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4o Ano
Tema:
Belmiro Victorino
Daniel Oliveira
I. INTRODUÇÃO......................................................................................................3
4.2. Casamento............................................................................................................15
4.3. Óbito.....................................................................................................................16
V. CONCLUSÃO......................................................................................................18
I. INTRODUÇÃO
coincidência entre a noção de pessoa ou sujeito de direito e a noção de ser humano, tal
como refere Carlos Mota Pinto.
Conforme supra mencionado o registo civil guarda constância dos factos que
constituem o estado civil das pessoas singulares, um estado civil constituído pelo
conjunto de qualidades jurídicas que o Código de Registo Civil moçambicano sujeita a
registo.
Moçambique tem ao logo do tempo sido devastado por vários fenômenos como
a colonização (até 1975), a guerra civil (1977-1992) e os desastres naturais, o que
causou a deserção massiva de pessoal qualificado, a destruição de infra-estruturas, o
deslocamento de pessoas de uma região para outra e, portanto, a perda de deterioração
do registro da população e de registro de recém-nascidos.
existência jurídica e tendo desta forma por consequência a não contagem destes, para as
estatísticas do Estado.
No sentido do que agora ficou exposto, podemos afirmar que o registo resulta da
necessidade de guardar, para efeitos posteriores, a memória dos factos suscetíveis de
produzir efeitos de direito, factos jurídicos, com o escopo principal de fazer prova da
ocorrência daqueles, bem como, conferir-lhes publicidade. De acordo com Seabra
Lopes há que distinguir entre registos administrativos e registos de segurança jurídica,
uma vez que a publicidade e a certeza jurídica dos factos publicitados não é caraterística
de todos os registos públicos.
Os registos fazem prova plena dos factos deles constantes, são, assim,
documentos autênticos, atestados por um conservador, não obstante a consistam em
prova que pode ser ilidida através de recurso às vias judiciais. Nos termos do nº1 art.º
369 do CC a autoridade ou oficial público que exara o documento tem de ser
competente em razão da matéria e do lugar, não podendo estar legalmente impedido de
lavrar os respetivo documento, a não ser que os beneficiários ou intervenientes
conhecessem, no momento da sua feitura, a falsa qualidade de autoridade ou oficial
público, a sua incompetência ou, ainda, a irregularidade da sua investidura.
nele inscrito, não obstante esta prova poder ser ilidida. Cabe-nos ressalvar que esta
presunção está delimitada ao registo definitivo, sendo que ao registo provisório não
aproveita esta presunção, estando a sua validade condicionada à verificação de um facto
futuro.
O outro princípio que vem previsto na disposição seguinte, artigo 2.º é por lei
denominado da atendibilidade dos factos sujeitos a registo, mas que pensamos que é
mais claro se o denominarmos princípio da imposição probatória do registo (ou ainda,
se preferirmos, princípio da eficácia absoluta) que em síntese nos diz o seguinte: os
factos sujeitos a registo civil obrigatório só podem ser invocados por qualquer pessoa,
isto é, quer por aqueles a quem o registo diga respeito quer por terceiros se estiverem
registados. Por isso, dir-se-á que o registo civil não só publicita os factos, mas também
os titula de uma forma necessária para que possam ser considerados e aceites por todos.
Existe assim uma ineficácia que é absoluta em relação a todos, antes do registo.
Daí que esta prova feita pelo registo civil tenha sido apelidada de prova
pleníssima. Mas o mesmo artigo 3.º contém ainda, embora em parte só tacitamente, um
princípio presuntivo de que o estado civil constante do registo existe, tal como neste se
acha definido, ou seja, estabelece-se um princípio de presunção de verdade do registo
civil. Propendemos a considerar que se trata de uma presunção “iuris et de iure”, visto a
prova feita pelo registo é inelidível salvo nas acções de Estado e nas de registo. Trata-
se, pois, de uma presunção absoluta e não daquela que pode ser afastada mediante prova
em contrário de acordo com o disposto no n.º 2 do artigo 350.º do C.C. (isto é, a mera
presunção tantum iuris). Além disso, a impugnação em juízo dos factos que o registo
comprova está condicionada a que simultaneamente se peça o cancelamento ou a
rectificação dos registos correspondentes.
O princípio que o artigo 4.º em parte enuncia, mas que também os artigos 163.º
e seguintes contemplam é o princípio da publicidade, no sentido da publicidade
formal. Este princípio indica-nos que, relativamente aos factos sujeitos a registo civil
obrigatório, não pode ser utilizado meio probatório distinto daquele que o próprio
Código prevê. Dito de outro modo: para comprovar os aludidos factos é requisito
absoluto a utilização de uma das modalidades certificatórias que se acham previstas nos
artigos 163.º e seguintes. Tornar-se-ia portanto, ilegal pretender provar o estado civil
de uma pessoa através de um outro qualquer meio. Além destes princípios enunciados
nos artigos iniciais do Código, há outros que não se acham mencionados num
determinado preceito concreto, mas decorrem de vários deles e do próprio sistema
registral.
Outro princípio que vigora no registo civil é o que poderemos designar como
princípio da instância verbal ou princípio da oralidade. Assim, o pedido para que se
pratique qualquer acto de registo ou para que seja fornecido um meio de prova ou ainda
normalmente para que seja instaurado um processo, não carece de ser formulado por
escrito. A instância verbal é suficiente. Assim como as declarações que baseiam os
assentos ou outros actos de registo podem ser feitas oralmente pelos interessados.
Tem também sido indicado um outro princípio (embora entre nós de introdução
recente) e que habitualmente se diz ser característico do registo civil: o da gratuitidade.
Com ele quer-se significar que a maior parte dos actos fundamentais relativos ao estado
civil das pessoas designadamente os assentos de nascimento, perfilhação, casamento
urgente, óbito e outros são gratuitos. A pessoa quando nasce tem direito a que o seu
nascimento fique inscrito no registo civil imediata e gratuitamente, comprovando-se
portanto desde logo a sua própria cidadania.
Os factos sujeitos a registo acham-se indicados no n.º 1 do artigo 1.º. São eles:
o nascimento; a filiação; o casamento; o óbito, todos estes que são registados por
assento e, a adopção; a regulação do exercício do poder paternal, a sua inibição ou
suspensão; a interdição ou inabilitação definitivas, a tutela de menores ou interditos e a
curadoria de inabilitados; a curadoria de ausentes e a morte presumida, que ingressam
no sistema registral através de averbamento ao assento de nascimento, as convenções
antenupciais, os factos extintivos ou modificativos do conteúdo do facto registado, que
são averbados ao assento respectivo. Note-se, porém, que a filiação pode não ser e a
maior parte das vezes não é registada por meio de um assento autónomo (como quando
se trata da perfilhação ou da declaração de maternidade), mas sim como uma menção
própria do assento de nascimento (e será a propósito deste assento que abordaremos a
filiação) e também que as convenções antenupciais e alterações do regime de bens são
publicitadas registralmente por menção no assento de casamento ou por averbamento a
este (quando apresentadas posteriormente).
Nos assentos lavrados por transcrição tal declaração é indirecta, ou seja, é feita a
outrem que não o próprio funcionário que vai lavrar o registo. Por isso este é efectuado,
não em face da própria declaração directa, mas sim com base num título (documento ou
declaração) de diversa espécie e proveniência admitidas por lei. Os assentos têm
determinados requisitos que são comuns às duas espécies (art.º 67.º) e outros que
apenas existem para os lavrados por transcrição (art.º 68.º).
Os assentos depois de lavrados devem (como diz o art.º 76.º) ser lidos na
presença de todos (e eventualmente corrigido algum lapso) sendo depois aposto o nome
do conservador ou do oficial que o lavrou, após o que fica “completo”, não podendo o
seu texto ser alterado (art.º 77.º,) no sentido de adulterado, muito embora o seu
conteúdo possa ser emendado em processo próprio de rectificação e modificado por
posterior averbamento. Os averbamentos são, pois, uma espécie “abreviada” de registos,
lavrada com referência ao assento respectivo e de harmonia com o modelo legal (art.º
É assim, no registo civil, o assento que deve ser considerado principal, visto que
é a ele que os factos registáveis são (através de sucessivos averbamentos) entre si
conectados. O registo é feito com base na declaração de nascimento, que tem o prazo
legal de 120 dias para ser efectuada e, no território nacional, pode sê-lo em qualquer
conservatória do registo civil ou em unidade de saúde autorizada e onde a parturiente
ainda se encontre (artigo 118.º). Se, porém, for excedido o prazo, a declaração deve ser
igualmente prestada sem que haja lugar a qualquer sanção. Existe, sim, a
obrigatoriedade das autoridades ou mesmo qualquer pessoa participarem o facto ao
conservador ou ao Ministério Público. (artigo 120.º).
A lei não quer que qualquer nascimento fique por registar. Há, porém, lugar a
alguns cuidados legais indicados no artigo 124.º quando o nascimento tiver ocorrido há
mais de um ano (n.º 1) e também a obrigatoriedade da intervenção de duas testemunhas
e se possível de documento comprovativo da veracidade das declarações, quando o
nascimento ocorreu há mais de 14 anos. A declaração deve, em primeiro lugar, ser
prestada pelos pais, por outros representantes legais do menor ou por quem para tal seja
por eles mandatado em mero escrito particular. Poderá ainda e sucessivamente sê-lo
pelo parente capaz mais próximo e pelo representante da unidade de saúde onde ocorreu
o nascimento.
desconhecidos que forem encontrados ao abandono, mas também dir-se-ia que apenas
para efeitos do registo e por extensão do conceito, os menores de 14 anos, ou dementes
de qualquer idade, cujos pais se ausentaram para parte incerta deixando-os ao
desamparo. O abandonado deve ser apresentado o mais brevemente possível (no prazo
de 24 horas e com suas roupas e pertenças) à autoridade administrativa ou policial e é
esta que deve promover o registo de nascimento, devendo para tal levantar um auto. A
lei preocupa-se com a futura possibilidade de completa identificação do abandonado e
com a feitura do assento (artigo 134.º) e, por isso, o auto terá de conter as referências
que o n.º 2 do artigo 135.º menciona. No caso de o nascimento ocorrer em viagem de
navio ou avião (por terra não tem hoje especialidade alguma, artigo 137.º) a autoridade
de bordo lavra o assento em duplicado e no primeiro porto ou aeroporto em que se
entre, se for estrangeiro, esse duplicado é entregue à entidade diplomática ou consular
que lavrará o assento e, sendo nacional, é remetido (no prazo de 20 dias) à
Conservatória dos Registos Centrais. Dissemos que o nome era a primeira e básica
menção do assento de nascimento.
A outra cuja grande importância resulta óbvia é a filiação, que resulta do vínculo
geracional e que afinal motiva todo o parentesco. Quando a Ordem Jurídica acolhe e
reconhece este vínculo, mormente em conformidade com o mencionado no assento de
nascimento, diz-se que há o estabelecimento da filiação. Quanto ao estabelecimento da
maternidade, por regra não se suscitam dúvidas “mater semper certa” ainda que a lei
assuma certas cautelas, tais como a da comunicação à mãe se a declaração não tiver sido
feita por ela própria ou pelo seu marido (artigo 140.º), cautelas essas que são maiores se
o nascimento tiver ocorrido há mais de um ano e se a declaração não tiver sido feita pela
mãe ou se ela não estiver presente ou representada no acto de registo. Em tal caso a
pessoa indicada como mãe deve ser notificada pessoalmente para no prazo de 15 dias
confirmar a maternidade, sob a cominação de o filho ser considerado seu. Se negar o
facto, a menção da maternidade fica sem efeito (artigo 142.º). Em tal caso, assim como
em qualquer outro em que a maternidade não conste ou deixe de constar do assento e
salvo no caso de parentesco próximo (n.º 2 do art.º 143.º) o conservador remeterá
certidão ao tribunal, sendo portanto a situação decidida judicialmente (artigos 144.º)
IV.2. Casamento
constatem devem declará-lo, assim como qualquer pessoa que deles tenha
conhecimento. No caso de que algum venha a ser declarado o processo suspende-se até
que cesse ou venha a ser dispensado ou então que por decisão judicial o aparente
impedimento venha a ser julgado improcedente.
IV.3. Óbito
O mesmo procedimento terá lugar em caso de naufrágio, (artigo 250.º, n.º 1),
mas nessas situações é à autoridade marítima que incumbe fazer as averiguações e a
participação ((artigo 250, n.º 2). A respeito do óbito o Código contém à morte fetal,
quando exista o tempo de gestação de 22 semanas ou superior (artigo 244.º). Como é
sabido, nesse caso não se trata ainda de pessoa (o artigo 66.º do C.C. diz que a
personalidade se adquire “no momento do nascimento completo e com vida), pelo que
não há lugar a um assento, mas apenas ao depósito do certificado médico acompanhado
de um “auto” contendo as menções especificadas no n.º 3 do artigo 244.º, que o
requerente do depósito deve indicar.
V. CONCLUSÃO
registo. Com a guerra civil, uma das consequências diretas para este setor de actividade
foi a destruição total ou parcial das infra estruturas de registo civil, bem como o seu
acervo documental.