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ESOFAGITE

EOSINOFÍLICA

Preceptora: Dra Lorena


Residente: Thaynara Brandão
DEFINIÇÃO

Doença esofágica crônica alérgica/imunomediada, caracterizada


clinicamente por disfunção esofagiana e, histologicamente, por
infiltração de eosinófilos na mucosa do esôfago, excluídas as
causas secundárias.
FISIOPATOLOGIA

 Resposta imune do tipo Th2, com produção de IL-4, IL-5 , IL-13 em resposta
aos estímulos alimentares ou ambientais.
EPIDEMIOLOGIA
 Mais comum no sexo masculino e em caucasianos.
 Prevalência na população geral é de 0,5-1 entre 1.000 indivíduos.
 Incidência em ascensão.
 Acomete todas as faixas etárias, com pico de prevalência entre os 35-39
anos.
APRESENTAÇÃO CLÍNICA
 Adultos :
 Disfagia, impactação alimentar, pirose, regurgitação, dor torácica não
cardíaca.
 Pode apresentar-se, mesmo que raramente, como perfuração espontânea
de esôfago (Síndrome de Boerhaave),
 Outra complicação rara é a dissecção entre as camadas mucosa e
submucosa.
 Crianças:
 Dor abdominal, vômitos, pirose, disfagia, aversão a comida,
mastigação excessiva, baixo ganho pondero – estatural.

 É comum associação com dermatite atópica, rinite alérgica, asma e


alergias alimentares.
 * Os sintomas não se correlacionam bem com atividade histológica.
ABORDAGEM DIAGNÓSTICA

 Alterações Endoscópicas:
 Anéis esofágicos
 Estenoses
 Sulcos lineares ou longitudinais
 Placas brancas ou esxudatos
 Mucosa pálida ou com vascularização diminuída

 A endoscopia também pode ser normal.


 Além de diagnóstica, também pode ser terapêutica.
EREFS (ENDOSCOPIC REFERENCE SCORE
OF EOSINOPHILIC ESOPHAGITIS)
BIÓPSIA ESOFÁGICA
 A presença de mais de 15 eosinófilos/CGA permite o diagnóstico de esofagite eosinofílica.
 Pode ser encontrado também:
• Abscessos eosinofílicos
• Alongamento das papilas
• Hiperplasia de células da camada basal
• Dilatação dos espaços intercelulares
• Fibrose de lamina própria

 Recomenda-se pelo menos seis biópsias de esôfago proximal e distal.

 É ainda fundamental realizar biópsias do estômago e duodeno, para descartar outras doenças
gastrointestinais que também cursam com infiltrados eosinofílicos.
 Idealmente pacientes com predomínio de queixas dispépticas devem receber 8 semanas
IBP antes da EDA com biópsia esofágica, para exclusão de DRGE e eosinofilia
esofágica responsiva a IBP
ESTUDO MANOMÉTRICO E DE
pHMETRIA DE 24 HORAS
 Os principais achados no exame de manometria esofágica são:
 contração incoordenada do esôfago
 relaxamento incompleto do esfíncter inferior
 aumento da contração esofágica
 peristalse ineficaz
 São relatados, também, ondas de contração terciária, aperistalse, múltiplos picos de
contração e espasmo esofagiano difuso.

 Segundo critério de consenso, pHmetria esofágica deveria ser negativa, para descartar
DRGE. Entretanto, a superposição das duas doenças pode estar presente, com consequente
pHmetria alterada
CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS
• Presença de disfunção esofagiana.
• Presença de 15 ou mais eosinófilos por campo de grande aumento em mucosa
esofagiana.
• Exclusão de causas secundárias de eosinofilia esofagiana.
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
ABORDAGEM TERAPÊUTICA
 Os objetivos do tratamento:
 alívio dos sintomas
 o controle da inflamação
 restauração da função esofágica.
• A abordagem utilizada para atingir esses objetivos se resumem em 3D:
• Dieta
• Drogas
• Dilatação

 Quando possível, a terapia deve incluir equipe multidisciplinar com


gastroenterologista, alergista e nutricionista.
CORTICOIDES TÓPICOS

 Indicados para pacientes não respondedores a IBP.


 A dose preconizada é iniciar com 440 a 880 mcg/ dia para crianças, e de 880 a 1.760
mcg/dia para adultos, sempre divididos em 2 a 4 doses diárias.
 O tempo de tratamento proposto é de 6 a 8 semanas.
 Os pacientes devem ser orientados a não ingerir líquidos ou alimentos por pelo menos
30-60 minutos após uso da medicação e lavar a boca após aplicação.
 Há aumento do risco de monilíase esofagiana (até 10-15% dos pacientes).
CORTICOIDES SISTÊMICOS
 Está bem indicado nos pacientes graves com comprometimento sistêmico, uma vez
afastadas causas infecciosas e nos casos de estenoses esofágicas com intensa
inflamação.
 A dose nesses casos são de 1 a 2 mg/kg/dia, com dose máxima de 60 mg/dia de
prednisona, via oral.
DIETA
• Dieta de eliminação guiada por testes de alergia
• Dieta de eliminação de todos os alérgenos alimentares:
• Contempla o uso de fórmulas baseadas em aminoácidos (elementar) por 4-6
semanas, seguida pela avaliação histológica da resposta
• Questões como palatabilidade, grande restrição alimentar e ausência de
alimentos sólidos podem contribuir para a baixa taxa de adesão e
comprometimento da qualidade da vida do paciente;

• Dieta de eliminação de seis alimentos: soja, ovo, leite, trigo, amendoim/nozes e


peixe/frutos do mar.
• Dieta mais utilizada;
• Uma avaliação endoscópica e histológica deve ser realizada de 8 a 12
semanas após a reintrodução de cada alimento;
IBP
 Diminuem a produção de ácido pelas células parietais, sendo úteis na exclusão de
DRGE como causa da eosinofilia esofágica.
 Se houver superposição de EE com DRGE, ocorre melhora dos sintomas.
 Promovem uma diminuição da expressão de citocinas pró-inflamatórias, como
IL-8 e eotaxina-3, que podem ter participação na patogênese da EE.
OUTRAS DROGAS

 Antagonistas dos leucotrienos


 promoveram boa resposta clínica com poucos efeitos colaterais
 Sem resposta histológica e com rápida recidiva após suspensão da medicação.
 Outras opções citadas para tratamento são o cromoglicato de sódio, e estudos estão sendo
realizados quanto à possibilidade de utilização de anticorpo antimonoclonal de IL-5.
DILATAÇÃO ENDOSCÓPICA

 Tratamento eficaz para disfagia provocada por estenose de segmentos de esôfago.


 Pacientes devem ser informados quanto aos riscos, benefícios e complicações do
procedimento.
 As dilatações devem ser em múltiplas sessões com aumento progressivo do diâmetro
do balão hidrostático, tendo como alvo o diâmetro esofágico de 15 mm.
PROGNÓSTICO

 A EE é uma doença crônica


 A recidiva dos sintomas é comum após a suspensão do tratamento
 Terapia de manutenção deve ser considerada para pacientes com complicações
fibróticas
 Quadros de fibrose e evolução para acalásia têm sido descritos
 Não está relacionada a desenvolvimento câncer ou diminuição da expectativa de
vida
 Em estudos prolongados, não foi observado nenhum caso de desnutrição grave
BIBLIOGRAFIA

 Tratado de gastroenterologia : da graduação à pós-graduação / editores Schlioma Zaterka,


Jaime Natan Eisig. -- 2. ed. -- São Paulo : Editora Atheneu, 2016

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