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Orientador
Prof. Edla Trocoli
Rio de Janeiro
2012
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
INTRODUÇÃO
CONCLUSÃO
BIBLIOGRAFIA
ÍNDICE
INTRODUÇÃO
Partindo do princípio de que existe sempre uma razão concreta por trás
do mau comportamento e de que crianças interessadas e autônomas têm mais
chances de se desenvolver de forma saudável, a Disciplina Positiva oferece
ferramentas para que pais e professores promovam um relacionamento
mutuamente responsável com as crianças. Sua proposta é a promoção de
relacionamentos saudáveis, baseados no respeito mútuo entre pais e filhos,
adultos e professores, em casa e na escola.
Assim, a criança nessa fase aprende sobre ela mesma pela oposição
que faz ao outro; ela percebe sua individualidade ao perceber-se diferente das
outras pessoas. Frases como “É meu”, “Não quero”, “Não gosto”, dentre outras,
são comuns nesta fase.
O seu nome, o seu apelido, a sua idade, o seu domicílio,
constroem-lhe uma imagem da sua pequena
personagem, de que, aliás, se faz como que testemunha
dos seus próprios pensamentos. (WALLON, 1968, P.
229)
Por volta dos 4 anos, tem início a fase seguinte, conhecida como idade
da graça, quando a criança quer ser admirada e obter a aprovação das
pessoas a sua volta. Ela começa a prestar atenção ao seu comportamento e,
por meio da sedução ou da “graça”, busca ser admirada pelos demais. Na
idade da graça, a criança passa a se considerar pela admiração dos demais.
O último estágio do personalismo é conhecido como período da imitação
e acontece por volta dos 5 anos. Nessa fase, segundo Wallon (1968), a criança
se reaproxima do outro, imita-o para tomar o seu lugar. O ciúme é comum
nessa fase, especialmente em relação ao pai, que simboliza de forma geral “o
modelo do Outro”.
Segundo Wallon, a personalidade ainda não está inteiramente
diferenciada nesse estágio. “Em sua família, ele se pensa sempre dentro de
uma constelação de pessoas na qual não sabe distinguir muito bem sua própria
pessoa do lugar que ela ocupa entre os outros”. (WALLON, apud Galvão, 2002,
P. 120)
Zagury (2005) concorda que dar limite não significa ser autoritário, ou
seja, dar ordens sem explicar o porquê ou criar regras apenas em beneficio
próprio. A função dos limites, segundo ela, é ensinar as crianças a viver em
sociedade. Agressões físicas, por exemplo, são inaceitáveis já que servem
apenas para aliviar a impaciência, o cansaço ou a raiva de quem disciplina.
Além de preparar as crianças para o convívio social, o estabelecimento
de limites contribui para o desenvolvimento afetivo e cognitivo das crianças.
Isso porque ele auxilia no seu descentrar e contribui para o desenvolvimento da
autonomia moral. (SALTINI, 2002, P. 99)
Primeiramente, vejamos como os limites contribuem para descentrar as
crianças, ou seja, para ajudá-la a perceber que existem outros pontos de vista
além do seu. Como vimos no capítulo 1, essa não é uma tarefa fácil para as
crianças de 3 a 6 anos, pois é justamente a fase em que elas aprendem –
umas mais cedo outras mais tarde – a se colocar no lugar do outro.
O estabelecimento de limites ensina, por exemplo, que as crianças
podem fazer muitas coisas, mas “nem tudo nem sempre”, pois os direitos de
um terminam onde começam os direitos dos outros. “Ninguém pode respeitar
seus semelhantes se não aprender quais são os seus limites – e isso inclui
compreender que nem sempre se pode fazer tudo o que se deseja na vida.”
(ZAGURY, 2005, P. 17)
Outra lição importante promovida pelos limites é a capacidade de lidar
com as frustrações e adiar a satisfação (Zagury, 2005). Na contramão desse
ensinamento, estão os pais que evitam dizer não aos filhos, ignorando, por
exemplo, que a frustração é um sentimento necessário.
Sempre me pareceu que a educação se faz com duas
mãos: a mão que dá o aconchego, o prazer, o amor e a
outra que frustra, desafia, impõe e limita. Se porventura
exagero qualquer uma das mãos, estou errando na
educação que me proponho fazer. (SALTINI, 2002, P. 92)
Segundo Tiba, a melhor forma de lidar com a birra é não ceder a nada o
que for exigido por meio dessa estratégia, pois “cada vez que os pais aceitam
uma contrariedade, um desrespeito, a quebra de limites, estão fazendo com
que seus filhos rompam o limite natural para seu comportamento em família e
na sociedade”. (TIBA, 2006, P. 23)
Dar limites contribui também para o desenvolvimento moral das crianças
na medida em que, por meio das orientações dos adultos, elas aprendem a
distinguir o que é aceitável e o que não é. Vale lembrar que, segundo Piaget
(1994), a moral das crianças no período pré-operatório depende da orientação
dos adultos (heteronomia). Seu desenvolvimento cognitivo e afetivo ainda não
permite o julgamento do que é certo e do que é errado; suas ações não são
regidas por princípios éticos, e sim pelo que lhe foi ensinado como sendo ou
não aceitável.
Embora a família seja a principal responsável pela educação de seus
filhos, Tiba (2006) defende que a escola também tem uma função importante
nesse processo. Segundo ele, as crianças:
Para ele, punir uma criança com problemas de indisciplina não seria
suficiente para influenciar uma mudança de atitude. Para atacar o mal pela raiz,
seria preciso avaliar a compreensão global da sua unidade da personalidade,
seu ponto de vista, sua trajetória, suas escolhas, pois tudo o que acontece na
vida é determinado pela perspectiva do indivíduo, nada “se move em sua
estrutura de conjunto sem ser dirigido por ela”. Olhar apenas a indisciplina
praticada seria como “compreender o significado de algumas notas separadas
da melodia”. (ADLER, 2003, P. 24; 28)
Segundo Adler, nos casos em que a luta pela superioridade não é bem
dirigida, o sentimento de inferioridade pode se tornar excessivo, levando a um
sentimento anormal de compensação denominado “complexo de inferioridade”.
Para isso, ele sugeria que os professores, assim como os pais, fossem
treinados a respeito dos mecanismos psíquicos infantis e do seu processo de
desenvolvimento. De acordo com sua teoria, os educadores deveriam conhecer
a criança para conquistá-la e, a partir daí, ser capaz de influenciar as suas
atitudes, no sentido da autonomia, do respeito e da cooperação.
O método proposto por Dreikurs defende que existem sempre razões por
trás da indisciplina e que a chave para o bom comportamento e para o
relacionamento saudável entre as pessoas é o encorajamento. A proposta não
é justificar o mau comportamento; ao contrário, sua proposta se baseia no
estabelecimento e na manutenção clara de regras e limites. Entretanto, a
maneira como isso é feito deve levar em conta o respeito mútuo entre adultos e
crianças. O lema é ser firme e afetuoso ao mesmo tempo.
Essa decisão é influenciada pela interpretação que cada filho faz da sua
posição na família e do que a ação do outro significa para ele. A abordagem de
Dreikurs parte do princípio que muitas vezes essa interpretação feita pelas
crianças é errônea e, portanto, leva a direções erradas. Cabe aos pais a tarefa
de orientar os filhos para uma melhor compreensão da importância de cada um
no grupo familiar.
Vale ressaltar que, segundo essa abordagem, não basta amar uma
criança para que ela se sinta aceita e capaz de contribuir com o grupo. Ao
contrário, por amor alguns pais batem em seus filhos, outros evitam dizer não;
há também aqueles que fazem tudo por eles, até mesmo o que eles já
poderiam fazer sozinhos. E, assim, perdem a oportunidade de ensinar
importantes lições, como a autonomia, a cooperação e o respeito. O amor é
fundamental, mas não suficiente para educar uma criança. (NELSEN; ERWIN;
DUFFY, 2007)
Segundo a Disciplina Positiva, uma dica para aprender a ouvir com os ouvidos
abertos e a boca fechada é fazer perguntas. Relatar o que aconteceu, como e
porque aconteceu apenas ensina à criança o que pensar. Para contribuir com o
desenvolvimento do raciocínio e da capacidade de julgamento de seus filhos,
os pais devem perguntar, por exemplo, “O que aconteceu?”, “Como você acha
que isso aconteceu?”, “Como você se sente com isso?”, ou ainda, “Como você
poderia agir no futuro?”.
Para aqueles que consideram essa tarefa muito difícil, outra técnica sugerida
pela Disciplina Positiva é a audição reflexiva (reflective listening), que como o
nome sugere implica em ouvir o que a criança tem a dizer como se o educador
fosse um espelho, apenas refletindo aquilo que está sendo dito.
Tendo em vista que, segundo essa abordagem, educar um filho não significa
dominá-lo, punições devem ser evitadas. No lugar, são propostas as técnicas
das consequências lógicas e das consequências naturais.
DE FREITAS, Maria Luisa de Lara Uzun & De Assis, Orly Zucatto Mantovani.
Os aspectos cognitivo e afetivo da criança avaliados por meio das
manifestações da função simbólica. Ciência & Cognição 2007; Vol 11: 91-109
<www.cienciaecognicao.org> Data do acesso: 20/01/2012.
DREIKURS, R. & SOLTZ, V. Como educar nossos filhos nos dias de hoje –
Liberalismo x Repressão: uma orientação segura para os dilemas de pais e
filhos. Editora Record. Traducao Sonia Miranda. 1964.
FEBRA-PSI. Federação Brasileira de Psicanálise
http://febrapsi.org.br/resenha.php?texto=resenha_Adler
NELSEN, J.; ERWIN, Cheryl; DUFFY, Roslyn Ann. Positive Discipline for
Preschoolers: For Their Early Years – Raising Children Who are Responsible,
Respectful and Resourceful. Kindle Edition. Edição para Kindle de 27/03/2007
FOLHA DE ROSTO
AGRADECIMENTO
DEDICATÓRIA
RESUMO
METODOLOGIA
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
CONCLUSÃO
BIBLIOGRAFIA