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LÍNGUA PORTUGUESA E LITERATURA BRASILEIRA

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Sumário
NOSSA HISTÓRIA .............................................................................................................. 2

1.INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 3

2. LITERATURA BRASILEIRA ............................................................................................. 5

2.1- Divisão da Literatura Brasileira ..................................................................................... 6


2.2- Era Colonial .................................................................................................................. 7
2.3- Era Nacional ................................................................................................................. 9
3.CARACTERÍSTICAS DA LITERATURA BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA. ................ 17

3.1- Principais Autores e Obras ......................................................................................... 18


4. ESTILO DE ÉPOCA- ESTILO INDIVIDUAL................................................................... 21

5. LITERATURA BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA PARA OS CRÍTICOS. ..................... 23

6. O RACIOCÍNIO CRÍTICO EM ÉPOCA DE PANDEMIA................................................. 25

7. REFERÊNCIAS.............................................................................................................. 27

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NOSSA HISTÓRIA

A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em


atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-Graduação. Com
isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo serviços educacionais em
nível superior.

A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de


conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no
desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de
promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem
patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras
normas de comunicação.

A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável


e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética.
Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de
cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do
serviço oferecido.

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1. INTRODUÇÃO

Literatura do Brasil faz parte das literaturas do Ocidente da Europa. No tempo da


nossa independência, proclamada em 1822, formou-se uma teoria nacionalista que parecia
incomodada por este dado evidente e procurou minimizá-lo, acentuando o que haveria de
original, de diferente, a ponto de rejeitar o parentesco, como se quisesse descobrir um
estado ideal de começo absoluto. Trata-se de atitude compreensível como afirmação
política, exprimindo a ânsia por vezes patética de identidade por parte de uma nação
recente, que desconfiava do próprio ser e aspirava ao reconhecimento dos outros.

Com o passar do tempo foi ficando cada vez mais visível que a nossa é uma
literatura modificada pelas condições do Novo Mundo, mas fazendo parte orgânica do
conjunto das literaturas ocidentais. Por isso, o conceito de “começo” é nela bastante
relativo, e diferente do mesmo fato nas literaturas matrizes.

A literatura portuguesa, a francesa ou a italiana foram se constituindo lentamente, ao


mesmo tempo em que se formavam os respectivos idiomas. Língua, sociedade e literatura
parecem nesses casos configurar um processo contínuo, afinando-se mutuamente e
alcançando aos poucos a maturidade. Não é o caso das literaturas ocidentais do Novo
Mundo.

Com efeito, no momento da descoberta e durante o processo de conquista e colonização,


houve o transplante de línguas e literaturas já maduras para um meio físico diferente,
povoado por povos de outras raças, caracterizados por modelos culturais completamente
diferentes, incompatíveis com as formas de expressão do colonizador.

No caso do Brasil, os povos autóctones eram primitivos vivendo em culturas


rudimentares. Havia, portanto, afastamento máximo entre a cultura do conquistador e a do
conquistado, que por isso sofreu um processo brutal de imposição. Este, além de genocida,
foi destruidor de formas culturais superiores no caso do México, da América Central e das
grandes civilizações andinas. A sociedade colonial brasileira não foi, portanto (como teria
preferido que fosse certa imaginação romântica nacionalista), um prolongamento das
culturas locais, mais ou menos destruídas. Foi transposição das leis, dos costumes, do
equipamento espiritual das metrópoles.

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A partir dessa diferença de ritmos de vida e de modalidades culturais formou-se a
sociedade brasileira, que viveu desde cedo a difícil situação de contato entre formas
primitivas e formas avançadas, vida rude e vida requintada.

Assim, a literatura não “nasceu” aqui: veio pronta de fora para transformar-se à
medida que se formava uma sociedade nova. Os portugueses do século XVI trouxeram
formas literárias refinadas, devidas geralmente à influência italiana do Renascimento, que
em Portugal superou a maioria das formas de origem medieval, talvez melhor adequadas
ao gênio nacional e sem dúvida mais arraigadas na cultura popular.

Esta linguagem culta e elevada, nutrida de humanismo e tradição greco-latina, foi o


instrumento usado para exprimir a realidade de um mundo desconhecido, selvagem em
comparação ao do colonizador. A literatura brasileira, como as de outros países do Novo
Mundo, resulta desse processo de imposição, ao longo do qual a expressão literária foi se
tornando cada vez mais ajustada a uma realidade social e cultural que aos poucos definia
a sua particularidade.

De certo modo, poderíamos dizer, como um escritor italiano, que a literatura


brasileira “é a imagem profunda de um mundo que em vão chamamos terceiro, pois na
verdade é a segunda Europa” (Ruggero Jacobbi).

Portanto, como toda a cultura dominante no Brasil, a literatura culta foi aqui um
produto da colonização, um transplante da literatura portuguesa, da qual saiu a nossa como
prolongamento. No país primitivo, povoado por indígenas na Idade da Pedra, foram
implantados a ode e o soneto, o tratado moral e a epístola erudita, o sermão e a crônica
dos fatos.

A partir daí desenvolveu-se o processo de formação da literatura, como adaptação


da palavra culta do Ocidente, que precisou assumir novos matizes, para descrever e
transfigurar a realidade nova. Do seu lado, a sociedade nascente desenvolveu sentimentos
diversos, nova maneiras de ver o mundo, que resultaram numa variante original da literatura
portuguesa.

A história da literatura brasileira é em grande parte a história de uma imposição


cultural que foi aos poucos gerando expressão literária diferente, embora em correlação
estreita com os centros civilizadores da Europa.

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Esta imposição atuou também no sentido mais forte da palavra, isto é, como
instrumento colonizador, destinado a impor e manter a ordem política e social estabelecida
pela Metrópole, através inclusive das classes dominantes locais. Com efeito, além da sua
função própria de criar formas expressivas, a literatura serviu para celebrar e inculcar os
valores cristãos e a concepção metropolitana de vida social, consolidando não apenas a
presença de Deus e do Rei, mas o monopólio da língua.

Com isso, desqualificou e proscreveram possíveis fermentos locais de divergência,


como os idiomas, crenças e costumes dos povos indígenas, e depois os dos escravos
africanos. Em suma, desqualificou a possibilidade de expressão e visão de mundo dos
povos subjugados.

Essa literatura culta de senhores foi a matriz da literatura brasileira erudita. A partir
dela formou-se aos poucos a divergência, o inconformismo, a contestação, assim como as
tentativas de modificar as formas expressivas. A própria literatura popular sofreu a
influência absorvente das classes dominantes e sua ideologia.

2. LITERATURA BRASILEIRA

A história da literatura brasileira tem início em 1500 com a chegada dos portugueses no
Brasil. Isso porque as sociedades que aqui estavam eram ágrafas, ou seja, não possuíam
uma representação escrita. Assim, a produção literária começa quando os portugueses
escrevem sobre suas impressões da terra encontrada e dos povos que aqui viviam. Ainda
que sejam diários e documentos históricos, esses representam as primeiras manifestações
escritas em território brasileiro.

A Periodização Literária representa o conjunto de eras e escolas literárias, agrupadas


sistematicamente de forma a facilitar o estudo dos escritores e da arte literária. A divisão
das escolas literárias de Portugal e Brasil difere na época em que cada uma começou a se
desenvolver, entretanto, abrigam características semelhantes.

O conjunto de movimentos literários portugueses é: Trovadorismo, Humanismo,


Classicismo, Barroco, Arcadismo, Romantismo, Realismo-Naturalismo, Simbolismo,
Modernismo.

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O conjunto de movimentos literários brasileiros é: Quinhentismo, Barroco, Arcadismo,
Romantismo, Realismo, Naturalismo, Parnasianismo, Simbolismo, Pré-Modernismo e
Modernismo.

A literatura brasileira, considerando seu desenvolvimento baseada na língua


portuguesa, faz parte do espectro cultural lusófono, sendo um desdobramento da literatura
em língua portuguesa. Faz parte também da Literatura latino-americana, a única em língua
portuguesa. Ela surgiu a partir da atividade literária incentivada pelos jesuítas após o
descobrimento do Brasil durante o século XVI.

Bastante ligada, de princípio, à literatura metropolitana, ela foi ganhando


independência com o tempo, iniciando o processo durante o século XIX com os movimentos
românticos e realistas e atingidos o ápice com a Semana de Arte Moderna em 1922,
caracterizando-se pelo rompimento definitivo com as literaturas de outros países,
formando-se, portanto, a partir do Modernismo e suas gerações as primeiras escolas de
escritores verdadeiramente independentes. São dessa época grandes nomes como Manuel
Bandeira, Carlos Drummond de Andrade, Guimarães Rosa, João Cabral de Melo Neto,
Clarice Lispector e Cecília Meireles.

A literatura produzida no Brasil tem papel de destaque na esfera cultural do país:


todos os principais jornais do país dedicam grande parte de seus cadernos culturais à
análise e crítica literária e o ensino da disciplina é obrigatório no Ensino Médio.

2.1- Divisão da Literatura Brasileira

A literatura brasileira é subdividida em duas grandes eras que acompanham a


evolução política e econômica do País. A Era Colonial e a Era Nacional são separadas por
um período de transição que corresponde à emancipação política do Brasil.

As datas que delimitam fim e início de cada era são, na verdade, marcos onde se
acentua um período de ascensão e outro de decadência. As eras são divididas em escolas
literárias, também chamadas de estilos de época.

Na literatura, os Estilos de Época (também chamadas de Escolas Literárias ou


Movimentos Literários) representam o conjunto de procedimentos estéticos que
caracterizam a produção literária de determinado período histórico. Estão concentrados a
partir de características semelhantes entre as obras dos produtores literários, nesse caso,

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os escritores. Em outras palavras, os estilos de época surgem na medida em que os
processos artísticos individuais se tornam repetitivos e constantes.

São assinalados por determinada época histórica de acordo com seus valores
estéticos e ideológicos, criando assim, uma geração de escritores e consequentemente, de
obras literárias que apresentam características semelhantes.

2.2- Era Colonial

A Era colonial da literatura brasileira começou em 1500 e vai até 1808. É dividida em
Quinhentismo, Seiscentismo ou Barroco e o Setecentismo ou Arcadismo. Recebe esse
nome, pois nesse período o Brasil era colônia de Portugal.

• Quinhentismo: é registrado no decorrer do século XVI. Essa é a denominação


genérica de um conjunto de textos que destacavam o Brasil como terra nova a ser
conquistada.

As duas manifestações literárias do período são a literatura de informação e a


literatura dos jesuítas. A primeira possui um caráter mais informativo e histórico
sobre o país; e a segunda, escrito por jesuítas, reúne aspectos pedagógicos. A obra
que mais merece destaque é a Carta de Pero Vaz de Caminha. Escrita na Bahia em
1500, o escrivão-mor da tropa de Pedro Álvares Cabral descreve suas impressões
sobre a nova terra para o rei de Portugal.

Figura: 1
Carta de Pero Vaz de Caminha

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O classicismo é o nome atribuído às manifestações literárias que ocorreram em
Portugal no século XVI, sendo suas principais caraterísticas o antropocentrismo,
universalismo, nacionalismo, predomínio da razão e do equilíbrio e rigor formal.

Por sua vez, o Quinhentismo é o nome da primeira manifestação literária ocorrida no


Brasil no século XVI, após a chegada dos portugueses.

As principais características do Quinhentismo são: literatura Informativa (crônicas


de viagens) baseada em temas sobre a conquista material e espiritual, e a literatura de
catequese.

• Barroco:

É o período que se estende entre 1601 e 1768. Tem início com a publicação do
poema Prosopopeia, de Bento Teixeira e termina com a fundação da Arcádia Ultramarina,
em Vila Rica, Minas Gerais.

O Barroco literário brasileiro desenvolve-se na Bahia, tendo como pano de fundo a


economia açucareira. Dois estilos literários que marcaram essa escola foram: o cultismo e
o conceptismo.

O primeiro utiliza uma linguagem muito rebuscada e, por isso, é também caracterizado
pelo 'jogo de palavras'. Já o segundo, trabalha com a apresentação de conceitos, portanto,
é apontado como 'jogo de ideias'.

Um dos maiores representantes foi o poeta Gregório de Matos, conhecido como


"boca do inferno". Além dele, merece destaque o padre Antônio Viera e seus Sermões.

Surgido com a crise renascentista europeia no período da Contrarreforma, o barroco


representa a escola literária do conflito do corpo e da alma, baseada na busca dos valores
humanísticos donde congrega duas principais características: cultismo (jogo de palavras) e
o conceptismo (jogo de ideias).

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• Arcadismo:

É o período que se estende e 1768 a 1808 e cujos autores estão intimamente ligados
ao movimento da Inconfidência, em Minas Gerais.

Agora, o pano de fundo é a economia ligada à exploração do ouro e das pedras


preciosas. Além disso, destaca-se o relevante papel desempenhado pela cidade de Vila
Rica (Ouro Preto). A simplicidade, a exaltação da natureza e os temas bucólicos são as
principais características dessa escola literária.

No Brasil, esse movimento tem início com a publicação de “Obras Poéticas”, de


Cláudio Manuel da Costa, em 1768. Além dele, merece destaque o poeta Tomás Antônio
Gonzaga e sua obra “Marília de Dirceu” (1792).

Retorno ao modelo clássico, o arcadismo ao contrário do barroco busca a


objetividade, sendo suas principais características: bucolismo (natureza), predomínio da
razão, cientificismo, universalismo e materialismo.

• Período de Transição

Ocorre entre 1808 a 1836.

É considerado um momento inerte da literatura brasileira, marcado pela chegada da


Missão Artística Francesa, em 1816, contratada por Dom João IV.

2.3- Era Nacional

A Era Nacional da literatura brasileira começa em 1836 e dura até os dias atuais.
Começa com o Romantismo e perpassa pelo Realismo, Naturalismo, Parnasianismo,
Simbolismo, Pré-Modernismo, Modernismo e o Pós-modernismo. Recebe esse nome, pois
ela aconteceu após a Independência do Brasil, em 1822.

Nesse período o nacionalismo é uma forte característica, notória na literatura


romântica e moderna.

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• Romantismo

Essa é a primeira escola literária a registrar um movimento genuinamente brasileiro.

O Romantismo no Brasil se inicia em 1836, com a publicação da obra Suspiros


Poéticos e Saudades, de Gonçalves Magalhães.

Perdura até 1881, quando Machado de Assis e Aluísio de Azevedo publicam obras
de orientação Realista e Naturalista.

Figura: 2
Representação de Iracema, por José Maria de Medeiros.

O período romântico no Brasil está dividido em três fases. Na primeira temos uma forte
carga nacionalista, onde o índio é eleito herói nacional (indianismo).

Os autores mais importantes são:

► José de Alencar

►Gonçalves Dias.

No período romântico há o rompimento com a tradição clássica (greco-romana),


sendo suas principais características:

• sentimentalismo

• nacionalismo

• subjetividade

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• individualidade

• egocentrismo

• escapismo

• idealização da mulher.

No segundo momento, os principais temas explorados estão ligados com o


pessimismo e o egocentrismo, onde se destacam Álvares de Azevedo e Casimiro de Abreu.
Já na terceira fase, a mudança é notória tendo a 'liberdade' como mote principal. Os
principais representantes são:

• Castro Alves

• Sousândrade.

• Realismo

No Brasil começa em 1881 quando Machado de Assis publica Memórias Póstumas


de Brás Cubas.

Figura: 3

As principais características são o objetivismo e a veracidade dos fatos, os quais são


explorados por meio de uma linguagem descritiva e detalhados.

Temas sociais, urbanos e cotidianos são apresentados pelos escritores do período.

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Oposto aos ideais românticos, a ideia era mostrar um retrato fidedigno da sociedade.
Além de Machado de Assis, merecem destaque:

• Raul Pompeia

• Visconde de Taunay.

Oposto aos ideais românticos, o realismo pretendeu desenvolver um retrato mais


fidedigno da realidade, sendo suas principais características:

• objetivismo

• veracidade

• contemporaneidade, foco no psicológico das personagens, temáticas social, urbana


e cotidiana.

Figura: 4

Primeira edição de Dom Casmurro, 1900.

• Naturalismo

No Brasil tem início em 1881 com a publicação da obra O Mulato de Aluísio de


Azevedo.

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Figura: 5

Paralelo ao realismo, esse movimento literário também pretendia apresentar um


retrato fidedigno da sociedade, no entanto, com uma linguagem mais coloquial.

Da mesma forma que o movimento anterior, o naturalismo era oposto aos ideais
românticos e apresentava muitos detalhes nas descrições. Entretanto, trata-se de um
realismo mais exagerado onde suas personagens são patológicas.

Além disso, o sensualismo e o erotismo são marcas dessa produção literária.

A obra O cortiço (1890) de Aluísio de Azevedo é um bom exemplo da prosa


naturalista desenvolvida no período. Além dele, destaca-se Adolfo Ferreira Caminha e sua
obra A Normalista, publicada em 1893.

Diante de uma linguagem mais próxima do coloquial, o naturalismo recorre a uma


visão determinista e mecanicista do homem, de forma que propõem apresentar a realidade
com objetividade.

Além disso, outra característica marcante do naturalismo é a presença de


personagens patológicas (desequilibradas e doentias com características de morbidez).

• Parnasianismo

Tem como marco inicial a publicação da obra Fanfarras, de Teófilo Dias, em 1882.
Essa também é outra escola literária que surge paralela ao realismo e o naturalismo.
Todavia, sua proposta era bem diferente e, portanto, foi classificada de maneira
independente.

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Figura: 6

Ainda que os autores do período escolhessem temas relacionados com a realidade,


a preocupação residia na perfeição das formas.

A "arte pela arte" é o mote principal do movimento. Nesse período os valores


estiveram essencialmente voltados para a estética poética, como a métrica, as rimas e a
versificação.

Dessa maneira, houve uma forte preferência pelas formas fixas, por exemplo, o
soneto. Os escritores que se destacaram nesse período formavam a "Tríade Parnasiana":
Olavo Bilac, Alberto de Oliveira e Raimundo Correia.

A maior preocupação dos poetas parnasianos foi a busca do rigor estético, traduzido
na perfeição da forma poética, sendo suas principais características:

• objetivismo

• cientificismo,

• universalismo, culto à forma poética.

• Simbolismo

Começa em 1893 com a publicação de Missal e Broquéis, de Cruz e Souza. Ele vai
até o início do século XX, quando ocorre a Semana de Arte Moderna. As principais
características dessa escola literária são:

• subjetivismo

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• misticismo

• imaginação.

Assim, os escritores do período, apoiados em aspectos do subconsciente, buscavam


compreender a alma humana exaltando a realidade subjetiva. Destacam-se as obras
poéticas de Alphonsus de Guimarães e Augusto dos Anjos.

Esse último, já apresenta algumas obras de caráter pré-modernista.

Movimento literário oposto ao realismo e naturalismo, o simbolismo utiliza da


musicalidade para propor uma arte mais subjetiva, relacionada à imaginação
(subconsciente e inconsciente) e ao irracional.

• Pré-Modernismo

No Brasil foi uma fase de transição entre o simbolismo e o modernismo que ocorreu
no início do século XX.

Aqui, já se via despontar algumas características modernas como a ruptura com o


academicismo e ainda, o uso de uma linguagem coloquial e regional.

A temática mais explorada pelos escritores do período esteve voltada para a


realidade brasileira com temas sociais, políticos e históricos.

Com uma grande produção literária, destacam-se os escritores: Monteiro Lobato,


Lima Barreto, Graça Aranha e Euclides da Cunha.

Surgido a partir dos anos 50, o movimento pós-modernista vigora até os dias atuais
pautados na imprecisão, no hiper-realismo, na individualidade e na busca incessante do
prazer (hedonismo).

Movimento de transição literária entre o simbolismo e o modernismo, o pré-


modernismo despontou no Brasil no início do século XX, sendo composto de uma grande
variedade estética (gama de características) o qual rompeu com o academicismo, ao propor
uma arte mais próxima do cotidiano e da realidade, a partir de uma linguagem coloquial
traduzida no regionalismo e marginalização de personagens.

Da mesma forma, o Modernismo rompeu com o tradicionalismo, propondo uma


libertação estética e formal da arte literária.

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• Modernismo

No Brasil é marcado pela Semana de Arte Moderna, ocorrida em São Paulo em 1922.
É o limite entre o fim e o início de uma nova era na literatura nacional e nas artes como um
todo.

Inspirado nas vanguardas artísticas europeias, o movimento modernista propõe o


rompimento com o academicismo e o tradicionalismo. É assim que a liberdade estética e
diversas experimentações artísticas são apresentadas nesse momento.

Esse período foi dividido em três fases:

• a fase heroica;

• a fase de consolidação;

• e a fase pós-moderna.

Com uma intensa produção poética, muitos escritores se destacaram: Oswald de


Andrade, Mário de Andrade, Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade, Rachel de
Queiroz, Cecília Meireles, Clarice Lispector, Jorge Amado, João Cabral de Melo Neto,
Guimarães Rosa, Graciliano Ramos, Vinícius de Moraes, dentre outros.

• Pós-Modernismo:

A produção artística brasileira passa por intensa transformação após o fim das 1945. Assim,
o pós-modernismo é uma fase de novas formas de expressão que acontecem na literatura,
no teatro, no cinema e nas artes plásticas.

Essa nova postura moldará o imaginário por meio da ausência de valores, a


liberdade de expressão e o forte individualismo. Além disso, a multiplicidade de estilos é
uma marca do período.

A literatura brasileira contemporânea é composta por muitos escritores: Ariano


Suassuna, Millôr Fernandes, Paulo Leminski, Ferreira Gullar, Adélia Prado, Cora Coralina,
Nélida Pinõn, Lya Luft, Dalton Trevisan, Caio Fernando Abreu, etc.

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• Trovadorismo:

Destacam-se os cancioneiros e as cantigas (amor, amigo e escárnio), sendo as


principais características do Trovadorismo: união de música e poesia, uso da emoção,
críticas sociais, ideal cavalheiresco, tradições populares, temas profanos e amorosos.

Destacam-se os cancioneiros e as cantigas (amor, amigo e escárnio), sendo as


principais características do Trovadorismo: união de música e poesia, uso da emoção,
críticas sociais, ideal cavalheiresco, tradições populares, temas profanos e amorosos.

• Humanismo (século XV)

Marcado pela transição do teocentrismo para o antropocentrismo, as principais


características do Humanismo são: foco no psicológico das personagens (crônicas
históricas e teatro) e separação do texto literário e da poesia.

3. CARACTERÍSTICAS DA LITERATURA BRASILEIRA


CONTEMPORÂNEA.

A Literatura Brasileira Contemporânea engloba as produções do final do século XX


e da primeira metade do século XXI, sendo marcada por uma multiplicidade de tendências.

Ela reúne um conjunto de caraterísticas de diversas escolas literárias anteriores,


revelando assim, uma mistura de tendências que irão inovar a poesia e a prosa (contos,
crônicas, romances, novelas, etc.) do período.

Muitas características da literatura contemporânea estão relacionadas com o


movimento modernista, por exemplo, a ruptura com os valores tradicionais. Entretanto, a
identidade nesse momento não é mais uma busca, sendo revelada por uma crise existencial
do homem pós-moderno.

Alguns movimentos vanguardistas que assinalaram a produção contemporânea


foram:

• Concretismo

• Neoconcretismo

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• Poesia-Práxis

• Poesia Marginal

• Poema Processo

As principais características da literatura contemporânea são:

• Mistura de tendências estéticas (ecletismo)

• União da arte erudita e da arte popular

• Prosa histórica, social e urbana

• Poesia intimista, visual e marginal

• Temas cotidianos e regionalistas

• Engajamento social e literatura marginal

• Experimentalismo formal

• Técnicas inovadoras (recursos gráficos, montagens, colagens, etc.).

• Formas reduzidas (minicontos, minicrônicas, etc.)

• Intertextualidade e metalinguagem

3.1- Principais Autores e Obras

• Ariano Suassuna (1927-2014)

Escritor paraibano escreveu poesias e romances, ensaios e obras de dramaturgia.


Desde 1990 ocupou a cadeira 32 da Academia Brasileira de Letras. É autor de “Auto da
Compadecida” (1955) e “O Romance d'A Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai-e-
Volta” (1971).

• Antônio Callado (1917-1997)

Escritor e jornalista nascido em Niterói, Antônio Callado escreveu obras de


dramaturgia, biografia e romances, dos quais se destacam os romances “A Madona de

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Cedro” (1957) e “Quarup” (1967); e as obras de dramaturgia “O tesouro de Chica da Silva”
(1962) e “Forró no Engenho Cananeia” (1964).

• Adélia Prado (1935-)

Nascida na cidade de Divinópolis, em Minas gerais, Adélia Prado escreveu poesias,


romances e contos. De sua produção literária destacam-se: o livro de poesias “Bagagem”
(1976) e o romance “O Homem da Mão Seca” (1994).

• Cacaso (1944-1987)

Poeta mineiro nascido em Uberaba, Antônio Carlos de Brito foi grande destaque na
poesia marginal. De suas obras destacam-se os livros de poesias “Na corda bamba” (1978)
e "Mar de Mineiro" (1982).

• Caio Fernando Abreu (1948-1996)

Escritor gaúcho nascido em Santiago, Rio Grande do Sul, Cai escreveu contos,
romances, novelas e obras de dramaturgia, das quais se destacam: o livro de contos
“Morangos Mofados” (1982) e o romance “Onde Andará Dulce Veiga?” (1990).

• Carlos Heitor Cony(1926-2018)

Nascido no Rio de Janeiro, Carlos é escritor e jornalista, dono de uma vasta obra.
Membro da Academia Brasileira de Letras desde 2000, ele escreveu contos, crônicas,
romances, ensaios, obras infanto-juvenis, roteiros de cinema, telenovelas, documentários,
dentre outros. De sua obra destacam-se os romances “Pessach: a travessia” (1975) e
“Quase Memória” (1995).

• Cora Coralina (1889-1985)

Anna Lins dos Guimarães Peixoto Bretas nasceu em Goiás. Escreveu poesias e
contos utilizando a pseudônima Cora Coralina. De sua obra destacam-se o livro de poesias
“Poemas dos Becos de Goiás e estórias mais” (1965) e o livro de contos “Estórias da Casa
Velha da Ponte” (1985).

• Dalton Trevisan (1925-)

Escritor paranaense nascido em Curitiba, Dalton é um dos mais destacados


contistas da literatura contemporânea. Por ser uma figura excêntrica e misteriosa Dalton
Trevisan ficou conhecido pelo nome o “Vampiro de Curitiba”. De sua obra merecem

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destaque o livro de contos “O Vampiro de Curitiba” (1965) e a recente obra de minicontos
denominada “111 Ais” (2000).

• Ferreira Gullar (1930-2016)

Escritor maranhense nascido em São Luís, Ferreira Gullar é membro da Academia


Brasileira de Letras desde 2014. Escreveu poesia, contos, crônicas, ensaios, memórias,
biografias, das quais se destacam os livros de poesias “Poema Sujo” (1976) e “Em Alguma
Parte Alguma” (2010). Sem dúvida seu ensaio mais conhecido é a “Teoria do não-objeto”
(1959).

• Lya Luft (1938)

Nascida na cidade de Santa Cruz do Sul, no estado do Rio Grande do Sul, Lya é
escritora, tradutora e professora. Possui uma vasta obra literária desde romances, poesias,
contos, ensaios e livros infantis das quais se destacam: “Canções de Limiar” (1964) e
“Perdas e Ganhos” (2003).

• Millôr Fernandes (1923-2012)

Nascido no Rio de Janeiro, Millôr Fernandes é um artista multifacetado. Foi escritor,


jornalista, dramaturgo e desenhista (cartunista). Sua obra literária está repleta de ironia,
humor e sarcasmo, da qual se destaca: “Hai-Kais” (1968), “Millôr Definitivo: A Bíblia do
Caos” (1994) e “A Entrevista” (2011).

• Murilo Rubião (1916-1991)

Escritor e jornalista mineiro, Murilo foi redator de jornal e revista, se destacando na


literatura com sua obra de contos: “O ex-mágico” (1947), “O pirotécnico Zacarias” (1974) e
“O Convidado” (1974).

• Nélida Pinõn (1937-)

Escritora nascida no Rio de Janeiro, Nélida Piñon foi jornalista e editora. Membro da
Academia Brasileira de Letras desde 1989, Nélida escreveu ensaios, romances, contos,
crônicas, e obras de literatura infantil, das quais se destacam o romance “A casa da paixão”
(1977) e o livro de contos “O pão de cada dia: fragmentos” (1994).

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• Paulo Leminski (1944-1989)

Escritor curitibano pertencente à geração mimeógrafo ou literatura marginal, Paulo


escreveu poesia, ensaios, romances, contos, obras de literatura infantil. De sua obra
merecem destaque o livro de poesia “Distraídos Venceremos” (1987) e o romance “Agora
é que são elas” (1984).

• Rubem Braga (1913-1990)

Nascido no Espírito Santo, no município de Cachoeiro de Itapemirim, Rubem Braga


é considerado um dos maiores cronistas do país. De sua obra destacam-se “Crônicas do
Espírito Santo” (1984) e “O Verão e as Mulheres” (1990).

4. ESTILO DE ÉPOCA- ESTILO INDIVIDUAL.

O Estilo Individual ou Estilo Pessoal designa o modo particular utilizado por cada
escritor na composição de suas obras.

Ou seja, representa o conjunto de características estilísticas ou temáticas (na forma


ou no conteúdo da construção poética), o qual fora incluído numa determinada escola
literária, de acordo com a época vivida (contexto-histórico) ou até mesmo pelas
características que ressaltam em sua obra.

Dessa maneira, podemos pensar no escritor Machado de Assis (1839-1908) que está
inserido no movimento romântico e realista, uma vez que sua obra contém características
de ambas as escolas.

Estilo de época é a maneira de ver e de expressar o mundo, refletindo características


próprias de uma época histórica.

Se ocorrer que o escritor sofra uma grande influência religiosa, é certo que o meio
refletirá em sua obra, logo no seu estilo. Já se está em alta é a ciência seja física, social,
biológica refletirá uma visão objetiva, sugere o estilo da precisão.

Toda esta estrutura percebe na literatura, principalmente nos estilos de época da


literatura. Portanto, o melhor meio para entender uma obra ou autor é uma leitura minuciosa

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de sua obra identificando e reconhecendo as características do estilo individual e as típicas
do estilo de época.

Toda a produção literária foi dividida didaticamente em “Eras ou Épocas”.

Dentro delas, surgem as “Escolas, Movimentos ou Correntes”, as quais representam


um período histórico determinado, repleto de escritores e obras, que possuem semelhanças
estilísticas e temáticas e compartilham estilos e visão de mundo.

Note que qualquer obra literária apresenta marcas do contexto em que foi produzida,
seja na esfera social, política, cultural ou ideológica da época em questão.

Na Literatura de Portugal, as Eras são classificadas em:

► Medieval

► Clássica e Moderna.

Sendo que dentro de cada uma há um conjunto de movimentos literários. Veja


quadro 1 abaixo.

Na Era Medieval Estão reunidos os movimentos literários do


Trovadorismo (1189) e do Humanismo
(1418).

Na Era Clássica Encontram-se as escolas: Classicismo


(1527), Barroco (1580) e o Arcadismo
(1756).

Na Era Moderna, Também denominada de Era Romântica,


estão os movimentos: Romantismo (1825),
Realismo-Naturalismo (1865), Simbolismo
(1890) e Modernismo (1915).

Quadro: 1

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5. LITERATURA BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA PARA OS
CRÍTICOS.

Após o ano de 1945 as transformações no Brasil foram enormes, essas mudanças


aconteceram em todos os setores da vida, conflitos iam se sucedendo de maneiras trágicas:
suicídio de Getúlio Vargas, renúncia de Jânio, Revolução de 1964, governos militares,
inflação, AI-5. A censura direcionou a produção da literatura brasileira contemporânea
quebrando o paradigma do modernismo brasileiro.

A renúncia do presidente Jânio Quadros e o golpe militar concebiam um clima de


medo no país que além da censura, aqui enfatizada no âmbito da produção cultural
brasileira, precisou usar disfarces ou retroceder. Em meio a esse caos, em 1970 com a
conquista do tricampeonato mundial de futebol, uma onda de nacionalismo ufanista foi
investida pelo regime militar espalhando-se por todo o país, como instrumento de alienação
para as mentes entorpecendo a consciência da maioria da população por um bom intervalo
de tempo. Dessa forma, a cultura marginalizou-se.

É perceptível que o que se mantém sempre é uma estreita relação com o poder, seja
ele qual for onde o que está em jogo, nesse caso, é o controle da sociedade. Com isso,
alguns poetas aproveitaram todo esse panorama e começaram a escrever ou compor seus
trabalhos seguindo tudo aquilo que viam, ou observavam retratando de forma simples, a
verdade dessa sociedade.

Portanto, surgiram movimentos que mais tarde se tornariam dignos de assumirem


atitudes vanguardistas e acabariam gerando uma tradição, que com a crise de
representação advinda desse período, era negada assumindo um radicalismo que resgata
uma subjetividade, uma linguagem e experiências cotidianas das gerações característica
da literatura contemporânea. Esse ato de negar as tradições é objeto de reflexão sobre a
própria literatura.

Assim, esse ensaio buscará discutir o que os críticos chamam de literatura


contemporânea, literatura essa marcada por uma multiplicidade de tendências, valores,
características estéticas e representação de vozes que reúne um conjunto de aspectos de
diversas escolas literárias anteriores, revelando destarte, um misto de inclinações que irão
inovar a poesia e a prosa.

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Como possível articulação, trabalhar literatura contemporânea é um desafio, tanto
por sua matéria histórica quanto por sua complexidade. Pensar o termo contemporaneidade
já traz indagações suficientes para problematizar um conceito, uma definição.

A transitoriedade e efemeridade do contemporâneo fazem com que seja dificultoso


alcançar essa definição e pensar o sentido de contemporaneidade, pois a ausência de um
projeto ideológico, de um rótulo ou um manifesto que a determine faz com que essa
dificuldade se acentue. Como afirma Schollhammer, “se procurarmos um conteúdo do”
termo que ultrapasse a sua compreensão banal, de indicador da ficção que é produzida
atualmente ou nos últimos anos, poderia apontar para características particulares da
atualidade, como, por exemplo, ser substituto do termo ‘pós-moderno’.

Por mais que o uso do termo “pós-moderno” não agrade de forma alguma os críticos,
pois há pontos em comuns e divergências que não cabem na substituição.

A literatura contemporânea não se acaba em um conceito único, fechado. É termo


vazio a ser preenchida a posterior pela crítica e pela historiografia literária.
Independentemente de ainda não ser denominada por um rótulo, a literatura das últimas
décadas não é produzida, lida por apenas um viés e sim por uma multiplicidade temática e
formal que é explicada por Moriconi (2002) da seguinte forma: “o afastamento da literatura
em relação a uma exigência social ou política mais articulada vai se acentuar a partir dos
anos 80”. “Ideologia / eu quero uma pra viver”, é o brado retardatário do roqueiro Cazuza,
dando o tom da carência de seu tempo. Nessa linha, um aspecto crucial da alegada crise
do final do século é o fato de que os escritores emergentes se veem perdidos, não sabendo
muito bem em que valores ancorarem suas obras.

Cada escritor se vê diante da circunstância de ter que criar seu próprio projeto
individual, o qual deve incluir uma definição ao menos implícita do tipo de destinatário, do
tipo de leitor que quer, pois este também perdeu sua nitidez e homogeneidade.

Se no paradigma modernista escrevia-se para construir a literatura brasileira, no final


do século essa justificativa ética da literatura já não é suficiente, e não há na verdade, por
enquanto, uma vontade tão grandiosa quanto aquela para ocupar o lugar meta-formativo.

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6. O RACIOCÍNIO CRÍTICO EM ÉPOCA DE PANDEMIA.

A partir da década de 70 a produção literária brasileira mudou. As obras produzidas


após o fim do regime militar e da censura “prévia” do Ato institucional n° 5 que, como
enfatiza Pellegrini (2008), “[…] impôs seus ‘padrões de criação’, cortando, apagando,
proibindo ou engavetando incontáveis peças, filmes, canções, novelas de TV, artigos de
jornal, romances e contos”.

E que dessa forma, toda produção que viesse a luz, nesse período, já conteria em
sua forma, elementos que visavam segundo a autora, burlar a percepção do censor, tais
como alusões, elipses, signos e alegorias, numa espécie de código cifrado que só aos
iniciados seria dado esclarecimento.

Para ela, a censura política da ditadura desempenhou dois papéis norteadores da


ficção brasileira, por um lado ela foi formadora da literatura de resistência e por outro lado
ela projetou um novo horizonte de produção, tendo como condutor a solidificação de uma
indústria cultural, principalmente por intermédio da televisão.

A censura foi usada pelo Estado para controlar a produção cultural impedindo a
circulação de certos conteúdos de esquerda e incentivando a produção cultural que
afirmava o status a quo, que assim deu início a um processo de modernização acelerado,
mesmo ocorrendo de forma conservadora.

“Na verdade, um dos aspectos mais importantes para uma visão ampliada do
problema refere-se à consolidação dos esquemas mercantis de produção cultural e literária,
ou seja, à consolidação de uma indústria cultural brasileira”.

Assim, parece claro que reduzir a produção cultural e literária dos anos 70 à
influência exclusiva da censura é deixar de lado o formidável processo de gradativa e
inexorável transformação nos modos de produção cultural como determinante, em última
instância, das novas tendências que se gestavam à sua sombra, e que, a partir da década
de 80, revelaram-se extremamente fortes e atuantes”.

A censura política vetava qualquer tipo de arte ou manifestação cultural já a


econômica impunha uma indústria cultural no país, conhecida como capitalismo selvagem
com o escopo de regular o produto cultural o transformando em mercadoria e vetando
qualquer deles que não se encaixasse nas expectativas.

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Assim, a literatura que antes era vista como criação passa a ser vista como
produção. “Uma das formas de compreender a extensão e os efeitos desse processo, no
Brasil, é analisar como elemento importante o funcionamento do mercado editorial, desde
que, a partir de então, é ele quem definitivamente vai determinar as coordenadas da
produção e consumo no interior do campo literário”.

Com essa produção e simultaneamente urbanização, a literatura passa a valorizar


ambientes urbanos, industriais de produção cultural com a construção de textos literários
imantados de outras linguagens e saturados de signos do universo das imagens
eletrônicas, resultado do diálogo entre a literatura e a publicidade, o jornalismo e, nos
últimos anos, a Internet. Dessa forma, o gosto do público consumidor e a pressa do
mercado influenciam a elaboração do texto ficcional.

Devido ao cinema e a televisão, a urbanização acelerada e a influência cultural


da produção norte-americana, são traços comuns em países de contextos coloniais como
o Brasil e os países da América Latina, onde Candido (2003) afirma que: “nos nossos dias
aparecem outros traços para dar certa fisionomia comum, como, por exemplo, a
urbanização acelerada e desumana, devida a um processo industrial com características
parecidas, motivando a transformação das populações rurais em massas miseráveis e
marginalizadas, despojadas de seus usos estabilizadores e submetidas à neurose do
consumo, que é inviável devido à sua penúria econômica. […] No âmbito cultural, ocorre
em todos os nossos países a influência avassaladora dos Estados Unidos, desde a poesia
de revolta e à técnica do romance até os inculca mentos da televisão, que dissemina o
espetáculo de uma violência ficcional, correspondente à violência real, não apenas na
Metrópole, mas de todos nós, seus satélites”.

Essa incorporação de recursos midiáticos no texto literário, juntamente com a


recorrência ao tema da violência na literatura brasileira, está relacionada também, além do
crescimento desumano das cidades e da influência norte-americana, a outro fator local:
mais uma vez, a ditadura militar.

Uma das linhas de força da literatura contemporânea é a representação da violência.


Para Resende (2008), a literatura contemporânea é marcada por uma multiplicidade de
temas e formas “no momento de descrença nas utopias que remetiam ao futuro”.

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7. REFERÊNCIAS

BELLEZI, Clenir. O Pré-Modernismo. São Paulo Escala, 2005.

BUENO, Alexei. O Pré-Modernismo. São Paulo, Global, 2006.

CANDIDO, A. Literatura e sociedade. São Paulo: Companhia Nacional, 2000. A nova


narrativa. In: A educação pela noite e outros ensaios. São Paulo: Ática, 2003.

MONTEIRO, Clóvis - Esboços de história literária - Livraria Acadêmica - 1961 - Rio


de Janeiro.

GREGÓRIO, de Matos e Guerra. Uma visita ao poeta, BA, BR: Centro de Estudos
Baianos da Universidade Federal da Bahia, Secretaria da Cultura e Turismo do Estado da
Bahia e Fundação Casa de Jorge Amado.

LUCCHETTI, Marco Aurélio (maio de 2014). «Um panorama da ficção científica


brasileira». Jornal do Cinema (19).

MOISÉS, Massaud. História da Literatura Brasileira: O Simbolismo [Notadamente a


segunda parte: Bélle Époque].SãoPaulo,Cultrix,vol.3,1985.

MORICONI, I. A literatura ainda vale? (literatura e prosa ficcional brasileira: estados


da arte – notas de trabalho) In: Congresso Internacional Abralic. 8, 2002. Belo Horizonte.
Anais… Belo Horizonte: UFMG, 2002.

ORTEGA Y GASSET, José. Meditação da técnica. Tradução de Luís Washington


Vita. Rio de Janeiro: Livro Ibero-Americano, 1963.

PELLEGRINI, T. Despropósitos – estudos de ficção brasileira contemporânea. São


Paulo: Annablume; FAPESP, 2008.

RESENDE, B. Contemporâneos: expressões da literatura brasileira no século XXI.


Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2008.

SEVCENKO, Nicolau. Literatura Como Missão. São Paulo, Cia das Letras, 2003.

SCHOLLHAMMER, K. E. Ficção brasileira contemporânea. Rio de Janeiro:


Civilização Brasileira, 2011.

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STADEN, H. Duas viagens ao Brasil. Porto Alegre: L&PM, 2010.

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