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IBMR – Instituto Brasileiro de Medicina de Reabilitação

ENFERMAGEM

ENDOMETRIOSE: A assistência de enfermagem a mulheres com diagnóstico de


endometriose e a importância do diagnóstico precoce.

Bárbara Talita Divino


Giselle Azevedo Araújo
Juliana Soares de Oliveira
Ricardo Costa Vieira

RIO DE JANEIRO
2022

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SUMÁRIO

1. RESUMO
2. METODOLOGIA
3.0 DIAGNÓSTICO
3.1 A IMPORTÂNCIA DE UM DIAGNÓSTICO PRECOCE DE
ENDOMETRIOSE
4. TRATAMENTO
5. A IMPORTÂNCIA DO ACOMPANHAMENTO DA ENFERMAGEM PARA
PACIENTES COM ENDOMETRIOSE
5.1 IMPORTÂNCIA DE UM GRUPO DE APOIO A MULHERES COM
ENDOMETRIOSE
6. CONCLUSÃO
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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1. RESUMO

Para este artigo de revisão foram coletadas informações a fundo sobre a


fisiopatologia da endometriose, seus diagnósticos e tratamento, como:
Dificuldade em diagnosticar a doença, sua relação com a infertilidade e seus
tratamentos. Abordado também neste artigo a importância da assistência de
Enfermagem e do diagnóstico precoce.
Palavra-chave: endometriose, assistência de enfermagem e importância do
diagnóstico precoce.

2. INTRODUÇÃO

A endometriose é um distúrbio das células que revestem o útero e se alocam no


ovário ou na cavidade abdominal e com isso é causado o processo inflamatório.
A maior parte dos diagnósticos são por volta dos 30 anos e mais de 30% dos
casos levam à infertilidade. O objetivo deste estudo é abordar os sintomas,
diagnósticos, tratamento e o papel da Enfermagem durante o processo.
A endometriose pode se manifestar de várias formas clínicas, pode ser
sintomática ou assintomática. Alguns sintomas que podem ser associados são:
dismenorreia, disúria, dispareunia, alterações intestinais durante o período
menstrual e dores abdominais contínuas. (FERBRASCO, 2015).
Na maioria das vezes a equipe de enfermagem que tem o primeiro contato com
a paciente, e por muitas vezes não ter o conhecimento da doença nem chegam
a suspeitar que possa ser endometriose, pois pode ser confundida com outras
patologias. Por esse motivo é muito importante que os enfermeiros estejam
interessados sobre o assunto e que sejam estimulados a saberem um pouco
mais sobre e como identificar se a paciente possa ter endometriose, e assim
comecem a divulgar informações para as mulheres sobre as causas, tratamento
e prevenção, podendo assim esclarecer dúvidas, realizando rodas de conversas,

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palestras, melhorando a comunicação com elas e as acolhendo da melhor
maneira possível para que elas se sentem acolhidas e seguras. e por fim ter um
resultado esperado.
Perante essa realidade e vendo a assistência de enfermagem para a paciente
com diagnóstico de endometriose, tem uma falta de conhecimento e capacitação
dos enfermeiros.
Apesar do diagnóstico definitivo da endometriose necessite de uma intervenção
cirúrgica, de preferência por videolaparoscopia, diversos achados nos exames
físico, de imagem e laboratoriais já podem dizer, com alto grau de confiança, que
a paciente apresenta endometriose.
Até agora, nenhum marcador bioquímico pode ser considerado como de
preferência para diagnóstico de endometriose, mas o Ca-125 é coletado no
primeiro e no segundo dia de período menstrual, pode ser favorável para o
diagnóstico de endometriose avançado, e principalmente quando os valores são
acima de 100UI/ml. Mesmo que a concentrações normais não excluem a doença,
casos com níveis elevados no pré operatório podem auxiliar no
acompanhamento da paciente e na suspeita clínica de reaparecimento da
endometriose. Há pouco tempo, algumas citocinas vêm sendo estudadas como
novos marcadores não-cirúrgicos da endometriose, por exemplo a interleucina-
6 (IL-6) parece ter um desempenho melhor do que outras citocinas em perceber
diferentes em pacientes com endometriose.
O primeiro exame a ser pedido em uma paciente é o de imagem, a
ultrassonografia pélvica e vaginal e de preferência com preparo intestinal. Um
estudo de Abrão et al, avaliou a precisão desse exame, demonstrou uma
sensibilidade de 94% e uma especificidade de 98% na identificação de focos de
endometriose profunda. Se o exame der normal, a paciente pode não ter
endometriose ou ter doença inicial não-infiltrativa. Mas se o exame for conclusivo
para endometriose ovariana, do septo reto vaginal ou retos sigmoides ou do trato
urinário, o tratamento pode ser indicado sem exames de imagem adicionais.
Para avaliação de endometrioses maiores do que 2 cm, a ultrassonografia
transvaginal é um método eficiente, segundo Moore et al.

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De acordo, com o Manuel MSD existem hipótese sobre a fisiopatologia da
Endometriose uma delas seria de que as células do endométrio durante o
período menstrual são implantadas em locais ectópicos ao invés do seu
processo natural do útero. Outra hipótese é a metalepsia celômica: o epitélio
celômico se transforma em glândulas semelhantes às endometriais.

2. METODOLOGIA

Trata-se de um trabalho de revisão de pesquisa cientifica, e foi feita através de


artigos científicos e revistas, utilizando de base GOOGLE ACADÊMICO e
SCIELO. Os descritores utilizados foram: endometriose, diagnóstico precoce,
tratamento e a assistência da enfermagem. As pesquisas se fundamentaram
principalmente da endometriose e a assistência de enfermagem.
A pesquisa foi feita com base nas seguintes etapas: identificação da temática da
pesquisa, elaboração dos critérios para o que poderíamos incluir e excluir na
pesquisa, avaliação e análise do conteúdo pesquisado, selecionado pela leitura
dos títulos e resumos, interpretação e estudo dos conteúdos obtidos.
Para refinar a busca, a essas combinações foram pesquisados os termos
qualificadores: endometriose, enfermagem, tratamento, diagnóstico, sinais e
sintomas.
Os critérios utilizados de inclusão foram: artigos publicados entre o ano de 2010
até 2021, na língua portuguesa ou se tiver algum artigo em tradução, e os
critérios de exclusão foram inferiores há 2010.

3.0 DIAGNÓSTICO

A endometriose pode se mostrar assintomática, mas, na maioria dos casos,


envolve dismenorreia, dispareunia, dor pélvica não cíclica, disúria, alterações

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nos hábitos intestinais frequentemente, infertilidade. Mesmo apresentando
essas variações clinicas, nenhum desses sintomas é específico para a
endometriose, dificultando o seu diagnóstico.

De início a endometriose é investigada com base na história clínica da


paciente, perguntando sobre os sinais e sintomas e antecedentes pessoais e
familiares, no exame físico. Pela variação dos sinais e sintomas, pode haver
semelhanças com outas doenças ginecológicas.

O exame de imagem é fundamental para confirmar a doença e determinar a


extensão da doença. Os melhores exames para diagnosticar são: Ressonância
magnética e ultrassonografia transvaginal, mas esses exames não tem uma
qualidade adequada, o único biomarcador usado com frequência em pacientes
com endometriose é o CA-125, que mostra o potencial do diagnóstico para
endometriose moderada ou grave.
Podemos ter 4 tipos de endometriose:
a) endometriose superficial - Ela se encontra no peritônio, membrana que
reveste internamente as cavidades abdominal e pélvica e seus órgãos e
estruturas contidos nesse espaço;
b) endometriose profunda: As células do endométrio ectópico se alocam
por mais de 0,5MM do peritônio podendo afetar intestino, bexiga, útero,
apêndice e outras partes da pelve.
c) endometriose Ovariana – É um cisto que pode ser desenvolvido em um
ou nos dois ovários e tem um aspecto achocolatado e, na grande
maioria dos casos, está aderido ao peritônio e/ou parede posterior do
útero.
d) Endometriose da parede abdominal – Neste tipo podemos encontrar o
tecido endometrial crescer na parede Abdominal.

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Locais mais comuns de implantação da endometriose. Fonte: Instituto de Assistência à Saúde
dos Servidores do Estado de
Alagoashttps://www.eumedicoresidente.com.br/post/endometriose (26/11/2022)

3.1 A IMPORTÂNCIA DE UM DIAGNÓSTICO PRECOCE DE ENDOMETRIOSE

Está sendo realizado estudos e análises de faixa etária correta de mulheres


com endometriose, sendo encontrada algumas dificuldades para estabelecer a
ocorrência real quanto à idade e as primeiras manifestações. Alguns exemplos
seria o acesso dessas mulheres a saúde que em alguns países ocorre de
forma desigual, com grupos fechados acaba não sendo possível ver o tamanho
da extensão da doença, um outro fator é que muitas pacientes são
assintomáticas por longos períodos e com isso acabam tendo o diagnóstico por
coincidência, ou a demora para a manifestação dos sintomas faz com que a
mulher seja identificada com endometriose após longos períodos a partir do
desenvolvimento dos primeiros sintomas (GYLFASON et al.; 2010)
Com as manifestações clinicas da endometriose pode afetar a vida das
pacientes nas relações pessoais, no trabalho e na fertilidade e por causa disso
a demora do diagnóstico é prejudicial e como consequências podem ter
prejuízos, altos gastos com exames e internações clinicas, mas podemos ter
também prejuízos indiretos. No Brasil em 2001 foi relatado uma média de 7
anos para a identificação da endometriose, em estudo mais recente foi
encontrado um período de 3,4 anos entre o início dos sintomas e a sua
identificação, e isso pode ter ocorrido, pois as mulheres podem ter tido o
conhecimento da doença e seus sintomas. Mas ainda temos algumas
dificuldades na identificação em algumas regiões do país e pacientes que são
dependentes do sistema único de saúde (SUS), eles ainda enfrentam
dificuldades a passar esses cuidados de hospitais escolas com atendimento
terciário. (SANTOS et al. 2012)
Para identificar a endometriose na adolescência é ainda mais complicado,
dessa forma radiologistas e ginecologistas devem estar sempre atentos se
acharem algo de anormal em exames anuais, procurando nódulos palpáveis,
queixas de dores pélvicas, sintomas como presença de dor uterinas, e sempre
observar se tiver algum incomodo ao toque de posição anatômica do útero é
retrovertido, ou se tem um aumento considerável no volume ovariano, essas
ocorrências e mesmo que não seja algo especifico da doença, pode ser uma
sugestão e quando for encontrado precisa ser investigado (ARRUDA et al.,
2010).

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4. TRATAMENTO

O tratamento é de forma individual, levando em conta sempre os sintomas da


paciente e o impacto da doença e de seu tratamento sobre a sua qualidade de
vida. Uma equipe multidisciplinar especializada deve ser sempre que possível
envolvida, na tentativa de fornecer um tratamento capaz de abranger todos os
aspectos biopsicossociais da paciente
Com o diagnóstico da doença confirmada, a paciente deverá iniciar o
tratamento que pode variar de acordo com o estágio da doença, resultado dos
exames, idade, paridade e sintomas da mulher.
Os tratamentos mais difundidos são a cirurgia videolaparoscopia, feita somente
quando as lesões são maiores ou tratamento com hormônios, e para mulheres
que querem ter filhos, se for necessário, realizar fertilização in vitro para gestar.
Para mulheres na menopausa a doença regride espontaneamente, em razão
da queda na produção de hormônios femininos e fim ciclo menstrual
Mulheres mais jovens podem utilizar medicamentos que suspendam a
menstruação: a pílula anticoncepcional tomada sem intervalos e os análogos
do GnRH, o inconveniente é que eles podem provocar efeitos colaterais
adversos. Quando a mulher já teve os filhos que desejava, a histerectomia
pode ser uma alternativa de tratamento.

5. A IMPORTÂNCIA DO ACOMPANHAMENTO DA ENFERMAGEM PARA


PACIENTES COM ENDOMETRIOSE

No Brasil se tem a dificuldade em encontrar profissionais de enfermagem que


prestem assistência às portadoras de endometriose, uma vez que o papel do
enfermeiro sempre foi mais direcionado à gravidez e ao parto. Mas, em outros
países, esse tipo de atendimento é realizado e considerado importante, como
afirma Cox et. al (2003).
Assim como trabalhar na melhoria da saúde da mulher a enfermagem deve
incluir em suas ações orientações com o olhar multidimensional direcionado
para a saúde integral, ou seja, ajudar a amenizar os sintomas sem perder o
conforto. O cuidado da enfermagem é a comunicação entre a interação
humana e social, uma ligação do cuidado, onde a comunicação de forma
verbal, gestual, atitudes e afetos se forma no cenário, para o encontro de

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paciente e enfermeiro. Isso resulta em um gesto fundamental para os cuidados
de enfermagem. (Spigolon et al. 2012).
Acolher significa receber, recepcionar, aceitar o outro como
sujeito de direitos e desejos e como corresponsável pela produção da saúde,
tanto na perspectiva individual como do ponto de vista coletivo. Sendo
comparado a um instrumento de trabalho que incorpora as relações humanas e
deve ser integrado por todos os trabalhadores de saúde em todos os setores
de atendimento. (FREITAS et al., 2011).
O papel da enfermagem é passar a importância que a família, amigos tem
nesse processo, uma ajuda psicológica a equipe de enfermagem nesse
processo de tratamento e recuperação. O enfermeiro deve agir com confiança
e está sempre aberto para uma comunicação com a paciente, para que a
mesma se sinta seguro e protegida.
O alvo da mediação da enfermagem precisa ser o corpo em desequilíbrio,
como concebido pela maior parte das teorias do cuidado de enfermagem, para
os sujeitos em suas expressões tanto coletivas como subjetivas, ou seja, de
existência. Mas para que isso aconteça, torna-se necessário um avanço na
dimensão biológica para uma dimensão psicossocial, sem alienar o
indivíduo/sujeito do seu contexto de vida. Para os autores é importante avançar
na construção do cuidado de enfermagem que leve em conta campos variáveis
humanos, revelando as suas implicações práticas. Por tanto, é necessário
conhecer como o enfermeiro vem enfrentando essas transformações que se
colocam em seu cotidiano de prática de cuidado e de que forma isso se faz nas
suas atitudes, sobretudo em seu método de agir na enfermagem. (Oliveira et al.
(2011).

5.1 IMPORTÂNCIA DE UM GRUPO DE APOIO A MULHERES COM


ENDOMETRIOSE

Em algumas mulheres que são portadoras de endometriose nos mostram que a


dor e uma impossibilidade de uma gravidez as deixam mais sensíveis,
angustiadas, frustradas e algumas delas podem querer se isolar da sociedade.
E com o passar do tempo, esse isolamento pode se desenvolver uma
depressão, e que se não for tratada e/ou identificada, pode prejudicar no
tratamento da endometriose e acabar agravando a situação. Essa mudança é
ter a experiência de viver e sentir vários sentimentos ao mesmo tempo e isso
pode ser confuso, não existe um estudo científico do perfil psicológico de
mulheres com endometriose, mas alguns autores sugerem que elas são:
perfeccionistas, tem uma auto exigência, tem a capacidade de controle e
comando. Stress psíquico, entre outras características.

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Por esses motivos é muito importante essas mulheres terem um grupo de
apoio, sendo ele do grupo de enfermagem, de amigas, de familiares ou até
mesmo de mulheres que também tem o mesmo diagnóstico, é valido a equipe
de enfermagem querer fazer rodas de conversas para poder ajudá-las.

6. Conclusão
Sendo assim, conclui-se que a equipe de enfermagem é de suma importância
para acolher e favorecer promoção à saúde, com comprometimento e ações
com mulheres que buscam um serviço de saúde promovendo a valorização à
vida e motivando-se através de grupos de apoio para uma melhor qualidade de
vida dessa mulher.
Deve-se adotar uma escuta confiável e direcionada ao histórico clínico para
que a descoberta, o tempo de espera do diagnóstico e tratamento seja
adequado, contudo é imprescindível que o profissional da enfermagem esteja
qualificado e capacitado para atender essa mulher, buscando especializações
e aperfeiçoamento para proporcionar uma assistência de qualidade.
Por isso é necessário que a enfermagem acompanhe o tratamento, dando um
suporte assistencial no alivio de sintomas físicos e apoio em sintomas
psicológicos. sendo assim, é importante que o enfermeiro tenha uma relação
de confiança, que tenha diálogos de fácil atendimento, que esteja preparado
para mudanças que podem ocorrer, proporcionar um encaminhamento quando
for necessário, assim irá da promover a continuação do tratamento.

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AGUIAR, F. A.; FERREIRA, B.; FERREIRA, A. D. S.; LOPES, T.;

MARRONI, D.; MARRONI, S.. Assistência de enfermagem às


mulheres com diagnóstico de endometriose.
Revista Uniítalo em Pesquisa v.10, n.4, 2020.

MENDONÇA, M. P. F.; PEREIRA, R. J.; CARVALHO, S. S. D. S.; BARBOSA,


J. D. S. P.; LIMA, R. N.. Atuação do enfermeiro no diagnóstico precoce da
endometriose. Revista Brasileira Interdisciplinar de Saúde, v.1, n.2, 2019.

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SILVA, A. P. D. C. M.; VASCONCELOS, A. H. R.. Acolhimento
de enfermagem a mulher portadora de endometriose:
repensando o cuidado a partir do agir profissional.
Enfermagem Brasil - v.8, n.4, p.223-228, 2009.

https://www.scielo.br/j/rbgo/a/8CN65yYx6sNVhjTbNQMrB5K/?lang=pt&format=
pdf

https://monografias.ufma.br/jspui/bitstream/123456789/4150/1/MISIA-
ARA%c3%9aJO.pdf

https://www.seer.ufal.br/index.php/gepnews/article/view/4678/3285

https://revistarebis.rebis.com.br/index.php/rebis/article/view/27/22

https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/ginecologia-e-
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www.bvsms.saude.gov.br

www.drauziovarella.uol.com.br

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