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2º Bimestre
Uso da Língua
• Identificar figuras de linguagem como antítese e paradoxo nos poemas barrocos.
• Identificar efeitos de sentido produzido pelo uso de pontuação.
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LÍNGUA PORTUGUESA
1ª Série − Ensino Médio
Produção Textual
• Produzir um poema parodístico de um poema barroco (lírico, satírico ou religioso).
Sugestões de • Iniciar com a leitura de uma poesia barroca, chamando a atenção para os estados de conflito es-
piritual e a fragilização da condição humana que podem ser captadas pelas inversões, simbologias
atividades
(alegorias), uso reiterado das figuras de linguagem (antítese, paradoxo, hipérbole e metáfora) e
pontuações. Os mecanismos de coesão referencial devem ser explorados porque permitem iden-
tificar o homem da época e modo como tenta conciliar valores medievais e renascentistas.
• Dividir a turma em três grupos: poesia lírica, satírica e religiosa de Gregório de Matos e pedir
que leiam e analisem os poemas, identificando os traços marcantes de cada estilo. A seguir, pro-
mover um debate em sala em que estarão em foco as diferentes visões (faces) de um mesmo
poeta. O resultado deste debate deve ser escrito pelo grupo (em forma de dissertação) e afixado
no mural ou blog do colégio.
• Fazer um levantamento sobre a existência de pinturas barrocas nos Museus da Cidade e, se pos-
sível, agendar uma visita. Pode-se, ainda, programar uma viagem para as cidades históricas que
possuam igrejas e obras e de referência, como Ouro Preto, Mariana, Tiradentes etc.
• Identificar na leitura do Sermão da Sexagésima, de Padre Vieira, atitudes de preconceito e dis-
criminação em relação a outras culturas e religiões.
Filmes
O Aleijadinho: paixão, glória e suplício. (Brasil, 2001). Direção: Geraldo Santos Pereira. 100 min.
Este filme conta a vida e a formação artística do escultor mineiro Antônio Francisco Lisboa, o
Aleijadinho. O enredo é ambientado no ano de 1858 e apresenta a formação cultural e artística
do escultor por meio de relatos de uma nora de Aleijadinho. As distorções e jogos de luz que inci-
dem sobre esculturas de Aleijadinho permitem ao observador recuperar os conceitos de agudeza,
rebuscamento e contraste próprios do projeto literário barroco.
Lutero. (Alemanha, 2003). Direção: Eric Till. 112 min.
O filme mostra a trajetória de Lutero e sua busca pela salvação humana, o que contrariava os
interesses dos mais poderosos membros da Igreja Católica. Com uma cuidadosa reconstituição
da época barroca, apresentando os caminhos seguidos pela religião no século XVI, o professor
poderá explorar a riqueza do texto de pregação em que Lutero condena os abusos da igreja, prin-
cipalmente o comércio de coisas sagradas.
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Livro
GONÇALVES, Magaly Trindade et alii (orgs.). Antologia comentada de literatura brasileira: poesia
e prosa. Petrópolis, RJ: Vozes, 2006. 583 p.
A obra é bem abrangente, englobando os autores mais representativos da Literatura Brasileira,
traz ainda comentários que facilitam à compreensão do leitor e exercícios de estudo de textos. O
primeiro capítulo trata do Período Colonial: Primórdios, Barroco, Arcadismo e Pré-Romantismo.
As autoras trazem explicações objetivas sobre os textos e ampliam com novas propostas de estu-
do de texto.
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Na Unidade 3 (pp. 130-203), intitulada “A literatura no período colonial”, está inserida o Capítulo
10, “Barroco” (pp. 161-180). Inicia-se a apresentação do tema com a pintura “O enterro do Conde
de Orgaz”, de El Greco, que traduz a visão da cidade de Toledo (Espanha), segundo a qual San-
to Estevão e Santo Agostinho conduziram à sepultura o corpo de Gonçalo Ruiz, o Sr. Orgaz, em
reconhecimento aos muitos atos de caridade que o nobre realizou. A discussão caminha para a
apresentação de outras pinturas, gravuras e textos de apoio, discutindo o contexto geral do mo-
vimento, com a explicitação de datas históricas. O projeto literário é apresentado em linguagem
clara e topicalizado, com a proposição de exercícios que seguem após a leitura do texto de apoio
(teórico) ou poético. Interessante é a estratégia da metáfora da “árvore” que explica a estrutura e
a funcionalidade do sermão. No final do capítulo, os autores apresentam o link “Conexões” cujas
indicações de músicas, filmes, leituras e sites permitem uma riqueza de detalhes e aprofunda-
mento do conteúdo tanto para o docente quanto para o discente.
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Sugestões de Solicitar que os alunos produzam uma paródia em forma de poesia de um poema (lírico ou reli-
avaliação gioso) de Gregório de Matos.
Solicitar que os alunos, após a leitura das principais manchetes políticas da atualidade, produzam
poemas satíricos à moda de Gregório de Matos, apontando os principais problemas da cidade e
seus governantes.
Propor que os alunos analisem poemas barrocos, a fim de identificarem as características do estilo
linguístico-estrutural e estético. O resultado desta análise pode ser um texto dissertativo de 16 a
30 linhas.
Pode-se solicitar que os alunos analisem os textos religiosos de Padre Antônio Vieira e os religio-
sos de Gregório de Matos e percebam a diferença entre o Cultismo e o Conceptismo presentes
nos textos, bem como a diferença discursiva, a partir das escolhas lexicais dos textos.
• EXEMPLOS DE QUESTÕES:
(Unifesp 2009) Os versos de Gregório de Matos são base para responder à questão.
Neste mundo é mais rico, o que mais rapa:
Quem mais limpo se faz, tem mais carepa:
Com sua língua ao nobre o vil decepa:
O Velhaco maior sempre tem capa.
Levando em consideração que, em sua produção literária, Gregório de Matos se dedicou também
à sátira irreverente, pode-se afirmar que os versos se marcam
a) pelo sentimentalismo, fruto da sintonia do eu-lírico com a sociedade.
b) pela indiferença, decorrente da omissão do eu-lírico com a sociedade.
c) pelo negativismo, pois o eu-lírico condena a sociedade pelo viés da religião.
d) pela indignação, advinda de um ideal moralizante expresso pelo eu-lírico.
e) pela ironia, já que o eu-lírico supõe que todas as pessoas são desonestas.
→Comentários:
A questão aborda a irreverente produção satírica de Gregório de Matos, que lhe rendeu o apelido
“Boca do Inferno”. Para responder a ela, deve-se perceber a intenção moralizadora do poeta,
sua indignação e condenação da hipocrisia, particularidades da melhor parte da obra satírica de
Matos. Essas características são notadas nos versos do enunciado pelo tom genérico da crítica:
“Neste mundo é mais rico, o que mais rapa (isto é, toda riqueza é constituída ilicitamente); “Quem
mais limpo se faz, tem mais carepa” (isto é, todos escondem sua própria sujeira – “carepa” –
moral); O Velhaco maior sempre tem capa” (isto é, todos os malandros encontram proteção e
acolhida – “capa”). Com sua crítica, o poeta busca a edificação do sentimento moral de nobreza:
“... ao nobre vil decepa”.
ENEM, 1998
Amor é fogo que arde sem se ver;
é ferida que dói e não se sente;
é um contentamento descontente;
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A) O poema tem, como característica, a figura de linguagem denominada antítese, relação de opo-
sição de palavras ou ideias. Assinale a opção em que essa oposição se faz claramente presente.
(A) argumentativo.
(B) narrativo.
(C) épico.
(D) de propaganda.
(E) teatral.
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ou repercussão na nossa literatura. E, Haroldo de Campos discorda e aponta várias razões para
resgatar esse estilo de época em nossa literatura.
Sites
Literatura no Ensino Médio: uma análise pedagógica. http://ichs.ufop.br/conifes/anais/EDU/
edu2305.htm.3 p.
Trata-se de um pequeno artigo sobre os métodos adotados no ensino de Literatura em algumas
escolas do Ensino Médio de Viçosa. É uma pesquisa de campo que mostra as dificuldades dos
professores em trabalhar nessa área.
CEREJA, William Roberto. Uma proposta dialógica de ensino de literatura no Ensino Médio.
http://200.189.113.123/diaadia/diadia/arquivos/File/conteudo/Tese-WilliamCereja-PDF.pdf ou o
livro: CEREJA, William Roberto. Ensino de literatura: uma proposta dialógica para o trabalho com
literatura. São Paulo: Atual, 2005. 208 p.
Nesta tese/livro, o autor faz uma ampla abordagem sobre o que seria ensinar literatura e sugere
alternativas nas quais a literatura dialogue com diferentes linguagens culturais (textos de épocas
diferentes, cinema, música, pintura). Tais sugestões podem ser utilizadas em sala de aula com a
finalidade de desenvolver habilidades de leitura nos alunos e estimular o gosto/prazer de ler.
Seção saber mais MIRANDA. Ana. Boca Do Inferno. São Paulo, Companhia das Letras, 2006, 312 p.
para nossos alunos A obra traça um painel do Barroco brasileiro, conduzindo o leitor pelos meandros da política, da
religiosidade e do verbo afiado de Gregório de Matos e do padre Vieira. Boca do Inferno foi inclu-
ído na lista dos cem maiores romances em língua portuguesa do século XX, publicada pelo jornal
O Globo, e ganhou o prêmio Jabuti de revelação em 1990.
Imagens do Barroco brasileiro comentadas: http://www.itaucultural.org.br/barroco/home.html
Centenas de imagens da pintura barroca aparecem nesse site, sendo uma a uma comentadas .
Imagens de fotos da arquitetura barroca: http://www.fotosearch.com.br/fotos-imagens/barroco.
html
Interessante site com fotos e imagens diversas da arquitetura barroco, mostrando, em algumas
delas, detalhes significativos.
Ouro Preto (Patrimônio Mundial da Humanidade): http://www.iphan.gov.br
Site que apresenta a cidade de Ouro Preto, com sua arquitetura, monumentos desde o período do
barroco brasileiro e também as suas belezas naturais.
Igrejas barrocas no Brasil: http://www.estadão.com.br/divirtaseonline/fotos/barroco/
apresentação.htm
Trata-se de uma visita online no interior e exterior das Igrejas barrocas no Brasil, mostrando sig-
nificativos detalhes.
Aleijadinho: http://www.moderna.com.br/moderna/arte/aleijadinho
Site que fala sobre este excepcional artista, sua vida e obra nas Minas Gerais do século XVIII.
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Uso da Língua
• Identificar figuras de linguagem que produzem efeito humorístico em tirinhas e charges.
Produção Textual
• Produzir uma charge ironizando um acontecimento que tenha sido noticiado recentemente.
• Produzir uma tirinha, com até quatro quadrinhos, utilizando de recursos humorísticos estuda-
dos.
Sugestões de • Selecionar algumas charges extraídas de jornais e/ou revistas, que mantenham relação com fa-
Atividades tos políticos e socioculturais atuais. A turma deverá ser organizada em grupos, aos quais serão
direcionadas questões em relação à temática e estrutura das charges apresentadas, a fim de
avaliar o domínio que os alunos possuem sobre conceito, temática e estrutura do gênero em
questão. Os alunos deverão apontar, ainda, a relação entre a charge e o contexto que é alvo
de crítica ou sátira, localizar a passagem em que ocorre ironia, metáfora, hipérbole e explicitar
também em que contextos tais passagens encontradas na charge produziriam efeito de humor,
e em quais contextos isso não ocorreria.
• Orientar a pesquisa, em jornais e revistas, de charges recentes relacionadas a temas de discus-
são pública como violência, preconceito, comportamento ou crítica política, por exemplo, a fim
de que sejam analisadas, a partir de um roteiro que tenha com eixo questões que relacionem:
- a identificação do suporte de publicação, a seção em que o gênero encontra-se publicado, o
público-alvo a que este suporte é preferencialmente dirigido e os principais assuntos que este
veículo costuma visibilizar;
- a identificação da situação polêmica criticada/satirizada e o fundamento que a sustenta;
- considerando o papel social dos envolvidos no fato, discutir a repercussão gerada pela charge
entre o público leitor e para os envolvidos no fato criticado;
• Apresentar aos alunos slides que contenham charges relacionadas a diferentes temáticas, a fim
de provocar a discussão sobre a validade das críticas veiculadas; sobre como o conhecimento a
respeito do contexto histórico, político e social de produção da charge influencia para sua com-
preensão e sobre o fato de que, embora provoque o efeito de humor, o gênero Charge possibilita
e objetiva a reflexão séria sobre aspectos da realidade retratada.
• Apresentar aos alunos tiras, cujos quadros estejam em dispostos aleatoriamente e orientar os
alunos a organizá-los conforme a sequência lógica de relação entre as imagens/fatos apresenta-
das. Pode-se, ainda, suprimir o texto verbal de alguns balões, propondo que os alunos elaborem
falas para as personagens, mantendo a coerência da narrativa.
• Organizar a turma em duplas, fornecendo tiras que contenham apenas o texto não verbal, para
que os alunos elaborem todas as falas que preencherão os balões, pautados na sugestão de fa-
tos que as imagens fornecem. Para esta atividade, pode-se também fornecer apenas as imagens
– sem os balões de fala – e sugerir que os alunos explorem a utilização dos tipos de balões de
fala (balão de pensamento, balão uníssono, balão de grito, balão de choro etc.).
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• www.chargeonline.com.br
Site de charges que disponibiliza ao usuário uma chargeoteca que reúne as charges publicadas
nos principais jornais de circulação do país. A página apresenta um índice de navegação no qual
é possível selecionar a charge do dia, uma seleção com as melhores charges do mês e charges de
chargistas internacionais.
• www.monica.com.br
Portal de tirinhas da Turma da Mônica. Disponibiliza ao usuário mais de mil tirinhas, divididas
entre as personagens Magali, Mônica, Cascão, Cebolinha, Anjinho, Penadinho, Bidu, Chico Bento,
Franjinha e Papa Capim, do afamado cartunista Maurício de Souza. Ao clicar em um dos números
da seção no quadro da personagem escolhida, abre-se uma tirinha disponível para cópia e cola-
gem, possibilitando seu uso para fins pedagógicos.
• http://tirinhasdogarfield.blogspot.com.br/
Neste Blog encontra-se disponível uma seleção de tirinhas da personagem Garfield, criação do
cartunista norte-americano Jim Davis. Atualmente, tirinhas e histórias em quadrinhos de Garfield
são publicadas em 2.570 jornais em todo o mundo, atrás apenas pela personagem Peanuts. A
página apresenta uma lista de navegação que redireciona o usuário para páginas que contém
tirinhas de Mafalda (clubedamafalda), criação do cartunista argentino Quino, e de Calvin (deposi-
todocalvin) criadas pelo norte-americano Bill Watterson.
• Análise de Charges: refinando a leitura crítica
http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=20939
Sugestão de Plano de Aula em que é focalizada, dentre os objetivos propostos para a aula, a ha-
bilidade de Relacionar o contexto da charge aos contextos sócio-históricos. A sugestão de Plano
apresenta como sugestão dinamizadora o trabalho em grupo e propõe atividades articuladas que
associam a discussão conceitual sobre o gênero charge à utilização do laboratório de informática
para facilitar a localização dos fundamentos que sustentam o humor, a sátira e a crítica da charge,
com base em sua ancoragem no contexto sociopolítico, histórico e cultural.
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tino Quino. Embora a tirinha componha uma atividade estruturada como proposta de atividade
para a reflexão sobre a língua há, destacadamente, a ênfase na importância dos elementos que
compõem o jogo social da linguagem, tais como o contexto de enunciação, os interlocutores e a
intenção comunicativa na produção do discurso. Ao trabalhar o conceito de implícito através do
dito e do interdito, a proposta destaca a relação entre as linguagens verbal e não verbal para a
produção de sentido.
O Capítulo 5 - “Figuras de Linguagem” aborda sistematicamente o conceito dos diferentes em-
pregos de palavras como mecanismo para a alteração de sentido e produção de efeitos estéticos,
de ironia e de humor. Novamente as propostas de atividades se utilizam de tiras para a avaliação
do emprego de figuras de linguagem como a hipérbole, a ironia e o eufemismo, que produzem
efeito de humor.
Sugestão de Sugerem-se para avaliação do domínio das habilidades do bimestre, relacionadas ao Tema Tirinha
Avaliação e Charge, as seguintes questões extraídas do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM):
• (ENEM 2000):
Em muitos jornais, encontramos charges, quadrinhos, ilustrações, inspirados nos fatos noticiados.
Veja um exemplo:
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GABARITO: B
Esta questão tem por objetivo avaliar o domínio da habilidade “Identificar na charge a relação
entre o texto e o contexto político, histórico e social”, relacionada ao eixo da competência Lei-
tura, do Currículo Mínimo de Língua Portuguesa/Literatura. O texto-gerador da questão, uma
charge extraída do Jornal do Commercio, adéqua-se ao nível Médio, tanto em relação à linguagem
utilizada quanto ao assunto abordado no texto, haja vista a questão indígena ter sido abordada no
1º Bimestre, cujos temas foram Literatura de Informação e Textos Jesuíticos/Relato de Viagem
e Crônica. Desta forma, a discussão do tema abordado na charge foi antecipadamente subsidiada
pelo descritor “Comparar a representação do indígena na literatura de informação, na jesuítica
e na literatura contemporânea”, que possibilita a transposição da questão indígena, do ponto de
vista das problemáticas enfrentadas por esse segmento da população brasileira, da colonização
para os dias atuais.
Ao antecipar que a charge é geralmente inspirada em fatos noticiados, o comando da questão es-
trutura-se fazendo referência a um dos elementos fundadores do gênero, na perspectiva bakhti-
niana: o conteúdo temático, que se relaciona à finalidade discursiva do gênero em questão. A
menção a “ilustrações” refere-se, no pressuposto bakhtiniano, ao segundo dos elementos funda-
dores do gênero: a construção composicional, ou seja, a presença do texto não verbal como uma
das características comuns aos textos icônico-verbais.
O Gabarito da questão aponta a alternativa B como resposta correta, por ser a que apresenta uma
situação semelhante ao fato ilustrado pela imagem da charge. Intitulada “Demarcação de Terras
Indígenas”, a charge, em linhas gerais, sugere tratar-se de conflitos ocorridos pela disputa histórica
de territórios, hoje entre indígenas e latifundiários, antes entre indígenas e colonizadores, o que
conserva a pertinência da discussão fomentada, embora a charge de Miguel tenha sido publicada
em 1993. O fragmento do poema de João Cabral de Melo Neto, por sua vez, faz alusão ao drama
do retirante nordestino Severino e seu não lugar em face das contradições socioeconômicas.
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(ENEM 2001):
“...Um operário desenrola o arame, o outro o endireita, um terceiro corta, um quarto o afia
nas pontas para a colocação da cabeça do alfinete; para fazer a cabeça do alfinete requerem-se 3
ou 4 operações diferentes; ...”
SMITH, Adam. A Riqueza das Nações. Investigação sobre a sua Natureza e suas Causas. Vol. I. São
Paulo: Nova Cultural, 1985.
Jornal do Brasil, 19 de fevereiro de1997.
Gabarito: E
Esta questão tem por objetivo avaliar o domínio da habilidade “Caracterizar a situação polêmica,
a crítica, o protesto e a ideologia subjacentes aos textos”, relacionada, no Currículo Mínimo de
Língua Portuguesa e Literatura, ao eixo da competência Leitura.
Os textos-geradores para a questão consistem em uma charge do cartunista Bob Thaves, extraída
do Jornal do Brasil, e um fragmento do livro “A Riqueza das Nações”, de Adam Smith.
Ao propor a relação entre os dois textos – a charge e o fragmento de um texto verbal –, o ela-
borador da questão propõe o julgamento de três afirmações, para que, a relação entre os textos
fornecidos, possibilite identificar a crítica veiculada.
Material de apoio O Gabarito aponta como corretas as alternativas I e III que, respectivamente fazem referência à
para o professor concepção de Frederick Taylor (taylorismo), na qual o processo de produção consiste na divisão
e ênfase em tarefas, objetivando a simplificação e maior rapidez do processo de produção; e ao
processo de alienação, tributário da visão marxista sobre o trabalho. Etimologicamente, a palavra
alienação procede de alienare, alius, que significa “pertencer a outro”, ou seja, o produto do tra-
balho não pertence ao homem, torna-se-lhe alheio.
Em perspectiva interdisciplinar, para a identificação da ideologia, da crítica e do protesto contidos
na charge, acionam-se conhecimentos de História, relacionados à Revolução Industrial e linguísticos,
ao compreender a charge como gênero textual caracterizado por uma limitação temporal – respon-
sável por sua ancoragem a um determinado contexto e situação –, que busca através do humor, da
crítica ou da sátira provocar a reflexão sobre acontecimentos, em geral, de natureza política.
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Artigos
• O Gênero Jornalístico Charge no Letramento Escolar
http://www.fw.uri.br/publicacoes/linguaeliteratura/artigos/arll06.pdf
Artigo de Maria Claudia Teixeira e Cristiane Malinoski Pianaro Angelo, da Universidade Estadu-
al do Centro-Oeste, publicado na Revista Língua & Literatura. Fundamentadas nos pressupostos
bakhitinianos e nas orientações norteadoras dos Parâmetros Curriculares Nacionais para ensino-
-aprendizagem de Linguagens e Códigos, as autoras apresentam uma proposta didática para a
abordagem do gênero textual charge, focalizando as habilidades de leitura trabalhadas no Ensino
Médio. Fornecem um roteiro de atividades, elaborado em quatro etapas que percorrem habilida-
des de leitura e características relacionadas ao gênero em questão.
• Sob a ótica dos quadrinhos: uma Proposta Textual-Discursiva para o Gênero Tira.
http://www.ileel.ufu.br/travaglia/artigos/DISSERT_terezinha_nepomuceno.pdf
Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Linguística da Univer-
sidade Federal de Uberlândia, orientada pelo linguista Luiz Carlos Travaglia, atualmente pesqui-
sador e professor do Instituto de Letras e Linguística da mesma universidade. Com clareza e obje-
tividade, Terezinha Nepomuceno apresenta aprofundada exposição sobre o gênero textual Tira,
considerando os enfoques da Linguística Textual, da Análise do Discurso e as concepções da teoria
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Vídeos
• Matéria sobre Charges na Sala de Aula (1’:51’’)
http://www.youtube.com/watch?v=IuItSUKGs3o
Matéria produzida em 2008 para o programa Holofote da UNIBRASIL. Apresentação sucinta e
dinâmica o gênero Charge, destaca as vantagens de sua utilização em sala de aula para alunos do
Ensino Médio. Com abordagem centrada na importância da leitura de textos icônico-verbais no
mundo contemporâneo, a matéria enfatiza a necessidade de domínio das habilidades relativas
à leitura de charges, tiras, cartuns etc, considerando a crescente apropriação deste gênero por
livros didáticos e exames como vestibulares e avaliações em larga escala. Ao focalizar a charge, o
vídeo destaca a atratividade dos recursos gráficos, a riqueza de sugestões geradas pelo implícito e
o uso do texto icônico-verbal como subsídio para o debate de questões atuais, polêmicas ou não,
e como texto-gerador para a produção escrita argumentativa.
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http://www.maquinadequadrinhos.com.br/Intro.aspx
Portal criado por Maurício de Souza possibilita a criação de tirinhas e histórias em quadrinhos,
através da disponibilização de pacotes gratuitos limitados, com cenário e personagens, à escolha
do usuário cadastrado. Além disso, há a opção de publicar a tirinha ou história em quadrinhos no
próprio portal e ainda participar de votações, concorrendo à publicação, da tirinha ou história em
quadrinhos criada, na Revista da Turma da Mônica.
http://www.wittycomics.com/
Ferramenta básica para a criação de Tirinhas de até três quadros. Cadastrando-se gratuitamente,
o usuário pode ter acesso à escolha de cenário, personagens, título, balões variados para a cria-
ção/inserção de falas para as personagens.
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