NÚCLEO MINEIRO DE

ESCOLAS MÉDICAS
2023

TESTE DE PROGRESSO

COMENTÁRIOS E REFERÊNCIAS
1. D – A trombose hemorroidária externa aguda cursa com
quadro de dor anal de forte intensidade e nodulação violácea
em margem anal, que corresponde a edema e presença de
trombo em mamilo hemorroidário externo. Plicoma sentinela
e papila anal hipertrófica são características da fissura anal
crônica. Orifício externo em margem anal, com saída de
secreção purulenta, são características da fístula perianal.
Úlcera na margem anal, com bordas elevadas, fundo limpo e
sem odor característico é característica da lesão secundária à
sífilis, que geralmente é indolor.
CAMPOS, F. G. C. M de; REGADAS, F. S. P.; PINHO, M. de S. L.
Tratado de Coloproctologia. 1. ed. São Paulo: Editora Atheneu, 2012.
2. A – A lesão descrita em mão demanda um cuidado maior
em relação à vacinação antirrábica nos dias 0 e 3, sem
necessidade de soro. A conferência do cartão para confirmação
de antitetânica é mandatória, não sendo necessário fazer
outra dose de antitetânica no período de intervalo de 5 anos
da última dose. Os cuidados locais, em virtude da extensão e
profundidade descritos, não necessitam de sutura.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde.
Coordenação Geral de Desenvolvimento da Epidemiologia em
Serviços. Guia de Vigilância em Saúde: volume único [recurso
eletrônico]. 3. ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2019.
DUNCAN, B. B. et al. Medicina Ambulatorial: Condutas de Atenção
Primária Baseadas em Evidências. 4. ed. Artmed Editora, 2014.
3. A – As hérnias incisionais ocorrem em função de problemas
relacionados à cicatrização da parede abdominal. Sua taxa
de incidência é em torno de 11% e possui fatores de risco
variados. Todos esses fatores contribuem para uma má
cicatrização tecidual. O trauma direto sobre uma cicatriz
cirúrgica não apresenta evidência científica para ser apontado
como fator de risco para o desenvolvimento da hérnia
incisional, se ocorrer após o período completo da cicatrização.
O uso de cinta abdominal não diminui a ocorrência das hérnias
incisionais. Seu uso parece dar mais conforto ao paciente no
pós‑operatório e parece estar relacionado à menor formação de
seroma na ferida cirúrgica. Não existem evidências de fatores
genéticos relacionados ao aparecimento de hérnia incisional.
Algumas doenças relacionadas à transmissão genética, como
as colagenases, estão relacionadas à má cicatrização e são
consideradas fatores de risco para o desenvolvimento das
hérnias incisionais.
TOWSEND, C. M. et al. Sabiston tratado de cirurgia ‑ a base biológica
da prática cirúrgica moderna. vol. 2, 20. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2019.
4. D – A conduta imediata para paciente com suspeita de
semioclusão intestinal por aderências é conservadora, com
hidratação, correção dos distúrbios, sonda nasogástrica e
reavaliação seriada. O exame de US geralmente é pobre
para definição, pois a distensão gasosa não permite uma
análise da cavidade peritoneal. A videolaparoscopia pode ser
empregada para definição da etiologia e terapêutica, sendo a
laparotomia uma alternativa para as condições em que não
se pode usar a laparoscopia.
LOPES, A. C.; REIBSCHEID, S.; SZEJNFELD, J.
Abdome Agudo — Clínica e Imagem, Editora Atheneu, 2006.
1 Núcleo Mineiro de Escolas Médicas – Teste de Progresso – Outubro/2023
5. D – A apendicite tem as fases descritas em função da
evolução do comprometimento da parede do órgão: fase I
‑ apêndice com hiperemia e edema; fase II ‑ com exsudato
fibrinoso intraluminal; fase III ‑ presença de necrose e abcesso;
e fase IV ‑ perfuração do órgão após dias sem o devido
tratamento com manifestações sistêmicas de gravidade.
SARTELLI, M. et al. Prospective Observational Study on acute
Appendicitis Worldwide (POSAW). World Journal of Emergency
Surgery, 2018. Disponível em: https://doi.org/10.1186/
s13017‑018‑0179‑0. Acesso em: 28 jun. 2023.
6. B – A tomografia computadorizada do abdome e pelve é,
para muitos autores, o exame de imagem de escolha, uma
vez que apresenta sensibilidade (93 a 97%) e especificidade
(próxima de 100%) elevadas para o diagnóstico da doença
diverticular dos cólons e respectivas complicações.
Esse método radiológico permite também intervenções
terapêuticas, como a drenagem percutânea de abscessos,
contudo é emissor de radiação ionizante. A colonoscopia
requer preparo e a sigmoidoscopia flexível deve ser evitada
na fase aguda da doença, pelo risco de perfuração e
agravamento da inflamação. O enema opaco não permite
boa visibilidade de alterações extraluminais da doença, não
é mais amplamente acessível nos serviços de radiologia e
não deve ser empregado em caso de inflamação aguda,
pelo risco de perfuração e/ou extravasamento do contraste
durante o estudo radiológico. A peritonite causada pelo bário
é considerada grave e está associada à mortalidade elevada.
JACOBS, D. O. Clinical practice. Diverticulitis. N. Engl. J. Med.
357(20), p. 2057‑2066, 2007. Disponível em: https://www.nejm.org/
doi/full/10.1056/NEJMcp073228. Acesso em: 20 jun. 2023.
TOUZIOS, J. G; DOZOIS, E. J. Diverticulosis and acute diverticulitis.
Gastroenterology Clinics of North America, 38(3), 513‑525, 2009.
Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.gtc.2009.06.004. Acesso em:
20 jun. 2023.
7. C – Nos casos de instabilidade hemodinâmica, não há
dúvidas de que o melhor tratamento é a laparotomia imediata.
E, como geralmente ocorre a ruptura da massa tubária, a
cirurgia a ser realizada deve ser a salpingectomia, ou seja,
a retirada da trompa acometida. A gravidez cervical é aquela
cuja implantação ocorre no canal endocervical. Ela representa
menos de 1% das gestações ectópicas e tem sido associada
à alta morbidade e a resultados adversos para o futuro
reprodutivo da paciente, podendo ser utilizado o metotrexato
sistêmico. A curetagem, assim como a embolização das
artérias uterinas, não deve ser realizada em pacientes graves,
com repercussão hemodinâmica.
BASTOS, A. C. Ginecologia. 11. ed. rev. e atual. São Paulo: Atheneu
Editora, 2006.
DONADIO, N. F. et al. Gestação heterotópica: possibilidade
diagnóstica após fertilização in vitro. A propósito de um caso. Revista
Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, v. 30, n. 9, 2008.
ESTRELA, D. A. et al. Gravidez ectópica tubária: ocorrência em uma
instituição de referência de Campina Grande‑PB. Revista Brasileira
de Educação e Saúde, v. 5, n. 2, 2015.
8. D – A colite isquêmica é resultado de redução do fluxo
sanguíneo no colo, levando à hipóxia e à hipoperfusão
tecidual, podendo ser caracterizada como oclusiva ou não
oclusiva. Sua incidência é maior entre idosos e entre o sexo
feminino e, portanto, há uma tendência de aumento dos casos
com o envelhecimento da população, um dado preocupante
considerando a taxa de letalidade da doença de 50% dos
casos. O segmento do cólon mais comumente acometido é o
esquerdo, seguido do cólon distal e direito, e a artéria mais
acometida pela oclusão ou estenose é a mesentérica superior.
O diagnóstico é baseado em tomografia computadorizada e
colonoscopia, mas, por diversas vezes, a patologia se confunde
com colite pseudomembranosa ou doença inflamatória
intestinal. Como a maioria das isquemias estão relacionadas
à doença microvascular, exames que identificam a anatomia
de grandes vasos podem ter benefícios bastante limitados.
Entretanto, a angiografia está indicada em casos de doença
severa, nos quais a colite isquêmica pode ser preditora de
isquemia mesentérica aguda, doença com mortalidade mais
elevada, o que é agravado pelo diagnóstico tardio.
CAMPOS, F. G. C. M de; REGADAS, F. S. P.; PINHO, M. de S. L.
Tratado de Coloproctologia. 1. ed. São Paulo: Editora Atheneu, 2012.
MOSZKOWICZ D. et al. Ischemic colitis: The ABCs of diagnosis
and surgical management. Journal of Visceral Surgery, v. 150,
p.19‑28, 2013.
RYOO, S. et al. The outcomes and prognostic factors of surgical
treatment for ischemic colitis: what can we do for a better outcome?
Hepatogastroenterology, v. 61, p. 336‑342, 2014.
9. B – O quadro clínico sugere pancreatite traumática, e o
exame padrão ouro para definição diagnóstica é a tomografia
computadorizada. A dosagem de amilase pode não apresentar
alterações em virtude do período de 5 dias do ocorrido. No
entanto, alterações da lipase confirmariam a lesão do órgão.
TOWSEND, C. M. et al. Sabiston Tratado de Cirurgia: A Base Biológica
da Prática Cirúrgica Moderna. 19. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2014.
10. C – Aspectos inerentes ao idoso tornam os traumatismos
cranianos com lesões intracranianas menos sintomáticos
(atrofia cortical, etc.). Além disso, o paciente faz uso de AAS,
que pode aumentar em 15% as complicações hemorrágicas.
Deve ser pedida uma tomografia computadorizada de crânio
e, se não houver alteração significativa, manter observação
domiciliar e demais medicamentos, sem necessidade de
repetição, pois o risco de sangramento tardio é muito baixo.
Não é aconselhado retirar o AAS.
GREENBERG, M. Manual de Neurocirurgia. 7. ed. Porto Alegre:
Artmed, 2013.
11. A – A fase proliferativa é constituída por quatro etapas
fundamentais: epitelização, angiogênese, formação de tecido
de granulação e deposição de colágeno. Esta fase tem início
ao redor do 4º dia após a lesão e se estende aproximadamente
até o término da segunda semana. A epitelização ocorre
precocemente. Se a membrana basal estiver intacta, as
células epiteliais migram em direção superior, e as camadas
normais da epiderme são restauradas em três dias. Se a
membrana basal for lesada, as células epiteliais das bordas
2 Núcleo Mineiro de Escolas Médicas – Teste de Progresso – Outubro/2023
da ferida começam a proliferar na tentativa de restabelecer a
barreira protetora. A angiogênese é estimulada pelo fator de
necrose tumoral alfa (TNF‑α) e é caracterizada pela migração
de células endoteliais e formação de capilares, essencial para
a cicatrização adequada. A parte final da fase proliferativa é a
formação de tecido de granulação. Os fibroblastos e as células
endoteliais são as principais células da fase proliferativa. Os
fibroblastos dos tecidos vizinhos migram para a ferida, porém
precisam ser ativados para sair de seu estado de quiescência.
O fator de crescimento mais importante na proliferação
e ativação dos fibroblastos é o PDGF12. Em seguida é
liberado o TGF‑β, que estimula os fibroblastos a produzirem
colágeno tipo I e a transformarem‑se em miofibroblastos, que
promovem a contração da ferida.
CAMPOS, A. C. L.; BORGES‑BRANCO, A.; GROTH, A. K. Cicatrização
de feridas. ABCD Arquivos Brasileiros de Cirurgia Digestiva. 20(1).
p. 51‑58, 2007.
12. C – O envolvimento de linfonodos regionais é um dos
mais fortes preditores de resultado após a ressecção cirúrgica
do câncer colorretal, perdendo apenas para a presença de
metástase à distância. A disseminação nodal é uma indicação
para terapia adjuvante para câncer de cólon e câncer retal para
reduzir o risco de metástases letais de câncer recorrentes em
órgãos distantes. Além do número de gânglios envolvidos, o
número total de gânglios linfáticos na peça cirúrgica influencia
diretamente no prognóstico da doença tanto no estágio II
(linfonodo negativo) quanto no estágio III (linfonodo positivo).
As diretrizes de grupos de especialistas recomendam que pelo
menos 12 linfonodos sejam examinados histologicamente para
determinar com precisão o status nodal. Como em muitos outros
tipos de câncer, a presença de linfócitos infiltrando o tumor é um
fator prognóstico favorável na maioria dos estudos. Em particular,
uma alta densidade de células T CD8+ e células CD45RO+
(linfócitos CD4+ e CD8+ que foram expostos ao antígeno, ou
seja, células de memória) dentro dessas populações linfoides
foi associada à ausência de evidência patológica de invasão
metastática precoce, com melhora da sobrevida do paciente.
Esses dados levaram alguns a sugerir que essa resposta indica
que os mecanismos de defesa do hospedeiro estavam ativos.
AMIM, M. B. et al (ed.) AJCC Cancer Staging Manual, 8. ed.
Springer, New York, 2017. p. 269.
NAGTEGAAL, I. D., ARENDS, M. J., SALTO‑TELLEZ, M. Colorectal
adenocarcinoma. In: WHO Classification of Tumours: Digestive
System Tumours, 5th, WHO Classification of Tumours Editorial Board
(ed.), International Agency for Research on Cancer, Lyon, 2019. p. 177.
13. D – A investigação das síndromes ictéricas inicia‑se com a
história clinica detalhada, assim como a identificação de possíveis
exposições a áreas e alimentos contaminados. Os exames
laboratoriais ajudam a diferenciar a icterícia em causas pré‑hepática,
hepática e pós‑hepática. Os exames de imagens são fundamentais
em casos suspeitos de icterícia por obstrução da drenagem da bile.
Portanto, identificar os níveis das enzimas hepáticas e qual perfil
da bilirrubina está mais alterada (direta ou indireta) é a principal
conduta para iniciar a investigação da icterícia.
KASPER, D. L. Medicina interna de Harrison. 20. ed. Porto Alegre:
AMGH Editora, 2020.
14. B – A colonoscopia de rastreio para o câncer colorretal em
pacientes cujo parente de primeiro grau teve câncer colorretal
deve ser iniciada 10 anos antes do diagnóstico do caso índice.
Nesse caso, se o pai teve diagnóstico aos 45 anos, os filhos
devem realizar colonoscopia a partir dos 35 anos.
REX, D. K. et al. Colorectal cancer screening: recommendations
for physicians and patients from the US Multi‑Society Task
Force on Colorectal Cancer. Gastroenterology, v. 153, n. 1, p.
307‑323, 2017.
15. D – Uma revisão da Cochrane de 5 ensaios clínicos
randomizados, publicada em 2013 e atualizada em 2018,
sobre rastreamento de câncer de próstata mostrou que a
realização do rastreamento está associada a uma maior taxa
de diagnóstico de câncer de próstata, com maior taxa de
detecção de doença localizada e menor taxa de detecção de
doença avançada. A ressonância multiparamétrica de próstata
não deve ser usada como ferramenta inicial de rastreamento
de câncer de próstata. Não existem dados conclusivos
que possam suportar medidas preventivas específicas
ou medidas dietéticas com o objetivo de reduzir o risco de
desenvolvimento do câncer de próstata. Existe recomendação
forte no Guideline Europeu de Urologia de não se iniciar
o rastreamento de câncer de próstata sem previamente
aconselhar os pacientes de seus riscos e benefícios, entre
eles os riscos de superdiagnóstico e supertratamento.
MOTTET, N. et al. EAU Guidelines on Prostate Cancer. Disponível
em: https://uroweb.org/guidelines/prostate‑cancer. Acesso em: 23
abr. 2023.
16. A – Hematúria macroscópica isolada (sem demais sintomas
associados) em adultos tem como primeira causa o câncer de
bexiga, principalmente em pacientes que possuem fator de
risco como o tabagismo. Não há sintomas no quadro clínico
que justifiquem as hipóteses de litíase ou infecção urinária.
Câncer de próstata costuma ser assintomático nas fases
iniciais da doença e, quando apresenta sintomas, não costuma
cursar com hematúria, que pode acontecer, mas em fases
muito avançadas, nas quais outros sintomas estão presentes.
PARTIN, A. W. et al. Campbell‑Walsh‑Wein Urology. 12. ed. [S. l.]:
Elsevier, 2020. cap. 94, p. 9726‑9800.
17. D – Fatores de risco para aneurisma de aorta abdominal
incluem idade a partir de 60‑70 anos no sexo feminino e história
familiar. O método complementar de escolha para triagem é
a ultrassonografia de abdome, reservando‑se a tomografia e
ressonância para paciente com diagnóstico em que se planeja
intervenção. Hipertensão arterial, obesidade e tabagismo são
importantes fatores de risco modificáveis com alteração do
estilo de vida, rejeição ao sedentarismo e medicamentos. Os
fatores de risco são relevantes tanto em homens quanto em
mulheres. Dado interessante é que a rotura de aneurisma é
mais comum no sexo feminino.
KASPER, D. L. et al. Medicina interna de Harrison. 19. ed., vol. 2
Rio de Janeiro: McGraw Hill Interamericana do Brasil, 2016.
PAPADAKIS, M. A.; MCPHEE, S. J.; RABOW, M. W. Current: Medical
Diagnosis & Treatment. 56. ed., Lange medical book, 2017.
3 Núcleo Mineiro de Escolas Médicas – Teste de Progresso – Outubro/2023
18. C – A paciente em questão é classificada como de alto
risco para tromboembolismo venoso (TEV), sendo indicado
multiprofilaxia e heparina. Nas cirurgias ortopédicas de
grande porte, o tempo de profilaxia química se estende
por cinco semanas.
CRONIN, M.; DENGLER, N.; KRAUSS, E. S. et al. Completion of the
Updated Caprini Risk Assessment Model (2013 Version). Clin Appl
Thromb Hemost, v. 25, p. 1‑10, 2019.
GOULD, M. K. et al. Prevention of VTE in nonorthopedic surgical
patients: antithrombotic therapy and prevention of thrombosis,
9. ed., American College of Chest Physicians evidence‑based
clinical practical guidelines. Chest, v. 141, e227S, 2012.
19. B – O cuidado paliativo exclusivo é feito geralmente em
paciente já politratado ou naquele sem condições de iniciar
tratamento oncológico. Importante entender que, em caso
de necessidade de sedação, isto não implica em redução de
tempo de vida do paciente. Cabe ao oncologista assistente
a definição de suporte não invasivo com a família. Caso não
tenha contato com médico assistente, o médico plantonista
deve entender qual o grau de entendimento da família sobre o
processo final de doença e se há negação em relação à finitude.
No caso em questão, não há indicação de suporte invasivo,
como intubação orotraqueal, devido à falta de possibilidade
terapêutica, doença avançada e falência de múltiplos órgãos.
Paciente apresenta insuficiência respiratória, sem condições de
transporte para exame de imagem. Não há indicação, tampouco,
de paracentese, visto que a ascite é moderada, não acarretando
restrição respiratória, e devido à fase final de evolução de
doença neoplásica.
ARAGON, K. N. Palliative Care in Lung Cancer. Clin Chest Med.
2020 Jun;41(2):281‑293. doi: 10.1016/j.ccm.2020.02.005. Epub 2020
Apr 16. PMID: 32402363.
TEMEL, J. S., PETRILLO, L. A., GREER, J. A. Patient‑Centered
Palliative Care for Patients with Advanced Lung Cancer. J Clin Oncol.
2022 Feb 20;40(6):626‑634. doi: 10.1200/JCO.21.01710. Epub 2022
Jan 5. PMID: 34985932.
20. B – O diagnóstico de lesão inalatória se faz pelo histórico
de exposição à fumaça ou ar superaquecido em ambiente
fechado, juntamente com a presença de dispneia, rouquidão,
agitação, estridor e esforço respiratório. O envenenamento
por monóxido de carbono deve ser tratado com uso de O2 a
100%. São parâmetros para intubação o uso de musculatura
acessória e FR > 30. A paciente já apresenta parâmetros que
indicam a intubação orotraqueal. Pacientes com estridor têm
alta probabilidade de desenvolver obstrução das vias aéreas
altas. O uso de benzodiazepínicos em pacientes com sinais
de insuficiência respiratória pode precipitar uma intubação
orotraqueal de urgência. Os debridamentos e curativos têm
importância secundária em relação ao quadro respiratório e
podem ser postergados.
MELEGA, J. M.; VITERBO, F.; MENDES, F. H. Cirurgia Plástica: Os
Princípios e a Atualidade. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, p. 197‑199,
2011. ISBN 978‑85‑277‑1648‑2.
21. C – O paciente apresenta ferida infectada complicada com
abscesso, e a conduta correta é a realização de drenagem do
abscesso e o início precoce de antibioticoterapia, não sendo
indicada somente a profilaxia com antibióticos. Apesar da
necessidade de analgésicos e limpeza da ferida, o tratamento
deve ser prontamente iniciado.
GOLDMAN, L.; AUSIELLO D. CECIL: Tratado de Medicina Interna.
26. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2022.
KASPER, D. L. Medicina interna de Harrison. 20. ed. Porto Alegre:
AMGH Editora, 2020.
22. C – A prioridade no manejo inicial de pacientes com
suspeita de lesão medular cervical incompleta e possíveis
lesões associadas é seguir a abordagem ABCDE, incluindo a
estabilização cervical. O uso de corticosteroides no tratamento
de traumatismo raquimedular é controverso e não é considerado
prioritário no manejo inicial. A inserção de sondas vesical e
nasogástrica pode ser necessária durante o tratamento, mas
não são prioridades no manejo inicial do paciente. Embora
a realização de uma tomografia computadorizada possa ser
útil para avaliar a extensão da lesão e planejar o tratamento
definitivo, a prioridade no momento é seguir a abordagem
ABCDE, incluindo a estabilização cervical, para estabilizar o
paciente antes de solicitar exames de imagem.
AMERICAN COLLEGE OF SURGEONS. Committee on Trauma.
ATLS: Suporte Avançado de Vida no Trauma. 10. ed. Rio de
Janeiro: Elsevier, 2018.
BOTELHO, R. V. et al. Traumatismo da coluna Cervical Subaxial. In:
Tratado de Neurocirurgia. 1. ed. Rio de Janeiro: Thieme Revinter, 2016.
BRADLEY, W. G. et al. Neurology in Clinical Practice: Principles of
Diagnosis and Management. 8. ed. Philadelphia: Elsevier, 2021.
23. B – Fisiologicamente, há, no sistema cardiovascular,
sangue acumulado em vasos de capacitância que podem ser
mobilizados quando necessário. Esse sangue é comumente
chamado de “unstressed volume” e pode corresponder a
10mL/kg do paciente. Quando colocado em posição de
Trendelenburg (membros inferiores e pelve para cima), esse
volume de sangue é mobilizado, passando a participar da
hemodinâmica do doente (“stressed volume”). Contribui para
isso também a ativação simpática com liberação de adrenalina
e noradrenalina e vasoconstrição do território esplâncnico e
esplênico. A sonolência, assim como uma diurese protraída
(não referida no caso, mas que deve estar presente), pode sim
decorrer de hipoperfusão e os mecanismos autorregulatórios
(ausentes na pele, por isso pálida) têm uma limitação, no
sistema nervoso central, a partir de uma PAM de 50mmHg,
podem ficar comprometidos. A elevação de membros,
eventualmente descrita como “passive leg raising” (usada
também em paciente com choque séptico), quando efetiva
(aumento de 10% de débito cardíaco ou volume sistólico),
permite‑nos concluir que a infusão de cristaloides será, se
houver indicação, benéfica com melhoria do volume sistólico
e possibilidade de estabilização hemodinâmica com melhora
da perfusão. De fato, o débito cardíaco da doente está mantido
às custas da frequência cardíaca, tendo em vista a redução
do volume circulante (“stressed volume”) e é também mantida
pela ativação simpática. A intervenção sobre a FC somente
trará neste momento redução do débito cardíaco e aumento de
morbidez e mortalidade.
4 Núcleo Mineiro de Escolas Médicas – Teste de Progresso – Outubro/2023
COMMITTEE ON TRAUMA. Advanced Trauma Life Support: ATLS.
10. ed. Chicago: American College of Surgeons, 2018.
MATTOX, K. L; MOORE, E. E.; FELICIANO, D. V. Trauma. 7. ed.
Philadelphia: McGraw Hill, 2013.
PAPADAKIS, M. A. et al. Current Medical Diagnosis & Treatment.
56. ed. Philadelphia: Lange Medical book, 2017.
TOWNSEND, C. M. et al. Sabiston tratado de cirurgia: A base
biológica da prática cirúrgica moderna. 19. ed., v. 2. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2015.
24. C – O espaço subaracnoide, entre a aracnoide e a
pia‑máter, é o local onde deve ser injetado o anestésico local
para raquianestesia. O espaço subaracnoide é preenchido
com líquido cefalorraquidiano (LCR), que circula ao redor
do encéfalo e da medula espinhal, fornecendo proteção e
nutrição para o sistema nervoso central. O espaço epidural (ou
extradural) é localizado entre a dura‑máter e as vértebras. Ele
contém tecido adiposo, vasos sanguíneos e raízes nervosas.
A injeção de anestésico nesse local é a anestesia epidural.
O espaço subdural, entre a dura‑máter e a aracnoide, não é
utilizado para as anestesias.
STANDRING, S. (ed.). Gray’s Anatomy: The Anatomical Basis of
Clinical Practice. 41. ed. Philadelphia: Elsevier, 2016.
25. B – Este paciente tem indicação para manejo ambulatorial,
pois se enquadra dentro dos critérios do Ministério da Saúde
e demais protocolos de tratamento para a covid‑19, ou seja,
início dos sintomas antes dos 5 dias, idade maior que 65 anos,
sem indicação de oxigenoterapia suplementar e a doença
diabética como comorbidade. Os fármacos de escolha são
nirmatrelvir associado ao ritonavir, que funciona como booster
do primeiro. As doses usuais são 300 mg/100 mg de 12/12
horas por 5 dias, porém este paciente tem recomendação de
ajuste de posologia para 150 mg/100 mg, em função do seu
ritmo de filtração glomerular reduzido, conforme protocolo. A
metformina não contraindica o uso dos fármacos em questão,
pois não é considerada como interação medicamentosa
relevante. O fato de ser diabético não contraindica o
tratamento ambulatorial e não é critério isolado para indicação
de tratamento em nível hospitalar.
AGGARWAL, N. et al. Real‑world use of nirmatrelvir‑ritonavir in outpatients
with COVID‑19 during the era of omicron variants including BA.4 and
BA.5 in Colorado, USA: a retrospective cohort study. Lancet Infectious
Diseases, 2023.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde.
Guia para uso do antiviral nirmatrelvir/ritonavir em pacientes
com covid‑19, não hospitalizados e de alto risco. Sistema Único
de Saúde [recurso eletrônico] / Ministério da Saúde, Secretaria de
Vigilância em Saúde. Brasília, Ministério da Saúde, 2022. 35 p.
COMISSÃO NACIONAL DE INCORPORAÇÃO DE TECNOLOGIAS
NO SUS. Relatório de recomendação n.º 727. Nirmatrelvir/ritonavir
para pacientes infectados por SARS‑CoV‑2 não hospitalizados e
de alto risco. Brasília, DF: Conitec, 2022.
NATIONAL INSTITUTE OF HEALTH (Estados Unidos). Coronavirus
Disease 2019 (COVID‑19): Treatment Guidelines. [S. l.]: NIH,
2022. Disponível em: https://files. covid19treatmentguidelines.nih.
gov/guidelines/covid19treatmentguidelines.pdf. Acesso em: 26
mar. 2023.
26. D – O termo “infarto agudo do miocárdio” deve ser utilizado
quando há evidência de necrose miocárdica em um contexto
clínico de isquemia com elevação de marcadores de necrose
miocárdica (preferencialmente troponina) acima do percentil
99 do limite máximo de referência e, pelo menos, um dos
seguintes parâmetros: 1) sintomas sugestivos de isquemia
miocárdica; 2) desenvolvimento de novas ondas Q no ECG; 3)
novas ou presumivelmente novas alterações significativas no
segmento ST, na onda T ou BRE novo; 4) evidência, em exame
de imagem, de perda de miocárdio viável ou de nova alteração
segmentar de contratilidade ventricular; 5) identificação de
trombo intracoronariano por angiografia ou necropsia. O
diagnóstico diferencial entre IAM com ou sem supradesnível
do segmento ST depende exclusivamente do aparecimento ou
não deste tipo de alteração ao ECG; o diagnóstico diferencial
do IAM sem supradesnível de ST e angina instável depende
da presença (IAM sem supra) ou não (AI) de marcadores de
necrose miocárdica elevados. O enunciado informa elevação
de 3 vezes o valor de referência da troponina não sendo
angina instável. A angina de Prinzmetal ou vasoespástica
ocorre predominantemente em jovens sem comorbidades e
tipicamente cursa com elevação de segmento ST ao ECG.
MARTINEZ, P. F. et al. Biomarcadores no Diagnóstico e Prognóstico
do Infarto Agudo do Miocárdio. Arquivos Brasileiros de Cardiologia,
São Paulo, v. 113, n. 1, p. 40‑41, jul. 2019.
V DIRETRIZ da Sociedade Brasileira de Cardiologia sobre
Tratamento do Infarto Agudo do Miocárdio com Supradesnível do
Segmento ST. Rio de Janeiro: SBC, 2015. Disponível em: https://doi.
org/10.5935/abc.20150107. Acesso em: 18 jun. 2023.
27. B – Trata‑se do estágio da contemplação, pois a paciente
está ambivalente, isto é, por um lado, quer parar e, por outro,
não. A ambivalência é a característica fundamental definidora
da fase de contemplação. Conforme exposto nos Cadernos
de Atenção Básica do Ministério da Saúde: “Contemplação
(“Eu poderia”): admite o problema, é ambivalente e considera
adotar mudanças eventualmente. Pré‑contemplação: etapa
em que a pessoa não tem intenção de mudar em um futuro
próximo (dentro de 6 meses), geralmente mostrando‑se
indiferente ou resistente a propostas em contrário. Ex.: gosto
de fumar e não quero parar. Preparação: há desejo de mudar
num futuro próximo e já se realizam algumas ações visando
a este objetivo. Ex.: já diminui o número de cigarros, estou
buscando informações que possam me ajudar e pretendo parar
logo. Ação: é a fase em que o fumante enfrenta a abstinência.
Decide e para totalmente com o consumo de cigarros. Sua
duração costuma ser de duas a quatro semanas. Manutenção:
etapa em que o objetivo é manter a abstinência, enfrentar as
dificuldades e consolidar as conquistas. Ex.: não é fácil, mas
estou decidido e não quero retroceder” (BRASIL, 2015, p. 51).
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde.
Departamento de Atenção Básica. Estratégias para o cuidado
da pessoa com doença crônica: o cuidado da pessoa tabagista /
Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento
de Atenção Básica. Brasília: Ministério da Saúde, 2015. (Cadernos
de Atenção Básica, n. 40) ISBN 978‑85‑334‑2339‑8. Disponível em:
http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/publicacoes/caderno_40.
pdf. Acesso em: 20 jun. 2023.
5 Núcleo Mineiro de Escolas Médicas – Teste de Progresso – Outubro/2023
GODOY, I. et al (org.). Práticas Pneumológicas (edição ampliada).
Di Livros Editora Ltda., 2023. ISBN‑13 978‑6586143584.
REICHERT, J. et al. Diretrizes para cessação do tabagismo. Jornal
Brasileiro de Pneumologia, v. 34, p. 845‑880, 2008.
28. A – Os pacientes com úlcera duodenal não apresentam
risco aumentado de adenocarcinoma gástrico, sendo isso
mais frequente nos casos de úlcera gástrica, podendo ocorrer
linfoma. No entanto, a erradicação do Helicobacter pylori
é fundamental para a prevenção de recorrência da úlcera
duodenal, e o método de escolha nesses casos é a pesquisa
de antígeno fecal ou teste respiratório da ureia com carbono
13/14. A sorologia para Helicobacter pylori não é um método
fidedigno para controle de cura, tendo tido contato com a
bactéria, a sorologia permanecerá positiva por toda a vida.
As úlceras duodenais não têm necessidade de controle de
cicatrização por métodos invasivos (EDA), ficando essa
conduta restrita aos casos de úlcera gástrica, para exclusão de
neoplasia adjacente. O controle de erradicação do Helicobacter
pylori é obrigatório e deve ser realizado pelo menos 30 dias
após o término do tratamento para prevenção de recorrência
da úlcera duodenal e suas complicações, principalmente
hemorragia digestiva alta.
MALFERTHEINER, P. et al. European Helicobacter and Microbiota
Study Group and Consensus panel. Management of Helicobacter
pylori infection ‑ the Maastricht V/Florence Consensus Report. Gut,
66(1). p. 6‑30, Jan. 2017.
29. C – Esta é a apresentação mais comum de pancreatite
secundária à hipertrigliceridemia em adultos: indivíduo
diabético mal controlado, obeso com hiperlipidemia de base.
Na pancreatite por hipertrigliceridemia, a amilase sérica não
está substancialmente elevada. Apesar de a etiologia biliar ser
a mais comum nas pancreatites agudas, enzimas hepáticas
normais e USG de abdome com vesícula biliar normal e sem
dilatação de vias biliares tornam essa etiologia menos provável.
Não há relato de medicamentos de uso regular, e a pancreatite
autoimune é mais rara e costuma ser recorrente.
FELDMAN, M.; FRIEDMAN, L. S.; BRANDT, L. J. Sleisenger and
Fordtran’s gastrointestinal and liver disease. In: Sleisenger and
Fordtran’s Gastrointestinal and Liver Disease. 2. Volume Set:
Pathophysiology, Diagnosis, Management, Expert Consult Premium
Edition‑Enhanced Online Features and Print. Elsevier, p. 963‑971, 2010.
30. A – A síndrome nefrótica é caracterizada pela tríade
edema, hipoalbuminemia e proteinúria de 24h acima de 3,5g/
dia. A síndrome nefrítica é caracterizada por início súbito de
elevação de pressão arterial, edema e hematúria. A nefrite
tubulointersticial é, na maioria das vezes, assintomática e sem
proteinúria significativa. A injúria renal aguda não teria um
quadro tão arrastado e habitualmente cursaria com redução da
taxa de filtração glomerular.
FLOEGE, J.; FEEHALLY, J. Introdução à Doença Glomerular:
Apresentações Clínicas. In: JOHNSON, R; FEEHALLY, J; FLOEGE, J.
Nefrologia Clínica: Abordagem abrangente. Rio de Janeiro: Elsevier,
2016. p. 539‑578.
RIELLA, M. C. Princípios de nefrologia e distúrbios
hidroeletrolíticos. 6. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2018.
31. B – Trata‑se de paciente com quadro clínico compatível
com artrite reumatoide de início recente, cujas queixas
correspondem a derrame articular (inchaço) e calor e rubor
(processo inflamatório) nas articulações de mãos e punhos.
Não há alteração em interfalângicas distais, pois habitualmente
a artrite reumatoide poupa essas articulações. Os nódulos
de Heberden e Bouchard são característicos de osteoartrite
de mãos; nesse caso, a queixa seria de dor mecânica (pior
com esforço) e rigidez matinal menor que 30 minutos. As
deformidades da artropatia de Jaccoud são descritas em
pacientes com lúpus eritematoso sistêmico; além disso, pela
anamnese não há relato de queixas de deformidades. Desvio
ulnar dos dedos, polegar em Z, dedos “em pescoço de cisne”
e mãos “em dorso de camelo” são alterações compatíveis
com artrite reumatoide avançada, sequelar. A paciente tem
sintomas de artrite reumatoide inicial, com apenas 10 semanas
de evolução.
FULLER, R.; SEDA, H. Osteoartrite. In: CARVALHO, M. A. P. et al.
Reumatologia, Diagnóstico e Tratamento, 5. ed., p. 259‑272, 2019.
LANNA, Cristina C. D.; FERREIRA, Gilda A; TELLES, Rosa W. Lúpus
Eritematoso Sistêmico. In: CARVALHO, M. A. P. et al. Reumatologia,
Diagnóstico e Tratamento, 5. ed., p. 398‑438, 2019.
PINTO, R. C. et al. Artrite Reumatoide. In: CARVALHO, M. A. P. et al.
Reumatologia, Diagnóstico e Tratamento, 5. ed., p. 327‑352, 2019.
SAMPAIO‑BARROS, P. et al. Esclerose Sistêmica. In: CARVALHO,
M. A. P. et al. Reumatologia, Diagnóstico e Tratamento, 5. ed.,
p. 439‑451, 2019.
32. C – Paciente apresenta sintomas gastrointestinais
relacionados à ingesta de alimentos ricos em glúten desde
a infância com antitransglutaminase tecidual IgA positiva,
sugerindo o diagnóstico de doença celíaca. A inflamação
duodenal, característica da doença, leva a um quadro
disabsortivo de ferro e, por conseguinte, à anemia ferropênica.
Nesses casos, a terapêutica deve ser por via parenteral, uma
vez que o quadro é disabsortivo. Outras indicações de reposição
parenteral de ferro são: inviabilidade da via oral ou intolerância
às formulações orais, gastrectomias com duodenectomias ou
anastomose em Y‑de‑roux (por exemplo, cirurgia bariátrica pela
técnica de Fobi‑Capella), anemias intensas e sintomáticas com
necessidade de elevação da hemoglobina em curto espaço
de tempo e coexistência de quadro inflamatório sistêmico. O
quadro de helmintíase intestinal é agudo ou subagudo, além
de cursar com sintomas gastrointestinais relacionados ou
não à alimentação de modo mais genérico. A baixa estatura
relatada no enunciado é uma evidência a favor de um quadro
crônico. Portanto, o tratamento com albendazol não é devido.
Como vimos na justificativa acima, é a etiologia que de fato
determina a via de reposição de ferro.
KAUSHANSKY, K. et al. Williams: Manual de Hematologia. 9. ed.
Porto Alegre: McGraw Hill Education, 2016.
33. D – Trata‑se de paciente dependente de álcool, em
síndrome de abstinência alcoólica, com juízo crítico
prejudicado. Com o relato de heteroagressividade, representa
perigo para si e terceiros, sendo necessária a abordagem
independentemente de sua vontade. Apesar da síndrome
6 Núcleo Mineiro de Escolas Médicas – Teste de Progresso – Outubro/2023
de abstinência alcoólica, o paciente não apresenta sinais de
desestabilização clínica, sendo o local de tratamento mais
indicado o CAPS AD, onde deverá ser inserido. Somente após
a abordagem e estabilização do quadro de dependência de
álcool, estará indicado o seguimento na Unidade Básica de
Saúde. Internação compulsória é aquela determinada pela
justiça, não pelo médico assistente.
BRASIL. Ministério da Saúde. Lei n. 10.216, de 6 de abril de 2001.
Dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas portadoras de
transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em saúde
mental. Diário Oficial da União, seção 1.
DIEHL, A.; CORDEIRO, D. C.; LARANJEIRA, R. (org.). Dependência
química: prevenção, tratamento e políticas públicas. 2. ed. Porto Alegre:
Artmed, 2018. E‑book. (1 recurso online). ISBN 9788582714843.
34. A – O uso de enoxaparina deverá ser ajustado pela função
renal e a warfarina poderá ser alternativa para o paciente.
Pacientes com deficiência de Proteína C apresentam‑se
com risco de necrose cutânea induzida pela warfarina.
Rivaroxabana não é dialisável e também não é segura para o
uso em pacientes dialíticos.
BEYER‑WESTENDORF J. et al. Prevenção de complicações
tromboembólicas em pacientes com trombose venosa
superficial administrada a rivaroxabana ou fondaparinux: o
ensaio aberto, randomizado e não inferioridade SURPRISE fase
3b. Lancet Haematology. 2017. 4(3). p.105‑113. doi:10.1016/
S2352‑3026(17)30014‑5.
DAGER W. E.; GULSETH, M. P.; NUTESCU, E. A. (eds). Terapia
Anticoagulante: Um Guia de Prática Clínica. 2. ed. Sociedade
Americana de Farmacêuticos do Sistema de Saúde; 2018.
35. C – O forame oval patente pode servir como um canal para
embolização paradoxal do lado venoso para a circulação sistêmica
ou, devido à sua estrutura semelhante a um túnel e propensão
ao fluxo estagnado, pode servir como um nicho para a formação
de trombos in situ. Ele é um espaço semelhante a um túnel
entre o septum secundum e o septum primum sobrejacente que,
durante a vida fetal, é necessário para que o sangue oxigenado
da placenta retorne à veia cava inferior, atravesse o forame oval
e entre na circulação sistêmica. Dessa forma, sua persistência
leva a um shunt direita‑esquerda. Análises recentes resumem
que, devido à sua estrutura semelhante a um túnel e propensão
ao fluxo estagnado, o forame oval pode servir como um nicho para
a formação de trombos in situ e embolia paradoxal. A presença
de um aneurisma do septo interatrial em combinação com um
forame oval patente (FOP) também aumenta o risco de um evento
adverso, talvez devido ao aumento da formação de trombo in situ
no saco aneurismático ou simplesmente porque o FOP associado
a um aneurisma do septo interatrial tende a ser maior.
BRAUNWALD, E. Tratado de medicina cardiovascular. 8. ed. São
Paulo: Roca, 2007. v.1 e v. 2.
36. B – Os diuréticos tiazídicos aumentam a secreção de
potássio nos túbulos distais, podendo levar à hipocalemia.
Os baixos níveis de potássio no sangue promovem
a hiperpolarização da membrana do neurônio motor,
dificultando sua repolarização e, consequentemente, o
disparo de potenciais de ação para estimular a contração
do músculo esquelético. O íon que se liga à troponina C
e que desencadeia a contração muscular é o cálcio, e
não o potássio. Para que a contração muscular ocorra, é
fundamental que o ATP se converta em ADP, com liberação
de energia. Porém quem faz a atividade de ATPase e realiza
essa reação (hidrólise do ATP) é a miosina do músculo, e não
o potássio. O retorno à posição de repouso não tem ação do
potássio, após a liberação do ADP e a contração muscular,
os filamentos de actina e miosina retornam à posição inicial,
independentemente da concentração do potássio.
SILVERTHORN, D.U. Neurônios: propriedades celulares e de rede.
In: Fisiologia humana: uma abordagem integrada. 7ª. ed. Porto
Alegre: Artmed, 2017. Cap. 8, p. 226‑273.
SILVERTHORN, D.U. Músculos. In: Fisiologia humana: uma
abordagem integrada. 7ª. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017. Cap. 12,
p. 377‑416.
37. C – O caso ilustra uma paciente com insuficiência cardíaca
congestiva, portadora de diabetes e hipertensão arterial, que
precisa fazer uso de medicações que alteram a progressão
da doença cardiológica a longo prazo. As medicações com
esta função são os inibidores da enzima conversora de
angiotensina, os medicamentos da classe ISGLT2 (inibidores
do cotransportador do sódio‑glicose), os betabloqueadores
cardiosseletivos, a hidralazina quando associada a nitrato e os
bloqueadores dos receptores de aldosterona. A furosemida e a
digoxina têm efeitos nos sintomas, mas não na mortalidade a
longo prazo.
PACKER, M. et al. Cardiovascular and Renal Outcomes with Empagliflozin
in Heart Failure. N Engl J Med. 2020. 383(15). p. 1413‑1424. doi:10.1056/
NEJMoa2022190.
38. C – Um paciente com síncope ao esforço precedida por
lipotimia deve ter a causa investigada. Com a presença de
sopro com tais características (sopro em diamante significa
estenose grave), a estenose da válvula aórtica é a principal
hipótese. As demais alterações têm significado patológico,
mas não são associadas diretamente a um quadro de síncope.
PORTO, C. S. Semiologia Médica. 7. ed. Rio de Janeiro: Editora
Guanabara Koogan, 2013.
39. C – O diagnóstico de DPOC pelo GOLD é definido
pela razão VEF1/ CVF < 70% no pós‑broncodilatador, na
presença de fatores de risco e/ou sintomas como dispneia,
tosse crônica, produção de escarro e histórico de infecções
recorrentes do trato respiratório inferior. Já a classificação de
gravidade da DPOC é definida pela porcentagem do VEF1
em relação ao predito no pós‑broncodilatador. Nesse caso,
o paciente é classificado como DPOC GOLD 2 (moderado).
Para a definição de tratamento inicial, a presença de mMRC
≥ 2 e 0 ou 1 exacerbação moderada (que precisou de
antibiótico e/ou corticoide oral) e sem internação no último
ano indica o uso de beta‑2‑agonista e anticolinérgico de
longa duração diários e beta‑2‑agonista e/ou anticolinérgico
de curta duração nas crises.
GLOBAL INITIATIVE FOR CHRONIC OBSTRUCTIVE LUNG
DISEASE. Global strategy for Diagnosis, Management and
Prevention of Chronic Obstructive Pulmonary Disease 2023
7 Núcleo Mineiro de Escolas Médicas – Teste de Progresso – Outubro/2023
REPORT. Disponível em: <https://goldcopd.org/2023‑gold‑report‑2/.
Acesso em: 20 jun. 2023.
40. D – Na hemorragia alta com grande probabilidade de
ser varicosa, após a estabilização clínica, deve‑se iniciar a
terlipressina antes da realização da endoscopia digestiva alta,
a qual deve ser programada para as primeiras 12 horas de
admissão. O inibidor de bomba de prótons deve ser a droga
de escolha quando há fortes suspeitas de que a hemorragia
digestiva seja não varicosa. O balão esofágico só deve ser
posicionado em situações em que a endoscopia digestiva
alta está indisponível ou em situações em que a hemorragia
digestiva se apresenta descontrolada e não há como estabilizar
o paciente.
COSTA, L. A.; ROCHA, T. C. (coord.). Manual Gastroenterologia e
Hepatologia. 1. ed. Salvador, BA: Editora Sanar, 2022.
41. B – O diagnóstico de pré‑diabetes é estabelecido com
um exame alterado, mas que não apresenta os valores
determinados para o diagnóstico de diabetes. O paciente pode
apresentar uma glicemia de jejum alterada ou uma intolerância
à glicose (quando a alteração apresentada é identificada no
teste de sobrecarga de glicose) ou apenas uma alteração
na HbA1C. Em relação ao diabetes, quando o paciente está
assintomático, são necessários dois exames alterados que
representem momentos diferentes de avaliação da glicose.
COBAS, R. et al. Diagnóstico do diabetes e rastreamento do diabetes
tipo 2. Diretriz Oficial da Sociedade Brasileira de Diabetes, 2022.
DOI: 10.29327/557753.2022‑2, ISBN 978‑65‑5941‑622‑6.
42. A – No caso desta paciente que apresenta febre, calafrios,
taquicardia, hipotensão e Giordano positivo, o diagnóstico
de sepse por pielonefrite aguda é o mais provável, sendo
recomendados internação, antibioticoterapia endovenosa
após coleta de hemocultura e urocultura e expansão volêmica.
Ceftriaxone é o antibiótico de escolha já que E. coli é o agente
envolvido na grande maioria dos casos. Antibioticoterapia oral
poderia ser indicada nos casos de pielonefrite leve nos quais
os pacientes consigam tolerar ingesta oral, por isso esse não
é o tratamento para esta paciente com quadro de sepse grave/
choque séptico. A paciente claramente apresenta pielonefrite
aguda e não cistite. É importante lembrar que infecção de
trato urinário baixo não cursa com Giordano positivo. Doença
inflamatória pélvica normalmente cursa com dor à mobilização
do colo uterino e anexos, além da presença de corrimento
vaginal de aspecto amarelado, e paciente séptica não deve ser
liberada para tratamento ambulatorial.
GUPTA, K. et al. International clinical practice guidelines for the
treatment of acute uncomplicated cystitis and pyelonephritis in
women: A 2010 update by the Infectious Diseases Society of America
and the European Society for Microbiology and Infectious Diseases.
Clin Infect Dis, v. 52, p.103, 2011.
GUPTA, K. Acute complicated urinary tract infection (including
pyelonephritis) in adults. UpToDate, 2023.
KAYE, K. S. et al. Fosfomycin for Injection (ZTI‑01) Versus
Piperacillin‑ tazobactam for the Treatment of Complicated Urinary
Tract Infection Including Acute Pyelonephritis: ZEUS, A Phase 2/3
Randomized Trial. Clin Infect Dis, v. 69, p. 2045, 2019.
NICOLLE, L. E. A practical guide to antimicrobial management of
complicated urinary tract infection. Drugs Aging, v.18, p. 243, 2001.
ROSS, J. et al. European guideline for the management of pelvic
inflammatory disease. Int J STD AIDS, v. 29, p.108, 2018.
43. C – Diante de um indivíduo com mais de 50 anos, do sexo
feminino, com quadro de dor e rigidez de cintura escapular e
pélvica associada à cefaleia de início recente, febre, além de
outros sintomas sistêmicos, é imperioso pensar na hipótese
de polimialgia reumática e arterite de células gigantes. Outro
sintoma bastante frequente é a claudicação de mandíbula. São
vasculites sistêmicas que podem estar associadas a 40‑60%
dos casos e respondem dramaticamente ao corticoide. Um
dos critérios diagnósticos é a elevação do VHS > 50mm. Entre
10‑15% podem evoluir com neuropatia óptica isquêmica, por
isso a importância da avaliação oftalmológica. A ausência
de fraqueza muscular objetiva e de limitação de mobilidade
tornam a ultrassonografia dos membros e a ENMG pouco
úteis. Diante da resposta ao uso de corticoide, distúrbios da
tireoide são pouco prováveis.
VASCONCELOS, J. T. S. (ed.). Livro da Sociedade Brasileira de
Reumatologia. Barueri: Manole, 2019.
44. A – Medicações, entre as quais os anticolinérgicos,
usados para incontinência urinária, são causa frequente de
delirium. As psicoses de natureza psiquiátrica sempre devem
ser consideradas no diagnóstico diferencial do paciente
“confuso”, porém a idade de apresentação da esquizofrenia,
habitualmente, é mais precoce. A ressonância encefálica tem
baixa probabilidade de esclarecer um quadro como esse, na
ausência de traumas cranianos recentes. A síndrome demencial
sempre deve ser considerada no diagnóstico diferencial do
paciente “confuso”, porém a evolução é subaguda e crônica,
e não aguda.
MAGALHÃES, L. V. B. Semiologia neurológica moderna em 10
passos (baseados em pacientes reais). 1. Ed. Curitiba: Editora
Brazil Publishing, 2021.
45. D – Na impossibilidade de se obter glicemia capilar ou se
paciente hipoglicêmico, com história de etilismo, sugere‑se,
simultaneamente, injetar tiamina 100 a 250 mg e infundir de 40 a
60 ml de glicose a 50% via intravenosa, com intenção de impedir
lesões cerebrais por hipoglicemia e evitar ocorrência de síndrome
de Wernicke. A administração isolada de glicose pode depletar
ainda mais os estoques já baixos de tiamina desses pacientes,
precipitando o aparecimento da síndrome de Wernicke. As atuais
diretrizes no manejo do estado de mal epiléptico recomendam
a utilização de apenas 2 doses de diazepam 10 mg EV na
primeira fase do manejo. Não obtendo controle da crise,
recomenda‑se utilizar antiepiléptico, sendo a fenitoína o fármaco
mais comumente utilizado no Brasil, na dose de ataque de 20
mg/kg. Não há dados suficientes no caso clínico para afirmar
a necessidade da entubação orotraqueal nesse momento do
atendimento. Dosagem sérica de fenobarbital pode ser realizada
posteriormente, não sendo um fator decisivo no manejo do estado
de mal epiléptico. Ademais, há informações de uso irregular, o
que de fato aponta para que a dosagem do fármaco esteja em
níveis inferiores ao terapêutico; as diretrizes nacionais de manejo
de estado de mal epiléptico recomendam o uso de fenitoína
8 Núcleo Mineiro de Escolas Médicas – Teste de Progresso – Outubro/2023
antes do fenobarbital para se interromper a atividade epiléptica,
salvo quando há contraindicações à fenitoína. Dosagem sérica
de CK (enzima creatininofosfoquinase) pode ser realizada
posteriormente, não sendo um fator decisivo no manejo do estado
de mal epiléptico. Ademais, é esperado que a dosagem esteja
aumentada pelo simples fato de o paciente estar convulsionando;
midazolam intramuscular deve ser utilizado na primeira fase do
estado de mal epiléptico, no momento em que não se obtém
acesso venoso para se administrar benzodiazepínico venoso.
BRASIL. Ministério da Saúde. Avaliação e conduta da epilepsia na
atenção básica e na urgência e emergência. Brasília: Ministério
da Saúde, 2018. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/
publicacoes/avaliacao_conduta_epilepsia_atencao_basica.pdf.
Acesso em: 28 jun. 2023.
PINTO, L. F.; OLIVEIRA, J. P. S.; MIDON, A. M. Estado de mal
epiléptico: revisão sobre diagnóstico, monitorização e tratamento. Arq
Neuropsiquiatr, v. 80, n. 5, suppl. 1, p. 193‑203, 2022.
46. A – O diagnóstico clínico é de carcinoma basocelular, por se
tratar de lesão nodular com telangiectasia e ulceração com um
ano de evolução. A indicação é a exérese da lesão com margem
de 3 a 5 mm e exame anatomopatológico para confirmação do
diagnóstico e estudo das margens de ressecção. O melanoma
frequentemente se apresenta como lesão pigmentada plana, não
sendo comum telangiectasias e ulcerações. As ceratoses e o
nevus melanocítico não apresentam telangiectasias e ulcerações.
MELEGA, J. M.; VITERBO, F.; MENDES, F. H. Cirurgia Plástica: Os
Princípios e a Atualidade. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011.
p. 169‑179 p. ISBN 978‑85‑277‑1648‑2.
47. C – Um quadro de cólica nefrética com dor irradiada
para testículo sugere cálculo impactado na região da junção
ureterovesical, uma vez que compartilham a mesma inervação.
RIELLA, M. C. Princípios de nefrologia e distúrbios hidreletrolíticos.
Nefrolitíase. 6. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2018.
JOHNSON, R. J. Nefrologia Clínica: Abordagem abrangente.
Nefrolitíase e Nefrocalcinose. 5. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2016.
48. B – Dentre as bactérias Gram‑positivas, Staphylococcus
aureus é a associada a casos de endocardites em
usuários de drogas. Ademais, trata‑se uma bactéria que se
caracteriza pela divisão celular multiplanar, o que confere
a ela o arranjo em cacho de uva principalmente. Para que
a bactéria inicie seu processo de adesão e colonização
inicial na válvula cardíaca, ela utiliza seu glicocálice que
expressa uma cápsula polissacarídica. O Streptococcus
bovis é um patógeno associado a endocardites em pacientes
com câncer colorretal, o que não condiz com o caso do
paciente em questão. Ademais, seu arranjo é em corrente.
Staphylococcus epidermidis possui arranjo semelhante a S.
aureus, entretanto ela é catalase negativa. Adicionalmente,
a bactéria não é associada a endocardites que têm como
fator de risco o uso de drogas endovenosas, e sim a
doenças cardíacas preexistentes. Apesar de Pseudomonas
aeruginosa estar relacionada a endocardites em usuários de
drogas, ela é um bacilo Gram‑negativo distinto da bactéria
encontrada na hemocultura. Ademais, a estrutura bacteriana
lipopolissacarídeo está relacionada à síndrome séptica e não
à adesão bacteriana no hospedeiro.
LEVINSON, W. et al. Microbiologia Médica e Imunologia: um manual
clínico para doenças infecciosas. 2021. E‑book. ISBN 9786558040156.
MURRAY, P. R.; ROSENTHAL, K. S.; PFALLER, M. A. Microbiologia
médica. Tradução de Andreza Martins. 7. ed. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2014. 873p., il., color. ISBN 97885352711065.
PROCOP, G. W. Diagnóstico Microbiológico ‑ Texto e Atlas, 7. ed.
Grupo GEN, 2018. E‑book. ISBN 9788527734516. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788527734516/.
Acesso em: 30 abr. 2023.
49. C – A hemostasia mecânica por contração miometrial
e a liberação de fatores hemostáticos deciduais locais ou
de coagulação sistêmicos são mecanismos fisiológicos de
controle do sangramento no pós‑parto. As demais alternativas
não fazem parte da fisiopatologia da hemorragia pós‑parto.
PROTOCOLOS FEBRASGO. Obstetrícia. Hemorragia pós‑parto.
Número 36. Disponível em: https://www.febrasgo.org.br. Acesso
em: abr. 2023.
50. B – Se os valores iniciais de Beta HCG forem inferiores
aos da zona discriminatória (valor discriminatório é 3.500
mUI/mL) e a USTV não visualizar gravidez tópica nem
ectópica, será necessária a dosagem seriada Beta HCG. Os
valores de Beta HCG tendem a aumentar a cada 48 horas na
gravidez tópica viável. A curetagem uterina não é indicada
em fase inicial, pois pode se tratar de uma gravidez tópica
inicial. A dosagem do hormônio estradiol não faz parte da
propedêutica da gravidez ectópica.
PROTOCOLOS FEBRASGO. Obstetrícia. Gravidez ectópica. n. 15.
Disponível em: https://www.febrasgo.org.br. Acesso em: abr. 2023.
51. C – A paciente do referido caso clínico apresenta sinais
e sintomas típicos de placenta prévia. Embora a suspeita
diagnóstica seja clínica, é necessária a realização de
ultrassonografia (de preferência endovaginal por apresentar
maior sensibilidade e especificidade) a fim de confirmar a
localização placentária que, provavelmente, estará implantada
no segmento inferior do útero, recobrindo ou muito próxima
ao colo uterino, confirmando assim a origem placentária do
sangramento vaginal. Embora a placenta prévia não curse com
sofrimento fetal, cabe avaliar a vitalidade do feto por meio de
ultrassonografia obstétrica ou de cardiotocografia basal (CTB)
que, diante de boa vitalidade fetal, mostra acelerações cardíacas
fetais. A intensidade do sangramento não significa sofrimento
fetal e, raramente, causa instabilidade hemodinâmica materna,
não sendo, assim, indicação imediata de interrupção da
gestação. Anemia ao exame hematológico de uma grávida não
significa necessariamente perda sanguínea acentuada devido
ao processo da hemodiluição que ocorre durante a gestação e
raramente é abordada através de hemotransfusão. Não está
indicada a associação de CTB com o perfil biofísico já que,
como falado anteriormente, placenta prévia não cursa com
sofrimento fetal.
ZUGAIB, M. Obstetrícia . 4 ed. Barueri, SP: Editora Manole, 2020.
Cap. 39, p. 773‑788.
52. A – Deve ser realizado rastreamento universal com
glicemia de jejum na primeira consulta de pré‑natal. Valores
9 Núcleo Mineiro de Escolas Médicas – Teste de Progresso – Outubro/2023
de glicemia de jejum entre 92 mg/dL e 125 mg/dL já confirmam
o diagnóstico de diabetes mellitus gestacional, não sendo
indicada realização de outro exame de rastreio para DMG (no
caso TOTG).
BRASIL. Manual de gestação de alto risco [recurso eletrônico]
/ Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção Primária à Saúde.
Departamento de Ações Programáticas. Brasília: Ministério da Saúde,
2022. Cap. 10.
53. C – O teste da fibronectina apresenta maior sensibilidade
e menor especificidade. Embora o pH normal do líquido
amniótico (7,1 a 7,3), em geral, seja superior ao pH normal
do conteúdo vaginal (3,8 a 4,5), esse teste não está indicado
para diagnóstico de RPMO. O toque vaginal deve ser evitado
porque aumenta as chances de infecção, além de acrescentar
pouca informação em relação ao exame especular. A presença
de normoidramnia não descarta o diagnóstico de RPMO.
MONTENEGRO, C. A. B.; REZENDE FILHO, J. Obstetrícia. 13. ed.
Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017.
PRELABOR rupture of membranes. ACOG Practice Bulletin n. 217.
American College of Obstetricians and Gynecologists. Obstetric &
Gynecoly. 2020. 135. p. 80‑97.
ZUGAIB, M. F. R. Obstetrícia. 4. ed. Barueri: Manole, 2020.
54. D – A conduta é iniciar imediatamente espiramicina assim
que houver suspeita de infecção aguda. Como a paciente está
com menos de 16 semanas, deve ser solicitado o teste de
avidez para IgG. Se o teste evidenciar alta avidez, pressupõe‑se
que a infecção ocorreu antes da gestação e o IgM positivo é
residual. Neste caso, não é necessário continuar o tratamento.
O momento de início do tratamento com espiramicina deve ser
imediato, pois não está condicionado ao resultado do teste de
avidez. Somente depois se avalia o teste de avidez para definir
a próxima conduta. O esquema tríplice deverá ser iniciado a
partir de 16 semanas se o teste de avidez evidenciar baixa
avidez. Além disso, o teste de avidez é realizado para IgG e
não para IgM.
BRASIL. Manual de gestação de alto risco [recurso eletrônico]
/ Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção Primária à Saúde.
Departamento de Ações Programáticas. Brasília: Ministério da
Saúde, 2022. Disponível em: https://portaldeboaspraticas.iff.
fiocruz.br/wp‑content/uploads/2022/03/manual_gestacao_alto_
risco.pdf . Acesso em: 30 abr. 2023.
55. D – A investigação se inicia pela anamnese, buscando
informações sobre surgimento de caracteres sexuais
secundários e presença de dor pélvica cíclica. O exame físico
pode mostrar hímen imperfurado, septos vaginais transversos,
presença de massas indicando hematométrio, hematocolpo,
rins ectópicos ou mesmo testículos inguinais (as primeiras
sugerem malformações müllerianas, e a última, insensibilidade
aos androgênios). Na maioria dos casos de amenorreia
primária, o exame físico é normal e, portanto, o ultrassom
é o exame de imagem que pode esclarecer as queixas.
Considerando tratar‑se de amenorreia primária, a hipótese
de gravidez é improvável. O cariótipo deve ser solicitado
para descartar resistência completa aos androgênios e as
síndromes de disgenesia gonadal (Turner, Swyer).
TAYLOR, H. S. et al. Amenorrhea. In: Speroff’s Clinical
Gynecologyc Endocrinology and Infertility. Philadelphia: Wolters
Kluwer, 2020, p. 821‑919.
THE PRACTICE COMMITTEE OF THE AMERICAN SOCIETY FOR
REPRODUCTIVE MEDICINE. Current Evaluation of Amenorrhea.
Fertility and Sterility, Birmingham, v. 90, n. 3, 2008. doi:10.1016/j.
fertnstert.2008.08.038.
56. A – As recomendações preconizadas internacionalmente
para a conduta inicial de pacientes com diagnóstico
citopatológico de LSIL variam entre: o encaminhamento
imediato para a colposcopia; a repetição da citologia em
intervalos variáveis, com encaminhamento para colposcopia,
caso o resultado subsequente mantenha LSIL ou apresente
outras atipias; e a realização do teste de detecção de DNA‑HPV,
com encaminhamento para colposcopia caso o resultado seja
positivo 10‑22. O encaminhamento imediato para colposcopia
como conduta inicial de pacientes com diagnóstico citológico
de LSIL é apoiado no argumento de que há, nesses casos,
a possibilidade da presença de lesões mais graves. Contudo,
essa conduta desconsidera a história natural da infecção pelo
HPV, que embasa o adiamento da investigação, evitando
o sobrediagnóstico ou sobretratamento induzido pela
abordagem de lesões que tendem à regressão espontânea.
As recomendações são que pacientes com diagnóstico
citopatológico de LSIL repitam o exame citopatológico em seis
meses na Unidade de Atenção Básica. Processos infecciosos
ou atrofia genital identificados devem ser tratados antes da
nova coleta. Se a citologia de repetição for negativa em dois
exames consecutivos, a paciente deve retornar à rotina de
rastreamento citológico trienal na Unidade de Atenção Básica.
Se uma das citologias subsequentes no período de um ano for
positiva, encaminhar à unidade de referência para colposcopia.
DIRETRIZES brasileiras para o rastreamento do câncer do colo do
útero / Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva.
Coordenação de Prevenção e Vigilância. Divisão de Detecção
Precoce e Apoio à Organização de Rede. 2. ed. rev. atual. Rio de
Janeiro: INCA, 2016.
57. B – A esterilização cirúrgica voluntária no Brasil atualmente
pode ser feita em homens e mulheres, sem filhos, com
capacidade civil plena e maiores de 21 (vinte e um) anos de idade
ou em qualquer idade, com pelo menos 2 (dois) filhos vivos.
O procedimento pode ocorrer desde que observado o prazo
mínimo de 60 (sessenta) dias entre a manifestação da vontade
e o ato cirúrgico, período no qual será propiciado à pessoa
interessada o acesso ao serviço de regulação da fecundidade,
inclusive aconselhamento por equipe multidisciplinar, com
vistas a desencorajar a esterilização precoce. O parágrafo 5º
do artigo 10 da Lei 9.263/1966, que tratava da dependência do
consentimento expresso de ambos os cônjuges na vigência de
sociedade conjugal, foi revogado pela nova Lei 14.443/2022. O
profissional não pode negar o direito da paciente baseado em
juízo de valor próprio.
BRASIL. Lei nº 14.443, de 2 de setembro de 2022. Diário Oficial da
União ‑ Seção 1 ‑ 5/9/2022, Página 5 (Publicação Original).
58. A – O tratamento ambulatorial da DIP aplica‑se a
pacientes que apresentam quadro clínico leve e exame
10
abdominal e ginecológico sem sinais de pelviperitonite. Os
principais critérios para tratamento hospitalar de DIP são a
presença de abscesso tubo‑ovariano, gravidez e ausência
de resposta clínica após 72h do início do tratamento com
antibioticoterapia oral. Recomenda‑se que, por menor que
seja a suspeita, o tratamento seja iniciado o quanto antes e,
devido à diversidade de agentes etiológicos implicados na
DIP, a melhor conduta é a associação de antibióticos, sendo
que a monoterapia não é recomendada. A melhora clínica
das pacientes com DIP deverá acontecer nos três primeiros
dias após o início do tratamento antimicrobiano. A cura é
baseada no desaparecimento dos sinais e sintomas. Se a
avaliação for feita com critérios bacteriológicos após trinta
dias, 40% das pacientes ainda persistem com a presença de
um ou mais agentes bacterianos, de acordo com o estudo
PEACH (Pelvic Inflammatory Disease Evaluation Clinical
Health Trial).
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde.
Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções
Sexualmente Transmissíveis. Protocolo Clínico e Diretrizes
Terapêuticas para Atenção Integral às Pessoas com Infecções
Sexualmente Transmissíveis (IST)/Ministério da Saúde, Secretaria
de Vigilância em Saúde, Departamento de Doenças de Condições
Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis. Brasília:
Ministério da Saúde, 2020.
59. D – A vaginose bacteriana é uma das principais causas
de corrimento vaginal. Há substituição da flora lactobacilar
por bactérias anaeróbias, que fazem com que haja secreção
bolhosa, pela produção de aminas voláteis. A mucosa
vaginal e da ectocérvice não apresentam sinais inflamatórios
significativos e são íntegras. As aminas voláteis produzidas pelos
microorganismos (putrescina e cadaverina) são responsáveis
pelo odor desagradável, especialmente depois de se adicionar
KOH à secreção colhida para o exame. A candidíase vaginal
pode produzir prurido, mas seu corrimento não possui cheiro
forte. O padrão do corrimento é esbranquiçado ou amarelado,
formando grumos, que ficam aderidos à mucosa da ectocérvice
e à mucosa vaginal. Há sinais de inflamação nesses locais,
com edema, enantema e às vezes ulcerações. A vaginose
não desencadeia reação inflamatória significativa, portanto, o
esfregaço associado a este tipo de infecção não possui padrão
purulento e há escassas células inflamatórias. A tricomoníase,
apesar de produzir corrimento mal cheiroso e desencadear a
positividade para o teste do KOH, apresenta reação inflamatória
intensa, com inúmeros neutrófilos. A mucosa da ectocérvice e
vaginal são intensamente inflamadas, com múltiplas erosões,
dando à ectocérvice o aspecto de “morango” ou “framboesa”.
BRASIL. Ministério da Saúde. Protocolo clínico e diretrizes terapêuticas
para atenção integral às pessoas com infecções sexualmente
transmissíveis (IST). Brasília: Ministério da Saúde. 2022. 211p.
Disponível em: http://antigo.aids.gov.br/system/tdf/pub/2016/57800/
pcdt‑ist‑2022_isbn.pdf?file=1&type=node&id=57800&force=1. Acesso
em: 26 jun. 2023.
60. C – A pré‑eclâmpsia e eclâmpsia têm como fisiopatologia
a disfunção endotelial, provavelmente induzida por fatores
imunológicos, produzindo disfunção endotelial universal e
ativação generalizada da inflamação no organismo materno.
Núcleo Mineiro de Escolas Médicas – Teste de Progresso – Outubro/2023
As alterações do endotélio dos glomérulos renais produzem
glomeruloendoteliose e esclerose glomerular focal, que levam
à proteinúria e à redução da taxa de filtração glomerular.
As alterações renais que justificam a proteinúria, assim
como as demais alterações sistêmicas ocorridas em outros
órgãos, relacionam‑se às alterações endoteliais universais
nos vasos maternos, e não nos demais componentes renais
citados nas outras alternativas (mesângio, epitélio tubular ou
glomerular), que podem estar aumentadas de volume, mas em
consequência das alterações endoteliais.
CASTRO, E. C. C. Patologia da Placenta, do Feto e da Gravidez. In:
FILHO, G. B. Bogliolo, Patologia. 10. ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan. 2021. Cap. 22, p. 718‑740.
FEBRASGO ‑ Federação Brasileira das Associações de Ginecologia
e Obstetrícia. Pré‑eclâmpsia nos seus diversos aspectos. Série
Orientações e Recomendações. FEBRASGO. n. 8. São Paulo:
Connexomm, p. 56, 2017.
61. B – No segundo trimestre, preconiza‑se a avaliação
ultrassonográfica transvaginal em todas as gestantes
(rastreamento universal) entre 18 a 24 semanas, por ocasião
da ultrassonografia morfológica, com o intuito de analisar o
comprimento do colo uterino. Trata‑se de um procedimento fácil,
de baixo custo e eficaz na diminuição da taxa de prematuridade.
A medida por via abdominal não é recomendada, pois sofre maior
interferência de fatores individuais, como obesidade, por exemplo.
ZUGAIB. M.; FRANCISCO, R. P. V. Zugaib obstetrícia. 4. ed. Editora
Manole, 2020. 714 p.
62. A – A taxa de incidência é uma medida utilizada para
descrever a frequência de novos casos de uma determinada
doença ou agravo à saúde em uma população específica
durante um determinado período. Essa medida é útil para
avaliar o impacto das intervenções na saúde pública na
redução da incidência da doença. A prevalência se refere ao
número total existente de uma doença em um dado momento,
e não apenas aos casos novos. A morbidade se relaciona com
as complicações decorrentes da doença. A taxa de epidemia
mede o aumento do número de casos de uma doença, sem
delimitação geográfica específica.
BRASIL. Secretaria de Vigilância em Saúde. Ministério da Saúde.
Boletim Epidemiológico. Sífilis. Out. 2020. Disponível em: https://
www.gov.br/saude/pt‑br/arquivos/2020/BoletimSfilis2020especial.pdf.
Acesso em: 28 jun. 2023.
FERNANDES, C. E. FEBRASGO ‑ Tratado de Obstetrícia. Grupo GEN,
2018. 594 p.
PEREIRA, S. D. Conceitos e definições da saúde e epidemiologia
usados na vigilância sanitária. São Paulo: Ministério da Saúde, 2004.
63. D – Menopausa é a última menstruação da mulher,
diagnóstico retrospectivo, após 12 meses de amenorreia,
ou teste da progesterona indicando ausência de estímulo
estrogênico, devido à falência ovariana. A dosagem do FSH
vai se elevando no período da transição menopausal, mas não
define quando seria a última menstruação.
BARACAT, E. C.; SOARES JÚNIOR, J. M. (eds). Condutas em
ginecologia baseadas em evidências: protocolos assistenciais,
11
clínica ginecológica, Hospital das Clínicas ‑ FMUSP. São Paulo:
Atheneu, 2016.
64. B – De acordo com o manual de rotina de pré‑natal
preconizado pelo Ministério da Saúde, os exames laboratoriais
recomendados para assistência no pré‑natal de baixo risco
são: hemograma, glicemia de jejum, ABO‑Rh, coombs indireto,
sorologias (anti‑HIV, VDRL, HbsAg, sorologia toxoplasmose),
urina I e II.
ZUGAIB, M.; FRANCISCO, R. P. V. Zugaib obstetrícia. 4. ed. Editora
Manole, 2020. 714 p.
65. A – A simplicidade e a eficácia comprovada da manobra
de hiperflexão e abdução da coxa (McRoberts) fazem dela um
passo ideal na conduta frente à distocia de ombro. Quando
combinada com a pressão suprapúbica (Rubin l), resolve mais
de 70% dos casos.
SUPORTE AVANÇADO DE VIDA EM OBSTETRÍCIA (ALSO Brasil).
Manual e Programa de Estudos. 6. ed. São Paulo: Sarvier, 2018.
66. B – A vacinação durante a gestação tem prioridade em
uma abordagem que considera a imunização ao longo da vida
e, talvez, seja a única imunização pela qual duas gerações
se beneficiam diretamente de uma única vez e de forma
eficiente. No entanto, ainda há alguns questionamentos sobre
a segurança da vacinação durante a gravidez. A maior parte
dessas dúvidas dizem respeito às possíveis repercussões
no feto e RN, além de possíveis efeitos para a gestante.
Vacinas que são compostas de microrganismos inativados
(DTPa e influenza) já têm segurança bastante conhecida.
Assim, os dados apontam que os benefícios são evidentes
e superam largamente alguns eventos adversos existentes,
para as vacinas atualmente preconizadas na gestação. Essas
vacinas são: VACINA CONTRA INFLUENZA – Recomendada
para toda gestante, a cada gravidez, em qualquer fase
gestacional, preferencialmente no período que antecede a
temporada de circulação do vírus influenza naquela região.
Mulheres grávidas apresentam maior risco de complicações
após infecções por influenza, como hospitalização, admissão
em unidades de terapia intensiva e óbito. As alterações
anatômicas e funcionais, com capacidade pulmonar reduzida
e aumento do consumo e da demanda de oxigênio, aumentam
o risco de hipoxemia e contribuem para o agravamento da
doença. Além disso, a influenza durante a gravidez aumenta
o risco para parto prematuro, baixo peso ao nascer e óbito
fetal. A imunização contra a gripe durante a gestação protege
a mãe e o RN nos primeiros meses após o nascimento, uma
vez que lactentes menores de seis meses estão em maior
risco de hospitalização e óbito pela doença, e nenhuma vacina
influenza é licenciada nesta faixa etária. VACINA DTPa – Com
o conhecimento atual da redução do tempo de proteção para
o componente pertussis da vacina tríplice bacteriana e com
a epidemiologia demonstrando número crescente de casos
de coqueluche, principalmente nos últimos 10 anos, essa
vacina é de importância fundamental. A coqueluche é uma
doença grave, principalmente quando acomete lactentes
jovens nos primeiros três meses de vida, período associado
ao maior número de óbitos. Para garantir proteção máxima
para os lactentes, ainda no início do esquema vacinal, é
Núcleo Mineiro de Escolas Médicas – Teste de Progresso – Outubro/2023
preconizado que a gestante receba, após a 20ª semana de
gestação, uma dose da vacina tríplice bacteriana acelular do
tipo adulto, a cada gravidez. A vacina DTPa aplicada após a
20ª semana de gestação é suficiente para induzir proteção
contra o tétano neonatal em gestantes com história prévia
de imunização completa (3 doses) com vacinas contendo o
componente tetânico, ou que tenham recebido duas doses de
dT previamente. VACINA CONTRA HEPATITE B – As vacinas
contra a hepatite B disponíveis no Brasil são produzidas por
engenharia genética e não contêm DNA viral. A vacinação induz
à produção de anti‑HBs. O esquema posológico mais utilizado
Tabela 1. Vacinas e Gestação
Indicadas durante a
Vacina
gestação
dTpa Sim
Influenza Sim
Hepatite B Sim
Hepatite A
Hepatite A+B
Pneumocócicas
Meningocócicas C e ACWY
Meningocócica B
Febre Amarela
Tríplice Viral
Varicela
HPV
Dengue
Fonte: adaptado Calendário Vacinação SBIm Gestante.
ADVISORY COMMITTEE ON IMMUNIZATION PRACTICES ‑ ACIP.
Pregnancy guidelines and recommendations by vaccine. USA:
Centers for Diseases Control CDC, 2016. Disponível em: https://www.
cdc.gov/vaccines/pregnancy/hcp-toolkit/guidelines.html#. Acesso em:
23 jun. 2023.
LAJOS, G. J. et al. Vaccination in pregnant and postpartum women.
Rev Bras Ginecol Obst ‑ RBGO. 42(12), 2020.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE IMUNIZAÇÕES ‑ SBIm. Calendário
de Vacinação SBIm Gestante. 2020. Disponível em: https://sbim.
org.br/images/calendarios/calend‑sbim‑gestante.pdf. Acesso em: 23
jun. 2023.
67. C – Paciente apresentando quadro de mastite puerperal,
na fase de abscesso. Além do tratamento medicamentoso,
será necessária a drenagem do abscesso, não havendo a
necessidade de exame de imagem. Sempre enfatizar que se
mantenha o esvaziamento da glândula mamária, orientando
a amamentação. O uso de compressas quentes está
contraindicado em qualquer processo inflamatório agudo.
ASSOCIAÇÃO DE GINECOLOGISTAS E OBSTETRAS DE MINAS
GERAIS. Manual de ginecologia e obstetrícia SOGIMIG. 6. ed.
Belo Horizonte: Coopmed Editora Médica, 2017.
12
é o de três doses nos momentos zero, um e seis meses após
a primeira dose (ou 0‑30‑180 dias), podendo ser iniciado já
no primeiro trimestre. Se a vacinação for interrompida, não
será necessário recomeçar o esquema, mas sim apenas o
completar. Apresenta excelente imunogenicidade, por isso
não é indicada investigação sorológica após a vacinação. O
principal objetivo da vacinação da gestante, além de proteger
as mães de adquirirem o vírus durante a gravidez, é proteger o
RN. Caso não haja comprovação vacinal prévia ou o esquema
vacinal da gestante esteja incompleto, a orientação é iniciar o
esquema ou dar continuidade e completar as doses faltantes.
Podem ser consideradas
Contraindicadas
durante a gestação
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Não
Não
Não
Não
68. C – A obstrução tubária pode ser secundária à doença
inflamatória pélvica, endometriose, cirurgias pélvicas prévias,
dentre outras, sendo causa frequente de infertilidade primária.
O útero didelfo, além de condição rara, não é causa de
infertilidade primária. A presença de ciclos regulares elimina
a possibilidade de anovulação secundária à síndrome dos
ovários policísticos, assim como a de estenose cervical.
FEDERAÇÃO BRASILEIRA DAS ASSOCIAÇÕES DE GINECOLOGIA
E OBSTETRÍCIA (FEBRASGO). Propedêutica básica da infertilidade
conjugal. São Paulo: FEBRASGO, 2018. Protocolo nº 46.
69. B – O Código de Ética Médica, no capítulo IX, estabelece
que é vetado ao médico: “Art. 74. Revelar sigilo profissional
relacionado a paciente menor de idade, inclusive a seus pais ou
representantes legais, desde que o menor tenha capacidade de
discernimento, salvo quando a não revelação possa acarretar
dano ao paciente”. A idade estabelecida por Lei, Código Penal
Brasileiro – Artigo 217‑A, para relação sexual consensual com
indivíduo dotado de discernimento, é de 14 anos.
BRASIL. Código Penal Brasileiro – Artigo 217‑A, Disponível em:
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/lei/l12015.
htm#:~:text=Estupro%20de%20vulner%C3%A1vel-,Art.,a%2015%20
(quinze)%20anos. Acesso em: 30 jun. 2023.
Núcleo Mineiro de Escolas Médicas – Teste de Progresso – Outubro/2023
CFM – Conselho Federal de Medicina. Código de Ética Médica,
capítulo IX ‑ Sigilo Profissional ‑ Art. 74.
70. C – Urinálise (urina rotina) deve ser solicitada a todas as
pacientes com queixa de incontinência urinária e urocultura
na suspeita de infecção urinária. O diagnóstico do tipo de
incontinência urinária, excluída a possibilidade de infecção urinária,
e o tratamento inicial podem ser feitos baseados na avaliação
clínica, sem a necessidade de estudo urodinâmico, medida do
resíduo pós‑miccional ou cistoscopia, que são invasivos, devendo
ser reservados para dúvidas diagnósticas, falta de resposta ao
tratamento e suspeita de complicações associadas. A USG pélvica
carece ainda de evidência científica como método adequado à
avaliação da hipermobilidade do colo vesical.
ABRAMS, P. et al. Fourth International Consultation on Incontinence
Recommendations of the International Scientific Committee: Evaluation
and treatment of urinary incontinence, pelvic organ prolapse, and fecal
incontinence. Neurourol Urodyn. 2010. p. 29‑213.
ROSIER, P. F. et al. Executive summary: The International
Consultation on Incontinence 2008‑‑Committee on: “Dynamic Testing”;
for urinary incontinence and for fecal incontinence. Part 1: Innovations
in urodynamic techniques and urodynamic testing for signs and
symptoms of urinary incontinence in female patients. Neurourol
Urodyn. 2010. p. 29‑140.
71. B – Em gestantes, sabe‑se que o volume de distribuição dos
medicamentos está aumentado devido à redução das proteínas
plasmáticas e aumento da fração livre. Estando mais livre, o
fármaco se liga com maior facilidade aos seus receptores e
sua resposta farmacológica será aumentada, potencializando
assim o risco de efeitos colaterais. A distribuição do fármaco
pode aumentar devido a acréscimos em volume plasmático,
água corporal e débito cardíaco. Isso pode exigir maiores doses
de ataque. A depuração renal é maior, devido ao aumento
do fluxo plasmático renal e filtração glomerular, obrigando a
ajustes nos intervalos entre administrações. As modificações
relativas ao trato digestório observadas na gestante interferem
na absorção de fármacos.
SCHULER‑FACCINI, L. et al. Manual de Teratogênese em Humanos.
[s. l.] Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e
Obstetrícia (FEBRASGO), 2011.
72. A – A progesterona está intimamente relacionada a
alterações do organismo materno na gestação, incluindo
relaxamento muscular de fibras lisas. Esta ação repercute no
trânsito intestinal com consequente constipação e meteorismo.
Os vômitos do primeiro trimestre têm relação íntima com os
níveis de Beta HCG circulantes, sendo observado aumento
de incidência de hiperemese gravídica em gestação gemelar
ou neoplasias trofoblásticas. A ação do estriol não é relevante
neste processo. Diarreia e tenesmo não são queixas comuns
consideradas fisiológicas da gestação. A compressão uterina
de estruturas do aparelho digestivo se torna relevante no 3º
trimestre dificultando a repleção gástrica e eventualmente
piorando a constipação. A sialorreia está mais associada à não
deglutição da saliva, cuja produção está aumentada, e não
sofre influência direta da progesterona.
BORGES DA FONSECA, E. S. V.; CABAR, F. R.; NOMURA, R. M.
Y. Anatomia e Fisiologia. Cap. 9 ‑ Repercussões da Gravidez no
13
Organismo Materno. In: ZUGAIB, M. Obstetrícia. 4. ed. Barueri:
Manole, 2020. p. 154‑185.
73. C – A onfalocele é frequentemente associada a um fígado
extracorpóreo, enquanto o fígado é tipicamente intracorpóreo
na gastrosquise. O local de inserção do cordão é no saco
umbilical na onfalocele e paraumbilical em uma parede
abdominal intacta na gastrosquise. Se o saco da onfalocele
se romper, os vasos do cordão atravessam o remanescente
amniótico e entram no abdome na região suprapúbica. A
onfalocele está associada a uma taxa mais alta de defeitos
associados do que à gastrosquise. Outros grandes defeitos da
parede abdominal no diagnóstico diferencial (ectopia cordis,
complexo membro‑parede corporal, extrofia cloacal e cisto
úraco) são raros (a prevalência de cada um é inferior a 1 em
100.000 nascimentos). A onfalocele e os defeitos do pedúnculo
estão conectados ao cordão, a ectopia cordis se desenvolve
acima e a extrofia da bexiga abaixo da inserção do cordão, e a
gastrosquise é paraumbilical.
STEPHENSON, C. D., LOCKWOOD, C. J., MACKENZIE, AP.
Gastroschisis. UpToDate. 2022. Disponível em: https://www.
uptodate.com/contents/gastroschisis?search=gastrosquise&source
=search_result&selectedTitle=1~72&usage_type=default&display_
rank=1#references. Acesso em: 28 maio 2023.
74. C – A obstrução de vias aéreas por corpo estranho
apresenta‑se como quadro agudo. Dados da anamnese,
tais como veículo em movimento, alimentos e brincadeiras,
são fatores de risco para a ocorrência de aspiração de corpo
estranho, além da presença de tosse e sibilância unilateral.
A ausência de história prévia de bronco‑obstrução e atopia é
contrária a episódio de exacerbação de asma. História sem
pródromos de infecção viral de vias aéreas superiores não
sugere crupe viral. Supraglotite é uma infecção grave da
epiglote e estruturas supraglóticas.
GLOBAL INITIATIVE FOR ASTHMA. Global Strategy for Asthma
Management and Prevention. 2022. Disponível em: www.ginasthma.
org. Acesso em: 23 mar. 2023.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA. Tratado de pediatria. 5.
ed. Barueri: Manole, 2022.
75. D – A talassemia beta maior se refere à ausência ou
deficiência acentuada na produção de cadeias beta, o que
causa anemia grave, intensa microcitose e hipocromia,
cursando com algum grau de hemólise, icterícia,
hepatoesplenomegalia progressiva e alterações ósseas
generalizadas. Estas alterações decorrem da intensa
hiperplasia eritroide na medula óssea em resposta ao
processo hemolítico intramedular (especialmente no baço) e
à intensa eritropoese ineficaz. A anemia em crianças afetadas
pela talassemia beta homozigota manifesta‑se no primeiro
ano de vida (período em que a produção de cadeias beta se
estabiliza), e tais crianças passam a depender de transfusões
sanguíneas desde os 17 primeiros meses de vida. O padrão
de hemoglobinas nas pessoas com talassemia beta maior
é variável, caracterizando‑se pelo aumento de Hb F, com
concentrações que variam de 60% a 90%. As taxas da Hb A2
podem estar normais ou elevadas e a Hb A aparece somente
nos casos de deficiência parcial da síntese de cadeias beta.
Os valores de VCM, HCM e CHCM estão diminuídos e o
Núcleo Mineiro de Escolas Médicas – Teste de Progresso – Outubro/2023
RDW está elevado. Os reticulócitos estão em torno de 5% a
15%, e a contagem de plaquetas é usualmente normal. Pode
ser observada pancitopenia na presença de hiperesplenismo.
A anemia ferropriva ocorre por deficiência de ferro e cursa
com microcitose e hipocromia, sem alteração na eletroforese
de hemoglobina. A anemia de Fanconi cursa com aplasia da
medula, apresentando anemia normocítica e normocrômica.
A anemia por deficiência de B12 apresenta VCM e RDW
aumentados, sem alteração na eletroforese de hemoglobina.
BRASIL. Ministério da Saúde. Orientações para o Diagnóstico e
Tratamento das Talassemias. 2016. Disponível em: https://bvsms.
saude.gov.br/bvs/publicacoes/orientacoes_diagnostico_tratamento_
talassemias_beta.pdf. Acesso em: 30 mar. 2023.
76. D – O TRANSTORNO DESAFIADOR OPOSITIVO (TDO)
ou transtorno de oposição desafiante é um transtorno definido
por padrões de humor raivoso ou irritável, comportamento
argumentativo ou desafiador e desejo de vingança com pelo
menos seis meses de duração. Os sintomas levam a conflitos
com adultos ou colegas e estão associados a prejuízos em
casa, na escola ou na comunidade. Os sintomas geralmente
começam nos anos pré‑escolares, embora o distúrbio
possa ser diagnosticado pela primeira vez mais tarde na
infância, adolescência ou mesmo na idade adulta. O TDO
frequentemente, mas nem sempre, precede o desenvolvimento
do transtorno de conduta. O TRANSTORNO DO DÉFICIT
DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE (TDAH) é um transtorno
do neurodesenvolvimento definido por níveis prejudiciais de
desatenção, desorganização e/ou hiperatividade‑impulsividade
e que possui maior apresentação clínica substancial durante
a infância. Crianças com TDAH geralmente têm outras
comorbidades clínicas ou psicológicas, como transtornos
específicos, transtorno opositor desafiante, comportamento
antissocial, transtorno de ansiedade e transtorno de humor.
Alguns estudos consideram que cerca de 30% das crianças
com TDO apresentam TDAH. Muitos indicam que os sintomas
de ambos se desenvolvem paralelamente. Nesses casos são
associados ao humor instável, com irritabilidade fácil, pode ter
acesso de raiva. A associação entre os dois transtornos pode ser
o resultado de fatores de risco temperamentais compartilhados.
O TRANSTORNO DE CONDUTA é caracterizado por
comportamentos sociais inadequados que transgridem leis e
fogem às regras do meio social em que se vive, é mais comum
em crianças acima de dez anos e do sexo masculino. Inclui,
como critérios diagnósticos, ações relacionadas à agressão
de pessoas ou animais, destruição de propriedade, falsidade
ou furto e violações graves de regras nos últimos 12 meses.
O TDAH e o TDO são comuns em indivíduos com transtorno
de conduta (TC), sendo essa correlação preditora de piores
evoluções. O TRANSTORNO DE HUMOR ou transtorno
depressivo pediátrico é um humor persistente e anormalmente
deprimido que interfere na vida de uma pessoa jovem. Enquanto
algumas crianças deprimidas parecerão visivelmente tristes
(por exemplo, chorosas), outras podem ser visivelmente mais
irritáveis ​​e perturbadoras. Outros sintomas comuns da depressão
pediátrica incluem dificuldades para dormir (incluindo sono
excessivo ou insônia), alterações no apetite e queixas físicas,
como dores de cabeça, dores de estômago, dores musculares
e tensão. Perda de interesse em atividades favoritas, energia
14
reduzida, falta de concentração e sentimentos de culpa e
inutilidade também são sintomas de depressão.
AMERICAN ACADEMY OF CHILD AND ADOLESCENT
PSYCHIATRY. aacap.org, 2019. Oppositional Defiant Disorder.
Disponível em: https://www.aacap.org/AACAP/Families_and_Youth/
Facts_for_Families/FFF-Guide/Children-With-Oppositional-Defiant-
Disorder-072.aspx. Acesso em: 23 abr. 2023.
SILVA, T. S. et al. TOD: perspectivas comportamentais e sua
associação ao TDAH e à TC. Resid Pediatr. 2022;12(1):1‑4 DOI:
10.25060/residpediatr‑2022.v12n1‑433. Disponível em: https://
residenciapediatrica.com.br/detalhes/1127/tod-%20perspectivas%20
comportamentais%20e%20sua%20associacao%20ao%20tdah%20
e%20a%20tc. Acesso em: 23 abr. 2023.
WALDMAN, I. D. Oppositional defiant disorder: Epidemiology,
clinical manifestations, course and diagnosis. UpToDate, 2023.
Disponível em: https://www.uptodate.com/contents/oppositional-
defiant-disorder-epidemiology-clinical-manifestations-course-
and-diagnosis?search=oppositional%20defiant%20disorder%20
treatment&source=search_result&selectedTitle=2~103&usag
e_type=default&display_rank=2#. Acesso em: 23 abr. 2023.
77. A – A escabiose é causada pelo artrópode Sarcoptes scabiei
var hominis. A transmissão se dá por contato direto com pessoas
contaminadas. O período de incubação é de 2 a 4 semanas
na primoinfecção e de 1 a 4 dias para quem já foi exposto. O
tratamento de escolha é a permetrina 5% loção em todo o corpo
abaixo do pescoço, e toda a família deve ser tratada. A troca
das roupas de cama deve ser realizada diariamente por 7 dias.
O prurido é pior à noite, horário em que as fêmeas aparecem.
LEÃO, E. et al. Pediatria ambulatorial. 4. ed. Belo Horizonte:
COOPMED, 2005.
78. B – A mãe apresentou viragem sorológica para
toxoplasmose durante a gestação. Ou seja, inicialmente ela
estava susceptível à infecção (IgG e IgM negativos) e, no
exame de 14 semanas, os dois anticorpos se encontravam
positivos, confirmando infecção aguda em algum momento
entre os dois exames coletados. Não podemos considerar o
exame do pré‑natal um falso‑positivo porque o recém‑nascido
(RN) dela apresenta IgG positivo, que é um anticorpo que
pode ser transferido passivamente pela placenta ou ter sido
produzido pelo próprio RN. Qualquer uma destas situações
prova que a gestante teve toxoplasmose. A respeito da
clínica e propedêutica do RN: a maioria dos recém‑nascidos
com toxoplasmose congênita são assintomáticos no período
neonatal, além de poder apresentar imagem do encéfalo
e a fundoscopia normais no início da vida. Portanto, não
podemos descartar o diagnóstico apenas com estas
informações. Nestes casos, o diagnóstico poderá ser excluído
ou confirmado somente durante o seguimento ambulatorial
no 1º ano de vida. Considerando o resultado da sorologia
do RN: não podemos descartar toxoplasmose congênita
com IgM do RN negativo, pois este exame apresenta baixa
sensibilidade, principalmente, quando a gestante se infecta
no 1º trimestre. Tampouco podemos confirmar a infecção
congênita apenas com IgG do RN positivo, pois este
anticorpo pode ser transferido passivamente da mãe para o
bebê pela placenta.
Núcleo Mineiro de Escolas Médicas – Teste de Progresso – Outubro/2023
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Primária à
Saúde. Departamento de Saúde Materno Infantil. Nota Técnica nº
100/2022. Diretriz nacional para a conduta clínica, diagnóstico e
tratamento da toxoplasmose adquirida na gestação e toxoplasmose
congênita. Brasília: Ministério da Saúde, 2022.
79. A – A recomendação atual é da profilaxia com vitamina D e
ferro para todas as crianças, os demais micronutrientes podem
ser obtidos na sua maioria com uma alimentação adequada, não
se justificando a prescrição indiscriminada de multivitamínicos,
apesar do seu aspecto cultural. O leite materno é insuficiente em
vitamina D, sendo indicada a suplementação desde a primeira
semana de vida até os 2 anos. Quanto ao ferro, se não há fatores
de risco relacionados à sua deficiência (prematuridade, baixo
peso, não suplementação de ferro pela gestante e/ou lactante,
necessidade de reanimação neonatal na sala de parto, entre
outros), o leite materno é suficiente até os 6 meses e/ou início da
introdução alimentar. O Programa Nacional de Suplementação
de Vitamina A determina megadose uma vez a cada 6 meses,
para crianças de 6 até 59 meses, apenas para áreas endêmicas
em hipovitaminose A, como Norte, Nordeste, áreas de risco de
Minas Gerais e São Paulo, que façam parte desse programa.
A exposição solar consegue converter mais de 90% das
necessidades diárias de vitamina D, e os outros 10% podem ser
obtidos em fontes alimentares, mas sua suplementação é ainda
necessária devido a fatores como poluição ambiental, neblina,
inverno, hábito de manter as crianças vestidas e dentro de casa,
que aumentam o risco de deficiência, além da discussão de
que, mesmo em fases precoces, há a preocupação com o efeito
acumulativo dos raios solares e com a ocorrência de câncer de
pele na vida adulta.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA. Tratado de pediatria.
5. ed. Barueri: Manole, 2022.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA. Departamentos Científicos
de Nutrologia e Pediatria Ambulatorial. Guia prático de alimentação
da criança de 0 a 5 anos – 2021. São Paulo: SBP, 2021.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA. Departamentos
Científicos de Nutrologia e Hematologia. Consenso sobre anemia
ferropriva: atualização: destaques 2021. Nº 2, jun. 2018, atualizado
em 26.08.21. Disponível em: https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_
upload/23172d-Diretrizes-Consenso_sobre_Anemia_Ferropriva-OK.
pdf. Acesso em: 14 abr. 2023.
80. D – De acordo com a fisiopatologia e imunidade descrita
para a covid‑19, esta criança encontra‑se na Fase III da doença
– fase da resposta inflamatória em que não há mais resposta
viral. Nesta fase os testes sorológicos são mais indicados.
Há necessidade de afastar outras causas infecciosas óbvias
de inflamação, como sepse bacteriana, síndrome do choque
estafilocócico e estreptocócico, dentre outras. Há também
a necessidade de demonstrar evidência da infecção por
SARS‑CoV‑2 (biologia molecular, teste antigênico ou sorológico
positivos). Entre quatro e oito dias do início dos sintomas,
não há mais resposta viral, e os testes sorológicos são mais
indicados. Na fase de choque, os marcadores inflamatórios já
estão elevados.
BRASIL. Ministério da Saúde. Boletim epidemiológico. Doença
pelo Novo Coronavírus – COVID‑19. Disponível em: https://www.
gov.br/saude/pt-br/centrais-de-conteudo/publicacoes/boletins/
15
boletins-epidemiologicos-covid-19/2021/boletim_epidemiologico_
covid_92_10dez21. pdf/view. Acesso em: 23 jun. 2023.
81. B – Para análise dos lípides sanguíneos, são solicitados
apenas o lipidograma completo ou colesterol total e
frações e triglicérides. As dosagens de creatinoquinase ou
função hepática são necessárias apenas quando iniciados
hipolipemiantes. Considerando o risco cardiovascular desse
adolescente, é fundamental a análise de lípides.
LEÃO E., et al. Pediatria Ambulatorial. 6. ed. Belo Horizonte:
Coopmed, 2022.
82. A – Todo o paciente com asma agudizada, ao chegar
ao pronto‑socorro, deve receber, por via inalatória, doses
frequentes e repetidas de beta‑2‑agonista de curta duração.
Trata‑se do padrão ouro de tratamento e deve ser a terapêutica
inicial, a qual pode ser associada com corticoide sistêmico
ou brometo de ipratróprio inalatório. O brometo de ipratrópio
deve ser realizado de forma associada ao beta‑2‑agonista
de curta duração, a cada 3 horas, por exemplo. A associação
de beta‑2‑agonista de longa duração e corticoide inalatório
não é uma opção para o tratamento da asma aguda em
pronto‑socorro, podendo ser utilizada para alívio sintomático
em regime ambulatorial. O salbutamol venoso e a aminofilina
são drogas de segunda linha, devendo ser utilizadas em
ambiente de terapia intensiva.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA. Tratado de pediatria,
v. 1, 5. ed. Barueri: Manole, 2021. E‑book. (1 recurso online). ISBN
9786555767476. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.
com.br/books/9786555767476. Acesso em: 26 maio 2023.
83. C – A puberdade precoce é definida quando caracteres
sexuais secundários surgem em crianças do sexo feminino
antes dos 8 anos de idade. Quanto aos sinais de puberdade
precoce central (PPC), ou seja, decorrente da ativação do eixo
GnRH‑gônadas, o primeiro sinal é a telarca. Quando a pubarca
surge como primeiro sinal, estamos diante de um quadro
de adrenarca, ou seja, elevação precoce dos andrógenos
adrenais, sem ativação do eixo GnRH‑gônadas, denominada
puberdade precoce periférica (PPP).
VILAR, L. Endocrinologia Clínica. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2021.
84. A – O músculo tríceps sural se localiza na porção posterior
da perna, compondo a panturrilha. Os demais músculos não
pertencem à panturrilha.
BECKER, R. O. et al. Anatomia humana. Porto Alegre: SAGAH, 2018. 566 p.
85. D – O teste do olhinho deverá ser feito com oftalmoscópio
direto, cuja luz projetada nos olhos atravessa as estruturas
transparentes, atingindo a retina e a refletindo. Ele deve ser
feito posicionando o oftalmoscópio cerca de 50 a 100 cm da
criança, preferencialmente em sala escurecida. A hiperemia
conjuntival é sugestiva de conjuntivite neonatal não sendo
relacionada à infecção congênita pelo Toxoplasma gondii. A
cor vermelha do reflexo ocorre devido à vasculatura da retina
e coroide e do epitélio pigmentário. Dependendo da maior ou
menor pigmentação, o reflexo pode se mostrar mais ou menos
vermelho e até amarelo ou amarelo‑alaranjado.
Núcleo Mineiro de Escolas Médicas – Teste de Progresso – Outubro/2023
SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA. Teste do reflexo
vermelho. São Paulo: SBP, 2018.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA. Toxoplasmose congênita.
São Paulo: SBP, 2020.
86. D – Interpretação do perímetro cefálico (PC) para o lactente:
• PC acima do esperado para a idade > +2 escores z
• PC adequado para idade ≤ +2 escores z e ≥ ‑ 2 escores
• PC abaixo do esperado para idade < ‑2 escores z
Interpretação do peso para o lactente:
• Peso elevado para idade > escore‑z +2
• Peso adequado para idade ≥ escore‑z ‑2 e ≤ escore‑z +2
• Baixo peso para idade ≥ escore‑z ‑3 e < escore‑z ‑2
• Muito baixo peso para idade < escore‑z ‑3
Interpretação do comprimento para o lactente:
• Comprimento adequado para idade ≥ escore‑z ‑2
• Baixo comprimento para idade ≥ escore‑z ‑3 e < escore‑z ‑2
• Muito baixo comprimento para idade < escore‑z ‑3
Interpretação do índice de massa corporal (IMC) para o lactente:
• Obesidade > escore‑z +3
• Sobrepeso > escore‑z +2 e ≤ escore‑z +3
• Risco de sobrepeso > escore‑z +1 e ≤ escore‑z +2
• Eutrofia ≥ escore‑z ‑2 e ≤ escore‑z +1
• Magreza ≥ escore‑z ‑3 e < escore‑z ‑2
• Magreza acentuada < escore‑z ‑3
BRASIL. Ministério da Saúde. Caderneta da Criança: Passaporte
para a Cidadania. 3. ed. Brasília‑DF. 2021.
87. C – Atualmente as recomendações do Ministério da
Saúde são embasadas em duas de suas publicações, uma de
2013 – Diretriz de Atenção à Saúde Ocular na Infância: Detecção
e Intervenção Precoce para a Prevenção de Deficiências
Visuais – e a outra de 2017 – Diretrizes Nacionais de Assistência
ao Parto Normal. As recomendações são: o uso da povidona a
2,5% (colírio) considerando sua menor toxicidade em relação ao
nitrato de prata a 1% (Ministério da Saúde, 2013); utilização da
pomada de eritromicina a 0,5% e, como alternativa, tetraciclina a
1% para realização da profilaxia da oftalmia neonatal. A utilização
de nitrato de prata a 1% deve ser reservada apenas em caso de
não se dispor de eritromicina ou tetraciclina (2017 – Ministério
da Saúde), ainda que o ideal seja a formulação em colírios.
BRASIL. Ministério da Saúde. Diretriz de Atenção à Saúde ocular
na Infância: Detecção e Intervenção Precoce para a Prevenção de
Deficiências Visuais, 2013.
88. A – A coarctação da aorta é uma cardiopatia congênita
acianogênica que ocorre entre 0,2 a 0,6/1000 nascidos vivos,
com predomínio para o sexo masculino. Possui associação
frequente com aorta bicúspide e anormalidades da válvula
mitral. Os efeitos clínicos dependem da diferença de pressão
entre membros superiores e inferiores e, ao exame clínico,
notam‑se pulsos femurais e de membros inferiores distais
ausentes ou com amplitude reduzida em relação aos braquiais
e radiais. Hipertensão arterial também pode ser encontrada,
bem como sopro sistólico. O diagnóstico definitivo é feito pela
realização de ecocardiograma com doppler e o seguimento
clínico deve ser realizado por cardiologista pediátrico.
16
LEÃO, E. et al. Pediatria Ambulatorial. 5. ed. Belo Horizonte: Coopmed,
2013.1448 p.
89. A – A resposta correta é Doença de Crohn. Trata‑se de
doença inflamatória intestinal, caracterizada pelo acometimento
segmentar, assimétrico e transmural de qualquer porção do tubo
digestivo, da boca ao ânus. Os sintomas mais frequentemente
relatados são: dor abdominal, diarreia, anemia, febre, perda
de peso e atraso do crescimento. Ainda, caracteriza‑se
como doença perineal (fístulas e plicomas). Quanto às
manifestações extraintestinais, as mais comuns são: hepáticas
(hepatite autoimune e colangite esclerosante primária),
dermatológicas (eritema nodoso e pioderma gangrenoso),
oftalmológicas (uveite, episclerite, irite), renal (nefrolitíase),
hematológicas (anemia e tromboembolismo venoso) e
musculoesqueléticas (artrite, artralgia, atraso do crescimento,
osteopenia, osteoporose, espondilite anquilosante). As outras
três alternativas estão erradas por não apresentarem sintomas
tão específicos e não apresentarem manifestações sistêmicas.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA. Tratado de Pediatria. 4.
ed. Barueri: Manole, 2017.
90. B – Paciente neutropênico febril em início de quimioterapia
para LLA é considerado de alto risco para sepse bacteriana e,
portanto, deve ser iniciada imediatamente a antibioticoterapia
para cobertura de bactérias Gram‑negativas (por exemplo,
Pseudomonas sp.) e Gram‑positivas (por exemplo,
Staphilococcus aureus). A sepse fúngica é mais tardia e
geralmente ocorre após uso de antibióticos de largo espectro.
Antibióticos devem ser sempre iniciados nesses casos pelo
alto risco de sepse bacteriana e evolução desfavorável com
choque e óbito.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA. Departamento Científico
de Oncologia. Diretrizes para o manejo inicial da neutropenia
febril, após quimioterapia, em crianças e adolescentes com
câncer. São Paulo: SBP, 2018.
91. C – A paciente apresenta vários critérios de classificação
de lúpus eritematoso sistêmico (LES): artrite, leucopenia,
anemia hemolítica, hematúria, proteinúria, cilindrúria,
positividade de FAN e de anticorpos antifosfolípides. O
diagnóstico de poliartrite nodosa é realizado através do
quadro clínico compatível com a doença, sendo geralmente
necessária biópsia de pele ou de outros órgãos afetados e
exames de imagem, como angiografia, e através de exame
genético ou exame funcional para detectar a redução da
atividade da enzima adenosina deaminase‑2. O diagnóstico
de púrpura de Henoch‑Schönlein é principalmente clínico
e baseia‑se na clássica erupção purpúrica, geralmente
confinada aos membros inferiores e nádegas e associada
a pelo menos uma das seguintes manifestações: dor
abdominal, envolvimento articular (artrite ou artralgia) e
envolvimento renal (principalmente hematúria). Devem ser
excluídas outras doenças que possam cursar com um quadro
clínico semelhante. Raramente é necessária uma biópsia
cutânea para o diagnóstico, de modo a mostrar a presença
de imunoglobulina A em exames histológicos. Deve‑se
suspeitar de granulomatose com poliangeíte em pacientes
com sinais e sintomas respiratórios crônicos e inexplicáveis
(incluindo otite média em adultos), particularmente se houver
Núcleo Mineiro de Escolas Médicas – Teste de Progresso – Outubro/2023
manifestações sugestivas em outros órgãos ou sistemas,
especialmente nos rins, onde também surgiu o distúrbio.
Realizam‑se testes laboratoriais de rotina, mas testes
ANCA e biópsia seletiva dos tecidos envolvidos produzem
os achados mais específicos. A biópsia do tecido nasal
raramente leva a um diagnóstico definitivo.
SANT’ANAK, C.; SIQUEIRA, E. C. de. Uma abordagem geral
do Lúpus Eritematoso Sistêmico: revisão de literatura. Revista
Eletrônica Acervo Médico, v. 17, p. e11055, 17 set. 2022.
92. D – Trata‑se de um RN cuja mãe teve diagnóstico de sífilis
na gestação e foi adequadamente tratada, pois recebeu a
medicação e a dose adequada, havendo queda da titulação
em pelo menos duas diluições. Além disso, o RN apresentou
ao nascimento VDRL menor que o materno e, por isso, é
considerado como exposto à sífilis. Apesar do aumento do
VDRL materno, do final do tratamento para o momento da
internação para o parto, não se deve considerar reinfecção,
pois o aumento foi inferior a duas diluições.
BRASIL. Ministério da Saúde. Protocolo clínico e diretrizes
terapêuticas para prevenção da transmissão vertical de HIV,
sífilis e hepatites virais. 2ª edição revisada. Brasília – DF, 2022.
93. B – Em lactentes, os sinais e sintomas de infecção do trato
urinário (ITU) são geralmente inespecíficos. A presença de piúria
e nitritos no exame de urina rotina são altamente sugestivos de ITU
e autorizam o início do tratamento com antibiótico, para controle
dos sintomas e na tentativa de evitar pielonefrite, lesão renal e
sepse. No entanto, a realização da urocultura é mandatória para
o diagnóstico final, detecção do agente bacteriano e avaliação
do antibiograma. A adequada interpretação do resultado positivo
ou negativo da urocultura está na dependência do método de
coleta da urina (> 100.000 UFC/ml em coleta por saco coletor ou
jato médio; entre 1.000‑50.000 UFC/ml se cateterismo vesical;
e qualquer quantidade de UFC/ml se punção suprapúbica).
A identificação de duas ou mais cepas bacterianas em uma
amostra sugere fortemente contaminação da amostra durante
o processo de coleta.
JÚNIOR, D. C.; BURNS, D. A. R.; LOPEZ, F. A. Tratado de pediatria.
v. 22. Barueri, SP: Editora Manole, 2022. E‑book. ISBN 9786555767483.
94. D – Por ser uma emergência médica, a anafilaxia requer
o pronto reconhecimento do quadro clínico a fim de se
preservar a permeabilidade das vias respiratórias, manter a
pressão sanguínea e a oxigenação. O efeito α‑adrenérgico
da adrenalina reverte a vasodilatação periférica, diminui o
edema da mucosa, a obstrução das vias aéreas superiores,
bem como a hipotensão, além de reduzir os sintomas de
urticária/angioedema. Suas propriedades β‑adrenérgicas
aumentam a contratilidade do miocárdio, o débito cardíaco
e o fluxo coronariano. Além disso, causa broncodilatação e
suprime a liberação de mediadores de mastócitos e basófilos.
Em função de sua ampla atuação sobre os mecanismos
fisiopatológicos da anafilaxia, a adrenalina é considerada a
droga de primeira linha para seu tratamento, e sua prescrição
precoce é essencial para reverter o quadro e salvar a vida do
paciente. Os corticosteroides, quer por via oral ou parenteral,
são tradicionalmente administrados, porém têm pouca ou
nenhuma ação no tratamento agudo da anafilaxia. Do mesmo
17
modo, os anti‑histamínicos devem ser considerados agentes
de segunda linha.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA. Anafilaxia: atualização
2021. Departamento Científico de Alergia (2019‑2021). Nº 6, 31 de
maio de 2021. Disponível em: https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_
upload/22970c‑GPA‑Anafilaxia_-_Atualizacao_2021.pdf”. Acesso em:
5 jun. 2023.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA. Tratado de pediatria /
organização Sociedade Brasileira de Pediatria. 5. ed. Barueri, SP:
Manole, 2022.
95. A – O mecanismo de ação do veneno loxoscélico resulta,
principalmente, da atividade tipo esfingomielinase D, podendo
ocasionar dermonecrose local (loxoscelismo cutâneo)
e, mais raramente, hemólise intravascular (loxoscelismo
cutâneo‑hemolítico ou cutâneo‑visceral). Em relação ao
veneno crotálico, a crotoxina pode levar à alteração nos
canais de sódio da membrana plasmática das células
musculares, com consequente elevação de níveis do sódio
intracelular (HENDON et al, 1971). A ação miotóxica sistêmica
caracteriza‑se pela liberação de mioglobina no sangue e
sistema linfático, podendo levar à rabdomiólise, com elevação
nos níveis de creatinofosfoquinase (CPK), desidrogenase
láctica (DHL) e aspartato amino transferase (TGP) (SILVEIRA
et al, 1992). O veneno botrópico (atividade proteolítica local),
inicialmente no local da picada, pode causar uma ação
proteolítica intensa com subsequente processo inflamatório
generalizado, ocasionando edema e até necrose local. A
jararagina e outras metaloproteinases respondem por esta
ação proteolítica (COSTA et al, 2002), que também conta com
a ação miotóxica da PLA2 (fosfolipase A2) “like” (BONFIM et al,
2001). Quanto aos efeitos na coagulação, as alterações podem
ocorrer principalmente em três locais distintos: diretamente
no Fator X (FX); sobre a protrombina, formando trombina; e
alterando o fibrinogênio, levando à formação de fibrina. As
modificações plaquetárias podem ocorrer precocemente pelo
elevado consumo de plaquetas, afetando a coagulação. De
maneira indireta, ocorre a formação de fibrinólise do trombo
e desencadeamento de fibrinólise primária (NAHAS, 1979;
HUTTON, WARRELL, 1993). Ainda cabe ressaltar a ação
lesiva do veneno sobre a vasculatura, principalmente na região
da camada íntima (proteólise) (HATI et al, 1999).
CASTRO, I. Estudo da toxicidade das peçonhas crotálicas e
botrópicas, no acidente ofídico, com ênfase a toxicidade renal. O
mundo da saúde. São Paulo: 2006: out/dez 30 (4): 644‑653.
PAIXÃO‑CAVALCANTE, D. Mecanismos de ação das
esfingomielinases D, do veneno da aranha Loxosceles
intermedia, envolvidos na gênese do loxoscelismo cutâneo.
Disponível em: https://bv.fapesp.br/pt/dissertacoes-teses/3979/
mecanismos-de-acao-das-esfingomielinases-d-do-veneno-da-ara .
Acesso em: 28 mar. 2023.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA. Tratado de pediatria /
organização Sociedade Brasileira de Pediatria. 5. ed. Barueri, SP:
Manole, 2022.
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO. Protocolo clínico: Acidente por
aranha do gênero Loxosceles “Aranha marrom”. Disponível em: http://
nhe.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2017/12/protocolo_Acidente_por_
aranha_do_g%C3%AAnero_Loxosceles.pdf . Acesso em: 28 mar. 2023.
Núcleo Mineiro de Escolas Médicas – Teste de Progresso – Outubro/2023
96. C – A translocação é a forma hereditária da síndrome de
Down. Neste caso, o pai ou a mãe é um portador equilibrado da
translocação, com 45 cromossomos, sendo um deles a fusão
de um 14 e um 21. Representa‑se por 45, XX (ou XY), ‑14, ‑21,
+t(14,21). Cumpre ressaltar que tal progenitor não é portador
da síndrome de Down. Os cariótipos do casal em questão,
em que um genitor tem translocação recíproca balanceada
(equilibrada) e o outro tem translocação normal, não excluem a
possibilidade de os filhos nascerem com os dois cromossomos
14 e os dois cromossomos 21, isto é, que os filhos tenham
cariótipos e fenótipos normais. Considerando o casal em
questão, a mãe poderia produzir gametas (óvulos) com um
cromossomo t(14,21) e nenhum 21. Neste caso, o filho gerado
a partir da fecundação desse óvulo seria fenotipicamente
normal, uma vez que o cariótipo seria igual ao da mãe 45,
XX ou XY, t(14,21). O casal possui risco aumentado de ter
novos filhos com síndrome de Down, uma vez que podem criar
gametas com translocações cromossômicas não balanceadas,
causando abortos ou crianças com anormalidades.
GRIFFITHS, A. J. F. Introdução à genética. 12. ed. Barueri‑SP‑Brasil:
Guanabara Koogan, 2022, p. 768.
NUSSBAUM, R. L. Genética Médica ‑ SMMR ‑ HCFMUSP (e‑Book).
1. ed. Atheneu, 2022.
97. A – O princípio da integralidade prevê que todas as
necessidades de saúde sejam atendidas independentemente
do nível de atenção requerido, exigindo a articulação da
rede e tratamento continuado. Além disso, o olhar amplo do
indivíduo (proposta pela integralidade) envolve compreender
o indivíduo em todas as suas dimensões. Sob a ótica da
integralidade, o atendimento integral envolve a promoção,
a proteção e a recuperação. As ações de prevenção devem
ser priorizadas, mas sem prejuízo dos serviços assistenciais.
Ainda nesse sentido, as necessidades de saúde precisam
ser entendidas de modo amplo e não restrito à leitura
biomédica. Requerem atuação interdisciplinar, transcendem
a prática curativa e buscam a compreensão do sujeito e das
necessidades de saúde entendendo o contexto familiar, social
e cultural.
PAIM, J. S. O que é o SUS. Rio de Janeiro: Fiocruz, E‑book interativo:
2015 (edição impressa: 2009). ISBN 978‑85‑7541‑453‑8. Disponível
em: https://portal.fiocruz.br/livro/que‑e‑o‑sus‑e‑book‑interativo‑o.
Acesso em: 23 jun. 2023.
PINHEIRO, R.; MATTOS, R. A. Os sentidos da integralidade na
atenção e no cuidado à saúde. 6. ed. Rio de Janeiro: IMS/UERJ –
CEPESC – ABRASCO, 2006. 180p. ISBN 85‑89737‑34‑9.
98. C – O modo como a consulta é conduzida determina a
eficácia do encontro. A abordagem praticada na questão
não segue os componentes do Método Clínico Centrado na
Pessoa (MCCP). Nem sempre o atraso menstrual será prova
inequívoca de gestação. Serão importantes e prioritárias
todas as informações colhidas durante o atendimento ‑
paciente e familiares ‑ quando se pratica o MCCP, ainda que
o paciente seja menor ou com deficiência. Dentro de uma
consulta médica, o uso do computador não é incompatível
no MCCP, mas o seu uso não deve comprometer a interação
entre o médico, o paciente e os familiares.
18
GUSSO, G.; LOPES, J. M. C. (Orgs.). Tratado de medicina de
família e comunidade: princípios, formação e prática. Porto Alegre:
Artmed, 2012. v. 1. 845 p.
99. A – O censo é a principal fonte de dados sobre a situação de
vida da população nos municípios e localidades. Estes dados
podem ser utilizados para a definição de políticas públicas em
nível nacional, estadual e municipal. Os Agentes Comunitários
de Saúde (ACS) desenvolvem seu trabalho a partir de uma
divisão populacional prévia, que pode ou não ser baseada
nos censos demográficos. Geralmente o município conta
com os dados populacionais e de malha territorial fornecidos
pelo IBGE, que auxiliam na construção dos mapas para a
territorialização. Os dados do IBGE são detalhados no nível
intramunicipal.
MINISTÉRIO DA ECONOMIA. Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística – IBGE. Censo Demográfico 2022. Processo Seletivo
Simplificado, Apostila estudo dos conhecimentos técnicos. Rio
de Janeiro, 2022. [Recurso eletrônico]. Disponível em: https://
conhecimento.fgv.br/sites/default/files/concursos/apostila_estudos_dos_
conhecimentos_tecnicos_versao_jan_22.pdf. Acesso em: 17 maio 2023.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA. Centro de
Ciências da Saúde. Departamento de Saúde Pública. Territorialização
como instrumento do planejamento local na Atenção Básica [Recurso
eletrônico] / Universidade Federal de Santa Catarina. Organizadoras:
Claudia Flemming Colussi; Katiuscia Graziela Pereira. Florianópolis:
UFSC, 2016. 86 p.: il. color. (Série – Formação para Atenção Básica).
100. C – No caso de óbito por causa natural ocorrido em
estabelecimento de saúde, a Declaração de Óbito (DO) será
emitida pelo médico que prestava assistência ao paciente e,
em caso de ausência ou impedimento, pelo médico substituto
(art. 20 da Portaria n.º 116/2009). A causa básica nos óbitos por
causa natural é definida como a doença que iniciou a cadeia
de acontecimentos patológicos que conduziram diretamente à
morte. As insuficiências (cardíaca, respiratória, renal, hepática)
não são causas básicas, geralmente são causas terminais, tendo
várias doenças como possíveis causas básicas. No estudo das
estatísticas de óbito, essas causas são chamadas de inespecíficas
e devem ser escritas na DO, mas não como causa básica.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde.
Departamento de Análise de Saúde e Vigilância de Doenças não
Transmissíveis. Declaração de Óbito: manual de instruções para
preenchimento. Brasília: Ministério da Saúde, 2022. 67 p. Disponível
em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/declaracao_obito_
manual_preenchimento.pdf. Acesso em: 20 mar. 2023.
101. B – A vacinação contra o HPV reduz o risco de evolução
para câncer de colo de útero e outros cânceres genitais, além
de reduzir o risco de desenvolvimento de verrugas anogenitais,
que interferem emocionalmente de maneira negativa nos
pacientes portadores dessas condições. Os preservativos
femininos são mais eficazes na redução da transmissão por
oferecem uma cobertura maior da região genital, já que o vírus
do HPV habita toda a região (raiz de coxa, grandes lábios, bolsa
escrotal). A vacinação reduz o risco de lesões carcinogênicas,
mas não o zera, sendo o Papanicolau fundamental para a
detecção e tratamento de lesões precursoras que apareçam. A
vacina não é uma ferramenta de tratamento, mas de prevenção,
inclusive nas adolescentes que já iniciaram vida sexual, pois,
mesmo com uma queda na proteção, ainda oferece vantagens
na redução de risco.
Núcleo Mineiro de Escolas Médicas – Teste de Progresso – Outubro/2023
BRASIL. Ministério da Saúde. Protocolo Clínico e Diretrizes
Terapêuticas para Atenção Integral às Pessoas com Infecções
Sexualmente Transmissíveis – IST [recurso eletrônico] / Ministério
da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento
de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente
Transmissíveis. Brasília: Ministério da Saúde, 2022. 211 p.: il.
Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/protocolo_
clinico_atecao_integral_ist.pdf. Acesso em: 8 maio 2023.
102. B – A discriminação de variáveis como cor/raça, sexo/
gênero, entre outras, ajuda a compreender os aspectos sociais
da pandemia e permite que se tracem políticas públicas no
intuito de minimizar os danos. Os adoecimentos e mortes por
covid‑19 não se distribuem de modo uniforme pela população
de acordo com a região e o país, sendo afetados sobremaneira
pelas desigualdades sociais. As elevadas taxas de mortalidade
de pessoas do gênero feminino em decorrência da covid‑19
indicam que estas têm um risco maior de desenvolver sintomas
graves e complicações. Embora as evidências quantitativas
e qualitativas durante a pandemia demonstrem essas
desigualdades, as ações em saúde não foram direcionadas
para a promoção da equidade.
ONU Mulheres Brasil. Gênero e COVID‑19 na América Latina e
Caribe: dimensões de gênero na resposta [Internet]. 2020. Disponível
em: http://www.onumulheres.org.br/wp‑content/uploads/2020/03/
ONU-MULHERES-COVID19_LAC.pdf. Acesso em: 18 maio 2023.
PIZZINGA, V. H. Vulnerabilidade e atividades essenciais no
contexto da Covid‑19: reflexões sobre a categoria de trabalhadoras
domésticas. Rev. bras. saúde ocup., 46, 25, 2021.
VERAS, R. M. et al. A vulnerabilidade de gênero frente aos desafios
enfrentados na pandemia de COVID‑19. NTQR, Oliveira de Azeméis,
v. 14, e599, set. 2022. Disponível em: <http://scielo.pt/scielo.
php?script=sci_arttext&pid=S2184-77702022000500025&lng=pt&nrm
=iso>. Acesso em: 18 maio 2023.
103. C – No cálculo da mortalidade proporcional por grupos de
causas, o denominador é o total de óbitos. Então a mortalidade
proporcional por um grupo pode reduzir mesmo que a
frequência absoluta de óbitos por esse grupo tenha aumentado,
desde que o total de óbitos também tenha aumentado de
forma desproporcional, em razão de um aumento maior por
outro grupo de causas. Tal fenômeno pôde ser observado na
pandemia de covid‑19, em que houve um aumento importante
no total de óbitos e um grande aumento nos óbitos por doenças
infecciosas e parasitárias, levando à redução na mortalidade
proporcional pelos demais grupos de causas, mesmo que
tenha tido aumento na frequência absoluta. A mortalidade
proporcional não pode ser usada para estimar o risco de óbito
por determinada causa, para isso temos que estimar as taxas
de mortalidade.
MEDRONHO, R. et al. Epidemiologia. São Paulo: Editora Atheneu, 2009.
104. C – Dentro da perspectiva da Promoção da Saúde, a
população deve estar diretamente envolvida, aportando seus
conhecimentos sobre as questões – inclusive ambientais
– relacionadas a seu território, na construção das ações
para recuperar o ambiente degradado por um processo
produtivo. Neste caso, o aumento dos casos de arbovirose
está diretamente relacionado à alteração da vegetação
ciliar, causando a supressão de “inimigos naturais” que ali
viviam e se alimentavam dos mosquitos vetores das doenças
19
mencionadas, além do aumento do acúmulo da água parada
causada pela deposição de lama no leito e margens do rio
(onde antes a água era drenada pela vegetação). Quanto às
outras medidas, pode‑se observar que: o fornecimento de telas
e mosquiteiros são medidas de proteção individual/domiciliar
contra as arboviroses; a pulverização de inseticida é medida
de prevenção coletiva contra os vetores que transmitem as
arboviroses; o custeio de medicamentos é medida de reparação
financeira dos custos relacionados ao atendimento dos casos já
desenvolvidos de arboviroses. Assim, as três últimas medidas
apresentadas não constituem ações de Promoção da Saúde.
CARVALHO, A. P. M. et al. A vigilância em saúde ambiental como
resposta ao desastre do rompimento da barragem de rejeitos em
Brumadinho. Saúde Debate, v. 44, n. 2, p. 364–376, 2020.
FURGERI, E. I.; DIAS, L. C.; WAGNER, C. Associação entre a incidência
de dengue e o rompimento da Barragem de Brumadinho, MG. Brazilian
Journal of Development, v. 8, n. 8, p. 56695–57005, 2022.
MINAYO, M. C. S. Saúde e ambiente: uma relação necessária. In:
CAMPOS, G. W. S. (org.), et al. Tratado de Saúde coletiva. Editora
Hucitec, 2012, p. 79‑108.
SANTOS, A. L.; RIGOTTO, R. M. Território e territorialização,
incorporando as relações produção, trabalho, ambiente e saúde na
Atenção Básica à Saúde. Trabalho, Educação e Saúde. V. 8, n. 3,
p. 387‑406, 2011.
TAMBELLINE, A. T.; MIRANDA, A. C. Saúde e ambiente. In:
GIOVANELLA, L. (org.), et al. Políticas e sistema de saúde no
Brasil. Editora Fiocruz, 2012, p. 1037‑1073.
105. D – O Art. 2º da portaria 2436 estabelece que: A Atenção
Básica é o conjunto de ações de saúde individuais, familiares
e coletivas que envolvem promoção, prevenção, proteção,
diagnóstico, tratamento, reabilitação, redução de danos,
cuidados paliativos e vigilância em saúde, desenvolvida por
meio de práticas de cuidado integrado e gestão qualificada,
realizada com equipe multiprofissional e dirigida à população
em território definido, sobre as quais as equipes assumem
responsabilidade sanitária. Os Cuidados Paliativos (CP)
devem ser ofertados de forma articulada na rede de atenção
à saúde, devendo as equipes envolvidas avaliar o melhor
cenário de cuidado. Neste caso, a Atenção Primária à
Saúde (APS) caracteriza‑se como um cenário apropriado
para a fase de comunicação do diagnóstico, permitindo
que o paciente esteja em seu domicílio e no seu território,
garantindo maior acolhimento. O Projeto Terapêutico
Singular é uma importante estratégia de gestão do cuidado
e deve ser elaborado e executado, conjuntamente, pelas
Equipes da APS e de CP. Cabe às equipes da APS e de CP
acolher as dificuldades da família diante do adoecimento de
um de seus membros, através da escuta de suas dúvidas
e auxiliá‑la nos cuidados. Porém, diante de determinadas
dificuldades, as equipes devem estar juntas nestes cuidados
e não apenas transferir responsabilidades, como o caso da
comunicação do diagnóstico.
BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria 2436 de 21 de setembro de
2017. Aprova a Política Nacional de Atenção Básica, estabelecendo
a revisão de diretrizes para a organização da Atenção Básica, no
âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS).
Núcleo Mineiro de Escolas Médicas – Teste de Progresso – Outubro/2023
SCHMIDT, M. I.; DUNCAN, B. B. Aplicando Evidências em Decisões
Clínicas: Conceitos Básicos de Epidemiologia Clínica. In: Duncan,
Bruce B. et al. Medicina ambulatorial: condutas de atenção primária
baseadas em evidências. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2013, p. 54‑66.
106. C – É dever de todo cidadão comunicar à autoridade
sanitária local a ocorrência de fato, comprovado ou presumível,
de caso de doença transmissível, sendo obrigatória a médicos
e outros profissionais de saúde no exercício da profissão, bem
como aos responsáveis por organizações e estabelecimentos
públicos e particulares de saúde e ensino, a notificação de
casos suspeitos ou confirmados das doenças da lista nacional
de doenças e agravos de notificação compulsória, atualizada
periodicamente. A suspeita de caso de meningite bacteriana é
de notificação compulsória imediata (em até 24 horas).
BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria GM/MS nº 420, de 2 de março
de 2022. Altera o Anexo 1 do Anexo V à Portaria de Consolidação
GM/MS nº 4, de 28 de setembro de 2017, para incluir a síndrome
congênita associada à infecção pelo vírus Zika na Lista Nacional de
Notificação Compulsória de doenças, agravos e eventos de saúde
pública nos serviços de saúde públicos e privados em todo o território
nacional. Imprensa Nacional. Disponível em: https://bvsms.saude.
gov.br/bvs/saudelegis/gm/2022/prt0420_04_03_2022.html. Acesso
em: 25 maio 2023.
107. B – Vacinas bivalentes para a covid‑19 (que contêm a
cepa Original + Ômicron B.1.1.529) promovem uma resposta
imune humoral mais específica e eficaz, com maior produção
de anticorpos neutralizantes, e promovem maior estímulo
de linfócitos B contra as variantes do vírus SARS‑CoV‑2. A
vacina bivalente contra covid‑19 não é feita com o vírus vivo.
Esta vacina é feita a partir do RNA mensageiro (mRNA), que
codifica a proteína S (spike), bem como o RNA mensageiro
(mRNA), que codifica a proteína S (spike) da variante do vírus
Ômicron BA.1. Além disso, o objetivo principal da vacina é
gerar produção de anticorpos neutralizantes.
GOYAL, L. et al. (October 02, 2022) A Hitchhiker’s Guide to Worldwide
COVID‑19 Vaccinations: A Detailed Review of Monovalent and
Bivalent Vaccine Schedules, COVID‑19 Vaccine Side Effects, and
Effectiveness Against Omicron and Delta Variants. Cureus 14(10):
e29837. DOI 10.7759/cureus.29837.
SPYROS, C. et al. Bivalent Omicron‑Containing Booster Vaccine
against Covid‑19. N Engl J Med 2022; 387:1279‑91. DOI: 10.1056/
NEJMoa2208343.
108. D – O índice glicêmico é uma medida de como os alimentos
afetam os níveis de glicose no sangue. Alimentos com um
índice glicêmico mais baixo são digeridos e absorvidos mais
lentamente, o que pode ajudar a controlar os níveis de glicose
no sangue de pacientes com diabetes tipo 2. Não existe uma
relação direta entre os níveis de carboidratos totais e cereais
integrais ou refinados. A glicose proveniente dos cereais
integrais é metabolizada normalmente pela via glicolítica. Os
cereais integrais são digeridos mais lentamente, pois possuem
fibras na sua constituição.
MUTONI, S. Patologia da nutrição e dietoterapia. Porto Alegre:
Grupo A, 2017.
109. D – A proposta tem como princípio a estruturação de um
modelo de financiamento focado em aumentar o acesso das
20
pessoas aos serviços da Atenção Primária e o vínculo entre
população e equipe, com base em mecanismos que induzem
à responsabilização dos gestores e dos profissionais pelas
pessoas que assistem. A proposta se baseia em quatro critérios:
capitação ponderada, pagamento por desempenho, incentivo
para ações estratégicas e incentivo financeiro com base em
critério populacional. As ações emergenciais não fazem parte do
pacote. A capacidade instalada não é um dos critérios avaliados.
A avaliação dos usuários não é critério para o pagamento.
BRASIL. Ministério da Saúde. Previne Brasil: Modelo de financiamento
para a APS. Disponível em: http://aps.saude.gov.br/gestor/financiamento.
Acesso em: 6 maio 2023.
110. B – Faz parte das atividades de acolhimento uma escuta
ativa que permita à adolescente, ainda que menor de idade,
expressar as dúvidas e compartilhar esse momento em
família com a mediação de um(a) profissional de saúde de
confiança. O que foi relatado pela adolescente até aqui não
justifica o encaminhamento para psicoterapia. A existência
de adolescentes LGBTQIAPN+ deve ser valorizada. As
alterações hormonais não explicam a identificação de gênero
e orientação sexual.
CIASCA, S. V.; HERCOWITZ, A.; LOPES JUNIOR, A. Saúde
LGBTQIA+: práticas de cuidado transdisciplinar. 1ª Edição. Santana
de Parnaíba, SP: Manole, 2021.
111. A – De acordo com a Lei 8142/90, em seu § 2°: “O
Conselho de Saúde, em caráter permanente e deliberativo,
órgão colegiado composto por representantes do governo,
prestadores de serviço, profissionais de saúde e usuários,
atua na formulação de estratégias e no controle da execução
da política de saúde na instância correspondente, inclusive
nos aspectos econômicos e financeiros, cujas decisões serão
homologadas pelo chefe do poder legalmente constituído em
cada esfera do governo.”. Dessa forma, o profissional de saúde
no conselho pode contribuir com a formulação de estratégias e
no controle da execução da política de saúde. Ainda de acordo
com a Lei, nesse mesmo parágrafo destacado, a atuação dos
profissionais de saúde não se restringe à atuação passiva
como ouvintes, tendo direito à voz e ao voto em um espaço
deliberativo. Segundo o § 4° da referida lei, a representação
dos usuários nos Conselhos de Saúde e Conferências será
paritária em relação ao conjunto dos demais segmentos e não
dos profissionais de saúde.
BRASIL. Lei 8142/90 de 28 de dezembro de 1990. Dispõe sobre a
participação da comunidade no SUS. Disponível em: http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8142.htm. Acesso em: 01 jun. 2023.
112. D – Segundo a Lei 14.423 de 22 de julho de 2022, no
Artigo 19, foi estabelecida a obrigatoriedade da denúncia pelos
profissionais de saúde junto a órgãos de Defesa da Pessoa
Idosa, como os Conselhos do Idoso, nos casos de qualquer
tipo de violência contra a pessoa idosa. Nem todos os casos
de violência contra a pessoa idosa justificam internação, a não
ser que haja iminente risco de vida. A liberação para domicílio
pode ou não ocorrer, levando‑se em consideração o estado de
saúde e o risco para a saúde e para a vida da pessoa idosa.
BRASIL. Lei 14.423 de 22 de julho de 2022. Altera a Lei nº 10.741, de
1º de outubro de 2003, para substituir, em toda a Lei, as expressões
Núcleo Mineiro de Escolas Médicas – Teste de Progresso – Outubro/2023
“idoso” e “idosos” pelas expressões “pessoa idosa” e “pessoas
idosas”, respectivamente. Diário Oficial da União, Seção 1, 25 jun.
2022, p. 1, artigo 19. Disponível em: https://www2.camara.leg.br/
legin/fed/lei/2022/lei‑14423-22-julho-2022-793034-publicacaooriginal-
165796-pl.html. Acesso em: 28 jun. 2023.
113. B – A recomendação do Instituto Nacional de Câncer José
Alencar Gomes da Silva (INCA) e do Ministério da Saúde é que
a mamografia de rastreamento, isto é, a mamografia realizada
em pacientes assintomáticas, seja oferecida às mulheres de
50 a 69 anos, uma vez a cada dois anos. Fora dessa faixa
etária e dessa periodicidade, os riscos aumentam e existe
maior incerteza sobre benefícios.
INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER JOSÉ ALENCAR GOMES DA
SILVA. Detecção precoce do câncer. Rio de Janeiro: INCA, 2021.
Disponível em: https://www.inca.gov.br/publicacoes/livros/deteccao-
precoce-do-cancer. Acesso em: 19 maio 2023.
114. B – Paciente informa início do quadro durante a
pandemia e esta associação é confirmada por vários estudos
já realizados. Propiciar contato com outras pessoas com
o mesmo quadro para troca de ideias, estímulo a hábitos
saudáveis para redução do estresse e avaliação psicológica
no modelo de matriciamento são as orientações mais
indicadas. Em um primeiro momento, não é necessário
encaminhamento para psiquiatria ou prescrição de
benzodiazepínicos. A paciente não apresenta sintomas que
indiquem a necessidade de solicitação de exames hormonais
ou consulta com ginecologista no momento.
ROHDE, L. A. (Coord.). Guia de Saúde Mental Pós‑Pandemia no Brasil.
Porto Alegre: Instituto de Ciências Integradas, 2020. Disponível em: http://
biblioteca.cofen.gov.br/wp-content/uploads/2020/12/Guia-de-saude-
mental-pos-pandemia-no-Brasil.pdf. Acesso em: 28 jun. 2023.
115. D – De acordo com a Resolução do Conselho Federal
de Medicina (CFM) de 2002, Art. 3º: “Na elaboração do
atestado médico, o médico assistente observará os seguintes
procedimentos: I ‑ especificar o tempo concedido de dispensa
à atividade, necessário para a recuperação do paciente; II ‑
estabelecer o diagnóstico, quando expressamente autorizado
pelo paciente [...]”.
CFM. RESOLUÇÃO CFM Nº 1.658/2002, DE 20 DE DEZEMBRO
DE 2002. Normatiza a emissão de atestados médicos, dá outras
providências e revoga as resoluções CFM 982/79, 1.484/97 e 1.548/99.
CFM. RESOLUÇÃO Nº 1.851, DE 14 DE AGOSTO DE 2008. Altera o
art. 3º da Resolução CFM nº 1.658, de 13 de fevereiro de 2002, que
normatiza a emissão de atestados médicos e dá outras providências.
116. A – A exposição aos agrotóxicos pode causar uma série
de doenças, dependendo do produto que foi utilizado, do
tempo de exposição e da quantidade de produto absorvido
pelo organismo. Os sintomas/sinais agudos de intoxicação
pelos organofosforados são sialorreia, lacrimejamento,
sudorese, miose, ptose palpebral, hiperemia conjuntival,
bradicardia, náusea, vômitos, diarreia, dentre outros. Após
exposições repetidas a pequenas quantidades de agrotóxicos
por um período prolongado, podem ocorrer fraqueza, cãibras,
irritabilidade, dentre outros. O diagnóstico mais provável nesse
caso é a intoxicação por organofosforado, devido à exposição
e aos sinais/sintomas compatíveis.
ANVISA. Gerência Geral de Toxicologia. Gerência de Análise Toxicológica.
Nota técnica: Reavaliação toxicológica do ingrediente ativo acefato.
Disponível em: https://cevs.rs.gov.br/upload/arquivos/201712/06131307-
nota-tecnica-do-acefato.pdf. Acesso em: 28 jun. 2023.
21
INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER (INCA). Agrotóxico. Brasília:
Ministério da Saúde, 2022. Disponível em: https://www.gov.br/inca/
pt-br/assuntos/causas-e-prevencao-do-cancer/exposicao-no-trabalho-
e-no-ambiente/agrotoxico. Acesso em: 28 jun. 2023.
117. B – O número necessário para tratar (NNT) expressa o
número de indivíduos que deve ser tratado por um determinado
tempo a fim de evitar um evento. É uma medida que avalia o
impacto de uma intervenção. O NNT é o inverso da redução
absoluta de risco (RAR). Logo, para o exemplo acima, seu
cálculo deve ser realizado da seguinte forma:
RAR = Taxa de evento no grupo controle – Taxa de evento no
grupo intervenção
= 50/500 – 15/500 = 0,7
NNT = 1/0,07 = 14,28
DUNCAN, B. B. et al. Medicina Ambulatorial: Condutas de Atenção
Primária Baseada em Evidências. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2022.
118. A – O estado nutricional infantil tem relação com diversos
fatores para além do aporte calórico, como a qualidade dos
alimentos oferecidos, o ambiente no qual a criança está inserida,
o vínculo materno‑infantil, bem como a saúde materna. Embora
tenha havido uma queda da prevalência de desnutrição infantil
nas últimas décadas, esta ainda se configura um importante
problema de saúde pública. Outrossim, está bem estabelecida
a relação entre pobreza e desnutrição, de forma que a redução
da prevalência desta é influenciada pelo contexto social e
econômico do território avaliado, ocorrendo de maneira diversa
no território nacional. Importante destacar que a crescente
prevalência de obesidade e sobrepeso na faixa pediátrica está
relacionada a mudanças nas condições de vida da população
e ao aumento de aporte calórico, o que não significa que esse
aporte seja de qualidade e tenha quantidade suficiente de
nutrientes necessários para o desenvolvimento infantil.
DUNCAN, B. B. et al. Medicina Ambulatorial: Condutas de Atenção
Primária Baseada em Evidências. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2022.
GUSSO, G., LOPES, J. M. C., DIAS, L. C. Tratado de Medicina de
Família e Comunidade: princípios, formação e prática. 2. ed. Porto
Alegre: Artmed, 2019. 2 v.
119. C – A subnotificação de doenças ao SINAN é um
grande entrave ao controle da doença. Não é preciso
referenciar as gestantes para confirmação diagnóstica, já
que o teste rápido permite o diagnóstico em meia hora na
própria unidade. O parceiro atual deve ser tratado, assim
como os parceiros anteriores que possam ser identificados.
Não há necessidade de associação de antibióticos para o
tratamento, a penicilina (antimicrobiano de escolha) continua
sendo altamente eficaz.
BRASIL. Ministério da Saúde. Boletim Epidemiológico de Sífilis.
Brasília: Secretaria de Vigilância em Saúde; Ministério da Saúde,
out. 2022. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/centrais-
de-conteudo/publicacoes/boletins/epidemiologicos/especiais/2022/
boletim-epidemiologico-de-sifilis-numero-especial-out-2022/view.
Acesso em: 28 jun. 2023.
RODRIGUES, T. D. et al. Associação entre consolidação da Saúde
da Família e menor incidência de sífilis congênita: estudo ecológico.
Revista de APS (ONLINE), v. 25, p. 7‑21, 2022.
Núcleo Mineiro de Escolas Médicas – Teste de Progresso – Outubro/2023
120. A – Em adolescentes entre 16 e 18 anos, somente é
permitido o aborto nas circunstâncias previstas em lei (por
exemplo, em caso de abuso sexual), com vontade da própria
menina e autorização de um responsável, além de estar
abaixo de 20‑22 semanas de gestação e o feto ter menos de
500 gramas.

BRASIL. Ministério da Saúde. Atenção Humanizada ao Abortamento:

Norma Técnica. 2. ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2010.

BRASIL. Ministério da Saúde. Prevenção e tratamento dos agravos

resultantes da violência sexual contra mulheres e adolescentes:
Norma Técnica. 3. ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2012.

DEFENSORIA PÚBLICA SP. Norma Técnica de Nota Técnica

de Atenção Humanizada ao Abortamento. Disponível em: www.
defensoria.sp.def.br. Acesso em: 28 jun. 2023.

DEFENSORIA PÚBLICA SP. Norma Técnica de Prevenção e

Tratamento dos Agravos Resultantes da Violência Sexual contra
Mulheres e Adolescentes. Disponível em: www.defensoria.sp.def.br.
Acesso em: 28 jun. 2023.

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