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SOUZA, C.A.S.; DIAS, L.A.S.; AGUILAR, M.A.G.

Capítulo 1 – Importância Econômica e Social,


In: SOUZA, C.A.S.; DIAS, L.A.S.; AGUILAR, M.A.G.; BOREM, A. Cacau: Do Plantio a Colheita,
Viçosa: Editora UFV, 2016, p. 9 – 40.
*Introdução
+ O cacaueiro (Theobroma cacao L.), família Malvácea, é uma fruteira arbórea,
perene, típica de clima tropical e nativa da região de floresta úmida da América, onde
vegeta no sub-bosque.
- Encontrado nas altitudes de 0 a 1000 metros acima do nível do mar.

Figura 1 – Formação do “sistema cabruca”: mata nativa (a); retirada das matas primárias e
secundárias (b); plantio de cacau e formação da cabruca. Fonte: O autor.

+ A semente seca de seus frutos é matéria-prima básica para a fabricação do


chocolate, confeitos variados, manteiga de cacau, produtos para a indústria farmacêutica e
de cosméticos.
+ A casca do fruto, composta por exocarpo, mesocarpo e endocarpo, representa
aproximadamente 80% do fruto e é usada como adubo na plantação.
+ Flavonoides classe de polifenois presentes no cacau em maiores teores do que no
vinho e no chá.

*Utilização das Sementes do Fruto e Caracterização do Cultivo


+ Do fruto, a parte que possui maior importância econômica são as sementes que,
após passarem pelo processo de fermentação e secagem, transformam-se em sementes
secas, das quais é produzido o líquor ou massa de cacau que, ao ser submetido ao processo
de prensagem, resulta no pó de cacau e na manteiga. Para se obter o chocolate, os
elementos básicos são o líquor ou massa de cacau, açúcar, leite, leite em pó, lecitina de soja
e estabilizantes, resultando em um produto de alto valor energético.
Figura 2 - Cadeia agroindustrial do cacau. Fonte: Souza, Dias & Aguilar (2016).

+ Commodity com preço formado nas bolsas de Londres e Nova Iorque.


- Forte influência de especulação.
+ Grande quantidade de produtores parcamente organizados, pequena de
compradores extremamente organizados (oligopsônio).
+ No processamento das sementes secas atuam apenas cinco grandes empresas que,
juntas perfazem 94% do mercado, fazendo com que haja forte interdependência, entre as
firmas compradoras.
- O aumento de produção nos últimos anos se deu pela implantação de novas
áreas.
*Origem e Importância Histórica
+ Conhecida e apreciada pelos nativos americanos, principalmente Maias e Astecas.
*Chocolate e Saúde
+ Flavonoides
+ Energético
+ seratonina
*A Cacauicultura no Mundo
+ Cacaueiro exige o solo bem profundo e clima quente e úmido, sem período de
estiagem prolongado.
+ Zonas produtoras ao redor do mundo estão entre a latitude de 20° de latitude
norte e sul do Equador, mas a maior concentração está entre as latitudes de 10° norte/sul.
- Alguns plantios na latitude 23° (São Paulo).
+ Base geográfica atual da produção de cacau no mundo compreende três áreas: a
costa Oeste da África, a maior delas, destacando-se Costa do Marfim, Gana, Nigéria e
Camarões; a América com ênfase para o Brasil e Equador; e a Ásia, liderada pela Indonésia e
Malásia, embora a Malásia tenha declinado significativamente a sua produção.
- Importância da migração rural e descontinuidade familiar.
+ Brasil 5ª posição em 2013/2014.
- Brasil apresenta maior banco de germoplasma, condições edafoclimáticas
propícias, disponibilidade de área para ampliação de cultivo, possibilidade de aumento de
produtividade, melhor estrutura física, bons especialistas, as principais processadoras
mundiais de cacau instaladas no país, mercado consumidor significativo e crescente, e
economia mais estável em relação aos demais concorrentes.
+ Tal fato mostra que o cacaueiro é produzido nas regiões tropicais e pobres, onde a
grande disponibilidade de mão-de-obra, e consumido nas regiões temperadas e ricas do
planeta.
+ Moagem  realizada principalmente na Europa.
+ Forte especulação influenciando o preço.
*Maiores Importadores e Consumidores
+ Consumidores: Estados Unidos, Alemanha, Reino Unido e Brasil.
*A cacauicultura no Brasil
+ Principais estados produtores
- Blá, blá, blá cabruca.
- Estados por produção, 2013: Bahia, Pará, Rondônia, Espírito Santo,
Amazonas, Mato Grosso.
- PA: FUNCACAU
- Instrução Normativa nº 007/2012, do Instituto de Defesa Agropecuário e
Florestal-IDAF.
+ Perspectivas
- O investimento na produção de cacau torna-se um negócio muito atrativo,
ao se analisar a situação atual. O aumento do consumo mundial de chocolate,
princiaplamente após as revelações de suas características nutracêuticas e também devido
ao aumento de consumo notadamente nos países emergentes, cria uma demanda a ser
atendida. Somado a esses fatores citam-se:
● um crescente gosto asiático (aumento do consumo) para produtos
de chocolate, como bebidas e sorvetes com base no cacau em pó;
● reversão, para baixo, dos estoque de manteiga de cacau.
- Sugestões de Mendes et al. (2013):
● comercializar coletivamente, incluindo pequenos grupos de
produtores;
● tentar modalidades de comercialização alternativas;
● evitar a comercialização antecipada, isto é, quando a produção
ainda está no período de floração da planta;
● investir em tratos culturais que repercurtem na maior
produtividade;
● apostar na condução familiar do negócio (diminuir ou eliminar o
meeiro, quando possível);
● buscar informações atualizadas quanto ao mercado;
● trabalhar a qualidade do produto; e
● imprimir uma marca da qualidade do produto!

*Os subprodutos
+ Para uma produtividade de 750 kg/ha (50@), é preciso ter 1,8 toneladas de
sementes frescas, proporção de 2,4 de peso fresco para sementes secas.
- 1,8 toneladas de sementes secas equivalem a: 200 L de mel de cacau; 150
kg de geleia; 180 L de vinagre e 250 L de destilado ou, então, se preferir usar a polpa e não
o mel: 300-400 L de polpa; 300-400 L de suco congelado; 600-800 L de néctar e 200-300 L de
geleiado.
*Alternativas para Agregar Valor
+ Selo de Origem
- Agricultura economicamente viável, socialmente justa e ambientalmente
correta.
- Selo de origem de Indicação Geográfica.
+ Inclusão de cacau na política de preços mínimos do governo federal
+Chocolate fino
- Custo de produção de 60 % do bruto.
*Considerações Finais
+ A cadeia produtiva mundial do cacau movimenta anualmente 60 bilhões de
dólares, embora menos de 10% desse valor fique com o cafeicultor.

Questionário

1 – Qual a origem do cacaueiro e como o seu cultivo foi instalado na Bahia?


2 – Que características dominam as regiões produtoras e os produtores de cacau no
mundo?
3 – Qual a situação atual dos produtores de cacau no Brasil e a posição do País no Ranking
de países produtores?
4 – Quais os estados produtores de cacau no Brasil e a posição de cada um como produtor?
5 – Cite algumas características do cacau e cinco empresas processadoras.
6 – Além das sementes secas que outros produtos podem ter origem no cacau?

SOUZA, C.A.S.; DIAS, L.A.S.; AGUILAR, M.A.G. Capítulo 2 – Implantação da cultura, In:
SOUZA, C.A.S.; DIAS, L.A.S.; AGUILAR, M.A.G.; BOREM, A. Cacau: Do Plantio a Colheita,
Viçosa: Editora UFV, 2016, p. 41 – 110.
*Introdução
+ A exploração comercial economicamente viável de um cultivo exige o
planejamento das suas fases, particularmente a sua implantação e formação
- Cacaueiro como cultivo perene.
*Produção de mudas
+ Áreas tradicionais = sementes na cova.
+ Verifica-se com frequência, mudas malformadas e mal-encanteiradas no viveiro,
propiciando a formação de mudas com o sistema radicular defeituoso. Adubação
inadequada do substrato para enchimento de sacolas, falta de espaçamento das mudas no
viveiro e uso indiscriminado de adubações foliares são responsáveis pelo maior crescimento
da parte aérea, em detrimento do sistema radicular, causando problemas à cultura no
campo.
+ Tipos
- Existem quatro tipos de mudas:
● Seminais (sementes);
● clonais (enraizamento de estacas);
● enxertadas que podem ser formadas sobre porta-enxertos, oriundo
de sementes ou de enraizamento de estacas; e
● cultura de tecidos.

- O sucesso na produção de mudas depende da observação dos seguintes


fatores: escolha da área e construção do viveiro, preparo do substrato; recipientes de
plásticos ou de tubetes; semeadura; e espaçamento das sacolas ou tubetes e tratos culturais
no viveiro.
- Escolha da área e construção do viveiro.
● Recomenda-se que seja construído em local de fácil acesso, em
terreno plano ou ligeiramente inclinado, próximo de água e da área a ser implantada. Não
deve estar próximo a áreas de cultivos adultos devido ao risco fitossanitário. E também deve
possuir área para depósito de insumos.
● As dimensões do viveiro dependem diretamente da quantidade de
mudas que se deseja produzir, não se esquecendo de que são necessários espaços de 60 cm
a 1,0 m entre os canteiros ou leiras, para facilitar a realização dos tratos culturais.
X Considera-se que 1 m2 de viveiro comporta 30 mudas depois
de espacejadas. Para o plantio e o replantio de 1 ha são necessárias 1500 mudas (em terno
de 15 % de replantio de 1 ha são necessárias 1500 mudas (em torno de 15% de perdas no
viveiro de 10% para replantio), demandando um viveiro de 50 m2.
X 50 % de sombreamento.
X O reutilizar o viveiro no próximo ano, recomenda-se a
aplicação de calcário(???) a lanço em toda a área, na quantidade de 1 kg m -2, visando
aumentar o pH e eliminar patógenos de solo do ano anterior.
- Preparo do substrato
● Deve ser feito em área própria conforme especificação do MAPA.
● Utilizar solos de horizontes subsuperficiais e de preferencia de áreas
sem a presença de cacau.
● Para cada m3 de substrato para enchimento da sacola recomendam-
se: 600 L de solo muito argiloso peneirado; 200 L de areia lavada; 200 L de esterco bovino
ou composto de casca de cacaueiro bem curtido; 4 kg de superfosfato simples; e 1 kg de
cloreto de potássio. Se o solo tiver textura média, é necessário usar 750 L dele junto com
250 L de esterco bovino ou composto de casca de cacaueiro bem curtido. Supersimples e
cloreto de potássio entram nas proporções mencionadas. Para solo de pH muito ácido,
adicionar 2 kg de calcário dolomítico.
- Produção de mudas em recipientes plásticos ou tubetes
● Para a produção de mudas por sementes, recomendam-se as
sacolas de polietileno ou tubetes com capacidades para 288 cm3 de substrato.
● As sacolas devem ter as seguintes características: cor preta e
dimensões de 15 x 30 x 0,09 cm ou no mínimo 14 x 28 x 0,09. Quando se trata de mudas de
porta-enxertos, tem-se usado as sacolas de 20 x 30 x 0,15 cm ou similar.
● Enchimento dos sacos com garrafas pet ou tubos de PVC.
● Deixar 2 a 3 cm da parte superior sem substrato, utilizar serragem
ou areia para evitar perda d’água e ervas-daninhas.
● As sacolas, depois de cheias, devem ser arrumadas em canteiro
(leiras) de 1 a 1,2 m de largura, a fim de facilitar os tratos culturais e de comprimento
variável inferior a 20 m. A distância ou o corredor entre um canteiro e outro deve ser de 60
cm.
● 1 m3 de substrato é suficiente para encher de 500 a 550 sacolas de
14 x 28 cm e que um trabalhador encha 300 a 400 sacolas e semeie de 4000 a 6000
sementes por dia.
- Mudas por sementes
● Semear com no máximo um dia de fruto colhido.
● Sementes de cacau são recalcitrantes.
X Remoção da mucilagem
● As sementes devem ser colocadas nos saquinhos, com a parte mais
larga para baixo, enterrando-se cerca de 1 a 2 cm no substrato, cobrindo o restante com o
próprio substrato ou areia lavada. Caso não se saiba qual a parte mais larga, deve-se colocar
a semente deitada na superfície do terriço.
● Embebição das sementes
X Deve-se colocar as sementes em balde plásticos com água,
por três a quatro dias, tendo-se o cuidado de trocar a água duas vezes ao dia ou deixar água
corrente. Esse processo favorece o desenvolvimento e a emissão da radícula facilitando o
plantio e o aumento a porcentagem de sobrevivência das plântulas.
X Vantagens:
# Uniformidade das mudas (sementes que não
germinarem em quatro dias serão descartadas.
X A germinação da semente é epígea (os cotilédones são
empurrados para fora do solo) e ocorre em 10 dias, quando 90 a 95% emergem. Os
cotilédones com a testa surgem entre 10 a 15 dias, após a semeadura. O processo de
germinação completa-se aos 25 dias, com temperatura amena (25 °C). Em períodos frios, o
tempo necessário para que essa ocorra pode ser duas vezes maior que o normal.
- Tratos culturais no viveiro
●Consiste na retirada de plantas daninhas, na irrigação e adubação
das mudas no manejo da sombra, nos tratos fitossanitários e no raleamento.
● Apertar manualmente a região mediana do saco de muda para
conferir a umidade do saco.
● Recomendação de adubação foliar (ureia a 0,3%).
● Risco de desequilíbrio entre parte aérea e sistema radicular devido
à aplicação de fertilizante foliar.
● Manejo da sombra: aclimatação, deixar ao menos 20% de sombra.
- Controle de pragas e doenças no viveiro
● Principais-pragas:
X Ácaro-mexicano
# Causa o aparecimento de manchas cloróticas no
limbo foliar, podendo ser controlado com o uso de acaricida ou inseticida/acaricida.
Observa-se, também, um enrugamento das folhas novas da muda associada a manchas
cloróticas.
X Vaquinhas
# Atacam as folhas novas, principalmente nas épocas
de lançamento, causando o rendilhamento delas, podendo ser controladas com uma
aplicação de deltametrina.
X Lagarta-enrola-folha
# Danifica o limbo foliar das folhas novas, rendilhando-
as de forma irregular e a enrolando. O controle pode ser feito com o uso de deltaphos.
● Principais doenças do cacaueiro em viveiros
X Antracnose (Colletotrichum gloeosporioides)
# Ataca normalmente as folhas novas, causando lesões
circulares isoladas no ápice e nas margens do limbo. Seu controle pode ser feito com a
aplicação de dithane M-45 (Mancozeb) a 0,4%, a cada 15 dias. Sob ataque intenso de
antracnose, recomenda-se uma aplicação de Mancozeb a 2%. Essa dosagem só pode ser
usada uma vez.
X Podridão-parda (Phythophtora sp.)
# É caracterizado pelo surgimento de grandes manchas
irregulares nas folhas, apresentando aspecto de queima e, ou murchamento das mudas,
deixando-as aderidas às plantas. Em alguns casos, o coleto é lesionado, ocorrendo a morte
da planta. Tem como controle preventivo, aplicações quinzenais de solução a base de cobre,
a 0,3%. A podridão-parda, conhecida como queima-das-folhas tem sido junto com a
antracnose, a doença mais comum em viveiro. A nutrição das plantas e a umidade das
sacolas estão intimamente relacionadas com o aparecimento dessas doenças.
X Vassoura-de-bruxa (Moniliophtora perniciosa)
# Ocorre em mudas seminais do cacaueiro ‘comum’ e
em mudas feitas de porta-enxertos através de sementes. O controle é a retirada da muda
quando apresenta o sintoma da doença, para ser posteriormente queimada ou enterrada
fora do viveiro. Não deixar, em hipótese alguma, a vassoura seca no viveiro, visando impedir
a formação de basidiocarpos (cogumelos) e a reprodução do fungo.
● Mudas clonais por enraizamento de estacas
X As estacas são hastes vegetativas semilenhosas marrom9-
claro (ramos ortotrópicos e plagiotrópicos) de 10 a 15 centimetros de comprimento. Devem
conter três a cinco gemas (nós), com duas a três folhas reduzidas a 1/3 do tamanho original.
X Adubo de liberação lenta no substrato.
X No ambiente de enraizamento, a temperatura adequada é
entre 25 e 28 °C, com luminosidade de 50% e umidade relativa do ar superior a 90%.
Recomenda-se que as estacas sejam tratadas com auxina na dosagem de 6000 mg kg -1.
Normalmente usa-se AIB (Ácido Indol Butírico) na forma líquida ou de pó.
X De 120 a 150 dias, as mudas estão aptas para o plantio em
campo. Estas deverão apresentar altura uniforme, aspecto vigoroso e sadio, como no
mínimo oito e no máximo14 folhas para a sua comercialização.
X Para mudas de estacas os recipientes podem ser tubetes de
19 x 5 cm, contendo ranhuras internas, para direcionar as raízes, evitando assim o seu
enovelamento ou sacolas de polietileno de 23 x 14 cm.
X As mudas que apresentarem no substrato propágulos das
plantas invasoras tiririca (Cyoperus rotundus L.) e grama seda [Cynodon dactylon (L) Pers.]
devem ser descartadas, pois é proibida sua comercialização.
X Aclimatação deve ser de no mínimo 30 dias.
● Produção de estacas
X Plantas-matrizes de onde serão retiradas as estacas, devem
ser registradas no órgão de fiscalização do MAPA da unidade da federação onde se encontra
o viveiro.
● Mudas por enxertia
X Constituídas por duas variedades: a variedade copa e a
variedade do sistema radicular.
X A variedade copa deve ser do genótipo resistente a
vassoura-de-bruxa, doença causada pelo fungo Moniliophthora perniciosa, e estar
devidamente cadastrada no registro nacional de sementes (RENASEM).
X As variedades recomendadas para porta-enxertos são a TSH-
1188, CEPEC-2002 e Comum Bahia de polinização aberta pois além de apresentarem bom
sistema radicular, são resistentes ao fungo Ceratocystis cacaofunesta causador da doença
mal-do-facão.
X As plantas fornecedoras de material de propagação
(sementes e hastes para enxertia), as quais serão usadas como porta-enxerto e enxerto,
deverão ser formadas por mudas originadas de viveiro inscrito no órgão de fiscalização; ou
material de propagação reservado para uso próprio, porém proveniente de área inscrita no
MAPA.
X Os portas-enxertos podem ser enxertados a partir de 6 mm
de diâmetro medido a 10 cm da superfície do solo.
X Muda comercial deve apresentar no mínimo dois
lançamentos maduros e acima de oito folhas no enxerto, sem sintomas de deficiências
nutricionais, ataque de pragas e doenças e nem má cicatrização da região do enxerto pois,
em muitos casos, o amarrio é retirado precocemente, não permitindo a perfeita soldadura
da região do enxerto.
*Escolha da Área de Plantio
+ Condições climáticas
- Zoneamento agroclimático do cacau: site do mapa.
+ Declividade do terreno
- Declividade superior a 20% = dificuldade na mecanização.
- Declividade até 40% admite tração animal.
- Declividade de 60 a 70% = manejáveis com utilização de operações manuais.
+ Características física e químicas do solo
- Profundidade efetiva
● Aquela até a qual as raízes da planta podem se aprofundar sem
dificuldade e em quantidade suficiente para buscar água e nutriente.
● Falta de impedimento físico até 1 m de profundidade, bem
drenados e sem impedimento físico.
- Compactação
- Pedregosidade
● Desgaste de ferramentas em solos com 5 a 15% de cascalho ou
calhau.
- Textura
● Média a argilosa. Arenosos demandam irrigação.
- Estrutura
- Porosidade
+ Preparo da área
- Amostragem do solo de 0-20, 20-40 e 40-60. 20-40 e 40-60 para aplicação
de gesso.
- Lei Federal nº 11428, de 22 de Dezembro de 2006.
+ Amostragem do solo
+Calagem
- Métodos para determinação da necessidade de calagem
● Neutralização do Al e fornecimento e Ca e Mg
● Método SMP
● Elevação da saturação por bases
X Elevação por bases: maior embasamento teórico???
- Tipos de calcário
● Dois tipos de calcário no mercado: calcítico e dolomítico.
● Relação Ca/Mg menor que 2:1 usar calcítico, maior dolomítico.
● Relação adequada 3:1, 4:1.
- Quantidade de corretivo
● Cultivo em sequeiro V% = 60%; cultivo irrigado = 70%.
-Época e método de aplicação
- Supercalagem
- Gessagem
● Produto pouco solúvel em água (25 g L -1); no entanto é uma boa
fonte de cálcio (17 a 20%) e de enxofre (14 a 17%).

Tabela - Necessidade de gesso (NG) de acordo com o teor de argila do solo da camada de 20
a 40 cm.
Teor de argila Necessidade de gesso (t/ha)
< 15 0,0 a 0,4
15 a 35 0,4 a 0,8
35 a 60 0,8 a 12
> 60 12 a 1,6
Fonte: ALVAREZ V. et al., 1999, com adaptações de SODRÉ; MARROCOS, 2009.

- Balizamento
● No espaçamento 3 x 3 m
● No espaçamento 3,5 x 3,5 m
● No espaçamento 4 x 4 m
● Espaçamento 2,0 x 2,0 x 4 m
● Poda alta de cacaueiros velhos para permitir entrada de luz e
desenvolvimento de cacaueiros novos.
- Plantio
● Cova de 40 x 40 x 40 cm
● 60 dias antes, preparo da cova com calcário e adubo.

Fontes e doses de adubos fosfatados aplicados na cova, de acordo com as faixas de


disponibilidade no solo, usando o extrator Mehlich-1.
Fósforo
Fontes de adubos Faixas de disponibilidade
fosfatados Baixa Média Alta
mg dm-1 de P
<9 9 a 16 17 a 30
g cova-1 de P2O5
40 30 20
g cova-1
Superfosfato triplo 100 70 50
Superfosfato simples 220 170 110
Termofosfato Yorin Mg 220 170 110
SILVA NETO et al., 2001.

Recomendações de fósforo e potássio para a cova de plantio do cacaueiro, segundo Prezotti


et al. (2007).
Teor no solo1
Nutriente Baixo Médio Alto
2
Fósforo 100 70 40
3
Potássio 50 30 00
1 2 -1 3 -1
Extrator Mehlich-1, g cova de P2O5, g cova de K2O.

● Adubação de plantio
X Adubação orgânica
# Aplicar 10 litros de esterco de curral ou três litros de
esterco de aves ou oito quilos de casca de cacaueiro.
X Adubação mineral
# Nitrogênio: se usar adubação orgânica, não há
necessidade de N na cova. Caso não use aplicar 20 g cova-1 de N.
# Calagem: 160 gramas de calcário por cova.
# Micronutrientes: 30 g de FTE BR-8 ou BR-12por cova
equivalente.
# Baixos teores de enxofre no solo aplicar dose mínima
do nutriente em 50 kg ha (300 kg ha-1 de gesso como dose mínima???).
-1

- Plantio do sombreamento provisório e definitivo


● Recomenda-se que nos primeiros estádios de desenvolvimento seja
permitida entrada de luz em torno de 25 a 50%. À medida que os cacaueiros se
desenvolvem deve-se aumentar a quantidade de luz para 70% através do desbaste de
sombreamento provisório.
● Sombreamento provisório
X Bananeira: espaçamento 3 x 3
X Outras espécies que podem ser utilizados como
sombreamento provisório ou mesmo como complemento deste são mandioca, gliricídia,
feijão-guandu e mamona. Estas espécies são plantadas de 1,5 x 1,5, de modo a não fechar
muito a área. A mamona deve sofrer capação (retirada das flores), permitindo assim maior
longevidade vegetativa. O mamão também pode ser utilizado em um espaçamento de 2,5 x
2,5 m ou 3,0 x 3,0 m.
Obs: Como quantificar o sombreamento???
● Sombreamento permanente
X Proporciona condições ambientais mais estáveis no cacaual,
sem oscilações bruscas de temperatura e umidade.
X As recomendadas são seringueira (Hevea brasilienses),
pupunha (Bactris gasipae), cedro australiano (Toona ciliata), freijó (Cordia alliodora),
bandarra (Schyzolobium amazonicum) e Erytrina spp.
X Espaçamento varia com o diâmetro da copa; utilizam-se
comumente 18 x 18, 21 x 21 e 24 x 24 metros.
(Obs: IAF não seria uma variável mais adequada que diâmetro da copa, e o caráter decíduo
da planta?)
*Manejo do cacaueiro
+ Controle de plantas daninhas
- Competição com o cacaueiro em água, luz, nutrientes, CO 2, além de algumas
secretarem substâncias em suas raízes que prejudicam o desenvolvimento do cultivo.
- Daninhas como apaga-fogo (Alternanthera tenella), capim pé-de-galinha
(Eleusine indica), mentrasto (Ageratum conyzoides), caruru (Amaranthus spp), capim-
marmelada (Brachiaria plantaginea), capim-colonião (Panicum maximum Jacq) e picão-
preto (Bidens pilosa L.) encontradas nos cacauais são hospedeiros de nematoides.
- Perda de 11,9 % de produção devido a competição com plantas invasoras.
- Predominância das monocotiledôneas nas espécies de plantas daninhas que
infestam os cacauais. E, dentre essas, há as plantas das famílias Poaceae (gramínea) e
Cyperacea.
- O estádio fenológico das plantas indesejáveis também é muito importante
no seu controle. Até três meses após a limpeza da área, poucas espécies produzem
sementes; entretanto após este período e até cinco meses muitas delas dispersavam suas
sementes.
- Silva et al. (1988) encontraram 41 espécies de gramíneas, pertencentes a 30
gêneros, nos cacauais sul baianos e norte capixabas.
- Sapé (Imperata brasiliensis): roçagem promove maior dispersão devido a
presença de estolões na profundidade de 20 cm do solo.
- Métodos de controle
● Importância do conhecimento da espécie invasora.
● 70% dos custos de formação são de mão de obra.
● Lima et al. (1983): controle químico por meio de herbicidas foi mais
eficiente, seguido da roçagem mecânica, com motoroçadeira e, por último, da roçagem
manual, e por último, roçagem manual.
● Vários são os métodos de controle de plantas daninhas e, entre
esses, estão: controle preventivo, cultural, físico, mecânico, biológico e químico.
X Controle preventivo
# Definido através da legislação de sementes e mudas e
estabelece limites de tolerância para sementes de espécies proibidas para cada cultura.
# Risco do trânsito de materiais botânicos.
X Controle cultural
# O controle cultural das plantas daninhas no cacaual é
realizado com o uso de práticas comuns ao manejo do solo, da água e dos sombreamentos
provisórios e definitivo. Inclui também espaçamento adequado, cobertura morta e
adubação verde.
# As plantas mais usadas para cobertura verde são
feijão-guandu, gliricídia, mucuna-preta, crotalárias, feijão-de-porco, lab-lab e amendoim
forrageiro (Arachis pintoi).
@ A questão do déficit hídrico e a implantação
da adubação verde.
X Controle manual
# Somente em viveiros.
X Controle físico
# Fogo
# Solarização consiste no uso de um filme de
polietileno sobre a superfície do solo, nos períodos mais quentes do ano. Durante 60 a 75
dias, essa cobertura provoca aumento da temperatura do solo e inibe a germinação das
sementes das plantas daninhas.
X Controle mecânico
# É preferível a roçagem ao invés da capina no manejo
das plantas daninhas na cultura do cacaueiro. Na roçagem, corta-se o mato, que é deixado
no solo como cobertura morta, protegendo-o. Ela pode ser manual ou mecânica. A primeira
é mais comum nos cacauais e é feita com várias ferramentas (biscol, estrovenga, facão, foice
etc.).
# Números de roçagens: quatro por ano até o quarto
ano; duas após o quarto ano, e uma em “lavouras bate-folha”.
# Roçadeiras costais motorizadas: necessidade de EPI,
treinamento de operadores e área limpa de pedras, tocos e galhos.
X Controle biológico
# Só conversa fiada!
X Controle químico
# Herbicidas podem ser seletivos e não seletivos.
@ Não há herbicida seletivo registrado, sendo
que a aplicação deve ser feita de modo dirigido, evitando o máximo de contato do produto
com a cultura.
# O porquê do uso de herbicidas.
@ A pouca disponibilidade de moléculas.
@ Herbicida sem efeito residual. A planta
morre, mas o banco de sementes permanece.
# Misturas de Diuron + Paraquat e 2,4-D + glifosato.
X Tecnologia de aplicação de herbicidas
# Os herbicidas devem ser aplicados em jato dirigido
para as daninhas em pleno desenvolvimento vegetativo e antes do florescimento. Vários
fatores devem ser observados durante a aplicação: o clima, solo, alvo a ser atingido,
princípio ativo, equipamento e o operador. A ocorrência de ventos, temperaturas elevadas,
umidade relativa, chuvas, tamanho da gota, deriva, volume de aplicação, pressão de
trabalho do equipamento, coberturas feitas pela aplicação não podem ser negligenciadas.
# Normalmente, os herbicidas são aplicados em
volume variável de 150 a 450 litros de água por hectare, de acordo com as condições de
desenvolvimento das plantas daninhas.
# Recomenda-se o uso de bicos de jato leque, de 80 a
110 graus, ou defletor do tipo TK. A pressão de trabalho deve variar entre 20 e 60 libras por
polegada quadrada obtendo-se tamanho de gotas com VMD (Diâmetro Mediano
Volumétrico) entre 360 e 650 micra, sendo as gotas menores indicadas para as plantas e
maior densidade vegetativa e locais onde não haja risco de atingir o cultivo por deriva.
X Principais Plantas Daninhas
X Descrição de plantas daninhas de difícil controle
# Capim-canoão (Setaria poiretiana)
# Capim-papuã (Paspalum conjugatum)
# Tiririca, dandá, tiriricão e outras ciperáceas (Cyperus
spp.)
# Capim-carrapicho-de-carneiro (Cenchrus echinatus L.)
# Picão-preto (Bidens pilosa L.)
# Capim-colonião, sempre-verde (Panicum maximum
Jacq.)
# Marianinha, trapoeraba (Commelina spp.)
*Podas de cacaueiros
+ Feita com a finalidade de permitir crescimento ordenado, equilibrado, moldando a
arquitetura da planta para permitir um centro de gravidade adequado e, com isso
determinar a sua produção de frutos e seu tamanho final.
+ Má formação do cacaueiro
+ Poda mal realizada  afeta a produção por 2 a 3 anos.
+ Capacidade de produção da planta é dependente de sua superfície foliar.
Necessidade de um bom índice de área foliar da área cultivada.
- Cacaueiro precisa de 12 a 15 folhas sadias por fruto.
- Poucas folhas = maior risco de pecos fisiológicos.
- A vida média de uma folha adulta é de aproximadamente 400 dias, mas a
sua maior capacidade fotossintética encontra-se em torno de 200 dias, se ela não for
atacada por pragas e doenças, não sofrer estresse hídrico, nutricional e nem for danificada
pelo vento.
+ Objetivos da poda
- Individualizar as plantas, para que cada uma utilize somente a área útil que
lhe é destinada através do espaçamento de plantio. Se o espaçamento recomendado for 3 x
3 m, a planta tem que respeitar o seu limite de 9,0 m2.
- Eliminar ramos mal-localizados na copa e que tendem a ocupar o espaço
pertencente à planta vizinha, a fim de permitir que a luz incidente na planta seja
aproveitada pela fotossíntese.
- Limitar a altura da planta, para facilitar a colheita e demais tratos culturais.
Um dos grandes efeitos dos cacauais é a altura excessiva das plantas.
- Plantas bem podadas e conduzidas adequadamente facilitam a mecanização
do cultivo, não apresentam galhos tombados e nem quebrados com os frutos quando em
alta produção.
- Eliminar ramos ortotrópicos indesejáveis (chupões) ou caso algum ramo da
copa esteja causando autossombreamento deve ser podado ou eliminado. Geralmente são
palmas dominadoras, conhecidas como palma d’água, que, além de não produzirem
adequadamente, competem com outros ramos dentro da copa, interferindo na sua
eficiência.
- Eliminar frutos e ramos secos e danificados por pragas e doenças ou que
não foram colhidos e ficaram aderidos aos ramos da planta. Estes além de serem fontes de
inoculo, prejudicam a próxima produção da planta.
- Estimular a renovação foliar adequada, permitindo que a planta apresente o
seu máximo potencial produtivo, além de mudar a sua curva anual de produção, o que
favorece o controle de pragas e doenças.
- Recuperar plantas que tiveram sua parte aérea danificada por que da de
árvores de sombra ou quebra vento de maior porte e intempéries como vendavais, chuvas
de granizo, inundações, déficits hídricos ou nutricionais intensos.
+ Poda da planta em excesso
- Redução drástica da folhagem quando se realizam podas fortes, afeta
sobremaneira a produção de frutos.
- Sol nos ramos favorece o ressecamento deste levando a quebras e aumento
da incidência de doenças.
- Ao podar deve-se evitar entrada direta de luz solar sobre o caule.
- Dar preferencia a poda de formação quando a planta não sofre podas
frequentes.
+ Tipos de podas
- Existem três tipos de podas do cacaueiro:
● Formação;
● Produção ou manutenção;
● Fitossanitária.
+ Plantas seminais
- Plantas oriundas de sementes o crescimento ocorre na vertical até uma
altura média de 1,20 m dependendo da luminosidade a que está submetida. A partir daí, há
formação da forquilha ou jorquete, quando o crescimento vertical se interrompe e os ramos
plagiotrópicos se formam de número de 2 a 5.
- Cacaueiros produzidos de sementes apresentam crescimento típico da
espécie. Neles, a poda restringe-se a evitar o crescimento exagerado em altura, o domínio
de um ramo plagiotrópico sobre os outros e a conter os ramos produtivos ao espaço útil que
lhe é determinado pelo espaçamento.
+ Plantas clonais
- Crescimento do clone é irregular. Na utilização do material vegetativo para
reprodução não a nova planta tende a emitir somente plagiotrópicos, sem formação de um
único caule.
- Estacas de ramos ortotrópicos: maior facilidade e diminuição da intensidade
de podas.
- Poda de formação
● Diferença no vigor híbrido aumenta a competição entre plantas no
mesmo talhão.
● Poda de formação em clones: do viveiro à três a quatro anos de
plantio.
- Poda de produção ou manutenção
● Necessidade da poda: cacaueiro gasta muito mais energia
vegetando do que produzindo.
X Plantas com vigor hibrido tendem a crescer mais, ocupando
o espaço de outras plantas.
# Cacaueiro híbridos: proporção de plantas auto-
compativeis e auto-incompativeis???
X Poda deve ser realizada de dentro para fora e de cima para
baixo.
X Altura máxima da planta deve ser de 3,5 m.
- Poda fitossanitária
● Vassoura-de-bruxa: ramos secos e verde.
X Alta intensidade de poda devido a alta incidência de
vassoura pode levar a depauperação de cultivo com lenta recuperação, podendo alcançar 3
anos.
X Caso não sejam retiradas ocorrendo a esporulação do
fungo, a pressão de seleção para os tipos diferenciados do fungo de maior eficiência
infectiva pode quebrar a resistência do clone.
+ Época de realização da poda
- Poda de formação: a partir do viveiro e após implantação a cada dois meses
até o terceiro/quarto ano quando deve ser adotada a poda de produção ou de manutenção.
- Poda de produção ou manutenção: deve ser realizada pelo menos duas
vezes por ano, em época variável com clima da região. O estudo do ciclo de brotação,
crescimento e repouso vegetativo da planta, assim como a floração e a frutificação são
aspectos fundamentais para a definição de época e frequência de poda. Também deve-se
levar em consideração o comportamento das chuvas, que é um fator ambiental que mais
modifica o crescimento vegetativo e reprodutivo do cacaueiro.
- Poda fitossanitária: ao final da colheita principal é recomendável fazer uma
limpeza de ramos secos e atacados por pragas e doenças. No entanto, durante todo o ano, é
aconselhável a retirada de frutos secos. A poda de ramos com espessura superior a 5 cm de
diâmetro exige tratamento profilático no local do corte.
*Desbrota
+ A prática consiste na eliminação sistemática das brotações laterais ou de ramos
improdutivos, denominados chupões ou palmas d’água, deixando apenas um ramo
ortotrópico que formará o tronco da planta, no caso de plantas obtidas por sementes, e dois
até no máximo quatro ramos quando se tratar de clones. Deve ser realizada todo o ano.
- Pé-de-galinha: broto ortotrópico nascido de ramo produtivo (plagiotrópico).
+ Todo broto representa forte dreno de fotoassimilado, e portanto, concorre por
nutrientes e inibe floração resultando em queda de produção.
+ 96% dos frutos ocorrem até a altura de 3,5 metros.
*Considerações finais
+ Blá, blá, blá.

AGUILAR, M.A.G.; SOUZA, C.A.S.; DIAS, L.A.S.; MARINATO, C.S.G. Capítulo 3 – Botânica e
morfologia, In: SOUZA, C.A.S.; DIAS, L.A.S.; AGUILAR, M.A.G.; BOREM, A. Cacau: Do Plantio a
Colheita, Viçosa: Editora UFV, 2016, p. 111 – 122.
*introdução
+ Cacaueiro é uma planta perene, alógama, ou seja, de fecundação cruzada, embora
também exiba taxa de autofecundação que, em alguns casos, pode ser relativamente alta.
Segundo Alverson et al. (1999), a espécie pertencente à família Malvaceae, gênero
Theobroma.

Tabela 3.1 – Classificação botânica do cacaueiro.


Classe Identificação
Reino Plantae(plantas)
Subreino Tracheobionta (plantas vasculares)
Divisão Magnoliophyta (Angiosperma)
Classe Magnoliopsida (Dicotiledônea)
Subclasse Dilleniidae
Ordem Malvales
Família Malvaceae
Subfamília Sterculioidea = Byttnerioideae
Gênero Theobroma
Espécie Theobroma cacao

+ O gênero Theobroma possui 22 espécies, distribuídas em seis seções:


Andropetalum (T. mammosum); Glossopetalum (T. angustifolium, T. Canumanense, T.
chocoense, T. cirmolinae, T. grandiflorum, T. hylaeum, T. nemorale, T. obovatum, T.
simiarum, T. sinuosum, T. stipulatum e T. subincanum); Oreanthes (T. bernoullii, T. glaucum,
T. speciosum, T. sylvestre e T. velutinum); Rhytidocarpus(T. bicolor); Telmatocarpus (T. gileri
e T. microcarpum) e Theobroma(T. cacao).
+ O Brasil possui representantes de todas as seções, com exceção de Andropetalum.
As 10 espécies de ocorrência brasileira: T. grandiflorum, T. obovatum, T. subincanum, T.
speciosum, T. sylvestre, T. microcarpum, T. bicolor, T. cacao, T. glaucum, T. Canumanense.
+ Theobroma cacao L., o cacaueiro é a espécie de maior valor comercial, embora
Theobroma grandiflorum (Willd. Ex Spreng) Schum, o cupuaçuzeiro, já esteja sendo
cultivado comercialmente no Norte, Nordeste e Sudeste do Brasil.
*Grupos botânicos
+ São reconhecidas apenas duas subespécies de Theobroma cacao L., a saber: T.
cacao subesp. Cacao representada pelo grupo ou botânico crioulos ou “criollos” da América
Central e México, e T. cacao subesp. Sphaerocarpum da América do Sul, está última
representada pelo grupo botânico dos “Forasteros” ou Forasteiros Amazônicos, que por sua
vez, são subdivididos em Forasteiros do Baixo e Alto Amazonas conforme a sua origem.
- Um terceiro grupo, o Trinitário, híbridos naturais com características
intermediárias entre as variedades Crioula e Forastera (estão inseridos dentro dos
forasteiros amazônicos).
● Os cultivares de Crioulos apresentam frutos grandes, geralmente
com casca fina e rugosa, coloração verde-escuro quando imaturos, passando para amarelo
ou alaranjado, ao amadurecerem. Possuem sementes grandes, de cor branca a violeta-
pálida, com muita polpa, que fermentam rapidamente, resultando em um produto de
qualidade superios, conhecido comercialmente como cacau tipo “fino”. As plantas e os
frutos são menos resistentes aos ataques de pragas e doenças. Variedades de Crioulos são
cultivadas nos países da América Central e no México. Na América do Sul existem plantações
na Venezuela, Colômbia, no Equador e Peru.
● O grupo Forastero apresenta cultivares com frutos arredondados a
amelonados, com sementes achatadas de cor violeta intenso, produzindo um tipo de cacau
conhecido como “básico”. É o grupo racial mais difundido, dominando cerca de 80 a 85% da
produção mundial. Predomina nas plantações brasileiras e nos países africanos. O cultivar
comum é o mais amplamente cultivado no Sul da Bahia, México e no Oeste Africano.
● As variedades do grupo Trinitário produzem sementes de coloração
que varia de amarelo-pálido ao o roxo-escuro e apresentam um produto de qualidade
intermediária. Seus principais representantes possuem características distintas, por serem
variedades obtidas do cruzamento natural entre Crioulos e Forasteros. Seus clones obtidos
de enraizamento de estacas ou enxertia são muito cultivados na América Central,
principalmente em Trinidad e Tobago e Costa Rica, países onde se originaram.
*Morfologia do Cacaueiro
+ O cacaueiro é uma fruteira típica das florestas tropicais úmidas das Américas,
sendo encontrado no extrato baixo ou intermediário, apresentando porte arbóreo que
chega a 20 m de altura. A presença de flores no caule e nos ramos mais velhos caracteriza o
fenômeno denominado caulifloria. O florescimento ocorre várias vezes ao ano, fazendo com
que , em uma mesma planta, sejam encontrados flores e frutos em diferentes estádios de
desenvolvimento.
+ Raiz
- Raiz pivotante pode atingir em média de 1,2 a 1,5 metros de profundidade,
podendo atingir dois metros de profundidade.
- A raiz pivotante não se regenera em caso de lesão e interrompe seu
desenvolvimento ao encontrar a barreira física, química ou mesmo um lençol freático
superficial.
- Já as raízes secundárias, responsáveis pela absorção de água e nutrientes,
ocorrem em grande número, sendo geralmente superficiais, com cerca de 80 % delas
localizadas nos primeiros 20 a 30 cm de profundidade do solo.
- Nas plantas clonais produzida por enraizamento de estacas não existe
pivotante, mas há formação de raízes adventícias sendo algumas delas de maior calibre
(axiais) e responsáveis pela fixação da planta, porém dificilmente ultrapassam 60 cm de
profundidade.
+ Caule
- O cacaueiro possui caule ereto e, nos primeiros dois anos de
desenvolvimento, apresenta casca lisa e verde e, posteriormente, adquire tonalidade cinza-
escuro, com a superfície irregular.
- O caule possui dois tipos de ramos: ortotrópico e o plagiotrópico.
● Ortotrópico, com crescimento vertical e folhas crescendo em todos
os lados, em espiral. E, após aproximadamente um ano de campo, quando a planta atinge
entre 1,0 e 1,5 m, há interrupção do crescimento apical e surgem de 3 a 5 gemas laterais, a
partir das quais se desenvolvem ramos de crescimento oblíquo em relação ao solo
formando a forquilha ou jorquete, que são os ramos plagiotrópicos. Posteriormente, deles
surgem outros para formar a copa.
● Em várzeas e outras áreas propícias a alagamentos os cacaueiros
podem desenvolver várias hastes formando uma touceira.
● Existem registros de cacaueiros que atingiram mais de 50 m de
altura nas florestas de Belize. Plantas propagadas por sementes atingem altura entre 5 e 15
m, enquanto propagadas vegetativamente, por enraizamento de estacas, exibem menor
porte, geralmente abaixo de 4 m.
+ Folhas
- As variedades mutantes Catongo, Almeida e Mocorongo apresentam folhas
novas verdes-esbranquiçadas.
- O tamanho das folhas varia de acordo com a intensidade de luz. São
maiores quando a planta é cultivada sob sombra intensa, para aumentar a área de captação
de luz e compensar a menor taxa fotossintética verificada sob essa condição.
● Para cada fruto produzido são necessárias de 10 a 12 folhas
desenvolvidas para atender a demanda de fotoassimilados.
● Caso a área foliar não seja capaz de sustentar os frutos ocorre a
perda de frutos por secagem na fase inicial de desenvolvimento destes, o peco fisiológico.
- Plantas sujeitas à alta luminosidade apresentam folhas com vida útil de
aproximadamente 250 dias, enquanto aquelas desenvolvidas sob sombra adequada duram
aproximadamente 450 dias. Ocorrem pelo menos dois picos de lançamentos foliares por
ano.
+ Flores
- Cacaueiro é uma planta cauiflora flores se formam nas almofadas florais.
- Polinização feita por micromoscas do gênero Forcipomya. Inseto mais ativo
pela manhã.
- Se no período de floração ocorrerem chuvas torrenciais, pode haver
prejuízo para a fertilização, devido ao agrupamento do polén, formando grumos, e
comprometimento da atividade do polonizador. Já em períodos prolongados de seca, há
abortamento das flores por deficiência hídrica e nutricional.
- As flores não polinizadas nas primeiras 10 horas após a abertura caem
dentro de dois dias. Como estratégia para aumentar a chance de fecundação e produção de
frutos, cacaueiros intercompatíveis apresentam número de flores significativamente mais
elevado que os autocompatíveis.
+ Frutos
- O cacaueiro apresenta frutos indeiscentes, que não se abrem
espontaneamente, do tipo bacoide drupissarcideo, pentalocular (cinco lóculos). O tamanho
do fruto pode variar de 10 a 32 cm de comprimento, apresentando grande mudança de
tamanho, forma espessura da casca, cerosidade, coloração e rugosidade dependendo do
grupo e da cultivar a que pertence. O fruto pode ser alongado e, ou, arredondado e o seu
peso pode variar de 100 a 2000 g. Conforme se desenvolve, a cor vai de verde a vermelho
(imaturos) e amarelos alaranjados quando maduro.
- A semente, que é a parte do fruto de maior representatividade econômica,
tem peso seco entre 0,5 e 5 g e dependendo da concentração do pigmento antocianina,
apresenta variação de cores que vão do branco ao roxo intenso.

DIAS, L.A.S.; FRANCISCO NETO, E.; SOUZA, C.A.S.; AGUILAR, M.A.G.; Capítulo 4 – Cultivar, In:
SOUZA, C.A.S.; DIAS, L.A.S.; AGUILAR, M.A.G.; BOREM, A. Cacau: Do Plantio a Colheita,
Viçosa: Editora UFV, 2016, p. 123 – 138.
*Introdução
+ Cultivar, ou variedade cultivada.
*Melhoramento genético
+ Segundo Dias (2001a), os objetivos do melhoramento genético do cacaueiro
devem contemplar dois aspectos:
- agronômico: focando genótipo de crescimento vigoroso, de alta
produtividade de sementes secas e precoces em produção. Além desses atributos esse
genótipo deve center genes de resistência a doenças de importância regional, como
vassoura-de-bruxa, e ter ampla estabilidade temporal e regional;
- comercial: objetivando genótipo com sementes de peso uniforme e médio
acima de um grama, conhecido com índice de sementes (IS) igual a 1, e índice de fruto (IF)
relativo ao número de frutos necessários para se produzir 1 kg de sementes secas. IF menor
é desejável, haja visto que a colheita e a quebra dos frutos representam 40% do custo de
produção de cacau. O conteúdo médio de gordura e casca das sementes deve ser de 55% a
11%, respectivamente.
+ Programa de Trinidade e Tobago, realizado entre as décadas de 30 e oitenta como
o mais bem sucedido.
- Os híbridos clonais comerciais das séries Trinidad Selection Amazon (TSA) e
Trinidad Selection Hybrid – TSH, de alto desempenho produtivo e com genes de resistência
às doenças VB e ceratocistes, foram lançados por Trinidad.
+ Populações coletadas por Pound em 1938:
- IMC: Iquitos Maranon Calabacillo
- MO: (Morona)
- NA: Nanay
- PA: Parinari
- SCA: (Scavina)
● O programa de Trinidad manipulou apenas quatro clones parentais:
IMC 67; SCA 6; P 18; e ICS 1.
● Híbrido: TSH 565 x SIAL 169.
+ Cultivares tradicionais da América Latina
- Theobroma cacao ssp. Cacao: domesticado a cerca de 3 mil anos em Iucatã
no atual México pelos maias.
- Síndrome de domesticação.
● Cultivar porcelana
X Variedade do Criollo.
X Produtor de cacau de alta qualidade.
X Susceptível a doenças.
● Cultivar Matina
X Forastero da Costa Rica.
● Cultivar Nacional
X Classificado como Criollo.
● Cultivares Tradicionais do Brasil
X Comum, Pará e Maranhão
X Cultivar comum
# Possui IF > 1
# Resistente a podridão-parda.
X Cultivar Pará
X Cultivar Maranhão
# Susceptível a podridão-parda.
- Cultivares modernos
● Theobahia: SCA 6 x ICS 1.
- Cultivares clonais modernos
● TSA e TSH (TSH 516, TSH 565, TSH 774, TSH 1188, TSA 654, TSA 656
e TSA 792), EET 397 e CEPEC 42.
● Híbridos: risco de segregação.
● 26 clones recomendados para plantio: CEPEC 42, CEPEC 2007,
CEPEC 2008, CEPEC 2010, CEPEC 2001, CEPEC 2002, EET 397, TSH 1188, TSH 516, TSH 565,
TSH 774, TSA 654, TSA 656, TSA 792, CCN 10, CCN 51, VB 276, VB 979, VB 990, BJ 11,
CAMACA 1, LP 06, PH 09, PH 114, PH 92 e PV 7066.
● Recomendados para o ES: PH 16, PS 13.19, CEPEC 2004, SJ 02, CP
49, CP 53, CP 54, CA 1.4 e Ipiranga 01.

SOUZA, C.A.S.; AGUILAR, M.A.G.; DIAS, L.A.S. Capítulo 5 – Nutrição, Calagem e Adubação, In:
SOUZA, C.A.S.; DIAS, L.A.S.; AGUILAR, M.A.G.; BOREM, A. Cacau: Do Plantio a Colheita,
Viçosa: Editora UFV, 2016, p. 139 – 177.
*Introdução
+ Correção do solo são práticas que exigem atenção especial devido ao elevado
consumo de insumos.
+ Os frutos extraem grande quantidade de nutrientes do solo e, mesmo que o
casqueiro (casca dos frutos colhidos e quebrados) que contém mais de 80%, volte
distribuído deem toda a plantação, as sementes secas exportam grande quantidade, a cada
colheita realizada.
+ Segundo Nakayama (2001), dentre os fatores de produção, a adubação e a calagem
bem orientadas constituem o meio mais rápido e mais barato de aumentar a produtividade
podendo contribuir com até 40% do incremento. Para Sodré et al. (2012), os custos com
nutrição do cacaueiro devem ficar em torno de 10%.
*Exigências Nutricionais
+ O efeito do sombreamento é complexo, pois envolve, além da redução da
intensidade de luz a redução da temperatura e do movimento do ar (vento), e afeta a
umidade relativa do ar e do solo. A redução da taxa de radiação é importante, pois ela
controla a fotossíntese. Maior irradiância implica maior temperatura, provocando aumento
na taxa respiratória (maior metabolismo) e, consequentemente, faz com que as exigências
de água, nutrientes e tratos culturais sejam maiores.

Tabela 5.1 – Efeito de sombreamento, em presença e ausência de adubação, na produção


de sementes secas de cacau, no período de 1964 a 1973, em 21 propriedades da Bahia.
Sem adubação Com adubação
Sombreamento
Sementes secas de cacau (kg ha-1)
Com sombreamento 907 1258
Sem sombreamento 1064 1680
Fonte: CABALA et al., 1976.
+ Com a retirada do sombreamento a na ausência da adubação, o incremento na
produção de sementes secas foi de apenas 17,3%. No entanto, com a retirada do
sombreamento e na presença da adubação, o incremento foi de 85,2%, mostrando que a
prática da adubação é fundamental para a produção do cacaueiro. Com cacaueiros
sombreados, a adubação sozinha respondeu por 38,7%; na ausência de sombreamento,
respondeu por 57,9% da produção de sementes secas.
- Genótipos foram desenvolvidos para plantio sombreado!!!
- Catongo é extremamente sensível às altas exposições luminosas.
+ Marcha de Acúmulo de Nutrientes
- Wortley (1939) e Hardy (1940), citados por Hardy (1961) afirmaram que,
sob sombreamento, o cacaueiro respondia à aplicação de fertilizantes, porém, ao aumentos
encontrados eram antieconômicos.
- O estudo da adubação do cacaueiro começou em 1964, obtendo-se, em
condições experimentais, acréscimos nas colheitas de 39 a 80%, devido à aplicação de NPK
associada com remoção da sombra.
● Extração: é a quantidade total de nutrientes extraídos ou
acumulados pela cultura em dado período de tempo; enquanto partição é a distribuição
deles nos diferentes órgãos da planta. Exportação é a quantidade de nutrientes que é
efetivamente retirada da área cultivada e não mais retorna ao solo.
- As exigências nutricionais variam com os genótipos; de acordo com a área
de cultivo, a época do ano, a idade da planta; e também entre órgãos e tecidos de uma
mesma planta.
- Para calcular as exigências minerais do cacaueiro foram analisados frutos
maduros do grupo Forastero Amazônico, variedade comum (MALAVOLTA, 1987). Esses
frutos tinham em média 846 g de matéria fresca; 163 g correspondiam às sementes frescas.
Depois de secos pesaram 157 g, das quais 66 g correspondiam às sementes secas.
● Relação matéria fresca/seca fruto = 5,4; relação matéria fresca/seca
sementes = 2,5.
● As quantidades de macronutrientes extraídas pelos frutos
obedecem a seguinte ordem: N > K > Mg > Ca > P > S, enquanto os micronutrientes são
extraídos na ordem: Fe > Mn > Zn > B > Cu > Mo.

Tabela – 5.2 – Quantidade de macro e micronutrientes extraídas e exportadas por uma saca
de cacau de 60 kg de sementes secas.
Macronutrientes (g)
Nutrientes Cascas Sementes secas Total Casca(%total)
N 1636 2004 3640 45
P 80 128 208 39
K 2844 488 3328 85
Ca 228 48 276 83
Mg 204 116 320 64
S 116 56 172 67
Micronutrientes (mg)
B 1980 720 2700 73
Cu 960 960 1920 50
Fe 9900 4800 14700 67
Mn 6060 1680 7740 78
Mo 2,4 2,4 4,8 50
Zn 3660 2820 6480 56
Fonte: MALAVOLTA, 1987.
- Com exceção do fosforo, a casca contém 50% ou mais dos nutrientes
extraídos do solo.
● Importância da fermentação do casqueiro pré-aplicação no manejo
fitossanitário.
X Uso de cobre, solução de ureia a 15%, cal viva e Tricovab???
- Thong e Ng (1980), por meio da análise de toda a planta e em solos da
Malásia, encontrarem requerimento nutricional médio para N, P e K, respectivamente de
438, 48 e 633 kg ha-1.

Tabela 5.3 - Exigências de nutrientes por cacaueiros de diferentes estádios de


desenvolvimento e para produção de 1000 kg de sementes.
Fases da planta Idade Exigências média em nutrientes (kg ha-1)
da N P K Ca Mg Mn Zn
planta
(meses)
Viveiro 5 – 12 2,4 0,6 2,4 2,3 1,1 0,04 0,01
Desenvolvimento 28 135 14 151 113 47 3,9 0,05
Início de 39 212 23 321 140 71 7,1 0,09
produção
Produção plena 50 – 87 438 48 633 373 129 6,1 1,5
Sementes secas 50 – 87 20,4 3,6 10,5 1,1 2,7 0,03 0,05
Casca 50 – 87 31 4,9 53,8 4,9 5,2 0,11 0,09
Fonte: THONG; NG, 1980.
- A ordem de extração dos nutrientes reportada por Thong e Ng (1980) difere
ligeiramente daquela relatada por Malavolta (1987), em que a sequência para plantas em
plena produção foi K > N > Ca > Mg > P > Mg > Zn. Verifica-se que os nutrientes K, N e Ca são
removidos em maiores quantidades pelos cacaueiros de 50 a 87 meses de campo.
- Segundo silva (2009), 77% da biomassa total do cacaueiro concentra-se na
parte aérea e 23% no sistema radicular. A biomassa seca nas sementes foi de 1500 kg ha -1.
Essa quantificação também permitiu determinar a partição de fotoassimilados no fruto que
foi de 55% para a casca e 45% para as sementes. O nutriente de maior demanda para o
cultivo foi o nitrogênio.
Tabela 5.4 – Quantidade média de N, P e K nas diferentes partes de cacaueiros adultos.
Nutrientes Folhas Galhos Caule Raízes Planta Fruto
-1
kg ha
N 622 556 120 363 1661 57
P 2 O5 102 408 45 95 650 7,4
K 2O 298 1046 130 321 1795 89,8
Fonte: SOUZA JÚNIOR et al. 2012.
- N, K, Ca e Fe, Mn e Zn são os macro e micronutrientes mais exigidos pelo
cacaueiro e grande parte dos nutrientes extraídos está na casca do fruto, confirmando a
necessidade de retorno dela aos plantios visando reduzir a quantidade de adubo a ser
aplicada.
● Muitas vezes, esses casqueiros tronam-se tóxicos para as plantas
próximas e, ou fonte de inóculo de fungos patogênicos ao cultivo. Sodré et al. (2012)
afirmam que para se produzir uma tonelada de sementes secas são geradas
aproximadamente sete tonelada de casca fresca de frutos, com 80% de umidade.
*Avaliação do Estado Nutricional
+ Três ferramentas são importantes:
- i) análise de solo do talhão;
- ii) análise das folhas do cacaueiro;
- iii) diagnose visual das plantações (sintomas de deficiência ou toxidez).
+ Análise de solo
- A análise de solo deve ser feita em duas fases: antes da implantação da
lavoura e durante a fase de produção do cacaueiro. A utilização de corretivos visa elevar a
saturação de bases para 60% da capacidade de troca total, em plantios sem irrigação; para
áreas irrigadas a recomendação é de no mínimo 70%.
- Frequência da amostragem de solo
● 0-20: anual a bianual; 20-40: bianual ou a cada quatro anos.
+ Análise de parte da planta
- Amostragem
● As amostras devem ser representativas do plantio que se deseja
avaliar, atentando-se para os seguintes detalhes: a área deve ser homogênea quanto ao tipo
de solo. Topografia, drenagem, práticas de manejo; se possível, setorizar pelo genótipo; não
coletar folhas cobertas de solo ou com poeira, atacadas por pragas, doenças ou danificadas
mecanicamente; não amostrar após a aplicação de defensivos ou adubos foliares; não
amostrar após a aplicação de defensivos ou adubos foliares; não amostrar plantas em locais
não representativos; amostrar a área seguindo caminhamento em zigue-zague.
● Qual folha amostrar?
X Terceira ou quarta folha de um ramo recém-maduro no
terço médio da copa, em uma planta sem lançamentos recentes.
● Quando amostrar?
X Os autores recomendam janeiro e fevereiro...
● Quantas plantas amostrar?
X Cerca de 10 plantas por área delimitada e quatro folhas por
planta, sendo uma em cada lado da planta, correspondentes aos quatro pontos cardeais. No
caso, totalizando 40 folhas por amostra.
● Como preparar amostras para envio ao laboratório?
X Acondicionar as folhas em sacos de papel e enviá-las ao
laboratório logo após colhidas. Podem ainda ser armazenadas na geladeira por até três dias.
Caso contrário, limpar as folhas com chumaço de algodão com água destilada (solução de 1
mL L-1 de detergente neutro, lavar novamente em água destilada e pré-secá-las, antes de
enviá-las ao laboratório para análise.
● Como interpretar a análise foliar?
X Interpretação através de curva de resposta, com análise do
nível crítico, ou seja, a faixa de suficiência para o nutriente em estudo e método DRIS!
Referências Macronutrientes
N P K Ca Mg S
-1
g kg
Souza Jr. et al., 2012 20 – 25 1,7 – 2,5 18 – 24 8-15 4-8 1-2,5
Souza et al., 2007 20 – 25 1,8 – 2,5 13 – 23 8-12 3-7 1,6-2
Nakayama, 2001 20 – 25 18 – 2,5 13 - 23 9-12 4-7 1,7-2
Micronutrientes
B Cu Fe Mn Mo Zn
-1
mg kg
Souza Jr. et al., 2012 30-70 10-20 50-250 150-750 0,5-1,5 80-150
Souza et al., 2007 25-60 8-15 60-200 50-250 - 30-80
Nakayama, 2001 25-70 8-15 60-200 50-300 1,0-2,5 30-100
+ Diagnose Visual ou ocorrência de sintomas
- Comparação foliar: folhas comparadas precisam estar no mesmo estádio
fenológico e estar na mesma posição da planta.
- Diferenciação de casos de incidências de pragas: sintomas não são
generalizados não há simetria na folha e nem gradiente de mobilidade, além do agente
causal do dano estar presente.
- Vantagens da diagnose visual: método rápido, fácil???, de baixo custo e com
boa eficiência. Exige experiência na cultura.
- Desvantagens da diagnose visual: trata-se de um método qualitativo e
subjetivo, a deficiência já está em estágio avançado e ocorre semelhança de sintomas e
ocorrência de deficiências múltiplas.

Nutriente Sintoma
Nitrogênio Clorose uniforme nas folhas velhas em tom
verde-pálido; redução no tamanho das
folhas e da planta; e folhas velhas, espessas
e duras e com necrose a partir da
extremidade do limbo foliar.
Fósforo Plantas deficientes em fósforo apresentam
tamanho reduzido; desfolhamento precoce
e acentuado; sistema radicular mal
desenvolvido; folhas e caules pequenos e
de coloração variando de esverdeado,
marrom-esverdeado, púrpura ou verde-
escuro; necrose na zona apical e
estreitamento do limbo foliar; ângulo
agudo entre o pecíolo e o ramo;
florescimento e frutificação retardados e
frutos e sementes pequenos.
Potássio Necrose nas pontas e margens de folhas
velhas; divisão nítida entre o tecido
necrótico e o vivo, característica que serve
para distinguir da queima marginal por falta
de água e deficiência comum em solos
arenosos e ácidos.
Cálcio Necrose nas folhas mais novas formando
grandes ilhas entre as nervuras, com que da
prematura delas; redução no crescimento
de raízes.
Magnésio Clorose de folhas velhas com nervuras
mantendo-se verde; necrose formando
ilhas de tecidos mortos entre as nervuras,
havendo às vezes necrose marginal, comum
em solos ácidos, como observado em
viveiros.
Enxofre Clorose em folhas novas, com ou sem
redução do tamanho; nervuras mais pálidas
que o limbo; tecidos mais suscetíveis ao
ataque de insetos e folhas com afinamento
na ponta.
Boro Folhas jovens de tamanho reduzido,
torcidas e em espiral com lâmina foliar dura
e quebradiça; morte de ponteiros das
plantas; e frutos deformados.
Cobre Folhas novas pequenas, aparentando
compreensão longitudinal do limbo;
nervuras secundárias em menor número; e
necrose frequente no ápice foliar.
Ferro Redução do crescimento vegetativo,
diminuindo dessa maneira a produção e,
em casos agudos, verifica-se a seca dos
ramos e morte da planta; folhas jovens
cloróticas com margens serrilhadas; e
nervuras com ligeira coloração verde e em
casos avançados, completo branqueamento
das folhas.
Manganês Clorose nas folhas novas, limitada por faixa
entre nervuras e com sintoma visível nas
margens, apresentando coloração normal
nas nervuras e adjacências; deficiência
comum em solos alcalinos ou em
lançamento foliar após a colheita de grande
número de frutos.
Zinco A deficiência de zinco reduz o nível de AIA o
que provoca encurtamento dos internódios
e diminui o tamanho das células; folhas
novas com limbo estreito e margens
onduladas; lâmina curvada em forma de
foice; deficiência frequente em solos
arenosos e alcalinos e em lançamento foliar
após colheita de grande número de frutos.
Molibdênio Folhas mais finas e translucidas com clorose
internerval com diferentes matizes, mais
evidente nas regiões internervais, podendo
haver necrose marginal ou não.
Cloro No Brasil, ainda não foram verificados
sintomas de deficiência de cloro em
cacaueiros possivelmente em consequência
das constantes adições de KCl como fonte
de potássio.
Obs: efeito do P e do K no estresse foto-oxidativo.

*Recomendação de adubação
+ Baseadas em curvas de resposta geradas por estudos de calibração regionais.
+ Três tipos de adubação:
- De plantio;
- de formação; e
- de produção.
+ Perguntas a serem respondidas no cálculo da adubação:
- O quê?
- Quanto?
- Quando?
- Onde?
● As raízes do cacaueiro são muito superficiais, isto é, mais de 80%
delas estão nos primeiros 20 centímetros do solo. (Obs: Essa é uma característica da espécie
ou a resposta a uma condição ambiental específica???).
● Revolvimento da serapilheira no aumento da eficiência da ureia.
- Vale a pena adubar?
● Produtividade = Adubação + tratos culturais (poda, desbrota,
irrigação, controle fitossanitário).
● A sanidade da planta e do cultivo como determinadores da
adubação.
- Melhora a qualidade do produto?
● Sim...
- Com quê?
● Com o que tem eficácia!
- Adubação de formação

Tabela 5.7 – Quantidade de nutrientes (N-P 2O5-K2O) para os três primeiros anos após o
plantio do cacaueiro.
Ano de plantio N P-Mehlich-1 (mg dm-3) K trocável (meq 100 cm-3)
<7 7 – 15 > 15 < 0,12 0,13 – 0,3 > 0,3
-1 -1 -1
N (kg ha ) P2O5 (kg ha ) K2O (kg ha )
1° 60 40 20 00 70 50 20
2° 100 80 60 30 100 70 40
3° 140 150 100 50 140 100 60
Fonte: Souza et al. 2007.
● Para Chepote et al. (2013), as doses de fertilizantes aplicadas no 1°,
2° e 3° anos correspondem, respectivamente, a 1/3, ½ e 2/3 da dose total indicada do
terceiro ano em diante para N, P2O5 e K2O respectivamente.
- Nitrogênio
● Dantas (2011) encontrou estreita relação entre o índice SPAD (teor
de clorofila) e o teor foliar de N de cacaueiros, clone PH 16, no Sul da Bahia, nas zonas
climáticas úmidas e semiúmidas conjuntamente.

Tabela - Doses recomendadas de nitrogênio para cacaueiros adultos ou em produção.


Referências Nitrogênio
Chepote et al., 2013 60
Souza et al., 2007 140
Garcia et al., 1985 60

● As fontes de N no mercado apresentam resultados agronômicos


semelhantes excetos em alguns casos:
X Quando existem condições favoráveis de volatização da
ureia, por exemplo: não incorporação; aplicação em superfícies úmidas que depois secam;
altas temperaturas; e pH elevado e em condições de deficiência de S, o sulfato de amônio é
mais eficiente que a ureia.
X Quando há condições de lixiviação e de desnitrificação, as
fontes amoniacais comportam-se melhor que as nítricas.
X Quando há condições de excessiva acidificação do solo ou
formação de H2S em solos inundados, a ureia supera a eficiência do sulfato de amônio.
- Fósforo
● Quanto à eficiência agronômica das diversas fontes de P 2O5, tem-se
que:
X Os fosfatos solúveis > fosfóreas >apatitas.
X Os efeitos dos superfosfatos se verificam tanto no primeiro
ano como nos anos posteriores, funcionando também como fonte de Ca.
X Os fosfatos de amônio e hiperfosfatos (fosforitas) possuem
efeito neutralizantes no solo.
X A eficiência dos fosfatos naturais brasileiros (apatitas), de
baixa solubilidade, tende a aumentar com o tempo e em solos ácidos.

Tabela 5.9- Doses de P2O5 de acordo com o teor de P disponível no solo para as principais
regiões produtoras de cacau do Brasil.
Referências Fósforo disponível
Muito baixo Baixo Médio Alto
<9 9 – 16 17 – 30 > 30
2 -1
Chepote et al. 2013 P2O5 (kg ha )
90 60 30 00
- < 10 10 – 20 > 20
3
Souza et al., 2007 P2O5 (kg ha-1)
- 150 80 40
4
Garcia et al., 1985 <6 7 – 15 > 15
2
Valores determinados para a BA.
3
Valores determinados para o ES.
4
Valores determinados para o PA.
- Potássio
● As doses de K a serem aplicadas variam de acordo com o teor de
nutriente na análise de solo e também com a produtividade que deseja alcançar. Quanto a
eficiência, os fertilizantes potássicos empregados no Brasil estão na forma de cloreto,
sulfato ou nitrato e são todos solúveis em água e prontamente disponíveis às plantas.

Tabela 5.9- Doses de K2O de acordo com o teor de K disponível no solo para as principais
regiões produtoras de cacau do Brasil (tabela está errada!!!!).
Referências
Baixo Médio Alto
2 <0,1 0,1 – 025 > 0,25
Chepote et al.
K2O (kg ha-1)
2013
60 30 00

- Cálcio e Magnésio
- Enxofre
● Aumento de respostas principalmente em solos arenosos ou pobres
em matéria orgânica.
● Gesso e supersimples como fonte, além de outros sulfatos.
- Micronutrientes
+ DRIS – Sistema Integrado de Diagnose e Recomendação
+ Adubação com Micronutrientes
- Quando os teores desse elemento no solo se encontram abaixo de 1,5 mg
dm-3, devem-se aplicar 4,0 kg ha -1 de Zn, na forma de óxido ou sulfato de zinco em pó. No
plantio, recomenda-se aplicar 15 a 25 g de FTE por cova.
*Adubação Modular para a Produção
+ Módulo é a dose de nutrientes necessária para produzir 150 kg ha -1 de sementes
secas, mais a vegetação correspondente da planta. Para as plantas em produção, usa-se um
mínimo de quatro e um máximo de 15 módulos. Quando o plantio de cacaueiro completa
três anos, são feitos três parcelamentos do adubo. O primeiro é fixo; o segundo e o terceiro
são variáveis, em virtude da reavaliação da produção (safra+temporão) e da análise de
folhas feita um mês após o primeiro parcelamento.
*Adubação Orgânica
+ Grande limitação ao seu uso é a quantidade a ser aplicada por hectare (10 a 20
toneladas por hectare).
+ Nível crítico de matéria orgânica 30 g kg-1.
+ 8 kg de composto de casca de cacau e, ou, esterco de curral.
*Adubação verde
*Fertirrigação

CHEPOTE, R. E.; SANTANA, S.O.; ARAUJO, Q.R.; SODRÉ, G.A.; REIS, E.L.; PACHECO, R.G.;
MARROCOS, P.C.L.; SERÔDIO, M.H.C.F; VALLE, R.R. Aptidão agrícola e fertilidade de solos
para a cultura do cacaueiro. In: VALLE, R.R. Ciência, tecnologia e manejo do cacaueiro,
Brasília:CEPLAC, 2012, p. 67 – 114.
*Introdução
+ Na Bahia, os levantamentos de solos mais aprofundados e o uso de corretivos e
fertilizantes no cultivo do cacaueiro forma introduzidos na década de 1960, alcançando um
máximo de utilização na década de 1980, quando este cultivo, juntamente com a cana-de-
açúcar, foi responsável por mais de 90% do consumo de fertilizantes na Região Nordeste.
+ Características físico-químicas do solo, sombreamento, estado fitossanitário,
regime hídrico do solo e impedimentos ao desenvolvimento radicular devem ser levados em
consideração no manejo da fertilidade em cacauais.
*Levantamento, classificação dos solos na região sudeste da Bahia
+ 1963 – mapeamento pedológico em nível de reconhecimento com detalhes, em
uma área de 91819 km2. Nesse levantamento foram identificados 31 unidades cartográficas,
usando-se como princípio taxonômico o sistema americano de classificação de solos – Soil
Survey Staff de 1958.
+ Algumas das classes:
● CEPEC Modal: NITOSSOLO Háplico Eutroférrico saprolítico/LUVISSOLO
Crômico Órtico típico.
● Itabuna Modal: ARGISSOLO Vermelho-Amarelo Eutrófico abrúptico
● Valença: Latossolo Amarelo Distrófico típico.
● Camacan: Argissolo Vermelho-Amarelo Eutrófico cambissólico.
*Atributos de solos para o cultivo do cacaueiro
+ Nesta região, os melhores solos para a exploração do cacaueiro sob o ponto de
vista morfológico, físico-químico e mineralógico estão representados pelas seguintes
unidades: CEPEC Modal – NITOSSOLO Háplico Eutroférrico, Camacan – ARGISSOLO
Vermelho-Amarelo Eutrófico, Itabuna Modal – ARGISSOLO Vermelho-Amarelo Eutrófico, Rio
Branco – Cambissolo Háplico Distrófico e Solos Aluviais Argilosos e de textura média –
Neossolo Flúvicos Eutróficos típicos.
+ Solos medianamente adequados para o cultivo do cacau
- NITOSSOLO Háplico distrófico câmbico
- CAMBISSOLO Háplico Distrófico latossólico – Unidade Rio Branco
- GLEISSOLO Háplico Tb Eutrófico vertissólico – Unidade Hidromorfica
- Argissolo Vermelho-Amarelo Alítico Típico – Unidade Vargito
- Argissolo Vermelho-Amarelo Distrófico abrúptico – Unidade São Paulinho
- Argissolo Amarelo Distrófico latossólico e/ou Latossolo Amarelo Distrófico
típico – Unidade Água sumida.
- LATOSSOLO Vermelho-amarelo ou Amarelo Distroférrico típico – unidade
Una.
- LATOSSOLO Vermelho-amarelo distrófico típico – unidade Valença
*Características edáficas do cacaueiro
*Fatores edáficos que afetam o desenvolvimento do cacaueiro
+ Importância da profundidade efetiva da raiz
- Trabalhos de Cadima (1970) e Chepote et al. (2009) sob o desenvolvimento
radicular em solos na região cacaueira do Sul da Bahia, mostram que a maior concentração
de raízes de cacaueiros provenientes de mudas seminais está na camada de 0-30 cm, e em
clones de cacaueiro (TSH – 1188 e TSH - 516) reproduzido por estaquia, a maior quantidade
de raízes encontra-se na camada de 0-20 cm.
- As raízes são impedidas de se desenvolverem principalmente quando ocorre
no solo camadas adensadas, rochas continuas ou concreções lateríticas, podendo também
ocorrer em solos com drenagem deficiente e condições adversas de textura.
- Aeração
● Quando o lençol freático permanece acima de um metro do seu
nível médio(normal) por um período de mais de seis meses, o cacaueiro produz pouco, o
que não acontece quando o tempo de permanência é de apenas três meses.
- Compactação
● Em experimento sob condições de casa de vegetação, Silva et al.
(1977) demonstraram que a compactação reduziu o potencial de infiltração de água no solo
provocando falta de oxigênio na zona radicular, limitando o crescimento das raízes do
cacaueiro.
- Condições texturais
- Profundidade
● Profundidade pedológica x profundidade efetiva.
● Pode-se estabelecer um limite entre 120 e 180 cm como ideal para
satisfazer um enraizamento capaz de suprir as necessidades em água e nutriente, evitando-
se oscilações na produção por variações das condições ambientais, especialmente excesso
ou falta de chuvas.
- Água no solo
●O cacaueiro é uma espécie com pouca tolerância à seca. Alvim
(1960), trabalhando com plantas com seis meses de idade, determinou que para manter os
estômatos completamente abertos é necessária uma umidade disponível no solo de mais de
60%.
● Áreas de baixada risco de oxirredução.
- Características físicas e mineralógicas
●Ca e Mg como discriminadores de solos adequados para cacau.
*Necessidades nutricionais do cacaueiro
+ Nitrogênio
+ Fósforo
+ Potássio
+ Cálcio
+ Magnésio
+ Enxofre
+ Boro
+ Cobre
+ Ferro
+ Manganês
+ Zinco
+ Molibdênio
*Sistemas para recomendar adubação na cultura do cacaueiro
+ Análise de solos
● Amostra composta por no mínimo 12 amostras simples.
● Gleba de no máximo cinco hectares, preferencialmente dois hectares.
● Amostra composta por 300 gramas para envio.
*Diagnose através da análise foliar
+ Na análise foliar do cacaueiro deve-se coletar a terceira folha a partir do ápice de
um lançamento recém amadurecido, geralmente entre 60-90 dias de idade, a meia altura da
copa da planta. A época de coleta é no verão (dezembro a janeiro), evitando-se ramos com
lançamentos novos. Recomenda-se coletar quatro folhas por planta (uma em cada
quadrante), percorrendo-se toda a área de uma gleba homogênea, em um total de 10
cacaueiros por amostra composta. Não devem ser coletadas folhas atacadas por pragas,
doenças ou com injúrias mecânicas. As folhas deverão ser coletadas e acondicionadas em
sacos de papel e remetidas de modo a darem entrada no laboratório no mesmo dia.

*Utilização de corretivos no cacaueiro


+ Relação Ca:Mg = 3:1
+ Quantidade de corretivo
- Elevação de Ca:Mg = 3 Cmolc dm-3
- Saturação por bases > 60%
+ Qualidade de calcário
+ Aplicação do corretivo
+ Utilização de gesso agrícola
- Gesso agrícola = CaSO4.2H2O2 sal pouco solúvel em água (2,5 g L-1), fonte de
cálcio (17 a 20%) e enxofre (14 a 17%).
- Condição para utilização do gesso = Al3+ > 0,5 Cmolc dm-3; m% ≥ 30%; Ca2+ ≤
0,5 Cmolc dm-3.
*Utilização de fertilizantes pelo cacaueiro

*Adubação na fase de viveiro


+ Na produção de mudas de cacau em viveiro são utilizados sacos plásticos com
capacidade de 2,0 kg cheios com solo (terriço) coletado entre 0 e 40 cm de profundidade.
Este terriço pode ser enriquecido misturando resíduos orgânicos como esterco curtido de
gado, galinha e/ou composto de casca do fruto ou testa de amêndoa do cacau na proporção
4:1 (solo:resíduo orgânico). Além dos resíduos orgânicos, recomenda-se adicionar para cada
m3 da mistura 5,0 kg de superfosfato simples 200 g FTE NEW Centro Oeste, 500 g de cloreto
de potássio e 1,0 kg de calcário dolomítico (o calcário deve ser adicionado 30 dias antes dos
fertilizantes). As mudas deverão ser pulverizadas, quinzenalmente, com uréia a 0,5% (50 g/
10 L).

Tabela 13 – Fontes e quantidade de micronutrientes na adubação foliar.


Elemento a ser suprido Produto Quantidade (g/100 L água)
Zinco Sulfato de zinco + Cal 300 + 150
extinta
Boro Ácido bórico 50
Cobre Oxicloreto de cobre 300
Ferro Sulfato ferroso 300
Manganês Sulfato de manganês 300

*Adubação na fase de formação


+

*Adubação na fase de produção


+ As doses de fertilizantes devem ser aplicadas de fevereiro a abril e de setembro a
dezembro.
*Adubação orgânica
+ Chepote (2003) verificou aumento na produção de amêndoas de cacau com a
aplicação de 8 kg/planta de composto de casca do fruto do cacaueiro e/ou esterco de curral.
Aumentos de produção também foram obtidos com a adubação organo-mineral na razão de
4 kg/planta de composto e/ou esterco de curral bem curtido combinado com 50% da dose
de adubo mineral recomendada com base na análise de solo.
*Adubação com micronutrientes
+ Observações de campo e analises de solos mostraram que o zinco é o elemento
que mais frequentemente manifesta deficiência em Latossolos Distróficos e Argissolos
Distróficos da Região Cacaueira do Sul da Bahia. Quando os teores desse elemento no solo
se encontram abaixo de 15 mg dm -3 deve-se aplicar 4,0 kg ha -1 de Zn, na forma de óxido ou
sulfato de zinco em pó. No plantio, recomenda-se aplicar 15 a 25 g de FTE por cova.

*Adubação foliar
+ 50% fevereiro a março; 50% setembro a dezembro?!?!.

PAIVA, A.Q.; ARAUJO, Q.R. Fundamentos do manejo e da conservação dos solos na região
produtora de cacau, In: VALLE, R.R. Ciência, tecnologia e manejo do cacaueiro,
Brasília:CEPLAC, 2012, p. 115 – 134.
*Introdução
+ Aumento da quantidade de microporos e a diminuição de macroporos. Com isso a
velocidade de infiltração da água fica mais lenta e a água passa a acumular-se na superfície,
provocando o escoamento conhecido como enxurrada. Esse escoamento superficial é um
importante fator gerador de erosão.
*Conservação do solo e da água
+ Intensidade das chuvas.
+ Relevo da região cacaueira
*Práticas agrícolas e qualidade do solo
+ Desmatamento e degradação do solo
- Os efeitos negativos do desmatamento e práticas posteriores sobre o solo,
podem ser indicados a partir de diversos fenômenos que, ao mesmo tempo em que
representam prejuízo efetivos para o sistema edáfico, repercutem nos demais membros do
ambiente. Assim, o solo pode apresentar: erosão, compactação, lixiviação, perda
microbiana, diminuição da infiltração e armazenamento de água, degradação da matéria
orgânica e poluição, dentre outras.
+ A queimada e o solo
- A natureza demonstra que os ambientes, nos quais a queimada ocorre
como um fenômeno natural (provocado por descarga elétrica, por fricção entre corpos),
apresentam-se, de modo geral, com solos empobrecidos, com consequentes deficiências
nutricionais, pH inadequado, altos teores de elementos tóxicos. Dentre as consequências
negativas advindas da queimada estão: a destruição dos organismos do solo, a queima da
matéria orgânica com liberação de CO2 para a atmosfera, volatização de alguns nutrientes,
principalmente nitrogênio, diminuição da infiltração e retenção de água, aumento da
susceptibilidade do solo à erosão, redução da capacidade produtiva dos terrenos e
desequilíbrios no meio ambiente.
+ Tratos culturais
- Calagem e adubação
- Capina
- Defensivos agrícolas
+ Causas e tipos de erosão
- Erosão por salpicamento
- Erosão laminar
- Erosão em sulco
- Erosão em voçoroca
+ Aptidão e erosão das terras
+ Reflexos da erosão
- O que provoca maior diminuição da fertilidade do solo: a exportação de
nutrientes ou a erosão?
- Fatores que são os principais determinantes da erosão no solo: chuva e
vento, cobertura e manejo do solo, topografia e propriedades do solo.
● Chuvas e ventos
● Cobertura e manejo do solo

Obs: recuperação biológica do solo.

CHEPOTE, R. E.; SODRÉ, G.A.; REIS, E.L.; PACHECO, R.G.; MARROCOS, P.C.L.; VALLE, R.R.
Recomendações de corretivos e fertilizantes na cultura do cacaueiro no sul da Bahia.
Ilhéus:CEPLAC/CEPEC. Boletim Técnico n° 203. 44p. 2013.
*Introdução
*Necessidades nutricionais para o cacaueiro
+ Potássio
- Acumula-se sempre nas partes em crescimento ativo; cerca de 70% do
potássio encontra-se adsorvido no suco celular e nas proteínas do protoplasma. Participa do
curso normal de todos os processos metabólicos e é responsável pela economia de água na
planta, diminuindo a tendência ao murchamento. O potássio tem importância na
translocação dos carboidratos e na síntese das proteínas e ácidos graxos. Este elemento
afeta a qualidade de muitos produtos vegetais, aumentando o conteúdo de açúcar, amido e
gordura.
*Amostragem do solo
+ Instruções para coleta
- A amostra composta de áreas homogêneas não deve ser superior a cinco
hectares e, em muitos casos, não superior a dois.
- 12 amostras simples.
*Diagnose foliar do cacaueiro
+ Para análise foliar do cacaueiro deve-se coletar a terceira folha a partir do ápice de
um lançamento recém amadurecido, na meia altura da copa da planta. A época de
referência da coleta é no verão, evitando-se ramos com lançamento foliar. Coletar quatro
folhas por planta (uma em cada quadrante), percorrendo-se toda a área de uma gleba
homogênea, num total de 10 cacaueiros por amostra composta (Sodré et al., 2001). Não
coletar folhas atacadas por pragas, doenças ou com injúria mecânica.
Sintoma Principal Sintomas Específicos Elementos
Plantas tipicamente - Clorose nas folhas (novas e Nitrogênio
cloróticas velhas), verde pálido,
redução no tamanho
das folhas e da planta,
folhas espessas e duras
apresentando, em casos
extremos, necrose a partir
da extremidade do limbo
(ocorre principalmente
em cacauais sombreados ou
invadidos por ervas
daninhas) Figura 1.
- Clorose em todas as folhas Enxofre
novas, redução do tamanho
e largura das folhas,
nervuras às vezes mais
pálidas que o limbo
(deficiência muito rara em
condições de campo). Figura
6.
- Clorose somente nas Ferro
folhas novas, cor amarelo
vivo com nervuras
verdes completos
branqueamento das folhas
nos casos avançados, porem
não há redução do tamanho
nem na espessura e as
folhas velhas
apresentam aspecto normal
(deficiência comum nos
solos mal drenados ou
muito pobres em matéria
orgânica ou sob condições
de alcalinidade. Figura 7.
Clorose internerval -Clorose nas folhas velhas, geralmente Magnésio
acompanhada de necrose
formando ilhas de tecidos mortos
entre as nervuras, havendo às vezes
necrose marginal (deficiência mais
comum em solos ácidos e às vezes
observada em viveiros). Figura 5.
- Clorose nas folhas novas, limitada Manganês
por uma faixa entre as nervuras,
apresentando as nervuras e
adjacências coloração normal
(deficiência comum em solos
alcalinos). Figura 9.
Folhas - Necroses estritamente marginais Potássio
tipicamente principalmente em folhas velhas.
necróticas Clorose marginal de duração efêmera
pela subseqüente necrose, havendo
divisão nítida entre o tecido necrótico
e o vivo, característica que serve
para distinguir da queima marginal
por falta de água (deficiência comum
em solos ácidos). Figura 3.
-Necrose nas folhas mais novas Cálcio
formando grandes ilhas entre as
nervuras, dispostas simetricamente ao
longo da nervura central, havendo
queda prematura das folhas
(raramente observada em condições
de campo).
Figura 4.
- Folhas novas de tamanho reduzido Boro
exibindo acentuada curvatura convexa
pelo aparente repuxamento da nervura
central, podendo formar verdadeira
espiral. Limbo endurecido e
quebradiço, necrose terminal nas
folhas mais
velhas (deficiência possível de
encontrar-se em solos arenosos e
lixiviados,
em períodos secos ou em condições de
alcalinidade). Figura 10.
Folhas novas deformadas - Folhas novas apresentando Zinco
distorções muito estreitas em relação
ao comprimento, margem
freqüentemente ondulada e limbo às
vezes em forma de foice. Clorose em
pequenas manchas entre as nervuras
secundárias podendo em casos
avançados dominar todo o limbo. As
folhas mais velhas podem mostrar
pequenas pontuações cloróticas
enfileiradas ao longo das nervuras
principais (deficiência freqüente em
solos arenosos e alcalinos, às vezes
induzida pelo excesso de calagem ou
de adubação fosfatadas). Figura 8.
- Folhas novas de tamanho reduzido, Cobre
dando a impressão de comprimidas
longitudinalmente. Nervuras
secundárias em menor número e com
distâncias irregulares convergindo
para a parte apical. Necrose freqüente
no ápice da folha (deficiência rara de
campo).
- Planta de tamanho reduzido, com Fósforo
folhas relativamente estreitas, porem
preservando a cor verde normal,
desfolhamento acentuado observa-se,
às vezes, uma necrose na zona apical
do limbo (deficiência muito
generalizada, mas talvez a mais
frequente, mas em geral despercebida)
Figura 2.
- Folhas novas relativamente finas e Molibdênio
translúcidas, apresentando ligeira
clorose marchetada, mas pronunciada
nas regiões internervais, podendo
apresentar, posteriormente, necrose
marginal (deficiência muito rara).
*Utilização de Corretivos no Cacaueiro
+ Quantidade de corretivo
- Soma de Ca2+ + Mg2+ = 3 cmolc dm-3
- Saturação por bases = 60%
+ Qualidade do corretivo
+ Aplicação do corretivo
-Em áreas de implantação, o calcário deve ser aplicado em toda a área, a
lanço e em cobertura após o balizamento. Esta aplicação deve ser feita de uma só vez, se a
dose não ultrapassar 4000 kg ha ano -1 em solos Argissolos Vermelho-Amarelo distrófico de
textura argilosa e Neossolos Flúvicos (aluviais argisolos distróficos), ou 2000 kg ha -1 ano-1 em
solos Latossolos Vermelho-Amarelos distróficos e Argissolo Amarelo distróficos de textura
média e/ou franco arenosos. Quando a dose ultrapassar estes valores, a aplicação deve ser
dividida em duas ou três parcelas, respeitando-se a dose máxima permitida e aplicação
semestral, para solos com teor de argila acima de 30% e anual para solos com menos de
30%.
- Em lavouras já formadas, a aplicação do corretivo deve ser a lanço e em
cobertura, no espaço entre quatro cacaueiros. Para se determinar a quantidade de calcário
a ser aplicada com base no espaçamento de 3 x 3 m (9 m2), deve-se multiplicar pelo fator 0,9
que permite converter a quantidade de calcário recomendada, em kg por hectare, para
gramas. Por exemplo, para uma recomendação de 2000 kg ha -1, a quantidade aplicada em 9
m2 será de 1800 g.
+ Utilização de Gesso Agrícola
- O gesso agrícola é basicamente o sulfato de cálcio di-hidratado
(CaSO4.2H2O), obtido como subproduto industrial da produção de ácido fosfórico. É um sal
pouco solúvel em água (2,5 g L -1), no entanto, é uma boa fonte de cálcio (17 a 20% de Ca) e
de enxofre (14 a 17% de S).
- A acidez nas camadas subsuperficiais dificulta o crescimento de raízes
devido aos elevados teores de alumínio (> 0,5 cmol c dm-3 de Al3+) e saturação por alumínio
(m% ≥ 30%), principalmente quando associados a baixos teores de cálcio (Ca 2+ ≤ 0,4 cmolc
dm-3).

*Utilização de fertilizantes em cacaueiro


+ Adubação mineral
- As quantidades de fertilizantes devem ser parceladas em duas doses. A
primeira no período de fevereiro a abril e a segunda de setembro a novembro.
- A utilização de novas variedades de cacaueiros resistentes a doenças
possibilita produtividades médias acima de 80@ ha-1 ano-1, o que permite aumentar a dose
de fertilizantes para dar sustentabilidade ao aumento de produção. Assim, as quantidades
de fertilizantes serão readequadas em função da produtividade dos cacaueiros,
aumentando-se as doses em relação à faixa de produtividade.
SOUZA, C.A.S.; AGUILAR, M.A.G.; DIAS, L.A.S.; SIQUEIRA, P.R. Capítulo 6 – Relações hídricas
e irrigação, In: SOUZA, C.A.S.; DIAS, L.A.S.; AGUILAR, M.A.G.; BOREM, A. Cacau: Do Plantio a
Colheita, Viçosa: Editora UFV, 2016, p. 178 – 199.
*Introdução
+ Cacaueiro como espécie de elevado consumo hídrico e uma das fruteiras mais
sensíveis à falta da água.
+ Mínimo de 1200 mm de pluviosidade ano-1 bem distribuídos.
+ Alvim (1965) = défice hídrico como principal fator de produção.
+ Redução na água do solo = aumento da senescência foliar, podendo inibir floração.
+ Um cacaueiro adulto, com 4000 folhas e área foliar total de 60 m 2, perde 40 litros
de água por dia, ou 1400 litros por ano. Em um hectare plantado com 800 cacaueiros, a
transpiração é equivalente a 1200 mm de chuva por ano.
*Relações hídricas
+ Segundo Müller (1998), as regiões produtoras de cacau apresentam precipitação
média anual entre 1400 e 2000 mm e 3 a 5 meses em que a perda de água por
evapotranspiração excede a precipitação. Em países do oeste da África, a colheita fica
restrita a um período curto, porque a estação seca se prolonga. Na região cacaueira da
Bahia, a colheita estende-se praticamente durante o ano todo por não haver déficit hídrico
não havendo produção apenas nos meses frios.
+ Estudando relações hídricas em folhas de cafeeiro (Coffea arábica L.) e do
cacaueiro (Theobroma cacao L.), Alvim (1960) verificou que os primeiros sinais de
senescência surgiram quando as folhas do cacaueiro tinham perdido 17% e as do cafeeiro,
22% de seu conteúdo original de água. Ambas partiram de uma condição inicial em que
estavam saturadas (100%). Nesse mesmo experimento, o autor observou que
aproximadamente 50% da área foliar do cacaueiro morreu, quando o défice de água atingiu
25% enquanto foi necessário atingir 57% para que morresse a mesma quantidade no
cafeeiro.
+ Machado e Alvim (1981) em um experimento de campo com o cacaueiro e dois
tratamentos, sendo um úmido (testemunha) e outro de indução à deficiência hídrica através
da cobertura do solo com polietileno, observaram que o número de flores por planta no
tratamento seco foi reduzido a menos da metade em relação às planas em relação às
plantas testemunhas, mesmo quando havia disponibilidade de água há 30 cm de
profundidade. No entanto, após a reintrodução da umidade nas plantas do tratamento com
deficiência hídrica, a floração foi superior em quase duas vezes a das testemunhas. Notaram
também redução no crescimento dos frutos, no tamanho e no peso, à medida que o solo se
tornava mais seco. A redução no peso dos frutos deve-se ao fato de o alongamento celular
ser o processo fisiológico mais afetado pela deficiência de água (ALMEIDA; MACHADO,
1993).
+ Em estudo do consumo hídrico do cacaueiro jovem sob gotejamento em consorcio
com bananeira e pau-brasil, de agosto de 2012 a janeiro de 2013 que utilizou o método do
balanço hídrico de campo Leite (2013) conclui que a evapotranspiração diária média da
cultura pelo balanço hídrico foi de 3,5 mm (variando de 2,0 mm, em setembro e outubro, a
6,7 no final de janeiro de 2013); o consumo médio de água do cacaueiro foi de 31,5 L dia
planta-1; e o coeficiente de cultura (Kc) médio foi de 0,9. A evapotranspiração da cultura
(ETc) variou de 9,8 a 39,9 mm, em razão do número de dias considera no balanço hídrico da
cultura, com um total de 310,6 mm. Já a evapotranspiração de referência (ETO) foi obtida
no Tanque Classe A, sendo o valor mínimo de 2,7 mm, coincidindo com períodos de maior
precipitação, e o máximo de 5,1 mm em épocas de temperatura elevada.
+ Comparando os resultados de consumo diário de água do cacaueiro, Alvim (1965)
afirmou que uma planta adulta com quatro mil folhas e superfície foliar de 60 m 2, perde em
média 40 litros de água por dia. Almeida et al. (2000) detectaram consumo de 19,8 litros por
planta através do balanço hídrico climatológico, e, segundo Leite (2013), o consumo diário
de água de um cacaueiro foi de 31,5 litros.
+ Para que haja crescimento máximo das plantas, a transpiração de uma área com
cobertura vegetal deve ser mantida na sua capacidade potencial. A razão entre a água
evapotranspirada pela cultura e aplicada pela irrigação deve-se aproximar de um, para que
se tenha máxima eficiência de uso e de aplicação.
+ Siqueira et al., (1987) recomendam o reinicio da irrigação quando o solo
apresentasse 56,5% da água disponível, para a máxima produção. Esse teor de umidade
representa 20 Kpa para o cultivo do cacaueiro.
+ Folhedo de cacauais adultos fazem com que a transpiração seja o principal
componente da demanda hídrica da cultura (PAMPONET et al., 2012).
*Principais Etapas de um Projeto de Irrigação
+ Parâmetros que precisam ser coletados na área:
- área a ser irrigada em hectares ou m2;
- espécie a ser plantada e seu espaçamento entre plantas e linhas;
- tipo de solo quanto à sua textura e quanto a sua permeabilidade;
-topografia do terreno;
- precipitação desejada ou calculada;
- horas de funcionamento desejado por dia;
- desnível entre o local da bomba, para o dimensionamento correto dela;
- quantidade e qualidade da agua disponível na estação seca;
- tipo de acionamento que prefere da bomba;
- trator: marca, modelo e potência.
+ Elaboração do projeto
- Na elaboração do projeto de irrigação, pressupõem-se alguns critérios:
● Definição da precipitação ou lâmina a ser aplicada na área. Esta
varia de acordo, principalmente, com a cultura (cada cultura apresenta um tipo de
evapotranspiração e, portanto, diferentes consumos de água), tipo de solo a ser irrigado e
região em que a área se situa (de região para região as condições climáticas – chuvas,
evaporação, ventos etc. – variam;
● Seleção do equipamento mais adequado ou das alternativas de
equipamento para a área. Levar em consideração a cultura plantada ou a ser plantada, a
topografia e o tamanho da área e a disponibilidade de água;
● Cálculo do turno de rega e tempo de funcionamento por cada setor
de irrigação. Para fazer esses cálculos, levam-se me conta, principalmente, o consumo diário
de água pela cultura, a profundidade do sistema radicular, a resistência que a planta
apresenta ao défice de água e as características físicas do solo, principalmente quanto à sua
capacidade de armazenamento de água;
● Cálculo de vazão: esse cálculo refere-se a vazão total do
equipamento e baseia-se na área a ser irrigada, na precipitação definida e no número de
horas de trabalho diário;
● Dimensionamento hidráulico das tubulações e dos acessórios, como
válvulas, hidrantes cotovelos de derivação e outros, com base na vazão total, na altura
manométrica necessária e na velocidade da água no interior dos tubos. Uma vez
selecionadas as tubulações e os acessórios, procede-se a locação e posicionamento destes
na área;
● Dimensionamento do conjunto motobomba: o qual se baseia na
vazão, na altura manométrica e na potência necessária. Na escolha da bomba, deve-se
atentar para que ela trabalhe no ponto de máximo rendimento e para sua altura máxima de
sucção;
● Elaboração de planta ou croqui onde são locados o ponto de
captação, a linha mestra, as linhas laterais os acessórios e o posicionamento do
equipamento; e
● O roteiro prossegue com a análise econômica do projeto e outros
itens, por exemplo, custos, receitas, fluxo de caixa, comercialização etc., conforme a
exigência da situação.
- Três questões devem ser respondidas: quanto, quando e como irrigar?
- Quanto irrigar?
● Deve-se considerar a quantidade de água a ser aplicada para que a
cultura produza adequadamente. Para isso, o planejamento da irrigação deve contemplar a
capacidade de armazenamento de água do solo, observados os seguintes conceitos:
X Capacidade de campo: é o limite superior da quantidade de
água disponível no solo para as plantas e corresponde ao teor de umidade retida
naturalmente nas partículas do solo, quando a água deixa de percolar, em decorrência da
ação da gravidade. A tensão de água disponível no solo corresponde aos valores de 0,1 atm
para solos arenosos e 0,33 atm para solos argilosos.
X Ponto de murcha permanente: é o limite inferior da
quantidade de água disponível no solo para as plantas e corresponde ao teor de umidade
retida nas partículas do solo, sem aproveitamento pela cultura. A tensão da água no solo,
acima da qual não haverá água disponível para que as plantas possam se desenvolver, varia
de 500 a 2500 kpa dependendo da planta ou da condição ambiental.
X Água disponível: É a diferença entre o conteúdo de umidade
na capacidade de campo e no ponto de murcha permanente. Esse intervalo é denominado
água disponível para as plantas sendo variável com o solo e com o seu manejo.
X Densidade do solo: é a quantidade de sólidos e ar em
determinado volume de solo. É dada pela relação entre a massa seca de solo seco e o
volume de solo em seu estado natural de arranjamento.
X Profundidade do sistema radicular: trata-se da profundidade
do solo que se deseja irrigar. Normalmente é aquela em que se encontram 80% das raízes
do cultivo.
X Capacidade de armazenamento de água no solo: é a
quantidade máxima de água que o solo é capaz de armazenar é função das características
físico-hídricas desse e da profundidade do solo a que se deseja irrigar a lâmina de água é
calculada pela seguinte fórmula:

CC −PMP
¿= . Ds . Pe
100
Em que:
LL= Lâmina líquida de irrigação (mm)
CC=Capacidade de campo (%)
PMP=Ponto de murcha permanente
Ds = Densidade aparente do solo (g cm3)
Pe = Profundidade efetiva do sistema radicular.

X Com a fórmula acima calcula-se a lâmina líquida a ser


aplicada, ou seja, aquilo que a planta precisa para produzir adequadamente. Uma vez que
nem toda água aplicada estará à disposição do cultivo, é preciso considerar a eficiência de
aplicação do sistema de irrigação, que dificilmente ultrapassa 90%. Considerando uma
lâmina líquida a ser aplicada de 30 mm, aquela que deve ser realmente aplicada ou a lâmina
bruta será calculada pela seguinte fórmula:
LB = LL/EA, substituindo LB = 30 mm tem-se:
30 = LL/0,9 ‫؞‬LL = 33,3 mm
em que;
LB = Lâmina bruta a ser aplicada.
LL = Lâmina líquida requerida pela cultura.
EA = Eficiência de aplicação do sistema.
- Como irrigar?
● A questão retrata a escolha do sistema de irrigação mais adequado
para a situação local.
● A escolha depende de uma série de fatores, como relevo do
terreno, tipo de solo (arenoso, textura média ou argiloso), tamanho da área, quantidade e
qualidade da água para a irrigação, clima da região, especialização da mão de obra, nível
tecnológico do agricultor, quantidade de recursos financeiros para o projeto de irrigação.
● Microaspersão
X Muito utilizado em cacau, apresenta um maior dispêndio de
água em relação à irrigação localizada.
● Irrigação localizada
X Compreende os métodos de irrigação em que a água é
aplicada diretamente sobre a região radicular, em pequena intensidade e alta frequência,
para manter a umidade próxima da ideal, que é a de capacidade de campo.
X Umedecimento parcial do solo com adequação do sistema
radicular da planta a este ambiente.
X Permite uma irrigação com grande precisão, economia de
água e energia e, no caso do uso das fitas de polietileno (sistema também conhecido como
“tripa”), o custo de implantação é menor.
X Muitos são os fatores que podem prejudicar a sua qualidade,
como quantidade de sais, presença de sólidos em suspensão, ferro, manganês, carbonatos,
coliformes fecais.
# Ferro: efeito na tubulação e na folha do cacaueiro em
áreas com sistema de aspersão.
@ Decantação do Fe oxidado, remoção do ferro
oxidado do reservatório e utilização de filtros de areia e de disco.
- Quanto irrigar?
● Augusto (1997) recomenda irrigação sazonal e só quando o
consumo de água for superior a 56,5% da água disponível.
● Cálculo do turno de rega.
● Para realizar o manejo da irrigação a partir que a tensão que a água
é retida no solo, da determinação da determinação da umidade do solo ou do conteúdo de
água no solo, os métodos mais comumente utilizados são gravimétrico, do tensiômetro, da
moderação de nêutrons e da reflectometria com domínio do tempo (TDR).
*Fertirrigação
+ As principais vantagens da fertirrigação são:
- Economia de mão de obra;
- melhor localização e distribuição dos fertilizantes;
- maior eficiência dos fertilizantes;
- diminuição do trânsito de maquinas, diminuindo a degradação dos solos;
- uniformidade na distribuição dos fertilizantes; e
- maior número de parcelamento dos nutrientes.
+ As principais desvantagens:
- corrosão de algumas partes do sistema de irrigação;
- a qualidade da água para a irrigação deve ser adequada, para evitar
precipitação de íons e toxidez nas plantas;
- o sistema de irrigação deve ser dimensionado corretamente, visando aplicar
a lâmina uniforme de água em toda a superfície irrigada, ou seja, a pressão de trabalho deve
ser estável, tanto no primeiro como no último emissor, o que raramente acontece;
- os fertilizantes devem ser solúveis, livres de impurezas e com baixos teores
de adjuvantes;
- a frequência de fertirrigação deve ser de acordo com a textura do solo, pois
os arenosos apresentam maior potencial de lixiviação dos nutrientes; e
- caso a fertirrigação seja mal manejada a risco de salinização e contaminação
do solo.
*Considerações finais
+ Aumento de 200% da produção com o uso de irrigação.
+ Consumo de água para um cacaueiro em média de 50 litros por dia nos períodos
mais quentes.
Obs: Como solicitar a outorga da água na Bahia?

SOUZA, C.A.S.; AGUILAR, M.A.G.; DIAS, L.A.S.; Capítulo 7 – Identificação e Manejo de


Pragas, In: SOUZA, C.A.S.; DIAS, L.A.S.; AGUILAR, M.A.G.; BOREM, A. Cacau: Do Plantio a
Colheita, Viçosa: Editora UFV, 2016, p. 200 – 229.
*Introdução
+ Daghela Bisseleua et al. (2013) concluíram que a diversidade de sombreamento
contribui para o equilíbrio das populações de insetos e ácaros associadas aos plantios
tradicionais de cacaueiro.
+ Efeitos diretos e indiretos sob o cacaueiro.
+ A intensidade dos danos econômicos depende de diversos fatores como o nível de
sombreamento dos cacaueiros, a ocorrência e a severidade do défice hídrico, a nutrição e o
manejo de plantas de sombra e dos cacaueiros e os genótipos dos cacaueiros sob cultivo.
+ Nas regiões cacaueiras brasileiras, pragas como tripes, vaquinhas, lagartas,
besouros, cochonilhas, brocas percevejos e ácaros ocorrem com frequência e são limitantes
a produção. Traças, carunchos e outros insetos são sérios problemas para as sementes secas
armazenadas, podendo provocar perdas de peso e de qualidade do produto. Estima-se que
perdas médias de produção entre 5 e 10% são registradas em todas as regiões cacaueiras
por ataque de pragas.
+ Manejo integrado
- Nível de dano econômico
+ Pragas temporárias e permanentes
- Pragas temporárias
● Tripes (Selenothrips rubrocinctus Giard)
X Uma das principais pragas do cacaueiro do ponto de vista
econômico. O adulto de coloração preta a castanha-escura, mede 1,4 mm de comprimento.
A ninfa em geral é amarelo-pálida com cinta vermelha nos dois primeiros segmentos
abdominais, daí o nome rubrocinctus.
X O inseto vive em colônias na face abaxial da folha,
preferindo aquelas parcialmente maduras e instalando-se ao longo da nervura principal e
das nervuras secundárias ou por toda a superfície. Em decorrência de seu hábito alimentar
raspador-sugador, a folha atacada apresenta inicialmente manchas cloróticas, evoluindo
para a necrose e queda prematura. A redução da superfície foliar fotossintética implica
menor produção de frutos e de sementes secas.
X Ataque muito intenso causa uma queda acentuada de folhas
da planta, provocando o sintoma conhecido vulgarmente como “emponteiramento”,
caracterizado pela ausência de folhas nas partes terminais dos ramos. Outro dano
importante causado por tripes é o escurecimento dos frutos, que passam a ter cor
ferrugem. Frutos ferrugem não permitem a distinção visual entre verde e maduro,
dificultando o reconhecimento do estádio de maturação e induzindo à colheita de frutos
verdoengos pelo colhedor.
X Amostragem: por ocasião da emissão das folhas novas
(lançamento foliar) e no ápice da frutificação devem-se amostrar/observar ao acaso 100
folhas e 60 frutos em 20 cacaueiros (cinco folhas maduras e três frutos de cacaueiro), por
talhões de cinco a 10 hectares, uniformes em idade e sombreamento. Repetir essa
amostragem/observação quinzenalmente. Com dois a três tripes por folha e 10% de frutos
infectados deve-se proceder à aplicação do inseticida.
X Sombreamento adequado (35 a 50%) é considerado a
medida de controle mais eficiente.
X Formiga “caçarema” no controle da população.
X Controle químico aplicação com o inseticida Decis 25 CE na
dosagem de 200 mL do produto, diluído em 100 litros de água para 1 ha, utilizando-se
pulverizador costal motorizado.
● Vaquinhas
X Crisomelídeos. Criso = brilhantes.
X Percolapsis ornata (Germ., 1824)
# São besouros de 6 a 7 mm de comprimento, élitros
(asas) verde-metálico, cabeça e protórax alaranjados, antenas longas (ápice atinge a
inserção do segundo par de pernas), pernas e abdômen castanho-claros. Essa espécie se
alimenta de folhas jovens, provocando perfurações no limbo, que fica com aspecto
rendilhado e, muita vezes, em formato de vírgula. Quando o ataque é severo, o que pode
ocorrer um a dois meses após o lançamento foliar, as folhas ficam praticamente destruídas.
# Podem também causar danos aos frutos novos
(bilros), em que a superfície fica coberta por manchas pretas. Se o fruto estiver com mais de
10 cm de comprimento, apesar das cicatrizes, as sementes não são afetadas.
# Está espécie tem sido encontrada com maior
densidade populacional em áreas onde o sombreamento é menor, naquelas com déficit
hídrico prolongado e onde a diversidade de espécies de plantas associadas ao cacaueiro é
menor.
X Colapsis spp.
# Esse gênero de besouro inclui diversas espécies com
4 a 11 mm de comprimento, élitros sulcados longitudinalmente, antenas longas, pernas
castanhas a pretas e os adultos podem apresentar várias cores. Os seus danos são
semelhantes aos causados por Percolapsis ornata, descritos anteriormente.
X Taimbezinhia theobromae (Bryant, 1924)
# Besouros com 3 a 5 mm de comprimento, élitros lisos
cor preta-metálica a verde escuro-metálico, antenas curtas, pernas e abdômen castanho-
escuros a preto brilhante. Causa a destruição quase completa do limbo foliar, chegando às
vezes alimentar-se da extremidade apical do ramo.
# A oviposição é feita no solo, e as larvas desenvolvem-
se nas raízes das plantas. Os adultos são mais abundantes na época da renovação foliar,
havendo correlação positiva e alta entre a emissão foliar e a população de inseto. O adulto é
muito ágil, e, ao perceber qualquer movimentação estranha próxima a planta, atira-se ao
solo, desaparecendo rapidamente entre as folhas e os ramos caídos no chão.
# Com relação ao controle, podem ser feitas aplicações
com o inseticida Decis 25 CE na dosagem de 200 mL do produto diluído em 100 litros de
água para 1 ha, utilizando pulverizador costal motorizado. Deve-se proceder a amostragem
em talhões de 5-10 ha, uniformes em sombreamento e idade. Amostrar quinzenalmente 20
cacaueiros representativos por talhão, os quais estejam por renovos rendilhados por
ataque de vaquinhas. Abaixo das copas e ao redor dos 20 cacaueiros estender um pano de 4
x 4 m para a coleta de insetos e, nessas plantas, aplicar Decis 25 CE (40 mL/10 L de água).
Recolher e contar as vaquinhas no lençol, quatro horas após aplicação do inseticida. Iniciar o
controle químico quando contabilizar mais de 10 vaquinhas por amostra.
● Bicudos, carneirinhos ou gorgulhos
X A principal característica desses insetos é apresentar o rostro
(“bico”) na cabeça, correspondente ao seu aparelho bucal mastigador. São três as principais
espécies que ocorrem nos cacauais brasileiros. Conforme descritos abaixo:
X Naupactus bondari (Marsh., 1937)
# Besouro com 10 mm de comprimento, coloração
verde pouco brilhante e finamente pontuado de preto. Apresenta uma linha longitudinal no
bordo anterior de cada élitro.
X Lordops aurosa (Germ. 1824)
# Besouro de 15 mm de comprimento, coloração
verde-azulada brilhante, sendo o protórax escuro e élitros com manchas verde-azulada e
verde-amareladas com as pernas marrons tendendo para vermelho escuro.
X Lasiopus cilipes (Sahlb., 1823)
# Besouro com 20 mm de comprimento, corpo preto
com protórax e pernas vermelhas-escuras.
X Heilipodus clavipes (Fabr., 1801)
# Esses insetos destroem o limbo foliar e perfuram
ainda partes tenras do caule do cacaueiro. Apresentam o hábito de se fingirem de mortos
quando tocados. A ocorrência desses insetos está associada à renovação foliar. As
amostragens para seu monitoramento devem ser feitas no período de renovação foliar, a
semelhança do que é recomendado para as vaquinhas.
● Chupança ou Monalônio
X Os percevejos do gênero Monalônio (Monalonion spp.)
conhecidos vulgarmente pelo nome de chupanças formam outro grupo de insetos que
provoca sérios danos ao cacaueiro. São as sete as espécies que ocorrem no Brasil, sendo
Monalonion bondari a encontrada nos cacauais da Bahia. Uma espécie que só ocorre no
Brasil é Monalonion schaefferi característica dos cacaueiros do Norte do Brasil.
X Os adultos são insetos de tamanho variável, com
comprimento de 7 a 13 mm, dependendo da espécie. Normalmente apresentam coloração
castanha a castanho-escura, com manchas amareladas nas asas e partes do corpo com
coloração avermelhada. O abdômen é avermelhado na maioria das espécies. As ninfas são
de coloração alaranjada, com faixas vermelhas do tamanho variável dependendo do estádio
de desenvolvimento. As ninfas e os adultos sugam a seiva dos frutos e dos brotos. Quando
se alimentam dessas partes da planta, injetam toxinas que necrosam os tecidos com a
formação de pústulas, resultando num fruto conhecido vulgarmente como “fruto bexigado”.
Se o ataque ocorre em frutos. Se o ataque ocorre em frutos com menos de 8 cm de
diâmetro, estes apodrecem e caem; naqueles acima de 8 cm as sementes não são afetadas.
X As brotações atacadas inicialmente apresentam mancha
escura ao redor do local aonde o inseto se alimenta. Com o passar dos dias, essa mancha se
transforma em lesão pelo afundamento e necrose dos tecidos. Os brotos atacados secam
quando o ataque é intenso, secando também as folhas que esse broto contém, contribuindo
assim para o sintoma popularmente conhecido como “queima”. A redução da área foliar da
planta ocasiona queda na produção de frutos em virtude da menos área fotossintetizante.
X A presença desses insetos nos cacauais em grandes
populações está associada à existência de frutos e brotações novas (partes preferidas pelo
inseto), alta umidade relativa e com amplitudes térmicas acima de 8 °C. A amostragem para
determinar o momento de iniciar o controle químico desse inseto-praga é a mesma descrita
para vaquinhas e carneirinhos. A presença de uma ninfa ou adulto desses percevejos por
fruto é suficiente para se iniciar a aplicação de inseticida, mas somente nas áreas-foco, já
que seus ataques são localizados.
X Pleno sol intensifica a população de insetos.
X Com relação ao controle, podem ser feitas aplicações com o
inseticida Decis 25 CE (deltametrina) na dosagem de 200 mL do produto comercial, diluído
em 100 litros de água para 1 ha, utilizando pulverizador costal motorizado. Pode-se aplicar
Malathion 20 P (pó seco), na dosagem de 16 kg ha-1, usando polvilhadeira costal motorizada.
● Lagartas
X Diversas lagartas da ordem Lepdóptera atacam o cacaueiro.
Dentre elas destacam-se: lagarta-do-compasso (Peosina mexicana), estenoma (Stenoma
decora), lagarta enrola-folha (Sylepta prorogata), e Ecdytolopha aurantiana, Ectomyelos
muriscis e Carmenta foraseminis.
X Lagarta-do-compasso
# O adulto da lagarta-do-compasso (Peosina mexicana
Guen., 1852) é uma mariposa de 45 a 55 mm de envergadura. Suas asas são de cor marrom-
escura com faixa branca transversal. As lagartas, de hábito noturno, atingem até 6 cm de
comprimento, têm coloração castanho-claro a escura e se locomovem como se estivessem
medindo palmo, por apresentarem apenas dois conjuntos de pernas abdominais.
Alimentam-se dos frutos pequenos e folhas tenras e, quando maiores, perfuram os frutos,
fazendo cavidades que podem atingir as sementes. Quando os danos ocorrem em frutos
pequenos, eles caem. Já os danos em frutos maiores, dependendo da sua intensidade,
acarretam mutilação.
# Com relação ao controle, deve-se fazer pulverização
com Decis 25 CE na dosagem de 200 mL do produto, diluído em 100 litros de água para 1
hectare, utilizando pulverizador costal motorizado.
X Lagarta enrola-folhas
# Os adultos da lagarta enrola-folhas (Sylepta
prorogata Hmps., 1912) são mariposas de 23 a 25 mm de envergadura, com asas delicadas
amarelo-pardas e desenhos de cor marrom. As lagartas são verdes e atingem até 25 mm de
comprimento. Danificam o limbo foliar de folhas jovens que podem ser enroladas ou
justapostas por meio de fios de seda tecidos pela própria lagarta. As folhas ficam
rendilhadas de forma irregular. São muito frequentes em mudas nos viveiros e nas folhas
novas de cacauais adultos. A época de maior incidência é a de renovação foliar.
# Com relação ao controle, deve-se fazer pulverização
com Decis 25 CE na dosagem de 200 mL do produto, diluído em 100 litros de água para 1
hectare, utilizando pulverizador costal motorizado.
X Lagarta estenoma
# Os adultos de estenoma (Stenoma decora Zeller,
1854) são mariposas) de aproximadamente 25 mm de envergadura, com cores branca e
castanha. A lagarta perfura o caule, principalmente nas bifurcações, protegendo a área da
abertura com uma cobertura que constrói com fezes e fios de seda. Além disso, a lagarta é
responsável pelo descortinamento dos ramos mais finos, os quais podem secar. Quando o
dano é intenso, toda a parte aérea da planta pode secar. Também é comum o ataque de
pragas em frutos. A lagarta deste inseto é amarela com manchas roxas, podendo atingir até
6 cm de comprimento. Outro dano significativo desta praga é indireto; nas galerias feitas
pela lagarta e, em presença de umidade, há o desenvolvimento de fungos, principalmente
Lasidiplodia theobromae, que também provocam a seca dos ramos.
# Uso de inseticidas = diminuição dos inimigos naturais.
# Com relação ao controle, deve-se fazer pulverização
com Decis 25 CE na dosagem de 150 mL do produto, diluído em 100 litros de água para 1
hectare, utilizando pulverizador costal motorizado. Aplicação localizada de inseticida.
# Goiabeira como espécie hospedeira.
X Broca-do-fruto-do-cacaueiro
# Primeiro relato da broca-do-fruto (Carmenta
foraseminis) em cacaueiros no Brasil foi feito por Benassi et al. (2013), no município de
Linhares, ES.
# As larvas apresentam coloração esbranquiçada,
cabeça marrom e cinco pares de pernas falsas. Depois da eclosão, penetram na base do
pendúnculo dos frutos seguindo a cibirra ou placenta, alcançam as sementes e,
posteriormente, alimentam-se destas. O ataque do inseto propicia o aparecimento de
fungos alterando assim a qualidade do produto. Sua presença no interior dos frutos
somente pode ser percebida após o completo desenvolvimento da larva, pois antes de
empupar, ela raspa internamente a casca do fruto, deixando uma fina película, a qual,
externamente, apresenta-se como uma mancha e internamente como um orifício.
# As pupas são marrons, ficam envoltas por
excrementos e restos de alimentação e próximas ao orifício de saída do adulto. Os adultos
apresentam o corpo de cor castanho-escuro, com asas quase transparentes, por possuírem
somente as bordas e as nervuras cobertas com escamas escuras, marrom a pretas. Em vista
dorsal, apresentam faixas amarelas estreitas, delimitando os segmentos abdominais 2, 4, 6 e
7 dos machos e 2, 4 e 6 das fêmeas. Ventralmente, nas fêmeas, essas faixas são mais largas,
de coloração amarelo-palha a branca.
X Cochonilha-rosada-do-hibiscus
# A cochonilha-rosada [Maconellicoccus hirsutus
(GREN)] é uma espécie nativa da China ou da Austrália, uma vez que o seu centro de origem
ainda não está devidamente estabelecido. Foi descrita pela primeira vez na Índia, em 1908,
de onde se espalhou para muitas partes da África Tropical. Tornou-se uma praga séria de
muitas espécies vegetais e ocorre atualmente em quase todos os continentes. É uma
espécie polífaga, atacando mais de 330 espécies de plantas, tendo preferência por
Malvacea, principalmente do gênero Hibiscus.
# Em fevereiro de 2013, cacaueiros da Estação
Experimental Filogônio Peixoto – ESFIP, pertencente ao MAPA/CEPLAC, em Linhares, ES,
apresentaram ramos novos retorcidos, perda de dominância apical e folhas enrugadas. Tais
sintomas forma mais frequentemente em variedades de cacaueiros tolerantes à vassoura-
de-bruxa. Em princípio, a principal suspeita era de que as referidas variedades clonais
tinham perdido a tolerância ao fungo causados da doença. Pesquisadores do INCAPER
(Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural) e do MAPA/CEPLAC
constataram que estes danos eram causados pela cochonilha-rosada, praga ainda não
descrita no cultivo do cacaueiro no Brasil.
# Só as formas jovens (ninfas) e fêmeas adultas atacam
as plantas, especialmente as partes em desenvolvimento como gema apical, fruto jovem,
inflorescência e almofada floral. Durante a alimentação, ao sugar a seiva das plantas, esses
insetos injetam uma toxina que atrofia o crescimento das folhas, inflorescências e frutos
novos. Os ataques geram alterações nos tecidos e podem levar o ramo à morte. Plantas com
estes sintomas reduzem o crescimento em altura e o desenvolvimento vegetativo. Com a
queda das folhas maduras, há diminuição da área foliar, reduzindo a atividade fotossintética
e, consequentemente, a produtividade do cacaueiro. Quando a cochonilha rosada ataca
frutos de até 12 cm, a toxina liberada provoca hipertrofia do tecido, necrose do tegumento
e, com isso, perda total do fruto.
# Para o controle químico da cochonilha no cacaueiro,
só há registro de Deltametrina (Decis 25 CE) na dosagem de 200 mL, diluído em 100 litros de
água para um hectare, utilizando pulverizador costal motorizado.
@ Imidacloprid e Tiamethoxan são permitidos.
X Escolitídeos
# São brocas que normalmente atacam mudas em
viveiro ou plantas recém-transplantadas para o campo, estando sempre associadas a fungos
patogênicos. Duas brocas ocorrem com mais frequência nos cacaueiros:
@ Xylosandrus morigerus: conhecida como
broca-da-muda-com comprimento de 2 mm e coloração castanho avermelhada.
@ Theoborus sp.: 3,7 mm castanho-escuro
Xyleborus spp.:
# Ambas são favorecidas por solos pobres e ácidos e
associados à ocorrência de períodos secos, estando as plantas hospedeiras sobre estresse.
# Broca do fruto do cacaueiro e do cupuaçuzeiro
Conotrachelus humeropictus Fielder, 1940. Esta broca deprecia o produto comercial e causa
perdas diretas e indiretas de produção, que podem chegar a 90%. O inseto adulto é um
besouro de aproximadamente 1 cm de comprimento, de cor castanha-clara e que se
desenvolve no solo. Após alguns dias de desenvolvimento, sua cor muda para castanho-
escura, que é característica do adulto. As fêmeas são ligeiramente maiores que os machos e
podem viver por mais de um ano. O controle dessa praga é cultural.
*Pragas permanentes
+ Principais formigas associadas ao cacaueiro
- Formigas saúvas
● Insetos da ordem Hymenoptera, família Formicidae, gênero Atta
spp. No Brasil ocorrem 11 espécies, das 16 espécies e subespécies existentes. As saúvas
operárias apresentam três pares de espinhos dorsais e tamanhos variados, entre 12 e 15
mm.
X Fungos que tem material vegetal como meio de
desenvolvimento como principal meio de sustento das formigas, principalmente do gênero
Acromyrmex.
● Métodos de controle:
X Mecânicos: por ocasião da instalação dos formigueiros
novos, é possível identificá-los e destruí-los mecanicamente cavando-os.
X Culturais: consistem em aração e gradagem, armadilhas e
resistência de plantas.
X Biológicos e naturais: envolvem fatores climáticos e ação de
predadores e parasitóides, como pássaros e moscas da família Phoridae, ou com a utilização
de fungos entomopatogênicos.
X Químicos: consistem na utilização de produtos químicos
(formicidas).
# Os métodos químicos de controle de formigas
cortadeiras diferem principalmente pela formulação e modo de aplicação. Os formicidas
podem ser classificados em cinco formulações: pós-secos, concentrados emulsionáveis,
gases liquefeitos, soluções nebulígenas e iscas granuladas.
# Como forma de controle, devem-se colocar iscas à
base de sulfuramida e fipronil, os princípios ativos mais usados para o controle desses
insetos atualmente.
- Formigas quenquém
● Acromyrmex spp. São similares às saúvas em organização social,
mas diferem delas pelo menor tamanho.
● Como forma de controle, devem-se localizar os ninhos e polvilhá-los
com os inseticidas Malathion e Decis. Essas formigas, por serem de tamanho reduzido, são
difíceis de ser controladas por iscas formicidas, ao contrário das do gênero Atta spp.,
embora já existam no mercado iscas bem pequenas para esse fim. Os principais ativos mais
usados são sulfuramida e fipronil.
- Formiga caçarema
● Azteca chartifex spirit. Alimentam-se de dejetos de sugadores e
auxilia na disseminação deles.
- Formiga-de-enxerto
● Azteca paraenses bondari. Causa má formação de ramos e folhas
novas, principalmente da parte superior da planta, onde constroem seus ninhos. A formiga
extrai substância gomosa dos brotos e a utiliza na construção de seu ninho. Nesse processo
recorrente, o cacaueiro infestado apresenta aspectos de envassouramento e vai se
debilitando. A associação dos ninhos da formiga de enxerto com vespas é frequente e
afugenta os trabalhadores do cultivo.
● Como medida de controle, deve-se derrubar o ninho e pulverizá-lo
ou polvilhá-lo com os inseticidas Decis 25 CE ou Malathion 20 P.
- Formiga-pixixica
● Formiga-pixixica ou de fogo ou lava-pé (Wasmannia auropunctura)
são minúsculas, infestam o cacaueiro e convivem em associação com cochonilhas
farinhentas. Essas últimas sugam a seiva dos cacaueiros e libertam excrementos líquidos
açucarados para alimentar as formigas. Vivem em colônias sobre as cascas das árvores e, ou
folhedo do cacaual e sobre os cacaueiros.
*Outras pragas
+ Sugadores
+ Ácaros
- Duas espécies são mais frequentes:
● Tetranichus mexicanus: são avermelhadas, com 0,6 mm de
comprimento, tecem teias e forma colônias na face inferior das folhas. Provocam
bronzeamento, rasgadura e queda prematura das folhas, favorecidos por sombreamento
deficiente e períodos secos.
● Eriophyes reyesi: têm 0,2 mm de comprimento, são vermiformes, de
cor amarelo-laranja e provocam morte da gema apical e o “envassouramento” da planta.
Em ataque intenso, essa espécie causa a queda prematura das folhas, diminuindo o
crescimento das plantas e a produção. É observado com mais frequência na região de
transição cacau-pastagem.
+ Cupins ou térmitas
- Controle
● Recomenda-se que os cupinzeiros em cacauiais sejam derrubados
com enxada ou enxadão, pulverizando-os com inseticida à base de Deltametrina ou aplicar
Malathion 20 P polvilhado sobre os insetos espalhados após a destruição. Cupinicidas
modernos que com uma aplicação no viveiro eliminam toda a colônia.

AGUILAR, M.A.G.; SOUZA, C.A.S.; MARINATO, C.S.; DIAS, L.A.S.; Capítulo 8 – Identificação e
Manejo Integrado de doenças, In: SOUZA, C.A.S.; DIAS, L.A.S.; AGUILAR, M.A.G.; BOREM, A.
Cacau: Do Plantio a Colheita, Viçosa: Editora UFV, 2016, p. 230 – 255.
*Introdução
+ Diferentes doenças atacam diferentes órgãos da planta: a monilíase, por exemplo,
uma grave doença, até agora não registrada no Brasil, só ataca frutos, enquanto o fungo
Phytophthora spp pode atacar raízes, caules folhas e frutos.
+ O manejo da doença compreende a utilização de princípios e práticas como
exclusão, erradicação, proteção, terapia, sanificação e os métodos de controle genético,
cultural, biológico e químico, que visam aumentar a resistência do hospedeiro, reduzir o
inóculo do patógeno e subsequente infecção da planta.
*Podridão-parda
+ É causada pelo fungo Phytophthora spp. e ocorre em todas as regiões produtoras
de cacau. O nível de dano vai depender das condições climáticas, pois o fungo causa
maiores prejuízos nos meses frios e úmidos, nos quais a perda de produção pode ser de 20 a
30%.
+ No Brasil, são reconhecidas três espécies do fungo causador desta doença em
cacau: P. citrophthora, que é a mais virulenta, seguida por P. palmivora e P. capsici. Além
dessas, há outras espécies em várias regiões do mundo, como: P. megakarya, P. hevea, P.
megasperma, P. cinnamomi e P. nicotinae.
+ Nas primeiras horas após a infecção, que pode ocorrer em qualquer local da
superfície do fruto e em qualquer fase do seu desenvolvimento, sob alta umidade relativa
(acima de 85%), surgem os primeiros sintomas caracterizados por pequenas manchas. As
lesões desenvolvem-se rapidamente, assumindo coloração castanha característica e podem
atingir toda a superfície do fruto entre 10 e 14 dias. Entre três e cinco dias após o
surgimento das primeiras lesões, ocorre o crescimento do micélio e dos esporângios do
fungo, que têm coloração branca e aspecto purulento.
- Quando o fungo ataca frutos novos, em estádios mais avançados dessa
enfermidade, os sintomas podem ser confundidos com os do peco fisiológico.
- Em viveiros, sob alta umidade, podem ocorrer necrose das nervuras e secas
das folhas novas, além de murcha e seca das mudas.
- Dentre as três espécies que ocorrem em lavouras de cacau no Brasil, P.
palmivora é a que tem maior número de hospedeiros compreendendo diversas famílias e
espécies botânicas.
+ Os principais fatores climatológicos que favorecem surtos da podridão-parda são
temperaturas em torno dos 20 °C e umidade relativa do ar acima de 85%.
- Nessas condições, propágulos que sobrevivem no solo, almofadas florais e
casqueiros, além de raízes, frutos mumificados, folhas, ramos chupões e cancros podem ser
fontes de inóculo para disseminação da enfermidade.
- A chuva, ao respingar, favorece o transporte de propágulos do solo para os
frutos próximos ao chão e também pode lavar propágulos de lesões esporulados,
carreando-os no sentido descendente. Outros agentes de disseminação de menor
importância são o vento, insetos e ratos.
+ Para controle da podridão-parda são recomendadas medidas profiláticas
envolvendo ouso de fungicidas à base de cobre, além da remoção de frutos infectados,
colheitas frequentes, eliminação de casqueiro, redução de sombreamento, poda e
drenagem do solo, visando tornar o ambiente desfavorável à doença.
- Os fungicidas metalaxyl e phosetyl-Al são os que têm obtido maior sucesso
no controle e várias espécies de Phytophtora. Contudo, o metalaxyl tem sido mais
recomendado, porque controla maior quantidade de espécies em ampla gama de
hospedeiros.
● Genótipos: PA-30 e PA-50.
*Cancro
+ P. palmivora, P. citrophthora, Lasidiplodia, e Nectria sp.
+ O sintoma provocado pelas espécies de Phytophthora caracterizam-se pelo
aparecimento de manchas escuras e umidecidas no tronco da planta, seguindo de abertura
de pequenas fendas na casca de onde escorre um líquido escuro, impedindo a circulação de
seiva, podendo levar à morte da planta, caso não seja controlado.
- Surtos em locais onde ocorreram chuvas excessivas e inundações.
- A infecção pode ser removida e realizado o tratamento.
● O melhor controle é o cirúrgico, em que se retira a área infectada e
pincela com solução de hipoclorito de sódio 5%, aplicando a seguir uma pasta de fungicida,
que pode ser o óxido cuproso 5%. Quando a área lesionada for grande, é necessário realizar
pequenos furos na casca, para o escoamento do líquido e posterior aplicação dos produtos
indicados.
*Murcha-de-Verticillium
+ A doença também é comum em outros países como Ilhas de São Tomé e Príncipe,
Gabão, Sri Lanka e Uganda.
- Uganda Verticillium dahliae.
- O patógeno permanece no interior dos vasos do xilema até o final do
processo de patogênese, passando então a produzir essas estruturas de resistência que vão
permitir a sua sobrevivência, tanto em restos de cultura quanto no solo, por vários anos.
+ Os sintomas iniciam-se com a murcha e o amarelecimento das folhas, as quais sem
perda aparente da turgidez pendem e começam a secar e enrolar, mas continuam aderidas
à planta, mesmo após a sua morte. Em certos casos, não ocorre amarelecimento, mas todas
as folhas secam repentinamente. Em outras situações, os sintomas somente se manifestam
em determinadas partes da planta, devido ao nível de obstrução vascular, na forma de
pontuações observadas nas partes lenhosas do tronco galhos e ramos. Em tais casos, apenas
um ou outro galho pode secar, permanecendo o restante da planta aparentemente sadia.
Nas folhas podem surgir áreas cloróticas localizadas, as quais evoluem para necrose e
queima de bordos.
+ Plantas aparentemente mortas emitem brotações na base ou até em partes
superiores do caule após a recepa, porém não conseguem sobreviver por muito tempo, pois
a maioria dos vasos lenhosos das partes inferiores do caule e da raiz ainda estão obstruídos.
- Sintoma característico que permite sua identificação com maior certeza é a
descoloração dos vasos do xilema que se manifesta na forma de pontuações castanho a
negro em secções longitudinais. Esses escurecimento e obstrução dos vasos do xilema são
consequências de tiloses ou calos do depósito de goma ou da própria necrose das paredes
desses vasos.
- Sem fonte de influência genética garantida...
- Para controle químico, embora constatada a eficácia dos fungicidas do
grupo dos benzimidazóis, há restrições quanto à sua utilização, principalmente em razão dos
custos elevados. Dessa forma, recomenda-se algumas práticas culturais:
● eliminação e queima de plantas mortas ou órgãos contaminados
com o fungo, incluído sistema radicular;
● aplicação de adubações equilibradas e ricas em potássio, nutriente
que normalmente contribui para o aumento na resistência às doenças vasculares;
● recomposição do sombreamento.
*Murcha-de-Ceratocystis
+ Agente etiológico é o fungo Ceratocystis cacaofunesta, que penetra na planta
através de aberturas provocadas por insetos ou ferramentas utilizadas nas práticas de poda,
capina, enxertia e colheita, que atuam como disseminadores da doença. O seu
estabelecimento é facilitado com umidade elevada e sombreamento excessivo e sua
dispersão é pelo vento, respingos de chuva e pelo contato das raízes com o solo.
+ Os sintomas na parte aérea são murcha, clorose e seca dos galhos ou da planta
toda, dependendo do local da infecção. As folhas perdem a turgidez, enrolam e secam em
um prazo de duas a quatro semanas, permanecendo aderidas aos ramos por vários dias,
mesmo após a morte aparente das plantas. Essa aderência das folhas e a uniformidade de
colonização, principalmente no sentido horizontal, são os principais aspectos que permitem
diferenciar visualmente a murcha-de-Ceratocystis e a murcha-de-Verticillium.
- Diferença: murcha-de-Verticillium apresenta queda das folhas e ramos finos
após cerca de um mês, e tem lesões internas mais pontuais relacionadas à colonização
maior dos vasos do xilema, desde às raízes até as folhas. Num estádio mais avançado,
ocorre o escurecimento do caule ou ramo adquirido a coloração marrom-acastanhada.
Esses sintomas estão associados à presença de galerias feitas por insetos da família
Scolitidae gêneros Xyleborus e Xylosandrus, que contribuem indiretamente para a
disseminação da doença.
- Ao realizar cortes longitudinais no caule, constatam-se lesões necróticas
deprimidas ou cancros, resultantes da penetração do fungo nos tecidos lenhosos. Essas
lesões escuras começam a partir do ponto de penetração do patógeno, de onde se pode
observar, algumas vezes a exsudação de um líquido escuro e sentir cheiro de vinagre. Sobre
o lenho, nota-se uma lesão castanho-avermelhada a púrpura, que se prolonga para cima e
para baixo em torno do ponto de infecção e diminui em intensidade em direção aos tecidos
sádios.
- Para o controle desta doença, recomenda-se vistorias periódicas na lavoura
e, caso se encontre alguma planta com sintomas suspeitos, não devem ser realizados tratos
culturais e colheitas na área. As plantas doentes ou mortas devem ser eliminadas
imediatamente e se possível, queimadas no local. Também devem-se eliminar ao máximo
suas raízes, aplicando, em seguida, cal virgem na cova, incorporando-a ao solo.
- É necessária também a desinfecção das ferramentas as embebendo em
solução de hipoclorito de sódio ou formol 1:6 (1 L diluído em 6 L de água). É ainda possível
controlar o fungo mediante utilização conjunta das seguintes práticas de manejo integrado:
desbrota, roçagem, erradicação de plantas mortas, raspagem da parte lesionada,
pincelamento da lesão com hipoclorito de sódio em água (1:1), aplicação da pasta de óxido
cuproso a 10% junto com carbedazim a 1%, e pulverização trimestral do cacaueiro com
óxido cuproso a 3% junto com Metamidophos a 0,5%.
- A longo prazo, sugere-se o uso de variedades resistentes à murcha-de-
Ceratocystis. Nesse sentido, a variedade cacau jaca apresenta maior resistência, seguida dos
clones SIAL 577, CB 205, e CB1 205. Além desses genótipos, os clones CEPEC 2002, TSH
1188, PS 1319 e CEPEC 2008 também apresentam elevada resistência, podendo ser
utilizados como porta-enxertos, visando o controle da enfermidade.
*Vassoura-de-bruxa
+ Pode acarretar 90% de perda de produção em cacauais.
+ O agente causal é o fungo Moniliophthora perniciosa, que invade e infecta os
tecidos em crescimento de qualquer parte da planta, independentemente da idade. As
gemas apicais e axilares, almofadas florais flores e frutos apresentam sintomas de
hipertrofia e hiperplasia, além de outras anormalidades. Esses sintomas podem variar,
dependendo do tipo de tecido e também do seu estádio de desenvolvimento.
+ A seguir são apresentados os principais sintomas observados de acordo com o
órgão atacado ou estádio de desenvolvimento da planta:
- Plântulas
● As mudas atacadas no viveiro ou no local definitivo apresentam
engrossamento da região apical, clorose e em seguida, secamento das folhas, podendo
chegar à morte. Em alguns casos também é comum ocorrer alongamento da gema terminal
superbrotamento e vassouras nas axilas das folhas.
- Ramos
● As gemas vegetativas, os lançamentos foliares e brotos infectados
em plantas adultas dão origem a ramos deformados, inchados e com superbrotamento,
apresentando aspecto semelhante a uma vassoura, e são denominadas vassouras
vegetativas, que, posteriormente, secam, quando são chamadas vassouras secas. As folhas
geralmente são grandes, podendo estar curvadas e retorcidas. Também pode ocorrer a
formação de cancros nos ramos infectados.
- Almofadas florais
● As almofadas florais infectadas podem produzir vassouras
vegetativas, flores deformadas e frutos paternocárpicos, vulgarmente denominados
“morangos” e “cenouras”, a depender do ponto de infecção, os quais paralisam o seu
crescimento e adquirem coloração negra e petrificada.
- Frutos
● Infecções tardias nos frutos com dois e três meses de
desenvolvimento são notados através de sintomas de distorção, áreas inchadas,
assimétricas, com pontos amarelos em fundo verde ou pontos verdes em fundo amarelo e
necrose (manchas negras e brilhantes). As necroses podem se apresentar deprimidas ou não
e circundadas por halos cloróticos. O fungo coloniza primeiramente os tecidos internos e,
quando surgem os sintomas externos, as sementes já estão impróprias para o consumo,
pois encontram-se invadidas pelo micélio e fortemente aderidas entre si, tornando o fruto
rijo e com aspecto petrificado, ao contrário do sintoma de Phytophthora, que se apresenta
como podridão-mole.
+ Comportamento do fungo
- As infecções de M. perniciosa no cacaueiro são localizadas e não causam a
morte das plantas diretamente. No entanto, infecções sucessivas enfraquecem a planta pela
destruição dos ramos e a torna vulnerável aos fungos causadores de outras doenças que
podem realmente ocasionar a morte, principalmente em épocas secas, na ausência de
tratos fitossanitários e de adubação.
- O fungo possui ciclo de vida composto pelas fases parasíticas e saprofítica.
Após infectar os tecidos suscetíveis, principalmente os de crescimento, o fungo ocasiona a
formação de brotações hipertrofiadas, com entrenós curtos, inchamento e
superbrotamento, além de anomalias nos frutos e nas almofadas florais. Trata-se da fase
parasítica, comum pela formação das chamadas “vassouras verdes”. O período em que as
vassouras permanecem nessa fase é variável, em média entre cinco e 12 semanas,
dependendo do vigor da planta e da agressividade do fungo.
- Após a seca das vassouras, na fase saprofítica, observa-se um período de
dormência, que pode durar de quatro a 66 semanas, antes que os basidiocarpos comecem a
ser produzidos. Na estação chuvosa, em que ocorrem períodos alternados de aumento e
redução de umidade, e na presença de luminosidade, a produção de basidiocarpos é
favorecida nas vassouras e nos frutos mortos.
- Os basidiocarpos, produzidos tanto sobre vassouras secas quanto sobre
frutos infectados, após alternâncias de períodos secos e úmidos, constituem-se em fontes
primárias de inóculo, liberando basidiósporos (esporos), os quais são as principais unidades
infectivas. A liberação dos basidiósporos é normalmente à noite, com umidade relativa do ar
acima de 80% e temperatura entre 20 e 25 °C, o que favorece sua disseminação. Os
basidiósporos possuem vida curta, já que são vulneráveis à dissecação e não suportam
exposição à luz do solo por mais de uma hora (obs: possível efeito de luz UV?)
● A recomendação atual para o controle da vassoura-de-bruxa se
baseia no manejo integrado levando-se em consideração o nível de infecção da
propriedade, com o uso dos métodos subsequentemente descritos:
X Controle genético:
# Implementado mediante uso de genótipos
melhorados. Atualmente, utilizam-se clones tolerantes à enfermidade, dentre eles CEPEC
2002 a 2011, PH 09, PH 15, PH 16, SJ 02, PS 1319, CA 1.4, IPIRANGA 01, CCN 51, CCN 10, FA
13 e TSH 1188. A realidade climática do ES torna recomendável a irrigação.
X Controle cultural:
# Através de inspeção fitossanitária, remoção de
vassouras, substituição do genótipo suscetível por tolerante mediante enxertia, controle
profilático dos casqueiros, rebaixamento da copa, renovação dos cacauais e adensamento
da lavoura. Vale ressaltar que antes de iniciar a prática da enxertia, deve-se levar em
consideração o porte dos clones a serem enxertados, bem como a sua compatibilidade
genética, evitando-se assim a concorrência entre plantas improdutivas.
X Controle químico:
# Aplicação de fungicidas à base de cobre, no pico da
floração/início da bilração, para evitar a infecção de frutos, embora não mostre eficácia
pode proteger os lançamentos foliares. A dose recomendada é de 3 g do princípio ativo de
cobre metálico/planta ou 6 g planta bimestral-1. O emprego do fungicida tebuconazole na
dosagem de 1,2 L ha-1, quatro a cinco vezes anuais, também é recomendado em plantios
safreiros.
X Controle biológico:
# O controle biológico com o fungo Trichoderma
stromaticum (hiperparasita do fungo M. perniciosa) apresenta resultados satisfatórios
quando este é aplicado sobre as vassouras depositadas no chão e em casqueiros.
Atualmente, recomenda-se o fungicida microbiológico Tricovab até quatro vezes por ano, na
estação das chuvas, na dose de 2 kg ha -1 do produto comercial, sobre os restos culturais
resultantes da poda das vassouras e dos frutos doentes.
X Indução de resistência
# Embora ainda não totalmente incorporados ao
manejo integrado da doença, diversos indutores bióticos e abióticos mostram viabilidade
para o controle da vassoura-de-bruxa. Contudo, o único produto registrado e recomendado
como indutor de resistência para mudas de cacau é o Acibenzolar-S-Metil, que deve ser
aplicado na dosagem de 300 g 100 L-1 três vezes ao ano, com intervalo de 60 dias.
*Monilíase
+ Causada pelo fungo Moniliophthora rorereri. A doença ainda não havia sido
detectada no Brasil
+ O patógeno infecta os frutos em qualquer estádio de desenvolvimento; entretanto,
frutos com até 90 dias de idade são mais suscetíveis. A doença não causa infecção em
outras partes da planta, como acontece com a vassoura-de-bruxa e a podridão-parda. Os
danos econômicos variam entre países e regiões onde esta ocorre, podendo causar perdas
de até 95% dos frutos.
+ O fruto é a única parte do cacaueiro afetada por M. roreri, sendo os mais jovens,
ou seja, os de até 90 dias, os mais suscetíveis. Isso não implica que os frutos mais velhos
sejam imunes, mas a susceptibilidade decresce com a idade do fruto, isto é, nestes a
enfermidade progride mais lentamente.
+ Os sintomas dependem da idade do fruto no momento da infecção, e o período de
incubação do fungo é de 30 a 60 dias. Muitos dos sintomas observados são semelhantes aos
da vassoura-de-bruxa. Contudo, a monilíase não provoca frutos do tipo morango ou
cenoura; porém, os frutos jovens (bilros), com menos de 5 cm, ao serem atacados ficam
mumificados e com a esporulação do fungo tornam-se brancos, como se houvesse cal
hidratada sobre eles. Nos frutos jovens infectados não há formação de sementes. Estes
apresentam deformações e protuberâncias brilhantes e manchas marrons que se tornam
amarelas (amadurecimento precoce). Já os frutos com idade mais avançada têm pontos
necróticos de aparência oleosa, que se transformam em manchas chocolate ou marrom-
escuro, rodeadas ou não por uma área amarelada.
+ Nos frutos desenvolvidos atacados as sementes também são infectadas, formando
uma massa compacta. Tais sementes ficam imprestáveis, unidas umas às outras, e cheias de
uma substância aquosa, dificultando a remoção. Por isso a monilíase é também é conhecida
como podridão aquosa do fruto de cacau.
+ Quando a infecção ocorre no final do ciclo surgem pequenas lesões localizadas que
se restringem à casca do fruto. Nesse caso, aproveitam-se todas as sementes ou a maior
parte delas. Uma característica do fruto atacado por monilíase, assim como por vassoura-
de-bruxa, é que este pesa mais que o fruto sadio. Um sintoma que não é muito comum na
monilíase é a rachadura do fruto no sentido do comprimento, como se fosse uma fenda.
+ O fungo, ao infectar o fruto, avança diretamente para o interior deste, colonizando
e destruindo o mesocarpo e o endocarpo. Quando surgem os sintomas externos as
sementes dentro do fruto, já estão parcialmente ou totalmente comprometidas. A forma de
infecção do fungo da monilíase é similar ao da vassoura, de dentro para fora, enquanto a
infecção pelas diferentes espécies de Phythophtora spp ocorre primeiramente no exocarpo
do fruto (casca), para depois destruir as partes internas, inclusive as sementes.
+ Ao surgir a lesão necrosada de forma irregular, na superfície do fruto, após cinco a
sete dias forma-se uma massa micelial branca. Entre três e cinco dias, esse micélio
transforma-se em um pó creme ou cinzento, contendo os esporos do fungo. Os frutos
doentes cortados, quando em condições favoráveis, esporulam de três a quatro dias e de
forma abundante. Esses frutos quando permanecem aderidos à árvore tornam-se
mumificados e endurecem, por causa da desidratação provocada pela grande quantidade de
esporos.
+ O fungo da monilíase não sobrevive no solo, somente no fruto inclusive naqueles
sob o solo.
+ As principais disseminações do fungo são o transporte de frutos infectados,
material vegetativo e embalagens contendo os esporos do fungo. A disseminação natural
dos esporos se faz pelo vento e pelos respingos de chuva. Os esporos são viáveis em
condições adversas até por um período de nove meses.
+ Controle químico caro e pouco eficiente.
*Antracnose
+ Agente causal Colletotrichum gloeosporioides.
+ A doença pode infectar folhas, ramos e frutos, sendo sua incidência muito maior
em folhas e brotações. Nas folhas infectadas surgem manchas necróticas escuras que
normalmente iniciam a partir do ápice, atingindo as margens e posteriormente a maior
parte do limbo foliar ocasionando seu enrolamento.
+ O fungo infecta também pecíolos e ramos, causando a senescência precoce de
folhas, e, muitas vezes, a emissão de ramos laterais, dando um aspecto de superbrotamento
que é diferente do apresentado pela vassoura-de-bruxa. Também pode ser observada a
morte descendente dos ramos ou da planta toda. Em frutos jovens, notam-se numerosas
pontuações pequenas, escuras e úmidas, a partir das quais o fungo se desenvolve formando
lesões necróticas com halos cloróticos. Em frutos adultos surgem manchas escuras,
deprimidas, isoladas e úmidas, as quais podem coalescer, mas não causam sérios prejuízos.
+ Os esporos produzidos em ramos e frutos infectados são dispersos pela chuva e o
vento, principalmente. No viveiro, a água de irrigação e os respingos favorecem sua rápida
disseminação. A deficiência nutricional das mudas também é outro fator que pode
contribuir para o estabelecimento da doença, daí a importância de se fazer uma adubação
equilibrada.
+ Para controlar a antracnose devem-se remover tecidos mortos e frutos infectados,
a fim de diminuir o potencial de inóculo e sua incidência. É recomendada também a
pulverização com fungicidas à base de cobre ou então com o fungicida mancozeb a 2% do
produto comercial em lavouras adultas e a 0,3% em condições de viveiro.
*Doenças do Sistema Radicular
+ Podem ser causadas por vários patógenos:
- Rossellinia spp. = podridão-negra.
- Ganoderma philippii = podridão-vermelha.
- Phellinus noxius = podridão-castanha.
- Rigidoporus lignosus = podridão-branca.
● No Brasil, a podridão-negra e a podridão-vermelha apresentam
maior importância econômica e sua ocorrência é maior em terrenos recém desmatados
onde existem tocos remanescentes de plantas derrubadas.
● A podridão-negra pode atacar a planta em qualquer estádio de
desenvolvimento, enquanto a podridão-vermellha ataca cacaueiros com até seis anos de
idade.
● Em cacaueiros novos, a podridão-negra provoca necrose
generalizada das raízes que resulta em murcha, a clorose e seca das folhas que permanecem
fixas à planta. Em cacaueiros adultos, o progresso da doença é mais lento e os sintomas de
murcha clorose e seca das folhas ocorrem apenas em parte da planta que perde sua
folhagem.
● No caso da podridão-vermelha, nos estádios iniciais os sintomas na
parte aérea são similares aos da podridão-negra; porém, nos estádios mais avançados, as
raízes, inclusive a pivotante, necrosam até a região do coleto.
● Controle químico é de baixa viabilidade.
● Por isso, recomenda-se medidas preventivas como destoca,
remoção e destruição dos restos vegetais durante o preparo da área. Em plantios comerciais
são sugeridas inspeções frequentes e eliminação total das plantas infectadas, inclusive das
raízes. A aplicação e incorporação de 2 kg planta -1 de calcário ou cal, também é
recomendada com certo sucesso.
SOUZA, C.A.S.; AGUILAR, M.A.G.; DIAS, L.A.S.; Capítulo 9 – Colheita de frutos e
beneficiamento de sementes, In: SOUZA, C.A.S.; DIAS, L.A.S.; AGUILAR, M.A.G.; BOREM, A.
Cacau: Do Plantio a Colheita, Viçosa: Editora UFV, 2016, p. 256 – 280.
*Introdução
+ O beneficiamento do cacaueiro refere-se ao conjunto de práticas, realizadas na
propriedade, que visam garantir matéria-prima de qualidade superior, dentro de padrões
requeridos pela indústria chocolateira. Cinquenta por cento do bom chocolate depende do
cacauicultor, e os outros cinquenta por cento, da habilidade do chocolateiro.
+ O beneficiamento processa-se pela sequência de cinco etapas interdependentes
(uma ligada à outra), visando à formação do sabor e aroma (flavour) do chocolate.
- Além da semente seca, que corresponde a aproximadamente 10% do peso
total do fruto, podem ser ainda obtidos polpa, mel, geleia, vinagre, licor e destilados.
Etapas que fazem parte do beneficiamento do cacaueiro:

+ Colheita de frutos
- Iniciada a partir do segundo ano de cultivo (em plantios clonais).
- No cacaueiro são realizadas várias colheitas (6 a 8) em um ano, divididas em
duas safras: temporã (abril a agosto) e principal (setembro a dezembro). Geralmente, 60 a
70% da produção está concentrada na safra principal, embora em alguns anos, em
decorrência de mudanças na temperatura e distribuição da chuva, essa concentração da
produção possa variar.
- A colheita deve ser realizada com o fruto no estádio de maturação
completa. Nos frutos de cor verde, quando imaturos, a maturação ocorrerá quando a sua
coloração mudar para o amarelo-ouro ou amarelo-canário. Para os frutos que apresentam a
coloração vermelha ou roxa-escura quando imaturos, o ponto ideal de colheita é quando
mudarem para roxo-claro ou alaranjado.
- Colheita de frutos maduros fornecem sementes com o teor adequado de
açúcar geral boa fermentação.
- Separação dos frutos verdes e deformados somente para produção de
gordura (“manteiga”).
- Frutos excessivamente maduros apresentam perda de peso das sementes e
germinação do interior delas.
● Então, durante o beneficiamento, a radícula normalmente se separa
do cotilédone e deixa orifício nas sementes e este se transforma em porta de entrada para
insetos e patógenos.
- Ao colher frutos verdes há redução de 20% no peso das sementes. Porém, a
colheita de frutos verdoengos (estádio intermediário entre verde e maduro) acarreta
redução de peso da ordem de 10%. O correto é beneficiar os frutos que não estão no ponto
ideal de colheita em separado dos demais, visando não prejudicar a qualidade final do
produto.
- Durante a colheita, a melhor forma de se realizar a retirada dos frutos da
planta é cortar os pedúnculos de cima para baixo e não empurrar a ferramenta cortante
podão, facão ou tesoura em direção ao tronco. Esse manejo visa evitar dano a almofada
floral do cacaueiro, mantendo o ponto produtivo e impedindo um ferimento que poderia
servir como entrada para patógenos.
- O hábito de colher com a ponta do facão ou do podão é prejudicial ao
processo de fermentação das sementes por iniciar está ainda no fruto.
- Reunir as rumas em diferentes locais a cada colheita. Evitar manter os frutos
ao solo.
+ Abertura dos frutos e retirada das sementes – “quebra”
- Quebra: retirada das amêndoas que consiste na quebra do fruto para
extração manual das sementes.
- O intervalo entre a colheita e a quebra não deve ultrapassar cinco dias, para
facilitar a retirada de sementes e proporcionar maior rendimento em peso.
● Dois homens quebram cerca de 4500 a 6750 frutos por dia, o que
equivale a aproximadamente 500 kg de sementes frescas.
● Um quilo de sementes frescas fornecerá, em média, 400 gramas,
correspondendo a 40% do peso de sementes frescas.
● Na retirada das sementes, procure remover ao máximo a placenta
ou “cibirra”, fragmentos de casca, pedaços de ramos, folhas e materiais estranhos, em
misturas com as sementes e as sementes podres e doentes. Todos estes materiais na massa
de cacau prejudicam o processo de fermentação das sementes, além de serem considerados
defeitos na classificação física do lote.
X Retirada das sementes sem proteção pode ferir as unhas.
● Após a quebra, as sementes frescas devem ser transportadas no
mesmo dia para a casa de fermentação.
+ Fermentação das sementes secas
- Durante esse processo, ocorrem complexas reações bioquímicas que
provocam a morte do embrião, a hidrolise de açúcares e proteínas a liberação de enzimas e
substratos e a difusão de compostos fenólicos que entram em contato com as enzimas e
outras substâncias.
- O cacau quando não fermentado apresenta cotilédones compactos, cinza-
escuro ou roxo e de sabor extremamente amargo e ausência de aroma característico do
chocolate. É classificado como cacau ardósia, sendo útil apenas para o aproveitamento da
gordura. Caso haja fermentação incompleta, a semente apresentará internamente
coloração violeta, elevada acidez, amargor e adstringência, com fraco sabor e aroma de
chocolate. Porém a fermentação excessiva, superior a sete dias, resulta em um cacau de
coloração castanha-escura, com cheiro de amônia ou odor desagradável de material em
putrefação. O chocolate obtido desse tipo de cacau, geralmente possui cheiro de peixe e
sabor estranho não característico.
- A fermentação das sementes frescas ocorre em instalações de madeira,
chamadas cochos, cujas medidas são: largura de 1,2 m, comprimento variável de 3 a 6 m,
com divisões a cada metro, altura de 70 cm a um metro e furos de 6 mm de diâmetro,
espaçados de 15 em 15 cm, na parte inferior (fundo do cocho). A massa de cacau no cocho
não deve ser superior a 80 cm, sempre deixando um compartimento vazio para o seu
revolvimento. Estando o cocho cheio com a massa de cacau, deve-se, cobri-lo sempre após
os revolvimentos, utilizando sacos de juta ou folhas de bananeira, visando diminuir as
perdas de temperatura e umidade.
- A fermentação do cacau apresenta duas fases distintas: alcoólica e acética.
A primeira ocorre em condições anaeróbicas, isto é, sem oxigênio, e a segunda, em
condições aeróbicas, ou seja, na presença do oxigênio. A alcoólica é realizada
principalmente por leveduras dos gêneros Saccharomyces, Cândida, Pichia, Kloeckera,
Torulospora e Kluyveromyces. Estas leveduras provêm do ambiente, do ar, do contato com
as mãos e ferramentas dos trabalhadores que manuseiam o cacau nas fases de colheita e
quebra dos frutos.
● Não há necessidade de incorporação de leveduras, os naturais dão
conta. Essas leveduras, favorecidas pela ausência quase total de oxigênio na massa de
sementes com polpa com elevado conteúdo de açúcar e baixo pH (3,6), convertem a
sacarose, glicose e frutose em etanol e gás carbônico. Com a degradação da polpa da
semente pela ação dos microrganismos as células se rompem, liberando um líquido que
exala odores alcoólicos e que escorre para o fundo do cocho. Esse líquido deve ser drenado
para fora do cocho, pois ele impede que a fermentação aconteça corretamente. Este é o
motivo pelo qual o cocho deve possuir orifícios no fundo.
X Líquido é poluente devendo ser descartado adequadamente.
Essa exsudação de líquido termina em 24 a 36 horas após o início da fermentação. Durante
esta fase, a elevação da temperatura é lenta atingindo 30 a 35°C, 48 horas após o início do
processo.
- Depois deste período, é feito o revolvimento da massa, passando-a de um
cocho para outro, com o auxílio de pás de madeira ou de outro material inerte, a fim de
promover a sua aeração e uniformização. Nunca utilizar pás de material cortante, pois
danificam as sementes e prejudicam a qualidade do produto final. Após o primeiro
revolvimento, que é feito 48 horas após a colocação da massa no cocho, em razão de ser
esse o tempo necessário para uma boa fermentação alcoólica, e os próximos revolvimentos
serão a cada 24 horas até que se complete o tempo necessário para uma boa fermentação.
Normalmente, esse tempo varia de 5 a 7 dias dependendo das condições climáticas e da
quantidade de polpa nas sementes. São gastos sete dias para cacau com muito mel (polpa),
em épocas de muita chuva e temperaturas baixas, e cinco para cacau com pouco mel, isto é,
em épocas secas e temperaturas altas.
● Segundo Efraim et al. (2010) ao se fazer revolvimento, deve-se
seguir a temperatura da massa e não um valor de tempo pré-definido.
- Com a desintegração da polpa que envolve as sementes, aumenta a aeração
interna da massa de cacau, elevando-se assim o pH, devido à redução do ácido cítrico na
polpa e também a ação das leveduras. Em razão dessas condições, é favorecida a ação de
bactérias acéticas em detrimento das leveduras. Estas bactérias promovem a oxidação do
álcool a ácido acético. Nesta fase, a massa de cacau exala odores de vinagre, após o terceiro
ou quarto dia do início da fermentação. A fase acética é composta de uma reação
exotérmica (libera calor), onde há elevação da temperatura para 47 a 50°C. No final dessa
fase, poderá ocorrer também proliferação de bactérias lácticas, que são favorecidas pela
escassez de oxigênio na massa e pela elevação gradual do pH e da temperatura, produzindo
certa quantidade de ácido lático. As sementes, logo após serem extraídas, têm coloração
externa branco-leitosa a roxa, passando gradativamente, durante a fermentação para
marrom-claro a marrom-escuro. No início do processo, a massa de cacau exala odores de
álcool, passando a vinagre após o terceiro ou quarto dia de fermentação. A temperatura da
massa apresenta elevações que normalmente alcançam valores de 47 a 50 °C. Quando a
temperatura se estabiliza, o processo de fermentação está completo.
+ Como saber o ponto correto de fermentação da semente?
- Modo prático: para se saber o ponto correto de fermentação da semente é
o corte desta, no sentido perpendicular ao comprimento, utilizando-se de faca ou canivete.
Quando for cortada e espremida, o processo de fermentação está completo.
+ Secagem das Sementes
- É a etapa do beneficiamento em que se elimina o excesso de água da
semente recém-fermentada, cuja umidade inicial de 50 a 55% é reduzida de 7 a 8%. É nesta
fase que continuam as reações químicas no interior das sementes que conferem sabor e
aroma típicos do chocolate.
- Pode ser realizada naturalmente, ao solo, ou em secadores artificiais, ou
ainda em um sistema misto, com pré-secagem ao solo e término do processo em secadores.
A secagem das sementes deve ser lenta, pois quando rápida, não permite a obtenção de
matéria-prima de qualidade superior e reduz o preço pago pelo cacau seco.
- A secagem natural é feita ao sol, em uma instalação denominada barcaça,
podendo ser ainda em lonas, balcões e outras, e dura entre 8 a 12 dias, dependendo das
condições climáticas. A barcaça consiste em uma plataforma de madeira suspensa, que
serve de lastro, e de um teto móvel sobre roldanas, onde as sementes fermentadas são
espalhadas e expostas ao sol, nas mais diversas posições e revolvidas com frequência,
proporcionando perda uniforme de umidade. A espessura da massa sobre o lastro da
barcaça deve ter no máximo 5 cm, facilitando o seu revolvimento a intervalos curtos (a cada
meia hora) nos primeiros dias, para proporcionar a exposição constante das sementes ao
sol.
- Recomenda-se todas as tardes, após o terceiro ou quarto dia de secagem
das sementes, amontoar o cacau em uma ou mais leiras para uniformizar o processo e
evitar que a chuva ou sereno atrase a secagem e, ou, permita a formação de mofo na parte
externa das sementes.
- Quando há mofo nas amêndoas deve ser feito o pisoteio destas pela manhã.
O pisoteio não é prática rotineira na secagem e deve ser usado para eliminar o mofo
externo. Caso o mofo adentre as sementes secas, estas serão consideradas defeituosas na
classificação final do produto.
● Uso de terreiros suspensos em detrimento da barcaça.
- Secagem artificial: considerar temperatura do ar, depreciação da estrutura
risco de prejuízo à qualidade do produto devido à fumaça.
+ Armazenamento das Sementes Secas
- Após atingir a umidade adequada (7 a 8%) o cacau deve ser acondicionado
em sacos de juta ou aniagem para armazenamento, de modo a garantir sua qualidade até a
comercialização.
- O cacau fermentado e seco deve se mantido em ambiente limpo, arejado e
livre de insetos e roedores que atacam e depreciam o produto, com poucas variações
térmicas, sobre paletes de madeira afastados das paredes do armazém, e guardando
distância mínima de 50 cm entre as pilhas de sacos.
GRAMACHO, I.C.P.; MAGNO, A.E.S.; MANDARINO, E.P.; MATOS, A. Cultivo e beneficiamento
do cacau na Bahia; Ilhéus:CEPLAC, 1992.
*Introdução
*Classificação botânica
+ Descrição da planta
- O sistema radicular do cacaueiro consta normalmente de uma raiz principal
pivotante (espigão), que atinge uma profundidade variável entre 1 e 2 m, dependendo da
estrutura e profundidade do terreno. Dela parte ramificações laterais, em maior número nas
proximidades da superfície do terreno, as quais se subdividem e formam uma densa rede,
são as raízes as principais responsáveis pela nutrição da planta, enquanto a pivotante tem a
função maior de fixação do cacaueiro.
- O caule é ereto, de casca lisa e verde durante os primeiros dois anos e cor
cinza-escuro de superfície irregular na planta adulta. A uma altura variável entre 60 cm e 2
m o caule emite ramos laterais e, destes, outros que formarão a copa do cacaueiro.
- Quando novas, as folhas são cor de rósea e bronze-escuro e posteriormente
tornam-se rígidas e verdes. São alternas e opostas nos ramos laterais, enquanto nos ramos
verticais elas são alternas, porém em espiral.
- As flores se formam em inflorescências no tronco ou nos ramos lenhosos,
nas chamadas almofadas florais, de onde se desenvolvem e formam frutos. As flores são
hermafroditas, possuem os dois órgãos; masculinos, chamados estames, e femininos,
chamados estigmas.
- Polinização
● Polinização atribuída à dípteras do gênero Forcypomia. Logo, o uso
de inseticidas não é recomendado pelo autor. Maior ocorrência do inseto no período
chuvoso quando o cacaueiro emite flores.
● Fruto do cacaueiro é uma capsula, pentalocular, de cor dourada ou
vermelha. A superfície é percorrida por sulcos longitudinais profundos e superficiais.
● As sementes, que constituem a parte econômica do cultivo, variam
em forma e tamanho, segundo a variedade: são via de regras achatadas.
X “Criollo”, a casca é fina, os cotilédones brancos ou rosados e
de gosto adocicado;
X “Comum”, a casca é grossa, os cotilédones violáceo-escuros
e de gosto amargo.
- Variedades
● Três complexos genéticos: Criollo, Forastero e trinitário.
● Tipos de cacau criollo:
X Seleção Mexicana – RIM;
X Seleção da Guatemala – SGU;
X Seleção de Venezuela – Chuao, Choroni, Ocumare.
● Tipos de cacau forasteiro:
X Pará, Parazinho, Comum, Maranhão;
X Altos Amazônicos;
X Mutações da variedade comum: Catongo e Almeida.
● Tipos de cacau trinitário:
X Imperial College Selection – ICS – Trinidad;
X Seleção United Fruit – UF – Costa Rica.
● Criollo
X Os frutos são grandes, geralmente apresentam a casca fina e
rugosa, coloração verde-escuro quando imaturos, passando para a amarelo ou alaranjado
quando amadurecem. Possuem sementes grandes, de cor branca e violeta-pálida com muita
polpa, dando um produto de superior qualidade conhecido comercialmente como “cacau
fino”. As plantas e os frutos são menos resistentes ao ataque de pragas e infecções das
doenças. Estas variedades são cultivadas nos países da América Central. Na América do Sul
existem plantações na Venezuela, Colômbia, Equador e Peru.
● Forastero
X Apresenta frutos que variam da forma de cabaça ao
amelonado, possuem sementes achatadas de cor violeta-intenso, produzindo um cacau
conhecido como tipo “básico”. É a variedade mais difundida, dominando 80% da população
mundial, predomina nas plantações da Bahia, Amazônia, e nos países produtores da África.
Da variedade “comum”, amplamente cultivada na zona cacaueira da Bahia, houve uma
mutação, dando origem ao cacau Catongo e Almeida, que se caracterizam por possuírem
sementes brancas.
● Trinitário
X As variedades do grupo “Trinitário” produzem sementes de
coloração que varia desde o amarelo pálido até o roxo-escuro, e apresentam um produto de
qualidade comercial intermediária. Seus principais representantes possuem características
distintas, por serem variedades obtidas do cruzamento entre os Criollos e Forasteros e
reproduzidas assexuadamente (enraizamento de estacas, ou enxertia) constituindo-se
clones. Estes clones são muitos cultivados na América Central, principalmente em Trinidad e
Costa Rica, países de onde se originaram, e foram introduzidos em outros países e na zona
cacaueira do Brasil pela CEPLAC.
*Zonas Produtoras de Cacau na Bahia
+ Zona tradicional, Vale dos grandes Rios, Mista ou de transição e Recôncavo Baiano.
*Estabelecimento do cacaual
+ Clima
- Para o seu pleno desenvolvimento, o cacaueiro exige clima quente e úmido
com temperatura variando de 22 a 25 °C precipitação anual em torno de 1200 a 2000 mm
com um animo mensal variando entre 100 e 130 mm. As regiões produtoras estão situadas
entre as latitudes de 15 a 20 ° de latitude Norte e Sul sendo que as maiores concentrações
estão entre 10 ° acima e abaixo da linha do Equador.
- Os agrupamentos cacaueiros da Bahia estão localizados na faixa até 70 km
do litoral, ocorrendo neste ambiente dois tipos climáticos:
● Próximo ao litoral, com uma largura média de 40 km, a partir da
costa marítima, encontra-se um clima de florestas tropicais; é quente e úmido sem estação
seca definida, precipitação superiora 60 mm para o mês mais seco e precipitação total anual
acima de 1300 mm. As máximas pluviométricas ocorrem de modo geral, no período de
fevereiro julho, com uma redução da pluviosidade no mês de maio. Apresenta temperaturas
médias elevadas e pequenas oscilações no decorrer do ano.
● A partir de 40 a 70 km da costa marítima encontra-se outra faixa
climática que, como a anterior apresentam temperaturas médias elevadas e pequenas
oscilações no decorrer do ano. Nos meses de agosto a setembro verifica-se um período
relativamente seco, compensado por totais pluviométricos elevados nos meses de outubro
a dezembro.
+ Solo
- Mínimo de 80 cm de profundidade, fertilidade natural não é considerada
um empecilho.

Tabela 1 - Classes de fertilidade dos solos cultivados com cacaueiros.


Fertilidade Acidez Al Ca Mg Ca+Mg K P
natural
pH Meq/100 g ppm
Alta 7,5-6 1,5 7,5 2 12-6 0,3 30-17
Média 6-5 1,5-3 2-7,5 1-2 6-3 0,3-0,1 16-9
Baixa 5 3 2 1 3 01 8-5

- Áreas com tendência a alagamento = drenagem.


- Áreas com forte declividade utilização da meia-encosta até o fundo do vale.

- De modo geral, o cacaueiro está estabelecido com altitude de até 300


metros. Nesta região, as observações feitas permitem elevar este marco até 500 metros.
Outras regiões produtoras mais próximas a linha do Equador exploram a cultura com
altitude de até 1300 metros. Neste caso há uma compensação da altitude pela latitude.
+ Preparo da área
- Eliminação da vegetação existente, balizamento e, caso necessário, calagem
e drenagem.
- Áreas ocupadas com matas capoeiras e cultivos
● Remoção da vegetação, com queima do resíduo após 30 a 60 dias.
- Aproveitamento da vegetação nativa
● 25 a 30 árvores restantes, equidistantes 24 metros.
- Aproveitamento da área com cacauais decadentes-renovação.
+ Balizamento
- Espaçamento 3 x 3 = 1111 plantas.
● Quincôncio = 3 x 3 (2,6 entre linhas) =1282 plantas
+ Sombreamento
- Sombreamento provisório
● Bananeira = espaçamento 3 x 3.
X Combate ao moleque-da-bananeira.
X Mudas: chifre, chifrinho, rizoma e guarda-chuva.
- Sombreamento definitivo
● 24 X 24 metros.
- Formação de mudas
● Três fases destintas: construção do viveiro, semeadura e tratos
culturais.
X Construção do viveiro
# Importância fundamental: localização, dimensão e
material utilizado.
# 1 m2 de viveiro comporta cerca de 50 vasos ou sacos
de polietileno, e para 1500 mudas, necessita-se de 50 m2.
# Na construção deste tipo de viveiro, empregam-se
esteios de madeira, com mais ou menos 2,5 m de altura, devendo ser enterrados cerca de
50 cm. A quantidade de esteios vai depender do tamanho do viveiro, a distância entre eles é
de 3 metros.
- Semeadura
● Combinações híbridas distribuídas pela CEPLAC: SIAL (Seleção
Instituto Agronômico do Leste); SIC (Seleção Instituto Cacau da Bahia) cruzadas com ICS 1, 6
e 8).
- Tratos culturais no viveiro
● Aplicação de solução de ureia a 0,5% para estimular o crescimento
das mudas.
- Abertura de covas
● 0,4 m x 0,4 m x 0,4 m.
- Calagem e adubação das covas
- Plantio das mudas
● Período mais chuvoso de maio a agosto????
*Manejo do cacaual
+ Roçagem e controle de plantas daninhas
- Gasto de água de 300 a 700 litros de calda por hectare.
- Um dos procedimentos mais práticos para a calibração de um pulverizador é
o que se segue:
● Equipar o pulverizador com um bico tipo jato em leque, dimensões
80.03 ou 110.03, com peneira malha 50;
● encher o depósito com água bem limpa;
● medir uma área de 50 m2;
● pulverizar a área demarcada, mantendo a pressão ao redor de 35 a
40 lb/pol2;
● medir, em litros, a quantidade de água gasta;
● calcular o volume de água por unidade de área pela fórmula;
● conhecendo-se o volume de água gasta por unidade de área, pode-
se, em seguida, calcular a quantidade de herbicida a ser colocada no depósito do
pulverizador.
+ Calagem
- 3 a 2 semanas depois da queima.
- Não mais que 1800 kg (argilosos) e 900 kg (arenosos).
+ Adubação
- Primeira adubação de 2 a 4 meses depois do plantio.
- Nos primeiros anos uma aplicação anual de agosto a março.
- A aplicação do adubo é feita a lanço e em cobertura, seguindo-se as
projeções das copas num raio tendo como centro o cacaueiro de 0,3 m na 1 a adubação; 0,5
m na 2a e 1,2 m na 3a e 4a. Plantações tecnicamente formadas (3 x 3 m) aplica-se no espaço
compreendido entre quatro cacaueiros (9 m2).
+ Adubação na cova
+ Adubação complementar
+ Adubação com rochas fosfatadas naturais
+ Adubação orgânica
*Doenças do cacaueiro
+ Podridão-parda (Phytophtora spp.)
- Pode comprometer até 30% da produção.
● Conhecida como mela, friagem, mormo ou queima.
- Provocada por um fungo que ataca os frutos, almofadas florais, troncos e
raízes destruindo os tecidos da planta causando seu apodrecimento.
- Especie P. capsici, apesar de menos virulenta, é predominante no Sul da
Bahia presente em 95% dos ataques dos frutos, existindo outras espécies como a P.
palmivora, P. citrophthora e P. hevea.
- Sintomas
● A infecção do fruto é sem dúvida, a de maior importância,
caracterizando-se pela mancha escura que aparece 3 a 4 dias após a penetração do fungo,
aumentando rapidamente, podendo tomar toda a superfície do fruto em pouco tempo,
apresentando um odor similar ao de peixe.
● Quando o fruto enfermo é deixado na planta, o fungo se desenvolve
através do pedúnculo atingindo a almofada floral, podendo posteriormente produzir um
“cancro” no local da almofada floral.
- Controle profilático
● Consistem em algumas práticas que contribuem para reduzir as
incidências da podridão-parda, e que devem ser efetuadas como medidas auxiliares ao
controle químico:
X remoção dos primeiros frutos atacados;
X colheitas mais frequentes e retirada dos frutos atacados e
secos;
X Retiradas do casqueiro da área;
X quando não for possível a remoção do casqueiro, amontoá-
los e aplicar fungicida à base de cobre, a 0,3% com pulverizador costal manual, ou na
dosagem que estiver sendo feita a pulverização dos cacaueiros;
X amontoar os casqueiros e cobri-los com folhas de bananeira
(?!?! O próprio livro informa que não evita a disseminação);
X quebrar os frutos na sede, ou em locais fora da roça,
evitando a formação de casqueiros em área cultivada;
X efetuar podas de limpeza após a colheita final;
X efetuar o raleamento de sombra nos locais mais densos e
drenar as áreas alagadas.
- Controle químico
● Uso de fungicida cúprico, prática dependente de três fatores:
produtividade do cacaual, intensidade do ataque da doença e preço a ser alcançado pelo
produto.
● Na Bahia, recomenda-se para as áreas de incidência de
enfermidade, além das práticas de efeito profilático, o uso de quatro pulverizações com
fungicida à base de cobre, 3 g do princípio ativo/planta ou 2,4 kg/ha diluído em água, na
razão de 160 litros/ha com o uso de pulverizador costal motorizado, durante o período de
maio a agosto, com intervalos de 30 dias, considerando-se 800 plantas/ha, o que daria uma
média de 200 ml de solução/planta.
● Teste de vazão
X Em condições normais de aplicação pode-se tomar uma
quantidade de solução, por exemplo, 5 litros, e efetuar a pulverização contando o número
de árvores pulverizadas até que se esgote a solução.
X Considerando que os 5 litros tenham sido gastos em 20
plantas, tem-se:

5000 ml (95 litros)............................20 plantas


X .......................................................1 planta
X = 250 ml

Obs: No experimento eu gastava em torno de 125 ml solução planta-1.


X Tempo gasto recomendado de 30 segundos planta-1.
# 1 hora = 3600 segundos = 120 plantas por hora = 1
hectare ≈ 9 horas e 15 minutos.
+ Cancro-de-Phytophthora
- Caracterizado pelo aparecimento de uma mancha-escura e úmida no tronco
do cacaueiro, seguida de fendilhamento com exsudação de uma goma ou líquido cor de
vinho das áreas afetadas. O fungo se desenvolve em volta do tronco, podendo causar a
morte da planta, caso não seja controlado. As espécies de Phytophthora responsáveis pela
podridão-parda também podem causar o cancro do cacaueiro.
- Controle
● O controle do cancro do tronco e galhos do cacaueiro deve ser
realizado mediante um tratamento cirúrgico que consiste na remoção da parte afetada e
aplicação de uma solução de hipoclorito de sódio a 0,5%, e logo em seguida a aplicação da
pasta fungicida (oxicloreto de cobre ou hidróxido de cobre ou óxido cuproso) a 5%.
● Instrumentos de trabalho podem facilmente disseminar a
enfermidade, por isso, devem ser infestados na solução de hipoclorito de sódio e o material
removido deve ser retirado para fora da plantação.

+ Queima-das-folhas (Phytophtora spp.)


- Comum em viveiros no inverno.

SANTOS FILHO et al. Considerações sobre a fenologia de lançamento foliar, floração e


frutificação do cacaueiro na região Sudeste da Bahia. Ilhéus, BA, CEPLAC/CEPEC. Boletim
Técnico, nº218. 26p. 2020.

- Este artigo tem como objetivo reunir as informações obtidas, na execução do projeto
previsão de safra de cacau da Bahia (PSCB), sobre os eventos fenológicos do cacaueiro: lançamento
foliar, floração, fruto bilro e fruto peco; e os parâmetros ambientais: temperatura, umidade relativa,
evapotranspiração de referência e precipitação pluvial, representados em análise gráfica, para avaliar a
associação entre esses elementos, com o intuito de subsidiar agentes da cadeia produtiva do cacau no
processo da tomada de decisão.

- Aliado ao fato de que há inibição da floração, em condições de campo, quando a


temperatura média do ar é inferior a 23ºC, considerada temperatura mínima da indução floral.
- No periodo janeiro/1965 a abril/2012 a Tm do agrossistema Almada-Bahia situou-se na
faixa de 21,2°C a 25,0°C. Conforme Müller e Valle (1998) para as áreas cultivadas com cacau, as
temperaturas médias do ar ideais compreendem a faixa entre 18,8 °C a 27,9°C. De agosto a dezembro
a Tm aumentou gradualmente em 3,3°C (de 21,2°C para 24,5 °C); de dezembro a março estabilizou-
se próximo aos 25,0°C e, a partir de abril até agosto entrou em declínio (de 25,0 °C em março caiu
para 21,2 °C em agosto).
- Notou-se que a Tm em queda e a UR em alta reduzem a ETO e respondem pela sua queda
nos meses de março a junho. Verificou-se também forte reação entre esses fatores climáticos: o
coeficiente de correlação entre UR e ETO foi de r=0,94; enquanto, entre ETO e Tm foi de r=0,87. Isto
significa que a trajetória da ETO é diretamente proporcional à temperatura do ar e inversamente
proporcional a da umidade relativa, tendendo a ser baixa para níveis baixos de Tm, mas à medida que
se aumenta o calor eleva-se o nível da evapotranspiração numa proporção maior.

Explicam também, que a penetração de M. perniciosa para dar início à infecção no cacaueiro ocorre,
principalmente, através dos estômatos e da cutícula, com necessidade de superfície úmida e
temperaturas mais amenas, preferencialmente, nas primeiras horas da manhã.Da mesma forma, no
processo de colonização e da mudança do patógeno, no interior da planta, de uma fase (parasítica)
para outra (saprofítica) há grande influência de fatores nutricionais e processos metabólicos e, que
esses fatores e processos, são afetados pelas condições termopluviométricas, cujas oscilações embora
relativamente pequenas na RCB, podem ter grande repercussão no ciclo de vida deles.

Lançamentos tardios são mais expostos a condições adequadas para o desenvolvimento de vassoura
de bruxa e podridão.
A precipitação pluvial no período 1991/92-2011/12 caracterizou-se por valores totais anuais variando
de 1.104,0 a 2.211,7 mm, registrados respectivamente nos anos 1993 e 1999. A média mensal da
chuva variou de 80,3 mm em setembro a 187,8 mm em março (Figura 3). Não se observou estação
seca definida, e predominaram chuvas diárias de baixa intensidade que variaram de setembro a março
de 4,0 a 16,0 mm; de abril a junho de 4,0 a 12,0 mm e de junho a setembro houve predominância de
chuva diária na faixa de 4,0 a 8,0 mm (Tabela 1).

A temperatura e o regime pluviométrico são considerados os elementos mais determinantes no


crescimento do cacaueiro Müller e Valle, 1998.

Na Figura 4 verificou-se que a distribuição da temperatura, ao longo do ano


agrícola, se apresentou em três estágios: i) crescimento positivo (aumento de
temperatura) e das atividades de lançamento foliar e floração; ii) estabilidade
(em torno de 25ºC) quando há plena atividade metabólica do cacaueiro e, iii)
declínio (diminuição da temperatura) e, consequentemente, das atividades
fisiológicas da planta.

intensidade do lançamento foliar diminui a partir de novembro, com rápida interrupção no final de
março início de abril (m/a). Esta pequena oscilação pode estar associada ao acréscimo, seguido do
decréscimo, de 50 mm de chuva, nos meses de março e maio, respectivamente.

SOUZA JUNIOR, J.O.S.; MENEZES, A.A.; SODRÉ, G.A.; GATTWARD, J.N.;


DANTAS, P.A.S.; CRUZ NETO, R.O. Diagnose Foliar na Cultura do Cacau, In:
MELLO PRADO, R. Jaboticabal:FCAV/CAPES/CNPq, 2012 p. 443 – 476.
*A cultura do cacau
+ Auge da produção brasileira foi de 403 mil toneladas de cacau na safra de
1984/1985.
+ Causas da queda da produção: aparecimento da vassoura-de-bruxa
(Moniliophtora perniciosa); aumento da frequência e intensidade das irregularidades
das chuvas; oscilações elevadas de preço no mercado internacional e nas taxas de
cambio, com consequente oscilações expressivas nos preços internos; baixa
competitividade do setor e custos de produção relativamente altos; descapitalização,
endividamento e falta de organização e de espírito empresarial do cacauicultor.
Obs: retirada da cacauicultura da região cacaueira do extrativismo!!!
+ Clones
Obs: atualmente vassoura-de-bruxa não é o único fator deletério...
+ 70 % dos cacauais estão sob cabruca...
Obs: Mas não é o caso das áreas marginais...
+ Produtividade do cacaueiro
- Trabalho de Olímpio: variação de produção entre571 a 3243 kg de
amêndoas secas.
- Bondar: 4500 a 4800 kg por mil plantas.
Plantas individuais 15 a 18 kg.
*Nutrição Mineral do Cacaueiro
+ P como o mais limitante, sendo o quinto em demanda.
+ N produz as maiores respostas, após a correção do P.
+ K é o elemento mais exportado pelo cacaueiro (Cascado fruto + semente)
mais possui exportação efetiva (sementes) duas vezes menor que o N.
+ Zn é o micronutriente com maior incidência de quadros de deficiência.
+ Mn apresenta o maior acumulo no tecido foliar e é benéfico à resistência a
doenças.
+ Fe é o micronutriente que mais se acumula em frutos de cacau.
- Deficiência em solos alcalinos e toxidez na produção de mudas com certos
substratos distintos.
*Extração, partição e exportação de NPK em cacaueiros
+ Extração definida como a quantidade total de determinado nutriente
extraído ou acumulado pela planta, em.um dado período de tempo.
+ Partição é a distribuição diferencial dos nutrientes para os múltiplos drenos
das plantas.
+ Exportação diz respeito aos nutrientes que são efetivamente retirados da
lavoura.
- Thong e Ng (1980), N, P, K 438; 48 e 633 kg há ano.
- Biomassa seca (t ha): folhas(2,8); galhos(6,0); casca(1,8);
amêndoa(1,5); fruto(3,3); caule(1,6); raízes(4,0); total (17,8).
- Partição(%): folhas(15,7); galhos(33,7); casca(10,3); amêndoa(8,5);
fruto(18,8); caule(9,2); raízes(22,6); total (100).
+ A acumulação de biomassa é crescente até a fase madura. Nesta fase, a
taxa de acumulação torna-se constante, sendo que a maior produção de biomassa
se concentra nos galhos.
+ Cacaueiro não sombreado apresenta maior biomassa em relação ao
sombreado.
*Sintomas Visuais de deficiência nutricionais no cacaueiro
+ Características típicas de desordem nutricional: dispersão, simetria e
gradiente.

*Análise Vegetal e Diagnose Nutricional do Cacaueiro


+ A composição da planta reflete, de maneira integrada, condições
edafoclimáticas.
+ Folha ou parte de seu tecido por ser considerado o órgão central do
metabolismo e estado nutricional vegetal é o tecido mais empregado em
análise para a avaliação do status nutricional da planta.
+ Análise de solo como determinante nas recomendações de adubação.
- Mn, B, P…
+ Teor de nutriente na folha pode ser influenciado pode ser influenciado por
diversos fatores: disponibilidade do elemento ou de outros, no
solo;características do solo; forma de nutriente analisado; manejo; genótipo;
clima; tipo e idade do tecido vegetal; e época e formas de amostragem.
+ Além da disponibilidade de nutrientes no solo e na adubação, a composição
da folha do cacaueiro é também influenciada por fatores como: clima;
variedade ou clone; idade da planta e estádio fisiológico da folha; posição da
folha; floração, frutificação e lançamentos recentes de folhas; grau de
sombreamento e intensidade luminosa; época e variações sazonais.
+ Amostragem foliar para o cacaueiro
- Não mostrar clones diferentes.
+ Qual folha amostrar
- Intensidade luminosa
- Aumento da intensidade luminosa geralmente reduz os teores
de N na planta.
- Mg e K também decrescem.
- Hipóteses, além das adubações, são apontadas para explicar
tais oscilações nos teores foliares:
- relação positiva entre a intensidade luminosa com taxa
transpiratória e metabolismo vegetal, que interferem na
absorção de nutrientes, na maturidade fisiológica, na
longevidade da folha, na produtividade e na exportação
de nutrientes;
- mobilidade diferencial no floema dos nutrientes N, K, P e
Mg, que são transportados dos frutos mais velhos para
tecidos meristemáticos (folhas novas e frutos);
- efeito diluição ou de concentração, devido ao maior ou
menor ganho da matéria seca da folha e metabolismo
secundário da planta.
+ Idade da Folha
- Nutrientes moveis são translocados das folhas mais velhas para as
folhas mais novas como parte do processo de ciclagem interna de nutrientes.
- Nutrientes menos móveis aumentam a sua concentração a medida
que envelhecem.
- Folhas recém-maduras sem lançamentos recentes, 3ªfolha como a
mais indicada.
+ Posição da folha
- Variações dos teores de nutrientes são mais expressivas a partir da
4ª folha, por isso mesmo poder-se-iam utilizar as três primeiras folhas a partir do
ápice como padrão de amostragem. Como é mais comum a 1ª folha ser mais
atacada por pragas, recomenda-se utilizar a 2ª ou, mais frequentemente, a 3ª folha
a partir do ápice como folha diagnóstico.
+ Efeito Sazonal e Época de Amostragem
- A variação sazonal dos teores de nutrientes em folhas de cacaueiros
ocorre em função das mudanças metabólicas das plantas nas diferentes fases de
produção. Além disso, as respostas metabólicas são influenciadas pelas mudanças
climáticas durante o ano, em que precipitação, intensidade luminosa, temperatura e
umidade relativa são as variáveis que exercem maior influência nestas respostas.
- De modo geral, nas fases de floração e frutificação, há queda nos
teores foliares de nutrientes móveis e acréscimos daqueles pouco móveis na planta,
sendo essas variações mais intensas no final da frutificação, especialmente quando
associada à alta precipitação.
+ Quanto e como amostrar
- Amostra: 4 folha, uma por quadrante da planta, 10plantas por talhão.
+ Preparo das Amostras de Folhas para Envio de Laboratório
-

CHIAPETTI, J. Capítulo 1 — Produção de cacau na Bahia: análise da trajetória


política e econômica, In: SOUZA JÚNIOR, J.O., ed. Cacau: cultivo, pesquisa e
inovação [online]. Ilhéus, BA: EDITUS, 2018. ISBN: 978-65-86213-18-8.
https://doi.org/10.7476/9786586213188.
*Historiografia do cacau
* A produção de cacau como estratégia do estado
+ Entretanto, a crise econômica mundial de 1930 também exigiu
transformações econômicas no Brasil. Os efeitos desta crise afetaram diretamente a
atividade cacaueira brasileira, já que os EUA eram os maiores compradores de
amêndoas de cacau. Com a crise, registrou-se a primeira queda de preço das
amêndoas de cacau no mercado internacional, trazendo consequências não só para
a região, mas também atingindo os governos federal e estadual, os quais
“engordavam” seus orçamentos, em grande parte, com os impostos referentes às
exportações de cacau.
+ Na nova reestruturação da atividade, coube novamente a Ignácio Tosta
Filho (mesmo autor do projeto de criação do ICB) elaborar um plano de recuperação
econômico-rural para a atividade cacaueira, criando, em 1957, a Comissão
Executiva para o Plano da Lavoura Cacaueira (CEPLAC).
* Ascensão, declínio e perspectivas da cacauicultura baiana
+ exploração de uma monocultura sob o comando do Estado.

ALMEIDA, A.-A.F. de; GATTWARD, J.N. Capítulo 2 — Respostas do cacaueiro às


variações da intensidade de luz, In: SOUZA JÚNIOR, J.O., ed. Cacau: cultivo,
pesquisa e inovação [online]. Ilhéus, BA: EDITUS, 2018. ISBN: 978-65-86213-18-8.
https://doi.org/10.7476/9786586213188.
*Introdução
* Luz e Plasticidade Fenotípica
+ Como as plantas jovens de cacau crescem lentamente a pleno sol, verificou-
se que algum grau de sombra seria benéfico para o seu estabelecimento
(OKALI; OWUSU, 1975).
+ De acordo com Okali e Owusu (1975), o crescimento lento das plantas jovens
de cacau a pleno sol se deve às restrições na expansão foliar, que são,
provavelmente, causadas pela transpiração excessiva e que induzem ao
estresse hídrico foliar.
+ O posicionamento perpendicular de folhas jovens no lançamento foliar, a
presença de pelos superficiais, a síntese rápida de cutícula e o
desenvolvimento de estômatos, os quais são todos limitados aos estágios
iniciais de expansão foliar, atuam para reduzir a perda de água durante o
desenvolvimento das folhas (ABO-HAMED; COLLIN; HARDWICK, 1983).
+ A razão Chl a/b é maior para folhas expostas ao sol do que à sombra, porque
as folhas de sol apresentam uma menor quantidade de complexo coletor de
luz e uma maior quantidade de centro de reação, já as folhas de sombra
investem mais energia na coleta de luz, otimizando a absorção de luz que
chega à superfície foliar (LICHTENTHALER, 2009).
+ Para a razão Chl total/carotenoides, as folhas de sombra apresentam
maiores valores em relação às de sol, devido à maior concentração de
carotenoides encontrada em folhas de sol.
+ Em cacau, folhas de sombra, muitas vezes, exibem maiores teores de Chl
total por unidade de massa em relação às folhas de sol (MERKEL et al.,
1994).
- Sombra: cultivo inicial e sequeiro.
+ Diversos atributos morfo-anatômicos e fisiológicos podem estar associados à
aclimatação ou à adaptação das plantas às altas intensidades de luz, como:
(i) aumento na densidade estomática (CAI; RIJKERS; BONGERS, 2005); (ii)
mudanças na fotossíntese e na respiração (CHAZDON et al., 1996); (iii)
mudanças nos padrões de crescimento ou de alocação de biomassa
(POORTER et al., 2003); (iv) diminuição da área foliar específica; (v)
presença de cutícula mais espessa (FAHL et al., 1994), com maior
quantidade de cera epicuticular (AKUNDA; IMBAMBA; KUMAR, 1979); (vi)
cloroplastos com pouca grana e menor quantidade de tilacoides por granum
(FAHL et al., 1994); (vii) aumentos na concentração e atividade da Rubisco
(KANECHI et al., 1996); e (viii) recuperação relativamente rápida da
fotoinibição (DAMATTA; MAESTRI, 1997).
+ Diminuição do teor de clorofila em plantas a pleno sol.

*Luz, expressão gênica e fotoinibição


+ Desta forma, folhas adaptadas ou aclimatadas à sombra utilizam quase que
toda a luz absorvida na fotossíntese, ao passo que as folhas de sol utilizam
aproximadamente 10% de luz solar plena (ORTOIDZE; DURING, 2001).
+ Normalmente, folhas de sombra investem mais na fase fotoquímica da
fotossíntese e nos complexos coletores de luz, além de alocar mais N em
pigmentos cloroplastídicos; enquanto as folhas de sol investem mais na fase
bioquímica, aumentando o número de centros de reação e alocando mais N
em enzimas, principalmente na Rubisco, uma vez que esta enzima
carboxilativa/oxidativa possui relação direta entre a sua concentração e a
capacidade fotossintética (BJÖRKMAN, 1981).
* Luz, metabolismo antioxidativo e expressão gênica
* Intensidade de luz e trocas gasosas foliares
+ Geralmente, plantas de cacau crescidas em baixa intensidade de luz
apresentam menores valores de fotossíntese líquida por unidade de área
foliar (A), de condutância estomática ao vapor de água (gs) e de transpiração
(E) foliar (BRANCO et al., 2017).
+ Além do mais, em condições de baixa intensidade de luz, as folhas
apresentam maior área, menor espessura do mesofilo, parênquima paliçádico
com uma única camada e mais espaços intercelulares no parênquima
lacunoso (LAMBERS; CHAPIN III; PONS, 1998; BERLYN; CHO, 2000). Estas
características conferem uma menor razão de massa foliar por unidade de
área e uma fração maior de massa foliar por planta; ao passo que, em altas
intensidades de luz, as folhas possuem áreas menores e são mais espessas
(VALLADARES; NIINEMETS, 2008).
+ Além disso, o aumento na espessura foliar também tem o papel de diminuir
os efeitos foto-oxidativos, aumentando a área de dissipação de energia
(WYKA et al., 2007). Uma maior espessura foliar foi observada para o
genótipo de cacau clonal SIC-876, destituído de antocianinas e crescido a
pleno sol, quando comparado com os genótipos clonais SCA-6 e SJ-02, cujo
aumento da espessura foi proporcionado, principalmente, pelo maior
espessamento dos parênquimas paliçádico e lacunoso em decorrência do
maior alongamento celular, uma vez que o número de camadas destes
tecidos permaneceu constante (ARAÚJO, 2012).
* Luz, água, nutrição mineral e produtividade
GATTWARD, J.N.; ALMEIDA, A.-A.F. de; Capítulo 3 — Respostas do cacaueiro à
variação da disponibilidade de água, In: SOUZA JÚNIOR, J.O., ed. Cacau: cultivo,
pesquisa e inovação [online]. Ilhéus, BA: EDITUS, 2018. ISBN: 978-65-86213-18-8.
https://doi.org/10.7476/9786586213188.
*Introdução
+ A espécie T. cacao possui um sistema radicular bastante superficial, com
83% das raízes finas e 86% de raízes mais grossas localizadas na
profundidade de 40 cm, em relação à superfície do solo (MOSER et al.,
2010), característica importante em relação à ciclagem biogeoquímica de
nutrientes (GAMA; CALHEIROS, 1991; LEITE; VALLE, 1990), às respostas a
fertilização, mas que causa maior susceptibilidade da planta em períodos de
veranicos esporádicos.
+ Nesta cultura, em geral, as respostas fisiológicas das plantas são afetadas
negativamente e mais expressivamente quando o teor de água no solo está
abaixo de 60-70% da capacidade máxima de água disponível (ALVIM, 1960).
Poucas espécies cultivadas são tão intolerantes à deficiência hídrica como T.
cacao, uma vez que a maioria de seus processos fisiológicos é altamente
afetada pelo baixo teor de água no solo (AMORIM; VALLE, 1992; MOHD
RAZI et al., 1992; BELSKY; SIEBERT, 2003; ALMEIDA; VALLE, 2007;
CARR; LOCKWOOD, 2011).
+ Em algumas áreas no Brasil e em outros países como Gana, Nigéria e Costa
do Marfim, a precipitação pluviométrica total, frequentemente, excede a
evapotranspiração, criando regiões geralmente pobres em aeração do solo
(SENA GOMES; KOZLOWSKI, 1986).
* Respostas do cacaueiro à deficiência hídrica
+ Plantas de T. cacao submetidas à deficiência hídrica e, posteriormente, à
reidratação, possuem uma maior frequência de lançamentos foliares, e estes
lançamentos novos e anteriores se apresentam com teores elevados de ABA
em relação à fase de quiescência do ciclo (ALVIM; MACHADO; VELLO,
1974).
+ Neste caso, sugere-se que as plantas jovens de T. cacao sofrem deficiência
hídrica interna quando a taxa de absorção de água pelas raízes é menor que
a perda de água pela parte aérea. Isso causaria acúmulo de ABA no ápice da
planta e, consequentemente, a inatividade da gema durante o período entre
lançamentos (ALMEIDA; VALLE, 2007).
+ Duas características específicas fazem do ABA uma molécula muito eficaz
para as plantas sob estresse. A primeira se refere a sua produção, que é
rapidamente desencadeada pelo estresse; e a segunda está associada à sua
rápida degradação (ZHANG et al., 2006).
Dentre as respostas das plantas à deficiência hídrica, uma das mais
comuns é a ocorrência de ajustamento osmótico como mecanismo fisiológico
para evitar a desidratação dos tecidos. Este ajuste osmótico é resultante da
síntese de osmorreguladores e do acúmulo de solutos inorgânicos, cátions e
ânions, principalmente em nível de vacúolo. Como osmorreguladores, podem
ser incluídos os aminoácidos (e.g., prolina), álcoois de açúcares (e.g., pinitol),
açúcares (e.g., frutanos) e compostos quaternários de amônio (e.g., glicina
betaína), que são produtos de um dos principais grupos de genes induzidos
por deficiência hídrica em plantas.
+ O acúmulo de solutos aumenta a capacidade das células de manter o teor de
água interno e permite a manutenção da turgescência celular e,
consequentemente, do crescimento, mesmo em condições de baixos
potenciais hídricos foliares (CHEN; JIANG, 2010). Embora a relação entre
ajuste osmótico e alta produtividade tenha sido estabelecida para cultivos
comerciais e arbustos (BLUM; ZHANG; NGUYEN, 1999; BABITA et al.,
2010),
+ De acordo com Premachandra e Joly (1992), a contribuição osmótica dos
íons inorgânicos em T. cacao é duas a quatro vezes a de aminoácidos e de
açúcares, e o íon K+ promove 65% da osmolaridade dos íons inorgânicos,
cerca de duas vezes maior que a contribuição exercida pelo K+ na
osmolaridade dos íons inorgânicos em V. vinifera, cv. “Savatiano”, sob
estresse por deficiência hídrica (33%) (PATAKAS et al., 2002).
+ A transpiração foliar (E) em T. cacao foi evidenciada apresentando relação
inversa à dose de K (ORCHARD, 1978).
+ Em plantas jovens de T. cacao, o K e a prolina mostraram efeitos positivos
em relação a tolerância à deficiência hídrica, pois, além de melhorar a taxa
de sobrevivência, promoveram a manutenção da expansão de área foliar
(BALASIMHA, 1984). Ademais, o íon Na+, que apresenta similaridades com o
íon K+ em tecido vegetal (KRONZUCKER et al., 2013), se mostrou capaz de
dobrar a eficiência do uso da água (EUA) em plantas de T. cacao com um
ano de idade, ao substituir 43% da dose de K da adubação, em ambas, baixa
e alta doses de K (GATTWARD et al., 2012), indicando o seu papel
importante como agente osmótico para esta espécie.
+ Em T. cacao, a obtenção de valores elevados de A depende, entre outros, da
disponibilidade de água, de nutrientes no solo e da intensidade da luz, como
observado em cultivos realizados a pleno sol (OKALI; OWUSU, 1975;
HUTCHEON, 1977; ALMEIDA; VALLE, 2007, 2010; ALMEIDA; CHAVES;
SILVA, 2012; ALMEIDA et al., 2014).
+ Plantas de T. cacao tolerantes à deficiência hídrica apresentaram massa
foliar específica superior, maior capacidade de retenção de gemas apicais e
maior biomassa seca de raiz (FRIMPONG et al., 1991).
+ A alocação de carbono e o crescimento do sistema radicular em relação à
parte aérea, portanto, aumento da razão raiz/ parte aérea, foram
evidenciados também por Antwi et al. (1993) ao submeterem plantas dos
genótipos de T. cacao TSH (730, 919, 1076, 1188 e 1220), com 11 meses de
idade, à deficiência hídrica. Além disso, estes autores observaram que a
manutenção de folhas maduras funcionais — com estratégias de
enrolamento, maior espessura e pecíolo mais curto e grosso para reduzir a
desidratação — foi determinante para garantir maior tolerância à seca.
+ A espécie T. cacao possui um sistema radicular bastante superficial, com
83% das raízes finas e 86% de raízes mais grossas localizadas na
profundidade de 40 cm, em relação à superfície do solo (MOSER et al.,
2010), característica importante em relação à ciclagem biogeoquímica de
nutrientes (GAMA; CALHEIROS, 1991; LEITE; VALLE, 1990), às respostas a
fertilização, mas que causa maior susceptibilidade da planta em períodos de
veranicos esporádicos.

+ A fotossíntese, juntamente com o crescimento celular, se encontra entre os


primeiros processos afetados pela deficiência hídrica na planta (LAWLOR,
1995). A escassez de água é evidenciada como limitadora da fotossíntese
por meio do fechamento estomático (SHARKEY, 1990), associado à
deficiência metabólica (FLEXAS; MEDRANO, 2002; LAWLOR; CORNIC,
2002).
+ Segundo Balasimha e Rajagopal (1988), T. cacao é altamente sensível a
mudanças na umidade relativa do ar, sendo que a resistência estomática
foliar foi três vezes maior quando a umidade relativa do ar diminuiu de 80%
para 55%.
+ Além disso, estes autores observaram que a manutenção de folhas maduras
funcionais — com estratégias de enrolamento, maior espessura e pecíolo
mais curto e grosso para reduzir a desidratação — foi determinante para
garantir maior tolerância à seca.
+ Com base nos estudos de campo no Brasil, Alvim, Machado e Granier Jr.
(1969) propuseram algumas hipóteses para tentar explicar a relação entre a
disponibilidade de umidade no solo e o número de lançamentos foliares, tais
como: (i) o aumento da deficiência hídrica provoca abscisão foliar e
interrompe a dormência de gemas; e (ii) o lançamento foliar ocorre logo após
abscisão foliar ou sob a condição de deficiência hídrica severa, após o início
das chuvas. Em estudos de distribuição de 14C, Deng, Joly e Hahn (1990)
demonstraram que há alocação preferencial de carbono para raízes e ramos
em condição de deficiência hídrica no solo, uma estratégia comum em
vegetais de redução de tecidos com maior capacidade de perda de água,
aumento de tecidos com maior capacidade de aquisição de água e
manutenção de reserva.
+ Pesquisas realizadas durante as décadas de 1960 e 1970 suportam a teoria
sugerida pela primeira vez por McDonald (1933), que atribuiu especial
importância ao efeito da umidade do solo e/ou umidade relativa do ar nos
lançamentos foliares em T. cacao (SALE, 1970). Nestes estudos, foi
demonstrado que cada vez que uma planta de T. cacao é irrigada, após um
período de deficiência hídrica no solo, ocorre lançamento foliar vigoroso
cerca de 10 dias após a irrigação. Segundo este autor, muitos lançamentos
foram produzidos a partir de botões axilares, bem como a partir de gemas
apicais. Além disso, as plantas que foram regadas com frequência, de modo
a evitar redução da umidade do solo abaixo de 85% ou 50%, lançaram com
menos vigor e apenas com as gemas apicais, e os picos ocorreram a cada 5-
6 semanas. Ademais, apesar de lançar menos intensamente, a área foliar
total foi maior nas plantas irrigadas com frequência, devido à redução da
queda de folhas ou aumento da longevidade das folhas.
+ Com base nos estudos de campo no Brasil, Alvim, Machado e Granier Jr.
(1969) propuseram algumas hipóteses para tentar explicar a relação entre a
disponibilidade de umidade no solo e o número de lançamentos foliares, tais
como: (i) o aumento da deficiência hídrica provoca abscisão foliar e
interrompe a dormência de gemas; e (ii) o lançamento foliar ocorre logo após
abscisão foliar ou sob a condição de deficiência hídrica severa, após o início
das chuvas.
* Respostas do cacaueiro ao alagamento
+ Com 30 dias de alagamento, mudas de T. cacao mostram mudanças
expressivas em crescimento com o padrão de redução da taxa de
crescimento dos órgãos da seguinte forma: raízes > folhas > planta inteira >
parte aérea > ramos (SENA GOMES; KOZLOWSKI, 1986).
+ Em condições de alagamento do substrato, Ca2+ tem sido o principal agente
sinalizador, identificado como necessário para indução da atividade da
desidrogenase alcoólica (ADH) em Arabidopsis sp e Oriza sativa (CHUNG;
FERL, 1999; TSUJI et al., 2000).
+ A redução do teor de Ca na planta deveria se apresentar não somente na
parte aérea, visto que a parte aérea e o sistema radicular estão conectados,
e que o Ca2+ é absorvido, em grande parte, por fluxo de massa, processo
altamente comprometido com o fechamento estomático, comum em
condições de estresse hídrico.
+ A formação de lenticelas hipertrofiadas no caule e de raízes adventícias, em
resposta à hipoxia e/ou anoxia, é observada em plantas de T. cacao
cultivadas em condições de alagamento, sendo que a extensão destas
plasticidades fenotípicas depende do genótipo (SENA GOMES;
KOZLOWSKI, 1986; REHEM et al., 2009).
+ Rehem et al. (2010) observaram em genótipos de T. cacao (CCN-10, CP-49,
CP-06, CEPEC-2007, CEPEC-2008 e PS-1319), submetidos ao alagamento
do solo, que o clone mais tolerante (CCN-10) apresentou redução de 24% em
A aos 15 dias e de 47% aos 30 dias de alagamento, ao passo que o clone
mais intolerante (PS-1319) já apresentava redução de 76% em A aos 15 dias
e de 90% aos 30 dias de alagamento.
* Estresse hídrico e metabolismo antioxidativo
+ A ocorrência de estresse oxidativo possui como protagonistas as espécies
reativas de oxigênio (EROs), um processo associado aos estresses bióticos e
abióticos, quando o metabolismo antioxidativo não consegue eliminar o
excesso de EROs (CRUZ DE CARVALHO, 2008).
+ EROs podem ser produtos da redução direta de O2 por elétrons advindos do
metabolismo fotossintético sob deficiência de CO2 e do metabolismo
respiratório sob ciclos de desoxigenação e reoxigenação. Têm sido
identificados como EROs o oxigênio singleto (1O2), o peróxido de hidrogênio
(H2O2), os radicais ânion superóxido (O2.-), a hidroxila (.OH) e os radicais
ROOH, ROO e RO, que são altamente reativos e tóxicos e causam danos às
proteínas, aos lipídios, aos carboidratos e ao DNA e que, em última análise,
resultam em morte celular (MITTLER, 2002).
+ O acúmulo de EROs induzido por estresse é eliminado pelo sistema
enzimático antioxidante, que incluem as enzimas dismutase do superóxido
(SOD), peroxidase do ascorbato (APX), peroxidase da guaiacol (GPX),
peroxidase da glutationa (GRX), S-transferase da glutationa (GST) e catalase
(CAT); e pelo sistema não enzimático, envolvendo metabólitos de baixo peso
molecular, tal como ácido ascórbico (ASH), glutationa reduzida (GSH), α-
tocoferol, carotenoides, flavonoides (MITTLER, 2002; GILL; KHAN; TUTEJA,
2011) e prolina (CHEN; DICKMAN, 2005).
*Considerações Finais

VALLE, R.R.M.; SANTOS, K.C.B.; SILVA, J.V.O. Capítulo 4 — Mecanismos de


resistência em plantas contra ataque de patógenos: indução de resistência In:
SOUZA JÚNIOR, J.O., ed. Cacau: cultivo, pesquisa e inovação [online]. Ilhéus, BA:
EDITUS, 2018. ISBN: 978-65-86213-18-8. https://doi.org/10.7476/9786586213188.
*Introdução
+ Fisiologicamente, a resistência do hospedeiro a um microrganismo
patogênico pode ser definida como a capacidade de a planta atrasar ou evitar
a entrada e/ou a subsequente atividade do patógeno em seus tecidos
(GOODMAN; KIRÁLYZ; WOOD, 1986).
* Tolerância e resistência em plantas
+ Tolerância é “a capacidade das plantas suportarem uma doença sem perdas
severas em produtividade ou qualidade”.
+ Cabe esclarecer que incidência é uma medida de intensidade de doença
normalmente quantificada pela porcentagem de plantas doentes numa área.
A severidade é outra forma de medir intensidade de doença, porém com base
na porcentagem de tecido vegetal afetado pelo patógeno.
+ Segundo Fry (1982), resistência é “a característica de uma planta que
restringe o desenvolvimento do patógeno e da doença”.
+ Dois processos determinam a resistência de um cultivar para a maioria dos
fitopatógenos: 1) a planta pertence a um grupo taxonômico que é
naturalmente imune ao patógeno. Este tipo de resistência é denominado do
tipo não hospedeira; ou 2) a planta possui genes para resistência contra o
patógeno, processo esse denominado de resistência verdadeira (AGRIOS,
2005).
+ A resistência verdadeira foi classificada por Van der Plank (1963) em dois
tipos: resistência específica ou vertical e resistência geral ou horizontal. A
resistência vertical é específica para alguns biótipos de espécies de pragas
ou de patógenos. Esta resistência é governada por um ou poucos genes
(oligogênica) que conferem um alto grau de resistência específica e pode ser
facilmente incorporada em novos cultivares pela adoção dos
retrocruzamentos dirigidos, porém é de pouca estabilidade.
+ Em cultivares com resistência horizontal, a capacidade do patógeno de
infectar e colonizar (agressividade) a planta hospedeira com diferentes níveis
de resistência é determinada geneticamente, mas pode ser alterada por
variações ambientais (PARRY; JENKINSON; McLEOD, 1995;
MESTERHÁZY, 2002).
+ A expressão da resistência horizontal é negativamente influenciada em
condições de baixa assimilação de carbono e pela baixa luminosidade.
+ Para que esse tipo de resistência ocorra, faz-se necessário uma assimilação
de carbono adequada — maior fotossíntese — para que haja um maior fluxo
de carbono para rotas metabólicas de defesa da planta, a exemplo das rotas
do ácido xiquímico e dos fenilpropanoides — para formação de compostos de
defesa e de reparo celular (PENNYPACKER, 2000).
*Mecanismos de resistência das plantas
+ Os mecanismos de defesa de uma planta podem ser estruturais e
bioquímicos, ambos pré e pós-formados em relação à penetração do
patógeno no hospedeiro.
+ Estruturas de defesa:
+ Cuticula
+ Tricoma
+ Estomatos
+ Vasos condutores
+ Camada de silica
+ mecanismos estruturais de defesa formados
+
+ Nós hipotetizamos que é o que claramente ocorre com brotos novos
de cacaueiro (Theobroma cacao) quando atacados pelo fungo
Moniliophthora perniciosa (ex-Crinipellis perniciosa) (AIME; PHILLIPS-
MORA, 2005), agente casual da doença vassoura de bruxa. O fungo
penetra tecidos meristemáticos que crescem com o fungo, depois de
certo tempo, o tecido reage formando uma zona de abscisão entre
ramo e tronco, o que não permite a entrada de nutrientes, portanto, o
ramo seca na planta. O fungo, hemibiotrófico, muda de estado e forma
basidiocarpos. Infelizmente em cacaueiro, o ramo fica na planta, e o
fungo, com a formação de basidiocarpos, continua produzindo esporos
que difundem a infecção.
+ A deposição de gel e goma é outro mecanismo de defesa histológica
pós-formado utilizado por algumas plantas (AGRIOS, 2005). Como
mecanismo de resistência, estas espécies depositam gel nas áreas
próximas às lesões causadas por patógenos ou por injúrias. Este gel,
composto de pectinas produzidas nas células do parênquima
adjacentes aos vasos do xilema, ocupa o lúmen do xilema, incluindo
deposição nas pontuações, evitando a passagem de água e nutrientes
próximos à área afetada (SUN; ROST; MATHEW, 2008).
+ A deposição de gel e goma é outro mecanismo de defesa
histológica pós-formado utilizado por algumas plantas (AGRIOS,
2005). Como mecanismo de resistência, estas espécies depositam gel
nas áreas próximas às lesões causadas por patógenos ou por injúrias.
Este gel, composto de pectinas produzidas nas células do parênquima
adjacentes aos vasos do xilema, ocupa o lúmen do xilema, incluindo
deposição nas pontuações, evitando a passagem de água e nutrientes
próximos à área afetada (SUN; ROST; MATHEW, 2008).
A produção de tilose é outro mecanismo histológico de defesa pós-
formado.
+ Tiloses são projeções de protoplastos que expandem a parede celular
da célula parenquimatosa adjacente a um elemento de vaso, através
da abertura de uma pontoação, bloqueando parcial ou totalmente o
lume do vaso, ocupando o espaço da seiva no xilema (SUN; ROST;
MATHEW, 2008).
+ Em cacaueiros, por exemplo, compostos fenólicos devem participar
como mecanismos de resistência a M. perniciosa, agente causal da
vassoura de bruxa. Silva et al. (2006) encontraram concentrações de
fenóis solúveis totais ao redor do sítio de infecção de M. perniciosa em
frutos de cacaueiros significativamente maiores do que nos sítios não
infectados ou no local da infecção em todas as variedades estudadas
(Fig. 2). Esta resposta foi geral, tanto para variedades suscetíveis
(SIC-864, SIC-22) como resistentes/tolerantes (TSH-1188, Mocorongo-
2).
*Mecanismos bioquímicos
+
+ Nos mecanismos bioquímicos de defesa pré-formados, as
substâncias estão presentes na planta em altas concentrações
nos tecidos sadios antes do contato com o patógeno ou podem
se converter em substâncias altamente tóxicas com o início da
infecção. Entre as principais substâncias de defesa pré-
formadas estão fenóis, alcaloides, lactonas, terpenoides e
algumas proteínas. Os compostos fenólicos são uma extensa
classe de compostos que possuem um anel aromático
contendo, pelo menos, uma hidroxila. Estão incluídos neste
grupo: mono e polifenóis, fenóis glicosilados, ácidos fenol-
carboxílicos derivados dos ácidos benzoico e cinâmico, α-
pirones (cumarinas e isocumarinas), ligninas, flavonoides
(flavononas, antocianinas e catequinas) e quinonas.
+ As rotas dos ácidos xiquímico e cinâmico (fenilpropanoides)
constituem as vias comuns na geração dos diferentes grupos de
polifenóis e lignina (SCHWAN-ESTRADA; STANGARLIN;
PASCHOLATI, 2008).
* Indução de resistência
+ Os agentes indutores externos bióticos e abióticos induzem genes que
codificam para diversas respostas de defesa, portanto, seu efeito ocorre de
maneira não específica (STADNIK, 2000; HAMMERSCHMIDT; FOURNIER;
ESQUERRÉ-TUGAYÉ, 2001).
+ A importância do elicitor está na sua habilidade em ativar cascatas de sinais
na planta que acionam mecanismos de defesa estruturais e bioquímicos em
resposta à presença de um potencial patógeno.
+ Os elicitores abióticos, além de temperatura e salinidade, incluem radiação
UV, íons metálicos e moléculas orgânicas sintetizadas em laboratório
(PASCHOLATI; LEITE, 1994)
+ A indução de resistência foi conceituada como a ativação de mecanismos de
defesa da planta para um estado de resistência contra doenças.
+ Esta descoberta resultou na concepção do termo resistência sistêmica
adquirida (RSA ou SAR). RSA designa as respostas de defesa de forma
sistêmica pela interação com fatores externos (radiação, produtos químicos,
parte de estruturas de microrganismos, etc.).
+ A maioria das respostas bioquímicas está inativa até que sejam ativadas pelo
tratamento com alguns compostos químicos (indutores de resistência —
fatores abióticos) ou pelo início de uma tentativa de infecção por
fitopatógenos (fatores bióticos).
+ Ativação em situações de estresse.
as primeiras pesquisas sobre indução de resistência abordaram o efeito de doses
crescentes de glucose nos teores de amido, açúcares redutores e açúcares solúveis
totais dos clones de Theobroma cacao SCA 6 e UF 613 infectados com M.
perniciosa e as possíveis interações com mecanismos bioquímicos de resistência ao
fungo (VIEIRA et al., 2000, 2001; VIEIRA; VALLE, 2012).
* Moléculas de defesa das plantas
Em resposta à distribuição dos sinais dentro da planta, esta seria induzida a
sintetizar agentes de defesa, incluindo proteínas-PR, além da formação de barreiras
estruturais, como a lignina, calose e tilose.
Ácido salicílico, AJ e ET são os principais reguladores da defesa, os
sinalizadores de alarmes de ataque contra as plantas.
O ácido salicílico, derivado do ácido benzoico na rota dos fenilpropanoides,
acumula-se em altas concentrações nas proximidades do local de infecção (DOREY
et al., 1997; DURNER; SHAH; KLESSIG, 1997) e tem vários papéis nas respostas
de defesa da planta (HAMMOND-KOSACK; JONES, 2000).
O ácido salicílico e seus análogos são considerados os compostos mais
importantes dentre as substâncias eliciadoras de respostas de defesa em plantas
(RESENDE; BARRETI, 2002). Ácido salicílico foi a primeira molécula derivada de
plantas a ser demonstrada como indutora de resistência sistêmica.
O óxido nítrico (NO) é um radical inorgânico livre em estado gasoso que age
como molécula sinalizadora. Nas plantas, exerce múltiplas funções biológicas
como: ativação de proteínas-PR, potencializando a indução de HR (DELLEDONNE
et al., 1998), fator endógeno de regulação de maturação e senescência (LESHEM;
WILLS, 1998; GUO; OKAMOTO; CRAWFORD, 2003) e fator de regulação da morte
celular programada em associação com a lignificação durante a formação dos vasos
do xilema (NEILL, 2005).
Mudanças na concentração de Ca2+ citoplasmático, produção de espécies
reativas de oxigênio (ROS), NO e ativação da cascata proteíno-quinases ativadas
por mitógenos (MAPK) são respostas de defesa da planta ao patógeno
(NÜRNBERGER, 1999) e respostas de células animais à infecção (NÜRNBERGER
et al., 2004).
Foi especulado que a habilidade do micélio biotrófico do fungo sobreviver em
tecidos de cacaueiro depende de mecanismos que contornam a indução de NO pela
cadeia respiratória mitocondrial — a cadeia respiratória dependente de citocromo.
O acibenzolar-S-metil (ASM), outro análogo do AS, do grupo benzotiadiazole
(BTH), mostrou-se um potente ativador de resistência sistêmica, em condições de
campo, contra uma série de patógenos e insetos em vários cultivos (GÖRLACH et
al., 1996).

O ácido jasmônico (AJ) ou o metil jasmonato (MeJA), potentes inibidores de


proteases em várias plantas, são moléculas voláteis propostas como mensageiros
secundários na indução de resistência envolvida nas respostas de defesa das
plantas contra ferimentos (THALER, 2002).

Além do AS, AJ e etileno, espécies reativas de oxigênio (H2O2, OH, O2.–,


ONOO–, etc.) podem ser considerados sinalizadores chaves para a expressão de
respostas de defesa da planta, especialmente HR (STASKAWICZ et al., 1995). A
explosão oxidativa, com a geração de espécies reativas de oxigênio (ROS), tem
sido determinada em reações de hipersensibilidade em resposta a infecção por
fungos (VERA-ESTRELLA et al., 1993) e bactérias (BAKER et al., 1993).
A explosão oxidativa, um mecanismo bioquímico pós-formado, participa de
um sistema integrado e amplificado de sinalização que envolve AS e Ca2+ citosólico
no disparo dos mecanismos de defesa (LAMB; DIXON, 1997).

A rápida geração e acúmulo de ROS, originados pela explosão oxidativa após a


percepção dos sinais de avirulência do patógeno, atuam com diferentes funções de
defesa. Dentre as várias funções das ROS na defesa vegetal está o efeito
antifúngico e antibacteriano direto do peróxido de hidrogênio (H2O2)
(SUTHERLAND, 1991; ALLAN; FLUHR, 1997).
A maioria do H2O2 celular surge da dismutação do O2.– catalisada pela superóxido
dismutase (SOD).

Por outro lado, H2O2 pode ser diretamente tóxico aos patógenos. Na presença
de ferro, dá origem ao extremamente reativo radical hidroxila (OH). Pode também
contribuir para reforçar as paredes celulares, tanto por interligações de
hidroxiprolinas e glicoproteínas ricas em prolina à matriz de polissacarídeos, como
aumentando a taxa de formação de lignina por meio da atividade das peroxidases.
Estes mecanismos tornam a parede celular mais resistente à penetração do
patógeno e à degradação enzimática. O peróxido de hidrogênio também intervém
na biossíntese do ácido salicílico

Entre os mecanismos bioquímicos pós-formados produzidos pela planta está a


fabricação, imediatamente após a sua infecção, de composto de baixo peso
molecular com propriedades antimicrobianas. Estas substâncias pertencem a uma
grande variedade de compostos químicos (flavonoides, terpenoides, alcaloides,
poliacetileno, etc.) e são conhecidos como fitoalexinas (etimologicamente:
defensores da planta).
* Enzimas relacionadas à indução de resistência
* Resistência Sistêmica Adquirida (RSA) e Induzida (RSI)
+ RSA e RSI são fenômenos distintos, embora fenotipicamente semelhantes.
A RSA é explicada pela manifestação ou produção de um sinal liberado a
partir do sítio de infecção que provoca necrose e translocação deste sinal
para outras partes da planta, induzindo reações de defesa que protegerão a
planta contra ataques subsequentes. Na resistência sistêmica induzida, o
indutor não provoca sintomas, como necrose no local da infecção, mas induz
a planta a se proteger sistemicamente (SILVA et al., 2008).
+ A resistência sistêmica adquirida caracteriza-se pela expressão de genes que
codificam respostas inespecíficas de defesa contra patógenos, tais como
proteínas-RP, quitinases, glucanases, enzimas envolvidas na rota da síntese
de fitoalexinas, como a fenilalanina amônia liase, e acúmulo de lignina em
tecidos adjacentes ao local de penetração do microrganismo (DURRANT;
DONG, 2004).
+ A expressão desses genes tem sido observada em vários patossistemas pelo
uso de diversos eliciadores bióticos e abióticos. Entre os abióticos se
destacam o acibenzolar-S-metil
+ A harpina, uma proteína bacteriana isolada inicialmente de Erwinia amylovora
(WEI et al., 1992), ativa a síntese ácido salicílico, jasmônico e etileno —
moléculas sinalizadoras — e induz resistência sistêmica (DONG et al., 1999;
CLARKE et al., 2005).
+ A harpina, uma proteína bacteriana isolada inicialmente de Erwinia amylovora
(WEI et al., 1992), ativa a síntese ácido salicílico, jasmônico e etileno —
moléculas sinalizadoras — e induz resistência sistêmica (DONG et al., 1999;
CLARKE et al., 2005).
+ No caso da resistência sistêmica induzida, não há acúmulo de proteínas-PR,
e a planta que sofreu indução não exibe alterações como necrose.
Usualmente, o agente indutor não provém de um patógeno, e sua indução
não é salicilato dependente, parecendo haver outra rota de sinalização mais
associada a jasmonatos e etileno (PIETERSE et al., 2000; VAN LOON;
BAKKER; PIERERSE, 1998; CHOUDHARY; PRAKASH; JOHRI, 2007).
+ Para ser considerado um ativador de resistência sistêmica adquirida (RSA), o
produto químico deve possuir três características:
- (1) o composto ou seus metabólitos não devem exibir atividade
antimicrobiana direta;
- (2) deve induzir resistência contra o mesmo espectro de patógenos
que a RSA ativada biologicamente;
- (3) deve induzir a expressão dos mesmos genes marcadores,
conforme RSA ativada por patógenos (RYALS et al., 1996).
+ Entre eles estão o Bion®, cujo ingrediente ativo é o acibenzolar-S-metílico
(ASM), como já mencionado; o Messenger®, que tem como ingrediente ativo
a harpina, fosfitos; Elexa®, que tem como componente principal a quitosana;
Iodus® 40, formulado a base de elicitores oligossacarídeos contendo β 1-3
glucanas; e INA (ácido 2,6 dicloroisonicotínico), que, assim como ASM, é um
análogo do ácido salicílico (CAVALCANTI et al., 2004).

+ Os fosfitos (fosfonatos ou derivados do ácido fosforoso) registrados como


fertilizantes foliares estão sendo utilizados no controle de doenças de plantas,
agindo diretamente sobre patógenos e induzindo respostas de defesa na
planta (DALIO et al., 2012). A atuação direta destes compostos pode ocorrer
através da quebra das paredes e membranas celulares dos patógenos.
Adicionalmente, os fosfitos também podem reduzir o potencial de inóculo dos
patógenos devido à redução da esporulação dos microrganismos
(PANICKER; GANGADHARAN, 1999). Por exemplo, os fosfitos reduziram a
produção de zoósporos e de esporângios em várias espécies de
Phytophthora (WILKINSON et al., 2001).
+ Elicitinas são proteínas tóxicas responsáveis por induzir respostas necróticas
e hipersensitivas em plantas, principalmente das Solanáceas, Crucíferas e
Brasicaceas. Necrose foliar proporciona controle imediato da invasão fúngica
e induz RSA. Ambas as respostas intermediam proteção básica contra
subsequentes ataques por patógenos.
+ No trabalho de Pereira et al. (2008), tanto a quitosana extraída do micélio de
espécies de Trichoderma como de espécies de Rhizopus apresentaram um
efeito protetor a plantas de cacaueiro contra Verticillium dahliae.
+ O BTH reduziu significativamente o número de vassouras por planta e o
número de frutos infectados em condições de campo com a aplicação de 0,5
a 1,0 g do ia/planta a cada 60 dias (RAM; CASTRO, 2000). O efeito sistêmico
do BTH na proteção de novas brotações foi também demonstrado 30 dias
após a indução de resistência no híbrido Theobahia (SCA 6 x ICS 1). O efeito
do BTH na proteção de mudas do Catongo foi comparado com o efeito de
óxido cuproso e tebuconazole, todos pulverizados 15 dias antes da
inoculação. O BTH reduziu a incidência de doença em 60% em relação à
testemunha inoculada. Estes resultados demonstraram um desempenho
melhor do que o tebuconazole e superior a óxido cuproso (RESENDE et al.,
2002).
+ Para entender o mecanismo de ação do ASM como indutor de resistência,
alterações nos níveis de fenóis totais, polifenoloxidases e peroxidases foram
avaliados aos 3, 15 e 30 dias após a pulverização de mudas da variedade
Catongo. A atividade enzimática de mudas de Theobahia foi avaliada 30 dias
após a pulverização. Em Catongo, não houve diferenças significativas no
conteúdo de fenóis totais e da atividade da polifenol oxidase após a
pulverização. No entanto, um aumento na atividade da peroxidase foi
detectado em todos os momentos de avaliação. Em Theobahia, aumentos
significativos em atividades de peroxidase e polifenoloxidase foram
detectados, indicando que as respostas de defesa devido à ASM são
genótipo dependente (RESENDE et al. 2002b).

Obs: Inorganic phosphites (containing HPO2−3) have been applied to crops to combat fungus-
like pathogens of the order oomycetes (water molds). The situation is confusing because of the
similarity in name between phosphite and phosphate (a major plant nutrient and fertilizer
ingredient), and controversial because phosphites have sometimes been advertised as fertilizers,
even though they are converted to phosphate too slowly to serve as a plant's main phosphorus
[10]
source. In fact, phosphites may cause phytotoxicity when a plant is starved of phosphates.
[11]
Lemoynie and others have described this complicated situation and noted that calling
phosphites fertilizers avoided the regulatory complication and negative public perceptions that
[10]
might have been incurred by registering them as fungicides.
* Indução de resistência em cacaueiro
+ Inoculação de cacaueiros com uma raça menos virulenta de P. palmivora,
que induziu resistência contra outra raça mais agressiva desse fungo,
promovendo a sobrevivência de 88% a 100% das plântulas (PARTIOT,
1981).
+ A pré-inoculação de plântulas com basidiósporos de M. perniciosa,
provenientes de lobeira (Solanum lycocarpum), promoveu redução de 64%
na incidência da vassoura de bruxa em relação às plântulas inoculadas com
basidiósporos isolados do cacaueiro (RESENDE, 1998).
+ O isolado ALF247 do fungo endofítico simbionte do gênero Trichoderma
apresentou indução significativa da peroxidase, e o isolado ALF56 de T.
stromaticum, assim como o fitopatógeno M. perniciosa, mostraram tendência
de indução de atividade enzimática.
Obs: Trichodermil → pimenta-do-reino
+ No trabalho de Pereira et al. (2008), tanto a quitosana extraída do micélio de
espécies de Trichoderma como de espécies de Rhizopus apresentaram um
efeito protetor a plantas de cacaueiro contra Verticillium dahliae.
+ Trabalhos de indução de resistência em cacaueiros têm sido realizados com
elicitores abióticos caracterizados como ativadores de resistência de plantas,
principalmente o acibenzolar-S-metil (benzotiadiazole, BTH), um análogo do
ácido salicílico (MORAES, 1998).
+ O BTH reduziu significativamente o número de vassouras por planta e o
número de frutos infectados em condições de campo com a aplicação de 0,5
a 1,0 g do ia/planta a cada 60 dias (RAM; CASTRO, 2000). O efeito sistêmico
do BTH na proteção de novas brotações foi também demonstrado 30 dias
após a indução de resistência no híbrido Theobahia (SCA 6 x ICS 1).
Obs: RESENDE et al., 2002
defesa (CAVALCANTI, 2000).
+ Para entender o mecanismo de ação do ASM como indutor de resistência,
alterações nos níveis de fenóis totais, polifenoloxidases e peroxidases foram
avaliados aos 3, 15 e 30 dias após a pulverização de mudas da variedade
Catongo. A atividade enzimática de mudas de Theobahia foi avaliada 30 dias
após a pulverização. Em Catongo, não houve diferenças significativas no
conteúdo de fenóis totais e da atividade da polifenol oxidase após a
pulverização. No entanto, um aumento na atividade da peroxidase foi
detectado em todos os momentos de avaliação. Em Theobahia, aumentos
significativos em atividades de peroxidase e polifenoloxidase foram
detectados, indicando que as respostas de defesa devido à ASM são
genótipo dependente (RESENDE et al. 2002b).
+ Outro importante indutor abiótico é o próprio ácido salicílico, que, conforme
relatado anteriormente, tem sido utilizado com sucesso na indução de
resistência contra P. palmivora em cacaueiro (OKEY; SREENIVASAN, 1996).
+ Vieira e Valle (2012b), testando a indução de resistência sistêmica para o controle da
vassoura de bruxa em cacaueiros adultos dos clones ICS 1 (30 anos de idade) e CCN
51 (quatro anos de idade), registraram a eficiência de alguns indutores na diminuição
estatisticamente significativa da incidência da doença, quando comparados com
plantas controle. No ICS 1, após 36 meses, registrou-se a eficiência de vários
indutores [glicose 0,3; 0,6; 0,9 e 1,2 M; AS (15 mM); AS + glicose (0,6 M + 15 mM);
KCl (0,6 M); sacarose (0,3; 0,45 M)] na diminuição estatisticamente significativa de
vassouras vegetativas, de almofadas, número de frutos infectados e aumento do
número de frutos sadios por planta no clone ICS-1, suscetível a vassoura de bruxa,
quando comparados ao controle (Tukey p ≤ 0,05). Os indutores foram aplicados
através de injeção no tronco de 20 mL de cada um. Avaliação feita aos 18 meses no
clone CCN 51 registrou a eficiência de alguns indutores [AS + glicose (0,6 M + 15
mM); AS + glicose + H2O2 (0,6 M + 15 mM + 5 mM); KCl) (0,5 M)] aplicados
diretamente ao tronco (20 mL) e indutores [AS + glicose (0,6 M + 15 mM), AS +
glicose + H2O2 (0,6 M + 15 mM + 5 mM); quitosana (200 ppm)] aplicados via
pulverização (três pulverizações de 100, 100 e 50 mL) na diminuição estatisticamente
significativa (Tukey p ≤ 0,05) de vassouras vegetativas, de almofadas, número de
frutos infectados e aumento do número de frutos sadios por planta, quando
comparados ao controle (VIERA; VALLE, 2012b)
+ página 123

+ No ICS 1, após 36 meses, registrou-se a eficiência de vários indutores [glicose 0,3;


0,6; 0,9 e 1,2 M; AS (15 mM); AS + glicose (0,6 M + 15 mM); KCl (0,6 M); sacarose
(0,3; 0,45 M)] na diminuição estatisticamente significativa de vassouras vegetativas,
de almofadas, número de frutos infectados e aumento do número de frutos sadios por
planta no clone ICS-1, suscetível a vassoura de bruxa, quando comparados ao controle
(Tukey p ≤ 0,05).

AHNERT, D.; MELO, H.L.; SANTOS, F.FJ.; LIMA, L.R.; BALIGAR, V.C. Capítulo 5
— Melhoramento genético e produtividade do cacaueiro no Brasil, In: SOUZA
JÚNIOR, J.O., ed. Cacau: cultivo, pesquisa e inovação [online]. Ilhéus, BA: EDITUS,
2018. ISBN: 978-65-86213-18-8. https://doi.org/10.7476/9786586213188.
*Introdução
+ O melhoramento genético do cacaueiro (Theobroma cacau L.) no Brasil tem
como objetivo principal o desenvolvimento de cultivares híbridos e clonais
com as seguintes características: elevada produtividade (igual a ou maior que
3000 kg/ ha/ano); resistência às principais doenças e pragas (perda máxima
de 5%); baixo índice de fruto (máximo de 16 frutos para produzir 1 kg de
cacau seco); e amêndoas com características físicas, químicas e
organolépticas que atendam às demandas da indústria (peso acima de 1 g,
menos de 12% de casca, teor de gordura acima de 55% e aroma e sabor que
atendam ao mercado) (AHNERT, 2006).
+ A partir do ano de 1997, os híbridos foram substituídos por cultivares clonais
resistentes à doença vassoura de bruxa.
+ Os cultivares clonais autocompatíveis, resistentes e produtivos representam
uma das maiores inovações feitas na cacauicultura brasileira nos últimos
anos.
+ Além disso, cerca de 400 novos clones estão em processo de avaliação pela
CEPLAC (LOPES et al., 2011), indicando que, num futuro próximo, novos
cultivares que reúnem alelos de diferentes fontes de resistência e que
tenham características agronômicas superiores deverão ser disponibilizados
aos agricultores.
+ Além disso, propiciam, também, a adoção de manejo agronômico altamente
tecnificado, assimilando novos conceitos, tais como, cultivo em blocos
monoclonais, mecanização, fertilizações programadas, fertirrigação, cultivo a
pleno sol, produção de cacau gourmet, etc.
* Breve histórico do melhoramento genético do cacaueiro no Brasil
+ SIC (Seleção Instituto do Cacau) -> 33 clones (1934).
+ O cacaueiro foi introduzido no Sul da Bahia, pela primeira vez, em 1746, por
meio de frutos/sementes vindos do estado do Pará. Essa primeira introdução
formou o cultivar local denominado Cacau Comum. Entre os anos de 1874 e
1876 houve novas introduções, também do Pará, que deram origem aos
cultivares Pará, Parazinho e Maranhão (BARTLEY, 2005).
+ Catongo é uma mutação do comum, cotiledones brancos e folhas novas
despegimentadas.
+ Foi selecionado um número expressivo de plantas — principalmente em
fazendas de agricultores — cujos clones foram denominados SIAL (Seleção
Instituto Agronômico do Leste) e EEG (Estação Experimental de Goitacazes).
Obs: Banco de Germoplasma (BAG)
+ Atualmente, existem dois grandes bancos de germoplasma mantidos pela
CEPLAC, um no Pará, com cerca de 2.000 acessos, e outro na Bahia, com
1.300 acessos (LOPES et al., 2011).
* Grupos raciais de cacau e seus usos no melhoramento
+ Evidências científicas sugerem que o cacaueiro (Theobroma cacau L.)
originou-se na Amazônia, sendo o seu mais provável centro de origem a
região de confluência dos rios Napo, Putumayo e Caqueta, no Alto
Amazonas, pois neste local, além de elevada diversidade genética, foram
encontrados cacaueiros dos dois grupos raciais principais: Forasteiro
Amazônico e Crioulo (CHEESMAN, 1944; MOTAMAYOR et al., 2002).
+ Trinitário, que surgiu na ilha de Trinidad, por hibridação natural entre Crioulo
e Forasteiro Amazônico.
+ O cacau Crioulo possui composição química de suas sementes diferentes
daquela encontrada no Amazônico (BARTLEY, 2005). Os cotilédones das
sementes úmidas do grupo Crioulo são de cor branca ou violeta claro,
enquanto os do grupo Amazônico são de cor branca, violeta-claro e violeta-
escuro. Em geral, as sementes de Crioulo requerem poucos dias para sua
fermentação completa; já a do Amazônico, mais tempo.
+ O cacau Crioulo produz amêndoas que se destacam pela baixa acidez,
adstringência e por sabor típico, conferindo a esse grupo elevada qualidade
organoléptica, sendo, por isso, mundialmente reconhecido como um cacau
fino ou gourmet. Atualmente existem poucos plantios de cacau Crioulo puro,
pois são muito suscetíveis ao ataque de pragas e doenças. Os tipos
cultivados mais conhecidos são: Porcelana, Ocumare e Chuao, todos da
Venezuela.
+ O cacau Amazônico, no geral, possue sabor mais encorpado, sendo mais
utilizados para produzir cacau regular (“bulk cocoa”). Cerca de 95% do cacau
produzido no mundo é do tipo Amazônico.
+ Desta população, entre os anos de 1933 e 1935, foram selecionados 100
clones com características de interesse — tais como fruto e semente
grandes, elevada produção, resistência a pragas e doenças, etc. — nas
fazendas da Ilha de Trinidad, assim formando a coleção mundialmente
conhecida dos clones ICS (“Imperial College Selection”), denominadas ICS 1
até ICS 100 (JOHNSON; BEKELE; SCHNELL, 2004).
*Bancos de germoplasma de cacau no Brasil
+ Um dos bancos de germoplasma está estabelecido no Centro de Pesquisas
do Cacau (CEPEC), Ilhéus, Bahia, que reúne cerca de 1.300 acessos
originários de diferentes regiões do mundo. O outro banco de germoplasma
está estabelecido em Marituba, Pará, na Estação de Recursos Genéticos
José Haroldo (ERJOH), que reúne cerca de 2.000 acessos, sendo 90%
destes silvestres, coletados nas bacias dos rios da Amazônia brasileira
(ALMEIDA et al., 1987; LOPES, et al., 2011).
*Autoincompatibilidade genética e seus problemas na produção de cacau
+ A autoincompatibilidade é um mecanismo fisiológico de base genética que
impede as plantas hermafroditas férteis de se autofecundarem.
+ No cacau, a autoincompatibilidade é controlada por uma série de cinco alelos
S, com a seguinte ordem de dominância (>) e codominância (=): S1> S2 =
S3> S4> S5 (KNIGHT; ROGERS, 1953, 1955). Existem também os alelos S0,
que são responsáveis pela autocompatibilidade. Além desses alelos,
suspeita-se que existam dois outros locos gênicos, A e B, que seriam
responsáveis por produzir substâncias precursoras para ativar os alelos da
série S (COPE, 1962).
+ Portanto, o cacau tem um tipo peculiar de autoincompatibilidade,
apresentando-se tanto na forma esporofítica como na gametofítica, em que a
reação de autoincompatibilidade acontece no ovário, no início da fusão
gamética. Havendo a autoincompatibilidade, após a liberação do núcleo
espermático no ovário, não ocorrerá a singamia, e a flor abortará.
* Métodos de melhoramento adotados em cacau
+ A espécie Theobroma cacau L. é considerada semidomesticada (CLEMENT,
1990), pois as plantas cultivadas não sofreram elevado grau de modificação
genética pelo processo de seleção e cultivo pelo homem, possivelmente pelo
fato de o cacaueiro ser perene e viver por mais de 100 anos em condições de
cultivo, havendo sobreposição de gerações. O
+ Quanto aos fatores de produção, os mais importantes são: número de frutos
por planta; peso de sementes por fruto; número de sementes por fruto; peso
médio de semente e índice de fruto (número de frutos necessários para
produzir 1 kg de sementes secas).
+ O cacaueiro é considerado uma planta preferencialmente alógama,
propagando-se tanto por sementes como de forma vegetativa, o que facilita
os trabalhos de melhoramento. Os métodos de melhoramento mais adotados
em cacau são a introdução de plantas, seleção massal em populações de
polinização aberta, desenvolvimento e seleção de cultivares híbridos,
desenvolvimento e seleção de cultivares clonais e seleção recorrente.
+ Introdução de plantas
- Primeiros clones introduzidos pela CEPLAC(1997): TSH 516, TSH
565, TSH 774, TSH 1188, EET 397, EET 392, TSA 654, TSA 656, TSA
792.
+ Seleção massal
+ Desenvolvimento e seleção de cultivares clonais
+ Desenvolvimento e seleção de cultivares hibridos
+ Seleção recorrente recíproca
* Cultivares de cacau e produtividade
+ Três tipos de cultivares são utilizados para plantio de cacau no Brasil: locais,
híbridos e clonais.
+ Cultivares locais da Bahia
- Os cultivares locais de cacau da Bahia são Cacau Comum, Pará,
Parazinho, Maranhão, Catongo e Almeida.
+ Cultivares híbridos de cacau
- Houve uma associação entre tamanho de sementes e percentagem de
casca da semente, em que sementes de menor peso produziram
maior percentagem de casca.
- A percentagem de gordura variou de 55 a 58%.
+ Cultivares clonais
- Cada cultivar tem um determinado porte, sendo uns mais altos, como
é o caso dos CCN 51, PS 1319 e SJ 02; outros baixos, como o PH 15,
BN 34 e PS 1030, mas todos são plantados em espaçamento de 3 m
x 3m.

SODRE, G.A.; SENA GOMES, A.R. Capítulo 6 — Propagação do cacaueiro e


tecnologias para produção de mudas clonais
*Introdução
* Propagação vegetativa de cacaueiros
+ Esses autores também observaram que o início da emissão das raízes
ocorreu entre 20 e 30 dias após o estaqueamento.
+ Os porta-enxertos são geralmente obtidos a partir de sementes pré-
germinadas, que são semeadas direto no campo, ou em sacos de polietileno
preenchidos com solo ou substrato agrícola, onde permanecem de 6 a 8
meses até serem enxertadas (velocidade de ganho de massa).
* Porta-enxertos na propagação vegetativa de cacaueiros
+ Outro importante efeito do porta-enxerto em mudas de cacaueiro está
relacionado com o transporte de nutrientes. Sodré et al. (2012) verificaram
que a combinação copa/porta-enxerto interferia no transporte de nutrientes
da raiz para a parte aérea. O clone Salobrinho-2, enxertado em cacau
comum usado como porta-enxerto, acumulou, significativamente, menos N, P
e K nas folhas quando comparado aos clones CCN-51, ICS-1, CEPEC-02 e
CP-49.
+ Por exemplo, porta-enxertos de TSH-1188 e de variedades de cacau comum
são usados por produtores brasileiros para controlar Ceratocystis spp.
Cacauicultores, na Colômbia, usam os clones PA 46, PA 121, PA 150, IMC
67 e as sementes híbridas de PA 46 e EET 62 x IMC 67 para controlar a
podridão de raiz causada por Phythopthora spp. e Roselinia (FLOREZ;
CALDERON, 2000).
+ o efeito nanismo tem atraído atenção de pesquisadores, e isto é importante
por dois motivos: a) quando associados com a melhoria da eficiência de
produção, os porta-enxertos podem manter ou aumentar a produção
comercial; e b) o nanismo permite fazer colheitas “mais amigáveis” com todos
os frutos de uma árvore em condição de fácil alcance e ainda simplificando o
manejo de pragas.
+ Para produzir porta-enxertos em escala comercial no Brasil, o viveirista
precisa ser certificado pelo Ministério da Agricultura Pecuária e
Abastecimento (MAPA) e deve, além dos trâmites legais de produção, atentar
para importantes aspectos da produção, como: sincronismo entre demanda e
volume de produção, intensidade e qualidade da água de irrigação,
calendário e doses de fertilizantes foliares, controle de pragas e doenças,
eliminação de plantas atípicas e doentes e qualidade da enxertia.
+ Vantagens e desvantagens de mudas enxertadas:
- Vantagens
● Sementes são livres de dormência, de baixo custo e fáceis de obter;
● Metodologia facilmente adotada pelos agricultores;
● Resistência a doenças importantes, como murcha de Ceratocystis; e
● Pode aumentar o rendimento de alguns clones.
- Restrições
● Pode alterar vigor em algumas combinações copa/porta-enxerto;
● A viabilidade da semente é curta, devido à recalcitrância da mesma;
e
● Pode reduzir o desempenho de campo em combinação
enxerto/porta-enxertos com baixa resistência a doenças.
*Enxertia por borbulha
+ A enxertia por borbulhia é um dos métodos mais importantes de propagação
das plantas e refere-se à transferência de um tecido contendo uma única
gema de plantas matrizes (variedade selecionada) para porta-enxertos.
+ É importante mencionar que a deterioração das gemas no método de
borbulhia em cacaueiros é causada por um complexo de fungos. Numa
transferência de acessos clonais de cacaueiros para a estação de
quarentena em Miami, Flórida, EUA, foram identificados cinco fungos
associados com gemas em cacau, como: Botryodiplodia theobromea,
Fusarium decemcellulare, Fusarium oxtysporum, Pestalotiopsis spp e
Phomopsis spp, os quais podem desencadear morte de mudas enxertadas
de cacaueiro (PURDY, 1989).
+ Vantagens e desvantagens no uso da borbulhia:
- Vantagens:
● Utiliza um único botão para enxertar um porta-enxerto;
● Minimiza o desperdício de mudas de porta-enxertos. O procedimento
pode ser refeito se o primeiro brotamento falhar;
● Importante para a propagação de quantidade limitada de material
clonal, facilita o transporte e serviços de quarentena;
● Propagar clones que não podem ser propagados por outras
técnicas; e
● Pode ser usado como técnica auxiliar para detectar a presença de
vírus em material vegetal “indexação”.
- Desvantagens:
● Requer enxertadores bem treinados;
● Maior custo de produção de gemas sadias;
● Em grande parte, é dependente de medidas de saneamento
pesadas;
● Taxas variáveis de pegamento; e
● O arranque é lento.
*Enxertia por garfagem
+ Refere-se à propagação convencional por meio da qual uma haste (garfo)
contendo várias gemas é adequadamente inserida em uma fração de topo da
planta ou lateralmente sob a casca de porta-enxertos.
+ A enxertia por garfagem em fenda, por exemplo, pode ser feita tanto em
chupões basais de cacaueiros adultos como em porta-enxertos de mudas no
viveiro (5 a 8 meses de idade).
+ Usando a garfagem, Sena Gomes et al. (2000) obtiveram taxas de
pegamento de 55 a 92% — variando com clone, local da enxertia e época do
ano — e verificaram que a enxertia por garfagem tem sido mais bem
sucedida durante os meses de setembro a março em anos de condições
climáticas típicas da região.
+ A garfagem lateral é o método em que o enxerto é cortado obliquamente
(lateralmente) em forma de cunha delgada e empurrado para baixo e para
dentro da casca do caule do porta-enxerto.
+ A garfagem lateral realizada no tronco de árvores adultas de cacaueiro:
taxas de pegamento e longevidade do material enxertado foram baixas
quando os enxertos foram realizados no tronco (< 30%), mas elevadas (>
70%) quando em chupões basais. Isso fez com que a enxertia em troncos de
cacaueiros não fosse mais recomendada na Bahia, Brasil.
* Enxertia em broto e copa
+ Isto ocorre, supostamente, porque partes da antiga copa (ramos e folhagens)
só são eliminadas seis meses após a data de enxertia, e neste momento a
área foliar da nova copa já está bem desenvolvida. A enxertia de copa, em
geral, leva de 12 a 16 meses para recompor a nova área foliar do cacaueiro.
* Características do enraizamento de estacas em cacaueiro
+ A principal vantagem da estaquia é que as plantas são idênticas em todos os
aspectos ao indivíduo original, ou planta-mãe, como enfatizado por Kramer e
Kozlowski (1979), e podem ser plantadas sem uso de porta-enxertos.
+ Sodré (2007) verificou que o uso de estacas de cacaueiro retiradas da
posição apical potencializa a capacidade de enraizamento do material juvenil
com maior produtividade por planta matriz, aumento dos níveis de
enraizamento e consequente diminuição dos custos de produção das mudas.
+ Pesquisas realizadas no Instituto de Pesquisas do Cacau do Gana (CRIG) verificaram
que o enraizamento foi significativamente afetado pelas posições nodais da haste
clonal, com o melhor enraizamento alcançado em estacas das posições nodais 4−6, a
partir do ápice de árvores de 15 anos de idade e cacaueiro tipo Amelonado.
+ os cacaueiros provenientes de ramos plagiotrópicos desenvolvem um denso
dossel e requerem repetidas podas para formar a copa e facilitar o manejo e
a colheita.
+ Na ausência de uma raiz principal nas plantas propagadas por estaquia, duas
ou três raízes adventícias
* Modelo de produção de mudas de cacaueiro por estaquia na Bahia
+ Vantagens e desvantagens no uso da estaquia:
- Vantagens:
● Maiores taxas de multiplicação. Técnica fácil, livre de problemas de
incompatibilidade do enxerto;
● Plantas idênticas, em todos os aspectos, ao indivíduo original ou
planta-mãe;
● Propagação pode ser realizada com unidades de enraizamento
simples e baratas;
● Plantas enraizadas crescem raízes próprias (sistema radicular
fibroso);
● Pode propagar material de origem plagiotrópica e ortotrópica;

● Apresenta de média a altas taxas de sucesso. .


- Desvantagens:
● Projeto em larga escala requer altos investimentos em instalações,
equipamentos, jardim clonal e logistica de materiais;
● Exige trabalhadores treinados;
● Custos para manter a sanidade do jardim clonal durante e após o
processo de enraizamento;
● Plantas tendem a desenvolver o sistema radicular superficial,
especialmente em alguns solos pesados (alto teor de argila); e
● Indicado para clones e locais específicos (solos bem drenados, de
preferência profundos, planos e de relevo não montanhoso);
● A falta de raiz principal pode travar o crescimento e a produtividade
das plantas durante a estação seca, especialmente em solos rasos; e
● Riscos de infecção por patógenos de solo, especialmente em clones
suscetíveis.
* Miniestaquia na propagação vegetativa de cacaueiros
+ Biofábrica de Cacau, que adota, no sistema de produção, estacas de 16 cm
de comprimento.
+ A substituição de estacas de 16 cm (estaquia convencional) por miniestacas
de 6 a 10 cm e também por estacas de uma gema para a produção de mudas
de cacaueiro tem a vantagem de utilizar material herbáceo com intensa
atividade meristemática e, com isso, elevar os níveis de enraizamento.
+ Na produção em larga escala das mudas clonais, a miniestaquia, além de
aumentar os níveis de enraizamento das plantas, permite, por exemplo, que
se realize o pré-enraizamento usando bandejas em câmaras de nebulização
e transferências entre 40 e 60 dias para tubetes maiores. Com a adoção da
tecnologia de miniestacas pré-enraizadas, estar-se-ia reduzindo
consideravelmente as perdas de substratos, especialmente em clones de
difícil enraizamento.
*Mitigação de riscos em processos de produção de mudas de cacaueiro por
estaquia e enxertia
*Experimentos com cacaueiros produzidos por estaquia na Bahia
+ Projeto Nova Redenção, Bahia, Brasil
+ Projeto Lembrance, Bahia, Brasil
*Jardim clonal a campo
* Outras tecnologias para produção de mudas clonais de cacaueiro
+ Enxerto “Uno”
+ Uso de enxertos filtros

*Observação: É importante destacar que a certificação das mudas de cacaueiro é


uma exigência do MAPA, em conformidade com a Lei no 10.711, de 05 de agosto
de 2003 (MAPA, 2003), e decreto no 5.153, de 23 de agosto de 2004 (MAPA, 2004,
2007). O objetivo da certificação é garantir, principalmente, a qualidade genética e
sanitária da muda produzida.

Capítulo 7 — Atributos físicos do solo para a cultura do cacaueiro


Fonte: Elaboração dos autores.

MONTEIRO, W.; AHNERT, D. Melhoramento genético do cacaueiro


*Introdução
+ Espécie cauliflora.
* Distribuição geográfica nas Américas
*Reprodução
+ Alogamia
+ Variedades autocompatíveis e intercompatíveis.
*A incompatibilidade genética
+ Característica controlada pelo gene S que apresenta alelos múltiplos. A
autoincompatibilidade nada mais é que um processo bioquímico e reconhecimento e
rejeição que impede a autofertilização (singamia). Estão envolvidas as interações
entre o grão de polen e o pistilo(estigma ou estilete). O tubo polínico que se origina
com a germinação do pólen pode ser inibido tanto no estigma quanto no estilete.
+ Abscisão floral tem papel primário no controle da abscisão.
- Abscisão ocorre com altos níveis de etileno e ácido abscísico estão
presentes.
- Aplicação deCO2 e auxinas sintéticas retardam abscisão.
*Aspectos genéticos
*Grupamento genéticos
+ Forasteiros
+ Criolo
+ Trinitário
*Bancos de Germoplasma
+ Variedades brasileiras
- SIC, SIAL e EEG

SODRÉ, G.A.; VENTURINI, M.T.; ORNELAS, D.R.; MARROCOS, P.C. Extrato da


casca do fruto do cacaueiro como fertilizante potássico no crescimento de mudas de
cacaueiro. Revista Brasileira de Fruticultura [online]. 2012, v. 34, n. 3 [Acessado 13
Outubro 2022], pp. 881-887. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S0100-
29452012000300030>. Epub 01 Nov 2012. ISSN 1806-9967.
https://doi.org/10.1590/S0100-29452012000300030.
Para produzir uma tonelada de amêndoas secas, são gerados aproximadamente 7
toneladas de casca fresca, com 80% de umidade. A casca é resultado da quebra de
frutos para a extração das sementes, usadas para fabricação de chocolate, e quase
sempre permanece no solo das plantações em forma de "casqueiros" que, se não
tratados com fungicidas, constituem fonte de inóculo para fungos patogênicos às
plantas do cacaueiro (MORORÓ, 2007).
Esse subproduto contém cerca de 4% de K em base seca (WOOD; LASS, 1985).
Sodré et al. (2007) avaliaram as características químicas da fração mineral da casca
do cacau e verificaram que o teor de potássio representava 73% dos elementos
encontrados na fração cinza.
A relação K/Mg no solo variou entre 0,18 e 1,1 para as doses de 0 e 1.000 mg,
respectivamente. No que se refere à relação K/Mg no solo, Boyer (1972) sugere
para cultivos tropicais e subtropicais valores entre 0,25 e 0,33. Considerando o forte
antagonismo que ocorre entre K e Mg no processo de absorção pela planta, Py et
al. (1987) afirmaram que a relação K/Mg no solo não deve ser maior do que 1,0.
Assim, verifica-se pelos resultados deste trabalho que, para manter a relação K/Mg
dentro da faixa recomendada, a dose de K a ser aplicada em mudas de cacaueiro
deverá variar entre 125 e 500 mg dm-3 de solo.

Leitura: CHEPOTE, R. E.; SANTANA, J. L. C.; De LEON, F. Como utilizar composto de


casca de cacau na adubação do cacaueiro. Difusão Agropecuária, Ilhéus, v. 2, n. 1, p. 11-
17, 1990.

Fungicida Principio ativo dose Formulação volume de calda

500 g/kg 300 gL-1 WG (Grânulos 30 - 50 ml planta


Acibenzolar-S- Dispersíveis em
BION 500 WG Metilico Água)

Amistar Top 200 g/L 300-500 ml ha Suspensão 600-1000L


Azoxistrobina Concentrada
125 g/L (SC)
Difenoconazol

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