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CÂMPUS CET
CURSO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA
CULTURA DA CANA-DE-ÁÇÚCAR
ANÁPOLIS-GO
2021
INTRODUÇÃO
A importância da cana de açúcar pode ser atribuída à sua múltipla utilização, podendo
ser empregada in natura, sob a forma de forragem, para alimentação animal, ou como matéria
prima para a fabricação de rapadura, melado, aguardente, açúcar e álcool.
Na safra 2020/21 a produção nacional foi de 654 milhões de toneladas de cana-de-
açúcar. São Paulo é o principal estado produtor de cana-de-açúcar, produzido mais da metada
do total de cana no país, seguido por outros importantes estados produtores como Goiás, Minas
Gerais, Paraná, Mato Grosso do Sul, Pernambuco e Alagoas.
O Brasil continua sendo líder mundial neste mercado de exportações de açúcar. Os
principais importadores de açúcar do Brasil são: Rússia, Estados Unidos, Alemanha, Japão e
outros.
É interessante lembrar que a Europa até 1976 era a principal importadora de açúcar. A
partir de então, passou de importador a exportador, competindo no mercado externo com a
produção de açúcar de beterraba com elevadíssimos subsídios e proteções ao seu mercado
interno.
Elevados subsídios tem sido também proporcionados a produção de açúcar de milho
(HFCS, frutose de milho) nos Estados Unidos. Outro produto que tem competido com o açúcar
são os adoçantes sintéticos.
Desde a implantação do Proálcool – Programa nacional de álcool, em 1975, o Brasil se
tornou o primeiro país do mundo a desenvolver um programa de combustível alternativo para
uso em grande escala, em substituição à gasolina.
Também é importante ressaltar que o Proálcool revelou uma multiplicidade de benefícios
muito além dos aspectos puramente econômicos. Uma série de transformações de caráter
tecnológico, ambiental e social foram desencadeadas.
O consumo do álcool hidratado vem diminuindo bastante ao longo dos últimos anos. Já o
álcool anidro, que é misturado à gasolina, tem aumentado seu consumo.
A legislação atual determina que 25% de álcool anidro seja misturado à gasolina.
Entretanto este percentual tem sido alterado mediante medidas provisórias conforme interesse
político do governo federal. Há propostas de se aumentar a mistura 3% de álcool anidro no
diesel. Há também segmentos do setor que propõem a produção de um combustível único, isto
é, gasolina com 33% de álcool anidro.
BOTANICA E ORIGEM
CLIMA E SOLO
ÉPOCAS DE CULTIVO
PREPARO DO TERRENO
Tendo a cana-de-açúcar um sistema radicular profundo (até 1,0 m), um ciclo vegetativo
econômico de cinco e seis anos ou mais e uma intensa mecanização que se processa durante
esse longo tempo de permanência da cultura no terreno, o preparo do solo deve ser profundo e
esmerado. Convém salientar que as unidades sucroalcooleiras não seguem uma linha uniforme
de preparo do solo, tendo cada uma seu sistema próprio, variação essa que ocorre em função do
tipo de solo predominante e da disponibilidade de máquinas e implementos.
No preparo do solo, temos de considerar duas situações distintas: - a cana vai ser
implantada pela primeira vez; - o terreno já se encontra ocupado com cana.
No primeiro caso, faz-se uma aração profunda, com bastante antecedência do plantio,
visando à destruição, incorporação e decomposição dos restos culturais existentes, seguida de
gradagem, com o objetivo de completar a primeira operação. Em solos argilosos é normal a
existência de uma camada impermeável, a qual pode ser detectada através de trincheiras
abertas no perfil do solo, ou pelo penetrômetro.
Constatada a compactação do solo, seu rompimento se faz através de subsolagem, que
só é aconselhada quando a camada adensada se localizar a uma profundidade entre 20 e 50 cm
da superfície e com solo seco.
Nas vésperas do plantio, faz-se nova gradagem, visando ao acabamento do preparo do
terreno e à eliminação de plantas daninhas.
Na segunda situação, onde a cultura da cana já se encontra instalada, o primeiro passo
é a destruição da soqueira, que deve ser realizada logo após a colheita. Essa operação pode ser
feita por meio de aração rasa (15-20 cm) nas linhas de cana, seguidas de gradagem ou através
de gradagem pesada, visando incorporar os restos vegetais ao solo.
Se confirmada a compactação do solo, a subsolagem torna-se necessária. Nas vésperas
do plantio procede-se a uma aração profunda (20-30 cm), por meio de arado ou grade pesada.
Seguem-se as gradagens necessárias, visando manter o terreno destorroado e apto ao plantio.
Devido à facilidade de transporte, à menor regulagem e ao maior rendimento
operacional, há uma tendência das grades pesadas substituírem o arado.
Hoje em algumas áreas de cana já se emprega o cultivo mínimo, sendo comumente
utilizado o herbicida (Glifosate - 4 a 5 L/ha) em jato dirigido sobre a linha brotada de cana com 50
a 60 cm de altura. Feita a dessecação, em seguida procede-se o sulcamento e adubação nas
entre linhas e o novo plantio.
PLANTIO
L L
L L
L L
A A A A
TRATOR
P P P P
A A
P P
F
L – Lançam a cana no sulco, A – Acertam a cana no sulco, P – Picam a cana no sulco, F – Fiscal
PLANTIO
PRODUÇÃO DE MUDAS
Após, em média, cinco ou seis cortes consecutivos, a lavoura canavieira precisa ser
renovada. A taxa de renovação está ao redor de 15 a 20% da área total cultivada, exigindo
grandes quantidades de mudas. A boa qualidade das mudas é o fator de produção de mais baixo
custo e que maior retorno econômico proporciona ao agricultor, principalmente quando produzida
por ele próprio.
Para a produção de mudas, há necessidade de que o material básico seja de boa
procedência, com idade de 12 a 14 meses, sadio, proveniente de cana-planta ou primeira soca e
que tenha sido submetido ao tratamento térmico.
A tecnologia empregada na produção de mudas é praticamente a mesma dispensada à
lavoura comercial, apenas com a introdução de algumas técnicas fitossanitárias, tais como:
- Desinfecção do podão - o podão utilizado na colheita de mudas e no seu corte em
toletes, quando contaminado, é um violento propagador da escaldadura e do raquitismo.
Antes e durante estas operações deve-se desinfetar o podão, através de álcool, formol,
lisol, cresol ou fogo. Uma desinfecção prática, eficiente e econômica é feita pela imersão
do instrumento numa solução com creolina a 10% (18 litros de água + 2 litros de
creolina) durante meia hora, antes do início da colheita das mudas e do corte das
mesmas em toletes. Durante essas duas operações, deve-se mergulhar, freqüente e
rapidamente, o podão na solução.
Vigilância sanitária e "roguing" - formando o viveiro, torna-se imprescindível a
realização de inspeções sanitárias freqüentes, no mínimo uma vez por mês. A
finalidade dessas inspeções é a erradicação de toda touceira que exiba sintoma
patológico ou características diferentes da variedade em cultivo.
CULTIVARES
Um dos pontos que merece especial atenção do agricultor é a escolha do cultivar para
plantio. Isso não só pela sua importância econômica, como geradora de massa verde e riqueza
em açúcar, mas também pelo seu processo dinâmico, pois anualmente surgem novas materiais,
sempre com melhorias tecnológicas quando comparadas com aquelas que estão sendo
cultivadas. Dentre as várias maneiras para classificação dos cultivares de cana, a mais prática é
quanto à época da colheita. Quando colhidas nos meses de abri/maio são denominadas de
precoce, colhidas entre aos meses de junho a agosto são chamadas de médias, enquanto que
aquelas colhidas em setembro a novembro de tardias.
Atualmente os cultivares mais indicados para região Centro-Sul: para início de safra -
precoces: SP80-3250, SP80-1842, RB76-5418, RB83-5486, RB85-5453 e RB83-5054; para meio
de safra - médias: SP79-1011, SP80-1816, RB85-5113 e RB85-5536 e para fim de safra -
tardias: SP79-1011, SP79-2313, SP79-6192, RB72-454, RB78-5148, RB80-6043 e RB84-5257
A RB72-454 é a cultivar mais plantada no Brasil, ocupando atualmente 18% da área
plantada.
CALAGEM A ADUBAÇÃO
Calagem
K+ trocável, mmolc/dm³
Produtividade esperada
0 - 0,7 0,8 - 1,5 1,6 - 3,0 3,1 - 6,0 >6,0
t/ha K2O, kg/ha
<100 100 80 40 40 0
100 - 150 150 120 80 60 0
>150 200 160 120 80 0
* Não é provável obter a produtividade dessa classe, com teor muito baixo de P no solo
Fonte: Boletim Técnico 100 IAC, 1996.
TRATOS CULTURAIS
Alguns cuidados adicionais com o uso de herbicidas em cana devem ser observados.
2 a 3 folhas (±30 dias após a germinação) Em área total, observar condições climáticas, variedades
e herbicidas
±60 dias após a germinação Aplicação em jato dirigido, evitar aplicação de herbicidas
sobre a gema apical
Vale ressalta-se ainda, que não há distinção entre os herbicidas recomendados para
cana planta e soca.
Outro método é a combinação de capinas mecânicas e manuais. Instalada a cultura,
após o surgimento do mato, procede-se seu controle mecanicamente, com o emprego de
cultivadores de disco ou de enxadas junto às entrelinhas, sendo complementado com capina
manual nas linhas de plantio, evitando, assim, o assoreamento do sulco. Essa operação é
repetida quantas vezes forem necessárias; normalmente três controles são suficientes.
As soqueiras exigem enleiramento do "paliço", permeabilização do solo, controle das
invasoras, adubação e vigilância sanitária.
Após a colheita da cana, ficam no terreno restos de palha, folhas e pontas, cuja
permanência prejudica a nova brotação e dificulta os tratos culturais. A maneira de eliminar esse
material (paliço) seria a queima pelo fogo, porém essa prática não é indicada devido aos
inconvenientes que ela acarreta, como falhas na brotação futura, perdas de umidade e matéria
orgânica do solo e quebra do equilíbrio biológico.
O enleiramento consiste no amontoamento em uma rua do "paliço" deixando duas,
quatro ou seis ruas livres, dependendo da quantidade desse material. É realizado por enleiradora
tipo Lely, implemento leve com pouca exigência de potência.
Após a retirada da cana, o solo fica superficialmente compactado e impermeável à
penetração de água, ar e fertilizantes. Visando à permeabilização do solo e controle da
comunidade infestante inicial, diversos métodos e implementos podem ser usados.
Existem no mercado implementos dotados de hastes semi-subsoladoras ou
escarificadoras, adubadoras e cultivadores que realizam simultaneamente, operações de
escarificação, adubação, cultivo e preparo do terreno para receber a capinas química.
Normalmente, essa prática, conhecida como operação tríplice, seguida do cultivo químico, é
suficiente para manter a soqueira no limpo.
Além desse sistema, o emprego de cultivadores ou enxadas rotativas com tração animal
ou mecânica apresenta bons resultados. Devido ao rápido crescimento das soqueiras, o número
de capinas exigidas é menor que o da cana planta.
Pragas
Para a cana-de-açúcar foram descritas mais de 216 doenças. Pelo menos 58 foram
encontradas em nosso País. Dentre estas cerca de 11 podem ser consideradas de grande
importância econômica no Brasil.
As doenças mais importantes (Tabela 3) são controladas pelo uso de variedades
tolerantes/resistentes. Contudo, isso não reduz a importância da doença pois basta expandir o
cultivo de variedades suscetíveis que a doença se manifestará causando perdas econômicas.
Em virtude do mecanismo de resistência horizontal, as variedades são capazes de
conviver com os causadores de doenças e tolerar sua presença sem apresentar perdas
econômicas. Este fato faz com que muitas vezes se encontre a doença na planta em condições
extremamente favoráveis, mas os sintomas desaparecem com o crescimento da planta. Porém o
desenvolvimento de variedades tolerantes às doenças e o patamar de produtividade da cultura
no Brasil não ocorreu por acaso. Isso só foi possível devido o sucesso do melhoramento
genético da cultura.
No Brasil, o primeiro surto epidêmico foi observado há mais de 139 anos na Bahia
(1863), quando, devido à gomose, a cana Caiana teve que ser substituída por variedades
tolerantes, em virtude do enorme prejuízo causado pela doença. A partir de então, a substituição
de variedades suscetíveis por aquelas mais tolerantes tem ocorrido de tempos em tempos,
devido a surtos epidêmicos como a do mosaico na década de 20; escaldadura das folhas e
carvão na década de 40 e mais recentemente nos anos 80; e ferrugem a partir de 1986. Esses
fatos históricos e os riscos de introdução clandestina de outras doenças no Brasil, não deixam
dúvidas quanto à necessidade da constante busca por variedades mais tolerantes e produtivas
que se constituem a base da indústria do açúcar e álcool.
Outro aspecto importante a ser observado é o manejo das variedades. Conforme o clima se
sabe que a importância relativa das doenças é alterada. Como não existe a variedade perfeita,
produtiva e tolerante às todas doenças e pragas, o que se procura fazer é usar as variedades
que apresentam menor riscos de perdas econômicas em determinado local ou ambiente de
produção.
COLHEITA
Maturadores Químicos
IM Estágio de Maturação
< 0,60 cana verde
0,60 - 0,85 cana em maturação
0,85 - 1,00 cana madura
> 1,00 cana em declínio de maturação
As determinações tecnológicas em laboratório (brix, pol, açúcares redutores e pureza)
fornecem dados mais precisos da maturação, sendo, a rigor, uma confirmação do refratômetro
de campo.
Rendimento Agrícola
Referencias bibliográficas