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NUTRIÇÃO ENTERAL

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TERAPIA NUTRICIONAL
 Conjunto de procedimentos terapêuticos para a manutenção ou
recuperação do estado nutricional do paciente por meio da Nutrição
Parenteral ou Enteral
 Portaria 337, de 14 de abril de 1999 / Dan Waitzberg, 2009.

 “Alimentos para fins especiais, com ingestão controlada de


nutrientes, na forma isolada ou combinada, de composição química
definida ou estimada, especialmente formulada e elaborada para
uso por sonda ou via oral, industrializada ou não, utilizada exclusiva
ou parcialmente para substituir ou complementar a alimentação oral
em pacientes desnutridos ou não, conforme suas necessidades
nutricionais, em regime hospitalar, ambulatorial, visando a síntese ou
manutenção dos tecidos, órgãos ou sistemas”.
 Resolução RDC n. 63 de 06/07/2000 da ANVISA.

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TERAPIA NUTRICIONAL

O objetivo da terapia nutricional é manter ou


melhorar o estado nutricional e evitar as
consequências adversas da desnutrição

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Benefícios da TNE
 Benefícios Fisiológicos
Presença de nutrientes complexos
Estímulo de função digestiva / absortiva
Estímulo para fatores hormonais tróficos na mucosa
Mantém a integridade da mucosa GI  mantem homeostase e
competência imunológica
 Reforço da barreira mucosa intestinal  evita translocação
bacteriana

O tecido linfoide associado ao intestino


(GALT) é responsável por 50% imunidade
do organismo, sendo 70-80% IgA do
organismo é secretada no intestino para
atuar na defesa contra patógenos GI. 4
Benefícios da TNE
 Benefícios Fisiológicos
 Atenua a resposta catabólica

 Reduz a incidência de hiperglicemia (vs. TNP)

 ↓ incidência de complicações infecciosas em pacientes


cirúrgicos (vs. TNP)

 Menor custo (vs. TNP)

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INDICAÇÃO:
 Quem deve receber, como?
 Quando deve ser iniciada?

 Avaliar no paciente:
 A capacidade de se alimentar Total ou parcial?
 O estado nutricional Pelo menos 60-100
 O funcionamento do TGI cm de TGI funcional
 O nível de estresse e gravidade da doença
(Krause).

Alimentação insuficiente via oral:


Krause, Dan, Cuppari  menor que 2/3 ou 3/4 das necessidades/dia
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Chemin, Consenso INCA  menor que 60% das necessidades.
AVALIAÇÃO DO TGI
 Se o intestino funciona, USE-O!
 Instabilidade hemodinâmica ou terapia vasoativa  risco de isquemia
intestinal (redução do fluxo sanguíneo)

 Deve-se avaliar:
 risco de isquemia

 motilidade gástrica  distensão, náusea, vômito, volume residual de

dieta
 motilidade do cólon  passagem do bolo fecal e flatus

 motilidade do intestino delgado  ausculta de ruídos

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OPÇÕES NA TERAPIA NUTRICIONAL
 Via Oral
 Preferencial, mais fisiológica
 Via Enteral
 Via oral insuficiente ou contra indicada, uso do TGI
possível

 Via Parenteral
 Impossibilidade de uso do TGI

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QUESTÃO
São vantagens do suporte nutricional enteral em
relação a nutrição parenteral, exceto:
A) Previne atrofia intestinal;
B) Tem menor incidência de complicações;
C) Atenua a resposta inflamatória;
D) Previne translocação bacteriana;
E) Provoca repouso intestinal.
QUESTÃO
São vantagens do suporte nutricional enteral em
relação a nutrição parenteral, EXCETO:
A) Previne atrofia intestinal;
B) Tem menor incidência de complicações;
C) Atenua a resposta inflamatória;
D) Previne translocação bacteriana;
E) Provoca repouso intestinal.

Secretaria da Saúde do Estado de Rondônia 2003


Suporte Nutricional Enteral

Administração de nutrientes através do TGI

Utiliza-se:
- via oral (terapia nutricional)
- Sonda – nasogástrica ou nasoentérica ou
orogástrica ou oroentérica
- Ostomia – gastrostomia ou jejunostomia

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INDICAÇÕES GERAIS PARA TERAPIA
NUTRICIONAL ENTERAL

 A terapia nutricional enteral visa prevenir a deterioração do


estado nutricional, assim como, também é efetiva para
minimizar as complicações do jejum prolongado.

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INDICAÇÕES GERAIS PARA TERAPIA
NUTRICIONAL ENTERAL

 Observações:
 Previsão de jejum superior a 3 dias em pacientes críticos  indicação de TNE
segundo ESPEN (Sociedade Européia de Nutrição Enteral e Parenteral)
 Pacientes severamente desnutridos deverão receber TN em 1 a 3 dias da
admissão hospitalar (ASPEN – Associação Americana de Nutrição Enteral e
Parenteral)
 TNE pré-op  mínimo 10 dias (Dan, 2009)
 Quando não conseguir atingir 60% das necessidades por via enteral 
considerar uso associado de TN parenteral (Dan, 2009)

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Indicações de Nutricional Enteral

A) Trato gastrointestinal íntegro (consumo inadequado)


 Depressões graves, lesão no SNC
 Anorexia
 Câncer
 Caquexia cardíaca
 Traumatismos
 Queimaduras
 Quimioterapias
 Radioterapia

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Indicações de Nutricional Enteral

B) Dificuldades de acesso ao TGI


 Lesões de face e mandíbula
 Inflamação ou traumatismo de orofaringe ou esôfago
 Câncer de cabeça e pescoço
 Cirurgia de esôfago
 Disfagia (deglutição comprometida)
 Lesão obstrutiva de esôfago
 Fístula de anastomose esôfago-jejunal

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Gastrectomia total com reconstrução Y de Roux


Indicações de Nutricional Enteral

C) Anomalias Funcionais do TGI (↓ digestão/absorção)


 Pancreatite
 Doença inflamatória intestinal
 Síndrome do intestino curto
 Má absorção, alergia alimentar múltipla
 Fístulas baixo débito (< 500ml/dia)
 Queda da velocidade do esvaziamento gástrico
 Enterite por RTx e QTx
 Anorexia, Câncer
 Estados hipermetabólicos
 Queimadura, infecção grave, trauma extenso

OBS: Desde que não constituam contraindicação


ABSOLUTA. 16
Contra-Indicações de Nutricional Enteral
Χ Disfunção do TGI ou situações que requerem repouso do TGI
Χ Doença terminal  quando as complicações superam os benefícios
Χ SIC  fase inicial de reabilitação da cirurgia ou ressecção maciça
Χ Obstrução intestinal completa (retenção fecal)
Χ Refluxo gastro-esofágico intenso
Χ Vômitos intratáveis (incoercíveis)  dificuldade de manter a sonda posicionada.
Χ Diarréia refratária  avaliar a causa
Χ Ausência de função intestinal relacionada à estase pós-op
Χ Íleo paralítico - ausência de peristalse
- Causas sistêmicas: uremia, DM descompensado, lesão SNC, hipocalemia.
- Causas não sistêmicas: peritonite, hemorragia intraperitoneal, perfuração intestinal.
Χ Necessidade de reduzir estímulo biliar ou pancreático
Χ Diarréias volumosas e crônicas (> 1500 ml/dia)
Χ Fístulas enterocutâneas – alto débito (>500ml/dia)

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Expectativa de usar TNE por período menor que 5 a 7 dias para desnutridos e 7 a 9
dias para bem-nutridos.
SELEÇÃO DA VIA DE ACESSO

Considerar período provável da NE e risco de broncoaspiração

A) PERÍODO PROVÁVEL DE NE;


• Curto (< 6 semanas): sonda nasoentérica com posicionamento
gástrico, duodenal ou jejunal.
• Longo: (> 6 semanas, Dan/ > 3-4 sem, Krause): ostomias de nutrição
(gastrostomia, jejunostomia, gastrojejunostomia)

Evita complicações pela permanência prolongada da sonda, como


migração da sonda para o esôfago, aspiração pulmonar, lesão da
mucosa do TGI pela ponta da sonda, infecção das vias aéreas e trato
respiratório superior, estenose esofágica e paralisia das cordas vocais;
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SELEÇÃO DA VIA DE ACESSO

B) RISCO DE BRONCOASPIRAÇÃO:
Possibilidade de aspiração (-) : posicionamento pré-pilórico.
Possibilidade de aspiração (+) : posicionamento pós-pilórico.

Déficit neurológico (coma, sequela


AVE), doença esofágica, tumores
de cabeça e pescoço, obstrução
gástrica e gastroparesia.

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SONDAS
Dispositivo mais utilizado em NE
Características:
• Material biocompatível (poliuretano, silicone);
• Resistentes a ação das secreções digestivas;
• Calibre entre 8 e 12Fr (French);
• Macias e flexíveis;
• Radiopacas.
ATENÇÃO:
Sondas utilizadas para descompressão gástrica e
aspiração de líquidos (sondas de Levine) não são
adequadas à NE por serem consideradas iatrogênicas
(tornam-se rígidas com o calor e após contato com
secreções gástricas - causam desconforto ao
paciente, ulcerações e irritações frequentes)
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ACESSO PRE-PILÓRICO (GÁSTRICO)

* Cateter oro/nasogástrico – posicionamento feito a beira do leito manualmente ou


com auxílio de endoscopia

Independente do acesso (gástrico ou entérico) o posicionamento da sonda deve ser sempre


certificado por EXAME RADIOLÓGICO pois outros métodos podem fornecer informações
enganosas (aspiração do conteúdo gástrico ou ausculta de ruídos hidroaéreos).

* Gastrostomia - pode ser feita por


endoscopia (técnica percutânea – mais
usada por ser feita a beira do leito e
permitir início rápido da NE) ou
laparotomia exploradora (com auxílio
de exames radiológicos ou
videolaparoscopia).
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ACESSO PRE-PILÓRICO (GÁSTRICO)

Estando a sonda no estômago do paciente, haverá progressão natural para o duodeno e


porção proximal do jejuno por ação do peristaltismo digestivo normal em algumas
horas após sua introdução  FIXAR A SONDA NA FACE do paciente 23
Deve-se, portanto, proceder à confirmação radiológica antes de iniciar a dieta.
VANTAGENS E DESVANTAGENS DA VIA GÁSTRICA
Vantagens:
• Boa tolerância a fórmulas;
• Fácil posicionamento da sonda;
• Maior tolerância a osmolaridade, volumes e alimentação em
bolus;
• Permite rápida progressão da dieta.

Desvantagens:
• Alto risco de aspiração em pacientes com dificuldade
neuromotoras da deglutição;
• Tosse/náuseas favorecem saída acidental da sonda.
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SONDA NASOGÁSTRICA VS GASTROSTOMIA

usar dieta artesanal 10-12Fr 20-30 Fr

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ACESSO PÓS-PILÓRICO (ENTÉRICO)

• Cateter oro/nasoentérico – posicionamento feito a beira do leito


manualmente ou com auxílio de endoscopia

* Jejunostomia - realizada pelos mesmos métodos da GTT com algumas


modificações técnicas para acomodá-la no jejuno.
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ACESSO PÓS-PILÓRICO

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INDICAÇÕES JEJUNOSTOMIA

• Obstrução do TGI alto


• Neoplasia em orofaringe/esôfago / estômago e pâncreas

• Esofagectomia
• Gastrectomia
• Pancreatectomia
• Gastroparesia

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COMPLICAÇÕES JEJUNOSTOMIA

• Vazamento do conteúdo intestinal para a cavidade peritoneal


• Diarréia

• Obstrução da sonda
• Permanência da fistula após a remoção da sonda
• Isquemia e necrose intestinal no pós-op imediato
• Volvo

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VANTAGENS E DESVANTAGENS DO ACESSO PÓS-PILÓRICO

Vantagens:
• Permite início precoce da alimentação – jejuno retorna a peristalse
antes do estômago;
• Menor risco de aspiração;
• Maior dificuldade de saída acidental da sonda.

Desvantagens:
• Síndrome de Dumping;
• Necessita de controle mais rigoroso na infusão (indicado uso de BI);
• Requer dietas normo ou hiposmolares (osmolaridade do plasma
330mOsm);
• Tem fino calibre – problemas com obstruções da sonda;
• Local menos fisiológico e de difícil acesso; 30
• Desalojamento acidental – refluxo gástrico.
QUESTÃO
A localização gástrica do cateter na Nutrição Enteral apresenta
como vantagens, em relação a localização duodenal/jejunal:
(A) progressão mais lenta para alcançar o VET;
(B) boa aceitação de formulas hipo-osmolares;
(C) permitir a introdução de grandes volumes em curto intervalo
de tempo;
(D) menor risco de bronco aspiração;
(E) maior dificuldade de saída acidental da sonda.
QUESTÃO
A localização gástrica do cateter na Nutrição Enteral apresenta
como vantagens, em relação a localização duodenal/jejunal:
(A) progressão mais lenta para alcançar o VET;
(B) boa aceitação de formulas hipo-osmolares;
(C) permitir a introdução de grandes volumes em curto intervalo
de tempo;
(D) menor risco de bronco aspiração;
(E) maior dificuldade de saída acidental da sonda.

Secretaria de Saúde do Piauí, 2003


TGI FUNCIONANTE?
NÃO SIM

NUTRIÇÃO PARENTERAL NUTRIÇÃO ENTERAL

NE > 6 sem ou 3 A 4 SEMANAS?


NÃO
SIM

SONDA NASOGÁSTRICA/ENTÉRICA ENTEROSTOMIAS

RISCO DE ASPIRAÇÃO PULMONAR?


RISCO DE ASPIRAÇÃO PULMONAR?
NÃO SIM
NÃO SIM
SONDA SONDA
NASOGÁSTRICA NASOENTÉRICA GTT JTT
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QUESTÃO
Em terapia nutricional enteral de adultos, quando se analisa o
fator tempo na indicação da via de acesso, passa-se a
recomendar preferencialmente a ostomia em relação a sonda
nasal, quando se prevê uso da terapia por período maior que:
A) 2 semanas
B) 3 semanas
C) 5 semanas
D) 6 semanas
QUESTÃO
Em terapia nutricional enteral de adultos, quando se analisa o
fator tempo na indicação da via de acesso, passa-se a
recomendar preferencialmente a ostomia em relação a sonda
nasal, quando se prevê uso da terapia por período maior que:
A) 2 semanas
B) 3 semanas
C) 5 semanas
Dan (2009) e
D) 6 semanas na prática!!

Prefeitura Municipal de Tamandaré, 2004


QUESTÃO
Embora não seja totalmente unanime, comumente o período de
tempo que diferencia Nutrição Enteral de curto e de longo prazo
e de:
A) 10 dias
B) 2 semanas
C) 6 semanas
D) 10 semanas

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QUESTÃO
Embora não seja totalmente unanime, comumente o período de
tempo que diferencia Nutrição Enteral de curto e de longo prazo
e de:
A) 10 dias
B) 2 semanas
C) 6 semanas
D) 10 semanas

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Prefeitura Municipal de São Jose, 2003


CATEGORIAS DIETAS ENTERAIS

• Forma de preparo: artesanal ou industrializada


• Forma de apresentação:
– Pó para reconstituição: envelopes (60 a 96g) ou latas (300 a
400g)
– Líquida:
1) Semi-prontas para uso: industrialmente reconstituídas que
se apresentam em latas, tetrapak (230ml a 250ml) ou
frascos (200ml a 500ml)
2) Prontas para uso: já envasadas em frascos e/ou bolsas
próprias diretamente acopladas aos equipos - “sistemas
fechados” - volume em torno de 500ml a 1000ml.
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NUTRIÇÃO ENTERAL EM SISTEMAS...

NE em Sistema Aberto: “Nutrição enteral que


requer manipulação prévia à sua
administração, para uso imediato ou alternado,
à orientação do fabricante.”

Vs
NE em Sistema Fechado: “Nutrição enteral
industrializada, estéril, acondicionada em
recipiente hermeticamente fechado e
apropriado para conexão ao equipo de
administração.” 39
DIETAS ENTERAIS SEGUNDO FORMULAÇÃO...
A) PADRÃO: geralmente são dietas com fornecimento de energia,
proteínas, carboidratos , lipídios, vitaminas e minerais em
quantidades adequadas para suprir as necessidades
nutricionais de pacientes estáveis (dietas de manutenção).

B) ESPECIALIZADAS: Destinam-se a situações clínicas específicas


ou especiais apresentando as mais variadas composições,
veiculando desde uma oferta maior de proteínas até os
denominados nutrientes farmacológicos.
– Englobam dietas para estados patológicas como:
• Insuficiências hepática e renal;
• Controle da glicemia;
• Pneumopatias. 40
DIETAS ENTERAIS SEGUNDO COMPLEXIDADE DOS
NUTRIENTES...

(A) Poliméricas: são aquelas em que os macronutrientes,


em especial as proteínas, encontram-se na sua forma
intacta (polipeptídeos). Ex. amido de milho.

(B) Oligoméricas: São aquelas em que os


macronutrientes, em especial as proteínas, encontram-se
na sua forma parcialmente hidrolisada (oligopeptídeos).
Ex. maltodextrina.

(C) Elementares: são aquelas em que os macronutrientes,


em especial as proteínas, encontram-se na sua forma
totalmente hidrolisada (aminoácidos livres). Ex. glicose;
fonte de lipídio - TCM. 41
DIETAS ENTERAIS SEGUNDO COMPLEXIDADE DOS
NUTRIENTES...

(D) Modulares: apresentação pura ou quase que exclusiva


de um determinado nutriente;
– Disponíveis no mercado:
• Carboidrato – maltodextrina e amido de milho
hidrolisado;
• Lipídios – TCM, óleo de peixe (n-3), soja (TCL);
• Proteínas – caseinato de cálcio, caseína pobre em
lactose e aminoácidos livres.
• Fibras – pectina, goma guar, inulina, e polissacarídeo de
soja.
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FORMULAÇÕES NÃO INDUSTRIALIZADAS
Preparada à base de alimentos in natura, produtos alimentícios e/ou
módulos de nutrientes;
- in natura: alimentos em seu estado natural (Ex. batido de fruta);
- produtos alimentícios: alimentos que passam por algum processo de
industrialização (leite em pó, ovos liofilizados, creme de arroz);
- módulos de nutrientes: fornecem primariamente um tipo específico de
nutrientes.

Indicada para uso domiciliar em virtude do baixo custo;


Maior manipulação e índice de contaminação por MO;
Apresenta densidade calórica variando de 0,8 a 2,0 kcal/ml;
Divergências na composição de nutrientes entre calculado/real devido a erros
de técnica dietética  perdas no cozimento, ao coar.
Fornecimento de micronutrientes pode ser inadequado – necessidade de
suplementação!
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ADMINISTRAÇÃO NE - CONTÍNUA

Técnica de administração:
A) Gotejamento com utilização de bomba de infusão (BI): 25 a 150
mL/hora durante 24h no estômago duodeno ou jejuno . Ideal por
permitir maior segurança e confiabilidade na velocidade do
volume infundido;

(B) Gotejamento por gravidade: infusão contínua porém sem auxílio


da BI. Não permite controle adequado da velocidade de infusão,
depende da equipe de enfermagem e favorece ao aparecimento
de cólicas e diarreia se a sonda estiver a nível entérico;

Para transformar ml/h para gotas por minuto –


dividir ml/h por 3 (constante)

Deve ser interrompida a cada 6-8h para irrigação da sonda com


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20 a 30 ml de água filtrada ou potável;
Administração NE - Contínua

INDICAÇÃO:
• Retardo no esvaziamento gástrico
• Desnutrição grave (pode haver má absorção)
VANTAGENS:
• Maior tolerância a dietas hiperosmolares
• Menor risco de aspiração
• Maior segurança na infusão
• Adequada para alimentação noturna
DESVANTAGENS:
• Restrição do paciente ao leito
• Maior custo

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ADMINISTRAÇÃO NE - INTERMITENTE
Técnica de administração:
Bolo ou Bolus: administração, com auxilio de seringa, de 100 a 300ml de
dieta no estômago a cada 3 a 5 horas por 2 a 6 minutos;
Gravitacional: administração, por gotejamento, de 100 a 500ml de dieta no
estômago a cada 3 a 5h (100 a 160ml/h);
Bomba de Infusão: igual a gravitacional porém com controle de uma BI.
Dependendo do volume pode-se fazer em sonda duodenal ou jejunal
conforme adaptação do paciente;
Deve-se antes e após cada administração, realizar a lavagem ou
irrigação da sonda com 20 a 30 ml de água filtrada ou potável;
Monitorar resíduo gástrico e tolerância GI.
Dependendo da conduta pode ser semelhante a dieta VO, mantendo
ciclos alimentares (distensão gástrica) e alterações de pH gástrico
(secreção cloridropéptica);
Indicação: Esvaziamento gástrico usual e/ou nutrição enteral domiciliar
50
Vantagem: Permite deambulação e baixo custo
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AVALIAÇÃO DO RESÍDUO GÁSTRICO

• Importante para avaliar o esvaziamento gástrico em NE;


• Presença de RG indica intolerância à alimentação e risco
de regurgitação e aspiração;
• Procedimento adicional que evita broncoaspiração: uso de
cabeceira elevada a 45º.

Considera-se resíduo gástrico aumentado se volume é >


200mL após infusão de 6 horas.
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SNG

Aspirar SNG com seringa de 50mL antes e a cada 4horas até 5 dias.
Após 5º dia, a cada 12 horas

RG < 150mL RG 150-500mL RG > 500mL

Retornar aspirado Retornar aspirado Suspender NE


Continuar NE Continuar NE

RG < 150mL RG 150-500mL RG > 500mL

Retornar aspirado
Introduzir procinético
Monitorar RG 4/4h
RG ≥ 150mL 54
RG < 150mL
COMPLICAÇÕES DA NE
Gastrintestinais, mecânicas, metabólicas, infecciosas,
respiratórias e psicológicas.

Gastrintestinal (30 a 38%) Mecânicas (2 a 10%)


Obstrução intestinal Rinite, otite, paratireóidite
Distensão abdominal Faringite, esofagite
Náusea e vômitos Aspiração pulmonar
RGE Erosão esofagiana
Diarréia Saída da sonda
Má-absorção Obstrução da sonda
Hemorragia GI Perfuração 55
COMPLICAÇÕES DA NE - GASTRINTESTINAL

NÁUSEA E VÔMITO
• Intolerância à lactose – usar formula isenta de lactose
• Excesso de gordura na fórmula – a gordura não deve exceder 30%
• Infusão rápida – se sonda gástrica, iniciar com 40-50mL/h; se pós-
pilórica, 20-25mL/h. Progredir criteriosamente.
• Solução hiperosmolar (> 350mOsm) – usar fórmulas isotônicas;
• Estase gástrica (RG aumentado) – reduzir a oferta em bolus e usar
procinético. Avaliar se gastroparesia diabética;
• RGE – alimentar pós-piloro.

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COMPLICAÇÕES DA NE - GASTRINTESTINAL

DIARREIA
Complicação mais atribuída à dieta, porém:
Causas não relacionadas à TNE:
• Medicação (ATB, sorbitol, medicamentos à base de Mg...);
• Hipoalbuminemia – provoca edema na mucosa intestinal e ↓
absorção;
• Atrofia da mucosa;
• Deficiência de lactase;
• Super-crescimento bacteriano – desconjuga sais biliares;
• Má-absorção de gordura;
• CMV;
• Insuficiência pancreática;
• Tratamento prolongado com antibiotico. 57
COMPLICAÇÕES DA NE - GASTRINTESTINAL

DIARREIA
Causas relacionadas à TNE:
• Infusão rápida;
• Excesso de gordura (> 35% do VET);
• Fórmulas hipertônicas;
• Contaminação da fórmula ou equipo;
• Dieta gelada – aquecer até temperatura ambiente;
• Sonda pós-pilórica – se possível, reposicionar a nível gástrico;
• Dieta sem fibras.
Se a diarreia for intensa e rebelde ao controle, usar anti-diarreico, suspender
dieta por 12 horas e reiniciar a 40-50ml/h, progredindo lentamente.
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COMPLICAÇÕES DA NE - GASTRINTESTINAL

CONSTIPAÇÃO
Causas:
• Inatividade;
• Redução da motilidade – bloqueadores neuromusculares,
antagonistas dos canais de cálcio, anticolinérgicos;
• Desidratação;
• Redução na ingestão de fibras.

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COMPLICAÇÕES DA NE - METABÓLICAS
Mais comuns na NPT do que na NE.
Na NE, comuns com o uso de fórmulas elementares.
Complicação Etiologia Controle
Hiper- Desnutrição grave; Aumentar DC da dieta;
hidratação ICC, DRC ou insuficiência Usar diurético;
hepática; Balanço Hídrico (BH) diário;
Excesso de líquidos Controle do peso.
administrado.

Desidratação Fórmula hipertônica; Fórmulas isotônicas;


Diarréia; Controlar diarréia;
Oferta hídrica insuficiente; Repor água após dieta;
Dietas hiperproteicas. BH diário;

Hiperglicemia Deficiência de insulina; Usar insulina/hipoglicemiantes orais;


Oferta energética excessiva. Usar dietas isentas de sacarose;
Monitorar glicemia e adequar oferta
energética;
60
COMPLICAÇÕES DA NE - METABÓLICAS

Complicação Etiologia Controle


Hipoglicemia Suspensão súbita da dieta; Monitorizar glicemia;
Hiperinsulinização. Observar sinais e sintomas;
20ml de glicose a 50% EV.
Anormalidades Diarréia; Monitorar eletrólitos;
em eletrólitos e Infecção; Observar sinais e sintomas (tremores,
elementos Desnutrição e DRC. anemia...);
traço; Observar interação droga-nutriente;

Hipercapnia Hiperalimentação; Adequação da oferta calórica, monitorar


DPOC. glicemia e adequar oferta energética;

hipoventilação 61
alveolar   PCO2
COMPLICAÇÕES DA NE - MECÂNICAS
Relacionadas com a sonda e variam com o tipo e posição.
Complicação Etiologia Controle
Obstrução 1) Lavagem incorreta 1) 30mL de água após dieta e medicação.
2) Impactação de drogas 2) Desobstruir com Vitamina C, água morna,
3) Dobramento e nó da enzimas pancreáticas, bebidas carbonatadas,
sonda bicarbonato de Na ou papaína.
3) Retirar e reintroduzir.

Saída/migração 1) Alteração da peristalse; 1 e 2) Auscultar 3x/dia e avaliar aspirado; realizar Rx


da sonda 2) Paciente hiperativo. abdomem.
Erosões nasais, 1) Sonda de grosso 1) Usar sondas até 12Fr;
necrose e calibre; 2) Usar sondas de poliuretano ou silicone, lubrificar
abscesso 2) Sonda pouco flexível. narinas, fixar sonda com fitas.
septonasal

Sinusite aguda, 1) Sonda pouco flexível; 2) Preferir ostomias


rouquidão, 2) Permanência
otite prolongada.

Esofagite, 1) Sondas calibrosas; 1) Usar sonda até 12 Fr; 62


estenose. 2) RGE e vômitos 2) Realizar JTM
persistentes.
COMPLICAÇÕES DA NE - INFECCIOSAS

Principal consequência:
gastroenterocolite por contaminação microbiana no preparo,
nos utensílios e na administração da fórmula.

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COMPLICAÇÕES DA NE - Infecciosas
Complicação mais grave: pneumonia aspirativa
Causas:
* Oferta exagerada de dieta
* Retardo no esvaziamento gástrico;
* Íleo paralítico;
* Posicionamento inadequado da sonda – necessidade de controle
radiológico e aspiração de conteúdo;
* Migração da sonda;
* Posicionamento inadequado do paciente – cabeceira a 30º e verificar
RG antes de cada nova etapa;

PREVENÇÃO: manter o paciente em decúbito elevado durante e por 1


hora após administração da dieta. 64
COMPLICAÇÕES DA NE - Psicológicas

• Monotonia alimentar;
• Autoimagem prejudicada;
• Depressão e ansiedade;
• Falta de estímulo ao paladar;
• Insociabilidade;
• Inatividade;
• Desconforto pela presença da sonda.

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Critérios de seleção de Dietas Enterais

• Considerar principalmente:
• Densidade calórica
• Osmolaridade/osmolalidade
• Formulas vs. Via e tipo de administração
• Fontes e complexidade do nutriente
• Desenho da fórmula x indicação clínica

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CLASSIFICAÇÃO

Quanto a composição

 Nutricionalmente completa:
Apresentam os macro e micro nutrientes nas quantidades
suficientes para manter o estado nutricional de um indivíduo
normal.
 Nutricionalmente incompleta:
São as fórmulas especializadas, ou seja, aquelas que
possuem um ou mais nutrientes em quantidades aumentadas,
diminuídas ou ausentes para atenderem as recomendações
específicas de determinadas doenças que envolvem o
metabolismo de alguns nutrientes. Nesta classificação
também encontram-se os suplementos dietéticos e os módulos
alimentares.
ASPECTOS A SEREM OBSERVADOS
 Fontes de nutrientes
 CH:
- Simples: frutose, lactose, maltose e sacarose;
- Parcialmente hidrolisado: maltodextrina
- Complexo: amido
 PTN:
- Intacta: soja, leite (caseína e lactoalbumina) e ovo (ovoalbumina);
- Hidrolisada: oligopeptídeos ou peptídeos de cadeia curta;
- AA cristalinos: essenciais, condicionalmente essenciais e não-
essenciais
 LIP:
- TCC: até 6 átomos de carbono;
- TCM: de 6 a 12 átomos de carbono e fornece 8,3 Kcal/g;
- TCL: ác. graxos essenciais, 3 e 6.
ASPECTOS A SEREM OBSERVADOS

Composição em micronutrientes

Deve-se atender as recomendações, levando-se em conta as


patologias que requerem restrições de certos eletrólitos e as
que requerem aumento das vitaminas e de certos
oligoelementos.
ASPECTOS A SEREM OBSERVADOS

Adição de fibras dietéticas

Recomenda-se 10g/1.000 kcal ou de 20 a 30g/dia.


Pode-se utilizar solúveis e/ou insolúveis dependendo dos efeitos
desejados na regularização das funções intestinais.
ASPECTOS A SEREM OBSERVADOS

Densidade calórica

 Normocalórica:
1 kcal/mL

 Hipocalórica:
0,5 kcal /mL

 Hipercalórica:
1,5 Kcal/mL ou mais
ASPECTOS A SEREM OBSERVADOS

Densidade calórica

76
ASPECTOS A SEREM OBSERVADOS

Viscosidade

Levar em consideração a forma de administração.


ASPECTOS A SEREM OBSERVADOS

Osmolaridade

 Isotônicas:
 350 mOm/L
 Moderadamente hipertônica:
350 a 550 mOm/L
 Hipertônica:
 550 mOm/L
É importante quando a dieta é liberada no intestino delgado. As
soluções hiperosmolares podem causar desconforto
abdominal (cólicas, diarréia).
ASPECTOS A SEREM OBSERVADOS

Hidratação

Deve-se ofertar cerca de 30 a 40mL/kg de peso corporal ou 1 a


1,5 ml/kcal, devendo-se levar em consideração as grandes
perdas ou restrições causadas pela doença.
ASPECTOS A SEREM OBSERVADOS

Via de acesso

As dietas por via oral devem ser aromatizadas e as que são


administradas na parte distal do intestino devem ser
hidrolisadas.
ASPECTOS A SEREM OBSERVADOS

Custo
ASPECTOS A SEREM OBSERVADOS

Preparo e administração
compatíveis com a estrutura da
instituição
CUIDADOS BÁSICOS NO PREPARO E
DISTRIBUIÇÃO

Estar de acordo com a legislação Vigente

Procedimentos regulamentados pela Portarias no 337 de 14/04/99


da Agência Nacional de vigilância Sanitária/MS, modificada pela
resolução no 63 de 06/07/2000.

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