Você está na página 1de 18

PROTOCOLO DE TRIAGEM NEONATAL E AVALIAÇÃO

PUERPERAL

UBS – AURÍLIA CURVO

VÁRZEA GRANDE - MT

2021
Instituição: Unidade Básica de Saúde Aurília Curvo
Endereço: R. das Avenças Quadra 25, 2 - Cristo Rei, Várzea Grande - MT, 78120
E-mail:

Elaboração:

Acadêmicos do 9° semestre de Enfermagem do UNIVAG

Beatriz Paes De Oliveira


Jeyneffer Ribeiro Pontes
Juliany Kauany França Gonzales
Karolaine Da Silva Ribeiro
Kessia Ribeiro Soragge
Leykyane Alves De Souza Oliveira

Responsável Técnico de Enfermagem


André Lucas

Supervisão/Orientação
Gabriel Noleto Rocha do Nascimento
Profª Ms Docente do curso de enfermagem do UNIVAG

Revisão
Gabriel Noleto Rocha do Nascimento
Profª Ms Docente do curso de enfermagem do UNIVAG
André Lucas
Coordenadora de Enfermagem
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO...................................................................................................4

2. OBJETIVO GERAL............................................................................................6

3. JUSTIFICATIVA.................................................................................................6

4. TRIAGEM NEONATAL......................................................................................6

5. AVALIAÇÃO CONJUNTA DO RN E A PUÉRPERA........................................8

6. PROCEDIMENTO DE COLETA......................................................................10

6.1. Ambiente de coleta........................................................................................10


6.2. Posição da criança.........................................................................................11
6.3. Assepsia.........................................................................................................11
6.4. Sugestão de Procedimento Complementar...................................................11
6.5. Punção...........................................................................................................12
6.6. Coleta de sangue adequada..........................................................................12
6.7. Verificação imediata pós coleta.....................................................................14
6.8. Curativo..........................................................................................................14
6.9. Secagem e Armazenamento da amostra......................................................15
6.10. Registro E Entrega Das Amostras Coletadas............................................15
7. INSTRUMENTO PARA A CONSULTA DE ENFERMAGEM NA TRIAGEM
NEONATAL E AVALIAÇÃO PUERPERAL...........................................................16

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...............................................................18
1. INTRODUÇÃO

Em 2001, foi instituído, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), o


Programa Nacional de Triagem Neonatal (PNTN), com os objetivos de desenvolver
ações de triagem neonatal em fase pré-sintomática, bem como acompanhamento e
tratamento de doenças congênitas. Objetivou-se, também, promover acesso,
incremento da qualidade e da capacidade dos laboratórios especializados e serviços
de atendimento à criança, e organizar e regular o conjunto destas ações de saúde
(BRASIL, 2002).

O PNTN é um programa de rastreamento populacional que tem como objetivo


geral identificar distúrbios e doenças no recém-nascido, em tempo oportuno, para
intervenção adequada, garantindo tratamento e acompanhamento contínuo às
pessoas com diagnóstico positivo, com vistas a reduzir a morbimortalidade e
melhorar a qualidade de vida das pessoas. A missão é promover, implantar e
implementar a triagem neonatal no âmbito do SUS, visando ao acesso universal,
integral e equânime, com foco na prevenção, na intervenção precoce e no
acompanhamento permanente das pessoas com as doenças do Programa Nacional
de Triagem Neonatal (BRASIL, 2016).

Considerando a importância de dar continuidade às estratégias para


prevenção de vários agravos na infância e para redução da morbimortalidade
infantil, o Ministério da Saúde aprovou, em dezembro de 2014, a Política Nacional
de Atenção Integral à Saúde da Criança (PNAISC - PT GM/MS nº 1.130, de 5 de
agosto de 2015), com o objetivo de promover e proteger a saúde da criança e o
aleitamento materno, mediante a atenção e o cuidado integral e integrado, da
gestação até os nove anos de vida, com especial atenção à primeira infância e a
áreas e populações de maior vulnerabilidade, visando à redução da
morbimortalidade e contribuindo, assim, para a garantia dos direitos humanos e da
qualidade de vida e o exercício da cidadania (BRASIL, 2016).

As doenças que integraram o PNTN no momento da Portaria GM/MS nº 822,


de 6 de junho de 2001: fenilcetonúria, hipotireoidismo congênito, doença falciforme e
outras hemoglobinopatias e fibrose cística. A Portaria GM/MS nº 2.829, de 14 de
dezembro de 2012, incluiu a triagem neonatal para hiperplasia adrenal congênita e
deficiência de biotinidase no escopo do programa (BRASIL, 2016).
As seis doenças abrangidas atualmente são: fenilcetonúria, hipotireoidismo
congênito, síndromes falciformes, fibrose cística, hiperplasia adrenal congênita e
deficiência de biotinidase. Com a nova  Lei nº 14.154, o exame passará a abranger
14 grupos de doenças, ampliando para 50 o número de doenças rastreadas pelo
Teste do Pezinho oferecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS) (BRASIL, 2021).

A atenção à mulher e ao recém-nascido (RN) no pós-parto imediato e na


primeira semana após o parto é fundamental para a saúde materna e neonatal. Esse
atendimento deve ser o mais criterioso possível no âmbito hospitalar e durante a
avaliação posterior na unidade de saúde. Consiste numa consulta de enfermagem
conjunta da criança e da mulher (se possível, com a presença do pai da criança ou
da parceria da puérpera), com exame sumário de ambos e avaliação da
antropometria do recém-nascido, em especial o peso (CAMPO GRANDE, 2021).

Vale lembrar que o período puerperal deve ser levado com total atenção, pois
podem surgir problemas de saúde ainda relacionados com a gravidez, responsáveis
por muitas sequelas e até mesmo mortes de mulheres, como por exemplo:
hemorragias e infecções (CAMPO GRANDE, 2021).

Devido a isto, é de extrema importância a realização da avaliação puerperal,


no momento em a mulher traz o RN para realizar a triagem neonatal, realizando uma
avaliação do binômio mãe e filho para promoção e prevenção de agravos
relacionados a condição em que se encontram.

2. OBJETIVO GERAL

Promover a integralidade no atendimento da triagem neonatal, incluindo a


avaliação puerperal no atendimento e elaborar um instrumento para a consulta de
enfermagem de ambos.

3. JUSTIFICATIVA

Foi observado durante a vivência no campo prático a não integralidade das


ações na saúde da família e comunidade no momento da triagem neonatal, uma que
no momento do procedimento não era considerado a atenção á puérpera, ficando
restrita a atenção apenas ao procedimento. Com vista ao comprimento dos
princípios doutrinários do Sistema Único Saúde (SUS), Propõe a ampliação do olhar
ao binômio mãe e filho, devido a isto, é fundamental realizar o atendimento conjunto
para a saúde materna e neonatal.

4. TRIAGEM NEONATAL

A triagem neonatal a partir da matriz biológica, o "teste do pezinho", é uma


espécie de Um conjunto de medidas preventivas é responsável pela identificação
precoce de indivíduos com doenças metabólicas, genéticas, enzimáticas e
endócrinas, Para tratar a tempo e evitar sequelas até mesmo a morte. Além disso,
propõe a gestão de casos positivos Através do monitoramento e acompanhamento
das crianças durante o tratamento. (BRASIL, 2016)

Conforme Botler et al (2010) a triagem neonatal (TN) se baseia na realização


de testes laboratoriais nos primeiros dias de vida do recém-nato; esses testes, se
feitos no momento e da forma adequados, permitem que o início do tratamento
ocorra dentro de uma janela de tempo em que é possível evitar sequelas no
desenvolvimento da criança.

As etapas da triagem neonatal devem contemplar o diagnóstico presuntivo, o


diagnóstico de certeza, o tratamento, o acompanhamento dos casos diagnosticados
e a incorporação e uso de tecnologias voltadas para a promoção, prevenção e
cuidado integral. (BRASIL, 2016)

A triagem neonatal inclui diagnóstico presuntivo, diagnóstico definitivo,


tratamento, monitoramento de casos diagnósticos e a combinação e uso de
tecnologias destinadas à promoção, prevenção e atendimento integral (BRASIL,
2016).

Diagnóstico presuntivo refere-se à interpretação relevância clínicas e / ou


laboratoriais, mostrando impressões, suspeitas ou probabilidades obtidas usando
exclusivamente os testes de triagem de acordo com acordo com protocolo técnico
estabelecidos para distúrbios ou doenças específicas.
Diagnóstico definitivo ou certeza é a descoberta de presença de distúrbio ou
doença em casos de suspeita anteriormente à triagem no teste de confirmação e /
ou avaliação clínica.

Tratamento e acompanhamento dos casos diagnosticados que foram obtidos


por meio de ações de monitoramento operacional e acompanhamento de
diagnósticos positivos, que incluem busca e coleta ativa, reteste, reavaliação,
agendamento de consultas, rastreamento de atendimento e comparecimento.

A incorporação e uso de tecnologias voltadas para a promoção, prevenção e


cuidado integral nas Redes de Atenção à Saúde (RAS), inclui tratamentos
medicamentosos e fórmulas nutricionais quando indicados através do SUS, devem
ser resultado das recomendações formuladas por órgãos governamentais, a partir
do processo de avaliação e aprovação pela Comissão Nacional de Incorporação de
Tecnologias no SUS (CONITEC) e Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas
(PCDT) do Ministério da Saúde (BRASIL, 2016).

O Programa Nacional de Triagem Neonatal, as recomendações preconizadas


para a realização do exame tem seu tempo padrão no terceiro ao quinto dia de vida,
os riscos podem ocorrer no tempo limite entre o sexto e o décimo quinto dia, e tardio
ao décimo oitavo ao vigésimo oitavo. O objetivo é diminuir todos os riscos da criança
adquirir sequelas por doenças que poderiam ser detectadas no início (BRASIL,
2016)

A maior sequela é o retardo mental, que é causado principalmente pelo


acúmulo de ácidos neurotóxicos na fenilalanina não convertida. Portanto, o QI da
criança cai para abaixo de 50. Outros sintomas graves também podem ocorrer,
como marcha anormal, problemas de postura, atraso de linguagem, depressão,
convulsões e tremor (GAMBOL, 2007; KALKANOG LU et al., 2005).

Entendemos então que o teste do pezinho é o padrão ouro atualmente para a


análise de diversas doenças relacionadas com o metabolismo, sendo de caráter
obrigatório em todo território nacional (BRASIL, 2016).
5. AVALIAÇÃO CONJUNTA DO RN E A PUÉRPERA

A atenção à mulher e ao recém-nascido (RN) no pós-parto imediato e nas


primeiras semanas após o parto é fundamental para a saúde materna e neonatal. É
recomendado realizar a visita domiciliaria na primeira semana após a alta do bebê.
Caso o RN tenha sido classificado como de risco, essa visita deverá acontecer nos
primeiros 3 dias após a alta. O retorno da mulher e do recém-nascido ao serviço de
saúde, de 7 a 10 dias após o parto, deve ser incentivado desde o pré-natal, na
maternidade e pelos agentes comunitários de saúde na visita domiciliar. Através
desse acompanhamento conjunta do RN e da Puérpera objetiva avaliar o estado de
saúde da mulher e do recém-nascido; manter uma orientação e apoio a família para
a amamentação; orientar os cuidados básicos com o recém-nascido; avaliar
interação da mãe com o recém-nascido; identificar situações de risco ou
intercorrências e conduzi-las e orientar o planejamento familiar (BRASIL, 2006).

O profissional responsável pelo acolhimento na unidade, deverá realizar a


escuta qualificada e promover a resolutividade diante das necessidades do
determinado momento, inicialmente. Deve buscar apresentar-se e acolher o binômio,
realizando a identificação dos usuários (por meio do CNS e documentos pessoais),
identificando as necessidades de busca de atendimentos à unidade por estes
usuários como escutar as necessidades, queixas e estimular a realizar perguntas;
encaminhar o binômio para os setores necessários como a sala de vacina; sala de
coleta de exames; classificação de risco ou sala de espera para as consultas
(BRASIL, 2006).

Caso o recém-nascido ainda não tenha certidão de nascimento e/ ou CNS,


quando os responsáveis tiverem apenas a Declaração de Nascido Vivo (DNV), o
atendimento inicial deverá ser realizado na própria unidade e todos os profissionais
são corresponsáveis pelas orientações corretas da aquisição do Registro de
Nascimento e do CNS. Sob nenhuma hipótese o atendimento ao binômio deve ser
negado. Há situações em que o binômio não é residente da área de abrangência da
unidade, por estarem no período pós-parto no território e sob cuidados de terceiros
(residência da mãe, sogra ou outros da puérpera). Quando assim, a
responsabilidade de atendimento é da unidade onde a mãe e o bebê se encontram
no momento (BRASIL, 2021).
Primeira Semana de Saúde Integral: ações a serem desenvolvidas
acolhimento da mulher e do RN, apresentar-se, perguntar o nome da mulher e do
recém-nascido e atendê-los com respeito e gentileza; escutar o que a mulher tem a
dizer, incluindo possíveis queixas, estimulando-a a fazer perguntas; informar sobre
os passos da consulta e esclarecer dúvidas (BRASIL, 2006).

Na anamnese da puérpera deve-se atentar para verificação do cartão da


gestante ou perguntar à mulher se houve alguma intercorrência na gestação, no
parto ou no pós-parto do tipo febre, hemorragia, hipertensão, diabetes, convulsões,
sensibilização Rh, se recebeu aconselhamento e realizou testagem para sífilis ou
HIV durante a gestação e/ou parto, se está realizando uso de medicamentos como
ferro, ácido fólico, vitamina A. Perguntar como a puérpera sente-se em relação ao
aleitamento, sobre a alimentação, sono, atividades; dor, fluxo vaginal, sangramento,
queixas urinárias, febre; planejamento familiar (desejo de ter mais filhos, desejo de
usar método contraceptivo, métodos já utilizados, método de preferência); sobre
suas condições psicoemocionais; condições sociais como de apoio, enxoval do
bebê, condições para atendimento de necessidades básicas). Realizar avaliação
clínico-ginecológica do estado geral, com conduta integral e humanizada e
orientações básicas (BRASIL, 2006).

Ao RN deve-se verificar a existência da Caderneta de Saúde da Criança e,


caso não haja, providenciar abertura imediata; verificar se a Caderneta de Saúde da
Criança está preenchida com os dados da maternidade e caso não esteja, procurar
verificar se há alguma informação sobre o peso, comprimento, apgar, idade
gestacional e condições de vitalidade; verificar as condições de alta da mulher e do
RN; observar e orientar a mamada reforçando as orientações dadas durante o
prénatal e na maternidade, destacando a necessidade de aleitamento materno
exclusivo até o sexto mês de vida do bebê, não havendo necessidade de oferecer
água, chá, ou qualquer outro alimento; observar e avaliar a mamada para garantia
de adequado posicionamento e pega da aréola; observar a criança no geral bem
como peso, postura, atividade espontânea, padrão respiratório, estado de
hidratação, eliminações e aleitamento materno, ectoscopia, características da pele
(presença de palidez, icterícia e cianose), crânio, orelhas, olhos, nariz, boca,
pescoço, tórax, abdômen (condições do coto umbilical), genitália, extremidades e
coluna vertebral. Caso seja detectada alguma alteração, solicitar avaliação médica
imediatamente, realizar o teste do pezinho e registrar o resultado na caderneta da
criança; verificar se foram aplicadas na maternidade, as vacinas BCG e de hepatite
B. Caso não tenham sido, aplicá-las na unidade e registrá-las no prontuário e na
Caderneta de Saúde da Criança. Agendar as próximas consultas de acordo com o
calendário previsto para seguimento da criança: 2º; 4º; 6º; 9º; 12; 18 e 24º mês de
vida (BRASIL, 2006).

Identificar o RN de risco ao nascer: critérios principais como baixo peso ao


nascer (menor que 2.500 g), recém-nascidos que tenham ficado internados por
intercorrências após o nascimento, histórico de morte de criança < 5 anos na família,
RN de mãe HIV positivo. Critérios associados: Dois ou mais dos critérios como
família residente em área de risco, RN de mãe adolescente <16 anos de idade, RN
de mãe analfabeta, RN de mãe portadora de deficiência ou distúrbio psiquiátrico ou
drogadição que impeça o cuidado da criança, RN de família sem fonte de renda, RN
manifestamente indesejado. Caso sejam identificados alguns desses critérios,
solicitar avaliação médica imediatamente (BRASIL, 2006).

6. PROCEDIMENTO DE COLETA

6.1. Ambiente de coleta


O ambiete de coleta deve ser um local calmo e traquilo para a mãe e o bebê,
propicio à finalidade do procedimento. O uso de ar condicionado dentro da sala não
é recomendado, pois a queda de temperatura dos pés do bebê irá dificultar a
obtenção de sangue. Antes de iniciar o procedimento, o profissional deverá se
assegurar de que todo o material necessário, esteja disponível na bancada de
trabalho que deve estar limpa adequadamente. (BRASIL, 2016)

Segundo o Manual Técnico de Triagem Neonatal Biológica de 2016 Os


materiais para coleta são: Luvas de procedimento, lanceta estéril descartável com
ponta triangular de aproximadamente 2,0 mm, recipiente com álcool a 70% para
assepsia, algodão e/ou gaze pequena esterilizada, papel filtro do PNTN.

Na bancada deverá estar disponível uma pequena prateleira ou algum outro


dispositivo que permita a distribuição dos papéis filtros já coletado, até a secagem
total das amostras. (BRASIL, 2016)
6.2. Posição da criança
Para que haja uma boa circulação de sangue nos pés da criança, suficiente
para a coleta, o calcanhar deve sempre estar abaixo do nível do coração. A mãe, o
pai ou o acompanhante da criança deverá ficar de pé, segurando a criança na
posição de arroto. O profissional que vai executar a coleta deve estar sentado, ao
lado da bancada, defrente para o adulto que está segurando a criança. (BRASIL,
2016)

6.3. Assepsia
Realizar a assepsia do calcanhar com algodão ou gaze levemente umedecida
com álcool 70%. Massagear bem o local, ativando a circulação. Certificar-se de que
o calcanhar esteja avermelhado. Aguardar a secagem completa do álcool. Nunca
realizar a punção enquanto existir álcool, porque sua mistura com o sangue leva à
diluição da amostra e rompimento dos glóbulos sangüíneos (hemólise). Nunca
utilizar álcool iodado ou anti-séptico colorido, porque eles interferem nos resultados
de algumas das análises. (BRASIL, 2016)

6.4. Sugestão de Procedimento Complementar


Em cidades com condição de temperatura ambiente muito baixa, o
aquecimento prévio do pé do bebê deve ser considerado, pois leva à vasodilatação
e, consequentemente, a um aumento do fluxo sanguíneo, que favorece a boa coleta.
O aquecimento prévio pode ser feito com a bolsa de água quente (máximo de 44°C),
por 5 minutos, 24 sobre o pé coberto com meia, sapatinho ou qualquer outro tecido
fino e limpo, para evitar o contato direto com o pé da criança. (BRASIL, 2016)

6.5. Punção
De acordo com o Ministerio da Saúde (2016), a punção deve ser realizada
obrigatoriamente com lancetas apropriadas para a coleta de sangue periférico, pois
são autorretrateis evitando acidentes perfuro-cortantes, stéril, descartáveis, com
profundidade entre 1,8 mm e 2,00 mm e largura entre 1,5 mm e 2,00 mm. A escolha
do local adequado para a punção é importante, devendo ser numa das laterais da
região plantar do calcanhar, local com pouca possibilidade de atingir o osso. Deve:

 Segure o pé e o tornozelo da criança


 Envolver com o dedo indicador e o polegar todo o calcanhar, de forma a
imobilizar, mas não prender a circulação;
 Realizar assepsia e secagem completa do álcool.
Exemplo do local para realizar a punção (local correto sendo demonstrado
com “sim” local incorreto sendo demonstrado com “não”)

6.6. Coleta de sangue adequada


De acordo com o Manual de Normas Técnicas e Rotinas Operacionais do
Programa Nacional de Triagem Neonatal do Ministerio da Saúde (2016) para realizar
a coleta de sangue do teste do pezinho deve-se:

 Aguardar a formação de uma grande gota de sangue e retire com algodão


seco ou gaze esterilizada a primeira gota que se formou (pode conter outros
fluidos teciduais que podem interferir nos resultados dos testes).
 Encostar o verso do papel-filtro na nova gota que se forma na região
demarcada para a coleta (círculos) e fazer movimentos circulares com o
cartão, até o preenchimento de todo o círculo.
 Deixe o sangue fluir naturalmente e de maneira homogênea pelo papel-filtro,
evitando concentração de sangue (não permita que ele coagule nem no
papel-filtro nem no pé do bebê)
 Desencoste o papel-filtro do pé quando o círculo estiver todo preenchido (não
é necessário que os limites do sangue coincidam com os limites dos círculos
impressos no papel-filtro, pois os limites estabelecidos servem de guia para a
quantidade de material necessária à realização dos testes e para se evitar a
supersaturação de sangue no papel-filtro, o que inviabilizaria a amostra).
 Não tocar com os dedos a superfície do papel-filtro na região dos círculos
(qualquer pressão poderá comprimir o papel-filtro, que irá absorver menor
quantidade de sangue e comprometer os resultados dos testes).
 Encostar o outro círculo do papel-filtro novamente no local do sangramento.
 Repita o movimento circular até o preenchimento total do novo círculo. Repita
a mesma operação até que todos os círculos estejam totalmente preenchidos.
Jamais retorne um círculo já coletado no local do sangramento para
completar áreas mal preenchidas pois a superposição de camadas de sangue
interfere nos resultados dos testes.

Se houver interrupção no sangramento, aproveite o momento de troca de


círculo para massagear novamente a região do calcanhar, passar um algodão ou
gaze com firmeza no mesmo local da punção para retirar o tampão de fibrina e
plaquetas que se formou com o processo fisiológico de coagulação natural do
organismo. Isso irá ativar novamente a circulação. Caso esse artifício não mostre
efeito, tentar nova punção, no mesmo local da punção anterior. Isso irá aumentar a
área da lesão e consequentemente favorecer o aumento do fluxo de sangue
(BRASIL, 2016).

Puncionar o outro pé quando essas alternativas não obtiverem êxito para a


obtenção da quantidade de sangue necessária para a finalização da coleta naquele
recém-nascido. Jamais vire o papel-filtro para fazer a coleta dos dois lados. É
necessário que o sangue atravesse (seja absorvido) pela camada do papel-filtro até
que todo o círculo esteja preenchido com sangue de forma homogênea (BRASIL,
2016).

Exemplo de preenchimento:
6.7. Verificação imediata pós coleta
Deve-se fazer a verificação imediatamente da qualidade da amostra coletada,
colocando o papel-filtro acima de sua cabeça e observar contra a luz, todo o círculo
deverá ter um aspecto transparente no local que foi molhado com o sangue e que
deverá estar espalhado de forma homogênea (BRASIL, 2016).

Em seguida virar o papel e observar o outro lado, é necessário que o sangue


tenha atravessado o papel-filtro completando todo o círculo de forma uniforme do
outro lado também, observar se o sangue foi totalmente absorvido em ambos os
lados do papel-filtro, é uma maneira de fazer o primeiro controle de qualidade da
amostra obtida, essa é um papel importante para quem realiza a coleta (BRASIL,
2016).

Se houver alguma dúvida logo após o procedimento da coleta, realize


novamente todo o procedimento com novo papel-filtro, não deve tentar aproveitar
uma amostra com coleta inadequada pois o laboratório pode não aceitar amostras
insuficientes e mal coletas. É importante destacar que não deixe o recém-nascido ir
embora antes de ter certeza de que a coleta foi adequada, pois os familiares podem
recusar uma nova coleta (BRASIL, 2016).

6.8. Curativo
Depois da coleta, deve-se colocar o recém-nascido deitado, em seguida
apertar delicadamente o local onde foi realizada a punção com algodão ou gaze até
que o sangramento pare. Se desejar, pode ser utilizado curativo absorvente adesivo
(BRASIL,2016).

6.9. Secagem e Armazenamento da amostra


Terminada a coleta e verificação imediata, as amostras deverão passar pelo
processo de secagem em seu próprio dispositivo em temperatura ambiente (15° a
20°C por cerca de 3 horas). A posição horizontal facilita a distribuição adequada do
sangue de forma homogênea (BRASIL, 2016).

Existem diversos processos de secagem que podem inutilizar a amostra


sendo eles: temperaturas sendo por exposição ao sol ou calor e secagem em cima
de estufas, vetilação forçada, local com manipulação de liquidos ou gases químicos,
empilhamento dos dispositivos das amostras que levam a mistura entre as amostras
diferentes e contato com superficies que possam dificultar e o espalhamento
uniforme e a absorção da amostra de sangue coletada (BRASIL, 2016).

As amostras podem ser recolhidas quando estiverem completamente de


secas. Se as amostras não forem encaminhadas para o laboratório após a secagem
completa, devem ser armazenadas em um local livre de umidade, luz, vento e calor
excessivo ou até mesmo ar-condicionado, podendo até mesmo ser armazenadas em
uma caixa de isopor (ao usar caixa de isopor não é aconselhavel refrigerar com
gelo) para uma melhor preservação (BRASIL, 2016).

As amostras não devem ficar retidas na unidade por mais de 2 dias, no caso
de finais de semana ou coleta em locais distantes como aldeias indigenas e etc. A
preservação em refrigerador é recomendada (não armazenar na mesma geladeira
de imunobiológicos). Ao utilizar esse recurso vários outros cuidados com os
dispositivos de coleta devem ser tomados para evitar: amostra molhada, amostra
contaminada pelo contato com outras substâncias, amostra com manchas de bolor
devido ao excesso de umidade em recipiente fechado (BRASIL, 2016).

6.10. Registro E Entrega Das Amostras Coletadas


As fichas de identificação devem conter seus dados pessoais, demográficos e
clínicos, para facilitar a interpretação dos resultados, assim como o sistema de
registro deve ser feito de forma cautelosa e salva de erros. (BRASIL, 2016)

Assim como deve estar descrita a identificação de coleta, o código da amostra


(numérico sequencial da unidade e identificação sequencial do lote do laboratório),
Declaração de Nascido Vivo, Cartão do SUS, se houve prematuridade, transfusão e
Gemelaridade. (BRASIL, 2016)

As entregas são feitas nas unidades básicas de saúde, e devem ser feitas
com a maior brevidade possível, O comprovante de entrega precisa ser assinado
pelo responsável. (BRASIL, 2016)

Quando os resultados estão dentro dos valores de referências, deve ser


informado que o recém-nascido não apresentou alterações para as doenças
testadas. (BRASIL, 2016)

De acordo com o Manual Técnico de Triagem Neonatal (2016), se os


resultados forem consderados alterados pelos valores de referências, deve-se
noticiar a família para proceder com os encaminhamentos conforme necessidade
infrmada pelos laudos laboratoriais, para ser feito o exame de confirmação e
encaminhamento para consulta especializada.

7. Instrumento para a consulta de enfermagem na triagem


neonatal e avaliação puerperal

Foi elaborado o instrumento para coletar os dados necessários para uma


consulta de enfermagem completa, com o intuito de facilitar e sistematizar a consulta
de enfermagem ao recém-nascido e a puérpera na unidade.
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BOTLER, CAMACHO, GEORGE. Triagem neonatal: o desafio de uma cobertura


universal e efetiva. Artigo • Ciênc. saúde coletiva, 2010. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/csc/a/6tkPJMhdFcmWSPSrsGNT7fg/?lang=pt Acessado dia
10 de junho de 2021.

BRASIL, LEI Nº 14.154, DE 26 DE MAIO DE 2021: Altera a Lei nº 8.069, de 13 de


julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), para aperfeiçoar o Programa
Nacional de Triagem Neonatal (PNTN), por meio do estabelecimento de rol mínimo
de doenças a serem rastreadas pelo teste do pezinho; e dá outras providências.
Brasília: Ministério da Saúde, 2021. Disponivel em:
https://www.in.gov.br/web/dou/-/lei-n-14.154-de-26-de-maio-de-2021-322209993
Acessado: 11. Jun. 2021.

BRASIL. Manual de Normas Técnicas e Rotinas Operacionais do Programa


Nacional de Triagem Neonatal / Ministério da Saúde, Secretaria de Assistência à
Saúde, CoordenaçãoGeral de Atenção Especializada. – Brasília: Ministério da
Saúde, 2002.

BRASIL. Triagem neonatal biológica: manual técnico / Ministério da Saúde,


Secretaria de Atenção a Saúde, Departamento de Atenção Especializada e
Temática. – Brasília: Ministério da Saúde, 2016. Disponível em:
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/triagem_neonatal_biologica_manual_tec
nico.pdf . Acessado em 10 de Junho de 2021.

BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria GM/nş 822, de 6 de junho de 2001. Cria o


Programa Nacional de Triagem Neonatal (PNTN). Diário Oficial da União 2001.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de


Ações Programáticas Estratégicas. Área Técnica de Saúde da Mulher. Pré-natal e
Puerpério: atenção qualificada e humanizada. Manual técnico/Ministério da
Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas
Estratégicas. Brasília, 2006.

CAMPO GRANDE, Secretaria Municipal de Saúde. Superintendência da Redes de


Atenção à em Saúde. Coordenadoria da Rede de Atenção Básica. Atenção à
puérpera e ao recém-nascido.: Orientações Técnicas 1ed. Campo Grande:
SESAU, 2021.

GAMBOL, P.J. Síndrome da fenilcetonúria materna e implicações no manejo de


casos. Revista de Enfermagem Pediátrica. Amsterdã, v. 22, pág. 129-138, abr.
2007. Acessado em 11 de Junho de 2021.

KALKANOG˘ LU, et al. Efeitos comportamentais da suplementação de comprimidos


de aminoácidos sem fenilalanina em adultos com deficiência intelectual com
fenilcetonúria não tratada. Acta Pediatrica. Karolinska, v. 94, pág. 1218-1222,
conjunto. 2005. Acessado em 11 de Junho de 2021.

Você também pode gostar