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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIEURO


CURSO DE ENFERMAGEM

CASO CLÍNICO
ESTUDO DE CASO – ESTÁGIO SUPERVISIONADO II
“Cuidados de Enfermagem em feridas operatórias ocasionadas pela apendicectomia "

EUGENI PEREIRA DOS SANTOS - 28905


GABRIEL ALVES DE SOUZA - 27034

BRASÍLIA
2020
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Resumo

Introdução: As feridas operatórias ocasionadas pela apendicectomia tendem a ter uma


complexidade média de cuidado, assim como as demais feridas operatórias, mas o enfermeiro tem
uma importante função na realização da troca e limpeza de seu curativo assim como a inspeção de
sinais de possíveis inflamações e a observação da possível deiscência das suturas. Objetivo: O
presente estudo tem como objetivo esclarecer e descrever os cuidados de Enfermagem no processo
de cicatrização de feridas operatórias provindas da apendicectomia. Metodologia: Trata-se de uma
pesquisa do tipo estudo de caso, que ocorreu no Hospital Regional de Santa Maria (HRSM), no
período de 06 de abril a 29 de maio de 2019. Resultados: Durante o período de estágio no Hospital
Regional de Santa Maria (HRSM) foi feita a assistência de Enfermagem, por meio da coleta de dados,
foi colhida as informações do paciente, elencado-se três diagnósticos de acordo com o NANDA 2018-
2020, que são eles: integridade da pele prejudicada e risco de infecção. Conclusão: Ao analisar a
situação da ferida operatória do paciente e com base no conhecimento da literatura e com leitura de
artigos científicos, foi-se aplicado todo o aprendizado, durante o estágio supervisionado II,
comprovando a eficácia de curativos e limpeza no processo de cicatrização de feridas operatórias.

Descritores: Cicatrização; Feridas operatórias; Apendicite; Apendicectomia; Sistematização da


Assistência de Enfermagem (SAE); Cuidados de Enfermagem.

Introdução:

O apêndice é um órgão vestigial com estruturas atrofiadas que não desempenha uma função tão
importante nos seres humanos. Medindo em torno de 9 centímetros de comprimento (podendo
variar de 3 a 13 centímetros comprimento) Sua posição varia, podendo estar locaizado na cavidade
peritoneal em sua posição característica na fossa ilíaca direita, ou sepultada sob o íleo terminal ou
ainda atrás do ceco (TEIXEIRA et al, 2012).

A apendicite é uma inflamação no apêndice, tornando-se mais comum dentre causas de dor
abdominal aguda, que muitas vezes requer intervenção cirúrgica fazendo a retirada do apêndice
inflamado. É uma patologia bastante comum de se desenvolvê-la ao longo da vida, sendo mais
comum na população de jovens adultos. Seu diagnóstico precoce tem uma tremenda importância a
fim de reduzir a morbidade. Com a útilização de antibióticos e intervenções cirúrgicas tem mostrado
grande eficiencia na redução da mortalidade ocasionada por está inflamação, entretanto, ainda se
associa à morte, particularmente em idosos, sendo de 78-92% em homens e de 58- 85% em
mulheres (IAMARINO et al, 2017).

O tratamento da apendicite aguda é cirúrgico na maioria dos casos. O procedimento cirúrgico para
tratamento da apendicite é a apendicectomia e varia de acordo com o estágio da doença e se
caracteriza pela remoção cirúrgica do apêndice, lavagem da cavidade, drenagem de coleções
localizadas ou, nos raros casos de comprometimento grave do intestino, ressecção parcial do colo
direito. A abordagem cirúrgica pode ser realizada por cirurgia convencional aberta (laparotomia) ou
por cirurgia minimamente invasiva videolaparoscopia ambos fazendo a remoção do apendice
(DOMENE et al, 2014).
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Esse processo operatório gera uma ferida cirúrgica que consiste num corte ou numa incisão
geralmente efetuada com um bisturi durante uma cirurgia. As feridas cirúrgicas são geralmente
fechadas através da aplicação de pontos, agrafos ou de cola cirúrgica. Os cuidados das feridas pós-
operatórias envolvem a limpeza, proteção e controle da pele na região da lesão, sendo o seu objetivo
evitar a ocorrência de complicações e permitir a cicatrização rápida da ferida. Na maioria dos casos,
com um cuidado adequado, as incisões cirúrgicas cicatrizam completamente no espaço aproximado
de 2 semanas (FERREIRA et al, 2013).

Objetivo:

O presente estudo tem como objetivo mostrar e compreender os cuidados de Enfermagem no


processo de feridas operatórias provindas da apendicectomia, com o intuito de promover uma boa
recuperação e cicatrização, observando também se há sinais de infecção e possíveis aberturas das
suturas.

Metodologia:
Trata-se de uma pesquisa do tipo estudo de caso, que ocorreu no Hospital Regional de Santa Maria
(HRSM), no período de 06 de abril a 29 de maio de 2019.

Referencial teorico:

Apendicite refere-se ao processo de inflamação do órgão apêndice, de formato parecido com o dedo
de uma luva, localizado na primeira porção do intestino grosso. Ao desenrolar da vida, torna-se
bastante comum o risco de inflamar o apêndice, sendo que, sem o tratamento adequado, pode
chegar a levar a graves complicações ou até mesmo a morte do paciente (TEIXEIRA et al, 2012).

A apendicite é uma das causas com maior frequência de dor abdominal grave e súbita e de cirurgia
abdominal no Brasil. Por volta de aproximadamente 5% da população desenvolve em algum
momento da vida apendicite. Tendo a sua maior incidência durante a adolescência e na faixa dos 20
anos, mas isso não impede que ocorra em qualquer idade (TEIXEIRA et al, 2012).

Sua causa ainda não é compreendida totalmente. Porém, em sua grande maioria, um bloqueio
dentro do apêndice pode provocar o início deste processo. O bloqueio pode ser causado por um
pedaço duros e pequenos de fezes (fecaloma), um corpo estranho ou, em casos raros, alguns tipos de
vermes. Resultantes desse bloqueio, o apêndice inicia um processo de inflamação e ficando
infectado. Se a inflamação permanecer sem nenhum tratamento, o apêndice pode vim a sofrer uma
ruptura. Esta ruptura do apêndice também pode ocausionar a formação de uma bolsa de pus
infectada (abscesso). Como resultado, uma peritonite pode acabar se desenvolvendo. Em mulheres,
os ovários e as tubas uterinas podem ficar infectados e o tecido cicatricial resultante pode bloquear
as trompas de Falópio e causar a infertilidade. Um apêndice com ruptura também pode permitir que
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bactérias infectam a corrente sanguínea – um quadro clínico de risco à vida conhecido como sepse
(IAMARINO et al, 2017).

Para evitar futuras terríveis complicações, a cirurgia se torna o principal tratamento da apendicite.
Quando uma ação cirúrgica não é tomada a tempo frente e a dor abdominal se intensifica, esse
retardo pode ser fatal pois um apêndice infectado pode apresentar ruptura em menos de 36 horas
após iniciarem os sintomas (DOMENE et al, 2014).

Quando descoberta a apendicite, antibióticos são administrados pela via endovenoso e o apêndice é
removido através da apendicectomia. Se na realização de uma operação o medico não constatar
apendicite, o apêndice é geralmente removido da mesma forma para evitar qualquer risco futuro de
apendicite (ROQUE et al, 2019).

Atualmente tem se mostrado efetivo o tratamento de apendicite apenas com antibióticos; logo, essa
cirurgia poderia ser adiada ou evitada. Embora este tratamento possa apresentar bons resultados em
algumas pessoas, ainda está sendo estudado, e a remoção cirúrgica do apêndice é ainda considerada
o tratamento mais confiável e recomendado para apendicite (ROQUE et al, 2019).

Sistematização de enfermagem:

Coleta de dados
Entrevista

a) Identificação: J.R.S, masculino, pardo, 25 anos (14/05/1995), solteiro.

b) Dados Socioeconômicos: Possui o ensino médio incompleto e atualmente trabalha como


Auxiliar de cozinha. Reside, com os pais e seus 2 irmãos, em casa de alvenaria com 4
cômodos arejada, iluminada pelo sol e provido de saneamento básico.

c) Antecedentes Pessoais: Nega Hipertensão Arterial Sistólica (HAS), Diabetes Mellitus


(DM), outras doenças crônicas. Etilismo, tabagismo e nega pratica atividade física. Afirma
que sua ingesta hídrica é de aproximadamente 1,5L/dia e que faz 4 refeições diárias.
Eliminações fisiológicas nos padrões normais. Sono preservado.

d) Antecedentes Familiares: Mãe operou de apendicite a alguns anos. Pai e irmãos nega
antecedentes.

e) Queixa Principal: Dor intensa abdominal.


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Segundo narrativa do paciente, começou a sentir fortes dores abdominais no dia 18/05/2020
procurou o UBS da sua cidade, a equipe em questão passou alguns remédios para amenizar a
dor mas nada estava adiantando, pois sua dor continuava aumentando a cada dia que passava,
após uma consulta com o médico da UBS foi iniciada a suspeita de apendicite, uma semana
depois da primeira visita ao UBS ele foi encaminhado para o HRSM com urgência para fazer
uma apendicectomia. Após a cirurgia segue em dieta de alimentos pasteurizados, relata
dificuldade ao se locomover e dores ao agachar. Nega comorbidades, diz ser tabagismo,
etilismo e desconhece alergia medicamentosa e alimentar até o momento.

Exame físico

Paciente consciente, orientado em tempo e espaço, lúcido, comunicativo e deambulando com


um pouco de dificuldade devido a recente cirurgia.

a) Cabeça e pescoço: Couro cabeludo íntegro e sem sujidades, pupilas isocóricas


fotorreagentes, higiene satisfatória, pele corada hidratada, orelhas sem alterações, audição
normal, higiene oral satisfatória, pescoço com motilidade, gânglios não palpáveis e traquéia
posicionada na linha média.

b) Pele e anexos: Pele íntegra e perfusão tissular periférica com retorno venoso menor que 2
segundos.

c) Aparelho Respiratório: Tórax simétrico, expansibilidade normal, murmúrios sem ruídos


adventícios, ausência de tosse e secreção pulmonar.

d) Aparelho Cardiovascular: Bulhas normofonéticas em 2 tempos.

e) Aparelho Gastrointestinal: Abdomen normal, apresentando uma FO, com forma plana,
ruídos hidroaéreos presentes. MMII apresenta boa motilidade e sem edemas.

SSVV: PA: 130X80mmHg, FC:86bpm, FR: 21 irpm, Sat: 95%, Tax:36.1°C.

PRESCRIÇÃO MÉDICA:

Tramal(50mg/ml) fazer EV de 8/8 horas.

Dipirona (500mg/ml) fazer EV de 6/6 horas.


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Soro.

Diagnósticos:

1- Integridade da pele prejudicada, caracterizado por FO em região abdominal, relacionado a


evento físico lesivo.
Planejamento/ Meta: Paciente demonstrará a melhora da cicatrização da ferida operatória, e
apresentará um boa recuperação da integridade da pele.
Cuidados:
- Realizar troca de curativo diariamente;
- Manter técnicas assépticas como, lavagem das mãos, cuidados ao retirar curativos anteriores, fazer
a limpeza de forma correta, utilizando SF 0,9%, a fim de prevenir novas infecções;
- Orientar o paciente quanto aos cuidados necessários ao tomar banho, insentivando o uso de água e
sabão em cima da ferida para ajudar na cicatrização dos pontos;
- Observar sinais e sintomas de infecção;
- Observar alterações da pele;

Intervenções:

* Hidratar a pele.

* Avaliar após 48 de curativo fechado se há sinais de infecção e se as suturas estão bem fechadas.

* Incentivar paciente a lavar a ferida operatória com água corrente no banho e não esfregar, para
não lesionar a região da ferida.

* Ensinar o paciente a não esfregar a toalha na hora de secar a ferida e sim palpar com cuidado e
deixar bem seco para evitar possíveis infecções

2- Risco de infecção, fatores de risco alteração na integridade da pele, população em risco


exposição a surto de doença, condições associadas procedimento invasivo.

Planejamento/ Meta: Paciente não apresentará sinais de infecção na FO.

Cuidados:

- Avaliar se a presença de sinais flogísticos;


- Avaliar se há presença de secreção purulenta;

- Realizar troca do curativo de 2 em 2 dias;

- Utilizar técnicas assépticas na troca do curativo operatório;


- Realizar limpeza com SF 0,9%;

- Realizar anotação de enfermagem em prontuário.

Intervenções:

* Promover banho diário para evitar o risco de contaminação.

* Monitorizar se há secreção na ferida e se sim se tem sinais de infecção.


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* Observar aspecto da pele, pois a pele muito hiperemiada e quente pode ser sinal de infecção.

* Monitorizar sinais vitais, principalmente a temperatura .

Evolução
Com o cuidado do enfermeiro na limpeza e troca do curativo operatório a cada dois dias,
usando as medidas assépticas corretamente, pode-se ver a melhora no local da ferida
operatória com sinais de boa recuperação e cicatrização. Após o levantamento dos
diagnósticos de enfermagem as intervenções foram tomadas e houve boa aceitação e uma
melhora do estado geral do paciente, por fim não apresentando sinais de infecção, uma
melhora da pele perilesional e uma melhora ao sentar-se e levanta-se.

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