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EDITORIAL

A paisagem vai se modificando


ao longo do ano.
Agora, vemos pela janela o dia acabar mais
cedo, as noites mais longas e o vento frio
invadir a nossa casa. Plantas e árvores per-
deram suas folhas no outono e muitas
delas ficaram tão secas e peladas que até
parecem mortas. Mas esse silêncio, quietu-
de e recolhimento que o inverno traz, carre- Salutar só é quando
ga consigo uma grande força interior. Uma
chama, uma luz que fica guardada por um No espelho da alma do
longo período. Reunindo forças para no homem, por de forma
momento certo desabrochar.
Desejamos que a leitura dessa edição do toda a comunidade
Nosso Ritmo, em especial nesta época de E na comunidade vive
recolhimento inédita e inesperada que
vivemos, alimente essa pequena chama A força da alma
guardada dentro de cada um e se torne individual
cada vez mais forte para o que há de vir.

Andrea, Brena, Lígia e Natalia Rudolf Steiner

01
SOBRE
O SIGNIFICADO DA ÉPOCA
Vitor Nosow - professor do 1º ano

João, o Batista, quem foi ele? A magia por trás da espiritualidade, enquanto João representou a
anunciação de seu nascimento, como ele cresceu força do ser humano. Um veio ao mundo no
e viveu, tudo isso é belamente apresentado na inverno , momento de introspeção; outro veio no
literatura e nos livros sagrados e também aqui, verão, momento de expansão. João nos apresen-
nas páginas 04 e 05, no belo texto da professora tou o caminho para o encontro com o divino:
Ana Paula. Mas que tal fazermos um exercício determinação, controle dos impulsos e paixões,
para tentar entendê-lo pelo olhar da Antroposofia? moderação, comedimento, busca da verdade… o
De início pode-se pontuar que este homem homem tomando a rédea de suas vidas e, por
representou um momento e uma fase da história esforço, recebendo o conhecimento divino.
da humanidade, assim como Jesus o fez. Dois Se analisarmos as quatro grandes festas na
representantes arquetípicos de duas eras da Pedagogia Waldorf – Páscoa, São João, Micael e
humanidade – uma material e outra espiritual. Natal – é na Junina que celebramos a força do
Homem de olhos vivos, de vestes simples e Homem, do Homem que desenvolve a Consciên-
andar decidido, João teve uma vida bem diversifi- cia! Acompanhando o calendário e fazendo uns
cada, mas um cenário que sua imagem carrega é alinhavos, podemos construir um outro entendi-
o deserto. Que seria um deserto? Poderia ser mento: na Páscoa ocorre a vivificação do divino
interpretado como um local onde a monotonia da na matéria; na Ascenção o divino se mostra em
paisagem exacerba nossos sentidos. Um contato sua plenitude; em Pentecostes o divino volta,
mais íntimo entre o homem e o mundo que o agora para todos os homens; em São João
cerca. João parte para o deserto buscando, na celebramos o homem pleno, encarnado na maté-
solidão e na intimidade, o conhecimento do Espí- ria, mas consciente de sua natureza divina e inun-
rito. Em suas meditações ele compreende que dado por ela.
este só pode ser alcançado pelo próprio esforço São João, a época que celebra o ser humano
individual. Imbuído deste conhecimento começa encarnado banhado pelo espiritual. A época que
a trazer para aqueles que o procuram este cami- surge após grandes dificuldades que o homem
nho, muitas vezes resumido como “arrependi- passou para permitir a chegada do espírito santo;
mento e transformação”. Tão crente em suas momento de reconhecer a fé e a força, de
descobertas emana uma certeza inquebrável; os celebrar a recompensa pelo nosso esforço.
que o compreendiam e seguiam participavam de Esta época de São João é única neste ano em
um ato simbólico, um momento de limpeza para decorrência do contexto que o planeta se viu
a entrada de algo novo e puro – o batismo. Isso mergulhado. Muita dor, medo, insegurança, ques-
deu-lhe mais à frente o nome pelo qual lhe reco- tionamentos, aflições… que a força de João nos
nhecem nas passagens históricas. João Batista acompanhe para atravessarmos esse deserto
acolheu também a Jesus, que participou deste pelo qual passa a humanidade; que possamos
ato para receber o Cristo. preparar nossos espíritos para o batismo; que
Mas qual a importância de João? Jesus nos possamos receber as bênçãos que o céu ansio-
brindou com os conhecimentos vivificados da samente aguarda para nos conceder.

E viva São João!!!


02
SOBRE
A MENINA DA LANTERNA
Luciana Castro - professora do jardim de infância

O Bom, Belo e Verdadeiro em dias um pouco nublados…


Estamos passando por uma fase de muita tarefa dada pelo pai, pela mãe ou mesmo por
angústia como Humanidade! Sentimos nossos irmãos maiores…A riqueza da troca entre
corações apertados com as notícias. Nossas irmãos de diferentes idades…
crianças também estão com saudade, da Até na saudade apertada da Escola moram
escola, dos colegas, das trocas… sentimentos e aprendizados únicos, afinal, se
A história da Menina da Lanterna acalenta sentimos tanta saudade é porque guardamos
nossos corações pois nos recorda da busca no coração lembranças muito boas! Como diz
pela Luz do Sol quando a lanterna apagou! “O Rubem Alves, “A saudade é a nossa alma
vento soprou, minha luz apagou…” A menina dizendo para onde ela quer voltar.”
busca a ajuda dos animais e dos humanos para Como comunidade também estamos, ainda
encontrar sua luz, depois que a encontra a mais, vivenciando a importância das trocas e
compartilha com os outros! Também estamos compartilhamentos, olhando para as necessi-
vivendo um pouco isso, caminhando e buscan- dades uns dos outros e reaprendendo sempre
do nossa Luz para a compartilharmos!Temos que precisamos, e muito, uns dos outros!
recebido relatos, fotos e vídeos de dias únicos Estamos caminhando como Humanidade por
das crianças com suas famílias. As casas se dias um pouco nublados, mas juntos seguimos
tornaram, ainda mais, LARES! Coloridas (com encontrando a luz do Sol em vivências únicas
gizes e tintas…), perfumadas (com cheirinho de de Bondade, Beleza e Verdade!
pão, bolo…), cheias de vida e movimento!
As crianças junto com seus pais, estão pintan-
do, plantando, cozinhando, fazendo cantinhos,
contando histórias, cantando músicas… “Muita coisa preciso aprender
Como na quarentena do recém-nascido, as Para me tornar
famílias estão resgatando valores, lembranças Caminho e caminhada:
da infância, estão se “reencontrando” e juntos Que é preciso bem mais gente do que eu;
encontrando forças e escrevendo suas próprias Que há muito mais terra do que estrada;
cantigas e histórias! Que o caminho não nasce sem ser feito;
As crianças que são do Fundamental estão Caminhada não tem
fazendo as tarefas com a ajuda dos pais, que Se não se anda.”
presente para todos! Para os pais vivenciar a Sérgio Sá
Beleza da Pedagogia, ver qualidades do filho
que muitas vezes só o professor conhecia e
ajudar em dificuldades que sabem que o filho
tem. E para as crianças poderem perceber Um abraço apertado e cheio de Sol
outras formas de aprender, a diferença da Professora Luciana Castro

03
BIOGRAFIAS
A narrativa de biografias prepara o caminho para a vida e
transformações no período da puberdade. Nesta idade, que
marca o início do nascimento do corpo astral, os jovens
buscam novos horizontes para mirarem e ler ou narrar histó-
rias de vida ajuda nesse processo de encarnação do corpo
astral e futuramente do eu. As biografias ajudam a dar o passo
para fora do peso da puberdade - ouvir e até opinar sobre a
decisão de outras pessoas e um rico exercício de percepções
de causa e efeito e por outro lado os aproxima dessas pessoas,
ao verem que mesmo seres humanos muito importantes erra-
ram e sofreram.
Também buscam evitar o egoísmo – toda vez que narramos
uma biografia, estamos falando de questões humanas, mas
sempre é o outro que tem desafios e escolhas a fazer e isso
obriga o jovem a olhar para fora de si mesmo – e ajuda a
despertar seus verdadeiros ideais, incentivando o interesse
crescente pelo mundo. Por isso que nas escolas waldorf e aqui
em nossa Escola Waldorf Angelim, as narrativas biográficas
chegam fortemente a partir dos 12 anos. Entre os 12 e os 14
anos elas são fundamentais e permeiam o ensino de história
de forma particularmente rica e interessante aos jovens -
problemas éticos da vida atual podem ser abordados através
de biografias, de modo vivo, preparando o jovem para as gran-
des decisões da vida. Elas começam a ser trazidas aos poucos
na verdade, já desde os 8 anos, com a história de São Francis-
co. A cada ano, elas vão aumentando e trazendo mais comple-
xidades. Até os 14 anos, a biografia não é ainda totalmente
aprofundada com suas verdades, pois o mundo é belo. Isso
acontece a partir dos 14 anos, quando começamos a mostrar
que o mundo é verdadeiro.

ILUSTRAÇÃO: PROFESSORA MELISSA 04


A BIOGRAFIA DE
JOÃO BATISTA
Ana Paula Galdino – professora 6º. Ano

João Batista (2 a.C.-27 d.C.), ou São João, foi um a ele os próprios pecados e João os batizava no rio
pregador judeu, segundo os evangelhos do Novo Jordão.
Testamento, era primo de Jesus e foi o responsável Jesus, já adulto, foi da Galileia para o rio Jordão, a
por seu batismo. fim de se encontrar com João, e ser batizado por
João Batista nasceu na Judéia, ano 2 a.C. Seu dia ele. Mas João procurava impedi-lo, dizendo: -Sou eu
de nascimento é celebrado pela religião católica que devo ser batizado por ti, e tu vens a mim? Jesus,
com uma festa popular no dia 24 de junho. porém, lhe respondeu: -Por enquanto deixe como
Segundo o Evangelho de São Lucas, João era filho está! Porque devemos cumprir toda a justiça. E
do sacerdote Zacarias e de Isabel, prima de Maria, João concordou. Depois de ser batizado, Jesus logo
que viria a ser a mãe de Jesus. Eles não tinham saiu da água. Então o céu se abriu, e Jesus viu o
filhos, porque Isabel era estéril, e os dois já eram de Espírito de Deus, descendo como uma pomba
idade avançada. branca e pousando sobre ele. E do céu veio uma
O nascimento de João foi anunciado pelo anjo voz, dizendo: -Este é o meu filho amado, que muito
Gabriel, o anjo do Senhor. Certo dia o anjo apareceu me agrada.
e disse para Zacarias: -Não tenha medo, Deus ouviu No evangelho de São João Batista, Jesus é o
seu pedido, e sua esposa vai ter um filho e você lhe enviado de Deus, aquele que revela o Pai aos
dará o nome de João. homens. Jesus revela esse amor e realiza a vontade
Isabel deu à luz a um filho. A educação do menino do Pai, dando sua vida em favor dos homens. João
João foi influenciada pelas ações religiosas do procura revelar isso através dos sete milagres, que
templo, onde seu pai era sacerdote. Ele foi crescen- são chamados de sinais, salientando a importância
do, e ficando forte de espírito. Ainda jovem, se do compromisso com a fé. Revela também a volta
tornou um líder popular que reunia no entorno de si de Jesus ao Pai, através da morte e ressurreição.
um grande número de pessoas. A prisão de João Batista ocorreu na Galileia a
João Batista iniciou sua vida de pregação no mando do governador Herodes, que disse a seus
deserto da Judéia. Viveu como um nômade pregan- oficiais: Ele é João Batista, que ressuscitou dos
do palavras de arrependimento e transformação. mortos. É por isso que os poderes do batismo agem
Quando começou, os judeus estavam esperando o nesse homem. De fato, Herodes tinha mandado
Messias, que iria libertá-los da miséria e da domina- prender João, amarrá-lo e coloca-lo na prisão. Fez
ção dos romanos. João anunciava que a chegada isso por causa de Herodíades, a mulher do seu
do Messias estava próxima e oferecia para a adesão irmão. A qual Herodes amava e João disse: -Não é
completa do povo, o batismo no rio Jordão. As auto- permitido você se casar com ela.
ridades mandam investigar se João pretendia ser Quando chegou o aniversário de Herodes, a filha
ele o Messias, mas João negava. Ele dizia: -Conver- de Herodíades dançou diante de todos e agradou a
ta-se, porque o Reino do Céu está próximo. Herodes. Pressionada pela mãe ela disse ao tio:
João tinha vida simples, usava roupa feita de pelos -Dê-me aqui, num prato, a cabeça de João Batista.
de camelo, e cinto de couro na cintura, comia gafa- Depois, a cabeça de João foi levada num prato, foi
nhotos e mel silvestre. Os moradores de Jerusalém, entregue à moça, e esta a levou para sua mãe.
de toda a Judéia e de todos os lugares em volta do São João Batista foi morto no ano 27 d.C., ou seja,
rio Jordão, iam ao encontro de João. Confessavam da Era Cristã.

05
HÁ ALGUM TEMPO ATRÁS
Elza Pinheiro de Moraes – professora do jardim de infância

“A chama era pequena, mas a luz brilhava naquela cena”

FOTO: PEDRO AMORA

A Angelim nasceu com o desejo de viven- cas, do passeio da lanterna, chegando na


ciar e celebrar as Festas, com amor e simpli- enorme fogueira de São João, pois como
cidade. E a Festa da Lanterna/ São João, é ainda não tínhamos o Fundamental, celebrá-
uma das festas cristãs que nós, junto às vamos também São João, cantando suas
crianças, temos a oportunidade de vivenciar lindas canções! Uma satisfação de irmos
e celebrar. para as casas alimentadas com esse
A Festa da Lanterna foi nossa primeira festa momento!
aberta, onde pudemos vivenciar o espírito de Com o desejo de sermos conduzidos pela
comunidade – nosso primeiro bazar; a mesma Luz! Essa chama continua no meio
primeira experiência de comungar e partilhar de nós! É ela que nos impulsiona a Pensar, a
as comidinhas gostosas, preparadas com Sentir e Querer, em tudo o que fazemos.
muito carinho pelas famílias, e o mais impor- Conforme nossa comunidade foi crescendo,
tante nos alimentar animicamente da linda à partir do 3º ano da nossa Escola, tivemos o
história da MENINA DA LANTERNA no nosso primeiro teatro de pais, no gramado do
Teatro de Mesa. Mesa farta de imagens e de Jardim! Também pudemos vivenciar algu-
qualidades para nossa alma, além das músi- mas festas no espaço do Fundamental,

06
momento de unidade e de reflexão.
A Luz interna da Menina da Lanterna espe-
lhada na alegria das danças, nos ritos da
fogueira de São João. Porém sempre com o
coração cheio do desejo de carregar a Luz
e levar a quem precisar. E pedir com devo-
ção: ¨São João acende a fogueira do meu
coração! ¨
E assim seguimos todos os anos, preparan-
do com muita alegria essa linda festa. Faze-
mos uma oficina com os pais, para a confec-
ção das lanternas; convidamos para partici-
par do teatro; combinamos os ensaios; e nós
professores, auxiliares de sala, pais, organiza-
mos as tarefas e seus ¨guardiões¨: lanterna
para o caminho; lenha para a fogueira; convi-
te para o grande dia, pedindo gentilmente
um bolo simples e um chá quentinho para
aquecer e acolher!
E assim todos os anos somos convidados a
celebrar! A mergulhar em nós e encontrar a
Luz! É uma busca individual da Luz que vive
em nosso interior!
Para as crianças acontece de uma forma
natural, à medida que nós vamos povoando
de imagens seus corações, através das músi-
cas, histórias, cantinho de época, móbile e
decorações. E quando chega o dia da festa,
faz todo o sentido para ela e para todos nós,
acender as lanternas para iluminar a escuri-
dão; caminhar aqui na Terra cantando
sempre essa canção, com a voz e o coração,
pra trazer de volta a esperança e a acender a
Luz do coração!
É nosso dever, nossa tarefa, vivenciar e
celebrar a Festa da Lanterna, com plena
consciência, trazendo às crianças com vene-
ração, sentimentos belos, bons e verdadeiros.
Este ano, estamos pensando com carinho
em como vivenciarmos, a distancia, um
pouco do calor desta festa. Se tiverem
ideiais, nos contem!

Com carinho, professora Elza

07
COMO VIVENCIAR
A ÉPOCA DA LANTERNA EM CASA
Lis Barrales – professora do jardim de infância

Com a proximidade do inverno, as noites mais Depois de todo esse caminho, me sinto pronta
frias e os dias mais curtos, observamos que a natu- para começar a compartilhar a história com os
reza nos convida para um recolhimento. E neste pequenos – claro que sem explicações do mundo
ano, em especial, vem a pergunta - como vivenciar dos adultos. Que tal contá-la a noite, antes das
essa época que é tão rica e tão esperada pelas crianças irem dormir, para que levem esse lindo
crianças? É o momento de sermos criativos e presente para o mundo dos sonhos? E não se
confiantes! Já que não poderemos estar todos intimidem – contem-na por várias noites e se
juntos, fica o convite para vivenciarmos essa linda possível durante toda a semana que antecede a
história em casa de forma profunda e verdadeira. Festa. (na escola, contamos por quatro semanas.)
Vou compartilhar com vocês, um pouco como eu No dia que seria a festa da Lanterna na escola, dia
busco me preparar para quem sabe ajudá-los 06 de junho, a celebração pode ser bem especial
também neste caminho. em casa. E começar já na preparação do jantar
Sempre procuro começar minha preparação especial – com as crianças ajudando a picar os
interior lendo a história algumas vezes antes de legumes para a sopa ou fazendo um pão para
contá-la para as crianças. (sim, cada ano ela me traz acompanhar a refeição. A casa pode ser enfeitada
algum sentimento diferente). E procuro fazer uma com várias velas, para um delicioso jantar à luz de
reflexão sobre cada personagem: O que vive dentro velas.
de mim como o ouriço que não pode ajudar porque Para as famílias que tem crianças pequenas os
“precisa ir para casa e dos filhos cuidar”? O que pais podem se dividir, enquanto um ajuda as crian-
tenho em comum com o urso que “está com sono ças no banho o outro pode acender as velas e já
e vai para casa dormir e repousar”? E a raposa preparar uma surpresa para quando elas entrarem
preocupada com a caça que também não ajuda a na sala ou na cozinha. As crianças maiores podem
menina? Caminhando junto com cada persona- ajudar acendendo as velas e talvez criando um
gem da história procuro descobrir muito de nós caminho colocando velas no chão do quarto até a
mesmo: a velha fiandeira que fia na roca como cozinha.
fiamos nosso pensar, o sapateiro que muito traba- Para as famílias que tem essa possibilidade, quem
lha sem cessar, a querida criança da bola que sabem uma roda de música em volta da fogueira
alegremente não para de saltitar e, principalmente, ou na lareira? E para quem não tem espaço, um
a menina da lanterna e sua busca incessante pela damasco espetado em um palito de churrasco
Luz, a Luz interior. pode ser aquecido na vela enquanto cantam
De onde vem essa ajuda? As estelas que desce- algumas músicas… Fizemos isso na sala e deu
ram do céu quando a menina chorava porque muito certo!
ninguém queria ajudá-la. Observem também o Antes de dormir contem a história mais uma vez
momento em que o Sol encontra a menina, pois ele para as crianças, observando como o conto ressoa
“já havia avistado a menina há muito tempo”. E ao em vocês após alguns dias convivendo com ele.
final como a menina compartilha sua Luz com Desejo que possam vivenciar essa linda época em
todos que precisam “Minha luz vou levando sempre casa e que cada um encontre sua Luz interior. Que
dela cuidando. Se alguém precisar dela posso lhe possamos juntos como comunidade continuar
dar”. compartilhando o que cada um tem de melhor!

08
DEPOIMENTO DOS PAIS

NOSSA FESTA DA LANTERNA

Todas as festas da lanterna são


muito especiais, mas lembramos
com carinho de uma em especial.
Saímos da festa da lanterna, onde estáva-
mos nós e o irmão da Maitê com sua amiga.
Ainda encantados pelo ritual daquela linda
festa, acendemos uma fogueira e juntos
acendemos algumas velas pela casa fazen-
do o caminho da lanterna.

Ao silêncio, ao som do violão e ainda leva-


dos por aquela magia da festa da lanterna,
conduzimos nossa noite com um ritual
harmônico e inesperado, pois não havíamos
planejado esta continuidade. A Maitê foi
quem nos colocou na “trilha da lanterna”.

Por fim, ela adormeceu na caminha de


cadeiras dentro de uma cabaninha que ela
mesma havia feito. Foi muito emocionante
através deste momento que vivemos, poder
dar continuidade ao movimento de nos
aproximarmos de nossos conteúdos interio-
res e termos mais conexão e fé no mundo
espiritual e em nossa luz interior.

Ana Luíza, mãe da Maitê, escreveu sobre ter


vivenciado a festa da lanterna com a família.

FOTO: PEDRO AMORA 09


RITUAIS EM FAMÍLIA

SÃO JOÃO LU M INÁ R IA S COM CA SCA S DE F RU TAS


EM CASA
MARACUJÁ • MEXERICA L A R A N JA

Abra o maracujá cortando a parte de cima, Antigamente, antes do querosene, era o


fazendo uma parte maior como um copi- azeite das oliveiras que iluminava as lam-
nho e parte menor como um círculo. Retire parinas. Veja que ideia interessante para
toda a polpa e lave a casca. Com a ponta de perfumar e alegrar a casa de forma natural
uma faca afiada ou tesoura faça buracos ao Não é preciso pavio, se conseguires extrair
redor da casca em formato de copinho. a polpa deixando as fibras na casca. O
Utilize a parte de cima que ficou como um azeite de oliva servirá de combustível.
círculo para fazer um apoio para o copinho.
Dentro coloque uma vela de réchaud.

Similar ao maracujá, na mexerica, como a


casca é mais fina, podem ser feitos alguns
recortes diferentes como lua e estrela.

CLIQUE AQUI PARA SABER MAIS SOBRE


AS LUMINÁRIAS COM CASCA DE LARANJA

10
RITUAIS EM FAMÍLIA

SÃO JOÃO LANTERNAS COM MATERIAIS REAPROVEITADOS


EM CASA
E que tal fazermos uma lanterna em casa? Aqui seguem duas opções de lanterna,
ambas reaproveitando materiais. Um modelo feita com caixa de leite e outra com lata de
molho de tomates. Afinal, em nossa escola nos preocupamos com o meio ambiente!

COM CAIXA DE LEITE

• 1 caixa de leite limpa


• 1 folha de papel de seda da cor de sua
preferência
• Cola
• Tinta para artesanato (opcional)
• Uma tesoura
• Um estilete
• 30cm de arame encapado para a alça
• Uma vela réchaud

PASSO A PASSO

1. Corte a parte superior da caixa.


2. Se desejar, pinte sua caixa da cor de sua
preferência e aguarde secar.
3. Nas quatro laterais faça pequenos cortes
com o estilete, no formato que desejar,
cuidando para que fique uma borda ou mol-
dura, mantendo assim a estrutura da caixa.
4. Pelo lado de dentro da caixa, cole o papel
de seda sobre as aberturas. Uma linda ideia
também é substituir o papel de seda por
papel vegetal e decorar com folhas secas
coletadas na natureza. Vejam o exemplo na
foto 3.
5. Faça um furo em duas laterais paralelas e
prenda a alça.
6. Fixe a vela no fundo da caixa e sua lanter-
na estará pronta.

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RITUAIS EM FAMÍLIA

SÃO JOÃO LANTERNAS COM MATERIAIS REAPROVEITADOS


EM CASA

C O M U M A L A TA

• Uma lata de molho limpa (também pode


ser lata de leite em pó, achocolatado, etc.)
• Tinta para artesanato (opcional)
• Um prego
• Um martelo
• Uma vela réchaud
• 30cm de arame encapado para a alça

PASSO A PASSO

1. Com o prego e o martelo faça furos na sua


lata, da forma que desejar. (muito cuidado
neste momento - pedimos que apenas os
adultos façam isso). Se quiser criar alguma
forma mais definida, pode prender um papel
com o desenho sobre a lata e martelar por
cima.
2. Se preferir, pinte a lata e aguarde secar
3. Fure dois lados da lata de forma centrali-
zada, para prender as alças;
4. Fixe a vela no fundo da lata
5. Para finalizar, prenda a alça.

E USE A LANTERNA
NAQUELE JANTAR DE
FAMÍLIA A LUZ DE
VELAS!

12
HISTÓRIAS PARA CONTAR E RECONTAR

A MENINA DA LANTERNA
Era uma vez uma menina que carregava alegremente podia acompanhá-la, pois tinha muitos sapatos para
sua lanterna pelas ruas. De repente chegou o vento e consertar. Deixou que ela descansasse um pouco, pois
com grande ímpeto apagou a lanterna da menina. sabia que o caminho era longo. A menina entrou e
- Ah! Exclamou a menina. Quem poderá reacender a sentou-se para descansar. Depois pegou sua lanterna
minha lanterna? Olhou para todos os lados, mas não e continuou a caminhada.
achou ninguém. Apareceu, então, um animal muito Bem longe avistou uma montanha muito alta. Com
estranho, com espinhos nas costas, de olhos vivos, certeza, o Sol mora lá em cima – pensou a menina e
que corria e se escondia muito ligeiro pelas pedras. pôs-se a correr, rápida como uma corsa. No meio do
Era um ouriço. caminho, encontrou uma criança que brincava com
- Querido ouriço! Exclamou a menina, - O vento uma bola. Chamou-a para que fosse com ela até o
apagou a minha luz. Será que você não sabe quem Sol, mas a criança nem respondeu. Preferiu brincar
poderia acender a minha lanterna? E o ouriço disse a com sua bola e afastou-se saltitando pelos campos.
ela que não sabia, que perguntasse a outro, pois preci- Então a menina da lanterna continuou sozinha o seu
sava ir pra casa cuidar dos filhos. caminho.
A menina continuou caminhando e encontrou-se com Foi subindo pela encosta da montanha. Quando
um urso, que caminhava lentamente. Ele tinha uma chegou ao topo, não encontrou o Sol.
cabeça enorme e um corpo pesado e desajeitado, e - Vou esperar aqui até o Sol chegar – pensou a
grunhia e resmungava. menina, e sentou-se na terra.
- Querido urso, falou a menina. O vento apagou a Como estivesse muito cansada de sua longa cami-
minha luz. Será que você não sabe quem poderá nhada, seus olhos se fecharam e ela adormeceu.
acender a minha lanterna? E o urso da floresta disse a O Sol já tinha avistado a menina há muito tempo.
ela que não sabia, que perguntasse a outro, pois Quando chegou a noite ele desceu até a menina e
estava com sono e ia dormir e repousar. acendeu a sua lanterna.
Surgiu então uma raposa, que estava caçando na Depois que o sol voltou para o céu, a menina acordou.
floresta e se esgueirava entre o capim. Espantada, a - Oh! A minha lanterna está acessa! – exclamou, e
raposa levantou seu focinho e, farejando, descobriu-a com um salto pôs-se alegremente a caminho.
e mandou que voltasse pra casa, porque a menina Na volta, reencontrou a criança da bola, que lhe disse
espantava os ratinhos. Com tristeza, a menina perce- ter perdido a bola, não conseguindo encontrá-la por
beu que ninguém queria ajudá-la. Sentou-se sobre causa do escuro. As duas crianças procuraram então
uma pedra e chorou. a bola. Após encontrá-la, a criança afastou-se alegre-
Neste momento surgiram estrelas que lhe disseram mente.
pra ir perguntar ao sol, pois ele com certeza poderia A menina da lanterna continuou seu caminho até o
ajudá-la. vale e chegou à casa do sapateiro, que estava muito
Depois de ouvir o conselho das estrelas, a menina triste na sua oficina.
criou coragem para continuar o seu caminho. Quando viu a menina, disse-lhe que seu fogo tinha
Finalmente chegou a uma casinha, dentro da qual apagado e suas mãos estavam frias, não podendo,
avistou uma mulher muito velha, sentada, fiando sua portanto, trabalhar mais. A menina acendeu a lanterna
roca. A menina abriu a porta e cumprimentou a velha. do artesão, que agradeceu, aqueceu as mãos e pôde
- Bom dia querida vovó – disse ela martelar e costurar seus sapatos.
- Bom dia, respondeu a velha. A menina continuou lentamente a sua caminhada
A menina perguntou se ela conhecia o caminho até o pela floresta e chegou ao casebre da velha. Seu
Sol e se queria ir com ela, mas a velha disse que não quartinho estava escuro. Sua luz tinha se consumido e
podia acompanhá-la porque ela fiava sem cessar e ela não podia mais fiar. A menina acendeu nova luz e
sua roca não podia parar. Mas pediu a menina que a velha agradeceu, e logo sua roda girou, fiando, fiando
comesse alguns biscoitos e descansasse um pouco, sem cessar.
pois o caminho era muito longo. A menina entrou na Depois de algum tempo, a menina chegou ao campo
casinha e sentou-se para descansar. Pouco depois, e todos os animais acordaram com o brilho da lanter-
pegou sua lanterna a continuou a caminhada. Mais na. A raposinha, ofuscada, farejou para descobrir de
pra frente encontrou outra casinha no seu caminho, a onde vinha tanta luz. O urso bocejou, grunhiu e, trope-
casa do sapateiro. Ele estava consertando muitos çando desajeitado, foi atrás da menina. O ouriço, muito
sapatos. A menina abriu a porta e cumprimentou-o. curioso, aproximou-se dela e perguntou de onde vinha
Perguntou, então se ele conhecia o caminho até o Sol aquele vaga-lume gigante. Assim a menina voltou
e se queria ir com ela procurá-lo. Ele disse que não feliz pra casa.

13
P A R A O S A D U LT O S

SOBRE A HISTÓRIA DA
MENINA DA LANTERNA
A busca da Menina da Lanterna simboliza a busca do ser
humano por sua luz interior. A história trazida no inverno traz
também um significado de recolhimento e interiorização, e se
manifesta aproximando-nos de conteúdos interiores.
Todos nós passamos por momentos difíceis na vida, momen-
tos em que nos sentimos desorientados e sem rumo. Este
momento é simbolizado na história quando a menina tem a
luz de sua lanterna apagada, por consequência precisa iniciar
um caminho de autodesenvolvimento para reencontrá-la.
Em princípio ela encontra os animais que representam
nossos instintos básicos e que precisam ser domados. Todos
eles se negam ajudá-la nesse momento e ela adormece para
o sonho. Nesse sonho recebe ajuda das estrelas e indicam um
caminho a seguir.
Posteriormente, ela se depara com as três partes que
formam o homem: o pensar, o querer, o sentir; representados
respectivamente pela fiandeira que tece o fio do pensamento,
o sapateiro que com sua vontade e ação faz sapatos que nos
mantém com os pés no chão, e a criança da bola que experi-
menta o mundo com os seus sentimentos.
A menina da lanterna pede ajuda para a fiandeira, para o
sapateiro e para a criança da bola, mas esta também é
negada. A menina desanimada desiste, se entrega e adormece
para um sono profundo.
Ao despertar para o mundo físico ela encontra sua luz, trazida
pelo sol. Na volta ilumina o caminho daqueles que precisam,
num gesto de doação e amadurecimento do seu sentir, querer
e pensar. Ao reencontrar os animais e ajudá-los, também está
reconhecendo seus instintos e dominando seu mundo interior.
Quando na volta, a menina, após ter encontrado a luz, a doa
para quem precisa, representa um grande passo para o ser
humano que, após encontrar a luz divina dentro de si, pode
fazê-la transformar-se num impulso social.

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NOSSAS FESTAS DA LANTERNA E DE SÃO JOÃO.
QUANTAS SAUDADES!
FOTO: PEDRO AMORA 14
HISTÓRIAS PARA CONTAR E RECONTAR

HISTÓRIA
Por Silvia Jensen
DA JULIANA
Era uma vez uma menina chamada Juliana. Ela respondeu:
morava com seu pai e sua mãe numa casinha perto - Espere os dias ficarem mais frios, as noites mais
da floresta. Juliana tinha muitos amiguinhos e muitos longas e o céu mais estrelado, e quando os anõezi-
brinquedos. O seu brinquedo preferido era um lindo nhos acenderem sua fogueira lá montanha, esta
balão azul. Ela o levava para o quintal e jogava o balão então será a noite mais longa do ano, a noite de São
para cima e ele caía para baixo; jogava para cima e João.
ele caía para baixo. Juliana olhava todas as noites pela janela para ver
Mas certo dia veio o vento sul, que havia comido se os anõezinhos haviam acendido a grande fogueira,
muito e por isso estava muito forte e levou o balão da e nada acontecia.
Juliana lá para cima, no céu. Certa manhã Juliana acordou sentindo muito frio,
Enquanto o balãozinho subia, os passarinhos canta- vestiu casaco de lã, meia, luva, gorro e quando a noite
vam: chegou, o céu estava todo estrelado e lá longe ela
“Sobe, sobe, balãozinho avistou uma pequena chama, lá na montanha dos
Balãozinho multicor anõezinhos. Ela apurou bem seus ouvidos e escutou:
Vai ser mais uma estrelinha “Sobem as chamas, sobem as chamas
A alegrar Nosso Senhor” Mais alto, mais alto,
E Juliana viu seu balão subindo, subindo, e este balão Iluminam e alegram
tinha um brilho especial que irradiava do coração de Nossas vidas nossas almas”
Juliana. Todas as noites ela olhava pela janela do seu E lá do alto do céu ela viu algo brilhante descendo, e
quarto e o balão piscava lá no céu. No fundo do seu os passarinhos cantavam:
coração, Juliana sentia saudades do seu balão azul. “Cai, cai balão, cai, cai, balão,
Certo dia, ela foi passear na floresta e encontrou um Na rua do sabão.
anãozinho de touca vermelha que trabalhava: toc, toc, Não cai não, não cai não, não cai não,
toc! Cai na mão da Juliana”
Juliana chegou perto dele e perguntou: Juliana levantou suas mãos para cima e o balão caiu
- Anãozinho, você acha que meu lindo balão azul vai em suas mãozinhas. Dentro dele havia um pozinho
voltar um dia? brilhante, era o pozinho das estrelas, e quem nele
- Ah, espere a noite mais longa do ano chegar, e ela tocasse ficaria conhecendo a alegria de nosso
lhe trará uma surpresa! Senhor. E Juliana, muito bondosa, deu um pouquinho
Juliana correu para casa e perguntou à sua mãe, do pozinho para seus amiguinhos, para os anõezinhos
quando seria a noite mais longa do ano. E sua mãe e para todos os bichinhos que estavam ao seu redor.
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HISTÓRIAS PARA CONTAR E RECONTAR

SÃO JOÃO E AS ABELHAS


(Conto extraído da Revista Nós, Época de São João 2002, Escola Waldorf Rudolf Steiner, SP)

O que quero contar-lhes, aconteceu naquela vacas e os bezerros teriam que passar fome”
época em que Jesus andava pela terra silenciosa- “E nós”, zumbiram as abelhas, “não achamos mais
mente e desconhecido ainda. Todos gostavam dele; nada, e o mel preparamos com muitas, muitas
muitos lhe contavam seus sofrimentos, e suas boas flores, precisamos para nossos filhos. Somente um
mãos aliviavam as dores. Mas ele ainda não havia pouquinho daremos, contudo, a você, quando
ido ao rio Jordão – o Espírito Divino ainda não havia passar aqui amanhã, porque lhe conhecemos bem
permeado todo o seu ser. O melhor amigo que ele e sempre foi muito bom conosco”.
tinha na terra desde a sua infância era João, que João ficou triste que na Terra sempre é assim, que
também não havia ido ainda ao rio Jordão pregar a aquilo que um precisa, tem que tirar do outro. Pois o
vida do Salvador do Mundo e batizar as pessoas campo ainda teria florescido por bastante tempo,
que vinham ouvi-lo. Tudo isso não havia acontecido mas então não haveria capim. E quando chegou à
ainda. Jesus caminhava pelo país, trabalhava como aldeia, todos o cumprimentavam respeitosamente
carpinteiro e escutava tudo o que os homens lhe e algo acanhados, pois sabiam que era um homem
contavam, e o que não contavam, ele também muito fiel, que vivi no deserto e falava com deus.
sabia, pois sabia olhar dentro dos seus corações. Mas ele quase não reparava nos cumprimentos,
João vivia no deserto e escutava a voz de Deus que contra o seu costume, e sentou-se cabisbaixo
lhe dizia o que deveria pregar aos homens. Às vezes debaixo de uma árvore. Assim também não perce-
deixava sua caverna nas montanhas. Ali havia uma beu que o seu amigo se acercara pelo caminho,
fonte e crescia um pouco de capim, mas na região parara diante dele e ficara longo tempo contem-
em volta só havia arbustos espinhosos no sol abra- plando-o. Então ouviu uma voz meiga chamando-o:
sante. Estes carregavam às vezes algumas frutas ”João, porque está tão triste? “
que o alimentavam, e as abelhas que viviam na João acordou como de um sonho, levantou-se de
periferia daquele deserto davam-lhe mel. E assim um pulo e abraçou Jesus, e quando então seguiram
desceu de suas montanhas para visitar os homens a uma casa onde sabiam que teriam alberguem ele
como fazia de vez em quando, lá nas ladeias, onde lhe contou tudo o que vivenciara. Durante a sua fala,
havia pastos para o gado e campos de cereais e ouviam de cada que passavam o duro “téng téng
morros plantados com videiras. téng”, do alfanje sendo afiado com um martelo em
No seu caminho passou perto das abelhas selva- cima de um pedaço de ferro. E Jesus pôs a mão no
gens e lhes disse: ”queridas abelhas, tantas vezes já braço do amigo e disse: “Não fique triste, para cada
me ajudaram; quando eu passar aqui amanhã na necessidade sempre existe uma ajuda. Espere pelo
minha volta dêem-me um pouco de seu mel. Não seu aniversário. Tenho um presente para você e
tenho mais nada na minha caverna. “ suas amiguinhas…. Espere só mais uns dias…
Elas zumbiram em volta dele e ele ouviu sua No dia 24 de junho, João olhou à sua volta e
queixa: “Você está vendo os campos verdes cheios descobriu grandes arbustos com folhas em forma
de flores coloridas, das quais tiramos o néctar para de coração e muitos cachos de pequenas flores
preparar o mel? Mas você ouve também como a cheias de mel. E havia no ar um zumbido alegre de
morte está afiando o alfanje? “ milhares de abelhas.
E era verdade, estava anoitecendo e de cada da
aldeia ouvia-se o som duro da afiação: téng, téng. Até hoje a Astrapéia floresce no outono, dando
João disse às abelhas: “Mas vocês sabem que isso bastante alimento para as abelhas sobreviverem o
é necessário. Senão não há capim no inverno e as inverno.

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HISTÓRIAS PARA CONTAR E RECONTAR

A JOANINHA
Elizabeth Klein

Num dia em que o Menino Jesus e São João Batista, preta que, mal acabou de ser feita, começou a devorar
quando este também era pequeno, brincavam os pulgões. Em pouco tempo, as plantas ficaram outra
sozinhos na orla da floresta, o diabo os viu e quis vez bonitas e frescas.
perturbar o sossego e a alegria dos dois. Chamou o - O Senhor Deus não só pode criar as coisas novas,
menor de seus diabinhos e mandou que fosse até eles como também sanar os prejuízos causados - disse
e provocasse confusão. contente o pequeno João.
O Menino Jesus e o pequeno João ficaram muito O diabinho saiu do seu canto e se sentou ao lado do
espantados quando o diabinho surgiu de repente de Menino Jesus e do pequeno João, choramingando.
trás de um arbusto e quis brincar com eles; no entanto, - Por que está chorando? pergunto o Menino Jesus
consentiram amavelmente. Logo perceberam que o com pena dele.
novo companheiro de brincadeiras era um diabinho, - É que o seu Senhor, que lhes dá força, é mais pode-
pois perseguia todos os animais, ria e gritava ao vê-los roso que o meu. - respondeu ele, e continuou soluçan-
com medo, pisoteava as flores e realmente num do baixinho, dizendo - Ah, não gosto nada de fazer
instante perturbou o sossego. Depois da brincadeira, sempre uma coisa ruim. Eu criaria também muita
sentaram-se os três na beira de uma vala conversando, coisa boa, tal como vocês. Mas não posso, porque sou
e discutiram entre si como crianças discutem. um pobre diabinho.
- Quem é o mais poderoso? - Perguntou o diabinho - Nisso, o Menino Jesus observou-o e disse:
o seu Senhor ou o meu senhor, o Diabo? - Você pode, sim. Se quiser ajudar, será uma criatura
Como nenhum queria dar razão a ele, o diabinho fez boa.
uma proposta. - Eu não acredito - disse o diabinho desanimado.
- Vamos tirar a prova. Eu crio uma coisa para o meu - Pois olhe só - replicou o Menino Jesus.
senhor, vocês criam outra para o seu. E então podemos E, com o seu dedinho divino, tocou a pequena larva
ver quem é o mais poderoso. preta e peluda. Esta, então começou a se agitar e a se
Os outros dois concordaram. No primeiro dia, o diabi- sacudir de tal modo, que sua roupinha de pelos duros
nho, com a ajuda do seu senhor criaria alguma coisa. E rasgou-se nas costas. E o que apareceu então? Um
os outros fariam o mesmo no dia seguinte. Eles assisti- maravilhoso besourinho vermelho, tão lindo e delicado
ram o trabalho do diabinho, que passou a mão em de se ver, que todos ficaram entusiasmados de tanta
ervas e caule de plantas e pronunciou palavras que alegria. E contente de ver o lindo animalzinho, o diabi-
nada tinham a ver com bênçãos. Quando, porém, nho tocou várias vezes em suas costas com o dedo. Foi
observaram as plantas, não conseguiram descobrir assim que o besourinho vermelho, ganhou umas
nada de especial. Só no dia seguinte é que repararam pintas pretas, E, como o diabinho o tocara com boa
que os caules de todas as plantas que o diabinho intenção, o besouro ficou mais bonito ainda. E o
tocara com a mão estavam cheios de bichinhos Menino Jesus disse:
verdes, que mal podiam ser vistos, pois o diabinho, de - Eu darei o nome ao besourinho de acordo com o
esperto que era, os havia feito bem pequenos e verdi- que eu mais amo no mundo que é Maria, minha mãe.
nhos. Eram os pulgões. Seu nome será besourinho de Maria.
- O Senhor Deus criou as plantas - disse o diabinho Mas como ele foi criado da larva preta que o pequeno
com um riso maldoso - mas eu, com a ajuda do meu João fez, chamou-se joaninha, em muitos lugares.
senhor, criei uma coisa que as destrói. Portanto, meu Desde então existem belas joaninhas vermelhas de
senhor é mais poderoso que o de vocês. pintas pretas que, assim como suas larvas pretas,
Quando o pequeno João viu murcharem as plantas, devoram os pulgões.
zangou-se e foi tomado de uma vontade imensa de Quanto aos pulgões, foram levados pelo Criador para
criar alguma coisa. seus devidos lugares, onde pudessem ser úteis. Isso,
- Espere só. - Disse ele - Vou criar um bichinho que irá porém é uma outra história.
caçar os pulgões que estragam as plantas e vai acabar O diabinho, contudo, não voltou mais para seu senhor,
com eles. mas se transformou numa criatura amável e boa e
E então surgiu, de um bolinho de terra, uma larva permaneceu com o Menino Jesus.

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SÃO JOÃO

RECEITAS
DE ÉPOCA
O DELICIOSO BOLO DE FUBÁ
DA KELLY - auxiliar do jardim

INGREDIENTES

• 3 ovos
• 2 xícaras (chá) açúcar A FAMOSA SOPA DE LEGUMES
• 3 colheres rasas (sopa) de farinha de trigo DA JOSI - auxiliar do jardim
• 2 xícaras de fubá
• ½ copo americano de óleo INGREDIENTES
• 1 copo americano de leite
• 1 colher (sopa) de fermento em pó • 2 cenouras
• 2 abobrinhas
MODO DE FAZER
• 2 mandioquinhas
• Bata todos os ingredientes no liquidificador, • 1 batata doce
adicionando o fermento por último. • ½ beterraba
• Coloque em uma forma untada com manteiga • 3 folhas de couve manteiga
e farinha • 1 cebola pequena
• Leve ao forno pré-aquecido por 40 minutos. • 1 colher de manteiga, azeite ou óleo
• Cheiro verde e sal a gosto

MODO DE FAZER

• Todos os ingredientes picados em cubinhos


• Em uma panela já aquecida coloque 1 colher de
manteiga, azeite ou óleo. Espere alguns minutos
para aquecer bem.
• Coloque a cebola picada. Deixe fritar um pouco
e acrescente os legumes picados, deixando a
couve manteiga para o final.
• Mexa por alguns minutos e coloque água
(dobro dos legumes). Tampe a panela e deixe
cozinhar por volta de 15 minutos.
• Acrescente a couve picada e o sal. Deixe por
mais 5 minutos e acrescente o cheiro verde.
• Bata no liquidificador metade da sopa para ficar
bem cremosa. Junte tudo e estará pronto.
18
SÃO JOÃO Este ano não iremos realizar nossa querida
Festa de São João, mas a festividade e

MÚSICAS PARA alegria sempre está dentro de nós. Por isso


temos algumas sugestões de músicas para

CANTAR E SE ALEGRAR tocar e escutar.

A MENINA DA LANTERNA O BALAO

EU VOU COM A MINHA LANTERNA O BALÃO VAI SUBINDO


E ELA COMIGO VAI VAI CAINDO A GAROA
NO CÉU BRILHAM ESTRELAS, O CÉU É TÃO LINDO
NA TERRA BRILHAMOS NÓS E A NOITE É TÃO BOA
SÃO JOÃO, SÃO JOÃO
ACENDE A FOGUEIRA
MINHA LUZ SE APAGOU
DO MEU CORAÇÃO
BUSCÁ-LA EU VOU
COM A MINHA LANTERNA NA MÃO
(BIS)

EU VOU COM A MINHA LANTERNA


E ELA COMIGO VAI
NO CÉU BRILHAM ESTRELAS, A LANTERNA
NA TERRA BRILHAMOS NÓS
LANTERNA, LANTERNA,
O SOL FULGUROU, SOL LUA ESTRELAS,
MINHA LUZ BRILHOU, UM VENTINHO VAI,
BALANGA, BALANGA, LAMPIÃO (BIS) NÃO APAGUE A LANTERNA DE
NINGUÉM!
MINHA LUZ VOU LEVANDO, SEMPRE
DELA CUIDANDO, SE ALGUÉM PRECI-
VOU ACENDER MINHA LANTERNA,
SAR, DELA POSSO LHE DAR
PRA ILUMINAR A ESCURIDÃO,
VOU CAMINHAR AQUI NA TERRA
CANTANDO SEMPRE ESSA
CANÇÃO.
EU VOU CONVIDAR CADA CRIAN-
SOBE A CHAMA ÇA, PRA CANTAR COM A VOZ E O
CORAÇÃO,
SOBE A CHAMA, SOBE A CHAMA PRA TRAZER DE VOLTA A ESPE-
MAIS ALTO, MAIS ALTO RANÇA E ACENDER A LUZ DO
ILUMINA E AQUECE CORAÇÃO!
NOSSAS VIDAS,
NOSSAS ALMAS

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SÃO JOÃO PARA OS MAIORES

MÚSICAS PARA
CANTAR E SE DES C IDA DO M A ST R O
DE S ÃO J OÃO
ALEGRAR
D
O calor está na terra
A FO GU E I R A A
Sinto vento pelo ar
Bm G
CHEGOU A HORA DA FOGUEIRA É o inverno que chegou, vim aqui para cantar
É NOITE DE SÃO JOÃO. G A7 D G
O CÉU FICA TODO ILUMINADO Estrelas brilham no céu, bandeirinhas pelo ar
FICA TODO ESTRELADO, A7 D G
PINTADINHO DE BALÃO O fogo brilha na terra, São João vou festejar

PENSANDO NA CABOCLA
A NOITE INTEIRA ,
TAMBÉM SINTO UMA FOGUEIRA VO U AC ENDER
DENTRO DO MEU CORAÇÃO. M INH A LA NT ER N A

QUANDO EU ERA PEQUENINO


DE PÉ NO CHÃO, Am E7
EU CORTAVA PAPEL FINO Vou acender minha lanterna
PRÁ FAZER BALÃO Am
E O BALÃO IA SUBINDO. Pra iluminar a escuridão
PELO AZUL DA IMENSIDÃO. E7
Vou caminhar aqui na Terra
Am
E vou cantando essa canção
CAPE L I NHA DE M ELÃO Dm E7 Am
Eu vou convidar cada criança
Dm E7 Am
CAPELINHA DE MELÃO A cantar com a voz e o coração
É DE SÃO JOÃO Dm E7 Am
É DE CRAVO, É DE ROSA, É DE Pra trazer de volta a esperança
MANJERICÃO Dm E7 Am
SÃO JOÃO ESTÁ DORMINDO, E acender a luz do coração
NÃO ACORDA NÃO,
ACORDAI, ACORDAI, ACORDAI
JOÃO.

Já conhecem a música E a versão de Feira de Mangaio da


Arraial na Roça do Duo Badulaque? Clara Nunes? Um clássico.
É uma graça. CLIQUE AQUI. ASSISTAM AQUI!
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Juntos
somos mais
fortes
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EXPEDIENTE
Curadoria de textos: Profª Andrea Maiolino e Profª Lígia
Diagramação: Natalia Viarengo
Fotos: Pedro Amora e Arquivo da escola
Redação final: Brena Zanon
Apoio: Comissão de Divulgação

UNIDADE GRAMADÃO
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