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Programa
Capacitação de
Agentes de Saúde
em Endometriose
Programa Capacitação de Agentes de
Saúde das Unidades Básicas de Saúde

©2022 Ministério da Saúde do Brasil


Todos os direitos são reservados ao Ministério da Saúde do Brasil.
É permitida a reprodução desde citando a fonte. A responsabilidade
pelos direitos autorais de textos e ilustrações desta obra são dos autores.

Elaboração, distribuição e informações:


PROJETO ENDOMETRIOSE BRASIL – PROADI/SUS

BENEFICÊNCIA PORTUGUESA
Rua Maestro Cardim, 769
Bela Vista. São Paulo/SP
www.bp.org.br

Equipe Endometriose Brasil:

Gerente Executivo Proadi


Dante Dianezi Gambardella

Coordenadora Projeto Endometriose Brasil


Roberta Rehem de Azevedo

Equipe Técnica
Claudia Ruffo
Cleidinalva Maria Barbosa Oliveira
Ester Emerick Eller
Grace Kelly Nunes Leitao
Jhennifer de Souza Gois
Marcelo Cristiano Mantovani
Rafael Miranda Campos

Autores
Dra. Carolina Chaves da Cunha Orlandi
Enfermeira Mariana Matzembacher
Dra. Camila Rebeque Dágola
Dra. Marina de Paula Andres Amaral
Dr. Tacito Augusto

Endometriose Brasil
Programa Capacitação de Agentes de Saúde em Endometriose
Apresentação
Caro cursista!

Você faz parte do Projeto Endometriose Brasil, cujo objetivo é estabelecer


uma linha de cuidado com equipes regionais especializadas, que sejam
referência na abordagem integral da endometriose, no que compete do
diagnóstico ao tratamento.

Tendo em vista que estes serviços ainda são escassos e demorados, hos-
pitais de excelência se uniram ao Ministério da Saúde, compartilhando
sua expertise, com o objetivo de oferecer capacitação aos profissionais
de saúde na linha de cuidado desta doença, apoiando as estruturas de
saúde locais para fornecer atendimento de forma universal, integral,
descentralizada e resolutiva.

Este projeto inclui várias ações, entre as quais está a capacitação de


médicos, enfermeiros e agentes de saúde da atenção primária à saúde na
identificação e avaliação dos sintomas da doença (para um diagnóstico
precoce), bem como a capacitação de médicos imaginologistas para a
realização de exames de imagem adequados e a capacitação de mé-
dicos e enfermeiros na realização de cirurgias minimamente invasivas
de endometriose.

O projeto estará presente nas cinco regiões do país, favorecendo tanto


a existência de assistência qualificada e capacitada para atender as de-
mandas existentes, quanto a difusão de informações e técnicas cirúrgicas,
de forma a multiplicar o conhecimento em suas regiões de abrangência.

Todas estas ações serão desenvolvidas por profissionais altamente qua-


lificados para o diagnóstico e tratamento da endometriose, de forma que
tenhamos a certeza de que, ao final deste projeto, você estará melhor
capacitado e contribuirá para a qualidade de vida de milhares de mulheres.

Bons estudos!

Endometriose Brasil
Programa Capacitação de Agentes de Saúde em Endometriose
Sumário
PROGRAMA CAPACITAÇÃO DE AGENTES DE SAÚDE DAS UNIDADES BÁSICAS
DE SAÚDE

Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
Tema 1 – O atendimento na atenção primária à saude . . . . . . . . 5
Dra. Carolina Orlandi, Dra. Marina de Paula Andres Amaral e Coord. Proj.
Endometriose Brasil Roberta Azevedo

Tema 2 – A atuação do Agente Comunitário de Saúde em casos de


Endometriose . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
Dra. Carolina Orlandi, Dra. Marina de Paula Andres Amaral e Coord. Proj.
Endometriose Brasil Roberta Azevedo

Tema 3 – Introdução: fisiologia menstrual e anatomia feminina . . . 36


Dra. Carolina Chaves da Cunha Orlandi

Tema 4 – Introdução à endometriose:epidemiologia, quadro clínico,


impacto da endometriose na qualidade de vida e medicamentos . . 49
Enfermeira Mariana Matzembacher

Tema 5 – Diagnóstico da endometriose: anamnese, sinais de alerta e


exames de imagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
Dra. Camila Rebeque Dágola

PARTE 2 —CONTEÚDO COMPLEMENTAR

Perguntas e respostas sobre endometriose . . . . . . . . . . . . 72


Diagnóstico diferencial de dor pélvica crônica . . . . . . . . . . . 90
Dra. Carolina Chaves da Cunha Orlandi

Fluxograma de tratamento e referenciamento . . . . . . . . . . 102


Dra. Marina de Paula Andres Amaral

Bases da cirurgia laparoscópica para endometriose . . . . . . . 113


Dra. Marina de Paula Andres Amaral

Seguimento ambulatorial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 127


Dra. Carolina Chaves da Cunha Orlandi
Dr. Tácito Augusto

Conheça os autores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 133


Referências bibliográficas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 136

Endometriose Brasil
Programa Capacitação de Agentes de Saúde em Endometriose
Tema 1 –
O atendimento na
atenção primária
à saude
Dra. Carolina Orlandi, Dra. Marina de Paula Andres Amaral e
Coord. Proj. Endometriose Brasil Roberta Azevedo

Introdução
Para facilitar a aplicação do conteúdo apresentado neste curso,
preparamos um material incluindo situações práticas no atendi-
mento às pacientes que já foram diagnosticadas ou são portadoras
dos sintomas de endometriose.

Além disso, apresentaremos o fluxo do SUS para o atendimento


às mulheres portadoras dessa doença.

Nosso objetivo principal é prepará-lo para as visitas familiares, possíveis di-


nâmicas nas comunidades e diálogos com as mulheres sobre endometriose.

5 Endometriose Brasil
Programa Capacitação de Agentes de Saúde em Endometriose
Sistema Único de Saúde
O tratamento da paciente portadora de endometriose pode
variar de acordo com a complexidade do quadro. Isso envolve
o grau dos sintomas, extensão das lesões, o desejo ou não de
engravidar e até mesmo a capacidade de adequação aos medi-
camentos indicados.

O Sistema Único de Saúde possui cobertura multidisciplinar


para esta paciente, desde consultas médicas, exames e medi-
camentos até a cirurgia. Tratamentos complementares, como
fisioterapia, nutrição e psicoterapia, também são contemplados,
desde que as pacientes estejam adequadamente inseridas no
fluxo de tratamento, cuja porta de entrada é a unidade básica
de saúde (UBS).

SAIBA MAIS

O Decreto nº 7.508, de 28 de junho De 2011 “Regulamenta


a Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990, para dispor
sobre a organização do Sistema Único de Saúde - SUS, o
planejamento da saúde, a assistência à saúde e a articu-
lação interfederativa, e dá outras providências.”
Fonte: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/decreto/
D7508.htm. Acesso em 09.jan.2021.

Para o Atendimento da mulher, como já ressaltado, a abordagem


inicial deve ser realizada, preferencialmente, nas unidades da
Atenção Primária à Saúde (APS) de todo o país e de forma des-
centralizada. A APS é a porta de entrada do sistema, exercendo
o papel de coordenação do cuidado na rede de atenção à saúde,

6 Endometriose Brasil
Programa Capacitação de Agentes de Saúde em Endometriose
promovendo o acompanhamento dos indivíduos de forma lon-
gitudinal. Para a realização da abordagem inicial e diagnóstico
diferencial, recomenda-se seguir o preconizado pelos Protocolos
da Atenção Básica: Saúde das Mulheres. (BRASIL, 2016).

As unidades da APS devem estar integradas aos serviços de


atenção especializada, na rede de atenção à saúde e, quando
necessário, irá referenciar a realização de consultas, exames
complementares e tratamentos especializados.

O fluxo de atendimento ocorre da seguinte forma: a paciente


deve passar, inicialmente, pela Unidade de Saúde de sua região,
onde será atendida pelo enfermeiro ou médico da família (acesso
por meio da atenção primária nas Unidades Básicas de Saúde).
A chegada à unidade de saúde pode ocorrer por iniciativa da
paciente ou por intermédio de um agente comunitário de saúde,
caso identifique a necessidade.

Durante a avaliação médica, a mulher pode ser encaminhada


para uma consulta especializada (geralmente com um gineco-
logista) para a realização de exames e aprofundamento no pro-
cesso diagnóstico e tratamento inicial. Se houver indicação de
procedimentos cirúrgicos, a paciente é inserida no sistema de
regulação de saúde vigente de sua região para a consulta com
a equipe cirúrgica. Para ilustrar, veja a imagem a seguir:

7 Endometriose Brasil
Programa Capacitação de Agentes de Saúde em Endometriose
A mulher procura a UBS Se identificada a A UBS faz o agendamento
mais próxima, onde será necessidade, a mulher utilizando a cota ou realiza
atendida pelo enfermeiro é encaminhada para o encaminhamento para a
1 ou um médico da família. uma consulta Central de Regulação. Se já
especializada. possuir uma autorização, a
UBS envia o laudo da
solicitação.
5 2
A paciente se 4
dirige à consulta. A UBS informa o
agendamento à
paciente.
O parecer é 3
encaminhado, via
As consultas e
sistema, para a
exames
Unidade solicitante
diagnósticos
contendo a agenda.
são realizados.

6 A central de Regulação
avalia a solicitação
7 conforme o protocolo
clínico. Após aprovação
A Unidade Executante será feito o agendamento
registra junto a Central por cota, regulação, ou
Ao identificar a necessidade de Regulação a realiza- encaminhamento para
de procedimento cirúrgico, a ção do procedimento. fila de espera.
paciente é realocada no A paciente retorna
sistema de regulação para a para acompanhamento
realização da cirurgia. territorial na UBS de
referência.

Fonte: adaptado de Freepik

VOCÊ SABIA?

A Central Estadual de Regulação de Alta Complexidade


(CERAC) deve estar relacionada à Central de Regulação
Ambulatorial e Hospitalar de cada Estado.

No processo da Central de Regulação na Rede de Serviço


do SUS, a Unidade Solicitante (US) não precisa ser necessa-
riamente uma UBS, podendo ser também uma Regional de
Saúde, bem como outras Secretarias de Saúde e Centrais
de Regulação.

8 Endometriose Brasil
Programa Capacitação de Agentes de Saúde em Endometriose
Como podemos observar, o SUS funciona de forma descen-
tralizada e com competências delimitadas entre União, Estado
e Municípios, tendo a referencialização ou locais de referência
como solução para atender usuários vindos de locais em que não
há disponibilidade de determinado serviço.

VOCÊ SABIA?

“A gestão das ações e dos serviços de saúde deve ser solidária


e participativa entre os três entes da Federação: a União, os
Estados e os municípios. A rede que compõe o SUS é ampla
e abrange tanto ações quanto os serviços de saúde. Engloba
a atenção primária, média e alta complexidades, os serviços
urgência e emergência, a atenção hospitalar, as ações e ser-
viços das vigilâncias epidemiológica, sanitária e ambiental
e assistência farmacêutica.”
Fonte: SUS. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-
-de-a-a-z/s. Acesso em: 09.jan.2023.

Iniciativas como o Programa de Apoio ao Desenvolvimento


Institucional do Sistema Único de Saúde (Proadi-SUS) foram
desenvolvidas para colaborar com o fortalecimento do Sistema
Único de Saúde (SUS). Este programa é financiado com recursos
de imunidade tributária, concedidos a hospitais filantrópicos
de excelência, reconhecidos pelo Ministério da Saúde, para o
desenvolvimento de projetos de capacitação de recursos huma-
nos, pesquisa, avaliação e incorporação de tecnologias, gestão
e assistência especializadas.

9 Endometriose Brasil
Programa Capacitação de Agentes de Saúde em Endometriose
“Os projetos levam à população a expertise dos hospitais
em iniciativas que atendem necessidades do SUS. Entre os
principais benefícios, destacam-se a redução de filas de es-
pera, qualificação de profissionais, pesquisas do interesse da
saúde pública para necessidades atuais da população brasi-
leira, gestão do cuidado apoiada por inteligência artificial e
melhoria da gestão de hospitais públicos e filantrópicos em
todo o Brasil.” (PROADI SUS, 2023).

Saiba mais sobre o programa na página: https://hospi-


tais.proadi-sus.org.br/

Ou no link: https://www.gov.br/saude/pt-br/
acesso-a-informacao/acoes-e-programas/proadi-sus

Unidade Básica de Saúde


É na Atenção Primária à Saúde que ocorre o primeiro contato
que a mulher e sua família têm com o SUS. A APS é representada
pelo conjunto de ações de saúde individuais, familiares e cole-
tivas que geram a promoção, prevenção, proteção, diagnóstico
e tratamento, desenvolvidas essencialmente pelas equipes de
saúde da família.

Starfield definiu os quatro atributos essenciais da APS:


acesso de primeiro contato do indivíduo com o sistema
de saúde, longitudinalidade, integralidade da atenção e
coordenação da atenção dentro do sistema. Estabeleceu
também outras três características denominadas atributos
derivados: atenção à saúde centrada na família, orientação

10 Endometriose Brasil
Programa Capacitação de Agentes de Saúde em Endometriose
comunitária e competência cultural. Ao apresentar os atri-
butos essenciais, um serviço de saúde pode ser considerado
provedor de atenção primária, e essa atenção terá maior
força se os atributos derivados também estiverem presentes.
(2020, p.7).

A imagem abaixo ilustra exatamente a fala de Starfield:

Atenção Primária à Saúde (APS)

Atributos essenciais Atributos derivados

Acesso de 1o contato Orientação familiar

Longitudinalidade Orientação comunitária

Coordenação Competência cultural

Integralidade

Fonte: Starfiedl B, 1992. Primary Care: concept and policy.

11 Endometriose Brasil
Programa Capacitação de Agentes de Saúde em Endometriose
VOCÊ SABIA?

A Secretaria de Atenção primária à


Saúde (SAPS) possui a PNAB que é a
Política Nacional de Atenção Básica,
lançada em 2012 para discutir seus
princípios e diretrizes gerais, as fun-
ções na rede de atenção à saúde, as
responsabilidades, a infraestrutura, a
implantação e credenciamento das equipes e o financiamento.
Você tem acesso ao arquivo através da biblioteca da Secretaria
de Atenção primária à Saúde (SAPS) na aba “Políticas”.

Link: https://aps.saude.gov.br/biblioteca/index
Fonte: BRASIL. Ministério da Saúde. Política Nacional de Atenção Básica.
Brasília: Ministério da Saúde, 2012. (Série E. Legislação em Saúde).

Carteira de serviços
O SUS possui uma Carteira de Serviços da
Atenção Primária à Saúde. Trata-se de um
documento com versão completa e resu-
mida voltada aos Profissionais de Saúde
e Gestores e uma versão voltada para a
população. Seu objetivo é descrever os
níveis do sistema, a lista de ações e serviços
clínicos e de vigilância em saúde ofertados
no âmbito da APS brasileira. Você tem acesso ao documento
através do site da biblioteca da Secretaria de Atenção Primária
à Saúde (SAPS) na aba “Livros”.

Link: https://aps.saude.gov.br/biblioteca/index
BRASIL. Ministério da Saúde. Guia alimentar para crianças brasileiras meno-
res de dois anos. Brasília: Ministério da Saúde, 2019.

12 Endometriose Brasil
Programa Capacitação de Agentes de Saúde em Endometriose
Informe SAPS

A Secretaria de Atenção Primária à Saúde - Ministério da


Saúde possui um folhetim (enviado por e-mail e número
de WhatsApp cadastrados) sobre as últimas notícias acerca
da Atenção Primária. Para recebê-lo, basta acessar o site
do e-Gestor da Atenção Básica e preencher o formulário.

Link: https://egestorab.saude.gov.br

› Tabela de Procedimentos, Medicamentos e OPM


(Órteses, Próteses e Materiais Especiais) do SUS
O tratamento pode ser medicamentoso ou cirúrgico, ou ainda a
combinação desses, e sua escolha deve considerar a gravidade
dos sintomas, a extensão e localização da doença, o desejo de
gravidez, a idade da paciente, efeitos adversos dos medicamentos
e taxas de complicações cirúrgicas.

Vamos aprofundar a discurssão sobre o tratamento no Tema complementar


Fluxograma de Tratamento e Referenciamento.

Como já falamos, o atendimento e o acompanhamento por


equipe multiprofissional de saúde são preconizados na Rede de
Atenção à Saúde, devendo ser disponibilizados nas unidades de
atenção primária e serviços especializados ambulatoriais e hos-
pitalares, com os seguintes códigos na Tabela de Procedimentos,
Medicamentos e OPM dos SUS:

• 03.01.01.003-0 › Consulta de profissionais de nível superior

13 Endometriose Brasil
Programa Capacitação de Agentes de Saúde em Endometriose
na atenção primária (exceto médico).
• 03.01.01.004-8 › Consulta de profissionais de nível superior
na atenção especializada (exceto médico).
• 01.01.01.001-0 › Atividade educativa / orientação em grupo
na atenção primária.

Exames complementares para diagnóstico de endometriose


estão incorporados ao SUS, dentre os quais podemos destacar:

• 02.05.02.018-6 › Ultrassonografia transvaginal (preferencial-


mente precedido de 03.01.10.009-8 - enema).
• 02.09.01.006-1 › Videolaparoscopia.
• 02.05.02.016-0 › Ultrassonografia pélvica (ginecológica).
• 02.07.03.002-2 › Ressonância magnética de bacia / pelve /
abdome inferior.
• 02.11.04.004-5 › Histeroscopia (diagnóstica).

A sua Secretaria de Estado de Saúde disponibiliza esta tabela


de fácil acesso com as atualizações. Na página do SIGTAP (Sistema
de Gerenciamento da Tabela de Procedimentos, Medicamentos
e OPM do SUS, ­– https://wiki.saude.gov.br/ – há um tutorial de
acesso, bastando clicar na opção SIGTAP.

SAIBA MAIS

• Página WikiSaúde do DataSUS


https://wiki.saude.gov.br/

• Página do SIGTAP http://sigtap.datasus.gov.br/

• A Portaria n° 321 de 8 de fevereiro de 2007 - Institui


a Tabela de Procedimentos, Medicamentos, Órteses/
Próteses e Materiais Especiais - OPM do Sistema Único
de Saúde - SUS.

14 Endometriose Brasil
Programa Capacitação de Agentes de Saúde em Endometriose
A importância do
acolhimento na
Unidade Básica
de Saúde

O acolhimento na Atenção Básica


de Saúde é um ponto que merece
bastante atenção. Ele se inicia
logo no seu primeiro contato com
a família. A pessoa que realiza
a escuta inicial pode ser a responsável pelo encaminhamento Fonte: Pexels

adequado e intervenções necessárias, guiando a mulher de


forma ética e confiável para sua inserção nos protocolos de
atendimento do SUS.

Quer conhecer mais sobre o fluxo do


usuário na UBS?

Confira o Caderno de Atenção Básica:


Acolhimento à demanda espontânea -
Volume I, no item “Fluxos dos usuários
na UBS”. Ele está disponível na biblio-
teca da Secretaria de Atenção primária
a Saúde (SAPS) na aba “Caderno”.

Link: https://aps.saude.gov.br/biblioteca

15 Endometriose Brasil
Programa Capacitação de Agentes de Saúde em Endometriose
A seguir, destacamos dois pontos importantes presentes no
Cadernos de Atenção Básica Volume I:

“[...] é importante lembrar que há múltiplos formatos de aco-


lhimento da demanda espontânea possíveis, e que vale a pena
apoiar a invenção e experimentação de diferentes modelagens
pelas equipes, desde que essas tentativas sejam pactuadas e
analisadas em seus efeitos, tanto pelos trabalhadores quanto
pelos usuários.” 2011, p.31).

Em alguns casos, pode ser interessante misturar elementos de


diferentes modelagens. Por exemplo, sinais evidentes de maior
risco ou sofrimento podem ser identificados/percebidos tam-
bém pelos trabalhadores da recepção, que devem ter a possibi-
lidade de contato direto com as pessoas que estão realizando
a primeira escuta do acolhimento, facilitando a priorização
desses casos. Em outras situações, os agentes comunitários
de saúde, além de perceberem o risco, podem ter contribuição
muito valiosa na avaliação da vulnerabilidade. [...] Em síntese,
queremos salientar que a realização da escuta qualificada não
é prerrogativa exclusiva de nenhum profissional, devendo ser
prática corrente de toda a equipe. (2011, p.30-31).

DICA

Indicamos a leitura do Caderno de Atenção Básica:


Acolhimento à demanda espontânea - Volume I.

Link: https://aps.saude.gov.br/biblioteca
Fonte: https://aps.saude.gov.br/biblioteca/visualizar/MTIwNQ==

16 Endometriose Brasil
Programa Capacitação de Agentes de Saúde em Endometriose
O Ministério da Saúde, por meio da
Secretaria de Atenção primária a
Saúde (SAPS), disponibiliza o
Cadernos de Atenção Básica:
Acolhimento à demanda espontânea:
queixas mais comuns na atenção bá-
sica - Volume II no qual destaca, entre
outros fatores, as queixas mais co-
muns que podem levar a um diagnóstico de endometriose:
o sangramento genital anormal e a dor abdominal, além de
destacar os fatores que indicam alto risco de dor abdominal.
Ele está disponível na biblioteca da
RELEMBRAR
Secretaria de Atenção primária a Saúde
Para mais detalhes so-
bre este tema, veja o Tema (SAPS) na aba “Cadernos”.
Complementar: Fluxograma de
tratamento e referenciamento. Link: https://aps.saude.gov.br/
Caso tenha dúvidas, volte ao biblioteca
tema e revise o assunto.
Fonte: https://aps.saude.gov.br/biblioteca/
visualizar/MTIwNA==

17 Endometriose Brasil
Programa Capacitação de Agentes de Saúde em Endometriose
Tema 2 – A atuação do
Agente Comunitário
de Saúde em casos de
Endometriose
Dra. Carolina Orlandi, Dra. Marina de Paula Andres Amaral e
Coord. Proj. Endometriose Brasil Roberta Azevedo

Fonte: saude.gov.br

Nesta seção, indicaremos as atribuições mais importantes que


podem auxiliar no atendimento, diagnóstico e tratamento das
mulheres portadoras de Endometriose.

É essencial que você conheça os aspectos e sintomas da doença,


pois muitas vezes é o primeiro contato entre uma mulher com
sintomas e um profissional de saúde na atenção primária.

18 Endometriose Brasil
Programa Capacitação de Agentes de Saúde em Endometriose
Considerando a atuação do ACS, é possível se deparar com
mulheres que:

Não têm o diagnóstico, mas posssuem os sintomas

Neste caso, oriente a buscar atendimento médico. Após isso,


acompanhe o agendamento e comparecimento, realizando
uma busca ativa das faltosas nos exames e consultas.

Não têm o diagnóstico e não apresentam os sintomas

Oriente e explique os sintomas da Endometriose. Caso elas co-


nheçam alguém com o quadro clínico da doença ou desconfiem
de algum sintoma que estejam sentindo, oriente a procurar ajuda.

Possuem o diagnóstico de endometriose

Oriente e acompanhe o processo de tratamento. Pergunte se


elas estão usando a medicação e realizando as recomendações
médicas corretamente. Lembre-as da importância de seguir as
orientações da equipe de saúde.

Seus principais focos de atuação em situações de


endometriose:

• Ajudar na identificação dos casos suspeitos da


doença para o rápido encaminhamento.

• Acompanhar a paciente que já está em


tratamento.

• Promover ações educativas sobre a doença em


seu território de atendimento.

19 Endometriose Brasil
Programa Capacitação de Agentes de Saúde em Endometriose
Figura 26: o papel do ACS no atendimento à paciente com endometriose

A mulher passa pela


Encaminhamento da
Diálogo com a mulher para consulta e realiza os
mulher para uma UBS
identificação dos sintomas exames necessários.
da Endometriose. Se diagnosticada, é
encaminhada para
tratamento.

Acompanhamento do Tratamento Tratamento


ACS com a paciente cirúrgico. clínico hormonal.
durante seu
tratamento.

Figura 27: a relação do ACSs com a paciente

Diálogo com a paciente


em tratamento ou
pós-cirurgico durante
as visitas.

O ACS acompanha Reporte do ACS com a UBS


a paciente durante sobre a paciente em
sua recuperação e tratamento.
tratamento.

Fonte: adaptado de Freepik

20 Endometriose Brasil
Programa Capacitação de Agentes de Saúde em Endometriose
Em suas visitas, não deixe
de falar sobre este tema:

› Estilo de vida
A rotina e as atividades de uma mulher muitas vezes fazem com que
deixe de lado um estilo de vida mais saudável. Por isso, é fundamental
orientar estas mulheres a buscarem hábitos como: alimentação rica
em frutas e verduras, prática de atividade física regular, redução ou
cessação do tabagismo, bem como do consumo de bebidas alcoó-
licas. Não é simples mudar um hábito de forma repentina, mas é
fundamental iniciar a mudança de forma gradativa e, se necessário
e possível, buscar orientação e acompanhamento de um profissional
como nutricionista, preparador físico etc.

Em suas visitas, não deixe


de falar sobre este tema:

› Saúde mental
Um ponto fundamental tratado no Guia Prático do Agente Comunitário
de Saúde do Ministério da Saúde é sobre a saúde mental, indepen-
dentemente do perfil ou idade da mulher que esteja atendendo. Se
necessário, ela precisa ter o acompanhamento de um especialista
como um psicólogo.

Segundo o Guia citado, “Não há saúde física sem saúde mental.”


Fonte: Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento
de Atenção Básica. Guia prático do agente comunitário de saúde / Ministério da
Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. – Brasília:
Ministério da Saúde, 2009. Disponível em: https://aps.saude.gov.br/biblioteca/visua-
lizar/MTI3Mg==. Acesso em 04.jan.2023.

21 Endometriose Brasil
Programa Capacitação de Agentes de Saúde em Endometriose
Possíveis ações que você pode mediar de acordo com sua região
de atuação:

Oferta de informação às Divulgar cartazes informa- Divulgação do fluxo de


mulheres sobre endo- tivos sobre o assunto na atendimento no SUS e
metriose, como consulta, UBS. protocolo de acolhimento
realização dos exames, a este tipo de paciente.
recebimento dos resulta-
dos dos exames e demais
procedimentos. Apoio no agendamento de
consultas de acordo com a Organização de lista das
disponibilidade da UBS e mulheres faltosas às con-
da mulher a ser atendida. sultas marcadas.
Estímulo para que a mu-
lher busque sanar suas
dúvidas com o médico.
Oferta de rodas de con- Garantir a privacidade das
versa em lugares públicos, informações recebidas nas
com participação de outros visitas em domicílio e as
Incentivo a hábitos sau- profissionais e mulheres já informadas aos médicos
dáveis, estimulando uma diagnosticadas. da UBS.
alimentação saudável e a
prática regular de exercí-
cios físicos.

22 Endometriose Brasil
Programa Capacitação de Agentes de Saúde em Endometriose
VOCÊ LEMBRA?

Para realizar um bom trabalho, você precisa:

• Conhecer o território;

• Conhecer não só os problemas da comunidade,


mas também suas potencialidades de cresci-
mento e desenvolvimento social e econômico;

• Gostar de aprender coisas novas;

• Observar as pessoas, as coisas e o ambiente;

• Agir com respeito e ética perante a comunidade


e os demais profissionais.
Fonte: Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde.
Departamento de Atenção Básica. O trabalho do agente comunitário de
saúde / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento
de Atenção Básica. – Brasília: Ministério da Saúde, 2009. Disponível em:
http://189.28.128.100/dab/docs/publicacoes/geral/manual_acs.pdf. Acesso
em 04.jan.2023.

VOCÊ SABIA?

O SUS possui um Fluxograma de Tratamento de Endometriose.


Você pode encontrá-lo no Livro Volume I dos Protocolos
clínicos e diretrizes terapêuticas (2010) na página 268,
disponível na página do Ministério da Saúde.

Link: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/
protocolos_clinicos_diretrizes_terapeuticas_v1.pdf

23 Endometriose Brasil
Programa Capacitação de Agentes de Saúde em Endometriose
Identificando um
caso suspeito de
Endometriose

Como vimos anteriormente, a


Endometriose pode não provocar
nenhum sintoma em algumas mu-
lheres, enquanto em outras pode
se tornar bastante dolorosa.

Não deixe de pensar em


Endometriose quando se deparar
com esses sinais:
Fonte: Pexels
• Piora cíclica da dor pélvica, principalmente no período peri-
menstrual (durante a menstruação).

• Cólica mestrual progressiva e incapacitante.

• História de infertilidade.

• História familiar de endometriose.

• Dor irradiada para região lombossacra ou ânus.

• Alterações intestinais na menstruação (diarréia e/ou constipação,


mudança na consistência das fezes no período perimenstrual).

• Sangramento cíclico nas fezes e na urina. (2016, p.52)

24 Endometriose Brasil
Programa Capacitação de Agentes de Saúde em Endometriose
Veja, na íntegra, os Protocolos da Atenção
Básica: Saúde das Mulheres na biblioteca
da Secretaria da Atenção Primária a Saúde
(SAPS) na aba protocolos.

Link: https://aps.saude.gov.br/
biblioteca/index

As partes do documento que tratam do tema são:

Fluxograma 10 – Dor pélvica

Quadro 9 – Dor pélvica crônica: como identificar e como


manejar as principais causas

Quadro 10 – Considerações gerais sobre o tratamento de dor


pélvica crônica

Quadro 5 – Abordagem farmacológica – terapia hormonal (TH)

Fonte: https://aps.saude.gov.br/biblioteca/visualizar/MTQzMQ==

Durante o atendimento de uma mulher com suspeita de endo-


metriose, você poderá fazer algumas perguntas que lhe auxiliarão
a identificar a doença:

• Você tem cólica menstrual?


RELEMBRAR
Os 6Ds serão apresentados
• Você tem dor na região pélvica, mesmo
com mais detalhes no Tema 5 –
quando não está no período menstrual? Diagnóstico da endometriose.
Caso tenha dúvidas, volte ao tema
• Você sente dor no fundo da vagina durante e revise o assunto.
o ato sexual?

• Você sente dor para evacuar?

25 Endometriose Brasil
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• Você sente dor, tem sangramento ou alteração na urinária durante
o período menstrual?

• Você está tentando engravidar há mais de 1 ano, porém sem


sucesso?

Para quantificar a dor informada, você deve utilizar a Escala


Analógica de Dor.

RELEMBRANDO

A Escala Visual Analógica de dor (EVA), é um método para


avaliação da intensidade da dor. Nesta escala, os sintomas
de dor são quantificados de 0 a 10 (leve, moderada e in-
tensa). Essa é uma maneira objetiva de avaliação, sendo de
fundamental importância para que o médico avalie qual a
melhor conduta a ser tomada. Ao mostrar a escala para a
paciente, ela mesma pode definir uma nota que expresse
a intensidade da sua dor. De acordo com a escala, toda vez
que as dores forem maiores que 7, o impacto na qualidade
de vida será muito maior.

Veja algumas perguntas que você poderá fazer:

• De 0 a 10, qual a intensidade da dor durante a menstruação?

• De 0 a 10, qual a intensidade da dor durante a relação


sexual de profundidade?

• De 0 a 10, qual a intensidade da dor entre uma mens-


truação e outra?

• De 0 a 10, qual a intensidade da dor para evacuar e urinar


na menstruação?

26 Endometriose Brasil
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Quando a paciente responder SIM a qualquer uma das perguntas
relacionadas aos sintomas, você deve encaminhá-la para uma consulta
na UBS e explicar como será o atendimento. Na consulta médica ou de
enfermagem, será feito um levantamento mais completo e o exame
clínico e a equipe poderá solicitar o exame específico para diagnóstico,
caso considere necessário.

O acompanhamento da
paciente em tratamento
Como o ACS pode fazer o acompanhamento da paciente em
tratamento da doença?

Além do que já mencionamos, após o diagnóstico da doença o


acompanhamento é baseado no controle dos sintomas e é reali-
zado de acordo com a Escala Visual Analógica de dor (EVA) com
notas entre 0 e 10.

Após a consulta inicial com o médico, a


paciente deve ser acompanhada periodica-
mente para reavaliação. Orientar a paciente RELEMBRAR
A escala de dor é apresenta-
sobre a importância na mudança de estilo de da com mais detalhes no Tema
vida, com hábitos e alimentação saudáveis, Complementar: Diagnóstico di-
que ajuda a diminuir o processo inflamatório ferencial de dor pélvica crônica.
Caso tenha dúvidas, volte ao tema
da doença. Tranquilize a paciente sobre o pe- e revise o assunto.
ríodo de adaptação ao tratamento hormonal,
que normalmente ocorre de 3 a 6 meses.

Como ACS, seu papel é encaminhar a paciente para a consulta


médica sempre que necessário. Caso, em seu atendimento, você
identifique efeitos colaterais extremamente indesejados (náuseas

27 Endometriose Brasil
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ou vômitos frequentes, dores de cabeça incapacitantes ou altera-
ção importante de humor), encaminhe a paciente para a Unidade
Básica de Saúde o quanto antes.

Um desafio comum para as mulheres é


conviver com o prognóstico (parecer do
RELEMBRAR
médico, baseado no diagnóstico do doente,
A importância do estilo de vida é
apresentada com mais detalhes no acerca da evolução e das prováveis conse-
Tema Seguimento ambulatorial. quências de uma doença ou lesão). Por isso,
Caso tenha dúvidas, volte ao tema
informações sobre como é o tratamento e
e revise o assunto.
as medidas que aliviam os sintomas são
muito importantes.

Atividades educativas sobre a


Endometriose

Fonte: Pexels

Como já mencionado, existem algumas ações educativas sobre


Endometriose que podem ser desenvolvidas.

Conhecer a doença e oferecer informações e orientações ne-


cessárias ajudam a dialogar com uma possível portadora de
endometriose.

28 Endometriose Brasil
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Você é um profissional com conhecimentos diversos sobre a
doença, desde o diagnóstico e tratamento até orientações para
uma vida mais saudável. Como alguém que conhece bem a região
em que atua, além do fluxo das Unidades Básicas de Saúde e
do SUS, você é o profissional que mantem estreito diálogo com
as pacientes e suas famílias sobre os mais diversos assuntos
inerentes à saúde primária. Por isso, você é o elo fundamental
entre as mulheres e a UBS e sua atuação é essencial na mediação
destas ações.

O primeiro passo é planejar estratégias que ajudem a dissemi-


nar o tema entre a população. É importante que você esteja em
constante contato e articulação com a equipe multiprofissional
da unidade para estimular iniciativas de conscientização sobre a
Endometriose, como as rodas de conversas.

Veja abaixo alguns temas importantes que podem ser desen-


volvidos nesses encontros:

• A dor e a vida sexual. A dor (cólica) incomoda tanto a ponto


de você evitar as relações sexuais? Você já conversou com
seu parceiro sobre a dor durante a penetração profunda?

• A infertilidade associada à Endometriose. Este é um tema


que preocupa muito a mulher e é uma das complicações da
endometriose.

• Como melhorar seus hábitos de vida para diminuir os sinto-


mas da Endometriose. Alimentação, não tabagismo, atividade
física, ingesta de água e sono adequado.

• “Sentir cólicas na menstruação é normal”? Como avaliar se a


cólica está dentro do esperado ou precisa de mais atenção?

29 Endometriose Brasil
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• Endometriose vai além da identidade de gênero. Devemos nos
atualizar quanto ao glossário LGBTQIAP+ e considerar todos os
tipos de orientação sexual.

• Mulheres com deficiência também podem ter Endometriose


independentemente de suas limitações de natureza física,
intelectual ou sensorial. A doença é mais comum do que se
imagina e merece atenção independentemente das deficiências
físicas que possam existir.

• Endometriose na adolescência. Na primeira menstruação, a


adolescente pode apontar sinais de endometriose?

• Não é motivo de vergonha ter endometriose. Pedir à mulher


que busque informação e converse com seu médico para pedir
ajuda.

• Relatos de experiência de mulheres que têm endometriose. Uma


boa forma de compartilhar informação é ouvir a experiência
de mulheres portadoras da doença.

• Sua filha teve a primeira menstruação? Observe as cólicas.


Este é um tema que pode ser abordado não só pela mãe, mas
também por tutores de adolescentes, como os pais, tios, avôs
e outras pessoas.

• Preservação de fertilidade em mulheres portadoras de endo-


metriose. A fertilidade é um assunto de grande impacto na
vida da mulher.

• Stress, alimentação, atividade física e Endometriose. Tudo isso


influencia na qualidade de vida da portadora de endometriose
e precisa ser levado a sério.

30 Endometriose Brasil
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• Endometriose no trabalho - não subestime a minha dor. Este é
um tema muito importante para os profissionais que convivem
com pessoas com Endometriose.

• “Eu sinto dor, mas sou forte”, “Não tenho tempo para dor”,
“Já me acostumei com a dor”, “Não tem jeito, isso é coisa de
mulher”: A importância de não se acostumar com estas afir-
mavas, pois endometriose é uma doença que tem tratamento.

• A Endometriose tem impactos não apenas físicos, mas também


psicológicos que podem baixar a autoestima. Busque algum
tipo de terapia para conhecer e aprender a lidar com medos
e outros sentimentos.

• Você nasceu sem dor e precisa viver sem ela: A dor não é
normal, mas um sinal de que o nosso corpo não está bem.

• Discutindo a endometriose com os homens: Converse com


sua parceria sobre a dor no ato sexual.

• Discutindo a endometriose com os pais: A importância de estar


atento aos sinais de sua filha e estabelecer um diálogo sobre o tema.

VOCÊ SABIA?

Dia Nacional de Luta contra


a Endometriose

13 de março é o Dia Nacional de Luta contra a Endometriose


e a Semana Nacional de Educação Preventiva e de
Enfrentamento à Endometriose. O objetivo é divulgar in-
formação sobre a doença, sua prevenção e tratamento. Foi
instituída pela Lei nº 14.324, de 12 de abril de 2022.
Fonte: https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/
lei-n-14.324-de-12-de-abril-de-2022-393232766

31 Endometriose Brasil
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Um pouco sobre o PCDT da
Endometriose
A Endometriose, assim como outras doenças, possui o Protocolo
Clínico e Diretrizes Terapêuticas, conhecido como PCDT.

Você sabe o que é isso? Trata-se de um Protocolo Clínico que esta-


belece critérios para o diagnóstico e o tratamento da Endometriose.
Sua estrutura está baseada em evidências científicas e considera
critérios de eficácia, segurança, efetividade e custo-efetividade
das tecnologias recomendadas. A seguir, destacamos algumas
informações importante contidas no protocolo.

O QUE É ENDOMETRIOSE

“A endometriose é uma doença ginecológica definida pelo


desenvolvimento e crescimento de estroma e glândulas endo-
metriais fora da cavidade uterina, o que resulta numa reação
inflamatória crônica (1,2)”. (2016, p.3).

ESTÁGIOS

“Consiste em quatro estágios, sendo o estágio 4 o de doença


mais extensa. Não há, entretanto, correlação entre o estágio
da doença com prognóstico e nível de dor (5, 6). A dor é in-
fluenciada pela profundidade do implante endometriótico e
sua localização em áreas com maior inervação (17, 18).

• Estágio 1 (doença mínima): implantes isolados e sem ade-


rências significativas;

• Estágio 2 (doença leve): implantes superficiais com menos


de 5 cm, sem aderências significativas;

• Estágio 3 (doença moderada): múltiplos implantes,

32 Endometriose Brasil
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aderências peritubárias e periovarianas evidentes;

• Estágio 4 (doença grave): múltiplos implantes superficiais e


profundos, incluindo endometriomas, aderências densas e
firmes.” (2016, p.4).

CID

“Classificação estatística internacional de doenças e proble-


mas relacionados à saúde (cid-10)

• N80.0 Endometriose do útero

• N80.1 Endometriose do ovário

• N80.2 Endometriose da trompa de Falópio

• N80.3 Endometriose do peritônio pélvico

• N80.4 Endometriose do septo retovaginal e da vagina

• N80.5 Endometriose do intestino

• N80.8 Outra endometriose” (2016, p.4-5).

• N80.9 Endometriose não especificada

ACOMPANHAMENTO PÓS-TRATAMENTO

“É individualizado. Algumas pacientes devem ser vistas a cada


6 meses para reavaliação do quadro e readequação das medi-
das terapêuticas.”

TERMO DE ESCLARECIMENTO E RESPONSABILIDADE – TER

“Deve-se informar ao paciente, ou seu responsável legal, sobre os


potenciais riscos, benefícios e efeitos adversos relacionados ao
uso dos medicamentos preconizados neste Protocolo, levando-se
em consideração as informações contidas no TER.” (2016, p. 15)

33 Endometriose Brasil
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No PCDT, você ainda encontra informações sobre como acontece
o diagnóstico da mulher portadora de Endometriose, quais são os
critérios de inclusão e exclusão para que ela seja inserida no protocolo
médico, além de abordar casos especiais, o tratamento e o esquema
de administração das medicações e outras informações importantes.
Sugerimos a leitura do protocolo para melhor compreensão.

VOCÊ SABIA?

O Ministério da saúde tem uma Relação nacional de me-


dicamentos essenciais (Rename - 2022), inclusive para
Endometriose. Você pode acessar o documento na página
do Ministério da Saúde.

Saiba mais em:


https://www.gov.br/saude/pt-br/composicao/sctie/
daf/relacao-nacional-de-medicamentos-essenciais
Fonte: https://www.gov.br/saude/pt-br/composicao/sctie/daf/rename

VOCÊ SABIA?

Qualquer profissional de saúde pode ter acesso às informa-


ções do PCDT. A Atualização envolve um rigoroso processo
e etapas e está baseado nas recomendações das Diretrizes
Metodológicas: elaboração de diretrizes clínicas.

Fonte: https://www.gov.br/conitec/pt-br/assuntos/
avaliacao-de-tecnologias-em-saude/pcdt-em-elaboracao-1

34 Endometriose Brasil
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SAIBA MAIS

No site do Ministério da Saúde, você encontra mais in-


formações sobre o PCDT, incluindo acesso ao documento
completo de Endometriose e outras doenças.

Site: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/
protocolos-clinicos-e-diretrizes-terapeuticas-pcdt

RELEMBRAR
Para saber mais detalhes, veja o Tema Complementar:
Fluxograma de tratamento e referenciamento. Caso te-
nha dúvidas, volte ao tema e revise o assunto.

35 Endometriose Brasil
Programa Capacitação de Agentes de Saúde em Endometriose
Tema 3 – Introdução:
fisiologia menstrual e
anatomia feminina
Dra. Carolina Chaves da Cunha Orlandi

O objetivo deste tema é identificar os ór-


gãos que compõem o sistema reprodutor Fisiologia É o ramo da biologia
que estuda as funções e o funcio-
feminino, seu funcionamento básico e como namento normal dos seres vivos,
acontecem os ciclos menstruais. Traremos bem como os processos físico-quí-
informações importantes sobre a endome- micos que ocorrem nas células, te-
cidos, órgãos e sistemas dos seres
triose, identificaremos esta patologia, o mo- vivos sadios.
tivo dela ocorrer e qual o melhor tratamento.

Afinal, porquê o ACS deve conhecer a anatomia feminina? Você


sabia que é possível mudarmos a vida de milhares de mulheres
que sofrem com esse problema, levando informação de qualidade,
acolhimento e auxílio de verdade para cada uma delas.

Para um diálogo mais acertivo com as mulheres, é importante


conhecer a fisiologia menstrual e a anatomia feminina. Deste
modo, você estará preparado para avançar nas discussões, inclusive
nos textos complementares, além de maior atenção aos possíveis
sinais da Endometriose.

36 Endometriose Brasil
Programa Capacitação de Agentes de Saúde em Endometriose
Portanto, neste conteúdo aprenderemos como funcionam os
órgãos reprodutivos femininos. Afinal, eles são os mais afetados
pela endometriose. Falaremos também da menstruação, como e
por que ela acontece.

Inicialmente, vamos falar da Anatomia feminina para, em seguida,


discutirmos a fisiologia do ciclo menstrual. Este é um assunto muito im-
portante para que possa compreender de fato o que é a Endometriose.

Anatomia feminina
O sistema reprodutor feminino é o conjunto de órgãos que garan-
tem a reprodução na nossa espécie. Este conjunto é dividido em
dois grupos: os órgãos internos e os órgãos externos. Os órgãos
internos são o útero, as tubas uterinas (antigamente chamadas de
trompas), os ovários e a vagina. Os órgãos externos são represen-
tados pelo monte púbico, por pequenos e grandes lábios, a vulva,
o clitóris e a abertura da vagina, que chamamos de vestíbulo.

Figura 1: Órgãos internos


Útero

Tubas
uterinas

Ovários

Vagina

Fonte: adaptado de Rosa Filho (2016).

37 Endometriose Brasil
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Figura 2: Órgãos externos

Grandes Clitóris
lábios

Abertura
da vagina

Fonte: adaptado de Young Zone (2017).

O útero é um órgão que se assemelha a uma pera invertida e


oca. É constituído por músculo e tem duas saídas: uma para fora
do corpo, através da vagina, e uma para dentro do corpo, através
das tubas uterinas. Esse é o mesmo caminho que os espermato-
zoides fazem até acharem o óvulo e
iniciar a gravidez.
Dispositivo intrauterino (DIU)
É um dispositivo inserido pelo
O útero é dividido em três partes:
médico no interior do útero. É um
método contraceptivo, que torna o o corpo, o istmo e o colo. O corpo é
endométrio hostil à implantação do a parte onde são gerados os bebês e
ovo. Tem o formato em “T”. Pode ser
onde também colocamos o dispositivo
hormonal (quando libera hormônio
dentro do útero) e não hormonal. intrauterino (DIU).

38 Endometriose Brasil
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Figura 3: DIU corretamente posicionado

Tuba DIU
uterina

Endométrio
Corpo do útero

Colo do útero

Vagina

Fonte: adaptado de LORETTI (2021).

Depois do corpo do útero, temos uma porção estreita chamada


istmo, seguida pelo colo, que é o que dilata na gestação e onde
se colhe o Papanicolau.

É importante lembrar que o útero não pro- Papanicolau É um exame gineco-


duz nenhum hormônio. Ele só “obedece” lógico de citologia cervical reali-
zado para detectar alterações nas
aos hormônios que chegam pelo sangue células do colo do útero, também
dentro dos vasos sanguíneos. chamado de cervicovaginal e col-
pocitologia oncótica cervical.
Quando uma mulher precisa retirar o
útero (cirurgia denominada histerec-
tomia), ela para de sangrar, mas conti- TPM É a abreviação de Tensão
Pré-Menstrual ou Síndrome Pré-
nua sentindo as variações e sensações Menstrual (SPM). É uma condição
da menstruação e/ou a TPM, por serem física, conhecida por afetar o estado
produzidas pelos hormônios que são li- emocional, físico e comportamental
de algumas mulheres antes, duran-
berados pelos ovários e pela hipófise te ou após o período menstrual.
(glândula que fica no cérebro).

39 Endometriose Brasil
Programa Capacitação de Agentes de Saúde em Endometriose
O útero tem três camadas: a mais externa, chamada de serosa
uterina, a do meio, que é o miométrio, e a mais interna, chamada
de endométrio. O endométrio é formado por uma camada bem
fina de células, que aumenta se preparando para receber um óvulo
fecundado e depois para começar uma gestação. Quando a ges-
tação não acontece, o endométrio descama, sendo eliminado em
forma de menstruação, repetindo esse processo todos os meses.

As tubas uterinas são dois canais com cerca de 10 cm de


comprimento de cada lado do útero e têm a função de levar
os óvulos liberados pelos ovários até o útero. Nelas, em geral,
é onde acontece o encontro do óvulo com o espermatozoide e
começa a gestação.

Figura 4: Anatomia normal uterina

Tubas uterinas

Fundo do útero

Ovários

Cavidade uterina Endométrio

Fonte: adaptado de Freepick (2022).

A cirurgia de laqueadura tem a intenção de interromper esse


caminho, impedindo a fecundação. Abaixo, imagem ilustrativa do
local da cirurgia de laqueadura.

40 Endometriose Brasil
Programa Capacitação de Agentes de Saúde em Endometriose
Figura 5: Laqueadura

Fonte: adaptado de Santana (2022).

A gestação ectópica acontece quando o bebê, por algum motivo,


se desenvolve dentro das tubas uterinas. Esse tipo de gravidez
nunca se completa e, portanto, se não ocorre o abortamento na-
tural, é necessária a intervenção médica para retirar o embrião.

Figura 6: Gravidez normal e ectópica

Embrião Embrião

Útero Tuba
uterina

Gestação normal Gestação ectópica

Fonte: adaptado de Freepik (2022).

41 Endometriose Brasil
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Os ovários são dois órgãos esbranquiçados, rugosos, em forma de
uma amêndoa, com cerca de 3 cm e estão localizados um em cada
lado do útero. Neles estão localizados todos os óvulos produzidos
pela mulher ao longo de sua vida. Os ovários também produzem
vários hormônios em resposta a comandos vindos do cérebro.

Você sabia que quando uma mulher precisa, por algum motivo, retirar
um dos ovários, o outro é capaz de fazer o trabalho dos dois?

A vagina é a última parte dos órgãos do sistema reprodutor fe-


minino interno. Ela é basicamente um canal oco, que mede de 8 a
12 cm, e liga o útero à parte de fora do corpo, a vulva. É constituída
por um tecido super elástico e, por isso, é capaz de se distender e
aumentar de tamanho durante o parto e
a relação sexual. Ela é povoada por um
Corrimento: Sai da vagina uma exército de bactérias protetoras chamado
secreção esbranquiçada ou trans-
parente que é considerada normal, flora vaginal. Quando essa flora é atin-
constituída principalmente por gida por fatores como estresse, uso de
muco, células mortas e micro-or- antibióticos ou bactérias das Infecções
ganismos protetores da flora va-
ginal. Chamamos de corrimento a Sexualmente Transmissíveis (IST), surgem
secreção vaginal doente, que pode os corrimentos (que podem ser tratados
mudar de cor e cheiro. com cremes de uso vaginal ou medica-
ções via oral).
Meato Uretal: O meato uretral femi-
Na entrada da vagina, existe uma do-
nino é o canal por onde flui a urina;
consiste em uma fenda localizada bra de pele chamada hímen. Ele pode
anteriormente à abertura vaginal e ter várias formas e está, culturalmente,
cerca de 2,5 cm posterior à glande
envolvido na questão da virgindade fe-
do clitóris.
minina. Muitas mulheres têm o hímen
rompido nas primeiras relações sexuais.
É importante destacar que outras situações também podem
rompê-lo, em situação não necessariamente de natureza sexual.

42 Endometriose Brasil
Programa Capacitação de Agentes de Saúde em Endometriose
A vulva representa o órgão reprodutor feminino externo. É for-
mada pelo monte do púbis, grandes e pequenos lábios, clitóris,
meato uretral, glândulas vestibulares maiores e menores.

Figura 7: Localização da vulva

Trompas

Útero Óvulo

Cérvix

Vagina

Vulva

Fonte: adaptado de Winslow (2022).

‘O monte púbico é a parte mais superior da vulva. É formado


por uma camada de gordura e por pelos, que servem de proteção
para a vagina. Os grandes e pequenos lábios são dobras de
pele que protegem também as entradas da vagina e da uretra
(lugar por onde a urina é eliminada).

O clitóris está situado acima da vagina e da uretra. Ele tem


uma parte visível do tamanho de uma ervilha e é capaz de
apresentar ereção. Ele tem um papel de destaque no prazer
sexual feminino.

Por fim, as glândulas vestibulares maiores ou glândulas de


Bartholin são glândulas bem pequenas, que quando no tamanho
normal, não são visíveis. Elas estão uma em cada lado da vagina
e liberam uma secreção capaz de lubrificar a vagina durante

43 Endometriose Brasil
Programa Capacitação de Agentes de Saúde em Endometriose
a relação sexual. Quando algum processo infeccioso acontece
nessa glândula, elas podem aumentar de tamanho e virarem
cistos bastante dolorosos. As glândulas vestibulares menores,
situadas a cada lado da vagina, acima da glândula de Bartholin,
também têm o papel de contribuir para a sua lubrificação.

Fisiologia do ciclo menstrual


Neste item, vamos discutir como acontecem as menstruações.
Isso é importante para entendermos a endometriose e, princi-
palmente, como auxiliar as pacientes. Vamos lá?

Tudo começa dentro do nosso cérebro.


Nele, existem duas estruturas: o hipotálamo
e a hipófise, que produzem hormônios que Hipotálamo Localiza-se na base do
encéfalo e produz alguns hormô-
vão estimular os ovários a produzir outros
nios, responsáveis pela regulação
hormônios e, assim, fechar um ciclo que vai da sede, apetite, temperatura e
se regulando. Abaixo, você pode visualizar pressão arterial.

onde fica o hipotálamo e a hipófise.

Figura 8: Cérebro

Hipotálamo

Hipófise

Fonte: adaptado de Gomes (2021).

44 Endometriose Brasil
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Que tal pesquisar mais sobre a função do hipotálamo e da hipófise em
nosso corpo?

Dentro do ovário, em resposta a esses hormônios, um óvulo vai


amadurecendo dentro de um cisto bem pequeno, chamado folículo.
No período fértil, esse cisto irá se romper e acontecerá a ovulação.
Depois, esse mesmo cisto se fecha e é reabsorvido pelo organismo.

Figura 9: Ovários e folículos

Ovários

Ovócito / óvulo

Folículo

Fonte: adaptado de Brasil Escola (2022).

Dentro do útero, o endométrio, que é a camada mais interna,


aumenta de espessura para receber o ovo fecundado. Se a gestação
não acontece, ele descama, se desprega do útero e sai em forma
de menstruação. No próximo mês, o ciclo se repete e, desta forma,
permanece por toda a vida reprodutiva da mulher.

45 Endometriose Brasil
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Figura 10: Quando o óvulo não é fecundado (esq.) e quando o óvulo
é fecundado (dir.)

Fecundação
natural

Óvulo
fecundado

Óvulo
Óvulo

Descamação
do endométrio Embrião

Menstruação

Fonte: adaptado de Bonvena (2022).

FIQUE POR DENTRO

Você conhece o Programa de Proteção e Promoção da Saúde Menstrual? Ele foi


regulamentado pela Portaria GM/MS Nº 4.072, de 23 DE novembro de 2022.

Saiba mais sobre ele na notícia: Dignidade menstrual: Programa de Proteção e


Promoção da Saúde e Dignidade Menstrual beneficiará 8 milhões de pessoas.
(link: https://www.gov.br/secom/pt-br/assuntos/noticias/2023/03/dig-
nidade-menstrual-programa-de-protecao-e-promocao-da-saude-e-dig-
nidade-menstrual-beneficiara-8-milhoes-de-pessoas)

46 Endometriose Brasil
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Ficou curioso para visualizar todo o processo? Fique atento, pois
você precisará destas informações nos próximos temas. Confira
o esquema abaixo:

Figura 11: Fisiologia do clico menstrual

Cérebro Ovários

Óvulo

Menstruação Quando fecundado

Embrião

Descamação do endométrio Feto


e saída como menstruação

47 Endometriose Brasil
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Considerações sobre o Tema 3
Neste primeiro tema, aprendemos noções de anatomia feminina
e de como ocorrem os ciclos menstruais.
Agora, você é capaz de identificar os órgãos Anatomia É a ciência que estuda a
da pelve que compõem o sistema reprodutor organização da estrutura do corpo
feminino e a função de cada um deles. humano, como ela se forma e fun-
ciona no conjunto do corpo.
No próximo tema vamos adentrar a dis-
cussão sobre Endometriose.
Pelve É a parte inferior do tronco,
a mais baixa do abdômen.

SAIBA MAIS

Ciclo menstrual

O ciclo menstrual é o termo utilizado para designar as transformações cíclicas que


ocorrem no útero, sendo também chamado de ciclo uterino. Trata-se de um perío-
do regulado por diversos hormônios, principalmente aqueles produzidos pelos
ovários e apresenta uma duração de cerca de 28 dias. Entretanto, podem ocorrer
variações, como ciclos de 20 a 40 dias. Esse ciclo é responsável por preparar a
parede uterina para o estabelecimento de um embrião, caso ocorra a gravidez.

É importante ressaltar que o ciclo menstrual possui três fases:

• Fase proliferativa – momento da ação do hormônio estradiol, produzido pelo


folículo em crescimento e que estimula o espessamento da parede uterina
(endométrio);

• Fase secretora – ocorre quando o folículo se rompe, libera o ovócito e origina


o corpo-lúteo (que expele estradiol e progesterona, estimulando a manutenção
e o desenvolvimento da parede uterina);

• Fase menstrual – quando nenhum embrião é implantado na parede uterina até


o final da fase anterior, o corpo-lúteo se desintegra, ocasionando uma queda
na concentração dos hormônios ovarianos. A queda desses hormônios causa a
constrição das artérias da parede uterina, desencadeando a desintegração de
parte dessa parede, que é eliminada em forma de menstruação.
Fonte: https://www.biologianet.com/embriologia-reproducao-humana/ciclo-menstrual.htm

48 Endometriose Brasil
Programa Capacitação de Agentes de Saúde em Endometriose
Tema 4 –
Introdução à
endometriose:
epidemiologia, quadro clínico, impacto
da endometriose na qualidade de vida
e medicamentos
Enfermeira Mariana Matzembacher

O objetivo deste tema é proporcionar um pa-


Epidemiologia É o ramo da medici-
norama geral da endometriose: epidemiologia,
na que estuda os fatores que deter-
quadro clínico e tipos de lesão, incluindo minam a disseminação de doenças,
sua definição, prevalência, o impacto que sua frequência, sua distribuição, sua
evolução e a colocação dos meios
gera na qualidade de vida das mulheres e
necessários para sua prevenção.
as principais formas clínicas.

Desta forma, você ACS aprofundará seus conhecimentos sobre


a Endometriose, podendo dialogar e fornecer mais informações
às mulheres nas visitas domiciliares, munido de informações con-
cretas. Afinal, você já conheceu sobre a estrutura do SUS, e sua
atuação dentro deste contexto. Agora, a partir deste tema, vamos
aprofundar mais esta discussão, a partir de uma visão completa
sobre a doença.

49 Endometriose Brasil
Programa Capacitação de Agentes de Saúde em Endometriose
“A Endometriose é diagnosticada quase que exclusivamente em mulheres
em idade reprodutiva. Mulheres na pós-menopausa representam somente
2% a 4% de todos os casos submetidos à laparoscopia por suspeita de
endometriose. Estima-se uma taxa de prevalência em torno de 10%, sendo
que, em mulheres inférteis, esses valores podem chegar a índices tão altos
quanto 30% a 60%. Já em adolescentes submetidas à laparoscopia por
dor pélvica crônica, houve prevalência de 62%.” (BRASIL: PCDT, 2016, p.3).

Como existem muitas pacientes sem sintomas ou com sintomas


leves, esses números podem ser ainda maiores.

A endometriose pode ser definida como a presença do endo-


métrio (tecido que reveste internamente a cavidade uterina) fora
do útero. O endométrio pode ser encontrado na pelve, tubas
uterinas, ovários, ligamentos, intestino e bexiga, onde são mais
comuns. Dentre os principais sintomas, estão a dor pélvica e a
infertilidade. Para aprofundarmos mais no assunto, é importante
que, primeiro, analisemos novamente o sistema reprodutor femi-
nino, identificando cada um de seus orgãos.

Figura 12: Partes do útero


Útero Fundo
Tuba
uterina

Ovário

Endométrio
Fímbrias
Miométrio

Colo do útero
Vagina

Fonte: adaptado de Mundo Educação (2022b).

50 Endometriose Brasil
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Depois de observar a imagem acima, iremos aprofundar um
pouco mais as informações. Observe agora que a imagem a
seguir ilustra os pontos de endometriose. Veja onde a endo-
metriose está localizada.

Figura 13: Endometriose da pelve

Útero

Ligamento
Endometriose uterossacro

Reto

Bexiga

Focos de
endometriose

Fonte: adaptado de Fetalmed (2014).

Características da endometriose
A endometriose é uma doença ginecológica crônica que acome-
te muitas mulheres na idade reprodutiva
(desde a primeira menstruação, passando Menopausa É o nome dado ao úl-
pela adolescência e fase adulta até a meno- timo ciclo menstrual, ou seja, a últi-
ma menstruação. Ocorre, em geral,
pausa). Seus sintomas têm uma repercussão
entre os 45 e 55 anos, marcando o
negativa na qualidade de vida das mulheres, fim da fase reprodutiva feminina.
sendo os principais a dor e a infertilidade,

51 Endometriose Brasil
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levando à baixa autoestima, ao baixo rendimento no trabalho, às
faltas no trabalho e na escola (nos casos de dor).

O tratamento pode ser dificultado pelo atraso no diagnóstico


e por seu alto valor. Por isso, a formação das equipes de saúde
de atenção primária, associada à educação de seus pacientes,
são a chave para o início do diagnóstico e tratamento. Os custos
relacionados com a endometriose podem ser equiparados aos de
outras doenças crônicas.

Cabe ressaltar que nem toda endometriose diagnosticada precisa ser


operada, podendo ter seus sintomas controlados por medicações hor-
monais, mudanças de hábitos e estilo de vida, como atividade física e
alimentação.

Epidemiologia
Você já se perguntou quantas mulheres sofrem com a endo-
metriose? Muitas nem sabem, apenas sentem os sintomas.
Por isso, é importante que os profissionais de saúde saibam
identificar a doença para acelerar o processo de diagnóstico
e iniciar o tratamento, proporcionando melhor qualidade de
vida às pacientes.

Vamos destacar a endometriose em números e você perceberá


que ela é uma doença que está presente em muitos lares e às
vezes nem percebemos.

Estudos indicam que 5 a 10% da população feminina possuem algum tipo


de endometriose. Estima-se que 180 milhões de mulheres no mundo, em
idade reprodutiva, possuam endometriose. No Brasil, este número chega
a 7 milhões.

52 Endometriose Brasil
Programa Capacitação de Agentes de Saúde em Endometriose
O número aumenta quando falamos de mulheres com dores pél-
vicas, sejam elas durante a menstruação ou fora do ciclo menstrual,
além de dor na relação sexual, alterações urinárias e na evacuação
durante o ciclo. Entende-se que este número é subestimado pelo
desafio do diagnóstico diante de sintomas inespecíficos e da di-
ficuldade de encontrar um profissional especializado.

Quadro clínico
A endometriose deve ser vista como uma doença crônica e que
afeta o corpo de diversas formas. Como os sintomas são geralmente
considerados comuns, há um atraso no diagnóstico de 4 a 11 anos
e, consequentemente, também no início do tratamento.

Para todos os profissionais de saúde, é


importante prestar atenção nos sintomas
para minimizar o atraso do diagnóstico,
Dor acíclica É uma dor que
não acontece durante o ciclo disseminando informações sobre eles e
menstrual. seus tratamentos. Em sua atuação, você
pode observar relatos de mulheres com:
Distensão abdominal É quando • Queixas de dores fortes na mens-
o abdômen fica inchado além do
tamanho normal.
truação (impedindo a paciente de fazer
atividades rotineiras como passear e
trabalhar).
Constipação ou prisão de ventre
É a dificuldade em evacuar, com • Dor na região da pelve há mais
evacuações pouco frequentes e
de 6 meses ou dor acíclica, fora do
fezes duras ou ressecadas.
período menstrual.

• Dores na relação sexual durante a


Urgência miccional Vontade in-
controlável e súbita de urinar. penetração profunda, também conheci-
da como dispareunia de profundidade.

53 Endometriose Brasil
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• Alterações intestinais cíclicas (durante o período menstrual)
como: distensão abdominal, sangramento nas fezes, consti-
pação, dor para evacuar (também chamada de disquezia) e
dor anal durante o período menstrual.

• Sintomas associados a alterações urinárias durante o ciclo,


como disúria (dor para urinar), hematúria (sangue na urina),
polaciúria (aumento no volume urinário) e urgência miccional.

• Infertilidade (quando o casal, intencionalmente, tenta engra-


vidar por um período maior de um ano e não consegue).

Você percebeu que com diálogo e conhecimento podemos identi-


ficar mais facilmente os sintomas de endometriose e encaminhar a
paciente para um especialista? Com atenção e ações simples, você
poderá impactar na melhoria da qualidade de vida de muitas mulheres.

Impacto na qualidade de vida


Já foi possível entender que, quando sintomática, a endometriose
pode trazer impactos negativos na qualidade de vida da mulher
e daqueles que com ela convivem.

A dor é o principal sintoma impactante, podendo causar baixo desempe-


nho ou faltas na escola e no trabalho. Em alguns casos, pode levar à dimi-
nuição de renda como ocorre, por exemplo, com as profissionais liberais.

A dor também pode fazer com que a mulher


RELEMBRAR deixe de participar de festas e atividades so-
Já discutimos sobre a qualidade
ciais. A baixa autoestima que a dor gera pode
de vida no Tema 2 - A atuação do
Agente Comunitário de Saúde em afetar os relacionamentos, além de interferir
casos de Endometriose. na maneira como esta paciente vê a vida,
podendo levá-la à depressão.

54 Endometriose Brasil
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A infertilidade (tentativa de engravidar que não ocorre após um
ano, sem métodos para contracepção) pode levar a sentimentos
como frustração e incapacidade, interferindo em relacionamentos
pessoais.

SAIBA MAIS: TIPOS DE LESÃO

Como já vimos, a endometriose é caracterizada pelo tecido endometrió-


tico fora do útero e seus tipos são caracterizados de acordo com a sua
localização e profundidade. Eles podem ser classificados como:

Lesões superficiais
Estão a menos de 5 mm de profundidade e geralmente acometem um
tecido que envolve o órgão chamado de peritônio.

Endometriose ovariana
É a presença do tecido endometriótico no ovário, que parece um cisto.
Por vezes, por sua cor e consistência podem também ser chamados de
“cistos de chocolate”.

Endometriose profunda
Localiza-se à mais de 5 mm de profundidade.

Figura 14: Endometriose ovariana, superficial e profunda

Endometriose
ovariana

Endometriose
superficial

Endometriose
profunda

Fonte: adaptado de Endometriose online (2020).

55 Endometriose Brasil
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Medicamentos
Como o próprio PCDT de Endometriose ressalta, “A escolha do
tratamento deve levar em consideração a gravidade dos sintomas,
a extensão e localização da doença, o desejo de gravidez, a idade
da paciente e efeitos adversos dos medicamentos. O tratamento
pode ser medicamentoso ou cirúrgico, ou ainda a combinação
desses.”. (PCDT, 2016, p.6)

Considerando que a endometriose é uma doença hormônio-de-


pendente, o uso de drogas que suprimem a atividade ovariana ou
agem diretamente nos receptores esteroides e enzimas localiza-
dos nas lesões, são considerados a primeira linha de tratamento.
Eles incluem medicações progestagênicas, anti-progestagênicas,
contraceptivos combinados, agonistas de GnRH, antagonistas de
GnRH, sistema intra-uterino liberador de levonorgestrel, danazol
e inibidores da aromatase.

Dentre os medicamentos que constam na Relação Nacional de


Medicamentos Essenciais - Rename 2022 do Sistema Único de
Saúde, podemos mencionar:

› Tratamento oral:
• etinilestradiol 0,03 mg + levonorgestrel 0,15 mg: comprimidos
ou drágeas;

• acetato de medroxiprogesterona: comprimidos de 10 mg;

• danazol: cápsulas de 100 e 200 mg.

› Tratamento injetável:
• acetato de medroxiprogesterona suspensão injetável de 50
e 150 mg/mL;

56 Endometriose Brasil
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• acetato de gosserrelina: seringa preenchida com dose única
de 3,6 mg ou 10,8 mg;

• acetato de leuprorrelina: frasco-ampola com 3,75 mg ou 11,25 mg;

• triptorrelina: frasco-ampola com 3,75 mg ou 11,25 mg.

Os procedimentos invasivos para tratamento da endometriose


dependem do órgão acometido pela doença e, de variáveis como
a sintomatologia, a extensão e a profundidade da lesão, o desejo
de gravidez futura, a idade da paciente, a efetividade, a adesão
aos tratamentos clínicos e as taxas de complicações cirúrgicas.

SAIBA MAIS

Conheça toda a lista de medicamentos na Relação Nacional de


Medicamentos Essenciais - Rename. Disponível na página da
Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema
Único de Saúde - CONITEC no Ministério da Saúde. (link dire-
to: https://www.gov.br/conitec/pt-br/centrais-de-conteudo/
biblioteca-virtual/rename-2022)

Você também verá uma lista de fármacos e sua administração no


PCDT de Endometriose.

Por quanto tempo dura o tratamento? De acordo com o PCDT, “a


duração mínima do tratamento preconizada é de 3 a 6 meses e
pode ser mantida indefinidamente enquanto a paciente estiver
bem, com sintomas controlados.” (PCDT, 2016, p.14). No entanto,
ela deve ser acompanhada, pois “As pacientes devem ser reavaliadas
a cada 6 meses para liberação do tratamento com análogos do
GnRH e danazol. Solicitações de retratamento ou tratamento por
mais de 6 meses entram no critério do item de casos especiais.

57 Endometriose Brasil
Programa Capacitação de Agentes de Saúde em Endometriose
Pacientes que fizeram uso dos medicamentos referidos no PCDT
(ACOs, progestágenos, danazol, análogos do GnRH) e permaneceram
sintomáticas ou tiveram recidiva de dor devem ser encaminhadas
para serviço especializado. Nesse caso, poderão repetir o tratamento
sem necessidade de novos exames diagnósticos, requerendo-se
apenas o laudo médico descrevendo a sintomatologia e atestando
a ausência de resposta terapêutica.” (PCDT, 2016, p.14-15)

É importante ressaltar que “A eficácia


dos tratamentos tem sido medida por
RELEMBRAR avaliações periódicas das pacientes
Vimos sobre o acompanhamento usando-se, por exemplo, as escalas vi-
do ACS com as pacientes portado-
ras de Endometriose no Tema 2 - A suais de dor, as taxas de fertilidade e a
atuação do Agente Comunitário de melhora na qualidade de vida medida
Saúde em casos de Endometriose. por diversos questionários validados
para essa finalidade.” (PCDT, 2016, p.6).

É importante lembrar que a escolha da terapia a ser adotada


deve ser compartilhada com a paciente, levando-se em conside-
ração os efeitos colaterais das medicações, os custos, a facilidade
de uso etc.

Considerações sobre
o Tema 4
Nesta aula, aprendemos que a endometriose
é uma doença comum, de alta prevalência e Prevalência É o número de casos
da doença na população em um
de difícil diagnóstico, pois pode ser confun- determinado período.
dida com outras doenças da pelve.

Os sintomas principais da endometriose são: dismenorreia,


dor pélvica crônica ou acíclica (fora do período menstrual),

58 Endometriose Brasil
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dispareunia de profundidade, alterações intestinais cíclicas,
alterações urinárias cíclicas (disúria, hematúria, polaciúria e
urgência miccional) e infertilidade.

A capacitação do profissional de saúde em endometriose tem um


papel fundamental para o diagnóstico precoce e início do tratamento.
Vale lembrar que nem toda endometriose precisa ser operada.

SAIBA MAIS

Você quer continuar aprendendo? Abaixo, listamos algumas fontes


de onde encontrar mais informações.

UpToDate é uma base de dados


online, utilizada como fonte de in-
formações médicas, procedimen-
tos e atualizações técnicas na área da saúde. É construída colabo-
rativamente, baseada em evidências, possui revisão por pares e é
publicada pela companhia médica chamada UpToDate. É muito fácil
de navegar, pode ser utilizada por profissionais de saúde e pacien-
tes. O link de acesso é: https://www.uptodate.com/contents/search.

59 Endometriose Brasil
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Tema 5 – Diagnóstico
da endometriose:
anamnese, sinais de alerta e exames
de imagem

Dra. Camila Rebeque Dágola

Neste tema, nosso objetivo é dar indicações de quando você deve


suspeitar da doença. Além disso, mostraremos como as pacientes
são avaliadas e quais os métodos diagnósticos utilizados tanto no
SUS quando em outras redes de saúde.

Estas informações são importantes para que você conheça todos


os possíveis processos relacionados a endometriose. Afinal, quanto
mais informações tiver sobre a doença, mais direcionadas serão suas
orientações em determinadas visitas.

Primeiramente, vamos lembrar o que é endometriose.

Você se lembra de como o útero é formado? Ele é composto por 3


camadas, como mostra a figura a seguir: a mais externa é uma camada
fina chamada Serosa, a camada do meio é formada por um músculo
chamado Miométrio e a camada mais interna é chamada Endométrio.

Mais uma vez, vamos analisar o útero, agora com atenção às suas

60 Endometriose Brasil
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camadas. Confira na imagem a seguir:

Figura 15: Camadas do útero

Serosa uterina
Tuba uterina

Ovário

Endométrio Miométrio

Vagina

Fonte: adaptado Beduka (2019).

Já aprendemos que a endometriose é uma


doença ginecológica benigna, que consiste Benigna Significa que não é uma
doença de caráter grave ou que
na presença de tecido endometrial (o en-
possa ser fatal.
dométrio) fora da cavidade uterina.

Na figura a seguir, veja o útero e identifique alguns focos de


endometriose, depois localize o endométrio e os possíveis locais
onde os tecidos endometrióticos podem se alojar.

61 Endometriose Brasil
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Figura 16: Focos de endometriose

Endometriose

Fonte: PONTELO (2020).

Vamos relembrar conceitos e dados importantes da


endometriose?

Como já falamos, a endometriose é uma doença benigna, mas


que representa um importante problema de saúde pública, devido
aos impactos na saúde física e psicológica das pacientes, bem
como aos impactos socioeconômicos na sociedade.

Segundo um estudo multicêntrico eu-


ropeu, publicado em 2011, há um atraso
importante no diagnóstico da doença, que Estudo multicêntrico é um estudo
decorre, principalmente, da demora no enca- que ocorre em várias instituições
simultaneamente por meio de um
minhamento do médico da atenção primária
mesmo protocolo.
ao ginecologista. É aí que reside a importân-
cia da formação dos Agentes Comunitários
de Saúde, para facilitar a identificação de Absenteísmo É a falta ao trabalho.

sintomas característicos da doença e reali-


zação de encaminhamento ao especialista.

62 Endometriose Brasil
Programa Capacitação de Agentes de Saúde em Endometriose
O estudo também mostrou uma redução significativa da quali-
dade de vida das pacientes afetadas pela doença, bem como uma
redução da produtividade e capacidade de trabalho (devido ao
recorrente absenteísmo), além dos altos custos públicos pelos
atrasos no diagnóstico e tratamento.

Dados do DATASUS (de 2009 a 2013) mostraram que o custo


da doença no Brasil chega a aproximadamente 10,4 milhões de
reais ao ano.

Anamnese: antecedentes
Visto que a endometriose representa um importante problema
de saúde pública, seu diagnóstico precoce é imprescindível.
Por isso, o profissional de saúde deve saber reconhecer seus
sintomas, encaminhando para uma investigação diagnóstica o
mais breve possível, direcionando as pacientes aos serviços de
saúde apropriados.

Para começarmos essa investigação,


Anamnese É a etapa inicial do é preciso uma boa anamnese, feita
atendimento de saúde e tem, como
por um profissional e, assim que pos-
objetivo, investigar as queixas/
sintomas da paciente para deter- sível, o encaminhamento a um exame
minar um diagnóstico. físico direcionado. Na anamnese, é
importante perguntar sobre:

Estrogênio É um hormônio sexual • A menarca da paciente (ou seja,


responsável pelas características
data da primeira menstruação): sabe-
físicas e pelos órgãos sexuais fe-
mininos. É produzido pelos ovários, -se que a endometriose é uma doença
pela placenta durante a gravidez e, estrogênio-dependente, e, portanto, a
em menor quantidade, pelas glân-
menarca precoce pode ser um fator de
dulas adrenais (do rim).
risco para seu desenvolvimento;

63 Endometriose Brasil
Programa Capacitação de Agentes de Saúde em Endometriose
• A paridade da paciente (quantidade de gestações que ela teve):
pacientes nuligestas (que nunca engravidaram), tendem a ter
uma prevalência maior de endometriose, devido ao maior tempo
de exposição estrogênica;

• O uso de anticoncepcionais hor-


monais: os dados dos estudos são con-
Anticoncepcionais São os méto-
flitantes. Em alguns, foi observado um
dos utilizados para evitar a gravidez
indesejada. menor risco de desenvolver endome-
triose em pacientes usuárias de anti-
concepcionais hormonais, enquanto
outros sugerem que os anticoncepcionais, na verdade, suprimem
temporariamente os sintomas da doença, mas não impedem o
crescimento dos focos;

• A história familiar de endometriose também é importante: acredi-


ta-se que heranças genéticas e o estilo de vida da família podem
estar associados a uma predisposição da doença;

• Hábitos de vida: sabemos que um estilo de vida saudável é


benéfico para diversos setores da saúde do indivíduo. No caso
da endometriose, não é diferente. Existem
estudos que mostram que a atividade fí-
Beta-endorfina É uma variação do
sica regular possui um efeito protetor, pois hormônio endorfina, usada pelo or-
reduz os níveis de estrogênio e aumenta ganismo no tratamento contra a dor.
as beta-endorfinas, resultando em menor
risco da doença.

Para sua melhor compreensão, vamos detalhar os sintomas, como


acontece o exame físico e a investigação diagnóstica. Iniciaremos
com os sintomas que podem ser identificados durante a anamnese.

64 Endometriose Brasil
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Anamnese: sintomas
Já vimos que as lesões podem ser assintomáticas. No entanto,
a maioria das mulheres diagnosticadas relata algum sintoma.
Conhecidos como os “6 Ds”, o principal sintoma da endometriose
é a dor pélvica, que pode se manifestar como:

1. Dismenorreia
(ou cólica menstrual, que acomete cerca de
62,2% das pacientes segundo alguns estudos)

2. Dor
pélvica crônica (uma dor pélvica acíclica, constante, mes-
mo quando a paciente não se encontra no período menstrual)

3. Dispareunia de profundidade (dor referida no fundo da vagina,

durante o ato sexual)

4. Disquesia (que se trata da dor para evacuar)

5. Disúria
(disfunção urinária cíclica - dor, sangramento ou al-
teração urinária no período menstrual)

6. Dificuldade para engravidar (infertilidade)

Quando ficar em alerta:


Região perineal Fica entre o ânus
e a vagina e serve de sustentação
É importante você saber que um número signi-
para todos os órgãos pélvicos (be-
ficativo de pacientes pode ter irradiação da dor, xiga, útero, reto, intestino e todo
inclusive para coxa, região perineal e sacral, conteúdo que fica na pelve, parte
baixa do abdômen).
dependendo da localização do foco de endome-
Região sacral Localiza-se no final
triose na pelve. da coluna entre a quinta vértebra
lombar e o cóccix (último osso).
É fundamental nos atentarmos para os
sintomas urinários e gastrointestinais, pois
dor ao urinar ou evacuar, sangramento na urina (chamado de he-
matúria) e sangramento nas fezes (hematoquezia) são sinais de
alerta importantes e podem significar acometimento da bexiga e/

65 Endometriose Brasil
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ou intestino pela endometriose. Nesses casos, o encaminhamento
precoce para serviços especializados é extremamente necessário.

Outro sintoma importante é o sangramento uterino anormal


(trata-se de um fluxo menstrual aumentado), que pode estar re-
lacionado à adenomiose, uma forma de endometriose que acomete
o músculo do útero (o miométrio).

Por fim, um sintoma que é motivo de sofri-


SAIBA MAIS
Você pode aprodundar este
mento e altos custos de tratamento para es-
assunto sobre a dor no Tema sas pacientes é a infertilidade. Sabe-se que
Complementar: Diagnóstico cerca de 30 a 50% das pacientes com en-
Diferencial de Dor Pélvica Crônica.
dometriose podem apresentar infertilidade.

Em caso de dor, como é realizado a avaliação pelo profissional


de saúde? Abaixo, apresentamos a Escala Visual Analógica (EVA),
que é um método de avaliação. Nesta escala, confira a pontuação
para cada tipo de dor: leve, moderada e intensa.

Figura 24: Escala Visual Analógica (EVA) de dor

Fonte: saude.gov.br (2020)

Os sintomas de dor são quantificados de 0 a 10 pela conhecida


Escala Visual Analógica de Dor, sendo 0 ausência de dor e 10
intensidade máxima de dor já vivenciada pela paciente.

Essa é uma maneira objetiva de avaliação de dor, sendo de fun-


damental importância, principalmente para avaliar a resposta ao
tratamento da doença.

66 Endometriose Brasil
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› Exame físico
Dando continuidade a avaliação inicial, agora vamos falar do exame
físico. Durante exame pélvico ginecológico, pode ser encontrado
alguns indícios que colaboram com a suspeita diagnóstica.

No exame especular, a presença de nó-


dulos ou rugosidades enegrecidas em fun- Exame especular Tem o objetivo
de inspecionar a vagina e o colo
do de saco posterior da vagina pode ser do útero para detectar a presença
sugestiva da presença de endometriose de secreções normais ou que de-
retrocervical/vaginal, como podemos ob- notem alguma infecção e/ou lesões
suspeitas.
servar, na imagem a seguir, o corte sagital
da pelve feminina.

Ao toque vaginal: o útero com pouca mobilidade pode sugerir


aderências pélvicas, nódulos dolorosos ou espessamento em
fundo de saco posterior; os ligamentos uterossacros podem su-
gerir endometriose retrocervical e massas anexiais podem sugerir
endometrioma de ovário.

Figura 25: Corte Sagital da pelve feminina

Ovário
Ureter Bexiga
Cicatriz umbilical Peritônio
Tuba uterina
Útero
Serosa uterina
Prega uterovesical
Apêndice

Cólon de sigmoide
Septo retrovaginal
e ligamentos útero
Ceco sacrais

Fonte: adaptado de Williams Gynecology, Second Edition (2012).

67 Endometriose Brasil
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› Investigação diagnóstica
A suspeita diagnóstica começa na anamnese e com os exames físicos.
Esses métodos apresentam certas limitações e, portanto, são neces-
sários exames complementares.

A videolaparoscopia era o único método


considerado adequado para o diagnóstico. No
entanto, novos estudos na década de 90 co- Videolaparoscopia É uma técnica
meçaram a colocar em pauta o uso de exames que pode ser usada tanto para um
diagnóstico como para um trata-
de imagem (ressonância nuclear magnética e
mento. A paciente é submetida sob
ultrassom transvaginal com preparo intestinal) efeito de anestesia e, com o auxí-
com bons resultados para esse fim. Além des- lio de uma endocâmera, pode-se
observar as estruturas presentes
tes, ainda temos alguns exames complemen-
na região abdominal e pélvica e,
tares que podem ser solicitados. caso haja necessidade, remoção
ou correção da alteração.
Exames complementares:
• Ultrassonografia pélvica e transvaginal com
preparo intestinal Torus uterino É o local do colo ute-
rino em que os ligamentos uteros-
• Ultrassonografia transretal sacros se conectam.
• Ultrassonografia de vias urinárias
• Ressonância magnética de pelve

Cada exame possui uma funcionalidade e sua aplicação depende


do tipo de diagnóstico inicial. Portanto, para avaliar a endometriose do
tipo ovariana, a ultrassonografia transvaginal possui boa especificidade
e sensibilidade, principalmente quando se trata de endometriomas
maiores do que 2 cm, sendo um método mais barato do que a resso-
nância magnética.

Para avaliar endometriose profunda, os principais métodos de imagem


utilizados são a ultrassonografia transvaginal e transabdominal com
preparo intestinal, bem como a ressonância magnética de pelve. Os
principais locais de acometimento da endometriose profunda são a

68 Endometriose Brasil
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região retrocervical (ligamentos uterossacros e
torus uterino), vagina, intestino (reto, sigmoide,
íleo e apêndice), bexiga e ureteres. Retossigmoide É a porção do in-
testino constituída pela parte termi-
Antigamente, o ultrassom transretal era nal do intestino (cólon sigmoide) e
o principal método para a avaliação do re- parte inicial do reto (reto superior).

tossigmoide, porém, atualmente, os centros


especializados têm aprimorado métodos como a ressonância e o
ultrassom transvaginal com preparo intestinal para tal fim.

Com o aprimoramento dos métodos de imagem, é importante


uma equipe treinada e especializada em endometriose para ob-
tenção de um melhor diagnóstico.

Considerações sobre o Tema 5


Vimos neste tema que a endometriose é uma doença crônica
muito comum em mulheres em idade fértil e apresenta sintomas
que impactam negativamente a sua saúde física, emocional e
a qualidade de vida. Além disso, causa um impacto socioeco-
nômico, com queda de produtividade
no trabalho, ausência em encontros fa- RELEMBRAR
Para mais detalhes sobre este
miliares, além de outros contratempos. tema, veja o Tema Complementar:
Diagnóstico diferencial de dor pél-
Os atrasos no diagnóstico aumentam vica crônica. Caso tenha dúvidas,
os custos em saúde pública, sendo de volte ao tema e revise o assunto.
fundamental importância um intenso
trabalho dos serviços de saúde para capacitação de seus pro-
fissionais no atendimento e identificação da doença, bem como
seu encaminhamento precoce para serviços especializados.

Assim, métodos de imagem realizados por profissionais capa-


citados e especializados em endometriose corroboram para o

69 Endometriose Brasil
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diagnóstico e planejamento terapêutico em prol de um melhor
atendimento e tratamento para essas pacientes.

Sua atenção, aliada aos cuidados dos demais profissionais


de saúde, podem fazer a diferença na vida de várias mulheres
brasileiras.

70 Endometriose Brasil
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Parte 2 —
Conteúdo
complementar
Perguntas e respostas
sobre endometriose

Enquanto Agente Comunitário de


Saúde, você pode contribuir de forma
bastante significativa para a disse-
minação da boa informação para as
mulheres da sua comunidade.
Fonte: Pexels
Agora você já conhece os protocolos e documentos do Ministério
da Saúde sobre a doença, o fluxo de atendimento e tratamento e
até mesmo um pouco do procedimento cirúrgico.

Todas essas informações trarão a você mais segurança para


auxiliar nas muitas oportunidades de falar sobre a Endometriose
durante o seu atendimento.

Por isso, para lhe ajudar nas visitas familiares, elaboramos uma
sequência de dúvidas frequentes, incluindo reflexões no diálogo
com as pacientes sobre os seguintes tópicos:

• Definição de Endometriose

72 Endometriose Brasil
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• Sintomas

• Gravidez

• Diagnóstico

• Tratamento

• Cirurgia

Definição de Endometriose
› O que é Endometriose?
A Endometriose é uma doença inflamató-
ria provocada pela presença do endométrio
RELEMBRAR
(tecido que reveste internamente a cavidade Para mais detalhes sobre o con-
uterina) fora do útero, causando inflamação e ceito de endometriose, reveja o
Tema 4 – Introdução à endome-
dor. É uma doença ginecológica crônica que se
triose. Caso tenha dúvidas, volte
manifesta em mulheres na idade reprodutiva ao tema e revise o assunto.
(desde a primeira menstruação, passando
pela adolescência e fase adulta).

A revista Femina da Febrasgo (Federação


Brasileira das Associações de Ginecologia e
Obstetrícia) lançou uma edição especial sobre
a Endometriose.

Link: https://www.febrasgo.org.br/media/
k2/attachments/FeminaZ2021Z49Z-Z3.pdf

73 Endometriose Brasil
Programa Capacitação de Agentes de Saúde em Endometriose
› Onde a Endometriose pode se RELEMBRAR
manifestar? Para mais detalhes sobre os ór-
gãos afetados pela Endometriose,
Os lugares mais comuns em que a endome- reveja o Tema 4 – Introdução à
triose é localizada são os ovários, as tubas ute- endometriose. Caso tenha dú-
vidas, volte ao tema e revise o
rinas, os ligamentos uterinos, o intestino e a assunto.
bexiga.

› Quais os tipos de Endometriose? RELEMBRAR


Para mais detalhes sobre os tipos
Os tipos de endometriose são caracterizados de endometriose, reveja o Tema
4 – Introdução à endometriose.
de acordo com a sua localização no organismo,
Caso tenha dúvidas, volte ao tema
sua profundidade e a extensão no órgão aco- e revise o assunto.
metido. A doença pode ser classificada como
superficial, ovariana e profunda.

› A Endometriose tem cura?


A endometriose é uma doença crônica e, por isso, ainda não
tem cura. O que existe são tratamentos que buscam controlar os
sintomas da doença.

› Como é possível viver sendo portadora de


endometriose?
Realizando o tratamento indicado, implementando hábitos sau-
dáveis e buscando cada vez mais melhorar a qualidade de vida.

› A Endometriose é grave?
A endometriose é uma doença que precisa de atenção pois
afeta significativamente a qualidade de vida da mulher. Por isso,
quanto antes for o seu diagnóstico, melhor será para a paciente.

74 Endometriose Brasil
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› A Endometriose engorda?
Não existe relação direta entre a endometriose e o ganho de
peso. O que pode acontecer é o efeito de algumas medicações
utilizadas no tratamento e as alterações hormonais, mas isso varia
de paciente para paciente. Entretanto, com uma dieta saudável e
exercícios, é possível regular o peso corporal.

› A Endometriose pode virar câncer?


Não. Até agora, não há evidência de que os focos de endome-
triose se transformem em câncer.

› Quais as causas da Endometriose?


RELEMBRAR
Para maiores detalhes sobre Até o momento, não existe uma causa es-
as causas mais comuns de dor pecífica, mas sim diversos fatores que con-
pélvica crônica, reveja o Tema
Complementar Diagnóstico di-
tribuem para o seu agravamento, como o
ferencial de dor pélvica crônica. estresse, a má alimentação, fatores genéticos,
Caso tenha dúvidas, volte ao problemas no sistema imunológico, os hor-
tema e revise o assunto.
mônios, o fluxo menstrual, a menstruação
retrógada etc.

› É possível prevenir a doença?


Não existe exatamente uma prevenção. Como vimos nas causas,
há fatores de risco controláveis e não controláveis. O que podemos
investigar é o diagnóstico precoce para o controle da doença.

› A endometriose é uma doença contagiosa?


Não, a endometriose não oferece risco algum de contágio.

75 Endometriose Brasil
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› A Endometriose é uma doença nova?
Não, os primeiros estudos sobre Endometriose são datados do
ano de 1860 por Carl Freiherr von Rokitansky. Já em 1927, o mé-
dico John Sampson associou a menstruação retrógada a uma das
causas da doença. (SANTORA,2019), (SAMPSON, 1927).

A OMS (Organização Mundial de


Saúde) classificou a endometriose
como problema de saúde pública.

“A Organização Mundial da Saúde


(OMS) reconhece a importância da
endometriose e seu impacto na
saúde sexual e reprodutiva das
pessoas, qualidade de vida e bem-estar geral. A OMS visa
estimular e apoiar a adoção de políticas e intervenções
eficazes para tratar a endometriose globalmente, especial-
mente em países de baixa e média renda.”

Link: https://www.who.int/news-room/fact-sheets/
detail/endometriosis

Sintomas
RELEMBRAR
› Quais são os principais sintomas da Para mais detalhes sobre os 6 Ds,
Endometriose? reveja o Tema 4 – Introdução à
endometriose. Caso tenha dú-
Algumas mulheres podem ser assintomá- vidas, volte ao tema e revise o
assunto.
ticas. No entanto, a maioria das mulheres

76 Endometriose Brasil
Programa Capacitação de Agentes de Saúde em Endometriose
diagnosticadas relata algum sintoma. O principal deles é a dor
pélvica, que pode se manifestar em situações diversas. Os sintomas
mais comuns são conhecidos como os “6 Ds”: cólicas menstruais
intensas (dismenorréia), dor pélvica, dificuldade de engravidar,
dor durante as relações sexuais, dor ao urinar e ao defecar.

› Quais os sintomas incomuns da Endometriose?


A endometriose pode apresentar alguns sintomas que são in-
comuns e que fogem do padrão da dor pélvica. A maioria está
relacionada a casos de endometriose fora da cavidade pélvica e
os sintomas podem aparecer durante a menstruação.

Pode ser na bexiga, relacionado a sintomas urinários, vontade


constante de ir ao banheiro ou sangramento na urina durante a
menstruação. Há também os sintomas gastrointestinais como diar-
reia acompanhada ou não de sangue nas fezes ou dor ao defecar.

Dor no peito e tosse com sangue durante o período menstrual


pode ser um caso muito raro e relacionado à endometriose no
pulmão ou diafragma.

RELEMBRAR
› Mulheres com endometriose
Para mais detalhes sobre o sempre apresentam sintomas?
diagnóstico diferencial de dor
pélvica crônica, reveja o Tema Não. Podem existir mulheres portadoras de
Complementar Diagnóstico di- endometriose que não apresentam nenhum
ferencial de dor pélvica crônica.
Caso tenha dúvidas, volte ao
sintoma. Daí a importância das consultas pe-
tema e revise o assunto. riódicas com o ginecologista.

› A endometriose pode dificultar ou tornar o sexo


doloroso?
Sim. A endometriose pode provocar dor durante o ato sexual,
conhecida como dispareunia, principalmente quando o pênis chega

77 Endometriose Brasil
Programa Capacitação de Agentes de Saúde em Endometriose
na reunião próxima ao útero, no fundo da vagina. Isso influencia
também a diminuição da libido, outro problema muito comum, pois
a mulher fica tensa e receosa durante a relação e não consegue
relaxar para atingir a excitação, levando à contratura da muscu-
latura da vagina e levando ao desconforto durante a penetração.

Dialogar com o parceiro e deixá-lo saber de suas dúvidas e


receios, criar novas alternativas sexuais, aliadas ao tratamento
médico, podem ser um caminho para redescobrir o prazer.

› A Endometriose pode ir além do Útero?


Sim. A endometriose pode estar no intestino, onde a parte mais
acometida é o reto-sigmóide; pode também acometer a bexiga,
o umbigo, pulmão e diafragma, com sintomas aparecendo ou se
intensificando no período menstrual.

› É possível aliviar os sintomas?


Para aliviar os sintomas, é importante seguir as orientações e
o tratamento indicados. Pode também contar com o apoio de
fisioterapia, acupuntura e adotar hábitos de vida saudáveis. Em
resumo: tratamento, alimentação saudável, exercício físico regular
e controle do stress.

Na Biblioteca Virtual do Ministério da Saúde, há um glossário


sobre endometriose.

Veja sobre a doença no link abaixo:

Link: https://bvsms.saude.gov.br/endometriose/

78 Endometriose Brasil
Programa Capacitação de Agentes de Saúde em Endometriose
Gravidez
› A Endometriose causa infertilidade? RELEMBRAR
Para mais detalhes sobre os ová-
Em muitas mulheres, a endometriose pode rios e folículos, reveja o Tema 3 –
Introdução à fisiologia menstrual
ser a causa de infertilidade ou demora para e anatomia feminina. Caso tenha
engravidar. Caso seja necessário, a cirurgia pode dúvidas, volte ao tema e revise o
ajudar no processo de fertilidade, decisão que assunto.

deve ser tomada junto à equipe de reprodução.

› É possível engravidar sendo portadora RELEMBRAR


Para mais detalhes sobre a ana-
de Endometriose? tomia feminina, reveja o Tema
3 – Introdução à fisiologia mens-
Sim, é possível engravidar apesar do diagnósti- trual e anatomia feminina
co da doença, mas isso depende de sua gravidade Caso tenha dúvidas, volte ao
tema e revise o assunto.
e profundidade. Quanto antes tiver o diagnóstico
e iniciar o tratamento, maiores são as chances de
gravidez da mulher.

› A gravidez cura a Endometriose?


Não. Durante a gestação, a mulher pode sentir grande melhora
dos sintomas. Mas isso não significa que ela não tenha mais a
doença. Isso ocorre pois durante a gravidez o ciclo menstrual é
interrompido e os níveis de progesterona no corpo aumentam,
causando um bloqueio hormonal semelhante àquele causado
pelo uso de hormônios.

› Quem usa anticoncepcional tem mais chances de ter


endometriose?
Não.

79 Endometriose Brasil
Programa Capacitação de Agentes de Saúde em Endometriose
Diagnóstico
› Como saber se tenho endometriose?
O primeiro passo para a mulher é estar atenta aos sintomas e
conhecer seu corpo. Ao sentir qualquer um dos sintomas já mencio-
nados, é importante conversar com o médico sobre a possibilidade
da doença. O diagnóstico final será feito pelo médico especialista.
Infelizmente, muitas mulheres só buscam tratamento quando a
dor já está insuportável. Além disso, é fundamental realizar todos
os exames preventivos e buscar orientação e acompanhamento
profissional, independentemente das suspeitas acerca da doença.

› Quais exames detectam a Endometriose?


Os exames de ultrassom transvaginal com preparo intestinal para
pesquisa de endometriose e ressonância magnética de pelve com
contraste (se necessário) são os de eleição para o diagnóstico da
endometriose.

RELEMBRAR › A Endometriose é uma doença rara?


Para mais detalhes sobre a
Epidemiologia, reveja o Tema 3 – Não, a endometriose é uma doença altamen-
Introdução à fisiologia menstrual
te prevalente. Se levarmos em consideração
e anatomia feminina
Caso tenha dúvidas, volte ao que muitas mulheres são portadoras e não
tema e revise o assunto. possuem sintomas, esse número é ainda maior.

› A Endometriose afeta apenas as mulheres entre 24 e


35 anos?
Não, a endometriose pode aparecer durante toda a vida da mu-
lher. Ou seja, de adolescentes às mulheres maduras.

80 Endometriose Brasil
Programa Capacitação de Agentes de Saúde em Endometriose
› É possível ser portadora de Endometriose e não
saber?
Sim, algumas mulheres podem ser portadoras da doença e não
apresentam sintomas. Do mesmo modo, os sintomas podem não
estar relacionados à endometriose.

Tratamento
› Qual o tratamento da Endometriose?
O tratamento pode ser clínico ou cirúrgico. O tipo de tratamento
é baseado na avaliação da intensidade dos sintomas de dor, na
presença ou não de infertilidade e nos achados
dos exames de imagem, como a ultrassonografia RELEMBRAR
Para mais detalhes sobre o
transvaginal com preparo intestinal ou a resso- tratamento da Endometriose,
nância magnética de pelve. Ele será definido reveja o Tema Complementar:
pelo médico especialista. Fluxograma de tratamento e
referenciamento. Caso tenha
dúvidas, volte ao tema e revise o
assunto.
VOCÊ SA B IA

O SUS possui um Departamento de Assistência Farmacêutica


e Insumos Estratégicos.

Veja no link: https://www.gov.br/saude/pt-br/


composicao/sctie/daf

› Como saber se é um caso cirúrgico?


Em geral, a cirurgia pode ser realizada nas seguintes situações:
endometrioma ovariano volumoso, falha do tratamento clínico,

81 Endometriose Brasil
Programa Capacitação de Agentes de Saúde em Endometriose
falha na reprodução assistida, lesão estenosante de ureter ou
intestino, endometriose de íleo e de apêndice.

› O que acontece se a Endometriose não for tratada?


O não tratamento da endometriose pode levar a uma piora pro-
gressiva da qualidade de vida da mulher pelo aumento das dores
e sua repercussão.

› Qual o melhor tratamento para a Endometriose?


Não existe o melhor tratamento para a doença. O que existem
são tratamentos individualizados. Por isso, a portadora de endo-
metriose não pode se automedicar nem seguir um tratamento
indicado para a amiga, vizinha ou conhecida. Afinal, o que é bom
para uma paciente, não necessariamente é bom para outra. Cada
mulher deve buscar ajuda de um especialista para um diagnóstico
e tratamento mais assertivos.

› A paciente pode ser diagnosticada por qualquer


médico?
Qualquer médico especialista em ginecologia e que seja familiari-
zado com a doença é capaz de diagnosticar e tratar a endometriose.

› Durante a menopausa é preciso continuar o


tratamento?
A avaliação, ainda que ocorra em um intervalo maior, precisa
continuar mesmo que a mulher esteja na menopausa.

› Além do tratamento médico, é preciso fazer algo mais?


Além dos tratamentos convencionais, há medidas que, quando
aliadas, podem trazer mais alívio nos sintomas para a mulher, como

82 Endometriose Brasil
Programa Capacitação de Agentes de Saúde em Endometriose
seguir uma dieta que seja pobre em: lactose, glúten, embutidos e
enlatados, carne vermelha e alimentos processados. Técnicas como
a acupuntura, a prática de Yoga, a fisioterapia pélvica e exercícios
continuados também estão associados à melhora da dor crônica.
Além disso, o sono reparador é importante para gerar energia e
manter o sistema imunológico em bom funcionamento.

› Existe tratamento caseiro para Endometriose?


Não. Existem tratamentos para alívio dos sintomas, como com-
pressas mornas e massagem. É importante entender que nenhuma
receita caseira substitui o tratamento médico, mas pode ser usada
como complemento ao tratamento indicado.

VOCÊ SA B IA?

No Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos


Estratégicos, o Componente Básico da Assistência
Farmacêutica disponibiliza arquivos sobre Plantas Medicinais
e Fitoterápicos.

Link: https://www.gov.br/saude/pt-br/
composicao/sctie/daf/cbaf/arquivos/
arquivos-plantas-medicinais-e-fitoterapicos

› Os medicamentos para o tratamento de


Endometriose têm efeitos colaterais?
Sim, como todo medicamento, eles podem ter efeitos colaterais.
O importante é dialogar com o médico para decidir pela melhor
alternativa.

83 Endometriose Brasil
Programa Capacitação de Agentes de Saúde em Endometriose
› A retirada do útero
RELEMBRAR (histerectomia) cura a
Para mais detalhes, reveja o Tema
3 - Introdução à fisiologia mens- Endometriose?
trual e anatomia feminina. Caso
tenha dúvidas, volte ao tema e A retirada do útero isoladamente não resolve
revise o assunto. o problema. Como já falamos, a Endometriose
pode se alojar em outros órgãos e não so-
mente no útero. A histerectomia pode ser realizada em conjunto
a outros procedimentos na cirurgia de endometriose, sobretudo
quando está associada ao quadro de adenomiose (endometriose
do próprio útero).

VOCÊ SA B IA?

Os medicamentos da atenção especializada voltados para


Endometriose podem ser consultados no PCDT e também
no Rename.

Rename 2022
Link: h t t p s : / / w w w. co n a ss . o r g . b r / w p - co n t e n t /
uploads/2022/01/RENAME-2022.pdf

Cirurgia
RELEMBRAR
› Como é feita a cirurgia da Endometriose? Para mais detalhes, reveja o Tema
Complementar: Bases da cirurgia
A cirurgia é feita por um ginecologista espe- laparoscópica para endometrio-
se. Caso tenha dúvidas, volte ao
cializado em videolaparoscopia. O objetivo é a
tema e revise o assunto.
remoção de todos os focos de endometriose. A

84 Endometriose Brasil
Programa Capacitação de Agentes de Saúde em Endometriose
cirurgia é minimamente invasiva e realizada com cortes bem peque-
nos, nos quais são inseridos instrumentos que serão usados para
fazer o procedimento propriamente dito. Quando a endometriose
atinge outros órgãos, a cirurgia é mais delicada e pode envolver uma
equipe multidisciplinar.

› Quando a cirurgia para endometriose é indicada?


A cirurgia de endometriose é indicada quando se tem uma falha
no tratamento clínico, isto é, mesmo com a medicação, a paciente
segue com dor e tem qualidade de vida insatisfatória. Além disso,
quando aparecem focos de endometriose no apêndice, íleo (uma
parte do intestino delgado) ou há estreitamento de algum órgão
importante como ureter e reto. Por último, caso haja desejo repro-
dutivo e falhas nas tentativas de reprodução.

› Como é o pré-operatório da cirurgia


(videolaparoscopia)?
Em geral, o pré-operatório é simples e há necessidade de jejum
de água e alimentos de 8 a 12 horas antes do procedimento. No
caso de alguns procedimentos específicos do intestino, há neces-
sidade do uso de laxantes para esvaziar sua porção final e facilitar
a manipulação dessa parte do órgão.

› Como é o pós-operatório da cirurgia


(videolaparoscopia)?
Quanto mais simples for a cirurgia, mais
RELEMBRAR
rápido será o pós-operatório. Em geral, após Discutimos sobre o periopera-
12h a paciente já pode ficar de pé e fazer tório no Tema Complementar:
Bases da cirurgia laparoscópica
movimentos leves. O tempo de internação
para endometriose.
costuma ser de 1 a 2 dias. Geralmente são Se tem dúvidas volte ao tema e
duas ou três semanas de recuperação, mas revise o assunto.

85 Endometriose Brasil
Programa Capacitação de Agentes de Saúde em Endometriose
algumas se recuperam antes disso. São poucos os relatos de
complicações, mas, dependendo do tipo de cirurgia e da com-
plexidade, elas podem ocorrer. Durante a recuperação, a pa-
ciente deve evitar exercícios físicos, como aeróbicos, corridas,
caminhadas e musculação. Neste período, é necessário evitar
atividades domésticas, varrer a casa, pegar objetos pesados e é
preciso evitar relações sexuais durante o período indicado pelo
médico. No entanto, atividades como uma caminhada leve e curta
na sombra e em local fresco podem ser benéficas e ajudam na
eliminação dos gases (de acordo com a permissão médica).

› Quais os principais sintomas do pós-operatório?


Pode ocorrer dor leve na barriga e nas regiões dos cortes cirúr-
gicos, além de ser comum o sangramento leve pela vagina.

› A cirurgia cura a endometriose?


Não. O que ocorre é o controle da doença e a melhora na qua-
lidade de vida da mulher. Por isso, é importante manter o acom-
panhamento médico e continuar seguindo todas as orientações.

› Quem já realizou a cirurgia corre o risco de realizar


uma nova?
Sim. As lesões podem voltar a crescer. A endometriose é uma
doença crônica e perdura por toda idade reprodutiva da mulher.

86 Endometriose Brasil
Programa Capacitação de Agentes de Saúde em Endometriose
Palavras finais
O ACS faz parte da equipe de saúde
junto ao técnico de enfermagem, en-
fermeiros, dentistas, médicos e outros
profissionais especialistas em medi-
cina da família e comunidade.

A estratégia de saúde para a família


é a forma presencial do SUS na aten-
ção primária, ao atender as comuni-
dades e assumir os cuidados básicos
da população que reside no território
que atende. Entre os cuidados neces-
sários, está a divulgação de informa-
ções sobre determinadas doenças. Fonte: adaptado de Pxhere.

Neste caso, a contribuição do ACS auxilia no diagnóstico pre-


coce, quando:

Realiza os acompanhamentos individuais e coletivos, informan-


do sobre a doença; nos contatos permanentes com as famílias,
buscando desenvolver ações educativas na promoção da saúde
da mulher e oferecendo informações sobre endometriose; reali-
zando planejamento com sua equipe; acompanhando as mulheres
cadastradas em sua microárea; mantendo o cadastro atualizado
registrando a situação de cada mulher; durante as visitas domi-
ciliares, orientando a família quanto à utilização dos serviços de
saúde disponíveis para o tratamento; desenvolvendo atividades de
promoção da saúde da mulher por meios das visitas domiciliares e
ações educativas individuais ou coletivas nas casas e comunidades,
informando sobre os sintomas e riscos da doença; identificando a
mulher sobre possíveis sintomas e encaminhando-a para a UBS.

87 Endometriose Brasil
Programa Capacitação de Agentes de Saúde em Endometriose
VOCÊ SA B IA?

O livro “O trabalho do Agente Comunitário de Saúde” pode


ser encontrado na biblioteca da Secretaria de Atenção pri-
mária à Saúde – (SAPS) na aba “Livros”.

Link: https://aps.saude.gov.br/biblioteca/visualizar/
MTIyNg==

Por fim, lembre-se de que se a doença for diagnosticada logo


no início, o tratamento inicia precocemente, gerando maior
qualidade de vida às mulheres com o alívio dos sintomas. Para
tanto, você deve estar atento ao ouvir cada mulher, oferecendo
escuta ativa. Não considere a cólica frequente na menstruação
como algo normal; perguntar sobre a dor e sua intensidade pode
alertar para que cada mulher busque uma UBS.

É importante conhecer a doença para ter uma visão geral sobre


seu diagnóstico e tratamento. Isso é importante para identificar
possíveis sintomas e realizar a ponte entre a mulher e o posto
de saúde mais próximo.

Conhecer todo o processo pode acalmar a mulher quando ela


precisar de tratamento.

Em caso de identificação de qualquer sintoma de endome-


triose, encaminhe a mulher para o posto de saúde, para que ela
possa ser avaliada. Se ela relatar qualquer sintoma incomum,
deve ser encaminhada para a avaliação de um profissional de
saúde, pois é ele quem irá analisar e oferecer as informações
necessárias.

Dentre os principais fatores que dificultam o diagnóstico

88 Endometriose Brasil
Programa Capacitação de Agentes de Saúde em Endometriose
precoce, temos a falta de informação e a crença de que os
sintomas são normais e típicos da mulher.

VOCÊ JÁ V IU?

A Portaria nº 2.436, de 21 de setembro de 2017 “Aprova a


Política Nacional de Atenção Básica, estabelecendo a revisão
de diretrizes para a organização da Atenção Básica, no âmbito
do Sistema Único de Saúde (SUS).”

Link: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/
gm/2017/prt2436_22_09_2017.html

Viu como é importante explicar e reforçar à mulher que ela deve


manter a saúde ginecológica em dia, além de uma rotina de exa-
mes? Você consegue perceber como a sua contribuição é valiosa
e pode fazer toda a diferença na vida das mulheres?

Espero que tenha gostado das dicas e tenho a certeza de que,


a partir de agora, você estará ainda mais atento durante as visi-
tas quanto à doença, incluindo as interações com seus próprios
familiares.

89 Endometriose Brasil
Programa Capacitação de Agentes de Saúde em Endometriose
Diagnóstico
diferencial de dor
pélvica crônica
Dra. Carolina Chaves da Cunha Orlandi

O objetivo deste tema é identificar as noções gerais das causas


de dor pélvica crônica, além de orientar em como avaliar e quais
os sinais de alerta para quadros de endometriose.

O intuito é que você possa aprofundar seus conhecimento sobre


a dor pévica crônica.

A dor pélvica, de maneira geral, é uma queixa frequente nos


consultórios de ginecologia. Ter uma ideia das causas mais co-
muns da dor e a consequente diminuição da qualidade de vida
das mulheres é muito importante.

Durante suas visitas domiciliares, o agente comunitário de saúde


realiza uma escuta qualificada das problemáticas de saúde de sua
comunidade. Quando há relatos de dor pélvica, o correto encami-
nhamento pode impactar na qualidade de vida dessas mulheres,
que poderão iniciar com brevidade o tratamento.

90 Endometriose Brasil
Programa Capacitação de Agentes de Saúde em Endometriose
Estima-se que o número de mulheres portadoras de endometrio-
se seja de mais de 7 milhões no Brasil e de mais de 180 milhões
no mundo. Por isso, iremos aprender sobre os principais motivos
que podem levar à dor pélvica crônica.

Dor pélvica crônica


Segundo o Colégio Americano de Ginecologia e Obstetrícia, a dor
pélvica crônica é toda dor que persiste por 6 meses e está locali-
zada na pelve ou na parte inferior do abdômen. Na verdade, várias
doenças, até mesmo não ginecológicas, podem levar a quadros
de dor pélvica crônica. Vamos relacionar as mais comuns e que
possuem causas ginecológicas e não ginecológicas.

Causas ginecológicas:
• Aderências
• Cistos de ovário
• Dor de ovulação
• Miomas uterinos
• Infecção de urina crônica
• Uso de DIU
• Adenomiose
• Endometriose

Causas não ginecológicas:


• Cálculo renal
• Constipação crônica
• Doença inflamatória intestinal
• Hérnia na coluna
• Contraturas musculares
• Herpes-zoster

91 Endometriose Brasil
Programa Capacitação de Agentes de Saúde em Endometriose
Que tal detalharmos um pouco mais cada uma? A seguir, abor-
daremos as causas ginecológicas de dor pélvica.

» Aderências pélvicas são como cicatrizes localizadas dentro do


abdômen após uma infecção, cirurgia, trauma, inflamação ou san-
gramento. Elas podem causar uma distorção dos órgãos e dor. O
tratamento definitivo é sempre cirúrgico, mas precisamos lembrar
de que novas aderências podem ser formadas. O diagnóstico não
é muito fácil, sendo preciso eliminar outras causas da dor para
pensar em aderências.

Na imagem a seguir, mostramos um corte sagital da pelve


feminina demonstrando a localização do cólon sigmoide.

Figura 28: Localização do cólon sigmoide

Ovário
Ureter Bexiga
Cicatriz umbilical Peritônio
Tuba uterina
Útero
Serosa uterina
Prega uterovesical
Apêndice

Cólon de sigmoide
Septo retrovaginal
e ligamentos útero
Ceco sacrais

Fonte: adaptado de Williams Gynecology, Second Edition (2012).

» Os cistos de ovários também podem causar dor, principalmente


se crescerem muito. Eles podem ser vistos pela ultrassonografia. O
tratamento depende do tamanho, de quanto tempo eles existem
e do que eles são formados (conteúdo líquido ou sólido).

92 Endometriose Brasil
Programa Capacitação de Agentes de Saúde em Endometriose
Veja na imagem abaixo a localização do ovário:

Figura 29: Localização do ovário

Ovário

Fonte: adaptado de Williams Gynecology, Second Edition (2012).

» Muitas pacientes sentem dor no período de ovulação. Essa


dor ocorre cerca de 7 a 10 dias depois do início da menstrua-
ção e pode ser bem intensa, a ponto de levar a paciente ao
pronto-socorro. Costuma durar cerca de 2 a 3 dias e acaba de-
pois desse período, sem necessidade de nenhum tratamento,
além de analgésicos comuns. Isso se repete todos os meses
e, muitas vezes, em lados alternados, o que reflete a ovulação
em cada ovário.

» Os miomas são tumores benignos do útero e que não causam


sintomas na grande maioria das mulheres. Podem estar locali-
zados na parede, por dentro ou fora dela. Alguns miomas, por
determinação genética, podem crescer muito e comprimir órgãos
que estão ao seu redor. Algumas vezes, também podem crescer
muito e parecerem uma “bola” na barriga da paciente, como
se ela estivesse gestante. Nesses casos, quando eles crescem
demais, podem provocar dor e sensação de pressão na pelve.

93 Endometriose Brasil
Programa Capacitação de Agentes de Saúde em Endometriose
» As infecções de urina são causadas pela entrada de bactérias na
bexiga e podem acontecer de diversas maneiras, incluindo relação
sexual, hábito de segurar o xixi, higiene inadequada ou doenças
crônicas. Algumas vezes, pela pouca quantidade dessas bactérias
na urina, a paciente não tem muitos sintomas agudos, como febre
ou dor aguda ao urinar, podendo apenas sentir um incômodo e/
ou um cheiro forte na urina. O tratamento é feito com antibióticos.

» A inserção do dispositivo intrauterino (DIU), principalmente os


que liberam hormônios, costuma melhorar as cólicas menstruais das
mulheres que os utilizam. No entanto, existem algumas pacientes
que referem piora ou mesmo o aparecimento de dor pélvica após a
colocação do DIU. Essas mulheres precisam ser vistas com bastante
cuidado, para avaliação do real benefício de se manter o dispositivo.

» A adenomiose é uma forma de endometriose que acomete


basicamente o útero. Pode existir junto a outros focos, em outros
lugares ou isoladamente. O tratamento clínico contorna a maioria
dos casos, mas quando a dor fica incontrolável, a retirada do útero
pode ser uma opção.

» A endometriose é uma causa de dor pélvica crônica, sendo o


objeto de estudo do nosso curso. Por falta de informação e alguns
aspectos culturais, como a crença de que ter cólicas fortes pode
ser normal, principalmente na adolescência, muitas mulheres
deixam de procurar ou comentar esse sintoma com seus médicos.
Isso somado à dificuldade do correto diagnóstico, acaba gerando
um atraso de cerca de 10 anos no diagnóstico da doença. O ponto
positivo é que a maioria das pacientes fica bem com o tratamento
clínico e não precisa de cirurgia.

Sobre as causas não ginecológicas de dor pélvica, encontra-


mos algumas doenças que acometem órgãos que também se
encontram na pelve, como a parte final do intestino e da bexiga.

94 Endometriose Brasil
Programa Capacitação de Agentes de Saúde em Endometriose
» Os cálculos (ou pedras) do sistema urinário podem estar em
qualquer parte dele: do rim até a bexiga. Podem causar dor crônica
e infecção de urina de repetição.

» Outro problema muito comum entre as mulheres é a constipa-


ção crônica, que é a dificuldade e/ou rara eliminação das fezes.
Esse novo conceito, que inclui a dificuldade para evacuar, é um
importante alerta para que não se considere apenas o número
absoluto de evacuações ao dia.

» A doença inflamatória intestinal é uma doença crônica em que


acontece uma inflamação crônica do intestino. A paciente pode
sentir dores pélvicas e alterações no intestino, como intestino
mais preso alternado com diarreia.

» A hérnia na coluna e contraturas musculares podem imitar a


dor dos órgãos abdominais. Apesar de não estarem propriamente
dentro da pelve, as dores podem irradiar pelo trajeto do nervo para
regiões distantes. Um sintoma bem característico é a sensação de
formigamento em direção aos membros.

» A herpes-zoster, também conhecida pelo nome de “cobreiro”, é


causada pela reativação do vírus da catapora. A paciente começa
a referir sintomas como dor e ardor em região que posteriormen-
te irão surgir bolhas. Depois de 7 a 10 dias, essas bolhas devem
cicatrizar. A dor causada pela herpes-zoster pode ser mínima ou
mesmo inexistente em pessoas mais jovens. Porém, quando aco-
mete pessoas idosas, pode causar dor importante e severa, que
se prolonga por meses.

Conhecendo as principais causas da dor pélvica, fica mais sim-


ples identificar os sintomas nas pacientes que você acompanha. A
mulher com dor crônica deve merecer atenção especial da equipe
multiprofissional. E não se esqueça: a dor pélvica pode aparecer
na adolescência até a fase adulta.

95 Endometriose Brasil
Programa Capacitação de Agentes de Saúde em Endometriose
Você deve lembrar que, muitas vezes, por anos, essa dor não
foi valorizada pela família e negligenciada pela equipe de saúde,
pois, na maioria das vezes, é desconsiderada e tida como um mero
desconforto, inclusive pela própria mulher. Acolhimento, empatia
e validação dos sentimentos dessas pacientes é o primeiro passo
para um vínculo eficaz.

Vamos retornar à pergunta no início deste tema.

“Como avaliar a dor?”

A Sociedade Internacional de Dor Pélvica Crônica disponibilizou


um questionário que pode ser usado para caracterizar a história
da dor. Vamos explorá-lo para lembrar de todos os fatores que
são importantes na avaliação da paciente com dor pélvica. As
questões são:

1. Quantos anos você tem? A idade é importante, já que algumas


doenças são mais frequentes em algumas faixas etárias.

2. Quantas gestações você teve? A história de partos e cirurgias


prévias também pode contribuir para o diagnóstico de algumas
causas de dor, como as aderências.

3. Onde dói? A localização da dor é importante para encaminha-


mentos e possíveis diagnóstico.

4. Qual a intensidade da dor? A dor é um sintoma muito subjeti-


vo. Para nos ajudar a medir a dor de cada pessoa e, sobretudo,
o impacto que ela gera na vida da paciente, existem várias
ferramentas que podemos usar, seja em associação ou de
maneira isolada.

96 Endometriose Brasil
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SAI BA MA IS

No Tema 5, quando discutimos sobre o diagnóstico da endometriose, destacando


alguns sinais de alerta e exames de imagem, você visualizou uma das formas
mais usadas para identificação da dor, a Escala Visual Analógica (EVA), além
de outras que podemos utilizar, como a Escala Linear Analógica Não Visual e a
Escala de Descritores Verbais.

Figura 36: Escala Visual Analógica (EVA)

Fonte: saude.gov.br (2020)

Figura 37: Escala linear analógica não visual

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

ausência de dor dor severa

Fonte: Schechter (1990).

Figura 38: Escala de Descritores Verbais

Sem Dor Dor Dor Dor


dor leve moderada intensa insuportável

Fonte: Posso; Romanek; Gatto (2022, p. 1127).

97 Endometriose Brasil
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5. Qual a característica da dor? Aqui podemos descrever a dor:
se é em pontada, tipo cólica, pulsátil etc.

6. Você sente dor nos ciclos menstruais? A associação com ciclos


menstruais pode ser encontrada na endometriose.

7. A dor piora com as menstruações ou exatamente antes delas?


Pode analisar em que momento a dor torna-se mais forte.

8. Existe algum padrão cíclico para a dor? Ela é a mesma nas 24


horas do dia e nos sete dias da semana?

9. A dor é constante ou intermitente? Se a Dor intermitente É aquela que


não é sentida de forma constante,
dor permanece de forma constante ou ela pois ela vai e volta.
vai e volta.

10. Quando e como a dor inicia e como ela varia? Observar exatamen-
te em que ponto a dor começa e como iniciou, se ela é constante
ou vai mudando a localização e a intensidade.

11. A dor inicia com cólicas menstruais (dismenorreia)? Importante


essencialmente em suspeitas de endometriose.

12. O que faz a dor melhorar? Se a paciente toma algum chá,


compressas ou realiza outras ações.

13. O que faz a dor piorar? Se ela piora depois de alguma alimen-
tação, medicamento, movimento etc.

14. Você sente dor com a penetração profunda durante a relação


sexual? Caso afirmativo, ela permanece depois? Dor carac-
terizada como dispareunia.

15. Você já foi diagnosticada ou tratada para infecção sexualmen-


te transmissível ou para doença inflamatória pélvica? Ponto
importante para analisar o histórico da mulher e identificar
possíveis consequências.

98 Endometriose Brasil
Programa Capacitação de Agentes de Saúde em Endometriose
16. Qual método anticoncepcional que você usa ou já utilizou
antes? Dependendo do anticoncepcional e do nível de hor-
mônio, pode implicar na dor.

17. Você já foi submetida a algum tipo de cirurgia?

18. Quais as avaliações ou tratamentos já realizados para dor?


Algum dos tratamentos anteriores ajudou?

19. Como a dor afeta a sua qualidade de vida? Se a mulher deixa


de sair para eventos profissionais e sociais devido a dor.

20. Você se sente depressiva ou ansiosa?

21. Você está tomando algum remédio?

22. Você já sofreu ou sofre algum abuso sexual ou físico? Você


está segura? Dado sensível que pode contribuir para o enten-
dimento da dor e que deve, portanto, ser abordado com outros
profissionais de saúde.

23. Que outros sintomas ou problemas de saúde você tem?

24. O que você acredita ou teme ser a causa da dor? É importante


para compreender qual a concepção da mulher e sua justifi-
cativa quanto às causas da dor.

Percebeu a quantidade de perguntas que você pode formular por


meio de um diálogo com a mulher durante o atendimento? Muitas se-
rão decisivas para um possível diagnóstico e poderão indicar a neces-
sidade de exames e encaminhamento a profissionais especializados.

Quando acender um alerta para a identificação de uma mulher


portadora de endometriose, observe as possíveis respostas:

• Fator Idade: a grande maioria das mulheres com endometriose


está na idade reprodutiva.

99 Endometriose Brasil
Programa Capacitação de Agentes de Saúde em Endometriose
• Fator Intensidade da dor: as pacientes portadoras de endo-
metriose podem sentir dores de qualquer intensidade. Mas
aquelas que referem uma nota na escala visual de dor igual ou
maior que 7 precisam ser avaliadas com mais brevidade pela
equipe médica. (Lembra da escala de intensidade da dor que
apresentamos? Uma boa dica é usá-la).

• Fator Característica da dor: aqui, também podemos ter inúme-


ras formas de dor. As mais comuns são em pontada ou cólica,
que pioram durante a menstruação. Sintomas de diarreia no
período menstrual e dor na relação sexual (também chamada
de dispareunia), associada à penetração profunda do pênis,
estão muito relacionadas à endometriose.

• O uso de hormônios que bloqueiam a menstruação costuma


aliviar os sintomas, como veremos a seguir. Por isso, se uma mu-
lher tem um histórico de dor na menstruação que melhorou com
uso de contraceptivo, ela pode ser portadora de endometriose.

• O uso de remédios que melhoram a dor pode igualmente ser


um parâmetro da intensidade. Se uma pessoa diz que usa um
analgésico simples para aliviar a dor, provavelmente essa dor
impacta sua vida de maneira mais leve do que outra paciente
que precise associar dois ou mais remédios para dor.

SAIBA MAIS

O Manual da Endometriose é um documento de orientação, elaborado com a


colaboração dos membros da Comissão Nacional Especializada em Endometriose
(FEBRASGO) e de profissionais especialistas no assunto. Ele traz informações
relevantes sobre a endometriose e serve de consulta sobre a doença, permitin-
do conhecer melhor os diagnósticos e a classificação da doença. Ele também
destaca a abordagem clínica e cirúrgica da mulher infértil com endometriose,

100 Endometriose Brasil


Programa Capacitação de Agentes de Saúde em Endometriose
o tratamento clínico e cirúrgico da dor
pélvica em mulheres com endometriose,
endometriose pélvica em adolescentes
em situações especiais. Por fim, apresenta
a endometriose do trato urinário, intesti-
nal e a extrapélvica.

Fonte: Podgaec (2022).

Podgaec, Sérgio. Manual de endometriose. São


Paulo: Federação Brasileira das Associações de
Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO), 2014.
Disponível em: https://professor.pucgoias.edu.
br/SiteDocente/admin/arquivosUpload/13162/
material/Manual%20Endometriose%202015.pdf.
Acesso em: 25.ago.2022.

Considerações
Agora, você já é capaz de entender quando uma dor está relacionada
à endometriose, quando referenciar mais rapidamente para atendi-
mento especializado e as principais causas de
dor pélvica, que podem incluir problemas gi-
RELEMBRAR
Para mais detalhes sobre
necológicos e não ginecológicos.
este tema, reveja o Tema 5:
Diagnóstico da endometriose:
Lembre-se que, quando falamos de dor,
anamnese, sinais de alerta e precisamos usar uma ferramenta para fazer
exames de imagem. Caso tenha uma medida objetiva. Isso ajuda não só na
dúvidas, volte ao tema e revise o
assunto.
avaliação como também no acompanha-
mento do tratamento da paciente.

101 Endometriose Brasil


Programa Capacitação de Agentes de Saúde em Endometriose
Fluxograma de
tratamento e
referenciamento
Dra. Marina de Paula Andres Amaral

Como já vimos, a endometriose é uma doença altamente prevalente


e que causa sintomas importantes de dor e infertilidade. Neste
tema, abordaremos o fluxograma de tratamento da endometriose,
que inclui o seu tratamento da dor, o tratamento clínico hormonal
e indicações de tratamento cirúrgico.

Portanto, nosso objetivo é conhecer as indicações absolutas de


tratamento cirúrgico e os principais tipos de tratamento clínico. Desta
forma, você pode aprofundar seus conhecimentos com abordagens
trabalhadas em outras instituiçõe de saúde filantrópicas e privadas.

Com base nas imagens e fotografias relacionadas à endometrio-


se e os tipos que já vimos anteriormente, gostaríamos que você
analisasse esta imagem do útero, identificando o lado saudável
e o lado afetado pela endometriose.

102 Endometriose Brasil


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Figura 39: Imagem mostrando útero saudável (esquerda) e útero com
endometriose (direita) com as principais localizações.

Saudável Afetado

Fonte: adaptado de Bonvena (2021)

Agora, vamos responder à pergunta que você deve estar se fazendo


desde o início do curso. Como é o tratamento da endometriose?

Tratamento da
endometriose
Usualmente, avaliamos usando a
O tratamento da endometriose é baseado na Escala Visual Analógica de dor de
avaliação da intensidade dos sintomas de dor, 0 a 10, que você já conheceu no
Tema 5.
na presença ou não de infertilidade (definida
como ausência de gravidez após 1 ano de rela-
ções sexuais desprotegidas) e nos achados dos exames de imagem,
como a ultrassonografia transvaginal ou a ressonância magnética
de pelve com preparo intestinal.

Veja no exemplo de fluxograma como funciona o diagnóstico e


tratamento da endometriose.

103 Endometriose Brasil


Programa Capacitação de Agentes de Saúde em Endometriose
› Fluxograma

Ultrassonografia
transvaginal ou
Suspeita de endometriose Ressonância
Magnética de pelve
com preparo intestinal

Presença de lesão em íleo,


ceco, apêndice, ureter
(intrínseca), suboclusão Sim Laparoscopia
intestinal ou suspeita de
malignidade ovariana

Tratamento
Não Dor
clínico hormonal

Técnicas de
Infertilidade reprodução
assistida

Na presença dos 5 sintomas de dor (cólica menstrual intensa, dor


na relação sexual de profundidade, dor fora do período menstrual,
dor para evacuar no período menstrual e dor para urinar no período
menstrual) ou infertilidade, devemos suspeitar de endometriose e
solicitar o exame de imagem direcionado (ultrassom transvaginal
ou ressonância de pelve com preparo intestinal).

É importante lembrar que não são todas as lesões de


endometriose que necessitam de tratamento cirúrgico.

104 Endometriose Brasil


Programa Capacitação de Agentes de Saúde em Endometriose
O tratamento cirúrgico imediato é indicado, independen-
temente dos sintomas, se o exame de imagem indicar
endometriose nos seguintes locais:

• Apêndice e intestino delgado (que possuem maior risco


de obstrução por seu calibre);
• Ureter com dilatação/hidronefrose;
• Retossigmoide (porção final do intestino grosso) com
sinais de obstrução intestinal (como dificuldade pro-
gressiva para evacuar);
• Cisto de ovário suspeito de câncer (pelos achados do
exame de imagem).

Todas as outras lesões não precisam de tratamento cirúrgico


imediato, mas devem ser acompanhadas conforme o fluxograma.
Caso a queixa principal seja infertilidade, devemos priorizar o
tratamento por reprodução assistida (fertilização in vitro). No en-
tanto, quando a queixa principal for dor, iniciamos o tratamento
clínico hormonal.

Na falha do tratamento clínico ou da fertilização, a paciente


deverá ser encaminhada para tratamento cirúrgico em centro
especializado.

A seguir, vamos detalhar um pouco os exemplos de funciona-


mento do tratamento clínico e o tratamento hormonal.

› Tratamento clínico
Quando não há presença de lesões com indicação cirúrgica ime-
diata, é iniciado o tratamento clínico. Porém, antes de iniciarmos
o tratamento, temos que excluir outras causas de dor, como:

105 Endometriose Brasil


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• Dor miofascial pélvica e vaginismo (con-
Dor miofascial pélvica É uma dor
trações voluntárias e involuntárias da
intensa e profunda, originada nos
musculatura perineal): indicado fisiote- músculos do assoalho pélvico en-
rapia pélvica. curtados, tensos e dolorosos. Pode
afetar a função urinária, intestinal e
• Dor neuropática: indicado uso de tricí- a vida sexual.

clicos, pregabalina.
Dor neuropática Tipo de dor
crônica que ocorre quando os
SA IBA MA IS nervos sensitivos do Sistema
Nervoso Central e/ou periférico
É importante lembrar que, para o controle são feridos ou danificados.
da dor, começamos dos medicamentos
mais fracos para os mais potentes, como
Opioides São medicamentos
exemplo:
potentes com efeito analgésico.
1. Analgésicos comuns
2. Opioides de resgate
3. Anti-inflamatórios (sempre por tempo limitado)

Outras terapias também ajudam no controle da dor, atuando


como tratamentos adjuvantes:

• Acupuntura
• Atividade física
• Alimentação anti-inflamatória (com pouca car-
ne, lactose e glúten)

› Tratamento hormonal
O objetivo do tratamento hormonal é bloquear a menstruação
e a ovulação, levando à atrofia dos focos de endometriose e,
consequentemente, à redução da inflamação que ela causa. O
tratamento hormonal:

106 Endometriose Brasil


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• É um mecanismo de bloqueio ovariano e atrofia endometrial.
• Permite redução em 60 a 90% da dor relacionada à endometriose.
• Melhora a qualidade de vida da mulher.
• Não diminui os focos de doença.
• Não aumenta a taxa de gravidez.

Além do controle da dor (tratamento clínico), também


devemos iniciar o tratamento hormonal. Inclusive, quando
a paciente tem uma boa adaptação, podemos mantê-lo
até a menopausa, sempre respeitando as contraindica-
ções do uso de hormônio e fazendo o acompanhamento
da endometriose.

Como mostrado acima, é importante ressaltar que o tratamento


hormonal não vai diminuir os focos da doença, mas diminuirá a
inflamação e a dor associada. Por isso, o tratamento hormonal não
deve ser recomendado para pacientes que queiram engravidar
imediatamente. Neste caso, devemos encaminhar as pacientes
para os serviços de reprodução humana, pois, além da endome-
triose, a idade da paciente é um dos fatores mais importantes no
sucesso do tratamento para engravidar.

Progestagênios São a forma sin-


Exemplos de tratamento hormonal tética do hormônio progesterona.

Os tipos de tratamento hormonal são:


• Progestagênios Análogos de GnRH São subs-
• Combinados (Estrogênios + tâncias sintetizadas a partir de
alterações da estrutura química
Progestagênios)
do hormônio endógeno.
• Análogos de GnRH

Podemos utilizar qualquer hormônio, pois não há estudos que


comprovem que um tratamento seja melhor que o outro.

107 Endometriose Brasil


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SAIBA MAIS

Vamos conhecer um pouco mais sobre os tipos de tratamento? Mesmo


que não seja uma realidade da Secretaria de Saúde de seu Estado, é
importante conhecer as possibilidades. Veja as informações abaixo:

Progestagênios

Podem ser:

• Injetável trimestral de medroxiprogesterona.


• Desogestrel.
• Dienogeste.
• DIU liberador de levonorgestrel.
• Implante subdérmico no braço.

Os progestagênios são sempre contínuos, sem pausa e têm a vantagem


de não causar efeitos colaterais relacionados ao estrogênio. Não podem
ser utilizados por pacientes com câncer gineco-
lógico ou insuficiência hepática. Assim, são boas
Hepática Refere-se ao fígado.
opções para uso a longo prazo e têm grande
eficácia contraceptiva.

Combinados

Os combinados (progestagênios + estrogênios) são as pílulas mais co-


muns que conhecemos e possuem diversas combinações entre a dose do
estrogênio e o tipo de progestagênio. Os efeitos colaterais mais comuns
são cefaleia, náusea e vasinhos na perna. Os combinados podem ser:

• Pílulas orais combinadas - Estrogênio (Etinilestradiol ou valerato de


estradiol) + Progestagênio (drospirenona, levonorgestrel, ciproterona,
desogestrel, gestodeno, dienogeste, nomegestrol).
• Anel vaginal combinado (etinilestradiol + etonogestrel).
• Adesivo transdérmico semanal (etinilestradiol + norelgestromina).
• Injetável mensal combinado (noretisterona + valerato de estradiol,

108 Endometriose Brasil


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algestona acetofenida + enantato de estradiol).
• Usados de forma contínua ou com pausa.

Análogos GnRH (Acetato de Goserrelina, Acetato de Leuprorrelina)

• Utilizados em casos selecionados.


• Induzem uma “menopausa medicamentosa”.
• Possuem efeitos hipoestrogênicos severos.
• O tempo de uso é limitado.

O mais comum dos análogos de GnRH é a Goserrelina, uma injeção sub-


cutânea que causa uma menopausa temporária. Tem bom efeito para a
redução da dor e é excelente para o tratamento do sangramento quando
tem adenomiose ou mioma associados.

SAIBA MAIS

Você desconhece algumas das palavras que mencionamos neste tema?

Dica: selecione as palavras desconhecidas e pesquise-as na internet ou


em dicionários para descobrir seus conceitos principais. Essa prática vai
agregar mais aprendizado para você.

A lista abaixo é uma sugestão para você iniciar esta pesquisa:


Desogestrel / dienogeste / subdérmico / estrogênios / drospirenona /
goserrelina

› Acompanhamento
Já falamos do tratamento clínico e do tratamento hormonal. A
seguir, apresentamos um esquema para o acompanhamento da
mulher portadora de endometriose adotado por algumas insti-
tuições de saúde.

109 Endometriose Brasil


Programa Capacitação de Agentes de Saúde em Endometriose
Paciente bem
Se houver piora adaptada ao
das lesões ou sem tratamento
controle da dor hormonal e dor
controlada

Seguimento a
cada 6 meses
Laparoscopia
e exames de
imagem anuais

Ao longo do acompanhamento, ajustamos o tratamento


hormonal ao que melhor se adapte àquela paciente. Se ela
tiver bom controle da dor (que acontece em 60 a 70% dos
casos), é mantido o tratamento hormonal e reavaliados
os sintomas a cada 6 meses, assim como as lesões a cada
12 meses (com exames de imagem).

Caso os sintomas piorem, as lesões aumentem de tamanho ou apare-


çam aquelas lesões em locais que sempre indicam cirurgia (apêndice,
intestino Delgado, ureter), indicamos o tratamento cirúrgico.

› Princípios da cirurgia
Quando o tratamento cirúrgico é indicado, a melhor via é a lapa-
roscopia, em centros especializados, para que sejam ressecados
todos os focos de uma só vez.

Cada vez mais, a cirurgia tem sido conservadora, retirando as


lesões de endometriose com o mínimo de impacto possível nos
órgãos pélvicos, assunto que será abordado no próximo tema.
Já a histerectomia, por exemplo, é indicada apenas em pacien-
tes que também tenham adenomiose ou miomas uterinos, sem
desejo de engravidar.

110 Endometriose Brasil


Programa Capacitação de Agentes de Saúde em Endometriose
Considerações
Neste tema, vimos que o tratamento hormonal deve ser indicado
para todas as pacientes com suspeita ou diagnóstico de endome-
triose e mantido até a menopausa ou desejo de gestação. Os
tratamentos hormonais têm resultados se-
melhantes entre si na redução da dor e não RELEMBRAR
Para mais detalhes sobre este
reduzem o tamanho das lesões. tema, reveja o Tema 1 - O aten-
dimento na atenção primária à
Nem todas as lesões de endometriose de- saude Caso tenha dúvidas, volte
vem ser operadas. São indicações absolu- ao tema e revise o assunto.
tas de cirurgia: lesões no intestino delgado,
apêndice, ureter, sinais de obstrução intestinal ou suspeita de
câncer de ovário. Quando há presença de infertilidade, o melhor
tratamento é a Fertilização in Vitro.

Quantas informações importantes, não é mesmo? É essencial que


você conheça todo o fluxograma de tratamento e encaminhamen-
to de mulheres portadoras de endometriose. A partir disso, seu
olhar estará ainda mais atento a detalhes que antes não eram tão
perceptíveis e você, como profissional de saúde, poderá dialogar
com as pacientes em tratamento, compartilhando informações que
auxiliarão na compreensão da doença. É importante lembrar que
as alterações no tratamento devem ser prescritas pelo especialista
em endometriose.

111 Endometriose Brasil


Programa Capacitação de Agentes de Saúde em Endometriose
SA IBA MA IS

Você sabia que existe uma Sociedade Brasileira de Endometriose?

“A Associação tem como objetivo promover gratuitamente a saúde,


buscando a melhoria da qualidade de vida da sociedade como um
todo, em especial a das mulheres portadoras de endometriose,
divulgando continuamente informação, educação, orientação e
conscientização.” (SBE, 2022).

Fonte: ESTATUTO SOCIAL. Sociedade Brasileira de Endometriose. 2007.


Disponível em: https://sbendometriose.com.br/diretoria-2020-2023/#con-
selhos. Acesso em: 25.ago.2022.

112 Endometriose Brasil


Programa Capacitação de Agentes de Saúde em Endometriose
Bases da cirurgia
laparoscópica para
endometriose
Dra. Marina de Paula Andres Amaral

Sabemos que mesmo não sendo o profissional responsável pelo


diagnóstico e tratamento da mulher portadora de Endometriose,
se chegou até aqui é porque você ACS, deseja aprofundar seus
conhecimentos sobre o assunto.

Aqui, vamos revisar as bases do tratamento cirúrgico da endo-


metriose. Nosso objetivo é que você conheça os princípios da
técnica laparoscópica e materiais básicos; suas vantagens; os
princípios básicos perioperatórios e os tipos de tratamento para
cada tipo de endometriose. Mesmo que nunca tenha adentrado
em uma sala de cirurgia, conhecerá os materiais e procedimentos
adotados.

Como vimos, as indicações de tratamento


Laparoscopia Também conhe-
cirúrgico são falhas do tratamento hormonal
cida como videolaparoscopia,
(ou seja, a manutenção dos sintomas de dor é um procedimento que serve
após 3 a 6 meses de tratamento), endome- para exames de diagnósticos ou
técnica cirúrgica minimamente
triose em apêndice, intestino delgado ou
invasiva.
intestino grosso com sinais de obstrução,
suspeita de câncer ou infertilidade com
falha de tratamento de reprodução assistida.

113 Endometriose Brasil


Programa Capacitação de Agentes de Saúde em Endometriose
Os pontos abordados a seguir são importantes para que você possa
conhecer todos os procedimentos envolvendo a cirurgia laparoscópica,
possibilitando uma visão mais ampla dos procedimentos e processos.

Mesmo que esta abordagem não seja uma realidade da secretaria


de saúde do seu Estado, se você chegou até aqui, certamente irá
gostar de saber mais sobre o funcionamento da cirurgia laparoscópia.
Afinal, esta abordagem está sendo amplamente discutida, inclusive
nas atualizações das Diretrizes do Ministério da Saúde.

Laparoscopia
Inicialmente, vamos apresentar todo o procedimento e alguns
instrumentos para realização da laparoscopia. Você vai conhecer
os materiais, o acesso cirúrgico e as vantagens da laparoscopia.

› Materiais para laparoscopia


A laparoscopia é a realização da cirurgia por pequenos portais
(ou trocartes) pelos quais colocamos os instrumentos (tesoura,
pinças, bisturi elétrico etc.) e a câmera. Os trocartes têm tamanho
de 3 mm a 12 mm.

A barriga da paciente é insuflada com gás carbônico e toda a


cirurgia é realizada por esses pequenos acessos. Veja, abaixo, algu-
mas imagens dos materiais que são utilizados para a laparoscopia.

114 Endometriose Brasil


Programa Capacitação de Agentes de Saúde em Endometriose
Figura 40: Trocartes descartáveis.

Fonte: Ethicon (2020)

Figura 41: Pinças laparoscópicas.

Fonte: adaptado de Storz (2022)

115 Endometriose Brasil


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Figura 42: Posicionamento dos trocartes durante cirurgia.

Fonte: arquivo pessoal Dra. Marina Andres.

Figura 43: Desenho esquemático da cirurgia laparoscópica.

Laparoscópio

Trompa

Ovário

Útero

Área preenchida
com gás

Fonte: adaptado de ENDOMULHER (2022).

116 Endometriose Brasil


Programa Capacitação de Agentes de Saúde em Endometriose
Agora que você já conhece os materiais utilizados na laparos-
copia, que tal conhecer um pouco mais sobre os materiais e os
posicionamentos?

› Materiais e posicionamento
No centro cirúrgico, temos a torre de videolaparoscopia que con-
têm a fonte de luz, o insuflador de CO2, gravador, monitor, câmera,
laparoscópico e as pinças mostradas anteriormente.

Figura 44: Torre de videolaparoscopia contendo fonte de luz, insufla-


dor de CO2 e gravador.

Fonte: Trammit (2022).

Durante a cirurgia, mantemos a paciente em


Posição Trendelenburg rece-
posição semiginecológica, braços ao longo do
beu o nome em homenagem
corpo e em Trendelenburg. ao cirurgião alemão Friedrich
Trendelenburg (1844-1924).
A posição de Trendelenburg eleva a parte
inferior do corpo e a paciente fica fixada na
maca, que é elevada para deixá-la com a cabeça mais baixa (para

117 Endometriose Brasil


Programa Capacitação de Agentes de Saúde em Endometriose
afastar as alças intestinais). Na semiginecológica, a paciente é
colocada em posição dorsal, com as pernas semifletidas e um
pouco afastadas.

Veja a seguir uma imagem ilustrando as duas posições.

Figura 45: Posição semiginecológica e Trendelenburg

Fonte: adaptado de Berek and Novak’s Gynecology 15th Ed.23 Gynecologic


Endoscopy

Agora que você já conhece a posição e os instrumentos


para a laparoscopia, falaremos sobre a organização da
sala de cirurgia.

› Sala cirúrgica
A distribuição dos materiais e equipamentos também deve ser
organizada antes do início do procedimento. Em geral, a equipe
é composta por 4 médicos (o anestesista, o cirurgião principal e
2 auxiliares). A anestesia realizada é a geral.

Na imagem abaixo, é possível observar a configuração e

118 Endometriose Brasil


Programa Capacitação de Agentes de Saúde em Endometriose
distribuição de cada um na sala de cirurgia.

Figura 46: Montagem da sala cirúrgica para laparoscopia ginecológica.

Carrinho Anestesista
de anestesia

Bisturi
elétrico
/ aspirador

1º auxiliar Cirurgião

Mesa
cirúrgica

2º auxiliar

Torre de vídeo

Fonte: adaptado de Berek (2012).

› Acesso cirúrgico: laparoscopia


Para o tratamento da endometriose, podemos usar os posiciona-
mentos das incisões, com 3 a 5 acessos, a depender da preferência
do cirurgião e do tamanho do útero, como demostrado na figura
a seguir. A realização da cirurgia laparoscópica pode ter alguns
fatores dificultadores como a obesidade, múltiplas cirurgias prévias,
aderência abdominal e úteros volumosos (por miomas uterinos).

119 Endometriose Brasil


Programa Capacitação de Agentes de Saúde em Endometriose
Figura 47: Desenho esquemático mostrando possíveis locais de punção
da endometriose.

A seguir, mostramos um exemplo de um manipulador uterino,


um instrumento que pode ser usado, também, para mobilizar o
útero, prevenindo lesões em outros órgãos, além de ser utilizado
em procedimentos cirúrgicos laparoscópicos.

Figura 48: Desenho ilustrando um manipulador uterino.

Fonte: adaptado de Neomedica (2022)

120 Endometriose Brasil


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› Vantagens da laparoscopia
As vantagens da laparoscopia em relação a cirurgia aberta são:
• cicatrizes mais estéticas;
• menos dor e menor tempo de internação hospitalar;
• menor número de complicações da cicatriz (como infecção
e sangramento);
• mesmos resultados cirúrgicos em termos de redução dos
sintomas.

A imensa maioria das cirurgias de endometriose pode ser feita


por laparoscopia, sem necessidade de conversão para outra via.

Tratamento cirúrgico por tipo


de endometriose
Você já ouviu falar, nos temas anteriores, em endometriose super-
ficial, endometriose ovariana e a endometriose profunda. Agora,
vamos discutir o tratamento cirúrgico para cada um dos tipos.

› Endometriose superficial
Para o tratamento da endometriose su-
perficial, damos preferência à ressecção Ressecção É a extração total ou
parcial.
dos focos. A cauterização ou ablação dos
focos também pode ser realizada com re-
sultados semelhantes. A retirada desses pequenos focos de
doença reduz a inflamação, melhora a dor e a taxa de gravidez.

› Endometriose ovariana
O principal fator para decidir a técnica a ser utilizada no
tratamento da endometriose ovariana é a reserva ovariana,

121 Endometriose Brasil


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ou seja, a quantidade estimada de óvulos que a mulher ainda
tem nos ovários. Todas as mulheres nascem com milhões de
óvulos. Com o passar do tempo, eles vão sendo degradados,
com uma queda importante após os 35 anos e acentuada após
os 40 anos.

Por isso, o fator mais impactante de reserva ovariana e fer-


tilidade é a idade.

Outros fatores que diminuem a reserva são cirurgias ova-


rianas prévias e uso de quimioterapia. Para estimar a reserva
ovariana, podemos dosar no sangue o hormônio antimulleriano
(o normal é acima de 2) ou contar no ultrassom transvaginal o
número de folículos.

Na imagem abaixo, você consegue visualizar uma ilustração da


população de oócitos por idade.

Figura 49: População total de oócitos por idade

100% 45% 22%


ao nascer < 20 anos 20 a 30 anos

2% 1%
30 a 40 anos > 40 anos

122 Endometriose Brasil


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Quando a mulher possui endometriose ovariana, as seguintes
técnicas podem ser utilizadas para tratamento:

• Drenagem
• Cauterização do leito ovariano (laser, álcool, bipolar)
• Ooforoplastia ou cistectomia
• Ooforectomia

Algumas técnicas têm maior dano à reserva ovariana. A dre-


nagem tem mais dano que a ooforoplastia.

› Endometriose profunda
A endometriose profunda pode ser uma cirurgia desafiadora e
deve ser feita por equipe experiente e com múltiplas especia-
lidades (se necessário). O objetivo é fazer uma cirurgia única,
que retire todos os focos de endometriose profunda com o
menor dano possível ao tecido saudável.

É uma forma grave da endometriose onde o tecido endome-


triótico (lesões) possui mais de 5 mm de profundidade.

› Endometriose intestinal
Quando a endometriose é intestinal, significa que o endo-
métrio pode se desenvolver por volta da parede do intestino
ou infiltrar sua parede causando alterações intestinais e dores
abdominais.

Com relação às lesões do intestino grosso (retossigmoide), a


ressecção pode ser:

• Shaving (ou “raspagem”): nessa técnica, a lesão é descascada,


sem abertura da parede da alça intestinal.

• Ressecção discoide: com um grampeador circular, via retal,

123 Endometriose Brasil


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é realizada a retirada apenas do nódulo da parede anterior
do intestino.

• Ressecção segmentar: um pedaço do intes-


Anastomose intestinal União
tino (cerca de 10 a 15 cm) é removido e é cirúrgica de duas porções do
realizada a anastomose com grampeador. intestino.

Ilustramos as técnicas nas figuras abaixo:

Shaving Discoide Segmentar

Dissecção
- Tempo cirúrgico +
Complicações
Tempo de internação

Quanto maior a ressecção realizada, maior é o tempo


cirúrgico, o risco de complicações e o tempo de internação
hospitalar.

Para a realização do procedimento, a paciente deve seguir o


perioperatório, período composto pelo pré-operatório, operatório
e pós-operatório.

O perioperatório requer:

• Preparo intestinal na véspera (se ressecção intestinal)


• Tempo de internação:
• Cirurgias pequenas: 2 dias
• Cirurgias grandes, com ressecção intestinal ou bexiga/ureter:
3 a 5 dias

124 Endometriose Brasil


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• Sonda vesical 24-48 horas
• Dreno abdominal: apenas durante a internação nas cirurgias
intestinais
• Ileostomia/colostomia: raro, apenas em
Ileostomia Uma abertura criada
casos selecionados cirurgicamente no intestino del-
gado através do abdômen.
Cuidados pós-operatórios incluem:

• Deambular Colostomia É a exteriorização no


• Limpar as cicatrizes diariamente abdome de uma parte do intestino
• Evitar alimentos muito gordurosos ou grosso, o cólon, para eliminação
de fezes/gases.
pesados
• Não ter relação sexual ou fazer atividade
física por pelo menos 30 dias Deambular é um termo técnico
da enfermagem com o mesmo
• Sinais de alerta: febre, dor abdominal significado de “andar”.
intensa, falta de ar, sangramento vaginal
ou retal intenso

Complicações que podem surgir:

Durante os primeiros 7 a 10 dias após a cirurgia, podemos ter


algumas complicações. As mais frequentes são as infecções de
urina ou das cicatrizes. Em geral, são facilmente tratadas com
antibióticos. Os sinais de alerta são febre, ardor para urinar e
vermelhidão ou pus nas cicatrizes.

Complicações mais raras incluem:


• Trombose (dor e inchaço nas pernas, visualizadas com doppler
de membros inferiores). O tratamento consiste no uso de anti-
coagulante por 3 a 6 meses. A prevenção inclui uso de meias
elásticas compressivas e deambulação.
• Embolia pulmonar: uma complicação da trombose. Evolui com
falta de ar súbita, intensa e progressiva. Pode ser muito grave
e requer internação.
• Fístulas: comunicação entre dois órgãos, causada por infecção
e inflamação. Podem ser no intestino, vagina e trato urinário.

125 Endometriose Brasil


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Geralmente, a paciente apresenta saída de fezes ou urina pela
vagina, dor abdominal e pode ou não ter febre.

Considerações
A cirurgia ideal deve ressecar todas as lesões de endometriose
(superficiais e profundas).

Para a endometriose de ovário, existem diversas técnicas com


diferentes impactos na reserva ovariana. Para a endometriose in-
testinal, teremos a menor ressecção possível para obter o menor
número de complicações.

Devemos considerar sinais de alerta no pós-operatório: febre,


dor abdominal intensa, falta de ar, sangramento vaginal ou retal
intenso.

126 Endometriose Brasil


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Seguimento
ambulatorial
Dra. Carolina Chaves da Cunha Orlandi

Dr. Tácito Augusto

Já vimos que a endometriose, como uma doença complexa que é,


pode assumir várias formas de apresentação clínica. Isso significa
que podemos encontrar mulheres praticamente sem nenhum
sintoma e mulheres com a qualidade de vida muito prejudicada
pela dor e sintomas crônicos.

O objetivo deste tema é orientar sobre o acompanhamento


da paciente após o diagnóstico de endometriose e os sinais
de alerta para que o agente comunitário de saúde saiba iden-
tificar as pacientes que serão reavaliadas pela equipe médica.
Queremos esclarecer como é o acompanhamento da paciente
com endometriose, conhecer os sinais de alerta que podem levar
à mudança de estratégia de tratamento e identificar as pacientes
que necessitem de cirurgia.

É importante destacar que estas ações são voltadas para os


médicos especialistas. Entretanto, é essencial que conheça este
fluxo do SUS, também apresentado no tema 1. A seguir, traremos
uma abordagem mais aprofundada, baseada nas experiencias de
outras instituições de saúde.

127 Endometriose Brasil


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Fluxograma de tratamento
Sabemos que a endometriose é uma doença comum, que aco-
mete milhões de mulheres brasileiras. Atualmente, o diagnóstico
pode demorar até 10 anos, levando a uma significativa queda de
qualidade de vida e consequências sérias no futuro reprodutivo
dessas mulheres.

Figura 50: Ponto de Endometriose

Focos de
endometriose

Fonte: adaptado de Bonvena, (2022).

A seguir, destacamos alguns pontos que são fundamentais para


o tratamento e encaminhamento de mulheres diagnosticadas com
endometriose.

Cirurgia

A cirurgia poderá ser indicada após o diagnóstico e quando os


focos da endometriose estiverem localizados em órgãos espe-
cíficos (intestino delgado, ceco, apêndice, ureter, obstrução de
intestino grosso ou suspeita de malignidade ovariana) ou em
casos de infertilidade.

128 Endometriose Brasil


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Lesões leves

As pacientes que têm lesões leves e que não possuem quadro


de infertilidade, serão tratadas, inicialmente, de maneira clínica,
conforme vimos na aula de tratamento da doença.

O acompanhamento é baseado nos sintomas e é realizado por


meio da Escala Visual Analógica de dor (EVA - com notas entre 0
e 10). Após a consulta inicial, essa paciente será acompanhada
mensalmente e seus sintomas serão novamente avaliados.

Tratamento

O tratamento e acompanhamento de doenças crônicas deve ser


multidisciplinar e, no caso da endometriose, não é diferente.
Além da equipe médica, de enfermagem e dos agentes de saúde,
precisamos de mais profissionais envolvidos e empenhados em
garantir uma assistência adequada.

Mudança de hábito

A mudança nos hábitos alimentares e de vida é fundamental e


tão importante quanto o método hormonal. A atividade física
tem um papel muito importante na liberação de endorfinas, na
melhora da disposição e até mesmo da autoestima.

Terapias

Terapias como a acupuntura vêm demonstrando, cada vez


mais, seu valor nas doenças que causam dores crônicas, além
de também beneficiar as pacientes que possuem desejo de
engravidar. Sabemos que, nem sempre, conseguimos acesso a
todas as alternativas de tratamento, mas conhecê-las é nossa
obrigação.

129 Endometriose Brasil


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Sintomas controlados

As pacientes que tiverem seus sintomas controlados passarão por


consultas a cada 6 meses, sendo realizados exames de imagem especí-
ficos anualmente (ressonância magnética de pelve ou ultrassonografia
transvaginal com preparo intestinal para pesquisa de endometriose).

Sem melhora clínica

Aquelas pacientes que não tiverem melhora clínica (principalmente


diminuição da dor) após 6 meses, com pelo menos dois métodos
hormonais, deverão ser encaminhadas para o procedimento ci-
rúrgico. Também deverão ser operadas as pacientes que tiverem
novos focos, principalmente naqueles órgãos que já citamos ou
aquelas que não estiverem conseguindo engravidar. É importante
lembrar que as pacientes que suspenderem o método hormonal
para engravidar e começarem a ter muita dor também deverão
ser vistas com mais cuidado.

Após cirurgia

As pacientes, após a cirurgia, serão seguidas como aquelas que


não necessitaram de cirurgia, para o bom controle clínico, apenas
com o bloqueio da menstruação, retomando seus atendimentos
na unidade de origem e com orientação e a programação prevista
da equipe cirúrgica.

Gravidez

As pacientes com desejo de engravidar podem permanecer sem


método hormonal, caso não haja nenhuma contraindicação para
uma gravidez precoce. Já aquelas que não pretendem engravidar
nos próximos 12 meses, deverão fazer uso de método hormonal
e de preferência em regime contínuo.

130 Endometriose Brasil


Programa Capacitação de Agentes de Saúde em Endometriose
› Importante você saber
Durante todo o acompanhamento, a grande meta é garantir a
qualidade de vida da portadora de endometriose. A paciente deve
ser estimulada a adotar hábitos saudáveis de vida, que poderão
influenciar positivamente no tratamento, como:

• Cessar tabagismo;
• Praticar atividades físicas;
• Evitar alimentos processados e industrializados;
• Evitar consumo de bebidas alcóolicas;
• Evitar consumo excessivo de cafeína e açúcar.

Os exames anuais têm como objetivo fazer o seguimento das


lesões já existentes quanto ao seu número e tamanho, e rastrear
o surgimento de novas lesões.

Se em algum momento, durante o tratamento, a paciente apre-


sentar alguma piora ou recaída, a equipe assistente deve estar
preparada para intervir rapidamente e propor a melhor intervenção,
de acordo com a queixa relatada.

Durante o acompanhamento clínico, as pacientes podem apre-


sentar recaídas de sintomas ou sangramentos decorrentes do
tratamento hormonal.

Nos casos de dor, devemos priorizar o uso de anti-inflamatórios


associados a analgésicos e antiespasmódicos. Normalmente, os
sintomas melhoram entre 3 e 5 dias de tratamento. Nos casos em
que não houver melhora, um novo exame de imagem deve ser
realizado e afastadas outras causas agudas de dor.

131 Endometriose Brasil


Programa Capacitação de Agentes de Saúde em Endometriose
Considerações
Ao finalizar este curso, sabemos que a endometriose é uma doença
crônica e, até agora, sem tratamento definitivo. Portanto, o objetivo
maior do tratamento existente é manter a paciente sem dor, com
uma boa qualidade de vida, capaz de ser uma pessoa produtiva
e ter uma vida normal. Também é preciso olhar para o futuro re-
produtivo e tentar garantir que essa mulher realize o desejo de
engravidar, caso esta seja a sua vontade.

O seguimento das pacientes portadoras de endometriose deve


ser individualizado, mas visando, sempre, sua qualidade de vida.

O acompanhamento clínico é fundamental para uma boa indi-


cação cirúrgica, quando for necessária.

As pacientes com desejo de engravidar e que não toleram ficar


sem tratamento hormonal, devem ser prontamente encaminhadas.

SAIBA MAIS

Um site para para buscar mais


informações é o EndoNews:
Endometriosis News.

Endonews.com é um serviço oferecido para aumentar a cons-


cientização sobre a endometriose e apoiar as mulheres que
vivem com a doença. Ele fornece resumos de notícias científicas
sobre endometriose relacionadas às recentes pesquisas de todo
o mundo. (ENDONEWS, 2022).
Referência: EndoNews. Endometriosis News. Disponível em: https://www.endo-
news.com/. Acesso em: 25.ago.2022.

132 Endometriose Brasil


Programa Capacitação de Agentes de Saúde em Endometriose
Conheça os autores
Marina de Paula Andres Amaral
Possui graduação em Medicina pela Faculdade de
Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP, 2010),
residência médica e mestrado em Ginecologia e
Obstetrícia pelo Hospital das Clínicas da FMUSP.
Atualmente, é médica colaboradora do setor de en-
dometriose da Divisão de Clínica Ginecológica do
Hospital das Clínicas da FMUSP e médica associada
do Programa de Cirurgia Ginecológica Minimamente
Invasiva do Hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo. Possui
diversas linhas de pesquisas e trabalhos publicados em endome-
triose, cirurgia minimamente invasiva e infertilidade.

Carolina Chaves da Cunha Orlandi


Médica graduada pela Universidade Federal do
Pará, com residência em Ginecologia e Obstetrícia
no Hospital do Servidor Municipal de São Paulo e
Mestre pela Universidade Federal de São Paulo. Possui
Título de Especialização em Patologia do Trato Genital
Inferior e Endoscopia Ginecológica pela Associação
Médica Brasileira. Atua como médica do corpo clínico
da equipe de Ginecologia da Beneficência Portuguesa
de São Paulo e como médica voluntária do Setor de Endometriose
do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo.

133 Endometriose Brasil


Programa Capacitação de Agentes de Saúde em Endometriose
Mariana Matzembacher
Possui graduação em Enfermagem pela Universidade
Federal de Santa Catarina (2000), Especialização
em Gestão da Saúde – em andamento (Faculdade
Israelita Albert Einstein) e Especialização em
Cuidados ao Paciente com dor (Instituto de Ensino
e Pesquisa do Hospital Sírio Libanês). Tem expe-
riência na área de Enfermagem como enfermeira,
com ênfase em Enfermagem em Saúde da Mulher.
Atualmente, é enfermeira coorporativa de Práticas Avançadas no
Hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo, dando suporte à
equipe de saúde e a pacientes submetidas à Cirurgia Ginecológica
Minimamente Invasiva. Experiência com pacientes pediátricos e
clínica cirúrgica urológica, gastroenterologia e com e cirurgia gi-
necológica. Tem formação em instrumentação cirúrgica (Centro de
Especialização Paulista em Instrumentação Cirúrgica) e é licencia-
da como Enfermeira (registered nurse) no estado de Nova Iorque
(Estados Unidos) desde 2009. Faixa Amarela Lean Seis Sigma.

Tácito Augusto Godoy Silva


Possui graduação em Medicina pela Universidade de
Uberaba (2012). Residência Médica em Ginecologia
e Obstetrícia pela Universidade de Uberaba (2014-
2017). Título de Especialista em Ginecologia e
Obstetrícia pela FEBRASGO. Pós-graduado em
Cirurgia Minimamente Invasiva e Endometriose pelo
Hospital Sírio Libanês. Médico colaborador do
serviço de Endometriose no Hospital das Clínicas –
FMUSP. Ginecologista do corpo clínico da Beneficência Portuguesa
de São Paulo – BP. Cirurgião Ginecológico no Hospital da Mulher
Maria José Stein - Santo André. Membro do setor de Histeroscopia

134 Endometriose Brasil


Programa Capacitação de Agentes de Saúde em Endometriose
da Faculdade de Medicina do ABC. Coordenador do curso de Pós-
Graduação em Histeroscopia Cirúrgica Ambulatorial do CETRUS
– São Paulo. Diretor Técnico da Histeroclinic - São Paulo.

Camila Rebeque Dágola


Graduada em Medicina pela Faculdade de Medicina
da Universidade de São Paulo (FMUSP), Residência
Médica em Ginecologia e Obstetrícia pelo Hospital
das Clínicas da FMUSP e Pós-graduação em
Ginecologia Endócrina e Ginecologia da Infância e
Adolescência pelo Centro de Ensino e Pesquisa do
Hospital Sírio Libanês.

Roberta Azevedo
Nutricionista graduada pela Universidade Católica
de Brasília, especialização em Gestão em Saúde
pelo Instituto de Ensino do Hospital Israelita Albert
Einstein. Possui mais de 10 anos de experiência traba-
lhando no Ministério da Saúde e também em projetos
de parceria público privado. Coordenadora do Projeto
Endometriose Brasil.

135 Endometriose Brasil


Programa Capacitação de Agentes de Saúde em Endometriose
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