Você está na página 1de 20

REPÚBLICA DE ANGOLA

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

COMPLEXO ESCOLAR DO NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO

LITERATURA AFRICANA

ELABORADO POR KESSIANY NGANDO

DOCENTE

___________________

BENGUELA / 2022
REPÚBLICA DE ANGOLA

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

COMPLEXO ESCOLAR DO NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO

LITERATURA
AFRICANA
Nome: Kessiany Ngando

Classe: 8ª

Turma: C

Turno: Manhã

Disciplina: Língua Portuguesa

DOCENTE

___________________

Alberto Branco

BENGUELA / 2022
AGRADECIMENTOS

Inicialmente agradeçemos a Deus e ao divino Espírito Santo, que nos


iluminaram e guiaram ao longo dessa empreitada e nos mantiveram firme e
determinados para executar um bom trabalho.
À nossa família, que tèm nos apoiados ao longo desta caminhada. Em especial,
aos nossos pais e irmãos que nos tèm acompanhado, ajudado, aconselhado e incentivado
em todos os momentos das nossas vidas.

iii
DEDICATÓRIA

Dedicamos este trabalho a nossa estimada professora da Disciplina, que muito


tem contribuido para a nossa formação académica, e a todos que deram seu contributo
para concretização do presente trabalho cíentifico e toda comunidade estudantil.

iv
PENSAMENTO

“O que mais me dói na miséria é a ignorância que ela tem de si mesma. Confrontados
com a ausência de tudo, os homens abstém-se do sonho, desarmando-se do desejo de
serem outros. Existe no nada dessa ilusão de plenitude que faz parar a vida e anoitecer
as vozes”.

(Mia Couto)

v
INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem o objetivo explanar sobre as Literaturas Africanas em


Língua Portuguesa e realizar uma reflexão sobre a importância da literatura para a
sociedade africana. A língua portuguesa tornou-se o idioma oficial de alguns países e,
hoje, são consolidadas; e expressam as idéias dos autores e da população. A literatura é
marcada pela fragmentação e por uma forte tradição oral de construção e propagação da
sabedoria.

A África é um continente formado por diversas culturas e muitas ainda são


desconhecidas pela sociedade moderna. Nesse sentido, busca-se apresentar algumas
características marcantes dos notáveis escritores africanos. Realizou-se, portanto, uma
pesquisa bibliográfica.

6
ORIGEM DA LITERATURA

A narrativa não começa com a escrita. No sentido restrito da escrita (literatura


vem do latim "littera", que quer dizer "letras"), a literatura só se torna possível com a
escrita, embora não tenha surgido com ela.

A literatura e a escrita, embora tenham conexões entre si, não são sinônimos. Os
primeiros registros escritos da história da humanidade não são literatura. Há
controvérsias dos estudiosos que discordam sobre o quando os registros antigos se
convertem em algo próximo à uma literatura narrativa.

Um problema ao tratarmos da história da literatura é que muitos textos vão


desaparecendo ao longo do tempo, por acidente pela total extinção da cultura que os
originou, com as novas narrativas e interpretações das historias ou até traduções
errôneas.

Certos tempos primários podem ser considerados como os primeiros passos da


literatura. Exemplos muitos antigos são Epopeia de Gilgamexe, datada de
aproximadamente 2 000 a.C., e o Livro dos mortos, escrito em Papiro aproximadamente
no ano 1600 a.C., mais provavelmente na data do século XVII a.C..

Muitas histórias, contos se expandiram de maneira oral durante vários séculos


antes que fossem escritos. Por essa razão narrativas com essas natureza mais
complicadas de se determinar uma periodização. O núcleo do Rig Veda parece datar de
meados do século II a.C..

O Pentateuco normalmente se fecha ao redor do século XV a.C.. Outras


tradições orais foram passadas em forma de escrita muito tarde, como a Edda em verso,
escrita no século XIII.

Mesopotâmia

É a literatura escrita em sumério, babilônico, acádico, hitita, e outras línguas da


Mesopotâmia. Desenvolveu-se nas principais cidades mesopotâmicas (Uruque, Guirsu,
Nipur, Sipar e Ur).

7
LITERATURA AFRICANA

Um belo continente que sempre atraiu o olhar do homem por causa de seus
atributos, segredos e belezas inconfundíveis. A África pode ser vista como um local
cheio de belezas naturais, que sempre oferece um enorme campo para a consumação de
realizações incríveis. Muitos idiomas são falados no Continente Africano, destacando-
se: o francês, inglês e o português.

As literaturas africanas em língua portuguesa podem ser consideradas recém-


chegadas, pois os países que foram colonizados por Portugal receberam sua
independência no final do século XX. No período de colonização, existiu a criação de
textos literários nas colônias, entretanto os textos eram conforme o ponto de vista do
colonizador português.

Com o passar dos tempos, os escritores perceberam que deveriam escrever a


partir das perspectivas locais, com isso seus textos começaram a serem entendidos como
os de Cabo-Verde, Moçambique e Angola. A África é um país continental onde existem
várias culturas e, muitas destas culturas.

A leitura de grandes obras dos escritores africanos pode ser de grande valia para
os alunos, visto que poderão aprender sobre este grande continente. Um tema muito
discutido atualmente é a diversidade cultural na comunidade lusófona.

A literatura africana é o reflexo da vida social do povo, ela é ligada aos


processos de modernização e urbanização; e pode criar novas formas e estilos. Por
consequência do processo de colonização, a literatura parece ter adquirido um
posicionamento especial na antropologia, criando etnografias sobre como seria o
continente e seus habitantes. Tal processo é diretamente próximo à ocupação colonial.

Elísio Macamo elaborou uma classificação do conhecimento sobre a literatura


africana que são: (MACAMO, 2002).

 Conhecimento tradicional;
 Africano e colonial.

8
LITERATURA AFRICANA - SURGIMENTO

A literatura africana tem suas raízes no movimento que ficou conhecido como
negritude, sendo que a primeira leva dos escritores participou do primeiro congresso de
escritores da África no ano de 1956, contendo textos e poesias inspirados nas revoltas
que possuíam caráter anticolonialista.

As principais inspirações para os escritores da literatura africana são,


certamente, a terra, os conflitos vividos na região, assim como a beleza dos lugares que
existem por lá e dos sofrimentos que passaram nos setores social e político.

Outro importante assunto abordado pelos escritores, são os contrastes que são
vividos diariamente na região. Após guerras e a exploração da colonização europeia, a
África do Sul, por exemplo, conseguiu se recompor, enquanto a Somália possui um
número maior de animais do que de humanos, tendo um ambiente muito mais parecido
com uma Serra Leoa.

Origem da Literatura Africana

A primeira literatura africana foi produzida pelos portugueses no século XV,


chamada de literatura do descobrimento, que se baseavam em relatos de viagem feitos
por navegadores, escrivães e comerciantes. Logo após surgiu a literatura colonial, que
retratava a vivencia dos portugueses nas terras africanas. Nestas literaturas, o centro do
universo narrativo e poético era o homem europeu e não o africano. Era uma literatura
profundamente racista, onde predominavam as ideias de inferioridade do homem negro.
Implica falar ainda que, nestas literaturas, a África era vista apenas como uma linda
paisagem, ou um paraíso, e o protagonista dessa paisagem era o homem europeu. Trata-
se, pois, de uma literatura caracterizada fundamentalmente pela exploração do homem
pelo homem.

Movimentos Literários

Na época antecedente a Independência, os escritores de Moçambique, Guiné-


Bissau, Cabo Verde, São Tome e Príncipe e Angola escreviam seus textos com a
influência trazida pelo colonizador e, muitas vezes, entravam em conflito com a sua
cultura nativa africana.

9
Após a ruptura com o colonialismo imperialista, surgiram movimentos literários
importantes e obras de grande proeminência para o desenvolvimento da literatura
africana em língua portuguesa. Evidenciando-se a publicação da revista Claridade
(1936-1960) em Cabo Verde; a publicação do livro de poemas Ilha de Nome Santo
(1942) de Francisco José Tenreiro, em São Tomé e Príncipe; a publicação da Revista
Msaho (1952) em Moçambique; e a publicação da Mantenhas Para Quem Luta! (1977)
pelo Conselho Nacional de Cultura em Guiné-Bissau.

Deize Bebiano enfatiza que em Angola, nas décadas de 50 e 60, tempo anterior a
independência, a procura pela identidade foi realizada através da poesia. Os temas mais
falados eram o que focavam em solidariedade aos ancestrais, a infância e etc.
(BEBIANO, 2006).

A literatura africana sofre com preconceitos criados desde os tempos antigos,


relatos bíblicos, a elaboração de alguns mapas e outros trabalhos com outras fontes
foram usados para negativar o continente africano e sua população. Segundo Serrano e
Waldman (2007):

“historicamente, o regime de estereotipias imposto a África foi reforçado pela


distância e o relativo isolamento do continente para com o mundo europeu. A
África, e em particular a África Negra ou Subsaariana, constituía um domínio sobre
o qual as informações eram fragmentarias e distorcidas, ocultando-se par completar,
por trás de um deserto considerado impenetrável, o Saara”, (SERRANO E
WALDMAN, 2007, p.27).

A literatura escrita atualmente em Angola, Guiné-Bissau, Cabo-Verde, São


Tomé e Príncipe e Moçambique é produzida essencialmente em português, com pouca
ocorrência em crioulo saliente Pires Laranjeira. A criação em língua crioula acontece
principalmente em Cabo Verde, local onde existe uma tradição neste sentido. A língua
crioula sofreu influência da língua portuguesa trazida pelos colonizadores o que afetou a
produção literária africana.

Barbosa (2008) debate sobre o eurocentrismo e sua interferência negativa para


história africana. Ocorreram mudanças significativas na pesquisa da historiografia
africana e do continente baseada na Escola dos Annales[4]. Por conseguinte Barbosa
(2008) cita:

10
“o eurocentrismo é pensado como ideologia e um paradigma, cujo cerne é formado
por uma estrutura mental de caráter provinciano fundada na crença da superioridade
do modo de vida e do desenvolvimento europeu-ocidental”, (BARBOSA, 2008, p.
87).

Fases Da Literatura Africana

A produção literária nos países africanos divide-se em duas fases: a da literatura


colonial e a das literaturas africanas.

A primeira exalta o homem europeu como o herói mítico, desbravador das terras
inóspitas, portador de uma cultura superior. A segunda constitui-se inversamente, pois
nela o mundo africano passa a ser narrado por outra ótica. O negro é privilegiado e
tratado com solidariedade no espaço material e lingüístico do texto, embora não sejam
excluídas as personagens européias (de características negativas ou positivas). É o
africano que normalmente preenche os apelos da enunciação e é ele quase
exclusivamente, enquanto personagem ficcional ou poético, o sujeito do enunciado.

A primeira é a percepção de que os escritores transcreviam os modelos da escrita


européia. A segunda é a perseverança do autor em construir e defender uma cultura
africana essencial. A terceira fase é o período pós independência, o autor quer ter seu
lugar na sociedade. A quarta é a atualidade, o autor busca novos rumos para o futuro
(CHABAL, 1994).

Literatura Colonial

A literatura colonial seria aquela elaborada por uma produção de textos de


origem etnográfica, biográfica escrita pelos missionários. Os missionários, também,
seriam reguladores de línguas nativas, agora domesticada em gramáticas, dicionários,
etc. (COUTO, 2009; MENDONÇA, 1999). Francisco Noa, em sua análise sobre
literatura colonial, relata que existe uma literatura produzida a respeito da África a partir
de um “olhar externo”, em constante renovação (NOA, 1999).

Conforme Deize Bebiano (2000), o conhecimento africano era passado por


intermédio da literatura oral. Essa forma sofria muito preconceito, contudo, no decorrer
do tempo, conseguiu ter reconhecimento nos veículos culturais. Até hoje, a oralidade e o
som influenciam a literatura africana conforme as palavras de Pires Laranjeira (1992):

11
[...] Faz-se por esquecer que a África é ainda um continente da oralidade e do som,
mas do que da escrita ou da imagem, e que privilegiar, portanto, a literatura escrita é,
no mínimo, postergar as outras formas de criação literária par terreno da
inferioridade discriminatória, da subserviência artesanal, o que permitiria avaliar os
discursos críticos, quer dos próprios países dessas criações, que dos exógenos, como
autênticos baluartes de metalinguagens demagógicas ou de imprecisas
hermenêuticas reducionistas [...], (LARANJEIRA, 1992, p.36).

As literaturas africanas escritas em língua portuguesa coincidem na flexibilidade


das narrativas, fazendo, assim, conviver o antigo com o novo; a escrita com a oralidade;
em um discurso mesclado. Também promove uma escrita dinâmica mestiça resultado
dos diálogos entre as formas de textualidade das línguas européias escritas e formas de
textualidade das línguas nativas.

A literatura africana é uma literatura de luta e conflito, ela discute de forma


ambígua com a tradição, a literatura colonial e com seu tempo. Ela é uma literatura de
características modernas, no sentido de ser aquela que surge da possibilidade de um
conjunto de mudanças, que evidencia um número de conflitos e contradições
(HAMILTON, 1999: AUGEL, 2007).

Literatura Africana de Língua Portuguesa

As literaturas africanas de língua portuguesa, do ponto de vista lingüístico,


contam com numerosos termos, expressões, provérbios oriundos das línguas faladas nos
vários grupos étnicos em Angola e Moçambique, enquanto em Cabo Verde, São Tomé e
Príncipe e Guiné-Bissau se usam duas línguas: a portuguesa e a crioula.

Cabe ressaltar que o crioulo falado em Cabo Verde é muito similar ao da Guiné-
Bissau, e denominado crioulo pelo povo da terra; já em São Tomé e Príncipe era e é
chamado de forro - denominação dada tanto à língua quanto aos naturais da terra - por
ser usado primeiramente pelas camadas mais pobres, e iletradas, já que a língua
portuguesa era falada apenas pela burguesia mestiça ou negra que lá se formava. Após
a independência, o crioulo adquiriu autonomia e passou a ser valorizado e falado em
todas as camadas sociais das ex-colônias cabo-verdiana, guineense e são-tomense.

Em 1846, um ano após a instalação do prelo em Angola, publicaram-se no


Boletim Oficial dessa colônia alguns textos literários. Por volta de 1874, verifica-se o
aparecimento da Imprensa Livre angolana, publicação de registros de experiências

12
literárias e artigos, e cujo mérito era levantar a bandeira da democracia republicana
almejada pelos intelectuais africanos e portugueses engajados na busca de uma
imprensa propagadora das realidades africanas.

Os estilos narrativos mais produtivos foram a crônica e o panfleto, este de


caráter doutrinário e político. Outro gênero literário valorizado nessa fase foi o folhetim,
que agradava tanto aos africanos como aos portugueses. Eram publicados na colônia e
algumas vezes reeditados na Metrópole.

Nascimento da Literatura Africana em Português

O jornalismo e a literatura africana nascem juntos. É da dinâmica entre ambos


que surge em Moçambique uma obra pioneira na área da prosa de ficção: O livro da dor,
de 1925, composto por crônicas e contos do jornalista João Albasini. Em 1943
aparecem os primeiros textos poéticos, os Sonetos, de Rui de Noronha, e numa
produção coletiva da CEI — Casa dos Estudantes do Império — nasce a coletânea
Poesia em Moçambique, datada de 1951. Além dessas produções, encontra-se o registro
das revistas Itinerário, de 1941, e Msaho, de 1952, "que recolhem uma produção
heterogênea, portanto sem característica de determinada fase no processo de
nacionalização da literatura moçambicana" (SANTILLI, 1985, p.28).

Nesse período de formação da literatura moçambicana, destacam-se poetas


colaboradores de periódicos e revistas como Noêmia de Sousa, Marcelino dos Santos
(Kalungano), José Craveirinha, Rui Nogar, Orlando Mendes; aparece também a
literatura em prosa, a partir de 1949. O Itinerário publica contos de Sobral de Campos,
Ruy Guerra, Augusto dos Santos Abranches, Vieira Simões, Vergílio de Lemos, Ilídio
Rocha.

Se, desde o final do séc. XIX, floresceu uma literatura angolana veiculada por
meio dos jornais, processo que só se desenvolveu no séc. XX na literatura
moçambicana, em Cabo Verde ele já se registra na segunda metade do séc. XIX, pois a
maior miscigenação entre portugueses e africanos gerou um bilingüismo; falava-se o
crioulo − instrumento de comunicação do cabo-verdiano em todas as relações sociais −
mas também o português: “já não é, portanto, o homem europeu ou o homem africano
que representa essa sociedade, mas o homem crioulo, em cuja maneira de ser as culturas

13
convergentes teceram mais cedo a unidade cultural cabo-verdiana” (SANTILLI, 1985,
p.28).

De acordo com Manuel Ferreira, Cabo Verde conheceu no plano literário e


cultural, no final do séc. XIX, um desenvolvimento significativo, mas como o grupo
mais atuante era de descendentes de portugueses, esses foram buscar em Portugal o
espaço mais promissor para suas carreiras intelectuais. A experiência lisboeta abriu
espaço para a formação de muitos escritores cabo-verdianos, desenraizados da terra
natal, mas produtores de obras de prestígio na história literária de Cabo Verde.
Destacam-se "António Gertrudes Pusich (1875-1924) e Henrique de Vasconcelos
(1875-1924) — Flores cinzentas (poesia, 1893), A mentira vital (contos, 1895) —,
ambos com vasta obra publicada" (FERREIRA, 1987, p.25).

Assim, como Angola e Moçambique, Cabo Verde também contou com o


impulso dos jornais para dinamizar sua criação ficcional e poética. Seu primeiro
periódico de destaque foi o Almanach Luso-Africano (1894 e 1899), que registrou
colaborações literárias tanto em português como em crioulo, língua usada pelo
idealizador do almanaque, o cônego António Manuel Teixeira.

Segundo Manuel Ferreira, ao contrário de Angola e Moçambique, Cabo Verde


não viu florescer uma literatura colonial nos moldes já explicitados anteriormente. A
colônia adquire, a partir da segunda metade do séc. XIX, feição própria, pois a posse da
terra ia, pouco a pouco, sendo transferida para as mãos de uma burguesia cabo-verdiana
mestiça, fosse branca ou negra. Nesse processo, não ocorre ali uma relação tradicional
visível nas demais colônias, isto é, colonizado versus colonizador, mas, sim, explorado
versus explorador, semelhante àquela presente no sistema capitalista, guardadas as
devidas proporções, já que não podemos negar a especificidade colonial estabelecida
entre o poder político e as comunidades.

Na Guiné-Bissau, as condições necessárias para o florescimento da literatura


africana só se definiram de fato no séc. XX, com o surgimento do jornal Pró-Guiné,
fundado em 1924. Cabe, no entanto, destacar a atuação do cônego Marcelino Marques
de Barros (1843-1929), que na área etnográfica, com "Literatura dos negros, 1900"
(FERREIRA, 1987, p.37), produziu um material de qualidade e de grande importância
histórica. Foi colaborador do Almanach Luso-Africano em 1899 (Cabo Verde), da

14
Revista Lusitana, A Tribuna, Boletim da Sociedade de Geografia de Lisboa, Anais das
Missões Ultramarinas e Voz da Pátria, no qual contribuiu com canções e contos.

Em São Tomé e Príncipe, o processo evolutivo da literatura ocorre de modo


similar ao de Cabo Verde por vários aspectos, já que a composição social vigente nas
duas colônias era semelhante. A monocultura foi a base da colonização são-tomense.
Em meados do séc. XIX, esse sistema se consolida e destrói violentamente a estrutura
burguesa instaurada pela comunidade negra e mestiça ali estabelecida desde o início da
dominação portuguesa.

Com a estrutura social do Arquipélago modificada, aumenta a miscigenação


étnica e cultural. Isso repercute na literatura, pois todo contato entre culturas distintas
apresenta resultados novos, mas mesmo assim os textos produzidos ali são em sua
essência africanos. Segundo Manuel Ferreira, "a primeira obra literária de que se tem
conhecimento relacionada com São Tomé e Príncipe é o modesto livrinho de poemas
Equatoriaes (1896), do português Antônio Almada Negreiros (1868-1939), que ali viveu
muitos anos e veio a falecer na França" (FERREIRA, 1987, p.38).

15
IMPORTÂNCIA DA LITERATURA AFRICANA

A literatura africana exerce até os dias atuais importante papel para a literatura
de uma forma geral. Importantes nomes da região ficaram conhecidos no mundo todo.)

Apesar de sua grande importância cultural, a literatura africana não tem


recebido, principalmente no que se refere aos países de língua portuguesa, a sua devida
atenção. Essa vertente da literatura se apresenta em idiomas que configuram o
continente africano, como é o caso do português, francês, inglês, entre outras.

16
CONSIDERAÇÕES FINAIS

A literatura africana em língua portuguesa teve uma importância muito grande


na construção cultural e histórica das ex-colônias portuguesas na África. Utilizando a
linguagem dos colonizadores, os escritores de maneira criativa e inovadora, construíram
nas últimas décadas uma tradição literária que se evidencia de forma própria em cada
nação.

Os autores africanos conseguiram passar em suas obras a forma de pensar de seu


povo, sua cultura, sua terra e, principalmente, expressar de forma clara seus sentimentos
e emoções. Os escritores procuraram afastar os horrores vividos pelo povo no período
colonial e, também, na época das guerras.

Uma das maiores lições que os autores deixaram em seus livros, foi o
pensamento de que a África negra não pode, nem deve ser considerado um estorvo para
o mundo, deve-se pensar nela como um pequeno desafio não somente na parte literária,
mas, em toda forma de expressão humana, busca-se contribuir com a África de forma
honesta e levar esperança ao seu povo.

17
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CHAVES, Rita. A formação do romance angolano. São Paulo: Via Atlântica, 1999.

FERREIRA, Manuel. Literaturas africanas de expressão portuguesa. São Paulo: Ática,


1987.

LARANJEIRA, Pires. De letra em riste. Porto: Afrontamento, 1992.

MACÊDO, Tania. Angola e Brasil: estudos comparados. São Paulo: Arte & ciência,
2002.

SANTILLI, Maria Aparecida. Estórias africanas: história e antologia. São Paulo: Ática,
1985.

AMÂNCIO, I.M. da C. 2008a. Lei 10.639/03, Cotidiano Escolar e Literaturas de


Matrizes Africanas: Da Ação Afirmativa ao Ritual de Passagem. In: I.M. da C.
AMÂNCIO; N.L. GOMES; M.L. dos S. JORGE, Literaturas africanas e afro-brasileiras
na prática pedagógica. Belo Horizonte, Autêntica, p. 31-46.

BARBOSA, M.S. 2008. Eurocentrismo, história e história da África. Revista de História


da África e de Estudos da Diáspora Africana, 1:1-17.

CHAVES, Rita; MACEDO, Tânia. Caminhos da Ficção da África Portuguesa.


Biblioteca entre livros: vozes da África, São Paulo, n. 6, p. 44-51, 2007. Edição
especial.

COUTO, M. (2009a). A última antena do último insecto - vida e obra de Henri Junod.
In E se Obama Fosse Africano? E Outras Interinvenções (pp. 155-171). Lisboa:
Caminho.

LARANJEIRA, Pires. De letra em riste: identidade, autonomia e outras questões nas


literaturas de Angola, Cabo Verde, Moçambique e São Tomé e Príncipe. Porto:
afrontamento, 1992.

MACAMO, E. (2002). A Constituição de Uma Sociologia das Sociedades Africanas.


Estudos Moçambicanos, 19, pp. 5-26.

MENDONÇA, F. (1999). Identidade(s) Literária(s) e Cânone: biografia e


autobiografias. Estudos Moçambicanos, 16, pp. 105-117.

18
19
SUMÁRIO

AGRADECIMENTOS .................................................................................................. iii

DEDICATÓRIA ............................................................................................................ iv

PENSAMENTO .............................................................................................................. v

INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 6

ORIGEM DA LITERATURA....................................................................................... 7

Mesopotâmia ................................................................................................................. 7

LITERATURA AFRICANA ......................................................................................... 8

LITERATURA AFRICANA - SURGIMENTO .......................................................... 9

Origem da Literatura Africana ...................................................................................... 9

Movimentos Literários .................................................................................................. 9

Fases Da Literatura Africana ...................................................................................... 11

Literatura Colonial ...................................................................................................... 11

Literatura Africana de Língua Portuguesa .................................................................. 12

Nascimento da Literatura Africana em Português ...................................................... 13

IMPORTÂNCIA DA LITERATURA AFRICANA .................................................. 16

CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................................... 17

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 18

Você também pode gostar