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18/07/2020 Cacau

CARACTERÍSTICAS GERAIS DO CACAU

O cacaueiro é uma planta estimulante,


tropical, pertencente a família das
Esterculiáceas, encontrada em seu
habitat, nas Américas, tanto nas terras
baixas, dentro dos bosques escuros e
úmidos sob a proteção de grandes
árvores, como em florestas menos
exuberantes e relativamente menos úmidas, em altitudes variáveis, entre 0 e 1.000 m do
nível do mar. Do fruto do cacaueiro se extraem sementes que, após sofrerem fermentação,
transformam-se em amêndoas, das quais são produzidos o cacau em pó e a manteiga de
cacau. Em fase posterior do processamento, obtém-se o chocolate, produto alimentício de
alto valor energético. Envolvendo as sementes, encontra-se grande volume de polpa
mucilaginosa, branca e açucarada, com a qual se produzem sucos, refrescos e geleias. Da
casca extrai-se a pectina, que após simples processamento mecânico, se transformam em
ração animal, ou ainda, por transformações biológicas, pode ser usada como fertilizante
orgânico.

Cultivares

Clones

Selecionados em regiões cacaueiras do Estado da Bahia, introduzidos de outras regiões


cacaueiras, nacionais ou estrangeiras, adaptados às condições de solo e clima baianos.

Híbridos

Provenientes de cruzamentos interclonais entre cacaueiros dos grupos Amazônico e


Trinitário.

Clima

Latitude entre 22° N e 22° S. Adapta-se bem regiões com temperaturas médias superiores
a 21°C. Tolera por curto espaço de tempo, temperaturas mínimas próximas a 7°C, durante
os meses mais frios do ano, porém pode ocorrer injúria nas sementes, resultando em um
produto final de qualidade inferior. Exige precipitações pluviométricas superiores a 1.300
mm anuais, bem distribuídos ao longo do ano, como na região litorânea e Vale do Ribeira e
grande parte do planalto paulista. Regiões com deficiência hídrica superior a 100 mm
anuais não são indicadas à exploração econômica da cacauicultura.

Solos

Devem ser profundos e bem drenados. Na região litorânea, os mais indicados são os
latossolos vermelho-escuro, o prodizólico vermelho-amarelado e solos aluviais de boa
fertilidade natural. No planalto paulista, os prodizolizados de Lins e Marília var. Marília, e os
latossolos roxos.

Época de plantio

Sementes em viveiro - setembro a abril.


Mudas no campo - praticamente o ano todo, na região litorânea e vale do Ribeira. No
planalto paulista, de outubro a março.

Espaçamentos

Diversos, em função da fertilidade do solo e dos objetivos da exploração econômica,


podendo variar entre 1.000 a 2.000 plantas/hectare.

Controle da erosão

Plantio em nível, nas encostas.

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Mudas necessárias

Entre 1.000 e 2.000, em função dos espaçamentos adotados.

Calagem

De acordo com a análise de solo, elevar o índice de saturação por bases para 50%.

Adubação de plantio

60 dias antes do plantio, incorporar por cova, 2 a 4 litros de esterco de galinha ou 10 a 20


litros de esterco de curral curtido, 1 Kg de calcário dolomítico ou magnesiano, 100 g de
P2O5, 02 a 60 Kg/ha de K2O e até 4 Kg/ha de Zn. Acrescentar, em cobertura, 4 aplicações
de 10 g de N/planta, de dois em dois meses.

Adubação de formação

Aplicar em cobertura ao redor das plantas, em três parcelas no período das chuvas, de
acordo com a idade das plantas e a análise de P e K no solo em gramas por planta: no 1º
ano,40 g de N, 20 a 60 g de P2O5 e 20 a 60 g de K2O; no 2º ano, 80 g de N, 30 a 90 g de
P2O5 e 30 a 90 g de K2O; no 3º ano, 120 g de N, 40 a 120 g de P2O5 e 40 a 120 g de
K2O.

Adubação de produção

Aplicar de acordo com a análise de solo, 50 Kg/ha de N, 30 a 90 Kg/ha de P2O5, 20 a 60


Kg/ha de K2O e até 4 Kg/ha de Zn, parcelados em três vezes, e aplicados em cobertura,
nos meses de outubro, dezembro e março.

Outros tratos culturais

Roçadas, para manter a cultura limpa; desbrotas, para eliminar ramos ladrões; podas, para
dar forma a planta e facilitar os tratos culturais e as colheitas.

Arborização

Em matas virgens, proceder ao raleamento parcial da área deixando as espécies arbóreas


desejáveis para apropriar 40% de sombra à plantação. Em terrenos desbravados, arborear
com as seguintes espécies de utilização temporária própria como bananeira-prata,
bananeira-nanicão, Thephrosia candida DC ou Leucaena glauca Benth., em associação com
as espécies permanentes, com farinha-seca (Ptecellobium edwallii), para sombreamento, e
Grevillea robusta A. Cunn. ou jaqueira (Artocarpus integrifolia L. f. Moraceae) para quebra
vento.

Controle de pragas e doenças

Efetuar controle sistemático às formigas quenquém e saúva, com produtos específicos. No


controle a outros insetos, principalmente tripes, vaquinhas, percevejos e lagartas,
empregar deltamethrin, malathion, trichlorfon ou carbaryl. Controle preventivo das
doenças fúngicas: podridão-parda (Phytophthora spp.) - acefato de trifenil estanho,
hidróxido de trifenil e estanho e fungicidas cúpricos; podridão-morena (Botryodiplodina
theobromae) - fungicidas cúpricos; e antracnose (Colletotrichum gloeosporioides) -
mancozeb e cúpricos.

Colheita

Inicia-se a partir do 2º ano. Do 2º ao 4º ano, os frutos podem ser colhidos praticamente


durante o ano todo. A partir do 5º ano, as colheitas são feitas em dois períodos: safra
(novembro a fevereiro) e temporão (abril a agosto).

Produtividade normal

A partir do 7º ano, 1.200 a 1.500 Kg/ha

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FATORES QUE AFETAM O FLORESCIMENTO E FRUTIFICAÇÃO DO CACAUEIRO,


CLASSIFICADOS QUANTO AO NÍVEL DE INFLUÊNCIA EM: SIM (S), NÃO (N) E
(S/N)

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Para determinar os fatores que influenciam no florescimento e frutificação do cacaueiro foi


utilizado o seguinte roteiro orientador.

NOVAS VARIEDADES CLONAIS RESISTENTES À VASSOURA–DE–BRUXA

Estratégia de obtenção

Deste a constatação da ocorrência da vassoura-de-bruxa na Bahia em 1989, o programa


de melhoramento de cacaueiro do Centro de Pesquisa do Cacau (CEPEC) tem direcionado
suas ações para o desenvolvimento e seleção de variedade semanais e clonais com
resistência a esta enfermidade.

Duas estratégias foram adotadas, a saber:


1. Seleção em fazendas: Considerando a potencialidade das plantações comerciais de
cacau para identificar e selecionar cacaueiros residentes á vassoura-de-bruxa, um
programa de prospecção em áreas altamente infectadas de cacau foi implantado com
bastante sucesso. Esta ação resultou na identificação de inúmeras plantas resistentes á
doença, a série VB, as quais encontram-se reunidas em coleções no CEPEC para avaliações
complementares. Muitas das plantas selecionadas que apresentam características
agronômicas superiores foram, também, distribuídas entre produtores. Como uma forma
extra de acompanhamento e avaliação. Esta parceria possibilitou a validação dos seus
atributos resultando na recomendação para o plantio de algumas dessas seleções;

2. Melhoramento de população: Paralelamente, populações de cacaueiros foram


geradas com os objetivos de: a) busca associação e acumulação de genes relacionados á
resistência a vassoura-de-bruxa identificados em fontes distintas, b) ampliar a base
genética da resistência, c) promover maior diversidade genética, d) melhorar caracteres de

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frutos e sementes (físicos e de qualidade), e de produção e compatibilidade sexual. Muitas


das plantas resistentes que têm sido selecionadas dentro dessas populações são
autocompatíveis e reúnem, sobretudo, características agronômicas desejáveis. Ademais,
são clones derivados de cruzamento entre parentais com boa capacidade geral de
combinação e que irão proporcionar não somente diversidade genética em termos de
resistência a vassoura-de-bruxa, como também, uma fonte de pólen compatível com todos
os outros clones em uso no processo de renovação. São nessas qualidades genético –
agronômicas que a CEPLAC se respalda para recomendação e liberação dos novos clones
para acelerar o processo de renovação em andamento no estado da Bahia.

Clones Recomendados

Os 10 clones ora recomendados somam-se aos 10 já liberados. Desses, seis procedem de


seleções feitas em plantações comerciais e quatro são oriundos de seleções dentro das
populações desenvolvidas experimentalmente. Estes clones deverão integra-se à serie
CEPEC, com as denominações de CEPEC 2002 a CEPEC 2011. As relações de
compatibilidade e características básicas dos clones da série CEPEC estão apresentadas
respectivamente nos quadros 1 e 2 e nas figuras 1 a 10.

Política de Distribuição

Estes clones foram todos repassados ao Instituto Biofábrica de Cacau para multiplicação e
distribuição de propágulos e mudas. Dada a limitada disponibilidade inicial de propágulos,
torna-se estratégico que seja fornecido aos produtores um número reduzido de hastes de
cada um dos clones, porém suficiente para o estabelecimento de jardins clonais nas suas
fazendas. Isso garantirá uma multiplicação inicial mais ampla e eficaz.

Uso adequado de clones

Para maiores esclarecimentos e orientações em relação ao melhor material, alguns


aspectos devem ser informados. Por exemplo, se recomenda que o clone CEPEC 2010 seja
plantado em locais de alta precipitação pluviométrica e com boa distribuição durante o ano,
já que o tamanho médio da semente naturalmente pequeno, pode sofrer redução em
condições de deficiência hídrica. Em relação á resistência a podridão-parda, tem-se
observado que alguns destes clones apresentam reações de susceptibilidade (S),
especialmente a Phytophtora citrophtora, uma das espécies de fungo mais agressiva
(Quadro 2). Por segurança, recomenda-se, que os clones listados susceptíveis não sejam
utilizados em locais propícios á proliferação de fungo, ou seja, com muita umidade e
sombra como boqueirões ou proximidades de riachos.

Os clones CEPEC 2002 a 2007 são todos autocompatíveis, podendo, assim, também
fertilizar qualquer outro clone. Mesclados com outros clones podem melhorar ao nível geral
de frutificação e reduzir sensivelmente os efeitos da incompatibilidade sobre a produção.
Foi verificada também segregação para cor branca nas sementes do CEPEC 2005.

As novas siglas dos cincos clones selecionados em plantações comerciais e suas


correspondências anteriores são: CEPEC 2002 (VB-1151), CEPEC 2007 (VB-681), CEPEC
2008 (VB-547), CEPEC 2009 (VB-663), CEPC 2010 (VB-514), CEPEC 2011 (VB-892).

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Quadro 1. Relação de compatibilidade dos clones da série CEPEC

Quadro 2. Características gerais dos clones

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A DOENÇA VASSOURA-DE-BRUXA (VB)

Acima: MULTIPLICAÇÃO: (BASIDIOCARPOS) EM FRUTOS MUMIFICADOS

A doença vassoura-de-bruxa do cacaueiro, (doravante denominada VB), causada pelo


fungo Crinipellis perniciosa, infecta as regiões meristemáticas da planta, principalmente
frutos novos, lançamentos e almofadas florais, ocasionando queda acentuada na produção,
dano nas almofadas florais e enfraquecimento geral da planta.

Atualmente, a doença constitui-se no maior problema fitopatológico das regiões produtoras


de cacau do Continente Americano, atingindo, no Brasil, os cacauais da Amazônia (Pará,
Rondônia, Amazonas, Mato Grosso e Acre) e especialmente os do estado da Bahia. A
enfermidade foi detectada no sul da Bahia e hoje se encontra espalhada em toda área de
cultivo.

Passada a fase inicial e, após um período que pode variar de 3 a 9 semanas,


aparentemente, ocorre a dicariotização do micélio fúngico e a formação de um micélio
secundário, dicariótico e fibulado, com hifas mais estreitas que invadem as células dos
tecidos do hospedeiro onde se encontram, culminando com a morte dos ramos (das antigas
vassoura verde). As vassouras, agora necróticas, de coloração amarronzada, podem
permanecer presas à planta ou podem se destacar e cair no solo. O micélio presente
nessas vassouras produz então basidiomas onde são, por sua vez, gerados os
basidiósporos, fechando o ciclo de vida do fungo.

O PROJETO GENOMA DE CRINIPELLIS PERNICIOSA, FUNGO CAUSADOR DA VB

Atividades

O projeto integra três tipos de atividades, esquematizadas na figura 1: (1) geração e


análise de seqüências; (2) armazenamento e gerenciamento de dados; (3) utilização de
dados e geração de soluções.

Geração de dados

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Coordenação de DNA: Responsável por construir e distribuir o material a ser seqüenciado


e por coordenar e harmonizar o trabalho dos demais grupos. Laboratórios de
Seqüenciamento: Responsáveis por gerar seqüências em número e qualidade a serem
definidas no início do projeto.
Chips de DNA. A partir das seqüências obtidas, serão produzidos chips de DNA com
hibridização a ser feita a partir dos mRNAs das diversas fases do fungo. Os chips serão
construídos e analisados na UNICAMP. O mRNA deverá ser obtido a partir dos laboratórios
da CEPLAC e da UESC, que detêm o conhecimento do organismo e desenvolveram
metodologia para crescimento do fungo em laboratório.

Instituições Participantes – Atividades.

Em relação à pesquisa básica os seguintes temas estão sendo desenvolvidos para a


compreensão de C. perniciosa: (i) análise da mitocôndria; (ii) análise da expressão de
genes em diferentes fases via chips de DNA; (iii) análise de proteínas de superfície; (iv)
análise do ciclo sexual; (v) mapeamento molecular dos cromossomos; (vi) análise de
variabilidade genética entre cepas e (vii) biótipos e transformação genética do fungo.

PROPAGAÇÃO DO CACAUEIRO

Acima mudas propagadas por estaquia em biofábrica. Uruçuca BA.

O cacaueiro pode ser propagado tanto por via sexual quanto por via vegetativa. Na
propagação vegetativa, podem ser utilizados métodos rotineiros como enxertia de brotos
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por garfagem, borbulhia ou estaquia. Esse último método vem sendo utilizado no estado da
Bahia para produção de mudas em larga escala no modelo de Biofábrica.

MELHORAMENTO GENÉTICO DO CACAUEIRO

Introdução

O melhoramento genético do cacaueiro historicamente começou em Trinidad. Sendo


considerado, como o bem mais sucedido do mundo. A base dos trabalhos de melhoramento
foram as expedições botânicas a região de origem nos anos de 1933 e 1938. Nos materiais
encontrados eram selecionados aqueles que possuíssem: (i) amêndoas secas pesando
próximo de 1,07 gramas ou 93 amêndoas por 100 gramas e (ii) conteúdo médio de
gordura e casca respectivamente 55% e 11%.

Dentre as características de cultivar selecionado destacava-se ainda a tolerância ou


resistência a pragas de importância regional além de ampla adaptabilidade local. Os
trabalhos para controle da doença vassoura-de-bruxa no Equador e em Trinidad na década
de 40, tiveram como partida o emprego do clone resistente SCA 6, em cruzamentos com
trinitários para incremento do tamanho das sementes.

ANTES DA CHEGADA DA VASSOURA-DE-BRUXA

Para se entender a essência dos trabalhos de melhoramento feitos pela CEPLAC, faz-se
necessário dividi-los em dois períodos que são; antes e depois da chegada a Bahia do
fungo Crinipellis perniciosa causador da doença conhecida como vassoura-de-bruxa.

Até a década de 70 os principais problemas agronômicos que estimularam a pesquisa no


Brasil, via melhoramento foram: (i) auto-incompatibilidade; (ii) aspectos qualitativos físico-
químicos relacionados com a amêndoa do cacau; (iii) tamanho dos frutos; (iv)
uniformidade das árvores; (v) produtividade e resistência a pragas e doenças.

Os trabalhos desenvolvidos pela CEPLAC resultaram em diferentes produtos híbridos. A


estratégia era pautada em cruzamento entre indivíduos selecionados que em campo
apresentassem as seguintes características:

· Precocidade
· Qualidades organolépticas (teor de gordura, cheiro, sabor)
· Peso da amêndoa seca acima de 1,2g
· Produção com 1 a 2 anos de antecedência
· Longevidade
· Variabilidade
· Vigor híbrido (heterose)
· Resistência às pragas e doenças

O fato da cor das amêndoas do cacau catongo tornar-se pigmentada (tomar a coloração
violácea) quando seus óvulos são fecundados pelo pólen de outras variedades, além da boa
produtividade deste material fez com que nos cruzamentos do passado, esta variedade
fosse utilizada como receptora de pólen, dando-lhe valor prático na hibridação.
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A iniciativa de recomendar mistura de híbridos e não híbridos isolados foi tomada pela
CEPLAC coma base no fato de que a heterogeneidade de uma população ser benéfico para
manter as lavouras com menor nível de infecção de doenças fúngicas em especial a
podridão parda Phythophtora spp. Além de assegurar redução dos efeitos negativos da
incompatibilidade sobre a produção de frutos.

TRABALHOS DA DÉCADA DE 90 E DO INÍCIO DO SÉCULO XXI

Com a introdução da VB na região sul da Bahia, os trabalhos de melhoramento voltaram-se


quase que exclusivamente para encontrar fontes de resistência ao fungo, assim o produtor
de cacau passou a ter três opções quanto ao uso de material genético: A primeira foi o uso
de variedades clonais selecionadas pela CEPLAC, a segunda foi à utilização de propágulos
obtidos da variedade Theobahia ou sementes desses materiais, e a terceira opção foi à
seleção de cacaueiros resistentes na própria fazenda ou em áreas vizinhas.

Muitos esforços têm sido envidados pelos governos Federal, através da CEPLAC, e
Estadual, através da Secretária Agricultura do estado da Bahia e da Universidade Estadual
de Santa Cruz - UESC, para controlar a doença. Em um curto espaço de tempo, uma série
de novas tecnologias e processos foram lançados. Cita-se, por exemplo, (i) cultivares
clonais resistentes; (ii) tecnologias da enxertia; (iii) enraizamento de estacas e; (iv) poda
fitossanitária associadas com fungicidas, inclusive biofungicidas. Essas tecnologias que
permitem conviver com a doença estão todas no campo e foram aprovadas pelos
agricultores.

A variedade theobahia (variedade seminal de tolerância ao fungo) em ensaios de avaliação


mostrou-se bastante produtiva chegando a apresentar produtividades de até 100@ ha-1.

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No entanto, essa variedade é muito susceptível a doença conhecida como mal do facão
causada pelo fungo Cerotocistii fimbiata, que provoca obstrução de vasos, secamento de
folhas e morte das plantas fazendo com que o plantio não mais fosse recomendado.

Os primeiros trabalhos buscando plantas resistentes na região amazônica foram realizados


por Stell (1933) e Pound (1938) que resultaram na seleção de duas plantas
comprovadamente livres de infecção que foram denominadas de SCA “Scavina” 6 e 12.
Como já citado essas plantas foram as bases genéticas do melhoramento realizado no
Equador e Trinidad onde a doença chegou na década de 30.

A ocorrência de plantas tolerantes nas propriedades agrícolas resulta das combinações


híbridas distribuídas pela CEPLAC no passado que tiveram participação da “família
Scavina”. Assim, os produtores puderam encontrar em suas propriedades, diferentes
materiais com bom e às vezes ótimos graus de tolerância que recebem o nome popular de
clone VB. A seleção das plantas para tolerância a VB é baseada em dois pressupostos que
são: produtividade e tolerância à doença e podem ser resumidos nas tabelas 1 e 2.

. Principais características de um clone VB selecionado na propriedade.


1. Número de vassouras vegetativas à(máximo de 10 /ano)2. Número de vassouras de
almofada à(de preferência ausente)
3. Observar o tamanho das vassouras vegetativas à (evitar as grandes)
4. O sabor adocicado da polpa, geralmente indica algum parentesco com o SCA
5. Na procura das novas plantas considerar:
· Procurar plantas de porte pequeno a médio, evitar as plantas grandes.
· Evitar plantas de copas excessivamente vigorosas

. Observações de campo para escolha de um Clone VB


1. Número de frutos por planta: de 50 a 80
2. Número de sementes por fruto: > 40 sementes
3. Peso de uma semente seca: 1,0 a 1,2 g
4. Tamanho do fruto: médio a grande
5. Espessura da casca: quanto mais fina melhor
6. Avaliação da incompatibilidade sexual (uso de polinização artificial).

Marcadores moleculares como ferramenta do programa de melhoramento foram utilizados


no Centro de Pesquisa do Cacau CEPEC, Unidade da CEPLAC. Os marcadores moleculares
poderão simplificar de maneira expressiva diversos procedimentos envolvidos no
desenvolvimento de novos cultivares. Dentre os quais destacaram como vantagem (i)
seleção de plantas jovens; (ii) uso intensivo de casa de vegetação e laboratório; (iii) não
influência ambiental nos resultados.

As técnicas moleculares como RAPD, RFLPs e AFLP, constituem, no momento, as melhores


opções para utilização em cacau. Até o momento as técnicas moleculares permitiram
identificar plantas descendentes de Scavina que podem representar novas fontes de
tolerância.

Fonte: CEPEC/CEPLAC

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