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Reflexões Existenciais – Vol.

VOCÊ NÃO EXISTE


POR ACASO
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Reflexões Sobre a Existência Humana

EDSON MEIER
Primeira orelha da capa:

Por que e para que estou aqui? Tem a minha existência algum sentido? Posso contribuir e
planejar a minha vida, para que eu me sinta mais realizado e feliz?...
Neste segundo volume, da série “Reflexões Existenciais”, temos a satisfação de abordar
justamente algumas questões relacionadas à existência humana, um debate quase sempre envolvente
e desafiador.
O foco está mais nos jovens, até porque a maioria dos temas surge a partir de debates e
trabalhos em sala de aula com alunos da 8ª Série, nas disciplinas de Filosofia e Ensino Religioso, em
uma temática para todo o ano letivo, que denominados na época de “O meu projeto de vida”.
Neste compêndio, você encontrará reflexões filosóficas, psicoterápicas, sociológicas e
teológicas; ou seja, reflexões variadas e de diferentes temáticas. Na reflexão teológica, o nosso foco,
neste livro, é a Fé Cristã, pois somos seguidores de Jesus Cristo, nosso Senhor e Salvador vivo. Em
sala de aula, como tínhamos alunos de várias religiões diferentes, essa reflexão teológica era feita
dentro do que é proposto pelas Ciências da Religião, em uma visão ampliada, ecumênica e inter-
religiosa.

Editorial:

Este livro, por uma questão de custos, não foi publicado nem impresso. A maioria dos textos
têm autoria diferente, conforme consta na Bibliografia Consultada no final do livro. Em eventual
divulgação ou impressão em forma de apostila, no todo ou em parte, essas referências bibliográficas
precisam aparecer, até por uma questão de mérito dedicado aos respectivos autores. No caso de uma
publicação e impressão com objetivos comerciais, as autorizações precisam ser adquiridas junto aos
respectivos autores e editoras. As imagens provêm da Internet e são de uso livre. Em caso de
publicação e impressão, é prudente buscar a fonte e citar as autorias das fotos.
Esta obra é um simples arquivo, para que, desta forma despojada, possa justamente chegar
com rapidez em lugares onde o livro impresso e publicado talvez nem chegaria, contribuindo assim
com a proclamação gratuita e graciosa do Evangelho de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.
Que o Senhor abençoe, através do seu Santo Espírito, a você, sua família e seu trabalho, com a
leitura e a divulgação deste manancial.

Joinville/SC, agosto de 2019

02 – Você não existe por acaso – Edson Meier


Aos jovens e adolescentes

Meus filhos e sobrinhos

Meus alunos de Filosofia e Ensino Religioso

Saudades...

Da liberdade e do fogo que ardia nos nossos debates

Que Deus os embriague de utopia e esperança

De um Brasil mais justo, fraterno e solidário.

03 – Você não existe por acaso – Edson Meier


PREFÁCIO

“Senhor, tu me sondas e me conheces. Sabes quando me assento e quando me levanto; de


longe penetras os meus pensamentos. Esquadrinhas o meu andar e o meu deitar, e conheces todos
os meus caminhos. Tu me cercas por trás e por diante, e sobre mim pões a tua mão. Pois tu formaste
o meu interior, tu me teceste no seio de minha mãe. Graças te dou, visto que por modo
assombrosamente maravilhoso me formaste. Os teus olhos me viram a substância ainda informe, e
no teu livro foram escritos todos os meus dias, cada um deles escrito e determinado, quando nem
um deles havia ainda. Que preciosos para mim, Senhor, são os teus pensamentos” (Salmo 139.1-
3,5,13-14a,16-17a).
Havia naquela faculdade um bom professor. Ele entendia muito de Química, Física, Matemática
e Resistência dos Materiais, o que de fato era a sua área de atuação e pesquisa. Mas tinha dias que
ele gostava mesmo é de discutir com a turma a respeito da não existência de Deus. Embora nada
tivesse a ver com a disciplina que lecionava, muitas vezes perdiam nessa discussão a metade da aula,
sem chegar a nenhum consenso ou grande progresso, até porque o professor não tinha nenhuma
formação teológica. Nem mesmo os textos sagrados de alguma das três grandes religiões monoteístas
(Judaísmo, Islamismo e Cristianismo) ou do Hinduísmo ele dominava. Na verdade, ele não
demonstrava interesse em estudos teológicos. Mas, era muito esperto, lógico e carismático nas suas
argumentações. A primeira frase do seu “Credo” pessoal versava: “O mundo surgiu por acaso! ”
Os estudantes daquela turma provinham de várias crenças religiosas, pelo que nunca
alcançaram uma base sólida comum para argumentar com o professor. Os que se diziam ateus e
materialistas eram em pequeno número. Um estudante, porém, já possuía bases teológicas muito
bem definidas e apoiadas solidamente no Evangelho de Jesus Cristo. Mas, Rafael Fernando (esse era
o seu nome) era bastante quieto e introvertido.
Intrigado com a insistência com que o professor tocava naquele assunto, Rafael ficou horas e
horas matutando. Naquele final de dia, já passava da meia-noite e ele não conseguia dormir. Fixara
sua mente na necessidade de descobrir algo que por si só destronasse o professor daquelas suas
afirmações tendenciosas. Aquilo era muito mais do que simples manifestação de um pensamento ou
uma convicção. Aquilo era uma baita doutrinação. Foi quando lhe surgiu uma ideia. Como uma estrela
que, repentinamente, em meio à noite, passa a ocupar um lugar no céu, na mente de Rafael acendeu-
se uma luz. Aquilo valeria mais do que mil palavras e superaria a melhor das argumentações.
No dia seguinte, quando o professor chegou na sala, a turma toda já ocupava os seus lugares.
Mal entrara, e o professor já percebeu um enorme globo (aquele das aulas de Geografia) sobre a sua
mesa. Quis saber quem o havia colocado naquele lugar. Mas ninguém respondeu nada. Mais enérgico
do que antes, tornou a perguntar pela pessoa que colocara aquele objeto sobre a sua organizada e
esterilizada mesa do laboratório de Química. E a turma respondeu que ninguém o havia colocado
sobre a sua mesa. Indignado, o professor exclamou: “É um absurdo que este globo tenha surgido por
acaso! ” Com toda a calma, o universitário Rafael Fernando se levantou da sua banqueta e respondeu:
“Se este pequeno globo não pode ter surgido por acaso, como então o senhor nos quer obrigar a
acreditar que o mundo todo surgiu por acaso? ”
Querido leitor, você não existe por acaso! Há muitas opiniões, muitas teorias sobre a vida e o
sentido da nossa existência na terra. Mas é você que precisa dar a sua resposta. Ninguém poderá fazer
isso por você, nem mesmo seu pai ou sua mãe, por mais que lhe amem e lhe queiram encaminhar
bem.
Deus é a vida. Foi Deus que nos criou, dando-nos o sopro da Sua vida. É Deus que decide e
permite o momento em que esta Sua vida voltará para Ele. Se Deus decide o começo e permite o fim
da nossa existência aqui na terra, é justamente na comunhão com Ele que podemos buscar a razão e
a orientação da nossa vida. Este livro tem como objetivo nos ajudar nessa busca por vida abundante
e plena de sentido. Boa leitura, e que Deus lhe abençoe e oriente através da leitura deste manancial.

05 – Você não existe por acaso – Edson Meier


1 – Somos todos mortais

Em um mito grego, Sísifo havia desafiado os deuses por ter acorrentado a Morte e por ter
esquecido de voltar às profundezas da terra após a sua morte. Os deuses o condenam à imortalidade.
O problema maior não passa a ser a sua imortalidade, mas a mortalidade dos outros, de todos os que
convivem com ele. Toda pessoa que ele conhece e com quem se relaciona, por ser mortal, acaba
morrendo em determinado momento. Somente ele sobrevive e fica só. Passa a relacionar-se com a
próxima geração e assim sucessivamente.
O mito caracteriza essa condenação como um pesado fardo. É como se Sísifo arrastasse uma
pesada pedra para o topo da montanha. Chegando quase ao topo, a pedra lhe escapa, devido ao seu
peso, rolando até o pé da montanha. E ele se vê condenado a iniciar tudo de novo, o mesmo esforço,
as mesmas dificuldades, sem que veja sentido no seu trabalho, sem que haja a perspectiva de que um
dia a tarefa seja concluída e termine. Os deuses tinham pensado muito bem no castigo, pois não há
castigo mais terrível do que o trabalho inútil, pesado, interminável e sem esperança.
Sempre temos encarado a morte como algo negativo. Mas, na verdade, ela é o que de mais
certo e igualitário temos na vida. Morrer é um dado estruturante de nossa existência. Todo ser vivo
que está aí neste mundo é um ser para a morte. Felizmente, nenhum dos nossos semelhantes foi
“condenado” à imortalidade, por mais dinheiro e poder que possua. O dinheiro de uma pessoa tem
data de validade. Quem morre com as mãos cheias de dinheiro e bens morre absolutamente sem
nada, assim como seu irmão pedinte, que morre sozinho na rua.
Esse é o lado bom dessa realidade. Temos apenas uma vida e ela é finita. E é nesta vida que
temos a oportunidade de realizar os nossos projetos e sonhos. Sábio é aquele que leva em
consideração essa realidade sua e de seus parceiros de caminhada na existência terrena.

2 – Viver é lutar por sentido

Viver é fazer as coisas uma só vez. Não há como voltar no tempo para refazer vivências e opções.
A vida já seguiu para a frente.
A gente cuida das perdas, tentando minimizá-las, pensando que haverá sempre outra
oportunidade, pensando que sempre aprendemos alguma coisa com isso, fazendo substituições.
Assim nos esquivamos da consciência do fim. Não existe recomeço, não existe substituição, não é
possível esquecer.
Nossas perdas, assim como ganhos, nossos erros e acertos, nos constroem; ou seja, sou eu
quem perde, quem ganha, quem erra, quem acerta...
A todo momento temos que escolher. A cada escolha que fazemos, decretamos a morte da
outra possibilidade não escolhida. Isso frequentemente nos traz ansiedade, frente ao conflito de não
podermos viver tudo ao mesmo tempo, de não podermos estar em mais que um lugar ao mesmo
tempo. Nos angustiamos porque não sabemos se amanhã estaremos aí para realizar o que hoje
planejamos e sonhamos. Nos angustiamos porque não sabemos até quando as pessoas que amamos
estarão aí conosco.
A partir dessa condição angustiante, que é a sina de cada pessoa, sou chamado a me apropriar
da minha existência e eleger aquilo que a vai nutrir e sustentar. Posso ser o sujeito, o autor do sentido
que decido dar à minha vida.
Paradoxalmente, o absurdo e a angústia conferem um sentido para a vida, na medida em que
não há conformação e, portanto, há luta e, consequentemente, vida.

3 - Existir é talhar a pedra

“Quem chega a compreender a existência humana como uma ‘missão’ encontrará, mais cedo
ou mais tarde, ‘Aquele que confia ao homem tal missão’”.
Em plena Idade Média, um homem caminhava por uma estrada poeirenta. Ao encontrar as
pessoas, parava e perguntava-lhes que trabalho faziam e para quem trabalhavam. Há bastante tempo
encontrava-se desolado quanto à vida, não sabia mais o que fazer e para que fazê-lo. Cansado de
pensar e refletir, resolveu andar a esmo e saber de outras pessoas o que as levava a agir. Desta forma
pretendia descobrir o que tinha perdido. De repente, deparou-se com um homem que estava à beira
da estrada, debruçado sobre uma pedra, golpeando-a. O caminhante parou e observou-o longamente.
Não compreendendo o que estava fazendo, perguntou: “Amigo, faz tempo que estou te observando,
vendo como bates agilmente na pedra. Mas não consigo entender. Amigo, tu poderias explicar a um
forasteiro e desconhecedor do teu ofício, o que estás fazendo aí? ” Sem interromper sua atividade, o
homem, aborrecido, murmurou por entre sua barba: “Tu não estás vendo? Eu lavro pedras”.
Muito pensativo, o homem prosseguiu na sua caminhada. “Que vida é essa”, pensou, “ficar
talhando pedras o tempo todo? ” Como sua incompreensão aumentara mais ainda, considerou-se
afortunado quando, logo após, viu outro homem sentado, batendo numa pedra, da mesma forma que
o anterior. O caminhante dirigiu-se a ele, perguntando: “Amigo, porque tu bates nesta pedra? ” O
homem, um pouco assustado pela pergunta inesperada, hesitou um pouco e respondeu: “Forasteiro,
não estás vendo? Eu faço pedras angulares! ”
Confuso pela sua própria ignorância, o caminhante seguiu seu caminho. O seu desespero
aumentou, pois não conseguia se conformar com o que tinha visto. Será que toda a felicidade da vida
se resumia em talhar pedras ou fazer pedras angulares? Absorto nestas preocupações, quase passou
por um outro homem sem percebê-lo. Também este estava sentado à beira da estrada empoeirada e
batia numa pedra, da mesma maneira que os outros dois. O caminhante parou e examinou com
espanto o que este homem fazia. Certificando-se de que também este homem simplesmente golpeava
a pedra com a mesma destreza, aproximou-se dele devagar, dirigindo-lhe as palavras que não
conseguia conter: “Amigo, dize-me, qual teu trabalho? Também tu somente golpeias a pedra, ou será
que tu fazes pedras angulares? ” “Não, forasteiro”, respondeu o homem, enxugando o suor de seu
rosto, “tu não vês? Estou construindo uma catedral! ”
Quando o pastor foi dispensado do trabalho de obreiro remunerado na sua igreja, este se
recolheu, humilhado, no seu canto na sua cidade natal. A igreja continuou normalmente o seu
trabalho, até com forças renovadas, pois colocou um pastor novo e recém-formado no seu lugar.
Quando o vendedor externo foi demitido de uma empresa comercial, após dez anos de viagens
e trabalho dedicado e responsável, este começou a contabilizar, pensativo e solitário em sua
decepção, os seus prejuízos. A empresa continuou progredindo em suas atividades, seguindo à risca
o seu planejamento de vendas e faturamento, através da implantação de uma eficiente equipe de
telemarketing e televendas.
Quando pessoas amigas começaram a esquecer e ignorar o trabalhador desempregado,
tomando, inclusive, decisões importantes sem o chamar para as reuniões e festas, deixando claro que
ele não era mais companhia que agrega, este começou a perceber que não tinha mais amigos. Alguns
conhecidos nem mais o cumprimentavam nas ruas quando os encontrava. Eles, aparentemente,
continuaram felizes e unidos, sem sentir a sua falta, ao menos enquanto tudo lhes corria bem.
Quando na política ou na família os ventos mudam, e tudo o que foi construído nos últimos
anos começa a desmoronar, a pessoa passa a perceber a fragilidade dos projetos humanos. Toda uma
luta ideológica de avanços sociais e igualitários, a luta de toda uma geração jovem e universitária, em
poucos meses, pode retroceder anos e até décadas. O mesmo vale para uma família, que pode se
fragilizar e pulverizar a partir de um simples acontecimento traumático. E todos sabemos, na família,
na política e na democracia, a luta solitária é luta perdida. Mas, de onde será possível juntar forças e
inspiração para deixar a resignação e voltar à garra da articulação conjunta e propositiva?
Quando a gente ainda insiste em se erguer, empreender na rotina de cada dia o que nos
compete ser e fazer, começamos a perceber o aumento do nosso cansaço, o desânimo típico de quem
se sente só, falido, derrotado, vazio e com poucas perspectivas. Mas, não é esta a nossa sina? Qual é
o adulto que pode afirmar que nunca passou por esta situação? A existência é uma luta solitária.
Sozinhos estamos diante das principais decisões, da liberdade, das responsabilidades ou
irresponsabilidades. Até mesmo diante do imutável, das fatalidades com as quais nos defrontamos,
somos nós que ainda podemos ou não tomar uma atitude em relação ao que estamos vivendo,
resignando-nos ou reagindo, olhando para a frente com sonhos e esperança.
Existir é talhar a pedra. Uma tarefa árdua e solitária, que depende do nosso engajamento para
que seja executada. Mas não é apenas um talhar por talhar, pois nesse sentido seria melhor se resignar
e parar logo de vez com o esforço em vão. Existir é uma missão. É saber o “para que” estamos talhando
a pedra. E mais, existir é conhecer e ter comunhão com “Aquele” que nos conferiu esta missão tão
especial. Existir com sentido é ouvir a cada manhã a sua voz amorosa: “Ei, aí está você! Lembre-se,
você é único. A sua pedra é exclusiva e especial. Não se concentre tanto nas pessoas, que lhe ignoram
e criticam; nos fracassos e falhas. Eu já lhe perdoei. Concentre-se no propósito para o qual eu lhe criei.
E, no fim da sua jornada, eu mesmo lhe chamarei e lhe mostrarei a sua pedra preciosa na parede da
minha catedral”.

4 – A curva da vida
(Testemunho pessoal do P. Edson Meier)

9 – Você não existe por acaso – Edson Meier


O psicoterapeuta C. G. Jung equipara a vida ao percurso do sol. Este nasce, vai se elevando no
horizonte, encontra-se a pino ao meio-dia, passando então a realizar um movimento descendente;
põe-se no final da tarde – isto é, morre – e então percorre o outro lado da Terra durante a noite. A
vida humana teria esse mesmo ritmo, numa curva parabólica. Jung enfatiza o momento do meio-dia,
ou a metade da vida, que denomina de “metanoia” (termo grego, que significa “mudança de
sentimento”, “arrependimento”), como constituindo a ocasião de a consciência abrir-se para o outro
lado, isto é, tendo se diferenciado e afastado da escuridão e sentindo-se mais fortalecida, passa então
a reconsiderar o valor do inconsciente e a se voltar para o que lhe falta ainda desenvolver.
Depois o sol começa a declinar no horizonte, em analogia ao que acontece com o corpo. A
consciência, no entanto, continua em expansão, tendo agora de considerar mais atentamente as
crescentes limitações físicas e a perspectiva do final da existência do corpo. Jung diz que no meio-dia
da vida nasce a morte, e que esta passa a ocupar um lugar fundamental na consciência, devendo
mesmo constituir o principal centro de interesse no envelhecimento.
É evidente que é uma forma didática de falar. Sabemos que a morte das células nos acompanha
durante toda a vida. As células se renovam. Umas morrem e outras nascem. Mas, sob o ponto de vista
do desenvolvimento biológico, é evidente que existe a subida da montanha e a descida, após os
quarenta anos de vida. Nesse sentido, há coisas que são normais para quem sobe. Já para quem desse,
é normal a visão mudar e passar a valorizar outras coisas. Jung afirma que é tão neurótico (anormal)
o idoso que não se preocupa com a morte quanto o jovem que reprime suas fantasias sobre o futuro.

Aos vinte anos de idade, fui instrutor no centro de treinamento para funcionários novos em
uma empresa metal mecânica da minha cidade. Praticamente todos os alunos que passavam pelo
nosso treinamento tinham menos de quarenta anos. Uma das minhas palestras tinha como título “a
curva da vida”. E eu nem sabia que era uma teoria do Jung. Como foram maravilhosos aqueles tempos
jovens. Toda a vida pela frente. Todos olhando para cima, o topo da montanha - os objetivos que
queríamos alcançar antes dos quarenta anos de idade. É desafiador. Quando a gente está subindo é
hora de agregar forças, competir e comparar. Testar todos os limites. Planejar. Executar. Vivenciar.
Conhecer novos projetos, pessoas e lugares. É o tempo de grandes decisões, de eleger e cultivar os
valores, que certamente direcionarão o nosso caminho e nos acompanharão por toda a vida.
Como vocês estão na subida, não vou falar da descida, da velhice. Eu já estou nessa fase. Quero
apenas dar uma dica animadora. Também na descida há coisas fantásticas e surpreendentes, porque
a gente não desce pelo mesmo lado que subiu. Mesmo descendo, a vida vai para a frente e se renova
a cada dia.

5 – O vazio existencial

“Ao contrário do animal, o homem não possui instintos que lhe digam o que tem que fazer,
e, ao contrário do homem de antigamente, não há mais tradições que lhe digam o que deveria fazer.
Sem saber o que tem que fazer e o que deveria fazer, muitas vezes o homem parece não mais saber
direito o que realmente quer. Assim, só quer aquilo que os outros fazem – é o conformismo. Ou
então só faz o que os outros dele querem – é o totalitarismo” (Frankl. 1985. P.13).
Num primeiro momento, poderíamos dizer que o homem finalmente conquistou a liberdade.
Mas, como pode alguém ser livre se não tem coragem de ser sujeito da sua própria vida e história? O
aumento da liberdade só será sentido como libertação se a pessoa libertada também souber o que
quer. Afinal, ser livre sem saber “para que” serve esta liberdade é uma liberdade acompanhada, a
longo prazo, por uma “sensação de vazio” insuportável, que logo pode se transformar num tormento.
Neste sentido, basta lembrarmos das conhecidas “depressões de fim de semana”. O psicoterapeuta
Viktor E. Frankl denominou esta sensação de vazio, junto com uma profunda sensação de falta de
sentido, de “vazio existencial”.
Certamente a liberdade pode ser incômoda, pois ela exige orientação para que a pessoa não
esteja desamparada diante de decisões a serem tomadas. Ao invés de aperfeiçoar o próprio sentido
de orientação, é sempre tentador esquivar-se da liberdade, seguindo as decisões dos outros ou
refugiando-se numa eventualidade qualquer para descartar a liberdade o mais rápido possível. Tudo
que é indefinido e sem compromisso resume-se em insipidez, não tem valor em si, só existe em função
de um objetivo imediato e efêmero a ser alcançado. De uma fase de vida deste tipo, provisória (“não
faz diferença o que faço...”) só resta a lembrança de que esta fase teria sido a oportunidade para algo...
A falta de orientação interior se evidencia muito claramente numa pessoa através das suas
tentativas de esquivar-se da sua capacidade decisória, que é sentida como incômoda. A pessoa
conforma-se aos outros, fazendo o que fazem e o que querem dela, tentando assim evitar um
sofrimento maior. Ela, porém, não percebe que está se entregando ao arbítrio. E um dos maiores
sofrimentos é estar exposto a arbitrariedades. O aspecto insuportável da arbitrariedade é estar
entregue a um ditado cego e incerto do momento. A arbitrariedade consiste em renunciar a si próprio.
A arbitrariedade implica subordinação. A arbitrariedade fixa-se em algo infundado, quer aquilo que o
acaso traz. A pessoa que aspira àquilo que um impulso qualquer lhe coloca na cabeça, que quer
alcançar algo arbitrariamente – e se tivesse almejado outra coisa não faria a menor diferença para ela
– rejeitou sua liberdade simplesmente para se livrar dela. Trocou a responsabilidade pelo acaso. O
acaso é um jogo, uma roleta, que certamente não irá ajudá-la a sair do niilismo e do vazio existencial
em que se encontra.

6 – Valores existenciais

Leandro já estava com 35 anos e era solteiro. Como ele mesmo dizia, “gostava de liberdade”.
Constituir a sua própria família? Nem pensar. Leandro fugia das responsabilidades, inclusive, no
trabalho. Por isso, vivia de trabalhos provisórios, pois não “suportava o cabresto da carteira assinada”.
Ele gostava de se comparar com as aves migratórias, que não têm morada fixa e vivem voando de um
lugar para o outro. Quando a situação ficava meio difícil em algum aspecto, refugiava-se no seu sonho
de morar na Austrália ou peregrinar por uns tempos na Índia.
Certo dia, recebeu uma significativa quantia em dinheiro como herança. Comprou uma casa,
não porque quisesse uma casa, mas porque não queria que o dinheiro se perdesse. Vendeu-a logo em
seguida e comprou um trailer, pois não queria ter uma residência fixa. O trailer tornou-se um símbolo
do seu modo de viver – “Queria viver a maior parte do ano rodando”. Logo também vendeu o trailer
e comprou um barco, para velejar ao redor do mundo. Voltou ao porto já no seu primeiro dia de
navegação. Vendeu então o barco, pois tinha medo do imenso vazio do oceano. Com o dinheiro que
lhe sobrou, comprou uma moto usada.
A liberdade sem responsabilidade, movida apenas pelas oportunidades do momento, do acaso,
levam ao vazio. Por isso é fundamental que se busque o aperfeiçoamento do nosso próprio sentido
de orientação, pois é ele que dará respaldo e amparo diante de decisões a serem tomadas.
A nossa orientação, na hora de tomarmos decisões, vem dos nossos valores. E vejam, por isso
temos muitas vezes tantas dificuldades na hora de tomar decisões, porque até nessa questão, no que
se refere a valores, sofremos uma diluição, uma relativização de padrões, que eram sagrados tempos
atrás.
O filósofo e teólogo dinamarquês Kierkegaard, que é considerado o pai da filosofia
existencialista, já escrevia sobre a importância dos valores estéticos, éticos e religiosos na existência
humana.
O psicoterapeuta Viktor E. Frankl, ao caracterizar a sua “Logoterapia”, passa igualmente a falar
dos três grupos de valores, que são fundamentais para as decisões existenciais, para a busca de
sentido da existência, acessíveis a qualquer pessoa, independentemente de ser religiosa ou não. Como
ele é terapeuta, vê a necessidade de modificar um pouco os termos empregados por Kierkegaard.
Mas, o conteúdo desses valores continua sendo praticamente igual. Os valores estéticos e os valores
vivenciais são a experiência, a vivência do lado agradável, prazeroso e belo da vida. Os valores éticos
e os valores criativos são a coerência do que nós fazemos, o nosso dever, compromisso, trabalho, o
nosso empenho em realizar algo necessário e bom, o que nem sempre é agradável e prazeroso, mas
traz realização e satisfação, na medida em que vemos a importância do nosso empenho. Valores
religiosos e valores atitudinais representam a nossa postura diante daquilo que não compreendemos,
o humanamente imutável. Kierkegaard fala claramente da fé e do relacionamento com Deus, que é a
superação de toda a angústia e desespero. Frankl não vai tão longe, mas deixa um espaço de abertura
na sua terapia como algo positivo e bom para aquele que busca no manancial da fé, na relação com
Deus amparo para a validação do sentido da sua existência, mesmo diante do imutável.
Caracterizaremos um pouco melhor esses três grupos de valores na Logoterapia de Frankl:

Valores vivenciais ou de experiência


É importante nos relacionarmos plenamente com tudo que está ao nosso redor no dia a dia: a
natureza, os animais e as pessoas. Contemplar os detalhes da beleza estética de uma flor e sentir seu
perfume. Cultivar plantas e verduras. Vivenciar seu crescimento, o amadurecimento e o prazer de uma
colheita manual. Valorizar o momento do preparo de uma refeição e do momento da degustação e da
comunhão à mesa. Observar os animais, sua rotina e seus gracejos. Criar uma rotina com eles. Investir
em relacionamentos humanos, num amor desapegado, que deixa o outro se sentir amado, querido;
mas, livre, sem se sentir nossa posse. Igualmente, contemplar as obras humanas, zerado, sem
preconceitos; as artes, a música, os esportes, os livros... também pode ser muito prazeroso.
Que importância temos dado a cada dia, principalmente em meio à nossa rotina, à vivência e à
contemplação dessa riqueza maravilhosa que nos cerca?

13 – Você não existe por acaso – Edson Meier


Valores criativos
A pessoa também sente sua vida como tendo sentido quando cria ou realiza algo no mundo.
Enquanto os valores vivenciais nos ajudam a receber algo valioso do mundo, enriquecendo-nos a nós
próprios, os valores criativos significam uma troca em que algo valioso é colocado “no mundo”, o qual,
então, fica enriquecido.
Quanto aos valores criativos, trata-se da “realização de uma obra ou de um ato”. Que tipo de
obra seria essa? Com certeza precisamos citar as obras de arte, as descobertas pioneiras da ciência e
da técnica. Mas, dentro das possibilidades e capacidades do ser humano, é uma realização
indescritível ver nascer o seu filho ou sua filha, ouvir seu choro e contemplar o seu rosto. É uma obra-
prima quando alguém cria e educa um filho, exerce uma profissão de forma conscienciosa, provê os
meios para sustentar uma família, cuida de uma casa, toma conta de um doente; enfim, tem bom
êxito em viver a sua vida. O ato não precisa ser espetacular para se transformar numa obra.
Primordialmente é o comprometimento, a seriedade, a dedicação e entrega que tornam um
empreendimento, por menor que seja, uma obra estável diante da própria transitoriedade.
Os valores criativos também se estendem para além do material, penetrando intimamente no
âmbito da provação humana. Referimo-nos a situações em que o homem, com seu ato, sua decisão,
com sua corajosa determinação, contribui para a manutenção de um valor ou ideia. Filiar-se a um
grupo para fortalecê-lo, ou sair dele para demonstrar sua mentalidade diferente, são atos que podem
ter muito sentido para uma pessoa. Constitui grande realização humana colocar-se diante de uma
pessoa para protege-la, ajudar o outro numa incapacidade, arriscar seu próprio trabalho em prol da
verdade. No engajamento a favor de algo ou alguém, o homem cumpre seu serviço a favor de um bem
e, com isso, também recebe este bem de volta.
Valores atitudinais
Parece que o homem está pouco preparado para enfrentar situações de vida insolúveis. Não
nos admiremos, portanto, que seja tão difícil enfrentá-las. Como é penoso, por exemplo, conformar-
nos com a morte de uma pessoa próxima. Como nos sentimos desamparados quando, de repente,
precisamos enfrentar uma doença diagnosticada como incurável. Nada pronto temos em mãos para
eliminar eficazmente um sofrimento desse tipo.
O caminho da fé nos ajudará a compreender que o imutável para nós não é o imutável para
Deus, porque Deus não enxerga o imutável assim como nós o vemos, pois, os seus pensamentos são
diferentes dos nossos pensamentos. Isso certamente nos dará confiança e esperança, mesmo diante
do total cerceamento de liberdade que nos está imposto na vida terrena.
A Logoterapia, como já foi exposto, não entrará em questões teológicas. Num primeiro
momento, procura demonstrar aquelas possibilidades abertas a todas as pessoas, com ou sem fé.
A vida de muitas pessoas demonstra que nunca estamos totalmente entregues a um destino.
Apesar de seu caráter inevitável e imutável, sempre há possibilidade para agir, contanto que a pessoa
não se apegue a uma exigência – aquela de querer reverter o imutável. Desta forma, desapareceriam
todas as outras possibilidades, pois haveria como pré-requisito uma condição incapaz de ser satisfeita.
Possivelmente, o maior perigo no caso de golpes do destino é o da pessoa entregar-se, intimamente,
a uma tristeza profunda, decorrente de estar constantemente imaginando tudo que poderia ser
diferente, tudo que poderia ser mais bonito e melhor se o destino não tivesse... A vida não se resume
em podermos sempre escolher as condições segundo nosso plano.
Às vezes o destino fecha-nos uma porta, mas deixa-nos uma janela aberta. É preciso, porém,
não se julgar tão superior a ponto de não usar a janela. É preciso nascer para essa nova realidade e
desapegar das coisas que vão ficando para traz.
Ao ser confrontado com o imutável e a própria falta de liberdade para mudá-lo, o “motivo do
sofrimento” não é tão importante, tornando-se secundário, pois está fora da minha influência. Porém,
depende de mim, e exclusivamente de mim, “como” enfrento esse sofrimento e o objetivo “pelo qual”
sofro. Que outro aspecto se revela nesta atitude a não ser a essência da minha própria pessoa? Como
o sofrimento faz parte da esfera íntima do homem, não deve ser usado para demonstrar heroísmo.
No sofrimento, o essencial é permanecermos nós mesmos.
Deve ter ficado claro como, através de atitudes diante do destino, podemos realizar um sentido
até em situações difíceis da vida. A liberdade externa pode o destino nos tirar. Mas sempre nos resta
a liberdade de assumir diferentes “atitudes” diante do destino: ou ceder-lhe tudo sem luta, ou tentar
subtrair este ou aquele aspecto à sua influência. Neste caso, será que o homem não pode crescer
novamente, de uma maneira bem pessoal (mesmo que não seja percebido pelos outros)? Será que
em sua atitude diante do inevitável não se expressaria a sua postura diante do valor de sua vida toda?
Se assim for, e disso não temos dúvidas, será que nestas horas da verdade não se mostra também
aquele valor que basicamente sou? Aquele que representa a base da dignidade?

7 – Escolhas
A cada minuto, a cada hora, a cada dia, estamos na encruzilhada, fazendo escolhas.
Escolhemos os pensamentos que nos permitimos ter, as paixões que nos permitimos sentir, as ações
que nos permitimos fazer. Cada escolha é feita no contexto do sistema de valores que elegemos.
Elegendo esse sistema, estamos também fazendo a escolha mais importante de nossas vidas.

8 – Só temos uma vida para viver


(Testemunho pessoal do P. Wilhelm Busch)
Nos meus tempos de estudante no ensino fundamental, não era muito bom em matemática.
Meu professor não conseguia entender a minha maneira de chegar à solução dos problemas. Quando
acabava de ver o meu trabalho de casa, marcava-o com caneta vermelha, para mostrar o pouco que
apreciava o meu talento para chegar a soluções erradas. Depois de ter um caderno cheio de sinais
vermelhos, eu o lançava fora, por vezes mesmo antes de terminá-lo. Depois comprava outro. Este
seria agradável e novo... E limpo! Assim eu podia começar outra vez.
Não seria ótimo, se pudéssemos fazer o mesmo com a nossa vida? Pode acreditar, milhões de
seres humanos à beira da morte têm confessado isto: “Se ao menos eu pudesse começar tudo de novo!
Faria coisas totalmente diferentes”. Podemos comprar um caderno novo e começar do princípio, mas
não podemos fazer o mesmo com a nossa vida. Só temos uma vida para viver. É horrível estragá-la,
usando-a mal.
Esta manhã, passou junto do hotel em que me encontro uma boiada. Nesse momento, pensei:
“Aqueles bois são felizes. Não precisam perguntar por que é que estão neste mundo. Sua vida é comer,
engordar e, por fim, servir como alimento”. Você compreende o que quero dizer? Um animal não
levanta questionamentos a respeito da sua própria vida. Infelizmente, muitas pessoas vivem – e
morrem – sem terem alguma vez perguntado a si mesmas: “Qual é o verdadeiro propósito da minha
vida? ” Um homem nunca será verdadeiramente homem enquanto não se interrogar: “O que é afinal
a vida? Por que é que eu sou homem? Que sentido tem a minha existência? ”

9 – Qual é o propósito da minha vida?


(Testemunho pessoal do P. Wilhelm Busch)

17 – Você não existe por acaso – Edson Meier


Qual é o propósito da minha vida? Há uma série de respostas superficiais e impensadas que
podem ser dadas a essa questão. Há muitos anos, eu as ouvi todas ao mesmo tempo. Foi em 1936,
durante o “Terceiro Reich” na Alemanha. Alguns estudantes de Muenster, Vestefália, tinham me
pedido para ir debater com eles o tema: “Qual é o propósito da minha vida? ” No início do encontro,
deixaram claro que não estavam interessados em um sermão, mas numa discussão franca sobre o
assunto. “Tudo bem”, respondi. “Deixarei que comecem. Qual é o propósito da nossa vida? Por que é
que estamos aqui na terra? ”
Como os nazistas estavam no poder naqueles tempos, era natural que um jovem se erguesse e
declarasse: “Eu vivo para o meu povo. É um pouco como a folha e a árvore. A folha não é nada; a
árvore é tudo. Eu vivo para o meu povo”.
“Pode ser”, respondi. “Mas diga-me: Por que é que está lá a árvore? Com que propósito existe?
E as pessoas? Por que que elas existem? ” Silêncio. Ele não soube o que responder. Em vez de resolver
o problema, só o tinha colocado. Por isso, disse a todos: “Meus amigos, com respostas assim vocês
estão simplesmente evitando a questão”.
“Qual é o sentido da vida? Por que é que nos encontramos na terra? ” Perguntei de novo. Outro
estudante afirmou: “Eu vivo para cumprir o meu dever”. Respondi então: “Aí é que está o problema.
Qual é exatamente o meu dever? Eu próprio estou convencido de que o meu dever é pregar-vos a
Palavra de Deus. Mathilda Ludendorff acha que o dever dela é negar a própria existência de Deus.
Então, o que é o dever? ”
Um membro importante do governo disse-me um dia: “Pastor, aqui para nós, eu me limito a
assinar papéis de manhã à noite, mas sei que se todos estes papéis ardessem em chamas um dia, o
mundo iria continuar da mesma forma. O que realmente me preocupa é ter de dedicar o meu tempo e
energia a um trabalho tão sem sentido”.
Ora, como definir então o dever? Há pessoas que assassinam outras pessoas e, quando são
presas e julgadas, dizem: “Nós só fizemos o nosso dever. Recebíamos ordens”. Acham que é dever do
homem assassinar o seu semelhante? Eu não posso aceitar isso.
Disse então àqueles estudantes: “Aí é que está o problema. O que é o dever? Quem é capaz de
me dizer? Aqui estamos nós de novo num beco sem saída”.
Os jovens ficaram pensativos. Um deles levantou-se então e disse com orgulho: “Eu pertenço a
uma velha família aristocrática. Posso traçar a minha genealogia desde o século XVI. Os meus
antepassados eram nobres do mais puro sangue. Não será a tentativa de perpetuar tão nobre família
suficiente para encher toda uma vida? ” Não pude deixar de responder: “Desculpe, mas se você não
souber para que viveram as gerações passadas, então não valerá a pena produzir mais uma! ”
Numerosas respostas superficiais e impensadas podem ser ouvidas, sem dúvida, para esta
questão. Alguns anúncios de mortes nos nossos jornais começam assim: “Trabalhaste tanto toda a
vida, nunca pensaste em fugir ao teu dever. Esqueceste-te completamente de ti e pensaste apenas nos
outros”. Estas linhas sempre me despertam a atenção. Não posso deixar de pensar: “Bem, este é o
epitáfio de um cavalo! ” Estarei errado? Um cavalo não pode fazer nada senão trabalhar. Parece-me
que um ser humano não está na terra para ser escravo a vida toda. Isso seria de fato muito triste.
“Trabalhaste tanto durante toda a vida...”. Causa-me arrepios. Não! A vida também não é só isso!
Outro estudante disse-me na discussão: “Olhe, eu quero ser médico. Se conseguir salvar vidas
humanas, não terei já uma boa razão para viver? ” Respondi imediatamente: “O que diz é bom, mas
se desconhecer o propósito para que vive o homem, não tem sentido querer salvar-lhe a vida. Bem,
não interpretem mal o que acabei de dizer. O que eu quero dizer é que a tua resposta ainda não é a
solução para o nosso problema – o problema do que é afinal a vida”.
Rodeado por todos esses estudantes, constatei que a maioria deles busca algo de consistente
para a sua vida. O problema é que existe uma corrente de opinião muito forte que nos desvia da
questão em si. Enquanto isso, ficamos sem saber exatamente o porquê de estarmos no mundo.
Sabem, por tudo que a gente passa nessa vida, é tentador responder como certos estudantes
fizeram lá em Muenster: “A vida não tem nenhum sentido profundo. Foi por mero acaso que nasci. Por
isso, por que é que hei de me preocupar em buscar uma razão? Vamos gozar a vida ao máximo. É o
melhor que temos a fazer”.
Esta atitude é agradável para o homem que de repente começa a pensar: “A minha vida é
absurda e sem sentido. Se os meus pais não tivessem casado, eu não teria sido concebido e não teria
nascido. É por mero acaso que existo. Na realidade, a minha vida é um completo absurdo”. E se este
homem encontrar dificuldades na vida, estará apenas a um passo de distância do suicídio. A
argumentação é esta: “Por que continuar a viver? Se a vida não passa de mero acaso e absurdo, então
eu posso perfeitamente acabar com ela”.
Na Alemanha (Alemanha Ocidental da época) cerca de 50% das vítimas de suicídio são jovens
com menos de trinta anos. Esta é a mais impressionante evidência de que a nossa geração não
conseguiu descobrir o que é afinal a vida.
Mas, imagine que a vida tem um propósito e que você a viveu como se ela não tivesse. O que
acontecerá contigo no final da vida?
Há um versículo bíblico que nos faz pensar: “Ao homem está ordenado morrer uma vez, vindo
depois o juízo”. Ninguém pode considerar a sua vida, se não conhecer e levar a sério esta verdade
bíblica.
Qual é o propósito da minha vida? Como poderei morrer e enfrentar o juízo de Deus, se não
cheguei a descobrir o verdadeiro sentido da minha vida? É isto que está no centro da nossa discussão.

10 – Somos filhos do Deus vivo


(Testemunho pessoal do P. Wilhelm Busch)

O que é afinal a vida? Quem pode responder a esta pergunta? A minha igreja? Não. O meu
padre ou o meu pastor? Não. Ele está na mesma situação que eu. Os cientistas? Os filósofos? Também
eles são incapazes de dar a resposta a esta questão. Há só um que pode nos dar a resposta: aquele a
quem nós devemos a nossa própria existência. Foi ele que nos criou: Deus. Só aquele que nos criou
pode dizer por que é que nos criou. Por outras palavras, é só por revelação que recebemos a resposta
para a nossa pergunta: O que é afinal a vida? É Deus que tem de nos responder.
Se eu ainda não fosse um leitor entusiasta da Bíblia, esta questão, por si só, forçar-me-ia a lê-
la. Pessoalmente, acharia insuportável não saber por que é que estou neste mundo horrível e cheio
de injustiças e miséria, se não conhecesse a resposta dada pela revelação de Deus.
Resumirei a resposta bíblica numa só frase: Deus criou-nos para podermos nos tornar seus
filhos. Como um pai gosta de se rever no filho, assim Deus fez o homem à “sua imagem”. Deus quer
que nos tornemos seus filhos, filhos que falem com ele e com os quais ele fale também. Filhos que o
amem e que ele ama também. Você costuma orar? Para um pai é horrível que o filho não fale com ele
durante anos. Sim, Deus quer que sejamos seus filhos, vivendo em comunhão com ele. É esse o sentido
da nossa existência. Eu não estou falando de igreja, de doutrina ou de religião. Estou falando do Deus
vivo!

Nós temos que nos tornar filhos de Deus. Não nascemos filhos de Deus. Logo no princípio da
Bíblia, lemos: “Deus criou a homem à sua imagem”. Segue-se então o relato de uma tragédia: Deus
tinha criado o homem livre, com o poder de escolher entre o bem e o mal. O homem, contudo,
escolheu ser contra Deus e comeu o fruto proibido. Essa foi a sua maneira de dizer a Deus: “Eu quero
ser independente. Posso me arranjar bem sem você! ” Adão não duvidava da existência de Deus.
Apenas queria escapar da sua autoridade. “Quero fazer o que me convém! ” Pensava ele.
Um dia destes, um homem me parou na rua. “O senhor fala constantemente de Deus”, disse-
me ele. “Mas eu não consigo ver Deus. Diga-me como é que posso encontrá-lo”. Eu respondi: “Ouça
com atenção o que vou lhe dizer. Imagine que existe uma máquina que possa me fazer recuar no
tempo. Suponha que eu recue exatamente até ao princípio da história humana, e que num certo dia
me encontro passeando no jardim de Deus. Lá, encontro-me com Adão, o primeiro homem. ‘Bom dia,
Adão’, digo eu. ‘Bom dia, pastor’, responde ele. Explico-lhe então como é que cheguei ao Jardim. ‘Você
parece preocupado’, diz Adão. ‘Em que está pensando? ’ Eu respondo: ‘Estava simplesmente pensando
numa pergunta que um homem me fez recentemente: Como é que posso encontrar Deus? ’ Adão
desata a rir. ‘O grande problema não é como encontrar Deus. Ele está aqui. Seja sincero. O que
preocupa vocês todos é como poderão se ver livres dele. Mas a verdade é que não conseguem se
libertar dele. É esse o grande problema’”.
Adão estaria certo? Deus está aqui. Nós podemos encontrá-lo, mas não podemos nos ver livres
dele. Quando reflito sobre a evolução do pensamento humano ao longo dos últimos três séculos,
posso ver que temos tentado de tudo para nos libertarmos de Deus, mas sem êxito. Na realidade,
todos acreditamos que Deus existe, mas simplesmente não queremos nos incomodar. Limitamo-nos
a copiar os outros: deixamos a questão de Deus por responder. Não negamos a existência de Deus,
nem nos descreveríamos como seus inimigos, mas também não somos seus amigos. E, enquanto isso,
o maior problema da vida ainda não foi resolvido.
Um médico suíço afirma, num dos seus livros, que quando o homem não resolve a grande
questão da vida, sofre de profundas perturbações mentais e emocionais. Ele diz também: “Nós, os
ocidentais, sofremos de falta de Deus. Não negamos a sua existência, mas não temos qualquer relação
com ele. Não queremos ter nada a ver com Deus e, por isso mesmo, sofremos de falta de Deus”. Eu
sou da mesma opinião.

11 – Eu pertenço a Jesus
(Testemunho pessoal do P. Wilhelm Busch)

É um fato bastante alarmante que a maioria das pessoas de hoje não levem mais a sério a
questão da salvação. Seguidamente ouço alguém dizendo: “O homem de hoje não está interessado
em Deus! ”
Vou servir-me novamente de uma ilustração muito simples. Tente imaginar um aprendiz de
cozinheiro. Um dia ouço o chefe dizer: “Este rapaz não está minimamente interessado em cozinhar! ”
Eu pergunto: “Então, em que é que ele está interessado? ” O chefe responde: “Em música pop e
moças”. “Então, você deve descer ao nível dele”, sugiro eu, “e daqui em diante falar-lhe só de música
pop e de moças”. “Nem pensar! ” Responde o chefe. “Se este rapaz não está interessado em cozinhar,
errou a vocação! ”
Você consegue ver o ponto que pretendo salientar? A nossa vocação é tornarmo-nos filhos de
Deus. Se o homem não mostra qualquer interesse nisso, então errou na sua vocação como homem.
Nessas circunstâncias é inútil discutir com ele todo o tipo de coisas possíveis e impossíveis, mesmo
que o assunto lhe interesse. É preciso dizer-lhe repetidamente: “Só começará a ser um verdadeiro
homem, quando se tornar filho do Deus vivo”.
O propósito da vida é que nos tornemos filhos de Deus. Algo tem que acontecer conosco. Temos
que enfrentar os fatos: não somos filhos de Deus, não amamos a Deus, transgredimos os seus
mandamentos, não nos importamos nada com ele e não oramos (a não ser em emergências). É, pois,
vital conhecer a resposta à maior de todas as questões: Como é que posso me tornar filho do Deus
vivo?
A resposta a esta questão tão importante só pode ser recebida por revelação. Isso significa que
é o próprio Deus que tem de me dizer como é que posso me tornar seu filho. Ora, a Bíblia nos dá uma
resposta muito clara: Só através de Jesus! Sim, para me tornar filho de Deus, tenho que me aproximar
de Deus por meio de Jesus.
Há um versículo do Novo Testamento que diz isto a respeito de Jesus: “Veio para o que era seu,
mas os seus não o receberam”. Aqui temos toda a história do Evangelho até aos nossos dias. Jesus
vem e o homem recusa deixá-lo entrar. Do ponto de vista humano, isto é um beco sem saída e devia
pôr fim às relações de Deus com o homem. Mas (é fantástico!) a história não acaba aqui. “Mas a todos
quantos o receberam... deu-lhes o direito de se tornarem filhos de Deus”. Assim, é recebendo Jesus
que nos tornamos filhos de Deus.
Eu ainda era um jovem combatente na Primeira Guerra Mundial. Foi nesse período específico
da minha vida que abri o meu coração para Jesus e o deixei entrar. Esta experiência mudou por
completo a minha vida. Nunca me arrependi do passo que dei. No entanto, para seguir Jesus eu tenho
percorrido muitos caminhos difíceis. Estive na prisão e, em numerosas ocasiões, experimentei
angústia. Mas em todos os momentos me agarrei sempre a este versículo: “A todos quantos o
receberam... deu-lhes o direito de se tornarem filhos de Deus”. Desde o instante em que me torno
filho de Deus, a minha vida ganha significado. Não importa o que eu seja: pastor ou agricultor,
administrador ou serralheiro, dona de casa ou professor – a minha vida só ganha sentido a partir do
momento em que me torno filho de Deus.
É interessante estudar os personagens do Novo Testamento sob esta luz. Por exemplo, Maria
Madalena: A sua vida não tinha o menor sentido. A Bíblia diz a respeito dela – na única referência ao
seu passado – que estava possessa de sete espíritos maus. Devia ser terrível: uma vida dominada pelos
sentidos, uma vida de escravidão. A pobre mulher devia sofrer muito com uma existência tão sem
sentido. Foi então que um dia, Jesus, o Salvador, o Filho de Deus, entrou na sua vida e expulsou os
espíritos maus. Ele pode fazer isso e o fez! A partir desse momento, Maria Madalena passou a
pertencer a Jesus. Finalmente, a sua vida tinha propósito. Veio, porém, o dia em que Maria Madalena
presenciou a crucificação e morte de Jesus. Nessa altura, apossou-se dela um medo súbito – o medo
de que toda a sua vida passada recomeçasse. Na manhã do terceiro dia após a crucificação, Maria
Madalena estava de joelhos, chorando, no jardim em que Jesus tinha sido sepultado num túmulo
cavado na rocha. Ela tinha ido ao túmulo e o encontrou vazio. Por isso, ela chorava.
Eu posso entender perfeitamente Maria Madalena, pois se eu perdesse Jesus, isso também me
levaria às profundezas de uma existência sem significado.
De repente, ela ouviu uma voz atrás de si: “Maria! ” Voltou-se e viu Jesus ressuscitado, ali,
diante dela. As lágrimas de desespero que lhe caíam pelo rosto transformaram-se em lágrimas de
alegria. E um grito ecoou, vindo do mais íntimo da sua alma: “Rabboni. Mestre! ”
A história desta mulher é a confirmação de que nós não precisamos de grandes teorias
filosóficas para encontrarmos a resposta para o problema do que é afinal a vida. No momento em que
aceito Jesus, começa uma verdadeira revolução na minha vida. Colho todos os benefícios da morte de
Jesus: a sua morte acaba com a minha vida passada. Ressurjo com ele para viver uma nova vida, a vida
de um filho de Deus. Jesus concede-me o seu Espírito, que muda os meus desejos e mesmo a minha
maneira de pensar e agir.
Portanto, ao contrário do que afirmam livros conceituados, filmes e seminários, eu não
descobrirei o sentido da vida olhando dentro de mim mesmo. Livros de autoajuda provavelmente me
ajudarão a obter êxito e sucesso em muitos objetivos propostos. Mas ser bem-sucedido e cumprir os
propósitos de vida são coisas absolutamente distintas. Posso alcançar meus objetivos pessoais,
tornando-me um sucesso pelos padrões do mundo, e ainda assim estar distante dos propósitos para
os quais Deus me criou. O verdadeiro sentido encontramos quando olhamos para Deus e o aceitamos
como o Senhor da nossa vida. Você só existe porque o Senhor deseja que você exista. Você foi feito
por Deus e para Ele e, até que compreenda isso, a vida jamais fará sentido. Somente em Deus
descobriremos nossa origem, nossa identidade, nosso significado, nosso propósito, nossa importância
e nosso destino.

12 – Jesus fará muito barulho na sua vida

No século passado, vivia na Vestefália um sapateiro já bastante idoso. As pessoas tinham-no


apelidado de “Pregador Pio”, por causa do fervor com que seguia Jesus. Ele era um homem de grande
visão espiritual, um homem abençoado por Deus. Um dia, um jovem pastor foi visitá-lo. “Pastor”,
disse-lhe o sapateiro, “os seus estudos teológicos não lhe garantem a salvação. O senhor precisa
aceitar Jesus! ” O jovem pastor respondeu: “Eu tenho Jesus. Tenho um quadro dele pendurado na
parede do meu escritório”. O velho pregador leigo lhe respondeu: “Jesus está muito calado e pacífico
na parede do seu escritório, mas se o deixar entrar na sua vida, ele fará muito barulho! ”
Desejamos que você seja capaz de riscar com uma cruz o seu passado e louvar o seu Pai celestial
por torná-lo seu filho, por dar sentido à sua vida e por habilitá-lo de agora em diante a honrá-lo com
as suas palavras, pensamentos e atos.
Só temos uma vida para viver! Exatamente por isso, a nossa pergunta (o que é afinal a vida?) é
de suprema importância. Deus lhe dá uma resposta clara e simples. A resposta está em Jesus, o
Crucificado e Ressurreto.
Este Jesus está agora batendo à sua porta. Abra-lhe a sua vida. Jamais se arrependerá de o ter
feito.
23 - Você não existe por acaso – Edson Meier
13 - “Because y love Jesus! ”

Um rapaz, que participava de um grupo de jovens, começou a convidar seus colegas de escola
para participarem dos programas que sua igreja oferecia. Por essa atitude, tornou-se motivo de
deboches e chacotas. Alguns passavam por ele e gritavam: “Aleluia, irmão! ” Todavia, ele não desistiu.
Um dia, pediu licença ao professor para fazer uma dinâmica com a turma. Disse que estava fazendo
uma campanha em favor dos adolescentes pobres da periferia. Solicitou que todos tirassem suas
meias e as colocassem numa sacola. Após isso justificou: “Quero que vocês sintam, por uma tarde
apenas, o frio nos pés que os adolescentes pobres sentem durante o inverno inteiro”. Todos se
emocionaram com o apelo. Muitos alunos e professores chegaram em casa sem meias, porque
haviam doado as suas meias de lã para a campanha. A notícia se espalhou e a campanha aconteceu
também em outras escolas. Por fim, uma emissora de TV resolveu entrevistar aquele jovem. Queria
saber por que iniciara a campanha das meias. Em cadeia nacional, ele testemunhou: “because Y love
Jesus! ” (Porque eu amo Jesus). Daquele dia em diante, muitos jovens começaram a se interessar pelo
Evangelho.

14 - Dividir é somar igual para todos

Somar é a primeira operação matemática que se aprende, a que temos mais facilidade e que
gostamos mais. Primeiro a gente gosta de somar várias vezes palitos e giz, depois brinquedos e roupas
da moda, depois somar dinheiro, depois somar carros e casas, e sempre somar alegria e felicidade.
Isto já é multiplicação, que também é fácil de aprender, é só somar várias vezes a mesma coisa.
A segunda operação que aprendemos é a subtração. Aí começa a ficar estranho, principalmente
quando tem que pedir emprestado na casa do vizinho, digo, casa decimal ao lado. Ninguém gosta mais
de diminuir do que somar.

E então se chega na divisão e o que se vê é quase um desespero, ainda mais quando sobra um
resto. É que ninguém entende onde ou para quem vai ficar o resto. Até no cotidiano ninguém gosta
de dividir nada. A dificuldade no aprendizado não parece à toa.
Quando o homem aprender a dividir corretamente e souber onde deve ficar o resto, entenderá
que é o mesmo que somar para alguns, mantendo a quantidade de outros, sem necessariamente
subtrair de alguém, ou seja, é o mesmo que somar igual para todos. Entenderá também que, somando
os restos, teremos mais um inteiro divisível, fazendo outros felizes. O resultado final também é uma
soma, a soma da felicidade geral. Poderíamos até chamar esta operação de soma distribuída.
Com esta visão, com certeza a matemática daria mais resultados, talvez fosse dispensável
aprender contas de dividir e os homens continuariam felizes a somar palitos, brinquedos, dinheiro,
carros, casas e felicidades, porém não somente para si.

15 – A reverência diante da vida

25 - Você não existe por acaso – Edson Meier


“Devemos sentir pela vontade de viver de cada um a mesma reverência que temos pela nossa
própria vida” (Albert Schweitzer).

Deus nos coloca, muitas vezes, em circunstâncias únicas, onde nossas habilidades combinam
com o problema que Ele quer solucionar. E então não é hora de fugir. Você já parou para refletir
que, quem sabe, em muitos momentos, Deus quer que você seja a resposta para a súplica e a oração
de alguém?

16 - O propósito divino para a minha vida

“Nosso propósito é agradar a Deus, não às pessoas” (Cf. 1 Tessalonicenses 2.4b).


Certa vez, alguém sugeriu que o propósito da vida deveria se fundamentar no que você gostaria
que as outras pessoas dissessem sobre você em seu funeral. Imagine o elogio perfeito, e então
construa a sua vida a partir dele. Francamente, não é uma boa ideia. No final da vida, não terá
nenhuma importância o que disserem a seu respeito. Só importará o que Deus disser.
Na Bíblia há um texto que diz: “Davi serviu aos propósitos de Deus em sua geração” (Cf. Atos
13.36a). Nesse sentido é possível compreender o motivo pelo qual Deus chamou Davi como “homem
segundo o meu coração” (Cf. Atos 13.22). Davi dedicou a vida a cumprir os propósitos de Deus na
Terra.
Não existe maior epitáfio que essa declaração. Imagine isso esculpido em sua lápide, que você
serviu aos propósitos de Deus em sua geração. Essa frase é a descrição definitiva de uma vida bem
vivida. Você faz o que é eterno e atemporal (o propósito de Deus), à maneira contemporânea e atual
(em sua geração). Quando nos perguntamos sobre o motivo de estarmos na Terra, tratamos
exatamente disso. Nem as gerações passadas nem as futuras podem servir ao Senhor nesta geração.
Somente nós podemos.

17 – Deus é amor

Deus não é Esperança, nem Fé. Ele não precisa disso, pois é Eterno. Deus é Amor. O
Amor é Eterno. Quem ama hoje, participa da Eternidade de Deus.

18 – O amor imutável

“Amor não é amor se quando encontra obstáculos se altera” (William Shakespeare).


O conhecido Pastor Spurgeon visitava uma colônia. Viu na chaminé da casa um girador de vento
com as palavras “Deus é Amor”. Perguntou ao seu hospedeiro: “Então o senhor acha que o amor de
Deus muda com o vento? ” “Não”, disse o homem, “Deus ainda é amor, mesmo que todos os ventos
mudem! ”

19 – Quando o amor é bom


Dois homens estavam sentados à beira do riacho, nas calmas horas do anoitecer, fascinados
pela beleza do pôr do sol. Num dado momento viram uma mãe, com dois filhos, subindo o pedregoso
barranco do rio, uma trouxa de roupa num dos braços, o filho menor no outro braço e o filho maior
segurando-se em sua saia. O primeiro dos dois homens emocionou-se e começou a falar do quanto
essa mãe lhe causava compaixão. Falou que tinha enorme pena dela e que podia muito bem imaginar
o quanto lhe era cansativo subir aquele barranco pedregoso com aquela carga toda. O outro não falou
nada, mas levantou-se e, imediatamente, foi ao encontro da mãe cansada, pôs em seus próprios
ombros a trouxa de roupa e tomou pela mão o filhinho que vinha se segurando na saia dela.
A maioria das pessoas é como o primeiro homem: vê a miséria dos outros, fala da “pena” que
sente, mas não faz nada. O nosso mundo está cheio de pessoas que se acham e se dizem cristãs, mas
permanecem tranquilamente sentadas em cima do barranco, como espectadores, olhando como
outras lá embaixo sofrem e se debatem com suas sobrecargas e problemas. Cristo não chama
simpatizantes e torcedores. Ele chama seguidores e discípulos.
“O amor bom é aquele que faz acontecer. Deixa o coração ver o outro receber. E mesmo que
nessa procura, o outro não receba bem, não há o que temer. Quem amou, viu. E já partiu. Está além!
O amor bom é seiva rara e preciosa, que em volúpia generosa, transborda, fecunda, inunda o lugar,
da vida em criação”.

20 – O menino Jesus de Alvorada


(Testemunho pessoal de Knut Wellmann)

A maioria das pessoas na minha cidade já havia se mudado cinco, dez ou até mais vezes. Elas
são pobres e procuram um lugar onde a vida lhes seja possível. Nossa cidade se chama “Alvorada”, o
que poderia significar “O começo de uma nova vida”.
Quando os pais com seus filhos chegam em Alvorada, logo perguntam: “Onde podemos
construir a nossa casinha? ” Dinheiro para comprar um terreno eles não têm. Em uma noite ou um dia
constroem rapidamente o seu barraco numa área desocupada, invadida. São barraquinhas de tábuas.
Quando estão de pé, é difícil alguém tirá-las de lá.
E então começa a preocupação: “De onde conseguiremos água? Quem nos dará energia
elétrica? ” Eles vão, em grupo, até o prefeito. Mas este diz: “Se eu der a vocês água e luz, todos dirão
que em Alvorada é bom demais e a vida é folgada. Lá a gente logo ganha água e luz da prefeitura. E
virá cada vez mais gente. Vocês já são gente demais. Não posso dar água e luz para vocês! ”
Quando chega o inverno, apesar de não nevar, fica muito frio em Alvorada. O fogão à lenha
fornece um bom aquecimento, mas as paredes e o telhado têm muitas frestas.
Mas pior mesmo é a chuva. Quando cai uma chuva forte, toda a região inunda feito um rio. E
então até parece que os barracos estão boiando na água. Algumas casinhas ficam ilhadas no meio da
enchente, o que torna difícil sair ou entrar em casa. Outras ficam literalmente inundadas pela água.
As pessoas são nervosas. O sangue “ferve” com facilidade. Brigas e discussões acontecem com
frequência e sem grandes motivos, não porque as pessoas são inimigas, mas porque a vida é precária
e difícil.
Na época do Natal inicia o verão. Tudo fica mais fácil. Mas a pobreza das pessoas continua. E
elas perguntam para o pastor: “Você tem algum presente para as nossas crianças? ” O pastor havia
lhes dito no último culto que Deus sempre deita o menino Jesus na casinha mais pobre e necessitada,
assim como o fez há tanto tempo atrás em Belém. Mas onde poderia estar então a criança de Deus
neste Natal que estava por vir?
As pessoas da minha vila se encontraram e decidiram: “Esse ano nós queremos encontrar essa
criança de Deus. Quem será a nossa criança do Natal? Onde será o nosso ‘estábulo de Belém’, de forma
que possamos celebrar ali a festa do nascimento de Jesus? ”
O barraquinho da pequena Simone foi o escolhido. Simone tinha sido uma criança sadia, até
que começaram a aparecer sintomas da sua doença. Ela mal conseguia ainda se mover e perdera
também a visão. Tudo indicava que ela estava com um tumor no cérebro. A sua mãe esperava muito
que Deus a curasse. Naquela casinha morava apenas a mãe, Simone e seu irmãozinho.
As pessoas comentavam unânimes: “A casa da Simone será esse ano o nosso estábulo de Belém.
Simone será o nosso menino Jesus. É lá que nós nos encontraremos para festejar o Natal”. E então
surgia a questão: “O que levaremos para ela? ” Dinheiro eles não tinham. Mas poderiam trabalhar.
Decidiram: “Nós vamos erguer a casa da Simone para que não inunde mais com a chuva. Vamos
carrear barro, fazendo uma elevação sobre a qual reconstruiremos a sua casinha. Quando vier a
enchente, a casa ficará no seco. Este será o nosso presente! ”
Eu não sei se isso de fato foi feito. Em novembro eu tive que viajar e voltar para os exames na
faculdade, pois o meu estágio havia terminado. Quando me escreveram mais tarde, não falaram mais
nada sobre isso. Disseram apenas que a pequena Simone havia falecido. Escreveram: “Você deve estar
lembrado que ela foi o nosso menino Jesus no último Natal. E isto ela foi de fato, pois através do amor
que dedicamos a ela e através da preocupação com ela e sua família nós nos tornamos muito unidos,
uma verdadeira comunidade de Jesus. Ela própria não viu nem falou nada. Mas através dela nós nos
tornamos amigos. Nós a escolhemos como o nosso menino Jesus e decidimos que precisávamos
presenteá-la. Ela era tão pobre.... Mas Deus a transformou verdadeiramente no nosso menino Jesus,
de modo que ela nos trouxe esse grande presente. Foi um Natal maravilhoso e inesquecível”.

21 – Não há como voltar no tempo

Um jovem recebeu a missão de trazer a vara mais reta que encontrasse no bosque indicado.
Havia, contudo, uma regra: “Você só pode passar uma vez pelo bosque e não pode voltar pelo mesmo
caminho! ” O jovem entrou no bosque e logo viu umas varas quase perfeitas. Então, pensou: “Já que
de saída existem varas tão bonitas, é evidente que mais adiante serão ainda melhores”. Mas, para sua
decepção, no que avançava pelo bosque, as varas que encontrava eram cada vez mais tortas.
Finalmente, teve que optar por uma vara nada reta, a menos torta que ainda conseguiu encontrar.
A vida é assim. Não há como voltar no tempo. Principalmente quando somos jovens, perdemos
muitas oportunidades, porque somos inseguros e medrosos, críticos e negativos, exigentes e
perfeccionistas demais, preconceituosos e autossuficientes. Mas também os mais idosos têm
dificuldades com ideias novas. Você está diante de uma boa proposta ou diante de pessoas que te
parecem interessantes? Pare de ignorá-las antes de conhecê-las melhor. Lembre-se: A oportunidade
é um momento que você tem na vida que não se repetirá.

22 – O rumo certo

“Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar
agora e fazer um novo fim”.
Quem toma o ônibus errado, é bom saltar logo. Se não saltar, viaja na direção errada. Os
motoristas conhecem muitas histórias de pessoas que tomaram o ônibus errado. Alguns passageiros
descobrem o erro sozinhos, outros precisam ser avisados. Alguns, quando descobrem, querem ir até
o fim da linha, ainda que não cheguem onde queriam chegar. Outros saltam logo e tomam outro
ônibus. Alguns, quando descobrem, saltam tranquilos, sem agitação. Outros se desesperam, choram,
acusam todo mundo e procuram empurrar a culpa nos outros.
Muitas vezes viajamos na direção errada. Às vezes, não percebemos nada e pensamos que
estamos certos. Alguém precisa, então, acordar-nos, quem sabe, com muita insistência. Outras vezes,
sabemos muito bem que estamos errados, mas insistimos no erro e, para ajudar-nos, as pessoas
precisam de muito amor e paciência conosco. Outras vezes, ainda, resolvemos mudar de direção logo
que percebemos o erro.
Isso pode acontecer a cada um de nós, pois todos estamos sujeitos ao erro. Às vezes andamos
meio desligados, não analisamos bem as coisas e vamos caminhando para dentro do erro, assim de
mansinho, como que meio adormecidos. Noutras ocasiões vamos aos trancos e barrancos, incertos e
inseguros, sobressaltados e agitados, tomando decisões contraditórias. Outras vezes, ainda, vamos
decididos e convictos, quem sabe, com obstinação e teimosia, sem dar ouvidos a ninguém.
O que importa é dar-se conta da direção errada, descobrir a direção certa, saltar do ônibus; o
que importa é reconhecer o erro e dar meia-volta.
Na verdade, existe alguém que nos mostra o rumo. Ele veio ao mundo para apontar-nos a
direção. Aliás, ele mesmo é o rumo, o alvo, em direção do qual importa andar. Ele disse: “Eu sou o
caminho, a verdade e a vida, ninguém vem ao Pai, senão por mim”.

23 – A canção de Carol
(Relato de Lawrence Leshan)

Vamos imaginar que Deus seja um “existencialista”. Um dia, um anjo vem visitar você. Ele diz
que eles aprenderam há muito tempo que precisam planejar um céu individual para cada pessoa que
está para chegar. Assim, estão pedindo a cada pessoa para que crie seu próprio céu. Como você
planejaria um modo de vida que lhe proporcionasse satisfação por um longo período? Uma vida na
qual você irá se relacionar, criar, dar, receber, expressar-se da maneira certa para você – a maneira
para a qual você foi criado e planejado?
E por que não buscar viver já aqui na terra esse estilo e proposta de vida? Quando você olha
para a sua vida, quais foram os melhores momentos? Quais os momentos, dos quais você se lembra,
que lhe trouxeram as maiores alegrias? O que esses momentos tinham em comum? Quais os temas
da sua história de vida que eles festejaram e expandiram? Como poderia ser essa vida, como poderia
ser organizada, permitindo que existissem tantos desses momentos quanto possíveis?

Para concretizar o que estou argumentando, quero falar um pouco da Carol. De qualquer ponto
de vista objetivo, Carol era realmente uma mulher bem-sucedida. Ela havia atingido a posição mais
elevada que uma mulher pode alcançar em sua área, tornando-se a primeira vice-presidente executiva
de uma grande empresa. Almoçava com pessoas fascinantes nos restaurantes mais badalados e
morava num apartamento de cobertura quase no centro da cidade. Sua família tinha muito orgulho
dela e seus colegas e amigos a invejavam. A única coisa errada é que ela secretamente odiava sua vida
e tudo o que se relacionava a ela. Carol não gostava particularmente das pessoas com quem
trabalhava. Quando tinha trinta e poucos anos, seu médico, durante um exame anual, ficou
perturbado ao ver seis grandes manchas negras em suas costas, que não estavam no ano anterior. Ele
retirou material de uma delas para fazer uma biópsia. Quando Carol voltou três dias depois, ele lhe
revelou que as manchas eram malignas. Seu prognóstico, dentro dos critérios médicos mais sensatos,
era muito pessimista.
Carol conhecia meu trabalho por intermédio de sua secretária, cuja irmã havia me consultado.
Ela deixou o consultório médico, procurou meu número e me ligou. Como tinha algum tempo livre, eu
a vi naquela mesma tarde. Conversamos durante uma hora, gostamos um do outro, e estabelecemos
uma série regular de entrevistas.
Entre as primeiras coisas que descobrimos estava o seu desprezo por si mesma, pelo fato de
não ter se casado. Na subcultura em que foi criada, uma mulher deve se casar ou pelos menos estar
encaminhada para o casamento aos 21 ou 22 anos, do contrário pode se considerar uma velha
solteirona e um fracasso como ser humano. Carol nunca superou isso. Exploramos seus sentimentos
e a forma como lhe transmitiriam a ideia de que esta era a única maneira certa para uma mulher viver
a sua vida. Então, um dia, ambos começamos a rir do que havíamos descoberto. Ela não queria se
casar. Gostava de ter romances, de preferência longos, mas preferia que o homem voltasse para sua
própria casa depois de um bom jantar em conjunto. Gostava de acordar sozinha pela manhã e tomar
seu café e ler o jornal em paz, sem que alguém a cobrasse de alguma coisa. Depois que os efeitos
curativos da risada cuidaram de seus sentimentos nessa área, a tensão e o autodesprezo
desapareceram gradativamente.
Conversamos muito sobre seu trabalho. Ela o odiava. Não gostava das criaturas que chegavam
ao topo em sua área, e preocupava-se pensando que trabalhar com essas pessoas a tornaria tão
insensível e impiedosamente ambiciosa quanto elas. Desprezava a natureza agressiva do mundo dos
negócios. Seu nível de capacidade muito elevado fez com que ela progredisse muito, sendo
reconhecido pelos outros e protegendo-a das intrigas na organização, das quais ela rigorosamente se
abstivera. (E, disse Carol, o fato de a organização pensar que ter uma mulher em posição tão elevada
melhorava sua imagem também a tinha ajudado). Mas ela tinha pavor de se tornar parte do sistema.
Além disso, descobrira que sua capacidade e disposição para o trabalho não tinham lhe proporcionado
felicidade ou paz interior. Ela se sentia num beco sem saída; tinha feito o melhor que podia e o
resultado mostrava apenas um futuro de mais trabalho e nenhuma sensação de valor. Citei a abertura
da Divina Comédia: “No meio da jornada de nossa vida, encontrei-me em uma floresta escura, onde o
caminho certo estava perdido”. Ela sorriu melancolicamente e concordou. Isso era ela.
Continuei me concentrando não apenas no que Carol não gostava, mas também nas coisas de
que gostava. Quais tinham sido os melhores momentos de sua vida? Havia algum trabalho que tivesse
apreciado, sentindo-se à vontade nele? Qual o trabalho que havia realizado da maneira certa para
ela? Quando havia sentido com maior frequência o “cansaço gostoso”, não o “cansaço desagradável?
” Quando e onde passara por períodos em que, de repente, quando se percebe, já se passaram três
horas e perdemos o almoço? Você se sente cansada, mas sente-se bem, “inteira”, relaxada e renovada
ao mesmo tempo? Continuei fazendo com que ela voltasse a essas questões.
A faculdade que frequentara costumava ampliar os períodos de estudo, fazendo com que os
alunos trabalhassem regularmente em um emprego durante um semestre. Nesse período, os
estudantes moravam fora do campus, e Carol havia trabalhado em um centro de treinamento físico
para adultos deficientes. Essas pessoas, que haviam sido prejudicadas em acidentes ou por doenças,
estavam sendo reabilitadas fisicamente, tanto quanto possível, reaprendendo habilidades para
poderem sobreviver e aprendendo novas habilidades vocacionais. Carol havia se envolvido
profundamente em seu trabalho e tinha adorado. Quando retornou à faculdade, esta lhe pareceu um
tanto “sem brilho”.
Ela sentia que esse tipo de trabalho seria algo que gostaria de fazer e com o qual se realizaria
completamente. Contudo, mudar seu atual estilo de vida e trabalhar para tornar-se uma professora
de educação especial parecia uma tarefa muito grande para ser possível. Como poderíamos começar
a explorar a ideia?
Começamos com o jogo “Qual a primeira coisa a fazer? ” A primeira coisa a fazer parecia ser
adquirir algum conhecimento na área. A primeira coisa a fazer era frequentar alguns cursos noturnos
para descobrir como ela realmente se sentiria a respeito desse tipo de trabalho atualmente – em seu
estágio de desenvolvimento. A primeira coisa a fazer era descobrir as faculdades próximas, que
possuíam tais cursos, procurá-las e fazer um levantamento de informações.
Carol frequentou diversos cursos durante o ano seguinte e descobriu que essa área a
interessava e a envolvia profundamente. Então, para absoluto horror e aflição de seus parentes e
amigos, demitiu-se do emprego, vendeu seu apartamento de cobertura, mudou para um prédio de
apartamentos sem elevador, próximo à faculdade que escolhera, e tornou-se estudante de tempo
integral no curso de pós-graduação.
Carol gostava muito dos cursos e mais ainda do estágio como interna. Descobriu que gostava
de se levantar pela manhã e ir para a escola ou para o trabalho e que sua vida tinha uma “cor” muito
mais agradável do que durante os anos em que estivera no mundo dos negócios. Pouco a pouco, os
períodos entre nossos “programas rápidos” ficaram cada vez mais espaçados.
Concluímos o trabalho, e depois de algum tempo perdi-a de vista. Alguns anos mais tarde,
encontrei-a na rua. Conversamos rapidamente e tomamos um café juntas. Trabalhava numa grande
instituição de caridade, onde também utilizava suas habilidades administrativas. Disse que gostava
muito desse trabalho e esperava ansiosamente a hora de ir trabalhar, todo dia. Ela sentia que sua vida
estava plena, rica e significativa.
Devo acrescentar alguns comentários finais a essa história. Durante os primeiros poucos meses
em que trabalhamos juntos, as manchas escuras do melanoma em suas costas pareciam estar
aumentando lentamente. Como não havia nada a ser feito a esse respeito, não fizemos nada. O
crescimento pareceu cessar (de acordo com o oncologista que a examinava regularmente), após
alguns meses. Cerca de seis meses mais tarde, elas pareciam estar diminuindo. Isso continuou até se
tornarem invisíveis. Não reapareceram durante os quinze anos seguintes. Que eu saiba, e acredito
que ela teria me procurado se surgissem mais problemas desse tipo, ela ainda está livre do câncer,
mais de vinte anos depois.
Do ponto de vista da atual abordagem à psicoterapia, este caso é bastante raro. Havia muita
ênfase na saúde de Carol e pouca em sua patologia. Quando os aspectos neuróticos de sua
personalidade foram explorados, a exploração foi mantida no contexto dos fatores existenciais que
bloqueavam sua percepção e expressão das maneiras melhores e mais agradáveis de ela criar, ser,
relacionar-se. O processo psicoterapêutico foi nitidamente orientado para uma busca conjunta por
seu prazer e entusiasmo, não para as causas de seus problemas. Quando essa orientação se tornou
clara para Carol, nós nos mantivemos no caminho, reforçando-nos mutuamente.
Fui forçado a me dirigir a essa abordagem, caso desejasse ajudar meus pacientes com câncer a
mobilizarem seus mecanismos de auto cura, trazendo-os em auxílio ao tratamento médico. A terapia
baseada nessa abordagem tinha muito mais possibilidades de atingir seus objetivos. Além disso,
quando não conseguia ajudar o paciente a reagir bem ao tratamento médico, ela – na grande maioria
dos casos – conseguia modificar a cor e a qualidade do último período de vida da pessoa, orientando-
a numa direção positiva.

33 - Você não existe por acaso – Edson Meier


24 – Quando a canção é coletiva
(Relato de Lawrence Leshan)

Encontrei Pedro pela primeira vez durante minha visita de rotina ao hospital. Ele era de origem
espanhola e aparentava dezenove ou vinte anos. Internara em consequência de uma severa crise e a
convalescência levaria semanas. Conversamos diversas vezes por semana, durante semanas, e
começamos a nos conhecer e a gostar um do outro. Gradativamente, comecei a perceber como fora
a sua vida.
Ele havia crescido em um bairro que abrigava em sua maioria pessoas negras e hispânicas. Sua
mãe tivera três filhos e o pai das crianças a abandonara. Pedro não chegou a conhecer seu pai. Como
a mãe era tão ocupada e trabalhava tantas horas tentando sustentar os filhos, não tivera tempo para
educá-los adequadamente.
Aos nove anos, Pedro juntou-se a uma das gangues de jovens da vizinhança: era uma medida
necessária para um rapaz que crescia naquela área. Na gangue ele ganhou merecida fama. Sentia que
aquele era o lugar ao qual pertencia. Como ele mesmo disse, “eles eram do meu jeito”. Rapidamente,
subiu na hierarquia da turma e aos dezesseis anos alcançara a posição mais elevada dentro da
hierarquia – a posição de “comandante”, ou ditador, durante a época em que a gangue estava
envolvida em brigas com outra gangue.
Logo depois aconteceu aquilo que ocorre a esse pessoal. Alguns dos “irmãos” foram presos,
outros morreram nas ruas, alguns foram recrutados pelo exército, outros se mudaram, alguns se
casaram e deixaram a gangue. Pedro ficou sozinho nas ruas. Durante algum tempo, circulou pelos
mesmos lugares e até se envolveu em certas atividades ilegais, mas a vida perdera a graça.
Ofereceram-lhe um lugar em um dos grupos criminosos de adultos que possuía seus quartéis-generais
na área, mas ele recusou. “Era como se eu estivesse num beco sem saída. Não me sentia bem com
aquela gente”. Aproximadamente um ano após a dissolução total do grupo, ele contraiu a doença de
Hodgkin (um tipo de câncer) e, após outros seis meses, acabou no hospital em que eu trabalhava.
Lá estava uma pessoa que tivera uma maneira “ideal” (do ponto de vista da sua personalidade)
de viver, relacionar-se, ser, criar. Agora, tudo estava acabado. Minha crença era – e ainda é – que
nesta cultura há espaço para que cada ser humano expresse sua maneira natural de ser, e que essas
maneiras também poderiam ser socialmente positivas e melhorar os relacionamentos humanos de
forma mais adequada para o indivíduo. Se jamais existiu alguém que parecia estar testando os últimos
segmentos dessa teoria, essa pessoa era Pedro.
Uma vez, perguntei-lhe se poderia me contar o que achara de tão atraente, tão certo, a respeito
da vida com a gangue. Ele me explicou: “Veja, havia aquele grupo de homens, e eles se preocupavam
uns com os outros. Por mais que discutíssemos e brigássemos entre nós, você sempre sabia que podia
contar com seus irmãos. Eles estavam lá quando você precisava deles e você estava lá quando eles
precisavam de você”. Pedro continuou descrevendo o ritmo de vida da turma. Havia longos períodos
em que os membros do grupo apenas relaxavam, vadiavam, fumavam, se vangloriavam de suas
proezas e ocasionalmente iniciavam longas discussões sobre esportes. Então havia os períodos de
intensa excitação e perigo, quando cada homem dependia dos outros para sua segurança e
sobrevivência.
Continuei imaginando que tipo de trabalho socialmente positivo possuía um modo de vida
semelhante. À medida que falávamos sobre isso, tornou-se claro, para nós dois, que o que ele
descrevera era parecido com a vida de um bombeiro. Quando discutimos o assunto, ele ficou muito
interessado e excitado a respeito desse tipo de profissão. Foi a primeira vez que ele demonstrou um
ligeiro interesse por qualquer tipo de trabalho. Começamos a fazer planos. A primeira coisa que
descobrimos quando solicitamos informações foi que era necessário um diploma do curso secundário.
Pedro deixara a escola na oitava série. No hospital, ele pediu cursos por correspondência, para que
pudesse tirar um diploma equivalente. E começou a se dedicar aos estudos. Quando teve alta,
arrumou um emprego, com o objetivo de enriquecer o currículo.
O tratamento surtiu efeito e a doença praticamente não se evidenciava mais. Isso lhe
possibilitou fazer os testes de aptidão física. Foi aprovado e, meses depois, foi aceito como novato no
curso de formação de bombeiros.

35 - Você não existe por acaso – Edson Meier


Quinze anos depois, Pedro voltou a me procurar. Disse que amava seu trabalho e sua vida. Havia
se casado e tinha filhos. Ele se sentia feliz no trabalho e em casa, e obviamente era um homem
competente e confiável. Nós nos despedimos com afeto.

25 – Quando o inferno é humano

“INFERNO de buraco e poeira. INFERNO de lama e atoleiro. INFERNO de estrada. INFERNO de


carro velho e sem ar. INFERNO de calor. INFERNO de distâncias. INFERNO de saudade, cansaço e dor.
INFERNO de gente arrogante. INFERNO de bicho com veneno. INFERNO de igreja. INFERNO de lugar,
para onde me mandaram como pastor. Mas, nenhum INFERNO permanece INFERNO, quando no
INFERNO nasce o amor. O INFERNO ganha cor. E quem sabe, os olhos já não vejam mais o INFERNO,
pois focam o encanto, a beleza, a amizade e as relações de valor. Até no INFERNO canta passarinho,
brinca criança, assobia trabalhador.... No INFERNO HUMANO, cresce esperança e cresce flor. Mas aí
já depende do sujeito, do texto e do autor”.
Conta-se que um velho sábio ficava sentado na porta de sua cidade todos os dias, vendo a vida
passar. Certo dia, um forasteiro defrontou-se com o sábio. Perguntou-lhe, então: “Meu bom senhor,
diga-me: como é esta cidade? ” “Pergunto-te eu”, retrucou o velho, “como é a cidade de onde vens? ”
“Muito confusa! Há gente má, invejosa, que só quer o mal dos outros”. “Ora, meu filho, então não
entre nesta cidade. Aqui terás os mesmos problemas! ” O forasteiro, desiludido, pôs-se a caminhar em
direção a outra cidade.
Tempo depois, um outro forasteiro, deparando-se com o velho sábio à porta da cidade,
perguntou-lhe: “Diga-me, meu bom velho, como é esta cidade? ” “Pergunto-te eu, como é a cidade de
onde vens? ” “Ah, meu senhor, a minha terra é de gente boa, amiga, ordeira. Há sempre alguém que
faz o mal, mas o povo, na sua maioria, é gente que trabalha, luta com dignidade, tem solidariedade e
amizade uns para com os outros”. “Então, meu filho, podes chegar. Esta cidade é idêntica à que tu
descreves! ” O forasteiro, feliz da vida, entrou na cidade.
Um menino, que tudo assistia, disse-lhe: “Por que deste ao primeiro uma resposta e ao segundo
outra? As perguntas foram as mesmas”. O sábio então respondeu: “Meu filho, aprende, pois, para
toda a vida: Não há cidade boa nem ruim; quem realmente faz o lugar onde moramos somos nós
mesmos”.

26 – Põe quanto és no mínimo que fazes!

“Para ser grande, sê inteiro. Nada teu exagera ou exclui. Sê todo em cada coisa. Põe quanto
és no mínimo que fazes. Assim, em cada lago, a lua toda brilha, porque alta vive”.
Perguntou-se a um sábio como conseguia ser sempre equilibrado e jamais perder a calma.
“Quando estou deitado, estou deitado. Quando estou sentado, estou sentado. Quando estou andando,
estou andando”, respondeu o sábio. “Isso todos nós fazemos! ” Reagiu o outro. “Justamente não”,
contrapôs o sábio. “Pois, quando vocês estão deitados, já estão sentados. Quando estão sentados, já
estão andando e quando estão andando, já chegaram ao destino! ”
Na correria do nosso dia-a-dia, sempre de novo nos flagramos dando o passo seguinte sem ter
dado o primeiro. Mal temos tempo para ouvir aquilo que nos é dito exatamente neste momento. Não
vemos a flor à beira do caminho. Não lembramos o que comemos no almoço. Não ouvimos a conversa
das crianças quando voltam da escola, nem percebemos as preocupações do cônjuge ou do colega de
trabalho e assim por diante.
A preocupação em vista do passo seguinte, o planejamento antecipado, sem dar valor ao passo
concreto que precisa ser dado hoje, nos traz o perigo de alienar-nos da realidade presente em que
vivemos. Isso não é bom para nossa saúde e pode também comprometer nossos relacionamentos
interpessoais e profissionais. Isso nos transforma em pessoas superficiais. Achamos ter tudo sob
controle, mesmo quando nos perdemos com relação ao essencial, pois o que esperamos para o
amanhã sempre terá mais valor do que aquilo que já vivemos no hoje.
Jesus aconselha aos seus discípulos: “Não fiquem preocupados com o dia de amanhã, pois o
dia de amanhã trará as suas próprias preocupações.

27 – A minha vocação

No Brasil, muitos jovens não têm a oportunidade de escolher a sua ocupação, o seu meio de
sustento, o seu trabalho, a sua profissão. São obrigados a abraçar a oportunidade de trabalho que
aparece, abandonando muitas vezes a escola. Em outros países, mais consolidados em termos
culturais, políticos e econômicos, a maioria dos jovens tem a oportunidade de decidir sobre a sua
vocação, e cada profissão exige a sua respectiva formação mínima. Logo, o pedreiro, p. ex., pode se
apresentar como pedreiro, com toda a confiança e competência que a atividade exige, pois passou
pelo curso de aprendizado de pedreiro e construtor. O mesmo vale para outras profissões.

38 - Você não existe por acaso – Edson Meier


Por mais que isso ainda demande algum tempo, chegaremos também no Brasil a essa realidade.
Felizmente, muitos já conseguem realmente escolher a sua vocação. Por isso, estimado jovem, a
escolha da profissão e a formação adequada nessa área é fundamental para o seu futuro e sua
satisfação na atividade que exercerá. Em alemão, quando se fala em profissão se diz “mein Beruf” - o
meu chamado, a minha vocação, a minha missão para a vida profissional. Veja, a preocupação
primeira não é o valor do salário e o status social da profissão almejada. A preocupação primeira é
algo bem pessoal e existencial. O que eu gosto de fazer. Quais são as minhas habilidades. Para que
tipo de atividade eu me sinto chamado, servindo assim eficientemente a coletividade. Todas as
atividades são importantes, e mais importante ainda é que o trabalhador tenha a formação adequada
e exerça a sua atividade com conhecimento de causa (profissionalismo) e motivação.

Sentir-se à vontade e realizado vale muito mais, principalmente no médio e longo prazo, do que
altos salários e status social. Há pastores que não se sentem bem em cultos e celebrações, mas adoram
as aulas de catequese. Deveriam ser professores, redirecionando a sua formação. Há médicos que têm
trauma de centro cirúrgico, mas adoram o contato com os pacientes. Deveriam ser clínicos gerais,
médicos de família ou até enfermeiros. Quem tem claustrofobia; ou seja, não se sente bem em
ambientes fechados, certamente não poderá ser um bom piloto de avião ou tripulante de submarino,
por mais fascinantes que possam parecer essas atividades para qualquer jovem.

39 - Você não existe por acaso – Edson Meier


28 – Servir a Deus na vocação

Conta uma lenda que Deus mandou dois anjos para a terra: um para ser líder de uma potência
mundial e outro para ser varredor de rua. Cada anjo fez o melhor no cumprimento de suas funções.
Chegado o tempo determinado, cada um compareceu para a prestação de contas. Terminado o relato,
Deus propôs que voltassem para a terra, agora com os papéis invertidos. Ambos, no entanto,
argumentaram que queriam cumprir a mesma função. Sentiam-se felizes e realizados, pois
reconheciam no seu trabalho a oportunidade de servirem a Deus.
A lenda faz lembrar uma questão bastante esquecida. O cristão serve a Deus através de sua
vocação. Se Deus torna a vida humana possível através das diferentes vocações, é urgente que
resgatemos a visão de que, através do trabalho, estamos a serviço. Por isso, Paulo exorta: “Trabalhem
com prazer, como se estivessem servindo ao Senhor e não às pessoas” (Cf. Efésios 6.7).

29 – A contradição

A empresa em que Paulo Roberto trabalha realizou a “semana da CIPA” (Comissão interna de
prevenção de acidentes). Na ocasião, promoveram um concurso de melhor frase e cartaz sobre
segurança. Como Paulo Roberto sempre gostou de fazer versos e poesias, compôs uma frase
associando a segurança no trabalho com a vida familiar. Ficou assim: “Ao sair de sua casa para o
trabalho todos ficam contentes; para continuar essa alegria no lar, evite acidentes”. Ele ganhou o
primeiro lugar com a frase e um prêmio equivalente a 30% do seu salário. Naquele dia, porém, em vez
de ir para casa festejar com a sua família, convidou os seus colegas mais próximos para irem a uma
lanchonete beber e comer para festejar a sua vitória. Vejam como ele caiu em contradição com o que
havia escrito na frase, dando belos conselhos e fazendo justamente o contrário. Paulo Roberto chegou
em casa de madrugada, bêbado, sem dinheiro, machucado e sujo. Certamente, Deus ainda o protegeu
de coisas piores que poderiam ter acontecido.
Nem sempre somos o que parecemos ser. A frase elaborada por Paulo Roberto foi premiada
porque era boa e útil, mas perderia o seu valor para quem observasse o seu comportamento. A sua
vida é assim, ela contradiz as suas palavras? Que tal você dizer agora a Deus como sua vida está
deformada e pedir que a endireite? Deixe a luz de Jesus brilhar na sua vida. Dê o primeiro passo hoje
com Ele e caminhe assim, dia após dia.

30 – O caminho da realização profissional


(Testemunho de um advogado)

Foi no tempo do Plano Collor, aquele que, de uma hora para a outra, confiscou o dinheiro das
pessoas, empresas e instituições que estava nos bancos. Hoje não se fala em “confisco”, pois os valores
foram devolvidos posteriormente. Mas, na época, vivia-se realmente o momento do confisco, da
impossibilidade de retirar os valores. Aos poucos, contudo, o governo foi abrindo “torneiras”, por meio
das quais o dinheiro começou a ser liberado. Há quem diga que esta foi uma das causas do fracasso
do plano. Uma destas torneiras foi o caso da doença crônica grave. Ou seja, quem estava em
tratamento contra um câncer avançado ou AIDS ou outra doença igualmente grave conseguia a
liberação do seu capital depositado.
Recém tínhamos aberto o nosso escritório de advocacia. Lembro até hoje daquela tarde em que
atendi o fazendeiro de uma cidade do interior mineiro. Sua aparência era de um homem jovial, forte
e bem corado, indicando que estava bem de saúde. Levei um susto quando finalmente ele falou o que
queria de mim como advogado: “Quero que você entre com um processo na justiça, provando que
estou com um câncer terminal, para poder liberar o meu dinheiro! ” Ao que eu logo lhe respondi: “Mas
você não está doente! ” Percebi que ele já começou a ficar um pouco nervoso e decepcionado comigo:
“Doutor, não se meta no que não é assunto seu. Faça apenas a sua parte. A parte médica eu já arrumei.
Tenho três médicos que farão um laudo favorável”. Não nos acertamos. Um outro advogado acabou
encaminhando o processo. Na época, fiquei um tanto chateado, pois tudo o que precisávamos era de
boas causas. Acabei nem contando o episódio ao meu sócio, temendo ser tachado de piegas e burro.
Para minha surpresa, alguns anos mais tarde, recebi a visita deste mesmo fazendeiro. Agora ele
estava acompanhado por mais dois homens, que me apresentou como seus irmãos. “Nosso pai
faleceu! Precisamos fazer o inventário e a partilha de todos os nossos bens. Você não imagina o quanto
já brigamos. Não confiamos um no outro e também não confiamos nos advogados que conhecemos.
O nosso medo é que um de nós entre em acordo com o advogado contra os demais. E então lembrei
de ti. Quando contei para os meus irmãos a tua negativa em aceitar aquele processo do dinheiro retido,
eles concordaram que você tem caráter para conduzir com isenção a partilha dos bens do nosso pai”.
Aquela família tinha muitas propriedades, o que nos deu muito trabalho. Mas, até os dias de
hoje, foi a causa de maior honorário que já tivemos no nosso escritório.
Cada um atua do jeito que acha conveniente. Mas, uma coisa é certa. No médio e longo prazo,
a coerência ética e o trabalho responsável pavimentam o caminho da realização profissional.
41 - Você não existe por acaso – Edson Meier
31 – A firma

Roberto gostava basicamente de um assunto: A firma em que trabalhava. Era realmente uma
empresa fantástica, um orgulho para a cidade. Fabricava carros esportivos. Nos encontros de família,
Roberto falava em detalhes dos novos modelos que estavam sendo lançados, as dimensões, o detalhe
das rodas e acessórios, os novos modelos de chicotes elétricos, o novo formato dos faróis e, claro, a
potência cada vez maior dos motores. Dava gosto ouvi-lo falar, tamanha era a sua empolgação com a
firma e o trabalho que fazia. Também não era para menos. Havia iniciado na firma jovem e crescera
com ela. Agora estava com quarenta anos. Uma única firma a vida toda. Roberto ostentava na estante
da sua sala de visitas alguns troféus, como o último que recém recebera: “Honra ao mérito, pelos seus
25 anos de firma”. Ele era realmente um exemplo de abnegação. Levava muito a sério a máxima da
sua firma, onde a chefia dizia frequentemente aos funcionários: “Em primeiro lugar está a firma,
depois vem a família, a igreja e a diversão”. Roberto não se importava em virar noites trabalhando ou
fazer horas extras no sábado e no domingo, quando uma importante remessa de carros precisava ser
entregue no prazo estabelecido.
E então veio a crise. O diretor da firma, filho do fundador, ágil e dinâmico empresário, faleceu
repentinamente em um acidente de carro. A família teve dificuldades para fazer a sucessão. Sem uma
gestão competente, a firma entrou em colapso. Em cada setor, houve muitas demissões. Também
Roberto foi demitido. Até porque ele estava no grupo dos funcionários mais antigos da firma. Seu
salário era muito alto para um serviço que qualquer rapaz novo poderia fazer. Pelo menos foi isso que
lhe disseram no setor pessoal na hora da demissão.
Roberto continuou sendo um homem falador. Mas agora falava com amargura, cheio de
desânimo e aflição. Percebia-se, claramente, que a vida de Roberto estava desmoronando, como
também desmoronava a sua antiga firma. A sua vida desmoronava porque tinha tido apenas um
fundamento: a firma. E este fundamento não era sólido. Era passageiro, como são passageiros e
perecíveis todos os fundamentos que os homens, por si próprios, querem dar a sua vida.
Certa tarde, o pastor o visitou. Roberto então lhe falou: “Sabe, pastor, eu tive que aprender com
a própria experiência. A firma não é a nossa família. A firma não é o nosso grupo de amigos. A firma
nunca deve estar em primeiro lugar, pois ela é apenas uma organização com fins comerciais, da qual
a gente participa ativamente enquanto é possível conseguir dali o nosso sustento. No mais, a gente
precisa estar preparado para começar tudo novamente em outro trabalho e outro lugar”. O pastor se
alegrou com o crescimento e a maturidade do Roberto. Levou-o até o veículo da Paróquia, onde lhe
deu um presente: Um lindo e reluzente instrumento de sopro. E acrescentou: “Estamos precisando de
mais um integrante no nosso grupo. Acho que agora você tem mais tempo. Você topa aprender a tocar
esse trompete? ”
Algumas semanas mais tarde, foi a vez de Roberto visitar o pastor e lhe devolver o instrumento
musical. Não podia mais aceitar o convite, pois estava se mudando com a família toda para uma outra
cidade no estado vizinho. Tudo isso por causa do novo emprego que conseguira numa firma de lá. A
mudança valeria a pena, pois já iniciaria seu trabalho em um cargo de chefia, numa firma de
equipamentos para carros esportivos. A sua nova firma era fornecedora de peças para a sua firma
anterior. Roberto estava muito animado com o novo trabalho. Ao se despedir do reverendo, ainda lhe
disse: “Sempre fui um operário padrão. E continuarei a sê-lo. Mas a firma jamais ocupará novamente
o primeiro lugar na minha vida. Há muitas áreas nas quais pretendo crescer e frutificar, e uma delas é
a dimensão da fé. Por isso, pastor, fique tranquilo, já tenho o endereço da nossa igreja de lá”. O pastor
lhe assinou a transferência e se despediram com alegria. Desde aquela experiência, Roberto não mais
depositou todos os seus interesses profissionais e comerciais numa firma apenas. Aprendeu a estudar
e acompanhar o mercado, inclusive a concorrência. E isso lhe possibilitou bons resultados.

32 – O alvo é o marreco vivo

“Cristo diz: Eis que tenho posto diante de ti uma porta aberta, a qual ninguém pode fechar.
Conheço as tuas obras... que tens pouca força, entretanto guardaste a minha palavra, e não me
negaste o meu nome” (Apocalipse 3.8).
No tempo das famosas caçadas aos marrecos selvagens, numa segunda-feira de folga, três
amigos pastores saíram para uma empreitada de caça. Depois de haverem já atravessado banhados e
levantado bandos de marrecos, o jovem pastor Alfredo resolveu falar aos colegas sobre as suas
dificuldades no novo trabalho paroquial: “Sofro frequentemente pressão de tudo quanto é lado,
porque há pessoas que querem que eu faça coisas que não combinam com um cristão e muito menos
com um líder da Igreja. Por isso, preciso estar sempre vigilante para não brigar por pouco nem me
desviar do objetivo da minha missão e vocação”.
“Menino”, respondeu o pastor Dionísio, o mais experiente entre eles. “Você ainda é novo e vai
aprender a sobreviver e ter jogo de cintura. Você leva as coisas muito a sério. Esse tipo de questão não
me causa mais preocupação. Quer saber? Se querem que eu faça alguma coisa, eu vou lá e faço.
Apenas cuido para que fique claro e registrado que a ordem partiu deles. Aprendi a valorizar o salário
que entra na minha conta no final do mês”.
O pastorzinho ficou pensativo e até meio sem graça, pois não sabia o que responder. Por que
foi abrir a boca?
Após um bom período de silêncio, o terceiro colega, o pastor Osmar resolveu intervir: “Puxa,
Dionísio, desculpa eu me meter na conversa de vocês, mas eu penso que as coisas não são tão simples
assim. Veja, nessa nossa caçada eu vi como você é bom nisso. E uma coisa me chamou a atenção. Você
não se preocupava em ajuntar logo os marrecos mortos, mas corria atrás dos que ainda tentavam
fugir e até mesmo entrava na água para apanhá-los. Penso que o inimigo do Evangelho faz a mesma
coisa. Ele deixa em paz o ‘marreco’ morto e persegue aqueles em que ainda há vida, aqueles que ainda
tentam escapar das suas garras”.
E assim teve início um bom debate entre os três colegas pastores.
Somos chamados para professar o Nome do Senhor Jesus. Ocupemos o nosso espaço. Embora
sejamos alvo de perseguições e ataques, não há inimigo forte o suficiente para fechar a porta do
testemunho cristão.

33 – Quando a maioria está errada

Uma experiência feita com adolescentes mostrou como eles reagem à pressão de seus colegas.
Grupos de 10 jovens foram levados para uma sala e instruídos a levantarem as mãos quando o
professor apontasse a linha mais comprida num gráfico. Entretanto, nove estudantes foram
previamente orientados para levantar as mãos quando o professor apontasse para a segunda linha
mais comprida. Mas ao décimo aluno nada foi dito.
A experiência começava com nove adolescentes votando na opção errada. Geralmente o
décimo aluno olhava em volta, meio confuso, mas acabava levantando a mão junto com os demais,
porque lhe faltava a coragem para desafiá-los.
Isso não acontece apenas com os adolescentes. Para todos nós é mais cômodo acompanhar a
opinião da maioria, pois dessa forma não existe o risco de errarmos sozinhos. Mas uma coisa é certa.
As grandes soluções normalmente surgem das opiniões dissidentes. Não tenha medo de ser crítico e
de ter opinião própria, principalmente quando o que se fala e o que se faz fere os seus princípios e a
sua coerência ética.

34 – Uma armadilha fatal

Conta-se de uma antiga armadilha esquimó contra lobos indesejados. Um punhal, com duas
lâminas afiadíssimas, era untado com sangue de lebre. Em seguida, era enterrado na neve com o cabo
para baixo, de forma que permaneciam visíveis apenas as lâminas de corte. Devido à baixa
temperatura, o metal ficava extremamente frio e o sangue nele congelava. O lobo aparecia à noite,
atraído pelo cheiro do sangue. Encontrando o punhal, começava a lambê-lo. Na medida em que lambia
o seu achado, o metal e o sangue congelado amorteciam a boca e a língua do lobo, de modo que ele
perdia assim a sensibilidade à dor. Isso o levava a atacar com mais voracidade a lâmina
ensanguentada. E neste ímpeto instintivo nem percebia que a cada lambida dilacerava a própria língua
e boca. Agora sorvia com satisfação um sangue fresco e quente. Sem notar que era seu próprio sangue,
atacava com mais intensidade ainda o punhal, causando um ferimento que normalmente se tornava
fatal. Sem condições de se alimentar posteriormente, por causa da boca dilacerada, acabava
enfraquecendo e morrendo, normalmente de fome.
Há coisas que dilaceram a nossa vida na exata medida em que as sorvemos prazerosamente. Os
vícios e os pequenos delitos normalmente podem ser caracterizados dessa forma. Temos muita
dificuldade de abandoná-los, porque nos apresentam um aparente bem-estar e sentimento de
realização e ostentação. E então segue o ímpeto e a voracidade incontrolável, o que nos tira de
qualquer fundamento de orientação e estruturação, destruindo a nossa vida e os nossos
relacionamentos de valor.

35 – E quando o cigarro acaba...

O cigarro é como um bicho de estimação, o prejuízo se compensa pela satisfação de


tê-lo ao lado.
Todas as noites eu “ligo” um cigarro na janela de meu quarto. Risco o palito na caixa, deixo
queimar um instante e então o encosto na ponta do cilindro de papel. É quando levanto os olhos para
a noite. Poucos carros se movimentando. A serena luz dos postes. As pessoas com quatro sombras. O
meu vizinho discutindo. O cachorro latindo. Os bêbados dançarinos. E quando minha atenção volta ao
cigarro, a brasa vai consumindo, brilhando a cada corrente de ar que passa.
A vida é como o cigarro: uma brasa quente que vai queimando todo o ser. Com preocupações,
neuroses e paranoias. Uma brasa que é acesa pelo moderno jeito de viver.
E quando o cigarro acaba...

36 – Leve-o para o seu lazer

Bem, o que é que vocês acham que é o algo mais sem o qual ninguém pode viver nos seus
momentos de descanso, no campo ou na praia? Pensem um pouco. Roupas mais confortáveis? Um
caniço? Uma cadeira especial? Uma raquete de tênis, uma tesoura de grama, um livro preferido?
Não, errou todo mundo. A única coisa realmente indispensável, na praia ou no campo, sem a
qual você não é nada, ninguém lhe presta a menor atenção, você não vive socialmente nem dorme
em paz, é o cigarro Gold Smoke.
Está surpreendido? Isso mostra apenas que você não sabe nada do mundo em que está vivendo.
Que você não conhece nada dos prazeres que a vida pode lhe oferecer. Você não sabe que a primeira
coisa que você tem a fazer, ao chegar ao ar livre da serra ou ao ar puro do mar, é botar um Gold Smoke
na boca, acendê-lo com um gesto másculo, mas suave, decidido, mas elegante, e começar a poluir a
atmosfera. Talvez para que não haja um desequilíbrio muito grande entre o ambiente em que você
vive e aquele em que vai passar seus momentos, dias de descanso.
É isso aí. As propagandas dizem que é assim. Os amigos também. Um descanso não é verdadeiro
sem um bom fumo, um excelente tabaco, nos dias de hoje quase sempre em forma de cigarro. E,
sendo cigarro, o verdadeiro é fumar Gold Smoke. As moças já o olham. Acenda, pois, outro Gold Smoke
com aquele olhar de suprema indiferença do verdadeiro fumador de Gold Smoke. Encha seus bolsos
com pacotes de Gold Smoke e a traseira de seu carro com uma boa reserva de pacotões de Gold
Smoke. Não deixe seus pulmões correrem o risco de uma golfada de ar simples, talvez até mesmo
puro. Fume Gold Smoke ininterruptamente.
De todas as flores da civilização, o fumo é a melhor de todas, mesmo sem ser propriamente
uma flor.

37 – A fumaça que mata

Três em cada dez mortes por câncer se devem ao vício de fumar. Incluídas as mortes associadas
a doenças circulatórias, como as cardíacas, o cigarro mata 3 milhões de pessoas por ano no mundo
inteiro. O cigarro causa 95% dos casos de câncer de pulmão e está ligado a tumores das vias aéreas
(boca, língua, lábios, garganta, laringe, faringe, esôfago), do pâncreas, dos rins, da bexiga e do colo do
útero.
46 - Você não existe por acaso – Edson Meier
O risco de morrer de câncer de pulmão é 22 vezes maior para fumantes que para não fumantes.
Quem fuma um maço ou mais por dia perde, em média, quinze anos de vida. Cada tragada joga no
pulmão 4000 substâncias químicas, 43 delas comprovadamente cancerígenas. “Fumar é a maneira
mais segura de antecipar a morte”, diz o cancerologista Dráuzio Varella, que perdeu um irmão de 45
anos, também oncologista, fumante, com câncer de pulmão. A maioria dos fumantes sabe disso, mas
mesmo assim se considera a salvo. “Nunca achamos que vai acontecer conosco”, explica Varella.
Quando acontece, é tarde demais para abandonar o vício.

38 – A bengala química
(Relato pessoal do P. Edson Meier)

Aquele que se acostuma a caminhar auxiliado por uma bengala, terá dificuldades em andar sem
ela, pois o corpo cria uma rotina, um jeito de se locomover, pensar e confiar, do qual a bengala é um
elemento importante e estruturante.
Quando avaliamos as nossas rotinas, objetivamente, sem falsos moralismos, constatamos que
todos temos as nossas químicas, compensações e recompensas que nos movem e motivam.
É difícil imaginar um pedreiro sem a sua garrafinha de café. Para alguns, o café se torna pouco
e precisa vir na companhia de um cigarro. E, então, a volta ao trabalho pesado vem acompanhado de
novo ânimo e energia.
Mas, também trabalhos administrativos e estressantes, do ponto de vista intelectual, chamam
por um momento de relaxamento e recarga química. Trabalhei com vendas para escritórios de
contabilidade e passava horas sentado nas salas de espera, aguardando por uma lacuna de tempo do
contador. Observava como as funcionárias (eram maioria) saíam para fora, em horas estabelecidas,
em duplas ou trios para fumar. Enquanto o cigarro queimava, mantinham um diálogo eufórico e
empreendedor. Minutos depois, voltavam, de cabeça baixa e em silêncio, para sua bancada de
trabalho, dispostas a render na sua rotina, até a próxima folga.
Há quem diga que o problema do vício é esse. A “bateria” é carregada e a carga tem um tempo
de duração. A vida passa a ser estruturada de acordo com a necessidade das recargas. E quando a
recarga não vem...
Entendidos dizem que a abstinência de nicotina é a mais difícil de vencer, pois, como bengala
química, estimula a mente e o psicológico para os desafios do dia-a-dia. Algo parecido pode ser dito
da maconha e das demais drogas, com a agravante de que as drogas podem levar à fuga da realidade
e dos compromissos, ao invés do seu enfrentamento.

39 – Mudança de hábito

“Façam tudo sem queixas nem discussões” (Filipenses 2.14).


Um pastor apresentou à sua congregação um desafio que parecia ser impossível vencer: ficar
21 dias sem se queixar (alguns dizem que esse é o período de tempo necessário para se desenvolver
um novo hábito). Foram distribuídas pulseiras especiais aos participantes, lembretes, para todos
viverem vidas livres de reclamações. Assim começou um movimento que se espalhou por outras
congregações, e milhares de pulseiras foram distribuídas.

40 – A acelerada fatal
(Testemunho pessoal do P. Edson Meier)

A festa tinha sido bem legal, do jeito que gostavam, longe dos pais, professores, dos velhos em
geral. Mas os meninos e também as meninas beberam. Beberam a noite toda. Beberam demais! Os
dois amigos saem meio abraçados, meio escorados um no outro, cambaleando. Um deles assume o
volante, o outro senta ao seu lado e abre rapidamente o vidro do passageiro, estica parte do peito e
a cabeça para fora e começa a vomitar. O outro se prepara para pilotar a sua máquina. Acelera tudo!
Ele gosta de sentir a potência, o poder do motor. Pneus uivando, pedras voando e aquela poeira.... Ele
apenas não se deu conta de que o carro estava engrenado na marcha ré. Não houve tempo nem
habilidade para nada. O carro estava louco, desgovernado. Ouviu-se apenas a batida. E lá estava o
amigo agonizando, prensado entre o poste e a porta do carro. Naquela madrugada, o pai foi chamado
para buscar o seu precioso menino, que fora sempre tão inteligente, estudioso, cheio de planos,
universitário.... Ele aproximou-se. Limpou o seu rosto e o carregou nos braços... pela última vez.
Os dois meninos foram alunos na nossa escola até concluírem o Segundo Grau. Meninos de
boas famílias. Meninos com projeto de vida profissional. De repente, um deslize, uma bobeira - a
mistura fatal: álcool e direção.
Estimada condutora, antes de acelerar, certifique-se de tudo, a marcha correta, os espelhos
retrovisores, a calçada, a ciclovia, os dois lados, a direção a seguir, a sinalização vertical e horizontal,
a faixa de pedestres, onde você precisa parar. Mas, se você bebeu, ignorará as aulas da Autoescola.
Você só lembrará que é “macho” e bom o suficiente para pisar fundo, acelerar.
E então, quando a tragédia é assim, definitiva, nos resta apenas a possibilidade da reflexão. Não
demos bons exemplos para os nossos filhos. Somos de uma geração que bebeu, misturou de tudo,
dirigiu e assistiu, ou se envolveu em muitas tragédias. A lei modificou, endureceu. E é evidente que
queremos fazer de tudo para que novas tragédias não aconteçam. Existe a possibilidade de controlar
alguns fatores que, e isso sabemos por experiência própria, implicam em riscos. Segundo entendidos
em trânsito, a maioria dos acidentes são evitáveis, pois acontecem por imperícia, imprudência ou por
falta de atenção. O trânsito já é considerado o local de maior convivência entre as pessoas e, ao
mesmo tempo, ainda é o local onde as pessoas menos se respeitam, onde mais demonstram falta de
civilidade e educação. E assim, os filhos crescem vendo o mau exemplo dos pais. Na questão da
legislação, conservação das estradas, sinalização e fiscalização, estamos melhorando gradativamente,
até por uma questão de necessidade. O que carece de uma maior prioridade é realmente a formação
cidadã para o trânsito, em todos os níveis e faixas etárias.

41 – O vírus do preconceito

É possível dizer que o preconceito é uma grave enfermidade. Atinge o corpo e a alma do ser
humano. Todos nós somos agentes ou vítimas deste vírus letal que se espalha por toda a Terra e afeta
toda a humanidade, independentemente de etnia, sexo e credo religioso. A partir desta hipótese,
podemos abordar alguns de seus sintomas.
49 - Você não existe por acaso – Edson Meier
O primeiro deles é que o preconceito configura poeira na inteligência. Uma pessoa vítima deste
mal fica com a inteligência comprometida, turva, seus pensamentos tornam-se curtos, limitados,
pobres. Seus juízos tornam-se mesquinhos.
O livro bíblico de Gênesis nos diz que Deus ordenou ao homem dar nome às coisas. Dar nome
às coisas é uma atividade do intelecto. É discernir entre coisa e coisa. É pensar com profundidade. É,
também, estabelecer uma ponte entre a condição de sujeito e a condição de objeto. O objeto adquire
valor concreto.
O homem-humanidade, ser criativo e co-criador, imagem e semelhança de Deus, é chamado e
envolvido no processo de dar nome às coisas, reconhecendo o valor de toda a criação e de todas as
coisas criadas. Segundo a vontade do Eterno, ser irmão do irmão, vendo em tudo e em todos a mão
poderosa de Deus, e no uso de sua faculdade de pensar ver que tudo o que Deus fez é bom.
Uma pessoa preconceituosa não consegue voar nas asas do pensamento para distanciar-se do
seu pequeno mundo. Jamais consegue sair do poço escuro onde reside para contemplar a claridade
da plenitude da vida.
O segundo sintoma da doença é que o preconceito configura trave no olho. Jesus Cristo disse
que primeiro deveríamos tirar a trave dos nossos olhos antes de enxergar o cisco nos olhos do nosso
próximo. Jesus era um profundo conhecedor da alma humana e sabia que os olhos são janelas, através
das quais se pode ver o interior de uma pessoa. A Bíblia fala muitas vezes no olhar de Jesus. Ele não
tinha os olhos maculados pelo vírus do preconceito. Por esta razão, tinha sempre um olhar saudável
que irradiava vida e amor. Olhou para Zaqueu e, sem preconceito, mandou-o descer e quis pousar em
sua casa. Olhou para a mulher pecadora e, sem preconceito, ofereceu-lhe o reino dos céus. Olhou
para o jovem rico e, demonstrando seu amor, convidou-o a segui-lo.
Quando a comunidade canta: “olhar com simpatia o erro do irmão”, está dizendo que deve
olhar o outro sem preconceito.
Martinho Lutero, no Catecismo Menor, recomenda que se deve interpretar tudo sempre da
melhor maneira. Isto significa que, quem olha com preconceito nunca consegue ver o que de belo
existe no conceito. Conceituar é ver as coisas no conjunto, em sua essência. Ver sem preconceito
significa ver o todo. Enxergar por todas as janelas, tendo a clareza que, os pontos de vista são
diferentes, pois todo ponto de vista é a vista de um ponto. É importante buscar entender sempre que
somos diferentes nos nossos saberes e opiniões.
Finalmente, o preconceito é esclerose no coração. O coração, em linguagem metafórica, é a
sede dos nossos sentimentos, do nosso afeto, do nosso amor. Nele está a poesia, filha legítima do
encontro do intelecto com a emoção. O coração pode ver além dos olhos. Ele vê o essencial, como
dizia o Pequeno Príncipe, personagem de Saint-Exupéry, “o essencial é invisível para os olhos. Só se vê
bem com o coração”.
Como, então, superar o preconceito? Como destruir o vírus milenar que corrói o nosso ser?
Como povo de Deus, como Igreja, como comunidade de médicos e paramédicos do Espírito, devemos
exercitar-nos para que, na procura de uma vida mais saudável, pessoal e comunitariamente, sejamos
curados da poeira na inteligência, da trave nos olhos e da esclerose do coração, para sermos sinais
do Reino, vencendo todas as formas de preconceito, guiados pelo Espírito de Deus.
50 - Você não existe por acaso – Edson Meier
42 – Isso é “demais de bonito”
(Relato pessoal do P. Edson Meier)

Conta-se no Mato Grosso que, em um show de um famoso cantor sertanejo em Cuiabá, após
cantar “Foi bonito demais”, ele parou e pediu à plateia: “De novo, só vocês”. O público, de imediato,
atendeu ao pedido do ídolo, cantando a plenos pulmões: “Foi demais de bonito...”. O artista não se
conteve e começou a rir, interrompendo a música e elogiando o público: “Vocês cantam demais de
bonito! ”
É comum o cuiabano inverter a ordem das palavras. Assim, p. ex., quando ele quer dizer que
uma criança é bonita demais, ele fala: “Esta criança é demais de bonita! ”
Numa das minhas andanças pelo interior do Mato Grosso, quando estava parado em um posto
de combustível, chegou outro veículo com um jovem casal e uma criança de colo. Ao desembarcar,
ela disse ao marido: “Amor, vai lá e pede para a moça da cozinha mornar a mamadeira. Enquanto isso,
eu vou no banheiro banhar o nenê e ponhar outra fralda”.
Alguns destes termos me soaram estranhos. Fiquei refletindo. Fazem sentido. Nós, sulistas,
falamos “esquentar a mamadeira”. Na verdade, a gente apenas a deixa morna. E o verbo “mornar”,
de acordo com o dicionário, existe na língua portuguesa. Nós falamos “tomar banho”. Mas, mesmo
no lugar em que vivemos, há, p. ex., empresas que fazem tratamento químico em peças, chamando o
procedimento de “banhar no zinco”, “banhar no cromo...”, dando a entender que, ao contrário de
apenas receber um jato do material, as peças são efetivamente mergulhadas no líquido. Pensando na
tradição indígena do Mato Grosso, onde tomar banho significa mergulhar no rio, nada mais natural e
lógico do que falar: “Eu vou banhar a criança”. Agora, quanto ao “ponhar”, pensei: “Aqui a mulher
está errada”. Como o povo local usa muito esse termo, decidi recorrer ao professor de sempre, o
dicionário. E lá constava: “Ponhar – Fala popular do verbo pôr. Exemplo: ‘quem não me der esmola eu
quebro de manguara, porque ninguém tem coragem de me ponhar a mão’ (Valdomiro Silveira, Os
Caboclos. P. 76) ”.
O respeito à diversidade não é algo fácil. Sempre queremos moldar os outros de acordo com a
nossa cultura e o nosso modo de pensar, esquecendo que o conhecimento não é algo fechado e
pronto. A própria língua de um país vai sofrendo modificações com o passar do tempo, adequando-se
igualmente a questões regionais e culturais. Por isso, desenvolver a tolerância e a capacidade de
compreender que há diferentes saberes e que é fantástico ensinar ao outro e, ao mesmo tempo,
crescer ao aprender com ele é “demais de bonito”.

43 – Ideologia

O assunto ideologia é tão amplo e tão complexo, que o melhor é começar tentando dizer o que
é ideologia, ir dando uns exemplos. Cada um vai, aos poucos, fazendo a tentativa de compreender,
ver, na prática, como a ideologia acontece.
A ideologia não significa mais o que por sua etimologia deveria significar, isto é, estudo das
ideias. Passou a significar coisa bem diferente e a ter uma figura negativa e pejorativa. Acontece que
alguns ainda usam a palavra “ideologia” para significar o conjunto de ideias, valores e maneira de
pensar de pessoas e grupos.
Então é preciso distinguir bem. Ideologia pode significar:
1) O estudo das ideias (sentido etimológico).
2) Conjunto de ideias, valores, maneira de sentir e pensar de pessoas e grupos.
3) Ideias erradas, incompletas, distorcidas, falsas sobre fatos e a realidade.
Daqui para frente nós só vamos usar a palavra ideologia no último sentido, isto é, como uma
maneira errada e limitada de ver as coisas.
Vamos então discutir algumas coisas sobre como e porque as pessoas podem ter ideias erradas
sobre as coisas. Será que é culpa delas? Quem pode dizer que não tem ideologia?
Para entender isso, é preciso ver como nós ficamos sabendo das coisas e quem é que nos diz as
coisas. É preciso ver se aqueles que nos dizem as coisas não nos dizem apenas metade das coisas, ou
só um jeito de ver as coisas.
Você já pensou por que você acha que é o que é? Por que se define como estudante, brincalhão,
rapaz, bom jogador de futebol? Quem ensinou para você as palavras, quem deu as definições das
palavras “estudante”, “brincalhão”, etc.? Aí você começa a ver que nós somos, em grande parte, o
que os outros nos dizem, ou acham que somos. E, à medida em que nós vamos percebendo o que os
outros pensam e acham a nosso respeito, nós vamos formando nossa identidade.
É claro que não é só isso que forma nossa identidade. Nós podemos também refletir, tomar
consciência do processo de como a gente é o que é, e tentar mudar. Mas, em grande parte nós ficamos
condicionados à influência dos outros, inclusive pelo fato de termos de aceitar a própria linguagem e
as definições das coisas que os outros nos deram.
Agora começa, contudo, a parte mais importante, que nos ajuda a entender o que é ideologia.
Você acha que todas as definições, todas as explicações das coisas são dadas sempre com sinceridade,
procurando sempre dizer a verdade e toda a verdade? Será que por trás das definições das coisas
(inclusive do próprio conceito que os outros fazem de nós), atrás das explicações que as pessoas dão
para as coisas, não há algum interesse em esconder algo, em acentuar alguns aspectos e diminuir
outros?
Pois é isso que precisamos descobrir. E quando nós chegarmos a constatar que as coisas não
são exatamente como as estão contando, então nós estamos diante de ideologias. Quem é inteligente
e vivo fica sempre de olho para descobrir como as pessoas, se não chegam a mentir de fato, ao menos
dizem apenas parte da verdade. Vamos dar uns exemplos, que assim a gente vai entendendo melhor.
Conversando com uma senhora, que era empregada assalariada, ela me disse: “Rico é aquela
pessoa que soube poupar”. Você acha que isso é verdade? Todas as pessoas que poupam são ricas? E
todos os ricos são pessoas que pouparam?
Você pode facilmente descobrir que não. Rico é aquele que ganha muito dinheiro. Se você
recebe o salário mínimo pode poupar quanto quiser, que não acaba rico nunca. Examinando melhor,
a gente vai ver que os grandes ricos, mesmo, são aqueles que são donos de fábricas e terras, que se
enriquecem em grande parte com heranças, inovações criativas, o gerenciamento do trabalho dos
outros ou de aplicações financeiras de capitais. Isso sem falar dos que enriquecem de forma ilegal.
Por que, então, se insiste tanto em que se deve poupar, a tal ponto que algumas pessoas
acabam acreditando que é poupando que a gente fica rico? Isso é por três motivos: primeiro,
realmente é verdade que o planejamento financeiro nos ajuda a gastar e investir melhor o nosso
salário. Esta é a parte verdadeira dessa afirmação. Segundo, para dar uma explicação para as pessoas
que têm pouco, que são pobres; para dizer a elas que são pobres porque não pouparam; os outros
são ricos porque pouparam. Aí elas ficam bem quietas e ficam sabendo que a culpa é delas mesmas.
Terceiro motivo, para que elas, apesar do pouco que tenham, ainda façam uma poupança, pois pela
sua poupança muitos outros vão enriquecer, principalmente os donos dos bancos, cadernetas de
poupança, etc. Assim, a poupança do pequeno vai ajudar o grande a ganhar mais dinheiro ainda.
Uma outra frase parecida com essa é a que se ouve seguidamente entre os trabalhadores:
“Quem trabalha mais e melhor, ganha mais”. Você pode ver claramente que essa é só uma meia-
verdade. Ele ganha realmente um pouco mais e sempre é positivo ser reconhecido e merecer a
confiança da chefia. Contudo, não são os que mais trabalham que ganham, necessariamente, mais.
Quem é pouco remunerado no seu trabalho continuará ganhando pouco, mesmo que trabalhe muitas
horas a cada dia.
Se você ler um jornal, qualquer jornal, vai ver imediatamente muitas meias-verdades, em cada
página. Os jornais publicam só o que querem e onde querem.
A gente não pode dizer que eles mentiram. Vejam bem, não estamos falando de blogs ou redes
sociais. Estamos falando de jornalismo – jornais. Talvez tudo o que está no jornal tenha acontecido. O
problema é que o jornal, conforme sua ideologia, seleciona o que quer, combina com o que quer e
publica o que quer. E nós saímos acreditando que o jornal diz toda a verdade.... Antes de ler o jornal
ou assistir ao telejornal, a gente precisa saber que ideologia tem esse jornal. O ideal é ler e assistir
vários jornais e telejornais, de ideologias diferentes, o que nos ajudará a formar uma opinião crítica
própria.

Há pessoas que são marionetes de outras pessoas, são manipuladas por gurus, líderes
religiosos, partidários e de grupos os mais diversos. São os indivíduos chamados de “sem noção”. É
triste também observar os que “não se enxergam”; ou seja, não entendem a sociedade, a dinâmica
das forças que a organizam e acabam defendendo valores que não são os do seu grupo de convivência,
do grupo de pessoas que compartilha as mesmas condições de vida. Só com muita reflexão e
consciência crítica você será realmente você, você saberá porque é assim e entenderá o lugar em que
vive e as pessoas com quem convive. E essa verdade o libertará, tornando-o sujeito das suas decisões.
O processo de conscientização se desencadeia tanto a nível de consciência pessoal como a nível
de consciência de grupo, de classe. A consciência de classe é um processo grupal e se manifesta
quando indivíduos conscientes de si se percebem sujeitos das mesmas determinações históricas que
os tornaram membros de um mesmo grupo. Isso pode levar a um processo de conscientização de si e
conscientização social. De outro lado, o indivíduo consciente de si necessariamente tem também
consciência de pertencer a uma classe ou grupo. Mas, enquanto indivíduo, esta consciência se
processa transformando tanto suas ações como a ele mesmo.
Os dois níveis deverão estar interligados. Poderá existir um indivíduo consciente num grupo
alienado, mas essa posição é dolorosa e não é sustentável por muito tempo. Cedo ou tarde ele
precisará se decidir. É desgastante conviver em um grupo de pessoas com quem a gente não
compartilha práticas e ideias.

44 – Notícias: as belas meias-verdades

55 - Você não existe por acaso – Edson Meier


As notícias veiculadas pela mídia ainda são a parte mais importante na formação, tanto da
opinião pública como também da compreensão individual de cada cidadão da realidade que o cerca.
Elas vão direto à mente das pessoas e vão construindo a realidade, a verdade, os fatos e os
acontecimentos. Sem exagero, as notícias constroem a história e o mundo para nós.
É preciso ter um cuidado enorme, e um espírito crítico muito aguçado, para não se deixar
embrulhar e não deixar que as notícias façam a cabeça da gente. Não temos medo de dizer que a
preservação da liberdade de uma pessoa está diretamente relacionada à maneira como ela se
comporta em relação às notícias que recebe, principalmente dos meios de comunicação, mas também
de todos os grupos que a rodeiam.
Inicialmente, é importante destacar que é necessário se colocar diante de qualquer notícia com
uma atitude crítica. Crítica vem de julgar. Quando alguém é julgado, é necessário que se vejam os dois
lados. Por isso, num julgamento há o advogado da defesa e o da acusação. Ter atitude crítica é ver
sempre os dois lados: o da polícia e o do suposto bandido. Por isso, a justiça é representada com uma
balança na mão. É impossível imaginar uma balança com um lado só; não seria balança. É verdade que
ela, às vezes, é bem cega, mas ao menos tem como ponto de partida indispensável a necessidade de
se verem os dois lados.
Tem uma postura crítica, então, quem recebe as notícias e informações com um pressuposto
absolutamente necessário: a convicção de que tudo tem seus dois lados. Antes de ouvir ou ver
qualquer coisa, ele já está prevenido: sendo que tudo o que existe no mundo é histórico, é relativo,
logo tudo contém ao menos dois lados. Isso é espírito crítico.
Que coisa triste é ver pessoas ingênuas, que acreditam em tudo o que se diz, sem ao menos
desconfiar. São embrulhadas, enroladas, e servem de massa de manobra para interesses de outros.
Vivem de cantadas, de mentiras. Não imaginam que há pessoas que mentem sem o menor
constrangimento. Não se previnem e não têm sempre presente que, assim como uma pessoa pode
dizer a verdade, pode também dizer meias-verdades ou até mesmo mentiras.
Em um segundo momento, é importante entender que há dois mecanismos que são usados em
qualquer notícia e servem para distorcer ou colorir os fatos.
Mecanismo de seleção: Precisamos saber que as notícias dadas são sempre compostas de
alguns elementos, apenas, do fato acontecido. Por exemplo, uma passeata. Numa passeata
acontecem ao menos 200 coisas que poderiam ser contadas. Mas, o jornal seleciona apenas as que
quer. Um exemplo real: numa passeata a favor da vida, da ecologia, e contra as armas nucleares,
reuniram-se mais ou menos 20 mil pessoas. No dia seguinte, a notícia apareceu em dois jornais de
orientação diferente. O jornal mais popular escolheu para manchete o seguinte: “20 mil manifestantes
a favor da paz”. O jornal mais aristocrático, da elite, colocou na sexta página uma notícia que tinha
este título: “Contestadores e subversivos dizendo palavrões”. Vocês estão vendo? Quem mentiu?
Ninguém, pois na realidade havia 20 mil pessoas, a favor da paz, eram contestadores (mas
contestavam a guerra, a destruição da natureza), subversivos (isto é, não aceitavam uma ordem ditada
de cima, uma ordem injusta) e, certamente, como em qualquer passeata, poderá ter havido alguma
palavra mais forte, algum palavrão.
Agora veja você: os que dão a notícia dizem apenas o que querem. Eles escolhem, selecionam
apenas o que lhes interessa. Os vídeos focalizam só as pessoas bem vestidas, ou só as mais sujas,
conforme convém aos que estão filmando. Procura-se provar o que interessa ao veículo de
comunicação e não mostrar, necessariamente, o conjunto todo. Mas, quem assiste acha que a coisa
foi assim mesmo, como foi mostrada ou dita.
Mecanismo da combinação: Consiste em colocar junto duas coisas que não têm nada a ver uma
com a outra. Pelo fato de estarem juntas, as pessoas vão pensar que elas se relacionam. Por exemplo:
quando se dá uma notícia sobre desordem, arruaças, etc., coloca-se sempre junto determinados tipos
de pessoas, moradoras de determinados lugares. De tanto se verem as duas coisas juntas, acaba-se
acreditando que uma depende da outra, isto é, que são as pessoas desse perfil social e econômico
que fazem desordem e arruaças. Do mesmo modo, quando se dá uma notícia de um acidente, ou de
uma destruição ou corrupção, coloca-se sempre junto alguns da oposição, do partido contrário. Aos
poucos, de tanto ver a coisa junto, acaba-se aceitando que quem é o corrupto e culpado de tudo é a
oposição.
Através desses dois mecanismos, de seleção e de combinação dos elementos da notícia,
transformam-se completamente as notícias. Elas chegam até a dizer o contrário do que de fato
aconteceu. Preste bem atenção, e você vai entender. Quando há um problema numa sala de aula, por
exemplo, veja como o professor conta a história e como os alunos contam a história. Certamente a
coisa sai bem diferente e a verdade como um todo não vai estar nem de um lado nem do outro. O
mesmo acontece com os meios de comunicação. Sábio é ouvir os dois lados. Importante é consultar
vários jornais e sites, obtendo assim uma visão mais ampla dos fatos, o que possibilita um
posicionamento pessoal e crítico.

45 – Quando a “fake news” vira estratégia de guerra

57 - Você não existe por acaso – Edson Meier


Em 1831, Abraham Lincoln falhou como homem de negócios. Em 32 não se elegeu como
deputado. Em 34 foi eleito. Em 35 morreu a sua namorada. Em 1836 teve uma séria doença nervosa.
Em 38 não se elegeu presidente da Assembleia. Em 40 foi derrotado como candidato a membro do
colégio eleitoral. Em 43 foi derrotado para o Congresso. Em 1846 foi eleito para o Congresso. Em 48
foi derrotado para o Congresso. Em 50 foi derrotado para o Senado. Em 56 foi derrotado para vice-
presidente. Em 58 foi derrotado para o Senado. Teve, contudo, a vitória de ser eleito presidente dos
Estados Unidos em 1860.
Não queremos aqui idealizar os Estados Unidos, dando a entender que a sua democracia se dá
de modo perfeito e sem injustiças e violências. Esse presidente eleito em 1860, Abraham Lincoln, cinco
anos depois, no dia 15 de abril de 1865, foi assassinado por motivações políticas. Contudo, uma coisa
é fato e verdadeira, em pleitos democráticos, as disputas são acirradas e sempre haverá aqueles que
conseguem êxito e aqueles que são derrotados. A derrota, porém, não significa e não deve significar
aniquilamento do adversário. O debate continua, pois o que se busca é o melhor para a sociedade.
Muitas vezes, segmentos da oposição são integrados no governo, numa proposta de coalizão, pois um
bom governo procura atender a todos. No pleito seguinte, as forças políticas voltam a medir os seus
apoios, forças e ideias, podendo resultar em alternância de poder, sem causar grandes traumas e
rupturas, o que é salutar, pois desinstala certos vícios e aparelhamentos partidários.
Quando um pleito democrático se transforma em uma guerra, ele deixa de ser uma disputa
democrática. A guerra possui as suas regras próprias, que não têm nada de democrático. Guerra é
guerra. Ninguém entra numa guerra se existe a possibilidade de perder. O lema no combate é sempre
vencer ou vencer. Matar ou morrer. A derrota significa capitulação, morte, humilhação e prisão. Na
guerra não há adversários. Há inimigos. Com inimigos não existe debate e diálogo, nem diplomacia,
pois representam a encarnação de tudo o que está errado e tudo o que precisa ser eliminado.
Quando se olha objetivamente para uma guerra, como observador e sem estar envolvido e
comprometido com uma das partes, percebe-se claramente que não existe o lado bom e o lado ruim,
o mocinho e o bandido. Ambos os lados têm interesses em jogo, o que os leva a acertos, erros,
atrocidades e violações. Os combatentes envolvidos no conflito, no entanto, pensam apenas a partir
do seu ponto de vista; ou seja, somente eles são o lado correto. E o mais importante: a população civil
local precisa ser convencida disso. Estrategistas militares sabem que o apoio civil em qualquer conflito
é fundamental para a vitória, pois significa apoio logístico, intercâmbio de informação, delações,
rendições, traições nas linhas inimigas, etc. Como conseguir esse apoio? Uma das estratégias é a
atuação do grupo de contrainformação. Esse grupo de inteligência passará a “fabricar” notícias e
mensagens, buscando demonizar o inimigo e, ao mesmo tempo, estender a “mão amiga e solidária”
que representam. Em alguns filmes antigos de guerra, vez ou outra aparecia um avião que sobrevoava
as aldeias jogando panfletos de propaganda contra os inimigos e a favor do lado amigo. Hoje, as redes
sociais são um meio muito mais abrangente e eficiente. Vejam, a notícia assim divulgada não provém
de um furo de reportagem, de informações interceptadas, de um lapso ou erro do inimigo e nem
mesmo pode ser chamada de uma meia-verdade. Não existe uma preocupação com a verdade. A
notícia é fabricada com um único objetivo: destruir o inimigo e vencer a guerra.
Houve um tempo no nosso país em que as ruas se enchiam de lixo nos dias de votação. Eram
milhões de panfletos espalhados e entregues. Sempre houve panfletos apócrifos (falsos e sem
identificação), que espalhavam inverdades sobre determinados candidatos. A própria mídia
hegemônica brasileira sempre se utilizou de divulgação estratégica de certos “escândalos”,
favorecendo determinados candidatos e partidos. No pleito eleitoral do ano passado (2018), contudo,
passou-se a utilizar a estratégia militar da contrainformação na campanha. O debate democrático de
ideias e propostas foi substituído pelas vociferações de ódio e “fake news” (notícias falsas, mentiras
fabricadas) nas redes sociais. Basta observar, terminada a “guerra”, oponentes continuam a se tratar
como inimigos, quando, em uma democracia consolidada, deveriam ser no máximo adversários, que
têm a capacidade de promover o debate democrático, buscando a melhoria das condições de vida de
todo o seu povo.
A democracia e as instituições brasileiras estão implodindo. Felizmente, principalmente os
jovens estão começando a entender essa desconstrução e estão se posicionando e exigindo
mudanças, pois é o seu futuro que está em jogo. Já a geração dos “cinquentões”, que enfrentou os
tempos dos anos 60, 70... está meio cansada. Muitos pensam: “Caramba. Esse filme eu já vi e está
começando tudo de novo”. Mas, queridos, vocês jovens estão certos. Precisamos nos erguer e voltar
a sonhar com um país que nos dê orgulho e oportunidade de uma vida mais digna e justa para todos.

A cidadania e a democracia passam pelo engajamento político, a prática da boa


política, onde a gente debate, segue regras, negocia, perde e às vezes ganha, preservando
sempre a dignidade, a autonomia e o respeito mútuo.

59 - Você não existe por acaso – Edson Meier


46 – A força da utopia

Nós sempre fomos ensinados, desde que começamos a ver e ouvir, que realidade é o que está
aí, o que nós vemos, o que nós podemos apalpar, o que existe. Nós formamos uma ideia de realidade
a partir do que está presente, a partir do que existe agora. Podemos então perguntar: Mas, “realidade”
é só isso? Realidade não é também o que será? O que é “possível” não faz parte também da realidade?
Mas o que implica aceitar como verdade e realidade apenas o que está aí? Em poucas palavras,
isso implica em fechar o caminho à transformação, à mudança; melhor, isso significa trancar a
esperança! Quando identificamos o verdadeiro e o real com o que está aí, automaticamente somos
levados a pensar e aceitar que o que está aí é o bom, é o melhor, deve continuar, deve ser assim
sempre, não é bom que mude. Nós fechamos a janela ao futuro, ao possível. Perdemos o ímpeto da
criação e da renovação do mundo, da sociedade, das coisas. Nós passamos a identificar o existente
como se fosse o único possível, como se fosse absoluto, determinado. Identificamos o cultural (isto é,
o criado pelos homens) com o natural (isto é, o determinado, necessário).
O que se vê, então, no nosso mundo? Por toda a parte, escutamos afirmações como estas: “Mas
isso é natural”. Ou então: “Isso sempre foi assim”. Ou ainda: “Você não vê que isso é assim mesmo? ”
Pois, atrás dessas frases está a ideologia da manutenção do “status quo”, a ideologia de que é
impossível mudar e melhorar as coisas, a ideologia que mata toda a esperança.
A quem interessam essas afirmações, essas crenças de que tudo é “natural”? Evidentemente,
isso interessa a quem está por cima, a quem está muito bem na sua condição, pois está cheio de
privilégios, mordomias, está sempre na boa vida. É importante, pois, que se desencoraje os outros a
mudarem. E a melhor maneira de desencorajar os outros é convencê-los de que não se pode mudar,
e que o que está aí sempre foi assim. Quando alguém se convence de que as coisas são assim, pronto.
Já perdeu a batalha.
Mas aqui surge a utopia. Ela é a qualidade do ser humano ainda não embrutecido pela fraqueza
ou pela realidade tremenda. É a liberdade que o homem se reserva de opor às situações
decepcionantes e injustas uma força contraditória: a esperança. Esperança de que aquilo que não é,
não existe agora, pode vir a ser, tornando realidade presente aquilo que precisa acontecer.
A utopia é a imaginação criadora, exigente, que faz presente o futuro real, a partir do presente
passível de ser transformado e melhorado.
Há diferença entre profecia e utopia. A profecia é visualização do não sabido, do desconhecido.
A imaginação utópica é a projeção do sabido, do consciente. A utopia luta pela materialização de um
desejo presente. Ela “projeta”, isto é, “lança adiante de si”, as coisas que devem acontecer e poderão
acontecer se o homem quiser. A imaginação utópica dá à luz o que já está presente no seio das coisas.

47 – O Deus Trino

“Então Ele dirá aos que foram separados num dos lados: Vinde, benditos de meu Pai! Entrai
na posse do reino que vos está preparado desde a fundação do mundo. Porque tive fome e me
destes de comer; tive sede e me destes de beber; era forasteiro e me hospedastes; estava nu e me
vestistes; enfermo e me visitastes; preso e fostes ver-me. Então perguntarão os justos: Senhor,
quando foi que te vimos com fome e te demos de comer? Ou com sede e te demos de beber? Ele,
respondendo, lhes dirá: Em verdade vos afirmo que sempre que o fizestes a um destes meus mais
pequeninos irmãos, a mim o fizestes” (Cf. Mateus 25.34-37 e 40).

61 - Você não existe por acaso – Edson Meier


Foi constrangedora para os cristãos a imagem veiculada na mídia, em que o importante
mandatário brasileiro, eleito com massivo apoio das igrejas evangélicas, aparece encenando
empunhar um fuzil com as duas mãos, em posição de tiro, metralhando pessoas que estão por baixo,
já caídas, simulando fuzilamento. Isso aconteceu na suposta “marcha para Jesus”. E o que fazem na
cena os pastores, que o rodeiam e acompanham no palanque oficial? Aplaudem! Isso mesmo,
aplaudem e dão cínicas gargalhadas.
Não, mil vezes não! O proclamado “deus acima de todos” dessa gente não é o Deus cristão.
Trata-se de um suposto “deus triângulo”, aquele que aparece no topo da pirâmide social; o deus
próximo da elite dominante, dos privilegiados, que se mantêm onde estão porque se nutrem ao pisar
no sacrifício, no trabalho e nos direitos dos que estão por baixo. É o deus da morte dos pobres e
vítimas de injustiças sociais.
O Deus Trino, Pai, Filho e Espírito Santo também é o Deus que está acima de todos e de tudo.
Mas, esta é apenas uma meia-verdade, porque Ele igualmente está em tudo e no meio de todos. O
Deus dos astros, do universo e da eternidade é, também e ao mesmo tempo, um Deus natureza, vida
e “comunitariedade”. Cuida das flores e plantas, dos passarinhos e insetos. Está nas crianças, nos
peregrinos, andarilhos, trabalhadores, desempregados, estudantes, aposentados, líderes,
empresários, comerciantes... É o Deus que nasce na humilde família de José e Maria, da pequena e
desconhecida Nazaré da Galileia. É um Deus que gosta de gente, de todas as cores, etnias e valores.
Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, nosso Deus cristão, conclamamos as igrejas,
aquelas que se mantêm fiéis ao nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo: Sejamos luz para o mundo,
lâmpadas de amor, justiça social e vida digna para todos os nossos semelhantes. Não fomos chamados
para silenciar e compactuar com a morte e a barbárie.

48 – A Pedagogia de Babel

Um garoto entrou em uma loja. Sem ser percebido, ficou ali durante o intervalo do almoço,
trocando o preço de mercadorias. Uma camisa recebeu o preço de uma meia; uma gravata, o de uma
calça, etc. Ao reabrir a loja, ele saiu discretamente. A confusão irrompeu quando as primeiras vendas
foram feitas, pois a coerência entre os produtos e os preços havia sido quebrada.
A coerência ética entre o que pensamos, cremos e fazemos gera uma força educadora e
estruturante incrível, em todos os níveis, na família, na escola, na igreja, na sociedade, na política, no
Judiciário, etc. Por isso, quando alguém ou algum grupo quer destruir essa força, passa a promover e
a estimular a incoerência. É o que podemos chamar de “Pedagogia de Babel”, onde intencionalmente
um grupo semeia a desinformação, a contradição, a confusão e a discórdia. O objetivo é muito claro:
fortalecer-se, não por méritos próprios e propositivos, mas às custas da fragmentação e da confusão
destrutiva, semeadas nas fileiras do suposto grupo adversário, tornando-os divididos, desorientados
e, individualmente, dependentes dos que, nos bastidores, se entendem e tramam políticas nefastas e
a posse do poder. Ignoram, contudo, que a cortina de fumaça e a incoerência maligna que semeiam,
cedo ou tarde, também os atingirá. Ignoram que a verdade pode até adoecer, mas não morre nunca.
“E conhecereis a verdade e a verdade vos libertará” (João 8.32).
49 – Uma luz na escuridão

Um artista estava pintando uma cena de inverno. A neve cobria o solo e os pinheiros. Estava
anoitecendo e a paisagem se encontrava envolta em uma penumbra. Quase não se via por entre as
sombras uma cabana de madeira. Toda a cena parecia triste.
Então o artista usou algumas tonalidades amarelas para dar um brilho alegre a uma lâmpada,
em uma das janelas da cabana. Era uma única luz. Seus raios dourados refletiam-se na neve e
transformavam completamente a impressão dada pela pintura. Em contraste à escuridão fria da
floresta ao redor, aquela luz na janela criou um sentimento caloroso de amor e segurança.
O que aconteceu naquela tela é uma representação de um dos eventos mais dramáticos de toda
a história. Quando Jesus nasceu num estábulo em Belém, uma luz foi colocada neste mundo de
escuridão e pecado. O apóstolo João testemunhou: “Nele estava a vida, e a vida era a luz dos
homens” (João 1.4).

50 – A luz vence as trevas

Onde você se encontra agora enquanto lê ou ouve este texto? Tente imaginar que está num
quarto que mede 4,17 m por 4 m por 3 m de altura. Imagine também que é noite e que o quarto está
totalmente escuro. Se você está num quarto com essas dimensões, estamos falando de
aproximadamente 50 metros cúbicos de escuridão ou 50 milhões de centímetros cúbicos. Um
centímetro cúbico é mais ou menos o tamanho de um dado médio do jogo de caneco. Se você acender
nesse espaço de 50 milhões de centímetros cúbicos uma vela, você perceberá que a fonte de luz será
do tamanho aproximado de um centímetro cúbico. Trata-se de uma proporção de 50 milhões para
um. É incrível: 50 milhões de centímetros cúbicos de escuridão não conseguem apagar um centímetro
cúbico de luz. Mas, ao contrário, um centímetro de luz clareia 50 milhões de centímetros de escuridão.
Não é necessário imaginar o quanto a nossa fé e o nosso modo de vida são impotentes diante
das estruturas de poder do nosso mundo. Mas, quando entendemos que a nossa luz reflete a luz de
Cristo, que é a Luz do mundo, compreendemos também que a nossa fé e o nosso modo de viver
clareiam o lugar em que vivemos. Mesmo que não vejamos isso tão claramente e de imediato,
podemos ter a certeza: A Verdade vence a mentira. A Luz vence as trevas!

51 – Eu estou do lado do vencedor


(Testemunho pessoal do P. Wilhelm Busch)

Sob o domínio de Hitler, fui preso depois de uma grande reunião na cidade de Darmstadt.
Levaram-me para um carro da polícia e puseram-me ao lado de um oficial da Gestapo. Dezenas de
pessoas se aglomeraram à nossa volta. O soldado da SS, que estava ao volante, recebeu ordens para
avançar, mas o carro não pegava. Provavelmente ele estava em boas condições, mas por qualquer
razão não pegava. E cada vez mais pessoas se aglomeravam ao nosso redor. “Avance! ” - Gritou o
oficial da SS, mas o motor continuava parado. Nesse momento, do meio da multidão, um jovem que
estava de pé nos degraus da igreja começou a cantar com voz forte:
“Alegrem-se! O Salvador reina. /O Deus da verdade e amor. /Depois de lavar as nossas
manchas, /Ocupou o seu lugar no céu. /Ergue o teu coração, ergue a tua voz. /Alegrem-se de novo,
eu digo, alegrem-se. /Alegrem-se na gloriosa esperança: /Jesus, o Juiz, virá. /E levará os seus servos,
/para o seu lar eterno. /Em breve ouviremos a voz do arcanjo. /A trombeta de Deus soará! ”
O jovem desapareceu imediatamente na multidão e o carro pegou. Voltando-me para o oficial
da Gestapo, disse-lhe: “Meu pobre amigo. Eu estou do lado do vencedor! ” Ele estremeceu com as
minhas palavras e segredou-me: “Há muito tempo, fui membro da Associação Cristã da Mocidade”.
“Então agora” – disse eu – “anda prendendo os cristãos! Pobre homem. Não gostaria de estar no seu
lugar”. Continuamos a conversar até que chegamos à prisão. Mas nesse curto espaço de tempo, a
esperança da volta de Cristo tinha-se aberto diante de mim. Sim, naquele momento escuro da minha
vida, eu experimentei pessoalmente o poder desta maravilhosa esperança.

52 – Os dois lobos

Um velho avô disse a seu neto, que veio a ele com raiva de um amigo que lhe havia feito uma
injustiça: “Deixe-me contar uma história. Eu mesmo, algumas vezes, senti grande ódio daqueles que
‘aprontaram’ tanto, sem qualquer arrependimento daquilo que fizeram. Todavia, o ódio corrói você,
mas não fere seu inimigo. É o mesmo que tomar veneno, desejando que seu inimigo morra. Lutei
muitas vezes contra estes sentimentos”. E ele continuou: “É como se existissem dois lobos dentro de
mim. Um deles é bom e não magoa. Ele vive em harmonia com todos ao redor dele e não se ofende
quando não se teve intenção de ofender. Ele só lutará quando for certo fazer isto, e da maneira correta.
Mas, o outro lobo, ah! Este é cheio de raiva. Mesmo as pequeninas coisas o lançam num ataque de ira.
Ele briga com todos, o tempo todo, sem qualquer motivo. Ele não pode pensar, porque sua raiva e seu
ódio são muito grandes. É uma raiva inútil, pois sua raiva não irá mudar coisa alguma. Algumas vezes
é difícil conviver com estes dois lobos dentro de mim, pois ambos tentam dominar meu espírito”.
O garoto olhou intensamente nos olhos de seu avô e perguntou: “E qual deles vence, vovô? ” O
avô sorriu e respondeu baixinho: “Aquele que eu alimento mais frequentemente! ”
É difícil pensar em amar alguém que você não gosta, amar quem o prejudica ou alguém que o
ofendeu. Mas, por mais que tentemos, ou que queiramos, a verdade é que o ódio corrói nosso espírito,
e somos os maiores prejudicados.

53 – Tenta agradecer!

“Graças, Senhor, eu rendo muitas graças por este novo dia. / Graças, Senhor, a ti eu devo toda
a alegria” Hino 249 (HPD/1).
“Se pedir não adianta mais, tenta agradecer”. Este conselho ouvi de uma amiga. Ela havia orado
durante anos, pedindo que Deus livrasse seu marido do álcool. Ficara sem resposta. Quando se deu
conta de quanta coisa boa ela desfrutava, apesar do marido alcoolista, ela parou para agradecer.
Agradeceu pelo marido, pelas coisas boas que viveram juntos, pelas suas qualidades que, apesar da
sua doença, ele tinha. Agradeceu pelas forças que tivera durante todos esses anos em que teve de
assumir o comando do seu lar. Agradeceu que, apesar de tudo, nunca lhe faltaram momentos de
alegria e amigos. Agradeceu pela saúde, pelos filhos, pela horta, pelas flores.... E ela percebeu que
esse ambiente de gratidão favorecia o tratamento do seu marido, muito mais do que o ambiente
anterior, de críticas, recriminações, descontentamentos e ingratidão.

54 – Uma flor rara

Havia uma jovem muito rica, que tinha tudo: um marido maravilhoso, filhos perfeitos, um
emprego que lhe pagava muitíssimo bem e uma família unida.
O estranho é que ela não conseguia conciliar tudo isso. O trabalho e os afazeres lhe ocupavam
todo o tempo e a sua vida estava deficitária em algumas áreas. Se o trabalho lhe consumia muito
tempo, ela tirava dos filhos. Se surgiam problemas, ela deixava de lado o marido.... E assim, as pessoas
que ela amava eram sempre deixadas para depois.
Um dia, seu pai, um homem muito sábio, lhe deu um presente: uma flor muito cara e raríssima,
da qual havia apenas um exemplar em toda a região. E disse a ela:
- Filha, esta flor vai te ajudar muito mais do que você imagina! Você terá apenas que regá-la e
podá-la de vez em quando, às vezes conversar um pouquinho com ela, e ela te dará em troca esse
perfume maravilhoso e essas lindas flores.
65 - Você não existe por acaso – Edson Meier
A jovem ficou muito emocionada, afinal, a flor era de uma beleza sem igual. Mas o tempo foi
passando, os problemas surgiam e o trabalho consumia todo o seu tempo. E a sua vida, que continuava
confusa, não lhe permitia cuidar da flor.
Ela chegava em casa, olhava a flor e ela ainda estava lá, não mostrava sinal de fraqueza ou
morte, apenas estava lá, linda e perfumada. Então ela passava direto.
Até que um dia, sem mais nem menos, a flor morreu. Ela chegou em casa e levou um susto. A
flor estava completamente morta, suas raízes estavam ressecadas, suas pétalas caídas e suas folhas
amarelas.
A jovem chorou muito e contou a seu pai o que havia acontecido. Seu pai então respondeu:
- Eu já imaginava que isso aconteceria e não posso te dar outra flor, porque não existe outra
igual a essa. Ela era única, assim como são seus filhos, seu marido e sua família. Todos são bênçãos
que Deus te deu, mas você tem que aprender a regá-los, podá-los e dar-lhes atenção, pois, assim como
a flor, os sentimentos também morrem. Você se acostumou a ver a flor sempre lá, sempre florida,
sempre perfumada, e se esqueceu de cuidar dela.

55 – A obesidade intelectual

A tecnologia da informação desenvolveu de tal modo o armazenamento de dados que


chegamos a um paradoxo: quanto maior e veloz o volume de informações, menor o conhecimento.
66 - Você não existe por acaso – Edson Meier
O enciclopédico e desordenado acúmulo de dados seja nas comunicações impressas, seja nos
meios eletrônicos, está substituindo o conhecimento real pela quantidade de informações,
frequentemente inútil.
A internet, incluindo o correio eletrônico, os sites e as redes sociais, a televisão, e o infindável
incremento de publicações impressas e digitais, ao mesmo tempo em que facilitam a comunicação e
a divulgação de ideias, estão contribuindo para congestionar os canais de informação. Por analogia,
estamos acumulando ao nível do racional o que a pessoa obesa acumula na sua estrutura física:
reserva energética sem utilização.

Os candidatos a dirigentes empresariais, que até agora vinham sendo selecionados em função
de sua juventude e formação recente, começam aos poucos a ser substituídos pelos mais “velhos” e
experientes. O fenômeno, já detectado e prognosticado como inevitável, está baseado na premissa
de que os novos administradores serão mais executivos do que estrategistas. Daí a importância da
experiência e da prática, onde a sabedoria resulta do conhecimento aplicado e não imaginado.
Ao mesmo tempo, percebe-se uma ânsia desenfreada por ver tudo, provar tudo, participar de
tudo. Há um medo mal disfarçado da morte debaixo dessa sofreguidão com que nos agarramos à
saturação dos sentidos e aos bens materiais.
Algumas das consequências desta verdadeira obesidade intelectual já são nossas conhecidas:
1) A “angústia do conhecimento”, dada a impossibilidade de se absorver tamanho volume de
informações. 2) O tempo progressivamente maior despendido à frente do computador e do celular,
das publicações impressas e da TV em detrimento da vida pessoal, familiar e social. 3) A perda da
organicidade da cultura, devido à fragmentação dos dados e à menor vivência e aplicação do
conhecimento. 4) A aversão à tecnologia, pelo medo de ser englobado no sistema ou pela própria
angústia do conhecimento. 5) A diluição da personalidade, em função do número infindável de gurus,
modismos e conceitos, bastante tentadores para serem aceitos e impossíveis de serem testados na
vida cotidiana, pondo em cheque, diariamente, nossas concepções.
É uma ironia que, na ânsia de saber mais, ganhar tempo e viver mais, estejamos tangenciando
a própria vida.
Nem tudo está perdido, porém. Assim como a oferta de alimentos e a sofisticação dos cardápios
podem nos levar à perda dos tradicionais valores culinários, obrigando-nos a sermos mais seletivos na
escolha dos alimentos e moderados nos excessos, a informação e as nossas conexões precisam se
adequar ao mesmo processo.
Reservar tempo pré-estabelecido para abrir e-mail, dedicar-se à informação e aos contatos nas
redes sociais pode ser uma medida simples e prática para diminuir o estresse. Ninguém precisa ser
escravo do seu celular e a busca da informação direcionada se torna mais eficiente na questão do
aprendizado e obtenção do conhecimento.
O direito ao “ócio criativo” e à meditação, por outro lado, longe de nos fazer perder tempo,
põe-nos em contato com o melhor de cada um, dando significado ao que nos acontece e às nossas
memórias, possibilitando traçar estratégias segundo nossas próprias diretrizes.
Passar algum tempo ao ar livre, longe do celular, respirando, cochilando, contemplando,
meditando e se exercitando ajuda a relaxar e acomodar os pensamentos e preocupações. Não é
necessário viver no interior para apreciar a natureza. O escritor Thoreau disse certa vez: “Entre a porta
de minha casa e o portão da frente há mais natureza do que jamais conseguirei observar durante a
vida toda”. Também o filósofo Kierkegaard escreveu a uma sobrinha deprimida: “Sobretudo não
renuncie ao desejo de caminhar. Caminhando cada dia é que descubro os meus melhores
pensamentos, e não conheço nenhum pensamento, por mais opressivo que seja, do qual não possa me
afastar caminhando”.

68 - Você não existe por acaso – Edson Meier


A busca do equilíbrio entre corpo, alma e emoção, e a manutenção dos valores éticos e
solidários da vida, permitem-nos discernir com serenidade o supérfluo do essencial e extrair de tudo
o que é novo e tecnológico o melhor para nós e para nossa vida, na medida certa, sem excesso de
peso – no físico e no espiritual.

56 – Cultivando relacionamentos de valor

“Caminho na rua, sem ninguém. Controlo o vai e vem, que já não tem. Não sei se volto, se
fico ou se vou. No horizonte que estou, é tudo assim: chapado, normal. O céu e o firmamento se
tocam, numa linha sempre igual. O aqui e o além diferença quase não têm. Não há começo, nem
fim. Na ausência da vontade, nada se ergue. E não há por quem ficar de pé.
Somente agora visito. Está vazia a casa do pai e da mãe. Sólida, guarda marcas e vultos, da
vida há pouco vivida. O fogão a lenha parece que ainda queima, para quem?
Solidão é o coração que não sabe amar. Nada é mais triste do que o volver-se para a presença
não presente, quando esta já não está! ”
Katherine Porter escreve: “Amor há que ser aprendido, e aprendido e reaprendido; não se
chega ao fim nunca. O ódio não necessita ser aprendido, basta que se o provoque”.
Ele era um grande mistério. Era tão reservado, recluso, esquisito, que por quinze anos ninguém
sabia ao certo se estava vivo, muito menos qual era a sua aparência ou como se comportava. Howard
Hughes era um dos homens mais ricos do mundo. Empregava milhares de pessoas. Contudo, vivia uma
vida sem sol, sem alegria – uma vida quase lunática. Em seus últimos anos de vida, vagou de hotel em
hotel. Sua barba desordenada lhe chegava até a cintura, e os cabelos escorriam pelo lombo. Hughes
dizia com frequência: “Cada homem tem o seu preço! ” No entanto, nenhuma quantidade de dinheiro
pôde comprar a afeição dos seus colaboradores. A maioria de seus empregados que romperam o
silêncio expressaram a repugnância que lhe tinham.
Por que Hughes era tão solitário e malquisto? Simplesmente porque ele assim o quis. Deus pôs
à nossa disposição coisas para usar e pessoas para com elas nos alegrarmos. Hughes jamais aprendeu
a gostar de pessoas. Estava por demais ocupado em manipulá-las.
As amizades não acontecem por si e por acaso. É preciso querer ser amigo e querer ter amigos.
A amizade profunda precisa ser cultivada por anos a fio; noites na varanda ou na sala, longos passeios
e muito tempo para conversar. Exige que por vezes se desligue o celular, o carro ou se pare de varrer
o pátio.
O correr do nosso dia-a-dia, muitas vezes, até nos impede de cultivarmos tais amizades. Por
isso, quem sabe até certos compromissos sociais precisam ser eliminados da nossa agenda e
substituídos por relacionamentos de valor. Para o cristão, o sentido da sua vida passa pela vivência do
amor, que se expressa também na amizade.
E lembre-se: As pessoas podem não lembrar exatamente o que você fez, ou o que você disse,
mas elas sempre lembrarão de como você as fez sentir. É desta capacidade de gerar aconchego e
aceitação que surgem as verdadeiras amizades.
“Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas tenho-vos
chamado amigos, porque tudo quanto ouvi de meu Pai vos tenho dado a conhecer... O meu
mandamento é este, que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei” (João 15.15 e 12).

57 – O perigo dos pressupostos

Abriu a porta e viu o amigo que há tanto tempo não via. Estranhou que ele viesse acompanhado
por um cão. Cão forte, saltitante e com ar agressivo. Cumprimentou o amigo, efusivamente: “Quanto
tempo! ” “Quanto tempo”, ecoou o outro.
O cão aproveitou a saudação e entrou casa adentro, logo um barulho na cozinha demonstrava
que ele tinha virado qualquer coisa. O dono da casa encompridou as orelhas. O amigo visitante,
porém, aparentando não ter ouvido nada, continuou a conversa: “A última vez que nos vimos foi
naquele curso...”.
O cão passou pela sala, entrou no quarto e novo barulho, desta vez de coisa quebrada. Houve
um sorriso amarelo do dono da casa, mas o visitante continuava indiferente: “Quem morreu foi o ...
Você lembra dele? ”
O cão saltou sobre um móvel, derrubou um abajur, logo trepou as patas sujas no sofá e deixou
a marca digital e indelével de seu crime. Os dois amigos, tensos, agora fingiram não perceber.
Por fim, o visitante se despediu e já ia saindo quando o dono da casa perguntou: “Não vai levar
o seu cão? ” “Cão? Ah, o cão! ” Respondeu o amigo. “Agora estou entendendo. Não é meu cão. Quando
eu entrei ele entrou comigo tão naturalmente que pensei que fosse seu”.
58 – Estamos todos na mesma queda

“Não julguem, para que vocês não sejam julgados. Pois da mesma forma que julgarem, vocês
serão julgados; e a medida que usarem, também será usada para medir vocês” (Mateus 7.1s).
Já é um fato comprovado que aquele que sente a necessidade de criticar os outros projeta neles
os seus próprios defeitos, medos, frustrações e limitações. É como aquele cidadão que caiu do
vigésimo andar de um prédio e, ao passar mais ou menos pelo oitavo andar disse a si mesmo, todo
feliz, que tinha muita sorte: já havia percorrido mais da metade do caminho e até ali nada de ruim
acontecera. Corremos o risco de apontar o dedo para os outros porque já chegaram ao fim da linha e
sua maldade estourou, enquanto nós ainda estamos passando pelo “oitavo andar”. Não estamos
todos na mesma queda?
Para Jesus, estaremos em melhor situação se reconhecermos diante de Deus quem de fato
somos e o quanto necessitamos da misericórdia e do perdão diariamente.

59 – A Vida

“Eles semeiam vento e colhem tempestade” (Oséias 8.7).


Albert Einstein afirma que a vida é como jogar uma bola na parede. Se for jogada uma bola azul,
ela voltará azul. Se for jogada uma bola verde, ela voltará verde. Se a bola for jogada fraca, ela voltará
fraca. Se a bola for jogada com força, ela voltará com força. Por isso, diz ele, “nunca jogue uma bola
na vida de forma que você não esteja pronto a recebê-la”. A vida não dá nem empresta; não se comove
nem se apieda. Tudo quanto ela faz é retribuir e transferir aquilo que nós lhe oferecemos.
Mahatma Gandhi acenou na mesma direção, quando afirmou: “A vida me ensinou que as
pessoas são amigáveis, se eu sou amável; que as pessoas são tristes, se estou triste; que todos me
querem, se eu os quero; que todos são ruins, se eu os odeio; que há rostos sorridentes, se eu lhes sorrio;
que há faces amargas, se eu sou amargo; que as pessoas ficam com raiva quando eu estou com raiva
e que as pessoas são gratas, se eu sou grato. A vida é como um espelho: se você sorri para o espelho,
ele sorri de volta. A atitude que eu tomo perante a vida é a mesma que a vida vai tomar perante mim”.
O profeta Oséias fala de vidas vazias e cheias de tormentas. Para ele, semeamos ventos quando
agimos por conta própria, sem levar em consideração a vontade do Senhor. Naturalmente, quem
planta uva colhe uva, quem planta abacaxi colhe abacaxi. Assim, também, quem semear o bem colherá
o bem. Quem semear o mal colherá o mal. Quem semear amor colherá cada vez mais amor. Quem
semear o ódio será vítima do ódio e quem semear ventos colherá ainda mais ventos, uma verdadeira
tempestade.
Não podemos impedir que as pessoas nos odeiem, que nos persigam e prejudiquem. Podemos,
contudo, melhorar a qualidade daquilo que estamos semeando. A vida, certamente, reagirá de forma
favorável.

60 – Mantenha seus pensamentos positivos

“Mantenha seus pensamentos positivos, porque seus pensamentos tornam-se suas palavras.
Mantenha suas palavras positivas, porque suas palavras tornam-se atitudes. Mantenha suas
atitudes positivas, porque suas atitudes tornam-se seus hábitos. Mantenha seus hábitos positivos,
porque seus hábitos tornam-se seus valores. Mantenha seus valores positivos, porque seus
valores... tornam-se seu destino”.

61 – A sabedoria é silenciosa

“Mas o que sai da boca vem do coração, e é isso que contamina o homem” (Mateus 15.18).
Na nossa comunicação através da fala é importante usarmos três filtros. Estes devem ser
instalados na entrada, pois na saída quem atua é o coração, segundo o texto de Mateus. As mensagens
nos chegam, principalmente, na forma de sons e imagens. Daí que uma vez filtradas as mensagens,
estas podem seguir seu caminho, e que a boca então fale daquilo que está cheio o coração.
O primeiro filtro é o da verdade. Será que aquilo que me contam é verdade? É importante
lembrar que existem sempre três verdades: a minha versão, a do outro e a versão real. Assim,
devemos filtrar a informação: Quem nos contou? De quem ele ou ela ouviu isto? É informação direta
da fonte ou simplesmente algo que “dizem por aí? ”
O segundo filtro é o da bondade. Ao receber uma informação e passá-la adiante devemos nos
questionar: É bom isso? E se eu estivesse na situação da pessoa de quem falo, gostaria que falassem
de mim assim? É incrível como gostamos de falar sobre assuntos ruins, que humilham e criticam o
outro. Mas quando a crítica é dirigida para nós, ficamos ofendidos e indignados.
O último filtro é o da utilidade. A informação que acabo de receber é útil para mim e para outras
pessoas? Necessito dela? Sem ela consigo seguir em frente? No que cresço com o que estão me
contando? Se ela não ajuda a você, não ajuda a sua comunidade, enfim, não serve para nada, filtre,
não perca tempo com o assunto e não o passe adiante.
Um bom processo de filtragem traz como resultado a sabedoria. A sabedoria é o conjunto de
informações que passou pelos filtros e que foi acumulado, e disso irá falar o coração. É bom ter um
coração cheio de informações sábias, ou seja, um estoque de coisas verdadeiras, boas e úteis.
Contudo, isto não quer dizer que devemos sempre sair por aí soltando o verbo, mesmo que julguemos
estar falando coisas boas. A sabedoria está também no silêncio e no saber a hora certa de falar. Basta
observar, por exemplo, as carroças de madeira puxadas por cavalos. De longe é possível ouvi-las
chegar quando estão vazias. Quando carregadas elas são silenciosas. A sabedoria é silenciosa!

62 – A gente colhe o que semeia

Uma mulher buscou aconselhamento com um psicólogo, dizendo a este o quanto odiava seu
marido e que desejava divorciar-se dele. “Quero machucá-lo o mais que puder”, disse ela. “Nesse
caso”, completou o psicólogo, “eu a aconselho a enchê-lo com todo tipo de elogios e palavras de
carinho. Quando, então, você se tornar indispensável para ele e ele pensar que você o ama
desesperadamente, entre com a ação de divórcio. Esse é o melhor caminho para feri-lo”.
73 - Você não existe por acaso – Edson Meier
Alguns meses mais tarde, a mulher voltou ao psicólogo para relatar o que havia acontecido ao
seguir seus conselhos. “Bom”, disse ele, “agora chegou o momento de você começar com a papelada
do divórcio”. “Divórcio? ” Exclamou a mulher com indignação. “Jamais! Apaixonei-me por ele”.
Não é por acaso que a Bíblia diz que “aquilo que o homem semear, isso também ceifará”
(Gálatas 6.7). E não há semente que produza uma colheita melhor do que a semente do amor. Quando
nos dedicamos a espalhar o amor, a nossa vida se enche de brilho, de satisfação e de verdadeira
alegria. Um gesto de carinho, a mão que se apressa a ajudar e um sorriso sincero enchem nossa alma
de satisfação e, mesmo que não haja retribuição, tornam o nosso dia muito mais agradável.
Quando estamos diante de um conflito, um instante de mau-humor, uma provocação ou uma
atitude antipática, a pior coisa que podemos fazer é pagar com a mesma moeda. Quando fazemos
isso, tomamos para nós as qualidades negativas dos que nos ofendem. Se devolvermos tudo com
carinho e com amor, não apenas conservaremos nossa paz interior, como proporcionaremos aos
ofensores a oportunidade de uma reflexão sobre suas ações e, talvez, de mudar sua maneira de agir.

O remédio eficiente para os nossos conflitos vem do coração, quando a gente abandona a
amargura e passa a semear cordialidade e serenidade. A gente colhe o que semeia.

63 – A difícil tarefa de achar a pessoa certa

O Pastor Wilhelm Busch relata uma experiência da sua infância: “Quando eu era criança, a
minha irmã e eu recebemos licença, um dia, para ir a um casamento de família. Era a primeira vez que
me via num casamento e tudo me parecia muito interessante. Fomos para a igreja numa carruagem e
depois houve um banquete em um hotel. O último ponto do cardápio era ‘bombe glacée’. Minha irmã
e eu estávamos sentados na extremidade da mesa, ansiosos para que chegasse o tal ‘bombe glacée’.
Mas nunca mais chegava, porque um tio após outro se levantava para fazer um discurso. Nós
estávamos horrivelmente aborrecidos. Contudo, um dos discursos ficou gravado na minha memória.
Um dos meus tios, tentando ser espirituoso, disse em voz alta: ‘Senhoras e senhores, diz-se que no céu
há duas cadeiras, que são para o casal cujos membros nunca se arrependeram de ter casado’. Depois
continuou: ‘Mas até hoje, essas cadeiras ainda não foram ocupadas’. Nesse momento, foi
interrompido. Por cima das cabeças de todos os convidados, o meu pai gritou para a minha mãe, que
estava na outra extremidade da mesa: ‘Mãezinha, aquelas cadeiras estão à nossa espera! ’ Eu era
ainda adolescente e não compreendi o profundo significado daquelas palavras. Mas o meu coração
encheu-se de alegria, porque sentia o maravilhoso calor de um lar como o nosso”.
Muito já foi escrito e dito sobre o casamento. Mas a pergunta ainda continua em questão: Por
que tão poucos casais são felizes no seu relacionamento? Há muitos aspectos a serem analisados. É
possível dizer que o que dificulta uma decisão mais acertada por parte dos jovens é o peso social que
o pacto conjugal carrega. Poucos são os que conseguem se libertar de barreiras étnicas, culturais,
familiares e de classe social para casarem com a pessoa que realmente amam. Poucos são os que
casam com a pessoa que mais amaram até aquele momento da sua vida. O casamento então passa a
ser um arranjo, uma junção de duas pessoas “que combinam”. Mas, no íntimo de cada uma continuam
procurando a mulher, o homem da sua vida. Por isso, é tão encantador encontrar um casal que
realmente se ama. Provavelmente envelhecerão juntos, e o amor estará ali, cada vez mais forte e
atuante.

64 - Casais inter-raciais
(Testemunho pessoal do P. Edson Meier)

Muitas vezes já me perguntaram: “A sua pele é branca. Você namoraria e casaria com uma
pessoa negra? ” A minha resposta sempre foi afirmativa. Os olhos de uma paixão genuína focam a
pessoa e o encanto que ela representa. Conheço casais inter-raciais que se dão muito bem, porque
compartilham amor e valores de vida.
É equivocado avaliar esse tema focado na questão da cor da pele, quando o que interessa
mesmo são as questões étnicas e culturais. A pessoa com quem estou me relacionando respeita os
meus valores, e eu igualmente respeito a sua cultura e o seu modo de ver e conduzir a vida?
Pois é, sempre há diferenças no relacionamento a dois, e essa diversidade pode vir a ser uma
convivência de aprendizado e crescimento mútuo. Agora, como casal, os dois têm o desafio de
construir algo novo e duradouro, uma escala de valores conjunta, compartilhando expectativas,
posturas e sonhos comuns. Sem esse quesito, fica muito difícil perpetuar um relacionamento a dois,
independentemente da cor da pele ou dos olhos de cada um.

65 – A pessoa amada

75 - Você não existe por acaso – Edson Meier


“Quem ama uma pessoa sempre a cerca de esperanças” (Gabriel Marcel).

66 – Quando o desapego é amor

Aprenda a desapegar-se em vida, no centro da sua existência, na boa vida de realizações,


prazeres e saúde. E você viverá melhor. Descobrirá que o nome dessa grandeza é amor.
Podemos dizer, com segurança, que o apego é a raiz de muitos males, de quase todos os
sofrimentos. Por nos julgarmos “donos” de tantas coisas, da nossa própria vida ou de pessoas,
acabamos por tornar-nos “posse” dessas coisas, do nosso ego e dessas pessoas. Por isso sofremos
tanto. Perdemos nosso próprio controle, nossa capacidade de ação, tornando-nos objeto dessa
possessão incontrolável.
E isto acontece porque, pensando que se tem a posse, o controle de tudo, criamos uma ilusão,
uma mentira, já que é impossível controlar, de forma absoluta, tudo o que se move e se modifica a
todo instante. Descobrindo esta realidade indiscutível, de que tudo é impermanente no universo em
que vivemos, descobriremos ser impossível ter posse absoluta de todas ou qualquer coisa e pessoa,
da nossa própria vida, de cargos e títulos, de bens ou o que quer que exista nesta realidade
impermanente de espaço e de tempo.
Confundimos apego com amor, e desapego com desinteresse. Distinguindo bem essas duas
coisas, interagiremos em nosso dia a dia com todas as pessoas, a nossa própria existência, títulos,
cargos e bens materiais de maneira mais saudável, sempre levando em conta que, se tentarmos
agarrar firmemente aquilo que julgamos possuir, correremos o risco de esmagá-lo entre nossos dedos.
Mas, se lidamos com ele com desprezo, certamente iremos igualmente perdê-lo.
Relacionar-se com amor, mas sem ser apegado, é a melhor maneira de tudo ter, mesmo de
nada tendo posse absoluta. Só assim conseguiremos ser verdadeiramente felizes.
Uma lição para ser bem lembrada: toda vez que nos julgamos donos, tornamo-nos posse!

67 – Quando a ação é eficiente

“Gaste mais horas realizando que sonhando, fazendo que planejando, vivendo que
esperando porque, embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu”.

Há alguns anos, esteve aqui em Natal um ator de novelas, desses bonitos, jovens e famosos, e
aceitou um convite nosso para dar uma oficina de teatro, num dos edifícios do campus universitário
da UFRN. No dia do curso fomos para lá e, quando estacionamos o carro, ele desceu e foi logo
apanhando um copo de plástico amassado que estava no chão.

E ao longo do caminho do estacionamento para o prédio, ele foi apanhando todo o lixo que
encontrou pela frente. Sem dizer nada sobre aquilo que estava fazendo, conversando sobre teatro e
outros assuntos, continuou apanhando o lixo e juntando num saco de plástico usado que também
apanhou do chão. E quando chegamos no prédio, ele olhou em volta, procurou uma lixeira e depositou
o que tinha recolhido.

E não falou nenhuma palavra sobre isso. Não disse: “Precisamos preservar a Natureza” ou “A
poluição está atingindo níveis incontroláveis” ou “Precisamos limpar o Planeta! ” Não disse nenhuma
dessas frases bombásticas e que não fazem efeito se não forem acompanhadas da ação.
O que ele fez foi somente a parte dele. Fez o que achava certo sem esperar que alguém fizesse
primeiro, ou que todos fizessem também. Sem discurso ecológico, sem proselitismo, sem querer
convencer ninguém de nada. Fez, e pronto. E valeu.

68 – Como você olha para a criação divina?

Sandro brincava de olhar coisas no microscópio, ao final da aula de laboratório. Ele tinha
examinado grãos de sal, que pareciam enormes blocos. Um fio de cabelo se transformara numa corda
grossa. Por sugestão do professor, ele pôs uma fotografia de jornal sob a lente. Quando ajustou o
foco, exclamou, decepcionado: “Não vejo nenhuma foto! São apenas montes de pontinhos pretos no
fundo branco! ” Sandro aprendeu então que uma foto de jornal contém milhares de pontos. São tão
pequenos e estão juntinhos uns dos outros, que nossos olhos veem os pontos como um conjunto, na
gravura, ao invés de verem os pontinhos separadamente. Mas quando o menino olhou para os pontos,
de perto, não viu mais a imagem da foto.

Como você olha para a criação divina? Busca nela o detalhe, ampliando as gotas d’água? Ou
enxerga o firmamento em sua imensidão e beleza?
A enormidade do universo contrasta com os seres frágeis e pequenos que somos. Olhada em
seu todo, a criação nos faz tremer de respeito e ao mesmo tempo nos enche de uma consoladora
certeza. O próprio Deus se colocou no centro de nosso pequeno planeta, na pessoa de Jesus Cristo.
Falou-nos do cuidado que o Pai tem até mesmo pelos cabelos de nossa cabeça. E, ao mesmo tempo,
nos abriu o caminho a Deus, ensinando-nos a dizer: “Pai nosso, que estás nos céus! ”
69 – O fascínio das estrelas
(Testemunho pessoal de Marcos Ramos Nascimento)

Há alguns anos, quando, juntamente com um amigo, percorri, de mochila nas costas, alguns
países da América do Sul, tinha no roteiro muitas aventuras a serem vividas. Grandes montanhas a
serem escaladas, cidades Incas perdidas, deserto, lago, lugares pitorescos, pôr-do-sol no Pacífico, etc.
Lá, bem no finalzinho da lista de prioridades, constava a possibilidade de visitar um observatório
astronômico no sul do deserto de Atacama, no Chile.

Não sabíamos o tamanho da emoção que nos esperava, já nos últimos dias da viagem. Partindo
de La Serena, cidade balneária do Pacífico, numa excursão de van, subimos a 1200 metros, em direção
ao Observatório Planetário de Mamalluca. Na saída de La Serena, a noite trazia um tempo nublado.
Isto nos preocupava. Mas, à medida que avançávamos, um céu diferente descortinou-se ao nosso
redor. Quando saltamos da van, no pátio do observatório, a emoção tomou conta. Numa noite de lua
nova, num breu total, salpicavam milhares, milhões de astros luminosos, brilhando num firmamento
que não conhecíamos, privilegiado pelo ar rarefeito e seco da altitude e do deserto. A experiência que
tivemos, nos vários potentes telescópios, com Júpiter e suas luas, com Saturno e seus anéis e galáxias
em formação, está fortemente gravada em minha memória. Enigmático é saber que, quando olhamos
para uma estrela, estamos vendo o passado, pois, devido a distância que o astro se encontra, até sua
luz chegar à terra, muitos milhares de anos já se passaram.
Quem ainda não teve a oportunidade de observar um planeta, ou uma estrela, através de um
telescópio profissional, convido a fazê-lo. É um daqueles momentos em que percebemos com clareza
nossa pequenez, nesse mundo colossal, criado por Deus. É uma visão maravilhosa e uma lição de
humildade. Uma oportunidade de reflexão.

70 – Isso não vinga aqui!

Quando cheguei pela primeira vez naquela fazenda de soja no Mato Grosso, olhei para todos
os lados e vi apenas solo arado e poeira. No meio daquele descampado, havia um miolo de
construções, algumas casas, galpões e muitas máquinas. Era a sede da fazenda. Durante o almoço,
perguntei para aquela família, que me recebia tão bem, por que não via plantação de frutas e verduras
e criação de animais, vacas, galinhas, porcos.... O avô, proprietário das terras, respondeu: “Pastor, isso
não vinga aqui. Tem muito veneno no ar”. Fiz um movimento com a cabeça, dando a entender que
compreendia, pois convinha não falar nada. Na verdade, também não sabia o que dizer. No roteiro de
retorno, fiquei lembrando, com preocupação, dos rostinhos alegres e curiosos dos netos daquele
homem. Será que vingariam naquele lugar? Em um ambiente onde as plantas e os animais definham
e morrem, também os humanos serão afetados de uma ou outra forma. Alguns meses mais tarde,
soube que o filho mais velho havia comprado uma casa na área urbana da cidade e transferido a sua
família para lá. A fazenda estava começando a se transformar apenas numa unidade de produção
agrícola.

Ao olharmos para a obra da criação de Deus, percebemos que ela progride através de linhas
bem definidas. A vida surge pelas plantas. O sistema solar aparece para regular o ciclo vital. Os
animais, cada qual em seu ambiente natural, são criados para preparar o cenário e a companhia
para o ser humano. “E viu Deus que isso era bom” (Gênesis 1.25c).

71 – Para onde vai o nosso mundo?

Recentemente, assisti ao filme de um submarino movido com energia nuclear. A situação dos
marinheiros se complica quando, a partir de um incidente na casa de máquinas, começa a haver
vazamento de radiação no reator. Um dos marinheiros mantinha pendurada por cima da sua cama
uma pequena gaiola, na qual carregava o seu bichinho de estimação. Num determinado momento, a
filmagem focaliza a gaiola e o roedor, já sem vida, deixando clara a gravidade da situação. A radiação
havia se espalhado por todos os compartimentos da embarcação. Mesmo que houvesse
sobreviventes, os efeitos da contaminação certamente já eram irreversíveis.
81 - Você não existe por acaso – Edson Meier
O livro intitulado “A 25ª Hora” relata que certos animais são embarcados de propósito nos
submarinos, servindo como “termômetros” da qualidade do oxigênio. No caso em questão, trata-se
de coelhos brancos. Constatara-se que esses animais morrem rapidamente com a falta de oxigênio.
Quando os coelhos começam a morrer, os marinheiros sabem que só lhes resta uma hora de vida. Os
animais são, portanto, um sinal de alerta. Se eles não vivem bem e desaparecem num determinado
ambiente, certamente nós também não viveremos bem e de modo saudável nesse mesmo lugar.

O diversificado testemunho bíblico nos mostra que a criação é a boa “casa” para todos os seres
vivos, que dá condições de uma vida plena. O Deus que coloca as estrelas na infinidade do céu é o
mesmo que dá água limpa e o pão de cada dia. Mas não podemos esquecer que, a vida humana, tal
como a conhecemos e experimentamos, é possível apenas num estreito espaço da criação divina, que
constantemente está ameaçado pela cobiça humana. Apenas vinte quilômetros acima da superfície
da terra, os seres vivos morreriam asfixiados. Por outro lado, a vinte quilômetros abaixo da superfície
terrestre, eles derreteriam por causa da intensidade do calor. O fio que nos prende à vida é, portanto,
tênue.
Infelizmente, cresce em nós a convicção de que o mundo já não é um lugar seguro para viver.
Seguidamente, pessoas sérias perguntam ansiosas: “Para onde vai o nosso mundo? ” Há anos atrás,
apareceu no teatro uma peça de um autor suíço, Durrenmatt, chamada “Os Físicos”. A peça terminava
com uma cena em que um dos físicos fazia um prognóstico muito sombrio: Ninguém pode impedir a
humanidade de usar a bomba atômica e de se exterminar a si mesma. O autor concluía: “E lá,
abandonada no espaço, a terra radioativa continuará a girar indefinida e inutilmente”.
A visão de um mundo desértico, girando incessantemente no espaço, sem vida ou propósito,
parece muito real. Quando um escritor de renome fala em termos tão impressionantes acerca do fim
do mundo, merece a nossa atenção.
82 - Você não existe por acaso – Edson Meier
72 – Quando uma explosão muda a história do homem

Ao explodir, naquela manhã do dia 6 de agosto de 1945, a primeira bomba atômica lançada
contra seres humanos fez muito mais do que destruir uma cidade, matar e ferir dezenas de milhares
de pessoas: ela mudou a história do homem. Antes de Hiroshima o mundo era um. Depois dela é
outro.
O escritor Arthur Koestler identificou a tragédia de Hiroshima como o ponto de inflexão da
história. “Se me pedissem”, diz ele, “para mencionar a data mais importante da história e da pré-
história da humanidade, eu responderia sem hesitação: o dia 6 de agosto de 1945. A razão é simples:
desde o alvorecer da consciência até o dia 6 de agosto de 1945, o homem precisou conviver com a
perspectiva de sua morte como indivíduo. A partir do dia em que a primeira bomba atômica sobrepujou
o brilho do sol em Hiroshima, a humanidade como um todo deve conviver com a perspectiva de sua
extinção como espécie”.
83 - Você não existe por acaso – Edson Meier
O testemunho bíblico não deixa dúvidas de que tudo terá um fim. Mas, felizmente, mostra
claramente que Deus está acima de todos estes acontecimentos. Para nós, importante é sempre
lembrarmos: Deus se importa com o nosso mundo e nos chama para sermos os guardadores desta
“boa casa” para as próximas gerações.

84 - Você não existe por acaso – Edson Meier


73 – Sadako e a dobradura do Tsuru

Em sua origem, a arte milenar das dobraduras de papel é revestida de grande simbologia. O
“tsuru”, um pássaro parecido com a garça, significa desejos de felicidade, longa vida e saúde na Ásia.
Diz a lenda, que quem fizer mil tsurus, com o pensamento voltado para aquilo que deseja, alcançará
bons resultados com o condicionamento mental.
Em anos recentes, o tsuru tornou-se símbolo internacional da paz e do movimento para o
desarmamento nuclear, por causa de uma jovem menina japonesa, chamada Sadako.
Sadako tinha quase dois anos quando a bomba atômica explodiu em Hiroshima. Aparentemente
ilesa, escapou com a mãe e o irmão mais velho. Na fuga, foram encharcados pela chuva preta
radioativa que caiu ao longo do dia. Até a idade de doze anos, aparentava estar normal, uma menina
saudável. Destacava-se nas corridas do colégio, quando de repente desenvolveu leucemia, decorrente
da radiação recebida pela descarga da bomba.
Sadako foi internada, e uma amiga propôs que fizesse os mil tsurus, orando por sua
recuperação. Sadako topou o desafio e disse dos tsurus: “Eu escreverei paz em suas asas e eles voarão
pelo mundo inteiro”.
Mas a menina não teve forças para dobrar os mil pássaros. Quando faleceu, no dia 25 de
outubro de 1955, ela havia conseguido dobrar 646 tsurus.
No dia do seu sepultamento, vieram crianças e trouxeram 354 dobraduras de tsurus, aquelas
que faltavam para completar 1000. Mil dobraduras de tsurus foram colocadas no túmulo de Sadako.
Seus amigos iniciaram uma campanha para construir um monumento em sua memória e de
todas as crianças feridas ou mortas pelo efeito da radiação.
O monumento das Crianças à Paz foi erguido em 1958, no Parque da Paz, em Hiroshima. Pessoas
do Japão e de toda parte do mundo enviam todos os anos milhares de tsurus, como um gesto muito
forte de preocupação e amor. Na base do monumento estão gravadas as seguintes palavras: “Este é
o nosso grito, esta é a nossa oração: PAZ NO MUNDO! ”
74 – O velho e solitário cedro

O negro asfalto serpenteia entre vales e morros que se perdem na linha do horizonte. Cortes e
aterros terraplanam o leito da estrada num equilíbrio mal alcançado entre depressões e aclives
íngremes. Um pouco além da última cidade por que passei, a colina, como que orgulhosa da sua
fertilidade, enche os olhos do viajante com o ondulante verde do viçoso milharal. Bem no topo, um
surpreendente cedro, sobrevivente e solitário. Poupado do machado, por um capricho qualquer do
colono pioneiro, o cedro ergue seus braços ao céu, como que contando a história dos seus irmãos
tombados.
No passado, seu tronco soberbo, seus galhos portentosos e sua copa desenhavam uma figura
harmoniosa e bela, semioculta no verde sem fim. Solidarizado com os demais cedros, unido a eles,
sustentava, incólume, os embates dos temporais e das tormentas. Tempestade alguma podia ferir a
majestade dos cedros agrupados, unidos e solidários a enfrentar e quebrar o ímpeto dos vendavais.
Hoje, o velho cedro revela as feridas da batalha solitária e inglória de quem luta sozinho. Ainda
gigante no seu porte e heroico na sua resistência, sua figura não guarda, no entanto, a harmonia
portentosa de outrora. Sozinho na luta, seus galhos quebrados ou retorcidos, arrancados ou
desfolhados contam a história de um gigante derrotado. Ainda que não destruído de todo, ainda que
fortalecido em parte pelo solavanco dos ventos e ainda que conservando o porte altaneiro e orgulhoso
de quem não se dobra, as feridas do velho cedro, no entanto, nos ensinam a lição de que a luta solitária
é luta perdida.

75 – Quando...

86 - Você não existe por acaso – Edson Meier


Quando o último pássaro tiver morrido. /Quando a última árvore tiver caído. /Quando o
último rio tiver secado. /Quando o último peixe for pescado... /Vocês vão entender que dinheiro
não se come.

76 – O estresse

“Há coisas que precisam fluir. Largar nossas entranhas, mover-se, sumir. Dar livre sina, àquilo
que vem e que vai, na exata medida, em que entra, fica e sai”.
Imaginemos um elástico esticado. Está sob pressão e, ao soltá-lo, ele volta ao seu tamanho
normal, podendo ser novamente esticado, se a gente quiser. Até que um dia ele arrebenta ou relaxa,
a ponto de não mais esticar. Quanto mais constante for a pressão do elástico, mais cedo ele vai perder
sua capacidade de esticar e encolher.
Assim é o estresse (do ingl. Stress). Por definição, estresse significa pressão, tensão,
esgotamento ou fadiga crônica. Mas, tudo que fazemos exige de nós uma certa quantidade de energia
e tensão. Algumas coisas exigem mais, outras menos. Assim, estar sob tensão é normal e necessário.
Até para estarmos de pé ou caminhando, tencionamos e relaxamos a nossa estrutura. Se, entretanto,
não nos permitirmos o relaxamento ou se a tensão é sempre maior do que o relaxamento, então,
entramos num processo de esgotamento de energia. É como se a energia nos escapulisse por um
“ladrão”. Sentimo-nos cansados e achamos que não há razão para tal. E, se num circuito alguma
energia escapole e é roubada cronicamente, vai haver um curto, certamente!
Você já reparou como é o fluir da VIDA? É em forma de ondas: qualquer eletro da cabeça ou do
coração nos mostra os altos e baixos, o ir e vir, a expansão e o encolhimento como sendo o ritmo da
vida. É sístole e diástole (contração e dilatação), é inspirar e expirar, é encher e esvaziar, é dar e
receber, é segurar e soltar, é excitar-se e relaxar, é viver e morrer, é pulsar. Assim, vida é um processo
e um fluir. É por isso que dando enriquecemos e segurando empobrecemos. Estagnação equivale a
energia presa. A vida reprimida e bloqueada, a negação do processo é a morte. Onde a vida não pode
fluir ou flui de maneira falha, surgem os problemas tanto espirituais como mentais e físicos. E o
estresse é uma consequência da vida estagnada ou de energia escapulida, mal utilizada e direcionada.
O estresse pode vir por excesso de trabalho, por problemas e conflitos constantes e mal
resolvidos, pelos revezes da vida e por problemas emocionais e de relacionamento negados ou
sufocados, ou simplesmente quando anos a fio trabalhamos em algo que não gostamos. E a primeira
tentativa é sempre tentar curar o estresse, sem mexer naquilo que o gerou. Tomam-se remédios para
não precisar mudar a forma louca de trabalhar. Procuram-se saídas mágicas, que vão desde fórmulas
até terapias diversas, para não ter que mexer nas amarras que nos tornam hipertensos. Quem de nós
não conhece várias pequenas prisões que nós mesmos criamos para sermos infelizes? E ao tentarmos
sair do estresse apenas tomando remédios, não percebemos que ao mesmo tempo nos fazemos mal
porque não vamos à causa. Mantemos o sistema que nos faz sofrer e ainda alimentamos e
fortalecemos a indústria química dos remédios, bebidas e cigarros. Há um modismo por detrás da
decantação do estresse, que leva as pessoas antes à estagnação e à passividade do que ao
questionamento do seu modo de viver e de se relacionar.

Por que temos tanta dificuldade para ousar reformular e recriar a vida? E recriar a vida contra
as forças da morte não é nossa responsabilidade diante daquele que nos criou? Como aceitar a
estagnação? Se nós aceitamos o estresse como uma doença do nosso tempo, sem buscar com afinco
as verdadeiras causas que nos levam ao esgotamento crônico de nossas energias, agimos como tolos,
que cuidam apenas das consequências, remediando-as, sem olhar as causas. Sim, recriar a vida
significa reavaliar e mudar valores, ambições e aspectos do nosso estilo de vida.
Dicas para enfrentar o estresse:
1 - Avaliar a própria postura diante da vida: Somos passivos e nos deixamos apenas levar pela
vida ou criamos, lutamos e buscamos a vida como uma graça e um dom?
2 – Questionar a visão de mundo que se tem e que se defende: Acreditamos que a felicidade
é um estado e que cai do céu (por merecimento até) ou felicidade são os momentos onde sentimos
forte o fluir da vida e do amor?
3 – Estar inteiro nas coisas que vivenciamos: Conseguimos estar com o coração onde estamos
com a cabeça? Falamos com o coração? Pensamos com o coração e a cabeça juntos?
4 – Viver o presente: Não estamos sempre preocupados (“pré-ocupados”) um pouco no futuro,
presos no passado e não despojados para vivenciar plenamente o presente? Reclamamos de
ansiedade diante de questões do futuro e amargura com coisas do passado, ao mesmo tempo que
adiamos questões importantes que deveriam ser resolvidas agora, no dia de hoje.
5 – Questionar os nossos valores: Atrás do que corremos realmente? Por que trabalhamos
tanto? Para quem nós queremos aparecer? Onde está realmente o nosso tesouro, onde está de
verdade o nosso coração? Estamos edificando a nossa vida sobre um fundamento sólido e pleno de
sentido?
6 – Equilibrar razão e emoção: Permitimo-nos dar vazão às nossas emoções sem com isso matar
e destruir o próximo? As emoções são nossas. Nós somos a emoção que temos. Se há ira, ou medo,
ou inveja, ou desesperança, não devemos negá-los, mas, assumindo-os, podemos falar sobre eles
(com a pessoa certa) e assim elaborar e trabalhar esses sentimentos, tanto os nossos quanto dos que
convivem conosco.
7 – Ser a gente simplesmente: Somos realmente únicos e projetos de Deus e seus
instrumentos? Ou deixamo-nos reduzir a projetos das pessoas e exigências do mercado,
representando papéis preestabelecidos para nós? Lembremo-nos que nunca conseguiremos agradar
a todos. Já o mercado de trabalho, bom, este é insaciável, nunca se contentará com o nosso máximo
esforço e competência. Por isso, somos nós que precisamos equilibrar os nossos limites, possibilidades
e metas na vida.

77 – Cabeças frias vencem

“Quem tem entendimento é de espírito sereno” (Provérbios 17.27).


Um funcionário estava zangado com alguém do seu local de trabalho por causa de uma
aparente injustiça. Um colega ouviu as suas reclamações e percebeu que seu temperamento ainda
estava exaltado. Ele lhe deu este conselho sábio, para que o considerasse antes de confrontar os que
estavam envolvidos: “Cabeças frias vencem! ”
Ao interagirmos com outros, as diferenças são inevitáveis. A pessoa com discernimento procura
entender o seu próprio coração e dá passos para lidar com o conflito de forma construtiva.
Contudo, quando a pressão é institucional, a situação já muda bastante. Não adianta apenas
manter a cabeça fria. É importante também preservar o coração. Quando a gente se empenha num
trabalho, acaba colocando nele também o coração, a nossa força sentimental. Isso, muitas vezes, nos
traz sucesso profissional e até uma boa remuneração. E então normalmente surgem as dificuldades,
intrigas e cobranças. O mercado nunca se conforma com o que já alcançamos. Sempre quer mais. Mas
nós, por outro lado, passamos a ter dificuldades até para manter o que temos. Muitos profissionais
competentes não souberam enfrentar esse dilema e acabaram sacrificando sua saúde e qualidade de
vida. Será que vale a pena?
Quando você está com algum problema e se sente pressionado, não aumente a pressão, porque
a explosão será inevitável. E esta não lhe será favorável. As situações de pressão tendem a
desmascarar relações superficiais e a escancarar futilidades que são ditas. Embora as poucas amizades
verdadeiras se fortaleçam, uma coisa é certa: A pressão isola, acua, nos coloca na defensiva,
dificultando a nossa ação livre e criativa. Por isso, sábio é aquele que consegue tirar desse contexto o
seu coração e abrigá-lo em local seguro, na sua família, no seu grupo de amigos e, principalmente, nas
mãos de seu Senhor e Salvador Jesus Cristo.
Jesus Cristo, acima de qualquer outra pessoa, é capaz de nos oferecer, sempre de novo, uma
nova escala de valores. Ele nos faz olhar para além do horizonte, o que torna os problemas do
momento pequenos, quase insignificantes. Na força dessa serenidade, é possível que os problemas
profissionais se resolvam, quem sabe, inclusive, na busca por um novo local de trabalho. Bons
profissionais, na atualidade, evitam ficar por muito tempo na mesma ocupação e na mesma empresa.
“Cabeças frias vencem! ” Sim, isto é verdade. Mas melhor e mais eficientes seremos quando
essa nossa tranquilidade vier de um espírito sereno. Nesse sentido, podemos afirmar: Cabeças frias e
corações entregues ao Senhor são invencíveis, pois a vitória é chegar em casa com a missão cumprida.
“Em todas estas cousas, porém, somos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou.
Porque eu estou bem certo de que nem morte, nem vida, nem anjos, nem principados, nem cousas
do presente nem do porvir, nem poderes, nem altura, nem profundidade, nem qualquer outra
criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor” (Romanos
8.37-9).

78 – Quando cessarão as guerras?

“Se possível, quanto depender de vós, tende paz com todos os homens; não vos vingueis a
vós mesmos amados, mas daí lugar à ira; porque está escrito: A mim me pertence a vingança; eu
retribuirei, diz o Senhor” (Romanos 12.18-9).
“Não há vencedores nesta luta”, escreveu um correspondente de guerra. “As perdas são
grandes de ambos os lados. A cada dia, centenas de soldados, a maior parte deles jovens, são
enterrados numa vala comum, envoltos na bandeira do seu país. A população civil também vive
momentos dramáticos. Ninguém mais dorme descansado. Vê-se o medo estampado nos rostos de
todos. Ninguém parece acreditar muito no amanhã. Os ataques aéreos são constantes, e, quando os
aviões surgem no horizonte, todos correm desesperadamente em busca dos abrigos antiaéreos. Dentro
destes, isolados do mundo exterior, escutam com apreensão o estouro das bombas de encontro ao
solo (...). Logo que os aviões se afastam, é tocada uma sirene. É o sinal de que o perigo passou. Todos
saem dos abrigos e olham desolados para o nefasto resultado do ataque. Escombros, pó, fumaça,
incêndios, pessoas feridas, veículos destruídos e um desagradável cheiro de pólvora no ar. Esta é a
cena com que se deparam. Os que ainda têm casa procuram por ela. E os outros? Bem, os outros
começam a andar sem rumo (...)”.
O relato que acabamos de ler é de uma guerra no Oriente Médio, mas poderia muito bem ser
de qualquer outro lugar, porque as guerras, no fundo, são todas iguais. Elas representam o momento
da irracionalidade do homem. Na guerra não há vencedores. Todos são vencidos, derrotados. Quem
sabe, um dia, os homens se convençam disso.
“Nos últimos dias, Deus julgará entre os povos, e corrigirá muitas nações; estes converterão
as suas espadas em relhas de arados, e suas lanças em podadeiras: uma nação não levantará a
espada contra outra nação, nem aprenderão mais a guerra. Vinde, ó casa de Jacó, e andemos na luz
do Senhor” (Isaías 2.4-5).

79 – A Síndrome de Burnout

“Ele não apagará o pavio que fumega” (Cf. Isaías 42.3). Sim, deveríamos e gostaríamos de ser
uma luz que brilha, mas, em verdade, muitas vezes não passamos de um pavio que apenas fumega e
ameaça apagar totalmente. Se você já se sentiu assim, ou está se sentindo assim no momento, então
você tem uma ideia do que é esta Síndrome de “Burnout”. Traduzido do inglês, Burnout significa sem
fogo, em alemão “ausgebrannt”. A Bíblia diz: um pavio que apenas ainda fumega. É muito mais do
que sentir-se cansado ou estressado; trata-se de uma exaustão físico-emocional associada ao trabalho
profissional. Estar no fim.
O problema é que esta síndrome vai se instalando gradativamente, passando pelos estágios de
alarme, resistência e exaustão propriamente dita, com alterações físicas, emocionais e
comportamentais. A pessoa sente que simplesmente não tem mais nada para dar de si, está com suas
energias e recursos no fim. Palpitações, boca seca, insônia, diminuição ou aumento descontrolado de
apetite são alguns dos sinais físicos que denunciam a instalação desta síndrome. Endurecimento
afetivo, atitudes negativas e cínicas em relação aos outros, inflexibilidade, falta de envolvimento
pessoal no trabalho, desinteresse, dificuldade de manter a atenção e ranger os dentes durante o sono
são algumas das alterações emocionais e comportamentais mais frequentes que acompanham o
Burnout.
A única maneira de evitar que esta síndrome se instale e atrapalhe severamente nossa vida é
investir conscientemente no autocuidado, isto é, no cuidado de si mesmo, como já dizia o apóstolo
Paulo a seu colaborador Timóteo: “Tem cuidado de ti mesmo” (1 Timóteo 4.16a). Importante é que
este cuidado não se resuma a algumas atividades isoladas, o que para muitas pessoas já é muita coisa,
mas que se expresse num estilo de vida pautado em hábitos saudáveis, desde alimentação, atividade
física e lúdica, cultivo de suporte familiar, social, espiritual, amoroso e afetivo e, para que isto seja
possível, o estabelecimento de prioridades para a utilização racional do tempo. Cuidar de si é, antes
de mais nada, respeitar-se a si mesmo, levar-se a si mesmo a sério, começando pelos nossos
sentimentos. Isto significa, por exemplo, permitir-se sentir tristeza ou revolta. Perceber, admitir que
a tristeza ou a indignação fazem parte de nossa vida nos ajuda a elaborar positivamente esses
sentimentos. Quando nós nos permitimos sentir as nossas emoções em vez de reprimi-las, estaremos
mais aptos para levantar novamente e prosseguir. É importante estarmos conscientes de que isto é
um tanto problemático em nossos dias de hoje, pois a sociedade não admite a tristeza e o protesto,
esperando que sempre estejamos bem, sorridentes e felizes, como compete a pessoas de sucesso.
Afinal, é isto que importa: ter sucesso a qualquer custo.
A responsabilidade pelo autocuidado é da própria pessoa. É ela que avaliará se vale a pena pagar
o preço por uma mudança na sua postura diante da existência e no seu estilo de vida. Sabemos que é
muito mais fácil culpar os outros, o sistema, a chefia no trabalho, a falta de tempo e colocar-se como
vítima, do que fazer algo, assumir a responsabilidade. Mas, somente posso cuidar dos outros, de
minha família, de meu trabalho quando cuido diligentemente de mim mesmo. É evidente que deve
haver um equilíbrio entre o cuidar de si e cuidar dos outros. Uma chama não queima sem oxigênio.
Cada um de nós precisa encontrar a sua fonte de oxigenação e buscá-la regularmente, evitando assim
que o pavio da sua energia se apague ou se torne algo precário, que apenas ainda fumega.

80 – A procrastinação

Você planeja uma atividade para o seu dia. O dia termina, e você não fez o que havia planejado.
Planeja a mesma tarefa para o dia seguinte. E, igualmente, acaba adiando a atividade. Assim, os dias
vão se sucedendo, sem que o necessário trabalho seja executado. A isso se chama de procrastinação.
É o pastor que planeja as suas visitas aos doentes e não as faz. É o professor que sabe que
precisa tirar algumas horas do seu tempo de folga para corrigir as provas dos alunos, mas não tira esse
tempo. E o papel vai se acumulando na sua escrivaninha. É o estudante que não se organiza, e deixa
a pesquisa e a redação do seu trabalho para a última noite antes do dia da entrega. É o pedreiro ou o
agricultor que vai adiando a afiação e a manutenção das suas ferramentas e máquinas, até que elas o
deixam na mão no momento em que mais precisa delas. É o aposentado que procrastina suas
atividades básicas, rotineiras, preferindo o ócio. À noite, está extenuado e nervoso. Se estivesse
apenas cansado, estaria se sentindo bem melhor....

Dificilmente alguém perderá o seu emprego por causa de esse “empurrar com a barriga”, pois
isso normalmente ocorre no tempo e na agenda que o próprio profissional administra. Essa
deficiência, contudo, vai ficando retida no psicológico e na consciência da pessoa, pesando e se
agravando cada vez mais. Fato é que a procrastinação resulta em energia perdida, desviada. A gente
planeja a atividade, se ocupa com ela, mas não a realiza; ou seja, ela permanece na agenda. No dia
seguinte, a mesma coisa. Em algum momento, o curto, o estouro será inevitável. O próprio estresse
ou a Síndrome de Burnout podem ter na procrastinação uma de suas fontes geradoras.
Por isso, fica a constatação. Planejamento, rotina e agenda são importantes até para quem já
está aposentado. Flexibilização de agenda já é outra coisa e não caracteriza procrastinação. Há algo
que você não gosta de fazer? Faça-o logo, e você estará livre para usufruir o resto do seu dia com
outras atividades mais amenas e aprazíveis. Aliás, tudo é mais prazeroso após o cumprimento do dever
e dos compromissos.

81 – Primeiro o dever, depois o lazer


(Testemunho pessoal de Gerhard Dollinger)

Eu devia ter uns oito ou nove anos quando, após a Primeira Guerra Mundial, a inflação se abateu
sobre a Alemanha golpeada e derrotada. O Marco Alemão pegou a “tuberculose galopante”. Meu pai,
que sempre quis trabalhar por conta própria, tinha fundado, pouco antes, uma firma. A loja foi
montada num quarto de nossa residência. Se bem me lembro, vendíamos correias, óleos, graxas,
ferramentas e assemelhados. Cabia a nós crianças a tarefa de levar esses artigos às firmas que os
haviam encomendado. Acontece que cada firma procurava protelar o pagamento o quanto possível,
para saldar os compromissos após nova desvalorização da moeda. Por isso, o mais importante era
conseguir pagamento à vista pelas mercadorias fornecidas. Cada um dos compradores pensava poder
livrar-se das crianças com frases como esta: “Digam a seu pai que pagarei a conta mediante depósito
em sua conta bancária”. Depois de sofrer calotes por várias vezes, minha mãe falou: “Assim não pode
continuar. Do contrário, logo não teremos mais comida, sem falar em dinheiro para aluguel, calefação,
vestuário e mensalidade escolar. Vocês, portanto, não arredem o pé dali até que paguem em dinheiro
vivo, entendido? ”
Os demais membros da família achavam que nós, eu e a minha irmã Herta, os dois menores,
não tínhamos condições de dar conta desta tarefa complicada. Por isso, discutiu-se quem dos irmãos
mais velhos deveria assumi-la. Erich já era estudante universitário e passava o dia na Universidade.
Ruth estava empregada no banco, e era do salário dela que basicamente vivíamos. Pois, segundo o
costume da época, moça solteira, que morava na casa dos pais, tinha que entregar o seu salário a eles,
que apenas lhe devolviam um pouco como “mesada”. Ela, portanto, também foi descartada. Irma
estudava numa escola de Pedagogia na cidade vizinha e só vinha para casa nos finais de semana. No
fim, a tarefa acabou sobrando mesmo para mim e a Herta, que era três anos mais nova que eu.
Ruth sempre era a primeira a saber, pelo banco, quando uma nova maxidesvalorização da
moeda estava para acontecer. Um dia desses, voltou do serviço e entregou o salário do mês inteiro à
mãe, recomendando que ela aplicasse logo o dinheiro todo na compra de gêneros alimentícios, pois
uma maxidesvalorização ia acontecer.
Colocaram, pois, em minha mão uma lista comprida junto com o dinheiro e me mandaram ao
armazém para fazer as compras. Ali eu devia mandar guardar as mercadorias até que os mais velhos
viessem buscá-las. “Mas corre depressa, ouviu? ” Foi o que minha mãe ainda gritou atrás de mim.
No caminho encontrei um colega de escola. Decidimos brincar um pouco em nosso jardim que
ficava no caminho. Seria algo bem rápido. A brincadeira estava boa, e a lista das compras e o dinheiro
no bolso foram esquecidos.
Quando notaram que eu demorava muito para voltar para casa, a minha mãe se inquietou.
Mandou todos os meus irmãos à minha procura. Acharam-me no jardim brincando. A primeira
pergunta foi: “Você já fez as compras? ”
A galope fomos todos correndo para a loja, só para descobrir que com o salário do mês inteiro
de minha irmã nós ainda conseguimos comprar apenas um único pão, pois, entrementes, a esperada
maxidesvalorização da moeda havia acontecido. Aterrados, me arrastaram para casa. Eles sabiam tão
bem quanto eu da punição que desabaria sobre mim.
Primeiro a minha mãe ficou branca de susto e, logo depois, vermelha de raiva. A mãe, muitas
vezes, nos aplicava uma boa surra de vara. E desta vez, ela caiu sobre mim com a vara na mão. Entre
uma chulapada e outra, ela dizia, não gritava: “Primeiro o dever, depois o lazer! Grava isso enquanto
viveres, ouviu? Primeiro o dever, depois o lazer! ”
Não aguentando mais ver a surra que eu levava, minha irmã interviu com energia: “Mãe! Agora
já chega! Não vai mudar em nada. O dinheiro já está perdido de qualquer jeito. E depois, o Gerhard é
apenas uma criança! ” E a mãe se recuperou do seu acesso de ira, interrompendo o castigo. Na
verdade, ela estava exausta, jogando-se no sofá, pensando desanimada na falta que os suprimentos
fariam naquele mês. Eu, bem consciente da minha “pisada na bola”, nada fazia, senão choramingar.
Quando me lembro disso hoje, quase oitenta anos depois, dou risada. Surras eram a coisa mais
natural em nossa geração. Até hoje não consigo assistir televisão ou ler um livro, enquanto algum
dever ou trabalho me espera. Penso que aprendi bem a lição. Procuro não “empurrar nada com a
barriga” e seguidamente digo para mim mesmo: “Primeiro o dever, depois o lazer! ”

82 – Fale com alguém sobre a sua tristeza

As pessoas que não estão desesperadas sempre têm a esperança de que a situação possa ser
modificada: talvez através de seus próprios esforços, talvez por acontecimentos acidentais (por meio
de ações e fatos, independentes delas), ou talvez apenas pelo passar do tempo. As pessoas
desesperadas perderam toda a fé nestas possibilidades: na habilidade de suas ações, nos “objetos” ou
acontecimentos exteriores, ou no tempo, para solucionar o problema. A “montanha” que precisam
escalar não tem cume, e não há nenhuma maneira de não sentirem a necessidade de continuar a
interminável escalada.
Elas sentem que independentemente do que façam, independentemente do quanto lutem,
dando voltas tortuosas para evitar seu destino, ele inexoravelmente chegará. Na melhor das
hipóteses, as saídas são temporárias, meras saliências (na montanha) onde se pode descansar. E
acreditar nesta realidade ou em sua continuidade, apenas conduziria a um desapontamento mais
amargo.
Uma mulher disse que desde criança era perseguida por uma história. Não tinha certeza se era
um romance que lera, um filme a que assistira ou algo que ela mesma criara ou sonhara. Mas
lembrava-se de tê-la conhecido e visualizado tão nitidamente como se tivesse participado dela. Na
história, diversas pessoas fugiam num carro, sendo perseguidas por vários carros, cheios de inimigos
mortais. Se pudessem chegar a uma longa e difícil passagem nas montanhas, estariam salvos.
Ela visualizava a cena como num filme. Na tela, a ação da tentativa de fuga e da perseguição era
interrompida, de vez em quando, por um caminhão enorme, arruinado, que carregava combustível,
cruzando o deserto que ficava do outro lado das montanhas e aproximando-se deles. Gradativamente,
aqueles que fugiam para salvar suas vidas se afastavam dos perseguidores. Começavam a acreditar
que escapariam e finalmente chegaram ao topo da passagem na montanha e começaram a descer
para o outro lado. Ao mesmo tempo, o caminhão começava a subir a montanha. O resultado era
facilmente previsível. Assim que os protagonistas se convencessem de que haviam conseguido
escapar seriam mortos em uma colisão com o caminhão. “Eu sempre soube que, de algum modo, esta
era a história de minha vida”, disse ela.
O filósofo Kierkegaard, escrevendo sobre a “desconexão do desespero”, observa que, para nos
livrarmos do desespero, precisamos nos livrar de nosso eu, pois é ele que nos desespera. O nosso eu
pode ser uma prisão, em que andamos em um círculo sem fim de depressão e escuridão. É como a
trama desconexa e louca de um sonho assustador. E o que acontece quando acordamos? Alívio! A
vida real é muito melhor e totalmente diferente do sonho. E quando o desespero é real e não se trata
de sonho, quando uma doença grave nos atormenta ou sofremos de profunda depressão? Também
nessas circunstâncias Kierkegaard entende que, na entrega para o relacionamento com o outro,
rompemos o círculo vicioso em torno do nosso eu desesperado e conseguimos superar a clausura da
escuridão profunda em que nos encontramos. Como kierkegaard também é um teólogo cristão,
argumenta com toda a ênfase que o outro, por excelência, é Deus – o absoluto. Em um relacionamento
de fé com Deus, passo a focalizar aquele que tudo sabe e pode, e meu desespero pode se diluir, através
da entrega e confiança.

Você já deve ter percebido que quanto mais triste está mais tende a se fechar em torno de si
mesmo, na sua própria concha. É uma armadilha. A tristeza aumentará. Você precisa de ares novos.
Procure algum amigo, alguém da família. Fale com alguém sobre a sua tristeza. Procure a comunhão
com Deus e o local onde os seguidores de Jesus se reúnem. Volte a ler a sua Bíblia e a meditar sobre
a Palavra de Deus. Você verá, a sua tristeza ficará diluída ou, quem sabe, até já estará encaminhada e
superada.

83 – Torne-se um lago!

Um velho mestre pediu a um jovem triste que colocasse uma mão cheia de sal em um copo de
água e bebesse um gole. “Qual é o gosto? ”, perguntou o mestre. “Ruim! ”, disse o jovem. O mestre
sorriu e pediu ao jovem que pegasse outra mão cheia de sal. Os dois caminharam em silêncio até um
lago. “Jogue o sal no lago”, disse o mestre. O jovem obedeceu. “Agora beba um pouco dessa água”.
Enquanto a água escorria do queixo do jovem, o mestre perguntou: “Qual é o gosto? ” “Bom! ”, disse
o rapaz. “Você sente gosto do sal? ”, perguntou o mestre. “Não! ”, disse o jovem.
O mestre então sentou ao lado do jovem triste, pegou sua mão e disse: “A dor na vida de uma
pessoa não muda. Mas o sabor da dor depende de onde a colocamos. Então, quando você sentir dor,
a única coisa que você deve fazer é aumentar o sentido das coisas, ampliar a sua visão de tempo e
eternidade. Deixe de ser um copo. Torne-se um lago! ”
É o que acontece quando deixamos de olhar para nós mesmos e entregamos a nossa dor e as
nossas preocupações a Jesus, confiando no seu poder e na sua ajuda.

84 – Jesus está no barco

“Enquanto Jesus e seus discípulos navegavam no lago, tendo Jesus adormecido, sobreveio
uma tempestade de vento, correndo eles o perigo de naufragar. Chegando-se a Jesus, despertaram-
no dizendo: Mestre, Mestre, estamos perecendo! Despertando-se Jesus, repreendeu o vento e a
fúria da água. Tudo cessou e veio a bonança. Então lhes disse: Onde está a vossa fé? Eles, possuídos
de temor e admiração, diziam uns aos outros: Quem é este que até aos ventos e às ondas repreende,
e lhe obedecem? ” (Lucas 8.23-25).
Um dos aspectos fortes deste texto é o temor, o medo dos discípulos. A tempestade os apavora.
E quando Jesus acalma o vento e as ondas, eles tremem agora diante do poder de Deus.
Medo. Quem pode dizer que nunca teve medo? O que é o medo? Medo é bem mais do que um
pequeno susto. Sentimos medo diante do que não conseguimos explicar ou entender. Sentimos medo
da intimidação, quando alguém ou algo ameaça os fundamentos da nossa existência.
Os discípulos de Jesus sentem um medo real. A água e o vento cravando os seus corpos lhes
prova que a tempestade é horrível e assustadora. A morte os espreita. O medo e o pavor os faz remar
em ritmo desesperado e sem orientação. Os pensamentos se embaralham. E eles não conseguem ver
e entender duas realidades concretas, que estão ali, diante dos seus olhos:
Jesus está no barco. Eles demoram demais para lembrar disso. Deixam Jesus dormindo,
enquanto tentam se salvar com as próprias forças. Quando finalmente lembram de Jesus, limitam-se
a acordá-lo e comunicá-lo da tragédia, do que está acontecendo: “Mestre, Mestre, estamos
perecendo! ”
Jesus tem poder sobre as ondas e o vento. Os discípulos subestimam o seu mestre. Não lhes
passou pela cabeça que Jesus pudesse acalmar a tempestade. Andavam com Jesus, mas de fato não o
conheciam, nem criam nele como o filho de Deus. Por isso, ficaram surpresos e assustados quando
presenciaram o seu poder.
Quando acordamos a cada manhã, é maravilhoso lembrar sempre que Jesus está no barco da
nossa vida e que Ele tem poder sobre as ondas e o vento. Sim, Jesus pode nos assustar e surpreender,
provendo soluções, consolo e amparo que jamais imaginávamos possíveis. É nessa confiança que
podemos iniciar cada novo dia, cada nova jornada da nossa existência.
“Não temas, eu sou o teu escudo, e teu galardão será sobremodo grande” (Gênesis 15.1b).

85 – Senhor, salve-me!

“Nesse momento o barco já estava no meio do lago. E as ondas batiam com força no barco
porque o vento soprava contra eles. Já de madrugada, entre três e seis horas, Jesus foi até eles,
andando em cima da água” (Mateus 14.24s).
Em uma brincadeira entre universitários, os alunos veteranos vendaram os olhos dos novatos e
os conduziram para um local onde tinham de seguir uma corda até encontrar a saída. Enquanto isso,
os veteranos ficaram perto deles, oferecendo ajuda. Muitos iam seguindo a corda, que na verdade
estava cruzada de tal forma que não havia saída alguma. Cansados, alguns pediram ajuda e foram
simplesmente retirados dali. A moral da brincadeira era pedir ajuda para encontrar a solução daquele
problema.
Muitas vezes nos sentimos com os olhos vendados, pois não conseguimos enxergar a saída para
a situação em que nos encontramos. O medo nos paralisa, ao mesmo tempo em que buscamos
resolver tudo sozinhos, baseados na nossa experiência, qualificação e conhecimento. Os alunos mais
“persistentes” deram muitas voltas segurando a corda, afirmando que encontrariam a saída de
qualquer jeito. A questão é que nem sempre há uma saída.
Quem nunca se encontrou numa situação dessas, em que o desespero toma conta? E como é
confortante quando finalmente conseguimos dizer: “Jesus! Jesus! Jesus! Toma conta de mim e do meu
problema. Não posso mais fazer nada. Peço-te, nas próximas 24 horas me dá uma luz, me dá uma
solução”. Podemos falar por experiência própria, após esse tempo, o problema se modifica tanto que
muitas vezes deixa de existir, uma vez que Deus já colocou no nosso entendimento a aceitação, a
solução ou modificou as condições que geravam o problema e o tornavam tão assustador. E sabem
por que? Simplesmente porque Deus atende às nossas orações e tem poder para fazer milagres, fazer
o que nunca imaginamos que seria possível. Sim, Jesus andou sobre as águas para acudir aos seus
discípulos que estavam se vendo em apuros no meio do lago.
98 - Você não existe por acaso – Edson Meier
“Então Pedro disse: ‘Se é o senhor que está aí, mande-me andar em cima da água até onde o
senhor está’. ‘Venha! ’, respondeu Jesus. Pedro saiu do barco e começou a andar em cima da água,
em direção a Jesus. Quando ele sentiu o vento, ficou com medo e começou a afundar. Então gritou:
‘Senhor, salve-me! ’ Imediatamente Jesus estendeu a mão, segurou Pedro e disse: ‘Como a sua fé é
pequena! Por que é que você duvidou? ’ Então os dois entraram no barco, e o vento se acalmou. E
os discípulos adoraram Jesus, dizendo: ‘De fato o senhor é o Filho de Deus! ’” (Mateus 14.28-33).

86 – Você é especial

No livro infantil intitulado “Você é Especial”, a história descreve Punchinello, uma pessoa de
madeira em um vilarejo de pessoas de madeira. Os habitantes tinham o costume de colar estrelas nas
pessoas bem-sucedidas e pontos nas pessoas que tinham dificuldades. Punchinello tinha tantos
pontos que as pessoas lhe davam mais pontos sem motivo algum.
Mas aí ele conheceu Eli, seu criador. Eli o incentivou, dizendo-lhe para desconsiderar a opinião
dos outros. “Eu fiz você”, explicou. “Eu não cometo erros”.
Punchinello nunca tinha ouvido tais palavras. Quando ouviu, seus pontos começaram a cair.
Sim, é básico e simples assim. O medo da derrota e da insignificância cria o resultado que tanto
se teme, nos leva ao destino que tentamos evitar, facilita o cenário que tanto desdenhamos.
É fundamental nos imaginarmos sempre de novo nas mãos do nosso criador, nos formando nas
profundezas da terra, de modo especial e admirável (Cf. Salmo 139.14-15). É importante lembrarmos
que Ele não consegue parar de pensar em nós. Se pudéssemos contar quantas vezes Ele pensa em
nós, seriam mais do que os grãos de areia (Cf. Salmo 139.18).
Por que Ele nos ama tanto? Porque somos ideia dele, uma criação muito especial.
Muitas vezes, também o passar dos anos nos deixa encurvados e amoitados em nosso brilho e
vigor. No filme “Hook – A volta do capitão Gancho”, Peter Pan tinha crescido, envelhecido e
engordado. Não se parecia nem um pouco com o Peter que os meninos perdidos conheciam.
Enquanto os meninos gritavam que esse não era Peter, um dos meninos menores o pegou pela mão
e puxou até seu nível. Então colocou suas mãos no rosto de Peter e começou a mexer em sua pele,
dando nova forma a seu rosto. O garoto olhou nos olhos de Peter e disse: “Aí está você, Peter! ”
Escute. Você está ouvindo? Deus está dizendo a mesma coisa para você, encontrando a beleza
que os anos enterram, o brilho que o tempo tenta tirar. Deus está vendo você e adorando a pessoa
que ele vê: “Aí está você. Aí está você, Francisco! Maria! Edson!...”
Estimado! Querida! Você não precisa de roupagens e estacas de ostentação. Você é especial e
único, naquilo que Deus lhe deu.

87 – Uma pessoa feliz


99 - Você não existe por acaso – Edson Meier
Tarefa. Trabalho de conclusão do ano letivo: Vocês escreverão um romance de, no máximo,
vinte e cinco páginas. Caracterizarão o personagem principal como uma pessoa feliz, nas várias
dimensões da existência humana (individual, familiar, social, vocacional/profissional, existencial e
espiritual). Incluam desafios, dificuldades e fatalidades, realidades que fazem parte da nossa vida. Não
permitam, contudo, que o personagem perca o rumo e a orientação. Caracterizem bem os seus valores
e a sua luz própria, a esperança como propulsora e sentido da sua existência. E, como reflexão pessoal,
o que vocês não precisam registrar claramente no texto, aparecendo apenas como dicas subliminares,
nas entrelinhas, como questões em aberto, fica o desafio: Avaliem a sua vida individual em
comparação a esse seu personagem. Há semelhanças? Há diferenças? Que aspectos da sua vida vocês
podem mudar e planejar para que consigam realmente cantar a sua própria canção?
Estimado! Essa é uma proposta de tarefa de escola, nas disciplinas de Filosofia e Ensino
Religioso. Você, provavelmente, não está mais na escola e também não é meu aluno ou minha aluna.
Logo, está dispensado da tarefa. Mesmo assim, solicito-lhe a reflexão sobre esse tema. Sua vida é um
romance. Você é o personagem principal e também o autor do texto. E, então, o que você vai decidir
e viver para ser mais feliz?
Proponho-lhe uma tarefa bem mais simples. Elabore um cartaz, que você afixará no lado interno
da porta do seu guarda-roupas ou por cima da sua escrivaninha ou bancada de trabalho. Tema: O que
mais me dá prazer na vida, a canção da minha vida. Elabore pelo menos três itens, três propostas
concretas, através das quais você poderá usufruir e colocar em prática regularmente essas vivências
prazerosas e significativas. Que Deus lhe preencha a existência com sentido e orientação.

100 - Você não existe por acaso – Edson Meier


Bibliografia consultada:

Prefácio - Adaptado a partir do texto de autoria desconhecida. In.: SOL NASCENTE. 1984. Sinodal. São Leopoldo/RS. 06/mai.
1 – Texto de Edson Meier. Mito de Sísifo, conforme se encontra no texto de Maria Júlia Kovács. In.: MORTE E
DESENVOLVIMENTO (Maria Júlia Kovács – coordenadora e organizadora). Casa do Psicólogo. São Paulo/SP. 1992. P. 147 e
173.
2 – Adaptado a partir do texto de Daniela Rothschild e Rauflin Azevedo Calazans. In.: MORTE E DESENVOLVIMENTO (Maria
Júlia Kovács – coordenadora e organizadora). P. 145s.
3 – Texto de Edson Meier. O exemplo da Idade Média, dos talhadores de pedras, foi adaptado a partir do livro de Alfried
Längle. In.: VIVER COM SENTIDO. Coleção Logoterapia. Editora Sinodal e Editora Vozes. São Leopoldo/RS e Petrópolis/RJ.
1992. P.41s. A citação inicial foi retirada do livro de Viktor E. Frankl. In.: PSICOTERAPIA E SENTIDO DA VIDA. Fundamentos da
Logoterapia e análise existencial. Quadrante. São Paulo/SP. 1986. 2ª Ed. P. IX.
4 – Texto de Edson Meier. A temática de Jung foi adaptada a partir do texto de Laura Villares de Freitas. In.: MORTE E
DESENVOLVIMENTO HUMANO (Maria Júlia Kovács – coordenadora e organizadora). P. 114 e 116.
5 – Adaptado a partir do texto de Alfried Längle. In.: VIVER COM SENTIDO. P. 23s. Citação de Frankl, conforme foi citado no
texto de Alfried Längle. Provavelmente este texto citado se encontra na obra de Frankl “Das Leiden am sinnlosen Leben:
Psychotherapie fuer heute”. Freiburg: Herder-Taschenbuch, 1985.
6 – Adaptado a partir do texto de Alfried Längle. In.: VIVER COM SENTIDO. P. 25 e 31-6.
7 – Texto atribuído a Benjamin Franklin, conforme citado por Lenio Streck no blog da Internet Diário do Centro do Mundo
(DCM) em 20 de junho de 2019.
8 - Adaptado a partir do texto de Wilhelm Busch. In.: JESUS NOSSO DESTINO. Traduzido do original “Jesus unser Schicksal”
by Aussaat Verlag GmbH. Neukirchen – Vluyn. NÚCLEO – Centro de Publicações Cristãs, Lda. Apartado 1. 2746 QUELUZ Codex.
Portugal. 1994. P. 23s.
9 - Adaptado a partir do texto de Wilhelm Busch. In.: JESUS NOSSO DESTINO. P. 24-7.
10 - Adaptado a partir do texto de Wilhelm Busch. In.: JESUS NOSSO DESTINO. P. 27-9.
11 - Adaptado a partir do texto de Wilhelm Busch. In.: JESUS NOSSO DESTINO. P. 29-32 e do texto de Rick Warren. In.: UMA
VIDA COM PROPÓSITOS. Para que estou na terra? (Edição expandida). Vida. São Paulo/SP. 2013. P. 22s.
12 - Adaptado a partir do texto de Wilhelm Busch. In.: JESUS NOSSO DESTINO. P. 32s. As imagens de todo este compêndio
são ilustrativas.
13 – Adaptado a partir do texto de GCW. In.: CASTELO FORTE. 2009. Sinodal/Concórdia. São Leopoldo/RS e Porto Alegre/RS.
07/fev.
14 – Adaptado a partir do texto de Odylahor Havlis, veiculado no site www.metaforas.com.br em 2013.
15 – Texto de Edson Meier. Citação de Schweitzer conforme texto de Maria Luiza Rückert. In.: ROTEIRO DA OASE. 1990.
Sinodal. São Leopoldo/RS. P. 65.
16 - Adaptado a partir do texto de Rick Warren. In.: UMA VIDA COM PROPÓSITOS. Para que estou na Terra? (Edição
expandida). P. 362-4.
17 - Texto de autoria e fonte desconhecida.
18 - Adaptado a partir do texto de Martin L. Warth. In.: CASTELO FORTE. 1986. 19/dez e do texto de RWD. In.: NOSSO ANDAR
DIÁRIO. 2006. 20/abr.
19 - Adaptado a partir do texto de Mariane Beyer Ehrat. In.: CASTELO FORTE. 1991. 12/fev. Poema de Edson Meier.
20 - Traduzido e adaptado a partir do texto de Knut Wellmann. In.: GUSTAV ADOLF KINDER + JUGEND KALENDER. 1987.
Verlag des Gustaf-Adolf-Werkes. P. 65-7.
21 – Adaptado a partir do texto de Abrão Janzen. In: O MENSAGEIRO AMB. 2012. Associação Menonita Beneficente/Colônia
Witmarsum. Palmeira/PR. P. 66.
22 – Adaptado a partir do texto de Silvio Meincke. In.: A FONTE. Sinodal. São Leopoldo/RS. 1983. P. 49s e do texto de autoria
desconhecida. In.: SOL NASCENTE. 1984. 28/nov. O texto da citação inicial é atribuído a Chico Xavier.
23 – Adaptado a partir do texto de Lawrence Leshan. In.: O CÂNCER COMO PONTO DE MUTAÇÃO. Summus. São Paulo/SP.
1992. P. 39-44. 2ª ed.
24 - Adaptado a partir do texto de Lawrence Leshan. In.: O CÂNCER COMO PONTO DE MUTAÇÃO. P. 53-6.
25 - Adaptado a partir do texto de autoria desconhecida. In.: 100 ESTÓRIAS DE VIDA E SABEDORIA. (Osvino Toillier –
organizador). Sinodal. São Leopoldo/RS. 2003. P. 97. Poema inicial de Edson Meier.
26 - Adaptado a partir do texto de Friedrich Gierus. In.: ANUÁRIO EVANGÉLICO. 2005. Sinodal. São Leopoldo/RS. P. 120s.
Poema inicial de Fernando Pessoa (Fonte não encontrada).
27 - Texto de Edson Meier.
28 - Adaptado a partir do texto de Valdemar Sjlender. In.: CASTELO FORTE. 2006. 01/jul.
29 - Adaptado a partir do texto de Elias Torres da Silva. In.: PÃO DIÁRIO. 2011. 23/dez.
30 - Fonte não conhecida. Tradição oral. Exemplo utilizado por palestrante em seminário de motivação para profissionais
contadores.
31 - Texto de Edson Meier, baseado no texto de Silvio Meincke. In.: A FONTE. P. 88-9 e no texto de autoria desconhecida. In.:
SOL NASCENTE. 1984. 06/set.
32 - Adaptado a partir do texto de Elmer N. Flor. In.: CASTELO FORTE. 1986. 22/abr.
33 – Adaptado a partir do texto de Anne M. Cetas. In.: NOSSO ANDAR DIÁRIO. 2006. 05/jun.
34 – Adaptado a partir do texto de autoria desconhecida, utilizado como exemplo por um presbítero em uma palestra e
debate sobre sexualidade.
35 – Fonte não identificada. Texto usado em sala de aula com estudantes de 2º Grau em 1980 (Escola Técnica Tupy –
Joinville/SC).
36 – Adaptado a partir do texto de Millôr Fernandes. In.: VEJA. Abril. São Paulo. 23 abr. 1975.
37 - Adaptado a partir do texto da revista VEJA. 17 abr. 1996.
38 - Texto de Edson Meier.
39 - Adaptado a partir do texto de AMC. In.: NOSSO ANDAR DIÁRIO. 2008. 03/mar.
40 - Texto de Edson Meier.
41 - Adaptado a partir do texto de Mozart de Noronha Melo. In.: ROTEIRO DA OASE. 1996. P.72s.
42 - Texto de Edson Meier.
43 - Adaptado a partir do texto de Pedrinho A. Guareschi. In.: SOCIOLOGIA CRÍTICA – Alternativas de mudança. Edições
Mundo Jovem. Porto Alegre. 1985. P. 14-8. 4ª ed.
44 – Adaptado a partir do texto de Pedrinho A. Guareschi. In.: SOCIOLOGIA CRÍTICA – Alternativas de mudança. P. 107-9.
45 - Texto de Edson Meier.
46 - Adaptado a partir do texto de Pedrinho A. Guareschi. In.: SOCIOLOGIA CRÍTICA – Alternativas de mudança. P. 120s.
47 - Texto de Edson Meier. “Comunitariedade” é um vocábulo que ainda não existe no Português. Trata-se de uma força
motivadora e impulsionadora, um estado filosófico e espiritual que arrebata as pessoas de um determinado grupo para a
vivência da partilha e da preocupação mútua, dentro da máxima de que dividir é somar igual para todos.
48 - Texto de Edson Meier. O exemplo do garoto foi adaptado a partir do texto de Ademar Neto. In.: ORANDO EM FAMÍLIA.
2001. Encontro Publicações e MEUC – Distribuidora Literária. Curitiba/PR e São Bento do Sul/SC. P. 41.
49 – Adaptado a partir do texto de Richard De Haan. In.: NOSSO PÃO DIÁRIO. 2003. Ministérios RBC. Curitiba/PR. 24/dez.
50 – Traduzido e adaptado a partir do texto de Inge Rethemeier. In.: NEUKIRCHENER ANDACHTSBUCH 2006. Editora Sinodal
e União Cristã. São Leopoldo/RS e São Bento do Sul/SC. 08/mai.
51 - Adaptado a partir do texto de Wilhelm Busch. In.: JESUS NOSSO DESTINO. P. 222s.
52 - Adaptado a partir do texto de Alcides Jucksch. In.: ORANDO EM FAMÍLIA. 2002. P. 190, do texto de autor desconhecido.
In.: HISTÓRIAS PARA MEDITAR. Felipe Aquino (organizador). Cléofas. Lorena/SP. P. 70s e do texto de autoria desconhecida,
veiculado em www.metaforas.com.br em 2001.
53 - Adaptado a partir do texto de Elisabeth Z. Fertsch. In.: CASTELO FORTE. 1994. 10/set.
54 - Adaptado a partir do texto de autor desconhecido. In.: HISTÓRIAS PARA MEDITAR. P. 57s e do texto de autoria
desconhecida, veiculado em www.metoforas.com.br em 2001.
55 - Adaptado a partir do texto de Rui Arsego. In.: JORNAL A NOTÍCIA. Joinville/SC. 20/01/2003. P. A3. As citações de Thoreau
e Kierkegaard foram extraídas do texto de Alan Loy McGinnis. In.: AUTOCONFIANÇA – como adquirir. Sinodal. São
Leopoldo/RS. 1993. P. 51.
56 - Adaptado a partir do texto de Alan Loy McGinnis. In.: AMIZADE. Sinodal. São Leopoldo/RS. 1984. P. 18s. Poema inicial
de Edson Meier.
57 - Adaptado a partir do texto de autoria desconhecida, veiculado em www.metáforas.com.br em 1999.
58 - Adaptado a partir do texto de Roland Körber. In.: PÃO DIÁRIO. 2007. 27/Set.
59 - Adaptado a partir do texto de Albert Einstein. In.: HISTÓRIAS PARA MEDITAR. 2003. P. 18s, do texto atribuído a Mahatma
Gandhi, que circula na Internet, e do texto de Ana Cláudia Gusso e Antônio Renato Gusso. In.: PÃO DIÁRIO. 2007. 02/ago.
60 – Texto atribuído a Mahatma Gandhi. Fonte desconhecida.
61 - Adaptado a partir do texto de Nelson Hein. In.: ANUÁRIO EVANGÉLICO. 2004. P. 108s e do texto de autoria desconhecida,
veiculado em www.metaforas.com.br em 2001.
62 - Adaptado a partir do texto de Helmuth Scholl. In.: PÃO DIÁRIO. 2011. 18/mai. No texto de autoria desconhecida, que
aparece em: HISTÓRIAS PARA MEDITAR. P.50s e no texto de autoria desconhecida, veiculado em www.metaforas.com.br em
2001, a temática é a mesma. Retrata a história de uma jovem esposa chinesa. O conflito, contudo, é com a sogra e não com
o marido.
63 - Adaptado a partir do texto de Wilhelm Busch. In.: JESUS NOSSO DESTINO. P. 100.
64 - Texto de Edson Meier.
65 - Citação do pensador fenomenológico e existencial Gabriel Marcel. Fonte não encontrada.
66 - Adaptado a partir do livro de Evaldo A. D’Assumpção. In.: SOBRE O VIVER E O MORRER. Manual de Tanatologia e
Biotanatologia para os que partem e os que ficam. Editora Vozes. Petrópolis/RJ. 2010. P. 83s.
67 - Texto veiculado na Internet. Citação inicial de Luis Fernando Veríssimo, que ele atribui a Sarah Westphal Batista da Silva.
68 - Adaptado a partir do texto de Elmer N. Flor. In.: CASTELO FORTE. 1990. 03/jan.
69 - Adaptado a partir do texto de Marcos Ramos Nascimento. In.: ANUÁRIO EVANGÉLICO. 2005. P. 83.
70 - Texto de Edson Meier.
71 - Texto de Edson Meier, adaptado a partir do texto de Nelson Kilpp. In.: CASTELO FORTE. 1998. 13/jan. e do texto de
Wilhelm Busch. In.: JESUS NOSSO DESTINO. P. 218.
72 - Adaptado a partir do texto de Turid Barth Pettersen. In.: ANUÁRIO EVANGÉLICO. 1987. P.61.
73 - Adaptado a partir do texto de Sandra M. Albertino. In.: JORNAL CORUJINHA. Centro de Filosofia Educação para o Pensar.
Florianópolis. Ano X - nº 38. Ago. /2001. P. 11.
74 – Adaptado a partir do texto de Silvio Meincke. In.: A FONTE. P. 95s.
75 - Texto atribuído ao GREENPEACE.
76 - Adaptado a partir do texto de Gertraude Wanke. In.: ANUÁRIO EVANGÉLICO. 1994. P. 30-2. Citação inicial de Edson
Meier.
77 - Texto de Edson Meier, adaptado a partir do texto de HDF. In.: NOSSO ANDAR DIÁRIO. 2008. 18/nov.
78 – Adaptado a partir do texto de autoria desconhecida. In.: SOL NASCENTE. 1984. 19/jun.
79 - Adaptado a partir do texto de Bruno H. Gottwald. In.: ANUÁRIO EVANGÉLICO. 2005. P. 111s.
80 - Texto de Edson Meier.
81 - Adaptado a partir do texto de Gerhard Dollinger. In.: ANUÁRIO EVANGÉLICO. 1994. P. 155-7.
82 – Texto de Edson Meier, adaptado a partir do texto de Lawrence Leshan. In.: O CÂNCER COMO PONTO DE MUTAÇÃO. P.
109s.
83 - Adaptado a partir do texto de autoria desconhecida, veiculado em www.metaforas.com.br em 2006.
84 - Texto de Edson Meier.
85 - Adaptado a partir do texto de Vanessa Weiler Ribas. In.: PÃO DIÁRIO. 2009. 17/ago.
86 - Adaptado a partir do texto de Max Lucado. In.: VIVA A VIDA - O Caminho de Deus para Vencer o Medo e a Ansiedade.
Rio de Janeiro/RJ. Thomas Nelson Brasil. 2014. P. 30-2.
87 - Texto de Edson Meier.
Contracapa – Citação conforme aparece no texto de Lawrence Leshan. In.: O CÂNCER COMO PONTO DE MUTAÇÃO. P. 108.

Sumário

PREFÁCIO .............................................................................................................................................................04
1 – Somos todos mortais .......................................................................................................................................06
2 – Viver é lutar por sentido ..................................................................................................................................06
3 – Existir é talhar a pedra .....................................................................................................................................07
4 – A curva da vida ................................................................................................................................................09
5 – O vazio existencial ...........................................................................................................................................11
6 – Valores existenciais .........................................................................................................................................12
7 – Escolhas ...........................................................................................................................................................15
8 – Só temos uma vida para viver ..........................................................................................................................16
9 – Qual é o propósito da minha vida? ..................................................................................................................17
10 – Somos filhos do Deus vivo .............................................................................................................................19
11 – Eu pertenço a Jesus .......................................................................................................................................21
12 – Jesus fará muito barulho na sua vida .............................................................................................................23
13 – “Because y love Jesus!” .................................................................................................................................24
14 – Dividir é somar igual para todos ....................................................................................................................24
15 – A reverência diante da vida............................................................................................................................25
16 – O propósito divino para a minha vida ...........................................................................................................26
17 – Deus é amor ..................................................................................................................................................27
18 – O amor imutável ............................................................................................................................................27
19 – Quando o amor é bom ..................................................................................................................................27
20 – O menino Jesus de Alvorada .........................................................................................................................28
21 – Não há como voltar no tempo .......................................................................................................................29
22 – O rumo certo .................................................................................................................................................29
23 – A canção de Carol ..........................................................................................................................................30
24 – Quando a canção é coletiva ...........................................................................................................................34
25 – Quando o inferno é humano .........................................................................................................................36
26 – Põe quanto és no mínimo que fazes! .............................................................................................................37
27 – A minha vocação ...........................................................................................................................................38
28 – Servir a Deus na vocação ...............................................................................................................................40
29 – A contradição ................................................................................................................................................40
30 – O caminho da realização profissional ............................................................................................................41
31 – A firma ...........................................................................................................................................................42
32 – O alvo é o marreco vivo .................................................................................................................................43
33 – Quando a maioria está errada .......................................................................................................................44
34 – Uma armadilha fatal .....................................................................................................................................44
35 – E quando o cigarro acaba..............................................................................................................................45
36 – Leve-o para o seu lazer .................................................................................................................................46
37 – A fumaça que mata .......................................................................................................................................46
38 – A bengala química .........................................................................................................................................47
39 – Mudança de hábito .......................................................................................................................................48
40 – A acelerada fatal ...........................................................................................................................................48
41 – O vírus do preconceito ..................................................................................................................................49
42 – Isso é “demais de bonito” .............................................................................................................................51
43 – Ideologia .......................................................................................................................................................52
44 – Notícias: as belas meias-verdades ................................................................................................................55
45 – Quando a “fake News” vira estratégia de guerra .........................................................................................57
46 – A força da utopia ...........................................................................................................................................60
47 – O Deus Trino ..................................................................................................................................................61
48 – A Pedagogia de Babel ....................................................................................................................................62
49 – Uma luz na escuridão ....................................................................................................................................63
50 – A luz vence as trevas .....................................................................................................................................63
51 – Eu estou do lado do vencedor .......................................................................................................................64
52 – Os dois lobos .................................................................................................................................................64
53 – Tenta agradecer! ...........................................................................................................................................65
54 – Uma flor rara .................................................................................................................................................65
55 – A obesidade intelectual .................................................................................................................................66
56 – Cultivando relacionamentos de valor ............................................................................................................69
57 – O perigo dos pressupostos ............................................................................................................................70
58 – Estamos todos na mesma queda ...................................................................................................................71
59 – A vida .............................................................................................................................................................71
60 – Mantenha seus pensamentos positivos ........................................................................................................72
61 – A sabedoria é silenciosa ................................................................................................................................73
62 – A gente colhe o que semeia ..........................................................................................................................73
63 – A difícil tarefa de achar a pessoa certa .........................................................................................................74
64 – Casais inter-raciais .........................................................................................................................................75
65 – A pessoa amada .............................................................................................................................................75
66 – Quando o desapego é amor ..........................................................................................................................76
67 – Quando a ação é eficiente .............................................................................................................................77
68 – Como você olha para a criação divina? .........................................................................................................78
69 – O fascínio das estrelas ...................................................................................................................................79
70 – Isso não vinga aqui! .......................................................................................................................................80
71 – Para onde vai o nosso mundo? .....................................................................................................................81
72 – Quando uma explosão muda a história do homem ......................................................................................83
73 – Sadako e a dobradura do Tsuru ....................................................................................................................85
74 – O velho e solitário cedro ...............................................................................................................................86
75 – Quando .........................................................................................................................................................86
76 – O estresse ......................................................................................................................................................87
77 – Cabeças frias vencem ....................................................................................................................................89
78 – Quando cessarão as guerras? ........................................................................................................................90
79 – A Síndrome de Burnout .................................................................................................................................91
80 – A procrastinação ...........................................................................................................................................92
81 – Primeiro o dever, depois o lazer ...................................................................................................................93
82 – Fale com alguém sobre a sua tristeza ...........................................................................................................95
83 – Torne-se um lago! .........................................................................................................................................96
84 – Jesus está no barco ........................................................................................................................................97
85 – Senhor, salve-me! .........................................................................................................................................98
86 – Você é especial ..............................................................................................................................................99
87 – Uma pessoa feliz ............................................................................................................................................99
Bibliografia consultada ......................................................................................................................................101
Segunda orelha da capa:

O autor/organizador dos textos nasceu em Joinville/SC. Formou-se em Teologia em São


Leopoldo/RS em 1988. Atuou como pastor em Jaraguá do Sul/SC e como professor de Filosofia e
Ensino Religioso em Joinville. Em seguida, transferiu-se para o Mato Grosso, onde também atuou
como pastor, nas cidades de Campo Novo do Parecis, Brasnorte, Sapezal e Campos de Júlio.
Dispensado do pastorado na sua igreja, voltou para Santa Catarina, onde passou a trabalhar como
representante comercial. Atualmente, aposentado, reside em Joinville e uma de suas ocupações é a
pesquisa, a produção independente e a divulgação de literatura cristã.

Leia, do mesmo autor:


Meu Companheiro de Viagem: 700 vezes Ele. Este livro já está publicado e impresso e pode ser
adquirido na livraria Martin Luther da Editora Otto Kuhr de Blumenau/SC (Tel: 47 3337-1110. E-mail:
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Existenciais – Vol. 1). Este livro está sendo divulgado apenas em arquivo eletrônico (solicite o seu, sem
custos, pelo e-mail: edmeierjoinville@gmail.com). Em complementação a este livro, foi publicado no
Youtube um vídeo sobre o Suicídio. Basta clicar e assistir: https://youtu.be/0W2_qqVeCMI

105 - Você não existe por acaso – Edson Meier


CONTRACAPA

“Se a rocha cai sobre o ovo – coitado do ovo. Se o ovo cai sobre a rocha – coitado do ovo”.
Ao longo da minha atuação profissional, fui demitido três vezes. Na primeira, porque tinha feito
algo errado. Na segunda, porque tinha feito coisas certas. Na terceira, porque a empresa não precisava
mais de mim.
O mundo é cruel. A vida é dura. Coitado do ovo!
Querido leitor. Estimado jovem. Este livro não tem por objetivo lhe paparicar ou passar a mão
na sua cabeça. As coisas estão horríveis? Sim, estão. Mas, você não precisa ser o ovo. Você pode ser
a rocha. O objetivo de toda essa nossa reflexão é lhe ajudar a pensar de forma própria e crítica. Gerar
o debate e a discussão. Não queremos lhe dar respostas prontas ou lhe “fazer a cabeça”. Você tem a
possibilidade de se autodeterminar, eleger os seus valores, construir o seu fundamento e sobre ele
edificar o seu projeto de vida.
Você não precisa ser uma pedra jogada distraidamente pelo caminho. Você pode ser uma rocha,
inserida em um projeto de mundo, cercada de flores, cores, odores e amores – rodeada de vida.
E eu? Continuo aqui no meu canto, talhando a minha pedra. Gosto desse lugar, pois cada um
tem o seu chamado. Ninguém existe por acaso!

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