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Gusenga Right
Jacobe Fernando Fopence
Jamal Jeremias Ernesto
Universidade Púnguè
Chimoio
2021
2
II Grupo
Gusenga Right
Jacobe Fernando Fopence
Jamal Jeremias Ernesto
Universidade Púnguè
Chimoio
2021
Índice
3
1.0 Introdução..................................................................................................................................5
2.9.1 Demonstração das manifestações temáticas e estilos no Barroco com base em textos.14
3.0 Conclusão................................................................................................................................17
1.0 Introdução
O trabalho tem como objectivos, geral: conhecer o período Literário Barroco, cujo mesmo será
coadjuvado por seus objectivos específicos que se basearão na perspectiva de conceituar,
caracterizar, explicar as influencias ideológicas, saber as produções bem como demonstrar as
figuras de linguagem, manifestações temáticas e estilo Barroco com base em textos.
Para COUTINH0 (1971), referência que, os períodos literários correspondem as fases histórico-
culturais em que determinados valores estéticos e ideológicos resultam na criação mais ou menos
próximas no estilo e na visão do mundo.
Assim sendo na perspectiva do grupo, os períodos literários são conjuntos de textos que se
particularizam pela presença de elementos estéticos comuns que comungam das mesmas linhas
temáticas e ideológicas num certo período de tempo. Dentro de um certo período literário
podemos ter vários movimentos, oque se difere de um período pós o movimento parte de uma
geração, o laco do tempo do período literário é relativamente mais extenso que o laco de tempo
de um movimento ou uma geração.
O movimento ou geração é uma manifestação específica de uma linha temática ou ideológica
dentro de um período literário.
Existem vários períodos literários porem neste trabalho daremos enfâse ao Barroco também
conhecido seiscentismo, O termo denomina genericamente todas as manifestações artísticas dos
anos 1600 e início dos anos 1700. Além da literatura, estende-se à música, pintura, escultura e
arquitectura da época.
Estilo literário dos séculos XVI e XVII que é fundamentado nos valores antropocêntricos do
classicismo com os valores teocêntricos medievais que a Contra-Reforma tentou resgatar. O
barroco é de origem italiana e se difundiu pelos outros países da Europa e pela América Latina,
porém o movimento encontra maior expressão na Espanha. O nome do movimento é uma palavra
de origem espanhola que significa "pérola de forma irregular (HAUSER, 1968).
Segundo PORTELLA (1975) citado por MERQUIOR (2002), o período surgiu como oposição
aos ideais de harmonia e simplicidade apresentados pelo Renascimento. Assim, o barroco
6
buscava conter a Reforma Protestante ao mesmo tempo em que resgatava as ideias teocêntricas.
O movimento criou, então, uma estética extravagante, requintada e cheia de representações do
Divino.
Para HAUSER (1968), este período, tornou-se uma arte eclesiástica e colaborava com as
construções de igrejas capelas e catedrais. A estética também estava presente na arquitectura,
literatura música, pintura do século XVI e permaneceu até o século XVIII.
Contra-Reforma
Procurou reprimir todas as tentativas de manifestações culturais ou religiosas contrárias às
determinações da Igreja Católica. Nesse período, a Companhia de Jesus passa a dominar quase
que inteiramente o ensino, exercendo papel importantíssimo na difusão do pensamento aprovado
pelo Concílio de Trento.
Concílio de Trento
A Companhia de Jesus, reconhecida pelo papa em 1540, passa a dominar quase que inteiramente
o ensino. Ela exerceu um papel importante na difusão do pensamento católico aprovado no
Concílio de Trento.
Os textos literários, por sua vez, eram rebuscados, cheios de jogos de ideias e palavras. Para
expressar o dualismo presente no quotidiano, a literatura barroca era composta por figuras de
linguagens como a antítese e paradoxo: reflectem uma época de contrastes (RAMOS,1977)
Segundo VALLEJO (1974), A época foi marcada pela oposição e pelo conflito, o que acaba
revelando uma forte angústia existencial. Dessa forma, as obras literárias dessa época apresentam
visões opostas (aproximação de opostos), tais como:
Para SARDUY (1977), Os principais géneros mais produzidos no barroco são poemas épicos,
líricos, satíricos, eróticos, religiosos; Sermões, eram desenvolvidos a partir de uma linguagem
rebuscada e rica em detalhes.
A escola barroca trabalhava com alguns tipos principais de temas, entre os quais estavam:
heroísmo, fugacidade da vida, ilusão, instabilidade das coisas, morte, castigo, misticismo
sobrenatural, o divino e religioso, erotismo, arrependimentos fragilidade humana, fugacidade do
tempo, crítica à vaidade, contradições do amor. Temas estes que mostravam a dualidade do
antropocentrismo x teocentrismo actuantes na época (WELLEK, & WARREN, 1975).
Segundo FOUCAULT (1992), este período teve início em 1580, marcado pela morte de Camões.
Os principais autores foram: Padre António Vieira, Francisco Rodrigues Lobo e Sóror Mariana
Alcoforado.
Padre António Vieira: Escreveu inúmeras obras de cunho religioso (sermões), sendo os
principais: Sermão da Sexagésima, Sermão pelo Bom Sucesso das Armas de Portugal contra as
de Holanda, Sermão de Santo António aos Peixes, Sermão do Bom Ladrão e Sermão da Quarta-
feira de Cinzas. Escreveu também profecias (textos conceptistas que reflectem sobre o futuro de
Portugal)
9
Sermões: textos conceptistas que ocupavam-se de assuntos filosóficos, sociais e políticos que
serviam para ser dirigidos ao público das missas. Divide-se em 5 partes:
Tema: passagem bíblica em que se baseia o sermão;
Intróito: antecipação da estrutura e sequência de ideias a serem defendidas;
Invocação: pedido de inspiração (geralmente à Virgem Maria) para executar com
propriedade a exposição de ideias;
Argumento: parte do sermão onde se prova com argumentos, exemplos e alegorias as
ideias fundamentais;
Peroração (ou conclusão): fechamento do sermão, onde a ideia fundamental é resgatada
e os fiéis são conclamados a praticar.
Francisco Rodrigues Lobo: Destacou-se na produção de poesia barroca. Suas principais obras
foram: em poesia: Romanceiro
- Primeira e Segunda Parte do Romance, Éclogas, O Condestabre; em prosa: Corte da Aldeia e
Noites de Inverno.
Sóror Mariana Alcoforado: Religiosa que ingressou aos 16 anos no Convento de Nossa
Senhora da Conceição e lá morreu aos 83 anos. É apontada como a autora das ardentes Cartas
Portuguesas (são 5 cartas onde, acredita-se, ela declara o amor ao Conde de Chamilly, que foram
publicadas em Paris em 1669 por Claude Brabin).
Fazem parte de uma literatura chamada de Epistolar, pois se apresenta unicamente na forma de
cartas.
Tem início em 1601, com a publicação da obra Prosopopéia, do poeta Bento Teixeira. Neste
período tivemos duas academias: a dos Esquecidos e a dos Felizes. À excepção de Gregório de
Matos, pouquíssimo valor artístico-literário foi manifestado durante o nosso barroco. O contexto-
histórico é o Ciclo da cana-de-açúcar e as invasões holandesas, quando a Bahia e sua sociedade
patriarcal era o centro comercial e cultural do país (RAMOS,1977).
Gregório de Matos Guerra: era um dos filho de uma família abastada e estudou em um Colégio
Jesuíta. Doutorou-se em Direito na Universidade de Coimbra, exercendo lá sua profissão por
vários anos. Por seu humor violento e corrosivo e às constantes críticas que dirigia aos políticos e
10
religiosos ele ganhou o apelido de boca do inferno. Sua vasta obra foi publicada apenas entre
1923 e 1933 pela Academia Brasileira de Letras. Sua produção literária pode ser dividida em:
Satírica e erótica: possuía humor violento e corrosivo, além de uma capacidade genial de
manipular a palavra. Denota também preconceito racial e críticas à políticos, clérigos e até
mesmo ao português colonizador. Os textos satíricos apresentam uma inacreditável actualidade
assim como os sermões de Padre António Vieira.
Encomiástica: feita com a finalidade de bajular alguns poderosos.
Lírica: Se divide em três partes:
Lírico-amorosa: os encantos da mulher amada, sua indiferença ou paixão. Há o choque
entre o desejo e o platonismo.
Lírico-religiosa: neste tipo de poema o poeta decanta a angústia entre a culpa pelo
pecado e a esperança pela salvação, porém nem sempre há a postura de submissão à
Deus.
Lírico-filosófica: o poeta faz considerações sobre a condição humana, diante da
instabilidade do mundo e as incertezas que o permeiam.
Predominantemente, a obra de Gregório de Matos é satírica, além de ter escrito alguns sonetos.
Bento Teixeira: português, passou grande parte de sua vida no Brasil onde produziu em
Pernambuco a obra Prosopopeia, publicada em 1601. A obra apresenta 94 oitavas em versos
decassílabos nos moldes camonianos e é de escasso valor literário.
A intenção era exaltar Jorge de Albuquerque Coelho, governador de Pernambuco e seu irmão
Duarte.
Manuel Botelho de Oliveira: primeiro poeta brasileiro a ter uma obra impressa: Música do
Parnaso, de 1705, livro que reuniu poemas em Português, Latim, Espanhol e Italiano além de
duas comédias. O conteúdo não fora notável, embora podemos destacar a habilidade formal
O cultismo caracteriza-se pelo uso de linguagem rebuscada, culta, extravagante, repleta de jogos
de palavras e do emprego abusivo de figuras de estilo, como a metáfora e a hipérbole. um
exemplo de poesia cultista:
Ao braço do Menino Jesus de Nossa Senhora das Maravilhas, A quem infiéis despedaçaram
1
O todo sem a parte não é todo;
11
2
A parte sem o todo não é parte;
3
Mas se a parte o faz todo, sendo parte,
4
Não se diga que é parte, sendo o todo.
«1
Como se pode observar nos: VV14 O todo sem a parte não é todo/A parte sem o todo não é
»
parte/Mas se a parte o faz todo, sendo parte/Não se diga que é parte, sendo o todo
e luz. Se tem espelho e é cego, não se pode ver por falta de olhos; se tem
espelhos e olhos, e é de noite, não se pode ver por falta de luz. Logo, há
»
mister¹ luz, há mister espelho e há mister olhos. (Pe. António Vieira)
5
Porém, se acaba o Sol, por que nascia?
6
Se é tão formosa a Luz, por que não dura?
7
Como a beleza assim se transfigura?
8
Como o gosto da pena assim se fia?
12
9
Mas no Sol, e na Luz falte a firmeza,
10
Na formosura não se dê constância,
11
E na alegria sinta-se tristeza.
12
Começa o mundo enfim pela ignorância,
13
E tem qualquer dos bens por natureza
14
A firmeza somente na inconstância
Antítese: reflecte a contradição do homem barroco, seu dualismo. Revela o contraste que o
escritor vê em quase tudo.
« »
Como se pode observar no: V1 A luz do Sol não dura mais do que um dia
2.9.1 Demonstração das manifestações temáticas e estilos no Barroco com base em textos
A preocupação religiosa do escritor revela-se no grande número de textos que tratam do tema da
salvação espiritual do homem. No soneto a seguir, o poeta ajoelha-se diante de Deus, com um
forte sentimento de culpa por haver pecado, e promete redimir-se.
5
Se basta a voz irar tanto pecado,
13
6
A abrandar-vos sobeja um só gemido:
7
Que a mesma culpa que vos há ofendido,
8
Vos tem para o perdão lisonjeado.
9
Se uma ovelha perdida e já cobrada
10
Glória tal e prazer tão repentino
11
Vos deu, como afirmais na sacra história.
12
Eu sou, Senhor a ovelha desgarrada,
13
Recobrai-a; e não queirais, pastor divino,
14
Perder na vossa ovelha a vossa glória.
«1 »
Como se pode observar no: V1 Pequei, Senhor, mas não porque hei pecado
Gregório de Matos é amplamente conhecido por suas críticas à situação económica da Bahia,
especialmente de Salvador, graças à expansão chegando a fazer, inclusive, uma crítica ao então
governador da Bahia António Luís da Câmara Coutinho. Além disso, suas críticas à Igreja e a
religiosidade presente naquele momento. Essa atitude de subversão por meio das palavras
rendeu-lhe o apelido de "Boca do Inferno", por satirizar seus desafectos, (PROENÇA, 1967).
Triste Bahia
1
Triste Bahia!
2
ó quão dessemelhante
3
Estás e estou do nosso antigo estado!
4
Pobre te vejo a ti, tu a mi abundante.
5
A ti tricou-te a máquina mercante,
6
Que em tua larga barra tem entrado,
7
A mim foi-me trocando e, tem trocado,
8
Tanto negócio e tanto negociante.
«
Como se pode observar nos: VV5 e 8 A ti tricou-te a máquina mercante/Tanto negócio e tanto
»
negociante.
14
Em sua produção lírica, Gregório de Matos se mostra um poeta angustiado em face à vida, à
religião e ao amor. Na poesia lírico-amorosa, o poeta revela sua amada, uma mulher bela que é
constantemente comparada aos elementos da natureza. Além disso, ao mesmo tempo que o amor
desperta os desejos corporais, o poeta é assaltado pela culpa e pela angústia do pecado.
À mesma d. Ângela
1
Anjo no nome, Angélica na cara!
2
Isso é ser flor, e Anjo juntamente:
3
Ser Angélica flor, e Anjo florente,
4
Em quem, senão em vós, se uniformara:
5
Quem vira uma tal flor, que a não cortara,
6
De verde pé, da rama fluorescente;
7
E quem um Anjo vira tão luzente,
8
Que por seu Deus o não idolatrara?
9
Se pois como Anjo sois dos meus altares,
10
Fôreis o meu Custódio, e a minha guarda,
11
Livrara eu de diabólicos azares
.
12
Mas vejo, que por bela, e por galharda,
13
Posto que os Anjos nunca dão pesares,
14
Sois Anjo, que me tenta, e não me guarda.
«
Como se pode observar nos: VV12 e 14 Mas vejo, que por bela, e por galharda /Sois Anjo, que me
»
tenta, e não me guarda.
Também alcunhado de profano, o poeta exalta a sensualidade e a volúpia das amantes que
conquistou na Bahia, além dos escândalos sexuais envolvendo os conventos da cidade.
Necessidades Forçosas da Natureza Humana
1
Descarto-me da tronga, que me chupa,
2
Corro por um conchego todo o mapa,
3
O ar da feia me arrebata a capa,
4
O gadanho da limpa até a garupa.
15
5
Busco uma freira, que me desemtupa
6
A via, que o desuso às vezes tapa,
7
Topo-a, topando-a todo o bolo rapa,
8
Que as cartas lhe dão sempre com chalupa.
9
Que hei de fazer, se sou de boa cepa,
10
E na hora de ver repleta a tripa,
11
Darei por quem mo vase toda Europa?
12
Amigo, quem se alimpa da carepa,
13
Ou sofre uma muchacha, que o dissipa,
14
Ou faz da mão sua cachopa.
«
Como se pode observar nos: VV1,5 e 7 Descarto-me da tronga, que me chupa//Busco uma freira,
»
que me desemtupa//7Topo-a, topando-a todo o bolo rapa
3.0 Conclusão
Com o trabalho acima apresentado, que estava directamente relacionado aos períodos literários
especificamente o período Barroco, conclui-se que:
Os textos literários deste período (poemas, líricos, satíricos religiosos e sermões), foram
influenciados ideologicamente pela contra reforma e concílio de Trento, os seus textos
apresentavam cheios de jogos de ideias e palavras que expressavam o dualismo presente no
quotidiano.
A literatura barroca era composta por figuras de linguagens como a antítese, paradoxos e
hipérbole. Estes textos eram manifestados por instabilidade das coisas, a fogosidade da vida, a
morte dentre outros, dentro das quais mostravam a dualidade do antropocentrismo versus
teocentrismo.
Apesar do Barroco ter origem na Itália, o nome teve mais vivacidade na Espanha onde teve o
significado de pérola de forma irregular. Pode-se concluir também que, conforme demonstrado
no desenvolvimento do trabalho, cada estilo literário Barroco apresenta deferentes figuras de
linguagem acompanhado de uma ou mais manifestação temática.
16
17
6. PROENÇA, Filho, Domício. Estilos de época na literatura. São Paulo, Ática, 1967.
11. FOUCAULT, Michel. As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas.
Trad. Salma Tannus Muchail. 6. ed. São Paulo, 1992.