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Noções de Direitos das Obrigações

Noção da Obrigação
Nos termos do Código Civil Moçambicano, em especial, do artigo 397º, será noção de
obrigação: A obrigação é o vínculo jurídico por virtude do qual uma pessoa fica adstrita para
com outra à realização de uma prestação. São vários os princípios que caracterizam o Direito das
Obrigações, O Princípio da Relatividade: estatui que as obrigações apenas produzem efeitos
entre o credor e o devedor, podendo ser retirada a relatividade dos artigos 397º, 398º, 405º, 406º
e 424º. A importância desta relação que se estabelece é notória nos artigos 798º e 799º,
nomeadamente pelo facto da responsabilidade obrigacional se caracterizar por uma presunção de
culpa. O Princípio da Tutela do Devedor: na base, encontramos a ideia de tutela da parte mais
fraca, patente do próprio direito civil-o devedor como parte mais fraca, logo alvo de maior
proteção jurídica. O princípio tem concretizações legais muito explícitas, como o artigo 406º
(deriva de fonte voluntária), o artigo 777º, o artigo 779º; O Princípio da Irrenunciabilidade
Antecipada aos Direitos: há uma tendência natural, no ser humano, em dar-se aquilo que não se
tem, pelo que o Direito das Obrigações postula a impossibilidade em renunciar-se a posições
jurídicas/direitos favoráveis. Tenha-se como exemplo a proibição de doar bens futuros (artigo
994º); O Princípio da Causalidade: a causa assume um papel fundamental, na medida em que á
a fonte de obrigação; assim, não há obrigação sem causa, ou seja, não se permitem obrigações
abstratas, em resultado da necessidade de verificar a validade dessa mesma obriga ção (por se
tratar de um vínculo abstrato percetível apenas pelo intelecto das pessoas). Trata-se, também, de
uma forma de garantir a justiça, defender ambas as partes e espelhar os valores fundamentais do
sistema (concretizar a boa fé).
Origem
Se o direito nasce dos favtos (ex facto oritur jus), de qual deles se teriam originado as
obrigações? Para o homem primitivo, suas necessidades de sobrevivência o impeliram a trocas
de seus produtos agropecuários (cerca de 7000/6000 a. C.). O descumprimento dessas permutas
era punido com a vingança (entre os indivíduos) ou mesmo com a guerra (entre as tribos e clãs).
Obrigação é o vínculo de direito, de natureza transitória, em virtude do qual uma pessoa pode
exigir de outra uma prestação economicamente apreciável; ex.: a promessa de recompensa; os
contratos, em geral.
Fontes das Obrigações
Quais os elementos que dão origem às obrigações? Mister se faz um facto humano ao
qual a norma legal confira efeitos jurídicos. Duas são, portanto, as fontes da obrigação: a lei e
vontade das partes.
A lei
A lei (vontade do Estado) é a fonte remota e primária da obrigação, ordenando,
permitindo ou proibindo um fato em favor ou contra outra pessoa: porquanto nenhuma obrigação
se origina apenas da vontade humana; ex.: os alimentos de pai para filho; os títulos ao portador;
os atos ilícitos.
A vontade humana
Porém a vontade humana é a fonte próxima da obrigação, pois, sem tal manifestação não
se criaria o vínculo obrigacional, nenhuma obrigação se completando, simplesmente porque
existe um preceito legal que a preveja, porquanto o faz abstratamente. Da actividade do agente
(dando, fazendo ou deixando de fazer algum coisa) é que resulta clara sua intenção de proceder
desta ou daquela maneira: ou porque a lei o determina; ou porque esta simplesmente o enseja; ou
porque taxativamente a lei se contrapõe ao acto perpetrado; ex.: enquanto não surgir um dano
contra alguém, não há o que indenizar: assim, o direito legal para ser solicitada indenização por
um prejuízo sofrido, somente surgirá quando este sobrevier e dependerá, ainda, da omissão ou da
recusa a satisfazer os danos por parte de quem lesou.
Manifestações da vontade humana
A vontade humana cria direitos e/ou deveres jurídicos pelos actos ou negócios jurídicos e
mesmo pelos atos ilícitos: Actos jurídicos (em sentido estrito) - são os que, independentemente
do querer das partes, geram conseqüências jurídicas previstas em lei; ex.: a ocupação e a
vizinhança; Negócios jurídicos são os actos jurídicos dirigidos na obtenção de um resultado,
querido pelas partes. Podem ser: bilaterais, os que se perfazem com duas declarações de vontade
coincidentes, distinguindo-se: os perfeitos, quando conferem vantagens e ônus para ambas as
partes; ex.: a compra e venda; e os imperfeitos, quando conferem benefício a uma das partes e
encargo à outra; ex.: a doação; unilaterais, os que se perfazem mediante uma só declaração de
vontade; ex.: o testamento (CC, art. 1.857). Atos ilícitos - dos quais se origina, como efeito, o
dever de indenizar, previsto na norma jurídica, em virtude de sua violação (CC, arts. 186, 187 e
927); ex.: numa batida em carro alheio, hão ser reparados os danos materiais do conserto, os dias
de inatividade profissional da vítima e os danos morais pelas eventuais deformações estéticas
ocorridas.
Noções Fundamentais dos Princípios do Processo Civil
O Direito Processual Civil é uma cadeira que estuda a teoria geral da realização da
justiça, que tende a atingir um procedimento para uma solução justa e o processo civil surge
numa fase de conflito entre as partes. O Direito Processual Civil engloba os princípios
fundamentais das estruturas da justiça sendo que o encadeamento processual é um encadeamento
valorativo, pois todo o Direito é deontologia (“dever ser”).
O processo tem de permitir que a solução tem de ser uma boa solução. A decisão fixa o
dever ser e é imodificável. Como se pode aceitar um efeito tão fatal como este? Em vigor para
sempre independentemente do conteúdo na ordem jurídica. O processo tem garantias
fundamentais, são aquelas que reconduzem ao processo equitativo que é uma cláusula geral. A
Prof. Paula Costa e Silva admite 3 garantias fundamentais:
 Princípio da igualdade;
 Princípio do contraditório;
 As garantias do decisor: O decisor tem de dar garantias de imparcialidade e
independência, nenhum factor externo ao conflito o vai condicionar.
Princípios relativos à prossecução processual
É também importante saber de que maneira se conforma o objecto do processo (máxime, o
pedido, ou seja o efeito jurídico pretendido pela parte, e a causa a pedir, isto é os factos ou as
ocorrências da vida real que sustentam esse efeito jurídico) têm lugar os ciclos ou as fases que
se inserem na sequência de atos ou de procedimentos.
Princípio do dispositivo: ou da disponibilidade das partes, cuja manifestação primeira
vimos há pouco suceder quanto à iniciativa ou impulso processual inicial da parte. De acordo
com este princípio o ónus da iniciativa processual cabe às partes e são elas que devem formular o
pedido e alegar a matéria de facto que lhe serve de fundamento, bem como são elas que, de certa
maneira, estimulam o desenvolvimento dos actos processuais e são elas que querendo podem pôr
termo ao processo (por desistência da instância) e determinar o conteúdo da decisão sobre o
mérito da causa, nos casos de confissão do pedido, desistência do pedido e transação.
Princípio do inquisitório: o princípio do inquisitório projeta-se, essencialmente, na fase
da instrução da causa, incluindo os actos que têm lugar na audiência final de discussão e
julgamento. Neste sentido, as partes devem submeter-se às inspecções necessárias, responder aos
que lhes for perguntado, facultar o que lhes foi requisitado. Fora deste campo da produção dos
meios de prova, ao juiz cabe a direcção formal do processo, nos seus aspectos técnicos e de
estrutura interna, tais como assegurar da regularidade da instância e o normal andamento do
processo, e outro sim prover ao suprimento da falta de pressupostos processuais susceptíveis de
sanação (p. ex: a falta de constituição de advogado nas causas onde essa constituição é
obrigatória, a falta de capacidade judiciária).
Princípio do contraditório: de harmonia com este principio processual, a lei oferece a
cada parte a possibilidade de contestar e controlar a actividade da outra ao longo de todo o
processo, e não apenas na fase inicial (dos articulados), através da apresentação da contestação
(o Réu) ou da réplica (O Autor). Vale isto dizer que não podem ser tomadas quaisquer
providências contra uma pessoa, sem que ela seja previamente ouvida, e que o juiz não pode
decidir quaisquer questões de facto ou direito, sem que as partes tenham tido a possibilidade de
se pronunciarem sobre tais quês.
O resultado de um processo só pode ser justamente obtido se conferir as partes a
igualdade de armas, porque no processo, esta é sempre a estrutura, há alguém que ataca e aquele
que é atacado tem de ter armas adequadas para se poder defender, não se entende um processo
justo se houver desequilíbrio das partes. Colocadas as partes em situação similar com as mesmas
armas. A igualdade de condições sobre os factos que são alegados no processo.
O Princípio do contraditório: pressupõe que não seja proferida nenhuma decisão antes de
todas as matérias relevantes serem submetidas a debate. Este princípio modifica todo o processo.
O processo não tem de admitir coisas que não são novas.
Noções de Crime e Contravenção
O Direito Penal tem por objectivo principal a repressão de determinadas condutas,
denominadas infracções penais, consideradas ofensivas aos bens jurídicos que o legislador
considerou mais relevantes para a sociedade. Nesse sentido, em meio às legislações penais dos
vários ordenamentos jurídicos dispostos ao redor do mundo ocidental, há na doutrina duas teorias
sobre as infracções penais: a tripartida, que divide as infracções penais em crime, delito e
contravenção penal; e, a bipartida, que considera sinônimos o crime e o delito, estabelecendo
crime (ou delito) e contravenção penal como as duas espécies de infração penal.
Apesar de crime e contravenção serem espécies “distintas” do gênero “infracção penal”,
não existe, a rigor, uma diferença substancial entre os dois. Não há um elemento de ordem
ontológica que encerre uma essência natural “em si mesmo”, sendo diferenciados apenas pelas
suas penas, nos termos do art. 1º, da Lei de Introdução ao Código Penal e da Lei de
Contravenções Penais, ou como leciona Nucci em seu Manual de Direito Penal: “o direito penal
estabeleceu diferença entre crime (ou delito) e contravenção penal, espécies de infração penal.
Entretanto, essa diferença não é ontológica ou essencial, situando-se, tão somente, no campo
da pena.” 
Crime (mais grave), reclusão e detenção até 30 anos; acção penal pública; tentativa é
punível. Contravenção (mais leve), prisão simples até 5 anos; apenas acção penal
incondicionada; tentativa não é punível. Ambos são infrações penais, ou seja, de maneira geral,
não seria errado classificá-los como crimes, pois não há diferença substancial entre os conceitos.
Todavia, seriam espécies distintas considerando crime como gênero. Os crimes são uma espécie
de infracção penal mais grave, com penas mais altas, por sua vez, as contravenções são infrações
mais leves com penas menos relevantes.
As principais diferenças estão no campo da pena: para os crimes, a lei prevê prisão de
reclusão ou detenção, que pode chegar a até 30 anos. Para as contravenções, a lei prevê a pena de
prisão simples, que na prática muito se assemelha a detenção, que pode chegar no máximo a 5
anos. Outras diferenças também importantes estão no tipo de acção penal cabível e na
possibilidade de punição da tentativa. Para os crimes é cabível acção penal pública, e é possível a
punição por tentativa. Enquanto que para as contravenções, só é cabível acção penal pública
incondicionada, e a tentativa não é punível.
 

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