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CMPA – AFECÇÕES DA CAVIDADE ORAL

GENGIVITE: Inflamação da gengiva, com dilatação dos vasos sanguíneos. O


aspecto se torna avermelhado, com edemas e destruição do periodonto em
graus variados.
Placas Bacterianas: São formadas por microrganismos altamente proliferativos,
por células epiteliais, leucócitos e macrófagos aderidos à matriz.
Fatores Predisponentes – Causas: Acúmulo de placas bacterianas e tártaro
sobre os dentes. Traumatismos (corpos estranhos, substâncias causticas).
Intoxicações alimentares, alergias e algumas doenças sistêmicas (diabetes,
nefrite, etc.). Neoplasias. Reabsorção odontoclastica felina. Idade.
Consequências: Dor, disfagia, halitose, hiperplasia gengival, retração gengival
e exposição da raiz dentária, reabsorção da coroa e raiz dentária.
Tratamento
1 – Remoção de corpos estranhos, placas bacterianas e cálculos.
2 – Tratamento de lesões locais, afecções sistêmicas ou intoxicações.
• Proteção gástrica: Omeprazol (BID em gatos).
• Antibioticoterapia: Sulfa + Metronidazol
• Anti-inflamatório:
• Limpeza tópica: Clorexidine
• Remoção da causa.

GENGIVITE / FARINGITE LINFOCÍTICA PLASMOCITÁRIA FELINA:


Caracterizada por resposta inflamatória local ou difusa. É responsável por lesões
ulcero proliferativas na mucosa oral. As lesões correspondem a uma infiltração
de linfócitos e plasmócitos.
Em 30% dos casos o infiltrado predominante é constituído por plasmócitos.
Causas: Pode ter origem idiopática, calicivírus, herpesvírus, panleucopenia
felina ou estímulo inflamatório gengival prolongado.
Doenças imunomediadas podem contribuir para o desenvolvimento da gengivite
e estomatite.
Sinais Clínicos: Anorexia, desidratação, halitose, gengivite marginal, sialorreia,
inapetência, hiperemia em faringe, sangramento fácil.
Diagnóstico: Anamnese, história clínica, exame físico e exames
complementares.
Exames Complementares: Biópsia: Encontra-se infiltrado linfoplasmático.
Radiografia dentária.
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: Neoplasias orais e causas sistêmicas de perda
de peso.
Tratamento: Até o momento não existe nenhum tratamento eficaz para a GECF
(Doença crônica, apresenta crises agudas e o tratamento é de suporte).
Limpeza oral: Clorexidina tópica 0,2%
Antibioticoterapia: Clindamicina, doxiciclina, metronidazol + espiramicina,
enrofloxacina.
Diagnóstico quando a causa não é definida: FIV, FELV, DRC.
O diagnóstico é feito através da inspeção visual, exame tátil e radiografia.
OBS: A radiografia é preferencial, pois é capaz de realizar diagnóstico precoce
e tratamento conservativo.
Tratamento com interferons:
Interferon alta recombinante humano 30 UI por dia V.O
Interferon recombinante felino (regulação da produção de citocinas anti e pró-
inflamatórias e inibe a produção de angiogênese)
Lactoferrina bovina: 40 mg/kg SID
Fármacos imunossupressores:
Prednisona 2 mg/kg SID
Azatioprina 0,3 mg/kg a cada 48 horas.
Ciclofosfamida 50 mg/m2 V.O por 4 dias, seguido de interrupção por 3 dias.
Suplementação da dieta: Vitaminas A, C e E, Zinco, atividade imunoestimulante.
REABSORÇÃO ODONTOCLÁSTICA DOS FELINOS: Lesões específicas ou
inespecíficas que podem causar gengivites e reabsorção parcial ou total da coroa
e raiz dentária, associadas ou não a periodontite.
Idiopática: Retrovírus felinos, podem contribuir para o desenvolvimento das
lesões reabsorvidas.
Citocinas estimulam a formação de osteoclasto e os ativam, induzindo a
reabsorção.
Lesão de grau 1: Envolve o esmalte ou cemento.
Lesão de grau 2: Já atinge a dentina.
Lesão de grau 3: Envolve a polpa dentária.
Lesão de grau 4: As estruturas dentárias estão severamente acometidas.
Lesão de grau 5: A coroa está com persistência radicular.
Sinais clínicos: Disfagia, gengivite e periodontites, reabsorção parcial ou total
dos dentes afetados, fraturas e perdas dentárias.
Prevenção: Dieta adequada, minimizando o uso de dietas macias. Profilaxia oral
periódica a partir dos 24 meses de idade, para remoção de placas bacterianas e
cálculos dentais (tártaro).
Tratamento: Remoção de placas e tártaro e tratamento periodontal. Tratamento
conservador de base medicamentosa. Extração parcial ou total de dentes ou
raízes fraturadas.

CÁLCULO DENTAL – TÁRTARO: Cálculos formados a partir de placa


bacteriana mineralizada por elementos da saliva, produtos bacterianos e
resíduos orgânicos dos alimentos.
Consequências: Mau hálito, por fermentação bacteriana e necrose gengival.
Gengivite com dor, inapetência e alterações de humor. Estomatite (aftas).
Doença periodontal, que pode levar à perda dentária precoce. Septicemia devido
a penetração de bactérias e toxinas na corrente sanguínea (hepatites, nefrites,
endocardites, pneumonia, etc.).
Prevenção: Escovação dos dentes no mínimo 3 vezes por semana. Fornecer
ração seca e dura, além de produtos para mastigação adequados, como
vértebras caudais bovinas, courinhos e outros. Profilaxia oral de 6 em 6 meses
ou anual a partir dos 24 meses de idade, para remoção de placas bacterianas e
cálculos dentais (tártaro).
Tratamento: Remoção de placas bacterianas e tártaro. Se existentes tratar
doenças sistêmicas.
Em alguns casos, antibioticoterapia e solução antisséptica (Metronidazol,
Cefalexina, Amoxicilina ou Amoxicilina + Clavulanato).
DOENÇA PERIODONTAL: Acomete o tecido de suporte do dente e do
periodonto. Inclui o tecido gengival, o cemento, o ligamento periodontal e o osso
alveolar, ou seja, inclui as gengivites e periodontites.
Periodontite inicial (grau 1): Cálculo sub gengival, perda óssea inicial.
Periodontite moderada (grau 2): Aumento da perda óssea.
Periodontite avançada (grau 3): Retração gengival, perda óssea.
Fatores predisponentes – Causas: Geralmente ocorre devido ao avanço da
gengivite e acúmulo de tártaro. Alterações nutricionais, doenças sistêmicas
metabólicas ou não. Predisposição genética ou causa idiopática.

Consequências: Mobilidade e perda dentária, mau hálito, disfagia, dor, sepse.


Tratamento: Remoção de cálculos dentais e placas bacterianas. Tratamento
periodontal ou sistêmico se indicado. Extração cirúrgica dos dentes
comprometidos.
ANTIBIÓTICOS: Clindamicina 5,5 a 33 mg/kg BID
Doxiciclina 5 a 7,5 mg/kg BID
Metronidazol 25 a 50 mg/kg BID
Tópico: Doxiciclina 8,5%, Cloridrato de Clindamicina 2%

DOENÇA PERIODONTAL x FÍSTULA INFRAORBITÁRIA: Ocasionada pela


presença de infecção ao redor do ápice dentário (secundária e doença
periodontal). A infecção leva a uma fístula na região infraorbitária do paciente,
drenando quantidade variável de secreção serosanguinolenta.
EXPOSIÇÃO DA FURCA DENTÁRIA: Exposição de raízes dos dentes bi e tri
radiculares, devido a retração da gengiva e a reabsorção do osso alveolar.
Fatores predisponentes – Causas: Doença periodontal. Traumatismos,
doenças sistêmicas. Neoformações.
Consequências: Dor, disfagia, acúmulo e fermentação de resíduos alimentares,
causando infecções orais, halitose.
Tratamento: Remoção de cálculos dentais e placas bacterianas supra e sub
gengivais. Tratamento conservador visando permanência do dente com sua
função. Extração cirúrgica dos dentes comprometidos afetados.
CÁRIE: Desmineralização e ruptura da camada de esmalte e dentina, devido a
ação de enzimas e bactérias estimuladas pela acidez do meio. (rara em cães e
gatos).
Fatores predisponentes: Nutricionais, má formação do esmalte dentário.
doenças metabólicas, causas hereditárias.
Tratamento: Remoção da dentina cariada e restauração dentária. Extração
parcial ou total do dente afetado. Tratamento de canal em caso de
comprometimento do canal dentário.

HIPOPLASIA DO ESMALTE DENTÁRIO: Má formação do esmalte que recobre


toda a coroa dentária.
Fatores predisponentes: Formação deficiente do esmalte de origem genética.
Febre durante os primeiros meses de vida (cinomose, parvovirose e outras). Uso
de antibióticos sistêmicos que interferem na absorção de cálcio durante o
desenvolvimento dentário entre os primeiros meses de idade.
Prevenção: Alimentação adequada às gestantes e filhotes. Não tratar fêmeas
gestantes e lactantes nem filhotes de até 7 meses de idade com medicamentos
inadequados. Vacinação adequado as gestantes e filhotes.
Tratamento: Tratar canais dentário, fluoretação periódica, extração parcial ou
total do dente afetado e tratamento endodôntico.

RETENÇÃO DE DENTES DE LEITE: Dentes de leite permanecem na arcada


dentária, mesmo após a erupção dos dentes permanentes.
Os dentes de leite são facilmente visualizados junto aos dentes permanentes.
Causas: Genéticas e alterações de desenvolvimento.
Sinais clínicos: Dor e dificuldade de se alimentar. Anormalidades de oclusão
que podem causar lesões nos tecidos orais e desgaste anormal dos dentes.
Comprometimento da qualidade do dente permanente. Acúmulo de placas e
tártaro entre os dentes.
Tratamento: Extração dos dentes de leite assim que os dentes permanentes
surgirem (4° mês de idade). Tratamento de suporte.
EXPOSIÇÃO DA POLPA DENTÁRIA: Polpa dentária é a estrutura interna do
dente. É formada por tecido conjuntivo frouxo ricamente vascularizado e
inervado.
Fratura ou desgaste excessivo, leva a exposição da polpa, favorecendo a
proliferação de bactérias.
Sinais clínicos: Dor intensa e inapetência. Dificuldade de apreensão e
fragmentação adequada dos alimentos.
Consequências: Periodontites. Infecção do canal dentário.
OBS: Somente duas estruturas servem como fontes de dor odontogênica. Polpa
ou complexo dentina-polpa e tecido periradicular.
Prevenção: Evitar acesso do animal a objetos duros ou abrasivos. Tratar
causas predisponentes, como vícios e dermatites. Boa nutrição na fase de
formação fetal e desenvolvimento.
Tratamento: Tratamento endodôntico. Extração do dente se necessário.
Analgesia.
TRAMADOL 2,0 mg/kg (SID, BID OU TID).
MELOXICAM / CETOPROFENO (2 mg/kg inicialmente, e manutenção com 1
mg/kg/dia).
Analgesia em processos classificados como crônico.

TRAUMA PULPAR: É a lesão da polpa dentária seguida de hemorragia


intracanal. Causa alterações da coloração do dente devido a depósitos de
substâncias do sangue na dentina.
Causas: Traumatismo
Prevenção: Prevenção contra traumatismos em geral.
Tratamento: Tratamento endodôntico ou acompanhamento radiológico,
conservador com hidróxido de cálcio.
ANORMALIDADES DE OCLUSÃO: Posicionamento incorreto dos dentes na
arcada dentária e alterações da conformação da mesma.
Causas: Genéticas, retenção de dentes de leite. Dentes supranumerários.
Traumatismos de mandíbula ou maxila. Desordens metabólicas ou nutricionais
(cálcio, fósforo).
Consequências: Lesões nos tecidos da cavidade oral. Dificuldade na
apreensão ou mastigação dos alimentos. Acúmulo de cálculos dentários.
Desgaste anormal de dentes com exposição de canal. Predisposição a fraturas.
Prevenção: Remoção adequada de dentes de leite, orientação de cruzamentos
e tratamentos de doenças metabólicas e nutricionais.
Tratamento: Aparelhos ortodônticos ou cirurgias corretivas. Extração orientada
de dentes decíduos, permanentes ou supranumerários. Nutrição adequada.
Tratamento conservador com acompanhamento radiológico. Terapia de suporte.

NEOFORMAÇÕES ORAIS: Crescimento anormal de tecidos que se formam


dentro ou em torno da cavidade oral. Os tumores orais podem ser benignos ou
malignos.
(Neoplasias malignas orais, carcinoma de células escamosas, neoplasia benigna
odontogênica, melanoma, fibrossarcoma, epúlide e o fibroma).
Causas: Genéticas. Viróticas (papiloma). Neoplasias. Inflamatórias
(granulomas, hiperplasia). Processos irritativos crônicos.
Consequências: Infecções secundárias. Dificuldade de apreender, mastigar e
ingerir alimentos. Comprometimento parcial ou total da cavidade oral,
metástases, evolução para óbito.
Prevenção: Inspeção e higienização oral. Nutrição adequada. Remoção de
tecidos suspeitos em fase inicial com margem de segurança.
Tratamento: Remoção cirúrgica do tecido anormal (envio para análise para
diagnóstico diferencial). Extração dentarias orientadas.
Quimioterapia ou radioterapia (porém com pouco sucesso em tumores
malignos).

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