Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Á
▶ Ácido fólico: delgado proximal e médio;
▶ Cianocobalamina (B12): íleo distal;
▶ Sais biliares: íleo distal;
▶ Água e eletrólitos: delgado e cólon — principalmente ceco.
A absorção dos diferentes elementos (proteínas, carboidratos e
ácidos graxos simples) inicia-se no duodeno e se completa nos
primeiros 100 cm de delgado. Os nutrientes são absorvidos ao
longo de todo o delgado, com exceção de ferro e folato
(absorvidos no duodeno e no jejuno proximal), sais biliares e
cobalamina (íleo distal).
4.1.2 Manifestações clínicas e etiologia
Diarreia, cólicas abdominais, flatulência, distensão abdominal,
esteatorreia, perda de peso, fraqueza e parestesia são as
manifestações mais comuns do paciente com má absorção. São
doenças que causam má absorção classificadas quanto à fase de
absorção alterada.
Quadro 4.1 - Natureza do defeito da má absorção
4.1.3 Investigação diagnóstica para identificação da
causa da má absorção
A investigação para identificar a causa da má absorção consiste
em exames laboratoriais e de imagem:
▶ Hemograma:
▷▷ Ht e Hb: diminuídos por má absorção de ferro, vitamina B12 e
folato, assim como nas perdas sanguíneas insidiosas pela mucosa
intestinal;
▷▷ Hemoglobina corpuscular média ou volume corpuscular
médio: diminuída na má absorção de ferro e aumentada na má
absorção de folato e vitamina B12;
▷▷ Neutropenia cíclica ou crônica: síndrome de Shwachman;
▷▷ Leucopenia: linfangiectasia.
▶ Bioquímica:
▷▷ Triglicérides: diminuídos na má absorção grave de gordura;
▷▷ Colesterol: diminuído na má absorção de ácidos biliares e de
gorduras;
▷▷ Albumina: diminuída na desnutrição grave, linfangiectasia e
enteropatia perdedora de proteínas;
▷▷ Eletrólitos — sódio, potássio, cloro e bicarbonato: alterados na
má absorção por perda crônica;
▷▷ Cálcio, fósforo, magnésio: diminuídos na doença mucosa
extensa, ressecção ileal e deficiência de vitamina D;
▷▷ Zinco: diminuído na doença mucosa extensa, ressecção ileal e
defeito na absorção (acrodermatite enteropática);
▷▷ Ferro, ferritina: diminuído na doença celíaca e perda de sangue;
▷▷ Imunoglobulinas: diminuídas na linfangiectasia, doença
inflamatória crônica, gastrite hipertrófica e gastroenteropatia
eosinofílica, desnutrição e deficiências seletivas (IgA); Tempo de
protrombina: prolongado na má absorção de vitamina K;
▷▷ Betacaroteno: diminuído na má absorção de gordura
determinada por doença hepatobiliar; Ácido metilmalônico: muito
elevado na deficiência de vitamina B12;
▷▷ Homocisteína: muito elevada na deficiência de vitamina B12 ou
de folato;
▷▷ Sangue oculto nas fezes: doença intestinal erosiva ou
ulcerativa, tumor, doença celíaca;
▷▷ Exame parasitológico de fezes: podem ser necessárias
amostras repetitivas na pesquisa de ovos e parasitas
(Strongyloides, E. histolytica, Cryptosporidium, Microsporidium,
Giardia lamblia);
▷▷ Leucócitos fecais: aumentados em algumas doenças
inflamatórias intestinais com acometimento colônico;
▷▷ Substâncias redutoras nas fezes: má absorção de hidratos de
carbono. Teste clínico: para detecção de sacarose, é preciso que
ela seja hidrolisada pelo aquecimento com ácido clorídrico;
▷▷ D-xilose: distinção de causas de má absorção de origem
intestinal daquelas de origem pancreática. Sua absorção ocorre
por um processo passivo que reflete a área de superfície
funcional do intestino proximal. Sua dosagem é diminuída quando
há supercrescimento bacteriano;
▷▷ Gordura nas fezes: exame de Van der Kammer (72 horas de
coleta quantitativa), esteatócrito, Sudan (qualitativo, com
resultado em cruzes);
▷▷ Alfa-1-antitripsina fecal: detecção de perda proteica nas fezes
(permeabilidade anormal ou obstrução ao fluxo linfático), já que é
uma proteína particularmente resistente a proteólise;
▷▷ Dosagem de eletrólitos no suor: coletam-se 50 a 100 mg de
suor da pele após estimulação com pilocarpina. Se cloro no suor
maior que 60 mEq/L, fibrose cística;
▷▷ Teste de Schilling: verificação da absorção de ácido fólico e
vitamina B12 no íleo terminal.
▶ Imagem:
▷▷ Radiografia simples e contrastada (trânsito intestinal);
▷▷ Endoscopia: biópsias do intestino delgado proximal;
▷▷ Colonoscopia;
▷▷ Enteroscopia por cápsula ou duplo balão.
4.2.4 Tratamento
▶ Dieta e hidratação: de forma geral, o quadro é autolimitado,
sendo necessária apenas a reposição de fluidos por via oral,
contendo carboidratos e eletrólitos; além disso, é suficiente para
recuperar a espoliação hidroeletrolítica;
▶ Agentes antidiarreicos: são medicamentos que podem ser
utilizados em pacientes com quadros moderados,
proporcionando maior conforto. Loperamida 2 mg, após cada
evacuação diarreica por dois dias (não ultrapassar o total de 16
mg), ou difenoxilato 4 mg a cada 6 horas, podem ser utilizados
nos casos de diarreia aguda não invasiva — sem febre, muco ou
sangue;
▶ Antibioticoterapia: o consumo de antibiótico deve ser analisado
caso a caso, já que seu uso indiscriminado pode selecionar cepas
bacterianas resistentes e diminuir as barreiras de defesa natural
do indivíduo. Nos casos de diarreia de moderados a graves (mais
de quatro evacuações por dia), com febre, sangramento ou
presença de leucócitos nas fezes, deve-se introduzir
empiricamente a antibioticoterapia após coleta de culturas.
Também se deve considerar se mais de oito evacuações por dia,
depleção de volume, sintomas há mais de uma semana, casos que
requerem hospitalização e imunocomprometidos. Como primeira
opção, escolhem-se os derivados de fluoroquinolonas
(ciprofloxacino, ofloxacino, norfloxacino) por cinco a sete dias.
4.3 DIARREIA CRÔNICA
É definida por um tempo superior a quatro semanas e apresenta
uma infinidade de causas. A classificação em diarreia osmótica,
secretória, invasiva, disabsortiva ou funcional é bastante útil:
▶ Diarreia osmótica:
▷▷ Quadro clínico: diminuição da quantidade de fezes com jejum
prolongado; aumento do gap osmótico;
▷▷ Medicações: antiácidos, lactulose, sorbitol;
▷▷ Deficiência de dissacaridase: intolerância a lactose;
▷▷ Diarreia propositalmente provocada (distúrbio de
comportamento neurótico/psiquiátrico): drogas irritantes e
osmóticas (magnésio, laxantes, fitoterápicos).
▷▷ Diarreia secretora: quadro clínico com grande quantidade de
fezes (mais de 1 L/d) e pouca mudança no jejum prolongado; gap
osmótico baixo;
▷▷ Diarreia provocada por ação hormonal: vipoma, tumor
carcinoide, carcinoma medular da tireoide (calcitonina), síndrome
de Zollinger-Ellison (gastrinoma);
▷▷ Diarreia provocada (uso abusivo de laxantes): fenolftaleína,
fitoterápicos (cáscara sagrada, sena);
▷▷ Adenoma viloso;
▷▷ Má absorção de sais biliares: ressecção cirúrgica ileal, ileíte de
Crohn, pós-colecistectomia;
▷▷ Medicações variadas: efeito colateral.
Em quais casos de
diarreia aguda está
indicado antibiótico
empírico?
Nos casos de diarreia de moderados a graves (mais de
quatro evacuações por dia), com febre, sangramento ou
presença de leucócitos nas fezes, deve-se introduzir
empiricamente a antibioticoterapia após a coleta de
culturas.
Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal
Para o programa de Residência da SES-DF, na primeira etapa
haverá uma prova objetiva que será constituída de 120 itens para
julgamento entre certo (C) ou errado (E). O conteúdo da prova
será voltado às áreas do pré-requisito exigido. Já na segunda
etapa, haverá a análise e arguição do currículo.
SES-DF | 2020
Uma paciente, previamente hígida, iniciou um quadro de náuseas,
dor abdominal, grande quantidade de gases, fezes volumosas e
com mau cheiro. Procurou atendimento de urgência, no qual foi
tratada com terapia de hidratação oral e sintomáticos. Após três
dias de repouso e realizando esse tratamento proposto na
urgência, permanece com os mesmos sintomas. Procurou, dessa
vez, uma consulta ambulatorial com um clínico geral e informou
que outras pessoas na casa também estão com o mesmo quadro
após ingestão de uma refeição. O médico então realizou o
tratamento adequado e a paciente obteve melhora. Após 30 dias
desse tratamento, a paciente retorna ao consultório relatando
distensão abdominal e diarreia quando ingere leite ou derivados.
Com base nesse caso clínico e nos conhecimentos médicos
correlatos, julgue os itens a seguir: um provável diagnóstico para
esse caso clínico é intolerância à lactose.
a) certo
b) errado
Gabarito: b
Comentários:
a) Veja o comentário geral na alternativa correta.
b) A alternativa está errada, pois inicialmente foi descrito um
quadro de diarreia aguda sugestiva de algo infeccioso que foi
adequadamente tratado. Nesse caso, provavelmente foi utilizada
a antibioticoterapia para uma infecção bacteriana. Apenas após 1
mês a paciente volta a apresentar quadro diarreico associado a
desconforto abdominal, o que sugere alguma nova causa e, nesse
caso, deve ser lembrada a possibilidade da diarreia por
Clostridium, secundária ao uso de antibiótico, que pode aparecer
até meses após o uso. Antes desse quadro mais recente, a
paciente não apresentava queixas associadas à ingesta de
alimentos específicos, não sendo uma intolerância alimentar a
principal causa até serem afastadas outras causas. A má
absorção da lactose (que poderia justificar essa distensão
abdominal e diarreia ao ingerir leite ou derivados referida pela
paciente) pode ocorrer e não ser decorrente de uma intolerância,
mas, sim, por alguma outra causa sobreposta como processo
inflamatório/infeccioso, supercrescimento bacteriano ou
síndrome do intestino irritável, por exemplo.