Você está na página 1de 10

Introdução

A abordagem que se faz no presente projecto visa essencialmente, O REGIME


JURÍDICO DO PROCESSO DISCIPLINAR NO ORDENAMENTO JURÍDICO
MOÇAMBICANO, à luz da lei de trabalho vigente e suas vicissitudes legais com intuito
de apresentar o satus question que pensamos não ter sido ainda estudado profundamente.
Sendo este apenas um projecto reservamo-nos a sintetizar os aspectos mais relevante do
nosso trabalho.

O presente trabalho enquadra-se no âmbito do Direito Especial, precisamente o Direito


do Trabalho, incidindo sobre «o processo disciplinar» e estende-se sumariamente no
Direito Público, especificamente, o Estatuto Geral dos Funcionários e Agentes do Estado,
visto que faremos um estudo sobre o Processo Disciplinar à Luz da Lei do Trabalho, que
tem algumas omissões ou vazios legais que constituem o fulcro do problema desta
monografia, e, quanto ao EGFAE constatamos que, na conjuntura política, económica e
social actual os prazos da instrução do processo disciplinar e a defesa do arguido
deveriam ser aumentados por acharmos bastante curtos. E, nesta última abordagem,
relativa ao EGFAE nos pronunciaremos de forma sintética, pois o processo disciplinar no
âmbito do Direito Público já vem sendo instaurado por muitos anos e certamente foram
limadas várias irregularidades formais, contrariamente ao processo disciplinar do Direito
do Trabalho.

4
1.1 Tema e contexto da pesquisa
O presente projecto de investigação subordina-se ao tema “O REGIME JURÍDICO DO
PROCESSO DISCIPLINAR NO ORDENAMENTO JURÍDICO MOÇAMBICANO” e
insere-se no âmbito de obtenção do grau académico de Licenciatura em Direito oferecido
pelo Instituto Superior de Ciências e Educação a Distancia, mormente conhecido por
trabalho do fim do curso, transporta consigo a pretensão de dar a conhecer de forma
concisa à questão das lacunas, imparcialidade do empregador e a prescrição do
procedimento disciplinar contra os trabalhadores.

O âmbito deste trabalho é do Direito Especial, concretamente, o Direito de Trabalho,


visto que faremos um estudo sobre o Processo Disciplinar à Luz da Lei do Trabalho.
Em sede desde trabalho abordaremos questões relativas as lacunas, imparcialidade do
empregador e a prescrição do procedimento disciplinar contra os trabalhadores e por via
disso procuraremos discutir questões atinentes ao tema.
Está na origem da escolha do tema, que será tratado sob ponto de vista estritamente
jurídico, o facto de a Lei apresentar varias lacunas, e a questão clássica da imparcialidade
a entidade empregadora na tomada da decisão final quando a mesma tem interesse e
assim como a prescrição do direito da entidade empregadora poder usar procedimento
disciplinarmente em alguns casos, pois que não é em todas as infracções exigível a
instauração de um processo.
O trabalho tem como objectivo discutir e percebermos os factos acima indicados.

1.2 Apresentação do Problema


Na sequencia de trabalhos académicos referentes ao Direito do Trabalho constatamos que:
 existem algumas lacunas nas normas jurídicas da execução do processo disciplinar,
embora possam ser integrados de acordo com o artigo 10 do Código Civil,
importa, de facto e de direito, questionar;
 pode haver imparcialidade da entidade empregadora na tomada de decisão final,
pelo facto de ser detentor do poder do empregador, previsto no artigo 60 e
seguintes da Lei do Trabalho;

5
 os fundamentos pelos quais o legislador teve a ideia da infracção disciplinar
prescrever no prazo de 6 meses, a contar da data da ocorrência da mesma nos caso
em que são aplicáveis os prazos prescricionais da lei penal, tem aspectos
importante a questionar;
 Em caso de processo disciplinar instaurado contra trabalhador ausente e em lugar
desconhecido, qual é o procedimento a seguir após o despacho da decisào final.
Em suma, são este aspectos, entre outros, que trataremos neste trabalho.

2. Delimitação do tema
O presente trabalho irá cingir-se no Capitulo III, Secção VII e Subsecção IV, da Lei n.ͦ
23/2007, de 01 de Agosto.

2.1 Objectivos
Objectivos gerais e específicos.

2.2. Objectivo geral


Conhecer o impacto do regime jurídico do processo disciplinar no ordenamento jurídico
moçambicano.

2.3. Objectivos específicos


Analisar a matéria de direito no que concerne as omissões, interpretação e integração de
lacunas.

2.4 Justificativa e importância do tema


O presente tema é actual, visto que a Lei n.ͦ 23/2007, de 01 de Agosto, veio revogar a Lei
nº 8/98, de 20 de Julho, lei esta que apresentava, varias dificuldades e lacunas na sua
aplicação directa, pelo que o legislador achou pertinente legislar sobre a matéria.
Mas mesmo assim a actual lei, também apresenta algumas lacunas, razão pela qual
achamos, pertinente efectuar um estudo que versa sobre o tema, de modo a darmos nossas
ideias para o bem da comunidade académica.

6
3. Fundamentação teórica

O estudo teórico prévio realizado pelo autor para a elaboração deste projecto incidiu
sobre a análise das normas jurídicas inerentes ao processo disciplinar da lei do trabalho
vigente, leitura sumária de obras, consulta nos sites da Internet e entrevistas a juristas
locais e nacionais, tidas como fontes orais.

3.1 Metodologia e técnicas de pesquisa

Para a concretização dos objectivos traçados para a elaboração do presente trabalho


usaremos o método indutivo e descritivo, visto que partiremos de certos casos
particulares para o geral.
Apreciação e análise de alguns processos disciplinares e em curso e findos no Tribunal
Judicial da Província de Nampula.
E por fim usaremos a observação e revisão bibliográfica.

7
4. Cronograma

Mês Semana Actividade a desenvolver


Março 3ͣ Colecta de bibliografia, dados e material em geral
4ª Idem
Abril 1ª Idem
2ª Estudo do material bibliográfico
3ª Redacção de capítulos
4ª Reuniões com supervisor
Maio 1ª Apresentação de capítulos para analise do supervisor
2ª Apresentação de versão provisória do trabalho, para
análise do supervisor
3ª Correcção e complementação do texto
4ª Revisão ortográfica
Junho 3ª Formatação final e impressão, e entrega do trabalho
escrito

8
5. Conclusão

Diante do exposto, quanto à Lei 23/2007, de 1 de Agosto, chegamos á conclusão de que


os direitos conferidos aos trabalhadores, em normas positivas, legais ou convencionais,
não podem ser relegados por eles. No entanto, no momento em que tais direitos passam
para a situação concreta, é permitido às partes a negociação, não constituindo infracção
ao princípio da irrenunciabilidade, embora nos pareça contraditório que ao mesmo tempo
em que é proibido ao trabalhador abrir mão de seus direitos, lhe é facultado num
determinado momento ceder parte destes mesmos direitos. O entendimento jurisdicional
é de que os direitos individuais trabalhistas provenientes de normas de ordem pública e
de eficácia cogente, não podem ser renunciados, no entanto, não há lei que atribua
expressamente a indisponibilidade desses direitos de uma forma geral. As normas que se
enquadram nessa situação, são aquelas específicas, dirigidas á protecção do trabalhador,
respeito á estabilidade e outros. Advindo a flexibilização como meio de combate ao
crescente desemprego, que é uma realidade em nosso país.

Na própria Constituição da República de Moçambique encontram-se plasmadas normas


que protegem, constitucionalmente os direitos dos trabalhadores e dos empregadores.

Ao longo do trabalho verificamos que, a lei laboral moçambicana, vigente, deixa muitas
penumbras que, para sua clarificação, algumas vezes é necessário socorrer-se da lei
subsidiária, e outras situações não encontram suporte legal.

A questão clássica da imparcialidade da entidade empregadora no exercício dos seus


poderes e direitos, principalmente na tomada da decisão final em processos disciplinar,
quando a mesma tem interesse obscuros e inconfessáveis, ainda prevalece no nosso
Direito do Trabalho, porque não prevê e não proíbe de uma forma clara as sanções
abusivas, pois o faz de modo não incisivo.

Os fundamentos pelos quais o legislador teve a ideia da infracção disciplinar prescrever no


prazo de 6 meses, a contar da data da ocorrência da mesma nos caso em que são aplicáveis
os prazos prescricionais da lei penal, foram de modo sintéticos abordados, porém,
9
verificou-se que tem a finalidade de proteger o interesse justo da entidade empregadora,
uma vez que se a prescrição não observasse os prazos penais em caso da infracção
coincidir com um tipo legal de crime, o empregador sairia prejudicado.

Concluímos, também, em suma que, existem mecanismos para suprir as dificuldades que
possam surgir em caso de processo disciplinar instaurado contra trabalhador ausente e em
lugar desconhecido ou que esteja na cadeia.

No que tange a Lei nº 14/2009, de 17 de Março, verificamos que melhor seria o


funcionário ou agente do Estado não acatar ordens e instruções ilegais do que executa-las e
estar sujeito a um processo disciplinar para depois verificar-se a exclusão da
responsabilidade disciplinar.

Também apercebemo-nos de que os prazos de instrução do processo e a defesa do arguido,


tomando em conta a vida moderna e suas vicissitudes o tempo torna-se escasso e é
necessário aumenta-lo.

Em resumo e em conclusão, são este aspectos, entre outros, que tratamos neste trabalho
de monografia para a licenciatura.

10
5. Recomendações

As recomendações dividem-se em duas partes. A primeira referente a Lei nº 23/2007, de


1 de Agosto e a segunda respeitante a Lei 14/2009, de 17 de Março.

Quanto a Lei do Trabalho, recomendamos que na próxima alteração feita pelo legislador
(Assembleia da República) ou por decreto do Conselho de Ministro, seja:

 Inserido no texto legal artigo que faz menção a proibição de sanções abusivas, com
indicação da sua fixação ao lado do regulamento interno, para melhor proteger os
direitos do trabalhador, uma vez que o regulamento interno que legalmente deve ser
afixado num lugar visível da empresa, diz respeito aos poderes ou direitos do
empregador.

 Inserido o prazo de 5 dias para o instrutor remeter o processo disciplinar ao órgão


sindical para efeitos do parecer, uma vez que existe um vazio legal.

 Inserido no texto legal a forma de notificação da nota de culpa e a forma de realização


de diligências requeridas pelo trabalhador, que se encontra detido na cadeia, em
conexão com a infracção que coincide com um tipo legal de crime.

 Inserido no texto legal a forma da citação da comunicação da decisão final recaída no


processo disciplinar ao trabalhador que se recusa a assinar ou que se encontre ausente
em parte desconhecida, uma vez que existe um vazio legal.

 Inserido no texto legal, de modo específico, as 6 fases do processo disciplinar,


seguintes:
1ª – fase do inquérito,
2ª – fase da acusação,
3ª – fase da defesa,
4ª – fase do parecer do órgão sindical,

11
5ª – fase de diligências de provas requeridas
6ª – fase de decisão final.
Pois, pensamos que assim não se oferecerão dúvidas quanto ao exercício dos actos
inerentes a cada fase e o cumprimento dos respectivos prazos.

O vazio legal que constatamos na letra da lei, cria certos embaraços no momento da
aplicação da mesma, o que consideramos útil que sejam preenchidas estas lacunas, pois o
exercício da sua integração na base da lei subsidiária ou de soluções análogas, assim
como da interpretação extensiva, torna complicado o exercício do direito. E, pensamos
nós que, nesta fase da vida social acentuadamente conturbada, convém que a aplicação da
lei não encontre vários atritos de forma.

Quanto ao EGFAE, recomendamos que na próxima alteração feita pelo legislador


(Assembleia da República) ou por decreto do Conselho de Ministro, seja:
 Alterado o artigo 79 da lei 14/2009, de 17 de Março e tenha um teor determinante
para que o funcionário ou agente do Estado recuse acatar ordens ou instruções
ilegais.
 Alterados os prazos de 15 dias e de 5 dias respeitantes ao início e fim do PD e da
defesa do arguido, para 30 dias e 10 dias, a fim de permitir que o instrutor não
instrua o PD as pressa para cumprir com o prazo, por este ser de pouco tempo,
assim como para o trabalhador não se ver pressionado a produzir uma defesa sem
substância porque não teve tempo suficiente para consultar um jurista.

12
6. Referencias Bibliográficas

I. Legislação
 Constituição de República de Moçambique
 Lei nº. 23/2007, de 1 de Agosto (Lei do Trabalho)

II. Obras a consultar

 XAVIER, Bernardo da Gama Lobo – Direito do Trabalho, 2ª Ed, 1999, Ed,


Rubigráfica, Lisboa. Almedina;
 FERNANDES, António Monteiro – Direito do Trabalho, 13ª Ed, 2008.Coimbra;
 JOSÉ, André Cristiano - Colectânia de Legislação do Trabalho, 2ª Ed. Maputo,
2010;
 Constituição da O.I.T. e o Regulamento da Conferencia Internacional do
Trabalho.

III. Internet
 Pesquisas na Google e outros sites

IV. Fontes orais


Entrevista a juristas e docentes universitários.

Nampula, aos 07 de Junho de 2018

13

Você também pode gostar