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Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Educação à Distância

Momentos da Literatura nas colónias portuguesa e distinção da Literatura Colonial e


nacional

Silva…….. – Código: ………..

Nampula, Abril de 2023


Universidade Católica de Moçambique
Instituto de Educação à Distância

Momentos da Literatura nas Colónias Portuguesa e Distinção da Literatura Colonial e


Nacional

Silva…….. – Código: ………..

Trabalho de carácter avaliativo no


âmbito da cadeira de LALP, 4º ano de
frequência, curso de Licenciatura em
Ensino de Português, Turma “_”, 1a
cessão, leccionada pela,

MA:

Nampula, Abril de 2023

i
Índice
Introdução...................................................................................................................................3

1. Percurso das literaturas africanas de expressão portuguesa e sua divisão..............................4

1.1. Literatura colonial Vs Literatura Nacional..........................................................................4

1.1.1. Literatura colonial.............................................................................................................4

1.1.2. Literatura Nacional...........................................................................................................5

1.3. Divisão da Literatura Africana em Língua Portuguesa........................................................7

1.4. Relação entre literatura Moçambicana com a Angolana.....................................................8

1.5. Aspectos formais e temáticos dos textos literários de autores mais representativos em
Moçambique e Angola................................................................................................................8

2. A problemática geral das literaturas africanas........................................................................9

Conclusão..................................................................................................................................10

Bibliografia...............................................................................................................................11

ii
Introdução

O aparecimento das literaturas de língua portuguesa na África resultou, por um lado, de um


longo processo histórico de quase quinhentos anos de assimilação de parte a parte e, por
outro, de um processo de consciencialização que se iniciou nos anos 40 e 50 do século XIX,
relacionado com o grau de desenvolvimento cultural nas ex-colónias e com o surgimento de
um jornalismo por vezes activo e polémico que, destoando do cenário geral, se pautava numa
crítica severa à máquina colonial.

O trabalho possui dois tipos de objectivos: Geral e Específicos. No que concerne ao objectivo
geral, temos o seguinte: De forma clara e eficiente, pretende-se trazer o percurso das
literaturas africanas de expressão portuguesa e a sua divisão, posteriormente fazendo uma
análise sobre a problemática geral das mesmas. E temos objectivos específicos que se
resumem nos seguintes: Distinguir a Literatura Colonial da Literatura Nacional; Relacionar a
literatura Moçambicana da literatura Angolana; analisar a problemática geral das literaturas
africanas.

iii
Quanto a metodologia, recorreu-se a consulta bibliográfica numa abordagem qualitativa e,
como técnica, fez-se uma leitura exaustiva, análise facial das fontes usadas e os dados foram
sintetizados de forma descritiva.

O trabalho está estruturado da seguinte maneira: introdução, desenvolvimento e inclui uma


conclusão ao menos parcial, mediante a sua abordagem, inclui igualmente uma bibliografia
final da fonte usada. Como técnica, fez-se uma leitura exaustiva, análise facial das fontes
consultadas.

1. Percurso das literaturas africanas de expressão portuguesa e sua divisão

De acordo com Covane (2014)Ç

As literaturas africanas em língua portuguesa tiveram seu desenvolvimento a partir da


secunda metade do século XIX, como não poderia deixar de ser, tratando-se de países
africano, dotados em sua maioria por culturas de tradições (embora não
exclusivamente). Diferentemente da produção colonial africana, mas as literaturas
africanas adoptaram um ponto de vista do colonizado, “de dentro para fora” (p.5).
O momento em que se verifica o início de regularidade na actividade literária e, nos moldes
ocidentais, cultural na África está intimamente ligado à implantação, ao desenvolvimento e à
ampliação do ensino privado ou sancionado pelo Governo da Metrópole.

A literatura africana de expressão portuguesa nasce de uma situação histórica


originada no século XV, época em que os portugueses (cronistas, poetas,
historiadores, escritores de viagens, homens de ciências e das grandes literaturas
europeias) iniciaram a rota de África, continuando depois pela Ásia, Oceânia e
América (Santili, 1985, p.18).

iv
Com efeito, a partir do século XV, inicia-se o processo de colonização em África, o que
condiciona, séculos mais tarde, o aparecimento de nova literatura, a literatura colonial (1900-
1939).

A produção literária nos países africanos divide-se em duas fases: a da literatura colonial e a
das literaturas africanas.

1.1. Literatura colonial Vs Literatura Nacional

Nesta parte, pretendemos distinguir a literatura colonial da literatura nacional.

1.1.1. Literatura colonial

A primeira, a literatura colonial, define-se essencialmente pelo facto de o centro de universo


narrativo ou poético se vincular ao homem europeu e não ao homem africano.

No contexto da literatura colonial, por décadas exaltadas, o homem negro aparece


como que por acidente, por vezes visto paternalistamente e, quando tal acontece, é já
um avanço, porque a norma é a sua animalização ou coisificação. O branco é levado a
categoria de Heroi mítico, o desbravador das terras inóspitas, o portador de uma
cultura superior. Por exemplo: “o único pais que pode explorar seriamente África é
Portugal” (prefácio de Manuel pinheiro chagas a “Os Sertões d’África, 1880, de
Alfredo de Sarmenro onde alias se pode ler sobre o negro: “é um homem na forma
mas os instintos são de fera”, p. 87). Paradoxalmente o branco é eleito como o grande
sacrificado (Covane, 2014, p. 6).
Predominavam então as ideias de inferioridade do homem negro, que teóricos racistas, Como
Gobineau, haviam derramado e para as quais teria contribuído o filósofo Lévy-Bruhl com a
sua tese de mentalidade pré-lógica, sendo certo, embora, que a renunciou pouco antes de
morrer.

Era uma literatura profundamente racista, onde predominavam as ideias de


inferioridade do homem negro, que teóricos racistas, como Gobineau, haviam
derramado, e para as quais teria contribuído o filósofo Lévy Bruhl com a sua tese de
mentalidade pré-lógica. Importa dizer ainda que, nesta literatura, a África era vista
apenas como uma linda paisagem, ou um paraíso, e o protagonista dessa paisagem era
o homem europeu. Trata-se, pois, de uma literatura caracterizada fundamentalmente
pela exploração do homem pelo homem1.
É preciso dizer que estes discursos racistas eram fruto da mentalidade da época, no ponto de
vista político-social. Todavia, houve alguns escritores como João de Lemos (Almas Negras) e
José Osório de Oliveira (“Roteiro de África”) que tentaram entender a mentalidade do homem
negro, pois há nas suas obras uma intenção humanística.

Logo no último quartel do século XIX encontram os pioneiros desta literatura. Mas é
no período 20/30 que ela vai atingir o ponto mais alto, na quantidade, na marca
1
Secco, C. L. T.R. (2003). A magia das letras africanas: ensaios escolhidos sobre literaturas de Angola,
Moçambique e alguns outros diálogos. Rio de Janeiro: ABE Graph. P. 37.
v
colonialista, na aceitação do público que esgota algumas edições, com certeza
motivado pelo exótico. Ai se destaca um naipe todo ele incapaz de apreender o
homem africano no seu contexto real e na sua complexa personalidade. É certo que
justo será destacar pela qualidade de sua escrita João de Lemos, “almas negras”, 1937,
porque nele, apesar de uma deficiente visão, se denota um mérito esforço de análise e
intenção humanística. Mas escritor português, manietado pela distanciação
colonialista, por norma, dá ao seu discurso um sentido racista, hoje de inconcebível
aceitação (COVANE, 2014, p. 7).
São precisamente as duras e condenáveis características da literatura colonial, e os outros
factores como a criação e desenvolvimento do ensino oficial e o alargamento do ensino
particular, a liberdade de expressão, a instalação da imprensa (a partir da década de 40 do
século XIX) que vão propulsionar o aparecimento de uma nova literatura a que se
convencionou chamar de literatura africana de expressão portuguesa.

1.1.2. Literatura Nacional

O aparecimento das literaturas de língua portuguesa na África resultou, por um lado,


de um longo processo histórico de quase quinhentos anos de assimilação de parte a
parte e, por outro, de um processo de conscientização que se iniciou nos anos 40 e 50
do século XIX, relacionado com o grau de desenvolvimento cultural nas ex-colónias e
com o surgimento de um jornalismo por vezes activo e polémico que, destoando do
cenário geral, se pautava numa crítica severa à máquina colonial. Parte das
manifestações literárias desse período pode ser rastreada em algumas publicações,
como nos volumes do Almanach de lembranças e nos vários números do Almanach de
lembranças luso-brasileiro, livrinhos “cheios de informações “úteis” que continham,
também, “bons versos e prosas, firmados por autores conceituados” ( CHAVES,
1999, p. 29.).
Marcadas pelo colonialismo português os conflitos e relações que esta forma
administrativa acarreta, foram com o passar do tempo, inspiração constante na
literatura das então colónias de Portugal, actuais países de Cabo Verde, São Tomé e
Príncipe, Guiné-Bissau, Angola e Moçambique. Por ter sido, o fazer literário nesses
países, muita das vezes, formas de resistências e militâncias, serão exactamente estas
nuances que marcam as relações colonizador e colonizado e as demais buscas de
afirmação identitária que elas acarretam. A literatura então passa a construir em forma
de militância politica, de denuncia, de busca de uma identidade, a ideologia para a
independência e afirmação de identidades nestes países (Covane, 2014, p. 5).
Com efeito, quatro anos mais tarde, após a instalação da imprensa em Angola, ocorre a
publicação do livro “Espontaneidade da minha alma” (1949) do angolano mestiço José da
Silva Maia Ferreira o primeiro livro impresso na África lusófona, mas não a mais antiga obra
do autor africano.

Ao produzir literatura, os escritores forçosamente transitavam pelos dois espaços, pois


assumiam as heranças oriundas de movimentos e correntes literárias da Europa e das
Américas e as manifestações advindas do contacto com as línguas locais. Esse embate que se

vi
realizou no campo da linguagem literária foi o impulso gerador de projectos literários
característicos dos cinco países africanos que assumiram o português como língua oficial 2.

Por pesquisas que recentemente se levanta a cabo é anterior aquele, pelomenos, o


conhecimento do poemeto da cabo-verdiana Antónia Gertrudes Pusish, "Elegia à memória das
infelizes vítimas assassinadas por Francisco de Mattos Lobo, na noute de 25 de Junho de
1844”, publicado em Lisboa no mesmo ano. Entretanto não será deslocado citar o tratado dos
reinos de Gunie escrito em 1594, da autoria do cabo verdiano Ander Alves de Almeida; e de
origem Cabo Verdiana supõem ser André Dornelas, autor do século XVI, que assina uma
descrição do Guiné.

Tal, porem, não se autoriza a remontar as origens da poesia angolana a tão recuados tempo,
como já, com alguma intemperanças se quer insinuar. Repondo, por isso, a questão com certa
objectividade pode afirmar-se que a literatura africana chama a si mais de um século de
existência. Este longo período de mais de um século de actividade literária está, porém,
contido em duas grandes linhas: a literatura colonial e a literatura africana de expressão
portuguesa.

O tempo histórico, o tempo cultural, para quem ideologicamente, era incapaz de se furtar à
insidiosa instauração do fascismo em Portugal e à inscrição legal do assimilacionismo (aí
vinha já o celebre acto colonial, de 1930), não permitia ou não ajudava a uma tarefa de tal
norma, que rejeita meros propósitos e exige uma reformulação da mentalidade do europeu.
Hoje não há lugar para dúvidas: muitas dessas obras estão condenadas ao esquecimento,
salvando-se aquelas que, apesar de prejudicadas pelas contingências de uma época e de uma
mentalidade colonial, evidenciam, contudo, um esforço humanístico e uma real qualidade
estética. Mas, no conjunto, a história vai ser de uma severidade implacável e arrumará a quase
totalidade desta literatura no discurso da acção colonizadora ou no nacionalismo imperial,
saudosista e deslumbrado.

1.3. Divisão da Literatura Africana em Língua Portuguesa

Manuel Ferreira (1989) discute a emergência da literatura (sobretudo da poesia) nos espaços
africanos colonizados pelos portugueses, propondo a observação de quatro momentos.

No primeiro, destaca o teórico que o escritor está em estado quase absoluto de


alienação. Os seus textos poderiam ter sido produzidos em qualquer outra parte do
mundo: é o momento da alienação cultural. Ao segundo momento corresponde a fase

2
Cfr. COSTA, José Francisco. Poesia africana de língua portuguesa. Cronópios, Literatura e Arte no Plural, São
Paulo: Bitnick Comunicação. 2006.
vii
em que o escritor manifesta a percepção da realidade. O seu discurso revela influência
do meio, bem como os primeiros sinais de sentimento nacional: a dor de ser negro, o
negrismo e o indigenismo. O terceiro momento é aquele em que o escritor adquire a
consciência de colonizado. A prática literária enraíza-se no meio sociocultural e
geográfico: é o momento da dessalinação e do discurso da revolta. O quarto momento
corresponde à fase histórica da independência nacional, quando se dá a reconstituição
da individualidade plena do escritor africano: é o momento da produção do texto em
liberdade, da criatividade e do aparecimento de outros temas, como o do mestiço, o da
identificação com África, o do orgulho conquistado (Cfr. Ferreira, 1989, p. 87).
De acordo com Covane (2014, p. 7), de uma forma geral, o percurso da literatura de expressão
portuguesa divide-se em 5 momentos que se sequem:

1o Momento: No primeiro momento, o escritor esta quase em estado absoluto de alienação,


inteiramente absolvido pela cultura colonizadora, reproduzindo seus ideias. Os seus textos
poderiam ter sido reproduzidos em qualquer outra parte do mundo: é o menosprezo e a
alienação cultural.

2o Momento: O segundo momento corresponde à fase em que o escritor ganha a percepção da


realidade, apontando distinções geográficas, sociais, etc. em relação à metrópole. O seu
discurso revela influência do meio, bem como o primeiros sinais de sentimento nacional: é a
dor de ser negro; o negrismo e o indigenismo.

3o Momento: O terceiro momento é aquele em que o escritor adquire a consciência nacional


de colonizado. Liberta-se, promovendo um pensamento dialéctico entre raízes profundas e
coibição de sujeição colonial: a prática literária enraíza-se no meio sócio cultural e
geográfico: é a fase da descolonização e o discurso da revolta.

4o Momento: O quarto momento corresponde à fase histórica da independência nacional,


quando se dá a reconstituição da individualidade plena do escritor africano: é a fase da
produção do texto em liberdade, da criatividade.

5o Momento: O quinto momento é marcado pela despreocupação, em valorizar-te


excessivamente a Africanidade: as fragilidades humanas, as vulnerabilidades é que são, agora
enfatizadas.

Segundo Manuel Ferreira (1989),

O entendimento da literatura africana passa pela compreensão da perspectiva dinâmica


que orienta a produção literária, que faz com que esses momentos não sejam rígidos
nem inflexíveis e permite que um escritor, muitas vezes, atravesse dois ou três deles:
no espaço ontológico e de criatividade poética do escritor movem-se valores do
colonizador que são dados adquiridos, funcionam valores culturais de origem e há
sempre a consciência de valores que se perderam e que é necessário ressuscitar
(Ferreira, 1989).
viii
1.4. Relação entre literatura Moçambicana com a Angolana

É comum, na maioria das obras das literaturas africanas de expressão portuguesa, exprimir o
valor cultural da oralidade, defendendo, inclusive, a sua importância, fazendo, assim, com que
o leitor reflicta sobre a tradição oral africana.

As duas literaturas relacionam-se na medida em que ambas lutavam contra as marcas


imperialistas ocidentais no continente africano e contra a subjugação do negro, sobre tudo a
contestação do imperialismo português nas terras africana.

Também relacionam-se com suas escritas revolucionárias em que os seus autores contribuíam
para que o discurso oficial hegemónico se esvazia-se e perdesse a sua aura, reiterando, de
forma dramática, a urgência de uma reinterpretação da História.

1.5. Aspectos formais e temáticos dos textos literários de autores mais representativos
em Moçambique e Angola

A veiculação de Mensagem foi curta, mas abriu espaço para que novas iniciativas de cunho
ideológico-cultural fossem criadas em Angola. Sendo assim, surge Cultura II (1957-1961),
com a participação de alguns militantes de Mensagem e outros intelectuais interessados em
encontrar uma estratégia capaz de suprir as falhas do projecto cultural que vislumbrava a luta
pela construção da identidade nacional:

Em Cultura II levantava-se a questão cultural em suas vinculações com os problemas


sócio-económicas de Angola, de forma que se considerava a acção cultural
"defeituosa" enquanto tais problemas não se resolvessem. Aí se agruparam Agostinho
Neto, Antero Abreu, Mário Lopes Guerra (Benúdia), Carlos Ervedosa, Costa Andrade
(Angolano Andrade ou Africano Paiva), Luandino Vieira, Oscar Ribas (Santilli, 1985,
p.15).
Assim, se Angola avançou significativamente no plano ideológico e cultural por meio dos
textos literários publicados a princípio em jornais e periódicos, Moçambique também viu
nascer um projecto semelhante, embora um pouco mais tarde, devido ao alto índice de
analfabetos. A imprensa representa a mola mestra na formação do primeiro reduto capaz de
criar uma atmosfera capaz de romper o silêncio imposto pela máquina colonial.

A literatura moçambicana segue os mesmos carris tais como seguia Angola: Pré-colonial e
colonial, afro-cêntrica e luso-tropicalista, nacional e pós-colonial.

No que respeita ao aspecto temático, há, contudo, uma insistência na reivindicação de


valores culturais outros, especialmente em Moçambique, de que a tradição oral e suas
formas fazem eco. Práticas e crenças animistas, dimensões mítico-mágicas do
universo, costumes e posturas sociais (Leite, 2012).

ix
À questões temáticas seguidas em Moçambique assim como em Angola são: escravatura,
raça, crítica à civilização ocidental, vitalismo, sensualidade, revalorização da tradição negra,
culto da natureza, animização, etc., com recursos aos modelos de Black Renaissance,
Negritude e neo-realismo, no intuito de construir uma identidade poética africana.

2. A problemática geral das literaturas africanas

As literaturas africanas através da literatura, poética, da cultura em geral se preocupavam em


geral resolver os problemas raciais, resistência aos mandos e desmandos de um sistema
colonialista que ignora o saber, as manifestações culturais, as formas de expressão dos povos
subjugados. De forma geral, os problemas mais destacados nas literaturas africanas de
expressão portuguesa são: Problemática da necessidade de mergulho nas raízes africanas e de
afirmação das respectivas nacionalidades; A necessidade da reconstrução Africana; Reflexão
sobre a falência dos antigos ideais fundados em um marxismo ortodoxo e aposta na
resistência cultural, investindo na recuperação dos mitos e sonhos submersos no inconsciente
colectivo dos povos; Problema de busca de identidade.

Conclusão

As literaturas africanas em língua portuguesa tiveram seu desenvolvimento a partir da


secunda metade do século XIX, como não poderia deixar de ser, tratando-se de países
africano, dotados em sua maioria por culturas de tradições (embora não exclusivamente).
Diferentemente da produção colonial africana, mas as literaturas africanas adoptaram um
ponto de vista do colonizado, “de dentro para fora”

Literatura profundamente era racista, onde predominavam as ideias de inferioridade do


homem negro, que teóricos racistas, como Gobineau, haviam derramado, e para as quais teria
contribuído o filósofo Lévy Bruhl com a sua tese de mentalidade pré-lógica. Importa dizer
ainda que, nesta literatura, a África era vista apenas como uma linda paisagem, ou um paraíso,

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e o protagonista dessa paisagem era o homem europeu. Trata-se, pois, de uma literatura
caracterizada fundamentalmente pela exploração do homem pelo homem

O aparecimento das literaturas de língua portuguesa na África resultou, por um lado, de um


longo processo histórico de quase quinhentos anos de assimilação de parte a parte e, por
outro, de um processo de conscientização que se iniciou nos anos 40 e 50 do século XIX,
relacionado com o grau de desenvolvimento cultural nas ex-colónias e com o surgimento de
um jornalismo por vezes activo e polémico que, destoando do cenário geral, se pautava numa
crítica severa à máquina colonial.
A emergência da literatura (sobretudo da poesia) nos espaços africanos colonizados pelos
portugueses, propondo a observação de quatro momentos. No primeiro, destaca o teórico que
o escritor está em estado quase absoluto de alienação. Os seus textos poderiam ter sido
produzidos em qualquer outra parte do mundo: é o momento da alienação cultural. Ao
segundo momento corresponde a fase em que o escritor manifesta a percepção da realidade. O
seu discurso revela influência do meio, bem como os primeiros sinais de sentimento nacional:
a dor de ser negro, o negrismo e o indigenismo. O terceiro momento é aquele em que o
escritor adquire a consciência de colonizado. A prática literária enraíza-se no meio
sociocultural e geográfico: é o momento da dessalinação e do discurso da revolta. O quarto
momento corresponde à fase histórica da independência nacional, quando se dá a
reconstituição da individualidade plena do escritor africano: é o momento da produção do
texto em liberdade, da criatividade e do aparecimento de outros temas, como o do mestiço, o
da identificação com África, o do orgulho conquistado.

Bibliografia

Chaves, R. (1999). A formação do romance angolano. São Paulo: Via Atlântica.

Costa, J. F. (2006). Poesia africana de língua portuguesa. Cronópios, Literatura e Arte no


Plural, São Paulo: Bitnick Comunicação.

Covane, L. (2014). Didáctica de literatura. Beira, Moçambique.

Ferreira, M. (1989.). O discurso no percurso africano I. Lisboa: Plátano.

Leite, A. M. (2012). Nação e narrativa pós-colonial II: Angola e Moçambique – entrevistas,


Lisboa, PT: Colibri

xi
Santilli, M. A. (1985). Africanidade. São Paulo: Ática.

Secco, C. L. T.R. (2003). A magia das letras africanas: ensaios escolhidos sobre literaturas
de Angola, Moçambique e alguns outros diálogos. Rio de Janeiro: ABE Graph.

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