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PREFEITURA

DE QUELUZ

PROTOCOLO DE ENFERMAGEM
SAÚDE DA MULHER


1ªEdição
Edição
Cruzeiro 2021
Queluz - 2021

PREFEITURA
DE QUELUZ
Laurindo Joaquim da Silva Garcez
Prefeito Municipal de Queluz

Marilda Uchôas Ferreira


Secretária Municipal de Saúde

Edmilson Felipe Salgueiro Faria


Coordenador Atenção Básica / VE

Bruna Souza de Almeida Motta


Enfermeira ESF

Maria Cecília Duarte


Enfermeira ESF

Tatiane de Freitas
Enfermeira ESF

Danielle Gonçalves Reis


Farmacêutica Municipal

Validação:

Edmilson Felipe Salgueiro Faria - Coordenador Atenção Básica / VE


Bruna Souza de Almeida Motta – Enfª ESF Figueira
Tatiane de Freitas – Enfª ESF Palha
Maria Cecília Duarte – Enfª ESF Porteira
Daniele Gonçalves Reis – Farmacêutica Municipal
SUMÁRIO

Protocolo de Enfermagem – Saúde da Mulher 4


Detecção e Controle do Câncer de Colo do Útero e da Mama 5
Rastreamento e Investigação diagnóstica do Câncer de Mama em mulheres 6
de 50 a 69 anos
Ultrassonografia Mamária 8
O Câncer de Mama 9
As alterações da mama 10
Os fatores de risco 14
Os fatores de prevenção 14
O Câncer de Colo Uterino 15
A Organização da Atenção 18
Consulta de Enfermagem Ginecológica 19
Anexo 1 – Exame Clínico das mamas 24
Anexo 2 – Coleta Citopatológico 25
Preparo da Cliente 26
Fluxograma para diagnóstico de gravidez e acompanhamento do Pré-Natal 32
Roteiro para primeira consulta de enfermagem 38
Avaliação de Risco Gestacional 42
Anexo III – Avaliação Edema 48
Protocolo de Enfermagem – Planejamento Familiar 66
A- Anticoncepcionais Orais Combinados 77
Interações Medicamentosas 82
B- Anticoncepcionais Orais de Progestágenos 84
C- Anticoncepção Hormonal Injetável 87
Dispositivo Intra-Uterino (DIU) 96
Assistência de Enfermagem à mulher durante climatório e menopausa 101
Referências Bibliográficas 112

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PROTOCOLO DE ENFERMAGEM - SAÚDE DA MULHER

INTRODUÇÃO

Os protocolos assistenciais dizem respeito à descrição minuciosa de linhas de


cuidado específicas, integrando na sua estrutura as normas, rotinas e procedimentos
relativos ao problema/condição de saúde determinada. São um conjunto de dados que
permitem direcionar o trabalho e registrar oficialmente os cuidados executados na
resolução ou prevenção de um problema.
Protocolo descreve uma situação específica de assistência/cuidado, com
detalhes operacionais e especificações sobre o que fazer, quem fazer e como fazer.
Conduz os profissionais nas decisões de assistência para a prevenção, recuperação
ou reabilitação da saúde. Pode prever ações de avaliação/diagnóstica ou de
cuidado/tratamento, como o uso de intervenções educacionais, de tratamentos com
meios físicos, de intervenções emocionais, sociais e farmacológicas, independentes
de enfermagem ou compartilhadas com outros profissionais. Um protocolo contém
vários procedimentos.
A atividade do cuidar, além de complexa, exige confiabilidade à assistência
prestada por meio de procedimentos seguros. A construção de protocolos é
imprescindível para a execução das ações nas quais a enfermagem está envolvida.
Este documento possui objetivo de esclarecer e orientar os profissionais da
Saúde da rede SUS do município de Cruzeiro, os fluxos de acolhimento e assistência
à mulher em todas as etapas de sua vida.

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Detecção e Controle do Câncer de Colo do Útero e da Mama

O câncer de colo de útero e o de mama são os dois tipos de neoplasias que


mais atingem as mulheres, tendo maior chance de cura se forem reconhecidos no
início e receberem tratamento adequado.
Segundo dados do Ministério da Saúde, entre as neoplasias, o câncer de mama
ocupa o segundo lugar em incidência e o terceiro em mortalidade, e o câncer de colo
de útero o terceiro em incidência e o quarto em mortalidade.
O câncer de colo uterino tem cura em 100% dos casos iniciais e é o único que
dispõe de tecnologia para prevenção, detecção precoce e tratamento. É considerada
uma doença de evolução lenta, sendo que a fase precursora e o seu desenvolvimento
propriamente dito transcorrem, na maioria dos casos, num período de
aproximadamente 10 anos e via de regra não apresenta sintomas em suas fases
iniciais.
Mais de 70% das pacientes diagnosticadas apresentam a doença em estágio
avançado na primeira consulta, o que dificulta a possibilidade de cura. Portanto,
quanto mais precoce a intervenção maior a chance de sobrevivência da mulher.
No Brasil, o câncer de mama é o principal responsável pelas mortes em
mulheres e nos últimos anos tem aumentado a sua incidência, sendo atualmente o
câncer que mais atinge a população feminina. Apresenta curva ascendente a partir
dos 25 anos de idade, concentrando a maioria dos casos entre os 45 e 50 anos de
idade.
A descoberta do câncer de mama em sua fase inicial proporciona
elevadíssimas chances de cura para a paciente e permite oferecer tratamento não
mutilador. O autoexame das mamas tem impacto significativo na detecção precoce do
câncer de mama, registrando-se tumores primários menores e menor número de
linfonodos axilares invadidos pelo tumor nas mulheres que realizaram este exame.
A partir destas informações, percebe-se a importância de um programa
estruturado para a prevenção e detecção precoce destas duas patologias,
considerando-se principalmente o papel específico das Unidades de Saúde, que
através de orientações, cobertura adequada de exames de citologia oncótica,
realização do exame clínico e orientação para o autoexame de mamas,
acompanhamento e controle dos casos poderão reduzir drasticamente o quadro
5
epidemiológico atual.

O rastreamento por meio da mamografia é a estratégia mais implementada no mundo


para a detecção precoce da doença. Essa estratégia consiste na repetição periódica
de mamografias de rotina em mulheres sem sinais ou sintomas suspeitos desse
câncer. No Brasil, o rastreamento mamográfico passou a ser recomendado como
política pública em 2004 . Conforme as Diretrizes para a Detecção Precoce do Câncer
de Mama no Brasil 4,5, o rastreamento mamográfico deve ser oferecido às mulheres
com idade de 50 a 69 anos, uma vez a cada dois anos, pois é nessa faixa etária e
periodicidade que se observa balanço favorável entre riscos e benefícios do
rastreamento. O diagnóstico precoce, por meio da avaliação oportuna de sinais e
sintomas suspeitos de câncer de mama, é também recomendado e constitui prioridade
assistencial no cenário de apresentação avançada da doença no país.

RASTREAMENTO E INVESTIGAÇÃO DIAGNÓSTICA DO CÂNCER DE MAMA EM


MULHERES DE 50 A 69 ANOS

6
A partir da mamografia de rastreamento, as possíveis condutas preconizadas pelo
sistema BI-RADS® para os casos alterados (suspeitos), ou seja, resultados BI-
RADS® diferentes de 1 e 2, são: realização de incidências Instituto Nacional de
Câncer José Alencar Gomes da Silva 11 Memória de Cálculo ou manobras, controle
radiológico (mamografia), ultrassonografia mamária e investigação diagnóstica com a
realização de biópsia. O resultado da biópsia confirmará os casos malignos, que
necessitarão de tratamento para câncer de mama em unidade terciária.
A Figura 1 apresenta um fluxo simplificado, considerando a linha de cuidado adotada
pelo Ministério da Saúde para rastreamento do câncer de mama, que orientou o
cálculo dos procedimentos necessários desde a definição do número de mulheres a
serem rastreadas até a estimativa de casos para encaminhamento ao tratamento
oncológico. Portanto, esse fluxograma não deve orientar condutas individuais.

7
Ultrassonografia mamária

Bibliografias recentes orientam que a categoria 0 como um resultado


inconclusivo, ou seja, significa que o exame detectou uma alteração que precisa ser
melhor estudada para definir o grau de suspeição. Dessa forma, é recomendada
avaliação adicional para esclarecer a qual categoria (de 2 a 5) a lesão se aproxima
em relação às características. Essa avaliação pode ser feita: (a) com a própria
mamografia, utilizando incidências complementares e manobras; (b) por meio de de
outro exame, como a ultrassonografia; (c) com a comparação de exames realizados
nos últimos três anos, caso a paciente os tenha, para comprovar ou não a estabilidade
de um achado. Todas as situações de resultado categoria BI-RADS® 0 implicam
reconvocação da paciente, sendo que os complementos descritos nos itens (a) e (c)
representam responsabilidade da clínica que fez a mamografia e fazem parte da
remuneração do mesmo exame de mamografia. Nesses casos previstos nas
situações (a) e (c), após a reavaliação, uma nova classificação BI-RADS® será dada
no lugar da categoria 0 e é essa categoria final que deve constar no registro do Siscan.
A situação descrita no item (b) representa um novo exame, com tecnologia diversa e
que tem remuneração específica. Nesses casos, é a categoria BI-RADS® 0 que deve
ficar registrada no Siscan. No SUS, o exame de investigação diagnóstica
complementar para categoria BI-RADS® 0, na situação descrita no item (b), é a
ultrassonografia mamária. Mulheres com resultado categoria BI-RADS® 0 na
mamografia de controle, após uma mamografia inicial BI-RADS® 3, também precisam
de avaliação adicional por ultrassonografia mamária.

8
O CÂNCER DE MAMA

ANATOMIA E FISIOLOGIA DA MAMA

As mamas são órgãos pares, situados na parede anterior do tórax. Têm como
função principal a produção do leite para a amamentação, apresentando também
grande importância psicológica para a mulher, o que representa papel fundamental na
constituição de sua autoestima e autoimagem. Embelezam a silhueta do corpo
feminino e desempenham também funções erógenas e de atração sexual.
Externamente, cada mama na sua região central apresenta uma auréola e uma
papila. Na papila mamária exteriorizam-se 15 a 20 orifícios ductais, que correspondem
às vias de drenagem das unidades funcionantes, que são os lobos mamários.
A mama é dividida em 15 a 20 lobos mamários independentes, separados por
tecido fibroso, de forma que cada um tem a sua via de drenagem, que converge para
a papila, através do sistema ductal.
- ÁCINO – porção terminal da “árvore” mamária, onde estão as células secretoras
que produzem oleite.
- LÓBULO MAMÁRIO – conjunto de ácinos.
- LOBO MAMÁRIO – unidade de funcionamento formada por um conjunto de lóbulos
(15-20) que se liga à papila por meio de um ducto lactífero.
- DUCTO LACTÍFERO – sistema de canais (15-20) que conduz o leite até a papila.
- PAPILA – protuberância composta de fibras musculares elásticas onde
desembocam os ductos lactíferos.
- ARÉOLA – estrutura central da mama onde se projeta a papila.
- TECIDO ADIPOSO - todo o restante da mama é preenchido por tecido adiposo ou
gorduroso, cuja quantidade varia com a característica física, o estado nutricional e a
idade da mulher.
As mulheres mais jovens apresentam mamas com maior quantidade de tecido
glandular o que torna esses órgãos mais densos e firmes. Ao se aproximar da
menopausa, o tecido mamário vai se atrofiando e sendo substituído
progressivamente por tecido gorduroso, até se constituir, quase que exclusivamente,
de gordura e resquícios de tecido glandular na fase pós-menopausa.

9
A AÇÃO HORMONAL SOBRE A MAMA

Na infância, as meninas apresentam discreta elevação na região mamária,


decorrente da presença de tecido mamário rudimentar. Com o início da produção
hormonal de estrogênios pelos ovários, durante a puberdade, as mamas começam a
se desenvolver e ocorre a multiplicação dos ácinos e lóbulos. A progesterona, que
passa a ser produzida quando os ciclos menstruais se tornam ovulatórios, tem ação
sinérgica e diferenciadora da árvore ducto-lobular mamária. Na vida adulta, o estímulo
cíclico de estrogênio e de progesterona faz com que as mamas fiquem mais túrgidas,
por retenção de líquido, no período pré-menstrual. A ação da progesterona, na
segunda fase do ciclo, leva a uma retenção de líquidos no organismo, mais
acentuadamente nas mamas, provocando nelas aumento de volume, endurecimento
e dor. Depois da menopausa, devido à carência hormonal, ocorre atrofia glandular e
tendência à substituição do tecido parenquimatoso por gordura.
No período da gestação o estímulo de hormônios esteróides placentários é
máximo, porém outros hormônios também se elevam na gestação, sem os quais não
seria possível a lactação, dentre eles a prolactina, hormônios da tireoide,
corticosteróides e lactogênio placentário.
A plenitude funcional das mamas ocorre durante a amamentação, com a
produção e saída do leite. A ejeção do leite, no momento das mamadas, é reflexo
basicamente da contração das células mioepiteliais, que circundam os ácinos,
estimuladas pela liberação de um outro hormônio, a ocitocina, que é produzido na
hipófise posterior ou neuro-hipófise.

AS ALTERAÇÕES DA MAMA

A DOR MAMÁRIA

A causa mais frequente de dor mamária é a Alteração Funcional Benigna


daMama (AFBM), antes conhecida como displasia mamária. A dor é cíclica e depende
da ação dos hormônios ovarianos sobre a mama tornando-a túrgida e dolorida,
principalmente, no período pré-menstrual.
A mulher que tem muitas gestações e amamentações, em geral não refere dor
mamária. Os traumas, infecções, neurites, inflamações nos arcos costais e estresse

10
são outras. Causas de dor que podem ser agravadas pela ingestão exagerada de
cafeína (coca-cola, chocolate, café). A AFBM não é considerada doença e não
constitui um fator de risco isolado para o desenvolvimento do câncer de mama.

A DESCARGA PAPILAR

A descarga papilar constitui um sinal de alerta quando abundante, de aspecto


cristalino ou sanguinolento, unilateral, exteriorizando-se por um único ducto (sinal de
gatilho). O líquido deve ser submetido ao exame citológico e aquele setor da mama
merece investigação histológica através da exérese cirúrgica dos ductos principais.

OS NÓDULOS

O nódulo mamário (tumor) é uma área definida, de consistência variada, de


limites precisos ou não, cuja consistência pode ser cística ou sólida. A avaliação
semiológica de qualquer nódulo deve ser iniciada pelo exame clínico, seguido de
ultrassonografia e/ou mamografia e quando se fizer necessário, a punção aspirativa
por agulha fina (exame citológico) e a punção por agulha grossa ou “core-biopsia”
(exame histopatológico).
O câncer de mama apresenta-se como um tumor de consistência dura, de
limites mal definidos, de tamanho que pode variar de 01 até vários centímetros de
diâmetro, de acordo com o tempo de evolução. Pode estar com a mobilidade
preservada ou aderida à pele, ao gradil costal ou a ambos. O tumor menor que 01 cm
dificilmente será detectado clinicamente, daí a importância do exame mamográfico de
rastreamento a fim de detectar lesões não palpáveis. A pele que recobre a mama pode
estar íntegra, ulcerada pelo tumor ou apresentar-se como uma casca de laranja
(carcinoma inflamatório).
Os nódulos benignos da mama são representados principalmente pelos
fibroadenomas e cistos.
O fibroadenoma surge quase sempre após a adolescência. Apresenta-se
como um nódulo duro, sólido, não doloroso, móvel à palpação e mede de 01 a 03 cm,
de limites precisos e contornos bocelados. Trata-se de lesão benigna, sem potencial
de malignização. Certos tipos de câncer, chamados tumores circunscritos, podem
simular um fibroadenoma sendo, portanto prudente a confirmação histopatológica dos
mesmos. Os cistos são facilmente palpados, de consistência amolecida decorrente de
11
seu conteúdo líquido e podem atingir grandes volumes. Existem cistos pequenos,
chamados de microcistos que não são palpáveis e que são detectados pela
ultrassonografia. Quase sempre múltiplos que geralmente não representam problema
clínico.
Alguns tipos de cistos volumosos ou não, podem desenvolver crescimento
tumoral no seu interior, lembrando uma vegetação em desenvolvimento. Estas
vegetações intracísticas merecem investigação, pois podem representar lesões pré-
malignas ou malignas. O cisto geralmente é bem visualizado à mamografia e ao
exame ultrassonográfico, como nódulo de contornos bem definidos e sem
calcificações e de baixa densidade. A ultrassonografia é o método diagnóstico ideal
para a doença cística. O tratamento do cisto é a punção aspirativa esvaziadora com
agulha. Deve ser extraído cirurgicamente: no caso de conteúdo sanguinolento à
punção, tumor residual pós-punção, vegetação intracística ao ultrassom ou em casos
de recidivas.

CARCINOMA DUCTAL IN SITU

O carcinoma in situ é aquele que não invadiu a membrana basal e, portanto,


não tem capacidade de enviar êmbolos para o sistema vascular. É um tumor quase
sempre descoberto em fase subclínica, por meio de mamografia, que visualiza a
presença de microcalcificações. O seu tratamento atinge taxa de cura próximo a 100%
e é baseado em quadrantectomia ou mastectomia, dependendo da extensão do
próprio tumor.

SARCOMAS

Os sarcomas originam-se do tecido conjuntivo que existe nos septos do tecido


glandular. São raros, correspondendo a 1% de todos os cânceres de mama.
Usualmente não se disseminam por via linfática, mas pela via sanguínea; podem
crescer rapidamente e atingir grandes volumes locais sem ulcerações. Seu tratamento
é cirúrgico, com retirada total da mama.

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CARCINOMA DE PAGET

Essa é uma lesão especial em que as células neoplásicas apresentam um


epidermotropismo e, frequentemente, se exteriorizam pela papila mamária, simulando
dermatite eczematóide unilateral. Esta deve sempre merecer um certo grau de
suspeição e requer biópsia.

CARCINOMA INFLAMATÓRIO

O carcinoma inflamatório é uma forma especial de tumor caracterizada pelo


comprometimento difuso da mama, que adquire características de inflamação.
Apresenta ao microscópio, êmbolos subdérmicos maciços. Clinicamente, a pele
apresenta calor, rubor e edema, lembrando casca de laranja. Trata-se de um tumor
agressivo, fundamentalmente tratado pela quimioterapia.

O processo de formação do tumor de mama passa por 03 fases: iniciação,


promoção e progressão.
A fase de iniciação é um fenômeno genético, porque decorre de alterações
nos genes (parte do DNA que constitui os cromossomos e que codifica a síntese de
uma proteína), determinando a produção de substâncias que favorecem a
multiplicação das células ou a falta de síntese de outras substâncias inibidoras da
divisão celular. Não se deve confundir alteração genética adquirida com alteração
genética hereditária, pois esta pode ser transmitida de mãe para filha e constitui, no
máximo, 10% dos cânceres de mama.
A fase de promoção representa a atuação de fatores de crescimento e
multiplicação celular (como é o caso de certos hormônios) sobre células
geneticamente alteradas, ou seja, “iniciadas”.
A fase de progressão é o período em que as células alteradas multiplicam- se
descontroladamente, atravessando a barreira limítrofe do ducto mamário (membrana
basal) procura atingir vênulas e linfáticos para se disseminar.
A evolução natural do tumor deve ser entendida como se não fosse adotada
nenhuma medida de tratamento.

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Desde o início da formação do câncer até a fase em que ele pode ser
descoberto pelo exame físico (fase subclínica), isto é, a partir de 01 cm de diâmetro
passam-se, em média, 10 anos.
Estima-se que o tumor de mama duplique de tamanho a cada período de 3-4
meses, ou seja, no início na fase subclínica impalpável tem-se a impressão de
crescimento lento, porque as dimensões das células são mínimas. Porém, depois que
o tumor se torna palpável, a duplicação é facilmente perceptível. Se não for tratado, o
tumor desenvolve metástases (focos de tumor em outros órgãos), mais comumente
para os ossos, pulmões e fígado.

OS FATORES DE RISCO

- Sexo feminino;
- Menarca precoce (antes dos 11 anos);
- Menopausa tardia (após os 55 anos);
- Nuliparidade;
- Primeira gestação a termo após os 30 anos;
- Mãe ou irmã com história de câncer de mama;
- Dieta rica em gordura animal;
- Dieta pobre em fibras;
- Obesidade (principalmente após a menopausa) IMC >30;
- Radiação ionizante;
- Ciclos menstruais menores que 21 dias;
- Padrão socioeconómico elevado;
- Ausência de atividade sexual;
- Residência em área urbana;
- Cor branca;

OS FATORES DE PREVENÇÃO

Em termos de sua prevenção, apesar de não existirem evidências conclusivas


de que um alto teor de gordura na alimentação cause câncer de mama, uma dieta
saudável que inclua quantidades adequadas de proteínas, carboidratos e gorduras;
muitas frutas, verduras, legumes e grãos integrais; assim como pouco sal e açúcar
têm demonstrado reduzir o risco não só desse tipo de câncer, como também de outros
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tipos, além de doenças cardiovasculares e outras doenças crônicas- degenerativas
(World Cancer Research Fund/American Institute for Câncer Research, 1997).
De modo semelhante, a atividade física regular e a manutenção do Índice de
Massa Corporal – IMC abaixo de 30, preferencialmente entre 18,5 e 25, constituem
importantes fatores de proteção. Como ação de prevenção secundária, ou seja, de
detecção precoce do câncer de mama. A OMS menciona três estratégias,
complementares entre si, quais sejam:

- Auto exame das mamas (AEM)


- Exame clínico das mamas (ECM)
- Mamografia

O CÂNCER DE COLO UTERINO

A ANATOMIA E A FISIOLOGIA DO ÚTERO

O útero é um órgão do aparelho reprodutor feminino que está situado no


abdome inferior, por trás da bexiga e na frente do reto e é dividido em corpo e colo.
Esta última parte é a porção inferior do útero e se localiza dentro da cavidade vaginal.
O colo do útero apresenta uma parte interna, que constitui o chamado canal
cervical ou endocérvice, que é revestida por uma camada única de células cilíndrica
produtoras de muco (epitélio colunar simples). A parte externa, que mantém contato
com a vagina, é chamada de ectocérvice e é revestida por um tecido de várias
camadas de células planas (epitélio escamoso pluriestratificado).
O limite entre estes dois epitélios é chamado de junção escamo-colunar (JEC).
Esta junção poderá estar localizada dentro do canal cervical, e dependendo de sua
localização podemos categorizá-la de +1, +2, +3 e +4. Poderá ainda estar localizada
externamente em relação ao orifício externo (ectrópio ou ectopia) e dependendo da
sua localização podemos categorizá-la em -1, -2, -3 e -4.
Na infância e no período pós-menopausa geralmente a JEC situa-se dentro do
canal cervical. No período da menacme, quando ocorre produção estrogênica,
geralmente a JEC situa-se ao nível do orifício externo ou para fora deste (ectopia ou
ectrópio). Vale ressaltar que a ectopia pode ser uma situação fisiológica e por isso

15
a denominação de “ferida no colo do útero” nem sempre é apropriada.
Nesta situação o epitélio colunar fica em contato com um ambiente vaginal ácido,
hostil às suas células. Assim, células sub cilíndricas (de reserva) bipotenciais, através
de uma metaplasia, se transformam em células mais adaptadas (escamosas), dando
origem a um novo epitélio, situadas entre os epitélios originais, chamado de terceira
mucosa ou zona de transformação. Nesta região pode ocorrer obstrução dos ductos
excretores das glândulas endocervicais subjacentes, dando origem a estruturas
císticas sem significado patológico, chamadas de Cistos de Naboth. É nessa zona
onde se localizam mais de 90% dos cânceres do colo do útero.
Classicamente a história natural do câncer do colo do útero é descrita como
uma afecção iniciada com transformações intra epiteliais progressivas, que podem
evoluir para uma lesão cancerosa invasora num prazo de 03 a 20 anos.
Estudos epidemiológicos sobre o perfil do câncer do colo uterino têm relacionado o
seu desenvolvimento ao comportamento sexual das mulheres e a transmissão de
agentes infecciosos.
Segundo a Organização Mundial de Saúde, o principal fator de risco para a
doença é a infecção pelo Papiloma vírus humano (HPV). Todas as mulheres que já
iniciaram a atividade sexual são potencialmente suscetíveis ao desenvolvimento da
doença.

NEOPLASIA INTRA-EPITELIAL CERVICAL -NIC

O colo uterino é revestido pelo epitélio pavimentoso pluriestratificado, arranjado


de forma bastante ordenada. Nas neoplasias intraepiteliais esta estratificação fica
desordenada. Quando a desordenação ocorre nas camadas mais basais do epitélio
estratificado, estamos diante de uma displasia leve ou neoplasia intra-epitelial cervical
grau I (NIC I). Cerca de 60% das mulheres com NIC I vão apresentar regressão
imunológica, 30 % podem apresentar persistência e as demais, em torno de 10% irão
evoluir para NIC III. A progressão para o câncer invasor é estimada em cerca de 1%.
Se a desordenação avança em torno de metade da espessura do epitélio, preservando
as camadas mais superficiais, estamos diante de uma displasia moderada ou NIC II.
Na NIC III, o desarranjo é observado em mais de 50% da espessura. Esta
desordenação das camadas é acompanhada por alterações nas células que vão
desde núcleos mais corados até figuras atípicas de divisão celular. A coilocitose
16
(“forma de colher”), alteração que sugere a infecção pelo HPV, pode estar presente
ou não. Quando as alterações celulares se tornam mais intensas e o grau de
desarranjo é tal que as células invadem o tecido conjuntivo do colo do útero abaixo do
epitélio, temos o carcinoma invasor. As lesões de alto grau são consideradas como
os verdadeiros precursores do câncer e se não tratadas, em boa proporção dos casos,
evoluirão para o carcinoma invasor do colo do útero.

FATORES DE RISCO

- Início precoce das relaçõessexuais;


- Multiplicidade de parceiros;
- Uso prolongado de contraceptivos orais;
- Higiene genitalprecária;
- Tabagismo (diretamente relacionado à quantidade de cigarros fumados);
- Baixas condições socioeconómicas;
- Infecções pelo HPV (Papilomavírus Humano);
- Outras infecções tidas como cofatores:
• HSV (Herpes vírus tipo I),
• Chlamydia,
• Tricomoníase,
• Gadnerellavaginalis,
• Candidíase,etc.

FATORES PROTETORES

- Sexo seguro (uso depreservativos);


- Atividade física regular;
- Hábitos alimentares saudáveis;
- Detecção precoce do câncer ou de suas lesões precursoras através da
realização do exame preventivo

17
A ORGANIZAÇÃO DA ATENÇÃO

O ACOLHIMENTO

É dever dos profissionais que atuam em Unidades de Saúde, proceder ao


exame clínico das mamas e durante o mesmo ensinar, estimular e esclarecer a
importância de adotar o autoexame das mamas com rotina. O Exame Clínico das
Mamas (ECM), como qualquer parte do exame físico, pode ser usado para triagem
(detecção de câncer de mama em mulheres assintomáticas) ou para diagnóstico, para
avaliar queixas relativas às mamas, basicamente para descartar o câncer. Queixas de
nódulo mamário ou derrame papilar devem orientar um exame clínico criterioso. O
ECM é realizado pelo profissional de saúde (médico ou enfermeiro) rotineiramente
durante sua consulta.
O exame citopatológico deve ser oferecido a todas as mulheres que procuram
a Unidade de Saúde. As equipes de Saúde devem informar e esclarecer sobre a oferta
e importância do exame citopatológico a todas as mulheres que iniciaram atividade
sexual e em especial as das faixas etárias de risco, ou seja, de 25 a 59 anos.

A COMPETÊNCIA DA UNIDADE DE SAÚDE

A Unidade de Saúde é responsável pela assistência à mulher residente na sua


área de abrangência e deve:
- Divulgar o programa;
- Determinar o profissional da equipe responsável pelo acompanhamento da
mulher;
- Inscrever a mulher no programa e criar estratégias de controle e
acompanhamento;
- Colher o material para citologia de acordo com o protocolo existente.
- Planejar e solicitar o material necessário para realização dos exames
(requisição, kit para coleta endocervical e material informativo);
- Repetir a coleta quando revelar amostra inadequada ou quando necessário;
- Entregar laudos dos exames, registrar no prontuário e dar as orientações
necessárias (encaminhamento, agendamento);

18
- Anotar no livro de registro, nome das pacientes submetidas ao exame de
citologia oncótica, data, nº requisição, idade, endereço e resultado;
- Tratar processos inflamatórios detectados clinicamente ou pela citologia, de
acordo com o protocolo, repetindo a citologia quando indicada;
- Encaminhar para serviços de referência ou casos que necessitam de
atendimento especializado, conforme fluxograma;
- Realizar a busca ativa, através de visita domiciliar às mulheres que tiverem
resultado de exame alterado;
- Acompanhar a evolução das pacientes com laudos alterados;
- Realizar e encaminhar relatório mensal para seguimento SISCAN.

CONSULTA DE ENFERMAGEM GINECOLÓGICA

HISTÓRICO DE ENFERMAGEM

Identificação;
Estado Civil;
História Clínica:

A) Antecedentes ginecológicos

● Menarca;
● DUM;
● Gestação/Parto/Aborto;
● Cirurgias Ginecológicas;
● Ciclo menstrual;
● Doença inflamatória pélvica;
● DST e tratamento realizado;
● Infertilidade e esterilidade;
● Má formação genital;
● Mamas (exames e tratamentos);
● Último papanicolau realizado (data, resultado e tratamento).

B) Sexualidade

● Início de atividade sexual;


● Dispareunia;
● Multiplicidade de parceiros, uso de códon;
19
● Tipo de método contraceptivo utilizado.

C) Antecedentes Familiares

D) Queixa atual

● Mastalgia;
● Secreção Mamária;
● Presença de leucorréia (cor, quantidade, odor).

EXAME FÍSICO

● Geral (peso, PA, Inspeção de pele e mucosas, inspeção céfalo caudal)


● Mamas: (ANEXO 1)
● Inspeção estática (observação da simetria, tamanho, forma, contorno,
pigmentação, retrações);
● Inspeção Dinâmica;
● Palpação;
● Expressão areolar e papila mamária.
● Coleta de Papanicolau (ANEXO 2).

A FOSP recomenda: 2 exames anuais consecutivos e negativos, com


representação da JEC, autorizam a repetição do exame após 3 anos (rotina de
rastreamento).

Casos especiais:

Gestantes:

- Não usar escova de coleta endocervical Virgens:


- Não deve ser realizada de rotina.
- Deve ser realizada exclusivamente por profissional médico.

CONDUTAS

● Orientar autoexame de mamas mensalmente; (ANEXO 3)


20
● Solicitar mamografia de rastreamento para mulheres assintomáticas com idade
superior a 50 anos ou maiores de 35 anos com histórico familiar de câncer de
mama ou mamografia diagnóstica nas mulheres com sinal e sintoma de câncer
demama;
● Solicitar US de mama para mulheres menores de 35 anos com sinal ou sintoma
de câncer de mama;
● Orientar planejamento familiar;
● Orientar higiene íntima;

Avaliar resultado de mamografia

Classificação mamográfica de lesões mamárias segundo o BI-RADS

Após a reunião de consenso do Colégio Americano de Radiologia, quando criou


a classificação chamada Breast Imaging Reporting and Data System ou (BI- RADS),
foi também adotada no Brasil em reunião de consenso de três Sociedades: Colégio
Brasileiro de Radiologia, Sociedade Brasileira de Mastologia e a Federação Brasileira
de Ginecologia e Obstetrícia, a mesma classificação que tem a seguinte divisão:

CATEGORIA 0:

● Necessita avaliação adicional de imagem ou mamografias prévias para


comparação.
● Conduta:
o Solicitar US de mama;
o Acompanhar SISCAN.

CATEGORIA 1:

NEGATIVA

- As mamas são simétricas e não há massas, distorção arquitetural ou


microcalcificações suspeitas presentes.

CATEGORIA 2:

ACHADOS BENIGNOS

- Note que as avaliações de ambas as Categorias 1 e 2 indicam que não há evidência


21
mamográfica de malignidade. A diferença é que a Categoria 2 deve ser usada quando
descrever um ou mais achados mamográficos benignos específicos no laudo, onde a
Categoria 1 deve ser utilizada tais achados não são descritos.

CATEGORIA 3:

ACHADO PROVAVELMENTE BENIGNO – UM CONTROLE DE INTERVALO CURTO


É SUGERIDO

- Um achado colocado nesta Categoria deve ter menos do que 2% de malignidade.


- Existem diversos estudos clínicos prospectivos demonstrando a segurança e eficácia
de um controle inicial de curto-prazo para achados mamográficos específicos.

Conduta:

● Solicitar US mama;
● Acompanhar de 6 em 6 meses;
● Agendar consulta com ginecologista;
● Acompanhar SISCAN.

Categoria 4:

● Altamente Sugestiva de Malignidade–Ação apropriada deve ser tomada


(malignidade quase certa).
● Estas lesões têm alta probabilidade (= 95%) de serem câncer.
● Esta categoria possui lesões no qual um estágio de tratamento cirúrgico deve
ser considerado sem biópsia preliminar.

Conduta:
o Agendar consulta com ginecologista com urgência;
o Acompanhar SISCAN.

AVALIAR RESULTADO DO EXAME DE CITOLOGIA ONCÓTICA

Nomenclatura para o exame de papanicolaou

Do encontro de 1991, surgiu uma proposta de classificação que incluía o relato


de identificação de Células Atípicas de Significado Indeterminado, fossem escamosas
(ASC-US) ou glandulares (ASC-H), assim como se firmavam os conceitos de Lesões
Escamosas Intraepiteliais de Baixo Grau (LSIL) ou de Alto Grau (HSIL). Assim, eram
22
consideradas “Lesões de Baixo Grau” aquelas que eram representadas por efeito
citopático pelo HPV e o antigo NIC I. As chamadas “Lesões de Alto Grau”
correspondiam, então, às NIC II, NIC III incluindo Carcinoma “insitu”.

Amostra rejeitada:

● Convocar paciente para repetir o exame

Insatisfatória para avaliação:


Convocar paciente para repetir o exame

Dentro dos limites da Normalidade:


Rotina de rastreamento

Inflamação:
Com queixa, encaminhar ao ginecologista; sem queixa, rotina de rastreamento.

Metaplasia Escamosa Imatura:


Rotina de rastreamento

Reparação:
Rotina de rastreamento

Atrofia com inflamação:


Com queixa, encaminhar ao ginecologista; sem queixa, rotina de rastreamento.

Radiação:
Encaminhar ao ginecologista.

Lactobacillus SP, cocos, outros bacilos:


Com queixa, encaminhar ao ginecologista; sem queixa, rotina de rastreamento.

Candida SP:
Com queixa: tratar com Nistatina creme vaginal por 10 noites e via oral Fluconazol
150 mg em dose única.

Gestante, encaminhar ao obstetra.

Trichomonasvaginalis:
Tratar mulher e parceiro: Metronidazol 500 mg 2 x/dia por 7 dias.
Gestante, encaminhar ao obstetra.

Gardnerellavaginalis:
23
Tratar mulher: Metronidazol 500 mg 2 x/dia por 7 dias.
Gestante, encaminhar ao obstetra.

Chlamydia SP:
Encaminhar ao ginecologista.

Resultado com alterações pré-malignas ou Malignas


Convocar a paciente e encaminhar com urgência para o Ginecologista
Acompanhar SISCAN

ANEXO 1 – EXAME CLÍNICO DAS MAMAS

O Exame Clínico das Mamas (ECM), como qualquer parte do exame físico,
pode ser usado para triagem (detecção de câncer de mama em mulheres
assintomáticas) ou para diagnóstico, para avaliar queixas relativas às mamas,
basicamente para descartar o câncer. O ECM é realizado pelo profissional de saúde
(médico ou enfermeiro) rotineiramente durante sua consulta. Ele evidencia alterações
macroscópicas identificáveis na inspeção, palpação das mamas e regiões axilares e
supraclaviculares.

Inspeção

A paciente deve sentar-se na mesa de exame, dispondo de uma boa


iluminação. Deve-se observar a simetria de ambas as mamas, o contorno mamário,
sem retificações e o aspecto das aréolas e mamilos. O segundo passo consiste em
forçar a tensão dos músculos peitorais para se observar se com essa tensão se produz
alguma depressão ou deformação do contorno mamário, ou tendência a retração do
mamilo. A paciente deve elevar os braços, o que permite observar se as mamas
mostram ou não sulco infra mamário na mesma altura e o mesmo para os mamilos;
ou se produz ou não alguma retração. Para observar a posição pendular das mamas,
a paciente pode ficar em pé ou sentada, apoiando suas mãos sobre as mãos do
médico. Nesta posição é fácil observar áreas de possível retração da pele ou mamilo.

Palpação

A paciente deve colocar-se sobre a mesa de exame, em decúbito dorsal; os


braços podem estar estendidos ao lado do corpo e num segundo momento, elevados,
24
com as mãos sob a cabeça. O médico procederá a exploração de toda a área
mamária, empregando a palma da mão; não importa que o faça por quadrante, em
linhas horizontais, verticais ou em círculo, porém não deve deixar de palpar nenhuma
área. O exame clínico prossegue com a palpação das áreas ganglionares: estando a
paciente em decúbito dorsal, o médico deve apalpar o foco axilar com os braços em
posição de extensão. E por último, a palpação mamária deve investigar se existe ou
não secreção mamária. Começasse com uma compressão suave pelo mamilo
descendo até a base mamária e vai se progredindo para a auréola e por último se
realiza uma compressão não traumática.

ANEXO 2 – COLETA CITOPATOLÓGICO

Por ocasião do agendamento, falar sobre a importância do exame e fazer as


seguintes orientações:
Não fazer uso de medicação ou duchas intravaginais durante 48 horas
precedentes ao dia da coleta;
Não ter relações sexuais nas 24 horas antecedentes ao exame;
Fazer a coleta em torno do 10º ao 20º dia após o início do ciclo menstrual,
preferencialmente;
Não estar menstruando no dia do exame.

Antes de iniciar o procedimento, providenciar os seguintes materiais:


- Luvas descartáveis;
- Espéculos vaginais: pequeno, médio e grande;
- Pinça de Cheron;
- Gazes esterilizadas ou bolinhas de algodão;
- Papel Toalha;
- Lençol e camisola;
- Requisição do exame citopatológico;
- Lápis, para identificação da lâmina e do porta-lâmina;
- Fixador spray;
- Espátula de Ayres, escova endocervical, lâmina e porta-lâmina.

25
PREPARO DA CLIENTE

- Fazer atendimento humanizado à mulher, orientando sobre a importância do


exame, as etapas de sua realização e deixando-a bem à vontade para tirar dúvidas;
- Questionar sobre o cumprimento das orientações prévias, certificando-se de que
a paciente está apta para o exame;
- Preencher a requisição de modo legível, com letra de forma, fornecendo todos
os dados solicitados;
- Certificar-se de que a requisição contém carimbo da Unidade Básica de Saúde
(ESF) ou (UBS).
- Colocar o número do prontuário da cliente requisição;
- Encaminhar a paciente ao banheiro para esvaziar totalmente a bexiga;
- Solicitar que retire toda a roupa e vistam a camisola (com a abertura para frente);
- Identificar a lâmina com as iniciais do nome da cliente e número da requisição,
com lápis, na parte fosca e áspera da lâmina;
- Lavar as mãos;
- Solicitar que a paciente deite em decúbito dorsal na mesa, cobrindo-a com um
lençol;
- Realizar o exame das mamas e orientar quanto ao auto-exame;
- Colocá-la em posição ginecológica, deixando-a confortável sobre as perneiras;
- Solicitar que ela aproxima as nádegas o máximo possível da borda da mesa;
- Abaixar a parte dobrável da mesa;
- Colocar as luvas;
- Realizar o exame ginecológico.

INSPEÇÃO EXTERNA:

Após a colocação de luvas e o posicionamento da paciente na mesa, observar


a genitália externamente (vulva, grandes e pequenos lábios, região anal e períneo),
verificando se há:
- Secreções (quanto ao aspecto, quantidade, colocação e odor);
- Lesões (em vulva ou região perianal);
- Manchas (quanto à localização, tamanho e coloração).
Afastar grandes e pequenos lábios para continuar a observação.
26
EXAME ESPECULAR:

COLOCAÇÃO DO ESPÉCULO:

- Escolher o tamanho do espéculo de acordo com as características físicas, idade


da paciente e número de partos;
- Explicar à paciente sobre a colocação do espéculo;
- Recomendar que relaxe a musculatura perineal e das pernas;
- Afastar grandes e pequenos lábios, expondo o orifíciovaginal;
- Introduzir o espéculo fechado, em posição oblíqua, levemente pressionando-o
para baixo, evitando traumatismo uretral. Não utilizar nenhum tipo de lubrificante (Ex:
vaselina líquida).
- Deixar o espéculo em posição horizontal, preparando-o para ser aberto;
- Abrir o espéculo, girando a borboleta, de modo a permitir a completa visualização
do colo uterino;

COLETA DE MATERIAL PARA O EXAME:


- Em caso de secreção abundante, retirar o excesso com gaze, delicadamente,
procurando não descamar células da mucosa do colo.
OBSERVAR:
- Vagina: coloração, integridade, elasticidade, rugosidade, lesões e secreção;
- Colo do útero: coloração, integridade, sangramento, presença de lesões e seu
aspecto.
- Limpar a lâmina com gaze
- Posicionar a parte fenestrada da espátula de Ayres junto à junção escamo
colunar e colher material da ectocérvice com um giro de 360º;
- Fazer o esfregaço na lâmina, próximo à sua parte fosca, em sentido vertical, de
cima para baixo;
- Introduzir a escova endocervical e, com movimento leve e giratório em 360º,
colher o material da endocérvice;
- Fazer o esfregaço na porção restante da lâmina, em sentido horizontal, sem que
este se sobreponha ao anterior, girando as cerdas para que as células de todas as
partes da escova fiquem na lâmina.
- Fixar imediatamente com o fixador spray aproximadamente a 20 cm de distância
27
da lâmina.
- Deixar secar a lâmina com o esfregaço para cima Retirada do espéculo:
- Retirar o espéculo cuidadosamente, em posição oblíqua, fechando-o aos
poucos, não permitindo que o mesmo "pincel" o colo uterino;
- Auxiliar a paciente para descer da mesa e orientá-la a se vestir novamente;
- Caso tenha ocorrido sangramento, orientar a paciente quanto ao
fato, tranquilizando-a;
- Agendar retorno para pegar o resultado do exame ou proceder conforme fluxo
de agendamento da Unidade de Saúde;
- Orientar o cliente sobre a importância do retorno para buscar o resultado do
exame.
- Acomodar a lâmina no recipiente apropriado.

APÓS O EXAME

REGISTRO:

- Anotar em prontuário a realização dos exames e as alterações observadas;


- Anotar na requisição as alterações e anormalidades observadas;
- Anotar no Livro de Registro todos os exames de C.O. realizados; REMESSA DO
MATERIAL PARA O LABORATÓRIO – RECOMENDAÇÕES:
- Colocar as requisições juntas.
- Fechar a caixa e identificá-la com o nome da Unidade de Saúde.
- Enviar para o laboratório de referência, conforme rotina do serviço.

ANEXO 3 – AUTO-EXAME DE MAMA

- Orientar à paciente que o Autoexame das Mamas (AEM) deve ser feito uma vez
por mês, geralmente do 7º ao 10º dia após a menstruação;
- Para as mulheres que não menstruam mais, o autoexame deve ser feito no
mesmo dia de cada mês, podendo ser associado ao dia do aniversário;
- Orientar que o autoexame deve ser feito em duas etapas: observação e
palpação.

Observação

- Nua, em frente a um espelho, ficar em pé, com os braços relaxados ao longo do

28
corpo;
- Observar as mamas, comparando o tamanho, posição, coloração da pele, e se
há presença de abaulamentos ou retrações;
- Lentamente elevar os braços acima da cabeça, observando se há surgimento ou
intensificação dos abaulamentos ou retrações;
- Com as mãos na cintura, contrair os músculos do peito, continuando as
observações.

Palpação

- Deitada, com uma toalha dobrada sob a região torácica, elevar o braço do lado
da mama que será examinada, colocando a mão sob o pescoço;
- Com a mão espalmada, deslizar as polpas digitais sobre a mama, iniciando pela
região axilar, seguindo pela subclavicular e depois em espiral até a região do mamilo,
verificando se há presença de nódulos;
- Proceder à expressão mamilar, detectando a presença de secreções ou
sangramentos;
- Realizar a palpação da outra mama do mesmo modo;
- A palpação pode ser feita ainda durante o banho, com as mamas ensaboadas,
facilitando o deslizamento das mãos sobre as mesmas.

Sinais de alerta observáveis ao autoexame das mamas

No autoexame de mamas a mulher deverá estar atenta à presença de:


- Nódulos axilares o'auxiliares;
- Abaulamentos ou retrações;
- Desvio mamilar;
- Presença de secreção ou sangue à expressão dos mamilos;
- Alterações de coloração ou formato mamário;
- Dor unilateral.
NOTA:

- A repetição sistemática do autoexame levará ao conhecimento das próprias


mamas facilitando, assim, a percepção de alterações:
- Orientar a mulher que se ela achar alguma alteração não deve se assustar. Deve
procurar um serviço de saúde para fazer um exame mais detalhado e receber
orientações adequadas.
29
PROTOCOLO DE ENFERMAGEM SAÚDE DA MULHER

Atenção Integral à Gestante e Puérpera

INTRODUÇÃO

Este protocolo destina-se aos profissionais das equipes de Estratégia Saúde


da Família e Unidades Básicas de Saúde, médicos, ginecologistas e enfermeiros do
Serviço Municipal de Cruzeiro e têm por objetivo sistematizar os procedimentos
considerados mínimos para um bom padrão de assistência à gestante e à puérpera.
Deve-se considerar que um serviço resolutivo no atendimento ao pré-natal, deverá
ultrapassar os aspectos burocráticos e mudar a forma de acolhimento à gestante e
para isso, é necessário que o profissional esteja capacitado e sensibilizado e
principalmente, que a unidade reorganize seu processo de trabalho e altere o fluxo de
atendimento.
O acompanhamento do pré-natal deve ser realizado com vistas a atender as
necessidades da gestante, obtendo, assim, melhores efeitos sobre a saúde da mãe e
do recém-nascido. A assistência pré-natal deve ser considerada um momento
privilegiado para discutir e esclarecer questões que são únicas para cada mulher e
seu parceiro. A história de cada gravidez, o contexto em que ocorrem, as relações
familiares envolvidas, as emoções e sentimentos percebidos são únicos e devem ser
considerados para que se possa desenvolver uma boa assistência à mulher grávida.
Isto significa que devemos ter como prioridade a humanização da assistência pré-
natal através do acolhimento da gestante e de seus acompanhantes, de toda a sua
história, dúvidas, queixas, temores e sentimentos.
O acolhimento requer uma escuta ativa, aberta, sem julgamentos ou
preconceitos, e que ofereça segurança e possibilite a esta mulher tranquilidade para
gestar e chegar ao parto com informações, cuidado e de forma saudável.
A atenção integral à saúde das gestantes e das puérperas é a melhor estratégia
para prevenir mortes maternas, abortamentos, nati mortalidades, óbitos neonatais e
sequelas de intercorrências ocorridas no ciclo gradativo – puerperal.
Cabe à equipe de saúde o desenvolvimento de um atendimento de qualidade, que
significa não apenas estar atento aos aspectos técnicos da assistência, mas
principalmente, compreender os múltiplos significados da maternidade para a mulher
30
e sua família, os aspectos sociais envolvidos, além de acolher para cuidar melhor e
de maneira mais eficaz.

31
1- Fluxograma para Diagnóstico de Gravidez e acompanhamento do Pré-natal

Atraso ou irregularidade
menstrual ou sintomas
como náuseas, aumento
de volume

Realizar teste
rápido
de

Resultado negativo
Resultado positivo

Repetir teste
Iniciar pré-natal rápido
em 15 dias

Resultado Resultado
Positivo Negativo

Encaminhar avaliação
ginecológica

32
ROTEIRO PARA PRIMEIRA CONSULTA DE ENFERMAGEM

OBJETIVOS:

o Acolher a mulher respeitando sua condição emocional em relação à atual


gestação, buscando esclarecer suas dúvidas, medos, angústias ou simplesmente
curiosidades em relação a este novo momento em sua vida;
o Identificação e classificação de riscos, confirmação de diagnóstico, adesão ao pré-
natal e acompanhamento.

RECOMENDAÇÕES:

o Ler a Ficha e o prontuário (avaliar realidade sócio econômica, condições de


moradia, composição familiar e atendimentos anteriores), preferencialmente antes
da gestante entrar na sala de atendimento;
o Esclarecer que o pai da criança ou qualquer acompanhante pode participar do
atendimento, desde que seja vontade da mulher;
o Levantar as expectativas da gestante com relação ao atendimento do pré-natal e
sua gestação;
o Explicar a proposta de acompanhamento do pré-natal e identificar experiências
anteriores.
o Orientar a gestante durante o pré-natal, em relação a possibilidade da inserção do
DIU - Dispositivo Intra Uterino - no âmbito hospitalar no pós-parto;
o A Unidade de Saúde deverá incluir dentre as ações educativas a disponibilização
do DIU no pós-parto, assim como preencher a guia de referência para que a
gestante possa apresentá-la no momento do parto.

PRIMEIRA CONSULTA DE PRÉ-NATAL

o Preencher prontuário, cartão pré-natal e atualizar o cadastro E-SUS.

HISTÓRICO

o Identificação (nome, no cartão SUS, prontuário, idade, endereço, telefone);


o Características socioeconómicas (profissão, com quem mora);
o Grau de instrução;
33
o Estado civil;
o Antecedentes familiares;
o Antecedentes pessoais;
o Antecedentes ginecológicos (ciclo menstrual, cirurgias ginecológicas, IST,
infertilidade, malformações, mamas, data e resultado da última colpocitologia
oncótica, métodos contraceptivos utilizados previamente);
o Sexualidade
o Antecedentes obstétricos (No de gestações, no de partos vaginais espontâneos,
fórceps e cesáreas, abortamentos, no de filhos vivos, intervalo entre as gestações,
intercorrências ou complicações em gestações anteriores, complicações nos
puerpérios.
o Gestação atual (DUM, DPP, IG, aceitação da gravidez, medicamentos utilizados,
sintomas);
o Queixas
o Hábitos (alimentares, tabagismo, álcool, drogas ilícitas).

EXAME FÍSICO

● Geral

o Determinar peso e altura;


o Aferição da pressão arterial;
o Inspeção pele e mucosas;
o Pesquisa de edemas (ANEXO I).

● Específico

o Exame clínico dasmamas;


o Palpação obstétrica (ANEXO II);
o Medida da altura uterina (ANEXO I);
o Ausculta batimentos cardiofetais (após 12 semanas) ANEXO II.

EXAMES COMPLEMENTARES

● SOLICITAR:

o Hemograma completo (repetir no 2º e 3o trimestre);


o Grupo sanguíneo e fator RH;

● O VDRL (repetir no 2º e 3o trimestre), se necessário realizar teste-rápido;

34
o Glicemia;
o Urina I (repetir no 2º e 3o trimestre);
o Urocultura (repetir no 2º e 3o trimestre);

● Sorologia anti HIV (repetir no 2º e 3o trimestre), se necessário realizar teste rápido;


o Sorologia Toxoplasmose IgG e IgM;
o HBSag;
o HCV;
o Pesquisa de hemoglobina;
o Protoparasitológico de fezes;
o Ultrassonografia obstétrica;
o Proteinúria (fazer toda consulta, caso hipertensão ou aumento de PA)
ANEXO- IV
o Streptococcus (35 semanas de gestação). ANEXO- V

Com relação aos exames de rotina de pré-natal deve-se garantir a realização logo
no início da gravidez e a verificação dos resultados na segunda consulta.
Orientamos a necessidade de um controle rigoroso no retorno e entrega dos
resultados das sorologias para HIV, sífilis e hepatite, realizando busca ativa das
pacientes que não retornaram para a consulta.

AVALIAÇÃO DE RISCO GESTACIONAL

A identificação dos Fatores de Risco é uma atividade fundamental para que a


equipe de saúde se prepare para o atendimento da gestante, assim sendo deverá ser
analisada em todas as consultas de pré-natal.
Quando são identificados fatores associados a um pior prognóstico materno e
perinatal, a gravidez é definida como de alto risco, passando a exigir avaliações mais
frequentes, muitas vezes fazendo-se uso de procedimentos com maior densidade
tecnológica.
A identificação dos Fatores de Risco é uma atividade fundamental para que a
equipe de saúde se prepare para o atendimento da gestante, assim sendo deverá ser
analisado em todas as consultas de pré-natal.As Gestantes de alto risco devem ser
encaminhadas ao Ambulatório de Especialidades.
A Atenção Básica deve ser entendida como porta de entrada da rede de
Atenção à Saúde. Nas situações de emergência obstétrica, a equipe deve estar
capacitada para diagnosticar precocemente os casos graves, iniciar o suporte básico
de vida e acionar o serviço de remoção, para que haja adequada continuidade do

35
atendimento para os serviços de referência de emergências obstétricas, a Santa Casa
de Misericórdia de Lorena.
Ao nível primário, quando se considera a situação resolvida, a unidade básica
de saúde deve continuar responsável pelo seguimento da gestante a um diferente
serviço de saúde. (Observar Anexo VI de Fatores de Risco e Emergências)

I. CONDUTAS

o Calcular Idade gestacional e Data Provável do Parto (ANEXO - VII);


o Orientar alimentação e ganho de peso gestacional;
o Referência para atendimento odontológico;
o Orientar sobre sinais de risco e assistência em cada caso;
o Atualizar imunização (antitetânica e hepatite B); ANEXO - VIII

Prescrever Ácido Fólico 5 mg/dia e Sulfato Ferroso segundo Programa Saúde


de Ferro;
o Orientar sobre responsabilidades da gestante, incentivando a participar
ativamente das atividades do pré-natal;
o Orientar sobre atividade física, alimentação, atividade sexual, trabalho e
ambiente;
o Avaliar as queixas e orientar conforme cada caso;
o Agendar retorno de consultas

O CALENDÁRIO DE CONSULTAS

O mínimo preconizado pelo Ministério da Saúde para o pré-natal de baixo risco


é um mínimo de seis (6) consultas, consideradas as consultas médicas e de
enfermagem. Orientamos a alternância de consultas com o médico e com a enfermeira
até o puerpério.
O calendário de atendimento pré-natal deve ser programado em função:
Da idade gestacional na primeira consulta;

- Dos períodos mais adequados para a coleta de dados necessários ao bom


seguimento da gestação;
- Dos períodos nos quais se necessita intensificar a vigilância, pela possibilidade maior
de incidência de complicações;
36
- Dos recursos disponíveis nos serviços de saúde e do acesso da clientela aos
mesmos.

A. INTERVALO DE CONSULTAS:

o Até 33 semanas: Mensal


o De 34 a 38 semanas: Quinzenal
o De 39 a 40 semanas: Semanal
o De 40 a 42 semanas: De 03 em 03 dias

II. CONSULTAS DE RETORNO

● Atualizar cartão da gestante, prontuário.


● Revisão da ficha de acompanhamento pré-natal e anamnese atual;
● Monitoramento:
● Controle do calendário de vacinação;
● Determinação do peso;
● Medida da pressão arterial;
● Cálculo e anotação da idade gestacional;
● Inspeção da pele e das mucosas;
● Inspeção dasmamas;
● Palpação obstétrica e medida da altura;
● Ausculta dos batimentos cardiofetais;
● Pesquisa de edema;

● Interpretação de exames laboratoriais e solicitação de outros, se necessários;


● Acompanhamento das condutas adotadas em serviços clínicos especializados;
● Realização de ações e práticas educativas (individuais e em grupos);
● Agendamento de consultas subsequentes.

III. QUEIXAS

A. 1º TRIMESTRE: Náuseas, vômitos e tonturas.

● Explicar que esses fenômenos são comuns no início da gestação.


● Orientar a gestante para dieta fracionada e variada (6 refeições ao dia), evitar
frituras, gorduras e condimentos fortes ou desagradáveis, evitar líquidos
durante as refeições, dando preferência à sua ingestão nos intervalos, ingerir

37
alimentos sólidos antes de levantar pela manhã. Procurar fazer dieta
equilibrada de carboidrato, gordura, proteínas, vitaminas e sais minerais
● Agendar consulta médica ou referir ao pré-natal de alto risco, em caso de
vômitos frequentes (hiperemese)

Desmaio, fraqueza.

o Explicar à gestante que sentar-se com a cabeça abaixada ou deitar-se em


decúbito lateral, respirando profunda e pausadamente, melhora a sensação de
fraqueza e desmaio.
o Dieta fracionada, sugerir chá ou café com açúcar como estimulante, desde
que não sejam contra indicados.
o Orientar a gestante para que não faça mudanças bruscas de posição e evitar
inatividade.

Sialorréia (salivação excessiva)

● Explicar que esse é um sintoma comum no início da gestação.


● Orientar dieta semelhante à indicada para náusea e vômitos.
● Orientar a gestante para deglutir a saliva e tomar líquidos em abundância.

Azia (pirose)

● Dieta fracionada;
● Evitar deitar – se após refeições;
● Evitar massas, doces, condimentos, frituras, álcool e fumo, café, chá preto e
mate;

Queixas urinárias

● Explicar que o aumento do número de micções é comum no início e no final da


gestação.
● Agendar consulta médica caso haja disúria e hematúria, acompanhada ou não
de febre ou resultado de urina alterado.

Sangramento da gengiva

Recomenda-se o uso de escova macia e massagear a gengiva.


Agendar atendimento odontológico

B. 2º TRIMESTRE

38
Dor abdominal, cólicas, flatulências e obstipação intestinal.

o Certificar-se de que não sejam contrações uterinas.


o Se houver flatulências e/ou obstipação intestinal: Orientar dieta rica em
resíduos: frutas cítricas, verduras, mamão, ameixa e cereais integrais associado a
água. Recomendar caminhadas, movimentação e regularização do hábito intestinal.

Hemorróidas

o Fazer dieta a fim de evitar obstipação intestinal;


o Não usar papel higiênico colorido ou áspero.
o Fazer higiene perianal com água e sabão neutro após defecação.
o Fazer banho de assento (vapor) ou compressas mornas.
o Agendar a consulta médica, caso haja dor ou sangramento anal persistente.

Cãibras

● Posicionar em extensão o músculo contraído e dolorido e aplicar calor local.


● Evitar excesso de exercícios.

Varizes

● Recomendo para que não permaneça muito tempo em pé ou sentada.


● Repousar (20 minutos) várias vezes ao dia com os membros inferiores
elevados.
● Não se utilizar roupas justas e nem ligas nas pernas, e, se possível, utilizar
meia calça elástica para gestante.

Cefaleia

● Afastar hipertensão arterial ou pré-eclâmpsia (se tiver mais de 24 semanas de


gestação).
● Conversar com a gestante sobre suas tensões, conflitos e temores.
● Orientar dieta fracionada;
● Referir à consulta médica, se persistir osintoma.

Dor nas mamas

● Recomendo uso constante de sutiã com alças curtas que oferecem boa

39
sustentação.

Cloasma gravídico

● Fazer uso de protetor solar, se possível.


● Recomendo não expor o rosto diretamente ao sol.
● Explicar que é comum na gravidez e que costuma diminuir ou desaparecer, em
tempo variável, após oparto.

C. 3º TRIMESTRE

Falta de ar, dificuldade para respirar.

o Esses sintomas são frequentes na gestação, em decorrência do aumento do


útero e/ou ansiedades da gestante.
o Recomendar repouso em decúbito lateral esquerdo.
o Afastar possível doença cardiorrespiratória.Agendar Consulta médica, caso
haja dúvida ou suspeita.
o Ouvir a gestante e conversar sobre suas angústias, se for o caso.

Dor lombar

● Recomendar à gestante correção da postura ao andar e ao sentar, evitando


lordose.
● Uso de sapatos com saltos baixos e confortáveis.
● Aplicação de calor local.
● Encaminhar para medicações/na.

Relação sexual

o A depender do casal.
o Contraindicar nas ameaças de aborto.

● Sinais de trabalho de parto e alerta;

o Perdas por via vaginal (líquidos, sangue e secreção mucosa)


o Endurecimento abdominal tipo contração 02 vezes em 10 minutos
o Cessação ou diminuição dos movimentos fetais menos que 03 MF/ 15 minutos
40
(ver mobilograma)
o Edema importante de MMII ao amanhecer
o

IV. RESULTADOS EXAMES LABORATORIAIS

Anotar todos os resultados no prontuário cartão da gestante.

A. TIPAGEM SANGUÍNEA

Fator Rh negativo e parceiro Rh positivo e/ou desconhecido. Solicitar Coombs


indireto. Atenção ao processo da profilaxia da aloimunização Rh.
Administração 300mg da imunoglobulina anti-D por via intramuscular em dose
única entre o 28 e o 34 da semana.

PROCEDIMENTO DE SOLICITAÇÃO DE IMUNOGLOBULINA ANTI – D

A Unidade de Saúde deverá preencher corretamente os seguintes


documentos:

- Preencher LME – Laudo de Solicitação Avaliação e Autorização de Medicamentos


01 cópia da prescrição médica solicitando a medicação;
Anexar cópias dos seguintes documentos:
GESTANTE: ABO RH e Coombs Indireto
PARCEIRO: ABO RH
DOCUMENTOS GESTANTE (CÓPIAS) RG, CPF, Cartão do SUS, Comprovante de
endereço com CEP, Caderneta da gestante.

B. VDRL

Reagente, executar teste confirmatório FTA-Abs, se positivo gestante e


parceiros devem ser tratados e realizar notificação compulsória.

C. URINA I/UROCULTURA

Atenção a infecção do trato urinário. Tratar.

D. HEMOGRAMA
41
o Hemoglobina> 11g/dl: ausência de anemia. Manter suplementação de 300
mg/dia de Ferro e 5 mg de Ácido Fólico.
o Hemoglobina< 11g/dl e >8 g/dl: anemia leve a moderada. Prescrever Sulfato
Ferroso em dose de tratamento de anemia ferropriva.
o Imunoglobulina< 8 g/dl: anemia grave. A gestante deve ser referida
imediatamente ao pré-natal de alto risco.
o Alterações da série branca e de quantidade de plaquetas devem ser
encaminhadas ao hematologista.

E. GLICEMIA

Atentar para diagnóstico de diabetes

F. Anti HIV

Se positivo, notificar, encaminhar pré-natal de alto risco.

G. SOROLOGIA PARA HEPATITE B

Notificar.

H. TOXOPLASMOSE
Interpretação de resultados dos exames de IgG e IgM para toxoplasmose.

42
IgG IgM Interpretação
Reagente Não Gestante com infecção prévia ou toxoplasmose crônica
Reagente
Reagente Reagente Gestante com infecção recente ou toxoplasmose aguda –
confirmar com teste de avidez de IgG.
Não Reagente Gestante com infecção ou toxoplasmose aguda.
Reagente
Não Não Gestante suscetível (nunca foi infectada).
reagente reagente

I. ESTREPTOCOCOS

o Se positivo, anotar para antibioticoterapia no momento do parto.

V. VISITAS DOMICILIARES

o Identificar gestantes sem assistência Pré-natal;


o Identificar gestantes que abandonaram os cuidados na Unidade;
o Seguir especificamente alguma situação particularizada;
o Fornecer orientação sobre cuidados de saúde.

VI. VISITA MATERNIDADE

o Apresentar à gestante o local do parto a equipe, proporcionando vínculo entre o


estabelecimento e a gestante.

VISITA GUIADA DA MATERNIDADE

Projeto elaborado e implantado no Hospital Santa Casa Cruzeiro em Novembro


de 2019, conforme a LEI nº 11.634, de 27 de dezembro de 2007 para que a gestante
e o acompanhante de sua livre escolha conheçam o ambiente hospitalar em que terá
o bebê.
Com a finalidade de estabelecer vínculo entre a gestante e seu acompanhante
com a maternidade de referência, oferecendo segurança e retaguarda hospitalar para
atender as necessidades deste público.
Tem como finalidade orientar a gestante e o acompanhante sobre as normas,
os fluxos da instituição e esclarecer dúvidas pertinentes ao processo de internação
(pré parto, parto e pós parto).
A visita é ofertada de forma opcional.

43
As visitas acontecerão mensalmente, de acordo com o calendário pré-
estabelecido com acompanhantes adultos (opcional). Não será permitido acesso com
crianças.
A visita guiada acontecerá com o seguinte roteiro: o encontro iniciará na sala
de reuniões:
● Iniciando com uma roda de conversa sobre os objetivos da atividade, identificação e
esclarecimento pertinentes a gestação tais como sinais e sintomas do trabalho de
parto, documentação necessária para ser levada à maternidade no momento da
internação, alimentação, cuidados com o recém-nascido, dentre outros.
● Esclarecemos sobre.
● O itinerário a ser percorrido em sua chegada ao hospital tais como: Recepção,
Acolhimento e Classificação de Risco da Maternidade, Sala de Parto, Alojamento
Conjunto. Cuidados com RN, itens importantes para trazer para a maternidade no dia
da internação.
● Ocorre uma palestra de um profissional da equipe multi (obstetra, pediatra,
nutricionista, enfermeira obstetra, anestesista, assistente social entre outros
convidados externos).
● Após é oferecido um lanche e sorteio de brindes.
● Para concluir é realizada a visita guiada acompanhada com a coordenação de
enfermagem, onde é apresentado todo o setor.

VII. AÇÕES EDUCATIVAS

o Importância do pré-natal
o Orientação sobre cartão de gestante
o Realização atividade física;
o Promoção da alimentação saudável;
o Desenvolvimento da gestação;
o Modificações corporais e emocionais;
o Medos e fantasias;
o Atividade sexual;
o Sintomas comuns na gravidez;
o Sinais de alerta;
o Preparo para o parto;
44
o Orientações e incentivo para o parto Normal;
o Orientações e incentivo para amamentação;
o Planejamento familiar;
o Sinais e sintomas do trabalho de parto;
o Cuidados após o parto;
o Benefícios legais;
o Participação do pai durante a gestação;
o Importância da realização da triagem neonatal;
o Importância do acompanhamento das medidas preventivas;
o Promoção da alimentação saudável com foco na prevenção dos distúrbios
nutricionais;
o Modificações corporais e emocionais.

VIII. PRÉ NATAL DO PARCEIRO

A prevenção da Transmissão Vertical da Sífilis e do HIV tem ações garantidas


no pré-natal. Um grande desafio para a saúde pública tem sido a eliminação da sífilis
congênita. Para enfrentar esse problema, o Programa Estadual de DST/Aids de São
Paulo elaborou um Plano de ações para a Eliminação da Sífilis Congênita, até 2012.
Um dos maiores entraves para a eliminação da sífilis congênita é a dificuldade de
tratar os parceiros das mulheres grávidas com sífilis. Somente 14% dos parceiros são
adequadamente tratados. Elaborou-se então uma proposta de pré-natal para os
homens, discutida e pactuada com os gestores municipais a ser implantada nos
serviços de atenção básica dos municípios do Estado.
Engana-se quem pensa que o homem não deseja acompanhar as consultas de
pré-natal da esposa. Uma pesquisa com parceiros de gestantes atendidas pelo SUS
em Ribeirão Preto (SP), cidade no interior de São Paulo, mostrou que 94% delas
gostariam de ir junto a uma consulta. Os pesquisados também responderam que se
sentiram frustrados por terem o seu direito negado quando manifestaram o desejo de
entrar na sala de consulta.
O principal objetivo do Pré-natal do parceiro é combater Infecções Sexualmente
Transmissíveis (ISTs), por meio de exames de sífilis, HIV e hepatites virais B e C. Na
oportunidade, médicos também diagnosticaram hipertensão arterial, diabetes e
colesterol. O pré-natal masculino oferece exames de rotina, como os testes rápidos
45
de Infecções Sexualmente Transmissíveis, inclusive HIV.
Também devem ser oferecidas atividades educativas no serviço de saúde para
que o homem assuma com responsabilidade o novo papel social de pai. Outro objetivo
dessa iniciativa é que ele prossiga participando melhor da criação do filho,
acompanhando o crescimento e o desenvolvimento. Para modificar um pouco essa
cultura de o homem não se cuidar e de que o cuidado da criança seja só coisa de
mulher.

IX. PUERPÉRIO

A. OBJETIVOS DA REVISÃO PUERPERAL

o Avaliar as condições maternas, identificando as patologias mais frequentes


desse período;
o Controlar a evolução das patologias manifestadas durante a gestação (anemia,
síndromehipertensiva);
o Avaliar a técnica de amamentação e corrigir as distorções detectadas;
o Orientar o planejamento familiar e assistência ginecológica;
o Orientar cuidados básicos com oRN;
o Avaliar a relação da puérpera com setuRN;
o Identificar situações de risco ou intercorrências.

B. CONSULTA

O Hospital Santa Casa de Cruzeiro, envia semanalmente o relatório de alta


puerperal, que é enviado a todas as Unidades Básicas de Saúde e Estratégia Saúde
da Família.
A consulta puerperal deverá ser realizada preferencialmente no domicílio com
até 07 dias com o Enfermeiro e outra até 40 dias com o Médico.

● Anamnese

o Condições da gestação;
o Condições do atendimento ao parto e ao RN;

46
o Dados do parto (data, tipo e indicação)
o Intercorrências;
o Uso de medicamentos;
o Aleitamento Materno;
o Alimentação, sono, atividade;
o Dor, fluxo vaginal, sangramento, queixas urinárias, febre;
o Planejamento familiar;
o Condições psicoemocionais;
o Condições sociais.

● Exame físico

o Aferir sinais vitais;


o Avaliar estado psicoemocional;
o Avaliar estado geral;
o Examinar mamas;
o Examinar abdômen;
o Examinar períneo e genitais;
o Retirar pontos cirúrgicos e orientar cuidados locais;
o Verificar possíveis intercorrências e sinais de infecção;
o Observar e avaliar amamentação;
o Identificar problemas e necessidades da mulher e do RN.

● Condutas

o Orientar sobre higiene, alimentação, atividades físicas, atividade sexual,


cuidados com as mamas e com RN, aleitamento materno, direitos da mulher e
planejamento familiar;
o Encaminhar para avaliação médica quando há intercorrências ou riscos;
o Registrar informações no prontuário;
o Agendar consulta médica no período puerperal.

47
ANEXO III – AVALIAÇÃO EDEMA

ACHADO ANOTE CONDUTA


Edema ausente - Acompanhar a gestante seguindo o calendário de
rotina
Apenas edema de tornozelo sem + Verificar se o edema está relacionado:
HAS ou aumento súbito de peso - à postura;
- ao aumento da temperatura;
- ao tipo de calçado.
Edema limitado aos membros ++ - Orientar repouso em decúbito lateral
inferiores, porém na presença de esquerdo;
HAS ou ganho de peso - Verificar a presença de sinais de pré-
aumentado ou proteinúria + eclâmpsia e interrogar sobre movimentos fetais;
- Marcar retorno em 7 dias, na ausência de
sintomas;
-Deve ser avaliada pelo médico da unidade;
-Encaminhar ao serviço de alto risco.
Edema Generalizado ou que já ++ - Gestante de risco
se manifesta ao acordar - Deve ser avaliada pelo médico da unidade e
encaminhada ao serviço de alto risco

Edema unilateral de MMII, com - Suspeita de processo tromboembólico.


dor e ou sinais flogísticos - Deve ser avaliada pelo médico e encaminhada
ao serviço hospitalar.

ANEXO II – PALPAÇÃO OBSTÉTRICA E MEDIDA ALTURA

A palpação obstétrica deve ser realizada antes da medida da altura uterina,


iniciando-se pela delimitação do fundo uterino, bem como de todo o contorno da
superfície uterina (esse procedimento reduz o risco de erro da medida da altura
uterina). A identificação da situação e da apresentação fetal é feita por meio da
palpação obstétrica, procurando reconhecer o pólo cefálico e pélvico e o dorso fetal,
o que ocorre facilmente a partir do 3o trimestre. Pode-se, ainda, estimar a quantidade
de líquido amniótico. O feto pode estar em situação longitudinal ou transversal. As
apresentações mais frequentes são a cefálica e a pélvica.

COMO PROCEDER A MEDIDA DA ALTURA UTERINA

- Posicionar a gestante em decúbito dorsal com o abdômen descoberto.


- Delimitar a borda superior da sínfise púbica e o fundo uterino.
48
- Fixar a extremidade inicial zero cm da fita métrica sobre a borda superior da
sínfise púbica, passando o mesmo entre o dedo indicador e médio;
- Proceder à leitura quando a extremidade cubital da mão atingir o fundo uterino;
- Anotar a medida em cm no cartão e marcar o ponto na curva altura uterina/ idade
gestacional.

PARÂMETROS DA ALTURA UTERINA:

- Até a 6ª semana não ocorre alteração do tamanho uterino;


- Na 8ª semana o útero corresponde ao dobro do tamanho normal;
- Na 10ª semana o útero corresponde a três vezes o tamanho habitual;
- Na 12ª semana enche a pelve de modo que é palpável na sínfise púbica;
- Na 16ª semana o fundo uterino encontra-se entre a sínfise púbica e a cicatriz
umbilical;
- Na 20ª semana o fundo do útero encontra-se na altura da cicatriz umbilical;
- A partir da 20ª semana existe uma relação aproximada entre as semanas da
gestação e a medida da altura uterina. Porém, esse parâmetro torna-se menos fiel, à
medida que se aproxima otermo.

ANEXO III – BATIMENTO CÁRDIO RESPIRATÓRIO (BCF)

- Após a 12ª semana, com sonar e após 20ª semana com pinardo.
- Posicionar a gestante em decúbito dorsal, com o abdome descoberto.
- Identificar o dorso fetal. Além de realizar a palpação, deve-se perguntar à
gestante em qual lado ela mais sente os movimentos fetais; o dorso estará no lado
oposto.
- Procurar o ponto de melhor ausculta dos BCF, na região do dorso fetal.
- Controlar o pulso da gestante, para certificar-se que os batimentos ouvidos são
os fetais, já que as frequências são diferentes.
- Contar os batimentos cardio-fetais por 1 minuto, observando sua frequência e
ritmo.
- Registrar numericamente o BCF na ficha perinatal e no cartão da gestante

MOVIMENTOS FETAIS:

Os movimentos fetais são indicadores da vitalidade do conceito.


Ao contrário, sua diminuição é prova indireta da insuficiência placentária e
adaptação do feto às más condições intrauterinas.
49
- Um feto em boas condições realiza no mínimo 12 movimentos/horas.
- É comum no último trimestre as gestantes relataram diminuição dos movimentos,
levando-as muitas vezes a procurarem a maternidade.
- Certamente que esta queixa deve ser tomada com cuidado. Porém, considerar
que a ansiedade materna é fator importante que deve ser avaliado.
- Contudo nunca se deve menosprezar a queixa, mesmo após detecção dos
movimentos fetais estarem normais na avaliação obstétrica do serviço.

ANEXO IV - PROTEINÚRIA

Objetivo: Detecção de proteinúria significativa por fita reagente.


Idealmente, a triagem de proteinúria deve ser feita em toda consulta pré-natal de todas
as gestantes. Quando isso não for possível, priorizar as gestantes com maior risco de
pré-eclâmpsia.

Procedimento:

- Coletar a urina fresca em um coletor


- Mergulhar a área de teste da tira dentro do material coletado e remover
imediatamente.
- Proceder a leitura comparando a cor obtida na fita com a cor padronizada com
as possibilidades de resultado: negativa, traços, positiva de uma a quatro cruzes.

ANEXO V – STREPTOCOCCUS

Objetivo: colher material biológico para pesquisa de estreptococos do grupo B,


no intuito de antibioticoprofilaxia de infecção neonatal.
- Paciente em posição ginecológica.
-Realizar coleta de amostras com o mesmo swab, primeiramente do terço externo da
vagina e depois retal, introduzindo o swab até ultrapassar o esfíncter, colocado em
meio de transporte.
- Não é recomendado banho ou higiene íntima prévia à coleta.
- Colher o material preferencialmente antes de toquesvaginais
- Encaminhar ao laboratório de análises clínicas.

ANEXO VI – RISCO GESTACIONAL


50
FATORES DE RISCO QUE FATORES DE RISCO FATORES DE RISCO QUE
PERMITEM A REALIZAÇÃO QUE PODEM INDICAR INDICAM ENCAMINHAMENTO À
DO PRÉ- NATAL PELA ENCAMINHAMENTO AO URGÊNCIA/EMERGÊNCIA
EQUIPE DE PRÉ-NATAL DE OBSTÉTRICA
ATENÇÃO BÁSICA ALTO RISCO
Idade menor que 15 é maior Cardiopatias Síndromes hemorrágicas
que 35 anos;
*avaliar
Ocupação Pneumopatias graves Suspeita de pré-eclâmpsia
Situação familiar insegura e Nefropatias graves Eclampsia
não aceitação da gravidez
Situação conjugal insegura Endocrinopatias Crise hipertensiva (PA>
160/110)
Baixa escolaridade Doenças Amniorrexe prematura
hematológicas
Condições ambientais Hipertensão arterial, Anemia grave (hb<8)
desfavoráveis história hipertensiva em
gestação anterior
Altura menor que 1,45m Doenças neurológicas Trabalho de parto prematuro
IMC que evidencie baixo Doenças Psiquiátricas IG a partir de 41 semanas
peso, sobrepeso ou confirmadas
obesidade
Fatores relacionados à Doenças auto-imunes Hipertermia
história reprodutiva anterior
Intervalo interpartal menor Alterações genéticas Suspeita/diagnóstico de
que 2 anos ou maior que 5 maternas abdome agudo
Nuliparidade e multiparidade Antecedente de trombose Suspeita/diagnóstico de
venosa profunda Pielonefrite, infecção ovular ou
outra infecção que necessite
internação hospitalar
Cirurgia uterina anterior Ginecopatias Suspeita de trombose venosa
profunda
Infecção urinária Portadoras de doenças Vômitos incoercíveis não
infecciosas como responsivos ao tratamento, com
hepatites, comprometimento sistêmico
toxoplasmose, HIV
Anemia Terciária (US com Vômitos inexplicáveis no 3o
malformação fetal e trimestre
outras DST
Hanseníase Restrição crescimento intra-
uterino

51
Tuberculose Oligoidrâmnio
Dependência de drogas Casos clínicos que necessitem
lícitas ou ilícitas de avaliação hospitalar
Morte intrauterina ou
perinatal na gestação
anterior
Abortamento habitual
Esterilidade/infertilidade
Fatores relacionados a
gestação atual
Restrição crescimento
intrauterino
Polidrâmnio ou
oligoidrâmnio
Gemelaridade
Malformações fetais
Infecção urinária de
repetição
Anemia grave ou não
responsiva ao
tratamento
Proteinúria
Desnutrição materna
Obesidade mórbida
NIC III
Câncer de mama ou
suspeita

52
ANEXO VII – IDADE GESTACIONAL E DATA PROVÁVEL DO PARTO

Calcula-se a D.P.P. levando-se em consideração a duração média da gestação


normal (280 dias ou 40 semanas a partir da D.U.M.), mediante utilização de calendário
comum ou disco.

REGRA DE NAEGELE: outra forma para cálculo da D.P.P.


Somar 7 dias ao primeiro dia da última menstruação e subtrair 3 meses ao mês
em que ocorreu a última menstruação.

Método de Cálculo da Idade Gestacional, quando DUM conhecida:


Calcular o número de dias a partir do 1º. Dia da DUM, até a data da consulta. Ex:
DUM: 15/06/06 e Data da Consulta: 18/09/06
Pontuar todos os meses referentes neste intervalo, colocando a frente o número de
dias envolvidos.
Ex: Junho: 15 dias Julho: 31 dias
Agosto: 30 dias
Setembro: 18 dias
Total: 94 dias
Somar os dias e dividir por 7. Ex: 94 : 7 = 13,3 semanas
Considerar os números inteiros como o número de semanas de gestação e o primeiro
número decimal, considerar como dias. No exemplo a nossa gestante está com 13
semanas e 3 dias.

Cálculo de idade Gestacional quando a data da última menstruação é


desconhecida, mas se conhece o período do mês em que ela ocorreu:
Se o período foi no início, meio ou final do mês, considerar como data da última
menstruação os dias 5, 15 e 25, respectivamente; proceder, então, à utilização do
método acima descrito.

Cálculo de idade Gestacional quando a data e o período da última menstruação


são desconhecidos:

53
1. Proceder ao exame físico:
2. Medir a altura uterina e posicionar o valor encontrado na curva de crescimento
uterino.
Verificar a IG correspondente a esse ponto. Considerar IG muito duvidosa e assinalar
com interrogação na ficha perinatal e no cartão da gestante. A medida da altura uterina
não é a melhor forma de calcular a idade gestacional;
3. Quando a data e o período do mês não forem conhecidos, na ausência de
disponibilidade de exame de USG, a IG e a DPP serão inicialmente determinadas por
aproximação, basicamente, pela medida da altura do fundo do útero e do toque
vaginal, além da informação sobre a data de início dos movimentos fetais, que ocorre
por volta da20ª.semana.

ANEXO VIII - CALENDÁRIO DE VACINAÇÃO PARA GESTANTES E PUÉRPERAS

Gestante não vacinada/sem comprovação vacinal: administrar as duas


primeiras doses de dT e a última dose de dTpa a partir da 20ª semana de gestação.

Esquema incompleto de dT (uma dose): administrar uma dose de dT e uma de


dTpa a partir da 20ª semana de gestação.

Esquema incompleto de dT (duas doses): administrar uma dose de dTpa a


partir da 20ª semana de gestação.

Esquema completo de dT (três doses): administrar uma dose de dTpa a partir


da 20ª semana de gestação.

54
PROTOCOLO DE ENFERMAGEM SAÚDE DA MULHER PLANEJAMENTO
FAMILIAR

INTRODUÇÃO

A assistência ao planejamento familiar está pautada no princípio da


paternidade responsável e visa oferecer à comunidade atendida, o acesso a
orientações e meios para bem planejar a família, proporcionando a atenção
necessária tanto perante a opção pela gestação como pelo seu espaçamento.
A assistência à concepção inclui as orientações no campo da sexualidade e do
correto reconhecimento do período fértil, bem como das alternativas de atendimentos
existentes tanto na pré-concepção quanto na atenção ao pré-natal e seguintes
(puerperal, ao recém-nascido, entre outros).
A assistência à anticoncepção inclui, além das orientações já mencionadas
para a concepção, informações quanto aos métodos anticoncepcionais, devendo
constar suas indicações, contra-indicações e implicações de uso, garantindo o direito
à livre escolha dos mesmos, bem como a assistência necessária ao seu uso.
A atenção em Planejamento Familiar, embora tendo características e
orientações próprias, não deve estar desvinculada de uma assistência integral à
saúde. Sendo assim, deve-se prestar uma atenção voltada também para questões
como a prevenção de câncer ginecológico, de doenças sexualmente transmissíveis
ou outros agravos que possam interferir na saúde e qualidade de vida dos usuários
atendidos.
Para os Comitês de Mortalidade Materna e Infantil, o planejamento familiar tem
papel fundamental na prevenção da morbimortalidade materna e infantil (na medida
em que previne a gravidez indesejada).

1. OBJETIVOS

• Democratizar e ampliar acesso às informações sobre meios de anticoncepção


ou de concepção aos usuários do SUS.
• Diminuir a ocorrência de casos de gravidez indesejada e consequente abortos
provocados, exercendo grande impacto na morbimortalidade maternoinfantil.
• Humanizar atendimento e a qualificação da atenção em Planejamento Familiar.

55
2. A ORGANIZAÇÃO DA ATENÇÃO ÀS ATIVIDADES

Devemos considerar dois tipos de atividades:

- Atividades educativas;
- Atividades clínicas.

Essas atividades devem ser desenvolvidas de maneira integrada por toda a


equipe de saúde, de forma a permitir a participação dos diversos elementos em ambas
atividades, de acordo com o nível de responsabilidade requerido em cada situação.
Deve-se lembrar que todo atendimento se constitui numa oportunidade para
prática das ações educativas, permitindo a troca de informações, conhecimentos já
existentes e contribuindo para a apropriação do conhecimento necessário. Assim,
tanto a atividade clínica possibilita a ação educativa, quanto a educativa auxilia a
clínica.

AS ATIVIDADES EDUCATIVAS:

Todo paciente que queira fazer parte do Programa de Planejamento Familiar


deverá participar de uma ação educativa promovida pela Unidade de Saúde,
preferencialmente antes da consulta médica, tanto para concepção quanto para
anticoncepção. Esta ação pode ser individual ou em grupo, devendo ser conduzida
por profissional capacitado, podendo ser da equipe de enfermagem ou médico.
Este momento tem por objetivo proporcionar orientações gerais quanto à saúde
sexual e reprodutiva, abrangendo temas como sexualidade e harmonia conjugal,
anatomia e fisiologia, período fértil, métodos contraceptivos, doenças sexualmente
transmissíveis e prevenção do câncer de colo uterino, mamas e próstata.
No início da atividade educativa esclarecer à comunidade o objetivo do
Programa de Planejamento Familiar - que é proporcionar informações e meios
possíveis para planejar uma família, acompanhando os usuários em sua saúde sexual
e reprodutiva e auxiliando a mulher/casal para concepção ou anticoncepção.
Durante a palestra poderão ser utilizados recursos audiovisuais como vídeo,
álbum seriado ou slides, para maior compreensão do assunto apresentado. Ao final
da ação educativa inscrever o paciente no programa, verificar se já foi agendada a

56
consulta médica e a coleta de citologia oncótica, agendando-as, se necessário.
Verificar ainda o estado vacinal do paciente e encaminhar imediatamente para a
realização das vacinas em atraso.
Se houver necessidade, realizar atendimento individual para esclarecer
dúvidas ou fornecer maiores detalhes que não foram possíveis serem solucionados
durante a atividade em grupo.

ATIVIDADES CLÍNICAS PRIMEIRA CONSULTA

Deve ser sempre feita pelo médico, após as atividades educativas, qualquer
que seja o método utilizado.
Visa analisar a adequação da opção feita pela mulher/casal em relação às
indicações clínicas e limitações de cada paciente, ponderando os riscos e benefícios.
A primeira consulta deve, necessariamente, incluir:
o Anamnese;
o Exame físico geral;
o Exame de mamas, com educação para o'autoexame;
o Exame Ginecológico;
o Análise da escolha e prescrição do método anticoncepcional;

O ACOLHIMENTO

Por acolhimento entende-se uma atitude positiva do servidor em colocar-se no


lugar do usuário que procura o nosso serviço, responsabilizando-se pela satisfação
de suas necessidades. Toda a equipe participa do acolhimento dos pacientes na
Unidade de Saúde. A recepção ou primeiro atendimento do paciente é de fundamental
importância para o desenvolvimento das ações de saúde.
O profissional (ACS, auxiliar administrativo ou equipe de enfermagem), que na
maioria das vezes é quem dá o primeiro atendimento, deverá acolher o paciente com
educação e respeito, disponibilizando as informações corretas a respeito do
funcionamento do programa e prestando o atendimento necessário, cada um dentro
do seu nível de atuação profissional.

3. A ASSISTÊNCIA À PRÉ-CONCEPÇÃO

57
A assistência pré-concepção tem como objetivo orientar e assistir as
mulheres/casais em idade fértil que desejam engravidar com o intuito de proporcionar
uma orientação adequada em fertilidade, bem como quanto à evolução saudável de
uma futura gestação. Ao assistir os casais a equipe de saúde deverá prevenir, detectar
e tratar fatores que possam interferir na fertilidade e na concepção.

O ATENDIMENTO À MULHER/CASAL

- Realizar orientações gerais quanto a saúde sexual e reprodutiva, abrangendo


temas como sexualidade e harmonia conjugal, anatomia e fisiologia, período fértil,
métodos contraceptivos, doenças sexualmente transmissíveis e prevenção do câncer
de colo uterino, mamas e próstata;
- Orientar quanto ao Método da Ovulação Billings, como uma forma de conhecer
o período fértil, bem como alternativa de método contraceptivo após oparto;
- Orientar a observar os ciclos menstruais, anotando o primeiro dia das
menstruações subsequentes. Esta atitude contribuirá para que as mulheres conheçam
a data da última menstruação auxiliando posteriormente no cálculo da idade
gestacional;
- Realizar avaliação de enfermagem ou consulta do enfermeiro, com aferição dos
dados vitais e do peso pré-gravídico. Aquelas que apresentarem desnutrição,
sobrepeso ou obesidade e/ou alterações dos dados vitais deverão ser encaminhadas
à consulta médica;
- Realizar exame preventivo de câncer de colo uterino, conforme o'protocolo;
- Verificar situação vacinal e realizar se necessário;
- Investigar quanto à presença de patologias crônicas que necessitem de uso
prolongado ou mesmo esporádico de medicação que possa comprometer a fertilidade,
a concepção ou o desenvolvimento fetal.

OS FATORES DE RISCO REPRODUTIVO

- Idade materna e/ou paterna avançada;


- Filhos afetados em gestações anteriores;
- Antecedentes de familiares com doenças genéticas.

A mulher caracterizada como de risco reprodutivo deverá ter seu desejo de

58
engravidar respeitado pelos profissionais de saúde, porém é responsabilidade do
serviço orientar a mulher/casal sobre riscos presentes na gravidez, tanto para mãe
como para o bebê. A mulher - com risco reprodutivo - deve ser encaminhada para
avaliação e acompanhamento médico periódico, para prevenir e tratar possíveis
complicações. Na presença de doenças crônicas é fundamental o acompanhamento
para maior controle das mesmas.

4. A ASSISTÊNCIA À ANTICONCEPÇÃO

A assistência à anticoncepção tem o objetivo de prestar atendimento às


mulheres/casais em idade fértil que desejam espaçar a gravidez, proporcionando
informações claras acerca dos métodos anticoncepcionais, bem como o acesso aos
métodos disponíveis pelo programa, após a escolha e indicação do mesmo. Na
indicação do uso dos métodos anticoncepcionais, devem ser consideradas as
seguintes características:

- Inocuidade, ou seja, ausência de efeitos secundários adversos;


- Eficácia;
- Aceitabilidade;
- Disponibilidade, ou acesso gratuito;
- Facilidade de uso;
- Reversibilidade, ou recuperação total da fertilidade correspondente à faixa etária
da usuária.
Existem também fatores individuais e situacionais relacionados aos usuários
que devem ser considerados à indicação do método contraceptivo:
- Estado de saúde;
- Escolha Pessoal;
- Característica da personalidade da mulher e/ou do homem;
- Condições Econômicas;
- Fase da vida;
- Estilo de vida;
- Padrão de comportamento sexual;
- Aspirações reprodutivas, entre outros.

59
MÉTODOS NATURAIS

Os métodos naturais de planejamento familiar constituem hoje uma importante


alternativa para muitos casais que, ou desejam engravidar e necessitam maiores
informações de como reconhecer o período fértil da mulher, ou desejam espaçar a
gravidez e não querem utilizar métodos artificiais, hormonais ou não, por questões de
saúde ou opção de vida.
Dentre os métodos de planejamento familiar natural, o Método da Ovulação
Billings é hoje o método mais recomendado devido a sua alta eficácia e confiabilidade,
comprovada por inúmeras pesquisas, inclusive pela Organização Mundial da Saúde.
Os métodos naturais de planejamento familiar são definidos pela Organização
Mundial de Saúde, como “métodos para planificar ou evitar gestações pela
observação dos sinais e sintomas da fase fértil do ciclo menstrual”. Baseando-se na
identificação do período fértil da mulher, o casal pode concentrar as relações sexuais
nessa fase, caso deseje obter uma gravidez, ou abster-se de ter relações sexuais,
caso deseje espaçar agravidez.
A determinação do período fértil baseia-se nos seguintes fatores:
- A liberação do óvulo (ovulação), ocorre entre 11 e 16 dias antes do início do ciclo
menstrual. O óvulo, após ter sido liberado, tem uma sobrevida de aproximadamente
24 horas;
- O espermatozóide, após sua inoculação no trato genital feminino, tem
capacidade para fecundar um óvulo em até 48 ou 72 horas.
É possível reconhecer o período fértil da mulher através da observação da
característica do muco cervical, que modifica seu padrão conforme a fase em que o
ciclo menstrual se encontra. Há outros recursos que auxiliam o reconhecimento do
período fértil, como a verificação da temperatura basal corporal, ou o teste salivar.
Atualmente, os métodos de planejamento familiar natural mais conhecidos são os
seguintes:
- Método de Ogino-Knaus (calendário ou tabelinha);
- Método de temperatura basal corporal);
- Método de Billings (muco cervical ou ovulação); e
- Método Sintotérmico.

60
O mecanismo de ação:

Baseia-se na fisiologia reprodutiva e no conhecimento da anatomia,


interpretando-se sinais e sintomas que naturalmente ocorrem durante o crescimento
folicular, ovulação e formação do corpo lúteo.
Tem-se como pressuposto que o tempo médio de vida dos espermatozóides
no trato genital feminino é de 72 horas (variando entre 02 e 07 dias) e que o período
fértil varia entre 3-4 dias antes e 03 dias depois da ovulação.

A eficácia dos métodos:

Depende de uma orientação adequada ao casal, no sentido de identificar


corretamente o período fértil, e varia de acordo com o método escolhido. O mais eficaz
deles é o Método da Ovulação Billings, que possui uma eficácia em torno de 98%.

Vantagens:

- Não oneram financeiramente;


- A orientação pode ser feita por pessoal leigo treinado;
- Levam o casal ao aprendizado da anatomia reprodutiva humana e de sua
fisiologia, bem como à colaboração mútua no planejamento familiar e harmonia
conjugal;
- Não apresentam efeitos adversos.

Desvantagens:

- Não conferem proteção contra DST/AIDS.

61
A. MÉTODO DE OGINO-KNAUS (calendário ou tabelinha)

Também conhecido como calendário, ritmo ou tabela. Está baseado na


anotação da duração dos ciclos menstruais, visando conhecer o dia de início e fim do
período fértil ao longo do período menstrual. Para conseguir isto, a mulher ou casal
anotará num calendário o dia do mês em que começar a menstruação, durante 07 e
08 meses. Lembramos que é chamado ciclo menstrual o intervalo que vai do 1º dia de
uma menstruação até o dia anterior da próxima.

TÉCNICA DE USO DO MÉTODO – INSTRUÇÕES ÀS USUÁRIAS:

Anotar a duração do ciclo menstrual durante 07 a 08 meses (sendo que o 1º


dia da menstruação corresponde ao 1º dia do ciclo, que se estende até o dia anterior
à menstruação seguinte, que é o último dia do ciclo). Durante este período a usuária
não deve fazer uso de métodos contraceptivos hormonais, por estes alterarem o ciclo
menstrual. Após este período, calcular o período fértil.

EFICÁCIA CLÍNICA:

- 65 a 80% de segurança.

CONTRA-INDICAÇÃO:

- Ciclos menstruais irregulares com diferença igual ou superior a dez dias;


- Amenorréia;
- Lactação.

ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL DE SAÚDE PRIMEIRA CONSULTA DO USO DO


MÉTODO:

- Elaborar com a mulher e/ou ensiná-la a fazer, o cálculo de sua tabela, sempre
com base nos 07 a 08 ciclos mais recentes que devem estar marcados no calendário;
- Orientar a mulher ou o casal, para abster-se de relações sexuais com contato
genital no período fértil, lembrando que a eficácia do método depende da participação
deambos;
- Alertar a usuária para o fato de que cada mulher tem um padrão menstrual
62
próprio e que os cálculos devem ser individualizados, portanto a tabela de uma mulher
não serve para outra;

- Recomendo especial atenção a fatores que possam alterar o ciclo menstrual


(viagens, estresse, depressão, mudança de ritmo de trabalho, entre outras).

CONSULTAS DE RETORNO:

Podem ser feitas por qualquer elemento da equipe de saúde, com capacitação para
orientação do método.

PERIODICIDADE:

- Primeiro retorno depois de um mês;


- Retornos subsequentes de 06 em 06 meses.

ATIVIDADES:

Avaliar os registros realizados pelo casal no período e esclarecer possíveis


dúvidas; refazer os cálculos, com a usuária a cada 06 meses, sempre com base nos
últimos 6 a 12 ciclos; reforçar as recomendações dadas na primeira consulta.

B. MÉTODO DE TEMPERATURA BASAL CORPORAL

Este método fundamenta-se nas alterações da temperatura basal que ocorrem


na mulher ao longo do ciclo menstrual. A temperatura corporal é a temperatura do
corpo em repouso. Antes da ovulação, esta temperatura permanece num nível baixo,
após a ovulação há um aumento da temperatura entre 0,3 e 0,8ºC, devido a ação da
progesterona no centro termorregulador do hipotálamo, tendo efeito termogênico. O
método permite, portanto, através da mensuração diária da temperatura basal, a
determinação do período fértil, bem como da fase infértil pós- ovulatória.

TÉCNICA DE USO DO MÉTODO – INSTRUÇÕES ÀS USUÁRIAS:

Verificar diariamente a temperatura basal, a partir do 1º dia do ciclo menstrual.


Esta verificação deverá ser realizada pela manhã, após repouso de 3 a 5 horas, antes

63
de realizar qualquer atividade, procedendo da seguinte forma:
- Usar sempre o mesmo termômetro para a medida da temperatura (em caso de
quebra, o mesmo deverá ser substituído e anotar no controle o dia de sua
substituição);
- A temperatura pode ser verificada por via oral mantendo o termômetro por 05
minutos no local, por via retal ou vaginal onde deverá ser verificado, mantendo no
mínimo durante 03 minutos. Uma vez escolhida a via de verificação da temperatura,
esta deve ser mantida durante todo o'ciclo;
- Registrar a temperatura observada a cada dia do ciclo menstrual em papel
quadriculado (0,5 cm = 0,1ºC). Ligar os pontos referentes a cada dia, formando uma
linha que vai do 1º, ao 2º, do 2º ao 3º, etc. Cada ciclo menstrual terá seu gráfico próprio
de temperatura;
- Verificar a ocorrência de um aumento persistente da temperatura por 04 dias, no
período esperado após a ovulação;
- Identificar o dia em que ocorreu a ovulação da seguinte forma: quando a
temperatura basal corporal subir e se mantiver elevada, nos próximos dias saberemos,
então, que a mulher ovulou no último dia em que a temperatura estava baixa;
- Reconhecer que a diferença de no mínimo 0,2ºC entre a última temperatura baixa
e as três temperaturas altas que se seguem, indica a mudança da fase ovulatória para
a fase pós-ovulatória do ciclo menstrual. Esta temperatura se manterá alta até a
próxima época da menstruação. O período fértil termina na manhã do 4º dia em que
for observada a temperatura elevada.
Se o método for utilizado com o objetivo de anticoncepção, proceder da seguinte
forma:
Abster-se de relações sexuais com contato genital durante toda a primeira fase
do ciclo (pré-ovulatório) e até a manhã do dia em que se verificar a quarta temperatura
alta acima da linha base, principalmente durante os primeiros meses de uso do
método. Com o decorrer da observação e dos registros, será possível predizer a data
da ovulação, podendo limitar a abstinência sexual no período de 04 a 05 dias antes
da data prevista da ovulação e até a manhã do 4° dia da temperatura alta.
Anotar no registro a ocorrência de alguns fatores que podem alterar a
temperatura como:

64
- Mudança no horário de verificação da temperatura;
- Ingestão de bebida alcoólica;
- Recolher-se tarde da noite para dormir;
- Perturbações do sono, sono interrompido;
- Doenças como resfriados, gripes ou outras infecções;
- Mudança de ambiente;
- Perturbações emocionais, fadiga, estresse;
- Refeição muito próxima o horário de dormir;
- Relações sexuais de madrugada. EFICÁCIA:65% a 80% de segurança para
anticoncepção.

CONTRA-INDICAÇÕES:

- Amenorréia;
- Irregularidades Menstruais;
- Estresse;

Mulheres cujo período de sono seja interrompido ou irregular, não permitindo o


repouso de pelo menos 3 horas antes de verificar a temperatura (ex: trabalho noturno,
cuidar de crianças pequenas).

PRIMEIRA CONSULTA:

- Explicar e discutir com a mulher a técnica do uso do método;


Solicitar que a mulher elabore o registro da temperatura durante um ciclo,
abstendo-se de relações sexuais sem proteção, este registro deverá conter os dias
com suas respectivas temperaturas. Após esta elaboração, solicite que traga o registro
até a unidade para juntos elaborarmos o'gráfico;
- Recomendar especial atenção a fatores que possam influir nos valores da
temperatura, solicitando à mulher que anote sua ocorrência no gráfico;
- Atentar para que a mulher não esteja utilizando método hormonal devido alterar
a característica natural do ciclo.

PRIMEIRO RETORNO:

65
- Avaliar a qualidade do registro e a compreensão pela mulher ou casal;
- Havendo boa qualidade do registro e condições de interpretação, orientar o casal
para a abstenção de relações sexuais durante toda a fase pré-ovulatória do ciclo e até
a manhã do 4º dia depois a elevação datemperatura;
- Fazer o gráfico junto com a cliente explicando-lhe como proceder;
- Reforçar as orientações iniciais.

RETORNOS SUBSEQUENTES:

Podem ser feitos por qualquer elemento da equipe de saúde, desde que
devidamente treinados.

PERIODICIDADE:

- Retornos mensais durante os primeiros meses de uso do método;


- Retorno 12 meses após o início do uso;
- Retornos subsequentes anuais;
- Atividades Específicas:
• Avaliar e registrar as dificuldades encontradas;
• Avaliar a qualidade dos registros e a capacidade de sua interpretação pela
mulher ou casal;
• Havendo certa regularidade nos registros e sendo possível predizer a data da
ovulação, orientar o casal para abstinência sexual por 04 a 05 dias antes desta data
até a manhã do 4º dia depois da elevação da temperatura caso a finalidade seja de
contracepção;
• Reforçar as recomendações iniciais.

C. MÉTODO DE BILLINGS (muco cervical ou ovulação)

Também chamado de método do muco cervical ou da ovulação, este método


baseia-se na ocorrência de modificações cíclicas do muco cervical, através das quais
as mulheres podem observar se estão no período fértil ou não. O muco cervical é uma
secreção produzida no colo do útero, através das criptas cervicais, que por ação
hormonal apresenta transformações características ao longo do ciclo menstrual,
possibilitando dessa maneira a identificação do processo ovulatório. Sob ação
estrogênica, ele produz na vulva, uma sensação de umidade e lubrificação, indicando
66
o tempo da fertilidade, momento em que os espermatozoides têm maior facilidade de
penetração no colo uterino.

FASE PRÉ-OVULATÓRIA:

Ao término da menstruação começa uma fase seca, ou com secreção igual ou


contínua na aparência e na sensação, que dura cerca de 02 a 03 dias. Durante a fase
pré-fértil, a cérvix está fechada por um tampão denso de muco, que dificulta a entrada
dos espermatozoides, fazendo com que permaneçam no ambiente vaginal, o que
dificulta sobrevida ou faz com que percam sua capacidade de fertilizar o óvulo. Esta
fase é anterior à ovulação, ou seja, anterior ao período fértil.
Neste período, a mulher apresenta uma sensação de secura na vulva, não
apresentando secreção visível, ou uma sensação seca com pequenas quantidades de
muco denso em flocos ou fios.

FASE OVULATÓRIA

A fase ovulatória ou período fértil se inicia a partir do momento em que começa


a ser observada a saída de muco pela vagina, produzindo uma sensação de umidade
na vulva. Durante este período ocorre a ovulação na mulher. Inicialmente o muco é
esbranquiçado, turvo e pegajoso. Depois vai se tornando a cada dia mais elástico e
lubrificante, semelhante a clara de ovo cru, podendo chegar a ser apurado em fio. Este
é o período favorável para a penetração dos espermatozóides no canal cervical.
Chama-se o dia “Ápice” o último dia com sensação de umidade ou presença de muco
elástico e lubrificante. O dia ápice significa que espaço de tempo de mais ou menos
48 horas a ovulação já ocorreu, está ocorrendo ou vai ocorrer. Após o dia ápice, o
muco desaparece ou retorna à aparência de muco pegajoso, com sensação de
secura. É considerado período fértil até quatro dias após o dia ápice.

FASE PÓS-OVULATÓRIA:

Na 4º noite após o dia ápice, a mulher entra no período de infertilidade. O


espaço de tempo entre o quarto dia após o dia ápice e a próxima menstruação, varia
de onze a dezesseis dias, e é infértil, tendo em vista que a ovulação já ocorreu.

67
TÉCNICA DE USO DO MÉTODO – INSTRUÇÕES ÀS MULHERES/CASAIS:
PRIMEIRA CONSULTA OU ATENDIMENTO:

- Observar diariamente se há presença ou ausência do muco, bem como a


sensação de umidade ou secura na vulva;
- Efetuar o registro do que foi observado, em impresso próprio, contendo as
seguintes informações:
- Nome da paciente;
- Data do primeiro dia da menstruação;
- Dias do ciclo menstrual e datas;
- Descrição diária da sensação observada na vulva (secura, umidade, lubrificação,
etc), e da presença ou não de muco, seu aspecto (branco, grumoso, elástico,
transparente, parecido com clara de ovo, brilhante, etc), quantidade (pequena, média,
grande quantidade).
- Agendar o primeiro retorno para o mês subsequente, colocando-se à disposição
para eventuais dúvidas;
- A mulher não deverá estar utilizando método hormonal nesse período, por este
alterar o funcionamento normal do ciclo.

PRIMEIRO RETORNO:

- Deverá ser um mês após o primeiro atendimento;


- Verificar as anotações feitas na planilha inicial;
- Conversar com a mulher/casal a fim de esclarecer dúvidas quanto à observação
ou anotações;
- Entregar gráfico próprio para anotações das observações diárias dos próximos
ciclos;
- Orientar que a anotação deverá ser feita, preferencialmente, ao final do dia, a
fim de avaliar se foi um dia infértil (“seco”) ou fértil(“molhado”).

ORIENTAÇÕES À MULHER/CASAL QUE DESEJA ENGRAVIDAR:

A gravidez será possível de acontecer quando a relação sexual ocorrer no


período fértil, quando acontece a ovulação na mulher. Neste período há a presença
do muco cervical, que é eliminado para a vulva.
68
ORIENTAÇÕES À MULHER/CASAL QUE NÃO DESEJA ENGRAVIDAR:

Evitar relações sexuais durante a presença de fluxo menstrual, pois a presença


de muco poderá ser ocultada, caso ocorra neste período. Espaçar as relações sexuais
em dias alternados durante os primeiros dias da fase seca, logo após o período
menstrual, a fim de uma maior segurança na identificação do início da presença do
muco. Quando iniciar a presença do muco e/ou sensação de lubrificação, abster-se
de relações sexuais. A partir do quarto dia após o dia ápice, e até o dia anterior à
próxima menstruação, o casal tem liberdade de utilizar todos os dias para a relação
sexual, pois este é o períodoinfértil.

D. MÉTODO SINTOTÉRMICO

O Método Sinto-Térmico significa a utilização de indicadores múltiplos,


aumentando a capacidade de identificar o início e o final do período de fertilidade,
melhorando a eficácia do método e diminuindo o tempo de abstinência.
- Para identificar o início do período fértil:
- Detectar o aparecimento do muco;
- Fazer o cálculo do calendário.
Os parâmetros subjetivos relacionados com a ovulação:
- Dor Abdominal;
- Sensação de peso nas mamas e/ou mamas inchadas e doloridas;
- Variações de humor e/oulibido;
- Outros sintomas e sinais (enxaqueca, náuseas, acne, aumento de apetite, ganho
de peso, sensação de distensão abdominal, sangramento,intermenstrual...).
A mulher que desejar fazer uso deste método deve estar completamente
familiarizada com as técnicas de cada um dos métodos naturais, já descrito
anteriormente.

E. EJACULAÇÃO EXTRAVAGINAL: COITO INTERROMPIDO

Apesar de ser um meio muito utilizado pelos casais jovens e/ou que tem
relações sexuais esporádicas, deve ser desestimulado, pois sua eficácia na
prevenção de gravidez é baixa, não oferece proteção contra DST/Aids e/ou ainda pode
gerar insatisfação sexual de um ou ambos os parceiros.
69
OS MÉTODOS QUÍMICOS E DE BARREIRA

São métodos que colocam obstáculos mecânicos ou químicos à penetração


dos espermatozóides no canal cervical.
Os métodos químicos ou de barreira disponíveis em nosso meio são:
- Preservativo masculino;
- Preservativo feminino;
- Diafragma;
- Espermicidas.

A. PRESERVATIVO MASCULINO

Também chamado de condom ou camisinha é um método de barreira usado


pelo homem. Consiste em um envoltório ou membrana de látex que recobre o pênis
durante o ato sexual e retém o esperma na ocasião da ejaculação. Seu uso oferece
proteção contra gravidez indesejada, e ainda contra doenças sexualmente
transmissíveis. Este método é fornecido gratuitamente pelo SUS, estando disponível
em todas as Unidades Básicas de Saúde.

TÉCNICA DE USO:

- Usar o preservativo em todas as relaçõessexuais;


- Colocar o preservativo antes de qualquer contato do pênis com os genitais
femininos;
- Desenrolar o preservativo sobre o pênis ereto deixando um espaço da
extremidade, sem ar, para o sêmen ser depositado.
- Se o preservativo não for lubrificado, usar alguma substância lubrificante à base
de água, para evitar que o preservativo se rompa devido à fricção.
- Retirar o pênis ainda ereto da vagina após a ejaculação. Pressionar as bordas
do preservativo com os dois dedos durante a retirada do pênis para evitar que o sêmen
extravase ou que o preservativo se desprenda e fique navagina.
- Jogar fora o preservativo após o uso, ele jamais deve ser reutilizado.

INDICAÇÕES:

- Evitar gravidez indesejada;


70
- Ajudar a prevenir doenças sexualmente transmissíveis;
- Casais motivados ou habituados com seu uso ou situações de uso temporário;
- Amamentação;
- Clientes em fase de aprendizado ou aguardando uso de outro método;
- Primeiros meses após vasectomia;
- Portadores de HIV.

CONTRA-INDICAÇÕES:

- Alergia ao látex ou ao lubrificante;

OBSERVAÇÕES:

- Manipulação cuidadosa do preservativo evitando o contato com unhas longas;


- Não esticar ou inflar preservativo para efeito de teste;
- Guardar o preservativo em lugar fresco, seco, protegido da luz e do calor, e de
fácil acesso ao casal;
- Não abrir a embalagem com uso de material cortante (faca, tesoura, dentes e
etc.).

EFICÁCIA:

75 a 96% de segurança

B. PRESERVATIVO FEMININO

Também chamado de condom ou camisinha feminina. É um método


contraceptivo de barreira, geralmente de poliuretano, macia, transparente e resistente.
Adequadamente posicionada recobre a cérvice uterina, paredes vaginais e parte da
vulva. Devido a maior área genital tanto feminina quanto masculina recoberta, oferece
proteção mais efetiva contra a transmissão de doenças sexualmente transmissíveis,
em especial o HIV.
A sua eficácia aumenta principalmente quando usada associada a lubrificantes
com capacidade espermicida.
É mais resistente e durável que o preservativo masculino, com a vantagem de
71
poder ser inserida fora do intervalo sexual, ficando seu uso sob controle feminino. O
preservativo feminino pode ser colocado até 8 horas antes da relação. Este método é
fornecido gratuitamente pelo SUS, estando disponível em todas as Unidades Básicas
de Saúde.

TÉCNICA DE USO:

Para colocar a camisinha, encontre uma posição confortável para você. Pode
ser em pé com o outro pé em cima de uma cadeira, sentada - com os pés afastados
- ou agachada ou deitada.
Segurar a camisinha pelo anel interno, deixando a argola externa pendurada
para baixo. Inserir o preservativo pressionando o anel externo e conduzido até a
vagina, introduzindo até o colo uterino. Com o dedo indicador, empurre a camisinha
- tão fundo quanto possível (pelo seu interior). A camisinha deve cobrir o colo do
útero e recobrir avagina.
O anel externo fica exposto fora da vagina uns três centímetros, protegendo
desta forma os grandes lábios e impedindo a troca de fluidos masculinos e femininos.
Após a relação retire a camisinha apertando a argola externa e dê uma
“torcida”. Para manter o esperma no interior da camisinha. Puxe-a para fora
delicadamente e jogue-a no lixo. Jamais reutilizá-la.

INDICAÇÕES:

- Evitar a gravidez;
- Ajudar a prevenir doenças sexualmentetransmissíveis;
- Casais motivados ou habituados com seu uso, ou em situações de uso
temporário;
- Amamentação (lactação, após 06 primeiras semanas apósparto);
- Mulheres com relacionamento sexualeventual;
- Portadores de HIV;

CONTRA-INDICAÇÕES:

- Mulheres que nunca tiveram relaçãosexual;


- Prolapso Uterino;
- Alterações psíquicas graves que impeçam a utilização correta do método;
72
- Reação alérgica ao poliuretano.

OBSERVAÇÕES:

- Guarde a camisinha feminina em lugar seco e fresco. Leia sempre a data de


validade do produto, estando ela vencida não utilizá-lo. Abrir a embalagem somente
quando for utilizá-lo;
- Ao manipular, tome cuidado para não rasgar ou estragar a camisinha feminina,
se isto acontecer, jogue-a no lixo e use outra.
- Nunca deve ser utilizada junto com a camisinha masculina, use uma ou outra;
- Recomenda-se retirar a camisinha feminina antes de adormecer ou trocar de
posição, ou levantar -se, ou antes, de ter outra relação, evitando desta forma o
extravasamento do esperma.

C. DIAFRAGMA

É um método contraceptivo de uso feminino que consiste num anel flexível,


coberto no centro com uma delgada membrana de borracha ou silicone em forma de
cúpula, que se coloca na vagina cobrindo completamente o colo do útero. O diafragma
é colocado na vagina antes da relação sexual, com a parte convexa voltada para a
vulva, localizando a borda posterior no fundo do saco posterior e a borda anterior atrás
do púbis.
Recomenda-se para maior eficácia, antes da introdução do diafragma, colocar
na parte côncava, creme espermicida, tornando-se uma barreira mecânica e química
entre as paredes vaginais e o colo uterino, impedindo desta maneira a penetração dos
espermatozóides. Existem diafragmas de diversos tamanhos, sendo necessário
medição por profissional de saúde treinado para determinar o tamanho adequado a
cada mulher. A vida média útil do diafragma é de cerca de 02 anos se observadas as
recomendações do produto.

TÉCNICA DE USO:

- Usar o diafragma preferencialmente com espermicidas, todas as vezes que


manter relações sexuais, independente do período do mês;

73
- Lavar as mãos antes de colocar o diafragma;
- Antes de cada uso, examinar cuidadosamente o diafragma contra luz para
assegurar-se da existência de defeitos e furos.
- Em caso de uso com geléia espermicida, aplica-se dentro da parte côncava do
diafragma (aproximadamente uma colher de chá).
Observação: a geleia permanece ativa por no máximo 06 horas, de modo que
o diafragma pode ser colocado até 06 horas antes da relação sexual.
Colocar o diafragma na vagina na posição que achar mais confortável (deitada
de cócoras ou em pé com uma das pernas levantada ou sentada na beira de uma
cadeira) da seguinte forma:
Segurar o diafragma com uma das mãos com a parte côncava virada para cima
(com geleia dentro) pressionar e unir as bordas com os dedos médio e polegar. Afastar
os lábios da vulva com a outra mão e introduzir dentro da vagina o diafragma dobrado,
empurrando-o para baixo e para dentro do fundo posterior da vagina até onde seja
possível.
Em caso de uso associado com espermicida.
Ocorrendo nova relação no período de 06 horas fazer 01 aplicação de geléia
espermaticida, usando o aplicador para colocá-lo à frente do diafragma sem retirá-lo
do local.
O diafragma não deve ser retirado antes de período de 06 a 08 horas após a
última relação sexual e deve-se evitar duchas vaginais durante esse período.
Remover o diafragma colocando o dedo indicador por trás de sua borda anterior
e puxando-o para baixo e para fora. Observar o tempo mínimo de 06 horas após a
relação e o máximo de 24 horas após a sua inserção.
Após o uso, lavar o diafragma com água e sabão neutro, enxaguar bem, secar
e guardar no estojo próprio, salpicando com amido de milho (evitar talco, devido
danificar o material e propiciar alergias).

INDICAÇÕES:

- Casais motivados e bem disciplinados em usar o método todas as vezes que


manter relação sexual;
- Mulheres com relacionamento sexual eventual;
- Adolescentes;

74
- Lactação (após 08 primeiras semanas após oparto).

CONTRA-INDICAÇÃO:

- Mulheres que nunca tiveram relaçãosexual;


- Configuração anormal davagina;
- Cistocele e retocele encontrada;
- Anteversão e retroversão uterina pronunciada;
- Prolapso Uterino;
- Fistulasvaginais;
- Parede muscular vaginaldeficiente;
- Alterações psíquicas graves que impeçam o uso correto.
- Infecção urinária de repetição;
- Cervico-colpitesagudas;
- Reação alérgica à borracha ou ao espermicida.

EFICÁCIA: 75% a 96% de segurança

OBSERVAÇÃO:

Este método não protege contra possíveis contaminações por DST (HIV; HPV;
Hepatite B, C, etc).

D. ESPERMICIDAS

São substâncias químicas anticoncepcionais para uso vaginal que possuem


mecanismo de ação sobre a vitalidade do espermatozóide, impedindo sua penetração
no canal cervical e bioquimicamente imobilizando ou destruindo os espermatozoides.
Pode-se apresentar na forma dos óvulos, supositórios, geleias, cremes, espumas ou
aerossóis.
O espermicida destina-se mais adequadamente ao uso combinado com o
diafragma ou eventualmente ao preservativo masculino ou feminino.
Obs: O espermicida deve ser colocado na vagina uma hora antes de cada relação
sexual.
75
TÉCNICA DE USO:

- Tirar a tampa do tubo e colocar o aplicador na abertura ao mesmo, girando-o;


- Apertar o tubo desde o fundo, forçando seu conteúdo para o cilindro do aplicador
até que o êmbolo esteja totalmente exposto e o cilindro completamente cheio;
- Segurar o aplicador cheio e inseri-lo na vagina o mais profundo possível;
- Reaplicar a cada relaçãosexual;
- Evitar duchas vaginais até pelo menos 08 horas após a relação;
- Lavar o aplicador com água e sabão após cada uso, enxaguando-obem.

INDICAÇÕES:

- Casais motivados e em situações de uso temporário como: primeiras semanas


de pós-parto, amamentação, situações de emergência, relações ocasionais;
- Adolescentes;
- Clientes em fase de aprendizado ou aguardando uso de outro método;
- Combinação com outros métodos de barreira ou de abstinência periódica;
- Primeiros meses após vasectomia;
- No esquecimento de um ou dois dias de pílula.

CONTRA-INDICAÇÃO:

- Cliente com alto risco reprodutivo;


- Alergia aos produtos químicos do espermicida.

DESVANTAGENS:

Pouca eficácia anticonceptiva, quando usada isoladamente.

EFICÁCIA: De 60 a 90% de segurança

ANTICONCEPÇÃO HORMONAL ORAL

Os anticoncepcionais hormonais orais, também chamados de pílulas


anticoncepcionais são esteróides utilizados isoladamente ou em associação com a
finalidade básica de impedir a concepção. Classificam-se em combinadas e apenas
com progestágenos ou minipílulas; as primeiras compõem- se de um estrogênio
associado a um progestágeno, enquanto a minipílula é constituída por progestogênio

76
isolado.

A. ANTICONCEPCIONAIS ORAIS COMBINADOS

Os anticoncepcionais orais combinados, mais conhecidos como pílula, são


usados por aproximadamente 20% das mulheres casadas ou unidas em idade fértil
no Brasil. A pílula é o método anticoncepcional reversível mais utilizado no país. São
comprimidos que contêm dois hormônios sintéticos (estrogênio e progestogênio)
parecidos com os produzidos pelo ovário da mulher.

TIPOS E COMPOSIÇÃO:

Os anticoncepcionais orais combinados (AOCs), contém um estrogênio e um


progestogênio, em diferentes doses e esquemas posológicos:

MONOFÁSICAS - são as mais comuns, encontradas em embalagens de 21 ou 22


comprimidos ativos.
A grande maioria tem 21 comprimidos. Todos os comprimidos ativos têm a
mesma composição e dose. Para algumas marcas, as embalagens contém, além das
pílulas ativas, 6 ou 7 de placebo para completar 28 comprimidos. Ex: Microvlar,
Nordette, Diane 35, Selene, Evanor, Mercilon Etc.

BIFÁSICAS - contêm dois tipos de comprimidos ativos, de diferentes cores, com os


mesmos hormônios em proporções diferentes. Devem ser tomados na ordem indicada
na embalagem. Ex: Gracial.

TRIFÁSICAS - contém três tipos de comprimidos ativos, de diferentes cores, com os


mesmos hormônios em proporções diferentes. Devem ser tomados na ordem indicada
na embalagem. EX: Triquilar, Trinordiol, Trinovum.

MECANISMO DE AÇÃO:

Inibem a ovulação e tornam os mucos cervical espesso, dificultando a passagem dos


espermatozoides.

77
EFICÁCIA:

São métodos eficazes em uso típico ou rotineiro: 6-8 gravidezes por 100
mulheres no primeiro ano de uso (1 em cada 17 a 1 em cada 12). São métodos muito
eficazes quando usados correta e consistentemente: 0,1 mulheres grávidas por 100
mulheres no primeiro ano de uso (1 em cada 1000). A eficácia do método, para cada
caso individual, depende fundamentalmente da maneira como a mulher toma as
pílulas. A orientação adequada é fundamental para que as mulheres usem o método
corretamente.

EFEITOS COLATERAIS:

- Náuseas (mais comum nos 3 primeiros meses), cefaleia leve, sensibilidade


mamária, leve ganho de peso, nervosismo, acne;
- Alterações do ciclo menstrual: manchas ou sangramentos nos intervalos entre
as menstruações (mais comum nos 3 primeiros meses de uso). Nessa situação, a
mulher deve ser orientada a continuar o uso da pílula. Durante o período de uso da
pílula, se o sangramento persistir por mais de 10 dias, a mulher deverá ser avaliada
pelo médico.
Em algumas mulheres podem causar alterações do humor, como depressão e
menor interesse sexual.

RISCOS:

- Não são recomendados para lactantes, pois afetam a qualidade e a quantidade


do leite;
- Muito raramente, podem causar acidentes vasculares, tromboses venosas
profundas ou infarto, sendo que o risco é maior entre fumantes (mais de 20
cigarros/dia) com 35 anos ou mais;
- Podem aumentar o risco para tumores de fígado, sendo extremamente raros os
tumores malignos;
De acordo com a informação atualmente disponível, a pílula não aumenta o
risco para câncer de colo uterino e mama; porém, novos estudos são necessários para
obter-se conclusões mais precisas. Além disso, existem ainda dúvidas sobre a

78
possível aceleração da evolução de cânceres pré-existentes com o uso da pílula.

BENEFÍCIOS:

- Podem aumentar o prazer sexual porque diminuem a preocupação com a


possibilidade de engravidar;
- Proporcionam ciclos menstruais regulares, com sangramento durante menos
tempo e em menor quantidade;
- Diminuem a frequência e a intensidade das cólicas menstruais;
- A fertilidade retorna em seguida a interrupção da cartela;
- Podem prevenir anemia ferropriva;
- Diminuem a incidência de gravidez ectópica, câncer de endométrio, câncer de
ovário, cistos de ovário, doença inflamatória pélvica, doenças

INDICAÇÃO:

A pílula, se usada corretamente, oferece proteção anticoncepcional já no


primeiro ciclo de uso. A efetividade da pílula se mantém durante todo o período de
uso. Pode ser usada desde a adolescência até a menopausa, sem necessidade de
pausa para descanso. Pode ser usada por mulheres de qualquer idade que não
tenham fatores que contra indiquem seu uso.
Os anticoncepcionais orais combinados de baixa dose contém doses pequenas
de hormônios.
Algumas condições clínicas contraindicam o uso de anticoncepcionais com
altas doses de estrogênio. Essas contra indicações não se aplicam ao uso de
anticoncepcionais orais de baixa dose.
São candidatas ao uso do método em qualquer circunstância, mulheres que não tem
filhos, magras ou obesas, de qualquer idade, (exceto fumantes com 35 anos de idade
ou mais), fumantes com menos de 35 anos, e também mulheres que tiveram aborto
recentemente.
Além disso, mulheres com os seguintes problemas podem usar AOCs de baixa
dose:
- Cólica menstrual ou anemia ferropriva;
- Ciclos menstruais irregulares;
- Doenças mamariasbenignas;

79
- Diabetes sem doença vascular, renal, ocular ou neurológica;
- Cefaléia Leve;
- Varizes;
- Malária, Esquistossomose, doenças tireoidianas, DIP, endometriose, tumores
ovarianos benignos, miomas uterinos, antecedentes de doença inflamatória pélvica,
TB (exceto se usando rifampicina).

CONTRA INDICAÇÕES:

- Gravidez;
- Idade maior ou igual a 35 anos e fumante (+ de 20 cigarros/dia);
- Hipertensão arterial moderada e grave;
- Lactentes em aleitamento materno exclusivo com menos de 6 meses;
- Antecedente de acidente vascular cerebral (AVC);
- Doença tromboembólica em atividade no momento ou no passado;
- Doença cardíaca valvular complicada (hipertensão pulmonar, fibrilação atrial,
história de endocardite bacteriana);
- Diabetes há mais de 20 anos ou com lesão ocular, neurológica ou renal;
- Câncer de mama atual ou no passado;
- Cirrose Hepática;
- Tumor no fígado;
- Cefaleia grave como as enxaquecas ou com sintomas neurológicos focais (risco
para AVC);
- Síndrome convulsiva (usuária de fenitoína, carbamazepina, barbitúricos);

TÉCNICA DE USO:

- No primeiro mês de uso, ingerir o primeiro comprimido no 1º dia do ciclo


menstrual ou, no máximo, até o 5º dia. Para pílulas de doses mais baixas, os
fabricantes recomendam iniciar no primeiro dia do ciclo, quanto mais precoce for o
início do uso da pílula em relação ao início do ciclo menstrual, melhor e a sua eficácia
nesse ciclo;
- Se mais de sete dias se passaram desde o inicio do ciclo menstrual, ela pode
iniciar o método, porem deve-se ter a certeza de que a mulher não esteja grávida e
80
evitar relações sexuais sem o uso dopreservativo;
- Se a mulher estiver amamentando aguardar seis meses após o parto ou indicar
o anticoncepcional de progesterona(minipílula);
- Se a mulher não estiver amamentando pode-se iniciar o método de três a seis
semanas após o parto não sendo necessário aguardar pelo retorno da menstruação;
- Após aborto pode-se iniciar o método nos primeiros sete dias após a sua
ocorrência ou em qualquer outro momento, desde que haja certeza de que a mulher
não esteja grávida;
- Após parar de usar anticoncepcional injetável deve-se iniciar imediatamente este
método não sendo necessário esperar pela próxima menstruação;
- Entregar o método às pacientes e mostrá-las o tipo da cartela, a quantidade de
comprimidos por cartela. Orientá-las a tomar os comprimidos sempre na mesma hora,
seguindo as orientações e/ou as flechas desenhadas na cartela. Alertar sobre o risco
de gravidez se caso esquecer de tomar as pílulas;
- A cartela seguinte deverá ser iniciada com intervalo de sete dias se a cartela for
de 21 pílulas, seis dias se a cartela for de 22 pílulas e de modo consecutivo (sem
intervalo se a cartela for de 28 pílulas);
- Em caso de esquecimento de uso da pílula, a usuária deve ser orientada da
seguinte forma:
a - No caso de esquecimento de uso de uma pílula, a mesma deve ser ingerida
imediatamente e a pílula regular no horário habitual ou ainda a ingestão das duas
pílulas no mesmo horário.
b - No caso de esquecimento de duas ou mais pílulas, a usuária pode continuar a
tomar a pílula, mas deve utilizar, também, um método de barreira ou pode ser
orientada a interromper a anticoncepção hormonal oral até a próxima menstruação.
- Nos casos de vômitos e/ou diarreias, com duração de dois ou mais dias, as
relações sexuais devem ser evitadas ou o uso de método de barreira, pois existem a
possibilidades de não absorção dos esteroides da pílula, com consequente perda da
açãoanticonceptiva;
- Não há necessidade de interromper o uso do método para descanso, pois não
existe amparo científico que justifique, sendo causa frequente de ocorrência de
gestações;
- O exame clínico-ginecológico deve ser realizado em intervalos regulares de 12

81
meses;
- Recomendar a mulher que mencione o uso da pílula sempre que for a qualquer
consulta médica;
- Reforçar o aconselhamento. A usuária do método deve ser orientada para o uso
do preservativo masculino ou feminino de forma a reduzir o risco de infecção pelo HIV
e outras doenças sexualmente transmissíveis (dupla proteção);
- Orientar retornos mensais com a equipe de enfermagem para avaliar as
condições de uso da pílula (regularidade na ingestão, tolerância, aceitabilidade, entre
outras);
- Pesquisar o aparecimento de condições clínicas que possam significar
contraindicação ao uso do método e agendar retorno médico sempre que necessário;
- Avaliar peso e pressão arterial em cada retorno mensal.

INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS:

Certas drogas são capazes de reduzir a eficácia anticonceptiva da pílula,


principalmente nos tratamentos prolongados. Nesses casos, deve-se indicar métodos
alternativos.
Os antiretrovirais (ARV) Efavirenz e Nevirapina (não-nucleosídeos) e os
Nelfinavir e Ritonavir (inibidores de protease), disponíveis para o controle da infecção
pelo HIV, interagem diminuindo os níveis séricos dos hormônios estrogênicos e,
portanto, sua eficácia contraceptiva. O uso adicional do preservativo masculino ou
feminino deve ser considerado (dupla proteção).
Algumas interações podem ocorrer no sentido inverso, isto é, os esteroides
alteram a eficácia de outros medicamentos (anticonvulsivantes entre outros).
Na relação abaixo, estão algumas das drogas mais importantes no que diz respeito à
interação medicamentosa com a pílula:

- Anticonvulsivantes: •Barbitúricos
• Difenil-hidantoína
• Primidona
• Carbamazepina
- Antibióticos: •Rifampicina
- Fungicidas: •Griseofulvina
82
B. ANTICONCEPCIONAIS ORAIS DE PROGESTOGÊNIO

Os anticoncepcionais orais de progestágenos também chamado de minipílula


contêm uma dose muito baixa de um tipo de hormônio, o progestógeno. Em
comparação com os anticoncepcionais orais combinados a quantidade do
progestógeno gira em torno da metade a um décimo e não contém estrogênio. São
anticoncepcionais orais mais apropriados para a mulher que amamenta, porém,
mulheres que não amamentam também podem usá-los.

TIPOS E COMPOSIÇÃO:

Este anticoncepcional contém progesterona em uma quantidade muito pequena,


encontrado em embalagens com 28 ou 35 pílulas ativas. Todos os comprimidos ativos
têm a mesma composição e dose.

Anticoncepcionais orais de progestágenos disponíveis no município:

• Noretisterona 0,35mg 35 pílulas ativas


• Levonorgestrel 0,030mg 35 pílulas ativas
• Linestrenol 0,5 mg 28 pílulas ativas

MECANISMO DE AÇÃO:

Promovem o espessamento do muco cervical, dificultando a penetração de


espermatozóides e inibem a ovulação em aproximadamente metade dos ciclos
menstruais.

EFICÁCIA:

Para a lactante é muito eficaz quando usada de forma correta e consistente,


tem uma taxa de falha de 0,5% em um ano, esta alta eficácia durante a lactação se
dá devido ao aleitamento materno, especialmente quando exclusiva e nos primeiros
seis meses. A eficácia em uso típico também é alta com uma taxa de falha de
aproximadamente 1%. Para as não lactantes a eficácia em uso correto e consistente
também é alta, mas não tão alta quanto à da pílula combinada. Não existe muita

83
informação sobre a eficácia desse método em uso típico fora da lactação, mas a
maioria dos autores concorda que a taxa de gravidez é mais alta do que a das
combinadas.

EFEITOS COLATERAIS:

- Cefaleia
- Sensibilidademamaria;
- Alterações no fluxo menstrual.

RISCOS:

Por conter somente progestógeno em dose muito baixa, a minipílula


praticamente não apresenta riscos importantes à saúde. Pode ser considerado um
dos anticoncepcionais mais seguros. O risco mais importante é a falha
anticoncepcional. Para minimizar o risco de gravidez, deve ser tomada sempre à
mesma hora, todos os dias. Algumas horas de atraso já são suficientes para aumentar
o risco de gravidez em mulheres que não estão amamentando. Esse risco aumenta
significativamente se a mulher esquece de tomar duas ou mais pílulas.

BENEFÍCIOS:

- Podem ser usados por lactantes a partir de seis semanas após o parto. A quantidade
e a qualidade do leite materno não são prejudicadas (ao contrário dos
anticoncepcionais orais combinados, que podem reduzir a produção de leite);
- Não apresentam os efeitos colaterais e não aumentam o risco de complicações
relacionadas ao uso do estrogênio, tais como infarto ou acidente vascular cerebral;
- Menor risco de efeitos colaterais relacionados ao uso de progesterona, tais como
acne e aumento de peso, do que com o uso de anticoncepcionais orais combinados;
- Podem ajudar a prevenir doenças benignas de mama, câncer de endométrio ou de
ovário, doença inflamatória pélvica (DIP).

Além dos benefícios descritos acima todas as mulheres que apresentam


quaisquer dos problemas abaixo podem utilizar a minipílula:

- Doenças mamariasbenignas;
84
- Cefaleias;
- Hipertensão;
- Coagulopatias;
- Anemia ferropriva e falciforme;
- Varizes;
- Cardiopatia Valvar;
- Malária;
- Tumores ovarianos benignos;
- Endometriose;
- Miomatose Uterina;

INDICAÇÃO:

Em geral, a maioria das mulheres pode usar a pílula de progestogênio com


segurança e eficácia podem ser usadas em quaisquer circunstâncias por mulheres:
- Que estão amamentando (iniciar o uso seis semanas após oparto);
- Fumantes;
- Que não tem filhos;
- De qualquer idade, incluindo adolescentes e mulheres com mais de 40 anos;

CONTRA INDICAÇÕES:

- Gravidez;
- Câncer de mama atual ou no passado;
- Cirrose Hepática;
- Hepatite;
- Tumor no fígado;

Obs: As pílulas de progestogênio não contém estrogênio. Muitas das contra


indicações para o uso de anticoncepcionais orais combinados não se aplicam aos
anticoncepcionais orais de progestogênio.

TÉCNICA DE USO:

Iniciar o uso nas lactantes após 6 semanas de pós-parto. O aleitamento


materno exclusivo previne a gravidez com eficácia pelo menos por seis meses ou até
a menstruação retornar (o que acontecer primeiro). A minipílula garante uma proteção
adicional, se a mulher assim o desejar. Em mulheres que praticam aleitamento misto,
85
o melhor momento para se introduzir os anticoncepcionais orais de progestogênio
e seis semanas após o parto. Além desse período, a fertilidade poderá retornar. Para
as não-lactantes a minipílula pode ser iniciada imediatamente após oparto.
Após aborto (primeiro ou segundo trimestre ou aborto infectado) - A minipílula
pode ser iniciada imediatamente ou nos primeiros sete dias após o aborto. Se a
menstruação já retornou, a mulher pode começar a tomar a minipílula nos primeiros
cinco dias da menstruação, preferencialmente no primeiro dia ou a qualquer momento
desde que tenha certeza de que não esta grávida e evitar relações sexuais sem o uso
do preservativo.
Usar de forma contínua não tendo intervalo entre as cartelas e nem durante a
menstruação. Tomar sempre no mesmo horário, pois o atraso de algumas horas
aumenta o risco de gravidez. Se a mulher atrasou a ingestão da pílula mais do que
três horas ou esquecer alguma pílula e já não amamenta ou amamenta, mas a
menstruação retornou, deve tomar a pílula esquecida, assim que possível, e continuar
tomando uma pílula por dia. Também deve usar preservativo ou evitar relações
sexuais pelo menos durante dois dias.
Quando uma cartela termina, no dia seguinte ela deve tomar a primeira pílula
da próxima cartela (não deixar dias de descanso, pois todas as pílulas são ativas).
Em caso de vômito dentro de uma hora após tomar a pílula, orientar a mulher para
ingerir outra pílula (de outra cartela). Em caso de diarreia grave ou vômitos durante
mais de 24 horas, orientar a mulher para continuar o uso da pílula se for possível, usar
o preservativo ou evitar relações sexuais até que tenha tomado uma pílula por dia,
durante sete dias seguidos, depois que a diarreia e os vômitos cessarem.
Orientar que podem ocorrer manchas, sangramentos no intervalo entre as
menstruações e amenorreia sendo estas situações comuns não representando risco.

INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS:

Certas drogas como rifampicina, griseofulvina e anticonvulsivantes (fenitoína,


carbamazepina, barbitúricos, primidona), reduzem a eficácia da minipílula por serem
medicamentos indutores de enzimas hepáticas. Nestes casos orientar uso de
preservativos. Se a paciente preferir ou será submetida a um tratamento por um longo
período, ajude-a a escolher um outro método eficaz. Não há interação clínica
significativa demonstrada até o momento com os antirretrovirais disponíveis para o
86
controle de infecção pelo HIV.

C. ANTICONCEPÇÃO HORMONAL INJETÁVEL

São anticoncepcionais para uso feminino que contêm progestogênio isolado ou


associação de estrogênios e progestogênios, para administração parenteral (IM), com
doses hormonais de longa duração de administração mensal ou trimestral.

ANTICONCEPCIONAL INJETÁVEL COMBINADO (MENSAL):

Os anticoncepcionais injetáveis mensais, de uso relativamente recente, vem


sendo estudados por mais de trinta anos. As diferentes formulações contêm um éster
de um estrogênio natural, o estradiol, e um progestogênio sintético, diferentemente
dos anticoncepcionais orais combinados, nos quais ambos os hormônios são
sintéticos.

TIPOS E COMPOSIÇÃO:

Os anticoncepcionais combinados injetáveis mensais, disponíveis no Brasil em


frasco-ampola com suspensão, contêm um estrogênio, nas seguintes composições:
- 25 mg de acetato de medroxiproges genio e 5 mg de cipionato de estradiol; Ex:
Cyclofemina.
- 50 mg de enantato de noretisterona e 5mg de valerato de estradiol; Ex: Mesigyna.
- 150 mg de acetofenido de dihidroxiprogesterona e 10mg de enantato de
estradiol; Ex: Perlutan, Ciclovular, Unociclo.

MECANISMO DE AÇÃO:

Inibem a ovulação e tornam o muco cervical espesso, dificultando a passagem


de espermatozoides.

EFICÁCIA:

Muito eficaz. As taxas de gravidez são baixas, entre 0.1% a 0.3% durante o
primeiro ano de uso, com injeções mensais (cada 30 dias mais ou menos 3).

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EFEITOS COLATERAIS:

Nos ensaios clínicos, os efeitos colaterais mais comuns foram:


- Alterações do ciclo menstrual: manchas ou sangramentos nos intervalos entre
as menstruações, sangramento prolongado, e amenorréia;
- Ganho de peso;
Esses efeitos colaterais são muito menos comuns do que os provocados pelos
anticoncepcionais injetáveis trimestrais.
- Cefaleia;
- Vertigem.

RISCOS:

Embora não existam dados sobre os efeitos dos anticoncepcionais injetáveis


mensais sobre a composição e a quantidade do leite materno, seu uso entre as
lactantes deve ser evitado até o sexto mês pós-parto ou até que a criança esteja
ingerindo outros alimentos. Para evitar o risco de doença tromboembólica no período
puerperal, não devem ser utilizados antes de 21 dias pós-parto entre não lactantes.
Podem causar acidentes vasculares, tromboses venosas profundas ou infarto, sendo
que o risco é maior entre fumantes (mais de 20 cigarros /dia) com 35 anos ou mais.
Não tem sido demonstrado aumento de risco para câncer de colo ou de mama em
usuárias de injetáveis mensais, porém o seu uso poderia acelerar a evolução de
cânceres pré-existentes.

BENEFÍCIOS:

- Não interferem negativamente com o prazersexual;


- Diminuem a frequência e a intensidade das cólicas menstruais;
- A fertilidade retorna em tempo mais curto do que com os injetáveis trimestrais;
- Podem prevenir anemia ferropriva;
- Ajudam a prevenir problemas como: gravidez ectópica, câncer de endométrio,
câncer de ovário, cistos de ovário, doença inflamatória pélvica, doenças mamárias
benignas e miomas uterinos.

DURAÇÃO DE USO:

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O anticoncepcional injetável mensal oferece proteção anticoncepcional já no
primeiro ciclo de uso.
A efetividade mantém-se durante todo o período de uso. Pode ser usado desde
a adolescência até a menopausa, sem necessidade de pausas para descanso.
Pode ser usado por mulheres de qualquer idade que não tenham fatores que
contra indiquem seu uso.

INDICAÇÃO

São candidatas ao uso do método em qualquer circunstância mulheres que não


tem filhos, magras ou obesas, de qualquer idade (exceto fumantes com 35 anos, e
também mulheres que tiveram aborto recentemente). Além disso, mulheres com os
seguintes problemas podem usar anticoncepcionais injetáveis mensais:

- Cólica menstrual ou anemia ferropriva;


- Ciclos menstruais irregulares;
- Doenças mamárias benignas;
- Diabetes sem doença vascular, renal, ocular ou neurológica;
- Cefaleia, varizes, malária, esquistossomose, doenças tireoidianas, DIP, miomas
uterinos, TB (exceto se usando rifampicina).

TÉCNICA DE USO:

- Iniciar o uso nos primeiros cinco dias do ciclo. Porém, em mulheres com ciclo
bem regular, o prazo pode ser estendido até o sétimo. Se mais de sete dias se
passaram desde o início da menstruação, pode se iniciar o método, mas deve-se
evitar relações sexuais ou usar condom e ter certeza de que a mulher não
estejagrávida;
- Se a mulher estiver amamentando, aguardar seis meses após oparto;
- Se a mulher não estiver amamentando pode-se iniciar o seu uso após três a seis
semanas após o parto, não sendo necessário esperar pelo retorno da menstruação,
porém ter certeza de que a mulher não esteja grávida;
- A mulher deve tomar as injeções nas datas marcadas, podendo ter uma margem
de 3 dias para mais ou para menos;
- Se houver atraso de mais de três dias para a nova injeção, ela deve usar condom
89
ou evitar relações sexuais até a próximainjeção;
- A mulher deve retornar mesmo que esteja muito atrasada para uma nova dose,
para avaliar a possibilidade de gravidez e receber, se for o caso, uma nova injeção;
- No momento da aplicação, deve-se agitar suavemente a ampola e administrá-lo
profundamente na região do deltóide glúteo;
- Atentar para a total aspiração do conteúdo da ampola e também o total
esvaziamento da seringa no momento da aplicação;
- Não massagear o local da injeção, pois a massagem fará com que o
anticoncepcional seja absorvido muito rapidamente.

ANTICONCEPCIONAL INJETÁVEL COM PROGESTOGÊNIO ISOLADO

O acetato de medroxiprogesterona (AMP-D), é um método anticoncepcional


injetável apenas de progestogênio, utilizado por aproximadamente 14 milhões de
mulheres em todo o mundo. É um progestogênio semelhante ao produzido pelo
organismo feminino, que é liberado lentamente na circulação sanguínea.

TIPOS E COMPOSIÇÃO:

O anticoncepcional injetável trimestral contém apenas um progestógeno em


frasco-ampola de suspensão microcristalina de depósito contendo acetato de
medroxiprogesterona. Disponível na seguinte concentração:
- Acetato de medroxiprogesterona 150mg. Ex: Depo-provera, Tricilon.

MECANISMO DE AÇÃO:

- Impede a ovulação;
- Espessa o muco cervical, dificultando a passagem do espermatozóide através
do canal cervical. Em média o retorno à fertilidade pode levar 4 meses após o término
do efeito (7 meses após a última injeção).
Importante: o AMP-D não interrompe uma gravidez já instalada.

90
EFICÁCIA:

Muito eficaz. A taxa de gravidez é de 0,3 % para cada 100 mulheres durante o
primeiro ano de uso, com injeções regulares a cada três meses.

EFEITOS COLATERAIS:

- Alterações do fluxo menstrual: manchas ou sangramento leve (o mais comum),


sangramento volumoso (raro) ou amenorreia (bastante comum, ocorre em mais de
50% do segundo ano em diante);
- Aumento de peso: em média 1 a 2 kg por ano; o controle dietético pode auxiliar
na prevenção do ganho de peso;
- Cefaléia, sensibilidade mamária, desconforto abdominal, alterações de humor,
náusea, queda de cabelo, diminuição da libido e /ou acne;
- Atraso no retorno da fertilidade: o tempo de espera para uma gravidez é
aproximadamente quatro meses mais longo do que para mulheres que utilizam
anticoncepcionais orais combinados, DIU, condômino ou método vaginal.

RISCOS:

- Redução da densidade mineral óssea: existem estudos demonstrando que


usuárias de AMP-D apresentam redução da densidade mineral óssea em relação às
não usuárias, porém menor do que mulheres na pós-menopausa, mas sem evidência
de osteoporose. O efeito é reversível após descontinuação do uso do método;
- Alteração do metabolismo lipídico: Algumas pesquisas demonstraram
elevação do colesterol lipoproteína de baixa densidade (LDL- colesterol) e redução do
colesterol lipoproteína de alta densidade (HDL- colesterol) em longo prazo.

BENEFÍCIOS:

- Muito eficaz;
- Pode aumentar o prazer sexual porque elimina a preocupação com a
possibilidade degravidez;
- Pode ser usado por qualquer grupo etário, mas não se recomenda seu uso antes
de 16 anos de idade;

91
- Não parece afetar a quantidade e a qualidade do leite materno;
- Pode ser usado por lactantes após seis semanas doparto;
- Não provoca os efeitos colaterais do estrogênio;
- Não aumenta o risco de complicações relacionadas ao uso do estrogênio;
- Diminui a incidência de: gravidez ectópica; câncer de endométrio; doença
inflamatória pélvica; mioma uterino;
- Pode ajudar a prevenir câncer de ovário;
- Para algumas mulheres: pode ajudar a prevenir anemia ferropriva, a frequência
de crises convulsivas em portadores de epilepsia, e a dor e frequência de crises
falciformes;
- Ajuda a reduzir os sintomas de endometriose.

DURAÇÃO DE USO:

O AMP-D oferece proteção anticoncepcional já no primeiro ciclo de uso. A


efetividade do método é obtida com a dose de 150mg a cada 3 meses e se mantém
durante todo o período de uso.
Pode ser usado desde a adolescência (a partir de 16 anos de idade) até a
menopausa. Não há necessidade de um período de descanso depois de um certo
período de uso e pode ser usado por todo o período que uma mulher queira evitar a
gravidez.

INDICAÇÃO:

Em geral, a maioria das mulheres pode usar AMP-D com segurança e eficácia,
podendo ser usado por mulheres:
- Lactantes (iniciar o uso seis semanas após oparto);
- Não lactantes: < 21 dias ou mais – poderá ser iniciada imediatamente após o
parto em não lactantes que possua alguma condição que contraindique a lactação;
- Pós-aborto - poderá ser iniciada imediatamente após oaborto;
- História de pré-eclâmpsia;
- História de diabetes gestacional;
- Fumantes(qualquer idade);
- Nulíparas;
- Idade de 16 ou mais e as mulheres com mais de 40 anos;
92
- Doença mamária benigna;
- Cefaléia Leve;
- Hipertensão leve ou moderada;
- Coagulopatia;
- Anemia Ferropriva;
- Varizes;
- Cardiopatia Valvar;
- Irregularidade Menstrual;
- Malária;
- Anemia Falciforme;
- Esquistossomose;
- Tireoidopatias;
- Mioma Uterino;
- Epilepsia;
- Tuberculose;

CONTRA INDICAÇÃO:

- Gravidez;
- Hipertensão arterial grave:PA 180/110 + doença vascular;
- Lactentes em aleitamento materno exclusivo com menos de 6 semanas;
- Antecedente de acidente vascular cerebral (AVC);
- Doença tromboembólica em atividade no momento ou no passado;
- Doença cardíaca isquêmica atual ou no passado;
- Diabetes há mais de 20 anos ou com lesão ocular, neurológica ou renal;
- Câncer de mama atual ou no passado;
- Cirrose hepática grave, hepatite ou tumores benignos ou malignos no fígado;
- Cefaleia grave como as enxaquecas ou com sintomas neurológicos focais (risco
para AVC);
- Síndrome convulsiva (usuária de fenitoína, carbamazepina, barbitúricos);

D. CONTRACEPTIVO TRANSDÉRMICO

Contraceptivo Transdérmico é um método anticoncepcional, disponível no


93
mercado brasileiro desde março de 2003. Cada adesivo contém norelgestromina e
etinilestradiol, que são liberados na circulação sistêmica, a 150 mcg/dia e 20mcg/dia,
respectivamente. O adesivo é usado durante 7 dias consecutivos por três semanas,
seguido da abstenção de uso de uma semana por ciclo. De acordo com o fabricante,
a taxa de falha do método é de 0,6 a 0,8%.

E. ANEL CONTRACEPTIVO VAGINAL

O Anel Contraceptivo Vaginal está disponível no mercado brasileiro. O anel é


colocado na vagina uma vez por mês e deve ser usado durante três semanas, com
pausa de uma semana. Cada anel libera diariamente 15 mcg de etinilestradiol e 120
mcg de etonogestrel. Dados do fabricante mostram que a taxa de falha do método é
de 0,65%.

F. ANTICONCEPÇÃO DE EMERGÊNCIA

A anticoncepção de emergência é uma alternativa de caráter excepcional, para


utilização em situações de emergência prescrita apenas pelo profissional médico. É
indicado em nosso serviço em casos de violência sexual contra a mulher. Seu
mecanismo de ação atua basicamente inibindo ou adiando a ovulação, interferindo na
capacitação espermática e possivelmente na maturação do oócito. Além disso, pode
interferir na produção hormonal normal após a ovulação, mas é possível que atue
também de outras formas. A anticoncepção oral de emergência não tem nenhum
efeito após a implantação ter se completado. Não interrompe uma
gravidez em andamento.
Esta medicação não deve ser utilizada como método anticoncepcional de
rotina, devido à sua alta dosagem hormonal. Previne a gravidez em aproximadamente
três quartos dos casos que, de outra maneira, ocorreriam. A probabilidade média de
ocorrer gravidez decorrente de uma única relação sexual desprotegida na segunda ou
terceira semana do ciclo menstrual é 8 %; com a anticoncepção oral de emergência
essa taxa cai para 2%.

TIPOS E COMPOSIÇÃO:

Anticoncepcionais orais apenas de progestogênio:


Ex: Levonorgestrel 0,75mg (Postinor-2, Norlevo, Pozato e Pilem);
94
Método de Yuzpe – combinados:

Ex:Levonorgestrel 0,25 mg+etinilestradiol 0,05mg (Evanor, Neovlar) Levonorgestrel


0,15+etinilestradiol 0,03mg (Microvlar, Nordette);

MECANISMO DE AÇÃO:

Vários mecanismos podem intervir, dependendo do período do ciclo em que


ocorre a relação sexual desprotegida e a tomada das pílulas. Os mecanismos mais
estudados são a inibição e o retardo da ovulação, a alteração na função do corpo
lúteo, a interferência no transporte ovular e na capacitação de espermatozóides, e
fatores que interferem na fertilização. Teoricamente, também poderia haver
interferência na implantação.
IMPORTANTE: A anticoncepção oral de emergência não tem nenhum efeito após a
implantação ter se completado. Não interrompa uma gravidez em andamento.

EFICÁCIA:

Previne a gravidez em aproximadamente três quartos dos casos que, de outra


maneira, ocorreriam. A probabilidade média de ocorrer gravidez decorrente de uma
única relação sexual desprotegida na segunda ou terceira semana do ciclo menstrual
é de 8%; com a anticoncepção oral de emergência, essa taxa cai para 2%.

EFEITOS COLATERAIS

Os efeitos colaterais mais comuns são: náuseas, vômitos, tontura, fadiga,


cefaléia, mastalgia, diarreia, dor abdominal e irregularidade menstrual.
RISCOS

Como as pílulas do esquema de anticoncepção oral de emergência, tanto as


de progestogênio como as combinadas, são usadas por tempo muito curto, elas não
apresentam os mesmos problemas potenciais do que quando usadas na
anticoncepção regular.

INDICAÇÃO:

95
- Estupro;
- Ruptura do condom;
- Deslocamento do DIU;
- Situações de esquecimento de tomar mais de duas pílulas ou está atrasada há
mais de duas semanas para os injetáveis ou relação sexual desprotegida.

IMPORTANTE: A anticoncepção de oral de emergência não é tão eficaz como os


outros métodos anticoncepcionais. O método não deve ser utilizado regularmente no
lugar de um outro método;
A eficácia da anticoncepção oral de emergência é maior quanto mais precoce
for seu uso, ou seja, quanto menos tempo decorrer entre o coito e a primeira dose. Se
quiser, ela devera iniciar outro método imediatamente, tal como condom,
anticoncepcionais orais combinados e outros ou evitar relações sexuais ate iniciar o
método escolhido.

TÉCNICA DE USO:

Iniciar seu uso até 72 horas após uma relação sexual sem proteção
anticoncepcional, mas quanto mais precocemente se administra, maior a proteção.
Avaliar com cuidado a possibilidade de gravidez. Se a mulher estiver grávida,
não prescrever anticoncepção de emergência.
Explicar o que é o método, seus efeitos secundários e sua eficácia. Essa
orientação deve abranger informações acuradas e adequadas permitindo a tomada
de decisão baseada em informações, traduzindo a “escolha livre e informada";
As pílulas podem ser usadas em qualquer momento do ciclo menstrual, porém
no tempo mais próximo possível da relação sexual desprotegida, para maior eficácia,
orientar a importância de tomar a segunda dose 12 horas após a primeira;
Explicar que após tomar as pílulas a menstruação poderá ocorrer até dez dias
antes ou depois da data esperada;

DISPOSITIVO INTRA-UTERINO (DIU)

Os dispositivos intrauterinos são artefatos de polietileno, que, quando com


adição de substâncias metálicas ou hormonais, são utilizados com a finalidade

96
anticonceptiva, quando colocados dentro da
cavidade uterina.

Os DIUs podem ser classificados basicamente em duas categorias:


DIUs não medicados (ou inertes) – não contêm ou não liberam substâncias
ativas: são unicamente
- constituídos de polietileno.
- DIUs medicados (ou ativos) – além de matriz de polietileno, contêm substâncias
(metais ou hormônios) que exercem ação bioquímica local, agindo como
anticonceptivo. Dos DIUs medicados, os mais utilizados são os que contém cobre.

MECANISMO DE AÇÃO:

Tem-se identificado diversos efeitos que os DIUs com cobre produzem no


aparelho genital feminino, que são responsáveis, ao menos em parte, pelo efeito
anticoncepcional destes dispositivos como:
• Alterações do conteúdo celular, que interferem na capacitação e transporte
espermático.
• Efeito do cobre sobre o muco cervical e espermatozoides interferindo sobre a
migração e vitalidade dos mesmos.
• O cobre também afeta a vitalidade e o transporte do óvulo na trompa.
• Reação do organismo contra corpo estranho, que provoca alterações
morfológicas e bioquímicas no endométrio, impedindo a nidação/ implantação do
óvulo fecundado;

ESQUEMA POSOLÓGICO:

Momento da Inserção:
O momento habitual da inserção é durante ou logo após a menstruação
(preferencialmente até o 5º dia do ciclo), porque estando o canal cervical mais
dilatado, a aplicação do DIU é mais fácil e menos dolorosa, além de evitar a colocação
em mulher com gestação inicial.
No entanto, o DIU pode ser inserido em qualquer época, desde que se assegure que
a paciente não esteja grávida.
No pós-parto é recomendável a inserção a partir de 6 semanas.

97
O DIU pode também ser inserido logo após a curetagem por um abortamento não
infectado. Deve-se ter maior cautela na mulher que amamenta por existir maior risco
de perfuração uterina. A reinserção pode ser realizada no mesmo ato da extração de
um DIU vencido.

CONTRA-INDICAÇÕES:

São contraindicações absolutas do uso do DIU:


- Neoplasias malignas do colo ou corpo do útero;
- Sangramento uterino de causa desconhecida;
- Suspeita degravidez;
- Doença inflamatória pélvica ativa;
- Malformação uterina congênita;
- Coagulopatias;
- Cervicite Aguda;
- Risco ou presença de DST (doenças sexualmentetransmissíveis);
- História de doença inflamatória pélvica desde a últimagravidez.

PRECAUÇÕES:

- Hipermenorréia;
- Anemia;
- Leucorréia;
- Múltiplos parceirossexuais;
- Nuliparidade;
- Gravidez ectópica prévia;
- Estenose do canal cervical;
- Doença cardíaca reumática;
- Terapia Imunossupres Silva;
- Alergia ao cobre.

COMPLICAÇÕES E INTERCORRÊNCIAS:

Sangramento aumentado: é a queixa mais comum nas usuárias de DIU.


Aproximadamente 4 a 8% solicitam extração por esta causa. Em geral, ocorre a
diminuição do volume com o tempo de uso. Raramente, dor hipogástrica acompanha
98
o sangramento.

Expulsão: é mais frequente ocorrer nos três primeiros meses de uso, principalmente
durante a menstruação; a frequência varia entre 3 a 9% e é influenciada pela técnica
de inserção. É mais frequente em mulheres jovens e nuliparas.

Doença inflamatória pélvica: as usuárias de DIU têm um pequeno aumento no risco


de desenvolverem doença inflamatória pélvica nos primeiros seis meses de uso. Este
aumento relaciona-se ao comportamento sexual da usuária e de seu parceiro.

Gravidez: varia de 1 a 4% por ano nos DIUs com cobre. Os DIUs de segunda geração
com maior quantidade de cobre (TCu 380 e 375) apresentam índices de falha de 1%
ou menos.

INDICAÇÃO E EXTRAÇÃO:

Deve ficar claro que a mulher tem o direito de solicitar e obter a extração do
DIU em qualquer momento, seja por causas médicas ou pessoais.
Além dos casos em que a paciente solicita a extração, a medição deverá realizá-la
nos casos de:

- Gravidez, desde que os fios estejam acessíveis;


- DIP ativa;
- Expulsão parcial;
- Sangramento excessivo que possa comprometer o estado geral da mulher;
- Vencimento do prazo de validade do DIU.

G. ESTERILIZAÇÃO CIRÚRGICA

A esterilização cirúrgica é um método anticoncepcional para evitar a gravidez


definitivamente. Pode ser feita no homem ou na mulher. No homem chama-se
vasectomia e na mulher, laqueadura ou ligadura das trompas.
Obs: A atual legislação preconiza que para ser indicada a esterilização cirúrgica, esta
deve ser uma decisão voluntária, e que obedeça os seguintes critérios: ser homem ou
mulher com capacidade civil plena e maiores de 25 anos de idade ou com pelo menos
99
dois filhos vivos, desde que observado o prazo mínimo de sessenta dias entre a
manifestação da vontade e o ato cirúrgico.

CRITÉRIOS DE ELEGIBILIDADE NO BRASIL

Em 12 de janeiro de 1996, foi promulgada a lei número 9.263, que dispõe sobre
o Planejamento Familiar.

ARTIGO 10:

Somente é permitida a esterilização voluntária nas seguintes situações:


H. Em homens e mulheres com capacidade civil plena e maiores de vinte e cinco
anos de idade ou, pelo menos, com dois filhos vivos, desde que observado o prazo
mínimo de sessenta dias entre as manifestações da vontade e o ato cirúrgico, período
no qual será propiciado à pessoa interessada acesso a serviço de regulação da
fecundidade, incluindo aconselhamento por equipe multidisciplinar, visando
desencorajar a esterilização precoce;
II. Risco à vida ou à saúde da mulher ou do futuro conceito, testemunhado em relatório
escrito e assinado por dois médicos.
§ 1°- É condição para que se realize a esterilização o registro de expressa
manifestação da vontade em documento escrito e firmado, após a informação a
respeito dos riscos da cirurgia, possíveis efeitos colaterais, dificuldades de sua
reversão e opções de contracepção reversíveis existentes.
§ 2°- É vedada a esterilização cirúrgica em mulher durante os períodos de parto ou
aborto, exceto nos casos de comprovada necessidade, por cesarianas sucessivas
anteriores.
§ 3°- Não será considerada a manifestação da vontade, na forma do § 1º, expressa
durante ocorrência de alterações na capacidade de discernimento por influência de
álcool, drogas, estados emocionais alterados ou incapacidade mental temporária ou
permanente.
§ 4° - A esterilização cirúrgica como método contraceptivo somente será executada
através da laqueadura tubária, vasectomia ou de outro método cientificamente aceito,
sendo vedada através de histerectomia e ooforectomia.
§ 5° - Na vigência de sociedade conjugal, a esterilização depende do consentimento
expresso de ambos os cônjuges.
100
§ 6° - A esterilização cirúrgica em pessoas absolutamente incapazes somente poderá
ocorrer mediante autorização judicial, regulamentada na forma da lei.
Fonte: Diário Oficial, n° 10, seção 1, 15 de janeiro de 1996.

ESTERILIZAÇÃO CIRÚRGICA FEMININA

Também conhecida como ligadura de trompas ou laqueadura tubária, é um


procedimento que visa impedir, de maneira praticamente definitiva, a capacidade
procriativa da mulher, através da obstrução mecânica das trompas, ou seja, impede o
encontro do óvulo com o espermatozóide e, portanto, a fertilização natural.
O método é considerado permanente, portanto, deve ser amplamente avaliado pela
mulher ou casal. Com o avanço da medicina, a reversão é possível, mas de difícil
acesso à população, devido a seu custo.
É indicado para mulheres que desejam ou necessitam de anticoncepção de alta
eficácia, e que tenham certeza que não desejam engravidar mais. Deve-se ter especial
precaução quanto à indicação deste método durante o ciclo gravídico-puerperal,
considerando as alterações hormonais e/ou emocionais que podem estar presentes
neste período.

INDICAÇÃO:

- Hipertensão arterial crônica grave de difícil controle;


- Doença renal crônica de difícil reversibilidade e controle insatisfatório;
- Diabetes Mellitus instável com manifestações vasculares evidentes;
- Problemas cardíacos crônicos e severos;
- Doença pulmonar irreversível
- Doença maligna em geral;
- Determinados tipos de anemia;
- Doenças físicas ou mentais de caráter hereditário;
Outros casos que aumentam o risco reprodutivo, como por ex. 30 anos,
cesáreas prévias, multiparidade, etc.

CONTRA-INDICAÇÕES:

- Casais ou indivíduos não preparados psicologicamente ou não suficientemente

101
informados quanto à natureza e consequências do procedimento;
- Estados mórbidos (doentes) ou situações condicionantes de grave risco
cirúrgico.

EFICÁCIA:

A eficácia é de 99 a 99,8% de garantia ou 0,1 ou menos de falhas por 100


mulheres por ano.
OBS: a mulher continua ovulando e menstruando normalmente. O óvulo maduro é
absorvido nas trompas ou cavidade abdominal.

ESTERILIZAÇÃO CIRÚRGICA MASCULINA, OU VASECTOMIA

É a obstrução cirúrgica voluntária dos canais deferentes. Mesmo obstruindo os


canais deferentes, o homem continua expelindo o sêmen, que, por não conter mais
os espermatozoides, não fecundam a mulher. Os tubos seminíferos continuam
produzindo espermatozóides e os mesmos serão absorvidos no próprio local. É uma
cirurgia considerada relativamente simples, com duração de poucos minutos e não
necessitando de anestesia geral e nem de repouso especial após a cirurgia. Porém,
É recomendado evitar exercícios físicos durante uma semana no período pós-
cirúrgico.
Durante os três primeiros meses após a cirurgia, é necessário usar preservativo
em todas as relações sexuais, pois leva algum tempo até que todos os
espermatozoides que estavam no canal deferente sejam eliminados ou até que o
espermograma acuse a ausência de espermatozoides.

INDICAÇÕES:

- Homens com proles definidas que desejam o'método;


- Homens sem prole definidas que desejam o método, cujas mulheres tenham
patologias de moderada ou alta gravidade;
- Homens que desejam o método cujas mulheres têm alto risco reprodutivo ou
cirúrgico.

EFICÁCIA:

99,5 a 99,8% de garantia ou 0,2 à 0,5 de falha por 100 mulheres por ano.
102
5. OS MÉTODOS CONTRACEPTIVOS NA ADOLESCÊNCIA

A Adolescência é uma fase que acarreta importantes mudanças


biopsicossociais e que determina especificidades emocionais e comportamentais que
repercutem na saúde sexual e reprodutiva dos adolescentes de ambos os sexos. O
elevado número de partos entre as adolescentes, o início cada vez mais precoce das
relações sexuais e o aumento das DST/AIDS nessa faixa etária, segundo o Ministério
da Saúde, justificam a prestação de uma assistência adequada ás necessidades da
população na faixa etária de 10 a 19 anos. Um serviço de orientação em saúde sexual
e reprodutiva para adolescentes deve estar preparado para entender e atender a
essas especificidades, proporcionando aos/às adolescentes o direito a uma atenção
eficaz e de qualidade.
A qualidade dessa atenção pressupõe, minimamente:
- Boa comunicação, com linguagem simples e sem julgamentos morais ou
valorativos;
- Privacidade no atendimento e confidencialidade das informações;
- Facilidade de acesso aos serviços;
- Profissionais qualificados para a especificidade do atendimento;
- Ênfase na parte educativa, em grupo, com metodologia que motive mudanças
de comportamentos;
.- Atendimento para ambos os sexos;
- Atenção especial às faixas etárias mais precoces (10 a 14 anos), quando na
unidade ou na região se registra aumento de gestação nessa faixa etária;
- Os adolescentes são o centro de interesse no atendimento, os pais ou familiares
só estarão presentes se ele ou ela permitir.
O atendimento de adolescentes e a prescrição de anticoncepcionais têm
gerado muita polêmica quanto aos seus aspectos éticos e legais. A Constituição
Federal em seu artigo 226, parágrafo 7ºdiz que: “Fundado nos princípios da dignidade
da pessoa humana e da paternidade responsável, o planejamento familiar é livre
decisão do casal, competindo ao Estado propiciar recursos educacionais e científicos
para o exercício desse direito, vedada qualquer forma coercitiva por parte de
instituições oficiais ou privadas”. O artigo 227 também trata do assunto estabelecendo
que: “É dever da família, da sociedade e do Estado, assegurar à criança e ao
103
adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à
educação, á alimentação, á educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à
dignidade, ao respeito, à liberdade e a convivência familiar e familiar e comunitária,
além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração,
violência, crueldade e opressão”.
A Lei nº 8080 define que saúde é um direito fundamental do ser humano,
devendo o Estado prover as condições indispensáveis ao seu pleno exercício.
O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), NOS ARTIGOS 7º e 11º
garante o direito à proteção, à vida e à saúde mediante a efetivação de políticas
sociais públicas e define que deve ser assegurado atendimento médico ao
adolescente por meio do Sistema Único de Saúde (SUS) garantindo o acesso
universal e igualitário às ações e serviços para a promoção, proteção e recuperação
da saúde. Sabendo que a atividade sexual desprotegida pode comprometer a saúde
dos adolescentes, fica claro o nosso papel frente às ações de prevenção, ou seja, a
realização de atividades educativas e a prescrição/distribuição de camisinhas e
demais anticoncepcionais. Por outro lado, a necessidade de garantirmos na consulta
um momento de privacidade para o adolescente, sem a presença dos responsáveis,
é fundamental para a abordagem de questões referentes à sexualidade. Além do ECA,
o Código de Ética Médica resguarda o direito ao sigilo, como mostra o capítulo a
seguir:

O Segredo Médico

É vedado ao médico:
- Art. 102- Revelar fato de que tenha conhecimento em virtude de sua profissão,
salvo por justa causa, dever legal ou autorização expressa do paciente.;
- Art. 103- Revelar segredo profissional referente a paciente menor de idade,
inclusive a seus pais ou responsáveis legais, desde que o menor tenha capacidade
de avaliar seu problema e de conduzir se por seus próprios meios para solucioná-lo,
salvo quando a não revelação possa acarretar danos ao paciente. Assim endossamos
as recomendações do Departamento de Bioética e Adolescência da Sociedade de
Pediatria de São Paulo relacionados a seguir:
- Os pais ou responsáveis somente serão informados sobre o conteúdo das
consultas, como, por exemplo, nas questões relacionadas à sexualidade e prescrição
104
de métodos contraceptivos, com o expresso consentimento do adolescente;
- A participação da família no processo de atendimento do adolescente é
altamente desejável. Os limites desse envolvimento devem ficar claros para a família
e para o jovem. O adolescente deve ser incentivado a envolver a família no
acompanhamento dos seus problemas;
- A ausência dos pais ou responsáveis não deve impedir o atendimento médico
do jovem, seja em consulta de matrícula ou nos retornos.
Em todas as situações em que se caracteriza a necessidade da quebra do sigilo
médico, o adolescente deve ser informado, justificando-se os motivos para essa
atitude. Os adolescentes podem utilizar qualquer método anticoncepcional desde que
não apresentem alguma das condições clínicas que contraindicam seu uso, conforme
critérios de elegibilidade descritos para cada método. Para indicarmos um método
contraceptivo temos que analisar cada caso individualmente sem nunca os
generalizar. Devemos procurar ouvir a adolescente, suas queixas, analisando-as
convenientemente e orientando-a nas suas incertezas, que, quase sempre, são
muitas. Há uma necessidade de se discorrer sobre todos os métodos
anticoncepcionais adaptando (após uma boa anamnese e exames clínico e
ginecológico e, se necessário, alguns exames complementares), o mais efetivo
método para a adolescente e, se possível, a cada casal. Enfocar-se-á em cada
método, destacando suas vantagens e desvantagens, seus efeitos colaterais, como
também a sua eficácia.

ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM À MULHER DURANTE CLIMATÉRIO E


MENOPAUSA

Introdução

O climatério é definido como uma fase biológica da vida da mulher que


compreende a transição entre o período reprodutivo e o não reprodutivo e ocorre
habitualmente na idade entre 40 e 65 anos (BRASIL, 2008; 2016; WHO, 1996). Nesta
fase, várias alterações fisiológicas são observadas e devem ser conhecidas pelos
profissionais de saúde, a fim de que estejam aptos a fornecer orientações visando a
diminuição da ansiedade e o estímulo à reflexão de como a mulher lida com este
processo, não somente fisiológico, mas também cultural, relacionado ao
envelhecimento. A menopausa, marco do período do climatério, é conceituada como
105
a interrupção da menstruação após 12 meses consecutivos de amenorréia e que
ocorre, geralmente, entre os 48 e 50 anos de idade (BRASIL, 2016). É importante
ressaltar que esta fase é um processo biológico e não patológico e que deve envolver
uma abordagem humanizada por parte dos profissionais de saúde, pautada em
princípios éticos e competências relacionais, orientações, educação em saúde e
qualidade de vida (BRASIL, 2008; 2016; SBGG, 2012). Aspectos culturais e psíquicos
são importantes, destacando-se entre eles o medo de envelhecer, a preocupação com
a autoimagem – cada vez mais sentida na sociedade moderna –, a instabilidade
conjugal, a síndrome do ninho vazio e a competição com o marido (ROCHA et al.,
2014).

I - Manifestações associadas ao climatério

As manifestações associadas ao climatério podem ser transitórias ou não e


estão ligadas principalmente ao hipoestrogenismo, no entanto, o aparecimento de
sintomas dependerá também de fatores hereditários, culturais e socioeconômicos
(FEBRASGO, 2010)

Quadro 1 – Manifestações associadas ao climatério

106
II - Atribuições da equipe de enfermagem

Atribuições do enfermeiro no período do climatério e menopausa:

• Utilizar modelos teóricos para fundamentar e sistematizar as ações de cuidado de


enfermagem em saúde da mulher, por meio do processo de enfermagem;
• Realizar a consulta de enfermagem com o objetivo de viabilizar a Sistematização
da Assistência de Enfermagem;
• Prescrever cuidados de enfermagem;
• Realizar cuidados de maior complexidade técnica e que exijam conhecimentos
científicos adequados e capacidade de tomar decisões imediatas, tal como ocorre na
coleta de exame Papanicolau;
• Solicitar exames e prescrever medicamentos estabelecidos em protocolos ou
normas técnicas aprovadas pela instituição e gestor local;

107
• Realizar práticas integrativas e complementares em saúde dentre as ações de
cuidado, se detentor de formação especializada com registro do título no conselho
regional;
• Conduzir e coordenar grupos terapêuticos;
•Participar dos estudos de caso, discussão e processos de educação permanente;
• Efetuar a referência e contra referência das usuárias;
• Desenvolver e atualizar protocolos relativos à atenção de enfermagem;
• Desenvolver ações de educação permanente, de modo a garantir a capacitação e
atualização da equipe de enfermagem.

Atribuições comuns a técnicos e auxiliares de enfermagem no período do


climatério e menopausa:

• Assistir o enfermeiro na prestação de cuidados de maior complexidade técnica;


• Participar dos cuidados gerais aos usuários de acordo com a legislação e com a
prescrição de enfermagem ou protocolo pré-estabelecido;
• Participar de atividades grupais junto aos demais profissionais da equipe de saúde;
• Participar de treinamento, conforme programas estabelecidos, garantindo a
capacitação e atualização referentes às boas práticas da atenção à saúde da
mulher.

III - Consulta de enfermagem

A consulta de enfermagem é prerrogativa do enfermeiro e é um momento de


suma importância para o levantamento de dados fiéis, que possam dirigir à
intervenção adequada. Como em todas as fases da vida da mulher, as condições
socioculturais e os fatores individuais podem influenciar e promover variações na
sintomatologia do climatério.
De forma geral, os principais objetivos da consulta devem ser identificar a
mulher climatérica, rastrear as condições de risco e adequar a terapêutica dessas
pacientes (BARROS, MARIN, ABRÃO, 2009).

O enfermeiro deve conferir à mulher possibilidades de liberdade e autonomia,


além de promover a construção de um estilo de vida saudável e a adoção de
mudanças de paradigmas, para que esta entenda a concepção ampliada de cuidado
108
em suas diversas dimensões, como indispensável para a vida humana (FABRI et al.,
2013).
O enfermeiro tem papel fundamental para a escolha da mulher no que se refere
ao seu tratamento e autocuidado, o qual deve ser aceito e reconhecido por ela. Para
isso, a abordagem deve se fundamentar no paradigma humanístico e
desmedicalização. A posição assumida pela mulher deve ter como base ações
educativas para seu empoderamento (KANTOVISCKI, VARGENS, 2010).

IV. A. Anamnese

Visando reconhecer precisamente as necessidades das mulheres atendidas,


recomenda-se, minimamente, a coleta das informações abaixo listadas, durante a
consulta de enfermagem. Ressalta-se que é preciso que os profissionais adotem
postura acolhedora, com disponibilidade para a escuta empática e o estabelecimento
de vínculo (CUNHA, SOUZA, 2017).

Quadro 1 – Roteiro para entrevista focada

Roteiro para entrevista focada


Data da primeira menstruação;

Data da última menstruação;

Orientação e hábitos sexuais;

Antecedentes pessoais e familiares;

Métodos contraceptivos;

Hábitos alimentares;

Hábitos de sono/repouso;

Hábitos de atividades físicas;

Histórico de quedas;

Patologias existentes;

Tabagismo e história familiar de câncer de mama;

109
Última coleta de citopatológico do colo do útero –
resultado;
Sangramento genital pós-menopausa;

Queixas;

Realização de mamografia – último resultado;

Medicamentos de rotina;

Dados sobre alergias;

Situação vacinal;

Atentar-se para as vulnerabilidades – exemplo: violência*.

Quadro 2 – Exame físico específico

Questionar dificuldades visuais;

Observar alterações na mucosa oral

Observar alterações tegumentares;

Observar alterações no sistema cardiovascular;

Verificar o índice de massa corporal e a circunferência


abdominal;
Examinar as mamas, com orientação para o autoexame e
solicitação oportuna de mamografia (ver capítulo sobre
prevenção do câncer de mama);
Realizar exame ginecológico orientado para as queixas
urogenitais, com coleta oportuna de exame citopatológico
de colo uterino (ver capítulo sobre prevenção do câncer de
colo do útero);
Observar as condições musculoesqueléticas com enfoque
na perda de força e equilíbrio.

110
Quadro 3 – Exames complementares que podem ser solicitados por enfermeiro

111
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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114

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