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Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Educação à Distância

CONTRACTO DE LEASING

Ruquia Chamussidine - 708208185

Curso: Licenciatura em Administração


Pública
Ano de frequência: 2º Ano
Disciplina: Contabilidade Geral
Tutor: Imirse Nhume

Nampula, Setembro de 2021


Universidade Católica de Moçambique
Instituto de Educação à Distância

CONTRACTO DE LEASING

Ruquia Chamussidine - 708208185

Curso: Licenciatura em Administração


Pública
Ano de frequência: 2º Ano
Disciplina: Contabilidade Geral
Tutor: Imirse Nhume

Nampula, Setembro de 2021


Índice
1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 3
1.1 Objetivo geral .......................................................................................................................... 4
1.2 Objetivos específicos............................................................................................................... 4
1.3 Justificativa ............................................................................................................................. 4
1.4 Abordagem geral do problema ................................................................................................ 4
1.5 Questões específicas................................................................................................................ 5
1.6 Pressupostos ............................................................................................................................ 5
2. METODOLOGIA ....................................................................................................................... 6
3. ORIGEM E CONCEITO DE LEASING .................................................................................... 6
3.1 Definição ................................................................................................................................. 7
4. FORMAS DE LEASING ............................................................................................................ 8
4.1 Tipos de contratos de Leasing ................................................................................................. 9
4.2 Sujeito e objecto do Leasing ................................................................................................... 9
5. Elementos fundamentais de um contrato de leasing.................................................................. 11
5.1 A quem se destina o leasing .................................................................................................. 11
5.2 Enfoque tributário ................................................................................................................. 12
5.3 Principais características contratuais ..................................................................................... 12
5.4 Finalidade do Leasing ........................................................................................................... 12
5.5 Efeitos do inadimplemento.................................................................................................... 13
5.6 Extinção................................................................................................................................. 13
6. Leasing Internacional E Leasing Importação ............................................................................ 13
6.1 Leasing Internacional ............................................................................................................ 14
6.2 Leasing Importação ............................................................................................................... 14
7. Conclusão .................................................................................................................................. 16
8. Bibliografias .............................................................................................................................. 17

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1. INTRODUÇÃO

O presente trabalho de pesquisa, aborda sobre Leasing. Como se pode ver pelo tema, o que
se pretende no presente trabalho é a análise, de forma sucinta, do leasing, especificando-se a
sua noção, finalidade, conceito, modalidades, sujeito e objecto do Leasing, disciplina,
natureza e tratamento tributário, responsabilidade pelos danos da coisa arrendada e efeitos do
inadimplemento.

O Leasing, cujo surgimento remonta à década de setenta, ocasião em que foi incorporado ao
ordenamento jurídico nacional, não obstante sua prática ser do início dos anos sessenta, teve
como objectivo a desoneração da produção, financiando os equipamentos para a infra-
estrutura da indústria (móveis e imóveis).

Os contratos de leasing têm causado grandes problemas de ordem financeira àqueles que
celebraram um contrato dessa natureza, devido à descaracterização da estrutura deste
instituto. A dissonância entre a prática comercial ou industrial para as quais o Leasing foi
criado e a sua actual operacionalidade são prejudiciais ao fim que se destina, sendo o contrato
de "Leasing" um contrato nominado (por lei tributária), que envolve vários institutos
contratuais (financiamento. Locação e compra e venda), sua natureza jurídica tem sofrido
grande distorção quanto ao seu conteúdo.

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1.1 Objetivo geral

Esta pesquisa tem como objetivo geral estudar o Leasing em Moçambique.

1.2 Objetivos específicos

A pesquisa tem como objetivos específicos:

 Conceituar Leasing e contrato de Leasing.


 Identificar os tipos de operações de Leasing em Moçambique.
 Estudar o arrendamento de bens produzidos no exterior; chamado Leasing
internacional e de importação.

1.3 Justificativa

A justificativa para o estudo do Leasing, se dá devido à sua relevância, uma vez que essa
pesquisa busca esclarecer de forma simples e objetiva as particularidades e aplicabilidades
desta modalidade de negócio, tendo em vista, que esse processo é muito utilizado por pessoas
físicas e jurídicas.

Busca-se também elucidar o conceito de Leasing, uma vez que, há uma distorção entre sua
finalidade inicial, tida como arrendamento mercantil, e sua utilização no mercado de
negócios, que adota essa modalidade como uma forma mascarada de financiamento.

1.4 Abordagem geral do problema

Em Moçambique, no início do século XXI, as relações de consumo têm convivido com


alguns tipos de arrendamento mercantil, entretanto, o mais complexo e usual para o
consumidor é o denominado arrendamento mercantil financeiro, mais conhecido no meio
empresarial como Leasing Financeiro, este é a forma mais pura do Leasing tradicional e se
resume na operação pela qual uma instituição financeira especializada no setor, a pedido do
interessado (arrendatário), adquire em seu próprio nome um determinado bem e,
simultaneamente contrata o seu arrendamento com cláusula de opção de compra por um valor
residual prefixado, todavia o instituto do Leasing tem servido atualmente para mascarar

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algumas operações de compra e venda com financiamento, tendo benefícios fiscais e excesso
de garantia para o arrendador.

Para que isso não ocorra é necessário que sejam revistos os conceitos jurídicos, dos contratos
de Leasing, suas finalidades e a forma como está sendo lançada esta modalidade nos balanços
das empresas para que não se desvirtue da sua principal função, pois, esta modalidade é
benéfica para a fazenda pública, indústrias e para mercado financeiro em geral.

1.5 Questões específicas

As questões específicas que norteiam esse trabalho são:

 O que se entende por Leasing e contrato de Leasing?


 Quais os tipos de Leasing mais utilizados em Moçambique?
 Como é feito o Leasing de bens produzidos no exterior, através do Leasing
internacional e de importação?

1.6 Pressupostos

Os pressupostos que respondem as questões específicas são:

1. Leasing, denominado em Moçambique como Arrendamento Mercantil, é uma


operação em que o cliente pode fazer uso de um bem sem tê-lo comprado. O bem, neste caso
deve ser entendido em seu sentido mais amplo: imóveis, automóveis, máquinas,
equipamentos, enfim, qualquer produto cuja utilização seja capaz de gerar rendas. Ao final
do contrato, o cliente tem a opção de adquirir definitivamente o bem arrendado mediante o
pagamento de um valor residual, definido no contrato.

2. Em Moçambique os tipos mais utilizados de operações de Leasing são:

a) Leasing operacional: trata – se de operação de arrendamento, diretamente com o


fabricante, dispensando-se o intermediário.

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b) Leasing financeiro: é a forma mais pura do Leasing tradicional e se resume na
operação pela qual uma instituição financeira especializada no setor, a pedido do interessado
(arrendatário), adquire em seu próprio nome um determinado bem e, simultaneamente
contrata o seu arrendamento com cláusula de opção de compra por um valor residual
prefixado.

c) Lease back: aproxima-se do Leasing financeiro, mas se distingue pelo fato de que é o
próprio arrendatário quem vende os bens e equipamentos.

d) Self Leasing: basicamente consiste em operação entre empresas ligadas ou coligadas.

3. O arrendamento de bens produzidos no exterior, só é possível se houver a


intermediação de uma empresa de Leasing sediada no Brasil. A propriedade do bem é da
arrendadora nacional, que é responsável por sua importação, gerando algumas diferenciações
quanto aos impostos que incidem sobre o bem importado.

2. METODOLOGIA

Para elaboração deste trabalho foi feito uma revisão bibliográfica. Onde foi usado o método
indutivo, que é um método responsável pela generalização, isto é, partimos de algo particular
para uma questão mais ampla, mais geral.

Para Lakatos e Marconi (2007:86), Indução é um processo mental por intermédio do qual,
partindo de dados particulares, suficientemente constatados, infere-se uma verdade geral ou
universal, não contida nas partes examinadas. Portanto, o objectivo dos argumentos indutivos
é levar a conclusões cujo conteúdo é muito mais amplo do que o das premissas nas quais nos
baseia-mos.

3. ORIGEM E CONCEITO DE LEASING

Não é raro no Direito existir uma certa defasagem entre norma e realidade. Em especial, no
ramo do Direito Comercial, em que as práticas são por demais dinâmicas e normalmente

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baseadas no costume, sempre em busca de novas formas de alcançar a finalidade última do
comércio, qual seja, o lucro.

Nesta busca incessante, o empresariado tem se defrontado com os mais diversos tipos de
obstáculos, sendo, hodiernamente, a competição internacional, a constante necessidade de
renovação de maquinaria e parque tecnológico, bem como a decorrente falta de capital de
giro, os mais sérios. Neste contexto, surgiu o leasing, um novo tipo contratual com o escopo
de ser uma alternativa de financiamento para as empresas, para optimizar o processo
produtivo com a liberação de capital de giro, permitindo uma taxa de renovação industrial
acelerada, aumentando a produção com a implementação de novas técnicas e, obviamente,
para gerar lucro para o arrendador e o arrendatário.

A formação histórica dos contratos de "Leasing" busca inspiração em operações realizadas


na Antiguidade, praticadas por centenas de anos. Tais operações eram difundidas nas
operações utilizadas pelo governo ateniense sobre as minas de propriedade do Estado, em
que os indivíduos pagavam ao Estado, determinada quantia em dinheiro como garantia de
exploração e uma renda anual era fixada com percentagem dos lucros.

Ao arrendatário cabiam duas opções: vender o minério ou subarrendar o direito à exploração.


No entanto, ainda que pelo aspecto económico seja fácil visualizar a origem do arrendamento
mercantil, historicamente há uma celeuma instaurada entre doutrinadores, sejam eles
nacionais ou estrangeiros. O cerne da questão está em como e onde surgiu este leasing. No
âmbito da doutrina, não há corrente dominante, mas a mais coerente é a que sustenta sua
origem norte-americana.

3.1 Definição

Locação financeira ou arrendamento mercantil também conhecido pelo termo em inglês


leasing, é um contrato através do qual a arrendadora ou locadora (a empresa que se dedica à
exploração de leasing) adquire um bem escolhido por seu cliente (o arrendatário, ou locatário)
para, em seguida, alugá-lo a este último, por um prazo determinado. Ao término do contrato
o arrendatário pode optar por renová-lo por mais um período, por devolver o bem arrendado
à arrendadora (que pode exigir do arrendatário, no contrato, a garantia de um valor residual)

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ou dela adquirir o bem, pelo valor de mercado ou por um valor residual previamente definido
no contrato.

O cliente deste tipo de crédito é, tipicamente, uma empresa, podendo, no entanto, ser,
também, contratado por pessoa física.

O leasing é um contrato e as partes desse contrato são denominadas “arrendador” e


“arrendatário”, conforme sejam, de um lado, um banco ou sociedade, de outro, o cliente. O
objecto do contrato é a aquisição, por parte do arrendador, de bem escolhido pelo arrendatário
para sua utilização. O arrendador é, portanto, o proprietário do bem, sendo que a posse e o
usufruto, durante a vigência do contrato, são do arrendatário. O contrato de arrendamento
mercantil pode prever ou não a opção de compra, pelo arrendatário, do bem de propriedade
do arrendador.

4. FORMAS DE LEASING

Existem 3 formas de leasing;

 Financeira;
 Operacional;
 Leasing back.

1. No Leasing operacional, O prazo mínimo para esse tipo de contrato é de 90 dias.

No Leasing Operacional, ou, Operational Lease como conhecido no exterior, não há nenhum
residual. No final do período de contrato, caso haja interesse em adquirir o bem, o valor
referência é o preço de mercado do bem, na época do final do contrato. Muitos contratos de
Operational Lease são intermediados por instituições financeiras que através de parcerias
com produtores de máquinas ou equipamentos, negociam um leasing operacional entre o
banco e seu cliente. No final, o banco vende o bem novamente ao produtor da máquina,
através de negociação prévia.

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2. O leasing financeiro se diferencia do operacional por inexistência de cláusula de
prestação de serviços.

É uma espécie de locação com a opção de devolução ou compra do bem, bem como de
renovação do contrato ao fim dele. Caso a arrendatária resolva comprar o bem, pagará um
valor residual preestabelecido no contrato.

3. O leasing back, ou leasing de retorno, é a modalidade na qual a arrendatária, sendo


proprietária de um bem, vende-o à arrendadora e esta o aluga àquela.

Geralmente ocorre quando uma empresa necessita de capital de giro. Ela vende seus bens a
uma empresa que aluga de volta os mesmos. Essa modalidade está disponível apenas para
arrendatários pessoas jurídicas.

4.1 Tipos de contratos de Leasing

De acordo com livro de Finanças Empresarias existem dois tipos de contratos de Leasing:

 Rendas Constantes antecipadas


 Rendas Constantes postecipadas

As rendas constantes antecipadas são contratos de leasing em que os valores são pagos no
início de cada período (por exemplo: inicio do mês ou do trimestre). No caso das rendas
constantes postecipadas os valores são pagos no final de cada período e não no inicio. A
fórmula de cálculo do valor a pagar difere consoante o tipo de renda.

4.2 Sujeito e objecto do Leasing

De acordo com as normas do Banco Central, o leasing somente pode ser contratado por
sociedades anónimas ou por instituições financeiras que tenham sido previamente
autorizadas. A expressão “leasing” é obrigatória na denominação das empresas arrendadoras.

Pode ser objecto de Leasing o bem móvel ou imóvel de produção nacional, bem como os de
produção estrangeira autorizados pelo Conselho Monetário Nacional.

4.3 Vantagens e desvantagens do Leasing


A. Vantagens para os locatários

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Possibilidade de escolher o equipamento ou imóvel, bem como o fornecedor do mesmo,
negociando descontos de pronto pagamento;

 Rapidez de resposta e processo administrativo simples;


 Facilita a renovação tecnológica, evitando a obsolescência, nos casos de celebração
de contratos por prazos inferiores à vida útil fiscal dos bens;
 Existência de opção de aquisição do equipamento ou imóvel no final do contrato,
mediante o pagamento do valor residual acordado inicialmente.

B. Desvantagens para os locatários

 Não fornece o direito de propriedade, enquanto decorre o contrato. Tal facto poderá
assumir uma situação vantajosa, caso o locatário tenha a intenção de não adquirir o
bem, optando pela sua renovação por tecnologia mais recente;
 Penalizações significativas por incumprimentos contratuais, ou por exemplo, por
resolução antecipada do contrato.

4.4 Classificação contabilística do arrendamento mercantil

Para um arrendamento mercantil ser considerado financeiro ou operacional, vai depender da


essência da transacção, e não da forma do contrato. Existem situações que nos levam a
classificar normalmente um arrendamento mercantil como financeiro. São elas:

a) O arrendamento mercantil transfere a propriedade do activo para o arrendatário no


fim do seu prazo;
b) O arrendatário tem a opção de comprar o activo por um preço que se espera seja
suficientemente mais baixo do que o valor justo à data em que a opção se torne
exercível, de forma que, no início do arrendamento mercantil, seja razoavelmente
certo o exercício da opção;
c) O prazo do arrendamento mercantil refere-se à maior parte da vida económica do
activo mesmo que a propriedade não seja transferida;
d) No início do arrendamento mercantil, o valor presente dos pagamentos mínimos deste
totaliza, pelo menos substancialmente, todo o valor justo do activo arrendado;

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e) Os activos arrendados são de natureza especializada de tal forma que apenas o
arrendatário pode usá-los sem grandes modificações;
f) Se o arrendatário puder cancelar o arrendamento mercantil, as perdas do arrendador
associadas ao cancelamento são suportadas pelo arrendatário;
g) Os ganhos ou as perdas da flutuação no valor justo do valor residual são atribuídos
ao arrendatário; e
h) O arrendatário tem a capacidade de continuar o arrendamento mercantil por um
período adicional com pagamentos que sejam substancialmente inferiores ao valor de
mercado.
4.5 Contabilização

A empresa arrendatária activará o bem adquirido e reconhecerá sua dívida perante a


arrendadora. Os pagamentos das prestações do arrendamento mercantil financeiro se
caracterizam como amortização de dívida, reconhecendo-se uma obrigação no passivo,
apropriando-se os encargos financeiros conforme o regime de competência. Lembro também
que o activo deve ser depreciado pela sua vida útil, e não pelo prazo do contrato.

Com a nova prática contabilística, (IFRS, CPC) o balanço patrimonial da arrendatária


apresentará em seu Activo Imobilizado os activos em uso e sob controlo desta (assumindo os
riscos e benefícios) para produção de bens e serviços, bem como apresentará a dívida
decorrente dos compromissos assumidos.

5. Elementos fundamentais de um contrato de leasing


 Montante do financiamento;
 Duração do contrato;
 Valor da opção de compra;
 Valor das rendas.

5.1 A quem se destina o leasing


 Empresas;
 Empresários em nome individual;
 Profissionais;

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 Particulares.

5.2 Enfoque tributário

Frente a existência no mundo jurídico por intermédio de um acto normativo eminentemente


tributário, portador de benefícios fiscais, o contrato de leasing é delineado num formato
exclusivo, evitando com que se aplique suas garantias a tipos diversos de negociação.

Adverte-se, porém, que nada impede, dentro da autonomia da vontade negocial, que no
âmbito privado seja contratada a locação com opção de compra final, regidos pelos princípios
característicos do leasing original e pelos princípios gerais dos contratos. Apenas, por não se
enquadrar na definição legal de arrendamento mercantil, será considerado, para fins de
tributação, uma compra e venda a prazo.

Assim, igualmente não participam dos benefícios fiscais, determinadas modalidades de


contrato de leasing, tais como, self-leasing, em que as partes são coligadas ou
interdependentes – nem mesmo autorizado em Moçambique e o leasing operacional, em que
o arrendador é o próprio fabricante do produto arrendado.

5.3 Principais características contratuais


 O contrato de locação financeira assume a forma de documento particular;
 É necessário o reconhecimento notarial presencial das assinaturas das partes no caso
dos imóveis;
 Os bens móveis e imóveis sujeitos a registo deverão ser inscritos nas conservatórias
competentes, donde constará a locadora como proprietária e o cliente como locatário.
5.4 Finalidade do Leasing

O leasing permite duas opções no final do contrato

 Devolver a viatura à empresa de locação financeira;


 Exercer o direito de opção de compra, adquirindo a viatura mediante o pagamento do
respectivo valor residual pré-estabelecido no acordo de locação financeira.

Actualmente, já é possível efectuar leasing por prazos bastantes superiores aos prazos
legalmente definidos de vida útil do bem a adquirir. No exemplo de um leasing automóvel é
possível contrair financiamento por prazos até 96 meses com alguma facilidade.

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Mesmo no que concerne ao valor do financiamento é possível financiar o bem adquirir até
100% (semelhante aos contratos de crédito pessoal) e ainda, com alguma regularidade e com
o objectivo de amenizar o peso da renda é possível contratar um leasing com valor residual
até 30% do capital financiado.

5.5 Efeitos do inadimplemento

Tornando-se inadimplente o arrendatário, e sendo ele devidamente notificado, resolve-se o


contrato de Leasing. O bem deverá, então, ser devolvido e, se não for, poderá ser pleiteada
pela empresa arrendadora a reintegração na posse. Também poderão ser pleiteadas as parcelas
já vencidas, bem como as cláusulas penais e o ressarcimento por eventuais prejuízos sofridos
em decorrência do inadimplemento.

Há uma divergência jurisprudencial referentemente à acção da arrendadora contra a


arrendatária inadimplente. De um lado, julgados admitem, no caso, apenas a possibilidade do
credor ingressar em juízo para postular a rescisão do contrato e a devolução da coisa. De
outro, decisões judiciais, afirmando a proximidade entre arrendamento mercantil e a
alienação fiduciária em garantia, reconhecendo ao arrendador o direito à busca e apreensão
do bem arrendado.

5.6 Extinção

O Contrato de Leasing pode extinguir-se pelo decurso do prazo com a devolução ou compra
do bem ou, antes disso, pelo acordo entre as partes, pelo inadimplemento ou pela falência da
arrendadora.

6. Leasing Internacional E Leasing Importação

O Leasing internacional e o Leasing importação são instrumentos financeiros que estão


interligados, por isso, muitas vezes são utilizados como expressões sinônimas por alguns
autores.

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6.1 Leasing Internacional

Em termos financeiros a operação de Leasing internacional é igual as de Leasing nacional, a


diferença está na origem dos recursos financeiros. No Leasing nacional a arrendadora está
em Moçambique e no Leasing internacional a arrendadora está no exterior, sendo que esta é
a proprietária do bem.

No Leasing internacional as partes efetivam um contrato que envolve uma empresa em


Moçambique e outra localizada no exterior, sendo que o bem fica em propriedade da empresa
do Leasing. (AZEVEDO, 1995).

As operações de Leasing são regulamentadas basicamente pela Lei 28/91 de 31 de


Dezembro, pelo Decreto n.° 45/94 de 12 de Outubro, aprovado pelo conselho de ministros e
publicado no Boletim da República de Moçambique aos 12 de Outubro de 1994.

As operações de Leasing internacional são basicamente regidas pelas normas do Leasing


financeiro, onde se têm como característica o fato que ocorrido o prazo mínimo da operação,
o arrendatário tem a opção de compra do bem por um valor residual ou ainda pelo valor de
mercado do bem arrendado, o que diz Fortuna (2005, p. 288): “o prazo mínimo da operação
é de dois anos, e o valor a ser considerado no contrato é FOB (sem as despesas de transporte
e importação), sobre o qual incidem as taxas internacionais”.

6.2 Leasing Importação

O Leasing importação é a operação pela qual o cliente localizado Moçambique adquiri


máquinas ou equipamentos cujo fornecedor se encontra no exterior. O cliente escolhe o bem,
negocia o preço diretamente com o próprio fornecedor. O banco paga o bem no exterior,
providencia a importação através de um despachante aduaneiro, nacionaliza e o arrenda para
o cliente.

Nesta ordem, pode-se notar que não há restrições aos bens que serão importados, não se
colocou qualquer condição, para o arrendamento dos bens produzidos no exterior. A intenção
é de abrir fronteiras para o processo universal da globalização da economia, arredondando as
barreiras que antes serviam como pretexto de proteger a produção e o desenvolvimento
interno, que na verdade só serviam para atravancar o desenvolvimento social e burocratizar

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a economia, [...] o estado vem se retirando em todos os setores que envolvem a economia,
paralelamente e em maior extensão os desempenhados pela iniciativa privada. (RIZZARDO,
2000, p. 147).

O Leasing importação é a operação realizada entre uma empresa do país, que necessita de
bens do exterior e uma empresa de Leasing também sediada no

país, que importa sob sua responsabilidade os bens, passando a ser proprietária. (AZEVEDO,
1995).

O Leasing de importação pode ser realizado por bancos estrangeiros ou Nacionais que
utilizam um contrato de Leasing internacional, cujo foro deverá ser o do país exportador do
bem, salvo acordo em contrário entre as partes (MURTA, 2005).

É o que diz Sosa (1996, p.81) “Fica o contrato vinculado a um foro internacional que adotará,
para dirimir dúvidas e pendências, o sistema jurídico do país ao qual se vincule, por
deliberação das partes, o respectivo contrato”.

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7. Conclusão

Chagando o fim deste trabalho, constata-se que o leasing surgiu como uma alternativa a mais
para o crescimento das empresas, sem que para isso precisem se descapitalizar, inovando seu
ativo, e podendo utilizar suas reservas para outros fins, como o de capital de giro, por
exemplo. Isso gera oportunidade da competitividade, elemento essencial para que as
empresas não sejam suprimidas na era da globalização.

Proporcionalmente, a sua importância está sua complexidade, por obter na sua essência
características de compra e venda e financiamento no Leasing financeiro, locação no
operacional, obtenção fluxo de caixa no Lease Back, dentre outras particularidades. Tudo é
muito discutível no Leasing, abre-se parâmetros para as diversas necessidades que se possa
ter tanto o arrendador quanto o arrendatário, tendo essa segunda parte respectivamente, o
maior leque de possibilidades dentro do contrato.

Temos no Leasing modalidades pertinentes a “todos” os tipos de negociações que se queira


aplicar cada qual, com suas peculiaridades pontos e contrapontos, tanto em âmbito nacional
quanto internacional.

Nos contratos internacionais, foco deste trabalho há também como não podia deixar de ser,
discrepâncias em suas relações contratuais, já partindo da legislação que dá abertura para que
se obtenha vantagens tributárias, como a prorrogação e em alguns casos até a suspensão de
impostos pertinentes a esta modalidade, que a legislação trata como importação, mas que o
judiciariário dá a maioria de ganho de causa, quando justifica-se que o bem não é
nacionalizado num primeiro momento, ou talvez nem o seja, isso que permite que alguns
legisladores introduzam o Leasing até como importação temporária.

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8. Bibliografias

COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de direito comercial. 3º v. 4ª Edição. rev. ampl. São Paulo:
Saraiva, 2003.

VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil. 3º v. 5ª ed. rev. ampl. São Paulo: Atlas, 2005.

BULGARELLI, Waldirio. Contratos Mercantis. 14ª edição. São Paulo: Atlas, 2001.

FORTUNA, E. Mercado financeiro: produtos e serviços. 16. ed. Rio de Janeiro:


Qualitymark, 2005.

RIZZARDO, A. Arrendamento mercantil no Direito Brasileiro. 4. ed. São Paulo: Revista


dos tribunais, 2000.

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