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RESENHA
SEABRA-BA
2021
RESENHA
O texto Panoramas das literaturas africanas de língua portuguesa, das autoras Maria
Nazareth Soares Fonseca e Terezinha Taborda Moreira, publicados em Cadernos CESPUC de
Pesquisa em Belo Horizonte no ano de 2007, aborda a construção de estudos panorâmicos das
literaturas africanas de língua portuguesa, enfatizando importantes aspectos das diferentes
literaturas africanas escritas em português, projetos literários de países como Angola, Cabo
Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe, que adotaram o português como
língua oficial, suas influências e rupturas nos processos literários, apresentando também
características marcantes de notáveis escritores e movimentos literários desses países.
Dados que o aparecimento das literaturas de língua portuguesa na África se deu por um
extenso processo histórico, e um longo processo de conscientização, o texto expõe
importantes trabalhos/obras onde são encontradas parte dessas manifestações literárias desse
período, em que pesquisas mostraram inspiração de modelos europeus em suas produções
literárias, mas que continha também, ricas amostras dos costumes tradicionais de vários países
africanos de língua portuguesa. "Os livrinhos do velho Almanache de lembrança luso-
brasileiro contém, sob capa modesta, um arquivo único [...] como referência à vida literária
da África de expressão portuguesa, de 1854 para diante" citam as autoras (p. 14), Moser
(1993, p. 27). Sendo assim, por se apropriar de dois modelos literários diferentes o escritor
viveria em dois mundos, da qual não poderia estar abstraído: a sociedade colonial e a
sociedade africana, este se tornaria “homem-de-dois-mundos". Ao produzirem literaturas, os
escritores forçosamente penetravam por esses dois mundos, colocando as tensões e as
complexidades nascidas da utilização da língua portuguesa, por assumirem heranças oriundas
de movimentos e correntes literárias da Europa e das Américas e manifestações advindas do
contato com as línguas locais. Essa problemática no campo da linguagem literária
impulsionou o surgimento de projetos literários característicos dos cinco países que adotaram
o português como língua oficial.
Maria Fonseca e Terezinha Moreira apontam que para se ter uma visão coletiva de conjunto
das literaturas africanas de língua portuguesa, é necessário considerar essas fases da produção
do texto, mas também os grandes momentos de rupturas com os códigos estabelecidos. Esses
momentos caracterizam-se pelo surgimento de importantes movimentos literários ou de obras
valiosas para o desenvolvimento das literaturas, as autoras citam importantes obras desses
países.
A boa parte da produção literária reflete a busca da identidade cultural e a tomada progressiva
de uma consciência nacional, momento de lutas que configuram discursos e movimento de
resistência e de reivindicação por mudanças. Essas mudanças é quem abre novos caminhos
para o “nascimento” de uma África que se renova continuamente. As autoras destacam em
cada país africano de língua portuguesa, como se deu os processos/rupturas e movimentos
literários africanos.
Cabo Verde em ralação com as outras regiões africanas que passaram pelo processo de
colonização portuguesa, sofreu menores impactos. Criando assim condições necessárias para
o aparecimento da literatura cabo-verdiana. A literatura cabo-verdiana teve um grande passo
em 1936 com o lançamento da revista Claridade, publicada por um grupo de intelectuais.