Você está na página 1de 43

Tumores do Esôfago

Profa Cecilia Alcantara Braga Garcia


Carcinoma do Esôfago

• 8º mais frequente no mundo


• Variação geográfica na incidência
• Brasil: 6º mais frequente entre os homens
15º entre as mulheres
• Estima-se que para cada ano do triênio 2020/2022, sejam
diagnosticados no Brasil 11.390 novos casos de câncer de
esôfago (8.690 em homens e 2.700 em mulheres)
• Risco estimado: 8,32 casos novos a cada 100 mil homens
2,49 para cada 100 mil mulheres
• Homens > 50 anos Fonte: 2020 - INCA
Carcinoma do Esôfago

• Comportamento agressivo

– Acometimento precoce de órgãos adjacentes


– Metástases linfáticas e a distância precoces
– Íntima relação com estruturas nobres
– Sintomas tardios → diagnós co tardio
Tipos Histológicos

• Carcinoma epidermóide escamoso

• Adenocarcinoma
– Nos últimos anos, a literatura médica tem registrado aumento
progressivo e significativo da prevalência
Carcinoma epidermóide escamoso

• Maior prevalência
• Terços superior e médio do esôfago em 70% dos casos
• Íntima correlação entre alcoolismo e tabagismo
–Aumento em 5 vezes
–Combinados: aumento 25 a 100 vezes
• Alimentos defumados, consumo de líquidos quentes
• Trauma mucoso: ingestão cáustica, acalasia, tilose, síndrome
de Plummer-Vinson
• Taxa sobrevida em 5 anos: 15% nos tumores avançados
Adenocarcinoma

• Terço distal do esôfago – JEG/Cárdia


•DRGE
• Correlação com obesidade
Metaplasia
Exposição intestinal Displasia baixo Displasia alto
conteúdo ácido Esofagite erosiva Adenocarcinoma
Esôfago de grau grau
do estômago
Barrett

•O adenocarcinoma associado ao esôfago de Barrett é o tipo de


câncer que mais cresceu em frequência no mundo ocidental nos
últimos 20 a 30 anos
Esôfago de Barrett e o Adenocarcinoma Esofágico

• Resposta adaptativa à agressão crônica da mucosa esofágica


pelo ácido
–Substituição do epitélio estratificado pavimentoso do esôfago por
epitélio colunar especializado do tipo intestinal (metaplasia intestinal)
•É uma complicação pré-maligna da DRGE e afeta de 2 a 8% dos
pacientes com esofagite erosiva
• Potencial de malignização varia de 2 a 40%
Esôfago de Barrett

Spechler et al., 2002

https://site.medicina.ufmg.br/imagemdasemana/caso12.html
Esôfago de Barrett

https://esofago-barrett.iannetti.it/esofagobarrett/
Esôfago de Barrett – Tratamento
• Evitar a agressão da mucosa pelo refluxo
– Promover a regressão ou eliminação da mucosa de Barrett
• O manejo envolve três componentes principais:
– Tratamento da DRGE associada
• Farmacológico – IBP´s: diminui o refluxo patológico, mas não reduz progressão da
doença
• Cirúrgico: Fundoplicatura
– Vigilância endoscópica a longo prazo – avaliar presença de displasia
– Tratamento da displasia baixo grau, alto grau ou adenocarcinoma
intramucoso
• Terapia ablativa por radiofrequência: sem lesão visível
• Mucosectomia: lesão visível, seguida da terapia ablativa do Barrett remanescente
• Obs: Manter vigilância endoscópica após
Weusten Bas et al. Endoscopic management of … Endoscopy 2017; 49
Esôfago de Barrett – Tratamento

ASGE

https://endoscopiaterapeutica.com.br/assuntosgerais/barrett-endoscopia-inumeras-possibilidades-de-
abordagem-manejo/?print=print
Sintomas
• Precoce
⁻ Assintomáticos
⁻ Sintomas inespecíficos
⁻ DRGE: Pirose e refluxo
⁻ Dor retroesternal
• Tardio
- Disfagia rapidamente progressiva
- Hematêmese maciça: fístula esôfago-aórtica
- Perda ponderal - Tosse durante deglutição: fístula traqueoesofágica
- Sialorréia - Insuficiência respiratória: infiltração da traquéia
- Halitose
-Odinofagia - Linfonodomegalia cervical: metástase linfonodal
- Icterícia: metástase hepática
-Pneumonia
- Ascite: metástase peritonial
- Rouquidão
- Hematêmese
Diagnóstico

• Endoscopia digestiva alta – principal exame


– Descreve característica, extensão, localização e grau de obstrução da lesão
– Biópsia: diagnóstico histopatológico – 7 fragmentos

https://www.gastrointestinalatlas.com/english/esophagus_cancer.html
Diagnóstico
• Esofagograma
– Avaliação inicial do paciente com disfagia
– Diferencia lesões intraluminais de intramurais
– Compressão intrínseca x extrínseca
– Localização e relação com estruturas adjacentes

–Aspecto “maça mordida”

Sabiston - Tratado de Cirurgia – Townsend - 18ª Ed.


Estadiamento
• Tomografia computadorizada de tórax e abdome
– Avaliar extensão tumoral
– Acometimento linfonodal
– Metástase a distância
– Estruturas adjacentes nas lesões T4
– Presença de Fístulas
Tomografia de Tórax

Radiol Bras 2003;36(2):117120 - https://doi.org/10.1590/S0100-39842003000200011


Estadiamento
•US endoscópico – maior acurácia
– Avaliar extensão tumoral – profundidade e grau de comprometimento
luminal
– Acometimento linfonodal regional
– Envolvimento de estruturas adjacentes
–Biópsia massa e linfonodo periregionais
US endoscópico
Estadiamento

•Broncoscopia
–Tumores de terço
proximal/médio
– Excluir a presença de
infiltração traqueal, paralisia de
cordas vocais e/ou tumores
sincrônicos de vias aéreas
Estadiamento

• O PET/TC:
– Excluir metástases à
distância não detectada em
exames prévios
• Micrometástases
pulmonares
– Condução do tratamento,
pela avaliação da resposta
metabólica ao tratamento
neoadjuvante
Rastreamento
• Não há evidência científica de que o rastreamento do câncer de esôfago
traga mais benefícios do que riscos e, portanto, até o momento, ele não é
recomendado (WHO, 2007; NCI, 2021).
• Já o diagnóstico precoce deste tipo de câncer é possível em apenas parte
dos casos, pois a maioria só apresenta sinais e sintomas em fases mais
avançadas da doença. Os sinais e sintomas mais comuns e que devem ser
investigados são (NICE, 2021):
– Disfagia
– Perda de peso
– Epigastralgia
– Refluxo
– Dispepsia
Estadiamento

Sabiston - Tratado de Cirurgia – Townsend - 18ª Ed.


Estadiamento
Estadiamento
Taxa de Sobrevida

AJCC
Tratamento
• Deve-se considerar:
–Histologia, localização e extensão local do tumor primário
– Acometimento linfonodal
– Doença mestastática
– Condição geral do paciente - performance status (incluindo estado
geral,capacidade de deglutir, idade, comorbidade, estado nutricional)
–Objetivo do tratamento – curativo ou paliativo
• Estas variáveis orientam a formação de planos de tratamentos
apropriados:
– Procedimentos endoscópicos
– Ressecção cirúrgica
–Quimioterapia e Radioterapia – neo/adjuvante
Tratamento T1a e T1b N0M0

•T1a (restrita a mucosa): Tratamento


endoscópico é a primeira opção
•T1b (invasão da submucosa):
a ressecção endoscópica pode ser
uma alternativa à cirurgia se atender
aos seguintes critérios
histopatológicos:
•neoplasias com invasão na
submucosa inferior a 500µm
•histologia bem ou
moderadamente diferenciada
•ausência de invasão vascular e
linfática
•margens livres
Tratamento T2N0M0

• Neoadjuvância !?
Tratamento T3 e T4 M0 ou TxN1M0

• Neoadjuvância + Procedimento cirúrgico


Procedimento Cirúrgico

• Ressecção em bloco do esôfago e dos linfonodos


regionais
– índices globais de cura: 15%-40%
– mortalidade operatória: menos de 5% nos centros de
referência
Revista Brasileira de Cancerologia 2007; 53(4): 425-430
• Esofagectomia em 3 campos minimamente
invasiva + Linfadenectomia
– toracoscopia + laparoscopia + cervicotomia
Esofagectomia subtotal com anastomose
esofagogástrica cervical

Rev. Bras. Cir. Cabeça Pescoço, v. 35, nº 2, p. 102 - 108, abril /


maio / junho 2006

• Rev. Col. Bras. Cir. 42 (5) • Sep-


Oct 2015 • https://doi.org/10.1590/0100-
69912015005006
Esofagectomia subtotal com anastomose
esofagogástrica cervical

Rev. Bras. Cir. Cabeça Pescoço, v. 35, nº 2, p. 102 - 108, abril / maio /
junho 2006
https://cbcsp.org.br/wp-content/uploads/2016/aulas/Cancer_do_esofago.pdf
Tratamento Paliativo

• TxM1, tumor irresecável ou paciente sem


condições clínicas para o procedimento cirúrgico
• Avaliação Individualizada
• Reduzir o ônus do tumor e restaurar o acesso
nutricional
– Esofagectomia paliativa
– Gastrostomia ou jejunostomia
– Stent esofágico
– Quimioterapia e radioterapia
https://www.gastrointestinalatlas.com/english/esophagus_cancer.html
Questão 1

UNITAU – São fatores de risco associados ao desenvolvimento do


carcinoma epidermóide do esôfago:
a) Esôfago de Barrett e pólipos inflamatórios
b) Operação esofágica prévia e DRGE
c) Obesidade e consumo de carne e peixe salgados
d) Estenose cáustica e etilismo
e) Infecção pelo H.pylori e obesidade
Questão 2

UNAERP (modificada) – Assinale a alternativa que apresenta as


associações mais encontradas no adenocarcinoma:
a) Obesidade, tabagismo e consumo de álcool
b) Mulher, consumo de álcool e DRGE
c) Homem, obesidade e esôfago de Barrett
d) Mulher, tabagismo e consumo de álcool
e) Consumo de álcool, tabagismo e associação com HPV
Questão 3

SMS-SP – Homem, 60 anos, fumante e dependente do álcool,


apresenta-se com queixa de dificuldade em engolir os alimentos
e vem piorando progressivamente. Nega dores, nega doenças ou
internações, refere emagrecimento não aferido. Qual dos itens
se relaciona com o caso descrito?
a) Adenocarcinoma de terço distal do esôfago
b) Megaesôfago chagásico de grau III
c) Divertículo esofágico de Zenker no terço superior
d) Carcinoma epidermóide de terço médio do esôfago
Questão 4

UFS – Paciente de 57 anos, com queixa de disfagia progressiva há


vários meses, associada a perda de peso. Qual o melhor exame
inicial?
a) Manometria esofágica
b) Tomografia computadorizada de tórax
c) Endoscopia digestiva alta
d) pHmetria de 24h
Questão 5
UFPA – Paciente com neoplasia maligna de terço médio do esôfago, sem
metástases identificadas nos exames de pré-operatório. O tipo histológico
mais comum e o procedimento cirúrgico mais indicado são:
a) Adenocarcinoma; esofagectomia subtotal com anastomose
esofagogástrica cervical
b) Carcinoma epidermóide; esofagectomia subtotal com anastomose
esofagogástrica intratorácica
c) Carcinoma indiferenciado; esofagectomia subtotal com anastomose
esofagogástrica cervical
d) Carcinoma epidermóide; esofagectomia subtotal com anastomose
esofagogástrica cervical
e) Carcinoma epidermóide; esofagectomia subtotal com anastomose
faringogástrica cervical
Questão 6

UFPR – O carcinoma esofágico caracteriza-se por:

a) Disfagia precoce
b) Perda de peso precoce
c) Hemorragia digestiva alta precoce
d) Hemorragia digestiva baixa precoce
e) Diagnóstico tardio
Questão 7

UNISA – O exame com maior acurácia para avaliação da


profundidade de invasão do carcinoma de esôfago na parede de
orgão é a:

a) Tomografia computadorizada
b) Radiografia contrastada
c) US endoscópico
d) PET/TC
e) Toracoscopia
OBRIGADA

Próxima Aula: Divertículo de Zenker,


DRGE e megaesôfago

Cecilia.garcia@cienciasmedicasmg.edu.br

Você também pode gostar