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CMPA – AFECÇÕES DO ESÔFAGO E ESTÔMAGO

Anamnese
O animal pode apresentar regurgitação, refluxo, odinofagia (deglutição
dolorosa), disfagia (dificuldade de deglutição), múltiplas tentativas de deglutição,
ptialismo (salivação excessiva).
Achados clínicos: Caquexia, febre, crepitações / sibilos pulmonares
Corpo estranho / dilatação palpáveis.
Abordagem diagnóstico: Radiografia simples ou contrastada, endoscopia,
hemograma, bioquímica sérica.
REFLUXO GASTROESOFÁGICO
Fluxo reverso de conteúdo gastroduodenal levando a sinais esofágicos ou extra
esofágicos podendo ou não ter lesões teciduais.
Causa multifatorial dependendo da barreira antirrefluxo.
Doença do refluxo erosiva x Doença do refluxo não erosiva
Tratamento:
Antiulcerogênico: Sucralfato (0,5 a 1,0 mg/kg VO, TID).
Antiácido: Cimetidina (5 a 10 mg/kg TID), Ranitidina (1 a 4 mg/kg BID),
omeprazol (0,5 a 1,0 mg/kg SID).
Anti-inflamatórios e antibióticos
ESOFAGITE
Inflamação do esôfago.
Sinais clínicos: Regurgitação, sialorreia, odinofagia, tosse, pneumonia
aspirativa.
Causas: Substâncias químicas, corpos estranhos, refluxo gastroesofágico,
sistêmica.
Diagnóstico: Histórico, exame físico, radiografia, endoscopia / biópsia.
Tratamento:
Antiácido: Ranitidina (inibe a secreção basal de HCL). Omeprazol (A
administração diária de omeprazol em dose única, via oral, causa rapidamente
a inibição da secreção de HCL).
Protetor de mucosas: Sucralfato (antiulcerogênico).
Corticoide: Prednisolona.
Antibiótico: Amoxicilina, doxiciclina, enrofloxacina, cefalexina, metronidazol.
Antieméticos: Metoclopramida, ondasetrona, citrato de maropitant.
ESTENOSE ESOFÁGICA
Estenose esofágica intrínseca > intramural.
Estenose esofágica extrínseca > extramural.
Diagnóstico: Fluoroscopia verifica a motilidade esofágica durante a deglutição.
Tratamento:
• Omeprazol (1,0 mg/kg, SID)
• Prednisolona (1,0 mg/kg, BID)
• Enrofloxacina (5,0 mg/kg, SID ou BID)
• Sucralfato (1,0 g flaconete, TID)
• Cobavital (1 a 4 mg/kg, VO, BID ou SID)
• Suporte nutricional > dieta hipercalórica e hiperproteica associada a
suplementação alimentares (sonda).
CORPOS ESTRANHOS ESOFÁGICOS
Obstrução mecânica
Abordagem clínica: História, exame clínico, físico, palpação.
Sinais clínicos: Regurgitação, sialorreia, odinofagia, disfagia, anorexia, ânsia
de vômito, odor fétido do ar expirado.
NEOPLASIAS
Sinais clínicos: Regurgitação, disfagia, odinofagia, perda de peso.
Diagnóstico: Citologia, histologia, radiografias, endoscopia.
Tratamento: Quimioterapia, radioterapia, ressecção cirúrgica, terapia de suporte
(controle da dor)
Dor oncológica: Muito importante fazer analgesia em pacientes oncológicos
(morfina, tramadol, metadona).
ESOFAGITE PARASITÁRIA
Etiologia: Spirocerca lupi, (nematoide, hospedeiro intermediário besouros).
Produz inflamação nodular e granulomatosa.
Tratamento: Albendazol (20 a 50 mg/kg, BID, durante 5 dias)
Mebendazol, metronidazol.
Suporte, acompanhamento hematológico, nutricional e metabólico.
MEGAESÔFAGO
Dilatação e hipomotilidade esofágica causando peristaltismo deficiente.
Etiologia: Idiopático ou congênito
Congênito: Cães filhotes recém desmamados ou dois a seis meses após o
desmame).
Adquirido: Ocorre espontaneamente em cães adultos, maior frequência entre 7
a 15 anos de idade.
Secundário adquirido: Consequência de qualquer condição que provoque o
rompimento do reflexo nervoso controlador da deglutição, ou que afete o
funcionamento do músculo esofágico.
Ex: Miastenia grave, polimiosite, polineurite, neuropatias degenerativas,
intoxicações por metais pesados, traumas, neoplasias.
Sinais clínicos: Regurgitação, sialorreia, emagrecimento, tosse.
Achados exame físico: Caquexia, crepitações / sibilos pulmonares
Diagnóstico: Exames de imagem
Radiografias simples ou contrastadas, esofagografia.
Tratamento:
• Miastenia grave: Piridostigmina (1 a 3 mg/kg, VO, BID)
• Hipotireoidismo: Levotiroxina (20 µg, VO, BID)
• Polimiosite: Prednisona (1 a 2 mg/kg, VO, BID)
• Terapia de suporte: Metoclopramida, ondasetrona, omeprazol, ranitidina,
sucralfato, polivitamínicos, cisaprida
Alimentar o animal em posição elevada 90° ao solo e mantê-lo por 10 a 15
minutos elevado depois da alimentação.
• Tratamento para refluxo esofágico
PERSISTÊNCIA DO ARCO AÓRTICO
Anomalia congênita em que o arco aórtico casa uma pressão extra luminal no
esôfago pela base cardíaca.
Sinais clínicos: Regurgitação, inapetência, emagrecimento progressivo e
megaesôfago secundário.
Diagnóstico: Radiografia contrastada que além do megaesôfago, vai apresentar
uma constrição e estenose esofágica na base cardíaca.
Tratamento: Isolamento do anel vascular para posterior secção e liberação
esofágica do tecido fibroso.
Na presença de pneumonia, ela deve ser tratada antes da intervenção cirúrgica.
GASTRITE AGUDA
Inflamação e lesão da mucosa gástrica em resposta a agressão. É a causa mais
comum de vômito agudo em cães.
Pode ser causada por mudanças na dieta, doenças infecciosas, toxinas, AINES,
doenças metabólicas, corticosteroides.
Sinais clínicos: Vômito (amarelado composto por alimento e bile), desidratação,
inapetência, hematêmese, melena.
Diagnóstico: Anamnese, exame físico, radiografias para verificar a presença de
corpo estranho.
Tratamento: Remoção da causa, correção das complicações secundárias,
correção das anormalidades hídricas e eletrolíticas.
Restrição dietética: Jejum, água em pequenas quantidades, dieta rica em
carboidratos.
Fluidoterapia
Antieméticos: Metoclopramida (0,2 a 0,5 mg/kg, TID) ou (1,2 mg/kg em 24hs)
Clorpromazina (0,2 a 0,4 mg/kg)
Protetores gástricos: Omeprazol (0,5 a 2 mg/kg, SID). Ranitidina (2 mg/kg, BID)
Antiulcerogênico: Sucralfato
GASTRITE CRÔNICA
Alterações inflamatórias da mucosa do estômago coexistindo com sinais clínicos
de doenças gástrica.
Endoscopia e biópsia, ulcera, neoplasias, parasitas.
Tratamento:
Metronidazol (20 mg/kg)
Amoxicilina (20 mg/kg)
TID por 3 a 4 semanas
Protetor gástrico: Omeprazol (1 mg/kg, SID)
Tratamento suporte = gastrite aguda.
EROSÕES GÁSTRICAS X ÚLCERAS GÁSTRICAS
Erosões gástricas: Defeitos superficiais da mucosa que não penetram na lâmina
muscular da mucosa.
Úlceras gástricas: Penetram profundamente na camada muscular da mucosa.
Sinais clínicos: Vômito agudo ou crônico, hematêmese, anorexia, dor
abdominal, melena, perfuração, febre, peritonite.
Tratamento: Remoção da causa base, manter a perfusão sanguínea da
mucosa.
Antiácidos locais: Hidróxido de alumínio (5 a 10 ml, VO, QID). Hidróxido de
magnésio (cães 5 a 10 ml VO, QID) (gatos 5 a 10 ml VO, BID ou TID).
• Omeprazol: (0,7 a 1,5 mg/kg, SID, 20 a 30 dias de uso)
• Ranitidina: (cães 2 mh/kg, EV ou VO, TID) (gatos 2,5 mg/kg, EV, BID ou 3,5
mg/kg, VO, BID)
• Alimentação parenteral
• Reposição hídrica e eletrolítica
• Suspender alimentação enteral por 24 a 48 horas.
DILATAÇÃO VOLVULO-GÁSTRICO
Estômago aumenta de volume e gira sobre o próprio eixo, levando a desordens
fisiopatológicas e sistêmicas.
Caracterizada por posicionamento inadequado do estômago, acúmulo rápido de
ar no estômago, pressão intragástrica aumentada e choque. (MORTALIDADE
ALTA)
Sinais clínicos: Distensão abdominal aguda, timpanismo, tentativa improdutiva
de vômito, sialorreia, agitação, náusea, angústia respiratória.
Procedimentos de emergência:
• Descompressão do estômago (Intubação orogástrica)
• Fluidoterapia
• Corticoide
• Antibióticos: Cefalolina (15 a 30 mg/kg, TID)
Ampicilina (10 a 20 mg/kg, QID) + Enrofloxacina (20 mg/kg, SID)
Metronidazol (25 mg/kg)
• Cirurgia: Gastropexia
Tratamento da hipovolemia e do choque:
• Fluidoterapia RL ou R intravenoso (55,5 ml/kg)
• Restabelecer o débito cardíaco
• Coloide (11 ml/kg intravenoso por 10 a 15 minutos)
• Endotoxemia: Prednisolona (10 ml/kg, IV)
• Antibióticos de amplo espectro
HERNIA DE HIATO
Parte do estômago se projeta para dentro do tórax por meio de uma abertura no
diafragma.
Pode ser congênita ou adquirida.
Sinais clínicos: Regurgitação é o primeiro sintoma, refluxo.
Em alguns casos pode ser assintomático.
Diagnóstico: Anamnese e exame clínico
Exames complementares: esofagograma simples ou contrastado, imagem,
endoscopia.
Tratamento: Cirúrgico em casos congênitos e sintomáticos.
Tratamento para refluxo gastroesofágico com antiulcerogênico / antiácido em
casos de hernia de hiato adquirida.

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