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Beira
2023
Luísa Isabel Disse
Docente:
Dr. Eusebio Lambo
O presente trabalho constitui
Uma avaliação parcial na disciplina
De Direito Internacional Público a ser apresentado
Na universidade Alberto Chipande
Sob orientação de Dr. Eusebio Lambo
I. INTRODUÇÃO.........................................................................................................4
1.1. Objectivos...............................................................................................................5
III. CONCLUSÃO......................................................................................................25
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Por suas próprias características e elementos constitutivos (povo, território e
soberania), de acordo com a teoria clássica do Estado-Nação, bem como a natureza do
sistema internacional, os Estados são exemplos de sujeitos originários de direito
internacional público por excelência, como decorrência do princípio da igualdade
soberana. Este princípio, surgido no Tratado da Paz de Vestefália e consolidado no
Concerto Europeu, não mais é do que reconhecer a horizontalidade das relações
estatais, na qual cada Estado-Nação, dentro da perspectiva da Teoria Geral do Estado,
goza de determinados direitos intrínsecos à soberania. Este entendimento, todavia, se
viu alterado a partir do século XX, com a substituição da Liga das Nações pela
Organização das Nações Unidas, em 1945, no Pós-Segunda Guerra Mundial. Mais que
isso, para transformação teórica necessária após os horrores da Segunda Guerra
Mundial, se fez fundamental proteger o indivíduo, inclusive contra o seu próprio
Estado. Para tanto, construiu-se a Teoria da Democracia que visa tutelar e proteger o
indivíduo, além da tutela doméstica.
Por tais razões é que se buscou diferenciar tais sujeitos dos sujeitos de direito
internacional público. Em outras palavras, o indivíduo (ser humano) só passou a ser
sujeito de direito internacional (com direitos e obrigações internacionais), a partir do
momento que se reconheceram as organizações internacionais como sujeitos de direito
internacional público, capazes de firmar tratados internacionais e garantir direitos.
I.1. Objectivos
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II. SUJEITOS DO DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO
Tese Clássica Ou Estadualista: Esta defende que apenas os Estados são sujeitos
de Direito Internacional. Assim sendo, Estado e pessoa jurídica internacional são duas
noções que se identificam. Esta tese monolítica que teve como defensores VON LISZT,
ANIZILOTTI e outros, foi ultrapassada, pois hoje reconhecem como sujeito de Direito
Internacional para além do Estado as organizações Internacionais, os Indivíduos, etc.
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Teorias eleticas ou heteropersonalisticas: Para esta, o âmbito do Direito
Internacional É muito vasto. Afirma MIAJA DE LA MUELA em “Introducción al
Derecho Internacional Publico”, os sujeitos aqui são o Estado, as organizações
internacionais é o próprio indivíduo. Esta orientação é a adoptada ou defendida por
grosso modo dos publicistas.
Em sua opinião consultiva sobre a Reparação por Danos Sofridos a Serviço das
Nações Unidas, de 1949, a CIJ foi requisitada pela Assembleia Geral, em razão do
assassinato do Conde Bernadotte, mediador da ONU na Palestina, e outros membros da
Missão da ONU na região em 1948, acerca da questão de saber se as Nações Unidas
teria capacidade de responsabilizar internacionalmente um Estado visando a reparação
pelos danos causados à Organização e à vítima.
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com um Estado ou equiparar a este sua personalidade jurídica ou seus direitos e deveres
internacionais. Neste sentido, a personalidade jurídica da ONU em relação ao direito
interno de seus Estados-Membros é reconhecida expressamente pela Carta em seu artigo
104, que determina que a organização gozará da “capacidade jurídica necessária ao
exercício de suas funções e à realização de seus propósitos” no território de cada um
deles. Reproduzido também pelo tratado constitutivo de outras organizações
internacionais, tais como a Organização dos Estados Americanos e a União Europeia,
o reconhecimento da personalidade jurídica doméstica destes entes surge, portanto, de
normas do direito internacional. Entretanto, em alguns sistemas jurídicos domésticos é
necessária ainda a observância de normas do direito interno e práticas para a
operacionalização de tais cláusulas. Isso ocorre, por exemplo, no Reino Unido, que
possui lei específica para que o status das organizações internacionais como pessoas
jurídicas de direito interno seja reconhecido em território nacional.
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Diante disto, até recentemente, a doutrina considerava que apenas os Estados
eram doptados de personalidade jurídica internacional, por terem capacidade plena de
elaborar as normas internacionais, sendo também seus destinatários imediatos. Contudo,
a evolução recente do direito internacional considera a participação de outros actores em
suas relações. Mais especialmente, a legislação internacional de direitos humanos define
pessoas físicas como sujeitos de Direito Internacional Público, conferindo-lhes direitos
e deveres e permitindo que ajuízem acções perante Tribunais internacionais ou mesmo
que se façam representar como pessoa perante esses tribunais.
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Estados, Colectividades Interestatais, Coletividades não-estatais e Indivíduos.
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Como a Palestina não figurava à época entre os Estados-membros do TPI, as
situações ocorridas em seu território excediam à competência daquela corte. “O ponto é
que, sem o consentimento do Estado, um dos principais órgãos internacionais de
direitos humanos não pode sequer investigar crimes de guerra nem processar supostos
infratores”. O Estado permanece, com efeito, como sujeito precípuo do sistema
normativo internacional gozando de direitos e obrigações na mais ampla gama de
campos jurídicos internacionais.
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Como todos os sistemas jurídicos, o direito internacional desenvolveu regras
sobre a personalidade jurídica, que inicialmente eram dominadas pelas características
factuais do Estado. Parâmetros de legalidade passaram a condicionar a atribuição do
status de Estado a essas entidades. Com isso, a qualidade de Estado está menos
relacionada aos atributos materiais de uma determinada entidade do que ao
cumprimento de requisitos legais para sua outorga.
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Em outras palavras, o que é necessário para ser um Estado e o que significa ser
um Estado. A resposta, portanto, está contida em dois elementos essenciais. O Estado é
uma entidade que controla um território de forma estável. Sua natureza está contida
no exercício da função executiva e de produção normativa de uma ordem legal. A
principal referência normativa, neste cenário, é o texto da Convenção de Montevidéu
sobre os Direitos e Deveres dos Estados, de 1933, que particularmente em seu artigo 1º
estipula que o Estado como pessoa de direito internacional deve reunir os seguintes
requisitos.
a) População permanente;
b) Território determinado;
c) Governo;
d) Capacidade de entrar em relações com os demais Estados.
Tem-se aqui dois componentes complementares, um formal e um material. O
componente formal é estável e de fácil identificação: uma população tem que compor
um território determinado. O outro componente, material, é instável e interpretativo.
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vez, a transigência conceitual permeia as bases da concepção de Estado e enseja uma
adequação contextualizada diante de cada caso concreto. Resumir a necessidade formal
de uma população a um determinado território ao vínculo de nacionalidade parece
solucionar a questão, mas o faz apenas de forma parcial. A nacionalidade não tem um
significado positivo e imutável. Ao contrário, seu sentido e importância mudam com o
carácter mutável dos Estados. Os Estados não são necessariamente perenes nem a
nacionalidade. Ademais, as decisões de atribuição e perda de nacionalidade são,
predominantemente, matéria de “domínio reservado” dos Estados, não cabendo ao
direito internacional de forma primordial tratar da matéria.
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Por fim, deve-se fazer menção a um possível conteúdo substantivo atrelado à
nacionalidade e previsto no direito internacional. Restrições às regras de aquisição e
perda de nacionalidade, embora pontuais, são aceitas no seio do ordenamento jurídico
internacional. De facto, tanto a Declaração Universal dos Direitos Humanos quanto a
Convenção Americana sobre Direitos Humanos, em seus artigos 15 e 20,
respectivamente, determinam que ninguém pode ser arbitrariamente privado da sua
nacionalidade nem do direito de mudá-la.
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sua extensão é irrelevante. Nos termos da consagrada expressão, “a soberania vem em
todas as formas e tamanhos”.
Por outro lado, embora o controle efectivo sobre um determinado território seja
elemento necessário na consolidação de um Estado, a definição do território estatal
poderá se sobrepor ao requisito de autoridade e se estabelecer mesmo a despeito deste.
Tal possibilidade se dá se a autoridade tiver sido constituída por meio de violações às
normas do direito internacional, como por exemplo, por intermédio do uso da força.
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espanhola, mas veio a ser adaptado à situações controversas em que as fronteiras foram
criadas ou redefinidas no processo de descolonização africana.
Tal matéria teve seus contornos preconizados pela Resolução da Assembleia dos
Chefes de Estado e de Governo da Organização da Unidade Africana de 1964, sobre
“Disputas de Fronteiras dos Estados Africanos” que declarou, de forma solene, que
“todos os Estados-Membros se comprometem a respeitar as fronteiras existentes na
ocasião de sua conquista da independência nacional”. A aprovação da resolução
ocorreu a despeito da resistência anunciada no Congresso de Todos os Povos
Africanos, em Gana, em 1958, no início do período de descolonização. Naquele
contexto, ficou registrado que aquelas são fronteiras artificiais desenhadas por poderes
imperialistas para dividir os povos da África, particularmente, aquelas que cortam
grupos étnicos e separa povos do mesmo grupo.
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outros Estados à concessão do título estatal a determinada entidade, o requisito de
efectividade será aplicado de forma significativamente mais rigorosa; em contrapartida,
o critério será flexibilizado, mesmo diante da ausência de controle efectivo do território
em questão, quando a autoridade tiver sido concedida e consentida pelos demais
Estados envolvidos no caso. Por fim, a exigência de um governo efectivo será apreciada
de forma muito mais estrita no contexto da criação de um novo Estado do que perante
um cenário de continuidade ou extinção de um Estado estabelecido. O que se observa,
portanto, é que o critério da autoridade efectiva é profundamente dependente das
condições próprias ao caso concreto.
Afinal, certas expressões têm seu significado de tal modo abrangente, mutante
no tempo e delas se recorre com tal frequência, que por vezes não se sabe exatamente a
definição precisa de seu conteúdo. Este é o caso da noção de soberania onde qualquer
definição não pode conter um conteúdo fixo que seja automaticamente aplicável. Não é
que o termo soberania seja ambíguo ou tenha uma penumbra de incerteza.
Simplesmente, não há um significado preciso, nem uma extensão natural de seu
conceito.
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quantitativamente, ou seja, um grau mínimo de poder governamental real à disposição
das autoridades do Estado que é necessário para qualificá-lo como independente. Neste
contexto, a independência formal, requisito para a constituição de um Estado, será
ameaçada quando existir uma reivindicação do direito de exercer autoridade
governamental em determinado território por mais de um Estado. Qualquer
reivindicação de independência de Taiwan, por exemplo, encontraria obstáculo na
concorrente demanda pelo reconhecimento da autoridade da República Popular da
China sobre aquele território.
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Isto reflecte a fragilidade da pretensão de regulação das condições de existência
do Estado pelo direito internacional. Mais oportuna, portanto, é a percepção da
necessária presença dos atributos da soberania permeando todos os requisitos estatais
para que estes sejam, efectivamente, elementos constitutivos do Estado. Isto é, não basta
um governo sobre uma população permanente em um território determinado. Com
efeito, este arranjo deve ser marcado pela soberania, manifesta pela competência
exclusiva do Estado em relação ao seu próprio território, pelo potencial legal de exercer
os corolários da personalidade jurídica estatal. Em outras palavras, pela capacidade de
estabelecer relações com outros Estados, pela capacidade de representar o Estado nos
fóruns internacionais e pela faculdade de celebração de tratados.
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elementos constitutivos, pela demonstração de sua natureza jurídica e pelo exame de sua
estrutura orgânica.
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surgimento de novos parâmetros na definição do papel do individuo na ordem jurídica
internacional, bem como uma nova mentalidade humanista da sociedade internacional;
uma espécie de “despertar de uma consciência jurídica universal”, na qual o indivíduo
deveria tomar uma posição de protagonismo no direito internacional.
Com efeito, o jus standi dos indivíduos perante tribunais internacionais, ou seja,
seu acesso directo a tais instâncias foi possibilitado após um longo processo de
aperfeiçoamento processual de tais juízos. O mecanismo tradicional de tais sistemas,
pelos quais as petições de indivíduos são julgadas por intermédio de Comissões
encarregadas da investigação e análise dos casos, foi sendo aperfeiçoado ao longo dos
anos de modo a permitir que os Estados sejam efetivamente responsabilizados por
violações de direitos humanos.
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Internacionais de 1966, relactivos aos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, e
Direitos Civis e Políticos (PIDCP) que estabeleceu o Comitê de Direitos Humanos
(CDH). Este órgão é responsável por analisar relatórios submetidos pelos Estados-
Partes do Pacto sobre as medidas por eles adotadas para a efetivação dos direitos ali
reconhecidos, emitir comentários gerais sobre temas correlatos e receber denúncias de
um Estado Parte contra outro, desde que autorizado por ambos.
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III. CONCLUSÃO
Um dos temas ainda muito controversos para o direito internacional público é
estabelecer quem são, de facto, os seus sujeitos. Há na doutrina uma grande confusão
em diferenciar os sujeitos de Direito Internacional e os sujeitos de Direito Internacional
Público. O presente artigo teve como objectivo específico buscar propor uma forma
correta dessa diferenciação.
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IV. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. ACCIOLY, Hildebrando. Manual de Direito Internacional Público. 11.ed. Saraiva:
São Paulo, 1993.
2. BAPTISTA, Eduardo Correia (1998): Direito Internacional Público. Conceito e
Fontes, vol. I. Lex, Lisboa
3. BOBBIO, Norberto. Teoria do Ordenamento Jurídico. Tradução de Ari Marcelo
Solon. EDIPRO: São Paulo, 2011.
4. CUNHA, Joaquim da Silva. Direito Internacional Público: Introdução e Fontes.
5.ed. Almedina: Coimbra, 1993.
5. GOUVEIA, Jorge Bacelar (2008): Manual de Direito Internacional Público, 3.ª ed.
Almedina, Coimbra.
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7. LITRENTOS, Oliveiros. Curso de Direito Internacional Público. Forense: Rio de
Janeiro, 1997.
8. MELLO, Celso D. de Albuquerque. Curso de Direito Internacional Público. 13.ed.
Renovar: Rio de Janeiro, 2001.
9. PORTELA, Paulo Henrique Gonçalves. Direito Internacional Público e Privado:
Incluindo Noções de Direitos Humanos e de Direito Comunitário. 8.ed. Editora Jus
Podivm: Salvador, 2016.
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