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É definida como uma inflamação da medula óssea com tendência a progredir, acomete o osso cortical e, muitas
vezes, o periósteo. A incidência da osteomielite é muito mais alta na mandíbula em razão da densa e pouco
vascularizada cortical óssea e do principal suprimento sanguíneo vindo do feixe neurovascular alveolar inferior.
A redução das defesas locais e sistêmicas do hospedeiro pode contribuir significativamente para o aparecimento
e o curso clínico da doença: diabetes, estados autoimunes, doenças malignas, desnutrição e HIV.
Patogênese
O processo é iniciado por uma inoculação bacteriana dentro do osso, podendo acontecer devido extrações
dentárias, tratamento endodôntico ou fraturas maxilares/mandibulares. Com a inflamação, há hiperemia e aumento do
fluxo sanguíneo para a área afetada, uma quantidade adicional de leucócitos é recrutada para essa área a fim de
combater a infecção. Existe formação de pus quando houver uma quantidade muito grande de bactérias e restos
celulares que não conseguem ser eliminados pelo mecanismo de defesa natural do corpo. Uma vez que o pus tenha
perfurado a cortical óssea e chegado embaixo do periósteo, o fornecimento sanguíneo periosteal está comprometido e
isso agrava ainda mais a condição local.
Microbiologia
As principais espécies patogênicas são os estreptocos e as bactérias anaeróbias. O clínico deve começar o
tratamento antibiótico empírico com base nos patógenos mais prováveis, o que pode incluir a penicilina e o
Metronidazol como medicamento dualterápico, ou clindamicina como tratamento único. A terapia antimicrobiana
definitiva deve se fundamentar nos resultados finais da cultura e do teste de sensibilidade antibiótica para ótimo
resultado do tratamento.
Classificação
A osteomielite é dividida em forma aguda ou crônica com base na presença da doença por 1 mês:
Osteomielite aguda:
o Foco contínuo
o Progressiva
o Hematogênica
Osteomielite crônica:
o Multifocal recorrente
o Osteomielite de Garré (com Periostite) – Clássica aparência de casca de cebola
o Supurativa ou não supurativa
o Esclerosante
Apresentação clínica
Sintomas clássicos: Dor, inchaço e eritema dos tecidos sobrejacentes, adenopatia, febre, parestesia do nervo
alveolar inferior, trismo, mal-estar e fístula. Aparência clássica: Osso com roído ou sequestro ósseo.
Exames de imagens: Radiogradias panorâmicas, tomografias de face, ressonância magnética.
Tratamento
Intervenção medicamentosa (antibioticoterapia) e cirúrgica. O tratamento clássico é a sequestrectomia e a
saucerização. Os propósitos são debridar o sequestro ósseo necrótico pouco vascularizado na área infectada e melhorar
o fluxo sanguíneo. A sequestrectomia abrange remoção dos pedaços de osso infectados e avasculares, geralmente a
tábua cortical da área infectada. A sauderização implica remoção do osso cortical adjacente e abertura da ferida para
possibilitar uma cicatrização por segunda intenção depois que o osso infectado tiver sido removido. Geralmente, é
preciso a remoção de dentes adjacentes à área com osteomielite. Ao fazer essa remoção com osso, o clínico deve ter
consciência de que esse procedimento cirúrgico pode enfraquecer o osso da mandíbula e o tornar suscetível a uma
fratura patológica.
A oxigenoterapia hiperbárica (OHB) também foi defendida para o tratamento da osteomielite refratária. Esse
método de tratamento funciona aumentando o nível de oxigenação tecidual que deverá ajudar a combater qualquer
bactéria anaeróbica presente nesses ferimentos.
OSTEORRADIONECROSE
Representa uma ferida crônica não cicatrizada, que é isquêmica, hipocelular e hipovascular. Os efeitos da
radiação duram a vida toda e não diminuem com o passar do tempo.
Quase sempre é causada por traumatismo na área irradiada, normalmente por extração dentária, mas também
pode ocorrer espontaneamente. O quadro clínico é mais visto com dor e exposição óssea na região maxilofacial. Mais
comum em mandíbula. Uma dosagem de radiação acima de 5000 a 6000 rads é considerada capaz de tornar a
mandíbula suscetível à osteorradionecrose.
Radiograficamente, a imagem da panorâmica ou da tomografia computadorizada lembra a osteomielite
convencional com áreas de osteólise e sequestro ósseo. Muitas vezes, há aparência de roído de traça.
O tratamento é direcionado à remoção do tecido necrótico e a possibilitar que o próprio corpo cicatrize o local.
A terapia atual é pra aumento da resposta da cicatrização tecidual com OHB, que consiste em 100% de oxigênio
pressurizado e os tecidos tratados têm elevados níveis de oxigênio, o que tem um efeito negativo sobre as bactérias e
efeito positivo para a angiogênese.
A OHB consiste em mergulhos ou sessões de tratamento por 90 min, com base em pressão atmosférica de 2,4.
De 20 a 30 mergulhos são realizados antes de qualquer intervenção cirúrgica. A área de osteorradionecrose é então
debridada e seguida de dez tratamentos de oxigenoterapia adicionais.
Os bifosfonatos eram usados para tratamento das sequelas ósseas das doenças malignas, esses pacientes
comumente tinham crescimento de lesões destrutivas nos ossos que causavam dois grandes problemas. A
hipercalcemia das malignidades é vista quando o osso é destruído pelas lesões ósseas. Os ossos enfraquecidos são
também suscetíveis à fratura patológica. Os bifosfonatos agiam diminuindo a reabsorção óssea. No entanto, começaram
a existir complicações com os pacientes que usavam os bifosfonatos depois de procedimentos aparentemente
rotineiros, como extrações e colocação de implantes.
Para estabelecer um diagnóstico de osteonecrose dos maxilares associada ao uso de bifosfonatos, os pacientes
precisam ter exposição do osso mandibular por pelo menos, 8 semanas, histórico prévio ou atual de tratamento com
bifosfonatos e não ter sido submetido à radioterapia nos maxilares.
Bifosfonatos:
1. Etidronato
2. Tiludronato
3. Pamidronato
4. Ácido Zoledrônico
5. Aledronato
6. Risedronato
7. Ibandronato
Estes medicamentos inibem a atividade dos osteoclastos impedindo a quebra do osso e também afetam a atividade
osteoblástica, que, por sua vez, secundariamente afeta a atividade osteoclástica. O efeito combinado dos bifosfonatos
altera significativamente o processo de normal de deposição e reabsorção óssea.
Os segmentos móveis de sequestro ósseo devem ser removidos indiferentemente ao estágio da doença. Deve-
se tomar cuidado para não expor osso acometido, a fim de evitar expandir o processo da doença. Os dentes
sintomáticos em área de osso necrótico devem ser extraídos.
IMPLANTES
Biologia peri-implante
A profundidade de colocação do implante sugerida abaixo da margem livre dos tecidos moles é de
aproximadamente 3 a 4 mm (distância entre a plataforma do implante e a borda livre da margem gengival), uma
distância que fornece espaço para a amplitude biológica, emergência adequada da restauração e estética, e
também deve permitir a remodelação dos tecidos moles e do osso, que ocorre entre 6 meses e 1 ano.
Gengivas delgadas e cheias de reentrâncias recuam de maneira mais extensa do que a espessa e sem
reentrâncias.
A distância sugerida entre a lateral do implante e o dente adjacente deve ser cerca de 2 mm, para evitar que a
perda óssea horizontal afete o dente adjacente. Já a distância crítica entre as superfícies dos implantes
aproximou-se de cerca de 3 mm antes do processo mutuamente destrutivo de reabsorção óssea lateral com
aceleração dos processos um dos outros.
Proporção coroa-implante
Idealmente, uma proporção coroa-implante de 1:1 ou menos é desejada (coroa ≤ implante).
Se a restauração participa na guia anterior, deve ser imobilizada a outros implantes, se for da oclusão posterior,
deve ser protegida pelos dentes caninos naturais, para limitar as cargas laterais nas excursões mandibulares.
Oclusão
Evitar forças com componentes laterais sempre que possível.
Uma restauração implantossuportada, em oposição a uma prótese total deve ser restaurada com oclusão
bilateral balanceada.
O contato oclusal do implante deve dar-se sobre a plataforma do implante e ser um pouco menos intenso do
que o dos dentes naturais, além disso, os contatos oclusais devem ser colocados de preferência sobre a
plataforma do implante, para minimizar a possibilidade de afrouxamento do parafuso.
Componentes do implante
Pilares: Extensões transmucosas para a fixação de próteses. Podem ser usados para fornecer uma conexão
restauradora acima dos tecidos moles e prever a amplitude biológica, bem como para fixação de conexões
retidas por parafusos ou cimentadas, e ser feitos de metal ou cerâmica. Em geral, quando os tecidos moles são
inferiores a 2 mm de espessura na zona estética, o uso de pilares cerâmicos é indicado.
Complicações
Complicações dos tecidos moles: Principalmente em áreas que a quantidade de tecido mole queratinizado é
mínima. As profundidades dos tecidos moles ao redor de implantes que excedam 5 a 6 mm podem apresentar
problemas com a manutenção a longo prazo, o que é possivelmente verdadeiro para áreas enxertadas ou com
tecidos moles ou em retalhos osseomiocutâneos em que a derme seja muito espessa.
Perda óssea radiográfica: A perda óssea não deve exceder 1,5 mm nos primeiros 12 a 18 meses, caso seja
superior a esse valor, expõe uma parcela significativa da superfície do implante, o que dificulta os
procedimentos de higiene.
Afrouxamento do parafuso: Repetidas recorrências de afrouxamento dos parafusos devem trazer à mente a
presença de sobrecarga oclusal, com contato excessivo em excursões laterais.
Fratura do pilar: Ocorrência relativamente incomum, a fratura do pilar pode ser problemática, sobretudo para
restaurações cimentadas.
Fratura do implante: Incomuns, este tipo de fratura parece estar associada a implantes de titânio
comercialmente puros de 3,75 mm de diâmetro.
Manutenção
Os pacientes devem ser acompanhados de modo regular e frequente no primeiro ano após a colocação do
implante. Os fatores a serem avaliados incluem perda óssea, mobilidade e dor. O exame clínico deve incluir a percussão
leve e a avaliação delicada dos tecidos moles. A avaliação radiográfica inclui radiografias periapicais e panorâmicas.
A maxila apresenta predominantemente osso com espaços medulares amplos e com pouca espessura cortical,
classificados como osso tipos III e IV, o que indica a necessidade de se realizar implantes que apresentem
superfície porosa.
Na mandíbula há predominância de osso com espaços medulares pequenos e com espessa cortical (tipos I e II),
havendo em certas áreas maior corticalização e muito pouco tecido ósseo medular.
FIXAÇÃO RÍGIDA versus NÃO RÍGIDA
Fixação interna rígida: Qualquer forma de fixação aplicada diretamente aos ossos que seja resistente o bastante
para prevenir movimentação fragmentar ao longo da fratura na utilização ativa da estrutura esqueletal. É
necessário um procedimento operatório. Exs.: Parafusos lag screw (dois), placa de reconstrução (uso de pelo
menos três parafusos em cada lado da fratura), placa de compressão. A prevenção de mobilidade
interfragmentar por fixação rígida é um tipo peculiar de cicatrização óssea, na qual não se forma calo, pois os
ossos, em vez, cicatrizarão em um processo de remodelação harvesiana. Histologicamente, os osteoclastos
cruzam a linha de fratura e são seguidos por vasos sanguíneos e osteoblastos. Esse tipo de cicatrização óssea é
denominado união óssea primária ou direta e requer imobilização absoluta entre os fragmentos ósseos, ou seja,
fixação rígida e distância mínima entre eles.
Fixação interna não rígida: Qualquer forma de fixação óssea que não seja forte (rígida) o bastante para evitar a
movimentação interfragmentar ao longo da fratura, com uso ativo da estrutura esqueletal, é considerada não
rígida. Formação de osso lamelar.
A diferença básica entre as fixações rígida e não rígida é centrada na mobilidade intrafragmentar. Se existe
mobilidade dos fragmentos ósseos durante o uso ativo da estrutura esqueletal, após a colocação dos dispositivos de
fixação interna, a fixação é considerada não rígida.
Fixação funcionalmente estável: É uma forma de fixação não rígida forte o bastante para possibilitar o uso ativo
do esqueleto durante a fase curativa, mas não o suficiente para evitar a mobilidade interfragmentária. Ex.:
Miniplaca única (ângulo e corpo mandibular).
- Nas fraturas de Le Fort I quatro placas laminadas (sistemas de 1,3 ou 1,5 mm) oferecem uma fixação funcionalmente
estável na maioria das circunstâncias. Todavia, quando existe um grande movimento da maxila como em um avanço
maxilar ou procedimento de reposicionamento inferior, são necessárias placas de osso mais grossas e fortes (2 mm).
- Fixação tipo load-sharing: Carga compartilhada, dividem as cargas com o osso em cada lado da fratura. As técnicas de
lag screw também são consideradas de load-sharing, quando o osso comprimido divide a carga com outros parafusos.
- Fixação tipo load-bearing: Carga suportada, um dispositivo resistente e rígido o suficiente para suportar toda a carga
aplicada a mandíbula durante as atividades funcionais. Fixação tipo briding pois atravessa áreas cominutivas ou de
perda óssea ligando os fragmentos. Geralmente sistema 2,3 mm, 2,4 mm ou 2,7 mm.
- As fraturas de ângulo submetidas à maioria das situações funcionais tendem a “abrir” na borda superior, como
também, existe um pequena tendência das fraturas isoladas de ângulo para o deslocamento lateral ou medial durante a
função. A técnica de Champy com miniplaca funciona extremamente bem para esse tipo de fratura e consiste em uma
miniplaca de 2 mm aplicada com parafusos monocorticais ao longo da borda superior. A borda superior é
consequentemente chamada de zona de tração (separação), enquanto a borda inferior está sob força compressiva
durante a função, zona de compressão.
- Para fraturas isoladas de corpo pode ser usada uma placa relativamente pequena, com um miniplaca de 2 mm ou
mesmo um único parafuso tipo lag screw combinado com uma barra sólida, a fim de evitar o deslocamento mediolateral
que acompanha a movimentação por torque quando submetido à função.
- A mandíbula anterior é submetida a forças de torção e cisalhamento durante atividades funcionais. Essa é a razão pela
qual a maioria dos cirurgiões defende a aplicação de dois pontos de fixação na sínfise: duas placas ósseas, dois lag
screws ou, possivelmente, uma placa ou lag screw combinado com uma barra.
- Sistema com Travamento Parafuso-Placa: Torna-se desnecessário o contato íntimo entre a placa e o osso subjacente
em todas as áreas. À medida que os parafusos são apertados, eles se travam à placa e estabilizam os segmentos sem
que seja necessária a compressão do osso contra a placa. Os parafusos são dificilmente afrouxados do osso, com isso há
uma menor incidência de complicações inflamatórias provocadas pelo afrouxamento do dispositivo. Sabe-se que o
dispositivo frouxo propaga uma reposta inflamatória e promove uma infecção. Ainda a quantidade de estabilidade
fornecida é maior do que quando são usados parafusos sem travamento.
- Parafuso tipo Lag Screw: Consiste no emprego de parafusos para compressão dos fragmentos ósseos sem a utilização
de placas. Para aplicá-la, duas corticais ósseas saudáveis são necessárias, já que está técnica divide as cargas com o osso.
Caracteriza-se como uma fixação rígida absoluta, promovendo a compressão dos fragmentos ósseos. Deve-se sempre
posicionar o lag screw em direção perpendicular à linha de fratura, para se prevenir a sobreposição e o deslocamento
durante o aperto dos parafusos.
Nas fraturas mandibulares múltiplas em um lado realização a fixação de forma rígida e do outro poder ser com
a não rígida. Dentro deste contexto, o padrão de fratura que tem a maior tendência de alargamento é a fratura de
sínfise combinada com fraturas de processo condilar, especialmente quando os dois côndilos estão fraturados. Nesses
casos, a musculatura presa a superfície lingual da mandíbula puxa a mesma posteriormente e, como não há suporte
posterior via ATM, os fragmentos alterais mandibulares abrem como um livro. Uma placa óssea fina, com uma uma
miniplaca de 2 mm, ou até duas miniplacas de 2 mm podem não oferecer resistência suficiente à tendência de
alargamento. Alternativas: Uma placa de reconstrução aplicada pela sínfise, 2 lag screws, 2 placas ósseas de 2 mmm
(uma maior inferiormente e outra menor mais superiormente).
PRINCÍPIOS DOS TRATAMENTOS DAS INFECÇÕES MAXILOFACIAIS
3 - Decidir os cuidados
Indicações para à admissão hospitalar:
Temperatura > 38,3°
Desidratação
Ameaça as vias respiratórias ou a estruturas vitais
Infecção com gravidade moderada à alta nos espaços anatômicos
Necessidade de anestesia geral
Necessidade de internação para o controle de doença sistêmica
Uma infecção odontogênica que envolva o espaço mastigatório, os espaços perimandibulares ou os espaços
profundos do pescoço é indicação à admissão hospitalar.
4 - Tratar cirurgicamente
Preservação das vias respiratórias: A estabilização imediata das vias respiratórias e a intervenção cirúrgica
agressiva e precoce são as intervenções mais importantes para tratamento das infecções odontogênicas graves.
Quando ir para o centro cirúrgico?
Para estabelecer a preservação das vias respiratórias
De moderada a alta gravidade anatômica
Envolvimento de vários espaços
Progressão rápida da infecção
Necessidade de anestesia geral
Descompressão com agulha: É uma técnica cirúrgica pouco usada que pode ajudar a proteger as vias respiratórias
durante a intubação ou na traqueostomia, consiste na aspiração com uma agulha de grosso calibre de um abscesso dos
espaços pterigomandibular, faríngeo lateral, submandibular ou sublingual, para descomprimir os tecidos circundantes.
Essa manobra diminui o risco de ruptura do abscesso pela tensão dos tecidos da orofaringe distendidos durante a
instrumentação das vias respiratórias, bem como, redireciona a drenagem purulenta para a cavidade oral ou para a pele
de onde é facilmente removido e serve como amostra para cultura e teste de sensibilidade.
Drenagem cirúrgica: Por meio de pontos de referência anatômicos apropriados deve-se usar incisões pequenas
e dissecção romba sem a exposição direta e visualização do espaço anatômico infectado inteiro. Para que o
cirurgião não danifique uma estrutura vital com a ponta de uma pinça hemostática durante a dissecção romba,
é importante inserir o instrumento fechado, abri-lo quando tiver penetrado até o fundo do local que se deseja
atingir e, então, retirar o instrumento aberto. Os drenos devem ser retirados quando cessar a drenagem,
gradualmente ou de uma só vez. O pus geralmente para de fluir dos abscessos drenados cirurgicamente no
período entre 24 e 72 h, mas este processo pode ser ligeiramente mais longo quando apenas celulite for
encontrada.
Momento para incisão e drenagem: A incisão e a drenagem imediata interrompem a disseminação da infecção
para os espaços anatômicos mais profundos e mais críticos, mesmo quando no estágio de celulite.
Cultura e teste de sensibilidade: Utilizadas em infecção mais graves e persistentes, o ideal é que a cultura deve
ser obtida por aspiração do ponto de sua máxima inflamação, onde seja mais provável o encontro do abscesso.
ESPAÇOS SUPRA-HIÓIDEOS
a) Espaço vestibular da maxila: localiza-se medialmente à mucosa gengival e à inserção do músculo bucinador,
lateralmente ao processo alveolar da maxila, através do qual se comunica com os dentes molares e seus
respectivos periodontos.
b) Espaço vestibular da mandíbula: Possui as mesmas relações que o espaço da maxila, porém localiza-se na
mandíbula.
c) Espaço do corpo da mandíbula: Contém o corpo da mandíbula, circundado pelo periósteo. Comunica-se com os
seguintes espaços – Vestibular da mandíbula, bucal, submentual, submandibular e sublingual.
d) Espaço canino: Está localizado profundamente aos músculos que levantam o lábio superior e o ângulo da boca.
Seu assoalho é a fossa canina. Comunica-se com o espaço bucal. Causas prováveis de infecção: Caninos e
incisivos superiores.
e) Espaço bucal: Contém o corpo adiposo da bochecha (bola de bichat). Localiza-se entre os músculos bucinados e
masseter. Está parcialmente recoberto pelos músculos platisma e risório. Comnunica-se com os espaços canino,
pterigomandibular e do corpo da mandíbula. Causas prováveis de infecção: Pré-molares e molares superiores e
pré-molares inferiores.
f) Espaço parotídeo: Contém a glândula de mesmo nome. Não apresenta comunicação com os espaços vizinhos,
circunscrevendo as infecções da parótida.
g) Espaço submentual: Está contido no trígono submentual (espaço entre o osso hióide, o ventre anterior do
músculo digástrico e mandíbula), inferiormente ao músculo milo-hióideo. Comunica-se com os espaços
submandibular, sublingual e do corpo da mandíbula. Causas prováveis de infecção: Anteriores inferiores e
fratura de sínfise.
h) Espaço sublingual: limitado superiormente pela mucosa oral, inferiormente pelo músculo milo-hióideo,
lateralmente pela mandíbula, medialmente pela língua e posteriormente pelo corpo do osso hióide. Comunica-
se com os espaços do corpo da mandíbula, submandibular e submentual. Causas prováveis de infecção: Pré-
molares e molares inferiores, traumatismo direto.
i) Espaço mastigador: Contém a mandíbula e os músculos da mastigação. Está compreendido entre as fáscias
temporal e massetérica lateralmente e a fáscia pterigoidea medialmente. É dividido em:
Espaço temporal: Superficial - Compreendido entre o músculo temporal e sua fáscia. A fáscia temporal
estende-se da linha temporal superior ao arco zigomático, formando uma delaminação ao inserir-se
nele. Profundo – Extensão do espaço infratemporal. Delimitado pelo músculo temporal, pela base do
crânio, pelo osso temporal e abaixo pelo espaço infratemporal. Causas prováveis de infecção: Molares
superiores e inferiores (superficial).
Espaço infratemporal: Região da fossa infratemporal, posterior ao túber da maxila, estendendo-se entre
a lâmina lateral do processo pterigóide e o ramo da mandíbula. Causas prováveis de infecção: Molares
superiores.
Espaço pterigomandibular: Constitui parte do espaço infratemporal. Está compreendido entre o
músculo pterigóideo medial e lateral e face medial do ramo da mandíbula. Este espaço é mais perigoso
que o massetérico porque deste ponto ele se difundo para região cervical. Causas prováveis de infecção:
Terceiros molares inferiores e fratura de ângulo da mandíbula.
Espaço massetérico: Pequeno espaço triangular localizado entre o músculo masseter e a face lateral do
ramo da mandíbula. Causas prováveis de infecção: Terceiros molares inferiores e fratura de ângulo da
mandíbula.
Todos os espaços que constituem o espaço mastigador comunicam-se direta ou indiretamente entre si e com os
espaços submandibular e laterofaríngeo:
j) Espaço perifaríngeo: Esse espaço é subdividido em três:
Retrofaríngeo: Localizado posteriormente à faringe, entre as lâminas pré-vertebral (parte alar) e pré-
traqueal da fáscia cervical. Comunica-se com o espaço laterofaríngeo.
Laterofaríngeo ou Faríngeo lateral: Localizado lateralmente à faringe e medialmente aos músculos
pterigoideos e à glândula parótida. Comunica-se com o espaço infratemporal, bucal, submandibular e
retrofaríngeo. Compartimento anterior/Aponeurose de Zuckerkandl e Testut/Compartimento posterior
(artéria carótida, veia jugular interna e nervo vago). Causas prováveis de infecção: Terceiro molar
inferior, infecção amigdaliana nos espaços circunvizinhos.
Espaço submandibular: limitado superiormente melo músculo milo-hióideo, inferiormente pelos ventres
anterior e posterior do músculo digástrico, medialmente pelo músculo milo-hióideo e estiloglosso,
lateralmente pela pele, aponeurose superficial e músculo cutâneo do pescoço. Causas prováveis de
infecção: Molares inferiores.
ESPAÇOS INFRA-HIÓIDEOS
a) Espaço pré-visceral (pré-traqueal): Compreendido entre os músculos infra-hióides e os tubos viscerais
respiratórios do pescoço (laringe e traquéia). Comunica-se com o espaço laterofaríngeo.
b) Espaço retrovisceral (retrofaríngeo e retroesofágico): Contínuo ao espaço retrofaríngeo da cabeça e termina
onde a lâmina pré-vertebral (parte alar) une-se à lâmina pré-traqueal.
c) Espaço perigoso (“danger space”): Localizado entre a fáscia cervical alar e pré-vertebral, desde a base do crânio
até o final da coluna vertebral. Pode ser alcançado por processos provenientes do espaço retrofaríngeo.
***Espaço Pré-Vertebral: É o espaço compreendido entre a camada pré-vertebral da fáscia cervical profunda e a coluna
vertebral. Estende-se da base do crânio ao cóccix e pode ser acometido por processos provenientes dos espaços retro-
faríngeo e perigoso ou de processos osteomielíticos das vértebras.