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Escola de Sargento das Armas - ESA

ESA
Curso de Formação de Sargento

NV-001MR-22
Cód.: 7908428801656
Obra

ESA – Escola de Sargento das Armas


Curso de Formação de Sargento - Área Geral

Autores

MATEMÁTICA • Bruno Araújo, Kairton Batista (Prof. Kaká) e Sérgio Mendes

PORTUGUÊS • Monalisa Costa, Ana Cátia Collares e Giselli Neves, Paloma Leite e Paloma Leite

HISTÓRIA DO BRASIL • Jean Talvani e Otávio Massaro

GEOGRAFIA DO BRASIL • Zé Soares

INGLÊS • Rebecca Soares

ISBN: 978-65-87525-40-2

Edição:

Março/2022

Todos os direitos autorais desta obra são reservados e protegidos


pela Lei nº 9.610/1998. É proibida a reprodução parcial ou total,
por qualquer meio, sem autorização prévia expressa por escrito da
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de atualizações voluntárias e erratas, serão disponibilizadas no site
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Retificações”, no rodapé da página, e siga as orientações. sac@novaconcursos.com.br
APRESENTAÇÃO
Um bom planejamento é determinante para a sua preparação
de sucesso na busca pela tão almejada aprovação. Por isso, pen-
sando no máximo aproveitamento de seus estudos, esse livro
foi organizado de acordo com o Edital Nº 8/2022 do ESA para o
cargo de Curso de Formação de Sargentos – Área Geral.

O conteúdo programático foi sistematizado em um sumário,


facilitando a busca pelos temas do edital, no entanto, nem sem-
pre a banca organizadora do concurso dispõe os assuntos em
uma sequência lógica. Por isso, elaboramos este livro abor-
dando os principais itens do edital e reorganizando-os quando
necessário, de uma maneira didática para que você realmente
consiga aprender e otimizar os seus estudos.

Ao longo da teoria, você encontrará boxes – Importante e Dica


– com orientações, macetes e conceitos fundamentais cobrados
nas provas, e seção Hora de Praticar, trazendo exercícios gaba-
ritados da banca DECEx, organizadora do certame.

A obra que você tem em suas mãos é resultado da competência


de nosso time editorial e da vasta experiência de nossos profes-
sores e autores parceiros – muitos também responsáveis pelas
aulas que você encontra em nossos Cursos Online – o que será
um diferencial na sua preparação. Nosso time faz tudo pensan-
do no seu sonho de ser aprovado em um concurso público. Ago-
ra é com você!

Intensifique ainda mais a sua preparação acessando os conteú-


dos complementares disponíveis on-line para este livro em nos-
sa plataforma: Conteúdo de Redação Discursiva disponível em pdf
para download além do Curso Bônus com 10 horas de videoaulas.
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CONTEÚDO ON-LINE

Para intensificar a sua preparação para concursos, oferecemos em nossa plataforma on-
line materiais especiais e exclusivos, selecionados e planejados de acordo com a proposta
deste livro. São conteúdos que tornam a sua preparação muito mais eficiente.

BÔNUS:

• Curso On-line.
à Matemática - Função Linear, Função Afim e Função Quadrática; Trigonometria; Geo-
metria Plana
à Língua Portuguesa - Leitura, Interpretação e Análise de Textos; Regência Nominal e
Verbal
à História do Brasil - Primeiro Reinado (1822-1831); Período Regêncial (1831-1840); Se-
gundo Reinado (1840-1889)
à Geografia do Brasil - Formação Territorial e Divisão Político-Administrativa
à Inglês - Singular e Plural; Pronomes

CONTEÚDO COMPLEMENTAR:

• Redação Discursiva.

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VERSO DA APOSTILA
SUMÁRIO

MATEMÁTICA.......................................................................................................................19
NOÇÕES DE CONJUNTOS E DE RACIOCÍNIO LÓGICO..................................................................... 19

REPRESENTAÇÃO DE CONJUNTOS.................................................................................................................19

SUBCONJUNTOS...............................................................................................................................................19

CONJUNTO UNIVERSO......................................................................................................................................20

CONJUNTO VAZIO.............................................................................................................................................20

CONJUNTO DOS NÚMEROS NATURAIS..........................................................................................................20

CONJUNTO DOS NÚMEROS INTEIROS............................................................................................................21

OPERAÇÕES: UNIÃO, INTERSEÇÃO, DIFERENÇA E COMPLEMENTAR..........................................................23

OPERAÇÕES FUNDAMENTAIS: NÚMEROS PRIMOS, FATORAÇÃO E NÚMERO DE DIVISORES, MÁXIMO


DIVISOR COMUM E MÍNIMO MÚLTIPLO COMUM...........................................................................................25

CONJUNTO DOS NÚMEROS............................................................................................................... 26

CONJUNTO DOS NÚMEROS NATURAIS ..........................................................................................................26

CONJUNTO DOS NÚMEROS INTEIROS............................................................................................................26

REPRESENTAÇÃO NA RETA NUMÉRICA.........................................................................................................26

MÓDULO.............................................................................................................................................................26

SIMÉTRICO E OPOSTO .....................................................................................................................................26

REPRESENTAÇÃO FRACIONÁRIA E DECIMAL ...............................................................................................26

OPERAÇÕES COM INTERVALOS REAIS...........................................................................................................26

CONJUNTO DOS NÚMEROS RACIONAIS.........................................................................................................27

OPERAÇÕES FUNDAMENTAIS..........................................................................................................................27

RAZÕES E PROPORÇÕES: GRANDEZAS DIRETAMENTE E INDIRETAMENTE PROPORCIONAIS................29

FUNÇÕES............................................................................................................................................. 31

CONCEITO DE RELAÇÃO E CONCEITO DE FUNÇÃO........................................................................................31

DOMÍNIO, CONTRADOMÍNIO E IMAGEM DE UMA FUNÇÃO..........................................................................31

FUNÇÕES: INJETORAS, SOBREJETORA, BIJETORA......................................................................................32

FUNÇÕES PARES E ÍMPARES............................................................................................................................32

FUNÇÕES PERIÓDICAS, E FUNÇÕES COMPOSTAS........................................................................................33


ZEROS OU RAIZ DE UMA FUNÇÃO...................................................................................................................33

FUNÇÃO CONSTANTE.......................................................................................................................................33

FUNÇÃO CRESCENTE........................................................................................................................................33

FUNÇÃO DECRESCENTE...................................................................................................................................33

FUNÇÃO DEFINIDA POR MAIS DE UMA SENTENÇA.......................................................................................34

FUNÇÃO INVERSA.............................................................................................................................................34

GRÁFICO DE FUNÇÕES......................................................................................................................................34

FUNÇÃO LINEAR, FUNÇÃO AFIM E FUNÇÃO QUADRÁTICA........................................................... 35

GRÁFICOS, DOMÍNIO, IMAGEM E CARACTERÍSTICAS...................................................................................35

VARIAÇÕES DE SINAL.......................................................................................................................................36

MÁXIMOS E MÍNIMOS.......................................................................................................................................37

INEQUAÇÃO PRODUTO E INEQUAÇÃO QUOCIENTE ......................................................................................37

FUNÇÃO MODULAR............................................................................................................................ 40

DEFINIÇÃO, GRÁFICO, DOMÍNIO E IMAGEM DA FUNÇÃO MODULAR............................................................40

EQUAÇÕES MODULARES..................................................................................................................................41

INEQUAÇÕES MODULARES..............................................................................................................................41

FUNÇÃO EXPONENCIAL..................................................................................................................... 41

GRÁFICOS, DOMÍNIO, IMAGEM E CARACTERÍSTICAS...................................................................................41

LOGARITMOS DECIMAIS..................................................................................................................................42

EQUAÇÕES EXPONENCIAIS..............................................................................................................................43

INEQUAÇÕES EXPONENCIAIS..........................................................................................................................43

FUNÇÃO LOGARÍTMICA..................................................................................................................... 43

DEFINIÇÃO DE LOGARITMO E PROPRIEDADES OPERATÓRIAS....................................................................43

GRÁFICOS, DOMÍNIO, IMAGEM E CARACTERÍSTICAS DA FUNÇÃO LOGARÍTMICA....................................44

EQUAÇÕES LOGARÍTMICAS.............................................................................................................................44

INEQUAÇÕES LOGARÍTMICAS.........................................................................................................................45

TRIGONOMETRIA................................................................................................................................ 46

ARCOS NOTÁVEIS (SENO, COSSENO E TANGENTE DE 45°, 60° E 30°)..........................................................46

TRIGONOMETRIA NO TRIÂNGULO (RETÂNGULO E QUALQUER)...................................................................47

LEI DOS SENOS..................................................................................................................................................47


LEI DOS COSSENOS..........................................................................................................................................48

UNIDADES DE MEDIDAS DE ARCOS E ÂNGULOS: MEDIDA EM GRAU E MEDIDA EM RADIANO..................48

CÍRCULO TRIGONOMÉTRICO...........................................................................................................................49

RAZÕES TRIGONOMÉTRICAS..........................................................................................................................49

REDUÇÃO AO 1º QUADRANTE..........................................................................................................................50

TRANSFORMAÇÕES TRIGONOMÉTRICAS......................................................................................................50

IDENTIDADES TRIGONOMÉTRICAS FUNDAMENTAIS....................................................................................51

EQUAÇÕES E INEQUAÇÕES TRIGONOMÉTRICAS NO CONJUNTO DOS NÚMEROS REAIS.........................53

FÓRMULAS DE ADIÇÃO DE ARCOS: ARCOS DUPLOS, ARCO METADE E TRANSFORMAÇÃO


EM PRODUTO.....................................................................................................................................................54

SISTEMAS DE EQUAÇÕES E INEQUAÇÕES TRIGONOMÉTRICAS E RESOLUÇÃO DE TRIÂNGULOS...........56

CONTAGEM E ANÁLISE COMBINATÓRIA......................................................................................... 57

FATORIAL, DEFINIÇÃO E OPERAÇÕES.............................................................................................................57

PRINCÍPIOS MULTIPLICATIVO E ADITIVO DA CONTAGEM............................................................................57

ARRANJOS, COMBINAÇÕES E PERMUTAÇÕES..............................................................................................59

PROBABILIDADE................................................................................................................................. 60

EXPERIMENTO ALEATÓRIO..............................................................................................................................60

EXPERIMENTO AMOSTRAL..............................................................................................................................60

ESPAÇO AMOSTRAL EVENTO..........................................................................................................................60

PROBABILIDADE EM ESPAÇOS AMOSTRAIS EQUIPROVÁVEIS....................................................................61

PROBABILIDADE DA UNIÃO DE DOIS EVENTOS.............................................................................................61

PROBABILIDADE CONDICIONAL......................................................................................................................62

PROPRIEDADE DAS PROBABILIDADES...........................................................................................................62

PROBABILIDADE DE DOIS EVENTOS SUCESSIVOS........................................................................................63

EXPERIMENTOS BINOMIAIS............................................................................................................................64

MATRIZES, DETERMINANTES E SISTEMAS LINEARES.................................................................. 64

OPERAÇÕES COM MATRIZES (ADIÇÃO, MULTIPLICAÇÃO POR ESCALAR E PRODUTO)...........................64

MATRIZ TRANSPOSTA ( TRANSPOSIÇÃO )....................................................................................................65

MATRIZ INVERSA..............................................................................................................................................65

DETERMINANTE DE UMA MATRIZ: DEFINIÇÃO (TEOREMA DE LAPLACE)..................................................66

PROPRIEDADES DOS DETERMINANTES.........................................................................................................66


SISTEMAS DE EQUAÇÕES LINEARES..............................................................................................................68

SEQUÊNCIAS NUMÉRICAS E PROGRESSÕES.................................................................................. 68

SEQUÊNCIAS NUMÉRICAS...............................................................................................................................68

PROGRESSÕES ARITMÉTICAS: TERMO GERAL, SOMA DOS TERMOS E PROPRIEDADES..........................68

PROGRESSÕES GEOMÉTRICAS (FINITAS E INFINITAS)................................................................................69

Termo Geral, Somando Termos e Propriedades............................................................................................. 69

GEOMETRIA ESPACIAL DE POSIÇÃO............................................................................................... 70

POSIÇÕES RELATIVAS ENTRE DUAS RETAS..................................................................................................70

POSIÇÕES RELATIVAS ENTRE DOIS PLANOS.................................................................................................70

POSIÇÕES RELATIVAS ENTRE RETA E PLANO...............................................................................................71

PERPENDICULARIDADE ENTRE: DUAS RETAS, ENTRE DOIS PLANOS E ENTRE RETA E PLANO...............71

PROJEÇÃO ORTOGONAL..................................................................................................................................71

GEOMETRIA ESPACIAL MÉTRICA..................................................................................................... 72

PRISMAS: CONCEITO, ELEMENTOS, CLASSIFICAÇÃO, ÁREAS E VOLUMES E TRONCOS...........................72

PIRÂMIDE: CONCEITO, ELEMENTOS, CLASSIFICAÇÃO, ÁREAS E VOLUMES E TRONCOS..........................74

CILINDRO: CONCEITO, ELEMENTOS, CLASSIFICAÇÃO, ÁREAS E VOLUMES E TRONCOS..........................75

CONE: CONCEITO, ELEMENTOS, CLASSIFICAÇÃO, ÁREAS E VOLUMES E TRONCOS.................................76

ESFERA: ELEMENTOS, SEÇÃO DA ESFERA, ÁREA, VOLUMES E PARTES DA ESFERA.................................78

INSCRIÇÃO E CIRCUNSCRIÇÃO DE SÓLIDOS..................................................................................................78

GEOMETRIA ANALÍTICA PLANA....................................................................................................... 79

PONTO................................................................................................................................................................79

O Plano Cartesiano, Distância entre Dois Pontos ponto médio de segmento e condição de alinhamento
de três pontos................................................................................................................................................... 79

RETA: EQUAÇÕES GERAL E REDUZIDA............................................................................................................79

INTERSEÇÃO DE RETAS....................................................................................................................................80

PARALELISMO E PERPENDICULARIDADE.......................................................................................................80

ÂNGULO ENTRE DUAS RETAS..........................................................................................................................81

DISTÂNCIA ENTRE PONTO E RETA E DISTÂNCIA ENTRE DUAS RETAS.......................................................81

ÁREA DE UM TRIÂNGULO E INEQUAÇÕES DO PRIMEIRO GRAU COM DUAS VARIÁVEIS............................82

CIRCUNFERÊNCIA: EQUAÇÕES GERAL E REDUZIDA......................................................................................82

Posições Relativas entre Ponto e Circunferência........................................................................................... 83


Reta e Circunferência e Duas Circunferências................................................................................................ 84
Problemas de Tangência.................................................................................................................................. 85
Equações e Inequações do Segundo Grau com Duas Variáveis................................................................... 86

ELIPSE: DEFINIÇÃO, EQUAÇÃO, POSIÇÕES RELATIVAS ENTRE PONTO E ELIPSE, POSIÇÕES


RELATIVAS ENTRE RETA E ELIPSE..................................................................................................................87

HIPÉRBOLE: DEFINIÇÃO, EQUAÇÃO DA HIPÉRBOLE, POSIÇÕES RELATIVAS ENTRE PONTO E


HIPÉRBOLE, POSIÇÕES RELATIVAS ENTRE RETA E HIPÉRBOLE E EQUAÇÕES DAS ASSÍNTOTAS DA
HIPÉRBOLE........................................................................................................................................................88

PARÁBOLA: DEFINIÇÃO, EQUAÇÃO, POSIÇÕES RELATIVAS ENTRE PONTO E PARÁBOLA, POSIÇÕES


RELATIVAS ENTRE RETA E PARÁBOLA...........................................................................................................91

RECONHECIMENTO DE CÔNICAS A PARTIR DE SUA EQUAÇÃO GERAL.......................................................92

GEOMETRIA PLANA........................................................................................................................... 93

ÂNGULO: DEFINIÇÃO, ELEMENTOS E PROPRIEDADES..................................................................................93

ÂNGULOS NA CIRCUNFERÊNCIA.....................................................................................................................95

PARALELISMO...................................................................................................................................................97

PERPENDICULARIDADE....................................................................................................................................97

SEMELHANÇA DE TRIÂNGULOS......................................................................................................................99

PONTOS NOTÁVEIS DO TRIÂNGULO................................................................................................................99

RELAÇÕES MÉTRICAS NO TRIANGULO RETANGULO..................................................................................101

RELAÇÕES MÉTRICAS EM UM TRIANGULO QUALQUER..............................................................................101

TRIÂNGULOS RETÂNGULOS, TEOREMA DE PITÁGORAS.............................................................................102

CONGRUÊNCIA DE FIGURAS PLANAS...........................................................................................................102

FEIXE DE RETAS PARALELAS E TRANSVERSAIS..........................................................................................103

TEOREMA DE TALES........................................................................................................................................103

TEOREMA DAS BISSETRIZES INTERNAS E EXTERNAS DE UM TRIÂNGULO..............................................104

QUADRILÁTEROS NOTÁVEIS..........................................................................................................................104

POLÍGONOS.....................................................................................................................................................105

POLÍGONOS REGULARES...............................................................................................................................106

CIRCUNFERÊNCIAS.........................................................................................................................................107

CÍRCULOS E SEUS ELEMENTOS.....................................................................................................................107

PERÍMETRO E ÁREA DE POLÍGONOS.............................................................................................................109

FÓRMULA DE HERON......................................................................................................................................109

RAZÃO ENTRE ÁREAS.....................................................................................................................................109


INSCRIÇÃO E CIRCUNSCRIÇÃO.....................................................................................................................110

POLINÔMIOS.....................................................................................................................................111

FUNÇÃO POLINOMIAL....................................................................................................................................111

POLINÔMIO IDENTICAMENTE NULO.............................................................................................................111

GRAU DE UM POLINÔMIO...............................................................................................................................111

IDENTIDADE DE UM POLINÔMIO....................................................................................................................112

RAIZ DE UM POLINÔMIO.................................................................................................................................112

OPERAÇÕES COM POLINÔMIOS E VALOR NUMÉRICO DE UM POLINÔMIO...............................................112

DIVISÃO DE POLINÔMIOS...............................................................................................................................113

TEOREMA DO RESTO......................................................................................................................................113

TEOREMA DE D’ALEMBERT.............................................................................................................................114

DISPOSITIVO DE BRIOT-RUFFINI....................................................................................................................114

RELAÇÃO ENTRE COEFICIENTES E RAÍZES..................................................................................................114

FATORAÇÃO E MULTIPLICIDADE DE RAÍZES: PRODUTOS NOTÁVEIS........................................................116

MÁXIMO DIVISOR COMUM DE POLINÔMIOS................................................................................................116

EQUAÇÕES POLINOMIAIS..............................................................................................................................117

TEOREMA FUNDAMENTAL DA ÁLGEBRA OU TEOREMA DA DECOMPOSIÇÃO..........................................117

RAÍZES IMAGINÁRIAS....................................................................................................................................117

RAÍZES RACIONAIS.........................................................................................................................................117

RELAÇÕES DE GIRARD....................................................................................................................................118

TEOREMA DE BOLZANO.................................................................................................................................119

CONJUNTO E REPRESENTAÇÃO ALGÉBRICA DE NÚMEROS COMPLEXOS................................................120

REPRESENTAÇÃO TRIGONOMÉTRICA: MÓDULO E NORMA........................................................................121

CONJUGADO DE UM NÚMERO COMPLEXO...................................................................................................121

REPRESENTAÇÃO NO PLANO DE ARGAND GAUSS......................................................................................122

POTENCIALIZAÇÃO NÚMEROS COMPLEXOS E EXTRAÇÃO DE RAÍZES....................................................122

RADICIAÇÃO DE NÚMEROS COMPLEXOS.....................................................................................................123

FÓRMULAS DE MOIVRE..................................................................................................................................124

BINÔMIO DE NEWTON......................................................................................................................124

DESENVOLVIMENTO, COEFICIENTES BINOMIAIS E TERMO GERAL...........................................................124


RESOLUÇÃO DE EQUAÇÕES BINOMIAIS E TRINOMIAIS .............................................................................125

PORTUGUÊS...................................................................................................................... 129
LEITURA, INTERPRETAÇÃO E ANÁLISE DE TEXTOS ....................................................................129

LEITURA, INTERPRETAÇÃO E ANÁLISE DOS SIGNIFICADOS PRESENTES EM UM TEXTO E O


RESPECTIVO RELACIONAMENTO COM O UNIVERSO EM QUE O TEXTO FOI PRODUZIDO........................... 129

FONÉTICA, ORTOGRAFIA E PONTUAÇÃO......................................................................................131

CORRETA ESCRITA DAS PALAVRAS DA LÍNGUA PORTUGUESA, ACENTUAÇÃO GRÁFICA,


PARTIÇÃO SILÁBICA E PONTUAÇÃO.............................................................................................................131

MORFOSSINTAXE.............................................................................................................................166

FRASE, ORAÇÃO E PERÍODO, TERMOS DA ORAÇÃO, ORAÇÕES DO PERÍODO (DESENVOLVIDAS E


REDUZIDAS), FUNÇÕES SINTÁTICAS DO PRONOME RELATIVO, SINTAXE DE REGÊNCIA (VERBAL E
NOMINAL), SINTAXE DE CONCORDÂNCIA (VERBAL E NOMINAL) E SINTAXE DE COLOCAÇÃO..............166

NOÇÕES DE VERSIFICAÇÃO............................................................................................................183

ESTRUTURA DO VERSO, TIPOS DE VERSO, RIMA, ESTROFAÇÃO E POEMAS DE FORMA FIXA................183

TEORIA DA LINGUAGEM E SEMÂNTICA ........................................................................................185

HISTÓRIA DA LÍNGUA PORTUGUESA............................................................................................................185

LINGUAGEM, LÍNGUA, DISCURSO E ESTILO..................................................................................................186

NÍVEIS DE LINGUAGEM, FUNÇÕES DA LINGUAGEM....................................................................................186

FIGURAS DE LINGUAGEM E SIGNIFICADO DAS PALAVRAS........................................................................187

INTRODUÇÃO À LITERATURA .........................................................................................................193

A ARTE LITERÁRIA, OS GÊNEROS LITERÁRIOS E A EVOLUÇÃO DA ARTE LITERÁRIA, EM PORTUGAL


E NO BRASIL....................................................................................................................................................193

LITERATURA BRASILEIRA ...............................................................................................................196

CONTEXTO HISTÓRICO, CARACTERÍSTICAS, PRINCIPAIS AUTORES E OBRAS DO


QUINHENTISMO, BARROCO, ARCADISMO, ROMANTISMO, REALISMO, NATURALISMO,
IMPRESSIONISMO, PARNASIANISMO, SIMBOLISMO, PRÉMODERNISMO E MODERNISMO....................196

ALTERAÇÕES INTRODUZIDAS NA ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA PELO ACORDO


ORTOGRÁFICO DA LÍNGUA PORTUGUESA, ASSINADO EM LISBOA, EM 16 DE DEZEMBRO
DE 1990, POR PORTUGAL, BRASIL, ANGOLA, SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE, CABO VERDE, GUINÉ-
BISSAU, MOÇAMBIQUE E, POSTERIORMENTE, POR TIMOR LESTE, APROVADO NO BRASIL
PELO DECRETO Nº 6.583, DE 29 DE SETEMBRO DE 2008 E ALTERADO PELO DECRETO Nº
7.875, DE 27 DE DEZEMBRO DE 2012.............................................................................................205

HISTÓRIA DO BRASIL.................................................................................................... 211


BRASIL COLÔNIA..............................................................................................................................211
OS POVOS INDÍGENAS BRASILEIROS...........................................................................................................211

O Brasil Antes da Chegada dos Europeus e as Principais Nações Indígenas do Brasil antes da Chegada
dos Portugueses............................................................................................................................................. 212

PERÍODO PRÉ-COLONIAL...............................................................................................................................212

Expedições de Reconhecimento e Guarda Costa......................................................................................... 213


Economia do Pau-brasil.................................................................................................................................. 213
Expedição Colonizadora de Martim Afonso de Souza................................................................................. 212

PERÍODO COLONIAL - ADMINISTRAÇÃO, ECONOMIA E SOCIEDADE COLONIAL......................213

A Organização Administrativa Colonial Portuguesa no Brasil - Capitanias Hereditárias, O Governo


Geral e Órgãos Administrativos..................................................................................................................... 213
As Câmaras Municipais e Econ Omias Complementares............................................................................ 214
A Economia e Sociedade Açucareira e Economias Complementares........................................................214
Escravidão Africana........................................................................................................................................ 215
A Economia e Sociedade Mineradora........................................................................................................... 216

CONSOLIDAÇÃO TERRITORIAL......................................................................................................................216

Entradas e Bandeiras...................................................................................................................................... 216


Invasões Estrangeiras - Invasões Francesas e a Invasão Holandesa.........................................................216
A Insurreição Pernambucana: a Luta Contra o Invasor e a Gênese do Exército Brasileiro........................218
As questões de Limites entre Portugal e Espanha e a Formação das Atuais Fronteiras do Brasil:
Tratados de Madri, El Pardo, Santo Ildefonso e Badajoz............................................................................. 218

AS REBELIÕES NATIVISTAS...........................................................................................................................219

Características: Principais Rebeliões Nativistas - Revolta de Beckman, Guerra dos Emboabas, Guerra
dos Mascates e a Revolta de Vila Rica.......................................................................................................... 219

A CRISE DO SISTEMA COLONIAL PORTUGUÊS E OS MOVIMENTOS PRÓ-INDEPENDÊNCIA


NO BRASIL.........................................................................................................................................220

Caracterização, Influência Iluminista e a Crise Econômica......................................................................... 220

OS PRINCIPAIS MOVIMENTOS PRÓ-INDEPENDÊNCIA: INCONFIDÊNCIA MINEIRA E


CONJURAÇÃO BAIANA....................................................................................................................220

BRASIL IMPÉRIO...............................................................................................................................221

O PERÍODO JOANINO......................................................................................................................................221

A transferência da Corte Portuguesa para o Brasil, O governo de D. João VI no Brasil (política interna
e externa), Revolução do Porto e partida da Família Real, a Independência Do Brasil, Fatores que
levaram à independência do Brasil, A Regência de D. Pedro, O Grito do Ipiranga e a Guerra de
Independência................................................................................................................................................. 221

O PRIMEIRO REINADO......................................................................................................................222

Panorama político-partidário, A Constituição de 1824, Panorama interno (autoritarismo do Imperador,


crise econômica), Panorama externo (a Guerra da Cisplatina) e a Abdicação de D. Pedro I....................222
PERÍODO REGENCIAL.......................................................................................................................223

Panorama político-partidário conflituoso: restauradores, liberais moderados e republicanos,


A Regência Trina Provisória, A Regência Trina Permanente, O Ato Adicional
de 1834 e As Regências Unas........................................................................................................................ 223
As Revoltas Regenciais: Cabanagem, Balaiada, Malês, Sabinada e Farroupilha, e a ação
pacificadora de Caxias: Balaiada, Farroupilha e Revoltas Liberais de 1842..............................................224

O SEGUNDO REINADO......................................................................................................................225

Antecipação da Maioridade de D. Pedro II, Panorama político-partidário do II Império (conservadores


e liberais e rivalidades iniciais) as Revoltas Liberais de 1842, Conciliação, O Parlamentarismo
Brasileiro e a economia e Sociedade Cafeeiras........................................................................................... 225
A breve era Mauá, Política externa: Campanha contra Oribe e Rosas; A questão Christie; A Campanha
contra Aguirre; A Guerra da Tríplice Aliança; O comando vitorioso de Caxias na Guerra da Tríplice
Aliança............................................................................................................................................................. 225

A IMIGRAÇÃO EUROPEIA................................................................................................................................226

A ABOLIÇÃO DA ESCRAVATURA....................................................................................................................226

A CRISE DO IMPÉRIO: QUESTÃO RELIGIOSA; REPUBLICANISMO; QUESTÃO MILITAR; POSITIVISMO;


A PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA................................................................................................................227

BRASIL REPÚBLICA..........................................................................................................................229

A REPÚBLICA VELHA......................................................................................................................................229

A República da Espada: os governos de Deodoro e de Floriano Peixoto e as Revoltas da Armada.........229


A Constituição de 1891.................................................................................................................................. 230
Guerras de Canudos (1896 - 1898) e Contestado (1912 - 1916).................................................................230
O Tenentismo, as revoltas de 1922 - 1924 e a “Coluna Prestes”.................................................................231
A Revolução Federalista, A República oligárquica: caracterização: “coronelismo”, “voto de cabresto”,
política do “café com leite”, política de valorização do café, “política dos governadores”........................231
Algumas revoltas sociais da República Velha: Revolta da Chibata, Revolta da Vacina, o fenômeno do
Cangaço........................................................................................................................................................... 232
A ruptura oligárquica e a Revolução de 1930............................................................................................... 233

A ERA VARGAS................................................................................................................................................233

O Governo Provisório, A Revolução Constitucionalista de 1932, Governo Constitucional de Vargas,


A Constituição de 1934 e a CLT, Radicalização ideológica: comunistas versus integralistas;
A Intentona Comunista de 1935; a Revolta Integralista de 1938, O Estado Novo (1937 - 1945) e
A saída de Vargas do poder........................................................................................................................... 233
O Brasil na II Guerra Mundial: fatores que levaram o Brasil a participar do conflito; a campanha
da FEB.............................................................................................................................................................. 235

A REPÚBLICA POPULISTA - (1945 - 1964)....................................................................................................235

Governo Dutra................................................................................................................................................. 235


Segundo Governo Vargas............................................................................................................................... 236
Governo JK...................................................................................................................................................... 237
Governo Jânio................................................................................................................................................. 238
Governo “Jango”............................................................................................................................................. 239

PERÍODO DO REGIME MILITAR (1964 - 1985)...............................................................................................240

Movimento Militar de 31 de março de 1964 — Governo Castello Branco...................................................240


Governo Costa e Silva..................................................................................................................................... 241
Governo Médici............................................................................................................................................... 241
Governo Geisel................................................................................................................................................ 241
Governo Figueiredo......................................................................................................................................... 241

A NOVA REPÚBLICA (DE 1985 ATÉ 2000).....................................................................................................242

O Governo Sarney, Crise e Hiperinflação da década de 80.......................................................................... 242


A Constituição de 1988.................................................................................................................................. 243
O Governo Collor, O Plano Collor, O impeachment de Collor, O Governo Itamar Franco, O Plano Real,
Os Planos Cruzado, Bresser e Verão - caracterização e razões do insucesso...........................................243
Os Governos de Fernando Henrique Cardoso............................................................................................... 244

GEOGRAFIA DO BRASIL................................................................................................ 249


O ESPAÇO NATURAL, RECURSOS ESTRATÉGICOS E IMPACTOS AMBIENTAIS........................249

CARACTERÍSTICAS GERAIS DO TERRITÓRIO BRASILEIRO.........................................................................249

Posição Geográfica, Limites e Fusos Horários............................................................................................. 249

ESTRUTURA GEOLÓGICA, GEOMORFOLOGIA...............................................................................................252

Origem, Formas e Classificações do Relevo................................................................................................. 252

TIPOS DE SOLOS BRASILEIROS.....................................................................................................................254

A ATMOSFERA E OS CLIMAS..........................................................................................................................255

Fenômenos Climáticos e os Climas no Brasil.............................................................................................. 255

BIOMAS, HOTSPOTS E BIODIVERSIDADE......................................................................................................260

Distribuição da Vegetação, Características Gerais dos Domínios Morfoclimáticos.................................260

RECURSOS HÍDRICOS.....................................................................................................................................264

Bacias Hidrográficas, Aquíferos, Hidrovias................................................................................................... 264

DEGRADAÇÃO AMBIENTAL, O APROVEITAMENTO ECONÔMICO DOS RECURSOS NATURAIS E AS


ATIVIDADES ECONÔMICAS............................................................................................................................268

Os Recursos Minerais, Fontes de Energia, Matriz Energética Brasileira e Meio Ambiente, o Setor
Mineral e os Grandes Projetos de Mineração............................................................................................... 268

O ESPAÇO ECONÔMICO...................................................................................................................272

A FORMAÇÃO DO TERRITÓRIO NACIONAL...................................................................................................272


Ciclos Econômicos e a Expansão do Território – Da Cafeicultura ao Brasil Urbano Industrial e
Integração Territorial...................................................................................................................................... 272

A INDUSTRIALIZAÇÃO PÓS-SEGUNDA GUERRA MUNDIAL........................................................................274

Modelo de Substituição das Importações, Abertura para Investimentos Estrangeiros, Dinâmica


Espacial da Indústria, Polos Industriais, a Indústria nas Diferentes Regiões Brasileiras e a
Reestruturação Produtiva............................................................................................................................... 274

AGRICULTURA BRASILEIRA...........................................................................................................................278

Dinâmicas Territoriais da Economia Rural, a Modernização da Agricultura, Êxodo Rural, Agronegócio


e a Produção Agropecuária Brasileira........................................................................................................... 278

COMÉRCIO.......................................................................................................................................................281

Globalização e Economia Nacional, Comércio Exterior, Integração Regional (Mercosul e Principais


Parceiros Econômicos), Eixos de Circulação e Custos de Deslocamento.................................................281

O ESPAÇO POLÍTICO.........................................................................................................................284

FORMAÇÃO TERRITORIAL – TERRITÓRIO, FRONTEIRAS, FAIXA DE FRONTEIRAS, MAR TERRITORIAL


E ZEE.................................................................................................................................................................284

ESTRUTURA POLÍTICO-ADMINISTRATIVA, ESTADOS, MUNICÍPIOS, DISTRITO FEDERAL E


TERRITÓRIOS FEDERAIS.................................................................................................................................285

A DIVISÃO REGIONAL, SEGUNDO O IBGE, E OS COMPLEXOS REGIONAIS.................................................288

POLÍTICAS PÚBLICAS.....................................................................................................................................289

O ESPAÇO HUMANO.........................................................................................................................291

DEMOGRAFIA...................................................................................................................................................291

Transição Demográfica, Crescimento Populacional, Estrutura Etária, Política Demográfica e


Mobilidade Espacial (Migrações Internas e Externas)................................................................................. 291

MERCADO DE TRABALHO...............................................................................................................................294

Estrutura Ocupacional.................................................................................................................................... 294

DESENVOLVIMENTO HUMANO......................................................................................................................295

Os Indicadores Socioeconômicos................................................................................................................. 295

URBANIZAÇÃO BRASILEIRA..........................................................................................................................296

Processo de Urbanização, Rede Urbana, Hierarquia Urbana, Regiões Metropolitanas.............................296

REGIÕES INTEGRADAS DE DESENVOLVIMENTO (RIDE), ESPAÇO URBANO E PROBLEMAS URBANOS..298

INGLÊS................................................................................................................................. 303
SUBSTANTIVOS (NOUNS)................................................................................................................303

GÊNERO............................................................................................................................................................303
SUBSTANTIVOS CONTÁVEIS E INCONTÁVEIS..............................................................................................303

NÚMERO DOS SUBSTANTIVOS CONTÁVEIS NO SINGULAR E NO PLURAL................................................304

CASO GENITIVO/POSSESSIVO COM O GENITIVO SAXÃO’S E COM A PREPOSIÇÃO OF...........................304

PRONOMES (PRONOUNS)................................................................................................................305

PRONOMES PESSOAIS...................................................................................................................................305

PRONOMES REFLEXIVOS...............................................................................................................................305

PRONOMES INDEFINIDOS E DEMONSTRATIVOS.........................................................................................306

PRONOMES POSSESSIVOS............................................................................................................................306

PRONOMES E ADJETIVOS INTERROGATIVOS (QUESTION WORDS)..........................................................307

ADJETIVOS INDEFINIDOS E DEMONSTRATIVOS.........................................................................................308

ADJETIVOS POSSESSIVOS............................................................................................................................309

QUANTIFICADORES.........................................................................................................................................309

ARTIGOS (ARTICLES).......................................................................................................................310

ARTIGO DEFINIDO THE....................................................................................................................................310

ARTIGO INDEFINIDO A/AN..............................................................................................................................311

ADJETIVOS E ADVÉRBIOS (ADJECTIVES AND ADVERBS)...........................................................311

FORMAS E USOS, POSIÇÃO DOS ADJETIVOS E ADVÉRBIOS, GRAUS DO ADJETIVO E DO ADVÉRBIO....311

VERBOS (VERBS)..............................................................................................................................315

VERBOS NO TEMPO PRESENTE SIMPLES (SIMPLE PRESENT)...................................................................315

VERBOS NO PRESENTE CONTÍNUO (PRESENT CONTINUOUS)...................................................................315

VERBOS NO PASSADO SIMPLES (PAST SIMPLE).........................................................................................316

VERBOS NO PASSADO CONTÍNUO (PAST CONTINUOUS)...........................................................................317

VERBOS NO FUTURO IMEDIATO (FUTURE WITH GOING TO).......................................................................317

VERBOS NO FUTURO COM SHALL/WILL (SIMPLE FUTURE)........................................................................318

VERBOS NO PRESENTE PERFEITO (PRESENT PERFECT)............................................................................318

VERBOS MODAIS CAN, COULD, MUST, MAY, MIGHT, WOULD, SHOULD E OUGHT TO................................319

VERBOS NO MODO IMPERATIVO (IMPERATIVE)..........................................................................................320

FORMAS DO INFINITIVO E GERÚNDIO (INFINTIVE AND GERUND)..............................................................320

VERBOS FRASAIS (PHRASAL VERBS)...........................................................................................................321

TAG QUESTIONS..............................................................................................................................................321
PREPOSIÇÕES (PREPOSITIONS).....................................................................................................325

PREPOSIÇÕES DE TEMPO, LUGAR, MOVIMENTO E FORMAS DE TRANSPORTE.......................................325


REPRESENTAÇÃO DE CONJUNTOS

Existem três maneiras distintas de se representar


Conjuntos:

MATEMÁTICA z Analítica;
z Sintética;
z Diagrama de Euler-Venn (ou simplesmente Diagrama).

Na representação Analítica, destaca-se cada um


NOÇÕES DE CONJUNTOS E DE dos elementos que pertencem a um determinado con-
junto. Nos exemplos mencionados (conjuntos M, P e
RACIOCÍNIO LÓGICO  N), todos eles foram representados dessa maneira.
Na representação Sintética, devemos destacar
A Teoria de Conjuntos deve ser vista como um dos tópi- uma característica que seja comum a todos os elemen-
cos mais importantes da Matemática Contemporânea. tos pertencentes a um conjunto qualquer. Nos exem-
É ela que dá sustentação lógica a outros tópicos plos citados, essa representação ficaria da seguinte
inerentes à Matemática, como por exemplo: Funções, maneira (abaixo, lê-se x/x como “x é tal que x tem a
Probabilidade, Análise Combinatória, Polinômios, propriedade”):
Progressões (Aritméticas e Geométricas) etc.
Acreditar nos alicerces estabelecidos por essa Teo- z M = {x / x é mês do ano com 31 dias};
ria é ter a garantia de que o rigor matemático, a coe- z P = {x / x é número primo};
são e a elegância na exposição do conteúdo terão seu z N = {x / x é país da América do Norte}.
lugar de destaque garantidos.
Na representação por Diagramas, devemos definir
uma região (normalmente um círculo) onde devem ser
NOÇÕES PRIMITIVAS
representados todos os elementos pertencentes ao con-
junto. Importante não esquecer de nomear esse conjunto.
No contexto da Teoria de Conjuntos, três noções Observe as situações abaixo (já apresentados ante-
primitivas são aceitas sem definição e, portanto, não riormente) que são exemplos dessa representação:
necessitam de demonstração. São elas:
P
z Conjunto;
z Elemento;
z Pertinência entre Conjunto e Elemento. 2 17

3
Os Conjuntos (ou coleções) devem ser representa- 5
11
dos por letras latinas maiúsculas: A, B, C etc.
Alguns exemplos de Conjuntos: 7
13
z M = {janeiro, março, maio, julho, agosto, outubro,
dezembro} é o conjunto dos meses do ano que pos- 19
suem 31 dias;
z P = {2, 3, 5, 7, 11, 13, 17, 19} é o conjunto dos núme-
ros primos até 19; N
z N = {Estados Unidos, Canadá, México} é o conjunto
dos países da América do Norte.
Estados Unidos
Os Elementos referem-se aos objetos inerentes
aos Conjuntos. Nos exemplos acima, cada um dos México
componentes dos Conjuntos apresentados são ele-
mentos destes (por exemplo, no conjunto dos núme-
ros primos, cada número ali destacado representa um Canadá
elemento desse conjunto).
A Relação de Pertinência entre Conjunto e Ele-
mento estabelece a identificação entre eles. Para tanto,
utilizamos os símbolos ∈ (pertence) ou ∉ (não pertence).
MATEMÁTICA

Nos exemplos citados temos algumas situações Figura 1. Representação de conjuntos por diagramas
para destacar essa relação:
SUBCONJUNTOS
z O mês de abril não pertence ao conjunto M, ou sim-
bolicamente, Abril ∉ M; Um conjunto A é Subconjunto de um conjunto B se,
e somente se, todo elemento de A pertence também a B.
z O número 11 pertence ao conjunto P, ou simboli- A notação (mais rigorosa e carregada de símbolos)
camente, 11 ∈ P; utilizada neste contexto é a seguinte: A ⊂ B ⟺ (∀x)(x ∈
z O Haiti não pertence ao conjunto N, ou simbolica- A ⇒ x ∈ B) (lê-se: A está contido em B, se, e somente se,
mente, Haiti ∉ N. qualquer que seja x, x pertence a A, então x pertence a B). 19
Por diagramas, poderíamos representar esta situa- z Todo conjunto está contido em si mesmo! Repre-
ção da seguinte maneira: sentamos essa situação da seguinte maneira: A ⊂
A. esta propriedade tem lugar de destaque no con-
B texto da Teoria de Conjuntos e é extremamente útil
no que se refere à simplificação de demonstrações
de Teoremas. Ela também recebe o nome de Pro-
priedade Reflexiva.
A CONJUNTO UNIVERSO

Um determinado conjunto recebe o nome de Conjun-


to Universo quando a ele pertencem todos os elementos.
Como exemplo de conjunto universo, considere
a seguinte situação: se fôssemos escolher um aluno
qualquer do 1º ano B do Ensino Médio de uma Esco-
la que apresentasse uma determinada característica
Figura 2. Subconjunto A do conjunto B (como por exemplo o uso de óculos de grau), nosso
Conjunto Universo poderia ser representado pela Tur-
Perceba que todo elemento pertencente ao conjun- ma ao qual o aluno pertence (no caso o 1º ano B), ou
to A (no interior da região verde), automaticamente, ainda a Escola em que ele estuda.
pertence também a B. Perceba que, nesse caso, dá para escolher mais
É desta maneira que representamos por Diagramas de um conjunto Universo, isto é, você poderá esco-
a relação de inclusão: A ⊂ B. Concluímos que A é sub- lher o Conjunto Universo ao qual pertencem todos
conjunto de B. os elementos que são de seu interesse e, dentre eles,
Diferentemente do que acontece quando relaciona- selecionar aqueles que apresentam a característica
mos elementos com conjuntos –situação na qual vigoram procurada (ou de interesse).
as relações de pertinência, ou seja, somente utilizamos ∈
(pertence) ou ∉ (não pertence)–, quando tratamos da rela- CONJUNTO VAZIO 
ção entre conjuntos, utilizamos os símbolos a seguir:
Um determinado conjunto recebe o nome de Con-
z ⊂ (está contido) ou; junto Vazio quando ele não apresentar elemento (ou
z ⊄ (não está contido) ou; objeto) algum. A notação utilizada para representar
z ⊃ (contém) ou; um Conjunto Vazio é: {} ou ∅
z ⊅ (não contém).

Dá-se o nome de Subconjunto Impróprio de B à Importante!


seguinte situação:
É muito comum as pessoas representarem o
A=B Conjunto Vazio da seguinte maneira: {∅}
Na verdade, o que se tem aí é um conjunto que
possui um único elemento que é o conjunto vazio.
Complicado?
O importante é não cometer esse erro de forma
alguma: utilize {} ou ∅ e nunca as duas represen-
tações ao mesmo tempo!

São exemplos de Conjuntos Vazios:

z Conjunto dos meses que apresentam 32 dias;


z Países que fazem parte da América do Norte e que
Figura 3. Subconjunto Impróprio de B começam com a letra W;
z Número primo irracional;
A notação (mais rigorosa e carregada de símbolos) z Seleção de Futebol que tenha conquistado 10 Copas
utilizada neste contexto é a seguinte: A = B ⟺ (A ⊂ B do Mundo.
e B ⊂ A) (lê-se: A é igual a B, se, e somente se, A está
contido em B e B está contido em A).
CONJUNTO DOS NÚMEROS NATURAIS
Duas propriedades são bastante importantes e
impactam diretamente na compreensão de outros
conteúdos que dependem de Teoria de Conjuntos: Os números construídos com os algarismos de 0 a
9 são chamados de naturais. O símbolo desse conjun-
z O conjunto vazio está contido em qualquer con- to é a letra N, e podemos escrever os seus elementos
junto! Representamos tal situação da seguinte entre chaves:
maneira: Ø ⊂ A. Essa propriedade é de extrema rele-
vância para a simplificação de demonstrações de N = {0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13, 14, 15, 16, 17, …}
Teoremas. Sem ela, diversas situações envolvendo
conjuntos teriam suas “comprovações” apresentadas Os três pontos “as reticências” indicam que este
20 de uma maneira muito mais extenuante (cansativa)! conjunto tem infinitos números naturais.
O zero não é um número natural propriamente naturais. Logo, podemos representar através de dia-
dito, pois não é um número de “contagem natural”. gramas e afirmar que o conjunto de números naturais
Por isso, utiliza-se o símbolo N* para designar os está contido no conjunto de números inteiros ou ain-
números naturais positivos, isto é, excluindo o zero. da que N é um subconjunto de Z. Observe:
Vejam: N* = {1, 2, 3, 4, 5, 6, 7…}
O símbolo do conjunto dos números naturais é a
letra N e podemos ter ainda, o símbolo N*, que repre-
senta os números naturais positivos, isto é, excluin-
do o zero.

Conceitos básicos relacionados aos números naturais: Z N

z Sucessor: é o próximo número natural.

Exemplo: o sucessor de 4 é 5, e o sucessor de 51 é


52. E o sucessor do número “n” é o número “n+1”.

z Antecessor: é o número natural anterior. Podemos destacar alguns subconjuntos de núme-


ros. Veja:
Exemplo: o antecessor de 8 é 7, e o antecessor de 77
é 76. E o antecessor do número “n” é o número “n-1”. z Números Inteiros não negativos = {4,5,6...}. Veja
que são os números naturais.
z Números consecutivos: são números em sequência.
z Números Inteiros não positivos = {… -3, -2, -1, 0}.
Veja que o zero também faz parte deste conjunto,
Exemplo: 5, 6, 7 são números consecutivos, porém
pois ele não é positivo nem negativo.
10, 9, 11 não são. Assim, (n-1, n e n+1) são números
z Números inteiros negativos = {… -3, -2, -1}. O zero
consecutivos.
não faz parte.
z Números naturais pares: é aquele que, ao ser divi- z Números inteiros positivos = {5, 6, 7...}. Novamen-
dido por 2, não deixa resto. Por isso o zero também te, o zero não faz parte.
é par. Logo, todos os números que terminam em 0,
2, 4, 6 ou 8 são pares. Operações com Números Inteiros
z Números naturais ímpares: ao serem divididos por
2, deixam resto 1. Todos os números que terminam Há quatro operações básicas que podemos efetuar
em 1, 3, 5, 7 ou 9 são ímpares.A soma ou subtração com estes números são: adição, subtração, multiplica-
de dois números pares tem resultado par. ção e divisão.

Ex.: 12 + 8 = 20; 12 – 8 = 4. z Adição: é dada pela soma de dois números. Ou


seja, a adição de 20 e 5 é: 20 + 5 = 25
A soma ou subtração de dois números ímpares tem
resultado par. Veja mais alguns exemplos:
Ex.: 13 + 7 = 20; 13 – 7 = 6. Adição de 15 e 3: 15 + 3 = 18
Adição de 55 e 30: 55 + 30 = 85
A soma ou subtração de um número par com outro
ímpar tem resultado ímpar. Principais Propriedades da Operação de Adição:
Ex.: 14 + 5 = 19; 14 – 5 = 9.
z Propriedade comutativa: a ordem dos números
A multiplicação de números pares tem resultado não altera a soma.
par.
Ex.: 8 x 6 = 48.
Ex.: 115 + 35 é igual a 35 + 115.
A multiplicação de números ímpares tem resulta-
z Propriedade associativa: quando é feita a adição
do ímpar:
de 3 ou mais números, podemos somar 2 deles,
Ex.: 3 x 7 = 21.
primeiramente, e a depois somar o outro, em qual-
quer ordem, que vamos obter o mesmo resultado.
A multiplicação de um número par por um núme-
ro ímpar tem resultado par:
Ex.: 4 x 5 = 20. Ex.: 2 + 3 + 5 = (2 + 3) + 5 = 2 + (3 + 5) = 10
MATEMÁTICA

CONJUNTO DOS NÚMEROS INTEIROS z Elemento neutro: o zero é o elemento neutro da


adição, pois qualquer número somado a zero é
Os números inteiros são os números naturais e igual a ele mesmo.
seus respectivos opostos (negativos). Veja:
Z = {..., -7, -6, -5, -4, -3, -2, -1, 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, ...} Ex.: 27 + 0 = 27; 55 + 0 = 55.
O símbolo desse conjunto é a letra Z. Uma coisa
importante é saber que todos os números naturais z Propriedade do fechamento: a soma de dois núme-
são inteiros, mas nem todos os números inteiros são ros inteiros sempre gera outro número inteiro. 21
Ex.: a soma dos números inteiros 8 e 2 gera o z Propriedade comutativa: A x B é igual a B x A, ou
número inteiro 10 (8 + 2 = 10). seja, a ordem não altera o resultado.

� Subtração: subtrair dois números é o mesmo que Ex.: 8 x 5 = 5 x 8 = 40.


diminuir, de um deles, o valor do outro. Ou seja,
subtrair 7 de 20 significa retirar 7 de 20, restando
z Propriedade associativa: (A x B) x C é igual a (C x B)
13: 20 – 7 = 13.
x A, que é igual a (A x C) x B.
Veja mais alguns exemplos:
Subtrair 5 de 16: 16 -5 = 11 Ex.: (3 x 4) x 2 = 3 x (4 x 2) = (3 x 2) x 4 = 24.
30 subtraído de 10: 30 – 10 = 20
z Elemento neutro: a unidade (1) é o elemento neu-
As Principais Propriedades da Operação de tro da multiplicação, pois ao multiplicar 1 por
Subtração: qualquer número, este número permanecerá
inalterado.
z Propriedade comutativa: como a ordem dos núme-
ros altera o resultado, a subtração de números não
possui a propriedade comutativa. Ex.: 15 x 1 = 15.

Ex.: 250 – 120 = 130 e 120 – 250 = -130. z Propriedade do fechamento: a multiplicação de
números inteiros sempre gera um número inteiro.
z Propriedade associativa: não há essa propriedade
na subtração. Ex.: 9 x 5 = 45
z Elemento neutro: o zero é o elemento neutro da
subtração, pois, ao subtrair zero de qualquer z Propriedade distributiva: essa propriedade é
número, este número permanecerá inalterado.
exclusiva da multiplicação. Veja como fica: Ax(B+C)
Ex.: 13 – 0 = 13. = (AxB) + (AxC)

z Propriedade do fechamento: a subtração de dois Ex.: 3x(5+7) = 3x(12) = 36


números inteiros sempre gera outro número Usando a propriedade:
inteiro. 3x(5+7) = 3x5 + 3x7 = 15+21 = 36

Ex.: 33 – 10 = 23. z Divisão: quando dividimos A por B, queremos


repartir a quantidade A em partes de mesmo
Multiplicação: a multiplicação funciona como se
fosse uma repetição de adições. Veja: valor, sendo um total de B partes.

A multiplicação 20 x 3 é igual à soma do número 20 Ex.: Ao dividirmos 50 por 10, queremos dividir 50
três vezes (20 + 20 + 20), ou à soma do número 3 vinte em 10 partes de mesmo valor. Ou seja, nesse caso tere-
vezes (3 + 3 + 3 + ... + 3). mos 10 partes de 5 unidades, pois se multiplicarmos 10
Algo que é muito importante e você deve lembrar x 5 = 50. Ou ainda podemos somar 5 unidades 10 vezes
sempre, são as regras de sinais na multiplicação de consecutivas, ou seja, 5+5+5+5+5+5+5+5+5+5=50.
números.
Algo que é muito importante e você deve lembrar
sempre, são as regras de sinais na divisão de números.
SINAIS NA MULTIPLICAÇÃO

Operações Resultados SINAIS NA DIVISÃO


+ + + Operações Resultados
- - + + + +
+ - - - - +
- + - + - -

- + -
Dica
� A multiplicação de números de mesmo sinal
Dica
tem resultado positivo.
Ex.: 51 × 2 = 102; (-33) × (-3) = 99 � A divisão de números de mesmo sinal tem
� A multiplicação de números de sinais diferen- resultado positivo.
tes tem resultado negativo.
Ex.: 60 ÷ 3 = 20; (-45) ÷ (-15) = 3
Ex.: 25 × (-4) = -100; (-15) × 5 = -75
� A divisão de números de sinais diferentes tem
As principais propriedades da operação de resultado negativo.
22 multiplicação. Ex.: 25 ÷ (-5) = -5; (-120) ÷ 5 = -24
Esquematizando: INTERSEÇÃO DE CONJUNTOS

Dividendo Dados dois conjuntos A e B, chama-se Interseção


Divisor de A e B o conjunto formado pelos elementos que per-
tencem a A e a B (conjunção lógica).
30 5
A notação (mais rigorosa e carregada de símbolos) uti-
0 6 lizada neste contexto é a seguinte: A ∩ B = {x / x ∈ A e x ∈
B} (lê-se: os elementos do conjunto A interseção com B são
Resto Quociente
representados por x, tal que x pertence a A e x pertence a B).
Por diagramas, poderíamos representar essa
Dividendo = Divisor × Quociente + Resto situação da seguinte maneira:
30 = 5 · 6 + 0
A B
As principais propriedades da operação de divisão.
Propriedade comutativa: a divisão não possui essa
propriedade.

z Propriedade associativa: a divisão não possui essa


propriedade.
z Elemento neutro: a unidade (1) é o elemento neu-
tro da divisão, pois ao dividir qualquer número
por 1, o resultado será o próprio número.

Ex.: 15 / 1 = 15.
Figura 8. Interseção dos conjuntos A e B
z Propriedade do fechamento: aqui chegamos em uma
diferença enorme dentro das operações de números Perceba que os elementos pertencentes ao conjun-
inteiros, pois a divisão não possui essa propriedade. to A ∩ B (A interseção com B) são aqueles que perten-
Uma vez que ao dividir números inteiros podemos cem a A e B simultaneamente.
obter resultados fracionários ou decimais. É dessa maneira que representamos por Diagra-
mas a relação de conjunção lógica A ∩ B.
Ex.: 2 / 10 = 0,2 (não pertence ao conjunto dos
números inteiros). Dica
Existe uma diferença entre Conjuntos Disjuntos
OPERAÇÕES: UNIÃO, INTERSEÇÃO, DIFERENÇA E (interseção vazia) e Conjuntos Intersecantes
COMPLEMENTAR  (interseção não vazia).
Anteriormente, por diagramas, representamos
União ou Reunião de Conjuntos dois conjuntos A e B Intersecantes. Veja na figu-
ra abaixo como devemos representar Conjuntos
Dados dois conjuntos A e B, chama-se União de A e Disjuntos.
B o conjunto formado pelos elementos que pertencem
a A ou a B (disjunção lógica). A B
A notação (mais rigorosa e carregada de símbolos)
utilizada neste contexto é a seguinte: A ∪ B = {x / x ∈ A
ou x ∈ B} (lê-se: os elementos do conjunto A união com
B são representados por x, tal que x pertence a A ou x
pertence a B).
Por diagramas, poderíamos representar esta
situação da seguinte maneira:

A B
Figura 9. Conjuntos A e B disjuntos

Apresentadas as operações de União e interseção


entre dois ou mais conjuntos (isso mesmo! É possível
expandir o que aprendemos nestes dois últimos tópicos
MATEMÁTICA

para 3 ou 4 conjuntos por exemplo) um princípio é de


extrema importância para não contabilizarmos a mais
a quantidade de elementos de um conjunto qualquer.
Trata-se do Princípio da Inclusão-Exclusão cuja nota-
ção (mais rigorosa e carregada de símbolos) é a seguinte:
n(A ∪ B) = n(A) + n(B) – n(A ∩ B) (lê-se: o número de ele-
mentos do conjunto A união com B é dado pelo número de
elementos de A, somado com o número de elementos de
Figura 7. União dos conjuntos A e B B, menos o número de elementos de A interseção com B). 23
Observe as seguintes passagens para constatar a Perceba que os elementos pertencentes ao conjun-
veracidade do Princípio: to A – B (A diferença com B) são aqueles que perten-
cem exclusivamente ao conjunto A.
A B Da mesma maneira podemos definir o conjunto
B – A (B diferença com A) são aqueles que pertencem
exclusivamente ao conjunto B (veja figura a seguir).

A B

A B

Figura 12. Conjunto B diferença com A

DIFERENÇA SIMÉTRICA DE CONJUNTOS

Dados dois conjuntos A e B, chama-se Diferença


Simétrica de A com B o conjunto formado pelos ele-
mentos que pertencem exclusivamente a A ou a B.
Figura 10. Interseção em relação ao Princípio da Inclusão-Exclusão A notação (mais rigorosa e carregada de símbo-
los) utilizada neste contexto é a seguinte: A Δ B = (A ∪
Observe que, ao representarmos na figura (à B) – (A ∩ B) = (A – B) ∪ (B – A) (lê-se: os elementos do
esquerda) o conjunto A, automaticamente a interse- conjunto A diferença simétrica com B são representa-
ção de A com B (A ∩ B) foi adicionada, pois ela está dos pela diferença entre o conjunto A união com B e A
contida em A ((A ∩ B) ⊂ A). O mesmo ocorre em rela- interseção com B, ou ainda, esse mesmo conjunto pode
ção ao conjunto B: automaticamente a interseção de ser representado pela união entre a diferença de A com
A com B (A ∩ B) foi adicionada (figura à direita), pois B e de B com A).
Por diagramas, poderíamos representar esta
ela está contida em B ((A ∩ B) ⊂ B). Portanto, temos
situação da seguinte maneira:
que eliminar a interseção uma vez (correspondente
ao termo n(A ∩ B) no Princípio da Inclusão-Exclusão),
para que a contagem não seja excedida. A B
DIFERENÇA DE CONJUNTOS

Dados dois conjuntos A e B, chama-se Diferença


entre A e B o conjunto formado pelos elementos de A
que não pertencem a B.
A notação (mais rigorosa e carregada de símbolos)
utilizada neste contexto é a seguinte: A – B = {x / x ∈
A e x ∉ B} (lê-se: os elementos do conjunto A diferença
com B são representados por x, tal que x pertence a A e
x não pertence a B).
Por diagramas, poderíamos representar esta
situação da seguinte maneira: Figura 13. Conjunto Diferença Simétrica de A com B

A B COMPLEMENTAR DE B EM RELAÇÃO A A

Dados dois conjuntos A e B, tais que B ⊂ A, cha-


ma-se Complementar de B em relação a A o conjunto
A – B, isto é, o conjunto dos elementos de A que não
pertencem a B.
A notação (mais rigorosa e carregada de símbo-
los) utilizada neste contexto é a seguinte: CBA = A – B
(lê-se: complementar de B em relação a A, equivale a A
diferença com B).
O complementar de B em relação a A também pode
c
ser representado por: B ou B .
Por diagramas, poderíamos representar esta
24 Figura 11. Conjunto A diferença com B situação da seguinte maneira:
A z Se P(k) é verdadeira, então P(k+1) é verdadeira:

1 + 3 + 5 + ... + 2k – 1 = k2
1 + 3 + 5 + ... + 2k – 1 + 2(k + 1) – 1 = (k + 1)2 = k2 +
2k + 1
B k2 + 2k + 2 – 1 = k2 + 2k + 1  k2 + 2k + 1 = (k + 1)2
Logo, é verdade que a soma dos n primeiros núme-
ros ímpares é um quadrado perfeito.

Fatoração e Número de Divisores

A fatoração serve para simplificar equações e


expressões algébricas. Veja as maneiras que podemos
Figura 14. Conjunto Complementar de B em relação a A fazer a fatoração.

Fatoração com Menor Número Primo


Importante!
c O nosso objetivo principal aqui é utilizar os meno-
O conjunto CBA = B = B só será diferente do con-
res números primos para simplificar até o máximo
junto vazio (Ø) se for respeitada a restrição de
possível o número em questão. Veja:
que B ⊂ A.
180 | 2
90 | 2
OPERAÇÕES FUNDAMENTAIS: NÚMEROS PRIMOS, 45 | 3
FATORAÇÃO E NÚMERO DE DIVISORES, MÁXIMO 15 | 3
DIVISOR COMUM E MÍNIMO MÚLTIPLO COMUM  5|5
1
NÚMEROS PRIMOS Forma fatorada do número 180 = 2×2×3×3×5.

São números divisíveis somente por 1 e por ele Fatoração por Fator Comum em Evidência
mesmo, distintamente.
Atenção: O número 1 não é primo. Nosso foco é observar qual o número que se repete
Alguns números primos mais utilizados: nos termos e colocá-lo em evidência. Veja:
2, 3, 5, 7, 11, 13, 17, 19, 23, 29, 31, ... 7x + 7y
Exemplo: o número 7 é divido apenas por 1 e por Podemos notar que o número 7 é comum nos dois
ele mesmo, ou seja, é um número primo. termos, portanto, podemos destacá-lo:
7x + 7y = 7 (x + y)
Agora veja esse outro exemplo:
Dica
14x + 28y = 7 (2x + 4y)
Um número primo tem apenas dois divisores Colocamos o 7 em evidência porque ele é divisor
(como dissemos, o 1 e ele mesmo). comum do 14 e 28 ao mesmo tempo.

INDUÇÃO FINITA MÁXIMO DIVISOR COMUM (MDC)

Esse Teorema é conhecido como o Princípio da O máximo divisor comum (MDC ou M.D.C.) corres-
Indução Finita (P.I.F.) Temos a seguinte relação: ponde ao maior número divisível entre dois ou mais
Seja P(n) uma propriedade descrita em termos de números inteiros.
números naturais n. Suponhamos que as afirmações Os divisores comuns de 12 e 18 são 1, 2, 3 e 6. Den-
abaixo estejam satisfeitas: tre estes, o número maior é o 6. Sendo assim, o núme-
ro 6 é o máximo divisor comum entre 12 e 18, ou seja,
z P(1) é válida. o MDC entre 12 e 18 é igual a 6.
z Se P(k) vale, então P(k+1) também vale.
MÍNIMO MÚLTIPLO COMUM
Nesse caso, então P(n) é válida para todo n ≥ 1.
Exemplo: Os múltiplos de um número X são aqueles núme-
Soma dos n primeiros números ímpares é igual a ros que podem ser obtidos multiplicando X por outro
MATEMÁTICA

um quadrado perfeito? número natural. Agora, observe os múltiplos dos


P(n)  1 + 3 + 5 + ... + 2n – 1 = n2, para qualquer n números 4 e 6:
pertencente ao conjunto dos números naturais intei- M(4) = 4, 8, 12, 16, 20, 24, 28, 32, 36, ...
ros positivos com exceção do zero. M(6) = 6, 12, 18, 24, 30, 36, 42, ...
Quais são os múltiplos iguais (comuns) entre os
z Vamos testar para P(1): números? São eles: 12, 24, 36. E qual o menor deles?
É o número 12. Sendo assim, o número 12 é o menor
N0 = 1 múltiplo comum entre 4 e 6, ou seja, o MMC entre 4 e
12 = 1 (verdade) 6 é igual a 12. 25
MÓDULO 
CONJUNTO DOS NÚMEROS 
O modulo em uma reta numérica nos indica a dis-
CONJUNTO DOS NÚMEROS NATURAIS tância do ponto de origem ( 0 ) ao número inteiro, esse
resultado é dado em valor absoluto.
O conjunto dos números naturais é representado Vamos utilizar a reta numérica abaixo como exemplo.
por N. Ele reúne os números que usamos para contar
(incluindo o zero) e é infinito.

CONJUNTO DOS NÚMEROS INTEIROS  (-) -2m -1m 0 1m 2m (+)


O conjunto dos números inteiros é representa-
do por Z. Ele reúne todos os elementos dos números O módulo de um número sempre será dado em um
naturais (N) e seus opostos. Assim, conclui-se que N é valor positivo e é representado pelo símbolo, | |.
um subconjunto de Z (N ⊂ Z). Para o valor de -2m, |-2m|= 2m
Para –1m, |-1m|= 1m
REPRESENTAÇÃO NA RETA NUMÉRICA  DOS Para o valor de 1m, |1m|= 1m
Em uma reta numérica se marca e ordena todos os
SIMÉTRICO E OPOSTO 
números do conjunto dos reais ℝ, para isso é neces-
sário seguir algumas regras. Essa deve ser construída
Números Opostos e Simétricos
sem que se repita nenhum número real e nem que se
represente na reta dois números reais positivos.
Em uma reta numérica, os números Simétricos (ou
z Como é construída uma reta numérica: opostos) estão a uma mesma distância da origem ou
ponto zero.
Em um primeiro momento é necessário escolher a Considere o número -3. O número oposto ou simétri-
origem que terá o valor zero. Em uma reta qualquer, co será o +3. Podemos fazer essa afirmação porque a dis-
tome um ponto e o marque como sendo o ponto 0. tância de –3 à origem é igual a distância de +3 à origem.
Para facilitar a visualização vamos fazer o estudo
de números opostos na reta a seguir.

-3 -2 -1 0 1 2 3
z Escolhendo o sentido:

Partindo da origem, ponto 0, escolhe-se o sentido Para o valor de 1 o seu oposto ou simétrico será o
positivo crescente na reta. –1, repare que a distância percorrida por ambos em
Supondo que se escolha o sentido da esquerda módulo partindo da origem é igual.
para direita, o que mais usual, os números a direita O mesmo caso para –2 que tem o 2 como seu opos-
do zero serão positivos e os a esquerda do zero serão to, já que a distância percorrida em modulo partindo
negativos, como o exemplo a baixo. da origem é a mesma.

REPRESENTAÇÃO FRACIONÁRIA E DECIMAL 

(-) 0 (+) Representação Fracionária e Decimal

Há 3 tipos de números no conjunto dos Números


Ou também podemos escolher o sentido como sen-
Racionais:
do da direita para a esquerda, como o exemplo a baixo:
z Frações:

8 3 7
(+) 0 (-) Ex.: 3 , 5 , 11 etc.

z Números decimais.
Agora basta escolher a unidade de medida e mar-
car os números inteiros na reta, no nosso exemplo
Ex.: 1,75
vamos utilizar a unidade em metros.
z Dízimas periódicas.

Ex.: 0,33333...
(-) -2m -1m 0 1m 2m (+)
OPERAÇÕES COM INTERVALOS REAIS 
Repare que o sentido escolhido foi da esquerda
para direita, portanto os números positivos estarão Dado dois números reais p e q, denomina-se inter-
à direita do zero, e os números negativos estarão à valo a todo conjunto de números reais que estiverem
26 esquerda da origem. entre p e q.
Os números p e q compreendem os limites do OPERAÇÕES FUNDAMENTAIS
intervalo.
Intervalo fechado: Quando o intervalo inclui p e Há quatro operações básicas que podemos efetuar
q o intervalo sera fechado, caso contrario o intervalo com estes números são: adição, subtração, multiplica-
sera aberto. ção e divisão.
tipos de operação:
z Adição: é dada pela soma de dois números. Ou
Considerando o intervalo A B representado na
seja, a adição de 20 e 5 é: 20 + 5 = 25
figura a baixo:
Veja mais alguns exemplos:
a) Adição de 15 e 3: 15 + 3 = 18
Adição de 55 e 30: 55 + 30 = 85
-4 -2 0 2 4 Principais propriedades da operação de adição:

b) z Propriedade comutativa: a ordem dos números


não altera a soma.

2 4 6 Ex.: 115 + 35 é igual a 35 + 115.


-1 7 z Propriedade associativa: quando é feita a adição
de 3 ou mais números, podemos somar 2 deles,
União: A união é o equivalente a junção de tudo primeiramente, e a depois somar o outro, em qual-
que há em A e o que há em B. Então o intervalo resul- quer ordem, que vamos obter o mesmo resultado.
tante entre A e B sera: ( -5, 7)
Ex.: 2 + 3 + 5 = (2 + 3) + 5 = 2 + (3 + 5) = 10
Interseção: A interseção é formada por todos os
elementos que fazem parte de A e B, nesse caso a z Elemento neutro: o zero é o elemento neutro da
interseção sera ( -1,4) adição, pois qualquer número somado a zero é
igual a ele mesmo.
Diferença: É bem intuitivo, suponhamos que
Ex.: 27 + 0 = 27; 55 + 0 = 55.
queremos fazer a diferença de A-B, nesse caso nos
queremos todos elementos que estão em A menos os z Propriedade do fechamento: a soma de dois núme-
elementos que estão em B. Portanto o intervalo resul- ros inteiros sempre gera outro número inteiro.
tate da diferença sera (-5,-1)
Ex.: a soma dos números inteiros 8 e 2 gera o
CONJUNTO DOS NÚMEROS RACIONAIS número inteiro 10 (8 + 2 = 10).

São aqueles que podem ser escritos na forma da � Subtração: subtrair dois números é o mesmo que
divisão (fração) de dois números inteiros. Ou seja, diminuir, de um deles, o valor do outro. Ou seja,
escritos na forma A/B (A dividido por B), onde A e B subtrair 7 de 20 significa retirar 7 de 20, restando
são números inteiros. 13: 20 – 7 = 13.
Exemplos: 7/4 e -15/9 são racionais. Veja, também,
Veja mais alguns exemplos:
que os números 87, 321 e 1221 são racionais, pois são
Subtrair 5 de 16: 16 -5 = 11
divididos pelo número 1. 30 subtraído de 10: 30 – 10 = 20

Dica As principais propriedades da operação de


subtração:
Qualquer número natural é também inteiro e todo
número inteiro é também racional. z Propriedade comutativa: como a ordem dos núme-
ros altera o resultado, a subtração de números não
O símbolo desse conjunto é a letra Q e podemos possui a propriedade comutativa.
representar por meio de diagramas a relação entre os
conjuntos naturais, inteiros e racionais, veja: Ex.: 250 – 120 = 130 e 120 – 250 = -130.

z Propriedade associativa: não há essa propriedade


Q
na subtração.
z Elemento neutro: o zero é o elemento neutro da
subtração, pois, ao subtrair zero de qualquer
MATEMÁTICA

número, este número permanecerá inalterado.

Z N Ex.: 13 – 0 = 13.

z Propriedade do fechamento: a subtração de dois


números inteiros sempre gera outro número
inteiro.

Ex.: 33 – 10 = 23. 27
Multiplicação: a multiplicação funciona como se Ex.: Ao dividirmos 50 por 10, queremos dividir 50
fosse uma repetição de adições. Veja:
em 10 partes de mesmo valor. Ou seja, nesse caso tere-
A multiplicação 20 x 3 é igual à soma do número 20 mos 10 partes de 5 unidades, pois se multiplicarmos 10
três vezes (20 + 20 + 20), ou à soma do número 3 vinte x 5 = 50. Ou ainda podemos somar 5 unidades 10 vezes
vezes (3 + 3 + 3 + ... + 3).
consecutivas, ou seja, 5+5+5+5+5+5+5+5+5+5=50.
Algo que é muito importante e você deve lembrar sem-
pre, são as regras de sinais na multiplicação de números. Algo que é muito importante e você deve lembrar
sempre, são as regras de sinais na divisão de números.
SINAIS NA MULTIPLICAÇÃO

Operações Resultados SINAIS NA DIVISÃO

+ + + Operações Resultados

- - + + + +

+ - - - - +

- + - + - -

- + -

Se liga!
z A multiplicação de números de mesmo sinal tem
� A multiplicação de números de mesmo sinal resultado positivo.
tem resultado positivo. Ex.: 60 ÷ 3 = 20; (-45) ÷ (-15) = 3
Ex.: 51 × 2 = 102; (-33) × (-3) = 99
� A multiplicação de números de sinais diferen-
z A multiplicação de números de sinais diferentes
tes tem resultado negativo.
Ex.: 25 × (-4) = -100; (-15) × 5 = -75 tem resultado negativo.
Ex.: 25 ÷ (-5) = -5; (-120) ÷ 5 = -24

As principais propriedades da operação de


Esquematizando:
multiplicação.

z Propriedade comutativa: A x B é igual a B x A, ou Dividendo


Divisor
seja, a ordem não altera o resultado.
30 5
Ex.: 8 x 5 = 5 x 8 = 40. 0 6

z Propriedade associativa: (A x B) x C é igual a (C x B) Resto Quociente


x A, que é igual a (A x C) x B.
Dividendo = Divisor × Quociente + Resto
Ex.: (3 x 4) x 2 = 3 x (4 x 2) = (3 x 2) x 4 = 24. 30 = 5 · 6 + 0

z Elemento neutro: a unidade (1) é o elemento neu-


tro da multiplicação, pois ao multiplicar 1 por As principais propriedades da operação de divisão.
qualquer número, este número permanecerá Propriedade comutativa: a divisão não possui essa
inalterado. propriedade.

Ex.: 15 x 1 = 15.
z Propriedade associativa: a divisão não possui essa
z Propriedade do fechamento: a multiplicação de propriedade.
números inteiros sempre gera um número inteiro. z Elemento neutro: a unidade (1) é o elemento neu-
tro da divisão, pois ao dividir qualquer número
Ex.: 9 x 5 = 45 por 1, o resultado será o próprio número.
z Propriedade distributiva: essa propriedade é
exclusiva da multiplicação. Veja como fica: Ax(B+C) Ex.: 15 / 1 = 15.
= (AxB) + (AxC)
z Propriedade do fechamento: aqui chegamos em uma
Ex.: 3x(5+7) = 3x(12) = 36 diferença enorme dentro das operações de números
Usando a propriedade: inteiros, pois a divisão não possui essa propriedade.
3x(5+7) = 3x5 + 3x7 = 15+21 = 36
Uma vez que ao dividir números inteiros podemos
z Divisão: quando dividimos A por B, queremos obter resultados fracionários ou decimais.
repartir a quantidade A em partes de mesmo
valor, sendo um total de B partes. Ex.: 2 / 10 = 0,2 (não pertence ao conjunto dos
28 números inteiros).
RAZÕES E PROPORÇÕES: GRANDEZAS Primeiro, devemos montar a proporção. Sejam C
DIRETAMENTE E INDIRETAMENTE a quantia que Carlos vai receber e D a quantia que
PROPORCIONAIS Diego vai receber, temos:

Razões e Proporções C
=
D
3 2
A razão entre duas grandezas é igual a divisão
entre elas, veja: Utilizando a propriedade das somas externas:

2 C D C+D
=
5 3 2 = 3+2

Ou podemos representar por 2 ÷ 5 (Lê-se 2 está para 5). Perceba que C + D = 10.000 (as partes somadas),
então podemos substituir na proporção:
Já a proporção é a igualdade entre razões, veja:
C D C+D 10.000
= = = = 2.000
3 2 3+2 5
2 4
=
3 6
Aqui cabe uma observação importante!
Esse valor 2.000, que chamamos de “Constante de
Ou podemos representar por 2 ÷ 3 = 4 ÷ 6 (Lê-se 2
Proporcionalidade”, é que nos mostra o valor real das
está para 3 assim como 4 está para 6). partes dentro da proporção. Veja:
Os problemas mais comuns que envolvem razão e
proporção é quando se aplica uma variável qualquer C
= 2.000
dentro da proporcionalidade e se deseja saber o valor 3
dela. Veja o exemplo:
C = 2000 x 3
C = 6.000 (esse é o valor de Carlos)
2 x
= ou 2 ÷ 3 = x ÷ 6 D
3 6 = 2.000
2
Para resolvermos esse tipo de problema devemos D = 2.000 x 2
usar a Propriedade Fundamental da razão e propor- D = 4.000 (esse é o valor de Diego)
ção: produto dos meios pelos extremos.
Meio: 3 e x Assim, Carlos vai receber R$6.000 e Diego vai rece-
Extremos: 2 e 6 ber R$4.000.
Logo, devemos fazer a multiplicação entre eles
numa igualdade. Observe: z Somas Internas

a c a+b c+d
3·X=2.6 = = =
b d b d
3X = 12
X = 12/3
É possível, ainda, trocar o numerador pelo deno-
X=4 minador ao efetuar essa soma interna, desde que
o mesmo procedimento seja feito do outro lado da
Lembre-se de que a maioria dos problemas envol- proporção.
vendo esse tema são resolvidos utilizando essa proprie-
dade fundamental. Porém, algumas questões acabam a c a+b c+d
= = =
sendo um pouco mais complexas e pode ser útil conhe- b d a c
cer algumas propriedades para facilitar. Vamos a elas.
Vejamos um exemplo:
Propriedade das Proporções
x 2
=
z Somas Externas -
14 x 5

a c a+c x + 14 - x 2+5
= = =
b d b+d x 2
MATEMÁTICA

14 7
Vamos entender um pouco melhor resolvendo um =
x 2
questão-exemplo:
Suponha que uma fábrica vai distribuir um prê-
7 . x = 2 · 14
mio de R$10.000 para seus dois empregados (Carlos
e Diego). Esse prêmio vai ser dividido de forma pro- 14 · 2
x= =4
porcional ao tempo de serviço deles na fábrica. Carlos 7
está há 3 anos na fábrica e Diego está há 2 anos na
fábrica. Quanto cada um vai receber? Portanto, encontramos que x = 4. 29
Agora vamos estudar um tipo de problema que
Se liga! aparece frequentemente em provas de concursos
Vale lembrar que essa propriedade também ser- envolvendo razão e proporção.
ve para subtrações internas.
Regra da Sociedade Diretamente Proporcional

z Soma com Produto por Escalar: Um dos tópicos mais comuns em questões de prova
é “dividir uma determinada quantia em partes propor-
a c a + 2b c + 2d cionais a determinados números. Vejamos um exemplo
= = =
b d b d para entendermos melhor como esse assunto é cobrado:
Exemplo:
Vejamos um exemplo para melhor entendimento: A quantia de 900 mil reais deve ser dividida em
Uma empresa vai dividir o prêmio de R$13.000 partes proporcionais aos números 4, 5 e 6. A menor
proporcionalmente ao número de anos trabalhados. dessas partes corresponde a:
São dois funcionários que trabalham há 2 anos na Primeiro vamos chamar de X, Y e Z as partes pro-
empresa e três funcionários que trabalham há 3 anos. porcionais, respectivamente a 4, 5 e 6. Sendo assim, X
Seja A o prêmio dos funcionários com 2 anos e B o é proporcional a 4, Y é proporcional a 5 e Z é propor-
prêmio dos funcionários com 3 anos de empresa, temos: cional a 6, ou seja, podemos representar na forma de
A B razão. Veja:
=
2 3
X Y Z
= = = constante de proporcionalidade.
Porém, como são 2 funcionários na categoria A e 3 4 5 6
funcionários na categoria B, podemos escrever que a
soma total dos prêmios é igual a R$13.000. Usando uma das propriedades da proporção, somas
externas, temos:
2A + 3B = 13.000
X+Y+Z 900.000
= 60.000
Agora multiplicando em cima e embaixo de um 4+5+6 15
lado por 2 e do outro lado por 3, temos:
A menor dessas partes é aquela que é proporcional
2A 3B a 4, logo:
=
4 9
X
= 60.000
4
Aplicando a propriedade das somas externas,
podemos escrever o seguinte: X = 60.000 x 4
X = 240.000
2A 3B 2A + 3B
= =
4 9 4+9 Inversamente Proporcional

Substituindo o valor da equação 2A + 3B na pro- É um tipo de questão menos recorrente, mas não
porção, temos: menos importante. Consiste em distribuir uma quan-
tia X a três pessoas, de modo que cada uma receba um
2A 3B 2A + 3B 13.000 quinhão inversamente proporcional a três números.
= = = = 1.000 Vejamos um exemplo:
4 9 4+9 13
Exemplo:
Logo, Suponha que queiramos dividir 740 mil em partes
inversamente proporcionais a 4, 5 e 6.
2A Vamos chamar de X as quantias que devem ser dis-
= 1.000 tribuídas inversamente proporcionais a 4, 5 e 6, res-
4
pectivamente. Devemos somar as razões e igualar ao
2A = 4 x 1.000 total que dever ser distribuído para facilitar o nosso
2A = 4.000 cálculo, veja:
A = 2.000
Fazendo a mesma resolução em B: X X X
+ + = 740.000
3B 4 5 6
= 1.000
9
Agora vamos precisar tirar o M.M.C (mínimo múl-
3B = 9 x 1.000 tiplo comum) entre os denominadores para resolver-
3B = 9.000 mos a fração.
B = 3.000
Sendo assim, os funcionários com 2 anos de casa 4–5–6|2
receberão R$2.000 de bônus. Já os funcionários com 3 2–5–3|2
anos de casa receberão R$3.000 de bônus. 1–5–3|3
O total pago pela empresa será: 1–5–1|5
30 Total = 2.2000 + 3.3000 = 4000 + 9000 = 13000 1 – 1 – 1 | 2 x 2 x 3 x 5 = 60
Assim, dividindo o M. M. C. pelo denominador e Definição: Uma relação 𝑓 de um conjunto A em um
multiplicando o resultado pelo numerador temos: conjunto B, ou uma função 𝑓 de A em B, que é denota-
do por 𝑓: A → B, e apresenta a seguinte propriedade: ⩝x
15x 12x 10x ϵ A, existe um único y ϵ B tal que (x, y) ϵ 𝑓.
+ +
60 60 60 = 740.000 Na figura abaixo, observa-se que as relações 𝑓 e g
não são funções, pois para 𝑓 nem todo elemento de A
37x tem um respectivo em B. Já para a relação g, não se
= 740.000
60 tem todo elemento de A com um único respectivo em
B. A relação h: esta sim é uma função, visto que para
X = 1.200.000 todo elemento de A existe um único respectivo em B,

Agora basta substituir o valor de X nas razões para A f B


achar cada parte da divisão inversa.

x 1.200.000
= 300.000
4 = 4
x 1.200.000
= 240.000
5 = 5
x 1.200.000
= 200.000 A g
6 = 6 B

Logo, as partes dividas inversamente proporcio-


nais aos números 4, 5 e 6 são, respectivamente 300K,
240K e 200K.

FUNÇÕES 
A H B
CONCEITO DE RELAÇÃO E CONCEITO DE FUNÇÃO

A idéia de função é uma das mais importantes


em toda a matemática. Essa teoria aparece em mui-
tos momentos do nosso cotidiano e seu uso pode ser
encontrado em diversos assuntos, como por exemplo,
qual seria o preço a ser pago numa conta de luz que
depende da quantidade de energia consumida? Ou será Geralmente existe uma expressão y = 𝑓 (x) que
que a temperatura influencia o aumento de vendas de expressa todos os elementos da relação, assim, para
sorvete? E assim, o seu estudo se torna apropriado para representar uma função 𝑓, de A em B, segundo uma
que sua aplicação ajude na resolução de problemas. lei de formação, tem-se:
Toda vez que temos dois conjuntos e algum tipo de
associação entre eles, que faça corresponder a todo 𝑓 = {(x, y) | x ϵ A, y ϵ B e y = 𝑓 (x)} ou
elemento do primeiro conjunto um único elemento do 𝑓: A → B
segundo, ocorre uma função, ou dizemos, que um está x ↦ 𝑓(x)
em função do outro. Podemos representar uma função
de duas maneiras, tabela ou fórmula. Abaixo segue Por exemplo, a função 𝑓, que associa a cada núme-
uma tabela que relaciona dois conjuntos, distância per- ro real x ao número 2x é expressa da seguinte forma:
corrida e valor pago em uma corrida de taxi:
𝑓 = {(x, y) | x ϵ A, y ϵ B e y = 2x} ou
DISTÂNCIA PERCORRIDA 𝑓: A → B
10 15 20 25
(KM) x ↦ 2x
VALOR PAGO (R$) 25 35 45 55 DOMÍNIO, CONTRADOMÍNIO E IMAGEM DE UMA
FUNÇÃO
Para toda distância percorrida nesta tabela, existe
um único correspondente de valor pago por corrida. O domínio (D) de uma função é sempre o próprio
Um matemático diria que o valor pago na corrida de conjunto de partida, ou seja, é formado por todos os
taxi está em função da distância percorrida. Se cha- possíveis elementos do conjunto A (D=A) e nos gráficos
MATEMÁTICA

marmos D de distância e VP de valor pago, pode-se são os valores que a abscissa (eixo x) pode assumir. O
escrever então a fórmula que represente essa função: contra domínio (CD=B) é o conjunto de chegada, for-
VP = 2D + 5, onde as duas letras na fórmula são as mado por todos os elementos do conjunto B e são for-
variáveis, tendo VP variando de acordo com a varia- mados por todos os valores que as ordenadas (eixo y)
ção de D, isto é, VP está em função de D. A fórmula da podem assumir. A imagem (Im) é formada por todos os
função permite escrever a sua correspondente Tabe- elementos do contra domínio que se relacionam com
la, bastando substituir os valores D e obter seus res- algum elemento do domínio. Assim, quando todo ele-
pectivos VP. Podemos dizer ainda, que o valor fixo na mento x ϵ A está associado a um elemento y ϵ B, dize-
fórmula (cinco) seria o valor da bandeira. mos que y é a imagem de x, e denotamos por y = 𝑓(x). 31
Seja uma função 𝑓: ℕ → ℕ, ou seja, com domínio e
contra domínio nos naturais, definida por y = 𝑓(x) = x + -2 12
2. Seu conjunto imagem é formado por meio da subs-
-1 3
tituição dos valores de x = {0, 1, 2, 3, 4, ...}, pertencente
aos ℕ, em y = 𝑓(x), então para x = 1 → y = 𝑓(1) = 1 + 2 = 3, 1 27
e assim sucessivamente, de modo geral, a Im( 𝑓) = x + 2. 3
B

Importante! A

Se tivermos um elemento do conjunto de parti- c) Diagrama para funções bijetoras


da (A) do qual não tem seu respectivo valor em
relação ao conjunto (B), então essa relação não
é função.
1 -1
4 2
O domínio é um subconjunto dos ℝ no qual todas 7 5
as operações indicadas em y = 𝑓(x) são possíveis. Para 9 7
a função abaixo qual seria seu domínio? 11 9

B
√x – 2 A
𝑓(x) =
√3 – x As funções Sobrejetoras são funções nas quais
o seu conjunto imagem (Im) é igual ao contra domí-
Assim, o domínio são todos valores possíveis para x nio (CD), isto é, Im=CD=B (Figura 5b). Em funções que
tal que y = 𝑓(x) exista nos reais. Tem-se duas restrições na aconteçam as duas situações ao mesmo tempo, ou
função, a primeira que não existe raiz quadrada negativa
seja, a função é Injetora e Sobrejetora, então dizemos
e que o denominador não seja nulo. Para isso faremos:
x – 2 ≥ 0 → x ≥ 2 e 3 – x > 0 → x < 3, note que a que ela é uma função Bijetora (Figura 5c).
desigualdade do denominador exclui o zero. Assim, a
intersecção dessas duas condições é 2 ≤ x < 3. Logo, o FUNÇÕES PARES E ÍMPARES
domínio é D = {x ϵ R| 2 ≤ x < 3}.
Uma função é dita par se, e somente se, 𝑓(x) =
B⇒CD(f) 𝑓(–x), para todo x ∊ D, ou seja, valores simétricos de x
devem ter a mesma imagem em y. Por outro lado, se a
A⇒D(f)
função for definida por 𝑓(–x) = – 𝑓(x), então dizemos a
função é ímpar. Seja 𝑓:A→B, os diagramas para fun-
a d ções par e ímpar seguem na Figura 6.
g
a) Diagramas para funções pares
b e
h
c f
-2
-1 1

Im(f) 0 2
1 5
2
FUNÇÕES: INJETORAS, SOBREJETORA, BIJETORA
B
As funções Injetoras são funções tais que os distin- A
tos elementos do domínio se relacionam com distintos
elementos da imagem, ou seja, dois elementos do domí-
b) Funções Pares e Ímpares
nio não podem ter a mesma imagem (Figura 5a). Uma
função 𝑓: ℝ → ℝ dada por 𝑓(x) = 4x é injetora, visto que
para x1 ≠ x2tem-se 4x1 ≠ 4x2, logo, 𝑓 (x1) ≠ 𝑓 (x2).
a) Diagrama para funções injetoras
-2 -10
-1 -5
0 0
2 0
3 2 1 5
5 4 2 10
6
A 8 A B
10
32 B Diagramas para funções par (a) e ímpar (b).
Funções de x (𝑓(x) = xn), definidas em 𝑓 : ℝ → ℝ, paralela ao eixo das abcissas (eixo x) passando pelo
com potências pares são funções pares e com potên- ponto (x, y) = (0, c), figura a seguir, assim o conjunto
cias ímpares são funções ímpares, por exemplo, 𝑓(x) Imagem (Im) de 𝑓 é Im = {c}.
= x2 ou 𝑓(x) = x4 são pares e 𝑓(x) = x3 ou 𝑓(x) = x5 são
ímpares, visto que, 𝑓(x) = x2 = (–x)2 = 𝑓(–x) e 𝑓(–x) = (–x)3
= –x3 = –𝑓(x).
Observando o gráfico de uma função par notamos
que ela é simétrica em relação ao eixo das ordenadas
(eixo y).
Já a função ímpar é simétrica em relação a origem
((x, y) = (0, 0))
Função constante 𝑓(x) = c.
FUNÇÕES PERIÓDICAS, E FUNÇÕES COMPOSTAS
Assim, temos exemplos de funções constantes
Funções periódicas a grosso modo são funções como mostra a figura a seguir.
especiais de fácil identificação visual ou gráfica, onde
se observa uma característica de repetição do decor-
rer da curva em intervalos subsequentes.
Uma função 𝑓 : ℝ → ℝ é dita periódica de tempo T,
se existe uma constante positiva T tal que 𝑓(x) = 𝑓(x +
T) para todo x ϵ ℝ. Assim, se 𝑓 é periódica de período
T, então, 𝑓 também é periódica de período nT, onde
n ϵ ℕ, 𝑓(x) = 𝑓(x + T) = 𝑓(x + 2T) = ... = 𝑓(x + nT). Por
exemplo, funções trigonométricas 𝑓(x) =sen(x) e g(x) =
cos(x), são funções periódicas de período T =2π.
y=4 y=–2
Para que uma função composta 𝑓 com g exista,
cada uma delas 𝑓 e g devem ser funções dentro do
domínio e contra domínio definido, ou seja, 𝑓: A → B
e g: B → C, então para todo x ϵ A temos um único y ϵ FUNÇÃO CRESCENTE 
B tal que y = 𝑓(x) e para todo y ϵ B tem-se um único z
ϵ C tal que z = 𝑓(y), logo, existe uma função h: A → C, Uma função 𝑓: A → B definida por y = 𝑓(x) é dita fun-
definida por h(x) = z. Pode-se ainda indicá-la como 𝑓οg ção crescente em um intervalo, se para dois valores
ou h(x) = 𝑓[g(x)]. quaisquer de x1 e x2, pertencentes ao intervalo, se x1 <
Assim, sejam as funções 𝑓(x) = x2 + 2 e g(x) = 3x. A
x2então 𝑓(x1) < 𝑓(x2). Ou seja, aumentando os valores de
composta de 𝑓οg é dada por 𝑓[g(x)] = 𝑓[3x] = (3x)2 + 2
x os valores de y também aumentam (Figura 9a).
= 9x2 +2.
Já a composta de gο𝑓 seria: g[𝑓 (x) ] = g[(x2 +2)] = Uma função y = 𝑓(x) = 3x é uma função crescente
3(x2 + 2) = 3x2 + 2. nos ℝ, visto que para qualquer x1 < x2 → 3x1 < 3x2 para
Podemos ainda, conhecendo a composta gο𝑓, vol- todo {x1, x2} ∊ ℝ.
tar para as funções individuais, 𝑓 e g. Supondo 𝑓(x) = Assim, temos o exemplo de função crescente como
2x e 𝑓[g(x)] = x + 3, qual será a função g(x)? mostra a figura a seguir:
Se 𝑓(x) = 2x então, 𝑓[g(x)] = 2g(x), como temos tam-
bém que 𝑓[g(x)] = x + 3, logo:

𝑓[g(x)] = 2g(x) = x + 3 → g(x) = x+3


2
FUNÇÃO DECRESCENTE 
ZEROS OU RAIZ DE UMA FUNÇÃO

Raiz, ou raízes de uma função, são também conhe- Uma função 𝑓: A → B definida por y = 𝑓(x) é dita
cidas como zero da função, ou seja, é quando o valor de função decrescente em um intervalo, se para dois
x tenha imagem, y em zero ou nula, isto é, y = 𝑓(x) = 0. valores quaisquer de x1 e x2, pertencentes ao interva-
Assim, para determinar a raiz da função y = 2x – 1, lo, se x1 < x2 então 𝑓(x1) > 𝑓(x2). Ou seja, aumentando
basta igualar tal função a zero e isolar o valor de x, logo: os valores de x os valores de y diminuem (Figura 9b).
Uma função y = 𝑓(x) = –3x é uma função decres-
1 cente nos ℝ, visto que para qualquer x1 < x2 → –3x1 >
y = 2x – 1 = 0 → 2x = 1 → x = –3x2 para todo {x1, x2} ∊ ℝ.
2
MATEMÁTICA

Assim, temos o exemplo de função decrescente


como mostra a figura a seguir:
É raiz da função y = 2x – 1

FUNÇÃO CONSTANTE 

Uma relação 𝑓: ℝ → ℝ recebe a denominação de


função constante quando a cada elemento de x ∊ ℝ
associa-se sempre o mesmo elemento c ∊ ℝ, ou seja,
y = 𝑓(x) = c. O gráfico da função constante é uma reta b) 33
{
FUNÇÃO DEFINIDA POR MAIS DE UMA SENTENÇA
y+1
𝑓(x) = y = 2x – 1 → 2x = y + 1 → x =
Funções definidas por mais de uma sentença 2
são funções em que cada subdomínio tem uma função
associada a ela e a união desses subdomínios forma Logo, se 𝑓 = {(x, y) ∊ A × B | y = 2x – 1}, então:
o domínio da função original 𝑓(x). Com isso, conse-
guimos construir o gráfico das funções 𝑓(x) em cada
subdomínio, Figura 10, dois exemplos de funções com
mais de uma sentença e diferentes subdomínios.
𝑓–1 = { (y, x) ∊ B × A | x =
y+1
2

{
O domínio da f é A que é a imagem de f –1, já o
–x + 1, se x < –2 domínio de f–1 é B que é a imagem da f.
a) 𝑓(x) = x2 – 1, se – 2 ≤ x ≤ 1 Na Figura 11, vemos os gráficos das funções 𝑓 e 𝑓 -1
acima, percebemos pela Figura 11c que eles são simé-
–x + 1, se x > 1 tricos em relação a bissetriz nos quadrantes ímpares
(Figura 10a); do plano cartesiano. Para construir o gráfico basta
plotar os pontos (x, y) ou (y, x) das duas funções no

{
plano cartesiano e traçar uma reta.
–x2 + 1, se x < 1
b) 𝑓(x) =
(x – 2)2 – 1, se x ≥ 1
(Figura 10b).

(Figura 10a)

(Figura 10b)

FUNÇÃO INVERSA

intos elementos do domínio (A) se relacionam com


distintos elementos da imagem (Im) e a Im=CD=B, a
relação inversa de 𝑓 é uma função de 𝑓: B → A, que
denominamos de função inversa e denotada por 𝑓 -1. Figura 11. Funções (a) 𝑓(x) = 2x – 1, (b) 𝑓–1(x) = (x + 1)/2 e (c) as
duas funções mais a bissetriz em pontilhado.
Seja uma função 𝑓:A→B, com A = {1, 2, 3, 4} e B = {1,
3, 5, 7}, definida por 𝑓(x) = 2x – 1, 𝑓 = {(1, 1), (2, 3), (3,
GRÁFICO DE FUNÇÕES
5), (4, 7)}. Temos que 𝑓 é bijetora visto que D𝑓 = A e a
Im𝑓 = B. A função inversa de 𝑓 também é uma função Uma Função pode ser considerada um conjunto de
bijetora, visto que para todo y ∊ B existe um único x ∊ pares ordenados (x, y) criado seguindo determinados
A tal que 𝑓–1 = {(y, x) | (x, y) ∊ 𝑓}, onde 𝑓–1 = {(1, 1) | (3, criterios que é plotado em um sistema de coordenadas
2), (5, 3), (7, 4)} D𝑓–1 = B e Im𝑓–1 = A. Logo, a sentença da cartesianas. Os pares ordenados assim criados produ-
34 função inversa de 𝑓 é definida por: zem o que chamamos de gráfico da função.
Uma Função Afim é crescente sempre que o coe-
FUNÇÃO LINEAR, FUNÇÃO AFIM E ficiente angular for positivo e decrescente quando o
FUNÇÃO QUADRÁTICA  mesmo for negativo.

GRÁFICOS, DOMÍNIO, IMAGEM E FUNÇÕES QUADRÁTICAS


CARACTERÍSTICAS 
A Função Quadrática ou do 2º grau é uma apli-
Função Linear e Afim cação de ℝ → ℝ quando cada elemento x ∊ ℝ associa
o elemento (ax2 + bx + c) ∊ ℝ com a ≠ 0, ou seja, 𝑓(x) =
A Função Linear é uma aplicação de ℝ → ℝ quan-
ax2 + bx + c; a ≠ 0 e a, b, c ∊ ℜ. Um exemplo de função
do cada elemento x ∊ ℝ associa o elemento ax ∊ ℝ com
a ≠ 0 e constante real, ou seja, 𝑓(x) = ax. a ≠ 0. quadrática, 𝑓(x) = x2 – 3x + 2; a = 1, b = –3, c = 2.
O gráfico da função linear é uma reta que passa O gráfico para a função quadrática, 𝑓(x) = ax2 +
pela origem e liga os pontos (x, y) = (x, ax) no plano bx + c, é uma parábola, assim para sua construção é
cartesiano (Figura 12). necessário mais que dois pontos, diferente do visto
anterior na construção da reta. Inicialmente encon-
tra-se os zeros ou raízes da função, o vértice e o pon-
to de encontro com o eixo y. São três coeficientes na
função quadrática, a, b e c. O primeiro (a) indica se a
concavidade da parábola está voltada para cima (a >
0) ou para baixo (a < 0), já o terceiro (c) indica onde a
parábola corta o eixo das ordenadas (eixo y), ou seja,
quando x = 0 ou y = c. Seja a função quadrática, 𝑓(x)
= x2 – 3x + 2, (x, y) = (0, 2) é o ponto onde a parábola
corta o eixo y, com mais alguns pontos pode-se traçar
a parábola que representa a função 𝑓(x). Assim, as raí-
zes da função são y = 0 → x1 = 1; x2 = 2, ou seja, o ponto
(x1, y) = (1, 0); (x2, y) = (2, 0) e o vértice dado pelo ponto:
Figura 12. Gráfico da Função Linear 𝑓(x) = 2x e o ponto (x, y) = (2, 4).
3 1
A aplicação de ℝ → ℝ, quando cada x ∊ ℝ estiver (xv, yv) = ,–
associado ao elemento (ax + b) ∊ ℝ com a ≠ 0, a e b 2 4
constante real, recebe o nome de Função Afim, ou
seja, 𝑓(x) = ax + b; a ≠ 0, onde a é conhecido como coe- Logo seu gráfico segue na Figura 14.
ficiente angular e b como coeficiente linear.
O gráfico para a função afim, 𝑓(x) = ax + b, também
é uma reta, onde o coeficiente angular indica a incli-
nação da reta e o coeficiente linear indica o local em
que a reta corta o eixo das ordenadas (eixo y). Seja a
função afim, 𝑓(x) = 2x + 1, (x, y) = (0, 1) é o ponto onde a
reta corta o eixo y, com mais um ponto pode-se traçar
a reta que representa a função 𝑓(x). Assim, para x = 1
→ y = 3, ou seja, o ponto (x, y) = (1, 3), seu gráfico segue
na Figura 13.

Importante!
Uma função afim, 𝑓(x) = ax + b, quando b = 0 ,
transforma-se na função linear, 𝑓(x) = ax, assim,
dizemos que uma função linear é um caso parti-
cular da função afim.

Figura 14. Gráfico da Função Quadrática 𝑓(x) = x2 – 3x + 2 com

(x v, y v = ^ 2 , – h e raízes (x1, y) = (1, 0); (x2, y) = (2, 0).


3 1
vértice: 4
MATEMÁTICA

As raízes ou zeros da função quadrática são os valores de x tal que a


𝑓(x) = ax2 + bx + c = 0.

Pela forma canônica tem-se que a função 𝑓(x) = ax2


+ bx + c pode ser escrita da seguinte forma:

[ ]
2
b ∆
𝑓(x) = a x+ –
Figura 13. Gráfico da Função Afim 𝑓(x) = 2x + 1 e o ponto (x, y) = (1, 3).
2a 4a2 35
Sendo ∆ = b2 – 4ac, o discriminante, igualando essa
função canônica a zero chegamos nos valores das raízes:

– b ± √∆
x=
2a

Usando essa fórmula chegamos nas raízes da fun-


ção quadrática, 𝑓(x) = x2 – 3x + 2: Assim colocando esses resultados sobre o eixo x, e
adicionado os sinais vemos em quais intervalos estão
∆ = b2 – 4ac = (–3)2 – 4 · 1 · 2 = 9 – 8 = 1, os sinais positivos e negativos da função.
2º caso: a < 0 (decrescente):

– (–3) – √1 3–1
x1 = = =2  𝑓(x) = ax + b > 0 → x < – b b;
2·1 2
 f ( x=
) ax + b > 0 → x > − ;
a a
– (–3) + √1 3+1 
b b
x2 = = =2  f𝑓(x)
( x=
)= axax+ +b <b 0<→0 x→> –x < − ; ;
2·1 2  a a

Assim, as raízes para a função quadrática são: (x1,


y) = (1, 0); (x2, y) = (2, 0).

Importante!
Quando o valor de delta é negativo (∆ < 0) não
temos raízes reais, pois raiz quadrada de um
número negativo é um número complexo. Quan-
do o delta é igual a zero (∆ = 0) as duas raízes
Seja a função 𝑓(x) = 2x + 1, sua raiz é dada por:
são iguais, ou seja, teremos uma função quadrá-
tica de raiz unitária. Já para delta positivo (∆ > 0)
1
teremos então a situação de duas raízes reais. 2x + 1 = 0 → x = –
2

VARIAÇÕES DE SINAL Como o coeficiente angular é positivo (a = 2 > 0),


então o estudo de sinal de 𝑓(x) será:
Sinal da Função Afim

O estudo do sinal de uma função 𝑓: A → B definida  x > – 1 → 𝑓(x) > 0 b


por y = 𝑓(x), é encontrar para quais valores de x temos  f ( x= ) ax + b > 0 → x > − ;
2 a

𝑓(x) > 0, 𝑓(x) < 0 ou 𝑓(x) = 0, com x ∊ D𝑓 .
 fx <( x– = 1 b
Inicialmente, identificamos onde a função é igual ) ax + b< <0 0 → x < − ;
→ 𝑓(x)
 2 a
a zero, ou seja, encontramos a raiz da função y = 𝑓(x).
Para isso fazemos y = 𝑓(x) = 0, para função afim temos
a raiz sendo:

b
𝑓(x) = ax + b = 0 → x = –
a

Agora, teremos dois casos para estudo do sinal da


função afim, um quando o coeficiente angular é posi-
tivo (a > 0) outro quando é negativo (a < 0): Sinal da Função Quadrática
1º caso: a > 0 (crescente):
O estudo do sinal de uma função 𝑓: A → B definida
por y = 𝑓(x), é encontrar para quais valores de x temos
 b b 𝑓(x) > 0, 𝑓(x) < 0 ou 𝑓(x) = 0, x ∊ D𝑓 com.
 f ( x==
𝑓(x) ) axax →0x →
+ b+>b0 > > – x > −; ;
 a a Inicialmente, identificamos onde a função é igual
 a zero, ou seja, encontramos a raiz da função y = 𝑓(x).
 f ( x= b b
𝑓(x) =) axax →0x →
+ b+<b0 < < – x < −; ; Para isso fazemos y = 𝑓(x) = 0, para função quadrática
36  a a vimos que as raízes são:
– b ± √∆  b
x=  f ( x>=
𝑓(x) ) 0, {x
ax∊+ℜb|>x0< →
1 oux x>>−2} ;
2a  a
a>0→ 
𝑓(x) b
Com ∆ = b2 – 4ac.
f ( x<=
) 0, {x
ax∊+ℜb|<10< →
x <x2}< − ;

 a
Agora, teremos os casos para estudo do sinal da
função quadrática, quando o coeficiente a é positivo
(a > 0) outro quando é negativo (a <0) e ainda quando MÁXIMOS E MÍNIMOS
∆ > 0; ∆ < 0 e ∆ = 0
Máximo e Mínimo para Função Quadrática
Para ∆ < 0 temos:
Dizemos que o número yM ∊ Im(𝑓) é o valor máxi-
a > 0 → 𝑓(x) >0, ⩝x ∊ ℜ mo ou mínimo da função y = 𝑓(x) se, somente se, yM ≥
a < 0 → 𝑓(x) < 0, ⩝x ∊ ℜ y ou yM ≤ y, respectivamente. Ao valor xM ∊ D𝑓 tal que
No gráfico da função quadrática com ∆ < 0, como não yM = 𝑓(xM) chamamos de ponto máximo ou mínimo da
existe raiz real, logo a parábola não corta o eixo x (abscissa). função. Esse ponto também conhecido como vértice
da função quadrática ou da parábola. Denotamos o
vértice como:

 ∆
−–b b −∆
− b–∆
− 
(= yM ,)y
xM , (x (
)V== )
v ,v,yyvv) = V
Vx(x V  ,,  V = ) vy , vx ( V =
) My
M M
 a22a
4a a44a2a 
Para ∆ = 0 temos:
Para a função quadrática 𝑓(x) = x2 – 3x + 2, o vértice
a > 0 → 𝑓(x) > 0, ⩝x ∊ ℜ é dado por:
a < 0 → 𝑓(x) < 0, ⩝x ∊ ℜ
−b b−∆
 ∆−–b − 
–∆
No gráfico da função quadrática com ∆ = 0, as raízes (=
xM , yM ) (V(x
V= xv ,v ,yyv v)) = VV  ,,  V = ) vy , vx ( V =
) My , Mx
são iguais (raiz unitária), logo a parábola corta o eixo x  a22a
4a a44a
2a 
(abscissa) em apenas um ponto, nesse ponto a 𝑓(x) = 0.
−∆ –((–3) –∆4−· 1 b· −2)
−–b( –3)
( xv , yv ) =VV  , ,   ,  V =
2

(=
xM , yM ) V= ) vy , vx ( V =
) My ,
 2a2 · 14a  4 a· 14 a2 

−3− b−
b −∆1
(=
xM , yM ) ( xv , yv ) =VV  , ,– 4  V =
V= ) vy , vx ( V =
) My , Mx (
 a224a a42a 
Para ∆ > 0 temos:
Sendo a = 1 > 0, então a concavidade da parábola
está voltada para cima e o vértice será ponto de míni-
 b mo da função.
 f ( x>=
𝑓(x) ) 0, {x
ax∊+ℜb|>x 0< x→
1 x > −2 ;
ou x > x }
O vértice de uma função quadrática será ponto de
 a
a>0→  máximo da função quando a < 0 e ponto de mínimo
𝑓(x) b da função quando a > 0.
f ( x<=
) 0, {x
ax∊+ℜb|<x0 <→x <x x<2}− ;


1
a
INEQUAÇÃO PRODUTO E INEQUAÇÃO QUOCIENTE
 b
 f ( x>=
𝑓(x) ) 0, {x
ax∊+ℜb|>x0 < x < x2} − ;
1 → x >
 a Inequações Produto e Quociente para Função Afim
a<0→ 
𝑓(x) b
f ( x<=
) 0, {x
ax∊+ℜb|<x <0 x→ oux x<>−x2} ; Sejam as funções 𝑓(x) e g(x), as inequações produ-


1
a to delas são dadas por:
𝑓(x) · g(x) > 0 ou 𝑓(x) · g(x) < 0 ou 𝑓(x) · g(x) ≥ 0 ou
No gráfico da função quadrática com ∆ > 0, exis- 𝑓(x) · g(x) ≤ 0
te as duas raízes reais, logo a parábola corta o eixo x De acordo com a regra de sinais do produto de
(abscissa) em dois pontos, nesses pontos a 𝑓(x) = 0. números reais, temos que (+ × + = +); (– × – = +); (+ × –
= –), assim, um conjunto solução (S) para uma dessas
inequações pode ser encontrado da seguinte forma,
MATEMÁTICA

seja a inequação produto 𝑓(x) · g(x) > 0, para o produto


ser positivo temos duas situações: 𝑓(x) > 0 e g(x) > 0 ou
𝑓(x) < 0 e g(x) < 0.
Assim, para 𝑓(x) > 0 e g(x) > 0 encontramos a solu-
ção S1 para a 𝑓(x) > 0 e a solução S2 para a g(x) > 0,
Logo no estudo do sinal da função quadrática 𝑓(x) chegando na solução geral S1 ⌒ S2.
= x2 – 3x + 2, temos que a = 1 > 0 e calculamos o valor Depois para 𝑓(x) < 0 e g(x) < 0 encontramos a solu-
do delta, ∆ = 1 > 0, e das raízes, x1 1 = e x2 = 2. Assim, ção S3 para a 𝑓(x) < 0 e a solução S4 para a g(x) < 0,
concluímos para o estudo de sinal: chegando na solução geral S3 ⌒ S4 . 37
Por fim, a solução para a inequação produto, 𝑓(x) · Para o produto ser positivo temos duas situações:
g(x) > 0, é dada pela união das soluções anteriores,S = 𝑓(x) ≥ 0 e g(x) > 0 ou 𝑓(x) ≤ 0 e g(x) < 0.
{S1 ⌒ S2} ◡ { S3 ⌒ S4}. Raciocínio análogo para as outras Assim, para 𝑓(x) ≥ 0 e g(x) > 0 encontramos a solu-
inequações produto. ção S1 para a 𝑓(x) ≥ 0 e a solução S2 para a g(x) > 0,
Tomemos como exemplo a inequação produto (x + chegando na solução geral S1 ⌒ S2.
2) (3x – 1) > 0, ou seja, 𝑓(x) · g(x) > 0 → 𝑓(x) = x + 2 e g(x)
Depois para 𝑓(x) ≤ 0 e g(x) < 0 encontramos a solu-
= 3x – 1, seguindo os dois passos acima temos:
ção S3 para a 𝑓(x) ≤ 0 e a solução S4 para a g(x) < 0,
chegando na solução geral S3 ⌒ S4 .
 x+2>0→x>–2 b Por fim, a solução para a inequação quociente:
 f ( x )
= ax + b > 0 → x > − ;
a
 1 𝑓(x)
 3x b ≥0
f ( –x=)1 > 0ax→+xb> < 0 → x < − ; g(x)
 3 a
É dada pela união das soluções anteriores, S = {S1
⌒ S2} ◡ {S3 ⌒ S4}. Raciocínio análogo para as outras
inequações quocientes.
Tomemos como exemplo a inequação quociente:

(x + 2)
Logo, a solução para esse primeiro caso é: ≥1
(3X – 1)

{
S1 ⌒ S2= x∊ℜ|x>
1
{ Ou seja,
3

(x + 2) (x + 2) (–2x + 3
 x+2<0→x<–2 b ≥1→ –1≥0→ ≥0
 f ( x= ) ax + b > 0 → x > − ; (3x – 1) 3x – 1 (3x – 1
 a

 f3x(–x1=
1 b
)< 0 →ax
x <+ b < 0 → x < − ; Assim temos:

 3 a
𝑓(x)
> 0 → 𝑓(x) = – 2x + 3 e g(x) = 3x – 1
g(x)

Seguindo os dois passos acima temos:

Logo, a solução para esse segundo caso é S3 ⌒ S4 =


 – 2x + 3 ≥ 0 → x – ≤ 3 b
 f ( x= ) ax + b > 0 → x > − ;
{x ∊ ℜ | x < – 2}. Assim, o conjunto solução para inequa-  2 a
ção produto (x + 2) (3x – 1) > 0 é: 
 f3x( –x1= 1 b
) > 0 ax > b<0→ x<−
→ x+ ;

 3 a

{
S = {S1 ⌒ S2} ◡ {S3 ⌒ S4} = x ∊ ℜ | x < –2 ou x >
1
{
3

Seja as funções 𝑓(x) e g(x), as inequações quocien-


tes delas são dadas por:

𝑓(x) 𝑓(x) 𝑓(x) 𝑓(x) Logo, a solução para esse primeiro caso é:
> 0 ou < 0 ou ≥ 0 ou ≤0
g(x) g(x) g(x) g(x)

{
De acordo com a regra de sinais do quociente de S1 ⌒ S2= x∊ℜ|
1
<x≤
3
{
números reais, temos que (+ ÷ + = +); (– ÷ – = +); (+ 3 2
÷ – = –) e lembrando que o denominador da fração
não pode ser nulo, assim, um conjunto solução (S)
para uma dessas inequações pode ser encontrado da
 – 2x + 3 ≤ 0 → x – ≥ 3 b
 f ( x=) ax + b > 0 →2x > − a ;
seguinte forma, seja a inequação quociente:


𝑓(x)
 f (3x 1 b
≥0 x=)– 1ax
< 0+→bx<< 0 → x < − ;
38
g(x)  3 a
Então seja a inequação produto (x2 – x – 6) · (– x2
+ 2x – 1) > 0, para achar o conjunto solução primeiro
encontra-se as raízes de cada função 𝑓(x) = x2 – x – 6 e
g(x) = –x2 + 2x – 1:

 b
f ( x=
) ax +b > 0 → x > − ;
 ∆𝑓 = (–1) – 4(1)(–6) = 1 + 24 = 25
2
 a
Logo, a solução para esse segundo caso é {S3 ⌒ S4} = ∆ = b2 – 4ac → 
 f ( x= b
{∅}. Assim, o conjunto solução para inequação quociente: ) 2 ax + b < 0 → x < −
 ∆g = (2) – 4(–1)(–1) = 4 – 4 = 0 a

;

 –(–1) – √25 b
(x + 2)
 f
x ( x
= )
= ax + b > 0 →
= x
–2 > − ;
≥1 1
2·1 a
(3x – 1) 𝑓(x) = 0 
 fx( x==) –(–1) + √25 b
ax + b < 0 →= 3x < − ;
é:  2
2·1 a

{
S = {S1 ⌒ S2} ◡ {S3 ⌒ S4} =
x∊ 1
<x≤
3
{ g(x) = 0



f ( x=
)
 x =x =
 f (1x= 2
ax +–(2)
b >±0 √0→ x > −
= 1
b
a
b
;

) ax + b < 0 → x < − ;
ℜ| 3 2 
 2 · (–1) a

Quando se está trabalhando algebricamente com Para 𝑓(x) = x2 – x – 6, com ∆ > 0 e a > 0:
uma inequação e no momento que se tem a necessida-
de de multiplicar por -1 ambos os lados para isolar x, 
f ( x=
) ax + b > 0 → x > −
b
;
 𝑓(x) > 0, {x ∊ ℜ | x < –2 ou x > 3} a

(–1) · – x ≤ – 3/2 · (–1) , não esqueça de também inver- 
b
 f ( x=
) ax + b < 0 → x < − ;
ter o sinal da inequação, ficando nesse caso, x ≥ 3/2 .  𝑓(x) < 0, {x ∊ ℜ | –2 < x <3}
 a

Inequações para Função Quadrática Para g(x) = –x2 +2x – 1, com ∆ = 0 e a < 0:
g(x) < 0, ⩝x ∊ ℜ.
Seja a ≠ 0 as inequações quadráticas são: ax2 + bx
Assim, para a inequação produto ser positiva, 𝑓(x)
+ c > 0, ax2 + bx + c < 0, ax2 + bx + c ≥ 0 ou ax2 + bx + c ≤ 0.
· g(x) = (x2 – x – 6) · (–x2 + 2x – 1) > 0, sabendo que g(x) <
Resolver a inequação 𝑓(x) = ax2 + bx + c > 0 signifi-
0, então a 𝑓 também deve ser negativa, 𝑓(x) < 0. Assim,
ca encontrar valores de x tal que 𝑓(x) seja positiva. O
resultado para resolver essa inequação é encontrado a solução será S = {x ∊ ℜ |–2 < x < 3}.
no estudo de sinal da função 𝑓(x) . Assim dependendo No caso de inequação quociente faz-se o estudo
dos valores de a e de delta temos algumas combina- de sinal de cada uma das funções quadráticas e defi-
ções de resultados para solução da 𝑓(x) > 0: ne-se como solução de acordo com a regra de sinais
do quociente de números reais, temos que (+ ÷ + =
+);(– ÷ – = +);(+ ÷ – = –), assim, um conjunto solução (S)
para uma dessas inequações pode ser encontrada da
seguinte forma, seja a inequação quociente 𝑓(x) / g(x)
> 0, para o quociente ser positivo temos duas situa-
ções: 𝑓(x) > 0 e g(x) > 0 ou 𝑓(x) < 0 e g(x) < 0.
Então seja a inequação quociente (2x2 + x – 1)/(–x2 + 2x)
< 0, para achar o conjunto solução primeiro encontra-se


as raízes de cada função 𝑓(x) = 2x2 + x – 1 e g(x) = – x2 + 2x:
b
f ( x )
= ax + b > 0
 ∆ = (1) – 4(2)(–1) = 1 + 8 = 9 → x > − ;
2
a
 ∆ = (2) – 4(–1)(0) = 4 – 0 = 4
𝑓
∆ = b2 – 4ac →

 f ( x=
2
b
) –(1) ax b 0 x ;
g

+ < → < −
 fx( x==) ax +–b√9> 0 → x>− ;
= –1
b a
  1
2·2 a
𝑓(x) = 0 
1 b
) –(1)
 f ( x= ax ++b√9< 0 →
= x<− ;
 x2 =
 2·2 2 a
MATEMÁTICA

No caso de inequação produto faz-se o estudo de


sinal de cada uma das funções quadráticas e define-se  x = –(2) – √4 = 2 b
como solução de acordo com a regra de sinais do pro-  f (1 x=
) ax + b > 0 → x > − ;
 2 · (–1) a
duto de números reais, temos que (+ × + = +); (– × – = g(x) = 0 
b
+); (+ × – = –), assim, um conjunto solução (S) para uma  f ( x=) –(2)
ax ++b√4< 0 →
= 0x < − ;
dessas inequações pode ser encontrada da seguinte  x2 =
 2 · (–1) a
forma, seja a inequação produto 𝑓(x) · g(x) > 0, para o
produto ser positivo temos duas situações: 𝑓(x) > 0 e
g(x) > 0 ou 𝑓(x) < 0 e g(x) < 0. Para 𝑓(x) = 2x2 + x – 1, com ∆ > 0 e a > 0: 39
b   b O gráfico para a função modular 𝑓(x) = |x| é defi-
b 1 
; ( x=
− > xf → )0 >ax
b+ ba> 0
+x =)x
→ ( fx > − ;
 𝑓(x) a 
  a
nido pela junção dos dois gráficos da função de duas
 f ( x; =
)b> 0,
−ax

<x b
+xf →
∊ℜ )00<→
( x>
| xax
b+ x xb
< –1 ou
> ; ( fx
−x0=>)→
a< x < − b ;
 a 

= +
a 2   a sentenças (x e –x) e resultará em duas semi-retas de
 b origem na raiz da função, (x, y) = (0,0), ou seja, essas
 f; (ax−=  b( →  b
) > ax + b < 0 → x < − 1 ; 
x
→ f (0x>
) b ax
= + x+ab = ) x0
> f x > − ;

 b < 0,  x ∊ ℜ | –1 < x <


a
retas são bissetrizes dos primeiro e segundo quadran-
 𝑓(x) 
a 
 b
;
a
− < x →


f (0x<
) b ax
= + x+ab = ) x0( →
<
2
f


x < −
a
;
tes do plano (Figura 15).
O domínio da função modular é o conjunto dos reais,
ou seja, para todo x ∊ ℝ, existe um único y ∊ Im(𝑓), sendo
Para g(x) = – x2 + 2x, com ∆ > 0 e a < 0: que a imagem da função assume somente valores posi-
tivos (reais não negativos (ℝ+)). Logo, Im(𝑓) = ℜ+. Note,
 b que no gráfico da função as retas ficam acima do eixo
 g(x) > 0,ax
f ( x=
) {x +
∊ℜ | 00<→
b > x <x2}
> ; −


a
b
x, onde todos valores para y são positivos (Figura 15).
 f ( x=
) ax + b < 0 → x < − ;

 g(x) < 0, {x ∊ ℜ | x < 0 ou x > 2}
a

Assim, para a inequação quociente ser negativa,


𝑓(x)/g(x) = (2x2 + x – 1) / (–x2 + 2x) < 0, temos duas situa-
ções, a primeira com 𝑓(x) > 0 e g(x) < 0. Assim, a solu-
ção será:

b   b
; − > ( x0
x f→ ) > ax
= b ++xba >=0 (1f
) x→ x
 > − ;
a   a
b 1  x ∊ ℜ | x < – 1 ou x >
S =   ⌒ {x ∊ ℜ | x < 0 ou x >2}
b
; ( x0
− < x f→ ) < ax
= b ++xba <=0 (2f
) x→ < −
x ;
a 
 
 a

Figura 15. Gráfico da Função Modular 𝑓(x) = |x|.


= {x ∊ ℜ | x < –1 ou x > 2
Para funções modulares com potência quadrática
A segunda para 𝑓(x) < 0 e g(x) > 0. Assim, a solução como 𝑓(x) = |x2 + 4x|, primeiro divida a função modu-
será: lar em funções definidas por duas sentenças:

 b
b b f 2( x=) ax + b > 0 → x > − ;
 x + 4x
  
; − > x →
 f0( x>
) b+
= axxa
+ b=
> (1f
) x0 →  x > − ; a
a   a
S =  x∊ℜ|–1<x< ⌒{x∊ℜ| 0 < x < 2} 𝑓(x) = 
b
b  x < − b;  f ( x2 =
) ax + b < 0 → x < − ;
 –(x + 4x)
; 2 x  f 0
( x<
) b+
axxa ) x0
+ b= ( →
a
− < →


= <
2f 
 a  a

b   b
; − > x →0 ( xb
f > )+x
= axa +=
b (1f
) x> 0→ x > − ; A essas duas funções encontramos as suas raízes:
a   a
b =  x∊ℜ|0<x<


 b
; − < x → 0 ( xb
f < )+x
ax ) x<
a +=
b ( 0 ;
a 

=
2f 
→ x < −
 a
∆ = b2 – 4ac = 42 – 4 · 1 · 0 = 16

Logo, a solução das inequações quociente (2x2 + x


 –(4) – √16 b
– 1)/(–x2 + 2x) < 0 é:
 fx( x==) ax2 ·+1b > 0=→
1
–4 x > − ;
a



b
) ; ax
f ( x= >b
− + x>→ 00→ >xb>+1x
b
−a ;= )x ( f


 fx( x==) –(4) + √16 b
ax + b < 0 =→0 x < − ;
 a a 
S1 ◡ S2 =  x ∊ ℜ | x < –1 ou 0 < x <
b ou
b x>2


2
a
 f ( x= 


) ; ax
a
−+<bx<→ 00→ <xb<
2 −aa ;=) x ( f
+x

 2·1

As raízes são –4 e 0, como para a primeira sentença


o valor de a > 0, então a concavidade é voltada para
cima, e na segunda sentença o valor de a < 0, ou seja,
FUNÇÃO MODULAR  concavidade voltada para baixo. Logo, a solução posi-
tiva para a função nas duas sentenças segue o interva-
DEFINIÇÃO, GRÁFICO, DOMÍNIO E IMAGEM DA lo de x abaixo:
FUNÇÃO MODULAR 
 2 b
 x + 4x, x ≤ –4 e x ≥ 0
 f ( x=
) ax + b > 0 → x > − ;
Uma função 𝑓: ℝ → ℝ definida pela associação de 𝑓(x) = 
a
 f (2x= b
cada x ∊ ℝ a 𝑓(x) = |x| ∊ ℝ é denominada Função ) ax + b < 0 → x < −
 –x – 4x, –4 < x < 0
 a
;

Modular.
Considerando a definição de módulo de um núme- Dessa forma construímos o gráfico para x2 + 4x no
ro real, em que para um número x tem-se |x| = x, se x intervalo abaixo de –4 e acima de 0 e para –x2 – 4x no
≥ 0 ou |x| = –x, se x < 0, podemos descrever a função intervalo entre –4 e 0 (Figura 16).
modular também da seguinte forma: As raízes das sentenças definidas pela função
modular podem também ser chamadas de ponto (s)
de inflexão da curva (funções quadráticas) ou da reta
 b
 x, se x ≥ 0
 f ( x=
) ax + b > 0 → x > −
a
; (funções lineares ou Afim). Inflexão é um ponto sobre
𝑓(x) = 
 f ( x= b uma curva na qual a curvatura troca o sinal, nesse caso
) ax + b < 0 → x < − ;
40  – x, se x < 0
 a indo para o lado positivo do eixo y, pois, Im(𝑓) = 𝔑+.
2
|3x – 2| < 4 ⇔ –4 < 3x – 2 < 4 → –2 < 3x < 6 → – <x<2
3
b   b
; − > x→f (0
x=)> bax
+2x
+ab >)0
= x (→f x > − ;
a   a
b S =  x ∊ ℜ | – < x < 2 
b
; − < x→f (x
0=)< bax
+3x
+ab <)0
= x (→f x < − ;
a 
 
 a

Mas se a inequação for |5x + 4| ≥ 4, a solução é:

|5x + 4| ≥ 4 ⇔ 5x + 4 ≤ –4 ou 5x + 4 ≥ 4 ⇔ 5x ≤ –8

ou

Figura 16. Gráfico da Função Modular 𝑓(x) = | x2 + 4x|.


8
5x ≥ 0 ⇔ x ≤ – ou x ≥ 0
EQUAÇÕES MODULARES 5
b   b
Lembrando da definição de módulo de um núme- ; −
 > ) 0
f (xx→
= ax bb
>+ +
8> 0→
xa ) xx( >
= f−

;
a  a
ro real, em que para um número k > 0 tem-se |x| = k S=b
 x∊ℜ|x≤– ou x ≥ 0  b
< f
⇔ x = k ou x = –k. Então a solução da equação modu-
;
a



f (xx=
) 0
→ ax bb
<+ 5<
+ 0→
xa ) xx( <
= −

 a
;

lar |x + 2| = 3 é:
Para a inequação |x + 1| + 2x – 7 ≥ 0 temos:
 b
 x+2=3→x=1
 f ( x=
) ax + b > 0 → x > − ;
a |x + 1| + 2x – 7 ≥ 0 → |x + 1| ≥ 7 – 2x
|x + 2| = 3 ⇔ 
 f ( x= b
) ax + b < 0 → x < − ;
 x + 2 = –3 → x = –5
 a
 b
f ( x=
) ax + b > 0 → x > − ;
 x + 1, se x ≥ – 1
 a
S = {–5, 1} |x + 1| = 
b
 f ( x=
 –x – 1, se x < –1
) ax + b < 0 → x < − ;
 a

Caso tenhamos duas funções modulares, como a equa-


ção |3x + 2| = |x – 1|, a solução é dada da seguinte forma: Para x ≥ –1 temos x + 1 ≥ 7 – 2x ⇔ ≥ 2, com solução:

S1 = {x ∊ ℜ | x ≥ – 1} ⌒ { x ∊ ℜ | x ≥ 2} = {x ∊ ℜ | x ≥ 2}
 3 b
 f
3x( x+=)2 = ax
x –+1 b
→ >x 0
= →
– x > − ; Já para x < –1 temos –x –1 ≥ 7 – 2x ⇔ x ≥ 8, com solução:
2 a
|3x + 2| = |x – 1| ⇔ 
 f3x( x+=)2 =ax 1 b S2 = {x ∊ ℜ| x < –1} ⌒ {x ∊ ℜ| x ≥ 8} = {∅}
–x + < x0=→– x < − ;
+ 1b →
 4 a Assim, a solução de |x + 1| + 2x – 7 ≥ 0 é dada por:
b   b
; − > x → 0 > b+fx(a ) =
3x= )x (1f+b > 0 → x > −
ax ;
a   a S1 ◡ S2 = {x ∊ ℜ| x ≥ 2} ◡ ∅ = {x ∊ ℜ| x ≥ 2}
b S = – , – 
b
; − < x → 0 < b+fx(a ) =
2x= )x (4f+b < 0 → x < −
ax ;
a 
 
 a

E na situação de uma função modular, como a


equação |3x + 2| = 2x – 3, a solução é válida para valo- FUNÇÃO EXPONENCIAL
res de x tal que 2x – ≥ 0 → x ≥ 3/2. A solução da equa-
GRÁFICOS, DOMÍNIO, IMAGEM E
ção é dada por:
CARACTERÍSTICAS

 3x + 2 = 2x – 3 → x = –5 b Seja a um número real, tal que seja maior que zero


 f ( x= ) ax + b > 0 → x > − ;
 a e diferente de 1(0 < a ≠ 1 ou a ∊ ℜ*+ –{1}), a função 𝑓:
|3x + 2| = 2x – 3 ⇔  1 ℝ → ℝ que associa a cada x ∊ ℝ o número 𝑓(x) = ax,
 f3x( x+=
)2 =ax = x<−b;
–2x++b3<→0x→
 5 é conhecida como Função Exponencial. Assim fun-
 a x
ções como: 2 , (√2) e 10 são exemplos de funções
x x

exponenciais.
Como a solução só é válida para valores de x ≥ 3/2, Da definição de função exponencial, a partir de
MATEMÁTICA

então a solução para |3x + 2| = 2x – 3 é S = {∅}. algumas características, pode-se notar:

INEQUAÇÕES MODULARES z x = 0 → 𝑓(0) = a0 = 1;


z 𝑓(x) = ax é crescente para a > 1, ou seja, x1 < x2 →
Uma das propriedades de módulo para números 𝑓(x1) < 𝑓(x2);
reais, em que para um número k > 0 tem-se |x| < k ⇔ z 𝑓(x) = ax é decrescente para 0 < a < 1, ou seja, x1 <
–k < x < k e |x| > k ⇔ x < – k ou x > k. Com essa proprie- x2 → 𝑓(x1) > 𝑓(x2);
dade podemos resolver inequações modulares como z n ∊ ℤ e a > 1, então 𝑓(n) = an > 1 se, e somente se, n
|3x – 2| < 4 e sua solução é: > 0; 41
z a ∊ ℝ, a > 1 e r ∊ ℚ, então 𝑓(r) = ar > 1 se, e somente escrever o valor 10 na base. Todas as características
se, r > 0; e propriedades de logaritmos também valem para os
z a ∊ ℝ, a > 1 e r, s ∊ ℚ, então as > ar se, e somente se, logaritmos decimais.
s > r; Segue algumas propriedades:
z a ∊ ℝ, a > 1 e α ∊ {ℝ –ℚ}, então aα > 1 se, e somente
se, α > 0; z 10c ≤ x < 10c+1 ⇔ log 10c ≤ log x < log 10c+1 → c ≤ log x
z a ∊ ℝ, a > 1 e b ∊ ℝ, então ab > 1 se, e somente se, b < c + 1, x > 0 e c ∊ ℤ;
> 0; z log x = c + m, onde c ∊ ℤ é característica e 0 ≤ m < 1
z a ∊ ℝ, a > 1 e x1, x2 ∊ ℝ, então ax1 > ax2 se, e somente é a mantissa;
se, x1 > x2; z x > 1 → c ≥ 0; 0 < x < 1 → c < 0;
z a ∊ ℝ, 0 < a < 1 e b ∊ ℝ, então ab > 1 se, e somente z A mantissa (m) é um valor tabelado;
se, b < 0; z A mantissa do decimal de x não se altera quando
z a ∊ ℝ, 0 < a < 1 e x1, x2 ∊ ℝ, então ax1 > ax2 se, e somen- multiplica-se x por potência de 10 com expoente
te se, x1 < x2. inteiro, ou seja a mantissa (m) de log x não muda
quando temos log10p x, p ∊ ℤ.
O domínio da função exponencial é o conjunto
dos reais, ou seja, para todo x ∊ ℝ, existe um único y ∊ Valores da característica (c) são dados da seguinte
Im(𝑓), sendo que a imagem da função assume somente forma:
valores positivos não nulos (reais não negativos e não
nulo (ℝ*+)). Logo, Im(𝑓) = ℜ*+. Note, que no gráfico da  log 2,3 → c = 0 b
função a curva de 𝑓(x) = ax está toda acima do eixo x, f ( x =) ax +
 log 31,421 → c = 1 b > 0 → x > − ;
pois 𝑓(x) = ax > 0, ⩝ x ∊ ℜ. Além disso, temos que o pon- a
to de encontro da curva com o eixo y, é no ponto (x, y) x>1 
= (0, 1), x = 0 → 𝑓(0) = a0 = 1. Assim, o gráfico para duas  flog( x204 →c=2 b
=) ax + b < 0 → x < − ;
funções exponenciais, crescente (a > 1) e decrescente
(0 < a < 1), segue como na Figura 17.
 log 6542,3 → c = 3 a
 log 0,2 → c = –1 b
 flog( x0,035
=) ax + b > 0 → x > − ;
→ c = –2 a
0<x<1 
 flog( x0,00405 → c = –3 b
=) ax + b < 0 → x < − ;
 log 0,00053 → c = –4 a
Ou seja, o c é a quantidade de algarismos da parte
inteira menos 1 em caso de x > 1 e para 0 < x < 1 é o
oposto (negativo) da quantidade de zeros (inclusive o
zero antes da vírgula!) que precede o primeiro alga-
rismo significativo.
Sendo a mantissa tabelada para N = 234 (m =
0,3692), Tabela 1, c = 1, assim o valor do log 23,4 = c +
m = 1 + 0,3692 = 1,3692.

Mantissas
N 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9

10 0000 0043 0086 0128 0170 0212 0253 0294 0334 0374
11 0414 0453 0492 0531 0569 0607 0645 0682 0719 0755
12 0792 0828 0864 0899 0934 0969 1004 1038 1072 1106
13 1139 1173 1206 1239 1271 1303 1335 1367 1399 1430
14 1461 1492 1523 1553 1584 1614 1644 1673 1703 1732

15 1761 1790 1818 1847 1875 1903 1931 1959 1987 2014
16 2041 2068 2095 2122 2148 2175 2201 2227 2253 2279
17 2304 2330 2355 2380 2405 2430 2455 2480 2504 2529
18 2553 2577 2601 2625 2648 2672 2695 2718 2742 2765
19 2788 2810 2833 2856 2878 2900 2923 2945 2967 2989

20 3010 3032 3054 3075 3096 3118 3139 3160 3181 3201
21 3222 3243 3263 3284 3304 3324 3345 3365 3385 3404
LOGARITMOS DECIMAIS  22 3424 3444 3464 3483 3502 3522 3541 3560 3579 3598
23 3617 3636 3655 3674 3692 3711 3729 3747 3766 3784
São funções logarítmicas onde a base a = 10, ou
pode ser escrita como potência de base 10, como: log10 24 3802 3820 3838 3856 3874 3892 3909 3927 3945 3962
𝑓(x) ou log10α 𝑓(x), α ∊ ℝ*. Pode-se ter também a nota-
25 3979 3997 4014 4031 4048 4065 4082 4099 4116 4133
42 ção: log10 𝑓(x) = log 𝑓(x), onde não há a necessidade de
Mantissas  –b – √∆ b
–3 – √25
N 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9  fx( x==) ax 2a
1
+b > 0 →
= x>− ;
2 · 2a
= –2


26 4150 4166 4183 4200 4216 4232 4249 4265 4281 4298
–b + √∆
 fx( x==) ax –3 +√25b 1
27 4314 4330 4346 4362 4378 4393 4409 4425 4440 4456 +b < 0 →
= x<− ; =
28 4472 4487 4502 4518 4533 4548 4564 4579 4594 4609
 2
2a 2 · 2a 2
b   b
29 4624 4639 4654 4669 4683 4698 4713 4728 4742 4757 ; − > x → 0 > b + x )xx=
a f (= )(1f ax
 +b > 0 → x > − ;
a   a
b S =  – 2, 
b
30 4771 4786 4800 4814 4829 4843 4857 4871 4886 4900 ; − < x → 0 < b + x
a f (= )(2f
)xx=  +b < 0 → x < −
ax ;
a 
 
 a
31 4914 4928 4942 4955 4969 4983 4997 5011 5024 5038
32 5051 5065 5079 5092 5105 5119 5132 5145 5159 5172 INEQUAÇÕES EXPONENCIAIS 
33 5185 5198 5211 5224 5237 5250 5263 5276 5289 5302
34 5315 5328 5340 5353 5366 5378 5391 5403 5416 5428 Inequações exponenciais são aquelas inequações
onde a incógnita x está no expoente, como: 2x > 32 e
35 5441 5453 5465 5478 5490 5502 5514 5527 5539 5551 2x – 4x < 2.
36 5563 5575 5587 5599 5611 5623 5635 5647 5658 5670
A forma de solucionar a inequação exponencial é
deixando todas as potências com a mesma base, como
37 5882 5694 5705 5717 5729 5740 5752 5763 5775 5786
a 𝑓(x) = ax é crescente com base (a > 1) e decrescente
38 5798 5809 5821 5832 5843 5855 5866 5877 5888 5899 com base (0 < a < 1), podemos dizer então que a desi-
39 5911 5922 5933 5944 5955 5966 5977 5988 5999 6010 gualdade se mantém para as potências quando a fun-
ção é crescente e inverte quando é decrescente, ou seja:
40 6021 6031 6042 6053 6064 6075 6085 6096 6107 6117
41 6128 6138 6149 6160 6170 6180 6191 6201 6212 6222 a > 1 → ax > ay ⇔ x > y;
42 6232 6243 6253 6263 6274 6284 6294 6304 6314 6325 0 < a < 1 → ax > ay ⇔ x < y
43 6335 6345 6355 6365 6375 6385 6395 6405 6415 6425
Seja a inequação exponencial 2x < 32 (crescente),
44 6435 6444 6454 6464 6474 6484 6493 6503 6513 6522
temos a solução igual a:
45 6532 6542 6551 6561 6571 6580 6590 6599 6609 6618
2x < 32 → 2x < 25 → x < 5
46 6628 6637 6646 6656 6665 6675 6684 6693 6702 6712
S = {x ∊ ℜ | x < 5}
47 6721 6730 6739 6749 6758 6767 6776 6785 6794 6803
48 6812 6821 6830 6839 6848 6857 6866 6875 6884 6893 E na inequação exponencial (decrescente):
49 6902 6911 6920 6928 6937 6946 6955 6964 6972 6981
x x
11x
50 6990 6998 7007 7016 7024 7033 7042 7050 7059 7067 521 ≥ 1  ≥≥ 125
125
51 7075 7084 7093 7101 7110 7118 7126 7135 7143 7152 555
52 7160 7168 7177 7185 7193 7202 7210 7218 7226 7235
53 7243 7251 7259 7267 7275 7284 7292 7300 7308 7316 Temos duas formas:
54 7324 7332 7340 7348 7356 7464 7372 7380 7388 7396
x x x x
 11   11 
x x

5 2
Tabela 1. Exemplo de tabela de Mantissas para valores de 100 a 549 1 ≥   5≥2
≥ 125
1
125≥→  5  ≥≥5 125
3
→ (5 )
–1 x
≥ 53 → 5–x ≥ 53
(IEZZI; MURAKAMI, 1977).
5
 
5  5 
EQUAÇÕES EXPONENCIAIS 5–x ≥ 53 → – x ≥ 3 → x ≤ –3
S = {x ∊ ℜ | x ≤ –3}
Equações exponenciais são aquelas equações onde a x x x x x x x x
111 x
incógnita x está no expoente, como: 2x = 32 e 2x – 4x = 2. 521 ≥     ≥ 125  111 x  111 x  111 –3
    ≥ 125 →     ≥ 5 →     ≥     ≥ 125
5 2 1 ≥ ≥ 125
5 2
3 1≥ 5 2
≥ 1
125

A forma de solucionar a equação exponencial é  555   555   555   555 
deixando todas as potências com a mesma base, como
a 𝑓(x) = ax é injetora, podemos dizer que potências x ≤ –3
S = {x ∊ ℜ | x ≤ –3}
iguais e de mesma base têm expoentes iguais, ou seja,
ax = ay ⇔ x = y, (a ∊ ℜ*+ –{1})
Seja a equação exponencial 2x = 128, temos a solu-
ção o valor de x igual a:
FUNÇÃO LOGARÍTMICA 
MATEMÁTICA

2 = 128 → 2 = 2 → x = 7
x x 7
DEFINIÇÃO DE LOGARITMO E PROPRIEDADES
S = {7}
OPERATÓRIAS 
2+3x–2
Agora para a equação exponencial 52x =1 Antes de definir a Função Logarítmica, temos que
temos x igual a: ter uma noção básica de Logaritmo. A ideia de Loga-
ritmo surgiu para solucionar problemas de equações
2 2
52x +3x–2 = 1 → 52x +3x–2 = 50 → 2x2 + 3x – 2 = 0 exponenciais do tipo 2x = 3, ou seja, exponenciais
∆ = b2 – 4ac = 32 – 4 · 2 · (–2) = 9 + 16 = 25 que não são possíveis deixar os dois membros com a 43
mesma base, assim define-se o conceito de logaritmo, z a > 1; x > 1 → loga x > 0;
seja dois números reais positivos a e b, com a ≠ 1, cha- z 0 < a < 1; 0 < x < 1 → loga x > 0;
ma-se x o logaritmo de b na base a, onde o expoente
z 0 < a < 1; x > 1 → loga x < 0;
que se deve dar à base a de modo que a potência obti-
da seja igual a b, ou seja:
GRÁFICOS, DOMÍNIO, IMAGEM E
CARACTERÍSTICAS DA FUNÇÃO LOGARÍTMICA
loga b = x ⇔ ax = b
O domínio da função logarítmica é o conjunto dos
Em que, a é base do logaritmo; b é o logaritmando
e x é o logaritmo. Assim, por exemplo, o logaritmo log2 reais positivos não nulos, ou seja, para todo x ∊ ℝ*+,
8 = 3 pois 23 = 8. existe um único y ∊ Im(𝑓), como a função 𝑓: ℝ*+ → ℝ,
Logo, dessa definição decorrem algumas proprie- 𝑓(x) = loga x, admite a inversa g: ℝ → ℝ*+, g(x) = ax, assim
dades, seja (a ∊ ℜ*+ –{1}) e b > 0: 𝑓 é bijetora e portanto a imagem da função assume
qualquer valor real. Logo, Im (𝑓) = ℜ. Note, que no grá-
z loga 1 = 0; fico da função 𝑓(x) = loga x, a curva está toda a direita
do eixo y, pois x > 0. Além disso, temos que o ponto de
z loga a = 1; encontro da curva com o eixo x, é no ponto (x, y) = (1,
0), x = 1 → 𝑓(1) = loga 1 = 0. Assim, o gráfico para duas
z aloga b = b; funções logarítmicas, crescente (a > 1) e decrescente (0
< a < 1), segue como na Figura 18.
z loga b = loga c ⇔ b = c;

z b > 0 e c > 0 → loga (b · c) = loga b + loga c, que pode


ser generalizada para:
x x
 1n 1  n
52a1≥Πbi ≥125
log = Σ log b , n ≥ 2;
 5i =1 5  i = 1 a i
x x
 1b1 
z b > 0 e c > 0 5 →2log
1 ≥a     ≥ 125a b – loga c, então loga
= log
x x  5c5 
 111 
521 ≥     ≥ = –125
loga c;
 5c5 
z α ∊ ℝ → loga bα = α · (loga b);

1
z n ∊ ℕ → loga √b = loga(b) =
*
loga b ;
n
z a, b, c ∊ ℝ+ e a ≠ 1, c ≠ 1:

logc b
loga b = , mudança de base com quociente;
logc a
z a, b, c ∊ ℝ+ e a ≠ 1, c ≠ 1: loga b = logc b · log a c,
mudança de base com produto;

1
z a ≠ 1, b ≠ 1 loga b = ;
loga a
1
z β ∊ ℝ* logaβ b = loga b ;
β

Seja a um número real, tal que seja maior que zero


e diferente de 1(0 < a ≠ 1 ou a ∊ ℜ*+ –{1}), a função 𝑓: ℝ*+ Figura 18. Gráfico da Função Logarítmica, (a) crescente (𝑓(x) = log2
x) e (b) decrescente (𝑓(x) = log½ x).
→ ℝ que associa a cada x ∊ ℝ*+ o número 𝑓(x) = loga x, é
conhecida como Função Logarítmica. Assim funções
como: log2 x, log½ x e log x são exemplos de funções EQUAÇÕES LOGARÍTMICAS
logarítmicas.
Da definição de função logarítmica algumas carac- Equações logarítmicas são aquelas equações do
terísticas quando a ∊ ℜ*+ –{1}, pode-se notar: tipo: loga 𝑓(x) = loga g(x) ou loga 𝑓(x) = α, α ∊ ℝ e com
(a ∊ ℜ*+ –{1}).
z 𝑓: ℝ*+ → ℝ e g: ℝ → ℝ*+: 𝑓(x) = loga x → 𝑓–1 (x) = g(x) = A forma de solucionar a equação logarítmica é
ax , relação inversa; deixando os logaritmos com a mesma base, e igualan-
z 𝑓(x) = loga x é crescente para a > 1; do as função 𝑓(x) = g(x) > 0 ou aplicando propriedade
z 𝑓(x) = loga x é decrescente para 0 < a < 1; inversa e transformando em equação exponencial,
44 z a > 1; 0 < x < 1 → loga x < 0; loga 𝑓(x) = α → 𝑓(x) = aα
Seja a equação logarítmica log4 (3x + 2) = log4 (2x +  – (–5) – √25 b
5), temos a solução o valor de x = 3, pois foi maior que
x > –2/3 e x > –5/2:
 fx( x==) ax2+· b2 > 0 →= x 0> − a ;
1


b
 fx( x==) –(–5) + √25 5 b
ax + b < 0 →= x < − ;

f ( x=
) 0→ ;
 3x + 2
 < ax
0 →+xb>>–2/3 x > −
a

 f ( x=
) 0→ x < −
b
;
 1
2·2 2 a
 2x + 5
 > ax
0 →+xb><–5/2 a

Como para a 𝑓(x) = 2x2 – 5x temos a > 0 e ∆ > 0,


log4 (3x + 2) = log4 (2x + 5) → (3x + 2) = (2x + 5) → x = 3 então a solução para 𝑓(x) > 0 é:
S = {3}
b   b
Agora para a equação logarítmica log4 (2x2 + 5x + 4) = ; − >xf → )0 >ax
( x= b+ +xba> 0)→
= x (5fx> − ;
a   a
2 temos x igual a: S
b1 =  x ∊ ℜ | x < 0 ou x > 
b
; − <xf →
( x=
)0 <ax
b+ +xba< 0)→
= x (2fx< − ;
a 
 
 a
2x2 + 5x + 4 > 0
∆ = b2 – 4ac = 25 – 32 = –7 Agora o estudo da inequação logarítmica começa
logo, 𝑓(x) > 0, ⩝ x ∊ ℜ na relação entre os logaritmos de mesma base, como
a base é 2 então a função é crescente:
log4 (2x2 + 5x + 4) = 2 → 2x2 + 5x + 4 = 42 →2x2 + 5x + 4 =
16 → 2x2 + 5x – 12 = 0 a = 2 > 1 → log2 (2x2 – 5x) ≤ log2 3 → 2x2 – 5x ≤ 3 → 2x2 –
5x – 3 ≤ 0
∆ = b2 – 4ac = 52 – 4 · 2 · (–12) = 25 + 96 = 121
2x2 – 5x – 3 ≤ 0 → ∆ = (–5)2 – 4 · 2 · (–3) = 25 + 24 = 49
 – b – √∆ b
– 5 – √121
 fx( x==) ax 2a
1
+b > 0 →
= x>− ;
2 ·a
= –4
 – (–5) – √49 1b

2
 f
x ( x
= )
= ax + b > 0 →
= x –> − ;
2a
1
– b + √∆
 fx( x==) ax b
– 5 +√121 3

2·2
+b < 0 →
= x<− ; =
b
 2
2a 2 ·a
2 2  fx( x==) – ax
(–5) + √49
+ b < 0 →= x 3< − ;
1
2·2 a
b   b
; − > x → 0 > b + x
a f (=
)xx=
)(3f ax
 +b > 0 → x > − ;
a   a
S =  – 4,  Como para a g(x) = 2x2 – 5x – 3 temos a > 0 e ∆ > 0,
b  +b < 0 → x < − b;
; − < x → 0 < b + x
a f (= )(2f
)xx= ax
a 
 
 a então a solução para g(x) ≤ 0 é:

INEQUAÇÕES LOGARÍTMICAS b 
f (x )> b
 b
;
a
− > x


→ 0= ax 1ab >=)0x (→
++
x x > −
f
 a
;

b S2 =
 x∊ℜ|– ≤x≤3 
Inequações logarítmicas são aquelas inequações b
; − < →
x 0=
f (x )< b
ax 2ab <=)0x (→
x
++ f
x< − ;
a 
 
 a
do tipo: loga 𝑓(x) >loga g(x) e loga 𝑓(x) > α, α ∊ ℝ e com
(a ∊ ℜ*+ –{1}).
A forma de solucionar a inequação logarítmica é Assim, a solução da inequação logarítmica log2 (2x2 –
deixando os logaritmos com as mesma base, e aplican- 5x) ≤ log2 3 é dada pela intersecção das soluções acima:
do as desigualdades em casos de bases maiores que
 b b 
um ou entre zero e um, lembrando que as 𝑓(x) = g(x)  f ( x;=
) − ax1+xb→
> >0> →bx 5a− a=);x ( f
x
+> 
 a 
> 0 ou aplicando propriedade inversa e transforman- S = S1 ⌒ S2 = x ∊ ℜ | –
b ≤ x < 0 ou <bx ≤ 3 
 f ( x=)
; ); x ( f 
do em equação exponencial, loga 𝑓(x) = α → 𝑓(x) = aα. 
 a
ax
− 2+xb→
< <0< →bx+<2a
x − =
a 

Esquematizando temos:
E na inequação logarítmica log2 (3x + 5) > 3, temos:
 b
f ( x=
) ax + b > 0 → x > − ;
 𝑓(x) > g(x) se a > 1
 a
loga 𝑓(x) > loga g(x) ⇔ 
b a > 1 → log2 (3x + 5) > 3 → 3x + 5 > 23 → 3x + 5 > 8 → x > 1
 f ( x=
 0 < 𝑓(x) < g(x) se 0 < a < 1
) ax + b < 0 → x < − ;
 a
Mas, a função 𝑓(x) = 3x + 5 > 0, então:
ou

 b 5
f ( x=
) kax + b > 0 → x > −
 𝑓(x) > a se a > 1
 a
; 𝑓(x) = 3x + 5 > 0 → x > –
loga 𝑓(x) > k ⇔ 
b 3
 f ( x=
 0 < 𝑓(x) < a se 0 < a < 1
) ax k+ b < 0 → x < − ;
 a
MATEMÁTICA

 b Como a solução x > 1 é também maior que:


 0 < 𝑓(x) < a se a > 1
 f ( x=
) ax k+ b > 0 → x > − ;
a
loga 𝑓(x) > k ⇔ 
 f ( x= b
) kax + b < 0 → x < − ;
 𝑓(x) > a se 0 < a < 1
 a 5
x>–
Seja a inequação logarítmica log2 (2x2 – 5x) ≤ log23, 3
para acharmos a solução primeiro fazemos o estudo
do sina de 𝑓(x) = 2x2 – 5x: Logo temos o intervalo de solução para x sendo:

2x2 – 5x > 0 → ∆ = (–5)2 – 4 · 2 · 0 = 25 S = {x ∊ ℜ | x > 1} 45


Seno, cosseno e tangente de 60º
TRIGONOMETRIA 
C
ARCOS NOTÁVEIS (SENO, COSSENO E TANGENTE
DE 45°, 60° E 30°)

Seno, cosseno e tangente de 45º


L L
C
(L√3)/2
45°

L L√2 60° 60°

L/2 M L/2 B
A

45°
C
A L B

Figura 3. Triângulo Retângulo ABC, com catetos L e hipotenusa L√2 30°

Em um triângulo retângulo isósceles qualquer, se L


for a medida de cada cateto, então, L √2 será a medida (L√3)/2
da hipotenusa, pois:

(BC)2 = l2 + l2 60°
(BC)2 = l2 . l2
M L/2 A
BC = l √2
Figura 4. Triângulo Equilátero ABC, com lados L

Neste contexto:
Em um triângulo equilátero qualquer, se l for a
l 3
AC l 1 medida de cada um dos lados, então, será a
sen B̂ = → sen 45° = → sen 45° = → 2
medida da altura, pois:
BC l√2 √2

√2 (AC)² = (AM)² + (MC)²

l² = b l + (MC)²
→sen 45° = l
2

2
2 2
l
(MC)² = l² -
4 2
4 2 l
√2 (MC)² = l -
Portanto: sen 45º = 4 4
2
3 2
(MC)² = l
4

AB l 1 l 3
cos B̂ = → cos 45° = → cos 45° = → MC =
BC l√2 √2 2
Desta maneira, temos:
√2
→ cos 45° =
2
MC l 3 l√3 1
→ sen 60° = . →
sen  = → sen 60° = 2
AC l 2 1
√2
Portanto: cos 45º = √3
2
→ sen 60° =
2

AC l
tg B̂ = → tg 45° = → tg 45° = 1
AB l √3
Portanto: sen 60º =
2
46 Portanto: tg 45º = 1
ARCO 30º 45º 60º
AM l l 1
.
cos  = → cos 60° = 2 → cos 60° = →
AC Seno 1 2 3
l 2 l
2 2 2
1 1
→ cos 60° = Cosseno 3 2
2 2 2
2
Tangente 3 1 3
1 3
Portanto: cos 60º =
2
l 3 TRIGONOMETRIA NO TRIÂNGULO (RETÂNGULO E
MC 2 l√3 2 QUALQUER) 
→ tg 60° = . →
tg  = → tg 60° = l
AM 2 2 l sen2 x + cos2 x = 1
→ tg 60° =√3
Em um triângulo retângulo de catetos b e c e hipo-
tenusa a temos, de acordo com o teorema de Pitágo-
Portanto: tg 60º = √3 ras: a2 = b2 + c2.

Seno, cosseno e tangente de 30º C

No triângulo retângulo AMC do item anterior, temos:

AM l l 1
.
sen Ĉ = → sen 30° = 2 → sen 30° = →
a
AC l 2 l b

1
→ sen 30° =
2
A
1 c
Portanto: sen 30º = B
2
Figura 7. Triângulo Retângulo ABC, com catetos b e c e hipotenusa a
MC l 3 l√3 1
→ cos 30° = . →
cos Ĉ = → cos 30° = 2 Assim sendo, se x for a medida do ângulo agudo
AC l 2 l B, então:

√3
bbl +b l =
2 2
c
→ cos 30° = (sen x)² + (cos x)² = sen²x + cos²x =
2 a a
b 2
c 22
b +c 2 a 2
= 2 + aa = = 2 =1
a a2 a
3
Portanto: cos 30º = Portanto: sen2 x + cos2 x = 1
2
l Observações:
AM 2 l 2
3 → tg 30° =
tg Ĉ = → tg 30° = l →
z sen2 x = (sem x)2
MC 2 l√3
2 z sen2 x = 1 – cos2 x
z cos2 x = (cosx)2
1 √3
→ tg 30° = → tg 30° = z cos2 x = 1 – sen2 x
√3 3
LEI DOS SENOS
MATEMÁTICA

3
Portanto: tg 30º = “Em todo triângulo, as medidas dos lados são pro-
3
porcionais aos senos dos ângulos opostos e a razão de
proporcionalidade é a medida do diâmetro da circun-
Observações: Note que:
ferência circunscrita ao triângulo”.
sen 30º = cos 60º = , cos 30º = sen 60º = , sen 45º =
Consideremos o triângulo ABC, inscrito na circun-
2 ferência de raio R. Verifica-se que:
cos 45º =
2
a b c
= = =2·R
Podemos construir a seguinte tabela: sen A sen B sen C 47
100 · 3· 2 100 · 6
x= →x → x = 50 · 6 metros
2· 2 2

Exemplo: Dois lados de um terreno de forma


triangular medem 15 m e 10 m, formando um ângulo
de 60°, conforme a figura abaixo:

LEI DOS COSSENOS 

“Em todo triângulo, o quadrado da medida de um


lado é igual à soma dos quadrados das medidas dos
outros lados, menos o dobro do produto dessas medi-
das pelo cosseno do ângulo que eles formam.”

Seja o triângulo ABC, da figura. Verifica-se que:

a2 = b2 + c2 – 2 · b · c · cos A
b2 = a2 + c2 – 2 · a · c · cos B
c2 = a2 + b2 – 2 · a · b · cos C Figura 26. Triângulo com ângulo de 60º e lados 10 e 15 metros

A Qual é o comprimento do muro necessário para


cercar o terreno (em metros)?
c
Como temos apenas um ângulo conhecido, vamos
b
utilizar a lei dos cossenos.

C Chamando de x o lado oposto ao ângulo de 60º,


B a
temos:
Figura 24. Triângulo ABC
x² = 10² + 15² - 2 · 10 · 15 · cos60º
1
Exemplo: Determine o valor de x no triângulo a seguir: x² = 100 + 225 - 2 · 10 · 15 · 2
x²= 325 - 150
A x² = 175
x = ± 175
x = ±5 7
x=5 7
120°
Observe que acima só nos interessa o valor positi-
100m vo, visto que estamos de posse de medida geométrica
(que tem sempre que ser positiva!).
Como o exercício pede o comprimento necessário
do muro para cercar o terreno, logo vamos calcular o
perímetro do triângulo, que será dado por:
45°

C 2p = 10 + 15 + 5 · 7
x
B 2p = 25 + 5 · 7
2p = 5 · (5 + 7 )
Figura 25. Triângulo ABC com ângulos CÂB=120° e CB̂A = 45°
Portanto, o comprimento necessário de muro é
Como temos dois ângulos conhecidos, vamos utili- dado por: 5 · (5 + 7 ) metros.
zar a Lei dos Senos:
UNIDADES DE MEDIDAS DE ARCOS E ÂNGULOS:
MEDIDA EM GRAU E MEDIDA EM RADIANO 
x 100 x 100 2 2 →
= = →x· = 100 ·
2
sen 120° sen 45° 3 2 3 Medida de Um Arco em Graus
2 2
O arco de uma volta mede 360º e o arco nulo mede
→ x = 100 · 3 0º. Assim sendo, o arco de 1 grau (representado pelo
1
2 símbolo 1º) é um arco igual a do arco de uma
360
48 volta.
Os submúltiplos do grau são o minuto e o segun- RAZÕES TRIGONOMÉTRICAS
do. O arco de um minuto (representado pelo símbolo
1
l´) é um arco igual a 60 do arco de um grau. Consideremos um triângulo retângulo ABC, reto
em A. Os outros dois ângulos B e C são agudos e com-
Simbolicamente: 1º = 60´ plementares, isto é, B + C = 90º.

O arco de um segundo (representado pelo símbolo


Para ângulos agudos, temos por definição:
1
l´´) é um arco igual a 60 do arco de um minuto.
C
Simbolicamente: 1´= 60´´

Medida de Um Arco em Radianos

A medida de um arco, em radianos, é a razão entre b


o comprimento do arco e o raio da circunferência a
sobre a qual este arco está determinado. Assim, temos:

A c B
B A
Figura 1. Triângulo Retângulo ABC

cateto oposto a B B
sen B = =
Figura 10. Arco circular AB em uma circunferência de raio r hipotenusa A

AB
α = r , onde AB é o comprimento do arco
cateto oposto a C C
sen C = =
Observações: A
hipotenusa
z O arco AB mede 1 radiano (1 rad), se o seu compri-
mento for igual ao raio da circunferência. cateto adjacente a B C
z A medida de um arco, em radianos, é um número cos B = =
real “puro” e, portanto, é costume omitir o símbolo hipotenusa A
rad. Ao dizer ou escrever que um certo arco mede
3, por exemplo, fica subentendido que sua medi-
da é de 3 radianos, ou seja, que o comprimento do cateto adjacente a C B
arco é o triplo da medida d do raio. cos C = =
z O arco de uma volta, cuja medida é 360º, tem com- hipotenusa A
primento igual a 2 · π · r e sua medida em radianos
AB 2 · π ·r
será, portanto, 2 π pois α = r = 2 π , 6, 28 cateto oposto a B B
r tg B = =
cateto adjacente a B C
CÍRCULO TRIGONOMÉTRICO

Chamamos de Círculo Trigonométrico AP ao con- cateto oposto a C C


junto dos “infinitos” arcos de origem A e extremidade P. tg C = =
cateto adjacente a C B
Esses arcos são obtidos partindo da origem A e girando
em qualquer sentido (positivo ou negativo) até a extre-
Observações:
midade P, seja na primeira passagem ou após várias vol-
tas completas no ciclo trigonométrico. Analogamente,
chamamos de ângulo trigonométrico AÔP ao conjunto z Os senos e cossenos de ângulos agudos são núme-
dos “infinitos” ângulos de lado inicial e lado terminal . ros compreendidos entre 0 e 1, pois a medida
do cateto é sempre menor do que a medida da
MATEMÁTICA

hipotenusa;
P z O seno de um ângulo é igual ao cosseno do seu
(II) (I) α complemento e reciprocamente:
O r A (Origem) O A
sen x = cos (90º – x) e cosx = sen (90º – x)
(III) (IV)
z No triângulo retângulo vale o Teorema de Pitágo-
ras: a2 = b2 + c2 49
REDUÇÃO AO 1º QUADRANTE  TABELA RESUMO DE REDUÇÃO DE ARCOS PARA O
1º QUADRANTE
Redução ao 1º quadrante ARCO SENO COSSENO TANGENTE

Vamos deduzir fórmulas para calcular funções tri-


gonométricas de x, com x não pertencente ao 1º qua- 5π
drante, relacionando x com algum elemento do 1º (150º) 1
-
3
-
3
2 2 3
quadrante (por isso o nome Redução ao 1º quadran- 6
te). A meta é conhecer sen x, cos x e tg x a partir de uma
tabela que dê as funções circulares dos reais entre 0 e π 180º 0 -1 0
π .
2

(210º) -1 3 3
Redução do 2º para o 1º quadrante 2 -
2 3
sen x = sen (π – x) 6
cos x = - cos (π – x)

Redução do 3º para o 1º quadrante 5π


(225º) -
2
-
2 1
4 2 2
sen x = - sen (x - π)
cos x = - cos (x - π)

Redução do 4º para o 1º quadrante 4π


(240º) -
3 -1 3
2 2
sen x = - sen (2π – x) 3
sen x = - sen (2π – x)

Podemos criar a seguinte tabela: 3π


(270º) -1 0 Não existe
2
TABELA RESUMO DE REDUÇÃO DE ARCOS PARA O
1º QUADRANTE

ARCO SENO COSSENO TANGENTE (300º) 3 1 - 3
- 2
3 2
0 0 1 0

π 7π
(30º) 1 3 3 (315º) 2 2 -1
-
6
2 2 3 2 2
4

π 11π
(45º) 2 2 1 (330º) -1 3 3
-
4 2 2 6
2 2 3

2 π (360º) 0 1 0
π
(60º) 3 1 3
2 2
3 TRANSFORMAÇÕES TRIGONOMÉTRICAS

π Adição e Subtração de Arcos


(90º) 1 0 Não existe
2 Se a e b são as determinações de dois arcos, veri-
fica-se que:

(120º) 3 -1 - 3
2 2 z Cosseno de (a + b)
3

cos (a + b) = cos (a) · cos(b) – sen(a) · sen(b)



(135º) 2 2 -1
-
4 2 2 z Cosseno de (a – b)

50 cos(a – b) = cos (a) · cos(b) + sen(a) · sen(b)


z Seno de (a + b) tg (45c) - tg (30c)
tg75° = tg(45° + 30°) =
1 - tg (45c) · tg (30c)
sen(a + b) = sen(a) · cos(b) + sen(b) · cos(a)
3
1+ 3
z Seno de (a – b) tg75° = =
3
1 - 1· 3
sen(a – b) = sen(a) · cos(b) – sen(b) · cos(a)
3 3 3
1+ 3 3+
z Tangente de (a + b) = = 3 =
3 3- 3
1- 3 3 3
tg (a) + tg (b)
tg (a + b) =
1 - tg (a) ·tg (b)
3+ 3
z Tangente de (a – b) = 3 =
3
3- 3
tg (a) - tg (b)
tg (a - b) =
1 + tg (a) ·tg (b)
=c m·d n=
3+ 3 3
A partir dessas relações podemos construir a 3 3- 3
seguinte Tabela Resumo:
3+ 3
tg75° =
3- 3
ADIÇÃO E SUBTRAÇÃO DE ARCOS
IDENTIDADES TRIGONOMÉTRICAS FUNDAMENTAIS

cos(a + b) = cos(a) · cos(b) – sen(a) · sen(b) Teorema Fundamental da Trigonometria

sen2 x + cos2 x = 1

cos(a – b) = cos(a) · cos(b) + sen(a) · sen(b) Em um triângulo retângulo de catetos b e c e hipo-


tenusa a temos, de acordo com o teorema de Pitágo-
ras: a2 = b2 + c2.

sen(a + b) = sen(a) · cos(b) + sen(b) · cos(a) C

sen(a – b) = sen(a) · cos(b) – sen(b) · cos(a)

a
tg (a) + tg (b) b
tg (a+b) = -
1 tg (a) ·tg (b)

tg (a) - tg (b)
tg (a - b) = A
1 + tg (a) ·tg (b)
B c

Exemplo: Utilizando as fórmulas de adição e sub- Figura 7. Triângulo Retângulo ABC, com catetos b e c e hipotenusa a
tração de arcos, calcule cos15º.
Assim sendo, se x for a medida do ângulo agudo
cos15º = cos(60º-45º) = cos(60º) · cos(45º) + sen(60º) ·
sen(45º) B, então:

(sen x)² + (cos x)² = sen²x + cos²x = b l + b l =


2 2
1 2 3 2 2 6 2+ 6 b c
cos15º = ·
2· 2 + 2 2 = 4 + 4 = 4 a a
b 2 c 2 b 2 + c2 a 2
= 2 + aa = = 2 =1
Exemplo: Utilizando as fórmulas de adição e sub- a a2 a
MATEMÁTICA

tração de arcos, calcule sen105º.


Portanto: sen2 x + cos2 x = 1
sen105º = sen(60º + 45º) = sen(60º) · cos(45º)+sen(45º) · cos(60º)
Observações:
3 2 2 1 6 2 6+ 2
sen105º = · =
2 · 2 + 2 2 = 4 + 4 4 z sen2 x = (sem x)2
z sen2 x = 1 – cos2 x
Exemplo: Utilizando as fórmulas de adição e sub-
z cos2 x = (cosx)2
tração de arcos, calcule tg75º.
z cos2 x = 1 – sen2 x 51
Vejamos agora as relações fundamentais da trigonometria: sen2 x + cos2 x 1
2 =
cos x cos2 x
sen x
z Relação Fundamental: tg x = cos x
sen2 x cos2 x
+
Em um triângulo retângulo de catetos b e c e hipo- cos2 x cos2 x
tenusa a, se x for a medida do ângulo agudo B, então: tg² x +1 = sec²x

C sec²x = tg²x = 1

Portanto: sec2 x = 1 + tg2 x

z Relação Fundamental: cossec2 x = 1 + cotg2 x

Dividindo ambos os membros do Teorema Funda-


a
mental da Trigonometria (sen2 x + cos2 x = 1), por sen2
b
x, temos:

sen²x = cos²x = 1

A sen2 x + cos2 x 1
2 = 2 =
sen x sen x
B c
sen2 x cos2 x 1
Figura 8. Triângulo Retângulo ABC, com catetos b e c e hipotenusa a + =
sen2 x sen2 x sen2 x

b 1 + cotg²x = cossec²x
b senx
tgx = c = a c = cos x,
a cossec²x = 1 + cotg²x
sen x
Portanto: tg x = cos x Portanto: cossec2 x = 1 + cotg2 x
sen x Logo, podemos construir a seguinte tabela:
z Relação Fundamental: cotg (x) = cos x

A cotangente de um ângulo agudo x é, por defini-


ção, o inverso da tangente. É representada com o sím- RELAÇÕES FUNDAMENTAIS
bolo: cotg (x). Assim sendo, temos:
sen2 x + cos2 x = 1
cotg (x) = tg1(x) = sen x = 1 · sen x = sen x
1 cos x cos x
sen x
cos x tg x = cos x
cos x
cotg(x) = sen x
Portanto: cotg (x) = sen
cos x
x 1
sec x = cos x
1
z Relação Fundamental: sec x = cos x 1
cossec(x)= senx
A secante de um ângulo agudo x é, por definição, sec2 x = 1 + tg2 x
o inverso do cosseno. É representada com o símbolo
secx. cossec2 x = 1 + cotg2 x
1
Portanto: sec x = cos x

Exemplo: Se 0º < x < 90º, então, a expressão


1
z Relação Fundamental: cossec (x) = senx sen2 x + cos2 x
é igual a:
cos x
A cossecante de um ângulo agudo x é, por defini- sen2 x + cos2 x 1
ção, o inverso do seno. É representada com o símbolo cos x = cos x = sec x
cossec (x).
1 Exemplo: Simplificando a expressão (tg x) · (cos x) ·
Portanto: cossec (x) = senx (cossec x), para 0º < x < 90º, obtém-se:

z Relação Fundamental: sec2 x = 1 + tg2 x sen x 1


(tg x) · (cos x) · (cossec x) = cos x · cos x· sen x =
Dividindo ambos os membros do Teorema Funda- sen x· cos x
mental da Trigonometria (sen2 x + cos2 x = 1), por cos2 = cos x · sen x = 1
x, temos:
3
Exemplo: Sabendo que sen = 5 0º < x < 90º, calcu-
52 sen²x + cos² = 1 le as demais funções circulares de x.
3
Se sen x = 5 , temos que:
5π 7π
S = {x ∈ ℝ/ 0 + 2kπ ≤ x < + 2kπ ou + 2kπ < x < 2π + 2kπ}
3 2 4 4
sen²x + cos²x = 1 → b 5 l + cos2 x = 1 →
9
25 + cos x = 1
2

1
cos²x = 1 - 9 16
25 → cos²x = 25 → cos x= !
16
25 Exemplo: Vamos resolver a inequação sen x <
2
4
cos x = ! 5 , como 0º < x < 90º, o cosseno assumirá
o valor positivo. 1
sen x <
2
4
Portanto: cos x = 5
π 5π
3 4
Se sen x = 5 e cos x = 5' , temos que: 0 + 2kπ ≤ x < + 2kπ ou + 2kπ < x < 2π + 2kπ
6 6
3 π 5π
senx 3 5 3 S = {x ∈ ℝ/0 + 2kπ ≤ x < + 2kπ ou + 2kπ < x < 2π + 2kπ}
tgx= cos x " 54 = 5·4 = 4
6 6
5
3 3
Se tg x = 4 temos que: Exemplo: Vamos resolver a inequação cos x >
2
1 1 4 4
cotg x= tgx " 3 = 1· 3 = 3 3
cos x >
4 2
4
Se cos x = 5 temos que:
π 11π
2kπ ≤ x < + 2π ou + 2kπ < x < 2π + 2kπ
1 1 5 5
sec x = cos x " 4 = 1 · 4 = 4 6 6
5
3
Se sen x = 5 temos que: π 11π
S= {x ∈ ℝ/2kπ ≤ x < + 2π ou + 2kπ < x < 2π + 2kπ}
6 6
1 1 5 5
cossec x = senx " 3 = 1 · 3 = 3
5
1
Exemplo: Vamos resolver a inequação cos x < -
EQUAÇÕES E INEQUAÇÕES TRIGONOMÉTRICAS NO 2
CONJUNTO DOS NÚMEROS REAIS
1
Equações Trigonométricas cos x < -
2

Consideremos f (x) e g (x) duas funções trigonomé-


tricas na variável x, com seus respectivos domínios. 2π 4π
+ 2kπ < x < + 2kπ
Resolvemos uma inequação trigonométrica f (x) < g (x) 3 3
obtendo o conjunto solução, ou conjunto verdade, dos
2π 4π
números reais r para os quais f (r) < g (r). S = {x ∈ ℝ/ + 2kπ < x < + 2kπ}
3 3
Todas inequações trigonométricas podem ser redu-
zidas em seis equações fundamentais:
Exemplo: Vamos resolver a inequação tg x > 1
z sen x > m
z sen x < m tg x > 1
z cos x > m
z cos x < m π π 5π 3π
+ 2kπ < x < + 2kπ ou 2kπ < x < + 2kπ
z tg x > m 4 2 4 2
z tg x < m

Vejamos um exemplo para cada uma das seis situa- π π


MATEMÁTICA

+ kπ < x < + kπ
ções destacadas acima: 4 2
2
Exemplo: Vamos resolver a inequação sen x ≥ -
2 π π
S = {x ∈ ℝ/ + kπ < x < + kπ}
4 2
2
sen x ≥ -
2 Exemplo: Vamos resolver a inequação

5π 7π
0 + 2kπ ≤ x < + 2kπ ou + 2kπ < x < 2π + 2kπ tg x < 3 53
4 4
a) Substituindo sen2 a = 1 – cos2 a, temos:
π
0 + 2kπ ≤ x < + 2kπ cos(2a) = cos2 (a) – sen2 (a)
3
cos(2a) = cos2 (a) – [ 1 – cos2 (a)]
ou cos(2a) = cos2 (a) -1 + cos2 (a)
cos(2a) = 2 · cos2 (a) -1
π 4π Portanto, temos a 1ª variação: cos(2a) = 2 · cos2 (a) -1
+ 2kπ < x < + 2kπ
2 3
b) Substituindo cos2 a = 1 – sen2 a, temos:
ou
cos (2a) = cos2 (a) – sen2 (a)
3π cos (2a) = [1 – sen2 (a)] – sen2 (a)
+ 2kπ < x < 2π + 2kπ
2 cos (2a) = 1 – sen2 (a) – sen2 (a)
cos (2a) =1 – 2 · sen2 (a)
π
S = {x ∈ ℝ/ 0 + 2kπ ≤ x < + 2kπ Portanto, temos a 2ª variação: cos(2a) = 1 – 2 · sen2 (a)
3
ou z Seno de (2a)

sen(a + b) = sen(a) · cos(b) + sen(b) · cos(a)


π 4π
+ 2kπ < x < + 2kπ Fazendo b = a, temos:
2 3
ou sen(a + a) = sen(a) · cos(a) + sen(a) · cos(a)
sen(2a) = 2 · sen(a) · cos(a)

Portanto: sen(2a) = 2 · sen(a) · cos(a)



+ 2kπ < x < 2π + 2kπ}
2 z Tangente de (2a)

tg (a) + tg (b)
tg (a + b) =
FÓRMULAS DE ADIÇÃO DE ARCO: ARCOS DUPLOS, 1 - tg (a) ·tg (b)
ARCO METADE E TRANSFORMAÇÃO EM PRODUTO Fazendo b = a, temos:

Fórmulas do Arco Duplo tg (a) + tg (a)


tg (a + a) =
1 - tg (a) ·tg (a)
A partir das fórmulas de adição de arcos, temos:
2·tg (a)
cos (a + b) = cos(a) · cos(b) – sen(a) · sen(b) tg (2a) = - 2
1 tg (a)
sen(a + b) = sen(a) · cos(b) + sen(b) · cos(a)
2·tg (a)
tg (a) + tg (b) Portanto: tg (2a) = - 2
1 tg (a)
tg (a + b) = -
1 tg (a) ·tg (b) Logo, temos as seguintes fórmulas para arcos
duplos:
Desta maneira, podemos obter as fórmulas do arco
duplo.
Fórmulas de arco duplo são as expressões das fun- FÓRMULAS DE ARCO DUPLO
ções trigonométricas de arcos da forma 2a. É um caso
particular de adição de arcos. Para tanto, basta fazer b
= a nas fórmulas acima. cos(2a) = cos2(a) – sen2(a)
Vejamos abaixo como ficarão estas fórmulas:

cos(2a) = 2 · cos2(a) - 1
z Cosseno de (2a)

cos(a + b) = cos(a) · cos(b) – sen(a) · sen(b) cos(2a) = 1 – 2 · sen2(a)

sen(2a) = 2 · sen(a) · cos(a)


Fazendo , temos:
2·tg (a)
cos(a + a) = cos(a) · cos(a) – sen(a) · sen(a) tg(2a) = - 2
1 tg (a)
cos(2a) = cos2 (a) – sen2 (a)

Portanto: cos(2a) = cos2 (a) – sen2 (a)


3 3π
Exemplo: Sendo tg x = 4 e π < x < , calcule sen(2x):
Observação: Esta fórmula do cosseno do arco duplo 2
Sabemos que:
apresenta duas outras variações, conforme utilizamos
o Teorema Fundamental da Trigonometria (sen2 a + sen x
tg x = cos x
54 cos2 a = 1). Vejamos de que maneira isto acontece:
3 cos2a = 2cos²a - 1
Se tg x = l
4 2cos²a = 1 + cos2a
1 + cos 2a
3 sen x 4·sen x cos²a =
Logo: 4 = cos x → cos x = ( I) 2
3
x
Fazendo 2a = x, temos a = 2 .
Vamos substituir o valor do cos x em: sen2 x + cos2 x = 1

sen²x + cos²x = 1⇒ sen²x = 1- cos²x ⇒ sen²x = 1- b


4·senx l2 Logo:
3
cos² b 2 l =
x 1 + cos x
2
2
16·se x
cos b 2 l = !
sen²x = 1 - " 9 · sen²x = 9 -16 · sen²x → 9 · sen²x + x 1 + cos x
9
16 · sen²x = 9 2
z Tangente do Arco Metade
9 9 3
Vamos fazer o cálculo de tg b 2 l :
25 · sen²x = 9 → sen²x = 25 → senx ± x
25 → senx = ± 5

sen b 2 l 1 - cos x
x
tg b 2 l = b l
x x 2

x → tg 2 =
Como π < x <
2
, x ∈ 3ºQ, logo o sen x é negativo. cos b 2 l 1 + cos x
2
3
Portanto, sen x = - 5 (II) 1 - cos x
tg b x l = 2 → tg b 2 l =
x 1 - cos x
De I e II, vem que: 2 1 + cos x 1 + cos x
2
→ cosx 3 · senx → cosx 3 · b - 5 l → cosx= - 5
4·senx 4 4 3 4
cosx =
tg b 2 l = !
3 x 1 - cos x x π
, (Para 2 ≠ +kπ, k ∈ ℤ)
1 + cos x l 2
Com os valores de senx e cos x, vamos encontrar
sen(2x): Logo, temos as seguintes fórmulas para Arcos
Metade:
sen(2x) = 2 · sen(x) · cos(x)
sen(2x) = 2 · b - 5 l · b - 5 l FÓRMULAS DE ARCO METADE
3 4

sen(2x) = 2 · b 25 l
12
sen b 2 l = !
x 1 - cos x
24
sen(2x) = 25 2

Fórmulas do Arco Metade


cos b 2 l = !
x 1 + cos x
A partir das fórmulas anteriores podemos obter 2
mais três fórmulas importantes.

z Seno do Arco Metade


tg b 2 l = !
x 1 - cos x
1 + cos x
Vamos fazer o cálculo de b 2 l :
x

cos2a = cos²a - sen²a Transformação em Produto


cos2a = 1 - sen²a - sen²a
cos2a = 1 - 2sen²a As somas e subtrações trigonométricas podem ser
2sen²a = 1 - cos2a transformadas em produtos, facilitando assim a reso-
1 - cos 2a lução de muitos exercícios.
sen²a =
2 Para utilizar esse recurso, fazemos a aplicação de
x fórmulas.
Fazendo 2a = x, temos a = 2 . Essas fórmulas são conhecidas como Fórmulas de
Werner.
Logo: Vejamos cada uma delas.

sen² b 2 l =
x 1 - cos x
cos p + cos q = 2 · cos c m · cos c m
p+q p-q
2 2 2

sen² b 2 l = ±
x 1 - cos x
MATEMÁTICA

cos p - cos q = -2 · sen c m·c m


p+q p-q
2 2 2
z Cosseno do Arco Metade
sen p + sen q = 2 · sen c m · cos c m
p+q p-q
2 2
Vamos fazer o cálculo de cos b 2 l :
x
sen p - sen q = 2 · sen c m ·cos c m
p-q p+q
2 2
cos2a = cos²a - sen²a
cos2a = cos²a - (1 - cos²a) tg p + tg q =
sen (p + q)
cos2a = cos²a - 1 + cos²a (cos p) · (cos q) 55
sen (p - q)
tg p - tg q = 1
(cos p) · (cos q) z sen²x =
4
Exemplos:

cos8x + cos2x = 2 · cos b l· cos b 8x 2x l= cos5x · cos3x


8x + 2x - 1 1 1
2 2 sen²x = → senx = ! → senx = ! →
4 4 2
cos6x - cos4x = -2 · sen b l·b l= - 2 · sen5x · senx
6x + 4x 6x - 4x
2 2
1 π π
en3x + senx = 2 · sen b 2 l· cosb 2 l=2 · sen2x · cosx
3x + x 3x - x sen x = → sen x = sen →x=
s 2 6 6
ou
sen18x - sen 4x = 2 · senb
18x - 4x l
· cosb l= 2 · →
18x + 4x →
2 2
→ · sen7x · cos11x

tg3x + tg2x =
sen (3x + 2x)
=
sen (5x)
cos 3x · cos 2x cos 3x · cos 2x
sen x = -
1
2
→ sen x = sen π - (
π
6
)→ x = 5π
6

sen (5x - x) sen (4x)


tg5x - tgx = cos 5x · cos x = cos 5x · cos x
π
x= + 2kπ
SISTEMAS DE EQUAÇÕES E INEQUAÇÕES 6
TRIGONOMÉTRICAS E RESOLUÇÃO DE
π ou
TRIÂNGULOS sen x = sen →
6
Consideremos f (x) e g (x) duas funções trigonomé-
tricas na variável x, com seus respectivos domínios. x= π-( π
6
) + 2kπ = 5π
6
+ 2kπ
Resolvemos uma equação trigonométrica f (x) = g (x)
encontrando os números f (r) = g (r) que tornam a sen-
tença verdadeira. Vale ressaltar que r precisa perten-
cer aos respectivos domínios das funções. 7π
Todas equações trigonométricas podem ser redu- x= + 2kπ
zidas em três equações fundamentais: 6

sen x = sen → ou
6
z sen α = sen β
z cos α = cos β
z tg α = tg β x= π-( 7π
6
) + 2kπ = - π6 + 2kπ

Resolução de uma equação sen α = sen β

Para resolver a equação sen α = sen β, utilizamos a


seguinte relação: π 5π
Logo: S = {x ∈ ℝ/x = + 2kπ ou x = + 2kπ ou x=
6 6
α = β + 2kπ
ou 7π π
sen α = sen β → = + 2kπ ou x = - + 2kπ}
α = (π - β) + 2kπ 6 6

Resolução de uma equação cos α = cos β

Exemplos: Vamos resolver as seguintes equações:


Para resolver a equação cos α = cos β, utilizamos a
seguinte relação:

π α = β + 2kπ
z sen α = sen β = sen
5 ou → α = ± β + 2kπ
cos α = cos β →
α = -β + 2kπ
π
x= + 2kπ
5
Exemplos: Vamos resolver as seguintes equações:
π ou
sen x = sen →
5
2
z cos x =
π 4π 2
x = (π - ) + 2kπ = + 2kπ
5 5
2 π π
cos x = → cos x = cos →x=
2 3 3

π 4π
Logo: S = {x ∈ ℝ/x = + 2kπ ou x = = 2kπ}
5 5 π
56 Logo: S = {x ∈ ℝ/x = ± + 2kπ}
3
z cos²x + cosx = 0 Sendo que, para n=0 ou n=1, temos que os fatoriais
são, respectivamente, 1! = 1 e 0! = 1.
cos²x + cos x = 0 → cos x · (cos x + 1) = 0
O cálculo do fatorial de n=5 é 5! ∙ 4 ∙ 3 ∙ 2 ∙ 1 = 120,
mas quando esse n tende a ser grande o cálculo do fato-
rial torna-se mais trabalhoso como para n=12, 12! = 12
cos x = 0 → cos x = cos ( π2 + 2kπ ) ∙ 11 ∙ 10 ∙ ... ∙ 3 ∙ 2 ∙ 1 = 479001600. Nesses casos podemos
ou simplificar e usar em algumas operações essa simplifica-
ção para facilitar o cálculo. Assim, temos o fatorial para
cos x +1 = 0 → cos x = -1 → cos x = cos (π + 2kπ) n=12, 12! = 12 ∙ 11 ∙ 10 ∙ ... 3 ∙ 2 ∙ 1 = 12 ∙ 11!, generalizando
temos:

(n + 1) != (n + 1) ∙ n ∙ (n – 1) ∙ ... ∙3 ∙ 2 ∙ 1 = (n +1) ∙ n!
π
Logo: S = {x ∈ ℝ/x = + 2kπ ou x = π + 2kπ}
2
(n + 1)!
Resolução de uma equação tg α = tg β Nesse sentido, a razão simplificada fica:
(n – 1)!
Para resolver a equação tg α = tg β, utilizamos a
seguinte relação: (n + 1)! (n + 1) ∙ n ∙ (n – 1)!
= = (n + 1) ∙ n = n² +n
(n – 1)! (n – 1)!
α = β + 2kπ
ou → α = β + kπ
tg α = tg β → Com n ∈ ℕ temos que aplicando essa ideia na razão
α = (β + π) + 2kπ
13!
temos:
11!
Exemplos: Vamos resolver as seguintes equações:

z tg x = - 3
13! 13 ∙ 12 ∙ 11!
= = 13 ∙ 12 = 156
11! 11!
2π 2π
tg x = - 3 → tgx = tg →x=
3 3 PRINCÍPIOS MULTIPLICATIVO E ADITIVO DA
CONTAGEM

Logo: S = {x ∈ ℝ/x = + kπ} O princípio multiplicativo, também conhecido
3
z tg x + cotg x = 2 como o princípio fundamental da contagem, é defi-
nido em duas situações diferentes, sendo a primeira
1 quando se deseja fazer a contagem da combinação
tg x + cotg x = 2 → tg x + tg x = 2
de elementos entre dois ou mais conjuntos, ou seja,
tg²x + 1 = 2tg x → tg² x - 2tg x + 1 = 0 cruzamento todos com todos. A segunda é quando se
quer contar elementos dessas combinações, mas res-
-(-2) ± √(-2)² - · 4 · 1 ·1 2 ± √4 - 4 2±0 tringindo elementos a serem combinados.
tg x = = = =1
2·1 2 2 Na primeira situação podemos inicialmente traba-
lhar com dois conjuntos A e B, sendo, A = {a₁,a₂, ⋯, am}
com m elementos e B = {b1, b2, ⋯, bn}com n elementos.
Com isso, podemos formar da combinação de A com B
π
Logo: S = {x ∈ ℝ/x = + kπ} uma quantidade m ∙ n (princípio multiplicativo) de
4
pares ordenados (ai, bj) com ai ∈ A e bj ∈ B. Podemos
visualizar melhor descrevendo tal combinação em
forma de diagrama de árvore:
CONTAGEM E ANÁLISE
COMBINATÓRIA 
FATORIAL, DEFINIÇÃO E OPERAÇÕES
MATEMÁTICA

O fatorial é uma operação matemática utilizada


para simplificar a notação de algumas técnicas de
contagem, como permutação, arranjo e combinatória.
Sua definição é bem simples: dado um número inteiro
e não negativo, ou seja, n ∈ ℕ, define-se o fatorial de n,
com notação de n!:

n! = n ∙ (n – 1) ∙ (n – 2) ∙ ... ∙ 3 ∙ 2 ∙ 1, para n ≥ 2. 57
(a1, b1), ⋯ ,(a1, bn) → n pares
(a2, b1), ⋯ ,(a2, bn) → n pares


m linhas ∙

(am, b1), ⋯ ,(am, bn)


n pares

n+n+⋯+n=m∙n

Suponha que em três cidades, Brasília, Belo Hori-


zonte e Rio de Janeiro, existam quatro rodovias que
ligam Brasília a Belo Horizonte e outras cinco rodo- (a1, a2), ⋯ ,(a1, am) → m – 1 pares
vias que ligam Belo Horizonte ao Rio de Janeiro. (a2, a1), ⋯ ,(a2, am) → m – 1 pares
Usando o princípio multiplicativo podemos saber de
quantas formas diferentes podemos chegar ao Rio de ∙
m linhas ∙
Janeiro, saindo de Brasília e passando por Belo Hori- ∙
zonte. Usando a ideia dos conjuntos A e B anteriores
temos o conjunto A ligando Brasília a Belo Horizonte e (am, a1), ⋯ ,(am, am–1) → m – 1 pares
o conjunto B ligando Belo Horizonte ao Rio de Janeiro: (m – 1)+(m – 1)+ ⋯ +(m – 1) = m ∙ (m – 1)

A = {a₁, a₂, a₃, a₄} e B = {b₁, b₂, b₃, b₄, b₅} Voltando ao exemplo do início da seção temos o
conjunto B, com a lei de formação sendo, um conjunto
(a1, b1), ⋯ ,(a1, b5) → 5 pares
finito de números de três algarismos distintos formado
(a2, b1), ⋯ ,(a2, b5) → 5 pares pelos dígitos 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7 e 8. Para numerar todos ele-
mentos de B, n(B)=?, B={123, 124, 125, ..., 876}, por ser
4 linhas ∙ muito grande esse conjunto é necessário utilizar uma
∙ técnica de contagem. Aqui podemos usar o princípio

da multiplicação, com o caso de restrição, onde para
serem elementos distintos, o que aparecer no primeiro
(a4, b1), ⋯ ,(a4, b5) → 5 pares algarismo não pode aparecer no segundo, nem no ter-
5 + 5 + ⋯ + 5 = 4 ∙ 5 = 20 ceiro, ou seja, o número 111 não é elemento de B:

Assim, são 20 formas diferentes de chegar ao Rio de A = {a₁, a₂, a₃, a₄, a₅, a₆, a₇, a₈} = {1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8}
Janeiro, saindo de Brasília e passando por Belo Horizonte. → B = {123, 124, 125, ⋯, 876}
Generalizando o princípio multiplicativo para (a1, a2, a3), ⋯ ,(a1, a7, a8) → 7 ∙ 6pares (prin-
qualquer quantidade de conjuntos temos: cípio multiplicativo)
(a2, a1, a3), ⋯ ,(a2, a7, a8) → 7 ∙ 6pares
A = {a₁, a₂, ⋯, an₁} n(A) = n₁ 8 linhas ∙
B = {b₁, b₂, ⋯, bn₂} n(B) = n₂ ∙


∙ (a8, a1, a2), ⋯ ,(a8, a7, a6) → 7 ∙ 6pares

7 ∙ 6+7 ∙ 6+ ⋯ +7 ∙ 6=8 ∙ 7 ∙ 6 = 336
Z = {z₁, z₂, ⋯, zn } n(Z) = nr
r
Assim, são 336 números distintos formados por
três algarismos distintos com os dígitos de 1 a 8.
Então a quantidade de r-uplas, ou sequência de r Generalizando então o princípio multiplicativo,
elementos, do tipo (ai, bj, ⋯, zp), onde ai ∈ A, bj ∈ B, ..., zp, com restrição para elementos distintos, para qualquer
∈ Z é n1 ∙ n2 ∙ ... ∙ nr (princípio multiplicativo). quantidade de elementos temos:
Agora para a segunda situação podemos inicial-
mente trabalhar com um conjunto A, A = {a1, a2, ⋯, am} Se A = {a₁, a₂, ⋯, am}, n(A) = m
com m elementos. Com isso, podemos formar da com- com sequências do tipo: (ai,al, ⋯,aj, ⋯,ak)
binação de A com A tais que, ai ∈ A e aj ∈ A, sendo ai ≠ r elementos
aj (i ≠j) a quantidade m ∙ (m – 1) (princípio multiplica-
tivo, com restrição de elementos no par ordenado)
de pares ordenados (ai, aj) com ai ∈ A e aj ∈ A. Podemos
visualizar melhor descrevendo tal combinação em a quantidade de sequência é: m ∙ (m – 1) ∙ (m – 2) ∙ ... ∙
58 forma de diagrama de árvore: [m – (r –1)]
Então a quantidade de r-uplas, ou sequência de r de números de três algarismos distintos, formado
elementos, formados com elementos distintos dois a pelos dígitos 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7 e 8, enumerando todos
dois, é m ∙ (m – 1) ∙ ... ∙ [m – (r – 1)] (princípio multipli- os elementos de B, n(B)=?, B={123, 124, 125, ..., 876},
cativo), onde a1 ∈ A ∀i ∈ {1, 2, ⋯, m} e a1 ≠ ap para i ≠ p. feito com princípio multiplicativo, temos o resultado
Até o momento vimos técnicas de contagem envol- n(B)=336; agora usando a definição de arranjo sem
vendo o princípio multiplicativo, já o princípio adi- repetição temos:
tivo é empregado em situações em que se deseja a
união entre conjuntos de resultados possíveis, onde
n! 8! 8! 8 ∙ 7 ∙ 6 ∙ 5!
em cada um deles a contagem será feita utilizando o An,r = à A8,3 = = = =
princípio da multiplicação e pôr fim a soma deles dará (n – r)! (8 – 3)! 5! 5!
o resultado final do número de elementos da união
desses conjuntos de interesse. Por exemplo, qual a 8 ∙ 7 ∙ 6 = 336
quantidade de números inteiros positivos abaixo de
1000, formado pelos dígitos {1, 2, 3}. Note que não foi Note que a solução usando o princípio fundamen-
informada a quantidade de algarismos que devem ter tal da contagem (multiplicativo) foi exatamente o
esses números inteiros, assim eles podem ser conjun- mesmo que usando a definição de arranjo, veja ainda
to de números de 1 algarismo ou números de 2 alga- que a fórmula do arranjo no final caiu no princípio
rismos ou ainda número de 3 algarismos. Não entram multiplicativo.
números de 4 algarismos pois eles devem estar abaixo Para exemplificar o arranjo com repetição pode-
de 1000. Para resolver esse problema, iremos utili- mos usar o problema de sorteio com urnas, onde o
zar primeiro o princípio multiplicativo e logo após o número sorteado é reposto na urna e pode ser sor-
princípio da adição, onde somaremos os resultados de teado novamente, ou seja, com reposição (repetição).
cada um dos possíveis conjuntos de números em rela- Seja nesse contexto uma urna com os números 1, 2
ção ao seus algarismos. Onde temos OU entenda como e 3, e em seguida um número é sorteado, reposto na
SOMA (princípio aditivo), assim temos: urna, e o segundo número é sorteado. Quantas for-
mas possíveis de sequências de números podem ser
1algarismo: três possíveis: 1,2,3; observadas? Assim, usando a definição de arranjo
com repetição temos:
2algarismo: 3 ∙ 3 =9 possíveis (princípio multiplicativo);
3algarismos: 3 ∙ 3 ∙ 3=27 possíveis(princípio multiplicativo); ARn, r = nr à AR3, 2 = 32 = 9

A união:3+9+27=39 casos (princípio aditivo) Logo, temos nove pares possíveis de números
ARRANJOS, COMBINAÇÕES E PERMUTAÇÕES sorteados.

Da definição do princípio fundamental da conta- Combinações


gem (multiplicativo) podemos deduzir algumas fór-
mulas de agrupamentos, simplificando com notação Seja um conjunto de n elementos N = {a1, a2, ⋯,an},
de fatorial e definindo alguns casos particulares. chamamos de combinações dos n elementos tomados
r a r, os subconjuntos de N constituídos de r elemen-
Arranjos tos. Denotado por:

Seja um conjunto de n elementos N = {a1, a2, ⋯, an}, n!


chamamos de arranjo dos n elementos tomados r a r Cn, r = ,r≤n;∀n,r ∈ N
(1 ≤ r ≤ n) a qualquer sequência de r elementos ou r!(n – r)!
toda r-upla formada com elementos de N todos distin-
Como define-se combinação sendo subconjuntos, a
tos. Denotado por:
ordem dos elementos não interfere. Assim, os subcon-
juntos {a,b} e {b,a}são iguais.
An, r =n ∙ (n – 1) ∙ ... ∙[n – (r – 1)]
O exemplo clássico de combinações são os pro-
r fatores blemas envolvendo membros de comissões. Suponha
que uma empresa tenha 15 funcionários no setor
Com simplificação fatorial temos: administrativo, e se queira formar uma comissão com
3 desses funcionários. De quantas formas possíveis
pode-se formar essa comissão? Assim, essas comis-
n!
An, r sões são subconjuntos com elementos funcionários e
(n – r)! a ordem dos elementos dentro dela não interfere, ou
seja, esses subconjuntos de mesmos elementos, mas
MATEMÁTICA

Na mesma definição de arranjo, se as r-upla ordena- de ordem distintas, são iguais. Logo, essa contagem
das são formadas por elementos de N não necessariamen- pode ser feita a partir da combinação:
te distintos, temos a definição de arranjo com repetição:

ARn, r =n ∙ n ∙ ... ∙ n = nr n! 15! 15!


Cn, r = à C15,3 = = =
r fatores r! (n – r)! 3!(15 – 3)! 3!12!

15 ∙ 14 ∙ 13 ∙ 12! 15 ∙ 14 ∙ 13
Então, no exemplo do início da seção em que o con- = = 455 .
junto B, com a lei de formação é um conjunto finito 3!12! 3∙2∙1 59
Caso usássemos no exemplo anterior a ideia de
arranjo teríamos um número bem maior de elemen- PROBABILIDADE 
tos, visto que a ordem importa no arranjo. Sendo
assim, o arranjo contaria como diferentes aqueles EXPERIMENTO ALEATÓRIO
subconjuntos que a combinação define como iguais.
Logo, a escolha correta da técnica (arranjo ou combi- O conceito de experimento aleatório é extrema-
nação) para a condição definida é essencial! mente importante. Este representa a realização de
uma experiência ou experimento que gera resultados
n! 15! 15! incertos. Assim, denominamos de experimento aleató-
An, r = à A15,3 = = = rio todo fenômeno ou ação que geralmente pode ser
(n – r)! (15 – 3)! 12!
repetido indefinidamente sob mesmas condições e cujo
15 ∙ 14 ∙ 13 ∙ 12! resultado é aleatório ou incerto. Por exemplo, quando
= 15 ∙ 14 ∙ 13 = 2730 . lançamos uma moeda, uma única vez, estamos gerando
12!
um experimento aleatório, cujos possíveis resultados
são conhecidos, cara ou coroa, mas até que a moeda
pare de girar o seu resultado final ainda é incerto.
Permutação
EXPERIMENTO AMOSTRAL
Seja um conjunto de n elementos N = {a1, a2, ⋯, an},
chamamos de permutação dos n elementos a todo Outro conceito importante é o de espaço amos-
arranjo onde r=n. Denotado por: tral. Em um experimento aleatório gerado, sabemos
quais resultados possíveis de acontecer, e a todos
esses resultados de um experimento aleatório damos
n! n! n!
An, n = = = = n! = Pn o nome de espaço amostral e denotamos ele com uma
(n – n)! 0! 1 letra grega (Ω). Assim, no lançamento de um dado de
seis faces, o espaço amostral é Ω = {1, 2, 3, 4, 5, 6}. Já
Se liga! no lançamento de uma moeda, o espaço amostral é
definido como sendo Ω = {cara, coroa}. Na linha de
A permutação é um caso particular do arranjo, produção de uma indústria faz-se a inspeção dos equi-
em que se queira combinar todos elementos. pamentos construídos, contando o número de defei-
tos, seu espaço amostral é Ω = {0, 1, 2, 3, ...}.
Assim, a permutação de um conjunto N = {1, 2, 3},
são todos os arranjos constituídos dos 3 elementos, ou ESPAÇO AMOSTRAL E EVENTO
seja, {123,132,213,231,312,321}. Calculado o número de
n (evento)
permutações temos então Pn = n! à P3 = 3! = 3 ∙ 2 ∙ 1 = 6. Probabilidade do Evento =
n (espaço amostral)
Em situações que envolvam condições de con-
tagem, como em anagramas de palavras, em que o Na fórmula anterior, n (evento) é o número de
conjunto N = {a1, a2, ⋯, an} de n elementos, irão existir elementos do subconjunto evento, isto é, o número de
alguns elementos iguais, ai = ajcom i ≠ j. Neste caso, uti- resultados favoráveis, e n (espaço amostral) é o número
liza-se a técnica de permutação com elementos repeti-
total de resultados possíveis no experimento aleatório.
dos, de forma geral temos:
Por isso, costumamos dizer também que:

n! Números de resultados favoráveis


Pnn₁, n₂, ⋯, nr = Probabilidade do Evento =
n1!n2! ⋯ nr! Número total de resultados

Suponha que se deseja saber quantos anagramas


podem ser construídos com a palavra ARARAQUARA? Voltando ao exemplo no qual apenas os números
Então, usando a definição de permutação com repe- ímpares nos interessam, temos:
tição, da palavra temos 10 letras e duas delas com n (evento) = 3 possibilidades
repetição: n (espaço amostral) = 6 possibilidades
Logo:
n = 10
A à n1 = 5 3 1
Probabilidade do Evento = = 2 0,50 = 50%
R à n2 = 3 6

n! 10! 10 ∙ 9 ∙ 8 ∙ 7 ∙ 6 ∙ 5! Importante!
Pnn₁, n₂ = à P105,3 = = =
n1!n2! 5!3! 5!3! Se A é um evento qualquer, então 0 ≤ P(A) ≤ 1.
10 ∙ 9 ∙ 8 ∙ 7 ∙ 6 Se A é um evento qualquer, então 0% ≤ P(A) ≤
= 5040 100%.
60 3∙2∙1
PROBABILIDADE EM ESPAÇOS AMOSTRAIS
EQUIPROVÁVEIS  n(A)
P(A) =
n(Ω)
Seja um processo aleatório, com um espaço amos-
tral definido e conhecido todos seus eventos ou resul- Em que n(A) é o número de eventos ou resultados
tados possíveis, podemos definir a probabilidade de
favoráveis, e n(Ω) é o número de eventos ou resulta-
um evento de interesse de duas formas: definição fre-
quentista e definição clássica. dos do espaço amostral.
De acordo com a definição frequentista, se um Assim, qual seria a probabilidade de se retirar
evento de probabilidade p for observado repetidamen- uma carta de ouros de um baralho honesto? Fazemos
te ao longo de realizações independentes, a relação da isso usando a definição clássica de probabilidade, se
frequência observada desse evento ao número total um baralho honesto tem 13 cartas do naipe ouros
das repetições converge para p enquanto o número das (evento A) e o total de cartas do baralho é 52 (espaço
repetições se torna arbitrariamente grande. Dizendo amostral), então a chance de uma carta de ouros ser
com outras palavras e colocando no contexto da cons- tirada ao acaso é:
trução de histogramas, pode-se entender que quando n
→ ∞, as frequências das classes tendem a se estabilizar.
Para exemplificar essa definição frequentista, se n(A) 13 1
tomarmos uma moeda honesta e realizarmos o experi- P(A) = = = ou 25%
mento de lançar essa moeda, qual seria a probabilida- n(Ω) 52 4
de de sair cara? Todos irão responder intuitivamente
que é 50%. Isto é intuitivo devido à lei dos grandes PROBABILIDADE DA UNIÃO DE DOIS EVENTOS 
números. Mas, pela definição frequentista faríamos o
lançamento dessa moeda, por exemplo, 1000 vezes, e A operação com eventos é semelhante a operações
plotaríamos em um gráfico o número de lançamen- com conjuntos. A seguir apresentaremos o Diagrama
tos versus a frequência relativa de caras (número de de Venn para ilustrarmos algumas propriedades:
caras/números de lançamentos).
Note que (Figura 1), quanto maior o n (número de
lançamentos) mais a frequência relativa tende a se
estabilizar em 50%, que seria a resposta da probabi-
lidade de sair cara, feita anteriormente e respondida
intuitivamente. Ou seja, a probabilidade do evento A
ocorrer na definição frequentista é:

m
P(A) = lim 𝑓rA = lim
n→∞ n→∞ n
Figura 2. Diagrama de Venn.

Sendo m o número de eventos favoráveis e n o


número de resultados possíveis. z União (∪): A ∪ B = B ∪ A.

P(A ∪ B) = P(A) + P(B) – P(A ∩ B)

Caso os eventos A e B sejam mutuamente exclusi-


vos, então a probabilidade de A união com B é:

P(A ∪ B) = P(A) + P(B)

z Intersecção (∩): A ∩ B = B ∩ A
Figura 1. Simulação do lançamento de uma moeda honesta 1000
MATEMÁTICA

vezes em relação a suas respectivas frequências relativas.

Já na definição clássica, definido o processo alea-


tório e seu espaço amostral, temos a relação entre o
número de eventos favoráveis e o número de resul-
tados possíveis. Assim, a probabilidade do evento de
interesse é definida como o número de eventos (pon-
tos ou elementos) favoráveis divididos pelo número
de elementos do espaço amostral: 61
Se os eventos A e B são independentes então a Supondo um experimento aleatório de um lança-
probabilidade da intersecção entre A e B é: mento de um dado de seis faces, qual seria a probabi-
lidade da face superior do dado ser maior ou igual a 4
P(A ∩ B) = P(A) · P(B) sabendo que ela é par? No lançamento de um dado, o
espaço amostral é Ω = {1, 2, 3, 4, 5, 6}, vamos definir o
 omplementar: AC = Ω – A (lê-se: complementar
z C evento A como sendo face superior par, e o evento B
de A ou não A). face superior maior ou igual a 4. Então, A = {2, 4, 6) e B
= {4, 5, 6}, qual a P(B | A) = ?

P(A ∩ B)
P(B | A) = , P(A) > 0
P(A)

Assim, a probabilidade do complementar é dada


por:

P(AC) = 1 – P(A)
Agora, vamos determinar P(A), P(B) e P(A ∩ B):
É Importante saber que, Se A e B são conjuntos mutua-
mente exclusivos (disjuntos), então A ∩ B = Փ. Assim, a n ( n(A)
A) 3 1 3  1
probabilidade de A intersecção com B é P(A ∩ B). ( A)==
P P(A) = = 
n (Ω ) 6 = 26
n(Ω)
=
2 
n(B ) = 3 = 13
n(B)

1  P ( A ∩ B)
( )=
P P(B)
B = = = ⇒ P ( |BA)
⇒ P(B | A=) =
n (Ω ) 6 26
n(Ω) 2  P ( A)
n(A n∩(B)
A ∩ B )2 2 11 
P∩
P(A ( AB)∩= B ) = = == = 
n(Ω)n ( Ω ) 6 6 33 
P(A ∩ B) 1/3 1 2 2
= = · =
P(A) 1/2 3 1 3
PROBABILIDADE CONDICIONAL
Portanto, a probabilidade de que a face superior
Nem sempre estamos falando de espaço amostral do dado seja maior ou igual a 4 sabendo que ela é par
em que os eventos são independentes, logo para tra- é de 2/3.
balharmos em situações em que um evento interfe-
re na probabilidade de ocorrência de outro evento, PROPRIEDADE DAS PROBABILIDADES
usamos a teoria de probabilidade condicional. Assim,
pelo teorema da probabilidade condicional, temos Axiomas de Probabilidade
que a probabilidade do evento A em relação ao even-
to B é dada por: z Axioma 1: A probabilidade de um certo evento
ocorrer corresponde a um número não negativo.
P(A ∩ B)
P(A | B) = , P(B) > 0 P(A) ≥ 0
P(B)
z Axioma 2: A probabilidade de ocorrer todo o espa-
Caso se esteja interessado na probabilidade condi-
ço amostral é igual a um.
cional do evento B em relação ao evento A, tem-se:
P(Ω) = 1
P(A ∩ B)
P(B | A) = , P(A) > 0
P(A) Baseado no Axioma 1 e no Axioma 2 segue-se que
0 ≤P(A) ≤ 1.
Se os eventos são independentes, então a probabi-
lidade do evento A acontecer, sabendo que o evento B Teoremas
já ocorreu, não altera e tem-se então: P(A | B) = P(A).
Daí, temos que a independência entre dois eventos z Teorema 1: A probabilidade de um evento impossí-
pode ser verificada a partir da igualdade: P(A ∩ B) = vel ocorrer é P(Փ) = 0.
P(A) × P(B). A prova é feita simplesmente substituindo
62 P(A) no teorema da probabilidade condicional. Demonstração:
Seja Ω o espaço amostral de um processo aleatório. R . Ad .

Sabe-se que Ω = Ω + Փ, então aplicando a função pro- P(A) = P[(A – B)∪(A ∩ B)] = P(A – B) + P(A ∩ B)
babilidade de ambos os lados se têm: P(A – B) = P(A) – P(A ∩ B)

Ω=Ω+Փ PROBABILIDADE DE DOIS EVENTOS SUCESSIVOS


P(Ω) = P(Ω) + P(Փ)
1 = 1 + P(Փ) Além da possibilidade de cálculo de probabilidade
P(Փ) = 0 em eventos únicos ou que ocorrem em apenas uma
realização, pode-se ter também algumas situações em
Outra forma de prova: que os eventos de interesse vão ser realizados de for-
A⊆ΩeA∩∅=∅eA∪∅=A mas sucessivas ou repetidas em duas ou mais vezes.
Um exemplo seria um experimento aleatório reali-
P(A) = P(A ∪ ∅) = P(A) + P(∅) zado com seu respectivo espaço amostral, mas o inte-
P(∅) = P(A) – P(A) = 0 resse será buscar nesse espaço amostral um evento em
determinado momento e outro logo posterior, poden-
do essa busca ser realizada em forma de amostragem
z Teorema 2 (Probabilidade do complemento):
com ou sem reposição. Assim, para realizar esse tipo
Seja Ω o espaço amostral. Então, a probabilidade
de cálculo de probabilidade para eventos sucessivos
de um evento A não ocorrer é:
precisamos levar em conta a relação de independên-
cia entre esses eventos e aplicar os teoremas e axio-
P(AC) = 1 – P(A)
mas vistos anteriormente.
Por exemplo, se temos um experimento aleatório
Demonstração:
formado pelo espaço amostral de moedas dentro de
Sabe-se que AC = Ω – A, então aplicando a função
uma bolsa feminina, sendo que dentro dessa bolsa
probabilidade de ambos os lados se têm:
existam duas moedas de 1centavo, três moedas de
10centavos e quatro moedas de 1real. Se duas moe-
AC = Ω – A das são retiradas aleatoriamente dessa bolsa, qual
P(AC) = P(Ω) – P(A) seria, por exemplo, a probabilidade de ambas moedas
P(AC) = 1 – P(A) serem de 1centavo, fazendo as retiradas com reposi-
ção? O espaço amostral de cada retirada é dado por Ω
Outra forma de prova: = {1c, 1c, 10c, 10c, 10c, 1R, 1R, 1R, 1R}, assim em cada
retirada temos que o espaço amostral tem 9 resulta-
Se A ∩ AC = ∅ e A ∪ AC = Ω: P(AC) = 1 – P(A): dos possíveis. Para retirar moedas com reposição,
fazemos retirada da primeira moeda, calculando-se a
R·Ad ii
P(A ∪ AC) = P(A) + P(AC) = P(Ω) = 1 probabilidade de ocorrência de interesse e após isso,
P(AC) = 1 – P(A) ela retorna à bolsa para poder participar da segunda
retirada, assim da primeira retirada para a segunda o
z Teorema 3 (Teorema da soma): Se A e B são dois espaço amostral não se altera.
eventos do espaço amostral Ω a probabilidade que Logo, para calcular a probabilidade de duas moedas
ocorra A ou B é: retiradas e as duas serem simultaneamente de 1centa-
vo (1c), temos que lembrar do conceito de eventos inde-
pendentes, em que a primeira retirada não interfere no
P(A ∪ B) = P(A) + P(B) – P(A ∩ B)
resultado da segunda, assim podemos usar a regra do
“e”, em que ocorrendo as duas retiradas sucessivamen-
Prova: (A ∪ B) = (A – B) ∪ B e (A – B) ∩ B = ∅ te seria o mesmo que a intersecção entre os eventos na
primeira e na segunda retirada, logo temos:
R . Ad. 4
P(A ∪ B) = P[(A – B) ∪ B] = P(A – B) + P(B) =
4
= P(A) – P(A∩B) + P(B) = P(A) + P(B) – P(A∩B) 2 2 4
P(1ce1c) = P(1c ∩ 1c) = × =
9 9 81
„ Corolário: Se dois eventos A e B são mutua-
mente exclusivos (disjuntos), isto é, A ∩ B = Փ,
Aonde em cada retirada o numerador é a quantidade
assim P(A ∩ B) = 0, então: P(A ∪ B) = P(A) + P(B). de resultados favoráveis para o evento moeda de 1centa-
vo e o denominador é a quantidade de resultados possí-
z Teorema 4: Se A e B são dois eventos do espaço veis ou espaço amostral. Em cada retirada, perceba que
amostral Ω e se A ⊆ B, então a probabilidade P(A) da primeira para segunda retirada os valores não muda-
≤ P(B). ram, pois como o cálculo está sendo feito para amostra-
gem com reposição, significa que a primeira retirada
Prova: B = A ∪ (B – A) e A ∩ (B – A) = ∅ volta para a bolsa e o espaço amostral para a segunda
MATEMÁTICA

retirada continua o mesmo, ou seja, não se altera.


P(B) = P(A ∪ (B – A)) = P(A) + P(B – A) Se pensarmos nesse mesmo experimento aleató-
P(B) ≥ P(A) rio e no mesmo cálculo de probabilidade, mas agora
com uma amostragem sem reposição, ou seja, retira-
z Teorema 5: Se A e B são dois eventos do espaço -se a primeira moeda, calcula-se a probabilidade da
amostral Ω, então a probabilidade P(A – B) = P(A) primeira retirada, e esta não retorna à bolsa, logo, o
– P(A ∩ B). espaço amostral irá alterar, sendo menor que o ini-
cial. Assim, para a probabilidade de ambas moedas
Prova: A = (A – B) ∪ (A ∩ B) e (A – B) ∩ (A ∩ B) = ∅ serem de 1centavo temos: 63
2 1 4 Em que P(X = k) é a probabilidade de que o evento
P(1ce1c) = P(1c ∩ 1c) = × = aconteça k vezes em n tentativas, p é a probabilidade
9 8 36 de um sucesso, q é a probabilidade de fracasso (q=1 –
p) e a combinação de resultados possíveis no espaço
Observe, agora, que o número de eventos favorá- amostral igual a:
veis e o número de eventos possíveis para a segunda
retirada foi menor, pois a primeira moeda retirada
não voltou para participar da segunda. Então, se a n!
primeira moeda retirada foi de 1 centavo e tínhamos Cn, k =
k! (n – k)!
duas na bolsa, ela não é mais provável na segunda
retirada. Assim, tanto o espaço amostral ficou com
uma moeda a menos como também o segundo evento,
pois já havia saído no primeiro.
MATRIZES, DETERMINANTES E
EXPERIMENTOS BINOMIAIS  SISTEMAS LINEARES 
Quando iniciamos o estudo de probabilidade,
OPERAÇÕES COM MATRIZES (ADIÇÃO,
resolvemos problemas desse tipo: dois times de fute-
MULTIPLICAÇÃO POR ESCALAR E PRODUTO)
bol, A e B, jogam entre si 4 vezes. Se a probabilidade
do time A ganhar um jogo é de 1/3, qual seria a proba-
bilidade de o time A ganhar 2 jogos? Então, a probabi- Dadas duas matrizes A = (aij)m ⨉ n e B = (bij)m ⨉ n , cha-
lidade do time A não ganhar um jogo é 2/3, ou seja, a mamos soma de A + B a matriz C = (cij)m ⨉ n tal que cij =
probabilidade do time B ganhar. Se os times jogam 4 aij + bij, para todo i e todo j. Isso significa que a soma
vezes e o time A ganha 2 delas, colocando as possibili- de duas matrizes A e B do tipo m ⨉ n é uma matriz C
dades de ordem nesses resultados, sendo A indicando do mesmo tipo, em que cada elemento é a soma dos
time A ganhador e B time B ganhador, temos: A, A, B, B elementos correspondentes em A e B.
ou A, B, B, A ou A, B, A, B ou B, B, A, A. Logo, calculando Exemplo:
as probabilidades usando as regras do “e” e do “ou”, a
probabilidade de A ganhar 2 jogos é:
[ –14 09 27 ] + [ –31 –01 05 ] = [ –14+–31 90 +– 10 27 ++ 05 ]
P(2A) = P(A ∩ A ∩ B ∩ B) + P(A ∩ B ∩ B ∩ A) + P(A ∩ B = [ 4 –1 7 ]
∩ A ∩ B) + P(B ∩ B ∩ A ∩ A) –5 9 7

Propriedades da Adição de Matrizes


1 1 2 2 1 2 2 1 1 2 1 2
P(2A) = · · · + · · · + · · · +
3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 A adição de matrizes do tipo admite as seguintes
propriedades:
2 2 1 1 2 1 2 1 2 1 1 2
· · · + · · · + · · · z Associativa: (A + B) + C = A + (B + C)
(B
P∩+ )BA∩
∩AB( P
∩ +B ∩3A
P)(2
B ∩3)=(B
P 3∩ 3
+PP)(A
(2
B
A∩ ∩)=A3B
A A( PP3 (A
∩ BA=3)∩
A
∩A 3A
2B (()PP
+P
∩ 3
B=()∩A32B
∩()P3∩
B+ P (3BA∩
∩AB) ∩
+PB(z
∩ A C)omutativa:
A ∩ P (AA∩
B+ ∩ ∩BBA) ∩ A(=∩
+ BP +)A
BBB
∩ B+ ∩P (AB∩
∩AB) ∩ A ∩ A)
z Elemento Neutro: A + 0 = A, em que 0 é a matriz nula
12 21 2 12 1 2 1 2 11 12 12 21 212 12 21 21 11 2 1 2 1 21 2 12 21 12 2 11 21 1 2 12 21 1 2 2 1 1 2
⋅⋅ ⋅ ⋅+ +⋅ ⋅ P (2⋅ A⋅+) =+⋅ P⋅(2 ⋅ A ⋅ ⋅) ⋅=⋅+ +⋅=⋅ )1⋅A⋅ 21⋅(⋅P2+⋅ = )2+A
⋅ 2⋅( P ⋅ ⋅+ +⋅ ⋅ ⋅⋅ z+ ⋅ .⋅ .⋅ .simétrico:
⋅ E+lemento + . +. .. . A .++ (- A)
. .= 0,
. em que -A é a
3 3 3 33 3 3 3 33 33 33 33 3333 33 33 33 33 3 3 3 33 3 3 3 3matriz 3 3 33oposta
33 3 3de33A33 3 3 3 3 3 3
P(2A) = 6 · · · ·
2 21 11 122 221 311 132 32 3
P (2 A) = 6⋅P⋅(2 ⋅ ⋅A⋅) ⋅=⋅ 6⋅⋅ ⋅=⋅ )⋅A⋅2⋅ (⋅P6⋅ = )A 2( P PRODUTO DE ESCALAR POR MATRIZ
3 3 3 33 333 333 33 3 3 3
2 2 22 2 22 2 2 2
2 −4 2 2 −4 2 2   111  2 2  121   2  2 2 4− 2 4 –22 Dado um número k e uma matriz A = (aij)m ⨉ n, chama-
) q(. ) p ( P
) qC
= (2(.A))p==
2 , 4P(2A)(626P (2
⋅ A) =
·,4⋅C
= ⋅⋅6·⋅⋅ )A=
2C(⋅⋅P
= 6=(Cp4,))A
4,2 =.(2Cq( P
(p) ( p ) .(q ) 4− 2
)· (q)
4,2 -se produto kA a matriz B = (bij)m ⨉ n tal que bij = kaij, para
 3   333  3 3  333   3  2

todo i e todo j. Isso significa que multiplicar uma matriz


P (2 A) = 29, P (2 %6226
A )=
% ,9229, =% 62
)A262,(9P2 = )A 2( P
% A por um número k é construir uma matriz B formada
P(2A) = 29,62%
por todos os elementos de A multiplicados por k.

[ ][ ][ ]
Com probabilidade de A ganhar sendo p e probabi-
lidade de A perder sendo q. 4 –1 2 ∙ 4 2 ∙ (– 1) 8 –2
Uma grande quantidade de problemas que envol- 2. 0 5 = 2 ∙ 0 2 ∙ 5 = 0 10
3 √2 2 ∙ 3 2 ∙ √2 6 2 ∙ √2
vem cálculo de probabilidades pode apresentar exa-
tamente as mesmas características do problema
Propriedades do Produto de um Número por uma
descrito, o que leva à construção de um modelo esta-
tístico teórico, conhecido também como distribuição Matriz
Binomial.
Esse tipo de problema pode ser resolvido direta- O produto de um número por uma matriz admite
mente pelo experimento Binomial ou distribuição as seguintes propriedades:
Binomial, onde determina-se a probabilidade de se
obterem k sucessos em n tentativas. Para isso, temos a z a · (b · A) = (a · b) · A
função de probabilidade dada por: z a · (A + B) = a . A + a · B
z (a + b) · A = a · A + b · A
64 P(X = k) = Ckn· pk · qn – k, z 1·A=A
PRODUTO DE MATRIZES Exemplo:

Dadas duas matrizes A = (aij)m ⨉ n e B = (bij)n ⨉ p , deno-


minamos o produto AB a matriz C = (cik)m ⨉ p tal que cik = [ 01 00 ] ∙ [ 00 01 ] = [ 00 00 ]
ai1 · b1k + ai2 · b2k + ai3 · b3k + . . . + ain · bnk = ƩnJ=1 aij · bjk para
todo i ∈ {1,2, ... ,m} e k ∈ {1,2, ... ,p}. MATRIZ TRANSPOSTA (TRANSPOSIÇÃO)

Observações: A definição dada garante a existên- Se M é a matriz de ordem n e Mt sua transposta,


cia do produto AB somente se o número de colunas de então det Mt = det M
A for igual ao número de linhas de B, pois A é do tipo
m ⨉ n e B é do tipo n ⨉ p. Exemplo:
A definição dada afirma que o produto AB é uma
matriz que tem o número de linhas de A e o número RS W V
de colunas de B, pois AB é do tipo m ⨉ p.
SS- 1 2 0W
W
Exemplos: Seja a Matriz M = SS 3 4 - 6W
WW , o det M = - 10
SS
S2 - 2WW

[ ] [ ]
1
2 4 2 1 –2 T X
∙ 0 5
–1 –3 5 4 0
RS W V
2x3 2x3 SS- 1 3 2W
WW
logo a Mt = SS 2 1 W , e o det Mt = - 10
[ ]
4
2∙1+4∙0+2∙4 2 (– 2) + 4 ∙ 5 + 2 ∙ 0 SS W
(– 1) ∙ 1 + (– 3) ∙ 0 + 5 ∙ 4 (– 1) ∙ (– 2) + (– 3) ∙ 5 + 5 ∙ 0 S0 -6 - 2WW
T X
[ 1019 16
– 13 ]
2x2
MATRIZ INVERSA 

[ ]
Seja A uma matriz quadrada de ordem n. Dizemos
1
–2 ∙ [ 3 –5 4 0 ] que A é uma matriz invertível se existir uma matriz
12
1x4
A-1 tal que A · A-1 = A-1 · A = In, onde In é a matriz identi-
3x1
dade de ordem n.
1∙3 1 ∙ (– 5) 1∙4 1∙0

[ ]
Observações: Se A não é invertível, dizemos que A
(– 2) é uma matriz singular.
(– 2) ∙ 3 (– 2) ∙ (– 5) (– 2) ∙ 4
∙0 Se A é invertível, então é única a matriz A-1.
12 ∙ 3 12 ∙ (– 5) 12 ∙ 4 12 ∙ 0
Exemplos:

[ ] [ ] [ ]
3 –5 4 0
– 6 10 – 8 0 A matriz A = 1 3 é inversível e A– 1 = 7 – 3
2 7 –2 1
36 –60 48 0 , pois
3x4

[ 21 73 ] ∙ [ –72 –13 ]
[ 5 –3 1
0 3 –2 ] 3x2

[ ]
1
–1
10 3x1
A ∙ A– 1 =

[ 21 ∙∙ 77 ++ 37 ∙∙ (–(– 2)2) 1 ∙ (– 3) + 3 ∙ 1
] = [ 01 0
] =I
2 ∙ (– 3) + 7 ∙ 1 1 2

[ 5 ∙ 1 + (– 3) ∙ (– 1) + 1 ∙ 10 = 18
0 ∙ 1 + 3 ∙ (– 1) + (– 2) ∙ 10 ] [ ]
– 23 1x2
A ∙ A– 1 = [ –72 –3
1 ]∙[ ] 1
2
3
7
Propriedades do Produto de Matrizes

O produto de matrizes admite as seguintes propriedades:


[ 7 ∙ 1 + (–3) ∙ 2
–2∙1+1∙2 –2∙3+1∙7 ] [ 0
7 ∙ 3 + (– 3) ∙ 7
=
1 0
1 ] =I 2

z A ssociativa: (A · B) · C = A · (B · C)
z Distributiva à direita em relação à adição: (A + B) ·
Qual é a inversa da matriz A = [ 02 1
3 ]?
C = A · C + B ·C
z Distributiva à esquerda: C · (A + B) = C· A + C · B
z (k · A) ·B = A · (k · B) = k · (A · B)
Fazendo A-1 = [ ac bd ], temos:
A ∙A= [
c d ] [ 0 3 ] [ 0 1 ]
a b ∙ 2 1 1 0
Observações: É muito importante notar que, em
–1
=
geral, a multiplicação de matrizes não é comutativa, ou
[ ac ∙∙ 22 ++ db ∙∙ 00 ac ∙∙ 11 ++ db ∙∙ 33 ] = [ 01 01 ]
MATEMÁTICA

seja, para duas matrizes quaisquer A e B, temos AB ≠ BA.


Quando A e B são tais que AB = BA, dizemos que A
e B comutam. Notemos que uma condição necessária
{ a +2a3b= 1= 0
1 1
para A e B comutarem é que sejam matrizes quadra- ⇒a= eb=–
das e de mesma ordem. 2 6
É importante observar também que a implicação
AB = 0 → A = 0 ou B = 0 não é válida para matrizes,
{ c +2c3d= 0= 1
1
ou seja, é possível encontrar duas matrizes não nulas ⇒c=0ed=
cujo produto é a matriz nula. 3 65
Fila Nula

> H
1
2
- 16
Portanto, A-1 = 1 Se os elementos de uma fila (linha ou coluna) qual-
0 3 quer de uma matriz M de ordem n forem todos nulos,
� Propriedades de uma matriz inversa então det M = 0
RS V
S 3 - 1 4WW
SS W
A matriz inversa admite as seguintes propriedades:
Seja M = SS 0 0 0W
W , o det de M = 0
SS- 3 WW
z ( A-1)-1 = A 5 2W
z (A · B)-1 = B-1 · A-1 T X
z (At)-1 = (A-1)t Multiplicação de uma Fila por uma Constante

DETERMINANTE DE UMA MATRIZ: DEFINIÇÃO Se multiplicarmos uma fila qualquer de uma


(TEOREMA DE LAPLACE) matriz M de ordem n por um número k, o determi-
nante da nova matriz M’ obtida será o produto de k
O determinante de uma matriz de ordem n ≥ 2 é pelo determinante de M, isto é det M’ = k· det M
a soma dos produtos dos elementos de uma fila qual- Exemplo:
RS V
quer (linha ou coluna) pelos respectivos cofatores. S2 - 1 3WW
S W
RS V Seja M = S
S4 5 0WW , o det M = - 28
4W SS WW
SS1 3 WW S2 -1 1W
Seja M = SS5 2 - 3WWW , então: T X
SS Se multiplicarmos a primeira linha da matriz por
1 4 2W 2, teremos:
T X RS V
1 3 4
SS4 - 1 6WW
W
det M = 5 - 3 = a11 ∙ A11 + a12 ∙ A12 + a13 ∙ A13
M’ = S
S4 5 0WW , o det de M’ = - 56, ou seja, det M’ = 2 .
2
1 4 2 SS W
S2 - 1 1WW
= 1 ∙ (– 1)1+1 ∙ D11 + 3 ∙ (– 1)1+2 ∙ D12 + 4 ∙ (– 1)1+3 ∙ D13 = 1 ∙ (– 1)2 ∙ det M, oTdet de M’
X = - 56, ou seja, caso fosse multipli-
cada a primeira coluna da matriz M por 2, o determi-
2 - 3 + 3 ∙ (– 1)3 ∙ 5 - 3 + 4 ∙ (– 1)4 ∙ 5 2 nante da nova matriz M’ seria o dobro do det M.
=1 RS VW
4 2 1 2 1 4
SS4 -1 3W
S WW
M’ = S8
SS 5 0W WW , o det M’ = - 56
∙ 1 ∙ (4 + 12) + 3 ∙ (– 1) ∙ (10 + 3) + 4 ∙ 1 ∙ (20 – 2) = 16 –
39 + 72 = 49 S4 -1 1W
T X
Observações: podemos utilizar Sarrus ou Laplace
Multiplicação da Matriz por uma Constante
no cálculo do determinante de uma matriz qualquer,
os resultados obtidos serão os mesmos. Na utilização
Se A é uma matriz de ordem n, então det (ɑ · A) =
de Laplace, qualquer fila (linha ou coluna) escolhida
ɑn · det A
produzirá o mesmo valor de determinante. De prefe-
Exemplo:
rência, escolha sempre a fila com a maior quantidade
Se A = e o , o det A = 14
de elementos iguais a zero. Esse procedimento facilita 4 -1
os cálculos do determinante. 2 3
Se quiséssemos descobrir o determinante de 3 · A,
PROPRIEDADES DOS DETERMINANTES
faríamos:
det 3 · A = (3)2 · det A = 9 · 14 = 126
 A definição de determinante e o teorema de Lapla-
ce nos permitem fazer o cálculo de qualquer determi-
Troca de Filas Paralelas
nante, no entanto, é possível simplificar o cálculo com
a aplicação de certas propriedades. Vejamos:
Seja M uma matriz de ordem n ≥ 2. Se trocarmos
de posição duas filas paralelas, obteremos uma nova
Matriz Transposta
matriz M’ tal que det M’ = - det M
Exemplo:
Se M é a matriz de ordem n e Mt sua transposta, RS V
então det Mt = det M S 1 - 1 2WW
SS W
Exemplo:
RS V Seja M = SS 0 3 4W
W , o det M = 13
WW
S- 1 2 0 WW SS W
SS- 3 5 1W
Seja a Matriz M = SS 3 4 - 6WWW , o det M = - 10 T X
SS 2 1 - 2WW Se trocarmos de posição a primeira coluna com a
RS T V X segunda coluna, teremos:
SS- 1 3 2W WW
SS 2 4 1W RS V
logo a Mt =
SS WW , e o det Mt = - 10 SS- 1 1 2W
W
S0 - 6 - 2W W SS 3 W
M’ = 0 4W
WW o det M’ = - 13
T X SS W
66 S5 -3 1W
T X
Portanto a conclusão que chegamos é que: det M’ Exemplo:
= - det M RS WV
O raciocínio é análogo, caso fosse feita a troca de
SS0 3 - 1W
WW
linhas paralelas. Seja A = SS2 -4 3 W , o det A = 19 , logo o det A–1 =
SS W
1
=
1 S1 2 - 3WW
Filas Paralelas Iguais det A 19 T X
Se uma matriz M de ordem n ≥ 2 tem duas filas Matriz Triangular
paralelas formadas por elementos respectivamente
iguais, então det M = 0. O determinante de uma matriz triangular (aquela
Exemplo: cujos elementos acima ou abaixo da diagonal princi-
pal são todos iguais a zero) é dado pelo produto dos
RS V elementos da diagonal principal.
SS- 1 0 2W
W
SS 4 W Exemplos:
Seja M = 5 7W
WW , o det de M = 0, pois a 1ª e 3ª
SS W RS V
S- 1 0 2W SS- 3 0 0W
W
T X SS 1 W
linhas são iguais. Seja A = 2 0WWW
SS
S4 -5 - 1WW
Filas Paralelas Proporcionais T X
Como temos uma matriz triangular superior,
Se uma matriz de ordem n ≥ 2 tem duas filas para-
ou seja, todos os elementos acima da diagonal prin-
lelas formadas por elementos respectivamente pro-
cipal são nulos, logo o determinante de A será dado
porcionais, então det M = 0.
Exemplo: pelo produto dos elementos da diagonal principal da
matriz A.
RS W V Portanto: det A = ( - 3) · 2 · ( - 1) = 6
SS 1 2 6W
W
Seja M = SS 3 -1 - 3W
WW , o det M = 0, pois a 3ª coluna RS V
SS SS1 -2 7 W
W
-2 4 12W W
T X Seja B = SS0 4 2WWW
é a 2ª coluna multiplicada por 3. SS
S0 0 - 3WW
Combinação Linear de Filas Paralelas T X
Como temos uma matriz triangular inferior, ou
Se uma matriz quadrada M, de ordem n, tem uma seja, todos os elementos acima da diagonal princi-
linha (ou coluna) que é combinação linear de outras pal são nulos, logo o determinante de B será dado
linhas (ou colunas), então det M = 0 pelo produto dos elementos da diagonal principal da
Exemplos: matriz B.
Portanto: det B = 1 · 4 · ( - 3) = - 12
JK 1 - 2 - 1N
O
KK OO SISTEMAS LINEARES
Seja M = KK 3 4 7O
O , o det M = 0, pois a 3ª coluna
KK- - 3O
O
5 2 Equação linear
L P
é a soma da 1ª coluna com a 2ª coluna.
JK2 - 3 5 NO Denominamos equação linear toda equação do
KK OO tipo:
Seja N = KK1 4 0O OO , o det N = 0, pois a 3ª linha é a11x1 + a12x2 + a13x3 + . . . + a1nxn = c, onde:
KK
3 - 10 10 O
L P a1, a2, a3, . . . , xn : são coeficientes reais, não todos
o dobro da 1ª linha menos a 2ª linha. nulos.
x1, x2, x3, . . . , xn : são as incógnitas.
Teorema de Binet c : é o termo independente.

Se A e B são matrizes quadradas de ordem n, então Quando o termo independente é nulo, dizemos
det (AB) = det A · det B
que a equação linear é homogênea.
Exemplo:
Exemplos:
Seja A = e o , o det A = 5 e B = e o , o det
3 2 -2 -7
MATEMÁTICA

-1 1 a) 4x + 3y - z = - 1
B = 3, 1 2
Logo, pelo Teorema de Binet, o det (A · B) = det A · b) 2x - y = 3
det B = 5 · 3 = 15 c) - 2x - y + 5z = 0 (Equação linear homogênea)
Observação: decorre a seguinte relação do Teore-
ma de Binet: Não são equações lineares as equações abaixo:

1 a) x2 + y - z3 = 3
det A–1 = b) xy - 5z = -7
det A
c) x - 2y + √z = 3 67
SISTEMAS DE EQUAÇÕES LINEARES  padrão da sequência é o seu principal objetivo, pois
nas questões sobre sequências / raciocínio sequencial,
Denominamos sistema linear o conjunto de duas você será apresentado a um conjunto de dados dispos-
ou mais equações lineares com n incógnitas. tos de acordo com alguma “regra” implícita, alguma
lógica de formação. O desafio é exatamente descobrir
Exemplos: essa “regra” para, com isso, encontrar outros termos

{ 4x - y = 2
x + 7y = 1
daquela mesma sequência.

Veja o exemplo abaixo:


Nesse caso, temos um sistema linear de duas incóg-
nitas, sendo elas x e y. O 2 e o 1 são os termos indepen- 2, 4, 6, 8,...
dentes desse sistema.

{
A primeira pergunta que podemos fazer para
- 3x + 2y - z = - 1 achar a lei de formação é: os números estão aumen-
tando ou diminuindo?
x + y - 5z = 3
Caso eles estejam aumentando, devemos tentar as
2x - 5y + 2z = 4 operações de soma ou multiplicação entre os termos.
Nesse caso, temos um sistema linear de três incóg- Veja o nosso exemplo que fora postado: 2, 4, 6, 8, ... Do
nitas, sendo elas x, y e z. O -1, e o 4 são os termos inde- primeiro termo para o segundo somamos o número
pendentes desse sistema. dois e depois repetimos isso.
Um sistema linear de m equações com n incógni-
tas, indicado por m · n (lemos “m por n”), pode ser 2+2 = 4

{
representado por um conjunto de equações do tipo: 4+2 = 6
6+2 = 8
a11x1 + a12x2 + a13x3 + . . . + a1nxn = c1
Logo, o nosso próximo termo será o número 10,
a21x1 + a22x2 + a23x3 + . . . + a2nxn = c2 pois 8+2 = 10.
S a31x1 + a32x2 + a33x3 + . . . + a3nxn = c3 Caso os números estejam diminuindo, você pode
∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙ buscar uma lógica envolvendo subtrações ou divisões
entre os termos.
am1x1 + am2x2 + am3x3 + . . . + amnxn = cm
Agora observe esta outra sequência:
Note que, pela definição do produto de matrizes,
o sistema linear genérico acima pode ser escrito na 2, 3, 5, 7, 11, 13, ...

][ ] [ ]
forma matricial da seguinte maneira:

[
Qual é o seu próximo termo? Vários alunos tendem
a dizer que o próximo termo é o 15. Mesmo tendo per-
a11 a12 a13 ... a1n x1 c1
cebido que o 9 NÃO está na sequência, a nossa tendên-
a21 a22 a23 ... a2n x2 c2 cia é relevar esse “probleminha” e marcar logo o valor
a31 a32 a33 ... a3n x3 = c3 15. Muito cuidado! Como já disse, o padrão encontra-
∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙ ∙ ∙ do deve ser capaz de explicar toda a sequência! Neste
caso, estamos diante dos números primos! Sim, aque-
am1 am2 am3 ... amn xn cn les números que só podem ser divididos por eles mes-
mos ou então pelo número 1. No caso, o próximo seria
Exemplos: o 17, e não o 15. A propósito, os próximos números
Escrevendo na forma matricial os dois exemplos primos são: 17, 19, 23, 29, 31, 37...
anteriores, temos:
PROGRESSÕES ARITMÉTICAS: TERMO GERAL,

{ x4x+ -7yy == 21 ⇒ [ 1 ] ∙ [ y ] = [1 ]
4 -1 x 2 SOMA DOS TERMOS E PROPRIEDADES
7
Uma progressão aritmética é aquela em que os

{ [ ][][ ]
termos crescem, sendo adicionados a uma razão cons-
- 3x + 2y - z = - 1 -3 2 -1 x -1 tante, normalmente representada pela letra r.
x + y - 5z = 3 ⇒ 1 1 -5 ∙ y = 3 Termo inicial: valor do primeiro número que
2x - 5y + 2z = 4 2 -5 2 z 4 compõe a sequência;
Razão: regra que permite, a partir de um termo,
obter o seguinte.
Observe o exemplo abaixo:

SEQUÊNCIAS NUMÉRICAS E {1,3,5,7,9,11,13, ...}


PROGRESSÕES 
Veja que 1+2=3, 3+2=5, 5+2=7, 7+2=9, e assim sucessi-
SEQUÊNCIAS NUMÉRICAS vamente. Temos um exemplo nítido de uma Progressão
Aritmética (PA) com uma razão 2, ou seja, r = 2 e termo
Esse tema é cobrado de uma maneira que ao inicial igual a 1. Em questões envolvendo progressões
mesmo tempo pode parecer fácil, mas ser, na verda- aritméticas, é importante você saber obter o termo geral
68 de, bem complicada. Descobrir a lei de formação ou e a soma dos termos, conforme veremos a seguir.
Termo Geral da PA Dependendo do sinal da razão r, a PA pode ser:
PA crescente: se r > 0, a PA terá termos em ordem
Trata-se de uma fórmula que, a partir do primei- crescente.
ro termo e da razão da PA, permite calcular qualquer Ex.: {1, 4, 7, 10, 13, 16...} → r = 3
outro termo. Temos a seguinte fórmula: PA decrescente: se r < 0, a PA terá termos em ordem
decrescente.
an = a1 + (n-1)r Ex.: {20, 19, 18, 17 ...} → r = -1
PA constante: se r = 0, todos os termos da PA serão
Nesta fórmula, an é o termo de posição n na PA (o iguais.
“n-ésimo” termo); a1 é o termo inicial, r é a razão e n é Ex.: {7, 7, 7, 7, 7, 7, 7...} → r = 0.
a posição do termo na PA.
Usando o nosso exemplo acima, vamos descobrir
o termo de posição 10. Já temos as informações que Se liga!
precisamos: {1,3,5,7,9,11, 13, ...}
PA crescente: se r > 0;
z O termo que buscamos é o da décima posição, isto PA decrescente: se r < 0;
é, a10; PA constante: se r = 0.
z A razão da PA é 2, portanto r = 2;
z O termo inicial é 1, logo a1 = 1;
Em uma progressão aritmética de 3 termos, o
z n, ou seja, a posição que queremos, é a de número
segundo termo ou o termo do meio é a média aritmé-
10: n = 10
tica entre o primeiro e terceiro termo. Veja:
Logo,
PA (a1, a2, a3)  a2 = (a1 + a3)/2
PA (2, 4, 6)  4 = (2+6)/2  4 = 4
an = a1 + (n-1)r
a10 = 1 + (10-1)2
PROGRESSÕES GEOMÉTRICAS (FINITAS E
a10 = 1 + 2x9
INFINITAS)
a10 = 1 + 18
a10 = 19
Termo Geral, Soma dos Termos e Propriedades
Isto é, o termo da posição 10 é o 19. Volte na
Observe a sequência abaixo:
sequência e confira. Perceba que, com essa fórmula,
podemos calcular qualquer termo da PA. O termo da
{2, 4, 8, 16, 32...}
posição 200 é:
Cada termo é igual ao anterior multiplicado por 2.
an = a1 + (n-1)r
Este é um exemplo típico de Progressão Geométrica,
a200 = 1 + (200-1)2
ou simplesmente, PG. Em uma PG, cada termo é obti-
a200 = 1 + 2x199
do a partir da multiplicação do anterior por um mes-
a200 = 1 + 198
mo número, o que chamamos de razão da progressão
a200 = 199
geométrica. A razão é simbolizada pela letra q.
No exemplo acima, temos q = 2 e o termo inicial é
Soma do Primeiro ao n-ésimo Termo da PA a1 = 1. Da mesma maneira que vimos para o caso de
PA, normalmente, precisamos calcular o termo geral
A fórmula a seguir nos permite calcular a soma dos e a soma dos termos.
“n” primeiros termos de uma progressão aritmética:
Termo Geral da PG
n # (a1 + an)
Sn =
2
A fórmula a seguir nos permite obter qualquer
Para entendermos um pouco melhor, vamos calcu- termo (an) da progressão geométrica, partindo-se do
lar a soma dos 7 primeiros termos do nosso exemplo primeiro termo (a1) e da razão (q):
que já foi apresentado: {1,3,5,7,9,11, 13, ...}.
Já sabemos que a1 = 1, e n = 7. O termo an será, nes- an = a1 × qn-1
te caso, o termo a7, que observando na sequência é o
número 13, ou seja, a7 = 13. Substituindo na fórmula, No nosso exemplo, o quinto termo, a5 (n = 5), pode
temos: ser encontrado assim:

n # (a1 + an) {2, 4, 8, 16, 32...}


MATEMÁTICA

Sn =
2 a5 = 2 × 25-1
a5 = 2 × 24
7 # (1 + 13)
S7 = a5 = 2 × 16
2
a5 = 32
7 # 14
S7 =
2 Soma do Primeiro ao n-ésimo Termo da PG
98
S7 = = 49 A fórmula abaixo permite calcular a soma dos “n”
2
primeiros termos da progressão geométrica: 69
n Temos ainda algumas proposições ou postulados
a1 # (q - 1)
Sn = relacionando ponto, reta e plano:
q-1
Usando novamente o nosso exemplo e fazendo a soma z Postulado da existência: existe reta e numa reta
dos 4 primeiros termos (n = 4), temos: {2, 4, 8, 16, 32...} infinitos pontos; existe plano e num plano há infi-
4
2 # (2 - 1) nitos pontos.
S4 =
2-1 z Postulado da determinação: dois pontos distintos
#
2 (16 - 1) determinam uma única reta que passa por eles;
S4 = 1 três pontos não colineares determinam um único
2 # 15 plano que passa por eles.
S4 = 1 z Postulado da inclusão: se uma reta tem dois pontos
S4 = 30 distintos num plano, então ela está contida no plano.
z Retas concorrentes: duas retas são concorren-
Soma dos Infinitos Termos de uma Progressão tes se, e somente se, elas têm um único ponto em
Geométrica comum.
z Retas paralelas: duas retas são paralelas se, e
Suponha que você corra 1000 metros, depois, somente se, ou são coincidentes ou são coplanares
você corra 500 metros, depois, você corra 250 metros e não tem ponto comum.
e, depois, 125 metros – sempre metade do que você
z O plano pode ser determinado por três pontos
correu anteriormente. Quanto você correrá no total?
não colineares, por uma reta e um ponto, por duas
Observe que o que temos é exatamente uma progres-
são geométrica infinita, porém, essa PG é decrescente. retas concorrentes ou por duas retas paralelas
Quando temos uma PG infinita com razão 0 < q < distintas.
1, teremos que qn = 0. Entendemos, então, que quanto
maior for o expoente, mais próximo de zero será. Por- POSIÇÕES RELATIVAS ENTRE DUAS RETAS 
tanto, substituindo, teremos:
Para falar de posições relativas entre duas retas,
a1 # (0 - 1) primeiramente definiremos retas reversas, assim
S∞ =
q-1 sejam duas retas, estas são chamadas de retas rever-
a1 sas quando não existe um plano que as contenha.
S∞ = Agora podemos definir as posições relativas entre
q-1
duas retas, então, sejam duas retas r e s distintas,
em relação a posição relativas entre essas duas retas,
Se liga! temos que ou elas são concorrentes, ou paralelas ou
Em uma progressão geométrica, o quadrado do reversas. Assim podemos ter o seguinte esquema:
termo do meio é igual ao produto dos extremos.
{a1, a2, a3}  (a2)2 = a1 × a3
Veja: {2, 4, 8, 16, 32...}
  rr ees com
srcom ponto
eponto
s com em→comum
ponto
em comum em comum→ r→ e srconcorrent
r e s concorrentes e s concor
r e srrcoplanares
ees coplanares
s coplanares
 
82 = 4 × 16   rr eessem
srsem ponto
eponto
s sem em →comum
ponto
em comum em
r e scomum → r→
paralelas e srparalelas
e s paralel
64 = 64. r e srrreversas
  ees reversas
s reversas

r e s com ponto comum→r ree ss concorrentes


com ponto em comum → r e s conc
 r e s coplanares 
GEOMETRIA ESPACIAL DE POSIÇÃO    rrreeess coplanares
ssem
componto
ponto s em
→ r eem comum→→r er es paral
comum
paralelas s con
rreresesem
s coplanares
ponto comum 

As primeiras noções ou conceitos primitivos da


  s reversas rrees não
s sem ponto
coplanares → rem comum → r e s para
e s reversas

geometria são as de ponto, reta e plano. Assim, o espa-


r e s reversas
POSIÇÕES RELATIVAS ENTRE DOIS PLANOS 
ço é o conjunto de todos os pontos e é nesse conjunto
que desenvolvemos a Geometria espacial.
Alguns postulados ou teoremas em relação aos pla-
nos devem ser enunciados:

z Teorema da interseção de planos: se dois planos


distintos têm um ponto em comum, então a inter-
seção desses planos é uma única reta que passa
por aquele ponto.
z Planos secantes: dois planos distintos que se cortam
(ou interceptam) são chamados de planos secantes
ou concorrentes, nesse caso a reta que está nos dois
planos ao mesmo tempo é chamada de traço.
z Paralelismo entre planos: dois planos são parale-
los se, e somente se, eles não têm ponto em comum
ou são coincidentes, ou seja, se um plano contém
duas retas concorrentes, ambas paralelas a um
70 Figura 22. Exemplo de ponto (A), reta (r) e plano (α). outro plano, então esses dois planos são paralelos.
Figura 23. Exemplo de planos secantes e traço. (a)

POSIÇÕES RELATIVAS ENTRE RETA E PLANO

Uma reta é paralela a um plano se, e somente se,


eles não têm ponto em comum. Se uma reta não está
contida num plano e é paralela a uma reta do plano,
então a reta também é paralela ao plano, ou seja, para
que uma reta não contida num plano seja paralela a
esse plano ela deve ser paralela a uma reta do plano.
Temos ainda que uma reta e um plano podem
ainda apresentar em comum: dois pontos distintos,
fazendo, assim, com que a reta esteja contida no pla-
no; um único ponto, daí a reta e o plano são concor-
rentes ou são secantes; nenhum ponto em comum, (b)
assim a reta e o plano são paralelos.

Figura 24. Exemplo reta paralela ao plano.

PERPENDICULARIDADE ENTRE DUAS RETAS,


ENTRE DOIS PLANOS E ENTRE RETA E PLANO  (c)

Uma reta e um plano são perpendiculares se, e Figura 25. Exemplo reta e plano perpendiculares (a); retas
somente se, eles têm um único ponto em comum e a perpendiculares (b) e planos perpendiculares (c).
reta seja perpendicular a todas as retas do plano que
passam por esse ponto comum, como pode ser obser- PROJEÇÃO ORTOGONAL 
vado na Figura 25a. Caso a reta seja concorrente a
todos as retas do plano, dizemos então que a reta é Chama-se projeção ortogonal de um ponto sobre o
plano, o pé da perpendicular ao plano, conduzida pelo
oblíqua ao plano. Se uma reta é perpendicular a um
ponto. O plano é dito plano de projeção e a reta é a reta
plano, então ela forma ângulo reto com qualquer reta projetante do ponto. Chama-se projeção ortogonal de
do plano. Assim, podemos dizer que se uma reta é per- uma figura sobre um plano, ao conjunto das projeções
pendicular a duas retas concorrentes do plano, então ortogonais dos pontos dessa figura sobre o plano. Com
MATEMÁTICA

ela é perpendicular ao plano. Duas retas são perpen- base nessas definições temos também que: se a reta é
diculares, quando as retas são reversas e formam um perpendicular ao plano, sua projeção ortogonal sobre o
ângulo reto, são chamadas ainda de retas ortogonais, plano é traço da reta no plano; se a reta r não é perpen-
dicular ao plano α, então a projeção ortogonal dessa reta
como vemos na Figura 25b. Um plano α é perpendicu-
ao plano α é feita pela projeção do plano β em que a reta
lar a um plano β se, e somente se, α contém uma reta r está contida. Chama-se projeção ortogonal sobre um
perpendicular ao plano β (Figura 25c), ou seja, o plano plano α de um segmento de reta AB contida numa reta
β contém uma reta r que é perpendicular a uma reta não perpendicular a α, ao segmento A’ B’ onde A’ é pro-
s do plano α. jeção do ponto A ao plano α e B’ da projeção do ponto B. 71
IEZZI, Gelson et al. Matemática: ciência e aplica-
ções. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2016. 3 v.
LEONARDO, Fabio Martins de et al. Conexões com
a Matemática. 3. ed. São Paulo: Moderna, 2016. 3 v.
PAIVA, Manoel Rodrigues. Matemática. 2. ed. São
Paulo: Moderna, 2010. 3 v.
SOUZA, Joamir Roberto de; GARCIA, Jacqueline
da Silva Ribeiro. #Contato Matemática. 1. ed. São
(a) Paulo: FTD, 2016. 3 v.

GEOMETRIA ESPACIAL MÉTRICA 

PRISMAS: CONCEITO, ELEMENTOS,


CLASSIFICAÇÃO, ÁREAS E VOLUMES E TRONCOS

Considerando um polígono convexo de n lados em


(b) um plano e um segmento de reta entre dois planos
paralelos, chamamos de prisma a reunião de todos
os segmentos congruentes e paralelos ao segmento de
reta e que passam pelos n pontos da região poligonal
conhecida, como podemos observar na Figura 46.

(c)

Figura 46. Exemplos de Prismas, respectivamente: triangular,


quadrangular e pentagonal.

O prisma possui alguns elementos: duas bases con-


gruentes (nos planos paralelos), com n faces laterais (n + 2
(d) no total, somando-se as bases) e n arestas laterais; 3n ares-
tas totais; 3n diedros; 2n vértices e 2n triedros; e também,
altura (h) que é a distância entre os planos das bases.
Os prismas são classificados em: prisma reto, pris-
ma oblíquo e prisma regular. O prisma reto é aquele
cujas arestas laterais são perpendiculares aos planos
das bases. Já o prisma oblíquo é aquele cujas arestas
são oblíquas aos planos das bases. Por fim, o prisma
(e) regular é aquele cujas bases são polígonos regulares.

Base Base
Figura 26. Exemplo de projeções ortogonais: ponto (a); figura (b);
reta (c); reta não perpendicular (d) e segmento de reta (e).

REFERÊNCIAS

DANTE, Luiz Roberto. Matemática: contexto e


aplicações. 3. ed. São Paulo: Ática, 2016. 3 v. Base Base
IEZZI, Gelson et al. Fundamentos de Matemática
72 Elementar. 3. ed. São Paulo: Atual, 1977. 10 v. (a)
V = AB · h

Para o prisma oblíquo, o volume vai depender


também do ângulo (α) entre a aresta lateral (a) e a
altura (h):

V = a · AB · cos α

Seja então um prisma oblíquo com base quadrada,


com aresta da base igual a 3 e aresta lateral igual a 5.
Sabe-se que o ângulo exterior formado entre a aresta
lateral e a aresta da base é de 60 graus, como podemos
(b) observar na Figura 48. Quais são a área total e o volu-
me desse prisma?
Figura 47. Exemplos de Prismas: (a) reto e oblíquo e (b) regular.

A área do prisma é dividida entre as áreas laterais


e as áreas das bases. Assim, a área lateral de um pris-
ma é dada pela soma das áreas laterais de cada para-
lelogramo formado pelas arestas das bases. Já a área
total é a soma da área lateral com as áreas das bases.

Importante!
Figura 48. Prisma oblíquo com arestas 3 e 5 e ângulo de 60 graus.
Para calcular a área da base de um prisma,
deve-se levar em conta o formato que cada Ex.: Sejam seus elementos: aresta lateral (a) 5 cm,
prisma vai ter. Por exemplo: se for prisma trian- aresta da base (b) 3 cm, altura da base (m) também 3
gular, calcula-se a área da base com a área do cm pois a base é um quadrado, e altura do prisma (h):
triângulo.
a = 5cm; b = 3cm; m = 3cm; h = ?

Para um prisma reto, as bases podem ser, por Do prisma, tiramos o triângulo retângulo entre a
exemplo, um triângulo ou um quadrado (parale- altura e a aresta lateral, onde a soma dos ângulos é:
logramo), ou seja, a área da base será a área de um
triângulo, que é a metade da base x altura, ou de um α + 60º + 90º = 180º → α = 30º
paralelogramo, cuja área é base x altura. Então, seja
base (b) e altura da base (m), o cálculo da área da base,
área lateral e área total, sendo h a altura do prisma, é: h √3
cos(α) = cos(30º) = → h = 5 · cos(30º) = 5 · cm
5 2
 b · m → triângulo b
 2f ( x )
= ax + b > 0 → x > − ; AB = b · m = 3 · 3 = 9cm2
a
AB = → paralelogramo (retângulo, quadrado)
b·m
 f ( x=) outros b AL = n · b · h = 4 · 3 ·
5√3
= 30√3cm2
ax + b < 0 → x < − ; 2
 a
AL = n · b · h → n paralelogramos AT = AL + 2AB = 30√3 + 18 = 6 · (3 + 5√3)cm2
AT = AL + 2AB

No caso de um prisma regular de base de n lados, √3 45√3


V = a · AB · cos(30º) = 5 · 9 · = cm3
temos então que a área da base é formada por n triân- 2 2
gulos de aresta base (b) e altura da base (m), e os para-
lelogramos laterais tem base (b) e altura (h), então a
área da base será:

b·m (n · b) m
AB = n · =
MATEMÁTICA

2 2
AL = n · b · h → n paralelogramos
(n · b) m
AT = AL + 2AB = n · b · h + 2 = (n · b) (h + m)
2 O tronco do prisma é um sólido formado pelo corte
ou uma secção transversal no plano paralelo à base
Conhecendo os cálculos das áreas do prisma, para do prisma. Esse conjunto de pontos que fica entre a
achar o volume do prisma reto ou regular, basta fazer secção transversal e a base do prisma é o tronco do
o produto da área da base pela altura (h) do prisma: prisma. 73
Dica
Como o prisma tem base e topo com o mesmo
polígono, então a secção transversal vai definir o
tamanho do corte nas arestas ou faces laterais,
assim as áreas e volumes serão menores, mas
com as mesmas fórmulas de cálculos.

PIRÂMIDE: CONCEITO, ELEMENTOS,


CLASSIFICAÇÃO, ÁREAS E VOLUMES E TRONCOS

Seja um polígono convexo em um plano α e um


ponto V fora desse plano, chamamos de pirâmide a
reunião dos segmentos com uma extremidade em V e
a outra nos pontos do polígono (Figura 49). Conhecendo os cálculos das áreas da pirâmide,
para achar o volume da pirâmide regular, basta fazer
o produto de um terço da área da base pela altura (h)
da pirâmide:

1 n · b · m' · h
V= · AB · h =
3 6
Figura 49. Exemplos de Pirâmides, respectivamente, triangular,
quadrangular, pentagonal e hexagonal. O tronco da pirâmide é um sólido formado pelo
corte ou uma secção transversal no plano paralelo à
Uma pirâmide possui uma base formada por um
base da pirâmide. Esse conjunto de pontos que fica
polígono de n lados e n faces laterais (formadas por entre a secção transversal e a base da pirâmide é o
triângulos). Ao todo então são n+1 faces, n arestas late- tronco da pirâmide.
rais, 2n arestas, 2n diedros, n+1 vértices, n+1 ângulos
poliédricos e n triedros. A altura (h) da pirâmide é a
distância entre o vértice e o plano da base.
As pirâmides são classificadas em: regulares ou oblí-
quas. A regular tem a projeção do vértice no centro da base,
já a oblíqua a projeção não fica no centro. Na pirâmide
regular, temos ainda que as arestas laterais são congruen-
tes e as faces laterais são triângulos isósceles congruentes.
À altura da face lateral de uma pirâmide regular, dá-se o
nome de apótema. O apótema da base é a distância entre a
projeção do vértice e o centro da base, até o apótema.
Figura 50. Tronco de pirâmide.
A área lateral de uma pirâmide regular é a soma das
áreas das faces laterais. A área total é a soma da área da
A área do tronco da pirâmide é encontrada soman-
base com a área lateral. Para uma pirâmide regular, as
do a área da base maior, área da base menor e a área
bases podem ser por exemplo um triângulo, um quadra- lateral. O volume é feito subtraindo do volume total
do, ou seja, a área da base será a área de um triângulo da pirâmide o volume da pirâmide menor que foi for-
que é a metade da base x altura e nos paralelogramos mada pela secção transversal, ou seja, o volume da
a área é base x altura. Então seja a aresta da base (b), o pirâmide de base maior menos o volume da pirâmide
apótema da pirâmide (m) e o apótema da base (m’) os de base menor, sendo AB, área da base maior e Ab área
cálculos da área da base, área lateral e área total são: da base menor:

b · m' (n · b) m'
V=V =VVmaior −– V
(H– −h)h
(H )
 b·A⋅ +AABbA AA A A
)h − H ( =
A⋅b 
menor= + ⋅ ⋅ + +
AB = n · = Vmenor = + √A · A + A
2 2 maior
33
  B B B B b bB b   3 r

n·b·m
AL = → n triângulos Da relação de semelhança de triângulos, podem-se
2 fazer algumas relações:

n·b·m (n · b) m' (n · b) (m + m')


AT = AL + AB = + = H B A
2 2 2 = =
74 m2 = h2 + m’2 h b a
ABmaior ALmaior ATmaior B2 H2 A2 Um cilindro possui duas bases formadas por uma
= = = = = circunferência de raio r em planos paralelos e geratri-
ABmenor ALmenor ATmenor b2 h2 a2
zes formadas por segmentos com uma extremidade em
A∆maior B3 H3 A3 um ponto da circunferência de centro O e raio r, e a
= = =
A∆menor b3 h3 a3 outra extremidade no ponto da circunferência no pla-
no paralelo acima da base, também de raio r. A altura
Ex.: Seja uma pirâmide quadrangular de bases nos do cilindro é a distância h entre os planos das bases.
planos ABCD e EFGH paralelas. Se os segmentos VF=3 O cilindro é classificado em cilindro oblíquo e
e VB=5 e a área de EFGH igual a 18, qual seria a área cilindro reto. No primeiro, as geratrizes são oblíquas
da base ABCD? aos planos das bases, já no segundo, as geratrizes são
perpendiculares aos planos das bases.
AEFGH = 18; VF = 3; VB = 5;
O cilindro reto também é chamado de cilindro de
ABmaior A2 AABCD VB2 revolução, pois ele é gerado a partir da rotação de um
= → =
ABmenor a2 AEFGH VF2 retângulo em torno de um eixo que contém um dos
seus lados.
AABCD 52 AABCD 25 25 · 18 Secção meridiana de um cilindro é a interseção do
= → = → AABCD =
18 32 18 9 9 cilindro com um plano que contém as bases. Assim a
secção meridiana de um cilindro reto é um retângulo,
450
AABCD = = 50 de altura h e base 2r, e a de um cilindro oblíquo é um
9 paralelogramo. Quando essa secção meridiana é um
quadrado, dizemos que o cilindro é equilátero (h = 2r
ou geratriz = 2r).
Como a superfície lateral de um cilindro reto é
equivalente a um retângulo de altura h e base sendo
o comprimento da circunferência 2πr. A área total é a
soma da área lateral com as áreas das duas bases, sen-
do área da base igual à área da circunferência (πr2):

AB = π · r2
AL = 2 · π · r · h
CILINDRO: CONCEITO, ELEMENTOS, AT = AL + 2AB = 2 · π · r · h + 2 · π · r2 = 2 · π · r(h+r)
CLASSIFICAÇÃO, ÁREAS E VOLUMES E TRONCOS
O volume do cilindro é o produto da área da base
Seja um círculo de centro O e raio r em um plano α pela medida da altura:
e um segmento de reta não paralelo e não contido no
plano α, chamamos de cilindro a reunião dos segmen- V = AB · h = π · r2 · h
tos congruentes e paralelos ao segmento de reta com
uma extremidade nos pontos do círculo e a outra na O tronco do cilindro é formado pelo plano que
sua secção circular paralela e distinta, como pode ser intersecta o cilindro obliquamente em todas as gera-
verificado na Figura 50.
trizes, ou seja, um corte oblíquo, formando assim
um tronco de cilindro com duas geratrizes, maior e
menor, o eixo e uma elipse na região do corte.

a
b

h
MATEMÁTICA

g1 g2
E E

r
r

Figura 50. Exemplo de Cilindro. 75


CONE: CONCEITO, ELEMENTOS, CLASSIFICAÇÃO,
ÁREAS E VOLUMES E TRONCOS
r
Seja um círculo de centro O e raio r em um plano
α e um ponto V fora do plano α, chamamos de cone a
E
reunião dos segmentos de reta com uma extremidade
g1 em V e a outra nos pontos do círculo, como veremos
na Figura 53.
r
Secção
Circular
Reta
E
g 2

Figura 51. Tronco de cilindro reto e oblíquo.

g1 + g 2
E= g1, +cilindro
g2 reto
E2= , cilindro reto
2
AL = 2 ⋅ π ⋅ r ⋅ E Figura 53. Exemplo de Cone.
AL = 2 · π · r · E
π ⋅ r 2 ⋅ ( g1 + gUm
2 ) cone possui uma base formada por uma circun-
Vtronco= =ππ⋅ ·rr22 ⋅· E
Vtronco
cilindro
E → V
reto
cilindro reto
Vtronco = ferência de raio r, geratrizes (g) formadas por segmen-
2
tronco

π · r · (g1 + g2)
2 tos com uma extremidade em um ponto V e a outra nos
= pontos da circunferência da base. A altura do cone é a
2 distância h entre o vértice e o plano da base.
O cone é classificado em: cone oblíquo e cone reto.
Um corte transversal paralelo à base do cilindro, não No primeiro, a reta VO é oblíqua ao plano da base, já
forma um tronco de cilindro, pois o novo sólido conti-
g1 + g 2 nua sendo um cilindro com altura ou geratriz menor. no segundo, a reta VO é perpendicular ao plano da
E= , cilindro reto base. A geratriz de um cone reto também é chamada
2 O volume do cilindro oblíquo de raio g/2 e geratriz de apótema do cone.
g, Figura 52, é dado por:
AL = 2 ⋅ π ⋅ r ⋅ E
h 2 h
retosen ( 60º ) = π ⋅ rh ⋅ ( g1 + g 2 ) = ) º06 ( nes →
Figura 52
 →
Figura 52
25arugiF

Vtronco= π ⋅ r ⋅ E →Vsen
2 cilindro
tronco=
(60º)g=
g 2
g Importante!

3 3 O cone reto também é chamado de cone de revo-


h=hg=⋅gsen· sen( 60º )=
(60º) =gg ·⋅ √3 = ⋅ g ) º06 (= nelução,
s ⋅ g pois
h ele é gerado a partir da rotação de
22 2 um triângulo retângulo em torno de um eixo que
2 2 contém um dos seus catetos.
3  gg 2 3√3
Vcilindro = A=bA⋅ bh· =h =ππ⋅ r· r2⋅·hh⋅==gππ⋅ ·⋅ ⋅ ⋅π·gg=⋅·h ⋅ 2 r ⋅ π = h ⋅ bA = ordnilicV
Vcilindro
2

2  222  22
Secção meridiana de um cone é a interseção do cone
g 2 g2 3 √33 33 √33 3 2
g com um plano que contém a reta VO, assim, a secção
Vcilindro = π ⋅
Vcilindro = π · ⋅ g ⋅ =
·g· π
⋅ g⋅
= g
⋅ π⋅ =
·g ·π ⋅ g ⋅ ⋅ π = ordnilicde
V um cone reto é um triângulo isósceles,
4 meridiana
3
4 4 2 82 88 2 de altura h, com os lados iguais à geratriz e a base 2r.
Quando essa secção meridiana é um triângulo equiláte-
ro, dizemos que o cone é equilátero (h = r√3 ou g = 2r).
Como a superfície lateral de um cone reto é equivalen-
te a um setor circular de raio g e comprimento do arco 2πr,
a área total é a soma da área lateral com a área da base,
sendo a área da base igual à área da circunferência (πr2):

AB = π · r2
AL = π · r · g
AT = AL + AB = π · r · g + π · r2 = π · r (g+r)
Figura 52. Cilindro raio g/2 e geratriz g.
O volume do cone é um terço do produto da área
da base pela medida da altura:

1 1
V= · AB · h = · π · r2 · h
76 3 3
O tronco do cone é um sólido formado pelo corte A∆maior R3 H3
ou uma secção transversal no plano paralelo à base do = =
cone. Esse conjunto de pontos, que fica entre a secção A∆menor r3 h3
transversal e a base do cone, é o tronco do cone.
Ex.: Num tronco de cone, os perímetros das bases são
V 16π cm e 8π cm e a geratriz G = 5cm, Figura 55, os valores
da altura, da área lateral e do volume do tronco são:

PB = 16π = 2π R → R = 8cm;
Pb = 8π = 2πr → r = 4cm;
g G = 5cm;
h B
R H 8 H
= → = → H = 2h;
r h 4 h
k = (H – h) = 2h – h = h;
∆ABC
A¹ r B¹ H h2 + r2 = G2 → h2 = 25 – 16 = 9
O¹ h = 3cm;
H = 2h = 6cm;
AL = π(R+r) G = π(8 + 4) 5 = 60πcm2;
A¹ r B¹ π · (H – h)
O¹ VTronco = · [R2 + R · r + r2]
3

π · (3)
G = · [82 + 8 · 4 + 42] = 112πcm3
3
H-h
R=4

A
O1
R B
A
O G=5
(H-h=k)

Figura 54. Tronco de cone.

A área do tronco do cone é encontrada somando a C


área da base maior, área da base menor e a área late- O
ral. O volume é calculado, subtraindo, do volume total
do cone, o volume do cone menor, que foi formado
pela secção transversal, ou seja, o volume do cone de
base maior menos o volume do cone de base menor: R=8

(a)
π · (H – h)
VTronco = Vmaior – Vmenor = · [R2 + R · r + r2]
3 O1 r=4 A

Sendo AB, área da base maior e Ab área da base


menor, R o raio da base maior, r o raio da base menor
e G a geratriz do tronco do cone, temos:
G=5
AL = π · (R + r) · G k=(H-h)=h
AT = AL + AB + Ab = π · [R · (G + R) + r · (G + r)] h

Da semelhança entre o cone original (cone maior)


com o cone da secção transversal (cone menor) temos R-r=4
as mesmas relações que já tínhamos notado para o r=4
MATEMÁTICA

caso da pirâmide: C
O B

R=8
R H
=
r h (b)

ABmaior ALmaior ATmaior R2 H2 Figura 55. Tronco do Cone de geratriz G = 5, R = 8, r = 4 e h = 3 (a) e


= = = = triângulos retângulos formados dentro do tronco a partir da altura do
ABmenor ALmenor ATmenor r2 h2 tronco, raios e geratriz (b). 77
ESFERA: ELEMENTOS, SEÇÃO DA ESFERA, ÁREA, Ex.: Seja uma superfície esférica com o comprimen-
VOLUMES E PARTES DA ESFERA to da circunferência do círculo máximo igual a 26π cm,
qual seria a área dessa superfície e qual o volume?
Considerando-se um ponto O e um segmento de O comprimento do círculo é: 2πr = 26π → r = 13cm;
medida r, chama-se esfera de centro O e raio r o con-
junto dos pontos P do espaço, tais que a distância do
AEsfera = 4πr2 = 4π(13)2 = 676πcm2;
segmento OP seja menor ou igual a r.
VEsfera = πr3 = π(13)3 = 2197πcm3;
A esfera possui alguns elementos: o eixo, uma reta
que passa pelo centro da esfera; os polos que são as
interseções da superfície da esfera com o eixo; equa- INSCRIÇÃO E CIRCUNSCRIÇÃO DE SÓLIDOS
dor, uma secção perpendicular ao eixo passando pelo
centro da superfície; paralelo, uma seção perpendi- Existe uma gama de situações em que podemos ter
cular ao eixo e paralela ao equador e o meridiano, alguns sólidos inscritos ou circunscritos e termos o
uma seção cujo plano passa pelo eixo, como pode ser interesse de encontrar alguns de seus elementos nes-
observado na Figura 56. Distância polar é a distância sa junção. Aqui vamos mostrar alguns exemplos.
de um ponto do paralelo ao polo. No caso de inscrito, temos o sólido de interesse no
interior. Podemos ter, por exemplo, uma esfera de
raio r inscrita em um cubo de aresta a e querer saber
o valor do raio dessa esfera, como vemos na Figura 58.
Sabemos que o diâmetro da esfera é igual à aresta do
cubo, assim, 2r = a o que implica em r = a/2.

Figura 58. Esfera de raio r inscrita em um cubo de aresta a.


Figura 56. Esfera e seus elementos, polo, equador, paralelo e
meridiano. Na esfera de raio r inscrita em um octaedro regu-
lar de aresta a, que podemos observar na Figura 59,
A área da superfície da esfera de raio r é igual a usando a relação métrica de triângulos retângulos, em
4πr e o volume é quatro terços de πr3. O fuso esférico que a hipotenusa multiplicada pela altura é igual ao
é a interseção da superfície da esfera com um setor produto dos catetos, temos o valor da métrica do raio
diedral cuja aresta contém um diâmetro dessa super- dada por:
fície esférica, como podemos observar na Figura 57. A
área do fuso é 2r2α. Já a cunha esférica é dada por esta
mesma região do fuso esférico e vai até a região do a√3 a√2 a a√6
centro da esfera, ou seja, até o raio no eixo, formando ·r= · →r=
um volume que pode ser calculado com 2r3α/3.0 2 2 2 6

Figura 57. Exemplo de Fuso e Cunha esférica, respectivamente, da


esquerda para direita.

Assim, resumindo, temos as seguintes fórmulas para


esferas:

AEsfera = 4 · π · r2; Figura 59. Esfera de raio r inscrita em um octaedro de aresta a.


VEsfera = π · r3;
AFuso = 2 · r2 · α; Nos casos circunscritos, temos o sólido de interesse
2 · r3 · α no exterior. Assim, se tivermos uma esfera circunscri-
VCunha = ta ao cubo, teremos o interesse de calcular o valor do
3 raio da esfera em função da aresta do cubo, como na
Figura 60. Sabemos que o diâmetro da esfera é igual
78
à diagonal do cubo, assim, 2r=a√3, o que implica em Assim, o ponto médio do segmento AB, A(3,5) e B(1-
r=a√3/2. 3), anterior é:

3+1 4 5–3 2
A C xPM = e = 2 e yPM = = =1
R 2 2 2 2
PM = (2,1)
R a

E Sejam três pontos A(x1,y1), B(x2,y2) e C(x3 ,y2). Dizemos


a√2 G
que são colineares quando o determinante deles é nulo:

x1 y1 1
Figura 60. Esfera de raio r circunscrita em um cubo de aresta a.
x2 y2 1 = 0.
No caso da esfera circunscrita ao octaedro regular x3 y3 1
de aresta a, o diâmetro da esfera é igual à diagonal do
octaedro, ou seja, diagonal do quadrado, como pode- Ex.: Assim, mostre que os pontos A(1,3), B(2,5) e
mos observar na Figura 61. Assim, temos que 2r=a√2 o C(49,100) não são colineares!
que implica em r = a√2/2.

x1 y1 1 1 3 1
x2 y2 1 =0→ 2 5 1 =0
x3 y3 1 49 100 1
1 ∙ 5 ∙ 1+3 ∙ 1 ∙ 49+1 ∙ 2 ∙ 100 –1 ∙ 5 ∙ 49 – 3 ∙ 2 ∙ 1–1 ∙ 1 ∙ 100 =
= 5+147+200 – 245 – 6 – 100=352 – 351=1≠0

RETA: EQUAÇÕES GERAL E REDUZIDA

Sejam três pontos, A(x1,y1), B(x2,y2) e C(x,y), colinea-


res em uma reta (r), onde os pontos A e B são pontos
fixos em r, ou seja, conhecidos no plano cartesiano e o
Figura 61. Esfera de raio r circunscrita em um octaedro regular de ponto C, um ponto qualquer que pode percorrer a reta
aresta a.
r. A equação geral da reta é dada por:

a = y1 – y2, b = x2 – x1 e c = x1y2 – x2y1


ax + by + c = 0
GEOMETRIA ANALÍTICA PLANA 
PONTO

O Plano Cartesiano, Distância entre Dois Pontos

Dados dois pontos A(x1,y1) e B(x2,y2), calculamos a


distância entre eles da seguinte forma:

d = √(x2 – x1)2 + (y2 – y1)2

Sejam os pontos A(3,5) e B(1-3) no plano cartesia-


no, qual seria a distância entre A e B?

dAB = √(x2 – x1)2 + (y2 – y1)2 = √(1 – 3)2 + (–3 – 5)2 =


= √(–2)2 + (–8)2 = √4+64 = √68 = 2√17
Figura 28. Plano cartesiano (x,y) de origem O e reta r.
Ponto Médio de Segmento e Condição de
Alinhamento de Três Pontos  A equação geral ainda pode ser reescrita na forma
MATEMÁTICA

reduzida:
Dados os pontos A(x1,y1) e B(x2,y2), o ponto médio

( ) ( )
de AB é dado por:
a c
b≠0→y= – x+ –
b b
x1 + x2 y1 + y2
xPM = e
2 2 a c
→ y = mx + q; m = – eq=–
b b
79
Ex.: Sejam os pontos A(7/2,5/2) e B(-5/2,-7/2),a equa- PARALELISMO E PERPENDICULARIDADE
ção da reta definida por eles é:
Sejam duas retas (r e s). Para que elas sejam para-
lelas e distintas, não devem ter nenhum ponto em

( )
5 7 5 7 comum, ou seja, a solução do sistema (S) não tem solu-
a = y1 – y2 = – – = + =6 ção. Para isso temos que a relação entre os coeficien-
2 2 2 2 tes das equações são:

{
5 7
b = x2 – x1 = – – = –6 r : a1x+b1y+c1 = 0
2 2 S

( )( )
s : a2x+b2y+c2 = 0
7 7 5 5
c = x1y2 – x2y1 = ∙ – – – ∙ = a1 b1 c1
2 2 2 2 r∩s=Ø→ = ≠
a2 b2 c2

49 25 24 Por exemplo, as retas r e s são paralelas:


=– + =– = –6
4 4 4
ax + by + c = 0 → 6x – 6x – 6 = 0 ⟺ x – y – 1 = 0

Na forma reduzida temos:


S
{ r : x+2y+3=0
s : 3x+6y+1 = 0

a1 b1 c1 1 2 3
= ≠ → = ≠
a 6 c –6 a2 b2 c2 3 6 1
b≠ 0 → m = – =– = 1;q = – =– = –1
b –6 b –6
Dica
y = mx + q → y = x – 1
Para a reta r:x+2y+3=0 podemos encontrar
Temos ainda a equação da reta passando por um a equação das retas paralelas a r, bastando
que os coeficientes a e b das retas paralelas
ponto P(x0,y0):
a b
sejam proporcionais a 1 e 2, ou seja, = .
(y – y0) = m(x – x0) 1 2
Assim, a reta t:2x+4y+2=0 também é uma reta
paralela a r.
INTERSEÇÃO DE RETAS
Duas retas r e s são ditas perpendiculares se e
Um ponto P(x0,y0) de interseção de duas retas (r e somente se elas formarem entre si um ângulo reto,
s) deve satisfazer as equações de ambas. Assim, resol- mas pode-se também determinar essa perpendicula-
vendo o sistema de equações (S) das retas encontra-se ridade relacionando o coeficiente angular das retas.
Assim, se as equações das retas são dadas por:
o ponto comum às retas.

S
{ r : a1x+b1y+c1 = 0
s : a2x+b2y+c2 = 0
{ r : a1x+b1y+c1 = 0 → y = m1x+q1
s : a2x+b2y+c2 = 0 → y = m2x+q2

Então, a relação dos coeficientes angulares das


Ex.: Sejam duas retas: equações das retas para que elas sejam perpendicu-
lares é:
r : x+2y – 3 = 0 e s: 2x+3y – 5 = 0
r ⟘ s ⟺m1 ∙ m2 = –1

Então o ponto P(x0,y0) de interseção entre elas é: Se a reta r:y=x+2 é perpendicular à reta s, e saben-
do que a reta s passa pelo ponto (3,2), qual seria a

{
equação da reta s?
r : x+2y – 3=0

{
S
s : 2x+3y – 5=0 r : y = x+2 → m1=1
s : y = m2x+q2
r : x= – 2y+3 [I]
E para serem perpendiculares precisamos satisfa-
[I]
s : 2x + 3y – 5= 0 → 2( – 2y + 3) + 3y – 5 = 0 → – 4y + 6 zer a equação:
+ 3 y – 5 = 0 → -y + 1 = 0 → y = 1 [II]
r ⟘ s ⟺ m1 ∙ m2 = –1 → 1 ∙ m2 = –1 → m2 = –1
[II]
x= – 2y + 3y →x = – 2(1) + 3 → x = – 2 + 3 → x = 1
Da equação da reta quando se conhece um ponto
80 P(x0,y0)=(1,1) temos:
(y – y0) = m2(x – x0) ax0+by0+c
dP,r =
(y – 2) = –1(x – 3) √a2+b2
y – 2= – x+3
Ex.: Seja o ponto P(-3,-1) e a reta r:3x-4y+8, a distân-
x+y – 5=0
cia entre o ponto e a reta é:

Importante! ax0+by0+c
dP,r =
Quando duas retas são paralelas os coeficientes √a2+b2
angulares das retas são iguais, ou seja, se r e s
são paralelas então r // s ⟺ m1 = m2. 3 ∙ (–3) – 4 ∙ (–1)+8 –9+4+8 3 3 3
→ dP,r= = = = =
√(3)2+(– 4)2 √9+16 √25 5 5
ÂNGULO ENTRE DUAS RETAS
Sejam as retas paralelas r e s no plano cartesiano, a
Chamamos de coeficiente angular ou declive de distância entre as retas é a mesma que a distância da
uma reta r, não perpendicular ao eixo das abscissas reta r a um ponto da reta s. Então seja P(x0,y0) perten-
(eixo x), o número real m dado por: cente a reta s, a distância de P(x0,y0) até r é:

{
m = tgα r : ax+by+c1 = 0
P(x0,y0)∈s
y2 – y1 s : ax+by+c2 = 0 → ax0+by0= –c2
A(x1, y1); B(x2, y2) → m =
x2 – x1
ax0+by0 – c2 c1 – c2
a dr,s= =
r : ax + by + c = 0 → m= – √a2+b2 √a2+b2
b
BISSETRIZES DO ÂNGULO ENTRE DUAS RETAS
Sendo α o ângulo da reta r com o eixo x, na leitura
anti-horário.
Sejam as retas r e s no plano cartesiano, tais que
Se o ângulo é agudo (0º<α<90º) então m é positi-
vo, se é obtuso (90º<α<180º) então m é negativo, se for essas retas determinem dois ângulos opostos pelo vér-
nulo então m também é nulo e se for reto então não tice, assim, as bissetrizes que dividem esses ângulos
se define m. são dada por:
Quando duas retas r e s são concorrentes, pode-

{
mos determinar o ângulo formado entre elas:
r : a1x+b1y+c1 = 0

{
s : a2x+b2y+c2 = 0
r : a1x+b1y+c1 = 0 → y = m1x+q1
a1x+b1y+c1 a2x+b2y+c2
s : a2x+b2y+c2 = 0 → y = m2x+q2 ± =0
√a1 +b2
1
2
√a22+b22
m2 – m1
tgθ =
1 + m1 ∙ m2 Ex.: Sejam as retas r:3x+3y-1=0 e s:2x-2y+1=0 as
equações das retas bissetrizes t1 e t2 são:
Dadas duas retas r e s, o ângulo formado por elas é:

{
3x+3y –1 2x – 2y+1 3x+3y –1 2x – 2y+1
± =0→ ± =0
a1 3 √3 +3
2 2
√2 +(–2)2 2
√18 √8
r : 3x – y + 5 = 0 → m1 = – =– =3
b1 –1
3x+3y –1 2x – 2y+1
a2 2 → ± =0
s : 2x + y + 3 = 0 → m2 = – =– = –2 3√2 2√2
b2 1

m2 – m1 3 – (–2) 3x+3y –1 2x – 2y+1


tgθ = → tgθ = →tgθ= – =0→
1+m1 ∙ m2 1 + (–2) ∙ 3 3√2 2√2
t1 :
MATEMÁTICA

5 π (6x+6y – 2) – (6x – 6y+3)


= =1⇒θ= = 0 → 12y – 5 = 0
–5 4 6√2

3x+3y – 1 2x – 2y+1
DISTÂNCIA ENTRE PONTO E RETA E DISTÂNCIA + =0→
ENTRE DUAS RETAS 3√2 2√2
t2 :
(6x+6y – 2) + (6x – 6y+3)
Seja uma reta r:ax+by+c=0 e um ponto P(x0,y0) no pla- = 0 → 12x+1 = 0
no cartesiano, a distância entre a reta r e o ponto P é: 6√2 81
ÁREA DE UM TRIÂNGULO E INEQUAÇÕES DO
– a2 – 3a+a+3
PRIMEIRO GRAU COM DUAS VARIÁVEIS 

Seja um triângulo cujos vértices são A(x1,y1), B(x2,y2) 1 1 5


Aδ = ∙ 3 – 1+3 = ∙5=
e C(x3,y3) como a área do triângulo é base vezes altura 2 2 2
divido por 2, então para nosso triângulo no plano car-
tesiano temos:
O estudo do sinal de uma função do primeiro grau
1 é usado para definir a região no gráfico que admite
Aδ = ∙ BC ∙ AH solução para inequações do primeiro grau a duas
2
incógnitas, pois só admite solução gráfica. Logo a
BC = √(x2 – x3)2 + (y2 – y3)2 regra para estudo do sinal e definição da região de
solução da inequação é a seguinte, dado a função de
x1 y1 1 duas variáveis E(x,y)=ax+by+c:
x2 y2 1
z Primeiro definimos os pontos que anulam o trinômio
x3 y3 1 E(x,y), ou seja, pontos da equação da reta ax+by+c=0;
AH = dA,BC =
√(x2 – x3)2+(y2 – y3)2 z Segundo definimos o sinal de E na origem O(0,0),
ou seja, E(0)=a∙0+b∙0+c=c, assim concluímos que o
sinal de E é o mesmo de c;
z Terceiro atribuímos a E nos pontos do semiplano
1 x1 y1 1 opostos ao sinal anterior, ou seja, contrário de c;
Aδ = ∙ x y 1 z Se a reta contiver a origem O, significa que o c=0,
2 2 2
então os passos 2 e 3 não são válidos, daí o passo
x3 y3 1 2 deve ser um ponto P qualquer fora da reta e a
assim, atribuir o sinal dos planos.

Ex.: Seja a inequação x - y+1>0, a solução dela está


em qual plano?

{
a 1
1) E=0 → r: x – y+1=0 → m = – =– =1
b –1
2) E(0) = c=1>0 →E>0 em rα
3) E< 0 em r β

Como coeficiente angular m>0 reta crescente, pas-


sando pelos pontos (0,1) e (-1,0).

Ex.: Seja o triângulo no plano cartesiano formado


pelos pontos A(a,a+3), B(a-1,a) e C(a+1,a+1), a área
desse triângulo é:

x1 y1 1 a a+3 1
1 1
Aδ = ∙ x y 1 = ∙ a–1 a 1
2 2 2
2
x3 y3 1 a+1 a+1 1

1
Aδ = ∙ a2+(a+3)(a+1)+(a – 1)(a+1) – a(a+1) – a(a+1)
2

CIRCUNFERÊNCIA: EQUAÇÕES GERAL E REDUZIDA


– (a – 1)(a+3)
Seja uma circunferência (λ) de centro C(a,b) e raio
(r) e um ponto P(x,y) pertencente a ela tem-se a equa-
1
Aδ = ∙ a2+a2+a+3a+3+a2+a – a – 1 – a2 – a – a2 – a ção reduzida da circunferência dada por:
2
82 (x – a)2+(y – b)2=r2
Se, dados três pontos do tipo P(x0,y0) na circunferên- P(–4, –5) → (x0 – a)2 + (y0 – b)2 – r²
cia, podemos encontrar a equação reduzida dela resol- → (–4 – 1) + (–5 – 1)2 – 22 = 25+36 – 4 = 57>0
vendo o sistema de três equações e três incógnitas, a
partir da substituição dos pontos na equação abaixo: Logo, o ponto é exterior à circunferência pois a dis-
tância do ponto ao centro é PC>r.
(a–x0)2+(b – y0)2=r2
Reta e Circunferência e Duas Circunferências
Desenvolvendo essa equação reduzida chegamos
na equação geral da circunferência: Seja uma reta r:Ax+By+C=0 e uma circunferên-
cia de centro C(a,b) e raio (r) dada pela equação λ:
x2+y2 – 2ax – 2by+(a2+b2 – r2)=0 (x-a)2+(y-b)2=r2, a interseção da reta com a circunfe-
rência é o P(x,y) que pertença ao mesmo tempo a reta
Ex.: Na equação da circunferência abaixo, encon- r e à circunferência. Logo para achar essa interseção
tre o centro e o raio: basta ver as soluções do sistema:

2x2+2y2 – 4x –6y – 3=0

Dividindo por 2 teremos os termos quadrados


S
{ r : Ax + By + C = 0
λ : (x – a)2 + (y – b)2 = r2
iguais a unidade:
Sendo que, a solução desse sistema resulta em uma
equação do segundo grau, então para diferentes valo-
3 res possíveis de Δ determinamos as posições relativas
X2+y2 – 2x – 3y – =0 da reta à circunferência:

{
2
z Se Δ>0, temos duas raízes reais, ou seja, dois pon-
– 2a = – 2 → a = 1; tos de solução, assim a reta é secante à circunfe-

( )
rência, ou ainda, quando a distância do centro à
3 reta é menor que o raio;
→C 1,
3 2 z Se Δ=0, temos uma única raiz real, ou seja, um único
– 2b = – 3 → b = ; ponto, assim a reta é tangente à circunferência, ou ain-
2
da, quando a distância do centro à reta é igual ao raio;

()
2
z Se Δ<0, não temos raiz real, ou seja, a solução não
3 3 3 tem ponto comum entre reta e circunferência, assim
(a2+b2 – r2) = – → 12 + – r2 = – a reta é exterior à circunferência, ou ainda, quando a
2 2 2
distância do centro à reta é maior que ao raio.
9 3 19 √19
1+ – r2 = – → r2 = →r=
4 2 4 2

Posições Relativas entre Ponto e Circunferência

Seja um ponto P(x0,y0) e uma circunferência de cen-


tro C(a,b) e raio (r) dada pela equação λ: (x-a)2+(y-b)2=-
r2, a posição de P depende de três situações, são elas:
ponto P exterior à circunferência, ponto P na circun-
ferência e ponto P interior à circunferência. Assim
temos, respectivamente, o seguinte:

{
PC > r → (x0 – a)2 + (y0 – b)2 – r2 > 0
PC = r → (x0 – a)2 + (y0 – b)2 – r2 = 0
PC < r → (x0 – a)2 + (y0 – b)2 – r2 < 0

Seja a circunferência λ: x2 + y2 + 2x + 2y - 2 = 0, o ponto


P(-4, -5) está em qual posição em relação à circunferência? Figura 29. Circunferência de centro C raio (r) com exemplos de
retas: secante (r), tangente (s) e exterior (t).
Primeiro determinamos o centro e o raio da
circunferência:
Ex.: Sendo a reta dada por r:3x+2y+17=0 e a circun-
MATEMÁTICA

ferência λ:x2+y2+6x+8y+12=0, qual a posição relativa


x2 + y2 + 2x + 2y – 2 = 0

{
entre elas e suas interseção?
–2a = 2 → a = –1;

{
→ C (–1, –1)
–2b = 2 → b = –1; r : 3x+2y+17 = 0
S
a2+b2 – r2 = –2 → 1+1 – r2 = –2 → r2 = 4 →r = 2 λ : x2+y2+6x+8y+12 = 0

Depois substituímos o ponto na equação da circun- Isolando x na equação da reta e substituindo na


ferência e vemos a posição relativa: equação da circunferência temos: 83
{
17 2 z Circunferências de menor raio e interior à outra,
r : 3x+2y+17 = 0 → x = – – y(I) a distância entre os centros está entre zero e o
3 3 módulo da diferença dos raios, 0≤d<|r1 – r2|;

( )
z Circunferências concêntricas, a distância entre os
2
S (I)
17 2 centros é zero, d = 0.
λ : x +y +6x+8y+12 = 0
2 2 → – – y +y2+6
3 3

( –
17
3

2
3 )
y +8y+12=0

13y2+104y+91=0 → Δ=(104)2 – 4(13)(91)=6084 → Δ>0

Como Δ>0, então temos duas raízes reais, ou seja,


dois pontos de solução, assim a reta é secante à cir-
cunferência. Para determinar os pontos de interseção (a) (b)
basta achar as raízes:

13y2 + 104y + 91 = 0 → Δ = 6084


– b – √Δ –104 – 78
y1= = = –7
2a 2 ∙ 13
– b + √Δ –104 + 78
y2= = = –1
2a 2 ∙ 13

Com os valores do eixo y para o ponto P de interse-


ção encontramos os respectivos valores para o eixo x: (c) (d)

17 2
y1 = –7 → x1 = – – ∙ (–7) = –1
3 3

17 2
y2 = –1 → x2 = – – ∙ (–1) = –5
3 3

Logo, os pontos de interseção da reta secante com


a circunferência são: (e) (f)
Figura 30. Posições relativas entre duas circunferências de centro C1
P1(–1, –7) e C2, (a) exteriores; (b) tangentes exteriores; (c) tangente interiores;
P2(–5, –1) (d) secantes; (e) interior com menor raio e (f) concêntricas.

Da mesma forma podemos encontrar a interseção Ex.: Dada duas circunferências, qual a posição
entre duas circunferências, bastando encontrar o relativa entre elas?
ponto P(x,y) que pertença ao mesmo tempo às duas

{
circunferências, ou seja, a solução do sistema:
λ1 : x2 + y2 = 36
S

{
λ2 : x2 + y2 – 6x – 8y+21=0
λ1 : (x – a1)2+(y – b1)2 = r12
S
λ2 : (x – a2)2+(y – b2)2 = r22 Primeiro definimos o centro e o raio de cada uma
delas:
E a partir da comparação entre a distância entre os
centros das circunferências e a soma dos raios pode- λ1 : x2 + y2 – 36 = 0

{
mos ter seis posições relativas entre elas. Então seja a
–2a1 = 0 → a1 = 0;
distância entre os centros C1 e C2: λ1 → C1(0, 0)
–2b1 = 0 → b1 = 0;
d = C1C2 = √(a1 – a2)2 + (b1 – b2)2 a12+b12 – r12 = –36 → 0+0 – r12 = –36 → r1 = 6

z Circunferências exteriores, a distância entre os λ2 : x2 + y2 –6x – 8y + 21 = 0

{
centros é maior que a soma dos raios, d>r1+r2; –2a2 = –6 → a2 = 3;
z Circunferências tangentes exteriormente, a distân- λ2 → C2(3, 4)
cia entre os centros é igual à soma dos raios, d=r1+r2; –2b2 = –8 → b2 = 4;
z Circunferências tangentes interiores, a distância a22+b22 – r22 = 21 → 9+16 – r22 = 21 → r2 = 2
entre os centros é igual ao módulo da diferença
dos raios, d=|r1 – r2|; Agora calculamos a distância entre os centros e
z Circunferências secantes, a distância entre os cen- comparamos com a soma ou diferença entre os raios:
tros está entre o módulo da diferença dos raios e a
84 soma dos raios, |r1 – r2|<d<r1+r2; d = C1C2 = √(a1 – a2)2 + (b1 – b2)2 = √(0 – 3)2 + (0 – 4)2
= √9+16 = √25 = 5;
a – x0
r1 + r2 = 6 + 2 =8; y – y0 = (x – x0)
y0 – b ;
|r1 – r2| = |6 – 2| = 4;
z Quando o ponto está externo à circunferência:
4 < 5 < 8 → |r1 – r2| < d < r1+r2 → secantes.
ma – b+(y0 – mx0)
Logo, as circunferências são secantes, com dois = r, y – y0 = mi(x – x0);
pontos de intersecção. √m2 + 1

Problemas de Tangência Ex.: Seja a circunferência λ:x2+y2-4x-5=0 e com pon-


to P(-1,7) de interseção da reta tangente e a circunfe-
Quando o intuito é encontrar as equações das retas
tangentes à circunferência, usamos a definição de reta rência, a equação da reta tangente é dada por:
tangente, que diz que existe um único ponto de interseção Primeiro definimos o centro e o raio da circunfe-
entre a reta e a circunferência, e a distância entre o cen- rência λ:
tro da circunferência a esse ponto da reta é exatamente o
valor do raio. Outro conceito que irá nos ajudar é o de fei-
λ : x2+y2 – 4x – 5=0
xes de retas paralelas, em que a cada equação de reta dada

{
por Ax+By+C=0, para que as retas sejam paralelas entre si,
os valores de A e B para todas as retas são iguais ou propor- –2a = –4 → a = 2;
cionais, e o valor de C irá mudar em cada reta, ou seja, para λ → C(2, 0)
–2b = 0 → b = 0;
cada valor de C nos números reais, temos novas retas que
serão paralelas à reta original. a2 + b2 – r2 = –5 → (2)2 + 02 – r2 = –5 → r = 3
Assim, conhecendo uma reta paralela às retas tan-
gentes, o centro e o raio da circunferência, podemos A distância entre o centro e o ponto é:
determinar as equações das retas tangentes. Para isso,
igualamos a distância do centro à reta paralela ao dcp= √(a – x0)2+(b – y0)2 = √(2 – (–1))2+(0 – 7)2
valor do raio e, assim, definimos quais os valores do
coeficiente C para cada uma delas. = √9+49 = √58;
Ex.: Então, seja uma reta r:5x+2y+7=0 a circunfe-
rência λ:x2+y2+4x-10y+4=0, quais são as equações das Se a distância do centro ao ponto é maior que o
retas tangentes (t) a circunferência e que sejam para-
raio, temos que o ponto está fora da circunferência.
lelas a reta r?

Primeiro definimos qual o centro e o raio da ma – b +(y0 – mx0)


circunferência: =r
√m2+1
λ : x2+y2+4x – 10y+4=0

{
m ∙ 2 – 0 +(7 – m ∙ (–1))
–2a = 4 → a = –2; =3
λ → C(–2, 5) √m2+1
–2b = –10 → b = 5;
a2+b2 – r2 =4 → (–2)2+52 – r2 = 4 → r=5 3m +7
=3
Agora igualamos ao raio a distância do centro C à √m2+1
reta t paralela à reta r dada:
20
ti || s: Ax+By+C=0 → 5x+2y+C=0 m=–
21
Ax+By+C 5(–2)+2(5)+C
dCt = r → =5→ =5
√A2+B2 √(5)2+(2)2 y – y0 = mi (x – x0)

20
–10+10+C y–7=– (x – (–1))
→ =5 21
√25+4

C 20
=5 → |C|=5√29 → C1 = 5√29 e C2 = –5√29 y–7=– (x+1)
√29 21

t1 : 5x+2y+5√29 = 0 e t2 : 5x+2y – 5√29 = 0 t1: 20x+21y – 127 = 0


MATEMÁTICA

Nos casos em que não se conhece a reta paralela à Assim, além dessa reta tangente podemos cons-
reta tangente, mas se conhece um ponto P(x0,y0) que truir o gráfico com a circunferência, os pontos e as
é a interseção entre a reta tangente e a circunferên- retas tangentes para visualizarmos mais facilmente
cia de centro C(a,b), podemos achar a equação da reta qual seria a segunda reta tangente, visto que da solu-
tangente por:
ção de m tivemos apenas um valor, e pelo ponto P ser
z Q uando o ponto é interior à circunferência não externo sabemos que existe mais uma reta tangente
existe reta tangente; além da encontrada. Logo, a outra reta tangente é a t2:
z Quando o ponto pertence à circunferência: x = –1 ou x+1 = 0. 85
P
7
t2 t1
6
5
4 20
3
2 c
1
c 15
11 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 A
-1
-2
C
-3 10
-4
-5 Raio
-6
-7 5

Figura 31. Circunferência de centro C(2,0) e raio 3, com ponto P(-


1,7) exterior a circunferência com suas retas tangentes t1 e t2.
-1 0 5 10 15
Equações e Inequações do Segundo Grau com Duas
Variáveis 

Uma inequação envolvendo uma circunferência (b)


admitem infinitas soluções que podem ser represen- Figura 32. Inequações com circunferência de centro C e raio r,
tadas num sistema de eixos coordenados por uma com ponto A(x,y), (a) região exterior e (b) região interior, inclusos a
região limitada pela circunferência. Alguns exemplos circunferência.
de regiões soluções:
Região que contém os pontos A(x,y) fora da circun- Ex.: Seja o sistema de inequações circulares:
ferência, incluindo a circunferência: (x – a)2+(y – b)2

{
– r2≥0 ou excluindo a circunferência (x – a)2+(y – b)2 –
r2>0. Figura 32 a, quando for sinal sem igualdade usar λ1 : x2 + y2 ≤ 25
S
o contorno da circunferência pontilhada; λ2 : x2 + y2 ≥ 4
Região que contém os pontos A(x,y) dentro da circun-
ferência, incluindo a circunferência: (x – a)2+(y – b)2 – r2 A solução desse sistema pode ser dada via solução
≤ 0 ou excluindo a circunferência (x – a)2+(y – b)2 – r2<0. gráfica como mostrado anteriormente. Assim, para
cada uma das inequações temos:

λ1 : x2 + y2 ≤ 25

20
A
{ –2a = 0 → a = 0
–2b = 0 → b = 0
→ C (0, 0)

a2 + b2 – r2 = –25 → 0+0 – r2 = –25 → r = 5


15
Então para a primeira circunferência temos o cen-
C tro na origem e o raio igual a cinco, Figura 33:
10
(x – a)2 + (y – b)2 – r2 ≤ 0 → (x – 0)2+(y – 0)2 – 52 ≤ 0 → x2
Raio + y2 – 25≤0
5 10

-1 0 5 10 15
5

(a) C
-10 -5 0 5 10

-5

-10

Figura 33. Inequações com circunferência de centro C(0,0) e raio 5,


86 com solução interior à circunferência.
λ1 : x2+y2 ≥ 4 dos pontos do plano cuja soma das distâncias aos pon-

{ –2a = 0 → a = 0 tos (F1 e F2) é uma constante (2a), sendo 2a>2c.


→ C (0, 0)
–2b = 0 → b = 0
a2+b2 – r2 = –4 → 0+0 – r2 = –4 → r = 2

Então para segunda circunferência temos o centro


na origem e o raio igual a dois, Figura 34:

(x – a)2 + (y – b)2 – r2 ≤ 0 → (x – 0)2 + (y – 0)2 – 22 ≥ 0 →


x2 + y2 – 4 ≥ 0

1
C
-4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4
-1

-2 Figura 36. Elipse de focos F1 e F2, centro C, e as distâncias


A1A2=2a, B1B2=2b e F1 F2=2c e c/a é a excentricidade, onde
-3 a2=b2+c2.

Posições Relativas entre Ponto e Elipse


Figura 34. Inequações com circunferência de centro C(0,0) e raio 2,
com solução exterior à circunferência.
Seja um ponto P(x,y) e uma elipse de centro C(x0,y0)
Assim, o conjunto solução para que ocorram as e semieixos maiores e menores, a e b, respectivamen-
duas inequações simultaneamente é o sistema circular (x – x0)2 (y – y0)2
te dada pela equação =1 . +
formando uma coroa, conforme segue na Figura 35. a2 b2
A posição de P em relação a elipse pode ser: ponto
P exterior à elipse, ponto P na elipse e ponto P interior
da elipse. Assim temos, respectivamente, as inequações

{
6
(idem quando o eixo maior é paralelo à ordenada):
(x – x0)2 (y – y0)2
4 + – 1>0
a2 b2

(x – x0)2 (y – y0)2
2 + – 1=0
a2 b2
C
(x – x0)2 (y – y0)2
-6 -4 -2 0 2 4 6 + – 1<0
a2 b2
-2 Posições Relativas entre Reta e Elipse

Seja uma reta r:Ax+By+C=0 e uma elipse de centro


-4 C(x0,y0) e semieixos maiores e menores, a e b, respecti-
(x – x0)2 (y – y0)2
vamente dada pela equação =1 , +
-6 a2 b2
a interseção da reta com a elipse é o P(x,y) que perten-
ça ao mesmo tempo a reta r e à elipse. Logo para achar
Figura 35. Solução simultânea das inequações com circunferência essa interseção basta ver as soluções do sistema:
de mesmo centro C(0,0) e raio 5 e 2, com solução na coroa entre as

{
circunferências.
MATEMÁTICA

r : Ax+By+C=0
ELIPSE: DEFINIÇÃO, EQUAÇÃO, POSIÇÕES
S (x – x0)2 (y – y0)2
RELATIVAS ENTRE PONTO E ELIPSE, POSIÇÕES
δ: + =1
RELATIVAS ENTRE RETA E ELIPSE a2 b2

Definição Sendo que, da solução desse sistema resulta uma


equação do segundo grau, então para diferentes valo-
Dados dois pontos (F1 e F2) pertencentes a um plano res possíveis de Δ determinamos as posições relativas
e seja 2c a distância entre F1 e F2, a elipse é o conjunto da reta à elipse: 87
z Se Δ>0, temos duas raízes reais, ou seja, dois pon- Com os valores do eixo y para o ponto P de interse-
tos de solução, assim a reta é secante à elipse; ção encontramos os respectivos valores para o eixo x:
z Se Δ=0, temos uma única raiz real, ou seja, um úni-
co ponto, assim a reta é tangente à elipse; y1 = – 4,87 → x1 = –1,23 + 0,5 (–4,87) = –3,66
z Se Δ<0, não temos raiz real, ou seja, solução não y2 = 7,87 → x2 = –1,23 + 0,5 (7,87) = 2,70
tem ponto comum entre reta e elipse, assim a reta
é exterior à elipse. Logo, os pontos de interseção da reta secante com
a elipse é o que podemos ver na Figura 38. Esses pon-
tos são também solução para as duas equações, reta
e elipse:

P1(2,7; 7,87)
P2(– 3,66; – 4,87)

Dica
Na equação da elipse:
(y+2)2 (x – 4)2
δ: + =1
100 64 ,
O eixo maior está paralelo à ordenada (eixo y),
pois a variável y tem como denominador o qua-
drado da medida do semieixo maior. Já a variável
x tem o semieixo menor. Logo, o eixo do denomi-
nador é paralelo ao eixo ordenado do numerador.
Figura 37. Elipse de centro C, semieixos (a e b) com exemplos de
retas: secante (r), tangente (s) e exterior (t).

Ex.: Sendo a reta dada por r:-12,73x+6,4y-15,62=0 e a


(y+2)2 (x – 4)2
elipse δ : =1 , qual a posição relativa
+
100 64
entre elas e suas interseção?

{
r : – 12,73x+6,4y – 15,62=0

S (y+2)2 (x – 4)2
δ: + =1
100 64

Isolando x na equação da reta e substituindo na

{
equação da elipse temos:

r : – 12,73x+6,4y – 15,62=0 → x = –1,23+0,5y(I)

δ : (y+2)2 (x – 4)2
+ =1
S 100 64
Figura 38. Elipse de centro C(-4,-2), semieixos (a=10 e b=8) e
(I) (y+2)2 (–1,23+0,5y – 4)2 distância focal (c=12) com interseção com reta secante (r) nos
→ + =1 pontos P1 e P2.
100 64
y2 –3y – 38,3 = 0 → Δ = (3)2 – 4(1) (38,3) = 162,2 → Δ > 0 HIPÉRBOLE: DEFINIÇÃO, EQUAÇÃO DA HIPÉRBOLE,
POSIÇÕES RELATIVAS ENTRE PONTO E
Como Δ>0, então temos duas raízes reais, ou seja, HIPÉRBOLE, POSIÇÕES RELATIVAS ENTRE RETA
dois pontos de solução, assim a reta é secante à elipse. E HIPÉRBOLE E EQUAÇÕES DAS ASSÍNTOTAS DA
Para determinar os pontos de interseção basta achar HIPÉRBOLE
as raízes:
Definição

y2 – 3y – 38,3 = 0 → Δ=162,2 Dados dois pontos (F1 e F2) pertencentes a um pla-


no e seja 2c a distância entre F1 e F2, a hipérbole é o
–b – √Δ 3 – 12,74 conjunto dos pontos do plano cujo módulo da diferen-
y1 = = = – 4,87 ça das distâncias aos pontos (F1 e F2) é uma constante
2a 2∙1
(2a), sendo 0<2a<2c.

–b+√Δ 3+12,74
y2 = = = 7,87
88 2a 2∙1
Posições Relativas entre Ponto e Hipérbole

Seja um ponto P(x,y) e uma hipérbole de centro


C(x0,y0) e semieixos real e imaginário, a e b, respecti-
(x – x0)2 (y – y0)2
vamente dada pela equação = 1, a–
a2 b2
posição de P em relação a elipse pode ser: ponto P
exterior a elipse, ponto P na elipse e ponto P interior
da elipse. Assim temos, respectivamente, as inequa-

{
ções (idem quando o foco é paralelo à ordenada):

(x – x0)2 (y – y0)2
– – 1>0
a2 b2

(x – x0)2 (y – y0)2
Figura 39. Hipérbole de focos F1 e F2, centro C, e as distâncias – – 1=0
A1A2=2a (eixo real), B1B2=2b (eixo imaginário) e F1 F2=2c (focal), c/a é a2 b2
a excentricidade, onde c2=a2+b2.

Equações (x – x0)2 (y – y0)2


– – 1<0
a2 b2
Uma hipérbole de centro na origem e foco na abs-
cissa tem equação reduzida dada por:
Posições Relativas entre Reta e Hipérbole

x2 y2 Seja uma reta r:Ax+By+C=0 e uma hipérbole de cen-


– =1 tro C(x0,y0) e semieixos real e imaginário, a e b, respecti-
a2 b2
(x – x0)2 (y – y0)2
Já uma hipérbole de centro na origem e foco na vamente, dada pela equação = 1, a –
ordenada tem equação reduzida dada por: a2 b2
interseção da reta com a hipérbole é o P(x,y) que per-
tença ao mesmo tempo à reta r e à hipérbole. Logo
y2 x2 para achar essa interseção basta ver as soluções do

{
– =1 sistema:
a 2
b2

Uma hipérbole de centro em um ponto C(x0,y0), e r : Ax+By+C=0


foco paralelo à abscissa temos a equação:
S (x – x0)2 (y – y0)2
r: + =1
(x – x0) 2
(y – y0) 2
a2 b2
– =1
a2 b2
Sendo que, da solução desse sistema resulta em
Uma hipérbole de centro em um ponto C(x0,y0), e uma equação do segundo grau, então para diferentes
foco paralelo à ordenada temos a equação: valores possíveis de Δ determinamos as posições rela-
tivas da reta à hipérbole:

(y – y0)2 (x – x0)2 z Se Δ>0, temos duas raízes reais, ou seja, dois pon-
– =1
a2 b2 tos de solução, assim a reta é secante à hipérbole;
z Se Δ=0, temos uma única raiz real, ou seja, um úni-
Ex.: Assim, uma hipérbole que tenha centro C(7,8) co ponto, assim a reta é tangente à hipérbole;

{
e eixo (A1A2) real (2a) igual a 8 e o imaginário (2b) z Se Δ<0, não temos raiz real, ou seja, solução não
igual a 6, podemos ter as seguintes equações: tem ponto comum entre reta e hipérbole, assim a
reta é exterior à hipérbole.
foco // x: (x – x0)2 (y – y0)2 (x – 7)2 (y – 8)2
– =1→ – =1
a2 b2 42 32

(x – 7)2 (y – 8)2
MATEMÁTICA

→ – =1
16 9

foco // y: (y – y0)2 (x – x0)2 (y – 8)2 (x – 7)2


– =1→ – =1
a2 b2 42 32

(y – 8)2 (x – 7)2
→ – =1
16 9
89
x=–2

1
3
→ y = √3+2x=√3+2
( √)
–2
1
3


1
→ y = √3 – 4
3

Logo, o ponto de interseção da reta tangente com


a hipérbole é o que podemos constatar na Figura 41,
sendo esse ponto solução para as duas equações, reta
e hipérbole:

P
( √ –2
1
3 ;√3 – 4
√)
1
3

Figura 40. Hipérbole com exemplos de retas: secante (r), tangente


(s) e exterior (t).

Ex.: Sendo a reta dada por r:-2x+y-√3=0 e a hipér-


bole r: x2 – y2 =1, qual a posição relativa entre elas e
suas interseções?

{
Figura 41. Hipérbole de centro C(0,0), semieixos (a=1 e b=1) e
distância focal (c=2√2) com interseção com reta tangente (r) no
r : –2x+y – √3=0
ponto P.
S
γ : x2 – y2 = 1
Equações das Assíntotas da Hipérbole
Isolando y na equação da reta e substituindo na
equação da hipérbole temos: As duas retas, r1 e r2, que tangenciam os dois
ramos da curva de uma hipérbole de centro C(0,0) e

{
semieixos, real e imaginário, a e b, respectivamente,
r : –2x+y – √3=0 → y = 2x+ √3(I) é chamada de assíntotas da hipérbole. Assim, uma
S (I) hipérbole de centro na origem do plano cartesiano
γ : x2 – y2 = 1 →x2 – (2x+ √3)2 – 1=0 tem suas assíntotas dadas por:


1 4

{
x2+4 x+ =0
3 3 b
r1 : y = x

(√) ()
2
a
1 4 16 16
→Δ= 4 – 4(1) = – =0
3 3 3 3 b
→Δ=0 r2 : y = – x
a
Como Δ=0, então temos uma única raiz real, ou
Ex.: Assim, seja a hipérbole dada por:
seja, um ponto de solução. Assim, a reta é tangente à
hipérbole. Para determinar o ponto de interseção bas-
ta achar a raiz: x2 y2
γ: – =1
9 16


1 4
x2+4 x+ =0→Δ=0
3 3 As retas, r1 e r2, assíntotas à hipérbole estão
demonstradas na Figura 42:


–b ± √Δ –b ± 0 –b 1

{
x1 = x2 = = = =–2
2a 2a 2a 3 a2 = 9 → a = 3
x2 y2
r: – =1→ b2 = 16 → b =4
Com os valores do eixo x para o ponto P de interse- 9 16
c2 = a2 +b2 = 9+16 = 25 → c = 5
90 ção encontramos os respectivos valores para o eixo y:
{
Equações
b 4
r1 : y = x→y= x
a 3 Uma parábola de vértice na origem e foco na abs-
cissa tem equação reduzida dada por:
b 4
r2 : y = – x→y=– x y2 = 2px
a 3
Já uma parábola de vértice na origem e foco na
ordenada tem equação reduzida dada por:

x2 = 2py

Uma parábola de vértice em um ponto V(x0,y0), e


foco (VF) paralelo à abscissa temos a equação:

(y – y0)2 = 2p (x – x0)

Uma parábola de vértice em um ponto V(x0,y0), e


foco (VF) paralelo à ordenada temos a equação:

(x – x0)2 = 2p (y – y0)

Ex.: Assim, uma parábola que tenha vértice em


V(7,8) e parâmetro (p) igual a 4, podemos ter as seguin-
tes equações:

Figura 42. Hipérbole de centro C(0,0), semieixos (a=3 e b=4) e


{ foco(VF) // x : (y – y0)2 = 2p (x – x0) → (y – 8)2 = 8(x – 7)

foco(VF) // y : (x – x0)2 = 2p (y – y0) → (x – 7)2 = 8(y – 8)

distância focal (2c=10) com as assíntotas, r1 e r2. Posições Relativas entre Ponto e Parábola

PARÁBOLA: DEFINIÇÃO, EQUAÇÃO, POSIÇÕES Seja um ponto P(x,y) e uma parábola de vértice
RELATIVAS ENTRE PONTO E PARÁBOLA, POSIÇÕES V(x0,y0) e parâmetro (p), dada pela equação (y – y0)2 =
RELATIVAS ENTRE RETA E PARÁBOLA 2p (x – x0), a posição de P em relação a parábola pode
ser: ponto P exterior a parábola, ponto P na parábola
Definição e ponto P interior da parábola. Assim temos, respec-
tivamente, as inequações (idem quando o foco (VF) é

{
Dados um ponto (F) e uma reta d pertencentes a paralelo a ordenada):
um plano com F não pertencente a d, seja p a distância (y – y0)2 – 2p (x – x0)>0
entre F e a reta d, a parábola é o conjunto dos pontos
do plano que estão na mesma distância de F e d. (y – y0)2 – 2p (x – x0)=0
(y – y0)2 – 2p (x – x0)<0

Posições Relativas entre Reta e Parábola

Seja uma reta r:Ax+By+C=0 e uma parábola de


vértice V(x0,y0) e parâmetro (p) dado pela equação (y
– y0)2 – 2p (x – x0), a interseção da reta com a parábola
é o P(x,y) que pertença ao mesmo tempo a reta r e à
parábola. Logo para achar essa interseção basta ver as
soluções do sistema:

S
{ r : Ax+By+C = 0
MATEMÁTICA

x : (y – y0)2 = 2p(x – x0)

Sendo que, da solução desse sistema resulta em


uma equação do segundo grau, então para diferentes
valores possíveis de Δ determinamos as posições rela-
tivas da reta à parábola:

Figura 43. Parábola de foco F, diretriz d, parâmetro p e vértice V, z Se Δ>0, temos duas raízes reais, ou seja, dois pon-
sendo a reta VF o eixo de simetria (VF=p/2). tos de solução, assim a reta é secante à parábola; 91
z Se Δ=0, temos uma única raiz real, ou seja, um úni-
co ponto, assim a reta é tangente à parábola;
z Se Δ<0, não temos raiz real, ou seja, solução não
tem ponto comum entre reta e parábola, assim a
reta é exterior à parábola.

Figura 45. Parábola de vértice V(1,3), parâmetro (p=4) com


interseção com reta tangente (r) no ponto P.

RECONHECIMENTO DE CÔNICAS A PARTIR DE SUA


EQUAÇÃO GERAL

Uma equação do segundo grau nas incógnitas x e


y representa uma elipse, se a sua equação geral for
Figura 44. Parábola com exemplos de retas: secante (r), tangente (s)
redutível à forma:
e exterior (t).

Ex.: Sendo a reta dada por r:-3,46x+1,27y-1,27=0 e (x – x0)2 (y – y0)2


+ =1
a parábola χ: (y – 3)2 = 8 (x – 1), qual a posição relativa k1 k2
entre elas e suas interseções?
k1 > k2 → k1 = a2 e k2 = b2 → eixo maior horizontal

S
{ r : –3,46x + 1,27y – 1,27 = 0
χ : (y – 3)2 = 8(x – 1)
k1 < k2 → k1 = b2 e k2 = a2 → eixo maior vertical

(x0 ,y0) → centro


Isolando y na equação da reta e substituindo na
equação da parábola temos: Uma equação do segundo grau nas incógnitas x e y
representa uma hipérbole, se a sua equação geral for

{
redutível à forma:
r : –3,46x + 1,27y – 1,27 = 0 → y = 1 + 2,72x(I)
S (I)
χ : (y – 3)2 = 8(x – 1) → ((1+2,72x) –3)2 –8(x – 1) = 0
(x – x0)2 (y – y0)2
+ =1
k1 k2
x – 2,55x + 1,62 = 0 → Δ=(–2,55) – 4(1)(1,62) = 6,5 –
2 2

6,5 = 0 → Δ = 0 k1 > 0 e k2 > 0 → k1 = a2 e k2 = –b2 → eixo real horizontal


Como Δ=0, então temos uma única raiz real, ou
seja, um ponto de solução, assim a reta é tangente à k1 < 0 e k2 > 0 → k1 = –b2 e k2 = a2 → eixo real vertical
parábola. Para determinar o ponto de interseção bas-
ta achar a raiz: (x0 ,y0) → centro

x2 – 2,55x +1,62 = 0 → Δ = 0 Uma equação do segundo grau nas incógnitas x e y


representam uma parábola, se a sua equação geral for
–b±√Δ –b±0 –b 2,55
x1 = x2 = = = = = 1,275 redutível à forma:
2a 2a 2a 2

Com os valores do eixo x para o ponto P de interse-


ção encontramos os respectivos valores para o eixo y: { x = ay2 +by+c (a ≠ 0)
y = ax2 +bx+c (a ≠ 0)

x = 1,275 → y = 1+2,72x = 1+3,47 → y = 4,47


1 y0 y02 +2px0
Logo, o ponto de interseção da reta tangente com a a= ,b=– ,c= → eixo horizontal
2p p 2p
parábola é o que podemos ver na Figura 41, sendo esse
ponto solução para as duas equações, reta e hipérbole: 1 x0 x02 +2py0
a= ,b=– ,c= → eixo vertical
92 P(1,275;4,47) 2p p 2p
GEOMETRIA PLANA 
A

ÂNGULO: DEFINIÇÃO, ELEMENTOS E


PROPRIEDADES. 
O
z Definição de Ângulo

B
Definimos ângulo como a união de duas semirre-
tas de mesma origem e não colineares (que não per-
tencem a uma mesma reta). Veja a figura adiante: Figura 3. Setor Angular

Observação: A figura acima mostra o Setor Angu-


A lar do AOB

z Classificação dos Ângulos

Vejamos de que maneira os ângulos podem ser


classificados.
O
„ Ângulos Consecutivos: dois ângulos serão
chamados de Consecutivos quando tiverem o
B mesmo vértice e um lado em comum.

Figura 1. Definição de Ângulo


A
Observação 1: O é chamado de Vértice do ângulo
e OA e OB são chamados de lados.
Observação 2: Na figura acima o ângulo é indica-
do por AOB ou BOA. B

z Ponto Interior de um Ângulo

Seja um ângulo e um ponto P qualquer, dizemos C


que P será um Ponto Interior ao Ângulo, quando
uma reta qualquer que passa por P intercepta os lados Figura 4. Dois Ângulos Consecutivos
do ângulo em dois pontos distintos A e B, de modo que
o ponto P seja obrigatoriamente um ponto entre A e B. Observação: os pares de ângulos AÔB e BÔC; AÔC
e AÔB; AÔC e BÔC são consecutivos.

„ Ângulos adjacentes: dois ângulos serão cha-


mados de Adjacentes quando forem consecu-
tivos e não tiverem pontos internos em comum.
A

A
P
O

B
B
O

Figura 2. Representação de um Ponto no Interior de um Ângulo


MATEMÁTICA

Observação: Na figura acima, o ponto P é um pon- C


to interior ao AOB
Figura 5. Ângulos Adjacentes

z Setor Angular Observação: os ângulos AÔB e BÔC são adjacentes.

Denominamos Setor Angular a reunião dos pontos „ Ângulos Opostos pelo Vértice: dois ângu-
pertencentes ao ângulo e dos seus pontos interiores. los serão chamados de Opostos pelo Vértice 93
quando os lados de um deles forem semirretas
opostas aos lados do outro.
A

H
O B

Figura 9. Ângulo Obtuso


O

I G Observação: AÔB é um ângulo obtuso.

„ Ângulos Complementares: dois ângulos serão


complementares quando a soma de suas
Figura 6. Ângulos Opostos pelo Vértice medidas for igual a 90°. Dizemos que um ângu-
lo é o complemento do outro.
Observação: o par de ângulos FÔG e HÔI são opos-
tos pelo vértice.

„ Ângulo Reto: um ângulo será chamado de Reto


quando sua medida for igual a 90º. I M

O H

Figura 10. Ângulos Complementares

Observação: os ângulos IÔM e MÔH são complementares.


O B
„ Ângulos Suplementares: dois ângulos serão
Figura 7. Ângulo Reto suplementares quando a soma de suas medi-
das for igual a 180°. Dizemos que um ângulo é o
Observação: AÔB é um ângulo reto. suplemento do outro.

„ Ângulo Agudo: um ângulo será chamado de A


Agudo quando sua medida for menor que 90º.

C O B
Figura 11. Ângulos Suplementares

O Observação: os ângulos AÔC e AÔB são suplementares.


B
Figura 8. Ângulo Agudo Bissetriz de um Ângulo

Observação: AÔB é um ângulo agudo. Sejam os ângulos AÔB e BÔC, de vértice comum e
lado OB, também comum, conforme a figura abaixo.
„ Ângulo Obtuso: um ângulo será chamado de A semirreta OC divide o ângulo AÔB em duas partes
Obtuso quando sua medida for maior que 90º congruentes, ou seja, iguais. Essa semirreta é denomi-
94 e, ao mesmo tempo, menor que 180°. nada bissetriz do ângulo AÔB.
Portanto, a Bissetriz de um Ângulo é uma semir- z Elementos de uma Circunferência: na figura abai-
reta que tem origem no vértice e divide o ângulo em xo temos uma circunferência de centro C e raio r.
duas partes iguais.
N
A

r
C
Bissetriz
O r C

A
B
D E
Figura 12. Bissetriz de um Ângulo

ÂNGULOS NA CIRCUNFERÊNCIA M

Vejamos abaixo as definições importantes acerca Figura 15. Elementos de uma Circunferência
de ângulos na circunferência.
AC = raio
z Circunferência: definimos circunferência como AB = diâmetro
o conjunto de todos os pontos de um plano, de
modo que a distância a um ponto fixo é uma cons- DME = arco
tante positiva. A figura a seguir representa uma ANB = semicircunferência
circunferência λ, em que C é o centro (ponto fixo),
PC é um raio, com PC = r (constante positiva). AC = r e AB = 2r

z Posições de um Ponto em Relação a uma Circun-


ferência: sejam um ponto P e uma circunferência
de centro C e raio r, sendo d a distância de P ao
centro C, temos:
P
„ O ponto P é interno à circunferência: d < r
r
„ O ponto P é externo à circunferência: d > r
C „ O ponto P pertence à circunferência: d = r

Figura 13. Circunferência λ

z Círculo: definimos círculo como o conjunto de todos r


A
os pontos de um plano cuja distância a um ponto fixo
é menor ou igual a uma constante positiva.
C

r
MATEMÁTICA

Figura 16. Posições de alguns pontos em relação à Circunferência λ


C
Observação: na figura acima, F é um ponto exter-
no à circunferência; A é um ponto que pertence à cir-
cunferência; e D é um ponto interno à circunferência.

z Medidas de um Ângulo pela Circunferência: para


medir o Arco (uma espécie de “pedaço” da circunfe-
rência), primeiramente a dividimos em 360 “partes”
Figura 14. Círculo e denominamos 1 Grau ( º ) a cada “parte” obtida. 95
Fazer a medição do arco em graus é determinar a Observação 1: O ângulo AÔB (α) é o Ângulo Central.
quantidade de partes compreendida neste arco. Veja
Observação 2: APB é o arco correspondente do
a figura adiante:
ângulo AÔB.
A medida de um ângulo central é igual à medida de
A seu arco correspondente AÔB = m (AB) = α.
Veja a representação desta igualdade abaixo:

S
O

A
B

O
Figura 17. Arco S representado em uma Circunferência

A Medida de um Ângulo é a medida do menor


arco determinado pelo ângulo em uma circunferência B
com o centro em seu vértice.

A
Figura 20. Ângulo e Arco Correspondente em uma Circunferência

z Ângulo Inscrito: chamamos de ângulo inscrito


O aquele que tem vértice na circunferência e lados
secantes à mesma. O arco da circunferência com pon-
tos internos ao ângulo é o seu arco correspondente.
B

Veja a figura abaixo:

Figura 18. Ângulo em uma Circunferência


A
A medida do ângulo AOB é a medida do arco AB assi-
nalado na figura acima. Indicamos esta situação por:

m (AOB) = AÔB
Q
z Ângulo Central: definimos um ângulo central O
como sendo aquele cujo vértice coincide com o P
centro da circunferência. O arco de uma circunfe-
rência com pontos internos ao ângulo é o seu Arco
Correspondente. B

Veja a figura:

A Figura 21. Ângulo Inscrito em uma Circunferência

Observação 1: O ângulo AP̂B é inscrito na


circunferência.
P
O Observação 2: AQB é o arco correspondente do
ângulo AP̂B.

B z Ângulo de Vértice Externo: denominamos de ângu-


lo de vértice externo, ao ângulo que tem o vértice no
exterior da circunferência e seus lados secantes a ela.

96 Figura 19. Ângulo Central em uma Circunferência Vejamos abaixo:


A Observação 1: A reta t será chamada de transver-
sal de r e s
Observação 2: Os ângulos formados pela figura
D N acima são denominados de:
M O
P
C Alternos: â e ĝ, b̂ e ĥ, ĉ e ê, d̂ e f̂
B
Correspondentes: â e ê, b̂ e f̂, ĉ e ĝ, d̂ e ĥ

Colaterais: â e ĥ, b̂ e ĝ, ĉ e f̂, d̂ e ê


Figura 22. Ângulo de Vértice Externo em relação à Circunferência

Existência da Paralela
Observação 1: APB é de vértice externo.
Observação 2: ANB e CMD são os arcos correspon-
^ .
dentes do ângulo APB Se duas retas distintas e coplanares e uma transversal
determinarem ângulos alternos, ou ângulos correspon-
PARALELISMO
dentes congruentes, podemos concluir então que essas
Retas Paralelas duas retas são paralelas.

Duas retas serão chamadas de paralelas se, e


somente se, elas forem coincidentes (iguais) ou se
t
forem coplanares (pertencerem ao mesmo plano e
não possuírem nenhum ponto em comum).

r s

r r
s

Figura 23. Retas Paralelas r e s s

Observação 1: β é um plano que contém as retas r e s.


Observação 2: r ⸦ β, s ⸦ β e r ∩ s = ø
Dadas duas retas r e s paralelas (ou não paralelas)
e uma reta t concorrente com r e s, temos: Figura 25. Existência da Paralela

Observação: Se α = β, então r//s


t

Postulado de Euclides

a
O postulado de Euclides afirma o seguinte:
b

z Por um ponto passa uma única reta paralela a


d r uma reta dada;

c z Se duas retas paralelas distintas interceptam uma


transversal, então os ângulos alternos, ou ângulos
e correspondentes, são congruentes.
f

PERPENDICULARIDADE 
MATEMÁTICA

s
h
g Retas Perpendiculares

Duas retas serão chamadas de Perpendiculares


se, e somente se, forem concorrentes e formarem dois
ângulos retos suplementares, ou seja, cada um dos
Figura 24. Retas Paralelas r e s cortadas pela Transversal t
ângulos medindo 90°. 97
r Observação: conforme mencionado acima, o
ângulo externo a um triângulo é dado pela soma dos
ângulos internos ao triângulo e que não são adjacen-
tes a e (Teorema do Ângulo Externo). Neste caso,
temos:

O s e

B
C
Figura 26. Retas r e s perpendiculares entre si
Figura 29. Ângulo Externo e soma de ângulos internos do Triângulo
ABC
Mediatriz de um segmento
Observação: No caso acima, temos ê = Â + B̂
Denominamos Mediatriz de um segmento a reta
perpendicular (m) ao segmento (AB) que passa pelo Soma dos Ângulos Internos de um Triângulo
seu ponto médio (M), ou seja, a mediatriz divide o seg-
mento em duas partes iguais.
Em virtude do Teorema do Ângulo Externo, pode-
mos demonstrar facilmente que a soma dos ângulos
m internos de qualquer triângulo será igual a 180°.

A B
M B C

Figura 30. Soma dos ângulos internos de um Triângulo ABC

Observação: a Soma dos Ângulos Internos de um


triângulo é dada por: Â + B̂ + Ĉ = 180°.

Altura de um Triângulo
Figura 27. Mediatriz de um segmento AB qualquer
A altura de um triângulo é dada pelo segmento de
TRIÂNGULOS reta perpendicular à reta suporte de um dos lados do
triângulo (no caso abaixo, a reta suporte é dada pelo
Ângulo Externo segmento BC), com extremidade nessa reta e no vér-
tice oposto (na figura é dada pelo vértice A) ao lado
Em todo triângulo, qualquer um de seus ângulos considerado.
externos é igual à soma dos dois ângulos internos não
adjacentes a ele. Na figura abaixo, representamos um A
destes ângulos externos:

B C
B H
C

Figura 28. Ângulo Externo a um Triângulo ABC Figura 31. Altura de um Triângulo ABC

Observação: No triângulo acima, a altura é dada


98 pelo segmento AH
SEMELHANÇA DE TRIÂNGULOS z Caso LAL (Lado-Ângulo-Lado): Se dois triângulos
possuem dois pares de lados proporcionais e os
Dois triângulos serão denominados de semelhan- ângulos compreendidos entre eles são congruen-
tes se, e somente se, for possível estabelecer uma cor- tes, então esses dois triângulos são semelhantes.
respondência entre seus vértices de modo que:
A
z Os ângulos correspondentes sejam congruentes.
z Os lados homólogos sejam proporcionais.

C B

C B A’

A’

C’ B’ C’ B’

Figura 32. Dois Triângulos Semelhantes Figura 34. Dois Triângulos Semelhantes pelo caso LAL

z Caso LLL (Lado-Lado-Lado): se dois triângulos


 = Â’ , B ̂ = B ̂ ’ , Ĉ = Ĉ ’ e
têm os três lados correspondentes proporcionais,
AB AC BC então esses dois triângulos são semelhantes.
= = =k ⇔ ΔABC ~ ΔA’ B’ C’
A’ B’ A’ C’ B’ C’
A

Observação: a constante k é chamada de Razão


de Semelhança.

Casos de Semelhança

Abaixo apresentamos cada um dos casos de seme-


lhança entre triângulos:
C B
z Caso AA (Ângulo-Ângulo): Se dois triângulos pos-
suem dois ângulos ordenadamente congruentes, A’
então eles são semelhantes.

C’ B’

Figura 35. Dois Triângulos Semelhantes pelo


C B
caso LLL 
A’ PONTOS NOTÁVEIS DO TRIÂNGULO 
MATEMÁTICA

Apresentamos abaixo os pontos notáveis (B.I.C.O.)


de um triângulo:

z Baricentro: para definir o baricentro de um triângulo


temos que definir primeiro o que é a mediana de um
C’ B’ triângulo. A mediana é o segmento que une um vértice
ao ponto médio do lado oposto. Logo, o baricentro será
Figura 33. Dois Triângulos Semelhantes pelo caso AA
o ponto de encontro das três medianas do triângulo. 99
A
A
m1
m2

F D m3
F D
G

C B C
E
Figura 36. Medianas e Baricentro de um Triângulo ABC C B
E

Observação 1: medianas do triângulo ABC: AE, BF


Figura 38. Mediatrizes e Circuncentro de um Triângulo ABC
e CD
Observação 2: pontos médios dos lados do triân- Observação 1: mediatrizes do triângulo ABC: m1,
gulo ABC: D, E e F m2 e m3
Observação 2: pontos médios dos lados do triân-
Observação 3: Baricentro do ΔABC : G
gulo ABC: D, E e F
Observação 3: circuncentro do ΔABC : C
z Incentro: para definir o incentro de um triângu- Observação 4: uma observação importante é que
lo, vamos relembrar o conceito de bissetriz de um o circuncentro de um triângulo é o centro da circunfe-
rência nele circunscrita.
ângulo. A bissetriz de um ângulo é a semirreta com
pontos internos ao ângulo e que determina com z Ortocentro: Para definir ortocentro precisamos
seus lados dois ângulos adjacentes congruentes. A primeiro entender que a altura de um triângulo é
bissetriz interna de um triângulo é o segmento da o segmento da perpendicular traçada de um vérti-
ce à reta suporte do lado oposto e que possui extre-
bissetriz de um ângulo interno que tem extremida- midades nesse vértice e no ponto de encontro com
des no vértice desse ângulo e no ponto de encontro essa reta suporte. Logo, o ortocentro é o ponto de
com o lado oposto. Logo, o incentro é o ponto de encontro das retas suportes das três alturas de um
triângulo.
encontro das bissetrizes internas deste triângulo.
A
A D
F

D
F
I

C B
C B E
E
Figura 37. Bissetrizes Internas e Incentro de um Triângulo ABC Figura 39. Alturas e Ortocentro de um Triângulo ABC

Observação 1: alturas do triângulo ABC: AE, BF e


Observação 1: Bissetrizes Internas do triângulo CD
ABC: AE, BF e CD Observação 2: ortocentro do ΔABC : O
Observação 2: Incentro do ΔABC: I
TRIÂNGULOS RETÂNGULOS
Observação 3: uma observação importante é que
o incentro de um triângulo é o centro da circunferên- Um triângulo recebe o nome de triângulo retân-
cia nele inscrita. gulo se possuir um dos seus ângulos internos iguais a
90°. Observe na figura abaixo:

z Circuncentro: para definir o circuncentro de um


triângulo, precisamos entender a definição de
mediatriz primeiramente. A mediatriz de um seg-
mento de reta é a reta perpendicular a esse seg-
mento pelo seu ponto médio. Logo, o circuncentro
de um triângulo é o ponto de encontro das três
100 mediatrizes deste triângulo.
B
z AB e AC são os catetos;
z AH é a altura relativa à hipotenusa;
z BH e CH são, respectivamente, as projeções dos
catetos AB e AC sobre a hipotenusa BC

No triângulo retângulo ABC da figura, sendo BC =


a, AC = b, AB = c, AH = h, BH = m e CH = n, então valem
as seguintes relações:

b2 = a · n
c2 = a · m
a2 = b2 + c2
A C h2 = m · n
Figura 40. Triângulo ABC Retângulo no Vértice A b·c=a·h

TEOREMA DE PITÁGORAS RELAÇÕES MÉTRICAS EM UM TRIANGULO


QUALQUER
O Teorema de Pitágoras diz que em todo triângu-
lo retângulo, o quadrado da medida da hipotenusa é z Lei dos Senos: em todo triângulo, as medidas dos
igual a soma dos quadrados das medidas dos catetos. lados são proporcionais aos senos dos ângulos
opostos e a razão de proporcionalidade é a medi-
B da do diâmetro da circunferência circunscrita ao
triângulo.

Consideremos o triângulo ABC, inscrito na circun-


a ferência de raio R:
c
A

b
A C
b
Figura 41. Triângulo Retângulo ABC C
c
Observação 1: a medida dos lados BC, AC e AB são
dados respectivamente por a, b e c.
Observação 2: o lado a é chamado de hipotenusa R
e os lados b e c de catetos.
Observação 3: pelo teorema de Pitágoras temos a
a seguinte relação entre os lados do triângulo retân-
gulo: a2 = b2 + c2

RELAÇÕES MÉTRICAS NO TRIANGULO RETANGULO


B
Considere um Triângulo Retângulo ABC, com hipo-
tenusa BC e altura AH. Figura 43. Triângulo ABC inscrito em uma Circunferência de Raio R

A
Verifica-se pela Lei dos Senos que:

a b c
= = = 2R
b c sen A sen B sen C
h
z Lei dos Cossenos: em todo triângulo, o quadrado
da medida de um lado é igual à soma dos quadra-
dos das medidas dos outros lados, menos o dobro
n m do produto dessas medidas pelo cosseno do ângulo
MATEMÁTICA

CB
que eles formam.
H
a
Figura 42. Triângulo Retângulo ABC com Hipotenusa BC e Altura
AH

Em relação ao triangulo retângulo acima, temos:

z BC é a hipotenusa; 101
A A
e=1
E
α = 121.86°
Ϛ = 118.08°

b c d = 3,16 a = 6.66

D ɛ = 136.09°

C B Υ = 69,17° B
a

Figura 44. Triângulo ABC qualquer c = 4.17


δ = 94.8° b = 5.98
Seja um triângulo qualquer ABC, conforme a figu-
ra 44.
Neste caso, verifica-se que: C

a2 = b2 + c2 – 2 · b · c · cos Â
C'
b2 = a2 + c2 – 2 · a · c · cos B̂

c2 = a2 + b2 – 2 · a · b · cos Ĉ
b' = 5.98 α1 = 121.86°

c' = 4.17
TRIÂNGULOS RETÂNGULOS, TEOREMA DE
PITÁGORAS 
B' Υ1 = 69,17°
D'
O Teorema de Pitágoras diz que em todo triângu- ɛ1 = 136.09°

lo retângulo, o quadrado da medida da hipotenusa é


igual a soma dos quadrados das medidas dos catetos. d' = 3,16
B a' = 6.66 Ϛ1 = 118.08°

β1 = 94.8°
E'
e' = 2
A'
a
c Figura 73. Congruência entre duas figuras planas (Pentágonos)

g = 3.03
A C Ɵ = 98.82°
b
h = 4.6
Figura 41. Triângulo Retângulo ABC H K = 50.63°

Observação 1: a medida dos lados BC, AC e AB são


f = 5.88 l = 30.55°
dados respectivamente por a, b e c.
G
Observação 2: o lado a é chamado de hipotenusa
e os lados b e c de catetos.
Observação 3: pelo teorema de Pitágoras temos
J
a seguinte relação entre os lados do triângulo retân- η = 98.82 l = 4.6°
K
gulo: a2 = b2 + c2
λ = 30.55°

CONGRUÊNCIA DE FIGURAS PLANAS  k = 3.03°

Ao considerarmos a congruência entre figuras j = 5.88


planas, dois elementos devem ser observados: os
lados e os ângulos correspondentes. Casos estes dois μ = 50.63°
elementos apresentem mesma medida, constataremos L
que as respectivas figuras planas são congruentes.
Vejamos algumas figuras planas relacionadas abaixo
102 (observe a igualdade existente entre lados e ângulos): Figura 74. Congruência entre duas figuras planas (Triângulos)
Q FEIXE DE RETAS PARALELAS E TRANSVERSAIS
2.29
A transversal de um conjunto de retas todas para-
2.29 v = 120° P lelas é uma reta do plano das paralelas que é concor-
σ = 120° rente com todas as retas deste conjunto.
Os pontos correspondentes de duas transversais
R u = 120° são pontos destas transversais que estão numa mes-
2.29
ma reta do conjunto de paralelas.
Os segmentos correspondentes de duas transver-
sais são segmentos que possuem por extremidades os
2.29 p = 120° O pontos correspondentes.

ξ = 120°
M o = 120° 2.29 t1 t2

2.29
N A A’
Q1 B’
B
2.29
2.29
v1 = 120° P1
σ1 = 120° C C’
R1
u1 = 120° 2.29

D D’
2.29
p1 = 120° O1

ξ1 = 120°
M1 o1 = 120°
2.29 Figura 45. Feixe de Retas Paralelas cortadas por Transversais

2.29
Observação 1: as transversais são indicadas por
N1
t1 e t2
Observação 2: os pontos correspondentes são
Figura 75. Congruência entre duas figuras planas (Hexágonos) indicados por A e A’, B e B’, C e C’, D e D’.
Observação 3: os segmentos correspondentes são
S indicados por AB e A’ B’, BD e B’ D’.
v = 1.67
TEOREMA DE TALES 
ϕ = 114.29°
V
η1 = 80.03° O Teorema de Tales diz que se duas retas são trans-
s = 3.11 versais de um conjunto de retas paralelas, então, a razão
entre dois segmentos quaisquer de uma delas é igual
à razão entre os segmentos correspondentes da outra.
u = 1,95
ω = 119.21°
Ψ = 46.47°
T
t1 t2
U t = 2.77

S'
A A’
v' = 1.67 B’
θ1 = 114.29° B
s' = 3.11

μ1 = 80.03°
V'
MATEMÁTICA

C C’

T' K1 = 46.47°

λ1 = 119.21°
u' = 1,95
D D’
t' = 2.77
U'

Figura 76. Congruência entre duas figuras planas (Quadriláteros) Figura 46. Feixe de Retas Paralelas, Transversais e Teorema de Tales 103
Pelo Teorema de Tales, temos as seguintes igualdades: Pelo teorema da bissetriz externa, temos a seguin-
te igualdade:
AB AC AD BC BD CD
= = = = = AC AB
A’B’ A’C’ A’D’ B’C’ B’D’ C’D’ =
CD BD
TEOREMA DAS BISSETRIZES INTERNAS E
Observação 1: AD é a bissetriz do ângulo exter-
EXTERNAS DE UM TRIÂNGULO 
no ao triângulo ABC no vértice A, ou seja, divide este
ângulo externo em dois ângulos congruentes.
O teorema da bissetriz interna de um triângu-
Observação 2: utilizando as medidas dos lados da
lo nos diz que em qualquer triângulo, uma bissetriz
figura 52, temos:
interna, ou seja, bissetriz de um ângulo interno ao
triângulo, sempre divide o lado oposto em segmentos
proporcionais aos lados adjacentes. b c
Seja AD a bissetriz do ângulo BAC no triângulo =
ABC, com AB = c, AC = b e BD = m e DC = n y x

A QUADRILÁTEROS NOTÁVEIS

Trapézio: um quadrilátero é um Trapézio se, e


somente se, tiver dois lados paralelos.

C B

Figura 47. Teorema da Bissetriz Interna

Pelo Teorema da Bissetriz Interna, temos a seguin- Figura 54. Trapézio com vértices ABCD
te igualdade:
Observação 1: o lado AB é chamado de base maior.
AC AB Observação 2: o lado CD é chamado de base menor.
=
CD BD Classificação dos Trapézios

Observação 1: AD é a bissetriz do ângulo BÂC z Trapézio Isósceles: os lados não paralelos são
no triângulo ABC, ou seja, divide o ângulo  em dois congruentes.
ângulos congruentes.
Observação 2: utilizando as medidas dos lados da
figura 51, temos:

b c
=
n m

O teorema da bissetriz externa de um triângulo


nos diz que em qualquer triângulo, uma bissetriz exter-
na, ou seja, bissetriz de um ângulo externo ao triângulo,
intercepta a reta que contém o lado oposto externamen- Figura 55. Trapézio Isósceles
te em segmentos proporcionais aos lados adjacentes.
Seja AD a bissetriz do ângulo externo ao triângulo z Trapézio Escaleno: os lados não paralelos não são
ABC no vértice A, com AB = c, AC = b e BD = x e DC = y congruentes.

D C
A

C
a B x

y A B
104 Figura 48. Teorema da Bissetriz Externa Figura 56. Trapézio Escaleno
z Trapézio Retângulo: quando existem dois ângu- L M
los internos retos. Q O

R P N

Figura 49. Polígonos

Região Poligonal

A região poligonal é a reunião do polígono com o


seu interior.

Figura 57. Trapézio Retângulo G

Paralelogramo: um quadrilátero é Paralelogra-


mo se, e somente se, possuir os lados opostos paralelos.
A
F
D C

D E B

A B
Figura 58. Paralelogramo

Observação: AB // CD e AD // BC
C
POLÍGONOS Figura 50. Região Poligonal

Vamos considerar n · (n ≥ 3) pontos ordenados A1, Polígono Côncavo e Polígono Convexo


A2, ..., An. Consideremos também os n segmentos con-
secutivos determinados por estes pontos (A1A2, A2A3, Um polígono é convexo se, e somente se, qualquer
..., AnA1), de modo que não existam dois segmentos reta suporte, de um lado do polígono, deixar todos os
consecutivos colineares. Definimos Polígono como a outros lados em um mesmo semi-plano dos dois que
reunião dos pontos dos n segmentos considerados. ela determina.
Vejamos alguns exemplos:

D
B

C
A
B

K C
I

J
MATEMÁTICA

E E

D
G

H
Figura 51. Polígono Convexo 105
Observação: em um polígono convexo, a região Ângulos Internos de um Polígono Convexo
poligonal é convexa.
Por definição, um polígono que não é convexo é A soma dos ângulos internos de um polígono con-
côncavo vexo é dada pela expressão:

Si = (n – 2) · 180º

G Ângulos Externos de um Polígono Convexo

I A soma dos ângulos externos de um polígono con-


vexo é dada pela expressão:
H
Se = 360º
F
Perímetro de Polígonos

Quando nos referimos ao Perímetro de um Polígo-


no, estamos na prática indicando que nosso interesse diz
respeito à soma dos lados deste. Portanto, para calcular o
Perímetro de um Polígono qualquer, basta somar os lados.

POLÍGONOS REGULARES
J
Um Polígono é denominado de regular quando pos-
sui todos os seus lados e ângulos internos congruentes.
Figura 52. Polígono Côncavo
Seguem alguns exemplos de Polígonos Regulares:
Observação 2: em um polígono côncavo, a região A B
poligonal é côncava.

Nomenclatura dos Polígonos

Nomeamos os Polígonos de acordo com o número


n de lados:
C
z 1° caso: 3� n � 9
n = 3 – Triângulo
n = 4 – Quadrilátero
n = 5 – Pentágono
n = 6 – Hexágono
n = 7 – Heptágono
n = 8 – Octógono
n = 9 – Eneágono

z 2º caso: n é múltiplo de 10
n = 10 – Decágono L
n = 20 – Icoságono K
n = 30 – Tricágono
n = 40 – Quadricágono
n = 50 – Pentacágono
n = 60 – Hexacágono
H
z 3° caso: n > 10 e n não é múltiplo de 10 J
n = 11 – Unodecágono
n = 17 – Heptdecágono
n = 26 – Hexaicoságono I
n = 35 – Pentatricágono
Q
Número de Diagonais de um Polígono Convexo P

O Número de Diagonais em um Polígono Convexo R


é dado pela expressão:

O
n (n – 3)
d=
2
M
106 N
A1 z Elementos de uma Circunferência: na figura
B1
z
abaixo temos uma circunferência de centro C e
C1
raio r.
W
D1 N
V
S B
T U

r
Figura 53. Polígonos Regulares

CIRCUNFERÊNCIAS r C

Vejamos abaixo as definições importantes acerca


de ângulos na circunferência. A

D E
z Circunferência: definimos circunferência como
o conjunto de todos os pontos de um plano, de
modo que a distância a um ponto fixo é uma cons- M
tante positiva. A figura a seguir representa uma
Figura 15. Elementos de uma Circunferência
circunferência λ, em que C é o centro (ponto fixo),
PC é um raio, com PC = r (constante positiva).
AC = raio
AB = diâmetro
DME = arco
ANB = semicircunferência
P
AC = r e AB = 2r
r
C
z Posições de um Ponto em Relação a uma Circun-
ferência: sejam um ponto P e uma circunferência
de centro C e raio r, sendo d a distância de P ao
centro C, temos:

„ O ponto P é interno à circunferência: d < r


Figura 13. Circunferência λ „ O ponto P é externo à circunferência: d > r
„ O ponto P pertence à circunferência: d = r
CÍRCULOS E SEUS ELEMENTOS
F
z Círculo: definimos círculo como o conjunto de todos
os pontos de um plano cuja distância a um ponto fixo
é menor ou igual a uma constante positiva.

r
P A

r
MATEMÁTICA

C
C

Figura 14. Círculo Figura 16. Posições de alguns pontos em relação à Circunferência λ 107
Observação: na figura acima, F é um ponto exter- Veja a figura:
no à circunferência; A é um ponto que pertence à cir-
cunferência; e D é um ponto interno à circunferência.

z Medidas de um Ângulo pela Circunferência: para A


medir o Arco (uma espécie de “pedaço” da circunfe-
rência), primeiramente a dividimos em 360 “partes”
e denominamos 1 Grau ( º ) a cada “parte” obtida.
P
O
Fazer a medição do arco em graus é determinar a
quantidade de partes compreendida neste arco. Veja
a figura adiante:
B

A
Figura 19. Ângulo Central em uma Circunferência

Observação 1: O ângulo AÔB (α) é o Ângulo


Central.
S Observação 2: APB é o arco correspondente do
ângulo AÔB.
O
A medida de um ângulo central é igual à medida de
seu arco correspondente AÔB = m (AB) = α.
Veja a representação desta igualdade abaixo:

B
A

Figura 17. Arco S representado em uma Circunferência


O
A Medida de um Ângulo é a medida do menor
arco determinado pelo ângulo em uma circunferência
com o centro em seu vértice. B

A Figura 20. Ângulo e Arco Correspondente em uma Circunferência

z Ângulo Inscrito: chamamos de ângulo inscrito


aquele que tem vértice na circunferência e lados
secantes à mesma. O arco da circunferência com pon-
O tos internos ao ângulo é o seu arco correspondente.

Veja a figura abaixo:

B
A

Figura 18. Ângulo em uma Circunferência Q


O
A medida do ângulo AOB é a medida do arco AB assi- P
nalado na figura acima. Indicamos esta situação por:

m (AOB) = AÔB B

z Ângulo Central: definimos um ângulo central como


sendo aquele cujo vértice coincide com o centro da cir-
cunferência. O arco de uma circunferência com pon-
108 tos internos ao ângulo é o seu Arco Correspondente. Figura 21. Ângulo Inscrito em uma Circunferência
Observação 1: O ângulo AP̂B é inscrito na RAZÃO ENTRE ÁREAS 
circunferência.
Observação 2: AQB é o arco correspondente do Razão entre áreas de dois Triângulos semelhantes
ângulo AP̂B.
A razão entre as áreas de dois triângulos seme-
z Ângulo de Vértice Externo: denominamos de ângu- lhantes é igual ao quadrado da razão de semelhança.
lo de vértice externo, ao ângulo que tem o vértice no
exterior da circunferência e seus lados secantes a ela.

Vejamos abaixo:

D N
M O
P
B
C
B
A’

Figura 22. Ângulo de Vértice Externo em relação à Circunferência

Observação 1: APB é de vértice externo.


Observação 2: ANB e CMD são os arcos correspon-
^ .
dentes do ângulo APB

PERÍMETRO E ÁREA DE POLÍGONOS C’ B’


Figura 77. Dois Triângulos Semelhantes
Quando nos referimos ao Perímetro de um Polí-
gono, estamos na prática indicando que nosso interes-
se diz respeito à soma dos lados deste. Portanto, para Observação 1: área do Triângulo ABC: A1
calcular o Perímetro de um Polígono qualquer, basta Observação 2: área do Triângulo A’ B’ C’: A2
somar os lados. Observação 3: razão de Semelhança: k
Observação 4: razão entre as áreas dos Triângulos
FÓRMULA DE HERON  ABC e A’ B’ C’:

A área um triângulo de lados com medidas a, b e c A1


= k2
e semiperímetro p será dada por: A2

A = √ p · (p – a) · (p – b) · (p – c) Razão entre Áreas de dois Polígonos Semelhantes

A Razão entre as Áreas de dois Polígonos seme-


lhantes é igual ao quadrado da razão de semelhança.

E
c

B
a

Figura 72. Triângulo ABC D


MATEMÁTICA

B
Observação: o Semiperímetro é dado por p = a +
b+c

109
C’ K
L

B’
C’
J
H

C’
A’ I
Figura 78. Dois Polígonos Semelhantes
Figura 81. Pentágono inscrito em uma Circunferência
Observação 1: Área do Polígono ABCDE: A1
Observação 2: Área do Polígono A’ B’ C’ D’ E’: A2 Q
Observação 3: Razão de Semelhança: k
Observação 4: Razão entre as áreas dos Polígonos
ABCDE e A’ B’ C’ D’ E’:
P
INSCRIÇÃO E CIRCUNSCRIÇÃO

Abaixo seguem representados vários Polígonos R


inscritos em uma circunferência.

Figura 82. Hexágono inscrito em uma Circunferência

Abaixo seguem representados vários Polígonos


circunscritos em uma Circunferência.
B
C
Figura 79. Triângulo Equilátero inscrito em uma Circunferência

A
F

B
E

110 Figura 80. Quadrado inscrito em uma Circunferência Figura 83. Triângulo Equilátero circunscrito em uma Circunferência
G
POLINÔMIOS 
F
FUNÇÃO POLINOMIAL

Denominamos Polinômio (ou Função Polinomial)


em uma variável x e indicamos por P(x) toda expres-
são do tipo:

anxn + an-1xn-1 + an-2xn-2 + ⋯ + a1x + a0

D Onde:

E an, an – 1, an – 2, ... ,a1, a0 : são números complexos


e coeficientes do polinômio

Figura 84. Quadrado circunscrito em uma Circunferência anxn, an – 1xn – 1, an – 2xn – 2, ... ,a1x, a0 : são os termos
do polinômio
a0 é o termo independente
K
L n∈N
x∈C

Ex.:

p(x) = – 7x4 + 2x3 – x2 + 11x + 2, onde: a0 = 2,


a1 = 11, a2 = –1, a3 = 2, a4 = –7
J
f(x) = 9x3 + 1, onde: a0 = 1, a1 = 0, a2 = 0, a3 = 9
H

POLINÔMIO IDENTICAMENTE NULO 

Um polinômio P(x) será Nulo, se e somente se,


I todos os seus coeficientes forem nulos. Representa-
mos um polinômio nulo da seguinte maneira: P(x) =
0. É importante ressaltar que para um polinômio nulo
Figura 85. Pentágono circunscrito em uma Circunferência
não se define grau.

Q Ex.:

Dado o polinômio P (x) = (a – 3) x3 + (b + 5)x2 + c,


P determine os valores de a, b e c, para que P (x) seja
nulo.

R
a–3=0⇒a=3

P(x) = 0, se e somente se: b + 5 = 0 ⇒ b = -5


O c=0
MATEMÁTICA

GRAU DE UM POLINÔMIO  
M
Identificamos o Grau de um Polinômio P(x) ana-
N lisando o maior expoente da variável x que possui
coeficiente não-nulo, ou seja, diferente de zero. Repre-
Figura 86. Hexágono circunscrito em uma Circunferência sentamos o grau do polinômio por gr (P). 111
Ex.: P(-2) = 0
Logo: -2 é raiz de P(x)
p(x) = 2x5 – 4x3 – x2 – 3 é um polinômio de grau 5:
Fazendo por exemplo P(1), temos:
gr(p) = 5
P(1) = 3(1)3 + 5(1)2 – (1) + 2
f(x) = – 2x4 + x é um polinômio de grau 4: P(1) = 3(1) + 5(1) – 1 + 2
gr(f) = 4 P(1) = 3 + 5 1
P(1) = 9
g(x) = x3 + x2 + x + 1 é um polinômio de grau 3: Logo: 1 não é raiz de P (x)
gr(g) = 3
OPERAÇÕES COM POLINÔMIOS E VALOR
h(x) = – x2 é um polinômio de grau 2: gr(h) = 2 NUMÉRICO DE UM POLINÔMIO 

t(x) = x – 3 é um polinômio de grau 1: gr(t) = 1 Adição de Polinômios

q(x) = 7 é um polinômio constante, pois possui Para a Adição de Polinômios temos que realizar a
apenas o termo independente. Logo seu grau é soma dos coeficientes dos termos que apresentam o
zero: gr(q) = 0 mesmo grau.

IDENTIDADE DE UM POLINÔMIO  Ex.:

Polinômios Idênticos P(x) = 9x5 – 3x4 + x3 – 2x2 + 4x – 1 e Q (x) = x5 + 2x3


– 7x2 – 12
Considere dois polinômios P(x) e Q(x), dizemos
que esses dois Polinômios são Idênticos, se e somente
se, os coeficientes dos termos correspondentes forem P(x) + Q(x) = (9x5 – 3x4 + x3 – 2x2 + 4x – 1) +
iguais, ou seja: (x5 + 2x3 – 7x2 – 12 )

P(x) + Q(x) = 9x5 – 3x4 + x3 – 2x2 + 4x – 1 + x5 +2x3


P(x) = a0 + a1x + a2x2 + ⋯ + anxn – 7x2 – 12
, temos:
Q(x) = b0 + b1x + b2x2 + ⋯ +bnxn
P(x) + Q(x) = (9x5 + x5) – 3x4 + (x3 + 2x3) + (-2x2 – 7x2)
+ 4x + (-1 – 12)
P(x) = Q(x)
⇕ P(x) + Q(x) = 10x5 – 3x4 + 3x3 – 9x2 + 4x – 13
a0 = b0, a1 = b1, a2 = b2, ⋯ , an = bn
Também podemos efetuar a soma da seguinte
Sendo dois Polinômios idênticos, para qualquer maneira:
valor de x eles assumem o mesmo valor numérico.

Ex.: P(x): 9x5 -3x4 +1x3 -2x2 +4x -1

Q(x): 1x5 +0x4 +2x3 +7x3 +0x -12


Dados os polinômios: -----------------------------------------------------------------------------------
P(x) + Q(x): 10x5 -3x4 +3x3 -9x2 +4x -13
 P ( x ) = ax 3
− 4x + 2 e Q3( x ) = 7 x 3 − 4 x + b
 P(x) = ax – 4x + 2 e Q(x) = 7x – 4x + b
3

 Subtração de Polinômios
 os mesmos serão iguais se, e somente se:
 os mesmos serão iguais se, e somente se:
 Para a Subtração de Polinômios temos que reali-
a zar a diferença dos coeficientes dos termos que apre-
 a = 77=
= eeb b= 2 2
sentam o mesmo grau.
RAIZ DE UM POLINÔMIO 
Ex.:
Para obter o Valor Numérico de um Polinômio
P(x) basta substituir a variável x por um número k Dados: P(x) = 9x5 – 3x4 + x3 – 2x2 + 4x – 1 e Q(x) = x5
qualquer e efetuar as operações indicadas. Simbolica- + x5 + 2x3 – 7x2 - 12
mente esse valor numérico é representado por P(k), se
P(k) for igual a zero, ou seja, P(k) = 0, dizemos que k é
P(x) – Q(x) = (9x5 – 3x4 + x3 – 2x2 + 4x – 1) –
uma Raiz do polinômio.
(x5 + 2x3 – 7x2 – 12 )
Ex.:
P(x) – Q(x) = 9x5 – 3x4 + x3 – 2x2 + 4x – 1 – x5 – 2x3
Dado o polinômio 3x3 + 5x2 – x + 2, temos: + 7x2 + 12

P(-2) = 3(-2)3 + 5(-2)2 – (-2) + 2 P(x) – Q(x) = (9x5 – x5) – 3x4 + (x3 – 2x3) + (-2x2 + 7x2)
P(-2) = 3( -8) + 5(4) + 2 + 2 + 4x + (-1 + 12)
P (-2)= -24 + 20 + 4
112 P(-2) = -24 = 24 P(x) – Q(x) = 8x5 – 3x4 + x3 + 5x2 + 4x + 11
Também podemos efetuar a subtração da seguinte z Passo 1: Escrevemos os polinômios na ordem
maneira: decrescente de seus expoentes (nesse caso já
estão), e completemos o polinômio com termos de
coeficiente zero:
P(x): 9x5 -3x4 +1x3 -2x2 +4x -1
A(x)= x4 + 4x3 + 4x2 + 0x + 9 e B(x) = x2 + x -1
Q(x): -1x5 +0x4 -2x3 +7x3 -0x +12
-----------------------------------------------------------------------------------
P(x) + Q(x): 8x5 -3x4 -x3 +5x2 +4x +11 z Passo 2: Dividimos o termo de maior grau do divi-
dendo pelo termo de maior grau do divisor. Assim
Multiplicação de Polinômios nós obtemos o primeiro termo do quociente, a
seguir multiplicamos o termo obtido pelo divisor,
Para a Multiplicação entre Polinômios basta mul- e subtraímos esse produto do dividendo:
tiplicar todos os termos de um polinômio por todos
os termos do outro polinômio e fazer a soma destes x4 + 4x3 + 4x2 + 0x + 9 x2 + x – 1
termos no final.
– x4 – x3 + x2 x2
Ex.: 3x3 + 5x2

Dados: P(x) = 5x3 – x2 e Q(x) = 2x7 = -4x5 -2x +9 z Passo 3: Caso a diferença obtida tenha grau maior
ou igual ao do divisor, ela passa a ser um novo
(5x3 – x2) . (2x7 – 4x5 – 2x +9) = dividendo. Repetimos então o processo a partir do
segundo passo:
5x3 . (2x7) + 5x3 . (-4x5) + 5x3 . (-2x) + 5x3 . (9) -x2 . (2x7) –
x2 . (-4x5) -x2 . (-2x) – x2 . (9) =
x4 + 4x3 + 4x2 + 0x + 9 x2 + x – 1
(5 . 2 . x7 . x3) + [ 5 . (-4) x5 . x3] + [5 . (-2) x3 . x]
+ (5 . 9 . X3) + (-2 . x2 . x7) + [ -1 . (-4) . x2 . x5] – x4 – x3 + x2 x2 + 3x + 2
+ [ -1 . (-2) . x2 . x ] + (9x2) = 3x3 + 5x2 + 0x
10x10 – 20x8 – 10x4 + 45x3 – 2x9 + 4x7 + 2x3 – 9x2 = – 3x3 – 3x2 + 3x
10x10 – 2x9 – 20x8 = 4x7 – 10x4 + 45x3 + 2x3 – 9x2 = 2x2 + 3x + 9
10x10 – 2x9 – 20x8 + 4x7 – 10x4 + 47x3 – 9x2 – 2x2 – 2x + 2
x + 11
DIVISÃO DE POLINÔMIOS 
Logo obtemos: quociente Q(x) = x2 + 3x + 2 e resto
Sejam A(x) e B(x) dois polinômios, sendo B(x) um R(x) = x + 11
polinômio não nulo. Ao fazermos a Divisão de A(x)
por B(x) encontraremos os polinômios Q(x) e R(x), tal TEOREMA DO RESTO 
que:
O Teorema do Resto nos garante o seguinte:
quociente resto
↑ ↑ O resto da divisão de um polinômio P (x) por um
A(x) = Q(x) · B(x) + R(x) binômio (x – a) é o próprio valor numérico do polinô-
↓ ↓ mio para x = a, que indicamos por P(a).

dividendo divisor De acordo com a definição da divisão, temos:


Indicando no Método da Chave, temos:
P(x) = (x – a) . Q (x) + R (x),
A(x) B(X) onde R (x) = k (constante), pois gr (x – a) = 1

R(x) Q(x) P(a) = (a – a) . Q (a) + k → P(a) = k


Observações: Logo R(x) = P(a)

z O grau de Q(x) é igual a diferença dos graus de A(x) Ex.:


e B(x).
z O grau de R(x) pra R(x) não nulo será sempre
O resto da divisão do polinômio P(x) = 2x3 + 2x2,
MATEMÁTICA

menor que o grau do divisor B(x).


pelo binômio (x – 2) é dado pelo valor numérico do
z Se a divisão é exata, o resto R(x) é nulo, ou seja, o
polinômio P(x) para x=2, ou seja, para x igual a raiz
polinômio A(x) é divisível pelo polinômio B(x).
do binômio.
Divisão pelo Método da Chave
Logo teremos:
Vamos dividir o polinômio A(x) = x + 4x + 4x + 9 4 3 2
P(2) = (2) · P(2) = 2 · (2)3 + 2 · (2)2 = 2 · 8 + 2 · 4 = 16 + 8 = 24
pelo polinômio B(x) = x2 + x - 1
Para tanto façamos uso do Método da Chave:
Logo, o resto R(x) = 24. 113
TEOREMA DE D’ALEMBERT  

O Teorema de D’Alembert diz que a divisão de um polinômio P(x) por um binômio (x – a) será exata se, e
somente se, P(a) = 0.

Ex.:

A divisão do polinômio P(x) = x3 + x2 – 11x, pelo binômio (x – 2) é exata, pois:

P(2) = (2)3 + (2)2 – 11 · 2 + 10 = 8 + 4 – 22 + 10 = 22 – 22 = 0

DISPOSITIVO DE BRIOT-RUFFINI 

Sejam A(x) e B(x) dois polinômios, sendo B(x) um polinômio não nulo. Ao fazermos a Divisão de A(x) por B(x)
encontraremos os polinômios Q(x) e R(x), tal que:

quociente resto
↑ ↑
A(x) = Q(x) · B(x) + R(x)
↓ ↓
dividendo divisor

Indicando no Método da Chave, temos:

A(x) B(X)
R(x) Q(x)

Observações:

z O grau de Q(x) é igual a diferença dos graus de A(x) e B(x).


z O grau de R(x) pra R(x) não nulo será sempre menor que o grau do divisor B(x).
z Se a divisão é exata, o resto R(x) é nulo, ou seja, o polinômio A(x) é divisível pelo polinômio B(x).

RELAÇÃO ENTRE COEFICIENTES E RAÍZES

As Relações de Girard estabelecem relações entre os coeficientes e as raízes de uma equação. As relações de
Girard são importantíssimas no estudo das equações polinomiais, vejamos quais são essas relações:

1º caso:

Seja a equação do segundo grau: ax2 + bx + c = 0, onde a ≠ 0, x1 e x2 são as raízes. Decompondo em fatores do
primeiro grau temos:

ax2 + bx + c = a · (x – x1) · (x – x2)

ax2 + bx + c = a · (x2 – x · x2 – x · x1 + x1 · x2)

ax2 + bx + c = a · [x2 – (x1 + x2) · x + x1 · x2]

Dividindo ambos os membros por a, temos:

ax2 + bx + c a · [x2 – (x1 + x2) · x + x1 · x2]


=
a a

b c
2
x + x+ = x2 – (x1 + x2) · x + x1 · x2
a
a

114 Pela identidade de polinômios, temos:


b
b
= – (x1 + x2) ⇒ (x1 + x2) = – , a soma
a a
b
das raízes é –
a
c c
= x1 · x2 ⇒ x1 · x2 = , o produto das raízes
a a
c
é
a

2º caso:

Seja a equação do terceiro grau: ax3 + bx2 + cx + d = 0, onde a ≠ 0, x1, x2 e x3 são as raízes. Decompondo em
fatores do primeiro grau temos:

ax3 + bx2 + cx + d = a · (x – x1) · (x – x2) · (x – x3)

ax3 + bx2 + cx + d = a · [(x3 – (x1 + x2 + x3)x2 +


(x1x2 + x1x3 + x2 · x3) x – x1 · x2 · x3)]

Dividindo ambos os membros por a, temos:

ax3 + bx2 + cx + d a · [(x3 – (x1 + x2 + x3)x2 + (x1x2 + x1x3 + x2x3)x – x1 · x2 · x3)]


=
a a
b c d
x3 + x2 + x+ = x3 – (x1 + x2 + x3)x2 + (x1x2 + x1x3 + x2 · x3)x – x1 · x2 · x3
a a a

Pela identidade de polinômios, temos:

b b
= – (x1 + x2 + x3) ⇒ (x1 + x2 + x3) = – ,
a a
c c
= x1x2 + x1x3 + x2x3 ⇒ x1x2 + x1x3 + x2x3 = ,
a a
d d
= – (x1 · x2 · x3) ⇒ x1 · x2 · x3 = –
a a

Ex.:

Vamos utilizar as relações de Girard para as seguintes equações:

a) x2 – 5x + 6 = 0

As raízes são x1 e x2, os coeficientes são a = 1, b = – 5 e c = 6. Pelas relações de Girard, temos:

b (– 5)
MATEMÁTICA

x1 + x2 = – ⇒ x1 + x2 = – = – (– 5) = 5
a 1

c 6
x1 · x2 = ⇒ x1 · x2 = =6
a 1

b) 2x3 – 7x2 + x – 2 = 0

As raízes são x1, x2 e x3, os coeficientes são a = 2, b = –7, c = 1 e d = –2. Pelas relações de Girard, temos: 115
b (– 7) – (– 7) 7 z Cubo da Diferença
x1 + x2 + x3 = – ⇒ x1 + x2 + x3 = – = =
a 2 2 2
(a – b)3 = a3 – 3a2b + 3ab2 – b3
c 1
x1x2 + x1x3 + x2x3 ⇒ x1x2 + x1x3 + x2x3 = Ex.:
a 2
d (– 2) – (– 2) 2 27x3 – 54x2y + 36xy2 – 8y3 = (3x)3 – 3 · (3x)2 · (2y) + 3
x1 · x2 · x3 = – ⇒ x1 · x2 · x3 = – = = =1
a 2 2 2 · (3x) · (2y)2 – (2y)3 = (3x – 2y)3 = (3x – 2y) · (3x – 2y) ·
(3x – 2y)
FATORAÇÃO E MULTIPLICIDADE DE RAÍZES: z Soma de Cubos
PRODUTOS NOTÁVEIS
a3 + b3 = (a + b) · (a2 – ab + b2)
z Fatoração
Ex.:
Consiste na transformação de uma soma (ou sub-
tração) de dois termos em um produto.
8x3 + 27 = (2x)3 + 33 = (2x + 3) · [(2x)2 – (2x) · 3 + 32] =
(2x + 3) · (4x2 – 6x + 9)Diferença de Cubos
z Fator Comum
a3 – b3 = (a – b) · (a2 + ab + b2)
ax + ay = a · (x + y)
Ex.:
Exemplo: 5x + 5y = 5 · (x + y)

z Agrupamento 8x3 – 27 = (2x)3 – 33 = (2x – 3) · [(2x)2 + (2x) · 3 + 32] =


(2x – 3) · (4x2 + 6x + 9)
ax + ay + bx + by = a · (x + y) + b · (x + y) = (x + y) · (a + b)
Multiplicidade de uma raiz (ou de raízes)
Ex.:
Um polinômio P(x), na forma fatorada, pode apre-
3x + 3y + 7x + 7y = 3 · (x + y) + 7 · (x +y) = (x + y) · (3 + 7) sentar fatores repetidos. A quantidade de fatores que
se encontrarão repetidos na forma fatorada, define a
z Diferença de Quadrados Multiplicidade de uma Raiz.Ex.:

a2 – b2 = (a + b) · (a – b) a) Seja P(x) = x2 – 10x + 25

Ex. 1: 4x2 – 25y2 = (2x)2 – (5y)2 = (2x – 5y) · (2x + 5y) P(x) na forma fatorada é (x – 5) · (x – 5), dizemos
2 2 então que 5 é raiz dupla, ou seja, de multiplicidade 2.
Ex. 2: 2315 – 2314 = (2315 + 2314) · (2315 – 2314)
= 4629 · 1 = 4629
b) Seja P(x) = x3 – 5x2 + 3x + 9
z Quadrado da Soma
P(x) na forma fatorada é (x – 3) · (x – 3) · (x + 1), obser-
a2 + 2ab + b2 = (a + b)2 = (a + b) · (a + b) ve que existem dois fatores iguais a (x – 3) e um fator (x +
1). Dizemos então que 3 é raiz dupla, ou de multiplicida-
Ex.: de 2 e – 1 é raiz simples, ou de multiplicidade 1.

4a2 + 20a + 25 = (2a)2 + 2 · (2a) · (5) + (5)2 = (2a + 5)2 MÁXIMO DIVISOR COMUM DE POLINÔMIOS 
= (2a + 5) · (2a + 5)
O máximo divisor comum divisor comum emtre dois
z Quadrado da Diferença ou mais números corresponde ao maior divisor comum
que existe entre eles. De modo prático segue-se a mesma
a2 – 2ab + b2 = (a – b)2 = (a – b) · (a – b) logica do MDC dos números inteiros
MDC de Polinômios simples,os monômios
Ex.: Ex: MDC entre 9x e 18x
Fazendo a decomposição em números primos temos:
9x4 – 24x2 + 16 = (3x2)2 – 2 · (3x2) · (4) + (4)2 = (3x2 – 4)2 = 9= 3x3x3 e 18= 2.3.3
(3x2 – 4) · (3x2 – 4) Logo, 9x= 3.3.3.x e 18x= 2.3.3.x
Portanto o maior divisor comum é 3x
z Cubo da Soma MDC de Polinômios: Em um primeiro momento é
preciso verificar se é possível fatorar cada um deles. utili-
(a + b)3 = a3 – 3a2b + 3ab2 + b3 zamos a técnoica da fatoração de polin^nomios para isso

Ex.: Exemplo; MDC entre (x2-y)2 e (2x-2y)


fatorando : (x2-y)2
27x + 54x y + 36xy + 8y = (3x) + 3 · (3x) · (2y) + 3
3 2 2 3 3 2 = ( x-y).(x+y)
· (3x) · (2y)2 + (2y)3 = (3x + 2y)3 = (3x + 2y) · (3x + 2y) · Colocando em evidencia o segundo fator
116 (3x + 2y) 2x-2y= 2(x-y)
Temos assim: Colocando P(x) na forma fatorada, temos:
(x -y) = ( x-y).(x+y)
2 2

2x-2y= 2(x-y) P(x) = 2 · [x – (– 1)] · (x – 1) · (x – 4)


Portanto, o o máximo divisor comum sera (x-y)
P(x) = 2 · (x + 1) · (x – 1) · (x – 4)
EQUAÇÕES POLINOMIAIS 
RAÍZES IMAGINÁRIAS 
Denominamos Equação Polinomial toda equação
reduzida a forma:
Seja z = a + bi (a, b ∈ R e b ≠ 0) raiz da equação P(x)
anxn + an – 1xn – 1 + ... + a1x + a0 = 0 = 0 de coefícientes reais, temos que z = a – bi, também
é raiz dessa equação.
Com an ≠ 0, sendo an, an – 1, ... , a1, a0 e x números
Desta forma, podemos dizer que as Raízes Comple-
complexos, n ∈ N* e sendo n o grau da equação.
xas “aparecem sempre em dupla”: se um complexo (z
TEOREMA FUNDAMENTAL DA ÁLGEBRA OU = a + bi) é raiz de um Polinômio, seu conjugado (z =
TEOREMA DA DECOMPOSIÇÃO a – bi) também será.

O Teorema Fundamental da Álgebra diz que Vejamos:


toda equação polinomial P(x) = 0 de grau n ≥ 1 admite,
pelo menos, uma raiz complexa. P(x) = (x – a – bi) · (x – a + bi) · Q(x) + px + q
Utilizando o Teorema Fundamental da Álgebra,
podemos demonstrar que um polinômio de grau n ≥ P(x) = (x2 – 2ax + a2 + b2) · Q(x) + px + q
1 pode ser decomposto em um produto de fatores do
1º grau. Portanto:

Ex.:
P(a + bi) = 0 + p(a + bi) + q = 0
Seja a equação polinomial de grau n ≥ 1:
pa + q + pbi = 0
P(x) = anxn + xn – 1xn – 1 + ... + a2x2 + a1x + a0 = 0
pa + q = 0 (I)

Pelo TFA, existe um número x1 tal que P(x1) = 0.


pbi = 0 (II)
Assim, temos:

P(x) = (x – x1) · Q1(x) = 0 (I) Em (II) p = 0, substituindo em (I), temos q = 0.

Logo R(x) = 0, portanto P(x) é divisível por (x – a –


Podemos concluir que x – x1 = 0 ou Q1(x) = 0, sendo
bi) e por (x – a + bi), de onde concluimos que: a – bi é
n > 1; Q1(x) não é um polinômio constante.
raiz da equação P(x) = 0.
Logo, ele admite uma raiz x2, tal que:
Ex.:
Q1(x) = (x – x2) · Q2(x) (II)

Substituindo (I) em (II), temos: As raízes da equação x2 – 4x + 5 = 0, são dois núme-


ros complexos conjugados:
P(x) = (x – x1) · (x – x2) · Q2(x) = 0
– (– 4) ± √(– 4)2 – 4 · 1 · 5 4 ± √16 – 20
Procedendo do mesmo modo, podemos escrever: x= = =
2·1 2
P(x) = (x – x1) · (x – x2) · (x – x3) · ... · Qn(x) 4 ± √– 4 4 ± √4 · (– 1) 4 ± √4 · √– 1 4 ± 2i
= = =
2 2 2 2
Sendo Qn uma constante e an o coeficiente de xn, 4 + 2i 2(2 + i)
pela identidade de polinômios temos: Qn = an . x1 = = =2+i
2 2
Portanto:
MATEMÁTICA

4 – 2i 2(2 – i)
P(x) = an · (x – x1) · (x – x2) · (x – x3) · ... · (x – xn) x2 = = =2–i
2 2

Ex.:
RAÍZES RACIONAIS 
3 2
Considere o polinômio P(x) = 2x – 8x – 2x + 8, cujas
raízes são: A Raiz ou o Zero de uma equação polinomial é o
valor de x que a verifica, ou seja, que torna a igualda-
x1 = – 1, x2 = 1 e x3 = 4 de válida. 117
Ex.:

Na equação x2 – 5x + 6 = 0, 2 é uma raiz da equação, pois:

(2)2 – 5 · (2) + 6 = 4 – 10 + 6 = 10 – 10 = 0

Entratanto, 1 não é raiz da equação, pois:

(1)2 – 5 · (1) + 6 = 1 – 5 + 6 = 7 – 5 = 2

Resolver uma equação polinomial é determinar todas as suas raízes, formando assim o conjunto solução ou
conjunto verdade dessa equação.

RELAÇÕES DE GIRARD  

As Relações de Girard estabelecem relações entre os coeficientes e as raízes de uma equação. As relações de
Girard são importantíssimas no estudo das equações polinomiais, vejamos quais são essas relações:

1º caso:

Seja a equação do segundo grau: ax2 + bx + c = 0, onde a ≠ 0, x1 e x2 são as raízes. Decompondo em fatores do
primeiro grau temos:

ax2 + bx + c = a · (x – x1) · (x – x2)

ax2 + bx + c = a · (x2 – x · x2 – x · x1 + x1 · x2)

ax2 + bx + c = a · [x2 – (x1 + x2) · x + x1 · x2]

Dividindo ambos os membros por a, temos:

ax2 + bx + c a · [x2 – (x1 + x2) · x + x1 · x2]


=
a a
b c
x2 + x+ = x2 – (x1 + x2) · x + x1 · x2
a a

Pela identidade de polinômios, temos:

b b
= – (x1 + x2) ⇒ (x1 + x2) = – , a soma das
a a
b
raízes é –
a

c c
= x1 · x2 ⇒ x1 · x2 = , o produto das raízes
a a
c
é
a

2º caso:

Seja a equação do terceiro grau: ax3 + bx2 + cx + d = 0, onde a ≠ 0, x1, x2 e x3 são as raízes. Decompondo em
fatores do primeiro grau temos:

ax3 + bx2 + cx + d = a · (x – x1) · (x – x2) · (x – x3)

ax3 + bx2 + cx + d = a · [(x3 – (x1 + x2 + x3)x2 +


(x1x2 + x1x3 + x2 · x3) x – x1 · x2 · x3)]

118 Dividindo ambos os membros por a, temos:


ax3 + bx2 + cx + d a · [(x3 – (x1 + x2 + x3)x2 + (x1x2 + x1x3 + x2x3)x – x1 · x2 · x3)]
=
a a
b c d
x3 + x2 + x+ = x3 – (x1 + x2 + x3)x2 + (x1x2 + x1x3 + x2 · x3)x – x1 · x2 · x3
a a a

Pela identidade de polinômios, temos:

b b
= – (x1 + x2 + x3) ⇒ (x1 + x2 + x3) = – ,
a a
c c
= x1x2 + x1x3 + x2x3 ⇒ x1x2 + x1x3 + x2x3 = ,
a a
d d
= – (x1 · x2 · x3) ⇒ x1 · x2 · x3 = –
a a

Ex.:

Vamos utilizar as relações de Girard para as seguintes equações:

a) x2 – 5x + 6 = 0

As raízes são x1 e x2, os coeficientes são a = 1, b = – 5 e c = 6. Pelas relações de Girard, temos:

b (– 5)
x1 + x2 = – ⇒ x1 + x2 = – = – (– 5) = 5
a 1

c 6
x1 · x2 = ⇒ x1 · x2 = =6
a 1

b) 2x3 – 7x2 + x – 2 = 0

As raízes são x1, x2 e x3, os coeficientes são a = 2, b = –7, c = 1 e d = –2. Pelas relações de Girard, temos:

b (– 7) – (– 7) 7
x1 + x2 + x3 = – ⇒ x1 + x2 + x3 = – = =
a 2 2 2
c 1
x1x2 + x1x3 + x2x3 ⇒ x1x2 + x1x3 + x2x3 =
a 2
d (– 2) – (– 2) 2
x1 · x2 · x3 = – ⇒ x1 · x2 · x3 = – = = =1
a 2 2 2

TEOREMA DE BOLZANO 

Seja P(x) = 0 uma equação polinomial com os seus coeficientes reais em um intervalo (a,b) real e aberto.

z Se P(a) e P(b) tiverem o mesmo sinal, existirá um número par de raízes reais ou não existem raízes da equação
nesse intervalo.
z Se P(a) e P(b) tiverem sinais contrários, existirá um número ímpar de raízes reais nesse intervalo.

Ex.:
MATEMÁTICA

a) Quantas raízes reais a equação 3x3 – 13x2 + 19x – 5 = 0 pode apresentar no intervalo ]0,1[. Aplicando o Teorema
de Bolzano, temos:

p(0) = 3 · (0)3 – 13 · (0)2 + 19 · (0) – 5 = – 5

p(1) = 3 · (1)3 – 13 · (1)2 + 19 · (1) – 5 = 3 – 13 + 19 – 5


= 22 – 18 = 4 119
Como p(0) e p(1) possuem sinais contrários, a equa- CONJUNTO E REPRESENTAÇÃO ALGÉBRICA DE
ção pode ter uma ou três raízes reais no intervalo dado NÚMEROS COMPLEXOS

b) Quantas raízes reais a equação x2 – 4x + 5 = 0 pode Denominamos conjunto dos Números Comple-
apresentar no intervalo ]–1,3[. Aplicando o Teore- xos, representados por ℂ, o conjunto dos pares orde-
nados de números reais, que podem ser escritos na
ma de Bolzano, temos:
forma:

p(– 1) = (– 1)2 – 4 · (– 1) + 5 = 1 + 4 + 5 = 10 z = a + bi
2
p(3) = (3) – 4 · (3) + 5 = 9 – 12 + 5 = 14 – 12 = 2 Com:
a∈R
Como p(– 1) e p(3) possuem sinais iguais, a equação a∈R
pode ter duas ou nenhuma raiz real no intervalo dado. i=√–1

Onde:
a = Re(z): parte real de z
Importante!
b = Im(z): parte imaginária de z
Observe que a cada quatro potências os resul-
tados se repetem, ou seja, as potências de i são Partindo da definição, temos as seguintes consequências:
cíclicas
Se b ≠ 0, o número z = a + bi, é denominado número
imaginário.
Como consequência dessa repetição, podemos con-
Se a = 0 e b ≠ 0, o número z = a + bi, é denominado
cluir que só existem quatro valores possíveis para as
número imaginário puro.
potências de i:
Se b = 0, o número z = a + bi, é denominado número
real.
i0 = 1 i1 = i i2 = – 1 i3 = – i

Assim sendo, para encontrar qualquer valor de Exs.:


uma potência de i, basta dividir o expoente da potên-
a) z = 4 – 6i, Re(z) = 4 e Im(z) = – 6 (número
cia e analisar o resto da divisão, ou seja:
imaginário).
A potência in
2i 2
A potência in é igual a ir, onde r é o resto da divisão b) z = , Re(z) = 0 e Im(z) = (número imaginário
5 5
de n por 4 puro).
Ex.: Encontre o valor de i75 c) z = 12, Re(z) = 12 e Im(z) = 0 (número real).
Fazendo a divisão do expoente de i pelo método da
chave, temos: Potências de i

75 4 Sendo i = √– 1, podemos construir as seguintes


relações para as Potências de i:
3 18

i0 = 1
Veja que o resto da divisão é igual a 3, como in = ir,
logo teremos: i75 = i3 = – i i1 = i

i2 = (√– 1)2 = –1
Igualdade de Números Complexos
i3 = i2 · i = (– 1) · i = – i
Dois números complexos serão Iguais se, e somen-
i4 = i2 · i2 = (– 1) · (– 1) = 1
te se, suas partes reais e imaginárias também forem
iguais, ou seja: i5 = i4 · i = 1 · i = i

{
z1 = a1 + b1i e z2 = a2 + b2i i6 = i5 · i = i · i = i2 = – 1
i7 = i6 · i = (– 1) · i = – i
z1 = z2 ⟺ a1 = a2 e b1 = b2

Ex.: Se z1 = a + bi e z2 = – 9 + 4i, determine o valor


Importante!
de a e b, sabendo que z1 = z2
Observe que a cada quatro potências os resul-
Como z1 = z2, temos: a + bi = – 9 + 4i tados se repetem, ou seja, as potências de i são
120 Portanto: a = – 9 e b = 4 cíclicas
Como consequência dessa repetição, podemos con- Observação: Veja que quando o complexo z tem
cluir que só existem quatro valores possíveis para as somente a parte real o conjugado de z (z) será igual a
potências de i: z. Essa é uma das propriedades do conjugado de um
número complexo, que veremos a seguir.
i0 = 1 i1 = i i2 = – 1 i3 = – i
Propriedades do Conjugado de um Número
Assim sendo, para encontrar qualquer valor de Complexo
uma potência de i, basta dividir o expoente da potên-
cia e analisar o resto da divisão, ou seja: Para todo z ∈ C, temos:
A potência in
A potência in é igual a ir, onde r é o resto da divisão P1) z + z = 2 · Re(z)
P2) z – z = 2 · Im(z) · i
de n por 4
P3) z = z ⟺ z ∈ R
Ex.: Encontre o valor de i75
Fazendo a divisão do expoente de i pelo método da
Conjugado da Soma e do Produto
chave, temos:
Se z1 e z2 são números complexos quaisquer, temos
75 4 que:
3 18
1) z1 + z2 = z1 + z2
Veja que o resto da divisão é igual a 3, como in = ir, 2) z1 · z2 = z1 · z2
logo teremos: i75 = i3 = – i
Adição de Números Complexos
Igualdade de Números Complexos
Sejam dois números complexos z1 = a1 + b1i e z2 =
Dois números complexos serão Iguais se, e somen- a2 + b2i, a Soma z1 + z2 é o número complexo cujo a
te se, suas partes reais e imaginárias também forem parte real é a soma das partes reais de z1 e z2 e a parte
iguais, ou seja: imaginária é a soma das partes imaginárias de z1 e z2.

{
z1 = a1 + b1i e z2 = a2 + b2i Ex.: Dados z1 = – 6 + 2i e z2 = 4 + 7i, determine z1 + z2

z1 = z2 ⟺ a1 = a2 e b1 = b2 z1 + z2 = (– 6 + 2i) + (4 + 7i)
z1 + z2 = – 6 + 2i + 4 + 7i
Ex.: Se z1 = a + bi e z2 = – 9 + 4i, determine o valor z1 + z2 = – 6 + 4 + 2i + 7i
de a e b, sabendo que z1 = z2 z1 + z2 = – 2 + 9i

Como z1 = z2, temos: a + bi = – 9 + 4i Subtração de Números Complexos


Portanto: a = – 9 e b = 4
Dados dois números complexos z1 = a1 + b1i e z2 = a2
REPRESENTAÇÃO TRIGONOMÉTRICA: MÓDULO E + b2i, definimos a Subtração z1 – z2 como:
NORMA
z1 – z2 = z1 + (– z2) = (a1 + b1i) +
Denominamos Módulo ou Valor Absoluto de um (–a2 – b2i) = (a1 – a2) + (b1 – b2) · i
número complexo z = a + bi ao número real não nega-
tivo |z| = √N(z) = √a2 + b2 . O módulo de um número Apesar do raciocínio ser análogo à adição, ou seja,
complexo também pode ser representado da seguinte fazemos a operação entre parte real e parte real; e
maneira: ⍴ ou r. entre parte imaginária e parte imaginária, na sub-
tração é importante se atentar a ordem em que os
Ex.:
números complexos são apresentados.
z = 3 + 2i ⇒ N(z) = 32 + 22 = 9 + 4 = 13 e |z| = √13
Para um melhor entendimento da Dica acima,
z = – 6i ⇒ N(z) = 3 = 02 + (– 6)2 = 0 + 36 = 36 e |z| = √36 = 6
segue um exemplo.
z = 2 ⇒ N(z) = 22 + 02 = 4 + 0 = 4 e |z| = √4 = 2
z = √21 – i ⇒ N(z) = (√21)2 + (– 1)2 = 21 + 1 = 22 e |z| = √22
Ex.: Dados z1 = 3 + i e z2 = – 5 – 2i, determine z1 – z2
CONJUGADO DE UM NÚMERO COMPLEXO 
z1 – z2 = (3 + i) – (5 – 2i)
z1 – z2 = 3 + i – 5 + 2i
Dado um número complexo z = a + bi, chamamos z1 – z2 = 3 – 5 + i + 2i
de Conjugado de z, o complexo z, tal que: z1 – z2 =– 2 + 3i
MATEMÁTICA

z = a – bi Multiplicação de Números Complexos

Observe que o conjugado tem apenas o sinal da A Multiplicação entre os números complexos z1 = a1
parte imaginária trocado e é representado por z. + b1i e z2 = a2 + b2i é o complexo z1 · z2, cuja parte real é
Exs.: o produto das partes reais menos o produto das partes
z = 5 – 2i ⇒ z = 5 + 2i imaginárias, e a parte imaginária é a soma dos produtos
z=i⇒z=–i da parte real de um deles pela parte imaginária do outro.
z=7⇒z=7 121
z1 · z2 = (a1 + b1i) · (a2 + b2i) = (a1 · a2 – b1 · b2) + (a1 · Utilizando o Teorema de Pitágoras, no triângulo
b2 + b1 · a2) · i retângulo, obtido no plano Argand-Gauss, temos que:
⍴ = √a2 + b2
Ex.: Dados z1 = 2 + i e z2 = 5 + 3i, determine z1 · z2
Consideremos nesse triângulo retângulo as seguin-
z1 · z2 = (2 + i) · (5 + 3i) tes relações:
a
z1 · z2 = 2 · 5 + 2 · 3i + 5 · i + 3i2 cos θ = ⍴ ⇒ a = ⍴ · cos θ
z1 · z2 = 10 + 6i + 5i + 3 · (– 1)
b
z1 · z2 = 10 – 3 + 11i sen θ = ⍴ ⇒ b = ⍴ · sen θ
z1 · z2 = 7 + 11i
Sendo θ = arc tg (b/a)
Frente à equação acima, é importante que você Como z = a + bi, temos:
não se esqueça que i2 = – 1
z = ⍴ · cos θ + ( ⍴ · sen θ)i ⇒ z = ⍴ · (cos θ + i · sen θ)
Divisão de Números Complexos
Esta é a Forma Trigonométrica do complexo z.
Para efetuar a Divisão entre dois números com- Ex.: Vamos colocar z = 1 + i na Forma Trigonométrica
plexos é necessário reescrever a divisão como uma Se z = 1 + i, logo a = 1 e b = 1
fração e racionalizar o denominador dessa fração. Calculando o módulo de z, temos:
Para fazer a racionalização da fração, multiplicamos
o denominador da mesma pelo seu conjugado. Esta é ⍴ = √a2 + b2 = √12 + 12 = √1 + 1 = √2.
a regra prática para dividir dois números complexos.
Calculando o argumento de z, temos:
z1 z1 z2

}
= ·
z2 z2 z2 cos θ =
a 1
=
1 √2 √2
= · = θ = 45º (porque o ponto
⍴ √2 √2 √2 2
⇒ P(1,1) pertence ao
z1 b 1 1 √2 √2 primeiro quadrante)
Ex.: Dados z1 = – 1 + i e z2 = 4 – 2i, determine sen θ = ⍴ = √2 = √2 · √2 = 2
z2

Logo:
z1 (– 1 + i) (4 + 2i) (– 1 · 4 – 1 · 2i + 4 · i + 2 · i ) 2 z = ⍴ · (cos θ + i · sen θ)
= · = = z = √2 · (cos 45º + i · sen 45º)
z2 (4 – 2i) (4 + 2i) 42 – (2i)2
O valor de θ, pode ser representado em graus ou
[– 4 – 2i + 4i + 2 · (– 1)] (– 4 + 2i – 2) – 6 + 2i radianos, por se tratar da medida de um ângulo. Em
= = = muitos casos é mais simples trabalhar com graus ao
16 – 4i2 16 – 4 · (– 1) 16 + 4
invés de radianos, levando em conta os valores do
– 6 + 2i 6 2i 3 i 3 i seno e cosseno dos ângulos notáveis (30º, 45° e 60°).
=– + =– + =– + i Neste contexto, uma outra resposta possível para o
20 20 20 10 10 10 10 exemplo acima seria:

REPRESENTAÇÃO NO PLANO DE ARGAND GAUSS 

Dado um número complexo z = a + bi, a sua repre-


z = √2 · ( cos
π
4
+ i · sen
π
4 )
sentação no Plano de Argand-Gauss é através de um POTENCIALIZAÇÃO DE NÚMEROS COMPLEXOS E
ponto, da seguinte maneira: EXTRAÇÃO DE RAÍZES
lm
A forma trigonométrica se torna muito útil para
o cálculo de Potência de um número complexo. Para
elevar um complexo a um expoente, basta elevar o
b z=a+bi módulo a esse expoente e multiplicar o argumento
pelo mesmo expoente, ou seja:

|z|=p zn = ⍴n · [cos (n · θ) + i · sen (n · θ)]

A fórmula acima é conhecida como a Primeira


θ Fórmula de Moivre.

0 a Re Ex.: Calcule (2 + 2i)5

Onde: Primeiramente vamos passar 2 + 2i para a forma


trigonométrica:
|z|= ⍴ é o módulo de um número complexo

{b = 2
a=2
θ é o argumento de um número complexo 2 + 2i ⇒

122 Calculando o módulo de z, temos:


⍴ = √a2 + b2 = √22 + 22 = √4 + 4 = √8 = 2 · √2 {n = 3, ⍴ = 8, θ = 270° e k = (0,1,2)}

Calculando o argumento de z, temos: Como:

} ( )
a 2 1 √2 √2
θ = 45° (porque o θ + 2 · kπ θ + 2 · kπ
cos θ = ⍴ = · == ponto P(2, 2) pertence n
√z = n√⍴ · cos + i · sen
2 · √2 √2 √2 2
⇒ ao primeiro quadrante) n n
b 2 1 √2 √2
sen θ = ⍴ = 2 · √2 = √2 · √2 = 2
Teremos:

( )
Então:
2kπ + 270° 2kπ + 270°
n
√z = n√⍴ · cos + i · sen
z = ⍴ · (cos θ + i · sen θ) = 2 · √2 · (cos 45° + i · sen 45°) 3 3

Logo, temos que: Fazendo k = 0, k = 1 e k = 2, teremos portanto:


Para k = 0,
(2 + 2i)5 = [2 · √2 · (cos 45° + i · sen 45°)]5
(2 + 2i)5 = (2 · √2)5 · (cos 5 · 45° + i · sen 5 · 45°)
(2 + 2i)5 = 32 · 4 · √2 · (cos 225° + i · sen 225°) ∛– 8i = ∛8 · ( 2 · 0 · π + 270°
cos
3
+ i · sen
2 · 0 · π + 270°
3 )
( ) ( )
√2 √2
(2 + 2i)5 = 128 √2 · – 2 – 2 i 270° 270°
∛– 8i = 2 · cos + i · sen
– 128 · √2 · √2 128 · √2 · √2 3 3
(2 + 2i)5 = – i ∛– 8i = 2 · (cos 90° + i · sen 90°)
2 2
– 128 ∛– 8i = 2 · (0 + i · 1)
128 · 2
·2 – i ∛– 8i = 2i
(2 + 2i) =
5
2 2
(2 + 2i)5 = – 128 – 128i Para k = 1,

( )
RADICIAÇÃO DE NÚMEROS COMPLEXOS 2 · 1 · π + 270° 2 · 1 · π + 270°
∛– 8i = ∛8 · cos + i · sen
Para Extrair as Raízes de um número complexo, 3 3
∛– 8i = 2 ·
basta extrair a raiz do módulo ⍴ e dividir o argumento
θ + 2 · kπ pelo índice n. Fazendo isso uma vez para
cada raiz (n vezes) em cada vez substituindo sucessi- ( 2 · 180° + 270°
cos
3
+ i · sen
2 · 180° + 270°
3 )
( )
vamente o valor de k por 0, 1, 2, 3, ... , ou seja: 360° + 270° 360° + 270°
∛– 8i = 2 · cos + i · sen

( )
3 3

( )
θ + 2 · kπ θ + 2 · kπ
n
√z = √⍴ ·
n cos + i · sen i , 630° 630°
n n ∛– 8i = 2 · cos + i · sen
(k ∈ 3 3
N/ 0 ≤ k ≤ n – 1) ∛– 8i = 2 · (cos 210° + i · sen 210°)

A fórmula acima é conhecida como a Segunda


Fórmula de Moivre.
∛– 8i = 2 · –
√3 1
2
– i
2 ( )
2 · √3 2 · 1
∛– 8i = – – i
2 2
Ex.: Calcule ∛– 8i
∛– 8i = – √3 – i
Primeiramente vamos passar – 8i para a forma
trigonométrica: Para k = 2,

– 8i ⇒
{ a=0
b=–8
∛– 8i = ∛8 · ( cos
2 · 2 · π + 270°
3
+ i · sen
∛– 8i = 2 ·
2 · 2 · π + 270°
3 )
Calculando o módulo de z, temos:
( 4 · 180° + 270°
cos
3
+ i · sen
4 · 180° + 270°
3 )
⍴ = √a² + b² = √0² +(–8)² = √0 + 64 = √64 = 8 ∛– 8i = 2 · cos (
720° + 270°
3
+ i · sen
720° + 270°
3 )
Calculando o argumento de z, temos:
∛– 8i = 2 · cos
990°
3 (+ i · sen
990°
3 )
}
a 0
cos θ = = =0 ∛– 8i = 2 · (cos 330° + i · sen 330°)

( )
⍴ 8
⇒ θ = 270° √3 1
MATEMÁTICA

b –8 ∛– 8i = 2 · – – i
sen θ = ⍴ = 8 =–1 2 2
2 · √3 2·1
∛– 8i = – i
Então: 2 2
∛– 8i = √3 – i
z = ⍴ · (cos θ + i · sen θ) = 8 · (cos 270° + i · sen 270°)
Portanto:
Logo, temos que:

∛– 8i = {2i, – √3 – i, √3 – i} 123
FÓRMULAS DE MOIVRE  z (x + a)0 = 1;
z (x + a)1 = x + a;
z (x + a)2 = x2 + 2xa + a2;
 A forma trigonométrica se torna muito z (x + a)3 = x3 + 3x2a + 3xa2 + a3 .
útil para o cálculo de Potência de um número
complexo. Para elevar um complexo a um ex- Mas para todo n inteiro, positivo, quanto maior o n
mais trabalhoso fica:
poente, basta elevar o módulo a esse expoente e
multiplicar o argumento pelo mesmo expoente, (x + a)n =(x + a) ∙ (x + a) ∙ ... ∙ (x + a)
ou seja: r fatores

zn = ⍴n · [cos (n · θ) + i · sen (n · θ)]


Seguindo essa ideia de distributiva da multiplica-
ção em relação aos termos (x+a), a cada fator (x+a),
A fórmula acima é conhecida como a Primeira selecionamos exatamente um termo, podendo ser x
Fórmula de Moivre. ou a, e multiplicamos em seguida. Continua-se o pro-
cesso até esgotar todas as seleções possíveis de um ter-
Ex.: Calcule (2 + 2i)5 mo de cada fator. Toma-se todos os produtos obtidos
e calcula-se sua soma (reduzindo os termos semelhan-
Primeiramente vamos passar 2 + 2i para a forma tes). Por fim, a soma obtida é o desenvolvimento do
trigonométrica: binômio (x+a)n.
Para (x+a)2 = (x+a) ∙ (x+a), usando o diagrama de
{b = 2
a=2
2 + 2i ⇒ árvore para seleção dos termos, e esgotando as possí-
veis seleções para cada termo do fator, temos:

Calculando o módulo de z, temos: 1ºfator 2ºfator produto

⍴ = √a2 + b2 = √22 + 22 = √4 + 4 = √8 = 2 · √2

Calculando o argumento de z, temos:

}
a 2 1 √2 √2
θ = 45° (porque o
cos θ = ⍴ = = · = ponto P(2, 2) pertence
2 · √2 √2 √2 2
⇒ ao primeiro quadrante)
b 2 1 √2 √2
sen θ = ⍴ = = · =
2 · √2 √2 √2 2

Então:

z = ⍴ · (cos θ + i · sen θ) = 2 · √2 · (cos 45° + i · sen 45°)


Assim, a soma de todos os produtos é: x ∙ x+x ∙ a+a
Logo, temos que: ∙ x+a ∙ a=x2+2xa+a2.
Para (x+a)3 = (x+a) ∙ (x+a) ∙ (x+a), o mesmo
(2 + 2i)5 = [2 · √2 · (cos 45° + i · sen 45°)]5 raciocínio:
(2 + 2i)5 = (2 · √2)5 · (cos 5 · 45° + i · sen 5 · 45°)
(2 + 2i)5 = 32 · 4 · √2 · (cos 225° + i · sen 225°) 2ºfator 2ºfator 3ºfator Produto

( )
√2 √2
(2 + 2i)5 = 128 √2 · – 2 – 2 i
– 128 · √2 · √2 128 · √2 · √2
(2 + 2i)5 = – i
2 2
– 128
128 · 2
·2 – i
(2 + 2i) =
5
2 2
(2 + 2i)5 = – 128 – 128i

BINÔMIO DE NEWTON 
DESENVOLVIMENTO, COEFICIENTES BINOMIAIS E Assim a soma de todos os produtos é: x ∙ x ∙ x+x ∙ x ∙ a+x ∙
TERMO GERAL  a ∙ x+x ∙ a ∙ a+a ∙ x ∙ x+a ∙ x ∙ a+a ∙ a ∙ x+a ∙ a ∙ a=x3+3x2a+3xa2+a3

Usamos as técnicas de contagem como o diagra- Usando o binômio cúbico e reescrevendo ele em
ma de árvore e o princípio fundamental da contagem forma de combinações temos o seguinte: do binô-
para obter o desenvolvimento do binômio (x + a)n com mio (x+a)3 = (x+a) ∙ (x+a) ∙ (x+a), se escolhermos um
n ∈ N e x, a ∈ ℝ. termo de cada fator, obteremos três termos (um em
cada fator), que são multiplicados entre si: x3, x2a,
124 Alguns casos particulares já são conhecidos: xa2 e a3, ou seja, o diagrama de árvore está na coluna
“Produto”. Assim, o primeiro deles x3 só pode ser obti- Para um melhor entendimento, vamos ver um
do de uma única forma que é com a escolha de x para exemplo a seguir.
os três fatores. Logo, o coeficiente de x3 no desenvolvi- Ex.: Vamos calcular as raízes da equação: x6 + 64 = 0
mento do binômio é 1 ou C3,0.
Para o termo x2a, a quantidade de produtos do tipo
x6 + 64 = ⇒ x6 = – 64 ⇒ x= 6√–64
x a no diagrama de árvore foi igual a três, onde duas
2

são iguais a x e uma igual a a, da permutação com


repetição temos: Fazendo z = – 64, temos: ⍴ = |z| = 64 e θ = π .

Logo:
3!
P = = C3,1, logo, o coeficiente de x2a é C3,1.

( )
2,1
3
2!1! π + 2kπ π + 2kπ
zk = 6√64 · cos + i · sen
6 6
Para o termo xa2, a quantidade de produtos do tipo
xa no diagrama de árvore foi igual a três, onde duas
2

são iguais a a e uma igual a x, da permutação com


[ (
zk = 2 · cos
π
6
+k·
π
3 )
+ i · sen
π
6
+k·
π
3( )]
repetição temos:
Fazendo k = 0, 1, 2, 3, 4 e 5, teremos:

3! Para k = 0,
p31,2 = = C3,2, logo, o coeficiente de xa2 é C3,2.
1!2!
Por fim, para o termo a3 só pode ser obtido de uma
única forma que é com a escolha de a para os três [ (
z0 = 2 · cos
π
6
+0·
π
3 )
+ i · sen
π
6
+0·
π
3 ( )]
fatores. Logo, o coeficiente de a3 no desenvolvimento
do binômio é 1 ou C3,3. [
z0 = 2 · cos
π
6
+ i · sen
π
6
=2·
2]
√3 1
+2· i
2
z0 = √3 + i
Finalmente temos o desenvolvimento do binômio
cúbico: Para k = 1,

(x+a)3 = C3,0x3+C3,1x2a+C3,2xa2+C3,3a3.
[ (
z1 = 2 · cos
π
6
+1·
π
3 )
+ i · sen
π
6
+1·
( π
3 )]
Desse exemplo, podemos definir então o Teorema
Binomial. Seja o binômio (x+a)n com n ∈ ℕ e x, a ∈ ℝ, o
desenvolvimento do binômio é dado por:
[
z1 = 2 · cos
π
2
+ i · sen
π
2 ]
= 2 · 0 + 2 · 1i

z1 = 2i
(x+a)n = Cn,0 xn+Cn,1 xn – 1a1+Cn,2 xn – 2a2+ ... +Cn, p xn – p ap+ ... +
Para k = 2,
Cn, n an

Onde Cn,0, Cn,1, Cn,2, ..., Cn,p, ..., Cn,n são chamados de
coeficientes binomiais.
[ (
z2 = 2 · cos
π
6
+2·
π
3 ) + i · sen
( π
6
+2·
π
3 )]
Por fim, o termo geral a partir do desenvolvimen-
to do Teorema Binomial é: [
z2 = 2 · cos

6
+ i · sen
6

=2·
] ( ) –
√3
2
+2· i
1
2
z2 = – √3 + i
(x+a)n = Cn, p xn – p ap
Para k = 3,
No desenvolvimento do binômio (1 – 2x2)5, qual o
coeficiente de x8? O termo geral do binômio é:
[ (
z3 = 2 · cos
π
6
+3·
π
3 ) (
+ i · sen
)]π
6
+3·
π
3
C5, p (–2x2)5 – p 1p = C5,p (–2)5 – p x2(5 – p) = C5,p (-2)5 – p x10 – 2p
10 – 2p = 8 → p = 1
C5,1 (–2)5 – 1 x10 – 2∙1 = C5,1 (–2)4 x8 = C5,1 16x8 = 5 ∙16x8 = 80x8
[
z3 = 2 · cos

6
+ i · sen

6 ] ( ) ( )
=2· –
√3
2
1
+2· – i
2
z3 = – √3 – i

Logo, o coeficiente do termo x8 é 80. Para k = 4,

[ ( ) ( )]
RESOLUÇÃO DE EQUAÇÕES BINOMIAIS E π π π π
TRINOMIAIS z4 = 2 · cos +4· + i · sen +4·
6 3 6 3
Equações Binomiais [
z4 = 2 · cos

2
+ i · sen

2 ]
= 2 · 0 + 2 · (– 1)i
MATEMÁTICA

Denominamos Equação Binomial, toda equação z4 = – 2i


que pode ser escrita irredutivelmente como a seguir:
Para k = 5,
ax + b = 0
n

Sendo a, b ∈ C, a ≠ 0 e n ∈ N [ (
z5 = 2 · cos
π
6
+5·
π
3 ) π
+ i · sen
6
+5·
π
3 ( )]
Podemos resolver qualquer equação binomial, iso- [
z5 = 2 · cos
11π
6
+ i · sen
11π
6
=2·
] ( ) ( )
√3
2
1
+2· – i
2
lando xn e aplicando a definição de radiciação em C. z5 = √3 – i 125
Portanto o conjunto solução da equação x6 + 64 = z1 = – 2
0 é:
Para k = 2,
S = {√3 + i, 2i, – √3 + i, – √3 – i, – 2i, √3 – i}

Vamos resolver a equação binomial:


z2 = 2 · ( cos
π+2·2·π
3
+ i · sen
π+2·2·π
3 )
xn = y1 ⇒ x3 = 1 ⇒ x = ∛1
z2 = 2 · ( cos

3
+ i · sen

3 ) (=2·
1
2
–i
2)
√3

z2 = 1 – i√3
Como z = 1, o valor do seu módulo é 1 e o argumen-
to é zero. Logo, o conjunto solução da equação x6 + 7x3 – 8 =
Logo, teremos: 0, será:

zk 1 · ( cos
2kπ
3
+ i · sen
2kπ
3 ) S=
{ 1, –
1
2
+i
√3
2
1
,– –i
2
√3
2
, 1 + i√3, –2, 1 – i√3
}
Fazendo k = 0, 1 e 2, teremos: Equações Trinomiais
Para k = 0,
Denominamos Equação Trinomial, toda equação

z0 = 1 · cos( 2·0·π
3
+ i · sen
2·0·π
3 ) que pode ser escrita irredutivelmente como a seguir:

z0 = 1 · (cos 0 + i · sen 0) = 1 + 0 ax2n + bxn + c = 0


z0 = 1
Sendo a, b, c ∈ C, a ≠ 0, b ≠ 0 e n ∈ N
Para k = 1,
Podemos resolver qualquer equação trinomial

z1 = 1 · cos( 2·1·π
3
+ i · sen
2·1·π
3 ) fazendo o seguinte:

z1 = 1 · cos (

3
1
+ i · sen
√3

3 ) z Dizemos que xn = y;
z Encontramos as raízes da equação ay2 + by + c = 0;
z Logo após fazermos a substituição em xn = y1 e xn =
z1 = – – i y2, encontrando assim as raízes.
2 2

Para k = 2, Ex.: Vamos calcular as raízes da equação: x6 + 7x3


–8=0

z2 = 1 · ( cos
2·2·π
3
+ i · sen
2·2·π
3 ) Fazendo x3 = y, temos: y2 + 7y – 8 = 0.

( )
4π 4π Resolvendo a equação do segundo grau na variá-
z2 = 1 · cos +i· vel y, temos: y1 = 1 e y2 = – 8.
3 3
1 √3
z2 = – – i
2 2

Agora, vamos resolver a equação binomial: xn = HORA DE PRATICAR!


y2 ⇒ x3 = – 8 ⇒ x = ∛– 8
Como z = – 8, o valor do seu módulo é 8 e o argu- 1. (DECEX — 2021) Sejam A e B matrizes de ordem 2
mento é igual a π. tais que detA = 2 e detB= 5. Marque a alternativa que
expressa o valor de det (2AB).
Logo, teremos:
a) 30

( )
π + 2kπ π + 2kπ b) 20
zk = 2 · cos + i · sen c) 40
3 3
d) 50
e) 10
Fazendo k = 0, 1 e 2, teremos:
Para k = 0,
2. (DECEX — 2020) Numa enquete foram entrevistadas

( )
π+2·0·π π+2·0·π 80 pessoas sobre os meios de transporte que utili-
z0 = 2 · cos + i · sen zavam para vir ao trabalho e/ou à escola. Quarenta e
3 3

( )
π π dois responderam ônibus, 28 responderam carro e 30
z0 = 2 · cos + i · sen responderam moto. Doze utilizavam-se de ônibus e
3 3
carro, 14 de carro e moto e 18 de ônibus e moto. Cinco
z0 = 1 + i √3
utilizavam-se dos três: carro, ônibus e moto. Qual é a
probabilidade de que uma dessas pessoas, selecio-
Para k = 1, nada ao acaso, utilize somente carro?

z1 = 2 · ( π+2·1·π
cos
3
+ i · sen
π+2·1·π
3 ) a) 8,75%.
b) 35%.
z1 = 2 · (cos π + i · sen π) = 2 · (– 1 + 0) c) 23,75%.
126
d) 33,75%. 9. (DECEX — 2020) Se (40, x, y, 5, ... ) é uma progressão
e) 21,25%. geométrica de razão q e (q, 8 - a, 7/2, ... ) é uma pro-
gressão aritmética, determine o valor de a.
3. (DECEX — 2019) Um anagrama é uma espécie de jogo
de palavras, resultando do rearranjo das letras de uma a) 7.
palavra ou expressão para produzir outras palavras b) 6.
ou expressões, utilizando todas as letras originais c) 8.
exatamente uma vez. Para participar de uma compe- d) 25/4 .
tição uma equipe decide criar uma senha, fazendo um e) 23/4.
anagrama do nome original da equipe, que é “FOX-
TROT”. De quantas maneiras diferentes poderá ser 10. (DECEX — 2019) Se, para quaisquer valores X1 e X2
criada essa senha? de um conjunto S (contido no domínio D), com X1< X2,
temos f(X1) < f(X2), então podem os afirmar que a fun-
a) 2520. ção f é:
b) 1680.
c) 5040. a) inconstante.
d) 10080. b) decrescente.
e) 1260. c) crescente.
d) alternada.
4. (DECEX — 2020) Determine a distância real, em quilô- e) constante.
metros. entre duas cidades que se encontram a 18mm
de distância em um mapa cuja escala é 1 : 5.000.000. 11. (DECEX — 2019) Observe a inequação modular I3x - 2I
= 8 + 2x e identifique a alternativa que apresenta uma
a) 9 . das possíveis raízes:
b) 90.
c) 900. a) -10.
d) 9000. b) 4.
e) 0,9. c) 10.
d) 0.
5. (DECEX — 2018) Se a velocidade de um automóvel for e) - 4.
aumentada em 60%, o tempo necessário para percor-
rer um mesmo trajeto, supondo a velocidade constan- 12. (DECEX — 2018) Sejam 𝑓: {x ∈ R/x > 70} → R e g: R →
te, diminuirá em: 1 x
R, definidas 𝑓 (x) = log2x e g(x) = 2 . O valor de 𝑓 ○
4
g(2) é:
a) 37,5%.
b) 60%.
a) 4
c) 40%.
b) 2
d) 30%
c) -4
e) 62,5%
d) -2
e) 0
6. (DECEX — 2020) Mudando para base 3 o log57
obtemos:
13. (DECEX — 2020) A solução da inequação 13x -10I ⩽ 2
x é dada por:
a) log37/log35.
b) log73/log53 .
a) S={x E R I x ⩽ 10}.
c) log35.
b) S=Ø .
d) log37.
c) S={x E R I 2⩽x ⩽10}.
e) log53/log73.
d) S={x E R I x ⩾ 2}.
e) S={x E R l x ⩽ 2 ou x ⩾10}.
7. (DECEX — 2020) A soma dos possíveis valores de x na
equação 4x = 6 · 2x - 8. é:
14. (DECEX — 2019) Seja A uma matriz de ordem 3 tal que
Det (A) = 4. Então Det (2A) vale:
a) 6.
b) 7.
a) 32.
c) 3 .
b) 8.
d) 2.
c) 64.
e) 0.
d) 128.
e) 16.
8. (DECEX — 2019) As medidas, em centímetros, dos
MATEMÁTICA

lados de um triângulo são expressas por x + 1, 2x e 2


–4 k
15. (DECEX — 2018) Dadas as matrizes A = = G e
x2 - 5 e estão em progressão aritmética, nessa ordem.
Calcule o perímetro do triângulo. 4 –1
1
B == G.
a) 20 cm. 1
b) 18cm.
Considerando que a equação matricial A · X = B tem
c) 15cm.
solução única, podemos afirmar que:
d) 25cm.
e) 24cm. 127
a) k ≠ ±4 20. (DECEX — 2020) Um ponto P. de um sistema de coor-
b) k = ±4 denadas cartesianas, pertence à reta de equação y =
c) k = ±2 x - 2. Sabe-se que o ponto Pé equidistante do eixo das
d) k = ±1 ordenadas e do ponto Q (16, O). Dessa maneira, um
e) k ≠ ±2 possível valor para as coordenadas do ponto P é:

16. (DECEX — 2019) O valor que deve ser somado ao poli- a) P (8, 1 O).
nômio 2x3 +3x2 +8x + 15para que ele admita 2i como b) P (10, 8).
raiz, sendo i a unidade imaginária é: c) P (9, 7).
d) P (12, 10).
a) -12. e) P (7, 9).
b) 3.
c) -3. 9 GABARITO
d) -15.
e) 12.
1 C
17. (DECEX — 2020) Dado o polinômio p(x)=4x4 + 3x5-5x +
2 A
x2 + 2. Analise as informações a seguir:
3 E
I. O grau de p(x) é 5.
lI. O coeficiente de x3 é zero. 4 B
IlI. O valor numérico de p(x) para x = -1 é 9.
5 A
IV. Um polinômio q(x) é igual a p(x) se, e somente se, pos-
sui mesmo grau de p(x) e os coeficientes são iguais. 6 A

E correto o que se afirma em: 7 C

8 E
a) II, IlI e IV apenas.
b) I, lI, IlI e IV. 9 B
c) IlI e IV apenas.
d) I, lI e IlI apenas. 10 C
e) I e lI apenas.
11 C
18. (DECEX — 2020) A água utilizada em uma residência 12 E
é captada e bombeada do rio para uma caixa d’água
localizada a 60 m de distância da bomba. Os ângulos 13 C
formados pelas direções bomba - caixa d’água - resi-
14 A
dência é de 60º e residência - bomba - caixa d’água é
de 75°. conforme mostra a figura abaixo. Para bom- 15 A
bear água do mesmo ponto de captação, diretamente
para a residência, quantos metros de tubulação são 16 C
necessários? Use √6 = 2,4
17 D

18 B

19 B

20 B

ANOTAÇÕES
a) 12,5 metros.
b) 72 metros.
c) 35.29 metros.
d) 21,25 metros.
e) 28 metros.

19. (DECEX — 2020) A área da superfície de uma esfera é


144 π cm2 . O volume da esfera é igual a:

a) 216 πcm3 .
b) 288 πcm3 .
c) 2304 π cm3 .
d) 162 π cm3 .
e) 72 π cm3 .
128
Todos esses assuntos completam o estudo basilar
de semântica com foco em provas e concursos, sempre
de olho na sua aprovação. Por isso, convidamos você a
estudar com afinco e dedicação, sem esquecer de pra-

PORTUGUÊS ticar seus conhecimentos realizando os exercícios de


cada tópico, bem como, a seleção de exercícios finais,
selecionados especialmente para que este material
cumpra o propósito de alcançar sua aprovação.
A inferência é uma relação de sentido conhecida
LEITURA, INTERPRETAÇÃO E ANÁLISE desde a Grécia Antiga e que embasa as teorias sobre
DE TEXTOS interpretação de texto.

LEITURA, INTERPRETAÇÃO E ANÁLISE DOS Dica


SIGNIFICADOS PRESENTES EM UM TEXTO E O
RESPECTIVO RELACIONAMENTO COM O UNIVERSO Interpretar é buscar ideias, pistas do autor do tex-
EM QUE O TEXTO FOI PRODUZIDO to, nas linhas apresentadas.

A interpretação e a compreensão textual são Porém, apesar de, aparentemente, parecer algo
aspectos essenciais a serem dominados por aque- subjetivo, existem “regras” para se buscar essas pistas.
les candidatos que buscam a aprovação em seleções A primeira e mais importante delas é identificar a
e concursos públicos. Trata-se de um assunto que orientação do pensamento do autor do texto, que fica
abrange questões específicas e de conteúdo geral nas perceptível quando identificamos como o raciocínio
provas; conhecer e dominar estratégias que facilitem dele foi exposto, se de maneira mais racional, a partir
a apreensão desse assunto pode ser o grande diferen- da análise de dados, informações com fontes confiáveis
cial entre o quase e a aprovação. ou se de maneira mais empirista, partindo dos efeitos,
Além disso, seja a compreensão textual, seja a das consequências, a fim de se identificar as causas.
interpretação textual, ambas guardam uma relação de
Por isso, é preciso compreender como podemos
proximidade com um assunto pouco explorado pelos
cursos de português: a semântica, que incide suas rela- interpretar um texto mediante estratégias de leitura.
ções de estudo sobre as relações de sentido que a forma Muitos pesquisadores já se debruçaram sobre o tema,
linguística pode assumir. que é intrigante e de grande profundidade acadêmica;
Portanto, neste material você encontrará recursos neste material, selecionamos as estratégias mais efica-
para solidificar seus conhecimentos em interpreta- zes que podem contribuir para sua aprovação em sele-
ção e compreensão textual, associando a essas temá- ções que avaliam a competência leitora dos candidatos.
ticas as relações semânticas que permeiam o sentido A partir disso, apresentamos estratégias de leitura
de todo amontoado de palavras, tendo em vista que, que focam nas formas de inferência sobre um texto.
qualquer aglomeração textual é, atualmente, consi-
Dessa forma, é fundamental identificar como ocorre
derada texto e, dessa forma, deve ter um sentido que
precisa ser reconhecido por quem o lê. o processo de inferência, que se dá por dedução ou
Assim, vamos começar nosso estudo fazendo uma por indução. Para entender melhor, veja esse exemplo:
breve diferença entre os termos compreensão e
interpretação textual. O marido da minha chefe parou de beber.
Para muitos, essas palavras expressam o mesmo
sentido, mas, como pretendemos deixar claro neste Observe que é possível inferir várias informações
material, ainda que existam relações de sinonímia a partir dessa frase. A primeira é que a chefe do enun-
entre palavras do nosso vocabulário, a opção do autor ciador é casada (informação comprovada pela expres-
por um termo ao invés de outro reflete um sentido são “marido”), a segunda é que o enunciador está
que deve ser interpretado no texto, uma vez que a
trabalhando (informação comprovada pela expressão
interpretação realiza ligações com o texto a partir
das ideias que o leitor pode concluir com a leitura. “minha chefe”) e a terceira é que o marido da chefe do
Já a compreensão busca a análise de algo exposto enunciador bebia (expressão comprovada pela expres-
no texto, e, geralmente, é marcada por uma palavra ou são “parou de beber”). Note que há pistas contextuais
uma expressão, e apresenta mais relações semânticas do próprio texto que induzem o leitor a interpretar
e sintáticas. A compreensão textual estipula aspectos essas informações.
linguísticos essencialmente relacionados à significa- Tratando-se de interpretação textual, os processos
ção das palavras e, por isso, envolve uma forte ligação de inferência, sejam por dedução ou por indução, par-
com a semântica. tem de uma certeza prévia para a concepção de uma
Sabendo disso, é importante separarmos os con-
interpretação, construída pelas pistas oferecidas no
teúdos que tenham mais apelo interpretativo ou
compreensivo. Neste material, você encontrará um texto junto da articulação com as informações acessa-
PORTUGUÊS

forte conteúdo que relaciona semântica e interpreta- das pelo leitor do texto.
ção, contendo questões sobre os assuntos: inferência; A seguir, apresentamos um fluxograma que repre-
figuras de linguagem; vícios de linguagem; e intertex- senta como ocorre a relação desses processos:
tualidade. No que se refere aos estudos que focam na
compreensão e semântica, os principais tópicos são:
DEDUÇÃO → CERTEZA → INTERPRETAR
semântica dos sentidos e suas relações; coerência e
coesão; gêneros textuais (mais abordados em provas INFERÊNCIA
de concursos); tipos textuais e, ainda, as variações lin- INDUÇÃO → INTERPRETAR → CERTEZA
guísticas e suas consequências para o sentido. 129
A partir desse esquema, conseguimos visualizar Em questões de concurso, as bancas costumam
melhor como o processo de interpretação ocorre. Agora, procurar nos enunciados implícitos do texto aspectos
iremos detalhar esse processo, reconhecendo as estra- para abordar em suas provas.
tégias que compõem cada maneira de inferir informa- No momento de ler um texto, o leitor articula seus
ções de um texto. Por isso, vamos apresentar nos tópicos conhecimentos prévios a partir de uma informação
seguintes como usar estratégias de cunho dedutivo, indu-
que julga certa, buscando uma interpretação; assim,
tivo e, ainda, como articular a isso o nosso conhecimento
de mundo na interpretação de textos. ocorre o processo de interpretação por dedução. Con-
forme Kleiman (2016, p. 47):
A INDUÇÃO
Ao formular hipóteses o leitor estará predizendo
As estratégias de interpretação que observam temas, e ao testá-las ele estará depreendendo o
métodos indutivos analisam as “pistas” que o texto tema; ele estará também postulando uma possí-
oferece e, posteriormente, reconhecem alguma certe- vel estrutura textual; na predição ele estará ati-
za na interpretação. Dessa forma, é fundamental bus- vando seu conhecimento prévio, e na testagem
car uma ordem de eventos ou processos ocorridos no ele estará enriquecendo, refinando, checando esse
texto e que variam conforme o tipo textual. conhecimento.
Sendo assim, no tipo textual narrativo, podemos
identificar uma organização cronológica e espacial no Fique atento a essa informação, pois é uma das
desenvolvimento das ações marcadas, por exemplo, primeiras estratégias de leitura para uma boa inter-
pelo uso do pretérito imperfeito; na descrição, pode- pretação textual: formular hipóteses, a partir da
mos organizar as ideias do texto a partir da marcação
macroestrutura textual; ou seja, antes da leitura ini-
de adjetivos e demais sintagmas nominais; na argu-
cial, o leitor deve buscar identificar o gênero textual
mentação, esse encadeamento de ideias fica marcado
pelo uso de conjunções e elementos que expõem uma ao qual o texto pertence, a fonte da leitura, o ano,
ideia/ponto de vista. entre outras informações que podem vir como “aces-
No processo interpretativo indutivo, as ideias são sórios” do texto e, então, formular hipóteses sobre a
organizadas a partir de uma especificação para uma leitura que deverá se seguir. Uma outra dica impor-
generalização. Vejamos um exemplo: tante é ler as questões da prova antes de ler o texto,
pois, assim, suas hipóteses já estarão agindo conforme
Eu não sou literato, detesto com toda a paixão essa um objetivo mais definido.
espécie de animal. O que observei neles, no tempo
O processo de interpretação por estratégias de dedu-
em que estive na redação do O Globo, foi o bastan-
te para não os amar, nem os imitar. São em geral ção envolve a articulação de três tipos de conhecimento:
de uma lastimável limitação de ideias, cheios de
fórmulas, de receitas, só capazes de colher fatos z Conhecimento Linguístico;
detalhados e impotentes para generalizar, cur- z Conhecimento Textual;
vados aos fortes e às ideias vencedoras, e antigas, z Conhecimento de Mundo.
adstritos a um infantil fetichismo do estilo e guia-
dos por conceitos obsoletos e um pueril e errôneo
O conhecimento de mundo, por se tratar de um
critério de beleza.
assunto mais abrangente, será abordado mais adiante.
(BARRETO, 2010, p. 21)
Veja cada um desses conhecimentos abordados detalha-
O trecho em destaque na citação do escritor Lima damente a seguir.
Barreto, em sua obra “Recordações do escrivão Isaías
Caminha” (1917), identifica bem como o pensamento Conhecimento Linguístico
indutivo compõe a interpretação e decodificação de
um texto. Para deixar ainda mais evidente as estraté- Esse é o conhecimento basilar para compreensão
gias usadas para identificar essa forma de interpretar, e decodificação do texto, envolve o reconhecimento
deixamos a seguir dicas de como buscar a organiza- das formas linguísticas estabelecidas socialmente por
ção cronológica de um texto. uma comunidade linguística, ou seja, envolve o reco-
nhecimento das regras de uma língua.
A propriedade vocabular leva É importante salientar que as regras de reconhe-
o cérebro a aproximar as pa- cimento sobre o funcionamento da língua não são,
PROCURE SINÔNIMOS
lavras que têm maior asso- necessariamente, as regras gramaticais, mas as regras
ciação com o tema do texto que estabelecem, por exemplo, no caso da língua por-
Os conectivos (conjunções, tuguesa, que o feminino é marcado pela desinência -a,
preposições, pronomes) que a ordem de escrita respeita o sistema sujeito-ver-
ATENÇÃO AOS
são marcadores claros de bo-objeto (SVO) etc.
CONECTIVOS
opiniões, espaços físicos e
Ângela Kleiman (2016) afirma que o conhecimento
localizadores textuais
linguístico é aquele que “abrange desde o conhecimento
A DEDUÇÃO sobre como pronunciar português, passando pelo conhe-
cimento de vocabulário e regras da língua, chegando até
A leitura de um texto envolve a análise de diversos o conhecimento sobre o uso da língua” (2016, p. 15).
aspectos que o autor pode colocar explicitamente ou de Um exemplo em que a interpretação textual é preju-
130 maneira implícita no enunciado. dicada pelo conhecimento linguístico é o texto a seguir:
Como gemas para financiá-lo, nosso herói desa-
fiou valentemente todos os risos desdenhosos que
tentaram dissuadi-lo de seu plano. “Os olhos enga-
nam” disse ele, “um ovo e não uma mesa tipificam
corretamente esse planeta inexplorado.” Então as
três irmãs fortes e resolutas saíram à procura de
provas, abrindo caminho, às vezes através de imen-
sidões tranquilas, mas amiúde através de picos e
vales turbulentos (KLEIMAN, 2016, p. 24).

Agora tente responder as seguintes perguntas


sobre o texto:
Quem é o herói de que trata o texto?
Quem são as três irmãs?
Qual é o planeta inexplorado?
Certamente, você não conseguiu responder nenhu-
ma dessas questões, porém, ao descobrir o título des-
se texto, sua compreensão sobre essas perguntas será
afetada. O texto se chama “A descoberta da América
por Colombo”. Agora, volte ao texto, releia-o e busque
responder às questões; certamente você não terá mais
Fonte: https://bit.ly/3kCyWoI. Acesso em: 22/09/2020.
as mesmas dificuldades.

Como é possível notar, o texto é uma peça publici-


tária escrita em inglês, portanto, somente os leitores
proficientes nessa língua serão capazes de decodificar FONÉTICA, ORTOGRAFIA E
e entender o que está escrito; assim, o conhecimento PONTUAÇÃO
linguístico torna-se crucial para a interpretação. Essas
são algumas estratégias de interpretação em que CORRETA ESCRITA DAS PALAVRAS DA LÍNGUA
podemos usar métodos dedutivos. PORTUGUESA, ACENTUAÇÃO GRÁFICA, PARTIÇÃO
SILÁBICA E PONTUAÇÃO
Conhecimento Textual
Conceitos Básicos de Fonologia
Esse tipo de conhecimento atrela-se ao conheci-
mento linguístico e se desenvolve pela experiência A fonologia é a área do saber que se dedica aos
leitora. Quanto maior exposição a diferentes tipos de estudos dos sons e de sua organização dentro de uma
textos, melhor se dá a sua compreensão. Nesse conhe- língua natural. O objeto de estudo da fonologia é o
cimento, o leitor desenvolve sua habilidade porque fonema, que se trata da menor unidade significativa
prepara sua leitura de acordo com o tipo de texto que diferençável na língua. Ex.: p/a/t/o ≠ b/a/t/o.
está lendo. Não se lê uma bula de remédio como se lê Dessa forma, podemos afirmar que o fonema é
uma receita de bolo ou um romance. Não se lê uma
uma unidade distintiva, ou seja, reconhecemos um
reportagem como se lê um poema.
fonema distinguindo-o de outro a partir dos significa-
Em outras palavras, esse conhecimento relaciona-
dos diferentes que esses sons ensejam nas palavras,
-se com a habilidade de reconhecer diferentes tipos de
como no exemplo: pato ≠ bato, pois, trocando um des-
discursos, estruturas, tipos e gêneros textuais.
ses sons, o significado sofrerá alterações.
Logo, um som pode alterar completamente o senti-
Conhecimento de Mundo
do de uma palavra; esse som deve ser denominado de
fonema. Ele representa os sons emitidos pelos falan-
O uso dos conhecimentos prévios é fundamental
tes; é, portanto, a representação gráfica das letras.
para a boa interpretação textual, por isso, é sempre
importante que o candidato a cargos públicos reserve
um tempo para ampliar sua biblioteca e buscar fontes
IMPORTANTE!
de informações fidedignas, para, dessa forma, aumen-
tar seu conhecimento de mundo. Nem sempre há correspondência entre o núme-
Conforme Kleiman (2016), durante a leitura, nosso ro de fonemas e de letras. Ex.: a palavra carro-
PORTUGUÊS

conhecimento de mundo que é relevante para a com- ça tem 7 letras, porém só apresenta 6 fonemas
preensão textual é ativado; por isso, é natural ao nosso [karosa].
cérebro associar informações, a fim de compreender
o novo texto que está em processo de interpretação.
A esse respeito, a autora propõe o seguinte exer- Conhecer o alfabeto fonético internacional e as
cício para atestarmos a importância da ativação do regras de transcrição fonética são passos importan-
conhecimento de mundo em um processo de interpre- tes para compreender outros processos da ortografia,
tação. Leia o texto a seguir e faça o que se pede: bem como da divisão silábica. 131
VOGAL, SEMIVOGAL E CONSOANTE
USAMOS X: USAMOS CH:
A vogal é o núcleo da sílaba em língua portuguesa. � Depois da sílaba em, se � Depois da sílaba em,
Não há sílaba sem vogal; o som das vogais é puro, ou a palavra não for derivada se a palavra for derivada
seja, sem obstáculos sonoros. As vogais são: a, e, i, o, u. de palavras iniciadas por de palavras iniciadas por
A semivogal é um som de vogal que perdeu a força CH: enxerido, enxada CH: encher, encharcar
sonora da vogal, juntam-se a uma vogal e são pronuncia- � Depois de ditongo: cai- � Em palavras derivadas
das com menos força. São semivogais clássicas: /i/ e /u/. xa, faixa de vocábulos que são
� Depois da sílaba ini- grafados com CH: recau-
Consoantes são os sons emitidos com obstáculos;
cial me se a palavra não chutar, fechadura
em nossa língua há 21 consoantes: b, c, d, f, g, h, j, k, l,
for derivada de vocábulo
m, n, p, q, r, t, v, x, y, z, w. iniciado por CH: mexer,
O encontro na mesma sílaba de duas consoantes, mexilhão
como RR, LH, PR etc. configura um encontro conso-
nantal. Dentre os encontros consonantais, destaca-se Fonte: instagram/academiadotexto. Acesso em: 10/10/2020.
os dígrafos, que são o encontro de duas consoantes
que representam um único som, como: CH, NH, LH, z É com G ou com J? Usamos “g” em substantivos termi-
SC, SÇ, XC, XS, RR, SS, QU, GU. nados em: -agem; igem; -ugem. Ex.: viagem, ferrugem;
Já o encontro de duas vogais origina um encontro Palavras terminadas em: ágio, -égio, -ígio, -ógio,
vocálico, que pode ser: -úgio. Ex.: sacrilégio, pedágio;
Verbos terminados em -ger e -gir. Ex.: proteger, fugir;
z Tritongo: três sons vocálicos na mesma sílaba. Ex.:
Usamos “j” em formas verbais terminadas em -jar
Pa-ra-guai, I-guais, Sa-guão.
ou -jer. Ex.: viajar, lisonjear;
� Ditongo: dois sons vocálicos na mesma sílaba. Ex.:
Termos derivados do latim escritos com “j”.
Pei-xe, Trou-xa, A-mei-xa.
z É com Ç ou S? Após ditongos, usamos, geralmente,
z Hiato: sons vocálicos em sílabas diferentes. Ex.:
Ç quando houver som de S, e escrevemos S quando
Pa-ís, Ci-ú-me, Pi-a-da.
houver som de “z”. Ex.: eleição; Neusa; coisa.
A diferença entre ditongo, tritongo e hiato é a pre- z É com S ou com Z? palavras que designam nacio-
sença de vogal e de semivogais nos dois primeiros, nalidade ou títulos de nobreza e terminam em -ês e
enquanto o hiato apresenta duas vogais e, por isso, -esa devem ser grafadas com “s”. Ex.: norueguesa;
precisa designar uma sílaba para cada uma, tendo em inglês; marquesa; duquesa.
vista que, na língua portuguesa, não há espaço para Palavras que designam qualidade, cuja termina-
duas vogais em uma mesma sílaba. ção seja -ez ou -eza, são grafadas com “z”:
Atente-se à diferença entre vogal e semivogal: Embriaguez; lucidez; acidez.
a vogal sempre apresentará um som mais forte,
enquanto a semivogal designa um som mais fraco. Essas regras para correção ortográfica das pala-
Além disso, a vogal é o núcleo da sílaba, por isso, serve vras, em geral, apresentam muitas exceções; por isso é
de apoio às semivogais. importante ficar atento e manter uma rotina de leitu-
ra, pois esse aprendizado é consolidado com a prática.
ORTOGRAFIA Sua capacidade ortográfica ficará melhor a partir da
leitura e da escrita de textos, por isso, recomendamos
As regras de ortografia são muitas e, na maioria
que se mantenha atualizado e leia fontes confiáveis de
dos casos, contraproducentes, tendo em vista que a
informação, pois além de contribuir para seu conhe-
lógica da grafia e da acentuação das palavras, muitas
cimento geral, sua habilidade em língua portuguesa
vezes, é derivada de processos históricos de evolução
também aumentará.
da língua.
Por isso, vale lembrar a dica de ouro do aluno cra-
NÚMERO DE SÍLABAS
que em ortografia: leia sempre! Somente a prática de
leitura irá lhe garantir segurança no processo de gra-
Antes de compreendermos os processos norteado-
fia das palavras.
res da divisão silábica, é importante identificar uma
Em relação à acentuação, por outro lado, a maior
sílaba. Sílaba é um grupo de palavras que se pronun-
parte das regras não são efêmeras, porém, são em
grande número. Neste material, iremos apresen- cia em apenas uma emissão de voz, como a palavra
tar uma forma condensada e prática de nunca mais “pá”, por exemplo.
esquecer os acentos e os motivos pelos quais as pala- Para compreender o processo de formação silábi-
vras são acentuadas. ca e, consequentemente, reconhecer os números de
Ainda sobre aspectos ortográficos da língua portu- sílabas em uma palavra, é fundamental saber como
guesa, é importante estarmos atentos ao uso de letras dividir a palavra em sílabas.
cujos sons são semelhantes e geram confusão quanto Esse processo é chamado de divisão silábica e
à escrita correta. Veja: constitui a identificação e delimitação das sílabas de
cada palavra. As palavras classificam-se em monossí-
z É com X ou CH? Empregamos X após os ditongos. labas (se apresentam apenas uma sílaba) ou polissíla-
132 Ex.: ameixa, frouxo, trouxe. bas (mais de uma sílaba).
Veja alguns exemplos, separam-se: Notações Léxicas

z Hiatos: sa-í-da; va-zi-o. São notações léxicas todos os sinais e símbolos


acessórios que servem para auxiliar a pronúncia das
z Dígrafos (RR, SS, SC, SÇ, XC): car-ro; ces-são; cons-
palavras. Vejamos alguns exemplos:
-ci-ên-cia; cres-ça; ex-ce-ção.
z Vogais iguais / grupo consonantal CC (Ç): Co-or-de- z Acento agudo (´): sinal com um traço oblíquo para
-nar; ca-a-tin-ga/fic-ção; con-fec-cionar. direita que indica sílaba tônica em palavras que
z Encontros consonantais disjuntos (pt, dv, gn, bs, precisam ser sinalizadas;
tm, ft, ct, ls): Ap-ti-dão; ad-vo-ga-do; dig-no; ab-sol- z Acento circunflexo (^): sinal que indica vogal
-ver; rit-mo; as-pec-to; con-vul-são. tônica e fechada em palavras que precisam ser
sinalizadas;
Não se separam: z Acento grave (`): sinal com traço oblíquo para
esquerda que representa a junção de duas vogais
z Ditongos e Tritongos: Gló-ria/ U-ru-guai. A em funções sintáticas diferentes, fenômeno cha-
z Dígrafos (CH, LH, NH, GU, QU): cha-ve; ga-lho; mado de crase;
ni-nho; lin-gui-ça; quei-jo. z Diacrítico til (~): indica nasalização em som vocá-
lico, não é considerado um sinal.
z Encontros consonantais em sílaba inicial: psi-có-
-lo-go; pneu.
ACENTUAÇÃO GRÁFICA

TONICIDADE SILÁBICA Muitas são as regras de acentuação das palavras


da língua portuguesa; para compreender essas regras,
Quanto à tonicidade, as sílabas são divididas em faz-se necessário entender a tonicidade das sílabas e
monossílabas (átonas e tônicas), oxítonas, paroxítonas respeitar a divisão das sílabas.
e proparoxítonas. Para reconhecermos a sílaba tônica
(forte) de uma palavra basta pronunciarmos o vocábu- Regras de Acentuação
lo e notar qual sílaba é pronunciada com mais força.
z Palavras monossílabas: Acentuam-se os monossí-
Monossílabas Átonas labos tônicos terminados em: A, E, O. Ex.: pá, vá,
chá; pé, fé, mês; nó, pó, só.
Os monossílabos átonos são designados assim, pois z Palavras oxítonas: acentuam-se as palavras oxíto-
não apresentam autonomia fonética, sendo, portanto, nas terminadas em: A, E, O, EM/ENS. Ex.: cajá, gua-
raná; Pelé, você; cipó, mocotó; também, parabéns.
pronunciados de forma fraca em seus contextos de uso.
z Palavras paroxítonas: acentuam-se as paroxíto-
Ex.: Essa chance nos foi dada.
nas que não terminam em: A, E, O, EM/ENS. Ex.:
bíceps, fórceps; júri, táxis, lápis; vírus, úteis, lótus;
Monossílabas Tônicas
abdômen, hímen.

Os monossílabos tônicos apresentam autonomia


fonética e, por isso, são proferidos fortemente nos IMPORTANTE!
contextos de uso em que aparecem. É importante fri-
Acentuam-se as paroxítonas terminadas em
sar que nem todo monossílabo tônico será acentuado,
ditongo.
Ex.: “Essa chance foi dada a nós”.
Ex.: imóveis, bromélia, história, cenário, Brasília,
rádio etc.
Oxítonas

São chamadas assim as palavras que apresentam z Palavras proparoxítonas: A regra mais simples e
tonicidade na última sílaba, sendo esta, portanto, a fácil de lembrar: todas as proparoxítonas devem
sílaba mais forte. ser acentuadas!
Ex.: mo-co-tó, pa-ra-béns, vo-cê.
Porém, esse grupo de palavras divide uma polê-
Paroxítonas mica com as palavras paroxítonas, pois, em alguns
vocábulos, o Vocabulário Ortográfico da Língua Por-
São chamadas assim as palavras que apresentam a tuguesa (VOLP) aceita a classificação em paroxítona
ou proparoxítona.
PORTUGUÊS

sílaba tônica na penúltima sílaba.


São as chamadas proparoxítonas aparentes.
Ex.: a-çú-car.
Essas palavras apresentam um ditongo crescente no
final de suas sílabas; esse ditongo pode ser aceito ou pode
Proparoxítonas
ser considerado hiato. É o que ocorre com as palavras:

São chamadas assim as palavras que apresentam a HIS-TÓ-RIA/ HIS-TÓ-RI-A


sílaba tônica na antepenúltima sílaba. VÁ-CUO/ VA-CU-O
Ex.: rá-pi-do. PÁ-TIO/ PÁ-TI-O 133
Antes de concluir, é importante mencionar o uso Regra geral: haverá crase sempre que o termo ante-
do acento nas formas verbais TER e VIR: cedente exija a preposição a e o termo consequente acei-
te o artigo a.
Ele tem / Eles têm Ex.: Fui à cidade (a + a = preposição + artigo)
Ele vem / Eles vêm Conheço a cidade (verbo transitivo direto: não exi-
ge preposição).
Percebam que, no plural, essas formas admitem o Vou a Brasília (verbo que exige preposição a +
uso de um acento (^); portanto, atente-se à concordân- palavra que não aceita artigo).
cia verbal quando usar esses verbos. Essas dicas são facilitadoras quanto à orientação
no uso da crase, mas existem especificidades que aju-
USO DOS PORQUÊS dam no momento de identificação:

É muito comum haver confusão com os usos das Casos Convencionados


formas dos porquês, pois no contexto de uso discursi-
vo (fala) não necessitamos distinguir foneticamente.
z Locuções adverbiais formadas por palavras
Porém, existem quatro formas de escrita dos porquês,
femininas:
as quais se distinguem por função sintática, morfo-
Ex.: Ela foi às pressas para o camarim.
lógica e pela sua posição no período. Veja a tirinha a
Entregou o dinheiro às ocultas para o ministro.
seguir e como são realizadas essas distinções:
Espero vocês à noite na estação de metrô.
Estou à beira-mar desde cedo.

z Locuções prepositivas formadas por palavras


femininas:
Ex.: Ficaram à frente do projeto.
z Locuções conjuntivas formadas por palavras
femininas:
Disponível em: https://bit.ly/3oIvkDs
Ex.: À medida que o prédio é erguido, os gastos vão
aumentando.
Os tipos de porquês:
� Quando indicar marcação de horário, no plural:
� Porque: conjunção causal ou explicativa (igual a Ex.: Pegaremos o ônibus às oito horas.
“pois”, “uma vez que”). Fique atento ao seguinte: entre números teremos
Jogava vôlei porque os amigos o chamavam. que de = a / da = à, portanto:
Ex.: De 7 as 16 h. De quinta a sexta. (sem crase)
� Porquê: substantivo abstrato com propósito de
Das 7 às 16 h. Da quinta à sexta. (com crase)
justificar. Pode ser acompanhado de artigo, prono-
me, adjetivo ou numeral. Pode vir no singular e no � Com os pronomes relativos aquele, aquela ou
plural. aquilo:
Ex.: Não sabia o porquê de ela ter ido embora. Ex.: A lembrança de boas-vindas foi reservada
Ele não entendeu os porquês de tantas brigas. àquele outono.
� Por que: inicia perguntas diretas ou está presen- Por favor, entregue as flores àquela moça que está
te no interior de perguntas indiretas, podendo sentada.
ser substituído por “por qual razão” ou “por qual Dedique-se àquilo que lhe faz bem.
motivo”. Pode ser também que tenha o significado � Com o pronome demonstrativo a antes de que ou
de “pelo qual” e suas flexões. de:
Ex.: Quero saber por que você não visitou seu primo.
Ex.: Referimo-nos à que está de preto.
Os lugares por que passei são incríveis.
Referimo-nos à de preto.
� Por quê: aparecerá sempre no final de uma fra-
� Com o pronome relativo a qual, as quais:
se, podendo ser substituído por “por qual motivo”,
Ex.: A secretária à qual entreguei o ofício acabou
“por qual razão”.
de sair.
Ex.: Você não me falou nada, por quê?
Ela escutou tudo isso sem saber por quê. As alunas às quais atribuí tais atividades estão de
férias.
USO DA CRASE
Casos Proibitivos
Outro assunto que causa grande dúvida é o uso da
crase, fenômeno gramatical que corresponde à junção Em resumo, seguem-se as dicas abaixo para melhor
da preposição a + artigo feminino definido a, ou da orientação de quando não usar a crase.
junção da preposição a + os pronomes relativos aque-
le, aquela ou aquilo. Representa-se graficamente pela � Antes de nomes masculinos
marcação (`) + (a) = (à). Ex.: “O mundo intelectual deleita a poucos, o mate-
rial agrada a todos.” (MM)
Ex.: Entregue o relatório à diretoria. O carro é movido a álcool.
134 Refiro-me àquele vestido que está na vitrine. Venda a prazo.
� Antes de palavras femininas que não aceitam artigos � Antes de pronomes possessivos no singular
Ex.: Iremos a Portugal. Ex.: Iremos a/à sua residência.

Macete de crase: � Após preposição até, com ideia de limite


Se vou a; Volto da = Crase há! Ex.: Dirija-se até a/à portaria.
Se vou a; Volto de = Crase pra quê? “Ouvindo isto, o desembargador comoveu-se até
Ex.: Vou à escola / Volto da escola. às (ou “as”) lágrimas, e disse com mui estranho
Vou a Fortaleza / Volto de Fortaleza. afeto.” (CBr. 1, 67)

� Antes de forma verbal infinitiva Casos Especiais


Ex.: Os produtos começaram a chegar.
“Os homens, dizendo em certos casos que vão falar
Veremos a seguir alguns casos que fogem à regra.
com franqueza, parecem dar a entender que o
fazem por exceção de regra.” (MM) Quando se relacionar a instrumentos cujos nomes
forem femininos, normalmente a crase não será utili-
� Antes de expressão de tratamento zada. Porém, em alguns casos, utiliza-se a crase para
Ex.: O requerimento foi direcionado a Vossa
evitar ambiguidades.
Excelência.
Ex.: Matar a fome. (Quando “fome” for objeto direto)
� No a (singular) antes de palavra no plural, quando Matar à fome. (Quando “fome” for advérbio de
a regência do verbo exigir preposição instrumento)
Ex.: Durante o filme assistimos a cenas chocantes.
Fechar a chave. (Quando “chave” for objeto direto)
� Antes dos pronomes relativos quem e cuja Fechar à chave. (Quando “chave” for advérbio de
Ex.: Por favor, chame a pessoa a quem entregamos instrumento)
o pacote.
Quando Usar ou Não a Crase em Sentenças com
Falo de alguém a cuja filha foi entregue o prêmio. Nomes de Lugares

� Antes de pronomes indefinidos alguma, nenhu-


z Regidos por preposições de, em, por: não se usa crase
ma, tanta, certa, qualquer, toda, tamanha
Ex.: Direcione o assunto a alguma cláusula do Ex.: Fui a Copacabana. (Venho de Copacabana,
contrato. moro em Copacabana, passo por Copacabana)
Não disponibilizaremos verbas a nenhuma ação � Regidos por preposições da, na, pela: usa-se crase
suspeita de fraude.
Ex.: Fui à Bahia. (Venho da Bahia, moro na Bahia,
Eles estavam conservando a certa altura.
Faremos a obra a qualquer custo. passo pela Bahia)
A campanha será disponibilizada a toda a comunidade.
Macetes
� Antes de demonstrativos
Ex.: Não te dirijas a essa pessoa
z Haverá crase quando o “à” puder ser substituído
� Antes de nomes próprios, mesmo femininos, de por ao, da na, pela, para a, sob a, sobre a, contra
personalidades históricas a, com a, à moda de, durante a;
Ex.: O documentário referia-se a Janis Joplin.
z Quando o de ocorre paralelo ao a, não há crase.
� Antes dos pronomes pessoais retos e oblíquos Quando o da ocorre paralelo ao à, há crase;
Ex.: Por favor, entregue as frutas a ela.
O pacote foi entregue a ti ontem. z Na indicação de horas, quando o “à uma” puder
� Nas expressões tautológicas (face a face, lado a lado) ser substituído por às duas, há crase. Quando o a
Ex.: Pai e filho ficaram frente a frente no tribunal uma equivaler a a duas, não ocorre crase;
de justiça. z Usa-se a crase no “a” de àquele(s), àquela(s) e àqui-
� Antes das palavras casa, Terra ou terra, distância lo quando tais pronomes puderem ser substituídos
sem determinante por a este, a esta e a isto;
Ex.: Precisa chegar a casa antes das 22h.
Astronauta volta a Terra em dois meses. z Usa-se crase antes de casa, distância, terra e
Os pesquisadores chegaram a terra depois da nomes de cidades quando esses termos estiverem
expedição marinha. acompanhados de determinantes. Ex.: Estou à dis-
Vocês o observaram a distância. tância de 200 metros do pico da montanha.

Crase Facultativa
PORTUGUÊS

A compreensão da crase vai muito além da estética


gramatical, pois serve também para evitar ambigui-
Nestes casos, podemos escrever as palavras das
dades comuns, como o caso seguinte: Lavando a mão.
duas formas: utilizando ou não a crase. Para entender
Nessa ocasião, usa-se a forma “Lavando a mão”,
detalhadamente, observe as seguintes dicas:
pois “a mão” é o objeto direto, e, portanto, não exi-
� Antes de nomes de mulheres comuns ou com quem ge preposição. Usa-se a forma “à mão” em situações
se tem proximidade como “Pintura feita à mão”, já que “à mão” seria o
Ex.: Ele fez homenagem a/à Bárbara. advérbio de instrumento da ação de pintar. 135
PONTUAÇÃO Ex.: A manutenção, daquele professor foi exigida
pelos alunos. (errado)
Outro tópico que gera dúvidas é a pontuação. Vere-
mos a seguir as regras sobre seus usos. � Entre locução verbal de voz passiva e agente da
passiva:
Uso de Vírgula Ex.: Todos os alunos foram convidados, por aquele
professor para a feira. (errado)
A vírgula é um sinal de pontuação que exerce três
funções básicas: marcar as pausas e as inflexões da � Entre o objeto e o predicativo do objeto:
voz na leitura; enfatizar e/ou separar expressões e Ex.: Considero suas aulas, interessantes. (errado)
orações; e esclarecer o significado da frase, afastando Considero interessantes, as suas aulas. (errado)
qualquer ambiguidade.
Quando se trata de separar termos de uma mesma Uso de Ponto e Vírgula
oração, deve-se usar a vírgula nos seguintes casos:
É empregado nos seguintes casos o sinal de ponto
� Para separar os termos de mesma função. e vírgula (;):
Ex.: Comprei livro, caderno, lápis, caneta.
z Usa-se a vírgula para separar os elementos de � Nos contrastes, nas oposições, nas ressalvas
enumeração. Ex.: Ela, quando viu, ficou feliz; ele, quando a viu,
Ex.: Pontes, edifícios, caminhões, árvores... tudo foi ficou triste.
arrastado pelo tsunami.
� Para indicar a elipse (omissão de uma palavra que � No lugar das conjunções coordenativas deslocadas
já apareceu na frase) do verbo. Ex.: O maratonista correu bastante; ficou, portan-
Ex.: Comprei melancia na feira; ele, abacate. to, exausto.
Ela prefere filmes de ficção científica; o namorado,
� No lugar do e seguido de elipse do verbo (= zeugma)
filmes de terror.
Ex.: Na linguagem escrita é o leitor; na fala, o
z Para separar palavras ou locuções explicativas,
ouvinte.
retificativas.
Prefiro brigadeiros; minha mãe, pudim; meu pai,
Ex.: Ela completou quinze primaveras, ou seja, 15
sorvete.
anos.
z Para separar datas e nomes de lugar. � Em enumerações, portarias, sequências
Ex.: Belo Horizonte, 15 de abril de 1985. Ex.: São órgãos do Ministério Público Federal:
z Para separar as conjunções coordenativas, exceto o Procurador-Geral da República;
e, nem, ou. o Colégio de Procuradores da República;
Ex.: Treinou muito, portanto se saiu bem. o Conselho Superior do Ministério Público Federal.

A vírgula também é facultativa quando a expres- Dois-pontos


são de tempo, modo e lugar não for uma expressão,
mas uma palavra só. Exemplos: Marcam uma supressão de voz em frase que ainda
Antes vamos conversar. / Antes, vamos conversar. não foi concluída.
Geralmente almoço em casa. / Geralmente, almoço Servem para:
em casa.
Ontem choveu o esperado para o mês todo. / � Introduzir uma citação (discurso direto):
Ontem, choveu o esperado para o mês todo. Ex.: Assim disse Voltaire: “Devemos julgar um
Ela acordou muito cedo. Por isso ficou com sono homem mais pelas suas perguntas que pelas suas
durante a aula. / Ela acordou muito cedo. Por isso, respostas”.
ficou com sono durante a aula.
� Introduzir um aposto explicativo, enumerativo,
Irei à praia amanhã se não chover. / Irei à praia
distributivo ou uma oração subordinada substan-
amanhã, se não chover.
tiva apositiva:
Não se Usa Vírgula nas Seguintes Situações Ex.: Em nosso meio, há bons profissionais: profes-
sores, jornalistas, médicos.
� Entre o sujeito e o verbo:
� Introduzir uma explicação ou enumeração após
Ex.: Todos os alunos daquele professor, entende-
expressões como por exemplo, isto é, ou seja, a
ram a explicação. (errado)
saber, como:
Muitas coisas que quebraram meu coração, con-
Ex.: Adquirimos vários saberes, como: Linguagens,
sertaram minha visão. (errado)
Filosofia, Ciências...
� Entre o verbo e seu complemento, ou mesmo pre- z Marcar uma pausa entre orações coordenadas
dicativo do sujeito: (relação semântica de oposição, explicação/causa
Ex.: Os alunos ficaram, satisfeitos com a explica- ou consequência):
ção. (errado) Ex.: Já leu muitos livros: pode-se dizer que é um
Os alunos precisam de, que os professores os aju- homem culto.
dem. (errado) Precisamos ousar na vida: devemos fazê-lo com
Os alunos entenderam, toda aquela explicação. cautela.
(errado)
� Marcar invocação em correspondências:
� Entre um substantivo e seu complemento nominal Ex.: Prezados senhores:
136 ou adjunto adnominal: Comunico, por meio deste, que...
Travessão � Junto com o ponto de exclamação, para denotar
surpresa:
� Usado em discursos diretos, indica a mudança de Ex.: Não conseguiu chegar ao local de prova?! (ou !?)
discurso de interlocutor: Ex.:
� E interrogações retóricas:
– Bom dia, Maria! Ex.: Jogaremos comida fora à toa? (Ou seja: “Claro
– Bom dia, Pedro! que não jogaremos comida fora à toa”).

� Serve também para colocar em relevo certas Ponto de Exclamação


expressões, orações ou termos. Pode ser subs-
tituído por vírgula, dois-pontos, parênteses ou � É empregado para marcar o fim de uma frase com
colchetes: entonação exclamativa:
Ex.: Que linda mulher!
Ex.: Os professores ― amigos meus do curso cario-
Coitada dessa criança!
ca ― vão fazer videoaulas. (aposto explicativo)
Meninos ― pediu ela ―, vão lavar as mãos, que � Aparece após uma interjeição:
vamos jantar. (oração intercalada) Ex.: Nossa! Isso é fantástico.

� Usado para substituir vírgulas em vocativos enfáticos:


Como disse o poeta: “Só não se inventou a máqui-
Ex.: “Fernando José! onde estava até esta hora?”
na de fazer versos ― já havia o poeta parnasiano”.
� É repetido duas ou mais vezes quando se quer
Parênteses marcar uma ênfase:
Ex.: Inacreditável!!! Atravessou a piscina de 50
metros em 20 segundos!!!
Têm função semelhante à dos travessões e das
vírgulas no sentido que colocam em relevo certos ter-
Reticências
mos, expressões ou orações.
Ex.: Os professores (amigos meus do curso carioca) São usadas para:
vão fazer videoaulas. (aposto explicativo)
Meninos (pediu ela), vão lavar as mãos, que vamos � Assinalar interrupção do pensamento:
jantar. (oração intercalada) Ex.: ― Estou ciente de que...
― Pode dizer...
Ponto-final � Indicar partes suprimidas de um texto:
Ex.: Na hora em que entrou no quarto ... e depois
É o sinal que denota maior pausa. desceu as escadas apressadamente. (Também pode
Usa-se: ser usado: Na hora em que entrou no quarto [...] e
depois desceu as escadas apressadamente.)
� Para indicar o fim de oração absoluta ou de � Para sugerir prolongamento da fala:
período. Ex.: ― O que vocês vão fazer nas férias?
Ex.: “Itabira é apenas uma fotografia na parede.” ― Ah, muitas coisas: dormir, nadar, pedalar...
Carlos Drummond de Andrade � Para indicar hesitação:
� Nas abreviaturas Ex.: ― Eu não a beijava porque... porque... tinha
vergonha.
Ex.: apart. ou apto. = apartamento
sec. = secretário � Para realçar uma palavra ou expressão, normal-
a.C. = antes de Cristo mente com outras intenções:
Ex.: ― Ela é linda...! Você nem sabe como...!

Dica Uso das Aspas


Símbolos do sistema métrico decimal e elemen-
São usadas em citações ou em algum termo que
tos químicos não vêm com ponto final:
precisa ser destacado no texto. Pode ser substituído
Exemplos: km, m, cm, He, K, C por itálico ou negrito, que têm a mesma função de
destaque.
Ponto de Interrogação Usam-se nos seguintes casos:

Marca uma entonação ascendente (elevação da � Antes e depois de citações:


voz) em tom questionador. Ex.: “A vírgula é um calo no pé de todo mundo”,
PORTUGUÊS

Usa-se: afirma Dad Squarisi, 64.


� Para marcar estrangeirismos, neologismos, arcaís-
� Em frase interrogativa direta: mos, gírias e expressões populares ou vulgares,
Ex.: O que você faria se só lhe restasse um dia? conotativas:
Ex.: O home, “ledo” de paixão, não teve a fortuna
� Entre parênteses para indicar incerteza: que desejava.
Ex.: Eu disse a palavra peremptório (?), mas acho Não gosto de “pavonismos”.
que havia palavra melhor no contexto. Dê um “up” no seu visual. 137
� Para realçar uma palavra ou expressão imprópria, Poderemos optar por: carne, peixe ou dieta.
às vezes com ironia ou malícia:
Ex.: Veja como ele é “educado”: cuspiu no chão. � Para indicar inclusão, quando utilizada na separa-
Ele reagiu impulsivamente e lhe deu um “não” sonoro. ção das conjunções e/ou:
Ex.: Os alunos poderão apresentar trabalhos orais
� Para citar nomes de mídias, livros etc.: e/ou escritos.
Ex.: Ouvi a notícia do “Jornal Nacional”.
� Para indicar itens que possuem algum tipo de rela-
Colchetes ção entre si:
Ex.: A palavra será classificada quanto ao número
Representam uma variante dos parênteses, porém (plural/singular).
tem uso mais restrito. O carro atingiu os 220 km/h.
Usam-se nos seguintes casos:
� Para separar os versos de poesias, quando escritos
� Para incluir num texto uma observação de nature- seguidamente na mesma linha. São utilizadas duas
za elucidativa: barras para indicar a separação das estrofes:
Ex.: É de Stanislaw Ponte Preta [pseudônimo de Ex.: “[…] De tanto olhar para longe,/não vejo o que
Sérgio Porto] a obra “Rosamundo e os outros”. passa perto,/meu peito é puro deserto./Subo mon-
te, desço monte.//Eu ando sozinha/ao longo da noi-
� Para isolar o termo latino sic (que significa “assim”),
a fim de indicar que, por mais estranho ou errado te./Mas a estrela é minha.” Cecília Meireles
que pareça, o texto original é assim mesmo: � Na escrita abreviada, para indicar que a palavra
Ex.: “Era peior [sic] do que fazer-me esbirro aluga- não foi escrita na sua totalidade:
do.” (Machado de Assis) Ex.: a/c = aos cuidados de;
s/ = sem
� Para indicar os sons da fala, quando se estuda
Fonologia: � Para separar o numerador do denominador nos
Ex.: mel: [mɛw]; nem: [bẽy] números fracionários, substituindo a barra da
� Para suprimir parte de um texto (assim como fração:
parênteses) Ex.: 1/3 = um terço
Ex.: Na hora em que entrou no quarto [...] e depois � Nas datas:
desceu as escadas apressadamente. Ex.: 31/03/1983
Na hora em que entrou no quarto (...) e depois des-
ceu as escadas apressadamente. (caso não preferí- � Nos números de telefone:
vel segundo as normas da ABNT) Ex.: 225 03 50/51/52

Asterisco � Nos endereços:


Ex.: Rua do Limoeiro, 165/232
� É colocado à direita e no canto superior de uma � Na indicação de dois anos consecutivos:
palavra do trecho para se fazer uma citação ou Ex.: O evento de 2012/2013 foi um sucesso.
comentário qualquer sobre o termo em uma nota
de rodapé: � Para indicar fonemas, ou seja, os sons da língua:
Ex.: A palavra tristeza é formada pelo adjetivo Ex.: /s/
triste acrescido do sufixo -eza*.
*-eza é um sufixo nominal justaposto a um adjeti- Embora não existam regras muito definidas sobre
vo, o que origina um novo substantivo. a existência de espaços antes e depois da barra oblí-
� Quando repetido três vezes, indica uma omissão qua, privilegia-se o seu uso sem espaços: plural/singu-
ou lacuna em um texto, principalmente em substi- lar, masculino/feminino, sinônimo/antônimo.
tuição a um substantivo próprio:
Ex.: O menor *** foi apreendido e depois encami- Identificação e Função do Parágrafo
nhado aos responsáveis.
Um parágrafo é o conjunto de um ou mais períodos
� Quando colocado antes e no alto da palavra, repre-
senta o vocábulo como uma forma hipotética, isto cujas orações se prendem pelo mesmo grupo de ideias
é, cuja existência é provável, mas não comprovada: e centro de interesse. Assim, um parágrafo é uma uni-
Ex.: Parecer, do latim *parescere. dade de sentido, inserida num todo textual coeso.
Como identificar um parágrafo? A primeira linha
� Antes de uma frase para indicar que ela é agrama- do parágrafo é iniciada um pouco à frente da margem
tical, ou seja, uma frase que não respeita as regras
esquerda da folha, ponto onde se iniciam as restantes
da gramática:
linhas do parágrafo.
* Edifício elaborou projeto o engenheiro.
Exemplos de parágrafos:
Uso da Barra Meu dia começou como habitualmente. Acor-
dei, troquei de roupa, tomei o café da manhã e fui
A barra oblíqua [ / ] é um sinal gráfico usado: trabalhar.
Chegando ao trabalho, algo inesperado aconteceu:
� Para indicar disjunção e exclusão, podendo ser o escritório estava alagado. Todos os funcionários
substituída pela conjunção “ou”: foram dispensados, porque não havia condições para
138 Ex.: Poderemos optar por: carne/peixe/dieta. que fizéssemos nosso trabalho.
DEMAIS E DE MAIS AO ENCONTRO DE / DE ENCONTRO A

Demais Ao encontro de
Advérbio de intensidade. Assume também a fun-
Significa “ser favorável a” e “aproximar-se de”.
ção de pronome indefinido.
Ex.: A opinião dos estudantes ia ao encontro das
Ex.: Gritamos demais no jogo, por isso estamos
nossas. (sentido de “corresponder”)
roucos. (advérbio)
Ele foi ao encontro dos amigos. (sentido de
Eu amo essa cantora, ela é demais! (advérbio)
“encontrar-se com”)
Sabemos o motivo principal, os demais não foram
divulgados. (pronome indefinido) De encontro a
De mais
Indica “oposição”, “confronto”, “colisão”.
Locução adjetiva que manifesta quantidade. Para Ex.: A sua maneira de agir veio de encontro à
diferenciá-la de “demais”, basta trocar pelo antônimo, minha. (sentido de “confronto”)
“de menos”; se der certo, escreve-se “de mais”. O caminhão foi de encontro ao poste. (sentido de
Ex.: Essa sobremesa tem açúcar de mais para o “colisão”)
meu paladar. O que ele fez foi de encontro ao que havia dito.
Preparei comida de mais, vou precisar congelar. (sentido de oposição”)
É só uma injeção, não tem nada de mais.
SENÃO / SE NÃO
A CERCA DE / ACERCA DE / HÁ CERCA DE
Senão
A cerca de
Significa “do contrário, caso contrário”, “mas sim,
Quando se referir a algo ou alguém, com ideia de
mas”, “a não ser, exceto, mais do que”, “mas também”,
quantidade aproximada.
“falha, defeito, obstáculo (como substantivo)”.
Ex.: Ele falou a cerca de mil ouvintes.
Ex.: Saio cedo, senão chego atrasado.
Acerca de Não era diamante nem rubi, senão cristal.
Ninguém, senão os convidados, podia entrar na festa.
Equivale a “sobre”, “a respeito de”, “em relação a”. O aprendizado não depende somente do professor,
Ex.: O professou dissertou acerca dos progressos senão do esforço do aluno.
científicos. Não encontrei um senão em seu texto. (substanti-
vo com sentido de “falha”)
Há cerca de
Se não
Quando se trata de uma média de tempo passado.
Ex.: Há cerca de trinta dias, foi feita essa proposta.
Formado de uma conjunção condicional se e do
advérbio de negação não, tem valor de “caso não”,
Dica “quando não”.
Para evitar redundância, não se deve usar o “há Ex.: Se não fizer sol, não lavarei roupas.
Havia duas pessoas interessadas, se não três.
cerca de” com outro termo que dê ideia de pas-
sado numa mesma sentença.
Para não errar mais:
Ex.: Há cerca de trinta dias atrás. (inadequado)
Se não (separado): Caso não
Há cerca de trinta dias. (adequado) Ex.: Se não estudar, será reprovado.
SEÇÃO / SESSÃO / CESSÃO Senão (junto): Caso contrário
Ex.: Estude, senão será reprovado.
Seção
HÁ / A (EXPRESSÃO DE TEMPO)
Tem sentido de “parte”, “divisão”, “segmento”.
Ex.: A seção onde trabalho é muito requisitada. Há

Sessão Usa-se para espaço de tempo referente ao passado.


Ex.: Ela saiu de casa há duas horas.
Tem sentido de “reunião”, “encontro”, “espaço de
Saiba que o verbo há pode ser substituído também
PORTUGUÊS

tempo”.
por faz, sendo invariável, sempre no singular.
Ex.: Os ingressos para a sessão de estreia estão
Ex.: Ela saiu de casa faz meia hora. / Ela saiu de
disponíveis.
casa faz duas horas.
Cessão
A
Tem sentido de “ceder”, “repartir”.
Ex.: O governo autorizou a cessão de livros para Usa-se para espaço de tempo referente ao futuro.
as escolas. Ex.: Ele chegará daqui a duas horas. 139
EM VEZ DE / AO INVÉS DE Para não errar mais, faça a seguinte operação sem-
pre que em dúvida: Mal é antônimo de Bem / Mau é
Em vez de
antônimo de Bom.
Significa “substituição”, “troca”.
Ex.: Em vez de estudar, ficou brincando com os
amigos.
MORFOLOGIA
Ao invés de
ESTRUTURA E FORMAÇÃO DAS PALAVRAS E
Indica “algo inverso”, “oposição”.
CLASSES DE PALAVRAS
Ex.: Ao invés de ligar o som, desligou-o.

TRAZ / TRÁS / ATRÁS No dia a dia, usamos unidades comunicativas


para estabelecer diálogos e contatos, formando enun-
Traz ciados. Essas unidades comunicativas chamamos de
palavras. Elas surgem da necessidade de comunica-
Do verbo “trazer”, conjugado na terceira pessoa do ção e os processos de formação para sua construção
singular. são conhecidos da nossa competência linguística, pois
Ex.: Ele sempre me traz flores quando vem me ver. como falantes da língua, ainda que não saibamos o
significado de antever, podemos inferir que esse ter-
Trás mo tem relação com o ato de ver antecipadamente,
dado o uso do prefixo diante do verbo ver.
Significa “na parte posterior” e é sempre precedi- Reconhecer os processos que auxiliam na formação
do de preposição. de novas palavras é essencial para o estudante da língua.
Ex.: Ele estava por trás disso tudo desde o começo. Esse assunto, como dissemos, já é reconhecido pelo nos-
Ande mais depressa, senão ficará pra trás. so cérebro, que identifica os prefixos, sufixos e palavras
novas que podem ser criadas a partir da estrutura da
Atrás
língua; não é à toa que, muitas vezes, somos surpreendi-
Advérbio de lugar. dos com o uso inédito de algum termo.
Ex.: O ponto de ônibus fica atrás do shopping. Porém, precisamos ter consciência de que nem todo
contexto é apropriado para o uso de novas estruturas
Dica vocabulares; por isso, neste capítulo, iremos estudar os
processos de formação de palavras e as consequências
Na frase “Ele estava atrás de mim quando tudo dessas novas constituições, focando nesse conteúdo;
aconteceu”, o advérbio atrás pode apresentar sempre cobrado pelas bancas mais exigentes.
dois significados: no sentido literal, “estar atrás”
é localizar-se atrás de alguém, mas o “estar ESTRUTURA DAS PALAVRAS
atrás” também apresenta um sentido figurado
Radical e Morfema Lexical
de “estar buscando” ou “procurando”.

MAL / MAU As palavras são formadas por estruturas que, uni-


das, podem se modificar e criar novos sentidos em
Mal contextos diversos. Os morfemas são as menores uni-
dades gramaticais com sentido da língua. Para iden-
Conjunção ou substantivo. Como substantivo, tificá-los é preciso notar que uma palavra é formada
refere-se a uma desgraça, calamidade, dano, doença, por pequenas estruturas. Para isso, podemos imaginar
enfermidade, pesar, aflição, sofrimento, defeito, pro- que uma palavra é uma peça de um quebra-cabeça
blema, maldade. O substantivo mal forma o plural no qual podemos juntar outra peça para formar uma
males. Como conjunção subordinativa temporal, estrutura maior; porém, se você já montou um que-
tem sentido de “assim que” e “logo que”. bra-cabeça, deve se lembrar que não podemos unir as
Ex.: Todos sabem que essa personagem é do mal. peças arbitrariamente, é preciso buscar aquelas que
(substantivo) se encaixam.
Não temos como fugir dos males do mundo. Assim, como falantes da língua, reconhecemos
(substantivo) essas estruturas morfológicas e os seus sentidos, pois, a
Mal ele chegou, ela saiu da sala. (conjunção) todo momento estamos aptos a criar novas palavras a
Mal você possa, venha falar comigo. (conjunção) partir das regras que o sistema linguístico nos oferece.
Tornou-se comum, sobretudo nas redes sociais, o
Mau surgimento de novos vocábulos a partir de “peças”
existentes na língua, algumas misturando termos de
Adjetivo. Indica alguém ou alguma coisa que: faz outras línguas com morfemas da língua portuguesa
maldades, não é de boa qualidade, faz grosserias, traz para a formação de novas palavras, como: bloguei-
infortúnio, não tem competência, é pouco produtivo, ro (blogger), deletar (delete); já algumas palavras
é inconveniente e impróprio, é contrário aos bons cos- ganham novos morfemas e, consequentemente, novas
tumes, é travesso e desobediente. acepções nas redes socias como, por exemplo, biscoi-
Ex.: Que chato! Sempre de mau humor! teiro, termo usado para se referir a pessoas que bus-
Ele seguiu por maus caminhos. cam receber elogios nesse ambiente.
Desculpa o mau jeito! Eu estava nervoso! As peças do quebra-cabeças que formam as palavras
140 Você está fazendo mau uso desse equipamento. da língua portuguesa possuem os seguintes nomes:
Radical, Desinência, Vogal Temática, Afixos, o valor semântico que cada um deles estabelece na
Consoantes e Vogais de Ligação língua, como os sufixos -eiro e -ista que são usados,
comumente, para criar uma relação com o ambiente
O radical, também chamado de semantema, é o profissional de alguma área, como: padeiro, costureiro,
núcleo da palavra, pois é o detentor do sentido ao qual blogueiro, dentista, escafandrista, equilibrista etc.
se anexam os demais morfemas, criando as palavras Os sufixos costumam mudar mais a classes das
derivadas. Devido a essa importante característica, o palavras. Já os prefixos modificam mais o sentido dos
radical é também conhecido como morfema lexical, vocábulos.
pois se trata da significação própria dos vocábulos,
designando a sua natureza lexical, ou seja, o seu senti-
Desinências ou Morfemas Flexionais
do propriamente dito.
Alguns exemplos de radicais:
Os morfemas flexionais, mais conhecidos como
desinências, são os mais estudados na língua portu-
Ex.: pastel – pastelaria – pasteleiro;
guesa, pois são esses os morfemas que organizam as
pedra – pedreiro - pedregulho;
estruturas no singular e no plural, os verbos em tem-
Terra – aterrado – enterrado - terreiro.
pos e conjugações e as relações de gênero em femini-
no e masculino.
Para facilitar a compreensão, podemos dividir os
IMPORTANTE!
morfemas flexionais em:
Palavras da mesma família etimológica, ou seja,
que apresentam o mesmo radical e guardam o z Aditivos: Adiciona-se ao morfema lexical. Ex.: pro-
mesmo valor semântico no radical, são conheci- fessor/professora; livro/livros.
das como cognatas.
� Subtrativos: Elimina-se um elemento do morfema
lexical. Ex.: Irmão/irmã; Órfão/órfã.
Afixos ou Morfemas Derivacionais z Nulos: Quando a ausência de uma letra indica
uma flexão. Ex.: o singular dos substantivos é mar-
A partir dos morfemas lexicais, a língua ganha outras cado por essa ausência, como em: mesa (0)1 /mesas
formas e sentidos pelos morfemas derivacionais, que
são assim chamados pois auxiliam no processo de cria- Não confunda:
ção de palavras a partir da derivação, ou seja, a inclusão Morfema derivacional: afixos (prefixos e sufixos);
de prefixos e sufixos no radical dos vocábulos. Morfema flexional: aditivos, subtrativos, nulos;
Vale notar que algumas bancas denominam os afi- Morfema lexical: radical;
xos de infixos. Morfema gramatical: significado interno à estrutu-
São morfemas derivacionais os afixos, estruturas
ra gramatical, como artigos, preposições, conjunções
morfológicas que se anexam ao radical das palavras e
etc.
auxiliam o processo de formação de novos vocábulos.
Os afixos da língua portuguesa são de duas categorias:
Vogais Temáticas
z Prefixos: afixos que são anexados na parte ante-
A vogal temática liga o radical a uma desinência,
rior do radical.
que estabelece o modo e o tempo da conjugação ver-
bal, no caso de verbos, e, nos substantivos, junta-se ao
Exs.:
radical para a união de outras desinências.
In: infeliz.
Anti: antipatia
Pós: posterior Ex.: Amar e Amor.
Bi: bisavô
Contra: contradizer Nos verbos, a vogal temática marca ainda a conju-
gação verbal, indicando se o verbo pertence à 1º, 2º ou
z Sufixos: afixos que são anexados na parte poste- 3º conjugação:
rior do radical.
Exs.:
Exs.: Amar – 1º conjugação;
mente: Felizmente. Comer – 2º conjugação;
dada: Lealdade Partir – 3º conjugação.
eiro: Blogueiro
ista: Dentista É importante não se confundir: a vogal temática
gudo: Narigudo não existe em palavras que apresentam flexão de
gênero. Logo, as palavras gato/gato possuem uma
PORTUGUÊS

É importante destacar que essa pequena amostra, desinência e não uma vogal temática!
listando alguns sufixos e prefixos da língua portugue- Caso a dúvida persista, faça esse exercício: Igreja
sa, é meramente ilustrativa e serve apenas para que (essa palavra existe); “Igrejo” (essa palavra não exis-
você tenha consciência do quão rico é o processo de te), então o -a de igreja é uma vogal temática que irá
formação de palavras por afixos. ligar o vocábulo a desinências, como -inha, -s.
Além disso, não é interessante que você decore esses Note que as palavras terminadas em vogais tônicas
morfemas derivacionais, mas que você compreenda não apresentam vogais temática: Ex.: cajá, Pelé, bobó.
1  O morfema flexional nulo é mais conhecido como morfema zero nas gramáticas; sua marcação é feita com a presença do numeral 0 (zero). 141
Tema z Parassintética ou parassíntese;
z Regressiva;
O tema é a união do radical com a vogal temática. z Imprópria ou conversão.
A partir do exposto no tópico sobre vogal temática,
esperamos ter deixado claro que nem toda palavra irá A seguir, iremos estudar a diferença entre cada uma
apresentar vogal temática; dessa forma, as palavras dessas classes e identificar as peculiaridades de cada uma.
que não apresentem vogal temática também não irão
possuir tema. Derivação Prefixal
Exs.:
Vendesse – tema: vende; Como o próprio nome indica, as palavras forma-
Mares – tema: mare. das por derivação prefixal são formadas pelo acrésci-
mo de um prefixo à estrutura primitiva, como:
Vogais e Consoantes de Ligação Pré-vestibular; disposição; deslealdade; super-ho-
mem; infeliz; refazer.
As consoantes e vogais de ligação têm uma função Pré-vestibular: prefixo pré-;
eufônica, ou seja, servem para facilitar a pronúncia de Disposição: prefixo dis-;
palavras. Essa é a principal diferença entre as vogais Deslealdade: prefixo des-;
de ligação e as vogais temáticas, estas unem desinên- Super-homem: prefixo super;
cias, aquelas facilitam a pronúncia. Infeliz: prefixo in-;
Refazer: prefixo re-.
Exs.:
Gas - ô - metro; Derivação Sufixal
Alv - i - negro;
Tecn - o - cracia; De maneira comparativa, podemos afirmar que
Pe - z - inho; a formação de palavras por derivação sufixal refere-
Cafe - t- eira; -se ao acréscimo de um sufixo à estrutura primitiva,
Pau - l - ada; como em:
Cha - l - eira;
Lealdade; francesa; belíssimo; inquietude; sofri-
Inset - i - cida;
mento; harmonizar; gentileza; lotação; assessoria.
Pobre - t- ão;
Paris - i - ense; Lealdade: sufixo -dade;
Gira - s - sol; Francesa: sufixo -esa;
Legal - i - dade. Belíssimo: sufixo -íssimo;
Inquietude: sufixo -tude;
PROCESSO DE FORMAÇÃO DAS PALAVRAS Sofrimento: sufixo -mento;
Harmonizar: sufixo -izar;
A partir do conhecimento dos morfemas que auxi- Gentileza: sufixo -eza;
liam o processo de ampliação das palavras da língua, Lotação: sufixo -ção;
podemos iniciar o estudo sobre os processos de for- Assessoria: sufixo -ria.
mação de palavras.
As palavras na língua portuguesa são criadas a Derivação Prefixal e Sufixal
partir de dois processos básicos que apresentam clas-
ses específicas. O quadro a seguir organiza bem os Nesse caso, juntam-se à palavra primitiva tanto
processos de formação de palavras: um sufixo quanto um prefixo; vejamos alguns casos:
Inquietude (prefiro in- com sufixo -tude); infeliz-
mente (prefixo in- com sufixo -mente); ultrapassagem
FORMAÇÃO DE PALAVRAS
(prefixo ultra- com sufixo -agem); reconsideração
DERIVAÇÃO COMPOSIÇÃO (prefixo -re com sufixo -ção).
� Prefixal � Justaposição
� sufixal � Aglutinação Derivação Parassintética
� Prefixal e sufixal
� Parassintética Na derivação parassintética, um acréscimo simul-
� Regressiva tâneo de afixos, prefixos e sufixos é realizado a uma
� Imprópria ou conversão estrutura primitiva. É importante não confundir, con-
tudo, com o processo de derivação por sufixação e
Como é possível notar, os dois processos de formação prefixação. Veja:
de palavras são a derivação e a composição. As pala- Se, ao retirar os afixos, a palavra perder o senti-
vras formadas por processos derivativos apresentam do, como em “emagrecer” (sem um dos afixos: “ema-
mais classes a serem estudas. Vamos conhecê-las agora! gro-” não existe), basta fazer o seguinte exercício para
estabelecer por qual processo a palavra foi formada:
PROCESSOS DE DERIVAÇÃO retirar o prefixo ou o sufixo da palavra em que paira
dúvida. Caso a palavra que restou exista, estaremos
As palavras formadas por processos de derivação diante de um processo por derivação sufixal e prefi-
são classificadas a partir de seis categorias: xal; caso contrário, a palavra terá sido formada por
derivação parassintética.
z Prefixal ou prefixação;
z Sufixal ou sufixação; Ex.: Entristecer, desalmado, espairecer, desgelar,
142 z Prefixal e sufixal; entediar etc.
Derivação Regressiva Além dos radicais e prefixos gregos, as palavras da
língua portuguesa também se aglutinam a radicais e
Já na derivação regressiva, a nova palavra será prefixos latinos.
formada pela subtração de um elemento da estrutura
primitiva da palavra. Vejamos alguns exemplos:
Almoço (almoçar); RADICAIS E PREFIXO LATINOS
Ataque (atacar);
RADICAL/PREFIXO SENTIDO EXEMPLO
Amasso (amassar).
A derivação regressiva, geralmente, forma substanti- Arbori Árvore Arborizar
vos abstratos derivados de verbos. É possível que alguns
autores reconheçam esse processo como redução. Beli Guerra Belicoso

Cida Que mata Homicida


Derivação Imprópria
Des- dis Separação Discordar
A derivação imprópria, a partir de seu processo de
formação de palavras, provoca a conversão de uma Equi Igual Equivalente
classe gramatical, que pode passar de verbo a subs-
Ex- Para fora Exonerar
tantivo, por exemplo.
A seguir, apresentamos alguns processos de con- Fide Fé Fidelidade
versão das palavras por derivação imprópria:
Mater Mãe Materno
z Particípio do verbo - substantivo: Teria passado
- O passado; Processos de Composição
z Verbos - substantivos: Almoçar - O almoço;
z Substantivos - adjetivos: o gato - mulher gato; As palavras formadas por processos de composi-
z Substantivos comuns - substantivos próprios: ção podem ser classificadas em duas categorias: justa-
leão - Nara Leão; posição e aglutinação.
z Substantivos próprios - comuns: Gillete - gilete; As palavras formadas por qualquer um desses pro-
Judas - ele é o judas do programa. cessos estabelecem um sentido novo na língua, uma
vez que nesse processo há a junção de duas palavras
Sufixos e formação de palavras: Alguns sufixos que já existem para a formação de um novo termo,
são mais comuns no processo de formação de deter- com um novo sentido.
minadas classes gramaticais, vejamos:
z Composição por justaposição: nesse processo,
z Sufixos nominais: originam substantivos, adjeti- as palavras envolvidas conservam sua autonomia
vos. Ex.: -dor, -ada, -eiro, -oso, -ão, -aço. morfológica, permanecendo a tonicidade original
z Sufixos verbais: originam verbos. Ex.: -ear, -ecer, de cada palavra. Ex.: pé de moleque, dia a dia, faz
-izar, -ar. de conta, navio-escola, malmequer.
z Sufixos adverbiais: originam advérbios. Ex.:
-mente. z Composição por aglutinação: na formação de
palavras por aglutinação, há mudanças na toni-
LISTA DE RADICAIS E PREFIXOS cidade dos termos envolvidos, que passam a ser
subordinados a uma única tonicidade. Ex.: petró-
Apresentamos alguns radicais e prefixos na lista a leo (petra + óleo); aguardente (água + ardente);
seguir que podem auxiliar na compreensão do proces- vinagre (vinho + agre); você (vossa + mercê).
so de formação de palavras. Novamente, alertamos que
essa lista não deve ser encarada como uma “tabuada” a Palavras Compostas e Derivadas
ser decorada, mas como um método para apreender o
sentido de alguns desses radicais e prefixos. Agora que já conhecemos os processos de forma-
ção de palavras, precisamos identificar as palavras
que são compostas e as palavras que são derivadas.
RADICAIS E PREFIXOS GREGOS
RADICAL/ z São compostas: planalto, couve-flor, aguardente etc.
SENTIDO EXEMPLO
PREFIXO
z São derivadas: pedreiro, floricultura, pedal etc.
Acro Alto Acrofobia/acrobata
Agro Campo Agropecuária Palavras derivadas são aquelas formadas a partir
de palavras primitivas, ou seja, a partir de palavras
Algia Dor Nevralgia
que detêm a raiz com sentido lexical independente.
PORTUGUÊS

Bio Vida Biologia São palavras primitivas: porta, livro, pedra etc.
Biblio Livro Biblioteca A partir das palavras primitivas, o falante pode
anexar afixos (sufixos e prefixos), formando as pala-
Crono Tempo Cronologia
vras derivadas, assim chamadas pois derivam de um
Caco Mau cacofonia dos seis processos derivacionais.
Cali Belo Caligrafia Já as palavras compostas guardam a independên-
cia semântica e ortográfica, unindo-se a outras pala-
Dromo Local Autódromo
vras para a formação de um novo sentido. 143
USO DO HÍFEN CONFORME O NOVO ACORDO CLASSES DE PALAVRAS
ORTOGRÁFICO
INTRODUÇÃO
O hífen é um sinal diacrítico cujo uso foi reformu-
lado com a reforma ortográfica da língua que entrou A palavra morfologia refere-se ao estudo das for-
em vigor em 2009 no Brasil. mas; por isso, o termo é utilizado por linguistas e tam-
A reforma uniformizou o uso do hífen em muitos bém por médicos, que estudam as formas dos órgãos
contextos, o que podemos ver como uma facilitação e suas funções.
do aprendizado de quando usá-lo ou não. Analogamente, para compreender bem as funções
A regra básica para o aprendizado do uso do hífen, de uma forma, seja ela uma palavra, seja um órgão,
conforme o novo acordo ortográfico, é esta: precisamos conhecer como essa forma se classifica e
como se organiza.
z Palavras com final em vogais iguais: Usa-se hífen. Por isso, em língua portuguesa, estudamos as
Ex.: micro-ondas, anti-inflamatório. formas das palavras na morfologia, que organiza as
classes das palavras em dez categorias. A seguir, estu-
Porém, é preciso ficar atento às exceções a essa daremos detalhadamente cada uma delas e também
regra geral. Por isso, iremos apresentar alguns exem- veremos um “bônus” para seus estudos: as palavras
plos para organizar o uso desse diacrítico e facilitar denotativas, atualmente, muito cobradas por bancas
seu aprendizado.
exigentes.
z Exceções: os prefixos Pre, Pro, Co, Re não serão
ARTIGOS
unidos por hífen quando o segundo termo apre-
sentar vogal, seja igual seja diferente. Ex.: coo-
Os artigos devem concordar em gênero e número
rientador, coautor, preenchimento, reeleição,
reeducação, preestabelecer. com os substantivos. São, por isso, considerados deter-
minantes dos substantivos.
z Nos prefixos Sub, Hiper, Inter, Super, o hífen Essa classe está dividida em artigos definidos e
deve permanecer caso a palavra seguinte seja ini- artigos indefinidos. Os definidos funcionam como
ciada pelas consoantes H ou R. Ex.: sub-hepático, determinantes objetivos, individualizando a palavra,
hiper-requintado, inter-racial, super-racional. já os indefinidos funcionam como determinantes
z Hífen com os dígrafos RR e SS: o hífen não é mais imprecisos.
utilizado em palavras formadas de prefixo termi- O artigo definido — o — e o artigo indefinido —
nado em vogal seguido de palavra iniciada por R um —variam em gênero e número, tornando-se “os,
ou S. Ex.: antessala, autorretrato, contrarregra, a, as”, para os definidos, e “uns, uma, umas”, para os
antirrugas etc. indefinidos. Assim, temos:
z É importante esclarecer que em prefixos termina-
z Artigos definidos: o, os; a, as;
dos em vogais, aplicados a palavras cuja primei-
z Artigos indefinidos: um, uns; uma, umas.
ra letra seja H, o hífen permanece. Ex.: anti-herói;
anti-higiênico; extra-humano; semi-herbáceo.
Os artigos podem ser combinados às preposições.
z Já os prefixos Pré, Pró, Pós (quando acentuados), São as chamadas contrações. Algumas contrações
Ex, Vice, Soto, Além, Aquem, Recém, Sem devem comuns na língua são:
ser empregados sempre com hífen. Ex.: pré-natal;
pró-democrata; pós-graduação; ex-prefeito; vice- z em + a = na;
-governador; soto-mestre; além-mar; aquém-ocea- z a + o = ao;
no; recém-nascido; sem-teto. z a + a = à;
z Palavras formadas por Circum e Pan, adicionadas z de + a = da.
a palavras iniciadas por vogal, H, M ou N, usam
hífen. Ex.: circum-navegação; pan-americano. Dica
z Também devemos empregar hífen em palavras Toda palavra determinada por um artigo torna-se
formadas pelos sufixos de origem tupi-guara- um substantivo. Ex.: o não, o porquê, o cuidar etc.
ni, como Açu, Guaçu, Mirim. Ex.: amoré-guaçu;
capim-açu. NUMERAIS

Dica São palavras que se relacionam diretamente ao


substantivo, inferindo ideia de quantidade ou posi-
A reforma ortográfica de 2009 eliminou o hífen
ção. Os numerais podem ser:
das palavras compostas por justaposição com
um termo de ligação. Assim, palavras como Pé
z Cardinais: Indicam quantidade em si. Ex.: Dois
de moleque, que antes contavam com o hífen, potes de sorvete; zero coisas a comprar; ambos os
agora já não utilizam mais. Porém, não foram meninos eram bons em português;
todas as palavras justapostas que foram atin- z Ordinais: Indicam a ordem de sucessão de uma
gidas pela reforma; palavras justapostas que série. Ex.: Foi o segundo colocado do concurso; che-
designam plantas ou bichos ainda são escritas gou em último/penúltimo/antepenúltimo lugar;
com hífen. Ex.: Cana-de-açúcar; pimenta-do-rei- z Multiplicativos: Indicam o número de vezes pelo
no; castanha-do-Pará; João-de-barro; bem-te-vi; qual determinada quantidade é multiplicada. Ex.:
144 porco-da-Índia. Ele ganha o triplo no novo emprego;
z Fracionários: Indicam frações, divisões ou dimi- z Composto: Formados pelo processo de justaposi-
nuições proporcionais em quantidade. Ex.: Tomou ção. Ex.: couve-flor, aguardente;
um terço de vinho; o copo estava meio cheio; ele z Primitivo: Possibilitam a formação de um novo
recebeu metade do pagamento. substantivo. Ex.: pedra, dente;
z Derivado: Formados a partir dos derivados. Ex.:
Podemos encontrar ainda os numerais coletivos, pedreiro, dentista;
isto é, designam um conjunto, porém expressam uma z Concreto: Designam seres com independência
quantidade exata de seres/conceitos. Veja: ontológica, ou seja, um ser que existe por si, inde-
Dúzia: conjunto de doze unidades; pendentemente de sua conotação espiritual ou
Novena: período de nove dias; real. Ex.: Maria, gato, Deus, fada, carro;
Década: período de dez anos; z Abstrato: Indicam estado, sentimento, ação, qua-
Século: período de cem anos; lidade. Os substantivos abstratos existem apenas
Bimestre: período de dois meses.
em função de outros seres. A feiura, por exemplo,
depende de uma pessoa, um substantivo concreto
Um: numeral ou artigo?
a quem esteja associada. Ex.: chute, amor, cora-
gem, liberalismo, feiura;
A forma um pode assumir na língua a função de
z Comum: Designam todos os seres de uma espécie.
artigo indefinido ou de numeral cardinal; então, como
Ex.: homem, cidade;
podemos reconhecer cada função? É preciso observar
o contexto em uso. Observe: z Próprio: Designam uma determinada espécie. Ex.:
Pedro, Fortaleza;
z Durante a votação, houve um deputado que se z Coletivo: Usados no singular, designam um conjun-
posicionou contra o projeto. to de uma mesma espécie. Ex: pinacoteca, manada.
z Durante a votação, apenas um deputado se posi-
cionou contra o projeto. É importante destacar que a classificação de um
substantivo depende do contexto em que ele está inse-
Na primeira frase, podemos substituir o termo um rido. Vejamos:
por uma, realizando as devidas alterações sintáticas, e Judas foi um apóstolo. (Judas como nome de uma
o sentido será mantido, pois o que se pretende defen- pessoa = Próprio);
der é que a espécie do indivíduo que se posicionou O amigo mostrou-se um judas (judas significando
contra o projeto é um deputado e não uma deputada, traidor = comum).
por exemplo.
Já na segunda oração, a alteração do gênero não Flexão de Gênero
implicaria em mudanças no sentido, pois o que se
pretende indicar é que o projeto foi rejeitado por UM Os gêneros do substantivo são masculino e
deputado, marcando a quantidade. feminino.
Outra forma de notarmos a diferença é ficarmos Porém, alguns deles admitem apenas uma forma
atentos com a aparição das expressões adverbiais, o para os dois gêneros. São, por isso, chamados de uni-
que sempre fará com que a palavra “um” seja numeral. formes. Os substantivos uniformes podem ser:

Ainda sobre os numerais, atente-se às dicas a seguir: z Comuns-de-dois-gêneros: Designam seres huma-
nos e sua diferença é marcada pelo artigo. Ex.: O
z Sobre o numeral milhão/milhares, é importante pianista / a pianista; O gerente / a gerente; O clien-
destacar que sua forma é masculina. Logo, a con- te / a cliente; O líder / a líder;
cordância com palavras femininas é inaceitável
z Epicenos: Designam geralmente animais que
pela gramática.
apresentam distinção entre masculino e feminino,
mas a diferença é marcada pelo uso do adjetivo
Errado: As milhares de vacinas chegaram hoje.
macho ou fêmea. Ex.: cobra macho / cobra fêmea;
Correto: Os milhares de vacina chegaram hoje.
onça macho / onça fêmea; gambá macho / gambá
fêmea; girafa macho / girafa fêmea;
z A forma 14 por extenso apresenta duas formas
aceitas pela norma gramatical: catorze e quatorze. z Sobrecomuns: Designam seres de forma geral e
não são distinguidos por artigo ou adjetivo; o gêne-
SUBSTANTIVOS ro pode ser reconhecido apenas pelo contexto. Ex.:
A criança; O monstro; A testemunha; O indivíduo.
Os substantivos classificam os seres em geral. Uma
característica básica dessa classe é admitir um deter- Já os substantivos biformes designam os substan-
minante — artigo, pronome etc. Os substantivos fle- tivos que apresentam duas formas para os gêneros
xionam-se em gênero, número e grau. masculino ou feminino. Ex.: professor/professora.
PORTUGUÊS

Destacamos que alguns substantivos apresentam


Tipos de Substantivos formas diferentes nas terminações para designar for-
mas diferentes no masculino e no feminino:
A classificação dos substantivos admite nove tipos Ex.: Ator/atriz; Ateu/ ateia; Réu/ré.
diferentes. São eles: Outros substantivos modificam o radical para
designar formas diferentes no masculino e no femini-
z Simples: Formados a partir de um único radical. no. Estes são chamados de substantivos heteroformes:
Ex.: vento, escola; Ex.: Pai/mãe; Boi/vaca; Genro/nora. 145
Gênero e Significação z Variam os dois elementos:

Alguns substantivos uniformes podem aparecer Substantivo + substantivo. Ex.: mestre-sala / mes-
com marcação de gênero diferente, ocasionando uma tres -salas;
modificação no sentido. Veja, por exemplo: Substantivo + adjetivo. Ex.: guarda-noturno / guar-
das -noturnos;
z A testemunha: Pessoa que presenciou um crime; Adjetivo + substantivo. Ex.: boas-vindas;
z O testemunho: Relato de experiência, associado a Numeral + substantivo. Ex.: terça-feira / terças
religiões. -feiras.

Algumas formas substantivas mantêm o radical e z Varia apenas um elemento:


a pequena alteração no gênero do artigo interfere no
significado: Substantivo + preposição + substantivo. Ex.:
canas-de-açúcar;
z O cabeça: chefe / a cabeça: membro o corpo; Substantivo + substantivo com função adjetiva.
Ex.: navios-escola;
z O moral: ânimo / a moral: costumes sociais;
Palavra invariável + palavra invariável. Ex.:
z O rádio: aparelho / a rádio: estação de transmissão.
abaixo-assinados;
Verbo + substantivo. Ex.: guarda-roupas;
Além disso, algumas palavras na língua causam Redução + substantivo. Ex.: bel-prazeres;
dificuldade na identificação do gênero, pois são usa- Destacamos, ainda, que os substantivos compostos
das em contextos informais com gêneros diferentes. formados por
Alguns exemplos são: a alface; a cal; a derme; a libido; verbo + advérbio
a gênese; a omoplata / o guaraná; o formicida; o tele- verbo + substantivo plural
fonema; o trema. ficam invariáveis. Ex.: Os bota-fora; os saca-rolha.
Algumas formas que não apresentam, necessaria-
mente, relação com o gênero, são admitidas tanto no Variação de Grau
masculino quanto no feminino: O personagem / a per-
sonagem; O laringe / a laringe; O xerox / a xerox. A flexão de grau dos substantivos exprime a varia-
ção de tamanho dos seres, indicando um aumento ou
Flexão de Número uma diminuição.

Os substantivos flexionam-se em número, de manei- z Grau aumentativo: Quando o acréscimo de sufixos


ra geral, pelo acréscimo do morfema -s. Ex.: Casa / casas. aos substantivos indicar um aumento de tamanho.
Porém, podem apresentar outras terminações:
Ex.: bocarra, homenzarrão, gatarrão, cabeçorra,
males, reais, animais, projéteis etc.
fogaréu, boqueirão, poetastro;
Geralmente, devemos acrescentar -es ao singular
das formas terminadas em R ou Z, como: flor / flores;
z Grau diminutivo: Exprime, ao contrário do
paz / pazes. Porém, há exceções, como a palavra mal, aumentativo, a diminuição do tamanho/proporção
terminada em L e que tem como plural “males”. do ser.
Já os substantivos terminados em AL, EL, OL, UL
fazem plural trocando-se o L final por -is. Ex.: coral / Ex.: fontinha, lobacho, casebre, vilarejo, saleta,
corais; papel / papéis; anzol / anzóis. pequenina, papelucho.
Entretanto, também há exceções. Ex.: a forma mel
apresenta duas formas de plural aceitas: meles e méis. Dica
Geralmente, as palavras terminadas em -ão fazem
plural com o acréscimo do -s ou pelo acréscimo de -es. O emprego do grau aumentativo ou diminutivo
Ex.: capelães, capitães, escrivães. dos substantivos pode alterar o sentido das pala-
Contudo, há substantivos que admitem até três vras, podendo assumir um valor:
formas de plural, como os seguintes: Afetivo: filhinha / mãezona;
Pejorativo: mulherzinha / porcalhão.
z Ermitão: ermitãos, ermitões, ermitães;
O Novo Acordo Ortográfico e o Uso de Maiúsculas
z Ancião: anciãos, anciões, anciães;
z Vilão: vilãos, vilões, vilães.
O novo acordo ortográfico estabelece novas regras
para o uso de substantivos próprios, exigindo o uso da
Podemos, ainda, associar às palavras paroxítonas inicial maiúscula.
que terminam em -ão o acréscimo do -s. Ex.: órgão / Dessa forma, devemos usar com letra maiúscula as
órgãos; órfão / órfãos. inicias das palavras que designam:

Plural dos Substantivos Compostos z Nomes, sobrenomes e apelidos de pessoas reais


ou imaginárias. Ex.: Gabriela, Silva, Xuxa, Cinderela;
Os substantivos compostos são aqueles formados z Nomes de cidades, países, estados, continentes
por justaposição. O plural dessas formas obedece às etc., reais ou imaginários. Ex.: Belo Horizonte,
146 seguintes regras: Ceará, Nárnia, Londres;
z Nomes de festividades. Ex.: Carnaval, Natal, Dia uma locução adjetiva: caracterizar o substantivo e
das Crianças; apresentar valor de posse.
z Nomes de instituições e entidades. Ex.: Embai- Ex.: Viu o crime pela abertura da porta;
xada do Brasil, Ministério das Relações Exteriores, A abertura de conta pode ser realizada on-line.
Gabinete da Vice-presidência, Organização das Quando a locução adjetiva é composta pela prepo-
Nações Unidas; sição “de”, pode ser confundida com a locução adver-
z Títulos de obras. Ex.: Memórias póstumas de Brás bial. Nesse caso, para diferenciá-las, é importante
Cubas. Caso a obra apresente em seu título um perceber que a locução adjetiva apresenta valor de
nome próprio, como no exemplo dado, este tam- posse, pois, nesse caso, o meio usado pelo sujeito para
bém deverá ser escrito com inicial maiúscula; ver “o crime”, indicado na frase, foi pela abertura da
z Nomenclatura legislativa especificada. Ex.: Lei porta. Além disso, a locução destacada está caracteri-
de Diretrizes e Bases da Educação (LDB); zando o substantivo “abertura”.
z Períodos e eventos históricos. Ex.: Revolta da Já na segunda frase, a locução destacada é adver-
Vacina, Guerra Fria, Segunda Guerra Mundial; bial, pois quem sofre a “ação” de ser aberta é a “con-
z Nome dos pontos cardeais e equivalentes. Ex.: ta”, o que indica o valor de passividade da locução,
Norte, Sul, Leste, Oeste, Nordeste, Sudeste, Oriente, demonstrando seu caráter adverbial.
Ocidente. Importante: os pontos cardeais são gra- As locuções adjetivas também desempenham fun-
fados com maiúsculas apenas quando utilizados ção de adjetivo e modificam substantivos, pronomes,
indicando uma região. Ex.: Este ano vou conhecer numerais e orações substantivas.
o Sul (O Sul do Brasil); quando utilizados indican- Ex.: Amor de mãe; Café com açúcar.
do uma direção, devem ser escritos com minúscu- Subst. — loc. adj. / subst. — loc. adj.
las. Ex.: Correu a América de norte a sul; Já as locuções adverbiais desempenham função de
z Siglas, símbolos ou abreviaturas. Ex.: ONU, INSS, advérbio. Modificam advérbios, verbos, adjetivos e
Unesco, Sr., S (Sul), K (Potássio). orações adjetivas com esses valores.
Ex.: Morreu de fome; Agiu com rapidez.
Atente-se ao seguinte: Em palavras com hífen, Verbo — loc. adv. / verbo — loc. adv.
pode-se optar pelo uso de maiúsculas ou minúsculas.
Portanto, são aceitas as formas Vice-Presidente, Vice- Adjetivo de Relação
-presidente e vice-presidente; porém, é preciso man-
ter a mesma forma em todo o texto. Já nomes próprios No estudo dos adjetivos, é fundamental conhecer
compostos por hífen devem ser escritos com as iniciais o aspecto morfológico designado como “adjetivo de
maiúsculas, como em Grã-Bretanha e Timor-Leste. relação”, muito cobrado por bancas de concursos.
Para identificar um adjetivo de relação, observe as
ADJETIVOS seguintes características:

Os adjetivos associam-se aos substantivos, garan- z Seu valor é objetivo, não podendo, portanto, apre-
tindo a estes um significado mais preciso. Os adjetivos sentar meios de subjetividade. Ex.: Em “Menino
podem indicar: bonito”, o adjetivo não é de relação, já que é sub-
jetivo, pois a beleza do menino depende dos olhos
z Qualidade: professor chato; de quem o descreve;
z Estado: aluno triste; z Posição posterior ao substantivo: Os adjetivos de
z Aspecto, aparência: estrada esburacada. relação sempre são posicionados após o substanti-
vo. Ex.: Casa paterna, mapa mundial;
Locuções Adjetivas z Derivado do substantivo: Derivam-se do substan-
tivo por derivação prefixal ou sufixal. Ex.: paternal
As locuções adjetivas apresentam o mesmo valor — pai; mundial — mundo;
dos adjetivos, indicando as mesmas características z Não admitem variação de grau: os graus com-
deles. parativo e superlativo não são admitidos. Ex.:
Elas são formadas por preposição + substantivo, Não pode ser mapa “mundialíssimo” ou “pouco
referindo-se a outro substantivo ou expressão subs- mundial”.
tantivada, atribuindo-lhe o mesmo valor adjetivo.
A seguir, colocamos diferentes locuções adjeti- Alguns exemplos de adjetivos relativos: Presiden-
vas ao lado da forma adjetiva, importantes para seu te americano (não é subjetivo; posicionado após o
estudo: substantivo; derivado de substantivo; não existe a
forma variada em grau “americaníssimo”); platafor-
z Voo de águia / aquilino; ma petrolífera; economia mundial; vinho francês;
z Poder de aluno / discente; roteiro carnavalesco.
z Conselho de professores / docente;
Cor de chumbo / plúmbea; Variação de Grau
PORTUGUÊS

z
z Luz da lua / lunar;
z Sangue de baço / esplênico; O adjetivo pode variar em dois graus: compara-
z Nervo do intestino / celíaco ou entérico; tivo ou superlativo. Cada um deles apresenta suas
z Noite de inverno / hibernal ou invernal. respectivas categorias.

É importante destacar que, mais do que “decorar” z Grau comparativo: Exprime a característica de
formas adjetivas e suas respectivas locuções, é fun- um ser, comparando-o com outro da mesma classe
damental reconhecer as principais características de nos seguintes sentidos: 147
„ Igualdade: Compara elementos colocando-os em um mesmo patamar. Igual a, como, tanto quanto, tão
quanto. Ex.: Somos tão complexos quanto simplórios;
„ Superioridade: Compara, evidenciando um elemento como superior ao outro. Mais do que, melhor do que.
Ex.: O amor é mais suficiente do que o dinheiro;
„ Inferioridade: Compara, evidenciando um elemento como inferior ao outro. Menos do que, pior do que.
Ex.: Homens são menos engajados do que mulheres.

z Grau superlativo: Em relação ao grau superlativo, é importante considerar que o valor semântico desse grau
apresenta variações, podendo indicar:

„ Característica de um ser elevada ao último grau: Superlativo absoluto, que pode ser analítico (associado
ao advérbio) ou sintético (associação de prefixo ou sufixo ao adjetivo).
Ex.: O candidato é muito humilde (Superlativo absoluto analítico).
O candidato é humílimo (Superlativo absoluto sintético);
„ Característica de um ser relacionada com outros indivíduos da mesma classe: Superlativo relativo,
que pode ser de superioridade (o mais) ou de inferioridade (o menos).
Ex.: O candidato é o mais humilde dos concorrentes? (Superlativo relativo de superioridade).
O candidato é o menos preparado entre os concorrentes à prefeitura (Superlativo relativo de inferioridade).

Importante! Ao compararmos duas qualidades de um mesmo ser, devemos empregar a forma analítica (mais
alta, mais magra, mais bonito etc.).
Ex.: A modelo é mais alta que magra.
Porém, se uma mesma característica referir-se a seres diferentes, empregamos a forma sintética (melhor,
pior, menor etc.).
Ex.: Nossa sala é menor que a sala da diretoria.

Formação dos Adjetivos

Os adjetivos podem ser primitivos, derivados, simples ou compostos.

z Primitivos: Adjetivos que não derivam de outras palavras. A partir deles, é possível formar novos termos. Ex.:
útil, forte, bom, triste, mau etc.;
z Derivados: São palavras que derivam de verbos ou substantivos. Ex.: bondade, lealdade, mulherengo etc.;
z Simples: Apresentam um único radical. Ex.: português, escuro, honesto etc.;
z Compostos: Formados a partir da união de dois ou mais radicais. Ex.: verde-escuro, luso-brasileiro, amarelo-
-ouro etc.

Dica
O plural dos adjetivos simples é realizado da mesma forma que o plural dos substantivos.

Plural dos Adjetivos Compostos

O plural dos adjetivos compostos segue as seguintes regras:

z Invariável:

„ Adjetivos compostos por azul-marinho, azul-celeste, azul-ferrete;


„ Locuções formadas de cor + de + substantivo, como em cor-de-rosa, cor-de-cáqui;
„ Adjetivo + substantivo, como tapetes azul-turquesa, camisas amarelo-ouro.

z Varia o último elemento:

„ Primeiro elemento é palavra invariável, como em mal-educados, recém-formados;


„ Adjetivo + adjetivo, como em lençóis verde-claros, cabelos castanho-escuros.

Adjetivos Pátrios

Os adjetivos pátrios, também conhecidos como gentílicos, designam a naturalidade ou nacionalidade de seres
e objetos.
O sufixo -ense, geralmente, designa a origem de um ser relacionada a um estado brasileiro. Ex.: amazonense,
fluminense, cearense.
Curiosidade: O adjetivo pátrio “brasileiro” é formado com o sufixo -eiro, que é costumeiramente usado para
designar profissões. O gentílico que designa nossa nacionalidade teve origem com as pessoas que comercializa-
vam o pau-brasil; esse ofício dava-lhes a alcunha de “brasileiros”, termo que passou a indicar os nascidos em
148 nosso país.
Veja a seguir alguns dos adjetivos pátrios de nosso país:

ADVÉRBIOS

Advérbios são palavras invariáveis que modificam um verbo, adjetivo ou outro advérbio. Em alguns casos, os
advérbios também podem modificar uma frase inteira, indicando circunstância.
As gramáticas da língua portuguesa apresentam listas extensas com as funções dos advérbios; porém, decorar as
funções dos advérbios, além de desgastante, pode não ter o resultado esperado na resolução de questões de concurso.
Dessa forma, sugerimos que você fique atento às principais funções designadas aos advérbios para, a partir
delas, conseguir interpretar a função exercida nos enunciados das questões que tratem dessa classe de palavras.
Ainda assim, julgamos pertinente apresentar algumas funções basilares exercidas pelo advérbio:

z Dúvida: Talvez, caso, porventura, quiçá etc.;


z Intensidade: Bastante, bem, mais, pouco etc.;
PORTUGUÊS

z Lugar: Ali, aqui, atrás, lá etc.;


z Tempo: Jamais, nunca, agora etc.;
z Modo: Assim, depressa, devagar etc.

Novamente, chamamos sua atenção para a função que o advérbio deve exercer na oração. Como dissemos,
essas palavras modificam um verbo, um adjetivo ou um outro advérbio; por isso, para identificar com mais pro-
priedade a função denotada pelos advérbios, é preciso perguntar: Como? Onde? Por quê?
As respostas sempre irão indicar circunstâncias adverbiais expressas por advérbios, locuções adverbiais ou
orações adverbiais. 149
Vejamos como podemos identificar a classificação/função adequada dos advérbios:

z O homem morreu... de fome (causa) com sua família (companhia) em casa (lugar) envergonhado (modo).
z A criança comeu... demais (intensidade) ontem (tempo) com garfo e faca (instrumento) às claras (modo).

Locuções Adverbiais

Conjunto de duas ou mais palavras que pode desempenhar a função de advérbio, alterando o sentido de um
verbo, adjetivo ou advérbio.
A maioria das locuções adverbiais é formada por uma preposição e um substantivo. Há também as que são
formadas por preposição + adjetivos ou advérbios. Veja alguns exemplos:

z Preposição + substantivo: com certeza. Ex.: Com certeza Luana entregará o trabalho. (com certeza =
certamente);
z Preposição + adjetivo: em breve. Ex.: Em breve, o filme estará em cartaz (em breve = brevemente);
z Preposição + advérbio: por ali. Ex.: Acho que ele foi por ali.

As locuções adverbiais são bem semelhantes às locuções adjetivas. É importante saber que as locuções adver-
biais apresentam um valor passivo.
Ex.: Ameaça de colapso. Nesse exemplo, o termo em negrito é uma locução adverbial, pois o valor é de passi-
vidade, ou seja, se invertemos a ordem e inserirmos um verbo na voz passiva, a frase manterá seu sentido. Veja:
Colapso foi ameaçado. Essa frase faz sentido e apresenta valor passivo, logo, sem o verbo, a locução destaca-
da anteriormente é adverbial.
Ainda sobre esse assunto, perceba que em locuções como esta: “Característica da nação”, o termo destacado
não terá o mesmo valor passivo, pois não aceitará a inserção de um verbo com essa função:
Nação foi característica*. Essa frase quebra a estrutura gramatical da língua portuguesa, que não admite voz
passiva em termos com função de posse (caso das locuções adjetivas). Isso torna tal estrutura agramatical; por
isso, inserimos um asterisco para indicar essa característica.

Dica
Locuções adverbiais apresentam valor passivo.
Locuções adjetivas apresentam valor de posse.

Com essas dicas, esperamos que você seja capaz de diferenciar essas locuções em questões. Buscamos desen-
volver seu aprendizado para que não seja preciso gastar seu tempo decorando listas de locuções adverbiais.
Lembre-se: o sentido está no texto.

Advérbios Interrogativos

Os advérbios interrogativos são, muitas vezes, confundidos com pronomes interrogativos. Para evitar essa
confusão, devemos saber que os advérbios interrogativos introduzem uma pergunta, exprimindo ideia de tempo,
modo ou causa.
Ex.: Como foi a prova?
Quando será a prova?
Onde será realizada a prova?
Por que a prova não foi realizada?
De maneira geral, as palavras como, onde, quando e por que são advérbios interrogativos, pois não substi-
tuem nenhum nome de ser (vivo), exprimindo ideia de modo, lugar, tempo e causa.

Grau do Advérbio

Assim como os adjetivos, os advérbios podem ser flexionados nos graus comparativo e superlativo.
Vejamos as principais mudanças sofridas pelos advérbios quando flexionados em grau:

NORMAL SUPERIORIDADE INFERIORIDADE IGUALDADE


Bem Melhor (mais bem*) - Tão bem

GRAU COMPARATIVO Mal Pior (mais mal*) - Tão mal


Muito Mais - -
Pouco Menos - -

150 Obs.: As formas “mais bem” e “mais mal” são aceitas quando acompanham o particípio verbal.
NORMAL ABSOLUTO SINTÉTICO ABSOLUTO ANALÍTICO RELATIVO

Inferioridade
Bem Otimamente Muito bem
-
GRAU
SUPERLATIVO Superioridade
Mal Pessimamente Muito mal
-
Muito Muitíssimo - Superioridade: o mais
Superioridade: o
Pouco Pouquíssimo -
menos

Advérbios e Adjetivos

O adjetivo é uma classe de palavras variável. Porém, quando se refere a um verbo, ele fica invariável, confun-
dindo-se com o advérbio.
Nesses casos, para ter certeza de qual é a classe da palavra, basta tentar colocá-la no feminino ou no plural;
caso a palavra aceite uma dessas flexões, será adjetivo.
Ex.: O homem respondeu feliz à esposa.
Os homens responderam felizes às esposas.
Como “feliz” aceitou a flexão para o plural, trata-se de um adjetivo.
Agora, acompanhe o seguinte exemplo:
Ex.: A cerveja que desce redondo.
As cervejas que descem redondo.
Nesse caso, como a palavra continua invariável, trata-se de um advérbio.

Palavras Denotativas

São termos que apresentam semelhança com os advérbios; em alguns casos, são até classificados como tal, mas
não exercem função modificadora de verbo, adjetivo ou advérbio.
Sobre as palavras denotativas, é fundamental saber identificar o sentido a elas atribuído, pois, geralmente, é
isso que as bancas de concurso cobram.

z Eis: Sentido de designação;


z Isto é, por exemplo, ou seja: Sentido de explicação;
z Ou melhor, aliás, ou antes: Sentido de ratificação;
z Somente, só, salvo, exceto: Sentido de exclusão;
z Além disso, inclusive: Sentido de inclusão.

Além dessas expressões, há, ainda, as partículas expletivas ou de realce, geralmente formadas pela forma
ser + que (é que). A principal característica dessas palavras é que elas podem ser retiradas sem causar prejuízo
sintático ou semântico à frase.
Ex.: Eu é que faço as regras / Eu faço as regras.
Outras palavras denotativas expletivas são: lá, cá, não, é porque etc.

Algumas Observações Interessantes

z O adjunto adverbial sempre deve vir posicionado após o verbo ou complemento verbal. Caso venha deslocado,
em geral, separamos por vírgulas. Ex.: Na reunião de ontem, o pedido foi aprovado (O pedido foi aprovado
na reunião de ontem);
z Em uma sequência de advérbios terminados com o sufixo -mente, apenas o último elemento recebe a termi-
nação destacada. Ex.: A questão precisa ser pensada política e socialmente.
PORTUGUÊS

PRONOMES

Pronomes são palavras que representam ou acompanham um termo substantivo. Dessa forma, a função dos
pronomes é substituir ou determinar uma palavra. Eles indicam pessoas, relações de posse, indefinição, quanti-
dade, localização no tempo, no espaço e no meio textual, entre outras funções.
Os pronomes exercem papel importante na análise sintática e também na interpretação textual, pois colabo-
ram para a complementação de sentido de termos essenciais da oração, além de estruturar a organização textual,
contribuindo para a coesão e também para a coerência de um texto. 151
Pronomes Pessoais

Os pronomes pessoais designam as pessoas do discurso. Acompanhe a tabela a seguir, com mais informações
sobre eles:

PESSOAS PRONOMES DO CASO RETO PRONOMES DO CASO OBLÍQUO


1º pessoa do singular Eu Me, mim, comigo
2º pessoa do singular Tu Te, ti, contigo
Se, si, consigo
3º pessoa do singular Ele/Ela
o, a, lhe
1ª pessoa do plural Nós Nos, conosco
2º pessoa do plural Vós Vos, convosco
Se, si, consigo
3º pessoa do plural Eles/Elas
os, as, lhes

Os pronomes pessoais do caso reto costumam substituir o sujeito.


Ex.: Pedro é bonito / Ele é bonito.
Já os pronomes pessoais oblíquos costumam funcionar como complemento verbal ou adjunto.
Ex.: Eu a vi com o namorado; Maura saiu comigo.

z Os pronomes que estarão relacionados ao objeto direto são: O, a, os, as, me, te, se, nos, vos. Ex.: Informei-o
sobre todas as questões;
z Já os que se relacionam com o objeto indireto são: Lhe, lhes, (me, te, se, nos, vos – complementados por pre-
posição). Ex.: Já lhe disse tudo (disse tudo a ele).

Lembre-se de que todos os pronomes pessoais são pronomes substantivos.


Além disso, é importante saber que “eu” e “tu” não podem ser regidos por preposição e que os pronomes
“ele(s)”, “ela(s)”, “nós” e “vós” podem ser retos ou oblíquos, dependendo da função que exercem.
Os pronomes oblíquos tônicos são precedidos de preposição e costumam ter função de complemento:

z 1ª pessoa: Mim, comigo (singular); nós, conosco (plural);


z 2ª pessoa: Ti, contigo (singular); vós, convosco (plural);
z 3ª pessoa: Si, consigo (singular ou plural); ele(s), ela(s).

Não devemos usar pronomes do caso reto como objeto ou complemento verbal, como em “mate ele”. Contudo,
o gramático Celso Cunha destaca que é possível usar os pronomes do caso reto como complemento verbal, desde
que antecedidos pelos vocábulos “todos”, “só”, “apenas” ou “numeral”.
Ex.: Encontrei todos eles na festa. Encontrei apenas ela na festa.
Após a preposição “entre”, em estrutura de reciprocidade, devemos usar os pronomes oblíquos tônicos.
Ex.: Entre mim e ele não há segredos.

Pronomes de Tratamento

Os pronomes de tratamento são formas que expressam uma hierarquia social institucionalizada linguistica-
mente. As formas de pronomes de tratamento apresentam algumas peculiaridades importantes:

z Vossa: Designa a pessoa a quem se fala (relativo à 2ª pessoa). Apesar disso, os verbos relacionados a esse pro-
nome devem ser flexionados na 3ª pessoa do singular.

Ex.: Vossa Excelência deve conhecer a Constituição;

z Sua: Designa a pessoa de quem se fala (relativo à 3ª pessoa).

Ex.: Sua Excelência, o presidente do Supremo Tribunal, fará um pronunciamento hoje à noite.
Os pronomes de tratamento estabelecem uma hierarquia social na linguagem, ou seja, a partir das formas
usadas, podemos reconhecer o nível de discurso e o tipo de poder instituídos pelos falantes.
Por isso, alguns pronomes de tratamento só devem ser utilizados em contextos cujos interlocutores sejam
reconhecidos socialmente por suas funções, como juízes, reis, clérigos, entre outras.
Dessa forma, apresentamos alguns pronomes de tratamento, seguidos de sua abreviatura e das funções sociais
que designam:

z Vossa Alteza (V. A.): Príncipes, duques, arquiduques e seus respectivos femininos;
z Vossa Eminência (V. Ema.): Cardeais;
z Vossa Excelência (V. Exa.): Autoridades do governo e das Forças Armadas membros do alto escalão;
152 z Vossa Majestade (V. M.): Reis, imperadores e seus respectivos femininos;
z Vossa Reverendíssima (V. Rev. Ma.): Sacerdotes; A palavra bastante frequentemente gera dúvida
z Vossa Senhoria (V. Sa.): Funcionários públicos gra- quanto a ser advérbio, adjetivo ou pronome indefini-
duados, oficiais até o posto de coronel, tratamento do. Por isso, atente-se ao seguinte:
cerimonioso a comerciantes importantes;
z Vossa Santidade (V. S.): Papa; z Bastante (advérbio): Será invariável e equivalen-
z Vossa Excelência Reverendíssima (V. Exa. Rev- te ao termo “muito”.
ma.): Bispos.
Ex.: Elas são bastante famosas.
Os exemplos apresentados fazem referência a pro-
nomes de tratamento e suas respectivas designações z Bastante (adjetivo): Será variável e equivalente
sociais conforme indica o Manual de Redação oficial ao termo “suficiente”.
da Presidência da República. Portanto, essas designa-
ções devem ser seguidas com atenção quando o gêne- Ex.: A comida e a bebida não foram bastantes para
ro textual abordado for um gênero oficial. a festa.

Ainda sobre o assunto, veja algumas observações: z Bastante (pronome indefinido): Concorda com
o substantivo, indicando grande, porém incerta,
quantidade de algo.
z Sobre o uso das abreviaturas das formas de tra-
tamento é importante destacar que o plural de
Ex.: Bastantes bancos aumentaram os juros.
algumas abreviaturas é feito com letras dobradas,
como: V. M. / VV. MM.; V. A. / VV. AA. Porém, na
Pronomes Demonstrativos
maioria das abreviaturas terminadas com a letra
a, o plural é feito com o acréscimo do s: V. Exa. / V.
Os pronomes demonstrativos indicam a posição e
Exas.; V. Ema. / V.Emas.;
apontam elementos a que se referem as pessoas do dis-
z O tratamento adequado a Juízes de Direito é Meri-
curso (1ª, 2ª e 3ª). Essa posição pode ser designada por
tíssimo Juiz; eles no tempo, no espaço físico ou no espaço textual.
z O tratamento dispensado ao Presidente da Repú-
blica nunca deve ser abreviado. z 1ª pessoa: Este, estes / Esta, estas;
z 2ª pessoa: Esse, esses / Essa, essas;
Pronomes Indefinidos z 3ª pessoa: Aquele, aqueles / Aquela, aquelas;
z Invariáveis: Isto, isso, aquilo.
Os pronomes indefinidos indicam quantidade de
maneira vaga e sempre devem ser utilizados na 3ª pes- Usamos este, esta, isto para indicar:
soa do discurso. Os pronomes indefinidos podem variar
e podem ser invariáveis. Observe a seguinte tabela: z Referência ao espaço físico, indicando a proximi-
dade de algo ao falante.
PRONOMES INDEFINIDOS2
Variáveis Invariáveis Ex.: Esta caneta aqui é minha. Entreguei-lhe isto
como prova.
Algum, alguma, alguns, algumas Alguém
Nenhum, nenhuma, nenhuns, z Referência ao tempo presente.
Ninguém
nenhumas
Todo, toda, todos, todas Quem Ex.: Esta semana começarei a dieta. Neste mês,
pagarei a última prestação da casa.
Outro, outra, outros, outras Outrem
Muito, muita, muitos, muitas Algo z Referência ao espaço textual.
Pouco, pouca, poucos, poucas Tudo
Ex.: Encontrei Joana e Carla no shopping; esta pro-
Certo, certa, certos, certas Nada
curava um presente para o marido (o pronome refere-
Vários, várias Cada -se ao último termo mencionado).
Quanto, quanta, quantos, quantas Que Este artigo científico pretende analisar... (o prono-
me “este” refere-se ao próprio texto).
Tanto, tanta, tantos, tantas
Usamos esse, essa, isso para indicar:
Qualquer, quaisquer
Qual, quais z Referência ao espaço físico, indicando o afasta-
mento de algo de quem fala.
Um, uma, uns, umas
PORTUGUÊS

Ex.: Essa sua gravata combinou muito com você.


As palavras certo e bastante serão pronomes
indefinidos quando vierem antes do substantivo, e z Indicar distância que se deseja manter.
serão adjetivos quando vierem depois.
Ex.: Busco certo modelo de carro (pronome indefinido). Ex.: Não me fale mais nisso. A população não con-
Busco o modelo de carro certo (adjetivo). fia nesses políticos.
2  Disponível em: <https://educacao.uol.com.br/disciplinas/portugues/pronomes-indefinidos-e-interrogativos-nenhum-outro-qualquer-quem-
quanto-qual.htm>. Acesso em: 14 jul. de 2020. 153
z Referência ao tempo passado. Em alguns casos, há a omissão do antecedente do
relativo “que”.
Ex.: Nessa semana, eu estava doente. Esses dias Ex.: Não teve que dizer (não teve nada que dizer).
estive em São Paulo.
z Emprego do relativo quem: Seu antecedente deve
z Referência a algo já mencionado no texto/ na fala. ser uma pessoa ou objeto personificado.

Ex.: Continuo sem entender o porquê de você ter


Ex.: Fomos nós quem fizemos o bolo.
falado sobre isso. Sinto uma energia negativa nessa
expressão utilizada. O pronome relativo quem pode fazer referência a algo
Usamos aquele, aquela, aquilo para indicar: subentendido: Quem cala consente (aquele que cala).

z Referência ao espaço físico, indicando afastamen- z Emprego do relativo quanto: Seu antecedente
to de quem fala e de quem ouve. deve ser um pronome indefinido ou demonstrati-
vo; pode sofrer flexões.
Ex.: Margarete, quem é aquele ali perto da porta?
Ex.: Esqueci-me de tudo quanto foi me ensinado.
z Referência a um tempo muito remoto, um passa- Perdi tudo quanto poupei a vida inteira.
do muito distante.
z Emprego do relativo cujo: Deve ser empregado para
Ex.: Naquele tempo, podíamos dormir com as por-
indicar posse e aparecer relacionando dois termos
tas abertas. Bons tempos aqueles!
que devem ser um possuidor e uma coisa possuída.
z Referência a um afastamento afetivo.
Ex.: A matéria cuja aula faltei foi Língua portugue-
Ex.: Não conheço mais aquela mulher. sa — o relativo cuja está ligando aula (possuidor) à
matéria (coisa possuída).
z Referência ao espaço textual, indicando o pri- O relativo cujo deve concordar em gênero e núme-
meiro termo de uma relação expositiva. ro com a coisa possuída.
Jamais devemos inserir um artigo após o pronome
Ex.: Saí para lanchar com Ana e Beatriz. Esta prefe- cujo: Cujo o, cuja a
riu beber chá; aquela, refrigerante. Não podemos substituir cujo por outro pronome
relativo.
Dica O pronome relativo cujo pode ser preposicionado.
O pronome “mesmo” não pode ser usado em Ex.: Esse é o vilarejo por cujos caminhos percorri.
função demonstrativa referencial. Veja: Para encontrar o possuidor, faça-se a seguinte per-
Errado: O candidato fez a prova, porém o mesmo gunta: “de quem/do que?”
esqueceu de preencher o gabarito. Ex.: Vi o filme cujo diretor ganhou o Óscar (Diretor
Correto: O candidato fez a prova, porém esque- do que? Do filme).
ceu de preencher o gabarito. Vi o rapaz cujas pernas você se referiu (Pernas de
quem? Do rapaz).
Pronomes Relativos
z Emprego do pronome relativo onde: Empregado
Uma das classes de pronomes mais complexas, os para indicar locais físicos.
pronomes relativos têm função muito importante na
língua, refletida em assuntos de grande relevância
Ex.: Conheci a cidade onde meu pai nasceu.
em concursos, como a análise sintática. Dessa forma,
Em alguns casos, pode ser preposicionado, assu-
é essencial conhecer adequadamente a função desses
elementos, a fim de saber utilizá-los corretamente. mindo as formas aonde e donde.
Os pronomes relativos referem-se a um substantivo Ex.: Irei aonde você for.
ou a um pronome substantivo mencionado anterior- O relativo “onde” pode ser empregado sem
mente. A esse nome (substantivo ou pronome mencio- antecedente.
nado anteriormente) chamamos de antecedente. Ex.: O carro atolou onde não havia ninguém.
São pronomes relativos:
z Emprego de o qual: O pronome relativo “o qual”
z Variáveis: O qual, os quais, cujo, cujos, quanto, e suas variações (os quais, a qual, as quais) é usa-
quantos / A qual, as quais, cuja, cujas, quanta, do em substituição a outros pronomes relativos,
quantas;
sobretudo o “que”, a fim de evitar fenômenos lin-
z Invariáveis: Que, quem, onde, como;
guísticos, como o “queísmo”.
z Emprego do pronome relativo que: Pode ser asso-
ciado a pessoas, coisas ou objetos.
Ex.: O Brasil tem um passado do qual (que) nin-
Ex.: Encontrei o homem que desapareceu. O guém se lembra.
cachorro que estava doente morreu. A caneta que O pronome “o qual” pode auxiliar na compreensão
154 emprestei nunca recebi de volta. textual, desfazendo estruturas ambíguas.
Pronomes Interrogativos z Mesóclise: Pronome posicionado no meio do ver-
bo. Casos que atraem o pronome para mesóclise:
São utilizados para introduzir uma pergunta ao
texto. „ Os pronomes devem ficar no meio dos verbos
Apresentam-se de formas variáveis (Que? Quais? que estejam conjugados no futuro, caso não
Quanto? Quantos?) e invariáveis (Que? Quem?). haja nenhum motivo para uso da próclise. Ex.:
Ex.: O que é aquilo? Quem é ela? Qual sua idade? Dar-te-ei meus beijos agora... / Orgulhar-me-ei
Quantos anos tem seu pai? dos nossos estudantes.
O ponto de interrogação só é usado nas interroga-
tivas diretas. Nas indiretas, aparece apenas a intenção z Ênclise: Pronome posicionado após o verbo. Casos
interrogativa, indicada por verbos como perguntar, que atraem o pronome para ênclise:
indagar etc. Ex.: Indaguei quem era ela.
Atenção: Os pronomes interrogativos que e quem „ Início de frase ou período. Ex.: Sinto-me mui-
são pronomes substantivos, pois substituem os subs- to honrada com esse título.
tantivos, dando fluidez à leitura. „ Imperativo afirmativo. Ex.: Sente-se, por favor.
Ex.: O tempo, que estava instável, não permitiu a „ Advérbio virgulado. Ex.: Talvez, diga-me o
realização da atividade (O tempo não permitiu a reali- quanto sou importante.
zação da atividade. O tempo estava instável).3
Casos proibidos:
Pronomes Possessivos
„ Início de frase: Me dá esse caderno! (errado) /
Os pronomes possessivos referem-se às pessoas do Dá-me esse caderno! (certo).
discurso e indicam posse. Observe a tabela a seguir: „ Depois de ponto e vírgula: Falou pouco; se lem-
brou de nada (errado) / Falou pouco; lembrou-
1ª pessoa Meu, minha / meus, minhas -se de nada (correto).
SINGULAR 2ª pessoa Teu, tua / teus, tuas „ Depois de particípio: Tinha lembrado-se do fato
3ª pessoa Seu, sua / seus, suas (errado) / Tinha se lembrado do fato (correto).

1ª pessoa Nosso, nossa / nossos, nossas VERBOS


PLURAL 2ª pessoa Vosso, vossa / vossos, vossas
3ª pessoa Seu, sua / seus, suas Certamente, a classe de palavras mais complexa e
importante dentre as palavras da língua portuguesa é
Os pronomes pessoais oblíquos (me, te, se, lhe, o, o verbo. A partir dos verbos, são estruturados as ações
a, nos, vos) também podem atribuir valor possessivo e os agentes desses atos, além de ser uma importante
a uma coisa. classe sempre abordada nos editais de concursos; por
Ex.: Apertou-lhe a mão (a sua mão). Ainda que o isso, atente-se às nossas dicas.
pronome esteja ligado ao verbo pelo hífen, a relação Os verbos são palavras variáveis que se flexionam
do pronome é com o objeto da posse. em número, pessoa, modo e tempo, além da designação
Outras funções dos pronomes possessivos: da voz que exprime uma ação, um estado ou um fato.
As flexões verbais são marcadas por desinências,
que podem ser:
z Delimitam o substantivo a que se referem;
z Concordam com o substantivo que vem depois dele;
z Número-pessoal: Indicando se o verbo está no
z Não concordam com o referente;
singular ou plural, bem como em qual pessoa ver-
z O pronome possessivo que acompanha o substan-
bal foi flexionado (1ª, 2ª ou 3ª);
tivo exerce função sintática de adjunto adnominal.
z Modo-temporal: Indica em qual modo e tempo
verbais a ação foi realizada.
Colocação Pronominal
Iremos apresentar essas desinências a seguir. Antes,
Estudo da posição dos pronomes na oração. porém, de abordarmos as desinências modo-temporais,
precisamos explicar o que são modo e tempo verbais.
z Próclise: Pronome posicionado antes do verbo.
Casos que atraem o pronome para próclise: Modos

„ Palavras negativas: Nunca, jamais, não. Ex.: Indica a atitude da ação/do sujeito frente a uma
Não me submeto a essas condições. relação enunciada pelo verbo.
„ Pronomes indefinidos, demonstrativos, rela-
tivos. Ex.: Foi ela que me colocou nesse papel. z Indicativo: O modo indicativo exprime atitude de
„ Conjunções subordinativas. Ex.: Embora se certeza.
PORTUGUÊS

apresente como um rico investidor, ele nada tem.


„ Gerúndio, precedido da preposição em. Ex.: Em Ex.: Estudei muito para ser aprovado.
se tratando de futebol, Maradona foi um ídolo.
„ Infinitivo pessoal preposicionado. Ex.: Na espe- z Subjuntivo: O modo subjuntivo exprime atitude
rança de sermos ouvidos, muito lhe agradecemos. de dúvida, desejo ou possibilidade.
„ Orações interrogativas, exclamativas, opta-
tivas (exprimem desejo). Ex.: Como te iludes! Ex.: Se eu estudasse, seria aprovado.
3  Exemplo disponível em: https://www.todamateria.com.br/pronomes-substantivos/. Acesso em: 30. jul. 2021. 155
z Imperativo: O modo imperativo designa ordem, convite, conselho, súplica ou pedido.

Ex.: Estuda! Assim, serás aprovado.

Tempos

O tempo designa o recorte temporal em que a ação verbal foi realizada. Basicamente, podemos indicar o tem-
po dessa ação no passado, presente ou futuro. Existem, entretanto, ramificações específicas. Observe a seguir:

z Presente:

Pode expressar não apenas um fato atual, como também uma ação habitual. Ex.: Estudo todos os dias no
mesmo horário.
Uma ação passada. Ex.: Vargas assume o cargo e instala uma ditadura.
Uma ação futura. Ex.: Amanhã, estudo mais! (equivalente a estudarei).

z Passado:

„ Pretérito perfeito: Ação realizada plenamente no passado.

Ex.: Estudei até ser aprovado;

„ Pretérito imperfeito: Ação inacabada, que pode indicar uma ação frequentativa, vaga ou durativa.

Ex.: Estudava todos os dias;

„ Pretérito mais-que-perfeito: Ação anterior à outra mais antiga.

Ex.: Quando notei (passado), a água já transbordara (ação anterior) da banheira.

z Futuro:

„ Futuro do presente: indica um fato que deve ser realizado em um momento vindouro.

Ex.: Estudarei bastante ano que vem;

„ Futuro do pretérito: Expressa um fato posterior em relação a outro fato já passado.

Ex.: Estudaria muito, se tivesse me planejado.

A partir dessas informações, podemos também identificar os verbos conjugados nos tempos simples e nos
tempos compostos. Os tempos verbais simples são formados por uma única palavra, ou verbo, conjugado no
presente, passado ou futuro.
Já os tempos compostos são formados por dois verbos, um auxiliar e um principal; nesse caso, o verbo auxiliar
é o único a sofrer flexões.
Agora, vamos conhecer as desinências modo-temporais dos tempos simples e compostos, respectivamente:

Flexões Modo-temporais — Tempos Simples

TEMPO MODO INDICATIVO MODO SUBJUNTIVO


-e (1ª conjugação) e -a (2ª e 3ª
Presente *
conjugações)
Pretérito perfeito -ra (3ª pessoa do plural) *
-va (1ª conjugação) -ia (2ª e 3ª
Pretérito imperfeito -sse
conjugações)
Pretérito mais-que-perfeito -ra *
Futuro -rá e -re -r
Futuro do pretérito -ria *

*Nem todas as formas verbais apresentam desinências modo-temporais.

Flexões Modo-temporais — Tempos Compostos (Indicativo)

z Pretérito perfeito composto: Verbo auxiliar: Ter (presente do indicativo) + verbo principal particípio.

156 Ex.: Tenho estudado.


z Pretérito mais-que-perfeito composto: Verbo „ Pessoal: O infinitivo pessoal é passível de con-
auxiliar: Ter (pretérito imperfeito do indicativo) + jugação, pois está ligado às pessoas do discurso.
verbo principal no particípio. É usado na formação de orações reduzidas. Ex.:
Comer eu. Comermos nós. É para aprenderem
Ex.: Tinha passado. que ele ensina.
„ Impessoal: Não é passível de flexão. É o nome
z Futuro composto: Verbo auxiliar: Ter (futuro do do verbo, servindo para indicar apenas a con-
indicativo) + verbo principal no particípio. jugação. Ex.: Estudar - 1ª conjugação; Comer - 2ª
conjugação; Partir - 3ª conjugação.
Ex.: Terei saído.
O infinitivo impessoal forma locuções verbais ou
z Futuro do pretérito composto: Verbo auxiliar:
orações reduzidas.
Ter (futuro do pretérito simples) + verbo principal
Locuções verbais: sequência de dois ou mais ver-
no particípio.
bos que funcionam como um verbo.
Ex.: Ter de + verbo principal no infinitivo: Ter de
Ex.: Teria estudado.
trabalhar para pagar as contas.
Flexões Modo-temporais — Tempos Compostos Haver de + verbo principal no infinitivo: Havemos
(Subjuntivo) de encontrar uma solução.

z Pretérito perfeito composto: Verbo auxiliar: Dica


Ter (presente do subjuntivo) + Verbo principal
Não confunda locuções verbais com tempos
particípio.
compostos. O particípio formador de tempo
Ex.: (que eu) Tenha estudado. composto na voz ativa não se flexiona. Ex.: O
homem teria realizado sua missão.
z Pretérito mais-que-perfeito composto: Verbo
auxiliar: Ter (pretérito imperfeito do subjuntivo) + Classificação dos Verbos
verbo principal no particípio.
Os verbos são classificados quanto a sua forma
Ex.: (se eu) Tivesse estudado de conjugação e podem ser divididos em: regulares,
irregulares, anômalos, abundantes, defectivos, prono-
z Futuro composto: Verbo auxiliar: Ter (futuro sim- minais, reflexivos, impessoais e auxiliares, além das
ples do subjuntivo) + verbo principal no particípio. formas nominais. Vamos conhecer as particularida-
des de cada um a seguir:
Ex.: (quando eu) Tiver estudado.
z Regulares: Os verbos regulares são os mais fáceis
Formas Nominais do Verbo e Locuções Verbais de compreender, pois apresentam regularidade no
uso das desinências, ou seja, das terminações ver-
As formas nominais do verbo são as formas no bais. Da mesma forma, os verbos regulares man-
infinitivo, particípio e gerúndio que eles assumem em têm o paradigma morfológico com o radical, que
determinados contextos. São chamadas nominais pois
permanece inalterado. Ex.: Verbo cantar:
funcionam como substantivos, adjetivo ou advérbios.
PRESENTE PRETÉRITO PERFEITO
z Gerúndio: Marcado pela terminação -ndo. Seu
— INDICATIVO — INDICATIVO
valor indica duração de uma ação e, por vezes,
pode funcionar como um advérbio ou um adjetivo. Eu canto Cantei
Tu cantas Cantaste
Ex.: Olhando para seu povo, o presidente se Ele/ você canta Cantou
compadeceu.
Nós cantamos Cantamos
z Particípio: Marcado pelas terminações mais Vós cantais Cantastes
comuns -ado, -ido, podendo terminar também em Eles/ vocês cantam Cantaram
-do, -to, -go, -so, -gue. Corresponde nominalmente
ao adjetivo; pode flexionar-se, em alguns casos, em
número e gênero. z Irregulares: Os verbos irregulares apresentam
alteração no radical e nas desinências verbais.
PORTUGUÊS

Ex.: A Índia foi colonizada pelos ingleses. Por isso, recebem esse nome, pois sua conjugação
Quando cheguei, ela já tinha partido. ocorre irregularmente, seguindo um paradigma
Ele tinha aberto a janela. próprio para cada grupo verbal.
Ela tinha pago a conta.
Perceba a seguir como ocorre uma sutil diferença na
z Infinitivo: Forma verbal que indica a própria ação conjugação do verbo estar, que utilizamos como exem-
do verbo, ou o estado, ou, ainda, o fenômeno desig- plo. Isso é importante para não confundir os verbos irre-
nado. Pode ser pessoal ou impessoal: gulares com os verbos anômalos. Ex.: Verbo estar: 157
PRESENTE — INDICATIVO PRETÉRITO PERFEITO — INDICATIVO

Eu estou Estive
Tu estás Estiveste
Ele/ você está Esteve
Nós estamos Estivemos
Vós estais Estivestes
Eles/ vocês estão Estiveram

z Anômalos: Esses verbos apresentam profundas alterações no radical e nas desinências verbais, consideradas
anomalias morfológicas; por isso, recebem essa classificação. Um exemplo bem usual de verbo dessa categoria
é o verbo “ser”. Na língua portuguesa, apenas dois verbos são classificados dessa forma: os verbos ser e ir.

Vejamos a conjugação o verbo “ser”:

PRESENTE — INDICATIVO PRETÉRITO PERFEITO — INDICATIVO


Eu sou Fui
Tu és Foste
Ele / você é Foi
Nós somos Fomos
Vós sois Fostes
Eles / vocês são Foram

Os verbos ser e ir são irregulares, porém, apresentam uma forma específica de irregularidade que ocasiona
uma anomalia em sua conjugação. Por isso, são classificados como anômalos.

z Abundantes: São formas verbais abundantes os verbos que apresentam mais de uma forma de particípio acei-
tas pela norma culta gramatical. Geralmente, apresentam uma forma de particípio regular e outra irregular.
Vejamos alguns verbos abundantes:

INFINITIVO PARTICÍPIO REGULAR PARTICÍPIO IRREGULAR


Absolver Absolvido Absolto
Abstrair Abstraído Abstrato
Aceitar Aceitado Aceito
Benzer Benzido Bento
Cobrir Cobrido Coberto
Completar Completado Completo
Confundir Confundido Confuso
Demitir Demitido Demisso
Despertar Despertado Desperto
Dispersar Dispersado Disperso
Eleger Elegido Eleito
Encher Enchido Cheio
Entregar Entregado Entregue
Morrer Morrido Morto
Expelir Expelido Expulso
Enxugar Enxugado Enxuto
Findar Findado Findo
Fritar Fritado Frito
Ganhar Ganhado Ganho
Gastar Gastado Gasto
Imprimir Imprimido Impresso

158 Inserir Inserido Inserto


Isentar Isentado Isento
Juntar Juntado Junto
Limpar Limpado Limpo
Matar Matado Morto
Omitir Omitido Omisso
Pagar Pagado Pago
Prender Prendido Preso
Romper Rompido Roto
Salvar Salvado Salvo
Secar Secado Seco
Submergir Submergido Submerso
Suspender Suspendido Suspenso
Tingir Tingido Tinto
Torcer Torcido Torto

INFINITIVO PARTICÍPIO REGULAR PARTICÍPIO IRREGULAR


Aceitar Eu já tinha aceitado o convite. O convite foi aceito.
Entregar Aviso quando tiver entregado a encomenda. Está entregue!
Morrer Havia morrido há dias. Quando chegou, encontrou o animal morto.
Expelir A bala foi expelida por aquela arma. Esta é a bala expulsa.
Enxugar Tinha enxugado a louça quando o programa começou. A roupa está enxuta.
Findar Depois de ter findado o trabalho, descansou. Trabalho findo!
Imprimir Se tivesse imprimido tínhamos como provar. Onde está o documento impresso?
Limpar Eu tinha limpado a casa. Que casa tão limpa!
Omitir Dados importantes tinham sido omitidos por ela. Informações estavam omissas.
Deixe os legumes submersos por alguns
Submergir Após ter submergido os legumes, reparou no amigo.
minutos.
Suspender Nunca tinha suspendido ninguém. Você está suspenso!

z Defectivos: São verbos que não apresentam algumas pessoas conjugadas em suas formas, gerando um “defei-
to” na conjugação (por isso, o nome). Alguns exemplos de defectivos são os verbos colorir, precaver, reaver etc.

Esses verbos não são conjugados na primeira pessoa do singular do presente do indicativo, bem como: aturdir,
exaurir, explodir, esculpir, extorquir, feder, fulgir, delinquir, demolir, puir, ruir, computar, colorir, carpir, banir,
brandir, bramir, soer.
Verbos que expressam onomatopeias ou fenômenos temporais também apresentam essa característica, como
latir, bramir, chover.

z Pronominais: Esses verbos apresentam um pronome oblíquo átono integrando sua forma verbal. É importan-
te lembrar que esses pronomes não apresentam função sintática. Predominantemente, os verbos pronominas
apresentam transitividade indireta, ou seja, são VTI. Ex.: Sentar-se.

PRESENTE — INDICATIVO PRETÉRITO PERFEITO — INDICATIVO


Eu me sento Sentei-me
Tu te sentas Sentaste-te
Ele/ você se senta Sentou-se
Nós nos sentamos Sentamo-nos
PORTUGUÊS

Vós vos sentais Sentastes-vos


Eles/ vocês se sentam Sentaram-se

z Reflexivos: Verbos que apresentam pronome oblíquo átono reflexivo, funcionando sintaticamente como obje-
to direto ou indireto. Nesses verbos, o sujeito sofre e pratica a ação verbal ao mesmo tempo. Ex.: Ela se veste
mal. Nós nos cumprimentamos friamente.
z Impessoais: Verbos que designam fenômenos da natureza, como chover, trovejar, nevar etc. 159
O verbo haver, com sentido de existir ou mar- Vozes Verbais
cando tempo decorrido, também será impessoal. Ex.:
Havia muitos candidatos e poucas vagas. Há dois As vozes verbais definem o papel do sujeito na
anos, fui aprovado em concurso público. oração, demonstrando se o sujeito é o agente da ação
Os verbos ser e estar também são verbos impes- verbal ou se ele recebe a ação verbal. Dividem-se em:
soais quando designam fenômeno climático ou tempo.
Ex.: Está muito quente! / Era tarde quando chegamos. z Ativa: O sujeito é o agente, praticando a ação
O verbo ser para indicar hora, distância ou data verbal.
concorda com esses elementos.
O verbo fazer também poderá ser impessoal, quan- Ex.: O policial deteve os bandidos.
do indicar tempo decorrido ou tempo climático. Ex.:
Faz anos que estudo pintura. Aqui faz muito calor. z Passiva: O sujeito é paciente, ou seja, sofre a ação
Os verbos impessoais não apresentam sujeito; sin- verbal.
taticamente, classifica-se como sujeito inexistente.
O verbo ser será impessoal quando o espaço sintá- Ex.: Os bandidos foram detidos pelo policial —
tico ocupado pelo sujeito não estiver preenchido: “Já passiva analítica;
é natal”. Segue o mesmo paradigma do verbo fazer, Detiveram-se os criminosos — passiva sintética.
podendo ser impessoal, também, o verbo ir: “Vai uns
bons anos que não vejo Mariana”. z Reflexiva: O sujeito é agente e paciente ao mes-
mo tempo, pois pratica e recebe a ação verbal.
z Auxiliares: Os verbos auxiliares são empregados
nas formas compostas dos verbos e também nas Ex.: Os bandidos se entregaram à polícia. / O
locuções verbais. Os principais verbos auxiliares menino se agrediu.
dos tempos compostos são ter e haver.
z Recíproca: O sujeito é agente e paciente ao mes-
Nas locuções, os verbos auxiliares determinam a mo tempo, porém há uma ação compartilhada
concordância verbal; porém, o verbo principal deter- entre dois indivíduos. A ação pode ser comparti-
mina a regência estabelecida na oração. lhada entre dois ou mais indivíduos que praticam
Apresentam forte carga semântica que indica e sofrem a ação.
modo e aspecto da oração. São importantes na forma-
Ex.: Os bandidos se olharam antes do julga-
ção da voz passiva analítica.
mento. / Apesar do ódio mútuo, os candidatos se
cumprimentaram.
z Formas Nominais: Na língua portuguesa, usamos
A voz passiva é realizada a partir da troca de fun-
três formas nominais dos verbos:
ções entre sujeito e objeto da voz ativa. Só podemos
transformar uma frase da voz ativa para a voz passiva
„ Gerúndio: Terminação -ndo. Apresenta valor
se o verbo for transitivo direto ou transitivo direto e
durativo da ação e equivale a um advérbio ou
indireto. Logo, só há voz passiva com a presença do
adjetivo. Ex.: Minha mãe está rezando.
objeto direto.
„ Particípio: Terminações -ado, -ido, -do, -to, -go,
Importante! Não confunda os verbos pronomi-
-so. Apresenta valor adjetivo e pode ser classi- nais com as vozes verbais. Os verbos pronominais
ficado em particípio regular e irregular, sendo que indicam sentimentos, como arrepender-se, quei-
as formas regulares finalizadas em -ado e -ido. xar-se, dignar-se, entre outros, acompanham um
pronome que faz parte integrante do seu significado,
A norma culta gramatical recomenda o uso do par- diferentemente das vozes verbais, que acompanham
ticípio regular com os verbos “ter” e “haver”. Já com o pronome “se” com função sintática própria.
os verbos “ser” e “estar”, recomenda-se o uso do par-
ticípio irregular. Outras Funções do “se”
Ex.: Os policiais haviam expulsado os bandidos /
Os traficantes foram expulsos pelos policiais. Como vimos, o “se” pode funcionar como item
essencial na voz passiva. Além dessa função, esse ele-
„ Infinitivo: Marca as conjugações verbais. mento também acumula outras atribuições:

AR: Verbos que compõem a 1ª conjugação (Amar, z Partícula apassivadora: A voz passiva sintética
passear); é feita com verbos transitivos direto (TD) ou tran-
ER: Verbos que compõem a 2ª conjugação (Comer, sitivos direto indireto (TDI). Nessa voz, incluímos
pôr); o “se” junto ao verbo, por isso, o elemento “se” é
IR: Verbos que compõem a 3ª conjugação (Partir, designado partícula apassivadora, nesse contexto.
sair).
Ex.: Busca-se a felicidade (voz passiva sintética) —
Dica “Se” (partícula apassivadora).
O “se” exercerá essa função apenas:
O verbo “pôr” corresponde à segunda conjuga-
ção, pois origina-se do verbo “poer”. „ Com verbos cuja transitividade seja TD ou TDI;
O mesmo acontece com verbos que que deste „ Com verbos que concordam com o sujeito;
160 derivam. „ Com a voz passiva sintética.
Atenção: Na voz passiva nunca haverá objeto dire- z Pôr: Repor, propor, supor, depor, compor, expor;
to (OD), pois ele se transforma em sujeito paciente. z Ter: Manter, conter, reter, deter, obter, abster-se;
z Ver: Antever, rever, prever;
z Índice de indeterminação do sujeito: O “se” fun-
cionará nessa condição quando não for possível z Vir: Intervir, provir, convir, advir, sobrevir.
identificar o sujeito explícito ou subentendido.
Além disso, não podemos confundir essa função Vamos conhecer agora alguns verbos cuja conjuga-
do “se” com a de apassivador, já que, para ser índi- ção apresenta paradigma derivado, auxiliando a com-
ce de indeterminação do sujeito, a oração precisa preensão dessas conjugações verbais.
estar na voz ativa.
O verbo criar é conjugado da mesma forma que os
Outra importante característica do “se” como índi- verbos “variar”, “copiar”, “expiar” e todos os demais
ce de indeterminação do sujeito é que isso ocorre em que terminam em -iar. Os verbos com essa termina-
verbos transitivos indiretos, verbos intransitivos ou ção são, predominantemente, regulares.
verbos de ligação. Além disso, o verbo sempre deverá
estar na 3ª pessoa do singular. PRESENTE — INDICATIVO
Ex.: Acredita-se em Deus. Eu Crio
Tu Crias
z Pronome reflexivo: Na função de pronome refle-
xivo, a partícula “se” indicará reflexão ou reci- Ele/Você Cria
procidade, auxiliando a construção dessas vozes Nós Criamos
verbais, respectivamente. Nessa função, suas prin- Vós Criais
cipais características são: Eles/Vocês Criam

„ Sujeito recebe e pratica a ação; Os verbos terminados em -ear, por sua vez, geral-
„ Funcionará, sintaticamente, como objeto direto mente são irregulares e apresentam alguma modifi-
ou indireto;
„ O sujeito da frase poderá estar explícito ou cação no radical ou nas desinências. Acompanhe a
implícito. conjugação do verbo “passear”:

Ex.: Ele se via no espelho (explícito). Deu-se um PRESENTE — INDICATIVO


presente de aniversário (implícito). Eu Passeio
Tu Passeias
z Parte integrante do verbo: Nesses casos, o “se” Ele/Você Passeia
será parte integrante dos verbos pronominais, Nós Passeamos
acompanhando-o em todas as suas flexões. Quan-
Vós Passeais
do o “se” exerce essa função, jamais terá uma fun-
ção sintática. Além disso, o sujeito da frase poderá Eles/Vocês Passeiam
estar explícito ou implícito.
Conjugação de Alguns Verbos
Ex.: (Ele/a) Lembrou-se da mãe, quando olhou a
filha. Vamos agora conhecer algumas conjugações de ver-
bos irregulares importantes, que sempre são objeto de
z Partícula de realce: Será partícula de realce o questões em concursos.
“se” que puder ser retirado do contexto sem pre- Observe o verbo “aderir” no presente do indicativo:
juízo no sentido e na compreensão global do texto.
A partícula de realce não exerce função sintática, PRESENTE — INDICATIVO
pois é desnecessária. Eu Adiro
Tu Aderes
Ex.: Vão-se os anéis, ficam-se os dedos.
Ele/Você Adere
z Conjunção: O “se” será conjunção condicional Nós Aderimos
quando sugerir a ideia de condição. A conjunção Vós Aderis
“se” exerce função de conjunção integrante, ape- Eles/Vocês Aderem
nas ligando as orações, e poderá ser substituído
pela conjunção “caso”. A seguir, acompanhe a conjugação do verbo “por”. São
conjugados da mesma forma os verbos dispor, interpor,
Ex.: Se ele estudar, será aprovado. (Caso ele estu-
sobrepor, compor, opor, repor, transpor, entrepor, supor.
dar, será aprovado).
PORTUGUÊS

PRESENTE — INDICATIVO
Conjugação de Verbos Derivados
Eu Ponho
Verbo derivado é aquele que deriva de um verbo Tu Pões
primitivo; para trabalhar a conjugação desses verbos, é Ele/Você Põe
importante ter clara a conjugação de seus “originários”. Nós Pomos
Atente-se à lista de verbos irregulares e de algu-
Vós Pondes
mas de suas derivações a seguir, pois são assuntos
relevantes em provas diversas: Eles/Vocês Põem 161
PREPOSIÇÕES “De”
Conceito
z Causa: Chorar de saudade;
São palavras invariáveis que ligam orações ou z Assunto: Falar de religião;
outras palavras. As preposições apresentam funções z Matéria: Material feito de plástico;
importantes tanto no aspecto semântico quanto no z Conteúdo: Maço de cigarro;
aspecto sintático, pois complementam o sentido de z Origem: Você descende de família humilde;
verbos e/ou palavras cujo sentido pode ser alterado z Posse: Este é o carro de João;
sem a presença da preposição, modificando a transiti- z Autoria: Esta música é de Chopin;
vidade verbal e colaborando para o preenchimento de z Tempo: Ela dorme de dia;
sentido de palavras deverbais4. z Lugar: Veio de São Paulo;
As preposições essenciais são: a, ante, até, após, z Definição: Pessoa de coragem;
com, contra, de, desde, em, entre, para, per, peran- z Dimensão: Sala de vinte metros quadrados;
te, por, sem, sob, trás. z Fim ou finalidade: Carro de passeio;
Existem, ainda, as preposições acidentais, assim z Instrumento: Comer de garfo e faca;
chamadas pois pertencem a outras classes grama- z Meio: Viver de ilusões;
ticais, mas funcionam, ocasionalmente, como pre- z Medida ou extensão: Régua de 30 cm;
posições. Eis algumas: afora, conforme (quando z Modo: Olhar alguém de frente;
equivaler a “de acordo com”), consoante, durante, z Preço: Caderno de 10 reais;
exceto, salvo, segundo, senão, mediante, que, visto z Qualidade: Vender artigo de primeira;
(quando equivaler a “por causa de”). z Semelhança ou comparação: Atitudes de pessoa
Acompanhe a seguir algumas preposições e exem- corajosa.
plos de uso em diferentes situações:
“Desde”
“A”
z Distância: Dormiu desde o acampamento até aqui;
z Causa ou motivo: Acordar aos gritos das crianças; z Tempo: Desde ontem ele não aparece.
z Conformidade: Escrever ao modo clássico;
z Destino (em correlação com a preposição de): De “Em”
Santos à Bahia;
z Meio: Voltarei a andar a cavalo; z Preço: Avaliou a propriedade em milhares de
z Preço: Vendemos o armário a R$ 300,00; dólares;
z Direção: Levantar as mãos aos céus; z Meio: Pagou a dívida em cheque;
z Distância: Cair a poucos metros da namorada; z Limitação: Aquele aluno em Química nunca foi bom;
z Exposição: Ficar ao sol por um longo tempo; z Forma ou semelhança: As crianças juntaram as
z Lugar: Ir a Santa Catarina; mãos em concha;
z Modo: Falar aos gritos; z Transformação ou alteração: Transformou dóla-
z Sucessão: Dia a dia; res em reais;
z Tempo: Nasci a três de maio; z Estado ou qualidade: Foto em preto e branco;
z Proximidade: Estar à janela. z Fim: Pedir em casamento;
z Lugar: Ficou muito tempo em Sorocaba;
“Após”
z Modo: Escrever em francês;
z Lugar: Permaneça na fila após o décimo lugar; z Sucessão: De grão em grão;
z Tempo: Logo após o almoço descansamos. z Tempo: O fogo destruiu o edifício em minutos;
z Especialidade: João formou-se em Engenharia.
“Com”
“Entre”
z Causa: Ficar pobre com a inflação;
z Companhia: Ir ao cinema com os amigos; z Lugar: Ele ficou entre os aprovados;
z Concessão: Com mais de 80 anos, ainda tem pla- z Meio social: Entre as elites, este é o comportamento;
nos para o futuro; z Reciprocidade: Entre mim e ele sempre houve
z Instrumento: Abrir a porta com a chave; discórdia.
z Matéria: Vinho se faz com uva;
z Modo: Andar com elegância; “Para”
z Referência: Com sua irmã aconteceu diferente;
comigo sempre é assim. z Consequência: Você deve ser muito esperto para
“Contra” não cair em armadilhas;
z Fim ou finalidade: Chegou cedo para a conferência;
z Oposição: Jogar contra a seleção brasileira; z Lugar: Em 2011, ele foi para Portugal;
z Direção: Olhar contra o sol; z Proporção: As baleias estão para os peixes assim
z Proximidade ou contiguidade: Apertou o filho como nós estamos para as galinhas;
contra o peito. z Referência: Para mim, ela está mentindo;
z Tempo: Para o ano irei à praia;
z Destino ou direção: Olhe para frente!

4  Palavras deverbais são substantivos que expressam, de forma nominal e abstrata, o sentido de um verbo com o qual mantêm relação.
Exemplo: a filmagem, o pagamento, a falência etc. Geralmente, os nomes deverbais são acompanhados por preposições e, sintaticamente, o
162 termo que completa o sentido desses nomes é conhecido como complemento nominal.
“Perante” Outros exemplos de locuções prepositivas:
Abaixo de; acerca de; acima de; devido a; a despeito
z Lugar: Ele negou o crime perante o júri. de; adiante de; defronte de; embaixo de; em frente de;
junto de; perto de; por entre; por trás de; quanto a; a
“Por” fim de; por meio de; em virtude de.

z Modo ou conformidade: Vamos escolher por


sorteio; IMPORTANTE!
z Causa: Encontrar alguém por coincidência;
Algumas locuções prepositivas apresentam
z Conformidade: Copiar por original;
semelhanças morfológicas, mas significa-
z Favor: Lutar por seus ideais;
dos completamente diferentes. Observe estes
z Medida: Vendia banana por quilo;
z Meio: Ir por terra; exemplos5:
z Modo: Saber por alto o que ocorreu; A opinião dos diretores vai ao encontro do plane-
z Preço: Comprar um livro por vinte reais; jamento inicial = Concordância.
z Quantidade: Chocar por três vezes; As decisões do público foram de encontro à pro-
z Substituição: Comprar gato por lebre; posta do programa = Discordância.
z Tempo: Viver por muitos anos. Em vez de comer lanches gordurosos, coma fru-
tas = Substituição.
“Sem” Ao invés de chegar molhado, chegou cedo =
Oposição.
z Ausência ou desacompanhamento: Estava sem
dinheiro.
Combinações e Contrações
“Sob”
As preposições podem se ligar a outras palavras de
z Tempo: Houve muito progresso no Brasil sob D. outras classes gramaticais por meio de dois processos:
Pedro II; combinação e contração.
z Lugar: Ficar sob o viaduto; Combinação: Quando se ligam sem sofrer nenhu-
z Modo: Saiu da reunião sob pretexto não convincente. ma redução.
a + o = ao
a + os = aos
“Sobre”
Contração: Quando, ao se ligarem, sofrem redução.
Veja a lista a seguir6, que apresenta as preposições
z Assunto: Não gosto de falar sobre política;
que se contraem e suas devidas formas:
z Direção: Ir sobre o adversário;
z Lugar: Cair sobre o inimigo.
z Preposição “a”:
Locuções Prepositivas
„ Com o artigo definido ou pronome demonstra-
tivo feminino:
São grupos de palavras que equivalem a uma
preposição.
a + a= à
Ex.: Falei sobre o tema da prova. (preposição) /
a + as= às
Falei acerca do tema da prova. (locução prepositiva)
A locução prepositiva na segunda frase substitui
„ Com o pronome demonstrativo:
perfeitamente a preposição “sobre”. As locuções pre-
positivas sempre terminam em uma preposição (há
a + aquele = àquele
apenas uma exceção: a locução prepositiva com senti-
a + aqueles = àqueles
do concessivo “não obstante”).
a + aquela = àquela
Veja alguns exemplos:
a + aquelas = àquelas
a + aquilo = àquilo
z Apesar de. Ex.: Apesar de terem sumido, volta-
ram logo.
z Preposição “de”:
z A respeito de. Ex.: Nossa reunião foi a respeito
de finanças.
z Graças a. Ex.: Graças ao bom Deus, não aconteceu „ Com artigo definido masculino e feminino:
nada grave.
z De acordo com. Ex.: De acordo com W. Hamboldt, de + o/os = do/dos
a língua é indispensável para que possamos pen- de + a/as = da/das
sar, mesmo que estivéssemos sempre sozinhos.
PORTUGUÊS

z Por causa de. Ex.: Por causa de poucos pontos, „ Com artigo indefinido:
não passei no exame.
z Para com. Ex.: Minha mãe me ensinou ter respeito de + um= dum
para com os mais velhos. de + uns = duns
z Por baixo de. Ex.: Por baixo do vestido, ela usa de + uma = duma
um short. de + umas = dumas
5  Disponível em: instagram.com/academiadotexto. Acesso em: 20 nov. 2020.
6  Disponível em: <https://www.preparaenem.com/portugues/combinacao-contracao-das-preposicoes.htm>. Acesso em: 20 nov. 2020. 163
„ Com pronome demonstrativo: Algumas Relações Semânticas Estabelecidas por
Preposições
de + este(s)= deste, destes
de + esta(s)= desta, destas Antes de entrarmos neste assunto, vale relembrar
de + isto= disto o que significa Semântica. Semântica é a área do
de + esse(s) = desse, desses conhecimento que relaciona o significado da palavra
de + essa(s)= dessa, dessas ao seu contexto.
de + isso = disso É importante ressaltar que as preposições podem
de + aquele(s) = daquele, daqueles apresentar valor relacional ou podem atribuir um
de + aquela(s) = daquela, daquelas valor nocional.
de + aquilo= daquilo As preposições que apresentam um valor rela-
cional cumprem uma relação sintática com verbos
„ Com o pronome pessoal: ou substantivos, que, em alguns casos, são chamados
deverbais, conforme já mencionamos. Essa mesma
de + ele(s) = dele, deles relação sintática pode ocorrer com adjetivos e advér-
de + ela(s) = dela, delas bios, os quais também apresentarão função deverbal.
Ex.: Concordo com o advogado (preposição exigida
„ Com o pronome indefinido: pela regência do verbo concordar).
Tenho medo da queda (preposição exigida pelo
de + outro(s)= doutro, doutros complemento nominal).
de + outra(s) = doutra, doutras Estou desconfiado do funcionário (preposição exi-
gida pelo adjetivo).
„ Com advérbio: Fui favorável à eleição (preposição exigida pelo
advérbio).
de + aqui= daqui Em todos esses casos, a preposição mantém uma
de + aí= daí relação sintática com a classe de palavras a qual se liga,
de + ali= dali sendo, portanto, obrigatória a sua presença na sentença.
De modo oposto, as preposições cujo valor nocio-
z Preposição “em”: nal é preponderante apresentam uma modificação
no sentido da palavra à qual se liga. Elas não são
„ Com artigo definido: componentes obrigatórios na construção da senten-
ça, divergindo das preposições de valor relacional.
em + a(s)= na, nas As preposições de valor nocional estabelecem uma
em + o(s)= no, nos noção de posse, causa, instrumento, matéria, modo
etc. Vejamos algumas na tabela a seguir:
„ Com pronome demonstrativo:
VALOR NOCIONAL DAS
SENTIDO
em + esse(s)= nesse, nesses PREPOSIÇÕES
em + essa(s)= nessa, nessas Posse Carro de Marcelo
em + isso = nisso
Lugar O cachorro está sob a mesa
em + este(s) = neste, nestes
em + esta(s) = nesta, nestas Votar em branco / Chegar aos
Modo
gritos
em + isto = nisto
em + aquele(s) = naquele, naqueles Causa Preso por agressão
em + aquela(s) = naquelas Assunto Falar sobre política
em + aquilo = naquilo Origem Descende de família simples
Olhe para frente! / Iremos a
„ Com pronome pessoal: Destino
Paris

em + ele(s) = nele, neles


em + ela(s) = nela, nelas CONJUNÇÕES

z Preposição “per”: Assim como as preposições, as conjunções também


são invariáveis e também auxiliam na organização
„ Com as formas antigas do artigo definido (lo, das orações, ligando termos e, em alguns casos, ora-
la): ções. Por manterem relação direta com a organização
das orações nas sentenças, as conjunções podem ser
per + lo(s) = pelo, pelos coordenativas ou subordinativas.
per + la(s) = pela, pelas
Conjunções Coordenativas
z Preposição “para” (pra):
As conjunções coordenativas são aquelas que
„ Com artigo definido: ligam orações coordenadas, ou seja, orações que não
fazem parte de uma outra; em alguns casos, ainda,
para (pra) + o(s) = pro, pros essas conjunções ligam núcleos de um mesmo termo
164 para (pra) + a(s)= pra, pras da oração. As conjunções coordenadas podem ser:
z Aditivas: Somam informações. E, nem, bem como, z Causal: Iniciam a oração dando ideia de causa.
não só, mas também, não apenas, como ainda, Haja vista, que, porque, pois, porquanto, visto que,
senão (após não só). uma vez que, como (equivale a porque) etc.

Ex.: Não fiz os exercícios nem revisei. Ex.: Como não choveu, a represa secou.

O gato era o preferido, não só da filha, senão de z Consecutiva: Iniciam a oração expressando ideia
toda família. de consequência. Que (depois de tal, tanto, tão), de
modo que, de forma que, de sorte que etc.
z Adversativa: Colocam informações em oposição,
contradição. Mas, porém, contudo, todavia, entre- Ex.: Estudei tanto que fiquei com dor de cabeça.
tanto, não obstante, senão (equivalente a mas).
z Comparativa: Iniciam orações comparando ações
Ex.: Não tenho um filho, mas dois. e, em geral, o verbo fica subtendido. Como, que
A culpa não foi a população, senão dos vereadores nem, que (depois de mais, menos, melhor, pior,
(equivale a “mas sim”). maior), tanto... quanto etc.
Importante: A conjunção “e” pode apresentar
valor adversativo, principalmente quando é antecedi- Ex.: Corria como um touro.
da por vírgula: Estava querendo dormir, e o barulho Ela dança tanto quanto Carlos.
não deixava.
z Conformativa: Expressam a conformidade de
z Alternativas: Ligam orações com ideias que não uma ideia com a da oração principal. Conforme,
acontecem simultaneamente, que se excluem. Ou, como, segundo, de acordo com, consoante etc.
ou...ou, quer...quer, seja...seja, ora...ora, já...já.
Ex.: Tudo ocorreu conforme o planejado.
Ex.: Estude ou vá para a festa. Amanhã chove, segundo informa a previsão do
tempo.
Seja por bem, seja por mal, vou convencê-la.
Importante: A palavra “senão” pode funcionar
z Concessiva: Iniciam uma oração com uma ideia
como conjunção alternativa: Saia agora, senão cha-
contrária à da oração principal. Embora, conquan-
marei os guardas! (pode-se trocá-la por “ou”).
to, ainda que, mesmo que, em que pese, posto que
etc.
z Explicativas: Ligam orações, de forma que em
uma delas explica-se o que a outra afirma. Que, por-
Ex.: Teve que aceitar a crítica, conquanto não tives-
que, pois, (se vier no início da oração), porquanto.
se gostado.
Trabalhava, por mais que a perna doesse.
Ex.: Estude, porque a caneta é mais leve que a enxada!
Viva bem, pois isso é o mais importante.
z Condicional: Iniciam uma oração com ideia de
Importante: “Pois” com sentido explicativo inicia uma hipótese, condição. Se, caso, desde que, contanto
oração e justifica outra. Ex.: Volte, pois sinto saudades. que, a menos que, somente se etc.
“Pois” conclusivo fica após o verbo, deslocado
entre vírgulas: Nessa instabilidade, o dólar voltará, Ex.: Se eu quisesse falar com você, teria respondido
pois, a subir. sua mensagem.
Posso lhe ajudar, caso necessite.
z Conclusiva: Ligam duas ideias, de forma que a
segunda conclui o que foi dito na primeira. Logo, z Proporcional: Ideia de proporcionalidade. À pro-
portanto, então, por isso, assim, por conseguinte, porção que, à medida que, quanto mais...mais,
destarte, pois (deslocado na frase). quanto menos...menos etc.

Ex.: Estava despreparado, por isso, não fui aprovado. Ex.: Quanto mais estudo, mais chances tenho de
Está na hora da decolagem; deve, então, apressar-se. ser aprovado.
Ia aprendendo, à medida que convivia com ela.
Dica
z Final: Expressam ideia de finalidade. Final, para
As conjunções “e”, “nem” não devem ser empre- que, a fim de que etc.
gadas juntas (“e nem”). Tendo em vista que
ambas indicam a mesma relação aditiva, o uso Ex.: A professora dá exemplos para que você aprenda!
concomitante acarreta em redundância. Comprou um computador a fim de que pudesse
PORTUGUÊS

trabalhar tranquilamente.
Conjunções Subordinativas
z Temporal: Iniciam a oração expressando ideia de
Tal qual as conjunções coordenativas, as subor- tempo. Quando, enquanto, assim que, até que, mal,
dinativas estabelecem uma ligação entre as ideias logo que, desde que etc.
apresentadas em um texto. Porém, diferentemente
daquelas, estas ligam ideias apresentadas em orações Ex.: Quando viajei para Fortaleza, estive na Praia
subordinadas, ou seja, orações que precisam de outra do Futuro.
para terem o sentido apreendido. Mal cheguei à cidade, fui assaltado. 165
É salutar lembrar que o sentido exato de cada
IMPORTANTE! interjeição só poderá ser apreendido diante do con-
Os valores semânticos das conjunções não se texto. Por isso, em questões que abordem essa classe
prendem às formas morfológicas desses elemen- de palavras, o candidato deve reler o trecho em que a
interjeição aparece, a fim de se certificar do sentido
tos. O valor das conjunções é construído contex-
expresso no texto.
tualmente, por isso, é fundamental estar atento
Isso acontece pois qualquer expressão exclamati-
aos sentidos estabelecidos no texto. va que expresse sentimento ou emoção pode funcionar
Ex.: Se Mariana gosta de você, por que você não a como uma interjeição. Lembre-se dos palavrões, por
procura? (Se = causal = já que) exemplo, que são interjeições por excelência, mas que,
Por que ficar preso na cidade, quando existe tanto dependendo do contexto, podem ter seu sentido alterado.
ar puro no campo? (Quando = causal = já que). Antes de concluirmos, é importante ressaltar o
papel das locuções interjetivas, conjunto de palavras
que funciona como uma interjeição, como: Meu Deus!
Conjunções Integrantes Ora bolas! Valha-me Deus!

As conjunções integrantes fazem parte das orações


subordinadas; na realidade, elas apenas integram uma
oração principal à outra, subordinada. Existem apenas
dois tipos de conjunções integrantes: “que” e “se”.
MORFOSSINTAXE
FRASE, ORAÇÃO E PERÍODO, TERMOS DA ORAÇÃO,
z Quando é possível substituir o “que” pelo pronome
ORAÇÕES DO PERÍODO (DESENVOLVIDAS E
“isso”, estamos diante de uma conjunção integrante.
REDUZIDAS), FUNÇÕES SINTÁTICAS DO PRONOME
RELATIVO, SINTAXE DE REGÊNCIA (VERBAL E
Ex.: Quero que a prova esteja fácil. (Quero. O quê? NOMINAL), SINTAXE DE CONCORDÂNCIA (VERBAL
Isso). E NOMINAL) E SINTAXE DE COLOCAÇÃO

z Sempre haverá conjunção integrante em orações Conceitos Básicos da Sintaxe


substantivas e, consequentemente, em períodos
compostos. Ao selecionar palavras, nós as escolhemos entre
os grandes grupos de palavras existentes na língua,
Ex.: Perguntei se ele estava em casa. (Perguntei. O como verbos, substantivos ou adjetivos. Esses são gru-
quê? Isso). pos morfológicos. Ao combinar as palavras em frases,
nós construímos um painel morfológico.
z Nunca devemos inserir uma vírgula entre um ver- As palavras normalmente recebem uma dupla clas-
bo e uma conjunção integrante. sificação: a morfológica, que está relacionada à classe
gramatical a que pertence, e a sintática, relacionada à
Ex.: Sabe-se, que o Brasil é um país desigual função específica que assumem em determinada frase.
(errado).
Frase
Sabe-se que o Brasil é um país desigual (certo).
Frase é todo enunciado com sentido completo.
INTERJEIÇÕES Pode ser formada por apenas uma palavra ou por um
conjunto de palavras.
As interjeições também fazem parte do grupo de Ex.: Fogo!
palavras invariáveis, tal como as preposições e as Silêncio!
conjunções. Sua função é expressar estado de espíri- “A igreja, com este calor, é fornalha...” (Graciliano
to e emoções; por isso, apresentam forte conotação Ramos)
semântica. Uma interjeição sozinha pode equivaler a
uma frase. Ex.: Tchau! Oração
As interjeições indicam relações de sentido diversas.
Enunciado que se estrutura em torno de um verbo
A seguir, apresentamos um quadro com os sentimentos
(explícito, implícito ou subentendido) ou de uma locu-
e sensações mais expressos pelo uso de interjeições: ção verbal. Quanto ao sentido, a oração pode apresen-
tá-lo completo ou incompleto.
VALOR SEMÂNTICO INTERJEIÇÃO Ex.: Você é um dos que se preocupam com a
Advertência Cuidado! Devagar! Calma! poluição.
“A roda de samba acabou” (Chico Buarque)
Alívio Arre! Ufa! Ah!
Alegria/Satisfação Eba! Oba! Viva! Período
Desejo Oh! Tomara! Oxalá!
Período é o enunciado constituído de uma ou mais
Repulsa Irra! Fora! Abaixo! orações.
Dor/Tristeza Ai! Ui! Que pena! Classifica-se em:
Espanto Oh! Ah! Opa! Putz! � Simples: possui apenas uma oração.
Saudação Salve! Viva! Adeus! Tchau! Ex.: O sol surgiu radiante.
Ninguém viu o acidente.
166 Medo Credo! Cruzes! Uh! Oh! � Composto: possui duas ou mais orações.
Ex.: “Amou daquela vez como se fosse a última.” Dica
(Chico Buarque)
Para determinar o sujeito da oração, colocam-se
Chegou Em Casa E Tomou Banho.
as expressões interrogativas quem? ou o quê?
PERÍODO SIMPLES – TERMOS DA ORAÇÃO Antes do verbo.
Ex.: A população pediu uma providência ao
Os termos que formam o período simples são dis- governador.
tribuídos em: essenciais (Sujeito e Predicado), inte- quem pediu uma providência ao governador?
grantes (complemento verbal, complemento nominal Resposta: A população (sujeito).
e agente da passiva) e acessórios (adjunto adnominal,
Ex.: O pêndulo do relógio iria de um lado para o outro.
adjunto adverbial e aposto).
o que iria de um lado para o outro?
Termos Essenciais da Oração Resposta: O pêndulo do relógio (sujeito).

São aqueles indispensáveis para a estrutura básica Tipos de Sujeito


da oração. Costuma-se associar esses termos a situa-
ções analógicas, como um almoço tradicional brasi- Quanto à função na oração, o sujeito classifica-se em:
leiro constituído basicamente de arroz e feijão, por
exemplo. São eles: Sujeito e Predicado. Veremos a
seguir cada um deles. Simples
DETERMINADO Composto
SUJEITO
Elíptico
É o elemento que faz ou sofre a ação determinada
Com verbos flexionados na 3ª
pelo verbo.
pessoa do plural
INDETERMINADO
O sujeito pode ser: Com verbos acompanhados do se
(índice de indeterminação do sujeito)
� o termo sobre o qual o restante da oração diz algo;
Usado para fenômenos da
� o elemento que pratica ou recebe a ação expressa
INEXISTENTE natureza ou com verbos
pelo verbo;
impessoais
� o termo que pode ser substituído por um pronome
do caso reto; z Determinado: quando se identifica a pessoa, o
� o termo com o qual o verbo concorda. lugar ou o objeto na oração. Classifica-se em:
Ex.: A população implorou pela compra da vacina
da COVID-19. „ Simples: quando há apenas um núcleo.
Ex.: O [aluguel] da casa é caro.
No exemplo anterior a população é: Núcleo: aluguel
Sujeito simples: O aluguel da casa
z O elemento sobre o qual se declarou algo (implo-
rou pela compra da vacina); „ Composto: quando há dois núcleos ou mais.
z O elemento que pratica a ação de implorar; Ex.: Os [sons] e as [cores] ficaram perfeitos.
Núcleos: sons, cores.
z O termo com o qual o verbo concorda (o verbo
Sujeito composto: Os sons e as cores
implorar está flexionado na 3ª pessoa do singular);
z O termo que pode ser substituído por um pronome „ Elíptico, oculto ou desinencial: quando não
do caso reto. aparece na oração, mas é possível de ser identifi-
Ex.: (Ele implorou pela compra da vacina da cado devido à flexão do verbo ao qual se refere.
COVID-19.) Ex.: Vi o noticiário hoje de manhã. Sujeito: (Eu)

Núcleo do Sujeito z Indeterminado: quando não é possível identificar


o sujeito na oração, mas ainda sim está presente.
O núcleo é a palavra base do sujeito. É a principal Encontra-se na 3ª pessoa do plural ou representa-
porque é a respeito dela que o predicado diz algo. O do por um índice de indeterminação do sujeito, a
núcleo indica a palavra que realmente está exercen- partícula “se”.
do determinada função sintática, que atua ou sofre a
ação. O núcleo do sujeito apresentará um substantivo, „ Colocando-se o verbo na 3ª pessoa do plural,
ou uma palavra com valor de substantivo, ou pronome. não se referindo a nenhuma palavra determi-
z O sujeito simples contém apenas um núcleo. nada no contexto.
Ex.: Passaram cedo por aqui, hoje.
Ex.: O povo pediu providências ao governador. Entende-se que alguém passou cedo.
PORTUGUÊS

Sujeito: O povo
„ Colocando-se verbos sem complemento direto
Núcleo do sujeito: povo
(intransitivos, transitivos diretos ou de ligação)
z Já o sujeito composto, o núcleo será constituído na 3ª pessoa do singular acompanhados do pro-
de dois ou mais termos. nome se, que atua como índice de indetermina-
ção do sujeito.
Ex.: As luzes e as cores são bem visíveis. Ex.: Não se vê com a neblina.
Sujeito: As luzes e as cores Entende-se que ninguém consegue ver nessa
Núcleo do sujeito: luzes/cores condição. 167
Sujeito Inexistente ou Oração sem Sujeito Classificação do Predicado

Esse tipo de situação ocorre quando uma oração A classificação do predicado depende do significa-
não tem sujeito mas tem sentido completo. Os verbos do e do tipo de verbo que apresenta.
são impessoais e normalmente representam fenôme-
nos da natureza. Pode ocorrer também o verbo fazer z Predicado nominal: ocorre quando o núcleo sig-
ou haver no sentido de existir. nificativo se concentra em um nome (corresponde
Geia no Paraná. a um predicativo do sujeito).
Fazia um mês que tinha sumido. O verbo deste tipo de oração é sempre de ligação.
Basta de confusão. O predicado nominal tem por núcleo um nome
Há dois anos esse restaurante abriu. (substantivo, adjetivo ou pronome).
Ex.: “Nossas flores são mais bonitas.” (Murilo Mendes)
Classificação do Sujeito Quanto à Voz Predicado: são mais bonitas.
Ex.: “As estrelas estão cheias de calafrios.” (Olavo Bilac)
z Voz ativa (sujeito agente)
Predicado: estão cheias de calafrios.
Ex.: Cláudia corta cabelos de terça a sábado.
Nesse caso, o termo “Cláudia” é a pessoa que exer- É importante não confundir:
ce a ação na frase.
z Verbo de ligação: quando não exprime uma ação,
z Voz passiva sintética (sujeito paciente) mas um estado momentâneo ou permanente que
Ex.: Corta-se cabelo. relaciona o sujeito ao restante do predicado, que é
Pode-se ler “Cabelo é cortado”, ou seja, o sujeito o predicativo do sujeito.
“cabelo” sofre uma ação, diferente do exemplo do item z Predicativo do sujeito; função exercida por subs-
anterior. O “-se” é a partícula apassivadora da oração. tantivo, adjetivo, pronomes e locuções que atri-
buem uma condição ou qualidade ao sujeito.
Importante notar que não há preposição entre Ex.: O garoto está bastante feliz.
o verbo e o substantivo. Se houvesse, por exemplo, Verbo de ligação: está
“de” no meio da frase, o termo “cabelo” não seria mais Predicativo do sujeito: bastante feliz
sujeito, seria objeto indireto, um complemento verbal. Ex.: Seu batom é muito forte.
Verbo de ligação: é
Ex.: Precisa-se de cabelo.
Predicativo do sujeito: muito forte
Assim, “de cabelo” seria um complemento verbal, e
não um sujeito da oração. Nesse caso, o sujeito é indeter-
Predicado Verbal
minado, marcado pelo índice de indeterminação “-se”.

z Voz passiva analítica (sujeito paciente) Ocorre quando há dois núcleos significativos: um
Ex.: A minha saia azul está rasgada. verbo (transitivo ou intransitivo) e um nome (predi-
O sujeito está sofrendo uma ação, e não há presen- cativo do sujeito ou, em caso transitivo, predicativo do
ça da partícula -se. objeto). Da natureza desse verbo é que decorrem os
demais termos do predicado.
PREDICADO O verbo do predicado pode ser classificado em
transitivo direto, transitivo indireto, verbo transi-
É o termo que contém o verbo e informa algo sobre tivo direto e indireto ou verbo intransitivo.
o sujeito. Apesar de o sujeito e o predicado serem ter-
mos essenciais na oração, há casos em que a oração z Verbo transitivo direto (VTD): é o verbo que exige
não possui sujeito. Mas, se a oração é estruturada em um complemento não preposicionado, o objeto direto.
torno de um verbo e ele está contido no predicado, é Ex.: “Fazer sambas lá na vila é um brinquedo.”
impossível existir uma oração sem sujeito. Noel Rosa
Verbo Transitivo Direto: Fazer
O predicado pode ser: Ex.: Ele trouxe os livros ontem.
Verbo Transitivo Direto: trouxe
z Aquilo que se declara a respeito do sujeito.
Ex.: “A esposa e o amigo seguem sua marcha.” z Verbo transitivo indireto (VTI): o verbo transiti-
(José de Alencar) vo indireto tem como necessidade o complemen-
to acompanhado de uma preposição para fazer
Predicado: seguem sua marcha
sentido.
z Uma declaração que não se refere a nenhum sujei-
Ex.: Nós acreditamos em você.
to (oração sem sujeito):
Verbo transitivo indireto: acreditamos
Ex.: Chove pouco nesta época do ano.
Preposição: em
Predicado: Chove pouco nesta época do ano.
Ex.: Frida obedeceu aos seus pais.
Para determinar o predicado, basta separar o Verbo transitivo indireto: obedeceu
sujeito. Ocorrendo uma oração sem sujeito, o predica- Preposição: a (a + os)
do abrangerá toda a declaração. A presença do verbo Ex.: Os professores concordaram com isso.
é obrigatória, seja de forma explícita ou implícita: Verbo transitivo indireto: concordaram
Preposição: com
Ex.: “Nossos bosques têm mais vidas.” (Gonçalves
Dias) z Verbo transitivo direto e indireto (VTDI): é o
Sujeito: Nossos bosques. Predicado: têm mais vida. verbo de sentido incompleto que exige dois com-
Ex.: “Nossa vida mais amores”. (Gonçalves Dias) plementos: objeto direto (sem preposição) e objeto
168 Sujeito: Nossa vida. Predicado: mais amores. indireto (com preposição).
Ex.: “Ela contava-lhe anedotas, e pedia-lhe ou- Ela era vitoriosa.
tras.” (Machado de Assis) Nessas duas últimas formas, os termos seriam pre-
dicativos do sujeito, pois são precedidos de verbos de
Verbo transitivo direto e indireto 1: contava ligação (foi e era, respectivamente).
Objeto direto 1: anedotas
TERMOS INTEGRANTES DA ORAÇÃO
Objeto indireto 1: lhe
São vocábulos que se agregam a determinadas
Verbo transitivo direto e indireto 2: pedia estruturas para torná-las completas. De acordo com
a gramática da língua portuguesa, esses termos são
Objeto direto 2: outras
divididos em:
Objeto indireto 2: lhe.
Complementos Verbais
z Verbo intransitivo (VI): É aquele capaz de cons-
truir sozinho o predicado, que não precisa de com- São termos que completam o sentido de verbos
plementos verbais, sem prejudicar o sentido da transitivos diretos e transitivos indiretos.
oração.
Ex.: Escrevia tanto que os dedos adormeciam. z Objeto direto: revela o alvo da ação. Não é acom-
Verbo intransitivo: adormeciam. panhado de preposição.
Predicado Verbo-Nominal Ex.: Examinei o relógio de pulso.
Gostaria de vê-lo no topo do mundo.
Ocorre quando há dois núcleos significativos: O técnico convocou somente os do Brasil. (os =
um verbo nocional (intransitivo ou transitivo) e um aqueles)
nome (predicativo do sujeito ou, em caso de verbo
transitivo, predicativo do objeto). Pronomes e sua relação com o objeto direto
Além dos pronomes oblíquos o(s), a(s) e suas
Ex.: “O homem parou atento.” (Murilo Mendes)
variações lo(s), la(s), no(s), na(s), “que” quase sem-
Verbo intransitivo: parou pre exercem função de objeto direto, os pronomes
Predicativo do sujeito: atento oblíquos me, te, se, nos, vos também podem exercer
essa função sintática.
Repare que no primeiro exemplo o termo “atento” Ex.: Levou-me à sabedoria esta aula. (= “Levaram
está caracterizando o sujeito “O homem” e, por isso, é quem? A minha pessoa”)
considerado predicativo do sujeito. Nunca vos tomeis como grandes personalidades.
Ex.: “Fabiano marchou desorientado.” (Olavo Bilac) (= “Nunca tomeis quem? Vós”)
Verbo intransitivo: marchou Convidaram-na para o almoço de despedida. (=
Predicativo do sujeito: desorientado “Convidaram quem? Ela”)
Depois de terem nos recebido, abriram a caixa. (=
No segundo exemplo, o termo “desorientado” indi- “Receberam quem? Nós”)
ca um estado do termo “Fabiano”, que também é sujei- Os pronomes demonstrativos o, a, os, as podem
to. Temos mais um caso de predicativo do sujeito. ser objetos diretos. Normalmente, aparecem antes do
pronome relativo que.
Ex.: “Ptolomeu achou o raciocínio exato.” (Macha-
do de Assis) Ex.: Escuta o que eu tenho a dizer. (Escuta algo:
Verbo transitivo direto: achou esse algo é o objeto direto)
Objeto direto: o raciocínio Observe bem a que ele mostrar. (a = pronome
Predicativo do objeto: exato feminino definido)

No terceiro exemplo, o termo “exato” caracteriza z Objeto direto preposicionado


um julgamento relacionado ao termo “o raciocínio”,
que é o objeto direto dessa oração. Com isso, podemos Mesmo que o verbo transitivo direto não exija
concluir que temos um caso de predicativo do obje- preposição no seu complemento, algumas palavras
to, visto que “exato” não se liga a “Ptolomeu”, que é requerem o uso da preposição para não perder o sen-
o sujeito.
tido de “alvo” do sujeito.
O que é o predicativo do objeto?
Além disso, há alguns casos obrigatórios e outros
É o termo que confere uma característica, uma
facultativos.
qualidade, ao que se refere.
A formação do predicativo do objeto se dá por um
adjetivo ou por um substantivo. Exemplos com ocorrência obrigatória de preposição:
PORTUGUÊS

Ex.: Consideramos o filme proveitoso.


Predicativo do objeto: proveitoso Não entendo nem a ele nem a ti.
Ex.: Chamavam-lhe vitoriosa, pelas conquistas. Respeitava-se aos mais antigos.
Predicativo do objeto: vitoriosa Ali estava o artista a quem nosso amigo idolatrava.
Para facilitar a identificação do predicativo do Amavam-se um ao outro.
objeto, o recomendável é desdobrar a oração, acres- “Olho Gabriela como a uma criança, e não mulher
centando-lhe um verbo de ligação, cuja função especí- feita.” (Ciro dos Anjos)
fica é relacionar o predicativo ao nome.
O filme foi proveitoso. Exemplos com ocorrência facultativa de preposição: 169
Eles amam a Deus, assim diziam as pessoas daque- de uso é fundamental para o esclarecimento do senti-
le templo. do do nome.
A escultura atrai a todos os visitantes. Ex.: Tenho certeza de que tu serás aprovado.
Não admito que coloquem a Sua Excelência num Estou longe de casa e tão perto do paraíso.
pedestal. Para melhor identificar um complemento nomi-
Ao povo ninguém engana. nal, siga a instrução:
Eu detesto mais a estes filmes do que àqueles. Nome + preposição + quem ou quê
No caso “Você bebeu dessa água?”, a forma “des- Como diferenciar complemento nominal de com-
sa” (preposição de + pronome essa) precisa estar pre- plemento verbal?
sente para indicar parte de um todo, quando assim Ex.: Naquela época, só obedecia ao meu coração.
for o contexto de uso. Logo, a pergunta é se a pessoa (complemento verbal, pois “ao meu coração” liga-se
bebeu uma porção da água, e não ela toda. diretamente ao verbo “obedecia”)
Naquela época, a obediência ao meu coração pre-
valecia. (complemento nominal, pois “ao meu cora-
z Objeto direto pleonástico: É a dupla ocorrência
ção” liga-se diretamente ao nome “obediência”).
dessa função sintática na mesma oração, a fim de
enfatizar um único significado.
Agente da Passiva
Ex.: “Eu não te engano a ti”. (Carlos Drummond de
É o complemento de um verbo na voz passiva ana-
Andrade)
lítica. Sempre é precedido da preposição por, e, mais
raramente, da preposição de.
z Objeto direto interno: Representado por palavra Forma-se essencialmente pelos verbos auxiliares
que tem o mesmo radical do verbo ou apresenta ser, estar, viver, andar, ficar.
mesmo significado.
Ex.: Riu um riso aterrador. Termos Acessórios da Oração
Dormiu o sono dos justos.
Há termos que, apesar de dispensáveis na estrutu-
Como diferenciar objeto direto de sujeito? ra básica da oração, são importantes para compreen-
Já começaram os jogos da seleção. (sujeito) são do enunciado porque trazem informações novas.
Ignoraram os jogos da seleção. (objeto direto) Esses termos são chamados acessórios da oração.
O objeto direto pode ser passado para a voz passi-
va analítica e se transforma em sujeito. Adjunto Adnominal
Os jogos da seleção foram ignorados.
São termos que acompanham o substantivo,
z Objeto indireto: É complemento verbal regido de núcleo de outra função, para qualificar, quantificar,
preposição obrigatória, que se liga diretamente a especificar o elemento representado pelo substantivo.
verbos transitivos indiretos e diretos. Representa Categorias morfológicas que podem funcionar
o ser beneficiado ou o alvo de uma ação. como adjunto adnominal:
Ex.: Por favor, entregue a carta ao proprietário da
casa 260. z Artigos;
Gosto de ti, meu nobre. z Adjetivos;
Não troque o certo pelo duvidoso. z Numerais;
Vamos insistir em promover o novo romance de z Pronomes;
ficção. z Locuções adjetivas.

Objeto indireto e o uso de pronomes pessoais Ex.: Aqueles dois antigos soldadinhos de chumbo
ficaram esquecidos no quarto.
Pode ser representado pelos seguintes pronomes Iam cheios de si.
oblíquos átonos: me, te, se, no, vos, lhe, lhes. Os pro- Estava conquistando o respeito dos seus.
nomes o, a, os, as não exercerão essa função. O novo regulamento originou a revolta dos
Ex.: Mostre-lhe onde fica o banheiro, por favor. funcionários.
Todos os pronomes oblíquos tônicos (me, mim, O doutor possuía mil lembranças de suas viagens.
comigo, te, ti, contigo) podem funcionar como objeto
indireto, já que sempre ocorrem com preposição. z Pronomes oblíquos átonos e a função de ajunto
adnominal: os pronomes me, te, lhe, nos, vos, lhes
Ex.: Você escreveu esta carta para mim?
exercem essa função sintática quando assumem
valor de pronomes possessivos.
z Objeto indireto pleonástico: Ocorrência repetida
Ex.: Puxaram-me o cabelo (Puxam meu cabelo).
dessa função sintática com o objetivo de enfatizar
uma mensagem.
z Como diferenciar adjunto adnominal de com-
Ex.: A ele, sem reservas, supliquei-lhe ajuda.
plemento nominal?
COMPLEMENTO NOMINAL Quando o adjunto adnominal for representado por
uma locução adjetiva, ele pode ser confundido com
Completa o sentido de substantivos, adjetivos e complemento nominal. Para diferenciá-los, siga a dica:
advérbios. É uma função sintática regida de preposi-
ção e com objetivo de completar o sentido de nomes. A „ Será adjunto adnominal: se o substantivo ao
170 presença de um complemento nominal nos contextos qual se liga for concreto.
Ex.: A casa da idosa desapareceu. Ex.: As filhas gêmeas de Ana, que aniversariaram
Se indicar posse ou o agente daquilo que ontem, acabaram de voltar de férias.
expressa o substantivo abstrato. Jéssica uma ótima pessoa, conseguiu apoio de todos.
Ex.: A preferência do grupo não foi respeitada. � Enumerativo: usado para desenvolver ideias que
„ Será complemento nominal: se indicar o alvo foram resumidas ou abreviadas em um termo ante-
daquilo que expressa o substantivo. rior. Mostra os elementos contidos em um só termo.
Ex.: A preferência pelos novos alojamentos não Ex.: Víamos somente isto: vales, montanhas e
foi respeitada. riachos.
Notava-se o amor pelo seu trabalho. Apenas três coisas me tiravam do sério, a saber,
Se vier ligado a um adjetivo ou a um advérbio: preconceito, antipatia e arrogância.
Ex.: Manteve-se firme em seus objetivos. z Recapitulativo ou resumidor: É o termo usado
para resumir termos anteriores. É expresso, nor-
Adjunto Adverbial malmente, por um pronome indefinido.
Ex.: Os professores, coordenadores, alunos, todos
Termo representado por advérbios, locuções estavam empolgados com a feira.
adverbiais ou adjetivos com valor adverbial. Relacio- Irei a Moçambique, Cabo Verde, Angola e Guiné-
na-se ao verbo ou a toda oração para indicar variadas -Bissau, países africanos onde se fala português.
circunstâncias. � Comparativo: Estabelece uma comparação implícita.
Ex.: Meu coração, uma nau ao vento, está sem rumo.
z Tempo: Quero que ele venha logo;
z Lugar: A dança alegre se espalhou na avenida; � Circunstancial: Exprime uma característica
circunstancial.
z Modo: O dia começou alegremente; Ex.: No inverno, busquemos sair com roupas
z Intensidade: Almoçou pouco; apropriadas.
z Causa: Ela tremia de frio; � Especificativo: É o aposto que aparece junto a um
z Companhia: Venha jantar comigo; substantivo de sentido genérico, sem pausa, para
z Instrumento: Com a máquina, conseguiu lavar as especificá-lo ou individualizá-lo. É constituído por
roupas; substantivos próprios.
Ex.: O mês de abril.
z Dúvida: Talvez ele chegue mais cedo; O rio Amazonas.
z Finalidade: Vivia para o trabalho; Meu primo José.
z Meio: Viajou de avião devido à rapidez; z Aposto da oração: É um comentário sobre o
z Assunto: Falávamos sobre o aluguel; fato expresso pela oração, ou uma palavra que
z Negação: Não permitirei que permaneça aqui; condensa.
Ex.: Após a notícia, ficou calado, sinal de sua
z Afirmação: Sairia sim naquela manhã; preocupação.
z Origem: Descendia de nobres. O noticiário disse que amanhã fará muito calor –
ideia que não me agrada.
Não confunda!
Para conseguir distinguir adjunto adverbial de � Distributivo: Dispõe os elementos equitativamente.
adjunto adnominal, basta saber se o termo relacio- Ex.: Separe duas folhas: uma para o texto e outra
nado ao adjunto é um verbo ou um nome, mesmo que para as perguntas.
o sentido seja parecido. Sua presença era inesperada, o que causou surpresa.
Ex.: Descendência de nobres. (O “de nobres” aqui
é um adjunto adnominal) Dica
Descendia de nobres. (O “de nobres” aqui é um
� O aposto pode aparecer antes do termo a que
adjunto adverbial)
se refere, normalmente antes do sujeito.
Aposto Ex.: Maior piloto de todos os tempos, Ayrton Sen-
na marcou uma geração.
Estruturas relacionadas a substantivos, pronomes � Segundo “o gramático” Cegalla, quando o apos-
ou orações. O aposto tem como propósito explicar, to se refere a um termo preposicionado, pode ele
identificar, esclarecer, especificar, comentar ou apon- vir igualmente preposicionado.
tar algo, alguém ou um fato. Ex.: De cobras, (de) morcegos, (de) bichos, de
Ex.: Renata, filha de D. Raimunda, comprou uma tudo ele tinha medo.
bicicleta. � O aposto pode ter núcleo adjetivo ou adverbial.
Aposto: filha de D. Raimunda
Ex.: Tuas pestanas eram assim: frias e curvas.
Ex.: O escritor Machado de Assis escreveu gran-
(adjetivos, apostos do predicativo do sujeito)
des obras.
Falou comigo deste modo: calma e maliciosa-
Aposto: Machado de Assis.
PORTUGUÊS

mente. (advérbios, aposto do adjunto adverbial


Classifica-se nas seguintes categorias: de modo).

z Explicativo: usado para explicar o termo anterior. z Diferença de aposto especificativo e adjunto
Separa-se do substantivo a que se refere por uma adnominal: Normalmente, é possível retirar a
pausa, marcada na escrita por vírgulas, travessões preposição que precede o aposto. Caso seja um
ou dois-pontos. adjunto, se for retirada a preposição, a estrutura
fica prejudicada.
Ex.: A cidade Fortaleza é quente. 171
(aposto especificativo / Fortaleza é uma cidade) „ Orações subordinadas substantivas: subjeti-
O clima de Fortaleza é quente. vas, objetivas diretas, objetivas indiretas, com-
(adjunto adnominal / Fortaleza é um clima?) pletivas nominais, predicativas, apositivas;
„ Orações subordinadas adjetivas: restritivas,
z Diferença de aposto e predicativo do sujeito: O explicativas;
aposto não pode ser um adjetivo nem ter núcleo „ Orações subordinadas adverbiais: causais, com-
adjetivo. parativas, concessivas, condicionais, conformati-
Ex.: Muito desesperado, João perdeu o controle. vas, consecutivas, finais, proporcionais, temporais.
(predicativo do sujeito; núcleo: desesperado – adjetivo)
Homem desesperado, João sempre perde o controle. z Por coordenação e subordinação: orações for-
(aposto; núcleo: homem – substantivo) madas por períodos mistos;
z Orações reduzidas: de gerúndio e de infinitivo.
Vocativo
Período Composto por Coordenação
O vocativo é um termo que não mantém relação sin-
As orações são sintaticamente independentes. Isso
tática com outro termo dentro da oração. Não pertence
significa que uma não possui relação sintática com ver-
nem ao sujeito, nem ao predicado. É usado para chamar
bos, nomes ou pronomes das demais orações no período.
ou interpelar a pessoa que o enunciador deseja se comu-
Ex.: “Deus quer, o homem sonha, a obra nasce.”
nicar. É um termo independente, pois não faz parte
(Fernando Pessoa)
da estrutura da oração. Oração coordenada 1: Deus quer
Ex.: Recepcionista, por favor, agende minha Oração coordenada 2: o homem sonha
consulta. Oração coordenada 3: a obra nasce.
Ela te diz isso desde ontem, Fábio. Ex.: “Subi devagarinho, colei o ouvido à porta da
sala de Damasceno, mas nada ouvi.” (M. de Assis)
z Para distinguir vocativo de aposto: o vocati- Oração coordenada assindética: Subi devagarinho
vo não se relaciona sintaticamente com nenhum Oração coordenada assindética: colei o ouvido à
outro termo da oração. porta da sala de Damasceno
Ex.: Lufe, faz um almoço gostoso para as crianças. Oração coordenada sindética: mas nada ouvi
O aposto se relaciona sintaticamente com outro Conjunção adversativa: mas nada
termo da oração.
A cozinha de Lufe, cozinheiro da família, é impecável. Orações Coordenadas Sindéticas
Sujeito: a cozinha de lufe.
Aposto: cozinheiro da família (relaciona-se ao As orações coordenadas podem aparecer ligadas
sujeito). às outras através de um conectivo (elo), ou seja, atra-
vés de um síndeto, de uma conjunção, por isso o nome
sindética. Veremos agora cada uma delas:
PERÍODO COMPOSTO
z Aditivas: exprimem ideia de sucessibilidade ou
Observe os exemplos a seguir: simultaneidade.
A apostila de Português está completa.
Um verbo: Uma oração = período simples Conjunções constitutivas: e, nem, mas, mas tam-
Português e Matemática são disciplinas essen- bém, mas ainda, bem como, como também, se-
ciais para ser aprovado em concursos. não também, que (= e).
Dois verbos: duas orações = período composto
O período composto é formado por duas ou mais Ex.: Pedro casou-se e teve quatro filhos.
orações. Num parágrafo, podem aparecer misturado
Os convidados não compareceram nem explica-
períodos simples e período compostos.
ram o motivo.

PERÍODO SIMPLES PERÍODO COMPOSTO z Adversativas: exprimem ideia de oposição, con-


traste ou ressalva em relação ao fato anterior.
O povo levantou-se cedo
Era dia de eleição Conjunções constitutivas: mas, porém, todavia,
para evitar aglomeração
contudo, entretanto, no entanto, senão, não obs-
tante, ao passo que, apesar disso, em todo caso.
Para não esquecer:
Período simples é aquele formado por uma só Ex.: Ele é rico, mas não paga as dívidas.
oração.
Período composto é aquele formado por duas ou “A morte é dura, porém longe da pátria é dupla a
mais orações. morte.” (Laurindo Rabelo)
Classifica-se nas seguintes categorias:
z Alternativas: exprimem fatos que se alternam ou
z Por coordenação: orações coordenadas assindéticas; se excluem.

Conjunções constitutivas: (ou), (ou ... ou), (ora ...


„ Orações coordenadas sindéticas: aditivas, adver- ora), (que ... quer), (seja ... seja), (já ... já), (talvez
sativas, alternativas, conclusivas, explicativas. ... talvez).

172 z Por subordinação: Ex.: Ora responde, ora fica calado.


Você quer suco de laranja ou refrigerante? z Orações subordinadas substantivas objetivas

z Conclusivas: exprimem uma conclusão lógica


sobre um raciocínio.

Conjunções constitutivas: logo, portanto, por con-


seguinte, pois isso, pois (o “pois” sem ser no início diretas: exercem a função de objeto direto de um
de frase).

Ex.: Estou recuperada, portanto viajarei próxima


semana.

“Era domingo; eu nada tinha, pois, a fazer.” (Paulo verbo transitivo direto ou transitivo direto e indi-
Mendes Campos)

z Explicativas: justificam uma opinião ou ordem


expressa. Conjunções constitutivas: que, porque,
porquanto, pois. reto da oração principal.

Ex.: Vamos dormir, que é tarde. (o “que” equivale


a “pois”)

Vamos almoçar de novo porque ainda estamos


com fome. Ex.: Desejo o seu regresso. (OD)

PERÍODO COMPOSTO POR SUBORDINAÇÃO

Formado por orações sintaticamente dependentes,


considerando a função sintática em relação a um ver- Desejo que você regresse. (OD oracional) (or. sub.
bo, nome ou pronome de outra oração.

Tipos de orações subordinadas:

z Substantivas; subst. obj. dir.)


z Adjetivas;
z Adverbiais.

Orações Subordinadas Substantivas

São classificadas nas seguintes categorias: z Orações subordinadas substantivas completi-

z Orações subordinadas substantivas conectivas:


são introduzidas pelas conjunções subordinativas
integrantes que e se.
Ex.: Dizem que haverá novos aumentos de impostos.
vas nominais: exercem a função de complemento
Não sei se poderei sair hoje à noite.
z Orações subordinadas substantivas justapos-
tas: introduzidas por advérbios ou pronomes
interrogativos (onde, como, quando, quanto,
quem etc.) nominal de um substantivo, adjetivo ou advérbio
z Ex.: Ignora-se onde eles esconderam as joias
roubadas.
Não sei quem lhe disse tamanha mentira.
z Orações subordinadas substantivas reduzidas:
não são introduzidas por conectivo, e o verbo fica da oração principal.
no infinitivo.
Ex.: Ele afirmou desconhecer estas regras.
PORTUGUÊS

z Orações subordinadas substantivas subjetivas:


exercem a função de sujeito. O verbo da oração
Ex.: Tenho necessidade de seu apoio. (comple-
principal deve vir na voz ativa, passiva analítica
ou sintética. Em 3ª pessoa do singular, sem se refe-
rir a nenhum termo na oração.
Ex.: Foi importante o seu regresso. (sujeito)
Foi importante que você regressasse. (sujeito ora-
cional) (or. sub. subst. subje.) mento nominal) 173
Tenho necessidade de que você me apoie. (com- Ex.: Caminhamos o restante do caminho a pé por-
plemento nominal oracional) (or. sub. subst. com- que ficamos sem gasolina.
pl. nom.)
� Orações subordinadas adverbiais comparati-
z Orações subordinadas substantivas predicati- vas: são introduzidas por: como, assim como, tal
vas: funcionam como predicativos do sujeito da qual, como, mais etc.
oração principal. Sempre figuram após o verbo de Ex.: A cerveja nacional é menos concentrada (do)
ligação ser. que a importada.
Ex.: Meu desejo é a sua felicidade. (predicativo do
sujeito) � Orações subordinadas adverbiais concessivas:
Meu desejo é que você seja feliz. (predicativo do indica certo obstáculo em relação ao fato expres-
sujeito oracional) (or. sub. subst. predic.) so na outra oração, sem, contudo, impedi-lo. São
introduzidas por: embora, ainda que, mesmo que,
z Orações subordinadas substantivas apositivas: por mais que, se bem que etc.
funcionam como aposto. Geralmente vêm depois Ex.: Mesmo que chova, iremos à praia amanhã.
de dois-pontos ou entre vírgulas.
Ex.: Só quero uma coisa: a sua volta imediata. (aposto) � Orações subordinadas adverbiais condicionais:
Só quero uma coisa: que você volte imediata- são introduzidas por: se, caso, desde que, salvo se,
mente. (aposto oracional) (or. sub. aposi.) contanto que, a menos que etc.
Ex.: Você terá sucesso desde que se esforce para tal.
Orações Subordinadas Adjetivas
� Orações subordinadas adverbiais conformati-
Desempenham função de adjetivo (adjunto adno- vas: são introduzidas por: como, conforme, segun-
minal ou, mais raramente, aposto explicativo). São do, consoante.
introduzidas por pronomes relativos (que, o qual, a Ex.: Ele deverá agir conforme combinamos.
qual, os quais, as quais, cujo, cuja, cujos, cujas etc.) � Orações subordinadas adverbiais consecutivas:
As orações subordinadas adjetivas classificam-se em: são introduzidas por: que (precedido na oração
explicativas e restritivas. anterior de termos intensivos como tão, tanto,
tamanho etc.) de sorte que, de modo que, de forma
z Orações subordinadas adjetivas explicativas: que, sem que.
não limitam o termo antecedente, e sim acrescen- Ex.: A garota rio tanto, que se engasgou.
tam uma explicação sobre o termo antecedente. “Achei as rosas mais belas do que nunca, e tão per-
São consideradas termo acessório no período, fumadas que me estontearam.” (Cecília Meireles)
podendo ser suprimidas. Sempre aparecem isola-
� Orações subordinadas adverbiais finais: indi-
das por vírgulas.
cam um objetivo a ser alcançado. São introduzidas
Ex.: Minha mãe, que é apaixonada por bichos,
cria trinta gatos. por: para que, a fim de que, porque e que (= para
que).
z Orações subordinadas adjetivas restritivas: Ex.: O pai sempre trabalhou para que os filhos
especificam ou limitam a significação do termo tivessem bom estudo.
antecedente, acrescentando-lhe um elemento
� Orações subordinadas adverbiais proporcio-
indispensável ao sentido. Não são isoladas por
nais: são introduzidas por: à medida que, à pro-
vírgulas.
Ex.: A doença que surgiu recentemente ainda é porção que, quanto mais, quanto menos etc.
incurável. Ex.: Quanto mais ouço essa música, mas a
aprecio.
Dica � Orações subordinadas adverbiais temporais:
são introduzidas por: quando, enquanto, logo que,
Como diferenciar as orações subordinadas adje- depois que, assim que, sempre que, cada vez que,
tivas restritivas das orações subordinadas adjeti- agora que etc.
vas explicativas? Ex.: Assim que você sair, feche a porta, por favor.
Ele visitará o irmão que mora em Recife.
(restritiva, pois ele tem mais de um irmão e vai Para separar as orações de um período composto, é
visitar apenas o que mora em Recife) necessário atentar-se para dois elementos fundamen-
Ele visitará o irmão, que mora em Recife. tais: os verbos (ou locuções verbais) e os conectivos
(explicativa, pois ele tem apenas um irmão que (conjunções ou pronomes relativos). Após assinalar
mora em Recife) esses elementos, deve-se contar quantas orações ele
representa, a partir da quantidade de verbos ou locu-
Orações Subordinadas Adverbiais ções verbais. Exs.:
[“A recordação de uns simples olhos basta] – 1ª oração
Exprimem uma circunstância relativa a um fato [para fixar outros] – 2ª oração
expresso em outra oração. Têm função de adjunto [que os rodeiam] – 3ª oração
adverbial. São introduzidas por conjunções subor- [e se deleitem com a imaginação deles]. – 4ª ora-
dinativas (exceto as integrantes) e se enquadram nos ção (M. de Assis)
seguintes grupos:
Nesse período, a 2ª oração subordina-se ao verbo
� Orações subordinadas adverbiais causais: são basta, pertencente à 1ª (oração principal).
introduzidas por: como, já que, uma vez que, por- A 3ª e a 4ª são orações coordenadas entre si, porém
174 que, visto que etc. ambas dependentes do pronome outros, da 2ª oração.
Orações Reduzidas Nosso planeta, ameaçado constantemente por
nós mesmos, ainda resiste.
z Apresentam o mesmo verbo em uma das formas � Adverbiais: Ex.: Aceitas as condições, não have-
nominais (gerúndio, particípio e infinitivo); ria problemas. (condicional)
z As que são substantivas e adverbiais: nunca são Dada a notícia da herança, as brigas começaram.
iniciadas por conjunções; (causal/temporal)
Comprada a casa, a família se mudou logo. (temporal)
z As que são adjetivas: nunca podem ser iniciadas
por pronomes relativos; O particípio concorda em gênero e número com os
z Podem ser reescritas (desenvolvidas) com esses termos referentes.
Essas orações reduzidas adverbiais são bem fre-
conectivos;
quentes em provas de concurso.
z Podem ser iniciadas por preposição ou locução
prepositiva. Períodos Mistos
Ex.: Terminada a prova, fomos ao restaurante.
O. S. Adv. reduzida de particípio: não começa com São períodos que apresentam estruturas oracio-
conjunção nais de coordenação e subordinação.
Quando terminou a prova, fomos ao restaurante. Assim, às vezes aparecem orações coordenadas
(desenvolvida) dentro de um conjunto de orações que são subordina-
O. S. Adv. Desenvolvida: começa com conjunção das a uma oração principal.

Orações Reduzidas de Infinitivo


1ª oração 2ª oração 3ª oração
Podem ser substantivas, adjetivas ou adverbiais.
Se o infinitivo for pessoal, irá flexionar normalmente. O homem entrou na sala e pediu que todos calassem.

z Substantivas: Ex.: É preciso trabalhar muito. (O. verbo verbo verbo


S. substantiva subjetiva reduzida de infinitivo)
Deixe o aluno pensar. (O. S. substantiva objetiva 1ª oração: oração coordenada assindética.
direta reduzida de infinitivo) 2ª oração: oração coordenada sindética aditiva em
A melhor política é ser honesto. (O. S. substantiva relação à 1ª oração e principal em relação à 3ª oração.
predicativa reduzida de infinitivo) 3ª oração: coordenada substantiva objetiva direta
Este é um difícil livro de se ler. (O. S. substantiva em relação à 2ª oração.
completiva nominal reduzida de infinitivo)
Temos uma missão: subir aquela escada. (O. S. Resumindo: período composto por coordenação e
substantiva apositiva reduzida de infinitivo) subordinação.
As orações subordinadas são coordenadas entre si,
z Adjetivas: Ex.: João não é homem de meter os pés
ligadas ou não por conjunção.
pelas mãos.
O meu manual para fazer bolos certamente vai
z Orações subordinadas substantivas coordena-
agradar a todos.
das entre si
z Adverbiais: Ex.: Apesar de estar machucado, Ex.: Espero que você não me culpe, que não culpe
continua jogando bola. meus pais, nem que culpe meus parentes.
Sem estudar, não passarão. Oração principal: Espero
Ele passou mal, de tanto comer doces. Oração coordenada 1: que você não me culpe
Orações Reduzidas de Gerúndio Oração coordenada 2: que não culpe meus pais
Oração coordenada 3: nem que culpe meus parentes.
Podem ser coordenadas aditivas, substantivas apo-
sitivas, adjetivas, adverbiais.
IMPORTANTE!
z Coordenada aditiva: Ex.: Pagou a conta, ficando
O segredo para classificar as orações é perceber
livre dos juros.
os conectivos (conjunções e pronomes relativos).
z Substantiva apositiva: Ex.: Não mais se vê amigo
ajudando um ao outro. (subjetiva)
Agora ouvimos artistas cantando no shopping. � Orações subordinadas adjetivas coordenadas
(objetiva direta) entre si
Ex.: A mulher que é compreensiva, mas que é
z Adjetiva: Ex.: Criança pedindo esmola dói o cautelosa, não faz tudo sozinha.
coração. Oração subordinada adjetiva 1: que é compreensiva
PORTUGUÊS

z Adverbial: Ex.: Temendo a reação do pai, não Oração subordinada adjetiva 2: mas que é
contou a verdade. cautelosa
� Orações subordinadas adverbiais coordenadas
Orações Reduzidas de Particípio entre si
Ex.: Não só quando estou presente, mas também
Podem ser adjetivas ou adverbiais. quando não estou, sou discriminado.
Oração subordinada adverbial 1: quando estou
� Adjetiva: Ex.: A notícia divulgada pela mídia era falsa. presente 175
Oração subordinada adverbial 2: quando não estou Ex.: A menina agradava o gatinho. (transitivo dire-
to com sentido de “acariciar”)
� Orações coordenadas ou subordinadas no mes-
A notícia agradou aos alunos. (transitivo indireto
mo período
no sentido de “ser agradável a”)
Ex.: Presume-se que as penitenciárias cumpram
seu papel, no entanto a realidade não é assim. � Agradecer: transitivo direto; transitivo indireto;
Oração principal: Presume-se transitivo direto e indireto
Oração subordinada subjetiva da principal: as Ex.: Agradeceu a joia. (transitivo direto: objeto não
penitenciárias cumpram seu papel personificado)
Oração coordenada sindética adversativa da ante- Agradeceu ao noivo. (transitivo indireto: objeto
rior: no entanto a realidade não é assim. personificado)
Agradeceu a joia ao noivo. (transitivo direto e indi-
REGÊNCIA reto: refere-se a coisas e pessoas)
� Ajudar: transitivo direto; transitivo indireto
Regência é a maneira como o nome ou o verbo se Ex.: Seguido de infinitivo intransitivo precedido da
relacionam com seus complementos, com ou sem pre- preposição a, rege indiferentemente objeto direto
posição. Quando um nome (substantivo, adjetivo ou e objeto indireto.
advérbio) exige complemento preposicionado, esse Ajudou o filho a fazer as atividades. (transitivo direto)
nome é um termo regente, e seu complemento é um Ajudou ao filho a fazer as atividades. (transitivo
termo regido, pois há uma relação de dependência indireto)
entre o nome e seu complemento. Se o infinitivo preposicionado for intransitivo,
O nome exige um complemento nominal sempre ini- rege apenas objeto direto:
ciado por preposição, exceto se o complemento vier em Ajudaram o ladrão a fugir.
forma de pronome oblíquo átono. Não seguido de infinitivo, geralmente rege objeto
Ex.: Os discípulos daquele mestre sempre lhe direto:
foram leais. Ajudei-o muito à noite.
Observação: Complemento de “lhe”: predicativo
do sujeito (desprovido de preposição) � Ansiar: transitivo direto; transitivo indireto
Pronome oblíquo átono: lhe Ex.: A falta de espaço ansiava o prisioneiro. (tran-
Foram leais: complemento de “lhe”, predicativo do sitivo direto com sentido de “angustiar”)
sujeito (desprovido de preposição). Ansiamos por sua volta. (transitivo indireto com
sentido de “desejar muito” – não admite “lhe”
Regência Verbal como complemento)
� Aspirar: transitivo direto; transitivo indireto
Relação de dependência entre um verbo e seu
Ex.: Aspiramos o ar puro das montanhas. (transiti-
complemento. As relações podem ser diretas ou indi-
vo direto com sentido de “respirar”)
retas, isto é, com ou sem preposição.
Sempre aspiraremos a dias melhores. (transitivo
indireto no sentido de “desejar”)
Há verbos que admitem mais de uma regência
sem que o sentido seja alterado. � Assistir: transitivo direto; transitivo indireto
Ex.: - Transitivo direto ou indireto no sentido de
Ex.: Aquela moça não esquecia os favores recebidos. “prestar assistência”
V. T. D: esquecia O médico assistia os acidentados.
Objeto direto: os favores recebidos. O médico assistia aos acidentados.
Aquela moça não se esquecia dos favores recebidos. - Transitivo direto no sentido de “ver, presenciar”
V. T. I.: se esquecia Não assisti ao final da série.
Objeto indireto: dos favores recebidos.
O verbo assistir não pode ser empregado no particípio.
No entanto, na Língua Portuguesa, há verbos É incorreta a forma “O jogo foi assistido por milha-
que, mudando-se a regência, mudam de sentido, res de pessoas.”
alterando seu significado.
Ex.: Neste país aspiramos ar poluídos. � Casar: intransitivo; transitivo indireto; transitivo
(aspiramos = sorvemos) direto e indireto
V. T. D.: aspiramos Ex.: Eles casaram na Itália há anos. (intransitivo)
Objeto direto: ar poluídos. A jovem não queria casar com ninguém. (transiti-
Os funcionários aspiram a um mês de férias. vo indireto)
(aspiram = almejam) O pai casou a filha com o vizinho. (transitivo dire-
V. T. I.: aspiram to e indireto)
Objeto indireto: a um mês de férias � Chamar: transitivo direto; transitivo seguido de
predicativo do objeto
A seguir, uma lista dos principais verbos que Ex.: Chamou o filho para o almoço. (transitivo dire-
geram dúvidas quanto à regência: to com sentido de “convocar”)
Chamei-lhe inteligente. (transitivo seguido de pre-
� Abraçar: transitivo direto dicativo do objeto com sentido de “denominar,
Ex.: Abraçou a namorada com ternura. qualificar”)
O colar abraçava-lhe elegantemente o pescoço
� Custar: transitivo indireto; transitivo direto e indi-
176 � Agradar: transitivo direto; transitivo indireto reto; intransitivo
Ex.: Custa-lhe crer na sua honestidade. (transitivo Alguns nomes (substantivos, adjetivos e advér-
indireto com sentido de “ser difícil”) bios) exigem complementos preposicionados, exceto
A imprudência custou lágrimas ao rapaz. (transiti- quando vêm em forma de pronome oblíquo átono.
vo direto e indireto: sentido de “acarretar”)
Este vinho custou trinta reais. (intransitivo) Advérbios Terminados em “mente”
� Esquecer: admite três possibilidades
Os advérbios derivados de adjetivos seguem a
Ex.: Esqueci os acontecimentos.
regência dos adjetivos:
Esqueci-me dos acontecimentos.
Esqueceram-me os acontecimentos.
análoga / analogicamente a
� Implicar: transitivo direto; transitivo indireto; contrária / contrariamente a
transitivo direto e indireto compatível / compativelmente com
Ex.: A resolução do exercício implica nova teoria. diferente / diferentemente de
(transitivo direto com sentido de “acarretar”) favorável / favoravelmente a
Mamãe sempre implicou com meus hábitos. paralela / paralelamente a
(transitivo indireto com sentido de “mostrar má próxima / proximamente a/de
disposição”) relativa / relativamente a
Ele implicou-se em negócios ilícitos. (transitivo
direto e indireto com sentido de envolver-se”) Preposições Prefixos Verbais
� Informar: transitivo direto e indireto Alguns nomes regem preposições semelhantes a
Ex.: Referente à pessoa: objeto direto; referente à seus “prefixos”:
coisa: objeto indireto, com as preposições de ou
sobre dependente, dependência de
Informaram o réu de sua condenação. inclusão, inserção em
Informaram o réu sobre sua condenação. inerente em/a
Referente à pessoa: objeto direto; referente à coi- descrente de/em
sa: objeto indireto, com a preposição a desiludido de/com
Informaram a condenação ao réu. desesperançado de
� Interessar-se: verbo pronominal transitivo indi- desapego de/a
reto, com as preposições em e por convívio com
Ex.: Ela interessou-se por minha companhia. convivência com
demissão, demitido de
� Namorar: intransitivo; transitivo indireto; transi- encerrado em
tivo direto e indireto enfiado em
Ex.: Eles começaram a namorar faz tempo. (intran- imersão, imergido, imerso em
sitivo com sentido de “cortejar”) instalação, instalado em
Ele vivia namorando a vitrine de doces. (transitivo interessado, interesse em
indireto com sentido de “desejar muito”) intercalação, intercalado entre
“Namorou-se dela extremamente.” (A. Gar- supremacia sobre
ret) (transitivo direto e indireto com sentido de
“encantar-se”) CONCORDÂNCIA
� Obedecer/desobedecer: transitivos indiretos
Ex.: Obedeçam à sinalização de trânsito. Na elaboração da frase, as palavras relacionam-se
Não desobedeçam à sinalização de trânsito. umas com as outras. Ao se relacionarem, elas obede-
cem a alguns princípios: um deles é a concordância.
� Pagar: transitivo direto; transitivo indireto; transi- Observe o exemplo:
tivo direto e indireto
Ex.: Você já pagou a conta de luz? (transitivo direto) A pequena garota andava sozinha pela cidade.
Você pagou ao dono do armazém? (transitivo A: Artigo, feminino, singular;
indireto) Pequena: Adjetivo, feminino, singular;
Vou pagar o aluguel ao dono da pensão. (transitivo Garota: Substantivo, feminino, singular.
direto e indireto)
� Perdoar: transitivo direto; transitivo indireto; Tanto o artigo quanto o adjetivo (ambos adjuntos
transitivo direto e indireto adnominais) concordam com o gênero (feminino) e o
Ex.: Perdoarei as suas ofensas. (transitivo direto) número (singular) do substantivo.
Na língua portuguesa, há dois tipos de concordân-
A mãe perdoou à filha. (transitivo indireto)
cia: verbal e nominal.
Ela perdoou os erros ao filho. (transitivo direto e
PORTUGUÊS

indireto)
Concordância Verbal
� Suceder: intransitivo; transitivo direto
Ex.: O caso sucedeu rapidamente. (intransitivo no É a adaptação em número – singular ou plural – e
sentido de “ocorrer”) pessoa que ocorre entre o verbo e seu respectivo sujeito.
A noite sucede ao dia. (transitivo direto no sentido “De todos os povos mais plurais culturalmente, o
de “vir depois”) Brasil, mesmo diante de opiniões contrárias, as quais
insistem em desmentir que nosso país é cheio de ‘bra-
Regência Nominal sis’ – digamos assim –, ganha disparando dos outros, 177
pois houve influências de todos os povos aqui: euro- z Quando o sujeito é formado pelas expressões mais
peus, asiáticos e africanos.” de um, cerca de, perto de, menos de, coisa de,
Esse período, apesar de extenso, constitui-se de obra de etc., o verbo concorda com o numeral. Ex.:
um sujeito simples “o Brasil”, portanto o verbo cor- Mais de um aluno compareceu à aula.
respondente a esse sujeito, “ganha”, necessita ficar no Mais de cinco alunos compareceram à aula.
singular.
Destrinchando o período, temos que os termos A expressão mais de um tem particularidades:
essenciais da oração (sujeito e predicado) são apenas se a frase indica reciprocidade (pronome reflexivo
“[...] o Brasil [...]” – sujeito – e “[...] ganha [...]” – predi- recíproco se), se houver coletivo especificado ou se
cado verbal. a expressão vier repetida, o verbo fica no plural. Ex.:
Veja um caso de uso de verbo bitransitivo: Mais de um irmão se abraçaram.
Ex.: Prefiro natação a futebol.
Mais de um grupo de crianças veio/vieram à festa.
Verbo bitransitivo: Prefiro
Mais de um aluno, mais de um professor esta-
Objeto direto: natação
vam presentes.
Objeto indireto: a futebol
z Quando o sujeito é formado po um número per-
Concordância Verbal com o Sujeito Simples centual ou fracionário, o verbo concorda com o
numerado ou com o número inteiro, mas pode
Em regra geral, o verbo concorda com o núcleo do concordar com o especificador dele. Se o nume-
sujeito. ral vier precedido de um determinante, o verbo
Ex.: Os jogadores de futebol ganham um salário concordará apenas com o numeral. Ex.: Apenas
exorbitante. 1/3 das pessoas do mundo sabe o que é viver bem.
Apenas 1/3 das pessoas do mundo sabem o que é
Diferentes situações: viver bem.
Apenas 30% do povo sabe o que é viver bem.
z Quando o núcleo do sujeito for uma palavra de Apenas 30% do povo sabem o que é viver bem.
sentido coletivo, o verbo fica no singular. Ex.: A Os 30% da população não sabem o que é viver mal.
multidão gritou entusiasmada.
� Os verbos bater, dar e soar concordam com o
z Quando o sujeito é o pronome relativo que, o ver-
número de horas ou vezes, exceto se o sujeito for a
bo posterior ao pronome relativo concorda com o
palavra relógio. Ex.: Deram duas horas, e ela não
antecedente do relativo. Ex.: Quais os limites do chegou. (Duas horas deram...)
Brasil que se situam mais próximos do Meridiano? Bateu o sino duas vezes. (O sino bateu)
z Quando o sujeito é o pronome indefinido quem, o Soaram dez badaladas no relógio da sala. (Dez
verbo fica na 3ª pessoa do singular. Ex.: Fomos nós badaladas soaram)
quem resolveu a questão. Soou dez badaladas o relógio da escola. (O relógio
da escola soou dez badaladas)
Por questão de ênfase, o verbo pode também con- z Quando o sujeito está em voz passiva sintética, o
cordar com o pronome reto antecedente. Ex.: Fomos verbo concorda com o sujeito paciente. Ex.: Ven-
nós quem resolvemos a questão. dem-se casas de veraneio aqui.
Nunca se viu, em parte alguma, pessoa tão
z Quando o sujeito é um pronome interrogativo, interessada.
demonstrativo ou indefinido no plural + de nós /
z Quando o sujeito é um pronome de tratamento, o
de vós, o verbo pode concordar com o pronome no
verbo fica sempre na 3ª pessoa. Ex.: Por que Vossa
plural ou com nós / vós. Ex.: Alguns de nós resol- Majestade está preocupada?
viam essa questão. / Alguns de nós resolvíamos Suas Excelências precisam de algo?
essa questão.
z Sujeito do verbo viver em orações optativas ou
z Quando o sujeito é formado por palavras plurali- exclamativas. Ex.: Vivam os campeões!
zadas, normalmente topônimos (Amazonas, férias,
Minas Gerais, Estados Unidos, óculos etc.), se hou- Concordância Verbal com o Sujeito Composto
ver artigo definido antes de uma palavra plura-
lizada, o verbo fica no plural. Caso não haja esse � Núcleos do sujeito constituídos de pessoas grama-
artigo, o verbo fica no singular. Ex.: Os Estados ticais diferentes
Unidos continuam uma potência. Ex.: Eu e ele nos tornamos bons amigos.
Estados Unidos continua uma potência.
Santos fica em São Paulo. (Corresponde a: “A cida- � Núcleos do sujeito ligados pela preposição com
de de Santos fica em São Paulo.”) Ex.: O ministro, com seus assessores, chegou/che-
garam ontem.
� Núcleos do sujeito acompanhados da palavra cada
IMPORTANTE! ou nenhum
Ex.: Cada jogador, cada time, cada um deve man-
Quando se aplica a nomes de obras artísticas, o
ter o espírito esportivo.
verbo fica no singular ou no plural.
Os Lusíadas imortalizou / imortalizaram Camões. � Núcleos do sujeito sendo sinônimos e estando no
178 singular
Ex.: A angústia e a ansiedade não o ajudava/aju- Divertimentos é o que não lhe falta.
davam. (preferencialmente no singular) Dez reais é nada diante do que foi gasto.
� Gradação entre os núcleos do sujeito � Na expressão expletiva “é que”, se o sujeito da ora-
Ex.: Seu cheiro, seu toque bastou/bastaram para ção não aparecer entre o verbo ser e o que, o ser
me acalmar. (preferencialmente no singular) ficará invariável. Se o ser vier separado do que, o
verbo concordará com o termo não preposiciona-
� Núcleos do sujeito no infinitivo
do entre eles.
Ex.: Andar e nadar faz bem à saúde.
Ex.: Eles é que sempre chegam cedo.
� Núcleos do sujeito resumidos por um aposto resu- São eles que sempre chegam cedo.
mitivo (nada, tudo, ninguém) É nessas horas que a gente precisa de ajuda. (cons-
Ex.: Os pedidos, as súplicas, nada disso o comoveu. trução adequada)
São nessas horas que a gente precisa de ajuda.
� Sujeito constituído pelas expressões um e outro, (construção inadequada)
nem um nem outro
Ex.: Um e outro já veio/vieram aqui.
CASOS ESPECIAIS DE CONCORDÂNCIA VERBAL
� Núcleos do sujeito ligados por nem... nem
Ex.: Nem a televisão nem a internet desviarão meu Concordância do Infinitivo
foco nos estudos.
z Exemplos com verbos no infinitivo pessoal:
� Entre os núcleos do sujeito, aparecem as palavras
Nós lutaremos até vós serdes bem tratados. (sujei-
como, menos, inclusive, exceto ou as expressões
to esclarecido)
bem como, assim como, tanto quanto
Está na hora de começarmos o trabalho. (sujeito
Ex.: O Vasco ou o Corinthians ganhará o jogo na
implícito “nós”)
final.
Falei sobre o desejo de aprontarmos logo o site.
z Núcleos do sujeito ligados pelas séries correlativas (dois pronomes implícitos: eu, nós)
aditivas enfáticas (tanto... quanto / como / assim Até me encontrarem, vocês terão de procurar
como; não só... mas também etc.) muito. (preposição no início da oração)
Ex.: Tanto ela quanto ele mantém/mantêm sua Para nós nos precavermos, precisaremos de luz.
popularidade em alta. (verbos pronominais)
Visto serem dez horas, deixei o local. (verbo ser
z Quando dois ou mais adjuntos modificam um úni- indicando tempo)
co núcleo, o verbo fica no singular concordando Estudo para me considerarem capaz de aprova-
com o núcleo único. Mas, se houver determinante ção. (pretensão de indeterminar o sujeito)
após a conjunção, o verbo fica no plural, pois aí o Para vocês terem adquirido esse conhecimento, foi
sujeito passa a ser composto. muito tempo de estudo. (infinitivo pessoal composto:
Ex.: O preço dos alimentos e dos combustíveis locução verbal de verbo auxiliar + verbo no particípio)
aumentou. Ou: O preço dos alimentos e o dos
combustíveis aumentaram. z Exemplos com verbos no infinitivo impessoal:
Devo continuar trabalhando nesse projeto. (locu-
Concordância Verbal do Verbo Ser ção verbal)
Deixei-os brincar aqui. (pronome oblíquo átono
� Concorda com o sujeito sendo sujeito do infinitivo)
Ex.: Nós somos unha e carne.
Quando o sujeito do infinitivo for um substantivo
� Concorda com o sujeito (pessoa) no plural, usa-se tanto o infinitivo pessoal quanto o
Ex.: Os meninos foram ao supermercado. impessoal. “Mandei os garotos sair/saírem”.
� Em predicados nominais, quando o sujeito for
representado por um dos pronomes tudo, nada, Navegar é preciso, viver não é preciso. (infinitivo
isto, isso, aquilo ou “coisas”, o verbo ser concor- com valor genérico)
dará com o predicativo (preferencialmente) ou São casos difíceis de solucionar. (infinitivo prece-
com o sujeito dido de preposição de ou para)
Soldados, recuar! (infinitivo com valor de imperativo)
Ex.: No início, tudo é/são flores.
� Concordância do verbo parecer
� Concorda com o predicativo quando o sujeito for
Flexiona-se ou não o infinitivo.
que ou quem
Pareceu-me estarem os candidatos confiantes. (o
Ex.: Quem foram os classificados?
equivalente a “Pareceu-me que os candidatos esta-
� Em indicações de horas, datas, tempo, distância vam confiantes”, portanto o infinitivo é flexionado
(predicativo), o verbo concorda com o predicativo de acordo com o sujeito, no plural)
Ex.: São nove horas. Eles parecem estudar bastante. (locução verbal,
PORTUGUÊS

É frio aqui. logo o infinitivo será impessoal)


Seria meio-dia e meia ou seriam doze horas?
� Concordância dos verbos impessoais
� O verbo fica no singular quando precede termos São os casos de oração sem sujeito. O verbo fica
como muito, pouco, nada, tudo, bastante, mais, sempre na 3ª pessoa do singular.
menos etc. junto a especificações de preço, peso, Ex.: Havia sérios problemas na cidade.
quantidade, distância, e também quando seguido Fazia quinze anos que ele havia se formado.
do pronome o Deve haver sérios problemas na cidade. (verbo
Ex.: Cem metros é muito para uma criança. auxiliar fica no singular) 179
Trata-se de problemas psicológicos. z Devemos estudar muito para atingir/atingirmos
Geou muitas horas no sul. a aprovação.
� Concordância com sujeito oracional z Deixei os rapazes falar/falarem tudo.
Quando o sujeito é uma oração subordinada, o
verbo da oração principal fica na 3ª pessoa do Silepse de Número e de Pessoa
singular.
Ex.: Ainda vale a pena investir nos estudos. Conhecida também como “concordância irregular,
Sabe-se que dois alunos nossos foram aprovados. ideológica ou figurada”. Vejamos os casos:
Ficou combinado que sairíamos à tarde.
Urge que você estude. z Silepse de número: usa-se um termo discordando
Era preciso encontrar a verdade do número da palavra referente, para concordar
com o sentido semântico que ela tem. Ex.: Flor tem
Casos Mais Frequentes em Provas vida muito curta, logo murcham. (ideia de plurali-
dade: todas as flores)
Veja agora uma lista com os casos mais abordados
em concursos: z Silepse de pessoa: o autor da frase participa do
processo verbal. O verbo fica na 1ª pessoa do plu-
� Sujeito posposto distanciado ral. Ex.: Os brasileiros, enquanto advindos de
Ex.: Viviam o meio de uma grande floresta tropical diversas etnias, somos multiculturais.
brasileira seres estranhos.
Concordância Nominal
� Verbos impessoais (haver e fazer)
Ex.: Faz dois meses que não pratico esporte. Define-se como a adaptação em gênero e número
Havia problemas no setor. que ocorre entre o substantivo (ou equivalente, como
Obs.: Existiam problemas no setor. (verbo existir o adjetivo) e seus modificadores (artigos, pronomes,
vai ter sujeito “problemas”, e vai ser variável) adjetivos, numerais).
� Verbo na voz passiva sintética O adjetivo e as palavras adjetivas concordam em
Ex.: Criaram-se muitas expectativas para a luta. gênero e número com o nome a que se referem.
Ex.: Parede alta. / Paredes altas.
� Verbo concordando com o antecedente correto Muro alto. / Muros altos.
do pronome relativo ao qual se liga
Ex.: Contratei duas pessoas para a empresa, que Casos com Adjetivos
tinham experiência.
� Sujeito coletivo com especificador plural z Com função de adjunto adnominal: quando o
Ex.: A multidão de torcedores vibrou/vibraram. adjetivo funcionar como adjunto adnominal e esti-
ver após os substantivos, poderá concordar com
� Sujeito oracional as somas desses ou com o elemento mais próximo.
Ex.: Convém a eles alterar a voz. (verbo no Ex.: Encontrei colégios e faculdades ótimas. /
singular) Encontrei colégios e faculdades ótimos.
� Núcleo do sujeito no singular seguido de adjun-
to ou complemento no plural Há casos em que o adjetivo concordará apenas
Ex.: Conversa breve nos corredores pode gerar com o nome mais próximo, quando a qualidade per-
atrito. (verbo no singular) tencer somente a este.
Ex.: Saudaram todo o povo e a gente brasileira.
Casos Facultativos Foi um olhar, uma piscadela, um gesto estranho

z A multidão de pessoas invadiu/invadiram o estádio. Quando o adjetivo funcionar como adjunto adno-
minal e estiver antes dos substantivos, poderá con-
z Aquele comediante foi um dos que mais me fez/ cordar apenas com o elemento mais próximo. Ex.:
fizeram rir. Existem complicadas regras e conceitos.
Quando houver apenas um substantivo qualifica-
z Fui eu quem faltou/faltei à aula.
do por dois ou mais adjetivos pode-se:
z Quais de vós me ajudarão/ajudareis? Colocar o substantivo no plural e enumerar o ad-
jetivo no singular. Ex.: Ele estuda as línguas inglesa,
z “Os Sertões” marcou/marcaram a literatura francesa e alemã.
brasileira. Colocar o substantivo no singular e, ao enumerar
z Somente 1,5% das pessoas domina/dominam a os adjetivos (também no singular), antepor um artigo
ciência. (1,5% corresponde ao singular) a cada um, menos no primeiro deles. Ex.: Ele estuda a
língua inglesa, a francesa e a alemã.
z Chegaram/Chegou João e Maria.
z Um e outro / Nem um nem outro já veio/vieram z Com função de predicativo do sujeito
aqui.
Com o verbo após o sujeito, o adjetivo concordará
z Eu, assim como você, odeio/odiamos a política com a soma dos elementos.
brasileira. Ex.: A casa e o quintal estavam abandonados.
z O problema do sistema é/são os impostos. Com o verbo antes do sujeito o predicativo do su-
jeito acompanhará a concordância do verbo, que por
180 z Hoje é/são 22 de agosto. sua vez concordará tanto com a soma dos elementos
quanto com o nome mais próximo. Ex.: Caminhada é bom para a saúde. / Esta cami-
Ex.: Estava abandonada a casa e o quintal. / Esta- nhada está boa.
vam abandonados a casa e o quintal. É proibido entrada de crianças. / É proibida a
Como saber quando o adjetivo tem valor de adjun- entrada de crianças.
to adnominal ou predicativo do sujeito? Substitua os Pimenta é bom? / A pimenta é boa?
substantivos por um pronome:
� Menos / pseudo
Ex.: Existem conceitos e regras complicados.
São invariáveis.
(substitui-se por “eles”)
Ex.: Havia menos violência antigamente.
Fazendo a troca, fica “Eles existem”, e não “Eles
Aquelas garotas são pseudoatletas. / Seu argumen-
existem complicados”.
to é pseudo-objetivo.
Como o adjetivo desapareceu com a substituição,
então é um adjunto adnominal. � Muito / bastante
Quando modificam o substantivo: concordam com
z Com função de predicativo do objeto ele.
Quando modificam o verbo: invariáveis.
Recomenda-se concordar com a soma dos substan- Ex.: Muitos deles vieram. / Eles ficaram muito
tivos, embora alguns estudiosos admitam a concor- irritados.
dância com o termo mais próximo. Bastantes alunos vieram. / Os alunos ficaram bas-
Ex.: Considero os conceitos e as regras complicados. tante irritados.
Tenho como irresponsáveis o chefe do setor e Se ambos os termos puderem ser substituídos por
seus subordinados. “vários”, ficarão no plural. Se puderem ser substi-
tuídos por “bem”, ficarão invariáveis.
Algumas Convenções � Tal qual
Tal concorda com o substantivo anterior; qual,
� Obrigado / próprio / mesmo com o substantivo posterior.
Ex.: A mulher disse: “Muito obrigada”. Ex.: O filho é tal qual o pai. / O filho é tal quais os
A própria enfermeira virá para o debate. pais.
Elas mesmas conversaram conosco. Os filhos são tais qual o pai. / Os filhos são tais
quais os pais.
Dica Silepse (também chamada concordância figurada)
É a que se opera não com o termo expresso, mas o
O termo mesmo no sentido de “realmente” será que está subentendido.
invariável. Ex.: São Paulo é linda! (A cidade de São Paulo é
Ex.: Os alunos resolveram mesmo a situação. linda!)
Estaremos aberto no final de semana. (Estaremos
z Só / sós com o estabelecimento aberto no final de semana.)
Variáveis quando significarem “sozinho” / Os brasileiros estamos esperançosos. (Nós, brasi-
“sozinhos”. leiros, estamos esperançosos.)
Invariáveis quando significarem “apenas, somente”.
� Possível
Ex.: As garotas só queriam ficar sós. (As garotas
Concordará com o artigo, em gênero e número, em
apenas queriam ficar sozinhas.)
frases enfáticas com o “mais”, o “menos”, o “pior”.
A locução “a sós” é invariável.
Ex.: Conheci crianças o mais belas possíveis. /
Ex.: Ela gostava de ficar a sós. / Eles gostavam de
ficar a sós.
PLURAL DE COMPOSTOS
� Quite / anexo / incluso
Concordam com os elementos a que se referem. Substantivos
Ex.: Estamos quites com o banco.
Seguem anexas as certidões negativas. O adjetivo concorda com o substantivo referen-
Inclusos, enviamos os documentos solicitados. te em gênero e número. Se o termo que funciona
como adjetivo for originalmente um substantivo fica
� Meio
invariável.
Quando significar “metade”: concordará com o
Ex.: Rosas vermelhas e jasmins pérola. (pérola
elemento referente.
também é um substantivo; mantém-se no singular)
Ex.: Ela estava meio (um pouco) nervosa.
Ternos cinza e camisas amarelas. (cinza também é
Quando significar “um pouco”: será invariável.
um substantivo; mantém-se no singular)
Ex.: Já era meio-dia e meia (metade da hora).
� Grama Adjetivos
Quando significar “vegetação”, é feminino; quan-
PORTUGUÊS

do significar unidade de medida, é masculino. Quando houver adjetivo composto, apenas o últi-
Ex.: Comprei duzentos gramas de farinha. mo elemento concordará com o substantivo referente.
“A grama do vizinho sempre é mais verde.” Os demais ficarão na forma masculina singular.
Se um dos elementos for originalmente um subs-
� É proibido entrada / É proibida a entrada tantivo, todo o adjetivo composto ficará invariável.
Se o sujeito vier determinado, a concordância do Ex.: Violetas azul-claras com folhas verde-musgo.
verbo e do predicativo do sujeito será regular, ou No termo “azul-claras”, apenas “claras” segue o
seja, tanto o verbo quanto o predicativo concorda- plural, pois ambos são adjetivos.
rão com o determinante. No termo “verde-musgo”, “musgo” permanece no 181
singular, assim como “verde”, por ser substantivo. � Nos substantivos compostos em que há repeti-
Nesse caso, o termo composto não concorda com o ção do primeiro elemento:
plural do substantivo referente, “folhas”. zum-zum – zum-zuns;
Ex.: Calças rosa-claro e camisas verde-mar. tico-tico – tico-ticos;
O termo “claro” fica invariável porque “rosa” tam- lufa-lufa – lufa-lufas;
bém pode ser um substantivo. reco-reco – reco-recos.
O termo “mar” fica invariável por seguir a mesma
� Nos substantivos compostos grafados ligada-
lógica de “musgo” do exemplo anterior.
mente, sem hífen:
girassol – girassóis;
Dica pontapé – pontapés;
Azul-marinho, azul-celeste, ultravioleta e qual- mandachuva – mandachuvas;
fidalgo – fidalgos.
quer adjetivo composto iniciado por “cor-de” são
sempre invariáveis. � Nos substantivos compostos formados com
O adjetivo composto pele-vermelha tem os dois ele- grão, grã e bel:
mentos flexionados no plural (peles-vermelhas). grão-duque – grão-duques;
grã-fino – grã-finos;
Lista de Flexão dos Dois Elementos bel-prazer – bel-prazeres.
Não flexão dos elementos
� Nos substantivos compostos formados por pala- � Em alguns casos, não ocorre a flexão dos elementos
vras variáveis, especialmente substantivos e formadores, que se mantêm invariáveis. Isso ocor-
adjetivos: re em frases substantivadas e em substantivos
segunda-feira – segundas-feiras; compostos por um tema verbal e uma palavra
matéria-prima – matérias-primas; invariável ou outro tema verbal oposto:
couve-flor – couves-flores; o disse me disse – os disse me disse;
guarda-noturno – guardas-noturnos; o leva e traz – os leva e traz;
primeira-dama – primeiras-damas. o cola-tudo – os cola-tudo.
� Nos substantivos compostos formados por
FUNÇÕES DO SE
temas verbais repetidos:
corre-corre – corres-corres;
Embora já tenhamos abordado esse tema anterior-
pisca-pisca – piscas-piscas;
mente, deixamos aqui uma síntese das funções mais
pula-pula – pulas-pulas.
cobradas desse vocábulo.
Nestes substantivos também é possível a flexão
apenas do segundo elemento: corre-corres, pisca-
Funções Morfológicas
-piscas, pula-pulas.
z Pronome;
Flexão Apenas do Primeiro Elemento
z Conjunção.
z Nos substantivos compostos formados por subs-
Funções Sintáticas
tantivo + substantivo em que o segundo termo
limita o sentido do primeiro termo:
� Pronome reflexivo com a função sintática de obje-
decreto-lei – decretos-lei;
to direto
cidade-satélite – cidades-satélite;
Ex.: Elas não se encontram na redação.
público-alvo – públicos-alvo;
elemento-chave – elementos-chave. � Pronome reflexivo com a função sintática do obje-
Nestes substantivos também é possível a flexão to indireto
dos dois elementos: decretos-leis, cidades-satélites, Ex.: Ele atribuía-se o direito de julgar.
públicos-alvos, elementos-chaves. � Pronome reflexivo recíproco com a função sintáti-
z Nos substantivos compostos preposicionados: ca do objeto direto
cana-de-açúcar – canas-de-açúcar; Ex.: Admiravam-se de longe.
pôr do sol – pores do sol; � Pronome reflexivo recíproco com a função sintáti-
fim de semana – fins de semana; ca do objeto indireto
pé de moleque – pés de moleque. Ex.: Eles retribuíram-se as respectivas malvadezas.

Flexão Apenas do Segundo Elemento � Pronome reflexivo com a função de sujeito de um


infinitivo
� Nos substantivos compostos formados por tema Ex.: Ela deixou-se ir.
verbal ou palavra invariável + substantivo ou � Pronome apassivador
adjetivo: Ex.: Compram-se jornais.
bate-papo – bate-papos;
� Pronome de realce
quebra-cabeça – quebra-cabeças;
Ex.: O mestre da outra escola sorriu-se da tradução.
arranha-céu – arranha-céus;
ex-namorado – ex-namorados; � Índice de indeterminação do sujeito
182 vice-presidente – vice-presidentes. Ex.: Assistiu-se a um belo espetáculo.
� Parte integrante dos verbos essencialmente Ex.: Que você pague a promissória, hão de entre-
pronominais gar a mercadoria.
Ex.: Queixou-se muito da vida.
� Conjunção subordinativa integrante � Conjunção conformativa (igual a “conforme”)
Ex.: Ela queria ver se conseguiria. Ex.: Aos que dizem, os exames serão dificílimos.
� Conjunção subordinativa condicional � Conjunção temporal
Ex.: Se eles vierem, serão bem-vindos. Ex.: Chegados que foram à cabana, reviraram tudo.

FUNÇÕES DO QUE � Conjunção final


Ex.: Fiz-lhe sinal que se calasse.
Funções Morfológicas
� Conjunção consecutiva
Ex.: Falou tanto que ficou rouco.
z Pronome;
z Substantivo; � Conjunção aditiva
z Preposição; Ex.: Anda que anda e nada encontra.
z Advérbio; � Conjunção explicativa
z Interjeição; Ex.: Fique quieto, que eu quero dormir.
z Conjunção.
FUNÇÕES DO SEM QUE
Funções Sintáticas
Locução conjuntiva com valor de condição, conces-
� Pronome relativo (igual a “o qual”, “a qual”) são, consequência, negação de consequência, negação
Ex.: A curiosidade é um vício que desconhece de causa, modo. Essa locução pode ser substituída para
termos. formar orações subordinadas reduzidas de infinitivo.
Ex.: “Empurrava a cadeira sem que a mãe corresse
� Pronome substantivo indefinido (igual a “que coi-
sa”) ligado ao verbo atrás.”
Ex.: Elas não sabiam o que fazer. Poderia ser reescrita como “Empurrava a cadeira
sem a mãe correr atrás”, e então teríamos uma ora-
� Pronome adjetivo indefinido (igual a “quanto”, ção reduzida de infinitivo.
“quanta”) ligado ao substantivo
Ex.: “A democracia não será efetiva sem liberdade
Ex.: Que alegria!
de informação e não será exercida sem que esta esteja
� Pronome interrogativo (no final de frase é acentuado) assegurada a todos os veículos de comunicação visual.”
Ex.: Por que não vai conosco? Poderia ser reescrita como “A democracia não será
Não vai conosco por quê? efetiva sem liberdade de informação e não será exer-
� Substantivo (quando é antecedido de artigo) (é cida sem esta estar assegurada a todos os veículos
acentuado) de comunicação visual”, formando agora uma oração
Ex.: Havia em seus olhos um quê de curiosidade. reduzida de infinitivo.
� Preposição (a depender do contexto, pode ser subs-
tituído por “de”)
Ex.: A gente tem que explicar com franqueza cer-
tas coisas. NOÇÕES DE VERSIFICAÇÃO
� Advérbio de intensidade (igual a “muito”, ligado ao
adjetivo) ESTRUTURA DO VERSO, TIPOS DE VERSO, RIMA,
Ex.: Que bela tarde! ESTROFAÇÃO E POEMAS DE FORMA FIXA

� Interjeição (sempre acentuado) Veremos, agora, noções básicas, referentes ao estu-


Ex.: Quê! Você tem coragem?
do de poemas. Assim, ficará mais fácil compreendê-los
� Partícula expletiva e gabaritar as questões que abordam essa temática.
Ex.: Que experto que é teu irmão!
� Faz parte da locução expletiva Prosa
Ex.: Ele é que sabe das coisas!
Chamamos de prosa os textos escritos de forma
� Conjunção causal (igual a “porque”) corrida, organizados em parágrafos, cuja intenção é
Ex.: Disse que não iria, que não tinha roupas expor uma ideia, um fato ou uma história. São comuns
adequadas.
em gêneros, como redações de concurso, gêneros opi-
PORTUGUÊS

� Conjunção integrante nativos, narrativos e descritivos em geral.


Ex.: Suponhamos que elas viessem.
� Conjunção comparativa Verso
Ex.: Uma era mais esperta que a outra.
Verso é cada linha de um texto poético, que, geral-
� Conjunção concessiva (igual a “embora”) mente, organiza-se em estrofes ritmadas, a partir de
Ex.: Que não seja rico, sempre me casarei com ele.
figuras de linguagem, baseadas na sonoridade, a fim de
� Conjunção condicional (igual a “se”) criar um efeito de sentido conhecido como rima. 183
VERSIFICAÇÃO ESTRUTURA ESTRÓFICA

Não cobre amor, CLASSIFICAÇÃO DAS


Verso NÚMERO DE VERSOS
que amor não é cobre. ESTROFES
É ouro. 2 Dístico
3 Terceto
Não peça amor,
que amor não é peça. Estrofe 4 Quadra ou Quarteto
É todo.
5 Quintilha ou Quinteto
Mas chama, chama amor, 6 Sextilha
que amor é chama. 7 Sétima
É fogo!
8 Oitava
(C. Lemos) 9 Nona
10 Décima
z Tipos de Rimas Irregular – Não há
Mais de 10
classificação
Vagueio campos noturnos (A)
Muros soturnos (A)
paredes de solidão (B) Emparelhadas
Dica
sufocam minha canção (B) AABB
Como contar as sílabas? Conta-se até a última
(Ferreira Gullar)
sílaba tônica da última palavra do verso.
Ex.: pa la vras não e ram di tas. Última sílaba
Tu és um beijo materno! (A)
Tu és um riso infantil, (B) tônica (para a rima).
Emparelhadas No interior do verso, a sílaba terminada em vogal
Sol entre as flores de inverno, (A) ABAB
Rosa entre as flores de abril! (B) une-se à sílaba seguinte se ela também começar
por vogal.
Ex.: Um/ cor/po a/ber/to/ co/mo os/ a/ni/mais
(J. de Deus)
10 sílabas métricas
� Elisão: junção da vogal final de uma palavra
z Rimas Emparelhadas: rimas que ocorrem em encon- com a vogal inicial da palavra seguinte.
tros, sucedendo uma à outra. Sua estrutura é AABB;
z Rimas Alternadas: rimas cujo efeito sonoro PRINCIPAIS TIPOS DE RIMAS
encontra sonoridade com os versos ímpares, como,
por exemplo, quando o primeiro verso rima com o ESQUEMA RIMÁTICO CLASSIFICAÇÃO
terceiro. Sua estrutura é ABAB. AABB Emparelhada

ABAB Cruzada
Saudade! Olhar de minha mãe rezando (A)
E o pranto lento deslizando em fio... (B) Interpolada ou
Opostas ABBA ou ABCA
Saudade! Amor dminha terra... O rio (B) ABBA intercalada
Cantigas de águas claras soluçando. (A)
ABCD Versos soltos ou brancos

(Da Costa e Silva) As rimas podem ser:


I - Rima pobre
Ouve ó Glaura, o som da lira II - Rima rica
Que suspira lagrimosa.
Amorosa, em noite escura, Encadeadas
POBRE RICA
Sem ventura, nem prazer.
Rimas entre palavras Rimas entre palavras de
(Silva Alvarenga) da mesma classe gra- classes gramaticais dife-
matical. Ex.: “Já vi sua rentes. Ex.: “Onde estiver,
fotografia, tenho saudade vai me ouvir dizer: não
z Rimas Opostas ou Intercaladas: essas rimas noite e dia” vivo sem você”
encontram sonoridade com os seguintes versos: o
primeiro rima com o quarto e o segundo rima com
POEMAS DE FORMAS FIXAS
o terceiro, montando a seguinte estrutura: ABBA;
z Rimas Encadeadas: essas rimas não apresentam Há poesias que apresentam uma forma fixa a
uma estrutura fixa como as demais, pois as palavras seguir. A tradição desses poemas remonta escolas lite-
das rimas se situam no fim de um verso e início de rárias apegadas à forma e à classificação linguística. A
184 outro, como demonstrado no exemplo anterior. seguir, veremos alguns exemplos:
z Soneto: Composto por 14 versos, dos quais, dois aabba); um terceto (rimas aab), ao qual se ajusta, à
são quartetos, ou seja, conjunto de quatro versos; guisa de refrão, a primeira ou primeiras palavras da
os outros versos são tercetos, ou seja, conjunto de peça; uma segunda quintilha (rimas aabba), também
três versos. seguida do mesmo refrão.
Já as sextilhas correspondem às estrofes de seis versos.
Soneto da Separação

(Vinícius de Moraes)

De repente do riso fez-se o pranto


TEORIA DA LINGUAGEM E SEMÂNTICA
Silencioso e branco como bruma
HISTÓRIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.
De repente da calma fez-se o vento A complexidade do fenômeno linguístico desa-
fia a compreensão do homem em diferentes locais e
Que dos olhos desfez a última chama épocas. Vamos traçar, brevemente, a história da cons-
E da paixão fez-se o pressentimento trução desse saber metalinguístico, enfatizando o sig-
E do momento imóvel fez-se o drama. nificado, que é o objeto dos estudos semânticos.

De repente, não mais que de repente Principais Aspectos dos Estudos sobre a História da
Fez-se de triste o que se fez amante Língua Portuguesa
E de sozinho o que se fez contente.
z Século: IV a.C.
Fez-se do amigo próximo o distante z Fatos: O gramático hindu Panini se propõe a des-
Fez-se da vida uma aventura errante crever minunciosamente o ramo da língua Sâns-
De repente, não mais que de repente. crito, braço de inúmeras línguas; entre elas, estava
o latim, que, mais tarde, originou o português.
z Trova: também chamadas de quadrinhas, as tro- z Século: IV/V a.C. Pré-românico.
vas são pequenos poemas de apenas uma estrofe. z Fatos: As preocupações dos gregos com a arbitra-
riedade da linguagem deram origem a um dos pri-
“O amor que a teu lado levas meiros tratados sobre linguagem que orientaram
a que lugar te conduz, os estudos linguísticos por muito tempo. Os prin-
que entras coberto de trevas cipais filósofos que contribuíram para isso foram
e sais coberto de luz?” Crátilo e Platão.

(Olavo Bilac) Nesse período, que antecedeu as conquistas roma-


nas, o latim já era uma língua que ganhava espaço
z Balada: formada por três oitavas e uma quadra, entre os povos conquistados. Assim, surgiu o latim
geralmente de versos octossílabos. A balada é uma vulgar, língua que deu origem a todas as demais lín-
forma de poesia cultuada pelos franceses no sécu- guas latinas, incluindo o português. Ressaltamos que
lo XVIII, porém, aqui no Brasil, os Parnasianos o latim culto, língua ainda falada no Vaticano, não era
reviveram esse modelo de poesia. Exemplo: a variante usada pelo povo; por isso, as mudanças que
ocasionaram novos idiomas derivam do latim vulgar.
Vi-te pequena: ias rezando
Para a primeira comunhão: z Século: Românico.
Toda de branco, murmurando, z Fatos: fortalecendo o latim vulgar e levando ao
Na fronte o véu, rosas na mão. surgimento de outras línguas, como o galego. Além
Não ias só: grande era o bando... desse, idiomas estabelecidos hoje, como o Espa-
Mas entre todas te escolhi: nhol, o Italiano e o Português, são remanescentes
Minha alma foi-te acompanhando, desse período.
A vez primeira em que te vi. z Século: Galego-português.
……………………............................. z Fatos: Remonta aos idos de 1170/1220. O testamen-
Tão branca e moça! o olhar tão brando! to de Afonso II, rei de Portugal, é um dos documen-
Tão inocente o coração! tos mais antigos escritos nessa língua, que marca
Toda de branco, fulgurando, um território na península Ibérica. Esse idioma
Mulher em flor! flor em botão! marca não apenas aspectos históricos da língua
Inda, ao lembrá-lo, a mágoa abrando. portuguesa, mas aspectos sociais e políticos, tendo
Esqueço o mal que vem em ti, em vista que é o atual idioma da Galiza, na Espa-
E, o meu rancor estrangulando, nha. Foi falado até o século XIV.
PORTUGUÊS

Bendigo o dia em que te vi. z Século: Português arcaico.


z Fatos: A mistura de povos da península Ibérica
(Olavo Bilac) realmente enriqueceu o sistema linguístico euro-
peu, fazendo emergir não apenas o galego, como
Além desses, são poemas de formas fixas o Rondó também o nosso português. A presença de árabes,
e a Sextilhas. muçulmanos e romanos fortaleceu o surgimen-
O Rondó refere-se a um poema de forma fixa, to do português, marcado nos textos literários do
composto em versos de oito ou dez sílabas, em duas Trovadorismo.
rimas, com a seguinte estrutura: uma quintilha (rimas z Século: Português moderno. 185
z Fatos: Língua oficial de 6 países, além do Brasil: FUNÇÃO APELATIVA OU CONATIVA
Moçambique, São Tomé e Príncipe, Guiné-Bissau, Cabo
Verde, Angola e Portugal. Além disso, é um dos idiomas Tem como objetivo convencer e influenciar o com-
reconhecidos oficialmente na Organização das Nações portamento do receptor da mensagem. Essa função
Unidas (ONU) e nestes territórios: Macau e Goa. caracteriza-se pela presença das formas tu, você, vocês
(explícitas ou subtendidas no texto), de vocativos e de
LINGUAGEM, LÍNGUA, DISCURSO E ESTILO formas verbais no imperativo que expressam ordem,
sugestão, apelo etc. Essa função é predominante em tex-
A linguagem é um processo que relaciona cinco tos publicitários, propagandas, horóscopos, manuais de
fatores. Acompanhe a seguir: advertências, tutoriais etc.
z Enunciador: É que fala e, assim, desempenha um
FUNÇÃO REFERENCIAL
papel na sociedade;
z Interlocutor(es): Para quem se fala; é importante
saber o grau de intimidade que se tem com quem Objetiva informar, referenciar algo. O foco é o pró-
está falando; prio assunto, o que faz dela uma função predominan-
z Discurso: O que é dito (o enunciado). Tem marca- te nos noticiários, jornais, artigos, nas revistas, nos
ções ideológicas; livros instrucionais, contratos etc. A linguagem, nes-
z Situação imediata: O que se apresenta quando a se caso, transmite uma mensagem direta, objetiva e
fala é enunciada; pode ser material (lugar, fato) ou impessoal, que pode ser entendida pelo leitor em um
imaterial (tempo, espaço); sentindo específico.
z Contexto mais amplo: Reúne configurações sociais,
ideológicas e históricas que permeiam a fala. FUNÇÃO FÁTICA

Observando esses cinco aspectos, pode-se perce- Essa função serve para estabelecer ou interromper a
ber que a linguagem transcende o que é dito – para ela, comunicação com o interlocutor. Pode ser encontrada em
também importam fatores como a intimidade entre os expressões de cumprimento, saudações, discursos etc.
sujeitos, a situação na qual estão inseridos e o contexto
sócio-histórico no qual o enunciado é elaborado. Importa, FUNÇÃO METALINGUÍSTICA OU METALINGUAGEM
ainda, o conhecimento que o indivíduo tem do mundo a
sua volta e suas relações com sua própria língua e cultura. Acontece quando a linguagem é usada para expli-
Assim, pode-se dizer que o sentido do enunciado car a própria linguagem. Dessa maneira, o emissor
não está pronto no ato da fala (ou escrita), mas que explica o código utilizando o próprio código. Na cate-
deve ser construído entre os sujeitos nela envolvidos. goria de textos, merecem destaque as gramáticas e os
Para finalizar, podemos afirmar que a língua é a dicionários.
parte operacional da linguagem, por meio da qual
esta se realiza. FUNÇÃO POÉTICA
Já o discurso envolve elementos enunciativos que
englobam agentes localizados no tempo, no local e na Preocupa-se com a maneira como a mensagem
língua durante o ato de fala. Por fim, o estilo traz a será transmitida. Essa função, embora seja comum
marca pessoal do indivíduo que fala. em poesias, também pode ser encontrada em slogans
publicitários, piadas, músicas, conversas cotidianas
RESUMINDO etc. O uso de figuras de linguagem para explorar o
Processo de interação entre participantes da ritmo, a sonoridade, a forma das palavras realçam o
Linguagem sentido da mensagem que se quer passar ao receptor,
enunciação
que a interpreta de maneira subjetiva.
Língua Sistema pelo qual a linguagem opera

Marcas deixada pela língua em práticas Importante!


Discurso de determinada classe social Observe que, quando se trata de identificar uma
Exemplo: Discurso político determinada função em um texto, dizemos que
ela predomina naquele texto (ou em grande parte
Efeito da linguagem que pertence a uma pes- dele). Isso porque dificilmente uma função ocorre
Estilo
soa, marcando suas idiossincrasias na fala isoladamente: o mais comum é que em um texto
se combinem duas ou mais funções de linguagem.
NÍVEIS DE LINGUAGEM, FUNÇÕES DA LINGUAGEM
A língua não é uma, ou seja, não é indivisível; ela
FUNÇÃO EMOTIVA OU EXPRESSIVA pode ser considerada um conjunto de dialetos. Alguém
já disse que em país algum se fala uma língua só, há
Tem como objetivo transmitir sentimentos, emo- várias línguas dentro da língua oficial. E no Brasil não
ções e objetividades do emissor. O uso de verbos na
é diferente: pode-se até afirmar que cada cidadão tem
primeira pessoa do singular evidencia seu mundo
a sua. A essa característica da língua damos o nome
interior; também é comum o uso de interjeições, reti-
cências, ponto de exclamação e interrogação para de variação linguística. De forma sintética, podemos
reforçar a expressividade do emissor. Essa função é dividir de duas formas a língua “brasileira”: padrão for-
comum em poemas, diários, conversas cotidianas e mal e padrão informal; cada um desses tipos apresenta
186 narrativas de teor romântico ou dramático. suas peculiaridades e espécies derivadas. Vejamos:
PADRÃO FORMAL z Variação diastrática ou sociocultural

Norma Culta A variação diastrática, como também ocorre com


a diatópica, pode ser fonética, lexical e sintática,
A norma culta da língua portuguesa é estabelecida dependendo do que seja modificado pelo falar do indi-
pelos padrões definidos conforme a classe social mais víduo: falar adevogado, pineu, bicicreta, é exemplo de
abastada, detentora de poder político e cultural. As variação diastrática fonética. Usar “presunto” no
pessoas cujo padrão social lhe permite gozar de pri- lugar de corpo de pessoa assassinada é variação dias-
vilégios na sociedade têm o poder de ditar, inclusive, trática lexical. E falar “Houveram menas percas” no
as regras da língua, direcionando o que é considerado lugar de “Houve menos perdas” é variação diastráti-
permitido e aquilo que não é. ca sintática.

Norma Padrão z Variação diafásica ou estilística

A norma padrão diz respeito às regras organizadas A variação diafásica, como ocorreu com a diató-
nas gramáticas, estabelecendo um conjunto de regras pica e com a diastrática, pode ser também fonética,
e preceitos que devem ser respeitados na utilização lexical e sintática. Dizer “veio”, com o e aberto, não
da língua. Essa norma apresenta um caráter mais abs- por morar em determinado lugar nem porque todos
trato, tendo em vista que também considera fatores de sua camada social usem, é usar a variação diafá-
sociais, como a norma culta. sica fonética. Um padre, em um momento de descon-
tração, brincando com alguém, dizer “presunto” para
Língua Formal representar o “corpo de pessoa assassinada”, usa a
variação diafásica lexical. E, finalmente, um advo-
A língua formal não está, diretamente, associada a gado dizer “Encontrei ele”, também em momento
padrões sociais; embora saibamos que a influência social de descontração, no lugar de “Encontrei-o” é usar a
exerce grande poder na língua, a língua formal busca for- variação diafásica sintática.
malizar em regras e padrões as suas normas a fim de esta-
belecer um preceito mais concreto sobre a linguagem. VARIAÇÃO DIAFÁSICA
PADRÃO INFORMAL Mudança no som, como veio
(pronúncia com E aberto) e more
Diafásica fonética
Coloquialismo (pronúncia com E fechado, asseme-
lhando-se quase a pronúncia de i)
Diz respeito a qualquer traço de linguagem (foné- Ocorre em contextos de informa-
tico, lexical, morfológico, sintático ou semântico) que lidade, em que há mais liberdade
Diafásica lexical
apresenta formas informais no falar e/ou escrever. para usar gírias e expressões lexi-
cais diferentes
Oralidade Ocorre com a alteração dos ele-
Diafásica sintática mentos sintáticos, ocasionando
A oralidade marca as maneiras informais de se erros
comunicar. Tais formas não são reconhecidas pela
norma formal, e, por isso, são chamadas de registros z Variação diacrônica
orais ou coloquiais, embora nem sempre sejam reali-
zados apenas pela linguagem oral. Diz respeito à mudança de forma e/ou sentido
estabelecido em algumas palavras ao longo dos anos.
Linguagem Coloquial Podemos citar alguns exemplos comuns, como as
palavras Pharmácia – Farmácia; Vossa Mercê – Você.
A linguagem coloquial marca formas fora do Além dessas, a variação diacrônica também marca a
padrão estabelecido pela gramática. Como sabemos, presença de gírias comuns em determinadas épocas,
existem alguns tipos de variação linguística; dentre como broto, chocante, carango etc.
elas, as mais comuns em provas de concurso são:
FIGURAS DE LINGUAGEM E SIGNIFICADO DAS
z Variação diatópica ou geográfica PALAVRAS

A variação diatópica pode ocorrer com sons dife- Consistem em modificações da estrutura da oração
rentes. Quando isso acontece, dizemos que ocorreu (ou parte dela) por meio da omissão, inversão ou repe-
uma variação diatópica fonética, já que fonética sig- tição de termos. Nesse caso, essas alterações ocorrem
nifica aquilo que diz respeito aos sons da fala. Temos para conferir mais expressividade ao enunciado.
PORTUGUÊS

também o exemplo das variações que ocorrem em


diversas partes do país. Em Curitiba, PR, os jovens cha- Elipse
mam de penal o estojo escolar para guardar canetas e
lápis; no Nordeste, é comum usarem a palavra cheiro Utilizada para omitir termos numa oração que não
para representar um carinho feito em alguém. O que foram mencionados anteriormente, mas que podem
em outras regiões se chamaria de beijinho. Macaxeira, ser facilmente identificados pelo interlocutor. Essa
no Norte e no Nordeste, é a mandioca ou o aipim. Essa omissão pode ser percebida por indícios gramaticais
variação denominamos diatópica lexical, já que lexi- ou dentro do próprio contexto.
cal significa algo relativo ao vocabulário. 187
Ex.: Ana Rita arrumou-se para o trabalho. Estava Aliteração
atrasada. (“elipse sujeito -ela”)
Os alunos e as alunas, mãos erguidas contra os Recurso sonoro que consiste na repetição de sons
políticos, caminhavam pelas ruas. (elipse da preposi- consonantais para intensificar a rima e o ritmo.
ção – “de mãos erguidas”) Ex.: “Chove chuva choverando” (Oswald de
Andrade)
Zeugma
“Se desmorono ou se edifico,
Considerado um caso particular de elipse, o zeug- se permaneço ou me desfaço,
ma consiste omissão em orações seguintes de palavras — não sei, não sei. Não sei se fico
expressas na oração anterior. ou passo.” (Cecília Meireles)
Ex.: Eu sou professora; minha amiga, advogada.
Desembrulhe essa caixa enquanto eu desembru-
Assonância
lho a outra.

Pleonasmo Figura de linguagem que aborda o uso de som em


harmonia. Caracterizada pela repetição de vogais.
Consiste na repetição de termos ou ideias com o Ex.: “A pálida lágrima de Flávia” – repetição da
objetivo de realçá-las, tornando-as mais expressivas.
vogal a.
Ex.: “É rir meu riso e derramar meu pranto”. (Viní-
cius de Moraes) “Amo muito tudo isso” – repetição do som da vogal u.
“Só Capitu, amparando a viúva, parecia vencer-se
a si mesma.” (Machado de Assis). Onomatopeia

Dica Recurso sonoro que procura representar os sons


Existe o pleonasmo literário, que é um recurso específicos de objetos, animais ou pessoas a partir de
estilístico aceitável e muito explorado na litera- uma percepção aproximada da realidade.
tura e na música. O problema é quando o pleo- Ex.: “O tic tac do relógio me deixava mais angus-
nasmo se torna vicioso. Expressões como “fatos tiado na prova”.
reais”, “subir para cima”, “ganhar de graça”, “cego “Psiiiiiu! – Falou o professor no momento da reunião”.
dos olhos” e outras constituem um vício de lin-
guagem. A repetição da ideia torna-se, portanto, Hipérbato ou Inversão
desnecessária, pois não traz nenhum reforço à
ideia apresentada. Caracteriza-se pela inversão proposital da ordem
direta dos termos da oração. Essa inversão confere
Polissíndeto maior efeito estilístico na construção do enunciado.
Ex.: “Os bons vi sempre passar / no mundo graves
Figura que consiste no uso excessivo e repetitivo
de conjunções. tormentos” (Luiz Vaz de Camões)
Ex.: “Suspira, e chora, e geme, e sofre, e sua...” (Ola- Na ordem direta seria: Eu sempre vi passar os
vo Bilac) bons no mundo de graves tormentos.
“Mãe gentil, mas cruel, mas traiçoeira.” (Alberto
Oliveira) Anástrofe

Assíndeto Diferentemente do hipérbato, a anástrofe consiste


na inversão mais sutil dos termos da oração, não pre-
É a figura que consiste na omissão reiterada de judicando o entendimento do enunciado.
conjunções. Geralmente a conjunção omitida é a coor-
Ex.:
denativa. Essa estratégia torna a leitura do texto mais
clara e dinâmica. “Sabes também quanto é passageira essa desavença
Ex.: “Pense, fale, compre, beba, leia, vote, não se Não destrates o amor”. (Jacob do Bandolim)
esqueça.” (Pitty) Utilizando a figura de linguagem teríamos: “Sabes
“Vim, vi, venci.” (Júlio César) também quanto essa desavença é passageira”.

Anáfora Silepse

Consiste na repetição de palavra ou expressões no Consiste na concordância com o termo que está
início da oração. Esse tipo de recurso é muito comum subtendido na oração e não com o termo expresso na
em textos estruturados em versos consecutivos (poe- oração. (Concordância ideológica). Existem três tipos
mas, músicas, entre outros). O propósito é valorizar a de silepse:
mensagem por meio da ênfase ao elemento repetido.
Ex.: “É o pau, é a pedra, é o fim do caminho
z Silepse de Gênero: Há uma discordância entre
É um resto de toco, é um pouco sozinho
os gêneros dos artigos, substantivos, pronomes e
É um caco de vidro, é a vida, é o sol
É a noite, é a morte, é um laço, é o anzol.” (Tom Jobim) adjetivos. Notamos na oração a presença do con-
“Quando não tinha nada eu quis traste entre os gêneros masculino e feminino.
Quando tudo era ausência, esperei Ex.: Vossa Excelência é falso. - O pronome de tra-
Quando tive frio, tremi tamento certamente se refere a alguma autoridade do
188 Quando tive coragem, liguei”. (Daniela Mercury) sexo masculino (deputado, prefeito, vereador etc.)
z Silepse de Número: Há uma discordância entre o
verbo e o sujeito da oração quando ele expressa O que foi isso, Foi um candidato
uma ideia de coletividade. Nesse caso, o verbo con- homem? “ficha suja” que
me abraçou...
corda com a ideia que nele está contida.
Ex.: A turma era barulhenta, falavam alto. (“fala-
vam” concorda com “alunos”)

z Silepse de Pessoa: Há uma discordância entre o


verbo e a pessoa do discurso expressa pelo sujeito
da oração. Geralmente o emissor se inclui no sujei-
to expresso em 3ª pessoa do plural, realizando a
flexão verbal na primeira pessoa.

Ex.: Dizem que os brasileiros somos amantes do Comparação: relação de semelhança estabele-
futebol. (brasileiros //3ª p. plural) (somos// 1ª p. plural) cida por conectivos.

Anacoluto

Consiste na quebra ou interrupção da estrutura


normal. Um dos termos da oração fica desvinculado
do restante da sentença e não estabelece nenhuma
ligação sintática com os demais.
Ex.: Meu vizinho, ouvi dizer que está muito doente.

FIGURAS DE PALAVRAS

As figuras de palavras estão associadas ao significa-


do delas. Caracterizam-se por apresentar uma substi- Fonte: instagram.com/academiadotexto. Acesso em: 16/10/2020.
tuição ou transposição do sentido real da palavra para
Metonímia
assumir um sentido figurado construído dentro de um
contexto. A substituição de uma palavra por outra pode Consiste na substituição de um termo pelo outro
acontecer por uma relação muito próxima (contiguida- em virtude de uma relação de proximidade ou conti-
de) ou por uma comparação/analogia (similaridade). nuidade. Essa relação é qualitativa e pode ser realiza-
da dos seguintes modos:
Comparação
� A parte pelo todo:
Ex.: O brasileiro trabalha muito para garantir o
Analogia explícita entre dois termos; a principal
pão aos filhos (O brasileiro trabalha muito para
diferença entre a comparação e a metáfora, que é garantir alimento aos filhos).
outro tipo de relação de semelhança, é que a compa- � O autor pela obra:
ração se estabelece com o uso de conectivos. Ex.: Os leitores de Machado de Assis são cultos (Os
Ex.: Minha boca é como um túmulo. leitores da obra de Machado de Assis são cultos).
A menina é como um doce. � O continente pelo conteúdo:
Ex.: A menina bebeu a jarra de suco inteira (A
Seu sorriso é tal qual um raio de sol numa manhã
menina bebeu todo o suco da jarra).
nublada. � A marca pelo produto:
Ex.: Minha filha pediu uma Melissa de aniversário
Metáfora (Minha filha pediu uma sandália de aniversário).
� Singular pelo plural:
Consiste em usar uma palavra ou expressão em lu- Ex.: O cidadão deve cumprir seus deveres legais
gar da outra em razão de algumas semelhanças (ana- (Os cidadãos devem cumprir seus deveres legais).
� O concreto pelo abstrato:
logia) conceituais. É recurso que está associado ao em-
Ex.: A juventude está cada vez mais ansiosa (Os
PORTUGUÊS

prego da palavra fora do seu sentido normal. jovens estão cada vez mais ansiosos).
Ex.: O tempo é uma cadeira ao sol, e nada mais. � A causa pelo efeito:
(Carlos Drummond de Andrade) Ex.: Comprei a casa com o meu suor (Comprei a
Meu pensamento é um rio subterrâneo. (Fernan- casa com o meu trabalho).
� O instrumento pelo agente:
do Pessoa)
Ex.: O carro atropelou o cachorro (O motorista do
Observe: veículo atropelou o cachorro).
Metáfora: relação de semelhança não explícita. � A coisa pela sua representação: 189
Ex.: O sonho de muitos candidatos é chegar ao Antítese
Palácio do Planalto (O sonho de muitos candida-
Consiste no emprego de conceitos que se opõem e que
tos é chegar à Presidência da República). podem ocorrer de maneira simultânea em uma mesma
� O inventor pelo invento: oração. Na antítese, os conceitos antônimos não se contra-
Ex.: Diego comprou um Picasso no museu (Diego dizem e estão relacionados a referentes distintos.
comprou uma obra de Picasso no museu).
� A matéria pelo objeto: Ex.: “Tristeza não tem fim, felicidade sim!” (Viní-
Ex.: Custou-me apenas algumas pratas aque- cius de Moraes)
la mobília. (Custou-me apenas algumas moedas
“O mito não é nada que é tudo”. (Fernando Pessoa)
aquela mobília.)
� O proprietário pela propriedade: Personificação ou Prosopopeia
Ex.: Vou ao médico buscar meus exames (Vou ao
consultório médico buscar meus exames). Consiste em atribuir características, sentimentos e
comportamentos próprios de seres humanos a seres
Sinédoque irracionais ou inanimados. É uma figura muito usada
em textos literários, como fábulas e apólogos.
Atualmente as gramáticas não realizam distinção Ex.: “O cravo brigou com a rosa debaixo de uma
entre metonímia e sinédoque; a diferença entre essas sacada...” (cantiga popular).
figuras é tênue. Na sinédoque, a relação que se estabe-
lece entre os termos é quantitativa, ou seja, quando “As pedras andam vagarosamente”.
se amplia ou se reduz a significação das palavras. As
relações entre os termos são basicamente as seguin- Paradoxo
tes: parte pelo todo, singular pelo plural, gênero pela Consiste no emprego de conceitos opostos e contra-
espécie, particular pelo geral (ou vice-versa). ditórios na representação de uma ideia. No paradoxo,
Ex.: O homem é um ser mortal (os homens). embora os termos pareçam ilógicos, são perfeitamen-
É preciso pensar na criança (nas crianças). te aceitáveis no campo da literatura, o que confere ao
autor uma licença poética.
Antonomásia ou Perífrase
Ex.: “Se lembra quando a gente chegou um dia a
A antonomásia é uma figura que consiste na subs- acreditar que tudo era pra sempre, sem saber que o
tituição de um nome próprio (de pessoa) por uma ex- pra sempre sempre acaba” (Cássia Eller)
pressão que lhe confere alguma característica ou atri- “Dor, tu és um prazer!” (Castro Alves)
buto que o distingue (epíteto). É a substituição de um
nome por outro, o que pode configurar uma espécie Eufemismo
de apelido para o ser designado.
Ex.: O poeta dos escravos é autor do célebre poema Consiste no emprego de uma palavra ou expressão
que serve para amenizar/ suavizar uma informação
“O navio negreiro”. (Castro Alves)
desagradável ou fatídica. É um recurso essencial para
Este aeroporto tem o nome do pai da aviação. (San-
validar a polidez nas relações sociais.
tos Dumont)
Observação: A antonomásia é uma espécie de Ex.: “Suzanna é uma mulher desprovida de beleza.”
perífrase. A diferença é que esta designa um ser (coi- (feia)
sas, animais ou lugares) por meio de características,
atributos ou um fato que o celebrizou. “Aquele pobre homem entregou a alma a Deus”
Ex.: Fomos ao zoológico ver o rei da selva. (leão) (morreu)
Adoraria conhecer a cidade luz. (Paris) Hipérbole
Qualquer dúvida consulte o pai dos burros. (dicionário)
Uso de expressões intencionalmente exageradas
Sinestesia para dar maior ênfase à mensagem expressa pelo
emissor.
Consiste no recurso que engloba um conjunto de
Ex.: “Amor da minha vida, daqui até a eternidade
percepções e sensações interligadas aos processos
sensoriais provenientes de diferentes sentidos (visão, Nossos destinos foram traçados na maternidade”.
audição, olfato, paladar e tato). Na sinestesia, a per- (Cazuza)
cepção ou sensação de um sentido é atribuída a outro.
Ex.: “As falas sentidas, que os olhos falavam.” (Ca- “Vou caçar mais um milhão de vagalumes por aí”.
simiro de Abreu) (Pollo)
“E o pão preserve aquele branco sabor de alvora-
Ironia
da”. (Ferreira Gullar)
Consiste em expressar ideias, pensamentos e julga-
FIGURAS DE PENSAMENTO mentos com o sentido contrário do que se diz. A ironia
tem como objetivo satirizar uma situação desagradá-
Processo expressivo que enfatiza o aspecto semân- vel ou depreciar alguém pelo seu comportamento.
tico da linguagem. As figuras de pensamento introdu- Ex.: “Marcela amou-me durante quinze meses e
zem uma ideia diferente daquela que a palavra em onze contos de réis...” (Machado de Assis)
190 seu sentido real exprime. “Parece um anjinho, briga com todos”.
Gradação
IMPORTANTE!
Consiste na apresentação de ideias sinônimas (ou
não) em uma escala progressiva de maior ou menor Léxico: Conjunto de todas as palavras e expres-
intensidade à expressão. Os termos da oração são fru- sões de um idioma.
tos de uma hierarquia e podem ser de ordem crescen- Vocabulário: Conjunto de palavras e expressões
te ou decrescente. que cada falante seleciona do léxico para se
comunicar.
Ex.: “Mais dez, mais cem, mais mil e mais um bi-
lião, uns cingidos de luz, outros ensanguentados.”
(Machado de Assis) z Sinonímia
“Eu era pobre. Era subalterno. Era nada.” (Montei-
ro Lobato) São palavras ou expressões que, empregadas em
um determinado contexto, têm significados seme-
Apóstrofe lhantes. É importante entender que a identidade dos
sinônimos é ocasional, ou seja, em alguns contextos
uma palavra pode ser empregada no lugar de outra,
Consiste na invocação de alguém ou alguma coisa
o que pode não acontecer em outras situações. O
personificada. Essa figura de linguagem realiza-se por
uso das palavras “chamar”, “clamar” e “bradar”, por
meio de um vocativo. A apóstrofe é um recurso estilís-
exemplo, pode ocorrer de maneira equivocada se uti-
tico muito utilizado na linguagem informal (cotidia-
lizadas como sinônimos, uma vez que a intensidade
na), nos textos religiosos, políticos e poéticos.
de suas significações é diferente.
Ex.: “Liberdade, Liberdade! É isso que pretende-
O emprego dos sinônimos é um importante recur-
mos nessa luta”.
so para a coesão textual, uma vez que essa estratégia
“Senhor, tende piedade de nós”.
revela, além do domínio do vocabulário do falante, a
capacidade que ele tem de realizar retomadas coesi-
DENOTAÇÃO
vas, o que contribuiu para melhor fluidez na leitura
do texto.
O sentido denotativo da linguagem compreende
o significado literal da palavra independente do seu
z Antonímia
contexto de uso. Preocupa-se com o significado mais
objetivo e literal associado ao significado que aparece
São palavras ou expressões que, empregadas em
nos dicionários. A denotação tem como finalidade dar
um determinado contexto, têm significados opostos.
ênfase à informação que se quer passar para o recep-
As relações de antonímia podem ser estabelecidas em
tor de forma mais objetiva, imparcial e prática. Por
gradações (grande/pequeno; velho/jovem); reciproci-
isso, é muito utilizada em textos informativos, como
dade (comprar/vender) ou complementaridade (ele é
notícias, reportagens, jornais, artigos, manuais didá- casado/ele é solteiro). Vejamos o exemplo a seguir:
ticos, entre outros.
Ex.: O fogo se alastrou por todo o prédio. (fogo:
chamas)
O coração é um músculo que bombeia sangue para
o corpo. (coração: parte do corpo)

CONOTAÇÃO

O sentido conotativo compreende o significado


figurado e depende do contexto em que está inserido.
A conotação põe em evidência os recursos estilísticos
dos quais a língua dispõe para expressar diferen-
tes sentidos ao texto de maneira subjetiva, afetiva e
poética. A conotação tem como finalidade dar ênfase
à expressividade da mensagem de maneira que ela
possa provocar sentimentos ou diferentes sensações
no leitor. Por esse motivo, é muito utilizada em poe-
sias, conversas cotidianas, letras de músicas, anúncios Fonte: https://bit.ly/3kETkpl. Acesso em: 16/10/2020.
publicitários e outros.
Ex.: “Amor é fogo que arde sem se ver”. A relação de sentido estabelecida na tirinha é
Você mora no meu coração. construída a partir dos sentidos opostos das palavras
“prende” e “solta”, marcando o uso de antônimos, nes-
O SIGNIFICADO DAS PALAVRAS se contexto.
PORTUGUÊS

Quando escolhemos determinadas palavras ou z Homonímia


expressões dentro de um conjunto de possibilidades
de uso, estamos levando em conta o contexto que Homônimos são palavras que têm a mesma pro-
influencia e permite o estabelecimento de diferentes núncia ou grafia, porém apresentam significados dife-
relações de sentido. Essas relações podem se dar por rentes. É importante estar atento a essas palavras e a
meio de: sinonímia, antonímia, homonímia, paroní- seus dois significados. A seguir, listamos alguns homô-
mia, polissemia, hiponímia e hiperonímia. nimos importantes: 191
acender (colocar fogo) ascender (subir) z Cavaleiro/cavalheiro
acento (sinal gráfico) assento (local onde se senta)
acerto (ato de acertar) asserto (afirmação)
„ Todos os cavaleiros que integravam a cava-
laria do rei participaram na batalha. (homem
apreçar (ajustar o preço) apressar (tornar rápido)
que anda de cavalo)
bucheiro (tripeiro) buxeiro (pequeno arbusto)
„ Meu marido é um verdadeiro cavalheiro, abre
bucho (estômago) buxo (arbusto) sempre as portas para eu passar. (homem edu-
caçar (perseguir animais) cassar (tornar sem efeito) cado e cortês)
cegar (deixar cego) segar (cortar, ceifar)
sela (forma do verbo selar; z Cumprimento/comprimento
cela (pequeno quarto)
arreio)
censo (recenseamento) senso (entendimento, juízo) „ O comprimento do tecido que eu comprei é de
3,50 metros. (tamanho, grandeza)
céptico (descrente) séptico (que causa infecção)
„ Dê meus cumprimentos a seu avô. (saudação)
cerração (nevoeiro) serração (ato de serrar)
cerrar (fechar) serrar (cortar) z Delatar/dilatar
cervo (veado) servo (criado)
chá (bebida) xá (antigo soberano do Irã) „ Um dos alunos da turma delatou o colega que
cheque (ordem de xeque (lance no jogo de chutou a porta e partiu o vidro. (denunciar)
pagamento) xadrez) „ Comendo tanto assim, você vai acabar dilatan-
círio (vela) sírio (natural da Síria) do seu estômago. (alargar, estender)
cito (forma do verbo citar) sito (situado)
z Dirigente/diligente
concertar (ajustar, combinar) consertar (reparar, corrigir)
concerto (sessão musical) conserto (reparo) „ O dirigente da empresa não quis prestar decla-
coser (costurar) cozer (cozinhar) rações sobre o funcionamento da mesma. (pes-
exotérico (que se expõe em soa que dirige, gere)
esotérico (secreto)
público) „ Minha funcionária é diligente na realização de
espectador (aquele que expectador (aquele que tem suas funções. (expedito, aplicado)
assiste) esperança, que espera)
esperto (perspicaz) experto (experiente, perito) z Discriminar/descriminar
espiar (observar) expiar (pagar pena)
„ Ela se sentiu discriminada por não poder
espirar (soprar, exalar) expirar (terminar)
entrar naquele clube. (diferenciar, segregar)
estático (imóvel) extático (admirado) „ Em muitos países se discute sobre descriminar o
esterno (osso do peito) externo (exterior) uso de algumas drogas. (descriminalizar, inocentar)
extrato (o que se extrai de
estrato (camada)
algo) Fonte: https://www.normaculta.com.br/palavras-par
estremar (demarcar) extremar (exaltar, sublimar) onimas/. Acessado em 17/10/2020.
incerto (não certo, impreciso) inserto (inserido, introduzido)
incipiente (principiante) insipiente (ignorante) Polissemia (Plurissignificação)
laço (nó) lasso (frouxo)
Multiplicidade de sentidos encontradas em algu-
ruço (pardacento, grisalho) russo (natural da Rússia) mas palavras, dependendo do contexto. As palavras
tacha (prego pequeno) taxa (imposto, tributo) polissêmicas guardam uma relação de sentido entre
tachar (atribuir defeito a) taxar (fixar taxa) si, diferenciando-as das palavras homônimas. A polis-
Fonte: https://www.soportugues.com.br/secoes/seman/seman6.php. semia é encontrada no exemplo a seguir:
Acessado em: 17/10/2020.

Parônimos

Parônimos são palavras que apresentam sentido


diferente e forma semelhante, conforme demonstra-
mos nos exemplos a seguir:
Fonte: https://bit.ly/3jynvgs. Acessado em: 17/10/2020.
z Absorver/absolver
z Hipônimo e Hiperônimo
„ Tentaremos absorver toda esta água com espon-
Relação estabelecida entre termos que guardam
jas. (sorver) relação de sentido entre si e mantém uma ordem gra-
„ Após confissão, o padre absolveu todos os fiéis dativa. Exemplo: Hiperônimo – veículo; Hipônimos –
de seus pecados. (inocentar) carro, automóvel, moto, bicicleta, ônibus...

z Aferir/auferir EFEITOS DE SENTIDO DECORRENTES DO USO DE


RECURSOS VERBAIS E NÃO VERBAIS EM GÊNEROS
„ Realizaremos uma prova para aferir seus DIFERENTES: GRÁFICOS E INFOGRÁFICOS
conhecimentos. (avaliar, cotejar) A representação de sentido por meio de tabelas e
„ O empresário consegue sempre auferir lucros gráficos está sempre presente em nosso cotidiano, princi-
192 em seus investimentos. (obter) palmente nos meios de comunicação, ainda mais com as
redes sociais. Isso está ligado à facilidade com que pode-
mos analisar e interpretar as informações que estão orga-
nizadas de forma clara e objetiva e, além disso, ao fato de
não exigir o uso de cálculos complexos para a sua análise.
A análise de gráficos auxilia na resolução de questões não
apenas de português, assim, requer atenção.

Gráfico

Componentes de um gráfico:

z Título: na maioria dos casos possuem um título


que indica a que informação ele se refere;
z Fonte: a maioria dos gráficos contém uma fonte,
ou seja, de onde as informações foram retiradas,
com o ano de publicação;
z Números: é deles que precisamos para compa-
rar as informações dadas pelos gráficos. Usados
para representar quantidade ou tempo (mês, ano,
período);
z Legendas: ajudam na leitura das informações
apresentadas. Na maioria dos casos, o uso de cores
destaca diferentes informações.

Gráfico de Exemplo
900
Fonte: https://mundoeducacao.uol.com.br/doencas/covid-19.htm.
800
700 Acessado em: 01/03/2021.
600
500
400
300
200 INTRODUÇÃO À LITERATURA
100
0 A ARTE LITERÁRIA, OS GÊNEROS LITERÁRIOS E A
Maçãs Laranjas Bananas
EVOLUÇÃO DA ARTE LITERÁRIA, EM PORTUGAL E
2013 2014 2015 NO BRASIL

A Literatura está ligada à escrita, sua origem per-


Fonte: https://support.microsoft.com/pt-br/office/adicionar-uma-legenda-
de-se nos tempos. Não há um único marco histórico do
a-um-gráfico-eccd4b70-30ec-429d-8600-6305e08862c7.
surgimento da escrita, tendo em vista que os desenhos
das cavernas são considerados escritos antigos.
Infográficos A Literatura é a arte de compor escritos artísticos, em
prosa ou em verso, de acordo com princípios teóricos e
Os infográficos são uma forma moderna de apre- práticos, o exercício dessa arte ou da eloquência e poesia.
Sabe-se que a “Literatura” vem do latim “litteris”,
sentar o sentido. Essa palavra une os termos info
em tradução “Letras”, e possivelmente uma tradução
(informação) e gráfico (desenho, imagem, representa- do grego “grammatikee”. Na Roma antiga, literatura
ção visual), ou seja, um desenho ou imagem que, com o significava uma instrução ou um conjunto de saberes
ou habilidades de escrever e ler bem. O escrever e o
apoio de um texto, informa sobre um assunto que não
ler bem, por sua vez, relaciona-se com as artes da gra-
seria muito bem compreendido somente com um texto. mática, da retórica e da poética. Por extensão, refe-
PORTUGUÊS

Para interpretar os dados informativos em um re-se especificamente à arte ou ofício de escrever de


infográfico, é preciso boa leitura e esta requer atenção forma artística. Nos dias atuais, o termo “Literatura”
também é utilizado como referência a um corpo ou
aos detalhes. As representações neste formato aliam um conjunto escolhido de textos como, por exemplo,
ao texto uma série de atrativos visuais, cabendo ao a literatura inglesa, a literatura médica, a literatura
leitor ser extremamente observador. Ter atenção ao portuguesa, literatura japonesa etc.
Mais profícuo do que tentar definir a Literatura
título, ao tema e a fonte das informações é vital para é encontrar um caminho para decidir o que torna
uma boa análise e interpretação. um texto, em sentido lato, literário. A literatura está 193
geralmente associada à ideia de estética, ou melhor, a literária é emotiva e sentimental, e abarca as figuras de
ideia de ocorrência de algum procedimento que seja linguagem e o sentido conotativo das palavras. Apre-
estético. Segundo Aristóteles, um texto é literário, por- senta o fantástico que precisa ser descoberto através
tanto, quando consegue produzir um efeito estético de uma leitura atenta. Já a linguagem não literária é
no leitor e quando provoca catarse no receptor. Uma aquela própria para a transmissão de saberes, da infor-
estratégia para entender o fenômeno literário é a opo- mação, no âmbito das necessidades da comunicação
sição. Vamos opor o texto científico ao texto artístico, social. Você pode encontra-la na ciência, na técnica, no
por exemplo: enquanto o texto científico emprega jornalismo e na conversação entre os falantes.
as palavras sem preocupação com a beleza, o texto Podemos estabelecer o seguinte confronto entre as
artístico, ao contrário, terá essa preocupação. Outra duas formas:
comparação é em relação ao emprego e o sentido das
palavras. Sabe-se que no texto científico emprega-se
as palavras no seu sentido dicionarizado, denotativo, LINGUAGEM NÃO
LINGUAGEM LITERÁRIA
enquanto que no texto artístico busca-se empregar as LITERÁRIA
palavras com mais autonomia, preferindo o seu senti- Intralinguística Extralinguística
do conotativo, figurado.
Ambígua Clara/exata
PROSA E POESIA
Conotação Denotação
Os textos literários se dividem em duas partes: pro- Sugestão Precisão
sa e poesia, nesse tópico encontraremos a definição de
cada uma dessas. Comecemos pela poesia: a poesia é Transfiguração da realidade Realidade
a linguagem subjetiva, metafísica, vaga com o mundo
Subjetiva Objetiva
interior do poeta. Quanto a sua forma, é um texto cur-
to com orações e períodos curtos, em que sobressaem Ordem inversa Ordem direta
a estética, a harmonia e o ritmo. Trata-se da mais
antiga composição do mundo. Antes da existência Gêneros Literários
do papel já existia os textos literários. Com os livros
de argila e o uso de poemas, seria possível transmi- Na teoria literária, o estudo dos gêneros literários
tir muita coisa com pouco material. A Prosa, por sua ocupa-se em agrupar as diversas modalidades de
vez, é a linguagem objetiva, usual, veículo natural do expressão literária pelas suas características de forma
pensamento humano. A prosa possui diversas formas, e conteúdo. Cada gênero possui uma técnica, um esti-
chamadas de subgêneros literários, como: romances, lo e uma função. Vale destacar que a distinção entre
crítica, novela, conto, etc. Vejamos as diferenças entre os gêneros é bem flexível, sendo possível às vezes a
um texto em forma de poesia e outro em forma de mistura deles. Para classificar uma obra, então, é
prosa: necessário verificar a predominância de um gênero. A
classificação básica dos gêneros compreende: o lírico,
Poema o épico e o dramático.

z Frases curtas; z Gênero Lírico – A poesia lírica surgiu na Grécia


z Destaque para a beleza dos versos; Antiga, sendo originalmente declamada ao som da
z De rimas: Porta/importa, minha/vizinha; lira, daí a origem da palavra lírico. A lira, pela tra-
z Uso de métrica - contagem de sílabas poéticas; dição literária, passou a simbolizar a poesia.
z escrito em forma de versos.
No gênero lírico predomina o sentimento, a emo-
Prosa ção, a subjetividade, a expressão do “eu”. Trata-se da
manifestação do mundo interior através de uma visão
z Frases longas, em só período; pessoal do mundo.
z Não há beleza no texto, somente a informação; Quanto à temática, o tema lírico por excelência é o
z Texto objetivo: transmitir uma mensagem; amor, sendo que os demais lhe são correlatos: a soli-
z Não há métrica, nem rima, nem ritmo; dão, a angústia, a saudade, a tristeza.
z Texto escrito em forma de parágrafos. A linguagem lírica mostra-se densamente metafó-
rica, sendo predominante a exploração da sonoridade
Dica e o arranjo das palavras.
Aqui estamos falando especificamente do lirismo
Embora os nomes sejam parecidos, você deve se
na Literatura, mas o lirismo identifica-se com outras
atentar para o fato de que poema e poesia não formas de arte, podendo ser encontrado na própria
são a mesma coisa. Poema é um texto literário poesia, em um romance, em um filme ou quadro e em
composto de versos, estrofes e, às vezes, rima. outras formas de arte.
Já a  poesia  é a própria manifestação artística, Observe neste poema as características do gênero
baseada na linguagem subjetiva e estética. lírico, o espírito subjetivo, que aparece embalado por
emoções e sentimentos.
A Linguagem Literária e a Não Literária
Eu cantarei de amor tão docemente,
Antes de mais nada é preciso saber que existe a Por uns termos em si tão concertados,
linguagem literária e a linguagem não literária, e elas Que dois mil acidentes namorados
194 são bem diferentes. Vamos ao conceito: a linguagem Faça sentir ao peito que não sente.
Farei que amor a todos avivente, z Auto: surgido na Idade Média, os autos são textos cur-
Pintando mil segredos delicados, tos, de linguagem simples, com elementos cômicos e
Brandas iras, suspiros magoados, intenção moralizadora. Suas personagens simboli-
Temerosa ousadia e pena ausente. zam as virtudes, os pecados, ou representam anjos,
demônios e santos. Um dos autos mais famosos na lín-
Também, Senhora, do desprezo honesto gua portuguesa é o “Monólogo do Vaqueiro ou Auto
De vossa vista branda e rigorosa, da Visitação”, de Gil Vicente. Modernamente, encon-
Contentar-me-ei dizendo a menor parte. tramos textos notáveis que revelam certa influência
medieval, como é o caso do “Auto da Compadecida”,
Porém, pera cantar de vosso gesto de Ariano Suassuna.
A composição alta e milagrosa z Gênero Épico ou Narrativo - O gênero narrativo
Aqui falta saber, engenho e arte. estrutura-se pela narração, sendo característico a
Luís de Camões narração das ações dos personagens em determi-
nado tempo e espaço.

Importante! A forma narrativa consagrada na antiguidade era a


épica em que se faziam relatos de versos sobre as ori-
Para a compreensão dos gêneros literários, pre- gens das nacionalidades, os acontecimentos históricos
cisamos saber que o lirismo, a subjetividade, não que mudaram o curso da humanidade. Os heróis das
são exclusividade do gênero lírico, podendo apa- epopeias eram personagens históricas ou semideuses,
recer nos demais. Também é preciso saber sepa- isto é, pessoas que se destacaram por excepcionais
rar a participação do “eu-lírico”, ou seja, a própria façanhas. Cumpre ressaltar as mais célebres epopeias:
a “Ilíada” e a “Odisseia”, de Homero; a “Eneida”, de Ver-
voz que fala no poema do artista (o poeta).
gílio; “Os Lusíadas”, de Camões.
Modernamente, as formas narrativas resultam da
z Gênero Dramático – Do grego, a palavra “drama” evolução do gênero épico, a saber: o romance, o conto, a
significa “ação”. Trata-se de um modo específico novela e a crônica. O romance e a novela possuem uma
de textos, baseado na performance, sendo assim, estrutura de múltiplos conflitos, em que se caracteriza
o gênero dramático abrange os textos em forma de a pluralidade de ações. De modo contrário, o conto gira
em torno de um único conflito, decorre disso a unidade
diálogo destinados à encenação.
de ações. A crônica, por sua vez, que nasceu das colunas
dos jornais, explora fatos da atualidade.
No gênero dramático, não há a narração de fatos,
como existe no romance, tendo em vista que os per- A EVOLUÇÃO DA ARTE LITERÁRIA, EM PORTUGAL
sonagens assumem seus papéis diante de um público E NO BRASIL
que assim é envolvido com os acontecimentos.
Vale destacar que uma peça é uma obra literária, Antes de mais nada, importante salientar que toda
enquanto texto destinado à leitura. Por outro lado, a produção literária no Ocidente foi dividida didatica-
como espetáculo teatral, depende dos meios técnicos mente em “Eras ou Épocas”, as quais compreendere-
empregados na apresentação, como: maquilagem, ilu- mos melhor mais adiante.
minação, imposição de voz, cenário e figurino. A Literatura Portuguesa, obviamente, foi a pri-
meira e maior influência da Literatura Brasileira.
Exemplos de Textos Dramáticos Considerando que a maioria dos movimentos literá-
rios surgiram na Europa, sobretudo, França, sabemos
z Tragédia: acontecimentos trágicos, temas deri- que a Literatura Portuguesa se alimentou de fontes
vados das paixões humanas do qual fazem parte principalmente francesas e inglesas, o que, de certa
personagens nobres e heroicas, sejam deuses ou forma, caracteriza a Literatura Brasileira também,
semideuses. Os finais são sempre nefastos. Como especialmente até o Realismo. Afinal, até o período
exemplo, podemos citar “Édipo Rei”, de Sófocles; que chamamos de Realismo, a maioria dos escritores
“Romeu e Julieta”, de Shakespeare; renomados da literatura brasileira nasceram, cresce-
z Comédia: textos humorísticos de caráter crítico, ram ou estudaram na Europa.
irônico, jocoso e satírico, podendo ser até mes- Na Literatura de Portugal, as Eras são classifi-
cadas em: Medieval, Clássica e Moderna, sendo que
mo obsceno, cuja temática são ações cotidianas
dentro de cada uma há um conjunto de movimentos
das quais fazem parte personagens humanos e
literários. Portanto, os movimentos literários do Tro-
estereotipados, geralmente o povo e a nobreza. O
vadorismo (1189) e do Humanismo (1418) estão agru-
objetivo era fazer sátiras políticas, críticas sociais,
pados na Era Medieval.
fazer paródias com o intuito de causar o riso; Na Era Clássica  deparamos com o Classicismo
z Tragicomédia: textos que trazem a junção de ele- (1527), Barroco (1580) e o Arcadismo (1756).
mentos trágicos e cômicos na representação teatral. Por fim, na Era Moderna, também denominada
z Farsa: surgida por volta do século XIV, a farsa
PORTUGUÊS

Era Romântica, estão os movimentos: Romantismo


caracteriza-se pela crítica social. É um texto cur- (1825), Realismo-Naturalismo (1865), Simbolismo
to, formado por diálogos simples e representado (1890) e Modernismo (1915).
por personagens caricaturais em ações corriquei- No entanto, de forma geral, os movimentos lite-
ras, cômicas, burlescas. Como exemplo famoso na rários no Brasil sempre afloraram com uma ou duas
língua portuguesa, podemos citar “A farsa de Inês décadas de defasagem em relação a Portugal, como
Pereira”, de Gil Vicente; você pode conferir nesta linha do tempo:
Linha do tempo dos Movimentos Literários no Bra-
sil e em Portugal 195
ERA MEDIEVAL
MOVIMENTOS LITERÁRIOS Trovadorismo Humanismo
PORTUGAL 1198-1418 1418-1527
BRASIL - -

Note que na Era Medieval não há datas respectivas aos movimentos literários no Brasil, isso porque o Brasil
ainda não possuía uma produção literária respectiva aos estilos desta era.

ERA CLÁSSICA
Literatura de Informação sobre o Brasil e
MOVIMENTOS LITERÁRIOS Classicismo Barroco Arcadismo
Literatura dos Jesuítas
PORTUGAL 1527-1580 - 1580-1756 1756-1825
BRASIL - 1500-1601 1601-1768 1768-1836

O primeiro movimento que o Brasil participa é a Literatura de Informação e Literatura dos Jesuítas, tendo
início em 1500.

ERA MODERNA
MOVIMENTOS Realismo / Modernismo Modernismo
Romantismo Simbolismo Pós-modernismo
LITERÁRIOS Naturalismo (1º fase) (2º fase)
PORTUGAL 1825-1865 1865-1890 1890-1915 1915-1927 1927-1940 A partir de 1939
BRASIL 1836-1881 1881-1893 1893-1902 1922-1930 1930-1945 A partir de 45

LITERATURA BRASILEIRA
CONTEXTO HISTÓRICO, CARACTERÍSTICAS, PRINCIPAIS AUTORES E OBRAS DO QUINHENTISMO, BARROCO,
ARCADISMO, ROMANTISMO, REALISMO, NATURALISMO, IMPRESSIONISMO, PARNASIANISMO, SIMBOLISMO,
PRÉMODERNISMO E MODERNISMO

Contexto Histórico

O marco inicial da Literatura Brasileira coincide com o período histórico chamado Renascimento. Em Por-
tugal, especialmente, este período coincide com o esplendor das conquistas ultramarinas, grandes navegações,
continentes recém descobertos e a fase de colonização de povos.
Após o duro golpe da Reforma Protestante de Martinho Lutero, no fim do século XV, Portugal recuperava o
prestígio com a descoberta por Vasco da Gama de um novo caminho para as Índias. Esse espírito de ufania geraria
a maior epopeia da Língua Portuguesa: Os Lusíadas, escrita por Luís Vaz de Camões, compreendida como a mais
alta expressão de amor à pátria.
Enquanto isso, no Brasil de 1500, as primeiras produções possuíam mais caráter documental do que literário.
Desde então, a forma como foi escrita a história de nosso país tem refletido até hoje nas produções artísticas e,
consequentemente, literárias. Se observarmos, desde o período Colonial (do Descobrimento a chegada da Família
Real ao Brasil), passando pelo Período Imperial, além de diversas revoltas internas em prol da Independência e da
abolição da escravatura, Período Regencial, a Proclamação da República, em 1889, o Período Republicano, marcado
pelos governos militares, ditaduras e a reconquista da democracia, todos esses acontecimentos permeiam a nossa
Literatura.
Mais recentemente, diversas transformações de âmbito político e social decorreram das duas Grandes Guer-
ras, que refletiram no mundo e, consequentemente no Brasil, ideológica e politicamente. Políticas mundiais de
combate ao comunismo influenciaram líderes e momentos, a liberdade de expressão foi cerceada e um período
sombrio foi instaurado em nossa história até 1985, quando o direito à democracia foi restabelecido, além da glo-
balização, a internet e as mídias sociais, tudo isso reflete no pensamento, no sentimento e na expressão artística,
como poderemos acompanhar nas Escolas Literárias.

CARACTERÍSTICAS, PRINCIPAIS AUTORES E OBRAS DO QUINHENTISMO

O Quinhentismo corresponde às manifestações literárias ocorridas no Brasil durante o século XVI, momento
de descobrimento, exploração e colonização.
Durante esse período, uma literatura genuinamente brasileira, a qual mostra visão do homem brasileiro, ainda
não era possível. O que temos é um ponto de vista do viajante colonizador acerca do Novo Mundo, além de uma
preocupação em documentar e descrever a viagem para o Rei de Portugal, cujas pretensões eram mercantilistas:
novas terras e riquezas para Portugal.

196
Contexto Histórico A arte barroca é então caracterizada pelos deta-
lhes, pelo exagero e pelo rebuscamento. É comum
z Os portugueses chegam ao Brasil;
encontrar o uso de imagens contrastantes como o cre-
z A chegada dos primeiros jesuítas ao Brasil.
púsculo (dia/noite) e a aurora (noite/dia), além de tex-
Características tos repletos de antíteses e inversões sintáticas.
Na literatura, o marco inicial do barroco é a publi-
z Textos informativos e descritivos; cação da obra “Prosopopeia” (1601) de Bento Teixeira
z Utilização de adjetivos; e terminou em 1768 com a publicação de “Obras Poé-
z Linguagem simples; ticas”, de Cláudio Manuel da Costa.
z Crônicas de viagens; Na escultura e arquitetura, Aleijadinho foi sem
z Destaque para a conquista material e espiritual. dúvida um dos maiores artistas barrocos brasileiros.

Autores e Obras Contexto Histórico

z Pero Vaz de Caminha (1450–1500) z O Barroco surgiu pelas oposições e pelos conflitos
religiosos. Esse contexto histórico acabou influen-
Conhecido como autor da famosa “Carta de Pero Vaz ciando na produção artística, gerando o fenômeno
de Caminha”, ao rei D. Manuel I, considerada o primeiro do Barroco. As obras são marcadas pela angústia
documento escrito sobre o Brasil, que relata o descobri- e pela oposição entre o mundo material e o espi-
mento das terras do país. Ficou conhecida como sendo o ritual. Quanto às características do estilo, pode-se
marco inicial da literatura de informação do Brasil. encontrar metáforas, antíteses e hipérboles;
z As invasões holandesas no Brasil;
z Os bandeirantes.
z Padre José de Anchieta (1534-1597)
Características na Arte
Um dos primeiros autores da literatura brasileira
escreveu “Na festa de São Lourenço” (1583) e “Arte de Gra-
z Contrastes: luz/sombra, bem/mal, divino/humano;
mática da Língua mais usada na Costa do Brasil” (1595).
z Riqueza de detalhes, preferência pelas curvas e
É também conhecido como o Apóstolo do Brasil – contornos e ausência de simetrias;
embora seja espanhol – por ter sido um dos respon- z Temas religiosos;
sáveis por trazer o Cristianismo no país, sendo z Personagens retratadas com expressões dramáti-
também um dos fundadores da cidade de São Paulo. cas, cenas conflituosas;
z Conceptismo (Quevedo): jogo de ideias, pesquisa e
z Padre Manuel de Nóbrega (1517-1570) essência íntima;
z Frequência das antíteses e paradoxos, fugacidade
Suas obras são consideradas documentos históricos do tempo e incerteza da vida.
sobre a colônia e a ação jesuítica no Brasil do século XVI.
Entre elas, podemos destacar “Cartas do Brasil” (1886) e Características na Literatura
um “Diálogo sobre a Conversão dos Gentios” (1557).
z Rebuscamento, virtuosismo, ornamentação exa-
BARROCO gerada, jogo sutil de palavras e ideias, ousadia de
metáforas e associações;
No período entre (1601-1768), enquanto o mundo z Cultismo ou Gongorismo: abuso de metáforas,
Ocidental vivia uma atormentada crise entre homem hipérboles e antíteses. Obsessão pela linguagem
e igreja, percebemos uma intenção na arte de recon- culta, jogo de palavras.
ciliar o homem com a fé, porém de uma forma mais
subjetiva e conflituosa. Para diversos pesquisadores, o Autores e Obras
Barroco constitui não apenas um estilo artístico, mas
todo um período histórico e um movimento sociocul- z Padre Antônio Vieira (1608-1697)
tural em que se formularam novos modos de enten-
Foi um religioso, filósofo, escritor e maior orador
der o mundo, o homem e Deus.
sacro da Língua Portuguesa. As suas principais obras
são “Sermão da Sexagésima”, que retrata sobre a arte
de pregar, além do “Sermão de Santo Antônio”, que
tem como tema a escravidão indígena.

z Bento Teixeira (1561-1600)


PORTUGUÊS

Foi um poeta luso-brasileiro cuja principal obra


é “Prosopopeia”, considerada o marco inicial do Bar-
roco na Literatura Brasileira. Trata-se de um poema
escrito à semelhança de “Os Lusíadas”, sobre os feitos
dos heróis portugueses em terras brasileiras e africa-
nas, com o objetivo de louvar o donatário da capitania
de Pernambuco, Jorge de Alburqueque Coelho.
197
z Gregório de Matos (1636-1696) futuro) e aurea mediocritas (o “homem mediano”
é aquele que alcança a felicidade, não se devendo,
Conhecido como “Boca do Inferno”, foi um advo- assim, procurar riquezas e posses em vida).
gado e poeta do Brasil colônia, sendo considerado um
dos maiores poetas do barroco em Portugal e no Bra- Autores e Obras
sil. Produziu diversas sátiras desumanas, além de poe-
sias religiosas, líricas e satíricas.
z Cláudio Manuel da Costa (1729-1789)
ARCADISMO
Poeta, advogado e jurista brasileiro, é considerado
o precursor do Arcadismo no Brasil e destacou-se por
No período entre 1768 e 1836, o Arcadismo coincide
com a expulsão dos jesuítas do Brasil, a vinda da corte sua obra literária, mais precisamente a poesia. O poe-
portuguesa, a descoberta de ouro em Minas Gerais e a ta mineiro em seus textos aborda elementos locais,
Proclamação da Independência. Artisticamente, é um descrevendo paisagens, temática pastoril e expressan-
período marcado pela recuperação da cultura greco-la- do um forte sentimento nacionalista.
tina e apreciação da natureza e da simplicidade.
z José de Santa Rita Durão (1722-1784)

Autor do poema épico Caramuru (1781), Freire


Santa Rita Durão foi poeta e orador, considerado um
dos precursores do indianismo no Brasil.

z José Basílio da Gama (1741-1795)

Poeta mineiro e autor do poema épico “O Uraguai”


(1769), um marco na literatura brasileira, no qual abor-
da as disputas entre os europeus, os jesuítas e os índios.

z Tomás Antônio Gonzaga (1744-1810)


“O Senhor e a Senhora Andrews”, de Thomas Gainsborough

Um dos grandes poetas árcades de pseudônimo Dir-


O marco inicial do Arcadismo no Brasil foi a publi- ceu. Sua obra que merece destaque é Marília de Dirceu
cação de “Obras Poéticas”, de Cláudio Manuel da Costa
(1792) carregada de lirismo e baseada no seu romance
em 1768 e, ademais, a fundação da “Arcádia Ultrama-
com a brasileira Maria Doroteia Joaquina de Seixas.
rina”, em Vila Rica. Vale lembrar que o nome dessa
escola literária provém das Arcádias, ou seja, das ROMANTISMO
sociedades literárias da época.
O Romantismo corresponde ao período aproxima-
Contexto Histórico do entre 1774 e 1849 – embora influencie a arte até
hoje – na Era das Revoluções, quando diversas trans-
z A Inconfidência Mineira; formações políticas, sociais e econômicas ocorreram
z A Revolução Farroupilha; no Ocidente, como a Revolução Industrial e a Revo-
z A vinda da Família Real para o Brasil. lução Francesa. Os artistas românticos, movidos por
esse ideal de mudanças, começaram a mudar a teo-
Características na Arte e na Literatura ria e a prática de suas artes. Além do campo artístico,
observamos uma visão transformadora também na
z Rompimento com a estética barroca, opondo-se filosofia e em toda a cultura ocidental, que passou a
aos exageros e rebuscamentos;
aceitar a emoção e os sentidos como uma forma váli-
z Influência do movimento iluminista;
da de experimentar a vida.
z Equilíbrio e busca pela perfeição na tentativa de
O idealismo e rebeldia, somados ao escapismo e o
resgatar as tradições clássicas, a estética greco-ro-
mana e as figuras mitológicas; subjetivismo, foram marcantes nas obras produzidas
z Preferência por sonetos; no período. Na Europa, obras com temáticas medie-
z Racionalismo: A razão era constantemente valorizada; vais eram bastante comuns, já que esse era o passado
z Bucolismo e pastoralismo em que retrata uma histórico europeu.
natureza tranquila e serena, um refúgio calmo do No Brasil, o Romantismo predominou entre 1835
campo, os costumes rurais, que se contrastava com a 1880, período da consolidação da independência.
os centros urbanos monárquicos. Seu marco inicial foi a publicação do livro “Suspiros
z Idealização da mulher amada, assim como a valo- poéticos e saudades”, de Gonçalves de Magalhães,
rização da pureza e ingenuidade humana; em 1836. Porém, o Romantismo brasileiro busca-
z Uso de pseudônimos, geralmente nomes de pastores; va resgatar os nossos ancestrais que já viviam aqui:
z Expressões em latim como inutilia truncat (“tirar os índios. A literatura desse período também retra-
o inútil” da poesia, entendendo-se esse inútil como tava as lutas políticas e sociais existentes em nosso
sendo o excesso de rebuscamento formal), fugere país, como o movimento abolicionista. Também não
urbem (“fuga da urbanidade” e preferência pela podemos nos esquecer que, devido à época, começa-
vida campestre), locus amoenus (preceito de que vam a surgir problemas urbanos relacionados à rela-
o campo, o ambiente bucólico, é o ideal para o ção delicada entre indústrias e operários, assim como
homem), carpe diem (“aproveitar o presente” para a corrupção e o materialismo.
198 contemplar a realidade, sem preocupar-se com o
Contexto Histórico Prosa

z A Imprensa no Brasil; „ José de Alencar: “O guarani” (1857), “Iracema”


z A crise do 2º reinado; (1865).
z A abolição da escravidão.
z Segunda Geração
Características
„ Álvares de Azevedo: “Lira dos vinte anos”;
z Liberdade de expressão e de criação, retrato e “Noite na Taverna” e “Macário”;
valorização do “eu”; „ Fagundes Varela: “Noturnas”; Cantos e Fanta-
z Rebeldia e idealismo, preocupação em retratar o sias e Anchieta ou O Evangelho nas Selvas;
mundo não como ele é, mas como ele poderia ser, „ Casimiro de Abreu: As Primaveras (1859), Sau-
uma vez que a realidade para esses autores era dades (1856) e Suspiros (1856);
considerada desesperadora, repleta de limitações „ Junqueira Freire: “Inspirações do Claustro” e
ao crescimento pessoal, político e artístico; “Contradições poéticas”.
z Exaltação da pátria, da mulher e do amor.
z Indianismo e culto à nossa fauna e flora.  Tam-
z Terceira Geração
bém está presente o nacionalismo, o regionalismo
ou o sertanismo;
„ Castro Alves: “Espumas Flutuantes”, 1870, “Os
z Individualismo e sentimentalismo, considerando que
Escravos” (O Navio Negreiro), 1883.
seus desejos, paixões e frustrações pessoais são mais
importantes do que os acontecimentos externos;
z A natureza como força incontrolável e transcenden- Modalidades do Romantismo:
tal, uma personagem que reflete o “eu”, assumin-
do emoções, como tristeza, e esbanja exuberância z Romance de folhetim - Teixeira e Sousa, “O filho
diante da alegria e das conquistas do indivíduo; do pescador”;
z Pessimismo da realidade e escapismo, expressões z Romance urbano - Joaquim Manuel de Macedo,
de angústia, frustração, desespero, tristeza, entre “A Moreninha”;
outras emoções que acabam caracterizando esse z Romance regionalista: Bernardo Guimarães, “O
estado de espírito como o “mal do século”; ermitão de Muquém”, “Escrava Isaura”;
z Temas como morte, suicídio, fuga para a natureza z Romance indianista e histórico - José de Alencar,
ou a pátria são os escapes possíveis para esse mal. “O Guarani”.

z Primeira Geração - Nacionalista REALISMO


As obras desse período abordam a natureza, o país
O Realismo é um movimento cultural e literário que
e idealizam tudo maravilhoso. Em Portugal, os temas
mais frequentes eram o  nacionalismo, o romance surgiu em oposição ao Romantismo no século XIX. Sua
histórico e o medievalismo. No Brasil, esse apego ao temática principal foca nos problemas sociais da épo-
passado era visto no indianismo. ca, usando de linguagem clara e objetiva. A Revolução
Francesa e Revolução Industrial trouxe o crescimento
z Segunda Geração - Ultrarromântica do poder da burguesia na sociedade, portanto, as pes-
soas nas cidades em busca de melhores condições de
O mal do século tem papel de destaque e as obras vida por meio do trabalho nas fábricas e comércios e
acabam sendo caracterizadas pelo exagero no subjeti- a vida burguesa passaram a estar mais presentes nas
vismo e emocionalismo. As menções ao tédio e desejo narrativas. Em certas obras, percebe-se um forte tom
de morte são frequentes. de ironia e crítica social. Os integrantes desse movi-
mento repudiavam a artificialidade do Arcadismo e do
z Terceira Geração - Romântica
Romantismo, pois sentiam a necessidade de retratar a
Há a quebra das regras da literatura. Os poemas vida, os problemas e costumes das classes média e bai-
começaram a ser escritos de maneira diferente e, na xa sem haver a necessidade de se inspirar em modelos
prosa, começam a aparecer palavras que antes não do passado. O movimento manifestou-se também na
eram da literatura, ou seja, palavras mais usadas pelo escultura, na pintura e em alguns aspectos sociais.
povo. Nessa geração os autores também começaram a O marco do Realismo foi a publicação do romance
falar de questões sociais. Foi o primeiro passo para o “Madame Bovary”, de Gustave Flaubert, em 1857. No
realismo, próximo movimento literário. Brasil, foi a publicação do livro “Memórias Póstumas
de Brás Cubas”, de Machado de Assis.
Autores e Obras
Contexto Histórico
z Primeira Geração

Poesia z A Proclamação da República;


PORTUGUÊS

z A Primeira República.
„ Gonçalves Dias: “Segundos Cantos” (1848),
“Últimos Cantos” (1851), “Os Timbiras” (1857), Características
“Cantos” (1857);
„ Casimiro de Abreu: Primaveras, poesias (1859) z Objetividade como forma de opor ao excesso de sub-
jetividade e idealizações existentes no Romantismo;
z Correção e clareza de linguagem para manter o
ideal de representar a realidade verdadeiramente; 199
z Contenção das emoções, focando-se em análises z Os pintores recriavam paisagens naturais, ou seja,
mais objetivas; pintavam aquilo que observavam;
z Análise psicológica dos personagens; z Grande desejo de reformar a sociedade nas obras.
z Narrativa lenta, buscavam construir análises –
muitas vezes, inclusive, utilizando métodos cientí- Autores e Obras
ficos – da sociedade contada nas histórias;
z Impessoalidade do Narrador, em terceira pessoa, z Aluísio de Azevedo (1857-1913): “O Mulato”
sugerindo-se certo grau de impessoalidade; (1881), “Casa de Pensão” (1884) e “O Cortiço” (1890);
z A filosofia positivista de Auguste Comte, olhar cientí- z Adolfo Caminha (1867-1897): “A Normalista”
fico para analisar comportamentos sociais, o Cientifi- (1893) e “Bom Criolo” (1895)
cismo, o Darwinismo, o Empirismo, o Determinismo; z Raul Pompeia - Obra: “O Ateneu”.
z Literatura de combate social, crítica à burguesia,
ao adultério e ao clero. IMPRESSIONISMO

Autores e Obras O Impressionismo não chegou a configurar, na


Literatura, uma escola, corrente ou movimento artís-
z Machado de Assis (1839-1908): Ressurreição (1872), tico, mas a teorização da atitude artística impressio-
A mão e a luva (1874), Helena (1876), Iaiá Garcia nista deve muito à pintura (Monet, Degas, Cézanne,
(1878), Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881), Pissaro, Sisley, Renoir) e à música (Debussy e Ravel).
Quincas Borba (1886), Dom Casmurro (1899), Esaú e
Jacó (1904), Memorial de Aires (1908);
z Raul d’Ávila Pompeia (1863-1895): “O Ateneu”.

NATURALISMO

Surgido no século XIX, é considerado uma ramifica-


ção do Realismo, pois traçam o mesmo objetivo: retra-
tar a realidade como ela é, porém, usando de métodos
um pouco distintos. Uma das grandes preocupações das
obras naturalistas é a relação entre o homem e as “forças
da natureza”, voltando-se às descobertas relacionadas
à biologia e a sociologia, especialmente considerando
comportamentos patológicos, os desejos e as taras, com
destaque para as tendências animalescas dos homens.
Isso ocorre devido ao fato de que esse movimento ter
grande influência da Teoria da Evolução de Charles Dar-
win e de outras correntes de pensamento científico que Pierre-Auguste Renoir (1881) Le Déjeuner des canotiers
predominavam na Europa na época.
O Naturalismo surgiu na França, tendo como prin- Aos impressionistas não interessa a fixação “foto-
cipal representante o escritor francês Émile Zola, que gráfica” das formas e das imagens. Valorizando a cor
ficou famoso com a publicação de “Germinal”, em 1881, e os efeitos tonais, pretendem reproduzir a “percep-
e marcou o início deste movimento artístico na Europa, ção visual do instante”, as “impressões” provocadas
sobre as péssimas condições de vida dos trabalhadores pelo objeto no sujeito. O romance psicológico de tipo
das minas de carvão no interior da França no século XIX. moderno, de estrutura não-linear, em que a história é
Os escritores naturalistas do Brasil se ocuparam, narrada do ponto de vista do herói-autor, ou do ponto
principalmente, com os temas mais obscuros da alma de vista plurifocal, a partir da perspectiva de várias per-
humana e, por isso, outros fatos importantes da histó- sonagens, surge no bojo do Impressionismo, com Henry
ria do país acabaram sendo deixados de lado, como a James (Os Embaixadores – 1903); Joseph Conrad (Lord-
Abolição da Escravatura e a proclamação da República. Jim- 1900); ítalo Svevo (A Consciência do Zeno – 1923) e
Marcel Proust (Em Busca do Tempo Perdido 1913-1927).
Características No Brasil, é perfeitamente identificável em autores como
Machado de Assis, Raul Pompeia e Coelho Neto, entre os
z Desdobramento do Realismo; brasileiros, e Eça de Queirós e Cesário Verde entre os
z Escritores naturalistas retratam pessoas margina- portugueses. As obras buscam grafar a aparência vivida
lizadas pela sociedade; da realidade humana, com exatidão e esmero científi-
z As personagens são comparadas aos animais co, mas voltados para a pintura refinada das impressões
(zoomorfismo); subjetivas, dos estados d’alma das personagens.
z Análise biológica e patológica das personagens;
z Abordagem de temas polêmicos como miséria, Características
adultério, crimes e sexualidade desvelada;
z Forte influência Darwinista, na qual o homem não z Descrição de impressões e aspectos psicológicos
possui livre arbítrio, sendo guiado pela heredita- das personagens com detalhes para constituir as
riedade e pelo meio social em que vive; impressões sensoriais de um incidente ou cena;
z Cientificismo exagerado, apontando para as rela-
z Caráter “hermético” (= difícil), exigindo leitores
ções e fenômenos sociais como se observasse uma
intelectualmente sofisticados;
experiência científica;
z Pesquisas sobre óptica e seus efeitos, a presen-
z A realidade é abordada a partir do pensamento
ça dos contrastes e de transparências luminosas,
científico, sob influência do positivismo;
200 z Linguagem simples e objetiva;
auxiliam no desvanecimento da forma, percebida z Aproximação entre a literatura e as artes plásticas;
agora sem contornos; tinha apreço pelas métricas, geralmente caracterizadas
z União entre o concreto e o abstrato; por versos decassílabos; apresentava cunho descritivo,
z A percepção do tempo e o fluxo da memória, a lem- temas clássicos, objetividade, impessoalidade e temas
brança crítica e a compreensão do sentido da expe- universais, como poesia, vaidade e beleza;
riência passada e a “procura do tempo perdido”; z O racionalismo da poesia como fruto do trabalho
z A fixação do instante, momentos cotidianos fugazes, do poeta – um trabalho árduo, difícil, que depen-
as impressões da realidade em detrimento da razão dia de fatores como o conhecimento técnico, apli-
e da emoção. cado com esmero na produção poética;
z Rigidez formal no tocante ao vocabulário (refina-
Autores e Obras do e erudito), à sintaxe, à rima e à métrica utiliza-
dos pelo poeta.
z Graça Aranha (1868-1931): Espírito Moderno, 1925;
z Raul Pompeia (1863-1985): “O Ateneu”. Autores e Obras
PARNASIANISMO
z Olavo Bilac: “Via Láctea”;
O Parnasianismo localiza-se entre o final do sécu- z Raimundo Correia: “Sinfonias” (1883).
lo XIX e o início do século XX, foi contemporâneo do
Realismo e do Naturalismo. O nome Parnasianismo SIMBOLISMO
remonta à denominação de um monte da Grécia Anti-
ga (Monte Parnaso), onde, segundo a mitologia, os Apesar de ter sido uma reação ao Parnasianismo
poetas se isolavam do mundo para maior integração em alguns aspectos, o Simbolismo dividiu com aquele
com os deuses, por meio de sua poesia, considerada estilo o espaço cultural europeu entre o final do século
por eles a mais alta expressão artística humana. XIX e o início do século XX.

Contexto Histórico

z Contemporâneo do Realismo – Naturalismo;


z Estilo especificamente poético, desenvolveu-se
junto com o Realismo – Naturalismo;
z A maior preocupação dos poetas parnasianos é
com o fazer poético.

A Noite Estrelada – Van Gogh

Se, no Brasil, foi superado pela escola parnasiana,


que dominou a cena artística do período, na Europa
representou considerável avanço em direção à arte
O espelho de Vênus moderna que dominaria o século XX.

Os únicos países em que ele floresceu de forma Contexto Histórico


expressiva foram na França e no Brasil. Na França,
o movimento surgiu em 1866, com a publicação da z Fundação da Academia Brasileira de Letras;
revista Le Parnasse Contemporain, que congregava z Origem: a poesia de Baudelaire;
poetas defensores de uma poesia antirromântica, des- z Características: desmistificação da poesia, sines-
critivista, mimética e formalista. Entre esses poetas, tesia, musicalidade, preferência pela cor branca,
destacaram-se Théophile Gautier e Leconte de Lisle. sensualismo, dor e revolta.
No Brasil, o movimento por uma poesia de reação
contrária ao Romantismo teve lugar no início da déca-
Características
da de 1880, com a publicação do livro Fanfarras (1882),
de Teófilo Dias, obra inaugural da estética no país. Três
PORTUGUÊS

z Formação das bases intelectuais de filósofos como Hen-


grandes autores destacam-se: Olavo Bilac (“o príncipe
ri Bergson, Arthur Schopenhauer e Soren Kierkegaard;
dos poetas”), Raimundo Correia e Alberto de Oliveira.
z Decadentismo, marcado pela agonia, pela melan-
Características colia e pelo pessimismo, descrença nos atributos
racionais e a saturação das conquistas científi-
z Estilo majoritariamente poético, não produzindo cas conduziram à crença em uma decadência da
grandes manifestações em prosa; civilização;
z A “arte pela arte” como um movimento para rebater o z A arte da sugestão;
excesso de sentimentalismo trazido pelo Romantismo; z A sinestesia e a musicalidade. 201
Autores e Obras Em relação ao contexto histórico, houve o advento
da tecnologia, as consequências da Revolução Indus-
z Cruz e Souza (poeta representante) - Obra: “Mis- trial, a Primeira Guerra Mundial e atmosfera política
sal” e “Broquéis”. que resultou destes grandes acontecimentos, surgiu um
sentimento nacionalista, um progresso espantoso das
PRÉ-MODERNISMO grandes potências mundiais e uma disputa pelo poder.
Nesse cenário, várias correntes ideológicas foram cria-
É o período de transição entre as tendências do das, como o nazismo, o fascismo e o comunismo. Outros
final do Simbolismo ou Parnasianismo, século XIX, e o movimentos surgiram com a mesma terminação “ismo”,
Modernismo. O Pré-Modernismo acontece anos antes os movimentos artísticos que chamamos de vanguar-
da Semana da Arte Moderna, em 1922. das. É importante conhecer alguns dos objetivos das
Alguns anos após a abolição da escravatura, muitos vanguardas: o questionamento, a quebra dos padrões, o
imigrantes – a maioria italianos – vêm ao Brasil com protesto contra a arte conservadora, a criação de novos
padrões estéticos que fossem mais coerentes com a rea-
o intuito de substituir a mão de obra rural e escrava.
lidade histórica e social do século que surgia.
Enquanto os ex-escravizados são marginalizados
Estas manifestações se destacaram por sua radica-
nos centros urbanos, a urbanização de São Paulo faz
lidade, que influenciou a arte em todo o mundo.
surgir uma nova classe social: a operária. Os movimentos e as tendências artísticas, tais
Há algumas mudanças nos estados brasileiros, como o Expressionismo, o Fauvismo, o Cubismo, o
como a ascensão do café no Sul e Sudeste e o declí- Futurismo, o Abstracionismo, o Dadaísmo, o Surrea-
nio da cana-de-açúcar no Nordeste. Em termos de lismo, a Op art e a Pop art expressam a perplexidade
regência administrativa, o governo republicano não do homem contemporâneo.
promovia as esperadas mudanças sociais – a socieda- Como uma reação ao Impressionismo, o Expressio-
de se encontrava dividida entre a elite detentora de nismo surge. Subjaz ao Expressionismo a preocupação
dinheiro, respeito e poder das oligarquias rurais e a em expressar as emoções humanas, transparecendo
classe trabalhadora rural, bem como dos marginaliza- em linhas e cores vibrantes os sentimentos e angústias
dos nos centros urbanos. do homem moderno. No Impressionismo, o enfoque
Eclodiram diversos movimentos sociais pelo Brasil se resumia na busca pela sensação de luz e sombra.
em virtude da desigualdade social – como a Revolta de Sobre o Fauvismo, trata-se de um movimento que
Canudos, ocorrida no final do século XIX no sertão da teve basicamente dois princípios: a simplificação das
Bahia, sob liderança de Antônio Conselheiro. Além desse, figuras e o emprego das cores puras, sem mistura. As figu-
surgiram os movimentos protestantes no meio urbano, ras não são representadas tal qual a forma real, ao passo
como a Revolta da Chibata, em 1910 – contra o maltrato que as cores são usadas de maneira organiza, como saem
da Marinha à corporação – e as greves de operários. do tubo de tinta. O nome deriva de “fauves” (feras, no
No começo do século XX aparecem os primeiros francês), devido à agressividade no emprego das cores.
No Cubismo também não há a preocupação de
indícios da crise cafeeira com a superprodução de
representar realisticamente as formas de um objeto,
café, a chamada crise da “República Café-com-Leite”.
porém a intenção do movimento artístico era represen-
É em meio a este quadro na sociedade brasileira
tá-lo de vários ângulos, em um único plano. O Cubis-
que começa no Brasil uma nova produção literária, mo, com passar do tempo, evoluiu em duas grandes
intitulada de Pré-Modernismo pelo crítico literário tendências: Cubismo Analítico e Cubismo Sintético. O
Tristão de Ataíde. Destacam-se neste período as obras movimento teve o seu melhor momento entre 1907 e
Os sertões (Euclides da Cunha) e Canaã (Graça Ara- 1914, e mudou para sempre a forma de ver a realidade.
nha). Contudo, o Pré-Modernismo não é tido como Foi um movimento que se desenvolveu em todas
uma “escola literária”, pois apresenta características as artes e exerceu influência sobre vários artistas.
individuais muito marcantes. No entanto, há caracte- O Futurismo abrange sua criação em expressar o
rísticas comuns às obras desse período: a ruptura com real, assinalando a velocidade exposta pelas figuras
a linguagem pomposa parnasiana; a exposição da rea- em movimento no espaço. Posteriormente, criaram
lidade social brasileira; o regionalismo; a marginali- outros movimentos de arte moderna. Repercutiu prin-
dade exposta nas personagens e associação aos fatos cipalmente na França e na Itália.
políticos, econômicos e sociais. O movimento Abstracionista surgiu em oposição à
Caracteriza-se pelas produções desde o início do arte figurativa ou objetiva. São formas de arte que não
século XX até a Semana de Arte Moderna, em 1922. Foi são regidas pela exata cópia dos objetos do mundo.
um período de intensa movimentação literária que O Dadaísmo é um movimento que abrange a arte
marcou a transição entre o Simbolismo e o Modernis- em todos os seus campos, pois não foi apenas uma cor-
mo. Apesar disso, para muitos estudiosos deve ser con- rente artística, mas um verdadeiro movimento literá-
siderado uma escola literária, uma vez que apresenta rio, musical, filosófico e até mesmo político. A palavra
dada em francês significa cavalo de madeira, mas sua
inúmeras produções artísticas e literárias distintas.
utilização marca o nonsense ou falta de sentido que
Em outras palavras, ele reúne um  sincretismo
pode ter a linguagem (como na fala de um bebê). À
estético, com presença de características neorrealis-
princípio, o movimento não envolveu uma estética
tas, neoparnasianas e neossimbolistas. específica, mas provavelmente as principais expres-
sões do Dadaísmo tenham sido o poema aleatório e o
Vanguardas Europeias ready made. O intuito deste movimento era protestar
contra os estragos trazidos da guerra, denunciando de
Tendo início nas duas primeiras décadas do Sécu- forma irônica toda aquela loucura que estava acon-
lo XX, as vanguardas europeias foram manifestações tecendo. Como negação total da cultura, o Dadaísmo
artístico-literárias surgidas na Europa e vieram pro- defende o absurdo, a incoerência, a desordem, o caos.
vocar uma ruptura da arte moderna com a tradição Sobre o Surrealismo, trata-se de um movimen-
202 cultural do século anterior. to artístico e literário surgido em Paris por volta dos
anos 20, inserido no contexto das vanguardas que Suas principais características são:
viriam a definir o modernismo no período entre as
duas Grandes Guerras Mundiais. z Linguagem figurativa e realista, referindo-se aos cos-
A expressão Op Art deriva do inglês Optical Art, tumes, ideias e aparências do mundo contemporâneo;
significando Arte Óptica. A Op Art passou por um z Temática extraída do ambiente urbano das grandes
desenvolvimento relativamente lento, apesar de ter cidades, de seus aspectos sociais e culturais: história
ganhado força na metade da década de 1950. Trata-se
em quadrinhos, revistas, jornais sensacionalistas,
de um movimento excessivamente cerebral e sistemá-
fotografias, anúncios publicitários, cinema, rádio,
tica, mais próxima das ciências do que das humanida-
des, e não tem o ímpeto atual e o apelo emocional da televisão, música, espetáculos populares, elemen-
Pop Art. Por outro lado, suas possibilidades parecem tos da sociedade de consumo e de conveniências
ser tão ilimitadas quanto às da ciência e da tecnologia. (alimentos enlatados, geladeiras, carros, estradas,
A razão da Op Art é a representação do movimento postos de gasolina, etc.);
através da pintura apenas com a utilização de elemen- z Ausência de planejamento crítico: os temas são
tos gráficos. Outro fator fundamental para a criação concebidos como simples motivos que justificam a
da Op Art foi a evolução da ciência, que está presen- realização da pintura;
te em praticamente todos os trabalhos, baseando-se z Representação de caráter inexpressivo, preferen-
principalmente nos estudos psicológicos sobre a vida cialmente frontal e repetitiva;
moderna e da Física sobre a Óptica. A alteração das z Combinação da pintura com objetos reais integra-
cidades modernas e o sofrimento do homem com a dos na composição da obra como flores de plástico,
alteração constante em seus ritmos de vida. garrafas, etc., como uma nova forma dadaísta em
As principais características da Op Art são: consonância aos novos tempos;
z Formas e figuras em escala natural e ampliada;
z Explorar a falibilidade do olho pelo uso de ilusões z Preferência por referências ao status social, fama,
de óticas; violência e desastres, a sensualidade e o erotismo,
z Defender para arte “menos expressão e mais aos símbolos da tecnologia industrial e a sociedade
visualização”; de consumo;
z Quando as obras são observadas, dão a impressão z Uso de matérias como tinta acrílica, poliéster e látex,
de movimento, clarões ou vibração, ou por vezes produzindo cores puras, brilhantes e fosforescentes
parecem inchar ou deformar-se;
inspiradas na indústria e nos objetos de consumo;
z Oposição de estruturas idênticas que interagem
z Reprodução de objetos do cotidiano em tamanho
umas com as outras, produzindo o efeito ótico;
z Observador participante; maior, transformando o real em hiper-real.
z Busca nos efeitos ópticos sua constante alteração;
z As cores têm a finalidade de passar ilusões ópticas
ao observador.

O termo Pop Art (abreviação das palavras em inglês


Popular Art) foi utilizado pela primeira vez em 1954,
Características
pelo crítico inglês Lawrence Alloway, para denominar
a arte popular que estava sendo criada em publicida- z Ruptura com o academicismo;
de, no desenho industrial, nos cartazes e nas revistas z Ruptura com o passado e a linguagem parnasiana;
ilustradas. Representava os componentes mais osten-
z Linguagem coloquial, simples;
sivos da cultura popular, de poderosa influência na
z Exposição da realidade social brasileira;
vida cotidiana na segunda metade do século XX. Era
a volta a uma arte figurativa, em oposição ao expres- z Regionalismo e nacionalismo;
sionismo abstrato que dominava a cena estética desde z Marginalidade das personagens: o sertanejo, o cai-
o final da Segunda Guerra Mundial. Sua iconografia pira e o mulato;
era a da televisão, da fotografia, dos quadrinhos, do z Temas: fatos históricos, políticos, econômicos e
PORTUGUÊS

cinema e da publicidade. sociais.


A Pop Art proporcionou a transformação do que
era considerado vulgar em refinado, e aproximou a Autores e Obras
arte das massas, desmitificando-a, pois se utilizava de
objetos próprios e populares. Com o objetivo da crítica z Euclides da Cunha (1866-1909): “Os Sertões: Cam-
irônica do bombardeamento da sociedade pelos obje- panha de Canudos”;
tos de consumo, operava com signos estéticos massifi- z Aranha (1868-1931): “Canaã”;
cados da publicidade, quadrinhos, ilustrações. Muito z Monteiro Lobato (1882-1948): série de livros do
do que era considerado brega, virou moda. Sítio do Pica-Pau Amarelo. 203
MODERNISMO z Rachel de Queiroz (1902-2003): O quinze (1930);
z Ramos (1892-1953): Angústia (1936), Vidas Secas
O Modernismo é o principal movimento literário
(1938), Memórias do Cárcere 1953; (obra póstuma);
do século XX. Fortemente influenciado pelos movi-
z João Cabral de Melo Neto (1920-1999): Morte e
mentos de vanguarda que ocorreram na Europa no
vida Severina;
início dos anos 1900, esse estilo literário foi revolucio-
z Lispector (1920-1977): A Hora da Estrela, A Paixão
nário em diversos níveis.
segundo G.H., Laços de Família e Perto do Coração
No Brasil, o marco inicial do Modernismo foi a
Semana de Arte Moderna de 1922, momento marcado Selvagem;
pela fervura de novas ideias e modelos. O Modernismo z Rosa (1908-1967): Corpo de Baile: Noites do Sertão
surge em um momento de insatisfação política no Bra- (1956), Grande Sertão: Veredas (1956), Primeiras
sil, causada também em decorrência da Primeira Guer- Estórias (1962) e Campo Geral (1964).
ra Mundial (1914-1918), que trouxe reflexos para a
PÓS-MODERNISMO
sociedade brasileira. Assim, numa tentativa de reestru-
turar o país politicamente, também no campo das artes Trata-se de um dos conceitos mais discutidos nas
– estimulado pelas Vanguardas Europeias – encontra- questões relativas à arte, à literatura ou à teoria social,
-se a motivação para romper com o tradicionalismo. mas a noção de pós-modernidade reúne uma série de
conceitos e modelos de pensamento em “pós”, dentre os
Primeira Fase do Modernismo (1922-1930): “Fase
quais: sociedade pós-industrial, pós-estruturalismo, pós-
Heroica”
-fordismo, pós-comunismo, pós-marxismo, pós-hierár-
Os artistas buscam a renovação estética inspirada nas quico, pós-liberalismo, pós-imperialismo, pós-urbano,
vanguardas europeias (Cubismo, Futurismo, Surrealismo). pós-capitalismo. A pós-modernidade se coloca também
Manifesto da Poesia Pau-Brasil (1924), Manifesto em relação com o feminismo, a ecologia, o ambiente, a
Antropófago (1928), Manifesto Regionalista (1926) e religião, a planificação, o espaço, o marketing, a adminis-
Manifesto Nhenguaçu Verde-Amarelo (1929). tração. O geógrafo Georges Benko afirma que o “pós” é
incontornável, o fim do século XX se conjuga em “pós”.
Segunda Fase do Modernismo (1930-1945): “Fase Resumiremos algumas das características da pós-
de Consolidação” -modernidade: propensão a se deixar dominar pela
imaginação das mídias eletrônicas; colonização do seu
As temáticas nacionalistas e regionalistas com pre- universo pelos mercados (econômico, político, cultu-
domínio da prosa de ficção caracterizam esse momen- ral e social); celebração do consumo como expressão
to de amadurecimento. Na década de 30, a poesia pessoal; pluralidade cultural; polarização social devi-
brasileira se consolida, o que significa o maior êxito do aos distanciamentos acrescidos pelos rendimentos;
para os modernistas. falências das metanarrativas emancipadoras como
aquelas propostas pela Revolução Francesa: liberda-
Terceira Fase do Modernismo (1945-1980):
de, igualdade e fraternidade.
Pós-modernista”
A pós-modernidade recobre todos esses fenômenos,
Muitos estudiosos afirmam que essa fase termina de modo que conduz em um único e mesmo movimen-
em 1960, enquanto outros, definem o fim dessa fase to, a uma lógica cultural que valoriza o relativismo e
nos anos 80. Há ainda os que ponderam que a tercei- a (in)diferença, a um conjunto de processos intelec-
ra fase modernista prolonga-se até os dias atuais, não tuais flutuantes e indeterminados, a uma configura-
havendo, pois, um consenso. ção de traços sociais que significaria a erupção de um
Nesse momento, tem-se um predomínio e diversi- movimento de descontinuidade da condição moderna:
dade da prosa, com a prosa urbana, a prosa intimista mudanças dos sistemas produtivos e crise do trabalho,
e a prosa regionalista. Além disso, surge um grupo de eclipse da historicidade, crise do individualismo e oni-
escritores denominado “Geração de 45”, muitas vezes presença da cultura narcisista de massa. A pós-moder-
chamados de neoparnasianos, pois eles buscavam nidade tem predomínio do instantâneo, da perda de
uma poesia mais equilibrada. fronteiras, gerando a ideia de que o mundo está cada
vez menor através do avanço da tecnologia.
Características No campo urbano, a cidade está em pedaços, porque
nela há caos, (des)ordem: padrões de diferentes graus
z Libertação estética; de complexidade: o efêmero, o fragmentário, o descontí-
z Ruptura com o tradicionalismo; nuo, o caótico predomina. Mudam-se valores: é o novo,
z Experimentações artísticas; o fugidio, o efêmero, o fulgaz e o individualismo que
z Liberdade formal (versos livres, abandono das for- valem. A aceleração transforma o consumo numa rapi-
mas fixas, ausência de pontuação); dez nunca vivenciada: tudo é descartável (desde copos
z Linguagem com humor; a maridos/ou esposas). A publicidade manipula desejos,
z Valorização do cotidiano.
promove a sedução, cria novas imagens e signos, even-
Alguns Autores e Principais Obras tos como espetáculos, valorizando o que a mídia dá ao
transitório da vida. As telecomunicações possibilitam
z Oswald de Andrade (1890-1954): Memórias Sen- imagens vistas em todas as partes do planeta, facilitando
timentais de João Miramar, Serafim Ponte Grande, a mercadificação de coisas e gostos. A informatização, o
Marco Zero I - A Revolução Melancólica, Marco computador, o caixa 24 horas e a telemática são compul-
Zero II – Chão; sivamente disseminadas. As lutas mudam: agora não é
z Mário de Andrade (1893-1945): Amar, verbo contra o patrão, mas contra a falta deles. Os pobres só
intransitivo (1927) e Macunaíma (1928); dizem presente nos acontecimentos de massa, lugar de
z Bandeira (1886-1968): Libertinagem (1930), Estre- deslocamento das energias de revolta.
la da Manhã, 1936; Nesse sentido, o pós-modernismo invade o cotidia-
z Carlos Drummond de Andrade (1902-1987): A no com a tecnologia eletrônica em massa e individual,
204 Rosa do Povo (1945); onde a saturação de informações, diversões e serviços,
causam um “rebu” pós-moderno, com a tecnologia pro-
gramando cada vez mais o dia a dia dos indivíduos. ALTERAÇÕES INTRODUZIDAS
O pós-modernismo também teve uma expressivida- NA ORTOGRAFIA DA LÍNGUA
de na economia. Seu papel foi mostrar aos indivíduos
PORTUGUESA PELO ACORDO
a capacidade de consumo, a adotarem estilos de vida
e de filosofias, o consumo personalizado, usar bens e ORTOGRÁFICO DA LÍNGUA
serviços e se entregarem ao presente e ao prazer. PORTUGUESA, ASSINADO EM LISBOA,
O ambiente pós-moderno significa simulação, ele
não nos informa sobre o mundo, ele o refaz à sua
EM 16 DE DEZEMBRO DE 1990, POR
maneira, hiper-realiza o mundo, transformando-o em PORTUGAL, BRASIL, ANGOLA, SÃO
um espetáculo. Os pós-modernistas querem rir levia- TOMÉ E PRÍNCIPE, CABO VERDE,
namente de tudo, encaram uma ideia de ausência de
valores, de vazio, do nada, e do sentido para a vida.
GUINÉ-BISSAU, MOÇAMBIQUE E,
No pós-modernismo o homem vive imerso em um rio POSTERIORMENTE, POR TIMOR LESTE,
de testes permanentes, em que a informação e a comu- APROVADO NO BRASIL PELO DECRETO
nicação transportam a impulsividade para o consumo.
Simbolicamente, o pós-modernismo nasceu em
Nº 6.583, DE 29 DE SETEMBRO DE 2008
1945. Nos anos 60 foi a época de grandes mudanças e E ALTERADO PELO DECRETO Nº 7.875,
descobertas tecnológicas, sociais, artísticas, científicas DE 27 DE DEZEMBRO DE 2012
e arquitetônicas.
Completando o cenário moderno as metrópoles O novo acordo ortográfico é um documento que
industriais, as classes médias consumidoras de moda normaliza diversas mudanças na língua portuguesa.
e de lazer, surgiram a família nuclear - pessoas isola- Ele foi assinado em 1990, mas seu uso só passou a ser
das em apartamentos - e a cultura de massa (revistas, obrigatório a partir de 2016. Esse documento foi ela-
filmes, novelas), dando vitória à razão técnico-cientí- borado com base nas mudanças práticas da língua e
fica, inspirada no Iluminismo, a máquina fez a huma- nos estudos desenvolvidos por linguistas. Além disso,
nidade recuar seus hábitos religiosos, morais e foi tem o objetivo de padronizar a ortografia em diversos
ditado novos valores, mais livres, urbanos, mas sem- países nos quais se fala e escreve a língua portuguesa.
pre atrelados no progresso social. É importante estudar essas mudanças na língua,
As multinacionais trouxeram os serviços de tecnologia pois a ortografia é um aspecto responsável por “tirar”
em geral, como informações e comunicações em tempo pontos na avaliação da redação, logo, pode ser essen-
real, o que proporciona uma economia pela informação. cial para prejudicar sua nota.
Nas chamadas sociedades programadas, codificar
e manipular o conhecimento e a informação é vital, ALFABETO
onde a programação da produção do consumo e da
vida social significa projetar o comportamento. z Como era:
O ambiente pós-moderno é povoado pela cibernética,
a robótica industrial, a biologia molecular, a medicina A B C D E F G H I J L M N O P Q R S T U V X Z;
nuclear, a tecnologia dos alimentos, as terapias psicoló-
gicas, a climatização, as técnicas de embelezamento, o z Como está:
trânsito computadorizado e os eletroeletrônicos.
Em resumo, o pós-modernismo pode ser caracte- A B C D E F G H I J K L M N O P Q R S T U V W X Y Z.
rizado como as definições de natureza sociocultural
e estética que marcam o capitalismo da era contem- Antes do acordo, tínhamos 23 letras em nosso alfa-
porânea. Este movimento, que também pode ser beto; agora, contamos com o acréscimo das letras K, W
chamado de pós-industrial ou financeiro, predomi- e Y, totalizando 26 letras no alfabeto do português bra-
na mundialmente desde o fim do Modernismo. Ele é sileiro. Essa mudança ocorreu com a intenção de oficia-
caracterizado pela avalanche recente de inovações lizar letras que, na prática, já faziam parte de diversas
tecnológicas, pela subversão dos meios de comunica- palavras em português. Ou seja, as letras não estavam
ção e da informática, com a crescente influência do no alfabeto, mas já eram utilizadas no cotidiano em
universo virtual, e pelo desmedido apelo consumista nomes de pessoas, marcas, ou abreviações como: km,
que seduz o homem pós-moderno. Yago, Kamila, Wilson, Olympikus, entre outros.
Nada mais é realmente concreto na era atual, tudo
é fluido na pós-modernidade. Dessa afirmação pode- Pensando nisso, o acordo procurou tornar oficial as
mos retirar o termo proferido pelo polonês Zygmunt letras que já eram utilizadas pelos falantes do português.
Bauman, que tornou popular esta expressão, e pre-
fere traduzi-la como ‘modernidade líquida’. Tempo e
espaço são reduzidos a fragmentos; a individualidade Importante!
PORTUGUÊS

predomina sobre o coletivo e o ser humano é guiado


pela ética do prazer imediato como objetivo prioritá- Ter tornado essas letras oficiais não muda a
rio, denominado hedonismo. escrita de palavras que já existem, ou seja, pala-
A humanidade é induzida a levar sua liberdade vras como “quilo” e “quilômetro” não passarão a
ao extremo, colocada diante de uma opção infinita de ser escritas como “kilo” e “kilômetro”.
probabilidades, desde que sua escolha recaia sempre A oficialização significa, sim, que a partir de ago-
no circuito perverso do consumismo. Daí a subjetivi- ra novas palavras podem usar essas letras.
dade também ser incessantemente fracionada. 205
Além do alfabeto, as principais mudanças trazidas HÍFEN
pelo novo acordo ortográfico foram: o fim do uso do
trema, mudanças na acentuação e mudanças no uso Não se usa hífen nos casos em que o primeiro ter-
do hífen, que detalharemos a seguir: mo acaba em vogal e o segundo termo começa com
vogal inicial diferente.
Ex.: semiárido, autoestima, contraindicação.
FIM DO USO DO TREMA
Exceção: em palavras com prefixo com o segundo
elemento começando em -h, utiliza-se hífen.
O trema já estava caindo em desuso, visto que não Exemplos: anti-herói, anti-higiênico, extra-humano.
é necessário ter o acento para identificar a pronúncia. Usa-se hífen nas palavras com o primeiro termi-
Com o novo acordo ortográfico, de forma oficial, o tre- nado em vogal e que o segundo elemento começa com
ma não é mais utilizado, seja em palavras portugue- vogal igual.
sas ou aportuguesadas. Ex.: anti-inflamatório, micro-ondas, arqui-inimigo.
Muitos não lembram, mas o trema era representado Exceção: nos prefixos átonos (sem acento) co-,
por dois pontinhos em cima do “u” que indicavam hiato. pre-, re-, e pro-, o hífen não é usado.
Exemplos: reenviar, preestabelecer, coordenação.
z Antes do acordo: freqüência; cinqüenta; conse- Não se usa hífen em palavras compostas, quando,
qüência; tranqüilo; pelo uso, se perde a noção de composição.
z Depois do acordo: frequência; cinquenta; conse- Exemplos: paraquedas, paraquedista, mandachuva.
quência; tranquilo. Exceção: o hífen permanece em palavras compos-
tas que não têm um elemento de ligação e que formam
Atenção: o trema ainda é usado em nomes pró- uma unidade, como as que definem animais e plantas.
Exemplos: erva-doce, quinta-feira, cavalo-marinho.
prios estrangeiros como Bündchen e Müller, por
A seguir, há um quadro comparativo com algumas
exemplo.
palavras mais comuns em relação ao uso do hífen:
ACENTUAÇÃO
ANTES DO ACORDO DEPOIS DO ACORDO
O acento diferencial não é mais usado em pala-
Microondas Micro-ondas
vras paroxítonas com vogal tônica aberta ou fecha-
Semi-analfabeto Semianalfabeto
da que possuem a mesma escrita.
Co-autor Coautor
z Antes do acordo: pára (verbo); pólo (substantivo); Infra-estrutura Infraestrutura
pêlo (substantivo); Extra-escolar Extraescolar
z Depois do acordo: para (verbo); polo (substanti- Dia-a-dia Dia a dia
vo); pelo (substantivo). Ultra-som Ultrassom
Re-eleição Reeleição
Nos casos em que o acento marca a diferença entre
verbos no singular e plural, como em vem (singular) e
vêm (plural) e tem (singular) e têm (plural), o acento
foi mantido. USO DAS LETRAS MAIÚSCULAS
O acento circunflexo não é mais usado com e e o aber-
De acordo com o novo acordo ortográfico da Lín-
to e fechado (mêdo: medo, almôço: almoço), nem em
gua Portuguesa, as letras maiúsculas são usadas em
letras repetidas, como em palavras paroxítonas termina-
das em “êem” nem em palavras com o hiato “oo”.
z Nomes próprios de pessoas, animais, lugares (cida-
des, países, continentes...), acidentes geográficos,
z Antes do acordo: lêem, vôo, abençôo;
rios, instituições e entidades;
z Depois do acordo: leem, voo, abençoo.
z Marcas;
z Nomes de festas e festividades;
O acento agudo não é mais usado em palavras
z Nomes astronômicos;
paroxítonas com ditongo aberto ei e oi.
z Títulos de periódicos e em siglas;
z Símbolos ou abreviaturas.
z Antes do acordo: andróide, alcatéia, idéia, diar-
réia, estóico; Exemplos: Luiza, IBGE, Espanha, Riachuelo, Ala-
z Depois do acordo: androide, alcateia, ideia, diar- goas, Jogos Olímpicos, Revista Veja.
reia, estoico. As letras minúsculas são usadas em todas as outras
situações, como: dias da semana, meses e estações do
É comum confundir com as paroxítonas com as oxí- ano e pontos cardeais. Exemplo: terça-feira, janeiro,
tonas terminadas em ditongo aberto. As oxítonas com verão, sul, nordeste.
ditongos abertos continuam com acento: herói e dói. O uso da letra maiúscula ou minúscula é opcio-
nal para títulos de livros (totalmente em maiúsculas
O acento em palavras paroxítonas com i e u tôni- ou apenas com maiúscula inicial), palavras de
co depois de ditongo não é mais utilizado. categorizações (rio, rua, igreja…), nomes de áreas do
saber (biologia), matérias e disciplinas (português,
z Antes do acordo: feiúra, bocaiúva; matemática), versos que não iniciam o período e pala-
206 z Depois do acordo: feiura, bocaiuva. vras ligadas a uma religião.
USO DO ACENTO GRAVE 4. (DECEx — 2020) Marque a única opção em que a pala-
vra se escreve sem a letra h.
Apesar da dificuldade de muitos com as regras do
uso de crase, o novo acordo prevê que o acento grave a) Omilia.
continue a ser utilizado apenas para marcar a ocor- b) ediondo.
rência de crase, nos casos já previstos nas normas gra- c) pan-ispânico.
maticais. Não há alteração quanto a novas formas de d) ecatombe.
uso ou proibição da crase. e) desarmonia.
Exemplos: à, às, àquele, àquela, àquilo.
5. (DECEx — 2020) Segundo o acordo ortográfico de
DIVISÃO SILÁBICA 2009/2010, quanto à acentuação, marque a alternati-
va em que a palavra em negrito está correta.
O novo acordo mantém as regras de divisão silá-
bica já existentes; no entanto, faz uma especificação a) Quanto à limpeza, eu sou paranóica.
sobre a separação das palavras em linhas diferentes. b) Sempre precisamos de novas ideias.
Quando é necessário separar as palavras que já c) Nesta cidade, todos os hotéis são bons.
têm hífen, a nova regra prevê que o hífen seja repeti- d) Os docentes não vêem com bons olhos a nova propos-
do em cima e em baixo. ta de calendário escolar.
Exemplo: Naquela cidade, a festa repetia-se todos
e) Meu esposo sempre para o carro para atender ao celular.
os anos.
6. (DECEx — 2018) Quanto ao processo de formação de
palavras, escreva V ou F conforme sejam verdadeiras
HORA DE PRATICAR! ou falsas as assertivas abaixo. Logo, assinale a alter-
nativa que tenha a sequência correta.
1. (DECEx — 2020) No Barroco, é apresentada uma temá-
I - bicicleta, automóvel, sociologia – Hibridismo.
tica que expressa:
II - embora, agricultura, maldizente – Composição.
III - ponteira, sozinho, bombeiro – Derivação
a) um culto do contraste, uma simplicidade acima de tudo.
b) um pessimismo, uma idealização da natureza.
c) um dinamismo, uma consciência social. a) V,V,F
d) uma fusão de visões, urna fuga da cidade. b) F,F,V
e) uma reflexão sobre a fragilidade humana um destaque c) F,V,V
ao contraste. d) V,V,V
e) V,F,F
2. (DECEx — 2020) Sobre o Parnasianismo, é correto o
que se afirma em: 7. (DECEx — 2019) Com relação ao plural de adjetivos
compostos, assinale a alternativa que apresenta uma
a) Os autores não se preocupam com a metrificação dos forma incorreta:
poemas.
b) A perfeição das formas poéticas e o rigor estético, per- a) canários amarelo-ouro.
meado por valores clássicos, caracterizam-no. b) consultórios médico-cirúrgicos.
c) Os poetas exploram. unicamente, temas relacionados c) uniformes verdes-olivas.
à emoção, à fantasia e ao sonho. d) institutos afro-asiáticos.
d) A valorização da paisagem nacional é tema primordial e) letras anglo-germânicas.
dos autores brasileiros dessa escola literária.
e) Algumas das produções dessa escola viraram canti- 8. (DECEx — 2018) São substituições, gramaticalmente,
gas de roda infantil. válidas ao Modo Imperativo, exceto:

3. (DECEx — 2019) Leia os versos a seguir e assinale a a) Mãos ao alto!


alternativa que os analisa corretamente: b) Direi uma palavra aos que me ajudarem.
c) Direita, volver!
Vozes veladas, veludosas vozes, d) A senhora me traz o documento amanhã.
Volúpias dos violões, vozes veladas, e) Se você se calasse!?
Vagam nos velhos vórtices de vozes
Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas. 9. (DECEx — 2020) Assinale a alternativa que as pala-
vras preenchem corretamente as lacunas do seguinte
a) as metáforas insólitas traduzem a crítica social pró- período: Os negros que _______socialmente no Brasil
pria do Modernismo. continuam sofrendo _______de forma _______.
PORTUGUÊS

b) os versos decassílabos apresentam os paradoxos


característicos do Barroco. a) ascenderam, discriminação, eminente.
c) a expressão objetiva aponta para a racionalidade dos b) ascenderam, discriminação, iminente.
poetas do Realismo. c) acender, descriminação, iminente.
d) a linguagem dos versos materializa no texto a visão d) acender, discriminação, eminente.
bucólica do Arcadismo. e) ascenderam, descriminação, eminente.
e) a combinação vocabular provoca a ênfase na sonori-
dade típica do Simbolismo 207
10. (DECEx — 2018) Em “Até que ponto a imersão digital d) “Aquele o surpreendeu e foi morar longe.” (antítese)
dos mais jovens prejudica sua socialização e, mais e) “Família é prato difícil de preparar:” (metáfora)
importante, o seu rendimento escolar?’’, a alternativa
que interpreta o vocábulo “socialização” e a expressão 16. (DECEx — 2018) Na frase “Vive-se uma era na qual se
“rendimento escolar” é: obtém qualquer conteúdo em segundos”, o se ligado
ao verbo “viver” tem o mesmo valor em:
a) Interação digital e evasão escolar.
b) distanciamento social e inclusão escolar. a) Ele arrependeu-se da vida que levava.
c) interação social e produtividade escolar. b) A mãe queixava-se baixinho.
d) afastamento familiar e evasão escolar. c) Meu pai tranquilizou-se quando cheguei.
e) amizades virtuais e produtividade escolar. d) Fez-se novo silêncio dentro do quarto.
e) Ainda se via num mundo de incertezas.
11. (DECEx — 2018) Quanto ao sujeito, assinale a alternativa
cujo termo destacado esteja corretamente identificado. 17. (DECEx — 2018) No período “As pessoas que ele vai
atender são especiais”, a palavra “que” exerce a fun-
a) Quem disse isso? – Sujeito oculto. ção de:
b) Ficamos algum tempo sem falar – Sujeito simples.
c) A menina foi resgatada pelo bombeiro – Sujeito a) Pronome indefinido.
composto. b) Pronome interrogativo.
d) Era verão e fazia calor – Sujeito indeterminado. c) Conjunção aditiva.
e) Falam por mim os abandonados de justiça, os simples d) Pronome relativo.
de coração – Sujeito composto. e) Conjunção explicativa.

12. (DECEx — 2018) Sobre a pontuação do período: “Nes- Leia o texto a seguir, para responder às questões
se julgamento, porém, deve-se considerar até que 18 e 19:
ponto a imersão digital dos mais jovens compromete
sua socialização e, mais importante, o seu rendimento Importância e vantagens da reciclagem
escolar.”, marque a resposta correta.
A segunda metade do século XX foi marcada pelo sur-
a) “porém” está entre vírgula porque é uma oração gimento de uma série de produtos que contribuíram
intercalada. para a praticidade do nosso cotidiano. A ascensão da
b) “porém” está entre vírgula porque é uma conjunção indústria de materiais descartáveis foi uma das prota-
coordenativa deslocada. gonistas desse desenvolvimento como, por exemplo,
c) “mais importante” está entre vírgula por estar na a invenção do PET (Politereftalato de etileno). Inicial-
ordem inversa. mente empregado na indústria têxtil, esse tipo de plás-
d) há vírgula sempre depois da conjunção coordenativa tico logo revolucionou o setor de armazenamento e
“porém”. transporte de alimentos e bebidas, com as vantagens
e) a virgula depois da conjunção aditiva “e” marca uma de ser inquebrável, leve e de fácil manuseio-substituin-
ênfase. do o vidro, pesado e frágil.
O consumo em grande escala dos plásticos gerou um
13. (DECEx — 2019) A respeito da regência verbal dos problema em relação ao meio ambiente: o descarte
verbos nocionais na língua portuguesa, sabe-se que desses resíduos. Nas últimas décadas, instituições
alguns possuem dupla regência. Assinale aquele que defensoras da sustentabilidade passaram a pressio-
admite apenas uma regência: nar os governos e as indústrias por posturas mais res-
ponsáveis: o crescimento econômico em detrimento
a) esquecer. do meio ambiente virou objeto de pesquisa de cientis-
b) carecer. tas, tomou as manchetes das revistas especializadas
c) chamar. e dos jornais e ganhou o apelo da população.
d) assistir. O fim do uso de materiais descartáveis é inviável, tam-
e) aspirar. pouco os ambientalistas clamam por isso. O desen-
volvimento sustentável consiste em 3Rs: reduzir,
14. (DECEx — 2018) Marque a alternativa em que o sinal reutilizar e reciclar. A indústria fica encarregada da ter-
indicativo da crase foi empregado de acordo com a ceira etapa. O processo de reciclagem não só preserva
norma culta da língua portuguesa: o meio ambiente, mas também gera riquezas e reduz
os custos de produção das empresas que investem
a) Ela irá embora daqui à quinze minutos. na prática, além de promover o marketing social de
b) Iremos àquela reunião após o almoço. “empresa eco-friendly” ou “empresa verde” (amigável
c) Pedi à ela que tivesse calma. ao meio ambiente).
d) ele não fica próximo à pessoas que falam demais.
e) após à gravidez, começou a praticar ioga. (Disponível em: <https://www.simperj.org.br/blog/2018/09/27
/a-importancia-e-vantagens-da-reciclagem/>. Acesso em: 13 jun.
2019. Adaptado.)
15. (DECEx — 2019) Assinale a alternativa em que a figura
de linguagem corresponde à frase relacionada:
18. (DECEx — 2020) Segundo o texto, a indústria, quanto
ao desenvolvimento sustentável, deve:
a) “Reunir todos é um problema, principalmente no Natal
e no Ano Novo.” (ironia)
a) escolher empresas que utilizem matérias-primas para
b) “Às vezes, dá até vontade de desistir.” (metonímia)
a produção de embalagens sustentáveis.
208 c) “Preferimos o desconforto do estômago vazio.” (catacrese)
b) responsabilizar-se pela reciclagem de materiais
descartáveis.
ANOTAÇÕES
c) pressionar o governo, a fim de que recursos sejam
revertidos para “campanhas eco-friendly”.
d) promover o marketing social, financiando estudos
para a substituição do PET.
e) gerar riquezas e reduzir os custos de produção.

19. (DECEx — 2020) Segundo o texto, a praticidade do


cotidiano atual deve-se, em especial, à:

a) produção de embalagens sustentáveis.


b) escalada da indústria de materiais descartáveis.
c) substituição de manufaturas por produtos da indústria
de base.
d) redução dos custos de produção, pois o PET é mais
barato que o vidro, por exemplo.
e) facilidade de armazenamento dos produtos.

20. (DECEx — 2020) De acordo com a língua culta, assina-


le a alternativa correta.

a) Fazem muitos anos que não jogo xadrez.


b) Os Estados Unidos se recusaram a assinar o protocolo
de Kioto.
c) Se não houvessem tantas brutalidades, o mundo seria
uma maravilha.
d) Minas Gerais são uma das 27 unidades federativas do
Brasil.
e) As esperanças do pai eram Carlota.

9 GABARITO

1 E

2 B

3 E

4 E

5 B

6 D

7 C

8 B

9 A

10 C

11 E

12 B

13 B

14 B

15 E
PORTUGUÊS

16 D

17 D

18 B

19 B

20 B
209
ANOTAÇÕES

210
HISTÓRIA DO BRASIL

BRASIL COLÔNIA
OS POVOS INDÍGENAS BRASILEIROS

Os povos indígenas que ocupavam o território do Brasil podem ser classificados em quatro grandes troncos
linguísticos, a saber:

z Tupi: viviam no litoral e foram os primeiros a entrar em contato com os portugueses. Utilizavam-se da pesca,
caça e coleta na mata. Eram considerados desse tronco os tamoios, os guaranis, os tupinambás, os tabajaras,
entre outros;
z Macro-Jê: algumas comunidades viviam na Serra do Mar, mas se localizavam, principalmente, no Planalto
Central. Apenas no século XVII, foi que os grupos macro-jê passaram a ser atacados, por conta da escraviza-
ção indígena. Eram considerados desse tronco os timbiras, os aimorés, os Goitacazes, os carijós, os carajás, os
bororós, os botocudos, entre outros;
z Karib: ocupavam a região da Planície Amazônica, além dos atuais Amapá e Roraima. Bastante hostis aos inva-
sores, praticavam, inclusive, a antropofagia. Assim como os macro-jê, entraram em contato com os brancos no
século XVII, por conta dos aldeamentos religiosos e das fortificações militares. Eram considerados desse tronco
os atroari e os uaimiri;
z Aruak: estabeleciam-se na região amazônica e na Ilha de Marajó, com destaque para seus utensílios em cerâ-
mica. Eram considerados desse tronco os aruá, pareci, cunibó, guaná e terena.

HISTÓRIA DO BRASIL

Fonte: Atlas Histórico Escolar. 8ª ed. Rio de Janeiro: FAE, 1991. p. 12. 211
O Brasil Antes da Chegada dos Europeus e as máscaras de madeira, visando à transmissão de sua
Principais Nações Indígenas do Brasil Antes da mensagem. Também bebia o cauim, fumava o taba-
Chegada dos Portugueses co, cantava, dançava e invocava os mitos. O ambiente
revestia-se dessa atmosfera mágica e religiosa, a fim
Os tupis, por habitarem o litoral e terem sido os
de agradecer a chuva, uma boa colheita ou a decisão
primeiros a entrarem em contato com os colonizado-
res, são os mais conhecidos e descritos nos documen- do conselho de chefes para migração.
tos da época. Sobre eles, temos conhecimento graças
às descrições feitas por padres, viajantes e funcio- PERÍODO PRÉ-COLONIAL
nários da Coroa portuguesa que resultaram em uma
imagem dos povos pré-cabralinos, como se todos fos- O que foi, afinal, a descoberta de um Novo Mundo
sem iguais. O que sabemos sobre eles serve de base para a Europa no século XV? O que tal “descoberta”
para o entendimento das demais sociedades tribais. implicava para os “descobridores” e os “descobertos”?
A organização social básica era a tribo, que se sub- Esse “Novo Mundo” era assim considerado, porque,
dividia em aldeias ou tabas, cada uma delas com um antes, essas terras não constavam nos mapas do mun-
chefe. A aldeia era formada por um conjunto de quatro
do ocidental, tampouco se conhecia sua fauna, flora
a sete ocas, dispostas de forma circular, delimitando
e, sobretudo, sua população, que se mostrava radical-
uma praça central — a ocara — onde eram realizadas
as cerimônias religiosas, as festas e a reunião dos líde- mente diferente da humanidade conhecida pelo oci-
res para decidir uma guerra ou migração. Geralmente, dente. Tratava-se, afinal, de homens e mulheres que
em torno da aldeia, era levantada uma cerca de troncos praticavam a poligamia, não trajavam roupas, viviam
— a caiçara — com a finalidade de defendê-la. em constantes guerras e, para o horror dos europeus,
As aldeias ligadas entre si por parentesco, costu- comiam carne humana.
mes e tradição formavam uma tribo. O parentesco Em 1842, Cristóvão Colombo, comandando uma
garantia a manutenção do modo de ser do grupo e frota espanhola que procurava um caminho alterna-
perpetuava-se através de uniões obrigatórias com tivo para as Índias, sob ordens dos reis católicos Fer-
pessoas de fora. A relação de parentesco criava a rela- nando e Isabel, defrontou-se com o que chamariam de
ção de aliança grupal, na qual o casamento significava
continente americano e seria um dos primeiros a usar
uma possibilidade de reforço do poderio do grupo. A
o termo “canibal”, para qualificar os nativos.
família era patriarcal e o casamento poligâmico em
algumas comunidades e monogâmico em outras. A Europa mantinha contato com os países do Orien-
A chefia realizava a organização interna da aldeia. te desde 1415 e os portugueses já haviam contornado
Entre os tupis, a chefia era exercida pelos homens uma parte considerável da costa africana no século XV.
mais velhos e os líderes guerreiros. Eles tomavam as Ao final desse mesmo século, a questão era encontrar
decisões sobre a guerra, a migração, as grandes caça- uma rota para as Índias que tornasse possível continuar
das e o sacrifício dos inimigos. com o comércio de especiarias, metais preciosos, joias e
Para prover a sua alimentação, os povos indígenas sedas, uma vez que a rota oriental estava sob o domínio
caçavam, pescavam e coletavam crustáceos, frutos turco islâmico, ou seja, interditada para os cristãos.
e raízes. A divisão do trabalho nas aldeias obedecia Os europeus, sobretudo espanhóis e portugue-
a dois critérios: sexo e idade. Os homens derruba-
ses, esperavam receber algum ressarcimento ime-
vam as matas, preparavam o terreno para o plantio,
diato pelas suas viagens desbravadoras e, de início,
caçavam, pescavam, guerreavam e confeccionavam
canoas, arcos, flechas e adornos. As mulheres planta- não perceberam grande potencial de exploração
vam, colhiam, faziam cestaria e cerâmica. Quanto às econômica para a área “descoberta”. Continuaram
crianças, a divisão entre meninos e meninas ocorria as incursões ao Novo Mundo até serem descobertas,
a partir dos cinco anos de idade, quando as meninas pelos espanhóis, reservas de metais preciosos no
brincavam e ajudavam as mulheres em seus traba- território que lhe cabia, deixando os portugueses
lhos e os meninos seguiam o exemplo dos homens, ansiosos por descobrirem, na sua parte da América
buscando aprender sobre a caça e a pesca. também, grande quantidade de ouro e prata.
Quando os recursos próximos à aldeia se esgota- Sabe-se que, desde o século XV, os portugueses já
vam, migravam para outro lugar. O nomadismo da haviam se lançado em espaços africanos. Esse movi-
população indígena também ocorria pela procura de
mento de aproximação se deu com o objetivo de expul-
um lugar ideal e quase utópico, chamado “terra sem
mal”, onde teriam prosperidade constante. Os indí- sar os mouros da Península Ibérica, mas a manutenção
genas procuravam lugares próximos aos rios e lagos, do contato com o continente africano permitiu que cons-
para ter acesso mais fácil à caça e, eventualmente, à truíssem, ali, feitorias, promovendo, por fim, sua coloni-
agricultura. A chegada em um território ocupado por zação. Seria apenas em 1500 que, dando sequência ao
outra comunidade podia gerar guerras. seu desbravamento marítimo, Portugal depararia com
Os povos indígenas estavam muito envolvidos com o Brasil, embora já em 1494 lusitanos e espanhóis tives-
a natureza e tinham uma maneira peculiar de enten- sem assinado o chamado Tratado de Tordesilhas, que
dê-la, por meio de uma concepção mítica de mundo. dividia o Novo Mundo entre os dois Estados.
A própria natureza era tida como uma dádiva das Inicialmente, Portugal não teve interesse imedia-
divindades ou transformava-se na própria divindade, to em desbravar suas “novas” terras, uma vez que o
como a mãe-terra. Portanto, a religião indígena pode
comércio Oriental lhe era mais rentoso. Os primei-
ser classificada como politeísta.
Nas épocas de plantio, de colheita, de caça, ou nas ros contatos permitiram a criação de um imaginário
estações de chuva ou de seca, os membros da aldeia sobre o ambiente da América Portuguesa, assim como
se reuniam e os pajés, líderes religiosos, relatavam as da população que lá habitava: o lugar era um paraíso
lendas e os mitos de cultuar. O pajé, preocupado em na terra, no qual residiam todo tipo de monstros —
manter vivas as tradições tribais, usava vestimentas os “indígenas canibais” eram vistos, de certa maneira,
212 especiais, como mantos, plumas coladas ao corpo, como uma espécie monstruosa.
Nos primeiros trinta anos após a chegada de Portugal à América Portuguesa, a exploração econômica deu-se
pela exportação da madeira do pau-Brasil, que era recolhido e movimentado por trabalho indígena.

Expedições de Reconhecimento e Guarda Costa;

O rei de Portugal quase nada sabia sobre a nova terra e suas riquezas. As notícias contidas nos documentos da
época eram insuficientes em informações. No entanto, interessada na continuação do comércio asiático, a Coroa
organizou expedições exploradoras, com a finalidade de fazer um reconhecimento geográfico e econômico do
Brasil. Portugal desconhecia os potenciais da Nova Terra, mas a manutenção dessa colônia era importante como
defesa da sua rota no Atlântico Sul.
A primeira expedição exploradora veio para o Brasil em 1501, comandada por Gaspar de Lemos. Esse navegou
grande parte do nosso litoral, dando nome a uma série de acidentes geográficos, entre eles: Cabo de São Roque, Cabo
de Santo Agostinho, Baía de Todos os Santos e Cabo de São Tomé, e constatou a presença de florestas de pau-brasil.
No ano seguinte, Portugal permitiu que a exploração de pau-brasil, um monopólio real, fosse feita por mercadores
de Lisboa — os cristãos novos, isto é, judeus convertidos ao cristianismo. Essa exploração seria feita sob a forma de
arrendamento, por um prazo de três anos. O arrendatário era obrigado a enviar anualmente uma expedição de seis
navios e a estabelecer feitorias fortificadas no litoral.
O primeiro arrendatário foi Fernão de Noronha, que, em 1503, financiou uma expedição, sob o comando de Gon-
çalo Coelho. Foram localizadas florestas de pau-brasil e um dos membros da expedição, Américo Vespúcio, fundou
uma feitoria em Cabo Frio, hoje no estado do Rio de Janeiro. O arrendamento fracassou, porque o grupo arrendatá-
rio não conseguiu proteger o litoral, constantemente atacado por estrangeiros, principalmente corsários franceses.

Economia do Pau-Brasil

Para a exploração do pau-brasil, a primeira fase da chegada portuguesa é caracterizada pela instituição das
feitorias após a chegada da esquadra de Cabral em 22 de abril de 1500, até a instituição das capitanias hereditá-
rias. Essas feitorias eram fortificações militares que visavam garantir o domínio sobre uma área e explorá-la. Fo-
ram construídas em Porto Seguro, Cabo Frio e Iguaçu, fazendo a extração não apenas de pau-brasil, mas também
do jacarandá, que possuíam valor para a fabricação de embarcação, móveis, além da tinta do pau-brasil para te-
cidos. A mão-de-obra empregada foi a indígena, que trocava produtos europeus em força de trabalho e permissão
no uso da madeira; essa relação ficou conhecida como escambo.

Expedição Colonizadora de Martim Afonso de Souza.

Na década de 1530, o comércio asiático estava em crise. Devido a esse fato, a Coroa de Portugal deu início
à colonização do Brasil, que deveria se tornar lucrativa. Com esse objetivo, foi enviada, em 1530, a expedição
colonizadora de Martim Afonso de Souza, para distribuir sesmarias, colocar fim ao contrabando dos franceses,
promover uma nova atividade econômica, implantando a agricultura colonial de exportação da cana-de-açúcar,
policiar a costa brasileira e reconhecê-la geograficamente, averiguando os limites do Tratado de Tordesilhas, e
fundar núcleos de povoamento.
Martim Afonso de Souza fundou a vila de São Vicente em 1532, organizou a administração, deu início à plan-
tação da cana-de-açúcar e organizou o primeiro engenho do Brasil, o engenho do Governador.

PERÍODO COLONIAL - ADMINISTRAÇÃO, ECONOMIA E SOCIEDADE COLONIAL

A Organização Administrativa Colonial Portuguesa no Brasil, Capitanias Hereditárias e o Governo Geral e Órgãos
Administrativos

O território da América Portuguesa frequentemente sofria invasões de corsários de variadas nacionalidades,


ficando evidente para a Coroa a necessidade de apossar-se efetivamente do território, uma vez que apenas o tratado
de Tordesilhas não frearia as incursões e estabelecimentos não autorizados. Neste sentido, foram criadas frentes
colonizadoras independentes, que apresentavam pouca comunicação entre si, relacionando-se imediatamente ape-
nas com a metrópole. O sistema administrativo pelo qual se optou foram as chamadas capitanias hereditárias, for-
ma de administração realizada em outros domínios lusitanos. A Coroa não tinha recursos necessários para realizar
a exploração de tão amplos domínios, por isso doou lotes de terras a particulares que, com seus recursos econômicos
e humanos, deveriam primar pelo desenvolvimento dos espaços. Ademais, os lotes de terra eram hereditários.
HISTÓRIA DO BRASIL

213
Fonte: Grupo Escolar1.

O território da América Portuguesa foi dividido em quinze lotes, sendo quatorze capitanias, que, por sua vez,
eram administradas por doze donatários. O donatário era o responsável com poder proeminente e, além do uso da
terra, também administrava o trabalho indígena. As capitanias não se relacionavam entre si e o distanciamento era
evidente e preocupante, de modo que, em 1572, a Coroa Portuguesa fragmentou a administração em dois governos-
-gerais: o Governo do Norte, no qual a capital se localizava em Salvador e que era composto da Capitania da Baía até
a capitania do Maranhão, e o Governo do Sul, sediado no Rio de Janeiro e composto pela região de Ilhéus até o sul.
Ademais, reuniam-se regiões que não pareciam pertencer ao mesmo espaço administrativo e político.

As Câmaras Municipais e Econ Omias Complementares

As Câmaras Municipais existiam nos principais núcleos urbanos do Brasil: São Vicente, Porto Seguro, Ilhéus,
Olinda, Salvador, Vitória, São Paulo e Rio de Janeiro. Eram órgãos representativos, formados por vereadores,
tesoureiros e escrivãos subordinados ao Juiz Ordinário. Todas essas pessoas eram escolhidas pelos “homens
bons”. Esses eram proprietários de grandes extensões de terras, que se constituíam na elite local e, por isso, eram
os donos do poder local. Até a última década do século XVII, o cargo mais importante da Câmara era o de Juiz Ordi-
nário. Era de sua competência a aplicação da lei no nível do município. Os vereadores determinavam os impostos,
fiscalizavam os oficiais da municipalidade e aplicavam as leis.

A Economia e Sociedade Açucareira e Economias Complementares

z Economia e Sociedade Mineradora

Os bandeirantes encontraram ouro na região de Minas Gerais por volta de 1698, o que levou a um grande
fluxo migratório, em que milhares de portugueses se deslocaram para as minas e intensificou-se o tráfico de
escravizados da África. A população da região chegou a 300 mil habitantes, sendo que 50% desse montante eram
escravos.
A vinda de forasteiros causou tensão entre os bandeirantes paulistas e os “emboabas” portugueses sobre o
direito de exploração do ouro, assim eclodiu, entre 1707 e 1709, a Guerra dos Emboabas. Derrotados e expulsos,
os bandeirantes deslocaram-se para oeste do território, onde encontram ouro em Cuiabá (1717) e em Goiás Velho
(1721).
Após o episódio, a Coroa Portuguesa reforçou o seu domínio com a tributação (a quinta sobre a onça de ouro
extraída), o impedimento de que vilas se tornassem cidades (exigindo mais autonomia), a construção da Estrada
Real (primeiro, entre Parati e Ouro Preto, e depois, entre Rio de Janeiro e Diamantina) e a mudança da sede do
governo-geral para o Rio de Janeiro (1763). O mercado interno tornou-se mais integrado para o abastecimento da
Capitania das Minas.
214 1 Disponível em: https://www.grupoescolar.com/pesquisa/capitanias-hereditarias.html. Acesso em: 9 fev. 2022.
Com o declínio do ciclo do ouro por volta de 1770, a trabalhos que eram desempenhados apenas por cati-
população espalhou-se, principalmente, para o sul de vos, fossem eles indígenas ou africanos. Assim, nessa
Minas e para a Zona da Mata. Outra consequência foi sociedade marcada pelo escravismo, a cor tornou-se
a cultural, com o florescimento das artes, em especial logo um indicador social.
na arquitetura com Aleijadinho. Ademais, se a díade senhores e escravizados era
central nessa sociedade constituída sob o empreen-
z Economias Complementares dimento açucareiro, havia, também, ao redor, os
agregados do senhor, pessoas que, embora não tives-
„ Economia Açucareira sem relevância econômica, eram importantes para o
desempenho político e social dos senhores de enge-
O açúcar não foi, nos primeiros anos de coloniza- nho. Eram, sobretudo, parentes destituídos de terra,
ção, apenas um produto produzido na colônia. Ele era comerciantes, homens livres que não possuíam auto-
responsável pelo surgimento de códigos, costumes e nomia social e que viviam sob a proteção do senhor e
hábitos. Foi apenas no século XVI que se desenvolveu lhe davam influência política.
o hábito, na Europa, do consumo do açúcar feito da
cana, que passou de produto de requinte para um uso z Economia Pecuária
frequente no cotidiano das pessoas.
Como já foi exposto, depois dos primeiros trin- Com o estabelecimento do governo-geral, foi adotada
ta anos, reconheceu-se a necessidade de povoar, ao a prática de doar sesmarias (grandes porções de terra)
menos, a faixa litorânea de terra da nova colônia, destinadas à pecuária em áreas do interior. Houve pecuá-
para, assim, evitar invasões estrangeiras que começa- ria em vários locais onde se estabeleceram colonos.
vam a crescer. Contudo, já não se pretendia apenas No Nordeste, essa atividade ocupou uma vasta
povoar a colônia, passava-se, também, a uma forma área do interior desde a Bahia até Piauí e Goiás. São
de colonização que visava outro objetivo: o ganho Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul também eram
monetário. O projeto colonial tomava contornos de núcleos importantes. Com o declínio do Ciclo do
empresa colonial, exigindo maior investimento para Ouro em Minas Gerais, a pecuária acabou sendo uma
a produção de produtos que deveriam ser exportados importante atividade no atual sul do estado.
para o mercado europeu. A produção era, portando,
direcionada para fora da colônia. Escravidão Africana
Formaram-se grandes centros produtivos, os cha-
mados latifúndios, que se dedicavam à produção de A escravidão era conhecida pelos europeus, pelo
apenas um produto em grande escala. Esse produto menos, desde a Grécia e Roma antigas. Contudo, a for-
seria, de início, a cana-de-açúcar. A partir de então, o ma assumida na América portuguesa, sobretudo no
empreendimento do açúcar estabeleceu-se no Nordes- empreendimento açucareiro, trouxe características
te da América Portuguesa. específicas. Em primeiro lugar, desde o início do tráfi-
Alguns pontos tornaram o empreendimento açu- co atlântico, no século XVI, até seu término no século
careiro mais feliz na região nordeste: a proximidade XIX, a taxa de nascimento entre os cativos foi negati-
com a metrópole e o clima e a hidrografia fundamen- va, em razão, principalmente, das mortes precoces e
tais para o transporte do produto internamente. Nesse da violência do sistema.
momento, Portugal concentrou sua atenção no Brasil A escravização atlântica demonstrava novos
e no empreendimento açucareiro, estabelecendo um padrões e intensidade: os escravizados eram destituí-
monopólio. Contudo, mesmo que a Coroa tenha tentado dos de suas famílias, sociedades, comunidades e desen-
controlar todo o processo de produção e mercantiliza- raizados de tudo o que conheciam. A grande diferença
ção de açúcar, isso não ocorreu, uma vez que os holan- trazida pela escravidão atlântica moderna consistiu em
deses eram responsáveis pela comercialização, no fazer do trabalho compulsório a base de todo o sistema
exterior, do produto produzido na colônia portuguesa. econômico da colônia: era a partir do trabalho escravi-
O tabaco também foi um produto importante para zado que, primeiro nos engenhos, depois, na minera-
o sistema econômico colonial, visto que era um pro- ção, e em todas as atividades econômicas importantes,
duto importante a ser trocado por africanos a serem se construía a economia da colônia.
escravizados, assim como a cachaça. Além disso, não A escravidão também era uma instituição pre-
havia possibilidade de tal produto disputar com o sente na África, porém, mais uma vez, trazia carac-
monopólio do açúcar. terísticas muito diversas daquelas apresentadas pela
A partir do século XVI, toda a empresa colonial escravidão atlântica. Nesse continente, o sistema de
seria sustentada pelo empreendimento do açúcar: a escravidão constituía-se em relação ao pertencimento
formação de cidades e vilas, a divisão do território e e parentesco: de modo muito genérico, ser escravo sig-
a relação entre os grupos sociais. Até 1763, quando a nificava “não pertencer”, “estar à margem”, mas essa
HISTÓRIA DO BRASIL

capital passou para o Rio de Janeiro, era em Salvador era uma condição que poderia mudar, pois um escra-
que se desenvolviam as atividades administrativas. vizado poderia ser absolvido pela sociedade.
Ainda assim, nos primeiros anos da colonização, o Com a indústria do açúcar, o trabalho escravo pas-
poder efetivo estava localizado na casa-grande e no sou a ser essencial, sustentando toda a economia, no
engenho. Assim, os senhores de engenho tornaram-se entanto se acreditava que não era possível mantê-la
o grupo social mais destacado, embora sua posição tão lucrativa sem o trabalho compulsório. O tráfico
não tivesse surgido de um arranjo hereditário, como atlântico inaugurou, também, um nível de violência
era o caso da nobreza europeia. das relações escravistas sem precedentes.
No contexto colonial, no qual a economia era Os cativos eram capturados no interior do con-
sustentada pelo trabalho forçado, ser branco e não tinente africano e levados para a costa. Lá, eram
desempenhar trabalho braçal já indicava alguma embarcados em navios para o Novo Mundo, onde
ascensão social, pelo menos, para o “povo”. Havia desempenhariam o trabalho conscrito. Muitos 215
escravizados morriam na longa viagem pelo Atlânti- Após o episódio, a Coroa Portuguesa reforçou o seu
co, fosse pelas condições péssimas de higiene, fosse domínio com a tributação (a quinta sobre a onça de
pela falta de mantimentos ou doenças. Mas, dentro ouro extraída), o impedimento de que vilas se tornas-
dos porões dos Navios Negreiros essas pessoas tam- sem cidades (exigindo mais autonomia), a construção
bém criavam laços com os outros cativos, mesmo que da Estrada Real (primeiro, entre Parati e Ouro Preto, e
muitas vezes fossem trazidos de partes diferentes do depois, entre Rio de Janeiro e Diamantina) e a mudan-
continente, iniciando-se ali a resistência ao regime. ça da sede do governo-geral para o Rio de Janeiro
Embora já existissem rotas de comércio de escravi- (1763). O mercado interno tornou-se mais integrado
zados controladas por muçulmanos na África, os por- para o abastecimento da Capitania das Minas.
tugueses criaram várias feitorias e portos no litoral do Com o declínio do ciclo do ouro por volta de 1770, a
continente, para suprir a constante demanda de mão- população espalhou-se, principalmente, para o sul de
-de-obra escravizada no Novo Mundo, dominando o Minas e para a Zona da Mata. Outra consequência foi
comércio atlântico. Assim, para a América portugue- a cultural, com o florescimento das artes, em especial
sa, vieram, sobretudo, escravizados da Senegâmbia e na arquitetura com Aleijadinho.
costa ocidental da África.
Se os jesuítas tentaram proteger, em alguma medi- CONSOLIDAÇÃO TERRITORIAL
da, as populações indígenas do trabalho forçado, o
mesmo não aconteceu com os negros escravizados. A Entradas e Bandeiras
Igreja fazia coro ao discurso que compreendia a impo-
sição do trabalho forçado aos africanos como uma Uma questão fundamental na colonização portu-
maneira de civilizá-los e impor-lhes disciplina. guesa diz respeito ao trato dos indígenas pelos colonos,
O trabalho compulsório, por si só, já dava, ao pois enquanto estes queriam escravizar as populações
cotidiano, tons de violência. Contudo, a ordem e disci- nativas, as missões jesuíticas procuravam protegê-los
plina eram mantidas pela constante ameaça de castigos, do trabalho forçado e encaminhá-los à catequese. A
comunitários ou não, além de várias técnicas violentas, concepção de trabalho das sociedades indígenas era
como a manutenção dos cativos acorrentados. Porém, um tanto diferente da concepção europeia, já que não
isso não significa que os escravizados não criaram for- havia nessas sociedades interesse imediato por exce-
mas de resistência, seja ela solitária ou em grupo. dentes e sua produção se caracterizava por uma con-
É necessário compreender a resistência tanto nos cepção coletiva de fabrico e consumo.
atos individuais de insubordinação diários, quanto Muitos indígenas, ao terem contato com os colo-
nas revoltas e quilombos. Ainda, é preciso atentar-se nizadores, foram se retirando para o interior, procu-
para a complexidade das relações entre escravizados rando escapar do trabalho compulsório. Uma questão
e senhores: os espaços urbano e rural traziam diferen- se mostrou central nesse contexto: a necessidade cris-
ças significativas, sendo que o escravo urbano possuía tã de catequização das populações indígenas. Para
algum nível de mobilidade maior, pois, por vezes, a Igreja, esses indivíduos eram importantes “novos
desempenhava trabalhos que exigiam que se afastas- fiéis” que precisavam ser encaminhados.
se dos senhores, enquanto, nas zonas rurais, o traba- Muito embora se tenha encorpado o discurso que
lho tendia a ser mais pesado e policiado. O sistema diz respeito à substituição do trabalho indígena pelo
escravista sustentava-se pela violência em um misto trabalho, também compulsório, dos africanos, o que
de paternalismo e hierarquia. de fato se percebe nas pesquisas historiográficas é que
A resistência coletiva dos escravos originou os uma ação não anulou a outra, pois ambas as popula-
chamados quilombos (em Angola, um tipo de acam- ções foram utilizadas como mão de obra forçada.
pamento militarizado) ou mocambos (que significava Um exemplo notável do processo de escravização
esconderijo). Na América portuguesa, os quilombos indígena pode ser apontado pelas atividades dos bandei-
foram agrupamentos de escravizados fugidos, que rantes, da região de São Paulo. Os bandeirantes adentra-
tentavam escapar do violento sistema. Esses escra- vam o interior – os sertões – procurando por indígenas
vizados se mantinham à margem da sociedade, em e assaltando as missões jesuítas que transportavam os
lugares de acesso difícil, sem, contudo, perderem as indígenas, onde eram criadas vilas em que trabalhavam
relações de proximidade com vilarejos e comunida- e eram catequisados. Assim, as duas categorias, colonos
des das proximidades. e jesuítas, se viam em constante litígio.
Há que se dizer que a posição de defesa da Igreja,
A Economia e Sociedade Mineradora em relação aos indígenas, freou, em alguma medida,
as ações bandeirantes, fazendo a atenção voltar-se
Os bandeirantes encontraram ouro na região de para o tráfico atlântico, que causava menos incômo-
Minas Gerais por volta de 1698, o que levou a um do moral que o trabalho compulsório indígena que, é
grande fluxo migratório, em que milhares de portu- preciso reiterar, continuou a existir.
gueses se deslocaram para as minas e intensificou-se
o tráfico de escravizados da África. A população da Invasões Estrangeiras - Invasões Francesas e a
região chegou a 300 mil habitantes, sendo que 50% Invasão Holandesa
desse montante eram escravos.
A vinda de forasteiros causou tensão entre os Desde o início da chegada dos portugueses à Amé-
bandeirantes paulistas e os “emboabas” portugueses rica, a costa da colônia fora alvo de inúmeras invasões
sobre o direito de exploração do ouro, assim eclodiu, estrangeiras, de povos franceses, ingleses, holandeses,
entre 1707 e 1709, a Guerra dos Emboabas. Derrota- entre outros. Contudo, o inconveniente não vinha
dos e expulsos, os bandeirantes deslocaram-se para apenas dos piratas, pois a França já havia tentado
oeste do território, onde encontram ouro em Cuiabá quebrar o Tratado de Tordesilhas por duas vezes e os
216 (1717) e em Goiás Velho (1721). holandeses também não ficaram para trás.
A primeira tentativa da França de colonização proporção no território colonial, e criou-se um espaço
da América Portuguesa ficou conhecida como Fran- que recolhia espécies variadas de fauna e flora.
ça Antártica, e foi empreendida por Nicolas Durand Embora Nassau tenha feito uma administração
de Villegagnon, que desembarcou no Rio de Janeiro popular na região, acabou retornando à Europa em
em 1555 e permaneceu lá por três anos: um período 1644, por conta das sucessivas pressões dos seus com-
curto, mas que trouxe muitas repercussões no que se patriotas. A partir daí, deu-se um declínio do chamado
refere ao imaginário em relação aos grupos indíge- Brasil holandês, e as “guerras brasílicas”, que visavam
nas. Em 1612, a França realizou a segunda invasão, à retomada do território pelos portugueses, prologa-
dessa vez em São Luís, no Maranhão. Ali, tentaram ram-se até 1654, quando as tropas portuguesas final-
instalar a França Equinocial, começando por instituir mente retomaram o espaço invadido.
uma feitoria na ilha de São Luís e se relacionando com
as sociedades indígenas que habitavam a região.
A França Equinocial tinha apoio da Coroa francesa
e se instituiu sob a autoridade de Daniel de la Tou- EXERCÍCIOS COMENTADOS
che, fundador do povoado de Saint Louis, que seria
apenas o território inicial de uma vasta extensão ocu- 1. (CESPE-CEBRASPE – 2018) A principal autoridade
pada pelos franceses: desde o litoral maranhense até em todos os domínios coloniais portugueses era o rei,
o espaço do que hoje é o atual Tocantins. Em 1615, os que, na administração desses domínios, contava com
franceses foram expulsos pelas tropas lusitanas e o o auxílio do Conselho Ultramarino e da Mesa de Cons-
território ocupado por colonos portugueses que inse- ciência e Ordens. Tendo em vista que, apesar do auxílio
riram a cultura de açúcar na região. Em 1626, os fran- dessas instituições, a organização administrativa do
ceses tomaram o território da contemporânea Guiana Brasil colonial funcionava de modo precário, julgue o
Francesa, e apenas aí tiveram êxito. seguinte item, relativo às causas dessa precariedade.
Se a França falhou na fundação de uma colônia As distâncias, a consequente lentidão das comunicações
duradoura na América Portuguesa, a Holanda teria e a falta de aparato humano burocrático dificultavam o
mais êxito em sua tentativa. A relação entre Holanda e controle da população e a observância restrita das leis.
Portugal nem sempre foi tranquila, e quando da crise
de sucessão da monarquia portuguesa, que entregava ( ) CERTO  ( ) ERRADO
o trono português à Coroa espanhola, (ato conhecido
como União Ibérica), Portugal assumiu, consequente- O imenso território implicava dificuldade de comu-
mente, os inimigos da Coroa Espanhola, e entre eles nicação, o que, naturalmente, tornava a adminis-
estavam os holandeses. Com as duas Coroas unidas, os tração da colônia difícil. É preciso considerar que
domínios coloniais também foram fundidos, ficando a longa distância dos colonos para com a autorida-
sob o comando da Casa Real espanhola, na dinastia de real implicava, também, quebra da fidelidade à
que ficou conhecida como “filipina”. coroa, gerando os contrabandos, novas identidades
Em 1604, os holandeses atacaram Salvador, ima- configuradas e uma autonomia administrativa local
ginando que os portugueses não conseguiriam, pelo muito grande. Resposta: Certo.
tamanho da costa, impedir a ação. Essa primeira ten-
tativa falhou. Seria criada, então, a Companhia Holan- 2. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Tendo em vista que,
desa das Índias Ocidentais, em 1621, formada por como colônia de Portugal, o Brasil fazia parte do mer-
capital do Estado e investidores privados, cujos objeti-
cantilismo da Idade Moderna, que tinha no sistema
vos eram a tomada das áreas açucareiras e o controle
colonial um dos fatores fundamentais do processo
do mercado de escravos na África.
de acumulação primitiva da Europa nos séculos XVI,
Finalmente, em 1624, a capital foi ocupada por um
XVII e XVIII, julgue o item a seguir, acerca das carac-
dia, mas retomada em seguida em ação coordenada
terísticas básicas da produção brasileira no período
por Matias de Albuquerque (governador português
colonial.
vigente), evitando, assim, que as fazendas de cana e
Exercida sob o modelo de latifúndio autossuficiente,
os engenhos fossem tomados. Novo ataque aconteceu
a produção gerava excedentes que propiciavam um
em 1627, mas o objetivo parecia ser apenas a pilha-
vigoroso comércio entre as capitanias.
gem e não a ocupação da área.
Como não conseguiam ocupar a capitania da Bahia,
os holandeses se voltaram para Pernambuco, que tam- ( ) CERTO  ( ) ERRADO
bém era importante centro produtor de açúcar. Organi-
zados, 7280 homens, em 65 embarcações, iniciaram o O modelo de produção colonial foi de latifúndio
ataque em 1630, e Olinda foi ocupada pelos holandeses. com produção voltada para o exterior, o que oca-
Estes, por sua vez, investiram na colônia que acabavam sionou falta de abastecimento interno em diversos
de conquistar: Maurício de Nassau foi feito governador- períodos. Mesmo que existisse algum excedente, era
HISTÓRIA DO BRASIL

-geral do Brasil holandês e transformou substancial- destinado ao mercado externo, sobretudo para os
mente a área. Nassau reestabeleceu os engenhos que territórios hispânicos vizinhos, como forma de con-
haviam sido abandonados pelos colonos portugueses, trabando. Resposta: Errado.
recompôs o tráfico de escravizados, forneceu crédito e
obrigou o plantio para subsistência da capitania. Além Intensificação Metropolitana – Entradas, Bandeiras
disso, Nassau se mostrou tolerante na questão religiosa. e Missões
A administração do Brasil holandês por Nassau trou-
xe bons feitos para a região, como a criação da Cidade Uma questão fundamental na colonização portu-
Maurícia, melhorando a situação da população da região, guesa diz respeito ao trato dos indígenas pelos colonos,
que antes se via em péssimas habitações e sem acesso às pois enquanto estes queriam escravizar as populações
devidas condições de higiene. Foi também sob sua super- nativas, as missões jesuíticas procuravam protegê-los
visão que se construiu as três primeiras pontes de grande do trabalho forçado e encaminhá-los à catequese. A 217
concepção de trabalho das sociedades indígenas era Nassau reestabeleceu os engenhos que haviam sido
um tanto diferente da concepção europeia, já que não abandonados pelos colonos portugueses, recompôs
havia nessas sociedades interesse imediato por exce- o tráfico de escravizados, forneceu crédito e obrigou
dentes e sua produção se caracterizava por uma con- o plantio para subsistência da capitania. Além disso,
cepção coletiva de fabrico e consumo. Nassau mostrou-se tolerante na questão religiosa.
Muitos indígenas, ao terem contato com os colo- A administração do “Brasil holandês” por Nassau
nizadores, foram se retirando para o interior, procu- trouxe bons feitos para a região, como a criação da
rando escapar do trabalho compulsório. Uma questão Cidade Maurícia, o que melhorou a situação da popula-
se mostrou central nesse contexto: a necessidade cris- ção da região que, antes, se via em péssimas habitações
tã de catequização das populações indígenas. Para e sem acesso às devidas condições de higiene. Foi tam-
a Igreja, esses indivíduos eram importantes “novos bém sob sua supervisão que se construiu as três primei-
fiéis” que precisavam ser encaminhados. ras pontes de grande proporção no território colonial e
Muito embora se tenha encorpado o discurso que
se criou um espaço que recolhia espécies variadas de
diz respeito à substituição do trabalho indígena pelo
fauna e flora. Também foi durante a administração de
trabalho, também compulsório, dos africanos, o que
Nassau que artistas passaram pelo nordeste. O holan-
de fato se percebe nas pesquisas historiográficas é que
uma ação não anulou a outra, pois ambas as popula- dês Frans Post, por exemplo, teve grande destaque ao
ções foram utilizadas como mão de obra forçada. representar paisagens de Pernambuco.
Um exemplo notável do processo de escravização Embora Nassau tenha feito uma administração
indígena pode ser apontado pelas atividades dos bandei- popular na região, acabou retornando à Europa em
rantes, da região de São Paulo. Os bandeirantes adentra- 1644, por conta das sucessivas pressões dos seus com-
vam o interior – os sertões – procurando por indígenas patriotas. A insurreição tem início em 1645, quando
e assaltando as missões jesuítas que transportavam os os insurgentes liderados por Antônio Dias Cardoso
indígenas, onde eram criadas vilas em que trabalhavam derrotaram os holandeses no Monte das Tabocas,
e eram catequisados. Assim, as duas categorias, colonos quando também conseguiram isolar os holandeses
e jesuítas, se viam em constante litígio. em Recife e Itamaracá.
Há que se dizer que a posição de defesa da Igreja, Em 1646, em uma empreitada levada por mulhe-
em relação aos indígenas, freou, em alguma medida, res camponesas, os holandeses são novamente der-
as ações bandeirantes, fazendo a atenção voltar-se rotados na Batalha de Tejucupapo, sendo tal evento
para o tráfico atlântico, que causava menos incômo- um marco histórico para as mulheres no Brasil. Com o
do moral que o trabalho compulsório indígena que, é incremento cada vez maior de exércitos portugueses e
preciso reiterar, continuou a existir. isolamento dos remanescentes holandeses, a Batalha
dos Guararapes foi marco de sua expulsão.
A Insurreição Pernambucana: A Luta Contra o Com a retomada portuguesa, os judeus, que
Invasor e a Gênese do Exército Brasileiro tinham conhecido uma grande liberdade no período
da ocupação, partem para Nova York, onde teriam
A relação entre Holanda e Portugal nem sempre papel relevante na política e na economia da cidade.
foi tranquila e, quando da crise de sucessão da monar- Para evitar uma possível retaliação, Portugal indeni-
quia portuguesa, que entregava o trono português à zou a Holanda, que reconheceu o nordeste brasileiro
Coroa espanhola — o que ficou conhecido como União como território luso.
Ibérica —, Portugal assumiu, consequentemente, os A partir daí, deu-se um declínio do chamado “Bra-
inimigos da Coroa Espanhola e, entre eles, estavam sil holandês” e as “guerras brasílicas”, que visavam
os holandeses. Com as duas Coroas unidas, os domí- à retomada do território pelos portugueses, prologa-
nios coloniais também foram fundidos, ficando sob o ram-se até 1654, quando as tropas portuguesas final-
comando da Casa Real espanhola, dinastia que ficou mente retomaram o espaço invadido.
conhecida como “filipina”.
Em 1604, os holandeses atacaram Salvador, ima- As questões de Limites entre Portugal e Espanha e a
ginando que os portugueses não conseguiriam, pelo Formação das Atuais Fronteiras do Brasil: Tratados
tamanho da costa, impedir a ação. Essa primeira tenta- de Madri, El Pardo, Santo Ildefonso e Badajoz
tiva falhou. Seria criada, então, a Companhia Holande-
sa das Índias Ocidentais, em 1621, formada por capital A configuração dos limites territoriais alterou-se
do Estado e investidores privados, cujos objetivos eram bastante após o Tratado de Tordesilhas de 1494. Duran-
a tomada das áreas açucareiras e o controle do merca- te a União Ibérica, quando as possessões de Espanha e
do de escravos na África. Finalmente, em 1624, a capital Portugal foram fundidas, o respeito aos limites do ter-
foi ocupada por um dia, mas retomada, posteriormen- ritório deixou de ser levada a sério. Porém a ativida-
te, em ação coordenada por Matias de Albuquerque de bandeirante e a atividade pecuária aumentavam o
(governador português vigente), evitando, assim, que espaço ocupado por colonos ligados a Portugal. O Tra-
as fazendas de cana e engenhos fossem tomados. Novo tado de Utrecht, de 1713, teve como objetivo resolver
ataque aconteceu em 1627, mas o objetivo parecia ser esses problemas. Definiu que a Colônia de Sacramen-
apenas a pilhagem e, não, a ocupação da área. to, atual Uruguai, era posse portuguesa. O Tratado de
Como não conseguiam ocupar a capitania da Madri, de 1750, devolveu a Colônia de Sacramento
Bahia, os holandeses se voltaram para Pernambu- aos espanhóis, enquanto estabelecia a região dos Sete
co, que também era importante centro produtor de Povos das Missões (atual Rio Grande do Sul), do atual
açúcar. Organizados, 7.280 homens, em 65 embar- Centro-Oeste e boa parte da Amazônia como posses
cações, iniciaram o ataque em 1630 e Olinda foi portuguesas. Embora o Tratado de El Pardo, em 1761,
ocupada pelos holandeses. Estes, por sua vez, inves- tenha revogado o Tratado de Madri, o Tratado de San-
tiram na colônia que acabavam de conquistar: Mau- to Ildefonso (1777) reestabeleceu a decisão do Tratado
rício de Nassau foi feito governador-geral do “Brasil de Madri. O Tratado de Badajoz, 1801, ratificou a Colô-
218 holandês” e transformou, substancialmente, a área. nia de Sacramento como propriedade da Espanha.
AS REBELIÕES NATIVISTAS Beckman

Características: Principais Rebeliões Nativistas - O descontentamento com o governador Francisco


Revolta de Beckman, Guerra dos Emboabas, Guerra de Sá Meneses era grande: havia aparente apatia pela
dos Mascates e a Revolta de Vila Rica. situação de miséria no Maranhão e, também, pela legis-
lação relativa à escravização indígena — questão que
Palmares se relacionava com a ação jesuítica. No dia 25 de feve-
reiro de 1684, liderados pelos irmãos Manuel e Tomás
Conforme é sabido, a resistência coletiva dos escra- Beckman, os insurgentes tomaram a cidade de São
Luís e instituíram uma junta de governo com repre-
vos originou os chamados quilombos (em Angola, um
sentantes dos latifundiários, do clero e do povo. Depois
tipo de acampamento militarizado) ou mocambos
de conquistada a cidade, o movimento foi perdendo a
(que significava esconderijo). Na América portuguesa,
adesão popular e terminou em 1685, com a chegada do
os quilombos foram agrupamentos de escravizados novo governador Gomes Freira de Andrade e das tro-
fugidos, que tentavam escapar do violento sistema. pas lusas, decretando-se a prisão dos principais líderes
Esses escravizados se mantinham à margem da socie- e pondo-se fim à revolta. Embora descontentes com as
dade, em lugares de acesso difícil, sem, contudo, per- autoridades coloniais, os revoltosos não pretendiam,
derem as relações de proximidade com vilarejos e nesse movimento, romper com a Coroa portuguesa.
comunidades das proximidades.
Palmares, surgido em 1597, foi a maior comuni- Emboabas
dade de escravos fugidos que se tem conhecimento
na história da América portuguesa e ficava na Zona A Guerra dos Embobas está inserida dentro daquilo
da Mata, onde, hoje, se localiza o estado de Alagoas. que os historiadores chamam de “revoltas nativistas”,
O ambiente favoreceu o abrigo da população do qui- o que implica certo amor à pátria e desacordo com a
lombo e as palmeiras lhes possibilitaram sustento e metrópole. No início do século XVIII, o ouro é descober-
to na região das Minas e tem início o conflito entre ban-
possibilidade de confeccionar-se armadilhas, roupas
deirantes paulistas e emboabas, termo que designava
e cobertas. A partir de algum momento, Palmares
forasteiros, pela administração do território aurífero.
passou a nomear uma confederação de comunidades
A Guerra dos Emboabas foi, sobretudo, uma con-
com diversos tamanhos que se vinculavam por acor- tenda entre práticas e concepções políticas diversas:
dos. Era também por acordo que escolhiam seus líde- de um lado, os paulistas e, de outro, os forasteiros.
res, além de contar com administração pública, leis e Não se pode reduzir o conflito apenas aos desejos de
forma de governo própria, disposição militar e con- obtenção de terra e riqueza, existindo, ainda, ques-
cepções religiosas e culturais típicas que colaboravam tões sociais e políticas mais profundas.
para a coesão do grupo. Os descobridores do ouro, bandeirantes paulistas,
Obviamente, as autoridades metropolitanas per- acreditavam que mereciam um trato especial, ou as cha-
cebiam um grande risco em Palmares: além da rela- madas mercês, pelos serviços prestados à Coroa, como o
ção ativa com vilas que mediavam a região, poderia desbravamento do território e consequente descoberta
incentivar o imaginário dos escravizados, acenando de metais preciosos. No entanto, isso não ocorreu, o que
para a fuga e resistência. Em 1612, deu-se a primei- gerou, por sua vez, ressentimento por parte dos paulis-
tas. A guerra terminou em 1709, após a Coroa apoiar os
ra ação contra Palmares e a última, em 1694. Durante
emboabas, a fim de sufocar os revoltosos paulistas.
1644 e 1645, período da ocupação holandesa, Palma-
res foi crescendo, aproveitando contexto social e polí-
Mascates
tico tumultuado para se favorecer.
As autoridades coloniais direcionavam frequente- A revolta dos Mascates data de 1710 e faz parte de um
mente à confederação missões de reconhecimento e conjunto de eventos que se caracterizam pela ruptura
expedições para ataque, além das tentativas incessan- com a ordem colonial. O início do conflito deu-se quando
tes de desfazer ligações comerciais dos quilombolas os comerciantes de Recife, apelidados pejorativamente
com as comunidades próximas. Embora as ações das de mascates, clamaram pela autonomia do povoado que
autoridades portuguesas sempre acabassem fracas- era, até então, compreendido pelo porto de Olinda, uma
sadas, puderam ser, finalmente, favorecidas com as cidade já em decadência. A elite açucareira de Olinda
divisões internas que surgiriam dentro de Palmares, reagiu violentamente ao pedido de autonomia de Recife,
ocasionando sua derrocada. convocando a população pobre e criando milícias.
HISTÓRIA DO BRASIL

Nesse contexto, em 1678, Ganga Zumba e Zumbi A revolta durou menos de um ano. O grupo, forma-
criaram uma fissura em Palmares, dando início a anos do majoritariamente pela população pobre e elite açu-
careira, marchou contra Recife, forçando o governador
violentos. Ganga Zumba foi morto, por considerar
da capitania fugir para Bahia, o que deu aos revoltosos
fazer um acordo com as autoridades coloniais e, por
controle de boa parte da região por um tempo. O grupo
mais quinze anos, Zumbi conseguiu manter a liber-
de revoltosos, mais especificamente, a elite de Olinda,
dade e autonomia dos quilombolas. Contudo, o sitia- incorporou a sua pauta o propósito de tornar Pernambu-
mento feito pelas tropas coloniais, em 1694, ao Cerco co independente, vislumbrando um regime republicano.
Real do Macaco, levou à derrota da comunidade e ao Como plano alternativo, caso o plano de independência
assassinato de Zumbi. Embora com final trágico, Pal- falhasse, concebeu-se a criação de um protetorado fran-
mares permaneceu no imaginário da população cati- cês, o que nunca ocorreu, posto que a conjuntura delica-
va, representando um ideal de resistência. da da França não tornava viável esse tipo de apoio. 219
Um ano depois, os comerciantes de Recife retomaram exigia uma nova constituição e o retorno de D. João VI à
o controle da capitania, após combaterem, no interior, Europa. Em meio à formação das Juntas Constitucionais
com os revoltosos e receberem reforços de Lisboa. Ao (nas quais o Brasil também possuía representantes), D.
final, os mascates saíram vitoriosos: a elite de Olinda foi João deixa seu filho, D. Pedro, como príncipe regente e
derrotada; o controle da capitania recobrado; Recife foi volta para Portugal.
transformada em vila, convertendo-se em sede da capi- Durante 1822, houve diversos movimentos de opo-
tania de Pernambuco. Apesar do fracasso da revolta, pela sição a Portugal, principalmente no Grão-Pará e na
primeira vez, falou-se em autogoverno ou declarava-se Bahia. Entre diversas tendências, venceu aquela que
a preferência pela forma republicana de governo, o que defendeu a construção de um Estado independen-
constitui um marco importante. te, que mantivesse a escravidão e o poder das elites
econômicas. Assim, a liderança de D. Pedro, em 7 de
Vila Rica setembro de 1822, era a garantia mais próxima da
unidade em uma imensa porção de terra marcada por
A motivação para Revolta de Vila Rica, de 1720, é regionalismos e profundas diferenças sociais, as eli-
encontrada nas práticas fiscais aplicadas pela Fazenda tes temiam que uma agitação social incluísse pobres e
Real. Os revoltosos intentavam obrigar a Coroa a sus- escravizados (80% da população).
pender o estabelecimento das Casas de Fundição, local
onde o ouro era transformado em barras e se retirava OS PRINCIPAIS MOVIMENTOS PRÓ-
a parte referente ao pagamento das taxações da Coroa. INDEPENDÊNCIA: INCONFIDÊNCIA MINEIRA E
O conflito deu-se entre as autoridades metropolita- CONJURAÇÃO BAIANA
nas e a elite socioeconômica da região. Os revoltosos
faziam ações de pilhagem na região, gritando frases Inconfidência Mineira
que expressavam descontentamento com a administra-
ção. O governador da capitania reagiu com intensidade: Conformados por um grupo eclético e aliados à elite
fechou os caminhos de entrada de Vila Rica e prendeu os econômica de Minas, homens e mulheres contestaram
protagonistas do levante, enviando-os ao Rio de Janeiro. as relações coloniais, planejando um levante armado
Felipe dos Santos foi executado, por conta de sua que declararia Minas uma República. No grupo, havia
oratória que apoiava os revoltosos, tornando-o vítima cônegos eruditos, poetas, professores, inúmeros “letra-
do suplício público. dos” e membros da elite econômica. As pessoas envol-
vidas na Inconfidência apontavam para a diversidade
A CRISE DO SISTEMA COLONIAL PORTUGUÊS E OS das atividades desenvolvidas em Minas e, portanto, a
MOVIMENTOS PRÓ-INDEPENDÊNCIA NO BRASIL possibilidade de autossuficiência da capitania.
O que levou esse grupo a, de fato, considerar a
Caracterização, Influência Iluminista e a Crise rebelião consiste na articulação de fatores político-
Econômica -administrativos, econômicos e culturais. A política
metropolitana continuava a taxar a capitania e seus
D. José I, em 1750, coloca em prática as reformas de habitantes, sem considerar que a produção aurífera
Estado de seu ministro, Marquês de Pombal, das quais se havia decaído, insistindo na imposição da “derrama”.
destacam: a criação do Erário Régio (controlar os gastos Além disso, a administração ficava quase inteiramente
da Coroa), extinção das Capitanias Hereditárias (1759), fora das mãos da elite local, o que causava desagrado.
expulsão dos jesuítas e a instituição da derrama (para Supõe-se que a Conjuração começou a tomar for-
evitar as fraudes causadas com a cobrança do quinto, ma na década de 1780, sendo que o projeto de autono-
passou a exigir que os mineradores da colônia pagassem mia das Minas foi formalmente debatido em reuniões
um valor fixo de 1500 quilos de ouro por ano). locais apenas em 1788. Na metade da década de 1780,
Com a instituição da derrama e imposições centra- falava-se de uma “República Florente” e evidenciava-
lizadoras da Coroa, movimentos revoltosos e levantes -se a capacidade de Minas em tornar-se soberana.
convertem-se em uma categoria mais organizada, mais Tiradentes foi o mais ativo propagandista das
robusta e de cunho separatista que buscava autonomia ideias da Conjuração: eloquente orador, fez as ideias
de regiões coloniais. de autonomia circularem por redes que aglutinavam
Com a invasão napoleônica à Espanha e com a pri- diferentes segmentos sociais e esse é um fato essencial
são do rei em 1807, D. João viu a possibilidade de o para a compreensão da punição severa que esse per-
Império Português entrar em colapso, como começa- sonagem sofreria.
va a ocorrer com o Império Espanhol. Sendo assim, A Conjuração teria início com um motim, que
em um acordo com a Inglaterra “escondido” da Fran- deveria ocorrer no mês de fevereiro, em Vila Rica, no
ça, D. João saiu com a Família Real para o Brasil (1808), momento de imposição da derrama. Se saíssem vito-
onde pretendia manter a unidade de seu império e riosos, os conjurados irromperiam a rebelião por toda
fugir da prisão pelo exército napoleônico. Em terras a capitania, declarando a independência de Minas e a
brasileiras, o então príncipe regente deu fim ao Pacto implementação de uma República.
Colonial (abrindo os portos para a Inglaterra) e criou a Os conjurados observavam atentamente a Revo-
Imprensa Nacional, a Biblioteca Nacional, o Banco do lução Americana e procuravam aprender com a
Brasil, além de outros órgãos administrativos, como a movimentação que acontecia no norte do continente,
junta de Comércio e Conselho da Fazenda. entrevendo as possibilidades de uma República Confe-
Em 1815, o Brasil foi elevado à condição de “Reino derada. Pretendia-se exaurir a Coroa e fazê-la negociar.
Unido de Portugal e Algarves”. Dois anos depois, nasceu, Contudo, Minas encontrava-se sozinha, tanto na colô-
em Pernambuco, o primeiro grande movimento pela nia como no cenário internacional. A Conjuração foi
independência do Brasil, a Revolução Pernambucana, denunciada por Joaquim Silvério dos Reis, ativo parti-
unindo oficiais, negociantes liberais e padres. Em Portu- cipante da conjuração, que delatou a ação para receber
220 gal, eclodiu, em 1820, a Revolução Liberal do Porto, que o perdão das muitas dívidas que tinha com a Coroa.
Feita a delação, ocorreram seis denúncias. A derra- – saíram vitoriosos, uma vez que conseguiram destituir
ma foi suspensa, os conspiradores foram presos e abriu- o governo de Pernambuco e instalar brevemente uma
-se a “devassa”, busca por provas que iriam constituir república; entretanto, foram violentamente reprimidos
os autos do processo da Conjuração Mineira. Ao final de com prisões e condenações em praça pública.
três longos anos, os conjurados considerados culpados Na Europa, cessada a agitação política entre portu-
foram degradados para a África. Ainda, houve o seques- gueses e franceses, a soberania lusa conseguiu, enfim,
tro de seus bens e alguns foram condenados à forca. gozar de certa estabilidade, e um forte movimento de
Quanto a Tiradentes, sua pena foi aplicada pela pressões pôde ecoar a fim de que D. João retornasse
Coroa, de modo a ser exemplar e espetacular, fican- a Portugal. A relutância do rei em retornar causava
do, por muito tempo, na memória dos colonos. Foi indignação na população lusa, em um momento no
enforcado no Rio de Janeiro, seu corpo esquartejado qual a metrópole passava por uma grave crise de pro-
e salgado e os pedaços ficaram em exibição em pon- dução agrícola e de desvalorização do papel moeda.
tos estratégicos do Caminho Novo, sendo sua cabeça Essa agitação culminou na chamada Revolução Libe-
exposta no centro de Vila Rica. ral do Porto, também conhecida como Regeneração de
1820. O prolongamento da ausência régia na metrópole
Conjuração Baiana evidenciou que o “exercício da exclusiva vontade do rei”
não era mais cabível. Assim, profissionais liberais, advo-
A Conjuração Mineira (1788-89) — sob os ideais do gados, médicos e comerciantes reuniram-se na cidade do
iluminismo, buscava a independência de Minas Gerais Porto a fim de redigirem uma Constituição que, embora
e a fundação de uma república — e a Conjuração Baia- conservadora, propunha a limitação do poder do monar-
na (1798) — possuía ideais e propostas semelhantes ca e sua submissão à carta constitucional.
à Conjuração Mineira, além da luta pela abolição da A Regeneração também inovava ao propor a trans-
escravidão. ferência da soberania – antes circunscrita ao rei – às
chamadas Cortes. As pressões exercidas pelas Cortes
constituídas fizeram com que D. João retornasse com
sua família a Portugal, em abril de 1821, deixando,
entretanto, seu filho D. Pedro de Alcântara no Brasil.
BRASIL IMPÉRIO A promulgação da Constituição proposta pela
Assembleia Constituinte de 1820 teria validade para
O PERÍODO JOANINO todos os portugueses, o que incluía os habitantes das
colônias portuguesas, inclusive na América. Algumas
A transferência da Corte Portuguesa para o Brasil, medidas, no entanto, causaram profundo desconfor-
o governo de D. João VI no Brasil (política interna to nos grandes comerciantes do Brasil que já estavam
e externa), Revolução do Porto e partida da Família acomodados sob os privilégios concedidos pela pre-
Real, a Independência Do Brasil, Fatores que levaram sença da corte na colônia.
à independência do Brasil, a Regência de D. Pedro, a A presença da corte no Brasil (1808-1820) foi moldan-
Grito do Ipiranga e a Guerra de Independência do as consciências dos colonos a respeito da possibilida-
de de se constituir um governo real que permanecesse
Quando a corte portuguesa embarcou, fugindo estra- no Brasil. Assim, a ideia de independência começa a
tegicamente de Lisboa em novembro de 1807, o fez por- ganhar força por volta de 1821, como uma reação à Rege-
que tinha consciência dos acontecimentos recentes na neração de 1820, uma vez que esta era entendida como
Europa, em um momento em que o expansionismo de uma revolução contrária ao Brasil.
Napoleão Bonaparte parecia irrefreável. Com o conflito de interesses latente, os colonos que
Uma experiência ainda mais próxima de Portugal ganharam com a presença da corte reivindicavam um
acendeu para a monarquia o sinal vermelho e mos- governo no Brasil; a percepção da necessidade de um
trou que os prognósticos eram corretos: o rei espa- Estado Nacional brasileiro evoluiu, o que foi a grande
nhol, Fernando VII, foi deposto do trono por Napoleão, novidade revolucionária. Foi nessa configuração que
em maio de 1808. entrou a figura do príncipe regente, futuro D. Pedro I.
A fuga da corte portuguesa foi um sucesso em Outra determinação polêmica das Cortes era que
curto prazo; contudo, a longo prazo ocasionou uma as províncias do Brasil se transformassem em pro-
quebra de legitimidade do Império português em um víncias portuguesas, o que gerou, segundo comenta
momento em que os ares eram revolucionários. D. Pedro em carta a seu pai, “um choque mui grande
A presença da corte no Brasil causava incômodo nos brasileiros”. O que o príncipe regente precisava
em algumas parcelas da população; o exemplo mais fazer era equilibrar-se em um cenário instável, no
evidente desse desconforto foi a Revolução Pernam- qual havia a necessidade de se cumprir os decretos
bucana, que estourou na província de Pernambuco, das Cortes ao mesmo tempo em que era necessário
HISTÓRIA DO BRASIL

em 1817. Antes da chegada da corte, em 1808, essa corresponder os interesses do povo do território no
província ligava seu comércio diretamente a Portugal, qual ele se encontrava.
posto que as dificuldades logísticas – como rotas ter- Enquanto as Cortes foram convocadas com a fina-
restres ou fluviais – impediam o estabelecimento de lidade de reorganizar o Império Português dentro da
relações com o Rio de Janeiro. Somava-se ao fim des- dinâmica colonial, os colonos agrupavam-se cada vez
ses benefícios concedidos ao comércio pernambucano mais em torno da ideia de separação.
um período de graves secas e crises de abastecimento. Já em 1822, o príncipe regente também recebia
O movimento revolucionário pautava a necessi- pressões a fim de que retornasse a Portugal, o que
dade de se combater a crise e recuperar os benefícios gerou um episódio bastante curioso no dia 9 de janei-
comerciais, assim como a possibilidade de se romper ro de 1822, o “Dia do Fico”. Naquele dia, D. Pedro rece-
com a monarquia. Em partes, e por um curto período, os beu um requerimento que continha 8 mil assinaturas
revoltosos – homens livres, escravizados, ricos e pobres solicitando-o que ficasse no Brasil. Não se sabe quais 221
foram as verdadeiras palavras proferidas pelo jovem Durante 1822, houve diversos movimentos de oposi-
príncipe regente; contudo, consagrou-se na memória ção a Portugal, principalmente no Grão-Pará e na Bahia.
social a perspectiva de que ele ficaria a fim de preser- Entre diversas tendências, venceu aquela que defendeu
var os interesses da população brasileira. a construção de um Estado independente que mantives-
Um governo foi organizado por D. Pedro logo após se a escravidão e o poder das elites econômicas.
esse evento, tendo figuras proeminentes, como José Assim, a liderança de D. Pedro em 7 de setembro de
Bonifácio de Andrada e Silva, um moderado que fazia 1822 era a garantia mais próxima da unidade em uma
campanhas por maior autonomia da colônia, mas não imensa porção de terra marcada por regionalismos
e profundas diferenças sociais, pois as elites temiam
reivindicava uma separação radical. Foram convoca-
que uma agitação social incluísse pobres e escraviza-
dos representantes de todas as províncias e, mais tar-
dos (que somavam 80% da população).
de, uma assembleia legislativa e constituinte.
Já a politização da sociedade colonial, com a chegada
O PRIMEIRO REINADO
da corte em 1808, deu-se em conteúdos bastante inova-
dores. Aspectos da ainda recente Revolução Francesa
Panorama político-partidário, a Constituição de 1824
(1779) estavam em alta, sobretudo na crítica ao mode-
e o Panorama interno (autoritarismo do Imperador,
lo estamental de sociedade, procurando novas formas crise econômica), Panorama externo (a Guerra da
organização da sociedade, e também na crítica aos pri- Cisplatina) e a Abdicação de D. Pedro I
vilégios da nobreza e dos corpos sociais mais altos.
Depois da revolução de independência do Haiti Entre 1822 e 1831, tem-se a primeira fase adminis-
(1804), esses conteúdos se tornaram inescapáveis. Era trativa do Império, conhecida como Primeiro Reina-
preciso apropriar-se de alguns elementos e fazer uma do. A Assembleia Constituinte eleita em 1823 desejava
revolução menos radical que a francesa e bem menos a limitação dos poderes de D. Pedro I. Durante a Noite
radical que a de São Domingos, que fora liderada por da Agonia, o imperador cassou os deputados oposito-
escravos que, em alguns dias, dizimaram os senhores res, impugnou as proposições constitucionais e outor-
de engenho e suas famílias para formar um governo gou a Primeira Constituição Brasileira, em 1824. Ela
antiescravista, consolidado em 1804. estabelecia, entre outras coisas:
Esse movimento era muito temido na perspectiva
das elites coloniais brasileiras. A escravidão foi um z Existência do poder moderador, que poderia sus-
elemento importante: a dimensão do escravismo na pender o poder legislativo, executivo e judiciário;
América Portuguesa era tão grande que foi capaz de z Poder hereditário;
influenciar todos os outros aspectos da vida social, z Voto censitário, calculado pela renda.
como valores, formas de pensar, comportamento e
práticas políticas. Em reação ao autoritarismo, eclodiu, em Pernambu-
A independência, nesse sentido, mudou a forma de co, a Confederação do Equador, exigindo uma república
liberal, a abolição da escravidão e a ampliação de direi-
compreender a sociedade: não era mais uma socieda-
tos sociais. Esse movimento teve como principal líder
de estamental legitimada por Deus, embora o rico ain-
Frei Caneca, mas acabou sendo reprimida com sucesso.
da fosse rico, mas agora havia um parlamento; assim,
Entre 1825 e 1828, ocorreu a Guerra da Cisplatina
a escravidão tornou-se uma escravidão nacional, e entre o Império do Brasil e as Províncias Unidas do Rio
não mais portuguesa. da Prata. Após um desgastante e custoso conflito (o Ban-
A chegada da corte também dinamizou fluxos eco- co do Brasil chegou a falir), a independência do Uruguai
nômicos internos, graças à necessidade de abasteci- foi reconhecida. A instabilidade política também podia
mento. Em verdade, essa dinâmica e a diversificação ser verificada em episódios como a Noite das Garrafa-
da produção era anterior à chegada da corte, mas se das, demonstrando a grande divergência entre brasilei-
intensificou a partir de 1808. O Rio de Janeiro foi um ros e portugueses, juntava-se a isso a crise econômica e
epicentro que conectou São Paulo, Minas Gerais e Rio a disputa pela sucessão do trono em Portugal, levando
Grande de São Pedro (atualmente Rio Grande do Sul), D. Pedro I à abdicação do trono em 7 de abril de 1831.
tanto é que essas foram as primeiras regiões a encam-
parem o projeto de independência centrada na figura
de Pedro I, justamente por esses auspícios econômi-
cos, mas também políticos. EXERCÍCIOS COMENTADOS
1. (FCC – 2018) Leia os artigos 98 e 99 da Constituição
do Império do Brasil, outorgada em 1824:
Art. 98. O Poder Moderador é a chave de toda a orga-
nização Política, e é delegado privativamente ao Impe-
rador, como Chefe Supremo da Nação, e seu Primeiro
Representante, para que incessantemente vele sobre a
manutenção da Independência, equilíbrio, e harmonia
dos mais Poderes Políticos.
Art. 99. A Pessoa do Imperador é inviolável, e Sagrada:
Ele não está sujeito a responsabilidade alguma.

(Grafia original extraída de: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/


Independência ou morte, Pedro Américo. constituicao/constituicao24.htm)

222 Fonte: Wikimedia Commons. Conforme os artigos acima, o Poder Moderador era:
a) equivalente aos outros Poderes políticos, embora fos- Entre 1825 e 1828, ocorreu a Guerra da Cisplatina
se delegado ao Imperador, que estava sujeito ao con- entre o Império do Brasil e as Províncias Unidas do Rio
trole da Assembleia. da Prata. Após um desgastante e custoso conflito (o Ban-
b) uma forma de tutela política sobre os outros poderes, co do Brasil chegou a falir), a independência do Uruguai
exclusiva ao Imperador, que não poderia ser submeti-
foi reconhecida. A instabilidade política também podia
do a nenhum controle constitucional ou jurídico.
ser verificada em episódios como a Noite das Garrafa-
c) superior aos Poderes Políticos, mas exclusivo ao
das, demonstrando a grande divergência entre brasilei-
Poder Executivo, devendo ser utilizado para resolver
ros e portugueses, juntava-se a isso a crise econômica e
conflitos no seio do Império.
d) um modelo de organização política que viabilizava a Inde- a disputa pela sucessão do trono em Portugal, levando
pendência, considerada sagrada pela Constituição, e que D. Pedro I à abdicação do trono em 7 de abril de 1831.
tinha como função prática substituir o Poder Judiciário.
e) presidido pelo Imperador, que estava acima da cons-
tituição, e exercido de forma colegiada com os outros
Poderes Políticos, visando a harmonia da organização EXERCÍCIOS COMENTADOS
política nacional.
1. (FCC – 2018) Leia os artigos 98 e 99 da Constituição
O poder moderador era de uso exclusivo e arbitrá- do Império do Brasil, outorgada em 1824:
rio do Imperador, embora tenha sido criado apenas Art. 98. O Poder Moderador é a chave de toda a orga-
para mediar conflitos e fiscalizar os demais poderes. nização Política, e é delegado privativamente ao Impe-
Resposta: Letra D. rador, como Chefe Supremo da Nação, e seu Primeiro
Representante, para que incessantemente vele sobre a
2. (CESPE-CEBRASPE - 2018) As disputas entre D. Pedro manutenção da Independência, equilíbrio, e harmonia
I e a Câmara dos Deputados marcaram o Primeiro Rei- dos mais Poderes Políticos.
nado e resultaram na abdicação do imperador. Acerca Art. 99. A Pessoa do Imperador é inviolável, e Sagrada:
do Primeiro Reinado e do período da Regência, julgue Ele não está sujeito a responsabilidade alguma.
(C ou E) o item subsequente.
A Constituição de 1824 foi elaborada com base no pro- (Grafia original extraída de: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
jeto votado pela Assembleia Constituinte e Legislativa, constituicao/constituicao24.htm)
fechada por D. Pedro I no ano anterior. Seu texto foi envia-
do para as câmaras municipais das principais cidades do Conforme os artigos acima, o Poder Moderador era:
Império, as quais juraram cumpri-la sem contestações.
a) equivalente aos outros Poderes políticos, embora fos-
( ) CERTO  ( ) ERRADO se delegado ao Imperador, que estava sujeito ao con-
trole da Assembleia.
Muitas províncias se rebelaram em função do cará- b) uma forma de tutela política sobre os outros poderes,
ter autoritário e centralizador proposta pela Cons- exclusiva ao Imperador, que não poderia ser submeti-
tituição, dando início a um processo de críticas e do a nenhum controle constitucional ou jurídico.
disputas que levaram à abdicação do Imperador em c) superior aos Poderes Políticos, mas exclusivo ao
1931. Resposta: Errado. Poder Executivo, devendo ser utilizado para resolver
conflitos no seio do Império.
PERÍODO REGENCIAL d) um modelo de organização política que viabilizava a Inde-
pendência, considerada sagrada pela Constituição, e que
Panorama político-partidário conflituoso tinha como função prática substituir o Poder Judiciário.
(restauradores, liberais moderados e republicanos, e) presidido pelo Imperador, que estava acima da cons-
A Regência Trina Provisória, A Regência Trina tituição, e exercido de forma colegiada com os outros
Permanente, O Ato Adicional de 1834 e As Poderes Políticos, visando a harmonia da organização
Regências Unas política nacional.
Entre 1822 e 1831, tem-se a primeira fase adminis-
O poder moderador era de uso exclusivo e arbitrá-
trativa do Império, conhecida como Primeiro Reina-
rio do Imperador, embora tenha sido criado apenas
do. A Assembleia Constituinte eleita em 1823 desejava
para mediar conflitos e fiscalizar os demais poderes.
a limitação dos poderes de D. Pedro I. Durante a Noite
Resposta: Letra D.
da Agonia, o imperador cassou os deputados oposito-
res, impugnou as proposições constitucionais e outor-
gou a Primeira Constituição Brasileira, em 1824. Ela 2. (CESPE-CEBRASPE - 2018) As disputas entre D. Pedro
HISTÓRIA DO BRASIL

estabelecia, entre outras coisas: I e a Câmara dos Deputados marcaram o Primeiro Rei-
nado e resultaram na abdicação do imperador. Acerca
z Existência do poder moderador, que poderia sus- do Primeiro Reinado e do período da Regência, julgue
pender o poder legislativo, executivo e judiciário; (C ou E) o item subsequente.
z Poder hereditário; A Constituição de 1824 foi elaborada com base no
z Voto censitário, calculado pela renda. projeto votado pela Assembleia Constituinte e Legis-
lativa, fechada por D. Pedro I no ano anterior. Seu texto
Em reação ao autoritarismo, eclodiu, em Pernambu- foi enviado para as câmaras municipais das principais
co, a Confederação do Equador, exigindo uma república cidades do Império, as quais juraram cumpri-la sem
liberal, a abolição da escravidão e a ampliação de direi- contestações.
tos sociais. Esse movimento teve como principal líder
Frei Caneca, mas acabou sendo reprimida com sucesso. ( ) CERTO  ( ) ERRADO 223
Muitas províncias se rebelaram em função do cará- z Liberais moderados, que exigiam poderes monár-
ter autoritário e centralizador proposta pela Cons- quicos com restrições;
tituição, dando início a um processo de críticas e z Liberais exaltados, favoráveis ao federalismo, com
disputas que levaram à abdicação do Imperador em maior autonomia das províncias. Durante o perío-
1931. Resposta: Errado. do foram criados: o Código de Processo Criminal, a
Guarda Nacional, o Ato Adicional de 1834 (dando
Período Regencial
poder a assembleias regionais) e a Lei Feijó (que
Segundo a Constituição de 1824, a abdicação de D. abolia o tráfico no papel, mas fazia “vista grossa”
Pedro I levaria ao trono seu filho D. Pedro II. No entanto, para que ele ainda existisse na prática).
ele tinha apenas cinco anos de idade naquela ocasião.
Então, o Parlamento buscou uma alternativa: a regência. Durante a Regência Trina Provisória, Francisco de
O período regencial durou de 1831 até 1840 e foi Lima e Silva, Carneiro de Campos e Nicolau de Campos
marcado por grandes conflitos regionais. Os grupos Vergueiro estiveram à frente do poder. Durante esse
políticos dividiam-se em: curto período, o ministério deposto por D. Pedro I foi
readmitido, houve perdão aos processos políticos e os
z Restauradores: Defendiam o retorno de D. Pedro I estrangeiros foram demitidos do Exército Brasileiro. A
e, posteriormente, a coroação de D. Pedro II; Regência Trina Permanente (1831-1835) foi liderada por
z Liberais moderados: Exigiam poderes monárqui- Francisco de Lima e Silva, José da Costa Carvalho e João
cos com restrições; Bráulio Muniz.. Nesse período, ajuntamentos noturnos
z Liberais exaltados: Favoráveis ao federalismo, foram proibidos, bem como criaram-se o Código de Pro-
com maior autonomia das províncias. cesso Criminal, a Guarda Nacional, o Ato Adicional de
1834 (dando poder a assembleias regionais) e a Lei Feijó
Durante o período, foram criados: o Código de Pro-
(que abolia o tráfico no papel, mas fazia “vista grossa”,
cesso Criminal, a Guarda Nacional, o Ato Adicional
para que ele ainda existisse na prática).
(dando poder às assembleias regionais) e a Lei Feijó
A Regência Una de Feijó (1935-1938) destacou-
(que abolia o tráfico no papel, mas fazia “vista grossa”
para que ele ainda existisse na prática). -se pelo autoritarismo contra rebeliões de homens
A instabilidade política acentuou-se com a eclosão livres pobres e escravizados. No entanto, foi nesse
de diversos movimentos separatistas nas províncias período que eclodiram as principais revoltas regio-
do país. Entre eles, destacam-se: nais pelo Brasil. Em 1938, os conservadores assu-
miriam a liderança sob a Regência Una de Araújo
z Cabanada (1832-34, Pernambuco): Lutou pela res- Lima (1838-1840), responsável por tirar a autonomia
tauração da monarquia sob comando de D. Pedro I das províncias na nomeação de cargos públicos; no
e pelo fim da escravidão; entanto, sua preocupação maior, que era deter as
z Cabanagem (1835-40, Grão-Pará): Exigiu melhores revoltas regionais, não se concretizou, ficando a car-
condições de vida para a população da região. Viti- go da antecipação do Golpe da Maioridade em 1840.
mou cerca de 30 mil pessoas; Araújo Lima ainda foi responsável pela fundação de
z Revolução Farroupilha (1835-45, Rio Grande do duas importantes instituições, o Instituto Histórico e
Sul): Pregou a independência do estado e o desejo Geográfico Brasileiro (IHGB) e o Colégio D. Pedro II,
de melhores condições para os criadores de gado; no Rio de Janeiro.
z Sabinada (1837-38, Bahia): Lutou pela indepen-
O período regencial foi marcado por uma grande
dência da Bahia e pelo fim da escravidão;
instabilidade política, que se acentuou com a eclosão
z Balaiada (1838-41, Maranhão): Colocou-se contra
de diversos movimentos separatistas nas províncias
a desigualdade social e contra as injustiças come-
tidas pelas elites. do país, destacando-se:

z Cabanada (1832-34, em Pernambuco): lutavam


Preocupando-se em garantir a unidade do territó-
rio, liberais e conservadores (antigos restauradores) pela restauração da monarquia sob D. Pedro I e
fizeram uma manobra constitucional e aclamaram D. pelo fim da escravidão;
Pedro II por meio do golpe da maioridade (1840). z Cabanagem (1835-40, no Grão-Pará): lutavam por
melhores condições de vida para a população da
As Revoltas Regenciais: Cabanagem, Balaiada, região. Vitimou cerca de 30 mil pessoas;
Malês, Sabinada e Farroupilha, e A ação pacificadora z Revolução Farroupilha (1835-45, no Rio Grande
de Caxias: Balaiada, Farroupilha e Revoltas Liberais do Sul): lutavam pela independência do estado e
de 1842 por melhores condições para os criadores de gado;
z Sabinada (1837-38, na Bahia): lutavam pela inde-
Segundo a Constituição de 1824, a abdicação de D. pendência da Bahia e pelo fim da escravidão;
Pedro I levaria ao trono seu filho D. Pedro II. No entan-
z Balaiada (1838-41, no Maranhão): lutavam contra
to, ele tinha apenas cinco anos de idade naquela oca-
a desigualdade social e contra as injustiças come-
sião. Então, o Parlamento buscou uma alternativa: a
regência. O período regencial durou de 1831 até 1840 tidas pelas elites.
e foi marcado por grandes conflitos regionais. Os gru-
pos políticos dividiam-se entre: Na preocupação de garantir a unidade do territó-
rio, liberais e conservadores (antigos restauradores)
z Restauradores, que defendiam o retorno de D. fizeram uma manobra constitucional e aclamaram D.
224 Pedro I e, posteriormente, a coroação de D. Pedro II; Pedro II por meio do golpe da maioridade (1840).
O SEGUNDO REINADO z O sistema de transporte que foi modernizado com
a instalação das ferrovias a partir de 1860.
Antecipação da Maioridade de D. Pedro II, Panorama
político-partidário do II Império: conservadores e O Império começou a sofrer com legislação interna-
liberais; rivalidades iniciais; as Revoltas Liberais de cional inglesa para a proibição do tráfico, o que o levou a
1842; Conciliação, O Parlamentarismo Brasileiro e a aprovar duas medidas: a Lei Eusébio de Queirós (extinção
economia e Sociedade Cafeeiras do tráfico atlântico de escravos) e a Lei de Terras (a terra
só poderia ser adquirida por meio de compra, excluindo
futuros escravizados libertos e os imigrantes europeus
que começaram a vir).

A breve era Mauá, Política externa: Campanha contra


Oribe e Rosas; A questão Christie; A Campanha
contra Aguirre; A Guerra da Tríplice Aliança; O
comando vitorioso de Caxias na Guerra da Tríplice
Aliança

O Segundo Reinado foi marcado por uma fase de


modernização, também chamada de Era Mauá, fazendo
referência ao empresário do Império responsável por
diversos empreendimentos no período, como ferrovias,
hidrovias, bancos e telégrafos. O aparecimento de novas
técnicas de transportes — como ferrovias e navegação
—, a comunicação pelo telégrafo, o surgimento de indús-
trias de máquinas e o aumento da atividade comercial
caracterizam esse desenvolvimento econômico, acom-
panhado do crescimento de centros urbanos.
A rede ferroviária chegou a nove mil quilômetros
de trilhos, o que colocava o Brasil atrás apenas dos
Estados Unidos, no continente americano. A primeira
D. Pedro II em 1876.
ferrovia foi a Estrada de Ferro D. Pedro II, construída
Fonte: Wikimedia Commons. em 1854, no Rio de Janeiro, por iniciativa do Barão de
Mauá. Entre 1874 e 1884, o número de indústrias no
Com o golpe da maioridade, tem início o período país saltou de 175 para 600, concentrando-se na pro-
conhecido como Segundo Reinado, que se estendeu até dução de alimentos e tecidos e localizados, principal-
1889. Por meio de uma manobra conhecida como “parla- mente, no Rio de Janeiro, em São Paulo, Minas Gerais
mentarismo às avessas”, D. Pedro II exercia poder sobre e Rio Grande do Sul.
a Chefia de Gabinete e sobre o Parlamento. Embora o Na política externa, o Brasil travou um importante
legislativo fosse dividido entre o Partido Conservador conflito em 1852. A Campanha contra Oribe e Rosas,
(saquaremas) e o Partido Liberal (luzias), ambos tinham como ficou conhecida, teve como objetivo manter sua
posições semelhantes, como a manutenção da escravi- hegemonia sobre o Rio da Prata. Sendo assim, o Exército
dão e a centralização de poder pelo imperador. Brasileiro depôs Oribe do governo uruguaio e Rosas do
O desafio inicial do imperador era debelar as governo argentino. Já na década de 1860, o Brasil rom-
revoltas regionais herdadas do período regencial, peu relações entre 1863 e 1865 com a Inglaterra por con-
sendo que, em 1842, eclodiu ainda a Revolta Liberal ta de tensões em mar, quando o governo brasileiro se
recusou a indenizar os ingleses pelo saque da mercado-
em Minas Gerais e em São Paulo, marcando a dispu-
ria do navio Christie (por isso, o impasse ficou conheci-
ta de poder entre liberais e conservadores por espaço
do por Questão Christie). O Brasil invadiria novamente o
no poder. Liderada, em terras paulistas, por Tobias de Uruguai em 1864; dessa vez, resultaria no maior conflito
Aguiar e Padre Feijó, eles conquistaram diversas cida- armado da história da América do Sul.
des do interior, sendo, no entanto, derrotados pela Em 1864, a Campanha contra Aguirre levou o
tropa do Barão de Caxias em Campinas. Em terras Brasil a depor o então presidente uruguaio para colo-
mineiras, a liderança ficou a cargo de Teófilo Otoni, car seu aliado Venâncio Flores. Essa atitude desagra-
que conseguiu a adesão de algumas cidades e o blo- dou diretamente o ditador uruguaio Solano Lopez.
queio da Estrada Real entre Ouro Preto e Rio de Janei- Assim, em 1865, teve início a Guerra do Paraguai, ou
ro, mas acabou derrotado por Caxias em Santa Luzia. Guerra da Tríplice Aliança, iniciada a partir da inter-
Essas derrotas fortaleceram a moral tanto do jovem venção brasileira sobre os governos do Uruguai e da
HISTÓRIA DO BRASIL

imperador quanto do Exército Brasileiro, que passou Argentina, desagradando os interesses paraguaios
a ver em Caxias um grande líder. na Bacia Platina. Em resposta, os paraguaios inva-
O Segundo Reinado foi marcado também por uma diram o atual Mato Grosso do Sul. A guerra opôs os
paraguaios, liderados pelo ditador Solano Lopez, e
fase de desenvolvimento econômico. O sucesso do ciclo
a Tríplice Aliança, formada por Brasil, Argentina e
do café (1830-1950) foi possível pelo fortalecimento da
Uruguai. Vale destacar que o comando vitorioso de
Inglaterra e dos Estados Unidos como mercados consu- Caxias passou a ser extremamente decisivo a partir
midores, além de algumas condições internas: de 1867, com destaque para as vitórias nas batalhas
de Humaitá, Avaí (representada no quadro de Victor
z A abertura de caminhos que ligavam o litoral ao Meirelles, a seguir), Itororó, Lomas Valentinas, Angos-
interior passando pelo Vale do Paraíba; tura e a tomada de Assunção em janeiro de 1869. O
z A disponibilidade de terras herdadas da política de Brasil acabou indo mais além que uruguaios e argen-
vigilância na época do ouro; tinos, arrastando a guerra até o assassinato de Lopez, 225
em 1870. Mesmo vitorioso, o Brasil passou a enfrentar A ABOLIÇÃO DA ESCRAVATURA
um processo de crise, que desencadearia o início do
processo enfraquecimento da monarquia brasileira, Abolição
culminando em sua queda, em 1889.
Com o fim da Guerra Civil estadunidense (1861-
1865) e a abolição da escravidão naquele país, o
“pesadelo” abolicionista voltou a assombrar as elites
brasileiras, tão dependentes desse tipo de mão de
obra. Assim, como as próprias elites percebiam que
não haveria maneiras de se escapar desse debate em
território nacional, tomaram algumas medidas de
modo a fazer o Estado tomar a vanguarda das discus-
sões, na intenção de propor um ritmo gradual e segu-
ro para a causa abolicionista.
É sob essa perspectiva que surge a Lei do Ventre
Livre, em 1871, que estipulava que negros nascidos a
partir da promulgação dessa lei fossem livres, embora
devessem prestar serviços ao senhor até a idade de
Representação feita, em 1882, por Victor Meirelles sobre a Batalha 21 anos, a título de ressarcimento pelos gastos de sua
do Riachuelo travada durante a Guerra do Paraguai. criação, ou que os senhores recebessem uma indeni-
zação quando o escravizado completasse oito anos.
Fonte: Wikimedia Commons.
Essa lei também fez com que se passasse a se reconhe-
A IMIGRAÇÃO EUROPEIA; cer socialmente as famílias de libertos, e inaugurou
uma série de debates políticos a respeito dos direitos
Imigração políticos dessa população.
A elite cafeeira paulista engrossava as fileiras crí-
Antes mesmo da proibição do tráfico negreiro, os ticas às políticas intervencionistas do Estado, sobretu-
do a partir de 1873, quando se agruparam em torno
grandes produtores e proprietários de terra preocu-
do Partido Republicano Paulista. Eram homens que
param-se em encontrar formas de substituir a mão de
advogavam a causa republicana, mas preferiam silen-
obra de origem africana. ciar-se a respeito dos debates abolicionistas, visto que
A utilização da mão de obra imigrante europeia foi eram grandes proprietários de escravizados.
vista positivamente por alguns motivos: dificuldade em Dez anos depois, já havia uma quantidade elevada
empregar homens livres brasileiros; contexto de crise de sociedades abolicionistas; a escravidão havia sido
que assolou alguns países europeus durante o século extinta nas províncias do Amazonas e Ceará, em 1884,
XIX; inclusão do discurso racista, segundo o qual o Bra- e, um ano depois, era promulgada a Lei Saraiva-Cotegi-
sil deveria se “embranquecer” para se desenvolver. pe, conhecida como Lei dos Sexagenários, que garantia
Os primeiros imigrantes europeus não portugueses liberdade aos escravos com 60 anos de idade ou mais,
foram os suíços, trazidos ao Brasil a mando de D. João VI. cabendo aos proprietários de escravos indenização.
Em 1818, o governo assentou famílias suíças nas serras flu- É importante dizer que os brancos não foram os úni-
minenses, e lá fundaram o município de Nova Friburgo. cos, nem mesmo os mais importantes, em torno da causa
No mesmo ano, colonos alemães foram mandados abolicionista. Negros escravizados tiveram participação
ativa nesse processo: com astuta percepção do momen-
para a Bahia. Em 1824, os alemães chegaram ao sul do
to em que viviam, esses indivíduos tinham consciência
país e instalaram-se em São Leopoldo, no Rio Gran-
de que o sistema escravocrata perdia sua legitimidade;
de do Sul. Durante muito tempo, eles foram os mais assim, fugiam, revoltavam-se e utilizavam-se constante-
numerosos imigrantes do Brasil, superados posterior- mente da violência para contestar as condições em que
mente pelos italianos. A imigração alemã foi longa, viviam. Ademais, outras formas de solidariedade, como
estendendo-se de 1824 até a década de 1960, com cer- o casamento, o apadrinhamento, as associações em
to crescimento durante o período de 1920, por conse- irmandades, a proliferação de quilombos, entre outras,
quência do fim da Primeira Guerra Mundial. forçaram as elites brancas à negociação.
A Lei Eusébio de Queirós, de 1850, aboliu o tráfico A tardia Lei Áurea, de 1888, validava assim uma
negreiro no Brasil. Isso fez com que os cafeicultores forças- situação que já se via irreversível; ou seja: o movi-
sem o Império a adotar medidas mais efetivas para atrair mento abolicionista, em suas diversas facetas e mani-
imigrantes para o trabalho nas lavouras. Essa pressão seria festações, havia feito todo o trabalho até ali. Contudo,
reforçada com a abolição da escravatura em 1888. a assinatura da lei por Isabel marca definitiva e ofi-
Com isso, a imigração italiana teve o seu auge entre cialmente o fim da escravidão no Brasil.
A consequência para a monarquia foi definitiva, o
1880 e 1930, principalmente em São Paulo e Minas
golpe de misericórdia havia sido dado e a última sus-
Gerais e, posteriormente, nos estados do sul. Os imi-
tentação havia se perdido, uma vez que os cafeicultores
grantes italianos fixaram-se no território brasileiro logo romperam completamente os laços com o Império.
com os mais variados negócios, como ramo cafeeiro,
atividades artesanais, policultura, atividade madeirei- A Guerra do Paraguai
ra, produção de borracha, vinicultura e comércio. No
início do século XX, foi a vez dos japoneses desembar- A política de intervenção do Brasil nos governos
carem rumo às lavouras de café em São Paulo e no do Uruguai e da Argentina soou para os ouvidos para-
Paraná em fuga do empobrecimento que a moderni- guaios como um desrespeito à política externa equili-
226 zação de seu país causava aos pequenos agricultores. brada na região da Bacia do Rio da Prata. O Brasil vinha
intervindo na sucessão presidencial dos países vizinhos, Crise da Monarquia e Proclamação da República
visando impor-se politica e economicamente na região.
Solano Lopez decidiu iniciar um conflito contra o O conflito levou ao surgimento da Questão Militar,
envolvendo os direitos sociais e políticos dos militares.
Brasil invadindo o atual Mato Grosso do Sul e apri-
Com o surgimento do Partido Republicano, em 1873,
sionando o navio Marquês de Olinda. Com os aliados
uma ala mais radical do Partido Liberal passou a con-
políticos Bartolomé Mitre, na Argentina, e Venâncio testar a centralização monárquica. O movimento aboli-
Flores, no Uruguai, D. Pedro II assinou o Tratado da cionista ganhava cada vez maior repercussão em busca
Tríplice Aliança em maio de 1865, prevendo não dar da aprovação de leis que dessem fim à escravidão.
fim à guerra até a queda de Solano Lopez, além da Ademais, houve uma quebra no elo com os conser-
completa desmobilização do exército paraguaio e de vadores, quando o Império passou a recusar as inter-
novos acordos territoriais. venções do Vaticano sobre a Igreja no Brasil, episódio
Sob a liderança do Duque de Caxias, as tropas da conhecido como Questão Religiosa.
Tríplice Aliança tomaram Assunção em janeiro de 1869. O rompimento definitivo viria com o fim da escra-
O Império, no entanto, decidiu não dar fim ao conflito vidão. A partir da Lei do Ventre Livre, em 1871, e da
enquanto o ditador paraguaio não estivesse morto, o Lei dos Sexagenários, em 1883, a abolição pareceu
inevitável. No entanto, os escravocratas radicalizaram
que aconteceu apenas em 1º de março de 1870, já sob a
sua oposição aos abolicionistas a partir de 1885, proi-
liderança de Conde D’Eu. As consequências vieram na
bindo seus eventos e organizando ataques.
forma de endividamento com a Inglaterra, tensões par- Diante da iminência de uma guerra civil, o Império
tidárias entre liberais e conservadores no parlamento, decidiu mediar o fim da escravidão com a Lei Áurea,
tensões entre elites políticas regionais com o poder em 13 de maio de 1888, o que fez com que perdesse o
monárquico e a politização do exército brasileiro. apoio dos cafeicultores do Vale do Paraíba, que fica-
ram conhecidos como “republicanos de última hora”.
A CRISE DO IMPÉRIO: QUESTÃO RELIGIOSA; Por fim, um golpe militar com o apoio de setores civis
REPUBLICANISMO; QUESTÃO MILITAR; realizou a Proclamação da República, em 1889.
POSITIVISMO; A PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA

A Questão Militar
EXERCÍCIOS COMENTADOS
Após o fim da Guerra do Paraguai, muitos grupos
1. (VUNESP – 2019) Em 1789, no engenho de Santana
do exército reivindicaram determinados interesses
de Ilhéus, Bahia, os escravos mataram o feitor e se
corporativos, como melhores condições, diminuição
adentraram nas matas com as ferramentas do enge-
da intervenção civil monárquica sobre o Alto Oficiala- nho, até reaparecerem algum tempo depois com uma
to e maior espaço de participação na política. proposta de paz em que pediam melhores condições
Na década de 1880, esse descontentamento passou de trabalho, acesso a roças de subsistência, facilida-
para outros temas: os militares defendiam políticas de des para comercializar os excedentes dessas roças,
industrialização, urbanização acelerada, maior inves- direito de escolher seus feitores, licença para celebrar
timento em ferrovias, além de muitos oficiais e solda- livremente suas festas, entre outras exigências.
dos serem adeptos do abolicionismo. Em um episódio No evento apresentado, é correto reconhecer:
em que um soldado foi impedido e depois punido por
homenagear os jangadeiros do Ceará na luta contra a) os mecanismos de resistência à escravidão foram
a escravidão, o exército e diversos líderes militares, raros e efêmeros, porque o caminho da negociação
direta entre os escravos e os seus senhores era fre-
como Deodoro da Fonseca e Benjamin Constant, se
quente e fez com que as condições de trabalho dos
solidarizaram e também foram deslocados de suas
escravos fossem razoáveis.
funções ou receberam advertências. b) a importância da exploração do trabalho compulsório
Mesmo com a “anistia”, o Império não conseguiu no Brasil foi superestimada, tendo em vista que as
desarticular uma posição mais ampla para além dos epi- insistentes rebeliões de escravos não atrapalhavam a
sódios: os militares estavam convencidos de seu direito e produção de mercadorias no campo.
sua obrigação de intervir na política para salvar o país dos c) as revoltas escravas eram recorrentes apenas nas
desmandos da elite imperial; essa saída seria a república. regiões produtoras de açúcar, e o efeito imediato dessas
revoltas foram leis ampliando os direitos dos escravos e
A Questão Religiosa restringindo a ação dos senhores sobre seus escravos.
d) as atividades relacionadas à agro exportação eram
HISTÓRIA DO BRASIL

O artigo 5° da Constituição de 1824 estipulava que dependentes do trabalho escravo, mas o mesmo não
o catolicismo era a religião oficial do Império, sen- ocorria com as outras atividades econômicas, que já
do permitidos apenas cultos domésticos ou privados contavam com outras modalidades de trabalho livre.
e) as rebeliões representavam uma forma clara de resis-
para outras denominações. A Igreja Católica entrou
tência contra a escravidão e, ao mesmo tempo, nem
em conflito com a Monarquia por conta da vigência
sempre objetivavam a liberdade imediata dos rebela-
do beneplácito régio, que previa que as bulas papais dos, mas diminuir os níveis de opressão e a busca por
teriam de ser aceitas pelo governo imperial. algum benefício.
Em 1872, o papa Pio IX ordenou que todos os
maçons fossem excomungados da Igreja. A medida, Efetivamente, as resistências à escravidão nem sem-
rejeitada pelo imperador, foi posta em prática por pre visavam a imediata liberdade, mas formas de
dois bispos de Olinda e Belém, que acabaram presos. tornar o cotidiano mais digno. No que se refere às 227
demais alternativas, desde o início é possível des- Adriana Lopez e Carlos Guilherme Mota. História do
cartá-las, pois houve inúmeras formas de resis- Brasil: uma interpretação. São Paulo: Editora SENAC
tência na América portuguesa, seja ela solitária São Paulo, 2008, p. 462-8 (com adaptações).
ou comunitária. Além disso, as rebeliões escravas Tendo o texto acima como referência inicial, julgue
causavam grande desconforto e conturbação nas o item seguinte, considerando o quadro de crise que
atividades econômicas da colónia e todas as ativi-
leva à queda do regime monárquico e à sua substitui-
dades econômicas desenvolvidas eram dependentes
do trabalho escravo. Resposta: Letra E. ção pelo regime republicano.
Com a Guerra do Paraguai, o Exército conheceu pro-
2. (VUNESP – 2018) Em sua obra Desagravos do Bra- fundas mudanças e tornou-se crescentemente um
sil e glórias de Pernambuco, datada de 1757, o padre canal de ascensão social; todavia, terminado o confli-
Domingos Loreto Couto afirma: “Não é fácil determi- to, demonstrou forte apatia pela política, optando por
nar nestas Províncias quais sejam os homens da Ple-
emprestar seu apoio discreto a uma monarquia em
be; porque todo aquele que é branco na cor, entende
estar fora da esfera vulgar. Na sua opinião, o mesmo é crise, em vez de se engajar na campanha republicana,
ser alvo, que ser nobre, nem porque exercitam ofícios cada vez mais popular.
mecânicos perdem esta presunção […] O vulgo da cor
parda, com o imoderado desejo das honras de que o ( ) CERTO  ( ) ERRADO
priva não tanto o acidente, como a substância, mal se
acomoda com as diferenças. O da cor preta tanto que O exército foi a instituição que mais saiu fortalecida
se vê com a liberdade, cuida que nada mais lhe falta após a guerra, somando-se à fileira de críticos não
para ser como os brancos” (Carlos Guilheme Mota.
somente à política da monarquia, mas também da
Viagem Incompleta – formação: histórias).
Segundo o texto, a dificuldade em determinar quem escravidão. Membros importantes do exército esti-
são os homens da plebe na província de Pernambuco veram envolvidos com o planejamento e golpe que
em meados do século XVIII deve-se: colocou fim ao Império. Resposta: Errado.

a) à multiplicidade de grupos étnicos, que prejudica a dis- 4. (VUNESP – 2019) “Talvez seja de alguma utilida-
tinção entre brancos, pardos e pretos pelo observador. de acompanhar de perto as manobras políticas dos
b) ao fato de brancos, pardos e pretos considerarem que
líderes dos fazendeiros, na década de 1880, quando
podem alcançar a condição de nobreza, a partir de
conseguiram organizar um sistema que forneceu a pri-
seus atos e ações.
c) à grande mobilidade daquela sociedade, que permite meira imigração em grande escala no país e permitiu
que pardos e pretos possam ascender aos patamares a abolição da escravidão de forma relativamente pací-
dos brancos. fica – especialmente em comparação, por exemplo,
d) ao não reconhecimento, por parte dos pardos e pretos, de com os EUA, onde o processo de abolição levou qua-
sua condição vulgar e inferior em relação aos brancos. tro anos de guerra civil e acarretou 600 mil mortos.”
e) ao grande número de pardos que executam ofícios
(Michael Hall. “Os fazendeiros paulistas e a imigra-
mecânicos e pretos libertos que se colocam acima de
sua condição de origem ção”. In: Fernando Teixeira da Silva et al. (org.) Repúbli-
ca, liberalismo, cidadania. Piracicaba: Editora UNIMEP,
A alternativa aborda questões sociais típicas de 2003. p. 153)
uma colônia que possuía grande contingente de O texto alude a dois fenômenos sociais interligados,
negros escravizados, de modo que não ser preto já em uma situação histórica, no Brasil, de:
parecia indicar, enquanto durou o trabalho escravo,
alguma ascendência social. Resposta: Letra B.
a) desenvolvimento da economia urbano-industrial em
3. (CESPE-CEBRASPE – 2019) O Segundo Reinado com- prejuízo dos latifúndios monocultores.
preende quatro décadas, abrangendo desde o golpe da b) guerra civil com o objetivo de extinguir a exploração
Maioridade (1840) à Proclamação da República (1889) social, assim como ocorria em outros países americanos.
e determinando quatro períodos, que podem ser apon- c) oposição das elites políticas brasileiras à entrada no
tados como a mais longa fase da história política do país de populações de origens nacionais diversas.
Brasil. Houve um primeiro período, de organização, do d) garantia de manutenção da oferta de trabalho para
Segundo Reinado – de 1840 a 1850 – que primou pela
uma economia dinâmica agroexportadora.
repressão aos levantes regionais do período regen-
cial, preparação do imperador e montagem do apara- e) estabilidade socioeconômica em um momento de
to legislativo para garantir a ordem constitucional. O aprofundamento das lutas políticas republicanas.
segundo período – de 1850 a 1864 – caracterizou-se
por certa estabilidade, quando se implementaram as Sob os avanços inegáveis em torno da pauta abo-
primeiras iniciativas materiais de porte. No terceiro licionista, os fazendeiros, sobretudo paulistas, se
período – de 1864 a 1870 – sobressaiu a campanha mobilizaram em prol da imigração. Nesse contexto,
da guerra contra o Paraguai, transformada em ques-
já é possível diagnosticar as tendências de se incen-
tão nacional. O último período – de 1870 a 1889 – foi
marcado não só pelo desenvolvimento econômico, tivar uma imigração branca, de modo a não somen-
mas também pelo aprofundamento das contradições, te substituir a mão-de-obra negra escravizada, mas
228 ampliado com a propaganda republicana. também branquear o país. Resposta: Letra D.
novas eleições. Foi no governo de Floriano que surgiu
BRASIL REPÚBLICA o que ficou conhecido como “florianismo”, movimen-
to que aconteceu entre 1893 e 1897, no Rio de Janeiro,
A REPÚBLICA VELHA com expressiva participação popular. O líder conse-
guira, de fato, entusiasmar setores expressivos das
A República da Espada: os governos de Deodoro e de camadas médias urbanas e da população em geral,
Floriano Peixoto e as Revoltas da Armada mas o autoritarismo permaneceu.
Ainda assim, a Marinha não recuou e, em setem-
Em 1889, a campanha republicana ganhou força bro de 1893, um grupo de oficiais exigiu a convocação
no Brasil; nesse contexto, foi criada a “Guarda Negra”, de novas eleições presidenciais, visto que se sentiam
espécie de força paralela ao Exército composta por particularmente negligenciados pelo poder republica-
negros libertos, que procurava proteger a monarquia. no. Esse grupo estava crente de que era preciso rebe-
A situação dos libertos ainda era delicada e, na época, lar a Armada contra Floriano para que assim pudesse
acreditava-se que apenas a monarquia tornaria pos- recuperar seu antigo prestígio.
sível a abolição, advindo daí a lealdade da guarda à Floriano Peixoto, por sua vez, reprimiu a armada e
família imperial, pois receavam que sua condição de decretou estado de sítio, recebendo a alcunha de Mare-
libertos pudesse ser revertida. chal de Ferro. Em 1894, finalmente, novas eleições foram
Em 15 de junho de 1889, na saída do Teatro convocadas, transferindo o governo a civis e inauguran-
Sant’Ana, o imperador Dom Pedro II sofreu um aten- do um novo modo de se fazer política, em um período
tado que, embora não tenha causado nenhuma gra- que ficou conhecido como República Oligárquica.
vidade, tornou-se um evento notório quando lhe
foram atribuídos significados maiores: apontava a
fragilidade do regime e a demonstração manifesta de
descontentamentos. As autoridades tentavam censu-
rar as manifestações de insatisfação e clamados pela
EXERCÍCIOS COMENTADOS
República, mas era inútil dissimular normalidade. A 1. (FCC – 2018) A constituição de 1891 excluiu as seguin-
monarquia não se sustentava mais. O Exército, por tes categorias do corpo eleitoral: mendigos, analfabetos,
sua vez, se manifestava exigindo maior representação
política, como vimos, e era dele que viriam os princi-
a) militares de baixa patente e membros do clero regular.
pais defensores da República.
b) mulheres e soldados do exército republicano.
Marechal Deodoro obrigou o visconde de Ouro
c) cidadãos que não comprovassem renda de 100 mil
Preto a se demitir – aquele que havia formado um
réis anuais, e escravos.
gabinete disposto a fazer reformas e demonstrar
d) religiosos vinculados às diferentes crenças, e estrangeiros.
que a monarquia podia se renovar. Entre a demissão
e) imigrantes não naturalizados, e libertos.
de Ouro Preto e a proclamação da República, houve
um espaço de tempo; o anúncio foi feito na Câmara
Militares de baixa patente, como muitos outros per-
Municipal do Rio de Janeiro, por José do Patrocínio e,
no dia seguinte, já se falava nos jornais do Governo sonagens, foram excluídos do processo democrático.
Provisório. No dia 16 de novembro, o Governo Pro- Os militares, porque os legisladores esperavam impar-
visório anunciou o banimento da família real, dando cialidade para que pudessem cumprir suas determina-
um prazo de 24 horas para que ela deixasse o Brasil. ções profissionais, e os clérigos, porque estavam em
Se a monarquia teve seus dias expirados, o projeto número superior, tanto formal quanto informalmente,
republicano não se tornou por isso mais consolida- o que os fazia potenciais “influenciadores” e “promo-
do. Era notável que mudanças aconteciam no âmbito tores de distúrbios”. Resposta: Letra A.
político e social: o romantismo deu lugar ao mate-
rialismo e ao positivismo; passava-se a almejar o 2. (ENEM – 2018) Código Penal dos Estados Unidos do
progresso e a modernidade, que eram associados à Brasil, 1890.
república. Porém, apesar das ideias progressistas e Dos crimes contra a saúde pública:
modernas, ainda havia dúvidas sobre o projeto repu- Art. 156 Exercer a medicina em qualquer dos seus
blicano e seu futuro. ramos, a arte dentária ou a farmácia; praticar a
Até 1894, o país experimentou a tutela militar. Os dois homeopatia, a dosimetria, o hipnotismo ou magne-
primeiros governos foram encabeçados pelo marechal tismo animal, sem estar habilitado segundo as leis e
Deodoro da Fonseca, líder do golpe de Estado de 15 de regulamentos.
novembro, e foram sucedidos por Floriano Peixoto. Art. 158 Ministrar, ou simplesmente prescrever, como
Durante o governo de Deodoro, em 1891, eclodiu a meio curativo para uso interno ou externo, e sob qual-
primeira Revolta Armada, que também ficou conhe- quer forma preparada, substância de qualquer dos rei-
HISTÓRIA DO BRASIL

cida como Revolta da Esquadra, liderada por mem- nos da natureza, fazendo, ou exercendo assim, o ofício
bros da Marinha Brasileira. Seu estopim se deu por denominado curandeiro.
conta do autoritarismo de Deodoro, que havia, inclu- No início da Primeira República, a legislação penal
sive, fechado o Congresso (em clara violação da Cons- vigente evidenciava o(a)
tituição), demonstrando sua inabilidade em lidar com
a oposição. Com a Primeira República, veio também a) negligência das religiões cristãs sobre as moléstias.
uma crise econômica e de descontentamento. Por fim, b) desconhecimento das origens das crenças tradicionais.
em 23 de novembro de 1891, Deodoro renunciou, ten- c) preferência da população pelos tratamentos alopáticos.
do em vista a possível guerra civil caso insistisse em d) abandono pela comunidade das práticas terapêuticas
manter-se no poder. de magia.
Floriano Peixoto, seu vice, assumiu a presidência e) condenação pela ciência dos conhecimentos popula-
e se manteve no cargo, embora devesse ter convocado res de cura. 229
Com o projeto republicano, deu-se lugar ao positivismo z Contestado (1912-1916)
e ao materialismo, tal como a um senso de progresso e
Desde a criação da província do Paraná, em 1853, seus
modernidade que já não comportava os conhecimentos dirigentes questionavam os limites estabelecidos com San-
populares e não científicos. Resposta: Letra E. ta Catarina. Essa divergência, entre outros fatores, levou à
Questão do Contestado, como ficou conhecida a região dis-
A Constituição de 1891 putada por Santa Catarina e Paraná. Em 1890, catarinen-
ses solicitaram ao governo brasileiro a definição de limites
A Constituição republicana de 1891 definiu as entre Santa Catarina e Paraná. Sem resposta, resolveram
bases do novo regime nos termos do presidencialismo, entrar com uma ação judicial para ficarem com a posse da
do federalismo e do sistema bicameral. Na questão do região situada ao sul dos rios Negro e Iguaçu.
voto, foram mantidas as reformas restritivas imple- Por duas vezes, o governo federal deu ganho de causa a
mentadas no fim do Império, excluindo os analfabe- Santa Catarina (1904-1910) e o Paraná conseguiu impedir a
tos. Esse é um aspecto fundamental, pois a maioria demarcação de terras. Concomitantemente a essa questão,
esmagadora da população era analfabeta e, portanto, no ano de 1910, a companhia estadunidense Brazil Rail-
way Company ganhou a concessão para construir uma
deveria ficar fora das eleições. A constituição introdu-
estrada de ferro que ligava o estado de São Paulo ao Rio
ziu o registro civil de nascimentos, casamentos e mor-
Grande do Sul. Para cumprir um dos termos do contrato,
te, assim como separou o Estado da Igreja. a companhia se responsabilizou por 9 km de cada lado da
via férrea. Isso ocasionou a desapropriação de terras dos
Guerras de Canudos (1896 - 1898) e Contestado antigos habitantes, que não possuíam a propriedade legal.
(1912 - 1916); Em 1911, a Lumber, poderosa empresa madeireira
ligada a Brazil Railway, estabeleceu-se na zona contesta-
z Guerras de Canudos (1896-1898) da. Tinha autorização para explorar a madeira da região,
comprometendo-se pela colonização. Isso afastava a possi-
Em 1896, teve início um conflito de grande visibilida- bilidade de um acordo entre Paraná e Santa Catarina, pois
de nos anos iniciais da República: Canudos. A rebelião ambas queriam ficar com a posse da região, onde se espe-
opunha a população de Canudos, um arraial que cresceu rava um grande desenvolvimento econômico. Quando a
no interior na Bahia, ao recém-criado regime republica- construção da estrada de ferro terminou, deixou cerca de 8
mil trabalhadores desempregados. Eles haviam sido recru-
no. Esse movimento sociorreligioso foi liderado por Antô-
tados em vários estados brasileiros. Os donos das fazendas
nio Conselheiro e durou de 1896 a 1897. Essa população
ficaram preocupados com tantos desocupados que inva-
se rebelava contra o aumento do imposto republicano. diam as propriedades para sobreviverem.
Na região de Campos Novos, surgiu um monge, José
Maria, que era um desertor do exercito paranaense.
Monarquista, agrupou a população pobre, sem terra e
desempregada, que via nele um curandeiro e profeta, for-
mando grupos com alguma militarização. Ele pregava a
existência de um reino milenarista, que tinha a crença de
que o Messias destruiria o mal e inauguraria um reino de
felicidade, um reino paradisíaco de mil anos. Nesse reino,
vigoraria a lei de Deus, todos teriam lugar para plantar e
haveria prosperidade e justiça.
José Maria foi morto em 1912 após luta contra a força
policial requisitada por fazendeiros da região; porém, os
paranaenses acabaram derrotados. No entanto, os redu-
tos foram sendo constantemente atacados, até finalmente
Os sobreviventes de Canudos em 1897.
Fonte: MultiRio. serem derrotados em 1916 por forças do governo federal.
Antes de se estabelecerem na fazenda de Canudos, Ao fim, um tratado territorial foi assinado entre Santa
Catarina e Paraná.
o grupo sob liderança de Conselheiro peregrinava pelo
sertão, e chegou a reunir cerca de 24 mil habitantes
após a fundação de um arraial, batizado de Belo Monte.
O que gerou tanto incômodo no governo republi-
cano e nos grandes proprietários de terra a respeito
do movimento de Canudos foi que ele traduzia uma
nova maneira de viver no sertão, à parte do sistema.
Era uma experiência social e política muito distinta Área Área
contestada de
daquela do governo central, pois as pessoas de Canu- Guerra

dos viviam do uso coletivo da terra, além da distri-


buição equitativa daquilo que nela se produzia. Além
disso, Canudos não estava submetido nem aos pro-
prietários de terra nem aos chefes políticos da região.
O governo enviou a Canudos quatro expedições
formadas por tropas do Exército, mas só obteve suces-
so no quarto e últimos atentado. Prometeram que se a
população se rendesse, sobreviveriam, mas o acordo
não foi mantido e comunidade foi dizimada. A Repú-
blica queria transformar Canudos em um exemplo: Região do “Contestado”.
230 era isso que se recebia por não fazer parte do sistema. Fonte: Senado Federal.
O Tenentismo, as revoltas de 1922 - 1924 e a Em 1894, depois de anos em que o governo da
“Coluna Prestes” República havia ficado nas mãos de militares, novas
eleições foram convocadas, e Prudente de Morais, do
O movimento Tenentista destacou-se primeiro Partido Republicano Paulista, venceu a disputa. Era
com os “18 do Forte de Copacabana” em julho de 1922. a vitória da corrente moderada do PRP, que preten-
Entre 1924 e 1926, a Coluna Prestes, sob a liderança de dia uma política de pacificação do país e garantia dos
Miguel Costa, Luís Carlos Prestes e Juarez Távora, pre- interesses das elites cafeicultoras de São Paulo. A par-
tendia sacudir o país, guiada pelo sentimento patrió- tir de 1898, foi criada a Política dos Governadores, ou
tico de libertar as massas da dominação dos coronéis. Política dos Estados, que reconhecia a autonomia das
elites regionais — o que significava, por vezes, ignorar
os excessos dessa elite. O controle do governo fede-
ral, a partir desse período, revezava-se entre Minas
Gerais e São Paulo, posto serem essas as unidades da
federação reconhecidas como as mais importantes, já
que seus eleitorados eram grandes e implicavam em
significativa presença parlamentar.
A estabilidade política da República garantia-se por
meio de três procedimentos: a conservação, pelos gover-
nadores, dos conflitos à esfera regional; o reconheci-
mento, pelo governo federal, da autonomia dos estados
frente à política interna e, por fim, a manutenção de um
processo eleitoral em que as fraudes eram frequentes.
Alguns dos processos de fraudes presentes no regime
Coluna Prestes.
podem ser exemplificados pela chamada “degola”, que
Fonte: Wikimedia Commons. consistia no não reconhecimento do eleito pela Comis-
são de Verificação da Câmara dos Depurados, e pelo
A insatisfação tinha entre seus atores: a classe média
“voto de cabresto”, que era uma prática muito comum
(descontente com a inflação), os intelectuais (viam o coro-
e dizia respeito à lealdade dos votantes ao chefe local.
nelismo como uma “pedra no caminho” para o Brasil se
Havia, ainda, o chamado “curral eleitoral”, que aludia
tornar civilizado), os empresários (ligados aos setores têx-
ao barracão onde os votantes eram mantidos e vigiados,
teis e alimentícios que exigiam uma política de industriali-
saindo do local apenas na hora de depositar o voto, que
zação para o país), os operários (combativos e organizados
já estava dado ao receberem um envelope fechado.
em torno do Partido Comunista, fundado em 1922) e os ofi-
O voto era uma espécie de moeda de troca, já que as
ciais do Exército (defendendo um Estado forte, autoritário
relações de poder se desenvolviam a partir do muni-
e intervencionista para a modernização do país). cípio, o que deu origem ao que os historiadores cha-
mam de coronelismo. Esse fenômeno dava vistas a um
A Revolução Federalista, A República oligárquica:
complexo sistema de negociação entre chefes locais e
caracterização: “coronelismo”, “voto de cabresto”, governadores de estados, e destes com o presidente.
política do “café com leite”, política de valorização O coronel foi um elemento fundamental na estrutura
do café e a “política dos governadores” oligárquica, que se baseou nos poderes personaliza-
dos, concentrado nas grandes fazendas e latifúndios.
Em uma tentativa de consolidar o projeto republi- O coronel apoiava o governo estadual com seus votos
cano, procurou-se alterar rapidamente nomes e sím- e em troca o governo garantia o poder do coronel sobre
bolos, procurando evidenciar a mudança de regime. O seus dependentes e oponentes, por meio da cessão de car-
largo do Paço passou a se chamar 15 de novembro e gos públicos. A República mantinha-se, dessa forma, por
a Estrada de Ferro Pedro II passou a ser a Central do via de favoritismo, negociações e repressão.
Brasil. Mudou-se, também, o impresso no papel-moeda,
deixando de lado imagens da monarquia e pondo no
lugar símbolos da República. Ainda assim, a população
não se acostumou tão rapidamente com as mudanças,
por vezes se referindo aos nomes e símbolos advindos
do tempo da monarquia. Procurou-se, ainda, construir
novos heróis e o principal deles foi Tiradentes, trans-
formado, no período, em mártir da República.
A Constituição de 1891 estabeleceu as bases do novo
regime: presidencialista e federalista. Para além disso, a
Igreja separou-se do Estado e se instituiu o regime civil
para casamentos, nascimentos e mortes. O federalismo
HISTÓRIA DO BRASIL

organizava o novo regime em bases descentralizadas,


de modo que as antigas províncias, agora estados, obti-
vessem maior autonomia, caindo por terra a concepção Charge de 1927 ironizando a prática do voto de cabresto.
de centralismo que vigorava na monarquia.
Fonte: Educação O Globo.Revolta da Armada (1891-1894)
Como se sabe, houve um consenso a respeito da
importância do Exército para a efetivação do golpe de A Revolta da Armada pode ser compreendida como
1889 e para a implantação da República, o que lhe confe- um movimento de marinheiros que exigia maior parti-
riu enorme prestígio; mas também incentivou a ambição cipação política e melhores salários em um contexto de
política desse grupo, o que não foi visto com os mesmos grande turbulência política e social no início da Repú-
bons olhos. Havia desunião e desacordo entre as elites blica, contrastado com o autoritarismo das presidências
civis a respeito do papel que deveria ser desempenhando de Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto. Se a primei-
pelo Exército na nova sociedade e no novo regime. ra revolta da armada obteve sucesso com a renúncia de 231
Deodoro, a segunda foi mais intensa, de modo que os e que os negros se encontravam na base dessa pirâmi-
revoltosos acabaram derrotados na cidade de Desterro, de social, passíveis de toda “degeneração hereditária”.
que acabou rebatizada de Florianópolis, depois da vitória A mestiçagem, por sua vez, era compreendida como
das forças do governo federal. um grande mal e decadência social.
Assim, Oswaldo Cruz iniciou movimentos que preten-
diam melhorar a saúde no interior, pois os sertões fervi-
lhavam de doenças. Os grandes alvos das doenças eram
os sertanejos, caipiras, populações do interior e ex-escra-
vos, ou seja, tratava-se de uma questão social também.
Nesse contexto, os marinheiros, entre 22 e 27 de
novembro de 1910, protagonizaram, na baía de Gua-
nabara, a Revolta da Chibata. Os marujos eram majo-
ritariamente negros e mestiços, e a ordem na Marinha
era mantida com a aplicação de castigos físicos, como
no uso do chicote, o que deu nome à rebelião.
Embora o uso da chibata na manutenção da ordem
tenha sido uma herança da Marinha portuguesa, no
Brasil ela tomou novas conotações, dado que era asso-
ciada à escravidão; e, mesmo que a escravidão tenha
sido abolida em 1888, continuavam, na Marinha, as
práticas de castigo físico típicas do período e, ainda
por cima, amparadas pela legislação.
A revolta se deu na ocasião das eleições entre Her-
Bateria militar durante a Revolta da Armada, ocorrida durante o mes da Fonseca e Rui Barbosa. Enquanto a candidatura
governo de Floriano Peixoto. de Hermes da Fonseca representava a volta do Exército
Fonte: Wikimedia Commons.
ao poder, a de Rui Barbosa indicava o funcionamento
regular das instituições e a permanência das lideran-
Algumas Revoltas Sociais da República Velha: ças civis no exercício do governo. Hermes da Fonseca
Revolta da Chibata, Revolta da Vacina e o fenômeno ganhou as eleições e, enquanto em terra se celebrava
do Cangaço sua vitória, nos navios de guerra a situação era tensa.
O castigo de 250 chibatadas infligido a Marcelino
z Revolta da Vacina Rodrigues Menezes foi o estopim, em um cenário que
prenunciava revolta há bastante tempo. Os marinheiros,
A República estava ainda em processo de conso- em 16 de novembro, ocuparam navios e direcionaram
lidação após a independência e, no início, muitos se seus canhões para a cidade, mandando uma advertên-
empolgaram e aderiram ao projeto republicano. Mas, cia ao governo: ou os castigos corporais na Marinha do
Brasil eram suspensos, ou a capital seria bombardeada.
com o passar dos anos, o descontentamento e desa-
O governo cedeu, os revoltosos receberam anis-
pontamento apareceram, e com eles, as revoltas.
tia e os navios foram devolvidos. Contudo, em 24
Em 1904, ocorreu no Rio de Janeiro uma revolta
de dezembro, 22 marujos foram presos na ilha das
popular contra as medidas que pretendiam erradi-
Cobras, acusados de conspiração; um deles havia sido
car a febre amarela, chamada de Revolta da Vacina. o principal líder da revolta, João Cândido. Desses 22
Nela, a população pobre, que havia sido expulsa dos homens, apenas dois sobreviveram após as torturas.
centros das grandes cidades e se fixado em seus arre- João Cândido recebeu a alcunha de Almirante Negro
dores, reagia à vacinação obrigatória contra a varíola, pela imprensa e se tornou um herói popular.
cuja iniciativa foi do sanitarista Oswaldo Cruz. Após a Revolta da Chibata, a Marinha recuou até
Mesmo que a movimentação tenha sido resultado o fim da Primeira República, mas o movimento fazia
da desinformação a respeito da vacina, não podemos parte de um contexto mais amplo de revoltas milita-
limitá-la somente a isso, pois haviam mais elementos no res, como a Revolta da Escola Militar da Praia Ver-
movimento: a população pobre se revoltava pela forma melha, a Revolta dos Sargentos e a Primavera de
como vinha sendo tratada pelo governo republicano. Sangue, movimentos que apontavam para a fissura
A população reagiu com violência, quebrou trans- no centro do poder republicano.
portes públicos, depredou edifícios e atacou agentes
higienistas. O governo, por sua vez, também revidou z As revoltas sertanejas
com violência: decretou estado de sítio, suspendeu
direitos constitucionais, prendeu os líderes e os depor- A reação a tantas novidades advindas pela mudan-
tou para o Acre. Embora a revolta tenha sido controla- ça de regime e pelo boom das cidades não se mante-
da pelo governo e a varíola contida, o número de óbitos ve contida apenas nas grandes cidades. Em distintas
foi grande, sendo trinta mortos e mais de cem feridos. regiões do país, foram deflagrados movimentos sociais
que combinavam questões agrárias e a luta pela pos-
z Revolta da Chibata se de terra, muito amparados por traços religiosos.
Exemplos desses movimentos são: Contestado, Juazei-
No Brasil, como em outras partes do Ocidente, ro, Caldeirão, Pau-de-Colher e Canudos, o que indica o
teorias como o darwinismo cultural ganharam for- lugar entre a mística popular e a revolta, um produto
ça, o que significa dizer que a compreensão de raça inesperado do processo de modernização e da negli-
se fazia a partir de dados essenciais e fixos, e que a gência do Estado com essa população.
humanidade, por sua vez, se dividia a partir de hierar- Em 1896, teve início um conflito de grande visi-
quias consideradas naturais. bilidade nos anos iniciais da República: Canudos. A
A conclusão era de que os brancos caucasianos, rebelião opunha a população de Canudos, um arraial
232 “mais evoluídos”, estariam no topo dessa hierarquia, que cresceu no interior na Bahia, ao recém-criado
regime republicano. O movimento sociorreligioso foi A ERA VARGAS
liderado por Antônio Conselheiro e durou de 1896 a
1897; essa população se rebelava contra o aumento do O Governo Provisório, A Revolução
imposto republicano. Constitucionalista de 1932, Governo Constitucional
Antes de se estabelecerem na fazenda de Canudos, o de Vargas, A Constituição de 1934 e a CLT,
grupo, sob liderança de Conselheiro, peregrinava pelo
Radicalização ideológica: comunistas versus
sertão, e chegou a reunir cerca de 24 mil habitantes
após a fundação de um arraial, batizado de Belo Monte. integralistas; A Intentona Comunista de 1935; a
O que gerou tanto incômodo no governo republi- Revolta Integralista de 1938, O Estado Novo (1937 -
cano e nos grandes proprietários de terra a respeito 1945 e a saída de Vargas do poder
do movimento de Canudos foi que ele traduzia uma
nova maneira de viver no sertão, à parte do sistema. Uma coligação entre oligarquias adversárias de São
Era uma experiencia social e política muito distinta Paulo e frações do Exército ocupou o poder na queda
daquela do governo central, pois as pessoas de Canu- da República Oligárquica. Todavia, a única coisa que
dos viviam do uso coletivo da terra, além da distri-
unia todos esses setores era a oposição aos oligarcas do
buição equitativa daquilo que nela se produzia. Além
disso, Canudos não estava submetido nem aos pro- Partido Republicano Paulista (PRP): os tenentes defen-
prietários de terra nem aos chefes políticos da região. diam um governo forte e centralizado que tutelasse a
O Governo enviou a Canudos quatro expedições sociedade e intervisse na economia, as elites gaúchas
formadas por tropas do Exército, mas só obteve suces- positivistas eram inclinadas a um Estado centralizado
so no quarto e último atentado. Prometeram que se e interventor, as elites mineiras liberais simpatizavam
a população se rendesse, sobreviveria, mas o acordo com o federalismo e com algumas reformas sociais.
não foi mantido e a comunidade foi dizimada. A Repú-
Em meio às tensões entre liberais e autoritários, esta-
blica queria transformar Canudos em um exemplo:
va Getúlio Vargas, fazendo o papel de mediador de inte-
era isso que se recebia por não fazer parte do sistema.
resses em conflitos, dando equilíbrio entre os grupos em
A Ruptura oligárquica e a Revolução de 1930 disputa e isolando seus opositores. Esse esquema ganhou
o nome de “Estado de compromisso”, reunindo liberais
Washington Luís (1926-1930) não se deu conta da
da velha prática política, reformadores políticos e sociais,
frágil relação entre as oligarquias mais poderosas, em
especial São Paulo e Minas Gerais, indicando o também o empresariado industrial, que ainda era dependente da
paulista Júlio Prestes para a sua sucessão e não Antô- ajuda do café, a classe operária, organizada em torno de
nio Carlos de Andrada, de Minas Gerais. Os mineiros organizações sindicais, e uma classe média que ocupava
romperam e apoiaram a Aliança Liberal, encabeçada cargos de funcionários públicos e profissionais liberais.
por Getúlio Vargas e João Pessoa, contra Júlio Prestes. Nesse período, destacam-se a fundação do Ministé-
A máquina política dominada pelos paulistas levou a
rio do Trabalho e o Ministério da Educação, em 1931,
melhor sobre a inovadora e reformista campanha da
Aliança Liberal nas eleições de maio de 1930. e a vigência do novo Código Eleitoral (direito ao voto
A indignação dos derrotados e as acusações de fraude feminino e Justiça Eleitoral autônoma para monitorar
eleitoral foram incorporadas pelas oligarquias contrárias resultados e coibir fraudes), em 1932. Entre as tendên-
a São Paulo, pelo Exército, pelo movimento operário e cias político-ideológicas nos anos 1930, destacam-se:
pelas classes médias. O assassinato de João Pessoa em 26
de julho de 1930 indignou a opinião pública, que acusava z Positivismo corporativista: Estado forte, burocrati-
motivações políticas por trás do crime. No início de outu- zado e interventor na economia, na educação e nas
bro, Minas, Rio Grande do Sul, Pernambuco e Paraíba
relações de trabalho;
mobilizaram tropas até as fronteiras de São Paulo.
Com a iminência de uma guerra civil, uma junta mili- z Liberalismo: livre-iniciativa na economia, direito
tar depôs Washington Luís em 24 de outubro de 1930. Em inviolável de propriedade, liberdade individual, liber-
31 de outubro, Getúlio Vargas chegou ao Rio de Janeiro na dade de expressão, federalismo, independência entre
condição de líder da Revolução, aclamado pelos tenentes os Três Poderes, limitação na participação política
e pela multidão. Em 3 de novembro de 1930, tinha início popular e repressão contra movimentos de massa;
o governo provisório (1930-1934) sob a chefia de Vargas.
z Esquerda (reformista e revolucionária): para os
comunistas, a saída para a crise capitalista era o fim da
propriedade privada e a construção de uma sociedade
igualitária. Ficavam entre a defesa da revolução radical
e a construção de uma aliança entre setores democrá-
HISTÓRIA DO BRASIL

ticos e progressistas. Em 1934, socialistas, nacionalistas


e comunistas acabaram convergindo na formação da
Aliança Nacional Libertadora (ANL). Suas principais
bandeiras eram o antifascismo, a crítica aos latifundiá-
rios e a crítica ao capital financeiro e estrangeiro;
z Fascismo: organizados sob a Ação Integralista
Brasileira (AIB), a ideologia integralista mistura-
va nacionalismo, civismo, corporativismo, anti-
Getúlio Vargas sendo recebido no Rio de Janeiro durante a
comunismo e antiliberalismo, que deveriam ser
Revolução de 1930. conduzidos por um Estado forte. Possuíam forte
Fonte: Aventuras na História. inspiração nos movimento nazifascistas europeus. 233
manifesto pedindo a derrubada de Vargas e defendendo
todo poder à Aliança Nacional Libertadora. Getúlio res-
pondeu suspendendo as atividades da ANL. No final de
novembro de 1935, vários quartéis se rebelaram em Natal,
Recife e no Rio de Janeiro, mas acabaram derrotados.
A repressão foi intensa, com prisões, deportações,
proibição do Partido Comunista Brasileiro (PCB) e decla-
ração de “estado de guerra” pelo governo. Ainda em 1935,
o governo instituiu o Tribunal de Segurança Nacional
para realizar julgamentos rápidos, praticamente sem
direito de defesa. Na prática, a Constituição de 1934 esta-
va suspensa.
Integralistas reunidos.
Em 1937, aproveitando-se do clima de agitação, o
Fonte: Toda Matéria. governo alegou ter descoberto um documento que pro-
Em 1932, eclodiu a Revolução Constitucionalista de vava um plano de tomada do poder pelos comunistas,
1932. A tensão teve início com a nomeação do coronel denominado Plano Cohen. Essa falsificação serviu de
João Alberto (pernambucano, tenentista e de esquerda), pretexto para que Vargas fechasse o Congresso e suspen-
causando a ira dos paulistas, organizados sob Frente desse a constituição, dando início à ditadura, chamada de
Única Paulista (junção do PRP com o Partido Democrá- Estado Novo.
tico). Com a pressão, Vargas acabou nomeando Pedro
de Toledo (paulista e civil). A intenção de acalmar os
ânimos foi por água abaixo com a depredação do Diá-
rio Carioca (crítico do Governo Provisório), o que levou
ao acirramento dos ânimos entre liberais e tenentistas.
A visita do ministro Osvaldo Aranha foi vista como
uma provocação pelos liberais. Em 23 de maio, a ten-
tativa de tomar de assalto o Partido Popular Paulista
(PPP) acabou com a morte de Martins, Miragaia, Dráu-
zio e Camargo. Suas iniciais, MMDC, deram nome à
sociedade secreta criada para derrubar Vargas. A revol-
ta explodiu em 9 de julho, durou quase 3 meses e ter-
minou com a rendição de São Paulo em 3 de outubro.
Cerimônia de queima das bandeiras estaduais em 1937, dias após o
golpe do Estado Novo.
Fonte: Blog Futebol e Diplomática.

Estado Novo (1937-1945)

Embora Vargas agisse habilidosamente, com o intuito


de aumentar o próprio poder, não foi somente sua atua-
ção que gerou o Estado Novo. Pelo menos três elementos
convergiam para sua criação: a defesa de um Estado for-
te por parte dos cafeicultores, que dependiam dele para
manter os preços do café; os industriais, que seguiam a
mesma linha de defesa dos cafeicultores, já que o cresci-
mento das indústrias dependia da proteção estatal; as oli-
garquias e a classe média urbana, que se assustavam com
a expansão da esquerda e julgavam que para “manter a
Cartaz convocando os paulistas a lutarem na Revolução
Constitucionalista de 1932. ordem” era necessário um governo forte.
Além disso, Vargas tinha também o apoio dos mili-
Fonte: Wikimedia Commons.
tares. Durante o período, foram implacáveis o autori-
Para a redação de uma nova Constituição, houve a tarismo, a censura, a repressão policial e política e a
formação de uma Assembleia Constituinte, que se reu- perseguição daqueles que fossem considerados inimigos
niu entre 1933 e 1934. Mesmo aprovando o aumento dos do Estado.
poderes da União, sobretudo no campo da legislação eco- Em termos práticos, o governo do Estado Novo funcio-
nômica e social, frente aos estados, o princípio federalista nou da seguinte maneira:
foi mantido.
O voto passaria a ser obrigatório e secreto, mas conti- z O poder político concentrava-se todo nas mãos do pre-
nuava proibido aos analfabetos. Houve a criação da Jus- sidente da República;
tiça do Trabalho, do salário mínimo, da jornada de oito z O Congresso Nacional, as Assembleias Estaduais e as
horas diárias e das férias anuais, que acabaram demo- Câmaras Municipais foram fechadas;
rando em ser implementadas. O governo foi derrotado z Houve o fechamento de todos os partidos políticos;
com a aprovação da pluralidade sindical. Vargas foi con- z O sistema judiciário ficou subordinado ao Poder
firmado como presidente pelo voto indireto com manda- Executivo;
to até 1938, quando deveriam ocorrer novas eleições. z Os Estados eram governados por interventores
No entanto, a Intentona Comunista, iniciada em julho nomeados por Vargas, os quais, por sua vez, nomea-
234 de 1935, acabou mudando os rumos. Prestes divulgou um vam os prefeitos municipais;
z A Polícia Especial (PE) e as polícias estaduais abril e julho de 1945, o Partido Comunista Brasileiro vol-
adquiriram total liberdade de ação, prendendo, tou a funcionar, e foram fundados a União Democrática
torturando e assassinando qualquer pessoa sus- Nacional (UDN), o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) e o
peita de se opor ao governo; Partido Social Democrático (PSD).
z A propaganda pela imprensa e pelo rádio foi larga- O debate sobre a possibilidade de Vargas concorrer às
mente usada pelo governo, por meio do Departa- eleições foi bastante tenso; quando ele nomeou seu irmão
mento de Imprensa e Propaganda (DIP). O DIP era Benjamin Vargas para a chefia da Polícia do Distrito Fede-
incansável tanto na censura quanto na propaganda, ral, a oposição e o Alto Comando do Exército não aceita-
voltada para todos os setores da sociedade, como ope- ram. Todavia, sem maiores resistências, Getúlio aceitou a
rários, estudantes, classe média, crianças e militares. deposição em 29 de outubro de 1945.
Procurava-se, assim, formar uma “ideologia estadono- Na ausência de Congresso, José Linhares, presidente
vista” que fosse aceita pelas diversas camadas sociais, do STF, dirigiu o país até a posse do eleito Eurico Gaspar
por grupos profissionais e intelectuais. Cabia também Dutra em 31 de janeiro de 1946. Vargas seguia, mesmo de
ao DIP o preparo das gigantescas manifestações ope- sua fazenda em São Borja (RS), uma liderança importan-
rárias, particularmente no dia 1º de maio, quando os te. Não à toa, voltaria ao Palácio do Catete através do voto
trabalhadores, além de comemorarem o Dia do Tra- em 1951.
balho, prestavam uma homenagem a Vargas, apelida-
do de “o pai dos pobres”. O Brasil na II Guerra Mundial: fatores que levaram o
Brasil a participar do conflito; a campanha da FEB

No início da Segunda Guerra Mundial, em 1939,


o governo de Vargas ensaiou uma neutralidade para
negociar tanto com os Aliados quanto com o Eixo,
conseguindo financiamento dos Estados Unidos para
a construção da usina siderúrgica de Volta Redonda e
trocas comerciais com a Alemanha.
Apesar da neutralidade de Getúlio, que esperava o
desenrolar do conflito para determinar apoio ao prová-
vel vencedor, em seu governo haviam grupos divididos
e definidos sobre quem apoiar: Oswaldo Aranha, que
era ministro das Relações Exteriores, era favorável aos
Estados Unidos, enquanto os generais Gaspar Dutra e
Góis Monteiro eram favoráveis ao nazismo.

Propaganda veiculada durante o Estado Novo.


Fonte: Indagação.

Com a criação do Departamento Administrativo do


Serviço Público (DASP), além de centralizar a refor-
ma administrativa, o governo tinha poderes para ela-
borar o orçamento dos órgãos públicos e controlar a Emblema utilizado pela Força Expedicionária Brasileira durante a
Segunda Guerra Mundial.
execução orçamentária deles. Com a criação do DASP
e do Conselho Nacional de Economia, não só a atuação Fonte: Wikimedia Commons.
administrativa e econômica do governo passou a ser
muito mais efetiva, como também aumentou conside- Com a entrada dos Estados Unidos na guerra, em
ravelmente o poder do Estado. 1941, e o torpedeamento de vários navios mercantes
A cafeicultura foi convenientemente defendida, a brasileiros, o país entra em guerra ao lado dos aliados
exportação agrícola foi diversificada, a dívida externa foi em agosto de 1942. A saída de Lourival Fontes, Filin-
congelada, a indústria cresceu rapidamente, a mineração to Müller e Francisco Campos, defensores da aliança
de ferro e carvão expandiu e a legislação trabalhista foi com os alemães, marcou a tomada de decisão. Em
consolidada com a adoção da Consolidação das Leis do 1944, foram mandados 25.000 soldados da Força Expe-
HISTÓRIA DO BRASIL

Trabalho (CLT). dicionária Brasileira (FEB) para a Itália, marcando a


As principais empresas estatais criadas no período participação do Brasil no conflito.
foram: CSN — Companhia Siderúrgica Nacional (1940);
Companhia Vale do Rio Doce (1942); CNA — Companhia A REPÚBLICA POPULISTA - (1945 - 1964)
nacional de Álcalis (1943); FNM — Fábrica Nacional de
Motores (1943) e CHESF — Companhia Hidroelétrica do Governo Dutra
São Francisco (1945).
O antigetulismo tentava apontar para a contradição Os eleitos, presidente e congressistas, tomaram pos-
de um regime ditatorial que lutava por democracia ao se em janeiro de 1946, e logo deram início aos traba-
lado dos aliados na Europa. A pressão política acabou por lhos da Assembleia Constituinte que, oito meses depois,
levar o governo a aprovar o Ato Adicional nº 9, que pre- entregou uma nova constituição para o país, que manti-
via a realização de eleições e a liberdade partidária. Entre nha as conquistas sociais estabelecidas anteriormente, 235
mas marcava o estabelecimento da democracia e dos a fabricação de automóveis, principalmente tratores
direitos políticos como elementos imprescindíveis. e caminhões, o que refletiu positivamente no governo
Dutra assumiu no contexto da Guerra Fria e, des- seguinte, que conseguiu implementar a indústria de
de o início, deixou claro de que lado estava: adotou automóveis.
uma política externa de alinhamento automático aos Evidentemente, a nacionalização de áreas conside-
Estados Unidos, rompeu relações diplomáticas com a radas estratégicas, como energia e petróleo, e a pro-
União Soviética e estabeleceu os comunistas enquanto posta de diversificação do mercado interno, causaram
inimigos internos. Desde 1945, Vargas havia anistia- o primeiro embate sério de propostas entre o ideário
do os comunistas, e nas eleições desse ano, o Partido nacional-desenvolvimentista do governo e aqueles
Comunista ocupou 9% dos assentos do Congresso, mas que acreditavam em um desenvolvimento associado
a legalidade duraria pouco. com o capital internacional.
Não precisou de muito, já que as greves do início Havia, ainda, a pressão exercida pelos latifundiá-
de 1946 foram suficientes para o governo responder rios intocáveis e de industriais que consideravam a
com forte repressão aos trabalhadores, sobretudo aos legislação trabalhista onerosa demais, e a crise que se
comunistas, intervindo em mais de 140 sindicatos, abateu sob os partidos governistas. A oposição, sobre-
declarando ilegal a Confederação dos Trabalhadores tudo a UDN, soube utilizar essas contradições.
do Brasil, e regulamentando o direito à greve. Em Para piorar, a partir de 1952, o apoio ao programa
1947, o Partido Comunista teve seu registro cassado de investimentos dos Estados Unidos no Brasil dimi-
pelo Tribunal Superior Eleitoral e, em 1948, o Con- nuiu e o Banco Mundial iniciou a cobrança da dívida
gresso cassou todos os mandatos eleitos pela legenda. pelos empréstimos vencidos. Os sintomas foram ele-
Na economia, Dutra promoveu uma liberalização vação da inflação, aumento do gasto público e do cus-
aguda das importações, subsidiando-as com o câmbio to de vida e diminuição dos salários.
desvalorizado; diminuiu a inflação à custa das reser- As greves da primeira metade de 1953 deram
vas internacionais alcançadas durante a Segunda um empurrão maior, sendo afrouxadas apenas com
Guerra, e não deu prosseguimento ao plano de indus- a nomeação de João Goulart, hábil articulador com
trialização iniciado no governo anterior. os sindicatos, para o Ministério do Trabalho. Um ano
Em 1948, apresentou o Plano Salte (Saúde, Alimen- depois, a proposta de duplicar o valor do salário míni-
tação, Transporte e Energia), mas boa parte do plano mo elevou ainda mais a temperatura, agitando os
não saiu do papel. Desde 1946, Vargas já havia rompi- quartéis em disposições golpistas, tornadas públicas
do com Dutra. Era preciso desassociar-se da imagem no “Manifesto dos Coronéis”, de autoria de Golbery
desse governo e planejar seu retorno. do Couto e Silva. A crise levou à demissão de Goulart,
Em 1949, iniciada a corrida eleitoral, Vargas des- assim como do Ministro da Guerra de Vargas.
pontou com um programa nacionalista e industria- Em 5 de agosto de 1954, iniciava-se a contagem
lizante e percorreu todos os estados, costurando regressiva para o fim trágico do governo Vargas. Um
alianças. Tocava em aspectos sensíveis, como aumen- atentado deixou o principal opositor, Carlos Lacerda,
to do custo de vida, inflação, bem-estar social, sobera- levemente ferido, e levou à morte o major Rubens Vaz.
nia produtiva, dentre outros, conseguindo sensibilizar A campanha de desmoralização do governo mobili-
empresários interessados na industrialização e operá- zada pela imprensa foi intensificada, denunciando
rios saudosos do trabalhismo. verdades e muitas outras calúnias, isolando cada vez
O candidato da União Democrática Nacional (UDN), mais o presidente no Palácio do Catete.
mais uma vez, foi Eduardo Gomes, e foi novamente A Aeronáutica assumiu as investigações e logo
derrotado por suas próprias palavras: em comício, chegou-se à conclusão de que se tratava de crime de
anunciou ser a favor da extinção do salário-mínimo e mando, e o pior: o mandante foi o chefe da Guarda
em benefício da liberdade contratual. O resultado das Presidencial, Gregório Fortunato. Embora Getúlio fos-
eleições foi surpreendente, sendo 48,7% para Getúlio se inocente, as pressões foram corroendo a autoridade
Vargas ante 29,7% para o brigadeiro Eduardo Gomes. do presidente, culminando na invasão do Catete pelos
Vargas voltava “aos braços do povo”. oficiais da Aeronáutica para confiscar documentos.
Getúlio Vargas passou os últimos dias isolado no
Segundo Governo Vargas Catete, com a opinião pública contrária à sua perma-
nência no poder. Na madrugada do dia 24 de agosto,
Vargas retornou ao Catete pelo voto popular, mas quando reuniu seu ministério, apenas um ministro,
logo percebeu as dificuldades de governar sob um Tancredo Neves, era partidário de uma resistência.
regime democrático. Além disso, teria que pagar a Contudo, Vargas sabia que sem os militares e os traba-
conta das diversas reivindicações que havia pactuado lhadores mobilizados seria inviável e, se negociasse,
durante a campanha eleitoral. seria desmoralizado. Assim, nas primeiras horas da
Já no final de 1951, Getúlio enviou ao congresso manhã, o presidente cometeu suicídio.
o projeto para criação da Petrobras, mantendo-se de A reação foi tremenda, nunca vista nem repetida
acordo com suas propostas de estabelecer um desen- em toda história do Brasil. Uma população colérica,
volvimento autônomo, e a dependência da importação amargurada, saiu às ruas depredando qualquer sím-
de petróleo atrapalhava seus planos industrializantes. bolo de oposição a Getúlio Vargas, como as redações
A “Campanha do Petróleo” mobilizou e agrupou seto- de O Globo e da Tribuna da Imprensa e a sede da Stan-
res contraditórios, sendo um dos poucos episódios de dard Oil. Iniciava-se uma caçada a Carlos Lacerda, que
maior consenso na história política brasileira. Outra primeiro se refugiou na embaixada norte-americana
proposta do governo estava associada ao investimen- e logo foi transferido de helicóptero, quando a popu-
to em energia elétrica; contudo, apenas em 1962 a Ele- lação ameaçou invadir o prédio. Em frente ao quar-
trobrás foi finalmente viabilizada. tel-general da 3ª Zona Aérea, a população também
No seu governo, também aconteceu a expansão da ameaçou invadir, mas foi duramente reprimida pelos
236 indústria de base, sobretudo siderúrgica, assim como oficiais da Aeronáutica.
Senado e o líder da maioria na Câmara para anunciar seu
EXERCÍCIOS COMENTADOS contragolpe, e assim colocou suas tropas leais na rua.
Em sessão extraordinária, os deputados depuseram
1. (CESPE-CEBRASPE – 2018) No que se refere ao perío- Carlos Luz que, por sua vez, foi sucedido pelo presidente
do democrático de 1945 a 1964, julgue o item a seguir. do Senado, Nereu Ramos. Contudo, a aventura golpista
A Constituição de 1946, embora garantisse a livre só foi finalizada quando o congresso interditou o vice-
manifestação, não tolerava a propaganda de proces- -presidente Café Filho, que havia se recuperado e estava
sos violentos considerados subvertedores da ordem disposto a reassumir o governo.
política e social. Quando Juscelino assumiu, nomeou Lott como seu
Ministro da Guerra, anistiou os revoltosos e procu-
( ) CERTO  ( ) ERRADO rou cooptar os militares com seus projetos de gover-
no, como a modernização do exército, a efetivação de
A constituição garantiu, de fato, a livre manifesta- uma indústria bélica, a compra de um moderno avião
ção; contudo, a ampliação da participação política Viscount para a Aeronáutica e de um porta-aviões da
e social já vinha acontecendo desde os últimos anos marinha britânica, rebatizado de Minas Gerais, sem
da ditadura do Estado Novo, sobretudo com a anis- falar na distribuição de cargos para militares. A estra-
tia de 1945. No contexto da Guerra Fria e do alinha- tégia funcionou em curto prazo, mas a ausência de
mento automático do governo Dutra aos Estados punição aos insubmissos cobraria logo um caro preço.
Unidos, logo as greves foram vistas com descon- A marca do seu governo estava sintetizada, contu-
fiança, consideradas manifestações subversivas de do, no seu Plano de Metas, que tinha como intenção
comunistas, sendo definitivamente proibidas ainda viabilizar um crescimento de “cinquenta anos em cin-
em 1946. Pela defesa da “segurança nacional” tam- co”. E, de fato, Juscelino efetivou logo uma agenda de
crescimento acelerado, sobretudo na área industrial de
bém foi cassado o registro do Partido Comunista
bens de consumo duráveis.
Brasileiro, em 1947. Resposta: Certo.
Seu governo deu prioridade ao setor de transporte
rodoviário, mas a estendeu para o setor automobilís-
2. (CESPE-CEBRASPE – 2018) No que se refere ao perío-
tico como um todo; além disso, deu ênfase à indústria
do democrático de 1945 a 1964, julgue o item a seguir. pesada, de alimentos, e alocou recursos para a área de
Na eleição presidencial de 1950, Getúlio Vargas con- energia. Entre 1956 e 1960, expandiu de forma inédita a
tou com o apoio do governador de São Paulo, Ademar malha rodoviária, aumentando a possibilidade de circu-
de Barros, e foi o candidato mais votado nesse estado. lação de mercadorias e de comunicação.
Esse período também foi rico em inovações, com
( ) CERTO  ( ) ERRADO aumento expressivo da participação política, de altera-
ções nos comportamentos culturais e de maneiras de se
A ampla aliança costurada por Vargas em 1950 repensar o lugar do Brasil no mundo.
incluía o governador de São Paulo, Ademar de Bar- Intelectuais trabalhavam juntamente ao governo em
ros. O acordo consistia no apoio dos partidos e polí- órgãos como o Instituto Superior de Estudos Brasilei-
ticos paulistas a Vargas, em troca da nomeação do ros (Iseb), em teorias econômicas e sociais, como a ideia
vice por Barros e, posteriormente, apoio de Getúlio de subdesenvolvimento, advindas da Comissão Econô-
à candidatura de Barros em 1955. Resposta: Certo. mica para a América Latina e o Caribe (Cepal), com Cel-
so Furtado, a busca da brasilidade, cuja valoração estava
Governo JK no cotidiano das pessoas, refletida nas peças de compa-
nhias como o Teatro de Arena, Opinião e Oficina.
Em fevereiro de 1956, dois oficiais udenistas da Aero- O cinema também partilhou dessa busca da brasi-
náutica planejaram instalar um foco de sedição na parte lidade, com as chanchadas e a incorporação nata da
central do Brasil e iniciar uma guerra civil, dado o ódio ideia de subdesenvolvimento nos filmes do movimento
que mantinham a respeito do resultado das eleições do do Cinema Novo. Diametralmente oposta a essa bra-
ano anterior, uma vitória “getulista” que havia alçado silidade estava a Bossa Nova, uma outra maneira de
Juscelino Kubistchek à presidência da república. exportar a modernidade em ascensão do país, mas
Rapidamente foram desmobilizados. O oportunismo também produto dessa época.
de Carlos Lacerda já havia se manifestado pouco tempo Diferentemente de Vargas, que propunha um proje-
antes, quando pretendeu impugnar a eleição justificando to nacionalista de industrialização, Juscelino apostou em
que o candidato vencedor não havia obtido a maioria uma industrialização financiada pelo capital externo. O
absoluta dos votos, mesmo que a Constituição não projeto ousado no Plano de Metas só podia ser implemen-
mencionasse esse aspecto. Certo foi que a repercussão tado por meio do escancaramento do país às multinacio-
foi imensa, adentrando os quartéis e fervendo o caldo nais e à concessão de privilégios fiscais e econômicos, o
golpista, recebendo simpatia, inclusive, do presidente em que aumentou significativamente a dependência do país.
HISTÓRIA DO BRASIL

exercício, Café Filho. Em pouco tempo, empresas estrangeiras domina-


Quando Café Filho se afastou, alegando doença, quem ram setores do desenvolvimento econômico brasilei-
assumiu foi o vice-presidente da Câmara dos deputados, ro, a dívida externa aumentou por conta dos gastos e
Carlos Luz, um aberto simpatizante do golpismo em cur- a inflação foi inevitável (40% em 1959). A bomba fis-
so. Para que o golpe se efetivasse, era necessário, contu- cal foi a construção de Brasília, planejada ainda em
do, tirar do caminho o único militar legalista do governo, 1956 e forçada para ser entregue ainda no governo de
Henrique Teixeira Lott, que ocupava o cargo de Minis- Juscelino, servindo bem aos propósitos do presiden-
tro da Guerra. te: barganhar com poderosos interessados em lucrar
Em novembro de 1955, Luz convocou o Ministro da com o projeto e desviar a atenção da população dos
Guerra com intenções de contrariá-lo ao ponto de for- problemas imediatos, como a questão da concentra-
çar sua renúncia e, na madrugada do dia 11, prevendo ção agrária e a inflação. Além de tudo, era o melhor
a movimentação golpista, convocou o presidente do exemplo da modernidade cantada por Juscelino. 237
de limpeza moral da administração pública, e dizendo
EXERCÍCIOS COMENTADOS que, com sua “vassoura”, varreria a corrupção do país.
Do outro lado, as opções eram curtas, e o PSD
1. (CESPE-CEBRASPE – 2019) Julgue o item seguinte, a resolveu lançar a candidatura do marechal Lott, que
respeito da trajetória da experiência política brasileira gozava de prestígio entre políticos e militares, e não
entre 1946 e 1964.
possuía menor carisma eleitoral. O vice trazia a forte
A reação intransigente de Juscelino Kubitschek aos
presença de João Goulart, novamente, pelo PTB.
levantes de setores da Aeronáutica contra seu gover-
Elegeu-se, finalmente, Jânio Quadros para presidente,
no, seja no levante de Jacareacanga, seja no de Ara-
com mais cinco milhões e meio de votos, e João Goulart
garças, recusando-se a anistiar os revoltosos, fugia
para vice, com mais de quatro milhões e meio de votos.
dos padrões de tolerância que caracterizavam o pre-
Isso aconteceu porque a legislação da época previa vota-
sidente, mas foi entendido como aviso a qualquer
ção independente no pleito para presidente e vice.
aventureiro que pretendesse se insurgir contra as ins-
Quadros estabeleceu uma política externa inde-
tituições e a ordem democrática.
pendente, restabeleceu relações diplomáticas e/ou
comerciais com a União Soviética e demais países
( ) CERTO  ( ) ERRADO
socialistas, conseguiu renegociar a dívida externa
e propôs um completo programa para estabilizar a
Juscelino anistiou os revoltosos assim que assumiu
inflação. Por outro lado, entrava em choque constan-
a presidência, em seguida, para mantê-los sob con-
trole, buscou cooptá-los por meio da distribuição temente com o congresso, a imprensa e com o vice-
de cargos e compras de itens que modernizavam as -presidente; rompeu com a UDN por conta de sua
Forças Armadas. Resposta: Errado. política externa; baixou inúmeros decretos de caráter
moralista; propôs uma caçada aos corruptos e conde-
2. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Considerando o contex- nava e achincalhava mesmo sem provas.
to histórico do regime liberal-conservador brasileiro, Seu isolamento na presidência era quase intranspo-
vigente entre 1946 e 1964, julgue o item a seguir. nível, mas ele tinha um plano para se livrar das “amar-
O desfecho trágico da crise de agosto de 1954 teve ras constitucionais”. Em julho de 1961, enviou João
profunda repercussão política, embora seus efeitos Goulart em missão econômica à República Popular da
tenham-se diluído nos meses seguintes. Com o suicí- China e em agosto concedeu a Grã-Cruz da Ordem do
dio do presidente Vargas, desarticularam-se as forças Cruzeiro do Sul a Ernesto Che Guevara, o que foi inad-
políticas trabalhistas, fator decisivo para o resultado missível para Carlos Lacerda, denunciando seu gover-
alcançado nas eleições presidenciais do ano seguinte. no em cadeia nacional de rádio e televisão.
No dia 25 de agosto, Jânio Quadros, tentando burlar
( ) CERTO  ( ) ERRADO todos esses entraves, entregou uma carta de renúncia
a seus ministros militares para que fosse entregue ao
O resultado das eleições de 1955 demonstrou a Congresso às quinze horas. Com isso, Jânio pretendia
força das manobras de Getúlio Vargas na agenda causar uma comoção nacional que o reconduzisse ao
eleitoral, consolidando a aliança entre o Partido governo com plenos poderes.
Social Democrático (PSD), capitaneado por Jusce- Além disso, contava com a desconfiança que os
lino Kubistchek, e o Partido Trabalhista Brasileiro militares possuíam de seu vice que, por sua vez, esta-
(PTB), de João Goulart. Ambos da mesma chapa, va longe, na China comunista, o que inviabilizaria
foram eleitos presidente e vice-presidente com um qualquer tentativa de Goulart assumir o governo.
programa político-econômico muito próximo ao de A manobra foi um fracasso. O Congresso aceitou a
Getúlio Vargas, recebendo amplo apoio das forças renúncia, o povo não se mobilizou nem os governa-
trabalhadoras e sindicais, sobretudo pela figura de dores se manifestaram. O presidente da Câmara dos
Jango. Resposta: Errado. Deputados, Ranieri Mazzilli, assumiu interinamente,
e uma nova crise de sucessão estava armada.
Governo Jânio Os ministros militares haviam deixado claro que
João Goulart não assumiria a presidência e que, se
Embora Juscelino Kubistchek tenha chegado ao voltasse ao Brasil, seria preso. Mais uma vez, o mare-
final do seu mandato com popularidade considerá- chal Lott, no Rio de Janeiro, marcou a divisão nas
vel, eram visíveis os problemas enfrentados pelo país, Forças Armadas e lançou um manifesto em apoio à
sobretudo por conta da grave situação financeira. O legalidade; contudo, foi preso e isolado em uma ilha
próximo governante teria pela frente bastante traba- na entrada da baía de Guanabara.
lho porque, para controlar a inflação, seria preciso No Rio Grande do Sul, o governador Leonel Bri-
fazer ajustes nada populares, como diminuição dos zola propôs outras formas de resistência: mobilizou
salários, créditos e gastos públicos. a Brigada Militar gaúcha, instalou a Rádio Guaíba no
Em uma campanha bastante inusitada, a estrela subsolo do Palácio Piratini e de lá lançou a Rádio da
foi Jânio Quadros, que possuía uma carreira políti- Legalidade, sublevando a população e convocando o
ca meteórica, sendo eleito vereador, deputado esta- país inteiro a garantir a ordem institucional.
dual, prefeito e governador de São Paulo em um curto Os militares golpistas ordenaram o bombardea-
espaço de cinco anos. Quadros tinha fama de mora- mento do Palácio Piratini, mas militares legalistas da
lista, mas também de administrador honesto; não se base sabotaram a decolagem, esvaziando os pneus e
considerava getulista, tampouco inimigo destes. desarmando os aviões que seriam utilizados. Nesse
Assim, logo chamou a atenção da UDN que, em mesmo tempo, outro militar legalista, o general José
uma coalisão com pequenos partidos paulistas, decidiu Machado Lopes, comandando o III Exército, aderiu-
apoiá-lo à presidência. Seu jeito espalhafatoso foi certei- -se à resistência. O número de resistentes no Sul era
238 ro, propondo medidas austeras de combate à inflação, alto, contando com mais de 80 mil pessoas.
Em seguida, o governador de Goiás, Mauro Bor- Internacional, visando controlar as finanças públicas;
ges, declarou seu apoio e, no restante do país, greves posteriormente, previa o andamento das reformas
estouravam por todo lado exigindo respeito à Consti- estruturais, prevendo gastos menores, impostos mais
tuição. O país estava à beira de uma guerra civil quan- progressivos e integrados, agricultura mais produtiva
do o Congresso interviu na crise, propondo a adoção e revisão das condições de crédito, incidindo direta-
do parlamentarismo; assim, Goulart poderia assumir, mente em dois problemas graves: os custos de alimen-
mas com os poderes limitados. tação e moradia.
Embora houvesse incerteza quanto a isso e, do Sul, O plano fracassou em diversas frentes, sobretudo
Brizola insistisse para que João Goulart marchasse pela indisposição dos setores mais amplos em acei-
com o III Exército para Brasília e assumisse o poder tar os acordos necessários. Sindicatos não aceitaram
integralmente, Jango acabou aceitando, provavelmen- as medidas restritivas de salários, os empresários
te temoroso dos resultados de uma guerra civil. e associações do mercado não aceitaram o controle
dos preços, e os industriais abandonaram em 1963 o
Governo “Jango” consenso que haviam oferecido inicialmente. No final
desse ano, o governo cedeu às pressões, aumentando
Jango tomou posse no dia 7 de setembro de 1961, os salários dos funcionários públicos e liberando cré-
em regime de emergência, com a inflação ascendente dito. O Plano Trienal havia sido derrotado.
e com elevada dívida externa a ser paga logo no início Entre setembro e outubro de 1963, a crise foi turbi-
de 1962. O golpismo escancarado havia regredido por nada por conta da decisão do Supremo Tribunal Fede-
conta da elevada tensão política, mas as conspirações ral de não permitir a posse dos militares eleitos (entre
não cessaram. Logo ficaria claro que, da esquerda à vereadores e deputados) nas eleições do ano anterior;
direita, não havia disposição de facilitar a governança essa situação ocasionou uma rebelião de sargentos e
de João Goulart, levando-o ao ocaso mediante um cabos, sobretudo da Marinha e Aeronáutica, que ter-
golpe civil-militar das direitas. minou com a condescendência do presidente dian-
O parlamentarismo foi um fracasso desde o início, te da insubordinação militar, embora os revoltosos
e logo foi completamente desacreditado por lideran- tivessem sido presos.
ças civis e militares, tendo o PSD e a UDN retirado o Nesse mesmo ano, Carlos Lacerda clamou ao
apoio ao modelo ainda no começo de 1962. governo dos Estados Unidos que interviesse de modo
O Primeiro Ministério, cujo lema era “unidade
a preservar a “democracia” no continente e frear o
nacional”, tinha Tancredo Neves como primeiro-mi-
“golpe” comunista planejado por João Goulart. A inca-
nistro, e sua ideia era consolidar um governo com
pacidade do presidente em lidar com esse evento –
uma agenda reformista, “gradual e moderada”, mas
que não estabelecia prazos nem caminhos. entre declarar Estado de Sítio ou não – é considerado
As esquerdas radicalizavam ante o dinamismo o início da ruína do seu governo.
enxuto do governo, propondo reformas mais radicais, A partir do final de 1963, a grande imprensa foi
a caminhar para a “Revolução Brasileira”. Em novem- fundamental para repercutir uma tese que dizia que
bro de 1961, o discurso de Francisco Julião, líder das as reformas de base insistidas pelo governo eram mero
Ligas Camponesas, deixava claro a tônica política do pretexto para um golpe que levaria o país ao comunis-
momento: “a reforma agrária será feita na lei ou na mo. A imprensa fazia coro aos interesses dos empre-
marra, com flores ou com sangue”. sários e executivos a serviço do capital estrangeiro e
Desmoralizado por todos os lados, o gabinete Tan- ressoava nas classes médias, temerosas de uma “pro-
credo renunciou em julho de 1962, e os dois ministé- letarização” do país. Organizações financiadas pela
rios sucessores, de Francisco de Paula Brochado da Central Intelligence Agency (CIA), como o Instituto de
Rocha e de Hermes de Lima, buscaram formas de Pesquisa e Estudos Sociais (Ipes) e o Instituto Brasileiro
retomar o presidencialismo. de Ação Democrática (Ibad), também se engajaram na
As eleições de 1962 para os governos estaduais e para produção de propaganda e articulação golpista.
o legislativo consolidaram a ascensão do PTB de Jango e, A virada fundamental ocorreu no início de 1964: o
desse modo, o plebiscito que visava escolher entre presi- comício da Central do Brasil, no dia 13 de março, no
dencialismo e parlamentarismo foi adiantado para janei- qual João Goulart defendeu enfaticamente as reformas
ro de 1963, dando vitória inconteste ao presidencialismo. de base e que foi visto pela direita como o passo decisi-
Esse momento inaugurou nova fase do governo de vo em direção ao golpe comunista. A reação das direi-
Jango, cuja percepção entre trabalhistas, socialistas e tas se deu com a inauguração da Marcha da Família
comunistas era de desentrave para o andamento das com Deus pela Liberdade, no dia 19 de março.
reformas de base (reforma agrária, bancária, eleitoral,
Em menos de duas semanas, na madrugada do dia
tributária e revisão da remessa de lucros das multi-
31 de março, o general Olímpio Mourão Filho partiu
nacionais). Contudo, a mobilização não-parlamentar
de Minas Gerais com suas tropas, dando início ao pro-
de esquerdas, Frente de Mobilização Popular, ainda
acusava Jango de ser “conciliatório”, por manter as pro- cesso que culminaria no golpe civil-militar do dia 1º
HISTÓRIA DO BRASIL

postas reformistas dentro de um Congresso majorita- de abril de 1964.


riamente conservador e dominado por elites regionais.
No ano de 1963, o presidente teve que lidar com
dois temas que mobilizavam ou implicavam a popula-
ção de alguma forma: a reforma agrária, carro-chefe EXERCÍCIOS COMENTADOS
da sua agenda reformista, disputada no âmbito insti-
tucional, e os graves problemas econômicos, buscan- 1. (CESPE-CEBRASPE – 2018) A atmosfera política era
do controlar a inflação e retomar o crescimento. de grande agitação não apenas entre os militares, polí-
Para a parte econômica, o governo apresentou o ticos e empresários que queriam livrar-se do governo.
Plano Trienal, elaborado por Celso Furtado. Plane- João Goulart defrontara-se, no início de 1964, com sua
jado para dois momentos, em princípio propunha um própria fragilidade. Chegara à Presidência da República
modelo ortodoxo, aos moldes do Fundo Monetário por acaso e por sorte, após a surpreendente renúncia 239
de Jânio Quadros e contra a vontade dos ministros No dia 9 de abril de 1964, o primeiro Ato Institucio-
militares, que só admitiram sua posse depois de trata- nal (AI-1) foi baixado, tendo sido elaborado por Fran-
tivas políticas que o enquadraram. cisco Campos, simpatizante do fascismo e idealizador
FICO, Carlos. Além do golpe: a tomada do poder em 31 do Estado Novo, e possuía validade de 2 dois anos.
de março de 1964 e a ditadura militar. Rio de Janeiro: Esse ato previa a cassação dos direitos políticos dos
Record, 2004, p. 16 (com adaptações). cidadãos, o controle do Congresso Nacional, o decre-
Tendo o texto precedente como referência inicial, jul- to do estado de sítio, assim como marcava as eleições
gue o item subsequente, relacionado à crise final do presidenciais para o dia 3 de outubro de 1965, o que,
regime da Constituição de 1946. evidentemente, não aconteceu. Esse ato marcou as
Ao falar em “tratativas políticas” que enquadrariam primeiras dissidências dos liberais que apoiaram ini-
João Goulart para que ele fosse empossado, o texto cialmente o golpe como Lacerda e Kubistchek.
indica a complexa negociação política que possibilitou A vitória da oposição liberal nas eleições de 1965
a aprovação da emenda parlamentarista, o que, para fez com que o governo planejasse, também, o controle
muitos apoiadores do vice-presidente, não passou de do sistema eleitoral. Assim, o segundo Ato Institucio-
autêntico golpe branco, por abolir funções próprias do nal (AI-2) tinha como finalidade evitar que a oposição
presidencialismo historicamente vigente na República. ascendesse ao governo estadual de 9 estados nas elei-
ções do ano seguinte, ao mesmo tempo que almejava
( ) CERTO  ( ) ERRADO criar uma fachada democrática.
A manobra foi a seguinte: o multipartidarismo foi
Após diversas idas e vindas, e com o país perto de substituído pelo bipartidarismo, a ARENA (Aliança
uma guerra civil, o congresso conseguiu estabelecer o Renovadora Nacional), partido governista, e o MDB
consenso da implantação do parlamentarismo como (Movimento Democrático Brasileiro), partido oposi-
forma de assegurar a posse constitucional de Jango cionista. Esse mesmo ato estabelecia eleições indire-
e, ao mesmo tempo, pacificar os militares golpistas tas para presidente, realizadas via Colégio Eleitoral. Já
com a redução dos poderes deste. O governador do o terceiro Ato Institucional (AI-3) previa eleições indi-
Rio Grande do Sul foi o principal denunciante dessa retas para os governos estaduais. A Lei da Imprensa
manobra como um “golpe branco”. Resposta: Certo. e a Lei de Segurança Nacional, de 1967, solaparam de
vez a liberdade de expressão e quarto Ato Institucio-
2. (CESPE-CEBRASPE – 2019) Julgue o item subsequen- nal (AI-4) foi baixado para garantir a aprovação da
te, relacionado à crise final do regime da Constituição de nova Constituição Federal.
1946. Na intenção de erradicar a elite política e intelec-
Tendo tomado posse em 31 de janeiro de 1961, Jânio tual reformista do coração do Estado, o governo de
Quadros renunciou em 25 de agosto do mesmo ano. Marechal Castelo Branco apelou ao uso irrestrito de
Temendo as consequências do gesto considerado Inquéritos Policiais Militares (IPMs), sendo mais de
perigoso e injustificável, o Poder Legislativo, sob a pre- 700 processos tocados. Além disso, outras 3644 pessoas
sidência do senador Auro Moura Andrade, esforçou-se receberam sanções políticas baseadas nos Atos Institu-
por demover o presidente de seu intento, tendo pos- cionais, o que correspondeu a 65% de todo o ocorrido
tergado ao máximo a leitura do texto da renúncia no dessa natureza nos 21 anos de ditadura, e 90% das 1230
plenário do Congresso Nacional. punições aos militares oposicionistas ao longo de todo
o regime foram efetuadas sob seu mando.
( ) CERTO  ( ) ERRADO A economia ficou a cargo de Roberto Campos, e suas
principais medidas estavam sintetizadas no Plano de
Após a entrega do texto-renúncia ao Congresso, os Ação Econômica do Governo (Paeg), cujas prioridades
parlamentares debateram por duas horas e chega- eram a contenção da inflação, o retorno da capacidade
ram à conclusão do aceite da renúncia, por consi- do Estado em investir em infraestrutura produtiva, a
derá-la um ato unilateral injustificável. Pesavam reorganização das finanças públicas mediante um novo
na decisão, ademais, os oitos meses de constantes sistema tributário e, por fim, a renegociação da dívida
ataques moralistas, as aberturas de sindicâncias e externa a fim de alcançar novos empréstimos.
a publicização de crimes sem provas contra parla- No que se refere à nova política salarial, os salá-
mentares. Resposta: Errado. rios eram reajustados baseados em um cálculo que
considerava não somente a inflação dos últimos doze
PERÍODO DO REGIME MILITAR (1964 - 1985) meses, como também a previsão de inflação dos próxi-
mos doze meses. Assim, “como a inflação era sistema-
Movimento Militar de 31 de Março de 1964 ticamente subestimada, a nova legislação provocou
perda salarial sistemática, com perversos efeitos dis-
z Governo Castello Branco tributivos” (LUNA; KLEIN, 2014, p. 94).
Esse arrocho salarial era visto pelo governo como
Cumprindo o rito institucional, o Congresso Nacional um fator para a insatisfação popular e para a conse-
elegeu, no dia 9 de abril de a1964, o Marechal Humber- quente instabilidade do novo regime; assim, em 1964,
to de Alencar Castelo Branco, com 361 votos, à presi- foi criado o Banco Nacional da Habitação (BNH),
dência da república. O discurso oficial afirmava, com mais tarde incrementado pela criação do Fundo de
apoio de importantes lideranças como Juscelino Kubist- Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), formando
chek e Carlos Lacerda, que os militares permaneceriam uma política de financiamento para a construção de
no poder apenas por um período curto, até que a cor- casas populares e um fundo para o trabalhador demi-
rupção fosse extinta e o crescimento econômico fosse tido sem justa causa. Por fim, o projeto de moder-
retomado, gozando, assim, de grande legitimidade. Con- nização autoritária pressupunha o controle das
tudo, logo descobriu-se que a intervenção de 1964 seria organizações de trabalhadores urbanos e rurais pelo
240 muito diferente das demais intervenções militares. Estado, assim como a perseguição de líderes sindicais.
Governo Costa e Silva principal mecanismo que atribuía legitimidade ao regi-
me frente às classes médias e empresariais.
O Marechal Artur da Costa e Silva foi o segundo Somava-se a isso a aproximação do governo à
militar a ocupar a presidência e, empossado em 15 de grande imprensa liberal. Contudo, alguns aconteci-
março de 1967, pertencia ao grupo conhecido como mentos provam que a tendência autoritária do regime
“linha dura”, diferentemente de seu antecessor. Além ainda estava em voga: com a vitória do MDB nas elei-
disso, implementou uma política externa mais nacio- ções parlamentares de 1974 e com as previsões de que
nalista e menos alinhada aos Estados Unidos. a oposição ganharia ainda mais espaço nas eleições
Seu breve governo ficou marcado pela implementa- de 1978, órgãos do governo passaram a disseminar a
ção do quinto Ato Institucional (AI-5), cujo conteúdo tese de que o Partido Comunista havia se infiltrado no
viabilizou o terrorismo de Estado. Esse ato estabele- partido de modo a ampliar o número de votos.
cia a cassação ampla e irrestrita de políticos e cidadãos, Além disso, militares de extrema direita respon-
suspendia o habeas corpus de presos políticos, permitia deram violentamente às medidas propostas por Gei-
a decretação de estado de sítio sem autorização prévia sel, participando de diversos ataques terroristas, ao
mediante a centralização excessiva do poder Executivo mesmo tempo em que organizações anticomunistas
Federal e, por fim, a censura prévia sob todos os meios tornavam a ganhar fôlego. Ainda em seu governo,
39 opositores desapareceram e 42 foram mortos pela
de comunicação e sob os produtos culturais.
repressão, o Congresso foi fechado por 15 dias e a cen-
sura foi largamente utilizada até 1976.
Governo Médici
Em outubro de 1975, o comando do II Exército, com
sede em São Paulo, noticiou que o renomado diretor
O terceiro presidente da ditadura foi Emílio Gar- jornalístico da TV Cultura, Wladimir Herzog, havia
rastazu Médici, o general de maior patente entre suicidado. A notícia repercutiu negativamente, uma
os pré-candidatos e que também pertencia à “linha vez que setores importantes da sociedade descredita-
dura” palaciana. Seu governo ficou conhecido como vam o comunicado oficial. Diante do ocorrido, o pre-
os “anos de chumbo”, dada à violação sistemática dos sidente, tido como moderado, nada fez senão advertir
direitos humanos. Todo cidadão era passível de ser o comandante do II Exército, Ednardo D’Ávila Melo.
acusado de subversivo, baseado em uma simples sus- Em 1976, outra morte tornou-se pública e como-
peita, e ficando sujeito à detenção, à tortura e à morte. veu a sociedade: o sindicalista Manoel Fiel Filho
Seu governo coincidiu, ainda, com o período do “mila- apareceu morto após ser interrogado pelas forças da
gre econômico”, cuja taxa de crescimento médio foi de repressão. Somente após forte pressão houve a demis-
10% ao ano. A maior expansão industrial ficou concen- são de D’Avila Melo pelo presidente. É importante des-
trada – e sustentada pelos juros baixos – no setor de bens tacar que embora somente esses dois casos tenham
de consumo duráveis, além de um crescimento exponen- repercutido de forma mais ampla, outras centenas de
cial no setor automobilístico. No campo social, contudo, a denúncias eram feitas em relação às torturas.
situação não era favorável, uma vez que o arrocho sala- Já em abril de 1977, o governo, prevendo a derro-
rial e a concentração de renda não permitiram a transfor- ta do partido governista nas eleições do ano seguinte,
mação dos ganhos de produtividade dos trabalhadores. fechou o Congresso por 15 dias e editou um conjun-
O endividamento externo é, também, marca des- to de medidas autoritárias conhecido como “Pacote
de Abril”. Esse pacote, em síntese, previa a extensão
se período, agravado ainda mais pela primeira crise
do mandato do presidente, de cinco para seis anos,
do petróleo, em 1971, quando os preços e os juros
eleições indiretas para governadores de Estado e a
internacionais cresceram vertiginosamente. O maior
nomeação de um terço do Senado pelo presidente.
problema estava no financiamento das indústrias
A “Lei Falcão” foi promulgada na esteira do pacote,
estatais mediante crédito de bancos privados inter- inviabilizando o acesso da oposição à televisão.
nacionais, que, por sua vez, possuíam taxas de juros O governo Geisel, por fim, marcou um avanço na
altíssimas e flutuantes. O endividamento externo sal- industrialização pesada, sobretudo no setor elétrico,
tou de menos de 5 bilhões de dólares em 1964 para nuclear, petroquímico e de equipamentos industriais,
mais de 90 bilhões de dólares em 1983; ao mesmo tem- promovendo, ademais, a estatização da economia. Embo-
po em que o Brasil ascendeu à condição de 10ª potên- ra tenha conseguido, em 1974, manter o crescimento
cia do mundo, os indicadores de qualidade de vida o econômico, dependendo cada vez mais de quantidade
alocavam entre os últimos. vultuosa de investimentos exteriores, é possível afirmar
que a crise econômica efetivamente havia se iniciado em
Governo Geisel seu governo, intercalada com períodos de crescimento,
que seguiriam até o início do governo Figueiredo.
Ernesto Beckmann Geisel firmou-se como sucessor
de Médici, tornando-se o quarto presidente da ditadura. Governo Figueiredo
HISTÓRIA DO BRASIL

O novo presidente ficou responsável por uma nova fase


de institucionalização do regime, conhecida como “lenta, O último presidente da ditadura foi João Baptista
gradual e segura” até transição para o um poder civil. Figueiredo, cuja promessa ao tomar posse foi a conso-
Geisel propôs quatro objetivos estratégicos: o pri- lidação da abertura. O último presidente não possuía
meiro diz respeito ao reestabelecimento da profissiona- a mesma expertise política de seu antecessor e não
lização dos quadros das Forças Armadas e à redução do conseguiu manter o controle do processo de abertura.
poder dos “linha duras”; o segundo propunha a manu- Seu governo ficou marcado pela maior crise eco-
tenção do controle da oposição de centro e de esquerda, nômica vivida pelo país e pelo fim do AI-5. Uma série
além daqueles indivíduos considerados “subversivos”; de protestos e a emersão de novos movimentos sociais
o terceiro planejava a construção de uma democracia ocorreram sob sua governança, assim como violentos
restrita e controlada; e o quarto previa a manutenção ataques terroristas praticados pela extrema direita
das elevadas taxas de crescimento, uma vez que era o militar, intencionando parar o processo de abertura. 241
A NOVA REPÚBLICA (DE 1985 ATÉ 2000) Há que se dizer, por fim, que até o final do gover-
no Sarney, nenhuma ruptura significativa em relação
O Governo Sarney, Crise e Hiperinflação da década à ditadura havia acontecido (a começar pelo próprio
de 80 presidente, como dissemos), e também porque nenhum
julgamento havia acontecido para punir militares envol-
A morte de Tancredo havia abatido enormemente vidos em crimes contra a humanidade. As esperanças
o país, levando a uma comoção que há bastante tempo se voltaram, enfim, para a primeira eleição direta que
não se via em um cortejo fúnebre: seu caixão subiu a escolheria um presidente da república em 21 anos.
rampa do Planalto em um gesto bastante simbólico,
pois se tratava do primeiro presidente civil após 21
anos de ditadura.
De todo modo, José Sarney, seu vice, assumiu a
presidência no dia 15 de março de 1985, e, mesmo
EXERCÍCIOS COMENTADOS
que fosse um aliado histórico da ditadura, as expec-
1. (CESPE-CEBRASPE – 2018) “Diversamente de 1930,
tativas da população não diminuíram. Pelos próximos
1945 e 1955, em 1964 as Forças Armadas não entre-
10 anos, diferentes governos tentariam, sem sucesso,
garam o poder a um civil. A partir do golpe, até 1985,
organizar uma economia que herdava da ditadura
a história republicana assistiria, pela primeira vez, a
dívida externa e inflação monstruosas.
um longo desfile de presidentes militares, cuja eleição
Ainda em 1985, a equipe econômica de Sarney
dava-se dentro do círculo do poder militar. Em suma, a
decretou o congelamento dos preços, tentando dimi-
sociedade civil não participava do processo.”
nuir a inflação; estabeleceu um corte de 10% do
orçamento e proibiu a contratação de funcionários
LOPEZ, Adriana; MOTA, Carlos Guilherme. História do Brasil: uma
públicos. Além disso, o cálculo da correção monetária interpretação. São Paulo: SENAC, 2008, p. 806 (com adaptações).
passou a ser determinado pela inflação dos três últi-
mos meses. Essas medidas reduziram a inflação para Tendo o fragmento de texto apresentado como refe-
7,2% em abril, mas diversas questões, sobretudo agrí-
rência inicial, julgue o item, acerca de fatos marcantes
colas, elevaram-na a 14% em agosto.
da segunda metade do século XX no Brasil.
Em fevereiro, o governo apresentou o Plano Cru-
Mesmo nos anos de relativa democracia, as práticas
zado, substituindo a antiga moeda, o cruzeiro, pelo
populistas e as relações autoritárias e violentas foram
cruzado. A nova moeda perdeu três zeros; assim, a
marcas constantes que retardaram tanto a assunção
conversão dos depósitos em bancos estabeleceu que
do conceito de cidadania quanto a prática desta no
cada mil cruzeiros equivaleriam a um cruzado. O pla-
Brasil. A cidadania substantiva no Estado brasileiro
no previa, ainda, o congelamento de tarifas, preços e
serviços, além de basear o salário na média do poder só foi estabelecida a partir de 1985, com a eleição de
de compra dos seis meses anteriores. Tancredo Neves.
O resultado foi a diminuição da inflação e um
boom consumista, que rendeu boa popularidade ao ( ) CERTO  ( ) ERRADO
presidente naquele momento. Esse consumismo, con-
tudo, levou a uma crise de desabastecimento, fazendo Embora os direitos civis e reivindicatórios já pos-
com que faltasse uma série de produtos na prateleira; suíssem mais fôlego no início dos anos 80, prevaleciam
mesmo que o governo tentasse importar esses gêne- ainda práticas autoritárias, como o terrorismo de gru-
ros, não conseguia, pois, a burocracia herdada da dita- pos militares e paramilitares que tentavam interrom-
dura impossibilitava. per o processo de abertura. A cidadania substantiva,
O Cruzado II foi anunciado em novembro de 1986, assim, não foi recuperada em 1985, pois somente com
e previa o descongelamento dos preços, há muito a Constituição de 1988 puderam ser restabelecidos os
exigido pelos empresários, e o aumento das tarifas direitos políticos da população, assim como um pla-
dos serviços públicos. A inflação, que estava contida, nejamento para a implementação de políticas sociais.
passou de 3% nesse mês para 16% em menos de três Resposta: Errado.
meses. Em 1987, o presidente foi em cadeia nacional
de televisão para anunciar a moratória da dívida 2. (CESPE-CEBRASPE – 2018) “No ano em que ocorreu,
externa do Brasil. A crise parecia não ter fim. a campanha das Diretas Já mobilizou milhares de pes-
Em 1988, o governo apresentou o Plano Verão, soas, mas, naquele mesmo ano, a mobilização foi logo
criando a moeda “cruzado novo”, mas o plano foi frustrada, retardando-se com isso o avanço da demo-
um completo fiasco, pois, àquela altura, o governo já cracia representativa. Em seguida, assistiu-se no país
havia perdido toda a sustentação política e se tornara à nova mobilização da sociedade, agora voltada para a
extremamente impopular. convocação de uma Assembleia Nacional Constituin-
A partir desse momento, o país caminhou à hipe- te. Ou, melhor dizendo, de um Congresso Constituinte.
rinflação, chegando a 83% em março de 1990. Preços Aí, até a redação final e aprovação da Constituição de
de supermercado eram reajustados todos os dias e filas 1988, de tudo se discutiu. A Constituição resultan-
aconteciam em supermercados e postos de gasolina toda te, apesar de tudo, representou o marco de um novo
vez que surgia o menor indício de aumento dos preços. período da história do Brasil contemporâneo.”
Ainda em 1987, iniciou-se o importante processo
da Constituinte, transformando os próprios congres- LOPEZ, Adriana; MOTA, Carlos Guilherme. História do Brasil: uma
sistas eleitos em 1986 no Congresso Constituinte, com interpretação. São Paulo: Senac São Paulo, 2008, p. 872 (com
ampla maioria do PMDB. Os debates foram acalora- adaptações).
dos e algumas propostas do PMDB foram considera-
das radicais demais, mas, de fato, muitos avanços se Considerando a abrangência histórica do período a que
242 tornaram constitucionais. o texto anterior se refere, julgue o item que se segue.
Ao afirmar que “de tudo se discutiu” ao longo do proces- Nacional (PRN), mas possuía desde o início quase
so constituinte, o texto reitera o fato de que a Carta de nenhum apoio da estrutura partidária.
1988 – a “Constituição Cidadã”, na expressão célebre No dia 16 de março de 1990, foi apresentado o Pla-
de Ulysses Guimarães – resultou de significativa par- no Collor, que estipulava o bloqueio de todas as apli-
ticipação da sociedade, em especial de seus setores cações em bancos e depósitos em contas correntes,
organizados, o que pode lhe ter conferido, como muitos além da abertura comercial e do congelamento dos
críticos apontam, uma certa dimensão corporativa. preços. Cerca de 95 bilhões de dólares foram confisca-
dos para bloquear a liquidez, a fim de conter a infla-
( ) CERTO  ( ) ERRADO ção, fazendo exatamente aquilo que supostamente
seu adversário faria caso chegasse à presidência.
Houve, de fato, grande mobilização popular e de Ao fracasso de sua estratégia para economia,
grupos mobilizados em torno da elaboração da somaram-se denúncias de corrupção no seu governo,
Constituição, o que refletiu em 122 emendas popu- sendo a mais evidente a de seu irmão, Pedro Collor,
lares – algumas com mais de um milhão de assi- em maio de 1992. Pedro denunciou a existência de um
naturas – analisadas pelo Congresso Constituinte.
amplo esquema liderado pelo tesoureiro da campa-
Resposta: Certo.
nha de Fernando Collor, conhecido como “PC Farias”.
Em seguida, o Congresso instaurou uma Comis-
A Constituição de 1988
são Parlamentar de Inquérito (CPI) para averiguar as
denúncias, descobrindo contas bancárias associadas a
A Constituição de 1988, que é a vigente em nossos
“laranjas” para o financiamento da campanha; desco-
dias, é conhecida como Constituição Cidadã. O texto
briram-se também “contas-fantasma” que financiavam
restabeleceu eleições diretas para presidente e demais
reformas na casa do presidente, mas que logo desco-
cargos executivos, reduziu o mandato para quatro
briu-se tratar de restos dos fundos da campanha, além
anos, fortaleceu o Ministério Público, deu direito de
da compra de um carro para sua esposa com dinheiro
voto aos analfabetos, assim como a pessoas a partir
ilegal proveniente dos esquemas de PC Farias.
dos 16 anos, diminuiu a jornada de trabalho para 44
Uma série de protestos tomou conta do país: a
horas semanais, criou o abono de férias e o seguro-
Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) apresentou ao
-desemprego, o décimo terceiro salário para aposen-
Congresso um pedido de impeachment do presidente;
tados, definiu como crimes inafiançáveis o racismo e
surgiu o Movimento pela Ética na Política, cuja orga-
a tortura, proibiu a censura, garantiu a liberdade de
expressão e aumentou significativamente os mecanis- nização reunia cerca de 900 entidades; os estudantes
tiveram papel importante e simbólico nos protestos:
mos de participação popular direta.
por conta dos rostos pintados com as cores nacionais,
ficaram conhecidos como “cara-pintadas”.
O Governo Collor, O Plano Collor, O impeachment de
Em 29 de setembro de 1992, a Câmara autorizou a
Collor, O Governo Itamar Franco, O Plano Real, Os
abertura do processo de impedimento e, no final des-
Planos Cruzado, Bresser e Verão - caracterização e
se ano, Collor foi condenado no Senado por 76 votos
razões do insucesso
favoráveis contra apenas 3. Antes disso, é preciso
dizer, ele havia tentado manobrar a situação tentan-
As eleições de 1989 tiveram 22 candidaturas e
do renunciar; o que não deu certo. Perdeu, assim, o
foram vividas como a possibilidade real de mudan-
mandato, e se tornou inelegível por 8 anos.
ças. Por parte da esquerda, Lula encabeçava a chapa
pelo Partido dos Trabalhadores (PT), advogando um Quem assumiu em seu lugar foi o vice-presidente,
programa radical, como a supressão da dívida exter- Itamar Franco, e foi em seu governo que finalmente
na, considerada demasiadamente onerosa à classe houve o controle da inflação. O Ministério da Fazen-
trabalhadora. Do outro lado, estava o governador de da foi ocupado por Fernando Henrique Cardoso,
Alagoas, Fernando Collor de Mello, até então desco- em 1993, e logo no início anunciou cortes de despe-
nhecido do grande público, mas que transmitia a ima- sas e privatizações de empresas estatais, além de dar
gem de ousado, jovem e vigoroso para cumprir sua sequência à abertura comercial.
fama de “caçador de marajás”. O ministro também criou um padrão de valor
Ambos eram promessa de novidade, mas Lula monetário, conhecido como Unidade Real de Valor
parecia radical demais, o que fez com que a grande (URV), de modo a mostrar a equivalência entre uma
mídia, políticos conservadores, empresários e mili- URV – 647,50 cruzeiros em sua primeira aparição, em
tares, temerosos de que o petista levasse a cabo jul- março de 1994 – e o cruzeiro real.
gamentos e punições, se aglutinassem em torno de Além disso, os salários foram estabelecidos a partir
Collor. Durante o segundo turno, Lula receberia apoio de uma média da inflação dos últimos quatro meses.
HISTÓRIA DO BRASIL

do PDT de Leonel Brizola, do PMDB e do novato PSDB. Após sucessivos testes, acompanhados pelo valor da URV
A disputa foi dura. que permanecia fixo, a equipe econômica finalmente
Enquanto Lula crescia nas pesquisas de opinião apresentou a nova moeda em julho de 1994: o real, um
e estouravam casos de corrupção em Alagoas, Collor sucesso que logo se converteu em inflação baixa.
passou a atacar seu adversário dizendo que o petis- Ainda durante o governo de Itamar, foi possível
ta confiscaria poupanças e apartamentos da classe chegar a um arguto acordo de renegociação da dívi-
média, além de ser incentivador do aborto. As emis- da, após os norte-americanos finalmente aceitarem a
soras de televisão tiveram papel fundamental para o proposta de Luiz Carlos Bresser Pereira de conceder
declínio do candidato esquerdista, transmitindo com descontos para os montantes. Mas foi o sucesso do pla-
frequência os “alarmes” de Collor, em especial a Rede no real que marcou seu breve período à frente da pre-
Globo, durante seu principal telejornal. Collor, assim, sidência, sucesso esse que impulsionou seu ministro
foi eleito presidente pelo Partido da Reconstrução ao executivo federal. 243
frutificar nos governos de FHC. Em 1995, foi criado o
EXERCÍCIOS COMENTADOS programa Bolsa Escola, em Campinas, cuja proposta
era a transferência de uma renda mínima a famílias
1. (CESPE-CEBRASPE – 2018) No Brasil, o início dos
pobres com a condição de manterem suas crianças
anos 60 do século passado foi marcado pela eleva-
frequentes nas escolas; em 2001, foi adotado pelo
ção da temperatura política: o debate de ideias e de
governo federal, que foi capaz de estender o progra-
projetos para o país, em marcha ascendente desde
a década anterior, alcançava dimensão muito mais ma a mais de 5 milhões de famílias. É do seu governo,
vigorosa, provavelmente refletindo, entre outras, as também, o Bolsa Alimentação.
repercussões da Revolução Cubana. Vivia-se a tensão Contudo, há que se dizer que as primeiras mudan-
do confronto ideológico entre esquerda e direita. Em ças no modelo de proteção social tiveram início com
1964, um golpe de Estado interrompeu esse processo o primeiro governo civil após a ditadura e registra-
e instaurou um regime de força que, por cerca de vin- das na Constituição de 1988, que pretendia garantir o
te anos, conduziu o Estado brasileiro. Esgotado esse acesso à saúde, à seguridade e à educação básica.
modelo político, em meio a uma grave crise econômi- Ao longo dos anos 1990, essas diretrizes começa-
ca, procedeu-se à transição que faria o país retornar ram a se desenvolver, exigindo uma lenta descen-
ao leito democrático. No que se refere a esse período tralização de responsabilidades e recursos. Além da
da História brasileira, julgue o item que se segue. descentralização e colaboração entre os níveis gover-
Os trabalhos de uma comissão parlamentar de inqué- namentais, o Plano Real foi importante ao tornar
rito acabaram por levar ao inédito impeachment de um possível maior fluxo de recursos para a área social,
presidente da República. Foi o que ocorreu com Fer- o que produziu, por exemplo, a municipalização da
nando Collor, imediatamente substituído por seu vice, assistência social e da rede básica de saúde. Os acessos
sem que o país mergulhasse em crise institucional. à educação e à saúde se tornaram quase universais,
e a assistência social foi consideravelmente dilatada
( ) CERTO  ( ) ERRADO mediante programas de garantia de renda para idosos
e pessoas com deficiência.
Diferentemente de outros momentos da história No governo FHC também foram criados programas
brasileira, os trâmites para o impedimento de Col- que formavam uma rede de proteção social, como a
lor ocorreram dentro dos marcos legais, com ampla
previdência rural, e ainda programas não-contribu-
mobilização da sociedade e sem nenhuma manifes-
tivos de assistência social: Bolsa-Escola, Erradicação
tação militar golpista relevante. Mesmo o período
do Trabalho Infantil, Bolsa-Alimentação, Auxílio Gás,
de grave crise engendrado pelo governo de Collor
Agente Jovem, Programa de Saúde da Família, Pro-
não desestabilizou nenhuma das instituições da
República. Resposta: Certo. grama de apoio à Agricultura Familiar. Nesses pro-
gramas, houve uma opção pela transferência direta
2. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Julgue o item subsequen- da renda monetária, distanciando-se de programas
te, relativos à política internacional e à inserção históri- como os de distribuição de cestas básicas, que muitas
ca do Brasil no cenário mundial. vezes valiam à manipulação clientelista, tão comum
Em que pese toda a efervescência a política, que teve na política brasileira.
no impeachment de Collor e seus desdobramentos o O governo de FHC também foi pioneiro no enfren-
seu ápice, o governo Itamar Franco conseguiu levar tamento de algumas heranças da ditadura, no cam-
adiante as reformas relativas à privatização, à desregu- po da justiça de transição. Em 1995, foi instituída
lamentação, à abertura comercial e à regularização das a Comissão sobre Mortos e Desaparecidos, cuja
relações com a comunidade financeira internacional. proposta era reconhecer os mortos e desaparecidos
durante os anos repressivos, ritual bastante simbólico
( ) CERTO ( ) ERRADO para aqueles que perderam alguém e nunca chega-
ram a ter sequer um atestado de óbito. Tempos depois,
O país foi adotando, ao longo da década de 1990 em 2001, surgiu a Comissão da Anistia, concedendo
(começando com o próprio Collor) políticas cada indenizações às vítimas da ditadura.
vez mais liberalizantes na economia, rompendo as
reservas de mercado nas áreas de tecnologia e no
setor automotivo, privatizando importantes empre-
sas estatais, criadas ainda no período de Vargas, e EXERCÍCIOS COMENTADOS
apertando cada vez mais os laços com a comunidade
financeira internacional. Resposta: Certo. 1. (CESPE-CEBRASPE – 2019) A Constituição aprova-
da em 1988 apresenta 245 artigos e 70 disposições
Os Governos de Fernando Henrique Cardoso transitórias, tratando de vastíssima gama de assun-
tos. É a mais democrática Constituição da República
Fernando Henrique Cardoso tomou posse em e a de maior preocupação com os chamados direitos
1995; é importante comentarmos que em seu governo sociais. Sua característica mais importante, que lhe
foi aprovada uma emenda constitucional que permi- valeu o epíteto de Constituição Cidadã, foi a incorpora-
tia a reeleição de prefeitos, governadores e presidente
ção de uma série de direitos civis e sociais. Ocupa-se,
da república. A votação foi permeada de acusações de
ainda, com uma série de garantias trabalhistas, desde
compra de votos, que nunca foram devidamente apu-
muito requeridas pelos sindicatos.
radas, e permitiu que FHC se reelegesse em 1998.
A ampla mobilização popular reivindicando
SILVA, Francisco Carlos Teixeira da. Brasil, em direção ao século XXI.
melhorias nas condições de vida, desde os movi- In: LINHARES, Maria Yedda (org.). História geral do Brasil. Rio de
244 mentos organizados no final da ditadura, começou a Janeiro: Campus, 1996, p. 343 (com adaptações).
Com o auxílio do texto acima, julgue os itens subse- a) criação de um tipo de serviço militar obrigatório.
quentes, relativos à Carta de 1988, marco jurídico da b) abolição total da escravidão.
redemocratização brasileira contemporânea. c) melhoria da remuneração dos soldados.
As dificuldades encontradas pelo governo Fernando d) implantação de indústrias no Brasil.
Henrique Cardoso em alterar dispositivos constitucio- e) criação de uma República independente.
nais derivam, na opinião hoje corrente no país, da frá-
gil base de sustentação política com que ele conta no 3. (DECEx — 2019) Nos anos 1624-1635, ocorreu a pri-
Congresso, particularmente no Senado Federal. meira tentativa dos holandeses de invadir e conquistar
territórios do Nordeste brasileiro, que fracassou. Essa
( ) CERTO  ( ) ERRADO primeira invasão ocorreu na cidade de:

FHC possuía maioria no Congresso, tanto é que deu a) João Pessoa.


sequência ao modelo chamado de “presidencialismo b) Recife.
c) Salvador.
de coalisão”. O PSDB do presidente havia se aliado
d) São Cristóvão.
aos importantes partidos PFL e PMDB, além de outros
e) Natal.
partidos fisiológicos. Contudo, especialistas apontam
que o empecilho à implementação do programa de
4. (DECEx — 2020) Durante a permanência da Corte Por-
modernização estava justamente no custo político de
tuguesa no Brasil (1808-1821) D. João VI tomou uma
ter que negociar com esses partidos de interesses tão série de medidas que contrariavam os fundamentos
distintos. Além disso, tem que se considerar o perfil do mercantilistas do Sistema Colonial Português na Amé-
presidente, que isolava o próprio partido na tomada rica. Uma medida tomada pelo príncipe regente, nesse
de decisões, sem contar a preponderância da área eco- período, que conferia ao Brasil autonomia administra-
nômica em seu governo, ocupada majoritariamente tiva e selava o fim se sua situação colonial foi a:
por tecnocratas. Resposta: Errado.
a) criação da Real Academia Militar e da Marinha, além
2. (VUNESP – 2018) Dentre as medidas adotadas pelo do Hospital Militar.
Governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), b) elevação do Brasil à categoria de Reino Unido de Por-
pode(m)-se citar: tugal e Algarves.
c) abertura dos portos às nações amigas e o consequen-
a) o bloqueio de contas e aplicações financeiras em te fim do Pacto Colonial.
bancos. d) assinatura dos tratados de comércio e navegação
b) o congelamento dos preços das mercadorias e com a Inglaterra em 1810.
serviços. e) extinção do Alvará de 1785 e a permissão para o fun-
c) a regulamentação do comércio exterior e a privatiza- cionamento de indústrias no Brasil.
ção econômica.
d) a criação do Bolsa Família e de programas de distribui- 5. (DECEx — 2020) Entre 1580 e 1640, o Rei da Espanha
ção de renda. passou a ser também rei de Portugal, dando origem
e) o anúncio do Plano Real, estabilizando a economia. ao período denominado “União Ibérica”. Em relação à
ocorrência desta condição, podemos afirmar que:
O governo FHC foi responsável por abrir a economia
brasileira ao mercado externo e promover a priva- a) A “união” entre Portugal e Espanha proporcionou gran-
tização de diversas empresas estatais, no ramo da des avanços para a economia lusitana, que passou a
explorar ouro e prata em grande quantidade.
mineração e telefonia, sobretudo. Resposta: Letra C.
b) A administração Filipina promoveu melhorias para a
economia açucareira no Brasil, gerando independên-
cia perante os interesses holandeses.
HORA DE PRATICAR! c) Felipe lI decretou a liberdade de culto objetivando evi-
tar tensões e movimentos revoltosos.
d) Apesar da influência política do rei espanhol, Felipe lI
1. (DECEx — 2019) As primeiras atividades econômicas concordou em preservar costumes, língua e aspectos
na América Portuguesa, por parte do governo, concen- da economia portuguesa em território português e em
traram-se na extração de pau-brasil, dentro do regime seus domínios.
de: e) A administração filipina sobre o território brasileiro e
as atividades coloniais garantiu segurança necessária
a) doação. para que Salvador se mantivesse como capital colo-
HISTÓRIA DO BRASIL

b) estanco. nial, não havendo incursões estrangeiras no Brasil.


c) escambo.
d) concessão. 6. (DECEx — 2019) O Período Regencial Brasileiro foi
e) permissão. uma época de agitações e rebeliões regenciais. Indi-
que a alternativa que contém a relação correta entre o
2. (DECEx — 2020) No final do século XVIII. a colônia bra- movimento e seu local de ocorrência:
sileira foi palco de alguns movimentos influenciados
peta Independência das Treze Colônias Inglesas da a) Sabinada - Espírito Santo.
América do Norte (1776) e pela Revolução Francesa b) Levante Malê - Bahia.
(1789). A Inconfidência Mineira (1789) e a Conjuração c) Farroupilha - Paraná.
Baiana (1798), respectivamente, estão Inseridas nes- d) Cabanagem - Goiás.
se contexto histórico, cujo objetivo comum era a: e) Balaiada - Ceará 245
7. (DECEx — 2020) Ao abdicar do trono brasileiro, em 12. (DECEx — 2019) No ano de 1930, foi rompido o acordo
1831, e tendo seu herdeiro ainda criança, foi estabele- da política do café com leite, isto é, o desentendimen-
cido que se deveria seguir o previsto na Constituição to entre os partidários do Partido Republicano Paulista
de 1824 quanto a sucessão do trono em caso de renún- (PRP) e do Partido Republicano Mineiro (PRM). Nesse
cia do rei, isto é, que fosse organizada uma regência. contexto histórico, que agitou a cena política nacional,
Marque a alternativa que apresenta a sequência cor- nasceu a Aliança Liberal (AL), um agrupamento políti-
reta entre as formas de regências estabelecidas até a co que reunia líderes dos estados:
maioridade do herdeiro, Pedro de Alcântara.
a) do Rio Grande do Sul, de Minas Gerais e da Paraíba.
a) Regência Trina Provisória, Regência Trina Permanente, b) de São Paulo, do Rio de Janeiro e do Rio Grande do
Regência Una de Diogo Feijó e Regência Una de Araújo Sul.
Lima. . c) de São Paulo, da Bahia e de Pernambuco.
b) Regência Una de Diogo Feijó, Regência Una de Araújo d) do Rio de Janeiro, do Rio Grande do Sul e da Bahia.
Lima e Regência Trina Permanente. e) de Minas Gerais, do Mato Grosso e do Ceará.
c) Regência Trina Permanente, Regência Trina Provisória
e Regência Una de Araújo Lima. 13. (DECEx — 2020) Durante a chamada Era Vargas (1930-
d) Regência Trina Provisória, Regência Una de Diogo Fei- 45), houve profundas mudanças em diversos setores
jó e Regência Una de Araújo Lima. estruturais do país. Dentre essas mudanças, é correto
e) Regência Una de Araújo Lima, Regência Una de Dio- citar:
go Feijó, Regência Trina Provisória e Regência Trina
Permanente. a) a grande democratização graças ao alinhamento com
os aliados durante a 2ª Guerra Mundial.
8. (DECEx — 2020) Durante o avanço das Forças Brasilei- b) a criação de leis trabalhistas e a regulamentação dos
ras na Guerra, da Tríplice Aliança, as tropas se depa- sindicatos.
raram com uma posição defensiva estrategicamente c) o alinhamento com o bloco soviético, permitindo a
construída pelos paraguaios, a fortaleza de Humaitá. participação do PCB nas eleições.
Essa posição demandou muito tempo e vidas para d) a criação de áreas de livre comércio que alavancaram
ser conquistada. Tal Fortaleza estava estabelecida às a economia brasileira.
margens do rio: e) o incentivo à lavoura cafeeira para resgatar a grandeza
econômica do país.
a) Paraíba do Sul.
b) Paraguai 14. (DECEx — 2020) Entre 1930 e 1956, a industrialização
c) Paraná. brasileira caracterizou-se por uma estratégia governa-
d) Uruguai. mental de criação de indústrias estatais nos setores
e) lguaçu. de bens de produção e de infraestrutura estratégica.
Sobre esse período, em que o Estado passou a intervir
9. (DECEx — 2018) A corrente filosófica presente no movi- diretamente na economia, é correto afirmar que:
mento republicano e que inspirou o lema “Ordem e
Progresso” foi o: a) os altíssimos investimentos estatais eram justificados
pelo desinteresse do capital privado, nacional e inter-
a) relativismo nacional em investir em setores em que o retorno dos
b) positivismo investimentos é reconhecidamente muito lento.
c) iluminismo b) em função desse extraordinário crescimento do setor
d) espiritualismo industrial brasileiro, perdeu importância a exportação
e) modernismo de produtos primários, notadamente o café.
c) são exemplos de indústrias que se destacaram no
10. (DECEx — 2018) A República Velha vai de 1889 a 1930, período a Companhia Vale do Rio Doce, a Companhia
o presidente civil que teve todo seu mandato no século Hidrelétrica do São Francisco e as montadoras de
XIX foi : automóveis do ABC paulista.
d) o então presidente Getúlio Vargas implantou o Plano
a) Venceslau Brás de Metas com o objetivo de impulsionar o crescimento
b) Afonso Pena da economia brasileira a partir do setor industrial.
c) Arthur Bernardes e) esse modelo de industrialização ficou conhecido no
d) Hermes da Fonseca Brasil como substituição de exportações e se carac-
e) Prudente de Morais terizou pelo incentivo às importações de bens de
consumo.
11. (DECEx — 2019) O Brasil adquiriu o Acre por meio do
Tratado de Petrópolis, mediante pagamento de uma 15. (DECEx — 2019) Na Segunda Guerra Mundial, dife-
soma em dinheiro e a promessa da construção de rentemente do que ocorreu na Primeira Guerra, teve a
uma Ferrovia, que escoaria as exportações bolivianas participação direta do Brasil no conflito. O governo no
até trechos navegáveis dos rios amazônicos. A ferro- qual se deu a inserção brasileira na Segunda Guerra
via que o tratado faz menção é a ferrovia: Mundial foi:

a) Presidente Dutra. a) Juscelino Kubitschek.


b) Transamazônica. b) Getúlio Vargas.
c) Barão de Rio Branco. c) João Goulart.
d) Madeira-Mamoré. d) Eurico Gaspar Dutra.
246 e) Norte-Sul. e) Jânio Quadros.
16. (DECEx — 2018) O Governo Castelo Branco buscou
4 B
resolver os desequilíbrios econômicos dos governos
anteriores por meio do PAEG. 5 D
São ações desse governo, EXCETO
6 B
a) Construção de itaipu
7 A
b) Conselho monetário nacional
c) Banco central do brasil 8 B
d) Banco nacional de habilitação
e) Fundo de garantia de tempo de serviço 9 B

10 E
17. (DECEx — 2018) O período entre 1968 e 1973, conheci-
do como “milagre econômico brasileiro”, permitiu um 11 D
acelerado crescimento da economia brasileira.
12 A
Nesse período, diversos programas na área de trans-
portes, infraestrutura e energia foram implementados, 13 B
visando a acabar com a estagnação e estimular o
desenvolvimento do país. 14 A
Dentre os projetos iniciados no período citado acima,
15 B
a única alternativa correta é;
16 A
a) Estrada de ferro Vitória a Minas
b) Usina hidrelétrica de Belo Monte 17 E
c) Ferrovia Norte-Sul 18 E
d) Usina hidrelétrica de Jirau
e) Usina de Itaipu 19 A

18. (DECEx — 2019) Na disputa entre Portugal e Espanha 20 D


pelos territórios a serem descobertos navegando-se a
Oeste, o limite que vigorou até o fim da União Ibérica
foi o:
ANOTAÇÕES
a) meridiano de Cabo Verde.
b) meridiano de Greenwich.
c) trópico de Capricórnio.
d) meridiano de Utrecht.
e) meridiano de Tordesilhas.

19. (DECEx — 2021) Entre os diversos movimentos, orga-


nizados por particulares, de interiorização do Brasil, a
partir do século XVII, tivemos um que se notabilizou
para busca de índios para torná-los escravos. Este
movimento ficou conhecido como:

a) bandeirismo de preação.
b) escravismo de conquista.
c) sertanismo de contrato.
d) extrativismo sertanejo.
e) entradas.

20. (DECEx — 2021) O primeiro passo da expansão ultra-


marina portuguesa foi a conquista de:

a) Moçambique.
b) Senegal.
HISTÓRIA DO BRASIL

c) Guiné.
d) Ceuta.
e) Angola.

9 GABARITO

1 B

2 E

3 C
247
ANOTAÇÕES

248
GEOGRAFIA DO BRASIL

O ESPAÇO NATURAL, RECURSOS ESTRATÉGICOS E IMPACTOS AMBIENTAIS


CARACTERÍSTICAS GERAIS DO TERRITÓRIO BRASILEIRO

Posição Geográfica, Limites e Fusos Horários

O Brasil está localizado na porção centro-oriental na América do Sul e é o maior país em extensão territorial do
subcontinente. O território é cortado pela Linha do Equador e pelo Trópico de Capricórnio, totalizando uma área
de 8.515.767 km2, sendo classificado como um país de dimensões continentais, e dentre os países com maiores
extensões territoriais do mundo, esse está em quinto lugar, tratando de terras descontínuas, e em quarto lugar,
considerando terras contínuas.

GEOGRAFIA DO BRASIL

Fonte: https://pt.mapsofworld.com/brasil/. Acesso: 04 de Maio de 2021.

FORMAÇÃO TERRITORIAL DO BRASIL

Para compreendermos como se estruturou e se organizou a formação e consolidação do território brasileiro, é


necessário analisar e entender os principais acordos e tratados internacionais que foram firmados com o objetivo
de definir bases do nosso território.
A base da fronteira política de uma nação ou país se estrutura em três importantes fases: a definição, por meio
de acordos; a delimitação, em que se tem o reforço cartográfico das linhas de limites definidas em um mapa e 249
a demarcação, a qual são definidos os marcos fronteiriços por meio de acidentes geográficos – rios, montanhas,
serras etc.
Veremos agora os principais tratados que contribuíram para a formação e a construção territorial do Brasil,
sendo eles:

z Tratado de Tordesilhas (1494): No decorrer do século XV, o processo conhecido como Expansão Marítima
Comercial Europeia ou Grandes Navegações conduziu duas nações da Europa – Portugal e Espanha – a uma
série de disputas por territórios na América, que havia sido descoberta por Cristóvão Colombo em 1492. Dessa
forma, a partir de 1494, foi assinado o Tratado de Tordesilhas, que estabelecia uma divisão das terras entre
as duas potências: Essa divisão foi traçada por uma linha imaginária meridional com uma distância total de
370 léguas de Cabo Verde, arquipélago localizado no continente africano. Dessa forma, as terras localizadas
a oeste da linha imaginária pertenceriam à Espanha e as terras localizadas a leste pertenceriam a Portugal.
Porém, com o avanço das atividades conhecidas como Entradas e Bandeiras ocorreu ocupação do interior
do território por conta das atividades econômicas que vinham se desenvolvendo e pelo fluxo de pessoas que
se deslocavam para estas áreas provocando o processo da interiorização, e assim os portugueses violaram os
termos presentes no acordo, facilitando, por exemplo, a construção de vilas, que no futuro serviriam para o
deslocamento da fronteira das terras portuguesas para a direção oeste.

ENTRADAS BANDEIRAS

Expedições organizadas pela Coroa Portuguesa, que ante- As Bandeiras foram expedições realizadas entre os sé-
cederam as Bandeiras e possuíam os seguintes objetivos: culos XVI e XVII, financiadas por particulares, com os
explorar o território, auxiliar no mapeamento do território objetivos semelhantes ao da Entradas, sendo eles: reali-
brasileiro, estabelecer novas áreas de currais para a cria- zar o processo de ocupação do interior do país, capturar
ção de gado e novas terras para a prática da agricultura. escravos que haviam fugidos e buscar áreas que pos-
Posteriormente essas atividades passaram a ter objetivos suíam reservas de ouro, tendo vista que as primeiras ex-
variados, como por exemplo, conquistar territórios ocupa- pedições com esse objetivo foram realizadas logo após
dos por índios, capturar índios para o trabalho em lavouras, a descoberta das primeiras minas de ouro em MG. Vale
mineração, captura de escravos refugiados, dentre outros. lembrar que esse era o principal objetivo. Posteriormen-
te os Bandeirantes foram ocupando territórios no inte-
rior do país para buscar novas reservas desse mineral.

No mapa a seguir podemos observar os limites territoriais definidos por meio da assinatura do Tratado de
Tordesilhas:

Fonte: Google Imagens.

z Tratado de Madrid (1750): Visando definir novas fronteiras, Portugueses e Espanhóis realizaram um novo
acordo para entrar em vigor o princípio do Uti Possidetis e a posse da terra seria garantida para aquele que
a ocupasse, critério adotado para estabelecer novos limites territoriais. No novo acordo, os Portugueses aca-
baram garantindo a posse das terras ocupadas além da linha de Tordesilhas Não obstante, ocorreu também
a troca dos territórios de Sacramento pelos territórios de Sete Povos das Missões (territórios localizados na
250 região sul do país). Veremos um mapa a seguir para melhorar a compreensão do assunto:
Fonte: https://www.coladaweb.com/historia-do-brasil/tratado-de-madri. Acesso: 05 de Maio de 2021.

z Tratado de Petrópolis (1903): Durante o século XIX ocorreram várias mudanças políticas em âmbito nacio-
nal, em especial a partir de 1822, quando o Brasil se torna independente de Portugal. Após esse evento houve
a consolidação do Império, período que ocorreu uma forte centralização política, evitando a fragmentação do
território nacional. No final do século XIX um importante ciclo econômico desenvolveu-se na região Amazô-
nica, sendo ele, o Ciclo da Borracha, o qual motivou a migração de milhares de pessoas para a região que vis-
lumbravam por meio da exploração do látex, procurando uma forma de fazer fortuna e ter uma vida melhor.

Ao navegarem pela margem direita do Rio Amazonas, diversos grupos de seringueiros chegaram ao território
boliviano e ocuparam a região. O processo de ocupação foi conflituoso e, após diversos entraves, o governo bra-
sileiro, na figura do Barão de Rio Branco, negociou a compra das terras que hoje correspondem ao território do
estado do Acre.
Foi decidido, então, o pagamento de uma indenização de dois milhões de libras esterlinas e a construção de
uma saída para o Oceano Atlântico – a Ferrovia Madeira-Mamoré, uma vez que país vizinho, Bolívia, havia perdi-
do para os Chilenos sua única saída para o mar.
A nova faixa pertencente ao território brasileiro encontrava-se e ainda encontra-se distante dos principais
centros econômicos e políticos do país. Logo após a assinatura do acordo entre brasileiros e bolivianos, a região
passou a ser considerada um território federal, subordinado à administração localizada no Rio de Janeiro. Dessa
forma, no ano de 1962, o presidente João Goulart homologou a lei que colocava o território do Acre na condição de
GEOGRAFIA DO BRASIL

estado da federação, passando, assim, a possuir administração própria e com seus respectivos poderes: Executivo,
Judiciário e Legislativo.

Limites e Fusos Horários

O país possui 23.086 km de fronteiras. Destes, 15.719 km são fronteiras terrestres, sendo que somente dois paí-
ses da América do Sul, sendo eles Chile e Equador, não fazem fronteira com o Brasil. A costa brasileira é banhada
pelo Oceano Atlântico e constitui um total de 7.367 km, indo do Cabo Orange ao Arroio Chuí. O território brasi-
leiro está localizado, em sua totalidade, no hemisfério ocidental. Por esse motivo os fusos horários presentes no
território brasileiro estão atrasados em relação ao Meridiano de Greenwich, e por conta de o país possuir uma
grande extensão territorial, os fusos horários no território brasileiro estão divididos em 4: 251
ESTRUTURA GEOLÓGICA, GEOMORFOLOGIA

Origem, Formas e Classificações do Relevo

Transcorridos mais de cinco séculos desde o início


da colonização Portuguesa, o Brasil ainda guarda em
seu território uma impressionante diversidade de pai-
sagens naturais, o que constitui inestimável tesouro.
Montanhas recobertas por florestas tropicais, cam-
pos de gramíneas estendendo-se a perder de vista,
planícies inundáveis que abrigam a maior floresta
equatorial do mundo e serras que abrigam grandes
extensões de pinheirais nativos, são alguns exemp1os
da exuberante natureza brasileira.
No entanto, é preciso alertar que essas paisagens
naturais, mais do que nunca, correm o risco de desa-
Fonte: Brasil Escola. parecer devido à incessante degradação imposta pelo
homem, que age destrutivamente na busca do lucro
As linhas de longitude representadas no mapa imediato.
esboçam e demarcam o que chamamos de horário Um dos maiores geógrafos brasileiros, o professor
real dos fusos, também conhecida como hora exa- Aziz Nacib Ab’Saber, classificou as paisagens brasilei-
ta, porém essa divisão não é seguida à risca, poden- ras sob o ponto de vista morfoclimático, pois resultam
do causar alguns problemas, como por exemplo, em da interação dos seguintes fenômenos naturais:
determinadas localidades do território nacional com
dois fusos divergentes de forma simultânea. Toda- z Estrutura geológica e relevo;
via, o modelo de fusos horários adotado no Brasil é o z Clima;
conhecido como Hora Legal. z Formação vegetal;
De acordo com a representação no mapa, o pri- z Rede hidrográfica.
meiro fuso horário está duas horas atrasadas em
relação ao Meridiano de Greenwich, e em relação à Para que possamos compreender melhor as pai-
Brasília (hora oficial do Brasil, este fuso está adianta- sagens morfoclimáticas identificadas pelo professor
do uma hora. Temos, então, localizado nesse fuso as Ab’Saber, bem como apontar algumas ameaças à sua
Ilhas Oceânicas que pertencem à Federação Brasilei- existência, é necessário, antes, estudar cada um dos
ra, como por exemplo o arquipélago de Fernando de elementos naturais que as compõem.
Noronha e Penedos de São Pedro e São Paulo.
O segundo fuso horário presente no território Estrutura Geológica e Relevo
brasileiro está três horas atrasado em relação ao Meri-
diano de Greenwich, é considerado como o horário Estrutura Geológica é a base de um território que
oficial de Brasília e corresponde às regiões Nordeste, corresponde a sua composição rochosa. Já o Relevo é
Sudeste e Sul, além de abranger também os estados de a forma apresentada pelo território aos nossos olhos:
Goiás, Tocantins, Pará e Amapá, bem como o Distrito montanhas mais altas, montanhas rebaixadas, planí-
Federal. cies e depressões.
O terceiro fuso horário está atrasado uma hora O território brasileiro é parte integrante da placa
em relação ao fuso de Brasília e quatro horas em rela- sul-americana. Esta, juntamente com as demais pla-
ção ao Meridiano de Greenwich. Quando ocorre o cas tectônicas, constitui a crosta terrestre, invólucro
horário de verão, que está suspenso de acordo com rochoso do planeta com cerca de 30 quilômetros de
o governo atual, a diferença desse fuso em relação à
espessura.
Brasília aumenta mais uma hora nos Estados que não
Material pastoso em estado de fusão genericamen-
adotavam o horário de verão, sendo eles: Roraima,
te chamado de magma.
Rondônia e o Amazonas. No entanto, os horários per-
maneciam iguais nos estados da região Centro-Oeste Ao flutuar sobre o magma, as placas tectônicas
quais sejam Mato Grosso e Mato Grosso do Sul – sendo frequentemente se chocam, provocando simultanea-
que estes adotam o horário especial que é o horário mente terremotos e elevações montanhosas (dobra-
de verão. mentos modernos). Nessas áreas é comum surgirem
Já o quarto e último fuso horário brasileiro está vulcões, já que a presença das fendas que individuali-
atrasado duas horas em relação ao fuso oficial de zam as placas permite o extra vazamento do magma.
Brasília e cinco horas atrasado em relação ao Meri- Entretanto, nada disso ocorre no território bra-
diano de Greenwich. Por sua vez, quando o país esta- sileiro, que está localizado no centro da placa sul-a-
va no horário especial, horário de verão, a diferença mericana. Longe da borda dessa placa, local que fica
aumentava para três horas. Essa diferença estava pre- exposto a colisão com outras placas tectônicas, em
sente em todo o território do estado do Acre e na por- nosso país raramente são registrados abalos sísmi-
ção sudoeste do estado do Amazonas. No ano de 2008 cos ou vulcanismo atuante. Essa teoria pode ser com-
esse fuso foi extinto e a área que o abrangia passou a provada visualmente, pois no Brasil só ocorrem dois
fazer parte do fuso -4, entretanto, no ano de 2013, em dos três tipos principais de estrutura geológica (escu-
setembro, a extinção foi negada após a realização de dos cristalinos, bacias sedimentares e dobramentos
252 um referendo que foi homologado em 2010. modernos) encontradas na crosta terrestre:
z Maciços antigos ou escudos cristalinos: é o emba- z O ferro, explorado principalmente no Quadriláte-
samento mais antigo da crosta terrestre. Formados ro Ferrífero, em Minas Gerais, e na Serra dos Cara-
no período geológico Pré-cambriano, apresentam jás, no Pará;
rochas cristalinas magmáticas e metamórficas; z O manganês, cujas principais jazidas situam-se no
z Bacias sedimentares: são formadas por rochas maciço de Urucum (MS) e na Serra do Navio (AP); a
originárias da deposição de sedimentos nas conca- extração, porém, é major em Conselheiro Lafaiette
vidades da crosta terrestre. Por isso, essas rochas
(MG) e na Serra dos Carajás (PA);
recebem o nome de sedimentares, tendo sido for-
z A bauxita, explorada no vale do rio Trombetas, no
madas no Paleozóico, Mesozóico e Cenozóico a
Pará, e a cassiterita, principalmente em Rondônia
partir de sedimentos transportados pelos agentes
externos que modelam o relevo: as intempéries - e Minas Gerais;
chuva, vento, neve etc. z O Brasil é também o nono produtor mundial de
ouro, encontrado principalmente em Minas Gerais,
Dobramentos Modernos explorado em minas profundas, e no Pará, onde
geralmente é extraído em garimpos clandestinos.
Além desses dois tipos de relevo, há um terceiro:
os Dobramentos Modernos ou Montanhas Jovens que
Impulsionada pelo Estado, a exploração desses
constituem as maiores elevações da Terra, formadas
no período Terciário da Era Cenozóica. Essas monta- e de outros minérios constituiu um dos pilares que
nhas ocorrem nas áreas de contato entre placas tec- sustentaram o início do processo de industrialização,
tônicas, que são também os locais mais vulneráveis a nas décadas de 1940 e 1950. 0 marco dessa época foi a
pressão que ainda hoje e exercida pelas forças inter- criação da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), em
nas oriundas do magma. Nessas áreas, costumam Volta Redonda (RJ), em 1941.
serem frequentes abalos sísmicos (terremotos) e ativi- Todavia, desde os anos 1950, tem crescido gradual-
dades vulcânicas (vulcões ativos). mente a participação do capital estrangeiro no setor,
especialmente dos Estados Unidos, Inglaterra, Cana-
As Bacias Sedimentares
dá, Alemanha e Japão. Exemplo disso é a atual política
Já sabemos que as rochas sedimentares são for- de flexibilização dos monopólios estatais, que muitas
madas por detritos dos mais variados tipos de rochas, vezes resultou na privatização de empresas. Foi o caso
que foram submetidas ao intemperismo, processo da Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), privatizada
físico-químico responsável pela sua desagregação em 1997.
e transformação. Esses detritos, transportados pela
água, vento ou gelo, depositam-se nas grandes depres- Classificações do Relevo
sões da superfície terrestre, formando as bacias
sedimentares. z A classificação do relevo de Aroldo de Azevedo
Durante a era Mesozóica, quando a bacia sedimen-
tar do Paraná estava sendo formada, ocorreu uma Uma das mais antigas divisões do relevo foi feita
intensa atividade vulcânica no território brasileiro, na década de 1940 pelo professor Aroldo de Azevedo
basicamente sob forma de imensos derrames de lava.
e serviu de base para todas as outras divisões feitas
Esses derrames vulcânicos formaram rochas basál-
posteriormente. Ao elaborar sua divisão, ele levou em
ticas, cuja decomposição originou a terra roxa, solo
conta principalmente as diferenças de altitude.
extremamente fértil que determinou a vocação agro-
pecuária do oeste do estado de São Paulo e norte do Desse modo, as planícies foram classificadas como
estado do Paraná. as partes do relevo relativamente planas com altitu-
A bacia sedimentar do Paraná também se destaca des inferiores a 200 metros. Por sua vez, os planaltos
pela ocorrência de outro magnífico recurso estratégi- foram considerados as formas de relevo levemente
co: um imenso depósito de água potável. Trata-se do onduladas, cujas altitudes superam 200 metros.
Aquífero Guarani, um gigantesco lençol freático que Essa classificação divide todo o território brasi-
ocupa uma área total de 1.200.000 km2, estendendo- leiro em planaltos, cuja área total ocupa 59% de toda
-se por terras brasileiras e dos outros três países do a superfície do país, e planícies, que ocupam os 41%
Mercosul. restantes.
GEOGRAFIA DO BRASIL

Os Escudos Cristalinos z A classificação do relevo de Aziz Ab’Saber

Os afloramentos dos escudos cristalinos corres-


No final da década seguinte, em 1950, o profes-
pondem a 36% do território brasileiro. São áreas ricas
sor Aziz Nacib Ab’Saber aperfeiçoou a divisão do
em ocorrências minerais de grande valor comercial.
professor Aroldo de Azevedo, introduzindo critérios
Esses minerais podem ser não-metálicos, como o gra-
nito e as pedras preciosas, ou metálicas, como o ferro geomorfológicos, especialmente as noções de sedi-
e a bauxita. mentação e de erosão. As áreas nas quais o processo
Os minerais metálicos são abundantes no Brasil. de erosão é mais intenso do que o de sedimentação
Encontrados, principalmente, em rochas que se for- foram chamadas de planaltos. As áreas em que o
maram durante a era Proterozóica, os mais importan- processo de sedimentação supera o de erosão foram
tes são: denominadas planícies. 253
Compare as duas classificações:

AROLDO DE AZEVEDO
Planaltos
� Das Guianas
� Brasileiro, subdividido em:
� Atlântico
� Central
� Meridional
Planícies
� Amazônica
� Do Pantanal
� Costeira

AZIZ AB’SABER
Planaltos
� Das Guianas, englobando a região serrana e o planalto
Norte-Amazônico
� Brasileiro, subdividido em:
� Central
� Meridional
� Nordestino
� Serras e Planaltos do Leste e Sudeste
� Maranhão-Piauí
I - Guiano
Planícies � Uruguaio-rio-grandense
II - Brasileiro
A Amazônica
1 - Atlântico Planícies
B Costeira Planaltos
C Pantanal 2 - Meridional � Planícies e terras baixas amazônicas
D Pampas ou � Planícies e terras baixas costeiras
Planície Gaúcha 3 - Central � Planície do Pantanal

z A classificação do relevo de Jurandyr Ross


Nota-se, assim, que essa classificação não leva em
Em 1989 o professor Jurandyr Ross elaborou outra
conta as cotas altimétricas do relevo, mas os aspectos
classificação do relevo, dessa vez usando como crité-
de sua modelagem, ou seja, a geomorfologia.
rio três importantes fatores geomorfológicos:

„ A morfoestrutura: origem geológica;


„ O paleoclima: ação de antigos agentes climáticos;
„ O morfoclima: influência dos atuais agentes
climáticos.

Trata-se de uma divisão inovadora, que conjuga o


passado geológico e o passado climático com os atuais
agentes escultores do relevo.
Com base nesses critérios, o professor Ross identi-
fica três tipos de relevo:

z Planaltos: porções residuais salientes do relevo,


que oferecem mais resistência ao processo erosivo;
z Planícies: superfícies essencialmente planas, nas
quais o processo de sedimentação supera o de erosão;
z Depressões: áreas rebaixadas por erosão que cir-
cundam as bordas das bacias sedimentares, inter-
pondo-se entre estas e os maciços cristalinos.

TIPOS DE SOLOS BRASILEIROS

Os solos presentes no território brasileiro são for-


Planaltos mados a partir de três estruturas geológicas:
Planícies Das Guianas
Brasileiro z Escudos Cristalinos;
Uruguaio-Rio-Grandense z Bacias Sedimentares;
z Terrenos de origem vulcânica.

Em cada uma das estruturas geológicas ocorre a


formação de tipos de minerais e solos diferentes. Ten-
254 do como base as estruturas geológicas presentes no
território nacional, podemos classificar e identificar para tomar ações de redução de emissões de gases de
quatro tipos de solos: efeito estufa, é óbvio que irá reduzir suas emissões pro-
jetadas em 36,1% a 38,9% até 2020. O país busca for-
z Solo Terra Roxa; mas de mitigar com eficácia as mudanças climáticas e
z Solos aluviais; garantir o bem-estar de seus cidadãos ao longo prazo.
z Solo Massapé; Os organismos ligados à questão ambiental no Bra-
z Solo Salmorão. sil estão cientes da urgência e da relevância do tema
“mudanças climáticas”, e da importância da participação
O solo Terra Roxa é conhecido pelo seu elevado do setor privado nos esforços para reduzir os gases de
nível de fertilidade e por ter um aspecto de coloração efeito estufa e se adaptar às regiões vulneráveis ao clima
vermelha. É formado a partir de processo de decom- e.
posição de rochas basálticas de origem vulcânica. Está Portanto, deve haver um comprometimento de órgãos
presente nos territórios de São Paulo, Mato Grosso do públicos e privados com a transição para uma economia
Sul, Goiás e sul de Minas Gerais e com maior presença de baixo carbono. O Brasil pode ter um papel de liderança
na região Sul do país. nessa questão;
Os solos aluviais são tipos que podem ser identifica-
dos em diversas localidades do território nacional. São z Ilha de Calor: Um outro problema climático pre-
formados a partir do processo de acumulação de sedi- sente nos centros urbanos é a Ilha de Calor. Em
mentos, principalmente em áreas de vales e de várzeas. comparação com a área circundante, a ilha de
O solo tipo Massapé também é conhecido pelo seu calor é uma área de alta temperatura, que ocor-
elevado nível de fertilidade. Sua coloração apresenta re principalmente nas grandes cidades. Portanto,
um aspecto mais escuro, o que ocorre por conta do seu esse fenômeno climático também é denomina-
processo de formação, que é decorrente da decompo- do Ilha de Calor Urbana. Isso porque, quando a
sição de rochas como: filitos, calcários e gnaisses mais luz solar atinge diretamente o centro da cidade, o
escuros. calor é facilmente acumulado devido à dificuldade
E por último, o solo tipo Salmorão encontrado na de dissipação do calor.
região Centro-Sul do nosso país. Tem como processo
de formação rochas de origem graníticas e gnaisses Ao analisarmos o conceito de microclima urbano,
entendemos que as Ilhas de Calor fazem parte desse
mais claros. ambiente, que são formados pela aglomeração de edifí-
cios em grandes cidades, o que pode levar à retenção de
A ATMOSFERA E OS CLIMAS calor se comparado às áreas periféricas (por exemplo,
cidades menores e áreas rurais).Observe o esquema a
Fenômenos Climáticos e os Climas no Brasil seguir que apresenta a ocorrência de uma Ilha de Calor:

z El Niño: Pela proximidade com a costa do Ocea-


no Pacífico, o Brasil sofre influência do fenômeno Perfil das ilhas de calor urbanas
climático El Niño. Tal fenômeno provoca grandes
alterações na dinâmica dos climas do país, como o
excesso de chuvas em algumas regiões, em espe-
cial na região sul e no Sudeste e períodos de secas
e estiagens em outras, como é o caso da região
nordeste.

Segundo pesquisas e dados científicos, o maior


desafio da humanidade no século XXI são as mudan- Área Centro da Área Área
Área Periférica Área cidade Área Verde Área Rural
ças climáticas e as questões ambientais. Essas mudan- Rural Comercial Residencial Periférica
ças ocorrem devido ao aumento da concentração dos
gases atmosféricos (gases produzidos pelas atividades Quando ocorre Ilha de Calor, a diferença de tem-
humanas). O processo de aquecimento global afetará peratura entre os centros urbanos e rurais é de cerca
os recursos naturais, o acesso à água, a produção de de 5 ° a 10° graus. Durante o dia essa elevação nota-
alimentos, a saúde e o meio ambiente. A medida que a damente sentida, mas, à noite, as pessoas tendem a
temperatura média do planeta aumenta, centenas de notar mais, pois a calçada de prédios e ruas são aque-
milhões de pessoas passam fome, sofrem com a escas- cidas pelo sol o dia todo. Da mesma forma, nas gran-
sez de água e inundações costeiras. des cidades, outro fenômeno chamado reversão de
GEOGRAFIA DO BRASIL

Hoje, a economia mundial e a sociedade serão afe- calor também é comum. Isso ocorre quando a atmos-
tadas em níveis que ainda são desconhecidos. A análise fera se inverte, ou seja, quando o ar frio fica em baixa
dos impactos ambientais e das questões climáticas e suas altitude, enquanto o ar quente fica em uma camada
relações com a produção e o consumo (inclusive energia), mais alta.
chega à conclusão de que a transição para uma “econo- Além desses citados anteriormente, existe o efeito
mia de baixo carbono” é essencial para a humanidade. estufa, que é um fenômeno natural importante para
Embora o Brasil seja um dos países líderes na dis- a vida no planeta. É responsável por manter a tem-
cussão sobre mudanças climáticas, por conta de sua peratura média global, evitando grandes amplitudes
matriz energética, pesquisas científicas, abundância de térmicas e proporcionando a vida na Terra.
recursos naturais e outros motivos, o Brasil ainda não No entanto, o comportamento humano está agra-
está imune às consequências das mudanças climáticas. vando esse fenômeno, com o aumento da emissão
Ao formular a Política Nacional de Mudanças Cli- de gases de efeito estufa na atmosfera, levando a
máticas e adotar compromissos nacionais voluntários mudanças climáticas em todo o planeta. Essa alta 255
concentração de gás torna difícil o retorno do calor ao z Falta de água em algumas regiões;
espaço, aumentando assim a temperatura do planeta. z Inundações em áreas localizadas nas latitudes do
Como ocorre o efeito estufa? Norte e no Pacífico Equatorial;
Devido à alta concentração de gases de efeito estu- z Possibilidade da ocorrência de conflitos em decor-
fa na atmosfera, a energia solar refletida pela superfí- rência da escassez de recursos naturais;
cie é difícil de se dispersar no espaço e ser capturada. z Problemas de saúde provocados pelo aumento das
O sol irradia calor para a terra. Parte do calor é absor- temperaturas e pela ocorrência de ondas de calor;
vida pela superfície da Terra e pelo oceano, e a outra z Previsão de aumento da temperatura da Terra em
parte é devolvida ao espaço. Porém, devido à presen- até 2ºC até 2100, quando se compara ao período
ça de gases de efeito estufa, parte da radiação solar da pré-industrial.
radiação superficial ficará na atmosfera, o que impe-
de que esse calor retorne totalmente ao espaço. Desta De acordo com o Painel Intergovernamental sobre
forma, o equilíbrio de energia é mantido e grandes Mudanças Climáticas, entre 2010 e 2050, as emissões
amplitudes térmicas são evitadas. de gases de efeito estufa deve ser reduzidas de 40%
Para entendermos melhor, suponhamos que haja para 70%. Para tanto, os países devem estabelecer
um carro estacionado em um local muito ensolara- metas para reduzir essas emissões de gases. Uma das
do. Os raios solares passam pelas janelas e aquecem possibilidades que se tornou realidade em alguns paí-
o interior do veículo. O calor é frequentemente tra- ses é a utilização de energias alternativas, renováveis​​
zido de volta do carro e dissipado pelo vidro, mas ele e limpas, em substituição do uso de combustíveis fós-
encontrou dificuldades. Portanto, parte do calor per- seis. Além disso, as atividades diárias podem ser coor-
manece no carro, mantendo-o aquecido. denadas para controlar o efeito estufa, tais como:
Por exemplo, os gases de efeito estufa na atmosfe-
ra funcionam como o vidro de um carro, permitindo a z Reduzir o uso de transporte para percorrer curtas
entrada da radiação solar e dificultando o retorno de distâncias;
toda a radiação ao espaço. z Escolher usar bicicleta ou transporte público, ou
quaisquer outros tipos individuais (que não emi-
Causas do Efeito Estufa tam gases poluentes) e outras formas de transports
coletivos;
Nas últimas décadas, a emissão de gases de efeito z Aumentar a utilização de produtos biodegradáveis;
estufa na atmosfera terrestre aumentou significativa- z Estimular e praticar a coleta seletiva.
mente, exacerbando o efeito estufa. A alta concentra-
ção desses gases está relacionada principalmente às Chuva Ácida
atividades industriais, que geralmente são realizadas
com a queima de combustíveis fósseis. Além disso, o A chuva ácida é o tipo de chuva com grandes con-
crescimento da produção agrícola, o desmatamento centrações de ácido sulfúrico, ácido nítrico e ácido
e o uso de meios de transporte também levaram ao nitroso, causada por reações químicas na atmosfera.
aumento das emissões de gases. Mesmo em um ambiente sem poluição, todas as chu-
O aumento da concentração de gases de efeito estu- vas são ácidas. No entanto, quando o pH é inferior
fa na atmosfera levou a mudanças irreversíveis na a 4,5, a chuva torna-se um problema ambiental. Eles
dinâmica do clima da Terra. Segundo dados do Painel são causados ​​por um grande número de produtos pro-
Intergovernamental de Mudanças Climáticas, em cem duzidos pela queima de combustíveis fósseis lançados
anos, a temperatura de cada continente subiu cerca na atmosfera devido às atividades humanas.
de 0,85ºC, e a temperatura do oceano subiu 0,55ºC. Mesmo em condições naturais, o dióxido de carbo-
Quanto maior a quantidade de gases de efeito estu- no (CO2) na atmosfera tornou a água da chuva ligeira-
fa que são emitidos para a atmosfera, maior será a mente ácida. O pH natural da água é 7 e é 5,6 quando
dificuldade desse calor emitido se espalhar no espaço, está em equilíbrio com o CO2 na atmosfera, e quase
o que leva a um aumento anormal da temperatura e não há ácido. Os óxidos de enxofre (SO2 e SO3) e o
confirma a teoria do aquecimento global. É importan- nitrogênio (N2O, NO e NO2) são os principais compo-
te ressaltar, no entanto, que a relação entre o efeito nentes da chuva ácida. Esses compostos são liberados
estufa e o aquecimento global não é consistente entre na atmosfera pela queima de combustíveis fósseis.
acadêmicos e pessoas comuns. Parte da população e da
Quando reagem com gotículas de água na atmosfe-
comunidade científica não acredita que o aumento do
ra, formam ácido sulfúrico (H2SO4) e ácido nítrico
gás leve a um aumento da temperatura. Eles acreditam
(HNO3). Esses dois ácidos juntos aumentam a acidez
que o alto aquecimento é apenas uma fase da mudança
da água da chuva.
dinâmica do clima da Terra. A indústria é a principal
responsável pela emissão de gases de efeito estufa na Como vimos, a liberação de gás devido ao uso de
atmosfera, o que leva ao aquecimento global. combustíveis fósseis é a principal causa da chuva áci-
De acordo com o Painel Intergovernamental sobre da. Portanto, são resultados do uso de combustíveis
Mudanças Climáticas, estas são as principais conse- fósseis o transporte, as usinas termelétricas, indústria
quências do efeito estufa: e outras formas de combustão. Tal gás também podem
ser formado por causas naturais, como os gases libe-
z Derretimento das calotas polares e aumento do rados durante erupções vulcânicas.
nível dos oceanos; Os países industrializados são os mais afetados
z Aumento da segurança alimentar, prejudicando as pela chuva ácida. No entanto, o fluxo de ar pode trans-
colheitas e a pesca; portar poluentes para lugares distantes. Isso aconte-
z Risco de extinção de espécies e danos a diversos ceu em lagos escandinavos, que se tornaram ácidos
ecossistemas; pela chuva devido às atividades industriais na Alema-
z Redução de territórios por conta do aumento do nha, França e Reino Unido. Para a natureza, a conse-
nível do mar, causando deslocamentos populacio- quência da chuva ácida é destruição da vegetação e
256 nais em massa; acidificação do solo, das águas dos rios e lagos.
Um exemplo das consequências da chuva ácida cegueira, deformação e atrofia muscular, além de dei-
foi observado no Brasil, localizada na região litorânea xar o sistema imunológico enfraquecido. A camada de
da cidade cubana de São Paulo, onde a concentração ozônio e o efeito estufa são os fenômenos naturais que
industrial é alta. A chuva ácida destruiu a vegetação garantem a manutenção da vida na Terra.
das encostas da Serra do Mar e erodiu o solo. Quando A camada de ozônio pode proteger a Terra dos
a acidificação atinge o solo e as águas dos rios e lagos, raios ultravioleta, e o efeito estufa pode garantir tem-
os organismos que vivem nesses locais são afetados. A peratura suficiente para manter a sobrevivência dos
água e o solo tornam-se inadequados para a vivência organismos. No entanto, o efeito estufa causado pela
certos organismos, levando-os à morte. liberação de poluentes tem aumentado, levando ao
A chuva ácida também pode causar a corrosão aumento da temperatura média da terra, o que é uma
de mármore e calcário e a oxidação de metais em característica do aquecimento global.
locais históricos, como edifícios e estátuas. A camada
de ozônio é uma camada de gás a uma altitude de 25 OS CLIMAS NO BRASIL
quilômetros na estratosfera, que protege a Terra da
radiação ultravioleta prejudicial aos seres humanos. A maior parte do território brasileiro está locali-
A camada de ozônio concentra 90% dessa molécula zada nas baixas latitudes entre o Equador e o Trópi-
de gás e forma uma capa protetora contra os raios co de Capricórnio. Portanto, o clima quente e úmido
ultravioleta. predomina. Em relação à umidade, existem algumas
Além disso, a camada de ozônio é uma parte essen- diferenças de clima de uma região para outra, de ultra
cial da vida, porque forma uma camada de proteção úmido (mais de 2500 mm de chuva por ano) a semiári-
contra a radiação ultravioleta. Sem ela, a vida na ter- do (entre 300 e 600 mm de chuva anual).
ra seria impossível. O gás ozônio (O3), é um dos gases As regiões brasileiras apresentam seis tipos de
que constituem a atmosfera. Esse gás é a forma mole- climas classificados com relação às zonas térmicas
cular do oxigênio e possui alta reatividade, podendo
da Terra, sendo eles: equatorial, tropical, tropical
ser produzido de duas maneiras:
semiárido, tropical de altitude, tropical litorâneo,
subtropical e clima equatorial. Vejamos as principais
z Na troposfera: o óxido nitroso (N2O) e a luz solar
características de cada um dos climas do Brasil:
são produzidos pela oxidação do oxigênio (O2);
z Na estratosfera: é produzida pela radiação ultra-
Tropical
violeta, que se decompõe em dois átomos de oxigê-
nio sob a ação da molécula de oxigênio (O2), e cada Localizado na região central do Brasil, mais pre-
átomo de oxigênio é combinado com a molécula de sente na região Centro-Oeste, esse clima tem duas
oxigênio (O2). estações distintas:

O papel e a função do gás ozônio também variam z A temperatura é moderada e seca no inverno, o
de local para local: verão é quente e chuvoso;
z A temperatura média anual é superior a 18º C e a
z Na troposfera: altos níveis causam poluição do ar amplitude térmica anual chega a 7º C. A precipitação
e chuva ácida, que são prejudiciais às plantas e à anual varia de 1.000 mm a 1.500 mm. Quanto à umi-
saúde humana; dade, a região central do país possui clima semiúmido.
z Na estratosfera: a camada de ozônio é formada
absorvendo quase 90% dos raios ultravioletas do Tropical Semiárido
sol para produzir um efeito benéfico.
Esse clima é característico do Nordeste, região que
O buraco na camada de ozônio é a área onde a inclui uma área chuvosa e outra com menos chuvas, e
concentração de ozônio na estratosfera fica abaixo de a maior temperatura do país. No clima tropical semiá-
50%. Os buracos na camada de ozônio estão relaciona- rido, a temperatura média anual é de cerca de 27º C
dos aos gases produzidos pelas atividades humanas. e a amplitude térmica é de cerca de 5º C. O índice de
O principal gás é o CFC (clorofluorocarbono) formado chuvas não é maior que 800 mm por ano. Neste tipo
por cloro, flúor e carbono. A lista também inclui óxido climático, está presente o Polígono das Secas, área que
nitroso e o CO2 emitido por veículos e queima de com- passa por constantes processos de escassez de água e
bustíveis fósseis. de chuvas.
Os CFCs são usados há muito tempo em latas de
aerossol, plásticos, ar condicionado e sistemas de Tropical Litorâneo
refrigeração. O gás CFC é o principal vilão da cama- Do Rio Grande do Norte ao Rio de Janeiro, o clima
GEOGRAFIA DO BRASIL

da de ozônio. As moléculas de CFC podem destruir até


tropical costeiro domina a maior parte do litoral do
100.000 moléculas de ozônio. Por meio do Protocolo
país. Afetado pelas massas de ar do Atlântico, o clima
de Montreal (1987), foi decidido banir completamente
nessa área é quente e chuvoso. A temperatura média
o uso de CFCs até o final do século XX. Sem a proteção
anual está entre 18ºC e 26ºC, e o índice de precipitação
da camada de ozônio, nossa taxa de crescimento das
é de cerca de 1.500 mm / ano. No litoral nordeste, as
plantas diminuirá, o que reduzirá a fotossíntese.
chuvas no outono e inverno são mais intensas. Na cos-
Além disso, os raios ultravioletas também dificul-
ta sudeste, são mais fortes no verão.
tam o desenvolvimento dos organismos aquáticos e
reduzem a produtividade do fitoplâncton. Essa situa- Tropical de Altitude
ção leva a mudanças na cadeia alimentar e nas funções
do ecossistema. O forte efeito desses raios ultravioleta A área montanhosa e serrana do Sudeste possui
também pode causar muitos danos à saúde humana, um clima tropical com alturas tropicais. Devido à alti-
tais como: destruição do DNA celular, câncer de pele, tude, apresentam a temperatura mais baixa de toda a 257
região tropical, com média inferior a 18º C. Sua ampli-
tude térmica anual também está entre 7º C e 9º C, e
seu padrão de chuvas é semelhante ao do clima tropi-
cal. No inverno, a entrada de frentes frias pode causar
geadas.

Subtropical

O clima subtropical ocorre na parte sul do país,


abaixo da zona tropical de Mori; por isso o nome sub-
tropical. Possui duas estações distintas: verão quente
e inverno rigoroso, durante o qual podem ocorrer
geadas ou neve. A precipitação é uniformemente dis-
tribuída ao longo do ano, variando de 1.500 mm a
2.000 mm por ano. A temperatura média anual está
quase sempre abaixo de 18º C, e a amplitude térmica
está entre 9º C e 13º C.

DOMÍNIOS NATURAIS: DISTRIBUIÇÃO DA „ Caetê ou terra firme: área que nunca inunda,
na qual encontramos vegetação de grande por-
VEGETAÇÃO
te, com árvores que chegam a atingir 60 metros
O Brasil, por contar com grande diversidade climá- de altura, como a castanheira.
tica, apresenta várias formações vegetais. Tem desde
densas florestas latifoliadas tropicais, que ocupam
mais da metade de seu território, até formações xeró-
filas, como a Caatinga. Há, também, formações típi-
cas de clima temperado, como a Mata de Araucárias.
Possui grandes extensões, no centro do país, de uma
formação complexa tipo Savana, conhecida como Cer-
rado, sem contar o complexo do Pantanal, as matas
galerias e as formações de mangue. Veremos a seguir
alguns dos domínios naturais:

z Floresta Amazônica (floresta latifoliada equa-


torial): possuindo o maior banco genético ou z Floresta latifoliada tropical: esta formação foi
biodiversidade do planeta, a Floresta Amazônica altamente devastada ao longo da história do Bra-
apresenta três estratos: sil. Originalmente, estendia-se do Rio Grande do
Norte ao Rio Grande do Sul, alargando-se signifi-
„ Caiapó: é uma área permanentemente ala- cativamente em Minas Gerais e São Paulo. Possui
gada e ao longo dos rios encontramos vegeta- um estrato exposto à ação intensa das massas de
ção de pequeno porte, como, por exemplo, a ar úmido provenientes do Oceano Atlântico. Nessa
vitória-régia; área, ela é muito densa, quase impermeável, sendo
conhecida como Mata Atlântica (floresta latifolia-
da tropical úmida da encosta);

z Mata de Araucárias ou dos Pinhais (floresta


aciculifoliada): é uma floresta na qual predomi-
na a Araucária angustifólia, espécie adaptada ao
clima subtropical ou temperado. Assemelha-se, na
densidade vegetal, a um bosque. Originariamen-
„ Várzea: área sujeita a inundações periódi- te, dominava vastas extensões da área planáltica
cas, com vegetação de médio porte, que rara- da região Sul e mesmo pontos altos do território
mente ultrapassa 20 metros de altura, como a de São Paulo (Campos do Jordão), Rio de Janeiro
258 seringueira; (Petrópolis) e Minas Gerais (Pico da Bandeira).
Em seu interior, há ocorrência de erva-mate, ipês, clima tropical típico, com chuvas abundantes no
canela, cedros etc; verão e inverno bastante seco;

z Mata dos Cocais: esta formação vegetal está encra-


vada entre a Floresta Amazônica, o errado e a Caa-
tinga. É, portanto, uma mata de transição entre
formações bastante distintas, constituída por pal- z Complexo do Pantanal: dentro do Pantanal Mato-
meiras ou palmáceas, com grande predominância -grossense há campos inundáveis, florestas tro-
do babaçu e ocorrência esporádica de carnaúba; picais e mesmo cerrado nas áreas mais altas. O
Pantanal, portanto, não é uma formação vegetal,
mas um complexo que agrupa várias formações
em seu interior.

z Caatinga: vegetação xerófila, adaptada ao clima z Campos naturais: formações rasteiras ou herbá-
semiárido, na qual predomina um estrado arbus- ceas, constituídas por gramíneas que atingem até
tivo caducifoliado e espinhoso; ocorrem também 60 cm de altura. Sua origem pode estar associada
cactáceas. O nome Caatinga significa, em tupi-gua- a solos rasos ou temperaturas baixas em regiões
rani, “mata branca”, cor predominante da vege- de altitudes elevadas, áreas sujeitas à inundação
tação durante a estação seca. No verão, devido à periódica ou ainda solos arenosos. Os campos mais
ocorrência de chuva, brotam folhas verdes e flores; famosos do Brasil estão localizados no extremo
sul, na Campanha Gaúcha. Em Mato Grosso do Sul
destacam-se os campos de Vacaria e, no restante
do país, aparecem manchas isoladas na Amazônia,
no Pantanal e nas regiões serranas do Sudeste e do
planalto das Guianas;
GEOGRAFIA DO BRASIL

z Cerrado: muito parecido com a Savana Africana,


é constituído por uma vegetação caducifólia. Pre-
dominantemente arbustiva, de raízes profundas,
galhos retorcidos e casca grossa (que retém mais
água), é uma formação plenamente adaptada ao 259
z Vegetação litorânea: nas praias e dunas, é muito para reduzir os níveis de desmatamento que ocorre-
importante a ocorrência de vegetação rasteira, res- ram de forma desordenada, e esse desmatamento tem
ponsável pela fixação da areia, impedindo que seja como consequências o desequilíbrio do clima e de
transportada pelo vento. A restinga é uma forma- toda a cadeia ecológica.
ção vegetal que se desenvolve na areia, com pre-
dominância de arbustos e ocorrência de algumas
árvores, como o chapéu-de-sol, o coqueiro e a goia-
beira. Os mangues são nichos ecológicos responsá-
veis pela reprodução de milhares de espécies de
peixes, moluscos e crustáceos. Em áreas planas
do litoral, na foz e ao longo do curso dos rios, o
terreno é invadido pela água do mar nos períodos
de maré cheia e a vegetação arbustiva que aí se
desenvolve é as halófitas (adaptada à presença de
sal) e a pneumatófila (durante a maré baixa, as raí-
zes ficam expostas).

Fonte: https://www.todamateria.com.br/biomas-brasileiros/. Acesso


em: 04/de Maio de 2021.

No Brasil, podemos classificar as formações vege-


tais em três grupos:
O mapa que mostra os domínios morfoclimáticos
do território brasileiro contém informações sobre
a associação das condições físicas de relevo, clima e z Formações florestais ou arbóreas: grupo de espé-
vegetação. Trata-se de uma síntese do que foi estuda- cies constituídas de árvores de grande porte;
do de forma isolada nos anexos anteriores. Assim, por z Formações arbustivas (árvores de pequeno porte
exemplo, o domínio amazônico é formado por terras – arbustos) e herbáceas (são plantas com o caule
baixas (relevo), florestadas (vegetação) e equatoriais com consistência mole);
(clima); z Formações complexas e litorâneas.

Brasil - Vegetação original A partir de agora veremos as principais caracterís-


Cerrados ticas de cada um dos tipos de vegetação presentes no
Campos território brasileiro.
Caatinga
Complexo do Formações Florestais ou Arbóreas
Pantanal
Vegetação litorânea z Floresta Latifoliada Equatorial ou Floresta
Floresta latifoliada Amazônica: floresta ocupa quase 40% do terri-
equatorial (Amazônica) tório nacional, e vem sofrendo com a prática do
Floresta latifoliada desmatamento intenso ao longo dos últimos anos.
tropical (mata Atlântica) A Floresta Amazônica tem como principais carac-
Mata de Araucária terísticas: mata heterogênea, com milhares de
Indica a porcentagem espécies de vegetais, sempre perene (as folhas se
da mata original
mantém verdes o tempo todo e não ocorre a per-
desmatada até 1991.
da das folhas pelas árvores), é uma floresta densa,
intricada (com plantas que ficam bem próximas
BIOMAS, HOTSPOTS E BIODIVERSIDADE umas das outras), são divididas em três andares ou
camadas (vegetação estratificada) de acordo com a
Distribuição da Vegetação, Características Gerais proximidade dos rios, classificadas a seguir:
dos Domínios Morfoclimáticos
„ Mata de Igapó: Essa vegetação é encontrada ao
A Fitogeografia (do grego phytón, que significa longo dos rios e é inundada de forma perma-
planta) é o ramo da Geografia responsável por reali- nente pelas cheias dos rios (fluviais);
zar o estudo da distribuição dos vegetais na superfície „ Mata de Várzea: vegetação que está sujeita a
da Terra. No Brasil, a vegetação original que cobria o inundações ao longo dos rios;
território nacional foi, em uma grande extensão ter- „ Mata de Terra Firme ou Caetê: vegetação
ritorial do país, desmatada por conta de atividades encontrada em áreas com maior altimetria
antrópicas (realizadas pelos seres humanos). Ao lon- do relevo (baixos planaltos), estas áreas estão
260 go da história do nosso país medidas foram tomadas livres de inundações dos rios.
Como destaque das principais espécies vegetais da z Mata dos Cocais: Os cocais, também conhecidos
Amazônia temos: seringueira, castanheira, guaraná, como palmeiras, localizam-se em grandes exten-
cacaueiro, dentre outras; sões nos estados do Maranhão e Piauí. Por sua vez,
essa espécie uma vegetação de transição entre a
Floresta Amazônica e a Caatinga no sertão nordes-
tino, tendo como principais espécies: o babaçu e
a carnaúba. Além disso, aparecem, também, espé-
cies como: o tucum, buriti, açaí, oiticica etc.

A vegetação dos cocais está localizada na parte oci-


dental do Nordeste, é uma importante fonte de obten-
ção de renda para as populações locais, são exploradas
e são utilizadas na produção de cosméticos e combus-
Fonte: https://veja.abril.com.br/ - acesso em nov/2020. tível (como o biodiesel). Em regra, a vegetação está dis-
tribuída da seguinte forma: o babaçu é encontrado em
z Floresta Latifoliada Tropical ou Mata Atlân- maior quantidade no Maranhão e na parte ocidental do
tica: A Mata Atlântica, também conhecida como Piauí, enquanto a carnaúba é mais presente na porção
floresta latifoliada tropical, foi explorada de for- oriental do Piauí até o estado do Rio Grande do Norte;
ma intensa, principalmente durante o período
colonial (extração de pau-brasil) e praticamente
não existe mais. Além do pau-brasil, eram presen-
tes, também, neste tipo de vegetação, plantas de
madeira nobre. O que ainda resta da Mata Atlân-
tica são alguns trechos localizados nas encostas
da Serra do Mar. Além do pau-brasil como dito
anteriormente, podemos encontrar espécies como:
cedro, ipê, jacarandá, peroba etc;

Fonte: http://www.geoimagens.com.br/buscar-imagens/mata-dos-
cocais/mata-dos-cocais-6/ - acesso em nov/2020.

Fonte: https://revistapesquisa.fapesp.br/esperanca-para-a-mata- z Matas de galerias ou ciliares: São conhecidas


atlantica/ acesso em nov/2020. como as pequenas florestas que se desenvolvem
ao longo dos cursos dos rios e são encontradas em
z Mata de Araucárias ou Mata dos Pinhais: Esta diversas partes do território brasileiro. Quanto
vegetação está localizada ao longo do Planalto mais próximas dos cursos d’água, maior é a diver-
Meridional (regiões sul e sudeste), com uma exten- sidade desta vegetação, são vegetações fechadas e
são que vai do estado de São Paulo até o Rio Grande
ricas, à medida que ocorre o afastamento do leito
do Sul, embora a maior concentração desta vegeta-
do rio, ocorre a redução da umidade, e aos pou-
ção esteja no estado do Paraná, é conhecida como
Mata de Araucária ou Floresta dos Pinhais ( gran- cos vão aparecendo novas espécies que são menos
de presença de pinheiros), é uma formação vegetal necessitadas de água.
presente no clima subtropical, é homogênea e espa-
çada, suas folhas tem formato de agulha (aciculifo- Dentro dessas matas são encontradas espécies
liadas). Neste tipo de floresta encontramos espécies como: sapucaia, paxiúba e palmeiras.
vegetais como: pinheiro, erva-mate etc;
GEOGRAFIA DO BRASIL

Fonte:https://cienciaeclima.com.br/extincao-e-ameaca-para-floresta- Fonte: https://www.em.com.br/app/noticia/gerais - acesso


com-araucarias/ - acesso em nov/2020. nov/2020. 261
Formações Arbustivas e Herbáceas

z Caatinga: Também conhecida como mata branca, é o tipo de vegetação presente no Sertão Nordestino ou
Nordeste semiárido (região com poucas chuvas, são escassas e são distribuídas de forma irregular ao longo do
ano). As principais características da Caatinga são:

„ Vegetação com árvores e arbustos espinhentos ou que perdem as folhas durante a estação seca;
„ São plantas xerófilas (vegetação que se adapta a ambientes secos);
„ Presença de arbustos associados às cactáceas e às bromeliáceas;
„ Vegetação com caules a galhos tortos, raízes profundas e em grande quantidade.
„ Os solos nessa região quase sempre são pedregosos, e são de pequena espessura;

Na caatinga as espécies que podemos destacar são:

„ Árvores e arbustos: angico, juazeiro, umbuzeiro;


„ Cactáceas: mandacaru e xiquexique;
„ Bromeliáceas: macambira e caroá.

Fonte: https://nossaciencia.com.br/noticias/a-seca-e-essencial-para-a-caatinga/ - acesso nov./2020.

z Cerrado: A vegetação Cerrado está localizada principalmente na região central do país, porém pode ocorrer
a presença deste tipo nos estados de Minas Gerais, São Paulo, Bahia, totalizando áreas que podem chegar a
2000000 km².

O Cerrado tradicional é composto por vegetação de árvores e arbustos que estão associados a uma vegetação
baixa inferior, formada basicamente por gramíneas (vegetação rasteira). O tipo climático presente nas áreas onde
ocorre o predomínio do Cerrado é o tropical subúmido, com duas estações bem distintas – uma chuvosa e outra
seca, os solos do Cerrado são, em grande parte, pobres e de baixa fertilidade (devido aos altos índices de acidez). É
comum a presença das seguintes espécies de vegetais: pau-terra, barbatimão e as gramíneas ou vegetação rasteira.

Fonte: https://brasilescola.uol.com.br/brasil/cerrado.htm - acesso nov./2020.

Campos

No Brasil os campos também são conhecidos como Pampas, estão presentes na região sul do país, em áreas
com o relevo suave (pequenas alterações na altimetria – altura), podem se apresentar de forma contínua (somen-
te com gramíneas), ou coma presença de pequenas arbustos que ficam isolados na paisagem, que formam os cha-
mados campos sujos. As atividades econômicas desenvolvidas nesta região, destaque para a pecuária extensiva
262 – gado criado solto em grandes extensões de terras, e a monocultura: soja ou arroz.
Como espécies presentes neste tipo de vegetação,
destacam-se: barba-de-bode, gordura, mimosa, for-
quilha e flecha.

Fonte: http://www.zonacosteira.bio.ufba.br/vrestinga.html - acesso


nov./2020.

„ Mangue: esta vegetação está presente em fai-


xas litorâneas com clima tropical e que sofrem
a ação das marés ou da água salobra (salgada),
tendo como vegetação as halófilas (ambientes
salinos).
Fonte: https://conhecimentocientifico.r7.com/ja-ouvi-falar-no-
pampa-conheca-o-bioma-que-so-ocorre-rs/ - acesso nov./2020.

Formações Complexas e Litorâneas

z Complexo do Pantanal: Denomina-se Complexo


do Pantanal o conjunto de diversas formações de
vegetação que estão presentes na área do Panta-
nal Mato-Grossense. Nesta região ocorrem inunda-
ções em certos períodos do ano, o que possibilita a
existência de três tipos de áreas: as áreas que estão
sempre alagadas, as áreas que são periodicamente
alagadas e as áreas que estão livres de inundações.

Como espécies de vegetais aqui nesta região, des-


tacam-se os diversos tipos de palmeiras do cerrado,
paratudo, capim-mimoso e vários bosques chaque-
nhos, com a presença de Quebracho e do angico, den- Fonte: https://cienciaeclima.com.br/mangues-afogados-pelo-
tre outros tipos; aumento-do-nivel-do-mar/ - acesso nov./2020.

Os domínios morfoclimáticos podem ser com-


preendidos como o resultado da interação entre os
elementos físicos da paisagem (rocha, relevo, solo, cli-
ma, vegetação e hidrografia).
O geógrafo brasileiro Aziz Ab’Sáber realizou estu-
dos e estabeleceu esta classificação citada anterior-
mente. De acordo com o professor, essa delimitação
ocorre a partir de uma abordagem integrada da natu-
reza, ao estudar somente o território brasileiro, a
identificação e a classificação são mais precisas.
No Brasil foram identificados seis grandes domínios
morfoclimáticos – paisagísticos: três domínios abran-
gem áreas florestadas originalmente (Amazônia, Arau-
Fonte: https://g1.globo.com/mt/mato-grosso/noticia/2019/11/16/ cárias e Mares de Morros – Mata Atlântica) e os outros
estudo-aponta-escassez-das-aguas-do-pantanal-mato-grossense. correspondem a áreas com um predomínio de espécies
ghtml - acesso nov./2020.
vegetais herbáceas e arbustivas (Cerrado, Caatinga e
Campos – também conhecido como pradarias).
z Vegetação Litorânea: No Litoral brasileiro exis-
Por sua vez, segundo os estudos do professor
GEOGRAFIA DO BRASIL

tem dois tipos de vegetação:


Ab’Sáber, existem faixas de transição entre os domí-
nios morfoclimáticos, como por exemplo, o Pantanal,
„ Vegetação das praias e das dunas (jundu): trechos de Cerrado e também da Caatinga, assim como
São vegetações arbustivas e herbáceas, que a Mata dos Cocais e a Vegetação Litorânea – Mangues).
conseguem sobreviver em solo arenoso, sofren-
do fortes influências da ação do mar (por meio
das marés e dos ventos). Nas praias, a vegetação
é mais mirrada (pobre – grande quantidade de
sal e poucos nutrientes), enquanto nas dunas
a vegetação é mais diversificada e contínua,
por conta da maior quantidade de nutrientes e
menor quantidade de cloreto de sódio presente
na água do mar; 263
Observe a seguir os domínios morfoclimáticos do RECURSOS HÍDRICOS
Brasil de acordo com os estudos do professor Ab’Sáber:
Bacias Hidrográficas, Aquíferos, Hidrovias

Um aspecto importante propiciado pelo relevo é


o grande potencial hidráulico existente no território
brasileiro. Esse fato ocorre porque 59% da superfície
do nosso país situa-se acima dos 200 metros de altitu-
de, e essa imensa área é percorrida por extensos rios
de planalto.
O Brasil dispõe de 12% das reservas de água doce
do planeta. Toda essa água flui por uma vasta e densa
rede hidrográfica. Nela, é possível identificar as duas
maiores bacias hidrográficas do mundo: a Amazônica
e a Platina.
Outro destaque é a maior bacia hidrográfica intei-
ramente brasileira, a São - Franciscana, de grande
Amazônico importância socioeconômica para o nosso país.
Cerrado Agora, vamos conhecer algumas características
das três principais bacias hidrográficas do Brasil:
Mares de morros
Amazônica (inclusive a do Tocantins), São Francisca-
Caatingas na e Platina.
Araucárias
A Bacia Amazônica
Pradarias
Faixas de Transição A Bacia Amazônica é a maior do mundo e drena
praticamente metade do território brasileiro.
Fonte: http://educacao.globo.com/geografia/assunto/geografia-
fisica/dominios-morfoclimaticos.html - acesso nov./2020.
O rio principal da bacia nasce nos Andes Peruanos
com o nome de Ucaiali, atravessa a selva equatorial do
Aproveitamento Econômico e Problemas Ambientais país e penetra no Brasil, no estado do Amazonas, com
o nome de Solimões.
A partir da década de 1930, a história da deterio- Nas proximidades de Manaus, suas águas barren-
ração dos impactos ambientais no Brasil e no mundo tas encontram as do Rio Negro, muito mais escuras,
começou a mudar. Em nosso país, esse fenômeno é formando um espetáculo de dimensões magníficas;
acompanhado pelo processo de industrialização e nesse ponto passa a ser chamado de Rio Amazonas.
urbanização. Esses eventos proporcionaram certo Sua foz é considerada mista, por apresentar simulta-
desenvolvimento para o país, mas com esse desen- neamente um delta, situado ao norte da Ilha de Mara-
volvimento não houve a adoção e a implantação de jó, e um estuário, ao sul dessa Ilha.
uma legislação apropriada para evitar danos ao meio Ao atravessar milhares de quilômetros - sua exten-
ambiente. O crescimento das cidades e das indústrias são total e de cerca de 7.000 quilômetros - no interior
relacionadas ao crescimento populacional é uma luta território brasileiro, o rio Amazonas percorre a vas-
diária para conter a deterioração do meio ambiente. ta Planície Amazônica. Lentamente, sem apresentar
Dentre os principais problemas ambientais pode- qualquer queda d’água nem corredeiras, vence um
mos destacar alguns. pequeno desnível, inferior a 80 metros. Por isso, for-
O desmatamento é considerado como um dos ma, juntamente com inúmeros de seus afluentes, mais
mais antigos e mais graves problemas ambientais que de 20.000 quilômetros de vias fluviais navegáveis.
nosso país possui, pois, desde a chegada dos portugue- A bacia Amazônica reúne 72% de toda a água
ses e dos diversos ciclos de exploração esse problema encontrada em nosso território, e é habitada por
vem sendo agravado. O processo de urbanização e menos e 8% da população nacional
crescimento das cidades, a expansão das atividades No entanto, muitos de seus afluentes são dos pla-
agropecuárias, a extração de madeira de lei, a utili-
nalto, com boa parte de seu curso em terras mais
zação das terras para a criação de bovinos, principal-
elevadas. Os da margem direita nascem no Planalto
mente a pecuária extensiva foram determinantes para
Brasileiro; os da esquerda, no Planalto das Guianas.
o agravamento dessa situação. E como consequências
Essa característica confere a bacia um grande poten-
do processo de desmatamento podemos destacar: a
destruição da biodiversidade, os processos de erosão cial hidrelétrico, ainda disponível em sua maior parte.
e empobrecimento dos solos, a redução no clico das Tamanho potencial explica a existência de um
chuvas, o aumento das temperaturas e a questão do ambicioso projeto que prevê a construção de nada
aquecimento global. menos que 76 usinas hidrelétricas.
As queimadas, em sua maioria, estão diretamente Desse total, em 2003 estavam em operação apenas
associadas à prática da agricultura. Em nosso país as sete: Tucuruí, Balbina, Samuel, Isamu Ikeda, Agro Tra-
queimadas vêm aumentando de forma considerável fo, Coaracy Nunes e Curuá-Una. Os vultosos custos das
nos últimos anos, vide os exemplos de 2020 ocorridos obras explicam a demora na implementação desse
no Pantanal e na Amazônia. Como consequências das projeto. Além disso, o projeto em si é extremamente
queimadas destaca-se o aceleramento do processo de controverso quanto ao seu impacto socioambiental -
desertificação, a poluição do ar e o processo de empo- por exemplo, acarretaria a inundação de vastas flo-
264 brecimento dos solos. restas e áreas indígenas.
A Bacia Sanfranciscana O agravamento desse problema tende a comprometer
a navegabilidade do rio São Francisco, fato verificado
A bacia do Rio São Francisco drena uma longa ao longo do trecho Pirapora (MG) - Juazeiro (BA), uma
depressão encravada entre o Planalto Atlântico e as hidrovia de 1.371 quilômetros por onde são transpor-
chapadas do Brasil Central. O rio principal nasce na tadas mais de 170 mil toneladas anuais de cargas.
Serra da Canastra, em Minas Gerais, com rumo sul-
-norte até a cidade de Barra. Nesse ponto volta-se para
ALGUNS DADOS SOBRE O RIO SÃO FRANCISCO
nordeste até a cidade de Cabrobó, quando se dirige
para sudeste até desembocar no oceano Atlântico. Área da bacia: 645 mil km² (7,5% do território brasileiro)

A bacia hidrográfica do São Francisco é importan- Vazão média anual: 3.360m²/s

te por vários motivos: Municípios banhados pela bacia: 509

Estados drenados pela bacia: Minas Gerais, Bahia, Per-

z Pelo volume de água que transporta em plena nambuco, Alagoas, Sergipe, Goiás e Distrito Federal
região semiárida, inclusive durante os períodos População que habita a bacia: 14 milhões de pessoas

de estiagem. Perene, ganhou o apelido de Nilo Bra- Declividade média: 8,8 cm/km

sileiro. Como o Rio Africano, que nasce em local Vazão média na foz: 2.943 m³/s

de chuvas generosas (perto da linha do Equador), Tipo de foz: estuário

o São Francisco tem suas cabeceiras na Serra da Velocidade média de correnteza: 0,8 m/s

Canastra, área de precipitação relativamente
abundante situada em Minas Gerais (responde por
cerca de 75% da geração de água do rio); Somente nos últimos anos, em decorrência, sobretu-
z Pela contribuição histórica, pois permitiu a fixação do, da sensível diminuição do volume das águas causa-
das populações ribeirinhas e a criação de inúme- da por influência das atividades humanas, estão sendo
ras cidades. No século XVI, serviu de via natural implementados programas ecológicos, muitos dos quais
de penetração do interior. Mais tarde, no século por iniciativas de ONGs, empenhadas em reverter essas
XVII, ganhou o apelido de Rio dos Currais devido à dramáticas formas de degradação ambiental.
concentração de fazendas de gado bovino em suas
margens; A Bacia Platina
z Porque o São Francisco tem a possibilidade de inte-
grar, sob o ponto de vista socioeconômico, as duas A peculiaridade dessa bacia está na sua composi-
regiões mais populosas do país (Sudeste e Nordes- ção, já que são três os seus principais rios formadores:
te), fato que gerou, há muitas décadas, o apelido
Paraná, Paraguai e Uruguai. A confluência desses rios
de Rio da Unidade Nacional. No entanto, os poucos
investimentos em hidrovias dificultaram essa inte- origina o da Prata, que faz fronteira entre a Argenti-
gração tão propagada; na e o Uruguai, ao mesmo tempo em que banha suas
z Pelo potencial hídrico, aproveitado para a irriga- capitais, respectivamente Buenos Aires e Montevidéu.
ção dos solos férteis situados à sua margem. E o A bacia do rio Paraná é importantíssima para o
caso da região de Juazeiro/Petrolina, que atual- Brasil devido ao seu grande potencial hidrelétrico,
mente se destaca pela importância da fruticultura hoje quase todo aproveitado. Ao longo da bacia, deze-
irrigada com a água do Rio São Francisco. nas de hidrelétricas fornecem energia para a dinâmi-
ca economia do Centro-Sul.
Todos os apelidos que recebeu ilustram a importância O grande destaque da bacia Paranaica, sem dúvi-
do São Francisco. “A população que habita o vale, porém, da, é a usina de Itaipu. Construída em parceria com o
mostra seu respeito e carinho chamando de Velho Chico”. Paraguai, é uma das maiores usinas do mundo. Mes-
Mesmo assim, ele tem sido muito agredido, e já são irre- mo sendo binacional quase toda a energia e consumi-
paráveis os danos ecológicos, sociais e até históricos. da pelo Brasil, que compra a parte ociosa da cota a que
A diminuição de sua vazão, por exemplo, decorre o Paraguai tem direito.
da construção da usina hidrelétrica de Sobradinho. Apesar de toda a sua importância socioeconômica,
Assim, a jusante dessa barragem, o nível das Águas Itaipu é objeto de muitas críticas, algumas bastante
do rio diminui de forma dramática nos meses de seca, pertinentes. A mais frequente dessas críticas repor-
comprometendo, inclusive, o abastecimento de água ta-se a ausência de eclusas no projeto original da
dos moradores da região. hidrelétrica, para possibilitar a navegação. Só agora,
A propósito da população local, é preciso destacar no início do século XXI, o projeto de construção das
que Sobradinho formou o maior represamento de eclusas está sendo levado a sério, para tornar reali-
água do Brasil: um lago de 3.970 km2. Pelo menos 70 dade a hidrovia Mercosul, com cerca de 7.000 quilô-
mil pessoas foram removidas para áreas distantes até metros de vias navegáveis. As obras necessárias ao
700 quilômetros em consequência da construção da vencimento do desnível, de quase 130 metros, pode-
represa, cujas águas inundaram dezenas de povoados rão ser realizadas mediante a construção de uma
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e deixaram submersas quatro cidades: Pilão Arcado, escada de quatro eclusas, cada urna com câmara de
Santo S, Casa Nova e Remanso. 120 m de comprimento e 17 m de largura. A hidro-
Além desse impacto social, houve a inundação de via do Mercosul interligara Buenos Aires, Assunção,
inúmeros sítios arqueológicos. Tal fato significa uma Corumbá, Cáceres e Foz do Iguaçu ao sul de Goiás, ao
perda enorme para as gerações futuras, que não pode- Triângulo Mineiro, ao sudeste de Mato Grosso do Sul e
rão conhecer a história de povos ancestrais que habi- a todo o interior de São Paulo, até as proximidades de
taram a região em épocas remotas. Piracicaba e Sorocaba.
Outro sério problema detectado no vale do São Ao contrário do que ocorre com quase todos os paí-
Francisco é o rápido assoreamento de seu leito por
ses do mundo banhados por grandes rios, o Brasil não
milhares de toneladas de sedimentos, provenientes
priorizou o transporte fluvial. A opção pelas rodovias
tanto de áreas recém-desmatadas como de proprie-
como principal sistema de transporte mostra-se hoje
dades fundiárias onde não são feitas curvas de nível
corno um problema, pois depende dos derivados de
para deter a erosão causada pelas águas das chuvas.
petróleo, uma fonte de energia questionável: 265
z É uma fonte de energia não-renovável; I: bacia Amazônica
z É poluente, pois sua queima produz CO2, gás que II: bacia Araguaio-Tocantins
provoca o efeito estufa, considerado responsável III: bacia Platina (Paraguai, Uruguai e Paraná)
pelo aquecimento global; IV: bacia do São Francisco
z Precisa ser importado em parte, pois o Brasil pro- V: bacia do Nordeste
duz aproximadamente 80% do total que consome; VI: bacia do Leste
z Mesmo que o país se tome autossuficiente, o petró-
VII: bacia do Sul
leo será sempre uma opção custosa, que encarece
os produtos transportados.
As principais bacias hidrográficas brasileiras são:
O Brasil, dada a sua grande extensão territorial e
predominância de climas úmidos, tem uma extensa z Bacia do Rio Amazonas: a maior bacia hidro-
rede hidrográfica. As bacias hidrográficas brasileiras gráfica do planeta tem sua vertente delimitada
oferecem, em muitos trechos, grandes possibilidades pelos divisores de água da cordilheira dos Andes,
de navegação. Apesar disso, o transporte hidroviário pelo planalto das Guianas e pelo planalto Central.
é pouco utilizado no país. Em outros trechos, nossos Seu rio principal nasce no Peru, com o nome de
rios apresentam um enorme potencial hidrelétrico, Marañon, e passa a ser denominado Solimões da
bastante explorado no Centro-Sul do país em decor- fronteira brasileira até o encontro com o rio Negro.
rência da concentração urbano-industrial, mas subu- A partir daí, recebe o nome de Amazonas. É o rio
tilizado em outras regiões, como a Amazônia mais extenso (total de 7100 km) e de maior volume
O Brasil possui a rede hidrográfica mais extensa do de água do planeta. Esse fato é explicado pela pre-
Globo, com 55.457km². Muitos de seus rios destacam-
sença de afluentes de ambos os lados que, por esta-
-se pela profundidade, largura e extensão, o que cons-
rem nos dois hemisférios (norte e sul), permitem a
titui um importante recurso natural. Em decorrência
da natureza do relevo, predominam os rios de planal- dupla captação das cheias de verão.
to. A energia hidráulica é a fonte primária de geração
de eletricidade mais importante do Brasil. Os afluentes do rio Amazonas nascem, em sua
Tecnicamente, a hidrografia brasileira apresenta maioria, nos escudos dos planaltos das Guiana e Bra-
os seguintes aspectos: sileiro, possuindo, assim, o maior potencial hidrelétri-
Não possui lagos tectônicos, pois as depressões tor- co disponível do país. Ao caírem na bacia sedimentar,
naram-se bacias sedimentares. Em nosso território, que é plana, tornam-se rios navegáveis. O rio Amazo-
só há lagos de várzea (temporários, muito comuns no nas, que corre no centro da bacia, é totalmente nave-
Pantanal) e lagoas costeiras, como a dos Patos (RS) e a gável. Sua largura média é de 5 km, chegando a mais
Rodrigo de Freitas (RJ), formadas por restingas. de 50 km em alguns trechos.
Todos os rios brasileiros, com exceção do Amazo- Possui cerca de 7 mil afluentes. Possui ainda, gran-
nas, possuem regime pluvial. Uma pequena quantida- de número de cursos de águas menores e canais flu-
de da água do rio Amazonas provém do derretimento
viais criados pelos processos de cheia e vazante. A
de neve na cordilheira dos Andes, caracterizando um
regime misto (nival e pluvial). maioria de seus afluentes nasce nos escudos dos Pla-
Todos os rios são exorréicos. Mesmo os que correm naltos das Guianas e Brasileiro na Venezuela, Colôm-
para o interior têm como destino final o oceano, como bia, Peru e Bolívia.
o Tietê, afluente do rio Paraná, que por sua vez, desá- Possui o maior potencial hidrelétrico do país, mas a
gua no mar (estuário da Prata). baixa declividade do seu terreno dificulta a instalação
Há rios temporários apenas no Sertão nordestino, de Usinas Hidrelétricas. Na época das cheias, ocorre
onde o clima é semiárido. No restante do país, os rios o fenômeno conhecido como “Pororoca”, provoca-
são perenes. do pelo encontro de suas águas com o mar. Enormes
Predominam rios de planalto em áreas de elevado ondas se formam, invadindo o continente.  Localiza-
índice pluviométrico. A existência de muitos desní- da numa região de planície, a Bacia Amazônica possui
veis no terreno e o grande volume de água possibilita cerca de 23 mil km de rios navegáveis, possibilitando
a produção de hidroeletricidade. o desenvolvimento do transporte hidroviário. O Rio
Com exceção do rio Amazonas, que possui foz mis-
Amazonas é totalmente navegável. A Bacia Amazô-
ta (delta e estuário), e do rio Parnaíba, que possui foz
nica abrange os estados do Amazonas, Pará, Amapá,
em delta, todos os rios brasileiros que deságuam livre-
mente no oceano formam estuários. Acre, Roraima, Rondônia e Mato Grosso;

z Bacia do Rio Tocantins: esta bacia drena aproxi-


madamente 9,5% do território nacional. Seus prin-
cipais rios nascem no estado de Goiás e no Bico do
Papagaio (TO), onde o Tocantins recebe seu princi-
I V pal afluente, o rio Araguaia. Em terras paraenses,
II o Tocantins deságua no Golfão Amazônico, onde
IV se localiza a ilha de Marajó. Por apresentar lon-
gos trechos navegáveis, essa bacia é utilizada para
VI
escoar parte da produção de grãos (destaque para
III a soja) das regiões que banha.

A usina hidrelétrica de Tucuruí, a segunda maior


VII
do país, foi construída no rio Tocantins e atende às
necessidades de consumo de energia do Projeto Cara-
266 jás, no Pará.
Dentre os principais afluentes da bacia Tocantins-
-Araguaia, estão os rios do Sono, Palma e Melo Alves,
todos situados na margem direita do rio Araguaia. Seu
rio principal, o Tocantins nasce na confluência dos
rios Maranhão e Paraná, em Goiás, percorrendo 2.640
km até desembocar na foz do Amazonas. Durante o
período de cheias, seu trecho navegável é de 1.900
km, entre as cidades de Belém (PA) e Peixe (GO). Em
seu curso inferior situa-se a Hidrelétrica de Tucuruí,
a segunda maior do país, que abastece os projetos de
mineração da Serra do Carajás e da Albrás.
O rio Araguaia nasce na serra das Araras, no Mato
Grosso, na fronteira com Goiás. Tem cerca de 2.600
km de extensão. Desemboca no rio Tocantins em São
João do Araguaia, logo antes de Marabá. A construção
da hidrovia Araguaia-Tocantins tem sido questionada
por ONGs que criticam os impactos ambientais que
poderão ser causados. Por exemplo, a hidrovia corta-
ria 10 áreas de conservação ambiental e 35 áreas indí-
genas, afetando cerca de 10 mil índios; Hidrovias

z Bacia Platina (composta pela bacia do Paraná z Hidrovia Tietê-Paraná (Mercosul): O sistema
e Bacia do Uruguai): o Brasil também é banhado hidroviário Tietê-Paraná possui 2.400 quilôme-
pela segunda maior bacia hidrográfica do plane- tros de vias navegáveis de Piracicaba e Conchas
ta. Seus três rios principais – Paraná, Paraguai e (ambos em São Paulo) até Goiás e Minas Gerais (ao
Uruguai – formam o rio da Prata, ao se encontra- norte) e Mato Grosso do Sul, Paraná e Paraguai (ao
rem em território argentino. A bacia do rio Paraná sul). Liga cinco dos maiores estados produtores de
apresenta o maior potencial hidrelétrico instalado soja do País e é considerada a Hidrovia do Merco-
do país, além de trechos importantes para a nave- sul. Em seu trecho paulista, a Hidrovia Tietê-Para-
gação, com destaque para a hidrovia do Tietê. A ná possui 800 quilômetros de vias navegáveis, dez
bacia do Paraguai, que atravessa o Pantanal Mato- reservatórios, dez barragens, 23 pontes, 19 estalei-
-grossense, é amplamente navegável. Já a bacia ros e 30 terminais intermodais de cargas.
do Uruguai, com pequeno potencial hidrelétrico e
poucos trechos navegáveis, tem importância eco- Sua infraestrutura, administrada pelo Departa-
nômica apenas regional; mento Hidroviário - DH transformou o modal em
z Bacias secundárias: o Brasil possui três conjun- uma alternativa econômica para o transporte de car-
tos de bacias secundárias: Atlântico Norte-Nordes- gas, além de propiciar o reordenamento da matriz de
te, Atlântico Leste e Atlântico Sudeste. As bacias transportes da região centro-oeste do Estado e impul-
hidrográficas que os compõem não possuem liga- sionar o desenvolvimento regional de cidades como
ção entre si. Elas foram agrupadas pela sua locali- Barra Bonita e Pederneiras.
zação geográfica ao longo do litoral. O rio principal A hidrovia serve para o transporte de cargas, pes-
de cada uma delas tem sua própria vertente, deli- soas e veículos, tornando-se uma importante ligação
mitando, portanto, uma bacia hidrográfica. Por com os países do Mercosul. São 2.400 km de percurso
exemplo, as bacias do Atlântico Leste são formadas navegável ligando as localidades de Anhembi e Foz
pelo agrupamento das bacias do Paraíba do Sul, do Iguaçu. Em função de suas diversas quedas, o rio
Doce, Jequitinhonha, Pardo, Contas e Paraguaçu. Paraná possui navegação de porte até a cidade argen-
tina de Rosário. O rio Paraná é o quarto do mundo em
Aquíferos drenagem, drenando todo o centro-sul da América do
Sul, desde as encostas dos Andes até a Serra do Mar;
Os Aquíferos são fontes importantes de recursos
devido à sua grande quantidade de água armazena-
das. No entanto, torna-se problemático ao seu uso
excessivo e, principalmente, sua contaminação com
a poluição do solo e o uso de reagentes químicos na
superfície, pois isso compromete a duração e a energia
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para renovar este recurso natural. No Brasil, existem


dois aquíferos principais e importantes: o Guarani,
localizado Sul-Sul e se estende de outros países, além
do Alter do Chão, localizado na região norte.
No mapa a seguir podemos observar a localização
dos principais aquíferos brasileiros:

267
z Bacia do Rio São Francisco: é uma extensa bacia A industrialização brasileira pode ser dividida em
hidrográfica, responsável pela drenagem de apro- fases que vamos listar a seguir:
ximadamente 7,5% do território nacional. O rio
São Francisco, que nasce em Minas Gerais, atra- z Primeira fase (1500 – 1930);
vessa o sertão semiárido mineiro e baiano, possi- z Segunda fase (1931 – 1955);
bilitando a sobrevivência da população ribeirinha z Terceira fase (1956 – 1989);
de baixa renda, a irrigação em pequenas proprie- z Quarta fase (1990 - atualidade).
dades e em grandes projetos agroindustriais e a
criação de gado. O São Francisco é um rio bastante Primeira fase (1500 - 1808)
aproveitado para a produção de hidroeletricidade.
Neste período, entre 1500 e 1808, nosso país estava
Ele é navegável em um longo trecho dos estados de preso a acordos que atendiam única e exclusivamente
Minas Gerais e Bahia, desde que a barragem de Três aos interesses da Coroa Portuguesa, como por exemplo
Marias não lhe retenha muita água. Possui área de o Pacto Colonial, no qual as colônias só podiam estabele-
aproximadamente 645.000 km² e é responsável pela cer relações comerciais com suas metrópoles. Este acordo
drenagem de 7,5% do território nacional. É a terceira proporcionou grandes vantagens para os portugueses e
bacia hidrográfica do Brasil, ocupando 8% do territó- gerou uma série de déficits e atrasos para o nosso país.
rio nacional. É a segunda maior bacia localizada intei- O Brasil era um simples fornecedor de matéria-
ramente em território nacional. A bacia encontra-se -prima e recebia em troca produtos manufaturados
nos estados da Bahia, Minas Gerais, Pernambuco, ou semi-industrializados, já que existia uma política
Sergipe, Alagoas, Goiás e no Distrito Federal. Situa-se restritiva de desenvolvimento industrial no territó-
quase inteiramente em áreas de planalto. rio brasileiro. Esta política era o Alvará de Proibição
Industrial, que foi assinado por D. Maria I em 1785
Degradação Ambiental e proibia a instalação de fábricas e manufaturas em
território nacional. O objetivo desse acordo era que os
Os principais problemas enfrentadas em rela- brasileiros continuassem empenhados na exploração
ção ao processo de degradação ambiental nas bacias de recursos naturais presentes em nosso território,
como por exemplo a extração do ouro e do cultivo de
hidrográficas do Brasil estão o processo de poluição
gêneros tropicais. Os portugueses tinham a preocupa-
das águas, tanto em áreas rurais como em áreas urba-
ção que o desenvolvimento das atividades industriais
nas, e as causas dessa poluição são o lançamento de
e do comércio afetaria a mão-de-obra utilizada nas
esgoto industrial e doméstico (em alguns casos esse
atividades já citadas e dessa forma os lucros dos por-
lançamento ocorre in natura – quando o esgoto é lan-
tugueses diminuiriam de forma drástica.
çado diretamente no manancial de água sem nenhum
O ano de 1808 marca a chegada da Família Real Por-
tipo de tratamento), além do processo de assoreamen-
tuguesa ao Brasil e uma série de mudanças, dentre elas
to dos rios causado pela retirada da vegetação ciliar
o processo de abertura dos portos para as nações ami-
das encostas dos rios.
gas de Portugal e a revogação do Alvará assinado ante-
Também podemos destacar o processo de uso
riormente por D. Maria I. Porém, esse processo pouco
de produtos químicos pelo setor produtivo agrícola
alterou a realidade industrial brasileira e a depen-
que gera a contaminação das reservas subterrâneas
dência dos produtos industrializados importados. A
existentes. dependência, principalmente da Inglaterra, continua-
va ocorrendo. Além disso, o governo que se instala no
DEGRADAÇÃO AMBIENTAL, O APROVEITAMENTO Brasil, chefiado por D. João VI, concede grandes bene-
ECONÔMICO DOS RECURSOS NATURAIS E AS fícios aos ingleses, prejudicando e inibindo qualquer
ATIVIDADES ECONÔMICAS tipo de investimento no setor industrial do nosso país.
No período conhecido como Segundo Reinado, o
Os Recursos Minerais, Fontes de Energia, Matriz Brasil enfrentava vários problemas, e a adoção da Tari-
Energética Brasileira e Meio Ambiente, o Setor fa Alves Branco, que impunha uma série de impostos
Mineral e Os Grandes Projetos de Mineração a produtos importados, proporcionou um desenvolvi-
mento tímido do setor industrial, com alguns surtos
O processo de industrialização do Brasil teve seu no século XIX, em especial na indústria têxtil.
início no século XIX, com surtos industriais, princi- Alguns acontecimentos que começam a mudar a
palmente no Sudeste, no estado de São Paulo. Porém, realidade industrial do Brasil foram:
foi somente com o declínio da lavoura cafeeira e com
a ocorrência da crise do modelo agrário exportador, z A assinatura de leis abolicionistas, que proibiam o
que ruiu com a crise de 1929 e a adoção de políticas trabalho escravo e ampliavam o trabalho assala-
industriais com objetivos de substituir as importa- riado e o mercado consumidor;
ções. Contaram também com os incentivos governa- z Crises e tensões na Europa;
mentais, que de fato proporcionaram um processo de z Grande quantidade de matérias-primas;
Revolução Industrial em nosso país. z Modernização da infraestrutura portuária, com
A sociedade urbana e industrial, resultado de um destaque para o Porto de Santos e com o acúmulo
intenso processo de êxodo rural, é um fenômeno que de capitais oriundos da lavoura de café.
ocorreu em nosso país de forma tardia e recente, ocor-
rendo em um período de quase 200 anos de atraso em Ainda assim, a realidade industrial brasileira con-
relação à Revolução Industrial que ocorreu na Ingla- tinuava extremamente dependente da manufatura
268 terra por volta de 1750, no século XVIII. estrangeira.
Segunda fase (1931 - 1955) A chegada dessas corporações internacionais foi
provocada pelo fenômeno conhecido como descon-
Já no século XX, em especial no período da 1ª Guer- centração industrial.
ra Mundial (1914 -1918), o Brasil se viu na obrigação Desconcentração industrial é o processo de desloca-
de adotar uma política industrial mais agressiva, pois mentos de indústrias de regiões com elevados níveis
os nossos principais fornecedores de produtos indus- de industrialização, que acabaram tornando-se onero-
trializados estavam envolvidos no conflito que ocorria sos, com altos custos de manutenção, para regiões com
na Europa. menores custos para a manutenção da produção
Após a crise de 1929, que determinou a Quebra industrial. Nestes novos locais que receberiam as indús-
da Bolsa de Nova York, e as constantes crises que a trias, os custos com os fatores locacionais são menores.
lavoura cafeeira vinha passando, associados a uma A maior concentração de indústrias ocorria na
mudança na política brasileira, ocorreu a chegada de região Sudeste, em especial no estado de São Paulo, por
Getúlio Vargas ao poder e o Brasil começa a passar de conta de todo o histórico de importância que a região
fato pela sua Revolução Industrial.
exercia para a economia do país desde o período colo-
No governo de Getúlio Vargas foram adotadas
nial, perpassando por vários ciclos econômicos. Neste
medidas que visavam o aumento do investimento na
contexto, merece destaque a região do ABCD Paulista,
indústria brasileira, criando uma espécie de suporte
área de elevada concentração industrial.
para as outras fases de industrialização que viriam a
Nos anos da ditadura militar, em especial no final dos
seguir. Vargas, com seu projeto nacionalista, investiu
anos 60 e começo dos anos 70, ocorreu o chamado Mila-
na instalação de indústrias de base para a extração de
gre Econômico Brasileiro, época que o país apresentava
recursos minerais como por exemplo:
taxas de crescimento econômico em torno de 10% ao ano.
Esse crescimento é medido por meio do Produto
z A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN);
Interno Bruto (PIB), que representa a soma de todas
z A Vale do Rio Doce;
as riquezas que o país produz durante o período de
z A Companhia Siderúrgica do Pará (COSIPA);
um ano, mas esse estudo também pode ser realizado
z A Companhia Siderúrgica de Minas Gerais
de forma mensal ou trimestral, depende do objeto de
(COSIMINAS);
estudo realizado.
z A Eletrobrás – produção de energia elétrica;
z E o projeto mais sucedido de Vargas que foi a É importante destacar o processo de desconcentra-
Petrobrás: que iniciou nos anos 40 aqui em nosso ção das indústrias, que começa a ocorrer no período
país o processo da extração de petróleo. em que os militares estão no poder. Nesse aspecto
destacamos a instalação da Zona Franca de Manaus
Terceira fase (1956 - 1989) – um polo industrial na zona Norte do país, onde os
objetivos eram além de promover uma política de
Essa fase é marcada pelo início do processo de desenvolvimento regional, estabelecer um processo
internacionalização da nossa economia, promovido de integração entre as regiões do país.
pelo presidente Juscelino Kubitschek, popularmente Assim como ocorreu a instalação de indústrias na
conhecido como JK. Foi desenvolvido o processo de região Norte, o mesmo ocorre em outras regiões sen-
abertura do mercado brasileiro para sediar as filiais do que esse processo é a principal características da
das grandes indústrias estrangeiras, em especial das próxima fase.
automobilísticas. Esse período foi marcado por um Antes de iniciarmos a quarta e última fase da
tripé econômico: industrialização brasileira, é importante destacar o
processo de crise econômica ocorrida em nosso país
z Capital Privado Internacional; desde os anos 70, se intensificando nos anos 80 e se
z Capital Privado Nacional; estendendo até meados dos anos 90.
z Capital Estatal. O mundo viveu uma grave crise econômica nos
anos 70 ocasionado pelo 1º choque do petróleo, no
JK estabeleceu o Plano de Metas, que tinha como qual ocorreu um aumento no valor do barril e esse
slogan promover o crescimento do país “50 anos em 5”. aumento gerou reflexos em todo o mundo. Em nos-
Dentre os principais objetivos do Plano de Metas esta- so país, o choque do petróleo significou a retirada de
vam a realização de investimentos nas seguintes áreas: capitais pelos investidores, e esse episódio acabou
expondo a grande dependência que nosso país tinha
z Educação; em relação às questões econômicas e tecnológicas
z Transportes; perante as nações mais industrializadas.
z Energia; Assim, com o agravamento da crise e elevação dos
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z Alimentação; juros no mercado financeiro internacional, na década


z Indústria de base. de 1980, começa a ocorrer o processo de sucateamen-
to da indústria no Brasil.
Dessa forma, o presidente e sua equipe de gover-
no acreditavam que o país daria passos cada vez mais Quarta fase (1990 - atualidade)
largos para o desenvolvimento que todos tanto alme-
javam. Ocorreu a entrada de empresas multinacio- Nos anos 90, o Brasil começa a adotar medidas
nais, o que estimulou o setor de bens duráveis, como impostas por organismos financeiros internacionais,
por exemplo o setor automobilístico, fazendo com que como o Fundo Monetário Internacional (FMI), que
o governo brasileiro fizesse investimentos no setor de visava promover a implantação de medidas neolibe-
transportes, em especial no setor rodoviário, causan- rais na condução da economia, privatizando empresas
do um problema que se arrasta até os dias atuais: a estatais (pertenciam ao Estado brasileiro), aumentan-
dependência do setor rodoviário. do o processo de internacionalização da economia. 269
O Brasil destaca-se também pela produção de
Importante! energia a partir de usinas hidrelétricas, com destaque
Neoliberalismo: Conjunto de doutrinas econô- para as Usinas de Itaipu, Ilha Solteira, Belo Monte,
micas, que começam a serem implantadas no Cachoeira Dourada e Furnas. Em relação à energia
mundo nos anos 70 e 80, em nações como EUA eólica, merece destaque o crescimento apresentado
na região nordeste na interface continente-oceano
e Inglaterra, que forma baseadas nas ideias libe-
(litoral), especialmente a Usina de Prainha no Ceará.
rais do pensador Adam Smith, e as ideias neo-
A produção da energia solar, em especial no cinturão
liberais visam reduzir a participação do Estado do sol, localizado no Nordeste, e em várias usinas na
(governo) na economia e permitir uma regulação região Sul também aumenta cada vez mais. Como evi-
mais flexível na condução de ações econômicas dência da biomassa temos o processamento de cana-
– o mercado age com mais intensidade. Para -de-açúcar e a produção de etanol.
a América Latina, essas ações foram impostas Em relação às fontes de energia não renováveis, des-
pelo Consenso de Washington. tacamos a utilização de gás natural, que é importado da
Bolívia. As poucas reservas de carvão mineral estão loca-
lizadas em estados da região Sul, principalmente Santa
A entrada de capitais estrangeiros sem uma maior Catarina. O processo de extração e refino de petróleo é
regulação do Estado brasileiro, acabou por expor a realizado pela Petrobrás desde os anos 50, quando ocor-
fragilidade que existia do ponto de vista tecnológico, reu sua inauguração e, nesse quesito, podemos destacar
além do baixo poder de competitividade, e isso levou as reservas localizadas nas Bacias de Campos e Santos.
várias empresas a falirem. Também é importante destacar a presença das reser-
A disparidade que existia entre as regiões do Brasil vas de petróleo no pré-sal, localizado entre os estados de
era gritante: a região Sudeste chegou a ser responsável Santa Catarina e Espírito Santo, totalizando uma área de
por concentrar cerca de 80% das indústrias presentes mais de 800 km de extensão. Essa reserva de petróleo
no território brasileiro. Diante desse cenário, a partir está localizada a uma profundidade superior a sete mil
dos anos 90, e principalmente nos anos 2000, o governo metros abaixo do nível do mar, por baixo de uma cama-
brasileiro, juntamente com governos estaduais e muni- da de sal com espessura de 2 km, o que durante muito
cipais, começa a criar uma série de situações para que tempo inviabilizou a sua exploração. Com o desenvolvi-
determinados segmentos industriais se deslocassem mento tecnológico, a Petrobrás já extrai grandes quanti-
para regiões como Norte, Nordeste e Centro-Oeste. dades de petróleo na região. Estima-se que as reservas
Tem início um período de forte isenção fiscal por par- no pré-sal ultrapassam 200 milhões de barris e, por
te dos gestores públicos para atrair indústrias para seu conta dessas reservas encontradas, o Brasil passou a ser
território, iniciando um processo que ficou conhecido autossuficiente na produção de petróleo.
como Guerra Fiscal ou Guerra dos Lugares, nas quais Em relação à energia nuclear, merecem destaque as
as unidades da Federação disputavam para oferecer as Usinas de Angra I e II, construídas nos anos 70, porém
melhores e mais atrativas cargas tributárias e atrair as sem muita representatividade na matriz energética
grandes marcas industriais para seus territórios. brasileira, que atualmente se divide da seguinte forma:

Fontes de Energia Lixívia e outras


renováveis Carvão
Fontes de energia são as matérias-primas utiliza- Outras não 1,4% 5,7%
das para a produção de energia, que movimentam renováveis
máquinas de maneira direta ou indireta. São extraí- 1,4%
das da natureza e precisam passar por processos de Lenha e Carvão
transformação para gerar energia. vegetal
As fontes de energia são classificadas como reno- 1,4%
váveis: hidrelétricas, energia solar, produção eólica
(ventos) e geotérmica (do calor proveniente do interior
Petróleo e
da Terra), Biomassa (produzida a partir da utilização Derivados da
derivados
de matérias-orgânicas), energia das marés (força das cana
36,4%
ondas) e do hidrogênio (por meio do processo de rea- 12,0%
ção química entre oxigênio e hidrogênio que acaba
por liberar energia). As outras formas de energia são
as não renováveis: combustíveis fósseis como o petró- Hidráulica
12,0%
leo, carvão mineral, gás natural e o gás de xisto, além
da energia nuclear, produzida por meio do processo de Gás natural
fissão (quebra) nuclear dos átomos de Urânio e Tório. 13,0%
O mundo contemporâneo está diante do desafio de Nuclear
utilizar cada vez mais energias não poluentes e renová- 1,4%
veis, com o objetivo de reduzir os impactos da matriz
energética sobre o meio ambiente. No Brasil já temos
programas de produção de energia com o objetivo de Fonte: epe.gov.br
reduzir os impactos ambientais, como por exemplo a
produção de etanol para combustível veicular, que foi OS IMPACTOS AMBIENTAIS
inserido em nosso país nos anos 70 a partir do Progra-
ma do Álcool Brasileiro, principalmente a partir do 1º O histórico do agravamento dos impactos ambien-
choque do petróleo, ocorrido em 1973, que provocou tais no Brasil e no mundo começa a ser alterado a par-
270 aumentos consideráveis no valor de barril. tir dos anos 30, e, no nosso país especificamente, esse
fenômeno veio acompanhado do processo de indus- Poluição do Ar
trialização e de urbanização. Esses eventos propor-
cionaram um certo desenvolvimento do país, porém, Nosso país está entre as nações que mais emitem
o desenvolvimento não veio acompanhado de legisla- dióxido de carbono. Esse problema tem como prin-
ções adequadas que protegessem o meio ambiente das cipais causas o crescimento da indústria e uma ele-
possíveis consequências de um crescimento industrial. vada concentração de veículos automotivos. Porém,
O crescimento urbano e industrial, associado ao cres- não podemos esquecer de destacar a emissão do gás
metano na atividade pecuária. Os impactos ambien-
cimento populacional, são batalhas travadas cotidiana-
tais causados pela liberação dos gases do efeito estufa
mente para conter o avanço da degradação ambiental.
(GEE), são: o aumento do buraco na Camada de Ozô-
nio, o agravamento de mudanças climáticas provo-
O Desmatamento
cadas pelo aquecimento global e a contaminação da
água, comprometimento da fauna e da flora.
Considerado como um dos mais antigos e mais
graves problemas ambientais que nosso país possui,
A Poluição da Água
desde a chegada dos portugueses e dos diversos ciclos
de exploração este problema vem sendo agravado. O Nos centros urbanos, principalmente, está asso-
processo de urbanização e crescimento das cidades, a ciada à falta de políticas para descarte do esgoto e
expansão das atividades agropecuárias, a extração de tratamento. Pouco mais da metade dos domicílios bra-
madeira de lei e a utilização das terras para a pecuá- sileiros têm o sistema de coleta de esgoto e fornecimen-
ria extensiva foram determinantes para o agravamen- to de água potável, grande parte do esgoto doméstico
to desta situação. Como consequências do processo de produzido em nosso país é lançado in natura direta-
desmatamento podemos destacar: a destruição da bio- mente nos rios sem qualquer forma de tratamento.
diversidade, os processos de erosão e empobrecimen- O Brasil possui cerca de 12% das reservas de água
to dos solos, a redução no ciclo das chuvas, o aumento doce do mundo, porém, somente 4% é própria para o
das temperaturas e a questão do aquecimento global. consumo de acordo com estudos da Agência Nacional
das Águas (ANA). Como consequências deste tipo de
z As queimadas: em sua maioria estão diretamen- problema ambiental destacamos a destruição e perda
te associadas às práticas de agricultura. Em nos- da biodiversidade, falta de água com qualidade para o
so país, as queimadas vêm aumentando de forma consumo humano e uma queda na qualidade de vida
considerável nos últimos anos, vide os exemplos de da população, além do agravamento de doenças asso-
2020 ocorridos no Pantanal e na Amazônia. Como ciadas às questões citadas acima.
consequências das queimadas, destaca-se o acele- O Governo Federal, no mês de julho de 2020, san-
ramento do processo de desertificação, a poluição cionou a Lei nº 14.026, promovida como o Marco de
do ar e o processo de empobrecimento dos solos. Saneamento Básico, Lei essa que visa universalizar
no território nacional os sistemas de coleta de esgoto
A Questão do Lixo e tratamento de água até o ano de 2033, promoven-
do parcerias público-privadas para buscar resolver
Considerado como o grande desafio das autoridades os problemas que mais afligem os brasileiros, serão
brasileiras, visto que o consumo do ser humano e a pro- investidos cerca de R$ 753 bilhões, totalizando R$ 47
dução de lixo só aumentam ano após ano. As dificulda- bilhões por ano no setor.
des se potencializam com a coleta e o tratamento que Dentre os problemas ambientais em zonas urba-
ocorrem de forma inadequada, mesmo com a lei federal nas, podemos destacar a formação das ilhas de calor
nº 12.305 de 2010, também conhecida como a Lei Nacio- (também conhecidas como micro climas), que são pro-
nal de Resíduos Sólidos, que proíbe o descarte do lixo vocadas por retirada da cobertura vegetal, verticali-
zação das construções, o que acaba por impedir uma
coletado em lixões a céu aberto (o ideal é a construção
maior circulação dos ventos, circulação de veículos
de aterros sanitários). O problema ainda persiste por
automotivos e o processo de impermeabilização dos
falta de interesse dos agentes públicos em promover
solos, causando assim um aumento da temperatura
políticas para resolver a questão e também pela falta de
das áreas centrais em relação as áreas periféricas: tal
consciência da população em contribuir para amenizar
aumento pode chegar a 10ºC.
os impactos deste problema. Como consequências deste
Um outro problema ambiental dos centros urbanos é
tipo de problema temos a contaminação dos solos e dos a formação das chuvas ácidas que ocorrem em regiões
lençóis freáticos, por conta da produção de chorume, a com alto nível de poluentes na atmosfera. Ao entrar em
produção de gases tóxicos e o aquecimento global.
GEOGRAFIA DO BRASIL

contato com as gotículas de água, os poluentes promo-


vem o aumento da acidez da chuva e traz consequên-
A Poluição dos Solos cias como: a destruição de lavouras agrícolas localizadas
próximas a centros urbanos, a corrosão de monumentos
Por conta da utilização de agrotóxicos no setor agrí- históricos e o aumento de doenças de pele.
cola, a poluição dos solos acontece em consequência do Por último, vamos destacar o fenômeno da inversão
descarte incorreto dos produtos químicos utilizados no térmica. O evento ocorre principalmente em áreas urba-
meio rural. Nesse contexto, nosso país é um grande pro- nizadas com elevados índices de poluição, em especial
dutor agrícola e o país que mais utiliza agrotóxicos em no inverno, da seguinte forma: a camada de ar poluído
todo o mundo. Como impactos ambientais decorrentes impede a troca de ar na atmosfera (que é um fenômeno
dessa situação destacamos o processo de empobreci- de ordem natural), esse impedimento faz que fique uma
mento do solo, a contaminação dos lençóis freáticos e a camada de ar frio e poluído próximo à superfície. Esse
destruição da biodiversidade (flora e fauna). fenômeno gera uma série de doenças respiratórias. 271
tipo massapé (muito rico em nutrientes), a cana-de-
O ESPAÇO ECONÔMICO -açúcar era um produto extremamente importante
nessa época e sua produção era voltada exclusiva-
A FORMAÇÃO DO TERRITÓRIO NACIONAL mente para o mercado europeu.
Neste período, devido a demanda de crescimento
Ciclos Econômicos e a Expansão do Território – Da populacional, inicia-se uma diversificação da produ-
Cafeicultura ao Brasil Urbano Industrial e Integração ção para atender a demanda de consumo do merca-
Territorial do interno (porém nada que substituísse totalmente
os grandes produtos da economia brasileira). Nestes
A formação do espaço geográfico pode ser definida espaços secundários que aqui se formaram, podemos
com base nas relações de poder que são estabelecidas destacar a produção de tabaco, algodão e cacau, em
através dos diversos modos de produção, e podem ser especial nas regiões do Recôncavo Baiano, Sertão Nor-
motivadas por fatores sociais, políticos, econômicos - destino e sul da Bahia.
internos e externos - condicionados ao longo do tempo. A estrutura produtiva era moldada de acordo com
A formação de Estados com governos centraliza- as necessidades. Nas grandes propriedades existia
dos (fruto da aliança entre rei e burguesia) provocou um complexo de produção constituído por engenho,
a formação de um espaço geograficamente mais inte- casa grande, senzala e áreas destinadas para a pecuá-
grado. Nesse período começava a articulação entre o ria, enquanto nas pequenas e médias propriedades
modo de produção capitalista (alteração das relações o modelo dominante era a subsistência, que visava
servis por um sistema assalariado). atender aos interesses de pequenos grupos que habi-
A chegada dos colonizadores europeus na América tavam as imediações das macroestruturas produtivas.
provocou uma desorganização e uma desestruturação A sociedade era patriarcal e escravagista, sendo
do espaço nativo aqui existente e a instalação de um que o senhor de engenho tinha grande influência na
processo de colonização e exploração, com total sub- vida política e na economia.
missão política e econômica aos interesses da metró- A concorrência da cana-de-açúcar produzida nas
pole (conhecido como mercantilismo e oficializado Antilhas contribuiu para a decadência deste ciclo eco-
através do Pacto Colonial – o qual estabelece que a nômico. A região da Zona da Mata entra em proces-
colônia só podia manter relações comerciais com sua so de marginalização dentro da estrutura econômica
respectiva metrópole), sendo assim, esta mercanti- brasileira, principalmente após a transferência da for-
lização da produção provocou a criação de espaços ça produtiva para a região Sudeste.
geográficos distintos, separados por uma hierarquia O mapa a seguir mostra os principais ciclos eco-
colonial, estabelecida pelo pacto citado anteriormente. nômicos desenvolvidos no período colonial, com um
Até os anos 30 do século XX, a economia brasileira maior destaque para as atividades realizadas durante
foi predominantemente agroexportadora, com base o século XVIII.
na relação escravista de trabalho, que perdurou até É importante destacar atividades que foram desen-
1888 com a assinatura da lei Áurea, que aboliu oficial- volvidas de forma paralela, porém, simultânea, como
mente a escravidão no país. por exemplo a pecuária, que exerce papel extrema-
O Brasil colônia tinha como principal função ser- mente importante no processo de interiorização do
vir como um complemento da economia da metrópo- nosso país.
le europeia. Aqui, houve uma ocupação do litoral em
maior escala em detrimento da ocupação das porções
interiores do território no início da colonização, fato
este que proporcionou desigualdades regionais que
ainda podem ser observadas até os dias atuais.
O sistema de plantation (latifúndios com a práti-
ca da monocultura de gêneros tropicais), pautava
a macroeconomia nacional, dessa forma, o Brasil se
constituiu em um espaço geográfico periférico dentro
do sistema de acúmulos de capitais e riquezas nesta
fase do capitalismo mercantilista.
A economia colonial baseava-se no trabalho
compulsório, no início com a mão de obra indígena
e depois com o escravo africano. No contexto inter-
nacional da época, a economia estava integrada ao
processo de expansão do capitalismo mercantil e era
caracterizada por ciclos produtivos.
O primeiro ciclo econômico colonial foi o pau-bra-
sil, presente na região da Mata Atlântica sua seiva era
usada no processo de tingimento de tecidos e, a madei-
ra, na produção de móveis. Este modelo de exploração
durou até por volta de 1555, quando começou a ocor-
rer uma escassez de matéria prima e a elevação do
custo, fato que diminuiu o interesse dos colonizadores Fonte: Google Imagens.
por este tipo de comércio.
A partir de 1530 um novo ciclo econômico - ligado A partir do século XVIII, a mineração desenvol-
à produção açucareira - tem início. Com grande desta- ve-se como principal ciclo econômico. Foram desco-
que nos séculos XVI e XVII, na região conhecida como bertas reservas de ouro de aluvião, e esta atividade
272 Zona da Mata nordestina, onde há a presença do solo contribuiu para impulsionar o processo de ocupação
da porção centro-sul do país; formaram-se vilas, que Ocorreram investimentos pesados no setor e toda
passaram posteriormente ao status de cidades, ocor- a produção era destinada à exportação.
rendo assim a transferência de pessoas, serviços e Os espaços econômicos continuaram elitistas, e as
capitais para as áreas mineradoras. desigualdades e injustiças sociais continuaram per-
A região Sudeste começa a desempenhar um papel meando a sociedade brasileira, e um dos grandes pro-
extremamente importante tanto para o atendimen- blemas sociais da época era a concentração fundiária
to das demandas de mercado externo quanto para (a Lei de Terras de 1850 contribuiu para o aumento
estruturar o mercado interno. O desenvolvimento significativo da concentração de terras aqui no Brasil).
provocado pelo ciclo do ouro traz também um surto A necessidade de investir na infraestrutura para
de urbanização que facilitava o aumento das práti- atender a demanda de produção de café era cada vez
cas comerciais e o processo de interiorização do país, mais intensa, foram realizados investimentos eleva-
fatores esses que foram determinantes para a trans- dos no transporte ferroviário, por exemplo, que era
ferência da capital do país para o Rio de Janeiro, pro- a principal forma de ligação das áreas produtoras de
vocando assim uma reorganização espacial do país café com os principais portos da época. O café chegou a
neste período. representar cerca de 65% das exportações brasileiras.
Os primeiros sinais de decadência na produção Com o capital proveniente das exportações de café,
aurífera foram surgindo e, consequentemente, os começaram a ocorrer investimentos gradativos no
capitais eram destinados para outras atividades eco- setor industrial, com destaque para a figura do Barão
nômicas, por exemplo, para a produção de algodão de Mauá, defensor de uma política industrial no nosso
– que teve um aumento da demanda no mercado país, e essa nova atividade industrial concentrava-se
externo, principalmente após a ocorrência da Revolu- no Sudeste, região que já contava com uma infraestru-
ção Industrial na Inglaterra. tura que atendia as demandas iniciais desse processo
No século XIX, o país estava com um governo cen- de industrialização.
tralizador vinculado aos interesses aristocráticos e Medidas políticas e econômicas (substituição do
escravagistas que divergia um pouco das ideias libe- trabalho escravo pelo assalariado, investimentos em
rais que emergiam em diversas localidades do mundo. infraestrutura de transportes e comunicações, incen-
Os países centrais que já haviam passado por pro- tivos ao crescimento do mercado consumidor interno)
cessos de industrialização exigiam das nações perifé- foram importantes para o desenvolvimento ocorrido
ricas maiores quantidades de matérias-primas, além no período.
de mercados consumidores, fatores estes que provo- Além do café, outros produtos foram desenvolvi-
caram uma mudança nas relações trabalhistas que dos em espaços do território de formas diferentes,
eram pautadas no trabalho assalariado, porém, com a como, por exemplo, a borracha na região da Amazô-
resistência muito forte das elites em colocar um ponto nia e eles foram determinantes para que o Brasil se
final no processo de escravidão. encontrasse fragmentado até por volta de 1930, sendo
No mapa abaixo, podemos observar os principais estes espaços isolados e/ou fragmentados classificados
ciclos econômicos desde o período colonial até o Bra- como ilhas ou arquipélagos econômicos que se encon-
sil república. travam totalmente ou parcialmente isolados entre si.
A partir de 1929, em especial com a quebra da
Bolsa de Nova York, ocorreram profundas alterações
nas relações econômicas globais. No Brasil, essa crise
internacional foi sentida no modelo agrário exporta-
dor, em especial no espaço cafeeiro. A política do café
com leite (Minas Gerais e São Paulo se revezavam na
presidência da República), foi interrompida com a
chegada de Getúlio Vargas no poder, que promoveu
mudanças políticas importantes no país.
Vargas incentivou a industrialização, tendo em vis-
ta que o país necessitava de produtos e não tinha condi-
ções de importar – a demanda de produção industrial
nacional era insuficiente para atender a demanda de
consumo interno – dessa maneira, o espaço econô-
mico brasileiro que era fortemente ligado ao agrário
rural, foi gradativamente transferido para o urbano
GEOGRAFIA DO BRASIL

industrial, com destaque para o eixo São Paulo – Rio


de Janeiro, que já contava com uma infraestrutura que
favorecia essa mudança, além de contar com mercado
consumidor em crescente expansão e capitais disponí-
veis, provenientes da produção cafeeira.
Neste momento, a crise agrária e o pulsante desen-
volvimento industrial provocaram um acelerado êxo-
Da Cafeicultura ao Brasil Urbano-Industrial do rural, principalmente para e região centro-sul, que
futuramente passou a sofrer com a hipertrofia urbana.
No século XIX, o produto que impulsionou a econo- Êxodo Rural é o processo onde ocorre a migração
mia brasileira foi o café, e isso contribuiu para o for- dos habitantes das áreas rurais para os centros urba-
talecimento da aristocracia no sudeste do país (região nos, por diversos motivos: desemprego no campo,
que concentrava a produção deste gênero agrícola). busca por melhores condições de vida etc. 273
Hipertrofia Urbana é o processo onde ocorre o Nos anos 80 e 90, o processo de desconcentração
desenvolvimento desordenado e de forma rápida de industrial em nível nacional continuou ocorrendo,
regiões que passaram pelo processo de urbanização com grandes deslocamentos para as regiões Nordeste
em um curto espaço de tempo, provocando, assim, e Centro-Oeste, dentro de uma política estatal conhe-
um inchaço populacional das cidades pela falta de cida como Guerra Fiscal ou Guerra dos lugares, forma
estrutura que atenda às necessidades da população encontrada pelos governos de estados e municípios
da cidade em questão. para atrair complexos industriais para seus territó-
O Presidente Vargas investiu na infraestrutura de rios, baseados em políticas de subsídios (isenção fiscal
transportes e de comunicações com o objetivo de promo- como o principal), proporcionando, assim, um maior
ver uma integração do território brasileiro, além de seu processo de interiorização industrial e fomentando o
projeto ser nacionalista com forte intervenção estatal e de crescimento de cidades de pequeno e médio porte.
criação de indústrias de base, fortalecendo assim o mer- É importante salientar o processo de disparidades
cado nacional, porém, com os investimentos e infraestru-
regionais existentes em nosso país que acaba inter-
tura concentrados no Sudeste, houve um aumento das
ferindo em um maior desenvolvimento das variadas
disparidades econômicas regionais no país.
localidades, e como consequências destas desigualda-
A partir do governo do presidente JK, ocorre a
des regionais, temos a questão estrutural (na maioria
internacionalização da economia brasileira, com
dos casos precária), a falta de mão de obra para aten-
a abertura para as multinacionais (em especial as
der a demanda do mercado de trabalho, e os gargalos
empresas automobilísticas), é colocado em prática
estruturais (a falta de infraestrutura) que impedem o
o Plano de Metas: crescer 50 anos em 5, baseado no
seguinte tripé econômico: capital privado nacional; maior desenvolvimento destas regiões que acabam se
capital estatal e capital privado internacional. O país acentuando ainda mais com o passar dos anos.
investiu nas indústrias de bens de consumo, passan-
do a partir desse momento a ter um parque indus- A INDUSTRIALIZAÇÃO PÓS-SEGUNDA GUERRA
trial mais solidificado e um pouco mais diversificado, MUNDIAL
porém, com a permanência das desigualdades regio-
nais existentes desde outros momentos históricos. Modelo de Substituição das Importações, Abertura
para Investimentos Estrangeiros, Dinâmica Espacial
Integração Territorial da Indústria, Polos Industriais, a Indústria nas
Diferentes Regiões Brasileiras e a Reestruturação
O processo de integração do território nacional Produtiva
brasileiro teve início a partir dos anos 30, com a polí-
tica implantada pelo presidente Vargas. Essa política Essa fase é marcada pelo início do processo de
ficou conhecida como a Marcha para o Oeste, que internacionalização da nossa economia promovida
visava a ocupação da porção centro-norte do país. pelo presidente Juscelino Kubitschek, popularmente
O presidente JK, visando diminuir as desigualdades conhecido como JK, onde foi desenvolvido o proces-
regionais, criou organismos responsáveis por alavan- so de abertura do mercado brasileiro para sediar as
car o crescimento de cada uma das regiões do país, filiais das grandes indústrias estrangeiras, em espe-
como por exemplo a SUDENE (Superintendência de cial das automobilísticas. Esse período foi marcado
Desenvolvimento do Nordeste). por um tripé econômico:
Nos governos militares foram criadas superinten-
dências para outras regiões também (SUDECO, SUDAM, z Capital Privado Internacional;
SUDESUL), com o intuito de promover uma desindus- z Capital Privado Nacional;
trialização ou descentralização industrial para ame- z Capital Estatal.
nizar e diminuir as desigualdades entre as regiões,
um exemplo desta política de desenvolvimento foi a JK estabeleceu o Plano de Metas, que tinha como slo-
implantação de um projeto industrial no meio da flo- gan promover o crescimento do país em “50 anos em 5”.
resta Amazônica, o polo industrial da Zona Franca de Dentre os principais objetivos do Plano de Metas esta-
Manaus. Assim, várias cidades e capitais do “interior” vam a realização de investimentos nas seguintes áreas:
foram ganhando papéis de destaque dentro do proces-
so de hierarquia urbana com sua evolução de cresci- z Educação;
mento econômico, como as cidades de Rio Verde em z Transportes;
Goiás e Araguaína no Tocantins, que cresceram em z Energia;
função da lavoura de soja e ganharam novos papeis de z Alimentação;
destaque, porém, não sendo suficientes para reduzir e/ z Indústria de base.
ou acabar as disparidades regionais existentes.
Um outro fator importante na tentativa de integrar Dessa forma, o presidente e sua equipe de gover-
o país e diminuir as desigualdades existentes foi o pro- no acreditavam que o país daria passos cada vez mais
cesso de expansão da fronteira agrícola para a região largos em direção ao desenvolvimento que todos tan-
to almejavam. Ocorreu a entrada de empresas mul-
Centro-Oeste e para a porção sul da Amazônia, assim
tinacionais, que estimulou o setor de bens duráveis,
como a expansão da fronteira pecuária, dentro de um
como por exemplo o setor automobilístico, fazendo
contexto do processo de globalização da agricultura. com que o governo brasileiro investisse no setor de
Um setor que também passou por um processo de transportes, em especial no setor rodoviário, causan-
desenvolvimento intenso, principalmente na região do um problema que se arrasta até os dias atuais – a
Amazônica, foi o de extração de reservas minerais, dependência do setor rodoviário. A chegada dessas
com destaque para a extração de minério de ferro no corporações internacionais foi provocada pelo fenô-
274 estado do Pará (Serra dos Carajás). meno conhecido como desconcentração industrial.
Dinâmica Espacial da Indústria. O mundo viveu uma grave crise econômica nos
anos 70, ocasionada pelo 1º choque do petróleo, que
A maior concentração de indústrias ocorria na ocasionou um aumento no valor do barril, e esse
região Sudeste, em especial no estado de São Paulo, aumento gerou reflexos em todo o mundo. Em nos-
por conta de todo o histórico de importância que a so país, o choque do petróleo significou a retirada de
região exercia para a economia do país, desde o perío- capitais pelos investidores, e esse episódio acabou
do colonial, perpassando por vários ciclos econômicos, expondo a grande dependência que o Brasil tinha em
neste contexto, há um destaque para a região do ABCD relação às questões econômicas e tecnológicas peran-
Paulista, área de elevada concentração industrial. te as nações mais industrializadas. Assim, com o agra-
vamento da crise e elevação dos juros no mercado
Polos Industriais financeiro internacional, na década de 1980 começa
a ocorrer o processo de sucateamento da indústria no
Brasil.
O processo de industrialização do país teve iní-
Nos anos 90, o país começa a adotar medidas impos-
cio no sudeste brasileiro, principalmente no estado
tas por organismos financeiros internacionais, como
de São Paulo, por conta dos fatores locacionais, em
o FMI – Fundo Monetário Internacional, que visava
especial: mão de obra; infraestrutura de transportes promover a implantação de medidas neoliberais na
e capitais acumulados por conta do ciclo do café. No condução da economia, privatizando empresas esta-
Sudeste podemos destacar os polos industriais em São tais (pertenciam ao Estado brasileiro) e aumentando o
Paulo e no Rio de Janeiro. processo de internacionalização da economia.
Nas décadas seguintes ocorre o processo de des- Neoliberalismo: Conjunto de doutrinas econômi-
concentração industrial e a formação no polo na cas, baseadas nas ideias liberais do pensador Adam
Zona Franca de Manaus; a instalação de indústrias Smith, que começam a ser implantadas no mundo
no Nordeste, em especial nas regiões metropolitanas. nos anos 70 e 80 em nações como EUA e Inglaterra, e
Nos anos 90, a industrialização da região Centro-Oes- as ideias neoliberais visam reduzir a participação do
te, principalmente com a formação dos complexos Estado(governo) na economia e permitir uma regula-
agroindustriais, e na região Sul, o processo de indus- ção mais flexível na condução de ações econômicas –
trialização ocorreu nos anos 80, 90 e 2000. o mercado age com mais intensidade. Para a América
Latina, essas ações foram impostas pelo Consenso de
A Indústria nas Diferentes Regiões Brasileiras e a Washington.
A entrada de capitais estrangeiros, sem uma maior
Reestruturação Produtiva
regulação do Estado brasileiro, acabou por expor a
fragilidade que existia do ponto de vista tecnológico,
Nos anos dos governos dos militares, em especial
além do baixo poder de competitividade, e isso levou
no final dos anos 60 e começo dos anos 70, ocorreu várias empresas a falência.
o chamado Milagre Econômico Brasileiro – em que o A disparidade que existia entre as regiões do Brasil
país apresentava taxas de crescimento econômico em era gritante, a região Sudeste chegou a ser responsá-
torno de 10% ao ano – crescimento do PIB. vel por concentrar cerca de 80% das indústrias pre-
sentes no território brasileiro. Diante desse cenário, a
partir dos anos 90 e se intensificando nos anos 2000,
Importante! o governo brasileiro, juntamente com governos esta-
duais e municipais, começam a criar uma série de
O que é o PIB? situações para que determinados segmentos indus-
PIB é a sigla que define Produto Interno Bruto, triais se deslocassem para regiões como Norte, Nor-
que representa a soma de todas as riquezas que deste e Centro-Oeste.
o país produz durante o período de um ano, mas Tem início um período de forte isenção fiscal –
esse estudo também pode ser realizado de for- redução de impostos – por parte dos gestores públicos,
ma mensal ou trimestral, depende do objeto de para atrair indústrias para seu território, iniciando
estudo realizado. um processo que ficou conhecido com Guerra Fiscal
ou Guerra dos Lugares – onde as unidades da Fede-
ração disputavam para oferecer as melhores e mais
É importante destacar o processo de desconcentra- atrativas cargas tributárias e atrair as grandes marcas
ção das indústrias que começa a ocorrer no período em industriais para seus territórios.
que os militares estão no poder, e nesse aspecto, des-
tacamos a instalação da Zona Franca de Manaus – um O Aproveitamento Econômico dos Recursos Naturais
GEOGRAFIA DO BRASIL

polo industrial na zona Norte do país, onde os objetivos


eram além de promover uma política de desenvolvi- O Brasil se destaca pelo elevado nível de apro-
mento regional, estabelecer também um processo de veitamento dos recursos naturais, o país possui uma
diversidade de reservas e possibilidades de produção
integração entre as regiões do país. Assim como ocor-
diversas, a questão estrutural impede um maior apro-
reu a instalação de indústrias na região Norte, o mes-
veitamento dos recursos presentes no nosso território.
mo ocorre em outras regiões, sendo que esse processo O Brasil é um país muito rico em recursos natu-
é a principal características da próxima fase. rais, possui terra com boa qualidade para a agricultu-
Antes de iniciarmos a quarta e última fase da ra, dando força ao agronegócio, tanto para o consumo
industrialização brasileira, é importante destacar o nacional quanto internacional. A água é uma das
processo de crise econômica, ocorrida em nosso país principais, e o Brasil tem 12% das águas superficiais
desde os anos 70, intensificando-se nos anos 80 e se disponíveis no planeta. Além disso, 90% do território
estendendo até meados dos anos 90. recebe regularmente chuvas e temos uma das maiores 275
reservas de água doce do mundo. As florestas brasilei- z Manganês: semelhante ao minério de ferro, o
ras também têm uma grande biodiversidade em mui- manganês serve como matéria-prima para pro-
tas partes do território. dução de aço, sendo responsável por dar liga a
A exploração de recursos minerais é uma ativida- seus componentes. A maior parte do manganês é
de com grande potencial, e o Brasil está ciente de gran- destinada a este propósito. No Brasil, concentra-
des poderes a este respeito, como a Rússia, a China e -se principalmente na parte norte do território,
os Estados Unidos. Nosso principal mineral é o fer- especialmente no estado de Amapá, mas também
ro, com cerca de 90% das exportações brasileiras de é encontrado no quadrilátero ferrífero em Minas
mineração para troca. É usado como matéria-prima Gerais, e na Serra dos Carajás, no Pará.
para criar aço. A extração brasileira de metais repre- z Bauxita: outro mineral importante para o país, é a
senta um grande percentual das produções globais. matéria-prima do alumínio. O Brasil tem a terceira
Outro mineral bastante explorado no país é o man- maior reserva do mundo. As reservas são encon-
ganês, presente principalmente na região norte. O tradas principalmente nos estados de Minas Gerais
Brasil também tem uma das maiores reservas de bau- e no Pará. O processo de transformar este miné-
xita, mineral mais difícil de encontrar e é usado para rio de alumínio é muito caro e caro para o meio
produção de alumínio. ambiente. Por isso, a reciclagem de latas de alumí-
As regiões que têm mais recursos minerais no Bra- nio é tão importante.
sil são Minas Gerais, no Quadrilátero Ferrífero em, na
província mineral de Carajás no estado do Pará e no Embora o Brasil tenha tantos recursos minerais
estado de Mato Grosso. e riquezas, o processo de transformação e produção
A extração em abundância desses recursos, que desses recursos está nas mãos de grandes empresas
são aliados do agravamento de problemas ambientais multinacionais. Consequentemente, uma grande par-
te dos lucros não permanece no país, o que geraria
como queimadas, desmatamento e poluição, podem
mais lucros que poderiam ser revertidos em progra-
influenciar os nossos ecossistemas de formas direta
mas sociais e assim beneficiariam a população do país.
e indireta, podendo levar nossos recursos naturais a
exaustão. É importante estar ciente do uso abundan- Fontes de Energia e Meio Ambiente
te de recursos não renováveis, como petróleo, usado
como fonte de energia e combustão para carros, por Fonte de energia são as matérias-primas utilizadas
exemplo. Como esse recurso pode terminar, é impor- para a produção de energia, que movimentam máqui-
tante investir mais em energias alternativas, e nesse nas de maneira direta ou indireta. São extraídas da
contexto, o Brasil tem um enorme potencial. Preci- natureza e precisam passar por processos de trans-
samos aumentar a conscientização e abolir algumas formação para gerar energia. As fontes de energia
práticas para evitar a extinção de animais e o desa- são classificadas como renováveis, como hidrelétrica;
parecimento de muitos recursos limitados, agindo de solar; eólica (ventos); geotérmica (do calor provenien-
forma sustentável não só com o país, mas com o pla- te do interior da Terra); Biomassa (produzida a par-
neta todo. tir da utilização de matérias-orgânicas); energia das
marés (força das ondas) e do hidrogênio (através do
ATIVIDADES ECONÔMICAS processo de reação química entre oxigênio e hidrogê-
nio que acaba por liberar energia), e as outras formas
de energia são as não renováveis, como os combus-
Os Recursos Minerais
tíveis fósseis; o petróleo; carvão mineral; gás natural
e o gás de xisto, além da energia nuclear, produzida
O Brasil é um imenso território com uma antiga
através do processo de fissão (quebra) nuclear dos
formação rochosa. Graças a isso, tem grandes reser- átomos de Urânio e Tório.
vas minerais. Destaque para minerais metálicos, como Cabe ao mundo contemporâneo o desafio de uti-
ferro, manganês e bauxita (minério de alumínio). O lizar energias não poluentes e renováveis, com o
minério de ferro tem maior destaque, ao passo que objetivo de reduzir os impactos da matriz energética
o ouro, o cobre e o nióbio, não menos importantes, sobre o meio ambiente. No Brasil, já temos programas
possuem produção em menor escala. de produção de energia com o objetivo de reduzir os
impactos ambientais, como por exemplo a produção
Para obter uma ideia da importância da indústria de etanol para combustível veicular, que foi inserido
mineral para o país, a exportação de minerais gera um em nosso país nos anos 70 a partir do Programa do
equilíbrio positivo na balança comercial brasileira, Álcool Brasileiro, principalmente depois do 1º choque
que representa 18% de todos os produtos exportados. do petróleo ocorrido em 1973, que provocou aumen-
tos consideráveis no valor de barril.
z Minério de Ferro: O Brasil está entre os 5 maio- O Brasil destaca-se também pela produção de ener-
gia a partir de usinas hidrelétricas, com destaque para
res produtores em minério de ferro no mundo. É
as Usinas de Itaipu, Ilha Solteira, Belo Monte, Cachoei-
extraído nos estados de Minas Gerais, Pará e Mato
ra Dourada. Em relação à energia eólica, destaque
Grosso do Sul. Em Minas Gerais, o ferro é explo-
para o crescimento apresentado na região nordeste,
rado no quadrilátero ferrífero (região Central-Sul na interface continente-oceano (litoral), com ênfase
do Estado), no estado do Pará, a exploração ocorre para a Usina de Prainha no Ceará. Para a produção
na Serra dos Carajás, localizada no estado sudeste. da energia solar, há um destaque especial no cinturão
De acordo com o Ministério de Minas e Energia, o do sol, localizado no Nordeste, e em várias usinas na
minério de ferro representa 93% das exportações região Sul. Como destaque da biomassa, temos o pro-
do setor de mineração do país. Seu maior uso é ser cessamento de cana-de-açúcar e a produção de etanol,
276 matéria-prima para produção de aço. conforme dito anteriormente.
Em relação as fontes de energia não renováveis, Dentre os principais problemas ambientais pode-
enfatizamos a utilização de gás natural, que é impor- mos destacar:
tado da Bolívia; as poucas reservas de carvão mineral
localizadas em estados da região Sul, principalmen- z O desmatamento: é considerado como um dos mais
te Santa Catarina; o processo de extração e refino de antigos e mais graves problemas ambientais que
petróleo que é realizado pela Petrobrás desde os anos nosso país possui, desde a chegada dos portugueses
50, quando ocorreu sua inauguração, e, nesse quesito, e dos diversos ciclos de exploração este problema
podemos destacar as reservas localizadas nas Bacias vem sendo agravado. O processo de urbanização
de Campos e Santos. e crescimento das cidades, a expansão das ativi-
Também é importante realçar a presença das dades agropecuárias, a extração de madeira de lei,
reservas de petróleo no pré-sal, localizado entre os
a utilização das terras para a criação de bovinos,
estados de Santa Catarina e Espírito Santo, totalizando
principalmente a pecuária extensiva, foram deter-
uma área de mais de 800 km de extensão. Essa reserva
minantes para o agravamento desta situação, e
de petróleo está localizada a uma profundidade supe-
rior a sete mil metros abaixo do nível do mar, abaixo como consequências do processo de desmatamento
de uma camada de sal com espessura de 2 km, o que podemos destacar: a destruição da biodiversidade;
durante muito tempo inviabilizou a sua exploração, os processos de erosão e empobrecimento dos solos;
porém, com o desenvolvimento tecnológico, a Petro- a redução no ciclo das chuvas; o aumento das tem-
brás já extrai grandes quantidades de petróleo na peraturas e a questão do aquecimento global.
região. z As queimadas: em sua maioria, as queimadas
Estima-se que as reservas no pré-sal ultrapassam estão diretamente associadas à prática da agricul-
200 milhões de barris, e por conta dessas reservas tura. Em nosso país as queimadas vêm aumentan-
encontradas, o Brasil passou a ser autossuficiente na do de forma considerável nos últimos anos, vide
produção de petróleo. os exemplos de 2020 ocorridos no Pantanal e na
Em relação a energia nuclear, destaque para as Amazônia. Como consequências das queimadas,
Usinas de Angra I e II, construídas nos anos 70, porém destaca-se o aceleramento do processo de deserti-
sem muita representatividade na matriz energéti- ficação; a poluição do ar e o processo de empobre-
ca brasileira. No campo abaixo podemos observar a cimento dos solos.
quantidade de energia produzida por cada segmento z A questão do lixo: essa questão é considerada
para atender a nossa matriz de consumo. como o grande desafio das autoridades brasileiras,
visto que o consumo do ser humano e a produção
de lixo só aumentam ano após ano. As dificulda-
Lixívia e outras
des se potencializam com a coleta e o tratamento
renováveis Carvão
5,9% que ocorrem de forma inadequadas, mesmo com
Outras não 5,7%
a lei federal nº 12.305 de 2010, também conheci-
renováveis
0,6% da como a Lei Nacional de Resíduos Sólidos, que
proíbe o descarte do lixo coletado em lixões a céu
Lenha e Carvão aberto (o ideal é a construção de aterros sanitá-
vegetal rios), o problema ainda persiste, ora por falta de
8,0% interesse dos agentes públicos em promover políti-
cas para resolver a questão, ora por conta da falta
Petróleo e de consciência da população em colaborar e con-
Derivados da
cana
derivados tribuir para amenizar os impactos deste problema.
36,4% Como consequências deste tipo de problema temos
17,0%
a contaminação dos solos e dos lençóis freáticos,
por conta da produção de chorume; a produção de
Hidráulica gases tóxicos e o aquecimento global.
12,0% z A poluição dos solos por conta da utilização de agro-
tóxicos no setor agrícola e o descarte incorreto dos
Gás natural produtos químicos utilizados no meio rural: nesse
13,0%
Nuclear contexto, nosso país é um grande produtor agrícola
1,4% e o país que mais utiliza agrotóxicos em todo o mun-
do. Como impactos ambientais decorrentes dessa
Fonte: epe.gov.br situação, destacamos o processo de empobrecimen-
to do solo; a contaminação dos lençóis freáticos e a
GEOGRAFIA DO BRASIL

O histórico do agravamento dos impactos ambien- destruição da biodiversidade (flora e fauna).


tais no Brasil e no mundo começa a ser alterado a z Poluição do ar: nosso país está entre as nações
partir dos anos 30. No nosso país especificamente que mais emitem dióxido de carbono, e esse pro-
esse fenômeno veio acompanhado do processo de blema tem como principais causas o crescimento
industrialização e da urbanização, eventos esses que da indústria e uma elevada concentração de veí-
proporcionaram um certo desenvolvimento do país, culos automotivos, porém, não podemos esquecer
porém, este desenvolvimento não veio acompanhado de destacar a emissão do gás metano na atividade
de legislações adequadas para não provocar degrada- pecuária. Os impactos ambientais causados pela
ções ao meio ambiente. liberação dos gases do efeito estufa (GEE), são: o
O crescimento urbano e industrial associado ao aumento do buraco na Camada de Ozônio; agra-
crescimento populacional são batalhas que são trava- vamento de mudanças climáticas provocadas pelo
das cotidianamente para conter o avanço da degrada- aquecimento global e a contaminação da água,
ção ambiental. comprometimento da fauna e da flora. 277
z A poluição da água nos centros urbanos princi- z Alunorte;
palmente: está associada à falta de políticas para z Namisa;
descarte do esgoto e tratamento, pouco mais da z Magnesita;
metade dos domicílios brasileiros tem o sistema de z Votorantim;
coleta de esgoto e fornecimento de água potável, z Hispanobras.
grande parte do esgoto doméstico produzido em
nosso país é lançado in natura – diretamente nos No Brasil, ocorre a importação e exportação de
rios sem qualquer forma de tratamento.
recursos minerais, os minérios aqui produzidos,
em alguns casos não são suficientes para atender a
O Brasil possui cerca de 12% das reservas de água
demanda de consumo do mercado interno. Os prin-
doce do mundo, porém somente 4% está própria para
o consumo, de acordo com estudos da ANA (Agência cipais importadores dos minerais brasileiros são paí-
Nacional das Águas). Como consequências deste tipo ses como o Canadá, EUA, China, Japão e Países Baixos,
de problema ambiental, destacamos a destruição e destaque para a exportação de alumínio, cobre, ferro,
perda da biodiversidade; a falta de água com quali- estanho, manganês, níquel, nióbio e ouro.
dade para o consumo humano e uma queda na quali-
dade de vida da população, além do agravamento de AGRICULTURA BRASILEIRA
doenças associadas as questões citadas acima.
O Governo Federal sancionou a lei nº 14.026 de Dinâmicas Territoriais da Economia Rural, a
julho de 2020, o Marco de Saneamento Básico, que Modernização da Agricultura, Êxodo Rural,
visa universalizar no território nacional os sistemas Agronegócio e a Produção Agropecuária Brasileira
de coleta de esgoto e tratamento de água até o ano de
2033, promovendo parcerias público-privadas para A formação do setor agrícola brasileiro ocorreu
buscar resolver os problemas que mais afligem os
com uma enorme concentração de terras. Uma grande
brasileiros. Serão investidos cerca de R$ 753 bilhões,
quantidade das terras agricultáveis do país está con-
totalizando R$ 47 bilhões por ano no setor.
centrada nas mãos de um pequeno grupo de proprietá-
z Dentre os problemas ambientais em ambientes rios rurais, que controla grande parte da produção. A
urbanos, podemos destacar: a formação das ilhas concentração fundiária gera muitos conflitos no meio
de calor (também conhecidas como micro climas), rural, demonstrando cada vez mais a necessidade da
que são provocadas por retirada da cobertura realização do processo de reforma agrária. A política
vegetal; verticalização das construções, que impe- de Sesmarias ( no período colonial, que distribuía ter-
dem uma maior circulação dos ventos; circulação ras para as pessoas próximas à coroa portuguesa); a
de veículos automotivos e o processo de impermea- Lei de Terras de 1850, que regulamentava a posse das
bilização dos solos, causando assim, um aumento propriedades através do processo de compra e venda
da temperatura das áreas centrais em relação às – aumentando ainda mais a concentração fundiária,
áreas periféricas, que podem chegar a 10º C. pois as terras estavam nas mãos da elite econômica e
z Um outro problema ambiental dos centros urba- política do país e a modernização tecnológica provo-
nos é a formação das chuvas ácidas: ocorrem em cada pela Revolução Verde compõem os fatores que
regiões que o nível de poluentes na atmosfera é
nos permitem compreender a dinâmica de concen-
alto e, ao entrar em contato com as gotículas de
tração de terras existentes no meio rural brasileiro,
água, promovem o aumento da acidez da chuva.
Esse fenômeno tem como principais consequên- tornando a estrutura desse importante setor da eco-
cias a destruição de lavouras agrícolas localizadas nomia extremamente desigual.
próximas a centros urbanos; a corrosão de monu-
mentos históricos e o aumento de doenças de pele. A Estrutura Fundiária
z Por último, vamos destacar o fenômeno da inver-
são térmica: ocorre principalmente em áreas A estrutura da terra do Brasil é caracterizada pela
urbanizadas com elevados índices de poluição, em concentração: os grandes proprietários de terras têm
especial no inverno. O fenômeno ocorre da seguin- o controle da maior parte das terras agricultáveis do
te forma: a camada de ar poluído impede a troca país. Este processo ocorre desde o período colonial,
de ar na atmosfera (que é um fenômeno de ordem e com o passar dos anos se agravou. A organização
natural), e esse impedimento faz que fique uma fundiária de um país pode ser compreendida de acor-
camada de ar frio e poluído próximo a superfície, do com a dimensão das terras agricultáveis e distri-
como consequência, esse fenômeno gera uma série buição das propriedades. No caso do Brasil, os dados
de doenças respiratórias.
relacionados à questão mostram extrema desigualda-
de entre o número de pequenos e médios agricultores
O Setor Mineral e os Grandes Projetos de Mineração
e o tamanho das propriedades rurais e suas respecti-
No Brasil, a indústria de mineração possui grande vas posses.
representatividade, sendo uma atividade econômica Para melhor compreender a estrutura fundiária
com destaque para os setores de exploração, minera- brasileira, o IBGE dividiu as propriedades em duas
ção e de transformação mineral. As principais empre- modalidades:
sas mineradoras do país são:
z Agricultura Familiar: nela, o tamanho das proprie-
z Vale; dades é menor que 4 módulos fiscais por família;
z Samarco; z Agricultura patronal: o tamanho das propriedades
278 z CBMM; é superior a 4 módulos fiscais.
Compreende-se como módulo fiscal o espaço z Trabalho escravo no campo: Em pleno século XXI
mínimo necessário para a viabilidade da exploração ainda é possível encontrar trabalhadores na con-
econômica de uma propriedade rural. O tamanho esti- dição de escravidão ou em condições semelhantes,
pulado para um módulo fiscal varia segundo o muní- o trabalhador não tem direitos trabalhistas, não
cipio e a região do Brasil (podendo variar entre 5 e recebe salário, sendo que tudo que ele utiliza na
115 hectares – lembrando que cada hectare tem 10 mil área produtora (desde alimentação e moradia e
m²), dessa forma é possível diferentes classificações até as suas ferramentas de trabalho), são contabi-
para o mesmo espaço. lizados, criando assim uma dívida e que essa será
Para conhecer melhor a realidade do campo bra- descontada do seu salário, fato que o impede de
sileiro, o IBGE faz levantamentos estatísticos, como o ir embora. Tal situação se faz real, principalmen-
Censo Agropecuário, o último foi realizado em 2017 e te em estados como Pará, Mato Grosso e Goiás, e
apurou que 90% das propriedades do país se enqua- esses não são as únicas unidades da federação bra-
dram na modalidade da agricultura familiar. sileira com este tipo de problema.
Todas essas propriedades somadas, no entanto,
representam apenas 27% das terras agricultáveis bra- A Modernização da Agricultura
sileiras. Essas fazendas podem ser classificadas como
minifúndios (imóveis rurais menores que o módulo O processo de utilização de insumos agrícolas na
fiscal estabelecido para o município) ou pequenas produção ficou conhecido como Revolução Verde,
propriedades (de 1 a 4 módulos fiscais). que além de receber produtos químicos e sementes
Por seu turno, as propriedades que se enquadram melhoradas e selecionadas, contava também com a
na modalidade não familiar ou patronal são as médias utilização de maquinários no campo e com a forte
(com tamanho de 4 a 15 módulos fiscais). Como pode-se
injeção de capitais de grupos específicos.
perceber, o Brasil tem propriedades ainda muito maio-
No Brasil, país com um histórico agrícola muito
res, com várias dessas ultrapassando a marca de 600
intenso e forte (conforme vimos anteriormente), as
módulos fiscais, o que, de acordo com o Estatuto da Ter-
consequências da Revolução Verde foram chegando
ra, criado pelo Governo Federal nos anos 60, represen-
ta o que se chama de latifúndio – grande propriedade. em ritmo diferente dos outros países da América Lati-
na), a extensão do nosso território e a tropicalidade
Relações de Trabalho no Campo dos nossos climas contribuíram para atrair os investi-
mentos para o setor agrícola.
O subaproveitamento do espaço agrário brasileiro é A agricultura brasileira se modernizava em ritmo
caracterizado por uma baixa produtividade em relação cada vez mais acelerado, porém, esse processo ocorreu
aos outros países que possuem uma agricultura pauta- de forma desigual dentro do território nacional, visto
da na mecanização. O que faz o Brasil ter uma baixa que a modernização da agricultura atingia uma parce-
produtividade é a predominância da prática da agro- la pequena das propriedades rurais, aquelas que pos-
pecuária tradicional, sem o emprego de tecnologia em suíam as melhores condições financeiras, garantindo a
larga escala pela maioria dos produtores rurais. esse grupo restrito de produtores o aumento da produ-
O Brasil é um país extremamente agrícola, quase a tividade, variedade de produtos lançados no mercado
metade do território é ocupada por estabelecimentos e o aumento das exportações – esse modelo é caracteri-
rurais. No setor agrícola brasileiro, existem relações zado como agricultura comercial, que pratica a mono-
de trabalho que são diversas, como por exemplo a uti- cultura voltada para a exportação, também conhecida
lização da mão de obra familiar; a presença de possei- como o latifúndio agrário exportador. Um outro tipo
ros; o sistema de parceria, os arrendatários da terra, de agricultura presente no nosso país é a agricultura
além dos trabalhadores assalariados temporários e da familiar – onde ocorre o emprego de mão de obra em
presença do trabalho escravo no campo. Veja abaixo grande quantidade, não há a utilização de máquinas e
as características dos termos que acabamos de citar: outros equipamentos em grande quantidade e ocorre
a prática de policultura, que visa atender o mercado
z Mão de obra familiar: É a relação de trabalho interno, principalmente o mercado de alimentos.
estabelecida entre os entes da família, onde estes O processo de mecanização e modernização da
exercem todas as etapas do processo produtivo. agricultura trouxe problemas para a maioria dos tra-
z Posseiros: São trabalhadores rurais que ocupam balhadores rurais que se viram à margem de toda essa
e/ou cultivam terras devolutas - (terras que perten- situação exclusivamente pela questão econômica.
cem ao poder público); A Revolução Verde provocou a formação de um
z Parceria: É o sistema no qual ocorre um acordo
exército de desempregados no campo (o uso da mão
entre dois trabalhadores ou produtores rurais, de
de obra em grande quantidade se fazia cada vez
modo que se um possui a propriedade da terra e o
GEOGRAFIA DO BRASIL

menor com a utilização das máquinas), sendo assim,


outro apenas a força de trabalho, esse segundo ofere-
essa parcela de trabalhadores desempregados no
ce a sua força de trabalho, cultiva a terra e depois irá
dividir uma parte da produção com o proprietário; campo opta por migrar para os centros urbanos atra-
z Arrendatário: Esse sistema ocorre quando um vés do processo conhecido como Êxodo rural.
agricultor não possui terra, mas dispõe de capital Os conflitos no campo para uma maior equidade
ou recurso financeiro, e arrenda (aluga) a proprie- em relação à questão fundiária aumentavam cada vez
dade por um certo período de tempo, através da mais, provocando assim o surgimento de movimen-
assinatura de um contrato; tos sociais que lutavam pela reforma agrária, como
z Trabalhadores assalariados temporários: São a Pastoral da Terra e, posteriormente, com o Movi-
trabalhadores rurais que recebem salário, mas mento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST). Também
exercem seu trabalho apenas em um período do podemos destacar como ponto negativo do processo
ano, normalmente esse processo ocorre no perío- de mecanização e modernização da produção agrope-
do de colheitas; cuária o aumento da concentração fundiária (grandes 279
porções de terras nas mãos de poucas pessoas, porém, este é um problema que está presente na realidade brasi-
leira desde o período colonial).
Os pequenos, médios e grandes produtores rurais começaram a se deslocar pelo território brasileiro em um
movimento que ficou conhecido como expansão da fronteira agrícola. Muitas famílias saíram da região Sul em
direção às regiões Centro-Oeste e para a porção sul da região da Amazônia, constituindo uma nova dinâmica no
cenário brasileiro, com destaque para a soja e a criação de gado.

Êxodo Rural

O Êxodo rural é um processo de migração caracterizado pelo deslocamento de uma população das áreas rurais
para as áreas urbanas. Este fenômeno ocorre em escala global. A ocorrência e o aumento do êxodo rural é uma
consequência da implementação de modernas relações capitalistas na produção agrícola, na qual o modelo eco-
nômico de grandes proprietários de terras e a mecanização intensiva das atividades rurais expulsam os pequenos
produtores do campo. O processo intensivo de mecanização das atividades agrícolas substituiu em larga escala o
trabalho humano e os pequenos produtores que não podem mecanizar sua produção, pois não possuem recursos
financeiros para tal situação, acabam sendo prejudicados.
Outra razão que oferece êxodo rural são os fatores atrativos que as cidades têm: as oportunidades de trabalho
nos grandes centros urbanos, que não demandam de qualificação profissional, principalmente nos setores secun-
dário e terciário, faz com que o cidadão migre procurando emprego e melhores condições de vida.
No entanto, este processo gera vários problemas sociais nos ambientes urbanos, sendo que alguns desses
migrantes não têm nenhuma qualificação profissional, o que é uma exigência do mercado que está cada vez
mais competitivo, gerando assim situações como o desemprego e o subemprego. Nessas cidades, alguns ficam em
situação de rua, sendo que as opções de sobrevivência que restam são a coleta de materiais recicláveis; trabalhar
como flanelinha, entre outras coisas, deixando esses cidadãos em situações de vulnerabilidade social, ou seja, o
problema que estava localizado nas áreas rurais foi transferido para os ambientes urbanos, e as consequências
desse processo representam um estado de calamidade social.

AGRONEGÓCIO E A PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA BRASILEIRA E COMÉRCIO

Com o intenso processo de utilização de tecnologias na produção agropecuária, estas atividades tornaram-se
bases da economia brasileira. No século XXI, ocorreu uma evolução na produção agrícola brasileira das extensas
monoculturas para uma diversificação da produção. No Brasil é possível encontrar uma grande variedade de
produtos que vão desde os mais historicamente tradicionais, como a cana-de-açúcar e o café, passando por outros
como soja, laranja, arroz, milho, trigo, algodão, dentre outros que encontram condições climáticas favoráveis ou
que foram adaptados pelas novas tecnologias agrárias, transformando o Brasil em um dos grandes produtores
agrícolas do mundo. Observe a tabela a seguir com alguns dados dos produtos agrícolas brasileiros.

RANKING DA PRODUÇÃO E DAS EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS DO AGRONEGÓCIO

PRINCIPAL
PRODUTO PRODUÇÃO EXPORTAÇÃO Nº DE PAÍSES
COMPRADOR

Açúcar 1º 1º 132 Rússia

Café 1º 1º 129 EUA

Suco de Laranja 1º 1º 74 Bélgica

Soja em grão 2º 1º 42 China

Carne bovina 2º 1º 143 China

Carne de frango 3º 1º 145 Rússia


Óleo de soja 3º 2º 47 -

Farelo de soja 3º 2º 60 Japão

Milho 3º 1º 76 Irã

Carne suína 4º 4º 72 Rússia

.
Plano Agrícola e Pecuário (PAP) 2014/15

Os dados podem sofrer variações, pois com alguns produtos como a soja, o Brasil reveza com os EUA o posto
de principal produtor, ao passo que a Índia se destaca como produtora de carne bovina. O setor agropecuário
alcançou níveis elevados de participação na economia brasileira e o PAP (Plano Agrícola e Pecuário – também
conhecido como Plano Safra), já tem o valor de R$ 236,3 bilhões como crédito para os produtores para o biênio
280 2020/2021, onde a maior parte vai para custeio e para a comercialização. Estes valores são distribuídos de acordo
com o nível de importância do gênero ou atividade na determinado período) vem apresentando resultados
economia brasileira. Os principais produtos do agro- desfavoráveis, e o grande desafio dos governantes é
negócio brasileiro são: como garantir o processo de solidificação da econo-
mia dentro desta lógica de internacionalização.
z Cana-de-açúcar: produto agrícola importante A internacionalização econômica pode ser com-
desde o período colonial, com produção anual preendida como um grande mercado, resultado máxi-
estimada de 47 milhões de toneladas, com destino mo do processo de globalização. A partir dos anos 90,
da produção para o etanol (combustível veicular) com o fim da lógica da bipolaridade entre capitalis-
e para a produção do açúcar. As áreas produtoras mo e socialismo, que era determinada pela Guerra
com maior destaque são: São Paulo (60% da cana Fria, as nações do mundo começaram um processo de
produzida no país); estados do Centro-Oeste, Mara- estreitamento de laços, através da superação de bar-
nhão; Paraná; Minas Gerais e a tradicional Zona da reiras físicas e geográficas, bem como a superação de
Mata Nordestina; barreiras políticas e ideológicas.
z Café: Principal produto no século XIX e início do O modelo de mundo globalizado e o processo de
Século XX, o Brasil é hoje o maior produtor e expor- internacionalização ultrapassam qualquer barreira
tador de café do mundo, são mais de 2 milhões de de esfera econômica, e abrangem áreas como ciência,
hectares de áreas destinadas ao consumo, desta- política, cultura etc. Mesmo sabendo que o processo
que para o estado de Minas Gerais que detém 50% de globalização pregava uma maior interação entre
da produção nacional; os povos e nações nos aspectos políticos, econômicos,
z Soja: Principal produto do agronegócio brasileiro, culturais, territoriais, financeiras, proporcionando
com destaque para a produção nas regiões Centro- assim a construção de uma Nova Ordem Mundial, o
-Oeste e Nordeste, além de uma parcela de produ- que podemos perceber hoje é um processo exatamen-
ção na região Sul; te ao contrário, que podemos chamá-lo de desgloba-
z Outros produtos do agronegócio brasileiro: mi- lização, onde os países vêm promovendo a adoção
lho, citricultura, arroz, algodão. de medidas protecionistas e restritivas, que acabam
por representar uma tendência da sociedade moder-
Na pecuária, o destaque vai para a criação de bovi- na que é caracterizada por um fechamento total, uma
nos que o rebanho já ultrapassa 219 milhões de cabe- espécie de isolamento, e um exemplo deste processo é
ças de gado. a Guerra Comercial entre os EUA e China, disputando
Pecuária Intensiva: os rebanhos são criados em mercados, áreas de influencias, inovações tecnológi-
estábulos, confinados em pequenas e médias proprie- cas etc.
dades, com grandes cuidados em relação à alimenta-
ção, higiene e saúde. Esse tipo de pecuária necessita Comércio Exterior
de maiores investimentos e mão de obra qualificada.
Pecuária Extensiva: Os rebanhos são numerosos, Nos anos 90, durante o governo Collor, ocorreu
criados soltos e com pouca necessidade de cuidados e um processo acelerado de abertura econômica, uma
investimentos, alimentando-se de pasto natural. redução das alíquotas de importações, privatizações
O Brasil destaca-se também na criação de suínos, de empresas estatais e uma desregulamentação do
com rebanho superior a 38 milhões de cabeças, com Estado, além da redução de subsídios. Ocorreram
destaque para a região Sul do país com quase a meta- também profundas mudanças na estrutura industrial
de do rebanho, seguido por Nordeste e Sudeste. A cria- do país. Esse cenário de estímulo à competitividade
ção de suínos gera lucros superiores a US$ 1 bilhão não proporcionou a pequenas e médias empresas o
por ano. suporte financeiro e técnico para suportar e se ade-
Destaque também para a criação de ovinos e capri- quarem a essas mudanças e muitas acabaram fechan-
nos, com rebanho superior a 14 milhões de animais, do as portas. A grande dificuldade dos pequenos e
com destaques para as regiões Sul e Nordeste. médios empresários nos dias atuais está relacionada
O Brasil destaca-se como grande produtor de aves, à dificuldade de realizar investimentos em tecnologia,
chegando a dominar uma fatia do mercado de 90% do já que o crédito concedido para tal ação depende ain-
comércio de carne de frango. da da autorização e do resguardo do Estado. A questão
Destaques também para a equinocultura que gera burocrática acaba emperrando todo o processo, dessa
lucros superiores a R$ 7,3 bilhões por ano, criação de forma, o Brasil acabou por implantar as políticas eco-
bubalinos, asininos e muares. nômicas neoliberais como uma política de Estado.
No início dos anos 2000, o país passou por um
COMÉRCIO período de crescimento econômico bastante signi-
ficativo, com índices do PIB em torno de 6% ao ano,
GEOGRAFIA DO BRASIL

Globalização e Economia Nacional, Comércio entrando no seleto grupo das maiores economias do
Exterior, Integração Regional (Mercosul e Principais mundo, chegando a ser classificado como um emer-
Parceiros Econômicos), Eixos de Circulação e Custos gente da economia mundial – e passou a fazer parte
de Deslocamento do BRIC – grupo composto pelas economias emergen-
tes do mundo no período: Brasil , Rússia, Índia e China,
Globalização e Economia Nacional e, posteriormente, o grupo passou a contar também
com a África do Sul (em 2011) e passou a se denomi-
O Brasil é um país com enorme potencial para se nar BRICS.
firmar entre as grandes potências do mundo, porém, O crescimento econômico do início do século não
após um crescimento considerável no início deste se repetiu na década seguinte e o país passou a enfren-
século, na última década o processo de crescimento tar quedas significativas no seu PIB, em especial entre
econômico e os números do nosso PIB (Produto Inter- os anos de 2014 e 2017, conforme pode ser visto na
no Bruto – total de riquezas que o país produz em um tabela abaixo: 281
RESULTADOS DO PIB BRASILEIRO SEGUNDO O membros signatários (fundadores) Brasil, Argentina,
IBGE Paraguai e Uruguai a livre circulação de bens, servi-
ços e fatores produtivos. Porém, por conta da desi-
ANO PIB gualdade entre os seus membros, em 1995 através da
assinatura do Protocolo de Ouro Preto, o bloco era
2010 7,5% transformado em uma união aduaneira com a fixação
de uma tarifa externa comum – TEC.
2011 4,0%

2012 1,9%
Importante!
2013 3%
União Aduaneira é uma classificação de bloco
2014 0,5% econômico que conta com uma tarifa externa
comum (TEC), pela livre circulação de mercado-
2015 -3,5%
rias que são oriundas dos países associados ou
2016 -3,3% membros.

2017 1,1%
Os anos 2000 foram muito desafiadores para o
2018 2,2% Mercosul, em especial pelo distanciamento do Brasil,
2019 3,5% principal economia da região, pelo golpe de estado no
Paraguai e a consequente suspensão do país do bloco,
Fonte: IBGE assim como a situação crítica da Venezuela que fez
com que o país presidido por Nicolás Maduro fosse
A balança comercial (saldo entre importações e suspenso do bloco em dezembro de 2016, por ruptura
exportações) brasileira vem desde 2017 apresentando da ordem democrática e descumprimento das normas
superávits (as exportações estão superando as expor- do bloco.
tações – em resumo o país está vendendo mais do que Atualmente, o bloco enfrenta dificuldades para a
está comprando) desde 2017. assinatura de acordos, em especial com a União Euro-
A eleição do novo presidente Jair Bolsonaro, pro- peia, por conta da política ambiental do seu principal
vocou uma mudança nas relações externas, com uma membro - o Brasil.
maior aproximação com os EUA e com o presidente As outras formas de integração na América do Sul:
Donald Trump, e foi adotada uma política econômi- podemos destacar a UNASUL – União das Nações do Sul.
ca defendida pelo então Ministro da Economia Paulo
Fundada em 2008 através do Tratado Constitutivo da
Guedes que é um defensor do modelo neoliberal, e
UNASUL, assinado em Brasília, ficou decidido que a sede
previa a implantação de uma modelo de privatizações
seria em Quito no Equador, o Parlamento sulamericano
em vários setores da sociedade, porém, por enquan-
em Cochabamba na Bolívia, e a sede do seu banco em
to, essa desburocratização e uma menor participação
do Estado Brasileiro nas questões econômicas não Caracas na Venezuela. O bloco, além de caráter político,
ocorreram. tinha também o objetivo de se tornar uma organização
Na perspectiva internacional, é de extrema impor- multissetorial, com a junção de duas uniões aduanei-
tância ressaltar os três maiores parceiros comerciais ras – Mercosul e Comunidade Andina de Nações. Com
do país: China, EUA e Argentina. A Guerra Comer- as mudanças nas políticas de seus membros, em março
cial entre EUA e China rendeu frutos positivos para de 2019 o bloco passou a se chamar Prosul – Foro para o
o Brasil em determinados momentos. Um setor que Progresso da América do Sul, diferente da UNASUL que
é bastante vantajoso para o Brasil na política comer- tinha líderes de esquerda. A Prosul tem em seus repre-
cial com os chineses rendeu respectivamente em 2018 sentantes líderes de direita que ascenderem ao poder no
US$ 32,7 bilhões e em 2019 US$ 32,7 bilhões, de acordo continente nos últimos anos.
com previsões do IBGE. E para finalizarmos, destaque para as propostas de
Porém, em 2020, um ano atípico por conta da integração na América do Sul como o IIRSA, que foi
pandemia do novo coronavírus, as projeções para a criado em 2000 em Brasília como Iniciativa para a Inte-
economia do Brasil e de várias nações do mundo não gração da Infraestrutura Regional Sulamericana, com
são muito animadoras, de acordo com as projeções do o objetivo de interligar e desenvolver a infraestrutura
FMI o PIB do nosso país deve sofrer uma retração em que interligasse fisicamente os seus membros entre as
torno de 5,8%. principais regiões econômicas do subcontinente ame-
No plano internacional, algumas declarações de ricano, e a finalidade era diminuir os custos do setor
membros da alta cúpula do governo em relação aos de transportes e aumentar o fluxo de mercadorias e as
chineses vem causando um certo desgaste com o par- exportações intrarregional e extrarregional.
ceiro asiático, fato este que pode comprometer a polí-
tica econômica do país nos próximos anos. Eixos de Circulação e Custos de Deslocamento
Integração Regional (Mercosul e América do Sul). O processo de urbanização potencializou e alterou
a dinâmica das cidades em todo o mundo. A estrutu-
O Mercosul (Mercado Comum do Sul) que foi ofi-
ra urbana sofre profundas alterações, o processo de
cializado no início dos anos 90, através da assinatura
do Tratado de Assunção, em 1991, tinha como princi- industrialização que ocorreu e ocorre de forma dinâ-
pais objetivos promover a dinamização da economia mica/acelerada e o progresso sem controle passaram a
regional, movimentando entre os seus membros mer- exigir uma estrutura urbana que atendesse as necessi-
cadorias, pessoas, força de trabalho e capitais. Tam- dades das populações, tornando-se um ator coadjuvan-
282 bém estava previsto no documento assinado pelos te deste processo, juntamente com o setor industrial.
Podemos afirmar que o processo de industriali- territorial e o transporte modal rodoviário não ser
zação é o acontecimento histórico que causou maior o ideal para o transporte, principalmente de cargas,
impacto ao espaço geográfico. Cada país passou por entre grandes distâncias. O transporte rodoviário pos-
este processo em tempos históricos distintos, e isso sui um custo de manutenção maior, os combustíveis
explica porque os espaços em nível mundial se tor- são mais caros, e a emissão de poluentes é maior (os
naram tão heterogêneos. A relação existente entre automóveis funcionam com combustíveis que são
industrialização e urbanização pode ser compreen- derivados de petróleo – altamente poluente).
dida pela atuação da indústria enquanto agente de Nos anos 90, em decorrência da política neoliberal
transformação e modernização das sociedades, mes- (menor participação do Estado na tomada de decisões
mo que não seja o único agente a contribuir para isso. em relação à economia) implantada no país, ocorreu
Dessa forma, são ampliados os fatores atrativos das o processo de privatização das rodovias, que teve seu
cidades, os elementos que são característicos do meio início, conforme dito acima, nos anos 90, mas que
urbano responsáveis por atrair os migrantes que são permanece até os dias atuais, através de concessões
oriundos das áreas rurais. públicas.
Um outro fator de extrema importância para que A qualidade das rodovias no país é ruim, muitas
toda essa dinâmica ocorra é a rede de transportes. O não são pavimentadas, os gastos públicos são onerados,
Brasil é um país de dimensões continentais, e, confor- visto que o processo de privatização ou de concessão
me vimos no tópico a respeito da formação do territó- pública ocorre principalmente com aquelas rodovias
rio brasileiro, nosso país possui uma enorme extensão que já são pavimentadas e não exigem investimentos
no sentido norte-sul, assim como possui uma grande tão elevados, as rodovias que necessitam de maiores
distância no sentido leste-oeste. Para promover o pro- investimentos dificilmente entram nesse processo.
cesso de integração entre os pontos distintos e lon- O transporte ferroviário em nosso país foi o modal
gínquos do país é necessário que exista uma rede de predominante até as primeiras décadas do século XX,
transportes integrada e articulada, ligando as diver- já que esse estava ligado principalmente para estrutu-
sas localidades e facilitando o deslocamento de pes- rar o deslocamento de produtos e mercadorias rela-
soas, bens, serviços e produtos. cionados a economia cafeeira, este é o motivo para
A rede de transportes tem um papel fundamental a consolidação deste meio de transporte na região
para facilitar o escoamento da produção, o desloca- sudeste, principalmente. O transporte ferroviário tem
mento de cargas, e consequentemente contribuir para
um alto custo no seu processo de implantação, mas os
a injeção de capitais estrangeiros e para o crescimen-
custos relacionados à manutenção são relativamente
to e desenvolvimento da economia. Em nosso país, a
baixos, e nem isso foi suficiente para que muitas fer-
opção encontrada para dinamizar este processo, prin-
rovias ficassem sucateadas, abandonadas e muitas até
cipalmente a partir da segunda metade do século XX,
desativadas, salvo algumas exceções.
foi a canalização de recursos para o modal (sistema de
Existem alguns projetos de construção de ferro-
transportes) rodoviário – em especial a partir do gover-
vias em andamento, embora vários estejam com suas
no do presidente JK, porém, a canalização dos recur-
obras inacabadas, mesmo com as verbas destinadas
sos para as rodovias provocou um sucateamento dos
pelo Governo Federal, através do PAC – Programa de
modais ferroviários e hidroviários – com a redução dos
Aceleração do Crescimento, para o setor. O projeto
recursos estatais para estes modelos de transporte.
mais importante e relevante em relação ao transporte
O modal rodoviário foi e ainda é o principal meio
de deslocamento, transporte de bens, cargas e pessoas ferroviário no Brasil é a Ferrovia Norte-Sul, que pos-
no país, a prioridade pelo transporte rodoviário como sui algumas áreas concluídas e em operação.
forma de favorecimento de empresas estrangeiras, que A política de privatização dos anos 90 também
se instalavam em nosso país, sobretudo a partir dos chegou ao setor ferroviário e até contribuiu para o
anos 50 do século XX, as empresas que aqui se instala- aumento da utilização do modal ferroviário, porém,
ram, eram principalmente, do setor automobilístico. O continua atendendo a interesses e deslocamentos de
governo de JK facilitou a entrada destas empresas aqui determinados grupos e regiões, a maior concentração
no país. A política do governo brasileiro era promover da malha ferroviária ainda se encontra nas regiões
uma estruturação do modal rodoviário, construir polos Sul e Sudeste.
industriais de automóveis em todo o país, ampliar a O transporte hidroviário é o que possui a menor
geração de empregos, proporcionar o crescimento da participação no sistema de modais do Brasil, e isso
economia e hoje com o desenvolvimento tecnológico é uma grande contradição, já que nosso país possui
no processo fabril, a utilização de mão-de-obra em lar- potencial para desenvolver e utilizar esse meio de
ga escala nesse setor é cada vez mais reduzida. transporte. A rede hidroviária presente no territó-
Uma outra característica negativa deste proces- rio brasileiro é ampla e vários rios das nossas bacias
GEOGRAFIA DO BRASIL

so foi a concentração dos investimentos do setor de hidrográficas são navegáveis, não necessitando de
transportes de forma desigual pelo território nacio- muitos investimentos para construir estruturas, pois
nal. Ocorreu a concentração desses investimentos na não há a necessidade de grandes empreendimentos,
porção centro-sul e nas faixas litorâneas, uma peque- como por exemplo a construção de obras de correção
na alteração pode ser observada a partir da decisão do e instalação de equipamentos. A justificativa dada
governo federal em transferir a capital para a região para a não realização de investimentos excessivos em
central do país e construir Brasília, dessa forma ocor- hidrovias no Brasil é a existência de rios de planal-
reram investimentos em locais que até então não tos em nosso território, que são rios que apresentam
eram conectados com o restante do país. Nesse con- declives mais acentuados (possuem quedas d’água ou
texto, foram construídas as rodovias Belém-Brasília, são encachoeirados), sendo necessárias obras para a
Cuiabá-Porto Velho, Transamazônica, dentre tantas correção e que facilitariam o transporte de cargas;
outras. Um aspecto negativo também a ser observa- um outro agravante para a implantação deste meio de
do é o fato de o Brasil possuir uma grande extensão transporte é o fato de que os rios navegáveis ou rios 283
de planície estão localizados em áreas afastadas dos meios de transporte registraram um aumento em tor-
grandes centros econômicos. no de 37,4% na quantidade de passageiros na última
Ocorrem, em certas regiões, investimentos em década, para atender a esta demanda de crescimen-
rodovias que deveriam ser aplicados em hidrovias, to, houve a ampliação de 6,7% na extensão de linhas
como por exemplo a Rodovia Transamazônica, uma operacionais, 10,3% no número de estações, 17,6% no
estrada que se encontra quase de forma paralela ao número de linhas, compraram mais vagões e houve
Rio Amazonas, que é totalmente propício a navegação. uma redução no intervalo entre os trens, e estes inves-
A partir dos anos 80, após a oficialização do Merco- timentos atendem as multidões que se deslocam dia-
sul, os demais membros do bloco (Paraguai, Uruguai riamente pelas grandes cidades do país. Por exemplo,
e Argentina) adotaram uma política de transportes de o número de pessoas que se deslocam diariamente na
mercadorias para uma maior integração do chama- região metropolitana de São Paulo através dos siste-
do Cone Sul, os investimentos por parte do Governo mas metro ferroviários representam cerca de 70,4%
Federal, mas ainda são insuficientes para dinamizar do volume nacional, que corresponde a 8,5 milhões
esse meio de transporte. As principais hidrovias do de pessoas.
Brasil são a Tietê-Paraná, a do Rio São Francisco e a O transporte sobre trilhos é recomendado para
hidrovia do Rio Amazonas, dentre outras. deslocamento por longas distâncias, principalmente
Os meios de transporte no Brasil necessitam de transporte de cargas, isso resulta em economias. O
uma diversificação, além de investimentos que real- valor de um frete é, por exemplo, quase a metade se
mente atendam à demanda específica daquele modal comparado com o modal rodoviário, e isto resultaria
e da região em questão. O ideal seria promover a inte- também em uma redução do valor final do produto no
gração entre diferentes meios de transporte através mercado consumidor.
da instalação de plataformas multimodais que per- As vantagens relacionadas às questões ambientais
mitem uma dinâmica diferenciada em relação ao também são relevantes: o transporte ferroviário cor-
transporte de pessoas e cargas, isso proporcionaria responde a um percentual de 25% do volume de cargas
a redução da dependência em relação ao transporte do país, e é responsável por apenas 2,2% das emissões
rodoviário; também seria interessante que ocorres- de gases poluentes emitidos pelo setor de transportes.
sem investimentos que promovessem a integração As ferrovias eletrificadas proporcionariam uma redu-
das porções Oeste e Norte do país, assim facilitaria ção desses percentuais de poluentes emitidos ainda
uma maior integração com outros vizinhos da Améri- mais significativamente, e os benefícios atingiriam
ca do Sul e até um maior escoamento de produtos pela uma gama maior de pessoas, pois onde passam os
orla do Oceano Pacífico, ampliando as trocas comer- cabos elétricos, passam também os cabos de internet
ciais, principalmente com nações asiáticas. e cabos de fibra óptica, democratizando assim esses
Voltando ao transporte ferroviário, um trem pode serviços em diversas regiões.
ter uma carga que corresponde ao volume transporta- O setor agrícola é altamente dependente do setor
do por até 220 caminhões, um único vagão de metrô de transportes, e caso ocorra a instalação de platafor-
tem capacidade suficiente para transportar 250 pas- mas multimodais, o setor cresceria ainda mais, vis-
sageiros, para transportar essa mesma quantidade to do potencial de produção agropecuário que o país
de passageiros seriam necessários três ônibus ou 50 tem, conforme registramos aqui no tópico Evolução da
carros, o que provocaria um trânsito bastante carre- Estrutura Fundiária no Brasil. Segundo dados da CNA –
gado e congestionado. A capacidade de transporte é Conferencia da Agricultura e Pecuária do Brasil, a par-
uma vantagem que os trilhos possuem em relação aos ticipação deste setor no PIB gira em torno de 21,4%. As
outros modais de transporte, além de ser mais segu- políticas econômicas para o agronegócio vêm se inten-
ro, mais barato e menos poluente. Os investimentos sificando e se consolidando nos últimos anos.
no setor são vistos como alternativas mais prudentes
para transformar os caminhos do país, transportando
cargas pesadas e também pessoas nos grandes centros
urbanos e populacionais.
Nosso país está longe da realidade de nações O ESPAÇO POLÍTICO
europeias, por exemplo, as linhas de metrô no Bra-
sil totalizam 309 quilômetros em todas as cidades FORMAÇÃO TERRITORIAL – TERRITÓRIO,
que dispõem desse tipo de transporte, enquanto isso, FRONTEIRAS, FAIXA DE FRONTEIRAS, MAR
somente em Londres, são 402 quilômetros; em relação TERRITORIAL E ZEE
ao transporte de cargas, cerca de 25% dos produtos
são escoados por vagões, enquanto na Rússia esse per- Território, Fronteiras e Faixa de Fronteiras
centual gira em torno de 88%.
A movimentação sobre trilhos no Brasil passou a O Brasil localiza-se na porção centro-oriental na
ser um pouco maior nos últimos anos. No ano de 2016, América do Sul, sendo o maior país em extensão ter-
o volume de cargas transportadas registrou o número ritorial do subcontinente. Nosso território é cortado
de 503 toneladas, um aumento de 29,3% em relação pela Linha do Equador e pelo Trópico de Capricórnio,
ao número registrado em 2006 e quase o dobro do totalizando uma área de 8.515.767 km2. Isso o classifi-
volume de cargas nesse meio de transporte no ano de ca como um país de dimensões continentais e o colo-
1997, dois produtos que são essenciais e importantes ca entre os países com maiores extensões territoriais
para a economia do país – a soja e o minério de ferro, do mundo, ocupando o quinto lugar, tratando-se de
foram os responsáveis para alavancar esses números. terras descontínuas, e quarto lugar, considerando-se
Nos centros urbanos em diversas regiões, o trans- terras contínuas.
porte sobre os trilhos vem ganhando importância. O país tem 23.086 km de fronteiras; destes, 15.719
O Brasil tem mais de 1.062 quilômetros para trens, km são consideradas fronteiras terrestres. Um detalhe
284 metrôs e VLT’s – veículos leves sobre trilhos. Esses é que somente dois países da América do Sul (Chile e
Equador) não fazem fronteira com nosso país. A costa O valor da Amazônia Azul é comparável ao da
brasileira, localizada na porção leste, é banhada pelo Amazônia Verde. A região tem riquezas e potenciais
Oceano Atlântico e constitui o total de 7.367 km, indo econômicos como pesca, mineração, enorme biodi-
do Cabo Orange ao Arroio Chuí. versidade de espécies marítimas, óleo, uso da energia
das marés e energia eólica em alto mar.
Mar Territorial e Plataforma Continental O Brasil requereu a expansão plataforma con-
tinental à ONU, devido à extensão da sua margem
A Convenção das Nações Unidas sobre a Lei do Mar continental que é superior ao limite de 200 milhas
(CNUM), realizada no dia 10 de dezembro de 1982, náuticas. Caso os projetos sejam aceitos pela ONU o
introduziu o conceito de área econômica exclusiva e país adicionará cerca de 900. 000 km² à zona ZEE, um
também estabeleceu os conceitos de mar territorial e total de cerca de 4,5 milhões de km², área maior que o
plataformas continentais, que são diferentes, porém, bioma da Amazônia correspondendo a cerca de 52%
causam confusão em boa parte da sociedade. de nossa área continental.
No mapa a seguir, pode-se observar a delimitação
z Mar Territorial: Faixa marítima que se estende da Amazônia Azul:
até 12 milhas náuticas (22 km), contadas pela cos-
ta que é considerada parte do território do país.
A soberania também é exercida no espaço aéreo,
assim como no leito e no subsolo. É do marco do
mar territorial (ou das águas territoriais) que são
contadas em 200 milhas de extensão para a delimi- Arquipélago
tação da zona econômica exclusiva; de São Pedro
e São Paulo
z Plataforma Continental: Parte do subsolo do Atol das
Rocas
mar, ou seja, é a margem continental que começa
Arquipélago de
na costa e cai com uma ligeira inclinação para a Fernando de
encosta continental (na qual a inclinação é muito Noronha

mais acentuada) ou até o limite de distância de 200


milhas, para casos em que a margem continental
não atinge essa distância. Se a margem continental
se estender mais de 200 milhas náuticas o estado
costeiro pode requerir a extensão da plataforma
continental, até um limite de 350 milhas náuticas.

Zona Econômica Exclusiva Brasileira


Ilha de
Trinidade e
A Zona Econômica Exclusiva (ZEE) é uma área Martin Vaz
localizada além de águas territoriais, na qual cada
país costeiro tem a prioridade para o uso de recursos
marinhos naturais (tanto vivos quanto sem vida) em
sua gestão ambiental. Estabelecida pela Convenção
das Nações Unidas sobre a Lei do Mar (CNUM), tam-
bém conhecida como Convenção Montego Bay, a área
econômica exclusiva estende-se até 200 milhas (náuti-
cas), o que equivale a 370 km.
Além da exploração e gestão dos recursos naturais,
Scientific American Brasil. Oceanos: origens, transformações e o
o país costeiro nessa área possui a jurisdição em rela-
ção à exploração e ao estabelecimento e uso de ilhas futuro. Adaptado
artificiais, para a pesquisa científica marinha e para a
proteção e conservação do ambiente marinho. ESTRUTURA POLÍTICO-ADMINISTRATIVA,
Apesar da exclusividade concedida ao país costei- ESTADOS, MUNICÍPIOS, DISTRITO FEDERAL E
ro na área, todos os outros estados desfrutam da liber- TERRITÓRIOS FEDERAIS
dade de navegação e podem sobrevoar, bem como
pode ser realizada a instalação de cabos submarinos e Hoje, a República Federativa no Brasil é formada
dutos e outros usos legais do mar. por vinte e seis estados e o Distrito Federal, que pos-
GEOGRAFIA DO BRASIL

O país que tem a administração da ZEE também deve suem suas competências legislativas, políticas e admi-
promover o uso dos recursos que estão vivos nessa área, nistrativas próprias. Porém, nem sempre nosso país
determinando a captura e a exploração de forma legali- apresentou essa divisão político-administrativa.
zada da fauna marinha. Se o país não conseguir atingir o Foi no ano de 1889, com a Proclamação da Repú-
máximo estabelecido, pode ser que ocorra a autorização blica, que surgiram os estados. No Brasil Império
para que outros países explorem o excedente, caso haja (período anterior à República), havia a organização
algum tipo de acordo entre as partes. do território através de províncias. E, mesmo com a
A ZEE brasileira representa uma área aproximada criação de estados não existia a figura do governador,
de água de 3,6 milhões de km². É uma área oceâni- a função do executivo estadual era exercida pelo “pre-
ca com uma dimensão equivalente a cerca de 40% do sidente do estado.
território brasileiro. Devido à sua importância estra- Veja a seguir um breve histórico sobre a organiza-
tégica e riqueza natural, a Marinha do Brasil é respon- ção político administrativa do Brasil no decorrer do
sável pela sua defesa, denominando-a Amazônia Azul. século XX. 285
1903: O Acre foi incorporado ao Brasil após acordos com a Bolívia;
1942: Criação do Território de Fernando de Noronha;
1943 : Criação de cinco territórios federais:

z Guaporé (Região Norte);


z Rio Branco (Região Norte);
z Amapá (Região Norte);
z Ponta Porã (Região Centro-Oeste);
z Iguaçu (Região Sul).

O Governo Federal utilizou como critério e lógica para a criação desses territórios a presença do governo cen-
tral em áreas que eram pouco povoadas e que estavam em condições de vulnerabilidade às ameaças externas.
1946: Extinção dos territórios de Ponta Porã e Iguaçu;
1956: O Território Federal de Guaporé passou a ser chamado de Território Federal de Rondônia como forma de
homenagear o Marechal Cândido Rondon, grande sertanista do Brasil, defensor dos indígenas e desbravador da
floresta Amazônica. Rondon foi o responsável por encontrar as ruínas do Real Forte Príncipe da Beira, considera-
da a maior relíquia histórica de Rondônia;
1960: Transferência da capital do Rio de Janeiro para Brasília e fundação do Distrito Federal. Onde o antigo
Distrito Federal estava localizado foi criado um novo estado, chamado de Guanabara. Porém, entre os anos de
1974 e 1975, ocorreu a junção dos territórios da Guanabara e do Rio de Janeiro formando assim um único estado.
O estado da Guanabara estava localizado onde hoje está a cidade do Rio de Janeiro.
1977: O estado do Mato Grosso foi dividido em duas unidades federativas; a porção sul passou a se chamar
Mato Grosso do Sul. A lei que sancionou essa divisão foi assinada no dia 11 de outubro de 1977 pelo presidente e
General Ernesto Geisel;
1981: O território de Rondônia foi elevado à condição de estado da Federação, através da lei Complementar nº
41, de 22 de dezembro de 1981. Entretanto, o aniversário de instalação do estado só ocorreu no dia 04 de janeiro
de 1982 com a posse do governador Coronel Jorge Teixeira de Oliveira. O aniversário de Rondônia é celebrado no
dia 04 de janeiro (data da instalação).

Importante!
Atente-se à diferença entre a criação e a instalação de um estado:
De acordo com o historiador Anísio Gorayeb, a criação de um estado depende da aprovação no plenário da
Câmara Federal, e a instalação é quando o estado passa a funcionar administrativamente como Estado. É
quando o governador assume e assina os primeiros atos.
O Estado de Rondônia foi instalado apenas com dois poderes constituídos. Com a criação do Estado foi ex-
tinto o território, quando o então presidente da República João Baptista Figueiredo indicou o Coronel Jorge
Teixeira, que já ocupava o cargo de governador, para continuar no cargo de maior importância no Estado em
29 de dezembro de 1981.

1988: Criação do estado do Tocantins a partir da divisão do estado de Goiás. O território de Fernando de Noro-
nha foi extinto e passou a pertencer ao estado de Pernambuco na condição de Distrito, sendo Fernando de Noro-
nha o único Distrito Estadual presente no território brasileiro.
Alterações político-administrativas estabelecidas pela Constituição Federal de 1988:

z O estado do Tocantins foi criado após o desmembramento do norte de Goiás;


z O estado de Goiás permaneceu na região Centro-Oeste, já o estado do Tocantins está na região Norte;
z Os territórios de Roraima e Amapá que estavam sob a administração do Governo Federal passaram a ser esta-
dos autônomos;
z O território federal de Fernando de Noronha foi incorporado à administração estadual de Pernambuco.

O Brasil atualmente está organizado em 27 unidades federativas, possuindo 26 estados e um Distrito Federal.
As Unidades Federativas (estados) estão organizadas em Municípios, e estes, em Distritos.
Os estados e o Distrito Federal são chefiados por um governador e possuem uma capital, onde estão localizadas
as sedes de cada governo, já os municípios são governados pelo prefeito.
De acordo com a Constituição Federal, o Distrito Federal não pode ser dividido ou regionalizado em municí-
pios, mas possui uma divisão administrativa e é organizado em regiões administrativas.
Portanto, o Brasil é um Estado Federal, no qual União, Distrito Federal e Municípios que possuem autonomia
homogênea e ocupam, do ponto de vista jurídico, o mesmo plano hierárquico, devendo receber tratamento jurí-
dico-formal isonômico.
Acompanhe o conceito de federação, de acordo com a CF/1988:

Art. 18 É a forma de organização do Estado adotada pelo Brasil que se caracteriza pela coexistência de um poder
soberano e diversas forças políticas autônomas, unidas por uma Constituição. Os entes que compõem a federação
são: a União, os Estados-membros, o Distrito Federal e os Municípios. A CF fala também em Territórios, divisões
286 político-administrativa que, atualmente, não existem.
Pode-se representar a organização do país da seguinte maneira:

República Federativa do Brasil Estados Municípios Distritos*

* O Distrito Federal é uma unidade da federação e não é subdivisão de qualquer município.

Abaixo temos o mapa político do Brasil com todas as suas Unidades Federativas e suas respectivas capitais
listadas.

Fonte: http://www.geografia-ensinareaprender.com/2012/09/exercicios-viagem-do-conhecimento-2012.html

Os 26 Estados do Brasil e suas respectivas capitais são:

Distrito Federal – Brasília (DF)

Acre – Rio Branco (AC)


Alagoas – Maceió (AL)
GEOGRAFIA DO BRASIL

Amapá - Macapá (AP)


Amazonas – Manaus (AM)
Bahia – Salvador (BA)
Ceará – Fortaleza (CE)
Espírito Santo – Vitória (ES)
Goiás – Goiânia (GO)
Maranhão – São Luís (MA)
Mato Grosso – Cuiabá (MT)
Mato Grosso do Sul – Campo Grande (MS)
Minas Gerias – Belo Horizonte (MG)
Pará – Belém (PA)
Paraíba – João Pessoa (PB)
Paraná – Curitiba (PR) 287
Pernambuco – Recife (PE)
Piauí – Teresina (PI)
Rio de Janeiro – Rio de Janeiro (RJ)
Rio Grande do Norte – Natal (RN)
Rondônia – Porto Velho (RO)
Roraima – Boa Vista (RR)
Santa Catarina – Florianópolis (SC)
São Paulo – São Paulo (SP)
Sergipe – Aracaju (SE)
Tocantins – Palmas (TO)

A DIVISÃO REGIONAL, SEGUNDO O IBGE, E OS


COMPLEXOS REGIONAIS

O termo região (do latim, regere, derivação de rex,


autoridade que determinava o limite das fronteiras)
diz respeito à parte do território que possui uma
http://geografiaxou.blogspot.com/2016/10/divisao-regional-do-
unidade que a diferencia em relação a outras áreas. brasil-mapas-e.html
O processo de regionalização pode ser baseado em
aspectos naturais (clima e vegetação), assim como em Delgado d’e Carvalho, em 1913, elaborou uma pro-
critérios políticos, econômicos, sociais, culturais, his- posta de regionalização baseada em elementos natu-
tóricos e administrativos. rais e humanos, e o país passou a ter cinco regiões. Os
Por conta das dimensões territoriais do Brasil, estudos de Delgado de Carvalho tiveram como base a
existe a necessidade de regionaliza-lo para realizar topografia e o clima, que sofriam a influência de gru-
estudos sobre as diversas localidades existentes. O pos humanos ao mesmo tempo que influenciavam
conceito de regionalização pode ser compreendido esses grupos, proporcionando assim uma interação
como divisão do espaço com critérios estabelecidos de dos seres humanos com o meio ambiente de acordo
maneira prévia; os resultados dessa divisão em áreas com as necessidades locais. Sua proposta de regionali-
ou porções menores são chamados de regiões, com zação pode ser vista no mapa a seguir:
características distintas entre si.
Regionalizar contribui para que os poderes políti-
cos e administrativos possam ter mais dados e infor-
mações coletadas para auxiliar no desenvolvimento
de projetos econômicos e sociais.
As regionalizações existentes no território brasilei-
ro até por volta de 1939 eram pautadas no estudo de
características naturais do país. O elemento principal
era fator condicionante que pautava o desenvolvi-
mento do restante da área.
No ano de 1889, o engenheiro André Rebouças
dividiu o país em dez regiões agrícolas para regionali-
zar o país. Veja no mapa a seguir:

http://geografiaxou.blogspot.com/2016/10/divisao-regional-do-
brasil-mapas-e.html

No ano de 1871 foi criada a Diretoria Geral de


Estatísticas, com a finalidade de desenvolver e catalo-
gar os dados estatísticos do Brasil; posteriormente, o
órgão passou a se chamar Departamento Nacional de
Estatística (DNE). No governo de Getúlio Vargas houve
uma reestruturação do departamento, que foi nomea-
do Instituto Nacional de Estatística (INE) e incorpora-
do ao Conselho Nacional de Geografia em 1938, dando
origem ao Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísti-
ca (IBGE).
http://geografiaxou.blogspot.com/2016/10/divisao-regional-do- A partir da criação do IBGE foram introduzidos
brasil-mapas-e.html. elementos da Escola Quantitativa, que utilizava a
matemática e a estatística como suporte para análises,
Em 1893, o geógrafo francês Élisée Reclus fez uma referências e tabulação de dados.
divisão do país utilizando como critério as regiões Em 1941, com a coordenação do engenheiro Fábio
naturais. Assim, de acordo com esse critério, o Brasil Macedo Soares Guimarães, teve início um projeto de
passou a ter oito regiões que podem ser observadas a regionalização do território brasileiro baseado em
288 seguir: aspectos físicos e naturais (relevo, clima, vegetação).
Dessa forma, o Brasil foi dividido em 5 regiões: Norte, Sul, Leste, Nordeste e Centro-Oeste. O critério de Fábio
Macedo sofreu adaptações ao longo do tempo e serviu da base para a atual divisão territorial que o Brasil possui.
Observe o mapa a seguir com a atual regionalização do território brasileiro, que, além de levar em conta
aspectos físicos e naturais, também tem como critério aspectos políticos-administrativo:

POLÍTICAS PÚBLICAS

BRASIL: POLÍTICO – ADMINISTRATIVO

GEOGRAFIA DO BRASIL

http://geografiaxou.blogspot.com/2016/10/divisao-regional-do-brasil-mapas-e.html

Outras Formas de Regionalização

Em 1967, o geógrafo Pedro Pinchas Geiger fez uma proposta de regionalização baseada em indicadores socioe-
conômicos chamada de divisão geoeconômica, e dividiu o país em três complexos regionais: Amazônia, Centro-
-Sul e Nordeste.
Nessa forma de regionalização, as fronteiras regionais não coincidiam com as fronteiras estaduais. Dessa for-
ma, por exemplo, o norte de Minas Gerais (região do Vale do Jequitinhonha que possui indicadores socioeconômi-
cos semelhantes ao Nordeste) encontra-se na região Nordeste; outro exemplo é o estado do Maranhão, a porção
leste do estado se encontra no Complexo do Nordeste e a porção oeste, no Complexo da Amazônia. Tem-se, ainda, 289
o sul do estado do Mato Grosso, que se encontra no Complexo Centro-Sul (região com maiores níveis de desenvol-
vimento do país). Atualmente, muitos geógrafos e cientistas sociais preferem essa proposta.
Veja a regionalização de Pedro Pinchas no mapa a seguir:

http://geografiaxou.blogspot.com/2016/10/divisao-regional-do-brasil-mapas-e.html

No final dos anos 90 e início dos anos 2000, os geógrafos Milton Santos e Maria Laura Silveira utilizaram como
critérios para elaborar uma nova proposta de regionalização o nível de desenvolvimento do “meio técnico-cientí-
fico-informacional”. Isso quer dizer que, a informação e as finanças estão irradiadas de maneiras desiguais e dis-
tintas pelo território brasileiro, dividindo assim, o país em quatro complexos regionais que foram denominados
“quatro brasis”. Os complexos nessa forma de regionalização são os seguintes:

z Região Amazônica: Inclui os estados do Amapá, Pará, Roraima, Amazonas, Acre e Rondônia. Baixas densida-
des técnicas e demográficas;
z Região Nordeste: Estados do Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas,
Sergipe e Bahia. Primeira região a ser povoada, apresenta agricultura pouco mecanizada em comparação à
Região Centro-Oeste e à região Concentrada;
z Região Centro-Oeste: Formada por Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Tocantins. Apresenta agricultura
globalizada, isto é: moderna, mecanizada e produtiva;
z Região Concentrada: Inclui Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Paraná, Santa Catarina
e Rio Grande do Sul. Regiões que concentram maiores populações, indústrias, principais portos, aeroportos,
shopping centers, supermercados, principais rodovias e infovias e maiores cidades e universidades. Portanto,
são as regiões que reúnem os principais meios técnicos-científicos e as finanças do país.

Assim, para critérios de aprendizagem e fixação, apresentaremos a seguir um quadro resumo com as três
principais formas de regionalização cobradas em concursos públicos. Porém, não deixe de ler e estudar sobre as
outras divisões regionais.

Nº DE ANO DE ELABORAÇÃO
NOME DAS REGIÕES CRITÉRIOS AUTORES
REGIÕES DA PROPOSTA
Nordeste, Amazônia e
3 Características históricas e econômicas Pedro Pinchas Geiger 1967
Centro-Sul
Nordeste, Centro-Oeste, Milton Santos e Ma-
4 Meio técnico-científico-informacional Início dos anos 2000
Concentrada e Amazônia ria Laura Silveira
Norte
Anos 40, com reformula-
Nordeste
Aspectos naturais, elementos sociais, ção nos anos 70 e atuali-
5 Centro-Oeste IBGE
econômicos, políticos e administrativos zação em 1988, através de
Sudeste
promulgação da CF/1988
Sul

O processo de regionalização, juntamente com a tabulação de dados socioeconômicos e demográficos, permite


que sejam implantadas políticas públicas em diferentes esferas de poder (Federal, Estadual e Municipal), com o
290 objetivo de garantir os direitos assegurados pelos cidadãos mediante a Constituição Federal.
A implantação dessas políticas varia de acor- os maiores índices, com 79,9 anos (3,3 anos acima
do com a região, porém, sabe-se que os setores que da média nacional), e o estado do Maranhão tem a
demandam maiores cuidados por parte de nossos pior expectativa de vida, registrando 71,4, seguido do
governantes são saúde, educação, segurança e habi- Piauí, com 71,6, e Rondônia, com 71,9 – ou seja, para
tação. Nesse contexto, o Brasil ainda tem um longo cada criança nascida no Maranhão, estima-se que ela
caminho a ser trilhado para melhorar as condições de viva, em média, 8,5 anos a menos do que uma criança
vida de seu povo. nascida em Santa Catarina.
Todos os estados da região Nordeste têm dados
abaixo da média nacional, ao contrário do que ocorre
em todos os estados das regiões Sul e Sudeste, áreas
O ESPAÇO HUMANO em que a expectativa de vida para a população é aci-
ma da média nacional.
O envelhecimento populacional nacional e, conse-
DEMOGRAFIA
quentemente, o aumento da expectativa de vida pode
ser explicado com o fenômeno da transição demográ-
Transição Demográfica, Crescimento Populacional,
fica, em que é registrado um aumento da expectativa
Estrutura Etária, Política Demográfica e Mobilidade
de vida e uma queda nas taxas de natalidade.
Espacial (Migrações Internas e Externas)
No gráfico a seguir, percebe-se o aumento da
expectativa de vida do brasileiro desde os anos 40:
Para compreendermos melhor a questão demográ-
fica brasileira, é importante tomarmos conhecimento
dos dados divulgados recentemente pelo IBGE, eles Expectativa de vida do brasileiro ao
traçam um panorama geral da população brasileira. nascer (1940 - 2019)
Segundo esses dados, a expectativa de vida dos bra-
sileiros era de 76,6 anos, sendo a expectativa de vida
dos homens 73,1 anos e, das mulheres, 80,1. Os indica-
dores vêm aumentando ano após ano, desde a década
de 40 quando a expectativa de vida dos brasileiros era
de 45,5 anos (G1, 2020).
Sobre a mortalidade infantil – crianças que che-
gam a óbito antes de completarem 1 ano de vida –
cabe ressaltar que é maior entre os meninos. Entre
os nascidos do sexo masculino, em 2018, cerca de
13,8 não chegaram ao primeiro ano de vida. Já entre
as meninas esse número é de 11,8 mortes a cada mil
nascimentos – dados do IBGE (G1, 2018). Esse padrão
se repete ao longo da vida, quando as mulheres com-
pletam 20 anos de idade, elas têm cerca de 4,5 mais
chances de chegarem aos 25 anos que um homem da
mesma idade.
Essa diferença de acordo com o IBGE, pode ser
explicada pela alta taxa de homicídios, suicídios, aci-
dentes de trânsito e outras mortes não naturais entre
os indivíduos do sexo masculino. A partir dos anos
80, esses fatores, os quais têm papel significativo nas
mortes dos homens na sociedade brasileira, são, em
grande parte, causados pelo aumento populacional,
agravamento da desigualdade social, aumento da cri-
minalidade etc.
Um outro fator que promove consequências dire-
tas nas questões demográficas é a mortalidade na Fonte: G1,2020
infância – crianças que vêm a óbito antes de comple-
tarem 5 anos de vida. As taxas vêm caindo ao longo Crescimento Populacional
dos anos. Por exemplo, em 2019, esse número era de
14,4 contra 14,9, de 2017, e 15,5, em 2015. O Brasil é o sexto país mais populoso do mundo,
GEOGRAFIA DO BRASIL

As chances são maiores no grupo que tem menos com população estimada em 211.755.692 habitantes espa-
de 1 ano de vida – o número registrado, no ano pas- lhados entre 5.570 municípios, de acordo com o Instituto
sado, mostra que cerca de 85% das crianças que mor- Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) – tal estimati-
reram tinham menos que 1 ano. Porém, mesmo com va se refere a 1º de julho de 2020. A população cresceu
esses dados, as taxas de mortalidade infantil vêm 0,77% em relação aos dados do ano de 2019. O estado
diminuindo. No ano passado foram registradas qua- de São Paulo segue na liderança com 46,289 milhões
torze mortes a cada grupo de mil nascimentos, contra de pessoas, sendo que, desse número, quase 84%
17,2 em 2010 – dados do IBGE. vivem nas cidades e pouco menos de 16% vivem no
No Brasil, nos últimos dezenove anos, os índices campo.
registraram queda de 56,11% nas mortes de recém- Esse contingente populacional sobre uma área de
-nascidos e 59,8% para crianças de até cinco anos – 8.515.692km² resultou em uma densidade demográ-
dados do relatório do Unicef em 2020. Em relação à fica de, aproximadamente, 23,8 habitantes por km².
expectativa de vida, o estado de Santa Catarina tem A heterogeneidade da população brasileira é uma 291
marca em sua história, pois a população se distribui de forma irregular pelo território nacional desde o período
colonial, época na qual a maior concentração populacional ocorria na porção oriental do país, em uma faixa que
tem a extensão aproximada de 200km entre a faixa litorânea e o interior.
A concentração populacional nas porções centro-sul e litorânea do país, é maior e isso se deve aos ciclos eco-
nômicos realizados ao longo da nossa história. Nosso país possui uma ocupação territorial diversificada, demons-
trando uma heterogeneidade estatístico-demográfica de sua população.
Podem-se ver, por exemplo, unidades da federação densamente povoadas, como Brasília, com 444 hab./km² e
Rio de Janeiro, com 365 hab./km², além de áreas com reduzidas densidades demográficas, como, por exemplo, em
Roraima ou no Amazonas (ambas possuem em torno de 2 hab./km²).
A concentração populacional na vertente (que é um termo frequentemente utilizado na Geografia como sinô-
nimo de “lado”, “flanco”) é resultante do processo histórico da ocupação que ocorreu da faixa litorânea para o
interior do país de forma gradual. Nas áreas litorâneas das regiões Sudeste, Nordeste e Sul, ocorrem elevadas
taxas de densidade demográfica; algumas, inclusive, chegam a ultrapassar a marca de 10 mil hab./km². Em contra-
partida, as taxas mais baixas são nos estados da região amazônica (norte do país) e na região Centro-Oeste. A cida-
de de Brasília é uma exceção, pois o processo de construção da cidade foi em um momento específico da história
do país, que contou com políticas criadas pelo Governo Federal para ocupar diversas áreas do território nacional.
A tabela a seguir mostra dados sobre o nosso país e as regiões administrativas:

POPULAÇÃO TOTAL (ABSOLUTA) DENSIDADE POPULAÇÃO POPULAÇÃO


BRASIL/REGIÃO
EM MILHÕES (HAB./KM²) URBANA (%) RURAL (%)

Brasil 211.755.692 23,8 84,4 15,6

Sudeste 89.012.240 87 92,9 7,1

Nordeste 57.374.243 36,06 73,1 26,9

Sul 30.192.315 42,5 84,9 15,1

Norte 18.672.591 4,12 73,5 26,5

Centro-Oeste 16.504.303 8,7 88,8 11,2

Fonte: IBGE. Anuário da população Brasileira (julho, 2020)

Apesar de serem menos populosas, as regiões Norte e Centro–Oeste apresentam um constante aumento da
representatividade populacional brasileira, enquanto as demais regiões apresentam uma leve tendência de
declínio.

Estrutura Etária, Política e Demográfica

A estrutura etária da população brasileira corresponde à média de idade que o país possui a partir do estudo
da quantidade de pessoas jovens (até 19 anos), adultas (de 20 a 59 anos) e idosas (a partir de 60 anos de idade).
A pirâmide etária da população brasileira vem passando por transformações ao longo dos anos, caracteri-
zando uma mudança no perfil demográfico do país no que diz respeito ao crescimento demográfico nacional. No
passado, com elevadas taxas de natalidade, a pirâmide etária brasileira possuía a base mais ampla e o topo mais
estreito, o que significava que o país possuía a maioria da população jovem. Nos dias atuais, pode-se afirmar que
o país está em uma fase de transição, com a redução das taxas de natalidade e um aumento da expectativa de
vida, além da redução das taxas de mortalidade. Para se ter uma ideia, em 1960, a taxa de fecundidade (número
de filhos por mulher), no Brasil, era de 6,21; já nos dias atuais esse número despencou para 1,81. Por outro lado, a
expectativa de vida subiu de 54,6 para 73,6 no mesmo período.
Neste sentido, nota-se que o Brasil está passando por um processo de envelhecimento populacional, ou seja,
um aumento da idade média de sua população. A médio e longo prazo, isso poderá causar um sério problema,
pois está acontecendo uma contribuição para a redução da População Economicamente Ativa (PEA), que são as
pessoas aptas a exercer algum trabalho. Com isso, os gastos sociais, em especial os gastos da Previdência Social,
tendem a elevar-se, causando um problema semelhante ao que acontece, atualmente, em alguns países europeus:
o inchaço do setor previdenciário.
É importante destacar que, por conta da pandemia nos últimos meses, em algumas unidades da federação,
como Rio de Janeiro e São Paulo, o número de óbitos passou a ser maior que o número de nascimentos, propor-
cionando uma mudança na demografia brasileira, em nível pequeno.

Mobilidade Espacial (Migrações Internas e Externas)

O deslocamento populacional interno (também conhecido como migração) ocorre em nosso país desde o
período colonial, porém esses movimentos se intensificaram a partir do século XX, em especial após a 1ª Guerra
Mundial (1914-1918).
Na história do Brasil, nossa economia foi caracterizada pelos ciclos, ou fases, nos quais um determinado pro-
292 duto surgia e se consolidava como o mais importante. Ocorreram os seguintes ciclos econômicos:
z Ciclo da cana-de-açúcar (séculos XVI e XVII); z O desenvolvimento de técnicas de correção dos
z Ciclo da mineração ou do ouro (século XVIII); solos do Cerrado;
z Ciclo da borracha (entre 1870 e 1910); z A assistência realizada pelos engenheiros agrôno-
z Ciclo do café (final do século XIX e início do século mos da Empresa Brasileira de Pesquisa Agrope-
XX). cuária (Embrapa);
z Os financiamentos por parte dos governos esta-
Cada ciclo, ou seja, cada período em que deter- duais e federal.
minado produto ficava em evidência, dependia das
condições do mercado externo (visto que os produtos A inserção das regiões Norte e Centro-Oeste no
eram voltados para exportação), e necessitava de uma processo produtivo do país fazia parte de um conjun-
grande quantidade de mão de obra, provocando gran- to de ações governamentais que tinha como objetivo
des deslocamentos populacionais de diversas regiões principal promover a ocupação do interior do país e
do país para as áreas produtoras (essas migrações são buscar a redução das desigualdades existentes entre
chamadas de inter-regionais), que ocorriam de forma as regiões. Como proposta para auxiliar nesse proces-
moderada. Houve, ainda, um aumento no volume de
so, foram criados órgãos de planejamento e desenvol-
pessoas deslocando-se, principalmente, a partir da
vimento regionais, especificamente para as regiões
segunda metade do século XX.
mais estagnadas do país. Como exemplo de iniciativa
Após a Princesa Isabel assinar a Lei Áurea – que
nesse sentido, podemos citar a SUDAM (Superinten-
colocou um ponto final na escravatura –, os fluxos e
dência de Desenvolvimento da Amazônia) e a SUDENE
os deslocamentos populacionais aumentaram, já que
o ex-escravo podia deslocar-se livremente pelo terri- (Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste).
tório (fato que antes não era possível). A construção de grandes rodovias, como, por
As maiores migrações inter-regionais da história exemplo, a Belém-Brasília, a Transamazônica e a
do Brasil foram realizadas por nordestinos para os Cuiabá-Santarém, bem como a criação de projetos
grandes centros econômicos da região Sudeste. Essas agropecuários e para a extração de recursos minerais,
migrações tiveram início ainda no século XIX e decor- como o Projeto Carajás (no Pará), foram algumas das
reram, em maior quantidade, durante o século XX, medidas adotadas para inserir a região Amazônica no
persistindo até os dias atuais, mesmo que em um rit- contexto de desenvolvimento nacional.
mo menos acelerado nas últimas décadas – veremos Alguns fatores como a instabilidade política e
os motivos que contribuem para esse fenômeno mais econômica que eram marcantes, principalmente nos
adiante. anos 80, foram responsáveis por uma mudança de
Esses movimentos migratórios ocorreram, em es- comportamento nos processos migratórios inter-re-
pecial, por conta do crescimento e desenvolvimento gionais do país. A crise econômica proporcionou a
econômico alcançado pela região Sudeste – a princí- desconcentração produtiva (deslocamento de indús-
pio, com a lavoura de café e, depois, com os surtos in- trias e suas estruturas para o interior do país) através
dustriais. Além desses, contribuíram para que ocor- da política de incentivos fiscais (redução de impostos)
resse o deslocamento dos nordestinos, em massa, pa- que eram concedidos pelos governos municipais e
ra o Sudeste. Alguns fatores repulsivos (que expulsam estaduais, além do uso de mão de obra mais barata
ou forçam a população a sair de uma determinada re- presente na porção interior do país. Isso refletiu e con-
gião), tais como: tribuiu para a ocorrência de novos fluxos migratórios
intrarregionais.
z O declínio que a economia do Nordeste vinha so- Nas últimas décadas, é possível perceber uma
frendo há várias décadas; redução do deslocamento de nordestinos para São
z Fatores naturais como a falta de chuvas e, conse- Paulo. Por exemplo, na década de 1980, pela primeira
quentemente, a ocorrência das secas. vez na história, o município registrou um saldo migra-
tório negativo; a diferença entre o número de pessoas
No fim dos anos 50, a construção de Brasília ser- que saíram e o número de pessoas que chegaram
viu como um estímulo para a população nordesti-
entre 1980 e 1991, foi em torno de 750 mil. A maio-
na migrar para a porção central do país (havia uma
ria das pessoas que deixaram a metrópole do Sudes-
demanda de mão de obra elevada), fazendo com que,
te foram para cidades do interior do próprio estado,
nos anos 60, a região Centro-Oeste fosse palco de uma
como Ribeirão Preto e Campinas.
das maiores correntes migratórias da nossa história.
Muitas dessas pessoas realizaram o fenômeno que
No sul do país o processo de modernização da agri-
cultura provocado pela mecanização do campo (utili- no estudo da demografia, é conhecido como migra-
ção de retorno (volta para cidade de origem). Entre
GEOGRAFIA DO BRASIL

zação de máquinas no processo de produção agrícola)


e a Revolução Verde – processo de mecanização da 1999 e 2004, por exemplo, cerca de 714 mil nordes-
produção agrícola – juntamente com a concentração tinos deixaram o Sudeste e retornaram para a sua
fundiária (local onde as terras estão concentradas no região de origem (isso se deve ao fato de um maior
qual pertencem a uma pessoa ou a um grupo econô- desenvolvimento que ocorre, atualmente, no Nordes-
mico) na região, impulsionaram o deslocamento de te brasileiro).
pessoas para a região central do país. Mesmo com as mudanças no quadro de desenvol-
Os fatores que contribuíram para a expansão da vimento regional, a região Sudeste continua sendo o
fronteira agrícola do Sudeste para o Centro-Oeste e, principal destino das migrações internas, seguido pelo
logo depois, para a região da Amazônia foram: Nordeste e pelo Centro-Oeste. O Sudeste também é a
região que possui a maior parcela de habitantes que
z A construção de uma malha rodoviária que pro- são oriundos de outras regiões, sendo que a maioria
moveu a integração das regiões do país; desses migrantes tem, como área de origem, o Nordeste. 293
O Centro-Oeste é a região que apresenta o maior percentual de imigrantes nascidos em outras regiões (cerca
de 34,1% de acordo com dados do IBGE de 2012). A criação do órgão de desenvolvimento regional, nos anos 60,
o Sudeco (Superintendência de Desenvolvimento do Centro-Oeste) e as políticas de subsídios que foram oferta-
das para atividades agropecuárias impulsionaram o agronegócio, servindo como fatores de atração populacional
para a região Centro-Oeste.
A migração pode ocorrer de várias formas, como, por exemplo, de forma espontânea ou forçada. Nos casos em
que o migrante não se desloca por vontade própria, existem fatores naturais ou conjunturais que podem impul-
sionar sua saída. Vejamos:

z Êxodo Rural: movimento de deslocamento de pessoas das áreas rurais para as áreas urbanas, por conta do
desemprego no campo, falta de moradia, dentre outros fatores;
z Transumância: um tipo de movimento migratório que é temporário e pode ser reversível; é determinado
pelas condições climáticas (sazonalidade), como mudanças das estações ou secas temporárias;
z Movimento Pendular: é um movimento migratório diário, comum em grandes centros urbanos-industriais,
no qual os trabalhadores residem em uma cidade e deslocam-se para trabalhar em outra; nesse caso, a cidade
onde o cidadão reside passa a ser chamada de cidade-dormitório.

No mapa abaixo temos os principais fluxos migratórios do Brasil e os respectivos períodos da história em que
ocorreram:

Disponível em: SANTOS, R. B. Migração no Brasil. São Paulo: Scipione, 1994.

MERCADO DE TRABALHO

Estrutura Ocupacional

Ao abordarmos a divisão inter-regional do trabalho e da produção no Brasil, é importante destacar as ativida-


des desenvolvidas em cada uma das localidades do território nacional e a forma que cada uma dessas atividades
contribui para estimular o desenvolvimento.
Tais atividades, ou ciclos econômicos, contribuem para o processo de integração econômica. O Brasil apresen-
ta ambientes de trabalho e de produção bastante diversificados, dado o tamanho do seu território. Sendo assim,
torna-se imprescindível conhecer as contribuições de cada região para a evolução da economia do país.
Para compreender esse processo de produção econômica e a divisão do trabalho, primeiramente é importante
entender como está estruturada a economia em sua totalidade. Através da divisão de setores e suas respectivas
atividades, pode-se classificar a produção econômica da seguinte forma:

z Setor Primário (atividades ligadas à agricultura, pecuária, extrativismo mineral etc.);


z Setor Secundário (atividades ligadas à indústria);
294 z Setor Terciário (atividades ligadas ao comércio e à prestação de serviços).
O conceito de trabalho ao longo da história da Dessa forma, conclui-se que a maior parte da
humanidade, teve diferentes significados, chegando população empregada no Brasil encontra-se vincula-
a ser classificado como uma atividade desmerecida e, da ao setor terciário, causando a ocorrência do fenô-
posteriormente, passando a ser uma necessidade para meno de terciarização da economia. Isso ocorre por
os seres humanos. Esses conceitos contribuem para a conta do processo intenso de mecanização do campo e
compreensão do processo evolutivo do termo trabalho. da indústria (setores primário e secundário, respecti-
O contexto histórico possibilita uma compreensão vamente), provocando a substituição do homem pela
do termo em sua plenitude, a qual deve levar em con- máquina. Dessa forma, a maior parte da população
ta aspectos econômicos, políticos, sociais e culturais. encontra emprego em maior quantidade somente no
O trabalho, no mundo globalizado, sofreu alterações setor de serviço e comércio.
ganhando nova formatação, com o emprego da tecno- A participação da mulher no mercado de traba-
logia, a qual provocou impactos positivos e negativos lho, no Brasil, é um processo que vem sofrendo alte-
nas relações trabalhistas. rações nas últimas décadas e que tem mostrado a sua
O trabalho remoto e a comunicação via e-mail ou importância na economia. As mulheres estão alcan-
por aplicativos de mensagens, até pouco tempo, eram çando destaque profissional em diversos setores. No
consideradas situações impossíveis. No entanto, hoje entanto, é nítido que as funções exercidas, os cargos
essa situação é uma realidade garantida por lei, prote- ocupados e as remunerações ainda são menores, estan-
gendo o trabalhador. Assim, o processo tornou-se mais do defasados quando comparados com os dos homens.
direto e construtivo no qual todos podem se beneficiar. Elas recebem, em média, 70% do salário que os
A pandemia provocada pelo novo coronavírus e homens ganham para a execução das mesmas tarefas
a necessidade de isolamento social aceleraram esse e responsabilidades, ocupando os mesmos postos de
processo de trabalho remoto, inclusive, boa parte das trabalho. Além disso, as condições de trabalho e a for-
empresas puderam fazer a opção de continuar nes- te hierarquia nas instituições, tanto públicas quanto
se formato. Tal situação demonstra a existência de
privadas, ainda provocam um desfavorecimento para
uma democratização nos espaços laborais. Cada vez
as mulheres em relação aos seus colegas do sexo mas-
mais as grandes corporações vêm deixando de lado as
culino. Os cargos de chefia são exercidos, na maioria
visões tradicionalistas; a verticalização das relações
dos setores, quase que exclusivamente por homens e,
vem perdendo espaço para um ambiente com maior
mesmo nas profissões tidas como femininas, a ocupa-
linearidade e contribuição de todas as partes para o
ção dos cargos por indivíduos do sexo masculino ain-
processo produtivo.
da persiste.
No cenário do mundo do trabalho e da produção,
É fato que ainda há um longo caminho a percorrer
fica evidente a desigualdade entre alguns setores, até
porque o desenvolvimento e as transformações pro- para que a nossa sociedade esteja livre do passado his-
movidas pela inserção de novas tecnologias não estão tórico, patriarcal e machista e que haja equidade de
disponíveis para todos de forma homogênea (afir- gêneros em nosso país.
mando as desigualdades provocadas pelo processo de
globalização). As atividades, por fim, se verticalizam DESENVOLVIMENTO HUMANO
(concentram-se) em espaços regionalizados e isso fica
evidente nas disparidades que existem no Brasil em Os Indicadores Socioeconômicos
relação ao processo de industrialização da nossa eco-
nomia – os setores produtivos da região Sudeste têm Os principais indicadores socioeconômicos são o
um considerável destaque. PIB, a renda per capita, o IDH, o Coeficiente de Gini e a
Se o processo de análise for, ainda, mais profundo, taxa de desemprego. A renda per capita do brasileiro,
é possível encontrar no estado de São Paulo (na região no ano de 2020, teve um decréscimo de 4,8%, chegan-
metropolitana), uma maior concentração de atividades do ao valor de R$ 35.178,00. No entanto, sabe-se que
produtivas, mesmo com toda a desconcentração indus- esses valores não condizem com a realidade do país,
trial ocorrida nos últimos trinta anos. O referido esta- tendo em vista que estamos em uma sociedade extre-
do ainda polariza as atividades econômicas, havendo, mamente desigual.
diferentes atividades econômicas dentro de uma mes- Em relação ao IDH – Índice de Desenvolvimento
ma localidade. Também podemos chamar esse proces- Humano (calculado pela renda per capita, nível de
so de seletividade dos lugares. O geógrafo Milton Santos escolaridade e expectativa de vida), para os padrões
classificou esses lugares como espaços luminosos (uma da ONU, o Brasil tem apresentado valores considera-
maior infraestrutura com concentração de empresas, dos altos – valor de 0,710, dados de dezembro de 2020,
atividades econômicas e concentração financeira) e número piorado em comparação aos anos anteriores,
espaços opacos (infraestrutura de nível menor em rela- demonstrando um reflexo da pandemia na sociedade
ção aos espaços luminosos). brasileira.
GEOGRAFIA DO BRASIL

De acordo com dados do Instituto Brasileiro de No ranking mundial, estamos na posição número
Geografia e Estatística (IBGE), a PEA – População Eco- 84, dentre 189 países que tiveram as condições de vida
nomicamente Ativa brasileira compreende 63,05% da das suas populações estudadas. Vale lembrar que o
população, sendo que esse número não considera os IDH varia entre 0,0 e 1,0, sendo que, quanto mais pró-
cidadãos que não têm vínculo empregatício, ou seja, ximo a 1,0, melhores são as condições de vida que as
trabalham com contrato formal ou com registro em populações têm e, quanto mais próximo a 0,0, piores
carteira. Ainda de acordo com o IBGE, do total da são essas condições de vida. No entanto, o IDH não é
população ativa no Brasil, dos setores produtivos, os o indicador ideal para verificar as reais condições de
trabalhadores estão distribuídos da seguinte maneira: vida de um país.
pouco mais de 20% encontram-se no setor primário O indicador ideal é o Índice de Gini, criado pelo
(atividades como agricultura, pecuária, mineração, estatístico italiano Conrado Gini, que mede a concen-
pesca etc.), 21% no setor secundário (indústria) e 59% tração de renda, apontando como está distribuída a
no setor terciário (comércio e prestação de serviços). riqueza de um país. O valor também varia entre 0,0 e 295
1,0, sendo que, quanto mais próximo a 0,0, menor será incentivo para um processo acelerado de migrações
a desigualdade de renda e, quanto mais próximo a 1,0, internas para as regiões citadas. Neste contexto, as
maior será a concentração de renda. Atualmente, o pessoas migravam em busca de empregos e melhores
índice de Gini do Brasil é de 0,509, conforme dados de condições de vida.
2020, mostrando uma elevada desigualdade entre os Porém, vale destacar que, como é uma lógica do
mais pobres e os mais ricos do país. próprio sistema capitalista, o crescimento popula-
Para finalizarmos os indicadores socioeconômicos, cional dos centros urbanos de forma acelerada e
vamos aos dados preocupantes, frutos desse cenário desordenada, foi superior à oferta total de vagas no
pelo qual o país passa, por conta da pandemia provo- mercado de trabalho para toda a população. Tal fato
cada pela Covid-19. Cresceu o número de desempre- gerou uma maior competitividade por empregos,
gados chegando à marca de 14 milhões de pessoas e, moradias nas áreas mais centralizadas e alimentos,
em relação ao número de desalentados (pessoas que acirrando a segregação espacial. Os valores dos ter-
estão desempregadas e que desistiram, momentanea- renos em áreas urbanas não possibilitaram o acesso
mente, de procurar emprego), esse número chega a de grande parte dos trabalhadores à casa própria e
5,8 milhões. Os cidadãos na condição de desalentados acabou por expulsar das áreas centrais das cidades os
ocupam-se pela informalidade. trabalhadores mais pobres que se deslocaram à pro-
cura de moradia em áreas inadequadas, degradadas
URBANIZAÇÃO BRASILEIRA ou distantes dos centros das grandes cidades, gerando
uma ocupação desordenada do espaço e provocando
Processo de Urbanização, Rede Urbana, Hierarquia o processo de formação de periferias e, posteriormen-
te, da favelização.
Urbana, Regiões Metropolitanas
Como as cidades são lugares de segregação e exclu-
são a dinâmica de construção de imóveis e de ocupa-
Até quase a metade do século XX (por volta de
ção de territórios atende ao interesse do capital (por
1940), o Brasil ainda era classificado como um país
vezes especulativo), fazendo com que dentro de uma
que possui atividades econômicas concentradas, em
mesma área estejam, lado a lado, prédios verticais de
sua totalidade, no meio rural; a maioria da popula-
alto padrão e condomínios horizontais, além do que,
ção vivia no campo. De acordo com o geógrafo Mil- em áreas não tão distantes, uma grande quantidade
ton Santos, o processo de urbanização brasileiro foi de pessoas vive em condições extremamente precá-
rápido, intenso, violento e heterogêneo no século XX, rias, em barracos, embaixo de viadutos e, até mesmo,
diferentemente de vários outros países do mundo. Tal em caixas de papelão. No contexto atual, esses fatores
processo provocou um conjunto de mudanças entre continuam ocorrendo, tendo em vista que o processo
as regiões do nosso país. de desigualdade e exclusão são cada vez mais percep-
O modelo agrário e exportador foi importante para tíveis na sociedade brasileira.
a estruturação urbana e territorial do país. Algumas A geografia urbana tem, como principal objetivo, o
cidades, como, por exemplo: São Paulo, Curitiba e Belo estudo do espaço geográfico das cidades, metrópoles e
Horizonte organizaram suas atividades comerciais megalópoles. Esse estudo ocorre a partir da observação
voltadas para a exportação. No final do século XIX e da produção do espaço e das atividades econômicas,
início do XX, o processo de urbanização do nosso país políticas e sociais, além da preocupação com a origem,
ocorria de forma lenta e gradual, em especial centra- crescimento, desenvolvimento e com as relações de
lizados nas cidades administrativas do setor agrário dependência e influência que uma cidade estabelece
exportador. No ano de 1872, cerca de 10% da popula- com todas as outras que estão em seu entorno.
ção brasileira vivia em áreas urbanas. Nesse contexto, Também, é objeto de estudo da geografia humana
destacamos as três principais cidades da época: Rio de a dinâmica de crescimento da população das cidades,
Janeiro (RJ), Salvador (BA) e Recife (PE). a forma como ocorre o processo de organização terri-
No período entre 1940 e 1980, há menos de 40 anos, torial, o modo como se deram os diversos processos de
a localidade de residência de uma grande parcela da urbanização e quais foram os papéis desempenhados
população se inverteu. De acordo com o Censo demo- pelas cidades para a ocorrência do fenômeno, conhe-
gráfico de 2010, no ano de 1940 o índice de urbaniza- cido como êxodo rural. A geografia urbana trabalha
ção do país era de 31,24%. No ano de 1980, esse índice em linhas diferentes da geografia rural, pois o objeto
atingiu o percentual de 67,59. A população total do país de estudo da segunda é a análise e a compreensão dos
triplicou durante essas quatro décadas; já a popula- espaços rurais e agrícolas que foram se transforman-
ção urbana multiplicou-se por mais de sete vezes nes- do com o passar dos anos, mesmo estando separados
se mesmo período. Em 2010, a população brasileira, fisicamente (em alguns casos, não mais). O espaço
nas áreas urbanas, representava cerca de 84,36% da urbano e o espaço rural estão interligados, sendo que
população total do país, com um número de habitantes um acaba por exercer os processos de influência e
maior que toda a população do país em 1991. dependência para com o outro.
Já no ano de 2020, de acordo com dados do IBGE, a A geografia urbana tem vários conceitos que pro-
população residente em áreas urbanas está em torno porcionam o estudo e a compreensão do espaço geo-
de 84,4%, apresentando, assim, certa estabilização em gráfico nas cidades, como seus processos de alteração
relação aos grandes deslocamentos populacionais. O e transformação. Dentre os principais conceitos dessa
êxodo rural, por sua vez, vem apresentando quedas área de conhecimento, podemos destacar:
significativas nas últimas décadas.
É importante destacar que o crescimento urbano z Espaço ou meio urbano: compreende-se como es-
ocorreu de forma paralela ao processo de industriali- paço geográfico ou meio urbano as atividades, po-
zação e esteve concentrado em algumas áreas no país, líticas públicas e práticas sociais que são responsá-
em especial no Sudeste, com destaque para o esta- veis pela formação da paisagem de um determina-
do de São Paulo e para as cidades industriais de seu do território; nesse espaço, encontramos, em sua
296 entorno. O processo de industrialização serviu como composição, habitações (algumas organizadas e
bem estruturadas) e outras cidades, pontos de co- z Os modelos e modos de produção que são repro-
mércio e os complexos de indústrias. No espaço ur- duzidos nas cidades, bem como quais os tipos de
bano, a produção de atividades econômicas e toda trabalho que são oferecidos naquela localidade
essa mega estrutura proporcionam hábitos que ca- específica;
racterizam o modo de vida do ser humano; z Como a população residente naquele fragmento
z Cidade: o conceito de cidade está ligado ao proces- do espaço geográfico se relaciona com os espaços
so estabelecido de acordo com o número de habi-
públicos e privados e quais são os modos de vida
tantes; nesse espaço, caracterizado como cidade,
estabelecidos ali;
ocorre a produção de diversas e variadas ativida-
des econômicas. z Como as cidades são caracterizadas e de que forma
seus bairros e /ou distritos são distribuídos;
De acordo com os critérios do IBGE, são conside- z Os problemas sociais enfrentados pelos habitan-
radas cidades rurais todas as cidades com popula- tes, em especial, a questão da desigualdade social,
ção inferior a vinte mil habitantes. Assim, as cidades a concentração de renda;
podem ser divididas em cidades rurais e cidades urba-
z Como a dinâmica do êxodo rural contribuiu para
nas, sendo que as cidades rurais podem se formar em
o processo de surgimento e formação das favelas;
áreas que possuem as caraterísticas do espaço urbano;
z Como ocorreu o processo de industrialização e o
z Metrópole: a metrópole é uma capital do estado ou estabelecimento de centros industriais;
é uma cidade com altas taxas de desenvolvimento; z Quais são os impactos gerados pelo processo de
promove impactos, influência e dependência em industrialização nos centros urbanos, como a for-
relação as outras cidades, sendo que tais influên- mação de ilhas de calor, ocorrência de chuvas áci-
cias são nos campos social, político e econômico; das e o processo de inversão térmica.

As metrópoles são classificadas da seguinte maneira: Nesse contexto, a geografia urbana tem extrema
importância e nos ajuda a compreender o processo de
„ Metrópole Regional: exerce influência em ní- produção do espaço urbano, as relações que ocorrem
veis e esferas locais e, como exercem influên- entre os seres humanos e esse meio, além de com-
cia, são de extrema importância para uma de- preender o crescimento das grandes cidades e como
terminada região; ocorre o processo de influência dessas cidades com
„ Metrópoles Nacionais: formada pelo conjunto de outras localidades e territorialidades a partir da ótica
grandes cidades do país, realizam o processo de
geopolítica. Também é possível compreender, através
impacto em diversas localidades e diversas regiões.
da geografia urbana, como os processos de organiza-
ção das cidades, as políticas habitacionais deficitárias
z Macrorregião, Megalópoles e Conurbação: Com-
preende-se como macrorregião todos os muníci- que causam problemas habitacionais que são impul-
pios que estão localizados em seus limites territo- sionados pelo crescimento das populações de forma
riais e que se influenciam de forma mútua. As me- rápida e desorganizada.
galópoles são formadas pelo conjunto de metrópo- A partir desses estudos é possível a criação e o esta-
les que estão interligadas e próximas do ponto de belecimento de políticas públicas que sejam eficientes
vista geográfico. O processo de delimitação e de- e suficientes para a cidade se reestruturar e continuar
marcação das divisas e limites fica quase impossí- crescendo, porém, a partir deste momento, de forma
vel de ser determinado. O processo de conurbação organizada e planejada.
pode ser compreendido como a junção entre dois
ou mais municípios os quais se unem devido ao rá- Rede Urbana, Hierarquia Urbana, Regiões
pido processo de crescimento de ambos e não é pos- Metropolitanas
sível mais identificar as áreas de limite de cada um.
O processo de interligação entre as cidades possi-
Podemos destacar, também, outros objetos de
bilita a formação de uma rede urbana. Nesse processo
estudo da geografia urbana, a qual não se limita em
cada cidade vai se especializando em atividades, cons-
somente compreender, entender e analisar os pro-
cessos de urbanização em todo o mundo. Ocorre uma tituindo, assim, certa hierarquia entre os municípios.
correlação com outras áreas, como a história das Podemos citar, como exemplo, o caso da cidade de
cidades, as suas principais características, os modos Santos, onde está localizado o Porto, que possui uma
de produção que foram e são estabelecidos ali e com função específica na rede urbana no estado de São
todo o processo de relação que existe no meio urbano. Paulo. Há, portanto, uma interação entre as atividades
GEOGRAFIA DO BRASIL

Os outros assuntos que são desenvolvidos e estu- realizadas no interior do estado e a cidade de Santos,
dados pela geografia urbana são: em decorrência da dinâmica do seu porto.
Existem, assim, cidades com outras funções cen-
z O processo de urbanização que ocorre em uma trais. Vejamos:
cidade;
z Os problemas que são gerados pelo fato de as cida- z Função religiosa: Juazeiro do Norte (CE) e Apareci-
des crescerem de forma não organizada e não da do Norte (SP).;
estruturada e quais são as consequências geradas z Função histórica e cultural: Ouro Preto (MG), Cida-
por esses processos; de de Goiás (GO), Paraty (RJ);
z A questão da dinâmica de circulação de pessoas, os z Função turística: Campos do Jordão (SP), Porto
desafios da implantação e da solução para os pro- Seguro (BA), Bonito (MS);
blemas de mobilidade urbana, o fluxo e a logística z Função industrial: Contagem (MG), Cubatão (SP),
no setor de transportes;
Volta Redonda (RJ), Camaçari (BA), Suape (PE). 297
De acordo com o nível de importância histórica, que essas três últimas foram inseridas no seleto grupo
algumas cidades podem exercer várias funções den- de metrópoles nacionais agora em junho de 2020.
tro de uma rede urbana, como é o caso da cidade de A reclassificação do termo metrópole nacional
São Paulo. Com o passar do tempo, as cidades podem vem ocorrendo desde o ano 2000. O IBGE e o IPEA
desenvolver outras funções, aumentando assim os
(Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) desen-
seus contatos com um número cada vez maior de
volveram novos critérios e, de acordo com os estudos
lugares. Dessa forma, as cidades assumem o papel
de dar dinâmica aos fluxos nos territórios, a fim de realizados, as regiões metropolitanas sofreram alte-
comandar as políticas comerciais regionais, nacionais rações, que compreendem às áreas conturbadas nas
e, em alguns casos, internacionais. grandes metrópoles. Esse estudo considerava a exis-
O acúmulo de funções por uma determinada cida- tência de vinte e três regiões metropolitanas e, hoje, já
de permite que ela possua um maior poder territorial. são trinta e seis. Os aspectos levados em consideração
Essas funções são determinadas pela presença de são os seguintes:
grandes empresas, bancos nacionais e internacionais,
as quais também servirão para atrair populações das
z Nível de atração de investimentos e migração;
mais diversas localidades em busca de melhores con-
z A dinâmica econômica;
dições de vida.
As cidades, quando crescem, não permitem só o z A capacidade de atrair setores de tecnologia de
surgimento e o crescimento de redes urbanas, mas ponta.
também contribuem para o surgimento de redes ter-
ritoriais (transportes, telecomunicações, eletricida- Nas regiões metropolitanas mais populosas, con-
de). Pode-se concluir, com isso, que quanto maior for centra-se cerca de 37,26% da população do país. Vale
o crescimento de uma cidade, maior será a dinâmica ressaltar que, de acordo com esses novos critérios,
de produção e distribuição de alimentos, assim como nem toda RM (Região Metropolitana) tem, especifica-
o deslocamento de cargas, mercadorias e pessoas por mente, uma metrópole.
várias regiões do território.
Em relação às migrações externas, o Brasil, ao lon-
A densidade e o tamanho das redes urbanas, assim
como os difusores dos fluxos de informações, merca- go dos séculos, caracterizou-se por ser um país de imi-
dorias, bens, serviços e capitais, fazem da rede urbana grantes. Apesar dos fluxos migratórios intensos entre
um fator importante na organização do território. os séculos XVI e XX, na segunda metade do século XX,
Do final do século XIX até por volta da década de em especial nos anos 80 e 90, passou a ser um país de
1970, as cidades eram classificadas através de um sis- emigrantes, já que muitos brasileiros estavam deixan-
tema de pirâmide. Ocorria entre as cidades um pro- do o país. Os principais destinos eram os EUA, a Euro-
cesso de dependência da cidade A com as cidades pa Ocidental, o Japão, regiões com moedas fortes e
vizinhas que, posteriormente, poderia se relacionar indicadores sociais elevados, além do Paraguai, como
com a cidade mais importante nessa hierarquia.
um desdobramento da expansão da fronteira agrícola
Cada cidade ocupava um papel dentro dessa hie-
(os produtores brasileiros que migraram para o país
rarquia e, para ocorrer uma mudança no papel e na
importância de cada cidade, deveriam passar por vizinho eram denominados brasiguaios).
um processo com vários degraus e etapas, mudando Nos anos 2000, com a ascensão econômica que o
assim suas classificações de acordo com a sua impor- país teve e com as crises econômicas nas áreas que
tância na rede urbana. Subir esses degraus e passar eram os principais destinos dos brasileiros, esses
por várias etapas significava ascender na hierarquia deram início ao movimento de volta para o país.
urbana.
Com o desenvolvimento dos sistemas de transpor- REGIÕES INTEGRADAS DE DESENVOLVIMENTO
tes e telecomunicações ocorreram alterações e surgiu (RIDE), ESPAÇO URBANO E PROBLEMAS
uma nova hierarquia urbana. O desenvolvimento das URBANOS
redes permitiu a integração de localidades mais dis-
tantes aos grandes centros, através do deslocamento
Regiões Integradas de Desenvolvimento (RIDE’s),
dos fluxos globais de informação, mercadorias e capi-
Espaço Urbano e Problemas Urbanos
tal de forma cada vez mais intensa.
No ano de 2000, de acordo com dados do IBGE,
existiam na rede urbana brasileira nove metrópoles, As RIDE’s foram criadas com o intuito de pro-
duas possuíam alcance nacional (São Paulo e Rio de porcionar o desenvolvimento econômico e social. A
Janeiro, sendo que São Paulo era considerada como ideia é promover investimentos em áreas de extre-
uma cidade global) e sete metrópoles regionais – Por- ma importância para o cidadão, como: saneamento
to Alegre, Curitiba, Belo Horizonte, Salvador, Recife, ambiental, educação, turismo, segurança pública,
Fortaleza e Belém. saúde, habitação, geração de empregos, proteção ao
Era uma característica associar o termo metrópo- meio ambiente, serviços de telecomunicação, infraes-
le ao processo de conturbação de uma cidade central, trutura, entre outros fatores.
com população superior a 1 milhão de habitantes
Vale destacar, que as RIDE’s da região do Entorno
ou mais, que polarizava as demais cidades de seu
de Brasília – atende à demanda das cidades satélites,
entorno.
Atualmente, o IBGE considera a existência de quin- sendo que algumas funcionam como cidades-dor-
ze metrópoles brasileiras. Foram agregadas ao grupo mitórios, na qual o cidadão só vai para dormir, pois
anterior Manaus, Brasília, Goiânia, Vitória, Florianó- trabalha em outro município; a RIDE de Juazeiro e
polis e Campinas (a única cidade que não é capital Petrolina e, por último, a RIDE localizada na região da
298 considerada como metrópole nacional), vale destacar Grande Teresina no Piauí.
a) carvão mineral; hidráulica; petróleo, gás e derivados
HORA DE PRATICAR! b) hidráulica; biomassa ; carvão mineral
c) derivados de cana-de-açucar; carvão mineral e
1. (DECEx — 2020) Nas últimas décadas, o Brasil vem hidráulica
passando por significativas mudanças estruturais em d) petróleo, gás e derivados, hidráulica; biomassa
sua composição demográfica. Sobre esse assunto, e) hidráulica; petróleo, gás e derivados; nuclear
assinale a opção correta.
6. (DECEx — 2018) Sudene, Sudam e Codevasf são exem-
a) O Brasil permanece como um país cuja maior parte da plos de:
população vive no campo, onde a taxa de natalidade é
muito baixa. a) empresas estatais de siderurgia
b) Os avanços na medicina ainda não foram suficientes b) órgão de desenvolvimento regional
para reduzir a taxa de mortalidade ao longo dos anos. c) hidrelétricas situadas no nordeste, Amazônia e vale do
c) A taxa de fecundidade, que indica o número de nasci- são francisco
dos vivos, tem apresentado expressivo aumento neste d) planos econômicos para controle da inflação
século. e) empresas privadas de siderurgia
d) O envelhecimento da população brasileira se mantém
em níveis baixíssimos, seguindo a tendência mundial. 7. (DECEx — 2019) Quando se observa a distribuição
e) Paralelamente à redução da natalidade, a esperança setorial da PEA (população economicamente ativa)
de vida ao nascer tem aumentado no Brasil. no Brasil, percebe-se que os trabalhadores ligados ao
Comércio e Serviços respondem pela maioria absolu-
2. (DECEx — 2018) O processo de integração funcional, ta, na comparação com aqueles que trabalham nos
que ocorre entre dois ou mais núcleos urbanos limítro- outros dois setores da economia. Esse fenômeno é
fes cuja população compartilha a infraestrutura urba- conhecido como:
na e a rede de distribuição de bens e serviços, provoca
uma dinâmica de fluxos, na qual muitos trabalhadores a) desemprego tecnológico.
se movimentam diariamente entre os municípios da b) terceirização.
região metropolitana, retornando aos seus lares após c) informalidade.
a jornada de trabalho. d) hipertrofia do terciário.
Esse movimento pode ser denominado migração: e) razão dependência

a) inter-regional 8. (DECEx — 2021) Bem mais que um limite, a fronteira


b) perene é, sobretudo, uma zona de interações. A Constituição
Brasileira de 1988 considera, nas fronteiras terrestres,
c) pendular
faixa de fronteira uma largura de:
d) sazonal
e) êxodo-rural
a) 150 km.
b) 10 km.
3. (DECEx — 2019) A partir da década de 1990, inten-
c) 200 km.
sificou-se no Brasil o processo de desconcentração
d) 50 km.
industrial, ou seja, muitas indústrias deixaram áreas
e) 100 km.
tradicionais e instalaram unidades fabris em novos
espaços na busca de vantagens econômicas, como
9. (DECEx — 2020) O planejamento regional da Amazô-
menores custos de produção. Um dos fatores respon-
nia foi deflagrado em 1953 com a criação da Supe-
sáveis pelo processo de dispersão espacial da indús-
rintendência do Plano de Valorização Econômica da
tria, no Brasil, é:
Amazônia (SPVEA), cujo objetivo era coordenar planos
federais para a região, dividindo-a em regiões de pla-
a) dispersão demográfica do país. nejamento, Oriental e Ocidental, com suas respectivas
b) esgotamento das atividades tecnológicas nas áreas área de influencia e composição. Assinale a alternati-
industriais tradicionais. va que apresenta os estados brasileiros que compõem
c) predomínio de mão de obra qualificada no interior do a Amazônia Oriental.
território.
d) guerra fiscal entre estados e municípios. a) Maranhão, Pará, Amapá e Tocantins.
e) crescimento das cidades médias. b) Mato Grosso do Sul, Acre e Pará.
c) Amazonas, Roraima e Piauí.
GEOGRAFIA DO BRASIL

4. (DECEx — 2019) Em relação à produção de petróleo no d) Acre, Rondônia e Mato Grosso.


Brasil é correto afirmar que: e) Amazonas, Acre, Rondônia e Roraima.

a) as maiores jazidas ficam nas regiões metropolitanas. 10. (DECEx — 2021) O Sistema Nacional de Unidades de
b) a Amazônia brasileira é maior área produtora. Conservação (SNUC) foi criado pela lei 9.985, de 18
c) a produção em terra firme supera a produção offshore. de julho de 2000 e tem como um dos objetivos pro-
d) um percentual muito expressivo das reservas encon- teger os recursos naturais necessários à subsistência
tra-se em áreas marítimas. de populações tradicionais, respeitando e valorizando
e) ocorre em escudo cristalinos. seu conhecimento, sua cultura, promovendo-as social
e economicamente, sendo denominadas Unidades de
5. (DECEx — 2018) Dentre as opções abaixo, a correta Proteção Integral e Unidades de Uso Sustentável, con-
ordem crescente da oferta interna de energia por fonte forme a restrição ao uso. Entende-se por Unidades de
no Brasil é: Conservação de Uso Sustentável as (os): 299
a) Parques Nacionais. 16. (DECEx — 2019) Em 1980, deu-se o estouro da corrida
b) Monumentos Naturais. do ouro em Serra Pelada, localizada no estado de (o):
c) Parques Biológicos.
d) Estações Ecológicas. a) Pará.
e) Reservas Extrativistas. b) Acre.
c) Maranhão.
11. (DECEx — 2020) O clima que se estende pela faixa lito- d) Sergipe.
rânea do Nordeste ao Sudeste, com grande influencia e) Paraná.
da Massa Tropical (Ta), apresentando alta pluviosida-
de e elevadas médias térmicas. Trata-se do clima: 17. (DECEx — 2021) O Brasil tem um território de dimen-
sões continentais. Suas terras se estendem pela
a) litorâneo úmido. Zona Climática Intertropical e seu litoral é igualmente
b) tropical semiárido. extenso. Essas e outras características, imprimiram
c) equatorial úmido. no clima nacional, forte influência das massas de ar
d) subtropical úmido. oceânicas. Observe as massas de ar que atuam no ter-
e) tropical de altitude. ritório brasileiro e analise as afirmativas abaixo:
12. (DECEx — 2019)Caracteriza-se por ser quente e úmida,
por originar-se no oceano Atlântico norte e, ainda, por
atuar no litoral do Nordeste, principalmente, durante a
primavera e o verão:

a) a massa polar atlântica.


b) a massa tropical continental.
c) a massa equatorial atlântica.
d) a massa equatorial continental.
e) a massa tropical atlântica.

13. (DECEx — 2018) O fenômeno influenciado pela massa I. As massas de ar equatoriais e tropicais têm sua atua-
de ar polar atlântica e responsável por provocar queda ção atenuada no inverno, em função do avanço da
brusca de temperatura e ventos frios na Centro-Oeste Massa Polar Atlântica (mPa).
do Brasil é chamado de: II. Em grande parte da Amazônia, o clima é quente e úmi-
do o ano inteiro porque permanecem atuando massas
a) convecção quentes e úmidas – Massa Equatorial Continental
b) friagem (mEc) e Massa Equatorial Atlântica (mEa).
c) frente-fria III. Na área central do país, por consequência do encon-
d) inversão térmica tro da Massa Tropical Atlântica (mTa) e a Massa Polar
e) orográfica Atlântica (mPa), forma-se uma frente fria e há ocorrên-
cia de fortes chuvas no inverno.
14. (DECEx — 2020) O Brasil, devido a sua dimensão geo- IV. No clima subtropical ocorrem verões amenos e inver-
gráfica e a suas condições climáticas, possui diversas nos rigorosos, com chuvas mal distribuídas ao longo
bacias hidrográficas. Sobre as características dessas do ano, consequência da ação dominante da Massa
bacias, é correto afirmar que: Polar Atlântica (mPa).

a) a bacia do Rio Paraná é a bacia com maior potencial Estão corretas as afirmativas:
hidroelétrico disponível no país.
b) a bacia do Rio Amazonas apresenta um regime nival e
a) I e IV
pluvial em toda sua extensão.
b) II e III
c) na bacia do Rio Tocantins-Araguaia, localizam-se a
c) I e III
hidroelétrica de Belo Monte e também a maior ilha flu-
d) I e II
vial do mundo, a do Bananal.
e) III e IV
d) a bacia do Rio São Francisco nasce na Serra da Canas-
tra e atravessa o sertão semiárido. É navegável entre
Pirapora-MG e Juazeiro-BA. 18. (DECEx — 2021) Em relação à dinâmica recente e às
e) a bacia do Rio Parnaíba é a mais importante da região características do agronegócio praticado no Brasil, a
Nordeste e apresenta afluentes perenes em toda sua única afirmação que condiz com a realidade é:
área de drenagem.
a) A produção de frango nunca teve uma participação
15. (DECEx — 2020) É uma faixa de transição que se cons- expressiva no cenário brasileiro.
tituí de unidade paisagística nas quais mesclam vege- b) Entre 1996 e 2006, o aumento das áreas destinadas às
tação da região Nordeste e Norte, respectivamente. O pastagens superou o aumento das áreas de lavouras.
texto se refere a (ao): c) Considerando-se o aumento das áreas de lavouras
entre 1996 e 2006, os melhores resultados vieram da
a) Pantanal região Sul.
b) Pradaria. d) Estudos recentes apontam uma tendência de diminuição
c) Restinga. do número de estabelecimentos rurais especializados.
d) Manguezal. e) No que diz respeito à pecuária bovina, percebeu-se
300 e) Mata dos Cocais. uma tendência de interiorização nas últimas décadas.
19. (DECEx — 2021) Leia o texto da campanha do Minis-
tério da Saúde em favor da amamentação publicado
ANOTAÇÕES
em 2008. “NADA MAIS NATURAL QUE AMAMENTAR.
NADA MAIS IMPORTANTE QUE APOIAR. AMAMENTA-
ÇÃO: PARTICIPE E APOIE A MULHER”. O uso deste tipo
de campanha pelo Governo Federal do Brasil está dire-
tamente relacionado:

a) à redução da expectativa de vida ao nascer verificada


no país no último decênio.
b) à difusão da ideologia de gênero.
c) às altas taxas de mortalidade infantil que ainda persis-
tem no país.
d) à necessidade de fragilizar a ação de multinacionais
que monopolizam o comércio de laticínios.
e) às elevadas taxas de fecundidade verificadas no país
nas últimas décadas.

20. (DECEx — 2021) Marcado por diferentes característi-


cas físicas, o Nordeste brasileiro é comumente dividi-
do em quatro sub-regiões: Meio-norte, Sertão, Agreste
e Zona da Mata. Das características abaixo, a única
que não se encontra diretamente relacionada às pecu-
liaridades da Zona da Mata nordestina é:

a) Presença de latifúndios.
b) Clima tropical úmido.
c) Solo de massapé.
d) Vegetação de Caatinga.
e) Planícies e tabuleiros litorâneos.

9 GABARITO

1 E

2 C

3 D

4 D

5 A

6 B

7 D

8 A

9 A

10 E

11 A

12 C
GEOGRAFIA DO BRASIL

13 B

14 D

15 E

16 A

17 D

18 E

19 C

20 D
301
ANOTAÇÕES

302
SUBSTANTIVOS CONTÁVEIS E INCONTÁVEIS

TIPOS DE SUBSTANTIVOS

INGLÊS PROPER NOUNS EXEMPLOS SIGNIFICADO


Referem-se ao nome dos
Caroline Caroline
seres de modo específico,
Australia Austrália
indicando o nome de pes-
London Londres
SUBSTANTIVOS (NOUNS) soas, de locais, dos dias e
Architect Arquiteto
meses, nomes próprios de
Friday Sexta-feira
instituições, marcas e orga-
Os substantivos são responsáveis por nomear os Pepsi Pepsi
nizações, de profissões etc.
seres, isto é, nomeiam objetos, pessoas, lugares, emo-
ções, fenômenos da natureza, animais etc. Dentre
todos os elementos importantes de serem aprendi- COMMON NOUNS
dos em um outro idioma, os substantivos compõem
Referem-se ao nome dos seres de mesma categoria
uma classe de palavras cruciais para a construção
ou família, ou seja, o nome das coisas e dos objetos,
de um bom aprendizado na língua inglesa, pois é a
em geral, podendo ser algo físico, subjetivo, abstrato,
partir deles que se constitui um vasto conhecimento
contável, incontável, composto ou não. Observe os
de vocabulário. Podemos classificar os substantivos exemplos em suas diferentes categorias:
em dois grupos: proper nouns (substantivos próprios)
e common nouns (substantivos comuns). Comuns Significado
Tree Árvore
GÊNERO Leaf Folha
Flower Flor
Grass Grama
Diferentemente da língua portuguesa em que as
Dirt Terra
terminações dos substantivos podem indicar o gêne-
ro de quem se refere na oração (rico/rica; estressado/ Concretos Significado
estressada; ocupado/ocupada), em inglês, os substan- Chair Cadeira
tivos não possuem gênero gramatical. Porém, vale Fantasy Fantasia
ressaltar que existem algumas mudanças nos substan- Armor Armadura
Bee Abelha
tivos para indicar o gênero em alguns casos. Confira:
Dream Sonho
Coletivos Significado
MALE MASCULINO FEMALE FEMININO Kennel Canil
People Pessoas
Actor Ator Actress Atriz
Shoal Cardume
Waiter Garçom Waitress Garçonete Herd Manada
Grove Arvoredo
Host Anfitrião Hostess Anfitriã Abstratos Significado
Lion Leão Linoness Leoa Love Amor
Hate Ódio
Heir Herdeiro Heirness Herdeira Encouragement Encorajamento
Kindness Bondade
Nos demais casos, são substantivos diferentes os Spirit Espírito
que serão usados para representar uma pessoa do sexo
feminino e uma pessoa do sexo masculino — mother
(mãe) e father (pai); chicken (galinha) e rooster (galo); COMMON NOUNS
nephew (sobrinho) e niece (sobrinha). Os demais subs- Contáveis Significado
tantivos da língua inglesa são todos neutros, ou seja,
Table Mesa
podem representar qualquer sexo ou gênero — law-
Pencil Lápis
yer (advogado, advogada); doctor (médico, médica);
Pillow Travesseiro
employee (funcionário, funcionária); teacher (profes-
Door Porta
sor, professora).
Incontáveis Significado
Bread Pão
IMPORTANTE! Water Água
Advice Conselho
Note que nem sempre haverá formas distintas
Information Informação
INGLÊS

para cada gênero quando se trata dos substanti-


vos. A língua inglesa age, muitas vezes, de forma Compostos Significado
neutra com relação a questões linguísticas de Scuba-diving Mergulho
gênero, ou seja, não faz distinção entre gêneros Stepson Enteado
(masculino, feminino etc.). Newsstand Banca de jornal
Train station Estação de trem
303
NÚMERO DOS SUBSTANTIVOS CONTÁVEIS NO Às vezes, quando substantivos incontáveis são tra-
SINGULAR E NO PLURAL tados como substantivos contáveis, você pode usar o
artigo indefinido.
Substantivo é uma classe de palavras que se refere a
uma pessoa, lugar, coisa, evento, substância ou qualidade; z Please select a wine that you like. (Por favor, sele-
ele pode ser contável ou incontável. Substantivos contá- cione um vinho que você gosta.)
veis têm formas singular e plural, enquanto substantivos
incontáveis podem ser usados apenas no singular. O artigo indefinido não é usado com substantivos
Existem várias maneiras de classificar os substan- incontáveis. Em vez disso, o artigo definido the pode
tivos. Uma delas é se eles são substantivos contáveis ser usado com substantivos incontáveis ao se referir a
(também conhecidos como countable) ou incontáveis itens específicos.
(também conhecidos como uncountable). Substantivos
contáveis, como o termo sugere, referem-se a itens z I found the luggage that I had lost. I appreciated the
que podem ser contados. honesty of the salesman. (Encontrei a bagagem que
Observe nos exemplos a seguir as formas singula- havia perdido. Apreciei a honestidade do vendedor.)
res e plurais: z Você pode usar the com substantivos contáveis quan-
do existe apenas uma coisa ou pessoa na oração.
z table, tables; (mesa, mesas) z The baby stared at the moon in fascination. (O bebê
z month, months; (mês, meses) olhou fascinado para a lua.)
z pen, pens. (caneta, canetas) z Please take me to the doctor near the market. I’m
not feeling well. (Por favor, leve-me ao médico per-
Em geral, um substantivo contável se torna plural
to do mercado. Eu não estou me sentindo bem.)
adicionando -s no final da palavra. Mas há exceções,
como as dos exemplos a seguir: CASO GENITIVO/POSSESSIVO COM O GENITIVO
SAXÃO ’S E COM A PREPOSIÇÃO OF
z man, men; (homem, homens)
z child, children; (criança, crianças) O caso genitivo é um caso gramatical inglês que é
z goose, geese. (ganso, gansos) usado para um substantivo, pronome ou adjetivo que
modifica outro substantivo. O caso genitivo é mais
Em contraste, substantivos incontáveis não podem
comumente usado para mostrar posse, mas também
ser contados. Eles têm uma forma singular e não têm plu-
pode mostrar a origem de um objeto ou sua caracte-
ral, ou seja, você não pode adicionar um -s à palavra para
rística ou traço específico.
torná-la plural, pois geralmente já fala de um conjunto
O caso genitivo é um caso gramatical para substan-
que não se pode contar numericamente. Por exemplo:
tivos e pronomes. Normalmente, formar o caso geniti-
z dirt; (sujeira) vo envolve adicionar um apóstrofo seguido de “s” ao
z rice; (arroz) final de um substantivo. Observe:
z information; (informação)
z I bought Jim’s car. (Eu comprei o carro do Jim)
z hair. (cabelo)
Jim’s = Substantivo no caso genitivo
Alguns substantivos incontáveis são abstratos,
Car = Substantivo que recebe a posse
como advice (conselho) e knowledge (conhecimento).
z Tony’s new motorcycle is red. (A nova moto do Tony
z Her jewellery is designed by a well-known celeb-
é vermelha)
rity. (Suas joias são desenhadas por uma famosa
celebridade.) Tony = Substantivo sujeito no caso genitivo
z I needed some advice, so I went to see the counsellor. Motorcycle = Substantivo que recebe a posse
(Eu precisava de alguns conselhos, então fui ver o
conselheiro) O caso genitivo e o possessivo parecem muito
z Alguns substantivos podem ser contáveis ou incon- semelhantes porque ambos pertencem à propriedade.
táveis, dependendo do contexto ou da situação. No entanto, onde o caso possessivo sempre se refere
z We’ll have two coffees. (Nós vamos querer dois à propriedade de um substantivo, o caso genitivo não
cafés) — contável é usado estritamente para propriedade. Os exemplos
z I don’t like coffee (Eu não gosto de café) — incontável demonstrarão melhor a diferença.

Você não pode se referir a um substantivo contável z Andy’s cellphone is new. (O celular da Suzy é novo)
singular sozinho. Geralmente é usado precedido por
um artigo. Artigos referem-se a artigos indefinidos a, “Andy’s cellphone” é um exemplo do caso genitivo e do
an (um, uma) e o artigo definido the (o, a). caso possessivo. O celular pertence a Andy (o celular do
Quando o substantivo contável é mencionado pela Andy). Este é um exemplo de um substantivo que possui
primeira vez, você usa um artigo indefinido a (um, um substantivo usando a terminação apóstrofo “-s”.
uma) para palavras que começam com som de con-
soante ou an (um, uma) se o substantivo começa com z The women’s shoe section is down the hall. (A seção
som de vogal. No entanto, quando um substantivo de sapatos femininos é no final do corredor)
contável é mencionado pela segunda vez, geralmente
é precedido pelo artigo definido the. Neste exemplo, o sapato não pertence às mulheres.
Em vez disso, refere-se à sapatos para mulheres. Esta ora-
z I saw a (artigo indefinido) cat yesterday. The (artigo ção demonstra o caso genitivo, mas não o caso possessivo.
definido) cat was grey with black stripes. (Eu vi um The chef’s food was being criticized. (A comida do
304 gato ontem. O gato era cinza com listras brancas) chef de cozinha estava sendo criticada)
Neste exemplo, o caso genitivo é usado. O sentido Subject Pronouns
da oração não é de posse, pois a comida não é de posse
do chef. Aqui, o apóstrofo “-s” no final indica a comida I would love to visit your family
feita pelo chef. I Eu
Eu adoraria visitar tua família
O caso possessivo, por sua vez, é usado para mos- You never call your relatives
trar propriedade. Também pode ter o padrão posses- YOU Você, tu
Você nunca liga para seus parentes
sivo que marca a oração (‘s), usado para indicar uma
He should be more careful
relação de propriedade ou associação com uma pes- HE Ele
Ele deve ser mais cuidadoso
soa, em vez de uma coisa.
She goes scuba-diving every year
Você ainda deve usar a forma “of” (de) do caso pos- SHE Ela
Ela faz mergulho todo ano
sessivo/genitivo ao falar sobre coisas que pertencem a
outras coisas. Por exemplo: Ele, ela It’s going to be an amazing year
IT
(neutro) Vai ser um ano incrível
z The door of the garage. (A porta da garagem) We were really tired after the game
WE Nós Nós estávamos muito cansados
Você também pode dizer “the garage door”, que depois do jogo
possui o mesmo sentido.
You could come to NY one day
Vocês,
YOU Vocês poderiam vir a Nova Ior-
z The top height of the building in New York is 500 vós
que um dia
meters. (A altura máxima dos edifícios em Nova
Iorque é de 500 metros) They decided to stay home for
Christmas
THEY Eles, elas
Você também pode ver essa oração construída da Eles decidiram ficar em casa no
seguinte forma: “New York’s buildings top height”. Natal

z The content of the book. (O conteúdo do livro)

Você também pode dizer “the book content” ou “the Object Pronouns
book’s content”.

z Go to the left side of the court (Vá para o lado This car belongs to me
ME Me. mim
Este carro pertence a mim
esquerdo da quadra).
Lhe, o, a,
Você ainda pode ouvir alguém dizer algo como Would she go with you?
YOU te, ti, a
Ela iria com você?
“The father of the bride”, mas também pode ser; “The você
bride’s father.” Em outros casos, a forma “of” nunca
Lhe, o, a We should call him tomorrow
muda: “The House of Lords”. Este exemplo não é o pos- HIM
ele Nós deveríamos telefonar-lhe
sessivo, mas é o genitivo.
O maior problema que os alunos de inglês tem Lhe, a, a They decided to invite her
HER
com o “caso genético” é que nem sempre é usado para ela Eles decidiram convidá-la
mostrar posse, o caso possessivo. Pode ser usado para Lhe, o, a, a He fed it its food
mostrar uma relação entre as coisas, o caso genitivo. IT ele, a ela Eles o alimentaram com sua
Ter isso em mente é ideal para compreender melhor (neutro) comida
ambos os casos.
Would they fire us?
US Nós
Eles nos demitiriam?

Vós, lhes, I’ll give you a discount


YOU
PRONOMES (PRONOUNS) a vocês Eu lhes darei um desconto

Lhes, os, Please, let them now


Os pronomes são palavras que podem substituir, THEM
as Por favor, avise-os
em orações, o nome próprio de um lugar, uma pessoa,
um objeto, um animal etc. Quanto aos pronomes na
língua inglesa, temos algumas classificações específi-
cas para cada grupo. Confira a seguir.
PRONOMES REFLEXIVOS
PRONOMES PESSOAIS
Estes pronomes são utilizados para concordar com
INGLÊS

São eles as palavras que indicam pessoas, lugares,


o sujeito inicial da oração e eles sempre aparecem
objetos, animais, entre outros. Dentro desse grupo,
logo após o verbo. Vale ressaltar que os pronomes
existem dois casos: subject pronouns, que agem como
sujeitos nas orações, (os que realizam a ação); e object reflexivos são usados apenas com um grupo específi-
pronouns, os que são objetos da ação ou “sofrem” a co de verbos na língua inglesa, propriamente reflexi-
ação na oração. Observe seu uso e exemplos: vos. Confira, a seguir, alguns exemplos. 305
A mim, a mim mesmo, -me I check it myself
MYSELF
Eu chequei eu mesmo

A ti, a você mesmo, -te, -se Don’t blame yourself


YOURSELF
Não se culpe

A si, a si mesmo, -se He taught himself how to play the guitar


HIMSELF
Ele ensinou a si mesmo como tocar o violão

A si, a si mesma, -se She promised herself she wouldn’t go


HERSELF
Ela prometeu a si mesma que não iria

A si, a si mesmo/a, -se The machine did it itself


ITSELF
A máquina o fez por si mesma

A nós, a nós mesmos, -nos We can start the presentation ourselves


OURSELVES
Nós podemos começar a apresentação nós mesmos

A vós, a vocês mesmos, -vos, -se You should take care of yourselves
YOURSELVES
Vocês devem cuidar de si mesmos

A si, a eles mesmos, a elas mesmas, - se They can help themselves


THEMSELVES
Eles mesmos podem se ajudar

PRONOMES INDEFINIDOS E DEMONSTRATIVOS

Temos dois tipos especiais de pronomes: os demonstrativos ou relativos e os indefinidos. Os pronomes demons-
trativos são usados para indicar algo durante a oração, são eles: this (este, esta, isto), these (estes, estas), that (aque-
le, aquela, aquilo) e those (aqueles, aquelas). Veja alguns exemplos:

z We really need this money! (Nós realmente precisamos deste dinheiro!);


z They should see these flowers. (Eles deveriam ver estas flores);
z Helen will show us that beautiful painting. (Helen vai nos mostrar aquela linda pintura);
z How much for those pants? (Quanto custam aquelas calças?).

Os pronomes relativos são usados para indicar relação entre partes da oração, são eles: that (que), which (o
qual, a qual, que), whose (cujo, cuja, de quem), who (que, quem), whom (a quem). Veja alguns exemplos:

z This is the bus which takes me home (Este é o ônibus que me leva para a casa);
z Is this the girl whose house was robbed? (Esta é a garota cuja casa foi roubada?);
z He is the teacher who got arrested. (Ele é o professor que foi preso);
z The man whom you called is my husband. (O homem a quem você ligou é meu marido);
z I never knew that sang. (Eu nunca soube que você cantava).

Já os pronomes indefinidos são aqueles que acompanham o substantivo de maneira imprecisa, ou seja, sem de fato
identificar quem ou o que é o pronome através de algumas palavras específicas. Observe a tabela com alguns exemplos:

Algum, alguma, qualquer Do you have any advice?


ANY
Você tem algum conselho?

Algum, alguma, alguns, algumas There should be some information here.


SOME
Deve haver alguma informação aqui,

Muitos, muitas They have many children.


MANY
Eles têm muitos filhos

Muito, muita Our neighbor makes much noise.


MUCH
Nosso vizinho faz muito barulho.

Todo, toda, cada She knows every single room.


EVERY
Ela conhece todos os quartos.

PRONOMES POSSESSIVOS

Os pronomes possessivos, também conhecidos como pronomes substantivos, expressam pertencimento de


algo a alguém. No caso da língua inglesa, existem dois grupos de possessivos os possessive adjectives e os posses-
sive pronouns. Trataremos dos adjetivos possessivos adiante neste material, vejamos, por hora, o caso dos prono-
mes possessivos, cuja função é substituir o nome próprio ao final da oração, como objeto da oração, sem qualquer
306 flexão de número ou grau. Confira:
These socks are mine
MINE Meu, minha, meus, minhas
Estas meias são minhas

Is this book yours?


YOURS Teu, tua, seu, sua
Este livro é seu?

That enormous mansion is his


HIS Dele
Aquela mansão enorme é dele

All those white clothes are hers


HERS Dela
Todas aquelas roupas brancas são dela

This rubber bone is its


ITS Dele, dela (neutro)
Este osso de borracha é dele

Keep your hands off of it, it’s ours!


OURS Nosso, nossa
Tire suas mãos daí, é nosso!

Are these records yours?


YOURS Vosso, vossa, seu, sua
Estes discos são seus?

None of the reports are theirs


THEIRS Deles, delas
Nenhum dos relatórios é deles

É comum ao falante de língua portuguesa confundir-se e utilizar o pronome possessivo your (seu, sua) para se
referir aos sujeitos da primeira pessoa do singular he, she e it, pois em português, é possível a construção de uma
oração, como “ela ama seus pais”, considerando que “seus” é pronome possessivo referente ao sujeito ela; estaria
errada, no entanto, a tradução ao pé da letra “she loves your parents”, pois o pronome possessivo your refere-se
ao sujeito You. O correto, então, seria “she loves her parents”.

PRONOMES E ADJETIVOS INTERROGATIVOS (QUESTION WORDS)

Os adjetivos interrogativos são também conhecidos na língua inglesa como Wh- questions. No entanto, não são
todos que se qualificam como adjetivos. Os adjetivos interrogativos são utilizados em perguntas, acompanhando os
substantivos, ou seja, quantificando-os e qualificando-os de algum modo. Observe a tabela e seus respectivos exemplos:

O quê, o que, que,


WHAT What route should we take? Que rota devemos tomar?
qual, quais

WHICH Qual, quais, que Which one do you prefer? Qual deles você prefere?

WHOSE De quem Whose book is this? De quem é este livro?

HOW
Quanta, quanto How much water did you drink today? Quanta água você bebeu hoje?
MUCH

HOW
Quantos, quantos How many years have you spent abroad? Quantos anos você passou no exterior?
MANY

PRONOMES INTERROGATIVOS

Os pronomes interrogativos são elementos linguísticos usados em perguntas para as quais as respostas são um
nome. Observe a seguir a tabela:

PRONOME INTERROGATIVO PERGUNTA RESPOSTA COM NOME

What (que, o que, qual, quais) What city do you prefer? I prefer London
(Que cidade você prefere?) (Eu prefiro Londres)

Where (onde, aonde) Where have you been? I’ve been jogging at the park (Estive correndo no
(Onde você esteve?) parque)

Who (quem) Who is that boy? He is my son


(Quem é aquele garoto?) (Ele é meu filho)
INGLÊS

When (quando) When did you go there?


I went there last week. (Eu fui lá semana passada)
(Quando você foi lá?)

A partir dos exemplos, é possível observar que no caso dos pronomes interrogativos a resposta é sempre um
nome, ainda que de modo oculto ou subentendido. Os pronomes interrogativos jamais referem-se às circunstân-
cias ou razões. 307
ADJETIVOS INDEFINIDOS E DEMONSTRATIVOS

Um adjetivo indefinido é usado para descrever um substantivo em um sentido não específico. São frequente-
mente usados para descrever um substantivo com um elemento de incerteza, ou seja, sem de fato especificar a
qualidade do pronome ou substantivo a que se refere. Os adjetivos indefinidos mais comuns são any, each, few,
many, much, most, several e some. Aqui estão alguns exemplos de orações com adjetivos indefinidos:

INGLÊS PORTUGUÊS

There are several girls in the classroom. Há diversas garotas na sala de aula.

I saw some broken cups in the sink. Eu vi algumas xícaras quebradas na pia.

Do you have any new ideas? Você tem alguma nova ideia?

Many people voted for him. Muitas pessoas votaram nele.

I don’t have much time. Eu não tenho muito tempo.

We traveled there a few times. Nós viajamos para lá algumas vezes.

Eles não devem ser confundidos com pronomes indefinidos, pois modificam substantivos ou pronomes. Os
pronomes indefinidos são pronomes independentes. Por exemplo:

z We can all learn English if we work hard, but most of us can learn only a few words. (Nós todos podemos apren-
der inglês se nos esforçarmos, mas a maioria de nós consegue aprender apenas algumas palavras)

No caso dessa oração o adjetivo most se classifica como um pronome indefinido, pois refere-se à pessoa (us). O
adjetivo a few se trata de um adjetivo indefinido, pois modifica a palavra words.
Já um adjetivo demonstrativo é um adjetivo usado para descrever especificamente a posição de algo ou alguém no
espaço ou no tempo. Os adjetivos demonstrativos mais usados são this (este), that (aquele), these (estes) e those (aqueles).
Existem duas razões principais para usarmos adjetivos demonstrativos:

z Primeiro, usamos adjetivos demonstrativos para descrever a localização física de algo em relação ao falante.
Os adjetivos this e these referem-se a objetos ou pessoas mais próximas, e os adjetivos that e those referem-se
a objetos ou pessoas mais distantes. This e that são usados para modificar substantivos singulares, e these e
those são usados para modificar substantivos plurais.

Isso fará mais sentido com um exemplo. Digamos que você esteja em uma sala com dois gatos. Um gato está
ronronando alegremente contra sua perna, e o outro está cochilando no chão do outro lado da sala. Seu amigo
pergunta qual gato você gosta mais. Se você preferir o gato ao seu lado, você diria “I like this cat”. No entanto, se
você preferir o gato longe de você, aponte para ele e diga: “I like that cat”. Nesse caso, adjetivos demonstrativos
singulares (this e that) ajudaram a diferenciar os dois felinos amigáveis com base em suas localizações físicas.
Observe exemplos no singular e no plural:

SINGULAR PLURAL

Are there ingredients Estes ingredientes são


I love this T-shirt Eu amo essa camiseta.
gluten-free? sem gluten?

We’ll need this information by Nós precisaremos dessa I would like to try these Eu gostaria de provar es-
tomorrow informação até amanhã pair of shoes on. ses pares de sapatos.

Ele mora perto daquela Those glasses looked Aqueles óculos ficaram
He lives by that tree.
árvore. great on you. ótimos em você.

That was the best movie I’ve Aquele foi o melhor filme I didn’t know any of those Eu não conhecia nenhum
ever watched. que já assisti. teachers. daqueles professores.

z A segunda maneira principal de usarmos adjetivos demonstrativos é para nos referirmos a momentos no tem-
po. Assim como nos exemplos anteriores, this e these são usados ​​para se referir a momentos atuais, recentes ou
próximos no tempo, enquanto that e those são usados ​​para se referir a momentos que ocorreram ou ocorrerão
mais longe do momento atual. Por exemplo:

„ This party has been awesome! (Essa festa foi incrível)

Essa oração indica uma festa mais próxima do tempo presente.

308 „ I remember that day like it was yesterday.


Essa construção indica um dia que ocorreu há bastante tempo antes do tempo presente, possivelmente em um
passado distante.
Alguns guias gramaticais também podem descrever números ordinais como adjetivos demonstrativos porque
também podem descrever especificamente a localização de algo (em uma série, lista etc.). Os números ordinais
incluem palavras como first (primeiro), second (segundo), third (terceiro) etc. e seus equivalentes numéricos de
1st (1º), 2nd (2º), 3rd (3º) etc. Se você considerar esses adjetivos demonstrativos, a lista de adjetivos demonstrativos
é literalmente infinita.

ADJETIVOS POSSESSIVOS

Os adjetivos possessivos, no inglês, funcionam de modo parecido com os pronomes possessivos e à maneira
como os usamos. Em uma oração, eles pedem que um substantivo os acompanhe logo após seu uso. Observe os
adjetivos possessivos juntamente com o pronome a quem se referem:

PRONOME ADJETIVO POSSESSIVO EXEMPLO TRADUÇÃO

I My I love my family Eu amo minha família

You Your Is this your brother? Este é teu irmão?

He His He needs his wallet. Ele precisa de sua carteira

She Her Her mom is sick. A mãe dela está doente

It Its Where’s its toy? Onde está o brinquedo dele/dela?

We Our We love to spend our money! Nós amamos gastar nosso dinheiro!

You Your The teacher loves your kids A professora ama seus filhos

They Their Their car is very noisy O carro deles é muito barulhento

QUANTIFICADORES

Quantificadores são expressões que indicam a quantidade de objetos, pessoas ou animais na oração. Cada qual
possui o contexto adequado em que deverá ser utilizado, sendo assim importante compreender quais os princi-
pais quantificadores da língua inglesa, seus significados e aplicação prática em orações. Confira a seguir:

z Much: muito, muita; usa-se junto a substantivos incontáveis numericamente.

She has so much coffee every day. (Ela bebe muito café todo dia)
They have much patience with their kids. (Eles têm muita paciência com seus filhos)
The plant needs much water. (A planta precisa de muita água)

z Many: muitas, muitos; usado acompanhando substantivos contáveis numericamente.

They have many goals. (Eles têm muitos objetivos)


She didn’t make many calls today. (Ela não fez muitas ligações hoje)
We have many stories to tell. (Nós temos muitas histórias para contar)

z A
lot of: muitos, muitas, muitos, muitas, um monte de; usado para expressar quantidades grandes ou montan-
tes de algo, pode acompanhar substantivos contáveis ou incontáveis, sempre de modo não específico.

We have a lot of reports to read. (Nós temos muitos relatórios para ler)
They have a lot of faith. (Eles têm muita fé)
He could show you a lot of options. (Ele poderia te mostrar muitas opções)

z Some: alguns, algumas, um pouco de; acompanha apenas substantivos contáveis.

May I have some water? (Eu posso beber um pouco de água?)


We could save some money. (Nós poderíamos economizar um pouco de dinheiro)
There are some people outside. (Há algumas pessoas lá fora)
INGLÊS

z A
ny: nenhum, nenhuma, algum, alguma, qualquer; usado em orações positivas como qualquer, em orações
negativas como nenhum, nenhuma e em orações interrogativas como algum ou alguma.

He doesn’t have any friends. (Ele não tem nenhum amigo)


It could be any of the options (Poderia ser qualquer uma das opções)
Is there any other way? (Há algum outro caminho?) 309
z A
few: alguns, algumas (no sentido de pouco ou é uma garota muito legal)
menos); usado com substantivos contáveis no Correto: Bianca is a very nice girl (Bianca é uma
plural. garota muito legal)

We only have a few coins. (Nós temos apenas algu-


mas moedas) IMPORTANTE!
She has a few problems with her teacher (Ela tem
alguns problemas com sua professora) Há uma exceção para o caso de nomes próprios,
I have a few favors to ask you. (Eu tenho alguns pode-se usar o artigo the quando falamos de
favores para te pedir) uma família de pessoas usando seu sobrenome,
Ex.: the Martins (os Martins), the Kennedy (os
z F
ew: poucos, poucas (menos que a few); usado com Kennedy), the Willsons (os Willsons), etc.
substantivos contáveis.

We have few people to help. (Temos poucas pessoas z N


ão se deve usar o the antes de substantivos que
para ajudar) expressam ideia de generalização, caso contrá-
Few patients have recovered. (Poucos pacientes se rio a ideia expressa passa a ser sobre um grupo
recuperaram) específico.
There were few tools to start. (Havia poucas ferra-
mentas para começar) Incorreto: The monkeys eat bananas (Os macacos
comem bananas)
z A little: um pouco de, algum; usado com substan- Correto: Monkeys eat bananas (Macacos comem
tivos incontáveis. bananas).

We must have a little faith. (Nós devemos ter um z N


ão se deve usar o the antes de idiomas, como Ger-
pouco de fé) man, English, French, Italian etc.
You only liked it a little. (Você gostou apenas um
pouco) Incorreto: They study the Portuguese at school.
We had a little help from our friends. (Nós tivemos (Eles estudam o português na escola)
um pouco de ajuda dos nossos amigos)
Correto: They study Portuguese at school. (Eles
estudam português na escola)
z L
ittle: pouco, pouca (menos que a little, ideia nega-
tiva); usado com substantivos incontáveis.
Observe agora os casos em que se deve utilizar o
artigo the:
They had very little time to talk. (Eles tiveram mui-
to pouco tempo para conversar)
We had little hope it could happen. (Nós tínhamos z Usa-se o the antes de substantivos únicos em sua
pouca esperança de que poderia acontecer). espécie ou para referir-se a um único ser de modo
She had little tolerance to disrespect. (Ela tinha pou- específico:
ca tolerância ao desrespeito)
The ocean is still a mystery. (O oceano ainda é um
mistério)
Dica
The blue macaw is endangered. (A arara-azul está
Alguns elementos da língua agem como intensi- ameaçada de extinção)
ficadores dos quantificadores, como very (mui- The cat was missing (O gato estava perdido)
to, muita), so (tanto, tanta), much (muito, muita)
— We had so much hope (Nós tínhamos tanta z U
sa-se o the em orações cujo substantivo já foi
esperança); They had very little patience with the mencionado anteriormente pelo interlocutor,
kids (Eles tinham muito pouca paciência com as pressupondo-se que a pessoa a qual a mensagem
crianças). se direciona já saiba do que se está falando.

The job is perfect for you! (O emprego é perfeito


para você!)
ARTIGOS (ARTICLES) They saw the damage and got worried. (Eles viram
o estrago e ficaram preocupados)
ARTIGO DEFINIDO THE
z Usa-se o the para falar de pontos específicos do glo-
No inglês, temos duas classes de artigos: artigo bo terrestre.
definido e indefinido, sendo o artigo definido o the (o,
a, os, as) e os artigos indefinidos o a, an (um, uma, uns, The Equator is a pointer for countries’ weather (O
umas). Algumas regras devem ser aplicadas para o Equador é um indicador para o clima dos países)
uso correto do artigo definido the. Confira: They were discussing the Greenwich meridian sca-
les. (Eles estavam discutindo sobre as escalas do
z N
ão se deve usar o artigo the antes de nomes próprios, meridiano de Greenwich)
como Joana, Bianca, Vancouver, São Paulo etc.).
z U
sa-se o the antes de nomes de fluviais como rios,
310 Incorreto: The Bianca is a very nice girl (A Bianca mares, canais e oceanos. 
The Nile is the longest river on Earth. (O Nilo é o The less we speak the better. (Quanto menos falar-
rio mais longo do mundo) mos, melhor)
They sailed through the Pacific Ocean. (Eles veleja- The more we study the more tired we get. (Quanto
ram pelo Oceano Pacífico) mais estudamos, mais cansadas ficamos)
The cheaper the clothes the worse their quality.
z Usa-se o the antes de áreas geográficas do plano (Quanto mais barata a roupa, pior a qualidade)
cartesiano (norte, sul, leste, oeste etc.)
z Usa-se o the antes de números ordinais.
The northeast of Brazil is a dry place (O nordeste do
Brasil é um local árido)
She lives on the 1st floor. (Ela mora no 1º andar)
They went to the south. (Eles foram para o sul)
The party is on the 23rd of June. (A festa é no 23º dia
de junho)
z U
sa- se o the antes de adjetivos que tomam forma
de substantivos no plural.
ARTIGO INDEFINIDO A/AN
She could smell the flowers from her room. (Ela
podia sentir o cheiro das flores de seu quarto) Quanto aos artigos indefinidos a e an, é válido
They love driving the race cars. (Eles amam dirigir mencionar a diferença de uso entre ambas as pala-
os carros de corrida) vras. Usamos a quando o substantivo em seguida se
inicia com uma consoante ou com o som de consoan-
z U
sa-se o the antes de nomes de grupos de ilhas, te; já o an, usamos quando a palavra que o sucede se
cadeias, montanhas e golfos. inicia com uma vogal ou com o som de uma vogal.

They went to the Bahamas. (Eles foram para as z S he is a teacher. (Ela é uma professora)
Bahamas) z She is an engineer. (Ela é uma engenheira)
She visited The Maldives on her birthday. (Ela visi-
tou as Ilhas Maldivas em seu aniversário) Algumas palavras específicas da língua inglesa
são grafadas com letras iniciais em consoantes que
z U
sa-se o the antes de países com nomes compostos não possuem som ao serem pronunciadas, nestes
ou que expressam plural. casos usamos os artigos na. Ex.: an hour (uma hora);
an homage (uma homenagem); an honest man (um
The USA fought against Germany. (Os Estados Uni- homem honesto.
dos lutaram contra a Alemanha)
Have you ever been to The Netherlands? (Você já
esteve nos Países Baixos)
IMPORTANTE!
z U
sa-se o the antes de nomes de jornais, bancos e O uso de a e an serve apenas para o singular,
instituições privadas bem como ONGs e órgãos quando os substantivos se apresentam no plural,
públicos: deve-se utilizar elementos quantificadores como
many (muitos), much (muito), some (alguns), any
The UNO decided to stop violence. (A Organização
(algum, nenhum), a few (alguns), etc..
das Nações Unidas decidiu parar a violência)
The New Yorker just tweeted about it. (O New Yor-
ker acabou de tuítar sobre isso)
The National Bank was bankrupt. (O Banco Nacio-
nal estava falido)
ADJETIVOS E ADVÉRBIOS
z U
sa-se o the antes de nomes de instrumentos musi- (ADJECTIVES AND ADVERBS)
cais, ritmos e danças.
FORMAS E USOS, POSIÇÃO DOS ADJETIVOS
She loves to play the piano (Ela ama tocar piano) E ADVÉRBIOS E GRAUS DO ADJETIVO E DO
They were playing the tuba. (Eles estavam tocando ADVÉRBIO
tuba)
The tango is an Argentinian dance (O tango é uma Adjetivos: Posição, Grau De Comparação, Sinônimos
dança argentina)
e Antônimos
z Usa-se o the antes de nomes de construções e obras
famosas.
Os adjetivos são palavras que aderem qualidades e
características aos substantivos que os acompanham,
We just saw the Eiffe Tower (Acabamos de ver a
Torre Eiffel) podendo referir-se à cor, ao tamanho, à textura, ao
sabor, ao material, à emoção, ao sentimento, entre mui-
INGLÊS

The Coliseum is outstanding! (O Coliseu é incrível)


We love the Sistine Chapel (Nós amamos a Capela tas outras possíveis características de um substantivo.
Sistina) Na língua inglesa, diferentemente da língua por-
tuguesa os adjetivos tomam uma posição distinta na
z U
sa-se o the para nos referirmos ao elemento gra- oração, vindo antes do substantivo ao qual se refere.
matical de gradação comparativa (quanto mais..., Confira a diferença entre o uso de adjetivos em portu-
quanto menos...) guês e em inglês: 311
PORTUGUÊS Eu gosto do meu vestido azul

INGLÊS I like my blue dress

Observe que os adjetivos em inglês são colocados antes do substantivo ao qual se refere.

SINONÍMIA E ANTONÍMIA

Sinonímia e antonímia são recursos linguísticos de um idioma na construção vocabular. Os synonyms (sinô-
nimos) são palavras distintas que possuem o mesmo sentido e significado, elas são usadas para atribuir, ou não,
formalidade dentro do contexto em que estão inseridas. Já os antonyms (antônimos) são palavras com sentidos
opostos.
É valido ressaltar que muitas vezes palavras sinônimas, apesar de terem o mesmo sentido, podem ganhar
novos significados na oração em que estão inseridas, pois são usadas de acordo com as necessidades comunicativas
do interlocutor, que pode intencionalmente escolher a que mais se adeque às suas preferências e ao modo que
pretende comunicar a mensagem. Um exemplo disso é a questão da coloquialidade versus a informalidade da
comunicação, a escolha do uso de palavras que soem mais enfáticas e preponderantes para efeito de estilo.
Confira a seguir as tabelas com alguns sinônimos e seus significados.

z Synonyms (sinônimos):

Start Begin Começar, iniciar


Finish End Terminar, finalizar
Sick Ill Doente
Afraid Fearful Medroso, temeroso
Beautiful Pretty Bonita
Smart Intelligent Inteligente, esperto
Trousers Pants Calças
Sneakers Trainers Tênis
Rich Wealthy Rico
Put Place Colocar, alocar
Incorrect Wrong Errado
Story Tale História
Bad Evil Mau, ruim
Wear Use Usar, vestir
Stop Quit Parar
Keep Continue Manter, continuar
Catch Take Pegar
Yearly Annualy Anualmente
Difficult Hard Difícil
Choose Select Escolher, selecionar
Amazing Awesome Incrível, maravilhoso
Answer Reply Responder
Cold Chill Frio
Dangerous Hazardous Perigoso
Destroy Ruin Destruir, arruinar
Hate Loathe Detestar, odiar
Strange Odd Estranho, incomum
Problem Trouble Problema
Keep Mantain Manter
Funny Humorous Engraçado

O conhecimento de palavras antônimas pode auxiliar o estudante da língua inglesa no aprofundamento dos
estudos vocabulares, facilitando assim a compreensão e interpretação de texto. Observe a seguir a tabela com pala-
312 vras antônimas e seus significados.
z Antonyms (antônimos):

Go Ir Come Vir
Open Abrir Close Fechar
Young Jovem Old Velho
Tall Alto Short Baixo
Up Acima Down Abaixo
High Alto Low Baixo
Yes Sim No Não
Early Cedo Late Tarde
Dark Escuro Light Claro
Full Cheio Empty Vazio
Fast Rápido Slow Devagar
Right Certo Wrong Errado
Calm Calmo Angry Nervoso
Easy Fácil Difficult Difícil
Big Grande Small Pequeno
Good Bom Bad Ruim
Cheap Barato Expensive Caro
More Mais Less Menos
Near Perto Far Longe
Fat Gordo Thin Magro
Happy Feliz Sad Triste
Right Direita Left Esquerda
Alone Sozinho Together Junto
Soft Macio Hard Duro
Cautious Cuidadoso Careless Descuidado
Complex Complexo Simple Simples

Há ainda casos de antônimos de palavras que possuem a mesma raiz, mas são acrescidas de um prefixo para
identifcar a ideia de oposição. Estes prefixos podem ser -in, -un, -dis, -mis, -im ou -ir. Veja exemplos na tabela a
seguir com os antônimos e seus significados:

Correct Correto Incorrect Incorreto


Attentive Atento Inattentive Desatento
Justice Justiça Injustice Injustiça
Believable Crível Unbelievable Inacreditável
Able Capaz, apto Unable Incapaz, inapto
Happy Feliz Unhappy Infeliz
Respectful Respeitoso Disrespectful Desrespeitoso
Obedient Obediente Disobedient Desobediente
Agree Concordar Disagree Discordar
Behave Comportar-se Misbehave Comportar-se mal
Understanding Entendimento Misunderstanding Mal-entendido
Spell Soletrar Mispell Soletrar errado
Mature Maduro Immature Imaturo
INGLÊS

Mesurable Mensurável Immesurable Imensurável


Material Material Immaterial Imaterial
Responsible Responsável Irresponsible Irresponsável
Rational Racional Irrational Irracional
Reconcilable Reconciliável Irreconcilable Irreconciliável
313
ADJETIVO: FORMAÇÃO PELO GERÚNDIO E PELO PARTICÍPIO E GRAU DE COMPARAÇÃO

Os adjetivos são palavras que aderem qualidades e características aos substantivos que os acompanham. Na
língua inglesa, existem duas diferentes classes de adjetivos; cada qual possui sua correta posição diante do subs-
tantivo que acompanha, segundo seu propósito. São elas: os adjetivos formados pelo gerúndio, os quais são pala-
vras terminadas em -ing, e os adjetivos formados pelo particípio, terminados em -ed.
Os adjetivos formados pelo gerúndio possuem um sentido ativo, o qual indica uma característica ou um atri-
buto do substantivo em questão.
Já os adjetivos formados pelo particípio são marcados por um sentido passivo, o qual indica o sentimento do
substantivo diante de algo.
Confira alguns exemplos a seguir:

GERÚNDIO She was an interesting woman Ela era uma mulher interessante

PARTICÍPIO She was interested in politics and science Ela era interessada em política e ciência

GERÚNDIO The play is fascinating A peça de teatro é fascinante

PARTICÍPIO He got fascinated by the actors performance Ele ficou fascinado com a atuação dos atores

GERÚNDIO Joe’s classes are so boring As aulas do Joe são tão entediantes

I get completely bored during his classes Eu fico completamente entediado durante as aulas
PARTICÍPIO
dele

GERÚNDIO My sister’s ticks are annoying Os tiques da minha irmã são irritantes

PARTICÍPIO My dad was always annoyed at the noise Meu pai estava sempre irritado com o barulho

Outro uso dos adjetivos em inglês, além do básico objetivo de qualificar substantivos, é fazer comparações.
Observe o uso do grau comparativo por meio de adjetivos:
Com o sentido de igualdade ou semelhança na comparação, usa-se as... as na afirmativa, com o adjetivo em
questão posto ao meio de ambas as palavras, e na negativa usa-se not as... as ou not so... as. Observe:

z She is as tall as her sister (Ela é tão alta quanto a sua irmã);
z Singing is as hard as dancing (Cantar é tão difícil quanto dançar);
z Robert was not as happy as I thought he would be (Robert não estava tão feliz quanto achei que estaria);
z They can not paint as well as him (Eles não sabem pintar tão bem quanto ele).

Os adjetivos no grau comparativo podem também estabelecer relações de diferença, com palavras como more
(mais) ou less (menos), seguidas da preposição than (do que). Observe alguns exemplos:

z Kelly is more impatient than Kim (Kelly é mais impaciente do que Kim);
z My last job was more interesting than this one (Meu antigo trabalho era mais interessante que esse);
z This comedian is less funny than my brother (Esse comediante é menos engraçado que meu irmão);
z We felt less tired than the kids (Nós nos sentíamos menos cansados do que as crianças).

Quanto às relações de diferença no grau comparativo, no entanto, estabelecem-se regras sobre o uso do inten-
sificador more. Seu uso limita-se a adjetivos que possuam mais de duas sílabas, enquanto adjetivos com menos
de duas sílabas sofrem alterações em seus sufixos, os quais podem ser terminados em -er ou -ier. Observe:

+ DE DUAS SÍLABAS intelligent more intelligent mais inteligente


+ DE DUAS SÍLABAS complicated more complicated mais complicado
+ DE DUAS SÍLABAS beautiful more beautiful mais bonito
– DE DUAS SÍLABAS smart smarter mais esperto
– DE DUAS SÍLABAS fast faster mais rápido
– DE DUAS SÍLABAS easy easier mais fácil

Existem também os comparativos irregulares, ou seja, adjetivos que são exceções à regra, como:

z Good (bom) — She is better than me in Math (Ela é melhor que eu em matemática);
z Bad (ruim) — This dress is worse than the other (Esse vestido é pior que o outro);
z Far (longe) — Ellen lives farther than I thought (Ellen mora mais longe do que pensei);
314 z Little (pouco) — We have less money than you (Nós temos menos dinheiro que vocês).
VERBOS NO PRESENTE CONTÍNUO (PRESENT
VERBOS (VERBS) CONTINUOUS)

VERBOS NO TEMPO PRESENTE SIMPLES (SIMPLE O presente contínuo é utilizado para expressar
PRESENT) ações que se iniciam no presente e seguem continua-
mente. Para se comunicar no presente simples contí-
O presente simples, em inglês, a caráter de estudo, nuo é preciso utilizar o verbo to be, que corresponde
possui uma divisão simples entre pronomes. Os pro- aos verbos ser e estar na língua portuguesa. Antes de
nomes da terceira pessoa do singular enquadram-se entender o presente simples contínuo, devemos ter
em uma categoria e os demais, em outra. Apesar de
pleno conhecimento do uso desse verbo importante
suas conjugações serem simples, ao expressar ações
do idioma. Novamente, separaremos os sujeitos em
no tempo presente, em alguns casos, elas se diferen-
ciam. O padrão de conjugação, no presente simples, dois grupos, para conjugarmos o verbo to be no tem-
é estabelecido retirando o “to” do verbo no infinitivo po presente na afirmativa (obs.: abre-se apenas uma
em todos os casos. exceção para o sujeito em primeira pessoa, I, que
apresenta conjugação diferenciada):
Ex.: to eat — comer // I eat bread. (Eu como pão).
I (eu) Am (sou/estou)
Observe que o “to” foi removido, para realizar a
conjugação de acordo com o pronome em questão. You (tu, você) Are (é/está)
Essa regra se aplica à seguinte lista de pronomes We (nós) Are (somos/estamos)
(veja, como exemplo, a conjugação do verbo citado
anteriormente): You (vós, vocês) Are (são/estão)
They (Eles, elas) Are (são/estão)
I (eu) Eat He (ele) Is (é/está)
You (tu, você) Eat She (ela) Is (é/está)
He/she/it (ele, ela) Eats It (ele, ela, neutro) Is (é/está)
We (nós) Eat
Na negativa, acrescenta-se not ao verbo, podendo ser
You (vós, vocês) Eat apresentado nas suas opções em contração aren’t e isn’t.
They (Eles, elas) Eat

Observe que, no caso dos pronomes na terceira I (eu) Am not (não sou/não estou)
pessoa do singular he, she e it, a conjugação ocorrerá You (tu, você) Are not ou aren’t (não é/não está)
de modo diferenciado. Aos verbos que acompanham
esses pronomes, acrescentam-se “s”, “es” ou “ies”. Are not ou aren’t (não somos/não
We (nós)
Verbos terminados em consoantes, de forma geral, estamos)
apresentam terminação padrão “s”, como é o caso dos You (vós, vocês) Are not ou aren’t (não são/não estão)
verbos to drink (beber), to play (jogar), to speak (falar).
Veja: They (Eles, elas) Are not ou aren’t (não são/não estão)
He (ele) Is not ou isn’t (não é/não está)
To Drink
She (ela) Is not ou isn’t (não é/não está)
It (ele, ela, neutro) Is not ou isn’t (não é/não está)
He (ele) Drinks
She (ela) Drinks Já na interrogativa, inverte-se o sujeito e o verbo.
It (ele, ela, neutro) Drinks Observe:

No caso de verbos terminados em x, ch, s, ss e sh, acres-


Am I? (Eu sou? / Eu estou?)
centamos “es”, como no caso do verbo to finish (terminar).
Are You? (Você é? / Você está?)
He (ele) Finishes Are We? (Nós somos? / Nós
estamos?)
She (ela) Finishes
It (ele, ela, neutro) Finishes Are You? (Você é? / Você está?)
Are They? (Eles são? / Eles estão?)
Em alguns casos, em verbos com terminações em
y precedidos por uma consoante, como em to study Is He? (Ele é? / Ele está?)
(estudar), to fly (voar) e to cry (chorar). Is She? (Ela é? / Ela está?)
Is It? (Ele/ela é? / Ele/ela está?)
INGLÊS

To Study
A partir do conhecimento desse tempo verbal,
He (ele) studies podemos explorar a estrutura do present continuous.
She (ela) studies Ao verbo to be, adiciona-se um verbo de ação no gerún-
dio, caracterizado, na língua inglesa, pelo sufixo -ing, a
It (ele, ela, neutro) studies
fim de expressar uma ação contínua. Observe: 315
z Lucy is playing with the other kids. (Lucy está brin- O mesmo ocorre quando as frases são interrogati-
cando com as outras crianças);
vas; iniciamos a pergunta com o uso do auxiliar did.
z You aren’t doing your job well. (Você não está
fazendo seu trabalho bem);
z Are they studying for the test? (Eles estão estudan-
do para a prova?). Did I study at a public Eu estudei em uma esco-
school? la pública?
VERBOS NO PASSADO SIMPLES (PAST SIMPLE ) Did you work really hard? Você trabalhou duro?

O passado simples da língua inglesa é utilizado Did she finish high school Ela terminou o ensino
para expressar ações realizadas e finalizadas no tem- in January? médio em janeiro?
po passado. Ao utilizarmos este tempo verbal, deve-
Did we start a new busi- Nós começamos um
mos ter em mente dois conceitos importantes: o uso
ness course? novo curso de negócios?
do verbo auxiliar did e a existência de dois grupos de
verbos no passado (regulares e irregulares). Did you cry the whole Vocês choraram durante
Os verbos regulares no passado possuem uma ter- movie? o filme todo?
minação padrão em “ed” ou “ied” (verbos terminados
em y precedidos por uma consoante). Porém, existem Did they try to convince Eles tentaram convencê-
muitas exceções e muitos verbos que não se compor- her of the truth? -la da verdade?
tam da mesma maneira quando conjugados no tempo
passado; estes são chamados irregulares.
Quando nos referimos aos verbos irregulares do
No entanto, a mudança nos verbos para o tempo
passado através de modificações na estrutura do pró- passado, não podemos definir nenhuma regra espe-
prio verbo ocorre apenas em frases afirmativas. Em
frases negativas e interrogativas, utilizamos o verbo cífica para identificá-los, mas podemos memorizar as
auxiliar did e o verbo retorna ao seu estado original exceções para melhor nos comunicarmos em inglês.
(infinitivo sem o “to”).
Confira alguns exemplos com verbos regulares na Confira a seguir uma tabela de verbos irregulares
afirmativa: como exemplo:

I studied at a public Eu estudei em uma esco-


school la pública VERBO
VERBO NO
TRADUÇÃO IRREGULAR NO
You worked really hard! Você trabalhou duro! INFINITIVO
PASSADO
She finished high school Ela terminou o ensino To eat Comer Ate
in January médio em janeiro
To come Vir Came
We started a new busi- Nós começamos um
ness course novo curso de negócios To leave Partir, sair, deixar Left

You cried the whole Vocês choraram durante To


Entender Understood
movie o filme todo understand

They tried to convince her Eles tentaram convencê- To say Dizer Said
of the truth -la da verdade
To send Enviar Sent

Observe agora as mesmas frases na negativa, quan- To write Escrever Wrote


do se faz necessário o uso do verbo auxiliar do passado
did + not, costumeiramente contraído para didn’t. Note To read Ler Read
que o verbo retorna ao seu estado original infinitivo. To run Correr Ran

To lend Emprestar Lent


I didn’t study at a public Eu não estudei em uma
school escola pública To put Colocar, pôr Put

You didn’t work really To drive Dirigir Drove


Você não trabalhou duro!
hard!
To take Levar Took
She didn’t finish high Ela não terminou o ensino
school in January médio em janeiro To keep Manter, guardar Kept

We didn’t start a new Nós não começamos um To wake up Acordar Woke up


business course novo curso de negócios To get Pegar, conseguir Got
You didn’t cry the whole Vocês não choraram du- To bring Trazer Brought
movie rante o filme todo
To buy Comprar Bought
They didn’t try to convin- Eles não tentaram con-
ce her of the truth vencê-la da verdade To sell Vender Sold
316
VERBOS NO PASSADO CONTÍNUO (PAST A partir do conhecimento desse tempo verbal,
CONTINUOUS) podemos explorar a estrutura do past continuous. Ao
verbo to be, adiciona-se um verbo de ação no gerún-
dio, caracterizado, na língua inglesa, pelo sufixo -ing,
O uso do passado contínuo é utilizado para expres-
a fim de expressar uma ação contínua. Observe:
sar ações que se iniciam no passado e seguem con-
tinuamente nele. Para se comunicar no passado z Luke was playing with Jimmy. (Luke estava brin-
cando com Jimmy);
contínuo é preciso utilizar o verbo to be, que corres-
z You weren’t doing the it correctly. (Você não estava
ponde aos verbos ser e estar na língua portuguesa. fazendo corretamente);
Separaremos os sujeitos em dois grupos para conju- z Were they working abroad? (Eles estavam traba-
lhando no exterior?).
garmos o verbo to be no tempo passado na afirmativa:
VERBOS NO FUTURO IMEDIATO (FUTURE WITH
GOING TO)
I (eu) Was (era/estava)

He (ele) Was (era/estava) O simple future tense em inglês é o tempo verbal


usado para expressar ações futuras. Existem dois
She (ela) Was (era/estava) tipos: o futuro próximo ou certo e o futuro mais dis-
tante e incerto. O primeiro é marcado pelo verbo to be
It (ele, ela, Was (era/estava)
+ going to; o segundo é marcado pelo verbo modal de
neutro)
futuro — will.
You (tu, você) Were (era/estava) Para tratar de situações que acontecerão em um
futuro próximo ou são mais prováveis de acontecer,
We (nós) Were (éramos/estávamos) utilizamos:
You (vós, vocês) Were (eram/estavam)
Verb to be + going to + um verbo complementar + com-
They (Eles, elas) Were (eram/estavam plemento do assunto.

Na negativa, acrescenta-se not ao verbo, was not e Confira a seguir alguns exemplos:
were not, podendo ser apresentados nas suas opções
z She is going to spend Christmas with her family.
em contração wasn’t e weren’t.
(futuro próximo/certeza) / (Ela vai passar o Natal
com a família dela);
z They aren’t going to believe my story. (grandes
I (eu) Wasn’t (não era/estava)
chances/probabilidade) / (Eles não vão acreditar
He (ele) Wasn’t (não era/estava) na minha história);
z Are you going to accept the job? (certeza/probabili-
She (ela) Wasn’t (não era/estava) dade) / (Você vai aceitar o emprego?).
It (ele, ela, Wasn’t (não era/estava)
neutro) A conjugação das orações com going to no futuro
simples se dá do mesmo modo que as orações com
You (tu, você) Weren’t (não era/estava) verb to be no presente simples.
Em orações cuja intenção é expressar um futuro
We (nós) Weren’t (não éramos/estávamos) incerto ou mais distante do presente, usa-se o will. Sua
You (vós, vocês) Weren’t (não eram/estavam) estrutura é bem simples. Observe um exemplo na afir-
mativa com will + verbo no tempo presente.
They (eles, elas) Weren’t (não eram/estavam)
z Matthew will live in Canada in a couple of years /
Matheus viverá no Canadá daqui alguns anos.
Já na interrogativa, inverte-se o sujeito e o verbo.
Observe: Na negativa, somamos o will + not, o que poderá
ser contraído para won’t.

Was I? (Eu era/estava?) z She won’t accept the judge’s decision / She will not
accept the judge’s decision. (Ela não aceitará a deci-
Was He? (Ele era/estava?)
são do juiz).
Was She? (Ela era/estava?)
Na interrogativa, inverte-se a posição do verbo
Was It? (Ele/ela era/estava?) modal will e o sujeito em questão na oração. Se a
INGLÊS

oração estiver na negativa, acrescenta-se, ao verbo


Were You? (Você era/estava?)
modal, o not, resultando em Won’t, forma utilizadapa-
Were We? (Nós éramos/estávamos?) ra confirmar ou reafirmar informações através de
uma pergunta. Confira:
Were You? (Vocês eram/estavam?)
z Will you say yes if he proposes to you? / (Você dirá
Were They? (Eles eram/estavam?)
sim se ele te pedir a mão?); 317
z Won’t you travel to Bulgaria next year? / (Você não z Affirmative form
viajará para a Bulgária no próximo ano?).
A formação de frases de futuro com shall na forma
FUTURE CONTINUOUS afirmativa segue a seguinte estrutura:
Sujeito + shall + verbo principal no infinitivo sem
O future continuous, como o próprio nome indica, o to + complemento
expressa ações contínuas no tempo futuro, ou seja Exemplos:
ações que se iniciam e pretendem continuar ocorren- I shall write a report. (Escreverei um relatório.)
do mais adiante no futuro. No português, chamamos We shall decide after the conference. (Decidiremos
esse recurso linguístico de redundância e temos o cos- depois da conferência.)
tume de expressar ações futuras apenas no modo sim-
ples. Observe a oração a seguir: z Negative form

A formação de frases de futuro com shall na forma


z Ele estará conversando com vocês sobre o assunto
negativa segue a seguinte estrutura:
durante a palestra.
Sujeito + shall + not + verbo principal no infinitivo
sem o to + complemento
É preferível que essa oração seja substituída por “ele
Exemplos:
conversará com vocês sobre o assunto durante a pales-
I shall not write a report. (Não escreverei um
tra” na língua portuguesa. No inglês, no entanto, utiliza-
relatório.)
-se do present continuous para indicar que a ação será
We shall not decide after the conference. (Não deci-
contínua e permanecerá sendo realizada por mais tem-
diremos depois da conferência.)1
po do que de costume. Para isso, utilizamos o auxiliar do
futuro will+ o verb to be no infinitivo (sem o “to”) + um FUTURO COM WILL
verbo com ing + complemento da frase.
O verbo modal will age diferente dos demais ver-
He will be talking to you about the subject during bos modais, pois modifica o tempo verbal do verbo
the lecture. que o segue, transformando a oração em um futuro
simples, não possuindo significado em si próprio.
Veja a seguir mais exemplos em diferentes modos:
z Afirmativa: I will visit my friends abroad (Eu visi-
The principal will be hosting the tarei meus amigos no exterior);
AFIRMATIVA anual party / O diretor estará sen- z Negativa: They will not/won’t believe me (Eles não
do o anfitrião da festa anual acreditarão em mim);
She won’t be calling any of the em- z Interrogativa: Will you be there? (Você estará lá?).
ployees this week / Ela não estará
NEGATIVA
ligando para nenhum funcionário VERBOS NO PRESENTE PERFEITO (PRESENT
esta semana PERFECT)
Will she be attending prom with
O present perfect é um tempo verbal da língua ingle-
her boyfriend? / Ela estará indo
INTERROGATIVA sa que não encontra equivalência em português, cons-
à festa de formatura com seu
namorado? tituído um dos tempos verbais mais controversos do
idioma. Entender sua estrutura e propósito facilitam a
Won’t they be reading a new book compreensão de quem estuda inglês. Apesar de ser simi-
NEGATIVA by next class? / Ele não estará lar ao passado simples quando traduzido literalmente,
INTERROGATIVA lendo um livro novo até a próxima o present perfect serve para expressar ações no tempo
aula? passado de modo indeterminado, ou seja, ações que não
precisam necessariamente ter incisão de tempo.
VERBOS NO FUTURO COM SHALL/WILL (SIMPLE No passado simples (simple past), as ações ocorrem
e terminam no passado e isso é comumente expresso
FUTURE)
por alguns advérbios de tempo e palavras e expres-
sões de tempo como last week (semana passada), yes-
Futuro com Shall
terday (ontem), at 3 o’clock (às 3 horas), before lunch
(antes do almoço), two months ago (há dois meses),
Shall, assim como will, é um modal verb (verbo
entre outros.
modal) utilizado para expressar ações futuras em inglês. O present perfect, por outro lado, é utilizado quan-
No entanto, shall é menos utilizado do que will, do a ação a ser reportada é mais importante do que
uma vez que é usado em situações formais. quando ela ocorreu no passado, ou seja, sem indicação
Quando usado, ele costuma aparecer em pergun- temporal e para expressar acontecimentos passados
tas, sugestões e convites, geralmente nas primeiras que tenham consequências ou repercussão no tempo
pessoas do singular e do plural (I e we). presente. Sua estrutura é baseada no verbo auxiliar
Regras de formação e exemplos: have seguido de um verbo no particípio. Confira:

318 1 MUNIZ, Carla. Toda Matéria. Disponível em: https://www.todamateria.com.br/simple-future/. Acesso em: 10 mar. 2022.
SUJEITO I z Have you ever had alcohol? (Você já ingeriu
álcool?);
HAVE/HAS (AUX.) have z They haven’t decided anything yet. (Eles não decidi-
ram nada ainda).
VERBO NO PARTICÍPIO been

COMPLEMENTO to Brazil VERBOS MODAIS CAN, COULD, MUST, MAY, MIGHT,


WOULD, SHOULD E OUGHT TO
Tradução: Eu estive no Brasil.
Os verbos modais da língua inglesa, também
conhecidos como modal verbs, são verbos auxiliares
No caso dos sujeitos I, you, we, they, utilizamos o
que acompanham o verbo de ação na oração, confe-
verbo auxiliar have e, no caso dos sujeitos he, she, it,
rindo-lhes diferentes sentidos, cada qual de acordo
usamos has, que é sua conjugação base no presente.
com seu uso e propósito. Diferentemente dos tempos
É por esse motivo que este tempo verbal leva o nome
verbais, os verbos modais não se modificam segundo
de presente perfeito. Observe que o verbo no particí-
os pronomes, mas se mantêm no mesmo padrão em
pio, no exemplo anterior, é o verbo irregular to be. Os orações afirmativas, negativas ou interrogativas com
verbos irregulares no passado, também serão irregu- qualquer um dos pronomes da língua inglesa. Confira
lares no particípio. Os verbos regulares mantêm a sua a seguir o uso de cada um deles.
estrutura do passado simples mesmo quando conjuga-
das no particípio. Veja: CAN

SUJEITO He O verbo modal can significa poder e conseguir (ou


saber — habilidade), expressando tanto uma possibili-
HAVE/HAS (AUX.) has dade quanto uma habilidade, mas pode assumir o sig-
nificado de permissão também. Confira os exemplos de
VERBO NO PARTICÍPIO talked
seu uso na afirmativa, na negativa e na interrogativa.
COMPLEMENTO to the principal
z Afirmativa: She can play the piano (Ela sabe tocar
Tradução: Ele conversou com o diretor. piano) — habilidade;
z Negativa: We can not/can’t go with you (Nós não
podemos ir com você) — possibilidade;
O verbo to talk (conversar) é um verbo regular e,
z Interrogativa: Can I visit grandma this weekend?
portanto, assume sua forma no particípio de maneira
(Eu posso visitar a vovó esse fim de semana?)
idêntica à sua forma no passado simples, talked.
— permissão.
Em frases negativas no present perfect, é o verbo
auxiliar que fica negativo. Soma-se o not ao have ou ao
Observe que na negativa acrescenta-se o not (não)
has, podendo vir contraídos, como haven’t ou hasn’t.
após o verbo modal ou implanta-se o not no próprio
verbo através de uma modificação contraída. Essa
z She hasn’t called me to explain it. (Ela não me ligou
regra se aplica a outros verbos modais, como veremos
para explicar.); a seguir.
z They haven’t started the monthly planning. (Eles
não começaram o planejamento mensal); MAY
z It hasn’t made any sense to me. (Não fez nenhum
sentido para mim); O verbo modal may pode ser considerado a versão
formal do can, mas que, por sua vez, expressa apenas
Em orações interrogativas, inverte-se a posição do possibilidade, pedido ou permissão.
verbo auxiliar e do sujeito:
z Afirmativa: He may get it wrong (Ele pode enten-
z Have you considered joining the army? (Você consi- der errado) — possibilidade;
derou ir para o exército?); z Negativa: My family may not like it (Minha família
z Has he lost his mind? (Ele perdeu a cabeça/ficou louco?); pode não gostar disso) — possibilidade;
z Has Jenna commented anything? (Jenna comentou z Interrogativa: May I be excused? (Você pode me
alguma coisa?). dar licença?) — permissão.

Alguns advérbios de frequência são utilizados jun- COULD


tamente ao present perfect, para indicar ações que já
ocorreram ou não em algum momento na vida, sem O could significa poderia ou conseguiria, indica uma
a necessidade da incidência de tempo. São eles: ever possibilidade ou habilidade e também pode indicar uma
(já), already (já), never (nunca) e yet (ainda, já). Eles sugestão, pedido ou permissão, mas também pode signi-
são colocados logo após o verbo auxiliar, salvo pelo ficar podia ou conseguia (ou sabia — habilidade), o pas-
yet que deve estar no fim da oração. Observe alguns
INGLÊS

sado do verbo modal can. Observe seus usos:


exemplos:
z Afirmativa: She could play the piano (Ela sabia
z She has never been to another country. (Ela nunca tocar piano) —habilidade, age como passado de can;
esteve em outro país); z Negativa: We could not/couldn’t tell her that (Nós
z I have already made many mistakes. (Eu já cometi não podíamos contar isso a ela) — permissão ou
muitos erros); possibilidade; 319
z Interrogativa: Could you pass me the salt? (Você VERBOS NO MODO IMPERATIVO (IMPERATIVE)
poderia me passar o sal?) — possibilidade ou pedido.
O imperativo trata-se de um recurso linguísti-
MIGHT co usado quando o interlocutor pretende dar uma
ordem, um comando, uma proibição ou uma instru-
O verbo modal might pode ser considerado a ver- ção de modo direto. Quando utilizamos o imperativo
são formal do could, mas, assim como o may, expres- na língua inglesa, a oração não necessita vir acompa-
sa apenas possibilidade ou pedido. Ele também pode nhada de um sujeito, porque está subentendido quem
assumir um papel de dedução. receberá a ordem pelo contexto.
Em alguns casos, quando a ação presente na frase
z Afirmativa: She might be a little sad. (Ela pode é afirmativa, é necessário que o verbo esteja em sua
estar um pouco triste) — possibilidade/dedução; forma no infinitivo, ou seja, sem conjugação, com a
z Negativa: Our cousins might not come to the ausência do “to”. É observando esse modo verbal úni-
party. (Meus primos podem não vir à festa) co que se pode identificar a presença de uma frase
— possibilidade; imperativa em inglês. Observe a seguir alguns exem-
z Interrogativa: Might I help you? (Eu posso te aju- plos afirmativos:
dar?) — pedido.
z et out of the way! (Saia do caminho);
G
SHOULD
z Wait for me, please. (Espere por mim, por favor);
O verbo modal should significa dever ou deveria z Stay here, I’ll be right back. (Fique aqui, eu já volto);
com sentido de sugestão, conselho ou aviso. Confira z Do whatever you have to do. (Faça o que tiver que
seu uso: fazer).

z Afirmativa: You should wash your hands (Você Já quando a ordem, sugestão, comando ou instru-
deveria lavar suas mãos); ção é algo negativo, com o sentido de proibição, usa-se
z Negativa: Anna should not/shouldn’t be upset do not (não) para início de frase, podendo aparecer
(Anna não deveria estar chateada); em sua forma contraída don’t. Observe:
z Interrogativa: Should I try and talk to him? (Eu
devo tentar falar com ele?). z o not feed the animals. (Não alimente os animais);
D
z Don’t talk to me like this. (Não fale comigo assim);
MUST
z Do not start it without me. (Não comece sem mim);
O verbo modal must significa dever com sentido z Don’t cry, it’s okay. (Não chore, está tudo bem).
de obrigatoriedade, proibição, regra; em outros casos,
pode indicar uma dedução, presumindo a ação ou o FORMAS DO INFINITIVO E GERÚNDIO (INFINTIVE
sentimento do sujeito da oração. Confira seu uso: AND GERUND)

z Afirmativa: Monica must be so happy with the O uso do presente contínuo é utilizado para
pregnancy (A Monica deve estar tão feliz com a expressar ações que se iniciam no presente e seguem
gravidez) — dedução; continuamente. Para utilizar o presente simples con-
z Negativa: You must not swear (Você não deve tínuo, é preciso utilizar um verbo muito famoso da
falar palavrões) — proibição; língua inglesa: o verbo ser e estar — to be. Antes de
z Interrogativa: Must we visit him? (Nós devemos entender o presente simples contínuo, devemos ter
visitá-lo?) — obrigação. pleno conhecimento do uso desse verbo importante
do idioma.
WOULD Novamente, separaremos os sujeitos em dois gru-
pos para conjugarmos o verbo ser e estar no tempo
Diferentemente dos demais verbos modais, o presente na afirmativa (obs.: abre-se apenas uma
would por si só não se traduz na língua inglesa, mas exceção para o sujeito em primeira pessoa, I, que
age como modificador do verbo que o segue, trans- apresenta conjugação diferenciada):
formando-o em um verbo no futuro do pretérito indi-
cativo, ou seja, verbos terminados em -ria, os quais
I (eu) am (sou, estou)
representam uma situação que possivelmente teria
ocorrido em algum momento antes de determinada
You (tu, você) are (é, está)
situação no passado. O modal would também pode
conferir sentido de possibilidade, desejo ou pedido We (nós) are (somos, estamos)
(ou sugestão no sentido de oferta). Confira a seguir:
You (vós, vocês) are (são, estão)
z Afirmativa: We would love to go (Nós amaríamos They (eles, elas) are (são, estão)
ir) — desejo;
z Interrogativa: Dad wouldn’t understand this He (ele) is (é, está)
situation (Papai não entenderia essa situação)
— possibilidade; She (ela) is (é, está)
z Interrogativa: Would you like some water? (Você
It (ele, ela, neutro) is (é, está)
320 gostaria de um pouco de água?) — pedido/sugestão.
Na negativa, acrescenta-se not ao verbo, podendo ser nem sequer possuem um equivalente direto e preci-
apresentado nas suas opções em contração aren’t e isn’t. sam ser explicadas com outras palavras.
Algumas expressões são utilizadas em conversas
I (eu) am not (não sou, não estou) comuns do cotidiano, cada qual possui sua peculiarida-
de, sem regras que padronizem o uso. Basta um conhe-
are not ou aren’t cimento mais popular do idioma, através de músicas,
You (tu, você) filmes, séries e vídeos, para ser capaz de identificar
(não é, não está)
quando uma expressão não quer dizer o que ela literal-
are not ou aren’t
We (nós) mente significaria ao ser traduzida. Confira uma lista
(não somos, não estamos)
de expressões idiomáticas comuns na língua inglesa:
are not ou aren’t
You (vós, vocês)
(não são, não estão) To make a long face Fazer cara de desgosto
To make something up Inventar uma história
are not ou aren’t
They (eles, elas) Recompor suas emoções,
(não são, não estão) To pull yourself together
endireitar-se
is not ou isn’t To fill in someone’s shoes Assumir o lugar de alguém
He (ele) To run errands Resolver tarefas fora de casa
(não é, não está)
To come up with Pensar e expor ideias, soluções
is not ou isn’t Estar esgotado com algo ou
She (ela) To be fed up with
(não é, não está) alguém
is not ou isn’t To cost an arm and a leg Custar muito caro
It (ele, ela, neutro)
(não é, não está) Chicken feed Salário baixo
Raining cats and dogs Chuva muito forte
Já na interrogativa, inverte-se o sujeito e o verbo. To give the could shoulder Ignorar alguém
Observe: Muito fácil, “mamão com
A piece of cake
açúcar”
Pessoas iguais, “farinha do
Am I? (Eu sou? Eu estou?) Two peas in a pod
mesmo saco”
The last straw O limite, “a gota d’água”
Are you? (Você é? Você está?)
As far as I know Até onde eu sei
Are we? (Nós somos? Nós estamos?) Abusar de algo, “passar da
To be out of line
conta”
Are you? (Você é? Você está?)
To hit the road Pegar a estrada
Are they? (Eles são? Eles estão?) To be saved by the bell Ser “salvo pelo gongo”
To break the ice “Quebrar o gelo”, descontrair
Is he? (Ele é? Ele está?)

Is she? (Ela é? Ela está?) Observe que, na tabela apresentada, algumas expres-
sões possuem equivalência na língua portuguesa e outras
Is it? (Ele/ela é? Ele/ela está?)
não. Isso ocorre devido ao fato de que traduções não são
suficientes para entender o contexto de um idioma, é pre-
A partir do conhecimento deste tempo verbal, pode-
ciso entender a cultura, a história, o humor e até a popu-
mos explorar a estrutura do present continuous. Soma-
lação de um país para realmente poder entender como
do ao verbo to be, adiciona-se um verbo de ação no
gerúndio, caracterizado na língua inglesa pelo sufixo este idioma foi construído e fundamentado.
-ing, a fim de expressar uma ação contínua. Observe: Este aprofundamento permitirá um conhecimen-
to mais amplo do idioma, o que será benéfico sempre
Lucy is playing with the other kids (Lucy está brin- que se fizer necessário estudar aspectos linguísticos
cando com as outras crianças). que estão intrinsecamente relacionados à cultura, aos
You aren’t doing your job well (Você não está fazen- costumes e à população de um país.
do seu trabalho bem).
Are they studying for the test? (Eles estão estudan- TAG QUESTIONS
do para a prova?)
As question tags ou tag questions no inglês são
VERBOS FRASAIS (PHRASAL VERBS) fór­mulas de perguntas curtas dispostas ao fim de uma
ora­ção a fim de confirmar uma informação nela pre-
Todo idioma possui uma gama de expressões idio-
sente. Diante da afirmação da oração, apresenta-se
máticas oriundas de sua cultura, do folclore, dos cos-
INGLÊS

incerteza por meio da question tag, a parte disposta


tumes e das interações entre grupos sociais em um
país. As expressões idiomáticas no inglês são frases após a vírgu­la, de modo que o receptor da mensagem
que não significam exatamente o que se esperaria tra- possa enten­der que o interlocutor pretende confirmar
duzindo-as ao pé da letra. Em alguns casos, as expres- a veracidade do que acabou de dizer. Essa estrutura é
sões possuem equivalência na língua portuguesa, em semelhante a certas expressões da língua portuguesa
outros, são tão características daquela cultura que como, por exemplo: né?, não é?, certo?, não é mesmo?. 321
Já a tag question, é estrutura­da de um modo um z Incorreto: I am a nice person, am I not? (Eu sou
pouco mais complexo. A regra de ouro dessa estrutura uma boa pessoa, não sou?);
está na inversão das formas afirmativas e negativas z Correto: I am a nice person, aren’t I? (Eu sou uma
de acordo com o que está na primeira parte da oração, boa pessoa, não sou?).
antes da vírgu­la.
Caso a oração inicial seja afirmativa, após a vírgu­ Em orações negativas, “I am not” (eu não sou),
la (question tag) haverá uma oração com o auxiliar podemos usar o final tag “am I?). Veja os exemplos:
em sentido negativo. Caso a parte inicial da oração
seja negativa, o fim será afirmativo. Ambos os casos z I am not wrong, am I? (Eu não estou errada,
seguidos da repetição do sujeito em questão. O verbo
estou?);
auxiliar da oração nem sempre estará visivelmente
z I’m not doing it right, am I? (Eu não estou fazendo
presente na estrutura da frase, sendo assim, é preci­
certo, estou?).
so observar o tempo verbal em questão e o sujeito a
quem a ação se refere para poder identifica-lo.
Veremos mais a diante esses conceitos. QUESTION TAG NO PASSADO

QUESTION TAG NO PRESENTE Para o passado, temos penas um verbo auxiliar para
estruturar frases negativas e interrogativas, o did, sendo
Antes de entrarmos no primeiro exemplo com ele utilizado com todo e qualquer pronome. Este conhe-
relação à question tags e seu uso em cada tempo cimento é de extrema relevância para a construção des-
verbal, é necessário relembrar quais são os verbos ta estrutura. Agora observe a oração em questão:
auxiliares de cada um deles. Para o presente, temos
dois verbos auxiliares para estruturar frases negati- z We had another chance, didn’t we? (Nós tínhamos
vas e interrogativas, são eles o DO e o DOES, sendo o outra chance, não é?).
primeiro utilizado com os pronomes I, you, we, they
e o segundo com he, she, it. Este conhecimento é de No exemplo acima o trecho inicial da frase é mar-
extrema relevância para a construção desta estrutura. cado pelo tempo verbal passado, indicado pelo verbo
Agora observe a oração em questão: had (tinha). É também uma frase afirmativa, o que
You love cheese, don’t you? (Você ama queijo, não é?) indica que o seu final, o trecho marcado pela ques-
No exemplo acima o trecho inicial da frase é mar- tion tag, obrigatoriamente deve estar negativo. Esse
cado pelo tempo verbal presente, indicado pelo verbo final, então, é marcado pelo auxiliar did, pois refere-
love (amar). É também uma frase afirmativa, o que indi-
-se ao passado, somado ao not (não) seguido do sujeito
ca que o seu final, o trecho marcado pela question tag,
da oração. Vale ressaltar que os auxiliares nas tags,
obrigatoriamente deve estar negativo. Este final, então é
quando negativos, devem sempre vir em sua forma
marcado pelo auxiliar DO, pois refere-se ao sujeito you
(você), somado ao not (não) seguido do sujeito da oração. contraída, ou seja, em vez de did not, usa-se didn’t,
Vale ressaltar que os auxiliares nas tags, quando negati- como no exemplo acima. Confira mais alguns exem-
vos, devem sempre vir em sua forma contraída, ou seja, plos a seguir:
em vez de do not, usa-se don’t, como no exemplo acima.
Confira mais alguns exemplos a seguir: z She enjoys the summer, doesn’t she? (Ela aprecia o
verão, não é?);
z She enjoys the summer, doesn’t she? (Ela aprecia o z He doesn’t care about it, does he? (Ele não se
verão, não é?); importa com isso, não é?);
z He doesn’t care about it, does he? (Ele não se importa z I look awful, don’t I? (Eu estou horrível, não é?).
com isso, não é?);
z I look awful, don’t I? (Eu estou horrível, não é?). Observe que as orações afirmativas possuem tags
negativas e as orações negativas possuem tags afirma-
Observe que as orações afirmativas possuem tivas, ou seja, apenas com o auxiliar e a repetição do
tags negativas e as orações negativas possuem tags pronome da oração ao final.
afirmativas, ou seja, apenas com o auxiliar e a repeti- Quando se trata do verbo irregular to be no tem-
ção do pronome da oração ao final. po passado, usam-se os próprios verbos (was e were)
Quando se trata do verbo irregular to be no tempo como auxiliares da question tag, em sua forma con-
presente, usam-se os próprios verbos (is e are) como
traída (wasn’t e weren’t). Confira os exemplos:
auxiliares da question tag, em sua forma contraída
(isn’t e aren’t). Confira os exemplos:
z He was feeling better, wasn’t he? (Ele estava se
sentindo melhor, não estava?);
z She is feeling weak, isn’t she? (Ela está se sentindo
z Anna and Josh were running, weren’t they? (Anna
fraca, não está?);
z The kids are happy today, aren’t they? (As crianças e Josh estavam correndo, não estavam?);
estão felizes hoje, não estão?); z You weren’t here two minutes ago, were you? (Você
z My grandma isn’t here anymore, is she? (Minha não estava aqui há dois minutos, estava?).
avó não está mais aqui, está?).
QUESTIONS TAGS NO FUTURO
A única exceção à regra ao uso de question tags
com o verbo to be é quando se trata da primeira pes- Para o presente, temos duas formas para traba-
soa do singular I (eu) em orações afirmativas, neste lhar, o futuro com will e o futuro com going to. Traba-
322 caso se deve usar o verbo are. Note: lharemos ambos separadamente.
Futuro com Will TAG QUESTION COM VERBOS MODAIS

O verbo auxiliar para estruturar frases afirmati- Quando se trata de verbos modais, aqueles verbos
vas, negativas e interrogativas, nesse caso, é o próprio específicos da língua inglesa que seguem regras pró-
will. Agora, observe a oração em questão: prias para suas alterações de estrutura, também temos
regras para o uso deles quanto as question tags. Antes,
z They will visit us, won’t they? (Eles nos visitarão, porém, devemos relembrar os modais e seus usos:
não é?).
Expressa habilidade,
No exemplo anterior o trecho inicial da frase é Poder,
CAN capacidade,
marcado pelo tempo verbal futuro, indicado pelo ver- conseguir
possibilidade
bo will visit (visitará). É também uma frase afirmativa,
o que indica que o seu final, o trecho marcado pela Expressa
Poderia,
question tag, obrigatoriamente deve estar negativo. COULD possibilidade,
conseguiria
Este final, então, é marcado pelo auxiliar will somado permissão, capacidade
ao not (não), seguido do sujeito da oração.
Vale ressaltar que os auxiliares nas tags, quando Expressa sugestão,
SHOULD Deveria
negativos, devem sempre vir em sua forma contraí- conselho, dever
da, ou seja, em vez de will not, usa-se won’t, como
Expressa
no exemplo acima. Confira mais alguns exemplos a MUST Dever
obrigatoriedade, dever
seguir:
Expressa permissão e
MAY Poder
z Paul will love it, won’t he? (Paul amará isso, não é?); possibilidade
z I won’t have to say anything, will I? (Eu não terei
que falar nada, não é?); Expressa permissão e
MIGHT Poderia
z Both of you will go, won’t you? (Ambos irão, não é?). possibilidade leve

Verbo + ia
Observe que as orações afirmativas possuem tags Expressa possibilidade
WOULD (modificador de
negativas e as orações negativas possuem tags afirma- e idealização
verbos)
tivas, ou seja, apenas com o auxiliar e a repetição do
pronome da oração ao final.
No caso dos modais, o verbo auxiliar para estru-
Futuro com Going to turar frases afirmativas, negativas e interrogativas
neste caso é o próprio verbo modal em questão. Este
Quando se trata do tempo verbal futuro com going conhecimento é de extrema relevância para a cons-
to, usa-se o verbo to be como auxiliar, são eles os pró- trução desta estrutura. Agora, observe as orações a
prios verbos (is e are) que atuam como auxiliares da seguir:
question tag, em sua forma contraída (isn’t e aren’t),
ou seja, ele segue a mesma regra padrão do verbo to z My parents can come, can’t they? (Meus pais
be no presente, salvo pelo uso de going to antes do ver- podem vir, não podem?);
bo principal da oração. Confira os exemplos: z They could visit us, won’t they? (Eles poderiam nos
visitar, não é?);
z She is going to travel to China, isn’t she? (Ela vai z She should stop smoking, shouldn’t she? (Ela deve-
viajar pra China, não vai?); ria parar de fumar, não deveria?);
z My children aren’t going to sleep, are they? (meus z You must do it, mustn’t you? (Você deve fazê-lo,
filhos não vão dormir, vão?); não é?);
z You are going to prepare our meal, aren’t you? z We would love to go, wouldn’t we? (Nós amaría-
(Você vai preparar nossa refeição, não vai?). mos ir, não é?).
A única exceção à regra ao uso de question tags
Nos exemplos anteriores o trecho inicial de cada fra-
com o verbo to be, auxiliar do futuro com going to, é
se é marcado por cada verbo modal em questão (can,
quando se trata da primeira pessoa do singular I (eu)
could, should, must, would). É possível observar que as
em orações afirmativas, neste caso se deve usar o ver-
frases estão na afirmativa, o que indica que suas termi-
bo are. Observe:
nações, referentes ao trecho marcado pela question tag,
z Incorreto: I am going with you, am I not? (Eu vou obrigatoriamente devem estar na negativa. Este final,
com vocês, não vou?); então é marcado pelo auxiliar de cada modal, ele pró-
z Correto: I am going with you, aren’t I? (Eu vou prio, somado ao not (não), seguido do sujeito da oração.
com vocês, não vou?). Vale ressaltar que os auxiliares nas tags, quando nega-
tivos, devem sempre vir em sua forma contraída, como
Em orações negativas, “I am not” (eu não sou), nos exemplos acima: can’t, couldn’t, shouldn’t, mustn’t,
wouldn’t. Veja mais alguns exemplos a seguir:
INGLÊS

podemos usar o final tag “am I?” (sou?). Veja os


exemplos: Anna wouldn’t agree with it, would she? (Anna não
concordaria com isso, não é?)
z I am not going to plan anything, am I? (Eu não vou I should talk to him, shouldn’t I? (Eu deveria falar
planejar nada, vou?); com ele, não é?)
z I’m not going to work tomorrow, am I? (Eu não vou My sisters could help us, couldn’t they? (Minhas
trabalhar amanhã, vou?). irmãs poderiam nos ajudar, não é?) 323
Observe que as orações afirmativas possuem tags REPOSTA (TAG
negativas e as orações negativas possuem tags afirma- PERGUNTA
ANSWER)
tivas, ou seja, apenas com o auxiliar e a repetição do She is in my class,
pronome da oração ao final. isn’t she? Yes, she is. / No,
Apenas dois verbos modais se comportam de modo (Ela está na minha she isn’t.
diferente quanto as question tags quando a oração ini- turma, não está?) (Sim, ela é. / Não,
cial está na afirmativa, são eles o may e o might. Con- Present Are you happy about ela não é)
fira os exemplos: (to be) it? Yes, I am. / No, I
(Você está feliz com am not.
He may be traveling soon, may he not? (Ele pode
isso?) (Sim, eu estou. /
estar viajando, não é?)
Não, eu não estou)
They might know the answer, might they not?
(Eles podem saber a resposta, não é?) Did you go to
Em orações negativas, porém, estes verbos modais school? Yes, I did. / No, I
adquirem o aspecto padrão dos demais modais. Veja (Você foi à escola?) didn’t.
os exemplos: Did Ruben call you? (Sim, eu fui. / Não,
He may not be traveling, may he? (Ele pode não (Ruben te ligou?) não fui)
Past
Yes, he did. / No,
estar viajando, não é?)
he didn’t
They might not know the answer, might they? (Eles
(Sim, ele ligou. /
podem não saber a resposta, não é?) Não, ele não ligou)

QUESTION TAGS NO MODO IMPERATIVO They weren’t tired, Yes, they were. /
were they? No, they weren’t.
O modo imperativo trata-se de pedidos, proibições, (Eles não estavam (Sim, eles
sugestões e exigências. No caso das question tags, pode- cansados, estavam) estavam. / Não,
Past
mos usar como exemplo a expressão let’s (vamos), fre- Was he a healthy eles não estavam.)
(to be)
quentemente usada. Quando usamos este modo, o seu kid? Yes, he was. / No,
fim é irregular, ele assume forma de plural e muda seu (Ele era uma criança he wasn’t.
auxiliar tornando-se “shall” (vamos) ao fim, sem fazer saudável?) (Sim, ele era. Não,
uso da regra de inversão negativa-afirmativa. Veja: ele não era)
Let’s go to the movies, shall we? (Vamos ao cine- Will your mom let Yes, she will. / No,
ma, não vamos?) you go? she won’t.
Let’s dance, shall we? (Vamos dançar, não vamos?) (Sua mãe vai te (Sim, ela vai. /
Ou em outros exemplos de imperativos, usa-se o Future deixar ir?) Não, ela não vai.)
will ou o would para exercer o papel de auxiliar na (will) Will they help you? Yes, they will. / No,
(Eles vão te ajudar?) they won’t.
question tag, podendo vir negativa ou afirmativa
(Sim, eles vão. /
independentemente do início da oração.
Não, eles não vão)
Get my phone for me, won’t you? (Pegue meu tele-
fone para mim, você pode?) Are we going to see Yes, we are. / No,
Do not leave, would you? (Não vá embora, você him? we aren’t.
(Nós vamos vê-lo?) (Sim, nós vamos.
poderia?)
Is he prepared? / Não, nós não
Future
(Ele está vamos)
TAG ANSWERS (going to)
preparado?) Yes, he is. / No, he
isn’t.
As tag answers são formas de respostas curtas que (Sim, ele está. /
podem simplificar a comunicação, todas elas seguem Não, ele não está)
a mesma regra das question tags, baseando-se nos
Has he been there Yes, he has. / No,
auxiliares da oração e em seus pronomes cada qual
before? he hasn’t.
com seu uso específico. Sendo assim, se uma per- (Ele esteve lá (Sim, ele esteve. /
gunta é no presente simples, a resposta será sim ou antes?) Não, não esteve)
não somado ao sujeito em questão seguido do verbo Present
Have they heard the Yes, they have. /
auxiliar do tempo verbal em sua forma afirmativa ou perfect
rumor? No, they haven’t.
negativa. Observe a tabela: (Eles ouviram o (Sim, eles ouviram.
rumor?) / Não, eles não
REPOSTA (TAG ouviram)
PERGUNTA
ANSWER) Had you seen it
Yes, I had. / No I
Do you like cheese? Yes I do. / No, I before?
hadn’t.
(Você gosta de don’t (Você tinha visto
(Sim, eu tinha. /
queijo?) (Sim, gosto. /Não, isso antes?)
Past Não, eu não tinha)
Does she read the não gosto) Had she planned the
Present perfect Yes, she had. / No,
newspaper? Yes, she does. / visit beforehand?
she hadn’t.
(Ela lê o jornal?) No, she doesn’t. (Ela havia preparado
(Sim, ela havia. /
(Sim, ela lê. / Não, a reunião de
Não ela não havia)
ela não lê) antemão?)
324
REPOSTA (TAG ON SOBRE A; EM CIMA DE; ACIMA DE; EM; NO; NA
PERGUNTA
ANSWER)
Usamos a preposição on para indicar tempo de
Will the movie have
Yes, it will. / No, it modo específico.
ended by 4?
won’t She was born on July 17th, 1992.
(O filme terá
(Sim, terá. / Não, (Ela nasceu em 17 de julho de 1992)
acabado até às 4?)
não terá) Usamos a preposição on antes dos dias da semana.
Future Will the comittee
Yes, they will. / No, We have to work on the weekend.
perfect girls have prepared
they won’t. (Nós temos que trabalhar no fim de semana)
the party by then?
(Sim, elas terão. Ron never goes jogging on Sundays.
(O comitê terá
/ Não, elas não (Ron nunca faz cooper aos domingos.)
preparado a festa
terão.) Usamos a preposição on para indicar que um
até lá?)
objeto ou pessoa sobre determinada superfície.
Her pencils are on her desk.
(Os lápis dela estão em sua escrivaninha)
Joseph is dancing on the stage.
(Joseph está dançando no palco)
Usamos a preposição on para indicar endere-
PREPOSIÇÕES (PREPOSITIONS) ços (apenas nomes).
The office is on Maple Avenue.
PREPOSIÇÕES DE TEMPO, LUGAR, MOVIMENTO E (O escritório é na avenida Maple)
FORMAS DE TRANSPORTE Usamos a preposição on para falar de meios
onde informações estão disponíveis.
Assim como no português, as preposições na lín- We watch the Oprah Winfrey show on TV.
gua inglesa são elementos que funcionam como (Nós assistimos ao show da Oprah Winfrey na TV)
conectivos entre orações, ligando-as de acordo com a You can purchase our products on our website.
relação que se pretende estabelecer entre uma infor- (Você pode adquirir nossos produtos em nosso site)
mação e outra, completando o sentido de uma frase
por completo. Algumas preposições são recorrentes e
aparecem em quase toda comunicação verbal na lín- FOR PARA; DURANTE; POR; HÁ
gua inglesa. Conheça a seguir algumas delas:
Usamos a preposição for para indicar a finali-
dade de algo.
IN DENTRO DE; EM; DE; NO; NA My wife uses our porch area for painting.
(Minha esposa usa nossa área da sacada para
Usamos a preposição in para indicar tempo. pintar)
She was born in July. Usamos a preposição for para expressar o mo-
(Ela nasceu em julho) tivo ou o propósito do objeto em questão.
Usamos a preposição in para indicar lugar. This store is for women only.
Oliver lives in Romenia. (Esta loja é apenas para mulheres)
(Oliver mora na Romênia) Usamos a preposição for para indicar a duração
Usamos a preposição in para indicar que um objeto de tempo de algum evento ou acontecimento.
ou pessoa está dentro de um determinado local. He has been working in that company for eleven
Her pencils are in her pencil case. years.
(Os lápis dela estão em seu estojo) (Ele trabalha naquela empresa há onze anos)
Lucas is working in his bedroom. You’ve been in the bathroom for half an hour.
(Lucas está trabalhando em seu quarto) (Você está no banheiro há uma hora)

TO PARA; A
AT À; ÀS; EM; NA; NO
Usamos a preposição to para indicar deslo-
Usamos a preposição at para falar as horas. camento de um local ao outro, movimento ou
Is this meeting at 5 pm? destino.
(Esta reunião é às 17h?) His family is moving to Australia in a month.
Usamos a preposição at para falar sobre ende- (A família dele vai se mudar para a Austrália
reços completos (com número, nome da rua, em um mês)
entre outros elementos). Grandma is going to the store.
They live at 97 Broadway Street, California. (A vovó está indo à loja)
(Eles moram na Rua Broadway, número 97, na Usamos a preposição to para indicar a duração
Califórnia) de tempo de um acontecimento entre seu iní-
INGLÊS

Usamos a preposição at para indicar locais cio e seu fim.


específicos. We studied together from 2011 to 2016.
He works at the National Bank. (Nós estudamos juntos de 2011 a 2016)
(Ele trabalha no Banco Nacional) Usamos a preposição to para estabelecer
Will you be waiting for us at the airport? comparação.
(Você estará esperando por nós no aeroporto?) We prefer drinking juice to drinking soda.
325
Além destas preposições, existem diversas outras As preposições de movimento indicam movimen-
que indicam lugar e lugar. Confira a seguir: to de um lugar para outro. Essas preposições sempre
descrevem movimento e geralmente as usamos com
verbos de movimento. A preposição de movimento
PREPOSIÇÕES DE TEMPO SIGNIFICADO mais comum é a preposição to (para), que descreve o
Before Antes movimento na direção de algo, por exemplo:

After Depois z How do you go to work? (Como você vai para o


trabalho?)
During Durante z He drove to London in five hours. (Ele dirigiu para
Since Desde Londres em cinco horas.)
z Nobody came to the party. (Ninguém veio para a festa)
For Por
Aqui está uma lista das preposições de movimento
Until/till Até
mais comuns, com frases de exemplo para cada uma:
From Desde, da, das
z Across: através
Up to Até agora
Movimento de um lado para o outro de algo.
By Até

At Às „ It took us three days to drive across the desert.


Levamos três dias para atravessar o deserto.
Ago Atrás „ The dog ran across the road and nearly got hit by
a car. O cachorro atravessou a estrada e quase
Past Antes (hora)
foi atropelado por um carro.

z Around: ao redor, por, pelo, pela


PREPOSIÇÕES DE LUGAR SIGNIFICADO Movimento passando por algo em uma rota curva,
On Sobre em volta e não através.

Under Debaixo „ A big dog was sleeping on the floor so she had
to walk around it. Um cachorro grande estava
In Em
dormindo no chão, então ela teve que andar ao
Above Acima redor dele.
„ They walked around the town for an hour. Eles
In front Em frente à caminharam pela cidade por uma hora.
Across Do outro lado
z Away from: longe de
Below Abaixo
Indica o ponto onde um movimento começa
Along Ao longo de
„ The mouse ran away from the cat and escaped. O
Behind Atrás
rato correu para longe/fugiu do gato e escapou.
Beside Ao lado
z Down: para baixo, descer
Between Entre

Among Entre Movimento de um ponto mais alto para um ponto


mais baixo de algo
By Ao lado de
„ They ran down the hill to the stream below. Eles
Far from Longe de desceram a colina até o riacho abaixo.
Near Perto „ He climbed down the ladder to the bottom of the
well. Ele desceu a escada até o fundo do poço.
Inside Dentro
z From: de, da, do
Outside Fora
Indicando o ponto onde um movimento começa.
Next to Próximo a/ao
e flew from Bangkok to London. Voamos de
„ W
Through Através Bangkok para Londres.
Toward Em direção a „ The police took my driving licence from me. A
polícia tirou a minha carta de direção de mim.

z Into: Dentro

Movimento para um espaço fechado; movimento


resultando em contato físico.
326
„ He got into the car and closed the door. Ele „ Hey! You just went through a red light! Ei! Você
entrou no carro e fechou a porta. acabou de passar por um sinal vermelho!
„ The car crashed into the wall. O carro bateu na
(entrou na) parede. z Towards: em direção à

z Off: fora, para fora, de, da Movimento na direção de algo


Movimento para longe (e muitas vezes para baixo)
de algo „ The night sky got brighter as they drove towards
the city. O céu noturno ficou mais brilhante
„ Please take your papers off my desk. Por favor, enquanto eles dirigiam em direção à cidade.
tire seus papéis da minha mesa. „ At last she could recognize the person coming
„ The wineglass fell off the table and shattered on towards her. Finalmente ela pôde reconhecer a
the floor. A taça de vinho caiu da mesa e se esti- pessoa que vinha em sua direção.
lhaçou no chão.
z Under: debaixo, abaixo
z On to, on: sob, em cima
Movimento diretamente abaixo de algo
Movimento para a superfície superior de algo

„ They went up on to the stage. Subiram ao palco. „ The mouse ran under the chair. O rato correu
„ Move the kettle on to the counter. Mova a chalei- debaixo da cadeira.
ra para o balcão. „ Submarines can travel under water. Os submari-
nos podem viajar debaixo d’água.
z Out of: fora, para fora
z Up: acima, subir
Indicando o espaço fechado onde começa um
movimento.
Movimento de um ponto inferior para um ponto
„ Take your hands out of your pockets and help superior de algo
me! Tire as mãos dos bolsos e me ajude!
„ He went out of the room to smoke a cigarette. „ Jack and Jill ran up the hill. Jack e Jill subiram a
Saiu do quarto para fumar um cigarro. colina correndo.
„ The boat takes two hours going up the river and
z Over: Sobre, acima one hour coming down. O barco leva duas horas
subindo o rio e uma hora descendo.
Movimento acima e através da superfície superior
ou superior de algo
Essa lista é apenas uma amostra das demais pre-
„ We are flying over the mountains. Estamos posições de movimento existentes na língua inglesa.
voando sobre as montanhas. Quando nos referimos a meios de transporte,
„ The cat jumped over the wall. O gato pulou o como car (carro), bus (ônibus), taxi (táxi), train (trem)
(por cima do) muro. etc., usamos a preposição by (de) para nos referirmos
a utilização de um desses meios de transporte para
z Past: por, pela, pelo deslocamento, observe:

Movimento de um lado para o outro de algo z She loves to travel by plane (Ela ama viajar de
„ We could see children in the playground as we avião)
drove past the school. Podíamos ver as crianças z I’d rather go there by car. (Eu prefiro ir lá de carro)
no recreio enquanto passávamos pela escola. z We would love to get to know the city by taxi (Nós
„ We gave the marathoners water as they ran past amaríamos conhecer a cidade de taxi)
us. Demos água aos maratonistas enquanto eles
passavam por nós.

z To: a, ao, para HORA DE PRATICAR!


Movimento na direção de algo 1. (DECEx — 2020) “The President ________ the New York
Times everyday.” Complete the space with the correct
„ Could you give this to Kob please? Você pode- forms of the verb.
ria dar isso para Kob, por favor?
„ Does this train go to London? Esse trem vai a) are reading
para Londres? b) is read
c) reads
INGLÊS

z Through: por, através, por meio de d) is reading


e) read
Movimento em um lado e fora do outro lado de algo
2. (DECEx — 2020) “My brother has a new job. He doesn’t
„ The train goes through a tunnel under the hill. O like _____ very much: Fill in the blank with the correct
trem passa por um túnel sob a colina. forms of the personal pronoun. 327
a) her 9. (DECEx — 2021) Complete the sentence below using
b) she the appropriate pronoun: “Sometimes, you want a
c) him search engine to find pages that have one word on
d) it ______ but not another word”.
e) he
a) They.
3. (DECEx — 2020) The plural forms of table, box, kilo, b) Them.
sky, wife and tooth are respectively c) Their.
d) These.
e) There.
a) tables, boxes, killoes, skies, wives and teeth.
b) tables, boxes, kilos, skies, wíves and tooths.
10. (DECEx — 2021) Mark the correct alternative.
c) tables, boxes, kilos, skies. wifes and teeth.
“Don’t speak so loudly! The baby ______ now.”
d) tables, boxes, kilos, skys, wives and teelh.
e) tables, boxes, kilos, skies, wives and teeth. a) sleeps.
b) are sleeping.
4. (DECEx — 2019) “________ American?” Complete c) sleep.
the space with the correct form of the verb and the d) to sleep.
pronoun. e) is sleeping.

a) Are you. 11. (DECEx — 2021) Which option has one word out of
b) You are. context?
c) Am you.
d) You is. a) shorts – sneakers – swimsuit – cap – T-shirt – skirt.
e) Is you. b) short – tall – good-looking – pretty – heavy – thin.
c) friendly – serious – funny – nice – smart – shy.
5. (DECEx — 2019) Which sentence is grammatically d) Brazilian – Russian – New Yorker – France – Spanish
correct? – English.
e) China – Mexico – Germany – Turkey – India – United
a) Camilla´ s dress is cheaper than mine. Kingdom.
b) My car is more fast than my sister’s car.
c) I went to bed more earlier than usual. 12. (DECEx — 2021) In the sentence “Jackson wasn´t
really angry, he was only pretending.”, the verb in bold
d) Gustavo is more old than his brother.
means that:
e) Going by train is expensiver thanby car.
a) Jackson acted like he was angry.
6. (DECEx — 2019) Complete the sentence below using
b) Jackson will be angry.
the appropriate words: Mr. Harris _____ trains: He is c) Jackson tried not be angry.
afraid of airplanes and _______ like buses, but ______ d) Jackson wants to be angry.
trains. e) Jackson becomes angry easily.

a) like/don’t/love. 13. (DECEx — 2021) Observe the extract below:


b) likes/don’t/love. “Everybody’s going on holiday”, Bill said. He laughed.
c) like/do/loves. “It’s going to be wonderful. No work for two weeks.”
d) like/does/love. Choose the option in which you can observe the same
e) likes/doesn’t/loves. verb tense as in the underlined words.

7. (DECEx — 2021) Todas as palavras abaixo formam o a) They are travel until Saturday.
plural em inglês como a palavra “photo”, exceto: b) We can playing basketball really well.
c) I am eating. Can you call me later?
a) video. d) She is going home every weekend.
b) piano. e) I studying Japanese. It is fantastic!
c) radio.
d) hero. 14. (DECEx — 2020)
e) kilo.
Brazilian Armed Forces
8. (DECEx — 2021) Complete the blanks with the right
The Brazilian Armed Forces is tlhe unified military
articles when necessary. Attention: the blank space
organization formed by the Brazilian Army (including
(__) in the options means no article. “In my cottage
the Brazilían Army Aviation), the Brazilian Navy (inclu-
there are _____ tables in the dining room and there is ding the Brazilian Marine Corps and Brazilian Naval
_____ armchair in _____ living room.” Aviation) and the BrazilianAir Force.
Brazil’s arrned forces are the third largest in the Ameri-
a) a, an, ___. cas, after the United States and Colombia, and the larg-
b) ___, a, the. est in Latin America by the level of mililary equipment,
c) a, ___, ___. with approximately 318,480 active-duty troops and offi-
d) ___, an, the. cers. They are expanding their presence in the Amazon
328 e) a, an, an. under the Northern Corridor (Calha Norte) program.
ln 1994, Brazilian troops joined United Nations (UN) 9 GABARITO
peacekeeping forces in five countries.
The Brazilian military, especially the army, is more
1 C
involved in civic-action programs, education, heallh
care, and constructing roads, bridges, and rállroads 2 D
across the nation. The 1988 Constitution preserves the
3 E
external and internal roles of the Armed Forces, but it
places the military under presidential authority. 4 A

5 A
(Adaptado de Brazilian Armed Forces. Revolvy, 2019. Disponível em
https://www.revolvy.com/page/Brazilian-ArmedForces? cr-1. Acesso 6 E
em: 19 de ago. de 2019)
7 D
According to the text, it is correct to say that: 8 D

a) the Brazilian Naval Aviation is part of the Brazilian Air 9 B


Force. 10 E
b) the Brazilian Army Aviation is part of the Brazilian
11 D
Navy.
c) the Brazilian Armed Forces is part of Brazillan Air 12 A
Force.
13 C
d) the Brazilian Air Force is part of the Brazilian Armed
Forces. 14 D
e) the Brazilian Marine corps is part of the Brazilian Army.
15 C

15. (DECEx — 2019)

February 25, 2019


ANOTAÇÕES
By Lise Alves, Senior Contributing Reporter

RIO DE JANEIRO, BRAZIL - Exactly one month after


Brazil’s most deadly mining disasters, firefighters and
volunteers still search for at least 131 people still mis-
sing under tons of mud left behind alter adam in the
Feijão mining complex, owned by Brazilian giant, Vale,
gave way on January 25th. So far 179 corpses have
been retrieved and identified.
“The search starts at 5 am, when the teams get up. At
6:30 am, we gather for directions, a safety briefing and
guidelines of what will be done throughout the day. The
teams are then taken into the field,” firefighter Lt. Col.
Anderson Passos tells journalists.
“At the end of the day, when the teams return, they give
us feedback on how the search went. We then hold a
meeting to plan the next day and everything repeats
itself,” concluded the official.

(Adapted from: https:/iriolimesonline. com/brazl!-news/rio-politics/


month-after-brumadinho-dam-tragedy-131-still-míssing/)

According to the text, it is correct to say that:

a) Vale’s officials are working to retrieve the corpses from


the mud.
INGLÊS

b) only firefighters are working to find the missing people.


c) firefighters and volunteers are working together to find
the missing people.
d) firefighters and volunteers are working together to
identify the retrieved corpses.
e) only volunteers are working to find the missing people. 329
ANOTAÇÕES

330

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