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Introdução

A apendicite é a inflamação de uma parte do intestino conhecida


como apêndice, que se localiza na parte inferior direita do abdômen. Dessa
forma, o sinal mais típico de uma apendicite é o surgimento de uma dor forte e
aguda que pode vir também acompanhada de falta de apetite, enjoo, vômitos
e febre. Normalmente, a inflamação do apêndice acontece devido ao acúmulo
de fezes e bactérias no interior do apêndice e, por isso, pode surgir em
qualquer momento da vida. No entanto, as causas específicas ainda não são
totalmente conhecidas. Para tratar este problema, o apêndice deve ser retirado
o mais rapidamente possível através de cirurgia indicada pelo médico, para
evitar complicações mais graves como rutura do apêndice, que pode levar a
uma infecção generalizada. Assim, se existir suspeita de apendicite é muito
importante ir ao hospital imediatamente para fazer exames e confirmar o
diagnóstico.

DELIMITAÇÃO DO TEMA

Estudo da apendicite agudo no Hospital Regional de Cabinda, no primeiro


trimestre do ano 2021.

PERGUNTA CIENTÍFICA

Qual é Assistência a tomar no paciente com apendicite aguda?

HIPÓTESES

 A apendicite é a causa mais comum de abdome agudo cirúrgico, sendo


diagnosticados aproximadamente 250.000 casos anualmente nos
Estados Unidos (PRYSTOVSKY; PUGH; NAGLE, 2005).
 Estima-se que o risco de um indivíduo desenvolver a doença seja de 7%
e o risco de ser apendicectomizado de 12% para o gênero masculino e
23% para o feminino (ADDISS et al., 1990). Esses valores refletem as
dificuldades no diagnóstico, pela similaridade de sinais e sintomas com outras
doenças gastrointestinais ou ginecológicas.

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OBJECTIVOS

Objectivos Geral

 Avaliar a frequência de complicações na apendicectomia laparoscópica.

Objectivos Específico

 Validar a classificação laparoscópica da apendicite aguda para o


diagnóstico e graduação da doença em seus diferentes graus evolutivos.
 Verificar a eficácia e segurança do tratamento do coto apendicular por
meio da aplicação de clipe metálico, segundo o protocolo estabelecido,
durante os diferentes graus evolutivos da apendicite aguda.

JUSTIFICATIVA

A apendicite ser afecção bem estudada e o seu tratamento cirúrgico pela via
laparotômica bem estabelecido, o advento da cirurgia minimamente invasiva
trouxe consigo campo para novos estudos e reforçou questionamentos a
respeito do momento e da conduta operatória mais adequada diante das
diferentes formas de acometimento da doença. Tem-se argumentado que a
laparoscopia não é superior ao procedimento laparotômico no tratamento da
apendicite aguda e, ainda, que a opção entre um e outro procedimento 50
depende de escolhas tanto por parte do cirurgião quanto do paciente
(KAPISCHKE et al., 2006; KATKHOUDA; MASON; TOWFIGH, 2006;
ROVIARO et al., 2006). Entretanto, esses argumentos devem ser interpretados
com juízo crítico. A princípio, parece curioso que em duas décadas de pesquisa
não seja possível concluir, com consistência, sobre quais graus da apendicite
aguda se beneficiam da cirurgia minimamente invasiva (CHAE; STIEGMANN,
1998; FAGGI; GIOVANE, 2003; NORDENDOFT et al., 2000; YARMUCH,
2001).

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CRONOGRAMA

O cronograma é a previsão do tempo que será gasto na realização do trabalho


de acordo com atividades a serem cumpridas.

ACTIVIDADES / PERIÓDOS 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

1 Levantamento de literatura X

2 Montagem do Projecto X

3 Coleta de dados X X

4 Tratamento dos dados X X X X

5 Elaboração do relatório Final X X X

6 Revisão do texto X

7 Entrega do trabalho X

Recursos Permanentes: São aqueles materiais que têm uma durabilidade


prologada.

ITEM CUSTOS (Kz)


Computador 300.000,00
Impressora 150.000,00
Scanner 200.500,00
Mesa para computador 30.000,00
Pendraiv 5.000,00

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Desenvolvimento

Fundamentação Teórica

A apendicite aguda é a causa mais comum de abdome agudo, (133) e a


condição que mais fieqüentemente requer tratamento cirúrgico de urgência.
(25' 26' 8' 6) Durante o desenvolvimento deste trabalho encontramos algumas
dificuldades ao realizar a coleta dos dados nos prontuários devido ao mau
preenchimento dos mesmos.

Tentou-se analisar as características referentes à dor abdominal relatada


pelo paciente no momento do atendimento, mas na grande maioria das vezes
esse dado não se encontrava disponível. Devido a esse fato foi considerada
como dor abdominal, a dor referida espontaneamente pelo paciente. Não foi
possível analisar em que fase encontrava-se o apêndice no momento da
cirurgia, pois esse dado estava quase sempre ausente nos prontuários.

A apendicite é mais comum no sexo masculino do que no feminino.(8”


27” 28' 29) Neste estudo foram analisados 80 pacientes, dos quais 51 (63,75%)
pertenciam ao sexo masculino e apenas 29 (36,25%) pacientes pertenciam ao
sexo feminino. A faixa etária variou entre ll a 75 anos de idade.

Anatomia Do Apêndice

O apêndice é um prolongamento do ceco de forma filiforme com fundo


cego, localizado há, aproximadamente, 2,5 cm abaixo da válvula íleo-cecal, na
convergência das três tênias colônicas, que é uma referência anatômica
cirúrgica. Seu tamanho varia de 5 a 30 cm de extensão com,
aproximadamente, 0,5 cm de diâmetro.

O apêndice involui com a idade avançada. Embora a implantação do


apêndice seja num ponto constante, a sua localização pode variar de acordo
com o posicionamento de sua extremidade, podendo ser retrocecal, pélvico,
subcecal, na goteira parietocólica, em posição póstero-ileal. Outras
localizações infrequentes como a sub-hepática ou retroperitoneal podem
simular patologias da vesícula biliar ou do rim.

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A grande variação de posicionamento do apêndice é responsável pelas
diversas apresentações clínicas, o que resulta em determinadas situações em
dificuldades diagnósticas. 5 Histologicamente, o apêndice segue o padrão do
cólon onde são encontrados folículos linfáticos, cujo número aumenta na
infância podendo chegar a 200, entre 10 e 20 anos, faixa etária de grande
prevalência da doença. O número de folículos decresce a partir dos 30 anos,
podendo estar ausentes após os 60 anos.

ETIOPATOGÊNIA

A apendicite resulta de um processo mecânico de obstrução da luz do


apêndice. Esse processo é facilitado pela conformação do apêndice que possui
um pequeno diâmetro com comprimento longo. São inúmeros os agentes que
podem obstruir a luz do apêndice, sendo o coprolito e a hiperplasia linfoide os
mais comuns. Outros obstáculos podem ocorrer, como corpo estranho,
parasitas, tumor, êmbolos sépticos, muco desidratado, torção, invaginação,
doença de Crohn, processos infecciosos ileocecais ou peritoneais, como a
tuberculose.

A oclusão da luz do apêndice ocasiona um aumento da secreção de


muco pela mucosa apendicular distal com aumento da pressão intraluminal,
que pode alcançar até 65 mmHg. Prossegue com dificuldade de retorno
venoso, estase, edema e diapedese. A distensão do apêndice estimula
terminações simpáticas, produzindo dor abdominal difusa, geralmente
periumbilical. Com a progressão do edema e o aumento da pressão
intraluminal, começa a ocorrer isquemia da mucosa e surgimento de
ulcerações levando à quebra da barreira mucosa e à invasão da parede do
apêndice pela flora intestinal.

O processo infeccioso pode atingir a serosa e, por contiguidade, o


peritônio parietal, ocasionando dor no quadrante inferior direito. A persistência
da obstrução leva à necrose do apêndice e à sua perfuração. 6,8 O tempo
decorrido desde o início da dor até a necrose e perfuração é de,
aproximadamente, 48 e 70 horas, respectivamente. Na maioria dos casos, a
doença progride, necessitando de tratamento cirúrgico, mas, em alguns
pacientes, pode ocorrer regressão espontânea, provavelmente decorrente da
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desobstrução luminal do órgão e da redução do processo inflamatório. Não são
raros os casos de pacientes que relatam dor semelhante anterior com quadro
de crise apendicular e resolução espontânea. O processo inflamatório, caso
não ocorra involução, pode resultar na formação de um “plastrão” pelo omento,
alças intestinais, anexos e o cólon como mecanismo de defesa, ou evoluir com
perfuração com contaminação da cavidade peritoneal, podendo progredir para
uma peritonite generalizada.

EPIDEMIOLOGIA

A apendicite aguda é a causa mais comum de abdome agudo de


tratamento cirúrgico. É mais prevalente nas segunda e terceira décadas de
vida, sendo raro antes dos 2 anos e em idosos. A prevalência em homens é
maior que nas mulheres, na proporção de 3:2, principalmente em países
industrializados com hábito alimentar pobre em fibras.

DIAGNÓSTICO

As manifestações clínicas da apendicite aguda são diversas,


dependendo da localização do apêndice e do tempo da evolução clínica. A
apresentação clássica inicia-se com hiporexia, seguida de dor ou desconforto
abdominal de baixa intensidade, localizada inicialmente no mesogástrio ou na
região periumbilical, muitas vezes associados a problemas gastrointestinais.

A dor não apresenta relação com atividade física, posição e não melhora
com a eliminação de flatus; é progressiva, com piora nas 24 horas
subsequentes. A partir de 6 horas do seu início, pode migrar para o quadrante
inferior direito devido à irritação parietal. A dor é o sinal mais prevalente no
quadro de apendicite, presente em 95% dos casos, seguidos de hiporexia em
90% das vezes.

Na grande maioria dos pacientes, a tolerância à alimentação


desfavorece o diagnóstico de apendicite. 8,6 A localização clássica da dor é no
ponto de MacBurney, localizada na transição do terço médio e o inferior, de
uma linha imaginária entre a cicatriz umbilical e a espinha ilíaca anterior. Pode
ocorrer febre baixa, sem calafrios. Em 25% dos casos, a dor já se inicia na

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fossa ilíaca direita. Se o quadro clínico progride sem intervenção, pode ocorrer
a perfuração do apêndice, provocando uma peritonite, inicialmente localizada,
podendo se tornar difusa e evoluir para sepse abdominal.

A outra forma de evolução da apendicite é a formação de um plastão


com obstrução do processo 6 inflamatório pelos órgãos adjacentes e que pode
ser diagnosticado por massa palpável na fossa ilíaca direita. 8,3 Alguns sinais
no exame físico podem sugerir o diagnóstico de apendicite, como o sinal de
Blumberg, (dor à descompressão na palpação da fossa ilíaca direita), dor ao
toque retal e/ou vaginal nos casos de apêndice de localização pélvica, sinal de
Rovsing (dor na FID à palpação da FIE), sinal de Dunphy (dor na FID durante a
tosse, equivalente ao sinal de Blumberg), sinal do músculo psoas (dor à
extensão do membro inferior direito e sinal do músculo obturador (dor à rotação
externa do MID fletido.

EXAMES COMPLEMENTARES

O leucograma pode mostrar leucocitose com desvio à esquerda.


Leucocitose acima de 18.000/campo deve levar à suspeita de complicações
como a perfuração ou a formação de abscesso. Outros exames, como o de
urina rotina e gran de gota, podem ser úteis para descartar infecção urinária,
embora piúria e hematúria possam estar presentes na apendicite pélvica pela
contiguidade com o ureter e a bexiga.

O exame de urina é anormal em até 40% dos pacientes com apendicite,


devendo ser correlacionado com a presença de algúria e disúria. Outros
exames laboratoriais, como as provas de função hepática e pancreática,
podem ser úteis na diferenciação da dor abdominal aguda, assim com a
dosagem de gonadotrofina coriônica e o exame ginecológico.

RADIOGRAFIA SIMPLES DE ABDÔMEN: De acordo com Petroianu, o


acúmulo de fezes no ceco, ocorre em 97% dos casos de apendicite aguda. Se
presente na radiografia de abdômen, tem valor preditivo positivo de 79% e
valor preditivo negativo de 98%. Dessa forma, se não houver acúmulo de fezes
no ceco, a possibilidade de ser apendicite é menor que 2%.

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Outros sinais indiretos como a alça sentinela, presença de nível
hidroaéreo e apagamento do músculo psoas na fossa ilíaca direita podem
também ser observados na radiografia simples do abdômen. 15 Outros exames
de imagem devem ser realizados apenas quando o diagnóstico clínico de
apendicite for inconclusivo, ou seja, quando a imagem determinar uma possível
mudança de conduta, como em crianças e idosos ou mulheres em idade fértil
ou grávidas. Outros grupos de pacientes, como os diabéticos, obesos e
imunossuprimidos, podem ter apresentações atípicas no quadro clínico e
também ser beneficiados por exames de imagem.

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Conclusões

As maiorias dos pacientes submetidos à apendicectomia no Hospital


Regional de Cabinda, entre Janeiro de 2021 e Março de 2021, pertenciam ao
sexo masculino, apresentavam faixa etária compreendida entre 15 e 25 anos
de idade e tiveram tempo de história da doença inferior a 24 horas.
Apresentaram na maior parte dos casos, os sinais e sintomas típicos de
apendicite aguda. O uso do leucograma como método laboratorial, para
diagnóstico de apendicite aguda, tem valor apenas quando associado ao
quadro clínico apresentado pelo paciente, visto que alguns pacientes com
diagnóstico de apendicite aguda, analisados nesta série apresentaram valores
normais para esse exame. O conhecimento, das diversas formas de
abordagem cirúrgica, nos casos de apendicectomia e a correta aplicação
dessas formas de abordagem, contribuem para a menor incidência de
complicações pós- operatórias. O diagnóstico precoce associado ao tratamento
cirúrgico são fatores fundamentais para a diminuição da morbimortalidade dos
portadores de apendicite aguda. A dificuldade encontrada para realização da
coleta de dados, é conseqüência de um problema cada vez mais comum no
meio médico: o mau preenchimento dos prontuários. Pensamos que, essa deva
ser uma questão a ser refletida, visto que, o correto preenchimento dos
prontuários além de se tratar de uma questão jurídica, contribui para a
realizações de novos trabalhos científicos, na área médica.

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Referência Bibliografia

WILCOX, R.T.; TRAVERSO, L.W. Have the evaluation and treatment of acute
appendicitis changed with new technology ? Surg Clin North Am, v. 77, p. 1355-
1370, 1997.

WONG, P.F. et al. Antibiotic regimens for secondary peritonitis of


gastrointestinal origin in adults [review]. The cochrane Library; 2:CD004539,
2007.

YAO, C.C.; LIN, C.S.; YANG, C.C. Laparoscopic appendectomy for ruptured
apendicitis. Surg Laparosc Percutan Tech, v. 9, p. 271-273, 1999.

YARMUCH, J. Cirurgía laparoscópica: Presente Y futuro. Rev Chilena de


Cirurgía, v. 53, p. 239-242, 2001.

YAU K.K. et al. Laparoscopic versus open appendectomy for complicated


appendicitis. J Am Coll Surg, v. 205, p. 60-65, 2007.

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