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93 Em princípio [...], o dia-a-dia do educador escolar tem por base não uma
filosofia criticamente construída, mas sim um senso comum que foi
adquirido, ao longo do tempo, por acúmulo espontâneo de experiências ou
por introjeção acrítica de conceitos, valores e entendimentos vigentes e
dominantes no seu meio.
100 Entre muitas outras características desse senso comum sobre o educando,
poderemos observar também que da ação dos professores se depreende
que o educando é um sujeito incapaz de julgamento sobre si mesmo e
sobre sua aprendizagem.
100 [...] gostaríamos de lembrar ainda uma característica que, talvez, seja a raiz
de todas as anteriores: é a forma de considerar o educando como um
elemento isolado de tudo o mais que o cerca.
103 Os conteúdos dos livros-textos não são os melhores e os mais corretos. [...]
ao nos basearmos no senso comum estabelecido sobre os conteúdos que
ensinamos, passamos a exigir que nossos alunos adquiram conhecimentos
errados da realidade. Se não errados, ao menos distorcidos.
103 [...] O senso comum pedagógico toma por verdade aquilo que é uma forma
de interpretar a realidade.
103 Não é porque muitos dos atuais conteúdos ensinados possuam desvios que
não se deva ensinar conteúdo algum. O que importa é recuperar o sentido
adequado dos conteúdos escolares e passar a trabalhar a partir deles.
104 Qual o significado do livro didático na prática pedagógica escolar? [...] tudo
o que está escrito nele se assume como verdade.
104 [...] o livro do professor traz, além daquilo que está contido no do aluno, as
respostas padronizadas às questões formuladas para o exercício dos
alunos. O professor deverá seguir as respostinhas dadas pelo autor do livro.
Se o aluno for um pouco além, ele terá uma conduta considerada
inadequada. Professor e aluno terão que se submeter aos ditames do livro
didático e, pois, do seu autor.
107 [...] a prática educacional não poderia, nem deveria, de forma alguma, atuar
com base em elementos do senso comum, pois tem por objetivo formar
consciências [...] críticas, capazes de compreender, propor e agir em função
de novas perspectivas de vida.
Fonte: Luckesi, Cipriano Carlos. Filosofia da Educação / Cipriano Carlos Luckesi. – São
Paulo: Cortez, 1994. – (Coleção magistério 2° grau. Série formação do professor)
Bibliografia. ISBN 85-249-0249-31. Educação – Filosofia I. Título. II. Série.