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A Revista certeza e o Neo-realismo Cabo-Verdiano
Índice
Introdução..........................................................................................................................3
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A certeza e o Neo-realismo Cabo-Verdeano.....................................................................3
Conclusão........................................................................................................................12
Referencias Bibliográficas...............................................................................................13
Introdução
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A literatura colonial’ relacionada com a África sob domínio português tem um sentido
estritamente ideológico: surge, expande-se e domina a circulação literária relativa às
colónias enquanto elemento escrito preponderante da conformação da visão colonial e
colonialista sobre espaços, povos e culturas tidos como simultaneamente inclusos na
pátria portuguesa, mas aos quais não eram reconhecidos direitos de igualdade em
relação aos da chamada metrópole, em particular cabo verdiano em literaturas africanos.
Desde cedo passou a destacar-se pela profunda preocupação com a perspectiva social,
obtendo assim num dos primeiros estudos sobre literatura colonial portuguesa, Pires
Laranjeira afirma uma junção de ideias de diferentes autores para a mancipação e o
lançamento de claridade, as ideias da negritude espalhando-se pelo mundo com as ideias
marxistas em cabo verdiano.
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A certeza e o Neo-realismo Cabo-Verdeano
Breve historial de Manuel Ferreira e a relação com A Certeza
Segundo Pires & Mata. Durante a II Guerra mundial, em 1941, o escritor Português
Manuel Ferreira neo-realista, chegou a cabo verde (São Vicente) como expedicionário,
integrado numa forca de protecção ao arquipélago. Tivera por mestre chamado “Novo
Humanismo” uma figura ligada ao Sol nascente. Jofre Amaral Nogueira que mais tarde
viveria em Sá da Bandeira. Influindo nas actividades culturais da cidade. Que conhecera
na Cadeia da polícia política. No Porto. Ali viveu durante 6 anos. Assistindo a uma
longa estiagem que provocou milhares de mortos e marcou decisivamente. Casou se
com Orlanda Amarilis, futura escritora, tendo um filho mais velho no arquipélago.
Manuel Ferreira acabaria por se tornar um escritor e, entre 1974 e o momento actual.
Após a sua morte em 1992 no maior especialista das Literaturas Africanas de Língua
Portuguesa. (1995,p.214)
Segundo Pires & Mata (1995,p.214) O grupo fundou a Revista Certeza em 1944. Que
saíram dois números chegando um terceiro a ser impresso mas logo proibido pela
censura. Para além de Manuel Ferreira integravam o grupo em Cabo Verde como:
Arnaldo Franca, Guilherme, Orlanda Amarilis, entre outros.
-Mamãe!
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Serão nossas.
Logo no ano seguinte da publicação da revista. Jaime Figueiredo. Que estivera ligado ao
impulso inicial da Claridade. Escreveria um texto radiofónico de apreciação não
inteiramente favorável ao livro de poemas de longe. A revista abria com um poema de
Nuno Miranda efectivamente menos significados do que o de António Nunes.
Segundo Ferreira (1985,p.269) considera que a Certeza não se preocupou com as raízes
crioulas do arquipélago (língua e cultura Crioulas) sintonizando antes com a ideologia
subjacente ao Neo-realismo e, portanto, como que preocupando-se com o genérico
homem dominado. Ora foi precisamente o poeta António Nunes que no texto de
apreciação ao seu livro se fixou no “tipismo da temática Crioula”, decerto por se
encontrar longe da terra e esse fundo cultural popular se ajustar a necessidade de criar
uma atmosfera insular. O que estava fora incidia o olhar sobre o íntimo cultural; os que
estavam dentro porque eram demasiados jovens, alheavam-se por desconhecimento da
realidade etno-cultural visando a universalização da denúncia sem todavia chegarem a
um estádio de desenvolvimento capaz de operar uma síntese radicalmente inovadora.
Ferreira diz ainda que a Certeza “ não formou um grande poeta da literatura Cabo -
Verdiana”.
O romance Faminto 1962 escrito nos anos 40 enquadra-se nos pressupostos do Neo-
realismo tal como de certo modo na denúncia de situações e nas revindicações de uma
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identidade. O livro de poemas Clima 1963,saídosambos no Brasil. Este ultimocontem
evocações da pertença ao mundo negro e do apelo crioulista, o que torna um texto
híbrido, no cruzamento de múltiplas vias: Neo-realismo, Negritude, Crioulidade.
Ferreira citado por Pires & Mata (1995,p.215) aponta como pecha maior do Romance o
verbalismo nas falas das personagens que interfere com o equilíbrio da estrutura e a
“autenticidade”. Todavia taxando-se de “documento generoso e libelo acusatório”. De
facto escrito numa linguagem perceptível a qualquer leitor, sem preciosismo barro
quizantes ou nefelibatas, é assumido pelo autor (que viu proibido pela Censura
Brasileira) como testemunho Ficcional a partir de muitos casos vividos por ele próprio
ou de que tomou conhecimento através dos protagonistas. A sua forca e simultânea
fraqueza, reside, pois, no desejo de se constituir como um testemunho nu e cru, alheio
as existências de evolução literária que o próprio romance neo-realista português cuidou
de seguir. Famintos é assim pelas razões apontadas um dos mais legítimos textos do
neo-realismo africano de língua portuguesa.
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Teixeira, exemplo de romance de retorno a terra-mãe e costumes de inquérito social,
pedagógico. A linguagem dos seus romances possibilita-lhe uma apreensão e
compreensão universais pondo-o em sintonia com uma cabo-verdiana do seu universo.
Pires & Mata (1995).
Segundo Pires & Mata (1995,p.216). Afirma que o Aguinaldo Fonseca, ao publicar
alguns poemas negritudinistas no livro “linha horizonte em 1951, tornava-se o primeiro
poeta cabo-verdiano a usar a África e o negro como temas propícios a uma leitura de
compromisso rácico. Num arquipélago e numa cultura que tem passado por intocada
pela herança negritudinista. Os poemas da negritude incluídos no livro eram os
seguintes: “Mãe negra”, “Magia Negra”, “Revolta” e o “Choro na noite” tais textos não
mereceram a selecção de Mário de Andrade e de Francisco José, no caderno da
Negritude de 1953.
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das culturas negras introduzidas no arquipélago”. Em nota final o Mariano escrevia “
preferi no título o termo Negritude ao de Africanidade. E isto por me parecer que a
negritude é um dos vários modos por que se exprime a Africanidade e porque de entre
esses vários modos, nacionais ou sub-nacionais, por que se manifesta a civilização
africana, o que mais de perto interessa ao estudioso cabo-verdiano são as culturas afro-
negras”.
Todos os responsáveis deste “programa Indicador” como lhe chamou Ferreira, saíram
cedo de Arquipélago, tal como Romano Teixeira nos textos acabam por não realizar as
intenções de revalorização da cultura afro-cabo-verdiana, senão pontualmente, mas sem
grande expressão. Na sequência do neo-realismo, aprofundam a denúncia social,
explicitando situações concretas de exploração e miséria, elegendo como tema central
de uma quantidade significativa de texto a emigração dos Cabo-verdianos para as rocas
de São Tome.
Onésimo Silveira, com Hora Grande de 1962 publicado no Huambo (Angola) procura
representar o drama da migração do povo Cabor-verdiano, dos contratados (em poema)
do retornado da América que alimenta a fome real dos filhos com história “ de sereias e
farturas”.
O poema que do título ao livro “hora grande” retoma a recusa da obsessão do mar como
motivo de lirismo e maravilhoso, pregando o retorno ao telurismo e o abandono do
talassoricismo:
“O mar sairá/Das nossas Ilhas (…) o mar ira para o mar/E limpos
finalmente do lodo das algas/ e libertos do sal do nosso sorriso de
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enteados/seremos frutos de Nos mesmo/Nascendo da barriga negra da
terra”.
Num dos três poemas “Redenção” do 1º livro incluía uma narrativa “ toda agente fala
sim Senhor! De 1960 escrito em São Tome e publicado por Imbondeiro (de Sá da
Bandeira), já estavam acoplados os motivos do povo, da dança de origem africana, da
chuva e da cor de pele, além da escrita em crioulo:
Tudo niguépláGamboá
Ao rompe da manha
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A literatura cabo-verdiana tivera o seu ponto de partida com o movimento
claridoso produzindo uma literatura de exportação, a qual se encontrava em
estado de inautenticidade, sem traduzir nem produzir uma mentalidade
consciencializada.
Os claridosos simplificaram a questão, criando uma imagem estereotipada do
homem cabo-verdiano, através de uma poetização individualista e subjectiva,
transferindo para a poesia a frustração de não poderem conhecer ou viver em
meios mais ocidentalizados, descurando as causas históricas, económicas,
sociais e politicas dessa emigração do ilhéu.
O pontífice sacrossanto, do evasionismo era Jorge Barbosa, Fautor de um
“enganoso e romântico estereótipo”.
A literatura Claridosa podia caracterizar – se como “ realismo paisagístico”
Os romances Chiquinho e Os flagelados do Vente leste eram criticáveis,
respectivamente, o 1º por rer “escassas páginas” sobre as crises originadas pela
morte de milhares de pessoas, devido a seca e o 2º por se enquadrar num “
realismo puramente descritivo, de que esta ausente uma intenção social
reformista; era criticável também a narrativa de António Gonçalves. Pires &
Mata (1995,p.121)
Pedirei
Suplicarei
Chorarei
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Atirar-me-ei ao chão
Gritarei
Berrarei
Matarei
Dentro da nossa série de artigos de “As Aulas no Cinema” estamos a dedicar vários
depoimentos àquelas mulheres que no mundo lusófono destacaram em alguns campos da
cultura, da ciência e do ensino. É certo que são os campos da educação, a música, a canção
e a literatura, aqueles onde dentro do mundo lusófono, têm destacado mais mulheres.
Como é o caso da importante especialista em literatura dos países da Lusofonia,
nomeadamente dos africanos, a que dedicamos o nosso presente artigo.
Por isso, dentro da série que estou a dedicar às mais importantes personalidades do mundo
lusófono, onde a nossa língua internacional tem uma presença destacada, e, por sorte, está
presente em mais de doze países, sendo oficial em oito, dedico este depoimento, que faz o
número 148 da série geral que iniciei com Sócrates, a uma escritora, investigadora literária
e professora santomense conhecida como Inocência Mata, nascida no ano 1957 na ilha
africana do Príncipe. Com este depoimento, a ela dedicado, completo o número trinta e seis
da série lusófona.
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Conclusão
Durante esta investigação feita é com profundo orgulho as experiencias dadas entre os
três autores e investigadores nomeadamente Pires laranjeira Manuel Ferreira e
Inocência, na aquisição dos seus conhecimentos sobre a revista certeza em particular
cabo verdiano, que o número da Revista de Estudos Literários que agora se publica
contempla, na sua secção temática, um domínio de estudos que nos últimos anos tem
conhecido um desenvolvimento acelerado, em vários planos. Um desenvolvimento que,
não há que escondê-lo, não é imune a vontades e a projectos políticos, com marca
ideológica indisfarçável. Aquilo a que, para a Conceição e organização deste número,
chamamos Literaturas Africanas de Língua Portuguesa corresponde a uma área muito
ampla de produção literária, com manifestações desiguais em países que resultaram,
enquanto Estados independentes, da descolonização portuguesa subsequente a 1974 em
cabo Verdiano.
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Referencias Bibliográficas
Ferreira, M. (1985). A aventura Crioula. 3ª Edição. Revista Lisboa Portugal.
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