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TÉCNICAS DE BIÓPSIA

EM LESÕES DE
TECIDOS MOLES
WEB
30 de março de 2017
DA BOCA

Profª. Drª. Diurianne C. Campos França


Doutora em Ciência Odontológica – Unesp
Teleconsultora do TELESSAÚDE/ MT
Estomatologista da Secretaria Municipal de Saúde de Cuiabá (SMS)
Docente do curso de Odontologia do UNIVAG- Centro Universitário
Biópsia é um exame complementar que
consiste na observação de um tecido vivo cuja
finalidade é a análise macro e microscópica
das alterações ocorridas diante de um
processo patológico qualquer.

Marcucci, 2014
É um meio confiável e de fácil
execução, que contribui para o
diagnóstico definitivo da maioria das
lesões bucais.
Os riscos de realizá-la são mínimos e
superam, em muito, as consequências
de um diagnóstico errôneo e
inadequado
A discussão de se fazer ou não a
biópsia não é tão importante;
importante sim é saber quando indicá-la
e uma vez indicada, realizá-la o mais
rapidamente possível.

Para a realização da biópsia é necessário


instrumental cirúrgico extremamente
simples e que todo clínico geral e
especialistas nas diversas áreas da
odontologia teriam condições de realizá-la.
Kignel, 2014
Não devemos ter nenhum receio em realizá-la,
ou, caso contrário, é sempre preferível indicar
o paciente para quem sabe como realizar o
exame, do que ficar prescrevendo
medicamentos, colutórios, pomadas milagrosas,
chazinhos, antibióticos, antiinflamatórios,
antifúngicos e antivirais sem sequer ter
chegado ao diagnóstico de uma determinada
doença, fazendo com que ocorra um atraso no
diagnóstico, uma piora no prognóstico e muitas
vezes colocando em risco a vida ou a sobrevida
dos pacientes.
Kignel, 2014
 Pigmentações endógenas e exógenas da mucosa bucal;
 Lesões eritroplásicas (vermelhas) da mucosa bucal;
 Lesões leucoplásicas (brancas);
 Lesões negras (pigmentadas) da mucosa bucal;
 Lesões ulcerativas, erosivas e vesicobolhosas;
 Crescimentos epiteliais de origem traumática;
 Lesões ósseas: inflamatórias, fibro-ósseas;
 Neoplasias benignas e malignas;
 Lesões endócrino-metabólicas;
 Cistos e tumores odontogênicos;
 Doenças das glândulas salivares.
Marcucci, 2014
 Qualquer lesão persistente por mais de duas
semanas, com etiologia desconhecida;

 Lesões inflamatórias, que não regridam em até


2 semanas após a remoção do agente irritante
local;

 Alterações hiperceratóticas persistentes na


superfície dos tecidos bucais;

 Tumefação persistente, visível ou palpável sob


tecido aparentemente normal;
CAUBI et al. 2004
 Alterações inflamatórias de causa
desconhecida que persistem por períodos
prolongados;

 Lesões que interferem com a função do local


(ex. fibroma);

 Lesões ósseas não identificadas


especificamente por meio dos achados clínicos
e radiográficos;

 Lesão que apresente características de


malignidade.
CAUBI et al. 2004
Doenças sistêmicas como a diabetes
descompensado, paciente cardiopata que faz uso de
derivados cumarínicos e acido acetilsalisílico,
doenças hematológicas como a hemofilia, os
imunossuprimidos incluindo os transplantados,
hipertensão arterial severa (HAS).

Nestes casos, é conveniente sempre entrar em


contato com o médico responsável para se avaliar o
melhor momento para a realização do exame.
Kignel, 2014
Lesões vasculares centrais e periféricas, como
os hemangiomas intra e extra-ósseos.

Kignel, 2014
Biópsia incisional*

Biópsia excisional*

Biópsia por agulha fina

Biópsia por congelação


Dependendo da localização e do formato da lesão,
bem como do acesso cirúrgico, podemos utilizar
vários tipos de instrumentais.

De cima para baixo;


“punch”, curetas e pinça
“saca bocado”. Ao lado,
cabo e lâmina de bisturis
montados.
Consiste na retirada de uma parte ou
amostra representativa da lesão e
consequente avaliação
histopatológica deste tecido!
 Lesões muito extensas e de difícil
acesso;
 Lesões com características diferentes
em sua extensão;
 Lesões com suspeita de malignidade!
Remoção de áreas representativas da lesão:

 Extensão aos tecidos normais nas bordas da


lesão;
 Evitar lesões secundárias como crosta,
cicatriz e zona de hipercromia residual;
 Incluir volume adequado de tecido alterado;
 Incisões em cunha, mais profundas do que
extensas em largura!
PETERSON et al., 1998.
Arquivo CEOPE
Arquivo CEOPE
França, 2016
França, 2016
A lesão a ser biopsiada deve ser
A lesão a ser biopsiada deve ser a mais
a mais representativa
representativa da doença
da doença suspeita e,
suspeita e, aparentemente,
aparentemente, sem escoriação, sem
ou
escoriação,
regeneração, ou regeneração,
de preferência de
sem tratamento
preferência sem
prévio ou sinais detratamento
infecção.
prévio ou sinais de infecção.
Mais de uma biópsia incisional, quando as características da
lesão diferem de uma área para a outra.
PETERSON et al., 1998.
França et al. Sultan Qaboos Univ Med J. 2012 May; 12(2): 228–231.
França et al. Sultan Qaboos Univ Med J. 2012 May; 12(2): 228–231.
Antissepsia;
Anestesia;
 Imobilização dos tecidos moles;
Incisão;
Diérese;
Exérese;
Manuseio dos tecidos;
Hemostasia;
Síntese;
Cuidados com a amostra removida;
 Preenchimento da ficha de biópsia;
Encaminhar ao Laboratório;
Analisar o Laudo Histopatológico;
 Consulta pós-operatória.
Arquivo CEOPE
Arquivo CEOPE
Arquivo CEOPE
Arquivo CEOPE
Arquivo CEOPE
Remoção total da lesão no momento da
intervenção cirúrgica para
diagnóstico!

PETERSON et al., 1998.


 Qualquer lesão de aspecto benigno que
possa ser removida completamente sem
mutilar o paciente;
Lesões pediculadas;
 Lesões pigmentadas pequenas;
 Lesões vasculares pequenas (≤ de 1 cm).
Antissepsia;
Anestesia;
 Imobilização dos tecidos moles;
Incisão;
Diérese;
Exérese;
Manuseio dos tecidos;
Hemostasia;
Síntese;
Cuidados com a amostra removida;
 Preenchimento da ficha de biópsia;
Encaminhar ao Laboratório;
Analisar o Laudo Histopatológico;
 Consulta pós-operatória.
Arquivo CEOPE
Arquivo UNIVAG
Arquivo UNIVAG
França et al. Rev Odontol Bras Central 2010;19(51)
França et al. Rev Odontol Bras Central 2010;19(51)
França et al., 2004
BÁSICA
• A biópsia assim como demais exames
complementares poderão ser realizados/solicitados
na UBS/SF, desde que a equipe sinta-se capacitada
para exercer a técnica de coleta e principalmente, a
interpretação dos resultados.

• Caso haja impossibilidade de diagnóstico e/ou


tratamento das lesões, o paciente deverá ser
encaminhado para a atenção secundária (CEO).

Brasil. Ministério da Saúde. Manual de especialidades em saúde bucal / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, 2008.
As necessidades de avaliação estomatológica deverão
ser encaminhadas com formulários específicos de
referência, onde conste o motivo de encaminhamento,
dados clínicos e localização da lesão.

Na presença de lesões ulceradas, atróficas,


hiperceratóticas ou nodulares, avaliar a presença
de possíveis agentes causais locais, removendo-os
quando possível e acompanhando a evolução
ANTES DO ENCAMINHAMENTO.
Úlcera persistente em boca
por mais de 30 dias, apesar
do aspecto
clínico semelhante a uma
neoplasia, era uma úlcera de
origem traumática

Após a remoção do trauma a


lesão cicatrizou em quatro
semanas sem a necessidade de
realização de biópsia

Lemos Junior et al. Rev assoc paul cir dent 2013;67(3):178-86


Pacientes com sinais evidentes de lesões
na mucosa bucal e estruturas anexas,
recorrentes ou não, onde esteja indicado
ou seja desejado o esclarecimento clínico,
exame histopatológico (biópsia) ou
solicitação de outros exames
complementares adicionais.
Pacientes com lesões brancas, vermelhas ou
negras (exceto as variações de
normalidade), úlceras, hipertrofias, nódulos,
vesículas, bolhas e aumento de volume na
mucosa; dificuldade para movimentar e
sensação de dormência na língua;
sangramento, dificuldade para engolir.

Lesões que não cicatrizam em até 15 dias.


Descrição minuciosa das
características clínicas da lesão:

LESÃO
FUNDAMENTAL

LOCALIZAÇÃO

Revista da ABENO • 15(3):2-15, 2015


 Ao terminar o procedimento cirúrgico, o(a) ASB/TSB
deverá colocar a peça em solução de formol a 10 % (a
quantidade do líquido deverá ser de 10 vezes o tamanho da
peça), em frasco previamente identificado com os dados
do paciente, sendo que a abertura deve estar lacrada com
fita adesiva e armazenado em sacola plástica individual;

 Biópsias de locais diferentes (língua, palato, etc) devem


ser colocadas em frascos distintos.

 O C.D. deve preencher a solicitação do exame


anatomopatológico em duas vias (LAB e Prontuário), não se
esquecendo de preencher todos os campos e de carimbar
e assinar o pedido;
 O material deve ser enviado ao laboratório, acondicionado
em caixa hermeticamente fechada, através de serviço de
entrega;

 Em caso de suspeita de malignidade deve-se registrar no


pedido COM URGÊNCIA e o laboratório enviará o
resultado em até 07dias;

 O prazo de entrega do resultado de exame é de


aproximadamente 15 dias. Caso ultrapasse esse prazo, o
CD responsável pela biópsia deve informar o responsável
pela unidade para que este entre em contato com o
laboratório;
 O resultado da biópsia deverá ser disponibilizado em duas
vias impressas (nos casos de neoplasias malignas serão 03
vias), uma deverá ser entregue ao paciente e a outra
anexada ao prontuário do paciente;

 Caso o paciente seja diagnosticado com alguma neoplasia


maligna o resultado deverá ser anexado (fotocópia) em um
caderno exclusivo de “Casos confirmados de Câncer
Bucal”/PMAQ;

 De posse do resultado, o CD que realizou a biópsia,


entregará o resultado ao paciente e explicará o mesmo;
 Nos casos de neoplasia maligna, o CD deverá fazer a
referência do paciente, com urgência, ao médico
cirurgião de cabeça e pescoço, no hospital
referência no município, e orientar o mesmo a levar
o resultado da biópsia para essa unidade;

 Caso o tratamento odontológico do paciente com


neoplasia maligna não seja possível na unidade
referenciada, o paciente será agendado no CEO em
caráter de Urgência, para o preparo previamente à
cirurgia, radioterapia e/ou quimioterapia.
A biopsia de boca deveria ser procedimento de rotina na
prática odontológica, visto que é um exame
complementar simples, seguro, de baixo custo e que
esclarece a maioria das patologias bucais.

Para isso, muito mais do que o conhecimento da técnica


cirúrgica, o cirurgião-dentista (CD) deve saber
estabelecer o diagnóstico clínico, indicar corretamente
os exames complementares, escolher o local anatômico
mais apropriado da lesão de onde será colhido o
fragmento, para que ele seja representativo e possa
elucidar o caso.
O cirurgião-dentista deve estar
informado e atento para as lesões do
sistema estomatognático, em especial
as potencialmente malignas, no que diz
respeito ao diagnóstico precoce, sendo
um diferencial na promoção da saúde,
gerando prognóstico favorável para os
pacientes e melhor qualidade de vida.
França et al., SOBEP (2008)
Arquivo CEOPE
1º - Acesse www.telessaude.mt.gov.br
Núcleo Técnico Científico de Telessaúde MT
www.telessaude.mt.gov.br
www.youtube.com/teleeducamatogrosso
www.teleconhecimentomt@gmail.com
Tel: (65) 3661-2494/
3615-7352

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