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Ordem do Ararat

2022
ORDEM DO ARARAT
REALIZAÇÃO ATRAVÉS DO CARÁTER E DA CULTURA

Caderno Ararat

“Somente compreenderemos os acontecimentos do


mundo, se analisados a luz da Sabedoria Tradicional das
Idades.” (Jefferson Henrique de Souza, 2020)

Veneráveis Ararats,
PAX

Em cumprimento às determinações do saudoso e Venerável Jefferson Henrique


de Souza, então Mestre da Ordem do Ararat, expressas no Edital 03/2021, como
estímulo à produção e disseminação de estudos no âmbito da OA e no Edital 03/2022,
da Mestra da Ordem do Ararat, Venerável Felicia Clelia Forlenza de Souza que fez
a “Chamada” para este segundo Caderno, como oportunidade de desenvolvimento do
tema anual de trabalho, é com satisfação que publicamos, para os Irmãos da Série
Interna, o Caderno Ararat nº 2 “Eubiose – a arte do bom, do bem e do belo”.
Este Caderno dá continuidade ao projeto retomado no ano passado com
o objetivo de manter uma tradição de criação e articulação dos saberes do
movimento eubiótico com os das diversas áreas do conhecimento humano,
com diversos estudos circulando livremente entre os Irmãos, ao longo de décadas. A
denominação “Caderno Ararat” também remonta e homenageia parte dessa história,
com a publicação, no ano de 2000, de estudos realizados pela OA no Departamento
de São Paulo – Lacerda Franco.
Assim como no ano passado, uma Equipe Editorial foi estabelecida para este
Caderno, para avaliar cada artigo enviado e responder aos autores, com base nos
critérios exigidos pelo Edital 03/2022. A Equipe sugeriu, quando necessário e, com zelo
pelo aprimoramento, eventuais ajustes de ordem ortográfica, digitação ou de sintaxe.
Ainda neste Caderno reservamos um espaço, mais que justo, para a reprodução
da Homenagem ao Venerável Jefferson Henrique de Souza, feita no dia 18 de agosto
de 2021, pela Equipe Regional da OA do Departamento de São Lourenço – MG.
No livro, Ocultismo e Teosofia, Capítulo I, lê-se o título: “Quem sois, leitor amigo?
No texto, o Nosso Mestre, o Prof. Henrique José de Souza, escreveu: “A leitura meditada
é o diálogo mudo entre duas almas que em uma se confundem: o leitor e o escritor.”
Aos autores, nossos mais profundos cumprimentos e agradecimentos.
Aos possíveis leitores, que a experiência seja muito auspiciosa.

Conceição do Rio Verde – MG, 23 de março de 2022.

Fraternalmente,
Ricardo Medeiros
Secretário Executivo da Ordem do Ararat
ORDEM DO ARARAT
REALIZAÇÃO ATRAVÉS DO CARÁTER E DA CULTURA

Caderno Ararat

Equipe Regional da Ordem do Ararat


Departamento de São Lourenço
18.08.2021

EXaltação ao Saudoso e EXcelso


Jefferson Henrique de Souza

Honra e Glória ao excelso Mestre, Irmão, Amigo, Pai de todos nós Jefferson
Henrique de Souza!
Não encontramos palavras para expressar nossos sentimentos neste
momento... sentimento de Saudade, muita saudade... mas principalmente de
Eterna Gratidão por ter vindo por sua própria Vontade abrilhantar a Face da Terra
com a Luz e a Força de sua Divina, mas também Humana Existência!
Um Verdadeiro Exemplo, um Homem Virtuoso e Vitorioso que nos ensinou
a cada passo como Agir, Pensar e Sentir.. com respeito, carinho e atenção a
todos indistintamente. Despertando e ensinando na prática o nobre sentimento
da Fraternidade incondicional.
Sim, este exemplo nos tivemos de um homem sem igual, mas também de
um outro Homem sem igual, que em momento algum se desviou do caminho de
bem Servir a Gloriosa Obra de seus Pais e Mestres. Exemplo digno de Coragem,
Paciência e Resignação.
Salve mui querido Rigden Jefferson que seja muito exaltada sua Bem-
aventurada existência que com sua contraparte, Venerável Felicia Clélia Forlenza de
Souza, trilharam uma vida inteira de Realizações, cumprindo o expressivo 55 anos
de união, O IÓ, revelando duplamente o quinto sistema, A taça do Santo Graal, a
quinta essência, dignos zeladores da sagrada essência no Spes Messis in Semine.
Muita Luz, Força, Cultura e Caráter a todos bem-aventurados Seres
que se propõem a darem continuidade a tão altruísta quão Glorioso Trabalho
Pramanthico! Em carta de 15.08.1954, nosso Mestre, Professor Henrique José
de Souza revelou:
“Não esquecer que foi Jefferson quem sintetizou todos os Pupilos no dia
do Julgamento, fazendo lateralidade, à esquerda, para os Gêmeos, e para as
Duas Colunas gêmeas...”
Sim, partiu com 79 anos assim como nosso Pai e Mestre JHS, nascido por
sua própria Vontade, também escolheu partir em uma terça-feira, dia de Marte,
bem Ararat, sob a égide do arcano 17, a Imortalidade, muito bem expressa no
dia de ontem sob os últimos raios de sol desse dia memorável. A Luz da Agartha
vos saúda! confirmando a sua Eterna Existência!
Se em vosso nascimento nosso Mestre teve ocasião de dizer “A todos vós,
queridos Irmãos e amigos, AT NIAT NIATAT! Pois que o dia de hoje é o mais sublime
de nossa Obra!” nós temos a ocasião de dizer: Obrigado Excelso Jefferson! Pela
sua existência em nosso meio, pois o dia 17 de Agosto de 2021, além de sublime,
foi o mais impulsionador e encorajador de nossa humilde existência!

Viva Jefferson Henrique de Souza! Viva os Adeptos do Novo Pramantha!


A Ti Grande Senhor Jefferson, nossa Eterna Gratidão!
Mil vidas tivéssemos, a ti ofereceríamos!
Oromoête Amado Jefferson!
Até Sempre!
Sumário

Diversidade e Arte Eubiótica ...............................................................................7


Educação para o futuro se faz no presente! ......................................................14
Marque “M” por Mistério ou Medidas .................................................................21
Eubiose - A arte do bom, do bem e do belo, no dealbar do novo ciclo .............26
O bom, o bem e o belo na dinâmica evolutiva ...................................................31
Transformação da vida-energia em vida-consciência ........................................39
O processo iniciático e a arte do bem viver .......................................................44
Um universo, um planeta, e um grande desafio humano ...................................50
Diversidade e Arte Eubiótica

Alexandro Gonçales Lopes

“Pensar a SBE a partir da articulação entre sublime,


cultura e Eubiose é refletir sobre as condições individual,
grupal e institucional do estar-no-mundo para, em seguida,
inserir-se, conscientemente, no Pramantha e ter condições
melhores e maiores de ser-no-mundo.” (LAUDELINO
SANTOS NETO, 2012)

Resumo: Um olhar Eubiótico, desprovido de preconceitos, repleto de Amor


Universal, pode facilmente enxergar o potencial da juventude brasileira. As
expressões artísticas contemporâneas trazem consigo a chama verdadeira,
infelizmente apagadas pela falta de conhecimento das Leis Universais. Cabe
aos Adeptos do novo Pramantha, no cumprimento do seu Dever, levar a Luz do
conhecimento à juventude, Realizando, através do Caráter e da Cultura, o futuro
da humanidade.
Palavras-chave: Diversidade, arte, música, Eubiose, antieubiótica, educação,
cultura

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A natureza do nosso planeta é repleta de ciclos de vida e morte, de
renascimentos, de aproveitamento de tudo que se produz, em perfeito equilíbrio.
“Nem mesmo uma única folha cai de uma árvore sem que Deus assim o permita”,
já diz o ditado popular. E mesmo a humanidade, única fonte de desequilíbrio do
planeta, se integra a essa natureza de modo implacável.
A observação desses ciclos naturais, por si só, já nos obriga a reconhecer:
o planeta, e tudo o que nele habita, evolui sempre. Quem avaliar este ciclo com
um olhar mais amplo, já pode perceber os sinais do fim do inverno, marcado por
dias um pouco mais longos, trazendo a luz da esperança, a Luz que ilumina dias
melhores para todos os seres da Face da Terra.
Enxergar os sinais de evolução, em meio a um final de ciclo, que cada vez
mais se mostra “apodrecido e gasto”, é uma tarefa das mais difíceis. É necessário
um olhar universal, um olhar Eubiótico para conseguir ver a luz. Mas é uma luz
forte, que pode ser vista, sentida e admirada.
No Bhagavad Gîtâ, Krishna abre a visão espiritual de Arjuna, para que ele
possa contemplar toda a Glória do Universo:

“Vê, pois, ó filho da Terra, e contempla-me, que sou


Um só, em milhares e milhões de diferentes e variadíssimas
formas. Imerge o teu olhar no reino dos deuses, anjos e
arcanjos, espíritos planetários, diretores dos mundos e
muitos outros seres misteriosos, com que não sonha nem
a mais indómita especulação e fantasia. Vê e observa
o Universo inteiro, com todos os seres animados ou
inanimados, resumido no meu corpo. Nele encontras tudo
o que desejas ver. Mas não é com os teus olhos materiais
que Me podes ver. Para isto, abro-te a tua visão espiritual.
Olha, pois, e vê agora a minha gloriosa Natureza Mística! ”
(Bhagavad Gîtâ,1959)

Ao contemplar o Universo, o Manifestado e o Imanifestado, Arjuna vê um


Ser múltiplo, ilimitado e em constante expansão:

“Neste aspecto, viu-se como Muitos em Um só: com


inúmeras faces e olhos e bocas, inúmeras aparências,
consciências e formas, com todo o esplendor de adornos
celestes, com todas as forças de poder divino, divinamente
vestido e coroado, exalando agradabilíssimos perfumes.
Luminoso, radiante, maravilhoso, cheio de graça, e onividente
era o seu Semblante. Se mil sóis, ao mesmo tempo, brilhassem
no firmamento, a luz deles haveria de empalidecer na
presença da Glória que aquele Semblante irradiava em todas
as direções. Arjuna viu, então, todo o Universo, variadíssimo
em suas múltiplas aparências, formando uma Unidade no
Corpo do Ser Absoluto, e manifestando-se como muitíssimas
partes nos corpos dos deuses. ” (Bhagavad Gîtâ,1959)

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A visão de Arjuna, da própria Divindade em todo seu esplendor, é impossível
de se expressar em palavras. Ao tentar traduzir a visão do Universo em algo concreto,
que possa ser descrito, o autor então lança mão da multiplicidade de cores, perfumes
e formas. A maneira usada para descrever a Divindade foi a diversidade!
As expressões artísticas da humanidade, desde eras sem conta, são
reconhecidas como marcas de um povo, de uma raça, de uma nação inteira.
Através da arte se conta a história, a cultura, o jeito de viver de uma maneira
bem mais real, bem mais sólida do que um texto em um livro. A arte é história
viva, que vence a barreira do idioma e pode ser entendida e vivenciada mesmo
que muito tempo tenha se passado. É através da arte que sonhamos os mesmos
sonhos do artista, que sentimos suas dores, suas alegrias, seus medos. Pode ter
se passado um dia ou mil anos, sempre é possível se conectar através da arte.
Essa percepção da Arte, como expressão cultural, vai sempre trazer a
questão: A Arte atual representa o povo, a nação a qual faço parte? A mudança
dos costumes, da cultura da humanidade nesse início de século, está sendo
marcada por uma doença que atravessou as fronteiras dos países, que não
se importou nem um pouco com classe social, religião ou ideologia política.
Também é marcada pela evolução tecnológica e pela universalização dos meios
de comunicação. Qualquer pessoa pode criar conteúdo musical e artístico, basta
um celular e internet. Essas mudanças certamente ainda devem perdurar por
muito tempo, seja na cultura dos povos, ou mesmo no imaginário coletivo, nas
conversas ou até nas aulas de história.
Imaginemos um historiador do futuro, querendo entender o que se passava
nos dias atuais. Ele, o historiador, certamente irá escavar a parte mais viva da
nossa cultura nesse mundo do futuro: Ele vai procurar na nossa arte, na nossa
expressão mais simbólica, entender o que sentimos agora. Ou não é exatamente
isso que fazemos com grandes temas do passado? O que nos diz a Capela
Sistina sobre o século XV? Ou a arte rupestre da Pedra do Ingá, que mostra um
Brasil cheio de História (sim, com “H” maiúsculo) muito antes de 1500?
Walter Smetak, músico, luthier, professor, escritor, escultor, filósofo
e dramaturgo do século XX (artista criador de futuros, alquimista do som e
transformador de realidades, assim descrito por Mario Chagas e Claudia Storino
na Dhâranâ Online 06, 2013/2014), já discorria sobre essa questão da qualidade
da arte, especificamente na música: O que realmente é música boa? O que é
música Eubiótica? Ou Arte Eubiótica?

“Surge enfim uma pergunta: – onde fica o acento?


A música na Eubiose ou a Eubiose na música? Música
Eubiótica claramente, definidamente, não existe, se
considerarmos as várias composições musicais já no
domínio público. Temos, entretanto, no compositor
brasileiro Villa-Lobos uma característica preocupação em
reproduzir a voz da natureza, o calor do Agni, fazendo vibrar
os mistérios do Roncador em sua obra musical. Não existe
a música Eubiótica, ou seja numa escala, nos acordes

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da harmonia escolástica comum, nas cadências das leis
que ligam a harmonia a uma nota da escala do setenário
com uma outra seguinte, e desejada como combinação
(cadeias). ” (SMETAK,1955)

O caminho para construção da Arte Eubiótica, passa pela iniciação do


gênero humano. Somente a compreensão da mecânica do Universo pode trazer
a luz as formas artísticas do futuro. A Iniciação se dá através da Arte e da Música,
mas essa Arte precisa ser criada pelos seres Iniciados. É um paradoxo, um
círculo vicioso que pode segurar a própria evolução da humanidade.
Ao se avaliar a arte contemporânea, sem preconceitos, mesmo a música
claramente “antieubiótica”, (como diz Smetak), podemos encontrar verdadeiros
diamantes brutos, de imenso potencial, apenas esperando um pequeno impulso,
uma pequena ajuda, para saírem da arte destrutiva para a Arte que constrói, a
Arte pela qual queremos ser lembrados no futuro. No rap abaixo, de 2016, do
grupo TheGusT MC’s, é possível enxergar o grande potencial dos escritores, que
enxergam o cotidiano, a vida comum, do ser humano comum:

“Sentimentos que não consigo evitar


O mal infectou tudo inclusive nosso olhar, máscaras
Disfarçam o que não querem relevar
Relevar é a chave pra elevar a essência
E mostrar eficiência pautada na crença
Sem a malícia ilícita, então não adia, acredita
Transmuta seu ódio e grita
Pelo castelo que tudo virou do avesso
Tropeço do homem, códigos sagrados
A borracha da fome não irá desanimar
Mensageiras de essência, pregando a inocência
Portal sagrado de querer se conectar
Independente da dor, independente da cor
Me se desfazendo em pedaços invisíveis no ar
Oscilações estão pra atrapalhar
Preciso do mesmo de lá, quanto do mesmo de cá
Eu cheguei e vi um abismo
Então só me joguei, e isso é o que eu sinto
Não são, não vão
Mas, essa controvérsia de sim ser um ser capaz
Ser o próprio Deus com o que crio
E tudo que perco é somente uns traumas da era moderna
Um minuto a menos quando se entrelaçam
Pra ver qual é o primeiro que enterra
E passo tempo no que sinto
E no que sinto me pergunto
Realmente qual é o meu valor na terra? ”
(TheGusT MC’s - Mensageiros(as) feat. Mica & Júlia
Ricci,2016)

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Quantos jovens, nas periferias das cidades do mundo, se enquadram nesse
imenso potencial artístico? Muitos deles, seduzidos pela fama e dinheiro, usam
o talento para criar poemas com incitação a drogas e sexo. Mas mesmo assim
existe o potencial, existe a verdadeira Arte latente, no coração de cada jovem
desse. E a massificação do conteúdo dessas letras e músicas “antieubióticas”
desperta mais jovens esquecidos, e assim o círculo se fecha, de maneira viciada
e antievolutiva.
A solução é óbvia, e infelizmente aparece apenas nos discursos dos
candidatos a governante da nação: Educação. Já passou da hora de todas
as escolas, sejam elas ricas ou pobres, do centro da cidade ou das periferias,
terem aulas de música e arte desde o ensino básico. E não adianta colocar
apenas no currículo e formar professores, é necessário ter salas preparadas,
instrumentos musicais, telas, tintas, etc. É preciso despertar os jovens antes de
serem praticamente “cooptados” pela arte antieubiótica.
O potencial da juventude, em especial da juventude brasileira, precisa da
ação das forças que vibram na Luz do Novo Pramantha, de maneira objetiva.
Fazer acontecer, através dos meios possíveis, o trecho do manifesto Eubiótico,
que trata justamente da Educação com foco nas Artes:

“O acesso facilitado à Cultura, seja ela clássica,


cosmopolita ou regional – exposições de artes plásticas,
teatro, concertos, balé clássico e contemporâneo, ópera,
etc. – deve fazer parte integrante e intensiva das políticas
públicas nas esferas federal, estadual e municipal.
Empresas de economia criativa com iniciativas de
democratização da cultura devem ter acesso a incentivos
tributários, subsídios e acesso facilitado a patrocinadores,
que permita, intensamente, colocar o povo em contato com
as culturas clássica e contemporânea. Em simultâneo,
uma das soluções para eliminar, a prazo, o analfabetismo
funcional é o acesso facilitado à Cultura. ” (Manifesto
Eubiótico para o Brasil, 2017)

É assim, em um futuro próximo, que será quebrado o círculo viciado da


arte antieubiótica, e criado um novo, virtuoso, onde cada obra artística estará
ligada a construção do gênero humano, e cada vez mais os jovens do mundo
inteiro se Iniciarão pela Música, e finalmente, pela Arte Eubiótica. Mario Roso de
Luna também descreveu esse potencial fantástico em seus textos:

“Mas existe também no mais íntimo de nosso


ser força invencível e secreta, essa força que noutros
afastados tempos nos redimira do reino animal e que,
dada a lei axiomática do progresso indefinido dos seres,
está destinada a libertar-nos de nossas passadas e atuais
imperfeições, para levar-nos a esses estados superiores
intuídos por todos os pensadores e poetas: para o homem

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representativo de Emerson, o super-homem de Carlyle e
Nietzsche; o semideus das concepções do paganismo; o
gênio, o anjo, o nume protetor, o vidente, o sábio, o profeta,
o herói, o iniciado, o Irmão Maior da Raça, e tantas e
tantas outras denominações empregadas constantemente
em todos os países, para designar um estado ulterior de
progresso que, se bem foi alcançado até hoje por poucos,
cada dia vai sendo patrimônio de muitos, à medida que
avança nossa idealidade e nossa cultura, porque, segundo
disse Castelar: “Assim como a Bíblia foi completada pelo
Evangelho, o Evangelho por sua vez será completado por
novas Revelações, e após a Ideia do Pai e do Verbo virá
a do espírito para infundir na Humanidade, regenerada e
livre, novas e consoladoras esperanças”. (LUNA,1940)

A Diversidade das expressões culturais contemporâneas, quando vistas


pelo filtro do Amor Universal, mostram a realidade dos nossos jovens, das
nossas cidades. É o Divino Corpo de Krishna, em suas diversas faces, múltiplas
nuances. Arjuna contemplou o Universo em expansão, nada ficou de fora.
Cada passo dado por um Adepto do Novo Pramantha no sentido de levar
Educação da Arte a juventude, é um gigantesco passo de toda a humanidade no
caminho da evolução. É um novo tempo, um futuro cheio de surpresas, repleto
de diversidade. E é essa diversidade a chave que devemos usar para fortalecer
nossas fileiras.

“A inspiração criadora é a que sente em seu interior


todo artista, por ser ele um ativo colaborador da Divindade
manifestada na Terra. “ (SOUZA,1936)

Alexandro Gonçales Lopes


Recife– PE
alexandro.goncales@gmail.com

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Referências

NETO, Laudelino Santos. A cultura, o sublime e a Eubiose: Revista


Dhâranâ Online 01, 2012.
LORENZ, Francisco Valdomiro. Bhagavad Gîtâ: A Mensagem do Mestre
1ª edição. São Paulo: Pensamento, 1959.
SMETAK, Walter. A Eubiose na música Revista Dhâranâ nºs 7 – 8 –
março/junho, 1955
SOUZA, Helio Jefferson; et al. Manifesto Eubiótico para o Brasil: São
Lourenço,2017.
THEGUST MC’S ; et al. - Mensageiros(as), 2016 , https://www.youtube.
com/watch?v=Bt33gR_AGWE, acessado em 25/02/2022
SOUZA, Henrique José de. O que é Intuição? Revista Dhâranâ, no 87 e
88, de janeiro a junho, 1936.

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Educação para o futuro se faz no presente!

Damaris Mann Sotto Maior Tosin


Sueli do Rocio Mann Sotto Maior

Resumo: Educar para o futuro consiste em uma educação que perpassa


os relacionamentos. Muito tem se preocupado com as metodologias, com os
conteúdos, que nos esquecemos do principal nisso tudo: as crianças. Educar
é também uma demonstração de afeto. Querer pular as etapas da infância é
menosprezar o mecanismo com o qual a natureza conta para garantir um bom
desenvolvimento.
Palavras-chave: educação, infância, educação com respeito,
desenvolvimento infantil.

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Encaixar a infância no mundo adulto não está dando certo: uma reflexão,
um convite e uma esperança.
As crianças não são falhas.
Não nascem erradas e também não são “menos” que o mundo adulto.
As crianças são sementes, são promessas e são a esperança de um futuro
melhor. A nossa reflexão vai pairar sobre a infância e o seu desenvolvimento, o
nosso convite será o de abrir espaço para o REAPRENDER a olhar para essa
fase tão rica e tão especial e a nossa esperança é acreditar que as crianças vão
ser respeitadas, olhadas e amadas - acima de tudo.
O próprio lema da Sociedade Brasileira de Eubiose, “Spes Messis in
Semine” – A esperança da colheita reside na semente, nos faz refletir sobre a
importância da educação integral do ser humano.
Servir ou vir a ser? Os buscadores: cientistas, artistas, professores e
aqueles que carregam na alma a vontade de autoconhecer-se, têm através da
Grande Lei, a oportunidade de responder a indagação acima.
Muitos chegam a conclusão que servir é a Lei do Universo observando a
natureza em todas as suas peculiaridades. Grandes Iluminados da humanidade
assim o fizeram e fazem até hoje.
A Ciência da Vida que vê além do invisível aos olhos físicos, que ouve
a Voz do Silêncio, está sempre apontando que a trilogia Bem, Bom e Belo são
o caminho. Diz o Professor Henrique José de Souza, que Vontade, Amor e
Sabedoria são atributos do Ego. Diz ainda que tudo é mental.
Então, quando alguém age, sua ação é resultado de um pensamento que
se traduziu como emoção e em ação se transforma. Desta forma, a educação do
pensamento e das emoções na primeira infância é valiossíssima. Olhar para isso
é respeitar o tempo do vir a ser – do caráter e da cultura, das transformações e
do “Conhece-te a ti mesmo”.
A educação é um caminho a ser percorrido. Não é apenas um ponto de
partida ou ainda um de chegada. Educação é movimento, é vida e é permanente.
E ela precisa partir antes de tudo da ideia de “se construir” e do “se REconstruir”
diariamente como seres humanos integralmente em todos os seus aspectos.
Educar com respeito exige eu fazer o caminho ser visível em mim e para
mim, antes de tudo. Significa eu trilhar os caminhos da iniciação para então
entender como transformar o chumbo em ouro, como “pensar com o coração e
sentir com a mente” em cada momento do dia e em todos os dias.
E a pergunta que fica é: Como então trazer para a prática uma educação
mais respeitosa, que entenda os ritmos e os ciclos do desenvolvimento humano
e ao mesmo tempo que seja um caminho que permita à criança ser quem ela
nasceu para ser e não o que o mundo adulto espera que ela seja?
Através das relações, do senso de comunidade e do trabalho em conjunto.
Não estamos mais na era em que o foco é apenas o professor (como aquele que
sabe tudo) e nem apenas o aluno. Estamos na era de construir RELAÇÕES com
o outro e pelo outro.

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Desta forma, o intuito é respeitar os ritmos individuais, em um ambiente
coletivo.
E um dos aspectos que precisamos levar em consideração nessa jornada
com as crianças é que tentar encaixar elas no mundo adulto, acaba por podar,
diminuir e sufocar toda a natureza de ser quem ela é. As suas vontades, a sua
curiosidade, o seu olhar atento e também, a unicidade de ser único e irreptível.
Precisamos repensar a forma de educar que vínhamos fazendo e
acreditando até os dias de hoje e um dos maiores desafios da educação no
século XXI é justamente respeitar os ritmos individuais de cada um, em um
ambiente comunitário. O que nós pensamos enquanto educação, deve estar em
consonância com os nossos atos, palavras e pensamentos.
Você já teve a oportunidade de observar uma criança no processo de
aprender a andar ou engatinhar? Ela tenta, ela pratica e ela se esforça para isso.
Não precisamos dar palestras de “como engatinhar” e muito menos dar o passo
a passo para ela.
As criançasaprendem mais pelas experiências que vivenciam diariamente
e por isso, precisamos contribuir com uma ambiência favorável para que ela
possa, por si mesma, encontrar as oportunidades de aprendizagem.

“Enquanto a nossa sociedade está ocupada


imaginando e teorizando sobre o que as crianças precisam,
a natureza simplesmente oferece um espaço para a criança
descobrir isso por si mesma.” (MONTESSORI, Maria)

Isso porque a própria biologia, o próprio guia inteiror da criança a impulsiona


para as aprendizagens do dia a dia. A criança não aprende por palavras, mas
por gestos, pela curiosidade, por ambientes e pelo meio que a cerca através das
experiências que lhe são proporcionadas.
Então, o que nós enquanto pais, educadores e adultos podemos fazer para
caminhar nesse processo relacional entre a individualidade e a comunidade?
O primeiro ponto que trazemos aqui é o de olhar a criança em primeiro lugar
sempre. Mudar o significado de “criança difícil” para então, uma criança que está
precisando de ajuda para lidar com alguma coisa que está sendo difícil para ela.
Uma pequena mudança que já afina o nosso olhar para saber que as crianças não
são o comportamento que elas estão demonstrando naquele momento.
Elas são muito mais.
O especialista em saúde pediátrica e pesquisador Thomas Boyce
direcionou as suas pesquisas para tentar entender o que faz com que uma
criança prospere ou decline na vida e ele descobriu que esse fator não é apenas
determinado pelo ambiente em que ela está inserida – pois algumas crianças em
ambientes adversos chegam a prosperar. Desta forma, ele notou que a genética
também sozinha não seria o fator determinante.
O fato é que o segredo está na interação entre cultura, genética e ambiente
– sendo estes o tripé do desenvolvimento humano.

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Boyce identificou então dois grupos de crianças que reagem ao ambiente
e às situações de estresse de formas diferentes. O maior grupo ele chamou de
“dente de leão” que prosperará na grande maioria dos ambientes. Já o menor
grupo, ele chamou de “crianças orquídeas”, que são crianças hiper reativas ao
estresse, mas que tem um grande potencial a ser desenvolvido – e necessitam
de um ambiente e uma parentalidade mais cuidadosa e exigente, já que em um
ambiente disfuncional têm maior tendência a ter problemas.

“Não precisamos de livros sobre psicologia para


aprender a respeitar os nossos filhos. O que precisamos
é de uma revisão total de métodos de criação de filhos e
nossa visão tradicional sobre isso.” (MILLER, Alice)

Desta forma, se queremos o novo e trazer o novo, precisamos com Amor-


Sabedoria, Atividade e Vontade, fazer agora a mudança. Não podemos continuar
usando e seguindo velhos métodos que apenas encaixam as crianças em formas,
podando, cortando e diminuindo todo o seu potencial.
Já dizia o Professor Henrique José de Souza, o nosso Mestre:

“Reconstruir  é o brado que nos compete! Sim,


reconstruir o homem, o pensamento, a moral, os costumes;
reconstruir o Lar, a Escola, o Caráter, para que o cérebro
se transmude ao lado do coração. Só assim, a humanidade
se tornará digna do estado de consciência que é exigido
pela Nova Civilização.” (SOUZA, Henrique José de, 1995)

Então vamos repensar diariamente as nossas ações, as nossas palavras


e Reconstruir – de forma a trazer o respeito, a dignidade e o amor para o mundo
infantil. E isso significa, abrir mão do nosso “poder” sobre as crianças e permitir
que elas sejam e descubram quem são verdadeiramente.
Querer controlar as crianças é ir na contramão da vida. As crianças
precisam de um ambiente que as incentive e as auxiliem a lidar com ambientes
estressantes. E uma das formas que podemos auxiliar as crianças é “fazer a
leitura” de como ela está em cada momento.
Um pediatra ou um médico, quando está frente a frente com um bebê
recém nascido, utiliza-se da Escala de Apgar – uma escala para perceber os
aspectos vitais do recém-nascido. Podemos traduzir essa sigla em: aparência,
pulso, gestos, atividade e respiração.
Para garantir que a criança está bem e avaliar a sua condição física, nos
primeiros minutos de vida do bebê eles o analisam. Esse teste é repetido cinco
minutos depois, pois o bebê pode ter “cansado” com o trabalho de parto. O fato
é que os médicos observam o conjunto todo e neste momento eles podem tomar
a melhor decisão quanto ao futuro do recém- nascido.
A observação do estado do bebê é um dos fatores decisivos para a ação.
Exemplo: se o bebê não está respirando bem, ele precisa de oxigênio. Se está
com a temperatura baixa, outras medidas serão tomadas.

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Esse olhar é de suma importância. É como fazer um “raio x” visual para
descobrir as necessidades daquele ser que acabou de nascer.
Podemos perceber se elas estão agitadas, se elas precisam de um
tempo, se elas precisam se acalmar – pois muitas vezes o ambiente realmente
está estressante para ela. Podemos perceber se elas tiveram ou não uma boa
noite de sono, quais conteúdos através das mídias estão chegando até ela, com
quais músicas ela está se conectando e como elas estão lidando com as demais
informações que chegam a todo momento.
Pois bem, já pensou se nós adultos, também soubéssemos avaliar o
ambiente que cerca a criança, os fatores que podem ser estressantes ou não
para a sua aprendizagem e quais ações poderíamos tomar para auxiliar ela em
cada momento?
A observação do adulto é uma condição muito importante, pois desta
forma, ele consegue antecipar ações, planejar ambientes e enfim, conhecer
como cada criança age, sente e constrói o seu conhecimento.
E uma coisa é fato: não existe desenvolvimento de autonomia para fazer
as suas escolhas se antes as crianças não tiveram um adulto que as acompanhou
amorosamente nesse processo. Que antes de falar para a criança se acalmar,
não tenha vivenciado a calma com ela. Que antes de chamar a atenção, tenha
antecipado as suas ações e experienciado essa aprendizagem.
E repito: as crianças não aprendem por palavras e sim pelas experiências
vividas e suas repetições. As crianças precisam do cérebro dos adultos para
se co-regularem e através da experiência em lidar com esses movimentos
entre medo e coragem, nervosismo e calma, desenvolver em si a habilidade de
transitar por estes lados.
Não é sobre estarmos calmos permanentemente e nem imobilizados,
mas ter um sistema nervoso regulado para perceber o perigo e a segurança e
responder a eles adequadamente. Mais importante do que ensinar o que acalma,
a criança precisa experienciar repetidamente a sensação de calma.

“Quando uma flor não floresce, você muda o


ambiente em que ela está, não a flor.” (HEIJER, Alexander).

Sabendo que existem diversos tipos de crianças, de temperamentos e que


umas são mais reativas do que as outras ao ambiente, é de suma importância
reconhecer essa riqueza da individualidade de cada ser humano.
Desta forma, as crianças precisam de rotinas estruturadas que lhe tragam
segurança, amor constante, espaço e tempo para se desenvolverem e um
ambiente propício para florescerem.
Mais do que manuais, são as experiências que as crianças vivenciam e
como elas lidam com cada situação é que lhes trarão as habilidades de lidar com
as situações estressoras enquanto adultas.
As crianças estão diariamente construindo o adulto que irão se tornar. E
enquanto isso, nós enquanto adultos estamos nos reconstruindo para permitir

18
que elas tenham esse espaço livre de ser, fazer e transformar!
Educar para o futuro consiste em uma educação que perpassa os
relacionamentos. Muito tem se preocupado com as metodologias, com os
conteúdos, com o que a criança “tem que” saber fazer, que esquecemos tudo o
que elas são agora nesse momento.
Conhecimento é poder e a medida que evoluímos em nossa forma de
enxergar a educação e o ser humano, modificamos os antigos conceitos que nos
limitavam. Passamos então, a assumir o controle da nossa vida.
Querer pular as etapas da infância é menosprezar o mecanismo com o qual
a natureza conta para garantir um bom desenvolvimento da personalidade. Por
isso a necessidade de sermos cautelosos, com TUDO o que vai contra a infância.
Fomos acostumados à interpretação de que as ações das crianças
quando nos confrontam são impróprias e que devem ser interrompidas. Mas,
e se interpretássemos de outra maneira? E se, no lugar de impedir, nós
observássemos? Permita que elas se expressem e esteja lá quando elas
precisarem de um porto seguro.

“Todas as bases para o desenvolvimento da


personalidade e do caráter são lançados pela ação, pelo
movimento e pela conquista da independência. Por isso, vale
o exercício constante de esquecer os limites. Principalmente
aqueles que se formaram dentro de nós e que não nos
permitem ver a ação da criança pelo o que ela realmente é.
Assim, pelo esquecimento dos limites, abrimos uma
nova trilha para as nossas crianças, desempenhando um papel
que se transforma também. Se antes nós interrompíamos e
ensinávamos, agora nos tornamos companheiros e ajudantes
da vida.” (SALOMÃO, Gabriel, 2017)

O adulto que consegue compreender as necessidades da criança, organizar


para ela um excelente ambiente, ter com ela um comportamento elegante,
cuidadoso, amoroso e firme, que a ajuda a conquistar a própria independência
e que respeita a sua vontade de trabalhar sozinha sem ser interrompida, esse
adulto é um adulto admirável.
E é esse caminho que estamos trilhando!

Damaris Mann Sotto Maior Tosin


Matosinhos – PT
damaris@tosin.com.br

Sueli do Rocio Mann Sotto Maior


Curitiba – PR
suelisottomaior@gmail.com

19
Referências

BOYCE, W. Thomas. A criança orquídea: Por que algumas crianças têm


dificuldades e o que fazer para que todas floresçam. 1ª edição. Rio de Janeiro:
Editora Objetiva, 2020.
MILLER, Alice. O drama da criança bem dotada: como os pais podem
formar (e deformar) a vida emocional dos filhos. 1ª edição São Paulo: Editora
Summus, 1997.
MONTESSORI, Maria. A criança. 2ªedição. São Paulo: Editora Nórdica, s.d.
MONTESSORI, Maria. Mente Absorvente. 1ª edição. Rio de Janeiro:
Editora Nórdica, 1949.
SALOMÃO, Gabriel. Vamos esquecer os limites. São Paulo. Lar
Montessori, 2017. Disponível em: https://larmontessori.com/2017/09/13/vamos-
esquecer-os-limites/. Acesso em 21/02/2022.
SOUZA, Henrique José de Souza. Pequeno Oráculo. 2ª edição. São
Lourenço: Editora Arabutã, 1995.

20
Marque “M” por Mistério ou Medidas

Eduardo Nunes de Carvalho


Danniela Troncoso

“A evolução humana jamais se faria se o Verbo se


manifestasse proferindo sempre as mesmas palavras.”
(Henrique José de Souza)
“A mais bela e profunda experiência que um homem
pode ter é a sensação do mistério. É o princípio fundamental
da religião, bem como o de todo o esforço sério que está
na base da arte e da ciência. Parece-me que todo aquele
que nunca passou por esta experiência, se não está morto,
estará, pelo menos, cego.” (Albert Einstein, My Credo, 1932)

Resumo: A letra M encerra mistérios que se interrelacionam com o significado


inicial da letra “mem” em hebraico. Adicionalmente há uma vocação matemática
desta letra com relação às medidas e ordenações lógicas. O objetivo deste artigo
é ilustrar o quão belo é a extensão destes conceitos iniciáticos que atendem
a tantas palavras e chegam à última flor de Lácio que é a Língua Portuguesa.
O artigo contribui pela valorização e reconhecimento da sacralidade da língua
oficial do Brasil.
Palavras-chave: M (letra), mistério, medidas.

21
A letra “M” está conectada aos mistérios. Da escrita semítica é a 13ª letra
no hebraico e no aramaico “mem”, no fenício “mēm”, no arábico e no siríaco “mīm”.
E 13 é o arcano da Mãe. O pictograma hebraico vem da essência significante
água (mayim) que em movimento inicia a primavera e de sua fonte divina supra
consciente brota a sabedoria que alcança os seres humanos. Em verdade, há
dois pictogramas para o “mem” hebraico: o que apresenta um tanque ou útero
aberto e o outro fechado, o primeiro para uso no início da palavra e o segundo
para uso no final da palavra. A forma aberta (pesucha) representa a verdade
revelada de Deus (como demonstrado por Moisés), enquanto a forma fechada
(stumah) representa a verdade escondida de Deus (como o demonstra Mashiach
ben David, o revelador dos mistérios). Interessante que as grandes religiões
possuem em suas estruturas doutrinárias a parte exotérica para a maioria de
seus adeptos e a parte esotérica para estudos e práticas iniciáticas ou ocultas
para uma minoria. Outra importante analogia é o termo OM, derivado de AUM,
contendo a letra M neste importante mantra iniciático. Analogia adicional são os
opostos beM-Mal e boM-Mau. Para um oposto se usaria o “mem” fechado e para
o outro, o aberto. O que convidaria a muitas reflexões, tema para estudos futuros.

Fenício Hebraico aberto fechado


Imagens: Wiki Commons e www.glorian.org

José de Alencar em seu conto “Alma de Lázaro” destaca 13 dias para abril,
representando o Arcano XIII, cuja análise de Moysés Jakubovicz em seu estudo
“Pernambuco Imortal” aponta: “... o elemento transformador por excelência, da
Natureza: a água, pois a letra MEM (M), do alfabeto hebraico, situada no canto
inferior, hieroglificamente, é o útero (local das águas... do parto). Daí, mar, Mar-
ia, Miria, mãe...”.
O termo mistério vem do grego μυστήριον teletai e do latim mysterium.
Já sacramentum (tornar sagrado) no latim eclesiástico é a tradução da palavra
mysterion, com o sentido de ser iniciado ou ser instruído.
O mistério se faz presente no princípio e nascimento das coisas e em
seu final e renovação. Há mitologias que indicam que a vida partiu do Mar e
outras indicam a Montanha. E assim, existem términos como mãe, aMor,
beM, boM, maternidade, manjedoura, manifestação, maternal, mama, maná,

22
manto, mar, monte, manancial, montanha, mônada, mina, marítimo, morte,
morfina, metamorfose. E a magia e seus operadores também iniciando com M:
mago, missa, mesquita, mausoléu, missionário, mágica, maravilhoso, maçom,
mestre, mister, mastro, majestade, magistério, ministério, magistratura, monge,
monsenhor, mor, maia, malkhut (realeza), memshalah (domínio), merkabah
(veículo), dentre outros.
Sebastião Vieira Vidal notava que nomes iniciando por M, requeriam
meditação: Maliak, Melkiaf, Mikalim, Morefim, Mama, Mixta, Matratma, Mohima,
Mahimã, Mário Lúcio, Maria Lúcia e outros nomes que estão iluminando os
fatos do Ciclo atual. Ora, duas letras “M”, uma sobreposta a outra, são iguais
ao ícone do signo de Aquário e símbolo das ondas vibratórias que qualificam a
Mente Humana e se conectam ao significado primitivo de “mem” no hebraico,
justamente águas ou ondas em movimento. Ele ainda comentou:

“Pois bem, quando ouvimos falar: “EGITO”,


associamos desde logo, a ideia com que expressava a
Evolução da Mônada Humana, senão, às três palavras
sagradas da Maçonaria Egípcia: Misraim, Memphis e
Maisin, as quais eram representadas entre as Colunas do
Templo Maçônico, por três M.M.M. Estas três letras, além
de expressarem as misteriosas palavras, já referidas, têm
também, o sentido iniciático de outras Fraternidades. Por
exemplo: M.M.M., além do já citado sentido, há “Mitra-
Mânava-Merú”; Maitreya – Mahimã - Mahinga (o Rei do
Mundo com as Excelsas Colunas) ...Mitra-Deva, Mário Lúcio
e Maria Lúcia; Melki-Tsedek, Maximus Tertius e Mário Roso
de Luna... Maliak, Mama e Mixta e, muitas outras Tríades.”
(Sebastião Vieira Vidal, Comentários dos Salmos, página
336, Estudo sobre o Salmo 113).

Com a separação dos signos na última mudança do Zodíaco que formou


doze signos, surgiram. dentre eles, os signos de escorpião com características
de Marte (tônica masculina) e virgem com características de Vênus (tônica
feminina), mesmo que o regente deste último seja Mercúrio. Ambos têm o M em
sua iconografia. A aguardada Era de Aquário chegou e sua iconografia aponta
águas em movimento que se assemelham a dois M. Portanto, para se alcançar a
androginia, ou melhor o equilíbrio masculino feminino ou para atingir a sublimação
no atual ciclo, de um jeito ou outro há de se incluir o M em seu caminho.

Escorpião Virgem Aquário


Imagens: Wiki Commons.

23
Independente do importante papel da letra Q nos pesos e medidas (por
exemplo, as palavras quanto, quadro, qualidade, quinze, quilo tão bem provocadas
na música Quanta de Gilberto Gil e explicada na obra de Fernando Mesquita:
A Criação do Mundo pelas Letras) métricas e ordem também estão associadas
à letra M. Faça um exercício mental e as palavras virão. Quantas aparecerão?
Uma dúzia? Após o exercício, leia o último parágrafo para verificação.
Seguindo a Sabedoria Iniciática das Idades, ou seja, a trajetória histórica da
Humanidade com seus manus e seres especiais manifestados para trazer a Boa
Nova de tempos em tempos e assim, a Humanidade caminhar evolutivamente.
Incrível os exemplos de nomes iniciando com a letra M. Seguem: Melquisedeque,
Maomé, Rainha Magog, Anjo Maliak, Mu Isis, Mu Iska, Moriah, Madalena, Margarita
(Santa Rita), Montessori, Moro, Mênfis, Manco Capac; Mama Oclo; Ming, Menés,
Malaquias, Marcos, Mateus, Miguel, Mefistófeles, Morpheu, Messo di Dio (anjo
anunciador, mensageiro), Maitreya Buddha, Mitra Deva, Mercúrio etc.
E o que pensar sobre os locais, as lendas e instituições? Vejam quantos
exemplos há: Mênfis, Matatu-Araracanga, Meca, Metraton, Maçonaria, muiraquitã
(moiraquitã), Mnemosine, Minas Gerais, Mato Grosso, Meru, Moreb, Meka Tulan,
Martinismo, makom (lugar de Deus), Minotauro, Mahâbhârata, Mazdeísmo,
Maronita, Mesmerismo, Mu, Mediterrâneo, Manaus, Manágua, Marrocos, Marte,
México, Moscou, Madri, Moura, Maranhão e cada uma destas menções encerram
páginas de descrição dos mistérios e histórias.
Por fim, para quem desenvolveu o exercício da página anterior, seguem
exemplos de palavras relacionadas à medidas e ordenações lógicas: matemática,
matriz, meio, mini, micro, macro, mega, meta, mais, menos, mirim, mil, milímetro,
milésimo, minuto, miniatura, metro, métrica, mecânica, medir, medial, medida,
marcar, marcado, milhão, milionésimo, módulo, modo, modular, mês, mercado,
mora, moeda, morosidade, minoritário, majoritário, multiplicar, maior, menor,
maioral, moda, meta, miríade, melhor, money (dinheiro em inglês), molécula, manhã,
madrugada, margem, marginal, mapa, maneira, moderna, método, metodologia etc.
Os elementos apresentados auxiliam na compreensão da sacralidade da
letra M que está presente em inúmeras palavras de natureza iniciática (ritos,
ciclo de nascimento e morte, conexão espiritual etc.) ou auxiliares à matemática
com relação às medidas e ordenações lógicas. Uma constatação é o quão belo é
a extensão destes conceitos iniciáticos que atendem a tantas palavras e chegam
à última flor de Lácio que é a Língua Portuguesa, provando a sua conexão aos
mistérios sagrados.

Eduardo Nunes de Carvalho


São Paulo – SP
brazilfacts@gmail.com

Danniela Troncoso
Vinhedo - SP
danny.troncoso@hotmail.com

24
Referências

BLAVATSKY, Helena P. Glossário Teosófico.


JAKUBOVICZ, Moysés. Pernambuco Imortal. Rio de Janeiro - RJ
22/3/1980.
MESQUITA, Fernando. A Criação do Mundo pelas Letras, São Paulo
SP, 2020.
SOUZA, Helena J. Pequeno Oráculo, São Lourenço MG, 2ª edição, 1995.
VIDAL, Sebastião V., Comentários dos Salmos página 336, Estudo
sobre o Salmo 113.
URL pesquisada em 24/2/2022. https://glorian.org/learn/courses-and-
lectures/defense-for-spiritual-warfare/the-pentagram-the-microcosmic-star
URL pesquisada em 22/2/2022. http://www.hermanubis.com.br/artigos/
BR/ARBROsDezSignificadosPrincipais.htm
URL pesquisada em 22/2/2022. https://institutoeducere.net/component/
rspagebuilder/page/121-origem-das-palavrasmisterio.html
URL pesquisada em 22/2/2022. https://pontodevistacristao.weebly.com/a-
letra-mem.html

25
Eubiose - A arte do bom, do bem e do belo,
no dealbar do novo ciclo

Carmen Dolôres Ferreira Souza


Cristina Ferreira de Souza

“Não é de onde você veio, é para onde você vai que


conta.” (Henrique José de Souza,1950)

Resumo: Se não houver esforço mental, não poderá funcionar inteligência...


cada um se desafiar a se esmerar nos ensinamentos da Eubiose. Quando
reinam a justiça, a paz e a união, reina a prosperidade. Um novo ciclo, o trabalho
inefável dos Cadetes do Ararat que com o seu lema: “Realização Através do
Caráter e da Cultura” dá impulso na corrente evolucional. Cada um deverá
tomar seu rumo propagando a arte do bom, do bem e do belo, no dealbar do
Novo Ciclo, tudo se acha em equilíbrio. Nos tempos em que estamos vivendo,
ouvirdes falar em inundações, guerras, pragas, epidemias terríveis... devemos
tomar como eco ou repercussão a arte do Bom, do Bem e do Belo. Aquele que
deseja, portanto, evoluir, ou melhor, alcançar os mais elevados degraus da
evolução humana, deve transformar os seus maus atos e pensamentos. Com a
superação, alcançará a verdade absoluta no seu Ser, ou seja, a sua consciência
integral. Para que sua alma, unida ao seu espírito, chegue um dia a fundir-
se no Espírito Universal. “Quanto mais pesado fizeres o mundo, mais o mundo
pesará sobre ti! O homem é uma estação irradiadora – tanto de boa como de
má música – seguindo seus atos e pensamentos e, por isso mesmo, é dever seu
irradiar tudo quanto se harmonize com o Bom, o Bem e o Belo, criando, desse
modo, no interior e exterior de si mesmo, um ambiente que lhe fará feliz e a todos
quantos de si acercarem, já que a felicidade material é uma consequência lógica
do espiritual.”
Palavras-chave: Pensamentos, Pramantha, Ações, Ciclo.

26
A Lei manifesta num Mundo em evolução, no mundo que ainda, possui
muito potencial a ser desenvolvido. Se o Ciclo é novo não se pode aplicar uma
Lei antiga. Em nossa vida iniciática, junto do Excelso Avatara do Senhor JHS,
sempre ouvimos referência ao tradicional nome sagrado de Maitreya.
Consideramos como um emissário da Lei
Justa e Perfeita, a fim de estimular a dinâmica
evolucional da Mônada Humana. Sua Divina
Missão tem por fim corrigir o que fora deturpado,
no desgaste de um ciclo anterior, impulsionando
e conduzindo, as coisas para um ciclo futuro. O
Brasil deveria estar em outra situação política,
consentânea com a sua posição no conceito das
nações civilizadas.
Preparando uma ambiência para as
crianças e os jovens, para que eles se sintam
apoiados numa estrutura de amor e de equilíbrio
tanto física, psíquica e mental, para acompanhar o Novo Ciclo. É através delas que
vibra o potencial dinâmico do Excelso Senhor Maitreya. Com a reeducação dos
pais, com compreensão, e paciência nessa nova fase de vida, elas germinarão e
potencializarão como Seres do 5° Sistema. Despertando em cada um, os valores
adormecidos das Linhas do Pramantha. Impulsionando a ciência, a tecnologia,
o meio ambiente e as artes. Alinhando esses novos Seres, para a marcha da
evolução. Sem haver transformação do elemento humano não poderá haver
melhoria no Mundo. Precisamos reunir todos os valores espirituais, para reavivar
a fraternidade entre os homens de boa vontade. Porque na verdade os dignos
serão salvos por ter cumprido o dever que lhe foi imposto.

“Não escrevo para ser lido, apenas, e sim para que


minhas palavras sejam meditadas e permitam aos discípulos
se integrarem na Obra! Não falo para ser ouvido, mas para
que elas possam servir de elementos para as conclusões do
que é revelado, conforme a exigência do Ciclo que a Obra
atravessa.” (JHS, 1950)
Se a primeira parte foi dedicada a construção da
Obra, a segunda passou a ser a propagação das suas
ideias, filosofias, métodos de educação, vivenciarão da
Obra no mundo profano...” (JHS, 1955).

O que precisamos fazer como discípulos de JHS, como Cadetes do Ararat


é manter em ritmo de expansão os ensinamentos deixados por Ele, é dinamizar
numa linguagem acessível a todos, sobretudo, ter um código de linguagem
moderna, clara, objetiva, que o momento atual exige, para que possamos nos
aproximar da criança e do jovem, sem obstáculos “babelinos”. A Paidagogia, uma
filosofia renovadora de como devemos nos esmerar pra lidar com a criança. A
de se considerar que os tempos são outros, e as redes sociais estrategicamente
todas estão nas mãos, num simples clique. A linguagem moderna em todo o

27
mundo é a tecnológica, e os nossos Pupilos exigem, cada vez mais de nós, um
novo padrão ético e moderno.
Em Platão, a beleza é a forma na qual o “Bem Universal” se manifesta
através da ação do sujeito ético em toda a sua transparência.
Quando o Homem chegar a dominar-se
conscientemente, dominará também a Natureza,
porque conhecendo e obedecendo as suas leis, a
Natureza – submissa e escrava – obedecerá às
suas ordens. Porém, enquanto imperar o egoísmo
entre os homens, os elementos transbordados
serão tão caprichosos e cruéis com a humana
natureza. Por isso, procuramos aprimorar as nossas
tendências no plano emocional, equilibrando ou
sublimando, os fatos que nos ocorrem para uma
verdadeira transformação de Vida-Energia em
Vida-Consciência, de Vida Universal em Mente
Universal.
A Sociedade Brasileira de Eubiose,
segundo o Professor Henrique José de Souza, trabalha, ao mesmo tempo, pelo
advento da sexta e sétima sub-raças, colocando-se à frente da Missão “Y”, hoje,
Missão dos 7 Raios de Luz. As civilizações que florescerão nas Américas, como
acontece no final de todos os ciclos raciais, as duas últimas se interpenetram.
O lema da SBE, “Spes Messis in Semine” – A Esperança da Colheita reside
na Semente – e isso diz tudo o que se possa esclarecer acerca de seu papel no
momento atual da Humanidade. Pois através da personalidade dos discípulos é
que os Mestres podem executar alguma coisa útil para a Humanidade. Devemos
reverberar ao nosso entorno o que há de melhor em nós, é esse Bom no bom, o
Bom no bem, o Bom no belo, o Bem no bom, o Bem no bem, e o Bem no belo,
o Belo no bom, o Belo no bem e o Belo no belo. Numa simbiose sem termos
que usar de conceitos separatistas que somos melhores e elitizados, somos
diferentes, porque obtemos o conhecimento direto da fonte, através da Eubiose.
Os novos raios já são vislumbrados na Face da Terra, mas não alcança ainda a
sua totalidade, em virtude da densa esfera da ignorância da maioria retardada,
diga-se de passagem, retardamento mental, na sistematização da mídia, no que
diz respeito ao alcance da verdadeira transformação do que idealiza para o futuro,
com bases do presente. Cada qual dos elementos impostos por cada criatura,
cria um mundo a sua semelhança. Quem desrespeitar a linguagem do amor
que é a do Ciclo de Maitreya, será lançado para fora da corrente evolucional.
Por não estar coeso com o que é exigido naturalmente por Lei. Não há como
enganar a Lei, tudo estar sendo medido e contado, nossas ações justas ou não
serão, ou melhor, estão sendo julgadas. Não cabe a humana criatura, apontar ou
interver, a outrem, as suas vontades ou percepções do que seja certo ou errado,
condizente ou não, com a Divina e Justa Lei. Cada qual tem sua máscara, de
acordo com sua missão na Terra. Bem-aventurado aquele que reina na terra,
que dominou a si mesmo, vencendo à Grande Maya.

28
O Professor Henrique José de Souza diz: “não julgueis o bem por bem
nem o mau por mau”. Os caminhos da Grande Lei Universal a que todos nós
estamos submetidos e interligados, têm o seu curso bem definido e cumprido na
sua trajetória, segundo neles semeamos.
Eubiose - É a Ciência da Vida. Eu = Eu, Biose = Vida. Eu em ação com a
Vida. Pelo papel das SETE LINHAS DE ADEPTOS, que deve surgir desse mesmo
trabalho, haveremos de expandir para o Mundo como ponto de partida ou de
intersecção, como queira dar, do Brasil, o conhecimento do nosso Revelador, como
axioma da suprema neutralidade. Como se sabe, a maior responsabilidade da Obra
está nos pupilos, futuros adeptos, que serão formados em 7 Linhas de 111.
Bons pensamentos, bons sentimentos, alinhados na tônica do Pramantha,
sem lamúrias ou ladainhas de um Ciclo apodrecido e gasto. “Quanto mais pesado
fizeres o mundo, mais o mundo pesará sobre ti!” O homem é uma estação
irradiadora – tanto de boa como de má música – assim diz o Professor Henrique
José de Souza. Dentro da dinâmica evolucional, a Terra como Ser vivo, passa
por transformações, alertando por meio da Natureza, pelos seus sinais, que os
homens precisam respeitá-la, protegendo-a, evitando as queimadas, a poluição
dos rios, dos mares e oceanos e as mudanças climáticas. Para que não haja
tantos desastres ambientais. Que a humanidade esteja consciente do seu real
papel na face da Terra, vivendo em harmonia com as Leis universais; criando
uma ambiência propícia para as futuras raças do Porvir sob a batuta do Excelso
Senhor do Quinto Sistema.

“Vocês precisam ter fortaleza de ânimo, para levarem


a Obra avante.” (SOUZA, Helena Jefferson de, 22.02.1959)

A Missão dos 7 Raios de Luz, é a expansão da Obra.


“Nós somos a Semente, da Raça do porvir...”

Carmen Dolôres Ferreira Souza


Recife – PE
mainha.carmen@gmail.com

Cristina Ferreira de Souza


Recife – PE
a.araracanga@gmail.com

29
Referências

SOUZA, Henrique José de. A VIDA DO HOMEM MISTERIOSO.


Monografia. Nº VI. São Lourenço, MG: 1993.
VIDAL, Sebastião Vieira. Série Divulgação: Nº 7.
https://www.pngwing.com/en/free-png-dxbaf site, imagem. Árvore de
Quatro Estações.
TOLKIEN, J. R. R., imagem da Árvore de rosto.

30
O bom, o bem e o belo na dinâmica evolutiva

José Carlos Teixeira de Souza

“O homem deve praticar o bem por amor ao bem;


praticar a verdade por amor à verdade. E assim estará
dentro da Lei, porque esta é a evolução, e nada mais. É,
pois, através do Bom, do Bem e do Belo que o homem
chegará a alcançar o pináculo da glória, que tanto vale por
Nirvana ou superação, libertação, etc...” (Henrique José de
Souza, Pequeno Oráculo, 1995, p.44, citação102)

Resumo: Atingiremos o pináculo da glória com o Bom, o Bem e o Belo,


portanto diante dessa importância evolutiva, caberá a nós a plena percepção e
entendimento do que está envolvido com essa tríade, para que estejamos assim
preparados para a sua prática em nossas vidas, para o entendimento de suas
conexões, para a busca da neutralização, do equilíbrio, em nosso corpo e alma
e finalmente, a conquista de um novo estado de consciência.
Palavras-chave: entender, prática, percepção, mau/bom, mal/bem, problema,
solução, equilíbrio, neutralização, consciência.

31
As palavras traduzem a ideia, trazem consigo uma força da própria ideia,
tendo um significado, porém nada significam se não for interiorizadas (vivenciadas),
daí a passagem bíblica em que o apóstolo Paulo comenta sobre a letra que mata e
o espírito que vivifica, Segundo a Carta de São Paulo aos Coríntios:

“O qual nos fez também capazes de ser ministros


dum novo testamento, não da letra, mas do espírito, porque
a letra mata, e o espírito vivifica.” (PAULO, o apóstolo, Carta
aos Coríntios; cap.3, vers. 6)

Posso ler compêndios de sublimes conhecimentos, mas se não os


vivencio, jamais se tornarão sabedoria no meu ser e, todas as palavras utilizadas
para traduzir as ideias, simplesmente tornar-se-ão palavras mortas, sem um
sentido na minha vida, ou seja, não serão interiorizadas, não serão entendidas,
contempladas, meditadas.
Quando dizemos que: se há o mal, há também o bem; se há o mau, há
também o bom; devido a Lei da Polaridade, significa que, sempre, diante de
determinadas situações em nossas vidas, devemos estar em busca do Bom, do
Bem para neutralizarmos os maus/males que nos estejam afligindo.
Como entender as diferenças entre o Bom, o Bem e o Belo e, como posso
alcançá-los de modo prático em minha vida?
Como estamos diante de uma tríade, podemos correlacioná-la com outras
já conhecidas, de tal forma que se pode afirmar: Bom – Equivale a estrutura
física; Bem – Equivale a estrutura psíquica, a alma; Belo – Equivale ao
espírito ou, harmonia – melodia – ritmo.
Assim fica claro que, o Bom está ligado ao corpo/matéria (físico e duplo-
etérico); o Bem ligado ao plano da alma (emocional e mental concreto); o Belo
ligado ao espírito (Âtmâ, Búdico, Mental abstrato).
Diante de um problema que me aflige (mau ou mal), devo buscar uma
solução (bom ou bem), buscando soluções na estrutura física (bom) ou na
estrutura psíquica (bem), ou ainda, em ambas.
Sendo assim, se estivermos diante do mau, devemos realizar ações
que são geradas na estrutura física, parte externa ao homem, para a busca
do bom. Segue alguns exemplos de técnicas que nos dão esse suporte:
técnicas respiratórias, do-in, acupuntura, práticas com mudras, controles com a
alimentação, exercícios físicos, posturas corporais, exercícios de relaxamentos,
músicas (sons-mantras), cromoterapia, homeopatia, influência do meio-ambiente
(feng shui, perfumes, iluminação), etc.
Se estivermos diante do mal, devemos tomar ações que são geradas
na estrutura psíquica, parte interna ao homem, para a busca do bem. Segue
alguns exemplos de técnicas para esse suporte: yogas, rituais, pensamentos e
sentimentos evolutivos, meditação, pacificação emocional e mental, equilíbrio
mental e emocional, vivenciação do agora, percepção do problema (amor,
passado, atenção), percepção da necessidade de uma solução – (vontade –
presente), busca de uma solução para as devidas transformações (sabedoria,

32
futuro), enfim, a vontade traduzida por atividades de amor-sabedoria.
Para alcançarmos o Belo (Harmonia Universal; a Vontade Divina; o
amor-sabedoria em atividade; a perfeição), todo o bom e o bem necessários já
devem estar presentes para as devidas neutralizações no meu ser, ou seja, a
presença harmônica do corpo, alma e espírito, pois como sabemos, consciência
é a união da matéria com o espírito através da Lei, ou ainda, como comentado
pelo professor Henrique José Souza no Pequeno Oráculo:

“Eubiose é a ciência da integração do homem com o


todo como fator equilibrante.” (SOUZA, Henrique José de,
Pequeno Oráculo, 1995, p. 23, citação 37)

Como exemplo, digamos que estamos com um problema de insônia;


como o Bom, o Bem e consequentemente, o Belo, poderão estar atuando
nesse problema?
Posso utilizar algumas técnicas, não se limitando as mesmas, para a
neutralização, no corpo físico (físico e duplo etérico), ou seja, a busca do
bom (atuação externa): posso atuar com relaxamentos através de massagens
em pontos que se encontram tensos no meu corpo; posso aplicar a técnica do do-
in ou da acupuntura nos pontos indicados; tomar um chá ou remédio apropriado;
utilizar músicas que me conduza ao relaxamento; melhorar o ambiente através
de iluminação adequada.
Também, posso utilizar algumas técnicas, não se limitando as mesmas,
para a neutralização, na minha alma (emocional e mental concreto), ou
seja, a busca do bem (atuação interna): atuação através de meditações-
concentrações (Dhyâna-Dhâranâ); atuações com a busca da pacificação da
mente e emoção (paciência, calma); vivenciação do agora não permitindo
a presença de pensamentos e sentimentos que estejam no passado ou no
futuro; percepção e entendimento com a atuação do AMOR – SABEDORIA, ou
seja, perceber o que me aflige (AMOR – atenção) e a busca de uma solução
(SABEDORIA – entendimento); a busca do equilíbrio mental e emocional com
a mente direcionando as emoções, como comentado pelo professor Henrique
José de Souza no Pequeno Oráculo:

“O homem traz em si mesmo o dínamo gerador de


suas dores e alegrias: a mente.” (SOUZA, Henrique José
de, Pequeno Oráculo, 1995, p. 22, citação 33)

Como o Bem está relacionado à nossa alma e como na nossa alma


trabalhamos o equilíbrio mental-emocional, o bem e o mal, portanto é de suma
importância o entendimento de como podemos alcançar esse equilíbrio e,
consequentemente, abrirmos as portas para o mundo divino, o Belo. O professor
Henrique José de Souza, comenta sobre a importância do equilíbrio com as
seguintes palavras: AMEMO-NOS MUITO E MUITO para que a HARMONIA se
faça EQUILÍBRIO, e havendo EQUILÍBRIO, não faltará nada a ninguém.

33
Estamos num mundo onde a Lei deve ser obedecida e, dentre elas, a
Lei da Polaridade. O professor Henrique J. de Souza deixa claro que devemos
trabalhar para o equilíbrio, nem o bem, nem o mal.
Para que a Vontade Divina se estabeleça, necessário se faz a consciência do
bem e do mal, onde assim nem o bem, nem o mal prevalecerá, mas sim a neutralidade
que implicará em uma nova consciência. Segue comentários que suportam esse
raciocínio no livro O Despertar da Consciência – Contraste e Revelação:

“Poderiam apresentar-se infinitos exemplos, mas


concluamos que a percepção de qualquer coisa exige a
existência de seu contrário, que a completa e constitui com
ela uma unidade. É a Lei dos Opostos Complementares,
que nos dá o claro-escuro da vida, digna de ser meditada
pelos que creem que da vida pode ser suprimido o mal sem
que no mesmo instante deixemos de saber o que é o bem.”
(O Despertar da Consciência, 1990)

Devemos nos preparar para enfrentarmos os nossos problemas em


nossa vida, que requerem a busca consciente de transformações internas com a
consciência do mal e sua solução, a consciência do bem.
É a transformação com o coração e a mente de tudo que nos traz
sofrimento, medo, inércia, prisão, de todo e qualquer tipo de sentimento que não
nos leve a liberdade interna e que, comprometa a nossa percepção de vida una,
de vida cujo objetivo é a união interna dos aspectos materiais com os espirituais.
Ao trazermos para o nível de nossa percepção (observação, atenção,
amor), o que podemos chamar de percepção emocional, tudo aquilo que
está advindo dos 5 sentidos e/ou de sentimentos, de qualquer ação que esteja
ocorrendo, a nossa mente se apossa dessa informação e a partir dessa situação
caberá a cada um dirigir, com a sua mente, as reações necessárias à serem
tomadas, conforme a sua vontade, de tal forma que possibilite o equilíbrio do
sentir-pensar, levando-nos para as atividades de amor-sabedoria, implicando
assim, nas sintonizações com o valores espirituais (Intuição, Sabedoria,
Harmonia), o que podemos chamar de percepção espiritual e, como resposta,
o mental desenvolve (cria) condições para uma solução, que certamente, nos
conduzirá à novos estados de consciência. Reforçando essa análise acima, cito
o professor Henrique J. de Souza quando comenta no Pequeno Oráculo 48, que
tanto o bem, quanto o mal, estão sob o comando da mente:

“O bem e o mal não estão em nossos atos, mas em


nosso pensamento” (SOUZA, Henrique José de, Pequeno
Oráculo, 1995, p. 26, citação 48)

Em ambas as percepções (emocional, espiritual), é o AMOR em plena


ação na busca da SABEDORIA, com a atenção e a intuição, para assim fazer
jus ao ternário do 2º trono, o trono da Mãe, ou seja, Vontade, Atividade com
Amor-Sabedoria, Amor-Sabedoria em Atividade. Segue citações do professor

34
Henrique J. de Souza, que dá o devido suporte para os comentários acima:

“Só o AMOR abre e ilumina a mente para a


SABEDORIA”;
“O homem não é sábio porque sabe, mas é sábio
porque AMA”;

De outra forma, quando observo alguma coisa (percepção, atenção,


amor), essa coisa fica fazendo parte de mim, ou seja, eu a sinto como também
a integro no meu mental, portanto mudo o meu estado vibracional. Fica assim
esclarecido que somente haverá consciência se o meu mental se assenhorar
da ação que está ocorrendo, para assim, unindo-o com o emocional possa
estabelecer o equilíbrio por Lei exigido e, como consequência, união com o
nosso espírito, que reconhece essas atividades como de amor-sabedoria. É o
equilíbrio se fazendo harmonia, a vontade humana se fazendo equilíbrio com
a união da matéria com o espírito, por outro lado, o amor-sabedoria entra em
atividade, estabelecendo vínculos criativos com o mental abstrato/concreto, para
que assim possibilite que o equilíbrio se manifeste como união entre espírito
e matéria. É a harmonia se fazendo equilíbrio, a vontade divina se fazendo
equilíbrio com a união do espírito com a matéria.
Eis o motivo primordial de que nós devemos meditar a respeito de tudo
que está fazendo parte de nossa vida (ME-DITAR-AÇÃO), como comentado pelo
professor Henrique J. de Souza no Pequeno Oráculo 104:

“A verdadeira iniciação é aquela que obriga o


homem a descobrir por si mesmo – pela meditação – o
que não pode desde logo ser desvendado diante de seus
olhos, nublados pelos densos véus da matéria em que se
acha envolvido.”
Daí a frase: “Do ilusório conduz-me ao real, das
trevas à luz, da morte à imortalidade.” (SOUZA, Henrique
José de, Pequeno Oráculo, 1995, p. 45, citação 104)

Aquilo que percebemos (atenção, amor) que necessita ser esclarecido no


meu ser (conhecimento), através de algo prático, exige de mim uma vontade para
que isso ocorra e, essa demanda em colocar em prática o conhecimento é a própria
MEDITAÇÃO buscando uma resposta, uma solução, para aquilo que assim exigiu,
tendo assim como mérito ou resposta, a intuição que nos leva à sabedoria.
Tudo que estiver perceptível, no nosso alcance, como problema
(necessidade de transformação), devemos trabalhar na sua solução; isso
demonstra o quanto somos responsáveis pela alteração de nosso estado de
consciência. Em determinados momentos, haverá uma maior exigência de força
interior, mas a confiança no trabalho que estamos exercendo, nos confortará,
nos impelindo para a aquisição da devida solução (DO BEM), abrindo assim
caminhos para novos estados de consciência.

35
Para aqueles problemas que não estão ao alcance de nossas soluções,
que estão além de nossas atuações, porém exigidos por Lei, devemos estar
preparados para aceitá-los e respeitá-los, pois assim houve tal necessidade,
sempre visando o equilíbrio.
Desses conceitos, acima comentados, temos assim a confirmação que
para trabalharmos em nós as devidas transformações internas, precisamos
estar cientes, portanto conscientes, daquilo que devemos transformar, que é a
própria representação do PASSADO no PRESENTE (percepção, observação,
atenção, AMOR), que podemos assim chamar de CONSCIÊNCIA DO MAL e
um querer – VONTADE - que é a percepção da necessidade de uma solução;
é o AMOR-SABEDORIA; a união no PRESENTE daquilo que se encontrava no
PASSADO, com aquilo que se encontra no FUTURO; a união do problema com
a solução, daí dizer, PASSADO E FUTURO NO PRESENTE; de tal forma que,
haja a busca de uma solução neutralizante que é a CONSCIÊNCIA DO BEM,
que é a representação do FUTURO no PRESENTE (De Vinda – Divindade;
Desenvolver/Criar a Solução – SABEDORIA).
Como o professor Henrique J. de Souza comenta: «É preciso que o
passado se transforme para que o presente evolua”, ou seja, a consciência do
mal, daquilo que ocorreu no passado, é transformado com a solução, consciência
do bem, que ocorrerá no futuro, para que ambas unidas no presente, que é a
representação da vontade, leve à evolução, o mesmo que dizer um novo estado
de consciência.
Dessa forma fica claro que para haver a neutralização, equilíbrio, eu
preciso das duas consciências, do mal e do bem, que são respectivamente,
a representação da matéria e do espírito, para que uma nova consciência se
estabeleça, ou ainda, é a Vontade, o Amor e a Sabedoria atuando, conforme
comentários anteriores.

Quando o professor Henrique J. de Souza comenta no Pequeno Oráculo diz:

“A melhor maneira de se comportar na vida é não se


preocupar nem com o bem, nem com o mal, mas com o dever,
pois nele não há nem bem nem mal, há sim, a Verdade, o
Amor, a Sabedoria e a Justiça” (SOUZA, Henrique José de,
Pequeno Oráculo, 1995, p. 50, citação 115)

Podemos assim, inferir que: com a neutralização do mal com o bem, surge
uma terceira coisa que é a Verdade; surge o dever, perante a Divindade, da
conquista da Consciência, da manifestação do Espírito na Matéria, através
da Vontade, do Amor e da Sabedoria, que nos levam ao entendimento das
Leis Universais, que por sua vez, respeitando-as, me comprometerei com a
Justiça, com a prática, com o exercício do que é de direito, no meu interior
(Deus é a Lei que a tudo e a todos rege).
Ainda, nos textos do professor Henrique J. de Souza, respectivamente,
nas páginas 41 e 38, nas citações 94 e 85, do Pequeno Oráculo; temos:

36
“Mal é ignorância e Bem é sabedoria.”
“Deus e Verdade são uma só e mesma coisa.”

Diante desses conceitos, podemos assim dizer que o passado, a matéria,


está ligada a ignorância e o futuro, o espírito, está ligado a sabedoria. Com a
união do espírito com a matéria, estaremos levando a sabedoria para a matéria,
de tal forma que surja a verdade no meu interior, ou o mesmo que dizer, uma
nova consciência.
O trabalho conjunto dessa tríade expressa a evolução humana, pois de
forma singela podemos dizer que: os impactos vibracionais do Espírito (Belo)
sobre a Alma (Bem) tem como efeito a sua sutilização; da mesma forma, a Alma
sutilizada impacta no Corpo (Bom), correspondendo assim a frase em latim
“mens sana in corpore sano”; com um Corpo sutilizado, maior serão as respostas
à todas as técnicas aplicadas, melhorando significativamente o efeito do Bom em
mim, que, por conseguinte, estará dando o devido suporte para a efetivação do
Bem na minha Alma. Bom e Bem presentes, possibilitam a complementação da
tríade com a presença do Belo. Nesse processo de influências do Espírito para
a Matéria e da Matéria para o Espírito, consolida a manifestação da Vontade
Divina, que uma vez refletida em cada um de nós, estabelece um novo estado de
consciência, implicando assim, na construção da Obra na face da Terra.
Portanto, no Bom, no Bem e no Belo é que se encontra todo o arquétipo
evolutivo do homem, o seu caminhar para a manifestação da Divindade no seu
interior, na sua transformação de “vida-energia” em “vida-consciência”.
Por último, deixo um pensamento de nosso Mestre, o professor Henrique J.
de Souza, também registrado no Pequeno Oráculo, que nos traz o conhecimento
de como auxiliamos a humanidade quando nos aperfeiçoamos:

“A arte vital, a arte da evolução humana, é bem


superior a todas as artes, porque é a arte por excelência.
O mundo é uma grande tela que o verdadeiro teósofo ou
ocultista (vale dizer, o eubiota), como eterno criador, deve
aperfeiçoar cada vez mais, a si mesmo se aperfeiçoando...”
(SOUZA, Henrique José de, Pequeno Oráculo, 1995, p. 55-
56, citação 128)

José Carlos Teixeira de Souza


jcts137@gmail.com
São José dos Campos- SP

37
Referências

ALMEIDA, João Ferreira de. A Bíblia Sagrada: Sociedade Bíblica do


Brasil, 1969.
SOUZA, Henrique José de. O Pequeno Oráculo 2ª edição São Lourenço:
Sociedade Brasileira de Eubiose, 1995.
VIDAL, Sebastião Vieira, MENDES, Geraldo Gomes, PASCHOAL, Sílvio
de, BRANCO, Wilson Castelo. O Despertar da Consciência: 3ª edição - 1990.

38
Transformação da vida-energia em vida-consciência

Equipe Regional da Ordem do Ararat – Carmo de Minas – MG

Resumo: São analisadas as relações entre as tríades Bom, Bem e Belo; Corpo
Físico, Alma e Espírito; Teatro, Escola e Templo, buscando entender suas
influências no processo de transformação de vida-energia em vida-consciência
através do autoconhecimento.
Palavras-chave: corpo, alma, espírito, bom, bem, belo, evolução,
autoconhecimento, consciência.

39
O Professor Henrique José de Souza, fundador e líder espiritual
da Instituição Dhâranâ Sociedade Mental e Espiritualista em 1924, depois
denominada Sociedade Teosófica Brasileira em 1928 e finalmente Sociedade
Brasileira de Eubiose em 1969, nome que mantém até o presente, deixou
farta literatura filosófica e espiritualista, da qual vamos ressaltar dois pequenos
parágrafos para servirem de base e princípio para o desenvolvimento das ideias
aqui apresentadas.
São eles:
“E precisamos, portanto, defender o mundo do materialismo imperante,
com todo o seu lastro de maldades... Não há como apregoar o BOM, o BEM e
o BELO, tríade bendita, que faz lembrar TEATRO (o BOM); ESCOLA (o BEM
através da educação dos jovens, etc.), e o BELO (o Templo, a Casa de Deus).”
(SOUZA, 1953)1.
“Sim, o Odissonai deve acabar sendo essa Tríade Maravilhosa, que
expressa as grandezas de Um adepto ou HOMEM PERFEITO: o BOM, o BEM e
o BELO. O Bom do físico, o Bem da Alma e o Belo do Espírito.” (SOUZA,1959)²
Pode-se então fazer uma associação de três tríades, como mostra a
tabela abaixo, ressaltando a importância da relação de ordem dos elementos
das tríades.

Bom Bem Belo


Teatro Escola Templo
Corpo Físico Alma Espírito

Tabela 1: Relação entre tríades

Sabe-se pelo estudo da Cosmogênese que os nossos corpos são formados


a partir de partículas da substância primordial que manipuladas por Fohat e por
atuação da vontade do Eterno, vão se agrupando e formando os átomos dos
planos da matéria desde os mais sutis até os mais densos sucessivamente,
desde o plano Adi até o Físico. Estes planos ocupam o mesmo espaço e os
átomos dos mais sutis ocupam os espaços intersticiais dos átomos dos mais
densos. Sabe-se também pela Física que cada corpo, qualquer que seja, possui
uma vibração própria que é iniciada quando o corpo recebe um estímulo, esta
frequência é tanto mais baixa quanto mais denso for o corpo, sabendo que as
partículas de cada plano são formadas por múltiplos de partículas do plano mais
sutil imediato em relação a ele, pode-se deduzir que a frequência de um corpo
mais sutil é múltipla da frequência do corpo mais denso imediato a ele, a relação
entre frequência e número de partículas é inversa, quanto mais denso o corpo
menor a frequência e quanto mais sutil o corpo maior a frequência.
Como os diversos corpos de um ser estão ligados à sua mônada, existe
uma correspondência vibracional entre os corpos, de modo que a frequência
que vibra em um corpo é múltipla e simultânea à frequência de seu corpo

40
imediatamente mais denso. Assim, desta maneira pode-se dizer que a vivência
do bom no plano do corpo físico irá gerar vibrações do bem no plano da alma e
vibrações do belo no plano do espírito, e vice-versa nos planos dos três corpos.
Quando vibramos conscientemente um atributo no plano de um dos corpos,
despertamos os atributos correspondentes nos planos dos outros corpos.
Ao nascer, nossa consciência encontra-se no nível mais baixo, praticamente
somos inconscientes, à medida que crescemos, evoluímos, e vamos tomando
consciência do nosso corpo mais denso, o físico, na adolescência o nível de
consciência começa a penetrar a nossa alma, tomamos contato mais profundo
com as emoções e com o raciocínio, se continuamos a evoluir atravessamos a
ponte de Antahkarana e começamos a ter consciência no nível do nosso espírito,
passamos a utilizar a intuição e o mental abstrato. Este é o sentido da máxima
do Professor Henrique “Evoluir é transformar vida-energia em vida-consciência”,
ou seja, transformar a vida instintiva em vida consciente, dar consciência àquilo
que nos move e que está oculto aos nossos sentidos.
No mundo manifestado impera a Lei da Polaridade, de modo que a tríade
positiva do Bom, Bem e Belo tem sua correspondente negativa do Mau, Mal e Feio.
O termo bem é um substantivo e os termos Bom e Belo são adjetivos,
o que nos dá a entender que o Bem seja a causa e o Bom e o Belo sejam
efeitos. Uma possível interpretação para isto está ligada ao foco do processo
evolutivo, no presente ciclo a humanidade em sua grande maioria encontra-se
desenvolvendo seus veículos emocional/mental concreto, ou seja, sua Alma,
deste modo a Alma é o agente da evolução neste ciclo e, portanto, a palavra que
a representa é um substantivo.
Encontramos em uma revista Dhâranâ de 1963 o seguinte trecho:

“Em um plano Cósmico o Bem e o Mal são absolutos e


se resumem no respeito às Leis Universais ou no desrespeito
às mesmas Leis. Digo que são absolutos porque essas
Leis Universais são absolutas, mas, no plano humano;
como as leis (preceitos morais e conceitos estéticos)
são relativas, por serem criadas pelo próprio homem e
variarem de acordo com a época, a civilização, o povo, isto
é, por variarem no tempo e no espaço, sendo transitórias
e inconstantes, o Bem e o Mal são também relativos,
são conceitos transitórios e inconstantes, subordinados a
hábitos, a tradições, a climas, a preconceitos.” (AUTOR
DESCONHECIDO, 1963)3.

Como a evolução é gradual e cíclica começando no corpo físico e se


desenvolvendo até o espírito através das encarnações, a violação das Leis
Universais acontece quando o nível de consciência atinge a Alma e o homem
adquire o livre-arbítrio, a consciência do plano das emoções e do plano do mental
concreto. Com a evolução, as leis humanas irão se aproximar das Leis Universais.
Enquanto a consciência estiver na Alma o Espírito tem pouca influência sobre os
corpos inferiores porque ele ainda está no inconsciente para estes corpos.

41
Evoluir é exercitar o autoconhecimento em cada um dos planos dos corpos,
este processo é mais rápido quando se adota um caminho de iniciação que
através dos estudos proporciona um avanço mais rápido do nível de consciência,
cabe ao iniciado buscar a verdade e fazer sábias escolhas, meditando sempre
sobre o que pode desviá-lo do caminho do bem e da Iluminação. A Alma é o elo
de ligação com o Espírito e este é o elo com a Mônada.
“Quão belo é o homem bom praticando o bem.” (JORGE ORO, 2016)4.
Outra tríade que se pode associar à do Corpo Físico, Alma e Espírito é
a da Atividade, Amor-Sabedoria e Vontade, mantendo-se a mesma relação de
ordem. No Amor-Sabedoria está a chave para o domínio das nossas emoções
e para equilibramos coração e mente para vivermos de acordo com as Leis
Universais, o que nos permitirá avançar em nível de consciência. O Amor como a
sublimação das emoções e a Sabedoria como a sublimação do mental concreto.
Na tríade Teatro, Escola e Templo, o Teatro é o palco da vida onde o Corpo
Físico realiza suas ações e põe em prática o que a Alma aprendeu nas Escolas
da vida, dando vazão às emoções e permitindo que o mental concreto coloque
em prática os conhecimentos acumulados possibilitando a sua transformação
em Sabedoria. Como sabemos o processo evolutivo somente se desenvolve
quando o ser se encontra encarnado em corpo físico, a morte do físico suspende
o processo evolutivo até que o ser volte a iniciar um novo ciclo de encarnação.
Frequentemente vê-se esta tríade citada em uma outra ordem: “Escola,
Teatro e Templo” talvez pelo fato da palavra Teatro ter uma forte relação com as
emoções e estas com a Alma, mas a ordem correta é a mostrada na Tabela 1.
Como aspectos práticos a serem levantados a partir do texto acima
ressaltamos a importância do ensino da Língua Portuguesa, por ser a língua
sagrada nos próximos ciclos evolutivos, do ensino da Música como a ciência
das vibrações em seus aspectos de Harmonia, Melodia e Ritmo, o ensino das
ciências ligadas à constituição e funcionamento do corpo humano e o ensino das
ciências ligadas à Natureza. Esforço este ao qual todos devemos nos engajar, da
forma que nos seja possível contribuir.

Benedita Aparecida Pinheiro (Depto. Sumaré)


Hevelyn Martinez (Depto. Santo André)
Ivo Afonso (Depto. Mooca)
Maria Catarina Rezende Muniz (Depto. Mooca)
Perla Rizzato (Depto. Sumaré)
Roberto Faria Cavalcanti (Depto. Mooca)
São Paulo – SP

Suely de Lourdes Monteiro (Dep. São Lourenço)


São Lourenço – MG
robcav@gmail.com

42
Referências

DESCONHECIDO, Autor. Os três caminhos que levam à perfeição.


Revista Dhâranâ nº 21-22. São Paulo, 1963.
ORO, Jorge Antonio. Bem, Belo, Bom e Justo. Programa Vida Inteligente.
Florianópolis, 2016.
SOUZA, Henrique José de. Carta-Revelação de 07/10. Acervo interno da
Sociedade Brasileira de Eubiose. São Paulo, 1953.
SOUZA, Henrique José de. Carta-Revelação de 03/10. Acervo interno da
Sociedade Brasileira de Eubiose. São Paulo, 1959.

43
O processo iniciático e a arte do bem viver

Equipe Regional da Ordem do Ararat – Maria da Fé – MG

Resumo: De acordo com as Leis Universais tudo evolui, tudo obedece a um


ciclo. Nesta jornada evolutiva, dotado de livre arbítrio, o ser humano escolhe
seu caminho e como um jiva cria realidades diversas que nem sempre o leva
ao aprimoramento da alma sem antes ser lapidado pelas experiências de suas
escolhas. Exercer o livre arbítrio requer sabedoria, conhecimento de si mesmo
e das Ciências Sagradas. Esse processo exige Vontade, que, na maioria das
vezes, encontra pela frente os desafios que o jogam na malha da ilusão e o
arrastam por séculos até encontrar o caminho da iniciação, através do qual,
adquirindo consciência e conexão com os planos mais sutis poderá retornar à
casa do Pai.
Palavras-chave: iniciação, integração, polaridade.

44
No processo de criação do Universo, tudo parte da essência Una do
Absoluto, que se divide essencialmente e multiplica-se objetivamente até que
a infinitésima parte adquira a consciência do Uno. Então, em movimento de
retorno tudo volta a Ele, trazendo as experiências desse grande ciclo, a iniciação
individual, a sua verdadeira contribuição para o Todo (PAI, Absoluto, Divino).
Essa grandiosa dança cíclica ramifica-se em vários outros ciclos menores.
O ser humano nasce dependente e indefeso. Ao longo dos anos se faz um
ser maduro, com atributos de caráter consolidados e dotes físicos aperfeiçoados,
mas com o passar dos anos tudo decai, retornando como que ao primeiro
momento, entretanto, no final, ao invés da vida, a morte. Mas é só isso?
A Evolução é conceituada como a Transformação da vida-energia em vida-
consciência, isto quer dizer que o objetivo da vida humana é tornar o homem
autoconsciente. Pensando nisso, consideremos:
Vemos acontecer, concomitantemente, o processo iniciático de forma
individual, cooperativa e coletiva. A inércia passiva, que macula o interior,
atrita com o movimento das Leis Universais, impondo esse processo que se
desenvolve na face da terra. Logo, ao ser, paira a responsabilidade de alcançar,
por si mesmo, o bom êxito de sua evolução, harmonizando-se com as Leis que a
regem. Vale dizer que tudo retorna a casa do Pai; o que pode ser observado na
natureza como meio de evolução, imperioso a todos os seres, mesmo em casos
em que não se fazem parte de uma Escola Iniciática, pois ainda, muito se indaga
por estarmos num mundo caótico e aparentemente sem solução.
Na face da terra, sob a ótica meramente objetiva, os aspectos da vida são
medidos por atos segundo o interesse humano, aquilo que se quer ou deseja;
o resultado almejado e não contrariado. Assim dizendo, podemos ver que a
resistência se traduz em malefício. Todavia, se olharmos mais profundamente
poderemos notar que em qualquer situação teríamos um princípio sempre em
voga, a polaridade, que dá o tom de elevação no processo iniciático. Logo, aquilo
que nos apraz pode ser para o outro um peso, implicando dizer que na face da
Terra tudo é relativo, inconstante e permeado pelo jogo desse princípio.
O movimento iniciático nos faz entender toda a dinâmica da vida submersa
na maya, e o nosso papel é desvendá-la.
Neste contexto o Criador vivencia seu mundo através de sua criatura
extraindo as experiências da Mônada mediante processo evolutivo; criando uma
ponte entre os planos das ideias e o plano material.
A Criatura, a partir da aquisição do mental, assumindo sua individualidade,
e dualidade manifestada, vive consciente ou inconscientemente no mundo
material, fazendo suas escolhas ora a favor ora contra a evolução, por não
compreender e não intuir o plano do Criador.
No momento atual da criação, o ser humano sendo o ápice evolucional e
tendo em si a polaridade, ou seja, livre arbítrio, escolhe, o caminho a seguir. E
é através da vida cotidiana, ou da iniciação de forma consciente, que subimos
rumo ao cume da montanha. Primeiro dentro da roda de sansâra, nas idas e
vindas ao plano material, galgando seu burilar pelas experiências e adquirindo

45
mais consciência e afinidade com os planos mais sutis. E em contrapartida, pela
iniciação, o caminho vertical, equilibrando suas tendências positivas e negativas,
de posse dos conhecimentos iniciáticos para acelerar o seu caminhar.
Dentro disso cabe ao ser humano saber identificar e viver de acordo com as
Leis Universais, buscando desenvolver o caráter, a cultura, e os bons costumes,
algo que, segundo Platão, promove o crescimento e a harmonia da humanidade.
Ser humanitário, ter empatia com o semelhante, o que necessariamente eleva
a nossa consciência para o que é mais fraterno e de elevado caráter. Ainda,
segundo Ele, ter justiça é saber que cada coisa tem o seu lugar e sua luz, não
existindo no Universo nada que seja completamente mau.
O caminho do bem viver é poder incutir na humanidade o Amor Universal,
buscar a Sabedoria procurando ver o que há de melhor, a nobreza de servir em prol
da Evolução. Aquele que se conecta com a Moral, com a Harmonia, com a ordem
e a Justiça passa a refletir em seu meio levando seus raios luminosos àqueles que
estão aptos a ver e consequentemente ajudar no processo evolucional.
Vemos que se considerarmos a Vida de cada ser humano como
um momento evolucional, seu teatro como laboratório de si mesmo para
transformação, podemos chegar à conclusão de que ela, engloba tudo que
soma para o engrandecimento do ser, desde seu corpo físico, sua base mental,
seu caráter e seus atos como exercício de bondade, compaixão, generosidade,
compreensão e companheirismo, o querer bem a tudo e a todos, alcançando
assim Justiça, Amor e Sabedoria; a preservação de si e do outro, atrai para a
face da Terra um aura elevado mediante o correto comprometimento de seus
estudos, pensamentos e autopreservação.
Quando a humana criatura alcança esse patamar manter um ambiente
hígido e organizado não é um fardo, mas uma extensão de seu caráter, e assim,
entendemos com facilidade a importância da iniciação, posto que harmoniza
nossos corpos físico, emocional e mental.
Neste contexto, as humanas criaturas não são vistas sempre iguais, pois
ainda não se encontram perfeitas e acabadas, segundo o princípio do movimento
estão em processo de mudança. São iguais como seres humanos na sua constituição
anatômica e fisiológica, porém diferem nas características físicas e psicológicas. São
iguais nas necessidades biológicas, mas diferentes na situação cultural e econômica.
Essas diferenças fazem com que o ser humano busque condições
de igualdade, gerando mudanças que promovem o desenvolvimento e o
desenvolvimento é, na realidade, o crescimento do ser humano.
Quanto mais se cresce, mais se muda. Quanto mais se muda, mais se
evolui. Quanto mais se evolui, mais se aperfeiçoa. A perfeição é a meta.
É a igualdade que nos faz ver que somos todos um, somos todos capazes,
mas são as diferenças que nos fazem buscar o que falta, que nos colocam em
movimento, e assim, em consonância com a evolução. Tudo em todos, todos os
princípios metafísicos operando a um só tempo e de forma variada.
No caminho da busca encontramos consequentemente as nossas falhas,
nossos erros e defeitos, ou seja, as nidânas a serem sublimadas, e é aí onde a

46
iniciação se evidencia, na luta diária pela sublimação dessas tendências negativas
que é dificultada pela cristalização nas sombras dos elementais que criamos, na
crença dos padrões limitantes da nossa cultura e pela fé nas mentiras contadas
pelo nosso sistema familiar e social.
Precisamos voltar o olhar para dentro de nós mesmos, e ver o farol que
norteia essa busca, que dissolve as sombras que nos prendem e clareiam nossa
mente, nos mostrando a ilusão nas redes da maya e a verdade por trás da mentira.
Lembremos que na experiência do Âtmâ com a alma e o corpo é
preciso cultivar valores que enobrecem o homem, e almejando o melhor da
criatura humana, no Amor fraternal, na prosperidade, na saúde física e mental,
transformando o jiva em um jîvâtmâ.
Tendo como meta o desenvolvimento desse ser para o aperfeiçoamento
das raças futuras.
Aumentando o conhecimento, vivenciando as experiências da vida,
melhorando e vibrando com aspectos positivos e trabalhando a negatividade
para alcance da neutralidade pois a alma anseia pela união do espírito como meio
para se tornar um “Andrógino Perfeito”; e em toda essa expansão de consciência,
o espírito perfeito radiante, na moradia universal retorna à sua origem divina.
Em ressonância com o nosso crescimento como ser humano, os requisitos
abordados são de extrema importância, amadurecendo em muito o nosso
despertar como “Mônada” no processo evolutivo.
Usando o nosso raciocínio lógico, o nosso mental em expansão,
percebemos e meditamos na razão de nossa existência, o que é essencial como
qualidade de Vida para cada um de nós.
O despertar é contínuo, e, com isso, como Humanidade Jiva, caminhamos
para nos tornarmos ‘’JÎVÂTMÂ’’, um “Ser Humano” desperto como um ‘’ADEPTO’’.
Na reconstrução de si mesmo é muito importante percebermos o que é
ideal para o corpo, alimentos com muita vitalidade e práticas respiratórias para
manter o equilíbrio e também trabalhar nosso temperamento. Saber o que eleva
a Alma, desenvolver qualidades inerentes sublimando nossas emoções e obter
sentimentos nobres e puros. Para terminar, o que faz o Espírito ser refletido na
matéria, engloba a busca do ‘’EU’’, é através do conhecimento que despertamos
a consciência e nos libertamos da ignorância.
Só obteremos a razão de viver, quando passarmos a exercitar o poder da
Vontade. Parafraseando o Professor Henrique José de Souza:

“Reconstruir! É o Brado que nos compete!”


(SOUZA, Henrique José de. Pequeno Oráculo, excerto da
citação nº 7, p.12, 1995)

Assim conseguiremos o intento, nos transformando e superando os


obstáculos impostos na vida como testes diários para conseguir a almejada
‘’METÁSTASE AVATÁRICA’’, marca primordial de nossas caminhadas iniciáticas.

47
Conclusão
A resultante do processo iniciático se traduz na integração com UNO,
concretizando assim a arte do bem viver.

Ilana Alves de Oliveira – São Paulo – SP.


ilanaalves@oararat.org e ilanaalves777@gmail.com

Ana Esmeria Rodrigues – Mogi das Cruzes – SP.


rodriguesanaesmeria@gmail.com

Aristófanes Reis Machado – Sete Lagoas – MG.


aristofanes.reismachado@gmail.com

Gláucia do Espírito Santo Silva – Itaboraí – RJ.


glaucia.essilva@gmail.com

Karina Ramos Carrilho – Lençóis Paulista – SP.


jkpel.representacoes@gmail.com

Lilian Marques Moraes – Rio Bonito – RJ.


lilianfilardi@gmail.com

Lucas Rekowsky – Jaraguá do Sul – SC.


lucasrekys@gmail.com

Marcio Araújo de Souza – Serrinha – BA.


marcio_lang18@hotmail.com

Maristela Pereira de Toledo – Itajubá – MG.


rhma_maris@hotmail.com

48
Referências

PAZIENTE, Mario. Curso Preparatório de Eubiose. Biblioteca Dhâranâ,


4ª Edição, capítulo XVI página 101 - A Iniciação.
SOUZA, Henrique José de e Helena Jefferson de. Pequeno Oráculo:
Seleta de Pensamentos. 2ª edição, São Lourenço:  Sociedade Brasileira de
Eubiose, 1995.
Youtube, Assistiu em 05/02/2022, 17h17min - https://www.youtube.com.-
Principais ideias do Filósofo Platão (2013) - Prof. Lúcia Helena Galvão da Nova
Acrópole.

49
Um universo, um planeta, e um grande desafio humano

Jonas Francisco, Noara Silva, Sérgio Massao Yosioka

Resumo: Desenvolvimento da ideia do tema proposto; Eubiose – a arte do bom,


do bem e do belo, de forma livre, passando pela reflexão de nossos dias, pela
história, até chegar à proposição da nossa Escola Iniciática.
Palavras-chave: Bom, Bem e Belo - Eubiose.

50
Uma pequena reflexão sobre a atualidade
Consideramos nos dias de hoje uma dificuldade muito grande para
harmonizarmos nossas mentes e corações com o modo de vida que o planeta
nos tem apresentado.
Uma equação de equilíbrio para nosso corpo, alma e espírito tem sido
muito difícil de ser alcançada.
Se nos é permitido comentar neste texto sobre as questões atuais, o
nosso equilíbrio está sendo muito testado. Exemplificando: todos nós tivemos
um ente querido próximo que se foi por causa da pandemia.
Outro exemplo: Não consigo mais falar com meu amigo Kostia que está
em Kiev. Não tenho mais noticias dele.
O bombardeio de informações diárias em todos os meios de comunicação,
todos sabem, nos causam um desequilíbrio imenso. Violência, medo, ansiedade
parecem estar em toda parte.
Numa cidade como São Paulo que navega da maior riqueza do país, até
a maior pobreza, vivemos acuados, mas e ao mesmo tempo, próximos do prazer
material, cultural que a cidade proporciona.

Uma pequena reflexão sobre a atualidade positiva


Se soubermos buscar um caminho de aprimoramento em todos os setores,
podemos dar a nossa mente um caminho alternativo de equilíbrio.
Por exemplo, podemos aprender assistindo vídeos na internet sobre como
plantar um jardim, uma árvore etc.
Temos possibilidade de ver como um ser humano, ou animal vive em
vários lugares do planeta, sem ter ido a este local, fato que era impossível a
pouco tempo atrás.
Aquelas pessoas dadas a espiritualidade, podem se encontrar com outras
com a mesma afinidade.
É até infantil citar o óbvio, mas existem múltiplas possibilidades de nos
ligarmos ao que nos traz o equilíbrio.
Parte desta possibilidade é possível através da tecnologia na comunicação.
É claro que em momentos em que perdemos um ente querido ou não
conseguimos nos comunicar com um amigo que está no meio de uma guerra
isso venha a nos desequilibrar.
Mas vale a pena ficar preso a esta situação?

A experiência de equilíbrio natural do ser humano


Não há como entrar em um estado meditativo observando o mar sentado
numa pedra na praia, ou na montanha vendo o pôr do sol.
O nascer ou pôr do sol em uma montanha ou praia, é uma experiência

51
milenar que o ser humano conhece muito bem a milênios. É só pesquisar os povos
primitivos e civilizações antigas para observar como esta experiência era essencial.
Para muitos, uma experiência Divina.
Akhenaton (Kunaton) levou esta experiência a enésima potência quando
por volta de 1370 a.C criou o culto à Aton, o Deus Sol (Espiritual). O disco solar
simbolizava a própria divindade. O Prof. Henrique José de Souza escreveu sobre
Aton na Revista Dhâranâ 107/108 de 1941:

“Aton é o disco solar; é a forma tangível e visível


de Rá, o Sol, o mais antigo e popular, talvez, dos deuses
egípcios. sem falar em Osíris ao lado de Ísis, como a dupla
manifestação da própria Divindade, que já era venerada
nos tempos atlantes. embora que debaixo de outros
nomes.” (SOUZA, 1941)

Quando observamos o céu a noite também entramos em um estado


contemplativo.
Fotos do Universo aguçam o mistério celeste.
A natureza planetária ou a natureza cósmica nos dá esta experiência
porque existe uma presença expressa nas formas e cores que nos inspira com
seus mistérios.
Quando o telescópio Hubble foi lançado em 1990, criou-se uma
expectativa imensa para ver a imagem que enxergaríamos do Universo. A
princípio ficamos um pouco decepcionados, porque descobriram lá em cima que
o telescópio estava “míope”. Após a correção da lente, um universo como nunca
vimos se abriu. Lembro de uma das primeiras fotos, o do berço das estrelas.
Nuvem de gases formando as primeiras estrelas. Naturalmente ficarmos muito
emocionados com esta imagem.
Mais recentemente teremos as imagens do telescópio James Webb que
com certeza nos trará muitas emoções cósmicas ...
Assim, a experiência sensível do Universo cósmico e da Natureza
Planetária, quando estamos dispostos à senti-la, é uma das maiores experiências
de harmonia, beleza e percepção existencial que podemos ter.

A experiência do bom, do bem e do belo nas criações humanas


A experiência humana, através de sua inteligência e sua capacidade de
moldar as coisas começou através das pedras, ossos, minérios formando objetos
de contemplação. Vide um Jardim Zen Budista onde a ser humano consegue
harmonizar o mineral e o vegetal criando uma composição incrível.
Civilizações antigas levaram esta arte de harmonização a enésima
potência construindo mega construções, através de formatos geométricos como
pirâmides, círculos, estátuas entre outras construções.
Conforme o ser humano evolui e se inspira na natureza, extrai as ideias

52
de outros planos conseguindo potencializar uma experiência do bom, do bem
e do belo.
Essa ideia de extrair de outros planos é uma ideia de Platão
“Só existe uma flor porque existe uma ideia universal da flor...”
Assim, o ser humano sabe de maneira até inconsciente que da combinação
de formas, cores e padrões é possível criar objetos que de maneira harmônica
criam experiências de beleza e arte.
Nunca fui ao Egito, a Petra, ou ao Taj Mahal. Mas imagino o impacto de
estar num lugar destes. Não é só a imagem. Mas as formas criam energia e estar
dentro desta energia é especial.
A Catedral de Notre-Dame passou por um incêndio em 2019. Nós ficamos
paralisados ao ver a tragédia. Mas imagine um cidadão parisiense que tenha
presenciado o fato ...
A combinação da natureza com as criações artísticas e arquitetônicas
expressa uma forma de linguagem das mais belas da comunicação sensível
para o ser humano, tanto na música, no teatro, no cinema e nas artes em geral...
Chamemos de experiências sensíveis induzidas (criadas pelos seres
humanos – não fruto da própria natureza)

Experiências Religiosas
A religião de forma direta ou indireta produziu em épocas a harmonia,
beleza e a arte também.
Tendo um Deus Antropomórfico ou não, as religiões no seu aspecto
positivo criaram as experiências de harmonização do divino e do humano.
Em alguns casos e em certos períodos históricos cumpriram em parte e,
essencialmente, o seu papel de religar, tornar a ligar os seres humanos entre
si, como irmãos, assim como à sua origem, que as mesmas religiões chamam
de Deus.
Deus seria então o centro desta experiência.

Técnica, Beleza e Arte


O Universo e o Planeta Terra, baseando-nos nas leis universais, são
manifestações existentes para a realização da harmonia entre partes e o Todo...
Para produzir uma obra, um estado da arte, um ambiente receptivo, é
necessário que o ser humano desenvolva uma potencialidade interna para
vivenciar esta ideia. Para isso é necessário o compreender plenamente uma outra
tríade: a Técnica, a Beleza e a Arte, tema já desenvolvido por membros da SBE.
Exemplifiquemos, tratando dos artistas Renascentistas.
O Professor Henrique José de Souza cita em suas obras que houve um
Avatara naquela região da Europa. A Renascença foi um esplendor enorme
porque levou a enésima potência a capacidade e domínio da Técnica, da Beleza

53
e da Arte naquele momento histórico.
A partir desta citação do professor Henrique podemos aferir, então, que
a presença de um Avatara, proporciona a formação de um conjunto de Adeptos
que senhores desta tríade, gera um ambiente de criação, de novas ideias e
realizações em vários planos da vida humana e, em particular, no plano do
conhecimento.
O Sociólogo Domenico de Massi, sociólogo que por acaso gosta muito
do Brasil, cita esta experiência renascentista em seu livro “Criatividade” como
sendo a ascensão do espirito, para uma classe mais elevada do ser humano.
Cita também que a “nova fase da humanidade” é constituída de grupos
humanos de criação. Antigamente os indivíduos criavam individualmente seus
experimentos, descobertas e invenções.
Segundo Domenico De Massi, a criação parte de grupos, não mais de
indivíduos. Hoje em dia é muito comum que alguns Prêmio Nobel, são ganhos por
grupos de pessoas. O próprio Professor Henrique cita em seu livro; O Verdadeiro
Caminho da Iniciação:

“O Adepto é a florescência de uma geração de


gênios.” (SOUZA, 1993 )

Em uma escala mais humana, estas duas observações tem uma ideia
em comum.

A tecnologia trará o bem, o bom e o belo?


O meio chamado tecnologia, produto da ciência, através da aplicação do
conhecimento humano e científico, pode também nos propiciar a experiência da
Beleza e da Arte?
Ou seria somente um meio para se realizar esta experiência?

A experiência do bom e do belo da sociedade humana no seu dia


a dia
Como foi mencionado no inicio do texto. Pergunta-se: Estaremos em
equilíbrio se o planeta estiver em desequilíbrio?
Teremos harmonia se a sociedade onde vivemos não estiver minimamente
em harmonia?
Por mais difícil que seja, pessoas e entidades, grandes ou pequenas
sempre buscarão fazer uma tentativa, à guisa de missão para elevação humana.
Citando novamente o Professor Henrique Jose de Souza:

“Um só idioma, um só padrão monetário...”


(SOUZA, 1993)

54
Outra forma de experiência do ser humano é através do Caráter e Moral.
Quando vemos pessoas protegendo a natureza, a humanidade, educando a
humanidade, enfim, propagando a ideia de uma sociedade melhor, temos uma
experiência Social do Bem, do Bom e do Belo. Lembrando do lema da nossa
Excelsa Ordem: “Realização através do caráter e da cultura”. Caráter no
sentido, como nosso próprio Mestre aponta, com o predomínio do aspecto afetivo
– emocional, com base no processo de socialização, quer seja em nossas fileiras
ou fora delas. Experimentando a “Eubiose” no mundo, vivenciando a própria
Eubiose, como estado de consciência, como Sabedoria Iniciática das Idades.

Eubiose – Ciência da Vida


A UNIDADE é uma das principais ideias teosóficas e eubióticas.
Onde existe unidade, o princípio trino espiritual pode ser vislumbrado.
Se o ser humano soubesse verdadeiramente o que é a unidade não
haveria pobreza, exploração, brigas, discussões.
É uma das ideias mais poderosas que existem, seja da religião, filosofia
ou teosofia.
Já dizia Blavatsky: o mental é destruidor do real.
Nossa mente por muitas vezes quer confundir o ego espiritual, causando
a separatividade da vida.
A mensagem é simples; somos todos uma unidade.
Estudamos em uma escola iniciática com um método de iniciação baseado
em escola-teatro-templo.
A Cosmogênese (criação do Universo) e a Antropogênese (Criação
do homem), se refletirmos bem profundamente, são ideias que tendem a
harmonização da mente humana. Pensar em uma origem, uma origem humana,
uma origem espiritual não é uma ideia de Unidade no seu mais profundo aspecto?
A própria ideia da iniciação humana, através de sua evolução moral,
intelectual e espiritual através de exercícios espirituais propostos só pode ocorrer
a medida que esta experiência se apresentar através de uma trilogia iniciática.
Os templos arquitetados pelo Professor Henrique José de Souza foram
inspirados em arquétipos de outros planos da existência.
A experiência de estar e ser em um Templo, onde as forças cósmicas se
encontram com as forças do seio da Terra é uma experiência de elevação que
nos conduz a uma Unidade Cósmica.
O ser humano se desvelando nos quatro graus iniciáticos, trilhando o
caminho da iniciação de JHS, vivenciando o tripé Escola, Teatro e Templo, para
mais adiante vivenciar o Bom, o Bem e o Belo que se fundem no próprio termo
Eubiose, o que vive o Bem, o verdadeiro.
A arte do Bom, do Bem e do Belo está forjada na própria concepção dos
Fundadores desta Escola Iniciática, não é?

55
Temos um Universo, um Planeta, uma Sociedade e nós, como indivíduos,
procurando equacionar uma forma de vivência mais humana
Somos membros de uma escola iniciática, uma filosofia, e um jeito todo
especial de encontrar um caminho para transcender todos os desafios presentes
neste ambiente planetário.
Os Gêmeos Espirituais apontaram um caminho transcendental de rara
beleza.
Que encontremos esse caminho em nosso próprio interior.
Boa sorte a todos!

EROA-SBC

Jonas Francisco
Itapecerica da Serra - SP

Noara Silva
Santo André - SP

Sérgio Massao Yosioka


Santo André - SP

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Referências

DE MASI, Domenico. Criatividade. Editora Sextante. São Paulo. 2005


SOUZA, Henrique José de. O Verdadeiro Caminho da Iniciação. São
Lourenço. Editora Arabutã, 1993
SOUZA, Henrique José de. Ocultismo e Eubiose. São Lourenço.
Associação Editorial Aquarius. Rio de Janeiro, 1983
VIDAL, Sebastião Vieira. Série Alvorada
VIDAL, Sebastião Vieira. Série Cultural
Site netmundo - https://www.netmundi.org/filosofia/2017/platao-etica-do-
belo-e-do-bom/

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Caderno Ararat | Número 2 | março de 2022
Secretaria Executiva da Ordem do Ararat
Eubiose – a arte do bom, do bem e do belo

Equipe Editorial
Roberto Barbosa do Nascimento
Thalita Lara Silva
Vinícius Mantovanelli Seraco

Capa
Daniela Malacco Soares
Edison Batista Ribeiro

Supervisão
Ricardo Aparecido de Medeiros
Secretário Executivo da Ordem do Ararat

Termos de Publicação: Autores mantém os direitos autorais e concedem ao Caderno


Ararat o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença
Creative Commons Attribution, que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento
da autoria e publicação inicial neste Caderno.

Política de Privacidade: Os nomes e endereços informados neste Caderno serão usados


exclusivamente no âmbito da Ordem do Ararat, não sendo disponibilizados, pela Secretaria
Executiva, para outras finalidades ou a terceiros.

Ordem do Ararat, 1958 -


Eubiose – a arte do bom, do bem e do belo | Caderno
Ararat – nº 2. Vários autores. Organização: Secretaria
Executiva da Ordem do Ararat. São Lourenço, 2022.

58 p.: il.; 30 cm

Bibliografia: f. 13; 20; 25; 30; 38; 43; 49; 57.

1. Eubiose. 2. Filosofia. 3. Religião. 4. Arte. 5. Bem.

I.Título.

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