15 ou, na ausência
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

ção e controle; destes os valores limites de exposição ocupacio-


c) avaliação dos riscos e da exposição dos trabalha- nal adotados pela ACGIH - American Conference
dores; of Governmental Industrial Higyenists, ou aqueles
d) implantação de medidas de controle e avaliação que venham a ser estabelecidos em negociação
de sua eficácia; coletiva de trabalho, desde que mais rigorosos do
e) monitoramento da exposição aos riscos; que os critérios técnico-legais estabelecidos;
f) registro e divulgação dos dados. d) quando, através do controle médico da saúde, ficar
9.3.1.1 A elaboração, implementação, acompanha- caracterizado o nexo causal entre danos observa-
mento e avaliação do PPRA poderão ser feitas pelo dos na saúde os trabalhadores e a situação de tra-
ServiçoEspecializado em Engenharia de Segurança balho a que eles ficam expostos.

65
9.3.5.2 O estudo, desenvolvimento e implantação de 9.3.6.2 Deverão ser objeto de controle sistemático as
medidas de proteção coletiva deverá obedecer à situações que apresentem exposição ocupacional
seguinte hierarquia: acima dos níveis de ação, conforme indicado nas
a) medidas que eliminam ou reduzam a utilização ou alíneas que seguem:
a formação de agentes prejudiciais à saúde; a) para agentes químicos, a metade dos limites de ex-
b) medidas que previnam a liberação ou dissemina- posição ocupacional considerados de acordo com
ção desses agentes no ambiente de trabalho; a alínea “c” do subitem 9.3.5.1;
c) medidas que reduzam os níveis ou a concentração b) para o ruído, a dose de 0,5 (dose superior a 50%),
desses agentes no ambiente de trabalho. conforme critério estabelecido na NR-15, Anexo I,
9.3.5.3 A implantação de medidas de caráter coleti- item 6.
vo deverá ser acompanhada de treinamento dos 9.3.7 Do monitoramento.
trabalhadores quanto os procedimentos que asse- 9.3.7.1. Para o monitoramento da exposição dos tra-
gurem a sua eficiência e de informação sobre as balhadores e das medidas de controle, deve ser
eventuais limitações de proteção que ofereçam. realizada uma avaliação sistemática e repetitiva da
9.3.5.4 Quando comprovado pelo empregador ou exposição a um dado risco, visando à introdução
instituição a inviabilidade técnica da adoção de ou modificação das medidas de controle, sempre
medidas de proteção coletiva ou quando estas que necessário.
não forem suficientes ou encontrarem-se em fase 9.3.8 Do registro de dados.
de estudo, planejamento ou implantação, ou ainda 9.3.8.1 Deverá ser mantido pelo empregador ou insti-
em caráter complementar ou emergencial, deve- tuição um registro de dados, estruturado de forma
rão ser adotadas outras medidas, obedecendo-se a constituir um histórico técnico e administrativo
à seguinte hierarquia: do desenvolvimento do PPRA.
a) medidas de caráter administrativo ou de organiza- 9.3.8.2 Os dados deverão ser mantidos por um perío-
ção do trabalho; do mínimo de 20 (vinte) anos.
9.3.8.3 O registro de dados deverá estar sempre dis-
b) utilização de equipamento de proteção individual
ponível aos trabalhadores interessados ou seus re-
- EPI. presentantes e para as autoridades competentes.
9.3.5.5 A utilização de EPI no âmbito do programa de- 9.4 Das responsabilidades.
verá considerar as Normas Legais e Administrativas 9.4.1 Do empregador:
em vigor e envolver no mínimo: I. estabelecer, implementar e assegurar o cumprimen-
a) seleção do EPI adequado tecnicamente ao risco a to do PPRA como atividade permanente da empre-
que o trabalhador está exposto e à atividade exer- sa ou instituição.
cida, considerando-se a eficiência necessária para 9.4.2 Dos trabalhadores:
o controle da exposição ao risco e o conforto ofe- I. colaborar e participar na implantação e execução
do PPRA;
recido segundo avaliação do trabalhador usuário; II. seguir as orientações recebidas nos treinamentos
b) programa de treinamento dos trabalhadores quan- oferecidos dentro do PPRA;
to à sua correta utilização e orientação sobre as III. informar ao seu superior hierárquico direto ocor-
limitações de proteção que o EPI oferece; rências que, a seu julgamento, possam implicar ris-
c) estabelecimento de normas ou procedimento para cos à saúde dos trabalhadores.
promover o fornecimento, o uso, a guarda, a hi- 9.5 Da informação.
gienização, a conservação, a manutenção e a re- 9.5.1 Os trabalhadores interessados terão o direito
de apresentar propostas e receber informações e
posição do EPI, visando garantir as condições de
orientações a fim de assegurar a proteção aos ris-
proteção originalmente estabelecidas; cos ambientais identificados na execução do PPRA.
d) caracterização das funções ou atividades dos tra- 9.5.2 Os empregadores deverão informar os trabalha-
balhadores, com a respectiva identificação dos dores de maneira apropriada e suficiente sobre os
EPI’s utilizados para os riscos ambientais. riscos ambientais que possam originar-se nos lo-
9.3.5.6 O PPRA deve estabelecer critérios e mecanis- cais de trabalho e sobre os meios disponíveis para
mos de avaliação da eficácia das medidas de pro- prevenir ou limitar tais riscos e para proteger-se
teção implantadas considerando os dados obtidos dos mesmos.
9.6 Das disposições finais.
nas avaliações realizadas e no controle médico da 9.6.1 Sempre que vários empregadores realizem si-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

saúde previsto na NR7. multaneamente atividades no mesmo local de tra-


9.3.6 Do nível de ação. balho terão o dever de executar ações integradas
9.3.6.1 Para os fins desta NR, considera-se nível de para aplicar as medidas previstas no PPRA visando
ação o valor acima do qual devem ser iniciadas a proteção de todos os trabalhadores expostos aos
ações preventivas de forma a minimizar a probabi- riscos ambientais gerados.
lidade de que as exposições a agentes ambientais 9.6.2 O conhecimento e a percepção que os traba-
lhadores têm do processo de trabalho e dos riscos
ultrapassem os limites de exposição. As ações de-
ambientais presentes, incluindo os dados consig-
vem incluir o monitoramento periódico da exposi- nados no Mapa de Riscos, previsto na NR-5, deve-
ção, a informação aos trabalhadores e o controle rão ser considerados para fins de planejamento e
médico. execução do PPRA em todas as suas fases.

66
9.6.3 O empregador deverá garantir que, na ocorrên- b) documentação das inspeções e medições do sis-
cia de riscos ambientais nos locais de trabalho que tema de proteção contra descargas atmosféricas e
coloquem em situação de grave e iminente risco aterramentos elétricos;
um ou mais trabalhadores, os mesmos possam in-
c) especificação dos equipamentos de proteção cole-
terromper de imediato as suas atividades, comuni-
tiva e individual e o ferramental, aplicáveis confor-
cando o fato ao superior hierárquico direto para as
devidas providências. me determina esta NR;
d) documentação comprobatória da qualificação, ha-
2. Norma Regulamentadora nº 10: Instalações bilitação, capacitação, autorização dos trabalhado-
e Serviços em Eletricidade res e dos treinamentos realizados;
e) resultados dos testes de isolação elétrica realizados
em equipamentos de proteção individual e coleti-
Esta NR estabelece os requisitos e condições mínimas va;
exigidas para garantir a segurança e saúde dos trabalha-
f) certificações dos equipamentos e materiais elétri-
dores que interagem com instalações elétricas, em suas
cos em áreas classificadas;
etapas de projeto, construção, montagem, operação e
manutenção, bem como de quaisquer trabalhos realiza- g) relatório técnico das inspeções atualizadas com re-
dos em suas proximidades. comendações, cronogramas de adequações, con-
templando as alíneas de “a” a “f”.
NORMA REGULAMENTADORA 10 - SEGURANÇA 10.2.5 As empresas que operam em instalações ou
EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE equipamentos integrantes do sistema elétrico de
potência devem constituir prontuário com o con-
10.1 - OBJETIVO E CAMPO DE APLICAÇÃO teúdo do item 10.2.4 e acrescentar ao prontuário
10.1.1 Esta Norma Regulamentadora - NR estabelece os documentos a seguir listados:
os requisitos e condições mínimas objetivando a a) descrição dos procedimentos para emergências;
implementação de medidas de controle e sistemas b) certificações dos equipamentos de proteção cole-
preventivos, de forma a garantir a segurança e a tiva e individual;
saúde dos trabalhadores que, direta ou indireta- 10.2.5.1 As empresas que realizam trabalhos em pro-
mente, interajam em instalações elétricas e servi- ximidade do Sistema Elétrico de Potência devem
ços com eletricidade. constituir prontuário contemplando as alíneas “a”,
10.1.2 Esta NR se aplica às fases de geração, trans- “c”, “d” e “e”, do item 10.2.4 e alíneas “a” e “b” do
missão, distribuição e consumo, incluindo as eta- item 10.2.5.
pas de projeto, construção, montagem, operação, 10.2.6 O Prontuário de Instalações Elétricas deve ser
manutenção das instalações elétricas e quaisquer
organizado e mantido atualizado pelo emprega-
trabalhos realizados nas suas proximidades, obser-
dor ou pessoa formalmente designada pela em-
vando-se as normas técnicas oficiais estabelecidas
pelos órgãos competentes e, na ausência ou omis- presa, devendo permanecer à disposição dos tra-
são destas, as normas internacionais cabíveis. balhadores envolvidos nas instalações e serviços
10.2 - MEDIDAS DE CONTROLE em eletricidade.
10.2.1 Em todas as intervenções em instalações elé- 10.2.7 Os documentos técnicos previstos no Prontu-
tricas devem ser adotadas medidas preventivas de ário de Instalações Elétricas devem ser elaborados
controle do risco elétrico e de outros riscos adicio- por profissional legalmente habilitado.
nais, mediante técnicas de análise de risco, de for- 10.2.8 - MEDIDAS DE PROTEÇÃO COLETIVA
ma a garantir a segurança e a saúde no trabalho. 10.2.8.1 Em todos os serviços executados em insta-
10.2.2 As medidas de controle adotadas devem inte- lações elétricas devem ser previstas e adotadas,
grar-se às demais iniciativas da empresa, no âm- prioritariamente, medidas de proteção coletiva
bito da preservação da segurança, da saúde e do aplicáveis, mediante procedimentos, às atividades
meio ambiente do trabalho. a serem desenvolvidas, de forma a garantir a segu-
10.2.3 As empresas estão obrigadas a manter esque-
rança e a saúde dos trabalhadores.
mas unifilares atualizados das instalações elétricas
10.2.8.2 As medidas de proteção coletiva compreen-
dos seus estabelecimentos com as especificações
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

do sistema de aterramento e demais equipamen- dem, prioritariamente, a desenergização elétrica


tos e dispositivos de proteção. conforme estabelece esta NR e, na sua impossibili-
10.2.4 Os estabelecimentos com carga instalada su- dade, o emprego de tensão de segurança.
perior a 75 kW devem constituir e manter o Pron- 10.2.8.2.1 Na impossibilidade de implementação do
tuário de Instalações Elétricas, contendo, além do estabelecido no subitem 10.2.8.2., devem ser uti-
disposto no subitem 10.2.3, no mínimo: lizadas outras medidas de proteção coletiva, tais
a) conjunto de procedimentos e instruções técnicas e como: isolação das partes vivas, obstáculos, bar-
administrativas de segurança e saúde, implantadas reiras, sinalização, sistema de seccionamento au-
e relacionadas a esta NR e descrição das medidas tomático de alimentação, bloqueio do religamento
de controle existentes; automático.

67
10.2.8.3 O aterramento das instalações elétricas deve 10.3.9 O memorial descritivo do projeto deve conter,
ser executado conforme regulamentação estabe- no mínimo, os seguintes itens de segurança:
lecida pelos órgãos competentes e, na ausência a) especificação das características relativas à prote-
desta, deve atender às Normas Internacionais vi- ção contrachoques elétricos, queimaduras e outros
gentes. riscos adicionais;
10.2.9 - MEDIDAS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL b) indicação de posição dos dispositivos de mano-
10.2.9.1 Nos trabalhos em instalações elétricas, quan- bra dos circuitos elétricos: (Verde - “D”, desligado e
do as medidas de proteção coletiva forem tecnica- Vermelho - “L”, ligado);
mente inviáveis ou insuficientes para controlar os c) descrição do sistema de identificação de circuitos
riscos, devem ser adotados equipamentos de pro- elétricos e equipamentos, incluindo dispositivos de
teção individual específicos e adequados às ativi- manobra, de controle, de proteção, de intertrava-
dades desenvolvidas, em atendimento ao disposto mento, dos condutores e os próprios equipamen-
na NR 6. tos e estruturas, definindo como tais indicações
10.2.9.2 As vestimentas de trabalho devem ser ade- devem ser aplicadas fisicamente nos componentes
quadas às atividades, devendo contemplar a con-
das instalações;
dutibilidade, inflamabilidade e influências eletro-
d) recomendações de restrições e advertências quan-
magnéticas.
to ao acesso de pessoas aos componentes das ins-
10.2.9.3 É vedado o uso de adornos pessoais nos tra-
talações;
balhos com instalações elétricas ou em suas pro-
ximidades. e) precauções aplicáveis em face das influências ex-
10.3 - SEGURANÇA EM PROJETOS ternas;
10.3.1 É obrigatório que os projetos de instalações f) o princípio funcional dos dispositivos de proteção,
elétricas especifiquem dispositivos de desligamen- constantes do projeto, destinados à segurança das
to de circuitos que possuam recursos para impe- pessoas;
dimento de reenergização, para sinalização de g) descrição da compatibilidade dos dispositivos de
advertência com indicação da condição operativa. proteção com a instalação elétrica.
10.3.2 O projeto elétrico, na medida do possível, deve 10.3.10 Os projetos devem assegurar que as instala-
prever a instalação de dispositivo de seccionamen- ções proporcionem aos trabalhadores iluminação
to de ação simultânea, que permita a aplicação de adequada e uma posição de trabalho segura, de
impedimento de reenergização do circuito. acordo com a NR 17 - Ergonomia.
10.3.3 O projeto de instalações elétricas deve con- 10.4 - SEGURANÇA NA CONSTRUÇÃO, MONTAGEM,
siderar o espaço seguro, quanto ao dimensiona- OPERAÇÃO E MANUTENÇÃO
mento e a localização de seus componentes e as 10.4.1 As instalações elétricas devem ser construídas,
influências externas, quando da operação e da re- montadas, operadas, reformadas, ampliadas, repa-
alização de serviços de construção e manutenção. radas e inspecionadas de forma a garantir a segu-
10.3.3.1 Os circuitos elétricos com finalidades diferen- rança e a saúde dos trabalhadores e dos usuários, e
tes, tais como: comunicação, sinalização, controle e serem supervisionadas por profissional autorizado,
tração elétrica devem ser identificados e instalados conforme dispõe esta NR.
separadamente, salvo quando o desenvolvimento 10.4.2 Nos trabalhos e nas atividades referidas de-
tecnológico permitir compartilhamento, respeita- vem ser adotadas medidas preventivas destinadas
das as definições de projetos. ao controle dos riscos adicionais, especialmente
10.3.4 O projeto deve definir a configuração do es- quanto a altura, confinamento, campos elétricos e
quema de aterramento, a obrigatoriedade ou não magnéticos, explosividade, umidade, poeira, fauna
da interligação entre o condutor neutro e o de pro- e flora e outros agravantes, adotando-se a sinaliza-
teção e a conexão à terra das partes condutoras ção de segurança.
não destinadas à condução da eletricidade. 10.4.3 Nos locais de trabalho só podem ser utilizados
10.3.5 Sempre que for tecnicamente viável e necessá- equipamentos, dispositivos e ferramentas elétri-
rio, devem ser projetados dispositivos de secciona- cas compatíveis com a instalação elétrica existen-
mento que incorporem recursos fixos de equipo- te, preservando-se as características de proteção,
tencialização e aterramento do circuito seccionado. respeitadas as recomendações do fabricante e as
10.3.6 Todo projeto deve prever condições para a influências externas.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

adoção de aterramento temporário. 10.4.3.1 Os equipamentos, dispositivos e ferramentas


10.3.7 O projeto das instalações elétricas deve ficar à que possuam isolamento elétrico devem estar ade-
disposição dos trabalhadores autorizados, das au- quados às tensões envolvidas, e serem inspeciona-
toridades competentes e de outras pessoas autori- dos e testados de acordo com as regulamentações
zadas pela empresa e deve ser mantido atualizado. existentes ou recomendações dos fabricantes.
10.3.8 O projeto elétrico deve atender ao que dis- 10.4.4 As instalações elétricas devem ser mantidas em
põem as Normas Regulamentadoras de Saúde e condições seguras de funcionamento e seus siste-
Segurança no Trabalho, as regulamentações técni- mas de proteção deve ser inspecionados e contro-
cas oficiais estabelecidas, e ser assinado por profis- lados periodicamente, de acordo com as regula-
sional legalmente habilitado. mentações existentes e definições de projetos.

68
10.4.4.1 Os locais de serviços elétricos, compartimen- 10.5.4 Os serviços a serem executados em instalações
tos e invólucros de equipamentos e instalações elétricas desligadas, mas com possibilidade de
elétricas são exclusivos para essa finalidade, sendo energização, por qualquer meio ou razão, devem
expressamente proibido utilizá-los para armazena- atender ao que estabelece o disposto no item 10.6.
mento ou guarda de quaisquer objetos. 10.6 - SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS
10.4.5 Para atividades em instalações elétricas deve ENERGIZADAS
ser garantida ao trabalhador iluminação adequada 10.6.1 As intervenções em instalações elétricas com
e uma posição de trabalho segura, de acordo com tensão igual ou superior a 50 Volts em corrente al-
a NR 17 - Ergonomia, de forma a permitir que ele ternada ou superior a 120 Volts em corrente con-
disponha dos membros superiores livres para a re- tínua somente podem ser realizadas por trabalha-
alização das tarefas. dores que atendam ao que estabelece o item 10.8
10.4.6 Os ensaios e testes elétricos laboratoriais e de desta Norma.
campo ou comissionamento de instalações elétri- 10.6.1.1 Os trabalhadores de que trata o item ante-
rior devem receber treinamento de segurança para
cas devem atender à regulamentação estabelecida
trabalhos com instalações elétricas energizadas,
nos itens 10.6 e 10.7, e somente podem ser realiza-
com currículo mínimo, carga horária e demais de-
dos por trabalhadores que atendam às condições
terminações estabelecidas no Anexo III desta NR.
de qualificação, habilitação, capacitação e autori-
(Alterado pela Portaria MTPS n.º 509, de 29 de abril
zação estabelecidas nesta NR. de 2016)
10.5 - SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS DE- 10.6.1.2 As operações elementares como ligar e des-
SENERGIZADAS ligar circuitos elétricos, realizadas em baixa tensão,
10.5.1 Somente serão consideradas desenergizadas com materiais e equipamentos elétricos em perfei-
as instalações elétricas liberadas para trabalho, to estado de conservação, adequados para ope-
mediante os procedimentos apropriados, obede- ração, podem ser realizadas por qualquer pessoa
cida a sequência abaixo: não advertida.
a) seccionamento; 10.6.2 Os trabalhos que exigem o ingresso na zona
b) impedimento de reenergização; controlada devem ser realizados mediante pro-
c) constatação da ausência de tensão; cedimentos específicos respeitando as distâncias
d) instalação de aterramento temporário com equi- previstas no Anexo II. (Alterado pela Portaria MTPS
potencialização dos condutores dos circuitos; n.º 509, de 29 de abril de 2016)
e) proteção dos elementos energizados existentes na 10.6.3 Os serviços em instalações energizadas, ou em
zona controlada (Anexo II); suas proximidades devem ser suspensos de ime-
(Alterada pela Portaria MTPS n.º 509, de 29 de abril diato na iminência de ocorrência que possa colo-
de 2016) car os trabalhadores em perigo.
f) instalação da sinalização de impedimento de ree- 10.6.4 Sempre que inovações tecnológicas forem im-
plementadas ou para a entrada em operações de
nergização.
novas instalações ou equipamentos elétricos de-
10.5.2 O estado de instalação desenergizada deve
vem ser previamente elaboradas análises de risco,
ser mantido até a autorização para reenergização, desenvolvidas com circuitos desenergizados, e res-
devendo ser reenergizada respeitando a sequência pectivos procedimentos de trabalho.
de procedimentos abaixo: 10.6.5 O responsável pela execução do serviço deve
a) retirada das ferramentas, utensílios e equipamen- suspender as atividades quando verificar situação
tos; ou condição de risco não prevista, cuja eliminação
b) retirada da zona controlada de todos os trabalha- ou neutralização imediata não seja possível.
dores não envolvidos no processo de reenergiza- 10.7 - TRABALHOS ENVOLVENDO ALTA TENSÃO (AT)
ção; 10.7.1 Os trabalhadores que intervenham em insta-
c) remoção do aterramento temporário, da equipo- lações elétricas energizadas com alta tensão, que
tencialização e das proteções adicionais; exerçam suas atividades dentro dos limites estabe-
d) remoção da sinalização de impedimento de ree- lecidos como zonas controladas e de risco, confor-
me Anexo II, devem atender ao disposto no item
nergização;
10.8 desta NR. (Alterado pela Portaria MTPS n.º
e) destravamento, se houver, e religação dos disposi-
509, de 29 de abril de 2016)
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

tivos de seccionamento. 10.7.2 Os trabalhadores de que trata o item 10.7.1


10.5.3 As medidas constantes das alíneas apresenta- devem receber treinamento de segurança, especí-
das nos itens 10.5.1 e 10.5.2 podem ser alteradas, fico em segurança no Sistema Elétrico de Potência
substituídas, (SEP) e em suas proximidades, com currículo mí-
ampliadas ou eliminadas, em função das peculiarida- nimo, carga horária e demais determinações es-
des de cada situação, por profissional legalmen- tabelecidas no Anexo III desta NR. (Alterado pela
te habilitado, autorizado e mediante justificativa Portaria MTPS n.º 509, de 29 de abril de 2016)
técnica previamente formalizada, desde que seja 10.7.3 Os serviços em instalações elétricas energiza-
mantido o mesmo nível de segurança originalmen- das em AT, bem como aqueles executados no Sis-
te preconizado. tema Elétrico de Potência – SEP, não podem ser
realizados individualmente.

69
10.7.4 Todo trabalho em instalações elétricas ener- 10.8.4 São considerados autorizados os trabalhadores
gizadas em AT, bem como aquelas que interajam qualificados ou capacitados e os profissionais ha-
com o SEP, somente pode ser realizado mediante bilitados, com anuência formal da empresa.
ordem de serviço específica para data e local, assi- 10.8.5 A empresa deve estabelecer sistema de iden-
nada por superior responsável pela área. tificação que permita a qualquer tempo conhecer
10.7.5 Antes de iniciar trabalhos em circuitos energi- a abrangência da autorização de cada trabalhador,
zados em AT, o superior imediato e a equipe, res- conforme o item 10.8.4.
ponsáveis pela execução do serviço, devem realizar 10.8.6 Os trabalhadores autorizados a trabalhar em
instalações elétricas devem ter essa condição con-
uma avaliação prévia, estudar e planejar as ativi-
signada no sistema de registro de empregado da
dades e ações a serem desenvolvidas de forma a empresa.
atender os princípios técnicos básicos e as melho- 10.8.7 Os trabalhadores autorizados a intervir em ins-
res técnicas de segurança em eletricidade aplicá- talações elétricas devem ser submetidos a exame
veis ao serviço. de saúde compatível com as atividades a serem
10.7.6 Os serviços em instalações elétricas energiza- desenvolvidas, realizado em conformidade com a
das em AT somente podem ser realizados quando NR 7 e registrado em seu prontuário médico.
houver procedimentos específicos, detalhados e 10.8.8 Os trabalhadores autorizados a intervir em
assinados por profissional autorizado. instalações elétricas devem possuir treinamento
10.7.7 A intervenção em instalações elétricas ener- específico sobre os riscos decorrentes do empre-
go da energia elétrica e as principais medidas de
gizadas em AT dentro dos limites estabelecidos
prevenção de acidentes em instalações elétricas,
como zona de risco, conforme Anexo II desta NR, de acordo com o estabelecido no Anexo III desta
somente pode ser realizada mediante a desativa- NR. (Alterado pela Portaria MTPS n.º 509, de 29 de
ção, também conhecida como bloqueio, dos con- abril de 2016)
juntos e dispositivos de religamento automático 10.8.8.1 A empresa concederá autorização na forma
do circuito, sistema ou equipamento. (Alterado desta NR aos trabalhadores capacitados ou quali-
pela Portaria MTPS n.º 509, de 29 de abril de 2016) ficados e aos profissionais habilitados que tenham
10.7.7.1 Os equipamentos e dispositivos desativados participado com avaliação e aproveitamento satis-
devem ser sinalizados com identificação da con- fatórios dos cursos constantes do Anexo III desta
dição de desativação, conforme procedimento de NR. (Alterado pela Portaria MTPS n.º 509, de 29 de
abril de 2016)
trabalho específico padronizado.
10.8.8.2 Deve ser realizado um treinamento de reci-
10.7.8 Os equipamentos, ferramentas e dispositivos clagem bienal e sempre que ocorrer alguma das
isolantes ou equipados com materiais isolantes, situações a seguir:
destinados ao trabalho em alta tensão, devem ser a) troca de função ou mudança de empresa;
submetidos a testes elétricos ou ensaios de labora- b) retorno de afastamento ao trabalho ou inatividade,
tório periódicos, obedecendo-se as especificações por período superior a três meses;
do fabricante, os procedimentos da empresa e na c) modificações significativas nas instalações elétricas
ausência desses, anualmente. ou troca de métodos, processos e organização do
10.7.9 Todo trabalhador em instalações elétricas ener- trabalho.
gizadas em AT, bem como aqueles envolvidos em 10.8.8.3 A carga horária e o conteúdo programáti-
co dos treinamentos de reciclagem destinados
atividades no SEP devem dispor de equipamento
ao atendimento das alíneas “a”, “b” e “c” do item
que permita a comunicação permanente com os 10.8.8.2 devem atender as necessidades da situa-
demais membros da equipe ou com o centro de ção que o motivou.
operação durante a realização do serviço. 10.8.8.4 Os trabalhos em áreas classificadas devem
10.8 - HABILITAÇÃO, QUALIFICAÇÃO, CAPACITAÇÃO E ser precedidos de treinamento especifico de acor-
AUTORIZAÇÃO DOS TRABALHADORES do com risco envolvido.
10.8.1 É considerado trabalhador qualificado aquele 10.8.9 Os trabalhadores com atividades não relacio-
que comprovar conclusão de curso específico na nadas às instalações elétricas desenvolvidas em
área elétrica reconhecido pelo Sistema Oficial de zona livre e na vizinhança da zona controlada,
Ensino. conforme define esta NR, devem ser instruídos
10.8.2 É considerado profissional legalmente habili- formalmente com conhecimentos que permitam
identificar e avaliar seus possíveis riscos e adotar
tado o trabalhador previamente qualificado e com
as precauções cabíveis.
registro no competente conselho de classe.
10.9 - PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIO E EXPLOSÃO
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

10.8.3 É considerado trabalhador capacitado aquele


10.9.1 As áreas onde houver instalações ou equipa-
que atenda às seguintes condições, simultanea-
mente: mentos elétricos devem ser dotadas de proteção
a) receba capacitação sob orientação e responsabili- contra incêndio e explosão, conforme dispõe a NR
dade de profissional habilitado e autorizado; e 23 – Proteção Contra Incêndios.
b) trabalhe sob a responsabilidade de profissional ha- 10.9.2 Os materiais, peças, dispositivos, equipamentos
bilitado e autorizado. e sistemas destinados à aplicação em instalações
10.8.3.1 A capacitação só terá validade para a empre- elétricas de ambientes com atmosferas potencial-
sa que o capacitou e nas condições estabelecidas mente explosivas devem ser avaliados quanto à
pelo profissional habilitado e autorizado responsá- sua conformidade, no âmbito do Sistema Brasileiro
vel pela capacitação. de Certificação.

70
10.9.3 Os processos ou equipamentos susceptíveis de 10.11.6 Toda equipe deverá ter um de seus trabalha-
gerar ou acumular eletricidade estática devem dis- dores indicado e em condições de exercer a super-
por de proteção específica e dispositivos de des- visão e condução dos trabalhos.
carga elétrica. 10.11.7 Antes de iniciar trabalhos em equipe os seus
10.9.4 Nas instalações elétricas de áreas classificadas membros, em conjunto com o responsável pela
ou sujeitas a risco acentuado de incêndio ou ex- execução do serviço, devem realizar uma avaliação
plosões, devem ser adotados dispositivos de pro- prévia, estudar e planejar as atividades e ações a
teção, como alarme e seccionamento automático serem desenvolvidas no local, de forma a atender
para prevenir sobretensões, sobrecorrentes, falhas os princípios técnicos básicos e as melhores técni-
de isolamento, aquecimentos ou outras condições cas de segurança aplicáveis ao serviço.
anormais de operação. 10.11.8 A alternância de atividades deve considerar a
10.9.5 Os serviços em instalações elétricas nas áre- análise de riscos das tarefas e a competência dos
as classificadas somente poderão ser realizados trabalhadores envolvidos, de forma a garantir a se-
mediante permissão para o trabalho com libera- gurança e a saúde no trabalho.
ção formalizada, conforme estabelece o item 10.5 10.12 - SITUAÇÃO DE EMERGÊNCIA
ou supressão do agente de risco que determina a 10.12.1 As ações de emergência que envolvam as ins-
classificação da área. talações ou serviços com eletricidade devem cons-
10.10 - SINALIZAÇÃO DE SEGURANÇA tar do plano de emergência da empresa.
10.10.1 Nas instalações e serviços em eletricidade 10.12.2 Os trabalhadores autorizados devem estar
deve ser adotada sinalização adequada de segu- aptos a executar o resgate e prestar primeiros so-
rança, destinada à advertência e à identificação, corros a acidentados, especialmente por meio de
obedecendo ao disposto na NR-26 – Sinalização reanimação cardiorrespiratória.
de Segurança, de forma a atender, dentre outras, 10.12.3 A empresa deve possuir métodos de resgate
as situações a seguir: padronizados e adequados às suas atividades, dis-
ponibilizando os meios para a sua aplicação.
a) identificação de circuitos elétricos;
10.12.4 Os trabalhadores autorizados devem estar
b) travamentos e bloqueios de dispositivos e sistemas
aptos a manusear e operar equipamentos de pre-
de manobra e comandos;
venção e combate a incêndio existentes nas insta-
c) restrições e impedimentos de acesso;
lações elétricas.
d) delimitações de áreas;
10.13 - RESPONSABILIDADES
e) sinalização de áreas de circulação, de vias públicas,
10.13.1 As responsabilidades quanto ao cumprimento
de veículos e de movimentação de cargas;
desta NR são solidárias aos contratantes e contra-
f) sinalização de impedimento de energização;
tados envolvidos.
g) identificação de equipamento ou circuito impedi-
10.13.2 É de responsabilidade dos contratantes man-
do.
ter os trabalhadores informados sobre os riscos a
10.11 - PROCEDIMENTOS DE TRABALHO
que estão expostos, instruindo-os quanto aos pro-
10.11.1 Os serviços em instalações elétricas devem
cedimentos e medidas de controle contra os riscos
ser planejados e realizados em conformidade com
elétricos a serem adotados.
procedimentos de trabalho específicos, padroniza-
10.13.3 Cabe à empresa, na ocorrência de acidentes
dos, com descrição detalhada de cada tarefa, pas-
de trabalho envolvendo instalações e serviços em
so a passo, assinados por profissional que atenda
eletricidade, propor e adotar medidas preventivas
ao que estabelece o item 10.8 desta NR.
e corretivas.
10.11.2 Os serviços em instalações elétricas devem
10.13.4 Cabe aos trabalhadores:
ser precedidos de ordens de serviço especificas,
a) zelar pela sua segurança e saúde e a de outras pes-
aprovadas por trabalhador autorizado, contendo,
soas que possam ser afetadas por suas ações ou
no mínimo, o tipo, a data, o local e as referências
omissões no trabalho;
aos procedimentos de trabalho a serem adotados.
b) responsabilizar-se junto com a empresa pelo cum-
10.11.3 Os procedimentos de trabalho devem con-
ter, no mínimo, objetivo, campo de aplicação, base primento das disposições legais e regulamentares,
técnica, competências e responsabilidades, dispo- inclusive quanto aos procedimentos internos de
sições gerais, medidas de controle e orientações segurança e saúde; e
finais. c) comunicar, de imediato, ao responsável pela execu-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

10.11.4 Os procedimentos de trabalho, o treinamento ção do serviço as situações que considerar de risco
de segurança e saúde e a autorização de que tra- para sua segurança e saúde e a de outras pessoas.
ta o item 10.8 devem ter a participação em todo 10.14 - DISPOSIÇÕES FINAIS
processo de desenvolvimento do Serviço Especia- 10.14.1 Os trabalhadores devem interromper suas ta-
lizado de Engenharia de Segurança e Medicina do refas exercendo o direito de recusa, sempre que
Trabalho - SESMT, quando houver. constatarem evidências de riscos graves e imi-
10.11.5 A autorização referida no item 10.8 deve estar nentes para sua segurança e saúde ou a de outras
em conformidade com o treinamento ministrado, pessoas, comunicando imediatamente o fato a seu
previsto no Anexo III desta NR. (Alterado pela Por- superior hierárquico, que diligenciará as medidas
taria MTPS n.º 509, de 29 de abril de 2016) cabíveis.

71
10.14.2 As empresas devem promover ações de con- f) tanques metálicos de superfície para armazena-
trole de riscos originados por outrem em suas ins- mento e estocagem de produtos finais ou de ma-
talações elétricas e oferecer, de imediato, quando térias primas, não enterrados e com fundo apoiado
cabível, denúncia aos órgãos competentes. sobre o solo, com diâmetro externo maior do que 3
10.14.3 Na ocorrência do não cumprimento das nor- m (três metros), capacidade nominal maior do que
mas constantes nesta NR, o MTE adotará as provi- 20.000 L (vinte mil litros), e que contenham fluidos
dências estabelecidas na NR-03. de classe A ou B, conforme a alínea “a” do subitem
10.14.4 A documentação prevista nesta NR deve estar 13.5.1.2 desta NR.
permanentemente à disposição dos trabalhadores 13.2.2 Os equipamentos abaixo referenciados de-
que atuam em serviços e instalações elétricas, res- vem ser inspecionados sob a responsabilidade
peitadas as abrangências, limitações e interferên- técnica de PH, considerando recomendações do
cias nas tarefas. 10.14.5 A documentação prevista fabricante, códigos e normas nacionais ou interna-
nesta NR deve estar, permanentemente, à disposi- cionais a eles relacionados, bem como submetidos
ção das autoridades competentes. a manutenção, ficando dispensados do cumpri-
10.14.6 Esta NR não é aplicável a instalações elétricas mento dos demais requisitos desta NR:
alimentadas por extra-baixa tensão. a) recipientes transportáveis, vasos de pressão des-
tinados ao transporte de produtos, reservatórios
portáteis de fluido comprimido e extintores de in-
2. Norma Regulamentadora 13: Caldeiras e Va- cêndio;
sos de Pressão e Tubulações b) recipientes transportáveis de Gás Liquefeito de Pe-
tróleo - GLP - com volume interno menor do que
Esta NR estabelece os procedimentos obrigató- 500 L (quinhentos litros) e certificados pelo INME-
rios para garantir a integridade física de caldeiras, vasos TRO;
de pressão e as tubulações que estiverem interligadas a
c) vasos de pressão destinados à ocupação humana;
eles. Serviços de operação e manutenção, e supervisão
d) vasos de pressão que façam parte de sistemas au-
de inspeção de caldeiras, vasos de pressão e tubulações,
xiliares de pacote de máquinas;
em conformidade com a regulamentação profissional vi-
e) vasos de pressão sujeitos apenas à condição de vá-
gente no país.
cuo inferior a 5 kPa (cinco quilo pascais) em módu-
lo, independente da classe do fluido contido;
NR 13 - NORMA REGULAMENTADORA 13 - CAL- f) dutos e seus componentes;
DEIRAS E VASOS DE PRESSÃO
g) fornos e serpentinas para troca térmica;
h) tanques e recipientes de superfície para armazena-
13.1 Introdução
mento e estocagem de  fluidos não enquadrados
13.1.1 Esta Norma Regulamentadora - NR estabele-
em normas e códigos de projeto relativos a vasos
ce requisitos mínimos para gestão da integridade
estrutural de caldeiras a vapor, vasos de pressão, de pressão e que não estejam enquadrados na alí-
suas tubulações de interligação e tanques metáli- nea “f” do subitem 13.2.1 desta NR;
cos de armazenamento nos aspectos relacionados i) vasos de pressão com diâmetro interno inferior a
à instalação,  inspeção, operação e manutenção, 150 mm (cento e cinquenta milímetros) para flui-
visando à segurança e à saúde dos trabalhadores. dos das classes B, C e D, conforme especificado na
13.1.2 O empregador é o responsável pela adoção alínea “a” do subitem13.5.1.2, e cujo produto P.V
das medidas determinadas nesta NR. seja superior a 8 (oito), onde P é a pressão máxima
13.2 Campo de Aplicação de operação em kPa, em módulo, e V o seu volume
13.2.1 Esta NR deve ser aplicada aos seguintes equi- interno em m3;
pamentos: j) trocadores de calor de placas corrugadas gaxeta-
a) todos os equipamentos enquadrados como caldei- das;
ras conforme subitens 13.4.1.1 e 13.4.1.2; k) geradores de vapor não enquadrados em códigos
b) vasos de pressão cujo produto P.V seja superior a 8 de vasos de pressão;
(oito), onde P é a pressão máxima de operação em l) tubos de sistemas de instrumentação com diâmetro
kPa, em módulo, e V o seu volume interno em m³; nominal ≤ 12,7 mm (doze milímetros e sete déci-
c) vasos de pressão que contenham fluido da classe mos) e com fluidos das classes A ou B, conforme
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

A, especificados na alínea “a” do subitem 13.5.1.2, especificado na alínea “a” do subitem 13.5.1.2;


independente das dimensões e do produto P.V; m) tubulações de redes públicas de distribuição de
d) recipientes móveis com P.V superior a 8 (oito) ou gás;
com fluido da classe A, especificado na alínea “a” n) vasos de pressão fabricados em Plástico Reforça-
do subitem 13.5.1.2. do de Fibra de Vidro - PRFV, contendo fluidos das
e) tubulações ou sistemas de tubulação ligados a classes A ou B, conforme especificado na alínea “a”
caldeiras ou vasos de pressão, categorizados, con- do subitem 13.5.1.2, com volume interno maior do
forme subitens 13.4.1.2 e 13.5.1.2, que contenham que 160 L (cento e sessenta litros) e pressão máxi-
fluidos de classe A ou B, conforme a alínea “a” do
ma de operação interna maior do que 50 kPa (cin-
subitem 13.5.1.2 desta NR;
quenta quilo pascais);

72
o) vasos de pressão fabricados em PRFV, sujeitos à 13.3.2.1 O PH, definido no subitem 13.3.2, pode ob-
condição de vácuo, contendo fluidos das classes A ter voluntariamente a  certificação de suas com-
ou B, conforme especificado na alínea “a” subitem petências profissionais através de um Organismo
13.5.1.2, com volume interno maior do que 160 L de Certificação de Pessoas - OPC acreditado pela
(cento e sessenta litros) e vácuo maior do que 5 Coordenação Geral de Acreditação do Instituto
kPa (cinco quilo pascais) e cujo produto P.V seja Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia -
superior a 8 (oito), onde P é a pressão máxima de Cgcre/INMETRO, conforme estabelece o Anexo III
operação (vácuo) em kPa, em módulo, e V o seu desta NR.
volume interno em m³. 13.3.3 Todos os reparos ou alterações em equipamen-
13.3 Disposições Gerais tos abrangidos por esta NR devem respeitar os
13.3.1 Constitui condição de Risco Grave e Iminente respectivos códigos de projeto e pós-construção
- RGI o não cumprimento de qualquer item previs- e as prescrições do fabricante no que se refere a:
to nesta NR que possa causar acidente ou doença a) materiais;
relacionada ao trabalho, com lesão grave à integri- b) procedimentos de execução;
dade física do trabalhador, especialmente: c) procedimentos de controle de qualidade;
a) operação de equipamentos abrangidos por esta d) qualificação e certificação de pessoal.
NR sem os dispositivos de segurança previstos 13.3.3.1 Quando não for conhecido o código de pro-
conforme alínea “a” do subitem 13.4.1.3, alínea “a” jeto, deve ser respeitada a concepção original do
do subitem 13.5.1.3 e subitens 13.6.1.2 e 13.7.1.2; vaso de pressão, caldeira, tubulação ou tanques
b) atraso na inspeção de segurança periódica de cal- metálicos de armazenamento, empregando-se os
deiras; procedimentos de controle prescritos pelos códi-
c) bloqueio de dispositivos de segurança de caldei- gos aplicáveis a esses equipamentos.
ras, vasos de pressão e  tubulações, sem a devida 13.3.3.2 A critério do PH podem ser utilizadas tecno-
justificativa técnica baseada em códigos, normas logias de cálculo ou procedimentos mais avança-
ou procedimentos  formais de operação do equi- dos, em substituição aos previstos pelos códigos
pamento; de projeto.
d) ausência de dispositivo operacional de controle do 3.3.3.3 Projetos de alteração ou reparo devem ser
nível de água de caldeira; concebidos previamente nas seguintes situações:
e) operação de equipamento enquadrado nesta NR a) sempre que as condições de projeto forem modi-
com deterioração atestada por meio de recomen- ficadas;
dação de sua retirada de operação constante de b) sempre que forem realizados reparos que possam
parecer conclusivo em relatório de inspeção de se- comprometer a segurança.
gurança, de acordo com seu respectivo código de 13.3.3.4 Os projetos de alterações ou reparo devem:
projeto ou de adequação ao uso; a) ser concebidos ou aprovados por PH;
f) operação de caldeira por trabalhador que não aten- b) determinar materiais, procedimentos de execução,
da aos requisitos estabelecidos no Anexo I desta controle de qualidade e qualificação de pessoal;
NR, ou que não esteja sob supervisão, acompa- c) ser divulgados para os empregados do estabeleci-
nhamento ou  assistência específica de operador mento que estão envolvidos com o equipamento.
qualificado. 13.3.3.5 Todas as intervenções que exijam mandrilha-
13.3.1.1 Por motivo de força maior e com justificativa mento ou soldagem em partes que operem sob
formal do empregador, acompanhada por análi- pressão devem ser objeto de exames ou testes
se técnica e respectivas medidas de contingência para controle da qualidade com parâmetros de-
para mitigação dos riscos, elaborada por Profissio- finidos pelo PH, de acordo com normas ou códi-
nal Habilitado - PH ou por grupo multidisciplinar gos aplicáveis.
por ele coordenado, pode ocorrer postergação de 13.3.4 Os sistemas de controle e segurança das cal-
até 6 (seis) meses do prazo previsto para a inspe- deiras, dos vasos de pressão, das tubulações e dos
ção de segurança periódica da caldeira. tanques metálicos de armazenamento devem ser
13.3.1.1.1 O empregador deve comunicar ao sindica- submetidos à manutenção preventiva ou preditiva.
to dos trabalhadores da categoria predominante 13.3.5 O empregador deve garantir que os exames
do estabelecimento a justificativa formal para pos- e testes em caldeiras, vasos depressão, tubulações
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

tergação da inspeção de segurança periódica da e tanques metálicos de armazenamento sejam


caldeira. executados em condições de segurança para seus
13.3.2 Para efeito desta NR, considera-se PH aque- executantes e demais trabalhadores envolvidos.
le que tem competência legal para o exercício da 13.3.6 O empregador deve comunicar ao órgão re-
profissão de engenheiro nas atividades referentes gional do Ministério do Trabalho e ao sindicato da
a projeto de construção, acompanhamento da categoria profissional predominante do estabele-
operação e da manutenção, inspeção e supervisão cimento a ocorrência de vazamento, incêndio ou
de inspeção de caldeiras, vasos de pressão, tubula- explosão envolvendo equipamentos abrangidos
ções e tanques metálicos de armazenamento, em nesta NR que tenha como consequência uma das
conformidade com a regulamentação profissional situações a seguir:
vigente no País. a) morte de trabalhador(es);

73
b) acidentes que implicaram em necessidade de in- b) caldeiras da categoria B são aquelas cuja a pressão
ternação hospitalar de trabalhador(es); de operação seja superior a 60 kPa (0,61 kgf/cm²) e
c) eventos de grande proporção. inferior a 1 960 kPa (19,98 kgf/cm2), volume interno
13.3.6.1 A comunicação deve ser encaminhada até o superior a 100  L (cem litros) e o produto entre a
segundo dia útil após a ocorrência e deve conter: pressão de operação em kPa e o volume interno
a) razão social do empregador, endereço, local, data e em m³ seja superior a 6 (seis).
hora da ocorrência; 13.4.1.3 As caldeiras devem ser dotadas dos seguintes
b) descrição da ocorrência; itens:
c) nome e função da(s) vítima(s); a) válvula de segurança com pressão de abertura
d) procedimentos de investigação adotados; ajustada em valor igual ou inferior a Pressão Má-
e) cópia do último relatório de inspeção de segurança xima de Trabalho Admissível - PMTA, considerados
do equipamento envolvido; os requisitos do código de projeto relativos a aber-
f) cópia da Comunicação de Acidente de Trabalho - turas escalonadas e tolerâncias de calibração;
CAT. b) instrumento que indique a pressão do vapor acu-
13.3.6.2 Na ocorrência de acidentes previstos no subi- mulado;
tem 13.3.6, o empregador deve comunicar a repre- c) injetor ou sistema de alimentação de água indepen-
sentação sindical dos trabalhadores predominante dente do principal que evite o superaquecimento
do estabelecimento para compor uma comissão por alimentação deficiente, acima das temperatu-
de investigação. ras de projeto, de caldeiras de combustível sólido
13.3.6.3 Os trabalhadores, com base em sua capacita- não atomizado ou com queima em suspensão;
ção e experiência, devem interromper suas tarefas, d) sistema dedicado de drenagem rápida de água em
exercendo o direito de recusa, sempre que cons- caldeiras de recuperação de álcalis, com ações au-
tatarem evidências de riscos graves e iminentes tomáticas após acionamento pelo operador;
para sua segurança e saúde ou de outras pessoas, e) sistema automático de controle do nível de água
comunicando imediatamente o fato a seu superior com intertravamento que evite o superaquecimen-
hierárquico. (Dispositivo revogado pela Portaria to por alimentação deficiente.
n° 915/2019 - DOU 31/07/2019) 13.4.1.4 Toda caldeira deve ter afixada em seu cor-
13.3.6.3.1 É dever do empregador:(Dispositivo re- po, em local de fácil acesso e bem visível, placa de
vogado pela Portaria n° 915/2019 - DOU identificação indelével com, no mínimo, as seguin-
31/07/2019) tes informações:
a) assegurar aos trabalhadores o direito de interrom- a) nome do fabricante;
per suas atividades, exercendo o direito de recusa b) número de ordem dado pelo fabricante da caldeira;
nas situações previstas no subitem 13.3.6.3, e em c) ano de fabricação;
consonância com o subitem 9.6.3 da Norma Regu- d) pressão máxima de trabalho admissível;
lamentadora n.º 09 (NR-09); e) pressão de teste hidrostático de fabricação;
b) diligenciar de imediato as medidas cabíveis para o f) capacidade de produção de vapor;
controle dos riscos.  g) área de superfície de aquecimento;
13.3.6.4 O empregador deve apresentar, quando exi- h) código de projeto e ano de edição.
gida pela autoridade competente do órgão regio- 13.4.1.5 Além da placa de identificação, deve constar,
nal do Ministério do Trabalho, a documentação em local visível, a categoria da caldeira, conforme
mencionada nos subitens 13.4.1.6, 13.5.1.6, 13.6.1.4 definida no subitem 13.4.1.2 desta NR, e seu nú-
e 13.7.1.4.(Dispositivo revogado pela Portaria n° mero ou código de identificação.
915/2019 - DOU 31/07/2019) 13.4.1.6 Toda caldeira deve possuir, no estabeleci-
13.3.7 É proibida a fabricação, importação, comer- mento onde estiver instalada, a seguinte docu-
cialização, leilão, locação, cessão a qualquer títu- mentação devidamente atualizada:
lo, exposição e utilização de caldeiras e vasos de a) Prontuário da caldeira, fornecido por seu fabrican-
pressão sem a declaração do respectivo código de te, contendo as seguintes informações:
projeto em seu prontuário e sua indicação na placa - código de projeto e ano de edição;
de identificação. - especificação dos materiais;
13.4 Caldeiras - procedimentos utilizados na fabricação, montagem
13.4.1 Disposições Gerais e inspeção final;
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

13.4.1.1 Caldeiras a vapor são equipamentos destina- - metodologia para estabelecimento da PMTA;
dos a produzir e acumular vapor sob pressão su- - registros da execução do teste hidrostático de fa-
perior à atmosférica, utilizando qualquer fonte de bricação;
energia, projetados conforme códigos pertinentes, - conjunto de desenhos e demais dados necessários
excetuando-se refervedores e similares. para o monitoramento da vida útil da caldeira;
13.4.1.2 Para os propósitos desta NR, as caldeiras são - características funcionais;
classificadas em 2 (duas)categorias, conforme se- - dados dos dispositivos de segurança;
gue: - ano de fabricação;
a) caldeiras da categoria A são aquelas cuja pressão - categoria da caldeira;
de operação é igual ou superior a 1.960 kPa (19,98 b) Registro de Segurança, em conformidade com o
kgf/cm²), com volume superior a 100 L (cem litros); subitem 13.4.1.9;

74
c) projeto de instalação, em conformidade com o su- - de depósitos de combustíveis, excetuando-se re-
bitem 13.4.2.1; servatórios para partida com até 2 000 L (dois mil
d) projeto de alteração ou reparo, em conformidade litros) de capacidade;
com os subitens 13.3.3.3 e 13.3.3.4; - do limite de propriedade de terceiros;
e) relatórios de inspeção de segurança, em conformi- - do limite com as vias públicas;
dade com o subitem 13.4.4.16; b) dispor de pelo menos 2 (duas) saídas amplas, per-
f) certificados de calibração dos dispositivos de se- manentemente desobstruídas, sinalizadas e dis-
gurança. postas em direções distintas;
13.4.1.7 Quando inexistente ou extraviado, o prontu- c) dispor de acesso fácil e seguro, necessário à ope-
ário da caldeira deve ser reconstituído pelo empre- ração e à manutenção da caldeira, sendo que, para
gador, com responsabilidade técnica do fabricante guarda-corpos vazados, os vãos devem ter dimen-
ou de PH, sendo imprescindível a reconstituição sões que impeçam a queda de pessoas;
das características funcionais, dos dados dos dis- d) ter sistema de captação e lançamento dos gases e
positivos de segurança e memória de cálculo da material particulado, provenientes da combustão,
PMTA. para fora da área de operação atendendo às nor-
13.4.1.8 Quando a caldeira for vendida ou transferida mas ambientais vigentes;
de estabelecimento, os documentos mencionados e) dispor de iluminação conforme normas oficiais vi-
nas alíneas “a”, “d”, e “e” do subitem 13.4.1.6 de- gentes;
vem acompanhá-la. f) ter sistema de iluminação de emergência caso ope-
13.4.1.9 O Registro de Segurança deve ser constituído re à noite.
por livro de páginas numeradas, pastas ou sistema 13.4.2.4 Quando a caldeira estiver instalada em am-
informatizado do estabelecimento com segurança biente fechado, a casa de caldeiras deve satisfazer
da informação onde serão registradas: os seguintes requisitos:
a) todas as ocorrências importantes capazes de influir a) constituir prédio separado, construído de material
nas condições de segurança da caldeira; resistente ao fogo, podendo  ter apenas uma pa-
b) as ocorrências de inspeções de segurança inicial, rede adjacente a outras instalações do estabele-
periódica e extraordinária, devendo constar a con- cimento, porém com as outras paredes afastadas
dição operacional da caldeira, o nome legível e as- de, no mínimo, 3,0 m (três metros) de outras ins-
sinatura de PH e do operador de caldeira presente talações, do limite de propriedade de terceiros, do
na ocasião da inspeção. limite com as vias públicas e de depósitos de com-
13.4.1.10 Caso a caldeira venha a ser considerada ina- bustíveis, excetuando-se reservatórios para partida
dequada para uso, o Registro de Segurança deve com até 2.000 L (dois mil litros) de capacidade;
conter tal informação e receber encerramento for- b) dispor de pelo menos 2 (duas) saídas amplas, per-
mal. manentemente desobstruídas, sinalizadas e dis-
13.4.1.11 A documentação referida no subitem postas em direções distintas;
13.4.1.6 deve estar sempre à disposição para consul- c) dispor de ventilação permanente com entradas de
ta dos operadores, do pessoal de manutenção, de ar que não possam ser bloqueadas;
inspeção e das representações dos trabalhadores e d) dispor de sensor para detecção de vazamento de
do empregador na Comissão Interna de Prevenção gás quando se tratar de caldeira a combustível ga-
de Acidentes - CIPA, devendo o empregador asse- soso;
gurar livre e pleno acesso a essa documentação, e) não ser utilizada para qualquer outra finalidade;
inclusive à representação sindical da categoria pro- f) dispor de acesso fácil e seguro, necessário à opera-
fissional predominante do estabelecimento, quan- ção e à manutenção da caldeira, sendo que, para
do formalmente solicitado. guarda-corpos vazados, os vãos devem ter dimen-
13.4.2 Instalação de caldeiras a vapor sões que impeçam a queda de pessoas;
g) ter sistema de captação e lançamento dos gases e
13.4.2.1 A autoria do projeto de instalação de caldei-
material particulado, provenientes da combustão,
ras a vapor, no que concerne ao atendimento desta
para fora da área de operação, atendendo às nor-
NR, é de responsabilidade de PH, e deve obedecer
mas ambientais vigentes;
aos aspectos de segurança, saúde e meio ambiente
h) dispor de iluminação conforme normas oficiais vi-
previstos nas Normas Regulamentadoras, conven-
gentes e ter sistema de iluminação de emergência.
ções e disposições legais aplicáveis.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

13.4.2.5 Quando o estabelecimento não puder aten-


13.4.2.2 As caldeiras de qualquer estabelecimento
der ao disposto nos subitens 13.4.2.3 e 13.4.2.4,
devem ser instaladas em casa de caldeiras ou em
deve ser elaborado projeto alternativo de instala-
local específico para tal fim, denominado área de ção, com medidas complementares de segurança,
caldeiras. que permitam a atenuação dos riscos, comunican-
13.4.2.3 Quando a caldeira for instalada em ambiente do previamente a representação sindical dos tra-
aberto, a área de caldeiras deve satisfazer aos se- balhadores predominante do estabelecimento.
guintes requisitos: 13.4.2.6 As caldeiras classificadas na categoria A de-
a) estar afastada de, no mínimo, 3,0 m (três metros) vem possuir painel de instrumentos instalados em
de: sala de controle, construída segundo o que esta-
- outras instalações do estabelecimento; belecem as Normas Regulamentadoras aplicáveis.

75
13.4.3 Segurança na operação de caldeiras a) 12 (doze) meses para caldeiras das categorias A e B;
13.4.3.1 Toda caldeira deve possuir manual de opera- b) 15 (quinze) meses para caldeiras de recuperação
ção atualizado, em língua portuguesa, em local de de álcalis de qualquer categoria;
fácil acesso aos operadores, contendo no mínimo: c) 24 (vinte e quatro) meses para caldeiras da ca-
a) procedimentos de partidas e paradas; tegoria A, desde que aos 12  (doze) meses sejam
b) procedimentos e parâmetros operacionais de ro- testadas as pressões de abertura das válvulas de
segurança.
tina;
13.4.4.5 Estabelecimentos que possuam SPIE, confor-
c) procedimentos para situações de emergência;
me estabelecido no Anexo II, podem estender seus
d) procedimentos gerais de segurança, saúde e de períodos entre inspeções de segurança, respeitan-
preservação do meio ambiente. do os seguintes prazos máximos:
13.4.3.2 Os instrumentos e controles de caldeiras de- a) 24 (vinte e quatro) meses para as caldeiras de recu-
vem ser mantidos calibrados e em boas condições peração de álcalis;
operacionais. b) 24 (vinte e quatro) meses para as caldeiras da ca-
13.4.3.2.1 A inibição provisória dos instrumentos e tegoria B;
controles é permitida, desde que mantida a segu- c) 30 (trinta) meses para caldeiras da categoria A.
rança operacional, e que esteja prevista nos proce- 13.4.4.6 O prazo de inspeção de segurança inter-
dimentos formais de operação e manutenção, ou na de caldeiras categoria A que atendam ao item
com justificativa formalmente documentada, com 13.4.4.6.2 pode ser de até 48 (quarenta e oito) me-
prévia análise técnica e respectivas medidas de ses desde que disponham de barreira de proteção
contingência para mitigação dos riscos elaborada implementada por meio de Sistema Instrumentado
pelo responsável técnico do processo, com anuên- de Segurança - SIS definido por estudos de confia-
cia do PH. bilidade, auditados por Organismo de Certificação
13.4.3.3 A qualidade da água deve ser controlada e de SPIE.
tratamentos devem ser implementados, quando 13.4.4.6.1 O empregador deve comunicar formal-
necessários, para compatibilizar suas propriedades mente à representação sindical  da categoria pro-
físico-químicas com os parâmetros de operação da fissional predominante do estabelecimento a im-
caldeira definidos pelo fabricante. plementação dos novos prazos de inspeção de
13.4.3.4 Toda caldeira a vapor deve estar obrigato- segurança destas caldeiras.
riamente sob operação e controle de operador de 13.4.4.6.2 As caldeiras que operam de forma contínua
caldeira. podem ser consideradas com SIS quando todas as
13.4.3.5 É considerado operador de caldeira aquele condições a seguir forem satisfeitas:
que satisfizer o disposto no  item “A” do Anexo I a) estiverem instaladas em estabelecimentos que
desta NR. possuam SPIE Certificado citado no Anexo II;
13.4.4 Inspeção de segurança de caldeiras. b) possuírem análise formal realizada por responsável
13.4.4.1 As caldeiras devem ser submetidas a inspe- técnico identificando os riscos que podem ser mi-
ções de segurança inicial, periódica e extraordiná- tigados por funções instrumentadas de segurança
ria. e quantificando o nível de integridade de seguran-
13.4.4.2 A inspeção de segurança inicial deve ser feita ça (SIL) requerido para mitigar cada um dos ris-
em caldeiras novas, antes da entrada em funciona- cos identificados, conforme normas internacionais;
mento, no local definitivo de instalação, devendo c) disponham de SIS em conformidade com os subi-
compreender exame interno, seguido de teste de tens 13.4.4.6.3 a 13.4.4.6.6;
estanqueidade e exame externo. d) o SIS seja testado conforme estudo específico de
13.4.4.3 As caldeiras devem obrigatoriamente ser confiabilidade das funções instrumentadas de se-
submetidas a Teste Hidrostático - TH em sua fase
gurança;
de fabricação, com comprovação por meio de lau-
e) exista parecer técnico do PH e do responsável téc-
do assinado por PH, e ter o valor da pressão de
nico sobre o SIS fundamentando a decisão de ex-
teste afixado em sua placa de identificação.
tensão de prazo;
13.4.4.3.1 Na falta de comprovação documental de
f) atender ao que consta no subitem 13.4.3.3, quanto
que o Teste Hidrostático - TH tenha sido realiza-
à qualidade da água;
do na fase de fabricação, se aplicará o disposto a
seguir: g) exista controle de deterioração dos materiais que
a) para as caldeiras fabricadas ou importadas a partir compõem as principais partes da caldeira.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

da vigência da Portaria do MTE n.º 594, de 28 de 13.4.4.6.3 As caldeiras devem dispor de SIS com pro-
abril de 2014, o TH deve ser feito durante a inspe- jeto baseado em estudo de confiabilidade para
ção de segurança inicial; este fim, que garanta execução segura da sequên-
b) para as caldeiras em operação antes da vigência cia de acendimento e o bloqueio automático dos
da Portaria do MTE n.º 594, de 28 de abril de 2014, combustíveis em casos de perda do controle de
a execução do TH fica a critério do PH e, caso seja combustão ou da geração de vapor.
necessária, deve ser executada até a próxima ins- 13.4.4.6.4 O proprietário deve comprovar, através de
peção de segurança periódica interna. toda a documentação de projeto e de seu comis-
13.4.4.4 A inspeção de segurança periódica, constitu- sionamento, que o SIS da caldeira foi projetado,
ída por exames interno e externo, deve ser execu- adquirido, instalado e testado adequadamente pe-
tada nos seguintes prazos máximos: los responsáveis técnicos.

76
13.4.4.6.5 Alterações nas funções instrumentadas de c) redundância de sistemas de segurança nos painéis
segurança do SIS, sejam provisórias ou definitivas, de comando;
devem ser registradas e aprovadas formalmente d) gerenciador com o registro dos alarmes ativos e
pelos responsáveis técnicos. inativos.
13.4.4.6.6 O proprietário deve comprovar, através de 13.4.4.7.5 O proprietário deve comprovar, através de
registros, que o SIS da caldeira é mantido adequa- toda a documentação de projeto e de comissiona-
damente de acordo com procedimentos específi- mento, que o SGC da nova caldeira categoria B foi
cos definidos pelo fabricante ou seus responsáveis projetado, adquirido, instalado e testado adequa-
técnicos para a inspeção, testes e manutenção.
damente pelos responsáveis técnicos.
Esses eventos devem ser executados e aprovados
13.4.4.7.6 O proprietário deve comprovar, através
pelos responsáveis técnicos próprios ou contrata-
dos. de registros, que o SGC da caldeira categoria B é
13.4.4.7 Os prazos de inspeção de segurança interna mantido adequadamente de acordo com procedi-
de caldeiras de categoria B que operem de forma mentos específicos definidos pelo fabricante para
contínua, a partir da publicação desta NR, com a inspeção, testes e manutenção. Esses eventos de-
Sistema de Gerenciamento de Combustão - SGC vem ser executados e aprovados pelos responsá-
podem ser estendidos para 30 (trinta) meses, se to- veis técnicos próprios ou contratados e devem ser
das as condições a seguir forem satisfeitas: anotados no Registro de Segurança.
a) as caldeiras devem dispor de SGC em conformida- 13.4.4.7.7 Alterações nas funções instrumentadas de
de com os subitens 13.4.4.7.1 a 13.4.4.7.7; segurança do SGC, sejam provisórias ou definitivas,
b) o SGC deve ser comissionado conforme projeto devem ser registradas e aprovadas formalmente
das funções instrumentadas de segurança, reali- pelos responsáveis técnicos.
zado pelo proprietário, com apoio do fabricante, 13.4.4.8 No máximo, ao completar 25 (vinte e cinco)
com parecer formal de aceitação pelos responsá- anos de uso, na sua inspeção subsequente, as cal-
veis técnicos; deiras devem ser submetidas a uma avaliação de
c) existência de projeto técnico do fabricante aprova- integridade com maior abrangência para determi-
do por responsável técnico sobre o SGC; nar a sua vida remanescente e novos prazos máxi-
d) existência de controle periódico de deterioração mos para inspeção, caso ainda estejam em condi-
dos materiais que compõem  as principais partes ções de uso.
da caldeira, capaz de garantir a extensão do prazo; 13.4.4.9 As válvulas de segurança de caldeiras devem
e) operação em automático, sem opção de operação ser desmontadas, inspecionadas e calibradas com
em manual.  prazo adequado a sua manutenção, porém, não
13.4.4.7.1 O proprietário deve comunicar ao Órgão superior ao previsto para a inspeção de seguran-
Regional do Ministério do Trabalho e ao sindica- ça periódica das caldeiras por elas protegidos, de
to dos trabalhadores da categoria predominante acordo com os subitens 13.4.4.4 e 13.4.4.5.
do estabelecimento, até 30 (trinta) dias após o co- 13.4.4.9.1 As válvulas de segurança soldadas devem
missionamento da caldeira, o enquadramento com
ser testadas no campo, com uma frequência com-
SGC.
patível com o histórico operacional das mesmas,
13.4.4.7.2 As novas caldeiras categoria B com queima
sendo estabelecidos como limites máximos para
de combustíveis líquidos ou gasosos devem dispor
essas atividades os períodos de inspeção estabe-
de SGC definido no projeto pelo fabricante para
lecidos nos subitens 13.4.4.4 e 13.4.4.5.
este fim, que garanta a execução segura da sequ-
13.4.4.9.2 As caldeiras com SIS, conforme subitem
ência de acendimento e o bloqueio automático
13.4.4.6.2, devem ter as válvulas de segurança tes-
dos combustíveis em casos de perda do controle
tadas na pressão de abertura a cada 12 (doze) me-
de combustão ou da geração de vapor, prevendo
as seguintes funções de segurança: ses;
a) proteção de nível baixo de água; 13.4.4.10 As válvulas de segurança instaladas em cal-
b) sequenciamento de purga e acendimento; deiras de categoria B devem ser testadas periodi-
c) teste de estanqueidade de válvulas de bloqueio de camente conforme segue:
combustível; a) pelo menos 1 (uma) vez por mês, mediante acio-
d) proteção de pressão alta ou baixa do combustível namento manual da alavanca durante a operação
líquido ou gasoso; de caldeiras sem tratamento de água conforme o
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

e) proteção de falha de chama. subitem 13.4.3.3, exceto para aquelas que vapori-


13.4.4.7.3 As novas caldeiras categoria B com queima zem fluido térmico;
de combustíveis sólidos devem dispor de SGC de- b) as caldeiras que operem com água tratada devem
finido no projeto pelo fabricante para este fim, que ter a alavanca acionada manualmente quando
garanta o controle automático do nível de água e condições anormais forem detectadas.
da geração de vapor. 13.4.4.11 Adicionalmente aos testes prescritos nos
13.4.4.7.4 As novas caldeiras categoria B independen- subitens 13.4.4.9 e 13.4.4.10, as válvulas de segu-
te do combustível queimado devem possuir: rança instaladas em caldeiras podem ser submeti-
a) redundância de válvula de segurança; das a testes de acumulação, a critério do PH.
b) descarga de fundo automática visando a redução 13.4.4.12 A inspeção de segurança extraordinária
de incrustações; deve ser feita nas seguintes oportunidades:

77
a) sempre que a caldeira for danificada por aciden- 13.4.4.16.1 O relatório de inspeção de segurança
te ou outra ocorrência capaz de comprometer sua pode ser elaborado em sistema informatizado do
segurança; estabelecimento com segurança da informação,
b) quando a caldeira for submetida à alteração ou re- ou em mídia eletrônica com utilização de assina-
paro importante capaz de  alterar suas condições tura digital, desde que a assinatura seja validada
de segurança; por uma Autoridade Certificadora - AC.
c) antes de a caldeira ser recolocada em funciona- 13.4.4.17 As recomendações decorrentes da inspe-
mento, quando permanecer inativa por mais de 6 ção devem ser registradas e implementadas pelo
(seis) meses; empregador, com a determinação de prazos e res-
d) quando houver mudança de local de instalação da ponsáveis pela execução.
caldeira. 13.4.4.18 Sempre que os resultados da inspeção de-
13.4.4.13 A inspeção de segurança deve ser executa- terminarem alterações dos dados de projeto, a pla-
da sob a responsabilidade técnica de PH. ca de identificação e a documentação do prontuá-
13.4.4.14 Imediatamente após a inspeção da caldeira, rio devem ser atualizadas.
deve ser anotada no seu Registro de Segurança a 13.5 Vasos de Pressão
sua condição operacional, e, em até 60 (sessenta) 13.5.1 Disposições Gerais
dias, deve ser emitido o relatório, que passa a fazer 13.5.1.1 Vasos de pressão são equipamentos que con-
parte da sua documentação, podendo este prazo têm fluidos sob pressão  interna ou externa, dife-
ser estendido para 90 (noventa) dias em caso de rente da atmosférica.
parada geral de manutenção. 13.5.1.2 Para efeito desta NR, os vasos de pressão são
13.4.4.15 O empregador deve informar à representa- classificados em  categorias segundo a classe de
ção sindical da categoria profissional predominan- fluido e o potencial de risco.
te do estabelecimento, num prazo máximo de 30 a) os fluidos contidos nos vasos de pressão são clas-
(trinta) dias após o término da inspeção de segu- sificados conforme descrito a seguir:
rança, a condição operacional da caldeira. Classe A:
13.4.4.15.1 Mediante o recebimento de requisição - fluidos inflamáveis;
formal, o empregador deve  encaminhar à repre- - fluidos combustíveis com temperatura superior ou
sentação sindical predominante do estabelecimen- igual a 200 ºC (duzentos graus Celsius);
to, no prazo máximo de 10 (dez) dias após a sua - fluidos tóxicos com limite de tolerância igual ou in-
elaboração, a cópia do relatório de inspeção.
ferior a 20 ppm (vinte partes por milhão);
13.4.4.15.2 A representação sindical da categoria
- hidrogênio;
profissional predominante do estabelecimento
- acetileno.
pode solicitar ao empregador que seja enviada
Classe B:
de maneira regular cópia do relatório de inspeção
- fluidos combustíveis com temperatura inferior a 200
de segurança da caldeira em prazo de 30 (trinta)
ºC (duzentos graus Celsius);
dias após a sua elaboração, ficando o emprega-
- fluidos tóxicos com limite de tolerância superior a
dor desobrigado a atender os subitens 13.4.4.15
e13.4.4.15.1. 20 ppm (vinte partes por milhão).
13.4.4.16 O relatório de inspeção de segurança, men- Classe C:
cionado na alínea “e” do subitem 13.4.1.6, deve ser - vapor de água, gases asfixiantes simples ou ar com-
elaborado em páginas numeradas contendo no primido.
mínimo: Classe D:
a) dados constantes na placa de identificação da cal- - outro fluido não enquadrado acima.
deira; b) quando se tratar de mistura deve ser considerado
b) categoria da caldeira; para fins de classificação  o fluido que apresentar
c) tipo da caldeira; maior risco aos trabalhadores e instalações, consi-
d) tipo de inspeção executada; derando-se sua toxicidade, inflamabilidade e con-
e) data de início e término da inspeção; centração.
f) descrição das inspeções, exames e testes executa- c) os vasos de pressão são classificados em grupos de
dos; potencial de risco em função do produto P.V, onde
g) registros fotográficos do exame interno da caldei- P é a pressão máxima de operação em MPa, em
ra; módulo, e V o seu volume em m³, conforme segue:
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

h) resultado das inspeções e providências; Grupo 1 - P.V ≥ 100


i) relação dos itens desta NR, relativos a caldeiras, que Grupo 2 - P.V < 100 e P.V ≥ 30
não estão sendo atendidos; Grupo 3 - P.V < 30 e P.V ≥ 2,5
j) recomendações e providências necessárias; Grupo 4 - P.V < 2,5 e P.V ≥ 1
k) parecer conclusivo quanto à integridade da caldei- Grupo 5 - P.V < 1
ra até a próxima inspeção; d) a tabela a seguir classifica os vasos de pressão em
l) data prevista para a nova inspeção de segurança categorias de acordo com os grupos de potencial
da caldeira; de risco e a classe de fluido contido.
m) nome legível, assinatura e número do registro no
conselho profissional do PH e nome legível e assi-
natura de técnicos que participaram da inspeção.

78
CATEGORIAS DE VASOS DE PRESSÃO

Notas:
a) considerar volume em m³ e pressão em MPa;
b) considerar 1 MPa correspondente a 10,197 kgf/cm².
13.5.1.3 Os vasos de pressão devem ser dotados dos seguintes itens:
a) válvula de segurança ou outro dispositivo de segurança com pressão de abertura ajustada em valor igual ou
inferior à PMTA, instalado diretamente no vaso ou no sistema que o inclui, considerados os requisitos do código
de projeto relativos a aberturas escalonadas e tolerâncias de calibração;
b) vasos de pressão submetidos a vácuo devem ser dotados de dispositivos de segurança ou outros meios previstos
no projeto; se também submetidos à pressão positiva devem atender à alínea “a” deste subitem;
c) sistema de segurança que defina formalmente o(s) meio(s) para evitar o bloqueio inadvertido de dispositivos de
segurança (Dispositivo Contra Bloqueio Inadvertido - DCBI),sendo que, na inexistência de tal sistema formalmen-
te definido, deve ser utilizado no mínimo um dispositivo físico associado à sinalização de advertência;
d) instrumento que indique a pressão de operação, instalado diretamente no vaso ou no sistema que o contenha.
13.5.1.4 Todo vaso de pressão deve ter afixado em seu corpo, em local de fácil acesso e bem visível, placa de iden-
tificação indelével com, no mínimo, as seguintes informações:
a) fabricante;
b) número de identificação;
c) ano de fabricação;
d) pressão máxima de trabalho admissível;
e) pressão de teste hidrostático de fabricação;
f) código de projeto e ano de edição.
13.5.1.5 Além da placa de identificação, deve constar, em local visível, a categoria do vaso, conforme subitem
3.5.1.2, e seu número ou código de identificação.
13.5.1.6 Todo vaso de pressão deve possuir, no estabelecimento onde estiver instalado, a seguinte documentação
devidamente atualizada:
a) prontuário do vaso de pressão a ser fornecido pelo fabricante, contendo as seguintes informações:
- código de projeto e ano de edição;
- especificação dos materiais;
- procedimentos utilizados na fabricação, montagem e inspeção final;
- metodologia para estabelecimento da PMTA;
- conjunto de desenhos e demais dados necessários para o monitoramento da sua vida útil;
- pressão máxima de operação;
- registros documentais do teste hidrostático;
- características funcionais, atualizadas pelo empregador, sempre que alteradas as originais;
- dados dos dispositivos de segurança, atualizados pelo empregador sempre que alterados os originais;
- ano de fabricação;
- categoria do vaso, atualizada pelo empregador sempre que alterada a original;
b) Registro de Segurança em conformidade com o subitem 13.5.1.8;
c) projeto de alteração ou reparo em conformidade com os subitens 13.3.3.3 e 13.3.3.4;
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

d) relatórios de inspeção em conformidade com o subitem 13.5.4.14;


e) certificados de calibração dos dispositivos de segurança, onde aplicável.
13.5.1.7 Quando inexistente ou extraviado, o prontuário do vaso de pressão deve ser reconstituído pelo emprega-
dor, com responsabilidade técnica do fabricante ou de PH, sendo imprescindível a reconstituição das premissas
de projeto, dos dados dos dispositivos de segurança e da memória de cálculo da PMTA.
13.5.1.7.1 Vasos de pressão construídos sem códigos de projeto, instalados antes da publicação desta Norma, para
os quais não seja possível a reconstituição da memória de cálculo por códigos reconhecidos, devem ter PMTA
atribuída por PH a partir dos dados operacionais e serem submetidos a inspeções periódicas, conforme os pra-
zos abaixo:
a) 01 ano, para inspeção de segurança periódica externa;
b) 03 anos, para inspeção de segurança periódica interna.

79
13.5.1.7.2 A empresa deve elaborar um Plano de 13.5.2.4 A instalação de vasos de pressão deve obe-
Ação para realização de inspeção extraordinária decer aos aspectos de segurança, saúde e meio
especial de todos os vasos relacionados no subi- ambiente previstos nas Normas Regulamentado-
tem 13.5.1.7.1. (Prazo para cumprimento de até ras, convenções e disposições legais aplicáveis.
60(sessenta) dias após a publicação da Portaria 13.5.2.5 Quando o estabelecimento não puder aten-
nº 1082/2018 - vide art.8º)  der ao disposto no subitem 13.5.2.2 ou 13.5.2.3,
13.5.1.7.3 O prazo para implementação do proje- devem ser adotadas medidas formais complemen-
to de alteração ou de reparo não deve ser supe- tares de segurança que permitam a atenuação dos
rior à vida residual calculada quando da execu- riscos.
ção da inspeção extraordinária especial. (Prazo 13.5.3 Segurança na operação de vasos de pressão.
para cumprimento de até 10(dez) anos após 13.5.3.1 Todo vaso de pressão enquadrado nas ca-
a publicação da Portaria nº 1082/2018 - tegorias I ou II deve possuir manual de opera-
vide art.9º)  ção próprio ou instruções de operação contidas
13.5.1.8 O Registro de Segurança deve ser constituído no manual de operação de unidade onde estiver
por livro de páginas numeradas, pastas ou sistema instalado, em língua portuguesa, em local de fácil
informatizado do estabelecimento com segurança acesso aos operadores, contendo no mínimo:
da informação onde serão registradas: a) procedimentos de partidas e paradas;
a) todas as ocorrências importantes capazes de influir b) procedimentos e parâmetros operacionais de ro-
nas condições de segurança dos vasos de pressão; tina;
b) as ocorrências de inspeções de segurança inicial, c) procedimentos para situações de emergência;
periódica e extraordinária, devendo constar a con- d) procedimentos gerais de segurança, saúde e de
dição operacional do vaso, o nome legível e assi- preservação do meio ambiente.
natura de PH no caso de registro em livro físico ou 13.5.3.2 Os instrumentos e controles de vasos de
cópias impressas; pressão devem ser mantidos calibrados e em boas
13.5.1.8.1 O empregador deve fornecer cópias im-
condições operacionais.
pressas ou em mídia eletrônica de registros de se-
13.5.3.2.1 Poderá ocorrer a inibição provisória dos
gurança selecionadas pela representação sindical
instrumentos e controles, desde que mantida a se-
da categoria profissional predominante do estabe-
gurança operacional, e que esteja prevista nos pro-
lecimento, quando formalmente solicitadas.
cedimentos  formais de operação e manutenção,
13.5.1.9 A documentação referida no subitem 13.5.1.6
ou com justificativa formalmente documentada,
deve estar sempre à disposição para consulta dos
com prévia análise técnica e respectivas medidas
operadores, do pessoal de manutenção, de inspe-
de contingência para mitigação dos riscos, elabo-
ção e das representações dos trabalhadores e do
rada pelo responsável técnico do processo, com
empregador na CIPA, devendo o empregador as-
segurar livre e pleno acesso a essa documentação anuência do PH.
inclusive à representação sindical da categoria pro- 13.5.3.3 A operação de unidades de processo que
fissional predominante do estabelecimento, quan- possuam vasos de pressão de categorias I ou II
do formalmente solicitado. deve ser efetuada por profissional capacitado con-
13.5.2 Instalação de vasos de pressão. forme item “B” do Anexo I desta NR.
13.5.2.1 Todo vaso de pressão deve ser instalado de 13.5.4 Inspeção de segurança de vasos de pressão.
modo que todos os drenos, respiros, bocas de vi- 13.5.4.1 Os vasos de pressão devem ser submetidos
sita e indicadores de nível, pressão e temperatura, a inspeções de segurança inicial, periódica e extra-
quando existentes, sejam facilmente acessíveis. ordinária.
13.5.2.2 Quando os vasos de pressão forem instala- 13.5.4.2 A inspeção de segurança inicial deve ser feita
dos em ambientes fechados, a instalação deve sa- em vasos de pressão novos, antes de sua entrada
tisfazer os seguintes requisitos: em funcionamento, no local definitivo de instala-
a) dispor de pelo menos 2 (duas) saídas amplas, per- ção, devendo  compreender exames externo e in-
manentemente desobstruídas, sinalizadas e dis- terno.
postas em direções distintas; 13.5.4.3 Os vasos de pressão devem obrigatoriamen-
b) dispor de acesso fácil e seguro para as atividades te ser submetidos a Teste Hidrostático - TH em sua
de manutenção, operação e inspeção, sendo que, fase de fabricação, com comprovação por meio de
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

para guarda-corpos vazados, os vãos devem ter di- laudo assinado por PH, e ter o valor da pressão de
mensões que impeçam a queda de pessoas; teste afixado em sua placa de identificação.
c) dispor de ventilação permanente com entradas de 13.5.4.3.1 Na falta de comprovação documental de
ar que não possam ser bloqueadas; que o Teste Hidrostático - TH tenha sido realiza-
d) dispor de iluminação conforme normas oficiais vi- do na fase de fabricação, se aplicará o disposto a
gentes; seguir:
e) possuir sistema de iluminação de emergência. a) para os vasos de pressão fabricados ou importados
13.5.2.3 Quando o vaso de pressão for instalado em a partir da vigência da Portaria MTE n.º 594, de 28
ambiente aberto, a instalação deve satisfazer as alí- de abril de 2014, o TH deve ser feito durante a ins-
neas “a”, “b”, “d” e “e” do subitem 13.5.2.2. peção de segurança inicial;

80
b) para os vasos de pressão em operação antes da vigência da Portaria MTE n.º 594, de 28 de abril de 2014, a exe-
cução do TH fica a critério do PH e, caso seja necessária à sua realização, o TH deve ser realizado até a próxima
inspeção de segurança periódica interna.
13.5.4.4 Os vasos de pressão categorias IV ou V de fabricação em série, certificados pelo INMETRO, que possuam
válvula de segurança calibrada de fábrica ficam dispensados da inspeção inicial, desde que instalados de acordo
com as recomendações do fabricante.
13.5.4.4.1 Deve ser anotada no Registro de Segurança a data da instalação do vaso de pressão a partir da qual se
inicia a contagem do prazo para a inspeção de segurança periódica.
13.5.4.5 A inspeção de segurança periódica, constituída por exames externo e interno, deve obedecer aos seguintes
prazos máximos estabelecidos a seguir:

a) para estabelecimentos que não possuam SPIE, conforme citado no Anexo II:

b) para estabelecimentos que possuam SPIE, conforme citado no Anexo II, consideradas as tolerâncias nele previstas

13.5.4.6 Vasos de pressão que não permitam acesso visual para o exame interno ou externo por impossibilidade
física devem ser submetidos alternativamente a outros exames não destrutivos e metodologias de avaliação da
integridade, a critério do PH, baseados em normas e códigos aplicáveis à identificação de mecanismos de dete-
rioração.
13.5.4.7 As empresas que possuam SPIE certificado conforme Anexo II desta Norma podem executar, em vasos de
pressão de categorias I e II, uma INI, de acordo com a metodologia especificada na norma ABNT NBR 16455, des-
de que esta seja obrigatoriamente sucedida por um exame visual interno em um prazo máximo correspondente
a 50 % (cinquenta por cento) do intervalo determinado na alínea “b” do subitem 13.5.4.5 desta Norma.
13.5.4.7.1 O intervalo correspondente ao prazo máximo do subitem 13.5.4.7 deve ser contado a partir da data de
realização da INI.
13.5.4.8 Vasos de pressão com enchimento interno ou com catalisador podem ter a periodicidade de exame interno
ampliada, de forma a coincidir com a época da substituição de enchimentos ou de catalisador, desde que esta
ampliação seja precedida de estudos conduzidos por PH ou por grupo multidisciplinar por ele coordenado, ba-
seados em normas e códigos aplicáveis, onde sejam implementadas tecnologias alternativas para a avaliação da
sua integridade estrutural.
13.5.4.9 Vasos de pressão com temperatura de operação inferior a 0 ºC (zero graus Celsius) e que operem em condi-
ções nas quais a experiência mostre que não ocorre deterioração devem ser submetidos a exame interno a cada
20 (vinte) anos e exame externo a cada 2 (dois) anos.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

13.5.4.10 As válvulas de segurança dos vasos de pressão devem ser desmontadas, inspecionadas e calibradas com
prazo adequado à sua manutenção, porém, não superior ao previsto para a inspeção de segurança periódica
interna dos vasos de pressão por elas protegidos.
13.5.4.11 A inspeção de segurança extraordinária deve ser feita nas seguintes oportunidades:
a) sempre que o vaso de pressão for danificado por acidente ou outra ocorrência que comprometa sua segurança;
b) quando o vaso de pressão for submetido a reparo ou alterações importantes, capazes de alterar sua condição
de segurança;
c) antes do vaso de pressão ser recolocado em funcionamento, quando permanecer inativo por mais de 12 (doze)
meses;
d) quando houver alteração do local de instalação do vaso de pressão, exceto para vasos móveis.

81
13.5.4.12 A inspeção de segurança deve ser executa- c) a temperatura de trabalho;
da sob a responsabilidade técnica de PH. d) os mecanismos de danos previsíveis;
13.5.4.13 Imediatamente após a inspeção do vaso e) as consequências para os trabalhadores, instala-
de pressão, deve ser anotada no Registro de Se- ções e meio ambiente trazidas por possíveis falhas
gurança a sua condição operacional, e, em até 60 das tubulações.
(sessenta) dias, deve  ser emitido o relatório, que 13.6.1.2 As tubulações ou sistemas de tubulação de-
passa a fazer parte da sua documentação, poden- vem possuir dispositivos de  segurança conforme
os critérios do código de projeto utilizado, ou em
do este prazo ser estendido para 90 (noventa) dias
atendimento às recomendações de estudo de aná-
em caso de parada geral de manutenção.
lises de cenários de falhas.
13.5.4.14 O relatório de inspeção de segurança, men- 13.6.1.3 As tubulações ou sistemas de tubulação de-
cionado no item 13.5.1.6, alínea “d”, deve ser ela- vem possuir indicador de pressão de operação,
borado em páginas numeradas, ou em sistema conforme definido no projeto de processo e ins-
informatizado do estabelecimento com segurança trumentação.
de informação, no qual o PH esteja identificado 13.6.1.4 Todo estabelecimento que possua tubula-
como o responsável pela respectiva aprovação, e ções, sistemas de tubulação  ou linhas deve ter a
conter no mínimo: seguinte documentação devidamente atualizada:
a) identificação do vaso de pressão; a) especificações aplicáveis às tubulações ou siste-
b) categoria do vaso de pressão; mas, necessárias ao planejamento e execução da
c) fluidos de serviço; sua inspeção;
d) tipo do vaso de pressão; b) fluxograma de engenharia com a identificação da
e) tipo de inspeção executada; linha e seus acessórios;
f) data de início e término da inspeção; c) projeto de alteração ou reparo em conformidade
g) descrição das inspeções, exames e testes execu- com os subitens 13.3.3.3 e 13.3.3.4;
tados; d) relatórios de inspeção em conformidade com o su-
h) registro fotográfico das anomalias do exame inter- bitem 13.6.3.9;
e) Registro de Segurança em conformidade com o su-
no do vaso de pressão;
bitem 13.6.1.4.1.
i) resultado das inspeções e intervenções executadas;
13.6.1.4.1 O Registro de Segurança deve ser consti-
j) recomendações e providências necessárias; tuído por um livro de páginas numeradas por es-
k) parecer conclusivo quanto a integridade do vaso tabelecimento ou sistema informatizado por esta-
de pressão até a próxima inspeção; belecimento com segurança da informação onde
l) data prevista para a próxima inspeção de segurança; serão registradas ocorrências como vazamentos
m) nome legível, assinatura e número do registro no de grande  proporção, incêndios ou explosões
conselho profissional do PH e nome legível e assi- envolvendo tubulações abrangidas na alínea “e”
natura de técnicos que participaram da inspeção. do subitem 13.2.1 que tenham como consequência
13.5.4.14.1 O relatório de inspeção de segurança uma das situações a seguir:
pode ser elaborado em sistema informatizado do a) influir nas condições de segurança das tubulações;
estabelecimento com segurança da informação, b) risco ao meio ambiente;
ou em mídia eletrônica com utilização de assina- c) acidentes que implicaram em necessidade de inter-
tura digital, desde que a assinatura seja validada nação hospitalar de trabalhador(es).
por uma AC. 13.6.1.5 Os documentos referidos no subitem 13.6.1.4,
13.5.4.15 O empregador deve disponibilizar aos tra- quando inexistentes ou extraviados, devem ser re-
balhadores acesso aos relatórios de inspeção de constituídos pelo empregador, sob a responsabili-
dade técnica deum PH.
segurança armazenados em seu sistema informa-
13.6.1.6 A documentação referida no subitem 13.6.1.4
tizado.
deve estar sempre à  disposição para fiscalização
13.5.4.16 Sempre que os resultados da inspeção de- pela autoridade competente do Órgão Regional
terminarem alterações das condições de projeto, a do Ministério do Trabalho, e para consulta pelos
placa de identificação e a documentação do pron- operadores, pessoal de manutenção, de inspeção
tuário devem ser atualizadas. e das representações dos trabalhadores e do em-
13.5.4.17 As recomendações decorrentes da inspe- pregador na CIPA, devendo, ainda, o empregador
ção devem ser implementadas pelo empregador, assegurar livre e pleno acesso a essa documenta-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

com a determinação de prazos e responsáveis pela ção à representação sindical  da categoria profis-
sua execução. sional predominante do estabelecimento, quando
13.6 Tubulações formalmente solicitado.
13.6.1 Disposições Gerais 13.6.2 Segurança na operação de tubulações
13.6.1.1 As empresas que possuem tubulações e sis- 13.6.2.1 Os dispositivos de indicação de pressão da
temas de tubulações  enquadradas nesta NR de- tubulação devem ser mantidos em boas condições
vem possuir um programa e um plano de inspeção operacionais.
que considere, no mínimo, as variáveis, condições 13.6.2.2 As tubulações de vapor de água e seus aces-
e premissas descritas abaixo: sórios devem ser mantidos  em boas condições
a) os fluidos transportados; operacionais, de acordo com um plano de manu-
b) a pressão de trabalho; tenção elaborado pelo estabelecimento.

82
13.6.2.3 As tubulações e sistemas de tubulação devem ser identificados conforme padronização formalmente insti-
tuída pelo estabelecimento, e sinalizadas conforme a Norma Regulamentadora n.º 26 (NR-26).
13.6.3 Inspeção de segurança de tubulações
13.6.3.1 Deve ser realizada inspeção de segurança inicial nas tubulações.
13.6.3.2 As tubulações devem ser submetidas à inspeção de segurança periódica.
13.6.3.3 Os intervalos de inspeção das tubulações devem atender aos prazos máximos da inspeção interna do vaso
ou caldeira mais crítica a elas interligadas, podendo ser ampliados pelo programa de inspeção elaborado por PH,
fundamentado tecnicamente com base em mecanismo de danos e na criticidade do sistema, contendo os inter-
valos entre estas inspeções e os exames que as compõem, desde que essa ampliação não ultrapasse o intervalo
máximo de 100 % (cem por cento) sobre o prazo da inspeção interna, limitada a 10 (dez) anos.
13.6.3.4 Os intervalos de inspeção periódica da tubulação não podem exceder os prazos estabelecidos em seu pro-
grama de inspeção, consideradas as tolerâncias permitidas para as empresas com SPIE.
13.6.3.5 A critério do PH, o programa de inspeção pode ser elaborado por tubulação, por linha ou por sistema. No
caso de programação por sistema, o intervalo a ser adotado deve ser correspondente ao da sua linha mais crítica.
13.6.3.6 As inspeções periódicas das tubulações devem ser constituídas de exames e análises definidas por PH, que
permitam uma avaliação da sua integridade estrutural de acordo com normas e códigos aplicáveis.
13.6.3.6.1 No caso de risco à saúde e à integridade física dos trabalhadores envolvidos na execução da inspeção, a
linha deve ser retirada de operação.
13.6.3.7 Deve ser executada inspeção extraordinária nas seguintes situações:
a) sempre que a tubulação for danificada por acidente ou outra ocorrência que comprometa a segurança dos tra-
balhadores;
b) quando a tubulação for submetida a reparo provisório ou alterações significativas, capazes de alterar sua capa-
cidade de contenção de fluído;
c) antes da tubulação ser recolocada em funcionamento, quando permanecer inativa por mais de 24 (vinte e quatro)
meses.
13.6.3.8 A inspeção periódica de tubulações deve ser executada sob a responsabilidade técnica de PH.
13.6.3.9 O relatório de inspeção de segurança, mencionado na alínea “d” do subitem 13.6.1.4, deve ser elaborado
em páginas numeradas, contendo no mínimo:
a) identificação da(s) linha(s) ou sistema de tubulação;
b) fluidos de serviço da tubulação, e respectivas temperatura e pressão de operação;
c) tipo de inspeção executada;
d) data de início e de término da inspeção;
e) descrição das inspeções, exames e testes executados;
f) registro fotográfico, ou da localização das anomalias significativas detectadas no exame externo da tubulação;
g) resultado das inspeções e intervenções executadas;
h) recomendações e providências necessárias;
i) parecer conclusivo quanto à integridade da tubulação, do sistema de tubulação ou da linha até a próxima inspe-
ção;
j) data prevista para a próxima inspeção de segurança;
k) nome legível, assinatura e número do registro no conselho profissional do PH e nome legível e assinatura de
técnicos que participaram da inspeção.
13.6.3.9.1 O prazo para emissão desse relatório é de até 30 (trinta) dias para linhas individuais e de até 90 (noventa)
dias para sistemas de tubulação.
13.6.3.9.2 O relatório de inspeção de segurança pode ser elaborado em sistema informatizado do estabelecimento
com segurança da informação, ou em mídia eletrônica com utilização de assinatura digital, desde que a assina-
tura seja validada por uma AC.
13.6.3.10 As recomendações decorrentes da inspeção devem ser implementadas pelo empregador, com a determi-
nação de prazos e responsáveis pela sua execução.
13.7 Tanques
13.7.1 Disposições Gerais
13.7.1.1 As empresas que possuem tanques metálicos de armazenamento e estocagem enquadra-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

dos nesta NR devem possuir um programa e um plano de inspeção que considere, no mínimo,


as variáveis, condições e premissas descritas abaixo: (Entrará em vigor 12(doze) meses após a
publicação da Portaria nº 1082/2018 - vide art.7º) 
a) os fluidos armazenados;
b) condições operacionais;
c) os mecanismos de danos previsíveis;
d) as consequências para os trabalhadores, instalações e meio ambiente decorrentes de possíveis
falhas nos tanques.

13.7.1.2 Os tanques devem possuir dispositivos de segurança contra sobre pressão e vácuo conforme os critérios do
código de projeto utilizado, ou em atendimento às recomendações de estudo de análises de cenários de falhas.

83
13.7.1.3 Os tanques devem possuir instrumentação de controle conforme definido no projeto de processo e
instrumentação.

13.7.1.4 Todo estabelecimento que possua tanques enquadrados nesta NR deve ter a seguinte
documentação devidamente atualizada: (Entrará em vigor 12(doze) meses após a publicação da
Portaria nº 1082/2018 - vide art.7º) 
a) folhas de dados com as especificações dos tanques necessárias ao planejamento e execução da
sua inspeção;
b) desenho geral;
c) projeto de alteração ou reparo em conformidade com os subitens 13.3.3.3 e13.3.3.4;
d) relatórios de inspeção de segurança, em conformidade com o subitem13.7.3.7;
e) Registro de Segurança em conformidade com o subitem 13.7.1.5.
13.7.1.5 O Registro de Segurança deve ser constituído por livro de páginas numeradas, pastas ou sistema in-
formatizado do estabelecimento com segurança da informação onde devem ser registradas:
a) todas as ocorrências importantes capazes de influir nas condições de segurança dos tanques;
b) as ocorrências de inspeções de segurança inicial, periódica e extraordinária, devendo constar a condição
operacional do tanque, o nome legível e assinatura do responsável técnico formalmente designado pelo empregador
no caso de registro em livro físico ou cópias impressas.

13.7.1.6 Os documentos referidos no subitem 13.7.1.4, quando inexistentes ou extraviados, devem


ser reconstituídos pelo empregador por um responsável técnico formalmente designado. (Entra-
rá em vigor 12(doze) meses após a publicação da Portaria nº 1082/2018 - vide art.7º)
13.7.1.7 A documentação referida no subitem 13.7.1.4 deve estar sempre à disposição para fiscalização pela auto-
ridade competente do Órgão Regional do Ministério do Trabalho, e para consulta pelos operadores, pessoal de
manutenção, de inspeção e das representações dos trabalhadores e do empregador na CIPA, devendo, ainda, o
empregador assegurar o livre e pleno acesso a essa documentação à representação sindical da categoria profis-
sional predominante do estabelecimento, quando formalmente solicitado.
13.7.2 Segurança na operação de tanques
13.7.2.1 Os dispositivos contra sobre pressão e vácuo, e válvulas corta-chamas, quando aplicáveis, devem ser man-
tidos em boas condições operacionais, de acordo com um plano de manutenção elaborado pelo empregador.
13.7.2.2 A instrumentação de controle dos tanques deve ser mantida em boas condições operacionais, de acordo
com um plano de manutenção elaborado pelo empregador.
13.7.2.3 Os tanques devem ser identificados conforme padronização formalmente instituída pelo empregador.
13.7.3 Inspeção de segurança de tanques
13.7.3.1 Deve ser realizada inspeção de segurança inicial nos tanques.
13.7.3.2 Os tanques devem ser submetidos à inspeção de segurança periódica.
13.7.3.3 Os intervalos de inspeção de segurança periódica dos tanques devem atender aos prazos estabelecidos em
programa de inspeção formalmente instituído pelo empregador, não podendo esses prazos exceder aos estabe-
lecidos na norma ABNT NBR17505-2.
13.7.3.4 As inspeções de segurança periódicas dos tanques devem ser constituídas de exames e análises definidas
por PH que permitam uma avaliação da sua integridade estrutural de acordo com normas e códigos aplicáveis.
13.7.3.5 Deve ser executada inspeção extraordinária nas seguintes situações:
a) sempre que o tanque for danificado por acidente ou outra ocorrência que comprometa a segurança dos traba-
lhadores;
b) quando o tanque for submetido a reparo provisório ou alterações significativas, capazes de alterar sua capacida-
de de contenção de fluído;
c) antes de o tanque ser recolocado em funcionamento, quando permanecer inativo por mais de 24 (vinte e quatro)
meses;
d) quando houver alteração do local de instalação.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

13.7.3.6 O relatório de inspeção de segurança, mencionado na alínea “d” do subitem 13.7.1.4 deve ser elaborado em
páginas numeradas, contendo no mínimo:
a) identificação dos tanques;
b) fluidos armazenados nos tanques, e respectiva temperatura de operação;
c) tipo de inspeção executada;
d) data de início e de término da inspeção;
e) descrição das inspeções, exames e testes executados;
f) registro fotográfico, ou da localização das anomalias significativas detectadas nos exames internos e externos dos
tanques;
g) resultado das inspeções e intervenções executadas;
h) recomendações e providências necessárias;

84
i) parecer conclusivo quanto à integridade dos tan- Códigos de pós-construção - compõe-se de normas
ques até a próxima inspeção; ou recomendações práticas de avaliação da integridade
j) data prevista para a próxima inspeção de segurança; estrutural de equipamentos durante a sua vida útil.
k) nome legível, assinatura e número do registro no Comissionamento - conjunto de técnicas e procedi-
conselho profissional do  responsável técnico for- mentos de engenharia  aplicados de forma integrada à
malmente designado pelo empregador e nome instalação ou parte dela, visando torná-la operacional
legível e assinatura de técnicos que participaram de acordo com os requisitos especificados em projeto.
da inspeção. Componentes de duto - quaisquer elementos mecâ-
13.7.3.6.1 O prazo para emissão desse relatório é de nicos pertencentes ao duto, compreendendo, mas não
até 90 (noventa) dias. se limitando, aos seguintes: lançadores e recebedores
13.7.3.6.2 O relatório de inspeção de segurança pode de pigse esferas de limpeza, válvulas, flanges, conexões
ser elaborado em sistema informatizado do esta- padronizadas, conexões especiais, derivações tubulares,
belecimento com segurança da informação, ou em parafusos e juntas. Os tubos não são considerados com-
mídia eletrônica com utilização de assinatura digi- ponentes.
tal, desde que a assinatura seja validada por uma Construção - processo que inclui projeto, especifica-
AC. ção de material, fabricação, inspeção, exame, teste e ava-
13.7.3.7 As recomendações decorrentes da inspeção liação de conformidade de caldeiras, vasos de pressão
devem ser implementadas pelo empregador, com e tubulações.
Controle da qualidade - conjunto de ações destina-
a determinação de prazos e responsáveis pela sua
das a verificar e atestar a conformidade de caldeiras, va-
execução.
sos de pressão e suas tubulações de interligação nas eta-
13.8 Glossário
pas de fabricação, montagem ou manutenção. As ações
Abertura escalonada de válvulas de segurança - con- abrangem o acompanhamento da execução da solda-
dição de calibração diferenciada da pressão de abertura gem, materiais utilizados e realização de exames e tes-
de múltiplas válvulas de segurança, prevista no códi- tes tais como: líquido penetrante, partículas magnéticas,
go de projeto do equipamento por elas protegido, onde ultrassom, visual, testes de pressão, radiografia, emissão
podem ser estabelecidos valores de abertura acima da acústica e correntes parasitas.
PMTA, consideradas as vazões necessárias para o alívio Demanda - condição ou evento perigoso que requer
da sobre pressão em cenários distintos. a atuação de uma Função Instrumentada de Segurança.
Acessório de tubulação - elementos integrantes de Dispositivo Contra Bloqueio Inadvertido - DCBI -
uma tubulação tais como válvulas, filtros de linha, flan- meio utilizado para evitar que bloqueios inadvertidos
ges, suportes e conexões. impeçam a atuação de dispositivos de segurança.
Adequação ao uso - estudo conceitual multidisci- Dispositivos de segurança - dispositivos ou compo-
plinar de engenharia, baseado em códigos ou normas, nentes que protegem um equipamento contra sobre
como o API 579-1/ASME FFS-1 - Fitness - for - Service, pressão manométrica, independente da ação do opera-
usado para determinar se um equipamento com desgas- dor e de acionamento por fonte externa de energia.
te conhecido estará apto a operar com segurança por Duto - tubulação projetada por códigos específicos,
determinado tempo. destinada à transferência  de fluidos entre unidades in-
Adequação definitiva - para efeitos desta Norma, é dustriais de estabelecimentos industriais distintos ou
o atendimento aos requisitos da inspeção extraordinária não, ocupando áreas de terceiros.
especial. Empregador - empresa individual ou coletiva, que,
Alteração - mudança no projeto original do fabrican- assumindo os riscos da atividade econômica, admite,
te que promova alteração estrutural ou de parâmetros assalaria e dirige a prestação pessoal de serviços; equi-
operacionais significativos definidos por PH, ou afete param-se ao empregador os profissionais liberais, as ins-
a capacidade de reter pressão ou possa comprometer a tituições de beneficência, as  associações recreativas ou
outras instituições sem fins lucrativos, que admitem tra-
segurança de caldeiras, vasos de pressão e tubulações.
balhadores como empregados.
Autoridade Certificadora (AC) - entidade, pública
Enchimento interno - materiais inseridos no interior
ou privada, subordinada à  hierarquia da ICP-Brasil, res-
dos vasos de pressão com finalidades específicas e perío-
ponsável por emitir, distribuir, renovar, revogar e geren- do de vida útil determinado, tipo catalisador, recheio, pe-
ciar certificados digitais. neira molecular, e carvão ativado. Bandejas e acessórios
Avaliação ou inspeção de integridade - conjunto de internos não configuram enchimento interno.
estratégias e técnicas utilizadas na avaliação detalhada Especificação da tubulação - código alfanumérico
da condição física de um equipamento. que define a classe de pressão e os materiais dos tubos e
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Caldeira de fluido térmico - caldeira utilizada para acessórios das tubulações.


aquecimento de um fluido no estado líquido, chamado Estudo de confiabilidade para SIS - estudo que de-
de fluido térmico, sem vaporizá-lo. termina o Nível de Integridade de Segurança requerido
Caldeiras de recuperação de álcalis - caldeiras a vapor da Função Instrumentada de Segurança e o cálculo de
que utilizam como combustível principal o licor negro confiabilidade para sua adequação, conforme normas in-
oriundo do processo de fabricação de celulose, realizan- ternacionais.
do a recuperação de químicos e geração de energia. Exame - atividade conduzida por PH ou técnicos qua-
Código de projeto - conjunto de normas e regras lificados ou certificados, quando exigido por códigos ou
que estabelece os requisitos para o projeto, construção, normas, para avaliar se determinados produtos, proces-
montagem, controle de qualidade da fabricação e inspe- sos ou serviços estão em conformidade com critérios es-
ção de equipamentos. pecificados.

85
Exame externo - exame da superfície e de componentes externos de um equipamento, podendo ser realizado em
operação, visando avaliar a sua integridade estrutural.
Exame interno - exame da superfície interna e de componentes internos de um equipamento, executado visualmen-
te, com o emprego de ensaios e testes apropriados para avaliar sua integridade estrutural.
Fabricante - empresa responsável pela construção de caldeiras, vasos de pressão ou tubulações.
Fluxograma de engenharia (P&ID) - diagrama mostrando o fluxo do processo com os equipamentos, as tubulações
e seus acessórios, e as malhas de controle de instrumentação.
Fluxograma de processo - diagrama de representação esquemática do processo de plantas industriais mostrando o
percurso ou caminho percorrido pelos fluidos.
Força maior - todo acontecimento inevitável, em relação à vontade do empregador, e para a realização do qual este
não concorreu, direta ou indiretamente. A imprevidência do empregador exclui a razão de força maior.
Função Instrumentada de Segurança - função implementada pelo SIS cujo objetivo é atingir ou manter o estado
seguro do equipamento ou processo em relação a um evento perigoso específico.
Gerador de vapor - equipamentos destinados a produzir vapor sob pressão superior à atmosférica, sem acumulação
e não enquadrados em códigos de vasos de pressão.
Inspeção de segurança extraordinária - inspeção executada devido a  ocorrências que possam afetar a condição
física do equipamento, tais como hibernação prolongada, mudança de locação, surgimento de deformações inespe-
radas, choques mecânicos de grande impacto ou vazamentos, entre outros, envolvendo caldeiras, vasos de pressão e
tubulações, com abrangência definida por PH.
Inspeção de segurança inicial - inspeção executada no equipamento novo, montado no local definitivo de instalação
e antes de sua entrada em operação.
Inspeção de segurança periódica - inspeção executada durante a vida útil de um equipamento, com critérios e pe-
riodicidades determinados por PH, respeitados os intervalos máximos estabelecidos nesta Norma.
Inspeção extraordinária especial - inspeção aplicada para vasos de pressão construídos sem código de projeto que
compreende, impreterivelmente:
a) levantamento dimensional dos elementos de retenção de pressão que não possuem equação de projeto em có-
digos reconhecidos, como tampos nervurados, flanges, conexões, transições cônicas, entre outros;
b) caracterização de materiais de fabricação através de ensaios, ou admissão dos menores limites de resistência
presentes nos códigos de projeto, para cada tipo de material/liga (aço ao carbono, aço inox etc.);
c) avaliação de integridade estrutural por metodologia complementar, análise de tensões, adequação ao uso ou
similares, de acordo com critérios de aceitação de códigos internacionais de referência;
d) adoção de sobre espessura de corrosão para os componentes avaliados, que permitam o monitoramento de vida
residual;
e) dimensionamento de reforços estruturais, quando necessário, através da elaboração de projeto de alteração.
Instrumentos de monitoração ou de controle - dispositivos destinados à  monitoração ou controle das variáveis
operacionais dos equipamentos a partir da sala de controle ou do próprio equipamento.
Integridade estrutural - conjunto de propriedades e características físicas necessárias para que um equipamento ou
item desempenhe com segurança e eficiência as funções para as quais foi projetado.
Linha - trecho de tubulação individualizado entre dois pontos definidos e que obedece a uma única especificação
de materiais, produtos transportados, pressão e temperatura de projeto.
Manutenção preditiva - manutenção com ênfase na predição da falha e em ações baseadas na condição do equi-
pamento para prevenir a falha ou degradação do mesmo.
Manutenção preventiva - manutenção executada a intervalos predeterminados ou de acordo com critérios prescri-
tos, e destinada a reduzir a probabilidade de falha ou a degradação do funcionamento de um componente.
Máquinas de fluido - aquela que tem como função principal intercambiar energia com um fluido que as atravessa.
Mecanismos de danos - conjunto de fatores que causam degradação nos equipamentos e componentes.
Nível de Integridade de Segurança (SIL) - nível discreto (de um a quatro) usado para especificar os requisitos de
integridade de segurança de uma função instrumentada de segurança alocada em um sistema instrumentado de se-
gurança.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

  

Operação contínua - operação da caldeira por mais de 95 % do tempo correspondente aos prazos estipulados no
subitem 13.4.4.5 desta NR.

86
Pacote de máquina - conjunto de equipamentos e Registro de Segurança - registro da ocorrência de ins-
dispositivos composto pela máquina e seus sistemas au- peções ou de anormalidades durante a operação de cal-
xiliares (vide sistemas auxiliares de máquinas). deiras e vasos de pressão, executado por PH ou por pes-
Pessoal qualificado - profissional com conhecimentos soal de operação, inspeção ou manutenção diretamente
e habilidades que permitam exercer determinadas tare- envolvido com o fato gerador da anotação.
fas, e certificado quando exigível por código ou norma. Relatórios de inspeção de segurança - registro formal
Placa de identificação - placa contendo dados do equi- dos resultados das  inspeções executadas nos equipa-
pamento de acordo com os requisitos estabelecidos nes- mentos com laudo conclusivo.
ta NR, fixada em local visível Reparo - intervenção executada para correção de da-
Plano de inspeção - descrição das atividades, in- nos, defeitos ou avarias em equipamentos e seus com-
cluindo os exames e testes a serem realizados, necessá- ponentes, visando restaurar a condição do projeto de
rias para avaliar as condições físicas de caldeiras, vasos construção.
de  pressão e tubulações, considerando o histórico dos Segurança da informação - conjunto de ações de-
equipamentos e os mecanismos de danos previsíveis. finido pelo empregador com  a finalidade de manter a
Plástico Reforçado por Fibra de Vidro (PRFV) - mate- integridade, inviolabilidade, controle de acessos, dispo-
rial compósito constituído de uma matriz polimérica (a
nibilidade, transferência e guarda dos dados eletrônicos.
resina sintética) reforçada pela fibra de vidro.
Prática profissional supervisionada - atividade na qual Sistemas auxiliares de máquinas - conjunto de equi-
o trabalhador vai colocar na prática tudo o que aprendeu pamentos e dispositivos  auxiliares para fins de arrefe-
na teoria com a supervisão de um responsável. cimento, lubrificação e selagem, integrantes de pacote
Pressão máxima de operação - para fins de enqua- de máquina.
dramento e definição da  categoria de vasos de pres- Sistema de Gerenciamento da Combustão (SGC) - sis-
são considera-se pressão máxima de operação a maior tema que compreende os dispositivos de campo, o siste-
pressão que o equipamento pode operar em condições ma lógico e os elementos de controle finais dedicados à
normais de processo, previstas no prontuário. Caso não segurança da combustão e a assistência do operador no
exista esta definição no prontuário, deve ser considerada início e na parada de caldeiras e para evitar erros duran-
a PMTA . te a operação normal. Também conhecido como Burner
Pressão Máxima de Trabalho Admissível (PMTA) - é Management System (BMS).
o maior valor de pressão a que um equipamento pode Sistema de iluminação de emergência - sistema desti-
ser submetido continuamente, de acordo com o código nado a prover a iluminação necessária ao acesso seguro
de projeto, a resistência dos materiais utilizados, as di- a um equipamento ou instalação na inoperância dos sis-
mensões do equipamento e seus parâmetros operacio- temas principais destinados a tal fim.
nais. Sistema de intertravamento de caldeira - sistema de
Programa de inspeção - cronograma contendo, entre
gerenciamento das atividades de dois ou mais dispositi-
outros dados, as datas das inspeções de segurança pe-
vos ou instrumentos de proteção, monitorado por inter-
riódicas a serem executadas.
Projeto de alteração - projeto elaborado por ocasião face de segurança.
de alteração que implique em intervenção estrutural ou Sistema de tubulação - conjunto integrado de linhas
mudança de processo significativa em caldeiras, vasos de e tubulações que exerce uma função de processo ou que
pressão e tubulações. foram agrupadas para fins de inspeção, com característi-
Projeto de reparo - projeto estabelecendo os proce- cas técnicas e de processos semelhantes.
dimentos de execução e controle de reparos que pos- Sistema Instrumentado de Segurança (SIS) - sistema
sam comprometer a capacidade de retenção de pressão usado para implementar  uma ou mais Funções Instru-
de caldeiras, vasos de pressão e tubulações. mentadas de Segurança, composto por um conjunto
Projeto alternativo de instalação - projeto concebido de iniciadores, executores da lógica e elementos finais.
para minimizar os impactos de segurança para o traba- SPIE - Serviço Próprio de Inspeção de Equipamentos.
lhador quando as instalações não estiverem atendendo a Teste de estanqueidade - tipo de teste de pressão
determinado item desta NR. realizado com a finalidade  de atestar a capacidade de
Projeto de instalação - projeto contendo o posicio- retenção de fluido, sem vazamentos, em equipamen-
namento dos equipamentos e sistemas de segurança tos, tubulações e suas conexões, antes de sua entrada ou
dentro das instalações e, quando aplicável, os acessos reentrada em operação.
aos acessórios dos mesmos (vents, drenos, instrumen- Teste hidrostático - TH - tipo de teste de pressão com
tos). Integra o projeto de instalação o inventário de vál-
fluido incompressível, executado com o objetivo de ava-
vulas de segurança com os respectivos DCBI e equipa-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

mentos protegidos. liar a integridade estrutural dos equipamentos e o rear-


Prontuário - conjunto de documentos e registros do ranjo de possíveis tensões residuais, de acordo com o
projeto de construção, fabricação, montagem, inspeção código de projeto.
e manutenção dos equipamentos. Tubulações - conjunto de linhas, incluindo seus aces-
Recipientes móveis - vasos de pressão que podem ser sórios, projetadas por códigos específicos, destinadas ao
movidos dentro de uma instalação ou entre instalações transporte de fluidos entre equipamentos de uma mes-
e que não podem ser enquadrados como transportáveis. ma unidade de uma empresa dotada de caldeiras ou va-
Recipientes transportáveis - recipientes projetados e sos de pressão.
construídos para serem transportados pressurizados e Unidades de processo - conjunto de equipamentos e
em conformidade com normas e regulamentações espe- interligações de uma unidade fabril destinada a transfor-
cíficas de recipientes transportáveis. mar matérias primas em produtos.

87
Vasos de pressão - são reservatórios projetados para 18.1.2. Consideram-se atividades da Indústria da
resistir com segurança a pressões internas diferentes da Construção as constantes do Quadro I, Código da
pressão atmosférica, ou submetidos à pressão exter- Atividade Específica, da NR 4 - Serviços Especiali-
na, cumprindo assim a sua função básica no processo no zados em Engenharia de Segurança e em Medicina
qual estão inseridos; para efeitos desta NR, estão incluí- do Trabalho e as atividades e serviços de demoli-
dos: ção, reparo, pintura, limpeza e manutenção de edi-
a) permutadores de calor, evaporadores e similares; fícios em geral, de qualquer número de pavimen-
b) vasos de pressão ou partes sujeitas à chama direta tos o u tipo de construção, inclusive manutenção
que não estejam dentro do escopo de outras NR, de obras de urbanização e paisagismo.
nem do subitem 13.2.2 e alínea “a” do 13.2.1 desta 18.1.3. É vedado o ingresso ou a permanência de tra-
NR; balhadores no canteiro de obras, sem que estejam
c) vasos de pressão encamisados, incluindo referve- assegurados pelas medidas previstas nesta NR e
dores e reatores; compatíveis com a fase da obra. (118.001-0 / I3)
d) autoclaves e caldeiras de fluido térmico.
Vida remanescente - estimativa do tempo restante de 18.1.4. A observância do estabelecido nesta NR não
vida de um equipamento ou acessório, executada duran- desobriga os empregadores do cumprimento das
te avaliações de sua integridade, em períodos pré-deter- disposições relativas às condições e meio ambien-
minados. te de trabalho, determinadas na legislação federal,
Vida útil - tempo de vida estimado na fase de projeto estadual e/ou municipal, e em outras estabelecidas
para um equipamento ou acessório. em negociações coletivas de trabalho. (118.002-9
Volume - volume interno útil do vaso de pressão, ex- / I3)
cluindo o volume dos acessórios internos, de enchimen- 18.2. Comunicação prévia.
tos ou de catalisadores. 18.2.1. É obrigatória a comunicação à Delegacia Re-
gional do Trabalho, antes do início das atividades,
4. Norma Regulamentadora nº 18: Condições das seguintes informações: (118.003-7 / I2)
e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Cons- a) endereço correto da obra;
trução b) endereço correto e qualificação (CEI,CGC ou CPF)
do contratante, empregador ou condomínio;
Esta NR estabelece diretrizes de ordem administra- c) tipo de obra;
tiva, de planejamento e de segurança, que objetivam a d) datas previstas do início e conclusão da obra;
implementação de medidas de controle e sistemas pre- e) número máximo previsto de trabalhadores na obra.
ventivos de segurança nos processos, nas condições e no 18.3. Programa de Condições e Meio Ambiente de
Trabalho na Indústria da Construção - PCMAT.
meio ambiente de trabalho na indústria da construção.
18.3.1. São obrigatórios a elaboração e o cumprimen-
to do PCMAT nos estabelecimentos com 20 (vinte)
SEGURANÇA NO TRABALHO. CONSTRUÇÃO CIVIL.
trabalhadores ou mais, contemplando os aspectos
desta NR e outros dispositivos complementares de
CAMPO DE APLICAÇÃO DA NR-18. Os comandos segurança. (118.004-5 / I4)
constantes da Norma Regulamentadora NR -18 não se 18.3.1.1. O PCMAT deve contemplar as exigências
dirigem exclusivamente aos empregadores cujo objeto contidas na NR 9 - Programa de Prevenção e Ris-
social é a construção civil e que, portanto, enquadram-se cos Ambientais. (118.005-3 / I2)
nos Códigos de Atividade Específica constantes do Qua- 18.3.1.2. O PCMAT deve ser mantido no estabeleci-
dro I da Norma Regulamentadora - NR 4. As obrigações mento à disposição do órgão regional do Ministé-
se estendem aos empregadores que realizem atividades rio do Trabalho - MTb. (118.006-1 / I1)
ou serviços de demolição, reparo, pintura, limpeza e ma- 18.3.2. O PCMAT deve ser elaborado e executado por
nutenção de edifícios em geral, de qualquer número de profissional legalmente habilitado na área de se-
pavimentos ou tipo de construção, de urbanização e pai- gurança do trabalho. (118.007-0 / I4)
sagismo, independentemente de seu objeto social. 18.3.3. A implementação do PCMAT nos estabeleci-
mentos é de responsabilidade do empregador ou
REFERÊNCIA NORMATIVA: Item 18.1.2 da Norma Re- condomínio. (118.008-8 / I4)
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

gulamentadora NR-18. 18.3.4. Documentos que integram o PCMAT:


a) memorial sobre condições e meio ambiente de tra-
balho nas atividades e operações, levando-se em
18.1. Objetivo e campo de aplicação.
consideração riscos de acidentes e de doenças do
18.1.1. Esta Norma Regulamentadora - NR estabelece
trabalho e suas respectivas medidas preventivas;
diretrizes de ordem administrativa, de planejamen-
(118.009-6 / I4)
to e de organização, que objetivam a implementa- b) projeto de execução das proteções coletivas em
ção de medidas de controle e sistemas preventivos conformidade com as etapas de execução da obra;
de segurança nos processos, nas condições e no (118.010-0 / I4)
meio ambiente de trabalho na Indústria da Cons- c) especificação técnica das proteções coletivas e in-
trução. dividuais a serem utilizadas; (118.011-8 / I4)

88
d) cronograma de implantação das medidas preventi- 18.4.2.2. É proibida a utilização das instalações sanitá-
vas definidas no PCMAT; (118.012-6 / I3) rias para outros fins que não aqueles previstos no
e) layout inicial do canteiro de obras, contemplando, subitem 18.4.2.1. (118.024-0 / I1)
inclusive, previsão de dimensionamento das áreas 18.4.2.3. As instalações sanitárias devem:
de vivência; (118.013-4 / I2) a) ser mantidas em perfeito estado de conservação e
f) programa educativo contemplando a temática de higiene; (118.025-8 / I2)
prevenção de acidentes e doenças do trabalho, b) ter portas de acesso que impeçam o devassamento
com sua carga horária. (118.014-2 / I2) e ser construídas de modo a manter o resguardo
18.4. Áreas de vivência. conveniente; (118.026-6 / I1)
18.4.1. Os canteiros de obras devem dispor de: c) ter paredes de material resistente e lavável, poden-
a) instalações sanitárias; (118.015-0 / I4) do ser de madeira; (118.027-4 / I1)
b) vestiário; (118.016-9 / I4) d) ter pisos impermeáveis, laváveis e de acabamento
c) alojamento; (118.017-7 / I4) antiderrapante; (118.028-2 / I1)
d) local de refeições; (118.018-5 / I4) e) não se ligar diretamente com os locais destinados
e) cozinha, quando houver preparo de refeições; às refeições; (118.029-0 / I1)
(118.019-3 / I4) f) ser independente para homens e mulheres, quando
f) lavanderia; (118.020-7 / I2) necessário; (118.030-4 / I1)
g) área de lazer; (118.021-5 / I1)
g) ter ventilação e iluminação adequadas; (118.031-2
h) ambulatório, quando se tratar de frentes de tra-
/ I1)
balho com 50 (cinquenta) ou mais trabalhadores.
(118.022-3 / I4) h) ter instalações elétricas adequadamente protegi-
18.4.1.1. O cumprimento do disposto nas alíneas “c”, das; (118.032-0 / I4)
“f” e “g” é obrigatório nos casos onde houver tra- i) ter pé-direito mínimo de 2,50m (dois metros e cin-
balhadores alojados. quenta centímetros), ou respeitando-se o que de-
18.4.1.2. As áreas de vivência devem ser mantidas em termina o Código de Obras do Município da obra;
perfeito estado de conservação, higiene e limpeza. (118.033-9 / I1)
(118.023-1 / I2) j) estar situadas em locais de fácil e seguro acesso,
18.4.1.3. Instalações móveis, inclusive contêineres, não sendo permitido um deslocamento superior a
serão aceitas em áreas de vivência de canteiro de 150 (cento e cinquenta) metros do posto de traba-
obras e frentes de trabalho, desde que, cada mó- lho aos gabinetes sanitários, mictórios e lavatórios.
dulo: (118.034-7 / I1)
a) possua área de ventilação natural, efetiva, de no 18.4.2.4. A instalação sanitária deve ser constituída de
mínimo 15% (quinze por cento) da área do piso, lavatório, vaso sanitário e mictório, na proporção
composta por, no mínimo, duas aberturas adequa- de 1 (um) conjunto para cada grupo de 20 (vinte)
damente dispostas para permitir eficaz ventilação trabalhadores ou fração, bem como de chuveiro,
interna; (118.670-1 /I4) na proporção de 1 (uma) unidade para cada grupo
b) garanta condições de conforto térmico; (118.671-0
de 10 (dez) trabalhadores ou fração. (118.035-5 /
/ I2)
I2)
c) possua pé direito mínimo de 2,40m (dois metros e
quarenta centímetros); (118.672-8 / I2) 18.4.2.5. Lavatórios.
d) garanta os demais requisitos mínimos de conforto 18.4.2.5.1. Os lavatórios devem:
e higiene estabelecidos nesta NR; (118.673- 6 / I2) a) ser individual ou coletivo, tipo calha; (118.036-3 / 1)
e) possua proteção contra riscos de choque elétrico b) possuir torneira de metal ou de plástico; (118.037-
por contatos indiretos, além do aterramento elétri- 1 / I1)
co. (118.674-4 / I4) c) ficar a uma altura de 0,90m (noventa centímetros);
18.4.1.3.1 Nas instalações móveis, inclusive contêine- (118.038-0 / I1)
res, destinadas a alojamentos com camas duplas, d) ser ligados diretamente à rede de esgoto, quando
tipo beliche, a altura livre entre uma cama e ou- houver; (118.039-8 / I1)
tra é, no mínimo, de 0,90m (noventa centímetros). e) ter revestimento interno de material liso, imperme-
(118.675-2 / I3) ável e lavável; (118.040-1 / I1)
18.4.1.3.2 Tratando-se de adaptação de contêineres, f) ter espaçamento mínimo entre as torneiras de
originalmente utilizados no transporte ou acon- 0,60m (sessenta centímetros), quando coletivos;
dicionamento de cargas, deverá ser mantido no (118.041-0 / I1)
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

canteiro de obras, à disposição da fiscalização do g) dispor de recipiente para coleta de papéis usados.
trabalho e do sindicato profissional, laudo técnico (118.042-8 / I1)
elaborado por profissional legalmente habilitado,
18.4.2.6. Vasos sanitários.
relativo a ausência de riscos químicos, biológicos
18.4.2.6.1. O local destinado ao vaso sanitário (gabi-
e físicos (especificamente para radiações) com a
identificação da empresa responsável pela adapta- nete sanitário) deve:
ção. (118.676-0 / I2) a) ter área mínima de 1,00m2 (um metro quadrado);
18.4.2. Instalações sanitárias. (118.043-6 / I1)
18.4.2.1. Entende-se como instalação sanitária o local b) ser provido de porta com trinco interno e borda
destinado ao asseio corporal e/ou ao atendimento inferior de, no máximo, 0,15m (quinze centímetros)
das necessidades fisiológicas de excreção. de altura; (118.044-4 / I1)

89
c) ter divisórias com altura mínima de 1,80m (um me- e) ter iluminação natural e/ou artificial; (118.068-1 /
tro e oitenta centímetros); (118.045-2 / I1) I1)
d) ter recipiente com tampa, para depósito de papéis f) ter armários individuais dotados de fechadura ou
usados, sendo obrigatório o fornecimento de pa- dispositivo com cadeado; (118.069-0 / I1)
pel higiênico. (118.046-0 / I1) g) ter pé-direito mínimo de 2,50m (dois metros e cin-
18.4.2.6.2. Os vasos sanitários devem: quenta centímetros), ou respeitando-se o que de-
a) ser do tipo bacia turca ou sifonado; (118.047-9 / I1) termina o Código de Obras do Município, da obra;
b) ter caixa de descarga ou válvula automática; (118.070-3 / I1)
(118.048-7 / I1) h) ser mantidos em perfeito estado de conservação,
c) ser ligado à rede geral de esgotos ou à fossa sépti- higiene e limpeza; (118.071-1 / I1)
ca, com interposição de sifões hidráulicos. i) ter bancos em número suficiente para atender aos
(118.049-5 / I1) usuários, com largura mínima de 0,30m (trinta cen-
18.4.2.7. Mictórios. tímetros). (118.072-0 / I1)
18.4.2.7.1. Os mictórios devem: 18.4.2.10. Alojamento.
a) ser individual ou coletivo, tipo calha; (118.050-9 / 18.4.2.10.1. Os alojamentos dos canteiros de obra de-
I1) vem:
b) ter revestimento interno de material liso, imperme- a. ter paredes de alvenaria, madeira ou material equi-
ável e lavável; (118.051-7 / I1) valente; (118.073-8 / I1)
c) ser providos de descarga provocada ou automáti- b. ter piso de concreto, cimentado, madeira ou mate-
ca; (118.052-5 / I1) rial equivalente; (118.074-6 / I1)
d) ficar a uma altura máxima de 0,50m (cinquenta c. ter cobertura que proteja das intempéries; (118.075-
centímetros) do piso; (118.053-3 / I1) 4 / I1)
e) ser ligado diretamente à rede de esgoto ou à fos- d. ter área de ventilação de no mínimo 1/10 (um dé-
sa séptica, com interposição de sifões hidráulicos. cimo) da área do piso; (118.076-2 / I1)
(118.054-1 / I1)
e. ter iluminação natural e/ou artificial; (118.077-0 /
18.4.2.7.2. No mictório tipo calha, cada segmento de
I1)
0,60m (sessenta centímetros) deve corresponder a
f. ter área mínima de 3,00 (três metros) quadrados por
um mictório tipo cuba. (118.055-0 / I1)
módulo cama/armário, incluindo a área de circula-
18.4.2.8. Chuveiros.
ção; (118.078-9 / I2)
18.4.2.8.1. A área mínima necessária para utilização
g. ter pé-direito de 2,50 (dois metros e cinquenta cen-
de cada chuveiro é de 0,80m2 (oitenta centímetros
tímetros) para cama simples e de 3,00m (três me-
quadrados), com altura de 2,10m (dois metros e
dez centímetros) do piso. (118.056-8 / I1) tros) para camas duplas; (118.079-7 / I2)
18.4.2.8.2. Os pisos dos locais onde forem instalados h. não estar situados em subsolos ou porões das edi-
os chuveiros devem ter caimento que assegure o ficações; (118.080-0 / I3)
escoamento da água para a rede de esgoto, quan- i. ter instalações elétricas adequadamente protegidas.
do houver, e ser de material antiderrapante ou (118.081-9 / I3)
provido de estrados de madeira. (118.057-6 / I1) 18.4.2.10.2. É proibido o uso de 3 (três) ou mais camas
18.4.2.8.3. Os chuveiros devem ser de metal ou plás- na mesma vertical. (118.082-7 / I3)
tico, individuais ou coletivos, dispondo de água 18.4.2.10.3. A altura livre permitida entre uma cama
quente. (118.058-4 / I1) e outra e entre a última e o teto é de, no mínimo,
18.4.2.8.4. Deve haver um suporte para sabonete e 1,20m (um metro e vinte centímetros). (118.083-5
cabide para toalha, correspondente a cada chuvei- / I2)
ro. (118.059-2 / I1) 18.4.2.10.4. A cama superior do beliche deve ter pro-
18.4.2.8.5. Os chuveiros elétricos devem ser aterrados teção lateral e escada. (118.084-3 / I1)
adequadamente. (118.060-6 / I3) 18.4.2.10.5. As dimensões mínimas das camas devem
18.4.2.9. Vestiário. ser de 0,80m (oitenta centímetros) por 1,90m (um
18.4.2.9.1. Todo canteiro de obra deve possuir vestiá- metro e noventa centímetros) e distância entre o
rio para troca de roupa dos trabalhadores que não ripamento do estrado de 0,05m (cinco centíme-
residem no local. (118.062-2 / I4) tros), dispondo ainda de colchão com densidade
18.4.2.9.2. A localização do vestiário deve ser próxi- 26 (vinte e seis) e espessura mínima de 0,10m (dez
ma aos alojamentos e/ou à entrada da obra, sem centímetros). (118.085-1/ I1)
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

ligação direta com o local destinado às refeições. 18.4.2.10.6. As camas devem dispor de lençol, fronha
(118.063-0 / I1) e travesseiro em condições adequadas de higiene,
18.4.2.9.3. Os vestiários devem: bem como cobertor, quando as condições climáti-
a) ter paredes de alvenaria, madeira ou material equi- cas assim o exigirem. (118.086-0 / I1)
valente; (118.064-9 / I1) 18.4.2.10.7. Os alojamentos devem ter armários du-
b) ter pisos de concreto, cimentado, madeira ou ma- plos individuais com as seguintes dimensões mí-
terial equivalente; (118.065-7 / I1) nimas:
c) ter cobertura que proteja contra as intempéries; a. 1,20m (um metro e vinte centímetros) de altura por
(118.066-5 / I1) 0,30m (trinta centímetros) de largura e 0,40m (qua-
d) ter área de ventilação correspondente a 1/10 (um renta centímetros) de profundidade, com separa-
décimo) de área do piso; (118.067-3 / I1) ção ou prateleira, de modo que um compartimen-

90
to, com a altura de 0,80m (oitenta centímetros), se 18.4.2.11.3. Independentemente do número de tra-
destine a abrigar a roupa de uso comum e o outro balhadores e da existência ou não de cozinha, em
compartimento, com a altura de 0,40m (quarenta todo canteiro de obra deve haver local exclusivo
centímetros), a guardar a roupa de trabalho; ou para o aquecimento de refeições, dotado de equi-
(118.087-8 / I1) pamento adequado e seguro para o aquecimento.
b. 0,80m (oitenta centímetros) de altura por 0,50m (118.106-8 / I1)
(cinquenta centímetros) de largura e 0,40m (qua- 18.4.2.11.3.1. É proibido preparar, aquecer e tomar
renta centímetros) de profundidade com divisão no refeições fora dos locais estabelecidos neste subi-
sentido vertical, de forma que os compartimentos, tem.
com largura de 0,25m (vinte e cinco centímetros), (118.107-6 / I1)
estabeleçam rigorosamente o isolamento das rou- 18.4.2.11.4. É obrigatório o fornecimento de água po-
pas de uso comum e de trabalho. (118.088-6 / I1) tável, filtrada e fresca, para os trabalhadores, por
18.4.2.10.8. É proibido cozinhar e aquecer qualquer meio de bebedouro de jato inclinado ou outro
tipo de refeição dentro do alojamento. (118.089-4 dispositivo equivalente, sendo proibido o uso de
/ I2) copos coletivos. (118.108-4 / I1)
18.4.2.10.9. O alojamento deve ser mantido em per- 18.4.2.12. Cozinha.
manente estado de conservação, higiene e limpe- 18.4.2.12.1. Quando houver cozinha no canteiro de
za. (118.090-8 / I2) obra, ela deve:
18.4.2.10.10. É obrigatório no alojamento o forneci- a) ter ventilação natural e/ou artificial que permita
mento de água potável, filtrada e fresca, para os boa exaustão; (118.109-2 / I1)
trabalhadores por meio de bebedouros de jato b) ter pé-direito mínimo de 2,80m (dois metros e oi-
inclinado ou equipamento similar que garanta as tenta centímetros), ou respeitando-se o Código de
mesmas condições, na proporção de 1 (um) para Obras do Município da obra; (118.110-6 / I1)
cada grupo de 25 (vinte e cinco) trabalhadores ou c) ter paredes de alvenaria, concreto, madeira ou ma-
fração. (118.091-6 /I2)
terial equivalente; (118.111-4 / I1)
18.4.2.10.11. É vedada a permanência de pessoas
d) ter piso de concreto, cimentado ou de outro mate-
com moléstia infectocontagiosa nos alojamentos.
rial de fácil limpeza; (118.112-2 / I1)
(118.092- 4 / I4)
e) ter cobertura de material resistente ao fogo;
18.4.2.11. Local para refeições.
(118.113-0 / I1)
18.4.2.11.1. Nos canteiros de obra é obrigatória a exis-
f) ter iluminação natural e/ou artificial; (118.114-9 / I1)
tência de local adequado para refeições. (118.093-
g) ter pia para lavar os alimentos e utensílios;
2 / I4)
(118.115-7 / I1)
18.4.2.11.2. O local para refeições deve:
h) possuir instalações sanitárias que não se comuni-
a) ter paredes que permitam o isolamento durante as
quem com a cozinha, de uso exclusivo dos encar-
refeições; (118.094-0 / I1)
b) ter piso de concreto, cimentado ou de outro mate- regados de manipular gêneros alimentícios, refei-
rial lavável; (118.095-9 / I1) ções e utensílios, não devendo ser ligadas à caixa
c) ter cobertura que proteja das intempéries; (118.096- de gordura; (118.116-5 / I1)
7 / I1) i) dispor de recipiente, com tampa, para coleta de lixo;
d) ter capacidade para garantir o atendimento de (118.117-3 / I1)
todos os trabalhadores no horário das refeições; j) possuir equipamento de refrigeração para preser-
(118.097-5 / I1) vação dos alimentos; (118.118-1 / I1)
e) ter ventilação e iluminação natural e/ou artificial; k) ficar adjacente ao local para refeições; (118.119-0
(118.098-3 / I1) / I1)
f) ter lavatório instalado em suas proximidades ou no l) ter instalações elétricas adequadamente protegi-
seu interior; (118.099-1 / I1) das; (118.120-3 / I3)
g) ter mesas com tampos lisos e laváveis; (118.100-9 m) quando utilizado GLP, os botijões devem ser ins-
/ I1) talados fora do ambiente de utilização, em área
h) ter assentos em número suficiente para atender permanentemente ventilada e coberta. (118.121-1
aos usuários; (118.101-7 / I1) / I3)
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

i) ter depósito, com tampa, para detritos; (118.102-5 18.4.2.12.2. É obrigatório o uso de aventais e gorros
/ I1) para os que trabalham na cozinha. (118.122-0 / I1)
j) não estar situado em subsolos ou porões das edifi- 18.4.2.13. Lavanderia.
cações; (118.103-3 / I2) 18.4.2.13.1. As áreas de vivência devem possuir local
k) não ter comunicação direta com as instalações sa- próprio, coberto, ventilado e iluminado para que
nitárias; (118.104-1 / I1) o trabalhador alojado possa lavar, secar e passar
l) ter pé-direito mínimo de 2,80m (dois metros e oi- suas roupas de uso pessoal. (118.123-8 / I2)
tenta centímetros), ou respeitando-se o que deter- 18.4.2.13.2. Este local deve ser dotado de tanques
mina o Código de Obras do Município, da obra. individuais ou coletivos em número adequado.
(118.105-0 / I1) (118.124-6 /I1)

91
18.4.2.13.3. A empresa poderá contratar serviços 18.5.13. As paredes somente podem ser demolidas
de terceiros para atender ao disposto no item antes da estrutura, quando esta for metálica ou de
18.4.2.13.1, sem ônus para o trabalhador. concreto armado. (118.138-6 / I3)
18.4.2.14. Área de lazer. 18.6. Escavações, fundações e desmonte de rochas.
18.4.2.14.1. Nas áreas de vivência devem ser previstos 18.6.1. A área de trabalho deve ser previamente lim-
locais para recreação dos trabalhadores alojados, pa, devendo ser retirados ou escorados solida-
podendo ser utilizado o local de refeições para mente árvores, rochas, equipamentos, materiais e
este fim. (118.125-4 / I1) objetos de qualquer natureza, quando houver risco
18.5. Demolição de comprometimento de sua estabilidade durante
18.5.1. Antes de se iniciar a demolição, as linhas de a execução de serviços. (118.139-4 / I4)
fornecimento de energia elétrica, água, inflamáveis 18.6.2. Muros, edificações vizinhas e todas as estrutu-
líquidos e gasosos liquefeitos, substâncias tóxicas, ras que possam ser afetadas pela escavação devem
canalizações de esgoto e de escoamento de água ser escorados. (118.140-8 / I4)
devem ser desligadas, retiradas, protegidas ou iso- 18.6.3. Os serviços de escavação, fundação e desmon-
ladas, respeitando-se as normas e determinações te de rochas devem ter responsável técnico legal-
em vigor. (118.126-2 /I4) mente habilitado. (118.141-6 / I4)
18.5.2. As construções vizinhas à obra de demolição 18.6.4. Quando existir cabo subterrâneo de energia
devem ser examinadas, prévia e periodicamente, elétrica nas proximidades das escavações, as me-
no sentido de ser preservada sua estabilidade e a sas só poderão ser iniciadas quando o cabo estiver
integridade física de terceiros. (118.127-0 / I4) desligado. (118.142-4 / I4)
18.6.4.1. Na impossibilidade de desligar o cabo, de-
18.5.3. Toda demolição deve ser programada e di-
vem ser tomadas medidas especiais junto à con-
rigida por profissional legalmente habilitado.
cessionária. (118.143-2 / I4)
(118.128-9 /I4)
18.6.5. Os taludes instáveis das escavações com pro-
18.5.4. Antes de se iniciar a demolição, devem ser re-
fundidade superior a 1,25m (um metro e vinte e
movidos os vidros, ripados, estuques e outros ele- cinco centímetros) devem ter sua estabilidade
mentos frágeis. (118.129-7 / I3) garantida por meio de estruturas dimensionadas
18.5.5. Antes de se iniciar a demolição de um pavi- para este fim. (118.144-0 / I4)
mento, devem ser fechadas todas as aberturas 18.6.6. Para elaboração do projeto e execução das
existentes no piso, salvo as que forem utilizadas escavações a céu aberto, serão observadas as con-
para escoamento de materiais, ficando proibida a dições exigidas na NBR 9061/85 - Segurança de
permanência de pessoas nos pavimentos que pos- Escavação a Céu Aberto da ABNT. (118.145-9 / I4)
sam ter sua estabilidade comprometida no proces- 18.6.7. As escavações com mais de 1,25m (um metro e
so de demolição. (118.130-0 / I3) vinte e cinco centímetros) de profundidade devem
18.5.6. As escadas devem ser mantidas desimpedidas dispor de escadas ou rampas, colocadas próximas
e livres para a circulação de emergência e somen- aos postos de trabalho, a fim de permitir, em caso
te serão demolidas à medida em que forem sendo de emergência, a saída rápida dos trabalhado-
retirados os materiais dos pavimentos superiores. res, independentemente do previsto no subitem
(118.131-9 / I2) 18.6.5. (118.146-7 /I4)
18.5.7. Objetos pesados ou volumosos devem ser re- 18.6.8. Os materiais retirados da escavação devem ser
movidos mediante o emprego de dispositivos me- depositados a uma distância superior à metade da
cânicos, ficando proibido o lançamento em queda profundidade, medida a partir da borda do talude.
livre de qualquer material. (118.132-7 / I2) (118.147-5 / I4)
18.5.8. A remoção dos entulhos, por gravidade, deve 18.6.9. Os taludes com altura superior a 1,75m (um
ser feita em calhas fechadas de material resis- metro e setenta e cinco centímetros) devem ter es-
tente, com inclinação máxima de 45º (quarenta tabilidade garantida. (118.148-3 / I4)
e cinco graus), fixadas à edificação em todos os 18.6.10. Quando houver possibilidade de infiltração
pavimentos. (118.133-5 /I2) ou vazamento de gás, o local deve ser devidamen-
18.5.9. No ponto de descarga da calha, deve existir te ventilado e monitorado. (118.149-1 / I4)
dispositivo de fechamento. (118.134-3 / I2) 18.6.10.1. O monitoramento deve ser efetivado en-
18.5.10. Durante a execução de serviços de demolição, quanto o trabalho estiver sendo realizado para,
devem ser instaladas, no máximo, a 2 (dois) pavi- em caso de vazamento, ser acionado o sistema de
mentos abaixo do que será demolido, plataformas
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

alarme sonoro e visual. (118.150-5 / I4)


de retenção de entulhos, com dimensão mínima 18.6.11. As escavações realizadas em vias públicas ou
de 2,50m (dois metros e cinquenta centímetros) canteiros de obras devem ter sinalização de adver-
e inclinação de 45º (quarenta e cinco graus), em tência, inclusive noturna, e barreira de isolamento
todo o perímetro da obra. (118.135-1 / I4) em todo o seu perímetro. (118.151-3 / I3)
18.5.11. Os elementos da construção em demolição 18.6.12. Os acessos de trabalhadores, veículos e equi-
não devem ser abandonados em posição que tor- pamentos às áreas de escavação devem ter sinali-
ne possível o seu desabamento. (118.136-0 / I3) zação de advertência permanente. (118.152-1 / I3)
18.5.12. Os materiais das edificações, durante a de- 18.6.13. É proibido o acesso de pessoas não-autori-
molição e remoção, devem ser previamente ume- zadas às áreas de escavação e cravação de estacas.
decidos. (118.137-8 / I2) (118.153-0 / I2

92
18.6.14. O operador de bate-estacas deve ser quali- d) as transmissões de força mecânica devem estar
ficado e ter sua equipe treinada. (118.154-8 / I3) protegidas obrigatoriamente por anteparos fixos
18.6.15. Os cabos de sustentação do pilão devem ter e resistentes, não podendo ser removidos, em hi-
comprimento para que haja, em qualquer posição pótese alguma, durante a execução dos trabalhos;
de trabalho, um mínimo de 6 (seis) voltas sobre o (118.166-1 / I4)
tambor. (118.155-6 / I4) e) ser provida de coifa protetora do disco e cutelo
18.6.16. Na execução de escavações e fundações sob divisor, com identificação do fabricante e ainda co-
ar comprimido, deve ser obedecido o disposto no letor de serragem. (118.167-0 / I4)
Anexo no 6 da NR 15 - Atividades e Operações in- 18.7.3. Nas operações de corte de madeira, devem ser
salubres. utilizados dispositivo empurrador e guia de alinha-
18.6.17. Na operação de desmonte de rocha a fogo, mento. (118.168-8 / I4)
fogacho ou mista, deve haver um blaster, respon- 18.7.4. As lâmpadas de iluminação da carpintaria de-
sável pelo armazenamento, preparação das cargas, vem estar protegidas contra impactos provenien-
carregamento das minas, ordem de fogo, detona- tes da projeção de partículas. (118.169-6 / I2)
ção e retirada das que não explodiram, destina- 18.7.5. A carpintaria deve ter piso resistente, nivelado
ção adequada das sobras de explosivos e pelos e antiderrapante, com cobertura capaz de proteger
dispositivos elétricos necessários às detonações. os trabalhadores contra quedas de materiais e in-
(118.156-4 / I4) tempéries. (118.170-0 / I3)
18.6.18. A área de fogo deve ser protegida contra 18.8. Armações de aço.
projeção de partículas, quando expuser a risco tra- 18.8.1. A dobragem e o corte de vergalhões de aço
balhadores e terceiros. (118.157-2 / I4) em obra devem ser feitos sobre bancadas ou plata-
18.6.19. Nas detonações é obrigatória a existência de formas apropriadas e estáveis, apoiadas sobre su-
alarme sonoro. (118.158-0 / I4) perfícies resistentes, niveladas e não escorregadias,
18.6.20. Na execução de tubulões a céu aberto, apli- afastadas da área de circulação de trabalhadores.
cam-se as disposições constantes no item 18.20 - (118.171-8 / I2)
Locais confinados. 18.8.2. As armações de pilares, vigas e outras estrutu-
ras verticais devem ser apoiadas e escoradas para
18.6.21. Na execução de tubulões a céu aberto, a exi-
evitar tombamento e desmoronamento. (118.172-
gência de escoramento (encamisamento) fica a cri-
6 / I1)
tério do engenheiro especializado em fundações
18.8.3. A área de trabalho onde está situada a banca-
ou solo, considerados os requisitos de segurança.
da de armação deve ter cobertura resistente para
18.6.22. O equipamento de descida e içamento de
proteção dos trabalhadores contra a queda de ma-
trabalhadores e materiais utilizado na execução de
teriais e intempéries. (118.173-4 / I2)
tubulões a céu aberto deve ser dotado de sistema
18.8.3.1. As lâmpadas de iluminação da área de tra-
de segurança com travamento. (118.159-9 / I4) balho da armação de aço devem estar protegidas
18.6.23. A escavação de tubulões a céu aberto, alar- contra impactos provenientes da projeção de par-
gamento ou abertura manual de base e execução tículas ou de vergalhões. (118.174-2 / I1)
de taludes, deve ser precedida de sondagem ou de 18.8.4. É obrigatória a colocação de pranchas de ma-
estudo geotécnico local. (118.160-2 / I4) deira firmemente apoiadas sobre as armações nas
18.6.23.1. Em caso específico de tubulões a céu aber- fôrmas, para a circulação de operários. (118.175-0
to e abertura de base, o estudo geotécnico será / I2)
obrigatório para profundidade superior a 3 (três) 18.8.5. É proibida a existência de pontas verticais de
metros. (118.161-0 / I4) vergalhões de aço desprotegidas. (118.176-9 / I4)
18.7. Carpintaria. 18.8.6. Durante a descarga de vergalhões de aço, a
18.7.1. As operações em máquinas e equipamentos área deve ser isolada. (118.177-7 / I1)
necessários à realização da atividade de carpinta- 18.9. Estruturas de concreto
ria somente podem ser realizadas por trabalhador 18.9.1. As fôrmas devem ser projetadas e construídas
qualificado nos termos desta NR. (118.162-9 / I2) de modo que resistam às cargas máximas de servi-
18.7.2. A serra circular deve atender às disposições a ço. (118.178-5 / I2)
seguir: 18.9.2. O uso de fôrmas deslizantes deve ser super-
a) ser dotada de mesa estável, com fechamento de visionado por profissional legalmente habilitado.
suas faces inferiores, anterior e posterior, construí-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

(118.179-3 / I2)
da em madeira resistente e de primeira qualidade, 18.9.3. Os suportes e escoras de fôrmas devem ser
material metálico ou similar de resistência equiva- inspecionados antes e durante a concretagem por
lente, sem irregularidades, com dimensionamento trabalhador qualificado. (118.180-7 / I2)
suficiente para a execução das tarefas; (118.163-7 18.9.4. Durante a desforma devem ser viabiliza-
/ I4) dos meios que impeçam a queda livre de seções
b) ter a carcaça do motor aterrada eletricamente; de fôrmas e escoramentos, sendo obrigatórios a
(118.164-5 / I4) amarração das peças e o isolamento e sinalização
c) o disco deve ser mantido afiado e travado, deven- ao nível do terreno. (118.181-5 / I4)
do ser substituído quando apresentar trincas, den- 18.9.5. As armações de pilares devem ser estaiadas ou
tes quebrados ou empenamentos; (118.165-3 / I4) escoradas antes do cimbramento. (118.182-3 / I4)

93
18.9.6. Durante as operações de protensão de cabos 18.11. Operações de soldagem e corte a quente
de aço, é proibida a permanência de trabalhadores 18.11.1. As operações de soldagem e corte a quente
atrás dos macacos ou sobre estes, ou outros dispo- somente podem ser realizadas por trabalhadores
sitivos de protensão, devendo a área ser isolada e qualificados. (118.199-8 / I2)
sinalizada.(118.183-1 / I4) 18.11.2. Quando forem executadas operações de
18.9.7. Os dispositivos e equipamentos usados em soldagem e corte a quente em chumbo, zinco ou
protensão devem ser inspecionados por profissio- materiais revestidos de cádmio, será obrigató-
nal legalmente habilitado antes de serem iniciados ria a remoção por ventilação local exaustora dos
os trabalhos e durante os mesmos. (118.184-0 / I2)
fumos originados no processo de solda e corte,
18.9.8. As conexões dos dutos transportadores de
concreto devem possuir dispositivos de segurança bem como na utilização de eletrodos revestidos.
para impedir a separação das partes, quando o sis- (118.200-5 / I4)
tema estiver sob pressão. (118.185-8 / I2) 18.11.3. O dispositivo usado para manusear eletrodos
18.9.9. As peças e máquinas do sistema transportador deve ter isolamento adequado à corrente usada,
de concreto devem ser inspecionadas por traba- a fim de se evitar a formação de arco elétrico ou
lhador qualificado, antes do início dos trabalhos. choques no operador. (118.201-3 / I4)
(118.186-6 / I2) 18.11.4. Nas operações de soldagem e corte a quente,
18.9.10. No local onde se executa a concretagem, so- é obrigatória a utilização de anteparo eficaz para
mente deve permanecer a equipe indispensável a proteção dos trabalhadores circunvizinhos. O
para a execução dessa tarefa. (118.187-4 / I2) material utilizado nesta proteção deve ser do tipo
18.9.11. Os vibradores de imersão e de placas devem incombustível. (118.202-1 / I2)
ter dupla isolação e os cabos de ligação ser prote- 18.11.5. Nas operações de soldagem ou corte a
gidos contra choques mecânicos e cortes pela fer- quente de vasilhame, recipiente, tanque ou simi-
ragem, devendo ser inspecionados antes e durante lar, que envolvam geração de gases confinados ou
a utilização.(118.188-2 / I3)
semiconfinados, é obrigatória a adoção de medi-
18.9.12. As caçambas transportadoras de concreto
das preventivas adicionais para eliminar riscos de
devem ter dispositivos de segurança que impeçam
o seu descarregamento acidental. (118.189-0 / I3) explosão e intoxicação do trabalhador, conforme
18.10. Estruturas metálicas mencionado no item 18.20 - Locais confinados.
18.10.1. As peças devem estar previamente fixadas (118.203-0 / I4)
antes de serem soldadas, rebitadas ou parafusa- 18.11.6. As mangueiras devem possuir mecanismos
das. (118.190-4 / I3) contra o retrocesso das chamas na saída do cilin-
18.10.2. Na edificação de estrutura metálica, abaixo dro e chegada do maçarico. (118.204-8 / I4)
dos serviços de rebitagem, parafusagem ou solda- 18.11.7. É proibida a presença de substâncias infla-
gem, deve ser mantido piso provisório, abrangen- máveis e/ou explosivas próximo às garrafas de O2
do toda a área de trabalho situada no piso imedia- (oxigênio). (118.205-6 / I4)
tamente inferior. (118.191-2 / I4) 18.11.8. Os equipamentos de soldagem elétrica de-
18.10.3. O piso provisório deve ser montado sem fres- vem ser aterrados. (118.206-4 / I4)
tas, a fim de se evitar queda de materiais ou equi- 18.11.9. Os fios condutores dos equipamentos, as
pamentos. (118.192-0 / I3) pinças ou os alicates de soldagem devem ser man-
18.10.4. Quando necessária a complementação do tidos longe de locais com óleo, graxa ou umidade,
piso provisório, devem ser instaladas redes de pro- e devem ser deixados em descanso sobre superfí-
teção junto às colunas. (118.193-9 / I3) cies isolantes. (118.207-2 / I2)
18.10.5. Deve ficar à disposição do trabalhador, em 18.12. Escadas, rampas e passarelas
seu posto de trabalho, recipiente adequado para 18.12.1. A madeira a ser usada para construção de
depositar pinos, rebites, parafusos e ferramentas. escadas, rampas e passarelas deve ser de boa qua-
(118.194-7 / I2) lidade, sem apresentar nós e rachaduras que com-
18.10.6. As peças estruturais pré-fabricadas devem prometam sua resistência, estar seca, sendo proi-
ter pesos e dimensões compatíveis com os equipa- bido o uso de pintura que encubra imperfeições.
mentos de transportar e guindar. (118.195-5 / I3) (118.208-0 / I2)
18.10.7. Os elementos componentes da estrutura me-
18.12.2. As escadas de uso coletivo, rampas e passare-
tálica não devem possuir rebarbas. (118.196-3 / I2)
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

las para a circulação de pessoas e materiais devem


18.10.8. Quando for necessária a montagem, próximo
ser de construção sólida e dotadas de corrimão e
às linhas elétricas energizadas, deve-se proceder
rodapé. (118.209-9 / I3)
ao desligamento da rede, afastamento dos locais
energizados, proteção das linhas, além do ater- 18.12.3. A transposição de pisos com diferença de ní-
ramento da estrutura e equipamentos que estão vel superior a 0,40m (quarenta centímetros) deve
sendo utilizados. (118.197-1 / I4) ser feita por meio de escadas ou rampas. (118.210-
18.10.9. A colocação de pilares e vigas deve ser feita 2 / I2)
de maneira que, ainda suspensos pelo equipamen- 18.12.4. É obrigatória a instalação de rampa ou esca-
to de guindar, se executem a prumagem, marcação da provisória de uso coletivo para transposição de
e fixação das peças. (118.198-0 / I2) níveis como meio de circulação de trabalhadores.
(118.211-0 / I3)

94
18.12.5. Escadas. 18.12.6.2. As rampas provisórias devem ser fixadas
18.12.5.1. As escadas provisórias de uso coletivo de- no piso inferior e superior, não ultrapassando 30º
vem ser dimensionadas em função do fluxo de (trinta graus) de inclinação em relação ao piso.
trabalhadores, respeitando-se a largura mínima de (118.230-7 / I3)
0,80 (oitenta centímetros), devendo ter pelo menos 18.12.6.3. Nas rampas provisórias, com inclinação
a cada 2,90m (dois metros e noventa centímetros) superior a 18º (dezoito graus), devem ser fixadas
de altura um patamar intermediário. (118.212-9 / peças transversais, espaçadas em 0,40m (quaren-
I2) ta centímetros), no máximo, para apoio dos pés.
18.12.5.1.1. Os patamares intermediários devem ter (118.231-5 / I3)
largura e comprimento, no mínimo, iguais à largu- 18.12.6.4. As rampas provisórias usadas para trânsito
ra da escada. (118.213-7 / I2) de caminhões devem ter largura mínima de 4,00m
18.12.5.2. A escada de mão deve ter seu uso restri- (quatro metros) e ser fixadas em suas extremida-
to para acessos provisórios e serviços de pequeno des. (118.232-3 / I3)
porte. (118.214-5 / I2) 18.12.6.5. Não devem existir ressaltos entre o piso da
18.12.5.3. As escadas de mão poderão ter até 7,00m
passarela e o piso do terreno. (118.233-1 / I2)
(sete metros) de extensão e o espaçamento en-
tre os degraus deve ser uniforme, variando entre 18.12.6.6. Os apoios das extremidades das passarelas
0,25m (vinte e cinco centímetros) a 0,30m (trinta devem ser dimensionados em função do compri-
centímetros). (118.215-3 / I3) mento total das mesmas e das cargas a que esta-
18.12.5.4. É proibido o uso de escada de mão com rão submetidas. (118.234-0 / I2)
montante único. (118.216-1 / I4) 18.13. Medidas de proteção contra quedas de altura
18.12.5.5. É proibido colocar escada de mão: 18.13.1. É obrigatória a instalação de proteção cole-
a) nas proximidades de portas ou áreas de circulação; tiva onde houver risco de queda de trabalhadores
(118.217-0 / I3) ou de projeção de materiais. (118.235-8 / I4)
b) onde houver risco de queda de objetos ou mate- 18.13.2. As aberturas no piso devem ter fechamento
riais; (118.218-8 / I3) provisório resistente. (118.236-6 / I4)
c) nas proximidades de aberturas e vãos. (118.219-6 18.13.2.1. As aberturas, em caso de serem utilizadas
/ I3) para o transporte vertical de materiais e equipa-
18.12.5.6. A escada de mão deve: mentos, devem ser protegidas por guarda-corpo
a) ultrapassar em 1,00m (um metro) o piso superior; fixo, no ponto de entrada e saída de material, e por
(118.220-0 / I2) sistema de fechamento do tipo cancela ou similar.
b) ser fixada nos pisos inferior e superior ou ser dota- (118.237-4 / I4)
da de dispositivo que impeça o seu escorregamen-
18.13.3. Os vãos de acesso às caixas dos elevadores
to; (118.221-8 / I2)
devem ter fechamento provisório de, no mínimo,
c) ser dotada de degraus antiderrapantes; (118.222-6
/ I2) 1,20m (um metro e vinte centímetros) de altura,
d) ser apoiada em piso resistente. (118.223-4 / I2) constituído de material resistente e seguramente
18.12.5.7. É proibido o uso de escada de mão junto fixado à estrutura, até a colocação definitiva das
a redes e equipamentos elétricos desprotegidos. portas. (118.238-2 / I4)
(118.224-2 / I4) 18.13.4. É obrigatória, na periferia da edificação, a ins-
18.12.5.8. A escada de abrir deve ser rígida, estável talação de proteção contra queda de trabalhado-
e provida de dispositivos que a mantenham com res e projeção de materiais a partir do início dos
abertura constante, devendo ter comprimento serviços necessários à concretagem da primeira
máximo de 6,00m (seis metros), quando fechada. laje. (118.239-0 /I4)
(118.225-0 / I3) 18.13.5. A proteção contra quedas, quando constitu-
18.12.5.9. A escada extensível deve ser dotada de dis- ída de anteparos rígidos, em sistema de guarda-
positivo limitador de curso, colocado no quarto -corpo e rodapé, deve atender aos seguintes re-
vão a contar da catraca. Caso não haja o limitador quisitos:
de curso, quando estendida, deve permitir uma a) ser construída com altura de 1,20m (um metro e
sobreposição de no mínimo 1,00m (um metro).
vinte centímetros) para o travessão superior e
(118.226-9 / I3)
18.12.5.10. A escada fixa, tipo marinheiro, com 6,00 0,70m (setenta centímetros) para o travessão inter-
(seis metros) ou mais de altura, deve ser provida mediário; (118.240-4 / I4)
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

de gaiola protetora a partir de 2,00m (dois metros) b) ter rodapé com altura de 0,20m (vinte centímetros);
acima da base até 1,00m (um metro) acima da últi- (118.241-2 / I4)
ma superfície de trabalho. (118.227-7 / I3) c) ter vãos entre travessas preenchidos com tela ou
18.12.5.10.1. Para cada lance de 9,00m (nove me- outro dispositivo que garanta o fechamento segu-
tros), deve existir um patamar intermediário de ro da abertura. (118.242-0 / I4)
descanso, protegido por guarda-corpo e rodapé. 18.13.6. Em todo perímetro da construção de edifí-
(118.228-5 / I3) cios com mais de 4 (quatro) pavimentos ou altura
18.12.6. Rampas e passarelas. equivalente, é obrigatória a instalação de uma pla-
18.12.6.1. As rampas e passarelas provisórias devem taforma principal de proteção na altura da primeira
ser construídas e mantidas em perfeitas condições laje que esteja, no mínimo, um pé-direito acima do
de uso e segurança. (118.229-3 / I3) nível do terreno. (118.243-9 / I4)

95
18.13.6.1. Essa plataforma deve ter, no mínimo, 2,50m 18.13.12 - REDES DE SEGURANÇA (item e subitens in-
(dois metros e cinquenta centímetros) de projeção cluídos pela Portaria SIT 157/2006)
horizontal da face externa da construção e 1 (um) 18.13.12.1 Como medida alternativa ao uso de plata-
complemento de 0,80m (oitenta centímetros) de formas secundárias de proteção, previstas no item
extensão, com inclinação de 45º (quarenta e cinco 18.13.7 desta norma regulamentadora, pode ser
graus), a partir de sua extremidade. (118.244-7 / I4) instalado Sistema Limitador de Quedas de Altura,
18.13.6.2. A plataforma deve ser instalada logo após com a utilização de redes de segurança.
a concretagem da laje a que se refere e retira- 18.13.12.2 O Sistema Limitador de Quedas de Altu-
da, somente, quando o revestimento externo do ra deve ser composto, no mínimo, pelos seguintes
prédio acima dessa plataforma estiver concluído. elementos:
(118.245-5 / I4) a)rede de segurança;
18.13.7. Acima e a partir da plataforma principal de b)cordas de sustentação ou de amarração e perimé-
proteção, devem ser instaladas, também, platafor- trica da rede;
mas secundárias de proteção, em balanço, de 3 c)conjunto de sustentação, fixação e ancoragem e
(três) em 3 (três) lajes. (118.246-3 / I4) acessórios de rede, composto de:
18.13.7.1. Essas plataformas devem ter, no mínimo, I.Elemento forca;
1,40m (um metro e quarenta centímetros) de ba- II.Grampos de fixação do elemento forca;
lanço e um complemento de 0,80m (oitenta centí- III.Ganchos de ancoragem da rede na parte inferior.
metros) de extensão, com inclinação de 45º (qua- 18.13.12.3 Os elementos de sustentação não podem
renta e cinco graus), a partir de sua extremidade. ser confeccionados em madeira.
(118.247-1 / I4) 18.13.12.4 As cordas de sustentação e as perimétricas
18.13.7.2. Cada plataforma deve ser instalada logo devem ter diâmetro mínimo de 16mm (dezesseis
após a concretagem da laje a que se refere e reti- milímetros) e carga de ruptura mínima de 30 KN
rada, somente, quando a vedação da periferia, até (trinta quilonewtons), já considerado, em seu cál-
a plataforma imediatamente superior, estiver con- culo, fator de segurança 2 (dois).
cluída. (118.248- 0 / I4) 18.13.12.5 O Sistema Limitador de Quedas de Altura
18.13.8. Na construção de edifícios com pavimentos deve ter, no mínimo, 2,50 m (dois metros e cin-
no subsolo, devem ser instaladas, ainda, platafor- quenta centímetros) de projeção horizontal a partir
mas terciárias de proteção, de 2 (duas) em 2 (duas) da face externa da construção.
lajes, contadas em direção ao subsolo e a partir da 18.13.12.6 Na parte inferior do Sistema Limitador de
laje referente à instalação da plataforma principal Quedas de Altura, a rede deve permanecer o mais
de proteção. (118.249-8 / I4) próximo possível do plano de trabalho.
18.13.8.1. Essas plataformas devem ter, no mínimo, 18.13.12.7 Entre a parte inferior do Sistema Limita-
2,20m (dois metros e vinte centímetros) de proje- dor de Quedas de Altura e a superfície de trabalho
ção horizontal da face externa da construção e um deve ser observada uma altura máxima de 6,00 m
complemento de 0,80m (oitenta centímetros) de (seis metros).
extensão, com inclinação de 45º (quarenta e cinco 18.13.12.8 A extremidade superior da rede de segu-
graus), a partir de sua extremidade, devendo aten- rança deve estar situada, no mínimo, 1,00m (um
der, igualmente, ao disposto no subitem 18.13.7.2. metro) acima da superfície de trabalho.
18.13.12.9 As redes devem apresentar malha unifor-
(118.250-1 / I4)
me em toda a sua extensão.
18.13.9. O perímetro da construção de edifícios, além
18.13.12.10 Quando necessárias emendas na pana-
do disposto nos subitens 18.13.6 e 18.13.7, deve
gem da rede, devem ser asseguradas as mesmas
ser fechado com tela a partir da plataforma princi-
características da rede original, com relação à re-
pal de proteção. (118.251-0 / I3)
sistência à tração e à deformação, além da durabi-
18.13.9.1. A tela deve constituir-se de uma barreira
lidade, sendo proibidas emendas com sobreposi-
protetora contra projeção de materiais e ferramen-
ções da rede.
tas. (118.252-8 / I3) 18.13.12.10.1 As emendas devem ser feitas por pro-
18.13.9.2. A tela deve ser instalada entre as extremi- fissionais com qualificação e especialização em
dades de 2 (duas) plataformas de proteção conse- redes, sob supervisão de profissional legalmente
cutivas, só podendo ser retirada quando a vedação habilitado.
da periferia, até a plataforma imediatamente supe- 18.13.12.11 A distância entre os pontos de ancora-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

rior, estiver concluída. (118.253-6 / I3) gem da rede e a face do edifício deve ser no máxi-
18.13.10. Em construções em que os pavimentos mais mo de 0,10 m (dez centímetros).
altos forem recuados, deve ser considerada a pri- 18.13.12.12 A rede deve ser ancorada à estrutura da
meira laje do corpo recuado para a instalação de edificação, na sua parte inferior, no máximo a cada
plataforma principal de proteção e aplicar o dis- 0,50m (cinquenta centímetros).
posto nos subitens 18.13.7 e 18.13.9. (118.254-4 / 18.13.12.13 A estrutura de sustentação deve ser pro-
I4) jetada de forma a evitar que as peças trabalhem
18.13.11. As plataformas de proteção devem ser folgadas.
construídas de maneira resistente e mantidas sem 18.13.12.14 A distância máxima entre os elementos
sobrecarga que prejudique a estabilidade de sua de sustentação tipo forca deve ser de 5m (cinco
estrutura. (118.255-2 / I4) metros).

96
18.13.12.15 A rede deve ser confeccionada em cor 18.14.1.1 A montagem e desmontagem devem ser
que proporcione contraste, preferencialmente es- realizadas por trabalhador qualificado. (118.257-9
cura, em cordéis 30/45, com distância entre nós de / I4)
0,04m (quarenta milímetros) a 0,06m (sessenta mi- 18.14.1.2 A manutenção deve ser executada por tra-
límetros) e altura mínima de 10,00m (dez metros). balhador qualificado, sob supervisão de profissio-
18.13.12.16 A estrutura de sustentação deve ser di- nal legalmente habilitado. (118.258-7 / I4)
mensionada por profissional legalmente habilita- 18.14.2 Todos os equipamentos de movimentação
do. e transporte de materiais e pessoas só devem
18.13.12.16.1 Os ensaios devem ser realizados com ser operados por trabalhador qualificado, o qual
base no item 18.13.12.25 desta norma regulamen- terá sua função anotada em Carteira de Trabalho.
tadora. (118.259-5 / I4)
18.13.12.17 O Sistema de Proteção Limitador de Que- 18.14.3 No transporte vertical e horizontal de concre-
das de Altura deve ser submetido a uma inspeção to, argamassas ou outros materiais, é proibida a
semanal, para verificação das condições de todos
circulação ou permanência de pessoas sob a área
os seus elementos e pontos de fixação.
de movimentação da carga, sendo a mesma isola-
18.13.12.17.1 Após a inspeção semanal, devem ser
efetuadas as correções necessárias. da e sinalizada. (118.260-9 / I3)
18.13.12.18 As redes do Sistema de Proteção Limita- 18.14.4 Quando o local de lançamento de concreto
dor de Quedas de Altura devem ser armazenadas não for visível pelo operador do equipamento de
em local apropriado, seco e acondicionadas em re- transporte ou bomba de concreto, deve ser utiliza-
cipientes adequados. do um sistema de sinalização, sonoro ou visual, e,
18.13.12.19 Os elementos de sustentação do Sistema quando isso não for possível deve haver comunica-
de Proteção Limitador de Quedas de Altura e seus ção por telefone ou rádio para determinar o início
acessórios devem ser armazenados em ambientes e o fim do transporte. (118.261-7 / I4)
adequados e protegidos contra deterioração. 18.14.5 No transporte e descarga dos perfis, vigas e
18.13.12.20 Os elementos de sustentação da rede no elementos estruturais, devem ser adotadas medi-
Sistema de Proteção Limitador de Quedas em Altu- das preventivas quanto à sinalização e isolamento
ra não podem ser utilizados para outro fim. da área. (118.262-5 / I2)
18.13.12.21 Os empregadores que optarem pelo Sis- 18.14.6 Os acessos da obra devem estar desimpedi-
tema de Proteção Limitador de Quedas em Altura dos, possibilitando a movimentação dos equipa-
devem providenciar projeto que atenda às especi- mentos de guindar e transportar. (118.263-3 / I2)
ficações de dimensionamento previstas nesta Nor- 18.14.7 Antes do início dos serviços, os equipamentos
ma Regulamentadora, integrado ao Programa de
de guindar e transportar devem ser vistoriados por
Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indús-
trabalhador qualificado, com relação a capacida-
tria da Construção - PCMAT.
18.13.12.21.1 O projeto deve conter o detalhamento de de carga, altura de elevação e estado geral do
técnico descritivo das fases de montagem, deslo- equipamento. (118.264-1 / I4)
camento do Sistema durante a evolução da obra e 18.14.8 Estruturas ou perfis de grande superfície so-
desmontagem. mente devem ser içados com total precaução con-
18.13.12.21.2 O projeto deve ser assinado por profis- tra rajadas de vento. (118.265-0 / I4)
sional legalmente habilitado. 18.14.9 Todas as manobras de movimentação de-
18.13.12.22 O Sistema de Proteção Limitador de Que- vem ser executadas por trabalhador qualificado
das em Altura deve ser utilizado até a conclusão e por meio de código de sinais convencionados.
dos serviços de estrutura e vedação periférica. (118.266-8 / I4)
18.13.12.23 As fases de montagem, deslocamento e 18.14.10 Devem ser tomadas precauções especiais
desmontagem do sistema devem ser supervisio- quando da movimentação de máquinas e equipa-
nadas pelo responsável técnico pela execução da mentos próximo a redes elétricas. (118.267-6 / I4)
obra. 18.14.11 O levantamento manual ou semimecaniza-
18.13.12.24 É facultada a colocação de tecidos sobre
do de cargas deve ser executado de forma que o
a rede, que impeçam a queda de pequenos obje-
esforço físico realizado pelo trabalhador seja com-
tos, desde que prevista no projeto do Sistema Li-
mitador de Quedas de Altura. patível com a sua capacidade de força, conforme a
18.13.12.25 As redes de segurança devem ser confec- NR-17 - Ergonomia. (118.268-4 / I2)
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

cionadas de modo a atender aos testes previstos 18.14.12 Os guinchos de coluna ou similar (tipo “Ve-
nas Normas EN 1263-1 e EN 1263-2. lox”) devem ser providos de dispositivo próprios
18.13.12.26 Os requisitos de segurança para a mon- para sua fixação. (118.269-2 / I4)
tagem das redes devem atender às Normas EN 18.14.13 O tambor do guincho de coluna deve estar
1263-1 e EN 1263-2. nivelado para garantir o enrolamento adequado
18.14. Movimentação e transporte de materiais e pes- do cabo. (118.270-6 / I3)
soas 18.14.14 A distância entre a roldana livre e o tambor
18.14.1 Os equipamentos de transporte vertical de do guincho do elevador deve estar compreendida
materiais e de pessoas devem ser dimensionados entre 2,50m (dois metros e cinquenta centímetros)
por profissional legalmente habilitado. (118.256-0 e 3,00m (três metros), de eixo a eixo. (118.271-4 /
/ I4) I3)

97
18.14.15 O cabo de aço situado entre o tambor de 18.14.21.12 O trecho da torre acima da última laje
rolamento e a roldana livre deve ser isolado por deve ser mantido estaiado pelos montantes poste-
barreira segura, de forma que se evitem a circula- riores, para evitar o tombamento da torre no senti-
ção e o contato acidental de trabalhadores com o do contrário à edificação. (118.291-9 / I4)
mesmo. (118.272-2 I3) 18.14.21.13 As torres montadas externamente às
18.14.16 O guincho do elevador deve ser dotado de construções devem ser estaiadas através dos mon-
chave de partida e bloqueio que impeça o seu tantes posteriores. (118.297-7 / I4)
acionamento por pessoa não autorizada. (118.273- 18.14.21.14 A torre e o guincho do elevador devem
0 / I3) ser aterrados eletricamente. (118.293-5 / I4)
18.14.17 Em qualquer posição da cabina do elevador, 18.14.21.15 Em todos os acessos de entrada à torre
o cabo de tração deve dispor, no mínimo, de 6 do elevador deve ser instalada uma barreira que
(seis) voltas enroladas no tambor. (118.634-5 / I4) tenha, no mínimo 1,80m ( um metro e oitenta cen-
18.14.18 Os elevadores de caçamba devem ser utiliza- tímetros) de altura, impedindo que pessoas expo-
dos apenas para o transporte de material a granel. nham alguma parte de seu corpo no interior da
(118.275-7 / I4) mesma. (118.639-6 / I4) )
18.14.19 É proibido o transporte de pessoas por equi- 18.14.21.16 A torre do elevador deve ser dotada de
pamento de guindar. (118.276-5 / I4) proteção e sinalização, de forma a proibir a circula-
18.14.20 Os equipamentos de transportes de ma- ção de trabalhadores através da mesma. (118.295-
teriais devem possuir dispositivos que impeçam 1 / I4)
a descarga acidental do material transportado. 18.14.21.17 As torres de elevadores de materiais de-
(118.277-3 / I4) vem ter suas faces revestidas com tela de arame
18.14.21 Torres de Elevadores galvanizado ou material de resistência e durabili-
18.14.21.1 As torres de elevadores devem ser dimen- dade equivalentes. (118.656-6 / I4)
sionadas em função das cargas a que estarão sujei- 18.14.21.17.1 Nos elevadores de materiais, onde a
tas. (118.278-1 / I4) cabina for fechada por painéis fixos de, no míni-
18.14.21.1.1 Na utilização de torres de madeira devem mo 2 (dois) metros de altura, e dotada de um úni-
ser atendidas as seguintes exigências adicionais:
co acesso , o entelamento da torre é dispensável.
a) permanência, na obra, do projeto e da Anotação de
(118.657-4 / I4)
Responsabilidade Técnica (ART) de projeto e exe-
18.14.21.18 As torres do elevador de material e do
cução da torre; (118.279-0 / I2)
elevador de passageiros devem ser equipadas com
b) a madeira deve ser de boa qualidade e tratada.
dispositivo de segurança que impeça a abertura da
(118.280-3 / I4)
barreira (cancela), quando o elevador não estiver
18.14.21.2 As torres devem ser montadas e desmon-
no nível do pavimento. (118.297-8 / I4)
tadas por trabalhadores qualificados. (118.281-1 /
I4) 18.14.21.19 As rampas de acesso à torre de elevador
18.14.21.3 As torres devem estar afastadas das redes devem:
elétricas ou estas isoladas conforme normas espe- a) ser providas de sistema de guarda-corpo e rodapé,
cíficas da concessionária local. (118.282-0 / I4) conforme subitem 18.13.5; (118.298-6 / I4)
18.14.21.4 As torres devem ser montadas o mais pró- b) ter pisos de material resistente, sem apresentar
ximo possível da edificação. (118.283-8 / I3) aberturas; (118.299-4 / I4)
18.14.21.5 A base onde se instala a torre e o guin- c) ser fixadas à estrutura do prédio e da torre;
cho deve ser única de concreto, nivelada e rígida. (118.300-1 / I4)
(118.284-6 / I4) d) não ter inclinação descendente no sentido da torre.
18.14.21.6 Os elementos estruturais (laterais e con- (118.301-0 / I4)
traventos) componentes da torre devem estar em 18.14.21.20 Deve haver altura livre de no mínimo
perfeito estado, sem deformações que possam 2,00m (dois metros) sobre a rampa. (118.302-8 / I2)
comprometer sua estabilidade. (118.285-4 / I4) 18.14.22 Elevadores de Transporte de Materiais
18.14 21.7 As torres para elevadores de caçamba de- 18.14.22.1 É proibido o transporte de pessoas nos
vem ser dotadas de dispositivos que mantenham a elevadores de materiais. (118.303-6 / I4)
caçamba em equilíbrio. (118.286-2 / I2) 18.14.22.2 Deve ser fixada uma placa no interior do
18.14.21.8 Os parafusos de pressão dos painéis de- elevador de material, contendo a indicação de car-
vem ser apertados e os contraventos contrapina- ga máxima e a proibição de transporte de pessoas.
dos. (118.287-0 / I3) (118.304-4 / I1)
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

18.14.21.9 O estaiamento ou fixação das torres à es- 18.14.22.3 O posto de trabalho do guincheiro deve
trutura da edificação, deve ser a cada laje ou pavi- ser isolado, dispor de proteção segura contra
mento. (118.635-3 / I4) queda de materiais, e os assentos utilizados de-
18.14.21.10 A distância entre a viga superior da cabi- vem atender ao disposto na NR-17- Ergonomia.
na e o topo da torre, após a última parada, deve ser (118.305-2 / I4)
de 4,00m (quatro metros). (118.636-1 / I4) ) 18.14.22.4 Os elevadores de materiais devem dispor
18.14.21.11 As torres devem ter os montantes pos- de:
teriores estaiados a cada 6,00m (seis metros) por a) Sistema de frenagem automática que atue com
meio de cabo de aço; quando a estrutura for tubu- efetividade em qualquer situação tendente a oca-
lar ou rígida, a fixação por meio de cabo de aço é sionar a queda livre da cabina. (redação dada pela
dispensável.(118.637-0 / I4) Portaria SIT 157/2006)

98
b) Sistema de segurança eletromecânica no limite su- 18.14.23.2.4 O transporte de passageiros terá priori-
perior, instalado a 2,00m (dois metros) abaixo da dade sobre o de carga ou de materiais. (118.647-7
viga superior da torre; (118.307-9 / I4) / I2)
c) sistema de trava de segurança para mantê-lo para- 18.14.23.3 O elevador de passageiros deve dispor de:
do em altura, além do freio do motor; (118.641-8 a) interruptor nos fins de curso superior e inferior,
/ I4) conjugado com freio automático eletromecânico;
d) Interruptor de corrente para que só se movimente (118.648-5 / I4)
com portas ou painéis fechados. (118.630-2 / I4) b) sistema de frenagem automática que atue com
18.14.22.5 Quando houver irregularidades no eleva- efetividade em qualquer situação tendente a oca-
dor de materiais quanto ao funcionamento e ma- sionar a queda livre da cabina; (redação dada pela
nutenção do mesmo, estas serão anotadas pelo Portaria SIT 157/2006)
operador em livro próprio e comunicadas, por es- c) sistema de segurança eletromecânico situado a
crito, ao responsável da obra. (118.309-5 / I1) 2,00m (dois metros) abaixo da viga superior da
18.14.22.6 O elevador deve contar com dispositivo torre, ou outro sistema que impeça o choque da
de tração na subida e descida, de modo a impe- cabina com esta viga; (118.650-7 / I4)
dir a descida da cabina em queda livre (banguela). d) interruptor de corrente, para que se movimente
(118.642-6 / I4) ) apenas com as portas fechadas; (118.320-6 / I4)
18.14.22.7 Os elevadores de materiais devem ser do- e) cabina metálica com porta; (118.651-5 / I4)
tados de botão, em cada pavimento, para acionar f) freio manual situado na cabina, interligado ao inter-
lâmpada ou campainha junto ao guincheiro, a fim ruptor de corrente que quando acionado desligue
de garantir comunicação única. (118.311-7 / I2) o motor. (118.652-3 / I4)
18.14.22.8 Os elevadores de materiais devem ser pro- 18.14.23.4 O elevador de passageiros deve ter um
vidos, nas laterais, de painéis fixos de contenção livro de inspeção, no qual o operador anotará,
com altura em torno de 1,OOm (um metro) e, nas diariamente, as condições de funcionamento e de
demais faces, de portas ou painéis removíveis. manutenção do mesmo. Este livro deve ser visto
(118.312-5 / I2) e assinado, semanalmente, pelo responsável pela
18.14.22.9 Os elevadores de materiais devem ser do- obra. (118.322-2 / I2)
tados de cobertura fixa, basculável ou removível. 18.14.23.5 A cabina do elevador automático de pas-
(118.313-3 / I2) sageiros deve ter iluminação e ventilação natural
18.14.23 Elevadores de Passageiros ou artificial durante o uso e indicação .do número
18.14.23.1 Nos edifícios em construção com 12 (doze) máximo de passageiros e peso máximo equivalen-
ou mais pavimentos, ou altura equivalente é obri- te (kg). (118.653-1 / I4)
gatória a instalação de, pelo menos, um elevador 18.14.24 Gruas
de passageiros, devendo o seu percurso alcançar 18.14.24.1 A ponta da lança e o cabo de aço de sus-
toda a extensão vertical da obra. (118.314-1 / I3) tentação devem ficar no mínimo a 3,OOm (três
18.14.23.1.1 O elevador de passageiros deve ser ins- metros) de qualquer obstáculo e ter afastamento
talado, ainda, a partir da execução da 7ª laje dos da rede elétrica que atenda orientação da conces-
edifícios em construção com 08 (oito) ou mais sionária local. (118.324-9 / I4)
pavimentos, ou altura equivalente, cujo cantei- 18.14.24.2 É proibida a montagem de estruturas com
ro possua, pelo menos, 30 (trinta) trabalhadores. defeitos que possam comprometer seu funciona-
(118.315-0 / I3) mento. (118.325-7 / I4)
18.14.23.2 Fica proibido o transporte simultâneo de 18.14.24.3 O primeiro estaiamento da torre fixa ao
carga e passageiros no elevador de passageiros. solo deve se dar necessariamente no 8ø (oitavo)
(118.643-4 / I4) elemento e a partir daí de 5 (cinco) em 5 (cinco)
18.14.23.2.1 Quando ocorrer o transporte d e carga, o elementos. (118.326-5 / I4)
comando do elevador deve ser externo. (118.644-2
18.14.24.4 Quando o equipamento de guindar não
/ I4)
estiver em operação, a lança deve ser colocada em
18.14.23.2.2 Em caso de utilização de elevador de pas-
posição de descanso. (118.327-3 / I4)
sageiros para transporte de cargas ou materiais,
18.14.24.5 A operação da grua deve ser de confor-
não simultâneo, deverá haver sinalização por meio
de cartazes em seu interior, onde conste de forma midade com as recomendações do fabricante.
(118.328-1 /I4)
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

visível, os seguintes dizeres, ou outros que tradu-


zam a mesma mensagem: “É PERMITIDO O USO 18.14.24.6 É proibido qualquer trabalho sob intempé-
DESTE ELEVADOR PARA TRANSPORTE DE MATE- ries ou outras condições desfavoráveis que expo-
RIAL, DESDE QUE NÃO REALIZADO SIMULTÂNEO nham a risco os trabalhadores da área. (118.329-0
COM O TRANSPORTE DE PESSOAS.” (118.645-0 / / I4)
I2) 18.14.24.7 A grua deve estar devidamente aterrada e,
18.14.23.2.3 Quando o elevador de passageiros for quando necessário, dispor de para-raios situados a
utilizado para o transporte de cargas e materiais, 2,00m (dois metros) acima da ponta mais elevada
não simultaneamente, e for o único da obra, será da torre. (118.330-3 / I4)
instalado a partir do pavimento térreo. (118.646-9 18.14.24.8 É obrigatório existir trava de segurança no
/ I4) gancho do moitão. (118.331-1 / I4)

99
18.14.24.9 É proibida a utilização da grua para arras- 18.15.9. O acesso aos andaimes deve ser feito de ma-
tar peças. (118.332-0 / I4) neira segura. (118.345-1 / I4)
18.14.24.10 É proibida a utilização de travas de se- Andaimes Simplesmente Apoiados
gurança para bloqueio de movimentação da lan- 18.15.10. Os montantes dos andaimes devem ser
ça quando a grua não estiver em funcionamento. apoiados em sapatas sobre base sólida capaz de
(118.333-8 / I4) resistir aos esforços solicitantes e às cargas trans-
18.14.24.11 É obrigatória a instalação de dispositivos mitidas. (118.346-0 / I4)
de segurança ou fins de curso automáticos como 18.15.11. É proibido trabalho em andaimes apoia-
limitadores de cargas ou movimentos, ao longo da dos sobre cavaletes que possuam altura superior
lança. (118.334-6 / I4) a 2,00m (dois metros) e largura inferior a 0,90m
18.14.24.12 As áreas de carga/descarga devem ser de- (noventa centímetros). (118.347-8 / I4)
limitadas, permitindo o acesso às mesmas somente 18.15.12. É proibido o trabalho em andaimes na peri-
ao pessoal envolvido na operação. (118.335-4 / I4) feria da edificação sem que haja proteção adequa-
18.14.24.13 A grua deve possuir alarme sonoro que da fixada à estrutura da mesma. (118.348-6 / I4)
será acionado pelo operador sempre que houver 18.15.13. É proibido o deslocamento das estruturas
movimentação de carga. (118.336-2 / I4) dos andaimes com trabalhadores sobre os mes-
18.14.25 Elevadores de Cremalheira mos.(118.349-4 / I4)
18.14.25.1 Os elevadores de cremalheira para trans- 18.15.14. Os andaimes cujos pisos de trabalho este-
porte de pessoas e materiais deverão obedecer as jam situados a mais de 1,50m (um metro e cin-
quenta centímetros) de altura devem ser providos
especificações do fabricante para montagem, ope-
ração, manutenção e desmontagem, e estar sob de escadas ou rampas. (118.350-8 / I2)
responsabilidade de profissional legalmente habi- 18.15.15. O ponto de instalação de qualquer aparelho
litado. (118.654-0 / I4) de içar materiais deve ser escolhido, de modo a
18.14.25.2 Os manuais de orientação do fabricante não comprometer a estabilidade e segurança do
deverão estar à disposição, no canteiro de obra. andaime. (118.351-6 / I2)
(118.655-8/ I4) 18.15.16. Os andaimes de madeira não podem ser
18.15. Andaimes. utilizados em obras acima de 3 (três) pavimentos
18.15.1. O dimensionamento dos andaimes, sua es- ou altura equivalente, podendo ter o lado interno
trutura de sustentação e fixação, deve ser realizado apoiado na própria edificação. (118.352-4 / I2)
por profissional legalmente habilitado. (118.337-0 18.15.17. A estrutura dos andaimes deve ser fixada
/ I4) à construção por meio de amarração e entronca-
18.15.2. Os andaimes devem ser dimensionados e mento, de modo a resistir aos esforços a que estará
construídos de modo a suportar, com seguran- sujeita. (118.353-2 / I4)
ça, as cargas de trabalho a que estarão sujeitos. 18.15.18. As torres de andaimes não podem exceder,
(118.338-9 / I4) em altura, 4 (quatro) vezes a menor dimensão da
18.15.3. O piso de trabalho dos andaimes deve ter base de apoio, quando não estaiadas. (118.354-0
forração completa, antiderrapante, ser nivelado e / I4)
fixado de modo seguro e resistente. (118.339-7 / Andaimes Fachadeiros
I4) 18.15.19. Os andaimes fachadeiros não devem rece-
18.15.4. Devem ser tomadas precauções especiais, ber cargas superiores às especificadas pelo fabri-
quando da montagem, desmontagem e movimen- cante. Sua carga deve ser distribuída de modo uni-
tação de andaimes próximos às redes elétricas. forme, sem obstruir a circulação de pessoas e ser
(118.340-0 / I4) limitada pela resistência da forração da plataforma
18.15.5. A madeira para confecção de andaimes deve de trabalho. (118.355-9 / I2)
ser de boa qualidade, seca, sem apresentar nós e 18.15.20. Os acessos verticais ao andaime fachadei-
rachaduras que comprometam a sua resistência, ro devem ser feitos em escada incorporada a sua
sendo proibido o uso de pintura que encubra im- própria estrutura ou por meio de torre de acesso.
perfeições. (118.341-9 / I4) (118.356-7 / I3)
18.15.5.1. É proibida a utilização de aparas de madeira 18.15.21. A movimentação vertical de componentes e
na confecção de andaimes. acessórios para a montagem e/ou desmontagem
18.15.6. Os andaimes devem dispor de sistema guar- de andaime fachadeiro deve ser feita por meio
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

da-corpo e rodapé, inclusive nas cabeceiras, em de cordas ou por sistema próprio de içamento.
todo o perímetro, conforme subitem 18.13.5, com (118.357-5 / I2)
exceção do lado da face de trabalho. (118.342-7 / 18.15.22. Os montantes do andaime fachadeiro de-
I4) vem ter seus encaixes travados com parafusos,
18.15.7. É proibido retirar qualquer dispositivo de contrapinos, braçadeiras ou similar. (118.358-3 / I4)
segurança dos andaimes ou anular sua ação. 18.15.23. Os painéis dos andaimes fachadeiros des-
(118.343-5 /I4) tinados a suportar os pisos e/ou funcionar como
18.15.8. É proibida, sobre o piso de trabalho de andai- travamento, após encaixados nos montantes, de-
mes, a utilização de escadas e outros meios para se vem ser contrapinados ou travados com parafusos,
atingirem lugares mais altos. (118.344-3 / I4) braçadeiras ou similar. (118.359-1 / I4)

100
18.15.24. As peças de contraventamento devem ser 18.15.32.1.1 - Em caso de sustentação de andaimes
fixadas nos montantes por meio de parafusos, bra- suspensos em platibanda ou beiral da edificação,
çadeiras ou por encaixe em pinos, devidamente essa deverá ser precedida de estudos de verifica-
travados ou contrapinados, de modo que assegu- ção estrutural sob responsabilidade de profissional
rem a estabilidade e a rigidez necessárias ao andai- legalmente habilitado. (118.684-1 - I3)
me. (118.360-5 / I4) 18.15.32.1.2 - A verificação estrutural e as especifi-
18.15.25. Os andaimes fachadeiros devem dispor de cações técnicas para a sustentação dos andaimes
proteção com tela de arame galvanizado ou ma- suspensos em platibanda ou beiral de edificação
terial de resistência e durabilidade equivalentes, deverão permanecer no local de realização dos
serviços. (118.685-0 - I2)
desde a primeira plataforma de trabalho até pelo
18.15.32.2 - A extremidade do dispositivo de susten-
menos 2,00m (dois metros) acima da última plata-
tação, voltada para o interior da construção, deve
forma de trabalho. (118.361-3 / I4)
ser adequadamente fixada, constando essa especi-
Andaimes Móveis ficação do projeto emitido. (118.686-8 - I4)
18.15.26. Os rodízios dos andaimes devem ser pro- 18.15.32.3 - É proibida a fixação de sistemas de sus-
vidos de travas, de modo a evitar deslocamentos tentação dos andaimes por meio de sacos com
acidentais. (118.362-1 / I3) areia, pedras ou qualquer outro meio similar.
18.15.27. Os andaimes móveis somente poderão ser (118.687-6 - I4)
utilizados em superfícies planas. (118.363-0 / I2) 18. 15.32.4 - Quando da utilização do sistema con-
Andaimes em Balanço trapeso, como forma de fixação da estrutura de
18.15.28. Os andaimes em balanço devem ter siste- sustentação dos andaimes suspensos, este deverá
ma de fixação à estrutura da edificação capaz de atender as seguintes especificações mínimas:
suportar 3 a) ser invariável (forma e peso especificados no proje-
(três) vezes os esforços solicitantes. (118.364-8 / I4) to); (118.688-4 - I4)
18.15.29. A estrutura do andaime deve ser convenien- b) ser fixado à estrutura de sustentação dos andai-
temente contraventada e ancorada, de tal forma a mes; (118.689-2 - I4)
eliminar quaisquer oscilações. (118.365-6 / I4) c) ser de concreto, aço ou outro sólido não granula-
Andaimes Suspensos Mecânicos do, com seu peso conhecido e marcado de forma
indelével em cada peça; e, (118.690-6 - I4)
18.15.30 - Os sistemas de fixação e sustentação e
d) ter contraventamentos que impeçam seu desloca-
as estruturas de apoio dos andaimes suspensos,
mento horizontal. (118.691-4 - I4)
deverão ser precedidos de projeto elaborado e
18.15.33 - É proibido o uso de cabos de fibras naturais
acompanhado por profissional legalmente habili- ou artificiais para sustentação dos andaimes sus-
tado. (118.677-9 - I2) pensos. (118.692-2 - I4)
18.15.30.1 - Os andaimes suspensos deverão ser do- 18.15.34 - Os cabos de suspensão devem trabalhar na
tados de placa de identificação, colocada em local vertical e o estrado na horizontal. (118.693-0 - I4)
visível, onde conste a carga máxima de trabalho 18.15.35 - Os dispositivos de suspensão devem ser
permitida. (118.678-7 - I2) diariamente verificados pelos usuários e pelo res-
18.15.30.2 - A instalação e a manutenção dos andai- ponsável pela obra, antes de iniciados os traba-
mes suspensos devem ser feitas por trabalhador lhos. (118.694-9 - I4)
qualificado, sob supervisão e responsabilidade téc- 18.15.35.1 - Os usuários e o responsável pela verifi-
nica de profissional legalmente habilitado obede- cação deverão receber treinamento e manual de
cendo, quando de fábrica, as especificações técni- procedimentos para a rotina de verificação diária.
cas do fabricante. (118.679-5 - I3) (118.695-7 - I3)
18.15.30.3 - Deve ser garantida a estabilidade dos an- 18.15.36 - Os cabos de aço utilizados nos guinchos
daimes suspensos durante todo o período de sua tipo catraca dos andaimes suspensos devem:
utilização, através de procedimentos operacionais a) ter comprimento tal que para a posição mais baixa
do estrado restem pelo menos 6 (seis) voltas sobre
e de dispositivos ou equipamentos específicos
cada tambor; e, (118.696-5 - I4)
para tal fim. (118.680-9 - I4)
b) passar livremente na roldana, devendo o respecti-
18.15.31 - O trabalhador deve utilizar cinto de segu-
vo sulco ser mantido em bom estado de limpeza e
rança tipo paraquedista, ligado ao trava-quedas conservação. (118.697-3 - I4)
de segurança este, ligado a cabo–guia fixado em
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

18.15.37 - Os andaimes suspensos devem ser con-


estrutura independente da estrutura de fixação e venientemente fixados à edificação na posição de
sustentação do andaime suspenso. (118.681-7 - I4) trabalho. (118.698-1 - I4)
18.15.32 - A sustentação dos andaimes suspensos 18.15.38 - É proibido acrescentar trechos em balanço
deve ser feita por meio de vigas, afastadores ou ao estrado de andaimes suspensos. (118.699-0 - I4)
outras estruturas metálicas de resistência equiva- 18.15.39 - É proibida a interligação de andaimes sus-
lente a, no mínimo, três vezes o maior esforço soli- pensos para a circulação de pessoas ou execução
citante. (118.682-5 - I4) de tarefas. (118.700-7 - I4)
18.15.32.1 - A sustentação dos andaimes suspensos 18.15.40 - Sobre os andaimes suspensos somente é
somente poderá ser apoiada ou fixada em elemen- permitido depositar material para uso imediato.
to estrutural. (118.683-3 - I4) (118.701-5 - I4)

101
18.15.40.1 - É proibida a utilização de andaimes sus- 18.15.45.2 - Os andaimes motorizados devem ser do-
pensos para transporte de pessoas ou materiais tados de dispositivos que impeçam sua movimen-
que não estejam vinculados aos serviços em exe- tação, quando sua inclinação for superior a 15º
cução. (118.702-3 - I4) (quinze graus), devendo permanecer nivelados no
18.15.41 - Os quadros dos guinchos de elevação de- ponto de trabalho. (118.720-1 - I4)
vem ser providos de dispositivos para fixação de 18.15.45.3 - O equipamento deve ser desligado e pro-
sistema guarda-corpo e rodapé, conforme subitem tegido quando fora de serviço. (118.721-0 - I2)
18.13.5. (118.703-1 - I4)
18.15.41.1 - O estrado do andaime deve estar fixado PLATAFORMA DE TRABALHO COM SISTEMA DE
aos estribos de apoio e o guarda-corpo ao seu su- MOVIMENTAÇÃO VERTICAL EM PINHÃO E CREMA-
porte.(118.704-0 - I4) LHEIRA E PLATAFORMAS HIDRÁULICAS
18.15.42 - Os guinchos de elevação para acionamen-
18.15.46 - As plataformas de trabalho com sistema de
to manual devem observar os seguintes requisitos:
movimentação vertical em pinhão e cremalheira e
a) ter dispositivo que impeça o retrocesso do tambor as plataformas hidráulicas deverão observar as es-
para catraca; (118.705-8 - I4) pecificações técnicas do fabricante quanto à mon-
b) ser acionado por meio de alavancas, manivelas ou tagem, operação, manutenção, desmontagem e às
automaticamente, na subida e na descida do an- inspeções periódicas, sob responsabilidade técnica
daime; (118.706-6 - I4) de profissional legalmente habilitado. (118.722-8 -
c) possuir segunda trava de segurança para catraca; e, I3)
(118.707-4 - I4) 18.15.47 - Em caso de equipamento importado, os
d) ser dotado da capa de proteção da catraca. projetos, especificações técnicas e manuais de
(118.708-2 - I4) montagem, operação, manutenção, inspeção e
18.15.43 - A largura mínima útil da plataforma de desmontagem deverão ser revisados e referenda-
trabalho dos andaimes suspensos será de 0,65 m dos por profissional legalmente habilitado no país,
(sessenta e cinco centímetros). (118.709-0 - I3) atendendo o previsto nas normas técnicas da As-
sociação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT ou
18.15.43.1 - A largura máxima útil da plataforma de
de entidades internacionais por ela referendadas,
trabalho dos andaimes suspensos, quando utiliza-
ou ainda, outra entidade credenciada pelo Conse-
do um guincho em cada armação, será de 0,90m lho Nacional de Metrologia, Normalização e Quali-
(noventa centímetros). (118.710-4 - I3) dade Industrial - CONMETRO. (118.723-6 - I4)
18.15.43.2 - A plataforma de trabalho deve resistir em 18.15.47.1 - Os manuais de orientação do fabrican-
qualquer ponto, a uma carga pontual de 200 Kgf te, em língua portuguesa, deverão estar à dispo-
(duzentos quilogramas-força). (118.711-2 - I4) (su- sição no canteiro de obras ou frentes de trabalho.
bitem revogado pela Portaria SIT 157/2006) (118.724-4 - I2)
18.15.43.3 - Os estrados dos andaimes suspensos me- 18.15.47.2 - A instalação, manutenção e inspeção pe-
cânicos podem ter comprimento máximo de 8,00m riódica dessas plataformas de trabalho devem ser
(oito metros). (118.712-0 - I3) feitas por trabalhador qualificado, sob supervisão e
18.15.44 - Quando utilizado apenas um guincho de responsabilidade técnica de profissional legalmen-
sustentação por armação é obrigatório o uso de te habilitado. (118.725-2 - I3)
um cabo de segurança adicional de aço, ligado a 18.15.47.3 - O equipamento somente deverá ser ope-
rado por trabalhador qualificado. (118.726-0 - I4)
dispositivo de bloqueio mecânico automático, ob-
18.15.47.4 - Todos os trabalhadores usuários de pla-
servando-se a sobrecarga indicada pelo fabricante taformas deverão receber orientação quanto ao
do equipamento. (118.713-9 - I4) correto carregamento e posicionamento dos ma-
ANDAIMES SUSPENSOS MOTORIZADOS teriais na plataforma. (118.727-9 - I3)
18.15.45 - Na utilização de andaimes suspensos mo- 18.15.47.4.1 - O responsável pela verificação diária
torizados deverá ser observada a instalação dos das condições de uso do equipamento deverá re-
seguintes dis positivos: ceber manual de procedimentos para a rotina de
a) cabos de alimentação de dupla isolação; (118.714- verificação diária. (118.728-7 - I3)
7 - I4) 18.15.47.4.1.1 - Os usuários deverão receber trei-
b) plugs/tomadas blindadas; (118.715-5 - I4) namento para a operação dos equipamentos.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

c) aterramento elétrico; (118.716-3 - I4) (118.729-5 –I3)


d) dispositivo Diferencial Residual (DR); e, (118.717- 18.15.47.5 - Todos os trabalhadores deverão utilizar
1 - I4) cinto de segurança tipo paraquedista ligado a um
cabo guia fixado em estrutura independente do
e) fim de curso superior e batente. (118.718-0 - I4)
equipamento, salvo situações especiais tecnica-
18.15.45.1 - O conjunto motor deve ser equipado com
mente comprovadas por profissional legalmente
dispositivo mecânico de emergência, que acionará
habilitado. (118.730-9 - I4)
automaticamente em caso de pane elétrica de for- 18.15.47.6 - O equipamento deve estar afastado das
ma a manter a plataforma de trabalho parada em redes elétricas ou estas estarem isoladas confor-
altura e, quando acionado, permitir a descida se- me as normas específicas da concessionária local.
gura até o ponto de apoio inferior. (118.719-8 - I4) (118.731-7 - I4)

102
18.15.47.7 - A capacidade de carga mínima no piso 18.15.47.21 - No caso de utilização de plataforma
de trabalho deverá ser de 150 kgf/m2 (cento cin- com chassi móvel, o mesmo deverá estar devida-
quenta quilogramas-força por metro quadrado). mente nivelado, patolado e/ou travado no início
(118.732-5 - I3) de montagem das torres verticais de sustentação
18.15.47.8 - As extensões telescópicas quando utiliza- da plataforma, permanecendo dessa forma duran-
te seu uso e desmontagem. (118.747-3 - I4)
das, deverão oferecer a mesma resistência do piso
18.15.47.22 - Os guarda-corpos, inclusive nas exten-
da plataforma. (118.733-3 - I3) sões telescópicas, deverão atender o previsto no
18.15.47.9 - São proibidas a improvisação na mon- item 18.13.5 e observar as especificações do fabri-
tagem de trechos em balanço e a interligação de cante, não sendo permitido o uso de cordas, ca-
plataformas. (118.734-1 - I4) bos, correntes ou qualquer outro material flexível.
18.15.47.10 - É responsabilidade do fabricante ou (118.748-1 - I4)
locador a indicação dos esforços na estrutura e 18.15.47.23 - O equipamento, quando fora de serviço,
apoios da plataforma, bem como a indicação dos deverá estar no nível da base, desligado e protegi-
do contra acionamento não autorizado. (118.749-0
pontos que resistam a esses esforços. (118.735-0
- I2)
- I4) 18.15.47.24 - A plataforma de trabalho deve ter seus
18.15.47.11 - A área sob a plataforma de trabalho de- acessos dotados de dispositivos eletroeletrônicos
verá ser devidamente sinalizada e delimitada, sen- que impeçam sua movimentação quando abertos.
do proibida a circulação de trabalhadores dentro (118.750-3 - I4)
daquele espaço. (118.736-8 - I3) 18.15.47.25 - É proibido realizar qualquer trabalho
18.15.47.12 - A plataforma deve dispor de sistema de sob intempéries ou outras condições desfavoráveis
sinalização sonora acionado automaticamente du- que exponham a risco os trabalhadores. (118.751-
rante sua subida e descida. (118.737-6 - I3) 1 - I4)
18.15.47.26 - É proibida a utilização das plataformas
18.15.47.13 - A plataforma deve possuir no painel
de trabalho para o transporte de pessoas e ma-
de comando botão de parada de emergência. teriais não vinculados aos serviços em execução.
(118.738-4 - I4) (118.752-0 - I3)
18.15.47.14 - O equipamento deve ser dotado de dis-
positivos de segurança que garantam o perfeito PLATAFORMAS POR CREMALHEIRA
nivelamento da plataforma no ponto de trabalho,
não podendo exceder a inclinação máxima indica- 18.15.48 - As plataformas por cremalheira deverão
da pelo fabricante. (118.739-2 - I4) dispor dos seguintes dispositivos:
18.15.47.15 - No percurso vertical da plataforma não a) cabos de alimentação de dupla isolação; (118.753-
8 - I4)
poderá haver interferências que possam obstruir o
b) plugs/tomadas blindadas; (118.754-6 - I4)
seu livre deslocamento. (118.740-6 - I4) c) aterramento elétrico; (118.755-4 - I4)
18.15.47.16 - Em caso de pane elétrica o equipamen- d) dispositivo Diferencial Residual (DR); (118.756-2 -
to deverá ser dotado de dispositivos mecânicos de I4)
emergência que mantenham a plataforma parada e) limites elétricos de percurso superior e inferior;
permitindo o alívio manual por parte do opera- (118.757-0 - I4)
dor, para descida segura da mesma até sua base. f) motofreio; (118.758-9 - I4)
(118.741-4 - I4) g) freio automático de segurança; e, (118.759-7 - I4)
h) botoeira de comando de operação com atuação
18.15.47.17 - O último elemento superior da torre de-
por pressão contínua. (118.760-0 - I4)
verá ser cego, não podendo possuir engrenagens
de cremalheira, de forma a garantir que os roletes Cadeira Suspensa
permaneçam em contato com as guias. (118.742-
2 - I4) 18.15.49. Em quaisquer atividades em que não seja
18.15.47.18 - Os elementos de fixação utilizados no possível a instalação de andaimes, é permitida a
travamento das plataformas devem ser devida- utilização de cadeira suspensa (balancim individu-
mente dimensionados para suportar os esforços al). (118.388-5 / I4)
indicados em projeto. (118.743-0 - I4) 18.15.50. A sustentação da cadeira suspensa deve ser
18.15.47.19 - O espaçamento entre as ancoragens ou feita por meio de cabo de aço ou cabo de fibra
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

entroncamentos, deverá obedecer às especifica- sintética. (118.389-3 / I4)


18.15.51. A cadeira suspensa deve dispor de: sistema
ções do fabricante e serem indicadas no projeto.
dotado com dispositivo de subida e descida com
(118.744-9 - I4) dupla trava de segurança, quando a sustentação
18.15.47.19.1 - A ancoragem da torre será obrigatória for através de cabo de aço; (118.390-7 /I4) siste-
quando a altura desta for superior a 9,00m (nove ma dotado com dispositivo de descida com dupla
metros). (118.745-7 - I4) trava de segurança, quando a sustentação for por
18.15.47.20 - A utilização das plataformas sem an- meio de cabo de fibra sintética; (118.391-5 / I4) re-
coragem ou entroncamento deverá seguir rigoro- quisitos mínimos de conforto previstos na NR 17
samente as condições de cada modelo indicadas - Ergonomia; (118.392-3 / I4) sistema de fixação do
pelo fabricante. (118.746-5 - I4) trabalhador por meio de cinto. (118.761-9/I4)

103
18.15.52. O trabalhador deve utilizar cinto de segu- 18.16.5 Os cabos de fibra sintética utilizados para sus-
rança tipo paraquedista, ligado ao trava-quedas tentação de cadeira suspensa ou como cabo-guia
em caboguia independente. (118.393-1 / I4) para fixação do trava-quedas do cinto de seguran-
18.15.53. A cadeira suspensa deve apresentar na sua ça tipo paraquedista, deverá ser dotado de alerta
estrutura, em caracteres indeléveis e bem visíveis, visual amarelo. (118.763-5 / I4)
a razão social do fabricante e o número de registro 18.16.6. Os cabos de fibra sintética deverão atender
respectivo no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica as especificações constantes do Anexo I - Especifi-
- CNPJ. (118.394-0 / I2) cações de Segurança para Cabos de Fibra Sintética,
18.15.54. É proibida a improvisação de cadeira sus- desta NR. (118.764-3/I4)
pensa. (118.395-8 / I4)
18.15.55. O sistema de fixação da cadeira suspensa Anexo
deve ser independente do cabo-guia do trava- Especificações de Segurança para Cabos de Fibra
-quedas. (118.396-6 / I4) Sintética
18.15.56 - ANCORAGEM (item e subitens incluídos
pela Portaria SIT 157/2006) 1. O Cabo de fibra sintética utilizado nas condições
18.15.56.1 As edificações com no mínimo quatro pa- previstas do subitem 18.16.5 deverá atender as es-
vimentos ou altura de 12m (doze metros), a partir pecificações previstas a seguir: deve ser constituí-
do nível do térreo, devem possuir previsão para a do em trançado triplo e alma central.
instalação de dispositivos destinados à ancoragem
de equipamentos de sustentação de andaimes e Trançado externo em multifilamento de poliami-
de cabos de segurança para o uso de proteção in- da.
dividual, a serem utilizados nos serviços de limpe-
za, manutenção e restauração de fachadas. Trançado intermediário e o alerta visual de cor ama-
18.15.56.2 Os pontos de ancoragem devem: rela em multifilamento de polipropileno ou poliamida na
a) estar dispostos de modo a atender todo o períme- cor amarela com o mínimo de 50% de identificação, não
tro da edificação; podendo ultrapassar 10%(dez por cento) da densidade
b) suportar uma carga pontual de 1.200 Kgf (mil e du- linear.
zentos quilogramas-força);
c) constar do projeto estrutural da edificação; Trançado interno em multifilamento de poliamida.
d) ser constituídos de material resistente às intempé-
ries, como aço inoxidável ou material de caracterís- Alma central torcida em multifilamento de poliamida.
ticas equivalentes.
18.15.56.3 Os pontos de ancoragem de equipamen- Construção dos trançados em máquina com 16, 24,
tos e dos cabos de segurança devem ser indepen- 32 ou 36 fusos.
dentes.
18.15.56.4 O item 18.15.56.1 desta norma regulamen- Número de referência: 12 (diâmetro nominal em
tadora não se aplica às edificações que possuírem mm.).
projetos específicos para instalação de equipa-
mentos definitivos para limpeza, manutenção e Densidade linear 95 + 5 KTEX(igual a 95 + 5 g/m).
restauração de fachadas.
18.16. Cabos de Aço e Cabos de Fibra Sintética Carga de ruptura mínima 20 KN.
18.16.1. É obrigatória a observância das condições de
utilização, dimensionamento e conservação dos Carga de ruptura mínima de segurança sem o trança-
cabos de aço utilizados em obras de construção, do externo 15 KN.
conforme o disposto na norma técnica vigente
NBR 6327/83 - Cabo de Aço/Usos Gerais da ABNT.
O cabo de fibra sintética utilizado nas condições pre-
(118.397-4 / I4)
vistas no subitem 18.16.5 deverá atender as prescrições
18.16.2. Os cabos de aço de tração não podem ter
de identificação a seguir:
emendas nem pernas quebradas que possam vir a
comprometer sua segurança. (118.398-2 / I4)
Marcação com fita inserida no interior do trançado
18.16.2.1 Os cabos de aço devem ter carga de ruptura
interno gravado NR 18.16.5 ISO 1140 1990 e fabricante
equivalente a, no mínimo, 5(cinco) vezes a carga
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

com CNPJ.
máxima de trabalho a que estiverem sujeitos e re-
sistência à tração de seus fios de, no mínimo, 160
kgf/mm2 (cento e sessenta quilogramas-força por Rótulo fixado firmemente contendo as seguintes in-
milímetro quadrado). (118.762-7/ I4) formações:
18.16.3. Os cabos de aço e de fibra sintética devem
ser fixados por meio de dispositivos que impeçam Material constituinte: poliamida
seu deslizamento e desgaste.(118.399-0 / I4)
18.16.4 Os cabos de aço e de fibra sintética devem ser Número de referência: diâmetro de 12mm
substituídos quando apresentarem condições que
comprometam a sua integridade em face da utili- Comprimentos em metros
zação a que estiverem submetidos. (118.400-8 / I4)

104
Incluir o aviso: “CUIDADO: CABO PARA USO ESPECÍ- 18.19.4. Na execução de trabalho noturno sobre a
FICO EM CADEIRAS SUSPENSAS E CABO-GUIA DE SEGU- água, toda a sinalização de segurança da platafor-
RANÇA PARA FIXAÇÃO DE TRAVA-QUEDAS”. ma e o equipamento de salvamento devem ser ilu-
minados com lâmpadas à prova d’água. (118.413-0
O cabo sintético deverá ser submetido a Ensaio con- / I2)
forme Nota Técnica ISO 2307/1990, ter avaliação de car- 18.19.4.1. O sistema de iluminação deve ser estanque.
ga ruptura e material constituinte pela rede brasileira de (118.414-8 / I2)
laboratórios de ensaios e calibração do Sistema Brasileiro 18.19.5. As superfícies de sustentação das plataformas
de Metrologia e Qualidade Industrial. de trabalho devem ser antiderrapantes. (118.415-6
/ I3)
18.17. Alvenaria, revestimentos e acabamentos. 18.19.6. É proibido deixar materiais e ferramentas sol-
18.17.1. Devem ser utilizadas técnicas que garantam a tos sobre as plataformas de trabalho. (118.416-4
estabilidade das paredes de alvenaria da periferia. / I2)
(118.401-6 / I3) 18.19.7. Ao redor das plataformas de trabalho, devem
18.17.2. Os quadros fixos de tomadas energizadas ser instalados guarda-corpos, firmemente fixados
devem ser protegidos sempre que no local forem à estrutura. (118.417-2 / I4)
executados serviços de revestimento e acabamen- 18.19.8. Em quaisquer atividades, é obrigatória a pre-
to. (118.402- 4 / I3) sença permanente de profissional em salvamento,
18.17.3. Os locais abaixo das áreas de colocação de primeiros socorros e ressuscitamento cardiorrespi-
vidro devem ser interditados ou protegidos contra ratório. (118.418-0 / I3)
18.19.9. Os serviços em flutuantes devem atender às
queda de material. (118.403-2 / I3)
disposições constantes no Regulamento para o
18.17.3.1. Após a colocação, os vidros devem ser mar-
Tráfego Marítimo e no Regulamento Internacional
cados de maneira visível. (118.404-0 / I2)
para Evitar Abalroamentos no Mar - RIPEAM 72, do
18.18. Serviços em telhados
Ministério da Marinha. (118.419-9 / I2)
18.18.1. Para trabalhos em telhados, devem ser usa- 18.19.10. Os coletes salva-vidas devem ser de cor
dos dispositivos que permitam a movimentação laranja, conter o nome da empresa e a capaci-
segura dos trabalhadores, sendo obrigatória a ins- dade máxima representada em Kg (quilograma).
talação de cabo-guia de aço, para fixação do cinto (118.420-2 / I1)
de segurança tipo paraquedista. (118.405-9 / I4) 18.19.11. Os coletes salva-vidas devem ser em nú-
18.18.1.1. Os cabos-guias devem ter suas extremi- mero idêntico ao de trabalhadores e tripulantes.
dades fixadas à estrutura definitiva da edificação (118.421-0 / I4)
por meio de suporte de aço inoxidável ou outro 18.19.12. É proibido conservar à bordo trapos embe-
material de resistência e durabilidade equivalentes. bidos em óleo ou qualquer outra substância volátil.
(118.406-7 / I4) (118.422-9 / I2)
18.18.2. Nos locais onde se desenvolvem trabalhos 18.19.13. É obrigatória a instalação de extintores de
em telhados, devem existir sinalização e isolamen- incêndio em número e capacidade adequados.
to de forma a evitar que os trabalhadores no piso (118.423-7 / I3)
inferior sejam atingidos por eventual queda de 18.19.14. É obrigatório o uso de botas com elástico
materiais e equipamentos. (118.407-5 / I2) lateral. (118.424-5 / I4)
18.18.3. É proibido o trabalho em telhados sobre for- 18.20. Locais confinados
nos ou qualquer outro equipamento do qual haja 18.20.1. Nas atividades que exponham os trabalha-
emanação de gases provenientes de processos dores a riscos de asfixia, explosão, intoxicação e
industriais, devendo o equipamento ser previa- doenças do trabalho devem ser adotadas medidas
mente desligado, para a realização desses serviços. especiais de proteção, a saber:
(118.408-3 / I2) a) treinamento e orientação para os trabalhadores
18.18.4. É proibido o trabalho em telhado com chuva quanto aos riscos a que estão submetidos, a forma
ou vento, bem como concentrar cargas num mes- de preveni-los e o procedimento a ser adotado em
mo ponto. (118.409-1 / I4) situação de risco; (118.425-3 / I4)
18.19. Serviços em flutuantes. b) nos serviços em que se utilizem produtos químicos,
18.19.1. Na execução de trabalhos com risco de que- os trabalhadores não poderão realizar suas ativida-
da n’água, devem ser usados coletes salva-vidas ou des sem a utilização de EPI adequado; (118.426-1
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

outros equipamentos de flutuação. (118.410-5 / I4) / I4)


18.19.2. Deve haver sempre, nas proximidades e em c) a realização de trabalho em recintos confinados
local de fácil acesso, botes salva-vidas em número deve ser precedida de inspeção prévia e elabora-
suficiente e devidamente equipados. (118.411-3 / ção de ordem de serviço com os procedimentos a
I4) serem adotados; (118.427-0 / I4)
18.19.3. As plataformas de trabalho devem ser pro- d) monitoramento permanente de substância que
vidas de linhas de segurança ancoradas em terra cause asfixia, explosão e intoxicação no interior de
firme, que possam ser usadas quando as condições locais confinados realizado por trabalhador qua-
meteorológicas não permitirem a utilização de em- lificado sob supervisão de responsável técnico;
barcações. (118.412-1 / I2) (118.428-8 / I4)

105
e) proibição de uso de oxigênio para ventilação de 18.21.8. As chaves blindadas devem ser conveniente-
local confinado; (118.429- 6 / I4) mente protegidas de intempéries e instaladas em
f) ventilação local exaustora eficaz que faça a extração posição que impeça o fechamento acidental do
dos contaminantes e ventilação geral que execute circuito. (118.446-6 / I4)
a insuflação de ar para o interior do ambiente, ga- 18.21.9. Os porta-fusíveis não devem ficar sob tensão
rantindo de forma permanente a renovação contí- quando as chaves blindadas estiverem na posição
nua do ar; (118.430-0 / I4) aberta. (118.447-4 / I4)
g) sinalização com informação clara e permanente 18.21.10. As chaves blindadas somente devem ser uti-
durante a realização de trabalhos no interior de es- lizadas para circuitos de distribuição, sendo proibi-
paços confinados; (118.431-8 / I4) do o seu uso como dispositivo de partida e parada
h) uso de cordas ou cabos de segurança e armaduras de máquinas. (118.448-2 / I4)
para amarração que possibilitem meios seguros de 18.21.11. As instalações elétricas provisórias de um
resgate; (118.432-6 / I4) canteiro de obras devem ser constituídas de:
i) acondicionamento adequado de substâncias tó- a) chave geral do tipo blindada de acordo com a
xicas ou inflamáveis utilizadas na aplicação de aprovação da concessionária local, localizada no
laminados, pisos, papéis de parede ou similares; quadro principal de distribuição. (118.449-0 / I4)
(118.433-4 / I4) b) chave individual para cada circuito de derivação;
j) a cada grupo de 20 (vinte) trabalhadores, 2 (dois) (118.450-4 / I4)
deles devem ser treinados para resgate; (118.434-2 c) chave-faca blindada em quadro de tomadas;
/ I4) (118.451-2 / I4)
k) manter ao alcance dos trabalhadores ar manda- d) chaves magnéticas e disjuntores, para os equipa-
do e/ou equipamento autônomo para resgate; mentos. (118.452-0 / I4)
(118.435-0 / I4) 18.21.12. Os fusíveis das chaves blindadas devem ter
l) no caso de manutenção de tanque, providenciar capacidade compatível com o circuito a proteger,
desgaseificação prévia antes da execução do tra- não sendo permitida sua substituição por dispo-
balho. (118.436-9 / I4) sitivos improvisados ou por outros fusíveis de ca-
18.21. Instalações elétricas pacidade superior, sem a correspondente troca da
18.21.1. A execução e manutenção das instalações fiação. (118.453-9 / I4)
elétricas devem ser realizadas por trabalhador 18.21.13. Em todos os ramais destinados à ligação
qualificado, e a supervisão por profissional legal- de equipamentos elétricos, devem ser instalados
mente habilitado. (118.437-7 / I4) disjuntores ou chaves magnéticas, independentes,
que possam ser acionados com facilidade e segu-
18.21.2. Somente podem ser realizados serviços nas
rança. (118.454-7 / I4)
instalações quando o circuito elétrico não estiver
18.21.14. As redes de alta-tensão devem ser insta-
energizado. (118.438-5 / I4)
ladas de modo a evitar contatos acidentais com
18.21.2.1. Quando não for possível desligar o circuito
veículos, equipamentos e trabalhadores em circu-
elétrico, o serviço somente poderá ser executado
lação, só podendo ser instaladas pela concessioná-
após terem sido adotadas as medidas de proteção
ria. (118.455-5 / I4)
complementares, sendo obrigatório o uso de fer-
18.21.15. Os transformadores e estações abaixadoras
ramentas apropriadas e equipamentos de prote-
de tensão devem ser instalados em local isolado,
ção individual. (118.439-3 / I4)
sendo permitido somente acesso do profissional
18.21.3. É proibida a existência de partes vivas expos- legalmente habilitado ou trabalhador qualificado.
tas de circuitos e equipamentos elétricos. (118.440- (118.456-3 / I4)
7 / I4) 18.21.16. As estruturas e carcaças dos equipamen-
18.21.4. As emendas e derivações dos condutores tos elétricos devem ser eletricamente aterradas.
devem ser executadas de modo que assegurem a (118.457-1 / I4)
resistência mecânica e contato elétrico adequado. 18.21.17. Nos casos em que haja possibilidade de
(118.441-5 / I4) contato acidental com qualquer parte viva ener-
18.21.4.1. O isolamento de emendas e derivações gizada, deve ser adotado isolamento adequado.
deve ter característica equivalente à dos conduto- (118.458-0 / I4)
res utilizados. (118.442-3 / I4)
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

18.21.18. Os quadros gerais de distribuição devem ser


18.21.5. Os condutores devem ter isolamento ade- mantidos trancados, sendo seus circuitos identifi-
quado, não sendo permitido obstruir a circulação cados. (118.459-8 / I4)
de materiais e pessoas. (118.443-1 / I4) 18.21.19. Ao religar chaves blindadas no quadro geral
18.21.6. Os circuitos elétricos devem ser protegidos de distribuição, todos os equipamentos devem es-
contra impactos mecânicos, umidade e agentes tar desligados. (118.460-1 / I4)
corrosivos. (118.444-0 / I4) 18.21.20. Máquinas ou equipamentos elétricos mó-
18.21.7. Sempre que a fiação de um circuito provisó- veis só podem ser ligados por intermédio de con-
rio se tornar inoperante ou dispensável, deve ser junto de plugue e tomada. (118.461-0 / I4)
retirada pelo eletricista responsável. (118.445-8 / 18.22. Máquinas, equipamentos e ferramentas diver-
I2) sas

106
18.22.1. A operação de máquinas e equipamentos 18.22.12. Nas operações com equipamentos pesados,
que exponham o operador ou terceiros a riscos só devem ser observadas as seguintes medidas de se-
pode ser feita por trabalhador qualificado e identi- gurança:
ficado por crachá. (118.462-8 / I2) a) para encher/esvaziar pneus, não se posicionar de
18.22.2. Devem ser protegidas todas as partes móveis frente para eles, mas atrás da banda de rodagem,
dos motores, transmissões e partes perigosas das usando uma conexão de autofixação para encher
máquinas ao alcance dos trabalhadores. (118.463- o pneu. O enchimento só deve ser feito por traba-
6 / I4) lhadores qualificados, de modo gradativo e com
18.22.3. As máquinas e os equipamentos que ofere- medições sucessivas da pressão; (118.477-6 /I4)
çam risco de ruptura de suas partes móveis, proje- b) em caso de superaquecimento de pneus e sistema
ção de peças ou de partículas de materiais devem de freio, devem ser tomadas precauções especiais,
ser providos de proteção adequada. (118.464-4 / prevenindo-se de possíveis explosões ou incên-
I4) dios; (118.478-4 / I4)
18.22.4. As máquinas e equipamentos de grande por- c) antes de iniciar a movimentação ou dar partida no
te devem proteger adequadamente o operador motor, é preciso certificar-se de que não há nin-
contra a incidência de raios solares e intempéries. guém trabalhando sobre, debaixo ou perto dos
(118.465-2 / I2) mesmos; (118.479-2 / I4)
18.22.5. O abastecimento de máquinas e equipa- d) os equipamentos que operam em marcha a ré de-
mentos com motor a explosão deve ser realizado vem possuir alarme sonoro acoplado ao sistema de
por trabalhador qualificado, em local apropriado, câmbio e retrovisores em bom estado; (118.480-6
utilizando-se de técnicas e equipamentos que ga- / I4)
rantam a segurança da operação. (118.466-0 / I3) e) o transporte de acessórios e materiais por içamen-
18.22.6. Na operação de máquinas e equipamentos to deve ser feito o mais próximo possível do piso,
com tecnologia diferente da que o operador estava tomando-se as devidas precauções de isolamento
habituado a usar, deve ser feito novo treinamento, da área de circulação, transporte de materiais e de
de modo a qualificá-lo à utilização dos mesmos. pessoas; (118.481-4 / I4)
(118.467-9/ I3) f) as máquinas não devem ser operadas em posição
que comprometa sua estabilidade; (118.482-2 / I4)
18.22.7. As máquinas e os equipamentos devem ter
g) é proibido manter sustentação de equipamentos
dispositivo de acionamento e parada localizado de
e máquinas somente pelos cilindros hidráulicos,
modo que:
quando em manutenção; (118.483-0 / I4)
a) seja acionado ou desligado pelo operador na sua
h) devem ser tomadas precauções especiais quando
posição de trabalho; (118.468-7 / I4)
da movimentação de máquinas e equipamentos
b) não se localize na zona perigosa da máquina ou do
próximos a redes elétricas. (118.484-9 / I4)
equipamento; (118.469-5 / I4)
18.22.13. As ferramentas devem ser apropriadas ao
c) possa ser desligado em caso de emergência por
uso a que se destinam, proibindo-se o emprego
outra pessoa que não seja o operador; (118.470-9
das defeituosas, danificadas ou improvisadas, de-
/I4)
vendo ser substituídas pelo empregador ou res-
d) não possa ser acionado ou desligado, involuntaria-
ponsável pela obra. (118.485-7 / I2)
mente, pelo operador ou por qualquer outra forma
18.22.14. Os trabalhadores devem ser treinados e ins-
acidental; (118.471-7 / I4)
truídos para a utilização segura das ferramentas,
e) não acarrete riscos adicionais. (118.472-5 / I4)
especialmente os que irão manusear as ferramen-
18.22.8. Toda máquina deve possuir dispositivo de
tas de fixação a pólvora. (118.486-5 / I4)
bloqueio para impedir seu acionamento por pes-
18.22.15. É proibido o porte de ferramentas manuais
soa não autorizada.(118.473-3 / I4)
em bolsos ou locais inapropriados. (118.487-3 / I1)
18.22.9. As máquinas, equipamentos e ferramentas
18.22.16. As ferramentas manuais que possuam gume
devem ser submetidos à inspeção e manutenção
ou ponta devem ser protegidas com bainha de
de acordo com as normas técnicas oficiais vigen-
couro ou outro material de resistência e durabi-
tes, dispensando-se especial atenção a freios, me-
lidade equivalentes, quando não estiverem sendo
canismos de direção, cabos de tração e suspensão,
utilizadas. (118.488-1 / I1)
sistema elétrico e outros dispositivos de seguran-
18.22.17. As ferramentas pneumáticas portáteis de-
ça. (118.474-1 / I2)
vem possuir dispositivo de partida instalado de
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

18.22.10. Toda máquina ou equipamento deve estar


modo a reduzir ao mínimo a possibilidade de fun-
localizado em ambiente com iluminação natural e/
cionamento acidental. (118.489-0 / I4)
ou artificial adequada à atividade, em conformida-
18.22.17.1. A válvula de ar deve fechar-se automatica-
de com a NBR 5.413/91 - Níveis de Iluminância de
mente, quando cessar a pressão da mão do ope-
Interiores da ABNT. (118.475-0 / I2)
rador sobre os dispositivos de partida. (118.490-3
18.22.11. As inspeções de máquinas e equipamentos
/ I1)
devem ser registradas em documento específico,
18.22.17.2. As mangueiras e conexões de alimenta-
constando as datas e falhas observadas, as medi-
ção das ferramentas pneumáticas devem resistir
das corretivas adotadas e a indicação de pessoa,
às pressões de serviço, permanecendo firmemente
técnico ou empresa habilitada que as realizou.
presas aos tubos de saída e afastadas das vias de
(118.476-8 / I1)
circulação. (118.491-1 / I3)

107
18.22.17.3. O suprimento de ar para as mangueiras 18.24. Armazenagem e estocagem de materiais
deve ser desligado e aliviada a pressão, quan- 18.24.1. Os materiais devem ser armazenados e esto-
do a ferramenta pneumática não estiver em uso. cados de modo a não prejudicar o trânsito de pes-
(118.492-0 / I2) soas e de trabalhadores, a circulação de materiais,
18.22.17.4. As ferramentas de equipamentos pneu- o acesso aos equipamentos de combate a incên-
máticos portáteis devem ser retiradas manual- dio, não obstruir portas ou saídas de emergência
mente e nunca pela pressão do ar comprimido. e não provocar empuxos ou sobrecargas nas pa-
(118.493-8 / I2) redes, lajes ou estruturas de sustentação, além do
18.22.18. As ferramentas de fixação a pólvora devem previsto em seu dimensionamento. (118.506-3 / I2)
ser obrigatoriamente operadas por trabalhadores 18.24.2. As pilhas de materiais, a granel ou embala-
qualificados e devidamente autorizados. (118.494- dos, devem ter forma e altura que garantam a sua
6 / I4) estabilidade e facilitem o seu manuseio. (118.507-1
18.22.18.1. É proibido o uso de ferramenta de fixação / I2)
a pólvora por trabalhadores menores de 18 (dezoi- 18.24.2.1. Em pisos elevados, os materiais não podem
to) anos. (118.495-4 / I4)
ser empilhados a uma distância de suas bordas
18.22.18.2. É proibido o uso de ferramenta de fixação
menor que a equivalente à altura da pilha. Exceção
a pólvora em ambientes contendo substâncias in-
feita quando da existência de elementos proteto-
flamáveis ou explosivas. (118.496-2 / I4)
res dimensionados para tal fim. (118.508-0 / I2)
18.22.18.3. É proibida a presença de pessoas nas pro-
ximidades do local do disparo, inclusive o ajudan- 18.24.3. Tubos, vergalhões, perfis, barras, pranchas e
te. (118.497-0 / I4) outros materiais de grande comprimento ou di-
18.22.18.4. As ferramentas de fixação a pólvora de- mensão devem ser arrumados em camadas, com
vem estar descarregadas (sem o pino e o finca- espaçadores e peças de retenção, separados de
-pino) sempre que forem guardadas ou transpor- acordo com o tipo de material e a bitola das peças.
tadas. (118.498-9 / I4) (118.509-8 / I2)
18.22.19. Os condutores de alimentação das ferra- 18.24.4. O armazenamento deve ser feito de modo
mentas portáteis devem ser manuseados de forma a permitir que os materiais seja m retirados obe-
que não sofram torção, ruptura ou abrasão, nem decendo à sequência de utilização planejada, de
obstruam o trânsito de trabalhadores e equipa- forma a não prejudicar a estabilidade das pilhas.
mentos. (118.499-7 / I2) (118.510-1 / I2)
18.22.20. É proibida a utilização de ferramentas elé- 18.24.5. Os materiais não podem ser empilhados di-
tricas manuais sem duplo isolamento. (118.500-4 retamente sobre piso instável, úmido ou desnive-
/ I4) lado. (118.511-0 / I1)
18.22.21. Devem ser tomadas medidas adicionais de 18.24.6. A cal virgem deve ser armazenada em local
proteção quando da movimentação de superestru- seco e arejado. (118.512-8 / I2)
turas por meio de ferragens hidráulicas, prevenin- 18.24.7. Os materiais tóxicos, corrosivos, inflamáveis
do riscos relacionados ao rompimento dos maca- ou explosivos devem ser armazenados em locais
cos hidráulicos. (118.501-2 / I3) isolados, apropriados, sinalizados e de acesso
18.23. Equipamento de Proteção Individual - EPI permitido somente a pessoas devidamente auto-
18.23.1. A empresa é obrigada a fornecer aos traba- rizadas. Estas devem ter conhecimento prévio do
lhadores, gratuitamente, EPI adequado ao risco procedimento a ser adotado em caso de eventual
e em perfeito estado de conservação e funcio- acidente. (118.513-6 / I4)
namento, consoante as disposições contidas na 18.24.8. As madeiras retiradas de andaimes, tapumes,
NR 6 - Equipamento de Proteção Individual - EPI.
fôrmas e escoramentos devem ser empilhadas, de-
(118.502-0 / I2)
pois de retirados ou rebatidos os pregos, arames e
18.23.2. O cinto de segurança tipo abdominal somen-
fitas de amarração. (118.514-4 / I3)
te deve ser utilizado em serviços de eletricidade e
18.24.9. Os recipientes de gases para solda devem
em situações em que funcione como limitador de
movimentação. (118.503-9 / I4) ser transportados e armazenados adequadamente,
18.23.3. O cinto de segurança tipo paraquedista deve obedecendo-se às prescrições quanto ao trans-
ser utilizado em atividades a mais de 2,00m (dois porte e armazenamento de produtos inflamáveis.
(118.515-2 / I3)
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

metros) de altura do piso, nas quais haja risco de


queda do trabalhador. (118.504-7 / I4) 18.25. Transporte de trabalhadores em veículos au-
18.23.3.1 O cinto de segurança deve ser dotado de tomotores
dispositivo trava-quedas e estar ligado a cabo de 18.25.1. O transporte coletivo de trabalhadores em
segurança independente da estrutura do andaime. veículos automotores dentro do canteiro ou fora
(118.669-8 / I4) dele deve observar as normas de segurança vigen-
18.23.4. Os cintos de segurança tipo abdominal e tipo tes. (118.516-0 / I4)
paraquedista devem possuir argolas e mosquetões 18.25.2. O transporte coletivo dos trabalhadores deve
de aço forjado, ilhoses de material não-ferroso e ser feito através de meios de transportes normali-
fivela de aço forjado ou material de resistência e zados pelas entidades competentes e adequados
durabilidade equivalentes. (118.505-5 / I3) às características do percurso. (118.517-9 / I4)

108
18.25.3. O transporte coletivo dos trabalhadores deve como nos locais de manipulação e emprego de
ter autorização prévia da autoridade competente, tintas, solventes e outras substâncias combustíveis,
devendo o condutor mantê-la no veículo durante inflamáveis ou explosivas, devem ser tomadas as
todo o percurso. (118.518-7 / I4) seguintes medidas de segurança:
18.25.4. A condução do veículo deve ser feita por a) proibir fumar ou portar cigarros ou assemelhados
condutor habilitado para o transporte coletivo de acesos, ou qualquer outro material que possa pro-
passageiros. (118.519-5 / I4) duzir faísca ou chama; (118.530-6 / I4)
18.25.5. A utilização de veículos, a título precário para b) evitar, nas proximidades, a execução de operação
transporte de passageiros, somente será permitida com risco de centelhamento, inclusive por impacto
em vias que não apresentem condições de tráfego
entre peças; (118.531-4 / I4)
para ônibus. Neste caso, os veículos devem apre-
c) utilizar obrigatoriamente lâmpadas e luminárias à
sentar as seguintes condições mínimas de segu-
rança: prova de explosão; (118.532-2 / I4)
a) carroceria em todo o perímetro do veículo, com d) instalar sistema de ventilação adequado para a re-
guardas altas e cobertura de altura livre de 2,10m tirada de mistura de gases, vapores inflamáveis ou
(dois metros e dez centímetros) em relação ao piso explosivos do ambiente; (118.533-0 / I4)
da carroceria, ambas com material de boa qualida- e) colocar nos locais de acesso placas com a inscri-
de e resistência estrutural que evite o esmagamen- ção “Risco de Incêndio” ou “Risco de Explosão”;
to e não permita a projeção de pessoas em caso de (118.534-9 / I2)
colisão e/ou tombamento do veículo; (118.520-9 f) manter cola e solventes em recipientes fechados e
/ I4) seguros; (118.535-7 / I2)
b) assentos com espuma revestida de 0,45m (quaren- g) quaisquer chamas, faíscas ou dispositivos de aque-
ta e cinco centímetros) de largura por 0,35m (trin- cimento devem ser mantidos afastados de fôrmas,
ta e cinco centímetros) de profundidade de 0,45m restos de madeiras, tintas, vernizes ou outras subs-
(quarenta e cinco centímetros) de altura com en- tâncias combustíveis, inflamáveis ou explosivas.
costo e cinto de segurança tipo 3 (três) pontos; (118.536-5 / I2)
(118.521-7 / I4) 18.26.5. Os canteiros de obra devem ter equipes de
c) barras de apoio para as mãos a 0,10m (dez centí-
operários organizadas e especialmente treinadas
metros) da cobertura e para os braços e mãos en-
no correto manejo do material disponível para o
tre os assentos; (118.522-5 / I4)
d) a capacidade de transporte de trabalhadores será primeiro combate ao fogo. (118.537-3 / I1)
dimensionada em função da área dos assentos 18.27. Sinalização de segurança
acrescida do corredor de passagem de pelo menos 18.27.1. O canteiro de obras deve ser sinalizado com
0,80m (oitenta centímetros) de largura; (118.523-3 o objetivo de: a) identificar os locais de apoio que
/ I4) compõem o canteiro de obras; (118.538-1 / I1)
e) o material transportado, como ferramentas e equi- b) indicar as saídas por meio de dizeres ou setas;
pamentos, deve estar acondicionado em compar- (118.539-0 / I1)
timentos separados dos trabalhadores, de forma c) manter comunicação através de avisos, cartazes ou
a não causar lesões aos mesmos numa eventual similares; (118.540-3 / I1)
ocorrência de acidente com o veículo; (118.524-1 d) advertir contra perigo de contato ou acionamento
/ I4) acidental com partes móveis das máquinas e equi-
f) escada, com corrimão, para acesso pela traseira da pamentos. (118.541-1 / I1)
carroceria, sistemas de ventilação nas guardas al- e) advertir quanto a risco de queda; (118.542-0 / I1)
tas e de comunicação entre a cobertura e a cabine f) alertar quanto à obrigatoriedade do uso de EPI, es-
do veículo; (118.525-0 / I4) pecífico para a atividade executada, com a devida
g) só será permitido o transporte de trabalhadores sinalização e advertência próximas ao posto de
acomodados nos assentos acima dimensionados.
trabalho; (118.543-8 / I1)
(118.526-8 / I4)
18.26. Proteção contra incêndio. g) alertar quanto ao isolamento das áreas de trans-
18.26.1. É obrigatória a adoção de medidas que aten- porte e circulação de materiais por grua, guincho e
dam, de forma eficaz, às necessidades de preven- guindaste; (118.544-6 / I1)
ção e combate a incêndio para os diversos setores, h) identificar acessos, circulação de veículos e equipa-
atividades, máquinas e equipamentos do canteiro mentos na obra; (118.545-4 / I1)
de obras. (118.527-6 / I3) i) advertir contra risco de passagem de trabalhadores
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

18.26.2. Deve haver um sistema de alarme capaz de onde o pé-direito for inferior a 1,80m (um metro e
dar sinais perceptíveis em todos os locais da cons- oitenta centímetros); (118.546-2 / I1)
trução. (118.528-4 / I2) j) identificar locais com substâncias tóxicas, corrosi-
18.26.3. É proibida a execução de serviços de sol- vas, inflamáveis, explosivas e radioativas. (118.547-
dagem e corte a quente nos locais onde estejam 0 / I1)
depositadas, ainda que temporariamente, subs- 18.27.2. É obrigatório o uso de colete ou tiras refleti-
tâncias combustíveis, inflamáveis e explosivas. vas na região do tórax e costas quando o trabalha-
(118.529-2 / I4) dor estiver a serviço em vias públicas, sinalizando
18.26.4. Nos locais confinados e onde são executa- acessos ao canteiro de obras e frentes de serviços
dos pinturas, aplicação de laminados, pisos, papéis ou em movimentação e transporte vertical de ma-
de parede e similares, com emprego de cola, bem teriais. (118.548-9 / I2)

109
18.27.3. A sinalização de segurança em vias públicas 18.30.3.1. Em caso de necessidade de realização de
deve ser dirigida para alertar os motoristas, pedes- serviços sobre o passeio, a galeria deve ser exe-
tres e em conformidade com as determinações do cutada na via pública, devendo neste caso ser si-
órgão competente. (118.549-7 / I2) nalizada em toda sua extensão, por meio de sinais
18.28. Treinamento de alerta aos motoristas nos 2 (dois) extremo s e
18.28.1. Todos os empregados devem receber treina- iluminação durante a noite, respeitando-se à legis-
mentos admissional e periódico, visando a garan- lação do Código de Obras Municipal e de trânsito
tir a execução de suas atividades com segurança. em vigor. (118.566-7 / I4)
(118.550-0 / I2) 18.30.4. As bordas da cobertura da galeria devem
18.28.2. O treinamento admissional deve ter carga possuir tapumes fechados com altura mínima de
horária mínima de 6 (seis) horas, ser ministrado 1,00m (um metro), com inclinação de aproximada-
dentro do horário de trabalho, antes de o traba- mente 45º (quarenta e cinco graus). (118.567-5 /
lhador iniciar suas atividades, constando de: I3)
a) informações sobre as condições e meio ambiente 18.30.5. As galerias devem ser mantidas sem sobre-
de trabalho; (118.551-9 / I2) cargas que prejudiquem a estabilidade de suas es-
b) riscos inerentes a sua função; (118.552-7 / I2) truturas. (118.568-3 / I3)
c) uso adequado dos Equipamentos de Proteção Indi- 18.30.6. Existindo risco de queda de materiais nas
vidual - EPI; (118.553-5 / I2) edificações vizinhas, estas devem ser protegidas.
d) informações sobre os Equipamentos de Proteção (118.569- 1 / I4)
Coletiva - EPC, existentes no canteiro de obra. 18.30.7. Em se tratando de prédio construído no ali-
(118.554-3 / I2) nhamento do terreno, a obra deve ser protegida,
18.28.3. O treinamento periódico deve ser ministrado: em toda a sua extensão, com fechamento por meio
a) sempre que se tornar necessário; (118.555-1 / I2) de tela. (118.570-5 / I3)
b) ao início de cada fase da obra. (118.556-0 / I2) 18.30.8. Quando a distância da demolição ao alinha-
18.28.4. Nos treinamentos, os trabalhadores devem mento do terreno for inferior a 3,00m (três metros),
receber cópias dos procedimentos e operações a deve ser feito um tapume no alinhamento do ter-
serem realizadas com segurança. (118.557-8 / I2) reno, de acordo com o subitem 18.30.1. (118.571-3
18.29. Ordem e limpeza / I4)
18.29.1. O canteiro de obras deve apresentar-se or- 18.31. Acidente fatal
ganizado, limpo e desimpedido, notadamente
18.31.1. Em caso de ocorrência de acidente fatal, é
nas vias de circulação, passagens e escadarias.
obrigatória a adoção das seguintes medidas:
(118.558-6 / I3)
a) comunicar o acidente fatal, de imediato, à auto-
18.29.2. O entulho e quaisquer sobras de materiais
ridade policial competente e ao órgão regional
devem ser regulamente coletados e removidos.
Por ocasião de sua remoção, devem ser tomados do Ministério do Trabalho, que repassará imedia-
cuidados especiais, de forma a evitar poeira exces- tamente ao sindicato da categoria profissional do
siva e eventuais riscos. (118.559-4 / I3) local da obra; (118.572-1 / I4)
18.29.3. Quando houver diferença de nível, a remo- b) isolar o local diretamente relacionado ao aciden-
ção de entulhos ou sobras de materiais deve ser te, mantendo suas características até sua liberação
realizada por meio de equipamentos mecânicos ou pela autoridade policial competente e pelo órgão
calhas fechadas. (118.560-8 / I3) regional do Ministério do Trabalho. (118.573-0 / I4)
18.29.4. É proibida a queima de lixo ou qualquer outro 18.31.1.1. A liberação do local poderá ser concedida
material no interior do canteiro de obras. (118.561- após a investigação pelo órgão regional compe-
6 / I1) tente do Ministério do Trabalho, que ocorrerá num
18.29.5. É proibido manter lixo ou entulho acumulado prazo máximo de 72 (setenta e duas) horas, conta-
ou exposto em locais inadequados do canteiro de do do protocolo de recebimento da comunicação
obras. (118.562-4 / I3) escrita ao referido órgão, podendo, após esse pra-
18.30. Tapumes e galerias zo, serem suspensas as medidas referidas na alínea
18.30.1. É obrigatória a colocação de tapumes ou bar- “b” do subitem 18.31.1. (118.574-8 / I4)
reiras sempre que se executarem atividades da in- 18.32. Dados estatísticos
dústria da construção, de forma a impedir o acesso 18.32.1. O empregador deve encaminhar, por meio
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

de pessoas estranhas aos serviços. (118.563-2 / I4) do serviço de postagem, à FUNDACENTRO, o Ane-
18.30.2. Os tapumes devem ser construídos e fixados xo I, Ficha de Acidente do Trabalho, desta norma
de forma resistente, e ter altura mínima de 2,20m até 10 (dez) dias após o acidente, mantendo cópia
(dois metros e vinte centímetros) em relação ao ní- e protocolo de encaminhamento por um período
vel do terreno. (118.564-0 / I4) de 3 (três) anos, para fins de fiscalização do órgão
18.30.3. Nas atividades da indústria da construção regional competente do Ministério do Trabalho -
com mais de 2 (dois) pavimentos a partir do nível MTb. (118.575-6 / I2)
do meio-fio, executadas no alinhamento do logra- 18.32.1.1. A Ficha de Acidente do Trabalho refere -se
douro, é obrigatória a construção de galerias sobre tanto ao acidente fatal, ao acidente com e sem
o passeio, com altura interna livre de no mínimo afastamento, quanto a doença do trabalho.
3,00m (três metros). (118.565-9 / I4)

110
18.32.1.2. A Ficha de Acidente do Trabalho deve ser nico-científicas ou de profissionais especializados,
preenchida pelo empregador no estabelecimento sempre que necessário. (redação dada pela Porta-
da empresa que ocorrer o acidente ou doença do ria 63, de 28 de dezembro de 1998)
trabalho. (118.576-4 / I1) 18.34.2.1. No primeiro mandato anual, o coordenador
18.32.2. O empregador deve encaminhar, por meio do CPN será indicado pela Secretaria de Seguran-
do serviço de postagem, à FUNDACENTRO, o Ane- ça e Saúde no Trabalho, no segundo pela FUNDA-
xo II, Resumo Estatístico Anual, desta norma até o CENTRO e, nos mandatos subsequentes, a coorde-
último dia útil de fevereiro do ano subsequente, nação será indicada pelos membros da Comissão,
mantendo cópia e protocolo de encaminhamento
dentre seus pares.
por um período de 3 (três) anos, para fins de fisca-
18.34.2.2. À coordenação do CPN cabe convocar pelo
lização do órgão regional competente do Ministé-
menos uma reunião semestral, destinada a analisar
rio do Trabalho - MTb. (118.577-2 / I1)
18.33. Comissão Interna de Prevenção de Acidentes - o trabalho desenvolvido no período anterior e tra-
CIPA nas empresas da indústria da construção çar diretrizes para o ano seguinte.
18.33.1. A empresa que possuir na mesma cidade 1 18.34.2.3. O CPN pode ser convocado por qualquer
(um) ou mais canteiros de obra ou frentes de tra- de seus componentes, através da coordenação,
balho, com menos de 70 (setenta) empregados, com antecedência mínima de 30 (trinta) dias, reu-
deve organizar CIPA centralizada. (118.578-0 / I2) nindo-se com a presença de pelo menos metade
18.33.2. A CIPA centralizada será composta de repre- dos membros.
sentantes do empregador e dos empregados, de- 18.34.2.4. Os representantes integrantes do grupo de
vendo ter pelo menos 1 (um) representante titular apoio técnico-científico do CPN não terão direito a
e 1 (um) suplente, por grupo de até 50 (cinquenta) voto, garantido o direito de voz.
empregados em cada canteiro de obra ou frente 18.34.2.5. As disposições anteriores aplicam-se aos
de trabalho, respeitando-se a paridade prevista na Comitês Regionais, observadas as representações
NR 5. (118.579-9 / I2) em âmbito estadual.
18.33.3. A empresa que possuir 1 (um) ou mais cantei- 18.34.2.6. São atribuições do CPN:
ros de obra ou frente de trabalho com 70 (setenta) a) deliberar a respeito das propostas apresentadas
ou mais empregados em cada estabelecimento,
pelos CPR, ouvidos os demais CPR;
fica obrigada a organizar CIPA por estabelecimen-
b) encaminhar ao Ministério do Trabalho as propostas
to. (118.580-2 / I2)
aprovadas;
18.33.4. Ficam desobrigadas de constituir CIPA os
canteiros de obra cuja construção não exceda a c) justificar aos CPR a não aprovação das propostas
180 (cento e oitenta) dias, devendo, para o aten- apresentadas;
dimento do disposto neste item, ser constituída d) elaborar propostas, encaminhando cópia aos CPR;
comissão provisória de prevenção de acidentes, e) aprovar os Regulamentos Técnicos de Procedimen-
com eleição paritária de 1 (um) membro efetivo e tos - RTP.
1 (um) suplente, a cada grupo de 50 (cinquenta) 18.34.3. O CPR será composto de 3 (três) a 5 (cinco)
trabalhadores. (118.581-0 / I2) representantes titulares e suplentes do Governo,
18.33.5. As empresas que possuam equipes de traba- dos trabalhadores, dos empregadores e de 3 (três)
lho itinerantes deverão considerar como estabele- a 5 (cinco) titulares e suplentes de entidades de
cimento a sede da equipe. profissionais especializados em segurança e saúde
18.33.6. As subempreiteiras que pelo número de em- do trabalho como apoio técnico-científico.
pregados não se enquadrarem no subitem 18.33.3 18.34.3.1. As propostas resultantes dos trabalhos de
participarão com, no mínimo 1 (um) representante cada CPR serão encaminhadas ao CPN. Aprovadas,
das reuniões, do curso da CIPA e das inspeções re- serão encaminhadas ao Ministério do Trabalho,
alizadas pela CIPA da contratante. (118.582-9 / I2) que dará andamento às mudanças, por meio de
18.33.7. Aplicam-se às empresas da indústria da cons- dispositivos legais pertinentes, no prazo máximo
trução as demais disposições previstas na NR 5, de 90 (noventa) dias.
naquilo em que não conflitar com o disposto neste 18.34.3.2. Nos estados onde funcionarem organiza-
item. ções tripartites que atendem às atribuições esta-
18.34. Comitês permanentes sobre condições e meio belecidas para os CPR, presume-se que aquelas
ambiente do trabalho na indústria da construção sejam organismos substitutivos destes.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

18.34.1. Fica criado o Comitê Permanente Nacional 18.34.3.3. São atribuições dos Comitês Regionais -
sobre Condições e Meio Ambiente do Trabalho CPR:
na Indústria da Construção, denominado CPN, e a) estudar e propor medidas para o controle e a me-
os Comitês Permanentes Regionais sobre Condi- lhoria das condições e dos ambientes de trabalho
ções e Meio Ambiente do Trabalho na Indústria na indústria da construção;
b) implementar a coleta de dados sobre acidentes de
da Construção, denominados CPR (Unidade(s) da
trabalho e doenças ocupacionais na indústria da
Federação).
construção, visando estimular iniciativas de aper-
18.34.2 O CPN será composto de 3 (três) a 5 (cinco)
feiçoamento técnico de processos construtivos, de
representantes titulares do governo, dos empre- máquinas, equipamentos, ferramentas e procedi-
gadores e dos empregados, sendo facultada a mentos nas atividades da indústria da construção.
convocação de representantes de entidades téc-

111
c) participar e propor campanhas de prevenção de aci- f) as ferramentas manuais não devem ser deixadas
dentes para a indústria da construção; sobre passagens, escadas, andaimes e outras su-
d) incentivar estudos e debates visando ao aperfei- perfícies de trabalho ou de circulação, devendo ser
çoamento permanente das normas técnicas, regu- guardadas em locais apropriados, quando não es-
lamentadoras e de procedimentos na indústria da tiverem em uso; (118.588-8 / I4)
construção; g) antes da fixação de pinos por ferramenta de fixação
e) encaminhar o resultado de suas propostas ao CPN; a pólvora, devem ser verificados o tipo e a espes-
f) apreciar propostas encaminhadas pelo CPN, sejam sura da parede ou laje, o tipo de pino e finca-pino
elas oriundas do próprio CPN ou de outro CPR.
mais adequados, e a região oposta à superfície
g) negociar cronograma para gradativa implementa-
ção de itens da Norma que não impliquem em gra- de aplicação deve ser previamente inspecionada;
ve e iminente risco, atendendo as peculiaridades e (118.589-6 / I4)
dificuldades regionais, desde que sejam aprovadas h) o operador não deve apontar a ferramenta de fixa-
por consenso e homologados pelo Comitê Perma- ção a pólvora para si ou para terceiros. (118.590- 0
nente Nacional - CPN / I4)
18.34.3.3.1 As propostas resultantes de negociações 18.36.3. Quanto à escavação, fundação e desmonte
do CPR, conduzidas na forma do disposto na alí- de rochas:
nea “g” do subitem 18.34.3.3, serão encaminhadas
a) antes de ser iniciada uma obra de escavação ou de
à autoridade regional competente do Ministério do
Trabalho, que dará garantias ao seu cumprimen- fundação, o responsável deve procurar se informar
to por meio de dispositivos legais pertinentes, de a respeito da existência de galerias, canalizações
acordo com as prerrogativas que lhe são atribuídas e cabos, na área onde serão realizados os traba-
pelo subitem 28.1.4.3, da Norma Regulamentadora lhos, bem como estudar o risco de impregnação
28 (redação dada pela portaria nº 20, de 17 de abril do subsolo por emanações ou produtos nocivos;
de 1998) (118.591-8 / I4)
18.34.4. O CPN e os CPR funcionarão na forma que b) os escoramentos devem ser inspecionados diaria-
dispuserem os regulamentos internos a serem ela-
mente; (118.592-6 / I4)
borados após sua constituição.
18.35. Recomendações Técnicas de Procedimentos - c) quando for necessário rebaixar o lençol d’água (fre-
RTP. 2 ático), os serviços devem ser executados por pes-
18.35.1. O Ministério do Trabalho, através da Fundação soas ou empresas qualificadas; (118.593-4 / I4)
Jorge Duprat de Figueiredo de Segurança e Medici- d) cargas e sobrecargas ocasionais, bem como possí-
na do Trabalho - FUNDACENTRO, publicará “Reco- veis vibrações, devem ser levadas em consideração
mendações Técnicas de Procedimentos - RTP”, após para determinar a inclinação das paredes do talu-
sua aprovação pelo Comitê Permanente Nacional de, a construção do escoramento e o cálculo dos
sobre Condições e Meio Ambiente de Trabalho na
elementos necessários; (118.594-2 / I4)
Indústria da Construção - CPN, visando subsidiar as
empresas no cumprimento desta Norma.2 e) a localização das tubulações deve ter sinalização
18.36. Disposições gerais. adequada; (118.595-0 / I4)
18.36.1. São de observância, ainda, as disposições f) as escavações devem ser realizadas por pessoal
constantes dos subitens 18.36.2 a 18.36.7. 2 qualificado, que orientará os operários, quando se
18.36.2. Quanto às máquinas, equipamentos e ferra- aproximarem das tubulações até a distância míni-
mentas diversas: ma de 1,50m (um metro e cinquenta centímetros);
a) os protetores removíveis só podem ser retira-
(118.596-9 / I4)
dos para limpeza, lubrificação, reparo e ajuste, e
após devem ser, obrigatoriamente, recolocados; g) o tráfego próximo às escavações deve ser desviado
(118.583-7 / I4) e, na sua impossibilidade, reduzida a velocidade
b) os operadores não podem se afastar da área de dos veículos; (118.597-7 / I4)
controle das máquinas ou equipamentos sob sua h) devem ser construídas passarelas de largura mí-
responsabilidade, quando em funcionamento; nima de 0,60m (sessenta centímetros), protegidas
(118.584-5 / I4) por guarda-corpos, quando for necessário o trân-
c) nas paradas temporárias ou prolongadas, os opera- sito sobre a escavação; (118.598-5 / I4)
dores de máquinas e equipamentos devem colocar
os controles em posição neutra, acionar os freios e i) quando o bate-estacas não estiver em operação, o
pilão deve permanecer em repouso sobre o solo
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

adotar outras medidas com o objetivo de eliminar


riscos provenientes de funcionamento acidental; ou no fim da guia de seu curso; (118.599-3 / I4)
(118.585-3 / I4) j) para pilões a vapor, devem ser dispensados cuida-
d) inspeção, limpeza, ajuste e reparo somente devem dos especiais às mangueiras e conexões, devendo
ser executados com a máquina ou o equipamento o controle de manobras das válvulas estar sempre
desligado, salvo se o movimento for indispensável ao alcance do operador; (118.600-0 / I4)
à realização da inspeção ou ajuste; (118.586-1 / I4)
k) para trabalhar nas proximidades da rede elétrica, a
e) quando o operador de máquinas ou equipamen-
tos tiver a visão dificultada por obstáculos, deve ser altura e/ou distância dos bate-estacas deve aten-
exigida a presença de um sinaleiro para orientação der à distância mínima exigida pela concessionária;
do operador; (118.587-0 / I4) (118.601-9 / I4)

112
l) para a proteção contra a projeção de pedras, deve b) deve haver um código de sinais afixado em local
ser coberto todo o setor (área entre as minas, car- visível, para comandar as operações dos equipa-
regadas) com malha de ferro de 1/4” a 3/16”, de mentos de guindar. (118.611-6 / I2)
0,15m (quinze centímetros) e pontiada de solda, c) os diâmetros mínimos para roldanas e eixos em
devendo ser arrumados sobre a malha pneus para função dos cabos usados são: (118.612-4 / I2)
formar uma camada amortecedora. (118.602-7 / I4)
18.36.4. Quanto a estruturas de concreto: Diâmetro do Cabo
a) antes do início dos trabalhos deve ser designado (mm)
um encarregado experiente para acompanhar o
serviço e orientar a equipe de retirada de fôrmas Diâmetro da roldana
quanto às técnicas de segurança a serem observa- (cm)
das; (118.603-5 / I4)
b) durante a descarga de vergalhões de aço a área Diâmetro do eixo
deve ser isolada para evitar a circulação de pessoas (mm)
estranhas ao serviço; (118.604-3 / I4)
c) os feixes de vergalhões de aço que forem deslo- 12,70
cados por guinchos, guindastes ou gruas, devem 30
ser amarrados de modo a evitar escorregamento; 30
(118.605-1 / I4) 15,80
d) durante os trabalhos de lançamento e vibração de 35
concreto, o escoramento e a resistência das fôrmas 40
devem ser inspecionados por profissionais qualifi- 19,00
cados. (118.606-0 / I4) 40
18.36.5. Quanto a escadas: 43
a) as escadas de mão portáteis e corrimão de madeira 22,20
não devem apresentar farpas, saliências ou emen- 46
das; (118.607-8 / I3) 49
b) as escadas fixas, tipo marinheiro, devem ser presas 25,40
no topo e na base; (118.608-6 / I3)
51
c) as escadas fixas, tipo marinheiro, de altura superior
55
a 5,00m (cinco metros), devem ser fixadas a cada
3,00m (três metros). (118.609-4 / I3)
d) peças com mais de 2,00m (dois metros) de compri-
18.36.6. Quanto à movimentação e transporte de ma-
mento devem ser amarradas na estrutura do eleva-
teriais e de pessoas:
dor; (118.613-2 / I2)
a) o código de sinais recomendado é o seguinte:
e) as caçambas devem ser construídas de chapas de
(118.610-8 / I2)
aço e providas de corrente de segurança ou outro
I. elevar carga: antebraço na posição vertical; dedo
indicador para mover a mão em pequeno círculo dispositivo que limite sua inclinação por ocasião da
horizontal; descarga. (118.614-0 / I2)
II. abaixar carga: braço estendido na horizontal; palma 18.36.7. Quanto a estruturas metálicas:
da mão para baixo; mover a mão para cima e para a) os andaimes utilizados na montagem de estruturas
baixo; metálicas devem ser suportados por meio de ver-
III. parar: braço estendido; palma da mão para baixo; galhões de ferro, fixados à estrutura, com diâmetro
manter braço e mão rígidos na posição; mínimo de 0,018m (dezoito milímetros); (118.615-
IV. parada de emergência: braço estendido; palma da 9 / I4)
mão para baixo; mover a mão para a direita e a b) em locais de estrutura, onde, por razões técnicas,
esquerda rapidamente; não se puder empregar os andaimes citados na alí-
V. suspender a lança: braço estendido; mão fechada, nea anterior, devem ser usadas plataformas com
polegar apontado para cima; mover a mão para tirantes de aço ou vergalhões de ferro, com diâ-
cima e para baixo; metro mínimo de 0,012m (doze milímetros), devi-
VI. abaixar a lança: braço estendido; mão fechada; po- damente fixados a suportes resistentes; (118.616-7
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

legar apontado para baixo; erguer a mão para cima / I4)


e para baixo; c) os andaimes referidos na alínea “a” devem ter lar-
VII. girar a lança: braço estendido; apontar com o in- gura mínima de 0,90m (noventa centímetros) e
dicador no sentido do movimento; proteção contra quedas conforme subitem 18.13.5.
VIII. mover devagar: o mesmo que em I ou II, porém (118.617-5 / I4)
com a outra mão colocada atrás ou abaixo da mão d) as escadas de mão somente podem ser usadas
de sinal; quando apoiadas no solo. (118.618-3 / I4)
IX. elevar lança e abaixar carga: usar III e V com as 18.37. Disposições finais.
duas mãos simultaneamente; 18.37.1. Devem ser colocados, em lugar visível para
X. abaixar lança e elevar carga: usar I e VI, com as duas os trabalhadores, cartazes alusivos à prevenção de
mãos, simultaneamente; acidentes e doenças de trabalho. (118.619-1 / I1)

113
18.37.2. É obrigatório o fornecimento de água potá- 18.37.7. São facultadas a apresentação e a execução,
vel, filtrada e fresca para os trabalhadores por meio após aprovação pela FUNDACENTRO, de soluções
de bebedouros de jato inclinado ou equipamento alternativas referentes às medidas de proteção co-
similar que garanta as mesmas condições, na pro- letiva ou outros dispositivos não previstos nesta
porção de 1 (um) para cada grupo de 25 (vinte e NR, que propiciem avanço tecnológico e proteção
cinco) trabalhadores ou fração. (118.620-5 / I4) para a segurança, higiene e saúde do trabalhador.
18.37.2.1. O disposto neste subitem deve ser garan- 18.37.7.1. As soluções alternativas constituirão proje-
tido de forma que, do posto de trabalho ao be- to de pesquisa desenvolvido pela FUNDACENTRO
bedouro, não haja deslocamento superior a 100 ou em parceria desta com outras instituições ou
(cem) metros, no plano horizontal e 15 (quinze) empresas interessadas.
metros no plano vertical. (118.621-3/I3) 18.37.7.2. À FUNDACENTRO cabe estabelecer as nor-
18.37.2.2. Na impossibilidade de instalação de be- mas e os procedimentos necessários ao desenvol-
bedouro dentro dos limites referidos no subitem vimento e implementação da proposta.
anterior, as empresas devem garantir, nos postos 18.37.7.3. A FUNDACENTRO poderá delegar a compe-
de trabalho, suprimento de água potável, filtrada tência a que se refere esse assunto a outros órgãos
reconhecidos de ensino e pesquisa.
e fresca fornecida em recipientes portáteis herme-
18.37.7.4 As soluções alternativas aprovadas, bem
ticamente fechados, confeccionados em material
como as respectivas memórias de cálculo e espe-
apropriado, sendo proibido o uso de copos coleti-
cificações, constituem documentação fiscalizável
vos. (118.622-1 / I4) pelo Ministério do Trabalho a ser mantida nos es-
18.37.2.3. Em regiões do país ou estações do ano de tabelecimentos de trabalho.
clima quente deve ser garantido o fornecimento 18.37.8. A FUNDACENTRO fará publicar anualmente e
de água refrigerada. (118.623-0 / I1) comunicará ao órgão regional competente do Mi-
18.37.2.4. A área do canteiro de obra deve ser dotada nistério do Trabalho, até no máximo 30 de junho
de iluminação externa adequada. (118.624-8 / I2) de cada ano, os resultados estatísticos a ela enca-
18.37.2.5. Nos canteiros de obras, inclusive nas áre- minhados, relativos ao exercício anterior.
as de vivência, deve ser previsto escoamento de 18.38. Disposições transitórias
águas pluviais. (118.625-6 / I2) 18.38.1. O Programa de Condições e Meio Ambiente
18.37.2.6. Nas áreas de vivência dotadas de aloja- de Trabalho na Indústria da Construção-PCMAT,
mento, deve ser solicitada à concessionária local a referido no subitem 18.3.1., deverá ser elaborado
instalação de um telefone comunitário ou público. e implantado nos dois primeiros anos, a partir da
(118.626-4 / I1) vigência desta Norma, conforme abaixo discrimi-
18.37.3. É obrigatório o fornecimento gratuito pelo nado:
a) no primeiro ano de vigência desta NR, nos estabe-
empregador de vestimenta de trabalho e sua re-
lecimentos com 100 (cem) ou mais trabalhadores;
posição, quando danificada. (118.627-2 / I4)
b) no segundo ano de vigência desta NR, nos esta-
18.37.4. Para fins da aplicação desta NR, são conside- belecimentos com 50 (cinquenta) ou mais traba-
rados trabalhadores habilitados aqueles que com- lhadores.
provem perante o empregador e a inspeção do 18.38.2. O elevador de passageiros referido no subi-
trabalho uma das seguintes condições: (118.628-0 tem 18.14.23.1.1 será exigido após 4 (quatro) anos
/ I2) de vigência desta Norma, desde que haja pelo me-
a) capacitação, mediante curso específico do sistema nos 30 (trinta) ou mais trabalhadores.
oficial de ensino; 18.38.3. No terceiro e quarto anos de vigência desta
b) capacitação, mediante curso especializado minis- Norma, o elevador de passageiros deve ser insta-
trado por centros de treinamento e reconhecido lado a partir da sétima laje dos edifícios em cons-
pelo sistema oficial de ensino. trução com 10 (dez) ou mais pavimentos ou altura
18.37.5. Para fins da aplicação desta NR, são consi- equivalente cujo canteiro de obras possua, pelo
derados trabalhadores qualificados aqueles que menos, 40 (quarenta) trabalhadores. (118.629-9 /
I3)
comprovem perante o empregador e a inspeção
18.38.4. As empresas que fabricam, locam, comerciali-
do trabalho uma das seguintes condições:
zam ou utilizam os andaimes referidos no subitem
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

a) capacitação mediante treinamento na empresa; 18.15.47, devem adequar os referidos equipamen-


b) capacitação mediante curso ministrado por insti- tos, em um prazo máximo de 1 (um) ano, a partir
tuições privadas ou públicas, desde que conduzido da vigência desta Norma.
por profissional habilitado; 18.39. Glossário.
c) ter experiência comprovada em Carteira de Traba-
lho de pelo menos 6 (seis) meses na função. Acidente Fatal - quando provoca a morte do traba-
18.37.6. Aplicam-se à indústria da construção, nos lhador.
casos omissos, as disposições constantes nas de-
mais Normas Regulamentadoras da Portaria no Acidente Grave - quando provoca lesões incapacitan-
3.214/78 e suas alterações posteriores. tes no trabalhador.

114
Alta-Tensão - é a distribuição primária, em que a ten- Aterramento Elétrico - ligação à terra que assegura a
são é igual ou superior a 2.300 volts. fuga das correntes elétricas indesejáveis.

Amarras - cordas, correntes e cabos de aço que se Atmosfera Perigosa - presença de gases tóxicos, infla-
destinam a amarrar ou prender equipamentos à máveis e explosivos no ambiente de trabalho.
estrutura.
Auto propelida - máquina ou equipamento que pos-
Ancorada (ancorar) - ato de fixar por meio de cordas, sui movimento próprio.
cabos de aço e vergalhões, propiciando segurança
e estabilidade. Bancada - mesa de trabalho.

Andaime: Banguela - queda livre do elevador, pela liberação


proposital do freio do tambor.
a) Geral - plataforma para trabalhos em alturas ele-
vadas por estrutura provisória ou dispositivo de Bate-Estacas - equipamento de cravação de estacas
sustentação; por percussão.
b) Simplesmente Apoiado - é aquele cujo estrado
está simplesmente poiado, podendo ser fixo ou Blaster - profissional habilitado para a atividade e
deslocar-se no sentido horizontal; operação com explosivos.
c) Em Balanço - andaime fixo, suportado por viga-
mento em balanço; Borboleta de Pressão - parafuso de fixação dos pai-
d) Suspenso Mecânico - é aquele cujo estrado de tra- néis dos elevadores.
balho é sustentado por travessas suspensas por ca-
bos de aço e movimentado por meio de guinchos; Botoeira - dispositivo de partida e parada de máqui-
e) Suspenso Mecânico Leve - andaime cuja estrutu- nas.
ra e dimensões permitem suportar carga total de
trabalho de 300 kgf, respeitando-se os fatores de Braçadeira - correia, faixa ou peça metálica utilizada
segurança de cada um de seus componentes; (ex- para reforçar ou prender.
cluso pela Portaria SIT 157/2006)
f) Suspenso Mecânico Pesado - andaime cuja estru- Cabo-Guia ou de Segurança - cabo ancorado à es-
tura e dimensões permitem suportar carga de tra- trutura, onde são fixadas as ligações dos cintos de se-
balho de 400 kgf/m2, respeitando-se os fatores de gurança.
segurança de cada um de seus componentes; (ex-
cluso pela Portaria SIT 157/2006) Cabos de Ancoragem - cabos de aço destinados à fi-
g) Cadeira Suspensa (balancim) - é o equipamento xação de equipamentos, torres e outros à estrutura.
cuja estrutura e dimensões permitem a utilização
por apenas uma pessoa e o material necessário Cabos de Suspensão - cabo de aço destinado à eleva-
para realizar o serviço; ção (içamento) de materiais e equipamentos.
h) Fachadeiro - andaime metálico simplesmente
apoiado, fixado à estrutura na extensão da facha- Cabos de Tração - cabos de aço destinados à movi-
da. mentação de pesos.

Anteparo - designação genérica das peças (tabiques, Caçamba - recipiente metálico para conter ou trans-
biombos, guarda-corpos, para-lamas etc.) que servem portar materiais.
para proteger ou resguardar alguém ou alguma coisa.
Calha Fechada - duto destinado a retirar materiais por
Arco Elétrico ou Voltaico - descarga elétrica produzi- gravidade.
da pela condução de corrente elétrica por meio do ar ou
outro gás, entre dois condutores separados. Calço - acessório utilizado para nivelamento de equi-
pamentos e máquinas em superfície irregular.
Área de Controle das Máquinas - posto de trabalho
do operador. Canteiro de Obra - área de trabalho fixa e temporária,
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

onde se desenvolvem operações de apoio e execução de


Áreas de Vivência - áreas destinadas a suprir as uma obra.
necessidades básicas humanas de alimentação, higiene,
Caracteres Indeléveis - qualquer dígito numérico, le-
descanso, lazer, convivência e ambulatória, devendo ficar
tra do alfabeto ou um símbolo especial, que não se dis-
fisicamente separadas das áreas laborais.
sipa, indestrutível.
Armação de Aço - conjunto de barras de aço, molda-
CAT - Comunicação de Acidente do Trabalho.
das conforme sua utilização e parte integrante do con-
creto armado.
ART - Anotação de Responsabilidade Técnica, segun- CEI - Cadastro Específico do Instituto Nacional do Se-
do as normas vigentes no sistema CONFEA/CREA. guro Social - INSS, referente à obra.

115
Cimbramento - escoramento e fixação das fôrmas Cutelo Divisor - lâmina de aço que compõe o con-
para concreto armado. junto de serra circular que mantém separadas as partes
serradas da madeira.
Cinto de Segurança Tipo Paraquedista - é o que pos-
sui tiras de tórax e pernas, com ajuste e presilhas; nas Desmonte de Rocha a Fogo - retirada de rochas com
costas possui uma argola para fixação de corda de sus- explosivos:
tentação.
a) Fogo - detonação de explosivo para efetuar o des-
CGC - inscrição da empresa no Cadastro Geral de monte;
Contribuintes do Ministério da Fazenda.
b) Fogacho - detonação complementar ao fogo prin-
Chave Blindada - chave elétrica protegida por uma cipal.
caixa metálica, isolando as partes condutoras de conta-
tos elétricos. Dispositivo Limitador de Curso - dispositivo destina-
do a permitir uma sobreposição segura dos montantes
Chave Elétrica de Bloqueio - é a chave interruptora da escada extensível.
de corrente.
Desmonte de Rocha a Frio - retirada manual de rocha
Chave Magnética - dispositivo com dois circuitos bá- d os locais com auxílio de equipamento mecânico.
sicos, de comando e de força, destinados a ligar e desli-
gar quaisquer circuitos elétricos, com comando local ou Doenças Ocupacionais - são aquelas decorrentes de
a distância (controle remoto). exposição a substâncias ou condições perigosas ineren-
tes a processos e atividades profissionais ou ocupacio-
Cinto de Segurança Abdominal - cinto de segurança nais.
com fixação apenas na cintura, utilizado para limitar a
movimentação do trabalhador. Dutos Transportadores de Concreto - tubulações des-
tinadas ao transporte de concreto sob pressão.
Circuito de Derivação - circuito secundário de distri-
buição. Elementos Estruturais - elementos componentes de
estrutura (pilares, vigas, lages, etc.).
Coifa - dispositivo destinado a confinar o disco da
serra circular. Elevador de Materiais - cabine para transporte vertical
de materiais.
Coletor de Serragem - dispositivo destinado a reco-
lher e lançar em local adequado a serragem proveniente Elevador de Passageiros - cabine fechada para trans-
do corte de madeira. porte vertical de pessoas, com sistema de comando au-
tomático.
Condutor Habilitado - condutor de veículos portador
de carteira de habilitação expedida pelo órgão compe-
Elevador de Caçamba - caixa metálica utilizada no
tente.
transporte vertical de material a granel.
Conexão de Autofixação - conexão que se adapta fir-
Em Balanço - sem apoio além da prumada.
memente à válvula dos pneus dos equipamentos para a
insuflação de ar.
Empurrador - dispositivo de madeira utilizado pelo
trabalhador na operação de corte de pequenos pedaços
Contrapino - pequena cavilha de ferro; de duas per-
nas, que se atravessa na ponta de um eixo ou parafuso de madeira na serra circular.
para manter no lugar porcas e arruelas.
Engastamento - fixação rígida da peça à estrutura.
Contraventamento - sistema de ligação entre ele-
mentos principais de uma estrutura para aumentar a ri- EPI - Equipamento de Proteção Individual - todo dis-
gidez do conjunto. positivo de uso individual destinado a proteger a saúde e
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

a integridade física do trabalhador.


Contraventos - elemento que interliga peças estrutu-
rais das torres dos elevadores. Equipamento de Guindar - equipamentos utilizados
no transporte vertical de materiais (grua, guincho, guin-
CPN - Comitê Permanente Nacional sobre Condições daste).
e Meio Ambiente do Trabalho na Indústria da Constru-
Escada de Abrir - escada de mão constituída de duas
ção.
peças articuladas na parte superior.
CPR - Comitê Permanente Regional sobre Condições
Escada de Mão - escada com montantes interligados
e Meio Ambiente do Trabalho na Indústria da Construção
por peças transversais.
(Unidade(s) da Federação).

116
Escada Extensível - escada portátil que pode ser es- Frente de Trabalho - área de trabalho móvel e tempo-
tendida em mais de um lance com segurança. rária, onde se desenvolvem operações de apoio e execu-
ção de uma obra.
Escada Fixa (tipo marinheiro) - escada de mão fixada
em uma estrutura dotada de gaiola de proteção. Fumos - vapores provenientes da combustão incom-
pleta de metais.
Escora - peça de madeira ou metálica empregada no
escoramento. Gaiola Protetora - estrutura de proteção usada em
torno de escadas fixas para evitar queda de pessoas. Ga-
Estabelecimento - cada uma das unidades da empre- leria - corredor coberto que permite o trânsito de pedes-
sa, funcionando em lugares diferentes. tres com segurança.

Estabilidade Garantida - entende-se como sendo a Gancho de Moitão - acessório para equipamentos de
característica relativa a estruturas, taludes, valas e esco- guindar e transportar utilizados para içar cargas.
ramentos ou outros elementos que não ofereçam risco
de colapso ou desabamento, seja por estarem garantidos Gases Confinados - são gases retidos em ambiente
por meio de estruturas dimensionadas para tal fim ou com pouca ventilação.
porque apresentem rigidez decorrente da própria forma-
ção (rochas). A estabilidade garantida de uma estrutura Guia de Alinhamento - dispositivo fixado na bancada
será sempre objeto de responsabilidade técnica de pro- da serra circular, destinado a orientar a direção e a largu-
fissional legalmente habilitado. ra do corte na madeira.

Estanque - propriedade do sistema de vedação que Guincheiro - operador de guincho.


não permita a entrada ou saída de líquido.
Guincho - equipamento utilizado no transporte ver-
Estaiamento - utilização de tirantes sob determinado tical de cargas ou pessoas, mediante o enrolamento do
ângulo, para fixar os montantes da torre. cabo de tração no tambor.

Estrado - estrutura plana, em geral de madeira, colo- Guincho de Coluna (tipo “Velox”) - guincho fixado em
cada sobre o andaime. poste ou coluna, destinado ao içamento de pequenas
cargas.
Estribo de Apoio - peça metálica, componente básico
de andaime suspenso leve que serve de apoio para seu Guindaste - veículo provido de uma lança metálica de
estrado. dimensão variada e motor com potência capaz de levan-
tar e transportar cargas pesadas.
Estronca - peça de esbarro ou escoramento com en-
costo destinado a impedir deslocamento. Grua - equipamento pesado utilizado no transporte
horizontal e vertical de materiais.
Estudo Geotécnico - são os estudos necessários à de-
finição de parâmetros do solo ou rocha, tais como son- Incombustível - material que não se inflama.
dagem, ensaios de campo ou ensaios de laboratório.
Instalações Móveis - contêineres, utilizados como:
Etapas de Execução da Obra - sequência física, alojamento, instalações sanitárias e escritórios.
cronológica, que compreende uma série de modificações
na evolução da obra. Insuflação de Ar - transferência de ar através de tubo
de um recipiente para outro, por diferença de pressão.
Explosivo - produto que sob certas condições de tem-
peratura, choque mecânico ou ação química se decom- Intempéries - os rigores das variações atmosféricas
põe rapidamente para libertar grandes volumes de gases (temperatura, chuva, ventos e umidade).
ou calor intenso. Isolamento do Local/Acidente - delimitação física do
Ferramenta - utensílio empregado pelo trabalhador local onde ocorreu o acidente, para evitar a descaracte-
rização do mesmo.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

para realização de tarefas.

Ferramenta de Fixação a Pólvora - ferramenta utiliza- Isolantes - são materiais que não conduzem corrente
da como meio de fixação de pinos acionada a pólvora. elétrica, ou seja, oferecem alta resistência elétrica.

Ferramenta Pneumática - ferramenta acionada por ar Lançamento de Concreto - colocação do concreto nas
comprimido. fôrmas, manualmente ou sob pressão.

Freio Automático - dispositivo mecânico que realiza o Lançamento de Partículas - pequenos pedaços de
acionamento de parada brusca do equipamento. material sólido lançados no ambiente em consequência
de ruptura mecânica ou corte do material.

117
Lençol Freático - depósito natural de água no subso- Plataforma de Trabalho - plataforma onde ficam os
lo, podendo estar ou não sob pressão. trabalhadores e materiais necessários à execução dos
serviços.
Legalmente Habilitado - profissional que possui habi-
litação exigida pela lei. Plataforma Principal de Proteção - plataforma de pro-
teção instalada na primeira laje.
Locais Confinados - qualquer espaço com a abertura
limitada de entrada e saída da ventilação natural. Plataforma Secundária de Proteção - plataforma de
proteção instalada de 3 (três) em 3 (três) lajes, a partir da
Material Combustível - aquele que possui ponto de plataforma principal e acima desta.
fulgor ³70ºC e £ a 93,3ºC.
Plataforma Terciária de Proteção - plataforma de pro-
Material Inflamável - aquele que possui ponto de ful- teção instalada de 2 (duas) em 2 (duas) lajes, a partir da
gor £ a 70ºC. plataforma principal e abaixo desta.

Máquina - aparelho próprio para transmitir movi- Prancha –1. peça de madeira com largura maior que
mento ou para utilizar e pôr em ação uma fonte natural 0,20m (vinte centímetros) e espessura entre 0,04m (qua-
de energia. tro centímetros) e 0,07m (sete centímetros).

Montante - peça estrutural vertical de andaime, torres 2. plataforma móvel do elevador de materiais, onde
e escadas. são transportadas as cargas.

NR - Norma Regulamentadora. Pranchão - peça de madeira com largura e espessura


superiores às de uma prancha.
Parafuso Esticador - dispositivo utilizado no tensio-
namento do cabo de aço para o estaiamento de torre de Prisma de Iluminação e Ventilação - espaço livre den-
elevador. tro de uma edificação em toda a sua altura e que se des-
tina a garantir a iluminação e a ventilação dos compar-
timentos.
Para-raios - conjunto composto por um terminal aé-
reo, um sistema de descida e um terminal de aterramen-
Protetor Removível - dispositivo destinado à proteção
to, com a finalidade de captar descargas elétricas atmos-
das partes móveis e de transmissão de força mecânica de
féricas e dissipá-las com segurança.
máquinas e equipamentos.
Passarela - ligação entre dois ambientes de trabalho
Protensão de Cabos - operação de aplicar tensão nos
no mesmo nível, para movimentação de trabalhadores
cabos ou fios de aço usados no concreto protendido.
e materiais, construída solidamente, com piso completo,
rodapé e guarda-corpo. Prumagem - colocação de peças no sentido vertical
(linha de prumo).
Patamar - plataforma entre dois lances de uma es-
cada. Rampa - ligação entre 2 (dois) ambientes de trabalho
com diferença de nível, para movimentação de trabalha-
PCMAT - Programa de Condições e Meio Ambiente dores e materiais, construída solidamente com piso com-
do Trabalho na Indústria da Construção. pleto, rodapé e guarda-corpo.
Perímetro da Obra - linha que delimita o contorno RTP - Regulamentos Técnicos de Procedimentos - es-
da obra. pecificam as condições mínimas exigíveis para a imple-
mentação das disposições da NR.
Pilão - peça utilizada para imprimir golpes, por gravi-
dade, força hidráulica, pneumática ou explosão. Rampa de Acesso - plano inclinado que interliga dois
Piso Resistente - piso capaz de resistir sem deforma- ambientes de trabalho.
ção ou ruptura aos esforços submetidos.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Rede de Proteção - rede de material resistente e elás-


Plataforma de Proteção - plataforma instalada no pe- tico com a finalidade de amortecer o choque da queda
rímetro da edificação destinada a aparar materiais em do trabalhador.
queda livre.
Roldana - disco com borda canelada que gira em tor-
Plataforma de Retenção de Entulho - plataforma de no de um eixo central.
proteção com inclinação de 45º (quarenta e cinco graus)
com caimento para o interior da obra, utilizada no pro- Rosca de Protensão - dispositivo de ancoragem dos
cesso de demolição. cabos de protensão.

118
Sapatilha - peça metálica utilizada para a proteção do Vias de Circulação - locais destinados à movimenta-
olhal de cabos de aço. ção de veículos, equipamentos e/ou pedestres.

Sinaleiro - pessoa responsável pela sinalização, emi- Vigas de Sustentação - vigas metálicas onde são pre-
tindo ordens por meio de sinais visuais e/ou sonoros. sos os cabos de sustentação dos andaimes móveis.

Sobrecarga - excesso de carga (peso) considerada ou Glossário Adicionado pela Portaria SIT 157/2006:
não no cálculo estrutural.
Rede de Segurança - rede suportada por uma corda
Soldagem - operações de unir ou remendar peças perimetral e outros elementos de sustentação. Panagem
metálicas com solda. - tecido da rede. Malha - série de cordas organizadas
em um modelo geométrico (quadrado ou losango) for-
Talude - inclinação ou declive nas paredes de uma es- mando uma rede. Tamanho da Malha - distância medida
cavação. entre duas sequências de nós, estando o fio entre estes
pontos estendidos. Nó - cada um dos vértices dos polí-
Tambor do Guincho - dispositivo utilizado para en-
gonos que formam a malha.
rolar e desenrolar o cabo de aço de sustentação do ele-
vador.
Estrutura de Sustentação - estrutura a qual as redes
estão conectadas e que contribuem para absorção da
Tapume - divisória de isolamento.
energia cinética em caso de ações dinâmicas.
Tinta - produto de mistura de pigmento inorgânico
com tíner, terebintina e outros diluentes. Inflamável e ge- Corda Perimétrica - corda que passa através de cada
ralmente tóxica. malha nas bordas de uma rede e que determina as di-
mensões de uma rede de segurança.
Tirante - cabo de aço tracionado.
Cordas de Sustentação ou de Amarração - cordas uti-
Torre de Elevador - sistema metálico responsável pela lizadas para atar a corda perimétrica a um suporte ade-
sustentação do elevador. quado.

Transbordo - transferência de trabalhadores de em- 5. Norma Regulamentadora nº 35: Trabalho em


barcação para plataforma de trabalho, através de equi- Altura
pamento de guindar.
A NR-35 estabelece os requisitos mínimos e as
Transporte Semimecanizado - é aquele que utiliza, em medidas de proteção para o trabalho em altura, como
conjunto, meios mecânicos e esforços físicos do traba- o planejamento, a organização e a execução, a fim de
lhador. garantir a segurança e a saúde dos trabalhadores com
atividades executadas acima de dois metros do nível in-
Trava de Segurança - sistema de segurança de trava- ferior, onde haja risco de queda.
mento de máquinas e elevadores.

Trava-Queda - dispositivo automático de travamento 35.1. Objetivo e Campo de Aplicação


destinado à ligação do cinto de segurança ao cabo de 35.1.1 Esta Norma estabelece os requisitos mínimos
segurança. e as medidas de proteção para o trabalho em al-
tura, envolvendo o planejamento, a organização e
Válvula de Retenção - a que possui em seu interior um a execução, de forma a garantir a segurança e a
dispositivo de vedação que sirva para determinar único saúde dos trabalhadores envolvidos direta ou indi-
sentido de direção do fluxo. retamente com esta atividade.
Veículo Precário - veículo automotor que apresente 35.1.2 Considera-se trabalho em altura toda atividade
as condições mínimas de segurança previstas pelo Códi- executada acima de 2,00 m (dois metros) do nível
go Nacional de Trânsito - CONTRAN. inferior, onde haja risco de queda.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

35.1.3 Esta norma se complementa com as normas


Vergalhões de Aço - barras de aço de diferentes diâ- técnicas oficiais estabelecidas pelos Órgãos com-
metros e resistências, utilizadas como parte integrante petentes e, na ausência ou omissão dessas, com as
do concreto armado. normas internacionais aplicáveis.
35.2. Responsabilidades
Verniz - revestimento translúcido, que se aplica sobre
35.2.1 Cabe ao empregador:
uma superfície; solução resinosa em álcool ou em óleos
a) garantir a implementação das medidas de prote-
voláteis.
ção estabelecidas nesta Norma;
b) assegurar a realização da Análise de Risco - AR e,
Vestimenta - roupa adequada para a atividade desen-
quando aplicável, a emissão da Permissão de Tra-
volvida pelo trabalhador.
balho - PT;

119
c) desenvolver procedimento operacional para as ati- f) acidentes típicos em trabalhos em altura;
vidades rotineiras de trabalho em altura; g) condutas em situações de emergência, incluindo
d) assegurar a realização de avaliação prévia das con- noções de técnicas de resgate e de primeiros so-
dições no local do trabalho em altura, pelo estudo, corros.
planejamento e implementação das ações e das 35.3.3.1 O treinamento periódico bienal deve ter car-
medidas complementares de segurança aplicáveis; ga horária mínima de oito horas, conforme conteú-
e) adotar as providências necessárias para acompa- do programático definido pelo empregador.
nhar o cumprimento das medidas de proteção es- 35.3.6 O treinamento deve ser ministrado por instru-
tabelecidas nesta Norma pelas empresas contra- tores com comprovada proficiência no assunto,
tadas; sob a responsabilidade de profissional qualificado
f) garantir aos trabalhadores informações atualizadas em segurança no trabalho.
sobre os riscos e as medidas de controle; 35.4. Planejamento, Organização e Execução
g) garantir que qualquer trabalho em altura só se ini- 35.4.1 Todo trabalho em altura deve ser planejado,
cie depois de adotadas as medidas de proteção organizado e executado por trabalhador capacita-
definidas nesta Norma; do e autorizado.
h) assegurar a suspensão dos trabalhos em altura 35.4.1.1 Considera-se trabalhador autorizado para
quando verificar situação ou condição de risco não trabalho em altura aquele capacitado, cujo estado
prevista, cuja eliminação ou neutralização imediata de saúde foi avaliado, tendo sido considerado apto
não seja possível; para executar essa atividade e que possua anuên-
i) estabelecer uma sistemática de autorização dos tra- cia formal da empresa.
balhadores para trabalho em altura; 35.4.1.2 Cabe ao empregador avaliar o estado de saú-
j) assegurar que todo trabalho em altura seja realiza- de dos trabalhadores que exercem atividades em
do sob supervisão, cuja forma será definida pela altura, garantindo que: 
análise de riscos de acordo com as peculiaridades a) os exames e a sistemática de avaliação sejam par-
da atividade; tes integrantes do Programa de Controle Médico
k) assegurar a organização e o arquivamento da do- de Saúde Ocupacional - PCMSO, devendo estar
cumentação prevista nesta Norma. nele consignados;
35.2.2 Cabe aos trabalhadores: b) a avaliação seja efetuada periodicamente, conside-
a) cumprir as disposições legais e regulamentares so- rando os riscos envolvidos em cada situação;
bre trabalho em altura, inclusive os procedimentos c) seja realizado exame médico voltado às patologias
expedidos pelo empregador; que poderão originar mal súbito e queda de altura,
b) colaborar com o empregador na implementação considerando também os fatores psicossociais.
das disposições contidas nesta Norma; 35.4.1.2.1 A aptidão para trabalho em altura deve ser
c) interromper suas atividades exercendo o direito consignada no atestado de saúde ocupacional do
de recusa, sempre que constatarem evidências trabalhador. 
de riscos graves e iminentes para sua segurança e 35.4.1.3 A empresa deve manter cadastro atualizado
saúde ou a de outras pessoas, comunicando ime- que permita conhecer a abrangência da autoriza-
diatamente o fato a seu superior hierárquico, que ção de cada trabalhador para trabalho em altura.
diligenciará as medidas cabíveis;(Dispositivo revo- 35.4.2 No planejamento do trabalho devem ser ado-
gado pela Portaria n° 915/2019 - DOU 31/07/2019) tadas, de acordo com a seguinte hierarquia:
d) zelar pela sua segurança e saúde e a de outras pes- a) medidas para evitar o trabalho em altura, sempre
soas que possam ser afetadas por suas ações ou que existir meio alternativo de execução;
omissões no trabalho. b) medidas que eliminem o risco de queda dos traba-
35.3. Capacitação e Treinamento  lhadores, na impossibilidade de execução do tra-
35.3.1 O empregador deve promover programa para balho de outra forma; 
capacitação dos trabalhadores à realização de tra- c) medidas que minimizem as consequências da que-
balho em altura.(Dispositivo revogado pela Porta- da, quando o risco de queda não puder ser elimi-
ria n° 915/2019 - DOU 31/07/2019) nado.
35.3.2 Considera-se trabalhador capacitado para tra- 35.4.3 Todo trabalho em altura deve ser realizado sob
balho em altura aquele que foi submetido e apro- supervisão, cuja forma será definida pela análise de
vado em treinamento, teórico e prático, com carga risco de acordo com as peculiaridades da ativida-
horária mínima de oito horas, cujo conteúdo pro- de.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

gramático deve, no mínimo, incluir: 35.4.4 A execução do serviço deve considerar as in-
a) normas e regulamentos aplicáveis ao trabalho em fluências externas que possam alterar as condições
altura; do local de trabalho já previstas na análise de risco.
b)análise de risco e condições impeditivas; 35.4.5 Todo trabalho em altura deve ser precedido de
c) riscos potenciais inerentes ao trabalho em altura e Análise de Risco.
medidas de prevenção e controle; 35.4.5.1 A Análise de Risco deve, além dos riscos ine-
d) sistemas, equipamentos e procedimentos de pro- rentes ao trabalho em altura, considerar:
teção coletiva; a) o local em que os serviços serão executados e seu
e) equipamentos de Proteção Individual para trabalho entorno;
em altura: seleção, inspeção, conservação e limita- b) o isolamento e a sinalização no entorno da área de
ção de uso; trabalho;

120
c) o estabelecimento dos sistemas e pontos de an- 35.5.2 O sistema de proteção contra quedas deve: 
coragem; a) ser adequado à tarefa a ser executada; 
d) as condições meteorológicas adversas; b) ser selecionado de acordo com Análise de Risco,
e) a seleção, inspeção, forma de utilização e limitação considerando, além dos riscos a que o trabalhador
de uso dos sistemas de proteção coletiva e indi- está exposto, os riscos adicionais; 
vidual, atendendo às normas técnicas vigentes, às c) ser selecionado por profissional qualificado em se-
orientações dos fabricantes e aos princípios da re- gurança do trabalho; 
dução do impacto e dos fatores de queda; d) ter resistência para suportar a força máxima aplicá-
f) o risco de queda de materiais e ferramentas; vel prevista quando de uma queda; 
g) os trabalhos simultâneos que apresentem riscos e) atender às normas técnicas nacionais ou na sua
específicos; inexistência às normas internacionais aplicáveis; 
h) o atendimento aos requisitos de segurança e saúde f) ter todos os seus elementos compatíveis e subme-
contidos nas demais normas regulamentadoras;
tidos a uma sistemática de inspeção.
i) os riscos adicionais;
35.5.3 A seleção do sistema de proteção contra que-
j) as condições impeditivas;
das deve considerar a utilização:
k) as situações de emergência e o planejamento do
a) de sistema de proteção coletiva contra quedas -
resgate e primeiros socorros, de forma a reduzir o
tempo da suspensão inerte do trabalhador; SPCQ; 
l) a necessidade de sistema de comunicação; b) de sistema de proteção individual contra quedas -
m) a forma de supervisão. SPIQ, nas seguintes situações: 
35.4.6 Para atividades rotineiras de trabalho em altura b.1) na impossibilidade de adoção do SPCQ; 
a análise de risco pode estar contemplada no res- b.2) sempre que o SPCQ não ofereça completa prote-
pectivo procedimento operacional. ção contra os riscos de queda; 
35.4.6.1 Os procedimentos operacionais para as ativi- b.3) para atender situações de emergência. 
dades rotineiras de trabalho em altura devem con- 35.5.3.1 O SPCQ deve ser projetado por profissional
ter, no mínimo: legalmente habilitado. 
a) as diretrizes e requisitos da tarefa; 35.5.3.2 O trabalhador deve permanecer conectado
b) as orientações administrativas; ao sistema de ancoragem durante todo o período
c) o detalhamento da tarefa; de exposição ao risco de queda.
d) as medidas de controle dos riscos características à 35.5.3.3 O talabarte e o dispositivo trava-quedas de-
rotina; e)as condições impeditivas; vem estar fixados acima do nível da cintura do tra-
f) os sistemas de proteção coletiva e individual ne- balhador, ajustados de modo a restringir a altura
cessários; de queda e assegurar que, em caso de ocorrência,
g) as competências e responsabilidades. minimize as chances do trabalhador colidir com
35.4.7 As atividades de trabalho em altura não roti- estrutura inferior. 
neiras devem ser previamente autorizadas me- 35.5.3.4 É obrigatório o uso de absorvedor de energia
diante Permissão de Trabalho.  nas seguintes situações:
35.4.7.1 Para as atividades não rotineiras as medidas a) fator de queda for maior que 1;
de controle devem ser evidenciadas na Análise de b) comprimento do talabarte for maior que 0,9m.
Risco e na Permissão de Trabalho. 35.5.4 O SPIQ pode ser de restrição de movimenta-
35.4.8 A Permissão de Trabalho deve ser emitida, ção, de retenção de queda, de posicionamento no
aprovada pelo responsável pela autorização da
trabalho ou de acesso por cordas. 
permissão, disponibilizada no local de execução da
35.5.5 O SPIQ é constituído dos seguintes elementos: 
atividade e, ao final, encerrada e arquivada de for-
a) sistema de ancoragem;
ma a permitir sua rastreabilidade.
b) elemento de ligação; 
35.4.8.1 A Permissão de Trabalho deve conter:
a) os requisitos mínimos a serem atendidos para a c) equipamento de proteção individual. 
execução dos trabalhos; 35.5.5.1 Os equipamentos de proteção individual de-
b) as disposições e medidas estabelecidas na Análise vem ser: 
de Risco; a) certificados; 
c) a relação de todos os envolvidos e suas autoriza- b) adequados para a utilização pretendida; 
c) utilizados considerando os limites de uso; 
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

ções.
d) ajustados ao peso e à altura do trabalhador.
35.4.8.2 A Permissão de Trabalho deve ter validade li-
35.5.5.1.1 O fabricante e/ou o fornecedor de EPI deve
mitada à duração da atividade, restrita ao turno de
disponibilizar informações quanto ao desempenho
trabalho, podendo ser revalidada pelo responsável
dos equipamentos e os limites de uso, consideran-
pela aprovação nas situações em que não ocorram
do a massa total aplicada ao sistema (trabalhador
mudanças nas condições estabelecidas ou na equi-
e equipamentos) e os demais aspectos previstos
pe de trabalho. 
no item 35.5.11. 
35.5 Sistemas de Proteção contra quedas.
35.5.6 Na aquisição e periodicamente devem ser efe-
35.5.1 É obrigatória a utilização de sistema de pro-
tuadas inspeções do SPIQ, recusando-se os ele-
teção contra quedas sempre que não for possível mentos que apresentem defeitos ou deformações. 
evitar o trabalho em altura.

121
35.5.6.1 Antes do início dos trabalhos deve ser efetu- 35.5.11.1.1 O talabarte, exceto quando especificado
ada inspeção rotineira de todos os elementos do pelo fabricante e considerando suas limitações
SPIQ.  de uso, não pode ser utilizado: (Acrescentado
35.5.6.2 Devem-se registrar os resultados das inspe- pela Portaria nº 1.113/2016 - DOU 22/09/2016) 
ções:  a) conectado a outro talabarte, elemento de ligação
a) na aquisição; (NR) 
ou extensor;
b) periódicas e rotineiras quando os elementos do
SPIQ forem recusados.  b) com nós ou laços.
35.5.6.3 Os elementos do SPIQ que apresentarem de- 35.6. Emergência e Salvamento
feitos, degradação, deformações ou sofrerem im- 35.6.1 O empregador deve disponibilizar equipe para
pactos de queda devem ser inutilizados e descar- respostas em caso de emergências para trabalho
tados, exceto quando sua restauração for prevista em altura. 
em normas técnicas nacionais ou, na sua ausência, 35.6.1.1 A equipe pode ser própria, externa ou com-
em normas internacionais e de acordo com as re- posta pelos próprios trabalhadores que executam
comendações do fabricante.  o trabalho em altura, em função das características
35.5.7 O SPIQ deve ser selecionado de forma que a
das atividades.
força de impacto transmitida ao trabalhador seja
de no máximo 6kN quando de uma eventual que- 35.6.2 O empregador deve assegurar que a equipe
da;  possua os recursos necessários para as respostas
35.5.8 Os sistemas de ancoragem destinados à restri- a emergências. 
ção de movimentação devem ser dimensionados 35.6.3 As ações de respostas às emergências que
para resistir às forças que possam vir a ser aplica- envolvam o trabalho em altura devem constar do
das.  plano de emergência da empresa. 
35.5.8.1 Havendo possibilidade de ocorrência de que- 35.6.4 As pessoas responsáveis pela execução das
da com diferença de nível, em conformidade com a medidas de salvamento devem estar capacitadas
análise de risco, o sistema deve ser dimensionado
a executar o resgate, prestar primeiros socorros e
como de retenção de queda. 
35.5.9 No SPIQ de retenção de queda e no sistema possuir aptidão física e mental compatível com a
de acesso por cordas, o equipamento de proteção atividade a desempenhar.
individual deve ser o cinturão de segurança tipo
paraquedista. 
35.5.9.1 O cinturão de segurança tipo paraquedista,
quando utilizado em retenção de queda, deve es- EXERCÍCIO COMENTADO
tar conectado pelo seu elemento de engate para
retenção de queda indicado pelo fabricante. 
35.5.10 A utilização do sistema de retenção de queda 1.(SERPRO – ENGENHARIA MECÂNICA-ANALISTA –
por trava-queda deslizante guiado deve atender CESPE – 2013) Considere que uma empresa, atuante na
às recomendações do fabricante, em particular no área de projetos e execução de instalação de sistemas
que se refere:  de refrigeração, possua profissionais de diversas áreas
a) à compatibilidade do trava-quedas deslizante guia- da engenharia, e tenha uma diretoria composta exclusi-
do com a linha de vida vertical;  vamente de economistas. Com base nessas informações,
b) ao comprimento máximo dos extensores. 
julgue os itens a seguir.
35.5.11 A Análise de Risco prevista nesta norma deve
considerar para o SPIQ minimamente os seguintes Por possuir engenheiros em seu quadro de funcionários,
aspectos:  a empresa poderá utilizar o termo engenharia em sua
a) que o trabalhador deve permanecer conectado ao denominação.
sistema durante todo o período de exposição ao
risco de queda;  ( ) CERTO ( ) ERRADO
b) distância de queda livre;
c) o fator de queda; 
Resposta: Errado. Segundo o artigo 5º da Lei
d) a utilização de um elemento de ligação que garan-
5.194/1966, Só poderá ter em sua denominação as
ta um impacto de no máximo 6 kN seja transmitido
palavras engenharia, arquitetura ou agronomia a fir-
ao trabalhador quando da retenção de uma queda; 
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

e) a zona livre de queda;  ma comercial ou industrial cuja diretoria for compos-


f) compatibilidade entre os elementos do SPIQ.  ta, em sua maioria, de profissionais registrados nos
35.5.11.1 O talabarte e o dispositivo trava-quedas de- Conselhos Regionais. Assim, a empresa não pode
vem ser posicionados:  utilizar do termo “engenharia” em sua denominação,
a) quando aplicável, acima da altura do elemento de visto que sua diretoria é composta apenas por eco-
engate para retenção de quedas do equipamento nomistas.
de proteção individual; 
b) de modo a restringir a distância de queda livre; 
c) de forma a assegurar que, em caso de ocorrência
de queda, o trabalhador não colida com estrutura
inferior. 

122
2.(SERPRO – ENGENHARIA MECÂNICA-ANALISTA –
CESPE – 2013) Considere que uma empresa, atuante na
área de projetos e execução de instalação de sistemas
HORA DE PRATICAR!
de refrigeração, possua profissionais de diversas áreas
da engenharia, e tenha uma diretoria composta exclusi- 1. (CREA-MG – PROFISSIONAL DE NÍVEL SUPERIOR-
vamente de economistas. Com base nessas informações, -DIREITO – MS CONCURSOS – 2014) Assinale a alterna-
julgue os itens a seguir. tiva em desconformidade com as disposições do Código
O funcionário dessa empresa que seja técnico de nível Civil acerca da sociedade limitada:
médio em instalações de refrigeração não poderá emitir
laudos técnicos relativos à instalação de sistemas de re- a) Na sociedade limitada, a responsabilidade de cada só-
frigeração, mesmo possuindo registro em um CREA. cio é restrita ao valor de suas quotas, mas todos res-
pondem solidariamente pela integralização do capital
( ) CERTO ( ) ERRADO social.
b) A designação de administradores não sócios depen-
Resposta: Certo. Na verdade a competência para re- derá de aprovação da unanimidade dos sócios, en-
alizar vistoria, perícia, avaliação, arbitramento, laudo quanto o capital não estiver integralizado, e de 2/3
e parecer técnico; são atribuições dos técnicos de ní- (dois terços), no mínimo, após a integralização.
vel superior, conforme dispõe o art. 23, II, da Lei nº c) Pela exata estimação de bens conferidos ao capital so-
5.194/1966. cial respondem solidariamente todos os sócios, até o
prazo de três anos da data do registro da sociedade.
d) O uso da firma ou denominação social é privativo dos
3.(SERPRO – ENGENHARIA MECÂNICA-ANALISTA – administradores que tenham os necessários poderes.
CESPE – 2013) Ainda acerca da ART, julgue os itens que
se seguem. 2. (CREA-MG – PROFISSIONAL DE NÍVEL SUPERIOR-
O falecimento do profissional indicado na ART é motivo -DIREITO – MS CONCURSOS – 2014) Das decisões de-
de baixa automática dessa ART pelo ConselHo Regional finitivas ou terminativas das Varas e Juízos, no prazo de
de Engenharia e Agronomia responsável. 8(oito) dias, é cabível para a instância superior:

( ) CERTO ( ) ERRADO a) Agravo de Petição.


b) Embargos.
Resposta: Certo. O que deve ser objeto de baixa au- c) Recurso Ordinário.
tomárica pelo CREA está disposto no artigo 19 da Lei d) Recurso de Revista.
nº 5.194/1966: Deverá ser objeto de baixa automática
pelo Crea: I – a ART que indicar profissional que tenha
falecido ou que teve o seu registro cancelado ou sus- 3. (CREA-MG – PROFISSIONAL DE NÍVEL SUPERIOR-
penso após a anotação da responsabilidade técnica. -DIREITO – MS CONCURSOS – 2014) Atribua C para a
assertiva correta e E para a errada, depois marque a al-
ternativa que traz a sequência correta, de cima para bai-
xo, de acordo com a Lei nº 8.078, de 11 de setembro de
1990, que dispõe sobre a proteção do consumidor.
( ) No caso de fornecimento de produtos in natura, será
responsável perante o consumidor o fornecedor ime-
diato, exceto quando identificado claramente seu pro-
dutor.
( ) Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que ad-
quire ou utiliza produto ou serviço como destinatário
final. Equipara-se a consumidor a coletividade de pes-
soas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo
nas relações de consumo.
( ) Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os


entes despersonalizados, que desenvolvem atividade
de produção, montagem, criação, construção, trans-
formação, importação, exportação, distribuição ou co-
mercialização de produtos ou prestação de serviços.
( ) Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado
de consumo, mediante remuneração, inclusive as de
natureza bancária, financeira, de crédito e securitária,
salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhis-
ta.

123
( ) O direito de reclamar pelos vícios aparentes ou de fá- 6. (CREA-MG – PROFISSIONAL DE NÍVEL SUPERIOR-
cil constatação caduca em: trinta dias, tratando-se de -DIREITO – MS CONCURSOS – 2014) Os Ministros do
fornecimento de serviço e de produtos não duráveis; Tribunal de Contas da União serão nomeados dentre bra-
sessenta dias, tratando-se de fornecimento de serviço sileiros que satisfaçam os seguintes requisitos:
e de produtos duráveis. I – Mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco
anos de idade.
a) E, C, E, C, C. II – Idoneidade moral e reputação ilibada.
b) E, C, C, C, C. III – Notórios conhecimentos jurídicos, contábeis, econô-
c) C, C, C, C, C. micos e financeiros ou de administração pública.
d) C, C, C, C, E. IV – Mais de dez anos de exercício de função ou de efe-
tiva atividade profissional que exija conhecimentos
4. (CREA-MG – PROFISSIONAL DE NÍVEL SUPERIOR- jurídicos, contábeis, econômicos e financeiros ou de
-DIREITO – MS CONCURSOS – 2014) Analise o texto a administração pública.
seguir e marque a alternativa que faz a afirmação correta.
O exercício da especialização de Engenheiro de Seguran- É correto o que se afirma em:
ça do Trabalho, de que trata a Lei no 7.410, de 27 de no-
vembro de 1985, será permitido exclusivamente ao: a) I, II e III, somente.
I – Engenheiro ou Arquiteto, portador de certificado de b) II e III, somente.
conclusão de curso de especialização em Engenharia c) II, III e IV, somente.
de Segurança do Trabalho, a ser ministrado no País, d) I, II, III e IV.
em nível de pós-graduação;
II – portador de certificado de curso de especialização em
Engenharia de Segurança do Trabalho, realizado em 7. (CREA-MG – PROFISSIONAL DE NÍVEL SUPERIOR-
caráter prioritário, pelo Ministério da Educação. -DIREITO – MS CONCURSOS – 2014) Diante do que
III – possuidor de diploma de Engenheiro de Segurança dispõe a Lei nº 8.429/92 (Lei de Improbidade Administra-
do Trabalho, expedido pelo Ministério da Educação. tiva), assinale a alternativa incorreta:
IV – possuidor de registro de Supervisor de Segurança do
Trabalho, expedido pelo Ministério do Trabalho. a) Constitui crime a representação por ato de improbi-
dade contra agente público ou terceiro beneficiário,
a) São verdadeiras somente as afirmações dos itens I e III. quando o autor da denúncia o sabe inocente.
b) São verdadeiras as afirmações dos itens I, II, III e IV. b) A perda da função pública e a suspensão dos direitos
c) É verdadeira somente a afirmação do item I. políticos só se efetivam com o trânsito em julgado da
d) São verdadeiras somente as afirmações dos itens I, III sentença condenatória.
e IV. c) A autoridade judicial ou administrativa competen-
te determinará o afastamento do agente público do
exercício do cargo, emprego ou função, sem prejuízo
5. (CREA-MG – PROFISSIONAL DE NÍVEL SUPERIOR- da remuneração.
-DIREITO – MS CONCURSOS – 2014) Assinale a alter- d) O Ministério Público, se não intervir no processo como
nativa incorreta acerca da ação de descumprimento de parte, atuará obrigatoriamente, como fiscal da lei, sob
preceito fundamental, tendo em vista o que dispõe a Lei pena de nulidade.
nº 9.882/1999:

a) A petição inicial será indeferida liminarmente, pelo re- 8. (CREA-MG – PROFISSIONAL DE NÍVEL SUPERIOR-
lator, quando não for o caso de arguição de descum- -DIREITO – MS CONCURSOS – 2014) De acordo com a
primento de preceito fundamental, faltar algum dos Constituição Federal do Brasil, de 1988, é de competên-
requisitos prescritos nesta Lei ou for inepta. cia privativa da União legislar sobre:
b) Não será admitida arguição de descumprimento de
preceito fundamental quando houver qualquer outro I – Direito Tributário
meio eficaz de sanar a lesividade. II – Direito Eleitoral
c) O Supremo Tribunal Federal, por decisão de 3/5 de III – Direito do Trabalho
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

seus membros, poderá deferir pedido de medida li- IV – Direito Penitenciário


minar na arguição de descumprimento de preceito
fundamental. Estão corretos somente os itens:
d) A decisão sobre a arguição de descumprimento de
preceito fundamental somente será tomada se pre- a) I e II.
sentes na sessão pelo menos dois terços dos Minis- b) II e III.
tros. c) I e III.
d) I, II e IV.

124
9. (PREFEITURA DE SÃO JOSÉ DO RIO PRETO-SP – 11. (TRF-4ª REGIÃO – TÉCNICO JUDICIÁRIO ÁREA AD-
PROCURADOR DO MUNICÍPIO – VUNESP – 2019) So- MINISTRATIVA – FCC – 2019) Ademar, ocupante de car-
bre as sanções previstas na Lei n° 8.429/92 para os atos go em comissão em empresa pública, recebia pagamen-
de improbidade administrativa, é correto afirmar: tos para não certificar o inadimplemento de entidades
conveniadas que não apresentavam prestação de contas
a) aplicam-se tão somente aos agentes públicos no exer- na forma convencionada, o que seria obrigação do servi-
dor. Com isso, as entidades em questão não eram intima-
cício de mandato ou servidores públicos e ocupantes
das a devolver os recursos recebidos. Independentemen-
de emprego público na Administração Pública.
te do vínculo jurídico firmado entre a empresa pública e
b) aplicam-se aos agentes públicos no exercício de man- as entidades mencionadas,
dato ou servidores públicos e ocupantes de empre-
go público na Administração Pública, bem como, no a) o servidor público pode ser responsabilizado por ato
tocante ao setor privado, exclusivamente aos agentes administrativo que gera prejuízo ao erário, desde que
que pratiquem atos de improbidade contra o patrimô- se confirme e comprove que agiu com dolo e má-fé.
nio de entidade para cuja criação ou custeio o erário b) o empregado em questão não poderá ser responsa-
haja concorrido ou concorra com mais de cinquenta bilizado por ato de improbidade, porque não possui
por cento do patrimônio ou da receita anual. vínculo estatutário com a empresa pública.
c) aplicam-se aos agentes públicos no exercício de man- c) a empresa pública não se enquadra na condição de
dato ou servidores públicos e ocupantes de empre- sujeito passivo de improbidade, porque possui gera-
go público na Administração Pública, bem como, no ção de receitas próprias e fins lucrativos, podendo a
tocante ao setor privado, aos agentes que pratiquem conduta, no entanto, tipificar ilícito penal.
d) diante do comprovado enriquecimento ilícito do ser-
atos de improbidade contra o patrimônio de entidade
vidor, que intencionalmente deixou de emitir certidão
que receba subvenção, benefício ou incentivo, fiscal
declarando a inadimplência das entidades, resta tipifi-
ou creditício, de órgão público bem como de entidade cado ato de improbidade.
para cuja criação ou custeio o erário haja concorrido e) o servidor não poderá ser processado por ato de im-
ou concorra com parcela do patrimônio ou da receita probidade que gera prejuízo ao erário, eis que des-
anual. caracterizado o enriquecimento ilícito pelo fato de os
d) aplicam-se exclusivamente em face de atos dolosos recursos não advirem do Tesouro.
cometidos pelos agentes alcançados pela lei.
e) podem ser objeto de medida judicial cuja proposição
é de competência e iniciativa exclusiva do Ministério 12. (TRF-4ª REGIÃO – OFICIAL DE JUSTIÇA AVALIA-
DOR FEDERAL – FCC – 2019) O Diretor de um Parque
Público.
Nacional emitiu autorização para que a organização
ambientalista “A” promovesse a reunião anual de seus
10. (PREFEITURA DE SÃO JOSÉ DO RIO PRETO-SP – membros no interior do Parque, utilizando-se de suas
instalações administrativas e das áreas abertas à visita-
PROCURADOR DO MUNICÍPIO – VUNESP – 2019) No
ção. Sabendo do evento, a organização ambientalista “B”
que diz respeito à responsabilidade civil, decorrente de
interpôs recurso contra o deferimento da autorização,
atos de improbidade administrativa, assinale a alterna- alegando que: a) o uso era ilegal, pois incompatível com
tiva correta. o Plano de Manejo; b) ainda que fosse legal, não seria
conveniente à proteção ambiental, dado o impacto que
a) São imprescritíveis as ações de ressarcimento ao erário a atividade causará no ecossistema do parque. Conforme
fundadas na prática de ato culposo tipificado na Lei de dispõe a Lei de Processo Administrativo Federal, Lei n°
Improbidade Administrativa. 9.784/1999, o:
b) Prescrevem em 3 (três) anos as ações de ressarcimento
ao erário fundadas na prática de ato culposo tipificado a) recurso não deve sequer ser apreciado, pois a organi-
na Lei de Improbidade Administrativa. zação ambientalista “B” não participa da relação jurídi-
c) Há possibilidade de ação regressiva contra o servidor ca, não tendo legitimidade para recorrer.
apenas nos casos dolosos. b) Diretor não tem competência para anular ou revogar a
d) Para a responsabilização civil decorrente de ato de im- decisão, devendo submeter imediatamente a questão
ao superior hierárquico, a quem é dirigido o recurso.
probidade administrativa, é dispensável a comprova-
c) ato objeto do recurso somente pode ser anulado, caso
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

ção de efetivo prejuízo aos cofres públicos.


se constate ilegalidade; não se sujeita, porém, à revo-
e) É inadmissível a responsabilidade objetiva nos casos gação, em vista da natureza vinculada da decisão.
de improbidade administrativa, exigindo-se a presen- d) Diretor pode reconsiderar sua decisão, anulando-a ou
ça de dolo para todos os casos previstos na legislação. revogando-a, no prazo de cinco dias; se não a recon-
siderar, encaminhará o recurso à apreciação da auto-
ridade superior.
e) Diretor pode reconsiderar sua decisão, anulando-a;
mas a revisão do mérito somente pode ser realizada
pelo grau hierárquico superior, pois esgotada a com-
petência decisória discricionária.

125
13. (UFRR – TÉCNICO EM ASSUNTOS EDUCACIONAIS 15. (UFRR – TÉCNICO EM TECNOLOGIA DA INFORMA-
– UFRR – 2019) Quanto à instrução do processo admi- ÇÃO – UFRR – 2019) Quanto à competência do processo
nistrativo da Administração Pública Federal, é defeso administrativo da Administração Pública Federal, é defe-
afirmar. so afirmar.

a) O interessado poderá, na fase instrutória e antes da a) Será permitida, em caráter excepcional e por motivos
relevantes devidamente justificados, a avocação tem-
tomada da decisão, juntar documentos e pareceres,
porária de competência atribuída a órgão hierarquica-
requerer diligências e perícias, bem como aduzir ale-
mente inferior.
gações referentes à matéria objeto do processo. b) A competência é irrenunciável e se exerce pelos ór-
b) Os atos de instrução que exijam a atuação dos inte- gãos administrativos a que foi atribuída como própria,
ressados devem realizar-se do modo menos oneroso salvo os casos de delegação e avocação legalmente
para estes. admitidos.
c) Encerrada a instrução, o interessado não pode mais c) O ato de delegação é irrevogável pela autoridade de-
manifestar-se no processo administrativo. legante.
d) Quando necessária à instrução do processo, a audi- d) As decisões adotadas por delegação devem mencio-
ência de outros órgãos ou entidades administrativas nar explicitamente esta qualidade e considerar-se-ão
poderá ser realizada em reunião conjunta, com a par- editadas pelo delegado.
ticipação de titulares ou representantes dos órgãos e) Um órgão administrativo e seu titular poderão, se não
competentes, lavrando-se a respectiva ata, a ser jun- houver impedimento legal, delegar parte da sua com-
tada aos autos. petência a outros órgãos ou titulares, ainda que estes
não lhe sejam hierarquicamente subordinados, quan-
e) Somente poderão ser recusadas, mediante decisão
do for conveniente, em razão de circunstâncias de ín-
fundamentada, as provas propostas pelos interessa-
dole técnica, social, econômica, jurídica ou territorial.
dos quando sejam ilícitas, impertinentes, desnecessá-
rias ou protelatórias.

14. (UFRR – TÉCNICO EM ASSUNTOS EDUCACIONAIS


– UFRR – 2019) Em conformidade com o processo ad-
ministrativo da Administração Pública Federal, assinale a
alternativa correta.

a) Inexistindo competência legal específica, o processo


administrativo deverá ser iniciado perante a autorida-
de de maior grau hierárquico para decidir.
b) A autenticação de documentos exigidos em cópia
deve ser providenciada no Cartório de Notas, não po-
dendo ser feita pelo órgão administrativo.
c) O processo administrativo pode iniciar-se a pedido do
interessado, mas não de ofício.
d) Os atos administrativos independem de motivação.
e) Não podem ser objeto de delegação a edição de atos
de caráter normativo, a decisão de recursos adminis-
trativos e as matérias de competência exclusiva do ór-
gão ou autoridade.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

126
ANOTAÇÕES
GABARITO

________________________________________________
1 C _________________________________________________
2 C _________________________________________________
3 D _________________________________________________
4 C _________________________________________________
5 C _________________________________________________
6 D _________________________________________________
7 C _________________________________________________
8 B _________________________________________________
9 C _________________________________________________
10 D _________________________________________________
11 D _________________________________________________
12 D _________________________________________________
13 C
_________________________________________________
14 E
_________________________________________________
15 C
_________________________________________________

_________________________________________________

_________________________________________________

_________________________________________________

_________________________________________________

_________________________________________________

_________________________________________________

_________________________________________________

_________________________________________________

_________________________________________________

_________________________________________________

_________________________________________________
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

_________________________________________________

_________________________________________________

_________________________________________________

_________________________________________________

_________________________________________________

_________________________________________________

_________________________________________________

127
ANOTAÇÕES

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

128

Você também pode gostar