Você está na página 1de 30

REPÚBLICA DE ANGOLA

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
INSTITUTO POLITÉCNICO BG 1162 NOSSA SENHORA MÃE DA SABEDORIA
ICRA – BENGUELA

MORTALIDADE INFANTIL NO HOSPITAL GERAL DE


BENGUELA, SUA REPERCUSSÃO SOCIAL

TRABALHO DE FIM DE CURSO PARA OBTENÇÃO DO TÍTULO DE


TÉCNICO MÉDIO DE EDUCADOR SOCIAL

AUTORES:
 ROSÁRIA CECÍLIA CHIVINDA
 TIAGO MBINDJI LIAHUKA
 MÁRIO SACHILOMBO HENRIQUES

BENGUELA, 2023
INSTITUTO POLITÉCNICO BG 1162 NOSSA SENHORA MÃE DA SABEDORIA
ICRA – BENGUELA

MORTALIDADE INFANTIL NO HOSPITAL GERAL DE


BENGUELA, SUA REPERCUSSÃO SOCIAL

TRABALHO DE FIM DE CURSO PARA OBTENÇÃO DO TÍTULO DE


TÉCNICO MÉDIO DE EDUCADOR SOCIAL

AUTORES:
 ROSÁRIA CECÍLIA CHIVINDA
 TIAGO MBINDJI LIAHUKA
 MÁRIO SACHILOMBO HENRIQUES
TUTOR: Lic. JOÃO BAPTISTA MUNDJANGA

BENGUELA, 2023
DECLARAÇÃO DOS AUTORES

Benguela, aos 27 de Janeiro de 2023

Assinatura da autora

__________________________________
CERTIFICAÇÃO DO TUTOR

__________________________________

BENGUELA, 2023
AGRADECIMENTOS
DEDICATÓRIA

z
PENSAMENTO
RESUMO

ABSTRAT

R
INTRODUÇÃO
A mortalidade infantil é um conjunto de casos de mortes de crianças menores
de um de vida registadas em cada mil nascidos vivos numa sociedade (OMS). Por sua
vez, tem um impacto negativo no desenvolvimento das nações onde os alvos principais
são as camadas mais vúlneraveis. Todavia, os Hospitais são os centros sanitários de
intervenção e combate á Mortalidade infantil, assim sendo com o estágio realizado no
Hospital Geral de Benguela localizado a Norte do Bairro do Quioxi, a Sul a Rua 31 de
Janeiro, a Este a Rua sociedade geográfica e a Oeste a praia pequeno Brasil.
Constatado o índice da Mortalidade infantil programamos uma abordagem
acerca do tema: Mortalidade infantil no Hospital Geral de Benguela, sua
repercussão social. Ao procurarmos entender os principais factores da Mortalidade
infantil achamos conveniente levantar o seguinte problema de investigação:
Quais são os factores que contribuem na taxa de Mortalidade infantil no
Hospital Geral de Benguela nos anos de 2021 a 2022?
Nesta senda de ideias elaboramos os seguintes objetivos:

GERAL
 Compreender a mortalidade infantil e a sua repercussão social.

ESPECÍFICOS
 Analisar a taxa de Mortalidade infantil e sua repercussão social;
 Identificar os factores que contribuem para a Mortalidade infantil
registada no hospital geral de Benguela nos anos de 2021 a 2022;
Tendo em conta os objectivos preconizados urge a necessidade de apresentar as
seguintes perguntas científicas:
Quais são os factores que contribuem na mortalidade infantil registada no
hospital geral de Benguela?
Quais são os mecanismos que os profissionais de saúde e a sociedade em geral
devem adoptar para a resolução da Mortalidade infantil no Hospital Geral de Benguela?
Que benefícios esperam com a minimização do problema em estudo?
JUSTIFICATIVA DO TEMA:
As razões que levaram á escolha e abordagem do tema em estudo, partem das
lamentações de mortes de crianças na Pediatria e de recém-nascidos na Maternidade do
Hospital Geral de Benguela.
Este trabalho está estruturado em dois capítulos. No primeiro capítulo
dedicamos a fundamentação teórica onde definimos o conceito da Mortalidade infantil.
Já o segundo capítulo aborda o procedimento metodológico com a colecta de
dados de maneira empírica.

HIPÓTESES
Se houver conhecimentos das medidas preventivas da parte dos pais sobre a
mortalidade infantil propocionará um número reduzido de mortes de crianças.
Se os hospitais tiverem condições medico-medicamentosas suficientes e
profissionais humanizados haverá redução da Mortalidade infantil no Hospital Geral de
Benguela.
Se o Estado criar políticas públicas ezequiveis para a redução dos preços dos
produtos da cesta básica, reduzir-se-á a desnutrição das crianças, que é um dos factores
principais da Mortalidade infantil.
CAPÍTULO I – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
1.1 MORTALIDADE INFANTIL
A Mortalidade infantil compreende todos os óbitos de crianças com menos de 1
ano de vida, sendo composta pela mortalidade neonatal e pós-neonatal. Mortalidade
neonatal se refere aos óbitos ocorridos nos primeiros 27 dias de vida. É classicamente
dividida em dois períodos: mortalidade neonatal precoce a menores de 7 dias de vida e
mortalidade neonatal tardia, a ocorrida do (7° ao 27° dia de vida). A mortalidade pós-
neonatal é caracterizada pelos óbitos ocorridos entre 28 a 364 dias completos de vida
(MARAN; UCHIMURA, 2008).
Os factores de risco para mortalidade infantil são três:
1. Factores biológicos: Os fatores de risco biológicos são: idade materna,
paridade, estatura, peso antes da gravidez, doença materna (diabetes,
hipertensão), intervalo entre os nascimentos e perdas perinatais prévias,
peso ao nascer e duração da gestação.
2. Os sociais incluem: instrução da mãe, ocupação dos pais, renda
familiar e hábitos, entre outros (ARAÚJO et al., 2010).
3. Á assistência médica: Em relação à atenção à saúde, os fatores
associados ao risco de morte infantil mais amplamente discutidos na
literatura, são: atenção ao pré-natal, tipo de parto, parto realizado em
hospitais do SUS, baixa cobertura de recursos de saúde, incluindo leitos
hospitalares e estratégia da saúde da família.
A taxa de mortalidade infantil (TMI) representa um dos indicadores mais
empregados para análise da situação de saúde de um país. É dividida em dois períodos:
o neonatal, que estima o risco de óbitos nos primeiros 27 dias de vida e o pós neonatal,
que estima o risco de óbito entre 28 dias de vida até o final do primeiro ano de vida.
Enquanto a mortalidade neonatal está intrinsecamente relacionada ás condições de
gestação, do parto e a própria integridade física da criança, a mortalidade pós-neonatal
está mais associada ás condições socioeconômicas e do meio ambiente, com predôminio
das causas infecciosas (CALDEIRA et al., 2005).
O peso ao nascer e a prematuridade são reconhecidos, universalmente, como os
factores de risco mais importantes. O peso médio ao nascer e a proporção de baixo peso
não se alteram de forma significativa na ultima década. A prevalência em países
desenvolvidos de baixo peso ao nascer (<2,500g) tem sido associada a condições
socioeconômicas desfavoráveis, atenção pré-natal inadequada, mães adolescentes ou
mães idosas, paridade elevada, intervalo interpartal reduzido, presença de desnutrição
materna e hábitos de fumar (ALMEIDA et al., 2002).
Muitas causas de óbitos infantis são consideradas evitáveis, ou seja, os
conhecimentos e as tecnologias já existentes permitem intervenções eficazes de modo
que tais condições jamais ou raramente evoluiriam a óbito (BOING, A. F.; BOIG, A. C.,
2007).
Para Ahmad, Lopez e Inoue (2000), no que diz respeito à relação aos
componentes da mortalidade infantil, importante parcela de responsabilidade é atribuida
aos serviços de saúde. Admite-se que medidas sanitárias adequadas e serviços de saúde
acessíveis e de boa qualidade podem actuar positivamente na redução da mortalidade
infantil.

1.1.1 Mortalidade perinatal:


A mortalidade infantil perinatal compreende os óbitos fetais (com mais
de500mg ou22 semanas de gestação) e os neonatais precoces (até 6 dias de vida). Os
óbitos perinataisrepresentam um grave problema de saúde materno infantil, pois estão
relacionados aumacomplexa interação dos determinantes proximais, ligados a variáveis
biológicas da mãe e dorecém-nascido, com os determinantes intermediários,
representados pela assistência pré e perinatal e os distais, em que os factores
socioeconómicos são os mais importantesrelacionados com a dificuldade de acesso da
gestante à assistência pré-natal adequada(AQUINO et al., 2007; BRASIL, 2009).
A mortalidade perinatal influencia na situação de saúde de uma população da
mesmaforma que os demais componentes da mortalidade infantil, pois está vinculada a
causasevitáveis, relativas ao acesso e à utilização dos serviços de saúde, além de refletir
a qualidadedessa assistência, sendo mais frequente nas populações de baixa renda
(LANSKY et al.,2002).

1.1.2 Mortalidade infantil neonatal:


O componente neonatal corresponde aos óbitos de recém-nascidos de 0 a 27
dias.Atualmente, é divido em neonatal precoce (0 a 6 dias) e neonatal tardio (7 a 27 dias
de vida).Devido a suas causas e fatores de risco, a mortalidade infantil neonatal tem sido
cada vez maisestudada, sendo considerada um evento sanitário de alerta, por ser
influenciada, em grandeparte, pela qualidade dos serviços de saúde oferecidos à
população e por envolver diversosaspectos, como recursos humanos capacitados e
tecnologias disponíveis (KOLLING, 2011).
No Brasil observa-se o declínio do componente pós-natal, mas os coeficientes
demortalidade infantil continuam elevados, pois sua redução encontra obstáculos no
componente neonatal. Os investimentos realizados na gravidez de alto risco acabam por
diminuir a mortalidade fetal e proporcionam deslocamento desses óbitos para o período
neonatal precoce (FRÉU et al., 2008).
A morte, nos primeiros dias de vida, traduz a complexa conjunção de factores
biológicos, socioeconômicos e assistenciais. Esses últimos estão relacionados,
principalmente,às limitações na atenção à gestante e ao recém-nascido. O óbito, nesse
período, relaciona-se,também, com a estruturação de outros serviços de saúde de vários
níveis de complexidade e,por essa razão, a queda dos coeficientes de m
Mortalidade infantil neonatal é mais lenta e difícil,mesmo em países
desenvolvidos, pois não depende somente da atenção básica (LANSKY etal., 2002;
MENEZES et al., 1996; CRUZ, 2005).

1.1.3 Mortalidade infantil pós-natal ou tardia:


Mortalidade infantil pós-natal é constituída por óbitos ocorridos entre 27 a 364
dias devida. São, de maneira geral, causas exógenas, ligadas a factores ambientais, tais
como doenças infecciosas e desnutrição. Refletem melhoria das condições de
saneamento básico eimplementação de ações preventivas, qualidade dos recursos
disponíveis para atenção à saúdeinfantil (FERREIRA et al., 1988).
Apesar da constatação da queda da Mortalidade infantil nos últimos anos,
decorrente,sobretudo, da mudança das condições de vida e da saúde da população
infantil, mesmo com apresença de grandes desigualdades regionais, a queda mais
significativa é no componenteneonatal tardio (OLIVEIRA et al., 2010).
Nos países desenvolvidos, o componente pós-neonatal não é tão expressivo
quanto noBrasil, o qual, apesar de ter diminuído, ainda se mantém elevado
(CALDEIRA, 2005), factopreocupante quando se observa que as taxas estão
relacionadas com serviços de saúde poucoefetivos (ASSIS; MACHADO;
RODRIGUES, 2008).
1.2 A Mortalidade infantil no contexto mundial
A Mortalidade infantil caiu 2,7% ao ano desde 2000, duas vezes mais rápido
do que nadécada de 1990 (1,3%). É notável o seu declínio no mundo todo, durante a
primeira década doséculo. Apesar de tal progresso, a Mortalidade infantil no mundo não
atingirá a metaestipulada em 2000, pela OMS, de ser reduzida em dois terços e que só
deverá ser alcançadoem 2026, com atraso de 11 anos (ONU, 2011).
De acordo com a ONU (2011), esse progresso visto na década de 2000 está
vinculadoa maior investimento, na educação, no atendimento médico, nos programas
preventivos, comoo de vacina, sendo uma combinação de intervenções de saúde e
melhoria socioeconómica.
Porém, os serviços mundiais de saúde continuam sobrecarregados e há
necessidade deinvestimentos ainda maiores, especialmente nos países mais pobres em
desenvolvimento, poiscontinuam a confrontar problemas de saúde, tais como a diarreia,
a pneumonia e a malária(ONU, 2011).
Atualmente, os maiores coeficientes de Mortalidade infantil estão nos países da
ÁfricaSubsaariana, seguido pelos países da Ásia e, da América Latina (ONU, 2011).
A Mortalidade infantil, no Brasil, que caiu de 120,7 a cada mil nascimentos
vivos, em1970, para 16,7 em 2009 - ainda é muito superior à dos países com o menor
índice demortalidade, como: Islândia (2,6), Suécia (2,7) e Chipre (2,8). Também perde
em comparaçãocom outros países em desenvolvimento, como o Chile (6,4), Cuba (5,2)
e Argentina (12,8).

1.3 CAUSAS DA MORTALIDADE INFANTIL


Mesmo sendo um índice importante, medir a mortalidade de bebês traz
implícito um incômodo, pois é um questionamento a respeito da responsabilidade que
sociedade e Estado possuem nesse quadro. Os principais factores que promovem a
Mortalidade infantil são:
 A falta de assistência e de instrução às gestantes;
 Ausência de acompanhamento médico;
 Deficiência na assistência de saúde;
 Desnutrição;
 Ausência de políticas públicas efetivas em educação;
 Ausência ou deficiência no saneamento básico.
Esse último factor é ainda mais agravante quando a água e esgoto não tratados
provocam a contaminação da água e, por consequência, dos alimentos, ocasionando
doenças como a hepatite, malária, febre amarela, cólera, diarreia, entre outras. Essas
doenças em conjunto com quadros de desnutrição são fatais.
A Mortalidade infantil é um aspecto social tão significativo que a Organização
das Nações Unidas (ONU) inseriu a redução da Mortalidade infantil mundial entre as
principais 8 Metas do Desenvolvimento do Milênio (conjunto de objetivos de melhorias
no padrão de vida das pessoas em todo o mundo, especialmente nos países pobres).
Em geral, nos países desenvolvidos economicamente, as taxas de Mortalidade
infantil são significativamente baixas. Embora, segundo a ONU, as médias mundiais de
Mortalidade infantil tenham sofrido uma queda de quase 50% nas últimas duas décadas,
o problema ainda é muito grave em muitas nações e deve ser vencido, especialmente,
por meio da implantação efectiva de políticas públicas de educação e saúde." (RIBEIRO
2023)

1.3.1 CAUSAS EVITAVEIS DE MORTALIDADE INFANTIL


As taxas de Mortalidade infantil menores de um ano (TMI), e na infância
menores de 5 anos(TMM5) são importantes indicadores para acompanhar o
desenvolvimento humano em uma localidade, sejapaís, Estado ou município, pois indica
sobre as condições de vida e a assistência à saúde. Assim, a redução
dessas mortalidades costumam ser metas nos países (UNICEF, 2006).
Apesar da forte redução nos indicadores, ainda estamos longe dos níveis de
países desenvolvidos.Contudo, isso indica que há espaço para reduzir as mortes sem
altas tecnologias, porém com esforçosadequados. Pois, há uma alta proporção de mortes
que poderiam ser evitadas com o acesso a um serviço desaúde de melhor qualidade.
França et al (2017) indicam que 90% das mortes na infância, menores de cincoanos, que
ocorreram no Brasil, em 2015, foram mortes infantis, ou seja em menores de um ano.
Além disso,diversos autores constatam que entre as causas de mortes infantis
predominam as causas evitáveis(CANABRAVA et al 2016; LISBOA et al 2014;
FILHO et al 2018).
De acordo com Malta e Duarte (2007) causas de mortes evitáveis são aquelas
totalmente ouparcialmente prevenidas por uma efetiva ação dos serviços de saúde
disponível em um determinado local eperíodo. Ainda, a classificação desses eventos
permite a construção de indicadores sensíveis à qualidade daatenção à saúde prestada
pelo sistema de saúde.
França et al (2017) registram que entre as principais causas de mortes estão as
relacionadas à saúdena gestação, parto e nascimento, portanto, conexa às causas
evitáveis. Os autores concluem que hánecessidade de que as políticas públicas entre
áreas diversas e as específicas devam ser continuadas eaprimoradas para a continuidade
da tendência de queda na TMM5(taxa de mortalidade infantil menor de 5 anos).
Este informe tem o objetivo de apresentar brevemente a evolução e detalhar as
características dasmortes evitáveis na infância no estado de Goiás. Para isso foram
utilizados os dados de nascidos vivos emortalidade extraídos do portal TABNET do
Ministério da Saúde, notificados pelo Sistema de Informaçãosobre Mortalidade (SIM) e
Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC), para o período de 2001 a
2016, considerado o local de residência do óbito.
As Causas Evitáveis foram classificadas por subgrupos são eles: Reduzíveis
pelas ações de imunização,Reduzíveis por adequada atenção à mulher na gestação,
Reduzíveis por adequada atenção à mulher no parto,Reduzíveis por adequada atenção
ao recém-nascido, Reduzíveis por ações adequadas de diagnóstico etratamento,
Reduzíveis por ações adequadas de promoção à saúde, vinculadas a ações adequadas de
atenção à saúde. Analisando essas estratificações pretende-se apresentar quais foram e
como se comportamas causas de mortes evitáveis em Goiás.

1.3.2 Mortes preveníveis em menores de um ano


Alguns autores têm apontado que a morte infantil (...) é um evento em
suagrande maioria prevenível. Mortes preveníveis são aquelas mortes quepoderiam ser
evitadas com tecnologias adequadas de atenção à saúde de umapopulação. Isso significa
que esse conceito é variável no tempo e no espaço,de acordo com as tecnologias
disponíveis. A morte prevenível pode tambémser vista como um evento sentinela
porque sua ocorrência deveria ser capazde acionar mecanismos de investigação e busca
de explicações para oocorrido, pois pode indicar problemas na atenção à saúde e outros
sectores quenecessitam de aprimoramento (...).
As causas de morte preveníveis são, por definição, aquelas sensíveis àatenção à
saúde, oportuna e de qualidade. Dessa forma, uma das hipótesesque pode ser levantada
(...) em relação à queda da TMI, particularmentepela queda das mortes preveníveis, é a
melhoria do Sistema Único de Saúde(SUS) incluindo a ampliação de cobertura das
acções de atenção básica àsaúde.
De facto, estudos apontam a clara relação da Mortalidade infantil com a
atenção à saúde, mesmo em contextos precários de qualidade de vida. O acesso damãe
ao planejamento da gravidez, ao pré-natal de qualidade e ao partoadequadamente
assistido, assim como o cuidado adequado à criança duranteseu primeiro ano de vida
são essenciais para garantir a sobrevida e ocrescimento e desenvolvimento dessa criança
(...).

1.4 FACTORES ASSOCIADOS À TMI (taxa da Mortalidade infantil)


O risco de morte no primeiro ano de vida se associa com frequência ao grau de
desenvolvimento de uma sociedade, incluindo não apenas a atenção à saúde,mas as
questões que indiretamente afetam a saúde, tais como as condições desaneamento,
escolaridade, renda, exposição à agentes infecciosos, higiene,entre outros factores
condicionantes e determinantes da saúde.
A TMI embora classicamente reconhecida como indicador que reflete
asituação socioeconómica de uma população, isso nem sempre é verdadeiro.Em um
contexto de baixas TMI (devido ao desenvolvimento socioeconómico
e/ou devido às acções e políticas específicas de proteção da saúde da criança eda
gestante) esse indicador aumenta sua homogeneidade relativa e tende aperder seu poder
de discriminação. Dessa forma, espera-se que, nessasituação, seja reduzida sua
capacidade de diferenciar grupos sociais.

1.4.1 Factores biológicos:


A literatura reporta associações do risco de morte infantil com os seguintes
factores biológicos: baixo peso ao nascer, sexo da criança, Idade materna, idade
gestacional (prematuridade), magnitude e evolução do Apgar do 10 e 50minutos de
vida, paridade, mal formação congênita, infecções perinatais,gestação múltipla, entre
outros.
Além disso, o sexo da criança também constitui em factor biológico relevante
econsistente associado à Mortalidade infantil, sendo que a criança do sexo masculino
apresenta sobre mortalidade em relação à criança do sexo feminino.
Em grande parte esse fenômeno se explica devido à maturidade pulmonar para
os meninos ser mais lenta durante o desenvolvimento intrauterino do que paraas
meninas. Este facto pode dar maior fragilidade para os nascidos desse sexo.

1.4.2 Factores socioeconómicos:


Factores associados à morte infantil (em análises individuais e
ecológicas)relativo às condições socioeconómicas frequentemente relatadas na literatura
são: escolaridade, renda (absoluta e relativa), acesso a saneamento básico,migração,
área de residência (urbano/rural), número de moradores por domicilio, Produto Interno
Bruto (PIB), emprego, raça/cor, entre outros.
Estudos apontam associação ecológica entre Produto Interno Bruto - PIB e
risco de morte infantil, refletindo desenvolvimento económico, acesso a bens e serviços,
e qualidade de vida e de saúde em geral de uma população.
Nesse contexto, a situação de desemprego parece também que favorece a
instabilidade económica e emocional familiar, e conferir maior vulnerabilidade à morte
para as crianças menores de um ano. Essa associação parece mais evidente quando o
desemprego afecta o responsável pela família..

1.4.3 Factores associados à atenção à saúde:


Em relação à atenção à saúde, os factores associados ao risco de morte infantil
mais amplamente discutidos na literatura, são: atenção ao pré-natal, tipo departo, parto
realizado em hospitais do SUS, baixa cobertura de recursos de saúde, incluindo leitos
hospitalares e estratégia da saúde da família, entre outros.
 Atenção ao Pré-natal: O pré-natal em condições ideais (quantidade de
consultas e qualidade da atenção) tem papel fundamental na prevenção da morte
infantil, incluindo o monitoramento do crescimento e desenvolvimento fetal, os
cuidados com agestante, a identificação precoce de problemas de saúde da mãe e
do bebê, e o preparo para o parto e orientações de cuidados após o nascimento.
 Atenção ao parto: Acesso oportuno à atenção à saúde de qualidade no
momento do parto facilita o manejo adequado de problemas da mãe e da
criança, especialmente no caso de gravidez de alto risco, com comorbidades,
e/ou na ausência de pré-natal adequado.
 Atenção à criança no primeiro ano de vida: A atenção prestada ao nascido
vivo imediatamente após o nascimento e no seu primeiro ano de vida envolve
acesso à estrutura adequada dos serviços de atenção à saúde, (...) neonatal,
identificação e intervenção precoce e resolutiva nos problemas de saúde
detectados, visitas periódicas das crianças aos serviços de atenção à saúde
para acompanhamento do crescimento e desenvolvimento, imunização
oportuna, acesso à todos os níveis de atenção quando necessário, entre outros
aspectos importantes.

1.4.4 Factores comportamentais:


Alguns factores comportamentais da mãe ao longo da gestação, descritos
comfrequência na literatura como sendo factores de risco para o óbito infantil, são:
a) ser tabagista,
b) b) fazer uso de drogas ilícitas e/ou álcool
c) c) não possuir peso adequado para altura, entre outros.
Alguns problemas relacionados à gravidez associados ao uso do tabaco, são:
baixo peso fetal, ruptura prematura das membranas, gravidez tubária,deslocamento
prematuro da placenta e placenta prévia. Acesso à informação e apoio para cessar o
tabagismo durante a gestação é medida relevante para a redução da morte infantil nesse
grupo de mulheres expostas.
O álcool, outras drogas lícitas ou as drogas ilícitas durante a gestação podem
afetar a criança de várias maneiras:
1) Pode actuar diretamente sobre o feto,causando lesão, desenvolvimento
anormal ou morte,
2) Pode alterar a função da placenta, geralmente contraindo os vasos
sanguíneos e reduzindo a troca de oxigênio e nutrientes entre o feto e a
mãe, e ainda;
3) Causar a contração força da da musculatura uterina, lesando indirectamente
o feto por meio da redução de seu suprimento sanguíneo.
Todos esses eventos podem aumentar o risco de morte infantil.

1.4.5 Factores demográficos:


Alguns factores demográficos associados á morte infantil relatados na literatura
são: situação conjugal, idade materna no momento da gestação, taxas de natalidade e
fecundidade, entre outros. Alguns desses factores foram comentados anteriormente no
tópico factores biológicos.A situação conjugal materna, relativa à presença de
companheiro, parece refletir em melhor desfecho da gravidez e sobre vida infantil,
possivelmente devido à contribuição financeira e ao apoio psicossocial familiar.

1.5 COEFICIENTE DE MORTALIDADE INFANTIL (CMI)


O Coeficiente de Mortalidade infantil é uma ferramenta que apresenta as
estatísticas nessa área, sendo calculado segundo o número de óbitos de crianças de até
doze meses por mil nascidos vivos no período de um ano. De acordo com a
Organização Mundial da Saúde (OMS), o índice considerado aceitável é de dez mortes
para cada mil nascimentos.

1.6 TAXA DE MORTALIDADE INFANTIL


A taxa de Mortalidade infantil (TMI) é reconhecida não só como indicador das
condições de saúde da população menor de 1 ano, mas também como a variável que
melhor reflete as condições gerais de vida, sendo considerada síntese da qualidade de
vida e do nível de desenvolvimento de uma população (1). Assim, é possível estabelecer
relações entre a magnitude da TMI e as características do modelo de desenvolvimento
(2). A taxa de Mortalidade infantil corresponde ao número de óbitos de crianças com
menos de um ano de vida ocorridos durante um certo período, normalmente um ano,
referenciado ao número de nascidos vivos do mesmo período. Normalmente este
resultado é multiplicado por mil. Tendo em vista que a taxa de mortalidade infantil
cobre o primeiro ano de vida, podemos subdividir este período em duas faixas que são
demonstradas, respectivamente, por outras duas taxas: a taxa de mortalidade neonatal e
taxa a de mortalidade pós-neonatal.
A primeira refere-se aos óbitos ocorridos com menos de 28 dias de vida,
enquanto a segunda se refere aos óbitos entre o 27º e o 364º dia de vida. Ambas
referem-se ao número de óbitos observados para cada grupo de mil nascidos vivos.
Quanto às causas, a Mortalidade infantil pode ser classificada em duas categorias: as
causas endógenas e as causas exógenas.
Causas endógenas:
Causas exógenas:
Os principais factores que indicam riscos de mortalidades no período
gestacional, neonatal e pós-neonatal, compreendem o baixo peso ao nascer e a
prematuridade, pois tais factores são indicativos de que as crianças nestas condições não
estão no seu melhor estado de saúde. Reiteramos que para a OMS o baixo peso ao
nascer é o mais importante factor de risco para sobrevivência do nascido vivo,
crescimento e desenvolvimento. Assim, uma elevada percentagem de recém-nascidos
com baixo peso ao nascer pode indicar que há algo de errado com a saúde das grávidas,
um intervalo insuficiente dos nascimentos, cuidados de saúde prénatais inadequados e
necessidade de melhoria de cuidados aos recém-nascidos.

1.6.1 Desigualdades sociais como causas de Mortalidade infanti


Na actualidade, as menores taxas de Mortalidade infantil são de países com
elevados Índices de Desenvolvimento Humano (IDH), apresentando três mortes a cada
mil nascidos vivos, enquanto as taxas de mortalidade infantil em países com baixo IDH
permanecem altas(MALIK, 2014).
Mesmo com avanços identificados a nível mundial por meio de compromissos
admitidos pela sociedade civil organizada, por entidades internacionais e por políticas
públicas fundadas em diversos países, percebe-se ainda grande desigualdade na taxa
de Mortalidade infantil entre países em desenvolvimento e desenvolvidos (BARRETO;
CORREIA; CUNHA, 2014).
A Taxa de Mortalidade Infantil (TMI) por ser aplicada como parâmetro para
extrair dados quanto ao nível de desenvolvimento dos países, regiões, Estados e
municípios, o seu frequente acompanhamento faz-se de grande importância e relevância
para exibição de outras medidas de desenvolvimento. Dessa maneira, isso indica que
altas taxas de Mortalidade infantil configuram os baixos níveis socioeconómicos da
população, correspondidos por privação ao acesso dos direitos básicos, tais como:
saneamento, água potável, educação, renda, entre outros (SOUSA et al., 2016).
A diminuição significativa da desigualdade de renda tem impacto directo na
redução da Mortalidade infantil e o aumento da desigualdade de renda acarreta no
acréscimo da TMI (SOUSAet al., 2016). Conforme estudo de Silva (2015), por meio da
distribuição de renda, é possível melhorar o acesso às condições de saúde, educação,
saneamento, dentre outros factores.
Ademais, a redução da centralização da renda colabora para o desenvolvimento
do país.Ou seja, um aumento de 1% da renda per capita causa uma provável diminuição
de 0,62% na TMI. Vale destacar que a pobreza familiar é um dos factores
condicionantes da TMI, o que pode ser confirmado na análise de países com menor
renda per capita (WORLD BANK, 2015).
Lisa, Flore e Sandrine (2013) investigaram quais os prováveis factores da
diminuiçãoda TMI em cem países em desenvolvimento e aplicaram o método de dados
em painel.
Obtiveram nos resultados que a renda per capita e o saneamento básico
são essenciais para adiminuição da Mortalidade infantil.
Em 2013, O Relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) evidenciou
resultados essenciais para a diminuição da mortalidade infantil no Brasil com inúmeras
acções aperfeiçoadas na última década, como por exemplo, a melhoria no atendimento
materno e ao recém-nascido, e políticas de assistência social, como o programa de
transferência de renda Bolsa Família (UNC, 2015).
A pesar da diminuição, os níveis actuais ainda são altos, o que torna essencial a
identificação de desigualdades regionais, a fim de corrigi-las. Uma vez que a maioria
dos óbitos infantis estão no primeiro ano de vida, principalmente no primeiro mês. É
possível destacar que há um aumento das causas perinatais como a prematuridade, o que
aponta a importância dos factores relacionados à gestação, ao parto e ao pós-parto, em
geral preveníveis por meio de assistência à saúde de qualidade(FRANÇA et al., 2017).
Apesar da diminuição global da mortalidade infantil, um dos desafios para a
diminuição da mortalidade neonatal, uma vez que esta é a responsável por 2/3 da
Mortalidade infantil (...) VANDERLEI; FRIAS, 2015).
Uma das justificativas para a permanência das desigualdades é que o factor
sóciodemográfico interligado a discrepâncias sociais na saúde perinatal é a idade
materna, tanto para o grupo de mulheres com mais de 35 anos como para as
adolescentes (LAOPAIBOON et al., 2014),
Factores relacionados à idade jovem da mãe intercalam-se às condições de
vida, principalmente se tiverem pouca inserção social, e influenciam o comportamento
reprodutivo e a Mortalidade das crianças. A maior prevalência é início tardio do pré-
natal, situação conjugal sem companheiro, baixa escolaridade, ausência de emprego
remunerado, menor número de consultas pré-natais e infecções urinárias entre mães
adolescentes revelam acomplexidade das interações entre condições sociais e a
utilização de serviços de saúde com efeitos sobre a prevalência de desfechos neonatais
negativos (RIBEIRO et al., 2014).
1.6.2 Taxa de mortalidade como indicador de políticas públicas de saúde
A taxa de Mortalidade infantil é um indicador demográfico utilizado para
verificar as condições de atendimento à saúde ou saneamento básico de determinada
população (Jannuzzi, 2009); sendo uma forma de mensuração do risco de morte entre
crianças menores de um ano de idade (Cruz, 2005) e um indicador de qualidade de vida
uma população e seu desenvolvimento (Fischer et al., 2007).
Além de aplicação estritamente demográfica, de caracterizar níveis e padrões
de Mortalidade, a taxa de Mortalidade infantil tem sido empregada tradicionalmente
como um indicador social representativo das condições gerais de vida ou saúde
prevalecentes em uma região ou segmento populacional (Jannuzzi, 2009, p.72).
O monitoramento da evolução da taxa de Mortalidade infantil permite inferir a
qualidade de vida de uma população e seus determinantes, especialmente no que tange
às acções de políticas públicas relativas ao acesso a serviços de saúde, saneamento
básico, condições de habitação, a situação da renda e emprego (Leite & Silva, 2000).
No entanto, a utilização do indicador de Mortalidade infantil deve ser
considerada dentro do contexto do poder de intervenção do Estado como provedor de
infraestrutura social e bens de consumo colectivo (como escolaridade, saneamento
básico e serviços de saúde), políticas públicas que efetivamente apresentam um impacto
na condição de vida das comunidades (Costa & Duarte, 1989).
Em suma, a taxa de Mortalidade infantil é um reflexo das políticas públicas de
saúde, no entanto, envolve um conjunto de outros aspectos de qualidade de vida das
populações.
Neste caso, entende-se que se as políticas públicas gizadas pelo ministério da
saúde não forem praticados amorosamente e com compromisso profissional e social
ainda continuaremos a assistir um número elevado de morte de crinças na nossa
sociedade e centros sanitários.
A adopção de determinados programas de prestação de serviços de saúde, o
funcionamento de centros ou postos de saúde em diversas localidades, expansão da rede
de canalização de água ou esgotamento sanitário por novos bairros ou cidades são
exemplos de acções institucionais concretas que afectam os níveis de Mortalidade
infantil e redimensionam a ordem de seus determinantes. De igual forma,
transformações estruturais no mercado de trabalho, na distribuição de rendimentos, na
escolarização, habitação e nutrição, entre outros factores socioeconómicos, ocasionam
fortes impactos sobre os níveis e padrões de Mortalidade infantil (Oliveira & Mendes,
1995).
É possível realizar o desdobramento da Mortalidade infantil em dois diferentes
componentes ou períodos: Mortalidade infantil neonatal e Mortalidade infantil tardia ou
pós-neonatal (Cruz, 2005).
O coeficiente de mortalidade infantil ou taxa de mortalidade infantil (TMI) é
definido pela razão entre o número de óbitos de crianças menores de um ano de idade
em uma determinada área geográfica durante um determinado período (normalmente
um ano) e o número de nascidos vivos na mesma área e no mesmo período (Marcondes
da Silva, 2010):

A taxa de mortalidade infantil auxilia, ainda, na determinação dos níveis de


saúde de uma população e na síntese das condições de bem-estar social, político e ético
de uma comunidade (Leal & Szwarcwald, 1996).

IMPORTÂNCIA DA ASSISTÊNCIA A SAÚDE MATERNO-INFANTIL


NO COMBATE A MORTALIDADE INFANTIL
Assistir às mulheres no momento do parto e pós-parto é princípio fundamental
da humanização à saúde da mulher e da criança no combate à Mortalidade infantil
(BRASIL,2001).
A realização de acompanhamento médico e de enfermagem, por meio das
consultas pré-natais são medidas de suma importância no tocante a obtenção de
informações e diagnósticos precoces quanto a possíveis doenças tanto na mãe quanto no
bebê, pois elas servem além de método de prevenção também como preparação para um
parto saudável(BRASIL, 2009).
Já nas primeiras consultas médicas e de enfermagem durante a gestação é
importante que sejam prescritos exames específicos a fim de diagnosticar possíveis
anomalias na mãe também no bebê. Exames estes, cujos resultados devem ser
repassados para o Cartão da Gestante com suas informações sobre pressão arterial,
crescimento do bebê, idade gestacional correcta, tipo sanguíneo, dentre outros. Após a
realização destes exames o pré-natal correcto será traçado para cada tipo de gestante,
seja ela de baixo ou alto risco, como nos casos, por exemplo, de gestantes com
problemas de hipertensão arterial que podem levar a eclampsia, sendo, portanto
preocupante não somente a saúde materna, como também para a infantil( BRASIL,
2009).
A atenção e assistência que se toma às mães e bebês no tempo de gravidez,
durante o parto e pós-parto é feita com prioridade de combater a morte de crianças nos
hospitais, centro de saúde e na sociedade em geral. elas permitem detetar doenças de
maneira prematura tanto nas mães como nos bebês. esses cuidados são responsáveis
pelo tratamento dos dois ( mãe e bebê), seja no conselho de ideias de maternidade e na
prenvenção e combate de patologias infecciosas ou virais como HIV.( BRASIL,2001)

Taxa de Mortalidade Infantil e saneamento básico

1.7MORTALIDADE INFANTIL EM ANGOLA


Um dos principais indicadores de saúde é a taxa de mortalidade infantil, que
constitui uma métrica das condições de vida e de desenvolvimento da população. A taxa
de Mortalidade neonatal, também designada de coeficiente de mortalidade neonatal
(Unicef, 2015), é definida como o total de mortes em crianças de menos de 27 dias de
vida num determinado ano dividido pelo total de nascidos vivos no mesmo ano e reflete
as condições socioeconómicas e de saúde da mãe, a qualidade de assistência pré-natal,
ao parto e ao recém-nascido (Soares e Menezes, 2010). Os países que têm prestado
especial atenção à melhoria dos serviços de saúde relativa a todo ciclo gravídico-
puerperal têm sido premiados com a redução da Mortalidade infantil, em especial da
mortalidade neonatal precoce (até o 7º dia pós-nascimento). Em 2015, a taxa de
mortalidade neonatal mundial estimada foi de 19 mortes a cada 1000 nascidos-vivos.
Em países desenvolvidos, as taxas de mortalidade variam entorno de 3 mortos por 1000
nascidos vivos, enquanto que em países em desenvolvimento esta taxa varia de 6-29
(Ásia oriental) até 29 (África sub-saariana) mortos/ 1000 nascidos-vivos (UNICEF,
2015).
Na classificação de países em desenvolvimento consta Angola, um país com
uma população de 24,4 milhões de habitantes com taxa de fecundidade de 5,7% e
expectativa de vida de 57,2 para os homens e 63,0 para as mulheres. Angola tem
registado nos últimos anos grandes performances macroeconómicas e significativas
melhorias das infra-estruturas sanitárias e das políticas de saúde pública, voltadas para a
família, gestantes e crianças (INE, 2014). Entretanto, entre os anos de 2011 e 2015,
estima-se que a taxa de Mortalidade infantil neonatal em Angola tenha sido de 44
mortes a cada 1000 nascidos vivos (IIMS, 2016).
Em 1990, Angola tinha uma taxa de mortalidade infantil antes dos cinco anos
de 223 por cada mil nascimentos, um número que desceu para 204 em 2000 e para 71
em 2020. Em Angola morreram 125.000 crianças com menos de cinco anos em 1990,
153.000 em 2000 e 91.000 em 2020”, refere o documento.
Angola reduziu a Mortalidade infantil em cerca de 175% nos últimos 30 anos,
ao sair de 132 por 1.000 nascimentos em 1990 para 48 por mil nascimentos em 2020,
revela o relatório “Níveis e tendências da Mortalidade infantil” elaborado por várias
instituições internacionais, nomeadamente (UNICEF, OMS, Grupo do Banco Mundial e
a Organização das Nações Unidas).
A taxa de Mortalidade infantil era de 132 por 1.000 nascimentos em 1990 e de
48 por mil nascimentos em 2020. As mortes infantis passaram de 76.000 (1990) para
62.000 em 2020.
Em relação à taxa de mortalidade neonatal, esta situava-se nos 54 por mil
nascimentos em 1990, 50 em 2000 e 27 em 2020. A descida não se registou nas mortes
neonatais que foram 32.000 em 1990, subindo para 40.000 em 2000 e atingindo os
36.000 em 2020.

1.7.2 Principais Causas


Os principais responsáveis de mortes da criança em Angola podem ser
classificados por causas epidemiológicas, infra-estruturais e humana.
Causas epidemiológicas As principais doenças que afectam as crianças
menores de 5 anos em África em geral e em Angola em particular, são atribuídas em
geral a causas preveníveis e incluem malária, doenças respiratórias agudas, diarreia,
anemia, sarampo, meningite, parasitas intestinais, tuberculose pulmonar, malnutrição e
HIV-SIDA.
Infra-estruturas Relativamente à rede sanitária, existem em Angola unidades
sanitárias das quais, 8 hospitais centrais, 39 hospitais gerais, 124 hospitais municipais.
O País ainda conta com unidades de pequeno porte como centros de saúde (330) e
postos de saúde (1452) em funcionamento. Com isso estima-se que uma proporção
baixa da população tenha acesso a instalações de saúde em condições de
funcionamento, localizadas a menos de 5 km da localidade onde reside. Uma parte
substancial das infra-estruturas e equipamento existentes encontram-se em estado
avançado de degradação por falta de manutenção e renovação. Segundo dados de 2007 ,
cerca de 268 postos de saúde, 7 centros de saúde, 10 hospitais municipais e 39 hospitais
gerais não se encontram em funcionamento, devido a falta de técnicos qualificados e a
ausência de um sistema regular de abastecimento. Há de facto uma carência forte de
equipamento básico de diagnóstico, medicamentos essenciais, equipamento de
transporte e comunicação, entre outros materiais essenciais.
IDEIA DE REPERCURSSÃO
Conforme Duarte (1992), a avaliação das causas básicas de
mortalidade infantil
tende a revelar certas características acerca das condições de vida e de
assistência
à saúde, traduzindo riscos diferenciais de morrer, além de desenhar o perfil de
cada
grupo ou região, destacando o impacto de políticas públicas. Ainda assevera:
“estimular a análise do coeficiente de Mortalidade infantil enquanto indicador
heterogêneo auxilia a compreensão da dinâmica da mortalidade infantil e de
suas
relações com processos sociais” (p.416).
Considerando que a qualidade da assistência à saúde materno-infantil
envolve
questões específicas relacionadas aos serviços de saúde oferecidos a essa
clientela
e a factores socioeconómicos, pode-se observar que as causas de óbitos
infantis
apontam para a fragilidade do sistema de saúde (...). No Brasil, morrem
crianças antes de completarem apenas um ano de idade por causa evitável,
mortes
essas que não ocorreriam caso a assistência atendesse efetivamente às
necessidades da população materna e infantil.
Repercussão social de Mortalidade infantil registada no Hospital
Geral de Benguela

Você também pode gostar