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TRATAMENTO DE LESÕES

ESOFÁGICAS CERVICAIS COM


USO DO TUBO DE MONTGOMERY
Fernando Luiz Westphal ; Renata Motoki Amorim Pereira ; Luiz Carlos De Lima ;
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José Corrêa Lima Netto3; Breno Melo Catunda De Souza4; Maurissathler Abreu Nery3
1. UFAM, Programa De Pós-Graduação Em Cirurgia - PPGRACI, AM - Brasil; 2. UFAM, Faculdade De Medicina, AM - Brasil; 3. UFAM,
Departamento De Clínica Cirúrgica, AM - Brasil; 4. UNL, Faculdade De Medicina, AM - Brasil.

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INTRODUÇÃO
• Fístula esofágica → canal anormal de comunicação entre esôfago e
estruturas vizinhas. Pode ser cervical, mediastinal ou abdominal1;
• Etiologias: complicações cirúrgicas, corpos estranhos,
instrumentação, trauma direto2;
• Abordagem precoce → tratamento definitivo com rafia primária2;
• Abordagem tardia (> 24h) → melhor tratamento? Sem consenso3;
• Tubo em T de Montgomery → resolução da comunicação anômala
e drenagem controlada de vazamentos residuais3.

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OBJETIVO

Analisar a utilização do tubo T de


Montgomery para o tratamento de lesões
esofágicas cervicais tardias em um
hospital terciário de Manaus.

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MÉTODOS
Estudo retrospectivo de pacientes atendidos no serviço de
cirurgia torácica do Hospital Beneficente Portuguesa de
Manaus em um período de 12 anos;

População: pacientes com perfurações esofágicas cervicais


com fístulas esôfago-cutâneas;

Dados: idade, sexo, método diagnóstico da lesão esofágica


cervical, tipos de trauma, condições locais e resultados
obtidos.

Projeto de pesquisa submetido e aprovado pelo Comitê de


Ética em Pesquisa UFAM (CAAE 34100920.0.0000.5020).

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RESULTADOS E DISCUSSÃO
N 1 2 3 4 5

Idade 32 35 51 40 62
Sexo F M F M F

Pós Ferimento por Pós retirada de balão Deiscência de Corpo estranho –


Etiologia Tireoidectomia arma branca gástrico Anastomose transição cervico-
esôfago-cólica torácica

Fístula Fístula Fístula esofágica e Deiscência da Fístula esofágica e


Apresentação esofágica esofágica empiema pleural anastomose com empiema pleural
fístula esofágica

Esofagorrafia e Esofagorrafia e Esofagorrafia, Esofagorrafia e Esofagorrafia,


Tratamento colocação de colocação de colocação de Tubo de colocação de Tubo colocação de Tubo
Tubo de Tubo de Montgomery + de Montgomery de Montgomery +
Montgomery Montgomery videotoracoscopia videotoracoscopia

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RESULTADOS E DISCUSSÃO
• Idade: 32 a 62 anos, média de 44 anos;
• 60% das fístulas: complicações de procedimentos esofágicos;
• 40%: trauma direto ou ingesta de corpo estranho;
• Apresentados por todos os pacientes: cervicalgia, disfagia e drenagem
de saliva pela fístula;
• Produção de secreção purulenta em todas as lesões e septicemia em
3 (60%) pacientes;
• Alta contaminação e comprometimento do tecido → Esofagorrafia e
colocação do Tubo de Montgomery → Fechamento completo;
• Alimentação por gastrostomia endoscópica.
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RESULTADOS E DISCUSSÃO
Etiologia multifatorial
Maioria decorrente de iatrogenias (57,69%). Outras causas incluem corpo
estranho, trauma e neoplasias malignas4.

Fatores predisponentes
Técnica inadequada, desnutrição, utilização de corticoides, processo
inflamatório prévio, irradiação prévia, etc1.

Suspeita
Disfagia, cervicalgia, enfisema subcutâneo e febre4.

Exames complementares
Exames de imagem podem ser necessários mas a drenagem de saliva ou de
restos alimentares já indicam a presença de comunicação anômala. Azul de
metileno pode ser utilizado5.
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RESULTADOS E DISCUSSÃO
a Tratamento preferencial: intervenção cirúrgica precoce por
reparo primário com drenagem ampla de região cervical6;

Intervenções tardias (>24 horas): Alta incidência de


deiscência do reparo e de vazamento recorrente, sendo as
coleções não drenadas um dos principais contribuintes para
sepse e morte3, 7;

Opção? Tubo de Montgomery → resulta em baixa


mortalidade, semelhante à observada em perfurações
agudas3,7 e permite a criação de uma fístula controlada.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO
• Sociedade Europeia de Endoscopia Gastroinstestinal: endopróteses são opções para
o tratamento temporário das fístulas esofágicas benignas 8;
• Revisão recente mostrou que as endopróteses são seguras e tem bom sucesso tanto
técnico quanto clínico para vazamentos anastomóticos e perfurações esofágicas 9.

Endoprótese de plástico Endoprótese auto expansível


Tubo T de Montgomery
auto expansível de metal totalmente coberta

Opção a ser considerada Baixo custo, bons resultados,


longo prazo e alto custo8. mas ainda faltam estudos opção viável para cenários
resultados desfavoráveis a específicos que validem tais com recursos limitados.
a chance de migração, indicações10. Necessários estudos com
tecidual mínimo. Mas há maior número de pacientes.
Segura, gera dano

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CONCLUSÃO

O prognóstico das lesões cervicais de esôfago depende


de muitos fatores, entre eles destacam-se o tempo de
diagnóstico e a intervenção precoce;

Quando o tratamento é feito tardiamente e na vigência


de infecção, o tubo T de Montgomery se apresenta
como uma alternativa obtentora de bons resultados.

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REFERÊNCIAS
1. Gomes CH, Almeida MF, Vieira D, Serpa GM. Fístulas digestivas–Revisão de literatura. Unimontes científica. 2008 Jun 25;6(2):113-22.
2. de Souza HP, Gabiatti G, Dotta F. Fístulas digestivas no trauma. Revista do Colégio Brasileiro de Cirurgiões. 2018 Jan 1;28(2):138-45.
3. Linden PA, Bueno R, Mentzer SJ, Zellos L, Lebenthal A, Colson YL, Sugarbaker DJ, Jaklitsch MT. Modified T-tube repair of delayed
esophageal perforation results in a low mortality rate similar to that seen with acute perforations. The Annals of thoracic surgery. 2007
Mar 1;83(3):1129-33.
4. Aghajanzadeh M, Porkar NF, Ebrahimi H. Cervical esophageal perforation: a 10-year clinical experience in north of iran. Indian Journal
of Otolaryngology and Head & Neck Surgery. 2015 Mar 1;67(1):34-9.
5. Marsico GA, Azevedo DED, Guimarães CA, Mathias I, Azevedo LG, Machado T. Injuries of the esophagus. Revista do Colégio Brasileiro
de Cirurgiões, 2003; 30(3), 216-223.
6. Kaman L, Iqbal J, Kundil B, Kochhar R. Management of esophageal perforation in adults. Gastroenterology Research. 2010
Dec;3(6):235.
7. Gill RC, Pal KI, Mannan F, Bawa A, Fatimi SH. T-tube placement as a method for treating penetrating oesophageal injuries. International
journal of surgery case reports. 2016; 28, 255-257.
8. Spaander M, Baron T, Siersema P, Fuccio L, Schumacher B, Escorsell À, et al. Esophageal stenting for benign and malignant disease:
European Society of Gastrointestinal Endoscopy (ESGE) Clinical Guideline. Endoscopy. 2016; 48(10):939–48.
9. Kamarajah SK, Bundred J, Spence G, Kennedy A, Dasari BV, Griffiths EA. (2019). Critical Appraisal of the Impact of Oesophageal Stents
in the Management of Oesophageal Anastomotic Leaks and Benign Oesophageal Perforations: An Updated Systematic Review. World
journal of surgery, 2019; 1-17.
10.Hindy P, Hong J, Lam-Tsai Y, Gress F. A comprehensive review of esophageal stents. Gastroenterology & hepatology. 2012 Aug;8(8):526.

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OBRIGADO!

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