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TERESINA – 2019
CAMILA MORAIS DE OLIVEIRA
CAROLINA FEITOSA LEAL NUNES
TERESINA – 2019
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RESUMO
A mortalidade neonatal (MN) corresponde aos óbitos entre zero e 27 dias de vida e
subdivide-se em precoce, que ocorrem na primeira semana de vida, e tardia, entre o 7º e o 27º
dia de vida. O objetivo do presente estudo foi descrever o perfil clinico-epidemiológico da
MN na Maternidade Dona Evangelina Rosa (MDER) em Teresina-PI, correlacionando as
principais causas de óbito neonatal com variáveis relacionadas à gestação, parto e cuidados
pós natal. É um estudo do tipo transversal, descritivo, observacional e prospectivo de aborda-
gem qualitativa realizado com 54 recém nascidos que vieram a óbito na MDER. Os resultados
mostraram que 61,1% das causas de óbito são condições relacionadas à gestação/parto, sendo
51,85% no sexo masculino e 87,04% do tipo precoce. Descritores: Mortalidade neonatal,
Causas evitáveis
ABSTRACT
The Neonatal mortality (NM) corresponds to deaths between zero and 27 days of life
and is subdivided into early, in which neonatal deaths occur in the first week of life, and late,
occurring between the 7th and 27th day of life . The objective of the present study was to de-
scribe the clinical and epidemiological profile of NM at the Maternity Dona Evangelina Rosa
(MDER) in Teresina-PI, correlating the main causes of neonatal death with variables related
to gestation, delivery and postnatal care. It is a cross-sectional, descriptive, observational and
prospective study with a qualitative approach performed with 54 newborns who died in
MDER. The results showed that 61.1% of the causes of death are conditions related to gesta-
tion / delivery, 51.85% were in males and 87.04% in the early stages. Keywords: Neonatal
mortality, Preventable causes
INTRODUÇÃO
A mortalidade neonatal (MN) corresponde aos óbitos entre zero e 27 dias de vida e
subdivide-se em precoce, na qual os óbitos neonatais ocorrem na primeira semana de vida, e
tardia, em que os óbitos ocorrem entre o sétimo e o 27º dia de vida (FILHO et al, 2017).
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Já no Piauí, a média de crianças com menos de um ano de idade que vai a óbito, é
maior que a média nacional, de acordo com a estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), divulgada no Diário Oficial da União em agosto de 2017. A estimativa
indica que, em 2016, enquanto a taxa de mortalidade infantil nacional foi de 13,29 a cada mil
crianças nascidas; no Piauí, foi de 19,11. Em Teresina, a Maternidade Dona Evangelina Rosa
(MDER), a maior maternidade do estado e responsável por 63% dos nascimentos ocorridos na
cidade de Teresina, registrou em 2017 um total de 355 óbitos infantis, o que representa um
CMI de 31,41 para cada mil nascidos vivos, e destes 77,9% correspondem a óbitos neonatais.
As principais causas de óbitos neonatais são: parto prematuro, asfixia durante o parto,
problemas respiratórios e infecções. A reanimação efetiva do recém-nascido em sala de parto
é uma das práticas de assistência neonatal que mais contribuiu para diminuir as mortes causa-
das por asfixia. Um conjunto de técnicas, algumas simples, como a manutenção da temperatu-
ra corporal do recém-nascido, e outras mais complexas e que requerem instrumental adequa-
do, como a intubação, formam parte do conjunto de medidas incluídas na reanimação do re-
cém-nascido, processo que deve ser instaurado em sequência e seguindo orientações bem es-
tabelecidas (FREITAS, et al, 2016).
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Há evidências de que mais de 70% dos óbitos neonatais ocorrem por causas evitáveis,
especialmente por falta de adequada atenção à gestante e ao recém-nascido. Nesse sentido,
vários estudos têm analisado as causas das mortes infantis e neonatais sob o enfoque da evita-
bilidade, com vistas a identificar situações que requerem investimentos para a qualificação da
atenção à saúde, considerando que a análise dos fatores de risco da mortalidade neonatal dá
visibilidade à problemática e oferece subsídios para a tomada de decisão na implementação de
ações de melhorias dos serviços de saúde (GAIVA, 2015, 2016).
Por tudo isso observa-se que é de fundamental importância conhecer o perfil clínico-
epidemiológico da mortalidade neonatal em maternidade de Teresina, PI, para assim gerar
subsídios que permitam a implementação de medidas intervencionais adequadas às necessida-
des locais, para prevenção principalmente das mortes evitáveis. Dessa forma o presente estu-
do tem como objetivo geral descrever o perfil clinico-epidemiológico da mortalidade neonatal
na Maternidade Dona Evangelina Rosa em Teresina-PI, tendo comos objetivos específicos
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METODOLOGIA
Este estudo foi iniciado após aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa do Centro
Universitário UNINOVAFAPI (CAAE: 97715118.3.0000.5210) (Anexo 1) e consentimento
das instituições, em consonância com a Resolução 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde
que regulamenta as questões operacionais e éticas dos trabalhos científicos envolvendo seres
humanos.
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Foram incluídos todos os RNs cujo óbito ocorreu de zero a 27 dias de vida, que fica-
ram internados na MDER, depois de devidamente aceito pela mãe através do TCLE (Anexo
4), em caso de menor foi utilizado o Termo de Assentimento (Anexo 5) e que estavam devi-
damente cadastrados e com os dados presentes nas DO e FHIO.
Foram excluídos os RNs cujo óbito ocorreu de zero a 27 dias de vida, que a mãe, por
motivos próprios decidiu não participar da pesquisa e aqueles cujas variáveis cadastradas não
estavam devidamente preenchidas.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Tabela 1. Características no RN
Teresina (PI), novembro 2018 a janeiro 2019
Nº %
Feminino 24 44,44
Masculino
Gênero 28 51,85
Ignorado
2 3,70
Total
Pré-termo 54 100,00
Idade gestacio- 50 92,59
Termo
nal estimada 4 7,41
pelo pediatra Total 54 100,00
(sem)
AIG 29 53,70
Tamanho para PIG 14 25,93
idade gestacio- Não avaliado 11 20,37
nal Total 54 100,00
Extremo baixo peso
29 53,70
Muito baixo peso
6 11,11
Baixo peso
Peso ao nascer 15 27,78
Peso normal
4 7,41
Total 54 100,00
Fonte: Ficha de Investigação Hospitalar de Óbito.
Declaração de Óbito.
Quanto à idade gestacional assemelha-se aos resultados obtidos por Gaiva et al. (2016)
que evidenciou predomínio de idade gestacional menor do que 37 semanas (prematuridade) e
por Bittencourt et al. (2014), onde a média de duração da gestação foi de 30,8 semanas (mí-
nimo de 19 semanas; máximo de 42,1 semanas), sobressaindo os neonatos prematuros (idade
gestacional < 37 semanas), com 75,3%, com predomínio dos prematuros extremos (idade ges-
tacional de 22 a 32 semanas) com 50,6%. Encontrou-se, ainda, 7,41% de nascimentos a ter-
mo, porém, nenhum pós termo.
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Dentre a amostra estudada, os RNs que vieram a óbito, 51,9% apresentaram Apgar
menor do que 7 tanto no 1º quanto no 5º minutos e 68,52% necessitaram de manobras de rea-
nimação após o nascimento. No que se refere à necessidade de internação em Unidade de Te-
rapia Intensiva (UTI), 66,57% necessitaram permanecer internados, sendo que a maior parte
(28) permaneceu de 0 a 5 dias internados. Em relação ao tempo de vida, 87,04% tiveram um
tempo de vida de 0 a 6 dias, sendo classificados como óbito neonatal precoce (Tabela 2).
No que tange aos óbitos neonatais estudados observa-se que 85,2% dos partos dos
RNs ocorreram por meio de cesárea. Algumas condições maternas e fetais comuns associadas
à mortalidade neonatal estavam presentes na amostra estudada, porém não foram predominan-
tes, sendo apenas a amniorrexe prematura discretamente prevalente, presente em 53,7% dos
estudados. Dentre as outras condições associadas, a mais prevalente se mostrou ser as altera-
ções ultrassonográficas com 31,5% (Tabela 3).
Tabela 3. Tipo de parto e condições materno-fetais associadas
Teresina (PI), novembro 2018 a janeiro 2019
Nº %
Cesáreo 46 85,2
Tipo de parto
Normal 8 14,8
Sim 26 48,1
ITU
Não 28 51,9
Sim 29 53,7
Amniorrexe prematura
Não 25 46,3
Sim 12 22,2
Síndrome hipertensiva
Não 42 77,8
Sim 26 48,1
Trabalho de parto prematuro
Não 28 51,9
Sim 9 16,7
DPP
Não 45 83,3
Sim 24 44,4
Oligodrâmnio
Não 30 55,6
Sim 11 20,4
Corioamnionite
Não 43 79,6
Sim 12 22,2
Vulvovaginite
Não 42 77,8
Eritroblastose fetal 1 1,9
parto (GAIVA et al., 2015). Dentre as principais causas de óbitos em um estudo em Porto
Velho, 31,18% são reduzíveis por adequada atenção ao RN, bem como à mulher na gestação
(16,85%) e no parto (15,41%) (MOREIRA et al, 2017).
Considerando que o acesso à atenção pré-natal tem se ampliado, estranha-se o aumen-
to no percentual de óbitos evitáveis por condições associadas a atenção à mulher na gestação.
Estudo que analisou os óbitos ocorridos durante uma década em Recife, PE, verificou que
dos 2.267 óbitos evitáveis, 41% seriam por adequada atenção na gestação (ROCHA et al.,
2011).
O padrão de evitabilidade de óbitos neonatais constatado no presente estudo sugere a
existência de problemas relacionados à assistência materno-infantil e indica a necessidade de
investimentos na estrutura dos serviços e na capacitação dos profissionais para atender a mu-
lher no ciclo grávido-puerperal e o neonato, prioritariamente no pós-parto imediato.
Conhecer as causas de morte, especialmente aquelas evitáveis por adequada atenção é
pois fundamental para avaliar o desempenho dos serviços e monitorar a qualidade da assis-
tência prestada pelo sistema de saúde.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste estudo prevaleceram os óbitos precoces, do sexo masculino, com extremo baixo
peso ao nascer e Apgar menor que 7 no 1° minuto e 5° minuto. As causas básicas predomi-
nantes foram aquelas associadas ao parto e à gestação por isso observa-se a importância em
qualificar a assistência pré-natal, proporcionando um cuidado mais integral e efetivo, e os
cuidados intraparto, evitando assim diversas complicações pós parto, incluindo a necessidade
de reanimação e internação em ambiente de terapia intensiva. Conhecer as causas de morte,
especialmente aquelas evitáveis por adequada atenção é também um forma de avaliar o de-
sempenho dos serviços e monitorar a qualidade da assistência prestada pelo sistema de saúde.
Uma das limitações do presente estudo refere-se ao fato de se tratar da análise de da-
dos secundários, que depende da fidedignidade e da completude do preenchimento dos regis-
tros.
Por fim, destaca-se que o resultado da análise da evitabilidade dos óbitos neonatais,
feitas neste estudo, pode contribuir com a avaliação e melhoria da qualidade da assistência a
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timento livre e esclarecido assinados, os Termos de Assentimento (quando as mães forem
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“Em caso de dúvida quanto à condução ética do estudo, entre em contato com o Comi-
tê de Ética em Pesquisa do UNINOVAFAPI, no endereço: Rua Vitorino Orthiges Fernandes,
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cep@uninovafapi.edu.br. O Comitê de Ética em Pesquisa é a instância que tem por objetivo
defender os interesses dos participantes da pesquisa em sua integridade e dignidade e para
contribuir no desenvolvimento da pesquisa dentro de padrões éticos. Dessa forma o comitê
tem o papel de avaliar e monitorar o andamento do projeto de modo que a pesquisa respeite os
princípios éticos de proteção aos direitos humanos, da dignidade, da autonomia, da não male-
ficência, da confidencialidade e da privacidade”.
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Você está sendo convidada como voluntária a participar da pesquisa “PERFIL CLÍ-
NICO-EPIDEMIOLÓGICO DA MORTALIDADE NEONATAL EM MATERNIDADE
PÚBLICA DA CIDADE DE TERESINA-PI”. Neste estudo pretendemos descrever o perfil
clinico-epidemiológico da mortalidade neonatal na Maternidade Dona Evangelina Rosa em
Teresina-PI.
O motivo que nos leva a estudar esse assunto é conhecer o perfil clínico-
epidemiológico da mortalidade neonatal em Teresina, PI, pois é importante para caracterizar a
população estudada e, com isso, guiar planos de intervenção adequados às necessidades lo-
cais, para prevenção principalmente das mortes evitáveis.
A realização do presente estudo oferece riscos mínimos a você. Por se tratar de assun-
to delicado e por ser evidente o risco de forte emoção, a abordagem será o mais humanizada
possível. Nosso compromisso, quanto ao sigilo dos dados, minimizará risco de perda de con-
fidencialidade dos dados. A garantia desse sigilo será estabelecida por meio da assinatura des-
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veis por tal comitê.
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nico-epidemiológico envolvido nesses eventos, dados que podem ser usados em ações de ca-
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mo de consentimento. Você não terá nenhum custo, nem receberá qualquer vantagem finan-
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cipação a qualquer momento. A sua participação é voluntária e a recusa em participar não
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