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hematol transfus cell ther.

2022;44(S2):S1−S689 S579

anos de idade, diagnosticado com Hemofilia A grave (em pro- Brasil e no mundo, com elevados índices de morbidade e leta-
filaxia com infusa ~ o de 1500 UI de fator de coagulaç a ~ o VIII em lidade. Acarreta alto grau de sofrimento ao longo da vida e
dias alternados) compareceu no ambulato  rio de Odontologia acomete majoritariamente a populaç a ~ o negra, que coinciden-
relatando dentes com mobilidade. Ao exame físico intraoral, temente, constitui a populaç a ~ o com menor poder aquisitivo
apresentava ause ^ncia de alguns dentes, higiene oral insatis- neste país dispondo de acesso limitado a serviços de assis-
fato ria, acu  mulo de biofilme e ca  lculo dental, doença peri- ^ncia a
te  sau  de (pu  blico ou privado). A DF apresenta uma se rie
odontal e mobilidade grau III em molares superiores e de manifestaç o ~ es clínicas que podem influenciar o planeja-
inferiores. Na ~o foram identificadas leso ~ es cariosas e a mucosa mento do tratamento odontolo  gico, ale m disso, tambe  m pode
oral apresentava-se íntegra, bem lubrificada e normocorada. ~
apresentar manifestaç oes bucais como alteraç oes o ~  sseas,
Uma radiografia panora ^ mica foi solicitada para avaliaç a ~o atraso na erupç a ~ o denta  ria, episo  dios frequentes de dor,
complementar e definiç a ~ o de conduta. Foi possível identificar osteomielite, e grande susceptibilidade a infecç o ~ es bacteri-
perda o  ssea vertical e horizontal generalizada, mais extensa na anas. Os processos infecciosos sa ~ o críticos nestes indivíduos
regia~ o de segundos e terceiros molares e pre -molar inferior dir- necessitando muitas vezes de hospitalizaç a ~ o. Objetivo: Rela-
eito. Ale m do diagno  stico de Hemofilia A grave, o paciente ainda tar o caso clínico de uma paciente com DF com abscesso
apresentava plaquetopenia (74.000/mm3) devido a  hepatopatia denta  rio agudo, internada em um hospital de refere ^ncia para
cro^ nica, agravando a condiç a ~ o hematolo  gica. As exodontias pacientes onco-hematolo  gicos no Rio de Janeiro. Me todo:
necessa  rias foram realizadas em sesso ~ es distintas. Previamente Relato de caso descrevendo a anamnese, histo  ria me dica pre-
as extraç o ~ es denta  rias, o paciente realizou dose de reforço de gressa, exame clínico, radiografia periapical e tomografia
reposiç a ~o do fator de coagulaç a ~ o VIII conforme orientaç a ~ o do computadorizada. Relato de caso: Paciente, 43 anos, sexo fem-
hematologista e administraç a ~ o de 500 mg de a  cido tranexa ^ mico inino, negra, admitida no Serviço Pronto Atendimento do
via oral de 8 em 8 horas por 4 dias, iniciando um dia antes do Instituto de Estadual de Hematologia Arthur de Siqueira Cav-
procedimento. Durante o transoperato  rio, foram realizadas alcanti − HEMORIO com queixa de dor ha  3 dias, associado ao
manobras de hemostasia local, utilizando a  cido tranexa ^ mico de edema local. Hipo  tese diagno  stica pelo me  dico plantonista foi
forma to  pica (ampola de 5 ml) e sutura abundante com fio reab- abscesso denta  rio. Paciente foi hospitalizada para antibiotico-
sorvível. As exodontias foram realizadas sem intercorre ^ncias. terapia venosa (amoxicilina + clavulanato de pota  ssio (IV) e
Apo  s boa evoluç a ~ o clínica po  s-operato  ria, apresentando boa cic- controle da dor (dipirona so  dica EV), seguido de avaliaç a ~o
atrizaç a~ o e ause ^ncia de sangramento, foi realizada a exodontia pelo Serviço de Odontologia da referida unidade. Ao exame
dos demais dentes, fazendo uso das mesmas manobras de pla- físico, foi observado aumento de volume na face esquerda,
nejamento hemosta  tico, tanto locais quanto siste ^micas. A tera- doloroso a  palpaç a ~ o e certa limitaç a ~ o de abertura de boca. O
pia periodontal, com realizaç a ~ o de raspagem supra e exame intrabucal confirmou aumento de volume em fundo
subgengival, foi dividida em diferentes dias de atendimento, por de vestíbulo na regia ~ o do elemento 26 com destruiç a ~ o coro-
quadrantes. Para esta etapa, o paciente realizava previamente na ria, ale m da necessidade de mu  ltiplas exodontias e trata-
 s sesso
a ~ es, infusa~ o do fator de coagulaç a ~ o deficiente nas doses mentos restauradores. Radiograficamente, lesa ~ o periapical no
de rotina associado ao uso de a  cido tranexa ^ mico via oral, contin- 26 e destruiç a ~ o corona  ria. 48 horas apo  s a medicaç a ~ o, apre-
uado apenas em caso de sangramento persistente. Ale m disso, sentou ponto de flutuaç a ~ o na regia ~ o e aumento da abertura
foi realizada irrigaç a ~o com clorexidina 0,12% para controle quí- de boca, desta forma, a mesma foi submetida a  intervenç a ~o
mico do biofilme bacteriano e aplicaç a ~ o de laser de baixa inten- ciru rgica no consulto  rio de odontologia, sob anestesia local,
sidade na regia ~ o cervical de pre  -molar inferior direito (3J em 3 para a incisa ~ o e divulsa ~ o da coleç a ~ o purulenta. Previamente
pontos, comprimento de onda infravermelho) para auxiliar na ao procedimento, a paciente permaneceu com a antibiotico-
reduç a ~ o da sensibilidade denta  ria associada a recessa ~ o gengival. terapia, adequaç a ~o de dieta e a instruç a ~ o rigorosa de sau  de
A reposiç a ~ o de fator de coagulaç a ~ o e a correta administraç a ~o do bucal (com a entrega de kit de higiene e folder educativo) foi
 cido tranexa
a ^ mico, seja de forma siste ^mica ou local, associados instituída. Na drenagem do abscesso foi observado a saída de
 demais manobras hemosta
a  ticas, sa ~ o essenciais para o sucesso grande volume de secreç a ~ o purulenta e no dia posterior, a
de procedimentos odontolo  gicos invasivos em pacientes com franca regressa ~o do edema ale m disso, a paciente relatou
distu  rbios de coagulaç a ~ o, como a Hemofilia A grave. ause ^ncia da sintomatologia dolorosa. A mesma foi agendada
para a realizaç a ~ o do tratamento odontolo  gico, incluindo a
https://doi.org/10.1016/j.htct.2022.09.991 remoç a ~ o da causa. Discussa ~ o: De acordo com a literatura, os
quadros infecciosos sa ~ o as complicaç o ~ es mais frequentes em
indivíduos com DF e pode acarretar em abscessos, celulites,

ABSCESSO DENTARIO AGUDO: RELATO DE ate ao o  bito, quando na ~ o intervindo corretamente. Conclusa ~ o:
CASO CLINICO O CD deve saber manejar corretamente os pacientes com DF e
SCS Passos, LCP Sousa, MS Costa, HLC Silva, realizar o efetivo controle dos quadros infecciosos, a fim de
GRR Ibraim, ECGC Felix, VLD Costa evitar as complicaç o ~ es graves que podem levar o paciente ao
 bito. Ademais, o CD inserido na equipe multidisciplinar,
o
Instituto Estadual de Hematologia Arthur de deve atuar na proteç a ~o, recuperaç a ~ o e reabilitaç a ~ o em sau  de,
Siqueira Cavalcanti (HEMORIO), Rio de Janeiro, RJ, com aç o ~ es centradas no sujeito e praticar, concomitante-
Brasil mente, a educaç a ~ o em sau  de.
~ o: A Doença Falciforme (DF) e
Introduç a  uma doença hema-
 gica heredita
tolo  ria de grande importa
^ncia epidemiolo
 gica no https://doi.org/10.1016/j.htct.2022.09.992

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