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INTRODUÇÃO

O cacau que durante muitos anos foi a principal fonte de renda da Bahia, Brasil, chegando a
ser responsável por 86% do que o Estado arrecadava, na década de 70 experimentou seu auge,
quando uma alta dos preços coincidiu com safras recordes, o que trouxe lucros elevados ao
produtor, promovendo um surto de prosperidade em toda a região produtora. Este cenário
próspero, no entanto, começou a mudar nos anos 80 em consequência de uma séria de crises
que praticamente inviabilizou a lavoura economicamente (Santos, 2009).
Para enfrentar estas crises estabeleceu-se um programa de aumento de produção
cientificamente bem fundamentado, mas não contemplava análise de mercado. É justamente
nesta parte mercadológica que este trabalho se propõe a oferecer contribuições.
Na busca destas contribuições foram reunidos depoimentos de chocolateiros europeus que
confirmam interesses pelo cacau brasileiro, bem como dificuldades de encontrá-lo e
predisposição de pagar um preço mais elevado por um cacau de qualidade, tipo fino ou
“flavor” (Santos, 2009).
Segundo BAREL (2005), o valor do prêmio sobre o preço de mercado internacional de cacau,
atualmente, é determinado pelos próprios fabricantes de chocolates, fundamentados em suas
avaliações pessoais e interesses particulares por algumas características de um ou outro tipo
de cacau fino. Isto significa que não existe um critério internacionalmente reconhecido para se
avaliar a qualidade versus preço deste tipo de cacau.

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IMPORTANCIA ECONOMICA E SOCIAL DO CACAU
O cacau é um fruto muito cultivado no Brasil devido à sua importância econômica. Além da
produção de chocolate, um produto apreciado em todo o mundo, a semente de cacau é
utilizada, por exemplo, para produzir cacau em pó e manteiga de cacau. Essa última é
utilizada não só para a alimentação, mas também na indústria farmacêutica e na fabricação de
cosméticos.
Além disso, não é apenas a semente do cacau que é utilizada, a polpa é usada também na
produção de geleias, licores, vinhos e sucos e se destaca pelo seu sabor adocicado. O cacau é
também utilizado na fabricação de alimento para o gado, sendo, nesse caso, a casca de cacau
aproveitada como matéria-prima.

É um alimento muito benéfico à nossa saúde, apresentando, entre outros benefícios, a função
cardioprotetora. O Brasil está entre os maiores produtores de cacau, junto com países como
Costa do Marfim, Gana, Indonésia, Nigéria, Camarões, Equador e Papua-Nova Guiné. No
território brasileiro, a maior produção de cacau está localizada na Bahia e no Pará.

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CARACTERÍSTICAS BOTÂNICAS
O cacau é o fruto do cacaueiro (Theobroma cacao). Ele apresenta cerca de 20 cm, é sulcado e
possui uma coloração variada, a qual é influenciada pelo grau de amadurecimento do fruto e
variedade da espécie. De maneira geral, sua coloração varia do verde ao roxo e do amarelo ao
laranja.
Além disso, ele presenta sementes de formato elipsoide a ovoide, com cotilédones que podem
apresentar coloração de violeta à branca a depender da variedade analisada. Essa coloração
está relacionada com a presença de alguns compostos fenólicos. A semente do cacau é
envolvida por uma polpa branca, que é muito apreciada pelo seu sabor adocicado.
O cacaueiro é uma planta que em sistema de cultivo pode atingir até 5m de altura e 4m de
diâmetro da copa, quando proveniente de semente. Em consequência dos fatores ambientais
que influenciam no crescimento estas dimensões podem ser ultrapassadas.
o cacaueiro apresenta características de perenidade, cujo ciclo pode ultrapassar a cem anos,
ainda apresentando desenvolvimento vegetativo com potenciais para boa produtividade.
Contudo, para fins de análise econômica de financiamento, esse tempo deve estar associado à
maior longevidade dos híbridos (forma escolhida na Amazônia para expansão da lavoura
cacaueira) em campo que, atualmente, é de 40 anos.

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CULTIVARES
As variedades cultivadas de cacau estão agrupadas em três complexos genéticos: Criollo,
Forasteiro e Trinitário.
As variedades Criollo - Possuem sementes grandes, de cor branca a violeta pálida, com muita
polpa dando um produto de superior qualidade conhecido comercialmente como "cacau-fino".
As plantas e os frutos são menos resistentes ao ataques de pragas e infecções das doenças.
Estas variedades são cultivadas nos países da América Central. Na América do Sul existem
plantações na Venezuela, Colômbia, Equador e Peru.
O grupo Forasteiro - Possui sementes achatadas de cor violeta-intenso, produzindo um cacau
conhecido como tipo “básico". É a variedade mais difundida, dominando 80 % da produção
mundial, predomina nas plantações da Bahia, Amazônia, e nos países produtores da África.
Da variedade "comum", amplamente cultivada na zona cacaueira da Bahia, houve uma
mutação, dando origem ao cacau Catongo e Almeida, que se caracterizam por possuírem
sementes brancas.
O grupo Trinitário - Produzem sementes de coloração que varia desde o amarelo pálido até o
roxo-escuro, e apresentam um produto de qualidade intermediária. São variedades obtidas do
cruzamento entre os Criollos e Forasteiros e reproduzidas assexualmente (enraizamento de
estacas, ou enxertia) constituindo-se em clones. Estes clones são muito cultivados na América
Central, principalmente em Trindade e Costa rica, países de onde se originaram, e foram
introduzidos em outros países e na zona cacaueira da Bahia.
O cacau apresenta três variedades: forasteiro, crioulo e trinitário. O tipo de cacau mais
comercializado é o tipo forasteiro, representando cerca de 80% da produção mundial. Essa
variedade apresenta cotilédones de cor violeta e grande quantidade de compostos fenólicos, o
que resulta em um sabor mais amargo. O tipo crioulo se destaca por sementes grandes e com
cotilédones com coloração branca ou violeta-clara. Produz um chocolate frutado e suave,
sendo considerado um produto de qualidade superior. Por fim, tem-se o cacau trinitário, que é
resultado do cruzamento entre as variedades descritas anteriormente, apresentando sementes
que variam desde amarelo pálido até o roxo-escuro.
1 – PS 13.19 (Encantada)
2 – FA 13 (Almada)
3 – PS 40.7 (Serra Grande)
4 – PS 10.30 (Oricó)
5 – FM 31 (Modelo)
6 – CA 1.4 (Cantagalo

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ÉPOCA DE PLANTIO
O período ideal para a plantação do cacau precisa ser no começo da estação das águas, ou
seja, na primavera. Vale lembrar que o cacaueiro não tolera a ausência de chuva, visto que é
um fruto de clima tropical, com altos níveis pluviométricos. Contudo, na plantação, é
necessário abrir vários buracos com uma profundidade de aproximadamente um centímetro.
Também necessitam muito de adubação antes do depósito das sementes ou das mudas.
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CICLO DA CULTURA
A colheita do cacau ocorre duas vezes ao ano. A primeira, chamada de temporão, acontece
entre os meses de maio e setembro. A colheita principal geralmente ocorre entre outubro e
dezembro.
Os frutos do cacau levam, em média, 140 a 200 dias para maturar, o que significa que é
possível encontrar frutos prontos duas vezes ao ano ou então ter colheita o ano todo. 
Para isso, é preciso que o produtor sincronize o tempo de vida de sua lavoura para que parte
dela esteja pronta na colheita temporão e parte na colheita de fim de ano.

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PROPAGAÇÃO
São duas as formas de propagação de cacau: a semeadura e o plantio de mudas. Optar por
uma ou outra depende da disponibilidade de sementes e/ou mudas na região.
Independentemente disso, é indispensável adquirir sementes e/ou mudas de fornecedores
reconhecidos no mercado, preferencialmente credenciados.

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PLANTIO E ESPAÇAMENTO
Para o plantio das mudas de cacau no local definitivo, dois fatores importantes devem ser
considerados: o sombreamento e a distribuição das chuvas. Se o sombreamento provisório já
estiver formado, o plantio das mudas deve ser feito no início do período chuvoso, com mudas
de quatro a seis meses de idade. Após a seleção das plantas vigorosas e sadias feitas no
viveiro, o plantio do cacaueiro deve ser feito em covas de 40 x 40 x 40 centímetros
removendo-se o saco plástico sem que seja destruído o torrão. A muda deve ser colocada na
cova de modo que o nível superior do torrão fique no mesmo plano da superfície do solo. Para
isso, coloca-se a terra no fundo da cova até que se consiga a altura ideal e depois se completa
com o enchimento dos lados, sempre fazendo ligeira pressão no solo. Recomenda-se deixar
um montículo ao redor do caule e nunca uma depressão.
Quanto ao espaçamento para o plantio, podem ser escolhidos: 3,5×2,5 metros ou 3,5×3,0
metros.

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ESCOLHA DA ÁREA
O cultivo do cacau acontece melhor em climas quentes. Dessa forma, ambientes com
temperatura entre 23 a 25° C são ideais para o crescimento do fruto.
Por isso, o local de plantio do cacau deve receber uma boa incidência de luz solar na maior
parte do tempo.
O solo para cultivo do cacau deve apresentar boa fertilidade, ou seja, rico em matéria
orgânica. É importante que a terra apresente um pH neutro.
Por fim, a umidade também é necessária para o bom cultivo do cacau. O solo deve ser fresco
e o espaço de plantio deve receber um bom índice de água para umedecer a terra.
Dessa forma, a melhor época para plantar cacau é no período de chuvas e de maior umidade.

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PREPARO DO SOLO-CALAGEM E ADUBAÇÃO
O processo mais usado de preparo do terreno coberto de mata é o mesmo empregado para
outras culturas, como a do cafeeiro, citrus etc. Consta, em resumo, da roçada, da derrubada e
da queima, após um período mais ou menos longo de seca; deste modo, facilita-se a instalação
do cacaual e eliminam-se em sua maior parte, as pragas vegetais e animais. Todavia, a matéria
orgânica é destruída em grande parte e a cinza resultante dentro de algum tempo desaparece
pelas lavagens e pela erosão; as ervas más nestas condições encontram ambientes favoráveis
para um desenvolvimento rápido e vigoroso.
Em consequência destas desvantagens advindas com a queima das matas, alguns proprietários
não a fazem, embora este fato contribua a embaraços posteriores nos trabalhos de instalação
da cultura, Noutras ainda, a adaptação do terreno se resume apenas na roçada, para facilitar a
movimentação no interior da mata, e na eliminação de uma certa porcentagem de árvores,
geralmente as maiores, pelo seu descascamento progressivo ou mesmo pelo seu corte. Nestas
condições, conserva-se a matéria orgânica por maior espaço de tempo e garante-se uma
sombra relativa à cultura.
Como inconveniente deste processo aponta-se o fato das árvores não derrubadas, descascadas
ou não, ficarem sujeitas ao tombamento pelos ventos, e consequentemente quebrando plantas
de cacau, pela caída dos seus ramos.
Em terreno já plantado com cacau ou outras plantas, recomenda-se cultivá-lo antes, por alguns
anos, com uma cultura de proteção (sombreamento temporário), como é o caso da bananeira.
Sem tal proteção, a instalação do cacaual torna-se problemática.

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PRÁTICAS CONSERVACIONISTAS
A adubação orgânica melhora a adição de macro e micronutrientes, aumenta a porosidade do
solo, aumenta a infiltração da água, mantém controlada a temperatura e melhora o ambiente
com micro-organismos. Deve ser realizada duas vezes ao ano, como complementação da
adubação química. São utilizados estercos, compostagens, cinzas, biofertilizantes e cascas de
árvores, sempre curtidos. As quantidades utilizadas dependem da análise do solo e da
disponibilidade de adubo orgânico.
Os micronutrientes são essenciais à nutrição do cacaueiro, principalmente manganês (Mn),
cobre (Cu), boro (B), zinco (Zn), ferro (Fe), molibdênio (Mo) e cloro (Cl). Esses nutrientes
são recomendados com base na análise do solo. A aplicação é realizada em cobertura, na
projeção final da copa da planta, em círculo nas áreas mais planas ou em semicírculo em áreas
inclinadas. Existem várias fontes de adubo que fornecem micronutrientes como os
inorgânicos (sulfatos, óxidos e sais), as fritas (FTE) e as fontes orgânicas. Utiliza-se também
fontes líquidas para a adubação foliar, por meio de pulverizações.

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TRATOS CULTURAIS
Tratos culturais têm o objetivo de fazer com que a planta se desenvolva de maneira mais
saudável e eficiente. É claro que há espécies que não necessitam de todos eles, mas conhecê-
los é importante para saber que há alternativas para transformar a sua horta ou jardim em um
espaço ainda mais produtivo.
1 – Adubação das plantas
A aplicação de fertilizantes é um dos tratos culturais mais comuns em hortas e jardins. O
objetivo da adubação é enriquecer o solo para que as plantas possam absorver os nutrientes
que precisam para se desenvolver com saúde e qualidade. Existem várias formas de adubar e
o melhor momento para fazer isso depende de cada espécie, do estágio da planta e das
necessidades dela.
2 – Controle das pragas
Este é outro trato cultural muito importante, pois é decisivo para uma boa produção. Para
combater as pragas, pode-se usar estratégias naturais, o que chamamos de controle biológico,
ou defensivos agrícolas, produtos que agem diretamente contra os invasores. A melhor
estratégia varia conforme cada caso e é possível usar o Manejo Integrado de Pragas para obter
resultados ainda melhores.
3 – Irrigação do cultivo
A irrigação é mais um processo indispensável para colher bons frutos. Afinal, junto à luz solar
e aos nutrientes do solo, a água é fundamental para que as plantas se desenvolvam bem. A
frequência da rega depende de cada espécie e das necessidades dela, e a melhor forma de
irrigar deve ser avaliada conforme a estrutura do local.
4 – Poda dos galhos e folhas
A poda ou desbaste serve para tirar da planta as partes que não estão saudáveis e podem
prejudicar o seu crescimento. Galhos doentes e folhas secas devem ser retirados para que os
nutrientes sejam aproveitados apenas pelas partes saudáveis. Além disso, a poda também é
utilizada para que o cultivo cresça de forma ordenada e para mudar a estética de espécies em
que isso é importante.
5 – Desbrota dos brotos
A desbrota tem um objetivo semelhante ao da poda: trata-se da retirada dos brotos que não
são saudáveis para que aqueles que estão com boa saúde possam se desenvolver melhor, tendo
uma boa nutrição. Esse trato cultural deve ser feito sempre que brotos doentes forem
observados, a fim de que eles não comprometam a produção.
6 – Amontoa do solo
Esse trato cultural consiste em amontoar a terra mais perto dos caules das plantas para formar
uma grande camada perto da base. Isso ajuda a promover um desenvolvimento melhor das
raízes e dos tubérculos, em espécies como a batata, já que eles ficam menos expostos à luz
solar que, em grande quantidade, pode ser prejudicial.
7 – Penteamento das ramas
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Em culturas que produzem ramas, como o pepino, a técnica do penteamento é outro trato
cultural interessante. Nesse caso, as ramas são afastadas das faixas do terreno, sendo
conduzidas, em geral, para a parte de cima da planta. Essa prática facilita processos como as
capinas e pulverizações, além de evitar que os frutos apodreçam ou acabem sendo danificados
mecanicamente.
8 – Rotação de culturas
Outra técnica eficiente é a rotação de culturas, que já foi assunto aqui do blog. Ela é
caracterizada pela alternância de espécies diferentes em uma mesma área de forma planejada,
ordenada e regular. Esse método pode trazer diversos benefícios, como maior produtividade e
qualidade dos frutos, melhorias no solo e diversidade na produção.
9 – Escoramento dos pés
O escoramento é fundamental em culturas como a banana, em que o peso do cacho ou as
condições climáticas podem fazer com que o pé tombe, prejudicando a colheita. Ele pode ser
feito utilizando varas de bambu para escorar e fitas de polipropileno específicas para essa
finalidade. Com isso, as perdas causadas pelo vento ou pelo peso do fruto são muito menores.
10 – Polinização manual
A polinização é uma tarefa das abelhas, mas para que algumas espécies produzam ainda
melhor, ela também pode ser feita manualmente pelos produtores. Nesta técnica, retira-se o
pólen de uma flor e transfere-o para outra com os dedos ou com dedeiras específicas para a
prática. O método é utilizado principalmente nos maracujazeiros.

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VIABILIDADE ECONÔMICA
Atualmente, falando em números, cerca de 90% de todo o cacau brasileiro é exportado,
gerando divisas para o país. No período 1975/1980, o cacau gerou 3 bilhões 618 milhões de
dólares.
Arranjos de cacau a pleno sol, tanto sequeiro como irrigado, também apresentam bom retorno
financeiro, com TIR de 16% para sequeiro e 15% para irrigado e renda para o produtor de R$
10.500 e R$ 14.300 por hectare ao ano, respectivamente.
O Brasil é 5° produtor de cacau do mundo, ao lado da Costa do Marfim, Gana, Nigéria e
Camarões. Além da produção de chocolate, um produto apreciado em todo o mundo, a
semente de cacau é utilizada, por exemplo, para produzir cacau em pó e manteiga de cacau.
Essa última é utilizada não só para a alimentação, mas também na indústria farmacêutica e na
fabricação de cosméticos.

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FORMAÇÃO DE FRUTOS
O cacau é obtido a partir das sementes de uma árvore de pequeno porte (4-8 metros de altura)
nativa da América Central (México) e da zona norte da América do Sul. O nome científico
(Theobroma cacao L.)
O fruto do cacauzeiro, o cacau, é encontrado sustentado por pedúnculos lenhosos, apresenta
cerca de 20 cm, é sulcado e possui uma coloração que varia, dependendo da variedade, do
verde ao roxo e do amarelo ao laranja, à medida que vai amadurecendo.

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MANEJO FITOSSANITÁRIO
 Realização constante de monitoramento para detecção de pragas no plantio;
 Retirada das plantas doentes da plantação;
 Controle químico com produtos registrados no Ministério da Agricultura Pecuária e
Abastecimento;
 Utilização de sementes registradas;
 Utilização de variedades resistentes.

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COLHEITA
A colheita de cacau acontece duas vezes ao ano, a cada cinco ou seis meses. Após colhidos,
os frutos são cortados ao meio cuidadosamente para não danificar as sementes, que estão
presas na polpa e devem ser retiradas uma a uma manualmente. Cada fruto contém entre 20 e
40 sementes (mais ou menos do tamanho de uma amêndoa).
Depois disso, é feita a fermentação: as sementes são colocadas no chão e cobertas sobre
folhas de bananeira ou em caixas de madeira com buracos que permitem que o excesso de
líquido escorra. Esse processo, que pode demorar até 8 dias, tem como objetivo evitar a
germinação e remover os resíduos da polpa que ficam presos na semente. Concluída esta
parte, a cor das sementes muda de bege para roxo e sua acidez é reduzida.
Depois da fermentação, os grãos de cacau ainda estão bastante úmidos. Antes de serem
enviados aos fabricantes de chocolate, os grãos devem passar pelo processo de secagem.
Normalmente, os grãos (também chamados de amêndoas) são espalhados pelo chão e secam
com o calor do sol. Depois de secas, as amêndoas são separadas por tamanho e qualidade –
critérios importantes na hora da venda. Logo, são guardadas em sacos e enviadas aos
fabricantes de chocolate.

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CUSTO E RENDIMENTO DE PRODUÇÃO
CUSTOS
Custo Operacional Efetivo (COE)- O COE é definido como o custo diretamente
relacionado à condução da atividade, ou seja, aqueles custos considerados diretos da lavoura –
mão de obra, hora máquina e insumos agrícolas. Impostos Dois tipos de impostos foram
considerados, um imposto sobre a receita e outro sobre a renda. Para o imposto sobre a
receita, que pode ser representado pelo Funrural, a alíquota utilizada foi de 1,5%. Para o
imposto de renda, levouse em conta as alíquotas de impostos sobre pessoa física, que podem
variar entre 15% e 27,5%. Para as modelagens, foi considerada a alíquota de 15%. Muitos
produtores da região são isentos desse imposto, mas adotando um critério mais conservador
para as análises, optou-se por manter essa alíquota.
Custos Fixos- Para custos fixos, foi considerado o valor de R$ 750 por hectare, incluídos
gastos com energia elétrica, telefonia e um pró-labore por hectare.
Arranjos de cacau a pleno sol, tanto sequeiro como irrigado, também apresentam bom retorno
financeiro, com TIR de 16% para sequeiro e 15% para irrigado e renda para o produtor de R$
10.500 e R$ 14.300 por hectare ao ano, respectivamente.

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ARMAZENAMENTO
O cacau é seco em caixas de madeira, terreiros, paletes ou pátios. Segundo a ICCO, a etapa de
secagem deve reduzir os níveis de umidade de 60% para 7%. Assim como no café, é
importante virar periodicamente as sementes para garantir que sequem uniformemente.
O cacau feito com técnicas rigorosas e armazenado corretamente pode ficar estocado por até
seis meses sem perder integridade e qualidade. Algumas sacarias especiais podem conservar o
produto por tempo superior, o que permite aos produtores negociar o cacau quando o preço
for mais atrativo.
Pode-se armazenar o cacau em sacos de juta, sisal ou materiais semelhantes. Forrados com
plástico (polietileno de baixa densidade/polietileno linear de baixa densidade, poliestireno
orientado ou polipropileno orientado). Esse passo ajuda a evitar os problemas mais comuns
associados ao cacau cru como infestação de insetos, de fungos ou absorção de umidade extra
que pode levá-lo a apodrecer.

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TECNOLOGIA DE SEMENTES
A transformação da semente em matéria prima do chocolate e derivados gera resíduos a cada
etapa do processamento (colheita, fermentação, torrefação, descascamento, moagem e
pulverização). Ressalta-se que apenas 8% do fruto (cotilédones limpos, também chamados de
nibs) é aproveitado para o processamento de derivados do cacau sendo os outros 92%
classificados como resíduos sem destinação comercial efetiva (PEREIRA, 2013).
As tecnologias utilizadas para aumentar o controle do processo, como por exemplo na
fermentação, quando os sabores e aromas começam a ser formados. Isolar as sementes em
barris plásticos, totalmente vedados, é uma técnica capaz de controlar amargor, adstringência
e acidez, defeitos presentes em grande parte das amêndoas, e é um dos exemplos trazidos na
matéria.

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RESÍDUOS, RECICLAGEM E POLUIÇÃO
A casca do fruto é o primeiro resíduo gerado, proveniente da colheita e abertura para retirada
das sementes. Esse constituinte corresponde a 80% do fruto e geralmente é descartado
diretamente no solo (PINHEIRO; SILVA, 2017; VÁSQUEZ et al., 2019). Na fase pós
colheita, as sementes passam por processo de fermentação e o excesso de suco, que é o
resultado da degradação da polpa por ação de microrganismos e bactérias, é drenado através
de fissuras nas caixas de fermentação (VÁSQUEZ et al., 2019). O volume desse resíduo está
entre 100 e 150 litros por tonelada de amêndoa, sendo, também, descartado. Por fim, já nas
indústrias moageiras, é gerado o terceiro e último resíduo proveniente do peneiramento das
sementes para obtenção do lícor (matéria prima do chocolate), e corresponde ao tegumento ou
testa da semente (TAC) (SILVA et al., 2015b). Essa biomassa residual geralmente é
descartada ou vendida como cobertura agrícola. De acordo com Silva et al. (2015), uma
tonelada de amêndoa com 7% de umidade pode gerar de 80 a 120 kg de TAC após o
processamento. Segundo o IBGE (2020), a produção do cacau em amêndoa na safra de 2019
foi de 252.540 toneladas com expectativa de crescimento para os próximos anos. Tendo como
base esses dados, é possível estimar que a geração de TAC no ano de 2019 foi em média de
25.254 toneladas. O descarte inadequado desses resíduos pode gerar sérios problemas ao
ambiente, à saúde pública e às colheitas futuras. Dentre estes problemas, pode-se destacar a
criação de reservatório de patógenos indesejáveis de fungos como o Moniliophthora
perniciosa (fungo da vassoura de bruxa) que podem se espalhar rapidamente na colheita;
contaminação do solo com alto risco de infestação de pragas; e contaminação das vias
aquáticas como lençóis freáticos e cursos d’água diversos (VÁSQUEZ et al., 2019). Dessa
forma, a destinação correta ou a utilização da biomassa residual do cacau é de suma
importância para garantir a qualidade sanitária e ambiental do ambiente. Embora o uso dessa
biomassa tenha sido apenas ligeiramente estudada, alguns trabalhos já mostram a
potencialidade desses resíduos, tratados por bioconversão ou extração, para obtenção de
biocompostos ou moléculas de valor agregados. Os compostos da casca do cacau podem ser
empregados para eliminação antiviral, antibacteriana e radical (SAKAGAMI et al., 2008);
como fertilizante potássico (SODRÉ et al., 2012); como pectina altamente acetilada na forma
gel (VRIESMANN; AMBONI; PETKOWICZ, 2011); como ativador e potencial antioxidante
(ABDUL KARIM et al., 2014; YAPO et al., 2013); dentre outros. Já os compostos do
tegumento da amêndoa podem ser utilizados na alimentação animal (ARLORIO et al., 2001);
como potencial antimicrobiano (BADIYANI et al., 2013); como descontaminante ambiental
(FIORESI et al., 2017); dentre outros. Por fim, o suco da polpa de cacau pode ser uma fonte
alternativa de pectina comercial semelhante àquelas extraídas de maçãs e limões
(ADOMAKO, 1972) e pode produzir bebidas alcoólicas com níveis padrão de compostos
voláteis (ou seja, álcoois, ésteres e aldeídos mais altos), baixa concentração de metanol e alta
aceitabilidade em relação ao aroma e aceitabilidade geral em comparação com outros vinhos
de frutas (TAKRAMA et al., 2015); no entanto, mais estudos são necessários para aceitação
do valor comercial desse subproduto.
Ressalta-se que, para que estas utilizações sejam realizadas, necessita-se de um pré-
processamento dos resíduos para obtenção das matérias primas (moléculas e biocomponentes
extraídos). Porém, a utilização dos resíduos agrícolas em geral, já estudados para produção de
compósitos, de forma in natura, mostra a possibilidade de os resíduos da indústria cacaueira
(como a casca e o tegumento) também serem aproveitados para esse fim.
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CONCLUSÃO

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