Você está na página 1de 4

RESENHA CRÍTICA

“Enganos e Desenganos: A invenção do conceito de Barroco Literário e sua representação nas


Histórias das Literaturas Luso-Brasileiras do Século XX.
Maria Regina Barcelos Bettiol.

No artigo, “Enganos e Desenganos”, Maria Regina, disserta sobre a conceito do


Barroco na visão de críticos da literatura, então a partir das décadas de 60 e 70, o conceito foi
redimensionado chegando a um Neobarroquismo na literatura contemporânea, além disso, o
movimento barroco tem uma profunda unidade simbólica, pois nesse processo as transferências
culturais do barroco português para o Brasil desenvolveram-se de modo distinto, em se tratando
de um mesmo movimento.
Entretanto, a escritora positiva-se, de modo que fez referências de outros críticos do
movimento barroco, pois ela buscou exemplificar sua metodologia neste artigo citado, e
referenciando-se a História da Literatura, porque se trata de um estilo literário que teve
antecedentes que fez com que a preocupação da época se diferenciava bastante pelo nome
Barroco.
Sempre que, a História da Literatura representa os estilos de época como sistemas
que possuem limites geográficos e temporais, contudo entender a extensão do
fenômeno cultural barroco, deve-se lembrar as origens desse conceito, então barroco é uma
palavra portuguesa, e também Barrocal ou barroca é também o nome que se dá aos agregados de
pedras informes e arredondadas de poderosos afloramentos de rochas metamórficas, sendo ainda
uma carga negativa que se apoderou-se assim (e durante muito tempo) do termo e do estilo que
se designava.
Por analogia, René Wellk (1963, p. 71) esclarece que o estilo surge no contexto da
Contrarreforma, no século XVI, ampliando não apenas os domínios da Igreja Católica, como
também na arquitetura, escultura, pintura, música, literatura.
Conforme a concepção do historiador, José Aderaldo, o barroco brasileiro sempre
esteve em correspondência ao estilo português, porque ele afirma que as manifestações culturais
sempre ocorriam em atraso na América Portuguesa, e também o objetivo era pro
paganizar e persuadir até a devoção. Para Alfredo Bosi, ele fala que pra entendermos o conceito
temos que vir até a história da literatura brasileira, pois ele publicou o livro História concisa da
literatura brasileira, onde destaca autores brasileira que contribuem na dimensão barroca
brasileira.
Embora haja uma forte conexão simbólica entre o fenômeno literário barroco e a
cultura portuguesa que migrou para an América Portuguesa (Brasil), o estilo literário evoluiu de
maneiras diferentes para se ajustar à cultura local da nova terra. Ao realizar um estudo
comparativo entre as histórias das literaturas do Brasil e de Portugal, destacaremos os elementos
que combinam e as características do barroco literário brasileiro.
Dessa maneita, também mostraremos como o conceito de barroco literário mudou
nas histórias das literaturas luso-brasileiras. Isso ajuda an explicar a dificuldade de classificar
este período literário devido à complexidade conceitual que ele envolve não apenas como um
fenômeno literário, mas também como uma expressão.
Sob o mesmo ponto, Afrânio Coutinho, Haroldo de Campos, Affonso Ávila e
outros, fazem balanço critico sobre a literatura seiscentos/setecentos através da revista Barroco,
que seguem uma linha de pensamento, a qual discutem que após séculos de descaso, o interesse
de estudos sobre barroco no Brasil é um fato cultural recente e precisamente do século XX e o
conceito modificou-se através de transferência cultural da língua portuguesa/ para a literatura
portuguesa, ou ainda literatura brasileira em situação colonial.
Assim, os estilos de uma época são representados na História da Literatura como
sistemas com limites temporais e geográficos. É óbvio que o texto literário barroco não pode ser
visto separado de seu contexto de criação. Por outro lado, o contexto torna-se um componente
essencial do texto, fornecendo as diretrizes para sua definição. O leitor lê a obra usando
referências ideológicas estabelecidas pelo autor dentro desse contexto.
O barroco ainda foi usado para explicar o nosso processo de formação como povo e
como nação e entender os rumos tomados durante essa transição cultural. Portanto, a despeito
das ambiguidades e incertezas quanto à extensão, avaliação e conteúdo, ou seja, exprime uma
nova representação, tendo origens históricas inatas.
É fundamental lembrar que quando falamos em correspondência, estamos nos
referindo à correspondência de estilo entre o barroco brasileiro e o português.
É importante lembrar que o barroco não chegou à América tão cedo, com o objetivo
de agir propagandisticamente e cativar a devoção. Se as manifestações culturais na América
Portuguesa sempre chegavam atrasadas, a cronologia entre o período literário conhecido como
barroco português e o período literário conhecido como barroco brasileiro é imprecisa.
Afrânio Coutinho, um historiador literário brasileiro, não concorda com Fidelino de
Figueiredo, um historiador literário português, no que diz respeito à questão do entendimento
crítico da periodização literária.
Ao examinar a história da literatura brasileira, é evidente que o estilo barroco está
fortemente ligado às noções de literatura colonial e provinciana. Como resultado, tudo o que foi
estudado e escrito sobre o Barroco tinha sentido ao mais. Desse modo, às vezes os intrigante,
biografista, que se limita à verdade e à euforia, muito ao estilo da historiografia nacional da
época. Ao reinterpretar a Literatura Colonial Brasileira usando o conceito de barroco, Afrânio
Coutinho concedeu autonomia à Literatura Brasileira em relação à Literatura Portuguesa.
O conceito de barroco evoluiu ao longo do processo de transferência cultural da
literatura portuguesa para a literatura brasileira, ou, mais precisamente, para a literatura
brasileira durante a colonização. Um descentramento, ou seja, uma mudança, ocorre no discurso
barroco brasileiro nos Estados Unidos. Isso se deve ao choque de culturas durante o processo de
transferência cultural, que levou ao desenvolvimento de teorias diferentes de um território para
outro.
Em outras palavras, an identidade social e cultural brasileira difere da portuguesa
por causa de sua natureza compositiva, apesar do fato de o barroco ser um estilo de
pensamento e ação. O barroco literário brasileiro apresenta uma nova interpretação coletiva,
uma linguagem híbrida que leva em consideração an emergência de um "novo idioma", o
português do Brasil. Como resultado, as imagens dialéticas, os conflitos entre o que é
importado de Portugal e o que é originalmente brasileiro, dão origem ao barroco brasileiro.
Ainda que haja muitas dúvidas e incerteza sobre an extensão, avaliação e conteúdo
exato do termo barroco, ele tem desempenhado um papel importante e continuará a fazê-lo.
Examinando o conceito de barroco literário dentro do contexto da História da Língua
Portuguesa.
Ao convidar essa multidão de pensadores críticos complexos e controversos para
apresentar seus próprios discursos críticos sobre o Barroco, é importante lembrar que o
discurso crítico sobre Literatura, exatamente por ser crítico, não é um discurso que pode ser
revogado; o discurso crítico é sempre relativo e superável quando é formulado em relação ao
discurso literário, que por natureza é plurissignificativo e semanticamente instável.
Assim, no que diz respeito à história da literatura, o estilo literário barroco é um
fenômeno estilístico que transcende as fronteiras espaciais e temporais. Ao contrário do que a
maioria das pessoas pensa, não se limita aos autores do século XVII, mas é uma característica
comum da humanidade.
Certamente, o interesse atual pelo conceito é justificado porque tanto o processo de
colonização da América Portuguesa quanto da América Latina foi barroco. Portanto, o conceito
ajuda an explicar como nos desenvolvemos como povo e como nação e an entender os caminhos
que nossa literatura seguiu dentro do sistema de escolas literárias.
Por isso, essa indagação de Maria Regina Barcelos Bettiol, explicar a conceituação
da palavra “Barroco” e onde se originou o termo, vai além do estudo que está ligado à História
da Literatura e sob o contexto sociocultural do Brasil e de Portugal, a escritora conseguiu
alcançar seu objetivo de artigo, pois além deste artigo segue suas titulações e participações
Graduada em Letras pela PUC-RS (1994). Mestre em Literaturas Francesa e Francófonas pela
UFRGS (1998). Doutora em Letras (Littérature Générale et Comparée) pela Université
Sorbonne Nouvelle Paris III (2008) e Doutora em Letras (Literatura Comparada) pela UFRGS
(2008). Pós-doutorada em Teoria da Literatura pela Universidade de Coimbra (2014). Pós-
doutorada em Literatura Comparada pela Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e
das Missões (URI). Tem experiência na área de Letras, com ênfase em Teoria Literária,
Literatura Comparada e Literaturas Estrangeiras Modernas. É Membro integrado do Centro de
Literaturas e Culturas Lusófonas e Europeias (CLEPUL) da Universidade de Lisboa, membro
da ANPOLL (GT de Literatura Comparada) e da Société Internationale des Études Jésuites
(SorbonneParisIV).

Luciana Brito de Sousa- Acadêmica do curso de Letras da Universidade Estadual do


Maranhão-UEMA

Você também pode gostar