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ADMINISTRATIVO
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Direitos de autor (copyright)
Este manual é propriedade da Universidade Católica de Moçambique (UCM),
Centro de Ensino à Distância (CED) e contêm reservados todos os direitos. É
proibida a duplicação e/ou reprodução deste manual, no seu todo ou em partes,
sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (electrónicos, mecânico, gravação,
fotocópia ou outros), sem permissão expressa de entidade editora (Universidade
Católica de Moçambique – Centro de Ensino à Distância). O não cumprimento
desta advertência é passível a processos judiciais.
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Agradecimentos
O autor deste Manual e a Universidade Católica de Moçambique-Centro de
Ensino à Distância (CED) e autor deste manual, Fernando Gil Noé,
agradecem, pela colaboração nos conteúdos, a Dra. Lúcia Cambe.
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Prólogo
Caro estudante!
Este trabalho encontra a sua inspiração no desafio e na ambição traduzido neste manual sobre a
necessidade de ajudar os seus destinatários, sobretudo os estudantes do Curso de Licenciatura
em Administração Pública, à distância, leccionado no Centro de Ensino à Distância, da
Universidade Católica de Moçambique, a transpor aquilo que parece ser, entre eles, duas
principais fraquezas: (i) a incapacidade de libertar a quinta-essência, capitar o essencial afim de
o meter em valor e de o completar, em seguida, pelos desenvolvimentos que se imponham; (ii) a
dificuldade de conseguir uma apresentação clara dos assuntos a tratar, sob a forma de um plano
de exposição correctamente estruturado onde os argumentos são sequenciados, e com uma lógica
e dando toda a convicção à demonstração necessária.
Justo é, que o dedique aos meus filhos, aos com que actualmente privo mais amiúde e me
apoiam incondicionalmente, aos meus antigos Mestres da Universidade de Poitiers, aos meus
colegas e ainda aos estudantes para que este trabalho lhes sirva, efectivamente, de proveito
estudantil e profissional.
Admito a possibilidade de existir nele algumas lacunas, falta de alguns dados complementares
nos temas e alguns estrangeirismos derivados, talvez, da tradução imperfeita dos pensamentos e
línguas brasileira e francesa, o que corrigirei, numa próxima revisão, para nova edição.
Lembro e sublinho que este trabalho não esgota as matérias nele retratadas, ele constitui uma
porta aberta para os estudantes, do curso universitário à distância, entrarem em contacto com a
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ideia de Direito Administrativo Comum ou Geral.
INDICE
Habilidades de estudo................................................................................................................... 15
Precisa de apoio?.......................................................................................................................... 15
Avaliação, auto-avaliação e tarefas ............................................................................................... 15
Tarefas ......................................................................................................................................... 15
PARTE I .......................................................................................................................................... 17
Introdução Geral do Módulo ............................................................................................................ 17
Unidade 1 ........................................................................................................................................ 17
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ................................................................................................... 17
Unidade 2 ........................................................................................................................................ 33
Organização Administrativa ......................................................................................................... 33
Unidade 3 ........................................................................................................................................ 37
ÓRGÃOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ............................................................................ 37
Origem do conceito ........................................................................................................................ 38
O conceito do órgão do Estado ...................................................................................................... 38
Elementos do conceito de órgão ..................................................................................................... 38
Unidade 4 ........................................................................................................................................ 49
SISTEMAS ADMINISTRATIVOS .............................................................................................. 49
Princípio de Separação de Poderes ........................................................................................ 51
Consequência directa do princípio ................................................................................................ 51
Os Principais Poderes do Estado ........................................................................................... 52
Unidade 5 ........................................................................................................................................ 59
QUADRO DA ACÇÃO ADMINISTRATIVA ............................................................................. 59
São de três naturezas. ....................................................................................................................... 63
Unidade 6 ........................................................................................................................................ 66
O CONTROLO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ................................................................... 66
Unidade 7 ........................................................................................................................................ 74
O DIREITO PÚBLICO ................................................................................................................ 74
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Unidade 8 ........................................................................................................................................ 80
Direito Administrativo ................................................................................................................. 80
Unidade 9 ........................................................................................................................................ 86
Metodologia do Direito Administrativo ........................................................................................ 86
Unidade 10 ...................................................................................................................................... 91
Fontes do Direito Administrativo.................................................................................................. 91
Unidade 11 ...................................................................................................................................... 97
A lei ............................................................................................................................................. 97
Unidade 12 .................................................................................................................................... 109
Administração Pública como Poder ............................................................................................ 109
Unidade 13 .................................................................................................................................... 113
Princípios Gerais que devem nortear a actuação da Administração Pública ................................. 113
Unidade 14 .................................................................................................................................... 120
Meios da Acção de Administração Pública ................................................................................. 120
Unidade 15 .................................................................................................................................... 127
O Acto Administrativo ............................................................................................................... 127
Unidade 16 .................................................................................................................................... 140
O Regulamento Administrativo .................................................................................................. 140
Unidade 17 .................................................................................................................................... 145
Contrato da Administração Pública ............................................................................................. 145
Unidade 18 .................................................................................................................................... 151
Serviços Públicos ...................................................................................................................... 151
Unidade 19 .................................................................................................................................... 158
Os Bens Públicos ....................................................................................................................... 158
Unidade 20 .................................................................................................................................... 162
Função Pública ........................................................................................................................... 162
Unidade 21 .................................................................................................................................... 175
A Polícia .................................................................................................................................... 175
Unidade 22 .................................................................................................................................... 179
Responsabilidade Administrativa................................................................................................ 179
Unidade 23 .................................................................................................................................... 186
Contencioso Administrativo ....................................................................................................... 186
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Visão geral
Bem-vindo ao Direito Administrativo
Apresentação
O prólogo do autor sintetiza o essencial desta obra. Não será porém, supérfluo destacar que, ao
longo das páginas deste manual, o Fernando Gil Noé, pessoa de carácter, com uma forte
personalidade em que entrelaçam as suas duras experiências e vivências na Administração
Pública moçambicana e com uma sólida formação como profissional na área, interpela as
consciências de estudantes e de profissionais da administração pública. Para o efeito, parte de
uma perspectiva pela qual nos nossos olhares são convidados a considerar não as peças do vasto
e tentacular objecto do Direito Administrativo.
A partir de uma análise em busca de uma verdadeira solidariedade com os estudantes, com vista
encontrar mecanismos ou soluções para as suas duas principais fraquezas: - (i) a incapacidade de
libertar a quinta-essência, capitar o essencial afim de o meter em valor e de o completar, em
seguida, pelos desenvolvimentos que se imponham; (ii) a dificuldade de conseguir uma
apresentação clara dos assuntos a tratar, sob a forma de um plano de exposição correctamente
estruturado onde os argumentos são encadeados ou sequenciados e com uma lógica e dando toda
a convicção à demonstração necessária. – o autor fez a escolha de:
- Reduzir o texto do manual ao que lhe pareceu essencial e fundamental, numa selecção
que não dispensou uma certa objectividade. Salvo raras excepções, as referências
doutrinais e detalhes foram colocadas de parte;
- De propor trabalhos práticos que têm enquadramento nas funções do Estado e da
Administração Pública.
Uma vez o essencial dominado, a apreensão da matéria deverá se apoiar no método sistémico
onde o papel capital é confiado às interdependências, às analogias, à integração das fases e
evolução da Administração Pública moçambicana e do seu Direito, bem como dos sistemas
considerados como de referência, sobretudo o sistema francês.
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Apesar do seu carácter por vezes militante e radical das críticas, importa salientar que uma sólida
panóplia de informações, bem seleccionadas, sustenta as suas análises, conclusões e propostas de
trabalho.
O hipercriticismo do autor não o impede, contudo, terminar a sua digressão, vasculha e análise
com palavras de esperança assentes no apelo aos interessados em estudar o Direito
Administrativo, no sentido de aprofundarem os assuntos apresentados, tendo como objectivo
responder algumas questões – chave, relacionadas com as ciências administrativas (i) – se existe
uma ou mais ciências administrativas?, (ii) – de que administração se trata?, e (iii) - o que será
um Direito Administrativo? Um Direito principalmente definido como distinto do Direito
Privado. Esse facto que considera apenas às tradicionais organizações a que ele se aplica, não
pode ser que um mal entendido. Pois ninguém pode dizer com certeza que terminamos com a
questão do Direito Administrativo.
Essas questões constituem a problemática actual que não pode nos levar a uma satisfação,
exactamente porque no mundo contemporâneo os problemas administrativos são outros,
requerendo inovadores em conceitos ou geração de novos stocks do conhecimento jurídico para
o Direito Administrativo, que não só responderiam a complexidade dos actuais problemas
administrativos, como também à aparente ausência de contradição entre uma administração
burocrática que funciona seguindo as regras do seu direito e uma administração managerial
preocupada com os seus rendimentos. No lugar de rivalidades entre os dois sistemas, a do
Direito Administrativo e a do Direito Privado, que trabalhariam sem se excluírem mutuamente,
nós acabamos sendo reféns de uma ordem dogmática – o Direito Administrativo.
O discurso segundo o qual o Direito Administrativo compromete toda uma gestão pública eficaz
não deve, sem dúvidas, aparecer ao acaso. A literatura relativa a Reformas Administrativas
mostra porquê e como o manager deve sobressaltar ou dominar sobre o legista.
O autor vos convida para ler a Estratégia Global da Reforma do Sector Público moçambicano,
2001-2011, da CIRESP – Comissão Ministerial da Reforma do Sector Público, criada pelo
Decreto Presidencial nº 5/2000, de 28 de Março, a obra de Esther CAMERON e Mike GREEN –
Compreender a Gestão da Mudança, publicado pela primeira vez em inglês no Reino Unido e
9
nos Estados Unidos da América em 2004 por Kogan Page Limited e as obras de Marilyn
FERGUSON - “The Brain Revolution” ou seja “ A conspiração aquariana: transformações
pessoais e sociais dos novos tempos” e o “Brai International Bulletin”, com certeza vão
encontrar coisas interessantes sobre as mais actualizadas descobertas científicas na área, a
inteligência, aprendizagem, criatividade, intuição e mudança social proactiva.
O autor deste trabalho, Fernando Gil Noé, ”est un Maître en Administration Publique”,
formado pela Universidade de Poitiers. na França, pretende que este seu trabalho seja uma
empreitada bem séria e dedicada, uma profunda pesquisa e actualizada, uma colocação
rigorosamente científica e técnica, um pensamento límpido e coerente, uma linguagem clara e
impecável.
O manual é estruturado em 23 unidades e seu plano geral compreende duas grandes partes,
sendo: Parte I - Introdução geral do módulo, que comporta seis unidades, consagradas ao estudo
dos seguintes temas: Administrativa Pública(1), Organização Administrativa(2), Órgãos da
Administração Pública(3), Sistemas Administrativos(4), Controlo da Administração Pública(5) e
Quadro da Acção Administrativa do Estado(6) e Parte II – Elementos Essenciais e Fundamentais
do Direito Administrativo, onde são retratadas as matérias essenciais e fundamentais do Direito
Administrativo, nomeadamente: O Conceito do Direito Público(7), Elementos do Direito
Administrativo(8), Metodologia do Direito Administrativo(9), Fontes do Direito
Administrativo(10), a Lei(11), Administração Pública como Poder(12), Princípios gerais, da
Administração Pública(13), Maios de Acção da Administração Pública(14), Acto
Administrativo(15), Regulamento Administrativo(16), o Contrato da Administração Pública(17),
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Serviços Públicos(18), Bens Públicos(19), Função Pública(20), a Polícia(21), Responsabilidade
Administrativa(22), Contencioso Administrativo(23). Por fim, um pequeno resumo.
Aliás, o manual procura seguir de perto as orientações da gestão do módulo. Assim, procura
distinguir os conteúdos fundamentais de desenvolvimento da competência do saber, de
habilidade e de atitudes profissionais.
Sendo importante que o formando aprenda a observar e questionar a realidade, o autor introduziu
textos e questões que suscitem a ligação das aprendizagens com a realidade e promovam o
desenvolvimento de capacidades/competências, atitudes e valores. E, na forma como está
estruturado, o manual constitui um elemento facilitador da aprendizagem, permitindo ao
formando progredir autonomamente nos seus conhecimentos, consolidar as aprendizagens e
rever os conteúdos essenciais.
O texto global do manual está articulado e sequenciado de forma a evitar os incómodos, na sua
leitura, do tipo “sobe-e-desce”, isto é, - como atrás foi: visto, estudado, explicado, referido, …
ou, como afrente: veremos, será dito, será estudado, estudaremos, etc, etc.
Está, deste modo, o leitor convidado para uma leitura a todas as unidades bastante estimulantes.
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Objectivos gerais do módulo
As organizações e instituições do Sector Público podem recorrer, para realizarem os seus fins,
métodos de direito privado (por exemplo, se adquirem bens no mercado para realizar as suas
actividades ou quando cria empresas de prestação de serviços). Ao fazê-lo actuam quase como
qualquer particular.
Tendo em conta a diferença de possibilidade de actuação, que se procurará ter sempre presente,
haverá, no entanto, particular incidência do estudo da área do Direito Público.
Fazendo um pequeno recuo podemos recordar que antes de 1990, o exercício da autoridade ou a
prestação de serviços públicos aos cidadãos e aos particulares em Moçambique dependia do
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arbítrio de quem decidia. Hoje, pelo contrário, existem normas a que a Administração Pública
moçambicana tem que obedecer e há garantias mais ou menos largas dos cidadãos e dos
particulares em geral face à sua actividade.
No presente texto tem-se em conta, naturalmente, as normas em vigor. Mas, atendendo que em
muitos casos podem estar desusadas, não só pela aplicação dos princípios dogmáticos do Direito,
como também pelos medos do surgimento de novos conceitos e teorias das normas jurídicas que
venham a colocar as administrações burocrática e managerial no mesmo plano de importância e
interesse, também procura inseri-las em alguns casos nas controvérsias que, em torno delas, se
verificam ou ainda se vai verificar. Parte se do princípio de que a gestão – em especial a pública
– só pode ganhar em ter em conta esse conhecimento mais amplo, que tanto quanto possível
introduza à reflexão sobre as questões que em torno dela se colocam e, no futuro, se colocarão.
Como já o disse o presente Manual visa auxiliar o estudante especificamente para o ensino à
distância. Tem, naturalmente, em conta o facto de também se incluir no currículo da Licenciatura
em Administração Pública uma cadeira de Administração Pública, o que torna dispensável uma
abordagem de algumas matérias, o mesmo acontecendo em relação à algumas matérias do
Direito Constitucional e Direito Parlamentar, mas também justifica alguma revisão de outras na
óptica específica da Administração Pública e do Direito Público.
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Quem deveria estudar este módulo
Este Módulo foi concebido para todos aqueles que com nível médio de escolaridade, no
subsistema de Ensino Secundário Geral (ESG) na subdivisão que contem Matemática, ou que no
subsistema do Ensino técnico profissional (instituto comercial) ingressam nos Cursos de
Licenciatura em Administração Pública no Centro de Ensino à Distância (CED), da UCM e
também para os profissionais em exercício na Administração Pública.
Ícones de actividade
Ao longo deste manual irá encontrar uma série de ícones nas margens das folhas. Estes ícones
servem para identificar diferentes partes do processo de aprendizagem. Podem indicar uma
parcela específica de texto, uma nova actividade ou tarefa, uma mudança de actividade, etc.
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Os ícones incluídos neste manual são... (ícones a ser enviados - para efeitos de testagem deste
modelo, reproduziram-se os ícones adrinka, mas foi-lhes dada uma sombra amarela para os
distinguir dos originais).
Pode ver o conjunto completo de ícones deste manual já a seguir, cada um com uma descrição do
seu significado e da forma como nós interpretámos esse significado para representar as várias
actividades ao longo deste curso / módulo.
Clique aqui e seleccione Inserir elementos (imagem/tabela/nova unidade) da janela do Modelo
para Ensino à Distância. Escolha ou Todos os ícones abstractos ou Todos os ícones adrinka da
lista dada.
Habilidades de estudo
Prezado formando ou estudante, a habilidade é o grau de competência de um sujeito concreto
frente a um determinado objectivo, como o é o teu caso e, como é sabido, o ensino à distância é a
modalidade do ensino que te permite estudar autonomamente e enfatiza o seu papel. Deste modo,
deverá ser capaz de gerir o teu estudo, criando um horário de estudo que lhe dá a possibilidade
de estudar o modulo pelo menos seis horas por semana e fazer todas as anotações necessárias e
pertinentes, resumo de cada assunto e dúvidas que houverem.
Precisa de apoio?
O principal apoio virá do teu orientador ou tutor, que como mediador nesse processo de
aprendizagem terá a tarefa adicional de te ajudar a vencer a distância física entre ele e tu. Tu
deverás ser auto-disciplinado e auto-motivado para que possa superar todos os desafios e as
dificuldades que surgirem durante o processo de ensino-aprendizagem, utilizando este manual
como material de apoio de referência e consultando outras fontes ao teu dispor.
Tarefas
Para os objectivos cognitivos as técnicas avaliativas serão: provas discursivas e dessertivas,
provas de testes ( simples ou de múltipla escolha ou de questão curta), entrevistas (“chamada
oral”), trabalhos e pesquisas e solução de casos;
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Para os objectivos de habilidades as técnicas avaliativas serão: observação com roteiro e registo,
provas práticas relatórios;
Para os objectivos de atitudes e/ou comportamentais as técnicas avaliativas serão: solução de
casos, observação, entrevista e dissertação.
Os trabalhos serão realizados de acordo com os critérios e a programação do CED.
De princípio haverá um trabalho para cada dossier e três testes escritos.
Auto-avaliação
Será feita pelo próprio formando quem se avalia. Ela visa permitir ao formando:
o analisar, pela meta-cognição, o grau de assimilação de conceitos, de desenvolvimento
das competências fundamentais e instrumentais inerentes à sua formação e à
compreensão da realidade nas diferentes etapas do tratamento do módulo e o seu
desenvolvimento técnico-profissional e pessoal;
o desenvolver e aperfeiçoar as competências para analisar, criticar, negociar, decidir, dar e
receber feedbacks;
o ampliar o grau de objectividade no julgamento de falhas e acertos e dos pontos que
precisam de ser melhorados ou alcançados;
o não avaliar de forma restrita, mas sistemática, para examinar, a importância relevante,
perante os valores, princípios e objectivos a considerar ou a alcançar.
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PARTE I
Unidade 1
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
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Introdução
Qualquer Estado moderno, isto é, o Estado Social e de Direito (Estado social, porque visa
promover o desenvolvimento económico, o bem-estar, a justiça social; e Estado de Direito,
porque não prescinde do legado liberal oitocentista em matéria de subordinação dos poderes
públicos ao Direito, e o esforço e reforço das garantias particulares frente à Administração
Pública), para alcançar os seus fins e objectivos, deverá contar com uma Função
Administrativa muito forte e profissionalizada, o que pressupõe existência de um Serviço Geral
do Estado também forte e moderno. O tal serviço é Administração Pública.
Todas essas actividades se caracterizam as vezes pelas suas finalidades e pelas suas modalidades
de exercício.
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As finalidades
As modalidades de exercício
Quando é composta apenas por entidades estatais e/ou quando é executada pelos órgãos
próprios do Estado, que não possuem personalidade jurídica – Serviços
desconcentrados.
Quando o Poder Público não pretende executar, ele mesmo, certa actividade através de seus
próprios órgãos transfere a sua titularidade ou execução a outras entidades. Tal delegação ou
transferência pode ser feita por contrato ou mero acto administrativo, neste sentido vamos
encontrar as figuras de concessionário e do permissionário de serviços públicos.
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Por outro lado, quando a delegação ou a transferência é feita por lei ou por decreto que cria as
entidades responsáveis, surge a Administração Indirecta, que compreende uma variada categoria
de entidades, dotadas de personalidade jurídica própria, como:
o Autarquias locais;
o Empresas públicas;
o Sociedades de economia mista;
o Institutos públicos;
o Universidades;
o Fundações públicas;
o Etc.
B. Abordagem orgânica da Administração Pública
I. Pessoas morais
É corrente, numa concepção mais larga, considerar que a Administração Pública compreende o
conjunto de pessoas morais que têm uma missão administrativa, sejam organismos de Direito
Público, sejam organismos de Direito Privado.
Outros autores
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Sob o aspecto operacional, a Administração Pública é o desempenho perene e sistemático,
legal e técnico dos serviços próprios do Estado, em benefício da colectividade.
A Administração Pública pode ser directa quando é composta pelas entidades do Estado que
não possuem personalidade jurídica própria – SPAs – Serviços Públicos Administrativos,
ou indirecta quando composta por entidades que embora ligadas aos Estado, têm uma
personalidade jurídica própria – autarquias locais, institutos, SPICs (Serviços Públicos
Industriais e Comerciais, ou seja, Empresas Públicas);
A Administração Pública é conceituada com base nos seguintes aspectos: orgânico, formal e
material.
Segundo ensina Maria Sylvia Zanella Di Pietro o conceito de Administração Pública divide-se
em dois sentidos:
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Resumindo os assuntos da unidade, podemos dizer que quando se fala em administração pública
e na Administração pública, deve-se ter sempre presente todo um conjunto de necessidades
colectivas cuja satisfação é assumida como tarefa fundamental pela colectividade (o Estado),
através dos serviços por esta organizados e mantidos. Tais necessidades colectivas são de três
espécies fundamentais: a segurança, a cultura, o bem-estar (veja o quadro das necessidades
humanas).
A necessidade é um estado de carência ou é uma força dinâmica e persistente que provoca comportamento.
Toda vez que surge uma necessidade, esta rompe o estado de equilíbrio do organismo, causando um estado de tensão, insatisfação
desconforto e desequilíbrio.
O mais citado e lido téorico da necessidade é, de longe, Abraham Maslow (1954 e 1065). O autor sustenta que as necessidade
humanas estão ordenadas numa hierarquia que vai das básicas até auto-realização. Ele apresenta a sua classificação numa
piramide:
Estas necessidades assim agrupadas, em primárias e secundárias, podem ser detalhadas da seguinte forma:
22
C. Administração Pública e Administração Privada
23
administração privada tem em vista interesses particulares ou pessoais. São fins sem vinculação
necessária ao interesse geral da colectividade.
A Administração Pública traduz-se na satisfação de necessidades colectivas, pelo que ela
deve realizar sem encontrar resistências dos particulares. É nesta perspectiva que a Lei permite
que os serviços públicos utilizem meios coercivos para impor-se aos particulares, sem depender
do seu consentimento, fazendo mesmo contra a sua vontade. O que caracteriza a Administração
Pública é o seu comando unilateral, sob forma de acto normativo (regulamento administrativo)
ou decisão concreta e individual (acto administrativo) e não na forma de contrato administrativo.
Ao passo que na administração privada, há uma igualdade entre as partes, na medida em que
usam os mesmos meios jurídicos. Sendo os particulares iguais entre si, ninguém pode impor ao
outro a sua própria vontade, salvo se for decorrente de um acordo previamente estabelecido.
Portanto, o contrato é que caracteriza o funcionamento da administração privada. A
administração privada não pode, como meio, usar a autoridade, na medida em que a Lei não a
permite.
24
públicas desenvolvidas no quadro da Função Administrativa do Estado e nas suas várias
componentes (veja no início desta unidade).
A política, enquanto actividade pública do Estado, tem um fim específico: definir o interesse
geral da colectividade. A administração pública existe para prosseguir outro objectivo: realizar o
interesse geral definido pela política.
A política tem natureza criadora, cabendo-lhe momento inovar em tanto quanto seja
fundamental para a conservação e o desenvolvimento da Comunidade estadual ou nacional. A
administração pública tem pelo contrário a natureza executiva, consistindo sobretudo em por em
prática as orientações tomadas e nível político.
A política tem carácter livre e primário, apenas limitada em certas zonas pela
Constituição, ao passo que a administração pública tem carácter condicionado e secundário,
achando-se por definição subordinada às orientações da política e da legislação.
De tudo resulta que a política por natureza pertence aos órgãos superiores do Estado
(Órgãos de Soberania), enquanto a administração pública, ainda que sujeita à direcção e
fiscalização desses órgãos, está na maioria dos casos entregue aos órgãos secundários e
subalternos, bem como aos funcionários e agentes administrativos, a numerosas entidades e
organismos não estaduais.
Em democracias, os órgão políticos são eleitos directamente pelo povo a nível nacional
ou ao nível local (Órgãos Autárquicos), em eleições genuínas, isto é, livres, justas e
transparentes, ao passo que os órgãos administrativos são nomeados ou, então, eleitos por
colégios eleitorais restritos. O governo é simultaneamente um órgão político e administrativo,
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que embora seja um órgão político (de Soberania) não é eleito, mas sim nomeado cujo o início e
manutenção das suas funções depende da Assembleia da República ou do Parlamento.
A política e administração pública não são actividades insensíveis uma à outra. Desde
cedo, nas sociedades humanas, a administração pública - em qualquer regime e em qualquer
época – sofre influência directa da política: a administração pública em democracia não é
idêntica à administração pública em ditadura; e o âmbito, as funções e os meios da
administração pública variam grandemente conforme a opção política fundamental for liberal ou
socialista.
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A diferença principal entre a legislação e administração pública está em que, nos dias de hoje, a
administração pública é uma actividade subordinada à lei: a lei é o fundamento, o critério e o
limite de toda a actividade administrativa.
Há, no entanto, pontos de contacto ou de cruzamento entre as duas actividades que convêm
desde já apontar: (i) há casos de leis que materialmente contêm decisões de carácter
administrativo, por exemplo, uma lei que concede uma pensão de sangue extraordinária à
viúva de um militar que morreu em combate; (ii) há actos de administração pública que
materialmente revestem todos os caracteres de uma lei, por exemplo, os regulamentos
autónomos, para já não falar dos casos em que a própria lei se deixa completar por actos
da Administração Pública.
Esta duas actividades têm importantes traços comuns: ambas são actividades secundárias,
executivas, subordinadas à lei. Todavia, têm traços relevantes que as distinguem: a justiça
consiste em julgar e a administração pública consiste em gerir ou administrar.
A justiça visa aplicar o direito aos casos concretos, a administração pública visa prosseguir
interesses gerais da colectividade. A justiça aguarda passivamente que lhe tragam os conflitos
sobre os quais deve se pronunciar, a administração toma a iniciativa de satisfazer as necessidades
colectivas que lhes são confiadas. A justiça está acima dos interesses, é desinteressada, não é
parte nos conflitos que decide, a administração pública defende e prossegue os interesses
colectivos a seu cargo, é parte interessada.
Também aqui as actividades frequentemente se cruzam, a ponto de ser por vezes difícil
distingui-las: a administração pública pode em certos casos praticar actos jurisdicionalizados, por
exemplo, certas decisões punitivas, sancionatórias ou de julgamento de recurso, assim como os
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tribunais comuns podem praticar actos materialmente administrativos, por exemplo, processos de
«jurisdição voluntária». Mas desde que se mantenha sempre presente qual o critério a utilizar –
material, orgânico ou formal -, a distinção subsiste e continua possível.
Sublinhe-se, também, que a Administração Pública não se limita ao Estado: inclui-o, mas
comporta muitas outras entidades e organismos.
Portanto, nem toda a actividade administrativa do Estado, isto quer dizer que a
administração não é uma actividade exclusiva do Estado. Pois, ao lado do Estado ou sob a sua
égide, há muitas outras instituições administrativas que não se confundem com ele, que têm
personalidade própria, e constituem por isso entidades política, jurídica e sociologicamente
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distintas. É o caso dos municípios, das universidades, dos institutos públicos, das associações
públicas, e das pessoas colectivas de utilidade pública, entre outras, que constituem formas
autónomas de administração pública.
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É próprio do Governo ter determinados interesses e valores, conforme o contexto social,
nos diferentes momentos históricos.
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personalidade jurídica de Direito Público ou Privado e com autonomia administrativa, financeira
e patrimonial, como as Autarquias Locais, Empresas Públicas, Sociedades de economia mista,
Fundações Públicas, Institutos Públicos, Universidades, etc, enquanto a Administração
desconcentrada, composta pelos órgãos locais do Estados e abrangem os Governadores
Provinciais, os Administradores Distritais, Chefes de Postos Administrativos e de
Localidades, Governos Provinciais, Governos Distritais e Secretarias Administrativas dos
Postos Administrativos e das Localidades, bem como pelas Assembleias Provinciais e as
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Trabalho proposto
Com os seus colegas ou sozinho procure, no texto da unidade, na bibliografia
indicada ou noutras fontes, responder as questões em seguida apresentadas:
5. Com base no objecto, fim e meios, diferenciar a Administração Pública com a Administração
Privada.
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Unidade 2
Organização Administrativa
Introdução
É neste sentido que a Administração Pública em sentido orgânico é o sistema de órgãos, serviços
e agentes do Estado, bem como das demais pessoas colectivas públicas, que asseguram em nome
da colectividade a satisfação regular e contínua das necessidades colectivas de segurança, cultura
e bem-estar.
Importa-nos agora, estudarmos como estes órgãos, serviços e demais pessoas públicas, incluindo
pessoas físicas que agem em seu nome (dos órgãos, …) e do Estado, estão organizados.
33
Vamos começar o nosso estudo recordando o conceito de organização.
Em sentido geral, organização é o modo como se organiza um sistema. É a forma escolhida para
arranjar, dispor ou classificar objectos, documentos, e informações.
Portanto, uma organização pode ser definida como: “um sistema de actividades conscientemente
coordenadas de duas ou mais pessoas e somente existe quando há pessoas capazes de:
Se comunicarem,
Contribuir com o trabalho que lhes competem desenvolver,
Cooperar entre si,
afim de alcançarem um objectivo comum”.
Qualquer organização pressupõe assim a determinação dos fins e objectivos a atingir.
34
Os serviços são simples instrumentos das entidades que participam na vida jurídica, assumindo
obrigações e exercendo direitos.
Uma organização administrativa é fruto de cada Direito Positivo de um Estado e é composta por
pessoas colectivas e por serviços administrativos, sendo que o estudo de pessoas colectivas é
versado pelo Teoria Geral da Organização Administrativa e o estudo dos aspectos técnicos dos
Serviços Administrativos é do foro da Ciência da Administração.
As pessoas colectivas de Direito Público são todas as pessoas colectivas que nascem da
necessidade de realização de interesses públicos, isto é, interesses que estejam considerados
fundamentais para a existência, conservação e desenvolvimento da Sociedade Política (o
Estado).
Não só o Estado é uma pessoa colectiva de Direito Público, como também o são todas aquelas
que são criadas por acto do Poder Público para a prossecução necessária de interesses públicos e
exercer em nome próprio poderes de autoridade.
35
As pessoas colectivas de Direito Privado são todas as que não entram na definição de pessoas
colectivas de Direito público e resultam da atribuição da personalidade pela Ordem Jurídica
(reconhecimento) a uma associação ou instituição de iniciativa particular (substrato) cuja
organização e gestão são deixadas, senão na totalidade ao menos em grande parte, à vontade dos
associados ou instituidores.
Os detalhes do essencial da matéria desta unidade podem ser encontradas na lei nº 7/2012, de
8 de Fevereiro, que aprova a lei base da organização e funcionamento da Administração
Pública.
Trabalho proposto
Com os seus colegas ou sozinho procure, no texto da unidade, na bibliografia
indicada ou noutras fontes, responder as questões em seguida apresentadas:
36
Unidade 3
ÓRGÃOS DA ADMINISTRAÇÃO
PÚBLICA
Introdução
Qualquer Administração Pública possui a própria estrutura onde são integrados os seus órgãos.
Já foi dito que do ponto de vista orgânica a Administração é um conjunto de instituições e/ou órgãos que
se revelam pessoas morais onde agem pessoas físicas.
37
É corrente, numa concepção mais larga, considerar que a Administração Pública compreende o
conjunto de pessoas morais que têm uma missão administrativa, sejam organismos de Direito
Público, sejam organismos de Direito Privado.
A estrutura de uma Administração Pública e a tipologia dos seus órgãos depende do regime
político que determina o sistema administrativo que o Estado deve seguir.
Todavia, antes de falarmos dos órgãos da Administração Pública importa nos referirmos ao
conceito do Órgão do Estado, embora não seja assunto deste manual, porque as vezes há
coincidências ou sobreposição.
Origem do conceito
O conceito de órgão de Estado surgiu no Séc. XIX fruto, quase simultaneamente, de dois
movimentos distintos:
A função dinâmica dos Estado manifesta-se directamente por intermédio dos seus órgãos
competentes.
O conceito de órgão implica quatro elementos ( inseparáveis, mas que cabe distinguir ):
38
O titular ou pessoa física ou conjunto de pessoas físicas que, em cada momento,
encarnam a instituição e formam a vontade que há-de corresponder ao órgão;
O cargo ou ( quando se trate de órgão electivo ) mandato – função do titular, « papel
institucionalizado» que lhe é atribuído, relação específica entre ele e o Estado, traduzida
em situações objectivas, activas e passivas.
É neste sentido que a Administração Pública em sentido orgânico é o sistema de órgãos, serviços
e agentes do Estado, bem como das demais pessoas colectivas públicas, que asseguram em nome
da colectividade a satisfação regular e contínua das necessidades colectivas de segurança, cultura
e bem-estar. Estes órgãos, serviços e demais pessoas públicas, incluindo pessoas físicas que
agem em seu nome (dos órgãos, …) e do Estado possuem poderes e deveres próprios que os
permite participar no processo de formação e de manifestação da vontade que é imputada ao
Estado. Quer dizer, que os permite tomar decisões técnico-administrativas no quadro das suas
competências e funções e da Função Administrativa do Estado, em geral.
39
Portanto, na Administração Pública, o trabalho e as pessoas são agrupados em órgãos e serviços,
na medida em que envolvem características ou objectivos similares. Os órgãos passam a ser
dispostos em níveis hierárquicos e em áreas de actividades, bem como por sua natureza.
Na amplitude desse conceito entram não só os órgãos pertencentes ao Poder Público, mas
também as instituições e as empresas do sector público que agem, igualmente, em nome do
Estado, ou colaboram com este no desempenho de serviços de utilidade pública ou de interesse
colectivo.
Os órgãos da Administração Pública são geralmente criados por lei. Podem existir alguns órgãos
criados por regulamentos administrativos gerais ou locais, órgãos eleitos e nomeados.
O rigor científico de algumas das distinções a que assim se procede talvez nem sempre seja
completo, mas elas afiguram-se úteis e, duma maneira ou doutra, são habitualmente citadas pela
doutrina.
40
Órgãos constitucionais e não constitucionais;
Órgãos de existência obrigatória e órgãos de existência facultativa.
II. Classificações funcionais, por seu turno, são as que contrapõem:
Órgãos deliberativos e órgãos consultivos;
Órgãos a se e órgãos auxiliares;
Órgãos de competência originária e órgão de competência derivada;
Órgãos legislativos, governativos, administrativos;
Órgãos de decisão e órgãos de controlo, de fiscalização ou de garantia.
III. Classificações estruturais-funcionais são as que levam a distinguir:
Órgãos externos e órgãos internos;
Órgãos políticos e órgãos não políticos;
Órgãos primários e órgãos vicários;
Órgãos centrais e órgãos locais;
Órgãos hierarquizados e órgãos não hierarquizados.
São órgãos centrais da Administração Pública todos os órgãos cuja esfera de actuação é todo o
território nacional da República de Moçambique: o Presidente da República, o Primeiro
Ministro, os Ministros, o Governador do Banco de Moçambique, os Chefes das Comissões
Nacionais, os Secretários de Estado – órgãos singulares; a Presidência da República, o Gabinete
do Primeiro Ministro, os Ministérios, Banco de Moçambique, Comissões Nacionais, Secretarias
de Estado – órgãos colegiais do tipo executivo, a quem cabe a prevalência do interesse nacional e
a realização da política unitária do Estado.
41
satisfazer quotidianamente às necessidades de carácter colectivo sob a responsabilidade do
Estado.
Abaixo dos órgãos centrais da Administração Directa do Estado, na linha vertical, existem os
órgãos da Administração Pública Local do Estado, resultantes do processo de desconcentração.
Importa sublinhar que os Órgãos da Administração Local do Estado estão numa relação de
dependência em relação ao órgão hierarquicamente superior, a quem devem obediência e têm o
poder de alterar ou revogar as suas decisões. A lógica da relação hierárquica está no centro da
desconcentração. (Lei 8/2003 de 19 de Maio – Artigo 7 – As Relações entre os Órgãos Centrais
e os Órgãos Locais do Estado se desenvolvem com observância dos princípios de unidade,
hierarquia e coordenação institucional).
Ao contrário do que acontece com os autarcas os membros dos órgãos locais não são eleitos, mas
sim nomeados e demitidos pelos órgãos centrais ou pelos governadores provinciais e a eles
devem obediência ao governo, pois a sua organização e funcionamento observam o princípio da
estrutura integrada verticalmente hierarquizada e não têm personalidade jurídica.
42
No grupo dos Órgãos Locais da Administração Pública Directa do Estado devem ser incluídas
as Representações do Estado nos Municípios (que velam pelos serviços do Estado não
descentralizados, ou seja, não entregues aos municípios), segundo o Decreto 65/2003, 31 de
Dezembro, que cria a figura de representante da administração do Estado nas circunscrições
territoriais cuja área de jurisdição coincide total ou parcialmente com a da autarquia local.
As atribuições das Autarquias Locais (bem como dos órgãos da administração autárquica ou
municipal – Assembleia Municipal, Presidente do Conselho Municipal e o Conselho Municipal),
nos termos do artigo 6º da Lei nº 2/97, de 18 de Fevereiro, respeitam os interesses próprios,
comuns e específicos das comunidades respectivas, sendo, designadamente ( nº 1 do artigo 6º da
Lei nº 2/97, de 18 de Fevereiro):
Abastecimento público;
Saúde;
Educação;
Polícia da autarquia;
43
Em Agosto de 2006 o Estado aprovou um diploma legal que estabelece o quadro legal de
transferência de funções e competências dos órgãos do Estado para as autarquias locais, o
Decreto nº 33/2006, de 30 de Agosto, nas áreas de:
Órgãos Autárquicos dispõem de um poder de decisão autónomo que o exercem sob o controlo
da autoridade tutelar. (Lei 6/2007, de 9 de Fevereiro – Art.3 - 1. A tutela administrativa do
Estado sobre as autarquias locais consiste na verificação da legalidade dos actos
administrativos autárquicos (...) bem como no estabelecimento de medidas sancionatórias nos
casos expressamente previstos na Lei).
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Órgãos da Administração Indirecta do Estado
Importa recordar que a amplitude do conceito do órgão da Administração Pública entram não só
os órgãos pertencentes ao Poder Público, mas também as instituições e as empresas do sector
público que agem, igualmente, em nome do Estado, ou colaboram com este no desempenho de
serviços de utilidade pública ou de interesse colectivo.
Quando o Estado cria pessoas administrativas o seu objectivo é a execução de algumas tarefas do
seu interesse por outras pessoas jurídicas. Isto é, quando não pretende executar certa actividade
através de seus próprios órgãos(Administração Directa do Estado – SPA`s) o PODER
PÚBLICO/ESTADO transfere a sua titularidade ou execução a outras entidades.
Tal delegação quando é lei que cria entidades administrativas, surge a Administração Indirecta:
autarquias locais , SPIC`s (Serviços Públicos Industriais e Comerciais – Empresas
Públicas), Sociedades de economia mista, Fundações Públicas, Institutos Públicos,
Universidades, etc. E, quando é feita por contrato ou mero acto administrativo dá lugar ao
aparecimento da figura de concessionário.
Na delegação por contrato ou mero acto administrativo podemos encontrar as seguintes formas
de descentralização:
45
Autorização: é um acto administrativo outorgado a alguém, que por isso se interesse.
Logo, é o direito de realizar certa actividade material, por exemplo, o de portar arma
para a defesa pessoal.
1. Garantir uma boa gestão do País no seu conjunto com base num mínimo de
homogeneidade;
A organização administrativa de um Estado moderno não pode optar totalmente por um ou outro
tipo de organização. Pelo contrário, é necessário uma ponderação entre os dois tipos de
organização.
Portanto, são Órgãos da Administração Pública todos os órgãos, serviços e agentes do Estado,
bem como das demais pessoas colectivas públicas, que asseguram em nome da colectividade a
satisfação regular e contínua das necessidades colectivas de segurança, cultura e bem-estar.
Tais órgãos, serviços e demais pessoas públicas, incluindo pessoas físicas que agem em seu
nome (dos órgãos, …) e do Estado possuem poderes e deveres próprios que os permite participar
no processo de formação e de manifestação da vontade que é imputada à Administração Pública.
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Quer dizer, que os permite tomar decisões técnico-administrativas no quadro das suas
competências e funções e da Função Administrativa do Estado, em geral.
Legislação aplicável:
Trabalho proposto
Com os seus colegas ou sozinho procure, no texto da unidade, na bibliografia indicada
ou noutras fontes, responder as questões em seguida apresentadas:
47
1. Com base na legislação aplicável identificar, definir e explicar as funções dos órgãos da
Administração Directa do Estado.
2. Com base na legislação aplicável identificar, definir e explicar as funções dos órgãos da
Administração Directa Desconcentrada do Estado.
3. Com base na legislação aplicável identificar, definir e explicar as funções dos órgãos da
Administração Indirecta Descentralizada do Estado.
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Unidade 4
SISTEMAS ADMINISTRATIVOS
Introdução
O conceito de sistema aberto tem sua origem nas ciências que estudam os seres vivos e sua
adaptabilidade ao meio ambiente. Ludwig Bertalanfly, biólogo alemão, lançou as bases da Teoria
Geral dos Sistemas, que rapidamente se expandiu para outras áreas do conhecimento humano,
como Psicologia, as Ciências Sociais e a Administração, pela possibilidade de sintetizar e
integrar teorias que a precederam.
O sistema define-se como um todo organizado, constituído por partes interdependentes, que
concorrem para o cumprimento de uma determinada finalidade.
Segundo nos ensinam os grandes teóricos da Administração Pública e dos seus sistemas, entre
eles o Marcelo Caetano, o Diogo Freitas do Amaral, o Hans Wolff, o Michel Lesage, o Hanry
Puget, o M. Baena Del Alcázar, o Etrena Cuesta, … e, sobretudo o francês Maurice Hauriou que,
na sua obra Précis de Droit Administratif e Droit Public, 11ª ed., Paris, 1927, pag. 2, conseguiu
49
qualificar e distinguir os dois sistemas administrativos modernos que se implantaram nessa altura
ou posteriormente, tal como sucede com os sistemas políticos e com os sistemas judiciais, a
estruturação da Administração Pública varia em função do tempo e do espaço. E, é sobre esta
matéria que vamos abordar nesta unidade.
Neste nosso estudo nos interessa directamente, três tipos fundamentais de Sistemas
Administrativos: o sistema tradicional, o sistema tipo britânico (ou administração
judiciária) e o sistema tipo francês (ou administração executiva).
O sistema tradicional vigorou na Europa Ocidental até aos séculos XVII e XVIII e assentava nas
seguintes características:
Durante o período em que vigorou o sistema tradicional não havia separação de poderes nem
Estado de Direito. Viveu-se, na Europa, durante séculos, até ao final do período do absolutismo –
sem separação de poderes e sem Estado de Direito.
Este panorama foi alterado a partir de 1688, com a Grande Revolução em Inglaterra, e de 1789,
com a Revolução Francesa.
50
tradicional deixou de vigorar e estabelecem-se os sistemas administrativos modernos (no pós
revoluções liberais).
Notas:
Estado Absoluto (máxima concentração do poder no rei: a vontade do rei é lei e as
regras jurídicas definidoras do poder são exíguas, vagas, parcelares e quase todas não
reduzidas a escrito);
Estado de Direito é o Estado em que, para garantia dos direitos dos cidadãos, se
estabelece juridicamente a divisão do poder e em que o respeito pela legalidade se eleva a
critério da acção dos governantes;
Princípio de Separação de Poderes
O Princípio de Separação de Poderes teve a sua consagração efectiva no séc. XVIII, primeiro na
Revolução americana e depois na Revolução francesa.
o No plano do Direito Constitucional, o princípio visa retirar ao rei e aos seus ministros a
função de legislar, deixando-os apenas com a função política e a função administrativa. E
foi assim que se deu a separação entre o Executivo e o Legislativo;
o No plano do Direito Administrativo, o princípio visa retirar à Administração Pública a
função judicial e aos tribunais a função administrativa. Foi a separação entre a
Administração Pública e a Justiça.
51
órgão com atribuições próprias;
2. Aparecimento de incompatibilidades das magistraturas;
3. Independência recíproca da Administração e da Justiça, etc.
Numa gestão participativa o tipo de poder que prepondera é o poder de competência, legitimado
pelo reconhecimento do conhecimento e das capacidades do líder no desempenho eficiente e
eficaz de seu papel.
A política define o poder como a capacidade de impor algo sem alternativa para a desobediência.
O poder político, quando reconhecido como legítimo e sancionado como executor da ordem
estabelecida, coincide com autoridade, mas há poder político distinta com esta que até se lhe
opõe, como acontece na revolução ou nas ditaduras.
A Sociologia define o poder , geralmente, como a habilidade de impor a sua vontade sobre os
outros, mesmo se estes resistirem da sua maneira. Existem, dentro do contexto sociológico,
diversos tipos de poder: o poder social, o poder económico, o poder militar, o poder político, o
poder tradicional, entre outros. Foram importantes para o desenvolvimento da actual concepção
de poder os trabalhos de Michel Foucault, Max Weber, Pierre Bourdieu.
A. Poder Legislativo
52
O Poder Legislativo é o poder de legislar, criar e sancionar as leis.
No sistema de três poderes proposto por Montesquieu, o poder legislativo é representado pelos
legisladores, homens que devem elaborar as leis que regulam o Estado. O poder legislativo na
maioria das repúblicas e monarquias modernas é constituído por um congresso , parlamento,
assembleias ou câmaras.
Em regimes ditatoriais o poder legislativo é exercido pelo próprio ditador ou por uma câmara
legislativa nomeada por ele.
Entre as funções elementares do poder legislativo está a de fiscalizar o poder executivo, votar
leis orçamentárias, e, em situações específicas, julgar determinadas pessoas, como o Presidente
da República ou os próprios membros da assembleia.
B. Poder Executivo
O Poder Executivo é o poder do Estado que, nos moldes da Constituição de um país, possui a
atribuição de governar o povo e administrar os interesses públicos, cumprindo fielmente as
ordenações legais.
O executivo pode assumir diferentes faces, conforme o local em que esteja instalado.
53
sob observação do Presidente.
C. Poder Judicial
O Poder Judicial ou Poder Judiciário é um dos três poderes do Estado moderno na divisão
preconizada por Montesquieu em sua teoria de separação dos poderes.
É exercido pelos juízes que possuem a capacidade e a prerrogativa de julgar, de acordo com as
regras constitucionais e leis criadas pelo Poder Legislativo em determinado País.
Em termos do âmbito territorial do seu exercício, o poder do Estado pode ser Central ou Local.
Inversamente, é poder local um poder que emana de um órgão investido de uma função ou
competência para somente uma parte dos seus membros (membros de um Estado ), por exemplo
os poderes exercidos pelos órgãos autárquicos ou pelos órgãos locais do Estado.
54
3.3. o sistema administrativo do tipo britânico, ou de administração judiciária
O sistema é oriundo da Inglaterra e vigora hoje em dia na generalidade dos países anglo-
saxónicos e em alguns países da América Latina.
55
3.4. o sistema administrativo do tipo francês, ou de administração executiva
Este sistema nasceu na França e vigora hoje em dia em quase todos os países da Europa
ocidental continental e em muitos dos novos Estados que nasceram da descolonização no século
XX depois de terem sido colónias desses países europeus. Há, é óbvio, numerosas variantes
nacionais. Moçambique pretende pertencer a este grupo.
Fazendo uma confrontação entre os sistemas francês e britânico podemos concluir que tem de
comum o facto de consagrarem ambos a separação de poderes e o Estado de Direito.
56
Têm, porém, vários traços específicos que os distinguem nitidamente, como se pode ver no
quadro abaixo:
Os sistemas administrativos mais seguidos no mundo são os sistemas modernos (de tipo
britânico e do tipo francês), cada um com sua natureza e pureza teórica original, embora haja
entre eles alguns pontos comuns.
57
Trabalho proposto
Em grupo ou individualmente estudar o texto da unidade e responder as questões
abaixo indicadas.
2. Tipificar e distinguir, com base nas respectivas características, os três sistemas administrativos
que já foram seguidos na história da Administração Pública no mundo.
58
Unidade 5
Introdução
As primeiras funções são, fundamentalmente, a criação do Direito e a sua aplicação, sendo elas:
Função Constituinte, Função Legislativa, Função Executiva e Função Jurisdicional. Pois, no
exercício destas resultam as leis, os regulamentos administrativos e a jurisprudência.
As segundas, cujo objecto, ao menos directo e imediato, não é a criação e a aplicação do Direito,
são a Função Política e a Função Técnica. E, no seu exercício resultam as políticas públicas e os
bens materiais e imateriais e serviços que satisfazem as necessidades de carácter colectiva.
59
Interessa nos a função técnica, exactamente porque para além de coincidir com a função
administrativa do Estado, que consiste na satisfação das necessidades colectivas que o Estado
deve prosseguir, a função técnica corresponde à actividade prática, desenvolvida pela
Administração Pública, segundo um critério de eficiência, de acordo com as prescrições de certa
Ciência ou Arte e traduz-se no emprego dos numerosos processos próprios para o uso dos meios
adequados à prossecução de objectivos concretos, isto é, das várias técnicas. A função técnica do
Estado é toda a actividade cujo objecto directo e imediato consiste na produção de bens
(materiais e imateriais) ou na prestação de serviços destinados à satisfação de necessidades
colectivas de carácter material ou cultural, de harmonia com preceitos práticos tendentes a obter
a máxima eficiência dos meios empregados.
Toda a actividade desenvolvida pela Administração Pública tem ou deve ter o seu fundamento na
lei. Aliás, já o dissemos que a Administração Pública, seja qual for o seu sistema, está
subordinada à Lei e ao Direito. E isto significa que a Administração Pública está subordinada
não só às normas jurídicas, como também aos princípios jurídicos, especialmente os Princípios
Gerais de Direito Administrativo.
Antes de mais dizer que a actividade da Administração Pública é uma actividade de natureza
administrativa e de natureza jurídica.
Deve-se entender a actividade administrativa como sendo aquela que é exercida pelos órgãos da
Administração Pública, ao abrigo da Função Administrativa do Estado, que tem como fim a
60
satisfação regular e contínua das necessidades colectivas e que, genericamente, são a segurança,
a cultura e o bem-estar.
Segundo alguns autores, o acto tácito pode, igualmente, ser considerado, de alguma maneira,
uma forma de prossecução da actividade administrativa. A esta enumeração jurídica convêm
adicionar as operações materiais que reúnem todos aqueles actos não jurídicos e que são
praticados por estruturas administrativas, designadamente serviços e que servem para dar
execução às decisões administrativas.
Importa sublinhar que para alcançar os seus fins e objectivos, qualquer Estado moderno, isto é, o
Estado Social e de Direito (Estado social, porque visa promover o desenvolvimento económico,
o bem-estar, a justiça social; e Estado de Direito, porque não prescinde do legado liberal
oitocentista em matéria de subordinação dos poderes públicos ao Direito, e o esforço e reforço
das garantias particulares frente à Administração Pública) sendo que para tal, deverá contar com
uma Função Administrativa muito forte e profissionalizada
Função administrativa é uma das funções básicas do Estado (ou de seus delegados). É
caracterizada em confronto com a função legislativa e a função jurisdicional. A função
administrativa é activa, pois em regra depende de provocação do cidadão para ser exercitada,
diferentemente do que ocorre com a função jurisdicional. É, por outro lado, subordinada à lei,
actividade infra-legal, que não inova a ordem jurídica, diversamente da função legislativa,
naturalmente criativa e inovadora. A função administrativa é actividade infra-legal, activa,
hierarquizada, de realização do interesse público.
61
faça as vezes), expressiva do poder público, realizada sob a lei ou para dar aplicação estritamente
vinculada a norma constitucional, como actividade emanadora de actos complementares dos
actos de produção jurídica primários ou originários, sujeita a dupla sindicabilidade jurídica e
dirigida à concretização das finalidades estabelecidas no sistema do direito positivo" (Função
Administrativa)
Para o Amaral Fontoura, para o Estado atingir esse duplo fim, o Estado compreende numerosas
funções, umas primordiais, inerentes à sua natureza, outras secundárias, que o Estado pode ou
não pode desempenhar.
62
A. Funções primordiais ou essenciais:
a) Governo ou governação, função executiva, controladora geral de todas as
actividades do país. Exercida pelo «poder executivo», isto é, pelo Chefe do
Estado ou Governo e pelo Governo.
b) Militar, organização e manutenção das forças armadas, exército, marinha,
aviação, etc;
c) Administrativa, estendendo-se sobre todos os bens públicos, organização dos
serviços públicos, repartições públicas, etc.
d) Legislativa, compreendendo a confecção de leis e códigos, para governo do
povo.
e) Judiciária, distribuição da justiça a todos os cidadãos, valendo pelo
cumprimento da lei e restabelecimento do Direito onde quer que o mesmo tenha
sido espezinhado.
f) Financeira, controlo da riqueza pública, decretação de impostos, sua arrecadação
e uso;
g) Diplomática, representação do Estado perante os outros Estados, compreendendo
a representação diplomática propriamente dita (embaixadas e consulados) e as
representações comerciais e de interesses privados.
B. Funções secundárias ou complementares
1. Da Administração Pública;
2. De pessoas.
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A Função Pública é a massa humana que trabalha no Estado e para o Estado, ou seja no interesse
deste.
Toda a actividade desenvolvida pela Administração Pública tem ou deve ter o seu fundamento na
lei, a Lei Administrativa, e no Regulamento.
Aliás, já o dissemos que a Administração Pública, seja qual for o seu sistema, está subordinada à
Lei e ao Direito. E isto significa que a Administração Pública está subordinada não só às normas
jurídicas, como também aos princípios jurídicos, especialmente os Princípios Gerais de Direito
Administrativo.
Legislação aplicável:
Constituição da República;
Lei nº 14/2011, de 10 de Agosto, que regula a formação da vontade da Administração
Pública e estabelece as normas de defesa dos direitos e interesses dos particulares;
Lei nº 7/2012, de 8 de Fevereiro, que aprova a lei de base da Organização e
64
Funcionamento da Administração Pública moçambicana;
Decreto nº 30/2001, de 15 de Outubro, que aprova as Normas de Funcionamento dos
Serviços da Administração Pública.
Trabalho proposto
Em grupo ou individualmente estudar o texto da unidade e resolver as questões abaixo
indicadas.
65
Unidade 6
O CONTROLO DA ADMINISTRAÇÃO
PÚBLICA
Introdução
66
O sistema administrativo seguido num determinado Estado determina o regime do controlo da
Administração Pública, bem como as instituições que nele intervêm.
Nesta unidade, vamos sumarizar as principais ideias sobre o controlo da Administração Pública,
tendo o sistema de focalização, o sistema administrativo do tipo francês, ou de administração
executiva, por esse do nosso interesse e cujo o sistema de controlo é mais complexo.
Recorde-se que a Administração Pública em sentido objectivo define-se como « actividade típica
dos seus órgãos, dos serviços e agentes administrativos desenvolvida no interesse geral da
colectividade, com vista à satisfação contínua das necessidades colectivas de segurança, cultura e
bem-estar, obtendo para o efeito os recursos mais adequados e utilizando as formas mais
convenientes».
Também é preciso recordar que a Administração Pública é um todo integrado por estruturas,
que podem ter uma autonomia significativa no quadro do sistema, mas que convergem na
realização de um conjunto de fins e estão submetidas, em diversos aspectos, a um conjunto de
normas emanadas do Poder Político. O seu exercício está subordinado a determinados
princípios, constituindo como um código da actividade administrativa, ou seja um Código do
Procedimento Administrativo (Lei 14/2011, de 10 de Agosto - Regula a formação da vontade
da Administração Pública e estabelece as normas de defesa dos direitos e interesses dos
particulares).
67
dispõem de competência limitada a uma área territorial restrita e que funcionam sob a direcção
dos correspondentes órgãos centrais.
São estas actividades (acima alistadas) que são sujeitas a um controlo diverso. E aqui está a
resposta da primeira parte da questão de partida, neste ponto (5.1.).
Já foi dito que toda a actividade desenvolvida pela Administração Pública tem ou deve ter o seu
fundamento na lei. Aliás, já o dissemos que a Administração Pública, seja qual for o seu sistema,
está subordinada à Lei e ao Direito. E isto significa que a Administração Pública está
subordinada não só às normas jurídicas, como também aos princípios jurídicos, especialmente os
Princípios Gerais de Direito Administrativo, parte dos quais o Decreto nº 30/2001, de 15 de
Outubro, prevê nos artigos 4º a 14º. Trata-se, em geral, de uma exigência da juridicidade escrita,
que proíbe qualquer discricionariedade administrativa não prevista na lei e para além da lei. Esta
juridicidade escrita é, antes de mais, uma exigência de protecção dos direitos e interesses
juridicamente protegidos dos cidadãos, mas também uma exigência do interesse público. Sem
essa protecção e sem essa juridicidade escrita não há interesse público. Aqui está a resposta sobre
porquê a actividade administrativa deve ser controlada.
68
5.2. Os Tipos do Controlo
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explicações podem ser encontradas em dois textos essenciais, que constituem o seu fundamento.
Me refiro aos textos franceses, nomeadamente, as leis: uma de 16-24 de Agosto de 1790 e o
Decreto do fructidor na III. Mas é preciso sublinhar, antes de mais, que tudo começa a ser
moldado a partir da própria Tradição do Velho Regime francês. Também se ajuntam os dados
ideológicos da Revolução Francesa e a estrutura política francesa daquela época.
As causas da dualidade são bem explicadas pela professora Jacqueline Morand-Deviller, na pág.
14, da sua obra Cours de Droit Administratif, 7ª ed., chez Montchrestiem, E. J. A., 75741 Paris
Cedex 15, 2001.
O modelo francês é, hoje, seguido em muitos países. E, só para ilustrar essa explicação,
podemos olhar para o caso de Moçambique, cuja administração é executiva(?). Com efeito, a
Constituição da República de Moçambique consagra na sua secção III, do Capítulo III, do Título
IX, ao Tribunal Administrativo.
O controlo político é o controlo do poder legislativo sobre o executivo. Esse controlo implica que
as assembleias parlamentares tenham o direito de informação indispensável, não somente por
ocasião do trabalho legislativo, no quadro do domínio essencial de elaboração do Orçamento
Geral do Estado, mas também pela utilização da modalidade de controlo mais estendido: a
colocação em causa da responsabilidade do governo, nas condições previstas na Constituição da
República (artigo 179º, números 1, 2 e 3).
70
paralisam os serviços; as vezes ineficazes, porque não chegam a impedir os abusos, até
escândalos de vária ordem, que chegam a ser denunciados pela impressa.
Os controladores não são livres, pois se encontram ligados ao poder hierárquico, embora estejam
colocados em organismos especializados, por exemplo, a Inspecção Geral de Finanças , as
inspecções internas dos ministérios e outras instituições, a Inspecção Administrativa e a
Inspecção do Estado.
É o controlo feito por entidades e instituições independentes (?) como, por exemplo, o Provedor
de Justiça (artigos 256º a 261º, da Constituição da República; os Conselhos de Magistraturas
Judicial, Administrativa e do Ministério Público. Em muitos países, nomeadamente europeus,
existem comissões e instituições independentes, criadas por leis, para exercerem o controlo
independente da Administração Pública. Por exemplo, no modelo francês existem: a Comissão
nacional de informática e de liberdades (CNIL); o Comité nacional de avaliação dos
estabelecimentos públicos a carácter, científico, cultural e profissional; a Comissão nacional de
intercepção de segurança; a Autoridade nacional de regulação das telecomunicações (ART); a
Comissão de regulação de electricidade; a Comissão consultiva do segredo da defesa nacional;
a Comissão de acesso aos documentos administrativo (CADA).
Estes organismos criados a partir dos anos de 1970, à margem das estruturas administrativas
tradicionais e, qualificados de autoridades independentes, têm autoridade de controlar a
Administração Pública.
71
iii. É externo quando é realizado por entidades ou instituições de fora da própria
Administração, nomeadamente, o Tribunal Administrativo (controlo jurisdicional), a
Assembleia da República e/ou suas Comissões Especializadas (o controlo político), ou
por entidades ou instituições especializadas com poder de controlo administrativo, por
exemplo o Provedor de Justiça, (controlo independente);
iv. Interno quando é realizado por entidades ou instituições que fazem parte da própria
estrutura da Administração Pública, os organismos de inspecção (controlo
administrativo);
v. O controlo da Administração Pública pode ser normal ou restrito;
vi. Normal quando recai sobre a legalidade dos actos administrativos, a legalidade de
operações financeiras ou de despesas, controlo de gestão e controlo de colectividades
locais e empresas públicas e sociedades participadas;
vii. Controlo restrito, quando recai sobre o poder discricionário, já que este é submetido às
obrigações essenciais da legalidade, trata-se do controlo da legalidade externa e interna
dos actos praticados pelos titulares dos cargos ou das funções administrativos, sendo
externo quando visam: vício de forma ou de procedimento; e, interno quando recai sobre:
desvio ou usurpação de poder, erro manifesto, erro na constatação material de factos, erro
do Direito, …).
Feita esta sumarização das principais ideias sobre o controlo da Administração Pública, tendo
como sistema de focalização o sistema administrativo do tipo francês ou de administração
executiva, sobretudo o modelo francês, vamos na unidade a seguir, estudar algumas noções do
Direito Público, exactamente porque o Direito Administrativo é um dos ramos do Direito
Público.
Trabalho proposto
Em grupo ou individualmente estudar o texto da unidade e responder as questões
abaixo indicadas.
72
3. Identificar os objectos do controlo da Administração Pública.
73
PARTE II
Elementos Essenciais e Fundamentais do Direito Administrativo
Unidade 7
O DIREITO PÚBLICO
Introdução
Neste sumário, sobre o Direito Público, adoptar-se-á como referência a Sociedade Estadual, que
é, como se sabe, uma das possíveis sociedades – actualmente a mais relevante – regulada pelo
Direito.
74
Neste sentido, equivale ao conceito de “ordem pública. Este significado da palavra pode ter
outras ramificações:
Famílias de Direitos
Costuma-se distinguir:
A lei;
O costume;
A jurisprudência;
Os princípios gerais do Direito;
A doutrina.
Tradicionalmente, o Direito se divide nas categorias de Direito Público e Direito Privado, divisão
feita com base no critério da utilidade ou interesse visado pela norma. Contudo, a quem diz que
75
esse critério é falha, porque não se pode afirmar, com segurança, se o interesse protegido é do
Estado ou dos indivíduos. Em razão disso houve autores que concluíram que o fundamento da
divisão encontra-se no “interesse dominante”, ideia insatisfatória, pois tão interligados estão,
sendo impossível verificar qual é o interesse dominante ( Diniz, M. H. 1999 – brasileiro ).
O Direito Positivo Estadual, entendido como o conjunto de normas jurídicas que efectivamente
vigoram em determinada Sociedade Estadual, é só não muito extenso, mas extremamente
variável. As normas que o compõem são em enorme número e de grande variedade, tanto quanto
à sua estrutura e natureza como no que diz respeito à matéria que regulam. Para além disso,
todos os dias entram em vigor um grande número de normas, a par de outras que cessam a sua
vigência.
No âmbito do vasto número de normas que constituem o Direito Positivo é possível encontrar
identidade de traços entre algumas delas.
Deste modo, foram-se agrupando as diversas normas de acordo com as suas características
comuns, criando-se várias divisões no meio do Direito Positivo, de tal forma que cada norma
jurídica nova pode ser reconduzida a um desses grupos tradicionalmente designados por Ramos
de Direito. Cada ramo do Direito é composto por um conjunto de normas jurídicas dotado de
individualidade específica e estruturado de acordo com princípios gerais próprios.
Não sendo do nosso interesse, nesse manual, a análise de cada um dos diversos ramos do Direito,
limitar-nos-emos, nesta unidade introdutória, a proceder uma breve apresentação do Direito
Público, pois o nosso objecto de estudo é um dos ramos desse Direito.
O Direito Público é a parte do ordenamento jurídico que rege as relações entre o poder público e
as pessoas e entidades privadas.
76
quem diz que esse critério é falha, porque não se pode afirmar, com segurança, se o interesse
protegido é do Estado ou dos indivíduos. Em razão disso houve autores que concluíram que o
fundamento da divisão encontra-se no “interesse dominante”, ideia insatisfatória, pois tão
interligados estão, sendo impossível verificar qual é o interesse dominante. ( Diniz, M. H. 1999 –
brasileiro ).
O Direito Público é o conjunto de normas que dispõem sobre interesses ou utilidades imediatas
da Comunidade Estadual.
Não é deste modo possível fazer referência a uma classificação propriamente dita dos ramos do
Direito Público.
Pertencem ao Direito Público alguns ramos de direito substantivo e os ramos de direito adjectivo
ou processual.
O Direito Público regula as relações e interesses do Estado entre seus agentes e a colectividade e
visa o bem estar comum, especificado em normas aprovadas por representantes do Povo,
escolhidos democraticamente.
77
Neste sentido, Direito do Estado é uma etapa superior do Direito Público, fixada em instituições
permanentes, ao contrário do Direito Público Governativo, vinculado aos grupos políticos
determinados ou às orientações políticas contingentes.
Outro ponto que distingue o Direito Público é o princípio que o rege: o Princípio da
Supremacia do interesse público em face do interesse individual. Com isso será sempre
priorizado o interesse geral em detrimento do interesse individual de cada pessoa, devendo este
submeter-se àquele.
Quando a Administração Pública, no exercício das suas actividades, actua com recurso às suas
prerrogativas de autoridade ou de império está sujeita à aplicação das regras do Direito
Administrativo.
Por outro lado, se sabe pela distinção entre o Direito Público e o Direito Privado, muitas vezes os
órgãos da Administração Pública se relacionam com os particulares num plano de igualdade.
Ora, estas relações regem-se não pelas normas de Direito Administrativo, mas pelas regras
próprias do Direito Privado.
Trabalho proposto
Em grupo ou individualmente estudar o texto da unidade e responder as questões
abaixo indicadas.
78
2. Definir o Direito Público.
4. Discutir porque é que o Direito de Estado é uma etapa superior do Direito Público.
79
Unidade 8
Direito Administrativo
Introdução
Sempre se sublinhou que quando a Administração Pública actua com recurso às suas
prerrogativas de autoridade ou de império, no exercício das suas actividades, está sujeita à
aplicação das regras do Direito Administrativo.
Importa recordar que em todos os países existe Administração Pública. Mas o regime jurídico a
que ela está submetida difere, como podemos notar quando analisamos os sistemas
administrativos.
Para o nosso caso o Direito a que se submete a nossa Administração Pública, é o Direito
Administrativo.
Aliás, basta recordar que em sentido objectivo, material ou funcional, a administração pública
pode ser definida como actividade concreta e imediata que o Estado desenvolve, sob regime
jurídico de Direito Público, para consecução dos interesses colectivos, sendo esse Direito, o
Direito Administrativo.
80
4.1. Generalidades
Nenhum país civilizado pode deixar de ter Administração Pública, ou deixar de desenvolver uma
actividade administrativa. Mas nem todos têm o Direito Administrativo e, este não se reveste a
mesma natureza de país para país.
Para haver Direito Administrativo, é necessário que se verifiquem duas condições: (i) que a
Administração Pública e a actividade administrativa sejam regulados por normas jurídicas
propriamente ditas, isto é, por normas de carácter obrigatório; (ii) que essas normas
jurídicas sejam distintas daquelas que regulam as relações privadas dos cidadãos entre si.
Esta duas conclusões – que a Administração seja regida por normas jurídicas, e que essas normas
diferentes das normas que regulam as relações jurídicas privadas – só ocorrem no Estado
moderno, e, mesmo assim, nem todos os países se verifica a segunda, como vimos quando
estudamos os sistemas administrativos.
Nos Estados de Direito Democrático este princípio é tão importante encontrando eco nas
respectivas Leis Supremas.
A nossa Constituição, no título XII, no seu capítulo I (artigos: 249º e 253º), consagra
solenemente o princípio da submissão da nossa Administração Pública à lei.
81
O sistema administrativo de administração executiva a actividade típica da Administração
Pública é diferente da actividade privada. Daí que as normas jurídicas aplicáveis devem ser
normas de Direito Público, e não as normas de Direito Privado, constantes do Direito Civil ou do
Direito Comercial.
Foi assim que se formou e desenvolveu o Direito Administrativo, como ramo do direito
objectivo diferente dos ramos tradicionais do direito privado.
Direito Administrativo é o ramo do Direito Público que tem por objecto o estudo das
normas jurídicas relativas ao exercício da função administrativa do Estado. Ou seja, é o
conjunto de regras que se impõem às pessoas jurídicas de direito público e as pessoas
jurídicas de direito privado que exercem actividades por conta do Estado, isto é, no quadro
da função administrativa do Estado, estas últimas como delegadas do Estado, realizando os
fins desejados pela ordem jurídica e, idealmente, o bem comum.
Ou ainda, como pontua José dos Santos Carvalho Filho em “ Manual de Direito
Administrativo” ( Editora Lumen Juris – 4ª Ed.): “Direito Administrativo [...] é conjunto de
normas e princípios que, visando sempre ao interesse público, regem as relações jurídicas
entre as pessoas e órgãos do Estado e entre este e as colectividades a quem devem servir”
É um ramo do Direito Público. Assim, sempre existirá um órgão estatal ou uma pessoa
privada em exercício de uma função delegada pelo Estado nas relações jurídicas
regulamentadas por normas do Direito Administrativo. Além disso, não se confunde com a
actividade estatal de julgar, inerente ao Poder Judiciário, nem com outras actividades
indelegáveis, como a de inovar ou renovar a ordem jurídica ( Função Legislativa ). Logo,
salvo excepções previstas em lei, um acto administrativo não define de forma absoluta a
situação jurídica de um indivíduo ( ne forme pas la chose jugée ), nem cria, de modo
primário, direitos e obrigações novos para o cidadão.
82
No entender do Prof. Dr. Marcelo Caetano “o «Direito Administrativo» pode ser definido como um ramo do direito
público constituído pelo sistema de normas jurídicas que regulam a organização e o funcionamento da
Administração Pública, bem como as relações estabelecidas entre ela e os particulares no exercício da actividade
administrativa de gestão.
Ora, ressalvar que as noções e/ou definições acima apresentadas não são comuns em todos os
país, ou seja, cada país apresenta a sua própria definição.
Em França, Rivero ( Droit Administratif, pág. 20) dá outra definição « é o conjunto de regras
jurídicas distintas do direito privado que regulam a actividade de pessoas públicas».
Nos Estados Unidos da América, Schwarz (Administrative Law, p. 1) entende-o como «o ramo
de direito que controla as operações administrativas de governação».
83
O que temos que entender é que essa variação da noção do Direito Administrativo tem muito em
comum, a natureza das normas jurídicas referidas e os sujeitos da sua aplicação. Portanto, são
todas aceites.
Nos nossos dias o Direito Administrativo se apresenta com uma certa complexidade e extensão
considerável e, por esta razão, somos obrigados a distinguir nele vários ramos que já se
individualizaram ou em via disso.
A primeira distinção que deve ser feita é entre o Direito Administrativo substantivo e o Direito
Administrativo processual.
84
É verdade que o imposto num sistema democrático é definido como uma contribuição voluntária,
mas não restam dúvidas, como o seu nome o indica, que ele é imposto de tal maneira que o
segundo objecto do Direito Fiscal é de organizar as relações entre a Administração e os
contribuintes. Trata-se de algumas especialidades sobre as receitas tributárias cujo regime
jurídico se autonomizou no próprio Direito Fiscal em consequência da necessidade de proceder
na imposição dos impostos e das taxas, e na cobrança coerciva deles, por modo que não
desrespeitem as regras que protegem a propriedade privada dos contribuintes.
O Direito Administrativo local – engloba o Direito das Autarquias Locais e o Direito dos
Órgãos Locais do Estado.
Esses são os ramos do Direito Administrativo comum com alguns ramos especiais, cujas
especialidades se visualizam quando analisamos o objecto das normas que os constituem.
Há que destacar, o Direito Militar ou das Forças de Defesa e Segurança em geral, dominado por
alguns princípios peculiares à coesão e disciplina das forças armadas, donde resultam bastantes
particularidades em relação ao Direito Administrativo comum.
Trabalho proposto
Em grupo ou individualmente estudar o texto da unidade e responder as questões
abaixo indicadas.
1. Explicar as condições necessárias e suficientes para que o Direito Administrativo possa existir.
85
Unidade 9
Introdução
É comum, nos dias de hoje, nas nossas universidades, a ocorrências das disciplinas de
Metodologias de Investigação Científica nos primeiros semestres dos cursos universitários,
muito antes dos estudantes poderem compreender a sua importância para a sua vida estudantil e
mesmo posterior. Este facto tem contribuído bastante para a má qualidade dos trabalhos de
investigação e de dissertações dos estudantes nos anos seguintes.
Preocupado com esta situação achei importante começar o estudo do objecto desta unidade,
fazendo alguma revisão de algumas noções e os aspectos da Metodologia de Investigação
Científica, começando pelo conceito de método científico.
86
resultantes de experiências ou pesquisa de campo - e analisá-las com o uso da lógica. Para
muitos autores o método científico nada mais é do que a lógica aplicada à ciência.
O método começa pela observação, que deve ser sistemática e controlada, a fim de que se
obtenham os fatos científicos. O método é cíclico, girando em torno do que se denomina Teoria
Científica, a união indissociável do conjunto de todos os fatos científicos conhecidos e de um
conjunto de hipóteses testáveis e testadas capaz de explicá-los. Os fatos científicos, embora não
necessariamente reprodutíveis, têm que ser necessariamente verificáveis. As hipóteses têm que
ser testáveis frente aos fatos, e por tal, falseáveis. As teorias nunca são provadas e sim
corroboradas.
Metodologia científica literalmente refere-se ao estudo dos pormenores dos métodos empregues
ou usados em cada área científica específica, e em essência dos passos comuns a todos estes
métodos, ou seja, do método da ciência em sua forma geral, que se supõe universal. Embora
procedimentos variem de uma área da ciência para outra (as disciplinas científicas),
diferenciadas por seus distintos objectos de estudo, consegue-se determinar certos elementos que
diferenciam o método científico de outros métodos encontrados em áreas não científicas, a
citarem-se os presentes na filosofia, na matemática e mesmo nas religiões.
A metodologia científica tem sua origem no pensamento de Descartes, que foi posteriormente
desenvolvido empiricamente pelo físico inglês Isaac Newton. Descartes propôs chegar à verdade
através da dúvida sistemática e da decomposição do problema em pequenas partes,
características que definiram a base da pesquisa científica . Compreendendo-se os sistemas mais
simples, gradualmente se incorpora mais e mais variáveis, em busca da descrição do todo.
Karl Popper demonstrou que nem a verificação nem a indução sozinhas serviam ao propósito em
questão - o de compreender a realidade conforme esta é e não conforme gostaria se que fosse -
pois o cientista deve trabalhar com o falseamento, ou seja, deve fazer uma hipótese e testar suas
87
hipóteses procurando não apenas evidências de que ela está certa, mas sobretudo evidências de
que ela está errada. Se a hipótese não resistir ao teste, diz-se que ela foi falseada. Caso não, diz-
se que foi corroborada. Popper afirmou também que a ciência é um conhecimento provisório,
que funciona através de sucessivos falseamentos. Nunca se prova uma teoria científica.
Thomas Kuhn percebeu que os paradigmas são elementos essenciais do método científico, sendo
os momentos de mudança de paradigmas chamados de revoluções científicas. O método
científico é construído de forma que a ciência e suas teorias evoluam com o tempo.
Não apenas recentemente mas desde os primórdios a metodologia científica tem sido alvo de
inúmeros debates de ordem filosófica, sendo criticada por vários pensadores aversos ao
pensamento cartesiano, a citarem-se as críticas elaboradas pelo filósofo francês Edgar Morin.
Morin propõe, no lugar da divisão do objecto de pesquisa em partes, uma visão sistémica, do
todo. Esse novo paradigma é chamado de Teoria da complexidade (complexidade entendida
como abraçar o todo). Embora tal paradigma não implique a rigor na invalidade do método
científico em sua forma geral, este certamente propõe uma nova forma de se aplicá-lo no que se
refere às particularidades de cada área quando o objectivo é compreender a realidade na melhor
forma possível.
Depois do breve resumo sobre as noções do método e da metodologia científico agora estamos à
altura de começarmos o estudo das vias mais convenientes para elaborar o sistema científico do
Direito Administrativo, isto é, o melhor sistema de construí-lo e de expô-lo.
O professor Caetano nos ensina como estando na base de toda a discussão sobre o método do
Direito Administrativo a clássica distinção dos dois processos ou métodos dedutivo e indutivo,
que são transportados para o campo da ciência jurídica, através das posições extrema da escola
do Direito Natural e da escola histórica, sublinhando que posição metodológica tende para uma
ou para outra das duas escolas, sendo que os sectários da escola histórica acabaram por dar um
papel muito largo ao processo dedutivo. Mas no princípio da sua doutrina está sempre a crença
em que o Direito é manifestação do génio nacional, de que as leis e costumes são fruto das
circunstâncias e conveniências particulares de um povo em dado momento histórico, e portanto
pela indução que há-de começar a construção de um sistema jurídico, propendendo-se
88
naturalmente para a pesquisa histórica e sociológica. Nasce assim a dogmática posição a par da
dogmática filosófica (senão metafísica) e em contraste com a concepção problemática da ciência
jurídica.
Na actualidade todos os métodos de investigação pertencem a este ramo indutivista, mais do que
histórico.
Os jusnaturalistas pensam que todo o Direito assenta sobre os preceitos imperativos inerentes à
natureza humana e que portanto o labor do jurista está em descobri-los e em desenvolvê-los
racionalmente.
Ao longo do tempo a luta foi se travando entre as posições extremas. Dessa luta apareceram:
A orientação que adopta para o estudo e investigação do Direito Administrativo, enquanto ramo
do Direito positivo moçambicano, é que este tem de ser construído indutivamente a partir das
fontes ( as fontes do Direito Administrativo).
Toda a investigação que possa trazer a construção do sistema do Direito Administrativo deve
incidir sobre as leis e sobre a sua aplicação pelos tribunais e pela Administração Pública, de
modo a conhecer qual a realidade da vigência do Direito. Daí deduzem-se princípios que vão
sendo ordenados no sistema. Mas este tem de ter em conta os preceitos do Direito Natural bem
como as regras fundamentais em que se assenta a Ordem Jurídica de que o Direito
Administrativo é simplesmente elemento componente, preceitos e regras que são mutáveis
segundo os simples caprichos do empirismo da Administração, da modernização e das flutuações
da opinião pública.
A partir das leis, dos casos resolvidos, dos serviços administrativos e do método
sintético-compendiário.
Sempre, e seja qual o método jurídico de investigação, um trabalho de investigação deve ter um
plano de exposição que tenha sempre presente as realidades da vida social do país cujo Direito
89
positivo é pesquisado e cientificamente ordenado, e, quanto à exposição dos resultados dessa
pesquisa.
O plano deve ter uma introdução, o desenvolvimento com duas ou mais grandes partes,
subpartes, se forem necessárias, e conclusão.
Trabalho proposto
Em grupo ou individualmente estudar o texto da unidade e responder as questões
abaixo indicadas.
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Unidade 10
Introdução
As fontes principais do Direito são a lei e o costume, isto é, os modos como as normas jurídicas
se formam são a lei e o costume.
Muitos têm sido os critérios propostos para distinguir as duas fontes principais do Direito. Mas,
como o diz o Professor Marcelo Caetano (CAETANO, Marcelo. Manual de Direito
Administrativo, vol.I, 10 edição, pág. 80, Almedina, Coimbra, Março, 2010), - “a diferença
resulta apenas do grau de consciência que os membros da Sociedade tenham acerca da origem da
obrigatoriedade da norma.
Se a obrigatoriedade da norma resulta do acto do Poder que a impôs pelas forma solenes para
esse efeito consagradas, temo a lei, tomada a palavra no mais amplo sentido.
Se a norma é observada e imposta pelo Poder apenas porque assim se faz desde há longo tempo e
se reputa necessário continuar a fazer, sem que tenha havido um acto de definição e imposição
de que possa datar-se a obrigatoriedade, temos o costume”.
91
Nesta unidade vamos estudar a Noção da fonte de Direito, o Costume, a Jurisprudência e a
Doutrina.
Devido a sua grande importância e natureza, comparada com as outras fontes, a lei será estudada,
exclusivamente, na unidade 11 que se segue.
É neste último sentido que a expressão «fontes do Direito» vai ser utilizada no presente manual.
Não pretendo aqui, proceder ao estudo, nas suas noções básicas e elementares, os processos
através das quais as normas jurídicas são geradas e se manifestam em qualquer ordem jurídica.
Como fontes do Direito em sentido técnico-jurídico são comummente referidas a lei, o costume,
a jurisprudência e doutrina.
Entretanto, alguns autores incluem, nesse conjunto, os Princípios Gerais do Direito como fonte.
Entretanto, estas quatro fontes do Direito não apresentam igual natureza e importância. Importa
distinguir as fontes imediatas do Direito, ou fontes júris essendi, das fontes mediatas do Direito,
ou fontes júris cognoscendi.
92
As primeiras são os modos de formação das normas jurídicas. As segundas são os modos de
revelação das normas jurídicas. A lei e o costume são fontes imediatas do Direito; a
jurisprudência e a doutrina são fontes mediatas.
Vamos, embora em termos muito sumários, em que consiste cada uma das referidas fontes do
Direito em sentido técnico-jurídico, dando particular relevância à lei, sem dúvida, a principal
fonte do Direito nos sistemas jurídicos de origem latina.
10.2. O COSTUME
O Costume é fonte imediata do Direito, embora em alguns ordenamentos jurídicos seja bastante
menos importante do que a lei.
O costume pode ser entendido como a prática social reiterada acompanhada da convicção
da sua obrigatoriedade.
Para a existência de um costume não basta a prática reiterada e até uniforme do certo
comportamento. É também necessário que os membros da Sociedade em causa tenham a
consciência de que deve ser assim, de que aquela prática é obrigatória.
Contrariamente ao que se passa com a lei, verifica-se no costume uma criação inorgânica das
normas jurídicas. Elas vão surgindo fruto de determinados comportamento genericamente
assumido em certa Sociedade, a que se junta a convicção da sua obrigatoriedade.
Não existe um órgão, de qualquer natureza, incumbido de criar o costume, nem o seu
aparecimento é fruto de um processo mais ou menos normal.
Voltando para o elemento objectivo do costume, sublinho que o uso é a repetição socialmente
aceite de uma conduta.
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Podemos falar de usos do comércio, dos usos de terra, mas não confundir usos com costumes.
Por outro lado, falar de atender aos usos, impõe a objectividade de atender à lei e não o uso,
aplicando-o apenas se não for contrário a ela. Proíbe-se o uso “contra legem”, admitindo-o
quando for “secundum legem”.
É por isso que na epígrafe do artigo 3º do Código Civil se refere o “Valor dos usos”.
o a norma jurídica por ele criada confirma ou interpreta a lei (costume secundum legem);
o o costume regula aspectos não regulados pela lei (costume praeter legem);
o o costume cria uma regulamentação contrária à lei (costume contra legem).
É preciso ter sempre bem que só é norma consuetudinária aquela que se impõe, com a mesma
força da lei, aos cidadãos e aos órgãos do Poder: aquela que os tribunais aplicam e as
autoridades impõem coercivamente aos que a transgridem ou não observem.
Costume é toda a norma de carácter geral definida pelo uso ou prática constantes e
sancionadas pela coação em virtude da convicção comum, partilhada pelos órgãos do
Estado, da sua obrigatoriedade.
Lei é toda a norma de carácter geral definida por mandado conhecido do Poder
competente para impor e como tal acatado.
Veja de que o Código Civil de 1966, logo no seu 1º artigo, dispõe sobre as fontes
imediatas do Direito.
O costume é fonte do Direito Administrativo. Entretanto, é preciso entender que existem muitas
regras de conduta dos órgãos administrativos, nas suas relações com os particulares, que não vêm
nas leis nem nos regulamentos: mas essas regras resultam de decisões dos superiores
hierárquicos ou da rotina dos serviços – são praxes que a todo momento ou tempo podem ser
substituídas ou suprimidas pelos agentes administrativos e não constituem Direito. Trata-se de
94
normas técnicas, meramente usuais ou simples conveniência, desprovidas da opinio júris vel
necessitatis característica do costume.
10.3. A JURISPRUDÊNCIA
A jurisprudência já é uma fonte mediata do Direito. Ela não cria regras jurídicas, apenas revela o
seu conteúdo. As decisões jurisprudenciais apenas são vinculativas no âmbito do processo em
que se inserem.
10.4. A DOUTRINA
As opiniões emitidas pelos cientistas do Direito não vinculativas. A sua relevância é tanto maior
quanto maior for o mérito reconhecido ao seu autor.
São exemplos:
95
Falar e não provar é o mesmo que não falar;
Ninguém pode causar dano, e quem o causar terá que indemnizar;
Ninguém pode se beneficiar da própria torpeza;
Ninguém deve ser punido por seus pensamentos;
Ninguém é obrigado a citar os dispositivos legais nos quais ampara sua pretensão, pois se
presume que o juiz os conheça;
Ninguém está obrigado ao impossível;
Não há crime sem lei anterior que o descreva.
Em outras ciências Princípios são valores que devem nortear as políticas e as acções das
organizações públicas. Fornecem os parâmetros em relação ao que deve ou não deve ser feito e
em relação ao modus faciendi – “modos de fazer”.
Os valores são o reflexo das expectativas culturais de um grupo ou da Sociedade sobre como os
seus membros devem comportar-se. Representam factores impulsionadores, bem como um
referencial abstracto de natureza moral da conduta humana.
Trabalho proposto
Em grupo ou individualmente estudar o texto da unidade e responder as questões
abaixo indicadas.
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Unidade 11
A lei
1. Conceituar a lei.
4. Hierarquizar as leis.
Introdução
A fonte principal do Direito Administrativo é a lei - tomada aqui esta palavra na sua larga
acepção, isto é, significando qualquer norma geral e de vigência sucessiva definida e declarada
obrigatória por mandado conhecido de um Poder que se acata.
Nas unidades 6 e 7, deste manual, foi dito que a actividade da Administração Pública, no Estado
moderno, está submetida a leis que instituem os órgãos, delimitam a sua competência e regulam
o respectivo exercício, marcando ao mesmo tempo as barreiras defensivas dos interesses
individuais e sociais que o Estado deve respeitar.
Tal lei é a Lei Administrativa, que não é qualquer lei aplicável às relações travadas por órgãos da
Administração Pública – mas, como resulta do que ficou dito no parágrafo antecedente a este – a
Lei Administrativa é aquela lei que confere poderes de autoridade para o prosseguimento do
interesse público, disciplina o seu exercício ou organiza os meios necessários para esse efeito.
Após estudo breve da noção de lei enquanto fonte do Direito, vamos tecer breves considerações
sobre alguns dos seus aspectos dinâmicos. Destes relevam a vigência, interpretação, integração,
aplicação e cessação da vigência da lei.
97
Observe-se, todavia, que não será analisada a sua feitura.
Começaremos a nossa análise dos aspectos dinâmicos da lei por analisarmos o princípio da
publicidade das leis. Mas antes importa apresentar a definição da lei, explicar os sentidos da
palavra lei, bem como apresentar a hierarquia das leis.
Designa-se por “lei” uma norma jurídica, normalmente, sob a forma escrita, proveniente de
órgão competente.
A lei abrange todos os modos de formação das normas jurídicas que não sejam reconduzíveis à
noção do costume.
A forma declarativa distingue a lei do costume, pois este não é declarado, mas conhecido pelo
seu cumprimento.
Portanto, a lei é uma norma jurídica deliberadamente criada e imposta na Sociedade por uma
autoridade com o poder para o fazer.
A palavra lei pode ser empregada em três sentidos ou acepções, conforme a abrangência que se
pretenda dar nela:
Numa acepção amplíssima, a lei é toda regra jurídica, escrita ou não; neste sentido ela
abrange os costumes e todas as normas formalmente produzidas pelo Estado;
No sentido amplo, a lei é somente a regra jurídica escrita, excluindo-se dessa acepção,
portanto, o costume jurídico;
Por fim, numa acepção técnica específica, a palavra lei designa uma modalidade de regra
escrita, que apresenta determinadas características.
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11.3. Hierarquia das leis
Em primeiro lugar, as leis de valor hierárquico mais baixo não podem contrariar as
leis de valor hierárquico mais elevado, sob pena de serem consideradas
inconstitucionais ou ilegais, conforme contrariem, respectivamente, a Constituição da
República Moçambicana ou qualquer lei;
Em segundo lugar, em caso de contrariedade entre o conteúdo de diversas leis, a lei
de valor hierárquico superior provoca a cessação da vigência da lei de valor
hierárquico inferior.
Constituição;
Emenda constitucional ou lei de revisão constitucional;
Tratados ou Convenções de Direito Internacional ou Convencional ratificados pela
Assembleia da República;;
Lei complementar;
Lei ordinária;
Leis e Decretos-Leis
Decretos do Conselho de Ministros
Resoluções do Conselho de Ministros
Despachos Normativos
Posturas
As leis que se aplicam à Administração Pública são designadas Leis Administrativas e o seu
conjunto ou colectânea de Legislação Administrativa Básica (LAB).
Lei Administrativa não é qualquer lei aplicável às relações travadas por órgãos da Administração
Pública, mas apenas aquela que a confere poderes de autoridade para o prosseguimento do
interesse público, disciplina o seu exercício ou organiza os meios necessários para esse efeito.
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11. 4. Princípio da publicidade das leis
“Ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece, ou seja, a ignorância ou má
interpretação da lei não justifica a falta do seu cumprimento nem isenta as pessoas das
sanções nela estabelecidas”. (art. 6º do Código Civil de 1966).
Esse princípio é, compreensivelmente, um preceito legal em todo o mundo civilizado. Caso esse
princípio não existisse, as leis seriam provavelmente inoperantes, pois bastaria que os réus
alegassem ignorância para esquivarem-se de cumpri-las.
Porém, todas leis devem ser publicados de tal modo que as pessoas singulares e colectivas
possam saber, antecipadamente, as condições jurídicas em que poderão realizar os seus interesses
e exercer os seus direitos.
Com efeito, dispõe o nº 1 do artigo 5º do Código Civil de 1966 que « a lei só se torna obrigatória
depois de publicada no jornal oficial».
A existência da vacatio legis, que pode ser mais ou menos longa, prende-se com a
necessidade de dar a conhecer a lei, para que os seus destinatários possam efectivamente
conformar os respectivos comportamentos aos ditames daquela.
A existência da vacatio legis é uma exigência da segurança jurídica, senão mesmo da justiça.
Não é aceitável impor o cumprimento de uma norma sem se dar a possibilidade do seu
conhecimento atempado. Deste modo, quanto mais importante e complexa for uma lei, maior
deverá ser o prazo da correspondente vacatio legis.
100
Total (ab-rogação: a lei anterior é totalmente revogada pela nova, que não substitui o
seu conteúdo;
Sub-rogação: a lei anterior é totalmente revogada pela nova, substituindo o seu
conteúdo;
Parcial: (derrogação: a lei anterior é parcialmente revogada por uma nova, sem
substituição do conteúdo revogado;
Modificação: a lei anterior é parcialmente revogada por uma nova, substituindo seu
conteúdo.
A repristinação é uma situação que ocorre quando uma lei revogada volta a ter vigência e é um
assunto extremamente controverso. Em Estados de Direito a repristinação é proibida.
Em princípio, as leis começam a vigorar para legislar sobre os futuros casos, e não passados.
Assim, a aplicação das leis deve observar três limites:
Esses limites têm como objectivo aumentar a segurança jurídica da Sociedade. Ou seja, se hoje
você realiza um acto considerado de legal pelas normas vigentes actualmente, você tem a
garantia de não ser punido mesmo se o seu acto passe a ser ilegal devido a uma norma ou lei que
seja promulgada no futuro.
Interpretar a lei quer dizer, determinar o sentido e alcance de uma norma jurídica.
Interpretar a lei é atribuir a ela um significado, determinar seu sentido a fim de se entender sua
correcta aplicação em caso concreto. É importante entender e explicar a lei, pois nem sempre ela
está escrita de forma clara, podendo implicar consequências para os indivíduos.
A apreciação reflectida do texto legal, pode levar a concluir do modo diferente a imediatamente
apreendido.
101
Existem certas regras que podem levar ao conhecimento correcto do sentido da lei – são o que se
denomina por elementos da interpretação da lei.
102
→ Interpretação autêntica – que é feita por uma norma de valor igual ou superior ou
superior à norma interpretativa - chama-se Lei interpretativa;
→ Interpretação oficial – feita por uma norma inferior à interpretada;
→ Interpretação Judicial – feita pelos Tribunais;
→ Interpretação Doutrinal ou Particular – sem força vinculativa, por ser feita pelos
particulares e estudiosos de Direito;
→ Interpretação objectivista e subjectivista – consoante se procura o mens legis ou mens
legislatoris.
A integração da lei consubstancia uma actividade que pode ser designada como afim da
interpretação. Há mesmo diversos autores que utilizam o conceito de interpretação em sentido
amplo abrangendo a interpretação propriamente dita e a integração.
Está-se perante uma lacuna da lei quando desta não é possível retirar a solução imediata para
uma situação que necessita de ser juridicamente regulada.
A integração das lacunas da lei é regulada pelo artigo 10º do Código Civil. Dispõe o nº 1 deste
preceito que «os casos que a lei não preveja são regulados segundo a norma aplicável aos casos
análogo».
103
A analogia é assim a primeira forma de integração das lacunas da lei que o intérprete deve
recorrer para retirar a solução jurídica para o caso omisso, isto é, aquele cuja disciplina jurídica
não é imediatamente apreendida.
Entretanto, para os casos em que não seja possível integrar a lacuna através da analogia, fala-se,
neste caso, da chamada lacuna rebelde à analogia.
Em tal eventualidade, dispõe o nº 3 do artigo 10º do Código Civil: «Na falta de caso análogo, a
situação é resolvida segundo a norma que o intérprete criaria, se houvesse de legislar dentro do
espírito do sistema».
11.8. Aplicação
A outra matéria sobre que importa tecer algumas breves considerações gerais é a que respeita a
aplicação da lei.
A aplicação da lei, que com frequência aparece estreitamente ligada à interpretação e integração,
é uma operação logicamente posterior a das duas.
O aplicador do Direito, antes de solucionar a situação concreta que se lhe depara, tem que
certificar de que o acontecimento em causa ocorreu no âmbito de aplicação espacial da lei a
aplicar.
Há assim que, previamente, resolver o problema que se traduz em saber se determinada lei é, por
razões relativas ao espaço físico onde vigora, aplicável ou não a certa situação. Pode desde já
adiantar-se que a solução para este problema é dada pelas regras de um ramo específico do
Direito – o Direito Internacional Privado.
104
11.8.2. No tempo
Antes de proceder à aplicação da lei ao caso concreto, o aplicador tem igualmente de saber se a
lei a aplicar ainda vigora, ou foi substituída por outra lei posterior. Tal tarefa assume contornos
particulares quando se está perante uma situação que, por ter durado certo lapso do tempo mais
ou menos longo, esteve em contacto com diversas leis, ou viu os seus efeitos produzirem-se ao
abrigo de duas leis que se sucederam à outra, a lei nova e a antiga. Há então necessidade de
verificar qual, de entre as várias leis, pode e deve ser aplicada para resolver a questão em causa.
O problema de aplicação da lei no tempo, também designado por conflito de leis no tempo,
consiste em determinar qual a lei aplicável a uma determinada situação: se a lei antiga, na
vigência da qual a situação surgiu; se a nova lei, sob a qual ela subsiste.
«Diz-se retroactiva a lei que valora de novo um facto passado, antes valorado diferentemente
pela lei vigente no momento em que se verificou, e lhe atribui portanto consequências diversas,
sobretudo quando mais desfavorável ao destinatário da mesma norma. A retroactividade é pois
qualidade da norma que altera a valoração e consequências de factos tal como foram fixados no
momento da sua realização».
i. No primeiro grau, a lei diz-se retroactiva quando impede que, depois da sua entrada em
vigor, continue a produzir as consequências que a lei antiga ligava a certo acto;
ii. O segundo grau de retroactividade implica a destruição dos efeitos passados produzidos
por determinado facto jurídico;
iii. A retroactividade de terceiro grau, ou de grau máximo, é aquela que atinge o próprio
caso julgado. No Direito moçambicano existe um princípio constitucional de garantia ou
de respeito pelos casos julgados, princípio que se infere, nomeadamente, do artigo 57º da
Constituição da República.
Para solucionar a questão da aplicação da lei no tempo importa antes de mais verificar se a lei
nova estabelece, ela própria, regras destinadas a regular a sucessão das leis. Tais regras fazem
parte do direito transitório.
105
As regras do direito transitório podem solucionar a questão por uma das duas formas:
Não existindo normas de direito transitório que solucionem o conflito de leis no tempo, a que
recorrer ao critérios gerais constantes no Código Civil de 1966(artigo 12º).
A lei, após a sua entrada em vigor, pode ver terminada a sua vigência.
A lei pode ver terminada a sua por uma de duas formas: ou pela ocorrência de um
determinado facto ou por força de uma outra lei.
Expliquemos em que consiste cada uma destas duas formas de cessação da vigência da lei.
106
A outra forma de cessação da vigência da lei é a revogação, que consiste no seu afastamento por
outra lei de valor hierárquico igual ou superior. Esta última designa-se por lei revogatória.
Anote-se:
Quanto à forma como opera, a revogação pode ser expressa, tácita ou sistemática.
A revogação é expressa quando a lei revogatória declara revogar certa lei anterior que
identifica;
Tácita quando, embora a lei nova não declare revogada a lei velha, se verifique qua as
normas daquela são incompatíveis com esta;
Sistemática quando, por se concluir que é intenção do legislador que certo diploma seja
único a disciplinar determinada matéria, cessa a vigência das leis que a regulava,. Tal
revogação abrange todo o conteúdo das leis antigas, independentemente de este estar em
todos os aspectos em contradição com a lei nova.
Trabalho proposto
Em grupo ou individualmente estudar o texto da unidade e responder as questões
abaixo indicadas.
107
5. Apresentar um texto em que explicas cada uma das seguintes figuras:
a. Interpretação da lei;
b. Integração da lei;
c. Aplicação da lei no tempo e no espaço;
d. Cessação da vigência da lei.
Obs:
O trabalho do campo para o tema desta unidade será: “A feitura das leis”.
108
Unidade 12
Introdução
A Administração Pública deve dispor de meios para impor as suas vontades e impedir que os
particulares as resistam.
A manifestação do poder pela Administração Pública torna-se imperiosa na medida em que nem
sempre os cidadãos poderão interpretar da melhor maneira a sua intenção.
A Administração Pública pode-se entender o interesse público como o interesse geral, de todos,
mas em contrapartida continuar a existir cidadãos a não acatarem voluntariamente às suas
decisões. É nesta perspectiva que a Administração Pública passa a se caracterizar como poder.
109
O poder é a possibilidade de alguém eficazmente impor aos outros o respeito da própria conduta
ou a capacidade de um indivíduo ou grupo modificar o comportamento de outros indivíduos ou
grupo (DE AMARAL).
A própria lei é que faculta este poder aos órgãos de Administração Pública para estes imporem à
generalidade dos cidadãos.
Sendo o Estado o garante da ordem legal e normativa, ele deve regular o comportamento dos
cidadãos. O Estado deve ter uma acção imperativa sobre os cidadãos e estes devem obedecer.
Estudo efectuado por Max Weber sobre a dominação, concluiu que existem 3 tipos de
autoridades
O cidadão ao consentir a uma decisão administrativa é porque se trata de uma autoridade legal, a
legitimidade está na lei. O cidadão obedece a lei, regularmente aprovada. É neste tipo de
autoridade que encontramos o poder da Administração Pública, pois, o cidadão obedece a lei.
A Administração Pública é um verdadeiro poder porque define, de acordo com a lei, a sua
própria conduta e dispõe de meios necessários para impor o respeito dessa conduta.
Os particulares devem acatar às decisões da Administração Pública sob pena de, sem necessidade
de sentença judicial, estes serviços imporem coercivamente o que decidiu. A executoriedade de
110
um acto administrativo não é suspenso porque a discussão está seguindo nos Tribunais. A isto se
chama de privilégio de execução prévia na medida em que a Administração Pública
antecipadamente executa a sua decisão, independentemente do caso estar a correr nos Tribunais.
Para além do privilégio de execução prévia, a Administração Pública dispõe de outros poderes,
a saber: o poder de expropriação, o poder regulamentar, bem como os poderes que exerce no
quadro da gestão de contratos administrativos, na aquisição de bens do domínio público ou
privado das pessoas públicas e ainda o poder discricionário.
111
dos regulamentos emanados das autoridades com o poder tutelar (artigos 278º da C. R. e 11º
da Lei nº 2/97, de 18 de Fevereiro).
As Autarquias Locais estão dotadas de poderes públicos, poder de autoridade, elas têm
capacidade de definir a sua própria conduta e definir a conduta alheia de forma obrigatória.
Ex.: A autarquia tem o poder de expropriar o seu terreno já atribuído a alguém para o bem
público.
Importa clarificar que os actos regulamentares praticados pelas autoridades municipais são
subordinados as regras nacionais e aos Princípios de Direito (artigo 14º da Lei nº 2/97, de 18
de Fevereiro).
É muito importante saber que as decisões e deliberações dos órgãos autárquicos que afectem
direitos ou interesses protegidos, imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções,
devem ser expressamente fundamentas e publicadas, mediante afixação, durante trinta dias
consecutivos, na sede da autarquia local(artigos 12º e 13º da Lei nº 2/97, de 18 de Fevereiro).
O Poder Regulamentar das Autarquias Locais (deliberativo nos termos do artigo 34º da Lei nº
2/97, de 18 de Fevereiro) é atribuído à Assembleia Municipal.
Como se poder aferir a partir do nº 3 do artigo 45º da Lei nº 2/97, de 18 de Fevereiro que
atribui a competência à Assembleia Municipal de aprovar os regulamentos e outros
instrumentos autárquicos.
Trabalho proposto
Em grupo ou individualmente estudar o texto da unidade e dissertar sobre:
“A importâncias dos poderes da Administração Pública”
112
Unidade 13
Introdução
“A Administração Pública, seja qual for o seu sistema, está subordinada à Lei e ao Direito”. Isto
significa que a Administração Pública está subordinada não só às normas jurídicas, como
também aos princípios jurídicos, especialmente os Princípios Gerais de Direito Administrativo.
Trata-se, em geral, de uma exigência da juridicidade escrita, que proíbe qualquer
discricionariedade administrativa não prevista na lei e para além da lei. Esta juridicidade escrita
é, antes de mais, uma exigência de protecção dos direitos e interesses juridicamente protegidos
dos cidadãos, mas também uma exigência do interesse público. Sem essa protecção e sem
juridicidade escrita não há interesse público.
Aliás, se observar com muita atenção os preceitos constitucionais notarás que neles o Direito
Administrativo marca uma presença significativa. Isto quer dizer que as constituições modernas
não se restringem às «constituições políticas» em sentido restrito, ou «constituições do Estado»,
em sentido próprio. As constituições modernas são verdadeiras constituições administrativas pois
113
elas contêm normas jurídicas do Direito Constitucional Administrativo, ou Direito
Administrativo Constitucional. É na constituição que se encontram as bases do Direito
Administrativo.
A Administração Pública moçambicana surge para prosseguir o interesse público e na sua actuação deve
respeitar os direitos e liberdades fundamentais dos cidadãos.
Contudo, isso não basta, pois deve-se assegurar que haja impossibilidade dela pode r ser feita de qualquer
maneira, ela deve-se guiar por certos valores e regras e não de forma arbitrária. O princípio da
prossecução do interesse público é o guia da Administração Pública, pois, ela move-se com vista a
implementar o interesse geral.
Para além deste princípio motor da nossa Administração Pública existem outros tantos, que o
complementam, não menos importantes, constantes na nossa Legislação Administrativa Básica.
A administração Pública actua, move-se e funciona para prosseguir o interesse público e para tal
ela faz dentro do respeito de certos limites e valores. O princípio motor da Administração
Pública é o da prossecução do interesse público.
O interesse público como o interesse geral de uma determinada comunidade, o bem comum. Para
ele, o interesse público representa a esfera das necessidades a que a iniciativa privada não pode
responder e que são vitais para as comunidades na sua totalidade (CAETANO).
A Lei é que define o interesse público; não pode ser a Administração Pública a definir,
salvo se Lei a habilitar para o efeito;
114
Definido o interesse público pela Lei, a sua prossecução pela Administração é
obrigatória;
Se um órgão da Administração praticar um acto que não tenha por motivo determinante o
interesse público, este acto estará viciado por desvio de poder, e por conseguinte, o acto é
ilegal, anulável contenciosamente;
Princípio da legalidade
O Princípio da Legalidade, é sem dúvida, um dos mais importantes princípios gerais de Direito
aplicáveis à Administração Pública, e que, aliás, se encontrava consagrado como princípio geral
do Direito Administrativo antes mesmo que a Constituição o mencionasse explicitamente
(CAETANO).
Nenhum órgão ou agente da Administração Pública tem a faculdade de praticar actos que
possam lesar ou contender com interesses alheios se não em virtude de uma norma geral
anterior.
Os órgãos e agentes de Administração Pública só podem agir com fundamento na Lei e dentro
dos limites por ela impostos.
115
O Princípio da Legalidade aparece agora definido de uma forma positiva. Diz-se o que a Administração
Pública deve ou pode fazer, e não apenas aquilo que ela está proibido de fazer. Em segundo lugar, cobre e
barca todos aspectos da actividade administrativa e não apenas aqueles que possam consistir na lesão dos
Direitos ou interesse dos particulares. O Princípio da Legalidade visa também proteger o interesse
público, e não apenas o interesse dos particulares. Em terceiro lugar, a Lei não é apenas um limite à
actuação da Administração, é também o fundamento da acção administrativa. Quer isso dizer que, hoje
em dia, não há um poder livre de a Administração fazer o que bem entender, salvo quando a Lei lho
proibir.
Princípio da igualdade
Nas suas relações com os particulares, a Administração Pública deve reger-se pelo Princípio da
Igualdade, não podendo privilegiar, beneficiar, prejudicar, privar de qualquer direito ou isentar
de qualquer dever nenhum administrado em razão de ascendência, sexo, raça, língua, território
de origem, religião, convicção política ou ideológica, instrução, situação económica ou condição
social.
A igualdade impõe que se trate de modo igual o que é juridicamente igual e de modo diferente o
que é juridicamente diferente, na medida da diferença (CAETANO).
Proibição da discriminação
Obrigação da diferenciação
O Princípio da Igualdade manda tratar por igual as situações que forem juridicamente idênticas,
mas, como vimos, aceita tratamento desigual para as situações que forem diferentes. Daí que
haja, na própria Constituição da República e nas Leis a previsão e adopção de medidas
administrativas especiais de protecção em relação aos mais desfavorecidos, em relação às classes
116
mais pobres da sociedade, ou em relação àqueles grupos de pessoas que pela sua situação física
ou social careçam de uma protecção mais forte, designadamente a protecção especial à infância,
à juventude, à terceira idade, aos trabalhadores, etc. É aí que decorre a necessidade de tratar
desigualmente o que deveria ser igual, as chamadas discriminações positivas.
Princípio da publicidade
A publicação é um modo de publicidade impessoal, que é inserido numa colectânea oficial (por
exemplo, o Boletim da República). Em certos casos, a Constituição da República, a Lei ou os
Regulamentos administrativos, impõem um determinado modo de publicação. É o caso dos
Decretos e Despachos Presidenciais e dos Decretos e Resoluções do Conselho de Ministros que
são publicados no Boletim da República. Também é o caso das Deliberações e decisões das
Autarquias Locais. O n.º 1 do Artigo 13 da Lei 2/97, de 18 de Fevereiro, considera que as
Deliberações e decisões dos órgãos das Autarquias são publicadas, mediante afixação, durante 30
dias consecutivos, na Sede da Autarquia Local.
A prossecução do interesse público não o único princípio que a nossa constituição impõe à
Administração Pública moçambicana. Ela deve prosseguir o interesse público, mas respeitando
em simultâneo os direitos e liberdades fundamentais dos cidadãos. Está aqui a essência do
117
Direito Administrativo, que se caracteriza pela necessidade permanente de conciliar as
exigências do interesse público com as garantias dos particulares.
Do que acabamos de dizer pode-se aferir de que para além do princípio da legalidade, existem
outros mecanismos jurídicos que visam conferir uma protecção autónoma e respeito integral dos
direitos e liberdades fundamentais dos administrados.
O Poder Discricionário é aquele que o Direito concede à Administração Pública para a prática de
actos administrativos com liberdade na escolha de sua conveniência, oportunidade e conteúdo.
Distingue-se do poder vinculado pela maior liberdade de acção que é conferida ao
Administrador. Se para a prática de um acto vinculado, a autoridade pública está adstrita à Lei
118
em todos os seus elementos formadores, para praticar um acto discricionário é livre, no âmbito
em que a Lei lhe concede essa faculdade (CAETANO).
Legislação aplicável:
Constituição da República;
Lei nº 14/2011, de 10 de Agosto, que regula a formação da vontade da Administração
Pública e estabelece as normas de defesa dos direitos e interesses dos particulares;
Lei nº 7/2012, de 8 de Fevereiro, que aprova a lei de base da Organização e
Funcionamento da Administração Pública moçambicana;
Decreto nº 30/2001, de 15 de Outubro, que aprova as Normas de Funcionamento dos
Serviços da Administração Pública.
Trabalho proposto
Em grupo ou individualmente estudar o texto da unidade e responder as questões
abaixo indicadas.
119
Unidade 14
Introdução
A Administração Pública deve dispor de meios para impor as suas vontades e impedir que os
particulares as resistam.
A manifestação do poder pela Administração Pública torna-se imperiosa na medida em que nem
sempre os cidadãos poderão interpretar da melhor maneira a sua intenção.
O cidadão ao consentir a uma decisão administrativa é porque se trata de uma autoridade legal, a
legitimidade está na lei. O cidadão obedece a lei, regularmente aprovada. É neste tipo de
autoridade que encontramos o poder da Administração Pública, pois, o cidadão obedece a lei.
A Administração Pública é um verdadeiro poder porque define, de acordo com a lei, a sua
própria conduta e dispõe de meios necessários para impor o respeito dessa conduta.
Os particulares devem acatar às decisões da Administração Pública sob pena de, sem necessidade
de sentença judicial, estes serviços imporem coercivamente o que decidiu. A executoriedade de
um acto administrativo não é suspenso porque a discussão está seguindo nos Tribunais.
120
A actividade administrativa se enquadra no âmbito da gestão pública e juridicamente ela é
prosseguida por diplomas legais e/ou regulamentos, actos administrativos e contratos
administrativos.
Segundo alguns autores, o acto tácito pode, igualmente, ser considerado, de alguma maneira,
uma forma de prossecução da actividade administrativa. A esta enumeração jurídica convêm
adicionar as operações materiais que reúnem todos aqueles actos não jurídicos e que são
praticados por estruturas administrativas, designadamente serviços e que servem para dar
execução às decisões administrativas.
Quando se fala de meios da acção da Administração Pública, refere-se aos meios de autoridade
de que ele se dispõe para legitimar e fazer valer as suas decisões, nomeadamente, o comando
unilateral baseado na norma e nas suas decisões.
Vimos, entretanto, que o cidadão ao consentir a uma decisão administrativa é porque se trata de
uma autoridade legal, a legitimidade está na lei. Todo o cidadão é presumido que obedece a lei,
regularmente aprovada. Assim sendo, importa tratar estudar de forma genérica e particular o
princípio da legalidade.
O Princípio da Legalidade
O Direito e a legalidade se impõem à Administração Pública e aos seus agentes como se impõem
aos particulares. A submissão da Administração Pública e dos seus agentes ao Direito domina
toda a teoria dos actos administrativos, o que quer dizer que a Administração Pública e os seus
121
agentes são submetidos às regras do Direito. A Lei, que é a encarnação da vontade geral, se
impõe às autoridades administrativas, como se impõe aos indivíduos: « Nul n’est censé ignorer
la loi».
A submissão das autoridades administrativas às regras do Direito é uma garantia dos cidadãos
contra as arbitrariedades, as incoerências ou a ineficácia da acção administrativa.
A. 1. As Fontes da Legalidade
Trata-se da norma jurídica suprema que encabeça o Ordenamento Jurídico do País, ela se impõe
de maneira imediata às autoridades administrativas como ao Legislador, quer dizer, que se as
autoridades administrativas tomarem uma decisão contrária à Constituição o juiz administrativo
se pronunciará a sua anulação.
b) O Preâmbulo da Constituição
Curto mas muito substancial pelas suas referências aos momentos históricos da Luta Armada de
Libertação Nacional e aos grandes anseios seculares do Povo moçambicano, que aglutinou todas
as camadas patrióticas da sociedade moçambicana num mesmo ideal de liberdade, unidade,
justiça e progresso, …
Exs:
122
A Declaração Universal dos Direitos do Homem ( N.U.-10.12.1948);
A Carta Africana dos Direitos do Homem e dos Povos ( O. U. A. –
Julho/1981).
As regras escritas e editadas pela Administração Pública são, igualmente, variadas, mais
devidamente hierarquizadas, segundo a sua força jurídica e segundo a hierarquia da autoridade
de que emanam, podendo ser:
Entretanto, observa-se sobre o seguinte: - que as autoridades administrativas para editar normas
usam como fundamento as suas competências, suas atribuições e o poder discricionário, sendo,
este poder limitado, com vista a salvaguardar os direitos de terceiros.
i- O poder discricionário
ii - Competência ligada:
123
Existe competência ligada quando a administração é, em parte obrigada a agir, mas doutra parte
é obrigada a agir num determinado sentido, sem possibilidade de apreciar ou de escolher entre
várias alternativas.
A este propósito não parece despiciendo transcrever o disposto no artigo 249º da Constituição da
República.
Artigo 249º
( Princípios fundamentais)
Ora, a estes princípios devem obediência e respeito directo e imediato as diferentes estruturas
administrativas e têm o seu desenvolvimento legislativo nos diplomas legais, que formam a
Legislação Administrativa Básica (LAB).
Constituição da República;
Lei nº 14/2011, de 10 de Agosto, que regula a formação da vontade da Administração
Pública e estabelece as normas de defesa dos direitos e interesses dos particulares;
Lei nº 7/2012, de 8 de Fevereiro, que aprova a lei de base da Organização e
Funcionamento da Administração Pública moçambicana;
Lei nº 14/2009, de 17 de Março, que aprova o Estatuto Geral dos Funcionários e Agentes
do Estado;
Lei nº 9/2002, de 12 de Fevereiro, que aprova o Sistema de Administração Financeira do Estado
(SISTAFE);
124
Lei nº 2/97, de 18 de Fevereiro, que aprova o quadro jurídico para implantação das
autarquias locais;
Lei nº 8/2003, de 19 de Maio, que aprova o quadro legal dos órgãos locais do Estado;
A Lei nº 11/97, de 31 de Maio - Define e estabelece o regime jurídico-legal das finanças
e património das autarquias locais;
125
O princípio da legalidade, como muitos autores do Direito Administrativo sublinham, domina
toda a teoria de actos administrativos, significa que a administração é submetida ao Direito. A
lei, encarna a vontade geral, se impõe à administração como ela se impõe aos indivíduos.
Foi dito o suficiente que a Administração, no Estado moderno, está submetida a leis que
instituem os órgãos, delimitam a sua competência e regulam o respectivo comportamento e
exercício, marcando ao mesmo tempo barreiras defensivas dos interesses individuais e sociais
que o Estado e suas instituições e agentes devem respeitar.
Trabalho proposto
Em grupo ou individualmente estudar o texto da unidade e fazer uma reflexão sobre a
Legislação Administrativa Básica de Moçambique.
126
Unidade 15
O Acto Administrativo
Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:
Introdução
Deste modo, em concreto, trata-se de uma estatuição autoritária, pois o que a Administração vai
fazer é definir direitos, deveres e interesses de forma autoritária, porque se traduz no exercício do
seu "ius imperium", e vai fazê-lo de forma vinculativa, imperativa e unilateral, uma vez que se
impõem independentemente da vontade do destinatário. É relativa a um caso concreto, pois o
acto administrativo é concreto e individual (o que o distingue, desta forma, das normas jurídicas,
já que estas são gerais e abstractas). É praticado por um sujeito de Direito Administrativo, pois
127
podem ser praticados pela Administração Estadual Directa, Administração Estadual Indirecta ou
Administração Autónoma. É praticado no uso de poderes de Direito Administrativo, pois é este
que lhe confere poderes de autoridade para que possa, assim, determinar uma estatuição.
Destinada a produzir efeitos jurídicos externos, pois vão-se repercutir na esfera jurídica dos particulares,
podendo ser: (i)positivos, onde a Administração manifesta a sua vontade de forma favorável ou
desfavorável; (ii) negativos, em que a Administração não manifesta a sua vontade, negando-se a produzir
efeitos jurídicos externos (este é o chamado "silêncio da Administração", sob a forma de indeferimento
tácito ou deferimento tácito).
A expressão acto administrativo é origem francesa. Certo que devido a sua origem podia-se
esperar que a tratássemos com base na literatura francesa, mas porque fez fortuna e entrou na
terminologia corrente do Direito Administrativo, das leis e da doutrina, nem sempre com um
preciso significado técnico, preferi escolher a literatura brasileira e portuguesa para o seu
tratamento.
A nossa Administração Pública fala de acto administrativo definitivo e executório – decisão com
força obrigatória e dotada de uma exequibilidade sobre um determinado assunto, tomada por um
órgão de uma pessoa colectiva de Direito Público
128
Para José dos Santos Carvalho Filho, o acto administrativo é a exteriorização da vontade de
agentes da Administração Pública ou de seus delegatários que, sob regime de direito público,
visa à produção de efeitos jurídicos, com o fim de atender ao interesse público.
Segundo o Professor Hely Lopes Meyrelles, " o acto administrativo é toda manifestação
unilateral de vontade da Administração Pública que, agindo nessa qualidade, tenha por fim
imediato adquirir, resguardar, transferir, modificar, extinguir e declarar direitos, ou impor
obrigações aos seus administrados ou a si própria."
Já para Celso Antônio Bandeira de Mello, o Ato administrativo é a "declaração do Estado (ou de
quem lhe faça as vezes - como, por exemplo, um concessionário de serviço público), no
exercício de prerrogativas públicas, manifestada mediante providências jurídicas
complementares da lei a título de lhe dar cumprimento, sujeitas a controle de legitimidade por
órgão judicial."
O Prof. Dr. Marcelo Caetano define acto administrativo como “conduta voluntária de um órgão
da Administração Pública que, no exercício de um poder público e para prossecução de
interesses postos por lei a seu cargo, produza efeitos jurídicos num caso concreto”.
Para ele o acto administrativo se analisa em volta dos seus elementos essenciais:
Entretanto, não se deve confundir os elementos essenciais de um acto administrativo com os seus
requisitos ou seus pressupostos.
Condições de existência
129
A administração pública deve usar de sua supremacia de poder público para a execução do ato
administrativo. Todo acto administrativo é acto jurídico de Direito Público. Há actos da
Administração que não são actos administrativos em sentido estrito, pois a Administração
também pode praticar actos de Direito Privado. Os actos de Direito Privado praticados pela
Administração estão na categoria dos actos da administração, mas não na categoria dos actos
administrativos.
1. Competência: Conjunto de poderes que a lei confere aos agentes públicos para que exerçam suas
funções com eficiência e assim assegurem o interesse público. A competência é um poder-dever,
é uma série de poderes, que o ordenamento outorga aos agentes públicos para que eles possam
cumprir a contento seu dever de atingir da melhor forma possível o interesse público. Nenhum ato
será válido se não for executado por autoridade legalmente competente. É requisito de ordem
pública, ou seja, não pode ser derrogado pelos interessados nem pela administração. Pode, no
entanto, ser delegada (transferência de funções de um sujeito, normalmente para outro
hierarquicamente inferior) e avocada (órgão superior atrai para si a competência para cumprir
determinado ato atribuído a outro inferior). Se a competência for, legalmente, exclusiva de certo
órgão ou agente, não poderá ser delegada ou avocada.
1.1.Características da competência:
130
d. Imprescritibilidade: As competências devem ser exercidas a qualquer tempo. O agente público é
obrigado a exercer suas competências a qualquer tempo, salvo nas hipóteses a que a lei estabelece
prazos da administração.
2. Finalidade
Deve sempre ser o interesse público. É o objectivo que a administração pretende alcançar com a prática
do ato administrativo, sendo aquela que a lei institui explícita ou implicitamente, não sendo cabível que o
administrador a substitua por outra. A finalidade deve ser sempre o interesse público e a finalidade
específica prevista em lei para aquele ato da administração. É nulo qualquer ato praticado visando
exclusivamente ao interesse privado, no entanto é válido o ato visando ao interesse privado (desde que,
cumulativamente, ele vise também ao interesse público).
3. Forma
4. Motivo
É a situação de direito ou de fato que autoriza ou determina a realização do ato administrativo, podendo
ser expresso em lei (actos vinculados) ou advir do critério do administrador (ato discricionário)2 . Difere
da motivação, que é a exposição dos motivos.
5. Objecto ou conteúdo
É o efeito jurídico imediato que o ato deve produzir. Por exemplo, o ato administrativo de demissão
produz o desligamento do servidor público.
131
Segundo essa teoria, o motivo do acto administrativo deve sempre guardar compatibilidade com
a situação de fato que gerou a manifestação de vontade. Assim sendo, se o interessado
comprovar que inexiste a realidade fáctica mencionada no acto como determinante da vontade,
estará ele irremediavelmente inquinado de vício de legalidade. É de ressaltar que sempre que o
motivo for discricionário o objecto também será.
7. Mérito
Os actos administrativos vinculados, ao seu turno, possuem todos os seus requisitos definidos em
lei, de modo que não está presente nesses actos o conceito de mérito. Nos actos vinculados, o
administrador não tem liberdade de actuação e está rigidamente atrelado ao que dispõe a lei.
8. Atributos
132
i. Presunção de legitimidade ou de legalidade: Decorrente do princípio da legalidade da
administração, o que faz esta presunção ser inerente ao nascimento do acto
administrativo, ou seja, todos os actos nascem com ela. Tal pressuposto faz com que o
ónus da prova em questão de invalidade do acto administrativo se transfira para quem a
invoca, fazendo que o ato seja de imediata execução, mesmo arguido de vícios que o
invalidem.
ii. Autoexecutoriedade: torna possível que a administração execute de imediato o ato
administrativo, independentemente de ordem judicial. Existem duas excepções para a não
auto-executoriedade, sendo que umas delas é que tem que haver o processo de execução.
iii. Imperatividade ou Coercibilidade: impõe a coercibilidade para o cumprimento ou
execução do acto administrativo, decorrendo da própria existência do ato,
independentemente da declaração de validade ou invalidade daquele.
iv. Exigibilidade: coerção indirecta, no Direito Administrativo corresponde à multa.
v. Tipicidade: O acto administrativo deve corresponder a tipos previamente definidos pela
lei para produzir os efeitos desejados. Assim, para cada caso, há a previsão de uso de
certo tipo de acto em espécie. A esse atributo denomina-se tipicidade. A lei deve sempre
estabelecer os tipos de actos e suas consequências, garantindo ao particular que a
Administração Pública não fará uso de actos inominados, impondo obrigações da forma
não prevista na lei. Por igual motivo, busca impedir a existência de actos totalmente
discricionários, pois eles sempre deverão obediência aos contornos estipulados em lei,
contudo a tipicidade está presente somente nos actos administrativos unilaterais.
9. Procedimento administrativo
É a sucessão ordenada de operações que propiciam a formação de um acto final objectivado pela
administração pública. Constitui-se de actos intermediários, preparatórios e autónomos, porém,
sempre interligados, de maneira tal que a sua conjugação dá conteúdo e forma ao ato principal.
10. Classificação
133
o Actos de império ou imperativos: actos onde o poder público age de forma imperativa
sobre os administrados, impondo-lhes obrigações, por exemplo. Exemplos de actos de
império: a desapropriação e a interdição de actividades.
o Actos de expediente: são aqueles destinados a dar andamento aos processos e papéis que
tramitam no interior das repartições.
o Os actos de gestão (praticados sob o regime de direito privado. Ex: contratos de locação
em que a Administração é locatária) não são actos administrativos, mas são actos da
Administração. Para os autores que consideram o ato administrativo de forma
ampla(qualquer ato que seja da administração como sendo administrativo), os actos de
gestão são actos administrativos.
Quanto ao regramento
o Actos vinculados: possui todos seus elementos determinados em lei, não existindo
possibilidade de apreciação por parte do administrador quanto à oportunidade ou à
conveniência. Cabe ao administrador apenas a verificação da existência de todos os
elementos expressos em lei para a prática do ato. Caso todos os elementos estejam
presentes, o administrador é obrigado a praticar o ato administrativo; caso contrário, ele
estará proibido da prática do acto.
o Actos discricionários: o administrador pode decidir sobre o motivo e sobre o objecto do
ato, devendo pautar suas escolhas de acordo com as razões de oportunidade e
conveniência. A discricionariedade é sempre concedida por lei e deve sempre estar em
acordo com o princípio da finalidade pública. O poder judiciário não pode avaliar as
razões de conveniência e oportunidade (mérito), apenas a legalidade, a competência e a
forma (exteriorização) do acto.
Quanto à formação
o Actos simples: resultam da manifestação de vontade de apenas um órgão público.
o Actos complexos: resultam da manifestação de vontade de mais de um órgão público.
134
o Actos compostos: são os praticados por um órgão, porém necessitam da aprovação de
outro órgão.
Quanto à validade
o Válido: é o que atende a todos os requisitos legais: competência, finalidade, forma,
motivo e objecto. Pode estar perfeito, pronto para produzir seus efeitos ou estar pendente
de evento futuro.
o Nulo: é o que nasce com vício insanável, ou seja, um defeito que não pode ser corrigido.
Não produz qualquer efeito entre as partes. No entanto, em face dos atributos dos actos
administrativos, ele deve ser observado até que haja decisão, seja administrativa, seja
judicial, declarando sua nulidade, que terá efeito retroactivo, desde o início, entre as
partes. Por outro lado, deverão ser respeitados os direitos de terceiros de boa-fé que
tenham sido atingidos pelo ato nulo. Cite-se a nomeação de um candidato que não tenha
nível superior para um cargo que o exija. A partir do reconhecimento do erro, o ato é
135
anulado desde sua origem. Porém, as acções legais eventualmente praticadas por ele
durante o período em que actuou permanecerão válidas.
o Anulável: é o ato que contém defeitos, porém, que podem ser sanados, convalidados.
Ressalte-se que, se mantido o defeito, o acto será nulo; se corrigido, poderá ser "salvo" e
passar a válido. Atente-se que nem todos os defeitos são sanáveis, mas sim aqueles
expressamente previstos em lei e analisados no item seguinte.
o Inexistente: é aquele que apenas aparenta ser um ato administrativo, manifestação de
vontade da Administração Pública. São produzidos por alguém que se faz passar por
agente público, sem sê-lo, ou que contém um objecto juridicamente impossível. Exemplo
do primeiro caso é a multa emitida por falso policial; do segundo, a ordem para matar
alguém.
Segundo Hely Lopes Meirelles, podemos agrupar os actos administrativos em 5 cinco tipos:
Actos normativos: são aqueles que contêm um comando geral do Executivo visando ao
cumprimento de uma lei. Podem apresentar-se com a característica de generalidade e abstracção
(decreto geral que regulamenta uma lei), ou individualidade e concreção (despacho de nomeação
de um servidor). Segundo Márcio Fernando Elias Rosa são exemplos: regulamento, decreto,
regimento e resolução.
136
Actos disciplinares: são os que visam a disciplinar o funcionamento da Administração e a conduta
funcional de seus agentes. Emanam do poder hierárquico, isto é, podem ser expedidos por chefes
de serviços aos seus subordinados. Logo, não obrigam aos particulares. Segundo Rosa, são
exemplos: instruções, avisos, ofícios, portarias, ordens de serviço ou memorandos.
Actos negociais: são todos aqueles que contêm uma declaração de vontade da Administração apta
a concretizar determinado negócio jurídico ou a deferir certa faculdade ao particular, nas
condições impostas ou consentidas pelo Poder Público. De acordo com Rosa, são exemplos:
licença, autorização e permissão.
Actos enunciativos: são todos aqueles em que a Administração se limita a certificar ou a atestar
um facto, ou emitir uma opinião sobre determinado assunto, constantes de registos, processos e
arquivos públicos, sendo sempre, por isso, vinculados quanto ao motivo e ao conteúdo. Segundo
Rosa, são exemplos: certidões, atestados e pareceres.
Actos punitivos: são aqueles que contêm uma sanção imposta pela lei e aplicada pela
Administração, visando a punir as infracções administrativas e condutas irregulares de servidores
ou de particulares perante a Administração. Segundo Rosa, são exemplos: multa administrativa,
interdição administrativa, destruição de coisas e afastamento temporário de cargo ou função
pública.
137
2. Reforma ou conversão ou ainda revisão: o novo acto suprime a parte inválida do anterior,
mantendo sua parte válida.
Cassação: extingue-se o ato administrativo quando seu beneficiário não cumpre as condições que
permitiam a manutenção do acto e seus efeitos.
Caducidade ou decaimento: ocorre a retirada de um acto administrativo se advir legislação que
impeça a permanência da situação anteriormente consentida, ou seja, o acto perde seus efeitos
jurídicos em virtude de norma superveniente contrária àquela que respaldava a prática do ato.
Com me referi na introdução desta unidade, o assunto sobre o estudo da figura de acto administrativo é
extenso e complexo. Contudo, temos que reter que os temas fundamentais envolvidos nos estudos dos
actos administrativos são: (i)anulação, revalidação e revogação dos actos administrativos;
(ii)discricionariedade e vinculação na edição de actos e (iii) pressupostos e elementos administrativos dos
actos administrativos.
Legislação aplicável:
Constituição da República;
Lei nº 14/2011, de 10 de Agosto, que regula a formação da vontade da Administração Pública e estabelece
as normas de defesa dos direitos e interesses dos particulares;
Lei nº 7/2012, de 8 de Fevereiro, que aprova a lei de base da Organização e Funcionamento da
Administração Pública moçambicana;
Decreto nº 30/2001, de 15 de Outubro, que aprova as Normas de Funcionamento dos Serviços da
Administração Pública.
Trabalho proposto
Em grupo ou individualmente estudar o texto da unidade e responder as questões
abaixo indicadas.
2. Identificar os elementos essenciais a volta dos quais se pode analisar o acto administrativo.
138
6. Explicar as extinção dos actos administrativos.
139
Unidade 16
O Regulamento Administrativo
Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:
Objectivos
Introdução
Como norma jurídica é uma regra de conduta social imposta mediante uma ameaça de
coacção;
Tem carácter geral ou impessoal, e portanto aplica-se a todos os cidadãos indistintamente,
que em igualdade de condições nele contempladas: prevê e regula sem acepção de
pessoas;
É de execução permanente, isto é, tem uma vigência com certa duração, no decurso da
qual é aplicável a todos os casos que surgirem e caiam nos domínios regulados;
É dimanado de uma autoridade administrativa e versa matérias da competência
administrativa, e este elemento nos dá a diferença última, que permite individualizar o
regulamento relativamente à lei e distinguir o regulamento de administração dos
regimentos ou regulamentos dos órgãos legislativos e judiciais.
140
Há diferenças de matérias que os regulamentos administrativos podem regular e as que podem
ser reguladas por lei.
Existem três correntes que explicam as diferenças entre matérias que os regulamentos
administrativos podem regular e as que podem ser reguladas por lei:
Perante as posições das três correntes, outros tratadores do assunto, entre eles o Marcelo
Caetano, entendem, sublinhando a diferenciação da lei e do regulamento, que a lei é um acto
político, pelo qual se firma a Ordem Jurídica superior do Estado, definindo o sentido superior do
seu pensamento e da sua acção; o regulamento é acto de administração tendente a realizar essa
Ordem Jurídica superior, por meio de directrizes impostas aos agentes e de normas de conduta
pública.
141
2. Quanto à dependência em que estão de determinadas leis –
independentes ou autónomos e complementares;
3. Quanto ao objecto – complementares, de execução, de
organização (processuais e internos) e de polícia;
Os regulamentos gerais dimanam do Governo para vigorar em todo o território do
Estado;
Os regulamentos locais vigoram numa das divisões administrativas do Estado ou numa
circunscrição administrativa (município ou povoação), e dimanam das autoridades
administrativas cuja autoridade é restrita a certa parte do território - os órgãos locais do
Estado, os órgãos das autarquias locais;
Os regulamentos complementares são aqueles que são elaborados e publicados em
seguimento a uma lei e para assegurar a respectiva execução pelo desenvolvimento dos
seus preceitos basilares;
Os regulamentos independentes ou autónomos não se propõem a assegurar de certa lei
anterior; são elaborados no exercício de competência própria e para o desempenho das
atribuições normais e permanentes da autoridade administrativa, são esses regulamentos
que verdadeiramente assentam no Poder Administrativo.
a. Regulamentos de organização sendo aqueles que têm por objecto a distribuição das
funções pelos diversos agentes de um serviço e a fixação de normas do processo de
expediente do serviço ou das suas relações com os administrados.
142
b. Os regulamentos de polícia têm por objecto o estabelecimento de restrições à liberdade
individual, a fim de prevenir ou evitar que em consequência de conduta perigosa dos
indivíduos se verifiquem danos sociais. Mas tais restrições devem ser autorizadas por lei
formal.
São várias as entidades ou órgãos competentes para elaborar regulamentos administrativos, dos
podemos destacar: o governo central [alínea f) do nº 1 do artigo 204º da C. R. ], os ministros
isoladamente ou em conjunto, os governadores, os governos distritais, os conselhos municipais;
Os regulamentos tomam formas diferentes conforme o seu autor. Os do Governo são chamados
de Decretos do Conselho de Ministros, os das autarquias locais de Posturas Camarárias, etc.
Legislação aplicável:
Constituição da República;
Lei nº 14/2011, de 10 de Agosto, que regula a formação da vontade da Administração
Pública e estabelece as normas de defesa dos direitos e interesses dos particulares;
Lei nº 7/2012, de 8 de Fevereiro, que aprova a lei de base da Organização e
Funcionamento da Administração Pública moçambicana;
Decreto nº 30/2001, de 15 de Outubro, que aprova as Normas de Funcionamento dos
Serviços da Administração Pública.
Trabalho proposto
Em grupo ou individualmente estudar o texto da unidade e responder as questões
abaixo indicadas.
143
2. Identificar um exemplo de cada tipo de regulamento administrativo e explicar
porquê é assim classificado;
3. Explicar porque razão os regulamentos processuais são de maior valor que os
internos;
4. Explicar princípio da publicidade e de início da sua vigência, cessação da
vigência, modo de interpretação, os órgãos de interpretação e aplicação no tempo
e no espaço dos regulamentos administrativos.
144
Unidade 17
Introdução
145
Fornecimentos de bens e de serviços.
Concurso público;
Concurso limitado;
Negociação;
Ajuste directo.
O contrato administrativo envolve um acordo de vontade entre duas ou mais pessoas, como
qualquer outro contrato, só que uma delas é uma entidade que integra a Administração Pública e
que em vez de uma manifestação unilateral de autoridade, como acontece com o acto
administrativo, estabelece esse acordo de vontades. Mas em vez de se apresentar destituída de
poderes de autoridade, como acontece com os contratos de direito privado, aparece provida de
poderes especiais. Diz-se contrato administrativo o acordo de vontades pelo qual é constituída,
modificada ou extinta uma relação jurídica administrativa.
146
cobrar directamente ao público; trata-se de uma contrato que, tal como o anterior, tem
uma aplicação restrita ao nível das autarquias locais;
Concessão da exploração de domínio público: é o contrato pelo qual a Administração
faculta a um sujeito privado a utilização económica exclusiva de uma parcela do domínio
público, para fins de utilidade pública; este contrato tem maior aplicação, especialmente
nos tempos actuais, ao nível de muitas autarquias no mundo, com destaque para
tratamento e distribuição de água, recolha, instalações turísticas em áreas de domínio
público, etc.
Fornecimento contínuo: contrato pelo qual o particular se encarrega durante um certo
período de entregar regularmente à autarquia local certos bens necessários ao
funcionamento regular de um serviço público;
Prestação serviços: contrato pelo qual um particular ingressa nos quadros permanentes
da Administração e presta a sua actividade profissional de acordo com o estatuto
definido;
Contrato de provimento: contrato pelo qual um particular acorda com a Administração
dar-lhe a sua colaboração profissional com o estatuto da função pública;
Contrato de transporte: contrato pelo qual um particular se encarrega de garantir a
deslocação de pessoas/ou coisa de interesse público; é igualmente uma área de aplicação
limitada nos municípios, a quem raramente cabe o exercício de atribuições nesta área.
Do ponto de vista do seu objecto, os contratos administrativos podem ser contratos económicos,
contratos financeiros, contratos relativos aos bens da Administração.
E quanto à sua natureza podemos encontrar os contratos de delegação de serviços públicos (que
compreendem: a concessão, arrendamento, administração de interesses) e mercado de empresa
de trabalhos públicos (recolha, transporte e incineração de resíduos sólidos – lixo doméstico).
O contrato pode resultar de ajuste directo entre as partes, de um concurso limitado, em que há
um número restrito de concorrentes, ou de um concurso público. A escolha da modalidade do
147
contrato pode não depender exclusivamente do órgão competente, mas sim do valor em causa,
estipulado pela lei.
Assinale-se que a escolha do particular (concorrente) com que a Administração Pública vai
contratar é um acto administrativo (por exemplo, a adjudicação), que se distingue do acto de
celebração do contrato.
O regime jurídico geral aplicável aos contratos administrativos é previsto no Decreto nº 54/2005,
de 13 de Dezembro (aprova o Regulamento de Contratação de Empreitada de Obras Públicas,
Fornecimento de Bens e Prestação de Serviço ao Estado).
Recomendação:
Jacqueline Morand-Deviller, Cours de Droit Administratif, septème édition, Montchrestien, E.J.A., 31, rue
Falguière, 75741 Paris Cedex 15, 2001, pp. 375 e segs.;
Luís Consuella Montaner, Manual de Direcho Administrativo, 6ª ed., Civitas, 1995, pp. 375 e segs.
Apesar dessa realidade inegável, a Administração Pública tanto estadual, como autárquica, têm
recorrido a métodos de actuação característicos do Direito Privado.
148
O Estado e as autarquias locais têm procedido a um recurso frequente a métodos característicos
do Direito Privado. Este facto normalmente é defendido por representar uma maior
maleabilidade de gestão. Nestas situações, o Estado ou a autarquia aparece desprovida de poder
de autoridade e surge a contratar em pé de igualdade, pelo menos do ponto de vista formal, com
particulares, designadamente com empresas, sem ter que obedecer a normas de Direito Público
nem gozar dos poderes de autoridade que estas estipulam.
Repare-se que aqui não estamos a debater ou para debater a questão de saber se determinadas
matérias devem ser asseguradas por serviços públicos ou se seriam melhor asseguradas (ou não)
através da competição entre o sector público e o sector privado(ou outro) ou apenas pelo capital
privado. Como se sabe, depois de um período em que se afirmava o triunfo do Estado-
previdência ou o Estado social, designadamente após as teses ou terapias económicas de Keynes,
este voltou a ser uma questão central na nossa época.
Uma situação possível neste contexto é a criação de empresas privadas de capitais públicos
estatais ou municipais, quer o capital seja integralmente do Estado, de um ou de vários
municípios, quer se verifique a associação com capitais privados.
Outro exemplo possível é actuação da Administração não através de pessoas colectivas privadas
por ela criadas e orientadas (como as empresas de capitais total ou parcialmente públicos ou
municipais), mas através de «pessoas privadas verdadeiras que funcionam com a ajuda da
administração».
Legislação aplicável:
Constituição da República;
Lei nº 14/2011, de 10 de Agosto, que regula a formação da vontade da Administração
149
Pública e estabelece as normas de defesa dos direitos e interesses dos particulares;
Lei nº 7/2012, de 8 de Fevereiro, que aprova a lei de base da Organização e
Funcionamento da Administração Pública moçambicana;
Decreto nº 54/2005, de 13 de Dezembro, que aprova o Regulamento de Contratação de
Empreitada de Obras Públicas, Fornecimento de Bens e Prestação de Serviços ao Estado.
Trabalho proposto
Em grupo ou individualmente estudar o texto da unidade e responder as questões
abaixo indicadas.
150
Unidade 18
Serviços Públicos
Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:
Introdução
Nem moribundo, nem miraculoso, o serviço público, mesmo se ele afronta regularmente algumas
crises, continua em pedra e cal e pedra angular do Direito Público.
A presença do serviço público se revela ou se descobre a partir de três elementos que entram na
sua definição: - actividade de interesse geral, assegurada por uma pessoa colectiva pública ou
privada e submetida a um regime jurídico particular no qual a parte do Direito Público é mais ou
menos acentuado.
151
fundamentais (tratados na unidade 13 deste manual) e a proibição de lock-out (art. 87º da
Constituição da República), em caso do exercício do direito à greve.
Duas grandes categorias se distinguem em função do objecto e do regime jurídico: (i) Serviços
Públicos Administrativos e (ii) Serviços Públicos Industriais e Comerciais cujo regime é
fortemente privatizado. Diversos indícios ou evidências permitem a distinção, mas nem sempre
ousada a estabelecer.
Uma outra classificação se apoia sobres a diversidade dos modos de gestão, a qual pode ser
confiada às organizações de Direito Privado, seja por via contratual (concessão), seja por
habilitação unilateral concedida a uma organização corporativa, uma associação ou uma
federação.
A gestão pode ser confiada aos organismos de Direito Público, a moda mais antiga de
intervenção. Duas estruturas se distinguem: a administração ou as organizações burocráticas
estaduais, quer dizer a exploração directa pela Administração do Estado, e o estabelecimento
público, serviço público «personalizado», dotado de autonomia administrativa e financeira, uma
distinção essencial na qual se manifesta entre os estabelecimentos públicos administrativos e os
estabelecimentos públicos industriais e comerciais.
O sector industrial e comercial do Estado é por vezes confiada às empresas públicas, as quais a
maior parte surgidas das leis das nacionalizações e que se servem de estatutos diversos:
sociedade anónima de Direito Privado, sociedade de economia mista, estabelecimento público.
O serviço público é, sem dúvida, a noção mais complexa, evolutiva, controversa e essencial do
Direito Administrativo.
É a partir destes três elementos que podemos dar ao serviço público a seguinte definição: - é
uma actividade do interesse geral (1º critério), assegurada seja por uma pessoa colectiva
152
pública, seja por uma pessoa colectiva privada ligada à uma pessoa colectiva pública (2º
critério) e submetido à um regime jurídico particular (3º critério).
A. Actividade
A noção de interesse geral responde à uma dupla abordagem, uma de utilitarista que reflecte o
resultado de um consenso necessário entre os interesses particulares, a outra voluntarista que
exige a ultrapassagem de tais interesses particulares ao proveito de uma vontade geral expressa
pela lei.
153
C. Assegurada por uma pessoa colectiva pública ou por uma pessoa
colectiva privada (critério orgânico )
Se todo o serviço público se ergue, em última instância, de uma autoridade pública, que
igualmente exerce o seu controlo, mas a sua gestão pode ser partilhada entre pessoas colectivas
públicas e privadas.
A gestão de um serviço público pode ser concessionada ou delegada aos privados por um acto
unilateral da Administração, se esta entender que não a quer gerir ela mesma.
É verdade que situação gera uma outra o facto do critério orgânico do serviço público perder
toda a sua unidade, mas é o próprio Direito Administrativo que admite que uma missão de
interesse geral possa ser confiada à pessoas privadas, por exemplo, as associações e federações
desportivas, associações comerciais, etc.
O critério material se tornou diversificado e proteiforme, sem contudo perder totalmente a sua
unidade, como aconteceu com o critério orgânico. Com efeito, logo que uma actividade que é
criada é um serviço público é exercida da mesma maneira que uma actividade privada análoga.
Entenda: - Se hoje o Estado moçambicano entender criar um novo serviço público de telefonia
móvel, logo à partida será exercida e gerida nos mesmos moldes do exercício e da gestão das
actividades das empresas privadas dom mesmo ramo, nomeadamente a Vodacom e a Movitel. O
regime jurídico aplicada à nova empresa será fortemente privatizada, pois, comportará sempre
algumas regras exorbitantes ou especiais do Direito Comum por causa da finalidade permanente
do interesse geral.
O critério orgânico conserva assim uma certa unidade. O organismo ou o órgão gestor pode ser
de Direito Público ou de Direito Privado, mesmo que seja privado o seu controlo é feito pela
Administração Pública, que publica a existência e o funcionamento do serviço público e o
interesse geral que deve satisfazer e o tipo de tutela a que será sujeito. Mas apesar desse controlo,
154
o organismo privado vai-se dispor de prerrogativas exorbitantes do Direito Comum. Pode ter a
possibilidade de editar actos unilaterais, por exemplo a possibilidade de aplicar multas ou outras
sanções. É o caso das empresas públicas de gestão privada que podem multar os seus utentes
faltosos. Me refiro, por exemplo, às empresas CFM, TDM, EDM, TPU (Transportes Públicos
Urbanos: TPB, TPM,…), etc.
155
os professores que não reunirem requisitos para dar aulas no nível secundário, poderão
ser transferidos para os outros locais.
iii. O princípio de igualdade perante o serviço público
Este princípio decorre do princípio de igualdade dos cidadãos perante a lei, consagrado
na Declaração Universal dos Direitos Humanos e na Constituição da República. Este
princípio não pode ser confundido com o princípio da gratuidade do serviço público.
A regra de igualdade se aplica aos cidadãos que serão submetidos às mesmas regras,
tanto ao acesso ao emprego na Função Pública, como nas progressões e promoções nas
suas carreiras.
Também se aplica aos utentes, que podem exigir que o serviço os atenda da mesma
maneira que os outros nas mesmas condições, mesmo que possa haver um atendimento
direccionado, mas deve estar previsto na lei.
A criação, organização, funcionamento e supressão de um serviço público é feita por lei, decreto
ou uma deliberação das Assembleias Municipais.
Legislação aplicável:
Constituição da República;
Lei nº 14/2011, de 10 de Agosto, que regula a formação da vontade da Administração
Pública e estabelece as normas de defesa dos direitos e interesses dos particulares;
Lei nº 7/2012, de 8 de Fevereiro, que aprova a lei de base da Organização e
Funcionamento da Administração Pública moçambicana;
Decreto nº 30/2001, de 15 de Outubro, que aprova as Normas de Funcionamento dos
Serviços da Administração Pública.
Trabalho proposto
Em grupo ou individualmente estudar o texto da unidade e responder as questões
abaixo indicadas.
156
2. Explicar os critérios que confluem na definição do Serviço Público.
157
Unidade 19
Os Bens Públicos
Introdução
158
Defesa nacional, iluminação pública e praças, são alguns exemplos de bens públicos, pois seu
consumo é feito por vários indivíduos sem que seu custo seja maior do que se fosse destinado a
somente um indivíduo. Além disso, não é possível excluir um consumidor pela capacidade de
pagar pelo consumo de um bem ou serviço.
Bem público não é necessariamente um bem provido pelo Estado, mas a intervenção dos
governos é necessária para aumentar o bem-estar da população. O fornecimento de bens públicos
pelos entes privados é de difícil implementação, uma vez que, a análise do custo-benefício é
complicada e a dificuldade em restringir a utilização destes bens tornam seu financiamento quase
impossível, o que o tornaria exclusivo. As transmissões de rádio e televisão na maioria dos
países são exemplos de bens públicos (não-rivais, não-exclusivos e indivisíveis) providos por
entes privados, e financiado, essencialmente, por propagandas ou publicidades comerciais.
No conjunto de bens que pertencem à pessoas públicas, certos bens constituem o seu domínio
público e outros bens constituem o seu domínio privado, sendo o regime da sua aquisição o
mesmo, mas o regime da sua utilização difere.
Podemos entender como domínio público ao conjunto de bens das colectividades públicas e
estabelecimentos públicos que são, seja colocados à disposição directa do público utilizador
(bens que constituem o domínio público, por exemplo, um fontenário municipal, uma praça ou
jardim, iluminação pública, uma estrada, etc), seja afectos à um serviço público na condição,
neste caso, que tais bens sejam, pela sua natureza ou por disposições particulares, adaptadas
exclusivamente ou essencialmente ao fim particular do tal serviço público (bens do domínio
privado, por exemplo, uma ambulância, uma escola, um camião de recolha de lixo, etc).
159
O conceito acima apresentado por não ser claro para alguns, mas na ausência da tal clareza,
temos que perceber que para que um bem seja um elemento ou dependência do domínio público,
é necessário e suficiente que:
Todos os bens que não respondem a estes critérios ou que não sejam considerados como
apêndices, fazem parte do domínio privado.
Toda dependência do domínio público pertence necessariamente à uma pessoa pública. Esta
pessoa pode ser o Estado, uma colectividade local (autarquia) ou um estabelecimento público,
por exemplo, um auditório de uma universidade pública.
A distinção dos dois tipos de afectação de um bem ( afectação para o uso público e afectação a
um serviço público) embora possa evoluir no tempo, mas temos que fazer algumas nuances e
algumas explicações, para a sua melhor compreensão, pois salvem os casos em que algum texto
jurídico o determine, temos domínio público afecto ao uso directo do público, por exemplo, as
vias públicas; os monumentos e praças; mercados; estações dos caminhos de ferro; os
cemitérios; os cursos de água dos rios, lagos e lagoas navegáveis; casas de banho públicas;
lavandarias públicas; praias; os jardins municipais; etc.
Portanto a afectação deve ser para o uso directo do público, aqui exclui-se as vias férreas, as
estradas com portagem, os batelões ou ferryboats de pessoas públicas, que embora seja um bem
público o seu acesso e uso pelo público não é livre e gratuito.
A extensão do domínio público aos bens afectos aos estabelecimentos públicos resulta da
transformação do Estado e do desenvolvimento do serviços públicos.
Em conclusão, podemos dizer que o que conta em definitivo, para a distinção de um bem do
domínio público e do domínio privado, é a afectação de bens de utilidade pública. É assim que as
obras de arte ou outras e objectos de valor expostas, nos museus de conservação e exposição ao
público, são considerados bens do domínio público, porque são usados para fins de serviço
público confiado ao estabelecimento público expositor, por exemplo, o ARPAC, por exemplo.
160
Aqui podemos acrescentar os palácios de casamento, de justiça, os recintos escolares, os campos
municipais, as casas de cultura, os auditórios municipais, as messes militares ou de polícia, etc.
A disposição do bem permite ao juiz, em casos de litígios, limitar a extensão do domínio público,
para que o domínio privado seja abusivamente reduzida ou mesmo suprimida. É neste sentido
que certos bens só podem constituir dependência do domínio público, só se houver uma
regulamentação especial.
Os bens do Estado moçambicano são definidos nas alíneas d), e), f) e g) do artigo 3º do Decreto
nº 23/2007, do Conselho de Ministros. A sua aquisição ou aquisição da sua titularidade ocorre
nos termos estabelecidos no artigo 8º do mesmo diploma.
Trabalho proposto
Em grupo ou individualmente estudar o texto da unidade e responder as questões
abaixo indicadas.
2. Distinguir os bens públicos providos pelo Estado e os providos pelo sector privado.
161
Unidade 20
Função Pública
Introdução
a. a primeira que é constituída por organizações, umas dotadas de personalidade jurídica (as
pessoas colectivas públicas), outras em regra não personificadas (os serviços públicos) ;
b. a segunda que é formada por indivíduos, que põem a sua inteligência e a sua vontade ao
serviço das organizações administrativas para os quais trabalham.
Voltando a juntar estas duas partes o resultado é, de forma clara, a definição de Administração
Pública em sentido orgânico, que é o sistema de órgãos, serviços e agentes do Estado, bem como
das demais pessoas colectivas públicas, que asseguram em nome da colectividade a satisfação
regular e contínua das necessidades colectivas de segurança, cultura e bem-estar. Estes órgãos,
serviços e demais pessoas públicas, incluindo pessoas físicas que agem em seu nome (dos
órgãos, …) e do Estado possuem poderes e deveres próprios que os permite participar no
processo de formação e de manifestação da vontade que é imputada ao Estado. Quer dizer, que
162
os permite tomar decisões técnico-administrativas no quadro das suas competências e funções e
da Função Administrativa do Estado, em geral.
Nesta unidade vamos estudar o conjunto de pessoas físicas que trabalham para a Administração
Pública, ou seja, para o Estado. Vamos estudar a Função Pública moçambicana.
Comecemos por recordar que o estudo da nomenclatura prospera do sentido de inserir a origem e
fundamentos dos termos no contexto do Direito Administrativo e na esfera da Administração
Pública. São indicadas por Oswaldo Aranha Bandeira de Mello duas versões para a origem do
vocábulo administração. A primeira é que esta vem de ad (preposição) mais ministro, mais are
(verbo), que significa servir, executar; já a segunda indica que, vem de ad manus trahere, que
envolve ideia de direcção ou gestão. Nas duas hipóteses, há o sentido de relação de
subordinação, de hierarquia. O mesmo autor demonstra que a palavra administrar significa não
só prestar serviço, executá-lo, como também dirigir, governar, exercer a vontade com o objectivo
de obter um resultado útil. Até em sentido vulgar, administrar quer dizer traçar um programa de
acção e executá-lo. A administração pública deve estar voltada para atender as necessidades e os
direitos da sociedade, pois um Estado não consegue sobreviver sem planeamento e o tal deve ser
sistematizado pelos membros que estão à frente da administração pública de cada país.
Temos duas categorias dos tais membros que estão à frente da Administração Pública, a saber:
Nos interessa, nesta unidade, o estudo sobre os Agentes Públicos Administrativos, ou seja,
Funcionários e Agentes do Estado.
A maioria das pessoas que trabalham na Administração Pública são funcionários ou agentes do
Estado de carreira, exercendo as suas funções, independentemente de quem assume o Governo,
são os agentes públicos administrativos ou funcionários administrativos.
163
A função pública moçambicana é recente começa a se especificar e a ter uma certa identidade
nos últimos 13 anos do século XX, com a aprovação do primeiro Estatuto Geral dos
Funcionários do Estado (Decreto nº 14/87, de 20 de Maio), mais ou menos completo.
Antes disso assistiu-se aquilo que se chamou de Escangalhamento do Aparelho Estatal Colonial,
durante a primeira geração das reformas moçambicanas, que começa com a aprovação e entrada
em vigor da Constituição da República Popular de Moçambique, em 1975.
164
Departamentalização e operação sectorial;
Reprodução dos órgãos centrais;
Abrangência absorvente no âmbito da economia nacional.
O sector público ou a função pública moçambicana ficou demasiado dilatado como consequência
de admissões de pessoas sem mínima formação, a base de bilhetinhos e chamadas telefónicas
que consubstanciavam o camaradismo, o familiarismo, o amiguismo, etc.
Nas cinco áreas temáticas diagnosticadas os resultados não foram surpreendentes, uma vez que
apenas confirmaram aquilo que em si já era bastante evidente.
No que tange à Gestão dos Recursos Humanos embora tivesse havido uma entrada massiva de
pessoas para o sector público, se assinalou o seguinte:
165
Com a aprovação do texto constitucional de 1990 e fim do monopartidarismo em Moçambique
novas tendências do modelo foram-se registando. Inicia-se o processo de correcção do modelo.
Foi preciso conceber uma política pública de formação em Administração Pública (SIFAP) e
houve um esforço no melhoramento do Direito da Função Pública moçambicana.
O estatuto dos funcionários e agentes do Estado passou a ser regulado por lei (Lei nº 14/2009, de
17 de Março); foi melhorado o sistema de carreira e remunerações; foram melhorados e
ampliados os qualificadores de carreiras, categorias e funções de direcção, chefia e confiança;
foram feitas algumas correcções nos subsídios técnicos, com a aprovação do subsídio de
localização, visando tornar o sector público mais competitivo no mercado e a retenção de
técnicos no campo; foi aprovado o sistema de gestão de desempenho (SIGEDAP), etc.
É verdade que houve muitos avanços na melhoria do Direito da Função Pública moçambicana,
bem como nos instrumentos de gestão de recursos humanos. Contudo, há que assinalar o
seguinte:
O acesso aos cargos de direcção e chefia continua a não ser feito por concurso;
O sistema de carreiras e remunerações continua a ser injusto, sobretudo em relação aos
técnicos com formação superior e média nas carreiras de regime geral e específicas;
Há tendências fortes de repartidarização da função pública;
O exercício ao sindicalismo e o direito a greve não são efectivos;
Há dificuldades de alojamento condigno, sobretudo nos distritos;
Com a desconcentração de competências de gestão de recursos humanos, para os órgãos
locais, há uma proliferação de quadros de pessoal e aumentaram as possibilidades de
perseguições dos funcionários e agentes do Estado por motivos políticos;
Há coação para a filiação partidária;
166
Não existe o exercício efectivo do direito e liberdade sindical e da greve.
Nesta acepção temos que entender que é “funcionário” toda a pessoa que trabalha no sector
público: agentes da administração do Estado, dos órgãos locais, da empresas públicas e dos
serviços públicos sob à gestão parcial ou inteira privada.
167
Uma abordagem mais restrita, é possível utilizando o critério orçamental. Neste sentido, são,
então, funcionários os agentes cuja remuneração é escrita num orçamento de uma pessoa
colectiva pública na qual está colocado ou ligado.
É certo que o critério financeiro tem um impacto muito forte na opinião pública por razão da
correlação estabelecida entre os encargos fiscais e a manutenção dos agentes públicos
administrativos. Mas os agentes pagos por organizações ou estabelecimentos públicos nem todos
são funcionários no sentido restrito, tudo depende do seu estatuto jurídico.
Neste ponto de vista, pode-se distinguir antes de mais os agentes geridos pelo Direito Público e
os geridos pelo Direito Privado (Direito Comum de Trabalho). Em seguida temos que operar
uma distinção na categoria dos agentes geridos pelo Direito Público. Temos os agentes
contratados, isto é, ligados o seu serviço por um contrato administrativo e os agentes estatutários.
Enfim, é nestes últimos, a principal categoria é a dos funcionários no sentido estrito.
A existência desta categoria de agentes levanta duas questões: (i) a de política de recrutamento;
(ii) e a de distinção entre os contratados do Direito Público e os contratados do Direito privado.
168
Os contratados do Direito Privado trabalham nos Serviços Públicos Industriais e Comerciais, ou
seja, nas Empresas e Estabelecimentos Públicos.
São empregados do Estado a ele ligados por um título de provimento, estando numa situação
legal e regulamentar, sem nenhum elemento contratual.
Há uma diversidade dele: (i) auxiliares, os que estão nas carreiras de classe única; (ii) estagiários,
os que ainda não foram definitivamente providos, os de nomeação provisória; (iii) os
funcionários, os já providos, ou seja, os de nomeação definitiva e integrados numa carreira.
Os funcionários que mudam de carreira ficam como estagiários, durante os primeiros dois anos,
nas suas nova carreiras.
Os funcionários e agentes do Estado são geridos pelo Ministério da Função Pública, Direcção
Nacional de Gestão Estratégica de Recursos Humanos do Estado.
Esta situação resulta da sua génese. Foram criados no tempo no monopartidarismo como
organizações democráticas de massa e instrumentos do único partido até então existente.
Tentativas de se criar um Sindicato Geral da Função Pública têm se esbarrado com obstáculos
criados, conjuntamente, pelo Governo e pela Assembleia da República, que se esquivam de
legislar a matéria, tornando cativa a liberdade sindical na Função Pública, embora esteja prevista,
de forma expressa, na Lei nº 14/2009, de 17 de Março(art. 76º).
A existência de um sindicato da Função Pública não interessa ao Governo porque quer evitar o
exercício pleno dos direitos e liberdades fundamentais previstos na Constituição (artigos 51º, 52º,
78º, 85º, 86º e 87º), e daí todas as consequências futuras.
169
Para além de não existir um Sindicato Geral da Função Pública, também não existe um Conselho
Superior da Função Pública do Estado.
Existem um fórum nacional e fóruns provinciais de gestão de recursos humanos, que defendem
os interesses do governo, onde os funcionários não são representados.
170
A nomeação é um acto unilateral da Administração que tem consequências jurídicas directas,
estando sujeito a uma condição resolutória que é uma eventual recusa do funcionário récem
admitido ou recrutado, o estagiário.
O princípio que rege o estatuto do funcionário ou agentes oferece algumas garantias, no quadro
das garantias contenciosas gerais. Os funcionários podem solicitar a anulação das decisões
administrativas irregulares ou ilegais e ainda por motivo de excesso e desvio do poder, que
tenham objectivo de modificar os seus estatuto ou interesses, no quadro da responsabilidade
disciplinar e do Direito Administrativo Disciplinar do Estado.
Podem ser atacadas as decisões ilegais e medidas relativas ao seu estatuto, seus interesses e da
sua carreira e o exercício do poder disciplinar, mas nunca contestar a organização e
funcionamento dos serviços.
Para além das garantias acima indicadas, há também o recurso hierárquico e a possibilidade de
apresentar uma reclamação pecuniária no recurso por excesso ou desvio do poder.
Não tendo o direito do exercício sindical, a Função Pública moçambicana não pode apresentar
recursos que emanem do sindicato ou das associações profissionais.
O Direito da Função Pública, em Moçambique, tem como fontes principais: (i) a Constituição da
República (artigos 251º e 252º); (ii) a Lei nº 14/2009, de 17 de Março e o Decreto nº 62/2009, de
8 de Setembro.
171
Embora algumas particularidades sejam necessárias, mas há exageros e diferenças abismais em
certos casos, por exemplo, um técnico médio da autoridade tributária pode chegar a auferir um
salário ou remuneração três vezes mais superior do que de um técnico superior das careiras geral
e diferenciadas.
Os aprovados nos concursos e chamados para o início de funções tomam posse ou se lavra um
termo de início de funções, entrando numa carreira e integrados num corpo de profissionais,
ficando assim afectos a um emprego.
Entretanto, há funcionários a que se aplica subsidiariamente o EGFAE (art. 4º), por serem
regidos por estatutos específicos.
I. Disposições gerais;
II. Constituição da relação de trabalho;
III. Regimes especiais de actividade e de inactividade;
IV. Carreiras profissionais e funções;
V. Deveres;
VI. Direitos;
VII. Remuneração;
VIII. Formação;
IX. Avaliação de desempenho;
X. Férias, faltas e licenças;
XI. Distinções e prémios;
172
XII. Deslocações;
XIII. Liberdade sindical e greve;
XIV. Responsabilidade disciplinar;
XV. Garantias da legalidade, inspecção e impugnação dos actos dos funcionários;
XVI. Cessação de relação de trabalho;
XVII. Previdência social.
Há, no entanto, na Função Pública, outras pessoas que chegam ao poder e ao serviço do Estado
(?) mediante mecanismos instituídos pelo sistema político. São os responsáveis pela ligação entre
a definição e a implementação das acções do Governo. São os agentes públicos políticos. Cabe
a eles a condução e a gestão estratégica da Administração Pública e dos negócios do Estado em
geral e, por consequência, a tomada das macro-decisões, a formulação das Políticas Públicas e
das directrizes e o controlo da sua execução. São os dirigentes superiores do Estado: o
presidente, os ministros, os secretários permanentes a todos os níveis e instituições, os
governadores, os administradores de unidades territoriais. Eles estão no topo da pirâmide
organizacional do Estado e têm a particularidade de ter alcançado o poder por intermédio de uma
coalizão de forças políticas. Em geral cumprem um mandato de cinco anos e actuam no nível
estratégico.
173
Trabalho proposto
Em grupo ou individualmente estudar o texto da unidade e responder as questões
abaixo indicadas.
174
Unidade 21
A Polícia
Introdução
A segurança de pessoas e seus bens é colocada desta forma como um dos direitos fundamentais.
A noção de ordem pública repousa sobre a defesa de diversas finalidades fixadas por textos
jurídicos. É contingencial e evolutiva, seu conteúdo varia em função de um certo consenso
175
social, mas seria, um desvio muito perigoso, tentar aproximá-lo ou confundi-lo com as outras
ordens. Estamos a falar nada mais do que a ordem pública prevista no artigo 22º do Código Civil
de 1966.
Podemos melhor ajuizar a noção de ordem pública invocando aquilo que não é ordem pública.
A ordem pública não é uma ordem pública económica. Qualquer medida policial não tem nada a
ver com finalidade ou preocupações do tipo económico.
A ordem pública não permite a protecção dos indivíduos contra eles mesmos. A medida de
polícia tem por objecto a prevenção de perturbações causadas à outrem.
A ordem pública não é uma ordem moral. É verdade que a protecção da moralidade pública diz
respeito à polícia administrativa, mas não está ao mesmo nível do caso da tranquilidade pública
se estiver ameaçada.
A polícia administrativa tem como objecto de trabalho evitar que a ordem pública seja
perturbada: ela é preventiva.
A polícia judiciária tem a missão de «constatar as infracções contra a lei penal, juntar provas e
procurar os autores enquanto uma informação não for aberta».
176
quando as decisões ou operações tem relação com uma infracção penal, real ou somente eventual
e presumida.
2. As autoridades competentes
Os poderes de polícia geral são atribuídos ao chefe do Estado, artigo 161º da C.R., que deve
tomar medidas aplicáveis no conjunto do território nacional.
Os municípios têm as suas polícias municipais que operam de acordo com o regulamento
específico (Decreto nº 35/2006, do Conselho de Ministros).
Há ou pode haver polícias especiais como a polícia aduaneira, a polícia de fronteiras, polícia de
controlo de entrada de menores às salas de cinema, venda de bebidas e tabaco aos menores,
polícia de caça e de pesca, etc.
Porque o poder de polícia pode atentar contra as liberdades e porque se admite que a liberdade é
a regra e a sua restrição pela polícia uma excepção, o juiz administrativo exerce um controlo
sobre o exercício do poder de polícia.
Nos períodos de crise os poderes de polícia podem ser aumentados, por exemplo, em casos de
declaração dos estados de emergência ou de sítio.
Se as medidas de polícia forem ilegais podem ser faltosas e provocarem uma responsabilidade da
Administração Pública.
Trabalho proposto
Em grupo ou individualmente estudar o texto da unidade e responder as questões
abaixo indicadas.
177
1. Explicar a essência da actividade da polícia.
5. Que explicações podem ser encontradas para explicar os excessos e as ilegalidades cometidos
pela polícia moçambicana.
178
Unidade 22
Responsabilidade Administrativa
Introdução
179
não estão claras e também não estão claras as características do prejuízo indemnizável como as
modalidades da sua reparação(3).
Por outro lado, o Direito Privado intervém em numerosos casos para assegurar a repartição de
prejuízos nascidos da actividade da Administração pública, em virtude seja da jurisprudência,
seja de textos relativos à repartição de competências entre as ordens de jurisdição. Doutra parte,
a responsabilidade administrativa se estendeu, nas condições muito restritivas, às actividades do
Estado outras que aquelas que são desenvolvidas pela Administração pública: as regras relativas
à actividade legislativa, jurisdicional ou governamental que são muito específicas por razões da
sua natureza. Enfim, diversos textos legislativos especiais têm instituído regimes particulares, à
margem das regras e procedimento do direito comum.
a) Duma maneira geral, a jurisprudência que conduziu à admissão de serviços públicos na gestão
de actividades industriais e comerciais (SPICs), e, acima de tudo, por meio de organizações
privadas, teve por consequência a atribuição ao juiz judiciário a competência para o contencioso
da sua responsabilidade. Foi assim que, a célebre sentença do «bac d’Eloka» [Tribunal
Constitucional (TC) Francês, 22 de Janeiro de 1921, Société commerciale de l’Ouest-african –
Bac d’Eloca, R. 91.)], decide que por ausência de um texto especial que atribui competência à
jurisdição administrativa sobre o assunto, este passa a ser da autoridade judiciária o
conhecimento da responsabilidade de um serviço explorado nas mesmas condições das
actividades dos particulares.
180
O grande desenvolvimento, após a Segunda Guerra Mundial sobretudo, de actividades industriais
e comerciais fizeram com que uma larga parte do contencioso de actividades da responsabilidade
da Administração Pública, mas executadas por pessoas de Direito Privado, contratadas para esse
efeito, fosse confiada aos tribunais judiciais. Do mesmo modo, é, em princípio, da competência
judiciária a responsabilidade dos organismos privados que gerem um serviço público de carácter
administrativo ou encarregados de uma missão de interesse geral. Contudo, a situação é
complexa porque o juiz administrativo é competente para estatuir sobre a responsabilidade de
tais organismos se os danos causados estão lidados à responsabilidade no quadro das
prerrogativas do Poder Público.
c) É ainda o caso de danos resultantes duma via de facto ou de acção ou influência irregular.
Os legisladores de muitos países, por exemplo o legislador francês, criaram regras especiais de
responsabilidade administrativa em vários domínios. Em relação ao direito comum da
responsabilidade administrativa, tais regras visam alargar essa responsabilidade ou de modificar
algumas regras de competência jurisdicional ou de procedimento.
181
O primeiro caso é dos danos causados por trabalhos públicos (obras públicas) que tem uma
originalidade particular.
Muitos outros regimes instituídos pelo legislador têm como fundamento o risco social e a
solidariedade nacional e prevêem uma indemnização que não se baseia numa falta ou erro.
Outras disposições que repousam sobre o princípio do risco podem ser mencionados nesse grupo
de regras especiais.
Por fim termos as regras especiais sobre a responsabilidade do Estado em relação aos danos
causados aos alunos ou pelos alunos das escolas públicas.
A responsabilidade por falta fica a hipótese mais frequente, mas a responsabilidade sem falta
conheceu, particularmente nestes últimos anos, um desenvolvimento importante.
182
de seus agentes. E, por fim, fez seguimento dos factos reparáveis duma acção regular do poder
público, isto é, a responsabilidade na ausência de falta.
A. Falta da Administração
O erro ou a falta cometido por um ou vários agentes, bem individualizados, não se separa do
exercício de funções. A responsabilidade, nestes casos, não se atribui ao agente mas à
Administração e o contencioso é exclusivamente administrativo.
Os exemplos desta natureza de erros são numerosos: operações materiais diversos, violação de
um texto jurídico, manifesto erro de apreciação, retirada irregular de uma decisão que já tinha
criado direitos, recusa de tomar uma medida necessária, negligência no exercício do poder ou de
funções, etc.
O erro anónimo de serviço ou falta de serviço pode ser difícil de identificar ou de provar. É um
erro colectivo de um serviço mal organizado ou mal gerido. Os danos ou prejuízos podem ter
origem:
183
- Do mau funcionamento ou dá má organização: negligência, erros, perda de dossiers ou
arquivos, execução material irregular (violação de regras de execução de decisões
administrativas ou de procedimentos;
- Do funcionamento tardio. Atraso abusivo, por exemplo, na reparação de um edifício ou
equipamentos, ou ainda atraso na elaboração de um regulamento de aplicação de leis;
- Da ausência de funcionamento. Inércia administrativa, por exemplo, um serviço que não
efectua os serviços que lhe foram incumbidos, provocando desta maneira uma carência
ou falta da administração.
Não é ousado aplicar a distinção feita pelo Tribunal Francês de Conflitos no seu despacho
Palletier (1873) entre o erro de serviço e o erro pessoal.
a. Há erro pessoal quando este é cometido fora do serviço e respeitante a vida privada, sem
ligação com os serviços;
b. Um erro pessoal pode ser cometido no exercício de funções. O erro intencional
(malevolência, vingança) ou um erro particularmente grave (negligências ou
imprudências inadmissíveis, brutalidades, excesso de linguagem, por exemplo, palavras
obscenas pronunciadas por um professor na classe), este tipo de erros são considerados
como sendo separáveis das funções do agente da Administração;
c. Um erro cometido fora do serviço, sem qualquer ligação com este, por exemplo, um
acidente cometido por um motorista da Administração que tinha se desviado do seu
itinerário ou rota.
Os erros pessoais dos agentes da Administração são julgados pelo juiz judicial.
184
Por vezes, pode ocorrer caso em que se registe a acumulação de erros e de responsabilidades. Por
exemplo, o encerramento de serviços antes do tempo estabelecido e o administrado não
conseguir tratar um assunto seu, e ao tentar reclamar sofre uma brutalidade por parte de um ou
mais funcionários. Neste caso, o encerramento precoce dos serviços constituem erro de serviço e
os prejuízos decorrentes do tal facto são da responsabilidade da Administração. E, a brutalidade é
da responsabilidade pessoal de quem a cometeu.
Pode existir, também uma responsabilidade sem erro da Administração ligada ao risco, sobretudo
nos trabalhos públicos realizados por terceiros, isto é, pessoas que não têm relação directa com
os trabalhos ou obras.
Finalmente, também pode existir uma responsabilidade sem erro fundada na ruptura directa de
igualdade perante os encargos públicos.
Trabalho proposto
Em grupo ou individualmente estudar o texto da unidade e responder as questões
abaixo indicadas.
185
Unidade 23
Contencioso Administrativo
Introdução
É sabido que a Administração Pública está subordinada não só às normas jurídicas, como
também aos princípios jurídicos, especialmente os Princípios Gerais de Direito Administrativo,
parte dos quais o Decreto nº 30/2001, de 15 de Outubro, prevê nos artigos 4º a 14º e, também
retratados no Capítulo II nº 2 da lei nº 14/2011, de 10 de Agosto, que regula a formação da
vontade da Administração Pública, estabelece as normas de defesa dos direitos e interesses dos
particulares e …. (págs. 96 a 100). Trata-se, em geral, de uma exigência da juridicidade escrita,
que proíbe qualquer discricionariedade administrativa não prevista na lei e para além da lei. Esta
juridicidade escrita é, antes de mais, uma exigência de protecção dos direitos e interesses
juridicamente protegidos dos cidadãos, mas também uma exigência do interesse público. Sem
essa protecção e sem juridicidade escrita não há interesse público.
A par do que acima é dito, temos também os vários controlos a que a Administração Pública é
submetida, já tratados na unidade 5 deste manual.
186
juridicamente protegidos dos cidadãos, exactamente porque o desenvolvimento das actividades
da Administração Pública é feito pelo homem com todas as suas fraquezas, suas paixões, suas
imprudências, etc. É assim que várias garantias ou mecanismos garantísticos são colocados,
como direito, à disposição dos administrados, para deles usarem ou se socorrerem em casos de
necessidade, nomeadamente para exigir a responsabilidade da Administração Pública ou para
defenderem os seus direitos e interesses legítimos.
A expressão contencioso administrativo é de origem francesa. Surgiu nas leis, entrou no uso
corrente da doutrina, galgou fronteiras, mas durante muito tempo teve um conteúdo indefinido e
ainda hoje aparece empregada em diferentes sentidos.
As garantias contenciosas são todos os meios de defesa da legalidade ou dos administrados que
se efectivam por intermédio de qualquer tribunal, mas que comummente se limitam às garantias
englobadas na competência dos tribunais administrativos.
187
O contencioso administrativo é actividade jurisdicional respeitante à resolução dos conflitos
nascidos de relações jurídico-administrativas, isto é, entre a Administração Pública e os
administrados.
Portanto, é dupla a função desempenhada pelo contencioso administrativo: (i) meio de garantia
dos administrados nas relações jurídico-administrativas; (ii) meio de garantia da legalidade na
administração.
As garantias contenciosas podem ser classificadas segundo sua espécie e agrupadas da seguinte
maneira:
Protecção contra a prática dos actos jurídicos ou actos ilegais, sendo as garantias
contenciosas mais importantes a anulação e a declaração de nulidade dos próprios actos
pelos tribunais administrativos;
Protecção contra a execução dos actos administrativos, existe uma possibilidade de obter
dos tribunais administrativos a suspensão da executoriedade, se se der a hipótese de a
execução ser de molde a causar prejuízos irreparáveis ou de difícil reparação e a
suspensão não determinar grave dano para a realização do interesse público;
Protecção contra factos causadores de prejuízos, há possibilidade de efectivar a
responsabilidade da Administração, que não deve confundir-se com a responsabilidade
dos agentes.
188
todo e qualquer pedido de verificação da validade dos regulamentos, actos administrativos e
contratos administrativos.
A declaração de nulidade tem por objecto actos nulos, feridos duma nulidade propriamente dita,
ou nulidade absoluta.
Trabalho proposto
Com base do texto da unidade e nos conhecimentos adquiridos nas suas leituras de
aprofundamento das matérias, comente o texto abaixo
“Todos cidadãos moçambicanos são nacionais do Estado moçambicano, entretanto, em relação à defesa
dos seus direitos e interesses, face a actuação da Administração Pública e de seus Agentes, nem todo o
nacional moçambicano é cidadão. Pois existem vários indivíduos que podem ser qualificados de
nacionais de Moçambique sem serem cidadãos”.
189
Breve resumo do Manual
Nenhum país civilizado ou moderno pode deixar de ter Administração Pública, ou deixar de
desenvolver uma actividade administrativa. Mas nem todos têm o Direito Administrativo e, este
não se reveste a mesma natureza de país para país.
Vimos que o Direito Público regula as relações e interesses do Estado entre seus agentes e a
colectividade e visa o bem estar comum, especificado em normas aprovadas por representantes
do Povo, escolhidos democraticamente.
O que distingue o Direito Público do Direito Privado, é o princípio que o rege: o Princípio da
Supremacia do interesse público em face do interesse individual. Com isso será sempre
priorizado o interesse geral em detrimento do interesse individual de cada pessoa, devendo este
submeter-se àquele.
Quando a Administração Pública, no exercício das suas actividades, actua com recurso às suas
prerrogativas de autoridade ou de império está sujeita à aplicação das regras do Direito
Administrativo, que é ramo do Direito Público.
Por outro lado, se sabe pela distinção entre o Direito Público e o Direito Privado, muitas vezes os
órgãos da Administração Pública se relacionam com os particulares num plano de igualdade.
Ora, estas relações regem-se não pelas normas de Direito Administrativo, mas pelas regras
próprias do Direito Privado.
Para haver Direito Administrativo, é necessário que se verifiquem duas condições: (i) que a
Administração Pública e a actividade administrativa sejam regulados por normas jurídicas
propriamente ditas, isto é, por normas de carácter obrigatório; (ii) que essas normas
jurídicas sejam distintas daquelas que regulam as relações privadas dos cidadãos entre si.
Esta duas conclusões – que a Administração seja regida por normas jurídicas, e que essas normas
diferentes das normas que regulam as relações jurídicas privadas – só ocorrem no Estado
moderno, e, mesmo assim, nem todos os países se verifica a segunda, como vimos quando
estudamos os sistemas administrativos.
190
destinatários tanto os próprios órgãos e agentes da Administração como os particulares, os
cidadãos em geral.
Nos Estados de Direito Democrático este princípio é tão importante, encontrando eco nas
respectivas Leis Supremas.
O título XII, no seu capítulo I (artigos: 249º e 253º), consagra solenemente o princípio da
submissão da nossa Administração Pública à lei.
Foi assim que se formou e desenvolveu o Direito Administrativo, como ramo do direito
objectivo diferente dos ramos tradicionais do direito privado.
Portanto, foi nosso interesse, neste manual, procedermos ao estudo de elementos essenciais do
Direito Administrativo, por ser o Direito da Administração Pública. Quer dizer, o Direito
constituído pelo conjunto de normas jurídicas que regulam a organização e o funcionamento da
Administração Pública, bem como as suas relações com os particulares, no exercício das suas
actividades e das suas prerrogativas de autoridade.
191
BIBLIOGRAFIA
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NOÉ, Fernando Gil. Manual de Administração e Gestão Autárquica, 1ª ed., UCM/ CED,
192
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AMARAL, Diogo Freitas do. Curso de Direito Administrativo, vol. IV, Lisboa, 1988.
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reimpressão, revista e actualizada pelo prof. Doutor Diogo Freitas do Amaral. Tomo II,
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CAETANO, Marcelo. Manual de Direito Administrativo, vol.I, 10 edição, 6
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Livraria Almedina, Coimbra, 1981.
SOUSA, Marcelo Rebelo de Sousa, MATOS, André salgado de. Direito administrativo
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SOUSA, Marcelo Rebelo de Sousa, MATOS, André salgado de. Direito administrativo
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193
LEGISLAÇÃO ADMINISTRATIVA BÁSICA APLICÁVEL
194
MOÇAMBIQUE. Decreto nº 5/2005, de 12 de Abril, que atribui aos Governadores
Provinciais e aos Administradores Distritais competências no âmbito da gestão dos
Recursos Humanos do Estado;
MOÇAMBIQUE. Decreto nº 15/2000, de 20 de Junho, que estabelece formas de
articulação dos órgãos locais do Estado com as autoridades comunitárias;
MOÇAMBIQUE. Decreto nº 65/2003, de 31 de Dezembro/Decreto nº 52/2006, de 26 de
Dezembro - – Designa o representante da Administração nas circunscrições cuja área de
jurisdição coincide total ou parcialmente com a da autarquia local;
MOÇAMBIQUE. Decreto nº 33/2006, de 30 de Agosto - Estabelece o quadro de
transferência de funções e competências dos órgãos do Estado para as autarquias
locais;
MOÇAMBIQUE. Decreto nº 52/2000, de 21 de Dezembro – Código Tributário
Autárquico;
195
MOÇAMBIQUE. Diploma Ministerial nº 107-A/2000, de 25 de Agosto, que aprova o
Regulamento do Decreto nº 15/2000, de 20 de Junho, que estabelece formas de
articulação dos órgãos locais do Estado com as autoridades comunitárias;
MOÇAMBIQUE. Diploma Ministerial nº 80/2004, de 14 de Maio ( Aprova o
Regulamento da Articulação dos Órgãos das Autarquia Locais com as Autoridades
Comunitárias).
196