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Sistema Digestório
OBSTRUÇÃO INTESTINAL (DUODENO)
Exame clínico: distensão abdominal não indicava timpanismo (confirmada pelos exames
complementares); não possuía corpo estranho no esôfago; movimentos rumenais inexistentes.
Exames complementares:
Necrópsia: A principal alteração causada pela obstrução intestinal ocorre na região pilórica, no
duodeno proximal ou no duodeno médio. No local da obstrução nota-se aumento da espessura
da parede, hiperemia e edema mural; a mucosa fica friável com uma linha demarcatória
hiperêmico-hemorrágica separando a mucosa normal da friável. O rúmen, abomaso e duodeno,
nas porções proximais ao local da obstrução, ficam repletos de conteúdo líquido esverdeado, e no
intestino, nas porções distais ao local de obstrução, há ausência de conteúdo. Quantidade
moderada de conteúdo mucoso na ampola retal e escassa quantidade de fezes.
Sinais e sintomas: prostração, isolamento do rebanho, cólica abdominal aguda caracterizado por
apatia, anorexia, desidratação, retração do globo ocular, queda de temperatura, taquicardia,
inquietação, desconforto, sudorese e vocalização, seguido por episódios de diarreia esverdeada ou
diminuição da produção fecal, desidratação, hipomotilidade gastrintestinal, aumento do volume
abdominal, decúbito esternal ou lateral com a cabeça voltada para o flanco e morte. Outros
fatores decorrentes da obstrução intestinal também podem ser alcalose metabólica e aumento de
cloretos séricos e ureia. Alguns animais podem morrer pela ruptura do intestino e consequente
peritonite.
Curso: 3 a 7 dias.
Causas: parasitose intensa, corpo estranho, bezoares, enterólitos, areia, volvo, torção,
intussuscepção, ingestão de Stylosanthes sp. (Fabaceae Papilionoideae - leguminosa; curso clínico
de 3 a 7 dias até a morte), Agave sisalana, Melia azedarach, Opuntia ficus-indica, Pennisetum
purpureum, Phleum pratense, Stipagrostis foliata e S. obtusa .
Tratamento: O abate pode ser a opção mais econômica para os animais de valor comercial. Se o
diagnóstico de obstrução intestinal que requer cirurgia for feito no início do aparecimento da
doença, o animal normalmente poderá passar por inspeção pré e pós-morte no matadouro.
Alguns bezoares podem ser tratados com medidas terapêuticas, por dissolução do bezoar com
enzimas, especialmente em casos de fitobezoares. Remédios tradicionais incluem a utilização de
parafina líquida e a utilização de enzimas papaína e bromelina. O tratamento realizado pela
administração de purgantes ou substâncias oleosas para tentar fazer os fitobezoares atravessarem
o trato digestivo. Não tendo obtido resultados satisfatórios, a conduta cirúrgica é indicada para
resolução da maioria dos casos. A abordagem mais comum é a celiotomia pela fossa paralombar
direita. A eficácia do procedimento está relacionada ao momento do diagnóstico e ao momento
da intervenção cirúrgica, que deve ser feita imediatamente após o início dos sintomas clínicos e o
diagnóstico de obstrução intestinal.
Prevenção: Retirar os animais do piquete com leguminosas. Mesmo após a retirada desses
animais do piquete, podem ocorrer mortes daqueles animais que ingeriram as plantas antes da
sua realocação. Realizar manejo de limpeza dos piquetes removendo as leguminosas e possíveis
Discussão de Casos Clínicos
objetos que possam ser ingeridos pelos animais. Fornecer dieta com fibras de alta efetividade
física.
TIMPANISMO
Ambos são de caráter agudo e possuem sintomatologia semelhante, além de gerar grandes
prejuízos econômicos para o sistema. O animal pode morrer por anóxia caso não tenha
intervenção imediata após o aparecimento dos sinais clínicos. Minivacas ou minibois possuem
maior predisposição a apresentarem timpanismo gasoso uma vez que apresentam indigestão
vagal. Animais que apresentam síndrome vagal podem manifestar timpanismo crônico.
Sinais e sintomas: distensão da fossa paralombar esquerda, queda na produção de leite, agitação,
perda de apetite, mastigação excessiva, salivação (sialorreia), tosse, regurgitação, febre, apatia, dor,
extensão da cabeça, timpania ruminal, dispneia (pode evoluir para apneia e morte) e movimentos
ruminais aumentados no início e posteriormente hipomotilidade e atonia.
Diagnóstico: Com base na epidemiologia, sinais clínicos, passagem da sonda e análise do fluido
ruminal.
e 100-200ml, VI) para diminuir a tensão superficial da espuma, não possui eficácia quando sozinha
ou em casos graves. O ideal é aliar com a remoção do agente espumante da dieta.
RUMENOTOMIA
A laparotomia exploratória no flanco esquerdo ocorre mediante abertura do rúmen para fins
diagnósticos e terapêuticos. O lado de acesso permite a avaliação de pontos importantes do
interior do rúmen e de áreas adjacentes.
Técnicas:
Fixação rumenal à pele – ideal quando o rúmen está repleto de líquido. O rúmen é fixado
na pele com suturas de Connell ou em Zig-zag, com a mucosa sobreposta à pele (pra fora
da cavidade). A dificuldade está em perfurar a pele, sendo uma técnica demorada, mas
muito eficaz para a exploração do rúmen. Para garantir que o conteúdo rumenal não
contaminará a cavidade abdominal, é recomendado que um plástico limpo (existem
materiais emborrachados próprios, mas de difícil acesso no país) seja colocado sobre a
incisão de modo que cubra todo a área da pele/pano de campo em torno.
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Técnica de Weingarth – técnica que utilizada o aparelho de Weingarth, um anel de aço inox
que é fixado na comissura dorsal e ventral da borda da mucosa rumenal (incisão) e com
auxílio de ganchos, é feita a abertura da incisão para expor o conteúdo. Também é utilizado
um plástico para isolar o campo cirúrgico.
Quadrado para ruminotomia – É um aro quadrado fixado na pele com fios de sutura que
passam por anéis presos a este aro. Também é utilizado um plástico para isolar o campo
cirúrgico.
Fixação por Clamps à pele – a mucosa rumenal é fixada a pele com pinças. É importante
garantir uma boa fixação, pois uma vez que essas pinças se soltarem, a cavidade abdominal
pode ser contaminada com conteúdo.
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Fixação à pele por Sutura de Ancoragem – é a técnica que mais tem chance de ocorrer
contaminação, uma vez que as bordas da incisão da mucosa rumenal ficam fixadas apenas
em quatro pontos, dorsal, ventral, lateral direito e esquerdo, a pele.
Pré-operatório: primeiramente é necessário realizar uma boa avaliação clínica do animal para
analisar seu estado clínico, fechar diagnóstico e traçar estratégias para o procedimento cirúrgico. É
recomendado manter o animal em jejum alimentar 12-24 horas antes do procedimento, mas em
casos graves e de emergência, o animal deve ser descomprimido imediatamente. É importante
fazer correção hídrica, uma vez que possivelmente estará desidratado e que durante o
procedimento haverá perdas de líquidos corporais. Além disso, uma boa contenção deve ser feita
para impedir que o animal se deite durante o procedimento cirúrgico. Normalmente são passadas
cordas em torno do tórax do animal para evitar a situação anterior. Em alguns casos, que o animal
está impossibilitado de se levantar, ele é colocado em decúbito “esterno-lateral” direito com os
membros anteriores e posteriores estendidos, e é apoiado com sacos cheios ou outros objetos
mais pesados pelas costas para não se deitar totalmente. Essa técnica possui grande risco de
contaminação abdominal, uma vez que o animal pode se debater durante o procedimento.
A sedação é feita com cloridato de Xilazina a 2% na dose de 0,02 a 0,1 mg/Kg de PV. Evitar
administrar doses máximas para o animal não deitar. Se o animal tiver temperamento dócil e
tranquilo, não precisa fazer. Fazer tricotomia e antissepsia do campo operatório como demanda a
técnica. A anestesia em L invertido ou em linha é feita com cloridrato de lidocaína a 2% s/v, cerca
de 50-60ml.
(neste caso) à comissura dorsal da incisão da pele, seguida da exposição de um segmento dorsal
do rúmen e fixação dorsal, ventral e lateral ao quadro metálico por meio de sutura temporária
seromuscular (pode fazer em mais camadas musculares para evitar rompimento durante o
manuseio) em padrão simples com fio de algodão. Segue o esvaziamento parcial do rúmen (caso
seja necessário esvaziamento completo, é necessário fazer transfaunação após o procedimento),
analisando a indigesta, o aspecto da mucosa ruminal e palpação minuciosa das estruturas internas
do rúmen e retículo. Concluída a exploração (pode usar imas para capturar possíveis corpos
estranhos metálicos) e efetuada as intervenções necessárias conforme o diagnóstico, a ferida
ruminal deve ser lavada com soro fisiológico, removendo as suturas de fixação temporária laterais.
A ferida é então reparada por um padrão de sutura contínua invaginante seromuscular (Lembert
ou Cushing) com fios categute cromado n°1. Desfaz-se as suturas de fixação dorsal e ventral, lava-
se novamente a serosa ruminal com soro fisiológico e/ou iodo povidine, e libera o rúmen para a
cavidade abdominal.
*A entrada de O2 no rúmen durante a cirurgia não interfere na microbiota rumenal, uma vez que
os microrganismos ali presentes fazem oxirredução do O2.
Sistema Linfático
LEUCOSE ENZOÓTICA BOVINA (LEB)
A leucose enzoótica bovina (LEB) é uma doença viral infecciosa altamente contagiosa de
evolução crônica que acomete bovinos principalmente o rebanho leiteiro, causando prejuízos
econômicos consideráveis com capacidade de ocasionar, após longos períodos (1 a 8 anos), uma
proliferação de linfócitos infectados com a formação de linfossarcomas. Cerca de 30% dos
animais infectados por este vírus desenvolvem uma linfocitose persistente (LP) e apenas 0,1 a 0,5%
dos animais infectados, com idade entre 4 e 8 anos desenvolvem linfossarcomas caracterizando a
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Transmissão: horizontal (principal via) – sangue e fluidos biológicos contaminados com linfócitos
infectados (iatrogênica) e ação de vetores tabanídeos; e vertical – transplacentária (menos de
10%).
Histórico: bovino da raça Jersey, fêmea, de três anos de idade, pertencente a um rebanho de 130
animais. Com o histórico de queda de produção, aumento de volume no flanco direito, dificuldade
de locomoção com paresia dos membros posteriores. O animal era vacinado contra Febre Aftosa,
Brucelose, Carbúnculo Sintomático, Raiva, Enterotoxemia e Leptospirose, vermifugado e
alimentava-se de silagem de milho, capim Cameroon e cana-de-açúcar.
Exame clínico: foram observados comportamento atento e curioso, estado nutricional ruim,
mucosas normocoradas, exolftalmia, cegueira unilateral direita, massa fibrosada na altura da
virilha esquerda estendendo-se até o linfonodo pré-crural, aumento da cadeia linfática na
ampola retal e uterina, bruxismo e fezes pastosas de coloração castanha e odor pútrido. No exame
ginecológico realizado, a mucosa genital estava levemente hipocorada e à palpação retal
detectou-se uma massa endurecida no corno uterino esquerdo.
Discussão de Casos Clínicos
Exames complementares:
Interpretação: leucocitose indicativa de LEB; linfocitose evidencia caráter crônico; eosinofilia devido
as lesões pulmonares e gastrintestinais causadas pelos processos tumorais; e o aumento absoluto
das demais células brancas é típico de processos infecciosos.
Bilirrubinemia por uma provável insuficiência hepática associada ao aumento de GGT e AST
indicativas de colestase e lesão hepática com fibrose, respectivamente. Diminuição da ureia devido
à baixa ingestão de proteínas (inapetência) e disfunção hepática. Queda da albumina devido as
lesões nos hepatócitos e ao aumento das imunoglobulinas. Além disso, os baixos valores de
glicose encontrados podem ser explicados pelo fato de que os vírus consomem glicose para o seu
metabolismo.
Evolução: Com a evolução dos sinais clínicos, a paresia dos membros posteriores progrediu para
tetraparesia em um período de três semanas. O animal parou de se alimentar e apresentava-se
muito apático. Dessa forma, optou-se pela eutanásia.
Tratamento: Não existe tratamento específico para a LEB por se tratar de uma doença virótica e
seu prognóstico é desfavorável. A administração de Acetato de Isoflupredona (corticoide) explica a
piora do quadro clínico, uma vez que este medicamento é imunossupressor. O que se institui é a
terapia de suporte com intuito de melhorar o quadro geral do animal, para que seu sistema imune
possa ser capaz de combater a doença. Mas no caso de neoplasias essa terapia se torna
insatisfatória, culminado na morte do paciente.
ENUCLEAÇÃO
Indicações: É indicada para alguns casos de cegueira, olhos dolorosos (severo trauma ocular e
glaucoma intratável), endoftalmite incontrolável e neoplasias intraoculares não responsivas a
outras terapias.
Protocolo anestésico:
Nervos: Auriculo-palpebral (B), Infra-orbital (C) Ramo cornual do nervo zigomático-temporal (D)
Técnicas de anestesia regional cabeça de bovino Nervo cornual Nervo auriculo-palpebral.
Técnicas de anestesia do globo ocular Técnica de Peterson: Agulha 14G x 2,5 cm (cânula) + 18Gx
12 cm. Local inserção: espaço limitado por apófise supraorbital, arco zigomático e apófise
coronóide da mandíbula. 15 ml anestésico. Técnicas de anestesia regional - Cabeça Bovino:
anestesia das narinas Indicações: inserção de arganéis, reparação de lacerações nasais. Agulha 18G
x 3,75 cm. Infiltração com ml de lidocaína a 2% sobre o nervo infra-orbital, à saída do respectivo
canal (C).
Objetivo: remoção do bulbo do olho, da terceira pálpebra e das margens palpebrais. Deixar a
máxima quantidade de tecido possível para facilitar a sutura de aproximação e minimizar a
depressão orbitária.
Técnica cirúrgica:
2. Acesso transpalpebral
Objetivo: remoção do bulbo do olho, da terceira pálpebra e das margens palpebrais. As pálpebras
são fechados para evitar a contaminação orbital com sutura simples contínua que auxiliará na
tração do globo.
Técnica cirúrgica:
Pós-operatório: Limpeza da ferida cirúrgica até que esteja completamente seca; como analgésico
e antiinflamatório, administrar flunixim meglumine IM 1x por dia por 3 dias consecutivos;
antibioticoterapia a base de penicilina a cada 48 horas, perfazendo 3 aplicações. Remover pontos
após 10-14 dias.
OBS: Pode ocorrer uma possível presença de secreção sanguinolenta nos primeiros dias de pós-
operatório, inclusive na narina ipsilateral, até que o canalículo nasolacrimal esteja obliterado.