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4º Revisão
Outubro/2018
É uma aproximação com a dimensão e natureza das questões relativas à saúde (da mulher) e
representa uma opção no sentido da padronização de ações e procedimentos para a
qualificação da assistência a esse grupamento populacional. Como ferramenta para
impulsionar a construção coletiva de compromissos para mudar o processo de trabalho nas
Unidades Básicas de Saúde apostando na articulação e complementariedade de saberes, é
um documento inacabado a espera de contribuições de todos comprometidos com a
qualificação da assistência.
O câncer de colo do útero (CCU) representa um grave problema de saúde pública no mundo,
sendo o segundo tipo de câncer mais incidente entre as mulheres e 80% dos casos ocorrem
em países em desenvolvimento, como no Brasil. O principal fator de risco conhecido é a
infecção pelo papiloma vírus humana (HPV), que está presente em 98% dos casos, apesar de
não ser a única variável associada na emergência desses casos. Afeta principalmente as
mulheres em idade fértil, com vida sexual ativa, na faixa de 25 a 64 anos e, mudanças
celulares na constituição do órgão podem ser detectadas previamente ao desenvolvimento
do câncer.
Assim, as formas de prevenção da doença podem ser a melhor opção para enfrentamento
do problema, devendo-se preferir a prevenção primária, por meio de medidas e ações que
evitam o aparecimento da doença, pela intervenção nos fatores de risco relacionados. A
assistência com foco no território e população adscrita, com ênfase na busca ativa dessas
mulheres pode impactar positivamente na redução da morbimortalidade desta patologia.
Por isso, os esforços para execução de programas de prevenção são justificados, com ênfase
na estratégia de saúde da família e na realização do exame citopatológico do colo do útero,
além do incentivo aos hábitos saudáveis de vida e adoção de boas práticas na prevenção
desses problemas de saúde, tais como:
I. Por sexo seguro entende-se o uso de preservativo durante a relação sexual, uma das
formas de evitar o contágio pelo HPV, vírus com papel importante para o
desenvolvimento do câncer e suas lesões precursoras;
II. Uma alimentação saudável pode reduzir as chances de câncer. A dieta deveria conter
diariamente porções de frutas, verduras e legumes, preferencia para as gorduras de
origem vegetal como o azeite extra virgem, óleo de soja e de girassol, entre outros,
lembrando sempre que não devem ser expostas a altas temperaturas. Evitar
gorduras de origem animal – leite e derivados, carne de porco, carne vermelha, pele
de frango, entre outros – e algumas gorduras vegetais como margarinas e gordura
vegetal hidrogenada.
III. As mulheres devem ser estimuladas a manter uma atividade física regular, evitar ou
limitar a ingestão de bebidas alcoólicas e parar de fumar.
IV. Combate ao tabagismo, pois a mulher fumante tem um risco maior de câncer de colo
de útero, além de infertilidade, dismenorreia, irregularidades menstruais e
antecipação da menopausa (em média dois anos antes).
A identificação das mulheres na faixa etária de maior risco, especialmente aquelas que
nunca realizaram exame na vida, é o objetivo da captação ativa. As estratégias devem
respeitar as peculiaridades regionais envolvendo lideranças comunitárias, profissionais de
saúde, movimentos de mulheres, meios de comunicação entre outros.
RESULTADOS ESPERADOS:
Padronizar condutas relacionadas às técnicas de coleta do exame citopatológico de colo do útero;
Aprimorar a segurança da paciente, minimizando erros no exame ginecológico e na coleta do exame.
MATERIAL NECESSÁRIO:
Mesa ginecológica;
Escada de dois degraus;
Mesa auxiliar;
Banqueta giratória;
Foco de luz com cabo flexível;
Lençóis (descartável e pano);
Avental/camisola para a paciente;
DESCRIÇÃO DO PROCEDIMENTO:
1. Acolher a paciente no consultório;
2. Identificar-se para paciente;
3. Realizar anamnese confidencial e individualizada;
ANAMNESE:
Identificação;
Queixa clínica;
Data da última menstruação;
Indagar sobre a realização de exames intravaginais, utilização de espermicidas, lubrificante ou
medicamentos vaginais, história de relações sexuais com preservativo nas 48 horas anteriores á
realização do exame de citologia. (Obs: estes fatores podem ocasionar prejuízo á leitura da amostra
coletada, vale ressaltar que a presença de espermatozoides na amostra não prejudica sua qualidade,
entretando outros fatores podem prejudicar o diagnóstico
Ciclo menstrual – regularidade, volume, aspecto;
Referência a terapia de reposição hormonal;
Data do último preventivo e resultados prévios;
Procedimentos terapêuticos anteriores (cauterização, cirurgia, quimioterapia e/ou radioterapia;
Prática sexual – início de atividade sexual, números de parceiros na vida e no último ano, prática de
sexo seguro/inseguro;
Método contraceptivo utilizado;
História de infecções sexualmente transmissíveis – IST, entre elas, infecção pelo HPV;
História obstétrica e antecedentes pessoais (menarca, nuliparidade ou primeira gravidez acima de 30
anos);
Pesquisar sobre queixas mamárias (mastalgia, nódulo mamário, alterações do mamilo, descarga papilar,
4. Preencher a requisição de exame citopatológico em papel ou SISCAN atentando para todos os campos;
5. Identificar a lâmina com as iniciais da paciente, data da coleta e unidade de saúde e identificar o frasco
porta-lâmina com fita adesiva escrevendo o nome completo da paciente, data de nascimento, data da
coleta e unidade de saúde;
6. Explicar a paciente o procedimento a ser realizado;
7. Solicitar que a paciente esvazie a bexiga identificando-lhe o banheiro a ser utilizado;
8. Orientar a paciente a retirar todo seu vestuário e vestir a camisola;
9. Auxiliar a paciente a se posicionar na maca e realizar o exame clínico das mamas – ECM. A seguir,
auxiliá-la a deitar na maca e posicionar suas pernas nas perneiras, cobrir o ventre e coxas da paciente
com lençol;
10. Assentar na banqueta giratória e orientar a paciente a se posicionar de forma a expor ao máximo a
genitália;
11. Calçar luvas de procedimento;
12. Inspecionar os órgãos genitais externos ( atentando á integridade da parte externa do aparelho genital
feminino, presença de verrugas, úlceras fissuras e tumorações);
13. Colocar solução fixadora no frasco para lâmina;
14. Realizar a inspeção e palpação da genitália externa observando alterações existentes;
15. Posicionar o foco de luz;
16. Avaliar introito vaginal, e escolher espéculo adequado;
17. Afastar os pequenos e grandes lábios com uma das mãos e com a outra segurar o espéculo, passá-lo
pelo introito vaginal com angulação de 75°, posicionando horizontalmente a seguir, afim de evitar
trauma uretral;
18. Abrir o espéculo até visualização completa do colo uterino (pedir a paciente para tossir pode ajudar a
posicioná-lo melhor);
19. Observar a secreção vaginal, realizar coleta da citologia com a espátula de Ayres posicionando seu lado
menor da reentrância no orifício externo do colo fazendo um giro de 360°;
20. Segurar a lâmina e passar a extremidade maior da espátula (com o material coletado) na metade
proximal a identificação da lâmina (esfregaço);
21. Descartar a espátula na lixeira para resíduo infectante;
22. Pegar a escova endocervical e introduzir no orifício externo do colo e fazer um giro de 360° aplicando-o
a seguir na extremidade distal da lâmina como se estivesse desenrolando a escovinha;
23. Descartar a escovinha na lixeira para resíduos infectantes;
24. Realizar o teste de Schiller aplicando solução de ácido acético no colo uterino utilizando gazinha
embebida em solução presa na pinça de Cherron (para remover o excesso de secreção). Descartar a
gazinha na lixeira para resíduo infectante;
25. Aplicar solução Schiller em todo o colo uterino utilizando gazinha embebida em solução presa na pinça
de Cherron. Descartar a gazinha na lixeira para resíduo infectante e observar se há presença de áreas
não coradas pelo iodo (áreas iodo negativas – AIN);
26. Aplicar novamente a solução de ácido acético no colo uterino utilizando gazinha embebida em solução
presa na pinça cherron para retirada da solução de Schiller;
27. Descartar a gazinha na lixeira para resíduo infectante, descartar a pinça na lixeira de resíduos
infectantes (se descartável), ou no recipiente com solução desincrostante (se metal);
28. Afrouxar a borboleta do espéculo e retirá-lo devagar avaliando as paredes anterior e posterior da
vagina (coloração, pregueamento), tendo cuidado para não prender o colo do útero entre as lâminas do
Observações importantes:
É oportuno que os profissionais de saúde atendem para a representatividade da Junção Escamoso
Colunar – JEC – nos esfregaços cervicovaginais. Sob pena de não propiciar à mulher todos os
benefícios da prevenção do câncer de colo do útero.
Considerar patologias e queixas das pacientes.
Na presença de secreção vaginal anormal, friabilidade do colo, efetuar coleta para análise
laboratorial e tratar de acordo com abordagem sindrômica. Preferencialmente, em casos de
corrimento, recomenda-se tratar a mulher de acordo com este protocolo e reagendar a coleta do
material cervical após o tratamento pelo risco de prejuízo da amostra;
Prescrição de tratamento para outras doenças detectadas, como infecções sexualmente
transmissíveis, caso presentes, na oportunidade do exame.
Caso de ressecamento vaginal ou colpite atrófica, achados comuns no climatério, que dificultam a
coleta do material e podem levar a resultados falsos-positivos, deve ser prescrito creme vaginal de
estradiol 0,1% por 21 dias, com pausa de sete dias, ou ainda duas vezes por semana (sempre nos
mesmos dias) antes da coleta, lembrando que dever ser suspenso 48 horas antes do procedimento.
Vale ressaltar que mulheres que fazem uso de dos inibidores da aromatose (como os utilizados no
tratamento de câncer de mama), a terapia de estrogênio está contraindicada.
O vaginismo também pode estar presente durante a coleta do exame, caracteriza-se por contração
involuntária dos músculos próximos á vagina, impedindo á introdução do espéculo, caso isso
aconteça, deve-se evitar o exame naquele momento para não provocar desconforto ou mesmo
lesão á mulher. Se houver identificação de causa orgânica considerar o encaminhamento para
ginecologista ou apoio psicológico especializado;
Em caso ectopia ou eversão (a Junção Escamo-Colunar (JEC) situa-se no nível do orifício externo ou
para fora deste, geralmente no período de atividade menstrual, na fase reprodutiva da mulher),
não há necessidade de intervenções, pois é uma situação fisiológica;
Na presença de Cisto de Naboth, também não há necessidade de intervenções, por ser decorrente
de obstrução dos ductos excretores das glândulas endocervicais subjacentes, sem significado
patológico;
Na presença de pólipo, deve ser encaminhado ao ginecologista para retirada em presença de
sangramento desencadeado pela relação sexual, corrimento vaginal aumentado ou sangramento
discreto entre as menstruações. São benignos na maioria dos casos.
ELABORADO POR:
Ana Carolina Tostes Mendes – Enfermeira – Coren-MG 296.862
Camila Luana de Souza Conceição Enfermeira – Coren-MG 309.460
SECRETARIA ESTADUAL DE SAUDE. Atenção Intergral Á Saúde Das Mulheres. Controle dos cânceres de colo de
útero e mama. Minas Gerais; 2018.
As nomenclaturas de uma maneira geral são desenvolvidas para facilitar a comunicação entre
profissionais de áreas afins. À medida que a ciência e a tecnologia vão se desenvolvendo, novos
conceitos surgem sendo de fundamental importância que os profissionais de saúde conheçam as
diferentes nomenclaturas para diagnósticos e acompanhamentos adequados, visto que variam de
acordo com o adotado por cada laboratório.
Carcinoma Carcinoma
CLASSE V Carcinoma invasor Carcinoma invasor
invasor invasor
Fonte: Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva. Coordenação de Prevenção.e Vigilância. Divisão de Detecção Precoce e
Apoio à Organização de Rede.Diretrizes brasileiras para o rastreamento do câncer do colo do útero / InstitutoNacional de Câncer José
Alencar Gomes da Silva. Coordenação de Prevenção e Vigilância.Divisão de Detecção Precoce e Apoio à Organização de Rede. – 2. ed. rev.
atual. – Rio de Janeiro: INCA, 2016.114p. : il.ISBN 978-85-7318-295-8 (versão impressa) ISBN 978-85-7318-296-5 (versão eletrônica) 1.
Neoplasias do colo do útero. 2. Diretrizes para o planejamento em saúde. 3.Programas de rastreamento. I.
Tricomoníase (Trichomonasvaginalis):
Durante o tratamento deve-se evitar a ingestão de álcool (pode apresentar mal estar,
náuseas, tonturas, gosto metálico na boca).
A Tricomoníase pode alterar a classe da citologia oncótica, por isso, nos casos onde houver
alterações morfológicas celulares, estas podem estar associadas à Tricomoníase. Nesses
casos deve-se realizar o tratamento e repetir o exame citopatológico após 2 ou 3 meses,
para avaliar se há persistência dessas alterações. Durante o tratamento devem ser suspensas
as relações sexuais. Manter o tratamento se a paciente menstruar.
Candidíase
Quadro clínico apresenta geralmente, prurido e desconforto vulvar, edema, escoriações pela
coçadura, vagina hiperemiada, corrimento esbranquiçado aderido à parede vaginal. Tratar
com:
- Fluconazol 150 ou 200 mg, VO, dose única ou;
- Fluconazol 150mg VO dose única.
O tratamento sistêmico deve ser feito apenas nos casos recorrentes ou de difícil controle.
Tratar com:
- Miconazol creme a 2%, via vaginal, 1 aplicação à noite ao deitar, por 10 dias.
- Fluconazol 150mg/dia VO por 3 dias ou;
- Cetoconazol 400 mg/dia VO por 5 dias.
RECOMENDAÇÕES
Ministério da Saúde. Cadernos de Atenção HIV/Aids, Hepatites e Outras DST, nº 18. Brasília –
DF, 2006.
Ministério da Saúde. Falando sobre o Câncer do Colo do Útero. Rio de Janeiro, Instituto
Nacional do Câncer, Coordenação de Prevenção e Vigilância – Conpev (no prelo), 2002.
Ministério da Saúde. Falando Sobre Câncer de Mama. Rio de Janeiro, Instituto Nacional do
Câncer, Coordenação de Prevenção e Vigilância - Conpev (no prelo), 2000.
Ministério da Saúde. Falando Sobre Doenças da Mama. Rio de Janeiro, Instituto Nacional do
Câncer, Coordenação de Programas de Controle do Câncer, Pro – Onco, 1996.
Participantes da 3ª revisão
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Assinatura e Carimbo
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