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LÍNGUA PORTUGUESA 1ª Série − Ensino Médio

2º Bimestre

Apresentação Geral do Eixo Bimestral

Identificação do Poesia no barroco / Tirinha e charge


Eixo Bimestral Assume-se a divisão do bimestre em dois eixos: o estudo do texto literário (ênfase no contexto
de produção e de circulação/recepção da obra, valores sociais e etc) e do texto não literário
(procedimentos linguísticos de construção, como vocabulário, parcialidade ou imparcialidade, ar-
gumentos, contra-argumentos, marcas de oralidade, etc), considerando a articulação entre ideias
e proposições entre os diferentes tipos de textos. O uso de textos de gêneros variados, como as
tiras e charges, permite que o/a estudante identifique as marcas discursivas e ideológicas que
suscitam efeitos de sentido bastantes recorrentes nos dias atuais, principalmente pelo fato de as
produções da época servirem como diretriz para a problematização/consolidação dos processos
de formação da identidade nacional brasileira que, ainda hoje, podem ser perscrutadas nos im-
plícitos as sátira social.

Apresentação Geral do Tema

Identificação do Poesia no Barroco (Tema 1)


tema Esta OP trata do movimento chamado Barroco ou Seiscentismo. Movimento contraditório e dra-
mático, muito fecundo das artes visuais (pintura, escultura e arquitetura) no século XVII, mas
também muito conturbado politicamente com a Reforma Protestante e a Contrarreforma. É in-
teressante o professor iniciar o trabalho no bimestre com textos, adotando estratégias bem de-
finidas de leitura, desde as de pré-leitura (exploração do título, o assunto do texto, o contexto
de produção, a finalidade, as características do gênero em estudo, dos elementos exteriores ao
texto etc.) e seguir para as hipóteses em relação ao conteúdo do texto, conclusões, releituras etc.
É interessante atentar também para a linguagem e seus recursos expressivos, a fim de identificar
ideologias, estereótipos e intenções dos autores. Nesse sentido, pretende-se desenvolver no alu-
no habilidades que lhe dê condição de ler e apreciar esteticamente os poemas líricos, satíricos e
religiosos de Gregório de Matos e os sermões de Padre Antônio Vieira como textos balizadores
do Barroco brasileiro em interface com outras manifestações culturais, literárias e não literárias
de épocas diferentes.

Conexões com Leitura


Habilidades e
• Relacionar os modos de organização da linguagem às escolhas do autor, à tradição literária e ao
Competências contexto sociocultural da época.
• Identificar o jogo de palavras do Cultismo por meio da utilização das figuras de linguagem.
• Reconhecer o Conceptismo nas estratégias de persuasão do sermão religioso barroco.
• Reconhecer a intertextualidade na referência à tradição medieval e humanista no barroco.

Uso da Língua
• Identificar figuras de linguagem como antítese e paradoxo nos poemas barrocos.
• Identificar efeitos de sentido produzido pelo uso de pontuação.

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Produção Textual
• Produzir um poema parodístico de um poema barroco (lírico, satírico ou religioso).

Sugestões de • Iniciar com a leitura de uma poesia barroca, chamando a atenção para os estados de conflito es-
piritual e a fragilização da condição humana que podem ser captadas pelas inversões, simbologias
atividades
(alegorias), uso reiterado das figuras de linguagem (antítese, paradoxo, hipérbole e metáfora) e
pontuações. Os mecanismos de coesão referencial devem ser explorados porque permitem iden-
tificar o homem da época e modo como tenta conciliar valores medievais e renascentistas.
• Dividir a turma em três grupos: poesia lírica, satírica e religiosa de Gregório de Matos e pedir
que leiam e analisem os poemas, identificando os traços marcantes de cada estilo. A seguir, pro-
mover um debate em sala em que estarão em foco as diferentes visões (faces) de um mesmo
poeta. O resultado deste debate deve ser escrito pelo grupo (em forma de dissertação) e afixado
no mural ou blog do colégio.
• Fazer um levantamento sobre a existência de pinturas barrocas nos Museus da Cidade e, se pos-
sível, agendar uma visita. Pode-se, ainda, programar uma viagem para as cidades históricas que
possuam igrejas e obras e de referência, como Ouro Preto, Mariana, Tiradentes etc.
• Identificar na leitura do Sermão da Sexagésima, de Padre Vieira, atitudes de preconceito e dis-
criminação em relação a outras culturas e religiões.

Material de apoio Sites


para uso em sala de http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portal/pde/arquivos/176-2.pdf ou http://www.portu-
aula gues.seed.pr.gov/modules/conteudo/conte
Site do Governo Estadual do Paraná / Secretaria Estadual de Educação, no qual há um banco de
sites com diversos assuntos sobre Língua Portuguesa e Literatura (ex. clicar em Literatura Brasilei-
ra e História). Este site traz recursos didáticos como: textos informativos, imagens, visualização de
trechos de filmes relacionados à época literária, áudio de obras poéticas e textos dos principais
autores.
http://www.educarbrasil.org.br/Portal.Base/Web/VerContenido.aspx?ID=206796
O site apresenta informações sobre a estética barroca, slides, obras dos principais autores, além
de recursos didáticos e sugestões para o professor.
http://www.moderna.com.br/moderna/arte/barroco
Site com textos, imagens e links sobre o Barroco na Europa e no Brasil. Apresenta slides explicati-
vos sobre a escola literária e trechos de filmes relacionados à época.

Filmes
O Aleijadinho: paixão, glória e suplício. (Brasil, 2001). Direção: Geraldo Santos Pereira. 100 min.
Este filme conta a vida e a formação artística do escultor mineiro Antônio Francisco Lisboa, o
Aleijadinho. O enredo é ambientado no ano de 1858 e apresenta a formação cultural e artística
do escultor por meio de relatos de uma nora de Aleijadinho. As distorções e jogos de luz que inci-
dem sobre esculturas de Aleijadinho permitem ao observador recuperar os conceitos de agudeza,
rebuscamento e contraste próprios do projeto literário barroco.
Lutero. (Alemanha, 2003). Direção: Eric Till. 112 min.
O filme mostra a trajetória de Lutero e sua busca pela salvação humana, o que contrariava os
interesses dos mais poderosos membros da Igreja Católica. Com uma cuidadosa reconstituição
da época barroca, apresentando os caminhos seguidos pela religião no século XVI, o professor
poderá explorar a riqueza do texto de pregação em que Lutero condena os abusos da igreja, prin-
cipalmente o comércio de coisas sagradas.

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Livro
GONÇALVES, Magaly Trindade et alii (orgs.). Antologia comentada de literatura brasileira: poesia
e prosa. Petrópolis, RJ: Vozes, 2006. 583 p.
A obra é bem abrangente, englobando os autores mais representativos da Literatura Brasileira,
traz ainda comentários que facilitam à compreensão do leitor e exercícios de estudo de textos. O
primeiro capítulo trata do Período Colonial: Primórdios, Barroco, Arcadismo e Pré-Romantismo.
As autoras trazem explicações objetivas sobre os textos e ampliam com novas propostas de estu-
do de texto.

Conexão com livros Coleção Viva Português


do PNLD CAMPOS, Elizabeth Marques; CARDOSO, Paula Marques e ANDRADE, Sílvia Letícia de. Viva portu-
guês: ensino médio. 1ª imp. São Paulo: Ática, 2011. Vol.1
O eixo condutor desta coleção é a Literatura, sendo os estilos de época abordados de maneira de
maneira cronológica. A Unidade 5 (pp. 211-255) intitulada “Profusão de imagens e significados”
se inicia com uma pintura barroca “A glória de Santo Inácio”, afresco do jesuíta italiano Andrea
Pozzo (1642-1709). Essa imagem serve de motivação ao tema. As autoras comentam a pintura,
chamando a atenção para os principais detalhes. A seguir, o Capítulo 1, intitulado “O Poema”, as
autoras preparam o aluno para a leitura de poemas, começando com dois poemas modernos, a
fim de despertar o aluno para a subjetividade da linguagem poética, já que no Barroco esse gê-
nero textual é predominante. O Capítulo 2 intitula-se “Barroco”, mas antes de o aluno ler textos
sobre o tema, são apresentadas pinturas do período Renascimento (Classicismo) e também do
Barroco, a fim de levar o aluno, sendo este conduzido pelo professor, a observar as diferenças e
semelhanças entre as duas estéticas. Em seguida, de modo objetivo, as autoras apresentam poe-
mas barrocos significativos de autores diversos, tanto portugueses quanto brasileiros, e traça um
panorama histórico, cultural e estética que predominaram no período literário do Barroco. Finali-
zam a Unidade com a comparação de diferentes textos (verbais e não verbais), além de sugerirem
duas obras para serem lidas e dois filmes.

Coleção Linguagem Em Movimento


TORRALVO, Izeti Fragata e MINCHILLO, Carlos Alberto Cortez. Linguagem em movimento. São Pau-
lo: FTD, 2010. Vol. 1
No volume 1 desta coleção, os autores dividem o estudo do Barroco em dois capítulos: Tema 4 O
peso do pecado (1ª parte) (pp. 161-180) e Tema 5 Um mundo a ser corrigido (2ª parte) (pp. 199-
219). No estudo da literatura, os autores apresentam diversos escritores e diversos gêneros de
um mesmo período literário, estabelecendo vínculos entre eles, pois os capítulos estão divididos
por temas e estes dialogam com os textos e autores em foco. Há também a conexão entre textos
de diferentes épocas, por exemplo, um poema barroco de Gregório de Matos pode dialogar com
um poema modernista de Oswald de Andrade na vertente satírica da lírica brasileira. Assim, a
análise da escola literária é iniciada com um tema, visto num contexto histórico-cultural. A partir
desse enfoque, apresenta-se subtemas comentados e ilustrados com obras de artes, charges,
quadrinhos, imagens de filmes relacionados ao tema e à estética em estudo. Todos os textos estão
relacionados aos subtemas e vêm acompanhados de questões de interpretação, de análises lin-
guísticas, estruturais, ideológicas e contextuais. No Manual do Professor (pp. 49-56), há sugestões
de atividades e de projetos interdisciplinares referentes a cada tema.

Coleção Português, Contexto, Interlocução E Sentido


ABAURRE, Maria Luiza M.; ABAURRE, Maria Bernadete M. e PONTARA, Marcela. Português: con-
texto, interlocução e sentido. São Paulo: Moderna, 2010. Vol. 1
→ A coleção (dividida em três volumes) apresenta uma abordagem linear e esquemática de todos
os movimentos literários, iniciando o volume 1 com os conceitos de arte e representação, evoluin-
do para a explicações e exemplificações dos aspectos estruturais dos gêneros literários.

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Na Unidade 3 (pp. 130-203), intitulada “A literatura no período colonial”, está inserida o Capítulo
10, “Barroco” (pp. 161-180). Inicia-se a apresentação do tema com a pintura “O enterro do Conde
de Orgaz”, de El Greco, que traduz a visão da cidade de Toledo (Espanha), segundo a qual San-
to Estevão e Santo Agostinho conduziram à sepultura o corpo de Gonçalo Ruiz, o Sr. Orgaz, em
reconhecimento aos muitos atos de caridade que o nobre realizou. A discussão caminha para a
apresentação de outras pinturas, gravuras e textos de apoio, discutindo o contexto geral do mo-
vimento, com a explicitação de datas históricas. O projeto literário é apresentado em linguagem
clara e topicalizado, com a proposição de exercícios que seguem após a leitura do texto de apoio
(teórico) ou poético. Interessante é a estratégia da metáfora da “árvore” que explica a estrutura e
a funcionalidade do sermão. No final do capítulo, os autores apresentam o link “Conexões” cujas
indicações de músicas, filmes, leituras e sites permitem uma riqueza de detalhes e aprofunda-
mento do conteúdo tanto para o docente quanto para o discente.

Coleção Língua Portuguesa – Ensino Médio


FARACO, Carlos Emílio. Português: língua e cultura. 1 série. 2 ed. Curitiba: Base Editorial, 2010.
A especificidade dessa coleção é iniciar com um bom estudo sobre concepções de língua (leitura,
escrita e oralidade), discutindo metodologia e avaliação para a proposição de um currículo inte-
grado. Discute, também, as funções do livro didático, apresentando sugestões bibliográficas que
possibilitam a construção de um saber teórico e prático sobre as interfaces do ensino da Língua
Portuguesa (concepções pedagógicas, concepções sobre variação e preconceito linguístico, con-
cepções sobre prática de escrita na escola, introdução à linguística, sobre a história da literatura
brasileira e portuguesa, indicações de gramáticas e dicionários.
O capítulo 12, “Literatura” (pp. 158-178), aborda a história da literatura brasileira no período
colonial, especificando os séculos 16, 17 e 18. A discussão sobre a temática barroca (pp. 161-164)
incide mais precisamente sobre os destaques literários da época: Gregório de Matos e Padre
Antônio Vieira, sem uma maior explicitação dos condições de produção e do contexto histórico
que subjaz a feitura das obras (o próprio autor utiliza a palavra breve). No entanto, cremos ser
importante, porque Faraco nos brinda com uma seleção de textos literários (poesias e sermões)
com comentários analíticos bastante precisos que auxiliam o docente na abordagem dos testos
em sala de aula.

Coleção Ser Protagonista


BARRETO, Ricardo Gonçalves (org.). Português: ensino médio. São Paulo: Edições SM, 2010. Vol. 1
(Coleção ser protagonista)
→ A Unidade 6 trata do Barroco e está dividida em três capítulos: Capítulo 10 – O Barroco – irre-
gularidades e tensão (pp. 130-135); Capítulo 11 – O Barroco em Portugal (pp.136-141) e Capítulo
12 – O Barroco no Brasil (pp. 142-147). A unidade se abre com uma pintura de Rembrant (Os pe-
regrinos de Emaús), que ocupa uma página e meia. A imagem apresenta características nítidas da
época barroca, as quais são comentadas pelos autores a fim de chamar a atenção do aluno para
os aspectos artísticos pertinentes a essa estética literária. A seguir – O Barroco-irregularidades e
tensão – os autores trabalham com a imagem de uma pintura de Caravaggio (Deposição de Cristo)
e um poema de Luís de Gongora, estabelecendo um estudo intertextual. Nas páginas seguintes,
temos um panorama histórico, cultural e literário da época do Barroco, acompanhado de ilus-
trações e textos. No capítulo 11 aborda-se sobre o Barroco em Portugal, destacando os princi-
pais autores e obras portugueses e, no capítulo 12, trata-se do Barroco no Brasil, com destaque
principal para o poeta Gregório de Matos e sua obra. A unidade finaliza-se com a seção Entre
Textos (pp. 150-151), na qual se apresenta um conjunto de textos de diferentes épocas e autores
(Fernando Pessoa, William Shakespeare, Du Quiniang e Horácio) nos quais se destacam caracte-
rísticas pertinentes ao estilo Barroco. E, finalmente, duas páginas (152-153) envolvendo questões
de vestibular e Enem. Os capítulos são bem interessantes pela abordagem sucinta, mas completa,
sobre o estilo Barroco, com diversidade de textos e exercícios de análise e interpretação sobre os
mesmos. O Manual do Professor (pp. 85-90) traz um planejamento com objetivos gerais e especí-
ficos, além de textos complementares para estudo sobre a estética literária abordada, atividades
extras e sugestões de filmes, sites e avaliação.

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Interdisciplinaridade História: reforma protestante e a contrarreforma


• Analisar os agentes de crise da Igreja Católica;
• Comparar as principais correntes do cristianismo protestante e suas implicações socioeconômi-
cas e políticas.
No século XVI, época da Reforma Protestante, movimento que consiste no surgimento de novas
filosofias religiosas que questionam ou negam certos preceitos da religião católica. Não podemos
esquecer que nesse século o homem desafiou os mares, redescobrindo novas terras e culturas.
Daí a dúvida, a incerteza, a indefinição, o conflito interior próprios do homem do final do século
XVI. Tudo isso refletiu na Arte e na Literatura produzida por esse homem dual, expressando-se
numa nova estética literária: o Barroco.

Sugestões de Solicitar que os alunos produzam uma paródia em forma de poesia de um poema (lírico ou reli-
avaliação gioso) de Gregório de Matos.
Solicitar que os alunos, após a leitura das principais manchetes políticas da atualidade, produzam
poemas satíricos à moda de Gregório de Matos, apontando os principais problemas da cidade e
seus governantes.
Propor que os alunos analisem poemas barrocos, a fim de identificarem as características do estilo
linguístico-estrutural e estético. O resultado desta análise pode ser um texto dissertativo de 16 a
30 linhas.
Pode-se solicitar que os alunos analisem os textos religiosos de Padre Antônio Vieira e os religio-
sos de Gregório de Matos e percebam a diferença entre o Cultismo e o Conceptismo presentes
nos textos, bem como a diferença discursiva, a partir das escolhas lexicais dos textos.
• EXEMPLOS DE QUESTÕES:
(Unifesp 2009) Os versos de Gregório de Matos são base para responder à questão.
Neste mundo é mais rico, o que mais rapa:
Quem mais limpo se faz, tem mais carepa:
Com sua língua ao nobre o vil decepa:
O Velhaco maior sempre tem capa.

Levando em consideração que, em sua produção literária, Gregório de Matos se dedicou também
à sátira irreverente, pode-se afirmar que os versos se marcam
a) pelo sentimentalismo, fruto da sintonia do eu-lírico com a sociedade.
b) pela indiferença, decorrente da omissão do eu-lírico com a sociedade.
c) pelo negativismo, pois o eu-lírico condena a sociedade pelo viés da religião.
d) pela indignação, advinda de um ideal moralizante expresso pelo eu-lírico.
e) pela ironia, já que o eu-lírico supõe que todas as pessoas são desonestas.
→Comentários:
A questão aborda a irreverente produção satírica de Gregório de Matos, que lhe rendeu o apelido
“Boca do Inferno”. Para responder a ela, deve-se perceber a intenção moralizadora do poeta,
sua indignação e condenação da hipocrisia, particularidades da melhor parte da obra satírica de
Matos. Essas características são notadas nos versos do enunciado pelo tom genérico da crítica:
“Neste mundo é mais rico, o que mais rapa (isto é, toda riqueza é constituída ilicitamente); “Quem
mais limpo se faz, tem mais carepa” (isto é, todos escondem sua própria sujeira – “carepa” –
moral); O Velhaco maior sempre tem capa” (isto é, todos os malandros encontram proteção e
acolhida – “capa”). Com sua crítica, o poeta busca a edificação do sentimento moral de nobreza:
“... ao nobre vil decepa”.

ENEM, 1998
Amor é fogo que arde sem se ver;
é ferida que dói e não se sente;
é um contentamento descontente;

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é dor que desatina sem doer;


É um não querer mais que bem querer;
é solitário andar por entre a gente;
é nunca contentar-se de contente;
é cuidar que se ganha em se perder;
É querer estar preso por vontade;
é servir a quem vence, o vencedor;
é ter com quem nos mata lealdade.
Mas como causar pode seu favor
nos corações humanos amizade,
se tão contrário a si é o mesmo Amor?
(Luís de Camões)

A) O poema tem, como característica, a figura de linguagem denominada antítese, relação de opo-
sição de palavras ou ideias. Assinale a opção em que essa oposição se faz claramente presente.

(A) “Amor é fogo que arde sem se ver.”


(B) “É um contentamento descontente.”
(C) “É servir a quem se vence, o vencedor.”
(D) “Mas como causar pode seu favor.”
(E) “Se tão contrário a si é o mesmo Amor?”

B) O poema pode ser considerado como um texto:

(A) argumentativo.
(B) narrativo.
(C) épico.
(D) de propaganda.
(E) teatral.

A questão 1 proposição acima, por exemplo, explora a habilidade de PROCESSAMENTO DO TEX-


TO, em que pretende identificar o conflito gerador do enredo (fragmento) e os elementos que o
constrói. A questão 2 ( A e B) explora a habilidade de IMPLICAÇÕES DE SUPORTE E DO GÊNERO
TEXTUAL, em que se pretende identificar o gênero de diferentes textos, funções da linguagem e
relacionar características do texto à tradição literária em que se inscreve e/ou ao contexto social.

Material de apoio Livros


para o professor COUTINHO, Afrânio. A Literatura no Brasil. Vol 2 era barroca/era neoclássica. 7 ed. Ver. E atual.
São Paulo, Global, 2004.
Considerado como um dos mais completos tratados de história literária, o volume 2 apresenta
o ciclo dos descobrimentos, discute o Quinhentismo português e o mito do ufanismo, analisando
o caráter barroco da literatura dos séculos XVI a XVIII, além de destacar os principais escritores
desse período.

CAMPOS, Haroldo de. O sequestro do Barroco. 2. ed. Salvador: FCJA, 1989.


O crítico e escritor Haroldo de Campos questiona, neste livro, os critérios usados por Antonio
Candido, na sua obra Formação da literatura brasileira, para excluir o Barroco e Gregório de Matos
da nossa história literária, pelo fato de não considerar o movimento sem nenhuma importância

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ou repercussão na nossa literatura. E, Haroldo de Campos discorda e aponta várias razões para
resgatar esse estilo de época em nossa literatura.

HANSEN, João Adolfo. A sátira e o engenho. São Paulo: Schwarcz, 1989.


Neste livro, o autor tece profundos comentários sobre a poesia satírica de o Boca do Inferno,
além de reconstruir historicamente a Bahia do século XVII a fim de explicar a poesia de Gregório
de Matos.

Sites
Literatura no Ensino Médio: uma análise pedagógica. http://ichs.ufop.br/conifes/anais/EDU/
edu2305.htm.3 p.
Trata-se de um pequeno artigo sobre os métodos adotados no ensino de Literatura em algumas
escolas do Ensino Médio de Viçosa. É uma pesquisa de campo que mostra as dificuldades dos
professores em trabalhar nessa área.

VIEIRA, Alice. Formação de leitores de literatura na escola brasileira: caminhadas e labirintos.


http://www.scielo.br/pdf/cp/v38n134/a0938134.pdf. 18 p.
O artigo faz uma abordagem sobre as propostas oficiais do MEC e da Secretaria de Educação do
Estado de São Paulo sobre o ensino da literatura nas escolas, analisando a adoção de diferen-
tes posicionamentos teóricos para o ensino e também o contexto histórico-social de elaboração
dessas propostas. Critica a lacuna existente entre as metas dos documentos oficiais em relação à
realidade vivenciada pelas escolas, alunos e professores.

CEREJA, William Roberto. Uma proposta dialógica de ensino de literatura no Ensino Médio.
http://200.189.113.123/diaadia/diadia/arquivos/File/conteudo/Tese-WilliamCereja-PDF.pdf ou o
livro: CEREJA, William Roberto. Ensino de literatura: uma proposta dialógica para o trabalho com
literatura. São Paulo: Atual, 2005. 208 p.
Nesta tese/livro, o autor faz uma ampla abordagem sobre o que seria ensinar literatura e sugere
alternativas nas quais a literatura dialogue com diferentes linguagens culturais (textos de épocas
diferentes, cinema, música, pintura). Tais sugestões podem ser utilizadas em sala de aula com a
finalidade de desenvolver habilidades de leitura nos alunos e estimular o gosto/prazer de ler.

Seção saber mais MIRANDA. Ana. Boca Do Inferno. São Paulo, Companhia das Letras, 2006, 312 p.
para nossos alunos A obra traça um painel do Barroco brasileiro, conduzindo o leitor pelos meandros da política, da
religiosidade e do verbo afiado de Gregório de Matos e do padre Vieira. Boca do Inferno foi inclu-
ído na lista dos cem maiores romances em língua portuguesa do século XX, publicada pelo jornal
O Globo, e ganhou o prêmio Jabuti de revelação em 1990.
Imagens do Barroco brasileiro comentadas: http://www.itaucultural.org.br/barroco/home.html
Centenas de imagens da pintura barroca aparecem nesse site, sendo uma a uma comentadas .
Imagens de fotos da arquitetura barroca: http://www.fotosearch.com.br/fotos-imagens/barroco.
html
Interessante site com fotos e imagens diversas da arquitetura barroco, mostrando, em algumas
delas, detalhes significativos.
Ouro Preto (Patrimônio Mundial da Humanidade): http://www.iphan.gov.br
Site que apresenta a cidade de Ouro Preto, com sua arquitetura, monumentos desde o período do
barroco brasileiro e também as suas belezas naturais.
Igrejas barrocas no Brasil: http://www.estadão.com.br/divirtaseonline/fotos/barroco/
apresentação.htm
Trata-se de uma visita online no interior e exterior das Igrejas barrocas no Brasil, mostrando sig-
nificativos detalhes.
Aleijadinho: http://www.moderna.com.br/moderna/arte/aleijadinho
Site que fala sobre este excepcional artista, sua vida e obra nas Minas Gerais do século XVIII.

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2º Bimestre

Apresentação Geral do Eixo Bimestral

Identificação do Poesia no barroco / Tirinha e charge


Eixo Bimestral Assume-se a divisão do bimestre em dois eixos: o estudo do texto literário (ênfase no contexto
de produção e de circulação/recepção da obra, valores sociais e etc) e do texto não literário
(procedimentos linguísticos de construção, como vocabulário, parcialidade ou imparcialidade, ar-
gumentos, contra-argumentos, marcas de oralidade, etc), considerando a articulação entre ideias
e proposições entre os diferentes tipos de textos. O uso de textos de gêneros variados, como as
tiras e charges, permite que o/a estudante identifique as marcas discursivas e ideológicas que
suscitam efeitos de sentido bastantes recorrentes nos dias atuais, principalmente pelo fato de as
produções da época servirem como diretriz para a problematização/consolidação dos processos
de formação da identidade nacional brasileira que, ainda hoje, podem ser perscrutadas nos im-
plícitos as sátira social.

Apresentação Geral do Tema

Identificação do Tirinha e charge (Tema 2)


Tema Neste bimestre, o foco de trabalho com os gêneros tirinha e charge consiste basicamente em
reconhecê-las como textos icônico-verbais, nomeadamente por conterem em sua elaboração a
articulação das linguagens não verbal e verbal. Consideradas gêneros midiáticos, tirinha e charge
têm em jornais e revistas seu suporte de circulação privilegiado, o que faz com que integrem, as-
sim como a notícia e a crônica, o quadro esquemático dos gêneros textuais jornalísticos.
Em perspectiva pedagógica, importa destacar que se trata de gêneros de ampla utilização na ela-
boração de atividades sobre o funcionamento da língua e de compreensão textual, compondo
livros didáticos e itens de processos avaliativos externos e vestibulares, o que as torna facilmente
acessáveis para o foco na exploração de estratégias de leitura que privilegiem processos inferen-
ciais, a exemplo da identificação de pressupostos e dos procedimentos discursivos geradores da
ironia e do humor.
Reconhecidamente ricos em implícitos, os gêneros tirinha e charge privilegiam o processo inferen-
cial porque, ao estabelecer relação de continuidade semântica entre as partes do texto, o leitor
organiza os sentidos elaborados no encontro/confronto entre duas instâncias: o texto e a ancora-
gem contextual que lhe confere sentido. Como gêneros textuais, tirinha e charge são portadores
de um repertório de estruturas enunciativas capaz de orientar o leitor quanto à compreensão
básica de sua organização e mobilizam, por sua composição icônico-verbal, conhecimentos textu-
ais – identificados no discurso do autor – e não textuais – ativados pelo conhecimento linguístico
e de mundo do leitor.

Conexões com Leitura


Habilidades e
• Identificar o humor na charge e na tirinha.
Competências
• Identificar na charge a relação entre o texto e o contexto político, histórico e social.
• Caracterizar a situação polêmica, a crítica, o protesto e a ideologia subjacentes aos textos.
• Reconhecer na charge a presença de estereótipos, clichês, referências culturais e discursos so-
ciais.

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Uso da Língua
• Identificar figuras de linguagem que produzem efeito humorístico em tirinhas e charges.

Produção Textual
• Produzir uma charge ironizando um acontecimento que tenha sido noticiado recentemente.
• Produzir uma tirinha, com até quatro quadrinhos, utilizando de recursos humorísticos estuda-
dos.

Sugestões de • Selecionar algumas charges extraídas de jornais e/ou revistas, que mantenham relação com fa-
Atividades tos políticos e socioculturais atuais. A turma deverá ser organizada em grupos, aos quais serão
direcionadas questões em relação à temática e estrutura das charges apresentadas, a fim de
avaliar o domínio que os alunos possuem sobre conceito, temática e estrutura do gênero em
questão. Os alunos deverão apontar, ainda, a relação entre a charge e o contexto que é alvo
de crítica ou sátira, localizar a passagem em que ocorre ironia, metáfora, hipérbole e explicitar
também em que contextos tais passagens encontradas na charge produziriam efeito de humor,
e em quais contextos isso não ocorreria.
• Orientar a pesquisa, em jornais e revistas, de charges recentes relacionadas a temas de discus-
são pública como violência, preconceito, comportamento ou crítica política, por exemplo, a fim
de que sejam analisadas, a partir de um roteiro que tenha com eixo questões que relacionem:
- a identificação do suporte de publicação, a seção em que o gênero encontra-se publicado, o
público-alvo a que este suporte é preferencialmente dirigido e os principais assuntos que este
veículo costuma visibilizar;
- a identificação da situação polêmica criticada/satirizada e o fundamento que a sustenta;
- considerando o papel social dos envolvidos no fato, discutir a repercussão gerada pela charge
entre o público leitor e para os envolvidos no fato criticado;
• Apresentar aos alunos slides que contenham charges relacionadas a diferentes temáticas, a fim
de provocar a discussão sobre a validade das críticas veiculadas; sobre como o conhecimento a
respeito do contexto histórico, político e social de produção da charge influencia para sua com-
preensão e sobre o fato de que, embora provoque o efeito de humor, o gênero Charge possibilita
e objetiva a reflexão séria sobre aspectos da realidade retratada.
• Apresentar aos alunos tiras, cujos quadros estejam em dispostos aleatoriamente e orientar os
alunos a organizá-los conforme a sequência lógica de relação entre as imagens/fatos apresenta-
das. Pode-se, ainda, suprimir o texto verbal de alguns balões, propondo que os alunos elaborem
falas para as personagens, mantendo a coerência da narrativa.
• Organizar a turma em duplas, fornecendo tiras que contenham apenas o texto não verbal, para
que os alunos elaborem todas as falas que preencherão os balões, pautados na sugestão de fa-
tos que as imagens fornecem. Para esta atividade, pode-se também fornecer apenas as imagens
– sem os balões de fala – e sugerir que os alunos explorem a utilização dos tipos de balões de
fala (balão de pensamento, balão uníssono, balão de grito, balão de choro etc.).

Material de apoio Sites


para uso em sala de
aula • www.uol.com.br/humor
Seção de entretenimento do portal UOL onde é possível encontrar disponíveis tirinhas e charges
de Adão Iturrusgarai, Angeli, Millôr Fernandes, Fernando Gonsales, Glauco e Laerte, entre outros.
Ao clicar sobre o cartunista escolhido, o usuário é redimensionado para uma página que con-
tém uma breve identificação do artista, de sua produção, breve identificação das personagens e
uma galeria onde é possível selecionar tirinhas aleatoriamente. Como o site não está bloqueado
é possível utilizar o recurso de cópia e colagem para fins pedagógicos. O site apresenta, ainda,
entrevistas realizadas com importantes artistas do texto icônico-verbal, fornecendo informações
atualizadas sobre o cenário de produção e publicação dos gêneros na contemporaneidade.

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LÍNGUA PORTUGUESA 1ª Série − Ensino Médio

• www.chargeonline.com.br
Site de charges que disponibiliza ao usuário uma chargeoteca que reúne as charges publicadas
nos principais jornais de circulação do país. A página apresenta um índice de navegação no qual
é possível selecionar a charge do dia, uma seleção com as melhores charges do mês e charges de
chargistas internacionais.
• www.monica.com.br
Portal de tirinhas da Turma da Mônica. Disponibiliza ao usuário mais de mil tirinhas, divididas
entre as personagens Magali, Mônica, Cascão, Cebolinha, Anjinho, Penadinho, Bidu, Chico Bento,
Franjinha e Papa Capim, do afamado cartunista Maurício de Souza. Ao clicar em um dos números
da seção no quadro da personagem escolhida, abre-se uma tirinha disponível para cópia e cola-
gem, possibilitando seu uso para fins pedagógicos.
• http://tirinhasdogarfield.blogspot.com.br/
Neste Blog encontra-se disponível uma seleção de tirinhas da personagem Garfield, criação do
cartunista norte-americano Jim Davis. Atualmente, tirinhas e histórias em quadrinhos de Garfield
são publicadas em 2.570 jornais em todo o mundo, atrás apenas pela personagem Peanuts. A
página apresenta uma lista de navegação que redireciona o usuário para páginas que contém
tirinhas de Mafalda (clubedamafalda), criação do cartunista argentino Quino, e de Calvin (deposi-
todocalvin) criadas pelo norte-americano Bill Watterson.
• Análise de Charges: refinando a leitura crítica
http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=20939
Sugestão de Plano de Aula em que é focalizada, dentre os objetivos propostos para a aula, a ha-
bilidade de Relacionar o contexto da charge aos contextos sócio-históricos. A sugestão de Plano
apresenta como sugestão dinamizadora o trabalho em grupo e propõe atividades articuladas que
associam a discussão conceitual sobre o gênero charge à utilização do laboratório de informática
para facilitar a localização dos fundamentos que sustentam o humor, a sátira e a crítica da charge,
com base em sua ancoragem no contexto sociopolítico, histórico e cultural.

Conexão com livros • Coleção Língua Portuguesa: Linguagem e Interação (2010).


do PNLD - FARACO, Carlos Emílio; MOURA, Francisco Marto de; JÚNIOR, José Hamilton Maruxo. Língua
Portuguesa: Linguagem e Interação. Volume 1. São Paulo: Ática, 2010.
Indica-se para os trabalho com o texto icônico-verbal o Volume 1, Capítulo 6 - “Os Textos Icônico-
-Verbais”, que teoriza a respeito da leitura de imagens, dos processos inferenciais envolvidos no
trabalho com textos desta estrutura composicional e sobre as características do texto icônico-
-verbal. No capítulo indicado há, ainda, o enfoque em pressupostos introduzidos por advérbios
e locuções adverbiais, modalizadores e propostas de produção de texto para a criação de textos
icônico-verbais.
Ainda no Volume 1, o Capítulo 1 - “O Conto”, aborda o conceito de Figuras de Linguagem e a
distinção entre Sentido e Efeitos de Sentido, que auxilia na compreensão sobre como é produzido
o efeito de humor.
O Volume 2, apresenta no Capítulo 12 – “Imagem e palavra (II): o Desenho de Imprensa” os con-
ceitos de Charge e História em Quadrinhos e exemplos de textos dos gêneros. Ao conceituar iro-
nia, os autores explicitam sua relação com a tensão argumentativa e seu emprego como recurso
de argumentação, considerando a charge como tipo de texto opinativo. Em perspectiva teórica, os
autores acrescem, ainda, à abordagem de ironia o conceito de derrisão, pontuando as diferenças
entre ironia e sarcasmo. Na seção Produção Escrita, que encerra o Capítulo, são apresentadas pro-
postas de atividades como, por exemplo, a produção de um texto icônico-verbal (tirinha, cartum
etc) que empregue a ironia como recurso para a produção do efeito de humor.

• Coleção Português: Linguagens (2010)


- CEREJA, William Roberto; MAGALHÃES, Thereza Cochar. Português: Linguagens. Ed. reform. Vo-
lume 1. São Paulo: Saraiva, 2010.
Indica-se para a abordagem da relação entre texto verbal e não verbal, o Capítulo 3 – “Lingua-
gem, Comunicação e Interação”, em que a influência do contexto e sua relação para a construção
de sentido é exemplificada através de uma Tirinha da personagem Mafalda, do cartunista argen-

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LÍNGUA PORTUGUESA
1ª Série − Ensino Médio

tino Quino. Embora a tirinha componha uma atividade estruturada como proposta de atividade
para a reflexão sobre a língua há, destacadamente, a ênfase na importância dos elementos que
compõem o jogo social da linguagem, tais como o contexto de enunciação, os interlocutores e a
intenção comunicativa na produção do discurso. Ao trabalhar o conceito de implícito através do
dito e do interdito, a proposta destaca a relação entre as linguagens verbal e não verbal para a
produção de sentido.
O Capítulo 5 - “Figuras de Linguagem” aborda sistematicamente o conceito dos diferentes em-
pregos de palavras como mecanismo para a alteração de sentido e produção de efeitos estéticos,
de ironia e de humor. Novamente as propostas de atividades se utilizam de tiras para a avaliação
do emprego de figuras de linguagem como a hipérbole, a ironia e o eufemismo, que produzem
efeito de humor.

Sugestão de Sugerem-se para avaliação do domínio das habilidades do bimestre, relacionadas ao Tema Tirinha
Avaliação e Charge, as seguintes questões extraídas do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM):
• (ENEM 2000):
Em muitos jornais, encontramos charges, quadrinhos, ilustrações, inspirados nos fatos noticiados.
Veja um exemplo:

Jornal do Commercio, 22/8/93.

O texto que se refere a uma situação semelhante à que inspirou a charge é

(A) Descansem o meu leito solitário


Na floresta dos homens esquecida,
À sombra de uma cruz, e escrevam nela
– Foi poeta – sonhou – e amou na vida.
(AZEVEDO, Álvares de. Poesias escolhidas. Rio de Janeiro/Brasília: José Aguilar/INL,1971)

(B) Essa cova em que estás


Com palmos medida,
é a conta menor
que tiraste em vida.
É de bom tamanho,
Nem largo nem fundo,
É a parte que te cabe
deste latifúndio.
(MELO NETO, João Cabral de. Morte e Vida Severina e outros poemas em voz alta. Rio de Janeiro:
Sabiá, 1967.)

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LÍNGUA PORTUGUESA 1ª Série − Ensino Médio

(C) Medir é a medida


mede
A terra, medo do homem, a lavra;
lavra
duro campo, muito cerco, vária várzea.
(CHAMIE, Mário. Sábado na hora da escutas. São Paulo: Summums, 1978)

(D) Vou contar para vocês


um caso que sucedeu
na Paraíba do Norte
com um homem que se chamava
Pedro João Boa-Morte,
lavrador de Chapadinha:
talvez tenha morte boa
porque vida ele não tinha.
(GULLAR, Ferreira. Toda poesia. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1983).

(E) Trago-te flores, – restos arrancados


Da terra que nos viu passar
E ora mortos nos deixa e separados.
(ASSIS, Machado de. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguillar,1986)

GABARITO: B
Esta questão tem por objetivo avaliar o domínio da habilidade “Identificar na charge a relação
entre o texto e o contexto político, histórico e social”, relacionada ao eixo da competência Lei-
tura, do Currículo Mínimo de Língua Portuguesa/Literatura. O texto-gerador da questão, uma
charge extraída do Jornal do Commercio, adéqua-se ao nível Médio, tanto em relação à linguagem
utilizada quanto ao assunto abordado no texto, haja vista a questão indígena ter sido abordada no
1º Bimestre, cujos temas foram Literatura de Informação e Textos Jesuíticos/Relato de Viagem
e Crônica. Desta forma, a discussão do tema abordado na charge foi antecipadamente subsidiada
pelo descritor “Comparar a representação do indígena na literatura de informação, na jesuítica
e na literatura contemporânea”, que possibilita a transposição da questão indígena, do ponto de
vista das problemáticas enfrentadas por esse segmento da população brasileira, da colonização
para os dias atuais.
Ao antecipar que a charge é geralmente inspirada em fatos noticiados, o comando da questão es-
trutura-se fazendo referência a um dos elementos fundadores do gênero, na perspectiva bakhti-
niana: o conteúdo temático, que se relaciona à finalidade discursiva do gênero em questão. A
menção a “ilustrações” refere-se, no pressuposto bakhtiniano, ao segundo dos elementos funda-
dores do gênero: a construção composicional, ou seja, a presença do texto não verbal como uma
das características comuns aos textos icônico-verbais.
O Gabarito da questão aponta a alternativa B como resposta correta, por ser a que apresenta uma
situação semelhante ao fato ilustrado pela imagem da charge. Intitulada “Demarcação de Terras
Indígenas”, a charge, em linhas gerais, sugere tratar-se de conflitos ocorridos pela disputa histórica
de territórios, hoje entre indígenas e latifundiários, antes entre indígenas e colonizadores, o que
conserva a pertinência da discussão fomentada, embora a charge de Miguel tenha sido publicada
em 1993. O fragmento do poema de João Cabral de Melo Neto, por sua vez, faz alusão ao drama
do retirante nordestino Severino e seu não lugar em face das contradições socioeconômicas.

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LÍNGUA PORTUGUESA
1ª Série − Ensino Médio

(ENEM 2001):
“...Um operário desenrola o arame, o outro o endireita, um terceiro corta, um quarto o afia
nas pontas para a colocação da cabeça do alfinete; para fazer a cabeça do alfinete requerem-se 3
ou 4 operações diferentes; ...”
SMITH, Adam. A Riqueza das Nações. Investigação sobre a sua Natureza e suas Causas. Vol. I. São
Paulo: Nova Cultural, 1985.
Jornal do Brasil, 19 de fevereiro de1997.

A respeito do texto e do quadrinho são feitas as seguintes afirmações:


I. Ambos retratam a intensa divisão do trabalho, à qual são submetidos os operários.
II. O texto refere-se à produção informatizada e o quadrinho, à produção artesanal.
III. Ambos contêm a idéia de que o produto da atividade industrial não depende do conhecimento
de todo o processo por parte do operário.

Dentre essas afirmações, apenas


(A) I está correta.
(B) II está correta.
(C) III está correta.
(D) I e II estão corretas.
(E) I e III estão corretas.

Gabarito: E
Esta questão tem por objetivo avaliar o domínio da habilidade “Caracterizar a situação polêmica,
a crítica, o protesto e a ideologia subjacentes aos textos”, relacionada, no Currículo Mínimo de
Língua Portuguesa e Literatura, ao eixo da competência Leitura.
Os textos-geradores para a questão consistem em uma charge do cartunista Bob Thaves, extraída
do Jornal do Brasil, e um fragmento do livro “A Riqueza das Nações”, de Adam Smith.
Ao propor a relação entre os dois textos – a charge e o fragmento de um texto verbal –, o ela-
borador da questão propõe o julgamento de três afirmações, para que, a relação entre os textos
fornecidos, possibilite identificar a crítica veiculada.
Material de apoio O Gabarito aponta como corretas as alternativas I e III que, respectivamente fazem referência à
para o professor concepção de Frederick Taylor (taylorismo), na qual o processo de produção consiste na divisão
e ênfase em tarefas, objetivando a simplificação e maior rapidez do processo de produção; e ao
processo de alienação, tributário da visão marxista sobre o trabalho. Etimologicamente, a palavra
alienação procede de alienare, alius, que significa “pertencer a outro”, ou seja, o produto do tra-
balho não pertence ao homem, torna-se-lhe alheio.
Em perspectiva interdisciplinar, para a identificação da ideologia, da crítica e do protesto contidos
na charge, acionam-se conhecimentos de História, relacionados à Revolução Industrial e linguísticos,
ao compreender a charge como gênero textual caracterizado por uma limitação temporal – respon-
sável por sua ancoragem a um determinado contexto e situação –, que busca através do humor, da
crítica ou da sátira provocar a reflexão sobre acontecimentos, em geral, de natureza política.

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LÍNGUA PORTUGUESA 1ª Série − Ensino Médio

Material de apoio Livros


para o
• COSTA, Sérgio Roberto. Dicionário de Gêneros Textuais. 2ª ed. rev. ampl. – Belo Horizonte: Au-
professor têntica, 2009.
Ao focalizar as causas propulsoras da recente mudança de paradigma no ensino de língua mater-
na no mundo ocidental, o autor apresenta uma compilação de aproximadamente 500 gêneros
textuais e/ou discursivos - dos consagrados pela tradição e escolarização, até os emergentes do
discurso digital – para os quais fornece descrição, exemplos e contextualização nos suportes de
circulação sociocultural. Reconhecendo a lacuna decorrente da precária socialização das teorias
sobre o texto, em articulação às do ensino, o autor analisa a inclusão do conceito de gênero como
objeto e objetivo da prática de ensino de Língua Portuguesa, em perspectiva, enfatizando aspec-
tos teóricos socio-históricos e interativos que definem o texto.
• DIONÍSIO, Ângela Paiva; MACHADO, Anna Rachel Machado; BEZERRA, Maria Auxiliadora. [Orgs].
Gêneros Textuais & Ensino. São Paulo: Parábola, 2010.
Iniciado pelo artigo “Gêneros Textuais: Definição e Funcionalidade” de Luiz Antônio Marcuschi,
este livro conceitua e contextualiza alguns dos principais gêneros textuais escolarizados como a
partir de sua apropriação pela prática de ensino de Língua Portuguesa. As autoras privilegiam a
discussão de práticas de linguagem que favoreçam a apropriação qualificada das funções da lin-
guagem ao considerar os gêneros sob enfoque enunciativo-discursivo. Dentre seus pontos fortes,
destaca-se, ainda, a discussão sobre as bases teórico-metodológicas que fundamentam a noção
de gênero, com ênfase para a elucidação do equívoco teórico recorrente em torno da diferencia-
ção entre gênero e tipo de texto; e a defesa em torno da criação de modelos didáticos embasados
nos gêneros de circulação extraescolar.
• ROJO, Roxane [Org.]. A Prática de Linguagem em Sala de Aula: Praticando os PCNs. Campinas:
Mercado de Letras, 2000.
A partir do pressuposto de que embora referendados pelos PCNs, os gêneros textuais encontram-
-se ainda consideravelmente ausentes da prática de ensino em língua materna, a autora coteja
propostas de transposição didática pautadas na exploração dos gêneros textuais. Considerando
os documentos curriculares oficiais, enfatiza a importância do trabalho com gêneros como eixo
organizador do currículo de Língua Portuguesa, para que se criem condições de efetivação do
letramento integral, para exercício pleno da cidadania e inclusão no mundo do trabalho. Ao con-
siderar a enunciação como produto da interação social, procede a um detalhamento dos concei-
tos de texto, discurso e gênero (este último, apresentado em cinco agrupamentos, conforme as
finalidades educacionais) e subsidia o leitor a responder a seguinte questão: como as novas con-
cepções decorrentes da teoria dos gêneros orientam a prática de ensino em Língua Portuguesa?

Artigos
• O Gênero Jornalístico Charge no Letramento Escolar
http://www.fw.uri.br/publicacoes/linguaeliteratura/artigos/arll06.pdf
Artigo de Maria Claudia Teixeira e Cristiane Malinoski Pianaro Angelo, da Universidade Estadu-
al do Centro-Oeste, publicado na Revista Língua & Literatura. Fundamentadas nos pressupostos
bakhitinianos e nas orientações norteadoras dos Parâmetros Curriculares Nacionais para ensino-
-aprendizagem de Linguagens e Códigos, as autoras apresentam uma proposta didática para a
abordagem do gênero textual charge, focalizando as habilidades de leitura trabalhadas no Ensino
Médio. Fornecem um roteiro de atividades, elaborado em quatro etapas que percorrem habilida-
des de leitura e características relacionadas ao gênero em questão.

• Sob a ótica dos quadrinhos: uma Proposta Textual-Discursiva para o Gênero Tira.
http://www.ileel.ufu.br/travaglia/artigos/DISSERT_terezinha_nepomuceno.pdf
Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Linguística da Univer-
sidade Federal de Uberlândia, orientada pelo linguista Luiz Carlos Travaglia, atualmente pesqui-
sador e professor do Instituto de Letras e Linguística da mesma universidade. Com clareza e obje-
tividade, Terezinha Nepomuceno apresenta aprofundada exposição sobre o gênero textual Tira,
considerando os enfoques da Linguística Textual, da Análise do Discurso e as concepções da teoria

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LÍNGUA PORTUGUESA
1ª Série − Ensino Médio

sóciointeracionista de Bakhtin, para destacar e caracterizar as marcas estruturais e enunciativas,


definidoras do gênero em questão.

Vídeos
• Matéria sobre Charges na Sala de Aula (1’:51’’)
http://www.youtube.com/watch?v=IuItSUKGs3o
Matéria produzida em 2008 para o programa Holofote da UNIBRASIL. Apresentação sucinta e
dinâmica o gênero Charge, destaca as vantagens de sua utilização em sala de aula para alunos do
Ensino Médio. Com abordagem centrada na importância da leitura de textos icônico-verbais no
mundo contemporâneo, a matéria enfatiza a necessidade de domínio das habilidades relativas
à leitura de charges, tiras, cartuns etc, considerando a crescente apropriação deste gênero por
livros didáticos e exames como vestibulares e avaliações em larga escala. Ao focalizar a charge, o
vídeo destaca a atratividade dos recursos gráficos, a riqueza de sugestões geradas pelo implícito e
o uso do texto icônico-verbal como subsídio para o debate de questões atuais, polêmicas ou não,
e como texto-gerador para a produção escrita argumentativa.

• Sala de Aula: Análise de Charges (05’: 41’’)


http://tv.estadao.com.br/videos,sala-de-aula-analise-decharges,125563,250,0.htm
Análise de duas charges publicadas em 23/11/2010 no jornal O Estado de São Paulo, utilizadas
como estratégia didática para a conceituação e caracterização do gênero textual charge e de seu
domínio discursivo. Ao descrever as charges propostas para análise, o professor do Sistema Ético
de Ensino localiza e destaca as relações entre a charge e o contexto extratextual de sua anco-
ragem, para demonstrar a importância de articulação desse fator para a produção de sentido.
Ao fim do vídeo é proposta uma questão do vestibular da UNICAMP, que utiliza uma tirinha do
cartunista Angeli, exemplificando as relações entre a frase-título da tirinha e a sequência de ima-
gens apresentadas, o que reforça a interação entre as linguagens não verbal e verbal em relação
multissemiótica.

Saiba mais http://www.genevestibulares.com.br/dica-do-professor/charges-e-tirinhas


Site do curso preparatório Gene Vestibulares, disponibiliza dicas sobre resolução de questões,
principais temáticas sugeridas para a produção de textos em exames, exercícios e aulas para do-
wnload. Na seção Dica do professor são apresentados resumos sobre os conteúdos curriculares
de cada Disciplina. O resumo sobre Tira e Charge apresenta ao aluno a descrição de personagens
famosos desses gêneros, abordando sua inclusão em exames como o ENEM.
http://www.guiademidia.com.br/sites/cartoons.htm
Apresenta um índice dos principais cartunistas em ordem alfabética e possibilita o acesso às tiras,
quadrinhos, charges e cartuns, a partir da seleção do nome do cartunista.
http://www.tecmundo.com.br/quadrinhos/12239-como-fazer-suas-proprias-tirinhas-com-me-
mes.htm
Apresenta o passo-a-passo para a criação de tirinhas, a partir de memes, desenhos aparentemen-
te mal feitos, que transmitem reações em quadrinhos são compostos pelos textos não verbal e
verbal. Disponibiliza ao usuário uma interface bastante simples, com ferramentas gráficas para
criação das tirinhas.
http://www.fisicafacil.pro.br/simulado-charges.htm
Simulado online que reúne questões para os gêneros Tirinha e Charge, extraídas do Exame Nacio-
nal do Ensino Médio (ENEM). Embora, nas questões disponíveis para o simulado, note-se o equí-
voco teórico relacionado à atribuição de classificações para os gêneros tirinha, charge e história
em quadrinhos, todas as questões foram extraídas das provas do ENEM, cabendo ao professor
sinalizá-lo para elucidação, o que oportuniza também verificar o domínio das características com-
posicionais dos gêneros em questão.

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LÍNGUA PORTUGUESA 1ª Série − Ensino Médio

http://www.maquinadequadrinhos.com.br/Intro.aspx
Portal criado por Maurício de Souza possibilita a criação de tirinhas e histórias em quadrinhos,
através da disponibilização de pacotes gratuitos limitados, com cenário e personagens, à escolha
do usuário cadastrado. Além disso, há a opção de publicar a tirinha ou história em quadrinhos no
próprio portal e ainda participar de votações, concorrendo à publicação, da tirinha ou história em
quadrinhos criada, na Revista da Turma da Mônica.
http://www.wittycomics.com/
Ferramenta básica para a criação de Tirinhas de até três quadros. Cadastrando-se gratuitamente,
o usuário pode ter acesso à escolha de cenário, personagens, título, balões variados para a cria-
ção/inserção de falas para as personagens.

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