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Beira
Março de 2023
Universidade Licungo
Departamento de Letras e Humanidades
Curso de Licenciatura em Ensino de Português
1° Ano, Laboral
Disciplina de Estudos Literários
Docente:
Dr. Joaquim
O presente trabalho constitui
Uma avaliação parcial na disciplina
De estudos literários a ser apresentado
Na universidade Licungo, departamento
De letras e Humanidades, sob orientação
De Dr. Joaquim.
Beira
Março de 2023
Índice
I. INTRODUÇÃO.........................................................................................................4
2.1. Contextualização....................................................................................................6
IV. CONCLUSÃO......................................................................................................15
V. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................16
I. INTRODUÇÃO
Este trabalho apresenta a investigação realizada para conhecer as manifestações
estéticas, ideológicas e sociais dos movimentos literários que ficaram conhecidos como
Modernismos, quer em Portugal quer em Moçambique. Pretende contribuir para traçar
os contornos dos perfis dos modernismos (português e moçambicano) de modo a
perceber-se como estes tomaram forma de projectos de modernização das nações e
procuraram redimensionar suas identidades culturais por meio da renovação da estética
e da expressão, seu alvo comum num tempo específico.
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uma literatura social, militante e reformadora. Os escritores desse movimento assumem
uma atitude de denúncia, como os realistas.
Trata-se de um estilo literário ainda bastante jovem, mas que já conta com
autores de destaque como, por exemplo, José Craveirinha, Mia Couto e Paulina
Chiziane. Como toda história literária a literatura de Moçambique também pode ser
dividida em períodos. Conceito A Literatura de Moçambique é, geralmente, a literatura
escrita em língua portuguesa vulgarmente misturada com expressões moçambicanas por
autores moçambicanos. É ainda muito jovem, mas já conta com exímios representantes
como José Craveirinha, Paulina Chiziane e Mia Couto sendo vital na exigente
Literatura Lusófona. A literatura produzida em Moçambique, como as demais literaturas
africanas nos países colonizados por Portugal, era uma extensão da literatura
portuguesa. Sob a forma escrita, a produção literária sedimenta-se, a partir da década de
1940, por meio de periódicos publicados por intelectuais e escritores, em geral de
contesta.
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II. O MODERNISMO PORTUGUÊS
II.1. Contextualização
Vários acontecimentos relevantes, ocorridos nas duas primeiras décadas do
século XX, ajudam-nos a entender o Modernismo português. Os anos iniciais desse
movimento artístico coincidem com uma nova conjuntura mundial, decorrente da Iª
Guerra (1914-1918), da Revolução Russa (1917). Portugal atravessa uma série de
turbulências e mudanças políticas, passando do sistema monárquico ao republicano. Os
primeiros anos desse sistema foram assinalados por intensas e constantes crises, que
levaram o partido republicano a estilhaçar-se em diversas facções políticas, salientando-
se a republicana (que defendia o golpe de 1910) e a anti-republicana (formada por
sectores conservadores: monarquistas e integralistas). Esta última une-se em torno de
António Sardinha, dando origem a um partido de extrema direita que conquista o
poder em 1926 e, em 1928, seu principal líder, Salazar, assume o comando do governo,
numa ditadura que se estende até 1974, quando se dá a Revolução dos Cravos.
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Fernando Pessoa, Mário de Sá Carneiro, Mário Beirão, dentre outros. Todavia, em
pouco tempo, motivados pelas modernas correntes europeias, suplantam a orientação
saudosista e evoluem para o Modernismo. Em 1915, Fernando Pessoa, Mário de Sá
Carneiro, Luís de Montalvor, Almada Negreiros e o brasileiro Ronald de Carvalho
publicaram uma revista trimestral de literatura, em consonância com as tendências
estético filosóficas corrente na Europa, chamada Orpheu. O primeiro número é dirigido,
em Portugal, por Luís de Montalvor e, no Brasil, por Ronald de Carvalho. Em sua
introdução, há uma profissão de fé literária do grupo. Abaixo são citados alguns
excertos. (Moisés, 1999, p. 239):
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poemas de cunho intervencionista, que multiplicavam as perspectivas de espaço,
fragmentando objectos e produzindo cruzamentos.
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ao mundo; egocêntrico, vaidoso, megalomaníaco, sente que o mundo é que não se lhe
adapta e o repele como a uma incómoda presença.
Sem dúvida, suas obras muito bem nos revelam essa marca de individualidade.
O eu lírico de seus poemas e as personagens de sua prosa são serem introspectivos,
introvertidos, incompletos, pois buscam um “outro” dentro de si, como a buscar sua
completude, uma vez que o “outro” apresentaria características distintas do eu. “O
desmoronamento do “eu” opera-se ao longo dum duplo e simultâneo processo
neurótico de autoflagelação e autocontemplação envaidecida. Aliás, um está na base do
outro e um se complementa obrigatoriamente com o outro (Moisés, 1999, p. 249).”
Dispersão
Perdi-me dentro de mim O pobre moço das ânsias
Porque eu era labirinto, Tu, sim, tu eras alguém
E hoje, quando me sinto, E foi por isso também
É com saudades de mim. Que te abismaste nas ânsias
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(O Domingo de Paris Não sinto o espaço que encerro
Lembra-me o desaparecido Nem as linhas que projecto:
Que sentia comovido Se me olho a um espelho, erro
Os Domingos de Paris Não me acho no que projecto.
O poeta chora a si mesmo, por não ter tido a ousadia de alçar o voo necessário
para sentir-se completo. Por isso sente-se um ser dividido, fragmentado, buscando um
“outro” no seu íntimo, um duplo capaz de acabar com o seu vazio existencial, com o seu
negativismo. Segundo Cereja e Magalhães (1997, p. 173), [...] “em Sá Carneiro a
dissociação do eu conduz à frustração e à autoflagelação.” Para Moisés (2006, p. 16),
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tanto em Fernando Pessoa, quanto em Sá Carneiro, poetas dos mais altos fôlegos líricos
em Portugal, a desesperança leva ao suicídio.
Em Sá Carneiro, vida e Arte se unem de tal forma que não se pode dissociar uma
da outra. A arte foi a forma que encontrou de falar de si mesmo, de desnudar-se. Em sua
poesia, como em sua prosa, há elementos pós-simbolistas (sinestesias, cromatismo,
intersecção de objectividade e subjectividade) e decadentistas (gosto do mórbido e
transgressão às normas e aos valores acatados tradicionalmente). Na novela A Confissão
de Lúcio, Sá Carneiro usa recursos que já prenunciam o surrealismo. Em sua poesia, há
liberdade linguística, invenção de neologismos e muitas inovações gramaticais, tais
como: substantivação de infinitos, alteração de regências verbais, substantivação do
abstracto.
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III. MODERNIDADE LITERÁRIA MOÇAMBICANA
Noémia de Sousa merece uma nota especial, ainda que também sem livro
publicado é considerada pioneira da moderna poesia moçambicana. Toda a sua
produção ulterior se alimenta de raízes profundamente africanas: «Eu quero conhecer-te
melhor,/minha África profunda e imortal...». África que é sua pelo sangue e pela vida:
«Ó minha África misteriosa e natural,/minha virgem violentada,/Minha Mãe!». Orlando
Mendes desde trajectórias (1940), com o poema «Evolução», coloca-se como pioneiro
da moderna poesia moçambicana, e a sua obra alarga-se e aprofunda-se, revelando uma
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consciência aguda das suas responsabilidades de homem moçambicano, no exercício
permanente da recusa altiva.
Clima (1959);
Depois do Sétimo Dia (1963);
Portanto, eu vos Escrevo (1964);
Véspera Confiada (1968);
Diferentemente de Laranjeira, FERREIR A, (1989:73) considera Orlando Mendes e
Noémia de Sousa como sendo “pioneiros da moderna poesia moçambicana”. O sentido
de rompimento das literaturas Moçambicanas com a portugalidade começa quando os
escritores moçambicanos tomam consciência da sua identidade e suas verdadeiras
raízes, outrossim começam a questionar-se sobre os padrões de escrita e as temáticas
que por eles eram retratadas nos textos e passam assim a escrever de um jeito diferente
retractando em seus textos cultura moçambicana, temos já a liberdade estética e
discursiva nas produções literárias pois já tínhamos nos textos expressões tipicamente
moçambicanas.
III.1.1.Noémia de Sousa
Noémia de Sousa (1926-2003), poetisa, cujo caderno Sangue Negro (1961?)
pode ser considerado um dos mais acabados exemplos da poética negritudinista, a porta-
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voz dos marginalizados e menosprezados pela cor da pele. Com os seus poemas deu um
impulso a outros poetas seus contemporâneos.
III.1.2.José Craveirinha
José Craveirinha (1922–2003), poeta, jornalista e activista político, preso pela
PIDE (o testemunho poético em Cela 1, 1980). Figura tutelar da poesia moçambicana,
com poema de inspiração neo-realista e negritudinista (Xigubo, 1964, Karingana ua
Karingana, 1974). A sua obra na totalidade, que exprime uma busca incessante da
moçambicanidade, pode ser percebida como uma “epopeia” da nação.
III.1.3.Rui Knopfli
Rui Knopfli (1932– 1997), viveu em Moçambique até 1975, um dos nomes mais
importantes da vida cultural moçambicana. Consciente do labor poético, nunca cedeu a
imediatismos portadores de ideologias, mantendo a sua independência artística,
autonomia e, decerto, exclusividade. Autor bipátrida, cuja obra, para além de outros
temas, denuncia um a procura sempre aflita de raízes e identidade (a nível pessoal e
literário). Hoje em dia recuperado pela voz de novas gerações de poetas. Dentro da sua
obra destacam-se as colectâneas. O País dos Outros (1959), Mangas Verdes Com Sal
(1969), Memória Consentida.
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IV. CONCLUSÃO
Conforme vimos, o Modernismo em Portugal surge numa situação de renovação
política. A repercussão da queda da monarquia e da proclamação da república é enorme
entre o povo e a cultura portuguesa. São retomadas com entusiasmo antigas discussões
sobre a grandiosidade da nação, perdida a partir do declínio da renascença: o espírito
nacionalista e saudosista do povo português é reaceso; vários artistas e intelectuais se
lançam num projecto de construção da cultura portuguesa. Como exemplo dessa
preocupação, temos a revista Águia, dirigida por Teixeira de Pascoais, e Jaime
Cortesão, com a colaboração de Mário de Sá Carneiro e Fernando Pessoa. Buscando
modernizar o país e inseri-lo nas mais atuais tendências artísticas europeias, os
modernistas dão sua contribuição à literatura, chegando a atingir níveis altíssimos de
criação estética.
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V. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABREU, Mirhiade Mendes de (2008) - “Semana de Arte Moderna” in Dicionário de
Fernando Pessoa e do Modernismo Português, (Coord.) MARTINS, Fernando Cabral
Lisboa, Caminho, pp.783-785.
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