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INTERPRETAÇÃO

DE TEXTO
Caderno de Questões – IBFC

Livro Eletrônico
BRUNO PILASTRE

Doutor em Linguística (teoria e análise grama-


tical) pela Universidade de Brasília. Atua na
área de Concursos Públicos desde 2009, prin-
cipalmente na elaboração de materiais didáti-
cos. É autor das obras “Guia Prático de Língua
Portuguesa” e “Guia de Redação Discursiva
para Concursos”, ambas editadas pela editora
Gran Cursos.

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INTERPRETAÇÃO DE TEXTO
Caderno de Questões – IBFC
Prof. Bruno Pilastre

SUMÁRIO
Questões de Concurso..................................................................................5
Gabarito................................................................................................... 29
Gabarito Comentado.................................................................................. 30

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Olá! Preparado(a) para resolver questões de Texto da banca IBFC? Depois de

todo o estudo da teoria, é preciso praticar bastante. É por isso que escolhi 30 ques-

tões representativas, as quais ilustram o modo como você será avaliado(a).

A banca IBFC é bem conservadora no modo de avaliar seus conhecimentos so-

bre Texto. As questões são elaboradas a partir de textos jornalísticos, acadêmicos

e literários (autores modernos e contemporâneos). Há questões que são confusas,

principalmente por falhas de estruturação do período.

Bom, sobre os conteúdos mais abordados pela banca, destaco o seguinte:

• tipologia textual: principalmente a diferença entre texto narrativo e texto

dissertativo;

• semântica: significação das palavras (denotação e conotação) e sinonímia e

polissemia;

• uso de elementos coesivos, como pronomes (principalmente) e conjunções;

• reescritura de textos.

Ao longo dos meus comentários ao gabarito, o estilo da banca ficará mais claro.

Um ótimo estudo para você! Lembre-se: seu esforço sempre será válido. Ânimo

sempre!

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QUESTÕES DE CONCURSO

(IBFC/PREFEITURA DE DIVINÓPOLIS-MG/TÉCNICO/2018)

O menino parado no sinal de trânsito vem em minha direção e pede esmola. Eu

preferia que ele não viesse. [...] Sua paisagem é a mesma que a nossa: a esquina,

os meios-fios, os postes. Mas ele se move em outro mapa, outro diagrama. Seus

pontos de referência são outros.

Como não tem nada, pode ver tudo. Vive num grande playground, onde pode

brincar com tudo, desde que “de fora”. O menino de rua só pode brincar no espaço

“entre” as coisas. Ele está fora do carro, fora da loja, fora do restaurante. A cidade

é uma grande vitrine de impossibilidades. [...] Seu ponto de vista é o contrário do

intelectual: ele não vê o conjunto nem tira conclusões históricas – só detalhes inte-

ressam. O conceito de tempo para ele é diferente do nosso. Não há segunda-feira,

colégio, happy hour. Os momentos não se somam, não armazenam memórias. Só

coisas “importantes”: “Está na hora do português da lanchonete despejar o lixo...”

ou “estão dormindo no meu caixote...”[...]

Se não sentir fome ou dor, ele curte. Acha natural sair do útero da mãe e logo

estar junto aos canos de descarga pedindo dinheiro. Ele se acha normal; nós é que

ficamos anormais com a sua presença.

(JABOR, A. O menino está fora da paisagem. O Estado de São Paulo, São Paulo,

14 abr. 2009. Caderno 2, p. D 10)

1. Assinale a opção em que se indica uma passagem do texto que NÃO pode ser

entendida de modo literal.

a) “O menino parado no sinal de trânsito vem em minha direção e pede esmola.” (1º§)

b) “Seus pontos de referência são outros.” (1º§)

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c) “Ele está fora do carro, fora da loja, fora do restaurante.” (2º§)


d) “Acha natural sair do útero da mãe e logo estar junto aos canos de descarga
pedindo dinheiro.” (3º§)

2. A partir da leitura atenta do texto, pode-se apreender que a presença do menino


de rua provoca no narrador o seguinte sentimento:
a) Revolta.
b) Desconforto.
c) Indiferença.
d) Piedade.

(IBFC/SEPLAG-SE/ESPECIALISTA/2018/ADAPTADA)

A partir da leitura da tirinha, julgue (Certo ou Errado) os itens:


3. O objetivo da linguagem utilizada não é expor verbalmente a realidade, não há
a necessidade de vocábulos.

4. A tirinha nos mostra que os pais da nova geração não conseguem ser exemplos
ideais para os filhos.

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5. Percebe-se, na tirinha, a importância da linguagem televisiva para os padrões atuais.

6. Podemos observar, na tirinha, a relação decadente entre mídia e educação nos

dias atuais.

(IBFC/CÂMARA DE FEIRA DE SANTANA-BA/PROCURADOR/2018)

Gravidez por substituição

“Carrego seu filho por R$50 mil”

Proibida no Brasil, barriga de aluguel movimenta internet com grupos de oferta e

procura (Clarissa Pains)

“Cedo meu útero por R$30 mil em dinheiro e um carro a partir do ano de 2012.”

“Alugo barriga por R$50 mil para terminar de construir minha casa.”

“Se você não tiver dinheiro, mas puder me arrumar um emprego, alugo meu

útero sem custos.”

Ao rolar a página de um grupo público sobre barriga de aluguel na internet,

a sensação é de estar vendo uma seção de classificados. As mulheres informam

quanto cobram e quais são suas exigências, e os possíveis contratantes selecionam

as que mais se encaixam no perfil que procuram e entram em contato. Os valores

costumam variar de R$10 mil a R$50 mil, e muitas “candidatas” se dispõem a via-

jar para outros estados. Tão explícitas na rede, essas transações comerciais são,

no entanto, proibidas no Brasil. Por aqui, só se pode “emprestar” a barriga para

parentes de até quarto grau e se não houver dinheiro envolvido, no que é chamado

tecnicamente de cessão temporária de útero ou gravidez por substituição.

Quem tenta driblar isso, tem, em geral, consciência da proibição, mas alega

necessidade financeira.[...]

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O tema não é consenso mesmo entre especialistas em reprodução. Para Maria

Cecília, ter uma barriga solidária dentro da família e sem pagar é o ideal por uma

questão emocional e de segurança para os pais e o bebê, mas a proibição da tran-

sação comercial traz outros problemas.

– O vínculo comercial dá, sim, margem a práticas de má-fé. No entanto, é uma

faca de dois gumes: quando você proíbe, acham um jeito de fazer de forma clan-

destina e, portanto, insegura. Proibir não é o melhor caminho, mas isso é uma

opinião pessoal – diz ela.

Membro da Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA), Marcio Cos-

lovsky ressalta que o objetivo da norma é, acima de tudo, impedir que se atente

contra a dignidade humana:

– A ideia é proteger as pessoas e não explorar a miséria delas. A única pon-

deração que cabe notar é que tal proibição, de forma geral, é associada à classe

social: quem tem dinheiro pode pegar um avião e fechar um contrato de barriga de

aluguel, porque vários países permitem. [...]

Outra especialista, Claudia Navarro diz, ainda, que uma “inseminação caseira”,

feita fora das clínicas especializadas, envolve uma série de perigos.

– Há risco grave de infecção. Nas clínicas, o sêmen fica guardado seis meses

antes de ser usado, para dar tempo de a janela de incubação dos vírus terminar.

Isso nos dá garantia de que a pessoa não tem HIV, por exemplo – diz ela. – E se,

além da barriga, a mulher usar seu óvulo, ela será mãe de fato da criança. Pode,

no futuro, pedir guarda, pensão. São muitas consequências.

(Fonte: Jornal O Globo, 25/02/2018)

7. O texto em análise pertence ao gênero jornalístico e apresenta um potencial infor-

mativo. Contribuem para isso todos os elementos linguísticos listados a seguir, EXCETO:

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a) o emprego da terceira pessoa do discurso.

b) predomínio do registro informal como em “rolar” (4º§).

c) referência a autoridades na área em questão.

d) reprodução de falas por meio das citações.

8. No 4º parágrafo, a oração “Ao rolar a página de um grupo público sobre barriga

de aluguel na internet”, possui combinações, preposições e contrações estabele-

cendo nexos coesivos. Assinale a alternativa em que se aponta, CORRETAMENTE, o

valor semântico de um desses termos.

a) “Ao” – tempo.

b) “de” (1ª ocorrência) – modo.

c) “sobre” – meio.

d) “na” – finalidade.

9. A partir da leitura atenta do texto, é possível inferir que a oferta de mulheres

como “barrigas de aluguel” é motivada, sobretudo, por razões:

a) afetivas.

b) éticas.

c) econômicas.

d) médicas.

“quando você proíbe, acham um jeito de fazer de uma forma clandestina” (7º§)

10. O pronome “você”, presente na primeira oração, aponta, semanticamente, para

um referente:

a) específico, sinalizando o interlocutor do texto, no caso, a entrevistadora.

b) indefinido, caracterizando todos os possíveis clientes clandestinos.

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c) impreciso, indicando as autoridades responsáveis pela proibição.

d) genérico, estabelecendo um diálogo com os leitores em geral.

11. (IBFC/TJ-PE/OFICIAL/2017)

Os outros

Você não acha estranho que existam os outros? Eu também não achava, até que

anteontem, quando tive o que, por falta de nome melhor, chamei de SCA – Súbita

Consciência da Alteridade.

Estava no carro, esperando o farol abrir, e comecei a observar um pedestre,

vindo pela calçada. Foi então que, do nada, senti o espasmo filosófico, a fisgada

ontológica. Simplesmente entendi, naquele instante, que o pedestre era um outro:

via o mundo por seus próprios olhos, sentia um gosto em sua boca, um peso sobre

seus ombros, tinha antepassados, medo da morte e achava que as unhas dos pés

dele eram absolutamente normais – estranhas eram as minhas e as suas, caro lei-

tor, pois somos os outros da vida dele.

O farol abriu, o pedestre ficou pra trás, mas eu não conseguia parar de

pensar que ele agora estava no quarteirão de cima, aprisionado em seus pen-

samentos, embalado por sua pele, tão centro do Cosmos e da Criação quanto

eu, você e sua tia-avó.

Sei que o que eu estou dizendo é de uma obviedade tacanha, mas não são essas

verdades as mais difíceis de enxergar? A morte, por exemplo. Você sabe, racional-

mente, que um dia vai morrer. Mas, cá entre nós: você acredita mesmo que isso

seja possível? Claro que não! Afinal, você é você! Se você acabar, acaba tudo e,

convenhamos, isso não faz o menor sentido.

As formigas não são assim. Elas não sabem que existem. E, se alguma consci-

ência elas têm, é de que não são o centro nem do próprio formigueiro. Vi um do-

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cumentário ontem de noite. Diante de um riacho, as saúvas africanas se metiam

na água e formavam uma ponte, com seus próprios corpos, para que as outras

passassem. Morriam afogadas, para que o formigueiro sobrevivesse.

Não, nenhuma compaixão cristã brotou em mim naquele momento, nenhuma

solidariedade pela formiga desconhecida. (Deus me livre, ser saúva africana!). O

que senti foi uma imensa curiosidade de saber o que o pedestre estava fazendo na-

quela hora. Estaria vendo o mesmo documentário? Dormindo? Desejando a mulher

do próximo? Afinal, ele estava existindo, e continua existindo agora, assim como

eu, você, o Bill Clinton, o Moraes Moreira. São sete bilhões de narradores em pri-

meira pessoa soltos por aí, crentes que, se Deus existe, é conosco que virá puxar

papo, qualquer dia desses. Sete bilhões de mundinhos. Sete bilhões de chulés. Sete

bilhões de irritações, sistemas digestivos, músicas chicletentas que não desgrudam

da cabeça e a esperança quase tangível de que, mês que vem, ganharemos na lote-

ria. Até a rainha da Inglaterra, agorinha mesmo, tá lá, minhocando as coisas dela,

em inglês, por debaixo da coroa. Não é estranhíssimo?

(PRATA, Antônio. Os outros. In: Meio intelectual, meio de esquerda. São Paulo: Editora 34,
2010. p. 17-18)

Na passagem “e a esperança quase tangível de que, mês que vem, ganharemos na

loteria.” (6º§), o vocábulo destacado cumpre papel qualificador e deve ser enten-

dido como:

a) palpável.

b) improvável.

c) descrente.

d) distante.

e) tranquila.

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(IBFC/EMBASA/ENGENHEIRO/2017)

Para a questão, leia a crônica de Carlos Drummond de Andrade.

O murinho

A princípio, o território neutro do edifício Jandaia era ocupado por mamães e

babás, capitaneando inocentes que iam tomar a fresca da tarde; à noite, vinham

empregadas em geral, providas de namorados civis e militares.

Mas impõe-se a descrição sumária do território: simples área pavimentada em

frente ao edifício, separando-se da calçada por uma pequena amurada de menos

de dois palmos de altura, tão lisa que convidava a pousar e repousar. Os adultos

cediam ao convite, e ali ficavam praticando sobre o tempo, a diarreia infantil, a

exploração nas feiras, os casamentos e descasamentos da semana (na parte da

tarde). Ou não conversavam, pois outros meios de comunicação se estabeleciam

naturalmente na sombra, mormente se o poste da Light, que ali se alteia, falhava

a seu destino iluminatório, o que era frequente (na parte da noite).

Na área propriamente dita, a garotada brincava, e era esse o título de glória do

Jandaia. Sem playground, oferecia entretanto a todos, de casa ou de fora, aquele

salão a céu aberto, onde qualquer guri pulava, caía, chorava, tornava a pular, até

que a estrela Vésper tocava gentilmente a recolher, numa sineta de cristal que só

as mães escutam – as mães sentadas no “murinho”, nome dado à mureta conce-

bida em escala de anão.

E assim corria a Idade de Ouro, quando começaram a surgir, no expediente da

tarde, uns rapazinhos e brotinhos de uniforme colegial, que foram tomando posse

do terreno. Esse bando tinha o dinamismo próprio da idade – e, pouco a pouco,

crianças, babás e mãezinhas se eclipsaram. Os invasores falavam essa língua alta

e híbrida que se forja no mundo inteiro, com raízes no cinema, no esporte, na Co-

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ca-Cola e nos gritos guturais que se desprendem – quem não os distingue? – dos

quadros “mudos” de Brucutu e Steve Roper. Divertido, mas um pouco assustador.

E à noite, por sua vez, fuzileiros e copeiras tiveram de ir cedendo campo à horda

que se renovava.

Os moradores do Jandaia começaram a queixar-se. O porteiro saiu a parlamen-

tar, e desacataram-no. A rua era pública. Sentavam no murinho com os pés para

fora. Não faziam nada de mau, só cantar e assobiar. Os chatos que pirassem.

Ouvindo-se tratar de chatos, por trás da cortina, os moradores indignaram-se.

O telefone chamou a radiopatrulha, que foi rápida, mas a turminha ainda mais: ao

chegar o carro, o porteiro estava falando sozinho.

No dia seguinte, não houve concentração juvenil, mas já na outra tarde, meio

cautelosos, eles reapareceram. A esse tempo a rua se dividira. Havia elementos

solidários com a gente do Jandaia, e outros que defendiam a nova geração; estes

argumentavam que a rapaziada era pura: em vez de bebericar nos bares, batia

papo inocente à luz das estrelas. Preferível à grudação dos casais suspeitos, que

antes envergonhava a rua.

Mas o Jandaia tinha moradores idosos e enfermos, aos quais aquela bulha tor-

turava; tinha também rapazes e meninas, que preferiam estudar e não podiam. Por

que os engraçadinhos não iam fazer isso diante de suas casas?

Como não houvesse condomínio, e os moradores dos fundos, livres da algazar-

ra, se mostrassem omissos, uma senhora do segundo andar assumiu a ofensiva e

txááá! um balde de água suja conspurcou a camisa esporte dos rapazes e o blue

jeans das garotas. Consternação, raiva, debandada – mas no dia seguinte volta-

ram. E voltaram e tornaram a voltar.

Ontem pela manhã, um pedreiro começou a furar o cimento do murinho, e

a colocar nele uma grade de ferro, de pontas agudas. Vaquinha dos mártires do

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Jandaia? Não: outra iniciativa pessoal de um deles, coronel reformado e solteirão.

“Logo vi que ele não tem filho!” – comentou uma das garotas, com desprezo. Mas a

turma está desoladíssima, e nunca mais ninguém ousará sentar no murinho – nem

mesmo as mansuetas babás e mamães, nem mesmo os casais noturnos.

ANDRADE, Carlos Drummond. In: Fala, amendoeira. São Paulo: Companhia das Letras, 2012.

Com base na leitura, jugue (Certo ou Errado) as afirmativas a seguir:

12. O cronista sugere que, no período noturno, casais aproveitavam a falta de ilu-

minação frequente para namorar.

13. “Mormente” é um advérbio e pode ser substituído, no texto, por “especialmente”.

14. (IBFC/MGS/NÍVEL FUNDAMENTAL/2017)

O retrato

(Ivan Angelo)

O homem, de barba grisalha mal-aparada, vestindo jeans azuis, camisa xadrez e

jaqueta de couro, sentou-se no banquinho alto do balcão do botequim e ficou espe-

rando sem pressa que o rapaz viesse atendê-lo. O rapaz fazia um suco de laranjas

para o mecânico que comia uma coxa de frango fria. O homem tirou uma caderneta

do bolso, extraiu de dentro dela uma fotografia e pôs-se a olhá-la. Olhou-a tanto e

tão fixamente que seus olhos ficaram vermelhos. Contraiu os lábios, segurando-se

para não chorar; a cara contraiu-se como uma máscara de teatro trágico. O rapaz

serviu o suco e perguntou ao homem o que ele queria. O homem disse “nada não,

obrigado”, guardou a foto, saiu do botequim e desapareceu.

Assinale a opção em que se indica um par de palavras sinônimas empregadas no texto.

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a) “camisa” e “jaqueta”.

b) “retrato” e “fotografia”.

c) “máscara” e “trágico”.

d) “balcão” e “botequim”.

15. (IBFC/MGS/TÉCNICO/2017)

Família

(Titãs, fragmento)

Família, família

Papai, mamãe, titia,

Família, família

Almoça junto todo dia,

Nunca perde essa mania

Mas quando a filha quer fugir de casa

Precisa descolar um ganha-pão

Filha de família se não casa

Papai, mamãe, não dão nenhum tostão

Família êh!

Família áh!

No sétimo verso, a palavra “ganha-pão” pertence a uma modalidade mais informal

da língua e deve ser entendida como sinônimo de:

a) refeição.

b) educação.

c) trabalho.

d) diversão.

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16. (IBFC/CÂMARA MUNICIPAL DE ARARAQUARA-SP/AGENTE/2017)

O vencedor: uma visão alternativa

Nos sete primeiros assaltos, Raul foi duramente castigado. Não era de espan-

tar: estava inteiramente fora de forma. Meses de indolência e até de devassidão

tinham produzido seus efeitos. O combativo boxeador de outrora, o homem que,

para muitos, fora estrela do pugilismo mundial, estava reduzido a um verdadeiro

trapo. O público não tinha a menor complacência com ele: sucediam-se as vaias e

os palavrões.

De repente, algo aconteceu. Caído na lona, depois de ter recebido um cruza-

do devastador, Raul ergueu a cabeça e viu, sentada na primeira fila, sua sobrinha

Dóris, filha do falecido Alberto. A menina fitava-o com o olhos cheios de lágrimas.

Um olhar que trespassou Raul como uma punhalada. Algo rompeu-se dentro dele.

Sentiu renascer em si a energia que fizera dele a fera do ringue. De um salto, pôs-

-se de pé e partiu como um touro para cima do adversário. A princípio o público

não se deu conta do que estava acontecendo. Mas quando os fãs perceberam que

uma verdadeira ressurreição se tinha operado, passaram a incentivá-lo. Depois de

uma saraivada de golpes certeiros e violentíssimos, o adversário foi ao chão. O juiz

procedeu à contagem regulamentar e proclamou Raul o vencedor.

Todos aplaudiram. Todos deliraram de alegria. Menos este que conta a história.

Este que conta a história era o adversário. Este que conta a história era o que es-

tava caído. Este que conta a história era o derrotado. Ai, Deus.

(SCLIAR, Moacyr. Contos reunidos.


São Paulo: Companhia das Letras, 1995. p.58-59)

No último parágrafo do texto, ocorre a reiteração do pronome “este” que, além de

um papel coesivo, cumpre função expressiva pois:

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a) cumpre papel catafórico indicando informações que ainda serão apresentadas.

b) indica tratar-se de uma referência temporal apontando para um tempo futuro.

c) sinaliza a limitação da escolha lexical do autor que deveria ter variado os termos.

d) reforça a localização espacial do narrador sinalizando seu lugar de fala.

17. (IBFC/AGERBA/ESPECIALISTA/2017)

Ressalva

Este livro foi escrito

por uma mulher

que no tarde da Vida

recria e poetiza sua própria

Vida.

Este livro

Foi escrito por uma mulher

Que fez a escalada da

Montanha da Vida

removendo pedras

e plantando fores.

Este livro:

Versos... Não

Poesia... Não.

um modo diferente de contar velhas estórias.

Atentando para as construções dos sentidos apreendidos, ao longo do poema, no-

ta-se que todas as opções a seguir ilustram linguagem figurada, EXCETO:

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a) “Este livro foi escrito / por uma mulher” (v. 1,2).

b) “que no tarde da Vida” (v.3).

c) “Que fez a escalada da/ Montanha da Vida” (v. 8, 9).

d) “removendo pedras “ (v. 10).

e) “e plantando flores” (v. 11).

18. (IBFC/POLÍCIA CIENTÍFICA-PR/ODONTOLEGISTA/2017) O português contem-

porâneo já registra a característica proclítica da língua. Contudo, a gramática tradi-

cional aponta que a oração “Quando os médicos o reanimaram” deveria ser redigida

da seguinte forma:

a) Quando os médicos reanimaram a ele.

b) Quando os médicos reanimaram-lhe.

c) Quando os médicos reanimaram ele.

d) Quando os médicos reanimaram-no.

e) Quando os médicos lhe reanimaram.

19. (IBFC/POLÍCIA CIENTÍFICA-PR/AUXILIAR/2017) O deslocamento da expressão

destacada, em “Em primeiro lugar, o indivíduo deve ter algumas características

clínicas,”, provocaria estranhamento no sentido e na estruturação do enunciado

apenas na seguinte reescritura:

a) O indivíduo, em primeiro lugar, deve ter algumas características clínicas,

b) O indivíduo deve, em primeiro lugar, ter algumas características clínicas,

c) O indivíduo deve ter, em primeiro lugar, algumas características clínicas,

d) O indivíduo deve ter algumas características clínicas em primeiro lugar,

e) O indivíduo deve ter algumas, em primeiro lugar, características clínicas,

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20. (IBFC/AGERBA/TÉCNICO/2017) A oração “A tripulação optara por colocá-la na

primeira classe” pode ser reescrita de várias outras formas sem grandes alterações

de sentido. Assinale a opção em que, ao reescrever, comete-se um erro no empre-

go dos pronomes.

a) Ela foi colocada na primeira classe pela tripulação.

b) Os membros da tripulação colocaram-na na primeira classe.

c) A tripulação colocou-a na primeira classe.

d) A tripulação colocá-la-ia na primeira classe.

e) A tripulação optou por colocar ela na primeira classe.

21. (IBFC/EBSERH/TÉCNICO/2016)

Setenta anos, por que não?

Acho essa coisa da idade fascinante: tem a ver com o modo como lidamos com

a vida. Se a gente a considera uma ladeira que desce a partir da primeira ruga, ou

do começo de barriguinha, então viver é de certa forma uma desgraceira que acaba

na morte. Desse ponto de vista, a vida passa a ser uma doença crônica de prognós-

tico sombrio. Nessa festa sem graça, quem fica animado? Quem não se amargura?

[...]

Pois se minhas avós eram damas idosas aos 50 anos, sempre de livro na

mão lendo na poltrona junto à janela, com vestidos discretíssimos, pretos de

florzinha branca (ou, em horas mais festivas, minúsculas flores ou bolinhas

coloridas), hoje aos 70 estamos fazendo projetos, viajando (pode ser simples-

mente à cidade vizinha para visitar uma amiga), indo ao teatro e ao cinema,

indo a restaurante (pode ser o de quilo, ali na esquina), eventualmente namo-

rando ou casando de novo. Ou dando risada à toa com os netos, e fazendo uma

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excursão com os filhos. Tudo isso sem esquecer a universidade, ou aprender a

ler, ou visitar pela primeira vez uma galeria de arte, ou comer sorvete na cal-

çada batendo papo com alguma nova amiga.

[...]

Não precisamos ser tão incrivelmente sérios, cobrar tanto de nós, dos outros e

da vida, críticos o tempo todo, vendo só o lado mais feio do mundo. Das pessoas.

Da própria família. Dos amigos. Se formos os eternos acusadores, acabaremos com

um gosto amargo na boca: o amargor de nossas próprias palavras e sentimentos.

Se não soubermos rir, se tivermos desaprendido como dar uma boa risada, fica-

remos com a cara hirta das máscaras das cirurgias exageradas, dos remendos e

intervenções para manter ou recuperar a “beleza”. A alma tem suas dores, e para

se curar necessita de projetos e afetos. Precisa acreditar em alguma coisa.

(LUFT, Lya. In: http://veja.abril.com.br. Acesso em 18/09/16)

O modo pelo qual o texto é iniciado permite ao leitor concluir tratar-se de:

a) uma exposição pessoal de ponto de vista.

b) uma representação consensual a respeito do tema.

c) uma comprovação incontestável sobre o assunto.

d) uma orientação consolidada como norma.

e) uma explicação sem defesa de ponto de vista.

22. (IBFC/TCM-RJ/TÉCNICO/2016)

Meu engraxate

É por causa do meu engraxate que ando agora em plena desolação. Meu engra-

xate me deixou.

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Passei duas vezes pela porta onde ele trabalhava e nada. Então me inquietei,

não sei que doenças mortíferas, que mudança pra outras portas se passaram em

mim, resolvi perguntar ao menino que trabalhava na outra cadeira. O menino é

um retalho de hungarês, cara de infeliz, não dá simpatia alguma. E tímido, o que

torna instintivamente a gente muito combinado com o universo no propósito de

desgraçar esses desgraçados de nascença. “Está vendendo bilhete de loteria”, res-

pondeu antipático, me deixando numa perplexidade penosíssima: pronto! Estava

sem engraxate! Os olhos do menino chispeavam ávidos, porque sou um dos que

ficam fregueses e dão gorjeta. Levei seguramente um minuto pra definir que tinha

de continuar engraxando sapatos toda a vida minha e ali estava um menino que, a

gente ensinando, podia ficar engraxate bom.

(ANDRADE, Mário de. Os Filhos da Candinha. São Paulo, Martins, 1963. p. 167)

Assinale a alternativa correta.

a) O narrador está desolado por ter perdido contato com o engraxate a quem se

ligava por fortes laços afetivos.

b) A razão da perplexidade do narrador está relacionada ao fato de ele ter perdido

os serviços do engraxate.

c) O narrador deseja encontrar o engraxate para lhe agradecer os serviços que recebera.

d) O narrador sente inveja do engraxate, já que este agora vende bilhetes de loteria.

23. (IBFC/CÂMARA DE ARARAQUARA-SP/ASSISTENTE/2016)

COMUNIDADES – DAS PRIMEIRAS ÀS NOVAS LEITURAS DO CONCEITO

(...)

Por meio dos autores reunidos por Fernandes, percebe-se que a ideia de co-

munidade remete ao sentimento de vida em comum fundado nas relações de pa-

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rentesco e vizinhança, baseado na reciprocidade, norteado por laços afetivos que

ligam indivíduos que convivem em um mesmo espaço físico e nele adquirem os

recursos básicos para a sua subsistência. Cada um dos autores apresentados por

Fernandes atribui valor a um ou outro dos atributos. Mas, se pudéssemos identi-

ficar um tipo ideal de comunidade, no sentido weberiano do termo, a partir dos

diversos autores reunidos por Fernandes, esta teria: base territorial comum, fortes

laços afetivos, reciprocidade, autonomia política e econômica e subordinação do

individual ao social.

Já uma sociedade seria definida por relações voluntárias e contratuais. Na medi-

da em que compartilham determinado interesse, indivíduos podem se associar para

alcançar objetivos relacionados ao mesmo, embora não necessariamente tenham

outros aspectos de suas vidas compartilhados, tais como relações de parentesco,

interdependências econômicas ou convivam numa mesma base territorial. Portan-

to, o conceito de sociedade é mais amplo e inclui o de comunidade.

Essa diferenciação conceituai vem à tona a partir do aprofundamento do proces-

so da divisão social do trabalho. A fragmentação das atividades laborais, a preva-

lência do contrato sobre o status, a multiplicação dos grupos formais, a passagem

da família para o Estado como forma de organização social predominante e a am-

pliação e internacionalização das trocas comerciais são algumas condições sociais

que promovem modos de vida societários e fundamentam a separação conceituai

entre comunidade e sociedade; e, mesmo, sugerem a passagem da primeira forma

à segunda como modo predominante de agrupamento social, embora a bibliogra-

fia seja quase unânime em afirmar a coexistência entre as duas formas sociais ao

longo da História. (...)

http://www.revistas.usp.br/comueduc/article/view/78561/83089 – acesso em 02/05/2016.

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Assinale a alternativa que identifica o tipo textual do texto apresentado.

a) Informativo

b) Literário

c) Crônica

d) Narração

24. (IBFC/CÂMARA DE ARARAQUARA-SP/ASSISTENTE/2016)

O estudo científico da comunicação: avanços teóricos e metodológicos en-

sejados pela escola latino-americana

INTRODUÇÃO

A sociedade moderna está cercada de todos os lados pelos vários sistemas de

comunicação. Estudar a comunicação social é uma necessidade atual de todos os

povos em qualquer parte do mundo. Conhecer e dominar os sistemas de informa-

ção e da comunicação é indispensável no mundo globalizado. Estamos iniciando os

últimos passos para a saída do século XX e os primeiros para a entrada do século

XXI. Neste período de transição o ser humano vive momentos de incertezas da

comunicação e de (in)comunicação, das crises políticas, culturais, econômicas e

religiosas. As distâncias na sociedade contemporânea estão cada vez mais próxi-

mas, quer seja pelos modernos meios de transporte ou pelas telecomunicações via

satélite, Internet, etc. Com as novas tecnologias, a velocidade da informação e o

processo comunicacional tomam-se cada vez mais complexos e consequentemente

de mais difícil compreensão.

No início do século XX o impacto sociocultural e econômico se deu com a revo-

lução industrial. O século XXI está chegando sob o impacto da revolução dos meios

de comunicação e das novas tecnologias da informação. É inegável a importância

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dos meios de comunicação social e sua influência na complexa sociedade globali-

zada. Desta forma, estudaras mídias passou a ser uma prioridade no campo das

interações sociais. É necessário investigar, compreender e formular teorias de co-

municação que possam atender os interesses da sociedade no mundo globalizado.

Em busca desse objetivo resolvemos fazer algumas reflexões sobre os paradigmas

existentes e tentar abrir algumas brechas que possam contribuir na formatação

de novos ingredientes colaboradores do processo de interpretação e explicação da

realidade atual. É neste mundo globalizado que o homem vive atualmente e dele

retira as informações que irão contribuir para ampliação dos seus conhecimentos

e das suas experiências.

http://www2.metodista.br/unesco/PCLA/revista6/artiao%206-3.htm – acesso em 03/05/2016.

Assinale a alternativa correta. Ao ler o texto apresentado, podemos identificar que

se trata de um texto:

a) Acadêmico

b) Jornalístico

c) Teórico

d) Descritivo

(IBFC/MGS/ADVOGADO/2016)

Uma Vela para Dario

(Dalton Trevisan)

Dario vinha apressado, guarda-chuva no braço esquerdo e, assim que do-

brou a esquina, diminuiu o passo até parar, encostando-se à parede de uma

casa. Por ela escorregando, sentou-se na calçada, ainda úmida de chuva, e

descansou na pedra o cachimbo.

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Dois ou três passantes rodearam-no e indagaram se não se sentia bem. Dario

abriu a boca, moveu os lábios, não se ouviu resposta. O senhor gordo, de branco,

sugeriu que devia sofrer de ataque.

Ele reclina-se mais um pouco, estendido agora na calçada, e o cachimbo tinha

apagado. O rapaz de bigode pediu aos outros que se afastassem e o deixassem

respirar. Abre-lhe o paletó, o colarinho, a gravata e a cinta. Quando lhe tiram os

sapatos, Dario rouqueja feio, bolhas de espuma surgiram no canto da boca.

Cada pessoa que chega ergue-se na ponta dos pés, não o pode ver. Os mora-

dores da rua conversam de uma porta à outra, as crianças de pijama acodem à

janela. O senhor gordo repete que Dario sentou-se na calçada, soprando a fumaça

do cachimbo, encostava o guarda-chuva na parede. Mas não se vê guarda-chuva

ou cachimbo ao seu lado.

A velhinha de cabeça grisalha grita que ele está morrendo. Um grupo o arrasta

para o táxi da esquina. Já no carro a metade do corpo, protesta o motorista: quem

pagaria a corrida? Concordam chamar a ambulância. Dario conduzido de volta e

recostado à parede – não tem os sapatos nem o alfinete de pérola na gravata.

Alguém informa da farmácia na outra rua. Não carregam Dario além da esquina;

a farmácia é no fim do quarteirão e, além do mais, muito peso. É largado na porta

de uma peixaria. Enxame de moscas lhe cobre o rosto, sem que faça um gesto para

espantá-las.

Ocupado o café próximo pelas pessoas que apreciam o incidente e, agora, co-

mendo e bebendo, gozam as delícias da noite. Dario em sossego e torto no degrau

da peixaria, sem o relógio de pulso.

Um terceiro sugere lhe examinem os papéis, retirados – com vários objetos –

de seus bolsos e alinhados sobre a camisa branca. Ficam sabendo do nome, idade;

sinal de nascença. O endereço na carteira é de outra cidade.

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Registra-se correria de uns duzentos curiosos que, a essa hora, ocupam toda a

rua e as calçadas: era a polícia. O carro negro investe a multidão. Várias pessoas

tropeçam no corpo de Dario, pisoteado dezessete vezes.

O guarda aproxima-se do cadáver, não pode identificá-lo – os bolsos vazios.

Resta na mão esquerda a aliança de ouro, que ele próprio quando vivo – só desta-

cava molhando no sabonete. A polícia decide chamar o rabecão.

A última boca repete – Ele morreu, ele morreu. A gente começa a se dispersar.

Dario levou duas horas para morrer, ninguém acreditava estivesse no fim. Agora,

aos que alcançam vê-lo, todo o ar de um defunto.

Um senhor piedoso dobra o paletó de Dario para lhe apoiar a cabeça. Cruza as

mãos no peito. Não consegue fechar olho nem boca, onde a espuma sumiu. Ape-

nas um homem morto e a multidão se espalha, as mesas do café ficam vazias. Na

janela alguns moradores com almofadas para descansar os cotovelos.

Um menino de cor e descalço veio com uma vela, que acende ao lado do

cadáver. Parece morto há muitos anos, quase o retrato de um morto desbotado

pela chuva.

Fecham-se uma a uma as janelas. Três horas depois, lá está Dario à espera do

rabecão. A cabeça agora na pedra, sem o paletó. E o dedo sem a aliança. O toco de

vela apaga-se às primeiras gotas da chuva, que volta a cair.

25. No 11º parágrafo, tem-se “A última boca repete – Ele morreu, ele morreu”.

Nessa passagem, pode-se perceber um exemplo de discurso:

a) indireto

b) direto

c) indireto livre

d) não verbal

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26. O texto apresenta uma estrutura cujo processo de composição predomi-


nante é o narrativo. Todos os elementos a seguir são característicos desse tipo
de texto, EXCETO:
a) presença de personagens
b) referências temporais
c) indicação espacial
d) defesa de ponto de vista

27. (IBFC/DOCAS-PB/CONTADOR/2015)
Sinto-me um pouco intrusa vasculhando minha infância. Não quero perturbar
aquela menina no seu ofício de sonhar. Não a quero sobressaltar quando se abre
para o mundo que tão intensamente adivinha, nem interromper sua risada quando
acha graça de algo que ninguém mais percebeu.
Tento remontá-la aqui num quebra-cabeças que vai formar um retrato – o meu
retrato? Certamente faltarão algumas peças. Mas, falhada e fragmentária, esta sou
eu, e me reconheço assim em toda a minha incompletude. Algumas destas nar-
rações já publiquei. São meu rebanho, e posso chamá-las de volta quando quiser.
Muitas eu mesma vi e vivi; outras apanhei soltas no ar, pois sempre há quem se
exponha a uma criança que finge não escutar nem enxergar muita coisa da sua
vida ao rés-do-chão.
Aqui onde estou – diante deste computador, nesta altura e deste ângulo –, afinal
compreendo que não são as palavras que produzem o mundo, pois este nem ao
menos cabe dentro delas. Assim aquela menina dançando no pátio na chuva não
cabia no seu protegido cotidiano: procurava sempre o susto que viria além.
Então enfiava-se atrás dos biombos da imaginação, colocava as máscaras e
espiava o belo e o intrigante, que levaria o resto de sua vida tentando descrever.

(Lya Luft, Mar de dentro, p. 13-14)

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O texto apresentado pode ser entendido como pertencente à tipologia narrativa.


Desse modo, todos os elementos a seguir comprovam essa classificação, exceto:
a) a presença de um narrador em primeira pessoa que relata, com parcialidade, os
fatos e elementos descritos.
b) referências espaciais como o estar “diante deste computador, nesta altura e
deste ângulo”.
c) A presença de personagens como “aquela menina no seu ofício de sonhar”.
d) A defesa de um posicionamento que fica claro na oposição entre o adulto e a
criança no texto.

(IBFC/SEAP-DF/PROFESSOR/2013/ADAPTADA)
“A globalização ou mundialização do espaço geográfico é caracterizada pelo proces-
so de interligação econômica, política, social e cultural, em nível global. Esse pro-
cesso é consequência, principalmente, da expansão dos sistemas de comunicação
por satélites, da telefonia, da presença da informática na maior parte dos setores
de produção e de serviços, através da internet.” (...)
Disponível em: http://www.mundoeducacao.com/aeoarafia/alobalizacao.htm.

Acesso em: 20/11/2013.

A respeito da tipologia textual, julgue (Certo ou Errado) as afirmativas.


28. Inicialmente, o texto se estrutura de forma narrativa, depois passa para a
forma descritiva.

29. O texto se estrutura de forma a expor uma ideia, portanto é um texto disser-
tativo-expositivo.

30. Todo o texto apresenta, notadamente, uma estrutura narrativa.

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GABARITO

1. d 25. b

2. b 26. d

3. C 27. d

4. E 28. E

5. E 29. C

6. C 30. E

7. b

8. a

9. c

10. c

11. a

12. C

13. C

14. b

15. c

16. d

17. a

18. d

19. e

20. e

21. a

22. b

23. a

24. a

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GABARITO COMENTADO

(IBFC/PREFEITURA DE DIVINÓPOLIS-MG/TÉCNICO/2018)

O menino parado no sinal de trânsito vem em minha direção e pede esmola. Eu

preferia que ele não viesse. [...] Sua paisagem é a mesma que a nossa: a esquina,

os meios-fios, os postes. Mas ele se move em outro mapa, outro diagrama. Seus

pontos de referência são outros.

Como não tem nada, pode ver tudo. Vive num grande playground, onde pode

brincar com tudo, desde que “de fora”. O menino de rua só pode brincar no espaço

“entre” as coisas. Ele está fora do carro, fora da loja, fora do restaurante. A cidade

é uma grande vitrine de impossibilidades. [...] Seu ponto de vista é o contrário do

intelectual: ele não vê o conjunto nem tira conclusões históricas – só detalhes inte-

ressam. O conceito de tempo para ele é diferente do nosso. Não há segunda-feira,

colégio, happy hour. Os momentos não se somam, não armazenam memórias. Só

coisas “importantes”: “Está na hora do português da lanchonete despejar o lixo...”

ou “estão dormindo no meu caixote...”[...]

Se não sentir fome ou dor, ele curte. Acha natural sair do útero da mãe e logo

estar junto aos canos de descarga pedindo dinheiro. Ele se acha normal; nós é que

ficamos anormais com a sua presença.

(JABOR, A. O menino está fora da paisagem. O Estado de São Paulo, São Paulo, 14 abr. 2009.
Caderno 2, p. D 10)

1. Assinale a opção em que se indica uma passagem do texto que NÃO pode ser

entendida de modo literal.

a) “O menino parado no sinal de trânsito vem em minha direção e pede esmola.” (1º§)

b) “Seus pontos de referência são outros.” (1º§)

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c) “Ele está fora do carro, fora da loja, fora do restaurante.” (2º§)

d) “Acha natural sair do útero da mãe e logo estar junto aos canos de descarga

pedindo dinheiro.” (3º§)

Letra d.

O sentido literal é aquele em que um significante remete diretamente a um signi-

ficado, não havendo intervenção de novos sentidos. Assim, você deve encontrar a

opção em que os sentidos extrapolam o literal. É exatamente esse o caso da alter-

nativa “d”, em que “estar junto aos canos de descarga” significa “estar em situação

desumana, em posição de miséria”.

2. A partir da leitura atenta do texto, pode-se apreender que a presença do menino

de rua provoca no narrador o seguinte sentimento:

a) Revolta.

b) Desconforto.

c) Indiferença.

d) Piedade.

Letra b.

O trecho mais representativo da noção de “desconforto” está no primeiro parágra-

fo: “Eu preferia que ele não viesse”. Não há, ao longo do texto, evidência de que

a presença do menino cause revolta. Por fim, podemos afirmar que a presença do

menino também não causa indiferença ou piedade.

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(IBFC/SEPLAG-SE/ESPECIALISTA/2018/ADAPTADA)

A partir da leitura da tirinha, julgue (Certo ou Errado) os itens:


3. O objetivo da linguagem utilizada não é expor verbalmente a realidade, não há
a necessidade de vocábulos.

Certo.
Para interpretar a mensagem transmitida pela tirinha, não há a necessidade de lin-
guagem verbal (por meio de uso de vocábulos). ATENÇÃO!
Esse item é um exemplo de como a banca IBFC pode falhar na redação da afirma-
tiva, a qual é confusa e mal pontuada.

4. A tirinha nos mostra que os pais da nova geração não conseguem ser exemplos
ideais para os filhos.

Errado.
Não existe, na tirinha, a ideia de “pai ser exemplo”. O que se pode interpretar,
diferentemente, é a utilização inadequada da televisão como forma substituta da

presença de seres humanos.

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5. Percebe-se, na tirinha, a importância da linguagem televisiva para os padrões atuais.

Errado.

Contrariamente ao afirmado no item, a tirinha representa uma vertente negativa

no uso da televisão (a qual substitui a presença humana).

6. Podemos observar, na tirinha, a relação decadente entre mídia e educação

nos dias atuais.

Certo.

A relação decadente é justamente expressa na adoção da televisão (mídia) para

solucionar facilmente um problema (criança chorar, exigir atenção). Essa solução é

a forma mais simples, porém menos eficaz, de se educar.

(IBFC/CÂMARA DE FEIRA DE SANTANA-BA/PROCURADOR/2018)

Gravidez por substituição

“Carrego seu filho por R$50 mil”

Proibida no Brasil, barriga de aluguel movimenta internet com grupos de oferta e

procura (Clarissa Pains)

“Cedo meu útero por R$30 mil em dinheiro e um carro a partir do ano de 2012.”

“Alugo barriga por R$50 mil para terminar de construir minha casa.”

“Se você não tiver dinheiro, mas puder me arrumar um emprego, alugo meu

útero sem custos.”

Ao rolar a página de um grupo público sobre barriga de aluguel na internet,

a sensação é de estar vendo uma seção de classificados. As mulheres informam

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quanto cobram e quais são suas exigências, e os possíveis contratantes selecionam

as que mais se encaixam no perfil que procuram e entram em contato. Os valores

costumam variar de R$10 mil a R$50 mil, e muitas “candidatas” se dispõem a via-

jar para outros estados. Tão explícitas na rede, essas transações comerciais são,

no entanto, proibidas no Brasil. Por aqui, só se pode “emprestar” a barriga para

parentes de até quarto grau e se não houver dinheiro envolvido, no que é chamado

tecnicamente de cessão temporária de útero ou gravidez por substituição.

Quem tenta driblar isso, tem, em geral, consciência da proibição, mas alega

necessidade financeira.[...]

O tema não é consenso mesmo entre especialistas em reprodução. Para Maria

Cecília, ter uma barriga solidária dentro da família e sem pagar é o ideal por uma

questão emocional e de segurança para os pais e o bebê, mas a proibição da tran-

sação comercial traz outros problemas.

– O vínculo comercial dá, sim, margem a práticas de má-fé. No entanto, é uma

faca de dois gumes: quando você proíbe, acham um jeito de fazer de forma clan-

destina e, portanto, insegura. Proibir não é o melhor caminho, mas isso é uma

opinião pessoal – diz ela.

Membro da Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA), Marcio Cos-

lovsky ressalta que o objetivo da norma é, acima de tudo, impedir que se atente

contra a dignidade humana:

– A ideia é proteger as pessoas e não explorar a miséria delas. A única pon-

deração que cabe notar é que tal proibição, de forma geral, é associada à classe

social: quem tem dinheiro pode pegar um avião e fechar um contrato de barriga de

aluguel, porque vários países permitem. [...]

Outra especialista, Claudia Navarro diz, ainda, que uma “inseminação caseira”,

feita fora das clínicas especializadas, envolve uma série de perigos.

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– Há risco grave de infecção. Nas clínicas, o sêmen fica guardado seis meses

antes de ser usado, para dar tempo de a janela de incubação dos vírus terminar.

Isso nos dá garantia de que a pessoa não tem HIV, por exemplo – diz ela. – E se,

além da barriga, a mulher usar seu óvulo, ela será mãe de fato da criança. Pode,

no futuro, pedir guarda, pensão. São muitas consequências.

(Fonte: Jornal O Globo, 25/02/2018)

7. O texto em análise pertence ao gênero jornalístico e apresenta um potencial in-

formativo. Contribuem para isso todos os elementos linguísticos listados a seguir,

EXCETO:

a) o emprego da terceira pessoa do discurso.

b) predomínio do registro informal como em “rolar” (4º§).

c) referência a autoridades na área em questão.

d) reprodução de falas por meio das citações.

Letra b.

As alternativas “a”, “c” e “d” são características do gênero jornalístico. Em “b”, no

entanto, percebemos uma característica que não é predominante na escrita jorna-

lística. A informalidade ocorre apenas em extratos de falas. Além disso, a palavra

“rolar”, no 4º parágrafo, não necessariamente está sendo utilizada informalmente,

já que se trata de uma expressão adotada correntemente no âmbito da informática.

8. No 4º parágrafo, a oração “Ao rolar a página de um grupo público sobre barriga

de aluguel na internet”, possui combinações, preposições e contrações estabele-

cendo nexos coesivos. Assinale a alternativa em que se aponta, CORRETAMENTE, o

valor semântico de um desses termos.

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a) “Ao” – tempo.

b) “de” (1ª ocorrência) – modo.

c) “sobre” – meio.

d) “na” – finalidade.

Letra a.

A expressão “ao” denota tempo, como podemos comprovar por sua substituição

pela forma “quando”.

A primeira ocorrência da preposição “de” possui o significado de “assunto”. A pre-

posição “sobre” denota “tema”, “assunto”. Por fim, a contração “na” (em + a) de-

nota “espaço”.

9. A partir da leitura atenta do texto, é possível inferir que a oferta de mulheres

como “barrigas de aluguel” é motivada, sobretudo, por razões:

a) afetivas.

b) éticas.

c) econômicas.

d) médicas.

Letra c.

O início do texto é claro quanto à motivação financeira. O uso das aspas ocorre para

identificar o relato de mulheres que oferecem “barriga de aluguel”. Essa oferta é

motivada claramente por questões financeiras:

• “Cedo meu útero por R$30 mil em dinheiro e um carro a partir do ano

de 2012”;

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• “Alugo barriga por R$50 mil para terminar de construir minha casa”;

• “Se você não tiver dinheiro, mas puder me arrumar um emprego, alugo

meu útero sem custos”.

“quando você proíbe, acham um jeito de fazer de uma forma clandestina” (7º§)

10. O pronome “você”, presente na primeira oração, aponta, semanticamente, para

um referente:

a) específico, sinalizando o interlocutor do texto, no caso, a entrevistadora.

b) indefinido, caracterizando todos os possíveis clientes clandestinos.

c) impreciso, indicando as autoridades responsáveis pela proibição.

d) genérico, estabelecendo um diálogo com os leitores em geral.

Letra c.

O trecho em destaque é uma transcrição da fala da especialista Maria Cecília. A te-

mática é a “proibição da transação comercial”. Nesse contexto, o “você proíbe” faz

referência imprecisa, indicando as autoridades responsáveis pela proibição.

11. (IBFC/TJ-PE/OFICIAL/2017)

Os outros

Você não acha estranho que existam os outros? Eu também não achava, até que

anteontem, quando tive o que, por falta de nome melhor, chamei de SCA – Súbita

Consciência da Alteridade.

Estava no carro, esperando o farol abrir, e comecei a observar um pedestre,

vindo pela calçada. Foi então que, do nada, senti o espasmo filosófico, a fisgada

ontológica. Simplesmente entendi, naquele instante, que o pedestre era um outro:

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via o mundo por seus próprios olhos, sentia um gosto em sua boca, um peso sobre
seus ombros, tinha antepassados, medo da morte e achava que as unhas dos pés
dele eram absolutamente normais – estranhas eram as minhas e as suas, caro lei-
tor, pois somos os outros da vida dele.
O farol abriu, o pedestre ficou pra trás, mas eu não conseguia parar de
pensar que ele agora estava no quarteirão de cima, aprisionado em seus pen-
samentos, embalado por sua pele, tão centro do Cosmos e da Criação quanto
eu, você e sua tia-avó.
Sei que o que eu estou dizendo é de uma obviedade tacanha, mas não são essas
verdades as mais difíceis de enxergar? A morte, por exemplo. Você sabe, racional-
mente, que um dia vai morrer. Mas, cá entre nós: você acredita mesmo que isso
seja possível? Claro que não! Afinal, você é você! Se você acabar, acaba tudo e,
convenhamos, isso não faz o menor sentido.
As formigas não são assim. Elas não sabem que existem. E, se alguma consci-
ência elas têm, é de que não são o centro nem do próprio formigueiro. Vi um do-
cumentário ontem de noite. Diante de um riacho, as saúvas africanas se metiam
na água e formavam uma ponte, com seus próprios corpos, para que as outras
passassem. Morriam afogadas, para que o formigueiro sobrevivesse.
Não, nenhuma compaixão cristã brotou em mim naquele momento, nenhuma
solidariedade pela formiga desconhecida. (Deus me livre, ser saúva africana!). O
que senti foi uma imensa curiosidade de saber o que o pedestre estava fazendo na-
quela hora. Estaria vendo o mesmo documentário? Dormindo? Desejando a mulher
do próximo? Afinal, ele estava existindo, e continua existindo agora, assim como
eu, você, o Bill Clinton, o Moraes Moreira. São sete bilhões de narradores em pri-
meira pessoa soltos por aí, crentes que, se Deus existe, é conosco que virá puxar
papo, qualquer dia desses. Sete bilhões de mundinhos. Sete bilhões de chulés. Sete
bilhões de irritações, sistemas digestivos, músicas chicletentas que não desgrudam

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da cabeça e a esperança quase tangível de que, mês que vem, ganharemos na lote-
ria. Até a rainha da Inglaterra, agorinha mesmo, tá lá, minhocando as coisas dela,

em inglês, por debaixo da coroa. Não é estranhíssimo?

(PRATA, Antônio. Os outros. In: Meio intelectual, meio de esquerda. São Paulo: Editora 34,
2010. p. 17-18)

Na passagem “e a esperança quase tangível de que, mês que vem, ganharemos na

loteria.” (6º§), o vocábulo destacado cumpre papel qualificador e deve ser enten-

dido como:

a) palpável.

b) improvável.

c) descrente.

d) distante.

e) tranquila.

Letra a.

A palavra tangível, em seu sentido denotativo e no contexto analisado, significa

“que se pode tanger, tocar; que se percebe pelo tato, corpóreo, palpável”. Se você

realizar a substituição, o trecho mantém seu sentido original:

“e a esperança quase palpável de que, mês que vem, ganharemos na loteria”.

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(IBFC/EMBASA/ENGENHEIRO/2017)

Para a questão, leia a crônica de Carlos Drummond de Andrade.

O murinho

A princípio, o território neutro do edifício Jandaia era ocupado por mamães e

babás, capitaneando inocentes que iam tomar a fresca da tarde; à noite, vinham

empregadas em geral, providas de namorados civis e militares.

Mas impõe-se a descrição sumária do território: simples área pavimentada em

frente ao edifício, separando-se da calçada por uma pequena amurada de menos

de dois palmos de altura, tão lisa que convidava a pousar e repousar. Os adultos

cediam ao convite, e ali ficavam praticando sobre o tempo, a diarreia infantil, a

exploração nas feiras, os casamentos e descasamentos da semana (na parte da

tarde). Ou não conversavam, pois outros meios de comunicação se estabeleciam

naturalmente na sombra, mormente se o poste da Light, que ali se alteia, falhava

a seu destino iluminatório, o que era frequente (na parte da noite).

Na área propriamente dita, a garotada brincava, e era esse o título de glória do

Jandaia. Sem playground, oferecia entretanto a todos, de casa ou de fora, aquele

salão a céu aberto, onde qualquer guri pulava, caía, chorava, tornava a pular, até

que a estrela Vésper tocava gentilmente a recolher, numa sineta de cristal que só

as mães escutam – as mães sentadas no “murinho”, nome dado à mureta conce-

bida em escala de anão.

E assim corria a Idade de Ouro, quando começaram a surgir, no expediente da

tarde, uns rapazinhos e brotinhos de uniforme colegial, que foram tomando posse

do terreno. Esse bando tinha o dinamismo próprio da idade – e, pouco a pouco,

crianças, babás e mãezinhas se eclipsaram. Os invasores falavam essa língua alta

e híbrida que se forja no mundo inteiro, com raízes no cinema, no esporte, na Co-

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ca-Cola e nos gritos guturais que se desprendem – quem não os distingue? – dos

quadros “mudos” de Brucutu e Steve Roper. Divertido, mas um pouco assustador.

E à noite, por sua vez, fuzileiros e copeiras tiveram de ir cedendo campo à horda

que se renovava.

Os moradores do Jandaia começaram a queixar-se. O porteiro saiu a parlamen-

tar, e desacataram-no. A rua era pública. Sentavam no murinho com os pés para

fora. Não faziam nada de mau, só cantar e assobiar. Os chatos que pirassem.

Ouvindo-se tratar de chatos, por trás da cortina, os moradores indignaram-se.

O telefone chamou a radiopatrulha, que foi rápida, mas a turminha ainda mais: ao

chegar o carro, o porteiro estava falando sozinho.

No dia seguinte, não houve concentração juvenil, mas já na outra tarde, meio

cautelosos, eles reapareceram. A esse tempo a rua se dividira. Havia elementos

solidários com a gente do Jandaia, e outros que defendiam a nova geração; estes

argumentavam que a rapaziada era pura: em vez de bebericar nos bares, batia

papo inocente à luz das estrelas. Preferível à grudação dos casais suspeitos, que

antes envergonhava a rua.

Mas o Jandaia tinha moradores idosos e enfermos, aos quais aquela bulha tor-

turava; tinha também rapazes e meninas, que preferiam estudar e não podiam. Por

que os engraçadinhos não iam fazer isso diante de suas casas?

Como não houvesse condomínio, e os moradores dos fundos, livres da algazar-

ra, se mostrassem omissos, uma senhora do segundo andar assumiu a ofensiva e

txááá! um balde de água suja conspurcou a camisa esporte dos rapazes e o blue

jeans das garotas. Consternação, raiva, debandada – mas no dia seguinte volta-

ram. E voltaram e tornaram a voltar.

Ontem pela manhã, um pedreiro começou a furar o cimento do murinho, e

a colocar nele uma grade de ferro, de pontas agudas. Vaquinha dos mártires do

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Jandaia? Não: outra iniciativa pessoal de um deles, coronel reformado e solteirão.


“Logo vi que ele não tem filho!” – comentou uma das garotas, com desprezo. Mas a
turma está desoladíssima, e nunca mais ninguém ousará sentar no murinho – nem
mesmo as mansuetas babás e mamães, nem mesmo os casais noturnos.

ANDRADE, Carlos Drummond. In: Fala, amendoeira. São Paulo: Companhia das Letras, 2012.

Com base na leitura, jugue (Certo ou Errado) as afirmativas a seguir:

12. O cronista sugere que, no período noturno, casais aproveitavam a falta de ilu-

minação frequente para namorar.

Certo.

Na “descrição sumária do território”, Drummond sugere que a falta de iluminação

seja propícia para namorar:

“Ou não conversavam, pois outros meios de comunicação se estabeleciam natural-

mente na sombra, mormente se o poste da Light, que ali se alteia, falhava a seu

destino iluminatório, o que era frequente (na parte da noite)”.

13. “Mormente” é um advérbio e pode ser substituído, no texto, por “especialmente”.

Certo.

No dicionário (Houaiss), a palavra mormente equivale a (pode ser substituída por):

• em primeiro lugar;

• acima de tudo;

• sobretudo;

• principalmente;

• maiormente.

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No contexto, o valor é equivalente a “especialmente” (isto é, semelhante a “sobre-


tudo”, “acima de tudo” etc.).

14. (IBFC/MGS/NÍVEL FUNDAMENTAL/2017)

O retrato
(Ivan Angelo)
O homem, de barba grisalha mal-aparada, vestindo jeans azuis, camisa xadrez e
jaqueta de couro, sentou-se no banquinho alto do balcão do botequim e ficou espe-
rando sem pressa que o rapaz viesse atendê-lo. O rapaz fazia um suco de laranjas
para o mecânico que comia uma coxa de frango fria. O homem tirou uma caderneta
do bolso, extraiu de dentro dela uma fotografia e pôs-se a olhá-la. Olhou-a tanto e
tão fixamente que seus olhos ficaram vermelhos. Contraiu os lábios, segurando-se
para não chorar; a cara contraiu-se como uma máscara de teatro trágico. O rapaz
serviu o suco e perguntou ao homem o que ele queria. O homem disse “nada não,
obrigado”, guardou a foto, saiu do botequim e desapareceu.

Assinale a opção em que se indica um par de palavras sinônimas empregadas no


texto.
a) “camisa” e “jaqueta”.
b) “retrato” e “fotografia”.
c) “máscara” e “trágico”.
d) “balcão” e “botequim”.

Letra b.
A ideia de “sinônimo” é a seguinte: duas ou mais palavras remetem a um mesmo
referente (ou a uma mesma ideia).

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Essa ideia existe apenas em “b”, visto que “retrato” e “fotografia” remetem a um

mesmo referente. Lembrando que o termo “retrato” está presente no título do texto.

15. (IBFC/MGS/TÉCNICO/2017)

Família

(Titãs, fragmento)

Família, família

Papai, mamãe, titia,

Família, família

Almoça junto todo dia,

Nunca perde essa mania

Mas quando a filha quer fugir de casa

Precisa descolar um ganha-pão

Filha de família se não casa

Papai, mamãe, não dão nenhum tostão

Família êh!

Família áh!

No sétimo verso, a palavra “ganha-pão” pertence a uma modalidade mais informal

da língua e deve ser entendida como sinônimo de:

a) refeição.

b) educação.

c) trabalho.

d) diversão.

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Letra c.
Descolar um “ganha-pão” é semelhante a “descolar um trabalho”. Ou seja: “ganha-
-pão” é a atividade produtiva remunerada (e essa remuneração permite “comprar
pão” – comprar alimento).

16. (IBFC/CÂMARA MUNICIPAL DE ARARAQUARA-SP/AGENTE/2017)


O vencedor: uma visão alternativa
Nos sete primeiros assaltos, Raul foi duramente castigado. Não era de espantar:
estava inteiramente fora de forma. Meses de indolência e até de devassidão tinham
produzido seus efeitos. O combativo boxeador de outrora, o homem que, para mui-
tos, fora estrela do pugilismo mundial, estava reduzido a um verdadeiro trapo. O pú-
blico não tinha a menor complacência com ele: sucediam-se as vaias e os palavrões.
De repente, algo aconteceu. Caído na lona, depois de ter recebido um cruza-
do devastador, Raul ergueu a cabeça e viu, sentada na primeira fila, sua sobrinha
Dóris, filha do falecido Alberto. A menina fitava-o com o olhos cheios de lágrimas.
Um olhar que trespassou Raul como uma punhalada. Algo rompeu-se dentro dele.
Sentiu renascer em si a energia que fizera dele a fera do ringue. De um salto, pôs-
-se de pé e partiu como um touro para cima do adversário. A princípio o público
não se deu conta do que estava acontecendo. Mas quando os fãs perceberam que
uma verdadeira ressurreição se tinha operado, passaram a incentivá-lo. Depois de
uma saraivada de golpes certeiros e violentíssimos, o adversário foi ao chão. O juiz
procedeu à contagem regulamentar e proclamou Raul o vencedor.
Todos aplaudiram. Todos deliraram de alegria. Menos este que conta a história.
Este que conta a história era o adversário. Este que conta a história era o que es-
tava caído. Este que conta a história era o derrotado. Ai, Deus.

(SCLIAR, Moacyr. Contos reunidos.


São Paulo: Companhia das Letras, 1995. p.58-59)

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No último parágrafo do texto, ocorre a reiteração do pronome “este” que, além de

um papel coesivo, cumpre função expressiva pois:

a) cumpre papel catafórico indicando informações que ainda serão apresentadas.

b) indica tratar-se de uma referência temporal apontando para um tempo futuro.

c) sinaliza a limitação da escolha lexical do autor que deveria ter variado os termos.

d) reforça a localização espacial do narrador sinalizando seu lugar de fala.

Letra d.

O pronome “este” remete ao enunciador do texto, ou seja, àquele que conta a his-

tória. No texto, o “lugar de fala” é uma referencialidade destacada repetidamente

pelo enunciador.

17. (IBFC/AGERBA/ESPECIALISTA/2017)

Ressalva

Este livro foi escrito

por uma mulher

que no tarde da Vida

recria e poetiza sua própria

Vida.

Este livro

Foi escrito por uma mulher

Que fez a escalada da

Montanha da Vida

removendo pedras

e plantando fores.

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Este livro:

Versos... Não

Poesia... Não.

um modo diferente de contar velhas estórias.

Atentando para as construções dos sentidos apreendidos, ao longo do poema, no-

ta-se que todas as opções a seguir ilustram linguagem figurada, EXCETO:

a) “Este livro foi escrito / por uma mulher” (v. 1,2).

b) “que no tarde da Vida” (v.3).

c) “Que fez a escalada da/ Montanha da Vida” (v. 8, 9).

d) “removendo pedras “ (v. 10).

e) “e plantando flores” (v. 11).

Letra a.

O item exige que identifiquemos o trecho que ilustra a linguagem literal, denota-

tiva, não figurada. Quando se diz que o “livro foi escrito por uma mulher”, apenas

se afirma (sem novos sentidos) que “uma mulher escreveu este livro”. É por isso

que esse trecho é literal, ou seja, expressa exatamente o denotado.

18. (IBFC/POLÍCIA CIENTÍFICA-PR/ODONTOLEGISTA/2017) O português contem-

porâneo já registra a característica proclítica da língua. Contudo, a gramática tradi-

cional aponta que a oração “Quando os médicos o reanimaram” deveria ser redigida

da seguinte forma:

a) Quando os médicos reanimaram a ele.

b) Quando os médicos reanimaram-lhe.

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c) Quando os médicos reanimaram ele.

d) Quando os médicos reanimaram-no.

e) Quando os médicos lhe reanimaram.

Letra d.

Vamos relembrar: a característica proclítica é a expressa pelo seguinte exemplo:

Me dá um pouco do seu lanche.

Nesse exemplo, o pronome está antes do verbo (por isso, proclítico).

No item, a alternativa correta é a que o pronome está após o verbo (isto é, enclí-

tico). A forma pronominal “o”, ocorrendo após um verbo com desinência terminada

em nasal (reaminaram), deve ocorrer na forma “-no”. É por isso que a reescrita

adequada é a presente em “d”.

19. (IBFC/POLÍCIA CIENTÍFICA-PR/AUXILIAR/2017) O deslocamento da expressão

destacada, em “Em primeiro lugar, o indivíduo deve ter algumas características

clínicas,”, provocaria estranhamento no sentido e na estruturação do enunciado

apenas na seguinte reescritura:


a) O indivíduo, em primeiro lugar, deve ter algumas características clínicas,

b) O indivíduo deve, em primeiro lugar, ter algumas características clínicas,

c) O indivíduo deve ter, em primeiro lugar, algumas características clínicas,

d) O indivíduo deve ter algumas características clínicas em primeiro lugar,

e) O indivíduo deve ter algumas, em primeiro lugar, características clínicas,

Letra e.

O problema na alternativa “e” é o seguinte: a expressão em primeiro lugar está

em uma posição sintática inadequada. Não se pode “quebrar” o sintagma nominal

algumas características clínicas.

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20. (IBFC/AGERBA/TÉCNICO/2017) A oração “A tripulação optara por colocá-la na

primeira classe” pode ser reescrita de várias outras formas sem grandes alterações

de sentido. Assinale a opção em que, ao reescrever, comete-se um erro no empre-

go dos pronomes.

a) Ela foi colocada na primeira classe pela tripulação.

b) Os membros da tripulação colocaram-na na primeira classe.

c) A tripulação colocou-a na primeira classe.

d) A tripulação colocá-la-ia na primeira classe.

e) A tripulação optou por colocar ela na primeira classe.

Letra e.

A alternativa “e” possui uma reescritura inadequada pelo fato de se utilizar um pro-

nome pessoal reto (ela) em função de complemento verbal. Os pronomes pessoais

oblíquos são as formas pronominais adequadas à função de complemento verbal.

21. (IBFC/EBSERH/TÉCNICO/2016)

Setenta anos, por que não?

Acho essa coisa da idade fascinante: tem a ver com o modo como lidamos com

a vida. Se a gente a considera uma ladeira que desce a partir da primeira ruga, ou

do começo de barriguinha, então viver é de certa forma uma desgraceira que acaba

na morte. Desse ponto de vista, a vida passa a ser uma doença crônica de prognós-

tico sombrio. Nessa festa sem graça, quem fica animado? Quem não se amargura?

[...]

Pois se minhas avós eram damas idosas aos 50 anos, sempre de livro na

mão lendo na poltrona junto à janela, com vestidos discretíssimos, pretos de

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florzinha branca (ou, em horas mais festivas, minúsculas flores ou bolinhas

coloridas), hoje aos 70 estamos fazendo projetos, viajando (pode ser simples-

mente à cidade vizinha para visitar uma amiga), indo ao teatro e ao cinema,

indo a restaurante (pode ser o de quilo, ali na esquina), eventualmente namo-

rando ou casando de novo. Ou dando risada à toa com os netos, e fazendo uma

excursão com os filhos. Tudo isso sem esquecer a universidade, ou aprender a

ler, ou visitar pela primeira vez uma galeria de arte, ou comer sorvete na cal-

çada batendo papo com alguma nova amiga.

[...]

Não precisamos ser tão incrivelmente sérios, cobrar tanto de nós, dos outros e

da vida, críticos o tempo todo, vendo só o lado mais feio do mundo. Das pessoas.

Da própria família. Dos amigos. Se formos os eternos acusadores, acabaremos com

um gosto amargo na boca: o amargor de nossas próprias palavras e sentimentos.

Se não soubermos rir, se tivermos desaprendido como dar uma boa risada, fica-

remos com a cara hirta das máscaras das cirurgias exageradas, dos remendos e

intervenções para manter ou recuperar a “beleza”. A alma tem suas dores, e para

se curar necessita de projetos e afetos. Precisa acreditar em alguma coisa.

(LUFT, Lya. In: http://veja.abril.com.br. Acesso em 18/09/16)

O modo pelo qual o texto é iniciado permite ao leitor concluir tratar-se de:

a) uma exposição pessoal de ponto de vista.

b) uma representação consensual a respeito do tema.

c) uma comprovação incontestável sobre o assunto.

d) uma orientação consolidada como norma.

e) uma explicação sem defesa de ponto de vista.

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Caderno de Questões – IBFC
Prof. Bruno Pilastre

Letra a.

Primeiramente, a forma verbal Acho está flexionada na primeira pessoa do singular

(eu). Isso já é um forte indício de um texto subjetivo (pessoal). Seguindo a leitura,

percebemos que esse tom pessoal se mantém. Temos, portanto, uma exposição

pessoal de ponto de vista (sobre a idade e seu avanço).

22. (IBFC/TCM-RJ/TÉCNICO/2016)

Meu engraxate

É por causa do meu engraxate que ando agora em plena desolação. Meu engra-

xate me deixou.

Passei duas vezes pela porta onde ele trabalhava e nada. Então me inquietei,

não sei que doenças mortíferas, que mudança pra outras portas se passaram em

mim, resolvi perguntar ao menino que trabalhava na outra cadeira. O menino é

um retalho de hungarês, cara de infeliz, não dá simpatia alguma. E tímido, o que

torna instintivamente a gente muito combinado com o universo no propósito de

desgraçar esses desgraçados de nascença. “Está vendendo bilhete de loteria”, res-

pondeu antipático, me deixando numa perplexidade penosíssima: pronto! Estava

sem engraxate! Os olhos do menino chispeavam ávidos, porque sou um dos que

ficam fregueses e dão gorjeta. Levei seguramente um minuto pra definir que tinha

de continuar engraxando sapatos toda a vida minha e ali estava um menino que, a

gente ensinando, podia ficar engraxate bom.

(ANDRADE, Mário de. Os Filhos da Candinha. São Paulo, Martins, 1963. p. 167)

Assinale a alternativa correta.

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a) O narrador está desolado por ter perdido contato com o engraxate a quem se

ligava por fortes laços afetivos.

b) A razão da perplexidade do narrador está relacionada ao fato de ele ter perdido

os serviços do engraxate.

c) O narrador deseja encontrar o engraxate para lhe agradecer os serviços que

recebera.

d) O narrador sente inveja do engraxate, já que este agora vende bilhetes de loteria.

Letra b.

A leitura do texto permite dizer que o autor está perplexo pelo fato de o engraxate

não estar mais presente para prestar seus serviços. Em nenhuma parte do texto

podemos interpretar que o autor:

• está desolado (letra “a”);

• deseja agradecer o engraxate (letra “c”);

• inveja o engraxate (letra “d”).

23. (IBFC/CÂMARA DE ARARAQUARA-SP/ASSISTENTE/2016)

COMUNIDADES – DAS PRIMEIRAS ÀS NOVAS LEITURAS DO CONCEITO

(...)

Por meio dos autores reunidos por Fernandes, percebe-se que a ideia de co-

munidade remete ao sentimento de vida em comum fundado nas relações de pa-

rentesco e vizinhança, baseado na reciprocidade, norteado por laços afetivos que

ligam indivíduos que convivem em um mesmo espaço físico e nele adquirem os

recursos básicos para a sua subsistência. Cada um dos autores apresentados por

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Fernandes atribui valor a um ou outro dos atributos. Mas, se pudéssemos identi-

ficar um tipo ideal de comunidade, no sentido weberiano do termo, a partir dos

diversos autores reunidos por Fernandes, esta teria: base territorial comum, fortes

laços afetivos, reciprocidade, autonomia política e econômica e subordinação do

individual ao social.

Já uma sociedade seria definida por relações voluntárias e contratuais. Na medi-

da em que compartilham determinado interesse, indivíduos podem se associar para

alcançar objetivos relacionados ao mesmo, embora não necessariamente tenham

outros aspectos de suas vidas compartilhados, tais como relações de parentesco,

interdependências econômicas ou convivam numa mesma base territorial. Portan-

to, o conceito de sociedade é mais amplo e inclui o de comunidade.

Essa diferenciação conceitual vem à tona a partir do aprofundamento do proces-

so da divisão social do trabalho. A fragmentação das atividades laborais, a preva-

lência do contrato sobre o status, a multiplicação dos grupos formais, a passagem

da família para o Estado como forma de organização social predominante e a am-

pliação e internacionalização das trocas comerciais são algumas condições sociais

que promovem modos de vida societários e fundamentam a separação conceituai

entre comunidade e sociedade; e, mesmo, sugerem a passagem da primeira forma

à segunda como modo predominante de agrupamento social, embora a bibliogra-

fia seja quase unânime em afirmar a coexistência entre as duas formas sociais ao

longo da História. (...)

http://www.revistas.usp.br/comueduc/article/view/78561/83089 – acesso em 02/05/2016.

Assinale a alternativa que identifica o tipo textual do texto apresentado.

a) Informativo

b) Literário

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c) Crônica

d) Narração

Letra a.

Podemos perceber que o texto em análise não é literário, principalmente por não

ser uma narração (relato de ações desenvolvidas por personagens em um tempo

– passado – e em um espaço) e por ser denotativo. Também podemos excluir a

possibilidade de ser uma crônica, pois não se trata de uma narrativa relacionada a

fatos cotidianos, como é característico na crônica.

24. (IBFC/CÂMARA DE ARARAQUARA-SP/ASSISTENTE/2016)

O estudo científico da comunicação: avanços teóricos e metodológicos en-

sejados pela escola latino-americana

INTRODUÇÃO

A sociedade moderna está cercada de todos os lados pelos vários sistemas de

comunicação. Estudar a comunicação social é uma necessidade atual de todos os

povos em qualquer parte do mundo. Conhecer e dominar os sistemas de informa-

ção e da comunicação é indispensável no mundo globalizado. Estamos iniciando os

últimos passos para a saída do século XX e os primeiros para a entrada do século

XXI. Neste período de transição o ser humano vive momentos de incertezas da

comunicação e de (in)comunicação, das crises políticas, culturais, econômicas e

religiosas. As distâncias na sociedade contemporânea estão cada vez mais próxi-

mas, quer seja pelos modernos meios de transporte ou pelas telecomunicações via

satélite, Internet, etc. Com as novas tecnologias, a velocidade da informação e o

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processo comunicacional tomam-se cada vez mais complexos e consequentemente

de mais difícil compreensão.

No início do século XX o impacto sociocultural e econômico se deu com a revo-

lução industrial. O século XXI está chegando sob o impacto da revolução dos meios

de comunicação e das novas tecnologias da informação. É inegável a importância

dos meios de comunicação social e sua influência na complexa sociedade globali-

zada. Desta forma, estudaras mídias passou a ser uma prioridade no campo das

interações sociais. É necessário investigar, compreender e formular teorias de co-

municação que possam atender os interesses da sociedade no mundo globalizado.

Em busca desse objetivo resolvemos fazer algumas reflexões sobre os paradigmas

existentes e tentar abrir algumas brechas que possam contribuir na formatação

de novos ingredientes colaboradores do processo de interpretação e explicação da

realidade atual. É neste mundo globalizado que o homem vive atualmente e dele

retira as informações que irão contribuir para ampliação dos seus conhecimentos

e das suas experiências.

http://www2.metodista.br/unesco/PCLA/revista6/artiao%206-3.htm – acesso em 03/05/2016.

Assinale a alternativa correta. Ao ler o texto apresentado, podemos identificar que

se trata de um texto:

a) Acadêmico

b) Jornalístico

c) Teórico

d) Descritivo

Letra a.

Essa questão é problemática em sua formulação, já que torna confusa a escolha da

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alternativa correta. Isso porque um texto acadêmico pode ser teórico. É exatamen-

te esse o caso do texto em análise.

A resolução da questão (alternativa “a”) pode ser explicada da seguinte forma: o

texto em análise possui a formatação e as propriedades linguísticas de um texto

acadêmico. Esse texto acadêmico pode ser, além de teórico, meramente expositivo.

(IBFC/MGS/ADVOGADO/2016)

Uma Vela para Dario

(Dalton Trevisan)

Dario vinha apressado, guarda-chuva no braço esquerdo e, assim que dobrou a

esquina, diminuiu o passo até parar, encostando-se à parede de uma casa. Por ela

escorregando, sentou-se na calçada, ainda úmida de chuva, e descansou na pedra

o cachimbo.

Dois ou três passantes rodearam-no e indagaram se não se sentia bem. Dario

abriu a boca, moveu os lábios, não se ouviu resposta. O senhor gordo, de branco,

sugeriu que devia sofrer de ataque.

Ele reclina-se mais um pouco, estendido agora na calçada, e o cachimbo tinha

apagado. O rapaz de bigode pediu aos outros que se afastassem e o deixassem

respirar. Abre-lhe o paletó, o colarinho, a gravata e a cinta. Quando lhe tiram os

sapatos, Dario rouqueja feio, bolhas de espuma surgiram no canto da boca.

Cada pessoa que chega ergue-se na ponta dos pés, não o pode ver. Os mora-

dores da rua conversam de uma porta à outra, as crianças de pijama acodem à

janela. O senhor gordo repete que Dario sentou-se na calçada, soprando a fumaça

do cachimbo, encostava o guarda-chuva na parede. Mas não se vê guarda-chuva

ou cachimbo ao seu lado.

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A velhinha de cabeça grisalha grita que ele está morrendo. Um grupo o arrasta
para o táxi da esquina. Já no carro a metade do corpo, protesta o motorista: quem
pagaria a corrida? Concordam chamar a ambulância. Dario conduzido de volta e
recostado à parede – não tem os sapatos nem o alfinete de pérola na gravata.
Alguém informa da farmácia na outra rua. Não carregam Dario além da esquina;
a farmácia é no fim do quarteirão e, além do mais, muito peso. É largado na porta
de uma peixaria. Enxame de moscas lhe cobre o rosto, sem que faça um gesto para
espantá-las.
Ocupado o café próximo pelas pessoas que apreciam o incidente e, agora, co-
mendo e bebendo, gozam as delícias da noite. Dario em sossego e torto no degrau
da peixaria, sem o relógio de pulso.
Um terceiro sugere lhe examinem os papéis, retirados – com vários objetos –
de seus bolsos e alinhados sobre a camisa branca. Ficam sabendo do nome, idade;
sinal de nascença. O endereço na carteira é de outra cidade.
Registra-se correria de uns duzentos curiosos que, a essa hora, ocupam toda a
rua e as calçadas: era a polícia. O carro negro investe a multidão. Várias pessoas
tropeçam no corpo de Dario, pisoteado dezessete vezes.
O guarda aproxima-se do cadáver, não pode identificá-lo – os bolsos vazios.
Resta na mão esquerda a aliança de ouro, que ele próprio quando vivo – só desta-
cava molhando no sabonete. A polícia decide chamar o rabecão.
A última boca repete – Ele morreu, ele morreu. A gente começa a se dispersar.
Dario levou duas horas para morrer, ninguém acreditava estivesse no fim. Agora,
aos que alcançam vê-lo, todo o ar de um defunto.
Um senhor piedoso dobra o paletó de Dario para lhe apoiar a cabeça. Cruza as
mãos no peito. Não consegue fechar olho nem boca, onde a espuma sumiu. Ape-
nas um homem morto e a multidão se espalha, as mesas do café ficam vazias. Na
janela alguns moradores com almofadas para descansar os cotovelos.

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Um menino de cor e descalço veio com uma vela, que acende ao lado do

cadáver. Parece morto há muitos anos, quase o retrato de um morto desbotado

pela chuva.

Fecham-se uma a uma as janelas. Três horas depois, lá está Dario à espera do

rabecão. A cabeça agora na pedra, sem o paletó. E o dedo sem a aliança. O toco de

vela apaga-se às primeiras gotas da chuva, que volta a cair.

25. No 11º parágrafo, tem-se “A última boca repete – Ele morreu, ele morreu”.

Nessa passagem, pode-se perceber um exemplo de discurso:

a) indireto

b) direto

c) indireto livre

d) não verbal

Letra b.

No trecho em análise, o narrador apresenta a fala de outrem. Essa fala é exata-

mente como produzida, por isso é reproduzida “diretamente”, sem a mediação da

voz do narrador.

26. O texto apresenta uma estrutura cujo processo de composição predomi-

nante é o narrativo. Todos os elementos a seguir são característicos desse tipo

de texto, EXCETO:

a) presença de personagens

b) referências temporais

c) indicação espacial

d) defesa de ponto de vista

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INTERPRETAÇÃO DE TEXTO
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Letra d.
NO TEXTO EM ANÁLISE (importante destacar!), não há presença de defesa de pon-
to de vista. Também podemos dizer que a defesa de ponto de vista não é caracte-
rística principal de um texto narrativo.
No entanto, não se pode dizer que nunca haverá defesa de ponto de vista em tex-
tos narrativos. Essa minha observação é importante porque pode haver, em algum
outro texto, essa característica, ok?

27. (IBFC/DOCAS-PB/CONTADOR/2015)
Sinto-me um pouco intrusa vasculhando minha infância. Não quero perturbar
aquela menina no seu ofício de sonhar. Não a quero sobressaltar quando se abre
para o mundo que tão intensamente adivinha, nem interromper sua risada quando
acha graça de algo que ninguém mais percebeu.
Tento remontá-la aqui num quebra-cabeças que vai formar um retrato – o meu
retrato? Certamente faltarão algumas peças. Mas, falhada e fragmentária, esta sou
eu, e me reconheço assim em toda a minha incompletude. Algumas destas nar-
rações já publiquei. São meu rebanho, e posso chamá-las de volta quando quiser.
Muitas eu mesma vi e vivi; outras apanhei soltas no ar, pois sempre há quem se
exponha a uma criança que finge não escutar nem enxergar muita coisa da sua
vida ao rés-do-chão.
Aqui onde estou – diante deste computador, nesta altura e deste ângulo –, afinal
compreendo que não são as palavras que produzem o mundo, pois este nem ao
menos cabe dentro delas. Assim aquela menina dançando no pátio na chuva não
cabia no seu protegido cotidiano: procurava sempre o susto que viria além.
Então enfiava-se atrás dos biombos da imaginação, colocava as máscaras e

espiava o belo e o intrigante, que levaria o resto de sua vida tentando descrever.

(Lya Luft, Mar de dentro, p. 13-14)

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INTERPRETAÇÃO DE TEXTO
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O texto apresentado pode ser entendido como pertencente à tipologia narrativa.

Desse modo, todos os elementos a seguir comprovam essa classificação, exceto:

a) a presença de um narrador em primeira pessoa que relata, com parcialidade, os

fatos e elementos descritos.

b) referências espaciais como o estar “diante deste computador, nesta altura e

deste ângulo”.

c) A presença de personagens como “aquela menina no seu ofício de sonhar”.

d) A defesa de um posicionamento que fica claro na oposição entre o adulto e a

criança no texto.

Letra d.

NO TEXTO EM ANÁLISE (importante destacar!), não há presença de defesa de um

posicionamento. Também podemos dizer que a defesa de ponto de vista (um posi-

cionamento) não é característica principal de um texto narrativo.

No entanto, não se pode dizer que nunca haverá defesa de ponto de vista em tex-

tos narrativos. Essa minha observação é importante porque pode haver, em algum

outro texto, essa característica, ok?

(IBFC/SEAP-DF/PROFESSOR/2013/ADAPTADA)

“A globalização ou mundialização do espaço geográfico é caracterizada pelo proces-

so de interligação econômica, política, social e cultural, em nível global. Esse pro-

cesso é consequência, principalmente, da expansão dos sistemas de comunicação

por satélites, da telefonia, da presença da informática na maior parte dos setores

de produção e de serviços, através da internet.” (...)

Disponível em: http://www.mundoeducacao.com/aeoarafia/alobalizacao.htm.


Acesso em: 20/11/2013.

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INTERPRETAÇÃO DE TEXTO
Caderno de Questões – IBFC
Prof. Bruno Pilastre

A respeito da tipologia textual, julgue (Certo ou Errado) as afirmativas.

28. Inicialmente, o texto se estrutura de forma narrativa, depois passa para a

forma descritiva.

Errado.

O início do texto é claramente expositivo.

29. O texto se estrutura de forma a expor uma ideia, portanto é um texto disser-

tativo-expositivo.

Certo.

A exposição é sobre a globalização (ou mundialização do espaço geográfico). Essa

noção é o objeto da exposição.

30. Todo o texto apresenta, notadamente, uma estrutura narrativa.

Errado.

Não há características narrativas, pois o texto não se estrutura por verbos que de-

notam eventos. Além disso, não há personagens que sofrem e/ou praticam ações

situadas em um espaço e em um tempo (passado).

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