INTERNATIONAL NURSING CONGRESS 1

Theme: Good practices of nursing representations

In the construction of society
May 9-12, 2017

A atuação da enfermagem na gestão da saúde da mulher de um munícipio

sergipano: relato de experiência
Bianca Vanessa dos Santos Ribeiro (Acadêmica De Enfermagem da Universidade Federal de Sergipe),
e-mail: biribeiro@outlook.com.br;
Maria Wiliane do Nascimento Cunha (Acadêmica De Enfermagem da Universidade Federal de
Sergipe), e-mail: wilianecunha7@gmail.com;
Juliana Bispo dos Santos Guimarães (Acadêmica De Enfermagem da Universidade Federal de
Sergipe), e-mail: juenfufs@hotmail.com;
Claudiane Mahl (Orientador, Professora Mestre do Departamento de Enfermagem da Universidade
Federal de Sergipe), e-mail: profclaudianem30@gmail.com.

Linha educacional 02 – Desenvolvimento e avaliação de tecnologias e inovação para a formação e a

prática de enfermagem. Sublinha de pesquisa: Desenvolvimento de processos de produção e
sistemas de informação para bens e serviços de saúde.

INTRODUÇÃO como prevenção secundária. A meta anual de

As mulheres são a maioria da população
brasileira (50,77%) e as principais usuárias do
Sistema Único de Saúde (SUS). 65% do total da
população feminina encontra-se em idade
reprodutiva (de dez a 49 anos) representando
uma parcela social importante para a aplicação
das políticas de saúde (MINISTÉRIO DA SAÚDE,
2004). A Política Nacional de Atenção Integral à
Saúde da Mulher deve contemplar a população
feminina acima de 10 anos, e apresenta como
objetivos gerais: promover a melhoria das
condições de vida e saúde; reduzir a
morbimortalidade, especialmente por causas
evitáveis; e ampliar, qualificar e humanizar a
atenção à saúde da mulher no SUS (MINISTÉRIO
DA SAÚDE, 2004). No Brasil, as principais
causas de morte da população feminina são as
doenças cardiovasculares, principalmente o
infarto agudo do miocárdio e o acidente vascular
cerebral; as neoplasias, especialmente o câncer
de mama, de pulmão e o de colo do útero; as
doenças do aparelho respiratório, marcadamente
as pneumonias; doenças endócrinas, nutricionais
e metabólicas, com destaque para o diabetes; e
as causas externas (MINISTÉRIO DA SAÚDE,
2010). Sendo assim, são definidas pela
Organização Mundial de Saúde metas a serem
alcançadas na realização de exames preventivos
mamografias é 60 procedimentos para cada 100
beneficiárias na faixa etária de 50 a 69 anos,
considerando a realização de um exame em
mulheres dessa faixa etária a cada dois anos
(ANSS, 2013). Quanto ao câncer de colo de
útero, as taxas de incidência e de mortalidade, no
Brasil, apresentam valores intermediários em
relação aos países em desenvolvimento, porém
são elevadas quando comparadas às de países
desenvolvidos com programas de detecção
precoces bem estruturados (ANSS, 2013). O
principal método e o mais amplamente utilizado
para rastreamento desse tipo de câncer é o teste
de Papanicolau (INCA, 2016). Diretrizes
brasileiras determinam como meta anual realizar,
no mínimo, 28 exames para cada 100
beneficiárias na faixa etária de 25 a 59 anos,
considerando a realização de um exame a cada
três anos, em 80% das mulheres nessa faixa
etária (ANSS, 2013). Apesar de não estar entre
as dez principais causas de morte entre as
mulheres, a morte materna é preocupante porque
a gravidez não está relacionada a doenças e sim
a sexualidade e vida reprodutiva. A Taxa de
Mortalidade Materna no Brasil é de 74,6 óbitos
maternos por 100.000 nascidos vivos, e
comparando-se com outros países, vemos que
estamos piores que Chile, Cuba, Costa Rica e
Uruguai, onde as taxas são de 40 óbitos
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maternos por 100.000 nascidos vivos
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004). O início do pré-
natal deve ocorrer no primeiro trimestre
gestacional para permitir que ações preventivas e
terapêuticas sejam oportunamente introduzidas; e
um dos instrumentos utilizados para avaliar a
qualidade da assistência pré-natal e ao parto é o
Indicador de partos cesáreos. O aumento
excessivo de partos cesáreos, acima do padrão
de 15% definido pela OMS, pode refletir um
acompanhamento pré-natal inadequado e/ou
indicações equivocadas do parto cirúrgico em
detrimento do parto normal (ANSS, 2013). Para
garantir uma assistência integral e de qualidade à
saúde da mulher, é necessária uma coordenação
efetiva, o que inclui supervisão da mortalidade
materna, da violência contra a mulher, da rede de
atenção à mulher, pré-natal, parto e puerpério, e
do câncer ginecológico, de mama e climatério
(PORTAL DA SAÚDE, 2016). Entre as atribuições
da coordenação de saúde da mulher está:
monitorar o SISCAN; manter articulação
permanente na formação e integração da rede de
atenção às mulheres; acompanhar os indicadores
da atenção básica relativos à consulta de pré-
natal, taxa de cesariana, sífilis congênita, abortos
e óbitos maternos; monitorar o Sisprenatal; e
supervisionar os serviços de planejamento
familiar (PORTAL DA SAÚDE, 2016). Os
profissionais da enfermagem têm demonstrado
competência para introdução, manutenção e
desenvolvimento das políticas de saúde. O
enfermeiro apresenta-se como o eixo principal
para suportar qualquer política de saúde que
tenha como objetivo a assistência de qualidade,
pois o mesmo possui uma visão da realidade que
contribui para desenvolver e implementar
estratégias em busca da resolução de problemas
(AARESTRUP; TAVARES, 2008). Os sistemas de
informação devem possibilitar o gerenciamento
da atenção à saúde por meio do monitoramento
do atendimento da mulher ao longo de toda a
rede e, também, mediante a retroalimentação das
equipes de saúde, que resulta de um processo
dinâmico de comunicação (MINISTÉRIO DA
SAÚDE, 2010). Para viabilizar o monitoramento, é
de fundamental importância que o profissional
preencha adequadamente os formulários de
informação. Os sistemas de informação que
fornecem dados relacionados à saúde da mulher
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são o Sistema de Informação do Câncer
(SISCAN), o Sistema de Informação da Atenção
Básica (SIAB), o Sistema Nacional de Nascidos
Vivos (SINASC) e o SISPRENATAL, o qual
possibilita a análise de indicadores de processo e
resultado (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2010). É
possível alcançar as metas e qualificar o
gerenciamento do sistema de saúde relacionado
às questões epidemiológicas e ambientais com a
participação direta do enfermeiro na gestão do
sistema, contribuindo assim para determinação
de políticas de saúde do município
(AARESTRUP; TAVARES, 2008).
OBJETIVOS
Otimizar o trabalho da coordenação da Saúde
da Mulher no controle do SISPRENATAL e do
SISCAN, possibilitando o planejamento de
intervenções de promoção de saúde às mulheres,
além de criar uma rotina de atividades no setor
para estagiários, beneficiando o setor.
MATERIAL E MÉTODOS
Desenvolvido por discentes do curso de
Enfermagem da Universidade Federal de Sergipe,
Campus Lagarto, durante estágio curricular
obrigatório no período de agosto a dezembro do
ano de 2016 na Secretaria Municipal de Saúde de
Lagarto, no setor Saúde da Mulher, o qual estava
sob a coordenação de uma profissional assistente
social. Inicialmente foi realizada uma revisão de
literatura e epidemiológica sobre a saúde da
mulher, a qual contemplou todo o processo de
evolução, os programas desenvolvidos no
decorrer dos anos e os seus objetivos, os
sistemas de informação existentes e que
possibilitam o acompanhamento da saúde da
população feminina, além das atribuições e
importância da coordenação do referido setor.
Após essa etapa, foi feita uma análise e
comparação entre o preconizado pelo Ministério
de Saúde e o que é desenvolvido pela
coordenação de saúde da mulher do município de
Lagarto. A partir disso, identificou-se os principais
desafios e falhas do setor. A saber, a não
continuidade de capacitações para os
enfermeiros a respeito da busca da população
alvo para o rastreamento do câncer de colo de
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útero e mama, atenção ao pré-natal de baixo
risco e métodos anticonceptivos; a ausência de
relatórios anuais para controle dos exames
citopatológicos a partir do SISCAN; ausência de
registro para o controle da qualidade das
amostras de citopatologia; falta de uma avaliação
dos indicadores da atenção básica do município
relativos à consulta de pré-natal, taxa de
cesariana, sífilis congênita, abortos e óbitos
maternos, os quais são atualizados através dos
Sistemas de Informação: SISAB, SINASC e
SISPRENATAL; dificuldade na alimentação do
SISPRENATAL, visto que as fichas distribuídas
nas unidades não estão de acordo com as novas
atualizações do sistema, contribuindo para o
déficit de informações. A partir disso, foram
priorizados e selecionados três problemas para
desenvolvimento de propostas de intervenção
como finalização do período de estágio no setor.
Sendo assim, a fim de minimizar os entraves
citados, desenvolveu-se três instrumentos
gerenciais, um deles destinado aos próximos
estagiários. Foram eles: a atualização da ficha de
acompanhamento de pré-natal; um caderno de
registro dos dados fornecidos pelos consolidados
mensais da produção de cada área do município
para controle de solicitação, resultados e
desfecho dos exames citopatológicos; e um guia
do estagiário, o qual contempla um cronograma
de serviço e delineamento das competências do
setor para campo de estágio. No último dia de
estágio, foram apresentados à coordenação do
setor Saúde da Mulher todos os instrumentos
produzidos, e entregou-se um instrumento para
que a responsável pelo setor avaliasse a
relevância das produções desenvolvidas.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os instrumentos criados pelas discentes foram
de grande valia para o melhor desenvolvimento
das atividades da coordenação da Saúde da
Mulher na secretaria de saúde do município. O
primeiro permite um registro melhor do
acompanhamento do pré-natal, contendo dados
exigidos pelo sistema de informação, pois neste
foram adicionadas informações como a idade e o
trimestre gestacional apresentado em cada
consulta, assim como a periodicidade em que
estas devem ocorrer, as vacinas de rotina do
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calendário da gestante; além de fornecer espaço
para registro dos exames adicionais solicitados e
complicações da gestação atual e legendas que
facilitam a compreensão do preenchimento da
ficha. O segundo instrumento, o caderno de
registro dos exames citopatológicos, possibilita a
monitorização da realização e resultados desses
exames, tornando-se um documento de controle
dos casos de câncer de colo de útero no
município. E por fim, o guia do estagiário, o qual
contém um cronograma de atividades para
nortear a atuação deste no campo de estágio, os
instrumentos desenvolvidos no setor e um
relatório do consolidado de gestantes do ano de
2016, uma proposta de educação permanente
para os enfermeiros e um instrumento de
supervisão das ações relacionadas a saúde da
mulher, a ser aplicado nas unidades básicas de
saúde. Todos os instrumentos elaborados foram
considerados relevantes pela coordenadora de
Saúde da Mulher, a qual avaliou como produtiva a
atuação das estagiárias inseridas no campo de
estágio, e se dispôs a implantar os instrumentos
no seu trabalho.
CONCLUSÕES
O presente trabalho contribuiu de forma
efetiva na gestão do programa saúde da Mulher
no município de Lagarto, uma vez que avaliou os
principais problemas enfrentados pela gestão e
com base nisso elaborou instrumentos
adequados a realidade e de fácil utilização,
favorecendo a condução do planejamento e
monitoramento das ações em saúde da mulher.
Além de contribuir para a consolidação deste
importante campo de estágio, onde as discentes
puderam ampliar sua visão sobre gestão,
entender e participar da gestão do setor,
compreendendo a importância deste para garantir
uma assistência à saúde de qualidade, que atinja
os objetivos contemplados na Política de Atenção
Integral à Saúde da Mulher.
Palavras-chave: Saúde da mulher; Enfermagem;
Gerência.
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REFERÊNCIAS

AARESTRUPI, C.; TAVARES, C. M. M. A formação do

enfermeiro e a gestão do sistema de saúde. Revista Eletrônica
de Enfermagem, 2008.

AGÊNCIA NACIONAL DE SAÚDE SUPLEMENTAR. Programa de

Qualificação da Saúde Suplementar. Rio de Janeiro,. 2013.

BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Política Nacional de Atenção

Integral à Saúde da Mulher: princípios e diretrizes. Brasília,.
2004.

INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER (Brasil). Controle do

câncer do colo de útero. Rio de Janeiro. Disponível
em:http://www2.inca.gov.br/wps/wcm/connect/acoes_programas/si
te/home/nobrasil/programa_nacional_controle_cancer_colo_utero/
deteccao_precoce. Acesso em: 06 set. 2016.

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Saúde da mulher: um diálogo aberto

e participativo. Brasília,. 2010.

PORTAL DA SAÚDE. Saúde da Mulher: Coordenação de saúde

da mulher/GAS/DUVAS. Disponível em:
<http://www.saude.pi.gov.br/paginas/3-saude-da-mulher>. Acesso
em: 06 set. 2016.